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#costurandoatoga

 Processo Civil
 Sujeitos do Processo (arts. 70 a 112)
 Apostila 05
 Dia: 04/09/2018

SUJEITOS DO PROCESSO: PARTES E PROCURADORES. DOS


DEVERES DAS PARTES E PROCURADORES. DESPESAS E
HONORÁRIOS. GRATUIDADE DE JUSTIÇA
Fontes: material base do TRF4 2016. Para atualizar: partes e procuradores, utilizei o livro
do Elpídio Donizetti. Parte de honorários e gratuidade de justiça, o livro do Daniel Assumpção.
Utilizei anotações do meu caderno de estudos, bem como, jurisprudências selecionadas no Dizer
o Direito.
A próxima aula será de intervenção de terceiros.
SUJEITOS DO PROCESSO: PARTES E PROCURADORES. DOS DEVERES DAS PARTES E
PROCURADORES. DESPESAS E HONORÁRIOS. GRATUIDADE DE JUSTIÇA ............................................... 1
1. SUJEITOS DO PROCESSO.................................................................................................... 2
1.1. PARTE E RESPECTIVOS CONCEITOS MATERIAL E PROCESSUAL, ESPÉCIES, REPRESENTAÇÃO, LEGITIMAÇÃO
ORDINÁRIA E EXTRAORDINÁRIA ................................................................................................... 2
1.1.1. Parte e respectivos conceitos material e processual, espécies .................................. 2
1.1.2. Capacidade de ser parte ............................................................................................ 3
1.1.2.1. Capacidade processual e legitimidade “ad causam” .......................................................... 3
1.1.3. Capacidade processual dos cônjuges ........................................................................ 4
1.1.4. Capacidade processual dos entes referidos no artigo 75 do CPC .............................. 5
1.1.5. Incapacidade processual e irregularidade na representação .................................... 6

1 2.
1.1.6. Representação, legitimação ordinária e extraordinária ............................................ 6
DEVERES DAS PARTES, SEUS PROCURADORES E DEMAIS PARTÍCIPES DO PROCESSO ........ 7
2.1. RESPONSABILIDADE DAS PARTES POR DANO PROCESSUAL. AS SANÇÕES PROCESSUAIS POR LITIGÂNCIA DE
MÁ-FÉ ................................................................................................................................... 9

3. DESPESAS PROCESSUAIS: DAS DESPESAS, DOS HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS E MULTAS


10
3.1. DESPESAS PROCESSUAIS .......................................................................................................... 11
3.1.1. Ônus: adiantamento das despesas .......................................................................... 11
3.1.2. Obrigação: pagamento ao final pelo vencido.......................................................... 12
3.1.2.1. Sucumbência e causalidade ............................................................................................. 12
3.2. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS ................................................................................................... 13
3.2.1. Sucumbência e causalidade ..................................................................................... 13
3.2.2. Cabimento em condenação em honorários advocatícios ........................................ 14
3.2.3. Fixação de honorários sucumbenciais em recursos ................................................. 15
3.2.4. Valor dos honorários sucumbenciais ....................................................................... 16
3.2.5. A Fazenda Pública como parte e honorários advocatícios ...................................... 17
3.2.6. Sucumbência recíproca ............................................................................................ 17
3.2.7. Pagamento na pessoa da sociedade de advogados ................................................ 18
3.2.8. Termo inicial dos juros ............................................................................................. 18
3.2.9. Omissão da condenação em honorários advocatícios em sentença transitada em
julgado ..................................................................................................................... 18
3.2.10. Legitimidade para impugnar e executar os honorários .......................................... 18
3.2.11. Direito ao ressarcimento dos honorários contratuais ............................................. 18
4. GRATUIDADE DE JUSTIÇA ................................................................................................ 19
4.1. GRATUIDADE E ADIANTAMENTO DE HONORÁRIOS PERICIAIS ........................................................... 20
4.2. CONCESSÃO PARCIAL DE GRATUIDADE E PARCELAMENTO ............................................................... 20
4.3. CONDENAÇÃO DO BENEFICIÁRIO DA GRATUIDADE ........................................................................ 20
4.4. PROCEDIMENTO .................................................................................................................... 20
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5. PROCURADORES ............................................................................................................. 22
6. SUBSTITUIÇÃO PROCESSUAL E SUCESSÃO DAS PARTES E DOS PROCURADORES ............. 23
7. OUTROS SUJEITOS DO PROCESSO ................................................................................... 25
7.1. O JUIZ ................................................................................................................................. 25
7.1.1. Deveres, poderes e responsabilidades do juiz (Elpídio Donizetti): ........................... 25
7.1.2. Impedimento e suspeição ........................................................................................ 27
7.1.2.1. Procedimento da alegação de impedimento e suspeição ................................................ 28
7.2. MINISTÉRIO PÚBLICO ............................................................................................................. 29
7.3. ADVOCACIA PÚBLICA ............................................................................................................. 31
7.4. DEFENSORIA PÚBLICA ............................................................................................................ 31
8. ANOTAÇÕES DO MEU CADERNO ..................................................................................... 32
8.1. GRATUIDADE DA JUSTIÇA ........................................................................................................ 37
9. DIZER O DIREITO ............................................................................................................. 37

1. Sujeitos do processo
Todos aqueles que intervierem no processo são sujeitos processuais. Assim, além dos
sujeitos que normalmente atuam na relação processual (juiz, autor e réu), podem participar do
processo outros sujeitos, a exemplo dos auxiliares da Justiça, advogados, Ministério Público e
terceiros.
2 O NCPC trata, no Livro III, dos sujeitos do processo (arts. 70 a 187). São citados como
sujeitos processuais: a) as partes (autor e réu); b) os procuradores; c) os terceiros; d) o juiz; e)
os auxiliares da Justiça; f) o Ministério Público; g) a Advocacia Pública; e h) a Defensoria Pública.
Portanto, a expressão sujeitos do processo abrange todos os entes acima mencionados e
não apenas as partes e o juiz.
1.1. Parte e respectivos conceitos material e processual, espécies,
representação, legitimação ordinária e extraordinária
1.1.1. Parte e respectivos conceitos material e processual, espécies
Conceito: segundo o clássico conceito de Chiovenda, são aqueles que pedem ou contra
quem é pedida uma providência jurisdicional. Para Liebman, conceito mais moderno, são os
sujeitos do contraditório instituído perante o juiz.
Participam do processo com parcialidade, ou seja, com interesse na causa. A parte pode
ser: a) Principal, que pode ser interessada (autor e réu) ou desinteressada (juiz); e b) Auxiliar
(atua no processo ajudando as partes principais. Ex: assistente).
Partes na demanda: aquele que pleiteia e aquele em face de quem se pleiteia a tutela
jurisdicional (autor /réu).
Partes no processo: todas as pessoas que participam do procedimento em contraditório,
ao lado do autor e do réu, independentemente de fazer pedido ou contra ele algo ser pedido
(ex: assistente e MP quando funciona como fiscal da lei).
Parte material: é o sujeito que participa da relação de direito material que constitui o
objeto do processo (nem sempre o sujeito que figura como parte na demanda será parte
material, ex: substituição processual).

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Importante: a parte ilegítima também é parte, tanto que ela vai alegar sua própria
ilegitimidade.
1.1.2. Capacidade de ser parte
Capacidade de ser parte é a aptidão genérica para figurar no processo como autor ou réu.
Basta, para tanto, que tenha personalidade jurídica.
Qualquer pessoa, sem exceção, tem personalidade jurídica e, por consequência, desfruta
de capacidade de ser parte, ainda que seja menor ou doente mental.
Quanto aos entes despersonalizados, também chamados de quase pessoa jurídica, que
são certos patrimônios especiais e os órgãos públicos, ostentam uma capacidade restrita para
ser parte, embora não tenham personalidade jurídica.
Estes entes patrimoniais, que são a massa falida, a herança jacente, o espólio, o
condomínio e a pessoa jurídica sem registro, apesar de não serem dotados de personalidade
jurídica, podem ser partes, como autores ou réus, quando a lei lhes atribuir algum direito.
Os órgãos públicos, por sua vez, são os componentes de uma pessoa política. Exemplos:
Tribunal de Justiça, Câmara dos Vereadores, Secretarias de Governo etc. Os órgãos públicos
podem impetrar mandado de segurança e ajuizar outras ações para a defesa de suas atribuições
institucionais. A súmula 525 do STJ, a propósito, dispõe que: A Câmara de Vereadores não possui
personalidade jurídica, apenas personalidade judiciária, somente podendo demandar em juízo
para defender os seus direitos institucionais. O raciocínio é válido para os demais órgãos
públicos. Em outras ações, porém, quando não se discute as atribuições institucionais, a parte

3 será a pessoa política (União, Estados, Distrito Federal e Município).


O nascituro também pode ser parte em algumas ações, como, por exemplo, ser réu na
ação de nulidade de testamento ou doação que o beneficie, bem como mover ações para
preservar seus futuros direitos.
É na petição inicial que o autor deve descrever a si próprio e ao réu (art. 319, II, do CPC).
Vigora, no Brasil, o princípio dispositivo ou da inércia da jurisdição, segundo o qual o
processo é instaurado por iniciativa do autor e, sendo assim, ele não pode ser compelido a
processar quem ele não quer. É, pois, incumbência do autor definir, na petição inicial, quem será
o réu.

1.1.2.1. Capacidade processual e legitimidade “ad causam”


Capacidade processual ou legitimidade “ad processum” é a aptidão para figurar no
processo pessoalmente, sem assistência ou representação.
Toda pessoa capaz, isto é, que se encontre no exercício de seus direitos tem capacidade
para estar em juízo (art. 70 do CPC) – legitimidade ad causam ou capacidade de ser parte.
Entretanto, só a pessoa capaz tem capacidade processual, pois o absolutamente incapaz será
representado e o relativamente incapaz assistido por seus pais, tutor ou curador na forma da lei
(art.71 do CPC) – legitimidade ad processum ou capacidade para estar em juízo.
Portanto, capacidade de ser parte é a capacidade que toda pessoa que se encontre no
exercício de seus direitos possui, chamada capacidade de direito. É aquela descrita no Código
Civil: toda pessoa é capaz de contrair direitos e obrigações. Ex: um recém-nascido possui
capacidade de ser parte, vez que possui direitos.
Já a capacidade para estar em juízo é a capacidade para exercer por si só os atos da vida
civil, chamada capacidade de fato, exercício ou gozo. Esta está relacionada com a capacidade
processual, que é requisito processual de validade, significando aptidão para praticar os atos da
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vida civil independentemente de assistência ou representação. Assim, a falta de capacidade


processual é um vício sanável pela representação ou assistência, que são as duas formas de sua
correção.
Em contrapartida, a falta de capacidade para ser parte é insanável, acarreta a extinção do
processo sem resolução do mérito. Exemplo: ação proposta por um cachorro.
Igualmente, a legitimidade “ad causam”, que é a aptidão específica para figurar como
autor ou réu em determinado processo, é um requisito que não comporta correção, de modo
que a falta de “legitimatio ad causam” enseja também a extinção do processo sem resolução do
mérito.
Assim, a capacidade para ser parte é elemento da ação; a capacidade processual é
pressuposto de validade do processo e, por fim, a “legitimatio ad causam” para uma corrente é
condição da ação (pertinência com o direito) e para outra é pressuposto processual de validade
(capacidade de ser parte).
Isto posto, para suprir a ausência de capacidade processual, fez bem o legislador ao
determinar que o juiz nomeie curador especial ao incapaz, quando não tiver representante legal
ou por colisão de interesses, e ao preso revel (somente revel), bem como ao réu revel citado
por edital ou com hora certa, enquanto não for constituído advogado (art. 72, CPC)
1.1.3. Capacidade processual dos cônjuges
Em determinados tipos de ações, por envolver direitos patrimoniais que envolvem o casal,
é necessário que haja o consentimento do parceiro. É o que ocorre no artigo 73 do CPC,

4 dispondo que o cônjuge necessitará do consentimento do outro para propor ação que verse
sobre direito real imobiliário, salvo quando casados sob o regime de separação absoluta de
bens. Assim, tanto quando atuarem no polo ativo, quanto no polo passivo, ambos deverão
integrar a lide.
Esquematizando:
Capacidade processual ativa: necessita do consentimento do outro para propor ação que
verse sobre direito real imobiliário, salvo quando casado sob o regime de separação absoluta de
bens. Tal consentimento, de acordo com o artigo 74, pode se suprido pelo juiz quando for
negado por um dos cônjuges sem justo motivo, ou quando lhe seja impossível concedê-lo, de
modo que a falta do consentimento invalida o processo. Atenção: não se trata de litisconsórcio
ativo, uma vez que o direito não pode constranger alguém a demandar como autor, mas tão
somente de consentimento, que pode ser suprido pelo juiz (art. 74).
Capacidade processual passiva: no §1º do artigo 74, o CPC dispõe que ambos os cônjuges
serão citados para a ação que: i) verse sobre direito real imobiliário, salvo quando casados sob
o regime de separação absoluta de bens; ii) resultante de fato que diga respeito a ambos os
cônjuges ou de ato praticado por eles; iii) fundada em dívida contraída por um dos cônjuges a
bem de família e; iv) que tenha por objeto o reconhecimento, a constituição ou a extinção de
ônus sobre imóvel de um ou de ambos os cônjuges.
Diferentemente da capacidade ativa dos cônjuges, na passiva há a configuração de
litisconsórcio passivo necessário e se aplicam, sob pena de nulidade do processo, aos regimes
de comunhão parcial de bens, universal e de participação final de aquestos.
Nas ações possessórias (ius possessionis), que é algo diferente de direito real imobiliário
(ius possidendi), a participação do cônjuge do autor ou do réu somente é indispensável nas
hipóteses de composse ou de ato praticado por ambos. (art. 73, §2º, CPC)

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Ainda, tudo o que foi dito acima se aplica à união estável comprovada nos autos (art. 73,
§3º, CPC)
1.1.4. Capacidade processual dos entes referidos no artigo 75 do CPC
Pessoal. Isso aqui se trata de uma apostila para revisão, ok? Então eu não vou fazer
delongas doutrinárias sobre cada inciso. Vou colar o texto da lei aqui e fazer observações por
tópicos abaixo. Do contrário, o material vai virar um livro, e não uma apostila. Hehe.
Art. 75. Serão representados em juízo, ativa e passivamente:
I - a União, pela Advocacia-Geral da União, diretamente ou mediante órgão vinculado;
II - o Estado e o Distrito Federal, por seus procuradores;
III - o Município, por seu prefeito ou procurador;
IV - a autarquia e a fundação de direito público, por quem a lei do ente federado designar;
V - a massa falida, pelo administrador judicial;
VI - a herança jacente ou vacante, por seu curador;
VII - o espólio, pelo inventariante;
VIII - a pessoa jurídica, por quem os respectivos atos constitutivos designarem ou, não havendo essa designação,
por seus diretores;
IX - a sociedade e a associação irregulares e outros entes organizados sem personalidade jurídica, pela pessoa a
quem couber a administração de seus bens;
X - a pessoa jurídica estrangeira, pelo gerente, representante ou administrador de sua filial, agência ou sucursal
aberta ou instalada no Brasil;
XI - o condomínio, pelo administrador ou síndico.
§ 1o Quando o inventariante for dativo, os sucessores do falecido serão intimados no processo no qual o espólio
seja parte.
§ 2o A sociedade ou associação sem personalidade jurídica não poderá opor a irregularidade de sua constituição
quando demandada.
§ 3o O gerente de filial ou agência presume-se autorizado pela pessoa jurídica estrangeira a receber citação para
qualquer processo.
§ 4o Os Estados e o Distrito Federal (municípios não) poderão ajustar compromisso recíproco para prática de ato
5 processual por seus procuradores em favor de outro ente federado, mediante convênio firmado pelas respectivas
procuradorias.
Observações ponto a ponto:
 Na representação dos entes federativos e suas autarquias/fundações, descabe qualquer
exigência de juntada aos autos de instrumento de procuração, por se presumir conhecido o
mandato pelo título de nomeação do Procurador. É o que dispõe a Súmula 644 do STF: Ao titular
do cargo de procurador de autarquia não se exige a apresentação de instrumento de mandato
para representá-la em juízo.
 Quando o espólio for representado por inventariante dativo, todos os sucessores do falecido
deverão ser citados nas ações em que o espólio for réu.
 Apesar de o código dispor que a representação de pessoa jurídica seja feita por quem o ato
constitutivo designar, o STJ entende que reputa-se válida a citação da pessoa jurídica quando
esta é recebida por quem se apresenta como seu representante legal, com base na teoria da
aparência, sem ressalva quanto à inexistência de poderes de representação em juízo.
 Associação de Municípios e Prefeitos não possui legitimidade ativa para tutelar em juízo direitos
e interesses das pessoas jurídicas de direito público. Insuscetível a delegação à pessoa jurídica
de direito privado tutelar interesse de pessoa jurídica de direito público sob forma de
substituição processual.
 Sobre o espólio, verificar as aulas passadas a sua legitimidade ativa e passiva para tutelar direitos
do de cujus. Há especificidades, sendo como regra, legítimo o espólio para ações e direitos
patrimoniais já existentes quando o falecido era vivo, ou ações que originariamente se dirigiriam
ao de cusus. Lado outro, serão legitimados os herdeiros quando tratar-se de direitos surgidos
post mortem, para proteger a memória (personalíssimos), ou direitos que surgiram após a morte
do de cujus.

