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Júlia Arriero de Souza

A ESCOLA COMO LOCAL DE PREVENÇÃO DA CRIMINALIDADE

Centro Universitário Toledo


Araçatuba
2018
Júlia Arriero de Souza

A ESCOLA COMO LOCAL DE PREVENÇÃO DA CRIMINALIDADE

Monografia apresentada como requisito parcial para a


obtenção do grau de Bacharel em Direito. Curso de
Direito do Centro Universitário Toledo de Araçatuba do
Estado de São Paulo –Sob orientação do Prof. Marcelo
Yukio Misaka

Centro Universitário Toledo


Araçatuba
2018
JÚLIA ARRIERO DE SOUZA

A ESCOLA COMO LOCAL DE PREVENÇÃO DA CRIMINALIDADE

Monografia apresentada como requisito parcial


para a obtenção do grau de Bacharel em
Direito. Curso de Direito do Centro
Universitário Toledo de Araçatuba do Estado
de São Paulo –Sob orientação do Prof.
Marcelo Yukio Misaka

Aprovado em ____/____/____

BANCA EXAMINADORA

ORIENTADOR: MARCELO YUKIO MISAKA

CENTRO UNIVERSITÁRIO TOLEDO


Aos meus pais, por todo amor, incentivo e
dedicação durante todos esses anos.
AGRADECIMENTOS

Primeiramente agradeço a Deus, pela força, saúde e coragem que me destes durante
essa caminhada.
Aos grandes amores da minha vida: meus pais Eliane e Luiz, que há 21 anos não
medem esforços para a realização de meus sonhos, à minha amada avó Maria que com todo o
seu carinho e bondade me deu esperanças para continuar nessa jornada, sempre depositando
sua confiança nas minhas atitudes e nos obstáculos encontrados.
À memória de minha avó Arcelina, falecida em 24/11/17, exemplo de fé, que iniciou
comigo a busca do meu sonho, mas infelizmente sua presença física não está aqui para me ver
conclui-lo.
À toda minha família, entre eles todos os meus tios e primos.
Ao meu namorado Flávio por toda paciência, amor e incentivo.
Aos meus amigos de tantos anos e aos novos que encontrei nessa importante etapa da
minha vida, e por trilharem por este caminho não tão fácil ao meu lado: Amanda Colombo,
Bruna Dias, Caroline Akemi, Caroline Lacerda, Cláudio Lisias, Gabriella Meza, Isabela
Rossi, Jaíne Raffa, Júlia Fiel, Luana Zagato, Malumã Lopes, Maria Victória Viol, Natália
Galinari e Tatiana Terumi.
As advogadas Dieyne Morize Rossi e Marisa Serra pela experiência vivida nos anos
de estágio realizado na Assistência Judiciária “Dr. Mauricio de Toledo”.
Por último e não menos importante, a todos os professores que tive o prazer de
adquirir conhecimento durante esses 5 anos, em especial ao coordenador do curso, Renato
Freitas e ao orientador deste trabalho, professor Marcelo Y. Misaka.
“Educai as crianças e não será preciso punir os
homens”. - Pitágoras
RESUMO

O presente trabalho teve como objetivo analisar os modos de prevenção e repressão da


criminalidade, apresentando desde as maneiras que a sociedade pode evitar a ida do sujeito à
vida do crime, como as sanções previstas em nosso ordenamento jurídico aos sujeitos que
venham a cometer este. O foco da análise feita diz respeito ao controle social informal que a
escola vem a exercer, de qual maneira pode ser exercido através dos projetos realizados
dentro da instituição de ensino, e qual a eficácia que isso vem a ter para que não seja preciso a
utilização do controle social formal, o qual só vem a existir após o cometimento do crime pelo
sujeito. É certo que a segurança pública é um dever do Estado, porém o estudo feito mostra
que ele está mais preocupado com a repressão e o modo como vai punir quem praticar o crime
do que o prevenir, visto que a prevenção vem sido feita através de projetos sociais e das
escolas que se dispõe a trabalhar os conflitos através de diálogos e práticas restaurativas.

Palavras-chave: criminologia; educação; prevenção; repressão.


ABSTRACT

The present work aims to analyze the ways of prevention and suppression crime,
showing since the forms that the society can use to avoid the individual to have a life of crime,
but also the penalties present in our Legal Order directed to the individuals that commit
crimes. The point of the analysis is related to the informal social control that the schools
have, how it can be done through projects accomplished inside the educational institution and
what’s its effectiveness to not use the formal social control, since this one only exists after the
individual has committed the crime. It’s true that the public safety is a State duty, but the
research that has been made shows that the State is more worried about the suppression and
the way how it’s going to punish who commit crimes than to prevent, once the prevention has
been made by social projects and by the schools that tries to solve the conflicts through
restorative practices and conversation.

Key-words: Criminology; Education; Prevention; Suppression


1 SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ...................................................................................................................... 10

1 I. Formas de Controle da Criminalidade: Prevenção e Repressão............................. 11

1.1 Definição de crime no nosso sistema penal ............................................................... 11

1.2 Fatores que influenciam a criminalidade ................................................................... 12

1.3 Penas como forma de repressão: surgimento e teoria das penas ............................... 13

1.4 Penas No Sistema Repressivo .................................................................................... 15

1.5 Penas Privativas de Liberdade ................................................................................... 16

1.5.1 Prisão Simples .................................................................................................... 16

1.5.2 Detenção ............................................................................................................. 17

1.5.3 Reclusão ............................................................................................................. 19

1.6 Penas Restritivas de Direito ....................................................................................... 19

1.7 Pena de Multa ............................................................................................................ 24

2 II. Prevenção da Criminalidade ..................................................................................... 26

2.1 Prevenção Primária .................................................................................................... 26

2.2 Prevenção Secundária ................................................................................................ 27

2.3 Prevenção Terciária ................................................................................................... 29

3 III. Controle Social Formal e Informal ......................................................................... 35

3.1 Controle Social Informal ........................................................................................... 35

3.1.1 Controle Social Informal – O Papel da Família ................................................. 35

3.1.2 Controle Social Informal – O Papel da Escola ................................................... 37

3.2 Controle Social Formal .............................................................................................. 38

4 IV. A Função Social da Escola na Prevenção da Criminalidade ................................ 40

4.1 Praticas Restaurativas ................................................................................................ 44

4.1.1 Cultura de Paz ..................................................................................................... 46

4.1.2 Projeto de Tutoria ............................................................................................... 49

4.1.3 Programa Educadores da Paz ............................................................................. 49


4.2 Negligência do Estado ............................................................................................... 50

CONCLUSÃO......................................................................................................................... 53

REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 55
10

INTRODUÇÃO

O primeiro capítulo trata do conceito de crime no sistema penal brasileiro, tais quais as
penas que o sujeito que comete o crime será submetido como forma de repressão, punição,
bem como os tipos de pena previstos no nosso ordenamento jurídico.
O segundo capitulo fala da prevenção da criminalidade, do cuidado para ela não vir a
ocorrer, a partir dos três modos dessa prevenção, dentre eles o sistema primário que trabalha
desde a raiz do conflito, como a educação e moradia, evitando que ele se manifeste, o sistema
secundário, que trata dos programas de apoio existentes em nosso país, que ocupa o tempo
ocioso dos sujeitos em situação de vulnerabilidade e investindo na educação dos mesmos, até
a prevenção terciária que destina-se já ao aprisionado com o objetivo de evitar a reincidência.
A respeito do terceiro capitulo, o mesmo fala a respeito do controle social formal e
informal. O informal tratando de como a família e a escola podem prevenir e banir a entrada
do sujeito na criminalidade, e o formal quando o primeiro vier a fracassar, vindo a impor
sanções e punir o delinquente.
O quarto capítulo trata da função social da escola na prevenção da criminalidade,
através da disposição dos gestores e professores que nela trabalham, de realizar projetos que
tenham eficácia, valendo-se principalmente do diálogo na resolução de conflitos em busca de
soluções pacificas, baseando-se em uma cultura de paz para a redução da violência.
.
11

1 I. Formas de Controle da Criminalidade: Prevenção e Repressão

1.1 Definição de crime no nosso sistema penal

Não encontramos em nosso Código Penal vigente um conceito específico de crime. De


fato, segundo Greco (2015, p. 193):

Nosso atual Código Penal não nos fornece um conceito de crime, somente dizendo,
em sua Lei de Introdução, que ao crime é reservada uma pena de reclusão ou
detenção, quer alternativa ou cumulativamente com a pena de multa.

Para o conceito analítico de crime, ele é toda ação típica, antijurídica e culpável.
Típica, por que o Código Penal, em seu artigo 1º, estabelece que:

Artigo 1 - Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena sem prévia
cominação legal” (BRASIL, 1940).

Ou seja, a ação ou omissão praticada pelo sujeito deve estar descrito na lei como
delito. Segundo Barros (2004, p. 146), “fato típico é o comportamento humano descrito em lei
como crime ou contravenção”. Ainda completa Martins (2008), “Fato típico, em um conceito
formal, é a descrição de uma conduta considerada proibida, para qual se estabelece uma
sanção”.
São elementos do fato típico a conduta, o resultado, o nexo causal entre a conduta, o
resultado e a tipicidade.
Antijuridicidade significa que a conduta deve ser contrária ao direito. Já dizia
Damásio de Jesus (2011, p. 196) “Excluída a antijuridicidade, não há crime. É, pois, a
antijuridicidade o segundo requisito do crime. Por meio do juízo de valor sobre ela é que se
saberá se o fato é ou não contrário ao ordenamento jurídico”.
Ainda completa Mirabete (2006, p. 167): “A antijuridicidade é a contradição entre
uma conduta e o ordenamento jurídico. O fato típico, até prova em contrário, é um fato que,
ajustando-se ao tipo penal, é antijurídico”. O que de fato, segundo Zaffaroni e Pierangeli
(2007, p. 490):

O método, segundo o qual se comprova a presença da antijuridicidade, consiste na


constatação de que a conduta típica (antinormativa) não está permitida por qualquer
causa de justificação (preceito permissivo), em parte alguma da ordem jurídica (não
12

somente no direito penal, mas tampouco no civil, comercial, administrativo,


trabalhista etc.)

Não basta ser típico e antijurídico. Além disso deve ser também culpável, como ensina
Damásio de Jesus (2011, p. 197): “Culpabilidade é a reprovação da ordem jurídica em face de
estar ligado o homem a um fato típico e antijurídico”, e com isso, ainda completa Capez
(2011, p. 323):

Costuma ser definida como juízo de censurabilidade e reprovação exercido sobre


alguém que praticou um fato típico e ilícito. Não se trata de elemento do crime, mas
pressuposto para imposição de pena, porque, sendo um juízo de valor sobre o autor
de uma infração penal, não se concebe possa, ao mesmo tempo, estar dentro do
crime, como seu elemento, e fora, como juízo externo de valor do agente.

Além disso, como cita Mehmeri (2000, p. 86), “a culpabilidade institui a


reprovabilidade pessoal, tendo então, caráter subjetivo, verificando-se a conduta própria do
agente”.
Do mesmo modo, explica Mirabete (2006, p. 194):

Só há culpabilidade se o sujeito, de acordo com suas condições psíquicas, podia


estruturar sua consciência e vontade de acordo com o direito (imputabilidade); se
estava em condições de poder compreender a ilicitude de sua conduta (possibilidade
de conhecimento da ilicitude); se era possível exigir, nas circunstancias, conduta
diferente daquela do agente (exigibilidade de conduta diversa).

Por fim, para Barros (2004, p. 353), “a culpabilidade é o juízo de censura que analisa a
relação entre o autor e o fato praticado, indagando se ele tinha possibilidade de realizar a
conduta na direção da ordem jurídica e de evitar o mal cometido”.

1.2 Fatores que influenciam a criminalidade

As razões da criminalidade andam lado a lado, conjuntamente, segundo Soares (1986, p. 126):

Consideram-se concausas da criminalidade aqueles que concorrem com outras,


simultaneamente, com igual ou inferior intensidade, no contexto social ou
individual, para as práticas delituosas.
Assim, por exemplo, podem concorrer simultaneamente, causas de natureza social,
econômica, familiar, psicológica, genética etc.

A criminalidade se desenvolve dentro da vida comum, do convívio social, cria e se


aperfeiçoa nos interesses incompatíveis de quem dentro dessa sociedade vive. Seria como se a
13

criminalidade fosse uma resistência do indivíduo àquela sociedade, e é em razão disso que a
criminalidade resulta de interesses individuais e particulares dos indivíduos que vem a
cometer. O crime vem a ser uma peça que envolve dois lados, sendo esses os indivíduos que
vem a serem criminosos e a sociedade, onde cada parte tem sua atuação definida no
seguimento dessa criminalidade, que irá atribuir-se os inúmeros aspectos em função de cada
um. (FERNANDES, N; FERNANDES, V, 2002)
É notório que a criminalidade está presente em todas as civilizações, desde grandes
metrópoles até mesmo nas pequenas cidades. Existem vários fatores sociais da criminalidade,
como por exemplo a pobreza, pois aquele que não dispõe de uma formação moral adequada,
na maioria das vezes sentem raiva daqueles que tem a oportunidade de possuir bens,
manifestando violência diante dessa sua frustração; a casa que o indivíduo mora e a família
que convive, que deve oferecer segurança e bem-estar, ocorrendo de maneira oposta pode
criar um indivíduo antissocial; a rua e os empecilhos que podem encontrar nela, pois um
indivíduo vulnerável e ocioso fica desimpedido de seguir os maus exemplos que os locais
arriscados podem trazer, assim como a fome, política, o elevado nível de desemprego, o uso
de drogas pelo sujeito, fatores de personalidade pois sendo um indivíduo diferente do outro,
cada um reage e se comporta de maneira diferente diante de cada uma dessas situações
vivenciadas, pois nem todos que se encontram nessas situações escolhem por seguir o
caminho da atividade ilegal, levando em conta o sujeito e sua formação, sendo esses fatores
citados apenas colaboradores e que auxiliam para que o indivíduo vulnerável entre na
criminalidade.

