Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Aprovado em ____/____/____
BANCA EXAMINADORA
Primeiramente agradeço a Deus, pela força, saúde e coragem que me destes durante
essa caminhada.
Aos grandes amores da minha vida: meus pais Eliane e Luiz, que há 21 anos não
medem esforços para a realização de meus sonhos, à minha amada avó Maria que com todo o
seu carinho e bondade me deu esperanças para continuar nessa jornada, sempre depositando
sua confiança nas minhas atitudes e nos obstáculos encontrados.
À memória de minha avó Arcelina, falecida em 24/11/17, exemplo de fé, que iniciou
comigo a busca do meu sonho, mas infelizmente sua presença física não está aqui para me ver
conclui-lo.
À toda minha família, entre eles todos os meus tios e primos.
Ao meu namorado Flávio por toda paciência, amor e incentivo.
Aos meus amigos de tantos anos e aos novos que encontrei nessa importante etapa da
minha vida, e por trilharem por este caminho não tão fácil ao meu lado: Amanda Colombo,
Bruna Dias, Caroline Akemi, Caroline Lacerda, Cláudio Lisias, Gabriella Meza, Isabela
Rossi, Jaíne Raffa, Júlia Fiel, Luana Zagato, Malumã Lopes, Maria Victória Viol, Natália
Galinari e Tatiana Terumi.
As advogadas Dieyne Morize Rossi e Marisa Serra pela experiência vivida nos anos
de estágio realizado na Assistência Judiciária “Dr. Mauricio de Toledo”.
Por último e não menos importante, a todos os professores que tive o prazer de
adquirir conhecimento durante esses 5 anos, em especial ao coordenador do curso, Renato
Freitas e ao orientador deste trabalho, professor Marcelo Y. Misaka.
“Educai as crianças e não será preciso punir os
homens”. - Pitágoras
RESUMO
The present work aims to analyze the ways of prevention and suppression crime,
showing since the forms that the society can use to avoid the individual to have a life of crime,
but also the penalties present in our Legal Order directed to the individuals that commit
crimes. The point of the analysis is related to the informal social control that the schools
have, how it can be done through projects accomplished inside the educational institution and
what’s its effectiveness to not use the formal social control, since this one only exists after the
individual has committed the crime. It’s true that the public safety is a State duty, but the
research that has been made shows that the State is more worried about the suppression and
the way how it’s going to punish who commit crimes than to prevent, once the prevention has
been made by social projects and by the schools that tries to solve the conflicts through
restorative practices and conversation.
1.3 Penas como forma de repressão: surgimento e teoria das penas ............................... 13
CONCLUSÃO......................................................................................................................... 53
REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 55
10
INTRODUÇÃO
O primeiro capítulo trata do conceito de crime no sistema penal brasileiro, tais quais as
penas que o sujeito que comete o crime será submetido como forma de repressão, punição,
bem como os tipos de pena previstos no nosso ordenamento jurídico.
O segundo capitulo fala da prevenção da criminalidade, do cuidado para ela não vir a
ocorrer, a partir dos três modos dessa prevenção, dentre eles o sistema primário que trabalha
desde a raiz do conflito, como a educação e moradia, evitando que ele se manifeste, o sistema
secundário, que trata dos programas de apoio existentes em nosso país, que ocupa o tempo
ocioso dos sujeitos em situação de vulnerabilidade e investindo na educação dos mesmos, até
a prevenção terciária que destina-se já ao aprisionado com o objetivo de evitar a reincidência.
A respeito do terceiro capitulo, o mesmo fala a respeito do controle social formal e
informal. O informal tratando de como a família e a escola podem prevenir e banir a entrada
do sujeito na criminalidade, e o formal quando o primeiro vier a fracassar, vindo a impor
sanções e punir o delinquente.
O quarto capítulo trata da função social da escola na prevenção da criminalidade,
através da disposição dos gestores e professores que nela trabalham, de realizar projetos que
tenham eficácia, valendo-se principalmente do diálogo na resolução de conflitos em busca de
soluções pacificas, baseando-se em uma cultura de paz para a redução da violência.
.
11
Nosso atual Código Penal não nos fornece um conceito de crime, somente dizendo,
em sua Lei de Introdução, que ao crime é reservada uma pena de reclusão ou
detenção, quer alternativa ou cumulativamente com a pena de multa.
Para o conceito analítico de crime, ele é toda ação típica, antijurídica e culpável.
Típica, por que o Código Penal, em seu artigo 1º, estabelece que:
Artigo 1 - Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena sem prévia
cominação legal” (BRASIL, 1940).
Ou seja, a ação ou omissão praticada pelo sujeito deve estar descrito na lei como
delito. Segundo Barros (2004, p. 146), “fato típico é o comportamento humano descrito em lei
como crime ou contravenção”. Ainda completa Martins (2008), “Fato típico, em um conceito
formal, é a descrição de uma conduta considerada proibida, para qual se estabelece uma
sanção”.
São elementos do fato típico a conduta, o resultado, o nexo causal entre a conduta, o
resultado e a tipicidade.
Antijuridicidade significa que a conduta deve ser contrária ao direito. Já dizia
Damásio de Jesus (2011, p. 196) “Excluída a antijuridicidade, não há crime. É, pois, a
antijuridicidade o segundo requisito do crime. Por meio do juízo de valor sobre ela é que se
saberá se o fato é ou não contrário ao ordenamento jurídico”.
Ainda completa Mirabete (2006, p. 167): “A antijuridicidade é a contradição entre
uma conduta e o ordenamento jurídico. O fato típico, até prova em contrário, é um fato que,
ajustando-se ao tipo penal, é antijurídico”. O que de fato, segundo Zaffaroni e Pierangeli
(2007, p. 490):
Não basta ser típico e antijurídico. Além disso deve ser também culpável, como ensina
Damásio de Jesus (2011, p. 197): “Culpabilidade é a reprovação da ordem jurídica em face de
estar ligado o homem a um fato típico e antijurídico”, e com isso, ainda completa Capez
(2011, p. 323):
Por fim, para Barros (2004, p. 353), “a culpabilidade é o juízo de censura que analisa a
relação entre o autor e o fato praticado, indagando se ele tinha possibilidade de realizar a
conduta na direção da ordem jurídica e de evitar o mal cometido”.