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1.1.5. Incapacidade processual e irregularidade na representação


Verificada a incapacidade processual ou a irregularidade da representação da parte, o juiz
suspenderá o processo e designará prazo razoável para que seja sanado o vício (art. 76 do CPC).
Descumprida a determinação, as consequências, previstas no § 1º do art. 76 do CPC, são
os seguintes:
a) o processo será extinto sem resolução do mérito, se a providência couber ao autor;
b) o réu será considerado revel, se a providência lhe couber;
c) o terceiro, que requer o ingresso como autor (litisconsorte ativo), será excluído do
processo, mas se figurar como réu (litisconsorte passivo), por exemplo, denunciado à lide, será
considerado revel.
Todas estas consequências, no entanto, não se aplicam ao incapaz que não tem
representante legal, pois, nesse caso, o juiz lhe nomeará um curador especial, seja ele autor, réu
ou terceiro (art. 72, I, do CPC).
Descumprida a determinação em fase recursal, o relator não conhecerá do recurso, se a
providência couber ao recorrente, ou determinará o desentranhamento das contrarrazões, se a
providência couber ao recorrido (§ 2º do art. 76 do CPC).
Atenção para algo: a capacidade processual e a regularidade de representação das partes,
por se tratarem de pressupostos processuais, devem ser verificadas pelo juiz ex officio.
1.1.6. Representação, legitimação ordinária e extraordinária
6 Em regra, a titularidade da ação vincula-se à titularidade do pretendido direito material
subjetivo, envolvido na lide (legitimação ordinária). Assim, “ninguém poderá pleitear direito
alheio em nome próprio, salvo quando autorizado pelo ordenamento jurídico” (NCPC, art. 18).
Há, só por exceção, portanto, casos em que a parte processual é pessoa distinta daquela
que é parte material do negócio jurídico litigioso, ou da situação jurídica controvertida. Quando
isso ocorre, dá-se o que em doutrina se denomina substituição processual (legitimação
extraordinária), que consiste em demandar a parte, em nome próprio, a tutela de um direito
controvertido de outrem.
Caracteriza-se ela pela “cisão entre a titularidade do direito subjetivo e o exercício da ação
judicial”, no dizer de Buzaid.5 Trata-se de uma faculdade excepcional, pois só nos casos
expressamente autorizados em lei é possível a substituição processual (art. 18).
Uma dessas hipóteses ocorre quando a parte, na pendência do processo, aliena a coisa
litigiosa ou cede o direito pleiteado em juízo. Embora o alienante deixe de ser o sujeito material
da lide, continua a figurar na relação processual como parte (sujeito do processo), agindo, daí
em diante, em nome próprio, mas na defesa de direito material de terceiro (o adquirente) (art.
109).
Outro exemplo pode ser encontrado no art. 68 do Código de Processo Penal, que
reconhece legitimidade ao Ministério Público para mover a ação civil de reparação do dano ex
delicto, quando o titular do direito à indenização for pobre.
Há, porém, nos diversos casos excepcionais de substituição processual, um interesse
conexo da parte processual com o da parte material, pois a regra de legitimidade de parte como
condição da ação impede que, em geral, qualquer pessoa demande em seu nome a tutela de
um interesse alheio.

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Daí a restrição do art. 18, que só admite a substituição processual quando o próprio
ordenamento jurídico reconheça ao terceiro uma legitimação especial para demandar interesse
alheio.
De qualquer maneira, não se concebe que a um terceiro seja reconhecido o direito de
demandar acerca do direito alheio, senão quando entre ele e o titular do direito exista algum
vínculo jurídico especial. Sempre, pois, que a substituição processual se mostre possível perante
a lei, ocorrerá o pressuposto de uma conexão de interesse entre a situação jurídica do substituto
e a do substituído.
Assim, o alienante do bem litigioso pode continuar litigando em nome próprio, embora o
bem já não mais lhe pertença, porque o terceiro, ao negociar com as partes, sujeitou-se a
estabelecer uma nova situação jurídica material vinculada à sorte da demanda pendente. Uma
associação ou um sindicato também pode demandar em defesa de direitos de seus associados
porque o fim social da entidade envolve esse tipo de tutela aos seus membros: há, pois, conexão
entre o interesse social e o interesse individual em litígio. Daí ser justificável a substituição. Será,
por isso mesmo, incabível a substituição quando a associação agir na defesa de direito do sócio
que não tenha identidade com o objetivo social. Ressalte-se, por fim, que a relevância do vínculo
capaz de legitimar a substituição processual só decorre de valoração que se reserva apenas à
lei. A vontade das partes, portanto, não é suficiente para criar substituição processual que não
tenha sido expressamente prevista em lei.
Quanto aos poderes do substituto processual, eles são amplos, no que dizem respeito aos
atos e faculdades processuais, mas não compreendem, obviamente, os atos de disposição do

7 próprio direito material do substituído, como confissão, transação, reconhecimento do pedido


etc.
Uma consequência importante da substituição processual, quando autorizada por lei,
passa-se no plano dos efeitos da prestação jurisdicional: a coisa julgada forma-se em face do
substituído, mas, diretamente, recai também sobre o substituto. A regra, porém, prevalece
inteiramente na substituição nas ações individuais, não nas coletivas, como a ação civil pública
e as ações coletivas de consumo. Nestas, as sentenças benéficas fazem coisa julgada para todos
os titulares dos direitos homogêneos defendidos pelo substituto processual (CDC, art. 103, III).
O insucesso, porém, da ação coletiva não obsta as ações individuais, a não ser para aqueles que
tenham integrado o processo como litisconsortes (CDC, arts. 94 e 103, § 2º).
Nesse último caso, a coisa julgada impede a repropositura da ação coletiva, mas não o
manejo de ações individuais com o mesmo objetivo visado pela demanda coletiva. Diz-se que a
pretensão individual nunca será a mesma formulada coletivamente, ou seja: o direito difuso ou
coletivo nunca se confunde com o direito individual de cada um dos indivíduos interessados.
Mesmo no caso dos direitos individuais homogêneos, o que se discute, coletivamente, é apenas
a tese comum presente no grupo de cointeressados. Nunca ficará o indivíduo privado do direito
de demonstrar que sua situação particular tem aspectos que justificam a apreciação da ação
individual.

2. Deveres das partes, seus procuradores e demais


partícipes do processo
São deveres das partes, de seus procuradores e de todos aqueles que de qualquer forma
participem do processo: (NCPC, art. 77):
(a) expor os fatos em juízo conforme a verdade (inciso I);

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(b) não formular pretensões ou apresentar defesa, cientes de que são destituídas de
fundamento (inciso II);
(c) não produzir provas e não praticar atos inúteis ou desnecessários à declaração ou
defesa do direito (inciso III);
(d) cumprir com exatidão as decisões jurisdicionais, de natureza antecipada ou final, e não
criar embaraços à sua efetivação (inciso IV);
(e) declinar o endereço, residencial ou profissional, onde receberão intimações no
primeiro momento que lhes couber falar nos autos, atualizando essa informação sempre que
ocorrer qualquer modificação temporária ou definitiva (inciso V);
(f) não praticar inovação ilegal no estado de fato de bem ou direito litigioso (inciso VI).

No processo, as partes possuem faculdades, que são escolhas a serem feitas pelas partes
durante a tramitação da demanda. Essa faculdade pode não trazer qualquer consequência
jurídica negativa; outras podem acarretar prejuízos, chamadas de ônus processuais e, por fim,
há deveres processuais que devem ser cumpridos no exercício da faculdade, ligados aos
interesses de todos os sujeitos do processo, de modo que seu descumprimento poderá gerar
graves sanções, inclusive de natureza penal.
Dentro da sistemática do processo civil moderno, as partes são livres para escolher os
meios mais idôneos à consecução de seus objetivos. Mas essa liberdade há de ser disciplinada
pelo respeito aos fins superiores que inspiram o processo, como método oficial de procura da
8 justa e célere composição do litígio.
Daí a exigência legal de que as partes se conduzam segundo os princípios da lealdade e
probidade, figuras que resumem os itens do art. 77 do NCPC, em sua acepção mais larga, e
decorrem da norma fundamental do art. 5º.
Exemplo de improbidade encontramos nas expressões ofensivas, cujo emprego nos
escritos do processo é expressamente vedado às partes, a seus advogados, aos juízes, aos
membros do Ministério Público e da Defensoria Pública e a qualquer pessoa que participe do
processo, cabendo ao juiz mandar riscá-las, de ofício ou a requerimento do ofendido (art. 78, §
2º). Quando a manifestação ofensiva for feita oral ou presumidamente, em audiência, o juiz
deverá advertir o ofensor para não mais repeti-la, sob pena de lhe ser cassada a palavra (art. 78,
§ 1º).
O NCPC, diversamente do que fazia o CPC/73, preferiu não reprimir as “expressões
injuriosas”, texto que gerava polêmica sobre se havia correspondência ou não, com as figuras
catalogadas pelo Código Penal, no tratamento dos crimes contra a honra. Falando a lei nova na
vedação de “expressões ofensivas”, o que se exige dos sujeitos processuais é que a linguagem
no processo seja a de pessoas educadas e respeitosas, como, aliás, já vinha sendo entendido
pela jurisprudência formada ao tempo do CPC/1973.
Ocorre, outrossim, violação do dever de lealdade em todo e qualquer ato inspirado na
malícia ou má-fé e principalmente naqueles que procuram desviar o processo da observância
do contraditório. Isso se dá quando a parte desvia, astuciosamente, o processo do objetivo
principal e procura agir de modo a transformá-lo numa relação apenas bilateral, em que só os
seus interesses devam prevalecer perante o juiz.
Entre os casos de abuso processual ofensivos do dever de boa-fé e lealdade, deve-se
incluir a conduta maliciosa da parte que retarda a execução da sentença ou da medida
antecipatória para se beneficiar com o exorbitante avolumar da multa judicial (astreintes), que
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às vezes se transforma em ruína do devedor e em verdadeiro enriquecimento indevido do


credor. Quanto à não execução imediata da condenação, a jurisprudência evita os efeitos do
abuso processual, estatuindo que a multa diária não é exigível senão depois de intimado
pessoalmente o devedor a cumprir a obrigação de fazer ou não fazer (Súmula 410 do STJ).
Mesmo, porém, quando o devedor tenha sido intimado, a demora exagerada na execução da
multa pode ser tratada como ato de má-fé ou deslealdade processual, se dela adveio um
crescimento da medida coercitiva que ultrapasse o valor da obrigação principal e possa acarretar
a insolvência do devedor, ou que se torne medida incompatível com a equidade reclamada pelo
dever de boa-fé no comportamento processual.
É importante ressaltar que a exigência de um comportamento em juízo segundo a boa-fé,
atualmente, não cuida apenas da repressão à conduta maliciosa ou dolosa da parte. O novo
Código de Processo Civil, na preocupação de instituir o processo justo nos moldes preconizados
pela Constituição, inclui entre as normas fundamentais o princípio da boa-fé objetiva (art. 5º),
que valoriza o comportamento ético de todos os sujeitos da relação processual. Exige-se,
portanto, que as atitudes tomadas ao longo do processo sejam sempre conformes aos padrões
dos costumes prevalentes no meio social, determinados pela probidade e lealdade. Não importa
o juízo íntimo e a intenção de quem pratica o ato processual. Não é só a má-fé (intenção de
prejudicar o adversário ou a apuração da verdade) que interessa ao processo justo, é também a
avaliação objetiva do comportamento que se terá de fazer para mantê-lo nos limites admitidos
moralmente, ainda quando o agente não tenha tido a consciência e a vontade de infringi-los.
Registre-se, finalmente, que os deveres de lealdade e probidade, a que aludem os arts. 77
e 78, tocam a ambas as partes (autor e réu), bem como aos terceiros intervenientes, e ainda aos
9 advogados que os representem no processo, além do Ministério Público, da Defensoria Pública
e do próprio juiz.
Em relação aos incisos IV (cumprir decisões/não criar embaraço ao cumprimento) e VI
(não praticar inovação legal no estado de fato de bem ou direito litigioso), o §1º e 2º dispõem
que a prática dessas condutas poderá ser punida como ato atentatório à dignidade da justiça,
devendo o juiz, sem prejuízo das sanções criminais, civis e processuais cabíveis, aplicar ao
responsável multa de até 20% do valor da causa, de acordo com a gravidade da conduta. Essa
multa independe das sanções dos artigos 523, §1º e 536, §1º, que são as sanções pelo não
pagamento voluntário de obrigação de pagar quantia certa fixada em sentença e para forçar o
cumprimento da obrigação de fazer e de não fazer.
Essa multa vai para o fundo de modernização do Poder Judiciário, conforme o artigo 97
dispõe, e não para a parte.
Em relação aos advogados públicos ou privados e aos membros da Defensoria Pública e
do Ministério Público, não se aplica o disposto acima, de modo que terão apurada eventual
responsabilidade disciplinar pelo respectivo órgão de classe ou corregedoria, ao qual o juiz
oficiará (§6º).
Atenção: leiam os parágrafos do art. 77, bem como o artigo 78, senão eu terei que
transcrevê-los aqui, e isso não é o objetivo do presente material.
2.1. Responsabilidade das partes por dano processual. As sanções
processuais por litigância de má-fé
O juiz tem o poder-dever de velar pela solução do litígio de forma adequada, reprimindo,
de ofício ou a requerimento, aqueles atos que se manifestem contrários ao desenvolvimento
regular do feito e à dignidade da justiça. Assim dispõe o artigo 79, de modo que responde por
perdas e danos aquele que litigar de má-fé, como autor, réu ou interveniente.

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As hipóteses de litigância de má-fé estão elencadas no artigo 80 do CPC, e a condenação


por litigância de má-fé incide em:
 Multa de 1% a 10% do valor corrigido da causa;
 Indenizar a parte contrária pelos prejuízos sofridos
 Arcar com os honorários advocatícios e com todas as despesas que a parte
prejudicada efetuou.
Conforme dispõe o artigo 96 do CPC, o valor das sanções impostas ao litigante de má-fé
reverterá em benefício da parte contrária, e o valor das sanções impostas aos serventuários
pertencerá ao Estado ou à União.
Sobre a litigância de má-fé, é importante termos em mente os seguintes julgados:
O dano processual não é pressuposto para a aplicação da multa por litigância de má-fé
prevista no art. 18 do CPC/1973 (art. 81 do CPC/2015), mas tão somente para indenização por
perdas e danos. Trata-se de mera sanção processual, aplicável inclusive de ofício, e que não tem
por finalidade indenizar a parte adversa. STJ. 3ª Turma. REsp 1628065-MG, Rel. Min. Nancy
Andrighi, Rel. p/acórdão Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em 21/2/2017 (Info 601).
Quanto ao julgado acima, entendam: o dano causado a outra parte somente é
pressuposto para a indenização por perdas e danos, mas não para condenação em litigância de
má-fé.
As sanções aplicáveis ao litigante de má-fé são aquelas taxativamente previstas pelo
legislador, não comportando interpretação extensiva. Assim, apesar de reprovável, a conduta
10 desleal, ímproba, de uma parte beneficiária da assistência judiciária gratuita não acarreta, por
si só, a revogação do benefício, atraindo, tão somente, a incidência das penas expressamente
cominadas no texto legal. A revogação do benefício da assistência judiciária gratuita -
importante instrumento de democratização do acesso ao Poder Judiciário - pressupõe prova da
inexistência ou do desaparecimento do estado de miserabilidade econômica, não estando
atrelada à forma de atuação da parte no processo. STJ. 3ª Turma. REsp 1663193/SP, Rel. Min.
Nancy Andrighi, julgado em 20/02/2018.
Atente-se que o STJ entende que não pode o advogado ser condenado em solidariedade
com o litigante de má-fé, uma vez que a conduta do patrono é disciplinada pelo Estatuto da
Advocacia e da OAB, de maneira que os danos processuais porventura causados pelo advogado,
por dolo ou culpa grave, deverão ser aferidos em ação própria.

