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Direito Processual Civil

Profs. Daniel Neves e Rodrigo da Cunha


Sumário
Formas de Solução de Conflitos.............................................................................13
Jurisdição............................................................................................................13
Equivalentes jurisdicionais..................................................................................13
Autotutela......................................................................................................13
Autocomposição.............................................................................................13
Mediação........................................................................................................13
Arbitragem.....................................................................................................13
Características principais da jurisdição...............................................................14
Caráter substitutivo........................................................................................14
Lide.................................................................................................................14
Inércia (princípio da demanda).......................................................................14
Definitividade.................................................................................................14
Princípios da Jurisdição.......................................................................................14
Investidura......................................................................................................14
Territorialidade (aderência ao território).......................................................14
Indelegabilidade.............................................................................................15
Inevitabilidade................................................................................................15
Inafastabilidade..............................................................................................15
Acesso à ordem jurídica justa (Kazuo Watanabe)...........................................15
Juiz natural.....................................................................................................16
Tutela Jurisdicional.............................................................................................16
Espécie de Crises Jurídicas..................................................................................16
Tutela de Conhecimento................................................................................16
Tutela Executiva..............................................................................................16
Tutela cautelar................................................................................................16
Sincretismo processual...................................................................................16
Natureza dos resultados jurídicos materiais.......................................................17
Tutela preventiva............................................................................................17
Tutela inibitória..............................................................................................17
Tutela reparatória...........................................................................................17
Coincidência de resultados com a satisfação voluntária....................................17
Tutela específica.............................................................................................17
Tutela pelo equivalente em dinheiro..................................................................17
Espécies De Técnicas Procedimentais.................................................................18
Tutela comum.................................................................................................18
Tutela diferenciada.........................................................................................18
Tutela diferenciada (flexibilização procedimental).........................................18
Cognição Vertical (Profundidade).......................................................................19
Tutela provisória (urgência e evidência).........................................................19
Tutela definitiva..............................................................................................19
Espécies De Direitos Tuteláveis......................................................................19
Ação........................................................................................................................19
Teorias do direito de ação..................................................................................19
Teoria Imanentista Ou Civilista.......................................................................19
Teoria Do Direito Concreto De Ação...............................................................20
Teoria Do Direito Abstrato De Ação (Ovídio Baptista; Calmon De Passos).....20
Teoria Eclética (Dinamarco/Nelson Nery Jr.)..................................................20
Teoria Da Asserção (Bedaque/Marinoni)........................................................20
Condições da Ação.............................................................................................21
Interesse de agir.............................................................................................21
Legitimidade...................................................................................................21
Classificação.......................................................................................................22
Elementos Da Ação.............................................................................................22
Partes..............................................................................................................22
Causa De Pedir....................................................................................................23
Pedido................................................................................................................24
Certeza e Determinação.................................................................................24
Processo.................................................................................................................26
Pressupostos Processuais...................................................................................26
Subjetivos.......................................................................................................26
Objetivos........................................................................................................27
Princípios processuais............................................................................................28
Devido processo legal.........................................................................................28
Contraditório......................................................................................................29
Contraditório Inútil.........................................................................................29
Contraditório Diferido Postecipado................................................................30
Fundamentação..................................................................................................30
Isonomia.........................................................................................................30
Publicidade Dos Atos Processuais...................................................................31
Economia Processual......................................................................................32
. Instrumentalidade Das Formas.....................................................................32
Duração Razoável Do Processo.......................................................................32
Cooperação....................................................................................................32
Princípio Da Lealdade E Boa-Fé Processual.....................................................33
Primazia No Julgamento Do Mérito................................................................33
Competência..........................................................................................................33
Conceito.............................................................................................................33
Competência Absoluta E Relativa.......................................................................34
Diferenças Procedimentais.............................................................................34
Identidades Procedimentais...........................................................................34
Espécies De Competência...................................................................................35
Competência Territorial..................................................................................35
Valor Da Causa................................................................................................37
Funcional........................................................................................................37
Matéria (Ratio Materiae)................................................................................37
Prorrogação De Competência.............................................................................38
Conceito E Espécies........................................................................................38
Conexão E Continência...................................................................................38
Ausência De Alegação De Incompetência Relativa (Art. 65, Caput, Do Cpc)...38
Prorrogação Voluntária..................................................................................39
Vontade Unilateral Do Autor..........................................................................39
Princípio Da Perpetuatio Jurisdictionis...........................................................39
Foros Concorrentes........................................................................................39
Litisconsórcio..........................................................................................................39
Conceito.............................................................................................................39
Cabimento..........................................................................................................39
Classificação.......................................................................................................40
Litisconsórcio Ativo Necessário..........................................................................41
Limitação Do Litisconsórcio Facultativo (Litisconsórcio Multitudinário).............41
Intervenção Iussu Iudicis?...................................................................................42
Vício Gerado Pela Ausência De Litisconsórcio Necessário..............................42
Dinâmica Entre Os Litisconsortes.......................................................................42
Atos de disposição de direito..........................................................................42
Presunção de veracidade na revelia (art. 345, I, CPC).....................................42
Recurso interposto por um dos litisconsortes................................................42
Princípio da comunhão das provas.................................................................43
Prevê que as provas produzidas são provas do processo, assim, sendo um
fato verídico comprovadamente, será considerado para todos os réus.........43
Prazos.............................................................................................................43
Intervenção de Terceiros........................................................................................43
Intervenções atípicas..........................................................................................43
Intervenção anômala......................................................................................43
Intervenção em demanda alimentar..............................................................44
Assistência anômala em ação probatória autônoma......................................44
Intervenções Típicas...........................................................................................44
Assistência......................................................................................................44
Denunciação da Lide...........................................................................................46
Hipóteses de cabimento.................................................................................46
Qualidade Processual Do Denunciado................................................................46
Denunciação Sucessiva...................................................................................47
Procedimento Da Denunciação Da Lide Pelo Autor........................................47
Procedimento Da Denunciação Da Lide Pelo Réu...............................................47
Chamamento Ao Processo..................................................................................47
Cabimento (art. 130)......................................................................................47
Procedimento.................................................................................................48
Incidente De Desconsideração Da Personalidade Jurídica (Arts. 133 A 137)......48
Natureza Jurídica............................................................................................48
Cabimento......................................................................................................48
Procedimento.................................................................................................48
Amicus Curiae.....................................................................................................49
Sujeito.............................................................................................................49
Hipóteses De Cabimento................................................................................49
Procedimento.................................................................................................50
Processo de Conhecimento....................................................................................50
Flexibilização Do Procedimento Comum E Gradativa Diminuição Da
Importância Dos Procedimentos Especiais.....................................................50
Petição Inicial......................................................................................................52
Requisitos da Petição Inicial...........................................................................52
Causa de pedir próxima e remota...................................................................53
Teorias sobre a Causa de Pedir.......................................................................53
Demandas autodeterminadas e demandas heterodeterminadas..................53
Causa de Pedir na Tutela Contra o Ilícito........................................................54
Pedido (319,IV)...................................................................................................55
Pedido imediato e mediato............................................................................55
Princípio da Congruência, da Adstrição ou da Correlação..............................55
Espécies de Pedidos........................................................................................61
Cumulação de Pedidos...................................................................................63
Alteração da Causa de Pedir ou do Pedido.....................................................64
Demais requisitos da Inicial................................................................................64
Valor da Causa................................................................................................65
Controle de Admissibilidade da Petição Inicial...................................................65
Saneamento da Petição Inicial........................................................................65
Indeferimento da Petição Inicial.....................................................................66
Improcedência liminar....................................................................................67
Despacho Liminar Positivo..............................................................................70
Audiência de Conciliação ou de Mediação.............................................................70
Conciliação x Mediação: diferenças....................................................................71
Hipóteses legais de dispensa da audiência de conciliação..............................71
Outras Hipóteses de Não Realização da Audiência de Conciliação ou de
Mediação........................................................................................................71
Outras hipóteses mencionadas por Trícia Navarro.........................................72
Realização por meios eletrônicos...................................................................72
Consequência do não comparecimento: Multa..............................................72
Advogado e Preposto.....................................................................................73
Aplica-se ao INSS o disposto no art. 334 do CPC?...........................................73
Alguns Enunciados das Jornadas de Direito Processual Civil do CJF...............75
Respostas do Réu...................................................................................................76
Respostas do réu: prazo.....................................................................................76
Citação da Pessoa Jurídica (CPC alterado pela Lei 14.195/2021)....................76
Termo inicial...................................................................................................76
Se o réu alegar a incompetência antes de apresentar a contestação, haverá
preclusão consumativa para contestar?.........................................................77
Prazo em Dobro..............................................................................................77
Espécies de Respostas do Réu............................................................................77
Contestação....................................................................................................77
Defesa processual e de mérito.......................................................................78
Defesa processual...........................................................................................78
Correção da ilegitimidade passiva..................................................................79
Defesa de mérito............................................................................................80
Revelia............................................................................................................80
Reconvenção......................................................................................................82
Providências Preliminares e Julgamento Conforme o Estado do Processo.............87
Julgamento Conforme o Estado do Processo – arts. 354 ao 357........................87
Julgamento Antecipado Parcial do Mérito.........................................................88
Liquidação e Cumprimento....................................................................................88
Não É Caso De Julgamento Antecipado Do Mérito.............................................90
Teoria das Provas...................................................................................................91
Conceito.............................................................................................................91
Quem é o destinatário da prova?...................................................................91
Objeto.................................................................................................................91
Prova de Direito..................................................................................................91
Ônus da prova....................................................................................................92
Teoria Estática................................................................................................92
Teoria da Carga Dinâmica...............................................................................92
Distribuição do ônus da prova por negócio jurídico processual.....................93
Enunciado 128 da Jornada de Direito Processual Civil do CJF.............................93
Formas de Distribuição do Ônus da Prova..........................................................93
Recurso...............................................................................................................93
Jornada de Direito Processual Civil do CJF..........................................................93
Sistemas de Avaliação ou de Valoração..............................................................93
Poderes Instrutórios do Juiz...................................................................................94
Poderes Instrutórios do Juiz e Preclusão Pro Judicato Preclusão...................94
Preclusão é a perda da faculdade processual.................................................94
Meios de Provas.....................................................................................................94
Prova emprestada..............................................................................................95
Dever De Análise Integral Das Provas.................................................................98
Ação Probatória Autônoma ou Produção Antecipada de Provas.......................98
Natureza Jurídica............................................................................................98
Jurisdição contenciosa ou voluntária?............................................................98
E prova documental?......................................................................................99
Competência................................................................................................100
Defesa e Recurso..........................................................................................100
Honorários....................................................................................................101
Coisa Julgada................................................................................................102
Heitor Sica - Três Aplicações Interessantes..................................................102
Provas em Espécie............................................................................................102
Depoimento pessoal.....................................................................................102
Prova documental........................................................................................103
Falsidade do documento..............................................................................104
Prova testemunhal...........................................................................................105
Prova exclusivamente testemunhal..............................................................105
Testemunha..................................................................................................105
Prova pericial....................................................................................................107
Sentença...............................................................................................................107
Espécies de sentença....................................................................................108
Requisitos ou elementos essenciais da sentença.........................................108
Coisa julgada........................................................................................................110
Coisa julgada Formal.........................................................................................110
Coisa julgada material......................................................................................110
Limites objetivos da coisa julgada....................................................................110
Eficácia preclusiva da coisa julgada – princípio do deduzível e dedutível.....111
Caso o juiz de omita quanto a condenação em honorais sucumbenciais, o que
fazer?................................................................................................................111
Reexame necessário.........................................................................................111
Hipóteses de reexame..................................................................................111
Pontos de atenção........................................................................................111
Inaplicabilidade de Reexame........................................................................111
Tutela Provisória...................................................................................................112
Conceito...........................................................................................................112
Espécies de Tutela Provisória...........................................................................112
Tutela de Urgência...........................................................................................113
Tutela Cautelar x Tutela Antecipada.............................................................113
Fungibilidade entre cautelar e antecipada...................................................113
Requisitos da Tutela de urgência..................................................................114
Caução..........................................................................................................115
Tutela de Urgência Antecedente e Tutela de Urgência Incidental....................115
Procedimento da Tutela Cautelar Antecedente (arts. 305 ao 310 do CPC)......116
Procedimento da tutela antecipada antecedente (art. 303 do CPC)................119
Tutela de Evidência...............................................................................................122
Hipóteses......................................................................................................122
Competência para a Concessão da Tutela Provisória.......................................125
Cumprimento da Tutela Provisória...................................................................127
Teoria do Risco-Proveito...................................................................................128
Recursos e Tutela Provisória.............................................................................131
Sustentação oral em agravo de instrumento................................................131
Agravo Interno..............................................................................................131
RE ou REsp....................................................................................................132
Tutela Provisória Contra a Fazenda Pública......................................................132
Inconstitucionalidade dos requisitos que impedem a tutela em MS............135
Matéria Previdenciária.................................................................................136
Lei do MS......................................................................................................137
Recursos...............................................................................................................138
Teoria Geral de Recursos..................................................................................138
Conceito.......................................................................................................138
Natureza jurídica..........................................................................................138
Juízo de admissibilidade e mérito.................................................................138
Pressupostos recursais.....................................................................................141
Cabimento........................................................................................................141
Hipóteses específicas de Fungibilidade............................................................142
Conversão dos Embargos de Declaração em Agravo Interno.......................142
Conversão do RE em REsp ou do REsp em RE...............................................142
Legitimidade recursal.......................................................................................143
Interesse recursal.............................................................................................145
Redimensionamento do interesse recursal..................................................147
Limites Objetivos da Coisa Julgada...............................................................147
Tempestividade recursal...................................................................................147
Comprovação de feriado local......................................................................149
Preparo.............................................................................................................154
Preparo: ausência e insuficiência..................................................................155
Ausência de fato impeditivo ou extintivo do poder de recorrer.......................156
Renúncia e desistência.................................................................................156
Aceitação da Decisão....................................................................................157
Desistência da Ação......................................................................................157
Transação.....................................................................................................157
Reconhecimento da Procedência do Pedido................................................157
Renúncia ao Direito......................................................................................157
Juízo de Mérito: Conteúdo...............................................................................157
Error in Procedendo x Error in Judicando.....................................................157
Juízo de Admissibilidade e Juízo de Mérito: Competência...............................158
Órgão a quo x órgão ad quem......................................................................158
Efeitos dos Recursos.........................................................................................158
Outros Efeitos...............................................................................................158
Sucumbência Recursal......................................................................................162
Recursos em Espécie........................................................................................164
Apelação.......................................................................................................164
Regularidade Formal na Apelação....................................................................167
Efeito Suspensivo.............................................................................................175
Efeito Regressivo (juízo de retratação).............................................................176
Técnica de complementação do julgamento não unânime..............................176
Outros Recursos que impugnam a Sentença....................................................183
Agravo de Instrumento.........................................................................................183
Hipóteses de Cabimento..................................................................................183
Interpretação de Alguns Incisos e do Parágrafo...........................................183
Requisitos do Agravo de Instrumento..........................................................195
Agravo Interno..................................................................................................198
Embargos de Declaração..................................................................................200
Efeito Modificativo ou caráter infringente...................................................204
Fungibilidade................................................................................................204
Recurso Ordinário Constitucional - ROC...........................................................205
Cabimento....................................................................................................206
Processamento.............................................................................................208
Reclamação..................................................................................................208
Recursos Excepcionais – Resp e RE...................................................................209
Histórico.......................................................................................................209
RESP..............................................................................................................209
Agravo em RE ou Resp......................................................................................222
Embargos de Divergência.................................................................................224
Mérito x Admissibilidade..............................................................................225
Recursos nos Juizados Especiais.......................................................................230
Recurso Inominado.......................................................................................230
•Recurso Adesivo.........................................................................................232
•Agravo de Instrumento...............................................................................233
Recurso Ordinário Constitucional CF............................................................235
Incidente de Assunção de Competência...............................................................237
Cabimento........................................................................................................238
Procedimento...................................................................................................238
Microssistema da formação de Precedentes Vinculantes?..............................238
IRDR (Incidente de resolução de demandas repetitivas)......................................238
Cabimento........................................................................................................242
Competência....................................................................................................242
Legitimidade.....................................................................................................242
Publicidade.......................................................................................................242
Instauração.......................................................................................................243
Reclamação..........................................................................................................244
Natureza Jurídica..............................................................................................245
Cabimento........................................................................................................246
Procedimento...................................................................................................248
Petição inicial................................................................................................248
Posturas do relator ao receber a reclamação...............................................248
Reações dos Interessados.............................................................................248
Julgamento...................................................................................................248
Ação Rescisória.....................................................................................................249
Cabimento........................................................................................................250
Hipóteses de Cabimento...............................................................................250
Legitimidade.....................................................................................................252
Legitimidade Ativa........................................................................................252
Legitimidade Passiva.....................................................................................252
Competência....................................................................................................253
Prazo.................................................................................................................253
Termos diferenciados...................................................................................253
Execução do Julgado.........................................................................................253
Procedimento...................................................................................................254
Petição Inicial................................................................................................254
Reações do juiz diante da petição inicial......................................................254
Resposta do Réu...........................................................................................254
Atividade saneadora.....................................................................................254
Manifestações finais.....................................................................................254
Procedimentos Especiais......................................................................................255
Ação de Consignação em Pagamento...............................................................255
Consignação Extrajudicial.............................................................................255
Ação de Consignação em Pagamento...........................................................256
Ação de Exigir Contas.......................................................................................258
Procedimento...............................................................................................258
Ação de Dissolução Parcial de Sociedade.........................................................259
Cabimento....................................................................................................259
Pretensão.....................................................................................................259
Legitimidade.................................................................................................259
Procedimento...............................................................................................260
Ações Possessórias...........................................................................................260
Aspectos Procedimentais.............................................................................261
Ação de Inventário e Partilha...........................................................................261
Inventário Extrajudicial.................................................................................261
Inventariante................................................................................................261
Arrolamento sumário...................................................................................262
Arrolamento Comum....................................................................................262
Procedimento de Inventário.........................................................................263
Partilha.........................................................................................................264
Desconstituição da sentença de partilha......................................................264
Sobrepartilha................................................................................................264
Embargos de Terceiro.......................................................................................264
Cabimento....................................................................................................264
Legitimação..................................................................................................264
Competência................................................................................................265
Prazo.............................................................................................................265
Procedimento...............................................................................................266
Oposição...........................................................................................................266
Procedimento...............................................................................................266
Demanda Bifronte........................................................................................267
Procedimento Especial das Ações de Família...................................................267
Ação Monitória.................................................................................................267
Admissibilidade.............................................................................................267
Legitimidade.................................................................................................267
Procedimento...............................................................................................268
Citação..........................................................................................................268
Reações do Réu............................................................................................268
Embargos Monitórios...................................................................................268
Tutela Jurisdicional Coletiva.................................................................................269
Direitos ou Interesses.......................................................................................269
Direito Difuso................................................................................................269
Direito Coletivo.............................................................................................269
Direitos Transindividuais Homogêneos........................................................270
Direitos Individuais indisponíveis.................................................................270
Diferenças e Identidades..............................................................................270
Microssistema Coletivo....................................................................................270
Princípios..........................................................................................................271
Ativismo Judicial...........................................................................................271
Poderes do juiz e implementação de políticas públicas................................271
Processo Estrutural.......................................................................................272
Economia processual....................................................................................272
Primazia no julgamento de mérito...............................................................272
Disponibilidade motivada.............................................................................272
Não taxatividade...........................................................................................273
Competitividade adequada...........................................................................273
Competência....................................................................................................273
Legitimidade.....................................................................................................274
Tutela individual...........................................................................................274
Legitimidade Ativa........................................................................................275
Mandado de Segurança Coletivo......................................................................276
Legitimidade Ativa........................................................................................276
Organização sindical, entidade de classe ou associação...............................276
Ministério Público.........................................................................................276
Formas de Solução de Conflitos
Justiça multi-portas. Aplicação da melhor e mais adequada solução ao conflito.

Jurisdição
a. Atuação estatal.
b. Aplicação do direito objetivo ao caso concreto.
c. Solução do conflito com definitividade.
d. Pacificação social: economicidade, duração razoável, resultado justo.

Equivalentes jurisdicionais
Formas alternativas e adequadas de solução de conflitos. Ex: mediação.

Autotutela
Sacrifício integral de uma das partes em razão do exercício da forma da parte
contrária. A força dominante da parte é a determinante.

Forma excepcional de solução de conflitos.

Exemplo: desforço imediato em caso de invasão da propriedade privada.

Exs: art. 188, I, a767, I, 1219, §1º, CC.

Autocomposição
Sacrifício integral ou parcial em razão da vontade das partes.

Renúncia e submissão são formas altruístas de solução conflito: vontade unilateral


com sacrifício integral.

Transação: vontade bilateral com sacrifícios recíprocos.

Obs: Conciliação é usado pelo legislador como sinônimo de autocomposição.

O conciliador poderá fazer proposições e indicar soluções possíveis.

Mediação
Forma de solução sem sacrifício de pretensões, por meio de soluções.

Vontade bilateral das partes.

Para a solução o enfoco é a causa do conflito entre as partes, que tem uma
relação previa ao conflito. Ex: relação familiar.

O objetivo do mediador é reestabelecer a comunicação entre as partes.

Conciliadores e mediadores

Art. 334, CPC. Como credenciar:

 Aprovação em cursos de capacitação com parâmetro curricular pelo CNJ;


 Concurso publico; ou
 Convenio com empresas privadas; ou
 Escolha das partes – art. 168, §1º.

Não previa ser advogado.

Se for advogado haverá algumas vedações: não atuar no juízo em que é


conciliador/mediador (art. 167, §5º) e vedação de assessoramento das partes no
prazo de 1 ano da conciliação/mediação (art. 172).

Arbitragem
Decisão impositiva por árbitros.

A sentença torna-se titulo executivo extrajudicial.


Sentença arbitral torna-se indiscutível, sendo cabível somente ação anulatória por
lesão a preceitos fundamentais.

Trata-se de natureza se solução privada conforme STJ, 139.519/RJ e STJ, 2ª Seção,


CC 150.830/PA.

Jurisdição = jurisdição estatal

Jurisdição privada = arbitragem

Características principais da jurisdição


Caráter substitutivo
Substitui a vontade das partes pela vontade da lei.

não é indispensável (execução indireta e ações constitutivas necessárias).

Lide
Conflito de interesses qualificado por pretensão resistida.

Não é fenômeno processual mas sociológico.

Não é indispensável (ações constitutivas necessárias (exemplo: necessário para


interdição, ainda que haja condensemos), processo objetivo(ação de autotutela
para modificar nome), tutela inibitória(visa evitar uma lide posterior, logo não há,
no momento, lide)).

Inércia (princípio da demanda)


O processo nunca é iniciado de ofício, é necessária uma petição inicial.

Apesar desta regra temos exceções: herança jacente – art. 738, CPC ; ação de
recuperação de autos – art. 712, CPC; arrecadação de bens de ausente -art. 744,
CPC.

Obs: inércia da jurisdição x impulso oficial: cabe ao juiz dar andamento ao


processo de ofício.

Art. 2º, CPC. Ações sincréticas (ex: ação e cumprimento de sentença). O juiz
deverá dar andamento de ofício. Obrigações de pagar (art. 523, CPC) e fazer/não
entregar coisa de ofícios (art. 536 e 538, §3º, CPC) são exceções que dependem de
provocação.

Definitividade
Coisa julgada material. É exclusividade da jurisdição.

Nem toda atividade jurisdicional gera coisa julgada material.

No procedimento administrativo, por exemplo, há possibilidade de controle


jurisdicional posterior da decisão.

No caso da arbitragem, por outro lado, ainda que seja método alternativo, a partir
do momento que se trata de jurisdição privada, há coisa julgada material.

Princípios da Jurisdição
Investidura
Exercício concreto do poder. Estado investe uma pessoa humana dos poderes
jurisdicionais para exercer a atividade jurisdicional. É a pessoa do juiz.

A forma de investidura no brasil é o concurso público ou a indiciação.

Territorialidade (aderência ao território)


A jurisdição é nacional. O exercício legitimo da jurisdição está limitado a uma
determinada circunscrição territorial (foro).
Exceções: citação por correios; intimação; citação e atos executivos em comarcas
contiguas e de fácil acesso e da mesma região metropolitana, penhora de imóvel,
penhora online, citação eletrônica.

Tendencia de virtualização e desapego a territorialidade.

Indelegabilidade
- externa: o Poder Judiciário não pode repassar seus poderes para outros Poderes.

- interna: o órgão jurisdicional competente não pode delegar sua atividade para
outro órgão. Exceções:

Não há exceções de delegação horizontal, ou seja, para o mesmo grau.

As delegações são somente verticais, de cima para baixo, ou seja, do Tribunal às


Varas. O Tribunal expede uma carta de ordem e determina a produção de
determinado ato pelas varas.

Exemplo: produção de provas pelas Varas e execução dos julgados (art. 102, I,
“m”, CF).

A Ratio é a falta de logística para realizar tais atos.

A execução dos julgados não é aplicável somente ao STJ, mas analogicamente por
todos os Tribunais.

Inevitabilidade
A citação causa inevitavelmente o citado parte do processo, ainda que ilegítimo.

Estado de sujeição: as partes inevitavelmente se sujeitam aos efeitos do julgado e


da tutela jurisdicional.

Inafastabilidade
Art. 5º, XXXV, CF. A lei não excluirá da apreciação do judiciário a lesão ou ameaça
de direito.

As partes não precisam buscar a solução administrativa antes do poder judiciário,


salvo nas questões desportivas. Art. 217, §1º, CF.

Ainda que seja ingressado na via administrativa, não é necessário exaurir a via
administrativa para ingressar judicialmente.

No caso do habeas data, porém, é necessário que haja uma negativa


administrativa para que surja o direito de agir, decorrente da pretensão resistida
do acesso à informação. Sumula 2, STJ.

Julgado 89, STJ. A ação acidentaria não precisa do exaurimento da via


administrativa.

Observação: possibilita o ingresso da lide ainda nos casos de benefício


previdenciário que: foi negado administrativamente; demora superior a 45 dias;
tese indeferida em casos análogos.

Decisões judiciais que inadmitem a ação ou a suspendem caso não haja tentativa
previa de solução consensual em lides consumeristas através do acesso a
plataforma consumidor.gov.

Acesso à ordem jurídica justa (Kazuo Watanabe)


Ideia modrna da inafastabilidade da jurisdição e tornar o acesso a justiça algo
concreto. Para isso é necessário que:

a) Amplo acesso ao processo:


a.1.) hipossuficiente (pobre) – gratuidade da justiça; juizado especial cível;
defensoria pública.
a.2) direitos transindividuais – tutela dos direitos transindividuais.

b) Ampla participação. Capelleti e Brian Gart – ondas renovatórias dos


concursos – acesso a justiça. Aumentar o acesso do pobre ao processo e
microssistema coletivo para tutela dos direitos transindividuais. É o que traz a
pacificação social, pela tutela justa.

c) Decisão justa: Juízo de legalidade através da norma legal interpretada com


base nos princípios que estabelecem aquilo que a sociedade entende como o mais
justo, que torna-se a norma jurídica.

d) Decisão eficaz: a resistência (medidas executivas e sanções vencem a


resistência) e perigo do tempo (tutela de urgência é o antidoto).

Juiz natural
Ninguém será processado senão pelo juízo competente – art. 5º, LIII, CF.

Ninguém pode escolher o juiz ou juízo – art. 286, II, CPC.

Tribunal de exceção – art. 5º, XXXVII. Juízo criado após os fatos, e temporário,
criado para julgar fatos específicos. Ex: Tribunal de Nuremberg;

Obs: regras gerais, abstratas e impessoais não ferem este princípio. Exemplo: vara
de direito empresarial.

Tutela Jurisdicional
Espécie de Crises Jurídicas
Tutela de Conhecimento
Visa reconhecer a violação de um direito material. Dividida em três subespécies:

i. Meramente declaratória: crise de certeza


ii. Constitutiva: crise da situação jurídica
iii. Condenatória: crise de inadimplemento
iv. Condenatória: crise de inadimplemento obrigacional

Tutela Executiva
Visa a satisfação do direito material.

O cumprimento de sentença é também tutela executiva, assim como a efetivação


da tutela provisória (art. 297, CPC).

Tutela cautelar
Crise de perigo. Obs: tutela antecipada como tutela de urgência.

Visa afastar os danos dromológicos do processo.

Sincretismo processual
Autonomia das tutelas e das crises jurídicas.

A partir do CPC de 2015 reuniu-se em um mesmo processo várias formas de


tutela. Ex: processo com pedido de tutela de urgência, tutela constitutiva e
executiva (cumprimento).

Pelo CPC de 1973 seriam ações autônomas.


Natureza dos resultados jurídicos materiais
Tutela preventiva
Tutela voltada para o futuro. Sua espécie principal é a tutela inibitória. Busca
evitar a prática do ilícito.

i. Pura: visa impedir a prática originária do ato ilícito. Ex: iminência de


prática de ato ilícito
ii. Impedir a continuação de ato ilícito. Ex: fábrica que imite poluentes há
anos.
iii. Impedir a repetição do ato ilícito. Ex: impedir a propaganda enganosa de
ser repetida. Esta tutela não é somente inibitória, mas pode ser reparatória.

A tutela preventiva nasce para atender hipóteses onde a tutela reparatória é


ineficaz, mas hoje convivem, podendo haver ambas as tutelas como efetivas. Ex:
ação para impedir a inscrição no Serasa e/ou para retirar e indenizar.

Tutela inibitória
Art. 497, CC.

Voltada para o futuro, para evitar o ilícito. Visa a remoção do ato ilícito continuado
e dos seus efeitos.

O único requisito é a contrariedade com o direito. Não é necessário demonstrar os


requisitos do 186, CC.

Deve-se demonstrar a ocorrência do ilícito somente.

Tutela reparatória
Voltada para o passado, visa a reparação do dano ocorrido.

Coincidência de resultados com a satisfação voluntária


Tutela específica
No plano prático há identidade de resultados com a satisfação voluntária. Ou seja,
visa justamente o resultado final do processo.

Exemplos:

- obrigação de pagar quantia certa – sempre tutela específica

- obrigação de fazer, não fazer, entregar – conversão em perdas e danos

- tutela inibitória: sempre especifica

- tutela reparatória: especifica (in natura) e pelo equivalente em dinheiro

Tutela pelo equivalente em dinheiro


A tutela final específica objetivada passa a ser perdas e danos, em razão da perda
ou impossibilidade da tutela específica originária.

As hipóteses são:

- tutela especifica impossível. Neste caso o bem jurídico não existe mais.

- vontade do titular do direito. Neste caso o titular do direito não tem mais
interesse no bem inicial, na tutela específica.

- excessiva onerosidade (STJ, 3ª Turma, REsp 1.055.822/RJ). O credor quer o bem


original mas isso importa em onerosidade excessiva ao devedor, assim o credor
converte em perdas e danos.

OBS: art. 497, caput do CPC: tutela especifica e resultado prático equivalente ao
adimplemento são variantes de tutela especifica diante do pedido do autor
Espécies De Técnicas Procedimentais
Tutela comum
Vale-se do procedimento comum

Tutela diferenciada
Exigências do direito material no caso concreto

- vale-se dos procedimentos especiais

- vale-se do procedimento comum com técnicas diferenciadas, como tutela


antecipada.

Tutela diferenciada (flexibilização procedimental)


Flexibiliza-se o procedimento que seria seguido pelo CPC.

Neste caso o Juiz pode dilatar os prazos processuais e alterar a ordem de


produção dos meios de prova (art. 139, VI). Atenção, um prazo não pode ser
“ressuscitado”, reaberto, a dilatação é possível apenas se ainda houver prazo.

O mais comum hoje em dia é o negócio jurídico processual, decorrente da


celebração pelas partes de alterações no procedimento processual (alteração da
ordem dos atos, incluir atos não existentes, exclusão de atos, e alteração do ato
no tempo, forma ou prazo de produção, negociar deveres) - art. 190.

Obs: poderes-deveres do juiz estão excluídos, não poderão ser objeto de negócio
processual.

* Informativo 686, STJ, 4ª Turma, REsp 1.810.444-SP

Pode ser realizado antes ou durante o processo

- antes (aproximação com a arbitragem: cláusula contratual ou por meio de


instrumento em separado)

- durante, a qualquer momento, na presença ou não do juiz

Os requisitos formais para o negócio jurídico processual são:

- não depende de homologação (art. 200, caput do CPC), já tendo efeitos desde
sua celebração.

- análise da validade. Embora não depende de homologação, terá a validade


atestada pelo juiz, que poderá anula-la por decisão interlocutória, impugnável por
AI.

Os requisitos gerais são:

i. agente capaz: capacidade material ou processual? (Enunciado 38/ENFAM:


partes absolutamente capazes);
ii. objeto lícito: procedimento e posições processuais (processos que
admitam a autocomposição);
iii. forma legal: escrito. (Enunciado 39/ENFAM), embora não previsto de
forma categórico.

Haverá nulidade: Violação ao art. 104 e 190 do CPC; vícios do consentimento e


negócio jurídico simulado; boa-fé objetiva (não se admite abuso do direito de
auto-regulamentação); inserção abusiva em contrato de adesão; dificuldade no
exercício da ampla defesa (STJ, 4ª Turma, EDcl no AgRg no REsp 878.757/BA);
reconhecida a hipossuficiência da parte (STJ, 4ª Turma, AgRg no AREsp
404.719/RS); possível ratificação do acordo em juízo afasta a nulidade;
vulnerabilidade; limitação pessoal involuntária de caráter permanente ou
provisória ensejada por fatores de saúde, de ordem econômica, informacional,
técnica ou organizacional; necessidade de prejuízo à parte vulnerável.
Limites a Liberdade das Partes no Negócio Jurídico Processo
Normas Fundamentais do Processo

- princípio da boa-fé e da publicidade. Informativo 686, STJ, 4ª Turma, REsp


1.810.444-SP

Normas Cogentes

- admissão de prova ilícita, para excluir a participação do Ministério Público


quando a lei exige sua presença, para fixar prioridade de julgamento quando não
previsto em lei, para criar novos recursos ou ampliar suas hipóteses de cabimento,
para modificar regra de competência absoluta, para criar hipóteses de ação
rescisória e de outras medidas tendentes a desconstituir a coisa julgada, para a
dispensa da presença de litisconsorte necessário etc.

Condições da ação e pressupostos processuais


- interesse de agir/legitimação extraordinária negocial?

- capacidade de estar em juízo de PJ? Dispensa da citação?

Cognição Vertical (Profundidade)


Tutela provisória (urgência e evidência)
Cognição sumária.
Juiz não teve acesso a todas as provas do processo. Forma-se um juízo de
probabilidade do direito. Nunca produz coisa material – ex: estabilização da tutela
provisória - art. 304, §6º, CPC.

* juízo de probabilidade

* necessidade de substituição pela tutela definitiva

* não produz coisa julgada material

A tutela provisória deverá ser substituída pela definitiva.

Tutela definitiva
Cognição exauriente
Juiz teve acesso a todos os elementos de cognição. Tem-se juízo de certeza do
direito.

* juízo de certeza

* produz coisa julgada material

Espécies De Direitos Tuteláveis


- Tutela individual – direitos individuais.

- Tutela coletiva – direitos transindividuais.

Ação
Teorias do direito de ação
Teoria Imanentista Ou Civilista
Direito material estático enquanto respeitado. Se houver agressão ou ameaça de
agressão, surge o que seria o direito de ação.
Assim, por essa teoria não existe direito de ação sem direito material, já que são o
mesmo direito.

Polêmicas que demonstraram a diferença entre o direito material e o direito de


ação:

Windscheid e Muther (actio romana) e obra de Oscar von Bulow a respeito dos
pressupostos processuais.

Teoria Do Direito Concreto De Ação


Exerce-se o direito contra o Estado e o adversário, que colocará o adversário em
estado de sujeição, através da sentença.

- direito de ação contra Estado e adversário

- direito de ação só existe se direito material existir

Apesar de distinguir direito material de direito de ação, não via autonomia entre
esses direitos. Se não existisse direito material não haveria direito de ação.

Sofreu duas críticas irrespondíveis:

Se houver sentença de improcedência, não haveria direito material.

Se houver sentença de procedência na ação declaratória negativa, ou seja, de que


o direito material não existe.

***As duas teorias iniciais não são mais defendidas hoje pois insustentáveis.

Teoria Do Direito Abstrato De Ação (Ovídio Baptista; Calmon De Passos)


- direito de ação é autônomo, amplo, abstrato, genérico e incondicionado. Ou
seja, na pratica rejeita-se a teoria das condições da ação. A análise das condições
da ação exige-se a análise do direito material, condicionando o direito de ação ao
direito material.

- nenhum aspecto do direito material, ainda que indiretamente, podem afetar o


direito de ação (negativa da existência das condições da ação.

Divide-se as condições da ação e o mérito.

***Esta teoria não tem reflexo jurisprudencial, somente teórico.

Teoria Eclética (Dinamarco/Nelson Nery Jr.)


O direito de ação é autônomo do direito material, mas não é incondicional, tem
condições para ocorrer, que são as condições da ação.

- direito de ação é direito a um julgamento de mérito

- não há preclusão para analise das condições da ação

Para Barbosa Moreira: No caso de não haver direito material, havendo o processo,
este será o direito de petição.

Para esta teoria a carência da ação poderá ser superveniente (STJ, 1ª Turma, RMS,
21.651/SP), ou seja, poderá ser alegada a qualquer tempo do processo.

Há repercussão jurisprudência mas branda.

Teoria Da Asserção (Bedaque/Marinoni)


Teoria com maior número de adeptos. Embora não haja consolidação, este é o
entendimento majoritário do STJ e da doutrina.

Terminologias: status assertionis (della propettazione)


Análise das condições da ação diante das assertivas do autor. Depois, a matéria
vira matéria de mérito. Ex: maria ingressa com ação de cobrança contra João. João
alega que houve cessão do direito de Maria para Joana. Maria seria ilegítima ativa,
mas no caso julga-se a improcedência.

Teoria que causa economia processual, sendo bastante apreciada.

* Informativo 538/STJ, 2ª Turma, REsp 1.395.875-PE.

Condições da Ação
No código de 1973, o Liberman trouxe três condições da ação: possibilidade
jurídica do pedido; interesse de agir; e legitimidade.

O código de 2015 trouxe somente duas condições: interesse de agir e


legitimidade.

Agora, na impossibilidade jurídica do pedido faz-se análise de mérito, por


improcedência. Vide: STJ, 3ª Turma, Resp 1.892.941/SP.

No caso de causa de pedir impossível não haverá a condição da ação “interesse de


agir”. Ex: cobrança de divida de jogo (objeto ilícito).

Interesse de agir
Binômio necessidade + adequação (Dinamarco/Marinoni/STJ, 2ª Turma, REsp REsp
1.880.950/PR). Deverá ser provada a necessidade e adequação.

Necessidade: autor não pode obter no caso concreto o bem da vida sem a
intervenção jurisdicional (lide e ações necessárias).

Ainda que seja possível resolver o conflito por acordo, este deve decorrer de
vontade das partes, ou seja, ainda nesta hipótese vê-se a necessidade.

Adequação: Deve provar a utilidade da prestação jurisdicional (melhora na


situação prática do autor). Pedido formulado deve ser apto a resolver o conflito de
interesses apresentado na petição inicial (tutela inadequada é inútil – STJ, 1ª
Seção, AgRg no MS 12.393/DF).

** inadequação procedimental é diferente do interesse-adequação.

Ex: invasão de fazenda – ação para declaração da propriedade do imóvel pelo


fazendeiro – inadequação do pedido e carência de ação.

Ex 2: ingressa-se fazendo o pedido certo no procedimento errado. Sendo o pedido


certo, necessário somente readequar o procedimento.

Legitimidade
Pertinência subjetiva da demanda (situação prevista em lei que legitima a
presença do sujeito na relação jurídica processual). Ex: ação de divórcio deve ser
entre os cônjuges.

- regra: legitimação ordinária (art. 18, CPC): sujeito litiga em nome próprio na
defesa de interesse próprio (sujeitos que participam da relação jurídica de direito
material)

- exceção: legitimação extraordinária: sujeito litiga em nome próprio por interesse


alheio. Pode decorrer de previsão expressa ou que decorra do próprio
procedimento. Exemplo: parte ingressa com defesa e faz tópico sobre os
honorários, que são de titularidade do advogado, contudo, ainda assim há
legitimidade.

Obs1: art. 18, parágrafo único, CPC: substituído processual pode ingressar como
assistente litisconsorcial.
Obs2: substituição processual é sinônimo de legitimação extraordinária.

Dinamarco: sinônimos (STJ, 2ª Turma, AgRg no REsp 1.188.180/RJ): CPC

Araken de Assis: SP é espécie de LE (substituído não tem legitimidade para a ação)

Obs3: direitos difusos/coletivos: Terceira espécie de legitimação - legitimação


autônoma para condução do processo (Marinoni/Nery).

Obs4: substituição processual X sucessão processual (art. 109 do CPC). Apesar da


proximidade das expressões, são conceitos diversos. Na sucessão processual é a
substituição de uma das partes por um terceiro. A substituição é a legitimação
extraordinária.

Demanda entre A e B que discute um direito X. B, atual titular da coisa, aliena o


direito a terceiro, C. chamada alienação de coisa litigiosa. Havendo a alienação, o
A será intimado para continuar o processo contra B ou concordar em substituir o
polo passivo, para incluir C.Se o autor resolve manter o réu originário tem-se a
substituição processual, defendendo em nome próprio o direito de C. assim
poderá C ingressar como assistente litisconsorcial. Se substituído o réu por C,
haverá a sucessão processual do réu.

Obs4: substituição processual X representação processual (legitimatio ad


processum)

Representação processual relaciona-se com a capacidade de estar em juízo. Ex:


incapaz será representado. Capacidade de estar em juízo é pressuposto
processual. O representante não é parte!!

Classificação
- autônoma (legitimidade da parte) X subordinada (legitimidade do assistente).

- exclusiva (somente um sujeito) X concorrente (mais de um sujeito)

- isolada/disjuntiva (basta um legitimado) X conjunta/complexa (exige a presença


de todos os legitimados: litisconsórcio necessário)

- total (para todo o processo) X parcial (para determinados atos processuais-


legitimidade para participação apenas em um incidente processual, ex: exceção de
incompetência)

Elementos Da Ação
Os elementos da ação permitem a identificação das ações para fins de
comparação (iguais, parecidas, diferentes)

Além disso, há fenômenos que dependem da identificação: coisa julgada,


perempção, litispendência, conexão, continência, prejudicialidade.

Partes
Conceito de partes tem conceitos doutrinários históricos.

Conceito restritivo de Chiovenda: parte é quem pede e contra quem se pede


tutela jurisdicional. Estão neste conceito autor e réu, assim como o denunciado a
lide, o chamado ao processo em o demandado em IDPJ.
Conceito de parte de Liebman: todo sujeito que participa da relação jurídica
processual em contraditório como titulares das situações jurídicas ativas e
passivas (faculdades, ônus, poderes, deveres, estado de sujeição). Sugere ir além
de Chiovenda, assim entra o assistente simples e litisconsorcial, MP como fiscal da
ordem jurídica e o amicus curiae.

Conceito de parte de Dinamarco: tentou criar uma convivência entre as duas


teorias. As partes na demanda são os sujeitos mencionado por Chiovenda, e a
visão ampliativa de Liebman prevê as partes do processo (e não da demanda).

*** Em legitimação ordinária tem-se que o titular do direito é o mesmo sujeito do


processo. Na legitimação extraordinária o titular do direito é terceiro. Ou seja,
ainda que os autores sejam diferentes, podem defender a mesma coisa e o direito
da mesma pessoa. Ex: ação coletiva pelo MP e pela defensoria.

Causa De Pedir
A doutrina e a jurisprudência dizem que se adota no brasil a teoria da
substanciação.

- Teoria da individuação (relação jurídica alegada pelo autor)

- Teoria da substanciação (fatos jurídicos narrados pelo autor)

HTJr./Marinoni/STJ, 3ª Turma, REsp 623.704/SC, rel. Min. Nancy Andrigui,


j.21/02/2006

OBS: Pela leitura do artigo 319, III, CPC tem-se: fatos e fundamentos jurídicos do
pedido. Por isso há divergências doutrinárias da adoção da teoria da
substanciação, contudo, para fins de prova deve-se adotar este conceito.

Há divergência doutrinária acerca da causa de pedir próxima e remota: causa de


pedir próxima (fatos) X causa de pedir remota (fundamentos jurídicos) –
Dinamarco/Nery. Contra: Greco Filho/Cruz e Tucci). Depende da onde parte-se a
análise, dos fatos ou da pretensão.

Processos objetivos
Dinamarco/Barbosa Moreira/Fux: decisão fundada em outro fundamento jurídico
(narra mihi factum dabo tibi jus) – STJ, 2ª Turma, AgRg no AREsp 674.850/SP

Embora haja este poder do juiz de decidir sobre fato jurídico diverso, deve ser
observado o contraditório e o principio da não surpresa. Poderá exercer de ofício
desde que intime previamente as partes para somente após proferir sentença.

A isso dá-se o nome de causa de pedir aberta (STF, Tribunal Pleno, ADI 2.213/MC-
DF, rel. Min. Celso de Mello, j. 04/04/2002).

Em uma ADI o STF não está vinculado ao que foi alegado pelo autor.

Distinção entre fatos jurídicos e fatos simples.

O juiz não pode julgar com base no fato jurídico diverso do pedido, mas poderá
com base a fato simples diverso. Fato simples é o fato que por si só não tem
condições de gerar consequências jurídicas, não tendo condição de gerar
consequências jurídicas. Fato jurídico é o que per si gera consequência jurídica. Ex:
mudar a estação de rádio – fato simples/ colisão de veículo – fato jurídico.
Distinção entre Fundamento jurídico x fundamento legal.

Fundamento legal é a indicação do artigo de lei.

Fundamento jurídico é o liame jurídico entre o fato e o pedido. A explicação do


porquê o autor, diante do fato narrado, deve obter o que foi pleiteado.

O fundamento legal é de menção dispensável da inicial - Informativo 469/STJ: 3.ª


Turma, REsp 1.222.070-RJ;

O fundamento jurídico não vincula juiz, no entanto deverá ser alegado na inicial. A
fundamentação é requisito formal da inicial, sob pena de inépcia. - STJ, 4ª Turma,
AgRg no REsp 1.075.225/MG.

Pedido
Pedido imediato (espécie de tutela) X pedido mediato (bem da vida)

Pedido imediato é a espécie de tutela pleiteada no processo.

O pedido mediato é ao aspecto material do pedido, o bem da vida pretendido pelo


autor.

Observação: o réu faz sempre o mesmo pedido: improcedência do pedido do


autor. O réu quer impedir a pretensão do bem da vida pretendido pelo autor.

Certeza e Determinação
Arts. 322, caput e 324, caput do CPC: os elementos são cumulativos

- certeza: pedido imediato (espécie de tutela) e mediato (necessariamente deverá


ser indicado o gênero do bem da vida pretendido).

- determinação: pedido mediato (liquidez: quantidade e qualidade do bem da


vida)

Não é permitido pedido indeterminado ou incerto. Obs: não existe pedido incerto
(Barbosa Moreira/STJ, 1ª Turma, REsp 764.820/MG).

É possível pedido ilíquido, genérico, excepcionalmente. (arts. 324, § 1º do CPC),


nas hipóteses de:

I – universalidade de bens (“ações universais”): fática (rebanho) ou jurídica


(herança). Não é possível dimensionar.

II – impossibilidade de aferição das consequências do ato ou fato. Nessa demanda


discute-se a quantificação do dano que ainda está gerando efeitos, os quais não
poderão ser precisados neste momento. Neste ponto de impossibilidade,
Dinamarco menciona a necessidade de prova técnica durante a lide. Tendo em
vista o principio da economia processual, se a prova técnica for feita antes do
processo, deverá ser repetida em juízo, via perícia, assim não seria aproveitado,
por isso, a economia processual prevê a necessidade de se formular um pedido
genérico.

OBS: dano moral - pedido genérico facultativo na vigência do CPC de 1973 (STJ, 3ª
Turma, REsp 777.219/RJ) x CPC/15: exige pedido determinado (art. 292, V, do
CPC)? O valor da causa será o valor do dano, inclusive no caso do dano moral. É
ainda uma questão em aberto, não definida pela jurisprudência. As decisões
recentes mantem o direito somente devido a intemporalidade do CPC de 1973.

III – valor depender de ato a ser praticado pelo réu - prestação de contas. Ex: Ação
de exigir contas definirá o valor da causa.
Pedido Implícito:

- Regra: Pedido expresso.

Não é possível que o juiz condene o réu a pedido não feitos pelo autor mas que
decorram logicamente de sua narrativa. O pedido deverá ser expresso, conforme
artigo 492, CPC. Caso contrário haverá sentença extra e ultra petita.

- o juiz poderá conceder de ofício somente nos casos legais:

a. despesas e custas processuais – art. 322, §1º, CPC.


b. honorários advocatícios – art. 322, §1º, CPC.
Conforme sumula 453, STJ, não havendo condenação em honorário, não cabe
ação autônoma. Contudo, pelo CPC de 2015, será possível ação autônoma – art.
85,§1º, CPC.
c. correção monetária – art. 404 do CC e 322, §1º, CPC. Atualização do valor
do dinheiro impede minus e não concede plus (Informativo 445/STJ: Corte
Especial, REsp 1.112.524/DF).
d. prestações vincendas (art. 323 do CPC). Caso não pedido, o juiz poderá
conceder as prestações vencidas durante a lide.
e. juros moratórios (arts. 404 e 406 do CC). Conforme sumula 254, STJ, ainda
que não seja dado pelo juiz, poderá ser incluído na execução.

Demais casos:

* Pedido de alimentos não efetuado: se em ação de paternidade, o juiz está


autorizado. Nos demais casos, necessária a regra de proporcionalidade entre
princípios. Como os alimentos decorrem do princípio da dignidade da pessoa
humana, será no geral concedido. Contudo, necessária fundamentação neste
sentido em sentença.

* Astreintes: se não houve pedido, e dada de ofício a multa para forçar a entrega
do bem, é possível entender que trata-se de pedido implícito, ao passo que visa
dar ao autor exatamente o que pediu. Entendimento de Dinamarco e Marinoni.

Cumulação de pedidos
Cumulação própria
Ocorrerá quando os pedidos formulados poderão ser todos acolhidos pelo juiz.
Esta divide-se em duas espécies:

I- Cumulação simples:

O acolhimento dos dois pedidos pode ser acolhido sem afetar o outro. Sumula 37,
STJ – cumulação de dano moral e material.

II- Cumulação sucessiva:

Há prejudicialidade entre os pedidos. Um é logicamente anterior ao outro, e, se o


pedido anterior é rejeitado, o subsequente não será decidido. Se porém houver o
acolhimento do pedido primeiro, o segundo será analisado. Ex: ação de
reconhecimento de paternidade e fixação de alimentos.

Cumulação imprópria
Apenas um dos pedidos formulados poderá ser concedido.

I- Subsidiária/eventual: ordem de preferência indicada pelo autor – art. 326,


CPC. A ordem não é logicamente imposta, mas o autor o faz. O autor quer A, mas
subsidiariamente pede B. Se concedido A, B não será analisado. Ex: autor quer a
rescisão contratual ou a alteração de determinada cláusula.
II- Alternativa: não há ordem de preferencia, legal ou formulada pelo autor.
Assim, qualquer dos pedidos, se acolhidos, atenderá o autor.
Não confundir pedido alternativo com obrigação alternativa. Na obrigação
alternativa há diversas formas de cumprir a obrigação. Ex: entregar 10 cavalos ou
10 mulas.

Requisitos:
Art. 327, CPC.

I- Os pedidos não precisam ser conexos;


II- Não precisam ser contra o mesmo réu (STJ, AgRg 953.731/SP).
III- Se os pedidos forem incompatíveis entre si, somente aplicável mediante
cumulação imprópria.
IV- Mesmo juízo competente para os pedidos conexos. Se não conexos,
depende da inércia do réu.
V- Identidade procedimental. Se houver um pedido que não desvirtue muito
o pedido comum, poderá ser admitido o procedimento mediante procedimento
comum de todos os pedidos.

Processo
Pressupostos Processuais
Subjetivos
Relacionados a pessoa do juiz ou do juízo.

1. Investidura:

O Poder jurisdicional do Estado é exercido pelo Juiz, que deverá ser investido em
seu cargo para que a atividade seja legitimada.

As formas de investidura são: concurso público ou nomeação.

A relação jurídica processual é triangular, via de regra, com autor, juiz e réu. Ou,
excepcionalmente será linear, com autor e juiz, ex: ação de restauração de autos.

Contudo, o juiz é sempre parte essencial para a relação jurídica processual.

Trata-se de pressuposto de existência.

2. Imparcialidade

O Juiz deverá ser imparcial.

São hipóteses de imparcialidade: Art. 144 (impedimento) e 145 (suspeição), CPC.

No impedimento temos parcialidade objetiva, devendo ser provado apenas o


enquadramento legal. Ex: impedimento do desembargador julgar sua própria
sentença.

Na suspeição é necessário provar que houve prejuízo pelo ato ocorrido previsto na
norma. Ex: recebimento de presente – não é qualquer presente que gera
suspeição.

Imparcialidade x Impartialidade: ser impartial significa que o juiz não pode ser
parte. O juiz não pode ser parte na demanda. Antes de ser imparcial, não pode ser
parte.

Sempre que houver a possibilidade, o juiz deverá determinar a correção de


eventual erro. Isso não importa em vicio a imparcialidade. O juiz é aquele que
deve visar o melhor julgamento do processo.

O juiz neutro não existe, pois não poderia levar o julgamento de sua experiencia
de vida, não sofre influência extra autos em seus julgamentos, pois negaria suas
experiencias de vida, contudo, deverá ser imparcial.
A imparcialidade é requisito de validade.

O legislador entende a impedimento como mais grave que a suspeição,


subsistindo após o transito em julgado.

3. Competência

A competência relativa não tem a condição de gerar vicio de existência ou


validade no processo, dado que se encaminha o processos ao juízo competente,
ou, se não alegado, prorroga-se a competência, solucionando a incompetência
relativa. Por isso, não é considerado como requisito processual.

Portanto, somente a incompetência absoluta é pressuposto processual.

É pressuposto de validade.

4. Partes
a. Capacidade de ser Parte

Precisa ter capacidade de ser parte, ou seja, capacidade de ser titular de direitos e
obrigações.

No caso dos órgãos despersonalizados, é ainda conferido mediante mecanismos


processuais, a capacidade de ser parte. Ex: Art. 2º, CDC - ações ajuizadas pelo
Procon.

Trata-se de pressuposto de existência.

Ex: Processo ajuizado por morto é inexistente. Autor falece durante a lide e não é
sucedido por seus sucessores.

b. Capacidade de estar em juízo

Ter capacidade civil para praticar atos jurídicos em geral.

Quando o sujeito não tem capacidade de estar em juízo, será representado. Ex:
criança representada por sua mãe.

Art. 75, CPC – capacidade de estar em juízo de determinadas pessoas.

Sinonimos de capacidade de estar em juízo: capacidade processual e legitimacio


ad processum (é diferente da legitimacio ad causam, que é a condição da ação) -
dica P de processum = capacidade processual; C de ad causam, condição da ação.

c. Capacidade postulatória. Parte representada por advogado, ou advogado


em causa própria.

Exceções:

Juizado especial cível – até 20 salários mínimos.

Juizado especial federal – até 60 salários mínimos.

Exige-se, porém, capacidade postulatória em recurso nos Juizados (Recurso


Inominado).

Habeas Corpus.

Justiça do trabalho.

ADIN – Ao dar legitimidade para o Governador do Estado, ele passa a ter


legitimidade postulatória para as ADINs.
 Ausência de procuração - Art. 104,§2º, CPC. O ato desacompanhado de
advogado, existe, é válido, mas não gera efeitos, é ineficaz.
 Pelo estatuto da OAB, a falta de procuração importa em invalidade. Art. 4º
do Estatuto da OAB.

Objetivos
1. Extrínsecos

Pressupostos externos ao processo.

Extrínsecos negativos: a presença do pressuposto gera o vício. São:

a. Coisa julgada;
b. Litispendência;
c. Convenção de arbitragem;
d. transação;
e. Pagamento de custas em sentença terminativa;

Tratam-se de pressupostos de validade do processo.

Nelson Nery e Tereza Arruda Alvim dizem que trata-se de pressuposto de


existência, contudo, para fins de concurso, trata-se de pressuposto de validade.

2. Intrínsecos

A análise depende da verificação de existência no processo. São necessários para


que não haja vício no processo. São:

a. Demanda.

Trata-se do ato de demandar, tendo em vista a inércia da jurisdição. Trata-se de


pressuposto processual de existência.

b. Petição inicial apta.

O artigo 330, CPC trata das hipóteses de inépcia da inicial. A petição inicial é ato
solene, e depende do prendimento de requisitos. Trata-se de pressuposto de
validade.

c. Citação validade.

É pressuposto processual, salvo nas hipóteses de julgamento liminar de


improcedência ou extinção do processo antes do ato citatório. O artigo 239, CPC
prevê que a citação valida é pressuposto de validade processual.

O vicio decorrente da falta de citação pode ser alegado a qualquer tempo, por
isso, diz-se que se trata de vício trans rescisório, e , por isso, neste ponto há o
direito da querela nulitatis.

d. Regularidade formal

Vício do ato que depende da gravidade:

- mera irregularidade: vício em requisito formal não essencial - irregularidade é


ignorada.

- nulidade relativa: somente a parte prejudicada por alegar esse vício. Há


preclusão temporal – deve ser alegada na primeira manifestação, sob pena de
preclusão.

- nulidade absoluta: objetiva a tutela do interesse público. Assim, todos podem


alegar, inclusive o juiz de ofício. Não preclui, poderá ser alegada a qualquer
tempo, exceto em RE e Resp.
- inexistência jurídica: o requisito descumprido é da existência do ato. Ex: sentença
sem dispositivo.

Princípios processuais
Devido processo legal
- art 5 º, LIV, da CF

- supraprincípio princípio base, por isso, é base para fundamentação dos demais
princípios, inclusive os não escritos.

- devido processo penal substancial: devido processo criado para evitar a


arbitrariedade estatal, tendo em vist que o Estado está incumbido da criação da
norma. Tem, por isso, origem Magna Carta de João Sem Terra 1215 - “Law of the
land Lei inglesa de 1354 - due processo of law.

-devido processo legal formal (procedural due process soma dos princípios
constitucionais escritos e não escritos (processo justo, com ampla participação e
efetiva proteção dos direitos)

- devido processo substancial (substantive due process elaboração e interpretação


das normas jurídicas (evitar uma atividade legislativa e judicial abusiva e irrazoável
REGRAS DA PROPORCIONALIDADE E RAZOABILIDADE como controle às
arbitrariedades do Poder Público)

Obs: devido processo legal substancial às relações jurídicas privadas. Visa evitar
arbitrariedade também na seara particular. Ex: clube não aceita a extensão do
título ao companheiro homossexual.

Contraditório
Art.5º, LV, da CF: contraditório e a ampla defesa.

Trata-se do dever de informação (citação/intimação) dos atos processuais.


Exceção: notificação na legislação extravagante pela autoridade coatora. Ex:
Mandado de segurança.

Observação:

possibilidade de reação: a informação é obrigatória mas a reação não, por isso, é


possível a sentença por revelia.

poder de influência: aptidão concreta para convencer o juiz. Conceito moderno


do contraditório. A reação não pode ser ignorada, para que haja de fato
contraditório.

- informação evita as surpresas. Através do contraditório evita-se decisões


supressas. No caso de matérias que o juiz pode conhecer de ofício (fatos simples;
fundamento jurídico; matérias de ordem pública). Ainda que conhecidas de ofício,
não causa contraditório, vez que, ou a parte trouxe a matéria ao processo, ou o
juiz o fez. Em que pese possa o juiz proferir esta decisão, é necessário dar as
partes a oportunidade de manifestação, intimando-as neste sentido, para,
somente então, proferir decisão. Neste sentido dispõe o Art.10º,do CPC

Obs1: STJ, 4ª Turma, AgInt no AREsp 1.124.598 /SE , rel. Min. Luis Felipe Salomão,
j. 05/12/2017, DJe 12/12/2017 – dispensa apenas quanto ao fundamento legal. O
juiz não precisa determinar a intimação das partes para julgar com fundamento
legal diverso do indicado pelas Partes.

Obs2: STJ, 2ª Turma, RMS 61.732/SP – incompetência absoluta - autoriza-se a o


reconhecimento de incompetência absoluta sem a previa oitiva das partes.

Obs3: STJ,2ªTurma,Resp1.329.019/RJ–inadmissibilidade recursal - autoriza-se a o


reconhecimento da inadmissibilidade recursal sem a previa oitiva das partes.
Contraditório Inútil
O contraditório visa proteger as Partes. Em caso de vício ao contraditório em
desfavor da parte vencedora (Bedaque), a violação do contraditório não causa
prejuízo. Por isso, não há vício, dado que o contraditório seria inútil.

Regras do CPC que dispensam o contraditório:

-art.332(julgamento liminar de improcedência) e art.1.019,caput (não seguimento


do AI).

Regra geral de dispensa do Contraditório: art.9º,caput - Não se proferirá decisão


contra uma das partes sem que ela seja previamente ouvida.

Contraditório Diferido Postecipado


-inversão da ordem: pedido/decisão/informação/reação.

*art.9º,caput,CPC(incisos)

I- à tutela provisória de urgência;

II-Às hipóteses de tutela da evidência previstas no art.311, incisos II e III;

III- à decisão prevista no art. 701.

Fundamentação
-art.93,IX,daCF

-justificativa endo processual: permitira impugnação.

-justificativa pan processual: legitimação política da atividade jurisdicional.

-nulidade absoluta: falta ou pseudo-motivação.

-não é considerada fundamentação (art.489, §1º do CPC):

*limitação à indicação, à reprodução ou à paráfrase de ato normativo, sem


explicar sua relação com a causa ou a questão decidida.

*empregar conceitos jurídicos indeterminados, sem explicar o motivo concreto de


sua incidência no caso.

*simples invocação de motivos que se prestariam a justificar qualquer outra


decisão.

*deixar de enfrentar todos os argumentos deduzidos no processo capazes de, em


tese, infirmar a conclusão adotada pelo julgador.

Obs: STJ, CorteEspecial, EDcl no AgRg nos EREsp 1483155/BA, rel. Min. Og
Fernandes, j. 15/06/2016, DJe 03/08/2016.

Processo

* decisão fundada em precedente ou enunciado de súmula, identificar seus


fundamentos determinantes e demonstrar que o caso sob julgamento se ajusta
àqueles fundamentos.

*deixar de seguir enunciado de súmula, jurisprudência ou precedente invocado


pela parte, sem demonstrar a existência de distinção no caso em julgamento ou
de superação do entendimento.

Obs:STJ,3ªTurma,Resp1.698.774/RS – somente os precedentes e súmulas com


eficácia vinculante X STJ, 2ª Turma, AgIntno AREsp 871076/GO, Min. Mauro
Campbell Marques–eficácia vinculante e persuasiva.

Isonomia
- art. 5ª, caput e I, da CF
- Art. 7º do CPC: É assegurada às partes paridade de tratamento em relação ao
exercício de direitos e faculdades processuais, aos meios de defesa, aos ônus, aos
deveres e à aplicação de sanções processuais, competindo ao juiz zelar pelo
efetivo contraditório.

- paridade de armas

- tratar diferentemente os desiguais nas medidas de suas desigualdades

- prerrogativas:

1. hipossuficiente: (a) consumidor – inversão do ônus da prova; (b) incapaz –


participação do MP, não há presunção de veracidade; (c) pobre; (d) idoso

2. situação concreta: prazo em dobro (art. 229, do CPC): Dificuldade de acesso aos
autos em caso de litisconsórcio de partes com advogados diferentes e autos
físicos.

3. Fazenda Pública

prazo em dobro: prazo específico da Fazenda Pública.

Isenção de custas e preparo: não é necessário o pagamento prévio para recorrer,


paga somente se perder o recurso.

Dispensa da caução prévia na ação rescisória (art. 968, § 1º do CPC)

Dispensa do depósito para recorrer (arts. 1.021, § 5º e 1.026, § 3º do CPC): não se


exige depósito da multa para admissibilidade.

Honorários em valor inferior a 10% (art. 85, § 3º do CPC)

Reexame necessário (art. 496, do CPC)

Intimação pessoal por carga, remessa ou meio eletrônico

Pedido de suspensão de segurança (art. 15 LMS)

● Oitiva prévia da PJDPúblico (72 horas) para concessão de tutela de urgência na


ACP e MSC (art. 2º da Lei 8.437/92)

Obs. ADI 4296 (arts. 7º, §2º, e 22, §2º, LMS) – julgou inconstitucional a
exigibilidade de oitiva prévia da PJDPúblico para deferimento de tutela de
urgência, e, por analogia no caso do MSC. Aparentemente estaria superado,
portanto, a prerrogativa de oitiva prévia da PJDúblico. Necessário aguardar
posicionamento neste sentido, mas a principio este é o entendimento.

Publicidade Dos Atos Processuais


Art. 11. Todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e
fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade. Parágrafo único. Nos
casos de segredo de justiça, pode ser autorizada a presença somente das partes,
de seus advogados, de defensores públicos ou do Ministério Público.

- forma mais eficaz de controle da atuação dos sujeitos processuais

- art. 93, IX e X, da CF e art. X da Declaração Universal dos Direitos do Homem

- art. 5º, LX, CF: “segredo de justiça”: hipóteses de segredo de justiça no caso de
intimidade e interesse social. No artigo 189, CPC estão incluídas estas hipóteses da
CF e outras.

Art. 189. Os atos processuais são públicos, todavia tramitam em segredo de justiça
os processos: I - em que o exija o interesse público ou social; II - que versem sobre
casamento, separação de corpos, divórcio, separação, união estável, filiação,
alimentos e guarda de crianças e adolescentes; III - em que constem dados
protegidos pelo direito constitucional à intimidade; IV - que versem sobre
arbitragem, inclusive sobre cumprimento de carta arbitral, desde que a
confidencialidade estipulada na arbitragem seja comprovada perante o juízo. § 1o
O direito de consultar os autos de processo que tramite em segredo de justiça e
de pedir certidões de seus atos é restrito às partes e aos seus procuradores. § 2o
O terceiro que demonstrar interesse jurídico pode requerer ao juiz certidão do
dispositivo da sentença, bem como de inventário e de partilha resultantes de
divórcio ou separação.

Economia Processual
- ponto de vista sistêmico: economia macroscópica (menos atividade e mais
resultado)

* evitar processos – processo coletivo; litisconsórcio, intervenções de terceiros;


reconvenção; precedente vinculantes

* evitar repetição de atos processuais: reunião de ações conexas, suspensão por


prejudicialidade externa, prova emprestada, julgamento de RE/RESP repetitivos e
IRDR, ações coletivas (Informativo 413/STJ, 2ª Seção, REsp 1.110.549-RS:
suspensão das ações individuais é obrigatória)

- ponto de vista dos custos do processo: economia microscópica (assistência


judiciária, Juizados Especiais, barateamento de custas; utilização de órgãos
públicos em pericia; processo mais rápido).

. Instrumentalidade Das Formas


- atos praticados em respeito a forma legal geram os efeitos programados por lei,
gerando o resultado esperado pela parte que o pratica.

- o desrespeito a forma gera a imperfeição formal (ato viciado) e sua consequência


é a nulidade

- nulidade é a não geração dos efeitos programados pela lei

- instrumentalidade das formas permite que mesmo ato viciado gere efeitos e
atinja os resultados pretendidos

- requisitos: (a) atingir sua finalidades; (b) não gerar prejuízo.

Duração Razoável Do Processo


- art. 5º, LXXVIII, CF

- art. 4º, CPC: As partes têm o direito de obter em prazo razoável a solução
integral do mérito, incluída a atividade satisfativa

- celeridade não pode sacrificar direitos fundamentais das partes: célere não quer
dizer somente um processo rápido, devem ser garantidos os direitos das partes.
Deve-se considerar: complexidade do tema; comportamento dos litigantes;
estrutura do órgão jurisdicional (Corte Europeia de Direitos Humanos: relevância
do direito posto em juízo para a vida da parte prejudicada pela excessiva demora
do processo).

- a consequência da inobservância do dever de celeridade gera o direito a


indenização – Resp 1.383.776, STJ. O caráter deficitário do órgão não pode ser
utilizado como justificativa.

Cooperação
Art. 6º, CPC: Todos os sujeitos do processo devem cooperar entre si para que se
obtenha, em tempo razoável, decisão de mérito justa e efetiva.

- partes cooperam com o juízo – boa fé e participação ativa - juiz coopera com as
partes
* dever de esclarecimento: esclarecimento sobre alegações e pedidos, evitando-se
a decretação de nulidades e interpretações equivocadas

* dever de consultar: oitiva antes de proferir decisões, ainda que de ordem


pública. Relaciona-se, neste ponto, com o contraditório.

* dever de prevenir: apontar as partes eventuais deficiências e permitir as


correções - partes cooperam entre si - maior relevância das partes nas definições
procedimentais, não em questões conflituosa. Ex: art. 190 do CPC (cláusula geral
de negócio jurídico processual) e art. 357, § 2º do CPC (saneamento consensual)

Princípio Da Lealdade E Boa-Fé Processual


- boa-fé objetiva: Art. 5º do CPC: aquele que de qualquer forma participa do
processo deve comportar-se de acordo com a boa-fé.

* supressio: a supressão, por renúncia tácita, de um direito ou de uma posição


jurídica, pelo seu não exercício com o passar dos tempos Obs: nulidade de
algibeira ou de bolso (STJ, 4ª Turma, AgRg na PET no AREsp 204.145/SP) . A
nulidade absoluta não preclui, mas, caso haja atraso proposital na alegação, há
violação da boa-fé. Aplicável somente no caso de nulidade absoluta, vez que não é
possível alegar a nulidade relativa após a primeira manifestação.

* tu quoque: situação de abuso que se verifica quando um sujeito viola uma


norma jurídica e, posteriormente, tenta tirar proveito da situação em benefício
próprio

- expressão de Julio Cesar ao notar que seu filho adotivo Brutus estava entre os
que atentavam contra sua vida: “To quoque, filli? ou Tu quoque, Brute, fili mi”.
Obs: art. 276 do CPC que a parte responsável pela criação do vicio processual não
tem legitimidade para alega-lo em juiz. No caso da nulidade absoluta não se aplica
esta tese, vez qiue pode ser reconhecida até mesmo de ofício.

* venire contra factum proprium : vedação de comportamento contraditório. É


preclusão lógica, vez que, praticando atos de aquiescência, não poderá alegar
nulidade futura. Obs1: 1.000 do CPC (aquiescência). Obs2: STJ, 4ª Turma, AgRg no
AREsp 646.158/SC Obs3: aplicação para o juiz

* duty to mitigate the loss (dever imposto ao credor de mitigar suas perdas) –
justifica a diminuição das astreintes para que não seja realizada como forma de
poupança para o requerente, que, vendo a insuficiência da medida para
atingimento do bem da vida pretendido, deveria requer outra forma. Obs: art.
537, § 1º do CPC: o juiz poderá, de ofício ou a requerimento, modificar o valor ou
a periodicidade da multa vincenda ou excluí-la.

Primazia No Julgamento Do Mérito


- art. 4º do CPC: direito a obter a solução integral de mérito

a) Instrumentalidade das formas

b) Saneabilidade de vícios - arts. 139, IX, e 317 do CPC

c) Preferência pelo julgamento de mérito - 485, § 7º do CPC: efeito regressivo em


toda apelação contra sentença terminativa

Competência
Conceito
- conceito tradicional de competência: medida da jurisdição, ou ainda a
quantidade de jurisdição delegada a um determinado órgão ou grupo de órgãos

- CRÍTICA: jurisdição é una e indivisível; não falta jurisdição ao órgão jurisdicional


incompetente (art. 16 do CPC); princípio do Kompetenz Kompetenz, pelo qual o
juiz incompetente, ainda que incompetente, tem a competência, ao menos, de se
alegar incompetente. A decisão que reconhece a incompetência é válida e eficaz.
A falta de competência não obsta a jurisdição.

- conceito atual: limitação do exercício legítimo da jurisdição

- objetivos: organização das tarefas e racionalização do trabalho

Competência Absoluta E Relativa


Competência Relativa: prestigiam a vontade das partes, por meio da criação de
normas que buscam proteger as partes (autor ou réu), franqueando a elas a opção
pela sua aplicação ou não no caso concreto. Normas dispositivas que buscam
privilegiar a liberdade das partes, valor indispensável num Estado democrático de
direito como o brasileiro.

Competência Absoluta: fundadas em razões de ordem pública, para as quais a


liberdade das partes deve ser desconsiderada, em virtude da prevalência do
interesse público sobre os interesses particulares. Normas de natureza cogente
que deverá ser aplicada sem nenhuma ressalva ou restrição.

Diferenças Procedimentais
Legitimados para alegar a incompetência
a) Competência relativa

- autor não tem (preclusão lógica)

- réu

- juiz. Cabe ao juiz reconhecer Incompetência Relativa de ofício? Súmula 33/STJ. A


principio não, exceto em hipóteses excepcionais, quais sejam:

* incompetência territorial nos Juizados Especiais

* art. 63, § 3º, do CPC. Cláusula de eleição de foro abusiva é aquela que acarreta
dificuldade no exercício da ampla defesa da parte. Esta cláusula é declarada
ineficaz, de forma que o réu poderá alega-la para imputar incompetência ao novo
juízo. Obs: “antes da citação” – preclusão temporal para o juiz.

- Ministério Público (art. 65, parágrafo único, do CPC) Obs1: discordância do MP e


do representante do incapaz?

b) Competência absoluta

- todos os sujeitos processuais

- juiz tem o dever de reconhecer a IA (art. 64, § 1º do CPC)

- autor mesmo sendo o causador do vício tem legitimidade para alega-lo porque
se trata de nulidade absoluta

- terceiro absolutamente desinteressado

Momento de alegação da incompetência

a) Competência relativa - preclusão temporal (contestação)

- art. 340 do CPC: contestação antes da audiência de mediação e conciliação. O


artigo exige a contestação, não é possível fazer por mera petição alegando a
incompetência antes da audiência (isonomia), sob pena de preclusão.

b) Competência absoluta - qualquer momento do processo? Apesar de não


precluírem, o STF e STJ entendem que nos recursos excepcionais não é possível
alegar nulidade absoluta. Esta já deveria ser analisada pelos juízos inferiores. Veja:
STF, 1ª Turma, AI 858.531 AgR-ED/SC; STJ, 4ª Turma, AgRg no AREsp 662.713/RJ.
- E na ação rescisória? É possível, art. 966, II, do CPC.

Identidades Procedimentais
a) Forma de alegação da incompetência - preliminar de contestação. Não há forma
absoluta de alegar.

Obs: IA alegada depois da contestação pode ser alegada sob qualquer forma
escrita ou oral.

b) Atos já praticados - natureza dilatória (art. 64, § 3º do CPC). Reconhecida a


incompetência, o processo será remetido ao juízo competente, e seguirá.

Obs1: art. 51, III, da Lei 9.099/95 – extinção do processo nos Juizados Especiais em
razão da incompetência territorial.

Obs2: incompetência absoluta dos Juizados Especiais. A rigor o correto é a


extinção do processo, que deverá ser reproposto pelo autor.

Obs3: cumulação de pedidos de diferentes competências absolutas perante juízo


absolutamente incompetente para ambos

- art. 64, § 4º do CPC: atos praticados por juízo incompetente são válidos, devendo
ser revistos ou ratificados (ainda que tacitamente) pelo juízo competente

Obs. juízo incompetente pode declarar a ineficácia de atos

Espécies De Competência
Competência Territorial
a) foro comum: domicílio do réu (art. 46 do CPC)

b) ações reais imobiliárias (art. 47 do CPC)

- competência absoluta do local do imóvel (Fux/Nery: funcional x


Dinamarco/Barbosa Moreira: territorial).

- direitos de propriedade (art. 1.225 do CC), vizinhança, servidão, divisão e


demarcação de terras e nunciação de obra nova e possessória (§ 2º).

Outros direitos reais (usufruto, uso, habitação) não se aplica o art. 47 do CPC (STJ,
3ª Turma, REsp 1.051.652/TO).

c) inventário, partilha, arrecadação, cumprimento de disposições de última


vontade, impugnação ou anulação de partilha extrajudicial e para todas as ações
em que o espólio for réu (art. 48)

- domicilio do autor da herança

- sem domicilio certo: situação dos bens imóveis; mais de um qualquer dos foros,
local de qualquer bem.

d) réu ausente (art. 49 do CPC) - foro do último domicílio do réu para as ações de
arrecadação, inventário, partilha e cumprimento de disposição de última vontade

e) réu incapaz (art. 50 do CPC) - foro do domicílio de seu representante ou


assistente.

f) União (art. 51 do CPC)

- compatibilização com o art. 109, §§ 1º e 2º da CF

- União figurar como autora: domicílio do réu

- União demandada: foro de domicílio do autor, no de ocorrência do ato ou fato


que originou a demanda, no de situação da coisa ou no Distrito Federal.
g) Estado ou DF (art. 52 do CPC)

- Estado ou Distrito Federal for autor: foro comum, ou seja, do foro de domicílio
do réu

- Estado ou DF como réu: competência concorrente entre o foro de domicílio do


autor, de ocorrência do ato ou fato que originou a demanda, da situação da coisa
ou na capital do respectivo ente federado.

h) ação de divórcio, separação, anulação de casamento e reconhecimento ou


dissolução de união estável – art. 53, I, do CPC

* filho incapaz: domicilio do guardião

* sem filho incapaz: último domicílio do casal; nenhuma das partes residir em tal
domicilio, foro do domicilio do réu

Obs: não é competência concorrente, mas subsidiária.

i) ação de alimentos (art. 53 do CPC) - domicílio ou residência do alimentando

j) pessoa jurídica como réu – art. 53, III, “a”, do CPC - foro onde se localiza sua
sede, que estabelecida em seu contrato social ou estatuto social pode não se
confundir com o seu domicílio (poderá ser o lugar onde funcionam as diretorias e
administrações ou um domicílio legal, estabelecido pelos atos constitutivos da
pessoa jurídica.

l) obrigações contraídas pela agência ou sucursal – art. 53, III, “b”, do CPC -
competente o foro do lugar da agência ou sucursal quanto às obrigações que ela
contraiu (CPC/73) x onde se acha agência ou sucursal, quanto às obrigações que a
pessoa jurídica contraiu (CPC/15)

m) sociedade ou associação que carece de personalidade jurídica figurar como ré


– art. 53, III, “c”, do CPC - local onde esta exerce suas atividades

n) obrigação a ser cumprida – art. 53, III, “d”, do CPC - do local onde a obrigação
deve ser satisfeita (forum destinatae solutionis)

o) direitos previstos no Estatuto do Idoso (art. 53, III, “e”, do CPC) – não basta que
o idoso seja parte, é necessário que se discuta matéria prevista no Estatuto do
Idoso.

Obs1: art. 80 da Lei 10.741/2003.

Obs2: competência relativa.

Obs3: autor e réu idosos – foro comum.

p) lugar da sede da serventia notarial ou de registro na ação de reparação de dano


por ato praticado em razão do ofício (art. 53, II, “f”).

Obs: STJ, 2.ª Turma, REsp 1.163.652/PE – atividade notarial é regida pelo CDC,
desse modo, pelo CPC seria na sede da serventia, contudo, pelo CDC seria o
domicilio do consumidor.

q) reparação de dano – art. 53, IV, ”a” do CPC

- foro competente será o do lugar do ato ou fato que gerou o dano (forum
commissi delicti)

- somente no caso de ato ilícito civil extracontratual

* ilícito contratual (art. 53, III, “d”, do CPC)

* tipificando-se o ato gerador do dano como ilícito penal (crime) (art. 53, V, do
CPC)
r) administrador ou gestor de negócios alheios figurando como réu

– art. 53, IV, “b”, do CPC - lugar em que o ato ou fato que ensejou o processo
judicial foi praticado (forum gestae administrationis)

s) reparação de dano sofrido em razão de delito ou acidente de veículos – art. 53,


V, do CPC - foros concorrentes entre o foro do lugar do ato ou fato e do domicílio
do autor.

Valor Da Causa
- Juizados

* Juizados Especiais Estaduais (40 sm – escolha do autor (Enunciado 01 do


FONAJE)

* JEF (art. 3º, § 3º, da Lei 10.259/2001) e JEFP (art. 2º, § 4º da Lei 12.153/2009):
competência absoluta de caráter funcional. Exemplo: São Paulo.

- Foros regionais/distritais: competência absoluta funcional.

Funcional
* pelas fases do procedimento

Obs1: não há competência funcional entre a fase de conhecimento e de


cumprimento de sentença (art. 516, parágrafo único, do CPC)

Obs2: liquidação individual de sentença coletiva no foro do domicilio do indivíduo


(Informativo 422/STJ: 3.ª Seção, CC 96.682/RJ)

* relação entre ação principal e ações acessórias e incidentais

- reconvenção, oposição, ação de restauração de autos, embargos à execução,


embargos ao mandado monitório, embargos de terceiro

* competência por graus de jurisdição - recursal ou originária.

* objeto do juízo

- numa mesma decisão participam dois diferentes órgãos: procedimento de


declaração incidental de inconstitucionalidade (arts. 948 a 950 do CPC), nos quais
a Câmara ou Turma do Tribunal em que são suscitados tais incidentes são
competentes para decidir o processo em si, aplicando a lei ao caso concreto, mas
é do Tribunal Pleno a competência para fixar a interpretação da lei ou decidir a
respeito de sua constitucionalidade (art. 97 da CF).

* Chiovenda: determinado território pelo fato de ser nesse foro mais eficaz e fácil
o exercício da função jurisdicional (art. 47 do CPC e art. 2 da LACP).

Matéria (Ratio Materiae)


* competência da Justiça - Justiças especializadas: arts. 114 (Justiça do Trabalho),
121 (Justiça Eleitoral) e 125 (Justiça Militar)

- Justiça Comum: Justiça Federal (art. 109, III, V-A, X, XI, da CF) e Justiça Estadual
(residual)

* competência do juízo

- varas especializadas (só tem relevância após a definição da competência do foro)

Pessoa (Ratio Personae)


* competência da Justiça - Justiça Federal (art 109, I, II, VII, da CF) Obs1: presença
do MPF (STJ, 1ª Turma, REsp. 440.002/SE) Obs2: intervenção de entes federais
(art. 45 do CPC)
* União, empresa pública, autarquia e fundação federais e conselhos de
fiscalização de atividade profissional. Ex: no caso de Intervenção, propõem-se a
demanda perante a Justiça Federal, e, se denegada a intervenção, remete-se à
Justiça Estadual.

* excepcionalmente não haverá remessa para a JF: recuperação judicial, falência,


insolvência civil e acidente de trabalho, que continuam na Justiça Estadual, e nas
ações que tramitarem perante a Justiça Eleitoral e do Trabalho.

Obs1: também não há remessa na competência por delegação

Obs2: art. 5º, 9.469/97: na intervenção anômala só há mudança de competência


na interposição de recurso - cumulação de pedidos: exclusão do pedido que
interesse ao ente federal (diminuição objetiva)

* competência do juízo - varas especializadas

Prorrogação De Competência
Conceito E Espécies
- juízo abstratamente incompetente se torna concretamente competente

- “relatividade da relatividade” (Dinamarco): 1.º conexão/continência; 2.º ausência


de alegação de incompetência relativa; 3.º cláusula de eleição de foro,
considerando-se a prorrogação por vontade unilateral do autor uma forma atípica
de prorrogação.

Conexão E Continência
a) Conceito - conexão: identidade da causa de pedir ou do pedido (art. 55, caput,
do CPC) - continência: identidade de partes, causa de pedir e o pedido de uma
ação, por ser mais amplo, abrange os das demais (art. 56 do CPC)

Obs1: diferença entre continência e litispendência parcial

Obs2: extinção em razão da continência não é aplicável na tutela coletiva diante


da diversidade de autores.

b) Efeitos

* conexão

reunião dos processos perante o juízo prevento (art. 58 do CPC)

- conexão entre ação de execução e de conhecimento relativa ao mesmo ato


jurídico (art. 55, §2, I, do CPC)

- conexão entre ações de execução fundadas no mesmo título executivo (art. 55, §
2º II, CPC)

- reunião de ações não conexas sempre que exista risco de prolação de decisões
conflitantes ou contraditórias (art. 55, § 3º, do CPC)

Obs: não há reunião de ações conexas se uma delas já tiver sido sentenciada
(Súmula 235/STJ) (art. 55, § 1º, do CPC)

* juízo de conveniência (STJ, 2ª Turma, REsp 1.707.572/SP)

vantagens: harmonização dos julgados e economia processual

- desvantagens: distância do juízo prevento e multiplicidade de processos

A reunião não é obrigatória, e ocorrerá somente se viável. Ex: Litisconsórcio


multitudinário.
* continência: ação continente tiver sido proposta anteriormente, o processo
relativo à ação contida será extinto sem resolução de mérito; caso contrário, as
ações serão necessariamente reunidas. (art. 57 do CPC).

c) juízo prevento: primeiro registro ou distribuição de petição inicial (art. 59 do


CPC).Ocorre na conexão e continência.

Ausência De Alegação De Incompetência Relativa (Art. 65, Caput, Do Cpc)


- não alegação em sede preliminar de contestação (a vontade que levou o réu a
essa omissão é irrelevante)

- art. 63, §§ 3º e 4º do CPC: juiz só pode conhecer de oficio a incompetência


relativa antes de citar o réu.

Prorrogação Voluntária
Cláusula De Eleição De Foro
- art. 63, caput do CPC: territorial (desde que relativa) e valor da causa (inaplicável,
porque as partes não podem modificar competência de foro central/regional e
nem dos Juizados Especiais).

- somente aplicável à direito obrigacional

- cláusula escrita

- negócio jurídico especifico

- não pode escolher justiça e nem juízo (competência absoluta)

Vontade Unilateral Do Autor


- foro geral sempre que a regra for foro do domicílio do autor

Princípio Da Perpetuatio Jurisdictionis


- perpetuação da competência e não da jurisdição, ou seja, mantem a
competência do juízo do momento da distribuição da ação.

- exceções: qualquer mudança de competência absoluta e extinção do órgão


jurisdicional

- momento: registro ou distribuição da petição inicial

Obs1: criação de nova subseção judiciária (Informativo 783/STF, 1ª Turma, HC


117871/MG) e nova vara ou comarca (STJ, 2.ª Turma, REsp 1.373.132/PB) não
excepciona a perpetuatio jurisdictionis. Não é suficiente para alterar a
competência.

Obs2: ação de alimentos (STJ, 2.ª Seção, CC 114.461/SP) e de guarda de incapaz


(STJ, 2ª Seção, CC 114.782/RS). A mudança de endereço gera a modificação da
competência da ação, para proteção do menor ou incapaz.

Foros Concorrentes
- forum shooping – escolhido pelo autor.

- forum non conveniens – não poderá ser escolhido foro que prejudique o réu, é
limitação do direito do autor de definir o foro. Obs: STJ entende que não há foro
non conviniens no Brasil, somente fórum shopping. Vide: 3ª Turma, MC 15.398/RJ.
Contudo, há alguns casos em que se verifica o fórum non conveniens:

* Tutela coletiva (STJ, 1ª Seção, CC 97.351/SP; CC 164.362/MG)

competência adequada – foro mais adequado e dificuldade no exercício de defesa


do réu.
Litisconsórcio
Conceito
Pluralidade de sujeitos no mesmo polo da demanda.

Para a doutrina majoritária, esta definição basta. Dinamarco – basta a pluralidade,


independentemente dos interesses.

Para a doutrina minoritária, é necessário verificar o interesse defendido pelas


partes para verificar se há litisconsórcio ou cumulação subjetiva. Ex: Marinoni –
diferença entre cumulação subjetiva (interesses contrapostos) e litisconsórcio
(afinidade, identidade ou autonomia de interesses).

Cabimento
Trata-se de mecanismo de economia processual, pois evita repetição de demanda
idênticas. Contudo, só será formado nas hipóteses legais.

Art. 113, caput, CPC – apesar do termo “podem”, o dispositivo legal trata do
litisconsórcio necessário e facultativo.

Hipóteses de cabimento: Art. 113, CPC. Maior probabilidade nos primeiros incisos,
e menor ao se afastar do caput.

 pluralidade de titulares de direitos e obrigações

I - entre elas houver comunhão de direitos ou de obrigações relativamente à lide;

 conexão (economia processual e harmonização de julgados)

II - entre as causas houver conexão pelo pedido ou pela causa de pedir;

 mera semelhança por um ponto em comum de fato ou de direito

IV - ocorrer afinidade de questões por um ponto comum de fato ou de direito.

Classificação
* posição processual na qual foi formado

- ativo: mais de um demandante

- passivo: mais de um demandado

- misto: mais de um demandante e mais de um demandado

* momento de sua formação

- inicial/originário: na propositura da ação. É formado na petição inicial.

- ulterior/posterior/incidental/superveniente: após a propositura da ação.

Obs1: litisconsórcio formado na emenda da petição inicial é considerado ulterior,


não inicial!

Obs2: litisconsórcio facultativo ulterior não é admitido por violar juízo natural (STJ,
1ª Turma, AgRg no AREsp 184.951/SP). Pois poderia ser uma tentativa de escolha
do juízo.

* destino dos litisconsortes no plano material

- unitário: juiz é obrigado a decidir de forma unitária para todos os litisconsortes


(art. 116 do CPC). Ex: ação de anulação de casamento ajuizada pelo MP terá
ambos os cônjuges como litisconsortes obrigatórios, vez que a sentença será
unitária para ambos.

- simples: decisão pode ter conteúdo diverso para cada litisconsorte.


Litisconsórcio Necessário E Unitário
Todo litisconsórcio necessário é unitário? Não! Se necessário em razão da relação
material incindível (ex: casamento), ele será unitário. Se necessário por exigência
legal, poderá ser litisconsórcio simples (ex: ação de usucapião de imóvel:
confrontantes terão sentença não necessariamente idêntica).

* momentos procedimentais distintos: necessário diz respeito à formação do


processo (relação jurídica processual) e unitário à conclusão (sentença)

* litisconsórcio necessário e simples: sempre que a obrigatoriedade decorre de


exigência legal

* litisconsórcio facultativo e unitário: legitimidade concorrente disjuntiva


(extraordinária e ordinária). Em regra o litisconsórcio facultativo é simples. Há
mais de um legitimado, mas basta um deles para propor a ação.

Obs: dívida solidária: litisconsórcio entre os devedores é facultativo e simples (art.


264, CC – exceções pessoais).

Litisconsórcio Ativo Necessário


* parcela da doutrina entende não existir (Fredie Didier Jr.). Niguém é obrigado a
exercer o direito de ação, vez que este é disponível. Logo, o litisconsórcio ativo
não poderia ser necessário.

* sendo indispensável a presença de dos sujeitos no processo e um deles não


querendo litigar:

- Dinamarco: faltará legitimidade para somente um deles litigar sozinho. É


frustrado o direito de ação.

- Scarpinella Bueno: citação atípica de quem não quer litigar, que estará
integrado ao processo e poderá assumir o polo ativo, o polo passivo ou manter-
se neutro. Por que a parte ficaria neutra? Evitar as custas de sucumbência.

- Nelson Nery Jr: quem não quer litigar deve ser colocado como réu, mas depois
da citação poderá manter-se no polo ativo ou mudar para o polo passivo. Obs:
Na ação popular a pessoa jurídica de direito publico é réu, e, citada, poderá virar
autor, se assim entender.

- Bedaque: quem se coloca contra a pretensão é réu, de forma que o sujeito que
não quer litigar será colocado no polo passivo e nele permanecerá até o final do
processo.

Obs1: STJ, 3.ª Turma, REsp 1.222.822/PR admite o litisconsórcio ativo necessário

Obs2: art. 115, parágrafo único, do CPC trata apenas da forma procedimental de
formação do litisconsórcio necessário passivo não formado.

Limitação Do Litisconsórcio Facultativo (Litisconsórcio


Multitudinário)
Art. 113, § 1o O juiz poderá limitar o litisconsórcio facultativo quanto ao número
de litigantes na fase de conhecimento, na liquidação de sentença ou na execução,
quando este comprometer a rápida solução do litígio ou dificultar a defesa ou o
cumprimento da sentença.

- Litisconsórcio multitudinário

- Só é aplicável no litisconsórcio facultativo

- Limitação pode ocorrer no início das fases de: conhecimento, liquidação de


sentença e execução.
Art. 113, § 2º: O requerimento de limitação interrompe o prazo para manifestação
ou resposta, que recomeçará da intimação da decisão que o soluciona

- Juiz pode reconhecer de ofício, a consequência é a interrupção do prazo


(devolve o prazo na íntegra).

Consequência jurídica da limitação:

- exclusão dos litisconsortes excedentes (diminuição subjetiva da demanda):


Ovídio Baptista e Freitas Câmara

- desmembramento da relação jurídica processual: Dinamarco e Nelson Nery Jr/


STJ, 2ª Turma, AgRg no AgRg no REsp 1.455.005/RS. O desmembramento é feito
pelo advogado, o juiz somente determinada.

Obs: art. 1.015, VIII, CPC - cabimento de agravo de instrumento da decisão de


rejeição do pedido de limitação.

Intervenção Iussu Iudicis?


Art. 91 do CPC/1939: atividade oficiosa na formação de litisconsórcio desde que
o juiz entendesse pela conveniência de sua formação

Art. 47, parágrafo único, CPC/73 (art. 115, parágrafo único, do CPC) é entendida
por parcela da doutrina como espécie de intervenção iussu iudicis: Luiz Fux e
Marinoni

Art. 115, parágrafo único. Nos casos de litisconsórcio passivo necessário, o juiz
determinará ao autor que requeira a citação de todos que devam ser
litisconsortes, dentro do prazo que assinar, sob pena de extinção do processo.

*Dinamarco e Bedaque: não é intervenção iussi iudicis, porque se opera por


exigência da lei e não por juízo de conveniência do juiz Obs: art. 382, § 1o O juiz
determinará, de ofício ou a requerimento da parte, a citação de interessados na
produção da prova ou no fato a ser provado, salvo se inexistente caráter
contencioso.

Vício Gerado Pela Ausência De Litisconsórcio Necessário


Art. 115, do CPC I - nula, se a decisão deveria ser uniforme em relação a todos
que deveriam ter integrado o processo; II - ineficaz, nos outros casos, apenas para
os que não foram citados.

Dinâmica Entre Os Litisconsortes


Art. 117 do CPC: Os litisconsortes serão considerados, em suas relações com a
parte adversa, como litigantes distintos, exceto no litisconsórcio unitário, caso em
que os atos e as omissões de um não prejudicarão os outros, mas os poderão
beneficiar

Atos de disposição de direito


* litisconsórcio simples: autonomia

* litisconsórcio unitário: ato praticado somente por um litisconsorte é plenamente


ineficaz.

Para disposição de direito eficaz é necessário que todos os réus concordem, caso
contrário é ineficaz para todos. É necessário ao menos a anuência dos demais para
eficácia.

Presunção de veracidade na revelia (art. 345, I, CPC)


Art. 345. A revelia não produz o efeito mencionado no art. 344 se: I - havendo
pluralidade de réus, algum deles contestar a ação;
* litisconsórcio unitário: sempre se aplica o art. 345, I, CPC. Se unitário, o resultado
da sentença for o mesmo, necessariamente os fatos da contestação beneficiarão o
réu revel.

* litisconsórcio simples: depende de identidade de matéria defensiva. Se a matéria


alegada na contestação não tiver identidade com os fatos alegados contra o revel,
não lhe aproveitarão. Exceto nos fatos idênticos, ex: determinada explosão não
ocorreu.

Recurso interposto por um dos litisconsortes


Art. 1.005. O recurso interposto por um dos litisconsortes a todos aproveita, salvo
se distintos ou opostos os seus interesses.

* litisconsórcio unitário: aplica-se o art. 1.005, caput, do CPC

* litisconsórcio simples: princípio da pessoalidade (STJ, 2ª Turma, REsp


1.767.406/SC), de forma que, ainda que o alegado possa causar vantagem ao
corréu, este nunca poderá ser beneficiado, beneficiando exclusivamente o
recorrente.

Há porem uma excepcionalidade no Art. 1.005, parágrafo único, havendo


solidariedade passiva, o recurso interposto por um devedor aproveitará aos
outros, quando as defesas opostas ao credor Ihes forem comuns.

Obs. Vedação da reformacio in pejus impede a piora do resultado ao recorrente,


de modo que não poderá, a princípio, piorar a situação do corréu.

Princípio da comunhão das provas


Prevê que as provas produzidas são provas do processo, assim, sendo um fato
verídico comprovadamente, será considerado para todos os réus.
Art. 391, caput, do CPC: A confissão judicial faz prova contra o confitente, não
prejudicando, todavia, os litisconsortes.

Se o fato é único e prejudica ambos, será considerado para ambos, ainda que
prejudicial.

Prazos
Art. 229, CPC – Para prazo em dobro é necessário que o processo seja físico e que
os litisconsortes tenham patronos de escritórios diversos.

No caso de recurso, porém:

* Súmula 641/STF: NÃO SE CONTA EM DOBRO O PRAZO PARA RECORRER,


QUANDO SÓ UM DOS LITISCONSORTES HAJA SUCUMBIDO.

Isso porque somente o sucumbente tem interesse recursal.

Exceções:

Embargos de declaração: prazo sempre em dobro, na forma do 229, CPC, pois


ambos, ainda que não sucumbentes, podem querer a melhora da decisão.

Intervenção de Terceiros
Podem ser típicas ou atípicas.

a) intervenções típicas - CPC/1973:

* oposição - deixa de ser intervenção de terceiro e passa a ser procedimento


especial (arts. 682 a 686)

* nomeação à autoria - não é mais intervenção de terceiro (cabe no JEC e


procedimentos especiais que não admitem intervenção de terceiro)

- arts. 338 e 339 do CPC:


- em qualquer hipótese o réu pode alegar ilegitimidade na contestação e apontar
o sujeito legitimado

- se o autor concordar com a mudança no polo passivo o terceiro


automaticamente vira réu e sua citação o integrará obrigatoriamente ao processo

Intervenções atípicas
Intervenção anômala
Art. 5º, Lei 9469/97, caput: A União poderá intervir nas causas em que figurarem,
como autoras ou rés, autarquias, fundações públicas, sociedades de economia
mista e empresas públicas federais.

Parágrafo único. As pessoas jurídicas de direito público poderão, nas causas cuja
decisão possa ter reflexos, ainda que indiretos, de natureza econômica, intervir,
independentemente da demonstração de interesse jurídico, para esclarecer
questões de fato e de direito, podendo juntar documentos e memoriais reputados
úteis ao exame da matéria e, se for o caso, recorrer, hipótese em que, para fins de
deslocamento de competência, serão consideradas partes.

Intervenção em demanda alimentar


Art. 1.698. Se o parente, que deve alimentos em primeiro lugar, não estiver em
condições de suportar totalmente o encargo, serão chamados a concorrer os de
grau imediato; sendo várias as pessoas obrigadas a prestar alimentos, todas
devem concorrer na proporção dos respectivos recursos, e, intentada ação contra
uma delas, poderão as demais ser chamadas a integrar a lide. Obs: Informativo
638/STJ, 3ª Turma, REsp 1.715.438-RS.

Assistência anômala em ação probatória autônoma


Terceiro ingressa na lide visando a produção de prova que tem interesse em usar
para outra lide. Tendo em vista que aproveitar a prova sem o contraditório pode
causar entraves, ingressa-se requerendo a participação de terceiro no processo,
para que seja integrado à lide.

Intervenções Típicas
Assistência
- forma voluntária de intervenção

- admitido a qualquer momento do procedimento (recebe o processo no estado


em que se encontra – art. 119, parágrafo único, do CPC): não há preclusão
temporal para requerer o ingresso. O terceiro receberá o processo no momento
em que ingressar, não podendo alterar o que já foi decidido.

- cabível em processo de conhecimento, cautelar e execução. No caso da


execução, há entendimento contrário, STJ, AgInt 936.684-SP.

- poucos procedimentos especiais não admitem a assistência: (a)juizados especiais


(art. 10 da Lei 9.099/1995); (b) processo objetivo (art.7º da Lei 9.868/1999); (c)
mandado de segurança.

Requisitos para a intervenção típica


a) Interesse jurídico

A relação jurídica do terceiro com a parte não é discutida no processo, mas pode
vir a ser afetada pela decisão deste. Assim, visa auxiliar a parte. Ex: sublocatário
em ação de despejo.

Art. 119. Pendendo causa entre 2 (duas) ou mais pessoas, o terceiro juridicamente
interessado em que a sentença seja favorável a uma delas poderá intervir no
processo para assisti-la.

O interesse deverá ser necessariamente econômico.


Espécies de assistência
Assistência simples/adesiva
relação jurídica não controvertida, distinta daquela discutida no processo entre o
assistente (terceiro) e o assistido (autor ou réu), que possa vir a ser afetada pela
decisão a ser proferida no processo do qual não participa.

Assistência litisconsorcial/qualificada
Terceiro é titular do direito material discutido no processo.

Art. 124. Considera-se litisconsorte da parte principal o assistente sempre que a


sentença influir na relação jurídica entre ele e o adversário do assistido.

Obs: Marinoni/Nery – não existe assistência litisconsorcial; trata-se de


litisconsórcio ulterior.

Dinamarco/Bedaque – assistente litisconsorcial não vira autor/réu porque não faz


pedido e contra ele não é feito pedido.

Pelo código, há assistência litisconsorcial.

Procedimento
Art. 120. Não havendo impugnação no prazo de 15 (quinze) dias, o pedido do
assistente será deferido, salvo se for caso de rejeição liminar. Parágrafo único. Se
qualquer parte alegar que falta ao requerente interesse jurídico para intervir, o
juiz decidirá o incidente, sem suspensão do processo.

- petição devidamente fundamentada (não precisa ser petição inicial)

- juiz pode indeferir de plano ou intimar as partes

- com ou sem manifestação das partes no prazo de 15 dias o juiz decidirá - não há
mais desentranhamento da peça de requerimento e de resistência

- o processo não é suspenso enquanto se decide o requerimento de intervenção


Obs: Calmon de Passos

– cumular o pedido de intervenção com outro ato processual para não perder a
oportunidade. Exemplo: apresenta contestação e pede para ser admitido como
interveniente.

Poderes Do Assistente
Assistente simples

Caso o assistido deixe de se defender, ou de recorrer, por exemplo, o assistido


poderá atuar em sua omissão, exceto em caso de expressa manifestação do
assistido indicando o desinteresse em dar prosseguimento ao processo.

Na hipótese de réu revel o assistente atuará como seu substituto processual (art.
121, parágrafo único, CPC) - a oposição do assistente aos atos de disposição de
direito praticados pelo assistido é ineficaz (art. 122, CPC).

Caso o assistido queira renunciar do seu direito, e homologar o reconhecimento


do pedido do autor, o assistente não poderá se opor.

Assistente litisconsorcial

Tem poder de atuação como litisconsorte unitário, com maiores poderes que o
assistente simples.

Eficácia Da Intervenção
Art. 123. Transitada em julgado a sentença no processo em que interveio o
assistente, este não poderá, em processo posterior, discutir a justiça da decisão,
salvo se alegar e provar que: I - pelo estado em que recebeu o processo ou pelas
declarações e pelos atos do assistido, foi impedido de produzir provas suscetíveis
de influir na sentença; II - desconhecia a existência de alegações ou de provas das
quais o assistido, por dolo ou culpa, não se valeu.

Os fundamentos de fato e de direito tornam-se imutáveis e indiscutíveis para o


assistente

Na exceptio male gesti processus (art. 123, I e II do CPC) não se aplica a


imutabilidade da justiça da decisão. É aplicável quando o assistente não tenha
participação efetiva no convencimento do juiz, seja porque ingressou de forma
tardia, ou por atuação do assistido, que impediu, de certa forma, a atuação do
assistente (ex: reconhecimento do pedido).

O assistente simples nunca suporta a coisa julgada material, já o assistente


litisconsorcial sempre suporta coisa julgada material, independentemente de ter
ou não participado do processo; a eficácia da intervenção só é aplicada para a
parcela da doutrina que entende existir a assistência litisconsorcial.

Denunciação da Lide
Trata-se de intervenção provocada por requerimento do réu.

Portanto, trata-se de intervenção coercitiva (citação inclui o terceiro ao processo).

Causa uma demanda incidente, regressiva, eventual e antecipada, pelo ingresso


do denunciado na lide. É incidente porque será instaurada em processo já
existente; É regressiva porque fundada no direito de regresso da parte contra o
terceiro; É eventual porque guarda uma evidente relação de prejudicialidade com
a demanda originária, considerando-se que, se o denunciante não suportar dano
algum em razão de seu resultado, a denunciação da lide perderá seu objeto; É
antecipada porque no confronto entre o interesse de agir e a economia processual
o legislador prestigiou a segunda; afinal, não havendo ainda nenhum dano a ser
ressarcido no momento em que a denunciação da lide ocorre, em tese não há
interesse de agir do denunciado em pedir o ressarcimento.

Tem razões de economia processual, entretanto, permitem excepcionalmente


uma demanda sem interesse de agir, ex: autor cobre divida que não existe ainda, e
é eventual (ex: seguradora), que poderia ingressar futuramente em ação
regressiva. Obs: art. 125, caput, II, do CPC – não é obrigatório, pois ao final da ação
cabe ação regressiva.

Hipóteses de cabimento
I) EVICÇÃO

Perda de coisa por decisão judicial.

Será parte o adquirente evicto, e denunciado à lide o alienante evicto.

Não é cabível denunciação da lide per saltum, incluindo todos os responsáveis


pela possível evicção. Somente é possível denunciar o alinetante imediato. (art.
125, I: “alienante imediato”). Revogação do art. 456 do CC (art. 1.072, II, do CPC)

II) DIREITO DE REGRESSO PREVISTO EM LEI OU CONTRATO

Quando há direito regressivo previsto em lei. O fundamento da lide é a econômica


processual, por isso, há doutrina que entende que, em se tratando de
denunciação que cause maior demora no deslinde da lide, em razão da
complexidade, deverá ser indeferida. Não cabe fundamento jurídico novo (Nery) X
cabe fundamento jurídico novo (Dinamarco; HTJr.)

Denunciação da lide ao Estado em ação de reparação de danos: Não admite em


razão da ampliação objetiva (STJ, 1.ª Turma, REsp 903.949/PI). O juiz analisará no
caso concreto se há ofensa a celeridade e economia processual (STJ, 2ª Turma,
REsp 1.187.456/RJ).

Qualidade Processual Do Denunciado


- denunciação da lide: réu. O denunciado é sempre o réu da ação principal (art.
127 e 128, I, do CPC).

Na denunciação da lide, o denunciado é o interessado no sucesso do denunciante,


vez que neste caso não lhe será demandado nada em regresso.

O litisconsórcio entre o denunciante e o denunciado será:

(a) passivo ou ativo. Eis que ambos, autor e réu, tem legitimidade para denunciar a
lide.

(b) inicial ou ulterior. Se feita pelo autor, será inicial, eis que em petição inicial. Se
pelo réu, será ulterior.

(c) facultativo, porque a denunciação é facultativa, e o processo não será extinto


sem resolução do mérito, caso a parte não realize a denunciação da lide;

(d) unitário, porque a decisão da ação principal será obrigatoriamente no mesmo


sentido para denunciante e denunciado.

Obs: art. 128, parágrafo único, CPC – requerimento ao cumprimento da sentença


diretamente contra o denunciado, nos limites da condenação deste na ação
regressiva

Denunciação Sucessiva
Denunciação da lide da denunciação da lide . Ex: resseguro.

O art. 125, § 2º do CPC permite uma única fez de denunciação sucessiva.

Procedimento Da Denunciação Da Lide Pelo Autor


Ex: ação de imissão na posse de autor que adquiriu imóvel por leilão, que havia
sido alienado fiduciariamente antes, e o antigo proprietário continuava no imóvel.
Autor denuncia a lide à Caixa Econômica, que leiloou o bem.

Procedimento:

- Propositura da ação (art. 126, CPC: petição inicial)

- A denunciação gera a suspensão do processo - citação do terceiro no prazo de 30


dias, e, se não citado, ficará prejudicado, correndo a lide em face do réu, e
tentando a citação do denunciado em paralelo. Obs: art. 131, caput, do CPC

– Descumprimento de prazo (por culpa do denunciante) ineficácia da denunciação


- art. 127, CPC: acréscimo de novos argumentos à petição inicial (não cabe mais
emendar).

Procedimento Da Denunciação Da Lide Pelo Réu


- prazo de resposta: denunciação deve ser feita na contestação.

- tópico da contestação (art. 126, CPC)

- citação: integração do réu.

- reações do réu (art. 128, CPC): I – denunciado aceitar a denunciação e contestar


o pedido principal, processo prosseguirá; II – denunciado revel o denunciante
pode deixa de prosseguir com sua defesa e interpor recursos; III – denunciado
confessar os fatos da ação principal, o denunciante poderá continuar sua defesa
ou aderir ao reconhecimento e só pedir a procedência da denunciação.
Chamamento Ao Processo
Intervenção provocada (terceiro pode ingressar como assistente litisconsorcial),
de forma forçada, do coobrigado (desde que terceiro seja mais ou tanto obrigado
quanto o réu). No geral, o réu chama ao processo o coobrigado da lide.

Obs: litisconsórcio passivo ulterior (STJ, 2.ª Turma, AgRg no REsp 1.281.020/DF) *
art. 275 do CC: credor tem direito de exigir de um ou alguns dos devedores.

Cabimento (art. 130)


I) réu: fiador, chama o devedor principal. Visa garantir o beneficio de ordem, para
execução primeiro dos bens do devedor principal. Para o beneficio de ordem é
necessário título em face do devedor principal também, por isso, se demandado
somente o fiador, o ideal é que chame o principal. Obsn: ão cabe o inverso, ou
seja, chamento do fiador pelo devedor principal.

II) réu: fiador e chamado: demais fiadores. Obs: cumulação dos incisos I e II III)

III) réu: devedor; chamado: devedores coobrigados Obs: somente em obrigação de


pagar (Informativo 490/STJ: 2.ª Turma, REsp 1.009.947/SC)

Não cabe chamamento da União em ação de entrega de medicamento


(Informativo 539/STJ: 1.ª Seção, REsp 1.203.244/SC; STF, 1.ª Turma, RE 607.381
AgR/SC), vez que altera a competência, e causa maior complexidade a lide,
portanto.

Procedimento
- tópico da contestação

- citação em 30 dias sob pena de ineficácia (art. 131, caput). Chamado residir em
outro foro ou local incerto o prazo é de 2 meses (art. 131, p. único, CPC)

– art. 132: A sentença de procedência valerá como título executivo em favor do


réu que satisfizer a dívida, a fim de que possa exigi-la, por inteiro, do devedor
principal, ou, de cada um dos codevedores, a sua quota, na proporção que lhes
tocar. Ou seja, haverá a soliedariedade.

Incidente De Desconsideração Da Personalidade Jurídica (Arts. 133 A


137)
Natureza Jurídica
Inicialmente havia entendimento de que deveria ser feito através de ação
autônoma, contudo, através do CPC de 2015 consagrou-se que é feito através de
incidente.

Cabimento
- Desconsideração tradicional: desconsidera-se a personalidade jurídica de
empresa da qual o devedor é sócio.

- Desconsideração inversa (art. 134, § 1, CPC): desconsidera-se a personalidade do


sócio para atingir o patrimônio da empresa.

- ENUNCIADO 11 do CJF: “Aplica-se o disposto nos arts. 133 a 137 do CPC às


hipóteses de desconsideração indireta e expansiva da personalidade jurídica”.
Indireta – grupo econômico. Expansiva – socio oculto (laranja).