As razões da criminalidade andam lado a lado, conjuntamente, segundo Soares (1986, p. 126):
criminalidade fosse uma resistência do indivíduo àquela sociedade, e é em razão disso que a
criminalidade resulta de interesses individuais e particulares dos indivíduos que vem a
cometer. O crime vem a ser uma peça que envolve dois lados, sendo esses os indivíduos que
vem a serem criminosos e a sociedade, onde cada parte tem sua atuação definida no
seguimento dessa criminalidade, que irá atribuir-se os inúmeros aspectos em função de cada
um. (FERNANDES, N; FERNANDES, V, 2002)
É notório que a criminalidade está presente em todas as civilizações, desde grandes
metrópoles até mesmo nas pequenas cidades. Existem vários fatores sociais da criminalidade,
como por exemplo a pobreza, pois aquele que não dispõe de uma formação moral adequada,
na maioria das vezes sentem raiva daqueles que tem a oportunidade de possuir bens,
manifestando violência diante dessa sua frustração; a casa que o indivíduo mora e a família
que convive, que deve oferecer segurança e bem-estar, ocorrendo de maneira oposta pode
criar um indivíduo antissocial; a rua e os empecilhos que podem encontrar nela, pois um
indivíduo vulnerável e ocioso fica desimpedido de seguir os maus exemplos que os locais
arriscados podem trazer, assim como a fome, política, o elevado nível de desemprego, o uso
de drogas pelo sujeito, fatores de personalidade pois sendo um indivíduo diferente do outro,
cada um reage e se comporta de maneira diferente diante de cada uma dessas situações
vivenciadas, pois nem todos que se encontram nessas situações escolhem por seguir o
caminho da atividade ilegal, levando em conta o sujeito e sua formação, sendo esses fatores
citados apenas colaboradores e que auxiliam para que o indivíduo vulnerável entre na
criminalidade.
O direito penal surgiu junto a sociedade, pois para a convivência em grupo faz com
que seja primordial a imposição de normas. Segundo Capez (2011, p. 20):
O direito que faz parte do nosso conhecimento nos dias atuais nem sempre foi assim,
pois vivemos em um contínuo progresso, e esse não deve ser classificado como a forma
acabada dele. Segundo Silva (2017):
Para aplacar a ira dos deuses, criaram-se séries de proibições (religiosas, sociais e
políticas), conhecidas por “tabu”, que não obedecidas, acarretavam castigo. A
infração totêmica ou a desobediência tabu levou a coletividade à punição do
infrator para desagravar a entidade, gerando-se assim o que, modernamente,
denominamos “crime” e “pena”.
Hoje, para Nucci (2017, p. 2), “direito penal é o conjunto de normas jurídicas voltado
à fixação dos limites do poder punitivo do Estado, instituindo infrações penais e as sanções
correspondentes, bem como regras atinentes à sua aplicação”. Da mesma forma, cita Bezerra
(2017):
Para definir o que é pena, a doutrina emprega 3 teorias. A Teoria Absoluta, Teoria
Relativa e Teoria Mista, vejamos:
A Teoria Absoluta, para Grokskreutz (2010):
Para essa primeira, a pena serve nada mais que para compensar o mal exercido pelo
agente, sendo uma verdadeira vingança o castigo.
A segunda, chamada de Teoria Relativa, ou Teoria Preventiva, ainda para Grokskreutz
(2010), essa teoria “tem por objetivo a prevenção de novos delitos, ou seja, busca obstruir a
realização de novas condutas criminosas; impedir que os condenados voltem a delinquir”.
Já para a Teoria Mista, como o próprio nome diz, é uma junção das duas últimas
mencionadas, servindo tanto para punir o agente pela conduta antijurídica praticada como visa
dificultar que o agente volte a cometer novas condutas criminosas e fazer novo mal a
sociedade. O que de fato, segundo Barros (2003, p. 434):
Podemos concluir que o nosso sistema penal adota a Teoria Mista, pois o próprio
Código Penal, no artigo 59, caput dispõe:
Portanto, além de punir, busca-se uma medida que previna que o agente não venha a
cometer novamente o crime. Um meio eficaz de ressocialização para que ele não seja
reincidente na conduta delinquente anteriormente praticada.
É notório que a realização de certo ato diverso do previsto na norma jurídica ocasiona
o cometimento de um crime, e para puni-lo necessitamos aplicar uma sanção através de uma
pena. Segundo Grokskreutz (2010), “a pena, na verdade, é oriunda da realização de uma
conduta ilícita, antijurídica e culpável, destinada a todo aquele que desrespeitou a legislação
penal, sendo assim, uma forma do Estado efetivamente aplicar a norma ao caso concreto”. Da
mesma forma, para Nucci (2011, p. 391) “...A sanção imposta pelo Estado, através da ação
penal ao criminoso, cuja finalidade é a retribuição ao delito perpetrado e prevenção a novos
crimes”.
A prevenção dessa pena tem o aspecto negativo e positivo. O caráter negativo,
segundo Moraes (2013):
A Teoria da Prevenção Geral Positiva busca, pois, gerar efeitos sobre os indivíduos
não-criminalizados da sociedade, não os intimidando para se omitirem da prática do
ilícito, mas para produzir um acordo para reafirmar a confiança no sistema coletivo,
16
impondo um mal ao agente delinquente. Demonstra desta forma que a pena é maior
que o incômodo produzido, como reflexo do fato ilícito, que é o único que importa,
exprimindo-se na desconformidade da vigência da norma, indispensável para uma
coletividade existir.
A prevenção geral da pena instala-se sob dois ângulos: o negativo e o positivo. Pela
prevenção geral negativa, conhecida como prevenção por intimidação, a pena serve
para que todos os membros do grupo social observem uma dada condenação e não
venham a cometer uma prática delituosa. A prevenção geral positiva ou integradora
busca sensibilizar a consciência geral, disseminando o respeito aos valores mais
importantes da comunidade e, por conseguinte, à ordem jurídica.
No ordenamento jurídico brasileiro são previstos três tipos de pena, quais sejam:
penas privativas de liberdade, restritivas de direito e as penas pecuniárias. Sendo através
delas possível ao Estado que aplique a norma ao caso concreto. Deste modo, dispõe o artigo
23 do Código Penal:
Para Dotti (2013, p. 574), “a chamada prisão simples é uma das modalidades de
pena privativa de liberdade, expressa e exclusivamente cominada para as contravenções
penais”. A pena de prisão simples é a menos severa dentre as três, e conforme Rabeschini
(2014):
17
A pena de prisão simples não pode então, ser cumprida em regime fechado, pois
nesse regime ficam os crimes com pena de mais de oito anos de prisão, ficando o detento
impedido de deixar a unidade prisional em que encontrar-se cumprindo a pena.
1.5.2 Detenção
b) o condenado não reincidente, cuja pena seja superior a 4 (quatro) anos e não
exceda a 8 (oito), poderá, desde o princípio, cumpri-la em regime semiaberto;
c) o condenado não reincidente, cuja pena seja igual ou inferior a 4 (quatro) anos,
poderá, desde o início, cumpri-la em regime aberto.