1.3 Penas como forma de repressão: surgimento e teoria das penas

O direito penal surgiu junto a sociedade, pois para a convivência em grupo faz com
que seja primordial a imposição de normas. Segundo Capez (2011, p. 20):

O Direito Penal é o segmento do ordenamento jurídico que detém a função de


selecionar os comportamentos humanos mais graves e perniciosos à coletividade,
capazes de colocar em risco valores fundamentais para a convivência social, e
descrevê-los como infrações penais, cominando-lhes, em consequência, as
respectivas sanções, além de estabelecer todas as regras complementares e gerais
necessárias à sua correta e justa aplicação.
14

O direito que faz parte do nosso conhecimento nos dias atuais nem sempre foi assim,
pois vivemos em um contínuo progresso, e esse não deve ser classificado como a forma
acabada dele. Segundo Silva (2017):

Para aplacar a ira dos deuses, criaram-se séries de proibições (religiosas, sociais e
políticas), conhecidas por “tabu”, que não obedecidas, acarretavam castigo. A
infração totêmica ou a desobediência tabu levou a coletividade à punição do
infrator para desagravar a entidade, gerando-se assim o que, modernamente,
denominamos “crime” e “pena”.

Hoje, para Nucci (2017, p. 2), “direito penal é o conjunto de normas jurídicas voltado
à fixação dos limites do poder punitivo do Estado, instituindo infrações penais e as sanções
correspondentes, bem como regras atinentes à sua aplicação”. Da mesma forma, cita Bezerra
(2017):

Quando ocorre uma lesão efetiva e contundente ao bem jurídico-penal tutelado,


nasce o que se convencionou chamar por Direito Penal subjetivo, é dizer, o direito
de o Estado punir o infrator do tipo penal, na tentativa de restabelecer a normalidade
social. O jus puniendi, entretanto, não pode ser exercido de maneira arbitrária e
ilegal, estando submetido a limitações de diversas naturezas.

Para definir o que é pena, a doutrina emprega 3 teorias. A Teoria Absoluta, Teoria
Relativa e Teoria Mista, vejamos:
A Teoria Absoluta, para Grokskreutz (2010):

A pena é um castigo e uma consequência pelo crime realizado, não possuindo


qualquer outro desiderato, senão, ser um fim em si mesma, e por aplicar as sanções
previstas na legislação, é considerada uma forma de fazer justiça.

Para essa primeira, a pena serve nada mais que para compensar o mal exercido pelo
agente, sendo uma verdadeira vingança o castigo.
A segunda, chamada de Teoria Relativa, ou Teoria Preventiva, ainda para Grokskreutz
(2010), essa teoria “tem por objetivo a prevenção de novos delitos, ou seja, busca obstruir a
realização de novas condutas criminosas; impedir que os condenados voltem a delinquir”.
Já para a Teoria Mista, como o próprio nome diz, é uma junção das duas últimas
mencionadas, servindo tanto para punir o agente pela conduta antijurídica praticada como visa
dificultar que o agente volte a cometer novas condutas criminosas e fazer novo mal a
sociedade. O que de fato, segundo Barros (2003, p. 434):

A pena tem caráter retributivo-preventivo. Retributivo porque consiste numa


expiação do crime, imposta até mesmo aos delinquentes que não necessitam de
nenhuma ressocialização. Preventivo porque vem acompanhada de uma finalidade
prática, qual seja, a recuperação ou reeducação do criminoso, funcionando ainda
como fator de intimidação geral.
15

Podemos concluir que o nosso sistema penal adota a Teoria Mista, pois o próprio
Código Penal, no artigo 59, caput dispõe:

O juiz, atendendo à culpabilidade, aos antecedentes, à conduta social, à


personalidade do agente, aos motivos, às circunstancias e consequências do
crime, bem como ao comportamento da vítima, estabelecera, conforme seja
necessário e suficiente para reprovação e prevenção do crime: [...]” (BRASIL,
1940)

Portanto, além de punir, busca-se uma medida que previna que o agente não venha a
cometer novamente o crime. Um meio eficaz de ressocialização para que ele não seja
reincidente na conduta delinquente anteriormente praticada.

1.4 Penas No Sistema Repressivo

É notório que a realização de certo ato diverso do previsto na norma jurídica ocasiona
o cometimento de um crime, e para puni-lo necessitamos aplicar uma sanção através de uma
pena. Segundo Grokskreutz (2010), “a pena, na verdade, é oriunda da realização de uma
conduta ilícita, antijurídica e culpável, destinada a todo aquele que desrespeitou a legislação
penal, sendo assim, uma forma do Estado efetivamente aplicar a norma ao caso concreto”. Da
mesma forma, para Nucci (2011, p. 391) “...A sanção imposta pelo Estado, através da ação
penal ao criminoso, cuja finalidade é a retribuição ao delito perpetrado e prevenção a novos
crimes”.
A prevenção dessa pena tem o aspecto negativo e positivo. O caráter negativo,
segundo Moraes (2013):

Consiste na intimidação genérica da coletividade por meio da ameaça de aplicação


de sanções contida nas normas incriminadoras.
A intimidação começa no momento da cominação das sanções penais e é reforçada
com a aplicação e a execução das mesmas. A efetividade da prevenção geral, sob o
aspecto da intimidação da coletividade, decorre da eficácia do funcionamento do
sistema penal em seu conjunto: a aplicação e a execução das penas tornam mais
visível a ameaça penal, certificando-a.

Já o caráter positivo, ainda para Moraes (2013):

A Teoria da Prevenção Geral Positiva busca, pois, gerar efeitos sobre os indivíduos
não-criminalizados da sociedade, não os intimidando para se omitirem da prática do
ilícito, mas para produzir um acordo para reafirmar a confiança no sistema coletivo,
16

impondo um mal ao agente delinquente. Demonstra desta forma que a pena é maior
que o incômodo produzido, como reflexo do fato ilícito, que é o único que importa,
exprimindo-se na desconformidade da vigência da norma, indispensável para uma
coletividade existir.

O que de fato, segundo Barsante (2015):

A prevenção geral da pena instala-se sob dois ângulos: o negativo e o positivo. Pela
prevenção geral negativa, conhecida como prevenção por intimidação, a pena serve
para que todos os membros do grupo social observem uma dada condenação e não
venham a cometer uma prática delituosa. A prevenção geral positiva ou integradora
busca sensibilizar a consciência geral, disseminando o respeito aos valores mais
importantes da comunidade e, por conseguinte, à ordem jurídica.

No ordenamento jurídico brasileiro são previstos três tipos de pena, quais sejam:
penas privativas de liberdade, restritivas de direito e as penas pecuniárias. Sendo através
delas possível ao Estado que aplique a norma ao caso concreto. Deste modo, dispõe o artigo
23 do Código Penal:

Art. 32 - As penas são: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)


I - privativas de liberdade;
II - restritivas de direitos;
III - de multa. (BRASIL, 1940)

1.5 Penas Privativas de Liberdade

Segundo Barros (2004, p. 439), “pena privativa de liberdade é a que restringe o


direito de ir e vir do condenado, infligindo lhe um determinado tipo de prisão”.
Em relação à essas penas privativas de liberdade, temos três espécies que definem a
pena de prisão. A prisão simples, detenção e por fim a reclusão.

1.5.1 Prisão Simples

Para Dotti (2013, p. 574), “a chamada prisão simples é uma das modalidades de
pena privativa de liberdade, expressa e exclusivamente cominada para as contravenções
penais”. A pena de prisão simples é a menos severa dentre as três, e conforme Rabeschini
(2014):
17

A pena de prisão simples, nos termos do art.6º da Lei de Contravenções Penais,


deve ser cumprida, sem rigor penitenciário, em estabelecimento especial ou seção
especial de prisão comum, em regime semiaberto ou aberto e, de acordo com o §1º
do mesmo artigo, o condenado à referida pena deve ficar sempre separado dos
condenados a pena de reclusão ou de detenção.

Dispõe Gonçalves (2015, p. 234):

É a modalidade de pena privativa de liberdade prevista para as contravenções


penais e, nos termos do art. 60 da Lei de Contravenções Penais, segue as seguintes
regras: a) o cumprimento da pena só é admitido nos regimes semiaberto e aberto,
sendo, portanto, vedada a regressão ao regime fechado sob qualquer fundamento;
b) a pena deve ser cumprida sem rigor penitenciário; c) o sentenciado deve
cumprir pena em separado daqueles que foram condenados pela prática de crime; e
d) o trabalho é facultativo quando a pena aplicada não superar 15 dias.

Ainda, para Capez (2011):


A diferença, em relação à pena de detenção, é que a lei não permite o regime
fechado nem mesmo em caso de regressão, ao contrário do que acontece na pena de
detenção. A regressão, quanto à pena de prisão simples, só ocorre do aberto para o
semiaberto.

A pena de prisão simples não pode então, ser cumprida em regime fechado, pois
nesse regime ficam os crimes com pena de mais de oito anos de prisão, ficando o detento
impedido de deixar a unidade prisional em que encontrar-se cumprindo a pena.

1.5.2 Detenção

A detenção pode ser executada no regime semiaberto e aberto. O artigo 33 do código


penal determina que:

Art. 33 - A pena de reclusão deve ser cumprida em regime fechado, semiaberto ou


aberto. A de detenção, em regime semiaberto, ou aberto, salvo necessidade de
transferência a regime fechado. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
§ 1º - Considera-se: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
a) regime fechado a execução da pena em estabelecimento de segurança máxima ou
média;
b) regime semiaberto a execução da pena em colônia agrícola, industrial ou
estabelecimento similar;
c) regime aberto a execução da pena em casa de albergado ou estabelecimento
adequado.
§ 2º - As penas privativas de liberdade deverão ser executadas em forma
progressiva, segundo o mérito do condenado, observados os seguintes critérios e
ressalvadas as hipóteses de transferência a regime mais rigoroso: (Redação dada pela
Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
a) o condenado a pena superior a 8 (oito) anos deverá começar a cumpri-la em
regime fechado;
18

b) o condenado não reincidente, cuja pena seja superior a 4 (quatro) anos e não
exceda a 8 (oito), poderá, desde o princípio, cumpri-la em regime semiaberto;
c) o condenado não reincidente, cuja pena seja igual ou inferior a 4 (quatro) anos,
poderá, desde o início, cumpri-la em regime aberto.
§ 3º - A determinação do regime inicial de cumprimento da pena far-se-á com
observância dos critérios previstos no art. 59 deste Código. (Redação dada pela Lei
nº 7.209, de 11.7.1984)
§ 4o O condenado por crime contra a administração pública terá a progressão de
regime do cumprimento da pena condicionada à reparação do dano que causou, ou à
devolução do produto do ilícito praticado, com os acréscimos legais.(Incluído pela
Lei nº 10.763, de 12.11.2003) (BRASIL, 1940)

No regime semiaberto incluem-se os condenados entre quatro e oito anos, conforme


cita Bretas (2017):

Segundo o Conselho Nacional de Justiça (CNJ), não sendo caso de reincidência, o


regime semiaberto destina-se para condenações entre quatro e oito anos.
Nesse tipo de cumprimento de pena, a pessoa tem o direito de trabalhar e fazer
cursos fora da prisão durante o dia, mas deve retornar à unidade penitenciária à
noite. Além disso, o detento tem o benefício de reduzir o tempo de pena através do
trabalho: um dia é reduzido a cada três dias trabalhados.
A Lei de Execução Penal prevê que o condenado vá para o regime aberto com as
mesmas condições: cumprir um sexto da pena e ter bom comportamento.

Ainda, diz Bitencourt (2015, p. 615) “Aqui, no regime semiaberto, o trabalho externo
é admissível, desde o início do seu cumprimento, inclusive na iniciativa privada, ao contrário
do que ocorre no regime fechado”.
O condenado tem o direito de sair transitoriamente do estabelecimento prisional,
visando seu retorno a sociedade e o convívio familiar, como dispõe Teles (2006, p. 309):

No regime semiaberto, o condenado poderá obter autorização para sair do


estabelecimento temporariamente, sem qualquer vigilância direta, para visitar a
família e também para participar de atividades que proporcionem condições para seu
retorno ao convívio social.

Já no que tange ao regime aberto, as penas não ultrapassam quatro anos e o autor não é
reincidente em crime. Deste modo, cita Bretas (2017):

O regime aberto é direcionado para pessoas condenadas até quatro anos sem que
tenha reincidência de crime. Nesse regime, o detento deve trabalhar, frequentar
cursos ou exercer qualquer outra atividade autorizada durante o dia e recolher-se à
noite em casa de albergado ou na própria casa.

Podemos ainda, complementar esse esclarecimento com a elucidação de Bittencourt


(2015, p. 1346):

O regime aberto baseia-se na autodisciplina e no senso de responsabilidade do


apenado. O condenado só permanecerá recolhido (em casa de albergado ou em
estabelecimento adequado) durante o repouso noturno e nos dias de folga. O
19

condenado deverá trabalhar, frequentar cursos ou exercer outra atividade autorizada


fora do estabelecimento e sem vigilância. Com responsabilidade e disciplinadamente
o detento deverá demonstrar que merece a adoção desse regime e que para ele está
preparado, sem frustrar os fins da execução penal, sob pena de ser transferido para
regime mais rigoroso.

Ainda em relação a possibilidade de trabalho do preso nesse regime, dispõe Greco


(2015, p. 559) “Aqui, no regime aberto, não há previsão legal para remição da pena pelo
trabalho, uma vez que somente poderá ingressar nesse regime o condenado que estiver
trabalhando ou comprovar a possibilidade de fazê-lo imediatamente”
Será possível cumprir sua pena em casa, quando na comarca não houver casa de
albergado, sendo imposto ao condenado a meramente apresentar-se mensalmente em juízo.

1.5.3 Reclusão

Veremos uma diferenciação para esclarecer a respeito da pena de reclusão, feita por
Prado (2006, p. 546):

A diferenciação entre reclusão e detenção hoje se restringe quase que


exclusivamente ao regime do cumprimento de pena, que na primeira hipótese deve
ser feito em regime fechado, semiaberto ou aberto, enquanto na segunda alternativa
– detenção – admite-se a execução somente em regime semiaberto ou aberto,
segundo dispõe o artigo 33, caput, do Código Penal. Contudo, é possível a
transferência do condenado a pena de detenção para regime fechado, demonstrada
necessidade da medida.