- Incidente obrigatório, salvo se a desconsideração da personalidade jurídica for


requerida na petição inicial, hipótese em que será citado o sócio ou a pessoa
jurídica (art. 134, § 2º)

- Previsão expressa de aplicação nos JEC (art. 1.062 do CPC). Não cabe intervenção
de terceiros no JEC, exceto desconsideração da PJ, por expressa previsão do CPC
de 2015.
- Responsável tributário (STJ, 2ª Turma, AREsp 1.286.512/RS)

- Desconsideração econômica na execução fiscal (STJ, 2ª Turma, AREsp


1.455.240/RJ x STJ, 1ª Turma, REsp 1.775.269/PR). Não seria necessário incidente,
bastando a aplicação do polo passivo.

- Cabimento em todas as fases do processo de conhecimento, no cumprimento de


sentença e na execução fundada em título executivo extrajudicial (art. 134, caput).
Será responsável ainda que o titulo executivo não tenha sido constituído em face
do desconsiderado. Obs: quanto antes melhor para fins de configuração de
fraude, quanto mais tarde melhor para evitar mais sujeitos se contrapondo à
pretensão.

* art. 792, § 3º: a partir da citação da parte cuja personalidade se pretende


desconsiderar.

Procedimento
A pedido da parte ou do Ministério Público(como fiscal da ordem jurídica). Não
cabe de oficio.

É necessário demonstrar o preenchimento dos pressupostos legais específicos


(art. 133, caput, CPC).

Ocorre a instauração do incidente imediatamente, comunicado ao distribuidor


para as anotações devidas (art. 134, § 1º).

Obs: suspensão do processo (art. 134, § 3º) – Trata-se de suspensão impropria,


uma vez que o processo principal fica suspenso, mas o incidente de
desconsideração permanece em prosseguimento. Enunciado 110 do CJF: “A
instauração do incidente de desconsideração da personalidade jurídica não
suspenderá a tramitação do processo de execução e do cumprimento de sentença
em face dos executados originários”.

- citação do sócio ou pessoa jurídica com prazo de 15 dias (contraditório


tradicional) (art. 135) A citação ocorrerá somente se não houver indeferimento
liminar. Citada, a parte terá prazo de 15 dias para defesa. Portanto, trata-se de
contraditório expresso comum, sem contraditório diferido como no passado.
Exceção: caso comprovados os requisitos para a concessão de pedido liminar. Obs:
art. 9º, parágrafo único do CPC (STJ, 4ª Turma, AgInt no AREsp 1.043.266/DF).

- produção de provas, se necessário

- decisão interlocutória recorrível por agravo de instrumento/ decisão do relator


recorrível por agravo interno (art. 136). Observação: não cabimento de honorários
- STJ, 3 Turma, AgInt no AREsp 1.707.782/SP.

Amicus Curiae
Antes do CPC de 15, o amicus curiae era considerado como auxiliar do juízo, sem
ser terceiro interveniente.

O STF não queria dar legitimidade recursal do amicus curiae, e por isso, não era
considerado como interveniente.

No entanto, após o CPC de 15, foi incluído como terceiro interveniente, tendo
capacidade postulatória.

Sujeito
- pessoa natural ou jurídica, órgão ou entidade especializada, com
representatividade adequada (art. 138, caput, CPC). Pode ser pessoa natural, mas
não é comum. Geralmente é PJ ou entidade com representatividade adequada.

Obs: interesse institucional (na qualidade da decisão)


ENUNCIADO 82 do CJF: ”Quando houver pluralidade de pedidos de admissão de
amicus curiae, o relator deve observar, como critério para definição daqueles que
serão admitidos, o equilíbrio na representatividade dos diversos interesses
jurídicos contrapostos no litígio, velando, assim, pelo respeito à amplitude do
contraditório, paridade de tratamento e isonomia entre todos os potencialmente
atingidos pela decisão”.

Hipóteses De Cabimento
(a) relevância da matéria;

(b) especificidade do tema objeto da demanda;

(c) repercussão social da controvérsia.

Poderão ser um requisito ou outro para a admissão. Mas, no geral, estão


presentes mais de um.

Obs: em qualquer grau de jurisdição.

Procedimento
- Requerimento das partes, do terceiro ou de ofício;

- Juiz ou relator em decisão irrecorrível, defere ingresso ou requer manifestação


(caput).

Obs: e decisão que indefere pedido de ingresso? STJ, 3ª Turma, AgInt na PET no
REsp 1.367.212/RR e STF, Plenário, RE 602.584 AgR/DF): decisão irrecorrível.
Independentemente do conteúdo, os tribunais tem decidido que irrecorrível a
decisão que verse sobre a admitissão ou inadmissão do ingresso do amicus curiae.

- Juiz ou relator define poderes do amicus curiae (§ 2º)

- Manifestação em 15 dias (caput)

- Intervenção não implica alteração de competência (§ 1º) nem autoriza a


interposição de recursos, ressalvada a oposição de embargos de declaração e
recurso contra decisão que julgar o incidente de resolução de demandas
repetitivas (§ 3º).

Obs: legitimidade recursal limitada por lei (STF, 2ª Turma, Inq 4.383 AgR/DF)

O momento da intervenção definirá se há adminissibilidade recursal para o amicus


curiae. Estando já pautado para julgamento nos tribunais superiores, não poderá o
amicus curiae recorrer. (STF, Tribunal Pleno, RE 593.849 AgR/MG e STJ, 2ª Seção,
Edcl no REsp 1.439.163/SP)

IAC e IRDR – aula 21 e 22

Reclamação – aula 23

Processo de Conhecimento
Processo é o meio pelo qual se realiza a jurisdição. Procedimento é a sucessão de
atos processuais, da petição inicial ao transito em julgado.

O processo de conhecimento é composto por dois tipos de procedimentos:

a) Procedimento comum (arts. 318 ao 508 do CPC – por exemplo: ação de


reparação de danos ou ação anulatória de contrato).

Art. 318. Aplica-se a todas as causas o procedimento comum, salvo disposição em


contrário deste Código ou de lei. Parágrafo único. O procedimento comum aplica-
se subsidiariamente aos demais procedimentos especiais e ao processo de
execução.

Art. 1.046. Ao entrar em vigor este Código, suas disposições se aplicarão desde
logo aos processos pendentes, ficando revogada a Lei nº 5.869, de 11 de janeiro
de 1973. § 2º Permanecem em vigor as disposições especiais dos procedimentos
regulados em outras leis, aos quais se aplicará supletivamente este Código.

b) Procedimentos especiais (arts. 539 ao 770 do CPC e leis especiais – por


exemplo: ações possessórias ou mandado de segurança).

Flexibilização Do Procedimento Comum E Gradativa Diminuição Da


Importância Dos Procedimentos Especiais
Possibilidade de adaptação do direito processual às necessidades do caso
concreto.

Razoável duração do processo: art. 5º, LXXVIII da Constituição Federal ("a todos,
no âmbito judicial e administrativo, são assegurados a razoável duração do
processo e os meios que garantam a celeridade de sua tramitação”).

Máxima coincidência: o processo deve dar a quem tem direito tudo aquilo e
precisamente aquilo a que faz jus. “Il processo deve dare per quanto è possibile
praticamente a chi ha un diritto tutto quello e proprio quello chʼegli ha diritto di
conseguire”(Chiovenda).

As partes e o juiz devem ter a possibilidade de adaptar as técnicas processuais aos


diferentes perfis de direitos materiais e aos sujeitos.

Art. 139. O juiz dirigirá o processo conforme as disposições deste Código,


incumbindo-lhe: VI – dilatar os prazos processuais e alterar a ordem de produção
dos meios de prova, adequando-os às necessidades do conflito de modo a conferir
maior efetividade à tutela do direito; Parágrafo único. A dilação de prazos prevista
no inciso VI somente pode ser determinada antes de encerrado o prazo regular.

ENFAM 35: Além das situações em que a flexibilização do procedimento é


autorizada pelo art. 139, VI, do CPC/2015, pode o juiz, de ofício, preservada a
previsibilidade do rito, adaptá-lo às especificidades da causa, observadas as
garantias fundamentais do processo.

Art. 327. § 2o Quando, para cada pedido, corresponder tipo diverso de


procedimento, será admitida a cumulação se o autor empregar o procedimento
comum, sem prejuízo do emprego das técnicas processuais diferenciadas
previstas nos procedimentos especiais a que se sujeitam um ou mais pedidos
cumulados, que não forem incompatíveis com as disposições sobre o
procedimento. – abre mão do processo especial, e ingressa através do
procedimento comum, sem prejuízo das técnicas especiais adaptadas.

Art. 190. Versando o processo sobre direitos que admitam autocomposição, é


lícito às partes plenamente capazes estipular mudanças no procedimento para
ajustá-lo às especificidades da causa e convencionar sobre os seus ônus, poderes,
faculdades e deveres processuais, antes ou durante o processo. Parágrafo único.
De ofício ou a requerimento, o juiz controlará a validade das convenções previstas
neste artigo, recusando-lhes aplicação somente nos casos de nulidade ou de
inserção abusiva em contrato de adesão ou em que alguma parte se encontre em
manifesta situação de vulnerabilidade. – Prevê o negócio processual atípico,
incluindo a possibilidade de pactuar acerca do procedimento.
O negócio jurídico processual pode dispor sobre situação jurídica do magistrado?
Sim! Mas, é necessário que seja realizado durante a lide. Não poderá intervir em
poderes e capacidades.

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NO RECURSO ESPECIAL. AUSÊNCIA DOS REQUISITOS


DO ART. 1.022 DO CPC DE 2015. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO REJEITADOS.
PROCESSO CIVIL. LIBERDADE NEGOCIAL CONDICIONADA AOS FUNDAMENTOS
CONSTITUCIONAIS. CPC/2015. NEGÓCIO JURÍDICO PROCESSUAL. FLEXIBILIZAÇÃO
DO RITO PROCEDIMENTAL. REQUISITOS E LIMITES. IMPOSSIBILIDADE DE
DISPOSIÇÃO SOBRE AS FUNÇÕES DESEMPENHADAS PELO JUIZ.

1. Depreende-se do artigo 1.022 do Código de Processo Civil que os embargos de


declaração não se prestam ao simples reexame de questões já analisadas, com o
intuito de conferir meramente efeito modificativo ao recurso. 2. A liberdade
negocial deriva do princípio constitucional da liberdade individual e da livre
iniciativa, fundamento da República, e, como toda garantia constitucional, estará
sempre condicionada ao respeito à dignidade humana e sujeita às limitações
impostas pelo Estado Democrático de Direito, estruturado para assegurar o
exercício dos direitos sociais e individuais e a Justiça. 3. O CPC/2015 formalizou a
adoção da teoria dos negócios jurídicos processuais, conferindo flexibilização
procedimental ao processo, com vistas à promoção efetiva do direito material
discutido. Apesar de essencialmente constituído pelo autorregramento das
vontades particulares, o negócio jurídico processual atua no exercício do múnus
público da jurisdição. 4. São requisitos do negócio jurídico processual: a) versar a
causa sobre direitos que admitam autocomposição; b) serem partes plenamente
capazes; c) limitar-se aos ônus, poderes, faculdades e deveres processuais das
partes; d) tratar de situação jurídica individualizada e concreta. 5. O negócio
jurídico processual não se sujeita a um juízo de conveniência pelo juiz, que fará
apenas a verificação de sua legalidade, pronunciando-se nos casos de nulidade ou
de inserção abusiva em contrato de adesão ou ainda quando alguma parte se
encontrar em manifesta situação de vulnerabilidade. 6. A modificação do
procedimento convencionada entre as partes por meio do negócio jurídico
sujeita-se a limites, dentre os quais ressai o requisito negativo de não dispor
sobre a situação jurídica do magistrado. As funções desempenhadas pelo juiz no
processo são inerentes ao exercício da jurisdição e à garantia do devido processo
legal, sendo vedado às partes sobre elas dispor. 7. Embargos de declaração
rejeitados. (EDcl no REsp 1810444/SP, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO,
QUARTA TURMA, julgado em 13/12/2021, DJe 15/12/2021).

“Contudo, advertem Fredie Didier, Lenio Streck e Dierle Nunes que, quando a
convenção processual interferir em poderes, deveres e faculdades do juiz, o
negócio somente se perfectibilizará se esse, baseado em um juízo discricionário,
concordar com a pactuação. Ainda assim, ele não será parte da convenção, pois
não titulariza situações processuais em nome próprio, mas sim em nome do
Estado. Assim, não pode dispor de situação alguma. A concordância do magistrado
atuará no plano da eficácia somente, e não da existência ou validade da pactuação
(CUNHA, Leonardo Carneiro da (Org); FREIRE, Alexandre (Coord.). Comentários ao
Código de Processo Civil: de acordo com a Lei n. 13.256/2016. Rio de Janeiro:
Saraiva, 2016, p. 319).

Petição Inicial
Requisitos da Petição Inicial
A causa de pedir e o pedido são os temas que abrangem quase a totalidade das
questões. São de maior relevância pois a ausência destes na Petição Inicial
configura em inépcia (Art. 330. A petição inicial será indeferida quando: I - for
inepta; § 1º Considera-se inepta a petição inicial quando: I - lhe faltar pedido ou
causa de pedir;).
Causa de pedir (319, II)
A causa de pedir é a razão, o motivo, o fundamento do pedido.

Divide-se em fundamentação de fato e fundamentação do direito.

A fundamentação do fato conterá: fato constitutivo do direito do Autor e o fato


violador do direito do Autor. Ex: reintegração de posse - posse do proprietário +
esbulho do invasor.

No direito italiano chama-se causa de pedir ativa e passiva.

Causa de pedir composta: fatos que somados dão ensejo a um pedido de


reparação de danos. Ex: responsabilidade civil – culpa, ação ou omissão, nexo e
dano.

Repercussão Jurídica dos Fatos Narrados: silogismo, raciocínio logico dedutível


pelo qual a narrativa dos fatos demonstra o direito.

Não Integram a Causa de Pedir:

 Mera Fundamentação Legal: o dispositivo legal não precisa ser


mencionado. Se mencionado, não vincula o julgador.
 Qualificação Jurídica Dada ao Fato pelo Autor.

FPPC 281: A indicação do dispositivo legal não é requisito da petição inicial e, uma
vez existente, não vincula o órgão julgador.

Para a adequada delimitação da causa de pedir, de acordo com a teoria da


substanciação, acolhida pelo sistema processual, impõe-se ao demandante o
dever de, além de expor os fatos que, por sua relevância jurídica, repercutem em
seu direito, também apresentar, em justificação, os fundamentos jurídicos deste,
aduzindo a que título o ordenamento jurídico acolhe sua pretensão, sendo
irrelevante, a esse propósito, a indicação de dispositivos legais (fundamento legal).
(REsp 1745411/RS, Rel. Ministro MARCO AURÉLIO BELLIZZE, TERCEIRA TURMA,
julgado em 17/08/2021, DJe 20/08/2021)

Para julgar com base em dispositivo legal diverso do indicado pela parte, o juiz
deve lançar mão do dever de consulta (art. 10, CPC)? Ex: invoco o CC na petição
inicial, mas o julgador entende que seria o caso de julgar pelo CDC. Adota-se no
CPC o contraditório substancial, baseado no binômio influencia e não surpresa, de
forma que, ainda que puder julgar de oficio, o juiz deverá dar a oportunidade para
as partes se manifestarem. Neste caso entende-se que não é necessário dar as
partes o prévio direito de manifestação:

FPPC 282: (arts. 319, III e 343) Para julgar com base em enquadramento normativo
diverso daquele invocado pelas partes, ao juiz cabe observar o dever de consulta,
previsto no art. 10. ENFAM 6: Não constitui julgamento surpresa o lastreado em
fundamentos jurídicos, ainda que diversos dos apresentados pelas partes, desde
que embasados em provas submetidas ao contraditório.

“O "fundamento" ao qual se refere o art. 10 do CPC/2015 é o fundamento jurídico


- circunstância de fato qualificada pelo direito, em que se baseia a pretensão ou a
defesa, ou que possa ter influência no julgamento, mesmo que superveniente ao
ajuizamento da ação - não se confundindo com o fundamento legal (dispositivo de
lei regente da matéria).

A aplicação do princípio da não surpresa não impõe, portanto, ao julgador que


informe previamente às partes quais os dispositivos legais passíveis de aplicação
para o exame da causa. O conhecimento geral da lei é presunção jure et de jure. ”
(STJ – Quarta Turma, EDcl nos EREsp 1280825, rel. Min. MARIA ISABEL GALLOTTI, j.
27.6.2017).
“O STJ tem interpretado que "o 'fundamento' ao qual se refere o art. 10 do
CPC/2015 é fundamento jurídico - circunstância de fato qualificada pelo direito,
em que se baseia a pretensão ou a defesa, ou que possa ter influência no
julgamento, mesmo que superveniente ao ajuizamento da ação -, não se
confundindo com o fundamento legal (dispositivo de lei regente da matéria)"
(AgInt no AREsp 1546431/AL, Rel. Ministro FRANCISCO FALCÃO, SEGUNDA
TURMA, julgado em 22/04/2020, DJe 24/04/2020). ” (AgInt no REsp 1902886/MG,
Rel. Ministro GURGEL DE FARIA, PRIMEIRA TURMA, julgado em 27/09/2021, DJe
07/10/2021).

Causa de pedir próxima e remota


Não é entendimento uníssono na doutrina:

Alguns (Cruz e Tucci; Greco): causa de pedir próxima – fundamentação de direito;


causa de pedir remota – fundamentação de fato.

Outros (Nelson Nery; Dinamarco; Câmara): causa de pedir próxima –


fundamentação de fato; causa de pedir remota – fundamentação de direito.

Teorias sobre a Causa de Pedir


Teoria da Individuação: a causa de pedir é formada apenas pela fundamentação
de direito. Mesmo nesta é necessária a fundamentação de fato e de direito
quando se tratar de direitos relativos (ex: direitos obrigacionais).

Teoria da Substanciação: a causa de pedir é formada pela fundamentação de fato


e pela fundamentação de direito. Esta é a adotada pelo direito brasileiro.

Demandas autodeterminadas e demandas heterodeterminadas


Esta distinção aplica-se somente para a teoria da individuação.

As demandas autodeterminadas estão relacionadas aos direitos absolutos (v.g.,


direito de propriedade, direitos reais de gozo e direitos da personalidade). A
identificação das mesmas se faz pelo próprio direito e não pelo título ou pela
forma de aquisição. Ou seja, basta fundamentos de fato.

Já as demandas heterodeterminadas estão relacionadas aos direitos relativos


(v.g., os direitos de crédito e os direitos reais de garantia). A identificação das
mesmas exige a demonstração do título ou da forma de aquisição do direito. Ou
seja, são necessários os fatos e o direito.

Essa distinção importa essencialmente à teoria da individuação. Seguindo essa


teoria, as demandas autodeterminadas seriam identificadas pelo direito (a
alteração do fato constitutivo – ou do modo de aquisição do direito – é irrelevante
para que se fale em nova demanda).

Já para a teoria da substanciação, adotada no Brasil, a distinção é irrelevante. A


demanda se identifica pelo fato e direito (a alteração do fato – ou do modo de
aquisição do direito – em qualquer tipo de demanda significará uma nova
demanda).

Causa de Pedir na Tutela Contra o Ilícito


Cognição limitada
Pode existir dano sem ilícito e ilícito sem dano. A tutela contra o dano é a
ressarcitória. As tutelas contra o ilícito são a inibitória e a de remoção do ilícito. O
parágrafo único do art. 497 consagrou as tutelas contra o ilícito.

Tutela inibitória e tutela de remoção do ilícito


A norma elenca duas formas de tutela jurisdicional contra o ilícito: i) a tutela
inibitória, que pode ser voltada contra a prática, a repetição ou a continuação de
um ilícito (v.g., para evitar a venda de medicamento não autorizada pelo órgão
competente); e ii) a tutela de remoção do ilícito, direcionada à remoção dos
efeitos concretos da conduta ilícita (v.g., para apreender os medicamentos
vendidos).

Ex: impedir que ocorra um show do lado da minha casa – tutela inibitória.

Ex: para o fornecimento de medicamentos sem receita na farmácia – tutela de


remoção do ilícito.

Dano e dolo ou culpa


Na tutela contra o ilícito (inibitória e de remoção do ilícito) não se exige
demonstração de dano, nem de dolo ou culpa – elementos da tutela ressarcitória.

Art. 497. Parágrafo único: Para a concessão da tutela específica destinada a inibir a
prática, a reiteração ou a continuação de um ilícito, ou a sua remoção, é
irrelevante a demonstração da ocorrência de dano ou da existência de culpa ou
dolo.

Exemplos de Tutelas Inibitórias Típicas:

Art. 12. Pode-se exigir que cesse a ameaça, ou a lesão, a direito da personalidade,
e reclamar perdas e danos, sem prejuízo de outras sanções previstas em lei.
Parágrafo único. Em se tratando de morto, terá legitimação para requerer a
medida prevista neste artigo o cônjuge sobrevivente, ou qualquer parente em
linha reta, ou colateral até o quarto grau.

Lei 12.016/2009 (Lei do MS) Art. 1o Conceder-se-á mandado de segurança para


proteger direito líquido e certo, não amparado por habeas corpus ou habeas data,
sempre que, ilegalmente ou com abuso de poder, qualquer pessoa física ou
jurídica sofrer violação ou houver justo receio de sofrê-la por parte de autoridade,
seja de que categoria for e sejam quais forem as funções que exerça.

Súmula 266 do STF: “Não cabe mandado de segurança contra lei em tese” Obs. O
MS não pode ser utilizado para o controle abstrato de normas.

Lei 9.610/1998 (Direitos Autorais) Art. 105. A transmissão e a retransmissão, por


qualquer meio ou processo, e a comunicação ao público de obras artísticas,
literárias e científicas, de interpretações e de fonogramas, realizadas mediante
violação aos direitos de seus titulares, deverão ser imediatamente suspensas ou
interrompidas pela autoridade judicial competente, sem prejuízo da multa diária
pelo descumprimento e das demais indenizações cabíveis, independentemente
das sanções penais aplicáveis; caso se comprove que o infrator é reincidente na
violação aos direitos dos titulares de direitos de autor e conexos, o valor da multa
poderá ser aumentado até o dobro.

PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO INTERNO NO RECURSO ESPECIAL. AÇÃO DE


CUMPRIMENTO DE PRECEITO LEGAL E REPARAÇÃO DE DANOS. DIREITO AUTORAL.
NÃO PAGAMENTO. INCIDÊNCIA SOBRE TRANSMISSÃO, EM HOTÉIS, VIA TV POR
ASSINATURA. LEGALIDADE. 1. De acordo com a jurisprudência do STJ, a
disponibilização de aparelhos radiofônicos e televisores em quartos de hotéis e
motéis autoriza a cobrança de direitos autorais. 2. Para fins dessa cobrança, é
irrelevante que a execução não autorizada de obras musicais e audiovisuais tenha
se dado a partir da disponibilização de aparelho televisor ou de rádio com
equipamento receptor do sinal de TV a cabo ou TV por assinatura. Precedentes. 3.
A tutela inibitória destinada a impedir a violação de direitos autorais constitui
medida expressamente prevista no art. 105 da Lei 9.610/98, não se confundindo
com a pretensão de cobrança dos valores devidos e não pagos a esse título. A
primeira sanciona a violação da norma, impedindo a continuação ou a repetição
do ilícito; a segunda sanciona o dano ou o não cumprimento do dever de
pagamento 4. Agravo interno no recurso especial não provido. (AgInt no REsp
1889433/RJ, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, julgado em
25/10/2021, DJe 28/10/2021).
Art. 567. O possuidor direto ou indireto que tenha justo receio de ser molestado
na posse poderá requerer ao juiz que o segure da turbação ou esbulho iminente,
mediante mandado proibitório em que se comine ao réu determinada pena
pecuniária caso transgrida o preceito.

Art. 674. Quem, não sendo parte no processo, sofrer constrição ou ameaça de
constrição sobre bens que possua ou sobre os quais tenha direito incompatível
com o ato constritivo, poderá requerer seu desfazimento ou sua inibição por meio
de embargos de terceiro.

Súmula 228 do STJ: É inadmissível o interdito proibitório para a proteção do


direito autoral.

Pedido (319,IV)
Conceito: pedido é a conclusão lógica da causa de pedir, exprimindo aquilo que o
autor deseja.

O Pedido fixa o mérito da causa, o objeto litigioso do processo. Aquilo que o juiz
pode e deve decidir.

Pedido imediato e mediato


Existem o pedido imediato e o pedido mediato. Pedido imediato é o requerimento
de uma providência jurisdicional (declaração, condenação etc.)

Pedido mediato é o requerimento de um bem jurídico (paternidade, divórcio,


quantia em dinheiro etc.).

Princípio da Congruência, da Adstrição ou da Correlação


A sentença deverá se ater ao que foi pedido pela parte. Caso contrario será citra
(além do pedido), infra (aquém do pedido) ou extra petita (fora do pedido -
matéria estranha ao feito).

Art. 141. O juiz decidirá o mérito nos limites propostos pelas partes, sendo-lhe
vedado conhecer de questões não suscitadas a cujo respeito a lei exige iniciativa
da parte.

Art. 492. É vedado ao juiz proferir decisão de natureza diversa da pedida, bem
como condenar a parte em quantidade superior ou em objeto diverso do que lhe
foi demandado. Parágrafo único. A decisão deve ser certa, ainda que resolva
relação jurídica condicional.

O princípio da congruência aplica-se à causa de pedir?

Diante da possibilidade de que decisões judiciais de mérito que contenham vícios


graves sejam revestidas pela autoridade da coisa julgada, o sistema processual
previu o remédio da ação rescisória, que visa reparar essas sérias imperfeições,
superando a imutabilidade de uma determinada decisão judicial de mérito.

Na ação rescisória fundada no art. 485, V, do CPC/1973 ( art. 966, V, do


CPC/2015), a indicação de violação literal de disposição de lei é ônus do
requerente, haja vista constituir a sua causa de pedir, vinculando, assim, o
exercício da jurisdição pelo órgão competente para sua apreciação.

Segundo a doutrina, "não compete ao tribunal, a pretexto da iniciativa do autor,


reexaminar toda a decisão rescindenda, para verificar se nela haveria outras
violações a literal disposição de lei não alegadas pelo demandante, nem mesmo
ao argumento de se tratar de matéria da ordem pública”. Dessa forma, o juízo
rescindente do Tribunal se encontra vinculado aos dispositivos de lei apontados
pelo autor como literalmente violados, não podendo haver exame de matéria
estranha à apontada na inicial, mesmo que o tema possua a natureza de questão
de ordem pública, sob pena de transformar a ação rescisória em mero
sucedâneo recursal. (STJ – Terceira Turma, REsp 1.663.326-RN, Rel. Min. Nancy
Andrighi, DJe 13/02/2020)

Princípio da congruência e tutela específica


Relativização do principio da congruência. Caso a tutela não seja mais adequada
no momento do deferimento, será adaptada pelo juiz, ou convertida em perdas e
danos, independentemente do pedido da parte nesse sentido.

Art. 497. Na ação que tenha por objeto a prestação de fazer ou de não fazer, o
juiz, se procedente o pedido, concederá a tutela específica ou determinará
providências que assegurem a obtenção de tutela pelo resultado prático
equivalente.

Art. 536. No cumprimento de sentença que reconheça a exigibilidade de obrigação


de fazer ou de não fazer, o juiz poderá, de ofício ou a requerimento, para a
efetivação da tutela específica ou a obtenção de tutela pelo resultado prático
equivalente, determinar as medidas necessárias à satisfação do exequente.

Em se tratando de uma ação cujo pedido seja o de uma prestação de fazer, de não
fazer ou de entregar uma coisa, o juiz, acolhendo a pretensão (ou concedendo a
tutela provisória satisfativa):

a) concederá a tutela específica na forma originariamente pretendida (tutela


específica em sentido estrito, tutela específica in natura ou tutela específica
correspondente ao que se obteria com o adimplemento espontâneo); ou

b) determinará providências que assegurem a obtenção de tutela específica pelo


resultado prático equivalente (esse resultado alternativo, porém, não implicará
alteração da obrigação originária e pode ocorrer antes ou depois da formação do
título executivo judicial);

c) converterá a obrigação em perdas e danos (tutela pelo equivalente pecuniário).

Portanto, dois pilares do Processo Civil são relativizados com essas regras:

a) o princípio da congruência, posto que ao autor, na inicial, basta requerer a


tutela específica, mas ao final pode obter essa tutela por um resultado prático
equivalente, ou até mesmo pode se tornar titular de um crédito pecuniário,
decorrente da conversão da obrigação em perdas e danos; e
b) b) o princípio da inalterabilidade da sentença, visto que publicada a
sentença, o juiz poderá adaptar a técnica processual às necessidades do caso
concreto, alterando, de certa forma, aquilo que originariamente fora concedido,
até mesmo, se for o caso, convertendo uma obrigação em outra.

Cláusulas Gerais Atipicidade dos meios executivos Poder Geral de Efetivação


Art. 536, caput e §1º Art. 297 Art. 139, IV

Art. 536. No cumprimento de sentença que reconheça a exigibilidade de obrigação


de fazer ou de não fazer, o juiz poderá, de ofício ou a requerimento, para a
efetivação da tutela específica ou a obtenção de tutela pelo resultado prático
equivalente, determinar as medidas necessárias à satisfação do exequente. § 1o
Para atender ao disposto no caput, o juiz poderá determinar, entre outras
medidas, a imposição de multa, a busca e apreensão, a remoção de pessoas e
coisas, o desfazimento de obras e o impedimento de atividade nociva, podendo,
caso necessário, requisitar o auxílio de força policial.

Art. 297. O juiz poderá determinar as medidas que considerar adequadas para
efetivação da tutela provisória. Parágrafo único. A efetivação da tutela provisória
observará as normas referentes ao cumprimento provisório da sentença, no que
couber.
Art. 139. O juiz dirigirá o processo conforme as disposições deste Código,
incumbindo-lhe: IV – determinar todas as medidas indutivas, coercitivas,
mandamentais ou sub-rogatórias necessárias para assegurar o cumprimento de
ordem judicial, inclusive nas ações que tenham por objeto prestação pecuniária;

Princípio da congruência e teoria da causa madura


Art. 1.013.

§ 3o Se o processo estiver em condições de imediato julgamento, o tribunal deve


decidir desde logo o mérito quando: I - reformar sentença fundada no art. 485; II -
decretar a nulidade da sentença por não ser ela congruente com os limites do
pedido ou da causa de pedir; III - constatar a omissão no exame de um dos
pedidos, hipótese em que poderá julgá-lo; IV - decretar a nulidade de sentença
por falta de fundamentação.

Requisitos do Pedido: Certeza e Determinação


Certeza
O pedido deverá ser sempre certo, nunca serão concedidos se não pleiteados.

Exceção à certeza: juros legais, correção monetária e verbas da sucumbência.

Art. 322. O pedido deve ser certo. § 1º Compreendem-se no principal os juros


legais, a correção monetária e as verbas de sucumbência, inclusive os honorários
advocatícios.

O pedido de honorários é implícito, mas a decisão também pode ser implícita? Se


o juiz esquecer de arbitrar honorários e a parte não recorrer, qual a
consequência?

Súmula 453 do STJ: “Os honorários sucumbenciais, quando omitidos em decisão


transitada em julgado, não podem ser cobrados em execução ou em ação
própria”.

CPC. Art. 85. § 18. Caso a decisão transitada em julgado seja omissa quanto ao
direito aos honorários ou ao seu valor, é cabível ação autônoma para sua definição
e cobrança.

Outra exceção à certeza: prestações vincendas. Art. 323. Na ação que tiver por
objeto cumprimento de obrigação em prestações sucessivas, estas serão
consideradas incluídas no pedido, independentemente de declaração expressa do
autor; se o devedor, no curso do processo, deixar de pagá-las ou de consigná-las,
serão incluídas na condenação, enquanto durar a obrigação.

O disposto no art. 323 do CPC aplica-se à execução? Sim!

Art. 771. Este Livro regula o procedimento da execução fundada em título


extrajudicial, e suas disposições aplicam-se, também, no que couber, aos
procedimentos especiais de execução, aos atos executivos realizados no
procedimento de cumprimento de sentença, bem como aos efeitos de atos ou
fatos processuais a que a lei atribuir força executiva. Parágrafo único. Aplicam-se
subsidiariamente à execução as disposições do Livro I da Parte Especial.

Art. 318. Aplica-se a todas as causas o procedimento comum, salvo disposição em


contrário deste Código ou de lei. Parágrafo único. O procedimento comum aplica-
se subsidiariamente aos demais procedimentos especiais e ao processo de
execução.

A despeito de referido dispositivo legal ser indubitavelmente aplicável aos


processos de conhecimento, deve se admitir a sua aplicação, também, à execução.
A um, porque o novo código processual, na parte que regula o procedimento da
execução fundada em título executivo extrajudicial, admite, em seu art. 771, a
aplicação subsidiária das disposições concernentes ao processo de conhecimento
à lide executiva. A dois, porque também dispõe, na parte que regulamenta sobre o
processo de conhecimento, que o procedimento comum se aplica
subsidiariamente aos demais procedimentos especiais e ao processo de execução
(art. 318, parágrafo único, do CPC).

Esse entendimento, ademais, está em consonância com os princípios da


efetividade e da economia processual, evitando o ajuizamento de novas
execuções com base em uma mesma relação jurídica obrigacional, o que
sobrecarregaria ainda mais o Poder Judiciário, ressaltando-se, na linha do que
dispõe o art. 780 do CPC/2015, que "o exequente pode cumular várias execuções,
ainda que fundadas em títulos diferentes, quando o executado for o mesmo e
desde que para todas elas seja competente o mesmo juízo e idêntico o
procedimento", tal como ocorrido no exemplo mencionado. Assim, em suma, por
aplicação concreta do parágrafo único do art. 771 do Código de Processo Civil,
temos por perfeitamente possível a aplicação subsidiária das disposições
concernentes ao processo de conhecimento à execução, dentre as quais se insere
a regra do aludido art. 323.

CJF 86: “As prestações vincendas até o efetivo cumprimento da obrigação


incluem-se na execução de título executivo extrajudicial (arts. 323 e 318,
parágrafo único, do CPC).”

“DIREITO PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. AÇÃO DE EXECUÇÃO DE TÍTULO


EXECUTIVO EXTRAJUDICIAL. DÉBITOS CONDOMINIAIS. INCLUSÃO DAS COTAS
CONDOMINIAIS VINCENDAS. POSSIBILIDADE. 1. Ação de execução de título
executivo extrajudicial, tendo em vista a inadimplência no pagamento de cotas
condominiais. 2. Ação ajuizada em 19/03/2018. Recurso especial concluso ao
gabinete em 08/08/2018. Julgamento: CPC/2015. 3. O propósito recursal é definir
se, à luz das disposições do CPC/2015, é válida a pretensão do condomínio
exequente de ver incluídas, em ação de execução de título executivo extrajudicial,
as parcelas vincendas no débito exequendo, até o cumprimento integral da
obrigação do curso do processo. 4. O art. 323 do CPC/2015, prevê que, na ação
que tiver por objeto cumprimento de obrigação em prestações sucessivas, essas
serão consideradas incluídas no pedido, independentemente de declaração
expressa do autor, e serão incluídas na condenação, enquanto durar a obrigação,
se o devedor, no curso do processo, deixar de pagá-las ou de consigná-las. 5. A
despeito de referido dispositivo legal ser indubitavelmente aplicável aos processos
de conhecimento, tem-se que deve se admitir a sua aplicação, também, aos
processos de execução. 6. O art. 771 do CPC/2015, na parte que regula o
procedimento da execução fundada em título executivo extrajudicial, admite a
aplicação subsidiária das disposições concernentes ao processo de conhecimento
à lide executiva. 7. Tal entendimento está em consonância com os princípios da
efetividade e da economia processual, evitando o ajuizamento de novas
execuções com base em uma mesma relação jurídica obrigacional. 8. Recurso
especial conhecido e provido.” (STJ – Terceira Turma, REsp 1756791 / RS, rel. Min.
Nancy Andrighi, DJe 08/08/2019). É possível a inclusão de parcelas vincendas na
execução de título extrajudicial de contribuições ordinárias ou extraordinárias de
condomínio edilício, desde que homogêneas, contínuas e da mesma natureza.
Após o advento do CPC/2015, o crédito referente às contribuições ordinárias ou
extraordinárias de condomínio edilício - previstas na respectiva convenção ou
aprovadas em assembleia geral, desde que documentalmente comprovadas -
passou a ser expressamente considerado como título executivo extrajudicial, nos
termos do art. 784, inciso X. Nesses termos, com a comprovação dos requisitos do
título executivo extrajudicial, mostra-se possível a inclusão, na execução, das
parcelas vincendas no débito exequendo, até o cumprimento integral da
obrigação do curso do processo, diante da exegese do art. 323 do CPC/2015,
aplicável subsidiariamente ao processo de execução, conforme arts. 318 e 771,
parágrafo único, do CPC/2015. Somado a isso, estabelece o art. 780 do CPC/2015
que o exequente poderá "cumular várias execuções, ainda que fundadas em
títulos diferentes, quando o executado for o mesmo e desde que para todas elas
seja competente o mesmo juízo e idêntico o procedimento". Em verdade, tal
posicionamento imprime concretude aos princípios da efetividade e da economia
processual, evitando o ajuizamento de novas execuções com base em uma mesma
relação jurídica obrigacional. No entanto, apenas as prestações homogêneas,
contínuas e da mesma natureza comportam essa inclusão automática na
execução. Assim, em havendo modificação da natureza da prestação ou da sua
homogeneidade, bem como de eventual ampliação do ato constritivo dela
decorrente, deverá ser oportunizado ao devedor o direito de se defender, por
meio de embargos, em relação a esse acréscimo e limitado ao referido conteúdo.
(REsp 1.835.998-RS, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, Quarta Turma, por
unanimidade, julgado em 26/10/2021, Info 716)

O pedido pode ser extraído de uma interpretação lógico-sistemática da inicial


como um todo? Sim!

PROCESSUAL CIVIL. LIMITES DA LIDE. INTERPRETAÇÃO LÓGICO-SISTEMÁTICA DO


PEDIDO. JULGAMENTO EXTRA-PETITA. INOCORRÊNCIA. 1. Não há error in
procedendo no provimento jurisdicional firmado após compreensão lógico-
sistemática do pedido, entendido como "aquilo que se pretende com a
instauração da demanda" (AgRg no REsp 1155859/MT, Rel. Ministro MARCO
BUZZI, QUARTA TURMA, DJe 04/02/2014), eis que "o pedido não é apenas o que
foi requerido em um capítulo específico ao final da petição inicial, mas, sim, o que
se pretende com a instauração da demanda, sendo extraído de interpretação
lógico-sistemática da inicial como um todo" (AgRg no REsp 1284020/SP, Rel.
Ministro HUMBERTO MARTINS, SEGUNDA TURMA, DJe 06/03/2014)

"(...) a obrigatória adstrição do julgador ao pedido expressamente formulado pelo


autor pode ser mitigada em observância dos brocardos da 'mihi factum dabo tibi
ius' (dá-me os fatos que te darei o direito) e 'iura novit curia' (o juiz é quem
conhece o direito)". Precedente: REsp 1197476/BA, Rel. Ministro RICARDO VILLAS
BÔAS CUEVA, TERCEIRA TURMA, DJe 10/10/2014. 3. Agravo regimental não
provido. (STJ – Segunda Turma, AgRg no REsp 1455713 / SC, rel. Ministro MAURO
CAMPBELL MARQUES, DJe 24/11/2014.

”... não configura julgamento ultra petita ou extra petita o provimento


jurisdicional inserido nos limites do pedido, o qual deve ser interpretado lógica e
sistematicamente a partir de toda a petição inicial e não apenas de sua parte final"
(STJ – Terceira Turma, AgRg no REsp 1.548.506/RJ, Relator Ministro Moura
Ribeiro, DJe 07/10/2016).

“Conforme o entendimento consolidado neste Tribunal, não configura julgamento


ultra petita ou extra petita, com violação ao princípio da congruência ou da
adstrição, o provimento jurisdicional proferido nos limites do pedido, o qual deve
ser interpretado lógica e sistematicamente a partir de toda a petição inicial.” (STJ
– Quarta Turma, AgInt no AREsp 1465717 / SP, rel. Min. MARIA ISABEL GALLOTTI,
DJe 24/04/2020).

"Não há falar em julgamento extra petita quando o órgão julgador não afronta os
limites objetivos da pretensão inicial, tampouco concede providência jurisdicional
diversa da requerida, respeitando o princípio da congruência. Ademais, os pedidos
formulados devem ser examinados a partir de uma interpretação lógico-
sistemática, não podendo o magistrado se esquivar da análise ampla e detida da
relação jurídica posta, mesmo porque a obrigatória adstrição do julgador ao
pedido expressamente formulado pelo autor pode ser mitigada em observância
aos brocardos da mihi factum dabo tibi ius (dá-me os fatos que te darei o direito) e
iura novit curia (o juiz é quem conhece o direito)" (AgRg no REsp 1.385.134/RN,
Rel. Ministro RICARDO VILLAS BÔAS CUEVA, TERCEIRA TURMA, julgado em
19/03/2015, DJe de 31/03/2015). (AgInt no AREsp 556.695/SC, Rel. Ministro RAUL
ARAÚJO, QUARTA TURMA, julgado em 13/12/2021, DJe 16/12/2021).

Art. 322. O pedido deve ser certo. § 2º A interpretação do pedido considerará o


conjunto da postulação e observará o princípio da boa-fé.

FPPC 285: “A interpretação do pedido e dos atos postulatórios em geral deve levar
em consideração a vontade da parte, aplicando-se o art. 112 do Código Civil” .

FPPC 286: “Aplica-se o §2º do art. 322 à interpretação de todos os atos


postulatórios, inclusive da contestação e do recurso”.

Determinação
Art. 324. O pedido deve ser determinado.

§ 1º É lícito, porém, formular pedido genérico:

I – nas ações universais, se o autor não puder individuar os bens demandados;

II – quando não for possível determinar, desde logo, as consequências do ato ou


do fato;

III – quando a determinação do objeto ou do valor da condenação depender de


ato que deva ser praticado pelo réu. § 2º O disposto neste artigo aplica-se à
reconvenção.

**Ações universais são as que versam sobre uma universalidade de bens. Ex:
biblioteca.

**Consequências que não se pode determinar - ex: lucros cessantes.

**Condenação depende de ato que será realizado pelo réu no curso da ação – ex:
prestação de contas.

Lei 9.099/1995. Art. 14. § 2º É lícito formular pedido genérico quando não for
possível determinar, desde logo, a extensão da obrigação.

É possível formular pedido genérico em ação de indenização por danos morais?

Antes do CPC de 2015:

Sim!

“Na formação dos precedentes desta Corte, já se firmou que na ação de


indenização por danos morais não se exige que o autor formule pedido certo e
determinado quanto ao valor da condenação pretendida, a ser fixada, diante da
dificuldade de mensuração, segundo o prudente arbítrio do juiz” (STJ – Terceira
Turma, REsp 1313643/SP, rel. Min. Sidnei Beneti, DJe 13.6.2012).

Após o CPC de 2015:

O entendimento atual é de que não é possível, mas não há entendimento firmado.

Art. 292. O valor da causa constará da petição inicial ou da reconvenção e será: V –


na ação indenizatória, inclusive a fundada em dano moral, o valor pretendido;

Inépcia por pedido indeterminado


Art. 330. A petição inicial será indeferida quando: I - for inepta; § 1º Considera-se
inepta a petição inicial quando: II - o pedido for indeterminado, ressalvadas as
hipóteses legais em que se permite o pedido genérico;
Espécies de Pedidos
Pedido Alternativo
O Pedido alternativo deve ser formulado quando o devedor puder cumprir a
obrigação por mais de uma forma. No pedido alternativo o autor requer ao juiz
que determine o cumprimento da obrigação, cabendo ao réu – devedor – escolher
apenas a forma de cumprimento (v.g., pagamento de quantia ou entrega de parte
da produção).

Art. 325. O pedido será alternativo quando, pela natureza da obrigação, o devedor
puder cumprir a prestação de mais de um modo. Parágrafo único. Quando, pela lei
ou pelo contrato, a escolha couber ao devedor, o juiz lhe assegurará o direito de
cumprir a prestação de um ou de outro modo, ainda que o autor não tenha
formulado pedido alternativo.

Diferença entre Pedido Alternativo e Cumulação Alternativa de Pedidos


Cumulação Alternativa de Pedidos:

É importante dizer que o pedido alternativo (art. 325 do CPC)não se confunde com
a cumulação alternativa de pedidos (parágrafo do art. 326 do CPC), na qual o autor
formula mais de um pedido para que o juiz acolha qualquer um deles, sem ordem
de preferência (v.g., rescisão contratual ou indenização).

Art. 326. Parágrafo único. É lícito formular mais de um pedido, alternativamente,


para que o juiz acolha um deles.

Pedido Sucessivo
No pedido sucessivo, também conhecido como cumulação eventual de pedidos,
pedido subsidiário ou cumulação subsidiária de pedidos, o autor requer ao juiz
que acolha um pedido posterior na hipótese de não acolher um pedido anterior
(v.g., anulação de casamento ou, na impossibilidade de acolhimento do pedido
principal, divórcio).

Art. 326. É lícito formular mais de um pedido em ordem subsidiária, a fim de que o
juiz conheça do posterior, quando não acolher o anterior.

FPPC 287. “O pedido subsidiário somente pode ser apreciado se o juiz não puder
examinar ou expressamente rejeitar o principal.

Caso o pedido principal seja deferido, contudo, após recurso, seja revertida a
procedência, poderá o Tribunal analisar o pedido sucessivo. Art. 1013, §1º, CPC.

Diferença entre Pedido Sucessivo e Cumulação Sucessiva de Pedidos


É importante dizer que o pedido sucessivo (caput do art. 326 do CPC) não se
confunde com acumulação sucessiva de pedidos (o art. 327 do CPC admite a
cumulação de pedidos, inclusive a cumulação sucessiva de pedidos), na qual o
autor requerer ao juiz que acolha um pedido posterior na hipótese de acolher um
pedido anterior (v.g., investigação de paternidade e, caso esse pedido seja
acolhido, alimentos). Não há artigo especifico sobre a cumulação sucessiva de
pedidos.

Caso o juiz acolha o pedido subsidiário, haverá sucumbência recíproca?


Não há.

STJ: Na cumulação alternativa não há hierarquia entre os pedidos, que são


excludentes entre si. O acolhimento de qualquer um deles satisfaz por completo a
pretensão do autor, que não terá interesse em recorrer da decisão que escolheu
uma dentre outras alternativas igualmente possíveis e satisfativas. Se não há
interesse recursal, conclui-se que os ônus da sucumbência devem ser
integralmente suportados pelo réu.
Já na cumulação subsidiária, como é o caso dos autos, os pedidos são formulados
em grau de hierarquia, denotando a existência de um pedido principal e outro (ou
outros) subsidiário(s). Assim, se o pedido principal foi rejeitado, embora acolhido
outro de menor importância, surge para o autor o interesse em recorrer da
decisão. Se há a possibilidade de recurso, é evidente que o autor sucumbiu de
parte de sua pretensão, devendo os ônus sucumbenciais serem suportados por
ambas as partes, na proporção do sucumbimento de cada um.

Casos há em que existe um grande distanciamento entre os pedidos cumulados,


de modo que a aplicação da tese do aresto paradigma imporia flagrante
infringência ao princípio da equidade que deve nortear a fixação de honorários
advocatícios. A tese do aresto embargado franqueia ao autor, em grande número
de casos, a possibilidade de eximir-se dos ônus da sucumbência. Para tanto,
bastaria que formulasse pedido subsidiário mínimo, com grande chance de êxito,
para conseguir afastar a condenação em honorários.

A orientação consagrada no aresto paradigma, na linha dos precedentes desta


Corte, não traz o inconveniente. Havendo a rejeição do pedido principal e o
acolhimento de outro subsidiário, estará configurada a mútua sucumbência,
podendo o juiz, no caso concreto e com recurso ao juízo de equidade, atribuir os
ônus sucumbenciais integralmente ao réu, quando reconhecer a sucumbência
mínima do autor naqueles casos em que há parcial equivalência entre os pedidos
principal e subsidiário. 7. Embargos de divergência providos” (EREsp 616918/MG,
rel. Min. Castro Meira, DJe 23.8.2010).

CJF 129: “Na hipótese de cumulação alternativa, acolhido integralmente um dos


pedidos, a sucumbência deve ser suportada pelo réu.” FPPC 288: “Quando
acolhido o pedido subsidiário, o autor tem interesse de recorrer em relação ao
principal.”

Novas espécies de litisconsórcio relacionadas aos tipos de pedidos, que estão


caindo nas provas de concurso
Litisconsórcio Eventual
O litisconsórcio eventual consiste em pedidos relacionados a pessoas diferentes
para que o juiz acolha uma delas, se não acolher a outra (por exemplo, ação de
investigação de paternidade proposta em face de “B” e, subsidiariamente, em face
de “C”).

STJ: “Desde que atendidos os requisitos genéricos previstos no art. 46 do CPC e


não haja incompatibilidade absoluta de competência e procedimento, é viável o
ajuizamento conjunto de ações conexas pela causa de pedir com pedidos
sucessivos contra réus diversos, hipótese cognominada litisconsórcio eventual.”
(STJ – Segunda Turma, REsp 727233 / SP, rel. Min. Castro Meira, DJe 23/04/2009)

Litisconsórcio Sucessivo
Já o litisconsórcio sucessivo consiste em pedidos relacionados a pessoas
diferentes, para que o juiz acolha uma delas se acolhera outra (v.g., ação proposta
pelo filho e pela mãe em face do suposto pai, para que o juiz declare a
paternidade – pedido do filho – e, sucessivamente, condene o réu a restituir as
despesas com o parto – pedido da mãe).

Litisconsórcio Alternativo
Por sua vez, o litisconsórcio alternativo consiste em pedidos relacionados a
pessoas diferentes, para que o juiz acolha qualquer uma delas, sem ordem de
preferência (por exemplo: ação de consignação em pagamento para esclarecer
que é o credor).

Cumulação de Pedidos
Não é necessário, a rigor, conexão entre os pedidos, exceto no Juizado especial
Cível.
Art. 327. É lícita a cumulação, em um único processo, contra o mesmo réu, de
vários pedidos, ainda que entre eles não haja conexão. § 1º São requisitos de
admissibilidade da cumulação que: I – os pedidos sejam compatíveis entre si; II –
seja competente para conhecer deles o mesmo juízo; III – seja adequado para
todos os pedidos o tipo de procedimento. 2º Quando, para cada pedido,
corresponder tipo diverso de procedimento, será admitida a cumulação se o autor
empregar o procedimento comum, sem prejuízo do emprego das técnicas
processuais diferenciadas previstas nos procedimentos especiais a que se sujeitam
um ou mais pedidos cumulados, que não forem incompatíveis com as disposições
sobre o procedimento comum. § 3º O inciso I do § 1º não se aplica às cumulações
de pedidos de que trata o art. 326.

Lei 9.099/1995. Art. 15. Os pedidos mencionados no art. 3º desta Lei poderão ser
alternativos ou cumulados; nesta última hipótese, desde que conexos e a soma
não ultrapasse o limite fixado naquele dispositivo.

Em embargos de terceiro é possível formular pedido de indenização por danos


morais? Não.

RECURSO ESPECIAL. EMBARGOS DE TERCEIRO. CUMULAÇÃO DE PEDIDOS.


CANCELAMENTO DA RESTRIÇÃO DO VEÍCULO DA AUTORA, ALÉM DA
CONDENAÇÃO DA RÉ EM INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. IMPOSSIBILIDADE.
COGNIÇÃO LIMITADA. FINALIDADE TÃO SOMENTE DE EVITAR OU AFASTAR A
CONSTRIÇÃO JUDICIAL INJUSTA SOBRE BENS DE TERCEIROS. MANUTENÇÃO DO
ACÓRDÃO RECORRIDO. RECURSO DESPROVIDO. 1. Os embargos de terceiro, a
despeito de se tratar de ação de conhecimento, tem como única finalidade a de
evitar ou afastar a constrição judicial sobre bens de titularidade daquele que não
faz parte do processo correlato. 2. Dessa forma, considerando a cognição
limitada dos embargos de terceiro, revela-se inadmissível a cumulação de
pedidos estranhos à sua natureza constitutivo-negativa, como, por exemplo, o
pleito de condenação a indenização por danos morais. 3. Recurso especial
desprovido. (REsp 1703707/RS, Rel. Ministro MARCO AURÉLIO BELLIZZE, TERCEIRA
TURMA, julgado em 25/05/2021, DJe 28/05/2021).

Especificamente quanto aos requisitos da cumulação própria, vale anotar o


seguinte: (a) a incompetência absoluta para o julgamento de um dos pedidos
afasta a cumulação, mas não acarreta a imediata extinção de todo o processo sem
resolução do mérito, devendo o juízo rejeitar o julgamento do pedido para o qual
não possui competência; (b) será possível adotar o rito comum e cumular pedidos
de procedimentos diferentes se o procedimento especial previsto para o pedido
não for obrigatório, como acontece com o procedimento do mandado de
segurança ou o com o procedimento das ações possessórias.

Todavia, a cumulação não será possível se o procedimento especial previsto para


o pedido for obrigatório, por atender a um interesse público, como acontece
com o procedimento para o inventário e a partilha.

Alteração da Causa de Pedir ou do Pedido


Art. 329. O autor poderá: I – até a citação, aditar ou alterar o pedido ou a causa de
pedir, independentemente de consentimento do réu; II – até o saneamento do
processo, aditar ou alterar o pedido e a causa de pedir, com consentimento do
réu, assegurado o contraditório mediante a possibilidade de manifestação deste
no prazo mínimo de 15 (quinze) dias, facultado o requerimento de prova
suplementar. Parágrafo único. Aplica-se o disposto neste artigo à reconvenção e à
respectiva causa de pedir.

Antes da citação: independe da anuência do réu.


Após a citação, antes do saneamento: necessária a anuência do réu, como negócio
jurídico processual. O réu terá o direito de mais 15 dias de defesa, com direito a
prova suplementar. É possível, inclusive, incluir ou excluir parte.

Note que o artigo 329 do CPC de 2015, ao contrário do caput do artigo 264 do CPC
de 1973, não utiliza a expressão “mantendo-se as mesmas partes”, razão pela
qual, na vigência do Código de 2015, pode o autor alterar não apenas a causa de
pedir e o pedido, mas também as próprias partes.

Fato superveniente
O juiz deverá ouvir o réu.

Art. 493. Se, depois da propositura da ação, algum fato constitutivo, modificativo
ou extintivo do direito influir no julgamento do mérito, caberá ao juiz tomá-lo em
consideração, de ofício ou a requerimento da parte, no momento de proferir a
decisão. Parágrafo único. Se constatar de ofício o fato novo, o juiz ouvirá as partes
sobre ele antes de decidir.

Demais requisitos da Inicial


Art. 319. A petição inicial indicará: I – o juízo a que é dirigida; II – os nomes, os
prenomes, o estado civil, a existência de união estável, a profissão, o número de
inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas ou no Cadastro Nacional da Pessoa
Jurídica, o endereço eletrônico, o domicílio e a residência do autor e do réu; III – o
fato e os fundamentos jurídicos do pedido; IV – o pedido com as suas
especificações; V – o valor da causa; VI – as provas com que o autor pretende
demonstrar a verdade dos fatos alegados; VII – a opção do autor pela realização
ou não de audiência de conciliação ou de mediação. § 1º Caso não disponha das
informações previstas no inciso II, poderá o autor, na petição inicial, requerer ao
juiz diligências necessárias a sua obtenção. § 2º A petição inicial não será
indeferida se, a despeito da falta de informações a que se refere o inciso II, for
possível a citação do réu. § 3º A petição inicial não será indeferida pelo não
atendimento ao disposto no inciso II deste artigo se a obtenção de tais
informações tornar impossível ou excessivamente oneroso o acesso à justiça.

FPPC 283 (arts. 319, §1º, 320, 396) Aplicam-se os arts. 319, § 1º, 396 a 404
também quando o autor não dispuser de documentos indispensáveis à
propositura da ação.

FPPC 519 (art. 450; art. 319, §1º; art. 6º) Em caso de impossibilidade de obtenção
ou de desconhecimento das informações relativas à qualificação da testemunha, a
parte poderá requerer ao juiz providências necessárias para a sua obtenção, salvo
em casos de inadmissibilidade da prova ou de abuso de direito.

Valor da Causa
Art. 291. A toda causa será atribuído valor certo, ainda que não tenha conteúdo
econômico imediatamente aferível.

Art. 292. O valor da causa constará da petição inicial ou da reconvenção e será: I -


na ação de cobrança de dívida, a soma monetariamente corrigida do principal, dos
juros de mora vencidos e de outras penalidades, se houver, até a data de
propositura da ação; II - na ação que tiver por objeto a existência, a validade, o
cumprimento, a modificação, a resolução, a resilição ou a rescisão de ato jurídico,
o valor do ato ou o de sua parte controvertida; III - na ação de alimentos, a soma
de 12 (doze) prestações mensais pedidas pelo autor; IV - na ação de divisão, de
demarcação e de reivindicação, o valor de avaliação da área ou do bem objeto do
pedido; V - na ação indenizatória, inclusive a fundada em dano moral, o valor
pretendido; VI - na ação em que há cumulação de pedidos, a quantia
correspondente à soma dos valores de todos eles; VII - na ação em que os pedidos
são alternativos, o de maior valor; VIII - na ação em que houver pedido subsidiário,
o valor do pedido principal. § 1 o Quando se pedirem prestações vencidas e
vincendas, considerar-se-á o valor de umas e outras. § 2 o O valor das prestações
vincendas será igual a uma prestação anual, se a obrigação for por tempo
indeterminado ou por tempo superior a 1 (um) ano, e, se por tempo inferior, será
igual à soma das prestações. § 3 o O juiz corrigirá, de ofício e por arbitramento, o
valor da causa quando verificar que não corresponde ao conteúdo patrimonial em
discussão ou ao proveito econômico perseguido pelo autor, caso em que se
procederá ao recolhimento das custas correspondentes.

Controle de Admissibilidade da Petição Inicial


Possíveis Atitudes do Juiz

Saneamento da inicial

Indeferimento da inicial

Improcedência liminar

Despacho liminar positivo

Saneamento da Petição Inicial


Art. 321. O juiz, ao verificar que a petição inicial não preenche os requisitos dos
arts. 319 e 320 ou que apresenta defeitos e irregularidades capazes de dificultar o
julgamento de mérito, determinará que o autor, no prazo de 15 (quinze) dias, a
emende ou a complete, indicando com precisão o que deve ser corrigido ou
completado. Parágrafo único. Se o autor não cumprir a diligência, o juiz indeferirá
a petição inicial.

O juiz deverá indicar expressamente o que deverá ser corrigido, conforme


principio da cooperação.

RECURSO REPETITIVO. PRAZO. EMENDA À INICIAL. A Seção, ao apreciar o REsp


submetido ao regime do art. 543-C do CPC e Res. n. 8/2008-STJ, firmou o
entendimento de que o prazo previsto no art. 284 do CPC não é peremptório, mas
dilatório. Caso a petição inicial não preencha os requisitos exigidos nos arts. 282 e
283 do CPC, ou apresente defeitos e irregularidades sanáveis que dificultem o
julgamento do mérito, o juiz determinará que o autor a emende ou a complete no
prazo de 10 dias. Porém, decidiu-se que esse prazo pode ser reduzido ou ampliado
por convenção das partes ou por determinação do juiz, nos termos do art. 181 do
código mencionado. Com base nesse entendimento, concluiuse que mesmo
quando descumprido o prazo de 10 dias para a regularização da petição inicial, por
tratar-se de prazo dilatório, caberá ao juiz, analisando o caso concreto, admitir ou
não a prática extemporânea do ato pela parte. Precedentes citados: REsp 871.661-
RS, DJ 11/6/2007, e REsp 827.242-DF, DJe 1º/12/2008. REsp 1.133.689-PE, Rel.
Min. Massami Uyeda, julgado em 28/3/2012.

"A jurisprudência deste Tribunal, em observância aos princípios da


instrumentalidade das formas, da celeridade, da economia e da efetividade
processuais admite, excepcionalmente, a emenda da inicial após o oferecimento
da contestação quando tal diligência não ensejar a modificação do pedido ou da
causa de pedir, como na hipótese dos autos. Precedentes" (STJ - Quarta Turma,
AgRg no AREsp 197.630/MS, Rel. Ministro Marco Buzzi, DJe 14/12/2016).

DIREITO PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO INTERNO NOS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO


NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. AÇÃO CIVIL PÚBLICA AJUIZADA PELO MP/SE
COM ALEGAÇÃO DE PRÁTICA DE CONDUTA ÍMPROBA POR AGENTES POLÍTICOS E
GESTORES DO MUNICÍPIO DE SÃO CRISTÓVÃO/SE. SUBLEVAÇÃO ESPECIAL
DIRIGIDA AO ACÓRDÃO SERGIPANO QUE DETERMINOU A INCLUSÃO DE PARTE NO
POLO PASSIVO APÓS A CITAÇÃO. ALEGAÇÃO DO RECORRENTE DE QUE A
PROVIDÊNCIA ADOTADA NA ESPÉCIE FERIU OS POSTULADOS DA ESTABILIZAÇÃO
DA DEMANDA. CONTUDO, NA ESTEIRA DOS JULGADOS DESTE TRIBUNAL
SUPERIOR, A INCLUSÃO QUE SE QUESTIONA NA ESPÉCIE É POSSÍVEL,
ESPECIALMENTE POR TER SIDO PRECEDIDA DE ANUÊNCIA DOS RÉUS
PRIMITIVAMENTE ACIONADOS. VIOLAÇÃO A TEXTO DE LEI FEDERAL NÃO
OCORRENTE NA PRESENTE DEMANDA. AGRAVO INTERNO DO IMPLICADO
DESPROVIDO. 1. Cinge-se a controvérsia em saber se é possível a alteração do
polo passivo da lide, com inclusão de réu, após a citação dos demais acionados. 2.
A pretensão do insurgente vai de encontro à diretriz que tem sido reiteradamente
lançada em julgados de que, observados os princípios da instrumentalidade das
formas e da economia processual, é possível a relativização das regras previstas no
art. 264 do CPC para se admitir a emenda da inicial após a citação do réu desde
que isso não acarrete alteração da causa de pedir ou do pedido (REsp.
1.473.280/ES, Rel. Min. MOURA RIBEIRO, DJe 14.12.2015). Outros exemplares
vertem idêntica tese: REsp. 1.317.358/PE, Rel. Min. MAURO CAMPBELL MARQUES,
DJe 29.5.2012; REsp. 875.696/SP, Rel. Min. JOÃO OTÁVIO DE NORONHA, DJe
8.3.2010.

3. Na espécie, a moldura fático-probatória represada no caderno processual


aponta que os réus primitivamente acionados, ao veicularem suas razões de
defesa na lide sancionadora, consentiram expressamente em indicar terceira
pessoa como participante do enredo sobre o qual foram lançadas as acusações de
conduta ímproba; inocorrência de violação dos arts. 264, 294 e 329, I e II do
Código Fux, porquanto, na esteira dos julgados advenientes desta Corte Superior,
era possível legalmente a inclusão de parte no polo passivo da lide após a citação,
sobretudo com a anuência dos réus inicialmente demandados. 4. Agravo Interno
da Parte Implicada desprovido. (AgInt nos EDcl no AREsp 1019989/SE, Rel.
Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO, PRIMEIRA TURMA, julgado em
11/11/2020, DJe 17/11/2020).

É possível a emenda também na reconvenção:

CJF 120: Deve o juiz determinar a emenda também na reconvenção, possibilitando


ao reconvinte, a fim de evitar a sua rejeição prematura, corrigir defeitos e/ou
irregularidades.

Indeferimento da Petição Inicial


Art. 330. A petição inicial será indeferida quando: I – for inepta; II – a parte for
manifestamente ilegítima; III – o autor carecer de interesse processual; IV – não
atendidas as prescrições dos arts. 106 e 321. § 1º Considera-se inepta a petição
inicial quando: I – lhe faltar pedido ou causa de pedir; II – o pedido for
indeterminado, ressalvadas as hipóteses legais em que se permite o pedido
genérico; III – da narração dos fatos não decorrer logicamente a conclusão; IV –
contiver pedidos incompatíveis entre si. § 2º Nas ações que tenham por objeto a
revisão de obrigação decorrente de empréstimo, de financiamento ou de
alienação de bens, o autor terá de, sob pena de inépcia, discriminar na petição
inicial, dentre as obrigações contratuais, aquelas que pretende controverter, além
de quantificar o valor incontroverso do débito. § 3º Na hipótese do § 2º, o valor
incontroverso deverá continuar a ser pago no tempo e modo contratados.

A inépcia está sempre relacionada a causa de per ou pedido.

O indeferimento se da por sentença, pelo artigo 485, CPC. Se houver apelação, o


juiz terá 5 dias para se retratar sobre a extinção.

Como diferenciar a inépcia do indeferimento da inicial?


A inépcia é uma das hipóteses de indeferimento. Todas as hipóteses de inépcia
estão relacionadas à causa de pedir ou ao pedido.

Havendo um vício insanável, ou não atendendo o autor ao despacho previsto no


art. 321 do CPC (para complementar ou emendar a inicial), o juiz indeferirá a
petição inicial, o que se dará antes da citação. Mas nada impede que o juiz
conheça de qualquer das matérias do art. 330 após a citação, pois são matérias de
ordem pública e podem ser conhecidas em qualquer tempo e grau de jurisdição.

Improcedência liminar
Art. 332. Nas causas que dispensem a fase instrutória, o juiz, independentemente
da citação do réu, julgará liminarmente improcedente o pedido que contrariar: I –
enunciado de súmula do Supremo Tribunal Federal ou do Superior Tribunal de
Justiça; II – acórdão proferido pelo Supremo Tribunal Federal ou pelo Superior
Tribunal de Justiça em julgamento de recursos repetitivos; III – entendimento
firmado em incidente de resolução de demandas repetitivas ou de assunção de
competência(IRDR ou IAC); IV – enunciado de súmula de tribunal de justiça sobre
direito local. § 1º O juiz também poderá julgar liminarmente improcedente o
pedido se verificar, desde logo, a ocorrência de decadência ou de prescrição (a
prescrição somente poderá ser legal, não convencional/contratual). § 2º Não
interposta a apelação, o réu será intimado do trânsito em julgado da sentença,
nos termos do art. 241. § 3º Interposta a apelação, o juiz poderá retratar-se em 5
(cinco) dias. § 4º Se houver retratação, o juiz determinará o prosseguimento do
processo, com a citação do réu, e, se não houver retratação, determinará a citação
do réu para apresentar contrarrazões, no prazo de 15 (quinze) dias.

Art. 918. O juiz rejeitará liminarmente os embargos: I - quando intempestivos; II -


nos casos de indeferimento da petição inicial e de improcedência liminar do
pedido; III - manifestamente protelatórios. Parágrafo único. Considera-se conduta
atentatória à dignidade da justiça o oferecimento de embargos manifestamente
protelatórios.

O art. 332 é taxativo? Há quem entenda que é possível interpreta-lo de maneira


extensiva, ampliar o rol dos indeferimentos O artigo 332 do CPC prevê a chamada
improcedência liminar ou prima facie, ou seja, o julgamento do pedido
improcedente antes da citação do réu. Trata-se, portanto, de uma hipótese de
rejeição do pedido do autor por meio de uma sentença de mérito ou definitiva,
que prescinde da oitiva do réu.

O CPC de 2015 captou a tendência já existente de conferir maior relevo ao papel


da jurisprudência dos tribunais, criando, inclusive, um microssistema de formação
precedentes judiciais vinculantes (arts. 926 ao 928). Por isso passou a prever, no
art. 332, a possibilidade de o juiz julgar o pedido liminarmente improcedente
quando este contrariar enunciado de súmula ou de alguns precedentes judiciais
vinculantes, além das hipóteses reconhecimento de prescrição e de decadência,
anteriormente consideradas situações autorizadoras do indeferimento da petição
inicial.

É possível ampliar ou interpretar de forma extensiva as hipóteses do art. 332 do


CPC (v.g., improcedência liminar do pedido que contrarie decisão do STF em
controle concentrado de constitucionalidade)? Sim. CJF 22: Em causas que
dispensem a fase instrutória, é possível o julgamento de improcedência liminar do
pedido que contrariar decisão do Supremo Tribunal Federal em controle
concentrado de constitucionalidade ou enunciado de súmula vinculante.

A impossibilidade jurídica do pedido é agora uma hipótese de improcedência


liminar? Sim.

"A possibilidade jurídica do pedido se traduz em apurar se a pretensão deduzida


pela parte mostra-se compatível com a possibilidade de eventual entrega de
tutela jurisdicional, seja em face da existência de regulação normativa que, em
tese, possa amparar o pedido, seja em razão da inexistência de vedação legal ou
de incompatibilidade com o ordenamento jurídico" (STJ – Segunda Turma, REsp
1.721.028/RJ, Rel. Ministro Herman Benjamin, DJe 23/5/2018).
Art. 1.015. Cabe agravo de instrumento contra as decisões interlocutórias que
versarem sobre: II - mérito do processo;

"A possibilidade jurídica do pedido após o CPC/15, (...) compõe uma parcela do
mérito em discussão no processo, suscetível de decomposição e que pode ser
examinada em separado dos demais fragmentos que o compõem, de modo que a
decisão interlocutória que versar sobre essa matéria, seja para acolher a alegação,
seja também para afastá-la, poderá ser objeto de impugnação imediata por agravo
de instrumento com base no art. 1.015, II, CPC/15" (STJ – Terceira Turma, REsp
1757123/SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, DJe de 15/8/2019).

PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL SUBMETIDO AO ENUNCIADO


ADMINISTRATIVO 3/STJ. AÇÃO POPULAR. TRANSPORTE COLETIVO URBANO.
REAJUSTE TARIFÁRIO. PRELIMINAR DE IMPOSSIBILIDADE JURÍDICA DO PEDIDO
REJEITADA. AGRAVO DE INSTRUMENTO INTERPOSTO COM BASE NO ART. 1.015, II,
DO CPC/2015. CABIMENTO. PRECEDENTE DA TERCEIRA TURMA. 1. No caso dos
autos, o Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais não conheceu de agravo de
instrumento interposto contra decisão que rejeitara preliminar de impossibilidade
jurídica do pedido pelo entendimento de que a matéria não se enquadra no rol
taxativo do art. 1.015 do CPC/2015. 2. Ocorre que, conforme já decidiu a Terceira
Turma desta Corte em caso análogo ao dos autos, "A possibilidade jurídica do
pedido após o CPC/15, (...) compõe uma parcela do mérito em discussão no
processo, suscetível de decomposição e que pode ser examinada em separado dos
demais fragmentos que o compõem, de modo que a decisão interlocutória que
versar sobre essa matéria, seja para acolher a alegação, seja também para afastá-
la, poderá ser objeto de impugnação imediata por agravo de instrumento com
base no art. 1.015, II, CPC/15" (REsp 1757123/SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, DJe de
15/8/2019). 3. Nesses termos, o recurso especial deve ser provido para
determinar ao TJ/MG que prossiga no exame do agravo de instrumento do ora
recorrente. 4. Recurso especial provido. (STJ – Segunda Turma, REsp 1864430 /
MG, rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, DJe 01/06/2020)

É possível haver improcedência liminar com fundamento em decisões anteriores


do mesmo juízo? Não.

CIVIL. PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. ACOLHIMENTO INSTITUCIONAL DE


MENOR POR PERÍODO ACIMA DO TETO LEGAL. DANOS MORAIS. JULGAMENTO DE
LIMINAR IMPROCEDÊNCIA DO PEDIDO. IMPOSSIBILIDADE. QUESTÃO REPETITIVA
QUE NÃO FOI OBJETO DE PRECEDENTE VINCULANTE. EXISTÊNCIA DE INÚMERAS
AÇÕES CIVIS PÚBLICAS NO JUÍZO ACERCA DO TEMA. IRRELEVÂNCIA.
INTERPRETAÇÃO RESTRITIVA DAS HIPÓTESES AUTORIZADORAS DO JULGAMENTO
PREMATURO. AÇÃO CIVIL PÚBLICA QUE ENVOLVE LITÍGIO DE NATUREZA
ESTRUTURAL. NECESSIDADE DE DILAÇÃO PROBATÓRIA. INCOMPATIBILIDADE, EM
REGRA, COM O JULGAMENTO DE IMPROCEDÊNCIA LIMINAR DO PEDIDO OU COM
O JULGAMENTO ANTECIPADO DO MÉRITO. PROCESSO ESTRUTURAL. NATUREZA
COMPLEXA, PLURIFATORIAL E POLICÊNTRICA. INSUSCETIBILIDADE DE RESOLUÇÃO
PELO PROCESSO CIVIL ADVERSARIAL E INDIVIDUAL. INDISPENSABILIDADE DA
COLABORAÇÃO E PARTICIPAÇÃO DO ESTADO E DA SOCIEDADE CIVIL NA
CONSTRUÇÃO DE SOLUÇÕES PARA O LITÍGIO ESTRUTURAL, MEDIANTE AMPLO
CONTRADITÓRIO E CONTRIBUIÇÃO DE TODOS OS POTENCIAIS ATINGIDOS E
BENEFICIÁRIOS DA MEDIDA ESTRUTURANTE. NECESSIDADE DE PRESTAÇÃO DA
TUTELA JURISDICIONAL DIFERENCIADA E ADERENTE ÀS ESPECIFICIDADES DO
DIREITO MATERIAL VERTIDO NA CAUSA, AINDA QUE INEXISTENTE, NO BRASIL,
REGRAS PROCEDIMENTAIS ADEQUADAS PARA A RESOLUÇÃO DOS LITÍGIOS
ESTRUTURAIS. ANULAÇÃO DO PROCESSO DESDE A CITAÇÃO, COM
DETERMINAÇÃO DE INSTRUÇÃO E REJULGAMENTO DA CAUSA, PREJUDICADO O
EXAME DAS DEMAIS QUESTÕES. 1- Ação ajuizada em 25/01/2016. Recurso
especial interposto em 28/05/2018. Atribuído ao gabinete em 09/12/2019. 2- O
propósito recursal é definir se, em ação civil pública que versa sobre acolhimento
institucional de menor por período acima daquele fixado em lei, é admissível o
julgamento de improcedência liminar ou o julgamento antecipado do pedido,
especialmente quando, a despeito da repetitividade da matéria, não há tese
jurídica fixada em incidente de resolução de demandas repetitivas ou em
incidente de assunção de competência. 3- Diferentemente do tratamento dado à
matéria no revogado CPC/73, não mais se admite, no novo CPC, o julgamento de
improcedência liminar do pedido com base no entendimento firmado pelo juízo
em que tramita o processo sobre a questão repetitiva, exigindo-se, ao revés, que
tenha havido a prévia pacificação da questão jurídica controvertida no âmbito dos
Tribunais, materializada em determinadas espécies de precedentes vinculantes, a
saber: súmula do STF ou do STJ; súmula do TJ sobre direito local; tese firmada em
recursos repetitivos, em incidente de resolução de demandas repetitivas ou em
incidente de assunção de competência. 4- Por se tratar de regra que limita o pleno
exercício de direitos fundamentais de índole processual, em especial o
contraditório e a ampla defesa, as hipóteses autorizadoras do julgamento de
improcedência liminar do pedido devem ser interpretadas restritivamente, não se
podendo dar a elas amplitude maior do que aquela textualmente indicado pelo
legislador no art. 332 do novo CPC. 5- De igual modo, para que possa o juiz
resolver o mérito liminarmente e em favor do réu, ou até mesmo para que haja o
julgamento antecipado do mérito imediatamente após a citação do réu, é
indispensável que a causa não demande ampla dilação probatória, o que não se
coaduna com a ação civil pública em que se pretende discutir a ilegalidade de
acolhimento institucional de menores por período acima do máximo legal e os
eventuais danos morais que do acolhimento por longo período possam decorrer,
pois se tratam de questões litigiosas de natureza estrutural. 6- Os litígios de
natureza estrutural, de que é exemplo a ação civil pública que versa sobre
acolhimento institucional de menor por período acima do teto previsto em lei,
ordinariamente revelam conflitos de natureza complexa, plurifatorial e
policêntrica, insuscetíveis de solução adequada pelo processo civil clássico e
tradicional, de índole essencialmente adversarial e individual. 7- Para a adequada
resolução dos litígios estruturais, é preciso que a decisão de mérito seja construída
em ambiente colaborativo e democrático, mediante a efetiva compreensão,
participação e consideração dos fatos, argumentos, possibilidades e limitações do
Estado em relação aos anseios da sociedade civil adequadamente representada no
processo, por exemplo, pelos amici curiae e pela Defensoria Pública na função de
custos vulnerabilis, permitindo-se que processos judiciais dessa natureza, que
revelam as mais profundas mazelas sociais e as mais sombrias faces dos excluídos,
sejam utilizados para a construção de caminhos, pontes e soluções que tencionem
a resolução definitiva do conflito estrutural em sentido amplo. 8- Na hipótese,
conquanto não haja, no Brasil, a cultura e o arcabouço jurídico adequado para
lidar corretamente com as ações que demandam providências estruturantes e
concertadas, não se pode negar a tutela jurisdicional minimamente adequada ao
litígio de natureza estrutural, sendo inviável, em regra, que conflitos dessa
magnitude social, política, jurídica e cultural, sejam resolvidos de modo liminar ou
antecipado, sem exauriente instrução e sem participação coletiva, ao simples
fundamento de que o Estado não reuniria as condições necessárias para a
implementação de políticas públicas e ações destinadas a resolução, ou ao menos
à minimização, dos danos decorrentes do acolhimento institucional de menores
por período superior àquele estipulado pelo ECA. 9- Provido o recurso especial
para anular o processo desde a citação e determinar que seja regularmente
instruída e rejulgada a causa, está prejudicado o exame da alegada violação aos
demais dispositivos legais do ECA indicados nas razões recursais. 10 - Recurso
especial conhecido e provido, para anular o processo desde a citação e determinar
que sejam adotadas, pelo juiz de 1º grau, as medidas de adaptação procedimental
e de exaurimento instrutório apropriadas à hipótese. (REsp 1854842/CE, Rel.
Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, julgado em 02/06/2020, DJe
04/06/2020)

O disposto no art. 332 do CPC aplica-se ao mandado de segurança? Sim.

FPPC 291: Aplicam-se ao procedimento do mandado de segurança os arts. 331 e


parágrafos e 332, §3º do CPC.

Juízo de Retratação em Apelação


O juiz terá o prazo de cinco dias para se retratar da sentença, se houver apelação
contra qualquer sentença processual (art. 485 do CPC), inclusive a de
indeferimento da petição inicial, ou contra a sentença de improcedência liminar.
Trata-se do chamado efeito regressivo da apelação.

O Juízo de retratação poderá ser exercido se o recurso for intempestivo?

CJF 68: A intempestividade da apelação desautoriza o órgão a quo a proferir juízo


positivo de retratação.

FPPC 293: (art. 331; art. 332, § 3º; art.1.010, § 3º) Se considerar intempestiva a
apelação contra sentença que indefere a petição inicial ou julga liminarmente
improcedente o pedido, não pode o juízo a quo retratarse.

Ponto de atenção

No caso de prescrição, se não houver indeferimento liminar do pedido, é


necessário que se de direito ao contraditório, conforme artigo 10, CPC, para
julgamento.

Despacho Liminar Positivo


Não se tratando de hipótese de indeferimento da inicial, de saneamento da inicial
ou de improcedência liminar, o juiz ordenará a citação do réu.

Audiência de Conciliação ou de Mediação


Justiça Multiportas

Justiça Multiportas: O CPC de 2015, a Lei da Mediação e a Lei da Arbitragem


consagram a chamada justiça multiportas, que se vale de diversas técnicas, como
negociação direta, a mediação, a conciliação, a dispute board e a arbitragem, não
como métodos alternativos, mas como métodos adequados ou integrados de
solução de conflitos ou de resolução de disputas. É como se a parte entrasse no
átrio do fórum e encontrasse diversas portas, cada uma com uma técnica ou
mecanismo destinado resolver cada tipo de controvérsia, inclusive a própria
jurisdição estatal.

A lei processual estimula a autocomposição, promovendo a solução consensual de


conflitos por dois métodos principais: conciliação e mediação.

Conciliação x Mediação: diferenças


Conciliação: o conciliador sugere soluções (interfere, aconselha); o objetivo é o
acordo; as relações entre os envolvidos tendem a ser episódicas; normalmente
não há vínculo anterior entre as partes.

Mediação: o mediador não sugere soluções (apenas cria o ambiente, auxilia,


estimula); o objetivo é facilitar a comunicação e, portanto, o acordo apenas é uma
consequência da comunicação restabelecida; normalmente envolve relações
continuadas ou com vínculo anterior entre as partes (ex. Relações de vizinhança
ou de família).

Art. 165. § 2º O conciliador, que atuará preferencialmente nos casos em que não
houver vínculo anterior entre as partes, poderá sugerir soluções para o litígio,
sendo vedada a utilização de qualquer tipo de constrangimento ou intimidação
para que as partes conciliem. § 3º O mediador, que atuará preferencialmente nos
casos em que houver vínculo anterior entre as partes, auxiliará aos interessados a
compreender as questões e os interesses em conflito, de modo que eles possam,
pelo restabelecimento da comunicação, identificar, por si próprios, soluções
consensuais que gerem benefícios mútuos.

Arts. 165 ao 175: tratam dos conciliadores e dos mediadores judiciais.

Art. 334: trata da audiência de conciliação ou de mediação

Lei da mediação (Lei 13.140/2015): dispõe sobre a mediação entre particulares e


sobre a autocomposição de conflitos no âmbito da administração pública.

CPC, Art. 334. Se a petição inicial preencher os requisitos essenciais e não for o
caso de improcedência liminar do pedido, o juiz designará audiência de conciliação
ou de mediação com antecedência mínima de 30 (trinta) dias, devendo ser citado
o réu com pelo menos 20 (vinte) dias de antecedência.

Lei da Mediação, Art. 27. Se a petição inicial preencher os requisitos essenciais e


não for o caso de improcedência liminar do pedido, o juiz designará audiência de
mediação.

Hipóteses legais de dispensa da audiência de conciliação


CPC, Art. 334.

§ 4º A audiência não será realizada:

I – se ambas as partes manifestarem, expressamente, desinteresse na composição


consensual; II – quando não se admitir a autocomposição.

§ 5º O autor deverá indicar, na petição inicial, seu desinteresse na


autocomposição, e o réu deverá fazê-lo, por petição, apresentada com 10 (dez)
dias de antecedência, contados da data da audiência.

§ 6º Havendo litisconsórcio, o desinteresse na realização da audiência deve ser


manifestado por todos os litisconsortes.

CPC, Art. 319. A petição inicial indicará: VII – a opção do autor pela realização ou
não de audiência de conciliação ou de mediação.

Outras Hipóteses de Não Realização da Audiência de Conciliação ou de


Mediação
A) convenção prévia - negócio jurídico processual anterior ao processo – pacto de
exclusão contratual da audiência – cláusula opt-out (art. 190 do CPC e Enunciado
19 do FPPC).

FPPC 19: São admissíveis os seguintes negócios processuais, dentre outros: pacto
de impenhorabilidade, acordo de ampliação de prazos das partes de qualquer
natureza, acordo de rateio de despesas processuais, dispensa consensual de
assistente técnico, acordo para retirar o efeito suspensivo de recurso15, acordo
para não promover execução provisória; pacto de mediação ou conciliação
extrajudicial prévia obrigatória, inclusive com a correlata previsão de exclusão da
audiência de conciliação ou de mediação prevista no art. 334; pacto de exclusão
contratual da audiência de conciliação ou de mediação prevista no art. 334; pacto
de disponibilização prévia de documentação (pacto de disclosure), inclusive com
estipulação de sanção negocial, sem prejuízo de medidas coercitivas,
mandamentais, sub-rogatórias ou indutivas; previsão de meios alternativos de
comunicação das partes entre si; acordo de produção antecipada de prova; a
escolha consensual de depositário-administrador no caso do art. 866; convenção
que permita a presença da parte contrária no decorrer da colheita de depoimento
pessoa.
b) Convenção Incidental – negócio jurídico processual durante o processo (art. 190
c/c o art. 334, §4º do CPC e Enunciado 19 do FPPC).

c) Realização prévia de sessão extrajudicial de mediação ou de conciliação


(Enunciado 29 da I Jornada de Prevenção e Solução Extrajudicial de Litígios do
CJF).

I Jornada de Prevenção e Solução Extrajudicial de Litígios do CJF.

Enunciado 29 - Caso qualquer das partes comprove a realização de mediação ou


conciliação antecedente à propositura da demanda, o magistrado poderá
dispensar a audiência inicial de mediação ou conciliação, desde que tenha tratado
da questão objeto da ação e tenha sido conduzida por mediador ou conciliador
capacitado.

Outras hipóteses mencionadas por Trícia Navarro


Incompatibilidade procedimental, como acontece na execução e em alguns
procedimentos especiais;

No caso de litisconsórcio unitário, se uma das partes não puder se submeter a


autocomposição;

Quando circunstâncias fáticas justificarem a dispensa do ato, como ocorre nos


casos de violência doméstica, em que o contato entre partes pode gerar riscos de
potencializar o conflito.

Realização por meios eletrônicos


Art. 334. § 7º A audiência de conciliação ou de mediação pode realizar-se por
meio eletrônico, nos termos da lei.

Consequência do não comparecimento: Multa


Art. 334. § 8º O não comparecimento injustificado do autor ou do réu à audiência
de conciliação é considerado ato atentatório à dignidade da justiça e será
sancionado com multa de até dois por cento da vantagem econômica pretendida
ou do valor da causa, revertida em favor da União ou do Estado.

Cabe agravo de instrumento ou apelação contra a decisão pela qual o juiz aplica a
multa pelo não comparecimento à audiência de conciliação ou de mediação?

RECURSO ESPECIAL. PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO DE INSTRUMENTO. HIPÓTESES


DE CABIMENTO DO RECURSO (ART. 1.015, INCISO II, DO CPC). AUSÊNCIA
INJUSTIFICADA A AUDIÊNCIA DE CONCILIÇÃO. MULTA POR ATO ATENTATÓRIO À
DIGNIDADE DA JUSTIÇA. 1. Controvérsia em torno da recorribilidade, mediante
agravo de instrumento, contra a decisão cominatória de multa à parte pela
ausência injustificada à audiência de conciliação. 2. O legislador de 2015, ao
reformar o regime processual e recursal, notadamente do agravo de instrumento,
pretendeu incrementar a celeridade do processo, que, na vigência do CPC de
1973, era constantemente obstaculizado pela interposição de um número
infindável de agravos de instrumento, dilargando o tempo de andamento dos
processos e sobrecarregando os Tribunais, Federais e Estaduais. 3. A decisão
cominatória da multa do art. 334, §8º, do CPC, à parte que deixa de comparecer à
audiência de conciliação, sem apresentar justificativa adequada, não é agravável,
não se inserindo na hipótese prevista no art. 1.015, inciso II, do CPC, podendo ser,
no futuro, objeto de recurso de apelação, na forma do art. 1.009, §1º, do CPC. 4.
RECURSO ESPECIAL DESPROVIDO. (REsp 1762957/MG, Rel. Ministro PAULO DE
TARSO SANSEVERINO, TERCEIRA TURMA, julgado em 10/03/2020, DJe
18/03/2020).
Advogado e Preposto
Art. 334. § 9º As partes devem estar acompanhadas por seus advogados ou
defensores públicos. § 10. A parte poderá constituir representante, por meio de
procuração específica, com poderes para negociar e transigir.

Cabe a aplicação de multa pelo não comparecimento pessoal à audiência de


conciliação, por ato atentatório à dignidade da Justiça, quando a parte estiver
representada por advogado com poderes específicos para transigir? Não.

Não cabe a aplicação de multa pelo não comparecimento pessoal à audiência de


conciliação, por ato atentatório à dignidade da Justiça, quando a parte estiver
representada por advogado com poderes específicos para transigir. A teor do art.
334, § 8º, do CPC de 2015, "O não comparecimento injustificado do autor ou do
réu à audiência de conciliação é considerado ato atentatório à dignidade da justiça
e será sancionado com multa de até dois por cento da vantagem econômica
pretendida ou do valor da causa, revertida em favor da União ou do Estado".
Ocorre que o § 10 do mesmo dispositivo legal abre a possibilidade de a parte se
fazer representar por meio da outorga de procuração com poderes específicos
para negociar e transigir: "A parte poderá constituir representante, por meio de
procuração específica, com poderes para negociar e transigir".

Daí por que a doutrina considera suficiente para afastar a penalidade a presença
da parte ou do seu representante legal (que pode ou não ser o seu advogado).
Desse modo, ficando demonstrado que os procuradores da ré, munidos de
procuração com poderes para transigir, estiveram presentes na audiência, tem-se
como manifestamente ilegal a aplicação da multa por ato atentatório à dignidade
da Justiça. De fato, a ausência de conciliação, por si só, também não autorizaria a
aplicação da multa. RMS 56.422-MS, Rel. Min. Raul Araújo, Quarta Turma, por
unanimidade, julgado em 08/06/2021, Info 700.

Aplica-se ao INSS o disposto no art. 334 do CPC?


Sim, inclusive a multa poderá ser aplicada.

DIREITO PROCESSUAL CIVIL. PREVIDENCIÁRIO. RECUSO ESPECIAL. A AUDIÊNCIA DE


CONCILIAÇÃO É FASE OBRIGATÓRIA DO PROCESSO CIVIL ATUAL. NOVA
LEGISLAÇÃO PROCESSUAL CIVIL. JUSTIÇA MULTIPORTAS. VALORIZAÇÃO DA
COMPOSIÇÃO AMIGÁVEL. TAREFA A SER IMPLEMENTADA PELO JUIZ DO FEITO.
AUSÊNCIA DE COMPARECIMENTO DO INSS. APLICAÇÃO DE MULTA DE 2% SOBRE
O VALOR DA CAUSA. ART. 334, § 8o. DO CPC/2015. INTERESSE DO AUTOR NA
REALIZAÇÃO DO ATO. MULTA DEVIDA. RECURSO ESPECIAL DO INSS A QUE SE
NEGA PROVIMENTO. 1. A nova legislação processual civil instrumentaliza a
denominada Justiça Multiportas, incentivando a solução consensual dos conflitos,
especialmente por meio das modalidades de conciliação e mediação. O objetivo
dessa auspiciosa inovação é hipervalorizar da concertación de interesses inter
partes, em claro desfavor do vetusto incentivo ao demandismo. Mas isso somente
se pode alcançar por meio da atuação inteligente dos Juízes das causas, motivados
pelos ideais da equidade, da razoabilidade, da economia e da justiça do caso
concreto. 2. Em seus artigos iniciais, o Código de Processo Civil prescreve que o
Estado promoverá, sempre que possível, a solução consensual dos conflitos (art.
3o., § 2o. do CPC/2015), recomendando que a conciliação, a mediação e outros
métodos de solução harmoniosa de conflitos sejam estimulados por Juízes,
Advogados, Defensores Públicos e Membros do Ministério Público (art. 3o., § 3o.
do CPC/2015), inclusive no curso do processo judicial (art. 139, V do CPC/2015).
Esses dispositivos do CPC pressupõem que os Julgadores abram as mentes para a
metodologia contemporânea prestigiadora da visão instrumentalista do processo,
levando-o, progressivamente, a deixar de ser um objetivo em si mesmo. 3.
Reafirmando esse escopo, o CPC/2015, em seu art. 334, estabelece a
obrigatoriedade da realização de audiência de conciliação ou de mediação após a
citação do réu. Excepcionando a sua realização, tão somente, na hipótese de o
direito controvertido não admitir autocomposição ou na hipótese de ambas as
partes manifestarem, expressamente, desinteresse na composição consensual
(art. 334, § 4o. do CPC/2015). 4. O caráter obrigatório da realização dessa
audiência de conciliação é a grande mudança da nova Lei Processual Civil, mas o
INSS, contudo, intenta repristinar a regra de 1994, que estabelecia ser optativa a
audiência de conciliação (art. 125, IV do CPC/1973 com redação dada pela Lei
8.952/1994), retirando o efeito programado e esperado pela legislação processual
civil adveniente. 5. Rememore-se, aqui, aquela conhecida - mas esquecida -
recomendação do jurista alemão Rudolph von Iherin (1818-1892), no seu famoso
livro O Espírito do Direito Romano, observando que o Direito só existe no processo
de sua realização. Se não passa à realidade da visa social, o que existe apenas nas
leis e sobre o papel não é mais do que o simulacro ou um fantasma do Direito, não
é mais do que meras palavras. Isso que dizer que, se o Juiz não assegurar a eficácia
das concepções jurídicas que instituem as garantias das partes, tudo a que o
Direito serve e as promessas que formula resultarão inócuas e inúteis. 6. No caso
dos autos, o INSS manifestou desinteresse na realização da audiência, contudo, a
parte autora manifestou o seu interesse, o que torna obrigatória a realização da
audiência de conciliação, com a indispensável presença das partes. Comporta
frisar que o processo judicial não é mais concebido como um duelo, uma luta
entre dois contendores ou um jogo de habilidades ou espertezas. Exatamente por
isso, não se deixará a sua efetividade ao sabor ou ao alvedrio de qualquer dos seus
atores, porque a justiça que por meio dele se realiza acha-se sob a
responsabilidade do Juiz e constitui, inclusive, o macro-objetivo do seu mister. 7.
Assim, não comparecendo o INSS à audiência de conciliação, inevitável a aplicação
da multa prevista no art. 334, § 8o. do CPC/2015, que estabelece que o não
comparecimento injustificado do autor ou do réu à audiência de conciliação é
considerado ato atentatório à dignidade da Justiça e será sancionado com multa
de até 2% da vantagem econômica pretendida ou do valor da causa, revertida em
favor da União ou do Estado. Qualquer interpretação passadista desse dispositivo
será um retrocesso na evolução do Direito pela via jurisdicional e um desserviço à
Justiça. 8. Recurso Especial do INSS a que se nega provimento. (REsp 1769949/SP,
Rel. Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO, PRIMEIRA TURMA, julgado em
08/09/2020, DJe 02/10/2020).

E para a fazenda pública?


Sim.

CJF 24: Havendo a Fazenda Pública publicizado ampla e previamente as hipóteses


em que está autorizada a transigir, pode o juiz dispensar a realização da audiência
de mediação e conciliação, com base no art. 334, § 4º, II, do CPC, quando o direito
discutido na ação não se enquadrar em tais situações. FPPC 673: A presença do
ente público em juízo não impede, por si, a designação da audiência do art. 334.
FPPC 573: “as Fazendas Públicas devem dar publicidade às hipóteses em que seus
órgãos de Advocacia Pública estão autorizados a aceitar autocomposição”.

A decisão interlocutória que indefere a designação da audiência de conciliação


pretendida pelas partes é suscetível de impugnação imediata por meio de agravo
de instrumento ou cabe apenas a apelação (impugnação nas razões ou
contrarrazões de apelação)?
Caberá agravo pela tese do artigo 988, exceto se aplicada multa.

CIVIL. PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO DE RESCISÃO DE CONTRATO CUMULADA COM


INDENIZATÓRIA. REQUERIMENTO CONSENSUAL DE DESIGNAÇÃO DA AUDIÊNCIA
DE CONCILIAÇÃO PREVISTA NO ART. 334 DO CPC. IMPUGNAÇÃO IMEDIATA.
POSSIBILIDADE. INUTILIDADE DO EXAME DA QUESTÃO APENAS EM APELAÇÃO.
VIA ADEQUADA APÓS TEMA REPETITIVO 988. AGRAVO DE INSTRUMENTO.
EXCEPCIONAL UTILIZAÇÃO DO MANDADO DE SEGURANÇA COMO MEIO DE
IMPUGNAR DECISÕES INTERLOCUTÓRIAS APÓS TEMA REPETITIVO 988.
IMPOSSIBILIDADE ABSOLUTA. 1- O propósito recursal é definir se, após a
publicação do acórdão em que se fixou a tese referente ao tema repetitivo 988,
segundo a qual "o rol do art. 1.015 do CPC é de taxatividade mitigada, por isso
admite a interposição de agravo de instrumento quando verificada a urgência
decorrente da inutilidade do julgamento da questão no recurso de apelação",
ainda é admissível, ainda que excepcionalmente, a impetração de mandado de
segurança para impugnar decisões interlocutórias. 2- A decisão interlocutória que
indefere a designação da audiência de conciliação pretendida pelas partes é
suscetível de impugnação imediata, na medida em que será inócuo e inútil
reconhecer, apenas no julgamento da apelação, que as partes fariam jus à
audiência de conciliação ou à sessão de mediação previstas, na forma do art. 334
do CPC, para acontecer no início do processo. 3- A decisão judicial que, a
requerimento do réu, indefere o pedido de designação da audiência de conciliação
prevista no art. 334, caput, do CPC, ao fundamento de dificuldade de pauta,
proferida após a publicação do acórdão que fixou a tese da taxatividade mitigada,
somente é impugnável por agravo de instrumento e não por mandado de
segurança. 4- Conquanto seja excepcionalmente admissível a impugnação de
decisões judiciais lato sensu por mandado de segurança, não é admissível, nem
mesmo excepcionalmente, a impugnação de decisões interlocutórias por
mandado de segurança após a tese firmada no tema repetitivo 988, que
estabeleceu uma exceção ao posicionamento há muito adotado nesta Corte,
especificamente no que tange à impugnabilidade das interlocutórias, de modo a
vedar, em absoluto, a impugnação dessa espécie de decisão pelas partes mediante
mandado de segurança, porque há via impugnativa recursal apropriada, o agravo
de instrumento. 5- Recurso ordinário constitucional conhecido e desprovido. (RMS
63.202/MG, Rel. Ministro MARCO AURÉLIO BELLIZZE, Rel. p/ Acórdão Ministra
NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, julgado em 01/12/2020, DJe 18/12/2020)

Alguns Enunciados das Jornadas de Direito Processual Civil do CJF


ENUNCIADO 23 – Na ausência de auxiliares da justiça, o juiz poderá realizar a
audiência inaugural do art. 334 do CPC, especialmente se a hipótese for de
conciliação.

ENUNCIADO 24 – Havendo a Fazenda Pública publicizado ampla e previamente as


hipóteses em que está autorizada a transigir, pode o juiz dispensar a realização da
audiência de mediação e conciliação, com base no art. 334, § 4º, II, do CPC,
quando o direito discutido na ação não se enquadrar em tais situações.

ENUNCIADO 25 – As audiências de conciliação ou mediação, inclusive dos juizados


especiais, poderão ser realizadas por videoconferência, áudio, sistemas de troca
de mensagens, conversa online, conversa escrita, eletrônica, telefônica e
telemática ou outros mecanismos que estejam à disposição dos profissionais da
autocomposição para estabelecer a comunicação entre as partes.

ENUNCIADO 26 – A multa do § 8º do art. 334 do CPC não incide no caso de não


comparecimento do réu intimado por edital.

ENUNCIADO 67 – Há interesse recursal no pleito da parte para impugnar a multa


do art. 334, § 8º, do CPC por meio de apelação, embora tenha sido vitoriosa

Enunciado 121 - Não cabe aplicar multa a quem, comparecendo à audiência do


art. 334 do CPC, apenas manifesta desinteresse na realização de acordo, salvo se a
sessão foi designada unicamente por requerimento seu e não houver justificativa
para a alteração de posição.
Respostas do Réu
Respostas do réu: prazo
Art. 335. O réu poderá oferecer contestação, por petição, no prazo de 15 (quinze)
dias, cujo termo inicial será a data: I – da audiência de conciliação ou de mediação,
ou da última sessão de conciliação, quando qualquer parte não comparecer ou,
comparecendo, não houver autocomposição; II – do protocolo do pedido de
cancelamento da audiência de conciliação ou de mediação apresentado pelo réu,
quando ocorrer a hipótese do art. 334, § 4º, inciso I; III – prevista no art. 231, de
acordo com o modo como foi feita a citação, nos demais casos.

Art. 231. Salvo disposição em sentido diverso, considera-se dia do começo do


prazo: I – a data de juntada aos autos do aviso de recebimento, quando a citação
ou a intimação for pelo correio; II – a data de juntada aos autos do mandado
cumprido, quando a citação ou a intimação for por oficial de justiça; III – a data de
ocorrência da citação ou da intimação, quando ela se der por ato do escrivão ou
do chefe de secretaria; IV – o dia útil seguinte ao fim da dilação assinada pelo juiz,
quando a citação ou a intimação for por edital; V – o dia útil seguinte à consulta
ao teor da citação ou da intimação ou ao término do prazo para que a consulta se
dê, quando a citação ou a intimação for eletrônica; VI – a data de juntada do
comunicado de que trata o art. 232 ou, não havendo esse, a data de juntada da
carta aos autos de origem devidamente cumprida, quando a citação ou a
intimação se realizar em cumprimento de carta; VII – a data de publicação,
quando a intimação se der pelo Diário da Justiça impresso ou eletrônico; VIII – o
dia da carga, quando a intimação se der por meio da retirada dos autos, em carga,
do cartório ou da secretaria. IX - o quinto dia útil seguinte à confirmação, na
forma prevista na mensagem de citação, do recebimento da citação realizada por
meio eletrônico. (Incluído pela Lei nº 14.195, de 2021) § 1º Quando houver mais
de um réu, o dia do começo do prazo para contestar corresponderá à última das
datas a que se referem os incisos I a VI do caput. § 2º Havendo mais de um
intimado, o prazo para cada um é contado individualmente. § 3º Quando o ato
tiver de ser praticado diretamente pela parte ou por quem, de qualquer forma,
participe do processo, sem a intermediação de representante judicial, o dia do
começo do prazo para cumprimento da determinação judicial corresponderá à
data em que se der a comunicação. § 4º Aplica-se o disposto no inciso II do caput à
citação com hora certa.

Citação da Pessoa Jurídica (CPC alterado pela Lei 14.195/2021)


(a) o juiz determinará a citação por meio eletrônico no prazo de 2 dias úteis, a
contar da decisão que a determinar, por meio dos endereços eletrônicos indicados
pelo citando no banco de dados do Poder Judiciário, conforme regulamento do
CNJ; (b) a pessoa jurídica, ao receber a citação com as devidas orientações no e-
mail informado, terá até 3 dias úteis para confirmar seu recebimento; (c) o termo
inicial do prazo para a contestação começará no quinto dia útil seguinte à
confirmação de recebimento da citação realizada por e-mail.

Obs. Se a citação eletrônica não for confirmada em três dias úteis do recebimento,
o ato processual não se presumirá efetivado, e deverá ser procedida a citação pelo
correio ou pelos demais meios admitidos.

Termo inicial
O termo inicial é o primeiro dia útil seguinte, conforme artigo 224, CPC.

Art. 224. Salvo disposição em contrário, os prazos serão contados excluindo o dia
do começo e incluindo o dia do vencimento. § 1º Os dias do começo e do
vencimento do prazo serão protraídos para o primeiro dia útil seguinte, se
coincidirem com dia em que o expediente forense for encerrado antes ou iniciado
depois da hora normal ou houver indisponibilidade da comunicação eletrônica. §
2º Considera-se como data de publicação o primeiro dia útil seguinte ao da
disponibilização da informação no Diário da Justiça eletrônico. § 3º A contagem do
prazo terá início no primeiro dia útil que seguir ao da publicação.

O prazo de contestação é contado a partir da data da audiência de conciliação ou


mediação, ou da última sessão de conciliação ou mediação, ou a partir do
primeiro do dia útil seguinte à sua realização?
Em tal situação, o citando deverá apresentar justa causa para a ausência de
confirmação do recebimento da citação eletrônica, sob pena de o ato ser
considerado atentatório à dignidade da justiça, passível de multa de até 5% do
valor da causa, destinada em favor do Judiciário.

CJF 122 - O prazo de contestação é contado a partir do primeiro dia útil seguinte à
realização da audiência de conciliação ou mediação, ou da última sessão de
conciliação ou mediação, na hipótese de incidência do art. 335, inc. I, do CPC.

Se o réu alegar a incompetência antes de apresentar a contestação, haverá


preclusão consumativa para contestar?
Não!

CJF 124 - Não há preclusão consumativa do direito de apresentar contestação, se


o réu se manifesta, antes da data da audiência de conciliação ou de mediação,
quanto à incompetência do juízo.

Prazo em Dobro
 Fazenda Pública (União, Estados, Municípios, Distrito Federal, Autarquias e
Fundações Públicas)
 Ministério Público
 Defensoria pública e assemelhados (escritórios de prática jurídica das
faculdades de direito e entidades que prestam assistência judiciária gratuita em
convênio com a defensoria pública)
 Litisconsortes com procuradores diferentes (desde que os autos não sejam
eletrônicos e que os advogados pertençam a escritórios de advocacia distintos).

**Ministério público e defensoria terão prazo em dobro somente se não for prazo
especifico para eles.

**Mesmo que as partes sejam casadas, se houver advogados diferentes, de


escritórios diferentes, em autos físicos, o processo será em dobro.

** Se impugnação ao cumprimento de sentença, os autos são físicos, prazo em


dobro. Se embargos a execução, não há prazo em dobro.

Espécies de Respostas do Réu


 Contestação
 Reconvenção

Contestação
Princípio da Eventualidade ou concentração de defesa: toda a defesa deverá ser
concentrada na contestação, sob pena de preclusão.

Art. 336. Incumbe ao réu alegar, na contestação, toda a matéria de defesa,


expondo as razões de fato e de direito com que impugna o pedido do autor e
especificando as provas que pretende produzir.

Alegações Posteriores admissíveis


Art. 342. Depois da contestação, só é lícito ao réu deduzir novas alegações
quando: I – relativas a direito ou a fato superveniente; II – competir ao juiz
conhecer delas de ofício; III – por expressa autorização legal, puderem ser
formuladas em qualquer tempo e grau de jurisdição.
Exemplo de autorização legal: decadência convencional.

É necessário lembrar que ainda assim deverá ser concedido contraditório, ainda
que trate-se de fato cognoscível de oficio.

Art. 10. O juiz não pode decidir, em grau algum de jurisdição, com base em
fundamento a respeito do qual não se tenha dado às partes oportunidade de se
manifestar, ainda que se trate de matéria sobre a qual deva decidir de ofício.

Art. 493. Se, depois da propositura da ação, algum fato constitutivo, modificativo
ou extintivo do direito influir no julgamento do mérito, caberá ao juiz tomá-lo em
consideração, de ofício ou a requerimento da parte, no momento de proferir a
decisão. Parágrafo único. Se constatar de ofício o fato novo, o juiz ouvirá as partes
sobre ele antes de decidir

Defesa processual e de mérito


A contestação é a forma de defesa do réu. Nela o réu poderá apresentar uma
defesa processual (alegação de qualquer das matérias do art. 337 do CPC) e uma
defesa de mérito ou substancial (levantando questões de fato – impugnação dos
fatos narrados pelo autor e apresentação de fatos impeditivos, modificativos ou
extintivos do direito do autor – e questões direito – impugnação das
consequências jurídicas descritas pelo autor e alegação ilegalidade ou de
inconstitucionalidade).

Defesa processual
São as previstas no artigo 337, CPC.

Art. 337. Incumbe ao réu, antes de discutir o mérito, alegar: I – inexistência ou


nulidade da citação; II – incompetência absoluta e relativa; III – incorreção do
valor da causa; IV – inépcia da petição inicial; V – perempção; VI – litispendência;
VII – coisa julgada; VIII – conexão; IX – incapacidade da parte, defeito de
representação ou falta de autorização; X – convenção de arbitragem; XI –
ausência de legitimidade ou de interesse processual; XII – falta de caução ou de
outra prestação que a lei exige como preliminar; XIII – indevida concessão do
benefício de gratuidade de justiça. § 1º Verifica-se a litispendência ou a coisa
julgada quando se reproduz ação anteriormente ajuizada. § 2º Uma ação é
idêntica a outra quando possui as mesmas partes, a mesma causa de pedir e o
mesmo pedido. § 3º Há litispendência quando se repete ação que está em curso.
§ 4º Há coisa julgada quando se repete ação que já foi decidida por decisão
transitada em julgado. § 5º Excetuadas a convenção de arbitragem e a
incompetência relativa, o juiz conhecerá de ofício das matérias enumeradas neste
artigo. § 6º A ausência de alegação da existência de convenção de arbitragem, na
forma prevista neste Capítulo, implica aceitação da jurisdição estatal e renúncia ao
juízo arbitral.

Caso possam ser conhecidas de ofício, serão denominadas objeções.

Caso não possam ser conhecidas de ofício, serão denominadas exceção. Ex:
Exceção de pré-executividade. Somente são exceções no artigo 337 a convenção
de arbitragem e a incompetência relativa, conforme §5º.

No caso das matérias que importam em exceção, se não alegadas em contestação,


não haverá vício, exceto no caso do juizado especial e competência territorial.

A defesa processual poderá ser, ainda, dilatória ou peremptória.

A defesa dilatória é a que o acolhimento não acarreta a extinção do processo. Ex:


incompetência relativa.
Já a peremptória, acarreta a extinção do processo. Ex: ilegitimidade de parte.

Correção da ilegitimidade passiva


É vício sanável, que admite correção.

Substituiu a intervenção de terceiros do CPC anterior.

Caso o réu alegue a ilegitimidade passiva, o autor terá prazo de 15 dias para
indicar a parte correta. O autor deverá pagar honorários de sucumbência de 3 a
5%.

Caso o réu saiba a parte correta, pela boa fé e cooperação, deverá indicar a parte
competente, sob pena de ter que indenizar o autor.

Art. 338. Alegando o réu, na contestação, ser parte ilegítima ou não ser o
responsável pelo prejuízo invocado, o juiz facultará ao autor, em 15 (quinze) dias,
a alteração da petição inicial para substituição do réu. Parágrafo único. Realizada a
substituição, o autor reembolsará as despesas e pagará os honorários ao
procurador do réu excluído, que serão fixados entre três e cinco por cento do
valor da causa ou, sendo este irrisório, nos termos do art. 85, § 8º.

Obs. art. 85, § 8º: por apreciação equitativa do juiz (pelo senso de justiça dele),
atendendo a critérios como o zêlo profissional, a importância da causa etc.

Art. 339. Quando alegar sua ilegitimidade, incumbe ao réu indicar o sujeito passivo
da relação jurídica discutida sempre que tiver conhecimento, sob pena de arcar
com as despesas processuais e de indenizar o autor pelos prejuízos decorrentes da
falta de indicação.

§ 1º O autor, ao aceitar a indicação, procederá, no prazo de 15 (quinze) dias, à


alteração da petição inicial para a substituição do réu, observando-se, ainda, o
parágrafo único do art. 338.

§ 2º No prazo de 15 (quinze) dias, o autor pode optar por alterar a petição inicial
para incluir, como litisconsorte passivo, o sujeito indicado pelo réu.

Somente haverá a condenação do autor ao pagamento de honorários de


sucumbência se substituída a parte ilegítima, conforme STJ:

Terceira Turma do STJ “Com efeito, a Terceira Turma do STJ já decidiu que a
incidência da previsão do art. 338 do CPC/15 é exclusiva da hipótese em que há a
extinção do processo em relação ao réu originário, com a inauguração de um novo
processo, por iniciativa do autor, em relação a um novo réu?, razão pela qual se
ausentes essas circunstâncias específicas, descabe cogitar da fixação de
honorários mencionada no parágrafo único do art. 338 do CPC/15 (REsp
1.800.330/SP, 3ª Turma, DJe 04/12/2020). (...) Além disso, a Quarta Turma do STJ
já teve a oportunidade de afirmar que a previsão de redução do percentual dos
honorários advocatícios somente se aplica quando, invocada pelo requerido sua
ilegitimidade passiva, realizar o autor a substituição da parte” (AgInt no AREsp
1.317.147/PR, 4ª Turma, DJe 04/05/2020). (AgInt no REsp 1912926/PR, Rel.
Ministro MARCO AURÉLIO BELLIZZE, TERCEIRA TURMA, julgado em 16/11/2021,
DJe 19/11/2021)

“A incidência da previsão do art. 338 do CPC/15 é exclusiva da hipótese em que há


a extinção do processo em relação ao réu originário, com a inauguração de um
novo processo, por iniciativa do autor, em relação a um novo réu, de modo que,
ausentes essas circunstâncias específicas, descabe cogitar da fixação de
honorários mencionada no parágrafo único do art. 338 do CPC/15. (...) Hipótese
dos autos em que foi acolhida a preliminar de ilegitimidade passiva de um dos dois
executados, prosseguindo o processo, no entanto, em face do outro, sem
"substituição" da parte ré. Aplicabilidade da regra geral de fixação dos honorários
advocatícios, nos moldes do art. 85, § 2º, do CPC/15.” (REsp 1895919/PR, Rel.
Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, julgado em 01/06/2021, DJe
08/06/2021)

O juiz pode ouvir o autor de ofício, antes de qualquer manifestação do réu? Sim.