3. Despesas processuais: das despesas, dos honorários


advocatícios e multas
Pessoal. Essa parte é bem decoreba. Eu vou explicar a parte teórica que importa para nós,
mas vocês deverão LER e RELER o Código nos capítulos que tratam desse assunto, ok? Não vou
esmiuçar tudo aqui, porque é muita coisa e o resumo acabaria virando doutrina. Repito: leiam
o código.
Todo serviço estatal possui um custo, assim como a atividade judicial. Isto posto, como
requisito processual objetivo de validade, o recolhimento das custas (iniciais, preparo, etc.) é
indispensável, salvo quando acobertado pelo benefício da justiça gratuita.
Nos termos do artigo 82 do NCPC, “Salvo as disposições concernentes à gratuidade da
justiça, incumbe às partes prover as despesas dos atos que realizarem ou requererem no
processo, antecipando-lhes o pagamento, desde o início até a sentença final ou, na execução,
até a plena satisfação do direito reconhecido no título.”
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Ainda, o §1º dispõe que “Incumbe ao autor adiantar as despesas relativas a ato cuja
realização o juiz determinar de ofício ou a requerimento do Ministério Público, quando sua
intervenção ocorrer como fiscal da ordem jurídica”, e o §2º “A sentença condenará o vencido a
pagar ao vencedor as despesas que antecipou.”
A doutrina costuma identificar duas espécies de custas: despesas processuais e os
honorários advocatícios. Como despesas processuais, o artigo 84 dispõe que são as custas dos
atos do processo, a indenização de viagem, a remuneração do assistente técnico e a diária de
testemunha. Lembrem-se que as custas judiciais são tributos, da espécie taxa.
Já os honorários advocatícios constituem a remuneração devida aos profissionais da
advocacia em razão da atuação no processo, reguladas pelo artigo 85.
Feito a introdução, vamos entender a sistemática.
3.1. Despesas processuais

3.1.1. Ônus: adiantamento das despesas


Conforme disposto acima, o artigo 82 prevê um sistema de pagamento das despesas
processuais composto pelo ônus de adiantá-las, em certos momentos do processo, e da
obrigação de pagá-las ao final.
Assim, as partes têm o ônus de prover as despesas dos atos que realizam ou requerem,
antecipando-lhes o pagamento. É uma condição de eficácia do ato a ser realizado. À parte
interessada na prática do ato competirá promover o adiantamento das despesas.
11 Assim, a petição inicial e os recursos, devem ser protocolados com a guia e comprovante
de pagamento, sob pena de cancelamento da inicial (art. 290) e a inadmissibilidade/deserção
dos recursos (art. 1007).
No que toca aos atos dos auxiliares da justiça (oficial, perito, avaliador), a parte
interessada deve promover o recolhimento prévio das respectivas despesas na ocasião de cada
um desses atos, sob pena de não realização da diligência. Em relação à perícia, especialmente,
se esta for determinada de ofício pelo juiz ou requerida por ambas as partes, o valor a ser
adiantado poderá ser rateado entre elas.
Em ação que envolva brasileiro ou estrangeiro, que resida fora do país ou que deixe de
residir ao longo da tramitação do processo, deverá prestar caução suficiente ao pagamento das
custas e dos honorários de advogado, salvo se existirem bens imóveis de sua titularidade que
possam assegurar o pagamento dessas despesas. Essa regra não se aplica na execução de título
extrajudicial, no cumprimento de sentença e na reconvenção, bem como quando houver
dispensa prevista em acordo ou tratado internacional de que o Brasil faz parte (art. 83).
No que toca às perícias e à Fazenda Pública, importante esmiuçarmos o artigo 91 e 95.
Como disse anteriormente, cada parte adiantará a remuneração do perito cuja perícia foi
requerida, ou a remuneração será rateada, quando a perícia for determinada de ofício ou
requerida por ambas a partes. (art. 95)
No que toca à Fazenda Pública, as despesas dos atos processuais praticados a
requerimento da Fazenda Pública, do Ministério Público ou da Defensoria Pública serão pagas
ao final pelo vencido (art. 91), não havendo, em regra, portanto, dever de adiantamento das
despesas. Isso não significa dizer que o perito receberá só ao final. Isto porque, conforme dispõe
a Súmula 232 do STJ, “A Fazenda Pública, quando parte no processo, fica sujeita à exigência do
depósito prévio dos honorários”. Assim, deverão adiantar o valor da perícia, salvo quando não

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houver previsão orçamentária para tanto, hipótese em que poderão ser pagos no exercício
financeiro seguinte ou ao final, pelo vencido, caso o processo se encerre antes do adiantamento
a ser feito pelo ente público.
Outras exceções ao adiantamento das despesas:
 Beneficiários da Justiça Gratuita;
 Lei dos Juizados Especiais, para despesas da primeira instância (art. 54, Lei
9.099/95)
 Lei de Ação Popular;
 Lei de Ação Civil Pública.
Vou falar agora da obrigação do pagamento final pelo vencido, que envolve o princípio da
causalidade e, posteriormente, vou citar os artigos faltantes importantes, cujo entendimento se
resume ao texto da lei, bem como os entendimentos jurisprudenciais que devem ser levados
para as provas.
3.1.2. Obrigação: pagamento ao final pelo vencido
Como dito anteriormente, cada parte tem o ônus de adiantar as despesas dos atos que
realiza ou que pretende que seja realizado. Ao final, terá o vencido a obrigação de pagar ao
vencedor as despesas que este antecipou (art. 82, §2º), podendo ser compelido, inclusive, via
procedimento executivo.
Assim, se o autor adiantou todas as despesas e sai vencedor, o vencido deverá ressarci-lo
de tudo. Se o autor é beneficiário da justiça gratuita e sai vencedor, o vencido deverá ressarcir
12 o Estado de todas as despesas não recolhidas pelo autor.
Ainda, mesmo que o beneficiário da justiça gratuita seja parte vencida, este poderá ser
condenado às custas e honorários, entretanto, sua exigibilidade ficará suspensa, sendo possível
sua cobrança nos cinco anos subsequentes ao trânsito em julgado da demanda, se o credor
demonstrar que deixou de existir a situação de insuficiência de recursos financeiros que deram
ensejo à gratuidade da justiça. Decorrido este prazo, a obrigação será extinta. (art. 98, §2º e 3º)
Vou falar de gratuidade, em minúcias, mais adiante.

3.1.2.1. Sucumbência e causalidade


Vou falar desse tema novamente na parte de honorários, ok? Aqui vou dar uma prévia.
A atribuição da obrigação ao custo final do processo (despesas e honorários advocatícios)
é balizada por dois princípios: o da sucumbência e o da causalidade.
De acordo com o princípio da sucumbência, todos os gastos do processo devem ser
atribuídos à parte vencida quanto à pretensão deduzida em juízo, independentemente da sua
culpa pela derrota. No caso de sucumbência recíproca, as despesas e os honorários serão
distribuídos recíproca e proporcionalmente entre as partes (art. 86). Se um litigante sucumbir
de parte mínima do pedido, o outro responderá pela integralidade das despesas (parágrafo
único, art. 86)
Entretanto, apenas a sucumbência não é suficiente para resolver com segurança todas as
situações do cotidiano jurídico, por isso surgiu o princípio da causalidade, segundo o qual deve-
se considerar que é responsável pelas despesas processuais aquele que tiver dado causa à
instauração do processo.
Assim, dispõe o artigo 90 que se o processo terminar com sentença proferida com
fundamento em desistência, em renúncia ou em reconhecimento do pedido, as despesas e os
honorários serão pagos pela parte que desistiu, renunciou ou reconheceu, havendo clara
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aplicação do princípio da causalidade. O mesmo se pode dizer quando a ação perde seu objeto,
de modo que os honorários serão devidos por quem deu causa ao processo (art. 85, §10º)
Ainda, o artigo 90, §4º, dispõe que aquele que reconhece a procedência do pedido e,
simultaneamente, a obrigação for cumprida em sua integralidade, o réu será condenado à
metade dos honorários.
Sobre os demais parágrafos do artigo 90:
§1º Sendo parcial a desistência, a renúncia ou o reconhecimento, a responsabilidade pelas
despesas e pelos honorários será proporcional à parcela reconhecida, à qual se renunciou ou da
qual se desistiu.
§2º Havendo transação e nada tendo as partes disposto quanto às despesas, estas serão
divididas igualmente.
§3º Se a transação ocorrer antes da sentença, as partes ficam dispensadas do pagamento
das custas processuais remanescentes.
3.2. Honorários advocatícios
Constituem a remuneração devida aos advogados em razão de prestação de serviços
jurídicos, tanto em atividade consultiva como processual. Podem ser contratuais, relacionados
a um contrato celebrado com o próprio cliente para a prestação de algum serviço jurídico, ou
sucumbenciais, relacionados à vitória de seu cliente em processo judicial.
O STJ e o STF são no sentido de que os honorários possuem natureza de verba alimentar,

13 possuindo os mesmos privilégios dos créditos trabalhistas, sendo a previsão do art. 85, §14º, do
NCPC.
Serão fixados, conforme o §2º do art. 85, entre 10% e 20% sobre o valor da condenação,
do proveito econômico obtido, ou, não sendo possível mensurá-lo, sobre o valor atualizado da
causa.
3.2.1. Sucumbência e causalidade
Conforme dispõe o caput do artigo 85, a sentença condenará o vencido a pagar honorários
ao advogado vencedor. Da redação, percebe-se que o princípio da sucumbência é o critério
determinante na condenação em pagamento de honorários advocatícios.
Entretanto, nem sempre a sucumbência é determinante para tal condenação, devendo
ser aplicado o princípio da causalidade, de modo que, mesmo que a parte saia vencedora, seja
condenada ao pagamento de honorários ao advogado da parte vencida, uma vez que foi o
responsável pela existência do processo.
Ex: ação de exibição de documentos em que o juiz condena o autor vitorioso. O réu exibe
o documento no prazo de contestação e não há nos autos prova do pedido extrajudicial de
exibição. Nesse caso, como o réu não deu causa ao processo, mesmo sendo vencido, a
condenação ao pagamento de honorários recairá sobre o vencedor.
STJ, repetitivos: Os honorários advocatícios nos embargos de terceiro serão fixados com
base no princípio da causalidade, arcando com o encargo o embargante quando este não
atualizou os dados cadastrais do bem constrito judicialmente. Ora, se você compra um bem, é
dever seu promover a alteração em cartório das informações sobre a propriedade do bem. Até
então, o judiciário pensa que o bem é do antigo proprietário. Isto posto, constrito o bem, quem
deu causa aos embargos de terceiro foi o embargante, em virtude de sua desídia em promover
à retificação da matrícula do bem.

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No NCPC, verifica-se a causalidade em alguns artigos. O §10º do art. 85, p. ex, nos casos
de perda do objeto, os honorários serão devidos por quem deu causa ao processo. O mesmo
podemos dizer do artigo 90, já muito bem debatido em tópico anterior. Vejamos:
Art. 90. Proferida sentença com fundamento em desistência, em renúncia ou em reconhecimento do pedido,
as despesas e os honorários serão pagos pela parte que desistiu, renunciou ou reconheceu.
§ 1o Sendo parcial a desistência, a renúncia ou o reconhecimento, a responsabilidade pelas despesas e pelos
honorários será proporcional à parcela reconhecida, à qual se renunciou ou da qual se desistiu.
§ 2o Havendo transação e nada tendo as partes disposto quanto às despesas, estas serão divididas
igualmente.
§ 3o Se a transação ocorrer antes da sentença, as partes ficam dispensadas do pagamento das custas
processuais remanescentes, se houver.
§ 4o Se o réu reconhecer a procedência do pedido e, simultaneamente, cumprir integralmente a prestação
reconhecida, os honorários serão reduzidos pela metade.

Assim, consagração específica do princípio da causalidade: responde o autor por ter dado
causa ao processo e depois dele desistido ou renunciado ao direito material; responde o réu por
ter exigido do autor a propositura da ação e reconhecido seu pedido em juízo.
3.2.2. Cabimento em condenação em honorários advocatícios
Conforme dispõe o §1º do art. 85, são devidos honorários advocatícios na reconvenção,
no cumprimento de sentença, provisório ou definitivo, na execução, resistida ou não, e nos
recursos interpostos, cumulativamente. Nos demais incidentes, não há condenação em
honorários, mas apenas ressarcimento das despesas processuais realizadas.
Lembrem-se: a reconvenção, apesar de ter perdido sua autonomia formal com o NCPC,
14 uma vez que pode ser apresentada na contestação, não perdeu sua autonomia material, ou seja,
sua natureza de ação, de modo que é são devidos honorários advocatícios na reconvenção
também, além da ação principal.
No cumprimento de sentença, conforme dispõe o artigo 523, §1º, só são devidos
honorários quando não ocorrer o pagamento voluntário no prazo de 15 dias, hipótese em que
o pagamento será acrescido de multa de 10% e, também, de honorários advocatícios de 10%.
Outro parágrafo importante é o §7º, do artigo 85, dispondo que “Não serão devidos
honorários no cumprimento de sentença contra a Fazenda Pública que enseje expedição de
precatório, desde que não tenha sido impugnada.”
Assim, na hipótese de precatórios, apresentados os cálculos pela parte exequente, não
havendo impugnação da Fazenda, não haverá condenação em honorários, uma vez que o
sistema de precatórios é imposição constitucional.
Lado outro, no caso de RPV, ainda que a Fazenda deixe de impugnar, serão devidos
honorários, exceto quando ela, de ofício, faz os cálculos e apresenta ao credor, demonstrando
o pagamento da obrigação. É o que foi chamado de execução invertida.
Ainda, o STJ entende que não serão devidos honorários na hipótese de o cumprimento de
sentença começar por precatório e o exequente renunciar ao excedente para adequá-la ao
sistema do RPV.
 Esquematizando: Nas execuções contra a Fazenda Pública são devidos honorários advocatícios?
o 1) Sistemática dos PRECATÓRIOS:
 • Se a Fazenda Pública apresentou embargos à execução: SIM.
 • Se a Fazenda Pública não apresentou embargos à execução: NÃO. Aplica-se aqui
a regra do art. 1º-D da Lei 9.494/97.
o 2) Sistemática da RPV:

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 • Regra: SIM. Em regra, é cabível a fixação de verba honorária nas execuções contra
a Fazenda Pública, ainda que não embargadas, cujo pagamento da obrigação é feito
mediante RPV.
 • Exceção: a Fazenda Pública não terá que pagar honorários advocatícios caso
tenha sido adotada a chamada “execução invertida”.

Tal regra não é absoluta, a teor da súmula 345 do STJ, que dispõe que são devidos
honorários advocatícios pela Fazenda Pública nas execuções individuais de sentença proferidas
em ações coletivas, ainda que não embargadas. No ano de 2018, o STJ se debruçou sobre o
assunto em sede de recurso repetitivo, Tema 973, fixando a seguinte tese: O artigo 85,
parágrafo 7º, do CPC/2015 não afasta a aplicação do entendimento consolidado na Súmula 345
do STJ, de modo que são devidos honorários advocatícios nos procedimentos individuais de
cumprimento de sentença decorrente de ação coletiva, ainda que não impugnados e promovidos
em litisconsórcio.