Para Dotti (2013, p. 573), “uma das características diferenciadoras entre a detenção e a
reclusão consiste na maior gravidade dos crimes apenados com reclusão. A diferença aparece
nos momentos da cominação e da aplicação da pena”.
Já vimos nos parágrafos acima a respeito do regime semiaberto e aberto. O regime
fechado, por sua vez, no sistema de pena privativa de liberdade, será executado em
estabelecimento de segurança média ou máxima, conforme Bitencourt (2015, p. 614)

No regime fechado o condenado cumpre a pena em penitenciária e estará obrigado


ao trabalho em comum dentro do estabelecimento penitenciário, na conformidade de
suas aptidões ou ocupações anteriores, desde que compatíveis com a execução da
pena. (Tratado de Direito Penal, parte geral, 21ª edição, Editora Saraiva 2015)

1.6 Penas Restritivas de Direito


20

Deve-se buscar a pena que resguarda de forma satisfatória os bens jurídicos essenciais,
e segundo Greco (2015, p. 599):

Se a pena é um mal necessário, devemos, num Estado Social e Democrático de


Direito, buscar aquela que seja suficientemente forte para a proteção dos bens
jurídicos essenciais, mas que, por outro lado, não atinja de forma brutal a dignidade
da pessoa humana. As raízes iluministas do princípio da proporcionalidade fazem
com que hoje, passados já três séculos, colhamos os frutos de um direito penal que
visa ser menos cruel e procura observar os direitos fundamentais do homem.

As penas restritivas de direito podem substituir as privativas de liberdade, como cita


Prado (2006, p. 579):

Em nosso país, após o advento da Lei 7.209/1984, responsável pela reforma da Parte
Geral do Código Penal de 1940, acolheu-se o sistema de penas alternativas – ou
substitutivas. Tais penas têm caráter geral, posto que podem substituir a pena
privativa de liberdade abstratamente cominada na parte especial, independentemente
do título em que esteja inserido o delito em questão, desde que presentes os
requisitos autorizantes.

O artigo 43 do Código Penal Brasileiro nos traz quais são as penas restritivas de
direito, executadas sem privação da liberdade do agente, que serão aplicadas:

Art. 43 As penas restritivas de direito são: (Redação dada pela Lei nº 9.714, de
1998)
I- prestação pecuniária; (Redação dada pela Lei nº 9.714, de 1998)
II- perda de bens e valores; (Redação dada pela Lei nº 9.714 de 1998)
III- limitação de fim de semana. (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984)
IV- prestação de serviço à comunidade ou a entidades públicas; (Incluído pela Lei nº
9.714 de 25.11.1998)
V- interdição temporária de direitos; (Incluído pela Lei nº 9.714 de 25.11.1998)
VI- limitação de fim de semana. (Incluído pela Lei nº 9.714 de 25.11.1998)
(BRASIL, 1940)

Como dependem de adimplência de requisitos para as penas privativas de liberdade


serem substituídas por restritivas de direito, tais requisitos estão elencados no artigo 44 do
Código Penal, o qual dispõe:

Art. 44. As penas restritivas de direitos são autônomas e substituem as privativas de


liberdade, quando: (Redação dada pela Lei nº 9.714, de 1998)
I - aplicada pena privativa de liberdade não superior a quatro anos e o crime não for
cometido com violência ou grave ameaça à pessoa ou, qualquer que seja a pena
aplicada, se o crime for culposo; (Redação dada pela Lei nº 9.714, de 1998)
II - o réu não for reincidente em crime doloso; (Redação dada pela Lei nº 9.714, de
1998)
III - a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a personalidade do
condenado, bem como os motivos e as circunstâncias indicarem que essa
substituição seja suficiente. (Redação dada pela Lei nº 9.714, de 1998)
§ 1o (VETADO) (Incluído e vetado pela Lei nº 9.714, de 1998)
21

§ 2o Na condenação igual ou inferior a um ano, a substituição pode ser feita por


multa ou por uma pena restritiva de direitos; se superior a um ano, a pena privativa
de liberdade pode ser substituída por uma pena restritiva de direitos e multa ou por
duas restritivas de direitos. (Incluído pela Lei nº 9.714, de 1998)
§ 3o Se o condenado for reincidente, o juiz poderá aplicar a substituição, desde que,
em face de condenação anterior, a medida seja socialmente recomendável e a
reincidência não se tenha operado em virtude da prática do mesmo crime. (Incluído
pela Lei nº 9.714, de 1998)
§ 4o A pena restritiva de direitos converte-se em privativa de liberdade quando
ocorrer o descumprimento injustificado da restrição imposta. No cálculo da pena
privativa de liberdade a executar será deduzido o tempo cumprido da pena restritiva
de direitos, respeitado o saldo mínimo de trinta dias de detenção ou reclusão.
(Incluído pela Lei nº 9.714, de 1998)
§ 5o Sobrevindo condenação a pena privativa de liberdade, por outro crime, o juiz
da execução penal decidirá sobre a conversão, podendo deixar de aplicá-la se for
possível ao condenado cumprir a pena substitutiva anterior. (Incluído pela Lei nº
9.714, de 1998) (BRASIL, 1940)

Para Teles (2006, p. 341):

As penas restritivas de direito, pela regra do Código Penal, serão aplicadas em


substituição às penas privativas de liberdade. O juiz, após condenar o acusado a uma
pena privativa de liberdade, poderá substitui-la por uma pena restritiva de direitos
[...]”.

Prestação pecuniária, segundo Greco (2015, p. 606):

É o pagamento em dinheiro à vítima, seus dependentes ou a entidade pública ou


privada, com destinação social, de importância fixada pelo juiz, não inferior a um
salário mínimo nem superior a 360 (trezentos e sessenta) salários mínimos.

Em relação a perda de bens e valores, o arrecadado vai para o Fundo Penitenciário


Nacional, sendo essa uma pena de confisco, como cita Curci (2013):

Nesta sanção, a perda de bens e valores que pertencem ao condenado, vai para o
Fundo Penitenciário Nacional, valendo-se como o teto o prejuízo causado pela
infração penal ou proveito obtido pelo agente ou por terceiro. Pode-se dizer que é
uma pena de confisco, ao contrário da prestação pecuniária, a qual tem caráter
indenizatório.

O que será atingido nesse tipo de sanção é o patrimônio do sujeito que foi condenado.
E assim, para encerrar o raciocínio e o esclarecimento acerca da perda de bens e valores, cita
Capez (2011, p.445):

Trata-se da decretação de perda de bens móveis, imóveis ou de valores, tais como


títulos de crédito, ações etc. Não pode alcançar bens de terceiros, mas apenas os
bens do condenado, já que a pena não pode passar de sua pessoa (CF, art. 5º, XLV).
Essa pena consiste no confisco generalizado do patrimônio lícito do condenado,
imposto como pena principal substitutiva da privativa de liberdade imposta. Trata-se
de pena de grande utilidade, pois permite a constrição dos bens do infrator, sem o
ônus de demonstrar sua origem ilícita.
22

No tocante a limitação do fim de semana, ela não tem sido aplicada em razão da
inviabilidade de sua execução, que para Bittencourt (2012, p. 1470):

Consiste na obrigação de o condenado permanecer aos sábados e domingos, por


cinco horas diárias, em casa de albergado ou em estabelecimento adequado, de
modo a permitir que a sanção penal seja cumprida em dias normalmente dedicados
ao descanso, sem prejudicar as atividades laborais do condenado, bem como a sua
relação sócio familiar.

Ainda completa Teles (2006, p.351), que “trata-se da manutenção do condenado, pelo
tempo de cinco horas no sábado e de cinco horas no domingo, em estabelecimento prisional,
casa de albergado ou similar, tendo consequentemente, seu direito de liberdade restringido”.
Prestação de serviço à comunidade ou às entidades públicas, segundo Da Costa Jr. e
José da Costa (2010, p. 229) “a prestação de serviços à comunidade ou entidades públicas á
aplicável às condenações superior a seis meses de privação de liberdade”. Ela nada mais é,
como cita Silva Junior (2015), que:

O desenvolvimento de serviços gratuitos à comunidade, em hospitais, entidades de


assistência e programas para a comunidade, em hospitais, entidades de assistência e
programas para a comunidade. As referidas tarefas serão exercidas de acordo com a
aptidão do apenado, que por sua vez prefere se submeter a esse tipo de pena a
desafiar a pena de prisão. A pena de prestação de serviços à comunidade deverá ser
executada pelo período de oito horas semanais, durante os finais de semana e
feriados ou em dias úteis, desde que não prejudique a jornada de trabalho normal.

No que tange à interdição temporária de direitos, o agente fica impedido de exercer


alguns tipos de atividade, segundo Nucci (2011, apud Silva Junior, 2015):

Na Interdição Temporária de Direito o condenado fica incapacitado de exercer


temporariamente determinados direitos, podendo ser impedido de ocupar cargo,
função ou atividade pública, bem como mandado eletivo, fica proibido de exercer
sua profissão, atividade ou ofício que necessite de habilidade especial, de licença ou
autorização do poder público, e suspensão de autorização ou habilitação para dirigir
veículo e a proibição de frequentar determinados lugares, Para Nucci (2011, p. 114):
“é a proibição de exercício de atividades públicas, ou privada durante determinado
tempo, bem com a suspensão da autorização para dirigir certos veículos ou a
proibição de frequentar determinados lugares.

E atestando o disposto no parágrafo acima, analisamos as interdições temporárias,


previstas no Artigo 47 do Código Penal:

Art. 47 - As penas de interdição temporária de direitos são: (Redação dada pela Lei
nº 7.209, de 11.7.1984)
I - proibição do exercício de cargo, função ou atividade pública, bem como de
mandato eletivo; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
II - proibição do exercício de profissão, atividade ou ofício que dependam de
habilitação especial, de licença ou autorização do poder público; (Redação dada pela
Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
III - suspensão de autorização ou de habilitação para dirigir veículo. (Redação dada
pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
23

IV – proibição de frequentar determinados lugares. (Incluído pela Lei nº 9.714, de


1998)
V - proibição de inscrever-se em concurso, avaliação ou exame públicos. (Incluído
pela Lei nº 12.550, de 2011) (BRASIL, 1940)

As penas restritivas de direito são as penas alternativas, aplicadas aos crimes de menor
grau de responsabilidade, com penas menos severas, o que de fato, segundo Greco (2015,
p.601):

Contudo, há casos em que podemos substituir a pena de prisão por outras


alternativas, evitando-se, assim, os males que o sistema carcerário acarreta,
principalmente com relação àqueles presos que cometeram pequenos delitos e que se
encontram misturados com delinquentes perigosos.

As penas privativas de liberdade são convertidas em restritivas de direito. Para


Damásio de Jesus (2011, p. 576): “O juiz, em primeiro lugar, fixa a pena privativa de
liberdade. Depois, a substitui por uma ou mais alternativas, se for o caso. Não podem ser
aplicadas diretamente, nem cumuladas com as privativas de liberdade”.
Podemos concluir que as penas restritivas de direito são autônomas por não poderem
ser cumuladas com as privativas de liberdade, e substitutivas por que em primeiro lugar o juiz
fixa a pena privativa de liberdade, e só depois, na mesma sentença, a substitui por pena
restritiva de direitos.
De acordo com o artigo 59, inciso IV do Código Penal:

Art. 59 - O juiz, atendendo à culpabilidade, aos antecedentes, à conduta social, à


personalidade do agente, aos motivos, às circunstâncias e conseqüências do crime,
bem como ao comportamento da vítima, estabelecerá, conforme seja necessário e
suficiente para reprovação e prevenção do crime: (Redação dada pela Lei nº 7.209,
de 11.7.1984)
I - as penas aplicáveis dentre as cominadas;(Redação dada pela Lei nº 7.209, de
11.7.1984)
II - a quantidade de pena aplicável, dentro dos limites previstos;(Redação dada pela
Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
III - o regime inicial de cumprimento da pena privativa de liberdade;(Redação dada
pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
IV - a substituição da pena privativa da liberdade aplicada, por outra espécie
de pena, se cabível. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) (BRASIL,
1940)

A pena restritiva de direito terá o mesmo prazo de duração da privativa de liberdade, e


tem também uma finalidade social em relação ao agente, levando em consideração a melhor
reeducação do infrator, como dispõe Silva Junior (2015):

Sabe-se que o objetivo principal da execução criminal é a reeducação da pessoa


infratora e proteção da sociedade, dessa forma a meta primordial das penas
alternativas é impedir que o condenado seja inserido no sistema prisional, não
permitindo assim, que haja o contato desse indivíduo com pessoas que já façam
parte do crime. O sistema penal moderno tende à exclusão da pena privativa de
24

liberdade de curto período, tendo em vista não atingir com satisfação à finalidade de
reeducação da pena, em virtude da perniciosa convivência dos condenados com
outros que são considerados mais perigosos.

