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MUTHINI
Eu, Teresa Salomão Cuco, declaro que este trabalho é da minha autoria e nunca foi
apresentado parcial ou integral em nenhuma instituição de ensino.
Epígrafe
ʺDeixar ˗se ajudar pressupõe um nível espiritual muito superior ao do simples ajudar.
Porque, se ajudar os outros é bom, melhor é ser ocasião para que os outros nos
ajudem.
Sim, o mais difícil deste mundo é aprender a ser necessitado.ʺ
África Sendino
ii
Dedicatória
Dedico este trabalho a minha Heroína Mãe Adelaide Alberto Cuco, ao meu Pai Salomão
Zacarias Cuco (em memória) e de modo geral aos meus irmãos, várias são as vezes que
enfrentei dificuldades no caminho académico e eles serviram-me de farol para iluminar o
mesmo, para que se orgulhassem de mim como Jurista da Família, em quem um dia se
possam espelhar, inspirar, aprender de mim. Namu Rhandza.
iii
Agradecimentos
iv
Lista de Siglas e abreviaturas
ART˗ artigo
v
Resumo
Este trabalho tem como objectivo analisar o princípio da presunção de inocência por parte
dos órgãos de comunicação social no qual se propõe em apresentar os pontos relevantes
sobre o assunto dentro de uma interpretação sistemática do ordenamento jurídico
moçambicano o que se pretende com este trabalho, em sentido amplo, é avaliar os
fundamentos jurídicos para coibir a exposição da imagem dos suspeitos nos órgãos de
comunicação social e demonstrar que essa exposição não pode ser entendida,
simplesmente, como o direito constitucional à informação, e analisar o direito à
preservação da imagem como factor social e jurídico, confrontando-o com o direito à
informação, pretende-se analisar as consequências da veiculação da imagem, causadas
aos suspeitos, explanando a dura realidade existente, na qual o suspeito tem a sua imagem
violada, sua dignidade ultrajada, Finalmente, demonstrar como tais factos expõem os
suspeitos a situações vergonhosas e humilhantes, sobretudo, prejudiciais a sua
ressocialização, cujas causas devem ser combatidas. Diante desse tema, entende-se que
encontrar um equilíbrio entre a garantia de livre informação e a inviolabilidade dos
direitos individuais, mormente o direito de imagem, harmonizando o exercício de ambos
os direitos, é uma das soluções a ser implementada para eliminar as constantes violações
ao direito de imagem.
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Abstract
This work aims to analyze the principle of presumption of innocence by the media in
which it proposes to present the relevant points on the subject within a systematic
interpretation of the Mozambican legal system. In a broad sense, it is to evaluate the legal
grounds to curb the exposure of the image of prisoners in the media and demonstrate that
this exposure cannot be understood simply as the constitutional right to information, and
to analyze the right to image preservation as a social and legal factor, confronting him
with the right to information, it is intended to analyze the consequences of the
dissemination of the image, caused to the suspects, explaining the harsh reality that exists,
in which the suspect has his image violated, his dignity outraged. Demonstrate how such
facts expose suspects in shameful and humiliating situations, above all, to their
resocialization, whose causes must be fought. Given this situation, it is understood that
finding a balance between the guarantee of free information and the inviolability of
individual rights, especially the right to image, harmonizing the exercise of both rights,
is one of the solutions to be implemented to eliminate the constant violations to the image
right.