Ainda, dispõe o §13º que as verbas de sucumbência arbitradas em embargos à execução,


rejeitados ou julgados improcedentes e em fase de cumprimento de sentença, serão acrescidas
no valor do débito principal, para todos os efeitos legais.
3.2.3. Fixação de honorários sucumbenciais em recursos
Conforme o §11 do art. 85, por decisão colegiada ou monocrática, o Tribunal, ao julgar o
recurso, majorará os honorários fixados anteriormente, levando em conta o trabalho adicional
realizado em grau recursal, observando, conforme o caso, o disposto nos §§2º a 6º do mesmo
artigo.
15 Sobre o referido artigo, extrai-se duas funções dessa fixação de honorários: remunerar o
trabalho do advogado e evitar a interposição de recursos. Nesse sentido, o STF entendeu que É
cabível a fixação de honorários recursais, prevista no art. 85, § 11, do CPC/2015, mesmo quando
não apresentadas contrarrazões ou contraminuta pelo advogado da parte recorrida. A ausência
de resposta ao recurso pela parte contrária não tem o condão de afastar a aplicação do disposto
no art. 85, §11, do CPC, eis que a medida tem o claro intuito de desestimular a interposição de
recursos procrastinatórios que serão desprovidos, independentemente da apresentação de
contrarrazões. STF. Plenário. AO 2063 AgR/CE , rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min.
Luiz Fux, julgado em 18/5/2017 (Info 865).
Em relação ao valor máximo de honorários, o tribunal não poderá ultrapassar os limites
estabelecidos nos §§2º e 3º para a fase de conhecimento. Ou seja, o tribunal deve considerar os
percentuais já fixados em valores anteriores para não ultrapassar o teto de 20% do valor da
condenação, do benefício econômico ou do valor da causa.
Mas e quando o recurso é apresentado sem que a 1ª instância ainda não tenha fixado
os honorários, como no caso de agravo de instrumento sobre decisão interlocutória? Nesses
casos, o STJ entende que não se aplica o §11 do art. 85 quando o recurso é oriundo de decisão
interlocutória sem prévia fixação de honorários, sendo inaplicável o dispositivo em ações em
que não caibam a fixação de honorários advocatícios.
Esses honorários só podem ser majorados quando o processo vai para outro órgão
jurisdicional, motivo pelo qual não cabe majoração de honorários em sede de embargos de
declaração. Quanto ao agravo interno, há divergência, pois, apesar de ser julgado no mesmo
tribunal, não é julgado no mesmo órgão jurisdicional. O STF entende pela aplicabilidade de
fixação de honorários advocatícios recursais em julgamento de agravo interno.
Apesar da regra acima mencionada, no que toca aos embargos de declaração, tanto o STJ
quanto o STF divergem se é possível majorar os honorários advocatícios ante a sua interposição.
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Assumpção entende que os embargos de declaração, em virtude de seu efeito devolutivo,


devolvem inclusive a matéria de readequação do valor dos honorários, podendo ser fixado
conforme o trabalho desempenhado em grau recursal.
Ainda, o STJ consolidou o entendimento de que somente nos recursos interpostos contra
decisão publicada a partir de 18/03/2016 será possível o arbitramento de honorários
sucumbenciais recursais, na forma do art. 85, §11º, CPC.
Dizer o Direito:
Para fins de arbitramento de honorários advocatícios recursais, previstos no § 11 do art.
85 do CPC/2015, é necessário o preenchimento cumulativo dos seguintes requisitos:
1) Direito Intertemporal: a decisão contra a qual se recorre deve ter sido publicada após
18/03/2016, nos termos do Enunciado administrativo 7 do STJ: “Somente nos recursos
interpostos contra decisão publicada a partir de 18 de março de 2016, será possível o
arbitramento de honorários sucumbenciais recursais, na forma do art. 85, § 11, do novo CPC”;
2) o não conhecimento integral ou o improvimento do recurso pelo Relator,
monocraticamente, ou pelo órgão colegiado competente;
3) a verba honorária sucumbencial deve ser devida desde a origem no feito em que
interposto o recurso;
4) não haverá majoração de honorários no julgamento de agravo interno e de embargos
de declaração oferecidos pela parte que teve seu recurso não conhecido integralmente ou não
provido;
16 5) não terem sido atingidos na origem os limites previstos nos §§ 2º e 3º do art. 85 do
CPC/2015, para cada fase do processo;
6) não é exigível a comprovação de trabalho adicional do advogado do recorrido no grau
recursal, tratando-se apenas de critério de quantificação da verba.
STJ. 3ª Turma. EDcl no AgInt no REsp 1573573/RJ, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado
em 04/04/2017.
3.2.4. Valor dos honorários sucumbenciais
Conforme preceitua o §2º do art. 85 do CPC, os percentuais dos valores dos honorários
são de 10% a 20% sobre o valor da condenação, do proveito econômico obtido ou, não sendo
possível mensurá-lo, sobre o valor atualizado da causa.
Assim, não havendo condenação, como no caso de ações meramente declaratórias, o
valor base será o suposto “proveito econômico” obtido pela ação. Não havendo a ação gerado
condenação e proveito econômico, a base de cálculo será o valor da causa. Logo, percebe-se
uma gradação do parâmetro a ser utilizado pelo juiz: (1º) condenação; (2º) proveito econômico
obtido; (3º) valor da causa.
Estabelecido o parâmetro de fixação dos honorários, cabe ao juiz fixar o percentual, entre
dez e vinte por cento, que se adequa ao grau de zelo do profissional, o lugar de prestação do
serviço, a natureza e a importância da causa, o trabalho realizado pelo advogado e o tempo
exigido para o seu serviço.
Nas causas em que for inestimável ou irrisório o proveito econômico ou, ainda, quando o
valor da causa for muito baixo, o juiz fixará o valor dos honorários por apreciação equitativa,
observando o disposto no §2º. (art. 85, §8º)

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Na ação de indenização por ato ilícito contra pessoa, o percentual de honorários incidirá
sobre a soma das prestações vencidas com mais doze prestações vincendas. (art. 85, §9º)
3.2.5. A Fazenda Pública como parte e honorários advocatícios
Aqui houve significativa mudança em relação ao código anterior. Quando a Fazenda
Pública for parte, pouco importa se vencedora ou perdedora, em virtude ao princípio da
isonomia, haverá um escalonamento a ser seguido. É o que dispõe o §3º do art. 85, de modo
que a fixação de honorários em ações em que a Fazenda Pública deverá seguir os seguintes
percentuais, de forma a deverá observar a faixa inicial e, naquilo que exceder, a faixa
subsequente, e assim sucessivamente (§5º, art. 85).
Percentual Valor da condenação ou do proveito
econômico obtido
10% a 20% Até 200 salários mínimos
8% a 10% Acima de 200 salários mínimos até 2.000
salários mínimos
5% a 8% Acima de 2.000 salários mínimos até 20.000
salários mínimos
3% a 5% Acima de 20.000 salários mínimos até
100.000 salários mínimos
1% a 3% Acima de 100.000 salários mínimos
17
Não havendo condenação principal, ou não sendo possível mensurar o proveito
econômico obtido, a condenação dar-se-á pelo valor atualizado da causa (inc. II, §4º, art. 85).
Ainda, o salário mínimo a ser considerado é o vigente quando prolatada sentença líquida ou o
que estiver em vigor na data de liquidação. O que importa é quando “sai o valor líquido”, ok?
Esses percentuais aplicam-se desde logo, quando a sentença for líquida. Não sendo
líquida, a definição do percentual somente ocorrerá quando liquidado o julgado.
Ainda, os limites e critérios previstos nos §§2º e 3º aplicam-se independentemente de
qual seja o conteúdo da decisão, inclusive aos casos de improcedência ou de sentença sem
resolução de mérito.
Esses percentuais aplicam-se desde logo, quando a sentença for líquida. Não sendo
líquida, a definição do percentual somente ocorrerá quando liquidado o julgado.
3.2.6. Sucumbência recíproca
Deixando de lado a celeuma doutrinária e críticas diversas, antigamente, quando havia
sucumbência recíproca, os honorários advocatícios eram compensados, sendo este o
entendimento sufragado pelo STJ.
Sabe-se, atualmente, que os honorários são de titularidade dos advogados. Hoje, com o
NCPC, de cunho protetor aos advogados, não há mais essa possibilidade de compensação. É o
que dispõe o §14º do art. 85: Os honorários constituem direito do advogado e têm natureza
alimentar, com os mesmos privilégios dos créditos oriundos da legislação do trabalho, sendo
vedada a compensação em caso de sucumbência parcial.
Assim, os advogados que participaram do processo são credores na hipótese de
sucumbência recíproca, sendo devedores a parte contrária.

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3.2.7. Pagamento na pessoa da sociedade de advogados


O §15º do art. 85 prevê que o advogado pode requerer que o pagamento dos honorários
que lhe caibam seja efetuado em favor da sociedade de advogados que integra na qualidade de
sócio, aplicando-se à hipótese o disposto no §14.
3.2.8. Termo inicial dos juros
§16º: quando os honorários forem fixados em quantia certa, os juros moratórios incidirão
a partir da data do trânsito em julgado da decisão.
3.2.9. Omissão da condenação em honorários advocatícios em sentença
transitada em julgado
§18º: caso a decisão transitada em julgado seja omissa quanto ao direito aos honorários
ou ao seu valor, é cabível ação autônoma para sua definição e cobrança.
O Juiz deve dispor sobre a condenação de honorários, e caso não disponha, deverá o
advogado intentar ação autônoma para tanto, a fim de que ele fixe o valor e haja um título
executivo.
3.2.10. Legitimidade para impugnar e executar os honorários
Segundo o artigo 23 da Lei 8906 (EOAB), o advogado é o credor dos honorários fixados
em sentença ou acórdão, sendo parte legitimada para executar esse capítulo acessório da
decisão. O caput do art. 85 do NCPC prevê que o advogado é o credor dos honorários
sucumbenciais, o que já o suficiente para aplicação do art. 789 do NCPC.
Aqui, o advogado possui legitimidade ordinária para executar seus honorários, de modo
18 que a parte terá legitimidade extraordinária para buscar satisfazer os honorários sucumbenciais
de seu advogado.
O STJ entende que a legitimidade ativa executiva consagrada no art. 23 da EOAB e arts.
85 e 788 do NCPC, se limita ao advogado que esteja constituído nos autos no momento da
execução, de modo que um advogado que já atuou nos autos, fazendo jus a uma parcela dos
honorários, terá que pleitear seus direitos por meio de ação própria.
Em relação a possibilidade de recorrer do capítulo da sentença que fixa os honorários,
tanto a parte quanto o advogado possuem legitimidade para recorrer, aplicando-se a regra geral
do art. 996, caput, do NCPC. Segundo o STJ, que adota tal entendimento, trata-se de hipótese
de legitimidade concorrente disjuntiva, quando há mais de um legitimado e qualquer um deles
isoladamente pode atuar em juízo. Assim, o advogado pode fazer 2 recursos: um em nome
próprio para discutir os hon orários e outro em nome da parte para discutir os demais capítulos
da decisão.
3.2.11. Direito ao ressarcimento dos honorários contratuais
Segundo o artigo 389 do Código Civil, não cumprida a obrigação, responde o devedor por
perdas e danos, mais juros e atualização monetária, segundo índices oficiais regularmente
estabelecidos. Ainda, o artigo 404 do mesmo diploma prevê que as perdas e danos, nas
obrigações de pagamento em dinheiro, serão pagas com atualização monetária segundo índices
oficiais regularmente estabelecidos, abrangendo juros, custas e honorários de advogado, sem
prejuízo da pena convencional.
A conclusão dos dois dispositivos é a de que os honorários contratuais devem ser
ressarcidos ao vencedor pela parte vencida. Se o autor não tivesse sido obrigado a entrar no
judiciário, não teria que pagar os honorários, de modo que cabe ao vencido este pagamento.
Assim, entende-se que os honorários contratuais também se incluem no conceito de dano, pois

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diminuiu o patrimônio do vencedor da lide ao ter que contratar um advogado para pleitear seus
direitos.
Assim, a doutrina e a jurisprudência entendem que se trata de aplicação do princípio da
restituição integral que, segundo o STJ, se entrelaça com os princípios da equidade, da justiça e,
consequentemente, com o princípio da dignidade da pessoa humana, tendo em vista que,
minimizando-se os prejuízos efetivamente sofridos, evita-se o desequilíbrio econômico gerado
pelo descumprimento da obrigação e protege-se a dignidade daquele que teve o seu patrimônio
lesado por um ato ilícito.
Mas atenção. Não pode haver abuso na contratação. A parte vencida não pode ser
responsabilizada por uma contratação absolutamente desarrazoada em valores exorbitantes
para uma demanda judicial que à luz da razoabilidade não exigia tal postura. Deve ser analisado
a complexidade da demanda.
Ao caso, aplica-se o princípio do duty to mitigate de loss, decorrente da boa-fé objetiva,
consagrada expressamente no artigo 422 do Código Civil. Assim, a parte que invoca violações a
um dever legal ou contratual tem um dever de mitigar o próprio dano por meio da adoção de
medidas possíveis e razoáveis para limitar seu prejuízo. Nesse sentido, o STJ já se manifestou
que, havendo abuso na contratação e sendo o valor dos honorários exorbitantes, caberá ao juiz
arbitrar outro valor, podendo inclusive tomar como parâmetro os valores indicados na tabela
de honorários da OAB.

4. Gratuidade de justiça
19 Segundo o artigo 98 do CPC, a pessoa natural ou jurídica, brasileira ou estrangeira, com
insuficiência de recursos para pagar as custas, as despesas processuais e os honorários
advocatícios têm direito à gratuidade da justiça, na forma da lei.
O STJ tem julgados no sentido de que estrangeiros, após o advento do NCPC, mesmo sem
residência fixa no país, tem direito à gratuidade de justiça. STJ. Corte Especial. Pet 9815-DF, Rel.
Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 29/11/2017 (Info 622).
Esta gratuidade, segundo o §1º do mesmo artigo, compreende as taxas, custas, selos
postais, despesas com publicação na imprensa oficial, indenização à testemunha, quando
empregada, despesas com realização de exame de DNA e outros considerados essenciais,
honorários do advogado e do perito e a remuneração do interprete ou tradutor, custo com
cálculos, os depósitos prévios para interposição de recurso e propositura de ação, emolumentos
devidos a notários ou registradores em virtude de registro/averbação de ato notarial necessário
à efetivação judicial ou à continuidade do processo judicial no qual o benefício tenha sido
concedido.
A gratuidade é um direito pessoal, não se estendendo aos litisconsortes ou sucessores do
beneficiado (art. 99, §6º). Da mesma forma, a prerrogativa não aproveita ao recorrente adesivo
quando o recorrente principal for beneficiário da gratuidade da justiça.
A gratuidade é algo pessoal no sentido material, de modo que, v.g., se o advogado da
parte beneficiária recorrer exclusivamente de seus honorários, deverá recolher o preparo, salvo
se o advogado também demonstrar ter direito à gratuidade. (art. 99, §5º).
A gratuidade da justiça depende da insuficiência de recursos da parte para o pagamento
das custas, despesas processuais e honorários advocatícios, de modo que a insuficiência de
recursos se associa ao sacrifício para manutenção da própria parte ou de sua família na hipótese
de serem exigidos tais adiantamentos.

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4.1. Gratuidade e adiantamento de honorários periciais


Nos casos em que a parte beneficiária da gratuidade da justiça é vencida e, tendo a parte
vencedora adiantado os honorários periciais, o art. 95, §3º, dispõe que, preferencialmente, o
custeio será realizado com recursos alocados ao orçamento do ente público e realizada por
servidor do Poder Judiciário ou por órgão público conveniado.
Não sendo possível a realização da maneira supra, será realizada por particular, quando
então ele será pago com recursos da União, do Estado ou do Distrito Federal.
4.2. Concessão parcial de gratuidade e parcelamento
Nos termos do art. 98, §5º, a gratuidade poderá ser concedida em relação a algum ou a
todos os atos processuais, ou consistir na redução percentual de despesas processuais que o
beneficiário tiver de adiantar no curso do procedimento.
Ainda, conforme o caso, o juiz poderá conceder direito ao parcelamento de despesas
processuais que o beneficiário tiver de adiantar no curso do procedimento.
4.3. Condenação do beneficiário da gratuidade
Nesse caso, dispõe o art. 98, §3º, que as obrigações decorrentes de sua sucumbência
ficarão sob condição suspensiva de exigibilidade e somente poderão ser executadas se, nos 5
(cinco) anos subsequentes ao trânsito em julgado da decisão que as certificou, o credor
demonstrar que deixou de existir a situação de insuficiência de recursos que justificou a
concessão de gratuidade, extinguindo-se, passado esse prazo, tais obrigações do beneficiário.
Atente-se a tal fato: não está incluída a isenção do pagamento de multas processuais
20 aplicadas ao beneficiário da gratuidade da justiça. Estas deverão ser pagas ao final do processo.
4.4. Procedimento
Conforme dispõe o artigo 99 do CPC, o pedido de gratuidade de justiça pode ser
formulado na petição inicial, na contestação, na petição para ingresso de terceiro no processo,
em recurso, ou ainda, se superveniente à primeira manifestação da parte na instância, o pedido
poderá ser formulado por petição simples, nos próprios autos do processo, e não suspenderá
seu curso (§1º).
Disposição importante é a trazida no §7º do art. 99: Requerida a concessão de gratuidade
da justiça em recurso, o recorrente estará dispensado de comprovar o recolhimento do preparo,
incumbindo ao relator, neste caso, apreciar o requerimento e, se indeferi-lo, fixar prazo para
realização do recolhimento.
Indeferimento do pedido (§2º). O juiz somente poderá indeferir o pedido se houver nos
autos elementos que evidenciem a falta dos pressupostos legais para a concessão de
gratuidade, devendo, antes de inferir o pedido, determinar à parte a comprovação do
preenchimento dos referidos pressupostos. Isto porque, conforme preconiza o §3º, presume-
se verdadeira a alegação de insuficiência deduzida exclusivamente por pessoa natural. Dessa
decisão de indeferimento/revogação (somente), caberá agravo de instrumento, nos termos do
art.1015, V, e art. 101, ambos do CPC.
Atentem-se: a assistência do requerente por advogado constituído/particular não impede
a concessão de gratuidade da justiça, até mesmo porque a contratação pode ter se dado
exclusivamente ad exitum (por êxito: o advogado só ganha alguma coisa caso ganhe a ação);
Deferimento do pedido e impugnação à decisão concessiva do benefício. Conforme o
art. 100, a concessão da gratuidade de justiça se dá com base no contraditório diferido, já que
o dispositivo prevê as possíveis reações da parte contrária apenas após o deferimento do
pedido.
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Após o deferimento, a parte contrária poderá impugnar a concessão na contestação, na


réplica ou nas contrarrazões de recurso ou, nos casos de pedido superveniente ou formulado
por terceiro, por meio de petição simples, a ser apresentada no prazo de 15 dias, nos próprios
autos, sem suspensão do seu curso.
Em caso de revogação do benefício pelo juiz, a parte arcará com as despesas processuais
que tiver deixado de adiantar e pagará, em caso de má-fé, até o décuplo de seu valor a título de
multa, que será revertida em benefício da Fazenda Pública estadual ou federal e poderá ser
inscrita em dívida ativa (parágrafo único, art. 100)
Recorribilidade. Como já mencionado, cabe agravo de instrumento da decisão que
indefere ou revoga o benefício, mas não da decisão que concede, de modo que mantida a
concessão da gratuidade, o único caminho é impugnar ela em sede de apelação. Quando houver
agravo de instrumento da decisão que indefere/revoga, a parte beneficiária estará dispensada
do recolhimento de custas até a decisão do relator sobre a questão. Confirmada a
denegação/revogação, o relator determinará o recolhimento das custas processuais, no prazo
de 5 dias, sob pena de não conhecimento do recurso.
Trânsito em julgado da decisão que revoga a gratuidade. A parte deverá efetuar o
recolhimento de todas as despesas de cujo adiantamento foi dispensada, inclusive as relativas
ao recurso interposto, se houver no prazo fixado pelo Juiz, sem prejuízo de aplicação das sanções
previstas em lei. Não efetuado o recolhimento, haverá extinção terminativa do processo caso a
omissão seja do autor e, no caso do réu, não será deferida a realização de qualquer ato ou
diligência requerida antes do depósito a ser realizado.