§ 3º - A determinação do regime inicial de cumprimento da pena far-se-á com
observância dos critérios previstos no art. 59 deste Código. (Redação dada pela Lei
nº 7.209, de 11.7.1984)
§ 4o O condenado por crime contra a administração pública terá a progressão de
regime do cumprimento da pena condicionada à reparação do dano que causou, ou à
devolução do produto do ilícito praticado, com os acréscimos legais.(Incluído pela
Lei nº 10.763, de 12.11.2003) (BRASIL, 1940)
Ainda, diz Bitencourt (2015, p. 615) “Aqui, no regime semiaberto, o trabalho externo
é admissível, desde o início do seu cumprimento, inclusive na iniciativa privada, ao contrário
do que ocorre no regime fechado”.
O condenado tem o direito de sair transitoriamente do estabelecimento prisional,
visando seu retorno a sociedade e o convívio familiar, como dispõe Teles (2006, p. 309):
Já no que tange ao regime aberto, as penas não ultrapassam quatro anos e o autor não é
reincidente em crime. Deste modo, cita Bretas (2017):
O regime aberto é direcionado para pessoas condenadas até quatro anos sem que
tenha reincidência de crime. Nesse regime, o detento deve trabalhar, frequentar
cursos ou exercer qualquer outra atividade autorizada durante o dia e recolher-se à
noite em casa de albergado ou na própria casa.
1.5.3 Reclusão
Veremos uma diferenciação para esclarecer a respeito da pena de reclusão, feita por
Prado (2006, p. 546):
Para Dotti (2013, p. 573), “uma das características diferenciadoras entre a detenção e a
reclusão consiste na maior gravidade dos crimes apenados com reclusão. A diferença aparece
nos momentos da cominação e da aplicação da pena”.
Já vimos nos parágrafos acima a respeito do regime semiaberto e aberto. O regime
fechado, por sua vez, no sistema de pena privativa de liberdade, será executado em
estabelecimento de segurança média ou máxima, conforme Bitencourt (2015, p. 614)
Deve-se buscar a pena que resguarda de forma satisfatória os bens jurídicos essenciais,
e segundo Greco (2015, p. 599):
Em nosso país, após o advento da Lei 7.209/1984, responsável pela reforma da Parte
Geral do Código Penal de 1940, acolheu-se o sistema de penas alternativas – ou
substitutivas. Tais penas têm caráter geral, posto que podem substituir a pena
privativa de liberdade abstratamente cominada na parte especial, independentemente
do título em que esteja inserido o delito em questão, desde que presentes os
requisitos autorizantes.
O artigo 43 do Código Penal Brasileiro nos traz quais são as penas restritivas de
direito, executadas sem privação da liberdade do agente, que serão aplicadas:
Art. 43 As penas restritivas de direito são: (Redação dada pela Lei nº 9.714, de
1998)
I- prestação pecuniária; (Redação dada pela Lei nº 9.714, de 1998)
II- perda de bens e valores; (Redação dada pela Lei nº 9.714 de 1998)
III- limitação de fim de semana. (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984)
IV- prestação de serviço à comunidade ou a entidades públicas; (Incluído pela Lei nº
9.714 de 25.11.1998)
V- interdição temporária de direitos; (Incluído pela Lei nº 9.714 de 25.11.1998)
VI- limitação de fim de semana. (Incluído pela Lei nº 9.714 de 25.11.1998)
(BRASIL, 1940)
Nesta sanção, a perda de bens e valores que pertencem ao condenado, vai para o
Fundo Penitenciário Nacional, valendo-se como o teto o prejuízo causado pela
infração penal ou proveito obtido pelo agente ou por terceiro. Pode-se dizer que é
uma pena de confisco, ao contrário da prestação pecuniária, a qual tem caráter
indenizatório.
O que será atingido nesse tipo de sanção é o patrimônio do sujeito que foi condenado.
E assim, para encerrar o raciocínio e o esclarecimento acerca da perda de bens e valores, cita
Capez (2011, p.445):
No tocante a limitação do fim de semana, ela não tem sido aplicada em razão da
inviabilidade de sua execução, que para Bittencourt (2012, p. 1470):
Ainda completa Teles (2006, p.351), que “trata-se da manutenção do condenado, pelo
tempo de cinco horas no sábado e de cinco horas no domingo, em estabelecimento prisional,
casa de albergado ou similar, tendo consequentemente, seu direito de liberdade restringido”.
Prestação de serviço à comunidade ou às entidades públicas, segundo Da Costa Jr. e
José da Costa (2010, p. 229) “a prestação de serviços à comunidade ou entidades públicas á
aplicável às condenações superior a seis meses de privação de liberdade”. Ela nada mais é,
como cita Silva Junior (2015), que:
Art. 47 - As penas de interdição temporária de direitos são: (Redação dada pela Lei
nº 7.209, de 11.7.1984)
I - proibição do exercício de cargo, função ou atividade pública, bem como de
mandato eletivo; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
II - proibição do exercício de profissão, atividade ou ofício que dependam de
habilitação especial, de licença ou autorização do poder público; (Redação dada pela
Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
III - suspensão de autorização ou de habilitação para dirigir veículo. (Redação dada
pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
23
As penas restritivas de direito são as penas alternativas, aplicadas aos crimes de menor
grau de responsabilidade, com penas menos severas, o que de fato, segundo Greco (2015,
p.601):
liberdade de curto período, tendo em vista não atingir com satisfação à finalidade de
reeducação da pena, em virtude da perniciosa convivência dos condenados com
outros que são considerados mais perigosos.
Há casos em que o condenado fica suspenso do pagamento da multa, como cita Costa
Junior e Costa (2010), “na ocasião de o réu vir ser acometido de doença mental, pois ele
deixará de ter a concepção do caráter aflitivo da referida multa. Assim, como a execução pode
ser reiniciada se a doença acometida sofrer reversão”.
26
Prevenção está em seu conceito, ligada ao conjunto de medidas tomadas com o fim de
se prevenir algo. No que tange a prevenção da criminalidade são meios que inibem o crime,
ou seja, o obsta antes de acontecer. Assim, como diz Santos (2014):
A prevenção primária é conhecida por atacar a raiz do conflito, agindo antes que o
crime venha a acontecer, mais genérica e abrangente, não sendo destinada a um grupo
especifico, mas realizando um trabalho planejado e obtendo resultados a médio e longo prazo.
Para Penteado Filho (2016, p. 114):
Ataca a raiz do conflito (educação, emprego, moradia, segurança etc.); aqui desponta
a inelutável necessidade de o Estado, de forma célere, implantar os direitos sociais
progressiva e universalmente, atribuindo a fatores exógenos a etiologia delitiva; a
prevenção primária liga-se à garantia de educação, saúde, trabalho, segurança e
qualidade de vida do povo, instrumentos preventivos de médio e longo prazo.
