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Índice

DECLARAÇÃO DE HONRA....................................................................................................iii

DEDICATÓRIA..........................................................................................................................iv

AGRADECIMENTOS.................................................................................................................v

RESUMO....................................................................................................................................vi

LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS.................................................................................vii

INTRODUÇÃO...........................................................................................................................9

Delimitação do Tema.................................................................................................................10

Objecto da Pesquisa...................................................................................................................10

Problematização.........................................................................................................................10

Justificativa................................................................................................................................11

Objectivos..................................................................................................................................12

Objectivo Geral..........................................................................................................................12

Objectivos Específicos...............................................................................................................13

Hipóteses....................................................................................................................................13

CAPITULO I.............................................................................................................................13

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA.........................................................................................13

2.1. Breve Olhar do Acesso a Justiça e o Defensor Público no Mundo......................................14

2.1. 2 Enquadramento Legal …………………………………………………………...15

2.1.3 A assistência Judiciária: Possibilidades e Limitações........................................................15

2.1.4. A Acção Governamental na Garantia do Acesso a Justiça...............................................17

2.1.5 Defensória Publica e o seu Envolvimento na Efectivação da Justiça.................................18

3. Conceitualização dos Principais termos da Pesquisa..............................................................19

3.1. Justiça gratuita.....................................................................................................................19

3.2. Defensor público.................................................................................................................19

i
3.3. Hiposuficiente.....................................................................................................................19

4. Papel fundamental do Defensor Público.................................................................................20

CAPÍTULO III: METODOLOGIA DA PESQUISA.................................................................20

5. Procedimentos metodológicos................................................................................................20

5.1.Tipos de pesquisa.................................................................................................................21

5.1.1. Pesquisa exploratória........................................................................................................21

5.1.2. Natureza da pesquisa........................................................................................................21

5.1.3. Pesquisa Bibliográfica......................................................................................................21

5.1.4. Pesquisa Documental.......................................................................................................22

5.1.5. Questionário.....................................................................................................................22

5.2. População e amostra............................................................................................................22

5.2.1. População.........................................................................................................................22

5.2.2. Amostra............................................................................................................................22

CAPÍTULO IV...........................................................................................................................23

6. ANÁLISE, INTERPRETAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS DA PESQUISA....23

QUADRO 1: VERIFICAÇÃO DE HIPÓTESES.......................................................................28

CAPÍTULO V:...........................................................................................................................29

7. CONCLUSÃO, CONTATAÇÕES E RECOMENDAÇÕES.................................................29

7.1. Conclusão............................................................................................................................29

7.2. Constatações........................................................................................................................30

7.2.1. Recomendação.................................................................................................................30

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.......................................................................................31

APÊNDICE................................................................................................................................32

QUESTIONÁRIO......................................................................................................................33

ii
DECLARAÇÃO DE HONRA

Eu, Joaquina Fermino Carlos Retxua, Declaro que esta monografia que submeto ao
Instituto Superior de Ciências e Gestão, para a obtenção do grau de Licenciatura em
Ciências Jurídicas, é resultado da minha investigação pessoal e das orientações do meu
supervisor, o seu conteúdo é original e as fontes consultadas estão devidamente
mencionadas no texto, nas notas e na bibliografia final.

Declaro ainda que este trabalho não foi apresentado em nenhuma Empresa ou outra
instituição para obtenção de qualquer grau académico.

_______________________________

(Nome completo)

Nacala Porto, de de 2015

iii
DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho a meu amado filho, Imerso Manuel C. Retxua Ussene, que dia a
dia soube caminhar ao meu ritmo académico, com seu olhar e sorriso, fortalecendo-me
em cada jornada e sendo motivo incansável da minha constante preexistência no
domínio do conhecimento, filho esta vai para você.

iv
AGRADECIMENTOS

Agradeço ao Pai Celestial pelo dom da vida e por sempre me acompanhar nos
momentos difíceis da carreira estudantil.

Em seguida, endereço o meu penhor de gratidão ao meu supervisor dr. , pelo


facto de incansavelmente ter me acompanhado e contribuído sobre maneira para a
cientificidade deste trabalho. Igualmente agradeço aos meus docentes e aos meus
colegas do Instituto Superior de Ciências e Gestão que com o seu bom humor e
amabilidade, sempre compreenderam os meus erros e me ensinaram a manter o gosto
pela ciência. De igual modo, estendem-se os meus agradecimentos, ao meu querido
esposo Manuel C. Ussene, pelas noites suportadas em frente ao portão da faculdade para
me levar e trazer da mesma sem sobressaltos, bem como a todos que directa ou
indirectamente contribuíram para a concretização deste sonho.

Agradecimentos mais profundos e extensivos vão aos meus Pais, Fermino Carlos
Retxua e Felisberta João B. Saraiva porque sem eles eu existiria. Pai e mãe, palavras me
faltam o meu muito obrigado.

v
RESUMO

O presente trabalho tem como tema “O acesso a justiça e o envolvimento do defensor