FPPC 296: Quando conhecer liminarmente e de ofício a ilegitimidade passiva, o


juiz facultará ao autor a alteração da petição inicial, para substituição do réu, nos
termos dos arts. 339 e 340, sem ônus sucumbenciais.

O autor pode substituir o réu por alguém não indicado por ele? O autor pode
incluir, como litisconsorte passivo, pessoa não indicada pelo réu? Sim.

O autor, ouvido em quinze dias, pode tomar qualquer dessas atitudes: não
substituir o réu; substituir o réu pela pessoa indicada por ele; substituir o réu por
alguém não indicado por ele; incluir, como litisconsorte passivo, a pessoa indicada
pelo réu; incluir, como litisconsorte passivo, alguém não indicado pelo réu.

A correção da ilegitimidade passiva aplica-se aos procedimentos especiais? Sim,


claro.

FPPC 42: (art. 339) O dispositivo aplica-se mesmo a procedimentos especiais que
não admitem intervenção de terceiros, bem como aos juizados especiais cíveis,
pois se trata de mecanismo saneador, que excepciona a estabilização do processo.

A correção da ilegitimidade passiva aplica-se à correção da autoridade coatora ou


da pessoa jurídica no MS? Sim.

FPPC 511: A técnica processual prevista nos arts. 338 e 339 pode ser usada, no
que couber, para possibilitar a correção da autoridade coatora, bem como da
pessoa jurídica, no processo de mandado de segurança. CJF 123: Aplica-se o art.
339 do CPC à autoridade coatora indicada na inicial do mandado de segurança e à
pessoa jurídica que compõe o polo passivo.

Defesa de mérito
Contém questões de fato e de direito.

Questões de fato: impugnação dos fatos narrados pelo autor, e apresentação de


fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor. Ex: pagamento,
novação, e exceção de contrato não cumprido. Quando o réu apresentar um fato,
terá o ônus da prova.

Questões de direito: impugnação das consequências jurídicas descritas pelo autor,


e alegação de ilegalidade ou inconstitucionalidade. Ex: mero aborrecimento não
gera dano moral/ inconstitucionalidade do contrato.

Atenção ao ônus da impugnação especificada dos fatos: cada fato deve ser
impugnado individualmente, caso contrário será presumido o fato não impugnado
como verdadeiro. Não é admitida contestação por negativa geral, exceto no caso
do defensor público, advogado dativo e curador especial – art. 341, CPC.

Art. 341. Parágrafo único. O ônus da impugnação especificada dos fatos não se
aplica ao defensor público, ao advogado dativo e ao curador especial

Revelia
É a falta de contestação, contestação fora do prazo, ou equivocada.

É possível que a parte conteste e seja revel? Sim.

É possível no JEC, se ausente em audiência, e também nos demais juízos, caso haja
irregularidade na representação.
Efeitos da revelia
 Presunção de veracidade ou confissão ficta (efeito material da revelia):
todos os fatos narrados pelo autor presumem-se verdadeiros.

Art. 344. Se o réu não contestar a ação, será considerado revel e presumir-se-ão
verdadeiras as alegações de fato formuladas pelo autor.

A presunção é relativa, logo, admite prova em contrário, sendo possível que o juiz
determine a prova de oficio, ou pelo réu revel, ao tempo que ingressar nos autos.

Art. 370. Caberá ao juiz, de ofício ou a requerimento da parte, determinar as


provas necessárias ao julgamento do mérito. Parágrafo único. O juiz indeferirá,
em decisão fundamentada, as diligências inúteis ou meramente protelatórias. Art.
349. Ao réu revel será lícita a produção de provas, contrapostas às alegações do
autor, desde que se faça representar nos autos a tempo de praticar os atos
processuais indispensáveis a essa produção. Súmula 231 do STF: “O revel, em
processo civil, pode produzir provas desde que compareça em tempo oportuno”.

Não incidência da Confissão Ficta

Arts. 341 e 345 do CPC.

Art. 341. Incumbe também ao réu manifestar-se precisamente sobre as alegações


de fato constantes da petição inicial, presumindo-se verdadeiras as não
impugnadas, salvo se: I – não for admissível, a seu respeito, a confissão; II – a
petição inicial não estiver acompanhada de instrumento que a lei considerar da
substância do ato; III – estiverem em contradição com a defesa, considerada em
seu conjunto. Parágrafo único. O ônus da impugnação especificada dos fatos não
se aplica ao defensor público, ao advogado dativo e ao curador especial.

Art. 345. A revelia não produz o efeito mencionado no art. 344 se: I – havendo
pluralidade de réus, algum deles contestar a ação; II – o litígio versar sobre
direitos indisponíveis; III – a petição inicial não estiver acompanhada de
instrumento que a lei considere indispensável à prova do ato; IV – as alegações de
fato formuladas pelo autor forem inverossímeis ou estiverem em contradição com
prova constante dos autos.

Em face da fazenda pública também não se admite os efeitos da presunção


relativa, uma vez que seus bens e direitos são considerados indisponíveis.

Segundo jurisprudência consolidada no STJ, inaplicável à Fazenda Pública o efeito


material da revelia, considerando que seus bens e direitos são considerados
indisponíveis. Precedentes: AgInt no REsp. 1.358.556/SP, Rel. Min. REGINA
HELENA COSTA, DJe 18.11.2016; REsp. 939.086/RS, Rel. Min. MARILZA MAYNARD,
DJe 25.8.2014. (STJ – Primeira Turma, AgInt no AgRg no REsp 1278177 / MG, rel
Min. Napoelão Nunes Maia Filho, DJe 28/6/2017)

O entendimento minoritário da 4ª Turma do STJ é de que a disponibilidade do


direito importará na aplicação ou não do efeito da presunção de veracidade.

Incidem os efeitos materiais da revelia contra o Poder Público na hipótese em que,


devidamente citado, deixa de contestar o pedido do autor, sempre que estiver em
litígio uma obrigação de direito privado firmada pela Administração Pública, e não
um contrato genuinamente administrativo. Segundo os arts. 319 e 320, II, ambos
do CPC, se o réu não contestar a ação, reputar-se-ão verdadeiros os fatos
afirmados pelo autor, não induzindo a revelia esse efeito se o litígio versar sobre
direitos indisponíveis. A Administração Pública celebra não só contratos regidos
pelo direito público (contratos administrativos), mas também contratos de direito
privado em que não se faz presente a superioridade do Poder Público frente ao
particular (contratos da administração), embora em ambos o móvel da
contratação seja o interesse público.
A supremacia do interesse público ou sua indisponibilidade não justifica que a
Administração não cumpra suas obrigações contratuais e, quando judicializadas,
não conteste a ação sem que lhe sejam atribuídos os ônus ordinários de sua
inércia, não sendo possível afastar os efeitos materiais da revelia sempre que
estiver em debate contrato regido predominantemente pelo direito privado,
situação na qual a Administração ocupa o mesmo degrau do outro contratante,
sob pena de se permitir que a superioridade no âmbito processual acabe por
desnaturar a própria relação jurídica contratual firmada. A inadimplência
contratual do Estado atende apenas a uma ilegítima e deformada feição do
interesse público secundário de conferir benefícios à Administração em
detrimento dos interesses não menos legítimos dos particulares, circunstância não
tutelada pela limitação dos efeitos da revelia prevista no art. 320, II, do CPC. Dessa
forma, o reconhecimento da dívida contratual não significa disposição de direitos
indisponíveis; pois, além de o cumprimento do contrato ser um dever que satisfaz
o interesse público de não ter o Estado como inadimplente, se realmente o direito
fosse indisponível, não seria possível a renúncia tácita da prescrição com o
pagamento administrativo da dívida fulminada pelo tempo. REsp 1.084.745-MG,
Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 6/11/2012.

Uma parcela da doutrina entende que não há confissão ficta no caso de ação
rescisória, vez que tem em seu favor a coisa julgada. No caso dos embargos a
execução a situação é a mesma, vez que p embargado tem a seu fato o titulo
executivo.

 Julgamento antecipado do pedido

Art. 355. O juiz julgará antecipadamente o pedido, proferindo sentença com


resolução de mérito, quando: I – não houver necessidade de produção de outras
provas; II – o réu for revel, ocorrer o efeito previsto no art. 344 e não houver
requerimento de prova, na forma do art. 349.

O revel não deverá ter requerida a produção de prova e não era necessária a
produção de outras provas.

Na verdade o efeito não é exatamente da revelia, portanto, mas sobretudo da


desnecessidade da produção de provas.

Art. 346. Os prazos contra o revel que não tenha patrono nos autos fluirão da data
de publicação do ato decisório no órgão oficial. Parágrafo único. O revel poderá
intervir no processo em qualquer fase, recebendo-o no estado em que se
encontrar.

Reconvenção
A reconvenção é ação proposta pelo réu (que na reconvenção se torna reconvinte)
contra o autor (que na reconvenção se torna reconvindo).

Requisitos:

a) existência de lide pendente;

b) o juízo competente para a ação principal ou originária deve ser absolutamente


competente para a reconvenção;

c) existência de conexão com a ação principal (há uma correspondência entre as


causas de pedir ou entre os pedidos – v.g., o autor promove ação de consignação
em pagamento de alugueis contra o réu e este reconvém, pedindo o despejo do
autor; o autor promove a ação rescisória contra o réu e este reconvém pedido
igualmente a rescisão do julgamento, mas por outro fundamento) ou com o
fundamento da defesa (há uma correspondência entre um fundamento da
contestação e a causa de pedir da reconvenção – v.g., o réu contesta o pedido de
cumprimento do contrato alegando coação, e reconvém, pedindo indenização por
danos morais em razão dessa mesma coação).

Procedimento e observações importantes:

A reconvenção é oferecida na própria contestação.

É possível oferecer reconvenção, independentemente de contestação.

FPPC 45: “Para que se considere proposta a reconvenção, não há necessidade de


uso desse nomen iuris, ou dedução de um capítulo próprio. Contudo, o réu deve
manifestar inequivocamente o pedido de tutela jurisdicional qualitativa ou
quantitativamente maior que a simples improcedência da demanda inicial”.

Ou seja, poderá ser realizado simplesmente um pedido na contestação.

Se o autor for substituto processual, o reconvinte deverá afirmar ser titular de


direito em face do substituído, e a reconvenção deverá ser proposta em face do
autor, também na qualidade de substituto processual.

O juízo da ação principal é absolutamente competente para as ações acessórias e


incidentais, como ocorre, p.e., com a reconvenção, a ação declaratória incidental,
a ação de restauração de autos, os embargos de terceiro etc

Os requisitos do pedido (certeza, determinação, etc), as regras sobre alteração da


causa de pedir e do pedido e o valor da causa também se aplicam à reconvenção,
por expressa disposição legal.

O autor (reconvindo) será intimado na pessoa do seu advogado, para apresentar


resposta no prazo 15 dias.

Havendo extinção da ação principal, não será extinta a reconvenção. Se julgadas,


porem, em conjunto, caberá apelação – art. 487. Se rejeitada a reconvenção,
julgada liminarmente – 354, § único – caberá agravo de instrumento.

São devidos honorários advocatícios na reconvenção (art. 85, § 1º), independente


do da ação principal, vide julgado abaixo.

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NO RECURSO ESPECIAL. OMISSÃO. REEXAME DE


QUESTÃO DECIDIDA. NÃO CABIMENTO DOS ACLARATÓRIOS. HONORÁRIOS DE
SUCUMBÊNCIA NA RECONVENÇÃO. ARBITRAMENTO. 1. Os embargos de
declaração não são cabíveis para o reexame de questão decidida. 2. Julgada
improcedente a reconvenção, devem ser arbitrados os respectivos honorários de
sucumbência, os quais são independentes dos da ação principal. 3. Embargos de
declaração da Cabergs rejeitados e acolhidos parcialmente os de Maria de
Lourdes. (EDcl no REsp 1899674/SP, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA
TURMA, julgado em 04/05/2021, DJe 07/05/2021).

A reconvenção pode ser proposta pelo réu e terceiro ou contra o autor e terceiro,
seja este litisconsorte necessário ou facultativo. FPPC 674: A admissibilidade da
reconvenção com ampliação subjetiva não se restringe às hipóteses de
litisconsórcio necessário.

Tendo em vista que a reconvenção tem o mesmo caráter de ação, deverá ser
possível sua correção. CJF 120: Deve o juiz determinar a emenda também na
reconvenção, possibilitando ao reconvinte, a fim de evitar a sua rejeição
prematura, corrigir defeitos e/ou irregularidades.

A reconvenção, como ação, encerra-se com a sentença. Contudo, se extinta parcial


e liminarmente será feito por decisão interlocutória, e, somente neste caso, será
cabível agravo de instrumento. FPPC 154: “É cabível agravo de instrumento contra
ato decisório que indefere parcialmente a .petição inicial ou a reconvenção”
(parágrafo único do art. 354 do CPC).

Súmula 292 do STJ: A reconvenção é cabível na ação monitória, após a conversão


do procedimento em ordinário.

CPC, Art. 702. § 6º Na ação monitória admite-se a reconvenção, sendo vedado o


oferecimento de reconvenção à reconvenção.

Cabe reconvenção em ação rescisória, desde que se peça também a rescisão.

Cabe reconvenção em ação dúplice? Existem dois tipos de ações dúplices. As


ações materialmente dúplices é a que a improcedência do autor importa em
procedência pelo réu, contendo, em sua defesa, um pedido, ex: ação declaratória
de relação jurídica. As ações processualmente dúplices. As ações processualmente
dúplices são as que podem ter pedido em defesa sem reconvenção, ex: ações
possessórias. Cabe reconvenção nestas ações?

Sim. No caso da ação materialmente dúplice, deverá ser diversa do pedido


implícito. Súmula 258 do STF: É ADMISSÍVEL RECONVENÇÃO EM AÇÃO
DECLARATÓRIA.

No caso das ações processualmente dúplices, como a possessória, admite-se


também, desde que diverso do pedido contraposto, caso contrário, haveria
alteração do rito.

Não se admite reconvenção nos juizados especiais, mas se admite pedido


contraposto. O pedido contraposto deverá ser fundado nos mesmos fatos da
inicial, e, uma vez extinta a ação, extinto será o pedido contraposto.

CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO DE GUARDA DE MENOR. NATUREZA DÚPLICE DA


AÇÃO. POSSIBILIDADE DE FORMULAÇÃO DE PEDIDO CONTRAPOSTO. SÚMULA
7/STJ. 1. As ações dúplices são regidas por normas de direito material, e não por
regras de direito processual. 2. Em ação de guarda de filho menor, tanto o pai
como a mãe podem perfeitamente exercer de maneira simultânea o direito de
ação, sendo que a improcedência do pedido do autor conduz à procedência do
pedido de guarda à mãe, restando evidenciada, assim, a natureza dúplice da ação.
Por conseguinte, em demandas dessa natureza, é lícito ao réu formular pedido
contraposto, independentemente de reconvenção. 3. Para se alterar o
entendimento de que a mãe reúne melhores condições para ter a guarda do filho
menor, seria indispensável rever o suporte fático-probatório dos autos, o que é
vedado pela Súmula 7/STJ. 4. Recurso especial improvido. (REsp 1085664/DF,
Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, QUARTA TURMA, julgado em 03/08/2010,
DJe 12/08/2010)

PROCESSUAL CIVIL. CONTRATO DE MÚTUO. SFH. CUMULAÇÃO DE DEMANDA


SUJEITA A RITO COMUM COM PRETENSÃO À CONSIGNAÇÃO EM PAGAMENTO.
IMPOSSIBILIDADE. 1. Não cabe, em recurso especial, questionar interpretação de
cláusulas contratuais (Súmula 5/STJ). 2. Não tendo o recurso atacado
fundamento relevante do acórdão recorrido aplica-se, por analogia, a Súmula 283
do STF. 3. A norma processual segundo a qual o autor pode optar pelo
procedimento comum mesmo havendo previsão de procedimento especial (§ 2º
do art. 292 do CPC), não é de aplicação universal. Ela supõe, em primeiro lugar,
que o direito material em função do qual se criou o procedimento especial seja
compatível com o rito comum; e, em segundo lugar, que o procedimento especial
tenha sido estabelecido apenas no interesse do autor, e não do réu. Ora, no caso
da ação consignatória, além de ter rito especialmente amoldado à satisfação
específica do direito material de liberar-se da obrigação, sua adoção, na forma
como estabelecida a partir da reforma processual de 1994, é também de interesse
do réu, não só por lhe ser facultado levantar antecipadamente os depósitos (CPC,
art. 899, § 1º), mas sobretudo porque poderá, ao final, obter tutela jurisdicional
em seu favor (art. 899, § 2º). Trata-se de ação dúplice, em que a tutela em favor
do réu é dada independentemente de reconvenção, o que não ocorre no
procedimento comum. Assim, porque prejudicial ao réu, já não dispõe o autor da
faculdade de optar pelo rito comum, ao exercer a sua pretensão de consignar em
pagamento. 4. Recurso especial parcialmente conhecido e, nessa parte,
desprovido. (REsp 816.402/RS, Rel. Ministro TEORI ALBINO ZAVASCKI, PRIMEIRA
TURMA, julgado em 15/09/2009, DJe 23/09/2009).

A alegação de compensação pelo réu depende da apresentação de reconvenção?


Não. Trata-se de defesa de mérito.

AGRAVO INTERNO NOS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NO RECURSO ESPECIAL.


PREQUESTIONAMENTO IMPLÍCITO DA MATÉRIA. COMPENSAÇÃO. ALEGAÇÃO EM
CONTESTAÇÃO. POSSIBILIDADE. DEFESA INDIRETA DE MÉRITO.
PRESCINDIBILIDADE DA RECONVENÇÃO. PRINCÍPIOS DA ECONOMIA E DA
CELERIDADE PROCESSUAL. AGRAVO INTERNO DESPROVIDO. 1. Ocorre
prequestionamento implícito quando, a despeito da menção expressa aos
dispositivos legais apontados como violados, o Tribunal de origem emite juízo de
valor acerca de questão jurídica deduzida no recurso especial. 2. Segundo a
jurisprudência desta Corte, "a compensação é meio extintivo da obrigação,
caracterizando-se como exceção substancial ou de contradireito do réu, que pode
ser alegada em contestação como matéria de defesa, independentemente da
propositura de reconvenção em obediência aos princípios da celeridade e da
economia processual" (REsp n. 1.524.730/MG, Rel. Ministro Ricardo Villas Bôas
Cueva, Terceira Turma, julgado em 18/8/2015, DJe 25/8/2015). 3.Agravo interno
desprovido. (AgInt nos EDcl no REsp 1929650/SP, Rel. Ministro MARCO AURÉLIO
BELLIZZE, TERCEIRA TURMA, julgado em 01/06/2021, DJe 07/06/2021)

Cabe reconvenção da reconvenção? Não há proibição especifica, exceto na


monitória. De forma que presume-se que seria possível. No caso, a reconvenção
infinita não seria admissível, sob pena de atentar contra a economia processual.
Ressalta-se porem que neste caso estaríamos diante da emenda da inicial, que,
após a citação, depende de anuência do réu, e oportunidade de resposta dele.
Este é o entendimento do STJ:

CIVIL. PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO DE COBRANÇA E ARBITRAMENTO DE


HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. PRETENSÃO DE REPETIÇÃO DO INDÉBITO
DEDUZIDA PELO RÉU EM RECONVENÇÃO. PRETENSÃO DE REPETIÇÃO DO
INDÉBITO DEDUZIDA PELO AUTOR EM RECONVENÇÃO SUCESSIVA. RECONVENÇÃO
À RECONVENÇÃO PROPOSTA NA VIGÊNCIA DO CPC/73, LEGISLAÇÃO APLICÁVEL
QUANTO AO CABIMENTO. ADMISSIBILIDADE DA RECONVENTIO RECONVENTIONIS.
DOUTRINA MAJORITÁRIA. AUSÊNCIA DE PROIBIÇÃO, CONDICIONADO O
AJUIZAMENTO AO SURGIMENTO DA QUESTÃO QUE A JUSTIFICA NA
CONTESTAÇÃO OU NA PRIMEIRA RECONVENÇÃO. INDEFERIMENTO LIMINAR DA
RECONVENÇÃO SUCESSIVA NA VIGÊNCIA DO CPC/15. NOVA LEGISLAÇÃO
PROCESSUAL QUE SOLUCIONOU OS IMPEDIMENTOS APONTADOS AO
CABIMENTO. INTIMAÇÃO PARA APRESENTAÇÃO DE RESPOSTA E NÃO DE
CONTESTAÇÃO. ART. 343, §1º. VEDAÇÃO EXPRESSA DA RECONVENÇÃO SUCESSIVA
APENAS NA HIPÓTESE DE AÇÃO MONITÓRIA. ART. 702, §6º. ADMISSIBILIDADE
CONDICIONADA AO SURGIMENTO DA QUESTÃO QUE JUSTIFICA A RECONVENÇÃO
SUCESSIVA APENAS NA CONTESTAÇÃO OU NA PRIMEIRA RECONVENÇÃO.
SOLUÇÃO INTEGRAL DO LITÍGIO NO MESMO PROCESSO. OBSERVÂNCIA DOS
PRINCÍPIOS DA EFICIÊNCIA E DA ECONOMIA PROCESSUAL, SEM AFRONTA À
RAZOÁVEL DURAÇÃO DO PROCESSO. TEMA REPETITIVO 622. DESNECESSIDADE DE
RECONVENÇÃO NA HIPÓTESE DE PRETENSÃO DE REPETIÇÃO DO INDÉBITO.
IRRELEVÂNCIA. TESE VINCULANTE QUE APENAS AUTORIZA A ARGUIÇÃO DA
MATÉRIA EM CONTESTAÇÃO, SEM EXCLUIR A POSSIBILIDADE DE RECONVENÇÃO
PARA ESSA FINALIDADE. 1- O propósito recursal é definir se, no sistema processual
brasileiro, é admissível a reconvenção sucessiva, também denominada de
reconvenção à reconvenção. 2- Dado que propositura da reconvenção à
reconvenção ocorreu na vigência do CPC/73 e que a questão controvertida versa
justamente sobre o seu cabimento, é correto afirmar que a admissibilidade da
reconvenção sucessiva deve ser examinada, inicialmente, à luz da legislação
revogada. 3- Ainda na vigência do CPC/73, a doutrina se posicionou,
majoritariamente, pela admissibilidade da reconvenção à reconvenção, por se
tratar de medida não vedada pelo sistema processual, mas desde que a questão
que justifica a propositura da reconvenção sucessiva tenha como origem a
contestação ou a primeira reconvenção. 4- Esse entendimento não se modifica se
porventura se adotar, como marco temporal, a data da publicação da decisão que
rejeitou liminarmente a reconvenção sucessiva, ocorrida na vigência do CPC/15,
pois a nova legislação processual solucionou alguns dos impedimentos apontados
ao cabimento da reconvenção sucessiva, como, por exemplo, a previsão de que o
autor-reconvindo será intimado para apresentar resposta e não mais contestação
(art. 343, §1º) e a vedação expressa de reconvenção à reconvenção apenas na
hipótese da ação monitória (art. 702, §6º). 5- Assim, também na vigência do
CPC/15, é igualmente correto concluir que a reconvenção à reconvenção não é
vedada pelo sistema processual, condicionando-se o seu exercício, todavia, ao fato
de que a questão que justifica a propositura da reconvenção sucessiva tenha
surgido na contestação ou na primeira reconvenção, o que viabiliza que as partes
solucionem integralmente o litígio que as envolve no mesmo processo e melhor
atende aos princípios da eficiência e da economia processual, sem
comprometimento da razoável duração do processo. 6- Na hipótese, o autor
ajuizou ação de cobrança e de arbitramento de honorários advocatícios em face
do recorrido, pleiteando o pagamento de honorários contratuais e sucumbenciais;
em reconvenção, o réu formulou pretensão de repetição do indébito, porque teria
pago ao autor, a título de honorários, valor maior do que o devido, surgindo,
apenas a partir desse exato momento, a pretensão de repetição do indébito
deduzida pelo autor na reconvenção sucessiva, a fim de que seja o réu condenado
a pagar ao autor o equivalente do que dele exige, pretensão que não seria
suscetível de cumulação com os pedidos formulados na petição inicial. 7- O fato
de a 2ª Seção desta Corte, por ocasião do julgamento do REsp 1.111.270/PR,
submetido ao rito dos repetitivos (tema 622), ter fixado a tese de que "a aplicação
da sanção civil do pagamento em dobro por cobrança judicial de dívida já
adimplida (cominação encartada no artigo 1.531 do Código Civil de 1916,
reproduzida no artigo 940 do Código Civil de 2002) pode ser postulada pelo réu na
própria defesa, independendo da propositura de ação autônoma ou do manejo de
reconvenção, sendo imprescindível a demonstração de má-fé do credor" não
impede a propositura da reconvenção sucessiva, pois, no referido precedente
vinculante, houve apenas a autorização para que o debate acerca da repetição do
indébito acontecesse a partir da arguição da matéria em contestação, sem,
contudo, eliminar a possibilidade de manejo da reconvenção para essa finalidade.
7- O fato de a 2ª Seção desta Corte, por ocasião do julgamento do REsp
1.111.270/PR, submetido ao rito dos repetitivos (tema 622), ter fixado a tese de
que "a aplicação da sanção civil do pagamento em dobro por cobrança judicial de
dívida já adimplida (cominação encartada no artigo 1.531 do Código Civil de 1916,
reproduzida no artigo 940 do Código Civil de 2002) pode ser postulada pelo réu na
própria defesa, independendo da propositura de ação autônoma ou do manejo de
reconvenção, sendo imprescindível a demonstração de má-fé do credor" não
impede a propositura da reconvenção sucessiva, pois, no referido precedente
vinculante, houve apenas a autorização para que o debate acerca da repetição do
indébito acontecesse a partir da arguição da matéria em contestação, sem,
contudo, eliminar a possibilidade de manejo da reconvenção para essa finalidade.
8- Recurso especial conhecido e provido, para determinar seja dado regular
prosseguimento à reconvenção sucessiva ajuizada pelo recorrente. (REsp
1690216/RS, Rel. Ministro PAULO DE TARSO SANSEVERINO, Rel. p/ Acórdão
Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, julgado em 22/09/2020, DJe
28/09/2020)

Art. 343. Na contestação, é lícito ao réu propor reconvenção para manifestar


pretensão própria, conexa com a ação principal ou com o fundamento da defesa.
§ 1º Proposta a reconvenção, o autor será intimado, na pessoa de seu advogado,
para apresentar resposta no prazo de 15 (quinze) dias. § 2º A desistência da ação
ou a ocorrência de causa extintiva que impeça o exame de seu mérito não obsta
ao prosseguimento do processo quanto à reconvenção.§ 3º A reconvenção pode
ser proposta contra o autor e terceiro. § 4º A reconvenção pode ser proposta pelo
réu em litisconsórcio com terceiro. § 5º Se o autor for substituto processual, o
reconvinte deverá afirmar ser titular de direito em face do substituído, e a
reconvenção deverá ser proposta em face do autor, também na qualidade de
substituto processual. § 6º O réu pode propor reconvenção independentemente
de oferecer contestação.

Providências Preliminares e Julgamento Conforme o


Estado do Processo
1. Providências preliminares – arts. 347 ao 353
a) Especificação de provas

Art. 348. Se o réu não contestar a ação, o juiz, verificando a inocorrência do efeito
da revelia previsto no art. 344 , ordenará que o autor especifique as provas que
pretenda produzir, se ainda não as tiver indicado.

Obs. Art. 218. § 3º Inexistindo preceito legal ou prazo determinado pelo juiz, será
de 5 (cinco) dias o prazo para a prática de ato processual a cargo da parte.

b) Réplica: caso sejam alegadas as matérias do art. 337 (defesa processual) ou fato
impeditivo, modificativo ou extintivo pelo réu. O prazo será de 15 dias.

c) Saneamento de vícios ou irregularidades: prazo fixado pelo juiz, nunca superior


a 30 dias.

Julgamento Conforme o Estado do Processo – arts. 354 ao 357.


Será a sentença processual típica proferida quando extinguir o processo por falta e
condição da ação. Nos demais casos do artigo 485, será atípica.

No caso da sentença de mérito conforme o artigo 487, I, ou seja, julga o pedido do


autor, será típica, e , nos demais casos, será atípica.

a) É caso de julgamento antecipado do mérito

Ocorrerá se não necessária dilação de provas, seja por revelia, ou ausência de


pedido de produção de provas.

Art. 355. O juiz julgará antecipadamente o pedido, proferindo sentença com


resolução de mérito, quando: I – não houver necessidade de produção de outras
provas; II – o réu for revel, ocorrer o efeito previsto no art. 344 e não houver
requerimento de prova, na forma do art. 349.

B) Não é caso de julgamento antecipado do mérito

Os demais casos.

É necessário que o juiz informe as partes previamente que julgará


antecipadamente o mérito? Não.

CJF 27 – Não é necessário o anúncio prévio do julgamento do pedido nas situações


do art. 355 do CPC.
"A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça é firme no sentido de que a
decisão pela necessidade ou não da produção de prova é uma faculdade do
magistrado, a quem caberá verificar a existência de elementos probatórios para
formar sua convicção. Não ocorre cerceamento de defesa quando o julgador, ao
constatar nos autos a existência de provas suficientes para o seu convencimento,
indeferir diligências inúteis ou meramente protelatórias" (AgInt no AREsp n.
1.752.913/RN, Relator Ministro RICARDO VILLAS BÔAS CUEVA, TERCEIRA TURMA,
julgado em 19/4/2021, DJe 264/2021).

AGRAVO INTERNO NO RECURSO ESPECIAL. AÇÃO DE COBRANÇA. PROCESSUAL


CIVIL. FUNDAMENTAÇÃO. AUSÊNCIA. NEGATIVA DE PRESTAÇÃO JURISDICIONAL.
NÃO CARACTERIZAÇÃO. CONTRATO DE SEGURO. RESPONSABILIDADE CIVIL.
JULGAMENTO ANTECIPADO DA LIDE. CERCEAMENTO DE DEFESA. NÃO
OCORRÊNCIA. TRANSPORTE DE MERCADORIAS. AVERBAÇÃO. CLÁUSULA
CONTRATUAL. NÃO CUMPRIMENTO. INDENIZAÇÃO. DANO MORAL.
AFASTAMENTO. REVISÃO. IMPOSSIBILIDADE. SÚMULAS NºS 5 E 7/STJ. 1. Recurso
especial interposto contra acórdão publicado na vigência do Código de Processo
Civil de 2015 (Enunciados Administrativos nºs 2 e 3/STJ). 2. Não há falar em
negativa de prestação jurisdicional, tampouco em fundamentação deficiente, se o
tribunal de origem motiva adequadamente sua decisão, solucionando a
controvérsia com a aplicação do direito que entende cabível à hipótese, apenas
não no sentido pretendido pela parte. 3. Ao magistrado é permitido formar a sua
convicção com base em qualquer elemento de prova disponível nos autos,
bastando para tanto que indique na decisão os motivos que lhe formaram o
convencimento. A intervenção do Superior Tribunal de Justiça quanto à tal
valoração encontra óbice na Súmula nº 7/STJ. 4. Não há cerceamento de defesa
pelo julgamento antecipado da lide que, de forma fundamentada, resolve a causa
sem a produção da prova requerida pela parte em virtude da suficiência dos
documentos dos autos. 5. Na hipótese, rever o entendimento firmado pelo
tribunal de origem, de que a recorrente não cumpriu as cláusulas contratuais que
estabeleciam a obrigatoriedade de averbação de todos os conhecimentos de
transporte realizados, implicaria a análise de fatos, provas e cláusulas contratuais,
procedimentos inviáveis em recurso especial em virtude da incidência das
Súmulas nºs 5 e 7/STJ. 6. Agravo interno não provido. (AgInt no REsp
1892883/SP, Rel. Ministro RICARDO VILLAS BÔAS CUEVA, TERCEIRA TURMA,
julgado em 25/05/2021, DJe 02/06/2021)

Julgamento Antecipado Parcial do Mérito


Ocorrerá quando houver pedido incontroverso, seja por ausência de impugnação,
seja por reconhecimento do pedido.

É necessário que não haja necessidade de dilação probatória, ou seja, estar em


condições de imediato julgamento desta parcela do pedido.

Art. 356. O juiz decidirá parcialmente o mérito quando um ou mais dos pedidos
formulados ou parcela deles: I - mostrar-se incontroverso; II - estiver em
condições de imediato julgamento, nos termos do art. 355 .

Quando se fala aqui de Mérito, penso que o sentido é mais amplo, abrangendo as
decisões de mérito do 487. Ex. prescrição parcial.

Art. 354. Ocorrendo qualquer das hipóteses previstas nos arts. 485 e 487, incisos II
e III , o juiz proferirá sentença. Parágrafo único. A decisão a que se refere o caput
pode dizer respeito a apenas parcela do processo, caso em que será impugnável
por agravo de instrumento.
Liquidação e Cumprimento
Se líquida a obrigação, poderá ser iniciado o cumprimento de sentença. Se houver
recurso, o cumprimento será provisório. Se não houver recurso, haverá
cumprimento definitivo. O cumprimento provisório dispensa a caução.

Art. 356. § 1º A decisão que julgar parcialmente o mérito poderá reconhecer a


existência de obrigação líquida ou ilíquida. § 2º A parte poderá liquidar ou
executar, desde logo, a obrigação reconhecida na decisão que julgar parcialmente
o mérito, independentemente de caução, ainda que haja recurso contra essa
interposto. § 3º Na hipótese do § 2º, se houver trânsito em julgado da decisão, a
execução será definitiva. § 4º A liquidação e o cumprimento da decisão que julgar
parcialmente o mérito poderão ser processados em autos suplementares, a
requerimento da parte ou a critério do juiz.

A dispensa da caução ocorre apenas nos casos do art. 521 do CPC?

Não. Independente do caso, exceto se exigido pelo juiz.

Art. 520. O cumprimento provisório da sentença impugnada por recurso


desprovido de efeito suspensivo será realizado da mesma forma que o
cumprimento definitivo, sujeitando-se ao seguinte regime: IV - o levantamento de
depósito em dinheiro e a prática de atos que importem transferência de posse ou
alienação de propriedade ou de outro direito real, ou dos quais possa resultar
grave dano ao executado, dependem de caução suficiente e idônea, arbitrada de
plano pelo juiz e prestada nos próprios autos.

Art. 521. A caução prevista no inciso IV do art. 520 poderá ser dispensada nos
casos em que: I - o crédito for de natureza alimentar, independentemente de sua
origem; II - o credor demonstrar situação de necessidade; III - pender o agravo
fundado nos incisos II e III do art. 1.042 ; III – pender o agravo do art. 1.042;
(Redação dada pela Lei nº 13.256, de 2016) (Vigência) IV - a sentença a ser
provisoriamente cumprida estiver em consonância com súmula da jurisprudência
do Supremo Tribunal Federal ou do Superior Tribunal de Justiça ou em
conformidade com acórdão proferido no julgamento de casos repetitivos.
Parágrafo único. A exigência de caução será mantida quando da dispensa possa
resultar manifesto risco de grave dano de difícil ou incerta reparação.

ENFAM 49: No julgamento antecipado parcial de mérito, o cumprimento


provisório da decisão inicia-se independentemente de caução (art. 356, § 2º, do
CPC/2015), sendo aplicável, todavia, a regra do art. 520, IV.

Não é esse o entendimento de Cassio Scarpinella Bueno: “O § 2º do art. 356, de


qualquer sorte, permite que, nesse caso, o cumprimento provisório – não só o
início da fase propriamente dita, mas, mais do que isso, a satisfação do direito
perseguido nela – dê-se independentemente de caução, previsão que, nesse
sentido, excepciona a regra genérica do inciso IV do art. 520.”

Qual a natureza da decisão do julgamento parcial de mérito?

É de decisão interlocutória, vez que não encerra o processo.

Art. 203. Os pronunciamentos do juiz consistirão em sentenças, decisões


interlocutórias e despachos. § 1º Ressalvadas as disposições expressas dos
procedimentos especiais, sentença é o pronunciamento por meio do qual o juiz,
com fundamento nos arts. 485 e 487 , põe fim à fase cognitiva do procedimento
comum, bem como extingue a execução. § 2º Decisão interlocutória é todo
pronunciamento judicial de natureza decisória que não se enquadre no § 1º.

Art. 356. § 5º A decisão proferida com base neste artigo é impugnável por agravo
de instrumento.
Por isso, o recurso cabível é de agravo de instrumento.

Art. 1.015. Cabe agravo de instrumento contra as decisões interlocutórias que


versarem sobre: II – mérito do processo;

O agravo de instrumento contra a decisão antecipada parcial do mérito admite


sustentação oral? E recurso adesivo? Sim!

Enunciado 61: Deve ser franqueado às partes sustentar oralmente as suas razões,
na forma e pelo prazo previsto no art. 937, caput, do CPC, no agravo de
instrumento que impugne decisão de resolução parcial de mérito (art. 356, § 5º,
do CPC).

Se houver julgamento antecipado parcial do mérito contra a Fazenda Pública,


haverá reexame necessário? Sim!

Enunciado 17 do Fórum Nacional do Poder Público consagra: “a decisão parcial de


mérito proferida contra a Fazenda Pública está sujeita ao regime da remessa
necessária”.

O julgamento antecipado parcial do mérito pode ocorrer em Tribunal? Sim.

Enunciado 117 da Jornada do CJF. O art. 356 do CPC pode ser aplicado nos
julgamentos do s tribunais.

Enunciados do FPPC

FPPC 513: Postulado o despejo em cumulação com outro(s) pedido(s), e estando


presentes os requisitos exigidos pelo art. 356, o juiz deve julgar parcialmente o
mérito de forma antecipada, para determinar a desocupação do imóvel locado.

FPPC 630: A necessidade de julgamento simultâneo de causas conexas ou em que


há continência não impede a prolação de decisões parciais.

Enunciados CJF

125: “A decisão parcial de mérito não pode ser modificada senão em decorrência
do recurso que a impugna.”

126: “O juiz pode resolver parcialmente o mérito, em relação à matéria não


afetada para julgamento, nos processos suspensos em razão de recursos
repetitivos, repercussão geral, incidente de resolução de demandas repetitivas ou
incidente de assunção de competência.”

Não É Caso De Julgamento Antecipado Do Mérito


Se não ocorrerem as hipóteses anteriores: saneamento do processo.

Art. 357. Não ocorrendo nenhuma das hipóteses deste Capítulo, deverá o juiz, em
decisão de saneamento e de organização do processo: I - resolver as questões
processuais pendentes, se houver; II - delimitar as questões de fato sobre as quais
recairá a atividade probatória, especificando os meios de prova admitidos; III -
definir a distribuição do ônus da prova, observado o art. 373 ; IV - delimitar as
questões de direito relevantes para a decisão do mérito; V - designar, se
necessário, audiência de instrução e julgamento. § 1º Realizado o saneamento, as
partes têm o direito de pedir esclarecimentos ou solicitar ajustes, no prazo
comum de 5 (cinco) dias, findo o qual a decisão se torna estável. § 2º As partes
podem apresentar ao juiz, para homologação, delimitação consensual das
questões de fato e de direito a que se referem os incisos II e IV, a qual, se
homologada, vincula as partes e o juiz. § 3º Se a causa apresentar complexidade
em matéria de fato ou de direito, deverá o juiz designar audiência para que o
saneamento seja feito em cooperação com as partes, oportunidade em que o juiz,
se for o caso, convidará as partes a integrar ou esclarecer suas alegações. § 4º
Caso tenha sido determinada a produção de prova testemunhal, o juiz fixará prazo
comum não superior a 15 (quinze) dias para que as partes apresentem rol de
testemunhas. § 5º Na hipótese do § 3º, as partes devem levar, para a audiência
prevista, o respectivo rol de testemunhas. § 6º O número de testemunhas
arroladas não pode ser superior a 10 (dez), sendo 3 (três), no máximo, para a
prova de cada fato. § 7º O juiz poderá limitar o número de testemunhas levando
em conta a complexidade da causa e dos fatos individualmente considerados. § 8º
Caso tenha sido determinada a produção de prova pericial, o juiz deve observar o
disposto no art. 465 e, se possível, estabelecer, desde logo, calendário para sua
realização. § 9º As pautas deverão ser preparadas com intervalo mínimo de 1
(uma) hora entre as audiências.

Pontos de destaque

§ 2º As partes podem apresentar ao juiz, para homologação, delimitação


consensual das questões de fato e de direito a que se referem os incisos II e IV, a
qual, se homologada, vincula as partes e o juiz.- Negócio jurídico processual,
dispensa a manifestação posterior das partes.

Enunciados Interessantes da Jornada do CJF e do FPPC

CJF 127: O juiz pode homologar parcialmente a delimitação consensual das


questões de fato e de direito, após consulta às p artes, na forma do art. 10 do CPC.

FPPC 427: A proposta de saneamento consensual feita pelas partes pode agregar
questões de fato até então não deduzidas

FPPC 428: A integração e o esclarecimento das alegações nos termos do art. 357,
§3° , não se confundem com o aditamento do ato postulatório previsto no art.
329.

FPPC 694: Modificada a decisão de saneamento quanto à delimitação das


questões de fato sobre as quais recairá a produção de prova testemunhal, poderá
a parte complementar ou alterar seu rol de testemunhas.

Após a audiência de Instrução e Julgamento será proferida a Sentença.

Teoria das Provas


Conceito
Objetivo: prova é o meio jurídico idôneo para convencer alguém da existência ou
da inexistência de um fato jurídico.

Subjetivo: é a convicção a respeito da existência ou da inexistência de um fato


jurídico.

Visa obter a verossimilhança (não necessariamente a verdade).

Quem é o destinatário da prova?


A prova, além de se prestar ao convencimento do juiz, pode servir, por exemplo:

a) para o convencimento do tribunal, no julgamento de um recurso;

b) para que partes ou os terceiros verifiquem a viabilidade da ação ou do recurso;

c) para que terceiros decidam pela intervenção no processo;

d) Admite-se, inclusive, a produção antecipada de provas para a análise da


viabilidade da ação ou como estratégia para a autocomposição.

O direito à prova constitui garantia processual constitucional art. 5.º, LIV Nessa
medida, o pedido de produção de provas somente pode ser indeferido, à luz do
art. 370, parágrafo único, quando “inúteis ou protelatórias”.
Objeto
Fato jurídico PERTINENTE (diz respeito ao processo), RELEVANTE (influencia o
resultado do processo) e CONTROVERTIDO (impugnado).

Obs. O art. 374 do CPC fala sobre os fatos que independem de prova, como, por
exemplo, os notórios.

Sumula 7, STJ – nos tribunais superiores não se admite reexame de prova.

Prova de Direito
É possível? Sim.

Art. 376. A parte que alegar direito municipal, estadual, estrangeiro ou


consuetudinário provar-lhe-á o teor e a vigência, se assim o juiz determinar.

Ônus da prova
Há duas teorias sobre o ônus da prova:

 teoria estática: ônus da prova é de quem alega o fato. Ou seja, o autor


deve comprovar o que alega, e o rue os fatos impeditivos, extintivos ou
modificativos deste;
 teoria da carga dinâmica: o ônus da prova é de quem tem maior facilidade
de provas.

Teoria Estática
Art. 373. O ônus da prova incumbe: I – ao autor, quanto ao fato constitutivo de
seu direito; II – ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou
extintivo do direito do autor.

É a regra geral.

Teoria da Carga Dinâmica


É a exceção.

Art. 373. § 1º Nos casos previstos em lei ou diante de peculiaridades da causa


relacionadas à impossibilidade ou à excessiva dificuldade de cumprir o encargo
nos termos do caput ou à maior facilidade de obtenção da prova do fato contrário,
poderá o juiz atribuir o ônus da prova de modo diverso, desde que o faça por
decisão fundamentada, caso em que deverá dar à parte a oportunidade de se
desincumbir do ônus que lhe foi atribuído. § 2º A decisão prevista no § 1º deste
artigo não pode gerar situação em que a desincumbência do encargo pela parte
seja impossível ou excessivamente difícil.

Visa evitar a prova diabólica, ou seja, impossível ou excessivamente difícil para


uma das partes.

Requisitos:

Em consonância com os princípios do contraditório substancial, da cooperação e


da motivação, o Código condiciona a aplicação da teoria da carga dinâmica aos
seguintes requisitos: a) decisão fundamentada (de maneira qualificada, analítica
ou legítima nos termos do § 1º do art. 489 do CPC); b)concessão à parte da
oportunidade de se desincumbir do ônus.

Momento da distribuição do ônus da prova pelo juiz:

Trata-se de regra de procedimento, sendo necessário que seja distribuída antes da


sentença, em despacho saneador.
Art. 357. Não ocorrendo nenhuma das hipóteses deste Capítulo, deverá o juiz, em
decisão de saneamento e de organização do processo: III – definir a distribuição
do ônus da prova, observado o art. 373;

Vale acrescentar que a distribuição do ônus da prova de maneira diversa também


pode ser determinada pelo juiz em outras hipóteses legais (v.g., a inversão para
favorecer o consumidor prevista no inciso VIII do art. 6º do CDC), mas, ainda que
essas situações não estejam previstas no Código, o magistrado deve atender aos
princípios do contraditório substancial da cooperação e da motivação que
inspiraram às regras disciplinadoras da aplicação da teoria da carga dinâmica.

Distribuição do ônus da prova por negócio jurídico processual


Art. 373 § 3º A distribuição diversa do ônus da prova também pode ocorrer por
convenção das partes, salvo quando: I – recair sobre direito indisponível da parte;
II – tornar excessivamente difícil a uma parte o exercício do direito. § 4º A
convenção de que trata o § 3º pode ser celebrada antes ou durante o processo.

Enunciado 128 da Jornada de Direito Processual Civil do CJF


Exceto quando reconhecida sua nulidade, a convenção da s partes sobre o ônus da
prova afasta a redistribuição por parte do juiz.

Formas de Distribuição do Ônus da Prova


a) Legal: o autor, quanto ao fato constitutivo do seu direito e o réu, quanto à
existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor.

b) Judicial: o juiz atribui o ônus da prova a quem tem maior facilidade de provar
(carga dinâmica, exigindo fundamentação e possibilidade/oportunidade da parte
se desincumbir do ônus) ou nas demais situações em que a lei autoriza ele atribuir
de modo diverso (inversão, v.g., Art. 6º, VIII do CDC)

c) Convencional: as partes estabelecem, exceto quando recair sobre direito


indisponível; tornar excessivamente difícil o exercício de um direito ou trouxer
prejuízo ao consumidor (inciso VI do art. 51 do CDC).

Recurso
Da decisão que redistribuir o ônus da prova nos termos do § 1º do art. 373 caberá
o recurso de agravo de instrumento (inciso XI do art. 1.015 do CPC).

Jornada de Direito Processual Civil do CJF


ENUNCIADO 72 – É admissível a interposição de agravo de instrumento tanto para
a decisão interlocutória que rejeita a inversão do ônus da prova, como para a que
a defere.

Sistemas de Avaliação ou de Valoração


Há hierarquia entre as Provas?

 Sistema da Prova Legal: há hierarquia entre os meios de provas. A prova é


tarifada, e cabe ao juiz aplicar, tão somente, a valoração preexistente. Ex: A
confissão é a rainha das provas; apo testemunho do senhor feudal equivale ao de
20 pessoas. Não mais aplicado.
 Sistema do Livre Convencimento: não há hierarquia e o juiz não precisa
fundamentar seu conhecimento. Não mais aplicado.
 Sistema da Persuasão Racional: não há hierarquia entre os meios de
provas, mas o juiz deverá fundamentar a sua sentença. Já foi chamado de livre
convencimento motivado, mas esta nomenclatura é criticada pela doutrina, vez
que aparenta que o juiz não tem qualquer critério legal para escolher o meio de
prova, é o caso de Lênio Streck.
Art. 371. O juiz apreciará a prova constante dos autos, independentemente do
sujeito que a tiver promovido, e indicará na decisão as razões da formação de seu
convencimento.

Art. 406. Quando a lei exigir instrumento público como da substância do ato,
nenhuma outra prova, por mais especial que seja, pode suprir-lhe a falta.

Art. 444. Nos casos em que a lei exigir prova escrita da obrigação, é admissível a
prova testemunhal, quando houver começo de prova por escrito, emanado da
parte contra a qual se pretende produzir a prova.

Poderes Instrutórios do Juiz


Art. 370. Caberá ao juiz, de ofício ou a requerimento da parte, determinar as
provas necessárias ao julgamento do mérito. Parágrafo único. O juiz indeferirá, em
decisão fundamentada, as diligências inúteis ou meramente protelatórias.

Há limites? Existem duas posições na doutrina a respeito da existência de limites.

1ª posição: Não há limitação Essa é a posição dominante. Os autores que adotam


essa posição estabelecem que o juiz deve sempre buscar a verdade, o processo é o
instrumento de busca da verdade. Portanto, não há que se falar em limites para se
buscar a verdade.

2ª posição: Se o direito for indisponível não há limites (caindo na posição


dominante); Se o direito for disponível (direito de cunho patrimonial) o juiz só
poderia produzir prova de ofício em caráter complementar. A primeira posição
prevalece porque o processo civil é direito público, portanto, o processo é do
Estado, então o representante do Estado faz o que eventualmente for necessário
para se buscar a verdade.

Poderes Instrutórios do Juiz e Preclusão Pro Judicato Preclusão


Preclusão é a perda da faculdade processual.
 Preclusão Temporal: por perda do prazo;
 Preclusão Consumativa: pela pratica do próprio ato;
 Preclusão Lógica: pela prática de ato incompatível.
 Preclusão Pro Judicato: Toda doutrina diz que se o Juiz já deferiu a
produção da prova ele não pode antes de colhê-la mudar de idéia e indeferi-la,
porque houve preclusão pro judicato. O contrário pode, porque o que justifica é a
busca da verdade.

Meios de Provas
 Provas típicas e provas atípicas: provas típicas são as com previsão legal, e
atípicas as com ausência de disposição legal expressa.
 Prova ilegal: Não é admitida. Podem ser: a) ilegítima – viola norma de
direito processual; b) ilícita – viola norma de direito material.

É admissível como meio de prova a gravação da conversa por um dos


interlocutores, sem o conhecimento do outro?

Sim!

GRAVAÇÃO AMBIENTAL – INTERLOCUTOR – PROVA – VALIDADE. É válida a


utilização de gravação ambiental, realizada por um dos interlocutores sem o
conhecimento do outro, como meio de prova no processo penal – recurso
extraordinário nº 583.937, relator ministro Cezar Peluso, julgado sob o regime da
repercussão geral. Ressalva de entendimento pessoal. PROVA – PRODUÇÃO –
INDEFERIMENTO. O artigo 400, § 1º, do Código de Processo Penal versa o
indeferimento de produção de prova considerada impertinente. (RHC 112428,
Relator(a): MARCO AURÉLIO, Primeira Turma, julgado em 21/12/2020, PROCESSO
ELETRÔNICO DJe-025 DIVULG 09-02- 2021 PUBLIC 10-02-2021)

PROCESSUAL CIVIL. SEGUNDO AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE


INSTRUMENTO. COMPROVAÇÃO TARDIA DE TEMPESTIVIDADE. POSSIBILIDADE.
MATÉRIA DECIDIDA PELO TRIBUNAL PLENO NO RE 626.358 AGR, MIN. CEZAR
PELUSO, DJE DE 23/08/2012. INTERPOSIÇÃO DE RECURSO CONTRA DECISÃO QUE
DÁ PROVIMENTO A AGRAVO DE INSTRUMENTO. POSSIBILIDADE. AGRAVO
REGIMENTAL QUE DISCUTE O PRÓPRIO CONHECIMENTO DO RECURSO.
GRAVAÇÃO TELEFÔNICA REALIZADA POR UM DOS INTERLOCUTORES. LICITUDE.
POSSIBILIDADE DE UTILIZAÇÃO COMO PROVA EM PROCESSO JUDICIAL.
PRECEDENTES. 1. É pacífico na jurisprudência do STF o entendimento de que não
há ilicitude em gravação telefônica realizada por um dos interlocutores sem o
conhecimento do outro, podendo ela ser utilizada como prova em processo
judicial. 2. O STF, em caso análogo, decidiu que é admissível o uso, como meio de
prova, de gravação ambiental realizada por um dos interlocutores sem o
conhecimento do outro (RE 583937 QO-RG, Relator(a): Min. CEZAR PELUSO, DJe
de 18-12-2009). 3. Agravo regimental a que se nega provimento. (AI 602724 AgR-
segundo, Relator(a): TEORI ZAVASCKI, Segunda Turma, julgado em 06/08/2013,
ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-164 DIVULG 21-08-2013 PUBLIC 22-08-2013)

Prova emprestada
Art. 372. O juiz poderá admitir a utilização de prova produzida em outro processo,
atribuindo-lhe o valor que considerar adequado, observado o contraditório.

As partes do processo originário e do processo destinatário devem ser as


mesmas ?

Não.

Corte Especial do STJ: “É admissível, assegurado o contraditório, prova


emprestada de processo do qual não participaram as partes do processo para o
qual a prova será trasladada. A grande valia da prova emprestada reside na
economia processual que proporciona, tendo em vista que se evita a repetição
desnecessária da produção de prova de idêntico conteúdo. Igualmente, a
economia processual decorrente da utilização da prova emprestada importa em
incremento de eficiência, na medida em que garante a obtenção do mesmo
resultado útil, em menor período de tempo, em consonância com a garantia
constitucional da duração razoável do processo, inserida na CF pela EC 45/2004.
Assim, é recomendável que a prova emprestada seja utilizada. Sempre que
possível, desde que se mantenha hígida a garantia do contraditório. Porém, a
prova emprestada não pode se restringir a processos em que figurem partes
idênticas, sob pena de se reduzir excessivamente sua aplicabilidade sem
justificativa razoável para isso. Assegurado às partes o contraditório sobre a prova,
isto é, o direito de se insurgir contra a prova e de refutá-la adequadamente, o
empréstimo será válido” (Corte Especial do STJ – EREsp 617.428 – SP, Rel. Min.
Nancy Andrighi, julgado em 4/6/2014).

AGRAVO INTERNO NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. CUMPRIMENTO DE


SENTENÇA. AGRAVO DE INSTRUMENTO. 1. VIOLAÇÃO AO ART. 1.022 DO
CPC/2015. NÃO OCORRÊNCIA. 2. PRECLUSÃO E COISA JULGADA. REEXAME.
INCIDÊNCIA DA SÚMULA 7/STJ. 3. PROVA EMPRESTADA. UTILIZAÇÃO.
POSSIBILIDADE. PRECEDENTES. 4. AGRAVO INTERNO IMPROVIDO. 1. Não ficou
configurada a violação ao art. 1.022 do CPC/2015, uma vez que o Tribunal de
origem se manifestou de forma fundamentada sobre todas as questões
necessárias para o deslinde da controvérsia. O mero inconformismo da parte com
o julgamento contrário à sua pretensão não caracteriza falta de prestação
jurisdicional. 2. Modificar o entendimento do Tribunal local, no que se refere a
existência de preclusão e de violação à coisa julgada, incorrerá em reexame de
matéria fático-probatória, o que é inviável, devido ao óbice da Súmula 7/STJ, não
sendo o caso de revaloração de provas. 3. Nos termos da jurisprudência do STJ,
"independentemente de haver identidade de partes, o contraditório é o requisito
primordial para o aproveitamento da prova emprestada, de maneira que,
assegurado às partes o contraditório sobre a prova, isto é, o direito de se insurgir
contra a prova e de refutá-la adequadamente, afigurase válido o empréstimo"
(EREsp 617.428/SP, Rel. Ministra Nancy Andrighi, Corte Especial, julgado em
4/6/2014, DJe de 17/6/2014). 4. Agravo interno improvido. (AgInt no AREsp
1789309/MT, Rel. Ministro MARCO AURÉLIO BELLIZZE, TERCEIRA TURMA, julgado
em 01/06/2021, DJe 10/06/2021).

Jornada de Direito Processual Civil do CJF: Enunciado 30: É admissível a prova


emprestada, ainda que não haja identidade de partes, nos termos do art. 372 do
CPC.

O contraditório deve acontecer no processo de origem ou no processo destinatário


da prova ?

Sim. Em ambas as ações.

FPPC 52: “Para a utilização da prova emprestada, faz-se necessária a observância


do contraditório no processo de origem, assim como no processo de destino,
considerando-se que, neste último, a prova mantenha a sua natureza originária” .

“A jurisprudência é firme na compreensão de que admite-se, como elemento de


convicção, a prova produzida em outro processo, desde que a parte a quem a
prova desfavorece houver participado do processo em que ela foi produzida,
resguardandose, assim, o contraditório, e, por consequência, o devido processo
legal substancial. Assim, produzida e realizada a prova em consonância com os
preceitos legais, não há falar em decreto de nulidade.” (STJ - Sexta Turma, AgRg no
HC 289078 / PB, rel. Ministro ANTONIO SALDANHA PALHEIRO, DJe 15/02/2017).

“Esta Corte também já pacificou o entendimento quanto à impossibilidade de


utilização de laudo produzido em reclamação trabalhista, visto configurar prova
emprestada de outro processo do qual não participou o INSS, portanto, sem o
devido contraditório e ampla defesa”(STJ – Primeira Turma, AgInt no AREsp
1759561/SP, Rel. Ministro GURGEL DE FARIA, julgado em 16/11/2021, DJe
09/12/2021)

A interceptação produzida no processo penal pode ser usada como prova


emprestada no processo civil?

O Tribunal, por maioria, resolveu questão de ordem suscitada em inquérito — em


que se imputa, a magistrados e outros, a suposta prática de diversos crimes
apurados na denominada “Operação Furacão” —, pela autorização, sob dever de
resguardo do sigilo, de envio, ao Superior Tribunal de Justiça e ao Conselho
Nacional de Justiça, de cópias do acervo probatório coligido nesse inquérito, bem
como, se eventualmente requerido, ao Tribunal Regional Federal do Rio de Janeiro
e ao Tribunal Regional do Trabalho de Campinas. Na espécie, o STJ e o CNJ
pleiteavam cópia desse inquérito, recoberto pelo sigilo legal, sobre dados de
interceptações telefônicas autorizadas, para o efeito de juízo sobre a instauração,
ou não, de processo administrativo destinado a apurar infrações disciplinares
imputáveis a magistrados sujeitos ao seu controle administrativo. Tendo isso em
conta, embora salientando não ser possível encontrar, como tese de alcance
absoluto, esse interesse legitimante nos objetos dos processos meramente civis
em que haja disputa sobre bens ou interesses jurídicos privados e disponíveis,
considerou-se não afrontar à Constituição Federal ou à lei o entendimento de que
a prova decorrente de interceptação lícita, autorizada e realizada em
procedimento criminal, inquérito ou processo-crime, contra certa pessoa, na
condição de suspeito, indiciado ou réu, possa ser-lhe oposta, na esfera própria,
pelo mesmo Estado, encarnado por órgão administrativo ou judiciário a que esteja
o agente submisso, como prova do mesmo ato visto sob a qualificação jurídica de
ilícito administrativo ou disciplinar. Aduziu-se que outra interpretação do art. 5º,
XII, da CF, e do art. 1º da Lei 9.296/96 equivaleria a impedir que o mesmo Estado,
que já conhece o fato na sua expressão histórica correspondente à figura
criminosa e, como tal, já licitamente apurado na esfera penal, invocasse sua prova
oriunda da interceptação para, sob as garantias do devido processo legal, no
procedimento próprio, aplicar ao agente a sanção cabível à gravidade do eventual
ilícito administrativo, em tutela de relevante interesse público e restauração da
integridade do ordenamento jurídico. Vencido o Min. Marco Aurélio, que, ao
fundamento de que a extensão da quebra do sigilo ofende o art. 5º, XII, da CF,
negava a autorização apenas com relação aos elementos submetidos a sigilo. (Inq
2424 QO/RJ, rel. Min. Cezar Peluso, 25.4.2007. (INQ-2424).

PROVA EMPRESTADA. Penal. Interceptação telefônica. Escuta ambiental.


Autorização judicial e produção para fim de investigação criminal. Suspeita de
delitos cometidos por autoridades e agentes públicos. Dados obtidos em inquérito
policial. Uso em procedimento administrativo disciplinar, contra os mesmos
servidores. Admissibilidade. Resposta afirmativa a questão de ordem. Inteligência
do art. 5º, inc. XII, da CF, e do art. 1º da Lei federal nº 9.296/96. Voto vencido.
Dados obtidos em interceptação de comunicações telefônicas e em escutas
ambientais, judicialmente autorizadas para produção de prova em investigação
criminal ou em instrução processual penal, podem ser usados em procedimento
administrativo disciplinar, contra a mesma ou as mesmas pessoas em relação às
quais foram colhidos. (Inq 2424 QO, Relator(a): CEZAR PELUSO, Tribunal Pleno,
julgado em 25/04/2007, DJe-087 DIVULG 23-08-2007 PUBLIC 24-08-2007 DJ 24-08-
2007 PP-00055 EMENT VOL02286-01 PP-00109 RTJ VOL-00205-02 PP-00638)

Súmula 591 do STJ: É permitida a “prova emprestada” no processo administrativo


disciplinar, desde que devidamente autorizada pelo juízo competente e
respeitados o contraditório e a ampla defesa.”.

“Possível a utilização de prova emprestada no processo administrativo disciplinar


desde que sejam atendidos os requisitos legais e assegurada a garantia do
contraditório ao acusado, pressupostos estes que restaram respeitados nos
autos.” (STJ – Primeira Seção, MS 20968 / DF, rel. Min. Gurgel de Faria, DJe
29/06/2020).

PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. MANDADO DE SEGURANÇA. PROCESSO


ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR. AUXILIAR DE SANEAMENTO DA FUNASA.
INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA. PROVA EMPRESTADA DE INVESTIGAÇÃO CRIMINAL.
NULIDADE. INOCORRÊNCIA. PENA DE DEMISSÃO. MOTIVAÇÃO IDÔNEA.
OBSERVÂNCIA DOS PRINCÍPIOS DA AMPLA DEFESA, DO CONTRADITÓRIO E DO
DEVIDO PROCESSO LEGAL. PROPORCIONALIDADE E RAZOABILIDADE. SEGURANÇA
DENEGADA. I - O Supremo Tribunal Federal adota orientação segundo a qual é
possível a utilização, em processo administrativo disciplinar, como prova
emprestada, de interceptações telefônicas obtidas no curso de investigação
criminal ou de instrução processual penal, desde que obtidas com autorização
judicial e assegurada a garantia do contraditório. Precedentes. II - Extrai-se ter
sido franqueado aos Impetrantes, pela comissão processante, acesso ao Processo
Administrativo Disciplinar n. 25100.032.639/2010-37 e às provas colhidas por
meio da interceptação telefônica, no bojo do Inquérito Policial n. 411/2009,
devidamente autorizada pela Justiça Federal. III - O ato impugnado foi
devidamente fundamentado, não havendo, assim, falar em ausência de
motivação. IV - Apesar das interceptações telefônicas terem sido juntadas aos
autos do processo administrativo disciplinar antes da realização dos
interrogatórios dos Impetrantes, foi-lhes oportunizada manifestação a respeito de
tais provas emprestadas por intermédio de defesa escrita devidamente examinada
pela comissão processante por ocasião da elaboração do Relatório Final da CPAD,
não havendo falar em cerceamento de defesa. V - Em processo administrativo
disciplinar, apenas se declara a nulidade de um ato processual quando houver
efetiva demonstração de prejuízo à defesa, por força da aplicação do princípio pas
de nullité sans grief. Não havendo efetiva comprovação de prejuízos suportados
pela defesa, concluir em sentido diverso demandaria dilação probatória, o que
não é possível em sede de mandado de segurança, no qual se exige prova
documental pré-constituída. Precedentes. VI - Sanção aplicada em observância aos
princípios da razoabilidade e da proporcionalidade, sendo a pena de demissão
adequada e necessária face aos elementos probatórios que apontam a
consumação das infrações constantes do art. 117, IX e XII, da Lei n. 8.112/1990
(Estatuto dos Servidores Públicos Civis da União). VII - Segurança denegada. (STJ –
Primeira Seção, MS 19.000/DF, Rel. Ministra REGINA HELENA COSTA, julgado em
24/03/2021, DJe 06/04/2021).

“A jurisprudência dessa Corte Superior admite a utilização como prova


emprestada, em demandas de improbidade administrativa, da degravação de
diálogos interceptados em sede de ação penal. No entanto, na via recursal eleita,
a análise das alegações deduzidas nas razões do recurso especial é inviável, tendo
em vista a necessidade de revolvimento de provas contidas no presente feito, bem
como na referida Ação Penal n° 2005.31.00.000359-1. Incide, assim, a Súmula
7/STJ.” (STJ – Segunda Turma, AgInt no REsp 1645255 / AP, rel. Ministro MAURO
CAMPBELL MARQUES, DJe 23/08/2017)

Dever De Análise Integral Das Provas


O juiz tem o dever de analisar todas as provas ? Sim! Pela jurisprudência entende-
se que devera analisar somente as capazes de influenciar no seu convencimento,
contudo, pela letra da lei, as partes tem o direito deter suas provas todas
analisadas.

As partes devem ter o direito de influenciarem o resultado do processo e,


portanto, não basta ao juiz apreciar a prova que respalda as suas conclusões. Deve
o julgador enfrentar também a prova contrária às suas conclusões.

Art. 369. As partes têm o direito de empregar todos os meios legais, bem como os
moralmente legítimos, ainda que não especificados neste Código, para provar a
verdade dos fatos em que se funda o pedido ou a defesa e influir eficazmente na
convicção do juiz.

Art. 371. O juiz apreciará a prova constante dos autos, independentemente do


sujeito que a tiver promovido, e indicará na decisão as razões da formação de seu
convencimento.

FPPC 515: “Aplica-se o disposto no art. 489, §1° , também em relação às questões
fáticas da demanda”.

FPPC 516: Para que se considere fundamentada a decisão sobre os fatos, o juiz
deverá analisar todas as provas capazes, em tese, de infirmar a conclusão
adotada.

Ação Probatória Autônoma ou Produção Antecipada de Provas


Art. 381 ao 383 do CPC.

Natureza Jurídica
Ação – tem uma pretensão própria: o direito à produção antecipada da prova.

Jurisdição contenciosa ou voluntária?


Há divergência.
Eduardo Talamini: pode haver conflito, isto é, resistência do réu no que diz
respeito ao acesso das fontes probatórias, o que torna a produção antecipada de
provas instituto da jurisdição contenciosa.

Fredie Didier: se trata de mero procedimento de jurisdição voluntária.

Leonardo Greco: procedimento probatório que pode ser contencioso ou


voluntário dependendo do caso.

Quando utilizada em processo subsequente, a prova antecipada lá ingressa como


prova emprestada (art. 372). Nesse segundo processo, a prova emprestada é
documentada, mas preservar o seu valor originário (de prova pericial, testemunhal
etc.).

Art. 381. A produção antecipada da prova será admitida nos casos em que:

I - haja fundado receio de que venha a tornar-se impossível ou muito difícil a


verificação de certos fatos na pendência da ação; (nesse caso tem natureza
cautelar – nada impede também, que no curso da ação principal se peça a
produção antecipada por uma tutela de urgência – art. 300 ou por inversão da
ordem – art. 139, VI)

II - a prova a ser produzida seja suscetível de viabilizar a autocomposição ou outro


meio adequado de solução de conflito;

III - o prévio conhecimento dos fatos possa justificar ou evitar o ajuizamento de


ação.

§1º O arrolamento de bens observará o disposto nesta Seção quando tiver por
finalidade apenas a realização de documentação e não a prática de atos de
apreensão. (arrolamento de bens) (...)

§ 5 o Aplica-se o disposto nesta Seção àquele que pretender justificar a existência


de algum fato ou relação jurídica para simples documento e sem caráter
contencioso, que exporá, em petição circunstanciada, a sua intenção.
(justificação).

E prova documental?
Art. 382. § 3 o Os interessados poderão requerer a produção de qualquer prova no
mesmo procedimento, desde que relacionada ao mesmo fato, salvo se a sua
produção conjunta acarretar excessiva demora.

Jornada do CJF

Enunciado 119: É admissível o ajuizamento de ação de exibição de documentos,


de forma autônoma, inclusive pelo procedimento comum do CPC (art. 318 e
seguintes).

Enunciado 129: É admitida a exibição de documentos como objeto de produção


antecipada de prova, nos termos do art. 381 do CPC.

STJ

PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. EXIBIÇÃO DE DOCUMENTO. AÇÃO


AUTÔNOMA. PROCEDIMENTO COMUM. AÇÃO DE PRODUÇÃO ANTECIPADA DE
PROVA. INTERESSE E ADEQUAÇÃO. 1. Admite-se o ajuizamento de ação autônoma
para a exibição de documento, com base nos arts. 381 e 396 e seguintes do CPC,
ou até mesmo pelo procedimento comum, previsto nos arts. 318 e seguintes do
CPC. Entendimento apoiado nos enunciados n. 119 e 129 da II Jornada de Direito
Processual Civil. (REsp 1774987 / SP, Ministra MARIA ISABEL GALLOTTI, DJe 2018)

AGRAVO INTERNO NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. AÇÃO DE PRODUÇÃO


ANTECIPADA DE PROVAS. 1.NEGATIVA DE PRESTAÇÃO JURISDICIONAL. NÃO
OCORRÊNCIA. 2. AÇÃO AUTÔNOMA DE EXIBIÇÃO DE DOCUMENTOS PELO
PROCEDIMENTO COMUM E PRODUÇÃO DE PROVA ANTECIPADA. POSSIBILIDADE.
3. CONCLUSÃO DO ACÓRDÃO RECORRIDO ACERCA DO PREENCHIMENTO DOS
REQUISITOS DO ART. 381, III, DO CPC/2015. REVISÃO OBSTADA PELA SÚMULA
7/STJ. 4. AGRAVO IMPROVIDO. 1. Não ficou configurada a violação do art. 1.022
do CPC/2015, uma vez que o Tribunal de origem se manifestou de forma
fundamentada sobre todas as questões necessárias para o deslinde da
controvérsia. O mero inconformismo da parte com o julgamento contrário à sua
pretensão não caracteriza falta de prestação jurisdicional. 2. De fato, a
jurisprudência desta Corte de Justiça se firmou no sentido de ser possível o
ajuizamento de ação autônoma de exibição de documentos pelo procedimento
comum. 3. Na hipótese, a alteração do posicionamento adotado pela instância
ordinária (acerca da distinção entre as duas ações e do preenchimento dos
requisitos dispostos no art. 381, III, do CPC/2015, com o consequente acolhimento
da pretensão recursal) demandaria o exame dos elementos fático-probatórios dos
autos, o que é vedado pela Súmula n. 7 desta Corte. 4. Agravo interno a que se
nega provimento. (STJ – Terceira Turma, AgInt no AREsp 1651478/SP, Rel.
Ministro MARCO AURÉLIO BELLIZZE, julgado em 24/08/2020, DJe 01/09/2020)

Competência
Art. 381. § 2 o A produção antecipada da prova é da competência do juízo do foro
onde esta deva ser produzida ou do foro de domicílio do réu. § 3 o A produção
antecipada da prova não previne a competência do juízo para a ação que venha
a ser proposta. 4 o O juízo estadual tem competência para produção antecipada
de prova requerida em face da União, de entidade autárquica ou de empresa
pública federal se, na localidade, não houver vara federal.

Defesa e Recurso
Art. 382. § 1 o O juiz determinará, de ofício ou a requerimento da parte, a citação
de interessados na produção da prova ou no fato a ser provado, salvo se
inexistente caráter contencioso. § 4 o Neste procedimento, não se admitirá
defesa ou recurso, salvo contra decisão que indeferir totalmente a produção da
prova pleiteada pelo requerente originário.

PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO INTERNO NO RECURSO ESPECIAL. RECURSO PARA


IMPUGNAR DECISÃO QUE DEFERIU LIMINAR EM PRODUÇÃO ANTECIPADA DE
PROVA. NÃO CABIMENTO. ART. 382, § 4º, DO CPC/2015. DISSÍDIO
JURISPRUDENCIAL NÃO DEMONSTRADO. 1. Esta Corte já se pronunciou no
sentido de que, nos termos do art. 382, § 4º, do CPC/2015, nos procedimentos de
produção antecipada de prova, somente é cabível a interposição de recurso
quando a decisão proferida denegar o pleito formulado. Nesse sentido: AgInt no
AgInt no AREsp 1.572.393/PR, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, Terceira Turma,
DJe 1/9/2020; REsp 1.783.687/SE, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, Terceira
Turma, DJe 26/9/2019. 2. No caso dos autos, verifica-se que foi deferido
liminarmente o pedido de produção antecipada de provas, situação que, na dicção
do sobredito art. 382, § 4º, do CPC/2015, configura nítida ausência de interesse de
agir para interposição de impugnação, em razão da ausência de caráter
contencioso, motivo pelo qual está correta a inadmissão do agravo de
instrumento pelo Tribunal de origem. 3. Não se conhece do recurso especial
interposto com base na alínea "c" do permissivo constitucional quando a
divergência não é demonstrada nos termos em que exigido pela legislação
processual de regência (1.029, § 1º, do CPC/2015 e do art. 255, §§ 1º e 2º, do
RISTJ). Na espécie, o dissídio não foi comprovado, tendo em vista que não foi
realizado o devido cotejo analítico, com a demonstração clara do dissídio entre os
casos confrontados, identificando os trechos que os assemelhem, não se
oferecendo, como bastante, a simples transcrição de ementas ou votos. 4.
Agravo interno não provido. (STJ – Primeira Turma, AgInt no REsp 1893155/PR,
Rel. Ministro BENEDITO GONÇALVES, julgado em 26/04/2021, DJe 28/04/2021)

Cabe agravo de instrumento contra as interlocutórias na produção antecipada de


provas?

Sim, nos casos de exibição ou posse de documento ou coisa.

Art. 1.015. Cabe agravo de instrumento contra as decisões interlocutórias que


versarem sobre: VI - exibição ou posse de documento ou coisa;

É cabível agravo de instrumento contra decisão interlocutória que versa sobre a


exibição de documento ou coisa, seja ela objeto de incidente processual
instaurado conforme os arts. 396 a 404 do CPC 2015, de pedido de produção
antecipada de provas, ou de requerimento singelo de expedição de ofício para
apresentação ou juntada de documento ou coisa. "O rol do art. 1.015 do CPC é de
taxatividade mitigada, por isso admite a interposição de agravo de instrumento
quando verificada a urgência decorrente da inutilidade do julgamento da questão
no recurso de apelação" (REsp 1.696.396/MT, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI,
CORTE ESPECIAL, julgado em 05/12/2018, DJe 19/12/2018).” (STJ – Primeira
Turma, REsp 1853458/SP, Rel. Ministra REGINA HELENA COSTA,, julgado em
22/02/2022, DJe 02/03/2022)

E tutela de urgência?

Sim, a depender do caso.

Nada impede que se requeira uma tutela de urgência na ação probatória


autônoma, para a produção da prova liminarmente (sem a oitiva da outra parte),
com base no art. 300 do CPC.

Honorários
Há condenação em honorários? Só se houver resistência da parte contrária.

AGRAVO INTERNO NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. PRODUÇÃO


ANTECIPADA DE PROVAS. HONORÁRIOS SUCUMBENCIAIS. NÃO CABIMENTO.
AUSÊNCIA DE PRETENSÃO RESISTIDA. PRECEDENTES. INIDONEIDADE DO
REQUERIMENTO ADMINISTRATIVO. REVISÃO. IMPOSSIBILIDADE. SÚMULA 7/STJ.
PRECEDENTE OBRIGATÓRIO. INAPLICABILIDADE . AGRAVO DESPROVIDO. 1. Nos
termos da jurisprudência do STJ, somente haverá condenação ao pagamento dos
honorários sucumbenciais quando, nas ações de produção antecipada de prova,
for demonstrada a resistência da parte ré à exibição dos documentos solicitados, o
que não se observa no caso concreto. 2. A desconstituição do entendimento
estadual, para concluir pela idoneidade do requerimento administrativo,
demandaria o revolvimento de fatos e provas, o que se encontra obstado pelo
verbete sumular n. 7/STJ. 3. Além de o REsp n. 1.349.453/MS versar sobre
interesse de agir, e não propriamente sobre verbas sucumbenciais, a aplicação do
entendimento contido no referido precedente tem como pressuposto a
regularidade do pedido administrativo, situação fática não verificada na espécie.
4. Agravo interno desprovido. (STJ – Terceira Turma, AgInt no AREsp 1763809/SP,
Rel. Ministro MARCO AURÉLIO BELLIZZE, julgado em 11/05/2021, DJe 14/05/2021)

AGRAVO INTERNO NO AGRAVO INTERNO NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL.


PROCESSUAL CIVIL. PRODUÇÃO ANTECIPADA DE PROVAS. EXIBIÇÃO DE
DOCUMENTOS. ATENDIMENTO DA REQUERIDA. APELAÇÃO. NÃO CABIMENTO.
ART. 382, § 4º, DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL DE 2015. PRETENSÃO RESISTIDA.
INEXISTÊNCIA. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. NÃO CABIMENTO. 1. Recurso
especial interposto contra acórdão publicado na vigência do Código de Processo
Civil de 2015 (Enunciados Administrativos nºs 2 e 3/STJ). 2. Inadmissível defesa
ou recurso no procedimento da produção antecipada de provas (art. 382, § 4º, do
Código de Processo Civil de 2015). 3. Nas ações cautelares de exibição de
documentos e produção antecipada de provas, somente são cabíveis honorários
de sucumbência quando houver resistência da parte requerida ao atendimento do
pedido, o que não ocorreu na hipótese dos autos. 4. Agravo interno não provido.
(STJ – Terceira Turma, AgInt no AgInt no AREsp 1751492/PR, Rel. Ministro
RICARDO VILLAS BÔAS CUEVA, julgado em 11/05/2021, DJe 24/05/2021)

AGRAVO INTERNO NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. AÇÃO DE PRODUÇÃO


ANTECIPADA DE PROVA. EXIBIÇÃO DE DOCUMENTOS. SEGURO DPVAT. FALTA DE
INTERESSE DE AGIR. RECUSA NA VIA ADMINISTRATIVA NÃO COMPROVADA.
HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. ÔNUS DO AUTOR. AGRAVO INTERNO NÃO
PROVIDO. 1. Segundo o entendimento desta Corte, "nas ações de exibição de
documentos, a ausência de prévio requerimento administrativo denota a ausência
de interesse de agir" (AgInt no AREsp 1.403.993/SP, Rel. Ministro MARCO BUZZI,
Quarta Turma, DJe de 29.3.2019). 2. No caso, o Tribunal de origem afirmou que
não ficou demonstrada a recusa da parte ré ao fornecimento dos documentos
pretendidos, ensejando o indeferimento da inicial pela falta de interesse
processual. 3. Citada a ré, a extinção do processo sem resolução do mérito, por
carência de ação, enseja a condenação do autor ao pagamento de honorários
advocatícios sucumbenciais. 4. Agravo interno a que se nega provimento. (STJ –
Quarta Turma, AgInt no AREsp 1695009/SP, Rel. Ministro RAUL ARAÚJO, julgado
em 22/03/2021, DJe 13/04/2021)

Coisa Julgada
Faz coisa julgada? Não.

“A decisão proferida na ação cautelar de produção antecipada de provas é


meramente homologatória, que não produz coisa julgada material, admitindo-se
que as possíveis críticas aos laudos periciais sejam realizadas nos autos
principais, oportunidade em que o magistrado fará a devida valoração das provas.
Precedentes.” (STJ – Terceira Turma, AgInt no AREsp 1736270/PR, Rel. Ministro
RICARDO VILLAS BÔAS CUEVA, julgado em 22/06/2021, DJe 30/06/2021)

“Nos termos da jurisprudência consolidada desta Corte, "A decisão proferida na


ação cautelar de produção antecipada de provas é meramente homologatória,
que não produz coisa julgada material, admitindo-se que as possíveis críticas aos
laudos periciais sejam realizadas nos autos principais, oportunidade em que o
Magistrado fará a devida valoração das provas" (REsp 1.191.622/MT, Rel. Ministro
MASSAMI UYEDA, TERCEIRA TURMA, julgado em 25/10/2011, DJe de
08/11/2011).” (STJ – Quarta Turma, AgInt nos EDcl no RMS 61.128/GO, Rel.
Ministro RAUL ARAÚJO, julgado em 06/10/2020, DJe 16/10/2020).

Heitor Sica - Três Aplicações Interessantes


A) Constituir Prova para Impetração de MS

B) Provar implemento de Termo ou Condição para Exigibilidade de Execução ou o


Cumprimento da Prestação Carente ao Exequente na Execução de Contrato
Bilateral

C) constituir Prova para pedir tutela de Evidência

Provas em Espécie
Depoimento pessoal
Depoimento Pessoal é o testemunho prestado por uma das partes em juízo. O
autor pode requerer o depoimento pessoal do réu e este pode requerer o
depoimento pessoal do réu daquele.

Visa obter a confissão da parte contrária em audiência.

A parte será intimada a comparecer. O juiz aplicará a pena da confissão:


a) se a parte não comparecer;

b) se comparecer e se recusar a depor.

Art. 386. Quando a parte, sem motivo justificado, deixar de responder ao que lhe
for perguntado ou empregar evasivas, o juiz, apreciando as demais circunstâncias
e os elementos de prova, declarará, na sentença, se houve recusa de depor.

A presunção decorrente da confissão é absoluta ou relativa? A presunção é ficta,


ou seja, relativa.

AGRAVO INTERNO NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. NEGATIVA DE PRESTAÇÃO


JURISDICIONAL. NÃO OCORRÊNCIA. AUDIÊNCIA. DEPOIMENTO PESSOAL. NÃO
COMPARECIMENTO. CONFISSÃO FICTA. PRESUNÇÃO RELATIVA. REVISÃO. SÚMULA
Nº 7/STJ. 1. Recurso especial interposto contra acórdão publicado na vigência do
Código de Processo Civil de 2015 (Enunciados Administrativos nºs 2 e 3/STJ). 2.
Não viola o artigo 1.022 do Código de Processo Civil de 2015 nem importa em
negativa de prestação jurisdicional o acórdão que adota fundamentação suficiente
para a resolução da causa, porém diversa da pretendida pelo recorrente,
decidindo de modo integral a controvérsia posta. 3. A pena de confissão, ante a
ausência da autora à audiência para depoimento pessoal, constitui meio de prova
cuja presunção é relativa. 4. Alterar a valoração das instâncias ordinárias sobre a
extensão da confissão ficta decorrente do não comparecimento à audiência
esbarra na Súmula nº 7/STJ. 5. Agravo interno não provido. (STJ – Terceira Turma,
AgInt no AREsp 1301711/PR, Rel. Ministro RICARDO VILLAS BÔAS CUEVA, julgado
em 08/06/2020, DJe 18/06/2020)

Há diferença entre o simples interrogatório e a confissão.

Art. 139. O juiz dirigirá o processo conforme as disposições deste Código,


incumbindo-lhe: VIII - determinar, a qualquer tempo, o comparecimento pessoal
das partes, para inquiri-las sobre os fatos da causa, hipótese em que não incidirá a
pena de confesso;

Art. 385. Cabe à parte requerer o depoimento pessoal da outra parte, a fim de que
esta seja interrogada na audiência de instrução e julgamento, sem prejuízo do
poder do juiz de ordená-lo de ofício.

“(...) O depoimento pessoal e o interrogatório livre são meios de se ouvir o que as


partes têm a dizer sobre os fatos da causa, podendo interferir no convencimento
do juiz. O depoimento pessoal é meio de prova destinado a provocar a confissão
do adversário. O interrogatório livre não é meio de prova, mas expediente do juiz
para aclarar pontos duvidosos ou obscuros das alegações e das provas. (...) No
caso dos autos o interrogatório utilizado pelo juízo de piso, conforme declarado
pelo próprio acórdão, não é meio de prova, mas instrumento de que se valeu o
juiz para conferir direção ao processo, sendo insuficiente à concessão da
antecipação de tutela, uma vez que a convicção estaria fundada exclusivamente
em elementos formados pelo próprio requerente - sem o crivo do contraditório - e
na dependência de outros elementos probatórios não trazidos na inicial.” (STJ –
Quarta Turma, REsp 1217171/RJ, Rel. Ministro MARCO BUZZI, Rel. p/ Acórdão
Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, julgado em 10/03/2020, DJe 04/08/2020)

Produção

O DP ocorre na audiência de instrução e julgamento e pode ser físico ou por


videoconferência ou qualquer outro recurso tecnológico de transmissão, segundo
o CPC.

Normalmente a parte (contrária) requer o DP (mas pode ser de ofício).


O juiz intimará a parte, mas não há condução sob vara, vez que a consequência já
foi obtida, que é a confissão.

Em geral, o juiz primeiro ouve o autor. Depois o réu. Se existirem litisconsortes,


primeiro cada litisconsorte ativo. Depois cada litisconsorte passivo. Mas o juiz
pode inverter a ordem (v.g., o autor chegou atrasado por circunstância alheia a
sua vontade).

Quem não prestou depoimento, não pode assistir o depoimento do outro.

Primeiro pergunta o juiz, depois o advogado da parte contrária, depois o MP. O


advogado da própria parte não deve fazer perguntas, pois o objetivo é a confissão.

Prova documental
Documento é toda e qualquer coisa capaz de representar um fato.

Costuma-se confundir documento com papel escrito. Todavia, é equivoca a


confusão. Documento é qualquer coisa capaz de representar um fato. Pode ser um
pedaço de papel, uma fotografia, plástico, metal, um filme, uma gravação. É o
modo que se registram os fatos ocorridos.

O autor deve juntar na inicial e o réu na contestação, contudo, há exceções que


permitem a juntada no curso do processo: fato novo, fato velho de ciência nova, e
a contraprova.

Art. 435. É lícito às partes, em qualquer tempo, juntar aos autos documentos
novos, quando destinados a fazer prova de fatos ocorridos depois dos articulados
ou para contrapô-los aos que foram produzidos nos autos. Parágrafo único.
Admite-se também a juntada posterior de documentos formados após a petição
inicial ou a contestação, bem como dos que se tornaram conhecidos, acessíveis ou
disponíveis após esses atos, cabendo à parte que os produzir comprovar o motivo
que a impediu de juntá-los anteriormente e incumbindo ao juiz, em qualquer caso,
avaliar a conduta da parte de acordo com o art. 5º.

O réu se manifesta sobre o documento na contestação; o autor na réplica e, se


houver juntada no curso do processo, a parte contrária terá 15 dias para se
manifestar.

Documentos Eletrônicos

Art. 439. A utilização de documentos eletrônicos no processo convencional


dependerá de sua conversão à forma impressa e da verificação de sua
autenticidade, na forma da lei.

Art. 440. O juiz apreciará o valor probante do documento eletrônico não


convertido, assegurado às partes o acesso ao seu teor.

Art. 441. Serão admitidos documentos eletrônicos produzidos e conservados com


a observância da legislação específica.

Falsidade do documento
Cinco vias para a declaração da falsidade:

 SIMPLES ALEGAÇÃO
 INCIDENTE DE FALSIDADE
 AÇÃO DECLARATÓRIA AUTÔNOMA
 AÇÃO RESCISÓRIA
 PROCESSO CRIMINAL
Formas mais comuns de arguição de falsidade (simples alegação e incidente de
falsidade): arts. 430 ao 433
Alegação simples nos autos: se não houver pedido declaratório, será decida como
questão incidental e não transitará em julgado; o juiz decide na apreciação do
conjunto probatório.

Incidente de falsidade: se houver pedido declaratório, será decidida na sentença


como questão principal, e transitará em julgado.

PRAZO: a) na contestação, quando o documento acompanhar a inicial; b) na


réplica, quando o documento acompanhar a contestação; ou b) 15 dias, contados
da intimação da juntada do documento aos autos.

Art. 430. A falsidade deve ser suscitada na contestação, na réplica ou no prazo de


15 (quinze) dias, contado a partir da intimação da juntada do documento aos
autos. Parágrafo único. Uma vez arguida, a falsidade será resolvida como questão
incidental, salvo se a parte requerer que o juiz a decida como questão principal,
nos termos do inciso II do art. 19 .

Art. 431. A parte arguirá a falsidade expondo os motivos em que funda a sua
pretensão e os meios com que provará o alegado.

Art. 432. Depois de ouvida a outra parte no prazo de 15 (quinze) dias, será
realizado o exame pericial. Parágrafo único. Não se procederá ao exame pericial se
a parte que produziu o documento concordar em retirá-lo.

Art. 433. A declaração sobre a falsidade do documento, quando suscitada como


questão principal, constará da parte dispositiva da sentença e sobre ela incidirá
também a autoridade da coisa julgada.

Prova testemunhal
Prova testemunhal é a que se obtém através da declaração prestada em juízo por
pessoa estranha ao litígio, a respeito de fatos percebidos pelos sentidos.

Prova exclusivamente testemunhal


A prova testemunhal é sempre admissível, não dispondo a lei de modo diverso.

Nos casos em que a lei exigir prova escrita da obrigação, é admissível a prova
testemunhal quando houver começo de prova por escrito, emanado da parte
contra a qual se pretende produzir a prova.

Testemunha
Podem depor todas as testemunhas, exceto, segundo o CPC, as incapazes,
impedidas e suspeitas, e, segundo o CC, as que não podem ser admitidas como
testemunhas.

Art. 447. Podem depor como testemunhas todas as pessoas, exceto as incapazes,
impedidas ou suspeitas.

§ 1º São incapazes: I – o interdito por enfermidade ou deficiência mental; II – o


que, acometido por enfermidade ou retardamento mental, ao tempo em que
ocorreram os fatos, não podia discerni-los, ou, ao tempo em que deve depor, não
está habilitado a transmitir as percepções; III – o que tiver menos de 16 (dezesseis)
anos; IV – o cego e o surdo, quando a ciência do fato depender dos sentidos que
lhes faltam.

§ 2º São impedidos: I – o cônjuge, o companheiro, o ascendente e o descendente


em qualquer grau e o colateral, até o terceiro grau, de alguma das partes, por
consanguinidade ou afinidade, salvo se o exigir o interesse público ou, tratando-se
de causa relativa ao estado da pessoa, não se puder obter de outro modo a prova
que o juiz repute necessária ao julgamento do mérito; II – o que é parte na causa;
III – o que intervém em nome de uma parte, como o tutor, o representante legal
da pessoa jurídica, o juiz, o advogado e outros que assistam ou tenham assistido
as partes.

§ 3º São suspeitos: I – o inimigo da parte ou o seu amigo íntimo; II – o que tiver


interesse no litígio. § 4º Sendo necessário, pode o juiz admitir o depoimento das
testemunhas menores, impedidas ou suspeitas. § 5º Os depoimentos referidos no
§ 4º serão prestados independentemente de compromisso, e o juiz lhes atribuirá o
valor que possam merecer.

CC (Alterado pelo Estatuto da Pessoa Com Deficiência)

Art. 228. Não podem ser admitidos como testemunhas: (Vide Lei nº 13.146, de
2015) (Vigência) I - os menores de dezesseis anos; (..revogados..) IV - o interessado
no litígio, o amigo íntimo ou o inimigo capital das partes; V - os cônjuges, os
ascendentes, os descendentes e os colaterais, até o terceiro grau de alguma das
partes, por consangüinidade, ou afinidade.

§ 1 o Para a prova de fatos que só elas conheçam, pode o juiz admitir o


depoimento das pessoas a que se refere este artigo. (Redação dada pela Lei nº
13.146, de 2015) (Vigência) § 2 o A pessoa com deficiência poderá testemunhar
em igualdade de condições com as demais pessoas, sendo-lhe assegurados todos
os recursos de tecnologia assistiva.

Produção da Prova Testemunhal


No saneamento do processo o juiz defere o pedido de prova testemunhal e
concede o prazo comum não superior a 15 dias para as partes depositarem em
cartório o rol de testemunhas.

O número de testemunhas arroladas não pode ser superior a 10 (dez), sendo 3


(três), no máximo, para a prova de cada fato, mas o juiz poderá limitar o número
de testemunhas levando em conta a complexidade da causa e dos fatos
individualmente considerados

Intimação da testemunha: art. 455.

Art. 455. Cabe ao advogado da parte informar ou intimar a testemunha por ele
arrolada do dia, da hora e do local da audiência designada, dispensando-se a
intimação do juízo. § 1º A intimação deverá ser realizada por carta com aviso de
recebimento, cumprindo ao advogado juntar aos autos, com antecedência de pelo
menos 3 (três) dias da data da audiência, cópia da correspondência de intimação e
do comprovante de recebimento. § 2º A parte pode comprometer-se a levar a
testemunha à audiência, independentemente da intimação de que trata o § 1º,
presumindo-se, caso a testemunha não compareça, que a parte desistiu de sua
inquirição. § 3º A inércia na realização da intimação a que se refere o § 1º importa
desistência da inquirição da testemunha. § 4º A intimação será feita pela via
judicial quando: I – for frustrada a intimação prevista no § 1º deste artigo; II – sua
necessidade for devidamente demonstrada pela parte ao juiz; III – figurar no rol
de testemunhas servidor público ou militar, hipótese em que o juiz o requisitará
ao chefe da repartição ou ao comando do corpo em que servir; IV – a testemunha
houver sido arrolada pelo Ministério Público ou pela Defensoria Pública; V – a
testemunha for uma daquelas previstas no art. 454. § 5º A testemunha que,
intimada na forma do § 1º ou do § 4º, deixar de comparecer sem motivo
justificado será conduzida e responderá pelas despesas do adiamento.

Antes da inquirição, a testemunha será qualificada. Após, a parte poderá


contraditar a testemunha, arguindo-lhe a incapacidade, o impedimento e a
suspeição. Caso a testemunha negue, a parte poderá provar a contradita com
documentos ou até 3 testemunhas apresentadas no ato.

Obs. Mesmo que o juiz acolha a contradita, poderá ouvir a testemunha como
informante.
O juiz inquirirá as testemunhas separada e sucessivamente, primeiro as do autor e
depois as do réu, e providenciará para que uma não ouça o depoimento das
outras.

Obs. O juiz poderá alterar a ordem estabelecida no caput se as partes


concordarem.

Forma de perguntar
Testemunhas do autos – testemunhas do réu.

As perguntas são diretas a testemunha.

Perguntas: juiz, advogado que arrolou, advogado da parte contrária, e por ultimo,
MP, se o caso.

Art. 459. As perguntas serão formuladas pelas partes diretamente à testemunha,


começando pela que a arrolou, não admitindo o juiz aquelas que puderem induzir
a resposta, não tiverem relação com as questões de fato objeto da atividade
probatória ou importarem repetição de outra já respondida. § 1º O juiz poderá
inquirir a testemunha tanto antes quanto depois da inquirição feita pelas partes. §
2º As testemunhas devem ser tratadas com urbanidade, não se lhes fazendo
perguntas ou considerações impertinentes, capciosas ou vexatórias. § 3º As
perguntas que o juiz indeferir serão transcritas no termo, se a parte o requerer.

O depoimento poderá ser documentado por meio de gravação.

Prova pericial
Prova pericial é aquela realizada por um terceiro imparcial detentor de
conhecimento técnico específico, nomeado pelo juiz ou, conforme o caso,
escolhido pelas partes.

Pareceres ou documentos elucidativos: o juiz poderá dispensar prova pericial


quando as partes, na inicial e na contestação, apresentarem, sobre as questões de
fato, pareceres técnicos ou documentos elucidativos que considerar suficientes.

Prova técnica simplificada: de ofício ou a requerimento das partes, o juiz poderá,


em substituição à perícia, determinar a produção de prova técnica simplificada,
quando o ponto controvertido for de menor complexidade.

Obs. A prova técnica simplificada consistirá apenas na inquirição de especialista,


pelo juiz, sobre ponto controvertido da causa que demande especial
conhecimento científico ou técnico.

Obs. Durante a arguição, o especialista, que deverá ter formação acadêmica


específica na área objeto de seu depoimento, poderá valer-se de qualquer recurso
tecnológico de transmissão de sons e imagens com o fim de esclarecer os pontos
controvertidos da causa.

Art. 471. As partes podem, de comum acordo, escolher o perito, indicandoo


mediante requerimento, desde que: I – sejam plenamente capazes; II – a causa
possa ser resolvida por autocomposição. § 1º As partes, ao escolher o perito, já
devem indicar os respectivos assistentes técnicos para acompanhar a realização
da perícia, que se realizará em data e local previamente anunciados. § 2º O perito
e os assistentes técnicos devem entregar, respectivamente, laudo e pareceres em
prazo fixado pelo juiz. § 3º A perícia consensual substitui, para todos os efeitos, a
que seria realizada por perito nomeado pelo juiz.

As partes poderão escolher o perito por negócio processual, observados os


requisitos deste (partes capazes, e possibilidade de autocomposição).

Regra geral, o juiz nomeará o perito (ou ele será escolhido pelas partes), fixando
de imediato o prazo para a entrega do laudo.
QUINZE DIAS: contados da intimação do despacho de nomeação do perito,
incumbe às partes: I – Arguir o impedimento ou a suspeição do perito, se for o
caso; II indicar o assistente técnico; II - apresentar quesitos.

ATÉ VINTE DIAS: O perito apresentará o laudo em cartório, no prazo fixado pelo
juiz, pelo menos vinte dias antes da audiência de instrução e julgamento.

QUINZE DIAS: As partes serão intimadas para, querendo, manifestar-se sobre o


laudo do perito do juízo no prazo comum de 15 (quinze) dias, podendo o
assistente técnico de cada uma das partes, em igual prazo, apresentar seu
respectivo parecer.

Sentença
Os pronunciamentos do juiz são três:

 Despachos
 Decisões interlocutórias
 Sentenças

O despacho da sequência, andamento, ao processo. Não tem caráter decisório,


por isso, não podem causar prejuízo, sendo, portanto, irrecorríveis.

Decisões interlocutórias resolvem questões incidentes no curso do processo.


Deste modo, possui teor decisório, sendo recorríveis por agravo de instrumento –
art. 1022, CPC. Caso não seja agravável, será impugnada por apelação, conforme
art. 1009, §1º, CPC. Atualmente entende-se que o rol do artigo 1022, CPC é
mitigado, de forma que, se houver urgência decorrente da inutilidade do
julgamento em apelação – tema 899, STJ.

Sentença é o ato pelo qual o juiz, com fundamento no art. 485 ou 487, CPC, por
fim a fase de conhecimento ou extingue a execução. Possui caráter decisório,
sendo recorrível por apelação.

As decisões dos tribunais são:

Decisão monocrática: proferida por um único membro do tribunal, o relator. O art.


932, IV e V, CPC. A sumula 569, STJ admite decisão monocrática com base em
entendimento sumulado.

Acórdãos são decisões de turma recursal, câmara. É recorrido por RE, RESP e
embargos de divergência.

Qual a natureza da decisão que exclui o litisconsorte por ilegitimidade? Qual


recurso cabível?

É a pronunciamento com base no art. 485 e 487, embora o processo continue às


demais partes. Por isso, trata-se de decisão interlocutória, recorrível por agravo de
instrumento.

Art. 354, CPC. Art. 23, Lei de arbitragem.

Espécies de sentença
Sentença determinativa ou dispositiva: sentença que decide relação jurídica
continuativa, cujos efeitos se prolongam no tempo. Faz coisa julgada material?
Art. 505, CPC.

Há três correntes:

 Não faz coisa julgada


 Faz coisa julgada material condicionada a permanência das circunstancias
de fato.
 Faz coisa julgada material sem condicionamento.
Prevalece a terceira corrente. Isso porque, havendo novos fatos, será nova relação
jurídica, objeto de nova ação.

Sentença condicional: é aquela cuja eficácia esta condicionada a evento futuro e


incerto, art. 492, CPC.

Ex: condenação do beneficiário da JG ao pagamento de custas e honorários de


sucumbência.

Sentença processual de mérito: a sentença do 485 é sentença terminativa, e a


sentença do 487 é sentença definitiva.

Pontos importantes

 A desistência pode ocorrer até a sentença;


 O abandono da causa após a contestação somente pode ocorrer com
anuncia do réu. Três abandonos geram perempção.

Requisitos ou elementos essenciais da sentença

Art. 489. São elementos essenciais da sentença:

I - o relatório, que conterá os nomes das partes, a identificação do caso, com a


suma do pedido e da contestação, e o registro das principais ocorrências havidas
no andamento do processo;

II - os fundamentos, em que o juiz analisará as questões de fato e de direito;

III - o dispositivo, em que o juiz resolverá as questões principais que as partes lhe
submeterem.

Na fundamentação analisa-se primeiro as preliminares e após as questões de


mérito.

Se o autor tiver alegado 25 materiais, o juiz deverá se manifestar sobre todas?


Não. Embora consagre-se o dever de fundamentação, o julgador não deverá se
manifestar sobre todas as materiais.

Contudo, não serão consideradas fundamentadas as decisões que:


§ 1º Não se considera fundamentada qualquer decisão judicial, seja ela interlocutória,
sentença ou acórdão, que:

I - se limitar à indicação, à reprodução ou à paráfrase de ato normativo, sem explicar sua


relação com a causa ou a questão decidida;

II - empregar conceitos jurídicos indeterminados, sem explicar o motivo concreto de sua


incidência no caso;

III - invocar motivos que se prestariam a justificar qualquer outra decisão;

IV - não enfrentar todos os argumentos deduzidos no processo capazes de, em tese,


infirmar a conclusão adotada pelo julgador; - devem ser analisados os fundamentos que
infirmarem o julgamento, não todos alegados! Trata-se da teoria da fundamentação
logica.

V - se limitar a invocar precedente ou enunciado de súmula, sem identificar seus


fundamentos determinantes nem demonstrar que o caso sob julgamento se ajusta àqueles
fundamentos;

VI - deixar de seguir enunciado de súmula, jurisprudência ou precedente invocado pela


parte, sem demonstrar a existência de distinção no caso em julgamento ou a superação do
entendimento.

O rol indicado é exemplificativo.


Não haverá invalidade da decisão em qualquer das situações descritas quando a obtier
dicta ou fundamentos prescindíveis.

A invalidade poderá ser limitada a um capitulo da decisão.

A omissão gera embargos de declaração – art. 1022, CPC.

Se houver falta de fundamentação, serrá cabível apelação, podendo, neste caos, o tribunal
julga-la, pela teoria da causa madura, art. 1013, IV, CPC.

A parte tem o ônus argumentativo de argumentar adequasdamente, de forma que, se


omissa a fundamentação, pelo principio da cooperação, poderá o juiz intimar a parte para
se manifestar.

O dever de fundamentação aplica-se aos juizados?


Há controvérsias, mas o FONAJE 162 indicou que não.

Fundamentação per relacionem ou referencial


Julgador incorpora em sua fundamentação, também chamada aliunde, a fundamentação
do parercer MP ou perito.

Princípio da inalterabilidade da sentença


Uma vez publicada a sentença, não mais poderá ser alteradas, exceto em caso de erro
material ou embargos de declaração.

Erro de premissa é considerado erro material.

Juízo de retratação
Sentença processual sem julgamento do mérito (485, §7º), indeferimento da inicial (331),
improcedência liminar (332).

Se a apelação for intempestiva, não é possível o juízo de retratação – FPPC, enunciado 293,
jornada do CJF, enunciado 68.

Coisa julgada
Coisa julgada Formal
Implica na imutabilidade e indiscutibilidade de sentença ou decisão, que não mais poderá
ser revista.

Só produz efeitos dentro do processo.

No caso de litispendência, porém, ou sentença de extinção por vicio implicam na previa


resolução do vicio para nova ação.

Coisa julgada material


Não pode ser reproposta a matéria, ainda que em outra lide. Produz efeitos
extraprocessuais.

Só alcança sentença de mérito, não processuais.

A coisa julgada não pode prejudicar terceiros (506), mas poderá, portanto, afetar terceiros
para beneficiá-los. Entende-se, porem, que os terceiros devem ser relacionados ao
processo - Enunciado 36, jornada do CJF.

Limites objetivos da coisa julgada


A fundamentação da sentença faz coisa julgada, desde que presentes os requisitos abaixo:

Art. 503. A decisão que julgar total ou parcialmente o mérito tem força de lei nos limites
da questão principal expressamente decidida.

§ 1º O disposto no caput aplica-se à resolução de questão prejudicial, decidida expressa e


incidentemente no processo, se:

I - dessa resolução depender o julgamento do mérito;


II - a seu respeito tiver havido contraditório prévio e efetivo, não se aplicando no caso de
revelia;

III - o juízo tiver competência em razão da matéria e da pessoa para resolvê-la como
questão principal.

§ 2º A hipótese do § 1º não se aplica se no processo houver restrições probatórias ou


limitações à cognição que impeçam o aprofundamento da análise da questão
prejudicial.- ex: ação em JEC, na qual não se poderia realizar perícia.

Pontos de atenção
FPPC 165

FPPC 437

FPPC 438

Não há coisa julgada material sobre matéria constitucional.

FPPC 338

FPPC 439

FPPC 638

Alguns autores ainda admitem a propositura de ação declaratória incidental para o caso de
falta de eventual requisito analisado na decisão.

Eficácia preclusiva da coisa julgada – princípio do deduzível e dedutível


Se não alegou no momento oportuno, não é mais possível alegar.

Caso o juiz de omita quanto a condenação em honorais sucumbenciais,


o que fazer?
É possível ação autônoma – art. 85, §8º, CPC. Restou superada a Sumula 453, STJ, que
previa a impossibilidade de propositira de ação autônoma.

Reexame necessário
Consiste no reexame pelo tribunal da material da sentença.

Majoritariamente entende-se que a natureza jurídica é de condição de eficácia da


sentença.
Tem natureza de recurso? Não, pois não esta no rol dos recursos, não é dialético, não
obedece aos requisitos do recurso, especialmente da vontade das partes.

Contudo, Fredie Didier entende que seria o caso de recurso ex officio.

Hipóteses de reexame
Art. 496. Está sujeita ao duplo grau de jurisdição, não produzindo efeito senão depois de
confirmada pelo tribunal, a sentença:

I - proferida contra a União, os Estados, o Distrito Federal, os Municípios e suas respectivas


autarquias e fundações de direito público;

II - que julgar procedentes, no todo ou em parte, os embargos à execução fiscal.

§ 1º Nos casos previstos neste artigo, não interposta a apelação no prazo legal, o juiz
ordenará a remessa dos autos ao tribunal, e, se não o fizer, o presidente do respectivo
tribunal avocá-los-á.

§ 2º Em qualquer dos casos referidos no § 1º, o tribunal julgará a remessa necessária.

IV - entendimento coincidente com orientação vinculante firmada no âmbito


administrativo do próprio ente público, consolidada em manifestação, parecer ou súmula
administrativa.
Pontos de atenção
 Não há reexame de decisão interlocutória, e decisão monocrática. É somente de
sentença.
 Não há reexame contra Sociedade de economia mista e empresa pública.
 Só cabe em caso de sentença meritória.
 Não há reexame de sentença de improcedência dos embargos a execução oposto
pela Fazenda Pública, pois a lei estabelece caso especifico na hipótese de embargos.
 Há reexame de sentença de mérito contra a fazenda publica em exceção de pré
executividade fiscal.
 O reexame devolve toda a material ao tribunal, que poderão ser alterados – 325,
STJ
 Reexame em MS - art. 14, §1º,, Lei de MS.
 Ação popular – art. 19, Lei da ação popular.

Inaplicabilidade de Reexame
Art. 496, CPC

§ 3º Não se aplica o disposto neste artigo quando a condenação ou o proveito econômico


obtido na causa for de valor certo e líquido inferior a:

I - 1.000 (mil) salários-mínimos para a União e as respectivas autarquias e fundações de


direito público;

II - 500 (quinhentos) salários-mínimos para os Estados, o Distrito Federal, as respectivas


autarquias e fundações de direito público e os Municípios que constituam capitais dos
Estados;

III - 100 (cem) salários-mínimos para todos os demais Municípios e respectivas autarquias
e fundações de direito público.

§ 4º Também não se aplica o disposto neste artigo quando a sentença estiver fundada em:

I - súmula de tribunal superior;

II - acórdão proferido pelo Supremo Tribunal Federal ou pelo Superior Tribunal de Justiça
em julgamento de recursos repetitivos;

III - entendimento firmado em incidente de resolução de demandas repetitivas ou de


assunção de competência;

Demais casos de dispensa:


FPC 433

Art. 11, Lei do Juizado Federal

Art. 13, Lei do Juizado da FP

Atenção
 Sentença ilíquida contra a fazenda pública cabe reexame – sumula 490, STJ
 Ao apreciar o reexame, o tribunal pode piorar a situação da FP? Não, vez que o
reexame visa proteger o erário.

Tutela Provisória
Conceito
A tutela provisória é uma tutela jurisdicional sumária não definitiva.

Sumária, porque fundada em cognição sumária, ou seja, fundada num exame menos
aprofundado da causa. Exige-se apenas um juízo de probabilidade, e não um juízo de
certeza. A cognição é o quanto o juiz poderá analisar de materiais sobre o caso, se
exauriente, mas no caso da tutela, não há informações sobre a defesa, que ainda não
ocorreu.
Não definitiva, porque normalmente não dura para sempre, ou seja, normalmente nasce
para ser substituída por outra

Obs. A tutela cautelar tida por muitos como temporária, e não provisória; não nasce para
ser substituída por outra; durará enquanto for útil

Observações sobre cognição


Plano horizontal: Analisa-se a amplitude das matérias. Se o julgador puder analisar tudo, a
cognição é plena. Essa é a regra geral. Por outro lado se houver limitação quanto à
matéria, a cognição é limitada. Ex. em tutela inibitória não se discute dolo ou culpa.

Plano vertical: A cognição é vista de acordo com a profundidade de análise das matérias.
Se o juiz puder apreciar a matéria de modo profundo, a cognição será profunda ou
exauriente. Se o juiz julga com base na aparência ou mera probabilidade, e não com base
em certeza, a cognição é sumária. Quando o sistema permite que o juiz julgue com
probabilidade, ganha-se em celeridade e perde-se em segurança (a probabilidade de o juiz
errar é bem maior). Por exemplo, as tutelas de urgência trabalham com a cognição
sumária, pois exigem fumus boni juris.

Espécies de Tutela Provisória


A tutela provisória pode ser:

a)De urgência

b)De evidência

Já a tutela de urgência pode ser:

a.1) Cautelar: visa conservar a satisfação do direito buscado. Ex: impedir dilapidação de
patrimônio.

a.2) Antecipada: é idêntica ao direito buscado. Ex:

A tutela de urgência, cautelar ou antecipada, pode ser antecedente ou incidental.

O que se entende por liminar? Liminar é uma tutela provisória, concedida sem a oitiva da
outra parte.

Tutela de Urgência
Princípio da isonomia - art. 5º, caput da CF – reequilíbrio de forças (o ônus do tempo recai
sobre aquele que provavelmente não tem direito, e não apenas sobre o autor).

Direito fundamental à jurisdição efetiva - art. 5º, XXXV da CF.

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se
aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à
liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: XXXV - a lei não
excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito;

Tutela Cautelar x Tutela Antecipada


Art. 301. A tutela de urgência de natureza cautelar pode ser efetivada mediante arresto,
sequestro, arrolamento de bens, registro de protesto contra alienação de bem e qualquer
outra medida idônea para asseguração do direito.

No CPC anterior tínhamos a cautelar genéricas e as específicas, estas com requisitos e


procedimentos específicos.

Pelo CPC de 2015 todas as tutelas cautelares foram incluídas em um único procedimento,
e sem a necessidade de distinção de uma para as outras.

Há ainda a possibilidade de ação cautelar autônoma, com base no 381, I, CPC.