São, portanto, as medidas indiretas de prevenção, medidas sociais que o Estado adota.
Buscam aniquilar o problema antes que ele se revele
O sustento dela vem de incentivos fiscais, onde o governo aceitou abrir mão de parte
dos impostos auferidos por pessoas ou empresas, os destinando a diversos projetos. Essas
pessoas ou empresas tem a opção de destinar uma parcela do seu imposto que já seria pago ao
governo, à projetos esportivos, culturais e sociais, a sua escolha, tendo esses projetos mais
possibilidade de acontecer, mudando as circunstancias de uma sociedade, região ou país.
Além da doação do cupom fiscal através do Programa da Nota Fiscal Paulista, sendo
voluntário em seus eventos, além da doação de materiais, livros, alimentos e instrumentos
musicais diretamente na fundação.
Na mesma linha, temos o Instituto Projeto Neymar Jr., localizado na Praia Grande em
São Paulo, o qual o objetivo é aumentar as oportunidades das crianças e adolescentes que
vivem em condição de vulnerabilidade, por meio de educação, cultura, esporte e saúde,
fornecendo aulas de ginástica, futebol, natação, judô e não só atendendo as crianças e
adolescentes o instituto oferece cursos profissionalizantes para os pais e responsáveis.
(INSTITUTO NEYMAR JÚNIOR, 2018)
Outro projeto visando preencher o tempo vago das crianças, ou seja, nos períodos de
contra turno escolar, é o chamado “Projeto Guri” mantido pela Secretaria da Cultura do
Estado de São Paulo que disponibiliza para seu público, crianças e adolescentes entre 6 e 18
anos, cursos de iniciação musical, no qual atende quase 50 mil alunos por ano com suporte de
organizações sociais, prefeituras, pessoas físicas e empresas. Para os idealizadores do projeto,
o ensino musical é uma ferramenta de inclusão sociocultural. (PROJETO GURI, 2018)
O Instituto Ayrton Senna, organização sem fins lucrativos tem a finalidade de por
meio da educação expandir as oportunidades das crianças e adolescentes, organizando
parcerias com secretarias estaduais e municipais de ensino para produzir conhecimentos,
formar educadores e pilotar soluções educacionais. Atuam em colaboração com educadores,
gestores públicos e outras organizações para implantar resultados verdadeiros e concretos para
os problemas e adversidades da educação básica. As propostas são traduzidas em políticas e
29
Além do mais, a reincidência serve como agravante da pena, como dispõe o artigo 61
do Código Penal Brasileiro:
Art. 61 - São circunstâncias que sempre agravam a pena, quando não constituem ou
qualificam o crime: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
I - a reincidência; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
II - ter o agente cometido o crime: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
a) por motivo fútil ou torpe;
b) para facilitar ou assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de
outro crime;
c) à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação, ou outro recurso que
dificultou ou tornou impossível a defesa do ofendido;
d) com emprego de veneno, fogo, explosivo, tortura ou outro meio insidioso ou
cruel, ou de que podia resultar perigo comum;
e) contra ascendente, descendente, irmão ou cônjuge;
f) com abuso de autoridade ou prevalecendo-se de relações domésticas, de
coabitação ou de hospitalidade, ou com violência contra a mulher na forma da lei
específica; (Redação dada pela Lei nº 11.340, de 2006)
g) com abuso de poder ou violação de dever inerente a cargo, ofício, ministério ou
profissão;
h) contra criança, maior de 60 (sessenta) anos, enfermo ou mulher grávida; (Redação
dada pela Lei nº 10.741, de 2003)
i) quando o ofendido estava sob a imediata proteção da autoridade;
j) em ocasião de incêndio, naufrágio, inundação ou qualquer calamidade pública, ou
de desgraça particular do ofendido;
l) em estado de embriaguez preordenada. (BRASIL, 1940)
Entretanto, a reincidência tem prazo período depurador, qual seja ela de 5 anos
contados do cumprimento da pena ou de sua extinção, conforme o artigo 64 do Código Penal
Brasileiro:
Art. 64 - Para efeito de reincidência: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
I - não prevalece a condenação anterior, se entre a data do cumprimento ou
extinção da pena e a infração posterior tiver decorrido período de tempo
superior a 5 (cinco) anos, computado o período de prova da suspensão ou do
livramento condicional, se não ocorrer revogação; (Redação dada pela Lei nº
7.209, de 11.7.1984)
II - não se consideram os crimes militares próprios e políticos. (Redação dada pela
Lei nº 7.209, de 11.7.1984). (BRASIL, 1940)
Segundo Capez (2012, p. 494), “a exacerbação da pena justifica-se para aquele que,
punido anteriormente, voltou a delinquir, demonstrando que a sanção anteriormente imposta
foi insuficiente”.
Ressocializar é reinserir na sociedade, criando mecanismos para que o sujeito volte ao
convívio social livre de constrangimentos ou consequências, para que tal indivíduo consiga
viver normalmente. Ocorre que o Estado não oportuniza uma reinserção social, propiciando a
regressão à criminalidade (SHECAIRA; CORRÊA JUNIOR, 1995)
31
Além do que, essa mesma Lei de Execução Penal remete ao Estado o dever de dar
assistência ao preso, como prevê seu artigo 10, dizendo que “a assistência ao preso e ao
internado é dever do Estado, objetivando prevenir o crime e orientar o retorno à convivência
em sociedade” (BRASIL, 1984).
A ressocialização nada mais busca, do que a reintegração na sociedade daquele que
cometeu um erro e pagou por ele, visando esquecer o acontecimento passado para um futuro
renovado àquele que anteriormente cometeu um delito. E assim podemos ver, segundo
Rossini (2014):
Art. 36. O trabalho externo será admissível para os presos em regime fechado
somente em serviço ou obras públicas realizadas por órgãos da Administração
Direta ou Indireta, ou entidades privadas, desde que tomadas as cautelas
contra a fuga e em favor da disciplina.
§ 1º O limite máximo do número de presos será de 10% (dez por cento) do total de
empregados na obra.
§ 2º Caberá ao órgão da administração, à entidade ou à empresa empreiteira a
remuneração desse trabalho.
§ 3º A prestação de trabalho à entidade privada depende do consentimento expresso
do preso (BRASIL, 1984)
O trabalho do preso não é uma medida que foi criada para gerar algo que possa
dificultar a pena nem vir a prejudicar o condenado, na verdade ele tem como
principal objetivo a reinserção do condenado à sociedade, preparando-o para uma
profissão, vindo a contribuir para a formação da personalidade do mesmo e, além do
mais, do ponto de vista econômico, permite ao recluso dispor de algum dinheiro.