público em Moçambique: caso Nacala-Porto (2012-2014) ”.Tem como objectivo geral
Compreender as causas do fraco acesso a justiça da população, e analisar o
envolvimento do defensor público no acesso a justiça em Nacala-Porto (2012 - 2014), e,
especificamente, visa Identificar o grau de incorporação da comunidade de Nacala no
acesso a justiça; e Propor medidas para a integração dos citadinos de Nacala-Porto no
acesso a justiça; O estudo parte da seguinte questão: Quais são as causas da fraca
aderência da população ao judiciário, e qual o nível do envolvimento do defensor
publico em Nacala-Porto? É preciso que se reflicta na questão acima exposta e,
obviamente, que se procure dar respostas viáveis. É importante referir que todas as
hipóteses foram testadas e aprovadas ao longo da pesquisa, de onde se, constatou-se que
os membros da comunidade local não possuem uma informação adequada quanto ao
processo judiciário e ainda há fraca informação do envolvimento do defensor público na
assistência jurídica aos necessitados. Aliado a este facto, também se constatou que a
fraca capacidade financeira, a morosidade na tramitação dos processos, a insuficiência
de defensores públicos para cobrir com a demanda da população pode contribui bastante
para o fraco acesso a justiça. Deste modo, conclui-se que O acesso à justiça é um
sistema que tem por finalidade solucionar litígios e/ou permitir às pessoas reivindicarem
seus direitos mas, muitas vezes, elas não acedem ao sistema. A acessibilidade a justiça
traz a possibilidade ao cidadão que, por muito tempo não tive a oportunidade de entrar
em juízo, conhecer e reivindicar os seus direitos. Para que haja um verdadeiro e efectivo
acesso à justiça é necessário o maior número de pessoas admitido a demandar e a
defender-se adequadamente, que se acelere a tramitação dos processos remetidos ao
judiciário, de modo a se diminuir a distância entre o cidadão comum e o poder
judiciário. Incumbe-se no entanto a Defensória Pública, por regra geral a prestação de
assistência jurídica integral e gratuita às pessoas que não conseguem pagar pelos
serviços de um advogado. É com base na resposta à consulta que o assistido pela
Defensória Pública pode decidir melhor como agir em relação ao problema apresentado
ao defensor público.

Palavras-Chave: justiça gratuita, defensor público, hipo-suficiente

vi
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

IPAJ – Instituto de Patrocínio e Assistência Jurídica

CRM- Constituição da Republica de Moçambique

CPC – Código de Processo Civil

vii
viii
INTRODUÇÃO
O presente trabalho Cientifico com o tema:

O acesso a justiça e o envolvimento do defensor público em Moçambique: caso Nacala-Porto


(2012-2014) consiste em mais uma etapa Académica para o grau de Licenciatura.

O acesso a justiça é um direito social fundamental e principal garantia dos direitos subjectivos
dos cidadãos. Em volta dele, estão todas as garantias destinadas a promover a efectiva tutela dos
direitos fundamentais e constitui uma preocupação de toda a sociedade actual. A própria
constituição de Moçambique, bem como o Código de Processo Civil trazem mecanismos para
facilitar a acessibilidade ao judiciário, dai a necessidade da figura de defensória pública. Esta
defensória recai numa assistência jurídica gratuita ao cidadão na nomeação de um advogado ou
defensor público a população carente ao judiciário.

É de salientar, que por vezes estes não funcionam como deveriam, impossibilitando que a justiça
seja feita, criando por vezes o mito de que ela não existe, ou se existe não é eficiente para todos
como um direito fundamental e universal. Este acesso se torna restrito a uma parte da população
por diversos factores de ordem económica, social e cultural aliado a morosidade da própria
justiça. Cada um desses, de forma isolada impossibilita o contacto de uma pessoa ou mais com o
poder judiciário em maior ou menor número da população.

O trabalho propõe falar dele, numa abordagem amplamente discutida no meio jurídico e social,
dada a extrema necessidade do seu aprimoramento no ordenamento jurídico, para que de forma
justa, célere e eficiente todo o cidadão independentemente do seu nível económico tenha a
possibilidade de ter um ingresso aos tribunais. Tem como base de estudo livros e fontes ligadas a
matéria no âmbito jurídico.

A província de Nampula em geral e particularmente a Cidade de Nacala-Porto, tem registado

uma avalanche muito grande da fraca


aderência da população a justiça. Para a efectivação desta
pesquisa, foram usados os métodos quanto aos objectivos e quanto à abordagem, concretamente,
a pesquisa explicativa e qualitativa, respectivamente. A metodologia deste trabalho assenta
grosso modo, na revisão da literatura. Como universo, a pesquisadora fez a sua actividade com a

9
população de Nacala-Porto, a alguns funcionários do IPAJ em Nacala-Porto, de onde frequentou
o seu estágio por 90 dias.

Como forma de garantir a cientificidade desta pesquisa, a autora privilegiou a consulta de


algumas obras de modo a obter informações sobre o fraco acesso a justiça.

Com o intuito de torná-lo compreensível, encontra-se estruturado da seguinte forma:

Introdução - Faz uma breve introdução, mostra o problema, os objectivos e levanta as hipóteses;

Capitulo 1 - O enquadramento Teórico, a problemática do fraco acesso a justiça, implicações


sociais a nível do município de Nacala-Porto.

Capitulo 2 - A metodologia usada para a realização da pesquisa.

Capitulo 3 - Apresentação dos resultados: Opinião de diversas personalidades dentre eles


funcionários do IPAJ e os citadinos de Nacala-Porto, precedida por conclusão, sugestões e o
referencial bibliográfico.

Delimitação do Tema
O acesso a justiça e o envolvimento do defensor público em Moçambique: caso Nacala-Porto
(2012-2014)

Objecto da Pesquisa
Lakatos e Marconi (1992:103), referem que o objecto de estudo responde a pergunta o que é,
neste trabalho, o objecto de pesquisa é a fraca aderência a justiça por parte da população, o
envolvimento do defensor público e o seu factor social no Município de Nacala-Porto.

Problematização
De acordo o Gil (1994:49) Problema (...) ´´na concepção científica, problema é qualquer
questão não resolvida e que é objecto de discussão, em qualquer domínio de conhecimentos.

A expressão "acesso à justiça" é reconhecidamente de difícil definição, mas serve para


determinar duas finalidades básicas do sistema jurídico - o sistema pelo qual as pessoas podem
reivindicar seus direitos e/ou resolver seus litígios sob os auspícios do Estado. Primeiro, o

10
sistema deve ser igualmente acessível a todos; segundo, ele deve produzir resultados para
quaisquer individuo desde que estes que sejam individual e socialmente justos.

A denominação 'acesso à justiça' transmite uma ideia parcial do que representa o princípio, visto
que não basta garantir, de qualquer modo, que o cidadão acesse o Judiciário, mas que ele sege
justa a todos”.