Art. 381. A produção antecipada da prova será admitida nos casos em que: I - haja fundado
receio de que venha a tornar-se impossível ou muito difícil a verificação de certos fatos na
pendência da ação; II - a prova a ser produzida seja suscetível de viabilizar a
autocomposição ou outro meio adequado de solução de conflito; III - o prévio
conhecimento dos fatos possa justificar ou evitar o ajuizamento de ação.
Efetivada a cautelar, não é necessário aditar a inicial, conforme tutela antecedente, trata-
se de procedimento autônomo.

Há direito geral de cautela, baseado na CF, que possibilita o ingresso com ação cautelar
autônoma, ainda que não haja expressa disposição desta no Código.

Fungibilidade entre cautelar e antecipada


O juiz pode converter a tutela antecipada inadequada em tutela cautelar adequada ou a
tutela cautelar inadequada em tutela antecipada adequada.

Alexandre Câmara entende que não se trata propriamente de fungibilidade, mas de


convertibilidade: para ele, não será o caso de admitir-se o emprego de uma técnica em
substituição a outra, mas de converter uma técnica, equivocadamente empregada, em
outra.

É prevista no artigo 305, parágrafo único.

Art. 305. A petição inicial da ação que visa à prestação de tutela cautelar em caráter
antecedente indicará a lide e seu fundamento, a exposição sumária do direito que se
objetiva assegurar e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo. Parágrafo
único. Caso entenda que o pedido a que se refere o caput tem natureza antecipada, o juiz
observará o disposto no art. 303.

A fungibilidade é uma via de mão dupla (da antecipada para a cautelar – fungibilidade
regressiva – e da cautelar para a antecipada – fungibilidade progressiva)? Sim! A
fungibilidade é de mão dupla.

Há fungibilidade entre tutela de urgência e de evidência? Não há previsão legal, contudo,


em uma visão mais ampla de fungibilidade e meios processuais, poder-se-ia admitir esta
fungibilidade, baseando-se nas demais disposições legais do CPC e art. 5º, XXXV, CF.

Existe fungibilidade entre antecipada e cautelar antecedente? Sim. A previsão do 305 é


exatamente esta.

Existe fungibilidade entre antecipada e cautelar nominada? Sim, uma vez que os requisitos
são os mesmos. Enunciado 45 da Jornada de Direito Processual do CJF. CJF 45: Aplica-se às
tutelas provisórias o princípio da fungibilidade, devendo o juiz esclarecer as partes sobre o
regime processual a ser observado.

É importante que o juiz, ao converter, esclareça que adotou a fungibilidade, vez que
importa em procedimentos diversos.

Requisitos da Tutela de urgência


 Fumus boni juris: aparência da existência do direito, verossimilhança;
 Periculum in mora: perigo da demora, urgência.

Há distinção entre o periculum in mora da tutela cautelar e de urgência. No caso da tutela


cautelar, decorrer de risco a efetividade do processo. Faz-se, portanto, um juízo de
probabilidade, e não de certeza; por isso a cognição é sumária. Ex: dilapidação de
patrimônio, no direito italiano é chamado de periculum da infutuositá. No caso da tutela
de urgência, decorre do risco ao próprio risco ao objeto material, no direito italiano é
chamado de periculum da tardivitá. Ex: cirurgia urgente não autorizada por plano de
saúde.

Art. 300. A tutela de urgência será concedida quando houver elementos que evidenciem a
probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo.

É necessário que os efeitos da tutela de urgência sejam reversíveis:

Art. 300. § 3º A tutela de urgência de natureza antecipada não será concedida quando
houver perigo de irreversibilidade dos efeitos da decisão.

RECURSO ESPECIAL. PROCESSUAL CIVIL. ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA ENTRE CONSTRUTORA E


AGENTE FINANCIADOR. PROMESSA DE COMPRA E VENDA. SÚMULA 308/STJ. APLICAÇÃO.
ANALOGIA. QUITAÇÃO. DOCUMENTOS. IMPUGNAÇÃO. TUTELA PROVISÓRIA. BAIXA DO
GRAVAME. CARÁTER IRREVERSÍVEL. IMPOSSIBILIDADE. 1. Recurso especial interposto
contra acórdão publicado na vigência do Código de Processo Civil de 2015 (Enunciados
Administrativos nºs 2 e 3/STJ). 2. Cinge-se a controvérsia a definir se houve falha na
prestação jurisdicional, se a Súmula nº 308/STJ se aplica quando o imóvel é dado em
alienação fiduciária e se o deferimento de tutela provisória de urgência, determinando a
baixa do gravame relativo à alienação fiduciária na matrícula do imóvel, consubstancia-se
em decisão de efeitos irreversíveis. 3. Não há falar em falha na prestação jurisdicional se o
Tribunal de origem motiva adequadamente sua decisão, solucionando a controvérsia com
a aplicação do direito que entende cabível, ainda que em desacordo com a expectativa da
parte. 4. A Súmula nº 308/STJ é aplicável por analogia aos casos em que a construtora
firma contrato de empréstimo com pacto adjeto de alienação fiduciária com a instituição
financeira e os adquirentes do imóvel dado em garantia comprovam a quitação do
compromisso de compra e venda. 5. O deferimento de tutela provisória de urgência
determinando a baixa do gravame na matrícula do imóvel configura decisão de efeitos
irreversíveis, contrariando o disposto no artigo 300, § 3º, do CPC/2015. 6. O bloqueio da
matrícula, evitando que a titularidade do imóvel seja alterada é consentânea com a
garantia do resultado útil do processo. 7. Recurso especial conhecido e parcialmente
provido. (REsp 1805296/DF, Rel. Ministro RICARDO VILLAS BÔAS CUEVA, TERCEIRA
TURMA, julgado em 08/06/2021, DJe 16/06/2021).

Esse requisito, é, porém, relativo:

FFPC 419: “Não é absoluta a regra que proíbe a tutela provisória com efeitos irreversíveis”

ENFAM 25: A vedação da concessão de tutela de urgência cujos efeitos possam ser
irreversíveis (art. 300, § 3º do CPC/2015) pode ser afastada no caso concreto com base na
garantia do acesso à Justiça (art. 5º, XXXXV da CRFB).

CJF 40: A irreversibilidade dos efeitos da tutela de urgência não impede sua concessão, em
se tratando de direito provável, cuja lesão seja irreversível.

Para a tutela de evidencia não há estes requisito expresso, mas há quem entenda que o
requisito é igualmente exigível.

Caução
É possível que seja exigida caução, para garantia no caso de irreversibilidade.

Aplica-se a teoria do risco proveito, de forma que a concessão da tutela causa proveito,
contudo, um risco de que futuramente seja determinado o reestabelecimento do estado
anterior.

Art. 300. § 1º Para a concessão da tutela de urgência, o juiz pode, conforme o caso, exigir
caução real ou fidejussória idônea para ressarcir os danos que a outra parte possa vir a
sofrer, podendo a caução ser dispensada se a parte economicamente hipossuficiente não
puder oferecê-la.

FFPC 497: As hipóteses de exigência de caução para a concessão de tutela provisória de


urgência devem ser definidas à luz do art. 520, IV, CPC.

FPPC 498: A possibilidade de dispensa de caução para a concessão de tutela provisória de


urgência, prevista no art. 300, §1º, deve ser avaliada à luz das hipóteses do art. 521.

Art. 520. O cumprimento provisório da sentença impugnada por recurso desprovido de


efeito suspensivo será realizado da mesma forma que o cumprimento definitivo,
sujeitando-se ao seguinte regime: IV - o levantamento de depósito em dinheiro e a
prática de atos que importem transferência de posse ou alienação de propriedade ou de
outro direito real, ou dos quais possa resultar grave dano ao executado, dependem de
caução suficiente e idônea, arbitrada de plano pelo juiz e prestada nos próprios autos.

Art. 521. A caução prevista no inciso IV do art. 520 poderá ser dispensada nos casos em
que: I - o crédito for de natureza alimentar, independentemente de sua origem; II - o
credor demonstrar situação de necessidade; III – pender o agravo do art. 1.042; (Redação
dada pela Lei nº 13.256, de 2016) IV - a sentença a ser provisoriamente cumprida estiver
em consonância com súmula da jurisprudência do Supremo Tribunal Federal ou do
Superior Tribunal de Justiça ou em conformidade com acórdão proferido no julgamento de
casos repetitivos. Parágrafo único. A exigência de caução será mantida quando da dispensa
possa resultar manifesto risco de grave dano de difícil ou incerta reparação.

Além destes requisitos, no caso de hipossuficiência poderá ser dispensada – art. 300, § 1º,
CPC.
O juiz pode conceder tutela de urgência sem ouvir a outra parte? Em regra, não. Art. 9o
Não se proferirá decisão contra uma das partes sem que ela seja previamente ouvida.
Mas, no caso da tutela de urgência há exceções: Art. 9o Parágrafo único. O disposto no
caput não se aplica: I - à tutela provisória de urgência; II - às hipóteses de tutela da
evidência previstas no art. 311, incisos II e III; III - à decisão prevista no art. 701.

O juiz pode conceder a tutela de urgência de ofício? Penso que não é possível a concessão
de tutela de urgência de ofício, pois: A) Salvo disposição legal em contrário, o juiz não
pode decidir de ofício; B) Não se trata de uma matéria de ordem pública; C) A parte pode
não ter interesse na obtenção da tutela (v.g., em razão da teoria do risco-proveito – art.
302 do CPC); D) Fere a imparcialidade do juiz;

O requerimento de tutela provisória pode ser formulado pelo réu? Sim, não é somente o
autor que pode requerer, e ter direito a jurisdição efetivação. O assistente simples e o MP
também podem fazê-lo.

Tutela de Urgência Antecedente e Tutela de Urgência Incidental


Antecedente – requerida antes do pedido principal.

Incidental – requerida na petição inicial.

Art. 294. A tutela provisória pode fundamentar-se em urgência ou evidência.


Parágrafo único. A tutela provisória de urgência, cautelar ou antecipada, pode ser
concedida em caráter antecedente ou incidental.

Art. 295. A tutela provisória requerida em caráter incidental independe do


pagamento de custas.
A tutela de urgência (antecipada ou cautelar) pode ser requerida de forma antecedente ou
incidental. Já a tutela de evidência pode ser requerida apenas em caráter incidental.

Será antecedente quando requerida antes do pedido principal. Não haverá um processo
autônomo para o requerimento de tutela de urgência antecedente. O requerente fará uma
petição simples com o pedido de tutela de urgência e depois, tempestivamente, aditará
essa petição, formulando o pedido principal, independentemente de novas custas (art. 295
do CPC de 2015).

Por sua vez, será incidental quando requerida simultaneamente ao pedido principal ou
após o pedido principal.

No JEC não há tutela antecedente - FONAJE XXXVIII: “Os procedimentos de tutela de


urgência requeridos em caráter antecedente, na forma prevista nos arts. 303 a 310 do
CPC/2015, são incompatíveis com o Sistema dos Juizados Especiais. ”. O procedimento
seria elaborado e incompatível com a simplicidade do JEC.

Cabe tutela de urgência antecedente em ação rescisória? Sim, inclusive para suspender o
cumprimento da decisão rescindenda. Art. 969. A propositura da ação rescisória não
impede o cumprimento da decisão rescindenda, ressalvada a concessão de tutela
provisória. Pode ser requerida em caráter antecedente ou incidental, vez que não há
vedação.

Procedimento da Tutela Cautelar Antecedente (arts. 305 ao 310 do


CPC)
Fase Preliminar

a) petição simples, incompleta ou sumarizada com: a indicação da lide e do seu


fundamento (causa de pedir e pedido principais), a exposição sumária do direito que se
objetiva assegurar e do perigo de dano ou do risco ao resultado útil do processo (fumus
boni juris e periculum in mora) e a indicação do valor da causa (conforme o pedido
principal).

Ou seja: indicação da causa de pedir e pedido principais; fumus e periculum; indicação


do valor da causa conforme o pedido principal, para o cálculo das custas.

CJF 44: É requisito da petição inicial da tutela cautelar requerida em caráter antecedente a
indicação do valor da causa.
Obs. Se a medida adequada for a tutela antecipada, ocorre a fungibilidade

b) Réu citado para contestar em cinco dias, podendo indicar provas (nada impede, porém,
a concessão da tutela cautelar de forma antecipada, liminarmente – inaudita altera parte –
ou após justificação prévia. Dessa decisão, caberá agravo de instrumento – art. 1015, I do
CPC).

c) Não havendo contestação, ocorrerá a confissão ficta ou presunção de veracidade e o juiz


decidirá em cinco dias.

d) Havendo, observar-se-á o procedimento comum.

Fase Principal

e) Efetivada a cautelar, segue-se, então, a fase principal, cabendo à parte formular o


pedido principal no prazo de trinta dias, com direito a aditar a causa de pedir.

Terceira Turma do STJ - “A contagem do prazo de 30 (trinta) dias previsto no art. 308 do
CPC/2015 para formulação do pedido principal se inicia na data em que for totalmente
efetivada a tutela cautelar. ”

“O cerne da controvérsia consiste em saber qual o termo inicial para a contagem do prazo
de 30 (trinta) dias previsto no art. 308 do NCPC para formulação do pedido principal
quando a medida constritiva antecedente é cumprida de forma parcial. Dispõe o referido
dispositivo legal que "Efetivada a tutela cautelar, o pedido principal terá de ser formulado
pelo autor no prazo de 30 (trinta) dias, caso em que será apresentado nos mesmos autos
em que deduzido o pedido de tutela cautelar, não dependendo do adiantamento de novas
custas processuais". Infere-se, portanto, que, quando a tutela cautelar for proposta em
caráter antecedente, o requerente deverá promover, nos mesmos autos, o pedido
principal no prazo de 30 (trinta) dias, a contar da efetivação da medida liminar deferida,
sob pena de, em assim não fazendo, perder-se o efeito da providência antes concedida. A
fluência desse prazo se inicia, portanto, na data em que "efetivada a tutela cautelar", isto
é, a partir da sua implementação, da sua total satisfação. Com efeito, a previsão constante
no art. 308 do NCPC trata de prazo especial ex vi legis, com preceptivo normativo expresso
em todos os seus termos de início da sua contagem a partir de quando "efetivada a tutela
cautelar", de maneira que não há como interpretá-la restritivamente. O cumprimento
parcial da tutela de urgência não tem o condão de fazer com que o prazo de 30 (trinta)
dias para a formulação do pedido principal comece a fluir a partir daquele momento.
Ressalte-se que o entendimento de que o termo inicial do prazo de 30 (trinta) dias recai
na data do primeiro ato de constrição só tem cabimento nas hipóteses de concessão de
múltiplas medidas cautelares em que, pelo menos, uma delas é cumprida de forma
integral.” (STJ – Terceira Turma, REsp 1.954.457-GO, Rel. Min. Moura Ribeiro, Terceira
Turma, por unanimidade, julgado em 9/11/2021, DJe de 11/11/2021, Informativo 718)

Quarta Turma do STJ - AGRAVO INTERNO NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. PRAZO DE


TRINTA DIAS PARA A PROPOSITURA DE AÇÃO PRINCIPAL. INAPLICABILIDADE EM RELAÇÃO
À CAUTELAR DE PRODUÇÃO ANTECIPADA DE PROVAS. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO.
ARRENDAMENTO MERCANTIL. INADIMPLEMENTO COMPROVADO. DANOS AO PRÉDIO E
FALTA DE RESTITUIÇÃO DE EQUIPAMENTOS. REEXAME DE FATOS E PROVAS. ÓBICE DA
SÚMULA 7/STJ. CONTRADITA. PRECLUSÃO. FUNDAMENTO NÃO IMPUGNADO. SÚMULA
283/STF. AGRAVO NÃO PROVIDO. 1. A jurisprudência desta Corte é firme no sentido de
que o prazo extintivo para propositura da ação principal não é aplicável quando se trata de
ação cautelar de produção antecipada de provas, tendo em vista a sua finalidade apenas
de produção e resguardo da prova, não gerando, em tese, quaisquer restrições aos direitos
da parte contrária. Precedentes. 2. A Corte de origem, analisando o acervo fático-
probatório dos autos, concluiu que o imóvel apresentava condições ruins, quando da
desocupação realizada pela recorrente, e caberia a ela apresentar a lista dos
equipamentos arrendados que reputava autêntica, não sendo cabível a simples
impugnação genérica do documento apresentado pela recorrida/autora. Por fim,
consignou que não há evidência de que o imóvel tenha sido ocupado por terceiros ou que
a situação tenha-se alterado entre a desocupação do imóvel e a data da realização da
perícia, sendo dever da recorrente indenizar os prejuízos por ela causados. 3. A
modificação do entendimento da Corte de origem, como ora perseguida, demandaria a
análise do acervo fático-probatório dos autos, o que é vedado pela Súmula 7 do STJ. 4. A
ausência de impugnação, nas razões do recurso especial, de fundamento autônomo e
suficiente à manutenção do acórdão recorrido atrai o óbice da Súmula 283 do STF. 5.
Agravo interno a que se nega provimento. (STJ – Quarta Turma, AgInt no AREsp
1157074/SP, Rel. Ministro RAUL ARAÚJO, julgado em 29/06/2020, DJe 05/08/2020)

Segunda Turma do STJ - PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. AGRAVO INTERNO NO


RECURSO ESPECIAL. ENUNCIADO ADMINISTRATIVO 3/STJ. IMPROBIDADE
ADMINISTRATIVA. CAUTELAR DE EXIBIÇÃO DE DOCUMENTOS. VIOLAÇÃO AO ART. 1.022
DO CPC/2015. INOCORRÊNCIA. PRESCRIÇÃO. AUSÊNCIA DE PREQUESTIONAMENTO.
SÚMULAS 211/STJ E 282/STF. ACÓRDÃO COM FUNDAMENTO EMINENTEMENTE
CONSTITUCIONAL. IMPOSSIBILIDADE. USURPAÇÃO DA COMPETÊNCIA DA SUPREMA
CORTE. QUEBRA DE SIGILO BANCÁRIO E FISCAL. VIOLAÇÃO A DISPOSITIVO
CONSTITUCIONAL. INVIÁVEL ANÁLISE EM SEDE DE RECURSO ESPECIAL. LEGITIMIDADE
PASSIVA. REEXAME DO CONJUNTO FÁTICO-PROBATÓRIO DOS AUTOS. IMPOSSIBILIDADE.
SÚMULA 7/STJ. LEGITIMIDADE ATIVA. COMPETÊNCIA RATIONE PERSONAE DA JUSTIÇA
FEDERAL. CAUTELAR PREPARATÓRIA. PRODUÇÃO ANTECIPADA DE PROVAS.
INAPLICABILIDADE DO PRAZO PREVISTO NO ART. 308 DO CPC. AGRAVO INTERNO NÃO
PROVIDO. 1. Nos termos da Súmula 568/STJ, é possível o julgamento monocrático do
recurso especial quando houver jurisprudência dominante sobre a questão tratada nos
autos. Ainda que assim não fosse, a jurisprudência desse Sodalício orienta no sentido de
que o julgamento colegiado torna prejudicado eventuais vícios inerentes ao exame
monocrático. 2. O acórdão recorrido abordou, de forma fundamentada, todos os pontos
essenciais para o deslinde da controvérsia,razão pela qual não há falar na suscitada
ocorrência de violação do art. 1022 do CPC/2015. 3. O prequestionamento não exige que
haja menção expressa dos dispositivos infraconstitucionais tidos como violados,
entretanto, é imprescindível que no aresto recorrido a questão tenha sido discutida e
decidida fundamentadamente, sob pena de não preenchimento do requisito do
prequestionamento, indispensável para o conhecimento do recurso. Incidência das
Súmulas 211/STJ e 282/STF. 4. Como cediço, não compete a esta Corte Superior analisar a
suposta violação a preceitos de ordem constitucional, em razão da usurpação da
competência da Suprema Corte na análise e interpretação das normas constitucionais -
art. 102, III, da CF. 5. A respeito da tese de desproporcionalidade da medida cautelar, o
Tribunal de origem consignou que a quebra do sigilo não pode ser limitada ao período em
que foram cometidas as ilegalidades porquanto há possibilidade de recebimento de
valores após o término do exercício da função pública ou em razão dela, razão pela qual se
mantém o deferimento do pedido de quebra do sigilo nos termos pleiteados na inicial (fl.
7006 e-STJ). Observa-se, portanto, que a reforma de tal entendimento, nos termos em que
pretende o ora agravante, demanda o revolvimento do conjunto fático-probatório dos
autos, o que é vedado pela Súmula 7/STJ. 6. Quanto à tese de ilegitimidade passiva, é
certo que também incide o óbice da Súmula 7/STJ. Afinal, a partir do conjunto fático-
probatório dos autos, o Tribunal de origem concluiu que a legitimidade passiva é
manifesta, haja vista que o ora recorrente foi um dos agentes públicos que teriam sido
corrompidos, conforme prova oral produzida que demonstra sua participação no esquama
criminoso entre os anos de 2002 e 2004 quando ele era titular da Secretaria Municipal de
Abastecimento de São Paulo, a qual havia instaurado a Concorrência 051/SEMAB/2001
(fls. 7002/7003 e-STJ). 7. Acerca da tese de ilegitimidade ativa do Ministério Público,
observa-se que o Tribunal de origem aplicou entendimento em conformidade com a
orientação desta Corte Superior no sentido de que a competência prevista no art. 109, I,
da Constituição Federal é definida em razão da presença da União, entidade autárquica ou
empresa pública federal, na relação processual, ou seja, trata-se de competência absoluta
em razão da pessoa - ratione personae. Na hipótese, está consignado no acórdão recorrido
que não houve qualquer manifestação de interesse da União no feito (fl. 6998 e-STJ), logo,
não há falar em ilegitimidade do Ministério Público do Estado de São Paulo para promover
a ação civil pública por ato de improbidade administrativa ora em julgamento. 8. A
respeito da tese de que a presente cautelar teria perdido a sua eficácia, haja vista que a
ação principal não teria sido ajuizada dentro do prazo de 30 dias previsto na lei processual,
verifica-se que, no ponto, o entendimento expendido pelo Tribunal de origem também
está em consonância com a orientação jurisprudencial desta Corte Superior. Isso porque, o
Superior Tribunal de Justiça possui entendimento consolidado segundo o qual o prazo de
caducidade da medida cautelar não alcança a produção antecipada de prova - hipótese em
análise. 9. Agravo interno não provido. (STJ – Segunda Turma, AgInt no REsp 1799069/SP,
Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, julgado em 25/05/2020, DJe 28/05/2020)
f) Apresentado o pedido principal, as partes serão intimadas (não haverá nova citação),
por seus advogados ou pessoalmente, para a audiência de conciliação ou de mediação.

g) Não havendo autocomposição, conta-se o prazo de 15 dias para a contestação na forma


do art. 335.

Obs. Cessa a eficácia da cautelar nas hipóteses do art. 309 (por exemplo: o autor não
deduzir o pedido principal no prazo legal).

Segundo Fernando Gajardoni, “Deve-se buscar uma interpretação útil e consentânea como
o modelo de aceleração e simplificação proposto pelo CPC/2015. Por isso, entende-se que
a definição do procedimento cautelar antecedente estará a depender da concessão ou não
da tutela em caráter antecipado. Concedida a cautelar liminarmente ou após justificação
prévia (artigo 300, § 2º CPC/2015), o réu será citado/intimado do pedido e da medida
deferida. No entanto, o contraditório pleno se dará após a efetivação da medida e
apresentação do pedido principal nos próprios autos da cautelar (artigo 308 e parágrafos
do CPC/2015). Evidentemente, assegura-se ao prejudicado, inclusive porque
citado/intimado da medida antecipada deferida, o direito de intervir no processo para
pleitear reconsideração da tutela liminar cautelar, ou mesmo para agravar de tal decisão
(artigo 1.015, I, do CPC/2015).

Entretanto, não haverá espaço para a resposta propriamente dita nesse instante
processual, o que levaria a uma desnecessária e inexplicável duplicação de defesas ante a
iminência com que será apresentada a defesa da pretensão principal (na qual estará
inserida a pretensão cautelar).

Sendo a defesa toda concentrada para o momento posterior à efetivação da tutela


cautelar (e apresentação do pedido principal), eventual alegação de incompetência na
forma do art. 340, § 3º, do CPC/2015, ou mesmo a apresentação de reconvenção na
própria contestação (artigo 343, CPC/2015), também ficará reservado para esse momento.
O legislador poderia ter sido mais claro a esse respeito.

Procedimento da tutela antecipada antecedente (art. 303 do CPC)


Fase Preliminar a) petição simples, incompleta ou sumarizada, na qual deverá a parte:
dizer que pretende se valer dos benefícios dessa petição; requerer a tutela antecipada;
indicar o pedido de tutela final, com a exposição da lide (indicar a causa de pedir e o
pedido principais); expor o direito que se busca realizar e o perigo de dano ou do risco ao
resultado útil do processo (apresentar o fumus boni juris e o periculum in mora); e indicar
o valor da causa (conforme o pedido principal).

Fase Principal

b) Concedida a tutela, o autor aditará a petição em quinze dias ou prazo maior que o juiz
fixar, complementando a causa de pedir, juntando documentos e confirmando o pedido,
sob pena de extinção do processo sem resolução do mérito (como se trata do mesmo
processo, não haverá o pagamento de novas custas).

Questão: Como devem ser contados os prazos para recorrer e aditar a petição?

O prazo é de 15 dias para aditar, ou prazo maior que o juiz determinar. Se indeferida, o
prazo é de 5 dias para aditar.

O prazo para recorrer é de 15 dias, por agravo de instrumento.

Como é contado o prazo? Eles são são concomitantes, mas, subsequentes, conforme
entendimento do STJ, e exigem intimação específica:

Terceira Turma do STJ RECURSO ESPECIAL. PROCESSUAL CIVIL. TUTELA ANTECIPADA


REQUERIDA EM CARÁTER ANTECEDENTE. PROCEDIMENTO. ARTS. 303 E 304 DO CPC/15.
ADITAMENTO DA INICIAL. INTIMAÇÃO ESPECÍFICA. PRINCÍPIOS DA PRIMAZIA DO
JULGAMENTO DE MÉRITO E DA ECONOMIA PROCESSUAL. ARTS. 4º, 139, IX, 321, CAPUT,
304, CAPUT E § 1º, e 1.003, § 5º, do CPC/15. PETIÇÃO. JUNTADA. CONTEÚDO.
CONHECIMENTO INEQUÍVOCO. HIPÓTESE CONCRETA. NÃO CARACTERIZAÇÃO. (...) 3. O
propósito recursal consiste em determinar se a juntada de petição pelo autor após a
concessão da tutela antecipada antecedente é apta a: a) configurar a ciência inequívoca da
parte a respeito de seu conteúdo e; b) demarcar o início do prazo de 15 (quinze) dias para
o aditamento da petição inicial previsto no art. 303, § 1º, I, do CPC/15. (...) 12. Os prazos
do requerido, para recorrer, e do autor, para aditar a inicial, não são concomitantes, mas
subsequentes. 13. Solução diversa acarretaria vulnerar os princípios da economia
processual e da primazia do julgamento de mérito, porquanto poderia resultar na extinção
do processo a despeito da eventual ausência de contraposição por parte do adversário do
autor, suficiente para solucionar a lide trazida a juízo. 14. Como a interposição do agravo
de instrumento é eventual e representa o marco indispensável para a passagem do
"procedimento provisório" para o da tutela definitiva, impõe-se a intimação específica do
autor para que tome conhecimento desta circunstância, sendo indicada expressa e
precisamente a necessidade de que complemente sua argumentação e pedidos. 15. Na
hipótese dos autos, o conteúdo da petição juntada pelo autor, na qual requer a aplicação
de multa em razão do descumprimento da tutela antecipada, não permite concluir por seu
conhecimento inequívoco da determinação de aditar a inicial. 16. Além disso, a intimação
do autor para o aditamento da inicial e o início do prazo de 15 (quinze) dias para a prática
desse ato, previstos no art. 303, § 1º, I, do CPC/15, exigem intimação específica com
indicação precisa da emenda necessária, como realizado pelo juízo do primeiro grau de
jurisdição. 17. Recurso especial desprovido. (STJ – Terceira Turma, REsp 1766376 / TO, rel.
Min. Nancy Andrighi, DJe 28/08/2020)

c) O réu será citado para a audiência de conciliação ou de mediação.

d) Se não houver autocomposição, abre-se o prazo de 15 dias para contestação na forma


do 335.

e) Se o juiz indeferir a tutela antecipada, determinará o aditamento da inicial em até 5


dias, sob pena de extinção do processo sem resolução do mérito.

Estabilização da tutela antecipada antecedente CONCEDIDA A TUTELA ANTECIPADA


ANTECEDENTE, SE NÃO HOUVER A INTERPOSIÇÃO DE RECURSO, O PROCESSO SERÁ
EXTINTO E A TUTELA SE ESTABILIZARÁ.

Art. 304. A tutela antecipada, concedida nos termos do art. 303, torna-se estável se da
decisão que a conceder não for interposto o respectivo recurso. § 1º No caso previsto no
caput, o processo será extinto.

Alguns autores, como Daniel Mitidiero, Fredie Didier, Rafael Alexandria de Oliveira e Paula
Sarno Braga, entendem que outras manifestações do réu no prazo do recurso impedem a
estabilização (v.g., contestação ou manifestação pela realização da audiência de
conciliação ou de mediação).

Não há indicação se a extinção será com ou sem resolução do mérito, e não há previsão no
CPC.

No que tange a indicação de recurso, há que entenda que qualquer tipo de impugnação
serve, pois a parte não seria obrigada a recorrer. Contudo, há quem indique que a menção
é de recurso em sentido estrito, seja este agravo, ou outro.

Terceira Turma do STJ “É de se observar, porém, que, embora o caput do art. 304 do
CPC/2015 determine que "a tutela antecipada, concedida nos termos do art. 303, torna-se
estável se da decisão que a conceder não for interposto o respectivo recurso", a leitura
que deve ser feita do dispositivo legal, tomando como base uma interpretação sistemática
e teleológica do instituto, é que a estabilização somente ocorrerá se não houver qualquer
tipo de impugnação pela parte contrária, sob pena de se estimular a interposição de
agravos de instrumento, sobrecarregando desnecessariamente os Tribunais, além do
ajuizamento da ação autônoma, prevista no art. 304, § 2º, do CPC/2015, a fim de rever,
reformar ou invalidar a tutela antecipada estabilizada.” (STJ – Terceira Turma, REsp
1760966 / SP, rel. Min. Marco Aurélio Belizze, DJe 07/12/2018)

Primeira Turma do STJ PROCESSUAL CIVIL. ESTABILIZAÇÃO DA TUTELA ANTECIPADA


CONCEDIDA EM CARÁTER ANTECEDENTE. ARTS. 303 E 304 DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL
DE 2015. NÃO INTERPOSIÇÃO DE AGRAVO DE INSTRUMENTO. PRECLUSÃO.
APRESENTAÇÃO DE CONTESTAÇÃO. IRRELEVÂNCIA. I - Nos termos do disposto no art. 304
do Código de Processo Civil de 2015, a tutela antecipada, deferida em caráter antecedente
(art. 303), estabilizar-se-á, quando não interposto o respectivo recurso. II - Os meios de
defesa possuem finalidades específicas: a contestação demonstra resistência em relação à
tutela exauriente, enquanto o agravo de instrumento possibilita a revisão da decisão
proferida em cognição sumária. Institutos inconfundíveis. III - A ausência de impugnação
da decisão mediante a qual deferida a antecipação da tutela em caráter antecedente,
tornará, indubitavelmente, preclusa a possibilidade de sua revisão. IV - A apresentação de
contestação não tem o condão de afastar a preclusão decorrente da não utilização do
instrumento proessual adequado - o agravo de instrumento. V - Recurso especial provido.
(STJ – Primeira Turma, rel. Mininstro Sérgio Kukina, rel. p. o ac. Ministra REGINA HELENA
COSTA, DJe 22/10/2019)

Ação Revisional

Para rever, reformar ou invalidar a tutela antecipada (para afastar a estabilidade dos
efeitos da tutela), é preciso promover uma ação revisional. Obs. Fala-se aqui em: técnica
monitória de contraditório diferido ou inversão do ônus de demandar.

Aspectos Importantes:

Legitimidade

Legitimidade: essa ação pode ser proposta por qualquer das partes.

Competência

Competência: o juízo que concedeu a tutela fica prevento.

Prazo

Prazo: prazo decadencial de dois anos, contados da ciência da decisão que extinguiu o
processo.

Tutela Antecipada

Tutela antecipada: na ação revisional pode-se requerer uma tutela antecipada para
suspender os efeitos da decisão estabilizada.

ENFAM 26 Caso a demanda destinada a rever, reformar ou invalidar a tutela antecipada


estabilizada seja ajuizada tempestivamente, poderá ser deferida em caráter liminar a
antecipação dos efeitos da revisão, reforma ou invalidação pretendida na forma do art.
296, parágrafo único, do CPC/2015, desde que demonstrada a existência de outros
elementos que ilidam os fundamentos da decisão anterior.

Art. 304. § 2º Qualquer das partes poderá demandar a outra com o intuito de rever,
reformar ou invalidar a tutela antecipada estabilizada nos termos do caput. § 3º A tutela
antecipada conservará seus efeitos enquanto não revista, reformada ou invalidada por
decisão de mérito proferida na ação de que trata o § 2º. § 4º Qualquer das partes poderá
requerer o desarquivamento dos autos em que foi concedida a medida, para instruir a
petição inicial da ação a que se refere o § 2º, prevento o juízo em que a tutela antecipada
foi concedida. § 5º O direito de rever, reformar ou invalidar a tutela antecipada, previsto
no § 2º deste artigo, extingue-se após 2 (dois) anos, contados da ciência da decisão que
extinguiu o processo, nos termos do § 1º.

Estabilização e Coisa Julgada

Segundo o Código, não HÁ COISA JULGADA MATERIAL, mas a tutela SE TORNA ESTÁVEL,
cabendo contra ela, no prazo de dois anos, a propositura de uma ação revisional.

Art. 304. § 6º A decisão que concede a tutela não fará coisa julgada, mas a estabilidade
dos respectivos efeitos só será afastada por decisão que a revir, reformar ou invalidar,
proferida em ação ajuizada por uma das partes, nos termos do § 2º deste artigo.

Questão - O que ocorre após o prazo de dois anos? Pode-se falar em coisa julgada material
após o prazo de dois anos para a propositura da ação revisional?

Argumentos favoráveis à Coisa Julgada

A) A inexistência de cognição exauriente não é óbcie à formação da coisa julgada material;

B) O réu entendeu como prescindível o contraditório, ao não promover a ação revisional;

c) Ocorre a imutabilidade do “mérito” do procedimento da tutela antecipada antecedente


(cujas prejudiciais seriam o fumus boni juris e o periculum in mora);
d) O próprio CPC admite a rescisória contra sentença processual que impeça a
repropositura da demanda

Argumentos contrários à Coisa Julgada

A) A coisa julgada ocorre sobre o elemento declaratório ou juízo de certificação do direito,


o contrário da estabilização que alcança apenas a eficácia da sentença;

B) Para alguns, é possível rever a eficácia após decisão a respeito do direito, enquanto para
outros não é possível rever os efeitos práticos após decisão a respeito do direito, embora
seja possível obter indenização; C) Não há eficácia positiva da estabilização;

D) Ausência de cognição exauriente;

E) O Código optou pela inocorrência de coisa julgada;

FPPC 33: Não cabe ação rescisória nos casos estabilização da tutela antecipada de
urgência.

ENFAM 27: Não é cabível ação rescisória contra a decisão estabilizada na forma do art. 304
do CPC/2015.

Questão Há estabilização de tutela cautelar?

FPPC 420: Não cabe estabilização de tutela cautelar.

Questão - Há estabilização de tutela antecedente contra a fazenda pública? FPPC 582:


Cabe estabilização da tutela antecipada antecedente contra a Fazenda Pública. CJF 130: É
possível a estabilização de tutela antecipada antecedente em face da Fazenda Pública.

Questão Há estabilização de tutela antecipada em ação rescisória? FPPC 421: Não cabe
estabilização de tutela antecipada em ação rescisória. CJF 43: Não ocorre a estabilização
da tutela antecipada requerida em caráter antecedente, quando deferida em ação
rescisória.

Questão - Existe condenação em honorários na estabilização da tutela? Pela


jurisprudência sim.

Terceira Turma do STJ RECURSO ESPECIAL. TUTELA ANTECIPADA ANTECEDENTE.


DEFERIMENTO. RECURSO. RÉU. INEXISTÊNCIA. ESTABILIZAÇÃO. ART. 304, CAPUT, DO
CPC/2015. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. ART. 701, CAPUT, DO CPC/2015. APLICAÇÃO.
AÇÃO MONITÓRIA. HONORÁRIOS RECURSAIS. FIXAÇÃO ANTERIOR. INEXISTÊNCIA. 1.
Recurso especial interposto contra acórdão publicado na vigência do Código de Processo
Civil de 2015 (Enunciados Administrativos nºs 2 e 3/STJ). 2. Cinge-se a controvérsia a
definir a regra de fixação dos honorários advocatícios sucumbenciais em caso de
estabilização de tutela antecipada antecedente e o cabimento dos honorários recursais
em favor do recorrido. 3. O art. 304, caput, do CPC/2015 trata de tutela de natureza
monitória em sentido amplo, visto que permite a concessão da medida pleiteada em
juízo de cognição sumária, tornando-se desnecessária a instauração do procedimento
ordinário, desde que o demandado não interponha o recurso cabível. 4. Os honorários
advocatícios são arbitrados em 5% (cinco por cento) sobre o valor dado à causa no caso
de estabilização de tutela antecedente, por força da aplicação do art. 701, caput, do
CPC/2015. 5. A majoração dos honorários advocatícios recursais depende da fixação da
referida verba na origem. Precedentes. 6. Recurso especial parcialmente provido. (STJ –
Terceira Turma, REsp 1895663/PR, Rel. Ministro RICARDO VILLAS BÔAS CUEVA, julgado em
14/12/2021, DJe 16/12/2021).

Tutela de Evidência
Trata-se de uma tutela sumária satisfativa fundada exclusivamente num juízo de alto grau
de probabilidade ou de quase-certeza da pretensão de direito material, que prescinde da
urgência.

Não se exige periculum em mora.

Art. 311. A tutela da evidência será concedida, independentemente da demonstração de


perigo de dano ou de risco ao resultado útil do processo, quando:
Hipóteses
São quatro situações previstas no art. 311 do CPC.

Uma delas é uma tutela punitiva (inciso I) enquanto as outras são tutelas documentadas
(incisos II, III e IV).

Tutela punitiva fundada em abuso do direito de defesa ou propósito protelatório


Art. 311, I – ficar caracterizado o abuso do direito de defesa ou o manifesto propósito
protelatório da parte;

Observações

a) tutela punitiva: abuso do direito de defesa

b) A maioria sustenta que é uma tutela punitiva ou sancionatória; outros dizem que não é
uma sanção, pois se fosse, sobreviveria à improcedência.

c) CJF 47: A probabilidade do direito constitui requisito para concessão da tutela da


evidência fundada em abuso do direito de defesa ou em manifesto propósito protelatório
da parte contrária.

d) para Fredie Didier Jr., Curso de Direito Processual Civil, v. 1, “As expressões ‘abuso de
direito de defesa’ e ‘manifesto propósito protelatório’ têm sentidos distintos: aquela
abrange atos praticados dentro do processo, em defesa, o que inclui os atos protelatórios
praticados no processo; esta última se refere aos comportamentos da parte, protelatórios,
adotados fora do processo (ex.: simulação de doença, ocultação de prova etc.)

e) Abuso de direito é um desvio de finalidade, vale dizer, a parte se utiliza de um direito


que tem para obter um fim não desejado pelo ordenamento jurídico.

f) É preciso observar o comportamento do réu (não apenas na contestação).

Exemplos: subtrair um documento dos autos; prestar informações erradas; embaraçar a


produção das provas; adotar fundamentação antagônica em processo conexo ou
apresentar uma contestação padrão, com argumentos que não se referem à petição inicial
(Direito francês admite quando a defesa não é séria).

Tutela documentada fundada em súmula ou precedente vinculante


Art. 311, II – as alegações de fato puderem ser comprovadas apenas
documentalmente e houver tese firmada em julgamento de casos repetitivos ou
em súmula vinculante;
Observações

a) a prova deve ser pré-constituída e o pedido se fundar em súmula vinculante ou em tese


firmada no julgamento de casos repetitivos, vale dizer, no julgamento do incidente de
resolução de demandas repetitivas ou no julgamento de recursos repetitivos;

b) entendo que o pedido pode fundar-se em súmula vinculante ou qualquer precedente


vinculante previsto no art. 927 do CPC;

c) ENFAM 30: É possível a concessão da tutela de evidência prevista no art. 311, II, do
CPC/2015 quando a pretensão autoral estiver de acordo com orientação firmada pelo
Supremo Tribunal Federal em sede de controle abstrato de constitucionalidade ou com
tese prevista em súmula dos tribunais, independentemente de caráter vinculante;

d) CJF 48: É admissível a tutela provisória da evidência, prevista no art. 311, II, do CPC,
também em casos de tese firmada em repercussão geral ou em súmulas dos tribunais
superiores;

e) CJF 135: É admissível a concessão de tutela da evidência fundada em tese firmada em


incidente de assunção de competência;

f) ENFAM 31: A concessão da tutela de evidência prevista no art. 311, II, do CPC/2015
independe do trânsito em julgado da decisão paradigma.
Tutela documentada fundada contrato de depósito
Art. 311, III – se tratar de pedido reipersecutório fundado em prova documental adequada
do contrato de depósito, caso em que será decretada a ordem de entrega do objeto
custodiado, sob cominação de multa;

a) Trata-se da ação de deposito com pedido de devolução imediata do bem (pedido


reipersecutório é o requerimento de devolução do bem que nos pertence)

b) O CPC acabou com o procedimento especial da ação de depósito, mas não com a ação
de depósito.

Tutela documentada fundada em ausência de contraprova documentada suficiente


Art. 311, IV – a petição inicial for instruída com prova documental suficiente dos fatos
constitutivos do direito do autor, a que o réu não oponha prova capaz de gerar dúvida
razoável.

a) Exige-se prova pré-constituída do autor e ausência de prova pré-constituiída do réu.

b) É preciso aguardar a defesa do réu para conceder a tutela.

Existem outras hipóteses de tutela de evidência, além das previstas no art. 311 do CPC?

Existem. Ex:

 Liminar em ação possessória de força nova, com esbulho ou turbação com menos
de um ano e um dia – art. 562, CPC.
 Expedição do mandado monitório na ação monitória, quando o direito do autor é
evidente – era. 701, CPC.

São consideradas tutelas de evidência pois não exigem periculum in mora.

Art. 562. Estando a petição inicial devidamente instruída, o juiz deferirá, sem ouvir o réu, a
expedição do mandado liminar de manutenção ou de reintegração, caso contrário,
determinará que o autor justifique previamente o alegado, citando-se o réu para
comparecer à audiência que for designada. Parágrafo único. Contra as pessoas jurídicas de
direito público não será deferida a manutenção ou a reintegração liminar sem prévia
audiência dos respectivos representantes judiciais.

Art. 701. Sendo evidente o direito do autor, o juiz deferirá a expedição de mandado de
pagamento, de entrega de coisa ou para execução de obrigação de fazer ou de não fazer,
concedendo ao réu prazo de 15 (quinze) dias para o cumprimento e o pagamento de
honorários advocatícios de cinco por cento do valor atribuído à causa.

A tutela de evidência pode ser concedida sem a oitiva da outra parte?


Sim, somente nos casos do artigo 311, I e II, CPC.

Art. 9º. Parágrafo único. O disposto no caput não se aplica: II - às hipóteses de tutela da
evidência previstas no art. 311, incisos II e III; III - à decisão prevista no art. 701.

Art. 311. Parágrafo único. Nas hipóteses dos incisos II e III, o juiz poderá decidir
liminarmente.

Não é possível tutela de evidência liminar:

Art. 311. A tutela da evidência será concedida, independentemente da demonstração de


perigo de dano ou de risco ao resultado útil do processo, quando: I - ficar caracterizado o
abuso do direito de defesa ou o manifesto propósito protelatório da parte; IV - a petição
inicial for instruída com prova documental suficiente dos fatos constitutivos do direito do
autor, a que o réu não oponha prova capaz de gerar dúvida razoável.

É possível Tutela de Evidência Liminar

Art. 311. A tutela da evidência será concedida, independentemente da demonstração de


perigo de dano ou de risco ao resultado útil do processo, quando: II - as alegações de fato
puderem ser comprovadas apenas documentalmente e houver tese firmada em
julgamento de casos repetitivos ou em súmula vinculante; III - se tratar de pedido
reipersecutório fundado em prova documental adequada do contrato de depósito, caso
em que será decretada a ordem de entrega do objeto custodiado, sob cominação de
multa.
A tutela de evidência pode ser concedida de ofício?
Apesar de não haver previsão expressa neste sentido, penso que não é possível a
concessão de tutela de evidência de ofício, pois: A) Salvo disposição legal em contrário, o
juiz não pode decidir de ofício; B) Não se trata de uma matéria de ordem pública; C) A
parte pode não ter interesse na obtenção da tutela (v.g., em razão da teoria do risco-
proveito – art. 302 do CPC); D) Fere a imparcialidade do juiz;

A tutela de evidência é compatível com os procedimentos especiais?


Sim, desde que não em caráter antecedente, eis que o procedimento é incompatível com
os juizados.

FPPC 422: A tutela de evidência é compatível com os procedimentos especiais.

CJF 49: A tutela da evidência pode ser concedida em mandado de segurança.

Lei 9.099/95 (Juizados Especiais Cíveis)

Art. 3o O juiz poderá, de ofício ou a requerimento das partes, deferir quaisquer


providências cautelares e antecipatórias no curso do processo, para evitar dano de difícil
ou de incerta reparação. FONAJE 26: São cabíveis a tutela acautelatória e a antecipatória
nos Juizados Especiais Cíveis (nova redação – XXIV Encontro – Florianópolis/SC).

Lei 12.259/2001 (Juizados Especiais Federais)

Art. 4o O Juiz poderá, de ofício ou a requerimento das partes, deferir medidas cautelares
no curso do processo, para evitar dano de difícil reparação.

Art. 5o Exceto nos casos do art. 4o , somente será admitido recurso de sentença definitiva.

Lei 12.153/2009

Art. 3o O juiz poderá, de ofício ou a requerimento das partes, deferir quaisquer


providências cautelares e antecipatórias no curso do processo, para evitar dano de difícil
ou de incerta reparação.

Art. 4o Exceto nos casos do art. 3o , somente será admitido recurso contra a sentença.

FPPC 418: As tutelas provisórias de urgência e de evidência são admissíveis no sistema dos
Juizados Especiais.

A tutela de urgência antecedente é compatível com os juizados especiais?


Não, em razão do procedimento.

FONAJE 163 - Os procedimentos de tutela de urgência requeridos em caráter antecedente,


na forma prevista nos arts. 303 a 310 do CPC/2015, são incompatíveis com o Sistema dos
Juizados Especiais (XXXVIII Encontro – Belo Horizonte-MG).

FONAJEF 178 - A tutela provisória em caráter antecedente não se aplica ao rito dos
juizados especiais federais, porque a sistemática de revisão da decisão estabilizada (art.
304 do CPC/2015)é incompatível com os arts. 4º e 6º da Lei nº 10.259/2001.

Cabe tutela de evidência recursal?


Sim. FPPC 423: Cabe tutela de evidência recursal.

Competência para a Concessão da Tutela Provisória


Art. 299. A tutela provisória será requerida ao juízo da causa e, quando antecedente, ao
juízo competente para conhecer do pedido principal. Parágrafo único. Ressalvada
disposição especial, na ação de competência originária de tribunal e nos recursos a tutela
provisória será requerida ao órgão jurisdicional competente para apreciar o mérito.

Relator

Art. 932. Incumbe ao relator: II - apreciar o pedido de tutela provisória nos recursos e nos
processos de competência originária do tribunal;

Impedimento ou Suspeição

Art. 146. No prazo de 15 (quinze) dias, a contar do conhecimento do fato, a parte alegará o
impedimento ou a suspeição, em petição específica dirigida ao juiz do processo, na qual
indicará o fundamento da recusa, podendo instruí-la com documentos em que se fundar a
alegação e com rol de testemunhas. § 3º Enquanto não for declarado o efeito em que é
recebido o incidente ou quando este for recebido com efeito suspensivo, a tutela de
urgência será requerida ao substituto legal.

Incidente de Resolução de Demandas Repetitivas

Art. 982. Admitido o incidente, o relator: § 2º Durante a suspensão, o pedido de tutela de


urgência deverá ser dirigido ao juízo onde tramita o processo suspenso.

Enunciado 41 da Jornada do CJF

CJF 41: Nos processos sobrestados por força do regime repetitivo, é possível a apreciação
e a efetivação de tutela provisória de urgência, cuja competência será do órgão
jurisdicional onde estiverem os autos.

Concessão pelo Juízo Incompetente

Art. 64. A incompetência, absoluta ou relativa, será alegada como questão preliminar de
contestação. § 4º Salvo decisão judicial em sentido contrário, conservar-se-ão os efeitos de
decisão proferida pelo juízo incompetente até que outra seja proferida, se for o caso, pelo
juízo competente.

Revogação ou Modificação

Art. 296. A tutela provisória conserva sua eficácia na pendência do processo, mas pode, a
qualquer tempo, ser revogada ou modificada. Parágrafo único. Salvo decisão judicial em
contrário, a tutela provisória conservará a eficácia durante o período de suspensão do
processo.

Ausência de Preclusão

“A tutela antecipada pode ser revogada ou modificada a qualquer tempo, em decisão


fundamentada, não havendo espaço para se falar em preclusão para o órgão julgador.”
(STJ – Terceira Turma, AgRg no AREsp 365260 / PI, rel. Ministro RICARDO VILLAS BÔAS
CUEVA, DJe 07/10/2014).

Fundamentação Analítica

Art. 298. Na decisão que conceder, negar, modificar ou revogar a tutela provisória, o juiz
motivará seu convencimento de modo claro e preciso.

Aplica-se ao juiz e ao tribunal.

FPPC 141 - O disposto no art. 298, CPC, aplica-se igualmente à decisão monocrática ou
colegiada do Tribunal.

A tutela provisória pode ser revogada ou modificada sem que ocorra alteração do
quadro fático-probatório?
a) alguns admitem a modificação, desde que ocorra mudança fática – alterando o fumus
ou o periculum (Theodoro Jr., Calmon de Passos); b) alguns admitem a modificação, desde
que exista novo material probatório (Ovídio Baptista); c) alguns admite a modificação, por
simples mudança de opinião do juiz (Galeno Lacerda, Marcelo Lima Guerra etc.).

É possível que a a decisão revista sem alteração do quadro fático probatório.

Art. 5º Aquele que de qualquer forma participa do processo deve comportar-se de acordo
com a boa-fé. Condutas corretas, leais e coerentes de todos os sujeitos do processo.

Uma das concretizações da boa-fé é a proibição ao comportamento contraditório, à


conduta incoerente.

Venire contra factum proprium ou nemo potest venire contra factum proprium.

Se o juiz indeferir a tutela provisória, a parte agravar e o tribunal reformar a


decisão (concedendo a tutela provisória), o juiz poderá revogar a tutela provisória
ao proferir a sentença de improcedência? Se o juiz conceder uma tutela provisória,
a parte agravar e o tribunal reformar a decisão (cassando a tutela provisória), o
juiz poderá conceder a tutela provisória na sentença?
Penso que prevalece o grau de cognição e não o grau hierárquico. Se a cognição seja
distinta pode ter outra decisão.

“PROCESSO CIVIL – RECLAMAÇÃO – TUTELA ANTECIPADA – POSTERIOR SENTENÇA DE


MÉRITO – PREVALÊNCIA. 1. O juízo provisório outorgado por liminar ou tutela antecipada,
oriundo de Tribunal ou por ele chancelado, não perde a natureza jurídica de precariedade,
sendo substituído inteiramente pela sentença de mérito, após cognição exauriente. 2.
Teoria da hierarquia que ofende a lógica do sistema e aprofunda a hierarquização objetiva
no âmbito do Poder Judiciário, aspecto que a nova tendência do processo pretende
atenuar. 3. Embargos de declaração prejudicados. Reclamação improcedente.” (STJ –
Primeira Seção, Rcl 1444 / MA, rel. Min. Eliana Calmon, DJ 19/12/2005 p. 203).

“Não desrespeita a autoridade de decisão do Tribunal ad quem a sentença que, com base
em novos fundamentos, restabelece tutela antecipada cassada em agravo de instrumento”
(STJ – Terceira Turma, REsp 1419262 / BA, rel. Min. João Otávio de Noronha, DJe
17/04/2015).

O juiz pode manter a tutela de urgência após proferir sentença de improcedência?


Perece incoerente, porque a cognição na tutela de urgência é sumária e na sentença é
exauriente. Se não existe direito, como existe probabilidade de direito? Mas há autores,
como Daniel Assumpção Neves, que entendem que é possível a manutenção da tutela de
urgência pelo juiz após a prolação da sentença de improcedência, quando o magistrado
vislumbra a possibilidade de sua sentença ser reformada (por exemplo, em razão de
posicionamento jurisprudencial contrário do tribunal).

Após a prolação da sentença, qual o destino do agravo de instrumento (ou de


outro recurso qualquer) interposto contra a decisão de tutela provisória?
O entendimento majoritário é que prolatada a sentença, o agravo de instrumento
pendente perde o objeto.

PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO INTERNO NO PEDIDO DE TUTELA PROVISÓRIA. ATRIBUIÇÃO


DE EFEITO SUSPENSIVO A AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. POSTERIOR JULGAMENTO DO
RECURSO. PERDA DE OBJETO. 1. Tendo em vista o superveniente julgamento do agravo em
recurso especial ao qual se pretendia conferir efeito suspensivo, deve ser reconhecida a
perda de objeto do pedido de tutela provisória. Precedentes. 2. Agravo interno
prejudicado. (STJ – Segunda Turma, AgInt no TP 304 / RJ, rel. Ministro OG FERNANDES, DJe
23/06/2017).

“Nos termos da jurisprudência pacífica do STJ, a superveniência da sentença de mérito que


defere ou indefere medida liminar ou antecipação de tutela ocasiona a perda do objeto do
recurso especial. Precedentes.” (STJ – Segunda Turma, AgRg no AREsp 555711 / PB, rel.
Min. Francisco Falcão, DJe 20/10/2016.

“PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. REALIZAÇÃO DE OBRA PÚBLICA.


OCUPAÇÃO TEMPORÁRIA DE IMÓVEL PARTICULAR. PEDIDO DE TUTELA ANTECIPADA.
DEFERIMENTO. SUPERVENIÊNCIA DE SENTENÇA DE MÉRITO. PERDA DO OBJETO DO
RECURSO. 1. Segundo entendimento pacífico desta Casa de Justiça, a superveniência de
sentença de mérito prejudica o exame do recurso especial interposto contra acórdão que,
em sede de agravo de instrumento, mantém decisão deferitória de antecipação de tutela.
2. "As medidas liminares, editadas em juízo de mera verossimilhança, objetivam ajustar
provisoriamente a situação das partes, desempenhando no processo função de natureza
temporária. Sua eficácia se encerra com a superveniência da sentença, provimento
tomado à base de cognição exauriente, apto a dar tratamento definitivo à controvérsia"
(AgRg no Ag 1.322.825/SP, rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, Segunda Turma, DJe
03/02/2011). 3. Hipótese em que nenhuma utilidade prática haveria na apreciação do
presente recurso, porquanto eventual reforma da decisão interlocutória não teria o
condão de operar efeitos em detrimento daqueles já produzidos pela sentença de mérito.
4. Agravo interno desprovido.” (STJ – Primeira Turma, AgInt no AREsp 476106 / SP, rel.
Min. Gurgel de Faria, DJe 20/10/2016).

Cumprimento da Tutela Provisória


Prevalece a atipicidade dos meios executivos para o cumprimento da tutela
provisória, vale dizer, o juiz pode tormar as medidas que considerar adequadas
(indutivas, coercitivas, mandamentais ou sub-rogatórias), aplicando, no couber, as
normas do cumprimento provisório da sentença (v.g., responsabilidade objetiva
do requerente e exigência de caução para certos atos).

Atipicidade dos meios executivos

Poder Geral de Efetivação

Cláusulas Gerais

Art. 297. O juiz poderá determinar as medidas que considerar adequadas para
efetivação da tutela provisória. Parágrafo único. A efetivação da tutela provisória
observará as normas referentes ao cumprimento provisório da sentença, no que
couber.

Art. 139. O juiz dirigirá o processo conforme as disposições deste Código,


incumbindo-lhe: IV – determinar todas as medidas indutivas, coercitivas,
mandamentais ou sub-rogatórias necessárias para assegurar o cumprimento de
ordem judicial, inclusive nas ações que tenham por objeto prestação pecuniária;

Art. 536. No cumprimento de sentença que reconheça a exigibilidade de obrigação


de fazer ou de não fazer, o juiz poderá, de ofício ou a requerimento, para a
efetivação da tutela específica ou a obtenção de tutela pelo resultado prático
equivalente, determinar as medidas necessárias à satisfação do exequente. § 1o
Para atender ao disposto no caput, o juiz poderá determinar, entre outras
medidas, a imposição de multa, a busca e apreensão, a remoção de pessoas e
coisas, o desfazimento de obras e o impedimento de atividade nociva, podendo,
caso necessário, requisitar o auxílio de força policial. ENFAM 48: O art. 139, IV, do
CPC/2015 traduz um poder geral de efetivação, permitindo a aplicação de
medidas atípicas para garantir o cumprimento de qualquer ordem judicial,
inclusive no âmbito do cumprimento de sentença e no processo de execução
baseado em títulos extrajudiciais.

A tutela cautelar pode ser executada? Sim! Conforme entendimento do STJ:

“(...) Embora a tutela cautelar tenha a finalidade precípua de assegurar a futura


execução da tutela de mérito, é admissível, excepcionalmente, que seja ela em si
mesma executável, ainda que o mérito não tenha sido definitivamente julgado, se
concorrerem circunstâncias urgentes que justifiquem a imediata fruição do bem
acautelado por seu provável titular ou beneficiário. (...) Na hipótese, as ações de
partilha e de oposição são conjuntamente julgadas, na mesma assentada e no
mérito, o que confere altíssima probabilidade do direito à parte diante da
ausência da aparente inviabilidade de eventuais recursos subsequentes. (...)
Ademais, na hipótese, há risco iminente de dano irreparável ou de difícil
reparação, bem como risco de infrutuosidade da tutela jurisdicional meritória,
pois a provável beneficiária da tutela jurisdicional é idosa, busca há 18 anos a
partilha em decorrência de um vínculo conjugal dissolvido há 34 anos e cujos bens
se mantiveram, durante todo esse período, sob a fruição exclusiva do ex-cônjuge,
servindo a tutela cautelar, excepcionalmente, também para evitar ou remediar o
dano marginal, redistribuindo o ônus do tempo do processo também ao réu que
não tem razão. (STJ – Terceira Turma, REsp 1890761/MT, Rel. Ministra NANCY
ANDRIGHI, julgado em 23/11/2021, DJe 25/11/2021).

Teoria do Risco-Proveito
A parte beneficiada pela tutela ganha um proveito, mas tem um risco, de ter que
reparar eventuais prejuízos causados à outra parte, em caso de reversão da tutela
concedida.

Art. 297. O juiz poderá determinar as medidas que considerar adequadas para
efetivação da tutela provisória. Parágrafo único. A efetivação da tutela provisória
observará as normas referentes ao cumprimento provisório da sentença, no que
couber.

Art. 520. O cumprimento provisório da sentença impugnada por recurso


desprovido de efeito suspensivo será realizado da mesma forma que o
cumprimento definitivo, sujeitando-se ao seguinte regime: I - corre por iniciativa e
responsabilidade do exequente, que se obriga, se a sentença for reformada, a
reparar os danos que o executado haja sofrido; II - fica sem efeito, sobrevindo
decisão que modifique ou anule a sentença objeto da execução, restituindo-se as
partes ao estado anterior e liquidando-se eventuais prejuízos nos mesmos autos;

Art. 302. Independentemente da reparação por dano processual, a parte responde


pelo prejuízo que a efetivação da tutela de urgência causar à parte adversa, se: I -
a sentença lhe for desfavorável; II - obtida liminarmente a tutela em caráter
antecedente, não fornecer os meios necessários para a citação do requerido no
prazo de 5 (cinco) dias; III - ocorrer a cessação da eficácia da medida em qualquer
hipótese legal; IV - o juiz acolher a alegação de decadência ou prescrição da
pretensão do autor. Parágrafo único. A indenização será liquidada nos autos em
que a medida tiver sido concedida, sempre que possível.

A responsabilidade do requerente é objetiva ou subjetiva? Depende de algum


pronunciamento judicial?

A responsabilidade é objetiva, não se exigindo a comprovação de dolo ou culpa,


mas é necessário comprovar o dano e nexo.

PROCESSUAL CIVIL E PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR. RECURSO ESPECIAL.


APRECIAÇÃO DE MATÉRIA CONSTITUCIONAL, EM SEDE DE RECURSO ESPECIAL.
INVIABILIDADE. JULGAMENTO AFETADO À SEGUNDA SEÇÃO PARA PACIFICAÇÃO
DE MATÉRIA NO ÂMBITO DO STJ. ANTECIPAÇÃO DOS EFEITOS DA TUTELA.
REPARAÇÃO DE DANO, DECORRENTE DE MEDIDA DEFERIDA NOS AUTOS.
POSSIBILIDADE. RESPONSABILIDADE PROCESSUAL OBJETIVA. RECONHECIMENTO
POSTERIOR DA INEXISTÊNCIA DO DIREITO. OBRIGAÇÃO DE REPARAR O DANO
PROCESSUAL. DECORRE DA LEI, NÃO DEPENDENDO DE PRÉVIOS
RECONHECIMENTO JUDICIAL E/OU PEDIDO DO LESADO. POSSIBILIDADE DE
DESCONTO, COM ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA, DO PERCENTUAL DE 10% DO
MONTANTE DO BENEFÍCIO SUPLEMENTAR, ATÉ QUE OCORRA A COMPENSAÇÃO
DO DANO. UTILIZAÇÃO DE ANALOGIA. LEI N. 8.112/1990. 1. Os danos causados a
partir da execução de tutela antecipada (assim também a tutela cautelar e a
execução provisória) são disciplinados pelo sistema processual vigente à revelia da
indagação acerca da culpa da parte, ou se esta agiu de má-fé ou não. Com efeito, à
luz da legislação, cuida-se de responsabilidade processual objetiva, bastando a
existência do dano decorrente da pretensão deduzida em juízo para que sejam
aplicados os arts. 273, § 3º, 475-O, incisos I e II, e 811 do CPC/1973
(correspondentes aos arts. 297, parágrafo único, 520, I e II, e 302 do novo CPC). 2.
Em linha de princípio, a obrigação de indenizar o dano causado pela execução de
tutela antecipada posteriormente revogada é consequência natural da
improcedência do pedido, decorrência ex lege da sentença, e, por isso, independe
de pronunciamento judicial, dispensando também, por lógica, pedido da parte
interessada. A sentença de improcedência, quando revoga tutela
antecipadamente concedida, constitui, como efeito secundário, título de certeza
da obrigação de o autor indenizar o réu pelos danos eventualmente
experimentados, cujo valor exato será posteriormente apurado em liquidação nos
próprios autos. 3. É possível reconhecer à entidade previdenciária, cujo plano de
benefícios que administra suportou as consequências materiais da antecipação de
tutela (prejuízos), a possibilidade de desconto no percentual de 10% do montante
total do benefício mensalmente recebido pelo assistido, até que ocorra a integral
compensação da verba percebida. A par de ser solução equitativa, a evitar o
enriquecimento sem causa, cuida-se também de aplicação de analogia, em vista
do disposto no art. 46, § 1º, da Lei n. 8.112/1990 - aplicável aos servidores
públicos. 4. Ademais, por um lado, os valores recebidos precariamente são
legítimos enquanto vigorar o título judicial antecipatório, o que caracteriza a boa-
fé subjetiva do autor; entretanto, isso não enseja a presunção de que tais verbas,
ainda que alimentares, integram o seu patrimônio em definitivo. Por outro lado,
as verbas de natureza alimentar do Direito de Família são irrepetíveis, porquanto
regidas pelo binômio necessidade-possibilidade, ao contrário das verbas oriundas
da suplementação de aposentadoria. (REsp 1555853/RS, Rel. Ministro RICARDO
VILLAS BÔAS CUEVA, TERCEIRA TURMA, julgado em 10/11/2015, DJe 16/11/2015)
(STJ – Segunda Seção, REsp 1548749 / RS, rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, DJe
06/06/2016)

CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL MANEJADO SOB A ÉGIDE DO NCPC.


AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER. MARCAS E PATENTES. DECISÃO LIMINAR QUE
SUSPENDEU A COMERCIALIZAÇÃO DE MEDICAMENTO. POSTERIOR REVOGAÇÃO.
ART. 811 DO CPC/73. PREJUÍZOS QUE PODEM SER LIQUIDADOS NOS PRÓPRIOS
AUTOS. REPARAÇÃO INTEGRAL. RESPONSABILIDADE PROCESSUAL OBJETIVA.
DESNECESSIDADE DE PRONUNCIAMENTO JUDICIAL FIXANDO OBRIGAÇÃO DE
REPARAR OS DANOS SOFRIDOS. RECURSO ESPECIAL PROVIDO. 1. Aplica-se o NCPC
a este recurso ante os termos do Enunciado Administrativo nº 3, aprovado pelo
Plenário do STJ na sessão de 9/3/2016: Aos recursos interpostos com fundamento
no CPC/2015 (relativos a decisões publicadas a partir de 18 de março de 2016)
serão exigidos os requisitos de admissibilidade recursal na forma do novo CPC. 2.
A obrigação de indenizar o dano causado pela execução de tutela antecipada
posteriormente revogada é consequência natural da improcedência do pedido,
dispensando-se, nessa medida, pronunciamento judicial que a imponha de forma
expressa. 3. Nos termos da jurisprudência desta Corte, os danos causados a partir
da execução de tutela antecipada suscitam responsabilidade processual objetiva e
devem ser integralmente reparados (art. 944 do CC/02) após apurados em
procedimento de liquidação levado a efeito nos próprios autos. 4. Recurso
especial provido. (STJ – Terceira Turma, REsp 1780410/SP, Rel. Ministro PAULO
DE TARSO SANSEVERINO, Rel. p/ Acórdão Ministro MOURA RIBEIRO, julgado em
23/02/2021, DJe 13/04/2021)

É cabível a restituição dos valores despendidos em razão do deferimento de


antecipação de tutela mesmo quando não existirem indícios de conduta contrária
à boa-fé na postura do requerente?

Caso comprovada boa-fé, não é necessário restituir.

AGRAVO INTERNO NO RECURSO ESPECIAL. AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER.


CONCESSÃO DA TUTELA PROVISÓRIA. EXTINÇÃO DO FEITO, SEM RESOLUÇÃO DE
MÉRITO. CUMPRIMENTO DE SENTENÇA FORMULADO PELA PARTE RÉ PLEITEANDO
O RESSARCIMENTO DOS VALORES DESPENDIDOS EM RAZÃO DO DEFERIMENTO DA
TUTELA PROVISÓRIA. REVOGAÇÃO DA TUTELA ANTECIPADA. RESTITUIÇÃO DOS
VALORES DESPENDIDOS COM SERVIÇO HOME CARE. DESCABIMENTO. BOA-FÉ DA
DEMANDADA EVIDENCIADA. AGRAVO INTERNO IMPROVIDO. 1. A revogação da
antecipação de tutela não decorreu da inexistência do direito da parte autora,
tendo o processo sido extinto apenas em razão de sua morte, uma vez que o
objeto da demanda era apenas a concessão de assistência à saúde em favor da
paciente falecida. Dessa forma, o Superior Tribunal de Justiça firmou
entendimento no sentido de que, não havendo indícios de conduta contrária à
boa-fé na postura da paciente falecida ou de sua família, é incabível a restituição
dos valores despendidos. 2. Agravo interno improvido. (STJ – Terceira Turma,
AgInt no REsp 1891444/SP, Rel. Ministro MARCO AURÉLIO BELLIZZE, julgado em
21/02/2022, DJe 23/02/2022)
RECURSO ESPECIAL. DIREITO CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. SAÚDE SUPLEMENTAR.
AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER C.C. PEDIDO DE ANTECIPAÇÃO DA TUTELA.
SERVIÇO DE HOMECARE. TUTELA DEFERIDA. PACIENTE PORTADORA DE MAL DE
ALZHEIMER. MORTE DA AUTORA NO DECORRER DO PROCESSO. EXTINÇÃO DO
PROCESSO SEM RESOLUÇÃO DE MÉRITO. REVOGAÇÃO DA TUTELA ANTECIPADA.
EFEITOS EX TUNC. RESTITUIÇÃO DOS VALORES DESPENDIDOS COM FÁRMACOS,
ALIMENTAÇÃO E MATERIAIS HOSPITALARES. DESCABIMENTO. BOA-FÉ DA
DEMANDADA EVIDENCIADA. 1. O cerne da controvérsia situa-se em torno do
pedido de restituição dos gastos suportados para o cumprimento da decisão
interlocutória concessiva da tutela provisória à parte autora, tendo em vista a
posterior revogação da medida quando da prolação da respectiva sentença. 2. Em
relação aos benefícios previdenciários complementares, o posicionamento da
Segunda Seção do Superior Tribunal de Justiça é no sentido de que há direito à
devolução dos valores percebidos, em razão da revogação da antecipação dos
efeitos da tutela pela sentença de mérito. 3. Entretanto, a repetibilidade da verba
recebida, com base em antecipação de tutela, deve ser examinada sob o prisma
da boa-fé objetiva. 4. Consoante destacado pelo acórdão recorrido, na hipótese
dos autos, não há evidência de conduta contrária à boa-fé na postura da paciente
falecida ou de sua família. 5. A revogação da antecipação de tutela não decorreu
da inexistência do direito da postulante, tendo o processo sido extinto apenas em
razão da morte da demandante e a inexistência de conteúdo condenatório que
aproveitasse aos herdeiros da requerente, pois o objeto da demanda era apenas a
concessão de assistência à saúde em favor da paciente falecida. 6. RECURSO
ESPECIAL CONHECIDO E DESPROVIDO. (STJ – Terceira Turma, REsp 1725736/CE,
Rel. Ministro PAULO DE TARSO SANSEVERINO, julgado em 27/04/2021, DJe
21/05/2021)

Recursos e Tutela Provisória


O recurso cabível é de agravo de instrumento, exceto se decidida em sentença,
quando caberá apelação.

Art. 1.015. Cabe agravo de instrumento contra as decisões interlocutórias que


versarem sobre: I – tutelas provisórias;

Art. 1.013. A apelação devolverá ao tribunal o conhecimento da matéria


impugnada. § 5º O capítulo da sentença que confirma, concede ou revoga a tutela
provisória é impugnável na apelação.

Cabe agravo de instrumento quanto ao ato pelo qual o juiz posterga a análise do
pedido de tutela de urgência ou o condiciona a algum requisito não previsto em
lei?

Sim. Vide:

FFPC 29: É agravável o pronunciamento judicial que postergar a análise do pedido


de tutela provisória ou condicionar sua apreciação ao pagamento de custas ou a
qualquer outra exigência.

CJF 70: É agravável o pronunciamento judicial que postergar a análise de pedido


de tutela provisória ou condicioná-la a qualquer exigência.

Sustentação oral em agravo de instrumento


É permitida sustentação em julgamento de AI somente no caso de tutela.

Art. 937. Na sessão de julgamento, depois da exposição da causa pelo relator, o


presidente dará a palavra, sucessivamente, ao recorrente, ao recorrido e, nos
casos de sua intervenção, ao membro do Ministério Público, pelo prazo
improrrogável de 15 (quinze) minutos para cada um, a fim de sustentarem suas
razões, nas seguintes hipóteses, nos termos da parte final do caput do art. 1.021:
VIII - no agravo de instrumento interposto contra decisões interlocutórias que
versem sobre tutelas provisórias de urgência ou da evidência.

RECURSO ESPECIAL. AÇÃO DE DISSOLUÇÃO PARCIAL DE SOCIEDADE E APURAÇÃO


DE HAVERES. NEGATIVA DE PRESTAÇÃO JURISDICIONAL. SÚMULA 284/STF.
DIREITO PROCESSUAL CIVIL. CERCEAMENTO DE DEFESA. PEDIDO DE JULGAMENTO
EM SESSÃO PRESENCIAL FORMULADO ADEQUADA E TEMPESTIVAMENTE.
INDEFERIMENTO DURANTE O JULGAMENTO. SUSTENTAÇÃO ORAL DA PARTE
VENCIDA INVIABILIZADA. VIOLAÇÃO DO ART. 937, VIII, DO CPC/15. 1. Ação
ajuizada em 21/9/2018. Recurso especial interposto em 23/7/2020. Autos
conclusos à Relatora em 3/2/2021. 2. O propósito recursal consiste em definir se
houve negativa de prestação jurisdicional e se ficou caracterizado cerceamento ao
direito de defesa do recorrente. 3. Consoante art. 937, VIII, do CPC/15, tratando-
se de agravo de instrumento interposto contra decisão interlocutória que versa
sobre tutela provisória de urgência ou de evidência - como na hipótese dos autos
-, incumbe ao Presidente da sessão de julgamento, antes da prolação dos votos,
conceder a palavra aos advogados que tenham interesse em sustentar oralmente.
4. Cuida-se de dever imposto, de forma cogente, a todos os tribunais, em
observância aos princípios constitucionais do contraditório e da ampla defesa. 5.
Quando o indeferimento do pedido de retirada de pauta virtual formulado
adequadamente ocorrer no próprio acórdão que apreciar o recurso, e tiver como
efeito inviabilizar a sustentação oral da parte que ficou vencida, há violação da
norma legal precitada. RECURSO ESPECIAL PARCIALMENTE CONHECIDO E
PROVIDO. (STJ – Terceira Turma, REsp 1903730/RS, Rel. Ministra NANCY
ANDRIGHI, julgado em 08/06/2021, DJe 11/06/2021)

Agravo Interno
É cabível, em se tratando de decisão monocrática.

Art. 1.021. Contra decisão proferida pelo relator caberá agravo interno para o
respectivo órgão colegiado, observadas, quanto ao processamento, as regras do
regimento interno do tribunal. FPPC 142: Da decisão monocrática do relator que
concede ou nega o efeito suspensivo ao agravo de instrumento ou que concede,
nega, modifica ou revoga, no todo ou em parte, a tutela jurisdicional nos casos de
competência originária ou recursal, cabe o recurso de agravo interno nos termos
do art. 1.021 do CPC.

RE ou REsp
Entende-se que não é cabível.

Súmula 735 do STF: NÃO CABE RECURSO EXTRAORDINÁRIO CONTRA ACÓRDÃO


QUE DEFERE MEDIDA LIMINAR.

AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. ANTECIPAÇÃO DE


TUTELA. AUSÊNCIA DOS REQUISITOS AUTORIZADORES. NECESSIDADE DE
REVOLVIMENTO DE MATÉRIA FÁTICO-PROBATÓRIA. IMPOSSIBILIDADE. SÚMULAS
Nº 7/STJ E N° 735/STF. 1. A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça entende
que não é cabível recurso especial para reexaminar decisão que defere ou
indefere liminar ou antecipação de tutela, haja vista a natureza precária da
decisão, a teor do que dispõe a Súmula nº 735/STF. 2. Rever as conclusões do
tribunal recorrido demandaria o reexame de matéria fático-probatória, o que é
inviável em sede de recurso especial, nos termos da Súmula nº 7 do Superior
Tribunal de Justiça. 3. Agravo regimental não provido. (AgRg no AREsp 573120 /
DF, rel. Ministro RICARDO VILLAS BÔAS CUEVA, DJe 09/02/2015).

AGRAVO REGIMENTAL. AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. EXONERAÇÃO DE


ALIMENTOS. MAIORIDADE. ANTECIPAÇÃO DE TUTELA. REVISÃO NO STJ.
IMPOSSIBILIDADE. SÚMULA 735/STF. SÚMULA 7/STJ. 1. O STJ, em sintonia com o
disposto no enunciado da Súmula 735 do STF, entende que, via de regra, não é
cabível recurso especial para reexaminar decisão que defere ou indefere liminar
ou antecipação de tutela, em razão da natureza precária da decisão, sujeita à
modificação a qualquer tempo, devendo ser confirmada ou revogada pela
sentença de mérito. Precedentes. 2. Ainda que cabível, em tese, o recurso
especial, seria imprescindível o reexame do contexto fático e probatório dos autos
para a verificação dos pressupostos ensejadores da tutela antecipada, providência
inviável nesta instância em face da Súmula 7/STJ, conforme a jurisprudência
pacífica desta Corte.3. Agravo regimental a que se nega provimento. (AgRg no
AREsp 601982 / RS, rel. Ministra MARIA ISABEL GALLOTTI, DJe 10/12/2014).

“É pacífica a jurisprudência desta Corte Superior acerca da impossibilidade de


reexame da presença dos pressupostos para a concessão ou negativa da tutela
antecipada no âmbito do recurso especial, seja em face do óbice da Súmula 7 do
STJ, seja em razão da natureza perfunctória do provimento.” (STJ – Primeira
Turma, AgInt no AREsp 331239 / PI, rel. Min. Gurgel de Faria, DJe 23/11/2017).

Tutela Provisória Contra a Fazenda Pública


Antes havia controvérsias, mas atualmente entende-se que sim, se presentes os
requisitos. Basicamente, devem estar presentes os requisitos de liminar em MS.

Argumentos contrários:
a) remessa necessária;

b) pagamento de débitos judiciais por precatório (art. 100 da CF).

Argumentos favoráveis:
a) a remessa é só para sentença, não abrangendo as decisões interlocutórias –
aliás, no MS tem remessa e mesmo assim sempre se admitiu a concessão de
liminar;

b) a CF fala em sentença que transitou em julgado e nem toda tutela provisória é


para pagamento de quantia em dinheiro, que exija a expedição do precatório (v.g.,
tutela antecipada para receber medicamento, tutela antecipada para suspender a
exigibilidade do crédito tributário);

c) No STJ tem-se admitido o cumprimento de tutela de urgência em desfavor da


fazenda Pública para efetivar o pagamento de quantia, independentemente da
expedição de precatório.

Em um caso analisado naquela Corte (STJ. 1ª Turma. REsp 834.678/PR, rel. Min.
Luiz Fux, j. 26.06.2007, DJ 23.08.2007), entendeu-se que: “1. A tutela de urgência
pressupõe a impossibilidade de cumprimento de liturgias que posterguem a
prestação jurisdicional, sendo essa a ratio aferível na gênese do novel instituto. 2.
Deveras, a institucionalização dos provimentos urgentes é consectário do princípio
da inafastabilidade da jurisdição ou do acesso à justiça, que deve atuar de pronto
diante de ameaça ou lesão a direito individual ou coletivo. [...] 4. A ideia de
efetividade, auto-executoriedade e mandamentalidade ínsita aos provimentos de
urgência, cuja situação acautelada reclama satisfatividade imediata, conduzem à
conclusão da incompatibilidade com os meios que revelem postergação da
efetivação da tutela deferida, como sói ser o recebimento de apelação com efeito
suspensivo e, a fortiori, submissão da execução das mencionadas tutelas ao
regime de precatório. [...] 6. A possibilidade de graves danos decorrentes da
demora da efetivação do provimento antecipatório sub examine revela a
incompatibilidade da submissão da tutela de urgência ao regime do precatório,
máxime porque a pensão provisória a ser paga pelo Município requerido, até
decisão final da ação principal, é imprescindível para fazer face às despesas
médicas e terapêuticas da menor, acometida de encefalopatia grave e irreversível,
em decorrência de vacinação em posto de saúde do Município de Curitiba [...]” d)
a própria lei admite a tutela provisória contra fazenda pública, ao fazer restrições
pontuais.
PROCESSO CIVIL. TUTELA ANTECIPADA CONCEDIDA NA SENTENÇA. EFEITO DA
APELAÇÃO. O reexame necessário a que estão sujeitas as sentenças proferidas
contra a Fazenda Pública não constitui óbice à antecipação da tutela. O
recebimento da apelação apenas no efeito devolutivo, preservando a eficácia da
tutela antecipada concedida na sentença, não viola o art. 475, II, do Código de
Processo Civil. - Agravo regimental desprovido. (AgRg no AREsp 32608 / PE, rel.
Min. Ari Pargendler, DJe 04/02/2014).

É possível a concessão de tutela antecipada contra a Fazenda Pública para obrigá-


la a custear cirurgia cardíaca a cidadão que não consegue ter acesso, com
dignidade, a tratamento que lhe assegure o direito à vida, podendo ser fixada
multa cominatória para tal fim, ou até mesmo determinar o bloqueio de verbas
públicas. O direito fundamental, nestes casos, prevalece sobre as restrições
financeiras e patrimoniais contra a Fazenda Pública. Precedentes. Agravo
regimental improvido. (AgRg no AREsp 420158 / PI, rel. Min. Humberto Martins,
DJe 09/12/2013).

É possível a concessão de antecipação dos efeitos da tutela contra a Fazenda


Pública para obrigá-la a fornecer medicamento a cidadão que não consegue ter
acesso, com dignidade, a tratamento que lhe assegure o direito à vida, podendo,
inclusive, ser fixada multa cominatória para tal fim, ou até mesmo proceder-se a
bloqueio de verbas públicas. Precedentes. (AgRg no REsp 1291883 / PI, rel. Min.
Castro Meira, DJe 01/07/2013).

Restrições:
CPC - Art. 1.059. À tutela provisória requerida contra a Fazenda Pública aplica-se o
disposto nos arts. 1º a 4º da Lei nº 8.437, de 30 de junho de 1992, e no art. 7º, §
2º, da Lei nº 12.016, de 7 de agosto de 2009.

Lei 12.016/09 - Art. 7o § 2o Não será concedida medida liminar que tenha por
objeto a compensação de créditos tributários, a entrega de mercadorias e bens
provenientes do exterior, a reclassificação ou equiparação de servidores públicos
e a concessão de aumento ou a extensão de vantagens ou pagamento de qualquer
natureza. § 5o As vedações relacionadas com a concessão de liminares previstas
neste artigo se estendem à tutela antecipada a que se referem os arts. 273 e 461
da Lei no 5.869, de 11 janeiro de 1973 - Código de Processo Civil.

Lei 8.437/92 - Art. 1° Não será cabível medida liminar contra atos do Poder
Público, no procedimento cautelar ou em quaisquer outras ações de natureza
cautelar ou preventiva, toda vez que providência semelhante não puder ser
concedida em ações de mandado de segurança, em virtude de vedação legal. § 1°
Não será cabível, no juízo de primeiro grau, medida cautelar inominada ou a sua
liminar, quando impugnado ato de autoridade sujeita, na via de mandado de
segurança, à competência originária de tribunal. § 2° O disposto no parágrafo
anterior não se aplica aos processos de ação popular e de ação civil pública. § 3°
Não será cabível medida liminar que esgote, no todo ou em qualquer parte, o
objeto da ação. § 4° Nos casos em que cabível medida liminar, sem prejuízo da
comunicação ao dirigente do órgão ou entidade, o respectivo representante
judicial dela será imediatamente intimado. (Incluído pela Medida Provisória nº
2,180-35, de 2001) § 5o Não será cabível medida liminar que defira compensação
de créditos tributários ou previdenciários. (Incluído pela Medida Provisória nº
2,180-35, de 2001).

Art. 2º No mandado de segurança coletivo e na ação civil pública, a liminar será


concedida, quando cabível, após a audiência do representante judicial da pessoa
jurídica de direito público, que deverá se pronunciar no prazo de setenta e duas
horas .
Art. 3° O recurso voluntário ou ex officio, interposto contra sentença em processo
cautelar, proferida contra pessoa jurídica de direito público ou seus agentes, que
importe em outorga ou adição de vencimentos ou de reclassificação funcional,
terá efeito suspensivo.

Art. 4° Compete ao presidente do tribunal, ao qual couber o conhecimento do


respectivo recurso, suspender, em despacho fundamentado, a execução da
liminar nas ações movidas contra o Poder Público ou seus agentes, a
requerimento do Ministério Público ou da pessoa jurídica de direito público
interessada, em caso de manifesto interesse público ou de flagrante ilegitimidade,
e para evitar grave lesão à ordem, à saúde, à segurança e à economia públicas. §
1° Aplica-se o disposto neste artigo à sentença proferida em processo de ação
cautelar inominada, no processo de ação popular e na ação civil pública, enquanto
não transitada em julgado. § 2o O Presidente do Tribunal poderá ouvir o autor e o
Ministério Público, em setenta e duas horas. (Redação dada pela Medida
Provisória nº 2,180-35, de 2001) § 3o Do despacho que com § 3o Do despacho que
conceder ou negar a suspensão, caberá agravo, no prazo de cinco dias, que será
levado a julgamento na sessão seguinte a sua interposição. (Redação dada pela
Medida Provisória nº 2,180-35, de 2001) § 4o Se do julgamento do agravo de que
trata o § 3o resultar a manutenção ou o restabelecimento da decisão que se
pretende suspender, caberá novo pedido de suspensão ao Presidente do Tribunal
competente para conhecer de eventual recurso especial ou extraordinário.
(Incluído pela Medida Provisória nº 2,180-35, de 2001) § 5o É cabível também o
pedido de suspensão a que se refere o § 4o , quando negado provimento a agravo
de instrumento interposto contra a liminar a que se refere este artigo. (Incluído
pela Medida Provisória nº 2,180-35, de 2001). § 6o A interposição do agravo de
instrumento contra liminar concedida nas ações movidas contra o Poder Público e
seus agentes não prejudica nem condiciona o julgamento do pedido de suspensão
a que se refere este artigo. (Incluído pela Medida Provisória nº 2,180-35, de 2001)
§ 7o O Presidente do Tribunal poderá conferir ao pedido efeito suspensivo liminar,
se constatar, em juízo prévio, a plausibilidade do direito invocado e a urgência na
concessão da medida. (Incluído pela Medida Provisória nº 2,180-35, de 2001) § 8o
As liminares cujo objeto seja idêntico poderão ser suspensas em uma única
decisão, podendo o Presidente do Tribunal estender os efeitos da suspensão a
liminares supervenientes, mediante simples aditamento do pedido original.
(Incluído pela Medida Provisória nº 2,180-35, de 2001) § 9o A suspensão deferida
pelo Presidente do Tribunal vigorará até o trânsito em julgado da decisão de
mérito na ação principal. (Incluído pela Medida Provisória nº 2,180-35, de 2001).

CTN - Art. 170-A. É vedada a compensação mediante o aproveitamento de tributo,


objeto de contestação judicial pelo sujeito passivo, antes do trânsito em julgado
da respectiva decisão judicial. (Artigo incluído pela Lcp nº 104, de 2001).

Súmula 212 STJ - A compensação de créditos tributários não pode ser deferida em
ação cautelar ou por medida liminar cautelar ou antecipatória.

Lei 9.494/1997 - Art. 1º Aplica-se à tutela antecipada prevista nos arts. 273 e 461
do Código de Processo Civil o disposto nos arts. 5º e seu parágrafo único e 7º da
Lei nº 4.348, de 26 de junho de 1964, no art. 1º e seu § 4º da Lei nº 5.021, de 9 de
junho de 1966, e nos arts. 1º, 3º e 4º da Lei nº 8.437, de 30 de junho de 1992.

Lei 8.036/90 -Art. 29-B. Não será cabível medida liminar em mandado de
segurança, no procedimento cautelar ou em quaisquer outras ações de natureza
cautelar ou preventiva, nem a tutela antecipada prevista nos arts. 273 e 461 do
Código de Processo Civil que impliquem saque ou movimentação da conta
vinculada do trabalhador no FGTS. Incluído pela Medida Provisória nº 2.197-43, de
2001)
Inconstitucionalidade dos requisitos que impedem a tutela em MS
Recentemente o STF posicionou como inconstitucional os requisitos para tutela
em MS.

O Supremo fixou diretriz no sentido de que as restrições legais quanto a concessão


de tutelas provisórias de urgência contra a Fazenda Pública, devem ser
interpretadas restritivamente. Assim, pontualmente, o STF, vem reduzindo o
campo de abrangência dessas vedações.

Vide:

Constitucionalidade das Restrições STF - ADC 4 MC / DF - DISTRITO FEDERAL


MEDIDA CAUTELAR NA AÇÃO DECLARATÓRIA DE CONSTITUCIONALIDADE
Relator(a): Min. SYDNEY SANCHES Julgamento: 11/02/1998 Órgão Julgador:
Tribunal Pleno DJ 21-05-1999 PP-00002 EMENT VOL-01951-01 PP-00001 EMENTA:
AÇÃO DIRETA DE CONSTITUCIONALIDADE DO ART. 1º DA LEI N 9.494, DE
10.09.1997, QUE DISCIPLINA A APLICAÇÃO DA TUTELA ANTECIPADA CONTRA A
FAZENDA PÚBLICA. MEDIDA CAUTELAR: CABIMENTO E ESPÉCIE, NA A.D.C.
REQUISITOS PARA SUA CONCESSÃO. 1. Dispõe o art. 1º da Lei nº 9.494, da
10.09.1997: "Art. 1º . Aplica-se à tutela antecipada prevista nos arts. 273 e 461 do
Código de Processo Civil, o disposto nos arts 5º e seu parágrafo único e art. 7º da
Lei nº 4.348, de 26 de junho de 1964, no art. 1º e seu § 4º da Lei nº 5.021, de 09
de junho de 1966, e nos arts. 1º , 3º e 4º da Lei nº 8.437, de 30 de junho de 1992."
2. Algumas instâncias ordinárias da Justiça Federal têm deferido tutela antecipada
contra a Fazenda Pública, argumentando com a inconstitucionalidade de tal
norma. Outras instâncias igualmente ordinárias e até uma Superior - o S.T.J. - a
têm indeferido, reputando constitucional o dispositivo em questão. 3. Diante
desse quadro, é admissível Ação Direta de Constitucionalidade, de que trata a 2ª
parte do inciso I do art. 102 da C.F., para que o Supremo Tribunal Federal dirima a
controvérsia sobre a questão prejudicial constitucional. Precedente: A.D.C. n 1.
Art. 265, IV, do Código de Processo Civil. 4. As decisões definitivas de mérito,
proferidas pelo Supremo Tribunal Federal, nas Ações Declaratórias de
Constitucionalidade de lei ou ato normativo federal, produzem eficácia contra
todos e até efeito vinculante, relativamente aos demais órgãos do Poder Judiciário
e ao Poder Executivo, nos termos do art. 102, § 2º , da C.F. 5. Em Ação dessa
natureza, pode a Corte conceder medida cautelar que assegure,
temporariamente, tal força e eficácia à futura decisão de mérito. E assim é,
mesmo sem expressa previsão constitucional de medida cautelar na A.D.C., pois o
poder de acautelar é imanente ao de julgar. Precedente do S.T.F.: RTJ-76/342. 6.
Há plausibilidade jurídica na argüição de constitucionalidade, constante da inicial
("fumus boni iuris"). Precedente: ADIMC - 1.576-1. 7. Está igualmente atendido o
requisito do "periculum in mora", em face da alta conveniência da Administração
Pública, pressionada por liminares que, apesar do disposto na norma impugnada,
determinam a incorporação imediata de acréscimos de vencimentos, na folha de
pagamento de grande número de servidores e até o pagamento imediato de
diferenças atrasadas. E tudo sem o precatório exigido pelo art. 100 da
Constituição Federal, e, ainda, sob as ameaças noticiadas na inicial e
demonstradas com os documentos que a instruíram. 8. Medida cautelar deferida,
em parte, por maioria de votos, para se suspender, "ex nunc", e com efeito
vinculante, até o julgamento final da ação, a concessão de tutela antecipada
contra a Fazenda Pública, que tenha por pressuposto a constitucionalidade ou
inconstitucionalidade do art. 1º da Lei nº 9.494, de 10.09.97, sustando-se,
igualmente "ex nunc", os efeitos futuros das decisões já proferidas, nesse sentido.

Matéria Previdenciária
Súmula 729 do STF: A decisão na ADC-4 não se aplica à antecipação de tutela em
causa de natureza previdenciária.
O Pleno do STF, por maioria, julgou parcialmente procedente o pedido realizado
em ADI para declarar a inconstitucionalidade do art. 7º, § 2º, e do art. 22, § 2º, da
Lei nº 12.016/2009, nos termos do voto do Ministro Alexandre de Moraes,
Redator para o acórdão.

ADI 4296/DF, 09/06/2021 ADI 4296 / DF - DISTRITO FEDERAL AÇÃO DIRETA DE


INCONSTITUCIONALIDADE Relator(a): Min. MARCO AURÉLIO Redator(a) do
acórdão: Min. ALEXANDRE DE MORAES Julgamento: 09/06/2021 Publicação:
11/10/2021 Órgão julgador: Tribunal Pleno ODS 16 - Paz, Justiça e Instituições
Eficazes Publicação PROCESSO ELETRÔNICO DJe-202 DIVULG 08-10-2021 PUBLIC
11-10-2021 AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. ARTS. 1º, §2º, 7º, III E
§2º, 22, §2º, 23 E 25, DA LEI DO MANDADO DE SEGURANÇA (LEI 12.016/2009).
ALEGADAS LIMITAÇÕES À UTILIZAÇÃO DESSA AÇÃO CONSTITUCIONAL COMO
INSTRUMENTO DE PROTEÇÃO DE DIREITOS INDIVIDUAIS E COLETIVOS. SUPOSTA
OFENSA AOS ARTS. 2º E 5º, XXXV E LXIX, DA CONSTITUIÇÃO. NÃO CABIMENTO DO
“WRIT” CONTRA ATOS DE GESTÃO COMERCIAL DE ENTES PÚBLICOS, PRATICADOS
NA EXPLORAÇÃO DE ATIVIDADE ECONÔMICA, ANTE A SUA NATUREZA
ESSENCIALMENTE PRIVADA. EXCEPCIONALIDADE QUE DECORRE DO PRÓPRIO
TEXTO CONSTITUCIONAL. POSSIBILIDADE DE O JUIZ EXIGIR CONTRACAUTELA PARA
A CONCESSÃO DE MEDIDA LIMINAR. MERA FACULDADE INERENTE AO PODER
GERAL DE CAUTELA DO MAGISTRADO. INOCORRÊNCIA, QUANTO A ESSE ASPECTO,
DE LIMITAÇÃO AO JUÍZO DE COGNIÇÃO SUMÁRIA. CONSTITUCIONALIDADE DO
PRAZO DECADENCIAL DO DIREITO DE IMPETRAÇÃO E DA PREVISÃO DE
INVIABILIDADE DE CONDENAÇÃO AO PAGAMENTO DE HONORÁRIOS
SUCUMBENCIAIS. JURISPRUDÊNCIA CONSOLIDADA DO SUPREMO TRIBUNAL
FEDERAL. PROIBIÇÃO DE CONCESSÃO DE LIMINAR EM RELAÇÃO A DETERMINADOS
OBJETOS. CONDICIONAMENTO DO PROVIMENTO CAUTELAR, NO ÂMBITO DO
MANDADO DE SEGURANÇA COLETIVO, À PRÉVIA OITIVA DA PARTE CONTRÁRIA.
IMPOSSIBILIDADE DE A LEI CRIAR ÓBICES OU VEDAÇÕES ABSOLUTAS AO
EXERCÍCIO DO PODER GERAL DE CAUTELA. EVOLUÇÃO DO ENTENDIMENTO
JURISPRUDENCIAL. CAUTELARIDADE ÍNSITA À PROTEÇÃO CONSTITUCIONAL AO
DIREITO LÍQUIDO E CERTO. RESTRIÇÃO À PRÓPRIA EFICÁCIA DO REMÉDIO
CONSTITUCIONAL. PREVISÕES LEGAIS EIVADAS DE INCONSTITUCIONALIDADE.
PARCIAL PROCEDÊNCIA DA AÇÃO. 1. O mandado de segurança é cabível apenas
contra atos praticados no desempenho de atribuições do Poder Público,
consoante expressamente estabelece o art. 5º, inciso LXIX, da Constituição
Federal. Atos de gestão puramente comercial desempenhados por entes públicos
na exploração de atividade econômica se destinam à satisfação de seus interesses
privados, submetendo-os a regime jurídico próprio das empresas privadas. 2. No
exercício do poder geral de cautela, tem o juiz a faculdade de exigir contracautela
para o deferimento de medida liminar, quando verificada a real necessidade da
garantia em juízo, de acordo com as circunstâncias do caso concreto.
Razoabilidade da medida que não obsta o juízo de cognição sumária do
magistrado. 3. Jurisprudência pacífica da CORTE no sentido da constitucionalidade
de lei que fixa prazo decadencial para a impetração de mandado de segurança
(Súmula 632/STF) e que estabelece o não cabimento de condenação em
honorários de sucumbência (Súmula 512/STF). 4. A cautelaridade do mandado de
segurança é ínsita à proteção constitucional ao direito líquido e certo e encontra
assento na própria Constituição Federal. Em vista disso, não será possível a edição
de lei ou ato normativo que vede a concessão de medida liminar na via
mandamental, sob pena de violação à garantia de pleno acesso à jurisdição e à
própria defesa do direito líquido e certo protegida pela Constituição. Proibições
legais que representam óbices absolutos ao poder geral de cautela. 5. Ação
julgada parcialmente procedente, apenas para declarar a inconstitucionalidade
dos arts. 7º, §2º, e 22º, §2º, da Lei 12.016/2009, reconhecendo-se a
constitucionalidade dos arts. 1º, § 2º; 7º, III; 23 e 25 dessa mesma lei. Decisão O
Tribunal, por maioria, conheceu da ação direta, vencido o Ministro Nunes
Marques, que conhecia parcialmente da ação. No mérito, por maioria, julgou
parcialmente procedente o pedido para declarar a inconstitucionalidade do art.
7º, § 2º, e do art. 22, § 2º, da Lei nº 12.016/2009, nos termos do voto do Ministro
Alexandre de Moraes, Redator para o acórdão, vencidos parcialmente o Ministro
Marco Aurélio (Relator), que declarava a inconstitucionalidade também do art. 1º,
§ 2º, da expressão “sendo facultado exigir do impetrante caução, fiança ou
depósito com o objetivo de assegurar o ressarcimento a pessoa jurídica”
constante do art. 7º, inc. III, do art. 23, e da expressão “e a condenação ao
pagamento de honorários advocatícios, sem prejuízo da aplicação de sanções no
caso de litigância de má-fé” constante do art. 25, todos da Lei nº 12.016/2009; o
Ministro Nunes Marques, que julgava improcedente o pedido; o Ministro Edson
Fachin, que declarava a inconstitucionalidade também do art. 1º, § 2º, e da
expressão constante do inc. III do art. 7º; e os Ministros Roberto Barroso e Luiz Fux
(Presidente), que julgavam parcialmente procedente o pedido, dando
interpretação conforme a Constituição ao art. 7º, § 2º, e ao art. 22, § 2º, da
mesma lei, para o fim de nele ler a seguinte cláusula implícita: “salvo para evitar o
perecimento de direito”, nos termos dos respectivos votos proferidos. Falaram:
pelo requerente, a Dra. Bruna Santos Costa; e, pelo interessado Presidente da
República, a Dra. Izabel Vinchon Nogueira de Andrade, Secretária-Geral de
Contencioso da Advocacia-Geral da União. Plenário, 09.06.2021 (Sessão realizada
por videoconferência - Resolução 672/2020/STF).

Lei do MS
Art. 7º Ao despachar a inicial, o juiz ordenará: (...) § 2º Não será concedida medida
liminar que tenha por objeto a compensação de créditos tributários, a entrega de
mercadorias e bens provenientes do exterior, a reclassificação ou equiparação de
servidores públicos e a concessão de aumento ou a extensão de vantagens ou
pagamento de qualquer natureza.”

Art. 22. No mandado de segurança coletivo, a sentença fará coisa julgada


limitadamente aos membros do grupo ou categoria substituídos pelo impetrante.
(...) § 2º No mandado de segurança coletivo, a liminar só poderá ser concedida
após a audiência do representante judicial da pessoa jurídica de direito público,
que deverá se pronunciar no prazo de 72 (setenta e duas) horas. Lei 8.437/92 Art.
1° Não será cabível medida liminar contra atos do Poder Público, no procedimento
cautelar ou em quaisquer outras ações de natureza cautelar ou preventiva, toda
vez que providência semelhante não puder ser concedida em ações de mandado
de segurança, em virtude de vedação legal. § 5o Não será cabível medida liminar
que defira compensação de créditos tributários ou previdenciários. (Incluído pela
Medida Provisória nº 2,180-35, de 2001) Lei do MS

Art. 14. Da sentença, denegando ou concedendo o mandado, cabe apelação. (...)


§ 3o A sentença que conceder o mandado de segurança pode ser executada
provisoriamente, salvo nos casos em que for vedada a concessão da medida
liminar. § 4o O pagamento de vencimentos e vantagens pecuniárias assegurados
em sentença concessiva de mandado de segurança a servidor público da
administração direta ou autárquica federal, estadual e municipal somente será
efetuado relativamente às prestações que se vencerem a contar da data do
ajuizamento da inicial.

Recursos
Teoria Geral de Recursos
Conceito
Meio que a lei (princípio da taxatividade) põe à disposição da parte vencida, do
MP e do terceiro prejudicado (legitimidade recursal), para anular, reformar,
esclarecer ou integrar, a decisão, dentro do processo em que proferida.
Natureza jurídica
A teoria que prevalece é que o recurso é o prolongamento de uma ação, dado que
não pode-se inovar na matéria, exceto em caso de fatos novos.

Trata-se de ônus processual, ou seja, é faculdade recorrer, não dever.

Juízo de admissibilidade e mérito


Em geral, quando ingressa-se com ação, o juiz verifica se presentes legitimidade e
interesse para juízo de admissibilidade, e, após, somente, faz-se o julgamento de
mérito. O mesmo ocorre com o recurso.

Nesta linha, se presentes os requisitos de admissibilidade do recurso


(pressupostos recursais), analisa-se o mérito recursal (juízo de mérito).

Algumas premissas:

A decisão do juízo de admissibilidade é declaratória, logo, declara a presença pu


fato de determinados requisitos. Tem eficácia ex tunc, ou seja, retroativa.

Podem ser conhecidos de ofício os requisitos de admissibilidade, vez que tratam-


se de matéria de ordem pública.

Primazia do julgamento de mérito recursal: visa combater a jurisprudência


defensiva, que são filtros ilegítimos para não conhecer recursos, visando diminuir
a quantidade de julgamentos de mérito.

Ex:

Erro No Preenchimento Da Guia Do Preparo

“A jurisprudência desta Corte é firme no sentido de que é deserto o recurso


especial interposto com a indicação incorreta do Código de Recolhimento na Guia
de Recolhimento da União (GRU).” (STJ – Quarta Turma, AgRg nos EDcl no AREsp
616097 / RJ, DJe 28/08/2015)

“A irregularidade no preenchimento das guias do preparo, no ato da interposição


do recurso especial, caracteriza a sua deserção, sendo inviável a posterior
retificação. Recurso interposto sob a égide do CPC/73. ” (STJ – Terceira Turma,
AgInt no AREsp 1020387 / SP, rel. Min. Nancy Andrighi, DJe 11/05/2017)

Falta De Peça Obrigatória Do Agravo De Instrumento

“A remansosa jurisprudência do STJ, com amparo na legislação processual, não


deixa dúvidas: é dever do agravante instruir o agravo de instrumento com cópias
legíveis das peças obrigatórias e essenciais ao conhecimento do recurso e ao
deslinde da controvérsia, em consonância com o art. 544, § 1º, do CPC. A falta ou
a juntada de cópia ilegível de qualquer dessas peças acarreta o não conhecimento
do recurso. ” (STJ – Quarta Turma, AgRg no Ag 1348915 / PR, DJe 28/06/2013)

Falta De Assinatura Na Instância Especial

É firme o entendimento do Superior Tribunal de Justiça no sentido de ser


considerado inexistente o recurso apresentado na instância especial sem a
assinatura física ou eletrônica do advogado subscritor da respectiva peça (STJ –
Segunda Turma, AgRg no REsp 1500265 / RO, DJe 23/06/2015)

Falta De Procuração Na Instância Especial

Súmula 115 do STJ

Súmula 115 do STJ: “Na instância especial é inexistente recurso interposto por
advogado sem procuração nos autos. ”

Recurso Prematuro
Súmula 418 do STJ

Súmula 418 do STJ: “É inadmissível o recurso especial interposto antes da


publicação do acórdão dos embargos de declaração, sem posterior ratificação. ”
(cancelada)

(Súmula 579 do STJ: “Não é necessário ratificar o recurso especial interposto na


pendência do julgamento dos embargos de declaração, quando inalterado o
resultado anterior. ”)

*O CPC de 2015 consagrou que deve-se dar o prazo de 5 dias para que sejam
sanados os vícios sanáveis.

Art. 932. Parágrafo único. Antes de considerar inadmissível o recurso, o relator


concederá o prazo de 5 (cinco) dias ao recorrente para que seja sanado vício ou
complementada a documentação exigível.

É obrigatória a concessão do prazo.

Decorre do principio da cooperação.

O relator deve esclarecer qual o defeito, conforme 321, CPC. É o dever de


esclarecimento: o julgador deve indicar precisamente o vício a ser corrigido
(princípio da cooperação: arts. 6º e 321). Art. 321. O juiz, ao verificar que a petição
inicial não preenche os requisitos dos arts. 319 e 320 ou que apresenta defeitos e
irregularidades capazes de dificultar o julgamento de mérito, determinará que o
autor, no prazo de 15 (quinze) dias, a emende ou a complete, indicando com
precisão o que deve ser corrigido ou completado. Parágrafo único. Se o autor não
cumprir a diligência, o juiz indeferirá a petição inicial.

Este dever é aplicável a todos os recursos.

FPPC 82: É dever do relator, e não faculdade, conceder o prazo ao recorrente para
sanar o vício ou complementar a documentação exigível, antes de inadmitir
qualquer recurso, inclusive os excepcionais.

Não se aplica somente se interpostos os recursos antes da vigência do CPC de


2015.

No caso de recurso extraordinário, o STF e STJ podem ignorar vicio formal de


recurso tempestivo. Ex: falta de prequestionamento. Vide:

CPC - Art. 1.029. § 3º O Supremo Tribunal Federal ou o Superior Tribunal de Justiça


poderá desconsiderar vício formal de recurso tempestivo ou determinar sua
correção, desde que não o repute grave.

O julgamento que inspirou o dispositivo foi:

INFORMATIVO Nº 364 do STF “Ausência de Prequestionamento. RE. Provimento.


Prevalência de Decisão do STF” “Assim, entendeu-se que, apesar da ausência de
prequestionamento dos dispositivos apontados como violados no RE e, também,
de não ter sido juntado aos autos o aresto do Órgão Especial aludido, a orientação
do STF deveria preponderar sobre o do acórdão recorrido, a fim de se impedir a
adoção de soluções diversas em relação à decisão do Pleno, que poderiam
comprometer a segurança jurídica. Considerou-se, ainda, que, por se estar diante
de uma lide envolvendo inúmeros servidores do referido Município, a existência
de decisões divergentes pela instância inferior sobre o mesmo tema provocaria,
além de disparidade de tratamento de situações idênticas, prejuízos às finanças do
referido Município, impedindo o atendimento das limitações impostas aos gastos
com pessoal pela Lei Camata (LC 82/95). AI 375011 AgR/RS, rel. Min. Ellen Gracie,
5.10.2004, DJ 28.10.2004, p. 43.

Atenção: trata-se de faculdade. O julgador poderá fazê-lo. É faculdade.


Quando o relator constatar um vício insanável no recurso ordinário ou
excepcional, terá a obrigação de ouvir previamente as partes?
Lembrando que trata-se de matéria de oficio.

É necessário o contraditório substancial, ou seja, garantindo o dever de não


surpresa, sendo as partes intimadas para, querendo, se manifestarem.

Corte Especial do STJ: “Vistos, relatados e discutidos os autos em que são partes
as acima indicadas, acordam os Ministros da Corte Especial do Superior Tribunal
de Justiça: Preliminarmente, em questão de ordem, a Corte Especial, por maioria,
decidiu que o Ministro que não participou do início do julgamento, com
sustentação oral, fica impossibilitado de participar posteriormente do julgamento.
” (STJ – Corte Especial, EREsp 1.447.624 – SP, Dje 11/10/2018)

CPC - Art. 10. O juiz não pode decidir, em grau algum de jurisdição, com base em
fundamento a respeito do qual não se tenha dado às partes oportunidade de se
manifestar, ainda que se trate de matéria sobre a qual deva decidir de ofício.

Deve ser garantido o dever de consulta às partes.

Art. 933. Se o relator constatar a ocorrência de fato superveniente à decisão


recorrida ou a existência de questão apreciável de ofício ainda não examinada que
devam ser considerados no julgamento do recurso, intimará as partes para que se
manifestem no prazo de 5 (cinco) dias. § 1º Se a constatação ocorrer durante a
sessão de julgamento, esse será imediatamente suspenso a fim de que as partes
se manifestem especificamente. § 2º Se a constatação se der em vista dos autos,
deverá o juiz que a solicitou encaminhá-los ao relator, que tomará as providências
previstas no caput e, em seguida, solicitará a inclusão do feito em pauta para
prosseguimento do julgamento, com submissão integral da nova questão aos
julgadores.

O prazo é de 5 dias, no geral. Ainda que se trate de matéria cognoscível de ofício.

Esta disposição não se aplica aos recursos extraordinários, segundo a


jurisprudência minoritária.

SEGUNDA TURMA DO STJ - “A jurisprudência do STJ já admite o caráter não


absoluto do art. 10 do CPC/2015, uma vez que entende pela desnecessidade de
intimar o recorrente antes da prolação de decisão que reconhece algum óbice de
admissibilidade do recurso especial. ” (STJ – Segunda Turma, AgInt no RMS
61732 / SP, rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, DJe 12/12/2019)

Primeira Turma do STJ - “Vale lembrar que esta Corte, no julgamento do Tema
995/STJ, fixou a orientação de que se deve levar em conta fatos supervenientes,
ocorridos no curso do processo, que podem criar ou ampliar o direito requerido.
Contudo, essa medida só pode ser tomada, nos termos do art. 933 do CPC/2015,
até o julgamento de segunda instância. Sendo inviável tal medida em instância
superior (REsp. 1.727.063/SP, Rel. Min. MAURO CAMPBELL MARQUES, DJe
2.12.2019). ” (STJ – Primeira Turma, AgInt no AREsp 1280125/SP, Rel. Ministro
NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO, PRIMEIRA TURMA, julgado em 26/10/2020, DJe
29/10/2020)

Segunda Turma do STJ - (...) o Superior Tribunal de Justiça possui jurisprudência


consolidada no sentido de que a proibição da denominada decisão surpresa não
se refere aos requisitos de admissibilidade recursal (REsp 1.906.665/SP, relator
Ministro Herman Benjamin, Segunda Turma, julgado em 2/2/2021, DJe 13/4/2021;
EDcl no AgInt nos EDcl no REsp 1.172.587/GO, relator Ministro Sérgio Kukina,
Primeira Turma, julgado em 3/9/2019, DJe 5/9/2019.) V - Agravo interno
improvido. (STJ - Segunda Turma, AgInt no AREsp 1812948/PR, Rel. Ministro
FRANCISCO FALCÃO, DJe 15/12/2021)
Pressupostos recursais
 Cabimento;
 Legitimidade Recursal;
 Interesse Recursal;
 Tempestividade;
 Regularidade formal;
 Preparo; e
 Ausência de fato impeditivo ou extintivo do poder de recorrer.

Cabimento
Diz respeito a recorribilidade do pronunciamento jurisdicional, e a escolha da via
recursal adequada.

Ex: despacho é pronunciamento irrecorrível.

Há alguns princípios relacionados ao cabimento: taxatividade, singularidade e


fungibilidade.