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5. Procuradores
A parte deve ser representada em juízo por advogado regularmente inscrito na Ordem
dos Advogados do Brasil (art. 103 do CPC). O ato praticado por advogado sem mandato nos
autos é ineficaz, passível de ratificação (o Estatuto da OAB fala que é nulo), já o ato praticado
por quem não tem habilitação de advogado reputa-se inexistente.
É, pois, necessária, além da capacidade para ser parte e da capacidade processual, que
haja ainda a capacidade postulatória, que é a aptidão para manifestar-se nos autos do processo.
Esta capacidade é exclusiva dos advogados e membros do Ministério Público.
É lícito à parte postular em causa própria quando tiver habilitação legal, isto é, se for
advogado, mas, nesse caso, deverá declarar na petição inicial ou na contestação, o endereço, o
número da OAB e nome da eventual sociedade de advogados da qual participa.
O advogado não poderá postular em juízo sem procuração, salvo para evitar preclusão,
decadência, prescrição ou para praticar ato urgente, mas, nessas hipóteses, sob pena de
ineficácia do ato, deverá juntar a procuração em 15 (quinze) dias, prorrogável por igual período
por despacho do juiz (art. 104 do CPC). É assim possível protocolar recurso sem procuração, mas
é preciso juntá-la posteriormente.
22 A súmula 115 do STJ, que reputava esse recurso inexistente, encontra-se cancelada,
diante da clareza dos arts. 76 e § 1º do art. 938.
A procuração “ad judicia” deve ser por escrito, mas não é preciso reconhecimento de
firma. É suficiente o instrumento particular, não se exige procuração por instrumento público,
ainda que a parte seja absolutamente ou relativamente incapaz, pois o art. 105 do CPC não faz
essa exigência para nenhuma hipótese de procuração ad judicia, por isso prevalece sobre o art.
654 do CC, que exige instrumento público para as demais procurações do incapaz.
Os Defensores Públicos e Procuradores do Estado estão dispensados de juntar procuração
(súmula 644 do STF).
A procuração pode ser assinada digitalmente, na forma de lei específica. A procuração
deverá conter o nome do advogado, seu número de inscrição na OAB e o endereço completo do
advogado (§§ 1º e 2º do art. 105 de CPC). Se o advogado integrar sociedade de advogados, a
procuração também deverá conter o nome dessa sociedade, o seu número de registro na OAB
e endereço completo.
No silêncio, a procuração outorgada na fase de conhecimento é eficaz para todas as fases
do processo, inclusive para o cumprimento de sentença (§ 4º do art. 105 do CPC).
A procuração “ad judicia” habilita o advogado a praticar todos os atos do processo, exceto
receber citação, confessar, reconhecer o pedido, transigir, desistir, renunciar ao direito do
autor, receber, dar quitação, firmar compromisso e assinar declaração de hipossuficiência
econômica, que devem constar da cláusula expressa (art. 105 do CPC).
Por outro lado, o advogado poderá ser substituído de duas formas: por vontade da parte
ou por vontade própria.

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Com efeito, a parte pode revogar a procuração a qualquer tempo, sem necessidade de
fundamentação. A parte que revogar a procuração deverá constituir outro advogado que
assumirá o patrocínio da causa.
Não sendo constituído novo advogado no prazo de 15 (quinze) dias, as consequências são
as seguintes:
a) o processo será extinto sem resolução do mérito, se a providência couber ao autor;
b) o réu será considerado revel, se a providência lhe couber;
c) o terceiro que houver ingressado no processo como litisconsorte passivo, também será
considerado revel; nas demais hipóteses, o terceiro será excluído do processo;
d) o eventual recurso não será conhecido;
e) as contrarrazões do recurso serão desentranhadas.
Equivale a revogação tácita, a constituição de novo advogado sem ressalvar os poderes
do anterior.
O advogado ainda pode ser substituído por vontade própria através da renúncia ao
mandato, que pode ser a qualquer tempo sem necessidade de fundamentação. É, no entanto,
indispensável que o advogado renunciante comunique a renúncia ao mandante, a fim de que
este nomeie sucessor (art. 110 do CPC). Esta comunicação deve ser feita pelo próprio advogado,
e não pelo juiz. Dispensa-se essa comunicação quando a procuração tiver sido outorgada a vários
advogados e a parte continuar representada por outro, apesar da renúncia (§2º do art. 112 do
23 CPC). Fora dessa hipótese, durante os 10 (dez) dias seguintes, o advogado continuará a
representar o mandante, desde que necessário para lhe evitar prejuízo, nos termos do §1º do
art. 112 do CPC, mas pode desligar-se se antes desse prazo a parte constituir novo advogado.
Por fim, enquanto o advogado que não provar que notificou o cliente da renúncia,
continuará representando-o e, após essa notificação, ainda o representa por 10 dias, quando
necessário para lhe evitar prejuízo.
Recomenda-se a leitura do art. 107 a fim de ver os direitos do advogado em relação ao
processo.

6. Substituição processual e sucessão das partes e dos


procuradores
Substituição processual: ocorre quando a lei autoriza propositura de ação em nome
próprio para pleitear direito alheio (legitimação extraordinária / anômala).
Em regra, a titularidade da ação vincula-se à titularidade do pretendido direito material
subjetivo, envolvido na lide (legitimação ordinária). Assim, “ninguém poderá pleitear direito
alheio em nome próprio, salvo quando autorizado pelo ordenamento jurídico” (NCPC, art. 18).
Há, só por exceção, portanto, casos em que a parte processual é pessoa distinta daquela
que é parte material do negócio jurídico litigioso, ou da situação jurídica controvertida. Quando
isso ocorre, dá-se o que em doutrina se denomina substituição processual (legitimação
extraordinária), que consiste em demandar a parte, em nome próprio, a tutela de um direito
controvertido de outrem.
Caracteriza-se ela pela “cisão entre a titularidade do direito subjetivo e o exercício da ação
judicial”, no dizer de Buzaid. Trata-se de uma faculdade excepcional, pois só nos casos
expressamente autorizados em lei é possível a substituição processual (art. 18).
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Uma dessas hipóteses ocorre quando a parte, na pendência do processo, aliena a coisa
litigiosa ou cede o direito pleiteado em juízo. Embora o alienante deixe de ser o sujeito material
da lide, continua a figurar na relação processual como parte (sujeito do processo), agindo, daí
em diante, em nome próprio, mas na defesa de direito material de terceiro (o adquirente) (art.
109).
Outro exemplo pode ser encontrado no art. 68 do Código de Processo Penal, que
reconhece legitimidade ao Ministério Público para mover a ação civil de reparação do dano ex
delicto, quando o titular do direito à indenização for pobre.
Há, porém, nos diversos casos excepcionais de substituição processual, um interesse
conexo da parte processual com o da parte material, pois a regra de legitimidade de parte como
condição da ação impede que, em geral, qualquer pessoa demande em seu nome a tutela de
um interesse alheio.
Daí a restrição do art. 18, que só admite a substituição processual quando o próprio
ordenamento jurídico reconheça ao terceiro uma legitimação especial para demandar interesse
alheio.
De qualquer maneira, não se concebe que a um terceiro seja reconhecido o direito de
demandar acerca do direito alheio, senão quando entre ele e o titular do direito exista algum
vínculo jurídico especial. Sempre, pois, que a substituição processual se mostre possível perante
a lei, ocorrerá o pressuposto de uma conexão de interesse entre a situação jurídica do substituto
e a do substituído.
Assim, o alienante do bem litigioso pode continuar litigando em nome próprio, embora o
24 bem já não mais lhe pertença, porque o terceiro, ao negociar com as partes, sujeitou-se a
estabelecer uma nova situação jurídica material vinculada à sorte da demanda pendente. Uma
associação ou um sindicato também pode demandar em defesa de direitos de seus associados
porque o fim social da entidade envolve esse tipo de tutela aos seus membros: há, pois, conexão
entre o interesse social e o interesse individual em litígio.
Daí ser justificável a substituição. Será, por isso mesmo, incabível a substituição quando a
associação agir na defesa de direito do sócio que não tenha identidade com o objetivo social.
Ressalte-se, por fim, que a relevância do vínculo capaz de legitimar a substituição processual só
decorre de valoração que se reserva apenas à lei. A vontade das partes, portanto, não é
suficiente para criar substituição processual que não tenha sido expressamente prevista em lei.
Substituição de parte: é a sucessão processual. Pode ocorrer quando o bem litigioso é
alienado (facultativa – só com a autorização da parte contrária; sem autorização, é o caso de
substituição processual) (arts. 108 e 109 do NCPC) e na hipótese de morte de uma das partes
(obrigatória – entram o espólio e/ou sucessores) (art. 110 do NCPC). Outros casos de sucessão
processual: ação civil pública e ação popular, quando a parte originária desiste da ação.
No que toca ao Código de Processo Civil, o artigo 109 dispõe que a alienação da coisa o
do direito litigioso por ato entre vivos, a título particular, não altera a legitimidade das partes.
Em continuidade, o adquirente ou cessionário não poderá ingressar em juízo, sucedendo o
alienante ou o cedente, sem que o consinta a parte contrária. Entretanto, neste último caso, o
adquirente ou o cessionário poderá intervir no processo como assistente litisconsorcial do
alienante ou cedente. Estendem-se os efeitos da sentença proferida entre as partes originárias
ao adquirente ou cessionário.
Na hipótese de morte de qualquer das partes, ocorrerá a sucessão pelo seu espólio ou
pelos seus sucessores. Aqui ocorre a habilitação (art. 689), hipótese em que o juiz suspenderá o
processo para regularizar o polo da demanda. Nós estudaremos em momento oportuno.
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Já no caso de morte do procurador de qualquer das partes, ainda que iniciada a audiência
de instrução e julgamento, o juiz determinará que a parte constitua novo mandatário, no prazo
de 15 (quinze) dias, ao final do qual extinguirá o processo sem resolução de mérito, se o autor
não nomear novo mandatário, OU ordenará o prosseguimento do processo à revelia do réu,
se falecido o procurador deste. (art. 313, §3º)

7. Outros sujeitos do processo


Os sujeitos principais do processo são o autor, o réu e o juiz. Os sujeitos especiais são o
advogado e o membro do Ministério Público. Os sujeitos secundários do processo são os
auxiliares da Justiça (escrivão, oficial de Justiça, perito, o depositário, o administrador, o
intérprete, o contador, etc.) e terceiros, como testemunhas.
Vou dar uma breve passada sobre esse assunto, uma vez que ele será visto em tópico
específico, ok?
7.1. O Juiz
Juiz - Sujeito imparcial do processo, investido de autoridade para dirimir a lide. Cabe a ele
a direção do processo (art. 125, "caput") (art. 139, "caput", do NCPC).
Princípio da identidade física do juiz: o juiz que concluir a audiência deve julgar a lide,
salvo se estiver convocado, licenciado, afastado por qualquer motivo, promovido ou aposentado
(art. 132 do CPC/73) (Não há previsão expressa no NCPC sobre o princípio da identidade física
do juiz).

25 Imparcialidade: o juiz deve abster-se de julgar a demanda quando houver motivos que
levem as partes a duvidar de sua imparcialidade (impedimento ou suspeição).
7.1.1. Deveres, poderes e responsabilidades do juiz (Elpídio Donizetti):
Rápida solução do litígio (O NCPC fala em "duração razoável do processo" - art. 139, II);
ordenar ou indeferir provas ou diligências (art. 370 do NCPC); julgar antecipadamente a lide (art.
355 do NCPC); determinar a reunião de processos (art. 55, § 1º, do NCPC); tentar a qualquer
tempo conciliar as partes (O NCPC estabelece que incumbe ao juiz promover, a qualquer tempo,
a autocomposição, preferencialmente com auxílio de conciliadores e mediadores judiciais - art.
139, V).
Repressão aos atos atentatórios à dignidade da Justiça arts. 139, III, e 142 do NCPC: punir
o litigante de má-fé arts. 80 e 81 do NCPC, advertir a testemunha mentirosa art. 458, p. único,
do NCPC, fazer retirar da audiência pessoas inconvenientes (art. 360, II, do NCPC), obstar a
utilização do processo para praticar ato simulado ou proibido por lei (art. 142 do NCPC)
Prestação da tutela jurisdicional (art. 140, "caput", do NCPC) aplicar normas legais, se
houver, se não houver normas legais, recorrer a: analogia, costumes e princípios gerais do dir.
(O NCPC não remete, expressamente, aos instrumentos de integração. No entanto, é possível
sua aplicação com base no art. 4º da LINDB)
O juiz só decidirá por equidade nos casos previstos em lei (art. 140, p. único, do NCPC).
Decisão da lide nos limites propostos (arts. 141, 371 e 492 do NCPC): pode apreciar
livremente a prova (princípio do livre convencimento motivado ou da persuasão racional) (O
NCPC excluiu o advérbio "livremente", reforçando a necessidade de se afastar a
discricionariedade ou o voluntarismo judicial na apreciação das provas. OBS: Alexandre Freitas
Câmara, em face da supressão do advérbio "livremente", sustenta que restou superado o
sistema do livre convencimento motivado ou da persuasão racional, passando a ser adotada a
"valoração democrática da prova", pela qual deve o juiz fazer uma valoração discursiva da prova,
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justificando seu convencimento acerca da veracidade das alegações, e indicando os motivos


pelos quais acolhe ou rejeita cada elemento do conjunto probatório, construindo em
contraditório seu conhecimento a respeito dos fatos da causa. Por outro lado, Daniel Amorim
Assumpção Neves discorda desse posicionamento, entendendo que se mantém o sistema do
livre convencimento motivado ou da persuasão racional) pode o juiz conhecer de circunstâncias
ou fatos simples não alegados pelas partes
Consititui ainda dever do Juiz assegurar as partes igualdade de tratamento (art. 139, I, do
NCPC).
Além dos mencionados acima, o NCPC estabelece os seguintes poderes, deveres e
responsabilidades do Juiz:
a) determinar todas as medidas indutivas, coercitivas, mandamentais ou sub-rogatórias
necessárias para assegurar o cumprimento de ordem judicial, inclusive nas ações que tenham
por objeto prestação pecuniária (art. 139, IV, do NCPC);
b) dilatar os prazos processuais e alterar a ordem de produção dos meios de prova,
adequando-os às necessidades do conflito de modo a conferir maior efetividade à tutela do
direito (art. 139, VI, do NCPC. OBS: A dilação de prazos somente pode ser determinada antes de
encerrado o prazo regular, de acordo com o p. único do art. 139 do NCPC);
c) determinar, a qualquer tempo, o comparecimento pessoal das partes, para inquiri-las
sobre os fatos da causa, hipótese em que não incidirá a pena de confesso (art. 139, VIII, do
NCPC);