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Índice
CAPÍTULO I .................................................................................................................... 1
1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 1
1.1. Contextualização ....................................................................................................... 2
1.2. Delimitação do estudo (Temporal e espacial) ....................................................... 3
1.3. Identificação do Problema e Justificativa .............................................................. 3
1.3.1. Identificação do Problema ................................................................................. 3
1.3.2. Justificativa ........................................................................................................ 4
1.4. Objectivos do Estudo ................................................................................................. 5
1.4.1. Objectivo Geral....................................................................................................... 5
1.4.2. Objectivos Específicos ........................................................................................... 5
1.4.3. Questões de Pesquisa .............................................................................................. 5
CAPÍTULO II ................................................................................................................... 6
2. REVISÃO DA LITERATURA .................................................................................... 6
2.1. Direitos fundamentais ................................................................................................ 6
2.1.1 Princípio da presunção de inocência ....................................................................... 7
2.1.2. Princípio da proporcionalidade ............................................................................... 9
2.1.3. Proibição do excesso .............................................................................................. 9
2.1.4. Suspeito ................................................................................................................ 10
2.1.5. Órgãos de comunicação social ............................................................................. 10
CAPITULO III ............................................................................................................... 13
3. METODOLOGIA ....................................................................................................... 13
3.1. Conceito de Método ................................................................................................ 13
3.2 População e amostra ................................................................................................. 13
3.2.1. População ............................................................................................................. 13
3.2.2 Amostra ................................................................................................................. 13
3.3. Sujeitos de pesquisa ................................................................................................. 14
3.4. Tipo de estudo ......................................................................................................... 14
3.5. Instrumentos e técnicas para a recolha de dados ..................................................... 14
3.5.1. Análise Documental ............................................................................................. 14
3.5.2 Pesquisa Bibliográfica ........................................................................................... 15
3.6. Instrumentos Para recolha de dados ........................................................................ 15
3.6.1. Guião de Entrevista .............................................................................................. 15
3.6.2. Grelha de observação............................................................................................ 16
3.6. As variáveis ......................................................................................................... 16
3.7. Análise e tratamento de dados ............................................................................. 17
3.8. Considerações éticas ............................................................................................ 17
3.9. Limitações do trabalho ........................................................................................ 17
CAPITULO IV ............................................................................................................... 19
5. Apresentação Análise e discussão dos resultados ...................................................... 19
5.1 Analisar as causas que corroboram na violação do princípio da presunção de
inocência por parte dos órgãos de comunicação social .................................................. 19
5.2. Dos Direitos fundamentais violados quando ocorre a exibição dos suspeitos pelos
órgãos de comunicação social ........................................................................................ 20
5.2.1. Princípio da Presunção de inocência .................................................................... 20
5.2.2. Das garantias penais ............................................................................................. 20
5.2.3. Direito a Imagem .................................................................................................. 21
5.2.3.1. Imagem Retrato ................................................................................................. 21
5.2.3.2. Imagem Autoral ................................................................................................. 21
5.2.3.3. Imagem Social ................................................................................................... 21
5.2.3.4. Honra ................................................................................................................. 22
5.2.3.5. Dignidade da pessoa humana ............................................................................ 22
5.3. As actividades desenvolvidas pelos órgãos judiciários na divulgação de ferramentas
jurídicas para salvaguardarem os direitos fundamentais. ............................................... 22
5.3.1. Liberdade de expressão e informação. ................................................................. 22
5.4. Tratamento dado por MP como forma a desencorajar a violação do princípio da
presunção de inocência ................................................................................................... 25
6.1. Da exposição dos suspeitos como factor violador do princípio da presunção de
inocência ......................................................................................................................... 25
6.2. Dificuldade de reinserção dos suspeitos cujas imagens foram expostas pelos órgãos
de comunicação social na sociedade após a absolvição. ................................................ 26
6.3. O Direito do suspeito à reparação de danos decorrentes da exposição da sua
imagem ........................................................................................................................... 27
7.1. Recomendações ....................................................................................................... 29
8. Referências Bibliográficas .......................................................................................... 30
8.1 legislação Codigo civil ....................................................................................... 30
Lei nº34̸2014 de 31 de dezembro (Direito a informação) .............................................. 30
Lei n°, 25̸2019 de 25 de Dezembro (código de processo penal) .................................... 30
Lei nº, 1̸2018 de 12 de Junho (constituição da república) .............................................. 30
Anexo. I .......................................................................................................................... 33
CAPÍTULO I
1. INTRODUÇÃO
A presente monografia irá gravitar em torno da violação do princípio subjudice bem como
dos direitos violados pelos órgãos de comunicação social, somos de opinião que apesar
deste comportamento ser antigo o mesmo continua violando os direitos fundamentais dos
cidadãos, criando lhes problemas de vária ordem.
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1.1. Contextualização
Nos dias actuais nota-se uma grave violação deste principio pelos órgãos de comunicação
social, porque divulga as imagens dos suspeitos sem antes se observar os trâmites legais
do processo consequentemente há violação de um direito fundamental do suspeito a
imagem, nesse sentido há um absoluto descompasso entre o que a lei dispõe e o que os
órgãos de comunicação social divulga no sentido de que o facto de alguém ser
mencionado como suspeito leva o a ser considerado pelos órgãos de comunicação como
se houvesse uma sentença condenatória transitada em julgado contra si. A violação de sua
imagem, honra, estado de inocência, sua estigmatização estão patentes nesse acto de
divulgação de sua imagem.