1. Taxatividade: todo recurso deve ser previsto por lei federal – art. 22, I, CF.
2. Singularidade, unirrecorribilidade ou unicidade: para cada decisão judicial,
cabe apenas um tipo de recurso. Art. 1013, §5º, CPC.

Exceções: acordão do TJ ou TRF que viola lei federal e CF – cabe Resp e RE.

Os embargos são também exceção ao princípio da singularidade, embora obste o


prazo do recurso principal.

3. Fungibilidade: principio que admite a substituição do recurso inadequado


pelo adequado; ou o recebimento do recurso inadequado como se fosse o
adequado.

A fungibilidade tem três requisitos segundo a doutrina: Dúvida Objetiva, Ausência


De Erro Grosseiro, Ausência De Má-Fé, e Tempestividade.

O único requisito é, na verdade, a dúvida objetiva, vez que é necessário que haja
divergência na doutrina.

Se a lei dispõe de maneira específica sobre o recurso cabível, não será possível a
fungibilidade, pois será considerado erro grosseiro.

Nos casos de exclusão de litisconsorte, de rejeição liminar da reconvenção e de


julgamento antecipado parcial, é possível aplicar a fungibilidade recursal? Não!
Como o CPC é categórico em prever que cabível agravo de instrumento, não é
possível a fungibilidade por erro grosseiro.

“É cabível agravo de instrumento - e não apelação - contra decisão que exclui


litisconsorte passivo da lide, com extinção parcial do processo. 7. A aplicação do
princípio da fungibilidade recursal é cabível na hipótese em que exista dúvida
objetiva, fundada em divergência doutrinária ou mesmo jurisprudencial acerca do
recurso a ser contra a decisão judicial a qual se pretende impugnar. ” (AgInt no
AREsp 1632625/PR, Rel. Ministro RICARDO VILLAS BÔAS CUEVA, TERCEIRA
TURMA, julgado em 08/03/2021, DJe 12/03/2021).

No caso cabe agravo interno, art. 1021, CPC, portanto, em não havendo dúvida,
dado o cabimento expressamente previsto, será entendido como erro grosseiro,
não sendo cabível a fungibilidade.

O erro do juiz quanto à denominação do pronunciamento jurisdicional autoriza a


aplicação da fungibilidade recursal? Sim, pois a parte teria sido levada a erro.
PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA EM AGRAVO EM RECURSO
ESPECIAL. DIVERGÊNCIA ENTRE AS TURMAS DA 2ª SEÇÃO EM CASOS IDÊNTICOS,
INCLUSIVE ENVOLVENDO AS MESMAS PARTES E ÓRGÃOS JUDICIAIS DE 1ª E 2ª
INSTÂNCIAS. EXCEPCIONALIDADE DO CASO CONCRETO. EXECUÇÃO DE TÍTULO
EXTRAJUDICIAL. EXCEÇÃO DE PRÉEXECUTIVIDADE. EXCLUSÃO DE EXECUTADO DO
POLO PASSIVO. INTERPOSIÇÃO DE APELAÇÃO AO INVÉS DE AGRAVO DE
INSTRUMENTO. INEXISTÊNCIA DE MÁ-FÉ. INDUÇÃO A ERRO PELO JUÍZO.
RELATIVIZAÇÃO DA DÚVIDA OBJETIVA NA RESTRITA HIPÓTESE DOS AUTOS.
PRINCÍPIO DA FUNGIBILIDADE. APLICABILIDADE. PRECEDENTES. EMBARGOS DE
DIVERGÊNCIA A QUE SE DÁ PROVIMENTO. (STJ – Segunda Seção, EAREsp 230380 /
RN, rel. Ministro PAULO DE TARSO SANSEVERINO, DJe 11/10/2017).

Hipóteses específicas de Fungibilidade


A) Conversão dos embargos de declaração em agravo interno

B) Conversão do REsp em RE ou do RE em REsp

Conversão dos Embargos de Declaração em Agravo Interno


O relator poderá receber os embargos convertendo-o em agravo interno,
contudo, dando prazo de 5 dias para impugnação especifica dos fundamentos, em
atenção ao principio da não surpresa.

Art. 1.024. 3º - O órgão julgador conhecerá dos embargos de declaração como


agravo interno se entender ser este o recurso cabível, desde que determine
previamente a intimação do recorrente para, no prazo de 5 (cinco) dias,
complementar as razões recursais, de modo a ajustá-las às exigências do art.
1.021, § 1 o .

Conversão do RE em REsp ou do REsp em RE


Daniel Mitidiero – livre transito entre os recursos extraordinários.

É necessário dar prazo adicional para complementação dos requisitos, se Resp


para RE.

Não poderá ser violação reflexa do principio constitucional da legalidade. Ex:


violação de artigo do CPC.

Art. 1.032. Se o relator, no Superior Tribunal de Justiça, entender que o recurso


especial versa sobre questão constitucional, deverá conceder prazo de 15 (quinze)
dias para que o recorrente demonstre a existência de repercussão geral e se
manifeste sobre a questão constitucional. Parágrafo único. Cumprida a diligência
de que trata o caput, o relator remeterá o recurso ao Supremo Tribunal Federal,
que, em juízo de admissibilidade, poderá devolvê-lo ao Superior Tribunal de
Justiça.

Art. 1.033. Se o Supremo Tribunal Federal considerar como reflexa a ofensa à


Constituição afirmada no recurso extraordinário, por pressupor a revisão da
interpretação de lei federal ou de tratado, remetê-lo-á ao Superior Tribunal de
Justiça para julgamento como recurso especial.

A fungibilidade prevista nos arts. 1.032 e 1.033 do CPC exige a dúvida objetiva ou
ausência de erro grosseiro? Não. Na fungibilidade específica não são exigidos.

O Presidente ou vice Presidente do Tribunal a quo pode realizar a fungibilidade


prevista nos arts. 1.032 e 1.033 do CPC? Não é exigido mas poderá fazê-lo.

Se o REsp apresentar dois capítulos distintos, será possível fazer a fungibilidade


para converter apenas um deles em RE? Sim, o STJ julgara o que lhe compete e
remeterá o capitulo relativo ao RE ao STF.
Legitimidade recursal
A parte vencida (estando incluídas todas hipóteses de intervenção de terceiros,
que são partes), o MP, e o terceiro prejudicado (aquele que não é parte mas
possuí relação jurídica atingida direta ou reflexamente por uma decisão judicial).

Art. 996. O recurso pode ser interposto pela parte vencida, pelo terceiro
prejudicado e pelo Ministério Público, como parte ou como fiscal da ordem
jurídica. Parágrafo único. Cumpre ao terceiro demonstrar a possibilidade de a
decisão sobre a relação jurídica submetida à apreciação judicial atingir direito de
que se afirme titular ou que possa discutir em juízo como substituto processual.

Súmula 99 do STJ: “O Ministério Público tem legitimidade para recorrer no


processo em que atuou como fiscal da lei, ainda que não haja recurso da parte”

Interessante notar que a simples previsão de atuação do Ministério Público como


fiscal da ordem jurídica já é suficiente para lhe conferir a legitimidade recursal. Por
exemplo, ele pode recorrer contra decisão judicial se não foi intimado
previamente a atuar como fiscal da ordem jurídica, apesar de se tratar de uma das
situações do art. 178 do CPC.

Súmula 202 do STJ: ”A impetração de segurança por terceiro, contra ato judicial,
não se condiciona a interposição de recurso”.

Este verbete somente incide àquele que não tinha ciência da decisão no devido
tempo, caso contrário, deverá recorrer.

PROCESSUAL CIVIL. MANDADO DE SEGURANÇA. DECISÃO JUDICIAL. TERCEIRO


INTERESSADO. INTERPOSIÇÃO DE RECURSO. WRIT. DESCABIMENTO. 1. A
impetração de mandado de segurança contra decisão judicial somente é admitida
nos casos de manifesta ilegalidade ou abuso de poder. Precedentes. 2. De acordo
com a Súmula 202 desta Corte, "a impetração de segurança por terceiro, contra
ato judicial, não se condiciona à interposição de recurso". 3. A incidência desse
verbete contempla "tão somente aquele que não teve condições de tomar ciência
da decisão que lhe prejudicou, ficando impossibilitado de se utilizar do recurso
cabível" (RMS 42.593/RJ, Rel. Ministro JOÃO OTÁVIO DE NORONHA, Terceira
Turma, julgado em 08/10/2013, DJe 11/10/2013), pois a condição de terceiro
pressupõe o desconhecimento e ausência de manifestação no processo (RMS
34.055/SP, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, Segunda Turma, julgado
em 24/05/2011, DJe 31/05/2011).

4. Hipótese em que o impetrante teve ciência da decisão proferida em sede de


medida cautelar que lhe foi desfavorável, inclusive interpondo agravo regimental,
conforme consignado no acórdão recorrido, inviabilizando a impetração do writ. 5.
Recurso ordinário desprovido. (STJ – Primeira Turma, RMS 51.532/CE, Rel.
Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO, Rel. p/ Acórdão Ministro GURGEL DE
FARIA, julgado em 04/08/2020, DJe 19/08/2020).

“AGRAVO INTERNO NO RECURSO ORDINÁRIO EM MANDADO DE SEGURANÇA.


WRIT IMPETRADO POR TERCEIRO CONTRA ATO JUDICIAL DO QUAL OBTEVE
INEQUÍVOCA CIÊNCIA, A POSSIBILITAR A UTILIZAÇÃO DA VIA RECURSAL
ADEQUADA, BEM COMO DE EMBARGOS DE TERCEIRO. IMPETRAÇÃO DE
MANDADO DE SEGURANÇA. NÃO CABIMENTO. INTERPRETAÇÃO CONJUGADA DOS
ENUNCIADOS N. 267 DA SÚMULA DO STF E N. 202 DA SÚMULA DO STJ.
PRECEDENTES. RECURSO ORDINÁRIO IMPROVIDO. AGRAVO INTERNO
IMPROVIDO. 1. O mandamus foi utilizado indevidamente como sucedâneo
recursal, notadamente se levado em consideração o fato de que a terceira, ora
recorrente, foi devidamente cientificada da decisão reputada ilegal, conferindo-se-
lhe a possibilidade de interpor o recurso adequado, na condição de terceiro
interessado, bem como se valer de embargos de terceiros, providências, ao que
parece, não levadas a efeito. 2. Sem descurar dos termos do enunciado n. 202 da
Súmula do STJ (in verbis: "a impetação de segurança por terceiro, contra ato
judicial, não se condiciona a interposição de recurso"), saliente-se que, na esteira
da uníssona jurisprudência desta Corte de Justiça, este deve ser conjugado com o
teor do enunciado n. 267 da Súmula do STF (in verbis: "não cabe mandado de
segurança contra ato judicial passível de recurso ou correição"), permitindo-se que
o terceiro se utilize da via mandamental sempre que não tenha obtido condições
de tomar ciência do ato judicial que lhe prejudicou, a impossibilitar a utilização do
recurso cabível. Precedentes. 3. Agravo interno improvido.” (STJ – Terceira Turma,
AgInt no RMS 50779 / SP, rel. Ministro MARCO AURÉLIO BELLIZZE, DJe
21/02/2019).

O assistente simples e o amicus curiae podem recorrer? Sim, atuará como


substituto processual do assistido. Exceção: se o assistido se manifestar contra.

Art. 121. O assistente simples atuará como auxiliar da parte principal, exercerá os
mesmos poderes e sujeitar-se-á aos mesmos ônus processuais que o assistido.
Parágrafo único. Sendo revel ou, de qualquer outro modo, omisso o assistido, o
assistente será considerado seu substituto processual.

Corte Especial do STJ “Segundo o entendimento mais condizente com o instituto


da assistência simples, a legitimidade para recorrer do assistente não esbarra na
inexistência de proposição recursal da parte assistida, mas na vontade contrária e
expressa dessa no tocante ao direito de permitir a continuidade da relação
processual. Assim, in casu, em atendimento à melhor interpretação do dispositivo
da norma processual, uma vez constatada a ausência da vontade contrária do
assistido, afigura-se cabível o recurso da parte assistente, a qual detém
legitimidade para a continuidade da relação processual. Embargos de divergência
providos para afastar o óbice de admissibilidade do recurso especial quanto à
legitimidade do assistente simples.” (STJ – Corte Especial, EREsp 1068391/PR, Rel.
Ministro HUMBERTO MARTINS, Rel. p/ Acórdão Ministra MARIA THEREZA DE
ASSIS MOURA, julgado em 29/08/2012, DJe 07/08/2013)

Art. 138. O juiz ou o relator, considerando a relevância da matéria, a


especificidade do tema objeto da demanda ou a repercussão social da
controvérsia, poderá, por decisão irrecorrível, de ofício ou a requerimento das
partes ou de quem pretenda manifestar-se, solicitar ou admitir a participação de
pessoa natural ou jurídica, órgão ou entidade especializada, com
representatividade adequada, no prazo de 15 (quinze) dias de sua intimação. § 1o
A intervenção de que trata o caput não implica alteração de competência nem
autoriza a interposição de recursos, ressalvadas a oposição de embargos de
declaração e a hipótese do § 3o . § 3o O amicus curiae pode recorrer da decisão
que julgar o incidente de resolução de demandas repetitivas.

O advogado pode apelar da decisão quanto aos honorários? Sim, pois lhe
pertencem. Somente haverá JG se cabível ao advogado também.

Art. 85.§ 14. Os honorários constituem direito do advogado e têm natureza


alimentar, com os mesmos privilégios dos créditos oriundos da legislação do
trabalho, sendo vedada a compensação em caso de sucumbência parcial.

Art. 99. O pedido de gratuidade da justiça pode ser formulado na petição inicial,
na contestação, na petição para ingresso de terceiro no processo ou em recurso. §
4º A assistência do requerente por advogado particular não impede a concessão
de gratuidade da justiça. § 5º Na hipótese do § 4º, o recurso que verse
exclusivamente sobre valor de honorários de sucumbência fixados em favor do
advogado de beneficiário estará sujeito a preparo, salvo se o próprio advogado
demonstrar que tem direito à gratuidade.
RECURSO ESPECIAL. DIREITO PROCESSUAL CIVIL. EXCEÇÃO DE PRÉ-
EXECUTIVIDADE. EXTINÇÃO. AGRAVO DE INSTRUMENTO. HONORÁRIOS DE
ADVOGADO. CPC DE 2015. LEGITIMIDADE RECURSAL CONCORRENTE DA PARTE E
DO ADVOGADO. 1. A regra do art. 99, §5º, do CPC, não trata da legitimidade
recursal, mas da gratuidade judiciária e, notadamente, do requisito do preparo,
deixando claro que, mesmo interposto recurso pela parte que seja beneficiária de
gratuidade judiciária, mas que se limite a discutir os honorários de advogado, o
preparo deverá ser realizado acaso o advogado também não seja beneficiário da
gratuidade. 2. Não há confundir esse requisito de admissibilidade com aquele
relativo à legitimidade recursal concorrente da parte e do próprio titular da verba
de discutir os honorários de advogado. 3. A própria parte, seja na vigência do CPC
de 1973, inclusive após o reconhecimento do direito autônomo dos advogados
sobre a verba honorária, ou mesmo na vigência do CPC de 2015, pode interpor,
concorrentemente com o titular da verba honorária, recurso acerca dos
honorários de advogado. 4. RECURSO CONHECIDO E PROVIDO. (STJ – Terceira
Turma, REsp 1776425/SP, Rel. Ministro PAULO DE TARSO SANSEVERINO, julgado
em 08/06/2021, DJe 11/06/2021)

O juiz pode recorrer? Sim, mas somente na hipótese abaixo:

Art. 146. § 5o Acolhida a alegação, tratando-se de impedimento ou de manifesta


suspeição, o tribunal condenará o juiz nas custas e remeterá os autos ao seu
substituto legal, podendo o juiz recorrer da decisão.

Interesse recursal
Significa a utilidade do recurso. O recurso deve ser apto a produzir vantagem ou
beneficio jurídico.

O interesse em apelar se confunde com a sucumbência na sentença? Não! Ex: o


reu pode apelar em caso de sentença sem resolução de mérito para pedir uma
sentença de improcedência, pois esta o beneficiará mais.

Ex: recurso pela parte vencedora para que a tese seja aplicada em todo território
nacional – declarado o interesse recursal pelo pleno do STF.

Tribunal Pleno do STF ARE 1307386 RG Órgão julgador: Tribunal Pleno


Relator(a): MINISTRO PRESIDENTE Publicação: 08/06/2021 RECURSO
EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO. INCIDENTE DE RESOLUÇÃO DE DEMANDAS
REPETITIVAS (IRDR). CIVIL E CONSTITUCIONAL. RESPONSABILIDADE CIVIL.
DISPONIBILIZAÇÃO DE INFORMAÇÕES PROCESSUAIS NA INTERNET PUBLICADAS
PELO PODER JUDICIÁRIO SEM RESTRIÇÃO DE SEGREDO DE JUSTIÇA. SUBMISSÃO
DA QUESTÃO CONSTITUCIONAL AO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL PARA
OBTENÇÃO DE TESE COM ABRANGÊNCIA EM TODO O TERRITÓRIO NACIONAL E
NÃO APENAS NO ÂMBITO DE JURISDIÇÃO DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA ESTADUAL.
INTERESSE RECURSAL RECONHECIDO. RELEVÂNCIA DA QUESTÃO
CONSTITUCIONAL. AGRAVO PROVIDO PARA EXAME DO RECURSO
EXTRAORDINÁRIO. MANIFESTAÇÃO PELA EXISTÊNCIA DE REPERCUSSÃO GERAL.
Tema 1141 - Responsabilidade civil por disponibilização na internet de
informações processuais publicadas nos órgãos oficiais do Poder Judiciário, sem
restrição de segredo de justiça ou obrigação jurídica de remoção.

José Roberto Mello Porto “... se refere ao recurso contra o acórdão final do IRDR
(RE 1307386, Tema 1.141 de repercussão geral). Determinada pelo tribunal a quo
a interpretação da norma, com fixação de tese, podem os interessados recorrer
para o Supremo Tribunal Federal, se a questão jurídica for de natureza
constitucional, ou para o Superior Tribunal de Justiça, se ostentar natureza legal
(artigo 987). A lei processual não diz muito mais, No caso concreto, definiu o
Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul que "é lícita a divulgação por provedor de
aplicações de internet de conteúdos de processos judiciais, em andamento ou
findos, que não tramitem em segredo de justiça, e nem exista obrigação jurídica
de removê-los da rede mundial de computadores, bem como a atividade realizada
por provedor de buscas que remeta aquele". A questão peculiar é a seguinte: o
recurso partiu da parte que saiu "vitoriosa" do incidente, ou seja, daquela que
teve sua visão jurídica sobre a questão acolhida. Em razão disso, ressoava
questionável a existência de interesse recursal.”

É possível recorrer, inclusive, contra o fundamento que gerou a coisa julgada,


ainda que seja parte vitoriosa.

Perda do objeto recursal:


A superveniência da sentença e, consequentemente, da apelação, sempre
acarreta a perda do objeto do agravo de instrumento anteriormente interposto?
Não, é necessário que haja a completa perda do objeto para tanto.

PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA. AGRAVO DE INSTRUMENTO


INTERPOSTO CONTRA DECISÃO PROFERIDA EM ANTECIPAÇÃO DE TUTELA
INCIDENTAL. SUPERVENIENTE PROLAÇÃO DE SENTENÇA DE MÉRITO. PERDA DE
OBJETO. 1. Há dois critérios para solucionar o impasse relativo à ocorrência de
esvaziamento do conteúdo do recurso de agravo de instrumento, em virtude da
superveniência da sentença de mérito, quais sejam: a) o da cognição, segundo o
qual o conhecimento exauriente da sentença absorve a cognição sumária da
interlocutória, havendo perda de objeto do agravo; e b) o da hierarquia, que
pressupõe a prevalência da decisão de segundo grau sobre a singular, quando
então o julgamento do agravo se impõe. 2. Contudo, o juízo acerca do destino
conferido ao agravo após a prolatação da sentença não pode ser engendrado a
partir da escolha isolada e simplista de um dos referidos critérios, fazendo-se
mister o cotejo com a situação fática e processual dos autos, haja vista que a
pluralidade de conteúdos que pode assumir a decisão impugnada, além de ensejar
consequências processuais e materiais diversas, pode apresentar prejudicialidade
em relação ao exame do mérito. 3. A pedra angular que põe termo à questão é a
averiguação da realidade fática e o momento processual em que se encontra o
feito, de modo a sempre perquirir acerca de eventual e remanescente interesse e
utilidade no julgamento do recurso. 4. Ademais, na específica hipótese de
deferimento ou indeferimento da antecipação de tutela, a prolatação de sentença
meritória implica a perda de objeto do agravo de instrumento por ausência
superveniente de interesse recursal, uma vez que: a) a sentença de procedência
do pedido - que substitui a decisão deferitória da tutela de urgência - torna-se
plenamente eficaz ante o recebimento da apelação tão somente no efeito
devolutivo, permitindo desde logo a execução provisória do julgado (art. 520, VII,
do Código de Processo Civil); b) a sentença de improcedência do pedido tem o
condão de revogar a decisão concessiva da antecipação, ante a existência de
evidente antinomia entre elas. 5. Embargos de divergência não providos. (STJ –
Corte Especial, EAREsp 488.188/SP, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, julgado
em 07/10/2015, DJe 19/11/2015)

Terceira Turma do STJ - RECURSO ESPECIAL. PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO DE


INDENIZAÇÃO SECURITÁRIA. DECISÃO INTERLOCUTÓRIA QUE VERSA SOBRE
PRESCRIÇÃO. SUPERVENIÊNCIA DE SENTENÇA DE MÉRITO IMPUGNADA POR
APELAÇÃO. PERDA SUPERVENIENTE DA UTILIDADE OU INTERESSE RECURSAL.
INOCORRÊNCIA. QUESTÕES ANTECEDENTEMENTE LÓGICAS AO MÉRITO.
POSSIBILIDADE DE JULGAMENTO DO AGRAVO E DA APELAÇÃO. ART. 946, CAPUT E
PARÁGRAFO ÚNICO, DO CPC/15. DECISÃO 1- Recurso especial interposto em
26/8/2020 e concluso ao gabinete em 19/3/2021. 2- O propósito recursal consiste
em dizer se a prolação de sentença objeto de recurso de apelação acarreta,
necessariamente, a perda superveniente do objeto de agravo de instrumento
pendente de julgamento que versa sobre a consumação da prescrição. 3- Não há
que se falar em perda superveniente do objeto (ou da utilidade ou do interesse no
julgamento) do agravo de instrumento que impugna decisões interlocutórias que
versam sobre prescrição quando sobrevém sentença de mérito que é objeto de
apelação, na medida em que se trata de questão que antecede, logicamente, o
mérito da causa, máxime porque a prescrição tem aptidão para fulminar, total ou
parcialmente, a pretensão deduzida pelo autor, de modo a obstar o julgamento do
pedido ou, ao menos, a direcionar o modo pelo qual o pedido deverá ser julgado.
4- Na hipótese dos autos, é imperioso o reconhecimento de que remanesce a
utilidade no julgamento do recurso de agravo de instrumento, afastando-se a
perda superveniente de seu objeto, motivo pelo qual devem os autos retornar à
Corte de origem, para que o recurso seja devidamente apreciado, nos termos do
art. 946, caput, e parágrafo único do CPC/2015.5- Recurso especial provido. (STJ –
Terceira Turma, REsp 1921166-RJ, rel. Min. Nancy Andrighi, DJe 8.10.2021)

Redimensionamento do interesse recursal


a) Recurso contra a decisão do IRDR

b) Recurso contra resolução de questão prejudicial na fundamentação da sentença

Limites Objetivos da Coisa Julgada


Art. 503. A decisão que julgar total ou parcialmente o mérito tem força de lei nos
limites da questão principal expressamente decidida. § 1o O disposto no caput
aplica-se à resolução de questão prejudicial, decidida expressa e incidentemente
no processo, se: I - dessa resolução depender o julgamento do mérito; II - a seu
respeito tiver havido contraditório prévio e efetivo, não se aplicando no caso de
revelia; III - o juízo tiver competência em razão da matéria e da pessoa para
resolvê-la como questão principal. § 2o A hipótese do § 1o não se aplica se no
processo houver restrições probatórias ou limitações à cognição que impeçam o
aprofundamento da análise da questão prejudicial.

Tempestividade recursal
Tempestividade: prazos unificados - prazos de 15 dias, exceto se ED.

CPC, Art. 1.003. § 5º Excetuados os embargos de declaração, o prazo para interpor


os recursos e para responder-lhes é de 15 (quinze) dias.

O recurso interposta antes da abertura do prazo é tempestiva? Sim, ainda que


prematuros, serão tempestivos os recursos. Art. 218. Os atos processuais serão
realizados nos prazos prescritos em lei. § 4º Será considerado tempestivo o ato
praticado antes do termo inicial do prazo.

Efeito interruptivo dos EDcl. Art. 1.026. Os embargos de declaração não possuem
efeito suspensivo e interrompem o prazo para a interposição de recurso.

Os embargos de declaração inadmitidos interrompem o prazo para a interposição


do recurso? Sim, de maneira geral, exceto se intempestivos ou manifestamente
incabíveis.

O recurso manifestamente incabível ou intempestivo não suspende ou interrompe


o prazo para interposição de outro recurso. (STJ – Corte Especial, ARE no RE no
AgInt no AREsp 917481 / SP, rel. Min. Humberto Martins, DJe 12/12/2017). Este
Supremo Tribunal firmou entendimento de que recurso interposto na origem,
quando julgado manifestamente incabível, intempestivo ou inexistente, não
suspende nem interrompe o prazo para a interposição de recurso adequado. (STF
– Tribunal Pleno, ARE 813750 AgR / MA, rel. Min. CÁRMEN LÚCIA, DJe
22/11/2016).

“Tratando-se de recurso manifestamente incabível, que não suspende nem


interrompe o prazo para a interposição de outro recurso, verifica-se a ocorrência
do trânsito em julgado do acórdão que julgou os embargos declaratórios opostos
em face de aresto que, em sede de agravo interno, manteve a decisão que negou
seguimento ao recurso extraordinário.” (STJ – Corte Especial, ARE nos EDcl no
AgInt no RE nos EDcl no AgInt nos EDcl no REsp 1736808/RJ, Rel. Ministra MARIA
THEREZA DE ASSIS MOURA, julgado em 10/03/2020, DJe 13/03/2020).

“Segundo a orientação jurisprudencial desta Corte Superior, a interposição de


recurso manifestamente incabível não interrompe o prazo recursal. Na espécie, os
embargos de declaração opostos em desfavor da decisão que inadmitiu o recurso
especial não são o recurso adequado ou cabível à espécie. Nesse sentido, o AgInt
no AREsp n. 1.526.806/RJ, relator Ministro Benedito Gonçalves, Primeira Turma,
DJe de 13/4/2020.” (STJ – Segunda Turma, AgInt no AREsp 1891701/RJ, Rel.
Ministro FRANCISCO FALCÃO, DJe 10/12/2021).

“A jurisprudência desta Corte firmou o entendimento de que os recursos


manifestamente incabíveis, não interrompem ou suspendem o prazo para a
interposição de outros recursos.” (STJ – Primeira Turma, AgInt no AREsp
1836416/SP, Rel. Ministra REGINA HELENA COSTA, DJe 17/02/2022)

Prazos em dobro

Fazenda Pública, MP, Defensoria Pública (e equiparados) e litisconsortes com


procuradores diferentes

Art. 186. A Defensoria Pública gozará de prazo em dobro para todas as suas
manifestações processuais. § 3º O disposto no caput aplica-se aos escritórios de
prática jurídica das faculdades de Direito reconhecidas na forma da lei e às
entidades que prestam assistência jurídica gratuita em razão de convênios
firmados com a Defensoria Pública.

Art. 229. Os litisconsortes que tiverem diferentes procuradores, de escritórios de


advocacia distintos, terão prazos contados em dobro para todas as suas
manifestações, em qualquer juízo ou tribunal, independentemente de
requerimento. § 1º Cessa a contagem do prazo em dobro se, havendo apenas 2
(dois) réus, é oferecida defesa por apenas um deles. § 2º Não se aplica o disposto
no caput aos processos em autos eletrônicos.

É contado em dobro o prazo para recorrer quando os litisconsortes possuem


advogados diferentes, de escritórios diferentes e os autos são físicos, mas apenas
um dos litisconsortes possui interesse recursal? Não!

Súmula 641 do STF: “Não se conta em dobro o prazo para recorrer, quando só um
dos litisconsortes haja sucumbido”.

AGRAVO INTERNO NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. PROCESSUAL CIVIL.


INTEMPESTIVIDADE DO RECURSO ESPECIAL. ART. 191 DO CPC/73.
INAPLICABILIDADE. CONTAGEM EM DOBRO DO PRAZO RECURSAL.
IMPOSSIBILIDADE. AUSÊNCIA DE INTERESSE RECURSAL DOS LITISCONSORTES
REPRESENTADOS POR PROCURADORES DISTINTOS. INTELIGÊNCIA DA SÚMULA
641/STF. 1. O Superior Tribunal de Justiça consolidou o entendimento de que o
prazo só será contado em dobro, nos termos do art. 191 do Código de Processo
Civil de 1973, nos casos em que a decisão recorrida cause gravame a litisconsortes
com procuradores distintos, não tendo aplicabilidade quando o interesse recursal
é apenas daqueles que se encontram representados pelos mesmos causídicos.
Precedentes. 2. Aplica-se, por analogia, a Súmula 641 do eg. Supremo Tribunal
Federal, segundo a qual "não se conta em dobro o prazo para recorrer, quando só
um dos litisconsortes haja sucumbido". 3. Em que pese a presença de outros réus
na lide principal, somente os recorrentes, que são representados pelos mesmos
procuradores, tinham interesse em recorrer do acórdão que deixou de apreciar o
pedido de gratuidade de justiça por eles formulado, não se aplicando, no caso, o
benefício do prazo em dobro. 4. Agravo interno a que se nega provimento. (STJ –
Quarta Turma, AgRg no AREsp 706872 / RJ, rel. Min. Raul Araújo, DJe 29/04/2019)
PROCESSUAL CIVIL. LITISCONSORTES COM DIFERENTES PROCURADORES.
SUCUMBÊNCIA DE APENAS UM DELES. PRAZO EM DOBRO. INOCORRÊNCIA.
SÚMULA 641 DO STF. 1. Conforme entendimento assentado na jurisprudência
desta Corte, é inaplicável o prazo em dobro previsto no art. 191 do CPC/1973
quando desfeito o litisconsórcio existente na instância ordinária. Precedentes. 2. O
aludido posicionamento encontra arrimo na Súmula 641 do STF: "Não se conta em
dobro o prazo para recorrer, quando só um dos litisconsortes haja sucumbido." 3.
O recurso manifestamente improcedente atrai a multa prevista no art. 1.021, § 4º,
do CPC/2015, na razão de 1% a 5% do valor atualizado da causa. 4. Agravo interno
desprovido, com aplicação de multa (STJ – Primeira Turma, AgInt no AgInt no
AREsp 249073 / SC, rel. Min. Gurgel de Faria, DJe 14/03/2018)

SÚMULA 216 do STJ: “A tempestividade de recurso interposto no Superior


Tribunal de Justiça é aferida pelo registro no protocolo da secretaria e não pela
data da entrega na agência do correio”. – não é mais aplicável!! ART. 1.003, § 4º
do Novo CPC. “para aferição da tempestividade do recurso remetido pelo correio,
será considerada como data de interposição a data de postagem”.

Comprovação de feriado local


A falta de comprovação do feriado local no ato da interposição do recurso é vício
sanável? Não é vicio sanável.

Art. 1.003. § 6º O recorrente comprovará a ocorrência de feriado local no ato de


interposição do recurso.

Jornada do CJF

ENUNCIADO 66 – Admite-se a correção da falta de comprovação do feriado local


ou da suspensão do expediente forense, posteriormente à interposição do
recurso, com fundamento no art. 932, parágrafo único, do CPC.

Corte Especial do STJ

AGRAVO INTERNO NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. FERIADO LOCAL.


COMPROVAÇÃO. ATO DE INTERPOSIÇÃO DO RECURSO. 1. O propósito recursal é
dizer, à luz do CPC/15, sobre a possibilidade de a parte comprovar, em agravo
interno, a ocorrência de feriado local, que ensejou a prorrogação do prazo
processual para a interposição do agravo em recurso especial. 2. O art. 1.003, § 6º,
do CPC/15, diferentemente do CPC/73, é expresso no sentido de que "o
recorrente comprovará a ocorrência de feriado local no ato de interposição do
recurso". 3. Conquanto se reconheça que o novo Código prioriza a decisão de
mérito, autorizando, inclusive, o STF e o STJ a desconsiderarem vício formal, o § 3º
do seu art. 1.029 impõe, para tanto, que se trate de "recurso tempestivo". 4. A
intempestividade é tida pelo Código atual como vício grave e, portanto, insanável.
Daí porque não se aplica à espécie o disposto no parágrafo único do art. 932 do
CPC/15, reservado às hipóteses de vícios sanáveis. 5. Seja em função de previsão
expressa do atual Código de Processo Civil, seja em atenção à nova orientação do
STF, a jurisprudência construída pelo STJ à luz do CPC/73 não subsiste ao CPC/15:
ou se comprova o feriado local no ato da interposição do respectivo recurso, ou se
considera intempestivo o recurso, operando-se, em consequência, a coisa julgada.
6. Agravo interno desprovido. (STJ – Corte Especial, AgInt no AREsp 957821 / MS,
rel. Ministro RAUL ARAÚJO, rel. p/ o ac. Min. Nancy Andrighi, DJe 19/12/2017)

Corte Especial do STJ QUESTÃO DE ORDEM. CONTRADIÇÃO ENTRE NOTAS


TAQUIGRÁFICAS E VOTO ELABORADO PELO RELATOR PARA ACÓRDÃO.
PREVALÊNCIA DAS NOTAS TAQUIGRÁFICAS, QUE REFLETEM A MANIFESTAÇÃO DO
COLEGIADO. SESSÕES DE JULGAMENTO DO RESP 1.813.684/SP. LIMITAÇÃO DO
DEBATE E DA DELIBERAÇÃO À POSSIBILIDADE DE COMPROVAÇÃO POSTERIOR
ACERCA DO FERIADO DE SEGUNDA-FEIRA DE CARNAVAL, DIANTE DAS
PECULIARIDADES QUE MODIFICARIAM A SUA NATUREZA JURÍDICA. VOTO DO
RELATOR PARA ACÓRDÃO QUE ABRANGE MAIS DO QUE A MATÉRIA DECIDIDA
COLEGIADAMENTE, ESTENDENDO O REFERIDO ENTENDIMENTO TAMBÉM AOS
DEMAIS FERIADOS. REDUÇÃO DA ABRANGÊNCIA EM QUESTÃO DE ORDEM.
POSSIBILIDADE. 1- O propósito da presente questão de ordem é definir, diante da
contradição entre as notas taquigráficas e o acórdão publicado no DJe de
18/11/2019, se a modulação de efeitos deliberada na sessão de julgamento do
recurso especial, ocasião em que se permitiu a posterior comprovação da
tempestividade de recursos dirigidos a esta Corte, abrange especificamente o
feriado da segunda-feira de carnaval ou se diz respeito a todos e quaisquer
feriados. 2- Havendo contradição entre as notas taquigráficas e o voto elaborado
pelo relator, deverão prevalecer as notas, pois refletem a convicção manifestada
pelo órgão colegiado que apreciou a controvérsia. Precedentes. 3- Consoante
revelam as notas taquigráficas, os debates estabelecidos no âmbito da Corte
Especial, bem como a sua respectiva deliberação colegiada nas sessões de
julgamento realizadas em 21/08/2019 e 02/10/2019, limitaram-se exclusivamente
à possibilidade, ou não, de comprovação posterior do feriado da segunda-feira de
carnaval, motivada por circunstâncias excepcionais que modificariam a sua
natureza jurídica de feriado local para feriado nacional notório. 4- Tendo o relator
interpretado que a tese firmada por ocasião do julgamento colegiado do recurso
especial também permitiria a comprovação posterior de todo e qualquer feriado,
é admissível, em questão de ordem, reduzir a abrangência do acórdão. 5-
Questão de ordem resolvida no sentido de reconhecer que a tese firmada por
ocasião do julgamento do REsp 1.813.684/SP é restrita ao feriado de segunda-feira
de carnaval e não se aplica aos demais feriados, inclusive aos feriados locais. (STJ –
Corte Especial, QO no REsp 1813684/SP, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, julgado
em 03/02/2020, DJe 28/02/2020)

CIVIL. PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS.


COMPROVAÇÃO DA EXISTÊNCIA DE FERIADO LOCAL. APLICABILIDADE DO
PRECEDENTE VINCULANTE DA CORTE ESPECIAL QUE, À LUZ DO ART. 1.003, §6º,
DO CPC/15, ENTENDEU SER NECESSÁRIA A COMPROVAÇÃO NO ATO DE
INTERPOSIÇÃO DE RECURSO DIRIGIDO AO STJ. JULGADO COM AMPLA
PUBLICIDADE E QUE PACIFICOU A OSCILAÇÃO JURISPRUDENCIAL EXISTENTE
NESTA CORTE (AG. INT NO ARESP 957.821/MS). SOLIDEZ JURISPRUDENCIAL.
SEGURANÇA JURÍDICA. COERÊNCIA. SEGUNDA-FEIRA DE CARNAVAL.
CIRCUNSTÂNCIA EXCEPCIONAL QUE LEVOU À CORTE ESPECIAL A FLEXIBILIZAR A
ORIENTAÇÃO DO PRECEDENTE, ADMITINDO A COMPROVAÇÃO POSTERIOR
APENAS POR DETERMINADO LAPSO TEMPORAL (RESP 1.813.684/SP E RESPECTIVA
QO). GENERALIZAÇÃO DO ENTENDIMENTO EXCEPCIONAL PARA TODOS OS
FERIADOS LOCAIS. IMPOSSIBILIDADE. AUSÊNCIA DE SUPERAÇÃO DO PRECEDENTE
VINCULANTE, MAS SOMENTE DE SUPERAÇÃO DA REGRA CRIADA PELO
PRECEDENTE. MODULAÇÃO AMPLA, GERAL E IRRESTRITA, QUE DEVERIA TER SIDO
REALIZADA NO JULGAMENTO DO AG. INT NO ARESP 957.821/MS.
IMPOSSIBILIDADE DE MODULAÇÃO APÓS LONGO PERÍODO. RISCO DE
INSEGURANÇA JURÍDICA. VIOLAÇÃO À ISONOMIA. 1- O propósito recursal é definir
se, a despeito do precedente vinculante da Corte Especial no sentido de ser
necessária a comprovação da existência de feriado local no ato de interposição de
recursos endereçados ao STJ (AgInt no AREsp 957.821/MS), é admissível estender
a modulação de efeitos realizada na QO no REsp 1.813.684/SP também a todos os
demais feriados locais. 2- Com a entrada em vigor do CPC/15, a Corte Especial
formou precedente vinculante, em 2017, no sentido de que, à luz do art. 1.003,
§6º, é indispensável a comprovação da existência de todos os feriados locais no
ato de interposição de recursos dirigidos ao STJ, ocasião em que se pacificou a
divergência jurisprudencial que havia se instalado desde a edição da nova
legislação processual (AgInt no AREsp 957.821/MS). 3- Desde a fixação da referida
tese, todos os órgãos fracionários da Corte passaram a aplicar o precedente
vinculante, gerando situação de solidez jurisprudencial apta a propiciar segurança
jurídica, integridade, previsibilidade, estabilidade e coerência da jurisprudência.
4- Em virtude de uma circunstância especificamente relacionada à segunda-feira
de carnaval, a Corte Especial deliberou pela possibilidade de excepcional
flexibilização dessa orientação, de modo a permitir, por meio da técnica de
modulação de efeitos restrita a um determinado lapso temporal (até 19/11/2019),
a comprovação posterior da existência do feriado local de segunda-feira de
carnaval (QO no REsp 1.813.684/SP). 5- Conjugados a cronologia dos fatos e os
objetos das deliberações da Corte Especial, conclui-se que a tese jurídica fixada no
julgamento do AgInt no AREsp 957.821/MS não foi, em nenhum momento,
implícita ou expressamente, superada pela Corte Especial, o que veda a
generalização da regra excepcionalmente criada por ocasião do julgamento do
REsp 1.813.684/SP para todos os demais feriados locais. 6- A modulação de
efeitos, que é excepcional, deve ocorrer no próprio julgamento em que se formou
o precedente vinculante e deve constar do respectivo acórdão, de modo que,
pacificada a divergência jurisprudencial existente no âmbito do STJ, não se admite
modulação mais de 03 anos após a conclusão do julgamento que fixou a tese, sob
pena de grave insegurança jurídica e violação à isonomia. 7- Agravo interno
desprovido. (STJ – Corte Especial, AgInt no AREsp 1481810/SP, Rel. Ministro LUIS
FELIPE SALOMÃO, Rel. p/ Acórdão Ministra NANCY ANDRIGHI, julgado em
19/05/2021, DJe 20/08/2021)

O dia do servidor público (28 de outubro), a segunda-feira de carnaval, a quarta-


feira de cinzas, os dias que precedem a sexta-feira da paixão e o dia de Corpus
Christi, são considerados feriados locais? Sim.

“Segundo entendimento do STJ, "o dia do servidor público (28 de outubro), a


segunda-feira de carnaval, a quarta-feira de cinzas, os dias que precedem a sexta-
feira da paixão e, também, o dia de Corpus Christi - não são feriados nacionais,
sendo imprescindível a comprovação de suspensão do expediente forense na
origem" (AgInt no REsp. 1.715.972/MA, Rel. Min. MAURO CAMPBELL MARQUES,
DJe 18.5.2018). (...) A jurisprudência deste egrégio Superior Tribunal de Justiça
firmou-se no sentido de que a comprovação da tempestividade do recurso deve
ser realizada por meio de documentação idônea (cópia da lei, ato normativo ou
certidão oficial do órgão de origem), não sendo suficiente a juntada de notícia ou
calendário extraídos do sítio eletrônico do Tribunal ou a mera alegação de
suspensão de prazo nas razões do recurso.” (STJ – Primeira Turma, EDcl no AgInt
nos EDcl no AREsp 1661491/SP, Rel. Ministro MANOEL ERHARDT
(DESEMBARGADOR CONVOCADO DO TRF5), DJe 16/02/2022)

É preciso comprovar o feriado local ocorrido no âmbito do Tribunal que julgará o


recurso? Não.

“3. Interpretando a norma do art. 1003, § 6º, do CPC/2015, a Corte Especial do


STJ decidiu que, "seja em função de previsão expressa do atual Código de
Processo Civil, seja em atenção à nova orientação do STF, a jurisprudência
construída pelo STJ à luz do CPC/73 não subsiste ao CPC/15: ou se comprova o
feriado local no ato da interposição do respectivo recurso, ou se considera
intempestivo o recurso, operando-se, em consequência, a coisa julgada" (AgInt no
AREsp 957.821/MS, Corte Especial, Relator o Ministro Raul Araújo, Relator para
acórdão a Ministra Nancy Andrighi, DJe de 19/12/2017). 4. Esse entendimento,
contudo, não se aplica quando o feriado ocorrer no âmbito do próprio Tribunal em
que será julgado o respectivo recurso, como no presente caso, sobretudo por se
tratar, evidentemente, de fato notório, o qual dispensa comprovação, a teor do
que dispõe o art. 374, inciso I, do CPC/2015. 5. Com efeito, a razão de ser da regra
prevista no art. 1.003, § 6º, do CPC/2015 consiste no fato de que os Tribunais de
alcance nacional, como os Tribunais Superiores e o STF, não estão obrigados a
conhecer todos os feriados ocorridos nos Estados e Municípios do país. Aliás, por
essa razão, é que todos os precedentes citados no acórdão recorrido são oriundos
do Superior Tribunal de Justiça. 6. Logo, a interpretação dada no acórdão
recorrido de que a parte deve fazer prova de feriado estadual do Ceará no próprio
TJCE, além de violar o princípio da razoabilidade, nega vigência aos arts. 374,
inciso I, e 1.003, § 6º, do CPC/2015, impondo-se, assim, a reforma do decisum, a
fim de que os autos retornem ao Tribunal de Justiça para o julgamento de mérito
do agravo de instrumento, como entender de direito.” (STJ – Terceira Turma,
REsp 1939182/CE, Rel. Ministro MARCO AURÉLIO BELLIZZE, DJe 29/11/2021)

O erro do sistema eletrônico do Tribunal a quo na indicação do término do prazo


recursal configura justa causa para afastar a intempestividade do recurso ou é
ônus do advogado diligenciar sobre a comprovação do feriado local e, por
conseguinte, do prazo recursal, a despeito da falha? Sim.

“Prazo recursal. Erro de informação pelo sistema eletrônico do Tribunal de


origem. Termo final para interposição do recurso que considera feriado local.
Ausência de comprovação no ato de interposição do recurso. Mitigação. Princípios
da confiança e da boa-fé.” (STJ – Corte Especial, EAREsp 1.759.860-PI, Rel. Min.
Laurita Vaz, por unanimidade, julgado em 16/03/2022, DJe 21/03/2022, info 730).

“Cumpre observar, desde logo, que a controvérsia não reside na necessidade de o


recorrente comprovar a existência de feriado local no ato de interposição do
recurso, questão já exaustivamente examinada e decidida no âmbito desta Corte
Especial, no sentido de que a única exceção à regra da obrigatoriedade de
comprovação de feriado local no ato de interposição do recurso é o da segunda-
feira de carnaval. A questão controvertida é se o erro do sistema eletrônico do
Tribunal a quo na indicação do término do prazo recursal seria apto a configurar
justa causa para afastar a intempestividade do recurso ou se, a despeito da falha,
seria ônus indeclinável do advogado diligenciar sobre a comprovação do feriado
local e, por conseguinte, do prazo recursal. O acórdão embargado da Quinta
Turma entendeu que o mencionado erro do Judiciário não isenta o advogado de
provar, por documento idôneo, no ato de interposição do recurso, o feriado local.
Ao revés, o acórdão paradigma da Segunda Turma ponderou que tal falha pode
configurar a justa causa prevista no caput e § 1º do art. 183 do Código de Processo
Civil de 1973, reproduzido no art. 223, § 1º, do Código de Processo Civil de 2015.
Embora seja ônus do advogado a prática dos atos processuais segundo as formas e
prazos previstos em lei, o Código de Processo Civil abre a possibilidade de a parte
indicar motivo justo para o seu eventual descumprimento, a fim de mitigar a
exigência. Inteligência do caput e § 1º do art. 183 do Código de Processo Civil de
1973, reproduzido no art. 223, § 1º, do Código de Processo Civil de 2015.
Considerando o avanço das ferramentas tecnológicas e a larga utilização da
internet para divulgação de dados processuais, eventuais falhas do próprio Poder
Judiciário na prestação dessas informações não podem prejudicar as partes. Dessa
forma, a falha induzida por informação equivocada prestada por sistema
eletrônico de tribunal deve ser levada em consideração, em homenagem aos
princípios da boa-fé e da confiança, para a aferição da tempestividade do recurso.
Conforme destacado no precedente indicado no voto do aresto paradigma,
"[a]inda que os dados disponibilizados pela internet sejam 'meramente
informativos' e não substituam a publicação oficial (fundamento dos precedentes
em contrário), isso não impede que se reconheça ter havido justa causa no
descumprimento do prazo recursal pelo litigante (art. 183, caput, do CPC),
induzido por erro cometido pelo próprio Tribunal". Daí a conclusão irretorquível:
"A divulgação do andamento processual pelos Tribunais por meio da internet
passou a representar a principal fonte de informação dos advogados em relação
aos trâmites do feito. A jurisprudência deve acompanhar a realidade em que se
insere, sendo impensável punir a parte que confiou nos dados assim fornecidos
pelo próprio Judiciário" (REsp 1324432/SC, Rel. Ministro Herman Benjamin, Corte
Especial, DJe 10/05/2013).”

Regularidade Formal

Todo recurso deve ter uma forma mínima, ou seja, razões e pedido, a depender do
recurso, para que seja recebido.

Além disso, o recurso deve atacar de maneira especificada os fundamentos da


decisão recorrida.

Art. 932. Incumbe ao relator: III – não conhecer de recurso inadmissível,


prejudicado ou que não tenha impugnado especificamente os fundamentos da
decisão recorrida.

Art. 1.021. § 1o Na petição de agravo interno, o recorrente impugnará


especificadamente os fundamentos da decisão agravada.

A repetição da inicial ou da contestação nas razões recursais constitui uma


irregularidade formal? Não!

Primeira Turma do STJ - “À luz do princípio da dialeticidade, constitui ônus da


parte recorrente expor, de forma clara e precisa, a motivação ou as razões de fato
e de direito do seu inconformismo, impugnando todos fundamentos da decisão
recorrida, de forma a amparar a pretensão recursal deduzida, requisito essencial à
delimitação da matéria impugnada e a consequente predeterminação da extensão
e profundidade do efeito devolutivo do recurso interposto, bem como à
possibilidade do exercício efetivo do contraditório.”(STJ – Primeira Turma, AgInt
no RMS 63.143/RJ, Rel. Ministra REGINA HELENA COSTA, julgado em 22/06/2020,
DJe 25/06/2020)

Quarta Turma do STJ “É entendimento pacificado neste Superior Tribunal de


Justiça que a repetição, pelo recorrente, nas razões da apelação, do teor da
petição inicial, ou no caso das razões finais, não ofende o princípio da
dialeticidade, quando puderem ser extraídos do recurso fundamentos suficientes,
notória intenção de reforma da sentença.” (STJ – Quarta Turma, AgInt no REsp
1896018/PB, Rel. Ministra MARIA ISABEL GALLOTTI, julgado em 04/10/2021, DJe
08/10/2021)

Quarta Turma do STJ “Embora a mera reprodução da contestação nas razões de


apelação não enseje, por si só, afronta ao princípio da dialeticidade, se a parte não
impugna os fundamentos da sentença, não há como conhecer do apelo, por
descumprimento do art. 1.010, II, do CPC/2015.” (STJ – Quarta Turma, AgInt no
AREsp 1571725/SP, Rel. Ministro ANTONIO CARLOS FERREIRA, julgado em
24/08/2020, DJe 31/08/2020).

A falta de fundamentação adequada é vício sanável, nos termos do art. 932,


parágrafo único do CPC? Não, trata-se de vício insanável.

STJ - Enunciado Administrativo 6: Nos recursos tempestivos interpostos com


fundamento no CPC/2015 (relativos a decisões publicadas a partir de 18 de março
de 2016), somente será concedido o prazo previsto no art. 932, parágrafo único,
c/c o art. 1.029, § 3º, do novo CPC para que a parte sane vício estritamente
formal.

“A teor do Enunciado Administrativo 6/STJ, apenas nos recursos tempestivos


interpostos com fundamento no CPC/2015 (relativos a decisões publicadas a partir
de 18 de março de 2016), será concedido o prazo previsto no art. 932, parágrafo
único, c/c o art. 1.029, § 3º, do novo CPC, mas unicamente para que a parte sane
vício estritamente formal.” (STJ – Segunda Turma, AgInt no REsp 1619973 / PB, rel.
Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, DJe 19/12/2016)
AGRAVO INTERNO NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. PROCESSUAL CIVIL.
AUSÊNCIA DE IMPUGNAÇÃO ESPECÍFICA DOS FUNDAMENTOS DA DECISÃO DE
ADMISSIBILIDADE PROFERIDA PELA CORTE DE ORIGEM. NÃO CONHECIMENTO DO
RECLAMO. AGRAVO DESPROVIDO. 1. Em atenção ao princípio da dialeticidade
recursal, as razões do agravo em recurso especial devem infirmar os fundamentos
da decisão de admissibilidade do apelo especial, proferida pelo Tribunal de
origem, sob pena de não conhecimento do reclamo por esta Corte Superior, nos
termos do art. 932, III, do CPC/2015. 2. No caso, deixou o insurgente, nas razões
do agravo em recurso especial, de impugnar especificamente os fundamentos da
decisão agravada. 3. Conforme entendimento vigente no STJ, "o prazo conferido
pelo parágrafo único do art. 932 do NCPC somente é aplicável aos casos em que
seja possível sanar vícios formais, como ausência de procuração ou de assinatura,
e não à complementação da fundamentação ou de comprovação da
intempestividade" (AgInt no AREsp 1.168.064/SP, Rel. Ministro Moura Ribeiro,
Terceira Turma, julgado em 15/03/2018, DJe 20/03/2018). 4. Não há que se falar
em aplicação do princípio da primazia do julgamento de mérito a fim de
sobrepujar a não observância dos requisitos de admissibilidade recursal,
mormente quando se tratar de defeito grave e insanável. 5. Agravo interno
desprovido. (STJ – Terceira Turma, AgInt no AREsp 1553836 / SP, rel. Min. MARCO
AURÉLIO BELLIZZE, DJe 19/02/2020)

“Esta Corte, ao interpretar o previsto no art. 932, parágrafo único, do CPC/2015 (o


qual traz disposição similar ao § 3º do art. 1.029 do do mesmo Código de Ritos),
firmou o entendimento de que este dispositivo só se aplica para os casos de
regularização de vício estritamente formal, não se prestando para complementar
a fundamentação de recurso já interposto.” (STJ – Quarta Turma, AgInt no AREsp
1039553 / PR, rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, DJe 26/05/2017)

Preparo
Taxa a ser recolhida para a interposição do recurso. Deve ser comprovado no ato
de interposição, exceto se encerrado o expediente bancário, quando deverá ser
recolhida no dia subsequente.

Art. 1.007. No ato de interposição do recurso, o recorrente comprovará, quando


exigido pela legislação pertinente, o respectivo preparo, inclusive porte de
remessa e de retorno, sob pena de deserção. § 1o São dispensados de preparo,
inclusive porte de remessa e de retorno, os recursos interpostos pelo Ministério
Público, pela União, pelo Distrito Federal, pelos Estados, pelos Municípios, e
respectivas autarquias, e pelos que gozam de isenção legal. § 2o A insuficiência no
valor do preparo, inclusive porte de remessa e de retorno, implicará deserção se o
recorrente, intimado na pessoa de seu advogado, não vier a supri-lo no prazo de 5
(cinco) dias. § 3o É dispensado o recolhimento do porte de remessa e de retorno
no processo em autos eletrônicos. § 4o O recorrente que não comprovar, no ato
de interposição do recurso, o recolhimento do preparo, inclusive porte de remessa
e de retorno, será intimado, na pessoa de seu advogado, para realizar o
recolhimento em dobro, sob pena de deserção. § 5o É vedada a complementação
se houver insuficiência parcial do preparo, inclusive porte de remessa e de
retorno, no recolhimento realizado na forma do § 4o . § 6o Provando o recorrente
justo impedimento, o relator relevará a pena de deserção, por decisão irrecorrível,
fixando-lhe prazo de 5 (cinco) dias para efetuar o preparo. § 7o O equívoco no
preenchimento da guia de custas não implicará a aplicação da pena de deserção,
cabendo ao relator, na hipótese de dúvida quanto ao recolhimento, intimar o
recorrente para sanar o vício no prazo de 5 (cinco) dias.

Súmula 484 do STJ: Admite-se que o preparo seja efetuado no primeiro dia útil
subsequente, quando a interposição do recurso ocorrer após o encerramento do
expediente bancário.
Preparo: ausência e insuficiência
Prazo de 5 dias em caso de insuficiência, para complementar.

Se ausente, deverá recolher em dobro, no prazo indicado.

Art. 1.007. § 2º A insuficiência no valor do preparo, inclusive porte de remessa e


de retorno, implicará deserção se o recorrente, intimado na pessoa de seu
advogado, não vier a supri-lo no prazo de 5 (cinco) dias. § 4º O recorrente que não
comprovar, no ato de interposição do recurso, o recolhimento do preparo,
inclusive porte de remessa e de retorno, será intimado, na pessoa de seu
advogado, para realizar o recolhimento em dobro, sob pena de deserção. § 5º É
vedada a complementação se houver insuficiência parcial do preparo, inclusive
porte de remessa e de retorno, no recolhimento realizado na forma do § 4º.

Se a parte obrigada a recolher o preparo em dobro for vitoriosa no processo, a


parte vencida será condenada a pagar a totalidade do preparo recolhido?

Preparo: erro no preenchimento da guia. CPC, Art. 1.007. § 7º O equívoco no


preenchimento da guia de custas não implicará a aplicação da pena de deserção,
cabendo ao relator, na hipótese de dúvida quanto ao recolhimento, intimar o
recorrente para sanar o vício no prazo de 5 (cinco) dias.

Qual a consequência da apresentação da guia de preparo ilegível? Determinação


de recolhimento em dobro.

A apresentação de guia de preparo ilegível acarreta a intimação da parte para


regularização e pagamento em dobro (AgInt no AREsp 1569257/RS, DJe 22.6.2020)

Qual a consequência para o recorrente que, intimado para recolher o preparo em


dobro, apresenta guia de recolhimento contendo irregularidade, ainda que
formal? Deserção.

TRIBUTÁRIO. PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO INTERNO NO RECURSO ORDINÁRIO EM


MANDADO DE SEGURANÇA. AUSÊNCIA DE PREPARO. INTIMAÇÃO PARA
COMPLEMENTAÇÃO DO PREPARO EM DOBRO, NA FORMA DO ART. 1.007, § 4º,
DO CPC/2015. PREPARO COM INDICAÇÃO DE RUBRICA DIVERSA. DESERÇÃO.
NOVO PRAZO PARA SANAR O VÍCIO. IMPOSSIBILIDADE. 1. A jurisprudência deste
STJ considera deserto o recurso em mandado de segurança quando a parte
recorrente, intimada para realizar o recolhimento do preparo, indica
erroneamente o tipo de ação ou recurso escolhido no formulário eletrônico. 2.
"Este Superior Tribunal de Justiça consolidou o entendimento no sentido de que a
irregularidade no preenchimento das guias do preparo, no ato da interposição do
recurso especial, caracteriza a sua deserção, sendo inviável nova intimação para
regularizar o vício" (AgInt no RMS 58.719/CE, Rel. Ministro Mauro Campbell
Marques, Segunda Turma, DJe 19/12/2018). 3. Precedentes: AgInt no RMS
61.482/PR, Rel. Ministro Og Fernandes, Segunda Turma, DJe 31/3/2020; AgRg nos
EDcl no RMS 62.011/PB, Rel. Ministra Laurita Vaz, Sexta Turma, DJe 13/3/2020;
AgInt nos EDcl no RMS 60.094/RJ, Rel. Ministro Marco Aurélio Bellizze, Terceira
Turma, DJe 21/11/2019; AgInt no RMS 56.802/GO, Rel. Ministro Benedito
Gonçalves, Primeira Turma, DJe 03/10/2019; AgInt no RMS 58.719/CE, Rel.
Ministro Mauro Campbell Marques, Segunda Turma, DJe 19/12/2018;e AgInt no
RMS 56.638/RS, Rel. Ministra Regina Helena Costa, Primeira Turma, DJe
25/10/2018. 4. Agravo interno não provido. (STJ – Primeira Turma, AgInt no RMS
59.457/PA, Rel. Ministro SÉRGIO KUKINA, julgado em 25/05/2020, DJe
29/05/2020)

Pedido de justiça gratuita em recurso

Art. 99. O pedido de gratuidade da justiça pode ser formulado na petição inicial,
na contestação, na petição para ingresso de terceiro no processo ou em recurso. §
7º Requerida a concessão de gratuidade da justiça em recurso, o recorrente estará
dispensado de comprovar o recolhimento do preparo, incumbindo ao relator,
neste caso, apreciar o requerimento e, se indeferi-lo, fixar prazo para realização
do recolhimento.

Existe a necessidade do recolhimento do preparo do recurso cujo mérito é a


própria concessão da assistência judiciária gratuita?

EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA EM AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. PROCESSUAL


CIVIL. PREPARO. RECURSO QUE DISCUTE A CONCESSÃO DA JUSTIÇA GRATUITA.
DISPENSA DO RECOLHIMENTO. EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA DO PARTICULAR
PROVIDOS. 1. Esta Corte Superior de Justiça, melhor refletindo sobre o tema,
fixou, no julgamento dos EREsp. 1.222.355/MG, de relatoria do eminente Ministro
RAUL ARAÚJO, não haver necessidade de recolhimento do preparo do recurso
cujo mérito é a própria concessão da assistência judiciária gratuita. 2. Embargos
de Divergência do Particular providos. (STJ – Corte Especial, EAREsp 745.388/RJ,
Rel. Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO, julgado em 07/10/2020, DJe
16/10/2020)

Ausência de fato impeditivo ou extintivo do poder de recorrer


Fatos Impeditivos ou Extintivos do Poder de Recorrer:

 Renúncia ao Recurso: posterior ao recurso.


 Desistência do Recurso: anterior ao recurso.
 Aceitação da Decisão
 Desistência da Ação
 Transação
 Reconhecimento da Procedência do Pedido
 Renúncia ao Direito
 Renúncia ao Recurso
 Desistência do Recurso

Renúncia e desistência
Renúncia ao Recurso: posterior ao recurso.

Desistência do Recurso: anterior ao recurso.

A denúncia e renuncia não dependem de homologação judicial, e independem da


concordância da parte contrária e dos litisconsortes.

Art. 998. O recorrente poderá, a qualquer tempo, sem a anuência do recorrido ou


dos litisconsortes, desistir do recurso. Parágrafo único. A desistência do recurso
não impede a análise de questão cuja repercussão geral já tenha sido reconhecida
e daquela objeto de julgamento de recursos extraordinários ou especiais
repetitivos.

FPPC 352: “É permitida a desistência do recurso de revista repetitivo, mesmo


quando eleito como representativo da controvérsia, sem necessidade de anuência
da parte adversa ou dos litisconsortes; a desistência, contudo, não impede a
análise da questão jurídica objeto de julgamento do recurso repetitivo”.

Caso, porém, haja repercussão geral sobre a questão já reconhecida, será julgado
de forma abstrata, somente para fixar a tese.

FPPC 231: “No caso do art. 998, parágrafo único, o resultado do julgamento não se
aplica ao recurso de que se desistiu”.

FPPC 231: “No caso do art. 998, parágrafo único, o resultado do julgamento não se
aplica ao recurso de que se desistiu”.
Desistência do recurso e má-fé
Caso a desistência seja de má-fé, para evitar a criação de precedente vinculante, o
STJ tem admitido a não aceitação da desistência do recurso, embora não seja
coerente, tendo em vista que trata-se de direito da parte.

(QUESTÃO DE ORDEM) (MIN. NANCY ANDRIGHI) "[...] o pedido de desistência não


deve servir de empecilho a que o STJ prossiga na apreciação do mérito recursal,
consolidando orientação que possa vir a ser aplicada em outros processos
versando sobre idêntica questão de direito". (STJ - Terceira Turma, REsp 1721705 /
SP, rel. Min. Nancy Andrighi, DJe 06/09/2018)

“O feito foi incluído em pauta no dia 10.10.2019. Nesse caso, fere o princípio da
celeridade processual o pedido de desistência, sem fundamentação, formulado
pela parte recorrente após a inclusão do feito em pauta. O pedido de desistência
nem sempre impede a análise do recurso pelo órgão julgador, v.g: em processo
afetado (art. 998, parágrafo único do CPC/2015); após o julgamento (AgRg na SLS
2.045/PB, Rel. Ministro FRANCISCO FALCÃO, CORTE ESPECIAL, julgado em
16/09/2015, DJe 16/10/2015). Ademais, o pedido de desistência não deve servir
de empecilho a que o STJ "prossiga na apreciação do mérito recursal,
consolidando orientação que possa vir a ser aplicada em outros processos
versando sobre idêntica questão de direito" (REsp 1721705/SP, Rel. Ministra
NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, julgado em 28/08/2018, DJe 06/09/2018)”
(STJ – Segunda Turma, AgInt no AREsp 1431884 / ES, rel. Min. Francisco Falcão,
DJe 18/11/2019)

Aceitação da Decisão
Art. 1.000. A parte que aceitar expressa ou tacitamente a decisão não poderá
recorrer. Parágrafo único. Considera-se aceitação tácita a prática, sem nenhuma
reserva, de ato incompatível com a vontade de recorrer

Desistência da Ação
Só pode ocorrer até a sentença.

Após a contestação, exige a anuência da parte contrária.

Implica em desistência dos recursos pendentes.

Transação
Acordo entre as partes. Gera extinção com resolução de mérito.

Reconhecimento da Procedência do Pedido


Réu concorda com pedido do autor. Gera extinção com resolução de mérito.

Renúncia ao Direito
Autor renuncia ao pedido. Gera extinção com resolução de mérito.

Juízo de Mérito: Conteúdo


O mérito da apelação significa o pedido do apelação (de reforma ou de
anulação/declaração de nulidade da sentença).

Error in Procedendo x Error in Judicando


O error in procedendo decorre de:

a) vício intrínseco (vício de formação da sentença); ou

b) vício extrínseco (vício processual ou procedimental).

O error in judicando decorre da:

a) má apreciação do fato; ou

b) má apreciação do direito.
Normalmente a impugnação por error in procedendo é total, enquanto a
impugnação por error in judicando pode ser parcial ou total.

Juízo de Admissibilidade e Juízo de Mérito: Competência


Órgão a quo x órgão ad quem
O órgão a quo é o que proferiu a decisão, e o ad quem, aquele a quem dirige-se o
recurso.

No geral, o órgão ad quem faz o juízo de admissibilidade e de mérito, contudo, há


caso, como no Resp e RE, que há prévio análise do juízo de admissibilidade pelo
juízo a quo.

Art. 932. Incumbe ao relator: III – não conhecer de recurso inadmissível,


prejudicado ou que não tenha impugnado especificamente os fundamentos da
decisão recorrida; IV – negar provimento a recurso que for contrário a: a) súmula
do Supremo Tribunal Federal, do Superior Tribunal de Justiça ou do próprio
tribunal; b) acórdão proferido pelo Supremo Tribunal Federal ou pelo Superior
Tribunal de Justiça em julgamento de recursos repetitivos; c) entendimento
firmado em incidente de resolução de demandas repetitivas ou de assunção de
competência; V – depois de facultada a apresentação de contrarrazões, dar
provimento ao recurso se a decisão recorrida for contrária a: a) súmula do
Supremo Tribunal Federal, do Superior Tribunal de Justiça ou do próprio tribunal;
b) acórdão proferido pelo Supremo Tribunal Federal ou pelo Superior Tribunal de
Justiça em julgamento de recursos repetitivos; c) entendimento firmado em
incidente de resolução de demandas repetitivas ou de assunção de competência;

Súmula 568 do STJ - O relator, monocraticamente e no Superior Tribunal de


Justiça, poderá dar ou negar provimento ao recurso quando houver entendimento
dominante acerca do tema. DJe 17/03/2016.

Efeitos dos Recursos


Efeitos Clássicos: Devolutivo e Suspensivo.

Efeito Devolutivo: o recurso admitido devolve (envia, transfere) ao órgão ad quem


a matéria do recurso. Há quem diga que o ED possui efeito regressivo, não
devolutivo, mas, em principio, todos recursos tem efeito devolutivo.

Efeito suspensivo: qualidade que impede a produção dos efeitos da decisão


recorrida, e não é regra geral. A maioria dos recursos não tem efeito suspensivo
legal (op legis) – a apelação tem. Quando não há, é possível requerer efeito
suspensivo op iudicis, comprovados os requisitos.

Art. 995. Os recursos não impedem a eficácia da decisão, salvo disposição legal ou
decisão judicial em sentido diverso. Parágrafo único. A eficácia da decisão
recorrida poderá ser suspensa por decisão do relator, se da imediata produção de
seus efeitos houver risco de dano grave, de difícil ou impossível reparação, e ficar
demonstrada a probabilidade de provimento do recurso.

Outros Efeitos
Efeito translativos: materiais de ordem publica podem ser conhecidas de ofício
por ocasião do julgamento do recurso, em qualquer tempo e grau de jurisdição.
Deve haver, porém, o dever de consulta (p. da não surpresa).

Art. 485. § 3o O juiz conhecerá de ofício da matéria constante dos incisos IV, V, VI
e IX, em qualquer tempo e grau de jurisdição, enquanto não ocorrer o trânsito em
julgado.

Art. 933. Se o relator constatar a ocorrência de fato superveniente à decisão


recorrida ou a existência de questão apreciável de ofício ainda não examinada que
devam ser considerados no julgamento do recurso, intimará as partes para que se
manifestem no prazo de 5 (cinco) dias. § 1º Se a constatação ocorrer durante a
sessão de julgamento, esse será imediatamente suspenso a fim de que as partes
se manifestem especificamente. § 2º Se a constatação se der em vista dos autos,
deverá o juiz que a solicitou encaminhá-los ao relator, que tomará as providências
previstas no caput e, em seguida, solicitará a inclusão do feito em pauta para
prosseguimento do julgamento, com submissão integral da nova questão aos
julgadores. No julgamento do recurso, intimará as partes para que se manifestem
no prazo de 5 (cinco) dias.

Efeito Substitutivo: o recurso conhecido substituí a decisão rescindenda, seja o


recurso provido ou improvido. Se provido, somente no caso de erro
improcedendo, pois, no caso de erro em iudicando, há anulação da decisão
anterior, não sendo possível falar em substituição.

Art. 1.008. O julgamento proferido pelo tribunal substituirá a decisão impugnada


no que tiver sido objeto de recurso.

Efeito Expansivo Subjetivo: o recurso interposto por um litisconsorte à todos


aproveita Aproveita-se na verdade somente no caso do litisconsorte unitário, de
modo geral.

Art. 1.005. O recurso interposto por um dos litisconsortes a todos aproveita, salvo
se distintos ou opostos os seus interesses. Parágrafo único. Havendo solidariedade
passiva, o recurso interposto por um devedor aproveitará aos outros quando as
defesas opostas ao credor lhes forem comuns.

“Tratando-se a hipótese dos autos de litisconsórcio unitário, em que há uma


relação jurídica única ou incindível e a necessidade de uniformidade de decisão
para todos os litisconsortes, aplica-se a regra geral prevista no art. 1.005 do CPC,
que dispõe que "o recurso interposto por um dos litisconsortes a todos aproveita,
salvo se distintos ou opostos a seus interesses." (STJ – Quarta Turma, AgInt no
REsp 1795855/RS, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, julgado em 31/05/2021,
DJe 07/06/2021)

“Dá-se o litisconsórcio "quando no mesmo polo do processo existe uma


pluralidade de partes ligada por uma afinidade de interesses. O direito material é
o que determina ou não a existência do litisconsórcio, facultando ou exigindo a
sua formação.“ (MARINONI, Luiz Guilherme; ARENHART, Sérgio Cruz; MITIDIERO,
Daniel. Código de Processo Civil Comentado 3. Ed. São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2017. p. 262). Quanto à formação, o litisconsórcio decompõe-se em
facultativo e necessário, segundo a sua constituição se revele obrigatória ou não.
Quanto ao resultado do julgamento na esfera jurídica das partes, o litisconsórcio
pode ser simples ou unitário. Lecionam MARINONI, ARENHART e MITIDIERO (op.
cit, p. 265) que "a unitariedade do litisconsórcio decorre da natureza única e
incindível da relação jurídica a ser julgada". Por outro lado, o litisconsórcio simples
é aquele que possui litisconsortes como litigantes distintos e independentes uns
dos outros, podendo seus atos ser cindidos, de modo a não aproveitar e nem
beneficiar os demais (NERY JUNIOR, Nelson; NERY, Rosa Maria de Andrade. Código
de Processo Civil Comentado: 18 Ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2019. p.
473). (...) Expostas essas noções, chega-se à conclusão de que o recurso de um
dos litisconsortes aproveita aos demais apenas no litisconsórcio unitário, em
decorrência da incindibilidade da decisão, circunstância que dá azo a que a
decisão gere efeito expansivo subjetivo. No caso dos autos, tem-se exatamente
um litisconsórcio facultativo unitário, de modo que a decisão prolatada gera o
mesmo efeito jurídico para todos os autores (Ministério Público e município).
Assim, o recurso interposto pelo Município de Irauçuba aproveita ao Ministério
Público, afigurando-se despiciendo que tenha o Parquet impugnado a sentença
para recorrer da decisão que julgou monocraticamente a apelação (CPC/73, art.
509; CPC/15, art. 1.005).” (STJ – Segunda Turma, REsp 1842866/CE, Rel. Ministro
FRANCISCO FALCÃO, julgado em 13/04/2021, DJe 26/04/2021)
“Também não é omisso o acórdão que deixa de se pronunciar sobre as teses de
ilegitimidade e de ausência de interesse de recorrer suscitadas apenas em relação
a alguns apelantes, quando há recurso interposto por outra parte, cujos
pressupostos de admissibilidade não são questionados, apto a beneficiar os
demais em razão do efeito expansivo subjetivo recursal previsto no art. 1.005 do
CPC/15, que se aplica não apenas ao litisconsórcio unitário, mas também a
quaisquer outras hipóteses em que a ausência de tratamento igualitário entre as
partes gere uma situação injustificável, insustentável ou aberrante.” (STJ –
Terceira Turma, REsp 1829945/TO, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, julgado em
27/04/2021, DJe 04/05/2021)

Efeito Expansivo Objetivo: O julgamento do recurso enseja decisão mais


abrangente que a matéria impugnada. Ex. O provimento da apelação contra
decisão interlocutória (impugnação à interlocutória nas razões ou contrarrazões
de apelação) pode acarretar a anulação da sentença, e, determinar o retorno ao
conhecimento do órgão a quo.

Se o juiz indeferir uma prova e a parte apelar da interlocutória, o provimento do


recurso acarretará a anulação da sentença ou a determinação para a produção da
prova em grau de recurso? Não, determina-se o retorno ao juízo a quo.

Efeito Regressivo: com o recurso, o juízo a quo terá prazo de 5 dias para se
retratar.

Art. 485. O juiz não resolverá o mérito quando: § 7º Interposta a apelação em


qualquer dos casos de que tratam os incisos deste artigo, o juiz terá 5 (cinco) dias
para retratar-se. Art. 331. Indeferida a petição inicial, o autor poderá apelar,
facultado ao juiz, no prazo de 5 (cinco) dias, retratar-se.

Art. 332. Nas causas que dispensem a fase instrutória, o juiz, independentemente
da citação do réu, julgará liminarmente improcedente o pedido que contrariar: §
3º Interposta a apelação, o juiz poderá retratar-se em 5 (cinco) dias.

Recurso Adesivo: recurso que depende do recurso ao qual está contrarrazoando.


É uma forma de interpor apelação, recurso especial ou extraordinário no prazo
das contrarrazões, sempre que houver sucumbência reciproca. Seu conhecimento
fica pendente ao recurso principal, de forma que, se inadmitida a apelação, por ex,
será inadmitida a apelação adesiva, ainda que esta tenha os requisitos de
admissibilidade. Igualmente, se houver desistência do recurso principal, o recurso
adesivo assim será.

Art. 997. Cada parte interporá o recurso independentemente, no prazo e com


observância das exigências legais. § 1o Sendo vencidos autor e réu, ao recurso
interposto por qualquer deles poderá aderir o outro. § 2o O recurso adesivo fica
subordinado ao recurso independente, sendo-lhe aplicáveis as mesmas regras
deste quanto aos requisitos de admissibilidade e julgamento no tribunal, salvo
disposição legal diversa, observado, ainda, o seguinte: I - será dirigido ao órgão
perante o qual o recurso independente fora interposto, no prazo de que a parte
dispõe para responder; II - será admissível na apelação, no recurso extraordinário
e no recurso especial; III - não será conhecido, se houver desistência do recurso
principal ou se for ele considerado inadmissível.

O agravo interno pode ser interposto na forma adesiva? Não, somente os recursos
previstos.

AGRAVO INTERNO ADESIVO NO RECURSO ESPECIAL - AÇÃO CONDENATÓRIA -


DECISÃO MONOCRÁTICA QUE NEGOU PROVIMENTO AO RECURSO ESPECIAL.
INSURGÊNCIA DO DEMANDANTE. 1. Nos termos do art. 997, II, do CPC/2015,
somente será cabível recurso adesivo na apelação, no recurso extraordinário e no
recurso especial. Inexistente, portanto, previsão legal para a interposição de
agravo interno na forma adesiva. Precedentes. 2. Agravo interno adesivo não
conhecido. (STJ – Quarta Turma, AgInt no REsp 1355475/DF, Rel. Ministro MARCO
BUZZI, julgado em 31/05/2021, DJe 04/06/2021)

A “apelação” interposta nas contrarrazões pode ser recebida como recurso


adesivo? Ele poderá não ser admitido, sendo entendido como apelação comum
intempestiva.

PREVIDENCIÁRIO E PROCESSO CIVIL. INTERPOSIÇÃO INTEMPESTIVA DE APELAÇÃO.


RECEBIMENTO COMO RECURSO ADESIVO. PRINCÍPIO DA FUNGIBILIDADE.
INAPLICABILIDADE. 1. Conforme entendimento firmado neste Tribunal, na
hipótese de interposição de recurso nominado pela parte como apelação, com
fundamento no art. 1009 do CPC, não há falar em afastamento de
intempestividade para fins de recebimento de recurso principal como adesivo. Da
mesma forma, não se revela possível a aplicação do princípio da fungibilidade
recursal, por se tratar de erro grosseiro. 2. Agravo interno improvido. (STJ –
Primeira Turma, AgInt no AREsp 1609677/SP, Rel. Ministro SÉRGIO KUKINA,
julgado em 31/08/2020, DJe 04/09/2020)

AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. PROCESSUAL CIVIL.


VIOLAÇÃO DO ART. 535 DO CPC. NÃO OCORRÊNCIA. APELAÇÃO INTEMPESTIVA.
RECURSO ADESIVO. PRINCÍPIO DA FUNGIBILIDADE RECURSAL. ERRO GROSSEIRO.
IMPOSSIBILIDADE. 1. Afasta-se a alegada violação do art. 535 do CPC quando o
acórdão recorrido, integrado pelo julgado proferido nos embargos de declaração,
dirime, de forma expressa, congruente e motivada, as questões suscitadas nas
razões recursais. 2. Não é possível o afastamento da intempestividade do recurso
principal para recebê-lo como adesivo sem que haja ao menos a indicação do art.
500 do CPC na peça recursal, por constituir erro grosseiro, impossibilitando a
aplicação do princípio da fungibilidade recursal. 3. Agravo regimental desprovido.
(STJ – Terceira Turma, AgRg no AREsp 652.771/SP, Rel. Ministro JOÃO OTÁVIO DE
NORONHA, julgado em 03/09/2015, DJe 11/09/2015)

O recurso adesivo fica limitado à matéria tratada no recurso principal? Não.

AGRAVO INTERNO NO RECURSO ESPECIAL - AÇÃO ORDINÁRIA - DECISÃO


MONOCRÁTICA QUE NEGOU PROVIMENTO AO RECLAMO. INSURGÊNCIA DO
DEMANDADO. 1. A jurisprudência desta Corte orienta que o recurso adesivo não
fica limitado à matéria tratada no recurso principal, podendo impugnar capítulo
diverso da decisão. Incidência da Súmula 83 do STJ. 2. Agravo interno desprovido.
(STJ – Quarta Turma, AgInt no REsp 1901778/PR, Rel. Ministro MARCO BUZZI,
julgado em 07/06/2021, DJe 11/06/2021)

RECURSO ESPECIAL. PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ADESIVO. REQUISITOS DE


ADMISSIBILIDADE. 1. Controvérsia em torno da necessidade de a matéria
devolvida no recurso adesivamente interposto guardar relação com a matéria
discutida no recurso principal. 2. O recurso adesivo não constitui modalidade
recursal diversa daquela a que adere, tendo apenas uma forma de interposição
diferente daquela ordinariamente utilizada quanto ao recurso principal (recurso-
tipo). 3. A irresignação é manejada fora do seu prazo normal, aproveitando o
prazo para contrarrazões em relação ao recurso interposto pela parte adversa. 4.
Não decorria do Código de Processo Civil de 1973 (art. 500), nem decorre do atual
estatuto processual (art. 997), interpretação que corrobore estar dentro dos
requisitos de admissibilidade do recurso adesivo a existência de subordinação à
matéria devolvida no recurso principal. 5. Não há restrição em relação ao
conteúdo da irresignação manejada na via adesiva, podendo o recorrente suscitar
tudo o que arguiria acaso tivesse interposto o recurso de apelação, o recurso
especial ou o recurso extraordinário na via normal. 6. A subordinação legalmente
prevista é apenas formal, estando adstrita à admissibilidade do recurso principal.
7. RECURSO ESPECIAL PROVIDO. (STJ – Terceira Turma, REsp 1675996/SP, Rel.
Ministro PAULO DE TARSO SANSEVERINO, julgado em 27/08/2019, DJe
03/09/2019)

Sucumbência Recursal
Art. 85. A sentença condenará o vencido a pagar honorários ao advogado do
vencedor. § 11. O tribunal, ao julgar recurso, majorará os honorários fixados
anteriormente levando em conta o trabalho adicional realizado em grau recursal,
observando, conforme o caso, o disposto nos §§ 2º a 6º, sendo vedado ao
tribunal, no cômputo geral da fixação de honorários devidos ao advogado do
vencedor, ultrapassar os respectivos limites estabelecidos nos §§ 2º e 3º para a
fase de conhecimento.

É possível majorar honorários no julgamento de agravo interno ou de embargos


de declaração? Segundo o STJ não, mas pelo STF há. Há divergência doutrinária.

"Não haverá honorários recursais no julgamento de Agravo Interno e de Embargos


de Declaração apresentados pela parte que, na decisão que não conheceu
integralmente de seu recurso ou negou-lhe provimento, teve imposta contra si a
majoração prevista no § 11 do art. 85 do CPC/2015." (AgInt nos EAREsp
762.075/MT, Rel. Ministro FELIX FISCHER, Rel. p/ Acórdão Ministro HERMAN
BENJAMIN, CORTE ESPECIAL, julgado em 19/12/2018, DJe 07/03/2019)

"Consoante orientação firmada pela Segunda Seção do STJ, não é cabível a


majoração dos honorários recursais no julgamento de agravo interno ou de
embargos de declaração." (AgInt nos EREsp 1760825/SC, Rel. Ministro MARCO
AURÉLIO BELLIZZE, SEGUNDA SEÇÃO, julgado em 18/08/2021, DJe 23/08/2021)

"Em consonância com os precedentes desta Corte Superior, não se majoraram os


honorários na hipótese de interposição de recurso no mesmo grau de jurisdição."
(AgInt no AREsp 1957309/RJ, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, QUARTA
TURMA, julgado em 21/02/2022, DJe 25/02/2022)

"Fixados os honorários recursais no primeiro ato decisório, não cabe novo


arbitramento nas demais decisões que derivarem de recursos subsequentes,
apenas consectários do principal, tais como agravo interno e embargos de
declaração." (EDcl no AgInt no AREsp 1952887/SP, Rel. Ministro LUIS FELIPE
SALOMÃO, QUARTA TURMA, julgado em 21/03/2022, DJe 24/03/2022)

"Não é possível majorar os honorários na hipótese de interposição de recurso no


mesmo grau de jurisdição (art. 85, § 11, do CPC/2015)." (AgInt no AgInt no AREsp
1825572/RJ, Rel. Ministro RICARDO VILLAS BÔAS CUEVA, TERCEIRA TURMA,
julgado em 14/03/2022, DJe 18/03/2022)

"Não há majoração de honorários em virtude da interposição de agravo interno


em face da decisão monocrática que julgou o recurso especial da agravante, na
medida em que a jurisprudência do STJ se consolidou no sentido de que descabe a
fixação de honorários recursais no julgamento de agravo interno ou de embargos
de declaração, porque não inaugurado novo grau de jurisdição que a justifique."
(AgInt no AREsp 1738588/PR, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA,
julgado em 25/10/2021, DJe 28/10/2021)

“4. Agravo regimental não provido. Majoração da verba honorária em valor


equivalente a 10% (dez por cento) do total daquela já fixada (art. 85, § 11, do
CPC). (AgR-segundo) O Tribunal, por unanimidade, negou provimento ao segundo
e ao terceiro agravo regimental e determinou que, a título de honorários
recursais, a verba honorária já fixada seja acrescida do valor equivalente a 10%
(dez por cento) do seu total (art. 85, § 11, do novo Código de Processo Civil), nos
termos do voto do Relator. Plenário, Sessão Virtual de 18.2.2022 a 25.2.2022.”
“3. Embargos de declaração rejeitados. 4. A teor do art. 85, § 11, do CPC/2015, o
“tribunal, ao julgar recurso, majorará os honorários fixados anteriormente levando
em conta o trabalho adicional realizado em grau recursal, observando, conforme o
caso, o disposto nos §§ 2º a 6º, sendo vedado ao tribunal, no cômputo geral da
fixação de honorários devidos ao advogado do vencedor, ultrapassar os
respectivos limites estabelecidos nos §§ 2º e 3º para a fase de conhecimento”. A
Turma, por unanimidade, rejeitou os embargos de declaração, com majoração de
honorários advocatícios em 10% (dez por cento), em desfavor da parte recorrente,
caso fixada a verba honorária na origem, observados os limites previstos nos §§
2º, 3º e 11 do art. 85 do CPC/2015, bem como a eventual concessão do benefício
da gratuidade da Justiça, nos termos do voto da Relatora. Primeira Turma, Sessão
Virtual de 25.2.2022 a 8.3.2022.”

A sucumbência recíproca impede a majoração dos honorários em sede recursal?


Não!

AGRAVO INTERNO EM AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. OMISSÃO INEXISTENTE.


APLICAÇÃO DA SÚMULA 283 DO STF. MAJORAÇÃO DOS HONORÁRIOS
ADVOCATÍCIOS SUCUMBENCIAIS. ARTIGO 85, § 11, DO CPC DE 2015.
SUCUMBÊNCIA RECÍPROCA. INEXISTÊNCIA DE ÓBICE. 1. Não há falar em violação
do art. 1.022 do Código de Processo Civil pois o Tribunal de origem dirimiu as
questões pertinentes ao litígio - tal como lhe foram postas e submetidas -,
apresentando todos os fundamentos jurídicos pertinentes, à formação do juízo
cognitivo proferido na espécie. 2. À falta de contrariedade, permanecem
incólumes os motivos expendidos pelo acórdão recorrido, suficientes por si sós à
manutenção do julgado. Súmula 283/STF. 3. "A sucumbência recíproca, por si só,
não afasta a condenação em honorários advocatícios de sucumbência, tampouco
impede a sua majoração em sede recursal com base no art. 85, § 11, do Código de
Processo Civil de 2015." (AgInt no AREsp 1495369/MS, Rel. Ministro LUIS FELIPE
SALOMÃO, QUARTA TURMA, julgado em 01/09/2020, DJe 16/10/2020) 4. Em que
pese não existir óbice à majoração de honorários em sede recursal quando está
caracterizada a sucumbência recíproca, a jurisprudência desta Corte Superior
preconiza a necessidade da presença concomitante dos seguintes requisitos: a)
decisão recorrida publicada a partir de 18/3/2016, quando entrou em vigor o novo
Código de Processo Civil; b) recurso não conhecido integralmente ou desprovido
monocraticamente ou pelo órgão colegiado competente; e c) condenação em
honorários advocatícios desde a origem no processo em que interposto o recurso.
5. No caso, o Tribunal de origem, ao não conhecer da apelação, registrou a
impossibilidade de alteração da verba honorária em virtude da sucumbência
recíproca, dissentindo do posicionamento desta Corte Superior, mormente tendo
em vista o preenchimento dos requisitos supracitados. 6. Agravo interno
parcialmente provido. (STJ – Quarta Turma, AgInt no AREsp 1479481/SP, Rel.
Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, julgado em 14/12/2021, DJe 01/02/2022)

AGRAVO INTERNO EM AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. MAJORAÇÃO DOS


HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS DE SUCUMBÊNCIA. ARTIGO 85, § 11, DO CPC DE
2015. SUCUMBÊNCIA RECÍPROCA. INEXISTÊNCIA DE ÓBICE. PROVIMENTO DE
RECURSO DE APELAÇÃO COM READEQUAÇÃO DA SUCUMBÊNCIA.
CIRCUNSTÂNCIA QUE IMPEDE A MAJORAÇÃO DE HONORÁRIOS EM SEDE
RECURSAL. PRECEDENTES. AGRAVO INTERNO NÃO PROVIDO. 1. Conforme a
jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, nos recursos interpostos contra
decisão publicada a partir de 18 de março de 2016, é possível a majoração dos
honorários advocatícios na forma do artigo 85, § 11, do Código de Processo Civil
de 2015. 2. A sucumbência recíproca, por si só, não afasta a condenação em
honorários advocatícios de sucumbência, tampouco impede a sua majoração em
sede recursal com base no art. 85, § 11, do Código de Processo Civil de 2015. 3.
Isso porque, em relação aos honorários de sucumbência, o caput do art. 85 do CPC
de 2015 dispõe que "[a] sentença condenará o vencido a pagar honorários ao
advogado do vencedor". 4. A relação jurídica se estabelece entre a parte litigante
e o causídico do ex adverso, diferentemente do que ocorre nos honorários
advocatícios convencionais - ou contratuais -, em que a relação jurídica se
estabelece entre a parte e o patrono que constitui. 5. Acaso se adote o
entendimento de que, havendo sucumbência recíproca, cada parte se
responsabiliza pela remuneração do seu respectivo patrono também no que tange
aos honorários de sucumbência, o deferimento de gratuidade de justiça ensejaria
conflito de interesses entre o advogado e a parte beneficiária por ele
representada, criando situação paradoxal de um causídico defender um benefício
ao seu cliente que, de forma reflexa, o prejudicaria. 6. Ademais, nas hipóteses tais
como a presente, em que a sucumbência recíproca não é igualitária, a prevalência
do entendimento de que cada uma das partes arcará com os honorários
sucumbenciais do próprio causídico que constituiu poderia dar ensejo à situação
de o advogado da parte que sucumbiu mais no processo receber uma parcela
maior dos honorários de sucumbência, ou de a parte litigante que menos
sucumbiu na demanda pagar uma parcela maior dos honorários de sucumbência.
7. Em que pese não existir óbice à majoração de honorários em sede recursal
quando está caracterizada a sucumbência recíproca, a jurisprudência desta Corte
Superior preconiza a necessidade da presença concomitante dos seguintes
requisitos: a) decisão recorrida publicada a partir de 18/3/2016, quando entrou
em vigor o novo Código de Processo Civil; b) recurso não conhecido integralmente
ou desprovido, monocraticamente ou pelo órgão colegiado competente; e c)
condenação em honorários advocatícios desde a origem no processo em que
interposto o recurso. 8. Na espécie, o Tribunal de origem, ao dar provimento ao
apelo da parte ora agravante, empreendeu nova distribuição da sucumbência
entre os litigantes. Essa circunstância impede a majoração dos honorários
sucumbenciais, com base no parágrafo 11 do art. 85 do CPC. 9. Agravo interno
não provido. (STJ – Quarta Turma, AgInt no AREsp 1495369/MS, Rel. Ministro LUIS
FELIPE SALOMÃO, julgado em 01/09/2020, DJe 16/10/2020)

Se o Tribunal não fixar honorários recursais, a parte deve alegar a omissão na


primeira oportunidade, sob pena de preclusão? Sim.

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NO AGRAVO INTERNO NO AGRAVO EM RECURSO


ESPECIAL. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS RECURSAIS. ART. 85, § 11, DO CPC/2015.
NÃO ALEGAÇÃO DE VÍCIO LOGO APÓS A DECISÃO QUE OS FIXOU. OCORRÊNCIA DE
PRECLUSÃO. REVISÃO. IMPOSSIBILIDADE. EMBARGOS REJEITADOS. 1. A
jurisprudência deste Tribunal Superior firmou-se no sentido de que a parte deve
alegar na primeira oportunidade eventual omissão sobre a fixação de honorários
recursais, não sendo cabível o pedido em embargos de declaração no agravo
interno do agravo em recurso especial. Precedentes. 2. Embargos de declaração
rejeitados. (STJ – Terceira Turma, EDcl no AgInt no AREsp 1347639/SP, Rel.
Ministro MARCO AURÉLIO BELLIZZE, julgado em 08/02/2021, DJe 12/02/2021)

Recursos em Espécie
Apelação
Cabimento da Apelação: cabe em face de sentença, independente da matéria,
inclusive em face de tutela, se decidida em sentença.

Art. 1.009. Da sentença cabe apelação.

Qual o recurso cabível quando o juiz decide alguma matéria do art. 1.015 do CPC
dentro da sentença? Cabe apelação.

Art. 1.009. § 3º O disposto no caput deste artigo aplica-se mesmo quando as


questões mencionadas no art. 1.015 integrarem capítulo da sentença.
Art. 1.013. § 5º O capítulo da sentença que confirma, concede ou revoga a tutela
provisória é impugnável na apelação.

Cabe apelação contra decisão interlocutória? Sim, se não agravável será apelável.

Art. 1.009. Da sentença cabe apelação. § 1º As questões resolvidas na fase de


conhecimento, se a decisão a seu respeito não comportar agravo de instrumento,
não são cobertas pela preclusão e devem ser suscitadas em preliminar de
apelação, eventualmente interposta contra a decisão final, ou nas contrarrazões. §
2º Se as questões referidas no § 1º forem suscitadas em contrarrazões, o
recorrente será intimado para, em 15 (quinze) dias, manifestar-se a respeito delas.

Qual o recurso cabível contra as decisões interlocutórias sobre a fase instrutória?


Será cabível agravo se houver urgência, aplicando-se a taxatividade mitigada.

PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ORDINÁRIO EM MANDADO DE SEGURANÇA.


ENUNCIADO ADMINISTRATIVO 3/STJ. INTERVENÇÃO DO ESTADO NA
PROPRIEDADE. DECISÃO INTERLOCUTÓRIA SOBRE INTERVENÇÃO DE TERCEIROS E
SOBRE INSTRUÇÃO PROBATÓRIA. RECORRIBILIDADE POR AGRAVO DE
INSTRUMENTO E POR APELAÇÃO, RESPECTIVAMENTE. IMPOSSIBILIDADE DE
IMPUGNAÇÃO PELA VIA MANDAMENTAL. INTERPRETAÇÃO DE PRECEDENTE. RESP
1.704.520/MT. 1. Para além das hipóteses de cabimento previstas no art. 1.015
do CPC/2015 admite-se a interposição do agravo de instrumento, fundada na tese
da "taxatividade mitigada", quanto presente situação de urgência que decorra da
inutilidade futura do julgamento do recurso diferido de apelação. Inteligência do
REsp 1.704.520/MT. 2. As decisões sobre a instrução probatória, e, portanto,
sobre o exercício do direito à ampla defesa, estão em tese imunes ao sistema de
preclusão processual, e tampouco se inserem nas hipóteses do art. 1.015 do
CPC/2015, daí por que cabível a sua impugnação diferida pela via da apelação, não
se aviando a ação mandamental tanto por isso quanto porque a sua impetração
implicaria indireta ofensa a essa sistemática de impugnação. 3. A decisão que
versa sobre a admissão ou a inadmissão da intervenção de terceiros enseja a
interposição de agravo de instrumento. Inteligência do art. 1.015, inciso IX, do
CPC/2015. 4. Recurso ordinário em mandado de segurança não provido. (STJ –
Segunda Turma, RMS 65.943/SP, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES,
julgado em 26/10/2021, DJe 16/11/2021).

Qual o recurso cabível contra a decisão pela qual o juiz aplica multa à parte pelo
não comparecimento à audiência do art. 334 do CPC? Cabe apelação.

RECURSO ESPECIAL. PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO DE INSTRUMENTO. HIPÓTESES


DE CABIMENTO DO RECURSO (ART. 1.015, INCISO II, DO CPC). AUSÊNCIA
INJUSTIFICADA A AUDIÊNCIA DE CONCILIÇÃO. MULTA POR ATO ATENTATÓRIO À
DIGNIDADE DA JUSTIÇA. 1. Controvérsia em torno da recorribilidade, mediante
agravo de instrumento, contra a decisão cominatória de multa à parte pela
ausência injustificada à audiência de conciliação. 2. O legislador de 2015, ao
reformar o regime processual e recursal, notadamente do agravo de instrumento,
pretendeu incrementar a celeridade do processo, que, na vigência do CPC de
1973, era constantemente obstaculizado pela interposição de um número
infindável de agravos de instrumento, dilargando o tempo de andamento dos
processos e sobrecarregando os Tribunais, Federais e Estaduais. 3. A decisão
cominatória da multa do art. 334, §8º, do CPC, à parte que deixa de comparecer à
audiência de conciliação, sem apresentar justificativa adequada, não é agravável,
não se inserindo na hipótese prevista no art. 1.015, inciso II, do CPC, podendo ser,
no futuro, objeto de recurso de apelação, na forma do art. 1.009, §1º, do CPC. 4.
RECURSO ESPECIAL DESPROVIDO. (STJ – Terceira Turma, REsp 1762957/MG, Rel.
Ministro PAULO DE TARSO SANSEVERINO, TERCEIRA TURMA, julgado em
10/03/2020, DJe 18/03/2020).
A impugnação à interlocutória nas contrarrazões (apelação do vencedor ou
apelação subordinada do vencedor) é um recurso? Precisa preencher os
pressupostos recursais? Sim.

Se a apelação originária (apelação à sentença ou apelação do vencido) for


inadmitida, a impugnação à decisão interlocutória ocorrida nas contrarrazões de
apelação (apelação à decisão interlocutória ou apelação do vencedor) perde o
objeto?

Pode haver subordinação ou não. Nem sempre a apelação do vencedor ou


apelação à interlocutória (impugnação à decisão interlocutória nas contrarrazões)
é um recurso subordinado e condicionado). O interesse recursal pode remanescer,
apesar do não conhecimento do recurso principal. Exemplos: rejeição de
impugnação ao valor da causa; rejeição à imposição de multa por litigância de má-
fé e aplicação de multa por não comparecimento à audiência de conciliação ou de
mediação.

Posição de Rogério Licastro - “Se, por alguma razão, a apelação é inadmitida por
intempestividade, por exemplo, ou deixa de existir por algum outro motivo
(desistência do recurso), não necessariamente as contrarrazões deixarão de ter
utilidade e relevância.” Posição de Fredie Didier e de Leonardo Carne.

Posição de Fredie Didier e de Leonardo Carneiro da Cunha A apelação do vencedor


(impugnação à interlocutória nas contrarrazões) é um recurso subordinado e
condicionado: a) Subordinado: se a apelação do vencido for inadmitida, a apelação
do vencedor perde o objeto (por ter sido o vencedor, o interesse recursal somente
subsiste se a apelação do vencido for adiante); b) Condicionado: somente será
examinado se a apelação do vencido for provida. Se der provimento a apelação à
apelação do vencido, o tribunal prosseguirá para examinar a apelação do
vencedor.

Se a parte não impugna decisão interlocutória nas razões de apelação, pode


apresentar a impugnação à decisão interlocutória nas contrarrazões à apelação da
parte contrária? E num recurso adesivo? Sim, seria possível, em razão dos fatos da
apelação da parte contrária.

Heitor Sica “Pense-se na parte que, tendo saído vencedora, apela apenas para
aumentar o valor dos honorários sucumbenciais. Não haveria interesse em
impugnar, nessa oportunidade, uma decisão interlocutória que indeferiu a
realização de uma prova pericial. Contudo, à vista da apelação (principal ou
adesiva) do adversário, que pugnava pela integral reforma da sentença, passou o
litigante a ostentar interesse em apontar eventual cerceamento de defesa”.

É possível interpor apelação (de forma autônoma e principal) exclusivamente para


impugnar a decisão interlocutória? Sim.

Há casos nos quais se pode interpor apelação autônoma (no prazo principal)
contra a decisão interlocutória, sem impugnar a sentença. Ex. multa por não
comparecimento à audiência de conciliação ou de mediação; multa por litigância
de má-fé; ou acolhimento ou rejeição da impugnação ao valor da causa oferecida
como preliminar de contestação.

A impugnação à interlocutória nas contrarrazões pode substituir o recurso


adesivo?

Não. Essa impugnação não é recurso adesivo, que exige sucumbência recíproca.

Qual o recurso cabível quando um capítulo da decisão interlocutória diz respeito


ao art. 1015 do CPC, mas o outro capítulo trata de matéria que não se encontra
nesse dispositivo? O recorrente pode interpor agravo de instrumento para os
dois? E apelação? Pelo principio da singularidade recursal seria possível interpor
um único recurso.

Regularidade Formal na Apelação


Art. 1.010. A apelação, interposta por petição dirigida ao juízo de primeiro grau,
conterá: I - os nomes e a qualificação das partes; II - a exposição do fato e do
direito; III - as razões do pedido de reforma ou de decretação de nulidade; IV - o
pedido de nova decisão.

Recurso de Fundamentação Livre


A apelação é um recurso de fundamentação livre e de ampla devolutividade
Fundamentação livre: o apelante pode alegar qualquer tipo de vício (error in
judicando ou error in procedendo) Ampla devolutividade: o tribunal não tem
restrições cognitivas (pode apreciar o fato e o direito relativos à impugnação do
recorrente)

Competência para realizar o juízo de admissibilidade na apelação


Somente o tribunal pode fazê-lo.

Art. 1.010. § 3o Após as formalidades previstas nos §§ 1o e 2o , os autos serão


remetidos ao tribunal pelo juiz, independentemente de juízo de admissibilidade.

Qual a medida cabível contra a decisão do juízo a quo que nega seguimento à
apelação?

Art. 988. Caberá reclamação da parte interessada ou do Ministério Público para: I -


preservar a competência do tribunal;

Eventual determinação de complementação do preparo emanada do juízo de


primeiro grau e não cumprida, impede o relator de conceder à parte do direito de
complementar o preparo?

“Nos termos do art. 1.010, § 3º, do CPC/2015, com a interposição da apelação - e


após o prazo para apresentação de contrarrazões e apelação adesiva - os autos
serão remetidos ao tribunal competente pelo juiz, independentemente do juízo de
admissibilidade. (...) A intimação da parte recorrida para a complementação do
preparo, ainda em primeira instância, foi equívoco praticado pelo julgador, não
podendo, portanto, a parte ser prejudicada quando a competência para fazê-lo
era do TJ/RJ. (STJ – Terceira Turma, REsp 1946615/RJ, Rel. Ministra NANCY
ANDRIGHI, julgado em 28/09/2021, DJe 01/10/2021)

Efeitos Clássicos
Devolutivo e Suspensivo

Efeito Devolutivo

Pode ser total ou parcial, devolvendo apenas o que se impugnou.

Art. 1.013. A apelação devolverá ao tribunal o conhecimento da matéria


impugnada.

Art. 1.002. A decisão pode ser impugnada no todo ou em parte.

Recursos de fundamentação livre x recursos de fundamentação vinculada: não se


trata de recurso de fundamentação vinculada, mas livre.

Extensão do Efeito Devolutivo na Apelação


São as consequencias do efeito devolutivo na apelação, são:

 O Tribunal não pode apreciar matéria não impugnada: O Tribunal não


pode apreciar matéria não impugnada (Tantum devolutum quantum appellatum).
Principio da Congruência Recursal. Trata-se de uma manifestação do princípio
dispositivo, porque o recorrente dispõe daquilo que deseja devolver (enviar,
transferir) ao Tribunal.
 O Tribunal não pode agravar a situação do recorrente. O Tribunal não
pode agravar a situação do recorrente (proibição da reformatio in pejus)
 O Tribunal não pode conhecer de fatos que não foram alegados em
primeira instância (Vedação ao juz novorum)

Profundidade do Efeito Devolutivo na Apelação


Art. 1.013, §§ 1º ao 4º

Art. 1.014

Art. 933

Art. 485, § 3º

São as exceções ao recurso de apelação.

Art. 1.013. § 1o Serão, porém, objeto de apreciação e julgamento pelo tribunal


todas as questões suscitadas e discutidas no processo, ainda que não tenham sido
solucionadas, desde que relativas ao capítulo impugnado.

Ainda que seja vedada a inovação em apelação, no caso de pedidos subsidiários na


inicial, a apelação devolverá o conhecimento dos não apreciados por ocasião do
julgamento em primeiro grau.

Gera inclusive o efeito translativo.

FPPC 102: “O pedido subsidiário (art. 326) não apreciado pelo juiz – que acolheu o
pedido principal – é devolvido ao tribunal com a apelação interposta pelo réu”.

Alguns autores também defendem que esse dispositivo é fundamento do efeito


translativo, segundo o qual o Tribunal está autorizado a apreciar, de ofício, as
matérias de ordem pública.

Art. 1.013. § 2o Quando o pedido ou a defesa tiver mais de um fundamento e o


juiz acolher apenas um deles, a apelação devolverá ao tribunal o conhecimento
dos demais.

O §2o do art. 1.013 autoriza a análise de qualquer fundamento não apreciado,


desde que realizado o contraditório. Ou seja, por mais que o recorrente tente
limitar o recurso quanto aos argumentos que julga pertinentes, o colegiado pode
interpretar outros fundamentos, desde que internos ao processo (Vinicius Lemos).

Art. 1.013. § 3o Se o processo estiver em condições de imediato julgamento, o


tribunal deve decidir desde logo o mérito quando: I - reformar sentença fundada
no art. 485; II - decretar a nulidade da sentença por não ser ela congruente com os
limites do pedido ou da causa de pedir (sentença ultra petita); III - constatar a
omissão no exame de um dos pedidos, hipótese em que poderá julgá-lo (sentença
citra petita); IV - decretar a nulidade de sentença por falta de fundamentação.

Trata da Teoria da Causa Madura, que viabiliza pelo tribunal o conhecimento de


materiais não analisadas ou invalidas pelo juízo a quo.

A teoria da causa madura viabiliza ao Tribunal o conhecimento de matérias de


mérito que não foram apreciadas e julgadas pelo juízo a quo, ou que foram
apreciadas, mas por decisão inválida, permitindo julgar o mérito suprimindo a
primeira instância.

Princípio da Congruência

Art. 141. O juiz decidirá o mérito nos limites propostos pelas partes, sendo-lhe
vedado conhecer de questões não suscitadas a cujo respeito a lei exige iniciativa
da parte.
Art. 492. É vedado ao juiz proferir decisão de natureza diversa da pedida, bem
como condenar a parte em quantidade superior ou em objeto diverso do que lhe
foi demandado. Parágrafo único. A decisão deve ser certa, ainda que resolva
relação jurídica condicional.

Fundamentação Analítica

Art. 489, § 1º. Não se considera fundamentada qualquer decisão judicial, seja ela
interlocutória, sentença ou acórdão, que:” Fundamentação analítica I – se limitar à
indicação, à reprodução ou à paráfrase de ato normativo, sem explicar sua relação
com a causa ou a questão decidida; II – empregar conceitos jurídicos
indeterminados, sem explicar o motivo concreto de sua incidência no caso; III –
invocar motivos que se prestariam a justificar qualquer outra decisão; IV – não
enfrentar todos os argumentos deduzidos no processo capazes de, em tese,
infirmar a conclusão adotada pelo julgador; V – se limitar a invocar precedente ou
enunciado de súmula, sem identificar seus fundamentos determinantes nem
demonstrar que o caso sob julgamento se ajusta àqueles fundamentos; VI – deixar
de seguir enunciado de súmula, jurisprudência ou precedente invocado pela parte,
sem demonstrar a existência de distinção no caso em julgamento ou a superação
do entendimento.

Art. 1.013. § 4o Quando reformar sentença que reconheça a decadência ou a


prescrição, o tribunal, se possível, julgará o mérito, examinando as demais
questões, sem determinar o retorno do processo ao juízo de primeiro grau.

Força Maior
Art. 1.014. As questões de fato não propostas no juízo inferior poderão ser
suscitadas na apelação, se a parte provar que deixou de fazê-lo por motivo de
força maior.

Daniel Neves - (a) fatos supervenientes, ocorridos após a publicação da sentença;


(b) ignorância do fato pela parte, com a exigência de um motivo sério e objetivo
para que a parte desconhecesse o fato; (c) impossibilidade de a parte
comumunicar o fato ao seu advogado, desde que exista uma causa objetiva para
justificar a omissão; (d) impossibilidade do próprio advogado em comumincar o
fato ao juiz, desde que demonstrada que a omissão foi casusada por obstáculo
insuperável e alheio à sua vontade.

Efeito Translativo
É exceção ao efeito devolutivo, vez que poderá ser conhecido mesmo se não
objeto do recurso, se matéria de ordem pública.

Art. 485. § 3o O juiz conhecerá de ofício da matéria constante dos incisos IV, V, VI
e IX, em qualquer tempo e grau de jurisdição, enquanto não ocorrer o trânsito em
julgado.

Art. 933. Se o relator constatar a ocorrência de fato superveniente à decisão


recorrida ou a existência de questão apreciável de ofício ainda não examinada que
devam ser considerados no julgamento do recurso, intimará as partes para que se
manifestem no prazo de 5 (cinco) dias. § 1º Se a constatação ocorrer durante a
sessão de julgamento, esse será imediatamente suspenso a fim de que as partes
se manifestem especificamente. § 2º Se a constatação se der em vista dos autos,
deverá o juiz que a solicitou encaminhá-los ao relator, que tomará as providências
previstas no caput e, em seguida, solicitará a inclusão do feito em pauta para
prosseguimento do julgamento, com submissão integral da nova questão aos
julgadores.

Algumas questões sobre a extensão e a profundidade do efeito devolutivo


O Tribunal pode apreciar qualquer fundamento de fato sem que o mesmo esteja
presente na nas razões de apelação ou nas contrarrazões? Sim.
Se o fundamento for do processo (mesmo não estando presente nas razões ou
contrarrazões de apelação), o Tribunal poderá apreciar, desde que respeitado o
contraditório.

Art. 10. O juiz não pode decidir, em grau algum de jurisdição, com base em
fundamento a respeito do qual não se tenha dado às partes oportunidade de se
manifestar, ainda que se trate de matéria sobre a qual deva decidir de ofício.

Art. 933. Se o relator constatar a ocorrência de fato superveniente à decisão


recorrida ou a existência de questão apreciável de ofício ainda não examinada que
devam ser considerados no julgamento do recurso, intimará as partes para que se
manifestem no prazo de 5 (cinco) dias. § 1o Se a constatação ocorrer durante a
sessão de julgamento, esse será imediatamente suspenso a fim de que as partes
se manifestem especificamente. § 2o Se a constatação se der em vista dos autos,
deverá o juiz que a solicitou encaminhá-los ao relator, que tomará as providências
previstas no caput e, em seguida, solicitará a inclusão do feito em pauta para
prosseguimento do julgamento, com submissão integral da nova questão aos
julgadores.

O Tribunal pode aplicar fundamento jurídico não invocado pelas partes durante o
processo?

Sim. Mas muitos entendem que é necessário lançar mão do dever de consulta.

“A apelação possui efeito devolutivo amplo, e a limitação quanto à "matéria


impugnada", a que alude o art. 1.013, caput, do CPC, não implica, por óbvio,
restrição aos fundamentos jurídicos de que pode lançar mão o órgão ad quem,
mesmo porque cabe a ele apreciar e julgar todas as questões suscitadas e
discutidas no processo, ainda que não tenham sido previamente solucionadas.
Precedentes.” (STJ – Terceira Turma, REsp 1949317/TO, Rel. Ministra NANCY
ANDRIGHI, julgado em 09/11/2021, DJe 12/11/2021)

“Na apelação, o efeito devolutivo é amplo e não encontra restrição no campo da


profundidade, estando apenas balizado pelos limites da impugnação deduzida
pelo recorrente (extensão), conforme disciplina o art. 1.013, caput e § 1º, do
CPC/2015. Logo, a devolutividade da apelação não está adstrita à revisão dos fatos
e das provas dos autos, mas, especialmente, sobre as consequências jurídicas que
lhes atribuiu o juízo a quo. Portanto, não apenas as matérias de ordem pública
podem ser agitadas pelo réu revel em sua apelação, mas todo e qualquer
argumento jurídico que possa alterar o resultado do julgamento. (...) No caso
concreto, as teses deduzidas na apelação traduzem o legítimo exercício do direito
de defesa, sobretudo quando a impugnação volta-se contra a fundamentação
explicitada pelo Julgador, que teria invocado os princípios da boa-fé, da função
social do contrato e da equivalência para, em interpretação extensiva, condenar a
recorrente no pagamento de multa contratual que se afirma inaplicável à espécie.
Trata-se, portanto, de argumentação técnica que se contrapõe à solução jurídica
conferida à lide pelo juiz de primeiro grau, longe de configurar inovação.” (STJ –
Quarta Turma, AgInt no REsp 1848104/SP, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO,
Rel. p/ Acórdão Ministro ANTONIO CARLOS FERREIRA, julgado em 20/04/2021, DJe
11/05/2021)

Para decidir com base em fundamentação LEGAL diversa da indicada pelas partes,
o tribunal precisará realizar o dever de consulta? Os entendimentos são
divergentes.