1.7 Pena de Multa

O artigo 49 do Código Penal nos elucida a respeito da pena de multa no ordenamento


jurídico brasileiro:

Art. 49 - A pena de multa consiste no pagamento ao fundo penitenciário da quantia


fixada na sentença e calculada em dias-multa. Será, no mínimo, de 10 (dez) e, no
máximo, de 360 (trezentos e sessenta) dias-multa. (Redação dada pela Lei nº 7.209,
de 11.7.1984)
§ 1º - O valor do dia-multa será fixado pelo juiz não podendo ser inferior a um
trigésimo do maior salário mínimo mensal vigente ao tempo do fato, nem superior a
5 (cinco) vezes esse salário. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
§ 2º - O valor da multa será atualizado, quando da execução, pelos índices de
correção monetária. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) (BRASIL,
1940)

A respeito do prazo de pagamento da multa, e caso o condenado tenha dificuldade


para executar o pagamento da mesma, o pagamento da multa será feito no prazo de 10 dias do
transito em julgado da sentença. Nesses 10 dias, o condenado pode fazer ao juiz um pedido
para que a multa seja paga de maneira dividida, ou seja, parcelada. De tal forma, poderá ser
paga através de desconto em folha de pagamento do vencimento ou do salário do condenado.
(TELES, 2006)
Apesar de poder descontar do vencimento ou do salário do condenado, não pode ser
feito sobre os recursos imprescindíveis ao sustento de sua família, o que de fato, segundo
Regis Prado (2006, p.608) “ multa não deve incidir sobre os recursos indispensáveis à
manutenção do condenado e de sua família, podendo, porém, ser aumentada até o triplo, se
considerada ineficaz [...]”
O valor do dia-multa que está referido no artigo 49 acima mencionado, segundo
Mirabete (2006, p. 291) é concedida ao juiz a capacidade de fixar entre um terço do salário
mínimo a um teto de 1800 salários mensais.
Além do mais, elucida Mirabete (2006, p. 291):

O salário a ser considerado é aquele vigente ao tempo do crime. Considerou o


legislador que as penas têm existência certa e determinada, não podendo assim o
magistrado aplicar outra sanção que não seja definível ao tempo do fato considerado
como delituoso. Deve o juiz aplicar a multa alicerçado nos salários vigentes ao
tempo da violação penal.
25

Há casos em que o condenado fica suspenso do pagamento da multa, como cita Costa
Junior e Costa (2010), “na ocasião de o réu vir ser acometido de doença mental, pois ele
deixará de ter a concepção do caráter aflitivo da referida multa. Assim, como a execução pode
ser reiniciada se a doença acometida sofrer reversão”.
26

2 II. Prevenção da Criminalidade

Prevenção está em seu conceito, ligada ao conjunto de medidas tomadas com o fim de
se prevenir algo. No que tange a prevenção da criminalidade são meios que inibem o crime,
ou seja, o obsta antes de acontecer. Assim, como diz Santos (2014):

A prevenção da criminalidade abrange todas as medidas destinadas a reduzir ou a


contribuir para a redução da criminalidade e dos sentimentos de insegurança dos
cidadãos, tanto quantitativa como qualitativamente, quer através de medidas diretas
de dissuasão de atividades criminosas, quer através de políticas e intervenções
destinadas a reduzir as potencialidades do crime e as suas causas.

A prevenção delitiva atua de forma íntegra, com todos os entes federativos na


sociedade em que vivemos, como assim diz Pádua (2015):

No Estado Democrático de Direito em que vivemos, a prevenção criminal atua de


forma integralizada com todos seus entes federativos, passando por todos os setores
do Poder Públicos e não apenas pela Segurança Pública e Poder Judiciário, tido por
muitos como únicos responsáveis. Deste modo, todos devem agir em conjunto,
principalmente os municípios, para a redução da criminalidade.

Segundo a doutrina majoritária, existem três tipos de prevenção do delito, as quais


serão apresentadas abaixo.

2.1 Prevenção Primária

A prevenção primária é conhecida por atacar a raiz do conflito, agindo antes que o
crime venha a acontecer, mais genérica e abrangente, não sendo destinada a um grupo
especifico, mas realizando um trabalho planejado e obtendo resultados a médio e longo prazo.
Para Penteado Filho (2016, p. 114):

Ataca a raiz do conflito (educação, emprego, moradia, segurança etc.); aqui desponta
a inelutável necessidade de o Estado, de forma célere, implantar os direitos sociais
progressiva e universalmente, atribuindo a fatores exógenos a etiologia delitiva; a
prevenção primária liga-se à garantia de educação, saúde, trabalho, segurança e
qualidade de vida do povo, instrumentos preventivos de médio e longo prazo.

Prevenir na raiz do conflito é de extrema importância, e enquanto jovens, é preciso de


um cuidado especial, como assim cita Severo e Caran (2016):
27

A infância e a adolescência são fases de desenvolvimento onde o indivíduo ainda em


processo de formação é vulnerável a estímulos e influências e necessita de
resguardo, orientação e proteção. A adolescência em especial é uma fase difícil,
marcada por conflitos internos e externos, podendo ser considerada um divisor de
águas na formação de um ser humano, onde em sua busca por identidade, os jovens
acabam expostos a comportamentos de risco.

São, portanto, as medidas indiretas de prevenção, medidas sociais que o Estado adota.
Buscam aniquilar o problema antes que ele se revele

2.2 Prevenção Secundária

A prevenção secundária é voltada à ramos da sociedade que são capazes de enfrentar o


problema criminal e não especificamente ao indivíduo. Essa, manifesta-se a curto e médio
prazo através de programas de apoio, controle de comunicações entre outros. (PENTEADO
FILHO, 2016)
Como cita Pablos de Molina e Gomes (2002, p. 399), “a chamada prevenção
secundária, por sua parte, atua mais tarde em termos etiológicos: não quando – nem onde – o
conflito criminal se produz ou é gerado, senão quando e onde se manifesta ou exterioriza”.
Sumariva (2015), acredita que a citada prevenção secundária foca então em setores da
sociedade que podem suportar a criminalidade, estando associado com a ação policial,
programas de apoio, controle das comunicações, dentre outros instrumentos seletivos como
programas que aproximam a comunidade com a polícia.
Como já exposto, na prevenção secundária conta com a ajuda programas de apoio para
prevenir a criminalidade. Esses, vão desde projetos de futebol à cursos de iniciação musical,
visando ocupar o tempo em que crianças e adolescentes ficam ociosos e em estado de
vulnerabilidade.
Um dos projetos nos quais podemos citar, é o chamado “Fundação Cafu”, entidade
sem fins lucrativos, localizada no Jardim Irene em São Paulo, criada com o propósito de tirar
as crianças da rua e afasta-las de um estado prejudicial que muitas vezes as condições da
sociedade em que vive pode leva-las. Tal fundação foi criada em 2004, idealizada pelo
jogador brasileiro Marcos Evangelista de Morais, mais conhecido como Cafu, a fundação se
utiliza do esporte como futsal, vôlei, jiu jitsu, capoeira, para gerar oportunidades para as
crianças mais carentes. E não só as crianças, eles oferecem oficina para adultos, como curso
28

profissionalizante de cabelereiro, pintura em tela, informática, entre outros. (FUNDAÇÃO


CAFÚ, 2018)
Através desta fundação, eles acreditam que são qualificados para auxiliar na
transformação da sociedade:

A Fundação Cafu acredita que é possível utilizar oficinas esportivas e culturais


como meios de transmitir valores e princípios necessários para formar cidadãos
responsáveis, capazes de transformar sua própria realidade e multiplicar esses
ensinamentos na sociedade. (FUNDAÇÃO CAFÚ, 2018)

O sustento dela vem de incentivos fiscais, onde o governo aceitou abrir mão de parte
dos impostos auferidos por pessoas ou empresas, os destinando a diversos projetos. Essas
pessoas ou empresas tem a opção de destinar uma parcela do seu imposto que já seria pago ao
governo, à projetos esportivos, culturais e sociais, a sua escolha, tendo esses projetos mais
possibilidade de acontecer, mudando as circunstancias de uma sociedade, região ou país.
Além da doação do cupom fiscal através do Programa da Nota Fiscal Paulista, sendo
voluntário em seus eventos, além da doação de materiais, livros, alimentos e instrumentos
musicais diretamente na fundação.
Na mesma linha, temos o Instituto Projeto Neymar Jr., localizado na Praia Grande em
São Paulo, o qual o objetivo é aumentar as oportunidades das crianças e adolescentes que
vivem em condição de vulnerabilidade, por meio de educação, cultura, esporte e saúde,
fornecendo aulas de ginástica, futebol, natação, judô e não só atendendo as crianças e
adolescentes o instituto oferece cursos profissionalizantes para os pais e responsáveis.
(INSTITUTO NEYMAR JÚNIOR, 2018)
Outro projeto visando preencher o tempo vago das crianças, ou seja, nos períodos de
contra turno escolar, é o chamado “Projeto Guri” mantido pela Secretaria da Cultura do
Estado de São Paulo que disponibiliza para seu público, crianças e adolescentes entre 6 e 18
anos, cursos de iniciação musical, no qual atende quase 50 mil alunos por ano com suporte de
organizações sociais, prefeituras, pessoas físicas e empresas. Para os idealizadores do projeto,
o ensino musical é uma ferramenta de inclusão sociocultural. (PROJETO GURI, 2018)
O Instituto Ayrton Senna, organização sem fins lucrativos tem a finalidade de por
meio da educação expandir as oportunidades das crianças e adolescentes, organizando
parcerias com secretarias estaduais e municipais de ensino para produzir conhecimentos,
formar educadores e pilotar soluções educacionais. Atuam em colaboração com educadores,
gestores públicos e outras organizações para implantar resultados verdadeiros e concretos para
os problemas e adversidades da educação básica. As propostas são traduzidas em políticas e
29

práticas flexíveis que se ajustam em diferentes contextos e impactam verdadeiramente no


aprendizado e conhecimento dos estudantes, com projetos como Fórmula da Vitória, que visa
reduzir as dificuldades de aprendizagem em português e matemática, Gestão de Política de
Alfabetização que auxilia na garantia da educação integral dos alunos matriculados entre o 1º
e 3º ano, com idades entre 6 e 9 anos e Acelera Brasil, que tem a finalidade de assegurar que
alunos com atraso na escola em razão do abandono e reprovação, tenham oportunidade de
retomar o aprendizado e assim progredir. (INSTITUTO AYRTON SENNA, 2018)
Por fim, temos como exemplo os Centros de Artes e Esportes Unificados, mais
conhecidos como CEUs, pelo qual a gestão é compartilhada entre as prefeituras e a
comunidade. Neles, compõe um mesmo espaço programas e ações culturais, politicas
esportivas e de lazer, formação e qualificação para o mercado de trabalho, serviços
socioassitenciais, políticas de à violência e inclusão digital, para promover cidadania em
territórios de alta vulnerabilidade social. Eles contam com salas de oficinas, laboratórios de
multimídia, Centro de Referência em Assistência Social, conhecido como CRAS, além de
pistas de skate e quadras de evento. (CENTROS DE ARTES E ESPORTES UNIFICADOS,
2018)

2.3 Prevenção Terciária

O destinatário da prevenção terciária é o recluso, ou seja, o aprisionado. É realizado


por meio de medidas socioeducativas que visam um único objetivo, qual seja, evitar a
reincidência. Dos três tipos de prevenção no qual tratamos neste capitulo, esta é a que tem o
maior cunho punitivo. A população na qual esta prevenção se destina, faz com que seja uma
prevenção tardia pois é feita posteriormente ao cometimento do delito, parcial por atingir
apenas quem já o cometeu e insuficiente por não anular a razão do problema criminal. Porém,
apesar de suas fraquezas, são úteis para atingir o objetivo de evitar a reincidência. (MOLINA;
GOMES, 2002)
A reincidência por sua vez, é o cometimento do crime novamente por parte do agente
depois de obtido o transito em julgado da sentença no qual ele tenha sido condenado por
crime, e tal definição encontramos no Código Penal Brasileiro, em seu artigo 63:
30

Art. 63 – Verifica-se a reincidência quando o agente comete novo crime, depois de


transitar em julgado a sentença que, no País ou no estrangeiro, o tenha condenado
por crime anterior (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) (BRASIL, 1940)

Além do mais, a reincidência serve como agravante da pena, como dispõe o artigo 61
do Código Penal Brasileiro:

Art. 61 - São circunstâncias que sempre agravam a pena, quando não constituem ou
qualificam o crime: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
I - a reincidência; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
II - ter o agente cometido o crime: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
a) por motivo fútil ou torpe;
b) para facilitar ou assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de
outro crime;
c) à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação, ou outro recurso que
dificultou ou tornou impossível a defesa do ofendido;
d) com emprego de veneno, fogo, explosivo, tortura ou outro meio insidioso ou
cruel, ou de que podia resultar perigo comum;
e) contra ascendente, descendente, irmão ou cônjuge;
f) com abuso de autoridade ou prevalecendo-se de relações domésticas, de
coabitação ou de hospitalidade, ou com violência contra a mulher na forma da lei
específica; (Redação dada pela Lei nº 11.340, de 2006)
g) com abuso de poder ou violação de dever inerente a cargo, ofício, ministério ou
profissão;
h) contra criança, maior de 60 (sessenta) anos, enfermo ou mulher grávida; (Redação
dada pela Lei nº 10.741, de 2003)
i) quando o ofendido estava sob a imediata proteção da autoridade;
j) em ocasião de incêndio, naufrágio, inundação ou qualquer calamidade pública, ou
de desgraça particular do ofendido;
l) em estado de embriaguez preordenada. (BRASIL, 1940)

Entretanto, a reincidência tem prazo período depurador, qual seja ela de 5 anos
contados do cumprimento da pena ou de sua extinção, conforme o artigo 64 do Código Penal
Brasileiro:

Art. 64 - Para efeito de reincidência: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
I - não prevalece a condenação anterior, se entre a data do cumprimento ou
extinção da pena e a infração posterior tiver decorrido período de tempo
superior a 5 (cinco) anos, computado o período de prova da suspensão ou do
livramento condicional, se não ocorrer revogação; (Redação dada pela Lei nº
7.209, de 11.7.1984)
II - não se consideram os crimes militares próprios e políticos. (Redação dada pela
Lei nº 7.209, de 11.7.1984). (BRASIL, 1940)

Segundo Capez (2012, p. 494), “a exacerbação da pena justifica-se para aquele que,
punido anteriormente, voltou a delinquir, demonstrando que a sanção anteriormente imposta
foi insuficiente”.
Ressocializar é reinserir na sociedade, criando mecanismos para que o sujeito volte ao
convívio social livre de constrangimentos ou consequências, para que tal indivíduo consiga
viver normalmente. Ocorre que o Estado não oportuniza uma reinserção social, propiciando a
regressão à criminalidade (SHECAIRA; CORRÊA JUNIOR, 1995)
31

O indivíduo inserido na prisão, é o que vive em situação de vulnerabilidade na


sociedade. Para Alvim (2006), “os presos, em sua maioria são jovens oriundos das camadas
sociais mais pobres, já marginalizados socialmente, filhos de famílias desestruturadas, que
não tiveram e não têm acesso à educação nem à formação profissional”.
Os indivíduos que vivem nessa realidade social, ao saírem do sistema prisional
dificilmente não retornarão à vida do crime. O objetivo maior do Direito Penal é a
ressocialização do preso. A própria Lei de Execução Penal em seu Artigo 1º, onde na sua
primeira parte diz respeito a punição do infrator, e na segunda parte dispõe que a execução
penal tem por finalidade permitir circunstâncias harmônicas para inserção social do preso, ou
seja, o colocando de volta na sociedade, apesar do sistema prisional brasileiro não fornecer
programas para que a ressocialização se materialize.