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1.2.Delimitação do estudo (Temporal e espacial)
O trabalho incide concretamente nos anos 2017 até 2019, o estudo realizou˗se nestes
anos por conta do nível elevado de exposições dos suspeitos e pela não valorização
dos direitos fundamentais dos suspeitos pelos órgãos de comunicação destarte, vamos
fazer um estudo sobre o princípio da presunção de inocência por parte dos órgãos de
comunicação social nos anos supracitados.
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As notícias que são veiculadas pelos órgãos de cominuição social ocasionam
incalculáveis prejuízos aos suspeitos que, mesmo depois do devido processo legal gera
dificuldades na reinserção dentro da sociedade em virtude desta mácula a sua imagem.
1.3.2. Justificativa
Este tema pode servir de um meio para que as autoridades efectivem o cumprimento desse
direito violado, através de criação de políticas sérias que vão nortear o funcionamento
legal dos órgãos de comunicação, caso não se respeite serão sancionados de forma
significativa.
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1.4. Objectivos do Estudo
3. Que tratamento é dado pelos órgãos judiciários por forma a desencorajar a violação do
princípio da presunção da inocência?
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CAPÍTULO II
2. REVISÃO DA LITERATURA
Segundo Canotilho (1998) direito dos homens são direitos válidos para todos os povos e
em todos os tempos (dimensão jusnaturalista-universalista) direitos fundamentais são os
direitos do homem, jurídico-institucionalmente garantidos e limitados espácio-
temporalmente. Os direitos do homem arrancariam da própria natureza e daí o seu
carácter inviolável, intemporal e universal, os direitos fundamentais seriam os direitos
objectivamente vigentes numa ordem jurídica concreta.
Conforme Miranda (1999) considera que que os direitos fundamentais são entendidos
como os direitos ou posições jurídicas subjectivas das pessoas enquanto tais, individual
ou institucionalmente consideradas, assentes na constituição.
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2.1.1 Princípio da presunção de inocência
O princípio da presunção de inocência tem como marco inicial a Magna Charta, datada
de 1215, na Inglaterra, que surgiu como uma primeira declaração de direitos, ainda
rudimentar, mas, que inaugurou uma sucessão de novas ideias desenvolvidas nos séculos
seguintes (FERRAJOLI, 2003).
Presumido inocente até́ ser provado culpado é um princípio cardinal da maioria dos
sistemas legais em todo o mundo. Entrelaçado com o conceito de inocência presumida
está o conceito de ónus da prova. Em casos criminais, a acusação deve provar, além de
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qualquer dúvida razoável, que o acusado é culpado da acusação; se houver alguma dúvida
sobre a culpa de uma pessoa, ela deve ser libertada (Batisti,2009).
"A espada da lei nunca deve cair, excepto aquelas cuja culpa é tão evidente que pode ser
proclamada tanto por seus inimigos como por seus próprios amigos". Dessa forma, o
progresso progressivo do processo está directamente condicionado à eficácia do material
probatório obtido, a partir do qual o juiz elabora as razões para superar os diferentes graus
de conhecimento em relação à finalidade do caso, e, assim, a suspeita, a probabilidade e
a certeza serão estados do intelecto que produzirão um avanço da sequência processual
(Oliveira, 2014).
Pág. 8
A convencção Americana sobre os direitos humanos, conhecida como pacto de San José
da Costa Rica, em seu artigo 8 n° 2, diz toda pessoa acusada de delito tem direito a que
se presuma sua inocência enquanto não se comprove legalmente a sua culpa.
O n°2 do artigo 59º da CRM estabelece que os arguidos gozam da presunção de inocência
até decisão judicial definitiva.
O princípio da presunção de inocência consiste no direito de não ser declarado culpado
senão mediante sentença transitada em julgado.
A Declaração Universal dos Direitos Humanos no art. 29º dispõe que no “exercício de
seus direitos e liberdade todo homem está sujeito apenas às limitações determinadas por
lei, exclusivamente com os fins de assegurar o devido reconhecimento e respeito dos
direitos e liberdades de outrem e de satisfazer às justas exigências da moral, da ordem
pública e do bem-estar da sociedade democrática”. Diante disso, o princípio da
proporcionalidade, responsável por proteger a condição de legalidade, deve estabelecer a
melhor medida a ser aplicada para proteger direitos fundamentais tais como os Direitos
Humanos, uma vez que se for desproporcional se tornará inconstitucional. O conceito de
proporcionalidade nada mais é que uma regra de interpretação e aplicação de um direito
com o objectivo de fazer com que nenhuma restrição ocorra a direitos fundamentais e que
muito menos, cause dimensões não proporcionais. Para alcançar esse objectivo, o acto
estatal deve passar por exames de adequação, da necessidade da proporcionalidade em
sentido estrito, por isso são considerados como sub-regras da proporcionalidade.