Além de ser uma maneira de usar o tempo ocioso disponível para que ele cresça não
somente como pessoa, mas sim profissionalmente.
Parágrafo único - Para o condenado por crime doloso, cometido com violência ou
grave ameaça à pessoa, a concessão do livramento ficará também subordinada à
constatação de condições pessoais que façam presumir que o liberado não voltará a
delinquir. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Soma de penas (BRASIL, 1940)
O sistema prisional brasileiro tem mais de 726 mil presos para pouco mais de 368 mil
vagas, ou seja, quase o dobro de presos para a quantidade de vagas em unidades prisionais,
conforme dados apresentados pelo Levantamento Nacional de Informações Penitenciárias, a
Infopen. (INFOPEN, 2016).
Juntamente com a falta de vagas nos presídios, temos as poucas possibilidades de
trabalho que pode ser realizado pelo detento, trabalho esse que é fundamental para a
ressocialização do mesmo. Os investimentos em presídios também não conseguem
acompanhar o grande número de encarcerados, que vem aumentando amplamente. As
condições em que o encarcerado vive dentro da prisão e diante de inúmeros problemas, faz
com que o preso perca as esperanças em se reintegrar à sociedade após a execução da pena, o
que pode ser certificado pelo grande número de reincidentes no Brasil, que chega a 70%. O
sistema prisional brasileiro não atende seu propósito de reintegrar à sociedade o indivíduo,
pelo contrário, o expõe à uma condição propícia que só aumenta a criminalidade ao invés de
reprimir. (MAGLIARELLI, 2014)
Como podemos analisar, a prisão não é um meio eficaz ou produtivo de
ressocialização do indivíduo, e sim o oposto. Serve de incentivo para a criminalidade, e em
quase na integralidade dos casos, faz com que o encarcerado quando retorna à sociedade,
venha a cometer novos delitos, o que de fato significa, segundo Bitencourt (2012, p.1301):
Nesse sentido, o sistema prisional ao longo dos tempos tem se demonstrado incapaz
de cumprir as medidas básicas de reabilitação do apenado, ou seja, o crime cresce de
maneira descontrolada e a ressocialização do preso é o que menos ocorre, visto que
os índices de reincidência carcerária só têm aumentado.
35
Quando o controle social é realizado por meio de normas legais, ele é tido por
controle social formal. No informal, de outro lado, o controle é realizado por
intermédio de outras formas, ou seja, não há aplicação de normas legais para
concretizar o controle social, pois outros mecanismos como educação, escola,
medicina, trabalho, igreja e mídia, atuam na manutenção e regulação das relações
sociais
Para dilucidar o controle social informal, segundo Calhau (2005) “o controle informal
é o do dia-a-dia das pessoas dentro de suas famílias, escola, profissão, opinião pública, etc”.
Assim, da mesma forma, cita Garcia-Pablos de Molina e Gomes (2002, p.134):
Calhau (2005), acredita que as pessoas em sua rotina, no cotidiano com suas famílias,
dentro de sua escola ou profissão, a grande maioria destes não vão delinquir, ou seja, não
entrarão na vida da criminalidade, pois acabam sendo barradas nesse primeiro controle social
chamado de informal. Tal sistema vem socializando o indivíduo a partir de sua infância, onde
36
desde seus primeiros anos de vida a família vem a influenciar em sua civilização, sendo esse
sistema brando e sutil, não contendo uma pena, além de que, sendo mais eficiente na
resolução dos conflitos e desentendimentos que os próprios mecanismos públicos. Dispor do
desprezo social como uma punição informal, distanciando membros de sua própria família e
seus amigos, são sanções que para o maior número de indivíduos, são mais que suficientes e
consideráveis para impedir que ele venha a praticar um crime.
De acordo com o artigo 2º do Estatuto da Criança e do Adolescente: “Considera-se
criança, para os efeitos desta Lei, a pessoa até doze anos de idade incompletos, e adolescente
aquela entre doze e dezoito anos de idade” (BRASIL, 1990). E é neste período que a criança e
o adolescente vão aprender o que lhe dará assistência auxiliando na sua formação e no seu
desenvolvimento pessoal. Fase essa em que estes são vulneráveis, pois, estão em período de
formação pessoal e têm a necessidade de uma correta orientação e cuidados especiais. Estão
em sua grande maioria do tempo no convívio com sua família ou no ambiente escolar.
Esse período da vida dos jovens é um período de extrema importância, pois é o
período de desenvolvimento e progresso, onde deve ser suprida todas as necessidades para sua
formação, como assim cita Severo e Caran (2016):
Durante a infância, a criança terá necessidades centrais a serem atendidas para o seu
desenvolvimento psicossocial saudável e que estão relacionadas a afeto e estímulos.
Quando tais necessidades não são supridas durante a infância ou adolescência –
período de desenvolvimento físico e emocional – o indivíduo poderá a desenvolver
processos desadaptativos, culminando em transtornos emocionais e ou
comportamentais, que podem vir a ser elaborados durante toda a vida da pessoa.
Consiste, portanto, em uma repetição crônica de padrões negativos oriundos da
infância/adolescência na vida adulta.
Neste contexto, evidencia-se a importância da família como instituição primária e
natural, de papel central na socialização do indivíduo, uma vez que é dentro de seu
núcleo familiar que a criança em processo de formação encontrará condições para
seu desenvolvimento, aprendendo com os pais valores sociais e culturais para a vida
em sociedade.
Severo e Caran (2016) ainda citam que a família tem o papel mais importante na
socialização do sujeito visto que é ela quem transfere ao indivíduo valores de afeto e limites
realistas. Um fato que interfere de maneira preocupante o desenvolvimento do indivíduo para
a criação da criminalidade juvenil é o da família que se omite e não aprimora suas funções
parentais na criação destes, que estão na idade de absorver influências positivas para sua vida.
Abaixo da família, vem o papel do meio em que esse indivíduo vive, como seu bairro, suas
companhias e a escola, pois estes também provocam a formação das crianças e adolescentes.
Deste modo, cita Carvalho (2017):
37
Porém, uma vez que o infante passa a se inserir na convivência com outras pessoas,
que não fazem parte de sua família, essa nova inserção grupal diferente do canal
social em que, anteriormente estava inserido, a criança a partir desde instante, terá
de lidar com um “outro” que respectivamente não é um membro familiar. Ainda
assim, ela gradualmente terá de conviver por determinado período de tempo dentro
de um mesmo ambiente. Com isso, terá de se relacionar com novas manifestações
das tradições e costumes, o que posteriormente proporcionará a interlocução entre
estes novos códigos simbólicos aprendidos com aqueles, já adquiridos outrora no
meio familiar de origem.