Art. 1º - A execução penal tem por objetivo efetivar as disposições de sentença ou


decisão criminal e proporcionar condições para a harmônica integração social do
condenado e do internado. (BRASIL, 1984)

Além do que, essa mesma Lei de Execução Penal remete ao Estado o dever de dar
assistência ao preso, como prevê seu artigo 10, dizendo que “a assistência ao preso e ao
internado é dever do Estado, objetivando prevenir o crime e orientar o retorno à convivência
em sociedade” (BRASIL, 1984).
A ressocialização nada mais busca, do que a reintegração na sociedade daquele que
cometeu um erro e pagou por ele, visando esquecer o acontecimento passado para um futuro
renovado àquele que anteriormente cometeu um delito. E assim podemos ver, segundo
Rossini (2014):

Ressocializar é dar ao preso o suporte necessário para reintegrá-lo a sociedade, é


buscar compreender os motivos que o levaram a praticar tais delitos , é dar a ele uma
chance de mudar, de ter um futuro melhor independente daquilo que aconteceu no
passado.

Uma das formas, é proporcionando um trabalho prisional como uma medida


ressocializadora ao preso. Esse trabalho, que pode ser realizado tanto em ambiente interno
quanto em ambiente externo. No caso do trabalho em ambiente externo, o preso deve estar
sujeitado ao regime semiaberto ou aberto de cumprimento de pena. O próprio artigo 41 da Lei
de Execução Penal trata do trabalho do preso como um direito.

Art. 41 - Constituem direitos do preso:


I - alimentação suficiente e vestuário;
II - atribuição de trabalho e sua remuneração;
III - Previdência Social;
IV - constituição de pecúlio;
32

V - proporcionalidade na distribuição do tempo para o trabalho, o descanso e a


recreação;
VI - exercício das atividades profissionais, intelectuais, artísticas e desportivas
anteriores, desde que compatíveis com a execução da pena;
VII - assistência material, à saúde, jurídica, educacional, social e religiosa;
VIII - proteção contra qualquer forma de sensacionalismo;
IX - entrevista pessoal e reservada com o advogado;
X - visita do cônjuge, da companheira, de parentes e amigos em dias determinados;
XI - chamamento nominal;
XII - igualdade de tratamento salvo quanto às exigências da individualização da
pena;
XIII - audiência especial com o diretor do estabelecimento;
XIV - representação e petição a qualquer autoridade, em defesa de direito;
XV - contato com o mundo exterior por meio de correspondência escrita, da leitura e
de outros meios de informação que não comprometam a moral e os bons costumes.
XVI – atestado de pena a cumprir, emitido anualmente, sob pena da
responsabilidade da autoridade judiciária competente.(Incluído pela Lei nº 10.713,
de 2003)
Parágrafo único. Os direitos previstos nos incisos V, X e XV poderão ser suspensos
ou restringidos mediante ato motivado do diretor do estabelecimento. (BRASIL,
1984)

O preso submetido ao regime fechado também tem a possibilidade de realizar o


trabalho externo, porém o artigo 36, caput da Lei de Execução Penal impõe limites, sendo
admitido somente em serviços ou obras públicas realizadas por órgãos da Administração
direta ou indireta, ou por entidades privadas desde que atuem compulsivamente na prevenção
de fuga:

Art. 36. O trabalho externo será admissível para os presos em regime fechado
somente em serviço ou obras públicas realizadas por órgãos da Administração
Direta ou Indireta, ou entidades privadas, desde que tomadas as cautelas
contra a fuga e em favor da disciplina.
§ 1º O limite máximo do número de presos será de 10% (dez por cento) do total de
empregados na obra.
§ 2º Caberá ao órgão da administração, à entidade ou à empresa empreiteira a
remuneração desse trabalho.
§ 3º A prestação de trabalho à entidade privada depende do consentimento expresso
do preso (BRASIL, 1984)

Nessa lógica, Oliveira (2009):

O trabalho do encarcerado é requisito essencial para o processo de ressocialização,


visto que o dever do trabalho coaduna com o dever do Estado de oportunizar a esses
indivíduos o exercício de uma atividade produtiva, reinserindo-os na sociedade de
forma digna.

O trabalho não só como meio de auxiliar na construção da personalidade do preso, é


um considerável meio de ressocialização e o inclui no sistema de remição da pena, pois a cada
três dias de trabalho com jornada de seis a oito horas, abate-se um dia na pena.
Na mesma linha, de acordo com Silva (2017), o trabalho ao apenado tem o propósito
de o reinserir na sociedade:
33

O trabalho do preso não é uma medida que foi criada para gerar algo que possa
dificultar a pena nem vir a prejudicar o condenado, na verdade ele tem como
principal objetivo a reinserção do condenado à sociedade, preparando-o para uma
profissão, vindo a contribuir para a formação da personalidade do mesmo e, além do
mais, do ponto de vista econômico, permite ao recluso dispor de algum dinheiro.
Além de ser uma maneira de usar o tempo ocioso disponível para que ele cresça não
somente como pessoa, mas sim profissionalmente.

Porém, existe o preconceito em relação ao fornecimento de emprego à um prisioneiro,


e esses acabam sendo excluídos do mercado de trabalho quando são liberados ao retorno à
vida em sociedade, sendo propício aos mesmos o retorno à vida do crime e do cometimento
de delitos, vindo a ser um reincidente, como assim expõe Silveira (2016):

Entretanto, precisamos ter consciência de que, nesse regime, os apenados restam


bastante vulneráveis, pois, devido ao preconceito e a escassez de vagas de trabalho,
os mesmos raramente são absorvidos pelo mercado de trabalho e, assim, acabam
permanecendo à mercê das “oportunidades” oferecidas pelas facções, situação que
pode acarretar na reincidência.

Outra forma, é o Livramento Condicional, previsto nos artigos 83 a 90 do Código


Penal. Livramento condicional é, Segundo Cunha (2015, p. 463), “o livramento condicional é
uma medida penal consistente na liberdade antecipada do reeducando, etapa de preparação
para a soltura plena, importante instrumento de ressocialização”.
O livramento condicional possibilita com que o condenado se reinsira no convívio
social de forma sucinta, para satisfazer parte de sua pena em liberdade, contanto que preencha
os requisitos de ordem subjetiva e objetiva, realizando as condições ajustadas. Esse
livramento condicional tem um papel essencial na ressocialização do condenado, evitando
uma permanência muito grande no cárcere, possibilitando uma volta à convivência sociedade
de maneira mais rápida. (GRECO, 2015)
Os requisitos do livramento condicional se encontram no artigo 83 do Código Penal:

Art. 83 - O juiz poderá conceder livramento condicional ao condenado a pena


privativa de liberdade igual ou superior a 2 (dois) anos, desde que: (Redação dada
pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
I - cumprida mais de um terço da pena se o condenado não for reincidente em crime
doloso e tiver bons antecedentes; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
II - cumprida mais da metade se o condenado for reincidente em crime
doloso; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
III - comprovado comportamento satisfatório durante a execução da pena, bom
desempenho no trabalho que lhe foi atribuído e aptidão para prover à própria
subsistência mediante trabalho honesto; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de
11.7.1984)
IV - tenha reparado, salvo efetiva impossibilidade de fazê-lo, o dano causado pela
infração; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
V - cumpridos mais de dois terços da pena, nos casos de condenação por crime
hediondo, prática de tortura, tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, tráfico de
pessoas e terrorismo, se o apenado não for reincidente específico em crimes dessa
natureza. (Incluído pela Lei nº 13.344, de 2016) (Vigência)
34

Parágrafo único - Para o condenado por crime doloso, cometido com violência ou
grave ameaça à pessoa, a concessão do livramento ficará também subordinada à
constatação de condições pessoais que façam presumir que o liberado não voltará a
delinquir. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Soma de penas (BRASIL, 1940)

O sistema prisional brasileiro tem mais de 726 mil presos para pouco mais de 368 mil
vagas, ou seja, quase o dobro de presos para a quantidade de vagas em unidades prisionais,
conforme dados apresentados pelo Levantamento Nacional de Informações Penitenciárias, a
Infopen. (INFOPEN, 2016).
Juntamente com a falta de vagas nos presídios, temos as poucas possibilidades de
trabalho que pode ser realizado pelo detento, trabalho esse que é fundamental para a
ressocialização do mesmo. Os investimentos em presídios também não conseguem
acompanhar o grande número de encarcerados, que vem aumentando amplamente. As
condições em que o encarcerado vive dentro da prisão e diante de inúmeros problemas, faz
com que o preso perca as esperanças em se reintegrar à sociedade após a execução da pena, o
que pode ser certificado pelo grande número de reincidentes no Brasil, que chega a 70%. O
sistema prisional brasileiro não atende seu propósito de reintegrar à sociedade o indivíduo,
pelo contrário, o expõe à uma condição propícia que só aumenta a criminalidade ao invés de
reprimir. (MAGLIARELLI, 2014)
Como podemos analisar, a prisão não é um meio eficaz ou produtivo de
ressocialização do indivíduo, e sim o oposto. Serve de incentivo para a criminalidade, e em
quase na integralidade dos casos, faz com que o encarcerado quando retorna à sociedade,
venha a cometer novos delitos, o que de fato significa, segundo Bitencourt (2012, p.1301):

A prisão exerce, não se pode negar, forte influência no fracasso do tratamento do


recluso. É impossível pretender recuperar alguém para a vida em liberdade em
condições de não liberdade. Com efeito, os resultados obtidos com a aplicação da
pena privativa de liberdade são, sob todos os aspectos, desalentadores. A prisão, em
vez de conter a delinquência, tem-lhe servido de estímulo, convertendo-se em um
instrumento que oportuniza toda espécie de desumanidades. Não traz nenhum
benefício ao apenado; ao contrário, possibilita toda a sorte de vícios e degradações.

Por fim, fica evidente que o sistema terciário de prevenção da criminalidade é um


sistema tardio, que busca recuperar o indivíduo após o cometimento do crime e sua inserção
no sistema prisional, o que podemos concluir que é uma busca falha e que em quase a
totalidade das vezes é ineficaz, e no mesmo sentido, elucida Oliveira (2009):

Nesse sentido, o sistema prisional ao longo dos tempos tem se demonstrado incapaz
de cumprir as medidas básicas de reabilitação do apenado, ou seja, o crime cresce de
maneira descontrolada e a ressocialização do preso é o que menos ocorre, visto que
os índices de reincidência carcerária só têm aumentado.
35

3 III. Controle Social Formal e Informal

Como cita Garcia-Pablos de Molina e Gomes (2002, p.133):

O controle social é entendido, assim, como o conjunto de instituições, estratégias e


sanções sociais que pretendem promover e garantir referido submetimento do
indivíduo aos modelos e normas comunitários.

O referido controle social pode ser formal ou informal.


De acordo com Bianchini e Gomes (2013):

Quando o controle social é realizado por meio de normas legais, ele é tido por
controle social formal. No informal, de outro lado, o controle é realizado por
intermédio de outras formas, ou seja, não há aplicação de normas legais para
concretizar o controle social, pois outros mecanismos como educação, escola,
medicina, trabalho, igreja e mídia, atuam na manutenção e regulação das relações
sociais

3.1 Controle Social Informal

Para dilucidar o controle social informal, segundo Calhau (2005) “o controle informal
é o do dia-a-dia das pessoas dentro de suas famílias, escola, profissão, opinião pública, etc”.
Assim, da mesma forma, cita Garcia-Pablos de Molina e Gomes (2002, p.134):

Os agentes de controle social informal tratam de condicionar o indivíduo, de


discipliná-lo através de um largo e sutil processo que começa nos núcleos primários
(família), passa pela escola, pela profissão, pelo local de trabalho e culmina com a
obtenção de sua aptidão conformista, interiorizando no individuo as pautas de
conduta transmitidas e aprendidas (processo de socialização)

3.1.1 Controle Social Informal – O Papel da Família

Calhau (2005), acredita que as pessoas em sua rotina, no cotidiano com suas famílias,
dentro de sua escola ou profissão, a grande maioria destes não vão delinquir, ou seja, não
entrarão na vida da criminalidade, pois acabam sendo barradas nesse primeiro controle social
chamado de informal. Tal sistema vem socializando o indivíduo a partir de sua infância, onde
36

desde seus primeiros anos de vida a família vem a influenciar em sua civilização, sendo esse
sistema brando e sutil, não contendo uma pena, além de que, sendo mais eficiente na
resolução dos conflitos e desentendimentos que os próprios mecanismos públicos. Dispor do
desprezo social como uma punição informal, distanciando membros de sua própria família e
seus amigos, são sanções que para o maior número de indivíduos, são mais que suficientes e
consideráveis para impedir que ele venha a praticar um crime.
De acordo com o artigo 2º do Estatuto da Criança e do Adolescente: “Considera-se
criança, para os efeitos desta Lei, a pessoa até doze anos de idade incompletos, e adolescente
aquela entre doze e dezoito anos de idade” (BRASIL, 1990). E é neste período que a criança e
o adolescente vão aprender o que lhe dará assistência auxiliando na sua formação e no seu
desenvolvimento pessoal. Fase essa em que estes são vulneráveis, pois, estão em período de
formação pessoal e têm a necessidade de uma correta orientação e cuidados especiais. Estão
em sua grande maioria do tempo no convívio com sua família ou no ambiente escolar.
Esse período da vida dos jovens é um período de extrema importância, pois é o
período de desenvolvimento e progresso, onde deve ser suprida todas as necessidades para sua
formação, como assim cita Severo e Caran (2016):

Durante a infância, a criança terá necessidades centrais a serem atendidas para o seu
desenvolvimento psicossocial saudável e que estão relacionadas a afeto e estímulos.
Quando tais necessidades não são supridas durante a infância ou adolescência –
período de desenvolvimento físico e emocional – o indivíduo poderá a desenvolver
processos desadaptativos, culminando em transtornos emocionais e ou
comportamentais, que podem vir a ser elaborados durante toda a vida da pessoa.
Consiste, portanto, em uma repetição crônica de padrões negativos oriundos da
infância/adolescência na vida adulta.
Neste contexto, evidencia-se a importância da família como instituição primária e
natural, de papel central na socialização do indivíduo, uma vez que é dentro de seu
núcleo familiar que a criança em processo de formação encontrará condições para
seu desenvolvimento, aprendendo com os pais valores sociais e culturais para a vida
em sociedade.