26 d) determinar o suprimento de pressupostos processuais e o saneamento de outros vícios


processuais (art. 139, IX, do NCPC);
e) quando se deparar com diversas demandas individuais repetitivas, oficiar o Ministério
Público, a Defensoria Pública e, na medida do possível, outros legitimados coletivos, para, se for
o caso, promover a propositura da ação coletiva respectiva (art. 139, X, do NCPC).
Os poderes do juiz também são classificados da seguinte forma:
a) administrativos: ou de polícia para assegurar a ordem e o decoro
b) jurisdicionais, que se desenvolvem no próprio processo, subdividindo-se em: b.1)
poderes-meios (ordinatórios, ou simples andamento processual, e os instrutórios, que se
referem à formação do convencimento do juiz) b.2) poderes-fins (que compreendem os
decisórios e os de execução).
Responsabilidade do juiz (O NCPC estabelece que a responsabilização será regressiva, em
consonância com a tese da "dupla garantia" - art. 143):
- se procede com dolo ou fraude
- se recusa, omite ou retarda providência jurisdicional sem justo motivo
Princípio da cooperação: orienta o magistrado a tomar uma posição de agente
colaborador do processo, de participante ativo do contraditório e não mais a de um mero fiscal
de regras. O princípio da cooperação gera os seguintes deveres para o magistrado: a) dever de
esclarecimento; b) dever de consultar; c) dever de prevenir. O primeiro consiste no dever de se
esclarecer junto às partes quanto às dúvidas que tenha sobre suas alegações, pedidos ou
posições em juízo, para evitar decisões tomadas em percepções equivocadas/apressadas. O
dever de consultar impede que o magistrado decida com base em questão de fato ou de direito,
ainda que possa ser conhecida ex officio, sem que sobre elas sejam as partes intimadas a
manifestar-se (Art. 10 do NCPC: O juiz não pode decidir, em grau algum de jurisdição, com base
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em fundamento a respeito do qual não se tenha dado às partes oportunidade de se manifestar,


ainda que se trate de matéria sobre a qual deva decidir de ofício). Por fim, o dever de prevenir
impõe que o magistrado aponte as deficiências das postulações das partes, para que possam ser
supridas (Art 139, IX, do NCPC: O juiz dirigirá o processo conforme as disposições deste Código,
incumbindo-lhe determinar o suprimento de pressupostos processuais e o saneamento de
outros vícios processuais).
O novo NCPC acolhe expressamente o princípio da cooperação, com a aplicação a todos
os sujeitos do processo (Art. 6º Todos os sujeitos do processo devem cooperar entre si para que
se obtenha, em tempo razoável, decisão de mérito justa e efetiva).
Princípio da livre investigação das provas – para o STF e STJ, isto é excepcional e deve se
dar quando presentes razões de ordem pública ou igualitária, como, por exemplo, quando o juiz
esteja diante de causa que tenha por objeto direito indisponível (ações de estado), ou quando
o julgador, em face das provas produzidas, se encontre em estado de perplexidade ou, ainda,
quando haja significativa desproporção econômica ou sociocultural entre as partes.
7.1.2. Impedimento e suspeição
Hipóteses de impedimento do juiz - art. 144 do NCPC.
Impedimento: vício objetivo, pode ser alegado a qualquer tempo e grau de jurisdição e
permite manejo de ação rescisória.
O NCPC acrescentou as seguintes hipóteses de impedimento:
- quando nele estiver postulando, como defensor público, advogado ou membro do
27 Ministério Público, cônjuge ou companheiro do juiz, ou qualquer parente, consanguíneo ou
afim, em linha reta ou colateral, até o terceiro grau, inclusive (art. 144, III, do NCPC);
OBS1: foi acrescentada como causa de impedimento a postulação de parente como
defensor público ou membro do MP;
OBS2: O § 1º do art. 144 estabelece que o impedimento só se verifica quando o defensor
público, o advogado ou o membro do MP já integrava o processo antes do início da atividade
judicante do juiz.
OBS3: O § 3º do art. 144 aduz que o impedimento também se verifica no caso de mandato
conferido a membro de escritório de advocacia que tenha em seus quadros advogado que
individualmente ostente a condição nele prevista, mesmo que não intervenha diretamente no
processo.
- quando for o juiz herdeiro presuntivo, donatário ou empregador de qualquer das partes
(art. 144, VI, do NCPC); OBS: Era causa de suspeição no CPC/1973.
- quando figure como parte instituição de ensino com a qual o juiz tenha relação de
emprego ou decorrente de contrato de prestação de serviços (art. 144, VII, do NCPC);
- quando figure como parte cliente do escritório de advocacia de cônjuge, companheiro
ou parente, consanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral, até o terceiro grau, inclusive, do
juiz, mesmo que patrocinado por advogado de outro escritório (art. 144, VIII, do NCPC);
- quando o juiz promover ação contra a parte ou seu advogado (art. 144, IX, do NCPC).
O NCPC veda a criação de fato superveniente a fim de caracterizar impedimento do juiz
(art. 144, § 2º, do NCPC).

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Atuação em instância administrativa enseja impedimento? O STF tem decidido que a


atuação em instância administrativa não gera impedimento, eis que o art. 252, III, do CPP
merece interpretação restritiva (HC 112121/SP, 10/02/2015);
Hipóteses de suspeição do juiz - art. 135 do CPC (art. 145 do NCPC). Suspeição: vício
subjetivo, sujeito a prazo preclusivo e não permite manejo de ação rescisória.
“(...) Os atos decisórios praticados no processo pelo julgador suspeito importam a
nulidade do processo, caracterizando o direito líquido e certo do impetrante de ter
reexaminados, por outro julgador, os pedidos formulados na ação em sua defesa, os quais foram
objeto de indevidas deliberações pelo juiz suspeito”. (STJ Info 499, 4ª Turma).
Tanto o impedimento como a suspeição devem ser declarados de ofício pelo juiz.
Os motivos de impedimento e suspeição se aplicam, também, ao órgão do Ministério
Público, ao serventuário da justiça, ao perito e ao intérprete (O NCPC estabelece que se aplicam
os motivos de impedimento e de suspeição a todos os sujeitos imparciais do processo).

7.1.2.1. Procedimento da alegação de impedimento e suspeição


Procedimento (impedimento e suspeição): O impedimento e a suspeição referem-se ao
juiz, como pessoa física encarregada da prestação jurisdicional. Assim, quando o juiz é afastado
do processo por motivo de impedimento ou suspeição, o processo não se desloca do juízo (foro,
vara, tribunal etc.). Apenas o julgador, dentro do mesmo órgão, é que é substituído.
Embora preveja o Código prazo de quinze dias para essas alegações, a contar do
28 conhecimento do fato (art. 146, caput, do NCPC), no caso de impedimento, pelo menos, é de
admitir-se que não ocorre preclusão da faculdade de arguir a incapacidade do juiz. Isso porque,
até depois da res iudicata, o Código permite a invocação desse vício para rescindir a sentença
(art. 966, II).
O impedimento e a suspeição devem ser, em regra, reconhecidos pelo juiz, de ofício, ao
tomar conhecimento do processo. O incidente formulado pela parte é cabível apenas quando o
juiz descumpra o seu dever funcional de afastar-se espontaneamente da causa.
I – Pedido de afastamento do juiz:
A arguição de impedimento ou suspeição é feita nos próprios autos. Deve a parte
requerente formulá-la em petição específica dirigida ao juiz da causa, indicando o motivo da
recusa, que há de ser um dos previstos nos arts. 144 e 145 do NCPC, pois a enumeração legal é
taxativa. Pode, ainda, instruir a petição com documentos em que se fundar a alegação e com rol
de testemunhas (art. 146, caput).
Suscitado o incidente, o processo será suspenso, nos termos do art. 313, III, ficando
impedida a prática de atos processuais, enquanto não julgada a arguição (art. 314). Em se
tratando de atos urgentes e inadiáveis, cujo protelamento possa causar dano irreparável, a
solução da emergência dar-se-á por meio de sua submissão ao juiz substituto do impugnado
(art. 146, § 3º).
O advogado da parte requerente não necessita de poderes especiais para arguir a
suspeição ou o impedimento do juiz, segundo se depreende do art. 105.57-58
II – Respostas do magistrado:
Recebida a petição requerendo o seu afastamento, naturalmente não será lícito ao juiz
indeferir a petição, nem mesmo quando reputá-la manifestamente improcedente. Não há

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sequer lugar para oitiva da parte contrária. Caberá ao juiz, tão somente, adotar uma das
seguintes condutas:
(i) reconhecer os motivos para sua recusa e ordenar imediatamente a remessa dos autos
ao seu substituto legal (art. 146, § 1º);
(ii) rejeitar os motivos de seu afastamento, determinando a autuação em apartado da
petição e, no prazo de quinze dias, apresentar suas razões, acompanhadas de documentos e de
rol de testemunhas, se houver, ordenando a remessa do incidente ao tribunal (art. 146, § 1º).
Como se vê, no incidente de suspeição ou impedimento, a posição de requerido toca ao
próprio juiz recusado, visto que o requerente se dirige ao órgão judiciário superior para tentar
diretamente a exclusão de sua pessoa da relação processual. Sua posição assemelha-se à de um
réu, durante a tramitação do procedimento incidental, tanto que, se o incidente for procedente,
o juiz sofrerá até condenação nas custas (art. 146, § 4º).
Não obstante se reconheça ao magistrado a posição de sujeito passivo do incidente, a
petição que o provoca será dirigida ao próprio juiz rejeitado. Porém, não lhe caberá, como é
óbvio, indeferir a pretensão, nem mesmo quando reputá-la manifestamente improcedente. A
subida dos autos ao tribunal é obrigatória, e não haverá sequer lugar para ouvida da outra parte
do processo principal. A questão se restringe ao excipiente e ao excepto.
III – Apreciação e julgamento do incidente:
A apreciação e o julgamento do incidente, quando o juiz não acolhe a arguição, tocam ao
Tribunal a que ele se acha subordinado, e nunca ao próprio impugnado. Se, em vez de remeter
29 o caso ao tribunal, o juiz a quo resolve indeferir a impugnação liminarmente, caberá mandado
de segurança “para a cassação tanto daquele indeferimento liminar como dos atos praticados
no período de suspensão desencadeado pela oposição da exceção”, mesmo porque o NCPC não
prevê recurso para a espécie.
Distribuído o incidente no tribunal, o relator deverá declarar os efeitos em que o recebe:
(i) se não atribuir efeito suspensivo, o processo voltará a correr normalmente em primeira
instância; (ii) se o receber com efeito suspensivo, permanecerá suspenso o processo até o
julgamento do incidente (art. 146, § 2º).
Prevê o Código que, enquanto não declarado o efeito em que é recebido o incidente ou
quando este for recebido com efeito suspensivo, o requerimento de tutela de urgência deve ser
dirigido ao substituto legal do juiz (art. 146, § 3º).
Por importar afastamento do magistrado do exercício da jurisdição e envolver matéria de
ordem moral e de alta relevância, que pode afligir a pessoa do suspeitado e suscitar até
menosprezo à própria dignidade da justiça para acolhimento da exceção de suspeição, “é
indispensável prova induvidosa”.
Se o tribunal reconhecer o impedimento ou a suspeição, fixará o momento a partir do
qual o juiz não poderia ter atuado (art. 146, § 6º) e decretará a nulidade dos atos, praticados
quando já presente o motivo de impedimento ou de suspeição (art. 146, § 7º).
7.2. Ministério Público
Pode o Ministério Público ser conceituado como “o órgão através do qual o Estado
procura tutelar, com atuação militante, o interesse público e a ordem jurídica, na relação
processual e nos procedimentos de jurisdição voluntária. Enquanto o juiz aplica imparcialmente
o direito objetivo, para compor litígios e dar a cada um o que é seu, o Ministério Público procura
defender o interesse público na composição da lide, a fim de que o Judiciário solucione esta

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secundum ius, ou administre interesses privados, nos procedimentos de jurisdição voluntária,


com observância efetiva e real da ordem jurídica”.
O Ministério Público atuará na defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos
interesses e direitos sociais e individuais indisponíveis (NCPC, art. 176; e CF, art. 127). No
exercício das múltiplas tarefas que lhe confere a ordem jurídica, o Ministério Público ora age
como parte (NCPC, art. 177), ora como fiscal da ordem jurídica (art. 178).
Formas de atuação: a) Como parte art. 177 do NCPC: parte na demanda; b) Como fiscal
da lei, art. 178 do NPC: parte no processo
Inf. 567/STJ: O fato de a ré residir com seus filhos menores no imóvel não torna, por si só,
obrigatória a intervenção do Ministério Público (MP) em ação de reintegração de posse. (...)Na
hipótese, o interesse dos menores é meramente REFLEXO.
Consequências da não intervenção do MP quando obrigatória: se não foi intimado:
nulidade do processo, exceto se a decisão tiver sido favorável ao interesse justificador da
atuação / se foi intimado: não há nulidade. (art. 279 do NCPC). Há julgados que aplicam o
princípio do pás de nullité sans grief aqui, de modo que se não houve prejuízo na ausência de
intervenção do MP, não há declaração de nulidade.
Intervenção determinada pelo juiz: MP não pode se recusar a intervir se a determinação
não tiver amparo legal: correição parcial se o MP se recusa a intervir: juiz pode dar
prosseguimento normal ao processo, sem nulidade aplicação analógica do art. 28 do CPP
Impedimento e suspeição: como fiscal da lei: os mesmos do juiz; como parte: art. 134 e
30 art. 135, I a IV do CPC/73 (excepcionava apenas a hipótese de haver interesse no julgamento do
processo em favor de uma das partes).
O NCPC estabelece que são aplicados os motivos de impedimento e de suspeição ao
membro do MP, sem fazer distinção quanto à sua atuação como parte ou fiscal da ordem jurídica
(art. 148).
Legitimidade para recorrer: como parte ou fiscal da lei, tem legitimidade.
Se a decisão for favorável ao interesse que justificou sua intervenção: não tem interesse
jurídico (Dinamarco); em sentido contrário, Alexandre Freitas Câmara.
Não tem legitimidade para recorrer adesivamente.
Prerrogativas do MP: a) Intimação: sempre pessoal, seja parte, seja fiscal da lei. O STF
entende que basta a intimação via protocolo administrativo; b) Na qualidade de fiscal da lei, o
MP terá vista após as partes (art. 179, I, do NCPC).
O MP, quando atuando no processo, terá ampla atuação probatória, podendo juntar
documentos, requerer a juntada de provas, etc. (art. 179, II, do NCPC).
O MP pode recorrer. Aqui, interessante que nunca houve dúvidas de tal possibilidade
quando o MP atua como parte; porém, quando atua como fiscal da lei, temos a Súmula 99/STJ,
que confirma o art. 499, CPC, que diz que o MP pode recorrer como fiscal da lei ainda que as
partes não recorram. O NCPC ratificou tal posicionamento (art. 996: O recurso pode ser
interposto pela parte vencida, pelo terceiro prejudicado e pelo Ministério Público, como parte
ou como fiscal da ordem jurídica).
O MP tem atuação obrigatória nas ações rescisórias. O NCPC limita a atuação do MP como
fiscal da ordem jurídica às hipóteses previstas no art. 178 (art. 967, p. único)