Como já visto, a escola é um dos agentes do controle social informal, sendo ela
fundamental para que se previna e interrompa a ida dos seus estudantes para a criminalidade,
para Curvelo (2012), “educar implica criar condições ideais para o desenvolvimento das
pessoas, favorecendo o processo de maturação e a inserção de tais indivíduos na sociedade do
seu tempo, em consonância com a cultura universal”.
Segundo HECKMAN, 1999; LOCHNER, 2004 apud Becker 2012 é plausível
concluir que a educação é capaz de ser uma das maneiras de prevenção da criminalidade com
resultados a médio e longo prazo, pois através dela é desenvolvido os princípios de decência,
honestidade e civilidade dos sujeitos, o acervo de capital humano com seu conjunto de
conhecimento e habilidades advindos da educação, expande a o retorno dos financeiros
conseguidos com o trabalho que esse indivíduo vai conquistar, e os deixa longe da
criminalidade.
Da mesma forma, cita Teixeira (2017) que a escola tem que estar interligada com a
comunidade que o sujeito vive, para compreender melhor a realidade na qual o sujeito se
insere e deve garantir que ele vá ter uma educação e um ensino de qualidade, em um ambiente
acolhedor e saudável com professores tendo a sua profissão mais prestigiada e reconhecida.
Deve ser feito, acima de tudo uma supervisão em relação aos alunos que desistem de
frequentar a escola, investigando o porquê dessa desistência e tentar revertê-la. Essa reversão
só é possível se esses alunos tiverem uma orientação rigorosa a respeito do assunto
juntamente com a exigência de resultados positivos.
Além do mais, cita Guimarães (2017), que segundo uma pesquisa feita pelo sociólogo
Marcos Rolim com jovens cumprindo pena na Fundação de Atendimento Socioeducativo
localizado no Rio Grande do Sul, jovens esses com idade entre 16 e 20 anos, o que se destaca
segundo ele, é que com todos esses jovens verificou-se a evasão escolar enquanto os mesmos
38
tinham entre 11 e 12 anos, e conforme seus estudos a prevenção da criminalidade deve levar
em consideração a redução de alunos que deixam a escola.
Foi apurado que o ingresso na vida de criminalidade tem ligação direta com o
abandono escolar, o deixando vulnerável em situações que o levam a tal fato, conforme
pesquisa realizada por Teixeira (2011, p.53)
Ainda segundo Teixeira (2011), deve haver um empenho para a escola ser um
ambiente acolhedor e que ofereça a seus alunos um espaço harmonioso e que disponibilize a
eles um convívio prazeroso. A qualificação e aptidão dos professores além da infraestrutura
da escola são primordiais nessa relação. Para isso, é fundamental que o currículo escolar
desempenhe assuntos do dia-a-dia para incentivar os estudantes para debater o cenário da
sociedade em que vivem. Não só as atividades do governo, é indispensável e fundamental
também que as famílias dessas crianças e adolescentes apoiem e colaborem com essa
condição e que entendam que quanto mais tempo na escola, mais chances de ter um futuro
com mais oportunidades de emprego esses jovens terão e apoiem para que esses mesmos não
abandonem seus estudos.
Com a ineficácia, ou seja, o fracasso do controle social informal é que entra em ação o
controle social formal para impor sanções, sendo realizado por órgãos públicos. O indivíduo
que não atender as orientações dadas pelo controle social informal acaba sendo afetado por
esta, que de fato, é bem mais enérgica, segundo Pablos de Molina (2002, p.134):
A educação pode ser um meio muito favorável para preparar o indivíduo para a
convivência em sociedade, auxiliando os mesmos em seu desenvolvimento social, sendo
capaz de informar de forma acentuada e instruir para que os problemas que atormentam a
sociedade sejam reduzidos e a população possa viver de maneira justa e tranquila. Segundo
Rolim (2008, p. 55):
Muitos acreditam ser à educação o meio mais propício para se ter uma sociedade
melhor e mais justa, a forma mais eficaz de se reduzir os mais graves problemas
enfrentados no corpo social. Dentre tais problemas, destaca-se o da marginalidade
como um dos mais emergentes de solução, considerando-se a educação como o
caminho mais eficaz para se viabilizar tal objetivo.
O ideal é que a escola sendo formadora de cidadania forneça ao estudante que ali
convive, um ambiente que o transmita segurança, onde todas as pessoas que nela trabalham
dediquem-se para a diminuição até que se chegue à abolição da violência, oferecendo o maior
apoio possível para que a solução correta de conflitos seja transmitida de dentro da escola e
possa ser aplicada fora dela também, benefício esse estendido a toda sociedade. Logo, a
escola tem um papel primordial na formação da criança e do adolescente, como assim cita
Carvalho (2017):
Muitas vezes a escola é o local onde a criança e o adolescente passam a maior parte de
seu tempo, onde se relacionam com pessoas que tiveram criação, modo de pensar, valores e
atitudes diferentes umas das outras, gerando com isso, no convívio do dia a dia, crises de
41
Art. 55. Os pais ou responsável têm a obrigação de matricular seus filhos ou pupilos
na rede regular de ensino. (BRASIL, 1990).
Art. 246 - Deixar, sem justa causa, de prover à instrução primária de filho em idade
escolar:
Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa. (BRASIL, 1940)
É fato então, que os conflitos estão sempre presentes no ambiente escolar, mas cabe a
própria escola saber usar do diálogo e ferramentas estratégicas para a resolução desses
problemas.
Realizando um estudo mais aprofundado sobre o modo de amenizar esses conflitos e
de como reduzir a violência nas escolas e consequentemente na sociedade, sublinho algumas
práticas que contem propostas significativas e com resultados importantes na prevenção da
violência.
44
Como visto, relações interpessoais podem gerar conflitos. Conflitos estes, que podem
ser instaurados tanto dentro da escola em que o jovem estuda, quanto vir de fora do âmbito
escolar. A educação sem dúvidas reflete no futuro do estudante, logo, a escola tem um papel
transformador e de alastrar informações positivas. É fundamental que a escola trate o aluno de
forma igualitária e democrática, tratando os conflitos através do diálogo.
Segundo Silva Neto (2018):
Consta no site da Secretaria da Educação do Estado de São Paulo que nos locais onde
o projeto foi realizado, as ocorrências nas escolas reduziram significativamente, em média
50% nas escolas que o projeto foi reproduzido. (SECRETARIA DA EDUCAÇÃO DO
ESTADO DE SÃO PAULO)
O chamado “Poder do Diálogo” é primordial para compreender a razão dos problemas
ocorridos, para a partir dessa compreensão ser possível fazer uma análise desses conflitos e
assim buscar sua solução através de práticas pacificas que consequentemente não acabem em
violência. Organizando redes informais que oferecem auxilio às crianças e adolescentes em
45
situação de vulnerabilidade, que estão desamparados através de uma ajuda vinda de vários
setores, no qual a escola se inclui. (NUNES, 2018)
Segundo Silva Neto (2018):
Nos dias atuais, por falta de orientação e muitas vezes em razão da desigualdade social
e das injustiças, muitos conflitos vêm sendo resolvidos a base da violência O grande objetivo
é a transformação dessa cultura de violência em uma cultura de paz.