A proibição de excesso representa para Canotilho uma série de restrição de direitos onde
as providências adoptadas pelo indivíduo ou pelo Estado com relação aos interesses das
demais pessoas ou os administrados ocorrerão de acordo com a adequação desses mesmos
interesses, portanto, tem a finalidade proibir medidas excessivas, denominando-se como
princípio da reserva legal proporcional. Portanto, pode o legislador, dentro de suas amplas
margens de avaliação e de decisão, definir quais as medidas mais adequadas e necessárias
para a efectiva protecção de determinado bem jurídico, o que lhe permite escolher
espécies de tipificação próprias de um direito penal preventivo. Apenas a actividade
legislativa que, nessa hipótese, transborde os limites da proporcionalidade, poderá ser
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tachada de inconstitucional (CANOTILHO, 2002). Desse modo, o agir do legislador deve
estar pautado pela proporcionalidade, sob pena de se colocar em risco as conquistas
históricas que culminaram na vitória da democracia. Por óbvio que o Estado não pode
fazer-se invisível, devendo o ordenamento jurídico limitar sim as liberdades estatais, sob
pena de fazer com que a justiça se esvazie de conteúdo e a lei do mais forte prevaleça.
Entretanto, ditas limitações devem gozar de legitimidade democrática, ou seja, devem ser
aceitas por todos com base em um diálogo aberto e racional segundo os trâmites
institucionais preestabelecidos e, principalmente, não podem ser desprovidas de razão
nem de um substrato moral, seja na sua existência, seja na sua extensão. Ao estabelecer
leis que determinem restrições exageradas à liberdade individual, desrespeita-se as
conquistas liberais, levando a uma proximidade perigosa do autoritarismo arbitrário.
Destarte, as limitações legais da liberdade individual devem ser proporcionais segundo
seu aspecto de proibição de excesso. Verifica-se, então, que o Estado-Legislador tem a
difícil tarefa de encontrar o “meio-termo” entre intervenção e abstenção, sendo que o
critério de que deve lançar mão para encontrar esse ponto de equilíbrio é justamente a
proporcionalidade, assim considerada em seus dois aspectos: a proibição do excesso e a
proibição da protecção deficiente (CANOTILHO,2002).
2.1.4. Suspeito
Conforme Abreu (2002) Suspeito é uma pessoa relativamente a qual existam indícios,
não muito fortes que revelem sua proximidade com um crime que cometeu ou participou.
Aquele que infunde suspeita, duvidoso, que dá cuidados de cuja existência ou verdade se
duvida, que parece ter defeitos, que inspira desconfiança (dicionário jurídico)
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O termo imprensa deriva da prensa móvel, processo gráfico aperfeiçoado por Johannes
Gutenberg no século XV e que, a partir do século XVIII, foi usado para imprimir jornais,
então os únicos veículos jornalísticos existentes. De meados do século XX em diante, os
jornais passaram a ser também radiodifundidos e teledifundidos (radiojornal e telejornal)
e, com o advento da World Wide Web, vieram também os jornais online, ou ciberjornais,
ou webjornais. O termo "imprensa", contudo, foi mantido. Deve-se evitar as impróprias
expressões imprensa electrónica, imprensa falada e imprensa televisionada (Balzaac,
1999).
Mascarenhas (2010) observa que é direito dos cidadãos serem mantidos informados sobre
a actual vida política, social, económica e cultural, bem como os temas candentes e
questões importantes do dia, a fim de capacitá-los a considerar a formação de uma opinião
ampla. Para alcançar este objectivo, as pessoas precisam de um relato claro e verdadeiro
dos eventos, a fim de formar sua própria opinião e oferecer seus próprios comentários e
pontos de vista sobre tais assuntos e questões e seleccionar seu futuro curso de acção.
De acordo com Mascarenhas (2010) a imprensa chama para si o papel de vigilância dos
Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário ocorre que os meios de comunicação não
estão preocupados com interesse público e sim com o interesse do público. Destarte, o
que é professado para ser informativo, significativo e educativo, acaba por ter um final
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totalmente diferente, onde relatam uma história ou conjunto de factos dentro da noção de
livre imprensa ou liberdade de expressão e, no caso de processo penal, o arguido tem
direito a um julgamento justo.