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O NCPC estabelece prazo em dobro para todas as manifestações do MP (Processo Penal


não!). Não se aplica o prazo em dobro, quando a lei estabelecer prazo próprio para o MP (art.
180)
Na prática de atos processuais, o MP tem isenção de custas na JF (art. 4º, III, da Lei nº
9.289/1996), cabendo ao autor adiantar as despesas relativas a atos requeridos pelo MP,
quando atue como fiscal da lei, sendo a aludida despesa arcada, ao final, pelo vencido (arts. 82,
§§ 1º e 2º, do NCPC). O art. 968, § 1º, do NCPC – não se exige a caução do MP quando oferecer
rescisória; art. 1007, § 1º, do NCPC – libera o MP do preparo quando este recorrer.
Não está sujeito a adiantamento de despesas processuais. Aplicação analógica da Súmula
232, STJ (A Fazenda Pública, quando parte no processo, fica sujeita à exigência do depósito
prévio dos honorários do perito), no que concerne às despesas em sentido estrito (perícias etc.),
devendo o MP, quando atue como parte, adiantar as despesas relativas às perícias que solicitar,
quando não se tratar de microssistema de tutela coletiva (art. 18, da Lei nº 7.345/87). Em
verdade, segundo o STJ, deverá a Fazenda Pública ao qual se encontra vinculado o Parquet arcar
com essa despesa (O NCPC estabeleceu que as perícias requeridas pelo MP, autuando como
parte, poderão ser realizadas por entdidade pública ou, havendo previsão orçamentária, ter
valores adiantados pelo MP. Não havendo previsão orçamentária, o adiantamento dos
honorários periciais poderão ser pagos no exercício seguinte ou, ao final, pelo vencido, caso o
processo se encerre antes - art. 91).
7.3. Advocacia Pública
O NCPC estabelece prazo em dobro para todas as manifestações da Fazenda Pública. Não
31 se aplica o prazo em dobro, quando a lei estabelecer prazo próprio para o ente público (art.
183).
Exerce a representação judicial e extrajudicial dos entes públicos, e lhes presta atividades
de consultoria e assessoramento.
Os membros da AGU possuem prerrogativa de intimação pessoal. Tal prerrogativa só foi
conferida aos procuradores federais com a Lei nº 10.910/2004, a qual, porém, vem sendo
afastada no âmbito dos Juizados Especiais.
A jurisprudência do STJ afirma que, no âmbito dos Juizados Especiais, não é necessária a
intimação pessoal dos Defensores Públicos, podendo ocorrer até mesmo pela Imprensa Oficial.
HC 105.548/ES, 2010.
STJ: É válida a intimação do representante da Fazenda Nacional por carta com aviso de
recebimento (art. 237, II, do CPC) quando o respectivo órgão não possui sede na Comarca de
tramitação do feito. Decisão em recurso repetitivo. REsp 1.352.882-MS, Rel. Min. Herman
Benjamin, julgado em 12/6/2013. Informativo 522.
O NCPC determina a intimação pessoal para as pessoas jurídicas de direito público. A
intimação pessoal far-se-á por carga, remessa ou meio eletrônico. (art. 183). As pessoas jurídicas
de direito público deverão manter cadastro nos sistemas de processo em autos eletrônicos, para
efeito de recebimento de citações e intimações, as quais serão efetuadas preferencialmente por
esse meio (art. 246, § 2º). Sempre que possível, as intimações serão realizadas por meio
eletrônico (art. 270).
7.4. Defensoria Pública
A Defensoria Pública é instituição essencial à função jurisdicional do Estado, a quem a
Constituição Federal incumbiu a orientação jurídica e a defesa, em todos os graus, dos
necessitados (CF, art. 134). O Código atual atribuiu um título próprio à Defensoria Pública,
tratando de suas funções, prerrogativas e responsabilidade nos arts. 185 a 187 do NCPC.
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Nos termos da legislação nova, a Defensoria Pública exercerá a orientação jurídica, a


promoção dos direitos humanos e a defesa dos direitos individuais e coletivos dos necessitados,
em todos os graus, de forma integral e gratuita (art. 185).
Os seus membros também gozarão de prazo em dobro para todas as suas manifestações
processuais, cuja contagem se iniciará de sua intimação pessoal, feita por carga, remessa ou
meio eletrônico (arts. 186, caput e § 1º, e 183, § 1º). Essa prerrogativa aplica-se aos escritórios
de prática jurídica das faculdades de Direito reconhecidas na forma da lei e às entidades que
prestam assistência jurídica gratuita em razão de convênios firmados com a Defensoria Pública
(art. 186, § 3º).
Entretanto, ressalva a lei que não haverá contagem em dobro do prazo da Defensoria
Pública quando a lei estabelecer, de forma expressa, prazo próprio à instituição (art. 186, § 4º).
Se o ato processual depender de providência ou informação que somente a parte
patrocinada pela Defensoria Pública possa realizar ou prestar, o defensor poderá requerer ao
juiz a intimação pessoal direta do interessado (art. 186, § 2º).
Nos juizados especiais federais, não gozam de prazo em dobro.

8. Anotações do meu caderno


● O ato de advogado que não junta procuração é considerado INEFICAZ, perante o NCPC.
Portanto, não é nulo e nem inexistente, mas ineficaz.
● O desempenho de mandato eletivo no Poder Legislativo impede o exercício da advocacia a favor
32 ou contra pessoa jurídica de direito público pertencente a qualquer das esferas de governo –
municipal, estadual ou federal.
● Legitimidade para a causa (ad causam) é condição da ação. Pertinência subjetiva com o direito
material.
● Legitimidade para o processo (ad processum) é a capacidade de estar sozinho em juízo.
● Sindicatos possuem ampla legitimidade extraordinária, ou seja, substituem seus membros. De
outra banda, as associações representam em juízo seus membros, dependendo de autorização
destes para ações ordinárias, ao contrário do MS, que atuam em substituição processual.
● STJ: é desnecessária a comprovação de prejuízo para que haja condenação ao pagamento de
indenização por litigância de má-fé. A comprovação de dano só é exigida para pagamento dos
danos sofridos.
● Os honorários obedecem ao princípio tempus regit actum e verão ser fixados conforme o código
vigente à época da sentença: os honorários nascem contemporaneamente à sentença, e não
preexistem à propositura da demanda, devendo observar as normas do CPC 2015 nos casos de
decisões proferidas a partir de 18/03/2016
o O arbitramento dos honorários não é questão meramente processual, mas sim
questão de mérito apta a formar um capítulo da sentença.
● Os atos decisórios proferidos pelo juízo incompetente somente perderão a existência, validade
e eficácia se houver decisão expressa do juízo competente nesse sentido.
● A intervenção obrigatória, como custos legis, do Ministério Público, nesses casos de
desapropriação direta ou indireta, não se dá por conta da discussão isolada da indenização pelo
bem expropriado, mas em virtude dos valores jurídicos maiores envolvidos na demanda, de
índole coletiva e, por vezes, até intergeracional, que vão muito além do simples interesse
econômico-financeiro específico do Estado. Assim, não é obrigatória a intervenção do MP em
desapropriação indireta ou direta. Deve ter motivo de interesse público.
o Até a intervenção do MP observa o princípio pás de nullité sans grief

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● Os ESTADOS e o DISTRITO FEDERAL poderão ajustar compromisso recíproco para prática de ato
processual por seus procuradores em favor de outro ente federado, mediante convênio firmado
pelas respectivas procuradorias.
o Logo, perceba que NÃO há MUNICÍPIOS e NÃO é TERMO DE COOPERAÇÃO, mas
sim convênio.
● As perícias requeridas pela Fazenda Pública, pelo MP ou DP deverão ter seus valores adiantados
pelo ENTE em que a entidade estiver vinculada, devendo serem pagas ao final pelo vencido. O
encargo financeiro para a realização da prova pericial deve recair sobre a Fazenda Pública a que
o Ministério Público estiver vinculado, por meio da aplicação analógica da Súmula 232/STJ. Eles
serão pagos no exercício seguinte ou ao final, pelo vencido, caso o processo se encerre antes
do adiantamento a ser feito pelo ente público”.
● Nas hipóteses de extinção do processo sem resolução de mérito provocada pela perda do objeto
da ação em razão de ato de terceiro e sem que exista a possibilidade de se saber qual dos
litigantes seria sucumbente se o mérito da ação fosse julgado, o pagamento das custas e dos
honorários advocatícios deve ser rateado entre as partes.
● Há no novo CPC previsão de suspensão dos autos para advogada gestante/adotante, pelo prazo
de 30 dias a contar do parto ou adoção, desde que haja notificação ao cliente. No caso de pai, o
período de suspensão será de 8 dias.
● O período de suspensão do processo por convenção das partes não poderá exceder a 6 meses.
● O dano processual não é pressuposto para a aplicação da multa por litigância de má-fé prevista
no art. 18 do CPC/1973 (art. 81 do CPC/2015). Trata-se de mera sanção processual, aplicável
inclusive de ofício, e que não tem por finalidade indenizar a parte adversa.
● ENUNCIADO 1 – A verificação da violação à boa-fé objetiva dispensa a comprovação do animus
33 do sujeito processual. Verifica-se através dos comportamentos externos do agente.
● É cabível a fixação de honorários recursais, prevista no art. 85, § 11, do CPC/2015, mesmo
quando não apresentadas contrarrazões ou contraminuta pelo advogado. Para tanto, deve ser
julgado após a vigência do NCPC.
● Se a sentença foi prolatada a partir do dia 18/03/2016, deverão ser aplicadas as regras do
CPC/2015 a respeito dos honorários advocatícios ainda que a ação tenha sido ajuizada antes do
novo Código. Isso porque os honorários advocatícios nascem contemporaneamente à sentença
e não preexistem à propositura da demanda. A sentença é o marco para delimitação do regime
jurídico aplicável à fixação de honorários advocatícios, revelando-se incorreto seu arbitramento,
com fundamento no CPC/1973, posteriormente à 18/03/2016 (data da entrada em vigor da
novel legislação).
● Configura supressão de grau de jurisdição o arbitramento no STJ de honorários de sucumbência
com base no CPC/2015, na hipótese em que as instâncias ordinárias utilizaram
equivocadamente o CPC/1973 para a sua fixação. Ex: TJ fixou honorários advocatícios com base
no CPC/1973, mesmo tendo o acórdão sido prolatado após o CPC/2015; no Resp, o STJ deverá
reformar o acórdão recorrido e determinar o retorno dos autos ao TJ para que esta Corte faça
um novo julgamento da apelação e analise os honorários advocatícios de sucumbência com base
no CPC/2015.
● A Fazenda Pública pode celebrar convenção processual, nos termos do art. 190 do CPC.
● § 6o Aos advogados públicos ou privados e aos membros da Defensoria Pública e do Ministério
Público não se aplica o disposto nos §§ 2o a 5o (pagar a multa de ato atentatório à dignidade da
justiça) devendo eventual responsabilidade disciplinar ser apurada pelo respectivo órgão de
classe ou corregedoria, ao qual o juiz oficiará.
● Nas ações de indenização por ato ilícito contra pessoa, o percentual de honorários incidirá sobre
a soma das prestações VENCIDAS, devidamente atualizadas, acrescida de 12 (doze) prestações
VINCENDAS.

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 Sujeitos do Processo (arts. 70 a 112)
 Apostila 05
 Dia: 04/09/2018

● Em contrato ad exitum, quando há o rompimento do contrato no curso da lide, o STJ entende


que o juiz não pode desprezar a cláusula de êxito, estipulada pelo contrato de prestação de
serviços advocatícios, de modo que não cabe ao magistrado fixar a verba de honorários
antecipadamente, por fixação equitativa. Deverá aguardar o término da lide para receber a
remuneração contratada.
o A vitória processual é condição suspensiva dos honorários, cujo implemento é
obrigatório para que o advogado faça jus à remuneração.
● Honorários advocatícios defensoria pública:

● STJ: NÃO ● STF: SIM

● Súmula 421-STJ: Os honorários advocatícios ● Após as ECs 45/2004, 74/2013 e 80/2014,


não são devidos à Defensoria Pública quando passou a ser permitida a condenação do ente
ela atua contra a pessoa jurídica de direito federativo em honorários advocatícios em
público à qual pertença. demandas patrocinadas pela Defensoria
Pública, diante de autonomia funcional,
administrativa e orçamentária da Instituição.
● STF. Plenário. AR 1937 AgR, Rel. Min. Gilmar
Mendes, julgado em 30/06/2017.

 O curador especial tem legitimidade para propor reconvenção em favor de réu revel citado por
edital.

34 Os cônjuges casados em regime de comunhão parcial de bens devem ser necessariamente
citados em ação demolitória. Nesse caso há litisconsórcio passivo necessário.
 É dispensável a intimação do ex-cônjuge casado sob o regime de separação convencional de
bens da penhora sobre bem imóvel de propriedade particular, sobre o qual não tem direito de
meação.
 O espólio, ainda que representado pelo inventariante, não possui legitimidade ativa para ajuizar
ação de cobrança do seguro obrigatório (DPVAT) em caso de morte da vítima no acidente de
trânsito.
 De regra, a representação judicial das pessoas jurídicas de direito público faz-se por
procuradores constituído por servidores públicos, hipótese na qual se dispensa a apresentação
de prova do mandato, porque este é tido como decorrência ex lege. No entanto, quando a
representação do ente público faz-se mediante advogados privados, contratados, no comum
dos casos, por prévio procedimento licitatório, é necessário que esse contrato de mandato
prove-se pelo respectivo instrumento, vale dizer, pela procuração ou pelo substabelecimento.
 As assembleias legislativas somente possuem personalidade judiciária quando em defesa de
seus interesses em juízo, não possuindo, portanto, legitimidade passiva em ação de execução.
 A representação do ente municipal não pode ser exercida por associação de direito privado, haja
vista que se submete às normas de direito público. Assim sendo, insuscetível de renúncia ou de
delegação a pessoa jurídica de direito privado, tutelar interesse de pessoa jurídica de direito
público sob forma de substituição processual.
 Associação de Municípios e prefeitos não possui legitimidade ativa para tutelar em juízo direitos
e interesses das pessoas jurídicas de direito público.

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 Dia: 04/09/2018

● Súmula vinculante 28: É inconstitucional a exigência de depósito prévio como requisito de


admissibilidade de ação judicial na qual se pretenda discutir a exigibilidade do crédito tributário.
● Súmula 667 STF: Viola a garantia constitucional de acesso à jurisdição a taxa judiciária calculada
sem limite sobre o valor da causa.
● Em ação de nulidade de registro de marca em que o INPI for sucumbente, cabe a ele reembolsar
as despesas feitas pela parte autora.
o Este julgado tratava sobre uma ação de nulidade de registro de marca proposta
por uma sociedade empresária ("A") contra o INPI e contra outra empresa
concorrente ("B"), titular da marca questionada na demanda. A ação foi julgada
procedente e discutiu-se se o INPI deveria pagar honorários advocatícios, custas
e despesas processuais. Foram expostas três conclusões: I — Na ação de
nulidade de registro de marca o INPI foi indicado como réu ao lado de sociedade
empresária porque concedeu indevidamente o registro para a empresa "B"
mesmo gerando confusão com a marca da empresa "A" e também porque não
deu andamento ao pedido administrativo formulado pela empresa "A" para
anular o registro indevidamente concedido. Assim, diante disso, o referido
Instituto deve responder solidariamente pelos honorários advocatícios
sucumbenciais mesmo que, na ação proposta, ele tenha reconhecido a
procedência do pedido formulada na Inicial. II — Em ação de nulidade de
registro de marca, o INPI é isento de pagamento de custas. III — Em ação de
nulidade de registro de marca em que o INPI for sucumbente, cabe a ele
reembolsar as despesas judiciais feitas pela parte autora. STJ. 3ª Turma. REsp
1258662-PR, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 2/2/2016 (Info 576).
35  O Ministério Público Estadual, ao propor ação de investigação de paternidade como substituto
processual, não é obrigado a adiantar as despesas decorrentes de citação editalícia do réu em
jornal local, devendo o adiantamento dos gastos da referida diligência ser realizado pela
Fazenda Pública Estadual.
 A caução prevista no art. 83 do CPC não tem natureza cautelar, sendo exigível no caso em que
se verificar a presença dos requisitos objetivos e cumulativos elencados no referido dispositivo,
podendo ser dispensada nas hipóteses previstas no art. 83, §1º do CPC ou quando, com base na
prova dos autos, as peculiaridades do caso concreto indicarem que a sua exigência irá
obstaculizar o acesso à jurisdição.
 Na ação de mandado de segurança não se admite honorários advocatícios.
 Os honorários advocatícios, nas ações previdenciárias, não incidem sobre as prestações vencidas
e vincendas após a sentença.
 Nas ações de desapropriação incluem-se no cálculo da verba advocatícia as parcelas relativas
aos juros compensatórios.
 Os honorários de advogado em desapropriação direta são calculados sobre a diferença entre a
indenização e a oferta, corrigidas monetariamente.
 A desistência da execução fiscal, após o oferecimento dos embargos, não exime o exequente
dos encargos da sucumbência.
 Os honorários advocatícios não podem ser fixados em salário-mínimo. Entretanto, o valor da
condenação pode.
 A remessa oficial devolve ao Tribunal o reexame de todas as parcelas da condenação suportadas
pela Fazenda Pública, inclusive dos honorários de advogado.
 São devidos honorários advocatícios pela Fazenda Pública nas execuções individuais de sentença
proferida em ações coletivas, ainda que não embargadas. "O art. 85, § 7º, do CPC/2015 não
afasta a aplicação do entendimento consolidado na Súmula 345 do STJ, de modo que são
devidos honorários advocatícios nos procedimentos individuais de cumprimento de sentença
decorrente de ação coletiva, ainda que não impugnados e promovidos em litisconsócio." STJ.
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 Sujeitos do Processo (arts. 70 a 112)
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 Dia: 04/09/2018

Corte Especial. REsp 1648238/RS, Rel. Min. Gurgel de Faria, julgado em 20/06/2018 (recurso
repetitivo).
 São devidos honorários advocatícios no cumprimento de sentença, haja ou não impugnação,
depois de escoado o prazo para pagamento voluntário, que se inicia após a intimação do
advogado da parte executada.
 SV47: Os honorários advocatícios incluídos na condenação ou destacados do montante principal
devido ao credor consubstanciam verba de natureza alimentar cuja satisfação ocorrerá com a
expedição de precatório ou requisição de pequeno valor, observada ordem especial restrita aos
créditos desta natureza.
 A base de cálculo dos honorários de advogado em desapropriação é a diferença entre a oferta
e a indenização, corrigidas ambas monetariamente.
 Na ação de nulidade de registro de marca em que o INPI foi indicado como réu ao lado de
sociedade empresária em virtude da concessão indevida do registro e do não processamento do
procedimento administrativo para anular o registro indevidamente concedido, a autarquia
federal responde solidariamente pelos honorários advocatícios sucumbenciais, na hipótese em
que se reconheceu a omissão do instituto quanto a citada inércia, ainda que o ente federal tenha
reconhecido a procedência do pedido judicial.
 A reclamação tem natureza jurídica de ação pelo ingresso do beneficiário do ato como parte a
necessidade de contraditório prévio e, por conta disso, é possível a condenação em honorários
advocatícios.
 Os honorários são regulados pela lei vigente à época da prolação da sentença, quando surge o
direito aos honorários.