Para a transformação da cultura de violência em cultura de paz, cita Lobato (2017):
Disseminar a cultura de paz, nada mais é que um modo de pensar e agir que despreza a
violência e valoriza o diálogo e mediação na resolução de conflitos.
47
Foi definido pela Organização das Nações Unidas a Cultura de Paz através da
Declaração e Programa de Ação sobre uma Cultura de Paz em 1999, e a mesma traz a forma
como a educação pode promover a Cultura de Paz:
A escola sem dúvida é um local influenciador, que pode transformar a forma como um
conflito é encarado. Assim, segundo Lobato (2017):
A divisão de classes por equipe gestora é uma eficiente alternativa para a realização de
um acompanhamento individualizado dos alunos, focando na frequência escolar e na
indisciplina, apoiando e orientando os alunos, propondo soluções e sugestões para que eles
tenham sucesso na aprendizagem e convivência.
Raciocinar acerca do trabalho executado nas escolas é essencial para conseguir
adequados resultados e consequências. Deste modo, a existência de um olhar de fora ao
ambiente escolar é uma alternativa a esse exercício, procurando fazer um diagnóstico dos
problemas que ainda serão trilhados. É desta maneira que surge o sistema de Tutoria. Indicado
especialmente aos coordenadores e diretores da área da educacional, visto como uma
alternativa para a formação dos educadores, visto que tal plano visa auxiliar os profissionais a
compreenderem de maneira mais adequada e poder recriar as maneiras de conduzir e
coordenar uma escola. (MOREIRA, 2014)
O Brasil não apresenta políticas públicas capazes de fazer do cidadão digno, com
o pleno emprego, educação intelectual de qualidade, dentre outros tantos fatores.
Isso pode deixar grande parte da população, especialmente as mais pobres, a
mercê da criminalidade, e quando o Estado age, através da pena e só depois do
crime já ter ocorrido de fato, só faz fomentar a criminalidade, pois devolve o
delinquente para a sociedade sem a possibilidade de crescimento social, sem a
credibilidade das pessoas, ou seja, ainda mais estigmatizado.
Desta forma, é plausível que não exista outro rumo para a solução, a não ser um
sistema de prevenção, visto que ele é o único método apto de reduzir e prevenir a
criminalidade. Colocaria um fim na violência da sociedade, pois é através da prevenção do
52
crime na sua fase inicial, antes de vir a cometê-lo que há grandes chances de reduzi-lo, do
que só após a delinquência, vir a tirá-lo do meio social para tentar fazer com que ele volte
para a sociedade recuperado. (GUSMÃO 2014)
53
CONCLUSÃO
convivência, que se bem captado pelos alunos, podem levar essas bases para suas vidas,
mesmo com toda injustiça social que acomete nossa sociedade.
É de fundamental importância a aliança da escola com a família para que se fundam
no compromisso de todos com o sucesso dos alunos enquanto permanecem na escola.
Verificou-se que esse desafio só é possível vencer se houver um trabalho contínuo, coletivo
da escola com a família para que não haja a evasão escolar e esses jovens se tornem
vulneráveis ao mundo da criminalidade. Desta forma, essas alianças podem fortalecer os
vínculos entre a escola e família e entre a escola e seus jovens permitindo que eles possam
desenvolver sentimentos de pertencimento a um grupo muito especial que não se caracteriza
pela presença de jovens, apenas, mas que inclui professores, funcionários, diretores, dispostos
à escuta uns dos outros e à construção de uma teia de proteção.
Esta aliança pode produzir, primeiro, um fortalecimento pessoal que impulsione
escolhas que minimizem riscos sociais e, segundo, podem descortinar demandas subjetivas
para estudar para conhecer como funciona a sociedade no interior da qual nos construímos
diante de nós mesmos e dos outros. Novos sujeitos emergem destas demandas, dispostos a
intervir no meio próximo ou remoto em que vivem para fazer valer novos parâmetros de
convivência social.
Por fim observou-se até aqui, mesmo que implicitamente, a importante parcela das
instituições de ensino na prevenção da criminalidade visto que, em seus objetivos
educacionais, incluem-se formar cidadãos críticos e conscientes, porem existem outras
parcelas que cabem ao Estado. A escola, enquanto instituição, nasce imersa numa
determinada sociedade e responde, direta ou indiretamente, às necessidades econômicas e
políticas desta mesma sociedade.
A eficácia da escola em prevenir ou interromper a ida dos nossos jovens para a
criminalidade também está diretamente articulada às políticas públicas desenvolvidas ou não
pelo próprio estado nacional para contemplar a necessidade de todos enquanto sujeitos
portadores de direitos, quer sejam os direitos humanos quer sejam os direitos civis e políticos.
Isto significa que a escola pode responder por uma parcela da prevenção da criminalidade
entre jovens e , mesmo que ofereça um elenco de atividades bem articuladas, criativas e
democráticas, tais atividades por si não podem suprir necessidades básicas como habitação
adequada, oferta de trabalho, salários dignos, prestação de serviços e monitoramento da saúde
públicos e gratuitos entre inúmeros outros direitos que caracterizam um estado de bem-estar
social.
55
REFERÊNCIAS
ALVIM, Wesley Botelho. A Ressocialização do Preso Brasileiro. In: Direito Net. Paraná,
2006. Disponível em: <https://www.direitonet.com.br/artigos/exibir/2965/A-ressocializacao-
do-preso-brasileiro> Acesso em julho de 2018.
BARROS, Flávio Augusto Monteiro de. Direito Penal: Parte Geral. 3ed. rev.atual. e ampl.
São Paulo: Saraiva, 2003. 638 p.
BARROS, Flávio Augusto Monteiro de. Direito Penal: Parte Geral. 4ed. São Paulo:
Saraiva, 2004. 642 p.
BIANCHINI, Alice; GOMES Luiz Flávio. Controle Social e Direito Penal. In: JusBrasil.
São Paulo, 2013. Disponível em:
<https://professoraalice.jusbrasil.com.br/artigos/121814345/controle-social-e-direito-penal> .
Acesso em julho de 2018.
BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de Direito Penal: Parte Geral. 17 ed. São Paulo:
Saraiva, 2012. 2153 p.
BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de Direito Penal: Parte Geral. 21 ed. São Paulo:
Saraiva, 2015. 956 p.