FPPC 282: (arts. 319, III e 343) Para julgar com base em enquadramento normativo
diverso daquele invocado pelas partes, ao juiz cabe observar o dever de consulta,
previsto no art. 10.
ENFAM 6: Não constitui julgamento surpresa o lastreado em fundamentos
jurídicos, ainda que diversos dos apresentados pelas partes, desde que embasados
em provas submetidas ao contraditório.

Quarta Turma do STJ “O "fundamento" ao qual se refere o art. 10 do CPC/2015 é o


fundamento jurídico - circunstância de fato qualificada pelo direito, em que se
baseia a pretensão ou a defesa, ou que possa ter influência no julgamento, mesmo
que superveniente ao ajuizamento da ação - não se confundindo com o
fundamento legal (dispositivo de lei regente da matéria). A aplicação do princípio
da não surpresa não impõe, portanto, ao julgador que informe previamente às
partes quais os dispositivos legais passíveis de aplicação para o exame da causa. O
conhecimento geral da lei é presunção jure et de jure.” (STJ – Quarta Turma, EDcl
nos EREsp 1280825, rel. Min. MARIA ISABEL GALLOTTI, j. 27.6.2017)

Quarta Turma do STJ “3. De acordo com a jurisprudência desta Corte, o


"fundamento" ao qual se refere o art. 10 do CPC/2015 é fundamento jurídico -
circunstância de fato qualificada pelo direito, em que se baseia a pretensão ou a
defesa, ou que possa ter influência no julgamento, mesmo que superveniente ao
ajuizamento da ação - não se confundindo com o fundamento legal (dispositivo de
lei regente da matéria). 3.1. No caso em tela, o fundamento invocado para julgar
improcedente a ação foi abordado pelo próprio agravante, em sua petição inicial,
a afastar a alegação de princípio da não surpresa.” (STJ – Quarta Turma, AgInt no
AREsp 1544242 / PR, rel. Ministro MARCO BUZZI, DJe 27/11/2019)

Quarta Turma do STJ 2. O art. 933 do CPC/2015, em sintonia com o multicitado


art. 10, veda a decisão surpresa no âmbito dos tribunais, assinalando que, seja
pela ocorrência de fato superveniente, seja por vislumbrar matéria apreciável de
ofício ainda não examinada, deverá o julgador abrir vista, antes de julgar o
recurso, para que as partes possam se manifestar. 3. Não há falar em decisão
surpresa quando o magistrado, diante dos limites da causa de pedir, do pedido e
do substrato fático delineado nos autos, realiza a tipificação jurídica da pretensão
no ordenamento jurídico posto, aplicando a lei adequada à solução do conflito,
ainda que as partes não a tenham invocado (iura novit curia) e
independentemente de oitiva delas, até porque a lei deve ser do conhecimento de
todos, não podendo ninguém se dizer surpreendido com a sua aplicação. (STJ –
Quarta Turma, REsp 1755266 / SC, rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, DJe
20/11/2018)

A aplicação da teoria da causa madura exige pedido expresso do apelante? O


entendimentp majoritário é que não.

Se o juiz proferir sentença sem resolução do mérito, o autor apelar e tribunal,


aplicando a teoria da causa madura, julgar o pedido do autor improcedente,
haverá reformatio in pejus? Não, pois é decisão de mérito pela primeira vez.

A teoria da causa madura aplica-se a outros recursos? Sim.

Corte Especial do STJ PROCESSUAL CIVIL. ADMINISTRATIVO. AÇÃO CIVIL PÚBLICA.


DEFERIMENTO DE LIMINAR DE INDISPONIBILIDADE DE BENS. VÍCIO DE
FUNDAMENTAÇÃO. AGRAVO DE INSTRUMENTO. TEORIA DA CAUSA MADURA
(ART. 515, § 3º, CPC). APLICABILIDADE. 1. Trata-se, na origem, de Ação Civil
Pública movida contra diversos sujeitos alegadamente envolvidos em licitações
superfaturadas de medicamentos e material hospitalar em que está implicada a
Prefeitura Municipal de Cachoeiro do Itapemirim. A indisponibilidade de bens
requerida na Petição Inicial foi deferida pelo Juízo de 1º Grau e submetida a
Agravo de Instrumento. 2. O Tribunal de origem reconheceu a apresentação de
argumentos genéricos, mas aplicou a teoria da causa madura (CPC, art. 515, § 3º),
supriu o vício de fundamentação e manteve a decisão recorrida. 3. A recorrente
sustenta impossibilidade de o Tribunal a quo aplicar o art. 515, § 3º, do CPC em
Agravo de Instrumento, amparando-se em precedentes do STJ que tratam da
matéria de forma sucinta. 4. A decisão proferida no AgRg no Ag 867.885/MG
(Quarta Turma, Relator Ministro Hélio Quaglia Barbosa, DJe 22.10.2007) examina
conceitualmente o art. 515, § 3º, com profundidade. Ali, consignou-se: 4.1. "A
novidade representada pelo § 3º do art. 515 do Código de Processo Civil nada
mais é do que um atalho, legitimado pela aptidão a acelerar os resultados do
processo e desejável sempre que isso for feito sem prejuízo a qualquer das partes;
ela constituiu mais um lance da luta do legislador contra os males do tempo e
representa a ruptura com um velho dogma, o do duplo grau de jurisdição, que por
sua vez só se legitima quando for capaz de trazer benefícios, não demoras
desnecessárias. Por outro lado, se agora as regras são essas e são conhecidas de
todo operador do direito, o autor que apelar contra a sentença terminativa fá-lo-á
com a consciência do risco que corre; não há infração à garantia constitucional do
due process porque as regras do jogo são claras e isso é fator de segurança das
partes, capaz de evitar surpresas" (DINAMARCO, Cândido Rangel. Nova Era do
Processo Civil. 2. ed. São Paulo: Malheiros, 2007, pp. 177/181). 4.2. "Diante da
expressa possibilidade de o julgamento da causa ser feito pelo tribunal que
acolher a apelação contra sentença terminativa, é ônus de ambas as partes
prequestionar em razões ou contra-razões recursais todos os pontos que depois
pretendam levar ao Supremo Tribunal Federal ou ao Superior Tribunal de Justiça.
Eles o farão, do mesmo modo como fariam se a apelação houvesse sido interposta
contra uma sentença de mérito. Assim é o sistema posto e não se vislumbra o
menor risco de mácula à garantia constitucional do due process of law, porque a
lei é do conhecimento geral e a ninguém aproveita a alegação de desconhecê-la,
ou de não ter previsto a ocorrência de fatos que ela autoriza (LICC, art. 3º)"
(DINAMARCO. idem) . 5. A doutrina admite aplicação do art. 515, § 3º, do CPC aos
Agravos de Instrumento (Dinamarco, Cândido Rangel. A reforma da reforma, 6ª
ed., São Paulo: Malheiros, 2003, pp. 162-163; Wambier, Teresa Arruda Alvim. Os
agravos no CPC brasileiro, 4ª ed., São Paulo: RT, 2006, pp. 349-350; Rogrigues,
Marcelo Abelha. Manual de Direito Processual Civil, 5ª ed., São Paulo, RT, pp. 643-
644; Alvim, J. E. Carreira. Código de Processo Civil reformado, 7ª ed., Curitiba,
Juruá, 2008, p. 351). 6. Particularidades do caso concreto recomendam a
aplicação da teoria, sem que haja prejuízo ao contraditório, à ampla defesa e ao
dever de fundamentação: a) não se pode dizer que a decisão de 1º grau foi, em
tudo, omissa. No que diz respeito ao fumus boni iuris, ela faz referência à "farta
documentação em anexo consubstanciada na investigação procedida pelo
Ministério Público" e ao fato de que "a fraude ocorrida se encontra em destaque".
Em relação ao periculum in mora, afirmou: "certo é que se houver notícia aos
envolvidos de que tramita ação civil pública em seus nomes, haverá o grande risco
de ineficácia de uma possível sentença de procedência" (fls. 57-58/e-STJ); b) por
ter aplicado o art. 515, § 3º, do CPC, o Tribunal de origem trouxe, em motivação
mais minuciosa, as razões pelas quais a providência acautelatória efetivamente
deveria ter sido concedida. Ou seja, a partir do efeito substitutivo, o vício de
fundamentação foi sanado, eliminando eventual prejuízo à parte; c) é possível
cogitar que o Tribunal a quo tenha se valido inclusive da interpretação sistemática
do art. 515, § 4º, do CPC, que outorga ao Magistrado a possibilidade de
saneamento de nulidade por meio da realização de ato processual - aqui,
consistente na outorga de fundamentação suficiente a um ato de império.
Corrobora esse raciocínio o fato de que, após a motivação expressa no acórdão do
Agravo, a recorrente optou por não alegar qualquer ofensa à ampla defesa,
limitando-se à questão processual posta; d) não houve prejuízo ao contraditório e
à ampla defesa porque a manifestação do Tribunal local se deu a partir de Agravo
de Instrumento interposto pela própria parte prejudicada pela decisão liminar -
oportunidade suficiente para que se insurgisse contra a decisão que deferiu a
indisponibilidade de bens; e) a maturidade da causa está na própria limitação de
cognição outorgada no exame de tutelas de urgência: modula-se a exigência de
profundas investigações, especialmente quando já exercido efetivo contraditório.
Some-se ainda a circunstância de ter sido juntada cópia integral dos autos, o que
permitiu o conhecimento dos fatos e dos fundamentos jurídicos da pretensão da
parte - dentro do razoável ao momento processual e no âmbito da questão posta;
f) a temática do periculum in mora para deferimento da indisponibilidade de bens
foi tratada nos termos da jurisprudência da Primeira Seção (REsp 1.319.515/ES,
Rel. Ministro Napoleão Nunes Maia Filho, Rel. p/ Acórdão Ministro Mauro
Campbell Marques, Primeira Seção, DJe 21.9.2012). Até mesmo a decisão de 1º
grau, a despeito de sucinta, não destoa da ideia de que não se devem esperar
dados concretos de insolvência para determinar medida destinada a evitá-la; g)
entendimento diverso do aqui esposado levaria à seguinte providência: o
provimento do recurso para anular o acórdão e determinar que o juízo de 1º grau
proferisse nova decisão. Considerando o teor de sua fundamentação, é razoável
pressupor a ratificação da decisão de piso (ainda que mais robusta), a repetição do
Agravo de Instrumento, a repetição do respectivo acórdão e a manutenção do
status atual (afinal, a recorrente não se insurgiu contra nenhum outro fundamento
do decisum ora atacado). Tratar-se-ia de manifesto prejuízo à celeridade,
economia processual e efetividade do processo; um desserviço à premissa de
outorga tempestiva de decisões em atividade jurisdicional, sem benefício algum às
partes do processo. 7. Por fim, de essencial relevância destacar que a
jurisprudência do STJ admite a não aplicação da teoria da causa madura quando
for prejudicada a produção de provas pela parte de forma exauriente, o que não
acontece na presente hipótese, já que se trata de recebimento da inicial da Ação
de Improbidade e de determinação cautelar da medida de indisponibilidade dos
bens, situações em que o juízo exara provimento de exame precário das provas
juntadas com a inicial, sem prejuízo de prova em contrário no curso da ação. 8.
Recurso Especial não provido. (STJ – Corte Especial, REsp 1215368/ES, Rel.
Ministro HERMAN BENJAMIN, julgado em 01/06/2016, DJe 19/09/2016)

A teoria da causa madura aplica-se à hipótese em que a prova, conquanto


produzida, não foi considerada na sentença? Sim.

“A aplicação da teoria da causa madura, adstrita às hipóteses de sentenças sem


resolução de mérito e de sentenças nulas, bem como sentenças impróprias de
mérito, tem como requisito de aplicabilidade tão somente a necessidade, ou não,
de qualificação do acervo fático-probatório, sendo irrelevante que a sentença não
tenha examinado e se pronunciado sobre as provas produzidas pelas partes.
Precedente.” (STJ – Terceira Turma, REsp 1798849/SC, Rel. Ministra NANCY
ANDRIGHI, julgado em 01/09/2020, DJe 09/09/2020)

O relator pode determinar a produção de prova em apelação? Sim.

Art. 932. Incumbe ao relator: I - dirigir e ordenar o processo no tribunal, inclusive


em relação à produção de prova, bem como, quando for o caso, homologar
autocomposição das partes;

Art. 938. § 3º Reconhecida a necessidade de produção de prova, o relator


converterá o julgamento em diligência, que se realizará no tribunal ou em
primeiro grau de jurisdição, decidindo-se o recurso após a conclusão da instrução.

Art. 370. Caberá ao juiz, de ofício ou a requerimento da parte, determinar as


provas necessárias ao julgamento do mérito. Parágrafo único. O juiz indeferirá, em
decisão fundamentada, as diligências inúteis ou meramente protelatórias

“Os arts. 932, inc. I e 938, § 3º, do CPC/2015, autorizam a complementação da


prova pelos Tribunais. Na mesma linha, a jurisprudência desta Corte Superior é
uníssona quanto à faculdade do juiz de determinar a complementação da
instrução processual, tanto em primeiro como em segundo grau de jurisdição.
Precedentes.” (STJ – Terceira Turma, REsp 1845542/PR, Rel. Ministra NANCY
ANDRIGHI, julgado em 11/05/2021, DJe 14/05/2021)

É possível ocorrer o julgamento antecipado parcial de mérito na apelação (por


exemplo, na hipótese em que se precise declarar a nulidade de parte da sentença
e reabrir a instrução apenas quanto a um dos pedidos)? Sim.

CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. AÇÃO DE COMPENSAÇÃO POR


DANOS MATERIAIS, MORAIS E ESTÉTICOS. ACIDENTE DE TRÂNSITO. JULGAMENTO
ANTECIPADO PARCIAL DO MÉRITO PELOS TRIBUNAIS. POSSIBILIDADE. CAUSA
EXCLUSIVA DA VÍTIMA OU CONCORRÊNCIA DE CAUSAS. REEXAME DE PROVAS.
IMPOSSIBILIDADE. VALOR DA INDENIZAÇÃO. EXCESSIVIDADE NÃO CONSTATADA.
JUROS DE MORA. RESPONSABILIDADE EXTRACONTRATUAL. EVENTO DANOSO.
COMPLEMENTAÇÃO DE PROVAS PELO TRIBUNAL. VIABILIDADE.
REDIMENSIONAMENTO DA SUCUMBÊNCIA. SÚMULA 7. HONORÁRIOS
ADVOCATÍCIOS NA DECISÃO PARCIAL DE MÉRITO. CABIMENTO. JULGAMENTO:
CPC/2015. 1. Ação de compensação de danos materiais e extrapatrimoniais
ajuizada em 13/07/2011, da qual foram extraídos os presentes recursos especiais
interpostos em 21/03/2019 e 28/03/2019 e conclusos ao gabinete em
20/11/2019. 2. O propósito recursal é dizer sobre a) a possibilidade de o Tribunal,
no julgamento de recurso de apelação, valer-se da norma inserta no art. 356 do
CPC/2015, b) a causa do evento danoso e a comprovação dos danos materiais, c) o
cabimento da revisão da indenização por danos extrapatrimoniais, d) o termo
inicial dos juros de mora incidentes sobre o valor da indenização, e) a
possibilidade de a Corte local determinar a complementação das provas, f) a
ocorrência de sucumbência recíproca e g) a viabilidade de condenar o vencido ao
pagamento de honorários advocatícios quando da prolação de decisão parcial do
mérito. 3. O art. 356 do CPC/2015 prevê, de forma clara, as situações em que o
juiz deverá proceder ao julgamento antecipado parcial do mérito. Esse preceito
legal representa, portanto, o abandono do dogma da unicidade da sentença. Na
prática, significa dizer que o mérito da causa poderá ser cindido e examinado em
duas ou mais decisões prolatadas no curso do processo. Não há dúvidas de que a
decisão interlocutória que julga parcialmente o mérito da demanda é proferida
com base em cognição exauriente e ao transitar em julgado, produz coisa julgada
material (art. 356, § 3º, do CPC/2015). 4. No entanto, o julgador apenas poderá
valer-se dessa técnica, caso haja cumulação de pedidos e estes sejam autônomos
e independentes ou, tendo sido deduzido um único pedido, esse seja
decomponível. Além disso, é imprescindível que se esteja diante de uma das
situações descritas no art. 356 do CPC/2015. Presentes tais requisitos, não há
óbice para que os tribunais apliquem a técnica do julgamento antecipado parcial
do mérito. Tal possibilidade encontra alicerce na teoria da causa madura, no fato
de que a anulação dos atos processuais é a ultima ratio, no confinamento da
nulidade (art. 281 do CPC/2015, segunda parte) e em princípios que orientam o
processo civil, nomeadamente, da razoável duração do processo, da eficiência e
da economia processual. 5. A alteração da conclusão alcançada pela Corte de
origem, no sentido de que o acidente de trânsito foi causado exclusivamente pelo
preposto da segunda recorrente e que houve comprovação dos danos materiais,
demandaria o revolvimento do acervo fático-probatório, o que é obstado pela
Súmula 7/STJ. 6. A jurisprudência do STJ é pacífica no sentido de que a
modificação do valor fixado a título de danos morais e estéticos somente é
permitida quando a quantia estipulada for irrisória ou exagerada. Na hipótese, o
montante fixado não se revela excessivo. Ainda, o fato de haver precedentes nos
quais a indenização foi arbitrada em patamar inferior não é suficiente para
justificar a redução da verba. Isso porque, em cada hipótese, é necessário
ponderar as peculiaridades. 7. Nos termos da Súmula 54/STJ, em hipóteses de
responsabilidade extracontratual, os juros moratórios devem incidir desde a data
do evento danoso. 8. Os arts. 932, inc. I e 938, § 3º, do CPC/2015, autorizam a
complementação da prova pelos Tribunais. Na mesma linha, a jurisprudência
desta Corte Superior é uníssona quanto à faculdade do juiz de determinar a
complementação da instrução processual, tanto em primeiro como em segundo
grau de jurisdição. Precedentes. 9. Não é possível a apreciação da existência de
sucumbência mínima ou recíproca, e a fixação do respectivo quantum, por
demandar incursão no suporte fático da demanda (Súmula 7/STJ). Precedentes.
10. É verdade que os arts. 85, caput e 90, caput, do CPC/2015, referem-se
exclusivamente à sentença. Nada obstante, o próprio § 1º, do art. 90, determina
que se a renúncia, a desistência, ou o reconhecimento for parcial, as despesas e os
honorários serão proporcionais à parcela reconhecida, à qual se renunciou ou da
qual se desistiu. Ademais, a decisão que julga antecipadamente parcela do mérito,
com fundamento no art. 487 do CPC/2015, tem conteúdo de sentença e há grande
probabilidade de que essa decisão transite em julgado antes da sentença final, a
qual irá julgar os demais pedidos ou parcelas do pedido. Dessa forma, caso a
decisão que analisou parcialmente o mérito tenha sido omissa, o advogado não
poderá postular que os honorários sejam fixados na futura sentença, mas terá que
propor a ação autônoma prevista no art. 85, § 18, do CPC/2015. Assim, a decisão
antecipada parcial do mérito deve fixar honorários em favor do patrono da parte
vencedora, tendo por base a parcela da pretensão decidida antecipadamente.
Vale dizer, os honorários advocatícios deverão ser proporcionais ao pedido ou
parcela do pedido julgado nos termos do art. 356 do CPC/2015. 11. Recurso
especial de Nobre Seguradora do Brasil S/A conhecido e desprovido e recurso
especial de Expresso Maringá Ltda parcialmente conhecido e, nessa extensão,
desprovido. (STJ – Terceira Turma, REsp 1845542/PR, Rel. Ministra NANCY
ANDRIGHI, julgado em 11/05/2021, DJe 14/05/2021)

Esse julgado resolve também a questão do acolhimento da apelação com a


alegação de sentença citra petita sem que o pedido não julgado esteja proposto
para imediato julgamento do mérito.

A proibição de inovar alcança o terceiro prejudicado? Não, pois ele nada alegou.

Para que ocorra o efeito translativo é preciso que o recurso seja conhecido? Sim, e
as partes devem ser consultadas.

O efeito translativo ocorre apenas na apelação ou em qualquer recurso? Em RE e


Resp há divergência, sendo entendido que não pode ser aplicado por falta de
prequestionamento. Sendo aplicável aos demais recursos.

Efeito Suspensivo
Efeito Suspensivo Legal: o recurso de apelação impede a aplicação dos efeitos da
decisão recorrida.

Art. 1.012. A apelação terá efeito suspensivo.

O efeito suspensivo legal da apelação alcança a decisão interlocutória impugnada


nas razões ou contrarrazões de apelação? Não, somente a sentença, dado que o
agravo não tem efeito suspensivo legal.

Ausência do Efeito Suspensivo


Art. 1.012. § 1º Além de outras hipóteses previstas em lei, começa a produzir
efeitos imediatamente após a sua publicação a sentença que: I – homologa
divisão ou demarcação de terras; II – condena a pagar alimentos; III – extingue
sem resolução do mérito ou julga improcedentes os embargos do executado; IV –
julga procedente o pedido de instituição de arbitragem; V – confirma, concede ou
revoga tutela provisória; VI – decreta a interdição.

Lei de MS

Lei do inquilinato
Formas de requerer efeito suspensivo
Na apelação: Art. 1.012. A apelação terá efeito suspensivo. § 4o Nas hipóteses do
§ 1o , a eficácia da sentença poderá ser suspensa pelo relator se o apelante
demonstrar a probabilidade de provimento do recurso ou se, sendo relevante a
fundamentação, houver risco de dano grave ou de difícil reparação.

Nos recursos em geral: Art. 995. Os recursos não impedem a eficácia da decisão,
salvo disposição legal ou decisão judicial em sentido diverso. Parágrafo único. A
eficácia da decisão recorrida poderá ser suspensa por decisão do relator, se da
imediata produção de seus efeitos houver risco de dano grave, de difícil ou
impossível reparação, e ficar demonstrada a probabilidade de provimento do
recurso.

Requerimento de efeito suspensivo na apelação


Art. 1.012. § 3º O pedido de concessão de efeito suspensivo nas hipóteses do § 1º
poderá ser formulado por requerimento dirigido ao: I – tribunal, no período
compreendido entre a interposição da apelação e sua distribuição, ficando o
relator designado para seu exame prevento para julgá-la; II – relator, se já
distribuída a apelação. § 4º Nas hipóteses do § 1º, a eficácia da sentença poderá
ser suspensa pelo relator se o apelante demonstrar a probabilidade de
provimento do recurso ou se, sendo relevante a fundamentação, houver risco de
dano grave ou de difícil reparação.

O pedido pode ser efetuado inclusive através de petição avulsa dirigida ao relator.

Art. 932. Incumbe ao relator: II - apreciar o pedido de tutela provisória nos


recursos e nos processos de competência originária do tribunal;

Art. 1.012. § 1º Além de outras hipóteses previstas em lei, começa a produzir


efeitos imediatamente após a sua publicação a sentença que: V – confirma,
concede ou revoga tutela provisória;

O apelado poderá requerer ao relator a derrubada do efeito suspensivo legal?


Sim.

Efeito Regressivo (juízo de retratação)


Possibilidade do juízo a quo fazer a alteração da decisão recorrida.

É possível em 4 hipóteses.

Art. 485. O juiz não resolverá o mérito quando: § 7º Interposta a apelação em


qualquer dos casos de que tratam os incisos deste artigo, o juiz terá 5 (cinco) dias
para retratar-se.

Art. 331. Indeferida a petição inicial, o autor poderá apelar, facultado ao juiz, no
prazo de 5 (cinco) dias, retratar-se.

Art. 332. Nas causas que dispensem a fase instrutória, o juiz, independentemente
da citação do réu, julgará liminarmente improcedente o pedido que contrariar: §
3º Interposta a apelação, o juiz poderá retratar-se em 5 (cinco) dias.

Se a apelação for intempestiva, o juiz poderá fazer a retratação? Não é possível.

FPPC 293: Se considerar intempestiva a apelação contra sentença que indefere a


petição inicial ou julga liminarmente improcedente o pedido, não pode o juízo a
quo retratar-se.

CJF 68: A intempestividade da apelação desautoriza o órgão a quo a proferir juízo


positivo de retratação.

Técnica de complementação do julgamento não unânime


Alterado conforme CPC de 2015:
CPC de 73 - Art. 530. Cabem embargos infringentes quando o acórdão não
unânime houver reformado, em grau de apelação, a sentença de mérito, ou
houver julgado procedente ação rescisória. Se o desacordo for parcial, os
embargos serão restritos à matéria objeto da divergência.

CPC de 2015 - Art. 942. Quando o resultado da apelação for não unânime, o
julgamento terá prosseguimento em sessão a ser designada com a presença de
outros julgadores, que serão convocados nos termos previamente definidos no
regimento interno, em número suficiente para garantir a possibilidade de inversão
do resultado inicial, assegurado às partes e a eventuais terceiros o direito de
sustentar oralmente suas razões perante os novos julgadores. § 3º A técnica de
julgamento prevista neste artigo aplica-se, igualmente, ao julgamento não
unânime proferido em: I – ação rescisória, quando o resultado for a rescisão da
sentença, devendo, nesse caso, seu prosseguimento ocorrer em órgão de maior
composição previsto no regimento interno; II – agravo de instrumento, quando
houver reforma da decisão que julgar parcialmente o mérito.

 Aplica-se em:
 apelação
 ação rescisória
 agravo de instrumento de decisão que julga parcialmente o mérito.

Não se aplica em:

 assunção de competência;
 resolução de demandas repetitivas
 remessa necessária
 julgamentos do plenário ou corte especial

É preciso requerer a aplicação da técnica prevista no art. 942 do CPC?

Não. O que importa é o resultado não unanime, quanto ao mérito ou


admissibilidade.

“O procedimento previsto no art. 942 do NCPC não configura espécie recursal,


mas uma técnica de julgamento a ser aplicada de ofício, independentemente de
requerimento das partes, com o objetivo de aprofundar a discussão a respeito de
controvérsia, de natureza fática ou jurídica, acerca da qual houve dissidência.” (STJ
– Terceira Turma, AgInt no REsp 1783569 / MG, rel. Min. Moura Ribeiro, DJe
21/08/2019)

A técnica prevista no art. 942 do CPC deve ser aplicada ao julgamento não-
unânime, quando não houver reforma a uma sentença de mérito?

“É entendimento sedimentado nesta Corte o cabimento da aplicação da regra do


art. 942 do CPC/2015, mesmo que não tenha havido reforma da sentença de
mérito, bastando a verificação de julgamento não unânime do recurso de
apelação.” (STJ – Segunda Turma, AgInt no REsp 1841151/RJ, Rel. Ministro
MAURO CAMPBELL MARQUES, SEGUNDA TURMA, julgado em 24/02/2021, DJe
26/02/2021)

“9. A incidência do art. 942, caput, do CPC/2015 não se restringe aos casos de
reforma da sentença de mérito, tendo em vista a literalidade da disposição legal,
que não estabelece nenhuma restrição semelhante ao regime dos extintos
embargos infringentes. 10. A redação do caput do art. 942 do CPC/2015, que
dispõe acerca da apelação, é distinta do § 3º, que regulamenta a incidência da
técnica nos julgamentos não unânimes de ação rescisória e agravo de
instrumento, para os quais houve expressa limitação aos casos de rescisão ou
modificação da decisão parcial de mérito.” (STJ – Terceira Turma, REsp 1762236 /
SP, rel. Ministro MARCO AURÉLIO BELLIZZE, rel. p. o ac., Ministro RICARDO VILLAS
BÔAS CUEVA, DJe 15/03/2019)

“2. A técnica de ampliação do julgamento prevista no CPC/2015 possui objetivo


semelhante ao que possuíam os embargos infringentes do CPC/1973, que não
mais subsistem, qual seja a viabilidade de maior grau de correção e justiça nas
decisões judiciais, com julgamentos mais completamente instruídos e os mais
proficientemente discutidos, de uma maneira mais econômica e célere. 3.
Contudo, diferentemente dos embargos infringentes do CPC/1973 - que limitava,
no caso da apelação, a incidência do recurso aos julgamentos que resultassem em
reforma da sentença de mérito -, a técnica de julgamento prevista no CPC/2015
deverá ser utilizada quando o resultado da apelação for não unânime,
independentemente de ser julgamento que reforma ou mantém a sentença
impugnada.” (STJ – Quarta Turma, REsp 1733820 / SC, rel. Ministro LUIS FELIPE
SALOMÃO, DJe 10/12/2018)

A técnica prevista no art. 942 pode ser aplicada em caso de divergência quanto à
admissibilidade da apelação?

“Consoante entendimento de ambas as Turmas que compõem a 2ª Seção do STJ,


diferentemente dos embargos infringentes regulados pelo CPC/73, a nova técnica
de ampliação do colegiado é de observância automática e obrigatória sempre que
o resultado da apelação for não unânime e não apenas quando ocorrer a reforma
de sentença. 5. O art. 942 do CPC não determina a ampliação do julgamento
apenas em relação às questões de mérito. 6. Na apelação, a técnica de ampliação
do colegiado deve ser aplicada a qualquer julgamento não unânime, incluindo as
questões preliminares relativas ao juízo de admissibilidade do recurso. No caso, o
Tribunal de origem, ao deixar de ampliar o quórum da sessão realizada no dia
9/6/2016, diante da ausência de unanimidade com relação à preliminar de não
conhecimento da apelação interposta de forma adesiva pelo autor, inobservou o
enunciado normativo inserto no art. 942 do CPC, sendo de rigor declarar a
nulidade por "error in procedendo".” (STJ – Terceira Turma, REsp 1798705 / SC,
rel. Ministro PAULO DE TARSO SANSEVERINO, DJe 28/10/2019)

A técnica prevista no art. 942 pode ser aplicada ao agravo de instrumento em


execução?

O agravo deve ser provido para reformar decisão que julga parcialmente o mérito.
“Especificamente no que se refere ao agravo de instrumento, a interpretação
restritiva do dispositivo impõe concluir que a regra se dirige apenas às ações de
conhecimento, não se aplicando ao processo de execução e, por extensão, ao
cumprimento de sentença, como no caso" (AgInt no AREsp 1233242/RS, Rel.
Ministro LÁZARO GUIMARÃES (DESEMBARGADOR CONVOCADO DO TRF 5ª
REGIÃO), QUARTA TURMA, julgado em 18/09/2018, DJe 24/09/2018).” (STJ –
Quarta Turma, AgInt no REsp 1828365 / PR, rel. Min. Luis Felipe Salomão, DJe
10/03/2020)

A técnica prevista no artigo 942 do CPC aplica-se no julgamento de agravo de


instrumento quando houver reforma por maioria de decisão de mérito proferida
em liquidação por arbitramento?

“A técnica de ampliação de colegiado prevista no artigo 942 do CPC/2015 aplica-


se no julgamento de agravo de instrumento quando houver reforma por maioria
de decisão de mérito proferida em liquidação por arbitramento.” (STJ – Terceira
Turma, REsp 1931969/SP, Rel. Ministro RICARDO VILLAS BÔAS CUEVA, julgado em
08/02/2022, DJe 11/02/2022)

A técnica prevista no art. 942 pode ser aplicada em no agravo contra a decisão do
IDPJ?
AGRAVO INTERNO NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. OMISSÃO. NÃO
OCORRÊNCIA. AUSÊNCIA DOS PRESSUPOSTOS PARA DESCONSIDERAÇÃO INVERSA
DA PERSONALIDADE JURÍDICA. REVISÃO. IMPOSSIBILIDADE. SÚMULA 7/STJ.
JULGAMENTO NÃO UNÂNIME. TÉCNICA DE AMPLIAÇÃO DO COLEGIADO. ART. 942
DO CPC/2015. AGRAVO DE INSTRUMENTO. REFORMA DA DECISÃO QUE JULGAR
PARCIALMENTE O MÉRITO. DISSÍDIO JURISPRUDENCIAL NÃO DEMONSTRADO.
DEFICIÊNCIA NA FUNDAMENTAÇÃO. SÚMULA 284/STF. AGRAVO NÃO PROVIDO.

“A técnica de ampliação do colegiado, prevista no art. 942 do Código de Processo


Civil, somente se aplica para a hipótese de agravo de instrumento, quando houver
reforma da decisão que julgou parcialmente o mérito.” (STJ – Quarta Turma, AgInt
no AREsp 1784649/DF, Rel. Ministra MARIA ISABEL GALLOTTI, julgado em
29/11/2021, DJe 01/12/2021)

A técnica prevista no art. 942 pode ser aplicada em caso de rescisão parcial do
julgado?

ENUNCIADO 63 – A técnica de que trata o art. 942, § 3º, I, do CPC aplica-se à


hipótese de rescisão parcial do julgado.

A técnica prevista no art. 942 pode ser aplicada em mandado de segurança?

CJF 62 – Aplica-se a técnica prevista no art. 942 do CPC no julgamento de recurso


de apelação interposto em mandado de segurança.

“A técnica de ampliação do colegiado prevista no art. 942 do CPC/2015 aplica-se


aos julgamento não unânime de apelação interposta em sede de mandado de
segurança. Precedentes.” (STJ – Primeira Turma, AgInt no REsp 1930026/ES, Rel.
Ministra REGINA HELENA COSTA, julgado em 16/08/2021, DJe 18/08/2021)

“Embora a técnica de ampliação do colegiado, prevista no art. 942 do CPC/2015, e


os embargos infringentes, revogados junto com Código de Processo Civil de 1973
(CPC/1973), possuam objetivos semelhantes, os referidos institutos não se
confundem, sobretudo porque o primeiro compreende técnica de julgamento, já o
segundo consistia em modalidade de recurso. Ademais: "(...) diferentemente dos
embargos infringentes regulados pelo CPC/73, a nova técnica de ampliação do
colegiado é de observância automática e obrigatória sempre que o resultado da
apelação for não unânime e não apenas quando ocorrer a reforma de sentença"
(REsp n. 179.8705/SC, Relator Ministro Paulo de Tarso Sanseverino, Terceira
Turma, julgado em 22/10/2019, DJe 28/10/2019). (...) Conclui-se, portanto, que a
técnica de ampliação do colegiado, prevista no art. 942 do CPC/2015, aplica-se
também ao julgamento de apelação que resultou não unânime interposta contra
sentença proferida em mandado de segurança. Precedente: REsp n. 1.817.633/RS,
Relator Ministro Gurgel de Faria, Primeira Turma, julgado em 17/9/2019, DJe
11/10/2019.” (STJ – Segunda Turma, REsp 1868072/RS, Rel. Ministro FRANCISCO
FALCÃO, julgado em 04/05/2021, DJe 10/05/2021)

A técnica prevista no art. 942 pode ser aplicada ao julgamento de embargos de


declaração?

“Segundo lições doutrinárias, em se tratando de aclaratórios opostos a acórdão


que julga agravo de instrumento, a convocação de outros julgadores para compor
o colegiado ampliado (técnica de julgamento prevista no artigo 942 do CPC/2015)
somente ocorrerá se os embargos de declaração forem acolhidos para modificar o
julgamento originário do magistrado de primeiro grau que houver proferido
decisão parcial de mérito.” (STJ – Terceira Turma, REsp 1841584 / SP, rel. Ministro
RICARDO VILLAS BÔAS CUEVA, DJe 13/12/2019)

“Deve ser aplicada a técnica de julgamento ampliado nos embargos de declaração


toda vez que o voto divergente possua aptidão para alterar o resultado unânime
do acórdão de apelação. (...) Recurso especial provido para determinar o retorno
dos autos à origem, a fim de que seja dada continuidade ao julgamento não
unânime dos embargos de declaração, aplicando-se a técnica prevista do art. 942
do CPC/2015.” (REsp 1910317/PE, Rel. Ministro ANTONIO CARLOS FERREIRA,
QUARTA TURMA, julgado em 02/03/2021, DJe 11/03/2021)

“Quanto à alegada ofensa ao artigo 942 do CPC/15, a jurisprudência desta Corte


Superior entende ser possível o julgamento estendido em sede de embargos de
declaração Precedente: REsp 1910317/PE, Rel. Ministro ANTONIO CARLOS
FERREIRA, QUARTA TURMA, DJe 11/03/2021.” (STJ – Quarta Turma, AgInt no
AREsp 1873065/SP, Rel. Ministro MARCO BUZZI, julgado em 22/02/2022, DJe
04/03/2022)

No julgamento ampliado o tribunal poderá apreciar o capítulo unânime?

“Uma vez ampliado o colegiado, os novos julgadores convocados não ficam


adstritos aos capítulos em torno dos quais se estabeleceu a divergência,
competindo-lhes também a apreciação da integralidade das apelações.” (STJ –
Terceira Turma, REsp 1798705 / SC, rel. Ministro PAULO DE TARSO SANSEVERINO,
DJe 28/10/2019)

“Os novos julgadores convocados não ficam restritos aos capítulos ou pontos
sobre os quais houve inicialmente divergência, cabendo-lhes a apreciação da
integralidade do recurso. 9. O prosseguimento do julgamento com quórum
ampliado em caso de divergência tem por objetivo a qualificação do debate,
assegurando-se oportunidade para a análise aprofundada das teses jurídicas
contrapostas e das questões fáticas controvertidas, com vistas a criar e manter
uma jurisprudência uniforme, estável, íntegra e coerente.” (STJ – Terceira Turma,
REsp 1771815 / SP, rel. Min. RICARDO VILLAS BÔAS CUEVA, DJe 21/11/2018)

“O art. 942 do CPC/2015 não ostenta natureza recursal, como ocorria com os
revogados Embargos Infringentes do CPC/1973 (art.530).Trata-se de técnica de
julgamento que visa aprofundar o debate da controvérsia e proporcionar
julgamento colegiado com quorum ampliado, que será encerrado somente após
anunciado o resultado final. Por isso não há espaço para se falar em efeito
devolutivo na ampliação do colegiado, podendo os julgadores convocados
apreciar a integralidade do recurso, não estando adstritos, portanto, aos capítulos
em que existente divergência. Precedentes: REsp 1.771.815/SP, Rel. Ministro
Ricardo Villas Bôas Cueva, Terceira Turma, DJe 21/11/2018; REsp 1798705/SC, Rel.
Ministro Paulo de Tarso Sanseverino, Terceira Turma, DJe 28/10/2019.
CONCLUSÃO 16. Agravo conhecido para se dar provimento aos Recursos Especiais
interpostos por Rodrigo Antônio Ribeiro da Costa, Fernando Meira Júnior e
Marcelo Cotrim Borges, com a devolução dos autos ao Tribunal de origem para
que examine a integralidade das Apelações interpostas, e não apenas os capítulos
em que houve a divergência.” (STJ – Segunda Turma, AREsp 1520297/RJ, Rel.
Ministro HERMAN BENJAMIN, julgado em 23/03/2021, DJe 26/04/2021)

“A natureza jurídica do instituto previsto no art. 942 do CPC/15, substituto do


revogado embargos infringentes, é de técnica de julgamento, por meio da qual a
sessão de julgamento iniciada pelo colegiado original retoma após a convocação
de novos julgadores, e não de recurso com efeito devolutivo. (...) Diante desse
panorama, conclui-se que a incidência da técnica de julgamento ampliado do art.
942 do CPC/15 não limita os julgadores convocados à análise apenas a matéria
decidida de forma não unânime pelo quórum original, deve, pois, ser apreciado
todo o conteúdo da apelação. Precedentes desta e. Terceira Turma.” (STJ –
Terceira Turma, REsp 1934178/DF, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, julgado em
14/09/2021, DJe 16/09/2021)
O julgadores que já votaram podem modificar o entendimento no colegiado
ampliado? “Conforme expressamente autorizado pelo art. 942, § 2º, do CPC/2015,
os julgadores que já tenham votado podem modificar o seu posicionamento.” (STJ
– Terceira Turma, REsp 1771815 / SP, rel. Min. RICARDO VILLAS BÔAS CUEVA, DJe
21/11/2018)

Pode ser dispensado o quinto julgador, sob o argumento de que já teria sido
atingida a maioria sem possibilidade de inversão do resultado?

RECURSO ESPECIAL. DIREITO PROCESSUAL CIVIL. DIREITO DE FAMÍLIA. AÇÃO DE


RECONHECIMENTO DE MATERNIDADE SOCIOAFETIVA POST MORTEM.
PRELIMINAR. TÉCNICA DE JULGAMENTO AMPLIADO. JULGADORES ADICIONAIS.
QUANTIDADE. PRINCÍPIO DO JUÍZO NATURAL. MODIFICAÇÃO DE VOTO.
POSSIBILIDADE. SUSTENTAÇÃO ORAL. OPORTUNIDADE. 1. Recurso especial
interposto contra acórdão publicado na vigência do Código de Processo Civil de
2015 (Enunciados Administrativos nºs 2 e 3/STJ). 2. A técnica de ampliação do
colegiado tem como objetivo maximizar e aprofundar as discussões jurídicas ou
fáticas a respeito da divergência então instaurada, possibilitando, para tanto,
inclusive, nova sustentação oral e a retratação dos votos já proferidos.
Precedentes. 3. Constitui ofensa ao art. 942 do CPC/2015 a dispensa do quinto
julgador, integrante necessário do quórum ampliado, sob o argumento de que já
teria sido atingida a maioria sem possibilidade de inversão do resultado. 4.
Recurso especial provido, acolhendo a preliminar de nulidade por violação do art.
942 do CPC/2015. (STJ – Terceira Turma, REsp 1890473/MS, Rel. Ministro
RICARDO VILLAS BÔAS CUEVA, julgado em 17/08/2021, DJe 20/08/2021)

O STJ pode anular os votos proferidos na modalidade ampliada e manter os


demais?

“Reconhecido que o julgamento ampliado se deu em confronto com a lei, devem


ser anulados os votos proferidos na modalidade ampliada para prevalecer
somente aqueles votos proferidos pelo Desembargador Relator e Primeiro Vogal,
que o acompanhou, que entenderam, por maioria, em negar provimento ao
agravo de instrumento.” (STJ – Terceira Turma, REsp 1960580/MT, Rel. Ministro
MOURA RIBEIRO, julgado em 05/10/2021, DJe 13/10/2021)

A técnica do art. 942 do CPC aplica-se ao proceso penal?

DIREITO PENAL. PROCESSO PENAL. AGRAVO REGIMENTAL. CORRUPÇÃO PASSIVA.


ACÓRDÃO APELATÓRIO MAJORITÁRIO. INTERPOSIÇÃO DE RECURSO ESPECIAL
CONTRA PARTE UNÂNIME DO JULGADO. INOBSERVÂNCIA. PRECLUSÃO. SÚMULA
355 DO STF. DIVERGÊNCIA JURISPRUDENCIAL. DEMONSTRAÇÃO DA SIMILITUDE
ENTRE O ACÓRDÃO PARADIGMA E O DECISUM IMPUGANDO. AUSÊNCIA. ART.
1.029, § 1º, DO CPC. AGRAVO DESPROVIDO. I - O agravo regimental deve trazer
novos argumentos capazes de alterar o entendimento anteriormente firmado, sob
pena de ser mantida a r. decisão vergastada por seus próprios fundamentos. II -
Nos termos do que dispõe a súmula 355 do Excelso Pretório, na hipótese de
julgamento majoritário de apelação, cabe à parte interessada interpor, desde
logo, o recurso cabível contra a parte unânime do acórdão, sob pena de preclusão.
III - Essa conclusão, aliás, restou corroborada pela entrada em vigor do atual
Código de Processo Civil, o qual, diferentemente do revogado estatuto e do
Código de Processo Penal, sequer prevê os Embargos Infringentes como
modalidade recursal. IV - Ante a extinção daquela via recursal no âmbito do
processo civil e a manutenção da regência legal, tanto do Recurso de Apelação
como dos Embargos Infringentes no Código de Processo Penal, o princípio da
especialidade impede a aplicação analógica da técnica de ampliação do colegiado,
prevista no art. 942 do Código de Processo Civil de 2015. V - Em reforço a esse
entendimento, calha ressaltar que os Embargos Infringentes, nos termos em que
disciplinado pelo parágrafo único do art. 609 do CPP, é via recursal cuja
legitimidade se atribui exclusivamente à defesa. Dessa forma, a aplicação
analógica das inovações trazidas pelo CPC de 2015, no punctum saliens,
ensejariam agravamento da situação da defesa, já que a aludida técnica de
julgamento é implementada ex officio todas as vezes em que o acórdão apelatório
for majoritário, independentemente do sentido do julgamento. VI - Na hipótese
sub examine, vale esclarecer que o acórdão apelatório objeto destes autos foi
proferido em 02.08.2017, ou seja, quando não mais vigorava o Código Buzaid.
Assim, é de se aplicar os ditames do artigo 798 do CPP, o qual estabelece que, no
âmbito do processo penal, os prazos "[...] serão contínuos e peremptórios, não se
interrompendo por férias, domingo ou dia feriado." VII - A jurisprudência deste
Superior Tribunal de Justiça é pacifica no sentido de reconhecer que "[...] de nada
adianta o novo patrono, depois de apresentadas as primeiras razões pelo anterior
defensor constituído, querer complementar as razões recursais anteriores, porque
já se verificou a preclusão consumativa" (AgRg no REsp n. 1.754.399/MT, Sexta
Turma, Rel. Min. Rogério Schietti Cruz, DJe de 01.02.2019). VIII - Nos termos do
art. 1.029, § 1º, do Código de Processo Civil, não é possível o conhecimento de
Recurso Especial pela divergência jurisprudencial, quando o insurgente não se
desincumbe do ônus de demonstrar as circunstâncias que identifiquem ou
assemelhem o acórdão paradigma com o caso sub examine. IX - A ausência de
demonstração quanto à similitude fática entre os julgados, impede a constatação
da divergência, procedimento necessário para o conhecimento do apelo extremo,
de modo a atrair a incidência, na espécie, da Súmula 284/STF. Agravo Regimental
desprovido. (STJ – Quinta Turma, AgInt no REsp 1822332/PR, Rel. Ministro FELIX
FISCHER, julgado em 28/04/2020, DJe 04/05/2020)

TJ-PE - Incidente de Assunção de Competência: 4951168 PE, Relator: Frederico


Ricardo de Almeida Neves, Data de Julgamento: 19/11/2018, Órgão Especial, Data
de Publicação: 26/11/2018 2.1 PRIMEIRA TESE JURÍDICA: "O órgão colegiado de
maior composição, para o qual foi deslocada a competência para julgar a ação
rescisória, examinará toda a causa, inclusive as questões prévias já decididas, por
unanimidade, no órgão originário“ 2.2 SEGUNDA TESE JURÍDICA: "O órgão
colegiado de maior composição, para o qual foi deslocada a competência para
julgar a ação rescisória, exercerá o juízo rescindente, e, se disso for o caso, o juízo
rescisório, rejulgando a causa por completo“ 2.3 TERCEIRA TESE JURÍDICA:
"Proferido o julgamento pelo órgão de maior composição, por força do disposto
no inciso Ido § 3º do artigo 942 CPC, os embargos de declaração interpostos
contra o acórdão respectivo, serão conhecidos, processados e julgados pelo órgão
colegiado, de onde originou-se o acórdão que se impugna" 2.4 QUARTA TESE
JURÍDICA: "Incidindo a regra do inciso Ido § 3º do artigo 942, do Código de
Processo Civil, o órgão de maior composição, para o qual foi deslocada a
competência, julgará a causa na sua inteireza, sem a participação dos julgadores
do órgão originário, salvo se integrarem o órgão maior, não sendo computados os
votos proferidos no órgão primevo" 2.5 QUINTA TESE JURÍDICA: "A ação rescisória
ajuizada contra acórdão, por ser da competência originária de órgão de maior
composição, não atrai a incidência do artigo 942 do CPC" 2.6 SEXTA TESE
JURÍDICA: "No recurso de apelação, incidirá o artigo 942, do CPC, sempre que o
julgamento for não unânime, independentemente do seu conteúdo"As questões
daí advenientes ficaram assim delimitadas: a.1 Se, por maioria de votos, o apelo
for provido para reformar sentença terminativa, incidirá a regra do artigo 942, do
CPC. a.2 Se, por maioria de votos, o apelo não for admitido, incidirá o artigo 942
do CPC. a.3 Se, por maioria de votos, o apelo for desprovido, incidirá o artigo 942
do CPC. a.4 Se, por maioria de votos, o apelo for provido para anular a sentença,
incidirá o artigo 942 do CPC 2.7 SÉTIMA TESE JURÍDICA: "Os julgadores
convocados para o julgamento ampliado de apelação e agravo de instrumento,
não estarão limitados ao capítulo da divergência, podendo votar sobre todo o
objeto do recurso“ 2.8 OITAVA TESE JURÍDICA: "Amplia-se o colegiado quando,
por maioria de votos, a decisão dos embargos de declaração alterar o resultado
unânime da apelação“ 2.9 NONA TESE JURÍDICA: "Não incidirá o artigo 942 do
CPC, quando o provimento majoritário dos embargos de declaração, em nada
alterar o conteúdo do ato judicial embargado". 2.10 DÉCIMA TESE JURÍDICA:
"Compete ao órgão colegiado de composição ampliada que proferiu o acórdão,
julgar os embargos de declaração respectivos, mantidos os julgadores que
participaram do ato embargado, se não estiverem afastados por qualquer motivo“
2.11 DÉCIMA PRIMEIRA TESE JURÍDICA: "Incidirá o artigo 942, do CPC, em
julgamento não unânime de agravo interno em apelação, desde que a divergência
guarde pertinência com o conteúdo do apelo“ 2.12 DÉCIMA SEGUNDA TESE
JURÍDICA: "Incide o artigo 942, do CPC, no julgamento não unânime de agravo
interno em agravo de instrumento, quando reformar a decisão interlocutória de
primeiro grau que antecipou parcela de mérito“

Outros Recursos que impugnam a Sentença


Lei de Falências - Agravo de Instrumento da Lei 11.101/2005

Art. 100. Da decisão que decreta a falência cabe agravo, e da sentença que julga a
improcedência do pedido cabe apelação.

Embargos Infringentes da LEF

Lei 6.830/1980 - Art. 34 - Das sentenças de primeira instância proferidas em


execuções de valor igual ou inferior a 50 (cinqüenta) Obrigações Reajustáveis do
Tesouro Nacional - ORTN, só se admitirão embargos infringentes e de declaração.
§ 1º - Para os efeitos deste artigo considerar-se-á o valor da dívida
monetariamente atualizado e acrescido de multa e juros de mora e de mais
encargos legais, na data da distribuição. § 2º - Os embargos infringentes,
instruídos, ou não, com documentos novos, serão deduzidos, no prazo de 10 (dez)
dias perante o mesmo Juízo, em petição fundamentada. § 3º - Ouvido o
embargado, no prazo de 10 (dez) dias, serão os autos conclusos ao Juiz, que,
dentro de 20 (vinte) dias, os rejeitará ou reformará a sentença.

É possível interpor RE contra a decisão do juiz nos embargos infringentes?

CF, Art. 102. III - julgar, mediante recurso extraordinário, as causas decididas em
única ou última instância, quando a decisão recorrida.

Súmula 640 do STF -É CABÍVEL RECURSO EXTRAORDINÁRIO CONTRA DECISÃO


PROFERIDA POR JUIZ DE PRIMEIRO GRAU NAS CAUSAS DE ALÇADA, OU POR
TURMA RECURSAL DE JUIZADO ESPECIAL CÍVEL E CRIMINAL.

Agravo de Instrumento
Agravo de instrumento é o principal recurso cabível das decisões interlocutórias.
Cabe nas hipóteses do art. 1.015 do CPC. Quando a decisão interlocutória não
estiver no art. 1.015 do CPC, poderá ser impugnadas nas razões ou nas contra
razões de apelação (art. 1.009, § 1º do CPC).

Hipóteses de Cabimento
Art. 1.015 do CPC

Art. 1.015. Cabe agravo de instrumento contra as decisões interlocutórias que


versarem sobre: I - tutelas provisórias; II - mérito do processo; III -
rejeição da alegação de convenção de arbitragem;
IV - incidente de desconsideração da personalidade jurídica; V -
rejeição do pedido de gratuidade da justiça ou
acolhimento do pedido de sua revogação; VI - exibição ou posse de
documento ou coisa; VII - exclusão de litisconsorte; VIII - rejeição do pedido de
limitação do litisconsórcio; IX - admissão ou inadmissão de intervenção de
terceiros; X - concessão, modificação ou revogação do
efeito suspensivo aos embargos à execução; XI - redistribuição do ônus da
prova nos termos do art. 373, § 1o; XII - (VETADO); XIII - outros casos
expressamente referidos em lei. Parágrafo único. Também caberá agravo de
instrumento contra decisões interlocutórias proferidas na fase de liquidação de
sentença ou de cumprimento de sentença, no processo de execução e no
processo de inventário.

Interpretação de Alguns Incisos e do Parágrafo


Tutelas provisórias
São as ações que versem sobre, não necessariamente decisão sobre elas. E, ainda
que a decisão não mencione que se trata de tutela provisória, caberá AI, e, nesta
hipótese, sustentação oral. Vide:

CIVIL. PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO DE BUSCA E APREENSÃO. CONCEITO DE "DECISÃO


INTERLOCUTÓRIA QUE VERSA SOBRE TUTELA PROVISÓRIA" PARA FINS DE
RECORRIBILIDADE IMEDIATA COM BASE NO ART. 1.015, I, DO CPC/15.
ABRANGÊNCIA. CONCEITO QUE COMPREENDE O EXAME DOS PRESSUPOSTOS
AUTORIZADORES, A DISCIPLINA SOBRE O MODO E PRAZO PARA CUMPRIMENTO, A
ADEQUAÇÃO DAS TÉCNICAS DE EFETIVAÇÃO E A NECESSIDADE OU A DISPENSA DE
GARANTIAS. EXTENSÃO PARA A HIPÓTESE EM QUE SE IMPÔS AO BENEFICIÁRIO O
DEVER DE ARCAR COM AS DESPESAS DE ESTADIA DO BEM IMÓVEL EM PÁTIO DE
TERCEIRO. IMPOSSIBILIDADE. 1- Ação proposta em 18/02/2014. Recurso especial
interposto em 27/11/2017 e atribuído à Relatora em 13/07/2018. 2- O
propósito recursal é definir se o conceito de "decisões interlocutórias que
versarem sobre tutelas provisórias", previsto no art. 1.015, I, do CPC/15, abrange
também a decisão interlocutória que impõe ao credor fiduciário o dever de arcar
com as despesas relacionadas ao depósito do bem em pátio de terceiro. 3-
O conceito de "decisão interlocutória que versa sobre tutela provisória" abrange
as decisões que examinam a presença ou não dos pressupostos que justificam o
deferimento, indeferimento, revogação ou alteração da tutela provisória e,
também, as decisões que dizem respeito ao prazo e ao modo de cumprimento
da tutela, a adequação, suficiência, proporcionalidade ou razoabilidade da
técnica de efetiva da tutela provisória e, ainda, a necessidade ou dispensa de
garantias para a concessão, revogação ou alteração da tutela provisória. 4- Na
hipótese, a decisão interlocutória que impõe ao beneficiário o dever de arcar com
as despesas da estadia do bem móvel objeto da apreensão em pátio de terceiro
não se relaciona de forma indissociável com a tutela provisória, mas, sim, diz
respeito a aspectos externos e dissociados do conceito elementar desse instituto,
relacionando-se com a executoriedade, operacionalização ou implementação
fática da medida. 5- Recurso especial conhecido e desprovido. (STJ – Terceira
Turma, REsp 1752049 / PR, rel. Min. Nancy Andrighi, DJe 15/03/2019)

RECURSO ESPECIAL. AGRAVO DE INSTRUMENTO. DECISÃO INTERLOCUTÓRIA.


CABIMENTO. TUTELA PROVISÓRIA. GUARDA PROVISÓRIA DE MENOR.
PREVISÃO EXPRESSA. ART. 1.015, I, DO CPC/2015. URGÊNCIA.
CONFIGURAÇÃO. 1. Recurso especial interposto contra acórdão publicado na
vigência do Código de Processo Civil de 2015 (Enunciados Administrativos nºs 2 e
3/STJ). 2. A controvérsia a ser dirimida reside em verificar se a decisão
interlocutória que determina a busca e apreensão de menor, para fins de
transferência da guarda do infante à sua genitora enquanto perdurar a ação de
dissolução de união estável dos pais, pode ser impugnada por meio do recurso de
agravo de instrumento, por se tratar da hipótese prevista no art. 1.015, I, do
Código de Processo Civil de 2015, que versa a respeito de tutela provisória. 3. A
hipótese dos autos, relativa à guarda provisória de menor no curso de ação de
dissolução de união estável, enquadra-se na previsão legal de cabimento do
agravo de instrumento contra decisão interlocutória que verse acerca de tutelas
provisórias, consoante o disposto no art. 1.015, I, do Código de Processo Civil de
2015. 4. Recurso especial conhecido e não provido. (STJ – Terceira Turma, REsp
1744011 / RS, rel. Min. Ricardo Vilas Bôas Cueva, DJe 02/04/2019)

Cabe agravo de instrumento contra a decisão que posterga a análise da tutela


provisória?

FFPC 29: É agravável o pronunciamento judicial que postergar a análise do pedido


de tutela provisória ou condicionar sua apreciação ao pagamento de custas ou a
qualquer outra exigência.

CJF 70: É agravável o pronunciamento judicial que postergar a análise de pedido


de tutela provisória ou condicioná-la a qualquer exigência.

PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. ART. 1.015, I, DO CPC/2015. DECISÃO DO


MAGISTRADO SINGULAR QUE POSTERGA A ANÁLISE DO PEDIDO DE IMISSÃO
PROVISÓRIA NA POSSE. CABIMENTO DO AGRAVO DE INSTRUMENTO. 1. No que
toca ao art. 1.022, II, do CPC/2015, verifico que não foram opostos Embargos
Declaratórios. Perquirir, nesta via estreita, a ofensa das referidas normas, sem que
se tenha explicitado a tese jurídica no Juízo a quo, é frustrar a exigência
constitucional do prequestionamento, pressuposto inafastável que objetiva evitar
a supressão de instância. Ao ensejo, confira-se o teor da Súmula 282/STF: "É
inadmissível o recurso extraordinário, quando não ventilada, na decisão recorrida,
a questão federal suscitada". 2. "A decisão que trata do pedido de imissão
provisória na posse do imóvel deduzido em ação de desapropriação por utilidade
pública cuida de controvérsia com natureza de tutela provisória, a desafiar o
recurso de agravo de instrumento, com apoio no art. 1.015, inciso I, do CPC/2015"
(AREsp 1.389.967/SP, Relator Ministro Mauro Campbell Marques, Segunda Turma,
DJe 22/3/2019). 3. Alegada a urgência para a imissão na posse e sendo proferida
decisão postergando a medida requerida, há evidente indeferimento que pode ser
discutido por Agravo de Instrumento, nos moldes do art. 1.015, I, do CPC/2015. 4.
Recurso Especial parcialmente conhecido e, nessa extensão, provido. (REsp
1767313/MG, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, julgado em
14/05/2019, DJe 18/06/2019)

Mérito do processo
Cabe agravo contra a decisão que rejeita uma alegação de prescrição ou de
decadência?

“Esta Corte possui o pacífico entendimento de que cabe agravo de instrumento


contra decisão que reconhece ou rejeita a ocorrência da decadência ou da
prescrição, incidindo a hipótese do inciso II do art. 1.015 do CPC/2015 (REsp
1.772.839/SP, Rel. Ministro ANTONIO CARLOS FERREIRA, Quarta Turma, julgado
em 14/5/2019, DJe 23/5/2019).”(AgInt no AREsp 1683177/GO, Rel. Ministro
MOURA RIBEIRO, TERCEIRA TURMA, julgado em 08/03/2021, DJe 10/03/2021)

CIVIL. PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO DE REPARAÇÃO DE DANOS MATERIAIS E MORAIS.


DECISÃO INTERLOCUTÓRIA QUE REJEITA A ALEGAÇÃO DE PRESCRIÇÃO ARGUIDA
PELO RÉU. RECORRIBILIDADE IMEDIATA POR AGRAVO DE INSTRUMENTO.
POSSIBILIDADE. CABIMENTO DO RECURSO COM BASE NO ART. 1.015, II, DO
CPC/2015. PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA. QUESTÕES DE MÉRITO, SEJA NO
ACOLHIMENTO, SEJA NA REJEIÇÃO. 1- Ação proposta em 27/10/2007. Recurso
especial interposto em 26/09/2017 e atribuído à Relatora em
08/05/2018 2- O propósito recursal consiste em definir se a decisão
interlocutória que afasta a alegação de prescrição é recorrível, de imediato, por
meio de agravo de instrumento interposto com fundamento no art. 1.015, II, do
CPC/2015. 3- O CPC/2015 colocou fim às discussões que existiam no CPC/73
acerca da existência de conteúdo meritório nas decisões que afastam a alegação
de prescrição e de decadência, estabelecendo o art. 487, II, do novo Código, que
haverá resolução de mérito quando se decidir sobre a ocorrência da prescrição ou
da decadência, o que abrange tanto o reconhecimento, quanto a rejeição da
alegação. 4- Embora a ocorrência ou não da prescrição ou da decadência possam
ser apreciadas somente na sentença, não há óbice para que essas questões
sejam examinadas por intermédio de decisões interlocutórias, hipótese em que
caberá agravo de instrumento com base no art. 1.015, II, do CPC/2015, sob pena
de formação de coisa julgada material sobre a questão. Precedente. 5- Provido o
recurso especial pela violação à lei federal, fica prejudicado o exame da questão
sob a ótica da divergência jurisprudencial. 6- Recurso especial conhecido e
provido. (STJ – Terceira Turma, REsp 1738756 / MG, rel. Min. Nancy Andrighi, DJe
22/02/2019)

RECURSO ESPECIAL. PROCESSO CIVIL. DECISÃO INTERLOCUTÓRIA QUE AFASTA A


PRESCRIÇÃO. DECISÃO DE MÉRITO QUE DESAFIA O RECURSO DE AGRAVO DE
INSTRUMENTO. ART. 487, II, C/C ART. 1.015, II, DO CPC/15. 1. Segundo o
CPC/2015, nas interlocutórias em que haja algum provimento de mérito, caberá o
recurso de agravo de instrumento para impugná-las (art. 1.015, II). 2. No atual
sistema processual, nem toda decisão de mérito deve ser tida por sentença, já que
nem sempre os provimentos com o conteúdo dos arts. 485 e 487 do CPC terão
como consequência o fim do processo (extinção da fase cognitiva do
procedimento comum ou da execução). 3. As decisões interlocutórias que versem
sobre o mérito da causa não podem ser tidas como sentenças, pois, à luz do
novel diploma, só haverá sentença quando se constatar, cumulativamente: I) o
conteúdo previsto nos arts. 485 e 487 do CPC; e II) o fim da fase de cognição do
procedimento comum ou da execução (CPC, art. 203, § 1°). 4. O novo Código
considerou como de mérito o provimento que decide sobre a prescrição ou a
decadência (art. 487, II, do CPC), tornando a decisão definitiva e revestida do
manto da coisa julgada. 5. Caso a prescrição seja decidida por interlocutória, como
ocorre na espécie, o provimento deverá ser impugnado via agravo de
instrumento. Já se a questão for definida apenas no âmbito da sentença, pondo
fim ao processo ou a capítulo da sentença, caberá apelação nos termos do art.
1.009 do CPC. 6. Recurso especial não provido. (STJ – Quarta Turma, REsp 1778237
/ RS, rel. Min. LUIS FELIPE SALOMÃO, DJe 28/03/2019)

Cabe agravo contra a decisão que rejeita a alegação de impossibilidade jurídica do


pedido?

Impossibilidade jurídica do pedido seria alguma vedação legal – ex: usucapião de


bem público.

A doutrina majoritária hoje diz que é hipótese de improcedência, inclusive de


improcedência liminar.

Assim, no caso de rejeição, caberia agravo.

“A possibilidade jurídica do pedido após o CPC/15, pois, compõe uma parcela do


mérito em discussão no processo, suscetível de decomposição e que pode ser
examinada em separado dos demais fragmentos que o compõem, de modo que
a decisão interlocutória que versar sobre essa matéria, seja para acolher a
alegação, seja também para afastá-la, poderá ser objeto de impugnação imediata
por agravo de instrumento com base no art. 1.015, II, CPC/15.”(STJ – Terceira
Turma, REsp 1757123/SP, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, julgado em 13/08/2019,
DJe 15/08/2019)

PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL SUBMETIDO AO ENUNCIADO


ADMINISTRATIVO 3/STJ. AÇÃO POPULAR. TRANSPORTE COLETIVO URBANO.
REAJUSTE TARIFÁRIO. PRELIMINAR DE IMPOSSIBILIDADE JURÍDICA DO PEDIDO
REJEITADA. AGRAVO DE INSTRUMENTO INTERPOSTO COM BASE NO ART. 1.015, II,
DO CPC/2015. CABIMENTO. PRECEDENTE DA TERCEIRA TURMA. 1. No caso dos
autos, o Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais não conheceu de agravo de
instrumento interposto contra decisão que rejeitara preliminar de impossibilidade
jurídica do pedido pelo entendimento de que a matéria não se enquadra no rol
taxativo do art. 1.015 do CPC/2015. 2. Ocorre que, conforme já decidiu a Terceira
Turma desta Corte em caso análogo ao dos autos, "A possibilidade jurídica do
pedido após o CPC/15, (...) compõe uma parcela do mérito em discussão no
processo, suscetível de decomposição e que pode ser examinada em separado dos
demais fragmentos que o compõem, de modo que a decisão interlocutória que
versar sobre essa matéria, seja para acolher a alegação, seja também para afastá-
la, poderá ser objeto de impugnação imediata por agravo de instrumento com
base no art. 1.015, II, CPC/15" (REsp 1757123/SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, DJe de
15/8/2019). 3. Nesses termos, o recurso especial deve ser provido para
determinar ao TJ/MG que prossiga no exame do agravo de instrumento do ora
recorrente. 4. Recurso especial provido.(STJ – Segunda Turma, REsp 1864430/MG,
Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, SEGUNDA TURMA, julgado em
26/05/2020, DJe 01/06/2020)

Cabe agravo contra a decisão que rejeita uma alegação ilegitimidade para a
causa?

Não, pois trata-se de condição da ação, acarreta sentença sem resolução de


mérito, de forma que cabe apelação, n]ao agravo.

“Ademais, destaque-se que o artigo 1.015, VII, do CPC traz como hipótese de
cabimento de agravo de instrumento a exclusão de litisconsorte, o que é distinto
da rejeição da preliminar de ilegitimidade passiva, pois, como acima afirmado, a
responsabilidade do réu pelos fatos imputados na petição inicial poderá ser
revista após a devida instrução processual. Precedentes: AgInt no AREsp
1063181/RJ, Rel. Ministra ASSUSETE MAGALHÃES, SEGUNDA TURMA, julgado em
17/09/2019, DJe 24/09/2019; AgInt no REsp 1788015/SP, Rel. Ministro MARCO
AURÉLIO BELLIZZE, TERCEIRA TURMA, julgado em 17/06/2019, DJe 25/06/2019.”
(AgInt no REsp 1918169/RS, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES,
SEGUNDA TURMA, julgado em 24/05/2021, DJe 27/05/2021)

CABIMENTO DO AGRAVO DE INSTRUMENTO. ROL TAXATIVO DO ART. 1.015 DO


CPC. INAPLICABILIDADE DA LEI DA AÇÃO POPULAR A AÇÃO CIVIL PÚBLICA.
DECISÃO QUE REJEITA ALEGAÇÃO DE ILEGITIMIDADE ATIVA E FIXA ASTREINTES.
DESCABIMENTO DE AGRAVO. AGRAVO INTERNO EM AGRAVO EM RECURSO
ESPECIAL. PROFERIMENTO ANTERIOR A 19/12/2018. INAPLICABILIDADE DO TEMA
988 DO STJ. INEXISTÊNCIA DE AFINIDADE ENTRE AS AÇÕES CIVIL PUBLICA E
POPULAR NO CASO DOS AUTOS. INAPLICABILIDADE DA LEI Nº 4.717/65 NESTE
CASO EM PARTICULAR. NULIDADE POR NEGATIVA DE PRESTAÇÃO JURISDICIONAL.
OMISSÃO NÃO SANADA EM SEDE DE EMBARGOS DE
DECLARAÇÃO.DESCABIMENTO. VIOLAÇÃO DE LEI FEDERAL. PRETENSÃO QUE
DEMANDA O REVOLVIMENTO DO CONJUNTO FÁTICO E PROBATÓRIO DOS AUTOS.
ÓBICE DE INADMISSIBILIDADE. SÚMULA 7 DO STJ. CONFIRMAÇÃO. DEFICIÊNCIA
DE ARGUMENTAÇÃO. SÚMULA 284 DO STF. ACÓRDÃO EM HARMONIA COM
ENTENDIMENTO PACIFICADO NO ST. SÚMULA 83 DO STJ. INCIDÊNCIA. AGRAVO
INTERNO NÃO PROVIDO. 5. Agravo interno não provido. (AgInt no AREsp
1750087/SC, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, QUARTA TURMA, julgado em
26/04/2021, DJe 28/04/2021)

Rejeição da alegação de convenção de arbitragem;


Para parte da doutrina e da jurisprudência, essa hipótese deve contemplar as
decisões sobre incompetência e sobre rejeição de negócio jurídico processual.

Atualmente entende o STJ que cabe AI pela taxatividade mitigada.

Exclusão de litisconsorte
Somente no caso de exclusão em decisão caberá. Se em sentença, cabe apelação.
Cabe agravo contra a decisão que rejeita excluir o litisconsorte? Se o juiz não
excluir, ou seja, rejeitar excluir, não caberá agravo.

Somente a sentença sem a integração do contraditório, é nula ou ineficaz, por isso


a recorribilidade imediata quando se acolhe o requerimento. A decisão
interlocutória que rejeita excluir o litisconsorte, mantendo no processo a parte
alegadamente ilegítima, todavia, não é capaz de tornar nula ou ineficaz a sentença
de mérito, podendo a questão ser reexaminada, sem grande prejuízo, por ocasião
do julgamento do recurso de apelação. (STJ – Terceira Turma, REsp 1724453 / SP,
rel. Min. Nancy Andrighi, DJe 22/03/2019)

Admissão ou inadmissão de intervenção de terceiros;


Cabe agravo de instrumento ou agravo interno contra a decisão que rejeita o
ingresso do amicus curiae?

A decisão que admite o ingresso do amicus curiae é irrecorrível. E a decisão que


indefere?

Há quem entenda que cabe agravo, diante da ausência de expressa negativa legal,
e previsão de AI contra decisão que inadmitiu intervenção de terceiros.

Há quem entenda que não é possível, diante da impossibilidade do amicus curiae


recorrer de decisões.

STF e STJ entenderam que não cabe agravo, exceto em processos objetivos, como
ADI e ADC.

Art. 138. O juiz ou o relator, considerando a relevância da matéria, a


especificidade do tema objeto da demanda ou a repercussão social da
controvérsia, poderá, por decisão irrecorrível, de ofício ou a requerimento das
partes ou de quem pretenda manifestar-se, solicitar ou admitir a participação de
pessoa natural ou jurídica, órgão ou entidade especializada, com
representatividade adequada, no prazo de 15 (quinze) dias de sua intimação.

Art. 1.015. Cabe agravo de instrumento contra as decisões interlocutórias que


versarem sobre: IX - admissão ou inadmissão de intervenção de terceiros;

Art. 1.021. Contra decisão proferida pelo relator caberá agravo interno para o
respectivo órgão colegiado, observadas, quanto ao processamento, as regras do
regimento interno do tribunal.

Art. 138. § 1o A intervenção de que trata o caput não implica alteração de


competência nem autoriza a interposição de recursos, ressalvadas a oposição de
embargos de declaração e a hipótese do § 3o. § 3º O amicus curiae pode recorrer
da decisão que julgar o incidente de resolução de demandas repetitivas.

Não Cabe: Corte Especial do STJ, Questão de Ordem no REsp 1.696.396/MT, Rel.
Ministra NANCY ANDRIGHI, DJe de 19/12/2018 (em questão de ordem)

Não cabe: Tribunal Pleno do STF - RE 602584 AgR/DF, rel. orig. Min. Marco
Aurélio, red. p/ o ac. Min. Luiz Fux, DJe 17.10.2018 (analisando processos
subjetivos)

Cabe: Tribunal Pleno do STF - ADI 3396 AgR/DF, Rel. Min. Celso de Mello, DJe
14/10/2020 (analisando processos objetivos)

O STF decidiu, com fundamento no § 2º do art. 7º da Lei nº 9.868/99, que cabe


agravo interno contra a decisão que indefere o ingresso do amicus curiae

Em conclusão de julgamento, o Plenário negou provimento a agravo regimental


interposto de decisão que indeferira o pedido de ingresso do agravante —
procurador da fazenda nacional —, como amicus curiae, nos autos de ação direta
de inconstitucionalidade.
Preliminarmente, o colegiado, por maioria, conheceu do recurso com fundamento
em decisões desta Corte que permitem a impugnação recursal por parte de
terceiro, quando denegada sua participação na qualidade de amicus curiae (AI
3101, ADI 3934 e ADI 3615).

Nesta assentada, a ministra Rosa Weber reformulou o voto. Entendeu ser


irrecorrível a decisão do relator que defere o ingresso de amicus curiae, mas
recorrível a que indefere.

O ministro Celso de Mello (relator) esclareceu ter se posicionado pelo


conhecimento do recurso, pois, na época, havia precedentes que assim
orientavam. Alertou que, atualmente, o Plenário do Supremo Tribunal Federal
(STF) tem compreendido ser irrecorrível a decisão do relator que admite, ou não,
o ingresso de amicus curiae em processos de controle concentrado (ADI 5774, ADI
5591, ADI 3460). De igual modo, que o colegiado tem considerado inaplicável o
art. 138 do Código de Processo Civil de 2015 (CPC/2015) (1) aos processos do
controle concentrado de constitucionalidade (ADI 4389 Ed-AgR e ADI 3.931 ED).

Vencidos os ministros Luiz Fux, Dias Toffoli, Ayres Britto, Edson Fachin e Cármen
Lúcia, que não conheceram do agravo, por entenderem ser irrecorrível o
pronunciamento.

No mérito, o Plenário se reportou à jurisprudência do STF no sentido de que a


pessoa física não tem representatividade adequada para intervir na qualidade de
amigo da Corte em ação direta. (ADI 3396 AgR/DF, Rel. Min. Celso de Mello,
julgado em 06/08/2020)

Concessão, modificação ou revogação do efeito suspensivo aos embargos à


execução;
Cabe agravo contra a decisão que indefere o pedido de atribuição de efeito
suspensivo a Embargos à Execução?

Sim!

CJF 71: É cabível o recurso de agravo de instrumento contra a decisão que


indefere o pedido de atribuição de efeito suspensivo a Embargos à Execução, nos
termos do art. 1.015, X, do CPC

CIVIL. PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS À EXECUÇÃO DE TÍTULO EXTRAJUDICIAL.


VÍCIO DE FUNDAMENTAÇÃO NO ACÓRDÃO RECORRIDO. INOCORRÊNCIA. DECISÃO
INTERLOCUTÓRIA QUE INDEFERE O PEDIDO DE EFEITO SUSPENSIVO AOS
EMBARGOS. RECORRIBILIDADE IMEDIATA POR AGRAVO DE INSTRUMENTO.
POSSIBILIDADE. CABIMENTO DO RECURSO EM FACE DE DECISÕES QUE VERSEM
SOBRE TUTELA PROVISÓRIA, CONCEITO EM QUE SE ENQUADRA A DECISÃO QUE
INDEFERE O PEDIDO DE EFEITO SUSPENSIVO. ART. 1.015, I, COMBINADO COM
ART. 919, §1º, AMBOS DO CPC/2015. INTERPRETAÇÃO EXTENSIVA OU POR
ANALOGIA DO ART. 1.015, X, DO CPC/2015, QUE ERRONEAMENTE NÃO
CONTEMPLOU ESSA HIPÓTESE. IMPOSSIBILIDADE. PRESENÇA DOS REQUISITOS
PARA CONCESSÃO DA TUTELA PROVISÓRIA. MATÉRIA NÃO EXAMINADA NO
ACÓRDÃO, QUE SE LIMITOU À INADMISSIBILIDADE DO AGRAVO. AUSÊNCIA DE
PREQUESTIONAMENTO. 1- Ação proposta em 12/12/2016. Recurso especial
interposto em 23/01/2018 e atribuído à Relatora em 07/06/2018. 2- O propósito
recursal consiste em definir, para além da negativa de prestação jurisdicional: (i)
se é recorrível, de imediato e por meio de agravo de instrumento, a decisão
interlocutória que indefere a concessão de efeito suspensivo aos embargos à
execução de título extrajudicial; (ii) se, na hipótese, estão presentes os
pressupostos para a concessão do efeito suspensivo. 3- A mera alegação de que
teria havido violação ao art. 1.022 do CPC, sem contudo, o detalhadamente acerca
dos alegados vícios existentes no acórdão, impede o exame do recurso especial
sob esse fundamento, especialmente quando se verifica que a única questão
efetivamente debatida no acórdão recorrido está suficientemente motivada. 4- A
decisão que versa sobre a concessão de efeito suspensivo aos embargos à
execução de título extrajudicial é uma decisão interlocutória que versa sobre
tutela provisória, como reconhece o art. 919, §1º, do CPC/2015, motivo pelo qual
a interposição imediata do agravo de instrumento em face da decisão que
indefere a concessão do efeito suspensivo é admissível com base no art. 1.015, I,
do CPC/2015, tornando inadequado o uso de interpretação extensiva ou analogia
sobre a hipótese de cabimento prevista no art. 1.015, X, do CPC/2015. 5- Tendo o
acórdão recorrido se limitado à inadmissibilidade do agravo de instrumento, não
se admite o exame acerca da presença, ou não, dos pressupostos que autorizam a
concessão do pretendido efeito suspensivo aos embargos à execução, em virtude
da ausência de prequestionamento da matéria. Incidência da Súmula 211/STJ. 6-
Recurso especial parcialmente conhecido e, nessa extensão, provido. (STJ –
Terceira Turma, REsp 1745358 / SP, rel. Min. Nancy Andrighi, DJe 01/03/2019)

PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO DE INSTRUMENTO CONTRA DECISÃO QUE INDEFERIU


PEDIDO DE CONCESSÃO DE EFEITO SUSPENSIVO AOS EMBARGOS À EXECUÇÃO.
POSSIBILIDADE. ART. 1.015, X, DO CPC/2015. INTERPRETAÇÃO EXTENSIVA.
ISONOMIA ENTRE AS PARTES. PARALELISMO COM O ART. 1.015, I, DO CPC/2015.
NATUREZA DE TUTELA PROVISÓRIA. 1. A questão objeto da controvérsia é
eminentemente jurídica e cinge-se à verificação da possibilidade de interpor
Agravo de Instrumento contra decisões que não concedem efeito suspensivo aos
Embargos à Execução. 2. Na hipótese dos autos, a Corte Regional entendeu que
não é impugnável por meio de Agravo de Instrumento a decisão que deixou de
atribuir efeito suspensivo aos Embargos à Execução, pois o rol do art. 1.015 do
Código de Processo Civil de 2015 é taxativo. 3. Em uma interpretação literal e
isolada do art. 1.015, X, do CPC, nota-se que o legislador previu ser cabível o
Agravo de Instrumento contra as decisões interlocutórias que concederem,
modificarem ou revogarem o efeito suspensivo aos Embargos à Execução,
deixando dúvidas sobre qual seria o meio de impugnação adequado para atacar o
decisum que indefere o pedido de efeito suspensivo aos Embargos à Execução. 4.
A situação dos autos reclama a utilização de interpretação extensiva do art. 1.015,
X, do CPC/2015.5. Em que pese o entendimento do Sodalício a quo de que o rol do
citado art. da nova lei processual é taxativo, não sendo, portanto, possível a
interposição de Agravo de Instrumento, nada obsta a utilização da interpretação
extensiva. 6. "As hipóteses de agravo de instrumento estão previstas em rol
taxativo. A taxatividade não é, porém, incompatível com a interpretação
extensiva. Embora taxativas as hipóteses de decisões agraváveis, é possível
interpretação extensiva de cada um dos seus tipos". (Curso de Direito Processual
Civil, vol. 3. Fredie Didie Jr. e Leonardo Carneiro da Cunha. ed. JusPodivm, 13ª
edição, p. 209). 7. De acordo com lição apresentada por Luis Guilherme Aidar
Bondioli, "o embargante que não tem a execução contra si paralisada fica exposto
aos danos próprios da continuidade das atividades executivas, o que reforça o
cabimento do agravo de instrumento no caso". (Comentários ao Código de
Processo Civil, vol. XX. Luis Guilherme Aidar Bondioli. ed. Saraiva, p. 126). 8-
Ademais, o pedido de concessão de efeito suspensivo aos Embargos à Execução
poderia perfeitamente ser subsumido ao que preconiza o inciso I do art. 1.015 do
CPC/2015, por ter natureza de tutela provisória de urgência. Dessa forma, por
paralelismo com o referido inciso do art. 1015 do CPC/2015, qualquer deliberação
sobre efeito suspensivo dos Embargos à Execução é agravável. 9. Dessa forma,
deve ser dada interpretação extensiva ao comando contido no inciso X do art.
1.015 do CPC/2015, para que se reconheça a possibilidade de interposição de
Agravo de Instrumento nos casos de decisão que indefere o pedido de efeito
suspensivo aos Embargos à Execução. 10. Recurso Especial provido. (STJ – Segunda
Turma, REsp 1694667 / PR, rel. Min. Herman Benjamin, DJe 18/12/2017).
AGRAVO INTERNO NO RECURSO ESPECIAL. PROCESSUAL CIVIL. CPC/2015.
INDEFERIMENTO DE EFEITO SUSPENSIVO AOS EMBARGOS À EXECUÇÃO.
CABIMENTO DE AGRAVO DE INSTRUMENTO. ART. 1.015, I, DO CPC/2015.
PRECEDENTES. ADEQUAÇÃO DA DECISÃO AGRAVADA. AGRAVO INTERNO
DESPROVIDO. (STJ – Terceira Turma, AgInt no REsp 1848009/SP, Rel. Ministro
PAULO DE TARSO SANSEVERINO, julgado em 15/06/2020, DJe 19/06/2020)

Redistribuição do ônus da prova nos termos do art. 373, § 1 o ;


Cabe agravo contra a decisão que indefere a redistribuição do ônus da prova?
Para ambos casos.

CJF 72: É admissível a interposição de agravo de instrumento tanto para a decisão


interlocutória que rejeita a inversão do ônus da prova, como para a que a defere.

Cabe agravo contra a decisão interlocutória a respeito da redistribuição do ônus


da prova em relação de consumo? Sim.

CIVIL. PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO DE REPARAÇÃO DE DANOS MATERIAIS E MORAIS


EM DECORRÊNCIA DE RELAÇÃO DE CONSUMO. ALEGAÇÃO DO RÉU DE QUE OS
REQUISITOS PARA A INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA NÃO ESTÃO PRESENTES.
RECORRIBILIDADE IMEDIATA COM BASE NO ART. 1.015, XI, DO CPC/15.
POSSIBILIDADE. REGRA DE CABIMENTO DO AGRAVO DE INSTRUMENTO QUE SE
INTERPRETA EM CONJUNTO COM O ART. 373, §1º, DO CPC/15. AGRAVO DE
INSTRUMENTO CABÍVEL NAS HIPÓTESES DE DISTRIBUIÇÃO DINÂMICA DO ÔNUS
DA PROVA E DE INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA. INSTITUTOS DISTINTOS, MAS
SEMELHANTES QUANTO À NATUREZA, JUSTIFICATIVA, MOMENTO DE APLICAÇÃO
E EFEITOS. INDISPENSÁVEL NECESSIDADE DE PERMITIR À PARTE A
DESINCUMBÊNCIA DO ÔNUS DE PROVAR QUE, POR DECISÃO JUDICIAL, FORA
IMPOSTO NO CURSO DO PROCESSO. 1- Ação proposta em 20/08/2015. Recurso
especial interposto em 21/09/2017 e atribuído à Relatora em 13/03/2018. 2- O
propósito recursal é definir se cabe agravo de instrumento, com base nos arts.
1.015, XI e 373, §1º, do CPC/15, contra a decisão interlocutória que versa sobre a
inversão do ônus da prova nas ações que tratam de relação de consumo. 3- No
direito brasileiro, o ônus da prova é disciplinado a partir de uma regra geral
prevista no art. 373, I e II, do CPC/15, denominada de distribuição estática do ônus
da prova, segundo a qual cabe ao autor provar o fato constitutivo do direito e
cabe ao réu provar o fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor,
admitindo-se, ainda, a existência de distribuição estática do ônus da prova de
forma distinta da regra geral, caracterizada pelo fato de o próprio legislador
estabelecer, previamente, a quem caberá o ônus de provar fatos específicos,
como prevê, por exemplo, o art. 38 do CDC. 4- Para as situações faticamente
complexas insuscetíveis de prévia catalogação pelo direito positivo, a lei, a
doutrina e a jurisprudência passaram a excepcionar a distribuição estática do ônus
da prova, criando e aplicando regras de distribuição diferentes daquelas
estabelecidas em lei, contexto em que surge a regra de inversão do ônus da prova
prevista no art. 6º, VIII, do CDC, e a teoria da distribuição dinâmica do ônus da
prova, reiteradamente aplicada por esta Corte mesmo antes de ser integrada ao
direito positivo, tendo ambas - inversão e distribuição dinâmica - a característica
de permitir a modificação judicial do ônus da prova (modificação ope judicis). 5- As
diferentes formas de se atribuir o ônus da prova às partes se reveste de acentuada
relevância prática, na medida em que a interpretação conjunta dos arts. 1.015, XI,
e 373, §1º, do CPC/15, demonstra que nem todas as decisões interlocutórias que
versem sobre o ônus da prova são recorríveis de imediato, mas, sim, apenas
àquelas proferidas nos exatos moldes delineados pelo art. 373, §1º, do CPC/15. 6-
O art. 373, §1º, do CPC/15, contempla duas regras jurídicas distintas, ambas
criadas para excepcionar à regra geral, sendo que a primeira diz respeito à
atribuição do ônus da prova, pelo juiz, em hipóteses previstas em lei, de que é
exemplo a inversão do ônus da prova prevista no art. 6º, VIII, do CDC, e a segunda
diz respeito à teoria da distribuição dinâmica do ônus da prova, incidente a partir
de peculiaridades da causa que se relacionem com a impossibilidade ou com a
excessiva dificuldade de se desvencilhar do ônus estaticamente distribuído ou,
ainda, com a maior facilidade de obtenção da prova do fato contrário. 7- Embora
ontologicamente distintas, a distribuição dinâmica e a inversão do ônus têm em
comum o fato de excepcionarem a regra geral do art. 373, I e II, do CPC/15, de
terem sido criadas para superar dificuldades de natureza econômica ou técnica e
para buscar a maior justiça possível na decisão de mérito e de se tratarem de
regras de instrução que devem ser implementadas antes da sentença, a fim de
que não haja surpresa à parte que recebe o ônus no curso do processo e
também para que possa a parte se desincumbir do ônus recebido. 8- Nesse
cenário, é cabível a impugnação imediata da decisão interlocutória que verse
sobre quaisquer das exceções mencionadas no art. 373, §1º, do CPC/15, pois
somente assim haverá a oportunidade de a parte que recebe o ônus da prova no
curso do processo dele se desvencilhar, seja pela possibilidade de provar, seja
ainda para demonstrar que não pode ou que não deve provar, como, por
exemplo, nas hipóteses de prova diabólica reversa ou de prova duplamente
diabólica. 9- Recurso especial conhecido e provido. (STJ – Terceira Turma, REsp
1729110 / CE, rel. Min. Nancy Andrighi, DJe 04/04/2019).

Art. 1.015. Parágrafo único. Também caberá agravo de instrumento contra


decisões interlocutórias proferidas na fase de liquidação de sentença ou de
cumprimento de sentença, no processo de execução e no processo de inventário.

Cabe agravo de instrumento contra o ato pelo qual o juiz intima o devedor a
cumprir sentença que condena ao pagamento de quantia? Em principio trata-se
de mero despacho, não cabendo agravo de instrumento, exceto se, por exemplo,
determinar a aplicação de multa sem intimação pessoal.

PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. RECURSO MANEJADO SOB A ÉGIDE DO


NCPC. CUMPRIMENTO DE SENTENÇA. INTIMAÇÃO DO EXECUTADO PARA
PAGAMENTO, SOB PENA DE MULTA E FIXAÇÃO DE HONORÁRIOS. DESPACHO DE
MERO EXPEDIENTE. AGRAVO DE INSTRUMENTO. DESCABIMENTO. RECURSO
ESPECIAL NÃO PROVIDO. 1. Aplicabilidade do novo Código de Processo Civil,
devendo ser exigidos os requisitos de admissibilidade recursal na forma nele
prevista, nos termos do Enunciado Administrativo nº 3, aprovado pelo Plenário do
STJ na sessão de 9/3/2016: Aos recursos interpostos com fundamento no
CPC/2015 (relativos a decisões publicadas a partir de 18 de março de 2016) serão
exigidos os requisitos de admissibilidade recursal na forma do novo CPC. 2. As
decisões proferidas em liquidação ou cumprimento de sentença, execução e
inventário, são impugnáveis por agravo de instrumento (art. 1.015, parágrafo
único, do NCPC). 3. Com o advento do Novo Código de Processo Civil, o início da
fase de cumprimento de sentença para pagamento de quantia certa passou a
depender de provocação do credor. Assim, a intimação do devedor para
pagamento é consectário legal do requerimento, e, portanto, irrecorrível, por se
tratar de mero despacho de expediente, pois o juiz simplesmente cumpre o
procedimento determinado pelo Código de Processo Civil (art. 523 do NCPC),
impulsionando o processo. 4. Recurso especial a que se nega provimento. (REsp
1837211/MG, Rel. Ministro MOURA RIBEIRO, TERCEIRA TURMA, julgado em
09/03/2021, DJe 11/03/2021)

Cabe agravo contra o Pronunciamento que, na fase de cumprimento de sentença,


determina a intimação do executado, na pessoa do advogado, para cumprir
obrigação de fazer, sob pena de multa? Sim.
, REsp 1.758.800-MG, DJe 21/02/2020 Há julgados desta Corte no sentido de que
é "incabível agravo de instrumento contra o despacho que determina a citação
dos devedores para pagamento ou oferta de bens à penhora" sob o fundamento
de que tal pronunciamento judicial não contém qualquer carga decisória. A Corte
Especial consignou que a irrecorribilidade de um pronunciamento judicial advém
não só da circunstância de se tratar formalmente de despacho, mas também do
fato de que seu conteúdo não é apto a causar gravame às partes. No entanto,
verifica-se, no particular, que o comando dirigido ao executado é apto a causar-lhe
prejuízo, diante da inobservância da necessidade de intimação pessoal do devedor
para a incidência de multa pelo descumprimento de obrigação de fazer. Isso
porque a ordem judicial, ainda que contrária ao entendimento do STJ, produz
plenamente seus efeitos até que seja invalidada. Com efeito, cabível o agravo de
instrumento contra o despacho que, na fase de cumprimento de sentença,
determina a intimação do executado, na pessoa do advogado, para cumprir
obrigação de fazer, sob pena de multa, para que se determine a intimação pessoal
para o cumprimento de tal obrigação.

Cabe agravo contra decisão interlocutória em recuperação judicial ou em falência?


Sim.

Tema Repetitivo 1.022 (Segunda Seção do STJ): "É cabível agravo de instrumento
contra todas as decisões interlocutórias proferidas nos processos de recuperação
judicial e nos processos de falência, por força do art. 1.015, parágrafo único, CPC".
A Lei 14.112/2020 estabeleceu que as decisões proferidas nos processos a que se
refere a Lei 11.101/2005 (Lei de Falências) serão passíveis de agravo de
instrumento, exceto nas hipóteses em que a própria Lei previr de forma diversa
(art. 189, § 1º, II).

Cabe agravo de instrumento contra decisão interlocutória que concede justiça


gratuita em cumprimento de sentença? Somente se deferido no cumprimento de
sentença.

Art. 1.015. Cabe agravo de instrumento contra as decisões interlocutórias que


versarem sobre: V - rejeição do pedido de gratuidade da justiça ou acolhimento
do pedido de sua revogação;

Art. 101. Contra a decisão que indeferir a gratuidade ou a que acolher pedido de
sua revogação caberá agravo de instrumento, exceto quando a questão for
resolvida na sentença, contra a qual caberá apelação. § 1º O recorrente estará
dispensado do recolhimento de custas até decisão do relator sobre a questão,
preliminarmente ao julgamento do recurso. § 2º Confirmada a denegação ou a
revogação da gratuidade, o relator ou o órgão colegiado determinará ao
recorrente o recolhimento das custas processuais, no prazo de 5 (cinco) dias, sob
pena de não conhecimento do recurso.

Art. 1.015. Parágrafo único. Também caberá agravo de instrumento contra


decisões interlocutórias proferidas na fase de liquidação de sentença ou de
cumprimento de sentença, no processo de execução e no processo de inventário.

“Na hipótese, tendo sido proferida decisão interlocutória concessiva da gratuidade


de justiça na fase de cumprimento de sentença, cabível, de imediato, o recurso de
agravo de instrumento, na forma do art. 1.015, parágrafo único, do CPC/2015”
(STJ – Terceira Turma, REsp 1770992 / SP, rel. Min. Nancy Andrighi, DJe
22/02/2019)

Cabe agravo contra o ato que determina a emenda da inicial nos embargos à
execução? Sim.

CIVIL. PROCESSUAL CIVIL. DECISÃO INTERLOCUTÓRIA QUE DETERMINA A EMENDA


À PETIÇÃO INICIAL DOS EMBARGOS À EXECUÇÃO PARA PERMITIR A INCLUSÃO DE
MEMÓRIA DE CÁLCULO ATUALIZADA PELO EMBARGADO. NATUREZA JURÍDICA
DOS EMBARGOS À EXECUÇÃO. AÇÃO DE CONHECIMENTO INCIDENTAL.
RECORRIBILIDADE DAS INTERLOCUTÓRIAS POR MEIO DE AGRAVO DE
INSTRUMENTO QUE SE SUBMETE AO REGIME PREVISTO NO ART. 1.015, INCISOS,
DO CPC/15. INAPLICABILIDADE DO REGIME RECURSAL QUE ORIENTA O PROCESSO
DE EXECUÇÃO E, CONSEQUENTEMENTE, DO ART. 1.015, PARÁGRAFO ÚNICO, DO
CPC/2015. 1- Ação proposta em 25/05/2016. Recurso especial interposto em
16/03/2017 e atribuído à Relatora em 26/07/2017. 2- O propósito recursal
consiste em definir se é recorrível, de imediato e por meio de agravo de
instrumento, a decisão interlocutória que permite a emenda à petição inicial de
embargos à execução de título extrajudicial, ao fundamento de que todas as
decisões interlocutórias seriam imediatamente recorríveis por força do art. 1.015,
parágrafo único, do CPC/2015. 3- O novo sistema de recorribilidade imediata das
decisões interlocutórias instituído pelo CPC/2015 estabeleceu dois regimes
recursais distintos: (i) o previsto no art. 1.015, caput e incisos, que se aplica aos
processos na fase de conhecimento; (ii) o previsto no art. 1.015, parágrafo único,
que excepciona a regra geral e prevê a ampla recorribilidade das interlocutórias
nas fases subsequentes à cognitiva, no processo de execução e na ação de
inventário e partilha. 4- Dado que natureza jurídica dos embargos à execução é,
conforme remansosa doutrina e jurisprudência, de ação de conhecimento
incidental, a ele se aplica a regra de recorribilidade das interlocutórias prevista no
art. 1.015, caput e incisos, não havendo justificativa lógica ou teórica para
equiparar os embargos à execução ao processo de execução, na medida em que
nessa ação de conhecimento incidental se resolverá em sentença, de modo que a
maioria das questões incidentes - como a legalidade ou não da emenda à inicial
dos embargos à execução - poderá, em princípio, ser suscitada na apelação ou em
suas contrarrazões. 5- Recurso especial conhecido e desprovido. (STJ – Terceira
Turma, REsp 1682120 / RS, rel. Min. Nancy Andrighi, DJe 01/03/2019)

O que fazer quando a decisão interlocutória não está prevista no art . 1 .015 do
CPC, mas a apelação é inútil, inócua ou ineficiente?

Taxatividade Mitigada do art. 1015 do CPC - Tese 988. Decisão da Corte Especial
do STJ em Recursos Repetitivos.

RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. DIREITO PROCESSUAL


CIVIL. NATUREZA JURÍDICA DO ROL DO ART. 1.015 DO CPC/2015. IMPUGNAÇÃO
IMEDIATA DE DECISÕES INTERLOCUTÓRIAS NÃO PREVISTAS NOS INCISOS DO
REFERIDO DISPOSITIVO LEGAL. POSSIBILIDADE. TAXATIVIDADE MITIGADA.
EXCEPCIONALIDADE DA IMPUGNAÇÃO FORA DAS HIPÓTESES PREVISTAS EM LEI.
REQUISITOS. 1- O propósito do presente recurso especial, processado e julgado
sob o rito dos recursos repetitivos, é definir a natureza jurídica do rol do art. 1.015
do CPC/15 e verificar a possibilidade de sua interpretação extensiva, analógica ou
exemplificativa, a fim de admitir a interposição de agravo de instrumento contra
decisão interlocutória que verse sobre hipóteses não expressamente previstas nos
incisos do referido dispositivo legal. 2- Ao restringir a recorribilidade das decisões
interlocutórias proferidas na fase de conhecimento do procedimento comum e
dos procedimentos especiais, exceção feita ao inventário, pretendeu o legislador
salvaguardar apenas as “situações que, realmente, não podem aguardar
rediscussão futura em eventual recurso de apelação”. 3- A enunciação, em rol
pretensamente exaustivo, das hipóteses em que o agravo de instrumento seria
cabível revela-se, na esteira da majoritária doutrina e jurisprudência, insuficiente e
em desconformidade com as normas fundamentais do processo civil, na medida
em que sobrevivem questões urgentes fora da lista do art. 1.015 do CPC e que
tornam inviável a interpretação de que o referido rol seria absolutamente taxativo
e que deveria ser lido de modo restritivo. 4- A tese de que o rol do art. 1.015 do
CPC seria taxativo, mas admitiria interpretações extensivas ou analógicas, mostra-
se igualmente ineficaz para a conferir ao referido dispositivo uma interpretação
em sintonia com as normas fundamentais do processo civil, seja porque ainda
remanescerão hipóteses em que não será possível extrair o cabimento do agravo
das situações enunciadas no rol, seja porque o uso da interpretação extensiva ou
da analogia pode desnaturar a essência de institutos jurídicos ontologicamente
distintos. 5- A tese de que o rol do art. 1.015 do CPC seria meramente
exemplificativo, por sua vez, resultaria na repristinação do regime recursal das
interlocutórias que vigorava no CPC/73 e que fora conscientemente modificado
pelo legislador do novo CPC, de modo que estaria o Poder Judiciário, nessa
hipótese, substituindo a atividade e a vontade expressamente externada pelo
Poder Legislativo.

TESE 988 6- Assim, nos termos do art. 1.036 e seguintes do CPC/2015, fixa-se a
seguinte tese jurídica: O rol do art. 1.015 do CPC é de taxatividade mitigada, por
isso admite a interposição de agravo de instrumento quando verificada a
urgência decorrente da inutilidade do julgamento da questão no recurso de
apelação. 7- Embora não haja risco de as partes que confiaram na absoluta
taxatividade serem surpreendidas pela tese jurídica firmada neste recurso especial
repetitivo, pois somente haverá preclusão quando o recurso eventualmente
interposto pela parte venha a ser admitido pelo Tribunal, modulam-se os efeitos
da presente decisão, a fim de que a tese jurídica apenas seja aplicável às decisões
interlocutórias proferidas após a publicação do presente acórdão. 8- Na hipótese,
dá-se provimento em parte ao recurso especial para determinar ao TJ/MT que,
observados os demais pressupostos de admissibilidade, conheça e dê regular
prosseguimento ao agravo de instrumento no que se refere à competência,
reconhecendo-se, todavia, o acerto do acórdão recorrido em não examinar à
questão do valor atribuído à causa que não se reveste, no particular, de urgência
que justifique o seu reexame imediato. 9- Recurso especial conhecido e
parcialmente provido. (STJ – Corte Especial, REsp 1.696.396 – MT, rel. Min. Nancy
Andrighi, J. 5.12.2018)

"Decisão que indefere requerimento consensual de designação da audiência de


conciliação prevista no art. 334 do CPC. Impugnação imediata. Via adequada após
tema repetitivo 988. Agravo de instrumento. Excepcional utilização do Mandado
de Segurança. Impossibilidade absoluta. " (STJ - Terceira Turma, RMS 63.202-MG,
Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, Rel. Acd. Min. Nancy Andrighi, por maioria, DJe
18/12/2020, Info 684)

Requisitos do Agravo de Instrumento


Requisitos da Petição (art. 1.016): a) nomes das partes; b) nomes e endereços dos
Advogados; c) exposição do fato e do direito; d) razões e pedido.

Peças (art. 1.017): a) Obrigatórias: cópias da petição inicial, da contestação, da


petição que ensejou a decisão agravada, da própria decisão agravada, da certidão
da respectiva intimação ou outro documento oficial que comprove a
tempestividade e das procurações (ou declaração de inexistência de qualquer
desses documentos feita pelo advogado) b) Facultativas: quaisquer outra que se
queira juntar.

Comunicação da Interposição do Recurso


Art. 1.018. O agravante poderá requerer a juntada, aos autos do processo, de
cópia da petição do agravo de instrumento, do comprovante de sua interposição e
da relação dos documentos que instruíram o recurso. § 1 o Se o juiz comunicar
que reformou inteiramente a decisão, o relator considerará prejudicado o agravo
de instrumento. § 2 o Não sendo eletrônicos os autos, o agravante tomará a
providência prevista no caput, no prazo de 3 (três) dias a contar da interposição
do agravo de instrumento. § 3 o O descumprimento da exigência de que trata o §
2 o , desde que arguido e provado pelo agravado, importa inadmissibilidade do
agravo de instrumento.

O não atendimento do disposto no art. 1018, §2º, do CPC, importa


necessariamente no não conhecimento do agravo de instrumento?

Não, se autos eletrônicos. Se autos físicos, e o agravado comprovar esta situação,


importa em inadmissibilidade do recurso. O agravado deverá faze-lo na primeira
oportunidade de manifestação, eis que relativa.

“É assente o entendimento desta Corte, segundo o qual o não atendimento do


disposto no art. 1018, §2º, do CPC, importa no não conhecimento do agravo de
instrumento, haja vista que deve o agravante, nas hipóteses de não serem
eletrônicos os autos, providenciar, no prazo de três dias após a interposição do
recurso, a juntada ao processo de origem da cópia da petição recursal, do
comprovante de sua interposição e da relação dos documentos que instruíram o
recurso. Precedentes.” (STJ – Quarta Turma, AgInt nos EDcl no AgInt no AREsp
1488165/RS, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, julgado em 21/02/2022, DJe
25/02/2022)

Seria necessário comprovar prejuízo? Sim, sem prejuízo não haverá inadmissão.

PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO INTERNO NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL.


AGRAVO DE INSTRUMENTO. INTERPOSIÇÃO. AUTOS FÍSICOS. DEVER DE
COMUNICAÇÃO. DECISÃO MANTIDA. 1. Nos autos físicos, o descumprimento do
dever de comunicação previsto no art. 1.018 do CPC/2015, desde que arguido e
provado, pode levar à inadmissibilidade do agravo de instrumento, a teor do § 3º
do mesmo dispositivo. 2. Agravo interno a que se nega provimento. (STJ – Quarta
Turma, AgInt no AREsp 1715694/MS, Rel. Ministro ANTONIO CARLOS FERREIRA,
julgado em 23/08/2021, DJe 26/08/2021)

AGRAVO INTERNO NO RECURSO ESPECIAL. AÇÃO INDENIZATÓRIA EM FASE DE


CUMPRIMENTO DE SENTENÇA. AGRAVO DE INSTRUMENTO. AUTOS FÍSICOS DA
AÇÃO E AUTOS ELETRÔNICOS DO INSTRUMENTO. AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO
DA INTERPOSIÇÃO DO RECURSO PERANTE O PRIMEIRO GRAU DE JURISDIÇÃO.
ÔNUS PROCESSUAL DO AGRAVANTE NÃO OBSERVADO. VÍCIO ARGUIDO E
PROVADO PELO AGRAVADO EM CONTRARRAZÕES. 1. Ação indenizatória em fase
de cumprimento de sentença. 2. No termos do art. 1018, §3º, do CPC, deixando o
agravante de cumprir a exigência de que trata o § 2º do referido normativo, deve
o agravo de instrumento ser inadmitido. Precedentes do STJ. 3. Os vícios passíveis
de correção e a complementação da documentação exigível (arts. 932, parágrafo
único, 1.017, §3º, do CPC/15) dizem respeito às providências que seriam
realizadas de ofício pelo Relator, referentes a equívocos na formação do próprio
recurso. Precedentes do STJ. 4. Agravo interno no recurso especial não provido.
(STJ – Terceira Turma, AgInt no REsp 1841305/PR, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI,
julgado em 10/02/2020, DJe 12/02/2020)

AGRAVO INTERNO NOS EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA EM RECURSO ESPECIAL.


CIVIL. AGRAVO DE INSTRUMENTO. INTERPOSIÇÃO. COMUNICAÇÃO NA ORIGEM.
JURISPRUDÊNCIA. SÚMULA Nº 168/STJ. 1. O Superior Tribunal de Justiça, ao
interpretar o art. 1.018 do CPC/2015, tem entendimento no sentido de que a
finalidade da regra prevista neste dispositivo é proporcionar à parte contrária o
exercício de sua defesa, evitando-se qualquer prejuízo processual. Precedentes. 2.
Não havendo prejuízo à parte agravada e tendo esta exercido o seu direito de
defesa, como afirmado no acórdão embargado, não há que se falar em nulidade.
Aplicação do princípio pas de nullité sans grief. 3. É possível, com base na Súmula
nº 168/STJ, inadmitir embargos de divergência quando a jurisprudência da Corte
estiver no mesmo sentido do acórdão embargado. 4. Agravo interno não provido.
(STJ – Segunda Seção, AgInt nos EREsp 1727899/DF, Rel. Ministro RICARDO VILLAS
BÔAS CUEVA, julgado em 18/08/2020, DJe 24/08/2020)

AGRAVO INTERNO NO AGRAVO INTERNO NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL.


PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO DE INSTRUMENTO NÃO CONHECIDO. ART. 1.018, §§
2º E 3º, DO CPC/2015. DESCUMPRIMENTO DE ÔNUS PROCESSUAL. EXERCÍCIO DA
DEFESA. AUSÊNCIA, NO CASO, DE PREJUÍZO DA PARTE AGRAVADA. EXCESSO DE
FORMALISMO. INADMISSIBILIDADE DO AGRAVO DE INSTRUMENTO AFASTADA.
PRECEDENTES. AGRAVO INTERNO DESPROVIDO. 1. Com efeito, "o Superior
Tribunal de Justiça, ao interpretar o art. 1.018 do CPC/2015, tem entendimento no
sentido de que a finalidade da regra prevista neste dispositivo é proporcionar à
parte contrária o exercício de sua defesa, evitando-se qualquer prejuízo
processual" (AgInt nos EREsp 1.727.899/DF, Rel. Ministro Ricardo Villas Bôas
Cueva, Segunda Seção, julgado em 18/08/2020, DJe 24/08/2020). 2. No caso,
conforme asseverado no acórdão impugnado, a parte então agravada apresentou,
oportunamente, contraminuta ao agravo de instrumento interposto na origem,
ocasião em que, a despeito de arguir o não cumprimento da diligência prevista no
art. 1.018, § 2º, do CPC/2015 e rebater as questões de mérito da insurgência, não
alegou nenhum prejuízo decorrente desse descumprimento. 3. Dessa forma,
inexistindo prejuízo à parte agravada e tendo esta exercido o seu direito de
defesa, não há falar em nulidade, sendo, de fato, descabida a conclusão pelo não
conhecimento do agravo de instrumento em face do descumprimento da
exigência do art. 1.018, §§ 2º e 3º, do CPC/2015. 4. Agravo interno desprovido.
(STJ – Terceira Turma, AgInt no AgInt no AREsp 1822285/SP, Rel. Ministro MARCO
AURÉLIO BELLIZZE, TERCEIRA TURMA, julgado em 23/08/2021, DJe 25/08/2021)

AGRAVO INTERNO NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL - AUTOS DE AGRAVO DE


INSTRUMENTO NA ORIGEM - DECISÃO MONOCRÁTICA QUE NEGOU PROVIMENTO
AO RECLAMO. INSURGÊNCIA DA DEMANDADA. 1. Nos termos da jurisprudência
do STJ, não havendo prejuízo à parte agravada e tendo esta exercido o seu direito
de defesa, não há falar em nulidade pelo descumprimento da regra prevista no
artigo 1.018 do CPC/15. Incidência da Súmula 83 desta Corte. 2. A análise acerca
do levantamento do valor penhorado e depositado judicialmente, bem como a
determinação de atualização do crédito, referente à diferença entre a data de
apresentação dos cálculos e a efetiva penhora, na forma como posta, demandaria
a reapreciação do contexto fático-probatório dos autos, providência inviável em
sede de recurso especial, ante o óbice da Súmula 7/STJ. 3. Agravo interno
desprovido. (AgInt no AREsp 1858661/GO, Rel. Ministro MARCO BUZZI, QUARTA
TURMA, julgado em 21/02/2022, DJe 24/02/2022)

"Nos termos da jurisprudência do STJ, não havendo prejuízo à parte agravada e


tendo esta exercido o seu direito de defesa, não há falar em nulidade pelo
descumprimento da regra prevista no artigo 1.018 do CPC/15" (AgInt nos EDcl no
AREsp 1.712.597/RS, Rel. Ministro Marco Buzzi, Quarta Turma, julgado em
24/05/2021, DJe de 28/05/2021). (...) No caso em exame, a parte agravada
apresentou, oportunamente, contraminuta ao agravo de instrumento interposto,
ocasião em que, a despeito de arguir o não cumprimento da diligência prevista no
art. 1.018, § 2º, do CPC/2015 e rebater as questões de mérito da insurgência, não
alegou nenhum prejuízo decorrente desse descumprimento.” (STJ – Quarta
Turma, AgInt no AREsp 1737657/RS, Rel. Ministro RAUL ARAÚJO, julgado em
22/11/2021, DJe 01/12/2021)

Efeito Suspensivo ou Ativo (Antecipação da Tutela Recursal)


O AI não possui o efeito suspensivo legal (op legis).