36 É possível a condenação da Fazenda Pública ao pagamento de honorários advocatícios em
decorrência da extinção da Execução Fiscal pelo acolhimento de exceção de pré-executividade.
(repetitivo).
 A majoração de honorários na seara recursal independe de requerimento da parte.
 Não cabe honorário recursal na hipótese de recurso que conhece “error in procedendo” e anula
a sentença, uma vez que essa providência torna sem efeito o capítulo decisório referente aos
honorários sucumbenciais e estes, por seu turno, constituem pressuposto para fixação
(majoração) do ônus em grau recursal.
 O agravo interno visa apenas a levar ao órgão colegiado, considerado juiz natural da causa, a
questão decidida monocraticamente pelo Relator, razão pela qual não há que se falar em
elevação da verba de sucumbência.
 Não haverá honorários recursais no julgamento de agravo interno e de embargos de declaração
apresentados pela parte que, na decisão que não conheceu integralmente de seu recurso ou
negou-lhe provimento, teve imposta contra si a majoração prevista no §11 do art. 85 do CPC.
 Embargos de divergência há um novo grau recursal, sujeito à majoração dos honorários.
 É cabível a fixação de honorários recursais mesmo quando não apresentadas contrarrazões ou
contraminuta pelo advogado.
 (Repetitivo) A lei 11941 só dispensou dos honorários advocatícios o sujeito passivo que desistir
de ação judicial em que requeira ‘o restabelecimento de sua opção ou a sua reinclusão em
outros parcelamentos’. Nas demais hipóteses, à mingua de disposição legal em sentido
contrário, aplica-se o art. 90 do CPC, que determina o pagamento de honorários advocatícios
pela parte que desistiu do feito.
 INSS não tem isenção de custas em ação de acidente na Justiça Estadual.
 Em ação de nulidade de registro de marca a que o INPI não deu causa nem ofereceu resistência
direta, não cabe condenação do instituto em honorários advocatícios sucumbenciais. STJ. 3ª
Turma. REsp 1378699-PR, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 7/6/2016 (Info 585).

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 Em execução fiscal proposta na Justiça Federal, cabe à Fazenda pública adiantar as despesas
com o transporte/condução/deslocamento dos oficiais de justiça necessários ao cumprimento
das cartas precatória de penhora e avaliação de bens (processada na Justiça Estadual), por força
do princípio hermenêutico ubi eadem ratio ibi eadem legis dispositio.
 A CEF, nas ações em que represente o FGTS, por força legal, está isenta do pagamento de custas,
emolumentos e demais taxas judiciárias, isenção que, todavia, não a desobriga de, quando
sucumbente, reembolsar as custas adiantadas pela parte vencedora. (repetitivo)
 É imprescindível a intimação da parte para constituição de novo advogado, quando comprovada
a notificação pelo causídico da renúncia dos poderes, conforme CPC, art. 112.
8.1. Gratuidade da justiça
● Cabe agravo de instrumento da revogação e da não concessão de justiça gratuita. A concessão
só pode ser impugnável por apelação à sentença.
● Quando a parte é detentora do benefício da justiça gratuita e seu recurso versar tão somente
sobre os honorários advocatícios do causídico que defendeu o beneficiado, o recurso estará
sujeito a preparo, SALVO se o próprio advogado demonstrar que tem direito à gratuidade.
o A justiça gratuita é personalíssima, não se estende ao advogado ou sucessor da
parte.
● Não é possível fixar honorários recursais quando o processo originário não preveja
condenação em honorários. (MS)
● O Estatuto da Cidade, ao tratar sobre a ação de usucapião especial urbana, prevê que "o autor
terá os benefícios da justiça e da assistência judiciária gratuita, inclusive perante o cartório de
registro de imóveis." Isso significa que o autor da ação de usucapião especial urbana gozará
37 sempre da gratuidade da justiça? Há uma presunção absoluta de que este autor não tem
recursos suficientes para pagar as custas? NÃO. O art. 12, § 2º, da Lei nº 10.257/2001 (Estatuto
da Cidade) estabelece uma presunção relativa de que o autor da ação de usucapião especial
urbana é hipossuficiente. Isso significa que essa presunção pode ser ilidida (refutada) a partir da
comprovação inequívoca de que o autor não é considerado "necessitado".
● A concessão de justiça gratuita NÃO afasta a responsabilidade do beneficiário de justiça gratuita
pelas despesas processuais e pelos honorários de sucumbência. Suas obrigações ficarão sob
condição suspensiva de exigibilidade e somente poderão ser executadas se nos 5 (cinco) anos
subsequentes ao trânsito em julgado a situação do condenado mudar.
● INDEPENDENTEMENTE DE TER FINS LUCRATIVOS OU NÃO a condição de impossibilidade de
pagar custas deve ser demonstrada. Súmula 481 do STJ: Faz jus ao benefício da justiça gratuita
a pessoa jurídica com ou sem fins lucrativos que demonstrar sua impossibilidade de arcar com
os encargos processuais.
 É relativa a presunção de hipossuficiência do autor em ação de usucapião especial urbana,
podendo ser ilidida a partir de prova inequívoca de que o autor não pode ser considerado
necessitado, nos termos do art. 2º, parágrafo único da lei 1060/50 (revogado pelo cpc, e virou
art. 98 no CPC).
 Fixa-se verba honorária inclusive quando o vencedor é beneficiário da justiça gratuita.
 Defesa pela Defensoria Pública não significa automática concessão da justiça gratuita, devendo
preencher os requisitos fixados em lei.

9. Dizer o Direito
 Execução de honorários sucumbenciais e fracionamento

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 Dia: 04/09/2018

Imagine que 30 pessoas, em litisconsórcio ativo facultativo, propuseram uma ação ordinária
contra determinada autarquia estadual. Desse modo, 30 pessoas que poderiam litigar
individualmente contra a ré decidiram se unir e contratar um só advogado para propor a ação
conjuntamente. A ação foi julgada procedente, condenando a entidade a pagar "XX" reais ao
grupo de 30 pessoas. Na mesma sentença, a autarquia foi condenada a pagar R$ 600 mil reais
de honorários advocatícios sucumbenciais ao advogado dos autores que trabalhou no processo.
O advogado dos autores, quando for cobrar seus honorários advocatícios, terá que executar o
valor total (R$ 600 mil) ou poderá dividir a cobrança de acordo com a fração que cabia a cada
um dos clientes (ex: eram 30 autores na ação; logo, ele poderá ingressar com 30 execuções
cobrando R$ 20 mil em cada)?
• SIM. É legítima a execução de honorários sucumbenciais proporcional à respectiva
fração de cada um dos substituídos processuais em "ação coletiva" contra a Fazenda Pública
(STF. 1ª Turma. RE 919269 AgR/RS, RE 913544 AgR/RS e RE 913568 AgR/RS, Rel. Min. Edson
Fachin, julgados em 15/12/2015. Info 812).
• NÃO. Não é possível fracionar o crédito de honorários advocatícios em litisconsórcio
ativo facultativo simples em execução contra a Fazenda Pública por frustrar o regime do
precatório (STF. 2ª Turma. RE 1038035 AgR/RS, rel. orig. Min. Edson Fachin, red. p/ o ac. Min.
Dias Toffoli, julgado em 7/11/2017. Info 884). É a corrente que prevalece. STF. 2ª Turma. RE
1038035 AgR/RS, rel. orig. Min. Edson Fachin, red. p/ o ac. Min. Dias Toffoli, julgado em
7/11/2017 (Info 884).
 Para que a cessão do precatório seja válida, é necessário que o crédito cedido
38 esteja expressamente consignado no precatório
O cessionário de honorários advocatícios tem legitimidade para se habilitar no crédito
consignado em precatório desde que comprovada a validade do ato de cessão por escritura
pública e seja discriminado o valor devido a título de verba honorária no próprio requisitório,
não preenchendo esse último requisito a simples apresentação de planilha de cálculo final
elaborada pelo Tribunal de Justiça. STJ. Corte Especial. EREsp 1127228-RS, Rel. Min. Benedito
Gonçalves, julgado em 21/6/2017 (Info 607).
 Ao se calcular o valor dos honorários sucumbenciais não se deve incluir as
astreintes
O valor da multa cominatória (astreintes) não integra a base de cálculo da verba
honorária. Ex: juiz proferiu sentença condenando o réu a pagar:a) R$ 100 mil a título de danos
morais;b) R$ 40 mil de multa cominatória (astreintes);c) 10% de honorários advocatícios sobre
o valor da condenação. Os 10% do advogado serão calculados sobre R$ 100 mil (e não sobre R$
140 mil). A base de cálculo dos honorários advocatícios sucumbenciais na fase de conhecimento
é a condenação referente ao mérito principal da causa. STJ. 3ª Turma. REsp 1367212-RR, Rel.
Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 20/6/2017 (Info 608).
 Advogado deve receber seus honorários calculado sobre o valor total do
precatório, antes de ser realizada compensação de crédito. Possibilidade de
retenção para pagamento de honorários contratuais da parte vencedora
O advogado deve receber os honorários contratuais calculados sobre o valor global do
precatório decorrente da condenação da União ao pagamento a Município da complementação
de repasses ao Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de
Valorização do Magistério (FUNDEF), e não sobre o montante que venha a sobrar após eventual
compensação de crédito de que seja titular o Fisco federal. STJ. 1ª Turma. REsp 1516636-PE, Rel.
Min. Napoleão Nunes Maia Filho, julgado em 11/10/2016 (Info 597).

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No caso em que Município obtenha êxito em ação judicial destinada à complementação


de repasses efetuados pela União ao Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino
Fundamental e de Valorização do Magistério (FUNDEF), será legítima a retenção de parte das
referidas verbas complementares para o pagamento de honorários advocatícios contratuais
(art. 22, §4º, da Lei nº 8.906/94). STJ. 2ª Turma. REsp 1604440-PE, Rel. Min. Humberto Martins,
julgado em 14/6/2016 (Info 585).
 Advogado pode ser obrigado a restituir honorários advocatícios de sucumbência
caso a sentença seja rescindida
Advogado recebeu honorários de sucumbência decorrentes de sua atuação em um
processo que transitou em julgado. Posteriormente, esta sentença é rescindida em ação
rescisória. O advogado poderá ser obrigado a devolver os valores que recebeu a título de
honorários. Em um caso concreto, o STJ entendeu que, se a decisão judicial que ensejou a fixação
de honorários de sucumbência for parcialmente rescindida, é possível que o autor da rescisória,
em posterior ação de cobrança, pleiteie a restituição da parte indevida da verba advocatícia,
ainda que o causídico, de boa-fé, já a tenha levantado. Os honorários são verbas alimentares. O
princípio da irrepetibilidade das verbas de natureza alimentar não proíbe, neste caso, a
devolução? NÃO. O princípio da irrepetibilidade das verbas de natureza alimentar não é
absoluto e, no caso, deve ser flexibilizado para viabilizar a restituição dos honorários de
sucumbência já levantados, tendo em vista que, com o provimento parcial da ação rescisória,
não mais subsiste a decisão que lhes deu causa. Devem ser aplicados os princípios da vedação
ao enriquecimento sem causa, da razoabilidade e da máxima efetividade das decisões judiciais.
STJ. 3ª Turma. REsp 1549836-RS, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, Rel. para acórdão Min.
39 João Otávio de Noronha, julgado em 17/5/2016 (Info 589).
 Conselhos de Fiscalização Profissional pagam custas
Os Conselhos de Fiscalização Profissional, embora possuam natureza jurídica de
autarquia, não estão isentos do pagamento de custas e do porte de remessa e retorno (a lei dos
Conselhos dispõe neste sentido). STJ. 1ª Seção. REsp 1338247-RS, Rel. Min. Herman Benjamin,
julgado em 10/10/2012 (recurso repetitivo).
 FGTS: constitucional cobrança em honorários
Nas ações entre o FGTS e os titulares de contas vinculadas, bem como naquelas em que
figurem os respectivos representantes ou substitutos processuais, HAVERÁ condenação em
honorários advocatícios. O art. 29-C, da Lei nº 8.036/90 (acrescentado pela MP nº 2.164-41, de
2001), que vedava a condenação em honorários advocatícios, é INCONSTITUCIONAL. STF.
Plenário. RE 581160/MG, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 20/6/2012 (Info 671).
Súmula vinculante 47-STF: Os honorários advocatícios incluídos na condenação ou
destacados do montante principal devido ao credor consubstanciam verba de natureza
alimentar cuja satisfação ocorrerá com a expedição de precatório ou requisição de pequeno
valor, observada ordem especial restrita aos créditos dessa natureza.
 Defensoria Pública: devido honorários em sua atuação
Agravo Regimental em Ação Rescisória. 2. Administrativo. Extensão a servidor civil do
índice de 28,86%, concedido aos militares. 3. Juizado Especial Federal. Cabimento de ação
rescisória. Preclusão. Competência e disciplina previstas constitucionalmente. Aplicação
analógica da Lei 9.099/95. Inviabilidade. Rejeição. 4. Matéria com repercussão geral reconhecida
e decidida após o julgamento da decisão rescindenda. Súmula 343 STF. Inaplicabilidade.
Inovação em sede recursal. Descabimento. 5. Juros moratórios. Matéria não arguida, em sede
de recurso extraordinário, no processo de origem rescindido. Limites do Juízo rescisório. 6.
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 Processo Civil
 Sujeitos do Processo (arts. 70 a 112)
 Apostila 05
 Dia: 04/09/2018

Honorários em favor da Defensoria Pública da União. Mesmo ente público. Condenação.


Possibilidade após EC 80/2014. 7. Ausência de argumentos capazes de infirmar a decisão
agravada. Agravo a que se nega provimento. 8. Majoração dos honorários advocatícios (art. 85,
§ 11, do CPC). 9. Agravo interno manifestamente improcedente em votação unânime. Multa do
art. 1.021, § 4º, do CPC, no percentual de 5% do valor atualizado da causa.
Importante esclarecer que o valor dos honorários não é repassado para os Defensores
Públicos, sendo repassado para um Fundo destinado, exclusivamente, ao aparelhamento da
Defensoria Pública e à capacitação profissional de seus membros e servidores.
STF. Plenário. AR 1937 AgR, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 30/06/2017, Acórdão
Eletrônico DJe-175 DIVULG 08-08-2017 PUBLIC 09-08-2017.
 Decisão que não aprecia o mérito não gera impedimento por parentesco entre
magistrados
Decisão que não aprecia o mérito não gera impedimento por parentesco entre
magistrados. Ex: em uma ação que tramitava na 1ª instância, o juiz proferiu decisão
interlocutória e, contra ela, o autor interpôs agravo de instrumento.No Tribunal, a relatora deste
agravo foi a Des. Maria.O agravo foi extinto sem julgamento do mérito por um “vício” processual
neste recurso. Passado mais algum tempo, o juiz sentenciou o processo.Contra a sentença, o
autor interpôs apelação e foi sorteado como relator do recurso no Tribunal o Des. João. João é
marido de Maria. Mesmo assim ele não está impedido de julgar porque sua esposa não apreciou
o mérito da causa no julgamento anterior. STJ. 3ª Turma.REsp 1673327-SC, Rel. Min. Nancy
Andrighi, julgado em 12/9/2017 (Info 611).
40  Suspeição superveniente não anula atos anteriores
A declaração pelo magistrado ("autodeclaração") de suspeição por motivo superveniente
não tem efeitos retroativos, não importando em nulidade dos atos processuais praticados em
momento anterior ao fato ensejador da suspeição. STJ. 1ª Seção. PET no REsp 1339313-RJ, Rel.
Min. Sérgio Kukina, Rel. para acórdão Min. Assusete Magalhães, julgado em 13/4/2016 (Info
587).

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