Ela engloba um conteúdo de larga compreensão, pois parte do simples ingresso do indivíduo em
juízo, perpassa por aquela que enfoca o processo como instrumento para a realização dos direitos
individuais, e, por fim, aquela mais ampla, relacionada a uma das funções do próprio Estado a
quem compete, não apenas garantir a eficiência do ordenamento jurídico: mas outrossim,
proporcionar a realização da justiça justa ao cidadão.

Em Nacala-Porto, é notória a fraca aderência a justiça dos citadinos na resolução dos seus
conflitos, sejam eles sociais ou laborais.

É com base nestes argumentos e/ou acontecimentos que se levanta a seguinte questão: Quais são
as causas da fraca aderência a justiça da população, e qual o nível do envolvimento do defensor
publico em Nacala-Porto?

Justificativa
O acesso ao direito e à justiça é um direito fundamental, cuja limitação põe em causa a
democracia e o exercício pleno da cidadania. A ideia de que o Estado tem e deve ter o monopólio
de produção e administração do direito tem vindo a ser questionada, quer pela antropologia e
pela sociologia do direito, quer pelas dificuldades com que os tribunais judiciais se têm debatido
no sentido de garantir o acesso à justiça dos/as cidadão/ãs. Em Moçambique, a realidade é
particularmente interessante pela quantidade e diversidade de ordens normativas e de instâncias
de resolução de conflitos que actuam no terreno, bem como pelas complexas interligações que se
estabelecem entre as mesmas. Neste contexto, nota-se um menor acesso a justiça por parte da
população na resolução dos seus conflitos, optando na justiça pelas próprias mãos ou então
recorrendo aos lideres chefes das famílias ou lideres comunitários para a resolução dos seus
litígios de carácter social ou criminal.
11
Incumbe-se no entanto a Defensória Pública, por regra geral a prestação de
assistência jurídica integral e gratuita às pessoas que não conseguem pagar pelos serviços de
um advogado. A Defensória Pública actuará independentemente da condição financeira do
assistido. Trata-se de funções atípicas, que tomam lugar toda vez que for verificada a
hipossuficiência1 jurídica da parte, como, por exemplo, na defesa dos acusados que não
constituíram advogado para a apresentação de defesa e nos casos da curatela especial, também
conhecida como curadoria à lide, quando, por um dos motivos descritos no arts. 9º e 10º do
Código de Processo Civil.

Ela não integra formalmente o executivo, embora dele dependa financeiramente. Possui
autonomia funcional e administrativa e representa o compromisso do Constituinte de permitir
que todos, inclusive os mais pobres, tenham acesso à justiça.

A Defensória Pública presta consultoria jurídica, ou seja, fornece informações sobre os direitos e
deveres das pessoas que recebem sua assistência. É com base na resposta à consulta que o
assistido pela Defensória Pública pode decidir melhor como agir em relação ao problema
apresentado ao defensor público.

A presente pesquisa afigura-se importante pelo facto da sua análise permitir perceber as razões
que concorrem para o elevado índice da população em Nacala-Porto, não recorrer a justiça na
resolução dos seus conflitos, uma vez que falar da justiça para eles, é falar dum bicho-de-sete-
cabeças reparando na sua situação económica – financeira, fixando na mente que isso implica um
pagamento a elevados valores a um jurista que lhes possa assistir juridicamente ou mesmo que
não existe uma justiça justa para os carenciados, dai o grande papel do defensor público na
actuação de casos concretos. Analisa também o envolvimento do defensor público na
concretização do acesso a justiça por parte da população muitas vezes carente.

Deste modo, espera-se com esta pesquisa identificar as reais causas desta fraca aderência na
efectivação do mesmo.

1
Relacionado ao consumo, pessoa que não possui condições financeiras para se sustentar e sobrevive com o mínimo
12
Objectivos

Objectivo Geral

 Compreender as causas do fraco acesso a justiça por parte da população, e analisar o


envolvimento do defensor público no acesso a justiça em Nacala-Porto (2012 - 2014).

Objectivos Específicos

 Identificar o grau de incorporação da comunidade de Nacala-Porto no acesso a justiça;

 Propor medidas para a integração dos citadinos de Nacala-Porto no acesso a justiça;

Hipóteses

 A fraca capacidade financeira e a morosidade na tramitação dos processos pode


influenciar ao fraco acesso a justiça por parte da população de Nacala-Porto;

 A falta de aproximação de conhecimentos entre justiça e sociedade contribui ao fraco


acesso a justiça.

 O envolvimento do defensor público constitui ou não elemento principal de um processo


judiciário.

CAPITULO I

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
O acesso a justiça, deve ser encarado como um requisito fundamental e portanto o mais básico
dos direitos humanos de um sistema moderno, pois só depois dele é que se concretizam todos os
demais direitos.

13
Serve para determinar duas finalidades básicas do sistema jurídico, sendo a primeira o sistema
pelo qual as pessoas podem reivindicar seus direitos e ou resolver seus litígios sub os princípios
do Estado por via de um sistema que deva ser igualmente acessível para todos. A justiça deve
produzir resultados que sejam individualmente justa. (CAPPELLET e GARTH, 1988,p.08.)

Em sentido mas amplo o acesso a justiça é utilizado como assistência fundamental – o mais
básico dos direitos humanos de um sistema jurídico moderno e igualitário que pretende garantir e
não apenas proclamar os direitos de todos “ CAPPELLET e GARTH, P.12” Livro do Acesso a
Justiça. Ele não é apenas o acesso ao poder judiciário gratuito, mas uma garantia universal da
defesa de todo e qualquer direito independente da capacidade económica, tornando o acesso a
justiça no encontro comunidade-direito.