Severo e Caran (2016) ainda citam que a família tem o papel mais importante na
socialização do sujeito visto que é ela quem transfere ao indivíduo valores de afeto e limites
realistas. Um fato que interfere de maneira preocupante o desenvolvimento do indivíduo para
a criação da criminalidade juvenil é o da família que se omite e não aprimora suas funções
parentais na criação destes, que estão na idade de absorver influências positivas para sua vida.
Abaixo da família, vem o papel do meio em que esse indivíduo vive, como seu bairro, suas
companhias e a escola, pois estes também provocam a formação das crianças e adolescentes.
Deste modo, cita Carvalho (2017):
37

Porém, uma vez que o infante passa a se inserir na convivência com outras pessoas,
que não fazem parte de sua família, essa nova inserção grupal diferente do canal
social em que, anteriormente estava inserido, a criança a partir desde instante, terá
de lidar com um “outro” que respectivamente não é um membro familiar. Ainda
assim, ela gradualmente terá de conviver por determinado período de tempo dentro
de um mesmo ambiente. Com isso, terá de se relacionar com novas manifestações
das tradições e costumes, o que posteriormente proporcionará a interlocução entre
estes novos códigos simbólicos aprendidos com aqueles, já adquiridos outrora no
meio familiar de origem.

3.1.2 Controle Social Informal – O Papel da Escola

Como já visto, a escola é um dos agentes do controle social informal, sendo ela
fundamental para que se previna e interrompa a ida dos seus estudantes para a criminalidade,
para Curvelo (2012), “educar implica criar condições ideais para o desenvolvimento das
pessoas, favorecendo o processo de maturação e a inserção de tais indivíduos na sociedade do
seu tempo, em consonância com a cultura universal”.
Segundo HECKMAN, 1999; LOCHNER, 2004 apud Becker 2012 é plausível
concluir que a educação é capaz de ser uma das maneiras de prevenção da criminalidade com
resultados a médio e longo prazo, pois através dela é desenvolvido os princípios de decência,
honestidade e civilidade dos sujeitos, o acervo de capital humano com seu conjunto de
conhecimento e habilidades advindos da educação, expande a o retorno dos financeiros
conseguidos com o trabalho que esse indivíduo vai conquistar, e os deixa longe da
criminalidade.
Da mesma forma, cita Teixeira (2017) que a escola tem que estar interligada com a
comunidade que o sujeito vive, para compreender melhor a realidade na qual o sujeito se
insere e deve garantir que ele vá ter uma educação e um ensino de qualidade, em um ambiente
acolhedor e saudável com professores tendo a sua profissão mais prestigiada e reconhecida.
Deve ser feito, acima de tudo uma supervisão em relação aos alunos que desistem de
frequentar a escola, investigando o porquê dessa desistência e tentar revertê-la. Essa reversão
só é possível se esses alunos tiverem uma orientação rigorosa a respeito do assunto
juntamente com a exigência de resultados positivos.
Além do mais, cita Guimarães (2017), que segundo uma pesquisa feita pelo sociólogo
Marcos Rolim com jovens cumprindo pena na Fundação de Atendimento Socioeducativo
localizado no Rio Grande do Sul, jovens esses com idade entre 16 e 20 anos, o que se destaca
segundo ele, é que com todos esses jovens verificou-se a evasão escolar enquanto os mesmos
38

tinham entre 11 e 12 anos, e conforme seus estudos a prevenção da criminalidade deve levar
em consideração a redução de alunos que deixam a escola.
Foi apurado que o ingresso na vida de criminalidade tem ligação direta com o
abandono escolar, o deixando vulnerável em situações que o levam a tal fato, conforme
pesquisa realizada por Teixeira (2011, p.53)

Assim, ao analisar os resultados, verificou-se que existe uma relação diretamente


proporcional e estatisticamente significativa entre a taxa de abandono escolar
defasada em um período e as taxas de homicídios nos estados no período em
questão. A partir desse resultado pode-se inferir que um ano após abandonar a
escola, no início do ensino médio, o jovem apresenta uma maior probabilidade de
cometer crimes. Nesse período de um ano, ele pode ter se defrontado com diversas
dificuldades: baixos salários no mercado formal, elevadas taxas de desemprego, ou
ainda pode ter sido influenciado negativamente por gangues. Todos estes aspectos
incentivam a entrada do jovem no “mundo do crime”

Ainda segundo Teixeira (2011), deve haver um empenho para a escola ser um
ambiente acolhedor e que ofereça a seus alunos um espaço harmonioso e que disponibilize a
eles um convívio prazeroso. A qualificação e aptidão dos professores além da infraestrutura
da escola são primordiais nessa relação. Para isso, é fundamental que o currículo escolar
desempenhe assuntos do dia-a-dia para incentivar os estudantes para debater o cenário da
sociedade em que vivem. Não só as atividades do governo, é indispensável e fundamental
também que as famílias dessas crianças e adolescentes apoiem e colaborem com essa
condição e que entendam que quanto mais tempo na escola, mais chances de ter um futuro
com mais oportunidades de emprego esses jovens terão e apoiem para que esses mesmos não
abandonem seus estudos.

3.2 Controle Social Formal

Com a ineficácia, ou seja, o fracasso do controle social informal é que entra em ação o
controle social formal para impor sanções, sendo realizado por órgãos públicos. O indivíduo
que não atender as orientações dadas pelo controle social informal acaba sendo afetado por
esta, que de fato, é bem mais enérgica, segundo Pablos de Molina (2002, p.134):

Quando as instancias informais do controle social fracassam, entram em


funcionamento as instancias formais, que atuam de modo coercitivo e impõe sanções
qualitativamente distintas das sanções sociais: são sanções estigmatizantes que
atribuem ao infrator um singular status (de desviado, perigoso ou delinquente)
39

O que de fato, para Rebelo (2010):


Esse controle formal é realizado pela sociedade quando o indivíduo passa a
transgredir regras formais, positivadas. É a legitimação do Estado para punir os
delitos por meio de seus agentes, representados pelo Direito, pela administração da
justiça, pela administração penitenciária, pelos juízes, pelos fiscais, pelos policiais e
outros agentes que contribuem com o direito de punir do Estado.
40

4 IV. A Função Social da Escola na Prevenção da Criminalidade

A educação pode ser um meio muito favorável para preparar o indivíduo para a
convivência em sociedade, auxiliando os mesmos em seu desenvolvimento social, sendo
capaz de informar de forma acentuada e instruir para que os problemas que atormentam a
sociedade sejam reduzidos e a população possa viver de maneira justa e tranquila. Segundo
Rolim (2008, p. 55):

“Muitos dos pesquisadores e profissionais da área têm assumido claramente o


vínculo existente entre a redução dos problemas de comportamento na escola e a
redução dos indicadores futuros de criminalidade, o que tem sublinhado a
importância da escola na prevenção”.

A utilização da educação fora do senso comum a transforma em um meio apto para


alcançar de modo racional, medidas eficazes para enfrentar os problemas da sociedade, entre
eles, o da criminalidade, como assim cita Curvelo (2012):

Muitos acreditam ser à educação o meio mais propício para se ter uma sociedade
melhor e mais justa, a forma mais eficaz de se reduzir os mais graves problemas
enfrentados no corpo social. Dentre tais problemas, destaca-se o da marginalidade
como um dos mais emergentes de solução, considerando-se a educação como o
caminho mais eficaz para se viabilizar tal objetivo.

O ideal é que a escola sendo formadora de cidadania forneça ao estudante que ali
convive, um ambiente que o transmita segurança, onde todas as pessoas que nela trabalham
dediquem-se para a diminuição até que se chegue à abolição da violência, oferecendo o maior
apoio possível para que a solução correta de conflitos seja transmitida de dentro da escola e
possa ser aplicada fora dela também, benefício esse estendido a toda sociedade. Logo, a
escola tem um papel primordial na formação da criança e do adolescente, como assim cita
Carvalho (2017):

A educação é, portanto, um processo vital de desenvolvimento e formação da


personalidade, não apenas como uma mera adaptação do indivíduo ao meio, mas um
catalizador para a formação do caráter social da criança. Dentro desta perspectiva,
pode-se afirmar que a primeira educação recebida pela criança é proporcionada na
família, esta lhe ensinando a se inserir na sociedade, continuando este processo na
escola, e se prolongando por toda sua existência.

Muitas vezes a escola é o local onde a criança e o adolescente passam a maior parte de
seu tempo, onde se relacionam com pessoas que tiveram criação, modo de pensar, valores e
atitudes diferentes umas das outras, gerando com isso, no convívio do dia a dia, crises de
41

comportamentos, conflito de gerações, atitudes violentas e percepção negativa de si mesmos.


Esse fenômeno é muito peculiar nas escolas que além de fazer a escolarização, investem
grande parte de seu tempo resolvendo esses conflitos.
Um dos problemas encontrados na escola, é o “bullying”, vocábulo inglês que vem de
“bully”, e traduzido ao português temos a palavra “valentão” e refere-se ao comportamento
agressivo, seja ele físico ou verbal que surge sem um fundamento claro, e que pode ser
praticado tanto por um indivíduo sozinho quanto em sua coletividade, com o objetivo de
intimidar e constranger quem o sofre, ocasionando o sentimento de angustia, dor e sofrimento.
A criança e o adolescente que vem a sofrer o bullying tem grandes chances de vir a ser um
adulto com baixa autoestima e com sentimentos negativos tendo dificuldades ou até mesmo
um bloqueio para se relacionarem. (CAMARGO, 2010)
O bullying muitas vezes é a razão da criança e do adolescente terem um
comportamento retraído dentro da escola, logo, prejudica a socialização daquele estudante em
razão da humilhação que sentem.
Além de comprometer a socialização, o bullying mexe com a absorção dos valores,
culturas e com os costumes daquele sujeito que o sofre, o que de fato, segundo Arruda (2010):

As crianças ou adolescentes vítimas de bullying são as que mais sofrem com a


rejeição, isolamento, humilhação, a tal ponto de se verem impedidas de se
relacionarem com quem desejam, de brincarem livremente, de fazerem as atividades
na escola em grupo, porque os mais fortes e intolerantes lhe impõe sofrimento,
ansiedade, depressão, entre outros sintomas.

Do mesmo modo, cita Stefano (2014):

O bullying traz consequências devastadoras para suas vítimas e é importante


ressaltar que os sinais da agressão são visíveis, pois a vítima geralmente fica
deprimida, com medo de sair de casa, ansiosa, nervosa, magoada, com desejo de
vingança, pensamento suicida, baixa autoestima, entre outros. Nas crianças é comum
pedir para mudar de escola, ficar ansiosa perto do horário de sair de casa, pedir para
faltar às aulas, apresenta baixo rendimento escolar, chega em casa com machucados
sem explicação, “perde” as coisas, tem pesadelos.

Para Pacheco (2014):

O não acompanhamento das atividades e ausência nas reuniões escolares são


desencadeadores para o mau comportamento, pois os praticantes de bullying
permanecem aptos a agir, com a certeza da impunidade, porque sabem que os pais
nunca irão à escola de fato, para averiguarem o que os filhos fazem na escola.

As chamadas situações de conflito também se encaixam nos problemas recorrentes


encontrados no âmbito escolar, sejam elas entre alunos, que ocorrem justamente em razão da
42

diferença de cultura, valores, e desestrutura familiar, e entre alunos e professores e


funcionários devido a conflito de gerações e autoritarismo.
A desestrutura e negligência familiar mencionada da mesma forma levam a criança e o
adolescente a situação de vulnerabilidade, uma vez que o sujeito que presencia em casa
situações de violência e agressividade vem a exteriorizar esse tipo de atitude no âmbito
escolar. A família que não apoia o aluno em seus estudos, deixando de ir em reuniões
escolares e não justificando as ausências de seus filhos na escola, gera com isso reprovação
levando a evasão e consequentemente o não retorno aos estudos, gerando com isso situação de
risco e vulnerabilidade da criança e do adolescente.
A importância da participação da família nos estudos dos jovens está disposta no
Estatuto da Criança e do Adolescente:

Art. 53. A criança e o adolescente têm direito à educação, visando ao pleno


desenvolvimento de sua pessoa, preparo para o exercício da cidadania e qualificação
para o trabalho, assegurando-se lhes:
I - igualdade de condições para o acesso e permanência na escola;
II - direito de ser respeitado por seus educadores;
III - direito de contestar critérios avaliativos, podendo recorrer às instâncias
escolares superiores;
IV - direito de organização e participação em entidades estudantis;
V - acesso à escola pública e gratuita próxima de sua residência.
Parágrafo único. É direito dos pais ou responsáveis ter ciência do processo
pedagógico, bem como participar da definição das propostas educacionais.
(BRASIL, 1990)

O dever da família, entre outros deveres, o de assegurar a educação está presente


também na Constituição Federal:

Art. 227- É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao


adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à
alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade,
ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-
los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência,
crueldade e opressão.
§ 1º O Estado promoverá programas de assistência integral à saúde da criança, do
adolescente e do jovem, admitida a participação de entidades não governamentais,
mediante políticas específicas e obedecendo aos seguintes preceitos:
I - aplicação de percentual dos recursos públicos destinados à saúde na assistência
materno-infantil;
II - criação de programas de prevenção e atendimento especializado para as pessoas
portadoras de deficiência física, sensorial ou mental, bem como de integração social
do adolescente e do jovem portador de deficiência, mediante o treinamento para o
trabalho e a convivência, e a facilitação do acesso aos bens e serviços coletivos, com
a eliminação de obstáculos arquitetônicos e de todas as formas de discriminação.
§ 2º A lei disporá sobre normas de construção dos logradouros e dos edifícios de
uso público e de fabricação de veículos de transporte coletivo, a fim de garantir
acesso adequado às pessoas portadoras de deficiência.
§ 3º O direito a proteção especial abrangerá os seguintes aspectos:
I - idade mínima de quatorze anos para admissão ao trabalho, observado o disposto
no art. 7º, XXXIII;
43

II - garantia de direitos previdenciários e trabalhistas;


III - garantia de acesso do trabalhador adolescente e jovem à escola;
IV - garantia de pleno e formal conhecimento da atribuição de ato infracional,
igualdade na relação processual e defesa técnica por profissional habilitado, segundo
dispuser a legislação tutelar específica;
V - obediência aos princípios de brevidade, excepcionalidade e respeito à condição
peculiar de pessoa em desenvolvimento, quando da aplicação de qualquer medida
privativa da liberdade;
VI - estímulo do poder público, através de assistência jurídica, incentivos fiscais e
subsídios, nos termos da lei, ao acolhimento, sob a forma de guarda, de criança ou
adolescente órfão ou abandonado;
VII - programas de prevenção e atendimento especializado à criança, ao
adolescente e ao jovem dependente de entorpecentes e drogas afins.
§ 4º A lei punirá severamente o abuso, a violência e a exploração sexual da criança
e do adolescente.
§ 5º A adoção será assistida pelo poder público, na forma da lei, que estabelecerá
casos e condições de sua efetivação por parte de estrangeiros.
§ 6º Os filhos, havidos ou não da relação do casamento, ou por adoção, terão os
mesmos direitos e qualificações, proibidas quaisquer designações discriminatórias
relativas à filiação.
§ 7º No atendimento dos direitos da criança e do adolescente levar-se-á em
consideração o disposto no art. 204.
§ 8º A lei estabelecerá:
I - o estatuto da juventude, destinado a regular os direitos dos jovens;
II - o plano nacional de juventude, de duração decenal, visando à articulação das
várias esferas do poder público para a execução de políticas públicas. (BRASIL,
1988)

Em relação a matricula na escola, o Estatuto da Criança e Adolescente em seu artigo


55 determina que:

Art. 55. Os pais ou responsável têm a obrigação de matricular seus filhos ou pupilos
na rede regular de ensino. (BRASIL, 1990).