O estudo anterior tinha como tema “Presunção de Inocência e a prisão após condenação
em segunda instância”, tinha como objectivo analisar a constitucionalidade da execução
provisória da pena após sentença penal condenatória proferida por órgão judicial
colegiado. Sendo assim, levantou-se o problema acerca do conflito entre dois direitos
fundamentais, a presunção de inocência e a eficiência da jurisdição. Buscou-se lapidar o
conhecimento científico sobre o tema da Presunção de Inocência e a prisão após
condenação em segunda instância. Inclui-se a pesquisa qualitativa, já que as informações
levantadas foram de natureza descritiva; e de método indutivo, após o trabalho de campo
a pesquisa trouxe como conclusão a certeza de que a Presunção de Inocência e a prisão
após condenação em segunda instância estar fortemente ligado aos debates relacionados
à possibilidade de se executar antecipadamente a pena, vez que sua função é evitar
injustiças e arbitrariedades pelo Estado. Como se pode ver o objectivo é totalmente
diferente o que não põe em causa o princípio da novidade que é ao nosso ver um princípio
fundamental de qualquer monografia (UNINOVAFAPI, 2016)
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CAPITULO III
3. METODOLOGIA
3.2.1. População
3.2.2 Amostra
Um Magistrado Público
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Um suspeito que outrora foi violado o seu estado de inocência
Duas pessoas da comunidade
Richardson (1999), defende que a análise documental consiste em uma série de operações
que visam estudar e analisar um ou vários documentos para descobrir as circunstâncias
sociais e económicos com as quais podem estar relacionados. Nesta senda, para Gil
(1998), a pesquisa documental é um conjunto de matérias que recebem qualquer
tratamento analítico palmítico ou ainda relacionados de acordo com objectivos da
pesquisa.
Para a técnica em apreço, suponho que vai ser uma técnica documental que vai auxiliar
ao candidato, na dada altura de documentos que foram escritos na outrora no
fornecimento de conhecimentos que poderão ser comparados no presente, numa
perspectiva de melhor recomendações a seguir no futuro.
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Para este trabalho foram consultados os relatórios, legislações e documentos oficiais que
abordam este tema.
Segundo Servo e Berviam citados pelo Gil (1999), a pesquisa bibliográfica procura
explicar um problema a partir de referências teóricas em documentos. Assim sendo, a
pesquisa bibliográfica procura explicar o problema a partir da revisão bibliográfica
descrita.
Este método ajudará o candidato a seleccionar o material necessário, para dar as melhores
respostas através de obras científicas, que fornecerão um conhecimento sólido para que,
aquilo que for encontrado no terreno seja reconciliado com a ciência no sentido específico
conforme o que tema pretende.
Para este trabalho foram consultados obras literárias, bem como os documentos legais.
Gil (2008), define a entrevista como uma técnica em que o investigador se apresenta em
frente ao investigado e lhe formula perguntas com objectivo de obter dados que
interessam a investigação. A entrevista é, portanto, uma forma de interacção social. O
mesmo autor, ainda sustenta que a entrevista é, portanto, uma forma de interacção das
técnicas de colecta utilizada mais no âmbito de ciências sociais.
Para Lakatos e Marconi (2007), a entrevista é o encontro entre duas pessoas, onde o que
se pretende é orientar uma conversa com o objectivo de obter informações a respeito de
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um determinado assunto e reunir os factos. Para tal foram elaborados guiões de entrevista
com questões que permitiram a recolha de dados sobre a matéria aqui tratada.
A entrevista é um instrumento que auxiliará o estudante através das suas perguntas pré
elaboradas que indicaram o cerne do que o estudante pretende conforme vem no apêndice.
A entrevista irá ajudar bastante pois, vai permitir que consiga mais informações do tema
em pesquisa pois haverá uma conversa onde as perguntas feitas vão permitir colher os
dados necessários para elaboração do mesmo trabalho.
Para Artur (2010, p. 45) a observação, pode ser simples, isto é, feita a olho nu ou pode
exigir a utilização de instrumentos apropriados. Nas hipóteses precisam ser validadas as
observações
Feitas no passado, no presente e no futuro. E por via desta é necessário que haja uma
explicação das causas, como a identificação das causas, correlação dos eventos.
E para este trabalho, foram observadas reportagens, bem como vídeos amadores
relacionados ao tema.