2.1. Breve Olhar do Acesso a Justiça e o Defensor Público no Mundo

Desde os primórdios da história, diversas foram as mutações sofridas pela ideia de acesso à
justiça. Ainda nos séculos XVII e XIX, o direito ao acesso à protecção em matéria judicial tinha
o simples significado de o indivíduo ser portador de um direito formal, o qual dava poderes para
que pudesse propor ou contestar uma acção. Apesar de o direito ao acesso à justiça fosse um
direito natural inerente ao indivíduo, não havia necessidade de o Estado propor determinada
acção para que fosse protegido.

O Estado, portanto, permanecia passivo, com relação à problemas tais como a aptidão de uma
pessoa para reconhecer seus direitos e defendê-los adequadamente.

Dar termo à incapacidade das pessoas hipossuficientes de acessar à justiça não competia ao
Estado. Na época, existia um sistema chamado "laissez-faire", que demonstrava claramente que
a justiça só era acessível aos que tinham condições financeiras de arcar as custas processuais, os
incapazes de fazê-lo ficavam à mercê da sorte. O acesso formal à justiça, era correspondente a
uma ideia de igualdade não efectiva, igualdade esta de direito e não de fato.

De acordo com o crescimento das sociedades "laissez-faire", profundamente estudadas, a forma


como eram vistos os direitos humanos passou por mutações radicais. A percepção apenas
individualista transformou-se numa visão colectiva dos direitos e deveres. O Estado passou a ser
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mais participativo, e esta participação positiva era de suma importância para garantir os direitos
da população carente.

Ele sofreu mudanças significativas no decorrer da história, visto que em séculos passados o
Estado não tinha preocupação alguma com a incapacidade seguida da necessidade que as pessoas
possuíam de utilizar a justiça e suas instituições, inclusive não cabia a qualquer pessoa a busca à
justiça, porém, à medida que as sociedades modernas cresciam de maneira vasta e as acções e
relacionamentos assumiram carácter colectivo, o acesso à justiça passou a ter cada vez mais
alcance, assim, o Estado se tornou sujeito activo nesta relação, a fim de assegurar os direitos e
garantias fundamentais, especialmente o acesso à justiça.

A partir de então, o Defensor Público foi instituído como instrumento de garantia aos direitos
fundamentais, sendo esta de carácter essencial à função jurisdicional do Estado, prevista no
artigo 62 da nossa Constituição, com a missão de defender os necessitados em todos os graus de
jurisdição, bem como orientá-los em problemas jurídicos.

2.1. Enquadramento Legal

Os primeiros marcos da legislação sobre os direitos humanos em Moçambique datam da primeira


Constituição da República (CRM) de 1975, que estabelecia que: “homens e mulheres devem ser
iguais perante a lei em todas as esferas da vida política, económica, social e cultural.” Esse
princípio de igualdade também foi consagrado na CRM tanto de 1990, assim como de 2004.

A Constituição de 2004 vai mais longe e estabelece uma série de importantes princípios e
direitos:
Princípio da Universalidade e Igualdade (art. 35º CRM) – “Todos os cidadãos são iguais perante
a lei, gozam dos mesmos direitos e estão sujeitos aos mesmos deveres, independentemente da
cor, raça, sexo, origem étnica, lugar de nascimento, religião, grau de instrução, posição social,
estado civil dos Pais, Profissão ou opção politica.”

Acesso aos tribunais (art. 62º) – “O Estado garante o acesso dos cidadãos
aos tribunais e garante aos arguidos o direito de defesa e o direito à
assistência jurídica e patrocínio judiciário. O arguido tem direito de
escolher livremente o seu defensor para o assistir em todos os actos do
processo, devendo ao arguido que por razões económicas não possa

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constituir advogado ser assegurada a adequada assistência jurídica e
patrocínio judicial.”

A protecção jurídica e exercida por meio dos tribunais e implica que em prazo razoável este
execute ou obtenha uma decisão judicial com forca de caso julgado. (Garantias de acesso a
justiça) Vide artigo 2 n 1 do CPC.

2.1.2 A assistência Judiciária: Possibilidades e Limitações

De longa data os menos favorecidos tem dificuldades de contratar um profissional “advogado”


para actuar na defesa de seus direitos, notadamente quando envolve litígios de maior
especialização no tratamento ou aplicação dos termos jurídicos mas adequados. Os factores
históricos e culturais foram determinantes para afastar a população hiposuficiente do domínio do
poder judiciário.

A falta de consciência do cidadão comum com relação aos seus direitos, os altos custos, o
descrédito do judiciário bem como a morosidade da justiça acessível a todos constituem ate aos
dias de hoje um abismo por parte da população ao judiciário.

Grande parte da população moçambicana e particularmente do distrito em estudo é analfabeta e


vive nas zonas rurais, com níveis de acesso à informação e educação relativamente mais baixos
quando comparados com os outros pontos do pais. As práticas culturais, a desigualdade de
género, a falta de acesso aos recursos e outros factores sociais, económicos e políticos limitam o
seu nível de conhecimento sobre os seus direitos, o que obstaculiza o acesso à justiça, uma vez
que não é possível pleitear algo que se desconhece. Aliado a estes factos fica deficiente o seu
conhecimento sobre a figura de defensor público e de instituições viradas a protecção dos seus
direitos.

A par do desconhecimento, existe também descrença no judiciário. O complicado processo


judicial, seus prazos e formalidades e o número cada vez maior de processos, que são
incompatíveis com os recursos disponíveis para solução, e a demora cada vez maior para a
obtenção de uma decisão, acabam produzindo na população, a ideia de que a justiça não é
eficiente e que não alcança o desejado, fazendo com que muitas vezes se opte pela máxima,
“mais vale um acordo que mover uma acção”. Desta maneira se abre mão de direitos e da via
judicial para a solução de litígios.
16
Aliado a estes factores, está a ideia mercantilista que se tem do judiciário. Embora exista o IPAJ
e outras ONGs que prestam assistência jurídica, o número de defensores à disposição é bastante
insuficiente para fazer face ao elevado número de clientes que não podem arcar com os
honorários. Somam-se ainda a insuficiência de programas sociais voltados para a erradicação da
pobreza, pois várias vezes, a população é obrigada a fazer diversas viagens em busca de uma
solução, não tendo com frequência condições financeiras para arcar com as despesas de
transporte.