Além de que, é crime deixar de prover a instrução primária do filho, caracterizando


“Abandono Intelectual”, conforme prevê o artigo 246 do Código Penal:

Art. 246 - Deixar, sem justa causa, de prover à instrução primária de filho em idade
escolar:
Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa. (BRASIL, 1940)

É fato então, que os conflitos estão sempre presentes no ambiente escolar, mas cabe a
própria escola saber usar do diálogo e ferramentas estratégicas para a resolução desses
problemas.
Realizando um estudo mais aprofundado sobre o modo de amenizar esses conflitos e
de como reduzir a violência nas escolas e consequentemente na sociedade, sublinho algumas
práticas que contem propostas significativas e com resultados importantes na prevenção da
violência.
44

4.1 Praticas Restaurativas

Como visto, relações interpessoais podem gerar conflitos. Conflitos estes, que podem
ser instaurados tanto dentro da escola em que o jovem estuda, quanto vir de fora do âmbito
escolar. A educação sem dúvidas reflete no futuro do estudante, logo, a escola tem um papel
transformador e de alastrar informações positivas. É fundamental que a escola trate o aluno de
forma igualitária e democrática, tratando os conflitos através do diálogo.
Segundo Silva Neto (2018):

A despeito de toda a complexidade que envolve a temática da indisciplina escolar, o


caminho da democracia tem sido o mais promissor para as escolas que enfrentam
essa realidade. Entender as causas das quebras das normas da escola é muito mais
importante do que simplesmente punir os indisciplinados.

O Promotor de Justiça do Ministério Público do Estado de São Paulo, Dr. Antônio


Carlos Ozório Nunes elaborou o guia prático para educadores denominado “Diálogos e
Práticas Restaurativas na Escola”, sendo ele norteador na prevenção e resolução das
divergências, conflitos e confusões que vieram a ocorrer na rede de ensino do Estado de São
Paulo. Essa cartilha tem a finalidade de auxiliar os educadores, para que os mesmos
solucionar os problemas encontrados de forma pacifica, com a presença e a grande
valorização da utilização de diálogos e práticas restaurativas, tendo em mente que o ambiente
escolar é o local ideal para propagação de valores e a adequada construção de cidadania.
(NUNES, 2018)

As práticas sugeridas pelo Dr. Ozório indicam caminhos dialógicos, em que a


comunicação assertiva (que considera tanto a fala quanto a escuta) seja a base para a
construção de relações interpessoais mais harmoniosas. Ele explica detalhadamente,
com conceitos e atividades, as melhores formas de falar e escutar as pessoas. O
documento também apresenta as várias instituições de proteção à criança e
adolescentes e orienta os educadores sobre as formas de encaminhar os casos de alta
vulnerabilidade, que fogem à alçada da escola, mas não podem ser ignorados por
ela. (SECRETARIA DA EDUCAÇÃO DO ESTADO DE SÃO PAULO, 2018)

Consta no site da Secretaria da Educação do Estado de São Paulo que nos locais onde
o projeto foi realizado, as ocorrências nas escolas reduziram significativamente, em média
50% nas escolas que o projeto foi reproduzido. (SECRETARIA DA EDUCAÇÃO DO
ESTADO DE SÃO PAULO)
O chamado “Poder do Diálogo” é primordial para compreender a razão dos problemas
ocorridos, para a partir dessa compreensão ser possível fazer uma análise desses conflitos e
assim buscar sua solução através de práticas pacificas que consequentemente não acabem em
violência. Organizando redes informais que oferecem auxilio às crianças e adolescentes em
45

situação de vulnerabilidade, que estão desamparados através de uma ajuda vinda de vários
setores, no qual a escola se inclui. (NUNES, 2018)
Segundo Silva Neto (2018):

Nesse sentido, a palavra passa a ser um dos grandes fundamentos da democracia. A


condução do diálogo nos diversos níveis da instituição escolar passa a ser
fundamental para que os gestores tenham êxito no seu trabalho. Portanto, conversar
com a sua equipe, com os coordenadores pedagógicos, professores, funcionários,
alunos e as famílias é o caminho a ser seguido

Outro ponto importante é a “Gestão Democrática”, imprescindível diante de uma


sociedade adversa. É dentro da escola que os sujeitos levam todos os problemas e
adversidades que ocorrem do lado de fora, e cabe a ela utilizar-se de seus mecanismos
internos e propor formas de atuação coletiva e abordar de forma participativa e
contextualizada, onde os seus agentes possam atuar de forma colaborativa, participativa e de
forma integrada. Quanto maior a presença da gestão democrática na escola, com apoio não só
dos funcionários, mas como também de seus próprios alunos e familiares, os problemas serão
encarados de forma mais apropriada e com grande chance de resultados positivos. A gestão
democrática traz às escolas a obtenção de diversos benefícios, como qualidade de ensino,
auxilio na redução e combate tanto na evasão escolar, na baixa frequência, na violência e
indisciplina. Da mesma forma, transforma a escola em um ambiente com troca de
informações onde tanto os alunos quanto os funcionários têm voz ativa, exercida em rodas de
conversa e apoio, tendo maior possibilidade na resolução de conflitos e enfrentamento dos
obstáculos encontrados, pois decisões tomadas coletivamente têm em vista todas as
perspectivas e compreensões, tornando-as assim, mais justas e legitimas. A gestão
democrática não se refere à um perfil autoritário, mas sim de um local onde nas
argumentações e tomada de decisões, envolva todo o rol dos sujeitos que ali trabalham
(professores e funcionários), os alunos e seus pais ou responsáveis. É por esse motivo que as
relações precisam ser fortalecidas. A participação dos agentes mencionados se concretiza
através de reuniões e associações de pais e mestres, dos conselhos de classe participativos,
dos grêmios estudantis, sendo de extrema importância a implementação de recursos que
tornem efetiva essa participação, formando novos hábitos e uma nova cultura escolar.
(NUNES, 2018)
A própria Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional dispõe sobre a Gestão
Democrática:
46

Art. 14. Os sistemas de ensino definirão as normas da gestão democrática do ensino


público na educação básica, de acordo com as suas peculiaridades e conforme os
seguintes princípios:
I - participação dos profissionais da educação na elaboração do projeto pedagógico
da escola;
II - participação das comunidades escolar e local em conselhos escolares ou
equivalentes. (BRASIL, 1996)

O Conselho Escolar também é um importante instrumento de democratização na


escola por ser um espaço de discussão e participação social. Assim como o Grêmio
Estudantil, que permite aos alunos participarem de uma democracia traçando objetivos e
resguardando as propostas apresentadas pelos próprios alunos da instituição de ensino,
possibilitando àquele que participa do grêmio representar os alunos, participando das
discussões para os projetos da escola. (NUNES, 2018)

4.1.1 Cultura de Paz

Nos dias atuais, por falta de orientação e muitas vezes em razão da desigualdade social
e das injustiças, muitos conflitos vêm sendo resolvidos a base da violência O grande objetivo
é a transformação dessa cultura de violência em uma cultura de paz.
Para a transformação da cultura de violência em cultura de paz, cita Lobato (2017):

E como podemos transformar a cultura da violência em cultura de paz? As


práticas não adversariais de gestão de conflitos são boas pistas para esse
caminho, apresentando trilhas pelas quais podemos percorrer com base nos
valores da confiança, da cooperação, do cuidado e da empatia. Assim, a
Mediação de Conflitos, a Justiça Restaurativa e a Comunicação Não-violenta são
tecnologias sociais potentes para um novo olhar para os conflitos.

É essencial que todos os funcionários, desde os professores, coordenadores, auxiliares


e diretores estejam comprometidos e dedicados para tornar o projeto eficaz, revelando um
cuidado especial com os problemas enfrentados.
Tratar dos direitos e deveres é fundamental, segundo Silva Neto (2018):

Repactuar as regras com a participação dos alunos e da comunidade, começando dos


direitos para depois tratar dos deveres, ainda que eles também sejam importantes.
No entanto, começar discutindo os direitos é uma boa demonstração do que deve
prevalecer quando se quer regular a boa relação entre todos. Este gesto sinaliza que a
função da regra não se limita a restringir, mas garantir direitos também.

Disseminar a cultura de paz, nada mais é que um modo de pensar e agir que despreza a
violência e valoriza o diálogo e mediação na resolução de conflitos.
47

Dentre os objetivos da Cultura de Paz, segundo Pereira (2018):

O novo desafio agora reside no fato de que os estabelecimentos de ensino,


respeitadas as normas comuns e as do seu sistema de ensino, terão a incumbência,
dentre outros objetivos, a promoção de medidas de conscientização, de prevenção e
de combate a todos os tipos de violência, especialmente a intimidação sistemática
(bullying), no âmbito das escolas e estabelecer ações destinadas a promover a
cultura de paz nas escolas, certamente, a adoção de medidas de conscientização
deverão ser implementadas para que se evitem peremptoriamente, que educadores,
razão de ser deste país, sejam agredidos e vilipendiados em sala de aulas e que
nossos alunos sejam também respeitados, na mesma medida de valores, para se
buscar, verdadeiramente, a cultura da paz nas escolas.

A própria Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional em seu artigo 12 dispõe


que:

Art. 12. Os estabelecimentos de ensino, respeitadas as normas comuns e as do seu


sistema de ensino, terão a incumbência de:
I - elaborar e executar sua proposta pedagógica;
II - administrar seu pessoal e seus recursos materiais e financeiros;
III - assegurar o cumprimento dos dias letivos e horas-aula estabelecidas;
IV - velar pelo cumprimento do plano de trabalho de cada docente;
V - prover meios para a recuperação dos alunos de menor rendimento;
VI - articular-se com as famílias e a comunidade, criando processos de integração da
sociedade com a escola;
VII - informar pai e mãe, conviventes ou não com seus filhos, e, se for o caso, os
responsáveis legais, sobre a frequência e rendimento dos alunos, bem como sobre a
execução da proposta pedagógica da escola; (Redação dada pela Lei nº 12.013, de
2009)
VIII – notificar ao Conselho Tutelar do Município, ao juiz competente da Comarca e
ao respectivo representante do Ministério Público a relação dos alunos que
apresentem quantidade de faltas acima de cinquenta por cento do percentual
permitido em lei. (Incluído pela Lei nº 10.287, de 2001)
IX - promover medidas de conscientização, de prevenção e de combate a todos os
tipos de violência, especialmente a intimidação sistemática (bullying), no âmbito
das escolas; (Incluído pela Lei nº 13.663, de 2018)
X - estabelecer ações destinadas a promover a cultura de paz nas
escolas. (Incluído pela Lei nº 13.663, de 2018) (BRASIL, 1996)

Segundo consta no site do Comitê da Cultura da Paz (2018):

A gestação de uma Cultura de Paz é um fato. Ela atende à necessidade vital de


renovação e inovação na forma de sentir, pensar e ver; de avaliar nossas prioridades
frente à diversidade de horizontes e consolidar a autonomia nos cenários local e
global, aliando o poder criativo do humano ao princípio da interdependência que
sustenta a rede de vida. (Declaração e Programa de Ação sobre uma Cultura de Paz,
1999)

Foi definido pela Organização das Nações Unidas a Cultura de Paz através da
Declaração e Programa de Ação sobre uma Cultura de Paz em 1999, e a mesma traz a forma
como a educação pode promover a Cultura de Paz:

Medidas para promover uma Cultura de Paz por meio da educação:


48

a) Revitalizar as atividades nacionais e a cooperação internacional destinadas a


promover os objetivos da educação para todos, com vistas a alcançar o
desenvolvimento humano, social e econômico, e promover uma Cultura de Paz;
b) Zelar para que as crianças, desde a primeira infância, recebam formação sobre
valores, atitudes, comportamentos e estilos de vida que lhes permitam resolver
conflitos por meios pacíficos e com espírito de respeito pela dignidade humana e de
tolerância e não discriminação;
c) Preparar as crianças para participar de atividades que lhes indiquem os valores e
os objetivos de uma Cultura de Paz;
d) Zelar para que haja igualdade de acesso às mulheres, especialmente as meninas, à
educação;
e) Promover a revisão dos planos de estudo, inclusive dos livros didáticos, levando
em conta a Declaração e o Plano de Ação Integrado sobre a Educação para a Paz, os
Direitos Humanos e a Democracia3 de 1995, para o qual a Organização das Nações
Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura prestaria cooperação técnica, se
solicitada;
f) Promover e reforçar as atividades dos agentes destacados na Declaração, em
particular a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura,
destinadas a desenvolver valores e aptidões que beneficiem uma Cultura de Paz,
inclusive a educação e a capacitação na promoção do diálogo e do consenso;
g) Estimular as atividades em curso das entidades ligadas ao sistema das Nações
Unidas a capacitar e educar, quando for o caso, nas esferas da prevenção dos
conflitos e gestão de crises, resolução pacífica das controvérsias e na consolidação
da paz após os conflitos;
h) Ampliar as iniciativas em prol de uma Cultura de Paz empreendidas por
instituições de ensino superior de diversas partes do mundo, inclusive a
Universidade das Nações Unidas, a Universidade para a Paz e o projeto relativo ao
Programa de universidades gêmeas e de Cátedras da Organização das Nações
Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura. (DECLARAÇÃO E PROGRAMA
DE AÇÃO SOBRE UMA CULTURA DE PAZ, 1999)

A escola sem dúvida é um local influenciador, que pode transformar a forma como um
conflito é encarado. Assim, segundo Lobato (2017):

As escolas, portanto, são espaços fecundos para a vivência de práticas educativas


que permitam esse encontro com o outro e semeiem princípios basilares para a
construção de um ambiente transformador. É potencializar a criatividade para
lidar com os conflitos de forma mais humanizada, para propor convivências mais
significativas para os envolvidos, que conectem os seres humanos ao que de
melhor têm para oferecer.