3.6. As variáveis
Conforme Marconi e Lakatos (2003, p.137) uma variável pode ser considerada como uma
classificação ou medida, ou uma quantidade que varia, um conceito operacional, que
contém ou apresenta valores, aspecto, propriedade ou factor, discernível em um objecto
de estudo e passível de mensuração.
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3.7. Análise e tratamento de dados
Segundo Aurélio Ferreira (2005),a ética pode ser definida como o estudo dos juízos de
apreciação referentes a conduta humana, do ponto de vista do bem e do mal.
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Financeiras˗ para a recolha de dados tivemos que despender acima do previsto, visto que
não se cumpriram os dias marcados para realização das entrevistas e tivemos que nos
fazer a instituição várias vezes.
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CAPITULO IV
A exposição de imagem dos suspeitos pelos órgãos de comunicação social é uma forma
de afrontar os direitos fundamentais dos mesmos, pois, são detentores de vida privada
logo é a obrigação do Estado cuidar da integridade física e moral dos suspeitos e não
deixar com que os órgãos de comunicação social despoletem a imagem destes.
De acordo com Farias (2011) a imagem carrega consigo não só um factor de identificação,
mas também de comunicação, de tal sorte que a representação do aspecto físico pode
evocar uma série de sentimentos e associações, bem como é capaz de por si transmitir
uma mensagem.
Quando o suspeito é exposto pela imprensa como criminoso logicamente fica guardado
na mente das pessoas que ele é realmente um delinquente mesmo que no final do processo
seja absolvido.
De quem realmente é a culpa, de outro lado temos a polícia que muita das vezes tem
chamado a imprensa para exibir as imagens dos suspeitos presos algemados mostrando
os seus rostos como forma de mostrar ao publico que eles têm trabalhado, como se fosse
uma forma de querer mostrar o serviço, por outo lado temos o MP que é o órgão que tem
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legitimidade para garantir e fiscalizar a legalidade e não se verifica este acto por parte
deles.
5.2. Dos Direitos fundamentais violados quando ocorre a exibição dos suspeitos pelos
órgãos de comunicação social
Nos termos da (nº 2 artigo 59 da CRM) reza que os arguidos gozam de presunção de
inocência até decisão judicial definitiva, logo ninguém será considerado culpado até o
trânsito em julgado da sentença penal condenatória
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5.2.3. Direito a Imagem
A doutrina consagra três tipos de imagens que merecem exclusiva protecção que são:
Imagem retrato
Imagem autoral
Imagem social
Segundo Lamego (2014) imagem retrato é a imagem física do individuo, sua fisionomia,
corpo, gestos, forma de se expressar, atitudes, sorrisos, que podem ser captadas pela
fotografia, filmagem, pintura, gravura e desenho, apenas o ser humano lhe é titular.
Segundo Lamego (2014) imagem autoral pertence ao autor que colabora de modo directo
em obras colectivas, com sua maior participação activa. Não é, no entanto, tutelada a
participação secundária ou directa do sujeito, exemplo de uma sessão de fotografias
publicitarias que retrata alguém, veiculando sua imagem de cidadão comum, porém sem
compromisso dele com a devida actividade. Caso contrário se o sujeito houver participado
integralmente na sessão de fotos publicitarias, há então a protecção de sua imagem
autoral.
Segundo Lamego (2014) imagem social esta configura-se como as qualidades exteriores
da pessoa, baseada no que ela própria demonstra na vida em sociedade é considerada uma
quase publicidade, submetida a alterações em qualquer tempo e os prejuízos à imagem
social podem ser indemnizados, em geral os agentes que causam danos contra a imagem
social são os meios de comunicação.
Para este estudo nos importa com maior enfâse a imagem social, pois, a forma que um
cidadão se apresenta na sociedade, a sua imagem social reflecte-se também na percepção
que os terceiros
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Podem ter da sua individualidade, assim definida como o todo do individuo ou o todo ser.
A imagem social que outros percebem deste cidadão, de forma reflexa, afecta sua
dignidade e sua auto-estima.
A protecção que goza o cidadão da sua imagem frente as possíveis violações da sua
intimidade por meio de exposição não autorizada, tem o seu abrigo no (artigo 41 da CRM)
todo o cidadão tem direito a honra, ao bom nome, a reputação, a defesa da sua imagem
pública e a reserva da sua vida privada.