Tem se notado algumas atitudes pró-acesso à justiça, que fazem com que a barreira que existia
entre o sujeito pobre e a efectividade desse direito resguardado pela Constituição no artigo 35 e
62º CRM sejam disseminados. Portanto, deve ser comum ver o indivíduo carente reivindicar seus
direitos, não apenas em âmbito do direito de família ou do direito criminal, buscando cada vez
ter mais conhecimento sobre o que a lei lhe ampara.

2.1.3 A Acção Governamental na Garantia do Acesso a Justiça

O acesso a justiça, tem sido condição fundamental para o exercício da cidadania em


Moçambique e constitui preocupação fundamental de qualquer Estado Democrático. Num
contesto mas particularizado, ela tem vindo a sofrer diversas dificuldades (inacessibilidade,
custos, morosidade, ineficiência, entre outros), mostrando-se incapaz de enfrentar a
administração da justiça de forma justa a todos.

O Estado moçambicano adoptou outras medidas, que assegurem e estabeleçam o acesso à justiça,
mas apesar de estarem criadas instituições que visam assegurar a protecção desses direitos, por
exemplo, a criação do Instituto de Patrocínio e Assistência Jurídica (IPAJ, com a missão de
prestar assistência jurídica aos mais necessitados), bem como a existência de organizações que
prestam assistência jurídica, o acesso à justiça enfrenta vários desafios, principalmente por parte
dos hipossuficentes por causas diversas outrora mencionadas.

Nos dias actuais nos dias de actuais, a acção governamental mostra-se cada vez mais ineficaz,
não sendo bem sucedidas no desempenho desse papel a busca por direitos, na grande maioria das
vezes.
17
2.1.2.2. Defensória Publica e o seu Envolvimento na Efectivação da Justiça

A defensória pública é um órgão de fundamental importância integrando uma assistência jurídica


gratuita e integrais as pessoas que não possuem condições de arcar com os custos de um
advogado em processos judicias ou extrajudiciais, na consultoria jurídica.

O envolvimento da defensória pública passa pela promoção extrajudicial a conciliação entre as


partes em um conflito de interesses, patrocinar acções e exercer defesa do necessitado em
qualquer acção, actuar junto aos estabelecimentos polícias e penitenciários, visando a segurar aos
assistidos em processo judicial ou administrativo e os acusados em geral, o contraditório e a
ampla defesa, com recursos e meios a ela inerentes. Este pleno envolvimento esta ligado
directamente a pessoa do defensor público.

Com tudo, a população que necessita desses serviços, pouco sabe da sua existência ou pior, não
tem mesmo o conhecimento da existência deste órgão, criado para o seu amparo. Em diversas
comunidades locais, o conhecimento da figura de defensor público é quase que nula, pois há
poucos defensores públicos para muitos casos judicias, o que impossibilita de certo modo a sua
efectiva actuação.

No âmbito criminal, a situação tem se verificado pior e mas precária no que se refere ao efectivo
acesso a justiça, facto este que se demonstram em reportagens de presos que deveriam estar em
liberdade mas carecem de uma efectiva defensória para o gozo deste direito permanecendo
meses ou ate anos encarcerados, quase sempre por falta de condições para pagar um advogado
particular visto que o Estado não oferece um número considerável de defensores aos
necessitados estando desde modo a mercê da sorte e a ferir os direitos humanos e a própria
Constituição.

A Defensória Publica garante para os seus assistidos os serviços prestados por um defensor
público, que lhe prestara diante da justiça para propor acções, accionar acusados, fazer defesas
entre outros aspectos judiciais.

18
3. Conceitualização dos Principais termos da Pesquisa

3.1. Justiça gratuita


Justiça significa respeito à igualdade de todos os cidadãos e é um termo que vem do latim. É o
princípio básico de um que tem o objectivo de manter a ordem social através da preservação dos
direitos em sua forma legal. (www.signifigados.com.br/justica – acesso em 07/03/2015). Ela
representa a qualidade do que esta em conformidade com o direito e com o que é justo.

A justiça gratuita aplica-se somente no âmbito das relações jurídico-processuais e é, portanto, a


isenção do pagamento antecipado das despesas com o processo.

A gratuidade de justiça deve abranger toda e qualquer despesa necessária ao pleno exercício dos
direitos do hipossuficiente-económico, em juízo ou fora dele. Qualquer obstáculo monetário que
impeça ou dificulte o acesso do hipossuficiente à justiça deverá ser removido pela gratuidade,
garantindo-se plena e constante marcha em busca da ordem justa.

3.2. Defensor público

É denominado defensor público, o advogado que actua na defesa dos interesses particulares. Os
defensores são pessoas formadas em direito e que ingressam na defensória pública para
satisfação dos interesses dos seus assistidos em razão da matéria a ser examinada. Podemos
conceituar Defensoria Pública como sendo o órgão estatal incumbido de prestar a assistência
jurídica integral e gratuita aos que comprovarem a insuficiência de recursos.

3.3. Hiposuficiente
Na terminologia jurídica, indica condições técnicas inferiores ou desfavoráveis. Estado daqueles
que sobrevivem com o mínimo de condições financeiras e faz jus ao beneficio assistencial nos
termos da lei.

19
4. Papel fundamental do Defensor Público
Como referido anteriormente na actuação das suas acções, o Defensor Publico possui
independência funcional e isto possibilita trabalhar em favor dos interesses de seus assistidos em
qualquer das instâncias independente de que ocupa o pólo contrário da relação processual, seja
pessoa física ou jurídica, a administração pública ou privada em quaisquer seguimentos.
Compete a eles de modo geral as seguintes funções com objectivo de levar a Justiça para todos
os cidadãos e fortalecer o princípio da igualdade e garantia da cidadania, ora vejamos alguma
dessas funções:

 Orientar e defender os direitos e interesses dos necessitados, em todos os graus de


jurisdição, ciente na justiça gratuita para todos;
 Acompanhar, impulsionar e orienta-lo em todos os actos processuais;
 Promover a tentativa de conciliação extrajudicial entre as partes, quando cabível 2 antes de
ingressar com o processo ou a respectiva acção judicial;
 Introduzir recurso para qualquer grau de jurisdição e promover a revisão criminal quando
cabível, entre outras já mencionadas.