Para Nunes (2018, p. 124):

Construir uma cultura de paz, de cooperação, de não violência e de resolução


pacifica dos conflitos é um desafio permanente, que deve fazer parte de uma
filosofia cotidiana de trabalho, sobretudo nas escolas, local ideal para que as
crianças e jovens desenvolvam concretamente o aprendizado dos valores essenciais
da convivência.

A construção da Cultura de Paz está intrinsecamente relacionada à prevenção e à


resolução pacífica de conflitos, por meio do diálogo, da negociação e da mediação. Se esta
cultura estiver comprometida com a tolerância, solidariedade, inclusão e compartilhamento, se
respeitar os direitos do indivíduo e a vida como um valor sagrado, teremos uma probabilidade
maior de favorecer uma sociedade mais justa, responsável e ecologicamente saudável, que
49

dignifique seus cidadãos e preserve os valores de parceria e da participação democrática. A


educação para uma Cultura de Paz é uma iniciativa de longo prazo, que deve considerar o
contexto histórico, político, econômico, social e cultural de cada ser humano, atuando
conjuntamente em redes sociais, viabilizando a todos os atores a reflexão, o compromisso
com os valores éticos, o desenvolvimento sustentável e o futuro da humanidade.

4.1.2 Projeto de Tutoria

A divisão de classes por equipe gestora é uma eficiente alternativa para a realização de
um acompanhamento individualizado dos alunos, focando na frequência escolar e na
indisciplina, apoiando e orientando os alunos, propondo soluções e sugestões para que eles
tenham sucesso na aprendizagem e convivência.
Raciocinar acerca do trabalho executado nas escolas é essencial para conseguir
adequados resultados e consequências. Deste modo, a existência de um olhar de fora ao
ambiente escolar é uma alternativa a esse exercício, procurando fazer um diagnóstico dos
problemas que ainda serão trilhados. É desta maneira que surge o sistema de Tutoria. Indicado
especialmente aos coordenadores e diretores da área da educacional, visto como uma
alternativa para a formação dos educadores, visto que tal plano visa auxiliar os profissionais a
compreenderem de maneira mais adequada e poder recriar as maneiras de conduzir e
coordenar uma escola. (MOREIRA, 2014)

4.1.3 Programa Educadores da Paz

Em entrevista concedida à Alessandra Nogueira do programa Cidade Aberta da Folha


da Região, a entrevistada Vivi Tuppy fala sobre o Programa Educadores da Paz na qual é
coordenadora.
O objeto de reflexão é justiça e educação. O Programa Educadores da Paz é um
programa que existe dentro de um grande escopo de ações, de construção de cultura de paz
dentro do Brasil e do mundo, uma parceria com a Palas Athenas e com a ONU, onde se
constrói todo um processo metodológico e sistematizado no sentido de capacitar a partir de
50

um processo formativo os educadores e os gestores da educação em ética, cidadania e valores


universais no sentido de poder construir juntos possibilidades de dispositivos para transformar
o cenário de violência para um cenário de convivência mais agregadora e mais salutar para
nossa sociedade. O programa é trabalhado há mais de 10 anos, e dentro da diretoria de ensino
de Araçatuba com as capacitações regulares há 8 anos. É referência dentro da Secretaria
Estadual de Educação, e o que se observa ao longo desses anos e tem se obtido como
resultado é elevar os índices de aprendizagem e reduzir os índices de violência. Quando se
fala em paz, fazer a cultura de paz deve-se mudar o comportamento. É necessária
metodologia, sem metodologia e sistematização não se consegue mudar esse comportamento.
As ações práticas e cotidianas aplicadas no programa dentro das escolas, tem toda uma
fundamentação teórica fornecida pela UNESCO do que é ética, cidadania, valores e toda uma
base conceitual, além das práticas do diálogo, como estabelece-se uma conversação onde o
significados e trocas sejam relevantes, práticas de resolução pacifica de conflitos que
fundamenta-se na justiça restaurativa e praticas atencionais, afastando de maneira eficaz a
violência, pois é preciso aprender e detectar o conflito. Toda violência é um grito de
violência, e violência sempre gera violência. As mídias se interessam em fomentar a
violência, porque ela vende e em um processo capitalista se interessa vender a violência. Este
século deve ser o do diálogo, da convivência e da resolução pacifica de conflitos. (YouTube –
Folha da Região, 2018)
O objetivo geral do projeto é capacitar os educadores e implanta-lo nas unidades de
ensino. A instituição escolar está inserida no contexto de convivências, portanto, as violências
e as tensões do mundo também estão presentes na escola. A família, a sociedade e sobretudo
as unidades escolares são núcleos de preservação e transmissão de valores culturais. A escola
é o local onde valores humanistas podem e devem ser cultivados e transmitidos, seja no
convívio em sala de aula ou no cotidiano escolar. Direitos humanos, democracia participativa,
cidadania e desenvolvimento sustentável são realidades interdependentes que se reforçam
mutuamente, e é o espaço escolar que acolhe hoje os indivíduos que tomarão as decisões do
amanhã. Portanto, o conhecimento, as habilidades e os valores que hoje são transmitidos e
vivenciados nas escolas irão contribuir muito ou até determinar as futuras ações e lideranças.

4.2 Negligência do Estado


51

Percebe-se a grande omissão do Estado no que se refere também às questões da


prevenção da criminalidade, uma vez que ele se preocupa mais na repressão e no modo como
punir o sujeito que pratica um crime do que na prevenção, uma vez que a maioria dos modos
analisados dessa prevenção são praticados por instituições que desenvolvem projetos sociais
cujo objetivo é trabalhar com jovens em situação de risco e pela dedicação quase que
exclusiva, dos gestores das escolas públicas comprometidos com uma educação de qualidade
e preocupados em formar cidadãos críticos e conscientes de seus deveres. Infelizmente, essa
omissão acontece também nas instituições de ensino, onde os governantes ficam alheios aos
problemas que as mesmas enfrentam, tais como desvalorização dos profissionais,
sucateamento das escolas e a ingerência. Por mais que o Estado sublinhe dados em relação à
educação, vivemos uma situação pouco digna diante de um século onde o jovem e o
adolescente carecem de projetos voltados às suas expectativas e necessidades em um mundo
moderno e competitivo. Então, diante dessa realidade, nota-se claramente a ineficácia do
Estado, sobretudo em relação à promoção das políticas públicas e garantias dos direitos
básicos do indivíduo tais como moradia, emprego, saúde, lazer, aposentadoria, educação de
qualidade, o deixando a deriva de qualquer projeto de vida.
Existe um rol extenso de punição para o sujeito delinquente, mas a solução da
criminalidade não está no fortalecimento das forças policiais e sim nas formas mais eficazes
de prevenção. O que de fato, segundo Gusmão (2014):

O Brasil não apresenta políticas públicas capazes de fazer do cidadão digno, com
o pleno emprego, educação intelectual de qualidade, dentre outros tantos fatores.
Isso pode deixar grande parte da população, especialmente as mais pobres, a
mercê da criminalidade, e quando o Estado age, através da pena e só depois do
crime já ter ocorrido de fato, só faz fomentar a criminalidade, pois devolve o
delinquente para a sociedade sem a possibilidade de crescimento social, sem a
credibilidade das pessoas, ou seja, ainda mais estigmatizado.

Do mesmo modo, cita Rolim (2008, p.41):

O que se pode afirmar, de qualquer maneira, por todo o conhecimento acumulado


nas últimas décadas, é que não se pode mais imaginar que fenômenos complexos
como o crime e a violência possam continuar sendo tratados de forma simplória,
como se apenas as polícias e as leis penais pudessem assegurar uma resposta eficaz.
As evidências disponíveis demonstram que isto não é verdadeiro e, pior ainda, que a
insistência em respostas de natureza essencialmente punitiva pode – e
frequentemente o faz – aumentar as dimensões do problema.

Desta forma, é plausível que não exista outro rumo para a solução, a não ser um
sistema de prevenção, visto que ele é o único método apto de reduzir e prevenir a
criminalidade. Colocaria um fim na violência da sociedade, pois é através da prevenção do
52

crime na sua fase inicial, antes de vir a cometê-lo que há grandes chances de reduzi-lo, do
que só após a delinquência, vir a tirá-lo do meio social para tentar fazer com que ele volte
para a sociedade recuperado. (GUSMÃO 2014)
53

CONCLUSÃO

O desenvolvimento do presente estudo foi de suma importância para a realização de


uma análise de como funciona a prevenção e repressão da criminalidade em nosso país.
Acerca da repressão, foi verificado todos os tipos de pena que o sujeito que comete um crime
vem a sofrer, sendo elas as penas privativas de liberdade, restritivas de direito e multa. Dentre
as penas privativas de liberdade, foi feito uma exploração acerca das penas de prisão simples,
detenção e reclusão.
Passando ao estudo da prevenção da criminalidade, observamos a existência da
prevenção primária, secundária e terciária.
A respeito da prevenção primária, esta ataca a raiz do conflito de forma genérica e não
designada a um grupo específico, utilizando-se da educação, emprego e moradia do sujeito
com resultados a médio e longo prazo.
Quanto a prevenção secundária, manifestada a médio e longo prazo, esta utiliza-se dos
programas de apoio e de projetos sociais criados para evitar a ida dos jovens em situação de
vulnerabilidade à criminalidade.
Já a terceira, é considerada tardia, pois nela já houve o cometimento do crime e tem
como destinatário o recluso, trabalhando para que ele não venha se tornar um reincidente.
Desta forma, passa o estudo a focar nos controles sociais formais e informais de
criminalidade. O controle informal e feito, dentre outros, pela família e pela escola. Quando
estes forem ineficazes, entra em ação o controle social formal, onde é imposta sanções e há
uma atuação coercitiva.
Partindo do objetivo de analisar os modos de prevenção da criminalidade, verificou-se
que todos os modos estudados são desenvolvidos por projetos sociais e pelo empenho dos
gestores das instituições de ensino, visto que o Estado somente se preocupa com a repressão
da criminalidade, atuando apenas após o cometimento do crime pelo sujeito, buscando apenas
punir, aplicando sanções e não atuando para que a ida à vida do crime pelos jovens seja
evitada.
Dada a importância ao assunto, buscou-se estudar qual o papel da escola na prevenção
da criminalidade, visto que ela é o ambiente em que o jovem convive por mais tempo, além o
de sua família. Foram analisados projetos realizados em diversas escolas através da dedicação
dos gestores que nelas atuam, todos eles visando a resolução pacífica de conflitos através de
diálogos e práticas restaurativas, observando que através de uma cultura de paz é possível
amenizar e combater a violência, além do desenvolvimento de bases democráticas de
54

convivência, que se bem captado pelos alunos, podem levar essas bases para suas vidas,
mesmo com toda injustiça social que acomete nossa sociedade.
É de fundamental importância a aliança da escola com a família para que se fundam
no compromisso de todos com o sucesso dos alunos enquanto permanecem na escola.
Verificou-se que esse desafio só é possível vencer se houver um trabalho contínuo, coletivo
da escola com a família para que não haja a evasão escolar e esses jovens se tornem
vulneráveis ao mundo da criminalidade. Desta forma, essas alianças podem fortalecer os
vínculos entre a escola e família e entre a escola e seus jovens permitindo que eles possam
desenvolver sentimentos de pertencimento a um grupo muito especial que não se caracteriza
pela presença de jovens, apenas, mas que inclui professores, funcionários, diretores, dispostos
à escuta uns dos outros e à construção de uma teia de proteção.
Esta aliança pode produzir, primeiro, um fortalecimento pessoal que impulsione
escolhas que minimizem riscos sociais e, segundo, podem descortinar demandas subjetivas
para estudar para conhecer como funciona a sociedade no interior da qual nos construímos
diante de nós mesmos e dos outros. Novos sujeitos emergem destas demandas, dispostos a
intervir no meio próximo ou remoto em que vivem para fazer valer novos parâmetros de
convivência social.
Por fim observou-se até aqui, mesmo que implicitamente, a importante parcela das
instituições de ensino na prevenção da criminalidade visto que, em seus objetivos
educacionais, incluem-se formar cidadãos críticos e conscientes, porem existem outras
parcelas que cabem ao Estado. A escola, enquanto instituição, nasce imersa numa
determinada sociedade e responde, direta ou indiretamente, às necessidades econômicas e
políticas desta mesma sociedade.
A eficácia da escola em prevenir ou interromper a ida dos nossos jovens para a
criminalidade também está diretamente articulada às políticas públicas desenvolvidas ou não
pelo próprio estado nacional para contemplar a necessidade de todos enquanto sujeitos
portadores de direitos, quer sejam os direitos humanos quer sejam os direitos civis e políticos.
Isto significa que a escola pode responder por uma parcela da prevenção da criminalidade
entre jovens e , mesmo que ofereça um elenco de atividades bem articuladas, criativas e
democráticas, tais atividades por si não podem suprir necessidades básicas como habitação
adequada, oferta de trabalho, salários dignos, prestação de serviços e monitoramento da saúde
públicos e gratuitos entre inúmeros outros direitos que caracterizam um estado de bem-estar
social.
55

REFERÊNCIAS

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