5.2.3.4. Honra
Segundo Moraes (2017) conceitua dignidade como um valor espiritual e moral inerente a
pessoa, que se manifesta singularmente na autodeterminação consciente e responsável da
própria vida e que traz consigo a pretensão ao respeito por parte das demais pessoas,
constituindo-se um mínimo invulnerável que todo estatuto jurídico deve assegurar de
modo que, somente excepcionalmente, possam ser feitas limitações ao exercício dos
direitos fundamentais, mas sempre sem menosprezar a necessária estima que merecem
todas as pessoas enquanto seres humanos.
A liberdade de expressão não pode estar sujeita a censura prévia, é verdade. No entanto,
seu exercício encontra limites na violação de outros direitos constitucionais. O princípio
da inocência é um objectivo constitucionalmente protegido. Como tal, possui várias
dimensões e formas de aplicação Almeida (2013).
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Estamos num ordenamento jurídico democrático em que a liberdade de expressão e
informação é garantida nos termos do (artigo 48 da CRM) na qual dispõe que todos os
cidadãos têm direito à liberdade de expressão, à liberdade de imprensa, bem como o
direito a informação.
Conforme Oliveira et al (2015) uma das características dos direitos fundamentais é a sua
limitabilidade, uma vez que ocorram conflitos de interesses num caso concreto. Assim
ocorre quando um direito fundamental em mesma situação se confronta com outro direito
fundamental.
Importa salientar que não há hierarquia entre esses direitos. E se há uma colisão entre
eles, dependendo das circunstâncias dos factos, um prevalecerá sobre o outro.
Todavia, no caso em exposição é notório que a imprensa, cada vez mais desconsidera os
suspeitos, ferindo deste modo os direitos fundamentais pela lei salvaguardados quando
divulga as imagens destes.
Neste âmbito do outro lado temos o direito da informação e de outro lado a presunção de
inocência, ambos são fundamentais e em caso de colisão um deve prevalecer em relação
ao outro, no caso em concreto prevalecerá a norma que beneficia o suspeito, pois, se trata
de um bem maior, o seu estado de inocência.
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Ao longo do nosso trabalho para o caso do Distrito de Marracuene constatamos que têm
havido cenários que violam o estado de inocência dos suspeitos através dos órgãos de
comunicação social, verificamos que há excesso de exposição de imagens dos suspeitos,
entretanto não foi tão fácil obter resultados percentuais quanto a esta prática, visto que
quando ocorre um facto criminal os órgãos de comunicação social são os primeiros a
chegarem no local fazendo reportagens.
Mas, através da observação feita constatamos que são vários casos reportados deste
Distrito, onde se pode concluir que em cada 3 factos criminais 1 foi transmitido pelos
órgãos de comunicação social.
Quando assim ocorre violam ˗se os direitos fundamentais dos mesmos estabelecidos na
CRM.
Diz ainda o MP que a exibição das imagens dos suspeitos só pode ocorrer quando assim
se justifique, deste modo a exibição da informação ligada a um facto criminal não pode
ser exibida enquanto o processo ainda não foi concluso, caso contrário perde-se assim o
conceito da presunção de inocência colocando em causa a imagem dos suspeitos na
sociedade.
No entanto, os órgãos de comunicação social são muitas das vezes chamados pelos
polícias para dar cobertura aos factos criminais, desobedecendo deste modo os
dispositivos legais através da exposição das imagens dos suspeitos colocando em causa a
sua integridade física, assistimos reportagens de momentos humilhantes de suspeitos
algemados.
O MP vê esta exposição como uma violação a lei matri legis, sendo passível de
responsabilidade civil. A CRM bem como o C.P, deixam expressamente consignados que
o suspeito ainda que preso, não perde nenhum outro direito se não o da liberdade, todos
os direitos devem ser salvaguardados inclusive do seu estado de inocência.
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5.4. Tratamento dado por MP como forma a desencorajar a violação do princípio
da presunção de inocência
Diz ainda o MP que desencoraja as posturas que violam o respeito dos suspeitos, e têm
dito sempre que devem tratar a estes como presumíveis suspeitos até que haja uma
sentença que os condena.
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julgado, para que depois de proferida a sentença seja declarado culpado, o suspeito goza
do direito de ter o seu estado de inocência salvaguardado.
Quando temos a exposição dos suspeitos pelos órgãos de comunicação social, a imagem
é fixada pela população como se tratasse de criminosos mesmo que depois do processo
seja declarado inocente.
6.2. Dificuldade de reinserção dos suspeitos cujas imagens foram expostas pelos
órgãos de comunicação social na sociedade após a absolvição.