CAPÍTULO III: METODOLOGIA DA PESQUISA


Tendo em conta a natureza do tema em questão, foram efectuados pesquisas documentais,
bibliográficas e entrevistas que vão ao encontro do objecto proposto.

5. Procedimentos metodológicos
Os procedimentos metodológicos que serviram de suporte para a pesquisa e construção desta
monografia. Inicialmente comenta-se acerca da natureza da pesquisa, seguida pelas perguntas de
pesquisa, o tipo de estudo e perspectivas da pesquisa, a população e finalidade os limites da
pesquisa.

Barañano, (2004, p.27), sustenta que um trabalho cientifico tem dois momentos: um,
pessoal, porque a experiência de investigação serve sempre, não pelo tema ou o trabalho a
desenvolver, mas, sim, pela preparação que se impõe, isto é, pelo rigor científico seguido
e pela capacidade para a organização da informação; o outro momento é o contributo que
se dá para a comunidade científica.

2
relacionado ao possível, aceitável ou admissível de certa forma
20
Gil (1999, p.43) afirma que a pesquisa tem carácter pragmático, visto que é um “processo formal
e sistemático de desenvolvimento do método científico. O objectivo fundamental da pesquisa é
descobrir respostas para problemas mediante o emprego do procedimento científico”.

5.1.Tipos de pesquisa
Neste sentido, Santos (2000, p.21) explica que as pesquisas podem ser caracterizadas como
exploratórias, descritivas ou explicativas. Comenta que “a pesquisa exploratória é quase sempre
feita com o levantamento bibliográfico, entrevistas com profissionais que estudam ou actuam na
área, visitas à Web, sites etc.”.

5.1.1. Pesquisa exploratória


A presente pesquisa caracteriza-se como sendo do tipo exploratório, visto que compila a
referência teórica acerca do planeamento estratégico, numa perspectiva de análise do acesso a
justiça e envolvimento do defensor público na Cidade de Nacala-Porto.

5.1.2. Natureza da pesquisa


Quanto à abordagem do estudo, é de natureza qualitativa.

De acordo com Raupp e Beuren (2003, p.92), na pesquisa qualitativa concebem-se


analises mais profundas em relação ao fenómeno que está sendo estudado. A abordagem
qualitativa visa destacar características deste último. Não é utilizado método estatístico
para análise de dados, as informações obtidas são analisadas conforme sua essência e
relação com o problema.

Para o desenvolvimento deste trabalho, optou-se por adoptar a forma qualitativa para proceder a
uma análise do acesso a justiça e envolvimento do defensor público na Cidade de Nacala-Porto.

5.1.3. Pesquisa Bibliográfica

Pesquisa bibliográfica, segundo Gil (2002, p. 44-45) “é desenvolvida com base em material já
elaborado, constituído principalmente por livros e artigos científicos. Nesta pesquisa baseamos
em livros da área de recursos humanos que abordam a temática em estudo.

21
5.1.4. Pesquisa Documental
Segundo Gil (1999)3, citado por Silva e Menezes (2001:23), esta técnica consiste na recolha de
dados sobre o tema de pesquisa. Para Lakatos e Marconi (1979:29), esta técnica consiste na
recolha e revisão das fontes primárias e secundárias.

5.1.5. Questionário
Pode ser definido como uma técnica de investigação social composta por um conjunto de
questões que são submetidas a pessoas com propósito de obter informações sobre conhecimentos
(GIL, 2008).

Desta forma esta técnica foi usada na segunda fase onde elaboramos um questionário que foi
distribuído a 10 trabalhadores para resposta.

5.2. População e amostra

5.2.1. População
De acordo com Gil (2002, p.41) população é um “conjunto de elementos que possuem
determinada característica”.

Neste caso, tem como a população em estudo os habitantes da cidade de Nacala-Porto e


funcionários do IPAJ em Nacala-Porto.

5.2.2. Amostra
Deste modo obteve-se uma amostra de 35 colaboradores, sendo 30 citadinos e 5 funcionários do
IPAJ.

Neste sentido a amostra é caracterizada por intencional. A técnica de amostragem intencional


segundo GIL (2002) é um tipo de amostragem não probabilística e consiste em seleccionar um
subgrupo da população que, com base nas informações disponíveis possa ser considerado
representativo de toda a população.

3
Gill, António Carlos, (1999), Como Elaborar Projectos de Pesquisa, Edições Atlas, São Paulo.
22
CAPÍTULO IV

6. ANÁLISE, INTERPRETAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS DA PESQUISA

Segundo os autores Quivy e Campenhaudt (1998: 188), o inquérito por questionário consiste em
colocar a um conjunto de indivíduos, geralmente representativo de uma população, uma série de
questões relativas à sua situação social, profissional ou familiar, as suas opiniões, a sua atitude
em relação às opções ou a questões humanas e sociais, as suas expectativas, ao seu nível de
conhecimentos ou de consciência de um acontecimento ou de um problema ou ainda sobre
qualquer outro ponto que interesse os investigadores. O questionário visa a verificação de
hipóteses teóricas e a análise que estas hipóteses sugerem.

Os mesmos autores defendem também que os inquéritos por questionários são especialmente
adequados para conhecer uma população enquanto tal: as suas condições, os seus
comportamentos, os seus valores ou suas opiniões, tendemos a vantagem de possibilitar a
quantificação de uma multiplicidade de dados e de proceder, por conseguinte, a numerosas
análises de correlação.