Assim, para que tenha efeito suspensivo, necessário requerer o efeito judicial (op
iudicis), ou antecipação da tutela recursal (efeito ativo)
Art. 1.019. Recebido o agravo de instrumento no tribunal e distribuído
imediatamente, se não for o caso de aplicação do art. 932, incisos III e IV, o
relator, no prazo de 5 (cinco) dias: I - poderá atribuir efeito suspensivo ao recurso
ou deferir, em antecipação de tutela, total ou parcialmente, a pretensão recursal,
comunicando ao juiz sua decisão;

Art. 995. Os recursos não impedem a eficácia da decisão, salvo disposição legal ou
decisão judicial em sentido diverso. Parágrafo único. A eficácia da decisão
recorrida poderá ser suspensa por decisão do relator, se da imediata produção
de seus efeitos houver risco de dano grave, de difícil ou impossível reparação, e
ficar demonstrada a probabilidade de provimento do recurso. – fumus boni iuris
e periculum in mora

Existe uma situação na qual o AI tem efeito suspensivo legal: vejamos:

Art. 1.015. Cabe agravo de instrumento contra as decisões interlocutórias que


versarem sobre: V - rejeição do pedido de gratuidade da justiça ou acolhimento
do pedido de sua revogação; Art. 101. Contra a decisão que indeferir a
gratuidade ou a que acolher pedido de sua revogação caberá agravo de
instrumento, exceto quando a questão for resolvida na sentença, contra a qual
caberá apelação. § 1º O recorrente estará dispensado do recolhimento de custas
até decisão do relator sobre a questão, preliminarmente ao julgamento do
recurso. § 2º Confirmada a denegação ou a revogação da gratuidade, o relator
ou o órgão colegiado determinará ao recorrente o recolhimento das custas
processuais, no prazo de 5 (cinco) dias, sob pena de não conhecimento do
recurso.

Agravo Interno
Cabível em face de decisões monocráticas de membros de tribunais.

Art. 1.021. Contra decisão proferida pelo relator caberá agravo interno para o
respectivo órgão colegiado, observadas, quanto ao processamento, as regras do
regimento interno do tribunal. § 1 o Na petição de agravo interno, o recorrente
impugnará especificadamente os fundamentos da decisão agravada. § 2 o O
agravo será dirigido ao relator, que intimará o agravado para manifestar-se sobre
o recurso no prazo de 15 (quinze) dias, ao final do qual, não havendo retratação, o
relator levá-lo-á a julgamento pelo órgão colegiado, com inclusão em pauta. § 3 o
É vedado ao relator limitar-se à reprodução dos fundamentos da decisão agravada
para julgar improcedente o agravo interno. § 4 o Quando o agravo interno for
declarado manifestamente inadmissível ou improcedente em votação unânime, o
órgão colegiado, em decisão fundamentada, condenará o agravante a pagar ao
agravado multa fixada entre um e cinco por cento do valor atualizado da causa. §
5 o A interposição de qualquer outro recurso está condicionada ao depósito
prévio do valor da multa prevista no § 4 o , à exceção da Fazenda Pública e do
beneficiário de gratuidade da justiça, que farão o pagamento ao final.

É necessário, sob pena de irregularidade formal, a impugnação especifica da


decisão agravada, não sendo possível mera repetição do pedido e razões
indeferidos.

Do mesmo modo, o relator não poderá repetir a decisão agravada ao decidir o


recurso.

Caberá ao relator julgar, mas, caso não se retrate, o colegiado julgará o recurso.

Quando manifestamente inadmissível ou improcedente, caberá, mediante


votação unânime e fundamentada, a aplicação de multa, no valor de 1 a 5% do
valor da causa.
A interposição de qualquer outro recurso, necessário o deposito prévio desta
multa. Se JG ou FP também pagará, mas poderá fazê-lo ao final do processo.

Cabe agravo interno, e não agravo em REsp ou RE, em três situações. O


Presidente ou Vice nega seguimento a: a) RE, quando o STF já tiver negado
repercussão geral à questão; B) RE contra acórdão que esteja em conformidade
com entendimento do STF exarado em repercussão geral; C) RE ou REsp contra
acórdão que esteja em conformidade com entendimento em recursos repetitivos

“EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NO AGRAVO INTERNO NOS EMBARGOS DE


DIVERGÊNCIA EM AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. PROCESSO CIVIL. AÇÃO CIVIL
PÚBLICA DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS EM
FAVOR DA UNIÃO E DO MINISTÉRIO PÚBLICO. AUSÊNCIA DE SIMILITUDE
FÁTICOJURÍDICA. DISSENSO NÃO DEMONSTRADO. ALEGADA OMISSÃO. VÍCIO
INEXISTENTE. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO REJEITADOS. 1. "Deve-se interpretar o
comando do art. 1.021, § 3º, do CPC/2015 em conjunto com a regra do art. 489, §
1º, IV, do mesmo diploma. Na hipótese em que a parte insiste na mesma tese,
repisando as mesmas alegações já apresentadas em recurso anterior, sem trazer
nenhum argumento novo – ou caso se limite a suscitar fundamentos insuficientes
para abalar as razões de decidir já explicitadas pelo julgador – não se vislumbra
nulidade quanto à reprodução, nos fundamentos do acórdão do agravo interno,
dos mesmos temas já postos na decisão monocrática" (EDcl no AgInt no AREsp
1.411.214/MG, Rel. Ministro MARCO AURÉLIO BELLIZZE, TERCEIRA TURMA,
julgado em 12/08/2019, DJe 20/08/2019.) 2. No mais, a insurgência, nos termos
em que foi deduzida pela Embargante, não disfarça o intento de rediscutir questão
já examinada e decidida, desiderato que não se coaduna com a estreita via
integrativa dos embargos de declaração. 3. Embargos de declaração rejeitados.”
(STJ – Corte Especial, EDcl no AgInt nos EAREsp 996192 / SP, rel. Min. Laurita Vaz,
DJe 10/12/2019)

O termo manifestamente aplica-se também à improcedência, para a aplicação da


multa? “A aplicação da multa prevista no art. 1.021, § 4º, exige manifesta
inadmissibilidade ou manifesta improcedência” (Enunciado 358 do FPPC) ou, por
outras palavras, “O termo “manifestamente” previsto no § 4º do art. 1.021 do CPC
se refere tanto à improcedência quanto à inadmissibilidade do agravo” (Enunciado
74 da Jornada de Direito Processual Civil do CJF).

É automática a aplicação da multa (decorre de mera decorrência lógica do não


provimento do agravo)? Não.

Segunda Seção do STJ “A aplicação da multa prevista no § 4º do art. 1.021 do


CPC/2015 não é automática, não se tratando de mera decorrência lógica do não
provimento do agravo interno em votação unânime. A condenação do agravante
ao pagamento da aludida multa, a ser analisada em cada caso concreto, em
decisão fundamentada, pressupõe que o agravo interno mostre-se
manifestamente inadmissível ou que sua improcedência seja de tal forma
evidente que a simples interposição do recurso possa ser tida, de plano, como
abusiva ou protelatória, o que, contudo, não ocorreu na hipótese examinada.”
(STJ – Segunda Seção, AgInt nos EREsp 1120356 / RS, rel. Min. Marco Aurélio
Bellizze, Dje 29/08/2016).

Jurisprudência em teses n. 182 e 183 do STJ


Jurisprudência em Teses 182:

1) O agravo interposto contra decisão monocrática do Tribunal de origem, com o


objetivo de exaurir a instância recursal ordinária, a fim de permitir a interposição
de recurso especial e do extraordinário, não é manifestamente inadmissível ou
infundado, o que torna inaplicável a multa prevista no art. 557, § 2º, do Código de
Processo Civil. (Tese julgada sob o rito do art. 543-C do CPC/73 - Tema n. 434) 2)
Em regra, descabe a imposição da multa (art. 1.021, § 4º, do CPC) em razão do não
provimento do agravo interno em votação unânime, pois é necessária a
configuração da manifesta inadmissibilidade ou improcedência do recurso para
autorizar sua incidência. 3) Dever ser paga à parte contrária a multa do art. 1.021,
§ 4º, do Código de Processo Civil aplicada na hipótese de agravo interno
manifestamente inadmissível ou improcedente. 4) A interposição de agravo
interno contra decisão colegiada constitui erro grosseiro, portanto, é vedada a
aplicação do princípio da fungibilidade recursal. 5) Não é possível aplicar o
princípio da fungibilidade recursal para a conversão de embargos de divergência
interpostos contra decisão monocrática em agravo interno por constituir erro
grosseiro 6) Não é possível aplicar o princípio da fungibilidade recursal para
receber o agravo interno como embargos de declaração, por se tratar de erro
grosseiro. 7) Não é possível aplicar o princípio da fungibilidade recursal à
interposição de recurso diverso do agravo interno contra decisão que inadmite, na
origem, o recurso especial sob a sistemática dos recursos repetitivos, por se tratar
de erro grosseiro. 8) É permitida a interposição simultânea de agravo interno (art.
1.021 c/c art. 1.030, § 2º, do CPC) e de agravo em recurso especial (art. 1.042 do
CPC) contra decisão negativa do juízo de admissibilidade na origem, por sua dupla
fundamentação, o que caracteriza exceção ao princípio da unirrecorribilidade. 9)
Constitui erro grosseiro interpor recurso diverso de agravo interno contra decisão
que, em atenção à sistemática da repercussão geral, nega seguimento ao recurso
extraordinário, o que impossibilita a aplicação do princípio da fungibilidade
recursal. 10) Não é cabível a interposição de agravo interno contra decisão que
determina sobrestamento do recurso especial em virtude de repercussão geral de
tema reconhecido pelo Supremo Tribunal Federal.

Jurisprudência em Teses 183 do STJ:

1) A partir da vigência do Código de Processo Civil de 2015, não se admite


comprovação posterior, ainda que em agravo interno, de feriado local ou de
suspensão de expediente forense no tribunal de origem, que deve ser
demonstrada, por meio de documento idôneo, no ato da interposição do recurso,
para aferição de tempestividade, ressalvada a hipótese de comprovação posterior
do feriado da segunda-feira de carnaval para os recursos interpostos antes de
18/11/2019, conforme decidido na QO no REsp n. 1.813.684/SP. 2) A ausência de
impugnação, no agravo interno, de capítulo autônomo e/ou independente da
decisão monocrática do relator - proferida em recurso especial ou agravo em
recurso especial - apenas acarreta a preclusão da matéria não impugnada e não
atrai a incidência da Súmula n. 182 do STJ. 3) Não se conhece de agravo interno
que se limita a reproduzir as razões de seu recurso anterior, por violar o princípio
da dialeticidade. 4) A vedação do art. 1.021, § 3º, do CPC/2015 não pode ser
interpretada no sentido de se exigir que o julgador tenha de refazer o texto da
decisão agravada com os mesmos fundamentos, mas com outras palavras, ainda
que a parte agravante não tenha apresentado nenhum argumento novo. 5) É
vedado ao relator limitar-se à reprodução dos fundamentos da decisão agravada
para julgar improcedente o agravo interno. 6) Não é possível a análise de teses
alegadas apenas nas razões do agravo interno por se tratar de evidente inovação
recursal. 7) A impugnação tardia dos fundamentos da decisão que negou
seguimento ao recurso especial, somente por ocasião do manejo de agravo
interno, além de caracterizar imprópria inovação recursal, não afasta o vício do
agravo em recurso especial, em face da preclusão consumativa. 8) Admite-se o
recebimento de pedido de reconsideração como agravo interno, desde que
tempestivamente apresentado e não represente erro grosseiro ou má-fé do
recorrente. 9) Em observância aos princípios da fungibilidade recursal e da
instrumentalidade das formas, é admitida a conversão de embargos de declaração
em agravo interno quando a pretensão declaratória possui manifesto caráter
infringente. 10) Eventual nulidade de decisão monocrática fica superada com
apreciação da matéria pelo órgão colegiado no julgamento do agravo interno. 11)
Não é cabível a majoração dos honorários recursais no julgamento de agravo
interno. 12) Após a entrada em vigor do CPC/2015, é inviável a determinação de
retorno dos autos ao tribunal de origem, para que o agravo em recurso especial
inadmitido com base em recurso repetitivo seja apreciado como agravo interno.
13) Nos termos do art. 159, IV, do Regimento Interno do Superior Tribunal de
Justiça - RISTJ, não se admite sustentação oral no julgamento do agravo interno.

Embargos de Declaração
Recurso de fundamentação vinculada, vez que a tipicidade do erro é pressuposto
de cabimento, pode-se alegar somente as matérias da lei: omissão, obscuridade,
contradição ou erro material.

Cabimento Art. 1.022. Cabem embargos de declaração contra qualquer decisão


judicial para: I - esclarecer obscuridade ou eliminar contradição; II - suprir
omissão de ponto ou questão sobre o qual devia se pronunciar o juiz de ofício ou a
requerimento; III - corrigir erro material. Parágrafo único. Considera-se omissa a
decisão que: I - deixe de se manifestar sobre tese firmada em julgamento de casos
repetitivos ou em incidente de assunção de competência aplicável ao caso sob
julgamento; II - incorra em qualquer das condutas descritas no art. 489, § 1 o .

Toda decisão esta sujeita a ED.

O dispositivo corrige um erro do Código de 1973, permitindo que os embargos de


declaração sejam opostos contra qualquer decisão judicial (decisão interlocutória,
sentença, decisão monocrática ou acórdão), e não apenas contra sentença ou
acórdão (embora o STJ, na vigência do Código passado, já admitisse o cabimento
dos embargos de declaração contra decisão interlocutória, por exemplo). Também
“Cabem embargos de declaração contra decisão interlocutória no âmbito dos
juizados especiais” (Enunciado 475 do FPPC). Para uma corrente doutrinaria, até
mesmo os despachos estariam sujeitos ao aperfeiçoamento pela via dos embargos
de declaração.

Cabem embargos de declaração contra a decisão pela qual o Presidente ou o VP


nega seguimento ao REsp ou ao RE? Sim.

Corte Especial do STJ AGRAVO INTERNO NOS EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA EM


AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO OPOSTOS CONTRA
DECISÃO DE INADMISSÃO DE RECURSO ESPECIAL. NÃO CABIMENTO. ACÓRDÃO
EMBARGADO CONFORME ENTENDIMENTO JURISPRUDENCIAL ATUAL DESTE
TRIBUNAL. SÚMULA N. 168/STJ. MULTA POR LITIGÂNCIA DE MÁ-FÉ.
INAPLICABILIDADE. RECURSO NÃO PROVIDO. 1. Incide, na espécie, o verberte n.
168/STJ, uma vez que o acórdão embargado decidiu conforme o entendimento
atual e remansoso desta Corte quanto ao não cabimento de embargos de
declaração contra decisão que não admite o recurso especial, porquanto tal
provimento deve ser impugnado na via do agravo, a teor do contido no art. 1.042
do Código de Processo Civil. Desse modo, os aclaratórios, porquanto
manifestamente incabíveis, não interrompem o prazo para a interposição do
agravo. 2. Não se verifica, no caso, abuso no direito de recorrer a autorizar a
imposição de multa. 3. Agravo interno não provido. (STJ – Corte Especial, AgInt
nos EAREsp 1485226 / SP, rel. Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, DJe
16/04/2020)

Cabe ED de despacho? Há autores que entendem que sim, mas a jurisprudência


majoritária não tem admitido.

Obscuridade
A falta de clareza compromete a compreensão da decisão judicial.
A obscuridade significa que o pronunciamento jurisdicional é ininteligível ou
incompreensível.

ED para esclarecimento.

Contradição
Por sua vez, a contradição significa que o pronunciamento jurisdicional contem
proposições inconciliáveis.

Por exemplo: o juiz julga o pedido procedente e condena o autor ao pagamento


de custas e de honorários advocatícios.

Erro material
E o erro material se caracteriza pela inexatidão material ou por um erro de cálculo.

De qualquer forma, o erro material também pode ser reconhecido de ofício ou


alegado por simples petição em qual tempo e grau de jurisdição, inclusive depois
do trânsito em julgado. Costuma-se dizer, aliás, que o erro material não transita
em julgado.

Importante consignar que “A não oposição de embargos de declaração em caso de


erro material na decisão não impede sua correção a qualquer tempo” (Enunciado
360 do FPPC).

Quando contraditória a decisão com os elementos probatórios, não cabe ED, pois
trata-se de contradição interna.

Omissão
A omissão significa a ausência de resolução de alguma questão – pedido,
argumento sobre o qual o juiz deva se posicionar ou matéria de ordem pública.

O juiz não é obrigado a atacar todos os argumentos, mas somente aqueles que
podem infirmar a conclusão adotada pelo julgador. Logo, se vencida a parte, todos
seus argumentos deveriam ser apreciados.

O § único do 1022 prevê dos exemplosde cabimento de ED por omissão.

Parágrafo único. Considera-se omissa a decisão que: I - deixe de se manifestar


sobre tese firmada em julgamento de casos repetitivos ou em incidente de
assunção de competência aplicável ao caso sob julgamento; II - incorra em
qualquer das condutas descritas no art. 489, § 1º .

O Código exemplifica a omissão com duas situações:

a) a decisão deixa de se manifestar sobre tese firmada em julgamento de casos


repetitivos ou em incidente de assunção de competência aplicável ao caso sob
julgamento;

FPPC 453: A estabilidade a que se refere o caput do art. 926 consiste no dever de
os tribunais observarem os próprios precedentes

FPPC 454: Uma das dimensões da coerência a que se refere o caput do art. 926
consiste em os tribunais não ignorarem seus próprios precedentes (dever de
autorreferência

b) a decisão incorre em qualquer das condutas descritas no art. 489, § 1º (ou seja,
a decisão não apresenta uma fundamentação qualificada, legítima ou analítica).

FPPC 7: O pedido, quando omitido em decisão judicial transitada em julgado, pode


ser objeto de ação autônoma

§ 18 do art. 85 do CPC: “Caso a decisão transitada em julgado seja omissa quanto


ao direito aos honorários ou ao seu valor, é cabível ação autônoma para sua
definição e cobrança”.
O erro material pode ser alegado a qualquer tempo, por simples petição, mas
também pode ser alegado por ED no prazo de 5 dias.

Tem quem apresente ED indicando erro de premissa, mas não seria hipótese de
ED.

Cabem embargos de declaração por equívoco manifesto? Sim. Embora não esteja
na lei.

“Não ocorrentes as hipóteses insertas no art. 1022 do CPC, tampouco equívoco


manifesto no julgado recorrido, não merecem acolhida os embargos que se
apresentam com nítido caráter infringente, por via dos quais se objetiva rediscutir
a causa, já devidamente decidida. 2. A contradição que autoriza os embargos de
declaração é aquela interna ao acórdão, verificada entre a fundamentação do
julgado e a sua conclusão, e não aquela que possa existir, por exemplo, com a
prova dos autos, nem a que porventura exista entre a decisão e o ordenamento
jurídico; menos ainda a que se manifeste entre o acórdão e a opinião da parte
vencida.” (STJ – Quarta Turma, EDcl no AgRg no AREsp 539.673/PR, Rel. Ministro
MARCO BUZZI, julgado em 06/02/2018, DJe 23/02/2018)

Segunda Turma do STJ “Esta Corte, responsável por uniformizar a interpretação da


legislação infraconstitucional, admite, excepcionalmente, a concessão de efeitos
infringentes aos embargos de declaração quando constatada a existência de
equívoco manifesto no julgado embargado, além de erro material e das hipóteses
elencadas no art. 535 do CPC/1973.” (STJ – Segunda Turma, EDcl no AgRg no
AREsp 628.770/PR, Rel. Ministro OG FERNANDES, julgado em 21/09/2017, DJe
27/09/2017)

Quinta Turma do STJ PROCESSUAL CIVIL. TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL. ART. 62,
DA LEI N.º 5.010/66. TEMPESTIVIDADE. RECURSO ESPECIAL. EMBARGOS DE
DECLARAÇÃO. EQUÍVOCO. EFEITOS MODIFICATIVOS. POSSIBILIDADE. 1. A
presença de equívoco manifesto na decisão embargada possibilita o acolhimento
dos embargos de declaração com efeitos modificativos. 2. Embargos de declaração
acolhidos, com efeitos infringentes. (STJ – Quinta Turma, EDcl nos EDcl no AgRg no
Ag 795.328/RS, Rel. Ministra LAURITA VAZ, QUINTA TURMA, julgado em
23/06/2009, DJe 03/08/2009)

Cabem embargos de declaração para adequar acórdão da Turma à posição


superveniente tomada pelo Plenário em repercussão geral? Sim, embora se trata
de hipótese de mutação judicial.

A Primeira Turma, por maioria, acolheu embargos de declaração, com efeitos


infringentes, para dar provimento a agravo regimental e julgar procedente
reclamação, de forma que seja cassado o acórdão impugnado, com determinação
para que a autoridade reclamada observe o entendimento fixado no Tema 725 da
repercussão geral (RE 958.252, rel. Min. Luiz Fux) e ADPF 324 (rel. Min. Roberto
Barroso).

No caso, antes do trânsito em julgado, foram opostos embargos de declaração no


qual se postulou a aplicação da jurisprudência supervenientemente formada.

O colegiado entendeu que o novo Código de Processo Civil prevê a hipótese de


cabimento de embargos de declaração para reajustar a jurisprudência firmada em
teses que o Supremo Tribunal Federal e o Superior Tribunal de Justiça adotarem.
Portanto, antes do trânsito em julgado é legítimo readequar o julgado anterior
para ajustá-lo à posição do Plenário.

Vencidos os ministros Rosa Weber (relatora) e Marco Aurélio, que rejeitaram os


embargos de declaração, tendo em conta que na época em que proferida a
decisão embargada não havia pronunciamento do Plenário em sede de
repercussão geral sobre o tema. (Rcl 15.724 AgR/ED/PR, Rel. Min. Rosa Weber,
Rel. p/ acordão Min. Alexandre de Moraes, julgado em 05/05/2020).

O tema, aliás, pode ser bem mais abrangente. Como casos repetitivos se referem
apenas a IRDR e Recursos repetitivos, poderíamos inserir aí outras situações como
decisões de ADI, ADC, ADPF, IAC e até RE com repercussão geral reconhecida e
Embargos de Divergência.

E vem sendo objeto de decisões, no passado e no presente. Mas a que chamou


mais a nossa atenção foi uma decisão da Primeira Turma do STF Primeira Turma
do STF.

CONSTITUCIONAL, TRABALHISTA E PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS DE


DECLARAÇÃO NO AGRAVO INTERNO NA RECLAMAÇÃO. OFENSA AO QUE
DECIDIDO POR ESTE TRIBUNAL NO JULGAMENTO DA ADPF 324 E DO RE 958.252
(TEMA 725 DA REPERCUSSÃO GERAL). EMBARGOS ACOLHIDOS, COM EFEITOS
INFRINGENTES. AGRAVO INTERNO PROVIDO. 1. A controvérsia, nestes autos, é
comum tanto ao decidido no julgamento da ADPF 324, Rel. Min. ROBERTO
BARROSO, quanto ao objeto de análise do Tema 725 (RE 958.252, Rel. Min. LUIZ
FUX), em que esta CORTE fixou tese no sentido de que: É lícita a terceirização ou
qualquer outra forma de divisão do trabalho entre pessoas jurídicas distintas,
independentemente do objeto social das empresas envolvidas, mantida a
responsabilidade subsidiária da empresa contratante. 2. Por esse motivo, apesar
da decisão impugnada ter sido proferida antes da conclusão do julgamento da
ADPF 324 (Rel. Min. ROBERTO BARROSO), o processo em que proferida tal
decisão encontra-se sobrestado no Tribunal Superior do Trabalho com base no
Tema 725, a sugerir, consequentemente, que a solução do presente caso deve
observância às diretrizes deste TRIBUNAL quanto ao ponto. 3. Embargos de
declaração acolhidos, com efeitos infringentes, para dar provimento ao agravo
interno. (STF – Primeira Turma, Rcl 15724 AgR-ED, Relatora Min. ROSA WEBER,
Redator do acórdão Min. ALEXANDRE DE MORAES, Julgamento 05/05/2020,
Publicação: 18/06/2020)

Vale ressaltar que os chamados embargos de declaração prequestionadores


objetivam suprir a omissão do órgão à quo quanto à matéria federal ou
constitucional controvertida, alegada pela parte ou cognoscível de ofício.

Efeito Modificativo ou caráter infringente


A decisão dos EDs modifica o conteúdo da decisão embargada.

É admitido como decorrência logica do provimento dos EDs, mas não pode ser o
objeto dos EDs.

Exceto na hipótese das obscuridade, todos os demais geram efeito modificativo


por efeito logico.

Art. 1.023. Os embargos serão opostos, no prazo de 5 (cinco) dias, em petição


dirigida ao juiz, com indicação do erro, obscuridade, contradição ou omissão, e
não se sujeitam a preparo. § 2 o O juiz intimará o embargado para, querendo,
manifestar-se, no prazo de 5 (cinco) dias, sobre os embargos opostos, caso seu
eventual acolhimento implique a modificação da decisão embargada.

Nada impede que os embargos de declaração modifiquem o conteúdo do aresto


embargado como decorrência lógica e natural do provimento. Por exemplo: ao
eliminar a contradição entre o dispositivo e a fundamentação, a decisão dos
embargos de declaração altera o conteúdo da sentença embargada (a
fundamentação ou o dispositivo); ou, para corrigir equívoco manifesto, o Tribunal,
em embargos de declaração, se retrata da decisão que aplicou a deserção,
alterando por completo o conteúdo do acórdão. Porém, a modificação do julgado
não pode ser o objeto do recurso, vale dizer, os embargos de declaração não
substituem outros recursos, como a apelação, o agravo de instrumento, o recurso
especial e o recurso extraordinário. O Código não prevê como regra a oitiva da
parte contrária nos embargos de declaração, mas o julgador deve ouvi-la, sob
pena de violação ao contraditório, quando o eventual acolhimento dos embargos
de declaração puder alterar o conteúdo do pronunciamento jurisdicional
embargado – caráter infringente ou efeito modificativo (§ 2º do art. 1.023 do CPC,
que positivou o entendimento jurisprudencial firmado à luz do Código de 1973:
STJ – Corte Especial, EDcl nos EDcl na AR 1228/RJ; STJ – Corte Especial, AgRg no
MS 11961/DF).

Fungibilidade
Entre EDs e agravo interno.

Art. 1.024. § 2 o Quando os embargos de declaração forem opostos contra


decisão de relator ou outra decisão unipessoal proferida em tribunal, o órgão
prolator da decisão embargada decidi-los-á monocraticamente. § 3 o O órgão
julgador conhecerá dos embargos de declaração como agravo interno se entender
ser este o recurso cabível, desde que determine previamente a intimação do
recorrente para, no prazo de 5 (cinco) dias, complementar as razões recursais, de
modo a ajustá-las às exigências do art. 1.021, § 1 o .

Deve ser concedido prazo de 5 dias pelo julgador para que o recorrente possa
impugnar de forma especificada os fundamentos da decisão recorrida.

Efeitos Suspensivo e Interruptivo


Mesmo se intempestivos, interrompem o prazo e suspendem o cumprimento da
decisão recorrida.

Art. 1.026. Os embargos de declaração não possuem efeito suspensivo e


interrompem o prazo para a interposição de recurso. § 1 o A eficácia da decisão
monocrática ou colegiada poderá ser suspensa pelo respectivo juiz ou relator se
demonstrada a probabilidade de provimento do recurso ou, sendo relevante a
fundamentação, se houver risco de dano grave ou de difícil reparação.

STJ e STF O recurso manifestamente incabível ou intempestivo não suspende ou


interrompe o prazo para interposição de outro recurso. (STJ – Corte Especial, ARE
no RE no AgInt no AREsp 917481 / SP, rel. Min. Humberto Martins, DJe
12/12/2017). Este Supremo Tribunal firmou entendimento de que recurso
interposto na origem, quando julgado manifestamente incabível, intempestivo ou
inexistente, não suspende nem interrompe o prazo para a interposição de recurso
adequado. (STF – Tribunal Pleno, ARE 813750 AgR / MA, rel. Min. CÁRMEN LÚCIA,
DJe 22/11/2016)

Princípio da Complementaridade
Art. 1.024. § 4 o Caso o acolhimento dos embargos de declaração implique
modificação da decisão embargada, o embargado que já tiver interposto outro
recurso contra a decisão originária tem o direito de complementar ou alterar suas
razões, nos exatos limites da modificação, no prazo de 15 (quinze) dias, contado
da intimação da decisão dos embargos de declaração.

O § 4º do art. 1.024 do CPC consagra o princípio da complementaridade (como


consequência do princípio do contraditório), permitindo que o embargado, em
quinze dias, altere ou complemente as razões de recurso já interposto contra a
decisão embargada (v.g., o embargado apelou da sentença sem saber que o
embargante havia embargado de declaração dessa mesma sentença), caso o
acolhimento dos embargos modifiquem o conteúdo da decisão embargada.

Embargos manifestamente protelatórios


Quando apenas para ganhar pena, gera multa.
Art. 1.026. § 2 o Quando manifestamente protelatórios os embargos de
declaração, o juiz ou o tribunal, em decisão fundamentada, condenará o
embargante a pagar ao embargado multa não excedente a dois por cento sobre o
valor atualizado da causa. § 3 o Na reiteração de embargos de declaração
manifestamente protelatórios, a multa será elevada a até dez por cento sobre o
valor atualizado da causa, e a interposição de qualquer recurso ficará
condicionada ao depósito prévio do valor da multa, à exceção da Fazenda Pública
e do beneficiário de gratuidade da justiça, que a recolherão ao final. § 4 o Não
serão admitidos novos embargos de declaração se os 2 (dois) anteriores houverem
sido considerados protelatórios.

Recurso Ordinário Constitucional - ROC


Cabível para o STF ou STJ em penal e civil.

CF:

Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da


Constituição, cabendo-lhe: II - julgar, em recurso ordinário: a) o habeas corpus , o
mandado de segurança, o habeas data e o mandado de injunção decididos em
única instância pelos Tribunais Superiores, se denegatória a decisão; b) o crime
político;

Art. 105. Compete ao Superior Tribunal de Justiça: II - julgar, em recurso ordinário:


a) os habeas corpus decididos em única ou última instância pelos Tribunais
Regionais Federais ou pelos tribunais dos Estados, do Distrito Federal e Territórios,
quando a decisão for denegatória; b) os mandados de segurança decididos em
única instância pelos Tribunais Regionais Federais ou pelos tribunais dos Estados,
do Distrito Federal e Territórios, quando denegatória a decisão; c) as causas em
que forem partes Estado estrangeiro ou organismo internacional, de um lado, e,
do outro, Município ou pessoa residente ou domiciliada no País;

CPC:

Art. 1.027. Serão julgados em recurso ordinário:I – pelo Supremo Tribunal Federal,
os mandados de segurança, os habeas data e os mandados de injunção decididos
em única instância pelos tribunais superiores, quando denegatória a decisão; II –
pelo Superior Tribunal de Justiça: a) os mandados de segurança decididos em
única instância pelos tribunais regionais federais ou pelos tribunais de justiça dos
Estados e do Distrito Federal e Territórios, quando denegatória a decisão; b) os
processos em que forem partes, de um lado, Estado estrangeiro ou organismo
internacional e, de outro, Município ou pessoa residente ou domiciliada no País. §
1º Nos processos referidos no inciso II, alínea “b”, contra as decisões
interlocutórias caberá agravo de instrumento dirigido ao Superior Tribunal de
Justiça, nas hipóteses do art. 1.015.

Cabimento
Para o STF: acórdão denegatório (significa decisão sem resolução de mérito ou
improcedência – o impetrante perdeu) em Mandado de Segurança, Mandado de
Injunção ou Habeas Data de competência originária de tribunal superior.

Para o STJ: a) acórdão denegatório em Mandado de Segurança de competência


originária de tribunal local (TJ ou TRF); b) sentença proferida por juiz numa causa
em que atuem: de um lado, Estado estrangeiro ou organismo internacional; e do
outro, município ou pessoa residente ou domiciliada no país. (neste caso seria
como uma apelação julgada pelos tribunais superiores).

Cabe ROC contra decisão monocrática? Não. Somente de decisão colegiada.


Aplica-se a fungibilidade entre o ROC e o RE ou o REsp? Não se admite.

Súmula 272 do STF: “Não se admite como recurso ordinário, recurso


extraordinário de decisão denegatória em mandado de segurança”.

PROCESSUAL CIVIL. CONSTITUCIONAL. AGRAVO INTERNO. RECURSO ORDINÁRIO


EM MANDADO DE SEGURANÇA INTERPOSTO CONTRA ACÓRDÃO PROFERIDO EM
SEDE DE APELAÇÃO. NÃO CABIMENTO. ERRO GROSSEIRO. AGRAVO NÃO
PROVIDO. 1. O permissivo constitucional contido no art. 105, II, "b", da
Constituição Federal, norma de interpretação restrita, confere ao STJ a
competência para processar e julgar em recurso ordinário tão somente os
mandados de segurança decididos em única instância pelos Tribunais, quando
denegatória a decisão. 2. "A jurisprudência do STJ é no sentido de que constitui
erro grosseiro interpor Recurso Ordinário, em vez de Recurso Especial, contra
acórdão de Apelação e Remessa Necessária em Mandado de Segurança" (RMS
55.575/PE, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, Segunda Turma, DJe 23/11/2018).
3. Agravo interno a que se nega provimento. (STJ – Primeira Turma, AgInt no RMS
64.371/DF, Rel. Ministro SÉRGIO KUKINA, julgado em 23/11/2020, DJe
26/11/2020)

PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO INTERNO NO RECURSO EM MANDADO DE


SEGURANÇA. ACÓRDÃO PROFERIDO EM APELAÇÃO EM MANDADO DE
SEGURANÇA, MANTENDO A SENTENÇA DENEGATÓRIA DO WRIT. INTERPOSIÇÃO
DE RECURSO ORDINÁRIO. DESCABIMENTO. PRINCÍPIO DA FUNGIBILIDADE.
INAPLICABILIDADE. ERRO GROSSEIRO. AGRAVO INTERNO IMPROVIDO. I. Agravo
interno aviado contra decisão que julgara Recurso em Mandado de Segurança,
interposto contra acórdão publicado na vigência do CPC/2015. II. Na origem, trata-
se de Mandado de Segurança, impetrado contra suposto ato ilegal do Prefeito do
Município de Belo Horizonte, objetivando o recebimento, em dobro e em pecúnia,
das férias-prêmio não gozadas. O Juízo de 1º Grau denegou a segurança, tendo o
Tribunal a quo, em sede de Apelação, mantido a sentença denegatória do writ. III.
Ao disciplinar a competência recursal do Superior Tribunal de Justiça, o art. 105, II,
b, da Constituição Federal previu o cabimento de recurso ordinário dos mandados
de segurança de competência originária dos Tribunais Regionais Federais ou dos
Tribunais dos Estados, do Distrito Federal e Territórios, quando denegatória a
decisão, ou seja, do julgamento de mandado de segurança em única instância,
quando a decisão for denegatória. IV. No caso, embora o acórdão recorrido tenha
mantido a sentença denegatória da segurança, não se trata de decisão proferida
em única instância. Dos acórdãos proferidos em Apelação, cabem recursos
especial e extraordinário, de acordo com as hipóteses legalmente previstas.
Interposto, no caso, Recurso em Mandado de Segurança, ele não merece ser
conhecido, por se tratar de erro grosseiro, inviabilizando-se a aplicação do
princípio da fungibilidade recursal. V. Na forma da jurisprudência, "é firme o
posicionamento do STJ de que não cabe Recurso em Mandado de Segurança
contra acórdão do Tribunal proferido em Apelação em Mandado de Segurança,
configurando erro grosseiro a interposição equivocada, o que inviabiliza a
aplicação do princípio da fungibilidade recursal" (STJ, RMS 56.526/MG, Rel.
Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, DJe de 23/11/2018). Nesse
sentido: STJ, AgRg no Ag 1.384.526/GO, Rel. Ministro HUMBERTO MARTINS,
SEGUNDA TURMA, DJe de 13/06/2011; AgInt no RMS 60.492/PE, Rel. Ministro
GURGEL DE FARIA, PRIMEIRA TURMA, DJe de 25/09/2019; AgInt no Ag
1.433.737/SP, Rel. Ministro OG FERNANDES, SEGUNDA TURMA, DJe de
25/09/2017. VI. Agravo interno improvido. (STJ – Segunda Turma, AgInt no RMS
61.362/MG, Rel. Ministra ASSUSETE MAGALHÃES, julgado em 12/11/2019, DJe
29/11/2019)
Aplica-se a fungibilidade entre o ROC e a apelação?

Não, entende-se como erro grosseiro.

PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO INTERNO NO RECURSO ORDINÁRIO. APELAÇÃO.


PRINCIPIO DA FUNGIBILIDADE. IMPOSSIBILIDADE. 1. Segundo consta
expressamente dos arts. 105, II, "c", da CF, 539 do CPC/1973 e 1.027, II, "b", do
CPC/2015, a sentença proferida em demanda na qual figure como partes, de um
lado, Estado estrangeiro ou organismo internacional e, de outro, Município ou
pessoa residente ou domiciliada no Brasil deve ser impugnada mediante recurso
ordinário dirigido ao STJ, sendo incabível a apelação. 2. A interposição de recurso
de apelação no presente caso, contrariando a expressa previsão legal e
constitucional, caracteriza erro grosseiro, que impede a aplicação do princípio da
fungibilidade recursal. Precedentes. 3. Agravo a que se nega provimento. (STJ –
Quarta Turma, AgInt no RO 233/SP, Rel. Ministro ANTONIO CARLOS FERREIRA,
julgado em 25/10/2021, DJe 28/10/2021)

Efeito devolutivo
Art. 1.027. § 2º Aplica-se ao recurso ordinário o disposto nos arts. 1.013, § 3º, e
1.029, § 5º.

Efeito devolutivo (amplo: resolveu-se a controvérsia sobre a aplicação da causa


madura ao ROC)

Aplica-se inclusive a teoria da causa madura!

Art. 1.013. § 3º Se o processo estiver em condições de imediato julgamento, o


tribunal deve decidir desde logo o mérito quando: I – reformar sentença fundada
no art. 485; II – decretar a nulidade da sentença por não ser ela congruente com
os limites do pedido ou da causa de pedir; III – constatar a omissão no exame de
um dos pedidos, hipótese em que poderá julgá-lo; IV – decretar a nulidade de
sentença por falta de fundamentação.

FPPC 357: (arts. 1.013, 1.014, 1.027, §2º) Aplicam-se ao recurso ordinário os arts.
1.013 e 1.014.

Efeito suspensivo
Não tem!

Art. 1.027. § 2º Aplica-se ao recurso ordinário o disposto nos arts. 1.013, § 3º, e
1.029, § 5º.

Efeito suspensivo (resolveu-se a controvérsia sobre o efeito suspensivo no ROC)

Art. 1.029 § 5º O pedido de concessão de efeito suspensivo a recurso


extraordinário ou a recurso especial poderá ser formulado por requerimento
dirigido: I – ao tribunal superior respectivo, no período compreendido entre a
interposição do recurso e sua distribuição, ficando o relator designado para seu
exame prevento para julgá-lo; II – ao relator, se já distribuído o recurso; III – ao
presidente ou vice-presidente do tribunal local, no caso de o recurso ter sido
sobrestado, nos termos do art. 1.037.

Processamento
O ROC deve ser interposto perante o presidente ou vice-presidente do tribunal
recorrido, sem juízo de admissibilidade no órgão a quo, à semelhança do que
ocorre com a apelação. Envia direto aos tribunais superiores.

Caso seja feito juízo de admissibilidade, cabe reclamação para preservação da


competência do tribunal.

Art. 1.028. Ao recurso mencionado no art. 1.027, inciso II, alínea “b”, aplicam-se,
quanto aos requisitos de admissibilidade e ao procedimento, as disposições
relativas à apelação e o Regimento Interno do Superior Tribunal de Justiça. § 1º Na
hipótese do art. 1.027, § 1º, aplicam-se as disposições relativas ao agravo de
instrumento e o Regimento Interno do Superior Tribunal de Justiça.§ 2º O recurso
previsto no art. 1.027, incisos I e II, alínea “a”, deve ser interposto perante o
tribunal de origem, cabendo ao seu presidente ou vicepresidente determinar a
intimação do recorrido para, em 15 (quinze) dias, apresentar as contrarrazões. §
3º Findo o prazo referido no § 2º, os autos serão remetidos ao respectivo tribunal
superior, independentemente de juízo de admissibilidade.

Reclamação
FFPC 208: (arts. 988, I, 1.010, § 3º, 1.027, II, “b”) Cabe reclamação, por usurpação
da competência do Superior Tribunal de Justiça, contra a decisão de juiz de 1º
grau que inadmitir recurso ordinário, no caso do art. 1.027, II, ‘b’.

FFPC 209: (arts. 988, I, 1.027, II, 1.028, §2º) Cabe reclamação, por usurpação da
competência do Superior Tribunal de Justiça, contra a decisão de presidente ou
vice-presidente do tribunal de 2º grau que inadmitir recurso ordinário interposto
com fundamento no art. 1.027, II, “a”.

FFPC 210: (arts. 988, I, 1.027, I, 1.028, §2º) Cabe reclamação, por usurpação da
competência do Supremo Tribunal Federal, contra a decisão de presidente ou
vice-presidente de tribunal superior que inadmitir recurso ordinário interposto
com fundamento no art. 1.027, I.

A interposição direta do ROC no STJ impede o conhecimento do recurso? Sim.

PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO INTERNO NO RECURSO EM MANDADO DE


SEGURANÇA. INTERPOSIÇÃO DIRETAMENTE NO STJ. IMPOSSIBILIDADE. DECISÃO
MANTIDA. 1. O recurso ordinário em mandado de segurança deve ser interposto
perante o Tribunal de origem, no qual terá seguimento seu rito, com a intimação
do recorrido para contrarrazões, nos termos dos arts.1.028, § 2º, do CPC/2015 e
247 do RISTJ. 2. Não se admite recurso ordinário que não seguiu as regras que lhe
são atinentes, uma vez que deveria ter sido interposto no Tribunal de origem, e
não diretamente nesta Corte (AgRg no RHC 63.626/SP, Relator Ministro
SEBASTIÃO REIS JÚNIOR, SEXTA TURMA, julgado em 19/5/2016, DJe 7/6/2016). 3.
Consoante precedentes desta Corte, não se revela possível, por inoportuna, a
remessa dos autos ao tribunal de origem para que processe o recurso
erroneamente interposto no STJ (AgRg no Ag 1.415.668/MG, Relator Ministro
MARCO AURÉLIO BELLIZZE, QUINTA TURMA, julgado em 6/3/2012, DJe
23/3/2012). 4. Agravo interno a que se nega provimento. (STJ – Quarta Turma,
AgInt no RMS 63.187/SP, Rel. Ministro ANTONIO CARLOS FERREIRA, julgado em
01/06/2020, DJe 05/06/2020)

Recursos Excepcionais – Resp e RE


Histórico
Writ of error do direito inglês – ao esgotar todas as instancias judiciais,
interpunha-se recurso ao rei – somente matéria de direito.

Writ of error do direito americano: 1789 – recurso agora para suprema corte, não
mais ao rei. Além disso, so cabia para interpretação de lei federal e CF, diante da
federação e independência dos estados.

Recurso extraordinário no direito brasileiro: 1890 – adotou-se o modelo


americano, mas, em razão da falta de força dos estados no brasil aumentou-se
muito o número de Res, e assim surgiu o Resp e STJ.

Recurso extraordinário e recurso especial no direito brasileiro: 1988


RESP
Cabimento
Art. 105. Compete ao Superior Tribunal de Justiça: III - julgar, em recurso especial,
as causas decididas, em única ou última instância, pelos Tribunais Regionais
Federais ou pelos tribunais dos Estados, do Distrito Federal e Territórios, quando a
decisão recorrida: a) contrariar tratado ou lei federal, ou negar-lhes vigência; b)
julgar válido ato de governo local contestado em face de lei federal; c) der a lei
federal interpretação divergente da que lhe haja atribuído outro tribunal.

Pressupostos gerais de cabimento

1. Prequestionamento:

Art. 105. Compete ao Superior Tribunal de Justiça: III - julgar, em recurso especial,
as causas decididas, em única ou última instância, pelos Tribunais Regionais
Federais ou pelos tribunais dos Estados, do Distrito Federal e Territórios, quando
a decisão recorrida.

Há três correntes:

 A matéria federal controvertida deve ser previamente recorrida ao


tribunal estadual.
 A matéria federal controvertida deve ser alegada e decidida previamente
no tribunal recorrido.
 A matéria federal controvertida deve ser decidida pelo tribunal
recorrido.

A terceira corrente é a que prevalece.

II - julgar, em recurso especial, as causas decididas, em única ou última instância,


pelos Tribunais Regionais Federais ou pelos tribunais dos Estados, do Distrito
Federal e Territórios, quando a decisão recorrida

Prequestionamento implícito e prequestionamento explícito

Prequestionamento explícito: ocorre quando o tribunal a quo enfrenta a matéria


de direito controvertida e menciona explicitamente o dispositivo violado;

Prequestionamento implícito: ocorre quando o tribunal a quo enfrenta a matéria


de direito controvertida, mas não menciona explicitamente o dispositivo violado.

É admitido o prequestionamento implícito, ou seja, embora não expressamente


indicado o dispositivo violado, seja este objeto de decisão.

Não basta que seja indicado, porém, deve ser enfrentado na decisão.

“Esta Corte admite o prequestionamento implícito dos dispositivos tidos por


violados, desde que as teses debatidas no apelo nobre sejam expressamente
discutidas no Tribunal de origem, o que não ocorreu na hipótese. ” (STJ – Quarta
Turma, AgInt no AREsp 1769226/SP, Rel. Ministro MARCO BUZZI, julgado em
28/06/2021, DJe 01/07/2021) Segunda Turma do STJ “O prequestionamento
implícito ocorre quando, embora ausente a citação expressa ao dispositivo legal, a
matéria nele disciplinada e no seu preciso termo é abordada no provimento
jurisdicional. ” (STJ – Segunda Turma, AgInt no AREsp 1805381/SP, Rel. Ministro
HERMAN BENJAMIN, julgado em 28/06/2021, DJe 01/07/2021) Primeira Turma do
STJ “O acórdão embargado não se manifestou sobre a alegada falta de
prequestionamento dos dispositivos apontados nas razões do recurso especial.
Nada obstante, da leitura do aresto proferido pela Corte local, percebe-se que,
apesar da ausência de citação expressa dos artigos tidos por violados, a tese
jurídica levantada no especial foi devidamente enfrentada na origem, restando
caracterizado o prequestionamento implícito da matéria. Precedente: AgInt no
REsp 1.767.869/ES, Rel. Ministro GURGEL DE FARIA, PRIMEIRA TURMA, julgado em
18/5/2020, DJe 4/6/2020.” (EDcl no AgInt no REsp 1629451/RS, Rel. MIN. MANOEL
ERHARDT (DESEMBARGADOR CONVOCADO DO TRF-5ª REGIÃO), PRIMEIRA
TURMA, julgado em 28/06/2021, DJe 06/08/2021) Primeira Turma do STJ “O
prequestionamento, nas formas explícita e implícita, pressupõe o debate pelo
Tribunal de origem acerca da matéria controvertida. A simples indicação de artigo
legal, sem que tenha havido a emissão de um juízo de valor no acórdão recorrido,
não configura prequestionamento implícito apto a inaugurar a instância especial. ”
(STJ, Primeira Turma, AgRg no REsp 1065417 / RJ, DJe 15/09/2015)

Embargos de declaração e prequestionamento

São EDs por omissão.

Sumula 98, STJ – se prequestionadores não geram multa.

Súmula 98 do STJ EMBARGOS DE DECLARAÇÃO MANIFESTADOS COM NOTÓRIO


PROPÓSITO DE PREQUESTIONAMENTO NÃO TEM CARÁTER PROTELATÓRIO.

Ainda se permanecer omisso o tribunal, há prequestionamento ficto.

Prequestionamento ficto

Súmula 211 do STJ Inadmissível recurso especial quanto à questão que, a despeito
da oposição de embargos declaratórios, não foi apreciada pelo tribunal a quo.

STJ - “Imprescindível a alegação de violação do artigo 535 do Código de Processo


Civil, na interposição do recurso especial com fundamento na alínea "a" do inciso
III do artigo 105 da Constituição Federal, quando o recorrente entende persistir
algum vício no acórdão impugnado, sob pena de incidir no intransponível óbice da
ausencia de prequestionamento. ” (STJ, Segunda Turma, AgRg no AREsp 378605 /
CE, DJe 18/10/2013)

CPC - Art. 1.025. Consideram-se incluídos no acórdão os elementos que o


embargante suscitou, para fins de pré-questionamento, ainda que os embargos de
declaração sejam inadmitidos ou rejeitados, caso o tribunal superior considere
existentes erro, omissão, contradição ou obscuridade.

“A admissão de prequestionamento ficto (art. 1.025 do CPC/15), em recurso


especial, exige que no mesmo recurso seja indicada violação ao art. 1.022 do
CPC/15, para que se possibilite ao Órgão julgador verificar a existência do vício
inquinado ao acórdão, que uma vez constatado, poderá dar ensejo à supressão de
grau facultada pelo dispositivo de lei. ” (STJ – Terceira Turma, REsp 1639314 / MG,
rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, DJe 10/04/2017)

Quarta Turma do STJ - "A admissão de prequestionamento ficto (art. 1.025 do


CPC/15), em recurso especial, exige que no mesmo recurso seja indicada violação
ao art. 1.022 do CPC/15, para que se possibilite ao Órgão julgador verificar a
existência do vício inquinado ao acórdão, que uma vez constatado, poderá dar
ensejo à supressão de grau facultada pelo dispositivo de lei". (REsp 1639314/MG,
Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, julgado em 04/04/2017, DJe
10/04/2017.)” (STJ - Quarta Turma, AgInt no AREsp 1038886 / RS, rel. Min. Marco
Buzzi, DJe 25/09/2018)

Terceira Turma do STJ - Segundo a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça,


"a admissão de prequestionamento ficto (art. 1.025 do CPC/15), em recurso
especial, exige que no mesmo recurso seja indicada violação ao art. 1.022 do
CPC/15, para que se possibilite ao Órgão julgador verificar a existência do vício
inquinado ao acórdão, que uma vez constatado, poderá dar ensejo à supressão de
grau facultada pelo dispositivo de lei" (REsp 1.639.314/MG, Rel. Ministra Nancy
Andrighi, Terceira Turma, julgado em 4/4/2017, DJe 10/4/2017). (STJ – Terceira
Turma, AgInt no AREsp 1841933/RS, Rel. Ministro MARCO AURÉLIO BELLIZZE,
TERCEIRA TURMA, julgado em 30/08/2021, DJe 02/09/2021)

Primeira Turma do STJ - “O art. 1.025 do Código de Processo Civil de 2015 prevê
que esta Corte considere prequestionada determinada matéria apenas caso
alegada e reconhecida a violação ao art. 1.022 do Código de Processo Civil de
2015. ” (STJ - Primeira Turma, AgInt no REsp 1648649 / RS, rel. Min. Regina Helena
Costa, DJe 30/08/2018)

Quarta Turma do STJ - “Prevalece no STJ o entendimento de que "a admissão de


prequestionamento ficto (art. 1.025 do CPC/2015), em recurso especial, exige que
no mesmo recurso seja indicada violação ao art. 1.022 do CPC/2015, para que se
possibilite ao órgão julgador verificar a existência do vício inquinado ao acórdão,
que uma vez constatado, poderá dar ensejo à supressão de grau facultada pelo
dispositivo de lei" (REsp n. 1.639.314/MG, Relatora Ministra NANCY ANDRIGHI,
TERCEIRA TURMA, DJe 10/4/2017), o que não ocorreu no caso.” (STJ – Quarta
Turma, AgInt no REsp 1931064/SP, Rel. Ministro ANTONIO CARLOS FERREIRA,
julgado em 23/08/2021, DJe 26/08/2021)

Ou seja:

Ocorre quando o tribunal se omite quanto a matéria federal controvertida, a parte


embarga de declaração e o tribunal permanece o omisso.

O STJ não admitia essa forma de prequestionamento (em razão da Súmula 211).

O CPC de 2015 admite essa forma de prequestionamento (art. 1.025), mas existem
decisões exigindo que no mesmo recurso seja indicada violação ao art. 1.022 do
CPC/15.

Prequestionamento e voto vencido

Súmula 320 do STJ A questão federal somente ventilada no voto vencido não
atende ao requisito do prequestionamento.

CPC - Art. 941. § 3º O voto vencido será necessariamente declarado e considerado


parte integrante do acórdão para todos os fins legais, inclusive de
préquestionamento.

Consideram-se prequestionados os fundamentos das razões de apelação


desprezados no acórdão que deu integral provimento ao recurso? Se a parte
contraria ventilou esse argumento, considera-se prequestionada.

A Corte Especial do STJ decidiu que “Consideram-se prequestionados os


fundamentos adotados nas razões de apelação e desprezados no julgamento do
respectivo recurso, desde que, interposto recurso especial, sejam reiterados nas
contrarrazões da parte vencedora. ”

PROCESSUAL CIVIL. INTERPOSIÇÃO DE RECURSO DE APELAÇÃO COM EXPOSIÇÃO


DE MAIS DE UM FUNDAMENTO. PROVIMENTO DA APELAÇÃO COM BASE EM
APENAS UM FUNDAMENTO, DEIXANDO-SE DE EXAMINAR OS DEMAIS. REVERSÃO
DO ACÓRDÃO DE SEGUNDA INSTÂNCIA EM DECISÃO MONOCRÁTICA NO STJ.
AGRAVO REGIMENTAL QUE VENTILA FUNDAMENTOS DESPREZADOS NO
JULGAMENTO DA APELAÇÃO. EXISTÊNCIA DE PREQUESTIONAMENTO.
DIVERGÊNCIA INTERNA NO STJ. EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA PARCIALMENTE
PROVIDOS PARA DAR POR PREQUESTIONADAS QUESTÕES JURÍDICAS REITERADAS
NAS CONTRARRAZÕES AO RECURSO ESPECIAL. I - Cuida-se de embargos de
divergência por meio dos quais pretendem os embargantes a uniformização do
posicionamento do Superior Tribunal de Justiça no tocante à resposta ao seguinte
questionamento: consideram-se prequestionados o(s) fundamento(s) das razões
de apelação desprezados no acórdão que deu integral provimento ao recurso? II -
À luz do acórdão da C. Primeira Turma deste Tribunal, o recurso especial não
atendeu ao requisito especial do prequestionamento quanto aos temas de (i) não
fluência do prazo prescricional na ausência de liquidez do título executivo; (ii) não
ocorrência de inércia dos exequentes; e (iii) execução movida por incapaz, contra
o qual não corre a prescrição. III - Lidando com situação jurídica idêntica à dos
presentes autos, assentou o acórdão paradigma (EREsp n. 1.144.667/RS), julgado
por esta C. Corte Especial em 7/3/2018 e da relatoria do e. Min. Felix Fisher, que
"a questão levantada nas instâncias ordinárias, e não examinada, mas cuja
pretensão foi acolhida por outro fundamento, deve ser considerada como
prequestionada quando trazidas em sede de contrarrazões". IV - Portanto, existem
duas linhas de pensamento em rota de colisão no Superior Tribunal de Justiça,
revelando-se de todo pertinente o recurso de embargos de divergência, em ordem
a remarcar o entendimento que já havia sido proclamado no julgamento do
paradigma invocado. Com efeito, rendendo vênias à C. Primeira Turma, o
entendimento correto é o que considera toda a matéria devolvida à segunda
instância apreciada quando provido o recurso por apenas um dos fundamentos
expostos pela parte, a qual não dispõe de interesse recursal para a oposição de
embargos declaratórios. V - A questão precisa ser analisada sob a perspectiva da
sucumbência e da possibilidade de melhora da situação jurídica do recorrente,
critérios de identificação do interesse recursal. Não se trata de temática afeta a
esta ou aquela legislação processual (CPC/73 ou CPC/15), mas de questão
antecedente, verdadeiro fundamento teórico da disciplina recursal. Só quem
perde, algo ou tudo, tem interesse em impugnar a decisão, desde que possa
obter, pelo recurso, melhora na sua situação jurídica. Precedente: AgInt no REsp n.
1.478.792/PR, Rel. Ministro Paulo de Tarso Sanseverino, Terceira Turma, julgado
em 12/12/2017, DJe 2/2/2018. Doutrina: MARINONI, Luiz Guilherme; ARENHART,
Sérgio Cruz; MITIDIERO, Daniel. Curso de processo civil: tutela dos direitos
mediante procedimento comum. V. 2. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015, p.
516; MEDINA, José Miguel Garcia. Direito processual civil moderno. 2 ed. rev.,
atual e ampl. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2016, p. 1276. VI - É bastante fácil
perceber que os ora embargantes não dispunham, após o julgamento da apelação,
de nenhum dos dois requisitos: não eram vencidos (sucumbentes) e não existia
perspectiva de melhora na sua situação jurídica. Logo, agiram segundo a ordem e
a dogmática jurídicas quando se abstiveram de recorrer. VII - Tenho por bem
compor a divergência entre os acórdãos confrontados adotando o entendimento
do acórdão paradigma, segundo o qual se consideram prequestionados os
fundamentos adotados nas razões de apelação e desprezados no julgamento do
respectivo recurso, desde que, interposto recurso especial, sejam reiterados nas
contrarrazões da parte vencedora. VIII - Embargos de divergência conhecidos e
parcialmente providos a fim de dar por prequestionada a matéria relativa à não
ocorrência de prescrição em razão da iliquidez do título executivo, cassando o v.
acórdão de fls. 293-294, para que seja realizada nova análise do tema prescrição.
(STJ – Corte Especial, EAREsp 227.767/RS, Rel. Ministro FRANCISCO FALCÃO,
julgado em 17/06/2020, DJe 29/06/2020)

Causa decidida - Alcance da expressão “questões decididas” - Decisão em Agravo


de Instrumento - Decisão em IRDR

Causa decida é: o julgamento de uma demanda, de um caso concreto, ou a


resolução de uma questão?

Causa decidida significa qualquer questão resolvida no processo até mesmo em


jurisdição voluntária. Isso não é novo. Castro Nunes, Moacyr Amaral Santos,
Roberto Rosas, Rodolfo de Camargo Mancuso, Nelson Luiz Pinto já falavam sobre
isso. Pode ser até uma questão incidente, que nada tem haver a resolução da
demanda em si. Decide-se, no mínimo, uma parcela da causa, sobre a qual não
cabe mais recurso ordinário. Uma decisão em última ou única instância sobre
competência é uma decisão de uma causa. Por isso mesmo cabe recurso
excepcional contra decisão de agravo de instrumento.

“O termo "causa" empregado no art. 105, III, da Constituição compreende


qualquer questão federal resolvida em única ou última instância, pelos Tribunais
Regionais Federais ou pelos tribunais dos Estados, Distrito Federal e Territórios,
ainda que mediante decisão interlocutória. ” (STF – Primeira Turma, RE 153831,
rel. Min, Ellen Gracie, Dje 14.03.2003)

Súmula 86 do STJCabe recurso especial contra acordão proferido no julgamento


de agravo de instrumento.

Vinicius Lemos lembra que o termo causa decidida é abstrato e pode ser
ressignificado pelo legislador infraconstitucional, uma vez que o próprio texto
constitucional não soluciona a sua conceituação. O que é causa decidida? Para ele
é a necessidade de que a questão a ser ventilada no recurso excepcional tenha
sido enfrentada pelo Tribunal recorrido, com efetiva discussão.

Cabe recurso especial contra a decisão do IRDR? E se tiver havido desistência ou


abandono da causa que originou o IRDR? Haveria, nesse caso, uma “causa
decidida”? sim, vez que julgado, ainda que em abstrato.

Art. 987. Do julgamento do mérito do incidente caberá recurso extraordinário ou


especial, conforme o caso.

Art. 976.§ 1 o A desistência ou o abandono do processo não impede o exame de


mérito do incidente

Art. 978. Parágrafo único. O órgão colegiado incumbido de julgar o incidente e de


fixar a tese jurídica julgará igualmente o recurso, a remessa necessária ou o
processo de competência originária de onde se originou o incidente.

É possível desconsiderar a falta de prequestionamento? Sim, somente não se pode


desconsiderar a intempestividade.

Art. 1.029, §3º do CPC Art. 1.029. § 3º O Supremo Tribunal Federal ou o Superior
Tribunal de Justiça poderá desconsiderar vício formal de recurso tempestivo ou
determinar sua correção, desde que não o repute grave.

JULGADO QUE INSPIROU O DISPOSITIVO:

INFORMATIVO Nº 364 do STF “Ausência de Prequestionamento. RE. Provimento.


Prevalência de Decisão do STF” “Assim, entendeu-se que, apesar da ausência de
prequestionamento dos dispositivos apontados como violados no RE e, também,
de não ter sido juntado aos autos o aresto do Órgão Especial aludido, a orientação
do STF deveria preponderar sobre o do acórdão recorrido, a fim de se impedir a
adoção de soluções diversas em relação à decisão do Pleno, que poderiam
comprometer a segurança jurídica. Considerou-se, ainda, que, por se estar diante
de uma lide envolvendo inúmeros servidores do referido Município, a existência
de decisões divergentes pela instância inferior sobre o mesmo tema provocaria,
além de disparidade de tratamento de situações idênticas, prejuízos às finanças do
referido Município, impedindo o atendimento das limitações impostas aos gastos
com pessoal pela Lei Camata (LC 82/95). AI 375011 AgR/RS, rel. Min. Ellen Gracie,
5.10.2004, DJ 28.10.2004, p. 43.

Pressupostos Gerais: exaurimento das instâncias recursais ordinárias

III - julgar, em recurso especial, as causas decididas, em única ou última instância,


pelos Tribunais Regionais Federais ou pelos tribunais dos Estados, do Distrito
Federal e Territórios, quando a decisão recorrida.

Se ainda há recurso ordinário, não cabe o excepcional.


Súmula 207 do STJ É INADMISSIVEL RECURSO ESPECIAL QUANDO CABÍVEIS
EMBARGOS INFRINGENTES CONTRA O ACÓRDÃO PROFERIDO NO TRIBUNAL DE
ORIGEM.

A apelação foi julgada pelo colegiado . Contra essa decisão foram opostos
embargos de declaração . No entanto, os embargos foram julgados
monocraticamente . Cabe REsp ? não, seira necessário prévio agravo interno neste
caso.

PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL CONTRA DECISÃO MONOCRÁTICA QUE


NEGOU SEGUIMENTO AOS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. NECESSIDADE DE
ESGOTAMENTO DA INSTÂNCIA ORDINÁRIA. INCIDÊNCIA DO ENUNCIADO 281 DA
SÚMULA DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. A jurisprudência desta Corte firmou
posicionamento no sentido de que não há exaurimento da instância ordinária nos
casos em que os embargos de declaração opostos contra decisão colegiada são
rejeitados por decisão monocrática. Agravo regimental improvido. (STJ – Segunda
Turma, AgRg no REsp 1473394/RJ, Rel. Ministro HUMBERTO MARTINS, julgado em
02/02/2016, DJe 11/02/2016)

“Nos termos da jurisprudência do STJ, "não cabe recurso especial interposto


diretamente contra decisão monocrática que rejeita os embargos de declaração,
ainda que opostos contra acórdão do Tribunal. " (STJ – Quarta Turma, AgInt nos
EDcl no AREsp 141.844/SP, Rel. Ministro Marco Buzzi, julgado em 23/8/2016, DJe
30/8/2016).

São opostos embargos de declaração contra decisão monocrática no TJ ou no TRF.


O julgamento dos embargos ocorre no colegiado. Cabe REsp?

“Nesse contexto, "o julgamento colegiado dos embargos declaratórios opostos à


decisão monocrática não acarreta o exaurimento da instância para efeito de
interposição de recurso especial. Aplicação analógica da Súmula 281 do STF" (STJ,
AgInt nos EDcl no AREsp 1.144.980/GO, Rel. Ministro PAULO DE TARSO
SANSEVERINO, TERCEIRA TURMA, DJe de 01/08/2018). No mesmo sentido: STJ,
AgInt no AREsp 1.344.777/MA, Rel. Ministro FRANCISCO FALCÃO, SEGUNDA
TURMA, DJe de 18/11/2020;

AgInt no AREsp 921.127/SP, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA,


DJe de 11/10/2019; AgInt nos EDcl no AREsp 1.424.036/RJ, Rel. Ministro GURGEL
DE FARIA, PRIMEIRA TURMA, DJe de 17/10/2019; AgInt no AREsp 1.267.031/CE,
Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, QUARTA TURMA, DJe de 26/06/2018; AgRg
nos EDcl no AREsp 493.552/MG, Rel. Ministro RIBEIRO DANTAS, QUINTA TURMA,
DJe de 11/03/2016; AgRg no REsp 1.527.836/RR, Rel. Ministro OG FERNANDES,
SEGUNDA TURMA, DJe de 16/11/2015; EDcl no AgRg no AREsp 540.238/RJ, Rel.
Ministro HUMBERTO MARTINS, SEGUNDA TURMA, DJe de 29/10/2014.” (STJ –
Segunda Turma, REsp 1908703/BA, Rel. Ministra ASSUSETE MAGALHÃES, julgado
em 24/08/2021, DJe 31/08/2021)

Pressupostos Gerais: decisão recorrida proferida por tribunal local

III - julgar, em recurso especial, as causas decididas, em única ou última instância,


pelos Tribunais Regionais Federais ou pelos tribunais dos Estados, do Distrito
Federal e Territórios, quando a decisão recorrida.

Súmula 203 do STJ Não cabe recurso especial contra decisão proferida por órgão
de segundo grau dos Juizados Especiais.

Será admitido somente excepcionalmente reclamação no tribunal local.

Pressupostos Gerais: matéria de direito


Art. 105. Compete ao Superior Tribunal de Justiça: III - julgar, em recurso especial,
as causas decididas, em única ou última instância, pelos Tribunais Regionais
Federais ou pelos tribunais dos Estados, do Distrito Federal e Territórios, quando a
decisão recorrida: a) contrariar tratado ou lei federal, ou negar-lhes vigência; b)
julgar válido ato de governo local contestado em face de lei federal; c) der a lei
federal interpretação divergente da que lhe haja atribuído outro tribunal.

Súmula 7 do STJ A PRETENSÃO DE SIMPLES REEXAME DE PROVA NÃO ENSEJA


RECURSO ESPECIAL.

Súmula 5 do STJ A SIMPLES INTERPRETAÇÃO DE CLAUSULA CONTRATUAL NÃO


ENSEJA RECURSO ESPECIAL.

Toda vez que se analisa prova não será cabível RE ou Resp? Não! Somente se visar
o reexame dela. Se por exemplo tratar de prova inadmissível, caberá Resp e RE.

Pressupostos Específicos
Art. 105. Compete ao Superior Tribunal de Justiça: III - julgar, em recurso especial,
as causas decididas, em única ou última instância, pelos Tribunais Regionais
Federais ou pelos tribunais dos Estados, do Distrito Federal e Territórios, quando a
decisão recorrida: a) contrariar tratado ou lei federal, ou negar-lhes vigência; b)
julgar válido ato de governo local contestado em face de lei federal; c) der a lei
federal interpretação divergente da que lhe haja atribuído outro tribunal.

Negar vigência = ignora-la ou preteri-la em face de outra.

Alínea a

a) contrariar tratado ou lei federal, ou negar-lhes vigência;

LEI FEDERAL

Lei Federal: Lei Ordinária; Lei Delegada; Lei Complementar; Medida Provisória;
Decreto-Lei etc.

Não é Lei Federal: Portaria; Instrução Normativa; Resolução; Circular; Parecer


Administrativo etc.

Súmula 518 do STJ Para fins do art. 105, III, a, da Constituição Federal, não é
cabível recurso especial fundado em alegada violação de enunciado de súmula.

Pode-se alegar a lei que deu origem a sumula, mas nunca a súmula.

Fungibilidade ou Conversibilidade

Art. 1.032. Se o relator, no Superior Tribunal de Justiça, entender que o recurso


especial versa sobre questão constitucional, deverá conceder prazo de 15 (quinze)
dias para que o recorrente demonstre a existência de repercussão geral e se
manifeste sobre a questão constitucional. Parágrafo único. Cumprida a diligência
de que trata o caput, o relator remeterá o recurso ao Supremo Tribunal Federal,
que, em juízo de admissibilidade, poderá devolvê-lo ao Superior Tribunal de
Justiça.

Art. 1.033. Se o Supremo Tribunal Federal considerar como reflexa a ofensa à


Constituição afirmada no recurso extraordinário, por pressupor a revisão da
interpretação de lei federal ou de tratado, remetê-lo-á ao Superior Tribunal de
Justiça para julgamento como recurso especial.

Se interposto RESP e houver ofensa a CF, será concedido prazo para comprovar os
demais requisitos e encaminhado o recurso ao STF.

Não cabe se o descumprimento da CF for reflexa, por descumprimento do CPC ou


outra lei federal.
Súmula 636 do STF - NÃO CABE RECURSO EXTRAORDINÁRIO POR CONTRARIEDADE
AO PRINCÍPIO CONSTITUCIONAL DA LEGALIDADE, QUANDO A SUA VERIFICAÇÃO
PRESSUPONHA REVER A INTERPRETAÇÃO DADA A NORMAS
INFRACONSTITUCIONAIS PELA DECISÃO RECORRIDA.

Enunciado 79 da Jornada de Direito Processual Civil do CJF

Na hipótese do art. 1.032 do CPC, cabe ao relator, após possibilitar que o


recorrente adite o seu recurso para inclusão de preliminar sustentando a
existência de repercussão geral, oportunizar ao recorrido que, igualmente, adite
suas contrarrazões para sustentar a inexistência da repercussão.

Enunciado 80 da Jornada de Direito Processual Civil do CJF

Quando o Supremo Tribunal Federal considerar como reflexa a ofensa à


Constituição afirmada no recurso extraordinário, deverá, antes de remetê-lo ao
Superior Tribunal de Justiça para julgamento como recurso especial, conceder
prazo de quinze dias para que as partes complementem suas razões e
contrarrazões de recurso.

Alínea B

b) julgar válido ato de governo local contestado em face de lei federal;

Alínea C

c) der a lei federal interpretação divergente da que lhe haja atribuído outro
tribunal.

Súmula 13 do STJ - A DIVERGÊNCIA ENTRE JULGADOS DO MESMO TRIBUNAL NÃO


ENSEJA RECURSO ESPECIAL.

Súmula 83 do STJ - NÃO SE CONHECE DO RECURSO ESPECIAL PELA DIVERGENCIA,


QUANDO A ORIENTAÇÃO DO TRIBUNAL SE FIRMOU NO MESMO SENTIDO DA
DECISÃO RECORRIDA.

Regularidade formal: comprovação do dissídio

Art. 1.029. § 1 o Quando o recurso fundar-se em dissídio jurisprudencial, o


recorrente fará a prova da divergência com a certidão, cópia ou citação do
repositório de jurisprudência, oficial ou credenciado, inclusive em mídia
eletrônica, em que houver sido publicado o acórdão divergente, ou ainda com a
reprodução de julgado disponível na rede mundial de computadores, com
indicação da respectiva fonte, devendo-se, em qualquer caso, mencionar as
circunstâncias que identifiquem ou assemelhem os casos confrontados.

Recurso Extraordinário
Cabimento
Pressupostos Gerais

Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da


Constituição, cabendo-lhe: III - julgar, mediante recurso extraordinário, as causas
decididas em única ou última instância, quando a decisão recorrida: § 3º No
recurso extraordinário o recorrente deverá demonstrar a repercussão geral das
questões constitucionais discutidas no caso, nos termos da lei, a fim de que o
Tribunal examine a admissão do recurso, somente podendo recusá-lo pela
manifestação de dois terços de seus membros.

Pressupostos Gerais:

Prequestionamento

III - julgar, mediante recurso extraordinário, as causas decididas em única ou


última instância, quando a decisão recorrida.
“O entendimento da Corte Suprema é no sentido da insubsistência da tese do
chamado prequestionamento implícito. ” (ARE 761180 AgR, Relator(a): DIAS
TOFFOLI, Primeira Turma, julgado em 04/02/2014, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-
039 DIVULG 24-02-2014 PUBLIC 25-02-2014)

“O Supremo Tribunal Federal não admite a tese do chamado prequestionamento


implícito, sendo certo que, caso a questão constitucional não tenha sido apreciada
pelo Tribunal a quo, é necessária e indispensável a oposição de embargos de
declaração, os quais devem trazer a discussão da matéria a ser prequestionada, a
fim de possibilitar ao Tribunal de origem a apreciação do ponto sob o ângulo
constitucional.” (ARE 1322529 AgR, Relator(a): RICARDO LEWANDOWSKI, Segunda
Turma, julgado em 31/05/2021, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-106 DIVULG 02-06-
2021 PUBLIC 04-06-2021)

Súmula 356 do STF e Art. 1.025 do NCPC

Súmula 356 do STF: O PONTO OMISSO DA DECISÃO, SOBRE O QUAL NÃO FORAM
OPOSTOS EMBARGOS DECLARATÓRIOS, NÃO PODE SER OBJETO DE RECURSO
EXTRAORDINÁRIO, POR FALTAR O REQUISITO DO PREQUESTIONAMENTO –
prequestionamento ficto – só ocorrer se o tribunal tinha o dever de se
manifestar sobre a matéria.

CPC, Art. 1.025. Consideram-se incluídos no acórdão os elementos que o


embargante suscitou, para fins de préquestionamento, ainda que os embargos de
declaração sejam inadmitidos ou rejeitados, caso o tribunal superior considere
existentes erro, omissão, contradição ou obscuridade.

Pressupostos Gerais: Exaurimento das vias recursais ordinárias

III - julgar, mediante recurso extraordinário, as causas decididas em única ou


última instância, quando a decisão recorrida.

Súmula 281 do STF É inadmissível o recurso extraordinário, quando couber, na


Justiça de origem, recurso ordinário da decisão impugnada.

Não é só o ROC, mas qualquer recurso ordinário.

Pressupostos Gerais: a decisão recorrida pode ser proferida por qualquer órgão
jurisdicional

III - julgar, mediante recurso extraordinário, as causas decididas em única ou


última instância, quando a decisão recorrida.

Súmula 640 do STF - É CABÍVEL RECURSO EXTRAORDINÁRIO CONTRA DECISÃO


PROFERIDA POR JUIZ DE PRIMEIRO GRAU NAS CAUSAS DE ALÇADA, OU POR
TURMA RECURSAL DE JUIZADO ESPECIAL CÍVEL E CRIMINAL.

Pressupostos Gerais: matéria de direito

Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da


Constituição, cabendo-lhe: III - julgar, mediante recurso extraordinário, as causas
decididas em única ou última instância, quando a decisão recorrida: a) contrariar
dispositivo desta Constituição; b) declarar a inconstitucionalidade de tratado ou lei
federal; c) julgar válida lei ou ato de governo local contestado em face desta
Constituição; d) julgar válida lei local contestada em face de lei federal.

Súmula 279 do STF - PARA SIMPLES REEXAME DE PROVA NÃO CABE RECURSO
EXTRAORDINÁRIO.

Súmula 735 do STF - Não cabe recurso extraordinário contra acórdão que defere
medida liminar.
Nem tudo que diz respeito a prova é matéria de fato – por exemplo, a prova ilícita!
Assim, poderá ser cabível RE nesta hipótese.

Pressupostos Gerais: repercussão geral


CF, Art. 102, § 3º No recurso extraordinário o recorrente deverá demonstrar a
repercussão geral das questões constitucionais discutidas no caso, nos termos da
lei, a fim de que o Tribunal examine a admissão do recurso, somente podendo
recusá-lo pela manifestação de dois terços de seus membros.

CPC, Art. 1.035. O Supremo Tribunal Federal, em decisão irrecorrível, não


conhecerá do recurso extraordinário quando a questão constitucional nele
versada não tiver repercussão geral, nos termos deste artigo.

Repercussão Geral: elementos

 Transcendência: questão constitucional ultrapassa os interesses subjetivos


das partes, o caso concreto.
 Relevância: econômico, político, social ou jurídico.

A decisão do STF caberá agravo interno.

Repercussão geral presumida

Art. 1.035. § 3 o Haverá repercussão geral sempre que o recurso impugnar


acórdão que: I - contrarie súmula ou jurisprudência dominante do Supremo
Tribunal Federal; III - tenha reconhecido a inconstitucionalidade de tratado ou de
lei federal, nos termos do art. 97 da Constituição Federal.

Art. 987. Do julgamento do mérito do incidente caberá recurso extraordinário ou


especial, conforme o caso. § 1º O recurso tem efeito suspensivo, presumindo-se a
repercussão geral de questão constitucional eventualmente discutida.

Demonstração da Repercussão

Caberá ao recorrente, como regularidade formal, comprovar a repercussão geral


através de preliminar.

Pela falta de preliminar de repercussão geral caberá agravo em RE – falta de


requisito formal.

Art. 1.035. § 2º O recorrente deverá demonstrar a existência de repercussão geral


para apreciação exclusiva pelo Supremo Tribunal Federal.

ARE 663.637-AgR-QO: É indispensável a apresentação de preliminar


fundamentada sobre a existência de repercussão geral, mesmo que o STF, na
análise de outro recurso, já tenha reconhecido a presença de repercussão geral da
matéria.

Inexistência de repercussão

Caso o STJ entenda não haver repercussão geral, embora haja este tópico, caberá
agravo interno.

Art. 1.035. § 8º Negada a repercussão geral, o presidente ou o vice-presidente do


tribunal de origem negará seguimento aos recursos extraordinários sobrestados
na origem que versem sobre matéria idêntica.

Art. 1.039. Parágrafo único. Negada a existência de repercussão geral no recurso


extraordinário afetado, serão considerados automaticamente inadmitidos os
recursos extraordinários cujo processamento tenha sido sobrestado.

Pressupostos Específicos
Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da
Constituição, cabendo-lhe: III - julgar, mediante recurso extraordinário, as causas
decididas em única ou última instância, quando a decisão recorrida: a) contrariar
dispositivo desta Constituição; b) declarar a inconstitucionalidade de tratado ou lei
federal; c) julgar válida lei ou ato de governo local contestado em face desta
Constituição; d) julgar válida lei local contestada em face de lei federal.

Alínea a

a) contrariar dispositivo desta Constituição;

Cabimento do RE por violação ao bloco constitucional – ou seja – CF, emendas, e


tratados que ingressem no ordenamento de forma constitucional.

Inconstitucionalidade direta x inconstitucionalidade reflexa – deve violar


dispositivo da CF diretamente, não lei federal.

Fungibilidade entre o RE e o REsp – se reflexa, o STF enviará o RE ao STJ como


Resp – livre transito dos recursos excepcionais.

Súmula 636 do STF - NÃO CABE RECURSO EXTRAORDINÁRIO POR CONTRARIEDADE


AO PRINCÍPIO CONSTITUCIONAL DA LEGALIDADE, QUANDO A SUA VERIFICAÇÃO
PRESSUPONHA REVER A INTERPRETAÇÃO DADA A NORMAS
INFRACONSTITUCIONAIS PELA DECISÃO RECORRIDA.

Segunda Turma do STF - “A afronta aos princípios da legalidade, do devido


processo legal, da ampla defesa, do contraditório, dos limites da coisa julgada ou
da prestação jurisdicional, quando depende, para ser reconhecida como tal, da
análise de normas infraconstitucionais, configura apenas ofensa indireta ou
reflexa à Constituição Federal” (STF – Segunda Turma, ARE 1116544 AgR / RS, rel.
Min. Dias Toffoli, DJe-103 DIVULG 25-05-2018 PUBLIC 28-05-2018)

Fungibilidade ou conversibilidade entre o REsp e o RE

Art. 1.033. Se o Supremo Tribunal Federal considerar como reflexa a ofensa à


Constituição afirmada no recurso extraordinário, por pressupor a revisão da
interpretação de lei federal ou de tratado, remetê-lo-á ao Superior Tribunal de
Justiça para julgamento como recurso especial.

Alínea b

b) declarar a inconstitucionalidade de tratado ou lei federal;

RE contra decisão em controle difuso e reserva de Plenário - Para que caiba o RE


pela alínea “b” é preciso que o tribunal recorrido observe a cláusula de reserva de
plenário. Se não for observada, caberá embargos de declaração e posterior RE
pela alínea ”a” (violação ao art. 97 da CF).

CF, Art. 97. Somente pelo voto da maioria absoluta de seus membros ou dos
membros do respectivo órgão especial poderão os tribunais declarar a
inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do Poder Público.

Alínea c

c) julgar válida lei ou ato de governo local contestado em face desta Constituição.

Alínea d

d) julgar válida lei local contestada em face de lei federal.

Por que RE neste caso? Em razão da regra de competência legislativa, prevista na


CF.

Quando for ato de governo local x lei federal – RESP , alínea b.

Quando for lei local x lei federal – RE – alínea d.


Efeito Suspensivo
Em regra não tem efeito suspensivo legal.

Poderá ter efeito suspensivo judicial, requerido conforme §único, 995.

Art. 995. Os recursos não impedem a eficácia da decisão, salvo disposição legal ou
decisão judicial em sentido diverso. Parágrafo único. A eficácia da decisão
recorrida poderá ser suspensa por decisão do relator, se da imediata produção de
seus efeitos houver risco de dano grave, de difícil ou impossível reparação, e ficar
demonstrada a probabilidade de provimento do recurso.

O efeito suspensivo legal aplica-se, por analogia, ao RE interposto contra decisão


do STJ em recursos repetitivos?

Art. 1.029. § 5º - O pedido de concessão de efeito suspensivo a recurso


extraordinário ou a recurso especial poderá ser formulado por requerimento
dirigido: I – ao tribunal superior respectivo, no período compreendido entre a
publicação da decisão de admissão do recurso e sua distribuição, ficando o relator
designado para seu exame prevento para julgá-lo; (Redação dada pela Lei nº
13.256, de 2016). I - ao relator, se já distribuído o recurso; III – ao presidente ou ao
vice-presidente do tribunal recorrido, no período compreendido entre a
interposição do recurso e a publicação da decisão de admissão do recurso, assim
como no caso de o recurso ter sido sobrestado, nos termos do art. 1.037.
(Redação dada pela Lei nº 13.256, de 2016).

Três possibilidades de pedido:

Requerer ao presidente ou vice do tribunal recorrido no ato de interposição.

Interpõe perante o tribunal recorrido – requer ao presidente ao vice do tribunal


superior através de petição simples, a admissão do pedido de efeito suspensivo –
quem analisar o pedido será considerado o relator prevento.

Caso, porém, já distribuído o recurso, deverá ser requerido ao relator.

Efeito suspensivo no RE e no REsp contra a decisão do IRDR

Efeito suspensivo legal.

Art. 987. Do julgamento do mérito do incidente caberá recurso extraordinário ou


especial, conforme o caso. § 1º O recurso tem efeito suspensivo, presumindo-se a
repercussão geral de questão constitucional eventualmente discutida.

Efeito devolutivo
Aplica-se ao RESP e RE.

Efeito translativo
CPC, Art. 485. § 3 o O juiz conhecerá de ofício da matéria constante dos incisos IV,
V, VI e IX, em qualquer tempo e grau de jurisdição, enquanto não ocorrer o
trânsito em julgado.

CC, Art. 193. A prescrição pode ser alegada em qualquer grau de jurisdição, pela
parte a quem aproveita.

CC, Art. 210. Deve o juiz, de ofício, conhecer da decadência, quando estabelecida
por lei.

CC, Art. 211. Se a decadência for convencional, a parte a quem aproveita pode
alegá-la em qualquer grau de jurisdição, mas o juiz não pode suprir a alegação.

CPC de 2015 Art. 1.034. Admitido o recurso extraordinário ou o recurso especial, o


Supremo Tribunal Federal ou o Superior Tribunal de Justiça julgará o processo,
aplicando o direito. Parágrafo único. Admitido o recurso extraordinário ou o
recurso especial por um fundamento, devolve-se ao tribunal superior o
conhecimento dos demais fundamentos para a solução do capítulo impugnado.

Súmula 456 do STF: O Tribunal, conhecendo do recurso, julgará a causa, aplicando


o direito à espécie

O Tribunal pode apreciar matéria de ordem pública de ofício em RE ou REsp? Há


quem entenda que não, vez que deverá ser prequestionada a matéria.
Minoritariamente entende-se que sim, atendido o dever de consulta às partes, em
razão do efeito translativo, desde que seja conhecido o recurso.

AGRAVO INTERNO. AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. AÇÃO DE REVISÃO DE


CONTRATO CUMULADA COM REPETIÇÃO DE INDÉBITO. EFEITO TRANSLATIVO DO
RECURSO ESPECIAL. NECESSIDADE DE PREQUESTIONAMENTO. 1. A Corte Especial
do STJ firmou o entendimento no sentido de que "mesmo que se trate de questão
de ordem pública, é imprescindível que a matéria tenha sido decidida no acórdão
impugnado, para que se configure o prequestionamento". 2. Agravo interno no
agravo em recurso especial desprovido. (STJ – Terceira Turma, AgInt nos EDcl no
Ares 746371 / RS, rel. Min. Nancy Andrighi, DJe 09/03/2018)

AGRAVO INTERNO. AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. AÇÃO DE REVISÃO DE


CONTRATO CUMULADA COM REPETIÇÃO DE INDÉBITO. EFEITO TRANSLATIVO DO
RECURSO ESPECIAL. NECESSIDADE DE PREQUESTIONAMENTO. 1. A Corte Especial
do STJ firmou o entendimento no sentido de que "mesmo que se trate de questão
de ordem pública, é imprescindível que a matéria tenha sido decidida no acórdão
impugnado, para que se configure o prequestionamento". 2. Agravo interno no
agravo em recurso especial desprovido. (STJ – Terceira Turma, AgInt nos EDcl no
AREsp 746371 / RS, rel. Min. Nancy Andrighi, DJe 09/03/2018)

“Aplicação do efeito translativo ao recurso especial. Necessário esclarecer que tal


efeito é próprio dos recursos ordinários (apelação, agravo, embargos infringentes,
embargos de declaração e recurso ordinário constitucional), e não aos recursos
excepcionais, como é o caso do recurso especial.” (STJ – Terceira Turma, AgInt no
AREsp 1021641 / MG, rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, DJe 19/05/2017)

“Em sede de recurso especial, a análise de questão de ordem pública que não foi
suscitada nas razões recursais somente é possível depois de aberta a instância
especial pelo conhecimento do apelo nobre, viabilizando o efeito translativo do
recurso. Precedentes. 2.1. Na espécie, o recurso especial não ultrapassou a
barreira do conhecimento, de modo que não há como apreciar, de ofício, a
prescrição da pretensão autoral.” (STJ – Quarta Turma, AgInt nos EDcl no AREsp
1032955 / SP, rel. Min. Marco Buzzi, DJe 15/09/2017)

“É possível o exame de matérias de ordem pública quando o recurso especial


ultrapassa o juízo de admissibilidade, ainda que por outros fundamentos, à luz do
efeito translativo dos recursos. ” (STJ – Sexta Turma, EDcl no AgInt no AREsp
973872 / SP, rel. Min. ROGERIO SCHIETTI CRUZ, DJe 23/03/2017)

Juízo bipartido de admissibilidade


Art. 1.030. Recebida a petição do recurso pela secretaria do tribunal, o recorrido
será intimado para apresentar contrarrazões no prazo de 15 (quinze) dias, findo o
qual os autos serão conclusos ao presidente ou ao vice-presidente do tribunal
recorrido, que deverá: I – negar seguimento: a) a recurso extraordinário que
discuta questão constitucional à qual o Supremo Tribunal Federal não tenha
reconhecido a existência de repercussão geral ou a recurso extraordinário
interposto contra acórdão que esteja em conformidade com entendimento do
Supremo Tribunal Federal exarado no regime de repercussão geral; b) a recurso
extraordinário ou a recurso especial interposto contra acórdão que esteja em
conformidade com entendimento do Supremo Tribunal Federal ou do Superior
Tribunal de Justiça, respectivamente, exarado no regime de julgamento de
recursos repetitivos; II – encaminhar o processo ao órgão julgador para realização
do juízo de retratação, se o acórdão recorrido divergir do entendimento do
Supremo Tribunal Federal ou do Superior Tribunal de Justiça exarado, conforme o
caso, nos regimes de repercussão geral ou de recursos repetitivos; III – sobrestar o
recurso que versar sobre controvérsia de caráter repetitivo ainda não decidida
pelo Supremo Tribunal Federal ou pelo Superior Tribunal de Justiça, conforme se
trate de matéria constitucional ou infraconstitucional; IV – selecionar o recurso
como representativo de controvérsia constitucional ou infraconstitucional, nos
termos do § 6º do art. 1.036; V – realizar o juízo de admissibilidade e, se positivo,
remeter o feito ao Supremo Tribunal Federal ou ao Superior Tribunal de Justiça,
desde que: a) o recurso ainda não tenha sido submetido ao regime de repercussão
geral ou de julgamento de recursos repetitivos; b) o recurso tenha sido
selecionado como representativo da controvérsia; ou c) o tribunal recorrido tenha
refutado o juízo de retratação. § 1º Da decisão de inadmissibilidade proferida com
fundamento no inciso V caberá agravo ao tribunal superior, nos termos do art.
1.042. § 2º Da decisão proferida com fundamento nos incisos I e III caberá agravo
interno, nos termos do art. 1.021.”

É feito pelo juízo a quo, e pelo juízo recorrido.

Caso o juízo a quo entenda que não há algum requisito de admissibilidade,


interpõe-se agravo em Resp ou RE, para que o juízo ad quem realize nova análise
de admissibilidade.

Estando presentes os requisitos de admissibilidade, o relator do STJ ou STF fará o


julgamento conjunto do mérito.

Em não havendo, o recurso não será conhecido.

Agravo em RE ou Resp
Cabível quando negado seguimento por falta de pressuposto de admissibilidade
do Resp e RE, por presidente do tribunal.

Não caberá no caso de aplicação de entendimento firmado em regime de


repercussão geral ou em julgamento de recursos repetitivos pois neste caso será
agravo interno, dado que afeta o mérito.

Art. 1.042. Cabe agravo contra decisão do presidente ou do vice-presidente do


tribunal recorrido que inadmitir recurso extraordinário ou recurso especial, salvo
quando fundada na aplicação de entendimento firmado em regime de
repercussão geral ou em julgamento de recursos repetitivos. (Redação dada pela
Lei nº 13.256, de 2016)

 É processado nos próprios autos e não se sujeita a preparo


 Se o REsp e o RE forem inadmitidos, dever ser interposto um agravo para
cada
 Admite juízo de retratação
 Pode ser julgado conjuntamente com o REsp ou com o RE, admitindo-se,
nesse caso, sustentação oral
 Aplica-se ao agravo regime dos recursos repetitivos e da repercussão
geral, inclusive quanto ao sobrestamento e ao juízo de retratação.
 Não há juízo de admissibilidade perante o recurso a quo, de forma que, se
houver, caberá reclamação no STJ ou STF, para preservação da
competência destes.

Cabe reclamação contra a decisão do órgão a quo que nega seguimento ao agravo
em recurso especial ou em recurso extraordinário?
Sim. Não há juízo de admissibilidade perante o recurso a quo, de forma que, se
houver, caberá reclamação no STJ ou STF, para preservação da competência
destes.

Art. 1.042. § 4º Após o prazo de resposta, não havendo retratação, o agravo será
remetido ao tribunal superior competente.

Art. 988. Caberá reclamação da parte interessada ou do Ministério Público para: I -


preservar a competência do tribunal;

"Não se verifica usurpação de competência deste Tribunal Superior quando o


agravo, obstado na origem, é manifestamente incabível, razão pela qual não se
admite o manejo da via reclamatória. Precedentes" (AgInt na Rcl 35.666/SP,
Relator Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, SEGUNDA SEÇÃO, julgado em 23/5/2018,
DJe 28/5/2018). (STJ – Segunda Seção, AgInt na Rcl 41.840/SP, Rel. Ministro
ANTONIO CARLOS FERREIRA, julgado em 18/08/2021, DJe 25/08/2021)

Os embargos de declaração são cabíveis contra a decisão do órgão a quo que


inadmite REsp ou RE? Em tese pela letra da lei caberia. Mas o entendimento é que
não, exceto se tão genérica que impossibilite ao recorrente saber o porque teve
seu recurso obstado.

Art. 1.022. Cabem embargos de declaração contra qualquer decisão judicial para:

PROCESSO CIVIL. EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA. AGRAVO INTERNO. DECISÃO DE


INADMISSIBILIDADE DO RECURSO ESPECIAL NA ORIGEM. NÃO CABIMENTO, EM
REGRA, DE EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. NÃO INTERRUPÇÃO DO PRAZO PARA
INTERPOSIÇÃO DO AGRAVO. 1. Os embargos de declaração, quando opostos
contra decisão de inadmissibilidade do recurso especial proferida na instância
ordinária, não interrompem o prazo para a interposição do agravo previsto no
art.1.042 do CPC, único recurso cabível, salvo quando essa decisão for tão
genérica que impossibilite ao recorrente aferir os motivos pelos quais teve seu
recurso obstado. 2. Agravo interno não provido. (AgInt nos EAREsp 1636360/MS,
Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, CORTE ESPECIAL, julgado em 13/04/2021, DJe
20/04/2021).

Agravo em RE ou Resp x Agravo Interno

Cabe agravo interno, e não agravo em REsp ou RE, em três situações. O Presidente
ou Vice nega seguimento a:

a) RE, quando o STF já tiver negado repercussão geral à questão;

b) RE contra acórdão que esteja em conformidade com entendimento do STF


exarado em repercussão geral;

c) RE ou REsp contra acórdão que esteja em conformidade com entendimento em


recursos repetitivos.

Art. 1.042. Cabe agravo contra decisão do presidente ou do vice-presidente do


tribunal recorrido que inadmitir recurso extraordinário ou recurso especial, salvo
quando fundada na aplicação de entendimento firmado em regime de
repercussão geral ou em julgamento de recursos repetitivos. (Redação dada pela
Lei nº 13.256, de 2016)

Art. 1.030. § 2º Da decisão proferida com fundamento nos incisos I e III caberá
agravo interno, nos termos do art. 1.021.”

Aplica-se a fungibilidade entre o agravo interno e o agravo em recurso especial ou


extraordinário? Não, pois não há dúvida, dada a clareza da lei, configurando erro
grosseiro.
AGRAVO INTERNO NA RECLAMAÇÃO. RECURSO ESPECIAL. NEGATIVA DE
SEGUIMENTO. PARADIGMA REPETITIVO. RECURSO CABÍVEL. AGRAVO INTERNO. 1.
O recurso cabível contra a decisão que inadmite o recurso especial exclusivamente
com base no artigo 1.030, inciso I, "b", do Código de Processo Civil de 2015 é o
agravo interno dirigido à Corte de apelação, a teor do disposto no § 2º do próprio
dispositivo legal em referência. 2. O erro grosseiro caracterizado pelo manejo de
recurso inadequado - no caso, o agravo em recurso especial - não abre a via da
reclamação, a qual não se presta como sucedâneo recursal. 3. Agravo interno não
provido. (AgInt na Rcl 41.055/SP, Rel. Ministro RICARDO VILLAS BÔAS CUEVA,
SEGUNDA SEÇÃO, julgado em 23/06/2021, DJe 30/06/2021).

AGRAVO INTERNO. DECISÃO QUE NÃO ADMITE RECURSO EXTRAORDINÁRIO.


MANIFESTO DESCABIMENTO. NÃO CONHECIMENTO DO RECLAMO. 1. Nos termos
dos arts. 1.030, § 1º, e 1.042, ambos do Código de Processo Civil, contra a decisão
monocrática que não admite o recurso extraordinário é cabível agravo em recurso
extraordinário para o Supremo Tribunal Federal. 2. A interposição de agravo
interno contra o referido pronunciamento judicial configura erro grosseiro,
impedindo a aplicação do princípio da fungibilidade. Precedentes do STJ e do STF.
3. Agravo interno não conhecido. (AgInt no RE nos EDcl no AgInt no RMS
55.941/GO, Rel. Ministro JORGE MUSSI, CORTE ESPECIAL, julgado em 22/06/2021,
DJe 24/06/2021).

No agravo interno o agravante fará a distinção, fazendo a clara indicação de que o


recurso interposto trem circustancias fáticas diversas do julgado.

Negado provimento ao agravo, caberá, para alguns, a reclamação; para outros,


recurso especial ou extraordinário; e para outros, agravo em RE ou Resp. E
também há quem admita mandado de segurança.

Embargos de Divergência
Cabimento
Art. 1.043 do CPC.

Cabem embargos de divergência quando, em recurso extraordinário ou em


recurso especial, a decisão do órgão fracionário (turma, câmaras ou tribunal
pleno) do STF ou do STJ divergir do julgamento de qualquer outro órgão
fracionário do mesmo tribunal.

Ex: 1ª turma do STJ e 2 ª turma do STJ da mesma sessão.

Se dentro da mesma turma – julgado pela sessão.

Fora da sessão: 1ª turma e 2ª turma de diferentes sessões.

Se de diferentes sessões – corte especial.

Neste caso é necessário fazer comparações entre o acordão recorrido e o acordão


paradigma, do mesmo tribunal, fazendo o cotejo analítico.

Acórdão recorrido
Pode ser proferido por qualquer órgão colegiado fracionário do STJ ou do STF.

Não pode ser proferido pelo relator.

Deve ser proferido em RE ou REsp, podendo ser proferido também em Agravo


Interno (Súmula 316 do STJ).

Não pode ser proferido no julgamento do agravo em recurso especial ou em


recurso extraordinário (Súmula 315 do STJ), exceto se houver apreciação do
mérito

Não pode ser proferido em ação de competência originária (revogação do inciso IV


do art. 1.043)
Acórdão Paradigma
Deve ser proferido por qualquer outro órgão colegiado do mesmo Tribunal.

Pode ser proferido pelo mesmo órgão que proferiu a decisão embargada, desde
que sua composição tenha sofrido alteração em mais da metade de seus membros
(§ 3º do art. 1.043).

Ou seja, caso a divergência seja na mesma turma mas de composição diversa,


poderá ser oposto embargos de divergência.

Pode ser proferido no julgamento de qualquer recurso ou ação de competência


originária (§ 1º do art. 1.043).

Mérito x Admissibilidade
Art. 1.043. É embargável o acórdão de órgão fracionário que: I - em recurso
extraordinário ou em recurso especial, divergir do julgamento de qualquer outro
órgão do mesmo tribunal, sendo os acórdãos, embargado e paradigma, de mérito;
III - em recurso extraordinário ou em recurso especial, divergir do julgamento de
qualquer outro órgão do mesmo tribunal, sendo um acórdão de mérito e outro
que não tenha conhecido do recurso, embora tenha apreciado a controvérsia;

Os dois deverão ser de mérito recursal.

Caso o STF ou STJ erre o rotulo, exemplo: não conhece, mas analisa o mérito, o
cotejo a ser feito deverá ser relativo ao mérito.

Art. 1.043. É embargável o acórdão de órgão fracionário que: II - em recurso


extraordinário ou em recurso especial, divergir do julgamento de qualquer outro
órgão do mesmo tribunal, sendo os acórdãos, embargado e paradigma, relativos
ao juízo de admissibilidade; (revogado pela Lei 13.256/2016)

III - A controvérsia esbarra na própria admissibilidade recursal, o que, de fato, não


se faz possível, em sede de embargos de divergência. Precedentes: AgInt nos
EAREsp 664.681/RS, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, PRIMEIRA
SEÇÃO, julgado em 14/09/2016, DJe 21/09/2016 e AgInt nos EAREsp 673.336/SP,
Rel. Ministro BENEDITO GONÇALVES, CORTE ESPECIAL, julgado em 17/08/2016,
DJe 30/08/2016.

“IV - Cabe ainda salientar que o CPC de 2015, em seu art. 1.043, II, previa a
possibilidade de interposição de embargos de divergência em se tratando de
arestos relativos a juízo de admissibilidade. Ocorre que tal dispositivo foi revogado
quando da edição da Lei n. 13.256/2016, ratificando o entendimento já
prestigiado por esta Corte de Justiça, que recentemente já se manifestou a
respeito do assunto. (AgInt nos EREsp 1473968/RS, Rel. Ministro LUIS FELIPE
SALOMÃO, CORTE ESPECIAL, julgado em 17/08/2016, DJe 30/08/2016).” (STJ –
Corte Especial, AgInt nos EAREsp 721867 / SP, rel. Min. Francisco Falcão, DJe
23/05/2018)

Art. 1.043 § 2o A divergência que autoriza a interposição de embargos de


divergência pode verificar-se na aplicação do direito material ou do direito
processual.

Atualidade do Dissídio
O dissídio precisa ser atual, não pode ser feito sobre questão superada.

Súmula 158 do do STJ: “Não se presta a justificar embargos de divergência o


dissídio com acórdão de turma ou seção que não mais tenha competência para a
matéria neles versada.”

“EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA. PROCESSUAL CIVIL. UTILIZAÇÃO DE PRECEDENTE


DE TURMA SUBMETIDA À ALTERAÇÃO REGIMENTAL DE COMPETÊNCIA.
IMPOSSIBILIDADE. SÚMULA N.º 158 DO STJ. AUSÊNCIA, ADEMAIS, DE SIMILITUDE
FÁTICO-JURÍDICA ENTRE OS CASOS CONFRONTADOS. INADMISSIBILIDADE DOS
EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA. REDISTRIBUIÇÃO DETERMINADA PARA A PRIMEIRA
SEÇÃO, PARA ANÁLISE DO RECURSO SOB À LUZ DOS PARADIGMAS
REMANESCENTES. EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA NÃO CONHECIDOS.
PREJUDICADAS AS DEMAIS INSURGÊNCIAS. 1. O acórdão embargado, da PRIMEIRA
TURMA, tratou da questão acerca do requisito temporal exigido para os titulares
de cartório participarem do concurso de remoção, concluindo que "o critério
temporal de dois anos de exercício de titularidade em cartório, exigido pela Lei n.
8.935/94 e pela Resolução n. 81 do CNJ, para disputar concurso de remoção,
representa condição para participação no próprio certame, não se tratando de
mero requisito para o exercício de atividade notarial no cartório de destino, de
modo que possa ser aferido tão somente no momento da posse. Inaplicável, à
espécie, a orientação contida na Súmula 266/STJ. 2. O acórdão paradigma é da
SEXTA TURMA, que não mais detém competência para processar e julgar a
matéria. Incidência da Súmula n.º 158 do STJ: "Não se presta a justificar embargos
de divergência o dissidio com acórdão de turma ou seção que não mais tenha
competência para a matéria neles versada." 3. O propósito da via recursal dos
embargos de divergência é unificar a interpretação da legislação federal, evitando
dissidência interna. Se a Turma supostamente dissidente já não mais detém a
competência para julgar novamente a matéria controvertida, inexiste o problema,
ou seja, não subsistirá divergência. Caberá, no caso dos autos, às Turmas da
Primeira Seção harmonizar seu entendimento, independentemente do que
entendiam as Turmas da Terceira Seção, sob pena de subversão da via recursal,
que é de caráter sabidamente restrito. 4. Vale ressaltar que não há espaço para
aplicação da referida súmula quando o acórdão embargado (e não o paradigma)
for de uma das Turmas que perdeu a competência. Isso porque o sistema não
convive com dissidência atual e contraposta àquelas Turmas que assumiram a
competência interna da matéria em questão. 5. O Novo Código de Processo Civil
(inciso I do art. 1.043) não teve o condão de superar a racionalidade do
entendimento até então prevalente nesta Corte, quando restringe a
admissibilidade dos embargos de divergência às hipóteses de divergência atual.
Mutatis mutandis, é esse o espírito da Súmula n.º 168 do STJ: "Não cabem
embargos de divergência, quando a jurisprudência do tribunal se firmou no
mesmo sentido do acórdão embargado. •Ora, se não se fala em divergência
quando não há atualidade da discussão entre as Turmas e Seção hoje
competentes, menos ainda com paradigma de Turma ou Seção que não mais
detenha competência sobre a matéria. 6. Se não bastasse, inexiste semelhança
fático-jurídica entre as hipóteses comparadas, o que obsta a admissibilidade dos
embargos de divergência. Como se viu, a controvérsia deduzida nestes autos foi
enfrentada pela Primeira Turma, que expressamente excluiu a incidência da
Súmula n.º 266 do STJ, diferenciando o caso em tela - exigência tempo de
exercício na titularidade de cartório para participação no concurso de remoção -
daqueloutro em que o paradigma trata de requisito para o exercício de cargo
público. • Ressaltou o acórdão embargado que "o tempo de exercício de
titularidade cartorária, exigido nos concursos de remoção de cartórios, assemelha-
se ao período de prática jurídica necessário à inscrição em concursos da
Magistratura ou do Ministério Público, hipótese em que o Supremo Tribunal
Federal, no julgamento da ADI n. 3.460/DF, concluiu ser constitucional a exigência
da comprovação do requisito na data da inscrição no concurso." Nada disso foi
objeto de debate, tampouco decisão, no acórdão paradigma. 7. Embargos de
divergência não conhecidos, com a cassação da liminar anteriormente deferida.
Prejudicados, por conseguinte, os embargos de declaração, agravos internos e
pedido de extensão dos efeitos da liminar.” (STJ – EREsp 1394902 / MA, rel. Min.
Laurita Vaz, DJe 01/07/2019)

Dano Moral
Súmula 420 do STJ: Incabível, em embargos de divergência, discutir o valor de
indenização por danos morais.

Finalidades

Uniformização da jurisprudência interna do STF ou do STJ

Padronização da interpretação do direito constitucional ou do direito federal


infraconstitucional

Jurisprudência em teses n. 170 ao 173 do STJ

Jurisprudência em Teses 170:

1) O objetivo dos embargos de divergência é a uniformização interna da


jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça - STJ, sendo inadmissível, portanto,
a colação de acórdãos paradigmas de outros tribunais.

2) Não cabem embargos de divergência no âmbito do agravo de


instrumento/agravo em recurso especial que não admite recurso especial.

3) São admissíveis embargos de divergência quando, embora desprovido o agravo


de instrumento/agravo em recurso especial, a fundamentação do julgado
examinar o mérito do recurso especial, mitigando-se a incidência da Súmula n.
315/STJ.

4) Não são cabíveis embargos de divergência para discutir aplicação de regra


técnica de admissibilidade em recurso especial.

5) Não há cancelamento tácito das Súmulas n. 315 e 316 do STJ, em razão do


disposto no art. 1.043, III, do Código de Processo Civil - CPC, pois somente se deve
conhecer da divergência entre acórdão que apreciou o mérito e outro que não
conheceu do recurso, quando ambos analisaram a questão objeto da divergência.

6) Cabem embargos de divergência contra acórdão que, em agravo


regimental/agravo interno, decide recurso especial.

7) Não é possível a utilização de decisão monocrática como paradigma em


embargos de divergência para comprovar o dissídio jurisprudencial.

8) É requisito para a interposição de embargos de divergência que o dissenso


ocorra entre acórdão proferido por turma e aresto exarado por outra turma,
seção ou pela Corte Especial em recurso especial.

9) É inviável a indicação de acórdão da mesma turma julgadora como paradigma


de divergência, se, entre a data do julgamento do acórdão paradigma e a data do
julgamento do acórdão recorrido, não houve alteração de mais da metade dos
membros do órgão colegiado.

10) A eventual ausência de um ou mais membros na sessão de julgamento não


implica alteração da composição da turma julgadora apta a justificar o
preenchimento do requisito quanto ao cabimento de embargos de divergência
previsto no § 3º do art. 1.043 do CPC.

Jurisprudência em Teses 171:

Não cabem embargos de divergência, quando a jurisprudência do Tribunal se


firmou no mesmo sentido do acordão embargado. (Súmula n. 168/STJ). • 2) Em
embargos de divergência, os acórdãos paradigmas estão restritos a decisões
proferidas em recursos e ações de competência originária do STJ, excluídos os
acórdãos proferidos em ações com natureza jurídica de garantia constitucional,
tais como: habeas corpus, recurso ordinário em habeas corpus, mandado de
segurança, recurso ordinário em mandado de segurança, habeas data e mandado
de injunção. • 3) A concessão de habeas corpus de ofício, nos embargos de
divergência, encontra óbice tanto no fato de o relator não possuir autoridade
para, em decisão monocrática, desconstituir o resultado de acórdão proferido por
outra turma julgadora, quanto no fato de a seção não deter competência
constitucional para conceder habeas corpus contra acórdão de turma do próprio
Tribunal. • 4) Não se presta a justificar embargos de divergência o dissídio com
acórdão de turma ou seção que não mais tenha competência para a matéria neles
versada. (Súmula n. 158/STJ). •5) Aplica-se o enunciado da Súmula n. 158/STJ,
mesmo após a entrada em vigor do Código de Processo Civil de 2015. •6) É
incabível a interposição de embargos de divergência contra acórdão proferido em
anteriores embargos de divergência. •7) Para fins de embargos de divergência, é
irrelevante a ocorrência de fatos posteriores ao julgamento do recurso especial e
que tenham alterado substancialmente a base fática da relação jurídica
examinada. • 8) A admissão de embargos de divergência não enseja o
sobrestamento de recursos que versem sobre o mesmo tema. • 9) É impossível a
aplicação do princípio da fungibilidade para que os embargos de divergência
sejam convertidos em agravo interno diante da ausência de dúvida objetiva acerca
da modalidade recursal a ser interposta contra a deliberação unipessoal,
caracterizando-se, portanto, a ocorrência de erro grosseiro. • 10) É necessário o
recolhimento de custas no momento da interposição de embargos de divergência,
nos termos da Lei n. 11.636/2007 e das resoluções do Superior Tribunal de Justiça
que dispõem sobre as custas judiciais devidas nos processos de competência
originária ou recursal.

Jurisprudência em Teses 172: •1) A admissão dos embargos de divergência exige


que o dissenso interpretativo seja atual, isto é, contemporâneo ou superveniente
ao momento da interposição do recurso. • 2) Tratando-se de discussão travada no
plano dos fatos, inadmissíveis são os embargos de divergência, principalmente nas
questões fáticas não tratadas no âmbito do acórdão embargado, pois o seu
pressuposto é a existência de teses de direito conflitantes incidentes sobre fatos
similares. • 3) É possível interpor embargos de divergência com o propósito de
uniformizar teses jurídicas de direito processual, ainda que não haja semelhança
entre os fatos da causa tratada no acórdão embargado e os analisados nos
acórdãos paradigmas. • 4) Não incidem os enunciados das Súmulas n. 315 e
316/STJ, que preconizam o não cabimento dos embargos de divergência quando
não examinado o mérito do recurso especial, quando o objeto da divergência não
é a questão de fundo do apelo especial, mas sim a regra processual relativa ao
requisito de admissibilidade recursal. • 5) A ausência de demonstração de dissídio
jurisprudencial nos embargos de divergência, conforme disposto nos art. 1.043, §
4º, do Código de Processo Civil de 2015 (CPC/2015) e art. 266, § 4º, do Regimento
Interno do STJ, constitui vício substancial insanável, sendo descabida a incidência
do parágrafo único do art. 932 do CPC/2015 para complementação de
fundamentação. • 6) A realização do cotejo analítico entre o acórdão embargado e
o aresto paradigma, com a demonstração da similitude fática e jurídica, é requisito
de admissibilidade dos embargos de divergência. • 7) Na análise de admissão de
embargos de divergência, considera-se vício substancial insanável a ausência de
oportuna juntada de cópia do inteiro teor de acórdãos paradigmas, para a
demonstração do dissídio jurisprudencial. • 8) A simples menção ao Diário da
Justiça em que foram publicados os acórdãos paradigmas, sem a indicação da
respectiva fonte, quando os julgados encontram-se disponíveis na rede mundial
de computadores (internet), não supre a exigência da citação do repositório,
oficial ou autorizado, de jurisprudência nem da juntada de certidão ou de cópia
autenticada para comprovação de dissídio nos embargos de divergência, uma vez
que se trata de órgão de divulgação em que é publicada somente a ementa do
acórdão. • 9) Não é cabível a indicação de julgado proferido em conflito de
competência como paradigma para comprovar o dissídio jurisprudencial em
embargos de divergência. •10) O argumento proferido em obiter dictum sobre o
mérito no acórdão embargado, por tratar apenas de reforço de argumentação,
não tem o condão de caracterizar o dissídio jurisprudencial para o fim de autorizar
a interposição de embargos de divergência. •11) Não há necessidade da cisão de
julgamento dos embargos de divergência na Corte Especial, com remessa à seção,
quando o embargante sustenta uma única tese e a suposta divergência também
ocorre em relação a julgados de outras seções.