Vários são os casos encontrados ao longo da investigação na qual os suspeitos que outrora
foram expostos pelos órgãos de comunicação social encontram-se em uma situação de
abandono, estigmatizados e excluídos dentro da sociedade porque com a sua imagem
exposta e ligada a um facto criminal descredibiliza a sua idoneidade. A sociedade não os
aceita e não está preparado para receber alguém que foi exposto como se de criminoso se
tratasse pelos órgãos de comunicação social, alguns perderam a sua família, o seu
trabalho, alguns sofreram agressões físicas por conta da sua imagem estar associada ao
crime.
Ademais a sociedade quendo assiste este tipo de informação tem na como se de algo
absoluto se tratasse e incontestável e isso fia marcado para toda sociedade.
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Deste modo, a exposição da imagem dos suspeitos pelos órgãos de comunicação social,
tem ocasionado graves problemas na área pessoal, cultural, social bem como económico.
O (artigo 483º do CC) estabelece que aquele que com dolo ou mera culpa, violar
ilicitamente o direito de outrem ou qualquer disposição legal destinada a proteger
interesses alheios fica obrigado a indemnizar o lesado pelos danos resultantes da violação.
Estabelece ainda o (número 1 do artigo 496º do CC) que a indemnização deve também
atender os danos não patrimoniais.
Destarte, violar estes direitos fundamentais dá ao suspeito lesado o direito de exigir com
que se repare os danos morais causados.
7. Conclusão e recomendações
Ao longo deste estudo que tem como tema análise do princípio da presunção de inocência
por parte dos órgãos de comunicação social, neste contexto foi possível satisfazer os
objectivos idealizados, onde verificamos que o direito de imagem do suspeito deve ser
salvaguardado, pois, é um direito constitucional que de forma alguma deve ser violado,
conforme preconiza o art 41º mesmo diploma legal, de salientar que o direito a
informação (vide o art 48º) é fundamental bem como o princípio da presunção de
inocência (vide o art 59º) e quando os dois colidem o princípio da presunção de inocência
prevalece em detrimento ao direito à informação, pois, é de maior valor. Neste caso o
direito a informação sofrerá uma restrição para salvaguardar os direitos fundamentais de
maior valor tais como a honra, imagem etc. Verificamos também que quando o suspeito
é exposto pelos órgãos de comunicação social como sujeito activo de um determinado
crime, a sociedade o tem como criminoso mesmo que seja absolvido no final do processo
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e consequentemente renega-se a sua ressocialização na medida em que as relações
interpessoais deste, com a sociedade são carregadas de uma notável desconfiança. Por
outro lado temos os agentes da ordem e segurança pública que além de garantir a ordem,
segurança e tranquilidade publica têm o papel de conscientizar a sociedade a não aderir a
práticas criminais, por vezes usam os órgãos de comunicação social como um veículo
ideal para disseminar esta informação e vezes sem conta acabam ferindo o princípio da
presunção de inocência.
A exposição dos suspeitos deve ocorrer quando se julgue necessário, ou seja por um bem
maior que o judiciário pode permitir que haja tal exposição, demostramos também as
consequências que podem advir da exposição dos suspeitos bem como o acto da
responsabilidade civil que visa a reparação dos danos morais causados pelos órgãos de
comunicação social.
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7.1. Recomendações
Criar mecanismos que visam conscientizar a sociedade para que estes participem
os actos ilícitos nos órgãos de administração da justiça em detrimento dos órgãos
de comunicação social.
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8. Referências Bibliográficas
8.2 Manuais
Almeida, D.S & Gomes, F.L. (2013). Populismo penal midiático. São paulo
Bahury, A.M. (2019). Principio da presunção de inocência
Lakatos, E.M. & Marconi, M.A. (1992). Metodologia do trabalho científico (4ª.ed.). São
Paulo
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Canotilho, J. (1998). Direito constitucional e teoria da constituição (2.ªed.). Coimbra,
Almedina
Ferrajoli, L (2003). Direito e razão. Teoria do garantismo penal. São Paulo: Revista dos
Tribunais
Romita, A. (2009). Direitos fundamentais na s relações de trabalho (3ª.ed.). São Paulo
Silva, J. (2005). Curso de Direito constitucional positivo (24ª.ed). São Paulo, Malheiros
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Anexo. I
Guião de Entrevistas
1. Como é que o MP protege os Direitos dos suspeitos perante a imprensa na exibição
das imagens destes?
7. Que consequências podem advir pelo excesso da actuação da imprensa que colide
com a presunção de inocência dos suspeitos?
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