As questões levantadas foram do tipo fechadas, onde o entrevistado tinha de escolher uma opção
que para ele fosse viável, dentre elas:

 Concordo

 Concordo totalmente

 Discordo

 Discordo totalmente

 Nem concordo nem discordo

23
Para a testagem da hipótese1, foram levantadas a seguintes questões:

1. Para ter acesso a justiça, é necessário estar estável a nível financeiro

Nesta questão, podemos verificar que 27 % dos inqueridos, concordaram que para ter acesso
a justiça, é necessário estar estável a nível financeiro; 24% discordaram; 24% nem
concordaram e nem discordaram; 19% discordaram totalmente e 6% concordaram
totalmente.

Gráfico 1: Para ter acesso a justiça, é necessário estar estável a nível financeiro

Fonte: Primária, 2015

2. Todo cidadão tem direito ao acesso a justiça, independentemente da raça, posição social e
financeira.

Nesta questão, 44% discordaram que Todo cidadão tem direito ao acesso a justiça,
independentemente da raça, posição social e financeira; 28% concordaram; 10% discordaram
totalmente; 18% nem concordaram e nem discordaram.

24
Gráfico 2: Todo cidadão tem direito ao acesso a justiça, independentemente da raça,
posição social e financeira.

Fonte: Primária, 2015

Chegado a este ponto, pode-se afirmar que a hipótese “A fraca capacidade financeira pode
influenciar ao fraco acesso a justiça a população de Nacala-Porto ” está confirmada como válida,
isto porque 27 % dos inquéritos, concordaram que Para ter acesso a justiça, é necessário estar
estável a nível financeiro; 44% discordaram que Todo cidadão tem direito ao acesso a justiça,
independentemente da raça, posição social e financeira, mostrando um desconhecimento quase
que total dos mecanismos previstos pela lei.

Para a testagem da hipótese2, levantou-se as seguintes questões:

3. A população de Nacala-Porto, esta suficientemente informada sobre a justiça

Nesta questão, 32% nem concordam e nem discordam que a população de Nacala-Porto, está
suficientemente informada sobre a justiça; 28% discordaram; 10% discordaram totalmente; 25%
concordaram; e 5% concordaram totalmente.

Gráfico 3: A população de Nacala-Porto, esta suficientemente informada sobre a justiça

25
Fonte: Primária, 2013

4. Para maior acesso a justiça, a população de Nacala-Porto não precisa de ter conhecimentos
básicos, basta apenas levar os seus conflitos ao tribunal judicial.

Nesta questão, 32% nem concordaram e nem discordaram que para maior acesso a justiça, a
população de Nacala-Porto não precisa de ter conhecimentos básicos, basta apenas levar os seus
conflitos ao tribunal judicial; 18% concordaram; 5% concordaram totalmente; 15% discordaram
totalmente; e 30% discordaram.

Gráfico 4: Para maior acesso a justiça, a população de Nacala-Porto não precisa de ter
conhecimentos básicos, basta apenas levar os seus conflitos ao tribunal judicial

Fonte: Primária, 2015

26
Pode-se afirmar que hipótese “Falta de aproximação de conhecimentos entre justiça e sociedade
contribui ao fraco acesso a justiça” é válida, visto que 28% dos inqueridos discordaram que a
população de Nacala-Porto, esta suficientemente informada sobre a justiça; 30% dos inqueridos
discordaram que para maior acesso a justiça, a população de Nacala-Porto não precisa de ter
conhecimentos básicos, basta apenas levar os seus conflitos ao tribunal judicial;

Para a testagem da hipótese3, levantou-se as seguintes questões:

5. No acto de julgamento em tribunais, o cidadão carenciado não precisa de defensor público

Nesta questão, 38% dos inqueridos nem concordaram e nem discordaram que no acto dos
julgamentos em tribunais, o cidadão não precisa de defensor público; 26% discordaram; 12%
discordaram totalmente; 21% concordaram e 3% concordaram totalmente.

Gráfico 5: No acto de julgamento em tribunais, o cidadão carenciado não precisa do auxilio


do defensor público

Fonte: Primária, 2015

Sendo assim, pode-se afirmar que a hipótese “O defensor público constitui elemento principal no
envolvimento do processo judiciário” é válida, sendo indispensável o seu envolvimento.

27
QUADRO 1: VERIFICAÇÃO DE HIPÓTESES
Questões Respostas % Observação

Hipótese1

Para ter acesso a justiça, é necessário


estar estável a nível financeiro 27

Todo cidadão tem direito ao acesso a Válida


justiça, independentemente da raça,
44
posição social e financeira.
Hipótese2
A população de Nacala-Porto, esta
suficientemente informada sobre a justiça
32
Para maior acesso a justiça, a população Não valida
de Nacala-Porto não precisa de ter
32
conhecimentos básicos, basta apenas
levar os seus conflitos ao tribunal judicial
Hipótese3
No acto de julgamento em tribunais, o Válida
cidadão carenciado não precisa do auxílio
38
do defensor público

Fonte: Autor

28
CAPÍTULO V:

7. CONCLUSÃO, CONTATAÇÕES E RECOMENDAÇÕES

7.1. Conclusão

A presente monografia buscou demonstrar a real importância do acesso ao judiciário bem como
o engajamento do defensor público no ordenamento jurídico actual, como sendo elemento
identificador da defensória pública, instituição essa merecedora de valor por ser uma grande
ferramenta criada justamente para efectivar o acesso aos hipossuficientes à justiça.

A acessibilidade a justiça traz a possibilidade às pessoas que, por muito tempo não tiveram a
oportunidade de entrar em juízo, reivindicar ou conhecer os seus direitos. Ele ultrapassa as redes
do judiciário, pois vai muito além do acesso à um procedimento judicial, englobando também, o
aconselhamento extrajudicial aos necessitados como forma de modificar o nível de
consciencialização da sociedade atribuindo à mesma todas as ferramentas necessárias para a
concretização dos seus direitos.