BRASIL. Código Penal. Decreto-Lei Nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940. Disponível em: <
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del2848compilado.htm>. Acesso em maio
de 2018.
BRASIL. Lei de Execução Penal. Lei Nº 7.210, de 11 de julho de 1984. Disponível em: <
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L7210.htm>. Acesso em julho de 2018.
CAPEZ, Fernando. Curso de Direito Pena, volume 1, parte geral: (arts. 1º a 120). 15ed.
São Paulo: Saraiva, 2011. 646 p.
CAPEZ, Fernando. Curso de Direito Penal. 16 ed. São Paulo: Saraiva, 2012. 665 p.
Comitê Paulista para a Década de Cultura de Paz – Parceria com UNESCO – Associação
Palas Athenas. Declaração e Programa de Ação sobre uma Cultura de Paz. 1999.
Disponível em:
<http://www.comitepaz.org.br/download/Declara%C3%A7%C3%A3o%20e%20Programa%2
0de%20A%C3%A7%C3%A3o%20sobre%20uma%20Cultura%20de%20Paz%20-
%20ONU.pdf>. Acesso em agosto de 2018.
Coordenadora do Programa Educadores Pela Paz, Vivi Tuppy, Fala Sobre Fórum em
Araçatuba. (10m01s). FOLHA DA REGIÃO. Araçatuba, 6 de outubro de 2011. Disponível
em: <https://www.youtube.com/watch?v=DKgXj58DW9E > Acesso em 3 de agosto de 2018.
CUNHA, Rogério Sanches. Manual de Direito Penal. 3 ed. Bahia: JusPodivm, 2015. 547 p.
57
DA COSTA JUNIOR, Paulo José; COSTA, Fernando José da. Curso de Direito Penal. 12
ed. São Paulo: Saraiva, 2010. 1011 p.
DOTTI, René Ariel. Curso de Direito Penal: Parte Geral. Colaboração de Alexandre
Knopfholz e Gustavo Britta Scandelari. 5 ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2013. 944 p.
GONÇALVES, Victor Eduardo Rios. Curso de Direito Penal. 1 ed. São Paulo: Saraiva,
2015. 460 p.
GRECO, Rogério. Curso de Direito Penal. 17ed. Rio de Janeiro: Impetus, 2015. 920 p.
JESUS, Damásio de. Direito Penal, volume 1: Parte Geral. 32ed. São Paulo: Saraiva, 2011.
792 p.
58
LOBATO, Cristina. Cultura de paz e mediação de conflitos na escola. In: Migalhas. Rio de
Janeiro, 2017. Disponível em: http://www.migalhas.com.br/dePeso/16,MI257550,101048-
Cultura+de+paz+e+mediacao+de+conflitos+nas+escolas>. Acesso em agosto de 2018
MEHMERI, Adilson. Noções Básicas de Direito Penal. 1ed. São Paulo, Saraiva: 2000. 1040
p.
MIRABETE, Júlio Fabrinni. Manual de Direito Penal. 23 ed. São Paulo: Atlas: 2006.483 p.
MORAES, Henrique Viana Bandeira. Das funções da pena. In: Âmbito Jurídico, Rio
Grande, XVI, n. 108, jan 2013. Disponível em: <http://www.ambito-
juridico.com.br/site/?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=12620>. Acesso em agosto de
2018.
MOREIRA, Jéssica. Tutoria pode ser alternativa para melhorar gestão escolar. In:
Educação Integral. 2014. Disponível em: < http://educacaointegral.org.br/reportagens/tutoria-
pode-ser-alternativa-para-melhorar-gestao-escolar/> Acesso em agosto de 2018.
NUCCI, Guilherme de Souza. Manual de Direito Penal. 13ed. Rio de Janeiro: Forense,
2017. 1254 p.
NUCCI, Guilherme de Souza. Manual de Direito Penal. 7 ed. São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2011. 1024 p.
NUNES, Antônio Carlos Ozório. Diálogos e Práticas Restaurativas nas Escolas: Guia
Prático para Educadores. São Paulo, 2018. Disponível em: <http://201.55.46.199/wp-
content/uploads/2018/03/Mediador-Parte-I.pdf> Acesso em julho de 2018. 145 p.
PACHECO, Andréa. Bullying: Violência Dentro e Fora das Escolas. In: Jus. 2014.
Disponível em: <https://jus.com.br/artigos/32574/bullying-violencia-dentro-e-fora-das-
escolas> Acesso em julho de 2018.
PEREIRA, Jeferson Botelho. A Cultura de Paz nas Escolas. In: Jus. Minas Gerais, 2018.
Disponível em: <https://jus.com.br/artigos/66523/a-cultura-da-paz-nas-escolas>. Acesso em
agosto de 2018
PRADO, Luiz Regis. Curso de Direito Penal Brasileiro, volume 1. 6 ed. São Paulo: Revista
dos Tribunais, 2006. 782 p.
SHECAIRA, Sérgio Salomão; CORRÊA JUNIOR, Alceu. Pena e Constituição. São Paulo:
Revista dos Tribunais, 1995. 198 p.
SILVA NETO, Claudio Marques da. Como construir a disciplina e o clima de paz na
escola. In: Gestão Escolar. São Paulo, 2018. Disponível em: <
https://gestaoescolar.org.br/conteudo/1964/como-construir-a-disciplina-e-o-clima-de-paz-na-
escola> Acesso em agosto de 2018.
SILVA, Amanda Mendes da. O Trabalho Como Forma de Ressocialização do Preso. In:
Conteúdo Jurídico. Brasília, 2017. Disponível em: <
http://www.conteudojuridico.com.br/artigo,o-trabalho-como-forma-de-ressocializacao-do-
preso,589247.html> Acesso em julho de 2018
SILVEIRA, Felipe Lazzari da. Afinal, o que é livramento condicional? In: Canal Ciências
Criminais. 2016. Disponível em: <https://canalcienciascriminais.com.br/livramento-
condicional/>. Acesso em julho de 2018.
SOARES, Orlando. Criminologia. 1 ed. Rio de Janeiro: Freitas Bastos, 1986. 342 p.
STEFANO, Isa Gabriela de Almeida. Bullying na Escola. In: Âmbito Jurídico. Rio Grande,
2014. Disponível em: <http://www.ambito-
juridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=14757&revista_cad
erno=12> Acesso em julho de 2018.
61
TEIXEIRA, Luiz Fernando. Baixa Educação, Alta Criminalidade. In: Carta e Educação.
São Paulo, 2017. Disponível em: <http://www.cartaeducacao.com.br/artigo/baixa-educacao-
alta-criminalidade/,>. Acesso em julho de 2018.
TELES, Ney Moura. Direito Penal: Parte Geral. 2 ed. São Paulo: Atlas, 2006. 540 p.