Toda via, há que salientar que, para que haja um verdadeiro e efectivo acesso à justiça é
necessário que haja maior número de pessoas admitido a demandar e a defender-se
adequadamente, de modo a diminuir a distância que se verifica entre o cidadão comum e o poder
judiciário.

É importante destacar que o fraco envolvimento do defensor publico esta aliado muitas vezes ao
fraco acesso ou aproximação por parte da população aos órgãos competentes na verificação e
legalização da lei.

29
7.2. Constatações
Face ao problema em estudo, julga-se ser oportuno apontar algumas sugestões que, poderão
lograr sucesso no combate ao fraco acesso a justiça e melhorar o nível de envolvimento do
defensor público, visto que a Defensória Pública, é instrumento fundamental para efectivar o
Direito ao acesso à justiça, pois propicia aos hipossuficientes, seja individual ou colectivamente,
em todos os ramos do direito, judicial ou extrajudicialmente, a resolução de seus conflitos.

Constata-se a falta de informações quando ao envolvimento judiciário por parte da comunidade


local, sendo necessário que o poder público promova políticas de aproximação do cidadão à
Justiça, para que os serviços prestados pelo Poder Judiciário sejam aprimorados.

Com a junção desses mecanismos, bem como, a adição de políticas de aproximação, pode-se
derrubar essas barreiras, que há muito impossibilitam o efectivo acesso à justiça e impossibilitam
o conhecimento da população sobre seus direitos, bem como a quebra dos mitos, fazendo com
que, o pensamento do alto custo do processo não seja o agente impulsionador da não aderência
da população carente a esses serviços.

O Estado moçambicano adoptou medidas, que assegurem e estabeleçam o acesso à justiça, mas
apesar de estarem criadas instituições que visam assegurar a protecção desses direitos, por
exemplo, a criação do Instituto de Patrocínio e Assistência Jurídica (IPAJ, com a missão de
prestar assistência jurídica aos mais necessitados), nem sempre esses serviços são aprimorados.

7.2.1. Recomendação

Recomenda-se aos estudantes de direito do INSCIG, para que sirvam de elemento motivador e
impulsionador na quebra dessas barreiras que dificultam o acesso a justiça e o pleno
envolvimento do defensor público nos processos e que se garanta um tratamento justo e
igualitário por parte dos operadores do Direito Reconhecer a condição peculiar da mulher
enquanto sujeito de direitos. Que se reconheça a condição peculiar do cidadão carenciado
enquanto sujeito de direitos, bem como que se intensifique as acções de sensibilização aos
líderes comunitários, com vista à transformação de práticas prejudiciais e uma mudança social de
consensualização, garantido à sociedade um Estado Democrático de Direito, em que todos sejam
iguais e gozem do mesmo exercicio de cidadania.

30
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

 CONSTITUIÇÃO da Republica de Moçambique, aprovada a 16 de Novembro de 2004

 BARANANO, Metodologia e arte da história. Madrid, 2004 pela Assembleia da


Republica.

 CAPPELLETTI, Mauro e GARTH, Bryant. Acesso à justiça. Porto Alegre: Editora


Fabris, 1988.

 CODIGO de Processo Civil e Legislação Complementar, Filipe Sebastião Sitoe, Centro


de Formação Jurídica e Judiciaria -Ministério da Justiça, Maputo 2010

 MARCONI, Marina A e LAKATOS, Eva M. Técnicas de pesquisas. São Paulo: Atlas,


2007. MARCACINI, A. T. R., Assistência jurídica, assistência judiciária e justiça gratuita, 1ª ed., 3ª
tir., Rio de Janeiro : Forense, 2003, p. 31

 MARCONI, Marina A e LAKATOS, Eva M. Técnicas de pesquisas. 5ª ed revista e


ampliada. São Paulo: Atlas, 2002.

 QUIVY e CAMPENHAUDT, Manual de investigação em ciências sociais: Lisboa, 1998

 RAUPP, F. M.; BEUREN, I. M. Metodologia da pesquisa aplicável às ciências sociais.


São Paulo: Atlas, 2003.

 RICHARDSON, Roberto Jarry. Pesquisa Social: Métodos e Técnicas. 9ª Ed. São Paulo:
Editora, Atlas, 1999.

 SILVA e MENEZES, Metodologia de investigação e elaboração da dissertação.


Florianopólis, 2001.

 SIFAP, MODULO I, Organização Politica e Social do Estado Moçambicano. Maputo


2009

 www.infoescola.com. /direito/advogado

31
APÊNDICE

32
QUESTIONÁRIO
O presente questionário faz parte de um projecto de pesquisa sobre o acesso a justiça e o
envolvimento do defensor público em Moçambique: caso Nacala-Porto

Agradecemos a sua colaboração, respondendo as questões abaixo indicadas.

O questionário é anónimo e garantimos total sigilo no tratamento das respostas

1. Para ter acesso a justiça, é necessário estar estável a nível financeiro.

Concordo
Concordo totalmente
Discordo
Discordo totalmente
Nem concordo e nem
discordo

2. Todo cidadão tem direito ao acesso a justiça, independentemente da raça, posição


social e financeira.

Concordo
Concordo totalmente
Discordo
Discordo totalmente
Nem concordo e nem
discordo

3. A população de Nacala-Porto, esta suficientemente informada sobre a justiça

Concordo
Concordo totalmente
Discordo
Discordo totalmente
Nem concordo e nem
discordo

33
4. Para maior acesso a justiça, a população de Nacala-Porto não precisa de ter
conhecimentos básicos, basta apenas levar os seus conflitos ao tribunal judicial
Concordo
Concordo totalmente
Discordo
Discordo totalmente
Nem concordo e nem
discordo

7. No acto de julgamento em tribunais, o cidadão carenciado precisa de um defensor


público

Concordo
Concordo totalmente
Discordo
Discordo totalmente
Nem concordo e nem
discordo

34

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