Jurisprudência em Teses 173: • 1) Os embargos de divergência não são


modalidade de recurso previsto na legislação processual penal, contudo podem
ser utilizados no âmbito penal como meio geral de impugnação interna, de forma
que a eles não se aplica a isenção estipulada no art. 7º da Lei n. 11.636/2007,
sendo lícita a exigência de recolhimento antecipado das custas. • 2) Na ação penal
pública, não há falar em deserção por falta de preparo, razão pela qual se afasta
referida exigência em relação aos embargos de divergência (art. 7º da Lei n.
11.636/2007). • 3) O relator pode indeferir monocraticamente os embargos de
divergência, ainda que tenham sido admitidos anteriormente. • 4) A interposição
de recurso extraordinário anterior ou simultânea aos embargos de divergência,
pela mesma parte e contra a mesma decisão, obsta o conhecimento destes, em
virtude do princípio da unirrecorribilidade, que preconiza a interposição de um
único recurso para cada decisão, bem como em consequência da preclusão
consumativa. • 5) São inadmissíveis embargos de divergência que não enfrentam
todos os fundamentos do acórdão recorrido, quando subsistir fundamento não
atacado suficiente para a manutenção do julgado, por aplicação analógica da
Súmula n. 283/STF. • 6) Acórdãos provenientes do julgamento de medida cautelar
não são admitidos como paradigmas em embargos de divergência. • 7) Acórdãos
provenientes do julgamento de reclamação não são admitidos como paradigmas
em embargos de divergência. • 8) É inadmissível a interposição de embargos de
divergência contra acórdão proferido em reclamação. • 9) Com a interposição de
embargos de divergência tem início novo grau recursal, sujeitando-se o
embargante, ao questionar decisão publicada na vigência do Código de Processo
Civil de 2015 - CPC/2015, à majoração dos honorários sucumbenciais, na forma do
§ 11 do art. 85, quando indeferidos liminarmente pelo relator ou se o colegiado
deles não conhecer ou negar-lhes provimento. •10) Não se admite a interposição
de embargos de divergência para discutir se o valor dos honorários advocatícios é
irrisório ou exorbitante, pois essa verificação decorre das particularidades do caso
concreto. •11) Incabível, em embargos de divergência, discutir o valor de
indenização por danos morais. (Súmula n. 420/STJ) •12) Não se admite a
interposição de embargos de divergência para discutir valor estabelecido a título
de multa cominatória (astreintes), pois essa verificação decorre das
particularidades do caso concreto. •13) Não se admite a interposição de embargos
de divergência com a finalidade de rever aplicação de multa decorrente da
oposição de embargos de declaração protelatórios, diante da inexistência de
similitude fática entre arestos que analisam a peculiaridade de cada caso
concreto. •14) Incabível a interposição de embargos de divergência para verificar
ofensa ao art. 1.022 do CPC/2015 (art. 535 do CPC/1973) ou art. 619 do Código de
Processo Penal - CPP, pois inviável a configuração da similitude fática entre o
acórdão embargado e o acórdão paradigma.

Súmulas sobre Embargos de Divergência

• STF – Súmula 247. O relator não admitirá os embargos da Lei 623, de 19.2.49,
nem deles conhecerá o Supremo Tribunal Federal, quando houver jurisprudência
firme do Plenário no mesmo sentido da decisão embargada. • STF – Súmula 290.
Nos embargos da Lei 623, de 19.02.1949, a prova de divergência far-se-á por
certidão, ou mediante indicação do “Diário da Justiça” ou de repertório de
jurisprudência autorizado, que a tenha publicado, com a transcrição do trecho que
configure a divergência, mencionadas as circunstâncias que identifiquem ou
assemelhem os casos confrontados. • STF – Súmula 300. São incabíveis os
embargos da Lei 623, de 19.02.1949, contra provimento de agravo para subida de
recurso extraordinário. • STF – Súmula 353. São incabíveis os embargos da Lei 623,
de 19.02.49, com fundamento em divergência entre decisões da mesma Turma do
Supremo Tribunal Federal. • STF – Súmula 598. Nos embargos de divergência não
servem como padrão de discordância os mesmos paradigmas invocados para
demonstrá-la mas repelidos como não dissidentes no julgamento do recurso
extraordinário. • STJ – Súmula 158. Não se presta a justificar embargos de
divergência o dissídio com acórdão de turma ou seção que não mais tenha
competência para a matéria neles versada. • STJ – Súmula 168. Não cabem
embargos de divergência, quando a jurisprudência do Tribunal se firmou no
mesmo sentido do acórdão embargado. • STJ – Súmula 315. Não cabem embargos
de divergência no âmbito do agravo de instrumento que não admite recurso
especial. • STJ – Súmula 316. Cabem embargos de divergência contra acórdão que,
em agravo regimental, decide recurso especial. • STJ – Súmula 420. Incabível, em
embargos de divergência, discutir o valor de indenização por danos morais.

Recursos nos Juizados Especiais


Aplica-se o CPC aos juizados somente se houver menção específica, ou em caso de
omissão da Lei 9.099/95, para suprir ou complementar, desde que não
incompatível.

Recurso Inominado
Lei 9.099/1995

Art. 41. Da sentença, excetuada a homologatória de conciliação ou laudo arbitral,


caberá recurso para o próprio Juizado. •§ 1º O recurso será julgado por uma
turma composta por três Juízes togados, em exercício no primeiro grau de
jurisdição, reunidos na sede do Juizado. •§ 2º No recurso, as partes serão
obrigatoriamente representadas por advogado.

É julgado por turma recursal, formada por três juízes togados de primeiro grau.

Prazo
Art. 42. O recurso será interposto no prazo de dez dias, contados da ciência da
sentença, por petição escrita, da qual constarão as razões e o pedido do
recorrente. •§ 2º Após o preparo, a Secretaria intimará o recorrido para oferecer
resposta escrita no prazo de dez dias.

Prazos em dias uteis ou corridos ? Úteis!

Preparo
Art. 42. •§ 1º O preparo será feito, independentemente de intimação, nas
quarenta e oito horas seguintes à interposição, sob pena de deserção.

É possível aplicar o CPC para a complemetação do preparo insuficiente ou o


pagamento em dobro do preparo ausente? Não.

•FPPC 98 - O disposto nos §§ 2º e 4º do art. 1.007 do CPC aplica-se aos Juizados


Especiais.

FONAJE 80 – O recurso Inominado será julgado deserto quando não houver o


recolhimento integral do preparo e sua respectiva comprovação pela parte, no
prazo de 48 horas, não admitida a complementação intempestiva (art. 42, § 1º,
da Lei 9.099/1995) (nova redação – XII Encontro Maceió-AL).

FONAJE 168 - Não se aplica aos recursos dos Juizados Especiais o disposto no
artigo 1.007 do CPC 2015.
Recurso Inominado (pagamento de custas e honorários) e Gratuidade
FONAJE 96 – A condenação do recorrente vencido, em honorários advocatícios,
independe da apresentação de contrarrazões (XVIII Encontro – Goiânia/GO).

Aplica-se nos casos de recurso não conhecido ou não provido. Esse mesmo
raciocínio foi aplicado tempos depois pelo STJ em relação à sucumbência recursal
do CPC.

FONAJE 122 – É cabível a condenação em custas e honorários advocatícios na


hipótese de não conhecimento do recurso inominado (XXI Encontro – Vitória/ES).
•Aqui o recurso morre no juízo de admissibilidade.

CPC, Art. 99. O pedido de gratuidade da justiça pode ser formulado na petição
inicial, na contestação, na petição para ingresso de terceiro no processo ou em
recurso. § 7º Requerida a concessão de gratuidade da justiça em recurso, o
recorrente estará dispensado de comprovar o recolhimento do preparo,
incumbindo ao relator, neste caso, apreciar o requerimento e, se indeferi-lo, fixar
prazo para realização do recolhimento.

A gratuidade geral acabou no recurso inominado, mas não acabou a gratuidade


pessoal. Ou seja, é possível requerer a justiça gratuita no recurso inominado.

FONAJE 115 – Indeferida a concessão do benefício da gratuidade da justiça


requerido em sede de recurso, conceder-se-á o prazo de 48 horas para o preparo
(XX Encontro – São Paulo/SP).

Efeitos
Art. 43. O recurso terá somente efeito devolutivo, podendo o Juiz dar-lhe efeito
suspensivo, para evitar dano irreparável para a parte.

Não há efeito suspensivo legal, podendo ser requerido na comprovação de dano


irreparável.

Teoria da Causa Madura


Art. 1.013. § 3º. A teoria da causa madura viabiliza ao Tribunal o conhecimento de
matérias de mérito que não foram apreciadas e julgadas pelo juízo a quo, ou que
foram apreciadas, mas por decisão inválida.

CPC, Art. 1.013. § 3o Se o processo estiver em condições de imediato julgamento,


o tribunal deve decidir desde logo o mérito quando: •I - reformar sentença
fundada no art. 485; II - decretar a nulidade da sentença por não ser ela
congruente com os limites do pedido ou da causa de pedir; •III - constatar a
omissão no exame de um dos pedidos, hipótese em que poderá julgá-lo; •IV -
decretar a nulidade de sentença por falta de fundamentação.

A teoria da causa madura aplica-se ao Recurso Inominado?

FONAJE 160 – Nas hipóteses do artigo 515, § 3º, do CPC, e quando reconhecida a
prescrição na sentença, a turma recursal, dando provimento ao recurso, poderá
julgar de imediato o mérito, independentemente de requerimento expresso do
recorrente.

É possível requerer o efeito suspensivo judicial? Se possível, a quem deve ser


requerido?

FPPC 463: A concessão do efeito suspensivo ao recurso inominado cabe


exclusivamente ao relator da turma recursal.

Juízo de Admissibilidade
Art. 42. O recurso será interposto no prazo de dez dias, contados da ciência da
sentença, por petição escrita, da qual constarão as razões e o pedido do
recorrente.
O juiz pode realizar o juízo de admissibilidade?

FONAJE 166 - Nos Juizados Especiais Cíveis, o juízo prévio de admissibilidade do


recurso será feito em primeiro grau (XXXIX Encontro - Maceió-AL).

FPPC 474 – O recurso inominado interposto contra sentença proferida nos


juizados especiais será remetido à respectiva turma recursal independentemente
de juízo de admissibilidade.

Existe juízo de retratação ou efeito regressivo nos juizados especiais?

FPPC 508: (art. 332, § 3º; Lei 9.099/1995; Lei 10.259/2001; Lei 12.153/2009)
Interposto recurso inominado contra sentença que julga liminarmente
improcedente o pedido, o juiz pode retratar-se em cinco dias.

A técnica do art. 942 do CPC aplica-se aos juizados especiais?

Art. 942. Quando o resultado da apelação for não unânime, o julgamento terá
prosseguimento em sessão a ser designada com a presença de outros julgadores,
que serão convocados nos termos previamente definidos no regimento interno,
em número suficiente para garantir a possibilidade de inversão do resultado
inicial, assegurado às partes e a eventuais terceiros o direito de sustentar
oralmente suas razões perante os novos julgadores. •§ 3º A técnica de julgamento
prevista neste artigo aplica-se, igualmente, ao julgamento não unânime proferido
em: •I – ação rescisória, quando o resultado for a rescisão da sentença, devendo,
nesse caso, seu prosseguimento ocorrer em órgão de maior composição previsto
no regimento interno; •II – agravo de instrumento, quando houver reforma da
decisão que julgar parcialmente o mérito.

Aplica-se em:

 apelação
 ação rescisória
 agravo de instrumento de decisão que julga parcialmente o mérito.

Não se aplica em:

 assunção de competência;
 resolução de demandas repetitivas
 remessa necessária
 julgamentos do plenário ou corte especial

FPPC 552 - Não se aplica a técnica de ampliação do colegiado em caso de


julgamento não unânime no âmbito dos Juizados Especiais.

•Recurso Adesivo
Art. 997. Cada parte interporá o recurso independentemente, no prazo e com
observância das exigências legais. • § 1º Sendo vencidos autor e réu, ao recurso
interposto por qualquer deles poderá aderir o outro. • § 2º O recurso adesivo fica
subordinado ao recurso independente, sendo-lhe aplicáveis as mesmas regras
deste quanto aos requisitos de admissibilidade e julgamento no tribunal, salvo
disposição legal diversa, observado, ainda, o seguinte: • I - será dirigido ao órgão
perante o qual o recurso independente fora interposto, no prazo de que a parte
dispõe para responder; • II - será admissível na apelação, no recurso
extraordinário e no recurso especial; • III - não será conhecido, se houver
desistência do recurso principal ou se for ele considerado inadmissível.

Cabe o recurso adesivo nos juizados especiais cíveis?

•FONAJE 88 – Não cabe recurso adesivo em sede de Juizado Especial, por falta de
expressa previsão legal (XV Encontro – Florianópolis/SC).

•Embargos de Declaração
•Lei 9.099/1995, Art. 49. Os embargos de declaração serão interpostos por escrito
ou oralmente, no prazo de cinco dias, contados da ciência da decisão.

•É possível embargar de declaração oralmente na sistemática do CPC? Quais as


hipóteses de cabimento dos ED?

Lei 9.099/95, Art. 48. Caberão embargos de declaração quando, na sentença ou


acórdão, houver obscuridade, contradição, omissão ou dúvida.

CPC, Art. 1.064. O caput do art. 48 da Lei nº 9.099, de 26 de setembro de 1995,


passa a vigorar com a seguinte redação:

“Art. 48. Caberão embargos de declaração contra sentença ou acórdão nos casos
previstos no Código de Processo Civil.” (NR)

FPPC 475 - Cabem embargos de declaração contra decisão interlocutória no


âmbito dos juizados especiais.

FONAJE 125 – Nos juizados especiais, não são cabíveis embargos declaratórios
contra acórdão ou súmula na hipótese do art. 46 da Lei n.º 9.099/1995, com
finalidade exclusiva de prequestionamento, para fins de interposição de recurso
extraordinário (XXI Encontro – Vitória/ES).

Os ED interrompem o prazo para outros recursos nos juizados?

Interrupção ou suspensão?

Lei 9.099/95, Art. 50. Quando interpostos contra sentença, os embargos de


declaração suspenderão o prazo para recurso. •CPC, Art. 1.065. O art. 50 da Lei nº
9.099, de 26 de setembro de 1995, passa a vigorar com a seguinte redação: •“Art.
50. Os embargos de declaração interrompem o prazo para a interposição de
recurso.” (NR)

•Art. 1.066. O art. 83 da Lei nº 9.099, de 26 de setembro de 1995, passam a


vigorar com a seguinte redação: •“Art. 83. Cabem embargos de declaração
quando, em sentença ou acórdão, houver obscuridade, contradição ou omissão.
•§ 2º Os embargos de declaração interrompem o prazo para a interposição de
recurso.” (NR)

•FPPC 483 – Os embargos de declaração no sistema dos juizados especiais


interrompem o prazo para a interposição de recursos e propositura de reclamação
constitucional para o Superior Tribunal de Justiça.

•Agravo de Instrumento
O Agravo de instrumento é o principal recurso cabível das decisões interlocutórias.
Cabe nas hipóteses do art. 1.015 do CPC. Quando a decisão interlocutória não
estiver no art. 1.015 do CPC, poderá ser impugnadas nas razões ou nas contra
razões de apelação (art. 1.009, § 1º do CPC). Hipóteses de Agravo de Instrumento

Cabimento
Art. 1.015. Cabe agravo de instrumento contra as decisões interlocutórias que
versarem sobre: •I - tutelas provisórias; •II - mérito do processo; •III - rejeição da
alegação de convenção de arbitragem; •IV - incidente de desconsideração da
personalidade jurídica; •V - rejeição do pedido de gratuidade da justiça ou
acolhimento do pedido de sua revogação; •VI - exibição ou posse de documento
ou coisa; •VII - exclusão de litisconsorte; •VIII - rejeição do pedido de limitação do
litisconsórcio; •IX - admissão ou inadmissão de intervenção de terceiros; •X -
concessão, modificação ou revogação do efeito suspensivo aos embargos à
execução; •XI - redistribuição do ônus da prova nos termos do art. 373, § 1o ; •XII
- (VETADO); •XIII - outros casos expressamente referidos em lei. •Parágrafo único.
Também caberá agravo de instrumento contra decisões interlocutórias proferidas
na fase de liquidação de sentença ou de cumprimento de sentença, no processo
de execução e no processo de inventário.

Cabe agravo de instrumento nos juizados especiais cíveis?

Princípios Informadores

Lei 9.099/95, Art. 2º O processo orientar-se-á pelos critérios da oralidade,


simplicidade, informalidade, economia processual e celeridade, buscando, sempre
que possível, a conciliação ou a transação. •Em sentido amplo, a oralidade
abrange a irrecorribilidade em separado das interlocutórias.

FONAJE 15 – Nos Juizados Especiais não é cabível o recurso de agravo, exceto nas
hipóteses dos artigos 544 e 557 do CPC. (nova redação – XXI Encontro – Vitória/
ES).

Cabe agravo de instrumento nos juizados especiais cíveis contra decisão de tutela
provisória?

Lei 10.259/2001

Art. 4o O Juiz poderá, de ofício ou a requerimento das partes, deferir medidas


cautelares no curso do processo, para evitar dano de difícil reparação.

Art. 5o Exceto nos casos do art. 4o, somente será admitido recurso de sentença
definitiva.

Lei 12.153/2009. Art. 3o O juiz poderá, de ofício ou a requerimento das partes,


deferir quaisquer providências cautelares e antecipatórias no curso do processo,
para evitar dano de difícil ou de incerta reparação.

Art. 4o Exceto nos casos do art. 3o, somente será admitido recurso contra a
sentença.

Cabe agravo de instrumento nos juizados especiais cíveis sempre que houver
periculum in mora? Conselho Supervisor dos Juizados Especiais do TJSP –
Enunciado 60: No sistema dos Juizados Especiais cabe agravo de instrumento
somente contra a decisão suscetível da causar à parte lesão grave e de difícil
reparação, bem como nos casos de inadmissão do recurso inominado

Cabe MS contra decisão interlocutória ilegal dos juizados especiais cíveis?

Pleno do STF • RE 576847 / BA - BAHIA • Relator(a): Min. EROS GRAU •


Publicação: 07/08/2009 • Órgão julgador: Tribunal Pleno • REPERCUSSÃO GERAL -
MÉRITO • DJe-148 DIVULG 06-08-2009 PUBLIC 07-08-2009 • EMENTA: RECURSO
EXTRAORDINÁRIO. PROCESSO CIVIL. REPERCUSSÃO GERAL RECONHECIDA.
MANDADO DE SEGURANÇA. CABIMENTO. DECISÃO LIMINAR NOS JUIZADOS
ESPECIAIS. LEI N. 9.099/95. ART. 5º, LV DA CONSTITUIÇÃO DO BRASIL. PRINCÍPIO
CONSTITUCIONAL DA AMPLA DEFESA. AUSÊNCIA DE VIOLAÇÃO. 1. Não cabe
mandado de segurança das decisões interlocutórias exaradas em processos
submetidos ao rito da Lei n. 9.099/95. 2. A Lei n. 9.099/95 está voltada à
promoção de celeridade no processamento e julgamento de causas cíveis de
complexidade menor. Daí ter consagrado a regra da irrecorribilidade das decisões
interlocutórias, inarredável. 3. Não cabe, nos casos por ela abrangidos, aplicação
subsidiária do Código de Processo Civil, sob a forma do agravo de instrumento, ou
o uso do instituto do mandado de segurança. 4. Não há afronta ao princípio
constitucional da ampla defesa (art. 5º, LV da CB), vez que decisões interlocutórias
podem ser impugnadas quando da interposição de recurso inominado. Recurso
extraordinário a que se nega provimento.

Súmula 376 do STJ - Compete a turma recursal processar e julgar o mandado de


segurança contra ato de juizado especial.
Agravo Interno
Art. 1.021. Contra decisão proferida pelo relator caberá agravo interno para o
respectivo órgão colegiado, observadas, quanto ao processamento, as regras do
regimento interno do tribunal. § 1o Na petição de agravo interno, o recorrente
impugnará especificadamente os fundamentos da decisão agravada. • § 2o O
agravo será dirigido ao relator, que intimará o agravado para manifestar-se sobre
o recurso no prazo de 15 (quinze) dias, ao final do qual, não havendo retratação, o
relator levá-lo-á a julgamento pelo órgão colegiado, com inclusão em pauta. •§ 3o
É vedado ao relator limitar-se à reprodução dos fundamentos da decisão agravada
para julgar improcedente o agravo interno. •§ 4o Quando o agravo interno for
declarado manifestamente inadmissível ou improcedente em votação unânime, o
órgão colegiado, em decisão fundamentada, condenará o agravante a pagar ao
agravado multa fixada entre um e cinco por cento do valor atualizado da causa. •§
5o A interposição de qualquer outro recurso está condicionada ao depósito prévio
do valor da multa prevista no § 4o , à exceção da Fazenda Pública e do beneficiário
de gratuidade da justiça, que farão o pagamento ao final.

Cabe agravo interno, e não agravo em REsp ou RE, em três situações. O Presidente
ou Vice nega seguimento a: •a) RE, quando o STF já tiver negado repercussão
geral à questão; •B) RE contra acórdão que esteja em conformidade com
entendimento do STF exarado em repercussão geral; •C) RE ou REsp contra
acórdão que esteja em conformidade com entendimento em recursos repetitivos
Questão •Cabe agravo interno nos Juizados Especiais?

FONAJE 15 – Nos Juizados Especiais não é cabível o recurso de agravo, exceto nas
hipóteses dos artigos 544 e 557 do CPC. (nova redação – XXI Encontro – Vitória/
ES).

FPPC 464: (arts. 932 e 1.021; Lei 9.099/1995; Lei 10.259/2001; Lei 12.153/2009) A
decisão unipessoal (monocrática) do relator em Turma Recursal é impugnável por
agravo interno.

FONAJE 102 – O relator, nas Turmas Recursais Cíveis, em decisão monocrática,


poderá negar seguimento a recurso manifestamente inadmissível, improcedente,
prejudicado ou em desacordo com Súmula ou jurisprudência dominante das
Turmas Recursais ou da Turma de Uniformização ou ainda de Tribunal Superior,
cabendo recurso interno para a Turma Recursal, no prazo de cinco dias (Alterado
no XXXVI Encontro – Belém/PA).

FONAJE 103 – O relator, nas Turmas Recursais Cíveis, em decisão monocrática,


poderá dar provimento ao recurso se a decisão estiver em manifesto confronto
com Súmula do Tribunal Superior ou Jurisprudência dominante do próprio juizado,
cabendo recurso interno para a Turma Recursal, no prazo de 5 dias (alterado no
XXXVI Encontro – Belém/PA).

Recurso Ordinário Constitucional CF


Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da
Constituição, cabendo-lhe: •II - julgar, em recurso ordinário: •a) o habeas corpus ,
o mandado de segurança, o habeas data e o mandado de injunção decididos em
única instância pelos Tribunais Superiores, se denegatória a decisão; •b) o crime
político;

CF •Art. 105. Compete ao Superior Tribunal de Justiça: •II - julgar, em recurso


ordinário: • a) os habeas corpus decididos em única ou última instância pelos
Tribunais Regionais Federais ou pelos tribunais dos Estados, do Distrito Federal e
Territórios, quando a decisão for denegatória; • b) os mandados de segurança
decididos em única instância pelos Tribunais Regionais Federais ou pelos tribunais
dos Estados, do Distrito Federal e Territórios, quando denegatória a decisão; • c)
as causas em que forem partes Estado estrangeiro ou organismo internacional, de
um lado, e, do outro, Município ou pessoa residente ou domiciliada no País; CPC

Art. 1.027. Serão julgados em recurso ordinário: •I – pelo Supremo Tribunal


Federal, os mandados de segurança, os habeas data e os mandados de injunção
decididos em única instância pelos tribunais superiores, quando denegatória a
decisão; •II – pelo Superior Tribunal de Justiça: • a) os mandados de segurança
decididos em única instância pelos tribunais regionais federais ou pelos tribunais
de justiça dos Estados e do Distrito Federal e Territórios, quando denegatória a
decisão; • b) os processos em que forem partes, de um lado, Estado estrangeiro
ou organismo internacional e, de outro, Município ou pessoa residente ou
domiciliada no País. • § 1º Nos processos referidos no inciso II, alínea “b”, contra
as decisões interlocutórias caberá agravo de instrumento dirigido ao Superior
Tribunal de Justiça, nas hipóteses do art. 1.015. Cabimento

Para o STF: acórdão denegatório em Mandado de Segurança, Mandado de


Injunção ou Habeas Data de competência originária de tribunal superior.

Para o STJ: a) acórdão denegatório em Mandado de Segurança de competência


originária de tribunal local (TJ ou TRF); b) sentença proferida por juiz numa causa
em que atuem: de um lado, Estado estrangeiro ou organismo internacional; e do
outro, município ou pessoa residente ou domiciliada no país. Questão

Cabe ROC contra decisão de Turma do Juizado denegatória em MS?

Segunda Seção do STJ • Agravo na Reclamação. Processual civil. Recurso Ordinário


em Mandado de Segurança. Denegação por Colégio Recursal de Juizado Especial.
Incompetência do STJ. Reclamação incabível. • - Não há previsão constitucional
para que o STJ julgue recurso ordinário em mandado de segurança interposto
perante Turma ou Colégio Recursal de Juizado Especial. - É incabível a reclamação
para o STJ contra decisão de Turma ou Colégio Recursal de Juizado Especial que
nega seguimento a Recurso Ordinário em Mandado de Segurança. Negado
provimento ao agravo na reclamação. (AgRg na Rcl 2.286/SP, Rel. Ministra NANCY
ANDRIGHI, SEGUNDA SEÇÃO, julgado em 13/05/2009, DJe 19/05/2009)

AGRAVO INTERNO NO RECURSO ORDINÁRIO EM MANDADO DE SEGURANÇA.


INCOMPETÊNCIA DO STJ. DECISÃO DA PRESIDÊNCIA DE NÃO CONHECIMENTO DO
RMS MANTIDA. • 1. A espécie é de recurso ordinário interposto contra acórdão de
Turma Recursal que denegou mandado de segurança, impetrado contra decisão
do juizado especial que julgou deserto recurso inominado, por insuficiência das
custas. • 2. Em tal caso, não tem o STJ competência para conhecer do recurso
ordinário, porquanto a hipótese não se subsume ao art. 105, inciso II, alínea b, da
Constituição Federal. Iterativos julgados desta Corte nesse sentido. • 3.
Manutenção da decisão da Presidência que não conheceu do recurso ordinário. •
4. Agravo interno desprovido. • (AgInt no RMS 64.882/RJ, Rel. Ministro MARCO
AURÉLIO BELLIZZE, TERCEIRA TURMA, julgado em 14/02/2022, DJe 21/02/2022)

FONAJE 63 – Contra decisões das Turmas Recursais são cabíveis somente os


embargos declaratórios e o Recurso Extraordinário.

FONAJE 124 – Das decisões proferidas pelas Turmas Recursais em mandado de


segurança não cabe recurso ordinário (XXI Encontro – Vitória/ES).

Recurso Especial e Recurso Extraordinário •Recurso Extraordinário •Art. 102.


Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da Constituição,
cabendo-lhe: •III - julgar, mediante recurso extraordinário, as causas decididas em
única ou última instância, quando a decisão recorrida: Súmula 640 do STF •É
CABÍVEL RECURSO EXTRAORDINÁRIO CONTRA DECISÃO PROFERIDA POR JUIZ DE
PRIMEIRO GRAU NAS CAUSAS DE ALÇADA, OU POR TURMA RECURSAL DE JUIZADO
ESPECIAL CÍVEL E CRIMINAL.

RE 388846 QO • Órgão julgador: Tribunal Pleno • Relator(a): Min. MARCO


AURÉLIO • Publicação: 18/02/2005 • RECURSO EXTRAORDINÁRIO - DECISÃO DE
TURMA RECURSAL DOS JUIZADOS ESPECIAIS - ADMISSIBILIDADE - § 10 DO ARTIGO
14 DA LEI Nº 10.259/01. Cumpre ao presidente da turma recursal, observado o
contraditório, o exercício do crivo primeiro de admissibilidade do extraordinário,
presentes os pressupostos gerais de recorribilidade - adequação, oportunidade,
interesse de agir, preparo e representação processual - e os específicos de que
trata o inciso III do artigo 102 da Constituição Federal, não cabendo a retenção
prevista no § 3º do artigo 542 do Código de Processo Civil

FONAJE 84 – Compete ao Presidente da Turma Recursal o juízo de admissibilidade


do Recurso Extraordinário, salvo disposição em contrário (nova redação – XXII
Encontro – Manaus/AM).

Súmula 727 do STF – Não pode o magistrado deixar de encaminhar ao Supremo


Tribunal Federal o agravo de instrumento interposto da decisão que não admite
recurso extraordinário, ainda que referente a causa instaurada no âmbito dos jui-
zados especiais. Recurso Especial Cabimento do REsp

Art. 105. Compete ao Superior Tribunal de Justiça: III - julgar, em recurso especial,
as causas decididas, em única ou última instância, pelos Tribunais Regionais
Federais ou pelos tribunais dos Estados, do Distrito Federal e Territórios, quando a
decisão recorrida: Súmula 203 do STJ Não cabe recurso especial contra decisão
proferida por órgão de segundo grau dos Juizados Especiais.

Incidente de Assunção de Competência


Art. 947, CPC.

Art. 947. É admissível a assunção de competência quando


o julgamento de recurso, de remessa necessária ou de
processo de competência originária envolver relevante
questão de direito, com grande repercussão social, sem
repetição em múltiplos processos.

§ 1º Ocorrendo a hipótese de assunção de competência, o


relator proporá, de ofício ou a requerimento da parte, do
Ministério Público ou da Defensoria Pública, que seja o
recurso, a remessa necessária ou o processo de
competência originária julgado pelo órgão colegiado que o
regimento indicar.

§ 2º O órgão colegiado julgará o recurso, a remessa


necessária ou o processo de competência originária se
reconhecer interesse público na assunção de competência.

§ 3º O acórdão proferido em assunção de competência


vinculará todos os juízes e órgãos fracionários, exceto se
houver revisão de tese.

§ 4º Aplica-se o disposto neste artigo quando ocorrer


relevante questão de direito a respeito da qual seja
conveniente a prevenção ou a composição de divergência
entre câmaras ou turmas do tribunal.
Cabimento
 Cabível somente em processos que estão nos tribunais: julgamento de
recurso, da remessa necessária ou de causa de competência originária
envolver relevante questão de direito (caput).
 Questão de direito com grande repercussão social: com grande
repercussão social, sem repetição em múltiplos diversos processos
(caput).
 Forma de uniformização da jurisprudência: Conveniência de evitar ou
compor divergência entre câmaras ou turmas do tribunal (§ 4º).

É plenamente possível falar em fungibilidade no caso do IRDR para IAC, no caso de


várias demandas sobre o mesmo tema.

Procedimento
Inicia-se por provocação da parte, MP, DP ou de oficio pelo relator (§ 1º).

No caso da legitimidade do MP é ampla e irrestrita, haja vista que se trata de meio


para garantir a segurança jurídica, sendo compatível com o dever de custos legis.

No caso da DP, poderá atuar somente quando associado a demandas de


hipossuficiência.

O julgamento pelo órgão colegiado indicado pelo regimento interno do tribunal


juízo de admissibilidade: reconhecimento de interesse público (§ 1º). Deste modo,
instaurado o IAC, o recurso será julgado por órgão colegiado indicado pelo
regimento interno.

Possui eficácia vinculante (art. 947, § 3º).

Microssistema da formação de Precedentes Vinculantes?


Há um microssistema na formação de Precedentes Vinculantes, ou seja, aplicável
ao IAC e IRDR?

A doutrina entende que sim, especialmente tendo em vista a aplicação subsidiária


do IRDR para o julgamento do IAC, mas não há expressa previsão legal neste
sentido.

ENUNCIADO 65 do CJF: “A desistência do recurso pela parte não impede a análise


da questão objeto do incidente de assunção de competência”.

Do mesmo modo, a jurisprudência entende que não há suspensão de processos


(STJ, 3ª Turma, AgInt no AgRg no AREsp 611.249/SP).

IRDR (Incidente de resolução de demandas repetitivas)


Arts. 976-987, CPC

Art. 976. É cabível a instauração do incidente de


resolução de demandas repetitivas quando houver,
simultaneamente:

I - efetiva repetição de processos que contenham


controvérsia sobre a mesma questão unicamente de
direito;

II - risco de ofensa à isonomia e à segurança jurídica.

§ 1º A desistência ou o abandono do processo não impede


o exame de mérito do incidente.

§ 2º Se não for o requerente, o Ministério Público intervirá


obrigatoriamente no incidente e deverá assumir sua
titularidade em caso de desistência ou de abandono.
§ 3º A inadmissão do incidente de resolução de demandas
repetitivas por ausência de qualquer de seus pressupostos
de admissibilidade não impede que, uma vez satisfeito o
requisito, seja o incidente novamente suscitado.

§ 4º É incabível o incidente de resolução de demandas


repetitivas quando um dos tribunais superiores, no âmbito
de sua respectiva competência, já tiver afetado recurso
para definição de tese sobre questão de direito material
ou processual repetitiva.

§ 5º Não serão exigidas custas processuais no incidente de


resolução de demandas repetitivas.

Art. 977. O pedido de instauração do incidente será


dirigido ao presidente de tribunal:

I - pelo juiz ou relator, por ofício;

II - pelas partes, por petição;

III - pelo Ministério Público ou pela Defensoria Pública, por


petição.

Parágrafo único. O ofício ou a petição será instruído com


os documentos necessários à demonstração do
preenchimento dos pressupostos para a instauração do
incidente.

Art. 978. O julgamento do incidente caberá ao órgão


indicado pelo regimento interno dentre aqueles
responsáveis pela uniformização de jurisprudência do
tribunal.

Parágrafo único. O órgão colegiado incumbido de julgar o


incidente e de fixar a tese jurídica julgará igualmente o
recurso, a remessa necessária ou o processo de
competência originária de onde se originou o incidente.

Art. 979. A instauração e o julgamento do incidente serão


sucedidos da mais ampla e específica divulgação e
publicidade, por meio de registro eletrônico no Conselho
Nacional de Justiça.

§ 1º Os tribunais manterão banco eletrônico de dados


atualizados com informações específicas sobre questões
de direito submetidas ao incidente, comunicando-o
imediatamente ao Conselho Nacional de Justiça para
inclusão no cadastro.

§ 2º Para possibilitar a identificação dos processos


abrangidos pela decisão do incidente, o registro eletrônico
das teses jurídicas constantes do cadastro conterá, no
mínimo, os fundamentos determinantes da decisão e os
dispositivos normativos a ela relacionados.

§ 3º Aplica-se o disposto neste artigo ao julgamento de


recursos repetitivos e da repercussão geral em recurso
extraordinário.
Art. 980. O incidente será julgado no prazo de 1 (um) ano
e terá preferência sobre os demais feitos, ressalvados os
que envolvam réu preso e os pedidos de habeas corpus .

Parágrafo único. Superado o prazo previsto no caput ,


cessa a suspensão dos processos prevista no art. 982 ,
salvo decisão fundamentada do relator em sentido
contrário.

Art. 981. Após a distribuição, o órgão colegiado


competente para julgar o incidente procederá ao seu juízo
de admissibilidade, considerando a presença dos
pressupostos do art. 976.

Art. 982. Admitido o incidente, o relator:

I - suspenderá os processos pendentes, individuais ou


coletivos, que tramitam no Estado ou na região, conforme
o caso;

II - poderá requisitar informações a órgãos em cujo juízo


tramita processo no qual se discute o objeto do incidente,
que as prestarão no prazo de 15 (quinze) dias;

III - intimará o Ministério Público para, querendo,


manifestar-se no prazo de 15 (quinze) dias.

§ 1º A suspensão será comunicada aos órgãos


jurisdicionais competentes.

§ 2º Durante a suspensão, o pedido de tutela de urgência


deverá ser dirigido ao juízo onde tramita o processo
suspenso.

§ 3º Visando à garantia da segurança jurídica, qualquer


legitimado mencionado no art. 977, incisos II e III , poderá
requerer, ao tribunal competente para conhecer do
recurso extraordinário ou especial, a suspensão de todos
os processos individuais ou coletivos em curso no território
nacional que versem sobre a questão objeto do incidente
já instaurado.

§ 4º Independentemente dos limites da competência


territorial, a parte no processo em curso no qual se discuta
a mesma questão objeto do incidente é legitimada para
requerer a providência prevista no § 3º deste artigo.

§ 5º Cessa a suspensão a que se refere o inciso I


do caput deste artigo se não for interposto recurso
especial ou recurso extraordinário contra a decisão
proferida no incidente.

Art. 983. O relator ouvirá as partes e os demais


interessados, inclusive pessoas, órgãos e entidades com
interesse na controvérsia, que, no prazo comum de 15
(quinze) dias, poderão requerer a juntada de documentos,
bem como as diligências necessárias para a elucidação da
questão de direito controvertida, e, em seguida,
manifestar-se-á o Ministério Público, no mesmo prazo.
§ 1º Para instruir o incidente, o relator poderá designar
data para, em audiência pública, ouvir depoimentos de
pessoas com experiência e conhecimento na matéria.

§ 2º Concluídas as diligências, o relator solicitará dia para


o julgamento do incidente.

Art. 984. No julgamento do incidente, observar-se-á a


seguinte ordem:

I - o relator fará a exposição do objeto do incidente;

II - poderão sustentar suas razões, sucessivamente:

a) o autor e o réu do processo originário e o Ministério


Público, pelo prazo de 30 (trinta) minutos;

b) os demais interessados, no prazo de 30 (trinta) minutos,


divididos entre todos, sendo exigida inscrição com 2 (dois)
dias de antecedência.

§ 1º Considerando o número de inscritos, o prazo poderá


ser ampliado.

§ 2º O conteúdo do acórdão abrangerá a análise de todos


os fundamentos suscitados concernentes à tese jurídica
discutida, sejam favoráveis ou contrários.

Art. 985. Julgado o incidente, a tese jurídica será aplicada:

I - a todos os processos individuais ou coletivos que versem


sobre idêntica questão de direito e que tramitem na área
de jurisdição do respectivo tribunal, inclusive àqueles que
tramitem nos juizados especiais do respectivo Estado ou
região;

II - aos casos futuros que versem idêntica questão de


direito e que venham a tramitar no território de
competência do tribunal, salvo revisão na forma do art.
986 .

§ 1º Não observada a tese adotada no incidente, caberá


reclamação.

§ 2º Se o incidente tiver por objeto questão relativa a


prestação de serviço concedido, permitido ou autorizado, o
resultado do julgamento será comunicado ao órgão, ao
ente ou à agência reguladora competente para
fiscalização da efetiva aplicação, por parte dos entes
sujeitos a regulação, da tese adotada.

Art. 986. A revisão da tese jurídica firmada no incidente


far-se-á pelo mesmo tribunal, de ofício ou mediante
requerimento dos legitimados mencionados no art. 977,
inciso III .

Art. 987. Do julgamento do mérito do incidente caberá


recurso extraordinário ou especial, conforme o caso.

§ 1º O recurso tem efeito suspensivo, presumindo-se a


repercussão geral de questão constitucional
eventualmente discutida.
§ 2º Apreciado o mérito do recurso, a tese jurídica adotada
pelo Supremo Tribunal Federal ou pelo Superior Tribunal
de Justiça será aplicada no território nacional a todos os
processos individuais ou coletivos que versem sobre
idêntica questão de direito.

Cabimento
 Efetiva repetição de processos que contenham controvérsia sobre a
mesma questão unicamente de direito – não há valor específico. Não é
necessária a mesma questão fática, mas que todas sejam resolvidas pela
mesma questão de direito.
 Risco de ofensa à isonomia e à segurança jurídica (art. 976, I e II).

Obs1: diversidade de fatos deve ter aptidão a influenciar na aplicação do direito


para afastar o cabimento do incidente.

Obs2: não há natureza preventiva, de forma que os múltiplos processos já devem


ter sido decididos sobre a mesma questão, dado que o objetivo é a proteção da
segurança jurídica.

Obs2: não cabe o incidente quando um dos tribunais superiores, no âmbito de sua
respectiva competência, já tiver afetado recurso para definição de tese sobre
questão de direito material ou processual repetitiva (art. 976, § 4º).

Competência
Tribunais de segundo grau, conforme art. 976, § 4, 982, I, 982, § 3, 985, I, e 987,
caput

Do julgamento do IRDR será cabível Resp e RE – o precedente deve ser estadual,


ou federal, no âmbito do Tribunal de Justiça ou Tribunal Federal, portanto.

Cabe IRDR no STJ ou STF? A rigor a competência é do segundo grau, TJ ou TRF. O


STF não admite a instauração de IRDR. O STJ , por sua corte especial admite a
instauração de IRDR de forma originária no caso de competência recursal
ordinária (ROC) e de competência originária - STJ, Corte Especial, AgInt na Pet
11.838/MS.

Legitimidade
Art. 977, CPC.

O rol de legitimados é semelhante ao do IAC:

 O relator de ofício.
 As Partes.
 MP – como custos legis, visando a promoção de segurança jurídica. Se não
instaurar, participará obrigatoriamente, tendo em vista atuação como
fiscal da ordem jurídica. Do mesmo modo, se o autor desistir do recurso, o
MP conduzirá o processo, como custos legis.
 Defensoria Pública – defesa dos vulneráveis e direitos humanos.

Obs: em qual momento o juiz pode suscitar o conflito diante do art. 978, parágrafo
único, do CPC – “Parágrafo único. O órgão colegiado incumbido de julgar o
incidente e de fixar a tese jurídica julgará igualmente o recurso, a remessa
necessária ou o processo de competência originária de onde se originou o
incidente.”. O recurso, reexame necessário e o processo de competencia originária
serão julgados pelo mesmo Tribunal que julgou o IRDR. Há uma primeira corrente
originária que prevê que deve haver algo no Tribunal para instauração do IRDR,
seja um recurso, seja uma ação de competencia originária. No caso de apelação,
obrigatoriamente haverá análise de admissibilidade, sendo possível neste que o
juiz suscite o IRDR. A segunda corrente entende que esta é uma mera regra de
prevenção.

Publicidade
 Ampla e específica divulgação e publicidade, por meio de registro
eletrônico no Conselho Nacional de Justiça (acesso dos juízes para
suspender os processos;
 Visa conferir a eficácia vinculante seja a mais ampla e completa possível)
(art. 979).

Neste sentido, para que a haja eficácia vinculante, é necessário não só a


informação acerca da suspensão, mas dos fundamentos determinantes da decisão
e os dispositivos normativos a ela relacionados.

Instauração
 Competência do órgão colegiado (art. 981)

Obs1: decisão colegiada não recorrível por REsp/RE (não há decisão da causa) –
cabe somente EDs.

Obs2: juízo de admissibilidade não impede novo incidente uma vez presente o
pressuposto antes considerado inexistente (art. 976, § 3º), contudo, é necessário
demonstrar que o fundamento que ensejou a inadmissibilidade do IRDR, restou
superado.

 Relator: (a) determinará suspensão dos processos nos limites da


competência do tribunal (art. 982, I, do CPC).

Obs1: Poderá haver ampliação para todo território nacional pode ser obtido por
pedido para tribunal superior por qualquer legitimado previsto no art. 977, II e III
(art. 982, § 3º) ou por qualquer parte de processo repetitivo (art. 982, § 4º).

Obs2: pedido de tutela de urgência dirigido para o juízo da causa (art. 982, § 2º)
IRDR (Incidente de resolução de demandas repetitivas).

Obs3: preferência para julgamento em 1 ano, salvo HC e réu preso (art. 980,
caput); sem decisão fundamentada vencimento de prazo gera afastamento da
suspensão (art. 980, parágrafo único), e retomada dos processos, salvo se
fundamentado o não julgamento.

Obs4: O momento do sobrestamento é após a admissibilidade. Em muitos


tribunais, quando há IRDR, já se sorteia o relator dos autos. O sobrestamento é
efeito do IRDR, não cabendo ao relator determinar, sem que haja previa
admissibilidade do IRDR - STJ, 4ª Turma, AgInt no AREsp 916.279/SP.

Obs5. É possível a modulação por fase procedimental para o sobrestamento, ou


seja, pode determinar que o sobrestamento ocorra após determinado momento
procedimental- ex: a partir da conclusão para sentença. STF, Plenário, RE 966.177
RG/RS.

Obs6: É possível que haja sobrestamento em parte somente do processo, no caso


do pedido afetado pelo IRDR, prosseguindo a lide sobre os demais pedidos. STJ,
PET no REsp 1.551.956/SP (julgamento antecipado parcial do mérito)

Obs7: O STF e STJ entendem que a suspensão dos processos não é obrigação legal,
mas mero juízo de conveniência e oportunidade do julgador – ex: julgamento do
tema 8, sobre o rol taxativo mitigado do Agravo de Instrumento.

 Informações do juízo em que tramita o processo e outros em que haja


processos repetitivos (art. 982, II).
 Intimação do MP para se manifestar em 15 dias (art. 982, III) IRDR
(Incidente de resolução de demandas repetitivas)

Obs1: Princípio da instrumentalidade das formas – embora mandatória a


intimação do MP, somente haverá nulidade se houver prejuízo.

 Sujeitos com legitimidade para participar do incidente (art. 983).

- Partes e demais interessados

- pessoas, órgãos e entidades com interesse na controvérsia (quinze dias, poderão


requerer a juntada de documentos, bem como as diligências necessárias para a
elucidação da questão de direito controvertida) (caput).

Obs1: “Precedente vinculante doloso”, expressão cunhada por Alexandre Freitas


Câmara. A lei avisa a todos que aquele julgamento visa a formação de precedente
vinculante, a fim de deixar claro que aquela decisão terá efeitos erga omnes.
Assim, a participação deverá ser mais qualificada a representativa dos envolvidos,
por isso permite-se a participação de eventuais interessados.

Mas como qualificar este interesse de terceiros? Entende-se como participação de


amicus curiae, em que pese, a rigor o amicus curiae tenha mero interesse
institucional, ou seja, de forma imparcial.

Há problema se o amicus curiae tenha interesse na matéria de forma parcial? Não,


de forma alguma;

Obs2: partes no processo são partes no incidente

Obs2: partes nos demais processos são terceiros intervenientes – Tribunais


Superiores não tem admitido que as Partes que sofrerão os efeitos do IRDR
participem como terceiros interessados, haja vista que poderia gerar o caos no
processo.

Obs3: Possibilidade de designação de audiência pública (art. 983, § 1º)

 Julgamento (art. 984)

Exposição do objeto pelo relator, autor, réu, MP e demais interessados com prazo
de 30 minutos para sustentação oral .

O Amicus Curiae poderá sustentar oralmente, mas, a rigor, deverá ser partilhado o
prazo de 30 minutos entre a defesa e a acusação, logo, havendo 10 a sustentar,
cada um terá 3 minutos.

Análise de todos os fundamentos suscitados concernentes à tese jurídica


discutida, sejam favoráveis ou contrários (§ 2º) – visa afastar eventuais questões
para possíveis distinguishings.

Mesmo que autor desista do processo o incidente será julgado (art. 976, § 1º) –
não é possível evitar a criação do precedente vinculante.

Eficácia vinculante (art. 985, I e II), que, se desrespeitada, há cabimento de


Reclamação.

Obs: questão relativa a prestação de serviço concedido, permitido ou autorizado,


o resultado será comunicado para o órgão, ente ou agencia reguladora para
fiscalização da aplicação da tese adotada (art. 985, § 2º).

 Recursos (art. 987)

Os recursos cabíveis são ED, RESP e RE.


Julgado o IRDR já há eficácia vinculante, sendo excepcional efeito suspensivo

Há presunção absoluta de repercussão geral (§ 1º)

É necessária flexibilização de requisitos de admissibilidade do RE e RESP, dado que


trata-se de questão nacional (art. 1.029, § 5).

Reclamação
Não se trata somente da Reclamação Constitucional, pois não direciona-se
somente aos Tribunais Superiores.

Natureza Jurídica
Possui natureza jurisdicional.

Não se trata de jurisdição voluntária: indevida confusão com a correição parcial.


Pode ter como consequência a reorganização do procedimento, mas não é este o
objetivo da reclamação, tendo inclusive vários objetivos de cunho constitucional,
dentre os quais desconstituir decisões judiciais.

Não se trata de recurso, e não pode ser usada como sucedânea recursal, ou meio
de substituição de recurso.

Não se trata de incidente processual. A existência de processo não é condição sine


qua non para uma reclamação, mas o é para incidente. Cabe reclamação em face
de ato administrativo, inclusive.

Possui natureza de ação? Segundo Didier, Cunga, Navarro Ribeiro Dantas, sim.
Mas, o STJ sempre restitui a esse entendimento e consagrou que a reclamação
seria o exercício do direito de petição, não do direito de ação. Contudo,

(a) necessidade de provocação pelo interessado, respeitando-se, portanto, o


princípio da inércia da jurisdição;

(b) capacidade de se cassar decisão que porventura contrarie a autoridade de


decisão proferida por tribunal;

(c) possibilidade de avocação dos autos, de forma a garantir a competência do


tribunal e, por consequência, o princípio do juízo natural;

(d); cabimento de medidas cautelares que busquem garantir a eficácia de seu


resultado final;

(e) geração de coisa julgada quando do trânsito em julgado de sua decisão de


mérito;

(f) exigência de capacidade postulatória, sendo indispensável a presença de um


advogado devidamente registrado na OAB ou um promotor de justiça no exercício
de suas funções institucionais.

OBS: STF, Tribunal Pleno, Rcl. 1.821/PR, rel. Min. Mauricio Correa (governador em
Rcl de deicsão proferida em ADIN) - não é recurso:

a) não há qualquer previsão em lei federal que a preveja como recurso, e sem essa
previsão legal expressa considerar a reclamação um recurso seria afrontar o
princípio da taxatividade;

b) a reclamação está prevista nos arts. 102, I, “l” e 105, I, “f”, ambos da CF, como
atividade de competência originária dos tribunais superiores, e não como
atividade recursal;

c) o interesse recursal gerado pela sucumbência, indispensável pelo menos para as


partes recorrerem, não existe na reclamação;
d) a reclamação, ao menos em regra, não tem prazo preclusivo para seu
oferecimento, característica indispensável a qualquer recurso;

e) o objetivo da reclamação não é a reforma de decisão, nem sua anulação, de


forma que não se pretende nem a substituição de decisão nem a prolação de
outra em seu lugar, sendo perseguido pela parte simplesmente a cassação da
decisão ou a preservação da competência do tribunal.

- não é incidente processual (pode existir sem que haja processo, diante de
descumprimento da decisão de tribunal por autoridade administrativa).

-Atualmente entende-se que a Reclamação tem natureza de ação (Didier/Cunha;


Navarro Ribeiro Dantas):

(a) petição inicial veiculando uma pretensão, citação; (b) contraditório; (c) decisão
de mérito coberta por coisa julgada material; (d) pressupostos processuais
positivos, tais como a capacidade de ser parte, de estar em juízo e postulatória, e
negativos, tais como a ausência de coisa julgada, perempção e litispendência STF -
natureza de direito de petição, previsto no art. 5º, XXXIV da CF (STF, Tribunal
Pleno, ADI 2.212/CE, rel. Min. Ellen Gracie; ADI 2.480/PB, Tribunal Pleno, rel. Min.
Sepúlveda Pertence) - natureza de direito de ação (STF, 1ª Turma, Rcl. 24.417 AgR,
rel. Min. Luiz Roberto Barroso, j. 07/03/2017)

Cabimento
 Usurpação de competencia: Forma de preservação da competência do
tribunal - art. 988, § 1º: preservação de competência de tribunal de
segundo grau.

Art. 102, I, “l” e art. 105, I, “f” da CF e art. 988, I, do CPC.

Ex: juízo de admissibilidade do agravo do art. 544 do CPC/73 – art. 1.042 do CPC
(STF, Tribunal Pleno, Rcl 4.484/SO).

 Garantia que as normas constitucionais de competência dos órgãos de


superposição sejam imediatamente cumpridas, inclusive com a avocação
dos autos por esses tribunais, conforme o caso.

 Forma de garantir a autoridade da decisão do tribunal (art. 102, I, “l” e art.


105, I, “f” da CF e art. 988, II, do CPC)

Art. 988, § 1º, do CPC: garantir autoridade das decisões de segundo grau.

A afronta deve ocorrer especificamente com relação a decisão determinada,


sendo insuficiente para o cabimento da reclamação o mero desrespeito à
jurisprudência consolidada (STF, Rcl. 6.135 AgR/SP, Tribunal Pleno), deve haver
descumprimento de precedente.

Terceiros desde que o processo tenha eficácia erga omnes (STF, Rcl. 3.138/CE,
Tribunal Pleno).

No caso de tutela coletiva, inclusive no processo coletivo especial (vinculação de


todos os juízos e da autoridade administrativa) – decisões finais e liminares.

 Uniformização de jurisprudência

Art. 14 da Lei 10.259/2001 e arts 18 e 19 da Lei 12.153/2009). (Informativo


557/STF: Plenário, RE 571.572 QO-ED/BA; Informativo 416/STJ, Corte Especial, Rcl
3.752-GO).

Excepcionalmente, no caso de violação de jurisprudência do STJ ou STF – caberá


no Juizado Especial uma reclamação ao TJ. Uniformização de jurisprudência -
Resolução 03/2016.
Obs1: Autoridade administrativa que descumpre decisão judicial – não cabe RCl
(STJ, AgRg na Rcl. 2.918/MG, 1ª Seção).

Obs2: Poder Legislativo não está vinculado, podendo aprovar nova lei com o
mesmo teor daquela já declarada inconstitucional (STF, Rcl. 2.617 AgR/MG,
Tribunal Pleno).

Obs3: não cabe Rcl de decisão que determina o sobrestamento do feito. Aplicação
do Art. 1.035, §§6º e 7º, do CPC/15 (STF, 1ª Turma, Rcl 25.090 AgR/RJ).

 Contra ato que desrespeita enunciado de súmula vinculante

Art. 988, III, do CPC

Art. 7º, caput da Lei 11.417/2006: decisão judicial ou ato administrativo contrariar,
negar vigência ou aplicar indevidamente entendimento consagrado em súmula
vinculante.

É possível reclamação ainda que não haja processo judicial, no caso de decisão
administrativa que desrespeite sumula vinculante.

A reclamação não impede a utilização de outros meios de impugnação (Súmula


734/STF).

A interposição de RCl impede o trânsito em julgado da decisão impugnada, sendo


recomendável o esgotamento das vias administrativas diante de omissão ou ato
da administração pública.

Art. 7º, § 2º da Lei 11.417/2006, as consequências do acolhimento do pedido


diferem a depender da espécie de ato impugnado:

(a) decisão judicial: STF a cassará e determinará que outra seja proferida em seu
lugar, com ou sem a aplicação da súmula.

(b) contra ato administrativo, o tribunal se limitará a anulação do ato, sendo


discricionária a prolação de outro.

 Decisão do Supremo Tribunal Federal em controle concentrado de


constitucionalidade

Art. 988, III, do CPC.

Transcendência dos fundamentos determinantes (na vigência do CPC/1973 STF


não vinha aplicando: STF, Tribunal Pleno, Rcl 11.479 AgR/CE).

Art. 927, I, do CPC: eficácia vinculante do precedente (ratio decidendi)

 Precedente fixado em IRDR e IAC

Art. 988, IV, do CPC.

Cabe reclamação de acórdão de RE/REsp em IAC e IRDR? Sim. Não há


condicionante para cabimento.

 Precedente fixado em Repercussão Geral e RE/REsp repetitivo

Art. 988, § 5º, do CPC.

Para o cabimento da reclamação é necessário o atendimento do artigo 988, §5º,


CPC, ou seja, esgotamento das instancias ordinárias

Art. 988, § 5º, do CPC: É inadmissível a reclamação: II – proposta para garantir a


observância de acórdão de recurso extraordinário com repercussão geral
reconhecida ou de acórdão proferido em julgamento de recursos extraordinário
ou especial repetitivos, quando não esgotadas as instâncias ordinárias
Há distinção entre hipóteses do art. 988, IV e § 5º (STJ, 2ª Seção, AgInt na Rcl
33.871/SC), não sendo possível aplicar analogia nos casos.

Inicialmente, para este entendimento os Tribunais Superiores entenderam que


seria necessário esgotar não somente os recursos ordinários, mas também os
recursos extraordinários, o que se chamou de interpretação teleológica de
“esgotadas as instâncias ordinárias” (STF, 2ª Turma, AgReg na Rcl 24.235/MA; STJ,
2ª Seção, AgInt na Rcl 34.769/RJ).

Nesta situação, caso não fosse admitido o RE ou Resp, apresentava-se Reclamação


- decisão de agravo interno contra decisão que inadmite RE/REsp (STJ, 2ª Seção,
AgInt na Rcl 34061/DF e STF, 2ª Turma, Rcl 20.892 AgR/RJ).

Após, o STJ muda seu entendimento, e passa a não mais admitir Reclmaação nem
mesmo no caso de não recebimento de Resp - não cabimento para controle de
respeito a precedentes (STJ, Corte Especial, Rcl 36.476/SP), cabendo somente MS.

Procedimento
Petição inicial
- necessidade de provocação (art. 13, caput, da Lei 8.038/1990). - aplicação, no
que couber, do art. 319 do CPC

A petição inicial deve ser instruída com documentos que o auxiliem a convencer o
tribunal de suas razões (art. 988, § 2º, do CPC).

Não há prazo para o ingresso da RCl OBS: não cabe de decisão transitada em
julgado (art. 988, § 5º, I, do CPC) (Súmula 734/STF)

O recurso impede o trânsito em julgado (art. 988, § 6º: A inadmissibilidade ou o


julgamento do recurso interposto contra a decisão proferida pelo órgão
reclamado não prejudica a reclamação) – logo, embora não haja prazo expresso,
não pode ser apresentada reclamação após transito em julgado.

Posturas do relator ao receber a reclamação


Art. 988, § 3º, do CPC: distribuição imediata para relator (sempre que possível, o
relator do processo principal).

O relator fará:

 A requisição de informações da autoridade a quem for imputada a prática


do ato impugnado (10 dias) - art. 989, I, do CPC.
 Terá o poder de suspender o processo ou o ato impugnado, para evitar
dano irreparável, mesmo sem pedido expresso (pode ser entendida,
portanto, como uma tutela antecipada de oficio) - art. 989, II, do CPC.
ENUNCIADO 64 do CJF: “Ao despachar a reclamação, deferida a suspensão
do ato impugnado, o relator pode conceder tutela provisória satisfativa
correspondente à decisão originária cuja autoridade foi violada”.
 Determinar a citação do beneficiário da decisão impugnada, que terá
prazo de 15 (quinze) dias para apresentar a sua contestação - art. 989, III,
do CPC.

O eventual julgamento monocrático depende de previsão regimental.

Reações dos Interessados


A prova produzida pelo reclamante em face da autoridade coatora é meramente
documental e deve ser apresentada na petição inicial.

A autoridade responsável pela ilegalidade presta informações em 10 dias – prazo


improprio.
Qualquer interessado poderá impugnar o pedido do reclamante, sendo o
beneficiado direito pelo ato admitido como assistente litisconsorcial do réu art.
990 do CPC

MP como fiscal da ordem jurídica, desde que não seja autor (Meirelles-Wald-
Mendes: Procurador-Geral da República X Zenkner: promotor da causa originária -
art. 991 do CPC). O prazo é de 5 dias, contudo, ainda que sem manifestação, o
procedimento prossegue com ou sem manifestação.

Julgamento
Art. 992 do CPC.

Procedente, o tribunal cassará a decisão exorbitante de seu julgado ou


determinará medida adequada à preservação de sua competência.

O art. 7º, § 2º da Lei 11.417/2006 prevê que a procedência da reclamação no caso


de ofensa à sumula vinculante, determina que o Supremo Tribunal Federal casse a
decisão judicial impugnada, determinando que outra seja proferida com ou sem a
aplicação da súmula.

Se realmente o tribunal determinar a prolação de nova decisão no lugar daquela


que, impugnada, foi considerada ofensiva à autoridade de sua decisão, será caso
de anulação da decisão, e não propriamente de cassação.

A condenação em honorários advocatícios quando verificada a angularização da


relação jurídica (STF, 2ª Turma, Rcl 24.464 AgR/RS).

Ação Rescisória
Art. 966 e seguintes, CPC.

Art. 966. A decisão de mérito, transitada em julgado, pode


ser rescindida quando:

I - se verificar que foi proferida por força de prevaricação,


concussão ou corrupção do juiz;

II - for proferida por juiz impedido ou por juízo


absolutamente incompetente;

III - resultar de dolo ou coação da parte vencedora em


detrimento da parte vencida ou, ainda, de simulação ou
colusão entre as partes, a fim de fraudar a lei;

IV - ofender a coisa julgada;

V - violar manifestamente norma jurídica;

VI - for fundada em prova cuja falsidade tenha sido


apurada em processo criminal ou venha a ser
demonstrada na própria ação rescisória;

VII - obtiver o autor, posteriormente ao trânsito em


julgado, prova nova cuja existência ignorava ou de que
não pôde fazer uso, capaz, por si só, de lhe assegurar
pronunciamento favorável;

VIII - for fundada em erro de fato verificável do exame dos


autos.

§ 1º Há erro de fato quando a decisão rescindenda admitir


fato inexistente ou quando considerar inexistente fato
efetivamente ocorrido, sendo indispensável, em ambos os
casos, que o fato não represente ponto controvertido
sobre o qual o juiz deveria ter se pronunciado.

§ 2º Nas hipóteses previstas nos incisos do caput , será


rescindível a decisão transitada em julgado que, embora
não seja de mérito, impeça:

I - nova propositura da demanda; ou

II - admissibilidade do recurso correspondente.

§ 3º A ação rescisória pode ter por objeto apenas 1 (um)


capítulo da decisão.

§ 4º Os atos de disposição de direitos, praticados pelas


partes ou por outros participantes do processo e
homologados pelo juízo, bem como os atos
homologatórios praticados no curso da execução, estão
sujeitos à anulação, nos termos da lei.

§ 5º Cabe ação rescisória, com fundamento no inciso V


do caput deste artigo, contra decisão baseada em
enunciado de súmula ou acórdão proferido em julgamento
de casos repetitivos que não tenha considerado a
existência de distinção entre a questão discutida no
processo e o padrão decisório que lhe deu
fundamento. (Incluído pela Lei nº 13.256, de
2016) (Vigência)

§ 6º Quando a ação rescisória fundar-se na hipótese do §


5º deste artigo, caberá ao autor, sob pena de inépcia,
demonstrar, fundamentadamente, tratar-se de situação
particularizada por hipótese fática distinta ou de questão
jurídica não examinada, a impor outra solução
jurídica. (Incluído pela Lei nº 13.256, de
2016) (Vigência)

Cabimento
Ação autônoma de impugnação de decisão judicial.

Para ajuizamento de rescisória, inafastável o prévio transito em julgado da decisão


a ser atacada.

É inviável trânsito em julgado parcial: STJ, Corte Especial, REsp 736.650/MT -


existe trânsito em julgado parcial: STF, 1ª Turma, RE 666.589/DF

Com relação ao requisito de decisão de mérito, há algumas observações:

 No caso de decisão homologatória, impugna-se por ação anulatória. Logo,


não é qualquer decisão de mérito que poderá ser objeto de ação
rescisória, mas somente aquela decisão de mérito que acolhe ou rejeita o
pedido do autor, ou que tem como fundamento a prescrição e decadência
- Art. 966, §4º, CPC.
 Em face de ações terminativas – art. 966, II, CPC.

Súmula 514/STF – não é necessário o esgotamento das vias recursais

Não é cabível no caso de ação do juizado especial – art. 59, lei 9099/95, e no caso
de ações de controle concentrado de constitucionalidade – art. 26, lei 9868/99;
cautelar, salvo no caso do art. 310 do CPC (Barbosa Moreira).

O direito à rescisão se extingue em 2 (dois) anos contados do trânsito em julgado


da última decisão proferida no processo – art. 9785, CPC.
Hipóteses de Cabimento
I) prevaricação, concussão, corrupção passiva do juiz

- prevaricação (art. 319, CP); concussão (art. 316 do CP); corrupção (art. 317 do
CP)

OBS: não se exige prévia condenação penal (HTJr/BM)

- havendo sentença penal: (a) absolvição: inexistência material do fato há


vinculação; outro motivo (p. ex. ausência de provas, prescrição) não vincula o juiz
cível

- aplicação do art. 315 do CPC depende é faculdade do juízo cível (Nery/BM)

- decisão colegiada (somente se o voto viciado compor a maioria)

II) impedimento do juiz e incompetência absoluta do juízo

- art. 144 do CPC (impedimento) x art. 145 do CPC (suspeição)

- incompetência relativa (preclusão) x incompetência absoluta (matéria de ordem


pública)

OBS1: decisão proferida por juízo absolutamente competente

substituída por decisão proferida por juízo competente não permite AR (Câmara)

OBS2: a matéria não precisa ter sido alegada (Scarpinella)

Obs3: - decisão colegiada (somente se o voto viciado compor a maioria)

* STJ, 4ª Turma, AgRg no REsp 968.523/GO

III) dolo da parte vencedora e colusão das partes para fraudar a lei

- dolo da parte, advogado e representante legal deve impedir ou dificultar a


atuação processual da parte contrária ou influenciar significativamente o juiz, a
ponto de afasta-lo da verdade (NEXO DE CAUSALIDADE ENTRE CONDUTA E
RESULTADO DA DEMANDA)

- colusão prevista no art. 142 do CPC (inclusive o processo simulado)

IV) ofensa à coisa julgada

- tríplice identidade (efeito negativo)

- identidade da relação jurídico (efeito positivo)

* desconstituição independe do teor da primeira decisão (BM/Fux)

OBS: cabimento mesmo que o tema tenha sido objeto de decisão

V) violação manifesta à norma jurídica

- norma jurídica: norma legal e princípio

- lei: direito material e processual; constitucionais e infraconstitucionais;

nacionais e estrangeiras; princípios não escritos (Nery/Fux); súmula vinculante


(Nery/Wambier)

- não existir interpretação controvertida nos tribunais (S343/STF)

* exceção: matéria constitucional pacificada em processo objetivo pelo


STFI414/STJ, CE, EREsp 687.903-RS; I497/STF, Plenário, RE 328.812/AM

Obs1: art. 966, § 5º: Cabe ação rescisória, com fundamento no inciso V do caput
deste artigo, contra decisão baseada em enunciado de súmula ou acórdão
proferido em julgamento de casos repetitivos que não tenha considerado a
existência de distinção entre a questão discutida no processo e o padrão decisório
que lhe deu fundamento.

§ 6º: Quando a ação rescisória fundar-se na hipótese do § 5º deste artigo, caberá


ao autor, sob pena de inépcia, demonstrar, fundamentadamente, tratar-se de
situação particularizada por hipótese fática distinta ou de questão jurídica não
examinada, a impor outra solução jurídica

Obs2: Informativo 600/STJ, 3ª Turma, REsp 1.655.722-SC – precedentes


vinculantes do STJ

VI) prova falsa

- não depende de prévio processo criminal (I468/STJ, 3ª Turma, Resp. 885.352/MT


– prova da falsidade produzida na própria ação rescisória)

- faculdade de aplicação do art. 315 do CPC

- vinculação da decisão penal transitada em julgado (mesmo declarada a prova


falsa, caberá a improcedência da ação rescisória)

- havendo outras provas que mantenham a decisão impugnada a ação rescisória


será julgada improcedente - falsidade documental (material ou ideológica:
I355/STJ, 1ª Seção, EDcl no AgRg na AR 2.013/SP)

VII) obtenção de prova nova

- prova nova substitui documento novo (CPC/1973)

- prova nova não é superveniente, já devendo existir à época da ação

originária (BM/HTJr.)

(i) a parte desconhecia sua existência

(ii) por motivo alheio a sua vontade não pode produzir a prova

- novidade: ultima oportunidade em que seria lícito produzir a prova no processo


(obtenção de prova nova posteriormente ao transito em julgado (art. 966, VII): era
depois da sentença)

- prova deve ser hábil a reverter resultado: STJ, 3ª Seção, AR 3.444/PB - fato
provado deve ter sido alegado na ação originária. Prova nova é diferente de fato
novo

VIII) erro de fato

- art. 966, § 1º do CPC: decisão rescindenda admitir fato inexistente ou quando


considerar inexistente fato efetivamente ocorrido

- requisitos (STJ, 1ª Turma, REsp. 839.499/MT):

(i) fundamental para a decisão

(ii) não cabe prova na AR, deve ser utilizada a prova produzida na ação originária

(iii) não deve existir controvérsia a respeito do fato

(iv) inexistência de pronunciamento judicial (má apreciação da prova)

Legitimidade
Legitimidade Ativa
Art. 967, CPC.

 Parte ou sucessor do processo;


 Terceiro interessado;
 Aquele que não foi ouvido no processo em que lhe era obrigatória a
intervenção; e,
 MP.

Haverá legitimidade do MP no caso de: a) se não foi ouvido no processo em que


lhe era obrigatória a intervenção; b) quando a decisão rescindenda é o efeito de
simulação ou de colusão das partes, a fim de fraudar a lei; c) em outros casos em
que se imponha sua atuação (STJ, 1ª Seção, EAR 384/PR – existência de interesse
público).

Legitimidade Passiva
Todos que são parte na ação originárias deverão ser parte na ação rescisória, logo,
se não for autor, deverá ser réu.

No caso de litisconsórcio necessário não formado ou órgãos que a lei exige a


participação - litisconsórcio passivo necessário: STJ, 2ª Turma, REsp 785.666/DF.

Competência
Ação de competência originária, que proferiu a decisão.

 Decisão transitada em julgado em primeiro grau


 Tribunal de segundo grau
 Decisão transitada em segundo grau – competência do próprio tribunal de
segundo grau
 Decisão do STJ e STF em competência originária - próprio tribunal superior
- RESP e RE
 Competência do tribunal superior se o recurso for julgado o mérito.

A competencia no caso de RESP e RE não conhecidos, o competente não será o STJ


e STF, mas o Tribunal do qual emanou a decisão.

Contudo, se o STJ ou STF não admitir o recurso, por indicar que não há violação a
norma federal ou constitucional, será a competencia do STJ e STF - S249/STF/STJ,
2ª Turma, AgRg no Ag 917.818/DF – recurso não conhecido, mas matéria
enfrentada.

O vício de incompetência neste caso é sanável - art. 968, § 5º do CPC: reconhecida


a incompetência do tribunal para julgar a ação rescisória, o autor será intimado
para emendar a petição inicial, a fim de adequar o objeto da ação rescisória,
quando a decisão apontada como rescindenda: I - não tiver apreciado o mérito e
não se enquadrar na situação prevista no § 2o do art. 966; II - tiver sido substituída
por decisão posterior.

Prazo
Art. 975 do CPC: 2 anos do transito em julgado.

O transito em julgado é verificado da ultima decisão proferida no process0,


independentemente do conteúdo desta - S401/STJ.

Entretanto, não será possível alegar cabimento no caso de recurso


manifestamente intempestivo, sendo flagrante a tentativa de reabrir prazo - STJ,
3ª Turma, REsp 784.166/SP.

Termos diferenciados
 Data de descoberta da prova nova, observado o prazo máximo de cinco
anos, contados do trânsito em julgado da última decisão proferida no
processo (§ 2º)
 simulação ou colusão das partes, o prazo começa a contar para o terceiro
prejudicado e para o Ministério Público, que não interveio no processo, a
partir do momento em que têm ciência da simulação ou da colusão (§ 3º)
 coisa julgada inconstitucional: data do trânsito em julgado da decisão do
STF (art. 525, § 15º e art. 535, § 8º do CPC)

O prazo tem natureza decadencial.

Contudo, se o vencimento em dia no qual não há expediente forense, prazo vence


no primeiro dia subsequente (art. 975, § 1º do Novo CPC) - STJ, 5ª Turma, AgRg no
REsp 966.017/RO.

Se houver necessidade de formação de litisconsórcio necessário ulterior, deverá


ser formado dentro deste prazo de 2 anos – a relação jurídica processual deverá
estar perfeita e formada no prazo de 2 anos - I458/STJ, CE, EREsp. 676.159/MT e
I463/STJ, 3ª Turma, REsp. 863/890/SC.

Execução do Julgado
Art. 969 do CPC: tutela provisória (impedimento do início ou suspensão de
execução).

Pedido visa impedir geração de efeitos, independentemente de execução - Nery


(cautelar) X BM/HTJr (tutela antecipada).

O poder geral de cautela admite o pedido no juízo da execução (STJ, 1ª Seção,


REsp. 900.888/PR).

Procedimento
Petição Inicial
Petição inicial - art. 319 do CPC

Causa de pedir (fundamento legal e jurídico).

Pedido: (i) juízo rescindendo (iudicium rescindens): rescisão do julgado; (ii) juízo
rescisório (iudicium rescissorium): novo julgamento OBS: cumulação sucessiva,
não existe pedido implícito OBS: somente pedido rescindendo (incompetência
absoluta e ofensa a coisa julgada).

Valor da causa (valor do bem da vida, não existindo relação direta com o valor da
causa da ação originária – STJ, 1ª Turma, REsp. 913.751/DF) .

Depósito de 5% do valor da causa (art. 968, II, do CPC), salvo União, aos Estados,
ao Distrito Federal, aos Municípios, às suas respectivas autarquias e fundações de
direito público, ao Ministério Público, à Defensoria Pública e aos que tenham
obtido o benefício de gratuidade da justiça.

Obs: art. 968, § 2º do CPC: o depósito previsto no inciso II do caput deste artigo
não será superior a 1.000 (mil) salários-mínimos - visa evitar o abuso e será
perdido para o réu no caso de julgamento unânime.

Art. 320 do CPC (documentos indispensáveis): cópia da decisão; copia da certidão


do TJ.

Reações do juiz diante da petição inicial


 emenda da petição inicial (art. 321 do CPC)
 indeferimento (art. 968, § 3º do CPC): 330 e falta de depósito inicial.

STJ, 1ª Seção, AgRg na AR 3.691/MG - decisão monocrática recorrível por agravo


interno (art. 1.021 do CPC, com sustentação oral, nos termos do art. 937, § 3º do
CPC).

 Citação

Não há procedimento especial. Será de 15 a 30 dias o prazo para contestação.

Resposta do Réu
Prazo entre 15 e 30 dias (art. 970, caput, do CPC).
Cabimento: contestação + reconvenção (depósito e prazo).

A ausência de defesa: revelia sem a presunção de veracidade (BM/HTJr).

Atividade saneadora
Art. 970 do CPC: após a contestação do réu aplica-se o procedimento comum:
providencias preliminares e julgamento conforme o estado do processo - não cabe
audiência preliminar; presunção de veracidade (JAL); extinção por convenção de
arbitragem e reconhecimento jurídico do pedido 9.5. Fase probatória - art. 972, do
CPC: carta de ordem para prova oral/pericial com prazo de 1 a 3 meses Ação
rescisória

Manifestações finais
Prazo de 10 dias - autor, réu, MP como fiscal da ordem jurídica 9.7. Julgamento -
decisão terminativa - decisão de mérito.

Juízo rescindendo: improcedente – juízo rescisório prejudicado.

Juízo rescindendo procedente (natureza desconstitutiva) – novo julgamento:


rejeição (declaratório) e acolhimento (natureza do pedido originário).

Procedimentos Especiais
Ação de Consignação em Pagamento
Forma anômala de extinção da obrigação.

Trata-se de direito do devedor extinguir sua obrigação.

É adequado no caso o pagamento não puder ser realizado em virtude da recusa do


credor em recebê-lo ou em dar quitação.

Deverá existir um obstáculo fático ou jurídico alheio à vontade do devedor que


impossibilite o pagamento eficaz.

Consignação Extrajudicial
É opção do devedor .

Aplicável, por exemplo, a consignação de valores oriundos da relação locatícia.

Requisitos da consignação extrajudicial:


(a) consignação de dinheiro;

(b) existência no local do pagamento (sede da comarca) de estabelecimento


bancário oficial ou particular, preferindo-se o primeiro quando existirem ambos;

(c) conhecimento do endereço do credor, em razão da necessidade de tal


informação para que se realize a notificação;

(d) credor conhecido, certo, capaz e solvente, o que afasta a consignação nos
casos de (i) não se conhecer o credor (dúvida sobre a identidade física); (ii) dúvida
a respeito de quem é o credor (dúvida sobre a condição jurídica); (iii) devedor
incapaz, que não pode validamente receber ou dar quitação; (iv) credor insolvente
ou falido, hipóteses nas quais o crédito deve ser destinado às respectivas massas;
(v) existência de demanda judicial que tenha como objeto a prestação devida.

Procedimento:
Realizado o depósito o credor será cientificado pelo estabelecimento bancário por
meio de carta AR (prazo de 10 dias).

OBS: termo inicial é o retorno do aviso de recebimento (art. 539, § 2º, do CPC)

As possíveis reações do credor:

(a) comparecer à agência bancária e levantar o valor, ato que extingue a


obrigação;
(b) comparecer à agência bancária e levantar o valor fazendo ressalvas quanto à
sua exatidão, quando poderá cobrar por vias próprias a diferença (STJ, 4ª Turma,
REsp 189.019/SP);

(c) silenciar, entendendo-se que nesse caso houve aceitação tácita, de forma que
a obrigação será reconhecida como extinta, ficando o valor depositado à espera
do levantamento do credor;

(d) recusar o depósito mesmo sem qualquer motivação, hipótese em que o


depositante poderá levantar o dinheiro ou utilizar o depósito já feito para
ingressar com a ação consignatória no prazo de 30 dias, instruindo a petição inicial
com a prova do depósito e da recusa (art. 539, § 3.º, do CPC).

O prazo de 30 dias serve tão somente para que o devedor não sofra os efeitos da
mora. Após os 30 dias, o depósito extrajudicial perderá os seus efeitos, o que dá a
entender que o autor deverá realizar um novo depósito - Art. 890, § 4.º, do CPC
para ingressar judicialmente.

Ação de Consignação em Pagamento


Competência
Art. 540 do CPC: foro do lugar do pagamento.

Dívida de natureza quesível: domicilio do autor-devedor.

Dívida de natureza portável: domicílio do réu-credor.

Competência relativa: cabimento de foro de eleição.

Legitimidade
-Legitimação ativa: devedor ou seus sucessores.

Terceiros: (a) juridicamente interessado ocorrerá sub-rogação; (b) não


interessado, a consignação é mera liberalidade deste em favor do devedor.

-Legitimação passiva: credor

Havendo dúvida a respeito do credor será caso de litisconsórcio passivo

Se o réu é desconhecido, citação por edital.

Objeto da Demanda
Pedido tem natureza meramente declaratória (correção e suficiência do depósito
realizado)

- Dinheiro (obrigação de pagar quantia certa); ou

- De coisa (obrigação de entregar coisa).

No caso de obrigação de entregar o devedor não pode consignar o valor


corresponde (Informativo 465/STJ: 4ª Turma, REsp 1.194.264-PR).

No caso da obrigação de pagar não é preciso ter valor liquido, sendo permitida a
revisão incidental de cláusulas contratuais no âmbito da demanda de consignação
em pagamento (STJ, 3ª Turma, REsp 436.842/RS).

Procedimento
(a) petição inicial (arts. 319 e 320 do CPC)

Pedido de depósito em cinco dias (art. 542, I, do CPC). - intimação do autor para
depósito em 5 dias (prazo impróprio: STJ, 3ª Turma, REsp 702.739/PB).

No caso de ausência de depósito: extinção terminativa

Com a realização de depósito determina-se a citação do réu.


(b) citação para o réu levantar o depósito ou contestar (art. 542, II, do CPC) Obs:
não há designação de audiência de conciliação e mediação

- reações do réu (15 dias):

(a) responder * contestação - art. 544 do CPC (limitação das matérias de mérito
alegáveis): (I) não houve recusa ou mora em receber a quantia ou coisa devida; (II)
justeza na recusa; (III) depósito não se efetuou no prazo ou lugar do pagamento;
(IV) depósito não é integral.

A defesa do réu é vinculada, portanto, podendo alegar somente as matérias


previstas no artigo, CPC.

Na alegação de insuficiência o réu deve indicar precisamente o valor.

A parcela incontroversa pode ser levantada.

Há prazo de 10 dias para complementação (art. 545, caput, do CPC).

No caso de reconvenção (procedimento se converte em ordinário: HTJr)

(b) tornar-se revel;

Art. 546, caput do CPC: nem sempre haverá presunção de veracidade (STJ, 3ª
Turma, REsp 769.468/RJ)

(c) requerer o levantamento da quantia depositada (reconhecimento jurídico do


pedido).

- após a citação: o procedimento deixa de ser especial e passa a ser ordinário.

- sentença de procedência: em regra declaratória/exceção: condenação no


depósito parcial (art. 545, § 2.º, do CPC). Ação tem natureza dúplice, de forma que
o autor poderá ser condenado a pagar.

Um aspecto interessante é que, em havendo dúvida sobre o credor, o autor, após


depositar, o processo se extingue para o autor, e prossegue entre os réus, para
que haja decisão acerca do que poderá levantar a quantia.

Complementação Do Depósito
- acolhimento da alegação de insuficiência: improcedência do pedido.

* economia processual: direito a complementação no prazo de 10 dias - art. 544,


parágrafo único, do CPC: necessidade de indicação do valor desempenha duas
funções: (a) permitir ao autor analisar a conveniência de realizar o depósito
complementar; (b) permitir a condenação do autor no valor da diferença na
hipótese de não ser feito o complemento do depósito.

OBS: natureza dúplice – condenação do autor sem pedido expresso do réu (STJ, 3ª
Turma, REsp 886.823/DF) - art. 545, § 1.º, do CPC (tutela antecipada em favor do
réu): levantamento imediato do valor consignado por ser incontroverso. Ação de
consignação em pagamento

CONSIGNAÇÃO DE PRESTAÇÕES SUCESSIVAS (Art. 541 Do CPC)


Prazo de cinco dias do vencimento da prestação.

- pedido implícito

- não há novo prazo de defesa a cada depósito, mas ré deve ser intimado.

- não realização de uma parcela impede consignação das subsequentes

- termo final: (a) prolação da sentença (aplicação analógica do art. 67, III, da Lei
8.245/1991: Marcato/Ovidio Baptista); (b) até o trânsito em julgado: STJ, 2ª Seção,
REsp 439.489/SP. (c) possibilidade de consignação incidental após a prolação da
sentença dependendo do teor desse ato decisório diante do pedido elaborado
pelo autor (HTJr). Ação de consignação em pagamento

Ação De Consignação Fundada Na Dúvida Referente À Titularidade Do Crédito


- duvidas que impedem a identificação do credor: (a) não saber a quem deve: réu
desconhecido citado por edital; (b) dúvida a respeito de qual dos pretendentes é
realmente o credor/demanda judicial que tem como objeto a prestação
(presunção de dúvida de quem é o credor)

- litisconsórcio passivo (reações): (a) nenhum dos réus comparece; revelia;


procedência do pedido; arrecadação como bem de ausente; (b) somente uma das
partes comparece, alegando ser o credor; procedência com levantamento se juiz
se convencer; juiz não convencido há arrecadação como bem de ausente; (c)
todos os réus comparecem no processo, afirmando a titularidade do crédito;
extinção da obrigação e exclusão do autor do processo (valor dos encargos de
sucumbência será retirado do depósito, considerando-se a procedência do pedido
do autor); (d) todos os réus comparecem ao processo e, além de afirmarem a
titularidade do crédito, apresentam alguma outra matéria defensiva; ação segue
normalmente. Ação de consignação em pagamento

Consignatória De Aluguéis E Outros Encargos Locatícios

Art. 67 da Lei 8.245/1991.

- aplicação subsidiária do CPC - competência: lugar da situação da coisa, desde que


não exista cláusula de eleição de foro (art. 58, II, da Lei 8.245/1991)

- petição inicial (art. 282 do CPC):

* especificação dos alugueres e acessórios da locação com a indicação dos


respectivos valores que o autor entender corretos (art. 67, I, da Lei 8.245/1991)

* valor da causa será igual a 12 meses de aluguel, sendo irrelevantes as prestações


consignadas no início da demanda judicial (art. 58, III, da Lei 8.245/1991).

* depósito deve ser realizado no prazo de 24 horas do deferimento da petição


inicial. - citação por carta AR é a regra. (citação por telex ou fax quando o réu for
pessoa jurídica ou firma individual e tal forma de citação estiver expressamente
prevista em contrato).

- limitação de matérias defensivas(art. 67, V, da Lei 8.245/1991)

- reconvenção: réu poderá pedir o despejo e a cobrança de valores que tenham


sido objeto da consignatória ou da diferença do depósito inicial (art. 67, VI, da Lei
8.245/1991).

Por questão de economia processual, o legislador entendeu por bem criar uma
limitação ao objeto da reconvenção, sendo inadmissível que tenha outras
prestações que não sejam objeto da consignatória.

- direito de complementação (art. 67, VII, da Lei 8.245/1991): (a) o prazo para
complementação é de 5 dias; (b) ao valor da complementação será acrescido 10%
sobre o valor da diferença;

Ação de Exigir Contas


Tem natureza dúplice, podendo o autor ser condenado a pagar.

Procedimento
- petição inicial (arts. 319 e 320 do CPC): cumulação sucessiva de pedidos (duas
fases procedimentais sucessivas e eventuais.

Especificação detalhada das razões do pedido e documentos comprobatórios (art.


550, § 1º, CPC)
- citação com prazo de resposta de 15 dias (art. 550, caput, do CPC) - reações
possíveis.

* apresentar contas e não contestar (reconhecimento jurídico do pedido)

Art. 551 do CPC (forma adequada – com especificação de receitas, aplicação das
despesas e investimentos) OBS2: aplicação do art. 355 (art. 550, § 4º, CPC).

* contestar e não apresentar as contas (matérias processuais e de mérito);

* não contestar e nem apresentar as contas: revelia e julgamento antecipado do


mérito (art. 355, do CPC) na hipótese de o juiz presumir como verdadeiros os fatos
referentes ao dever de prestar contas apresentados pelo autor;

- sendo necessária será produzida prova, inclusive em AIJ

- decisão condenatória (prazo de 15 dias para apresentação das contas, sob pena
de não lhe ser lícito impugnar as que o autor apresentar (art. 550, § 5º, do CPC)

A decisão é interlocutória ou sentença? STJ, 3ª Turma, REsp 1.746.337/RS –


decisão interlocutória, sendo agravável.

A contagem do prazo para prestação de contas ou recurso é da data de publicação


da decisão - início imediato de contagem (STJ, 3ª Turma, REsp 1.847.194/MS)
Obs3: Informativo 414/STJ: 3.ª Turma, REsp 913.411-SP - não há necessidade de
intimação pessoal.

- na segunda fase o procedimento depende do réu:

a) caso apresente as contas no prazo legal de 15 dias, terá o autor o prazo de 15


dias para se manifestar sobre elas.

É possível determinação de prova pericial (art. 550, § 6º, do CPC).

b) não as apresentando no prazo legal, caberá ao autor fazê-lo no prazo de 15


dias, não podendo o réu falar sobre elas (art. 550, § 4, CPC).

O juiz pode determinar de ofício a produção de prova pericial contábil - STJ, 3ª


Turma, AgRg no Ag 718.903/RS.

Ação de Dissolução Parcial de Sociedade


Cabimento
A rigor, cabível no caso de - extinção parcial do contrato de sociedade:
falecimento do sócio, sua exclusão e o exercício de seu direito de retirada ou
recesso.

Pode ser usado para AS? Sim, desde que tenha capital fechado e no polo passivo
haja acionista ou acionistas que representem cinco por cento ou mais do capital
social, com fundamento de que a sociedade não pode preencher o seu fim (Art.
206, II, b, Lei das S.A.s e artigo 599, §2º, CPC.

O STJ já admitia nas sociedade anônimas familiares, onde a pessoa dos sociaos é
essencial (STJ, EResp 111.294 PR), quando reompido o affectio societatis – Eresp
1079763.

Em geral o pedido nestes casos é de apuração de haveres, especialmente se


somente houver um socio retirado ou retirante, mas poderá ser de dissolução
parcial de sociedade.

Pretensão
São formulados dois pedidos isoladamente ou em cumulação (art. 599, I a III):

(I) a resolução da sociedade empresária contratual ou simples em relação ao sócio


falecido, excluído ou que exerceu o direito de retirada ou recesso;
(II) a apuração dos haveres do sócio falecido, excluído ou que exerceu o direito de
retirada ou recesso;

(III) somente a resolução ou a apuração de haveres.

Legitimidade
Legitimidade ativa (art. 600):

*falecimento do sócio:

(I) do espólio do sócio falecido, quando a totalidade dos sucessores não ingressar
na sociedade;

(II) dos sucessores, após concluída a partilha do sócio falecido; e

(III) da sociedade, se os sócios sobreviventes não admitirem o ingresso do espólio


ou dos sucessores do falecido na sociedade, quando esse direito decorrer do
contrato social.

Obs: cônjuge ou companheiro do sócio cujo casamento, união estável ou


convivência terminou poderá requerer a apuração de seus haveres na sociedade,
que serão pagos à conta da quota social titulada por este sócio.

- legitimidade ativa do sócio que exerceu o direito de retirada ou recesso, se não


tiver sido providenciada, pelos demais sócios, a alteração contratual consensual
formalizando o desligamento, depois de transcorridos dez dias do exercício do
direito.

- legitimidade ativa da sociedade, nos casos em que a lei não autoriza a exclusão
extrajudicial (arts. 1.030, 1.004 e 1.085 do CC)

- legitimidade ativa do sócio excluído, em ação voltada a apuração de haveres, até


porque se o sócio excluído quiser discutir a legalidade de sua exclusão deverá
fazê-lo por processo que seguirá o rito ordinário.

Legitimidade passiva

- sócios e a sociedade serão citados para, no prazo de quinze dias, concordarem


com o pedido ou apresentarem contestação (art. 601, caput, do CPC).

A sociedade não será citada se todos os seus sócios o forem, mas ficará sujeita aos
efeitos da decisão e à coisa julgada (art. 600, parágrafo único, CPC)

Procedimento
- duas fases procedimentais consecutivas: dissolução e apuração de haveres
(especialidades procedimentais estão reservadas à segunda fase procedimental):
Art. 603 trata apenas de condenação ao pagamento de honorários advocatícios -
apuração de haveres: caberá ao juiz fixar a data da resolução da sociedade (art.
605)

* falecimento do sócio será considerada a data do óbito

(I); na hipótese de retirada imotivada, o sexagésimo dia seguinte ao do


recebimento, pela sociedade, da notificação do sócio retirante

(II); no caso de recesso, o dia do recebimento, pela sociedade, da notificação do


sócio dissidente

(III); na hipótese de retirada por justa causa de sociedade por prazo determinado e
na exclusão judicial de sócio, a do trânsito em julgado da decisão que dissolver a
sociedade

(IV); e no caso de exclusão extrajudicial, a data da assembleia ou da reunião de


sócios que a tiver deliberado (V).
- critério de apuração dos haveres: em caso de omissão do contrato social, o juiz
definirá, como critério de apuração de haveres, o valor patrimonial apurado em
balanço de determinação, tomando-se por referência a data da resolução e
avaliando-se bens e direitos do ativo, tangíveis e intangíveis, a preço de saída,
além do passivo também a ser apurado de igual forma. (art. 606).

Indicação de um perito, preferencialmente um especialista em avaliação de


sociedades.

Ações Possessórias
- interditos possessórios: reintegração de posse (esbulho), manutenção de posse
(turbação) e interdito proibitório (ameaça).

Independentemente da ação, há tutela de um possuidor contra um fato que


ofenda a sua posse. Há fungibilidade entre as ações possessórias (art. 544, CPC).

Aspectos Procedimentais
Ação de Natureza Dúplice.

É possível a cumulação de pedidos, embora trate-se de ação de rito especial: (I)


condenação em perdas e danos; (II) indenização por frutos.

Liminar (tutela provisória da evidência) – no caso de ação possessória de posse


nova – há menos de ano e dia. A concessão de liminar pode ser condicionada a
caução. A caução pode ser afastada em caso de hipossuficiência.

A “exceção de domínio” não é matéria a ser alegada, haja vista que se discute a
posse. Esta tese somente será adequada se alegar o proprietário que sua posse é
legítima pois é o proprietário. Obs. Súmula 487/STF: “Será deferida a posse a
quem, evidentemente, tiver o domínio, se com base neste for ela disputada”.

Litisconsórcio passivo multitudinário (art. 554) – comum no caso de invasões do


MST e similares. O procedimento é regido por:

 citação pessoal dos ocupantes que forem encontrados no local e a citação


por edital dos demais
 intimação do Ministério Público e, se envolver pessoas em situação de
hipossuficiência econômica, da Defensoria Pública.
 ampla publicidade sobre a existência da ação e dos prazos processuais
(anúncios em jornal ou rádio locais, da publicação de cartazes na região do
conflito, e de outros meios)

Litígio coletivo pela Posse (Art. 565) – O principal ponto é a realização de audiência
de conciliação, no caso de posse velha, por exemplo, cuja liminar exige previa
audiência de mediação. O mesmo ocorre caso depois de concedida liminar não
executada em um ano a contar da distribuição.

MP e DP sempre que houver parte beneficiária de gratuidade da justiça.

Órgãos responsáveis pela política agrária e pela política urbana da União, de


Estado ou do Distrito Federal, e de Município onde se situe a área objeto do litígio.

Juiz poderá comparecer à área objeto do litígio se necessário e adequado ao


processo.

Ação de Inventário e Partilha


Inventário Extrajudicial
Pode ser feito de forma extrajudicial.

Para que seja extrajudicial, necessário, em tese: herdeiros capazes, concordes, e


ausência de testamento. Contudo, há entendimento do STJ de que ainda que haja
testamento, e que este tenha sido previamente registrado judicialmente, e haja a
expressa autorização do juízo competente, possível seguir extrajudicialmente.

É faculdade das partes fazer o rito de forma judicial ou extrajudicial -


procedimento: Resolução 35/07 CNJ (arts. 11 a 32).

No caso de extrajudicial, a escritura pública servirá como documento hábil para


qualquer ato de registro (não só para o registro imobiliário) e para levantamento
de importância depositada em instituições financeiras (art. 610, § 1º).

Inventariante
Visa auxiliar especial do juízo: administra o acervo e representa o espólio - múnus
público: prestação de compromisso (art. 617, parágrafo único, do CPC).

O inventariante deverá ser algum indicado na ordem de preferência (art. 990 do


CPC), denominada inventariança legitima.

É admitida a inversão da ordem preferencial é excepcional (STJ, 3.ª Turma, REsp


1.055.633/SP)

Em caso de ausência de inventariança legitima ou justa causa de não ser adotada a


inventariança legitima (por remoção ou impossibilidade de assumir o encargo com
justa causa), haverá a inventariança dativa: qualquer sujeito idôneo que seja
estranho ao acervo (art. 622 do CPC).

No caso de inventariança dativa, havendo representação do espolio em outra lide


que não o inventário, o espolio é intimado e os herdeiros poderão atuar como
assistentes litisconsorciais – art. 75, §1º, CPC.

Remoção
Como o inventariante exerce múnus publico, ele pode ser removido (art. 622 do
CPC). As hipóteses do rol são meramente exemplificativas: Qualquer conduta
desleal, ímproba ou viciada de qualquer forma (STJ, 4.ª Turma, Resp. 988.527/RS).

O procedimento para remoção: requerimento de qualquer interessado, autos em


apenso; intimação com prazo de 15 dias, decisão interlocutória recorrível por
agravo de instrumento.

Para remoção do inventariante há exigência de contraditório (STJ, 3.ª Turma, REsp


539.898/MA).

No caso do inventariante removido, necessária a entrega imediata dos bens do


espólio ao substituto; caso não o faça cabe busca e apreensão e imissão na posse,
além de aplicação de multa a ser fixada pelo juiz em montante não superior a 3%
do valor dos bens inventariados. Há, ainda, cabimento de astreintes (art. 139, IV,
do CPC).

Arrolamento sumário
Art. 659 do CPC.

Requisitos:

a) todos os herdeiros capazes;

b) existir acordo entre eles quanto à partilha OBS: jurisdição voluntária


(Greco/Marcato).

- petição inicial (art. 660 do CPC): (a) requerer ao juiz a nomeação do inventariante
que já vem indicado na própria petição inicial, não havendo necessidade de
aplicação da ordem legal do art. 617 do CPC; (b) declarar os títulos dos herdeiros e
os bens do espólio, nos termos do art. 620 do CPC; (c) atribuir o valor dos bens
para fins de partilha (art. 660 do CPC). (d) havendo dívidas, caberá a indicação na
petição inicial dos bens reservados ao seu pagamento.
*Não é necessário que o inventariante preste compromisso.

É o único procedimento em que faz-se a partilha e após o fisco é intimado para


lançamento administrativo do imposto de transmissão e de outros tributos após a
lavratura do formal de partilha e expedição de alvarás (art. 659, § 2º do CPC).

Arrolamento Comum
Requisitos (art. 664 do CPC):

a) divergência entre os herdeiros;

b) bens que compõem o espólio não tiverem valor superior a 1.000 salários
mínimos;

c) possível presença de incapaz (MP).

Procedimento: - designação do inventariante com respeito a ordem legal e


dispensa de compromisso; apresentação das declarações já com a atribuição do
valor dos bens do espólio e o plano de partilha (art. 664, caput, do CPC); citação
dos herdeiros: a) concordância: expedição do formal de partilha (art. 662 do CPC);
b) impugnação (partes ou MP); nomeação de avaliador (10 dias); audiência
(resolve as questões, determina a partilha e dá solução aos pedidos de pagamento
da dívida do espólio).

*Não é necessário que o inventariante preste compromisso.

Tributos - somente com a prova da quitação dos tributos relativos aos bens do
espólio o juiz julgará a partilha (art. 664, § 5º do CPC).

Procedimento de Inventário
Legitimidade ativa (arts. 615 e 616 do CPC): legitimidade concorrente.

Não há mais exceção ao principio inércia da jurisdição (art. 989 do CPC/1973). -


petição inicial (art. 319 do CPC).

É documento indispensável: certidão de óbito (art. 615, parágrafo único, do Novo


CPC) ou a declaração judicial que a substitua.

Faz-se a nomeação do inventariante, que deverá prestar compromisso.

O inverntariante tem prazo de 20 dias para apresentar as primeiras declarações


(art. 620 do CPC). O prazo dilatório é (Marinoni).

Citação do cônjuge ou companheiro, os herdeiros, os legatários e, havendo o


finado deixado testamento, o testamenteiro (art. 626 do CPC), que formarão um
litisconsórcio necessário. A citação segue as regras comuns do CPC.

Faz-se a intimação da Fazenda Pública e do Ministério Público (herdeiro incapaz


ou ausente).

Todos os citados terão prazo de 15 dias para manifestação sobre as primeiras


declarações. (art. 627 do CPC) para:

(a) a alegação de erros ou omissões (determinação de retificação das declarações);


(b) reclamação contra a nomeação do inventariante (nomeação de outro
inventariante, respeitando-se a ordem legal) ; e (c) contestação da qualidade de
quem foi incluído no título de herdeiro (decisão interlocutória recorrível por AI).

Após, abre-se prazo de 15 dias para a Fazenda Pública informar ao juízo o valor
dos bens de raiz descritos nas primeiras declarações.

Na sequências poderá haver nomeação de perito para avaliar os bens do espólio


Haverá dispensa se herdeiros maiores e capazes e a Fazenda Pública concordar
expressamente com os valores indicados nas primeiras declarações (art. 633 do
CPC), bem como os sucessores concordarem com os valores indicados pela
Fazenda Pública; sendo a divergência parcial, a perícia terá como objeto somente
a parcela controvertida (art. 634 do CPC).

Depois, faz-se a intimação para manifestação em 15 dias, resolvendo o juiz


eventuais impugnações nos termos do art. 635, §§ 1.º e 2.º, do CPC.

Na sequencia ocorre a prestação das últimas declarações, que poderão aditar,


complementar ou emendar as primeiras declarações (configurada definitivamente
a herança a ser partilhada entre os herdeiros).

Após, há intimação para manifestação em 15 dias (solução de plano de eventuais


controvérsias).

Por fim, ocorre cálculo do imposto de transmissão causa mortis com base no valor
dos bens na data da avaliação - prazo de cinco dias sucessivo para as partes e
depois para a Fazenda Pública; sendo acolhida alguma impugnação, os autos serão
devolvidos ao contador para ratificações, declarando o juiz por decisão
interlocutória, recorrível por agravo de instrumento, o valor do imposto.

Partilha
Fase de divisão dos bens (arts. 647 a 658 do CPC).

O juiz poderá, em decisão fundamentada, deferir antecipadamente a qualquer dos


herdeiros o exercício dos direitos de usar e fruir de determinado bem, com a
condição de que, ao término do inventário, tal bem integre a cota desse herdeiro
(art. 647, parágrafo único).

As regras objetivas para a partilha: a maior igualdade possível, seja quanto ao


valor, seja quanto à natureza e à qualidade dos bens, em regra já prevista no art.
2.017 do CC (I); a prevenção de litígios futuros (II); e a maior comodidade dos
coerdeiros, do cônjuge ou do companheiro, se for o caso (III) (art. 648) .

Após o trânsito em julgado os herdeiros receberão os bens e o formal de partilha


(art. 655 do CPC).

OBS: formal: (a) título suficiente para a transcrição no Registro Imobiliário; (b)
título executivo judicial (art. 515, IV do CPC).

Art. 656, do CPC: emenda para corrigir erro de fato na descrição dos bens e
inexatidões materiais da sentença.

Não pode gerar alteração substancial de seu conteúdo, em respeito ao trânsito em


julgado (STJ, 4.ª Turma, REsp 109.188/SP).

Desconstituição da sentença de partilha


(a) partilha amigável (sentença meramente homologatória): ação anulatória (art.
657 do CPC). Prazo de um ano de decadência.

(b) partilha judicial (sentença constitutiva): ação rescisória (art. 658 do CPC).

Sobrepartilha
Sobrepartilha, não haverá anulação da partilha já realizada, mas uma nova
partilha, a ser realizada no mesmo processo da anterior.

Bens sujeitos à sobrepartilha (art. 669 do CPC): (I) os bens sonegados; (II) os bens
desconhecidos ao tempo da partilha; (III) os bens litigiosos ou de liquidação difícil
ou morosa.

Embargos de Terceiro
Cabimento
Ação de conhecimento de rito especial, que visa a proteção da posse.
Decorre de constrição judicial sobre o bem sobre o qual o embargante tenha a
posse.

Visa desfazer ou evitar a constrição (art. 674, caput, do CPC).

Pode haver responsabilidade patrimonial primária e secundária – possuidor direto;


possuidor indireto.

Legitimação
Legitimação ativa
Art. 673, do CPC: § 1o Os embargos podem ser de terceiro proprietário, inclusive
fiduciário, ou possuidor. § 2o Considera-se terceiro, para ajuizamento dos
embargos: I - o cônjuge ou companheiro, quando defende a posse de bens
próprios ou de sua meação, ressalvado o disposto no art. 843; II - o adquirente de
bens cuja constrição decorreu de decisão que declara a ineficácia da alienação
realizada em fraude à execução; III - quem sofre constrição judicial de seus bens
por força de desconsideração da personalidade jurídica, de cujo incidente não fez
parte; IV - o credor com garantia real para obstar expropriação judicial do objeto
de direito real de garantia, caso não tenha sido intimado, nos termos legais dos
atos expropriatórios respectivos.

 Pode ser oposto pelo cônjuge meeiro, para defesa da meação. Verificar-
se-á se a divida beneficiou o casal ou a família. Não sendo em benefício de
ambos os cônjuges, preserva-se a meação entregando ao menos metade
do valor da avaliação ao meeiro.
 Adquirente quando há alegação de fraude a execução – art. 792, §4º, CPC.
Os embargos poderão ter caráter preventivo.
 Quem sofra a constrição mas não foi objeto da desconsideração da PJ.
 Credor com garantia real no caso de expropriação judicial – art. 675, CPC.

Observação: Promitente comprador de imóvel, mesmo sem registro em cartório


(S84/STJ – I412/STJ, 3ª Turma, REsp. 908.137-RS)

Legitimação Passiva
Art. 677, § 4º: será legitimado passivo o sujeito a quem o ato de constrição
aproveita, assim como o será seu adversário no processo principal quando for sua
a indicação do bem para a constrição judicial.

Autor da ação originária donde adveio a apreensão judicial.

Réu da ação originária será litisconsorte quando tiver responsabilidade na


indicação do bem (Marcato/Câmara).

Se o executado tiver indicado o bem a penhora, será também embargado.

Competência
Art. 676: os embargos serão distribuídos por dependência ao juízo que ordenou a
constrição e autuados em apartado. –

Competência absoluta (funcional) do juízo que realizou a constrição judicial.

No caso de ação em tramite no tribunal a competência continua a ser do primeiro


grau (Assis).

No caso de ação na Justiça Estadual e embargos da Justiça Federal (STJ, 2ª Seção,


CC 93.969/MG – suspensão do processo até o julgamento dos embargos, mantidas
as competências de Justiça)

Art. 676, Parágrafo único: Nos casos de ato de constrição realizado por carta, os
embargos serão oferecidos no juízo deprecado, salvo se indicado pelo juízo
deprecante o bem constrito ou se já devolvida a carta.
Obs: parte pode escolher o juízo competente se aguardar a devolução da carta
precatória

Prazo
Art. 675. Os embargos podem ser opostos a qualquer tempo no processo de
conhecimento enquanto não transitada em julgado a sentença e, no cumprimento
de sentença ou no processo de execução, até 5 (cinco) dias depois da adjudicação,
da alienação por iniciativa particular ou da arrematação, mas sempre antes da
assinatura da respectiva carta.

Prazo com natureza decadencial.

O processo/fase de conhecimento: até o transito em julgado.

Após o transito cabe ação comum porque o terceiro não é afetado pela CJM
(HTJr./Marinoni).

Faz-se a execução: até cinco dias após a expropriação, mas nunca após a
assinatura da carta.

OBS: cautelar – regras do processo principal.

Procedimento
* petição inicial (art. 319, do CPC) - art. 677, caput, NCPC: prova sumária da posse
e da qualidade de terceiro, juntando documentos e indicando rol de testemunhas
- art. 677, § 1º: audiência preliminar para a produção da prova da posse OBS:
preclusão da prova testemunhal (STJ, 2ª Turma, REsp. 362.504/RS)

*liminar Art. 678. A decisão que reconhecer suficientemente provado o domínio


ou a posse determinará a suspensão das medidas constritivas sobre os bens
litigiosos objeto dos embargos, bem como a manutenção ou a reintegração
provisória da posse, se o embargante a houver requerido. Obs: tutela da evidência
específica porque não tem entre os requisitos o perigo do tempo Embargos de
terceiro - prestação de caução (art. 678, parágrafo único) Obs1: dispensa da parte
economicamente hipossuficiente. Obs2: sem prestação da caução o bem fica com
depositário judicial (STJ, 3ª Turma, REsp. 754.895/MG)

* citação Art. 677, § 3o A citação será pessoal, se o embargado não tiver


procurador constituído nos autos da ação principal Obs: não há audiência de
conciliação e mediação Embargos de terceiro

* respostas do réu Art. 679. Os embargos poderão ser contestados no prazo de 15


(quinze) dias, findo o qual se seguirá o procedimento comum. - "Em embargos de
terceiro não se anula ato jurídico, por fraude contra credores" (S195/STJ) - não
cabe reconvenção (Marinoni/Araken de Assis) Obs: nos embargos do credor com
garantia real existe uma limitação nas matérias defensivas (art. 680): I - o devedor
comum é insolvente; II - o título é nulo ou não obriga a terceiro; III - outra é a coisa
dada em garantia.

Oposição
Art. 682 do CPC: quem pretender, no todo ou em parte, a coisa ou o direito sobre
que controvertem autor e réu, poderá, até ser proferida a sentença, oferecer
oposição contra ambos.

Terceiro busca excluir pretensão de autor e réu do processo em trâmite. Pode ser
total ou parcial.

Atenção: oposição x embargos de terceiro (objetos distintos).

Procedimento
- distribuição por dependência (art. 683, parágrafo único, do CPC)
- petição inicial nos termos do art. 319 do CPC (art. 683, caput, do CPC)

O litisconsórcio passivo inicial necessário simples (art. 684 do CPC: se um dos réus
reconhecer juridicamente o pedido a oposição seguirá contra o outro).

- citação dos opostos, na pessoa de seus advogados para contestação em 15 dias


(art. 683, parágrafo único, do CPC).

No caso de réu sem advogado na ação principal será citado pessoalmente Obs2:
não se aplica prazo em dobro do art. 229.

Não cabe audiência de mediação e conciliação.

O prazo é sempre comum de 15 dias, nunca contado em dobro nos termos do 229,
CPC.

- sendo admitido o processamento a oposição será autuada em apenso e seguirá o


mesmo procedimento da ação principal (art. 685 do CPC).

Faz-se o julgamento na mesma sentença a oposição será julgada antes (art. 686 do
CPC).

No caso de oposição proposta após o início da audiência de instrução, o juiz


suspenderá o procedimento do processo principal ao final da produção da prova,
salvo de concluir que a unidade da instrução atende melhor ao princípio da
duração razoável do processo (art. 685 do CPC).

Demanda Bifronte
- ação principal e oposição podem ser julgadas em momentos distintos (não
admissão como oposição e não havendo suspensão do processo principal)

- oposição transitada em julgado antes da ação principal: (a) improcedência não


afeta ação principal; (b) procedência gera a perda superveniente de objeto da
ação principal

- ação principal transitada em julgado antes da oposição: o derrotado é excluído


da oposição que continua somente contra o outro oposto.

Procedimento Especial das Ações de Família


Não temos o material salvo em pdf. Rever aula 27.2

Ação Monitória
Art. 700 e seguintes, CPC.

Admissibilidade
Trata-se de tutela diferenciada para a abreviação do iter processual para a
obtenção de um título executivo.

Adota técnica de cognição sumária (para a concessão do mandado monitório) e do


contraditório diferido (permitindo a prolação de decisão antes da oitiva do réu).

Pode ser não somente para obrigações de pagar, mas de fazer e entregar coisa
também.

Ação monitória documental - mera alegação exige ação de conhecimento. É


necessária prova documental que comprove o direito do autor. Pode ser prova
documental não escrita, ou prova documentada (prova oral, testemunhal ou
depoimento, seja produzida em autos apartados ou em ação cautelar de produção
de prova, mas sempre deverá ser pré constituída).

A prova poderá ser produzida de forma unilateral. ,as neste caso a credibilidade
desta é menor.
Contudo, é opção do autor adotar a ação monitória, podendo, se preferir, adotar
ação de conhecimento.

Legitimidade
Incapaz
Não cabe contra devedor incapaz (art. 700, caput, do CPC).

Fazenda Publica
É possível, mas incomum que a Fazenda Pública ingresse com ação monitória.

O cabimento previsto no art. art. 700, § 6º do CPC - art. 701, § 4.º, do CPC, sendo
ré a Fazenda Pública e não apresentados os embargos previstos no art. 702 do
mesmo diploma legal, cabe reexame necessário da decisão concessiva do
mandado monitório.

Ocorre que a sentença estaria sujeita ao reexame necessário.

Procedimento
- petição inicial (arts. 319 e 320 do CPC).

Art. 700, § 2.º, do CPC: (I) a importância devida, instruindo-a com memória de
cálculo; (II) o valor atual da coisa reclamada; (III) o conteúdo patrimonial em
discussão ou o proveito econômico perseguido.

Segundo o § 3.º do mesmo artigo, o valor de causa deverá corresponder à


importância prevista no § 2.º, I a III.

Dispensa da descrição dos fatos e fundamentos jurídicos (Súmula 531 do STJ: “Em
ação monitória fundada em cheque prescrito ajuizada contra o emitente, é
dispensável a menção ao negócio jurídico subjacente à emissão da cártula.”;
Informativo 513/STJ, 2.ª Seção, REsp 1.094.571-SP.

- indeferimento da petição inicial: regras gerais do art. 330 do CPC.

- emenda da petição inicial (art. 321 do CPC)

Havendo dúvida quanto à idoneidade de prova documental apresentada pelo


autor, o juiz intimá-lo-á para, querendo, emendar a petição inicial, adaptando-a ao
procedimento comum (art. 700, § 5º do CPC)

- deferimento de plano do mandado monitório (art. 701, caput, do CPC)

Há possibilidade de tutela da evidência, não sendo necessário comprovar


urgência.

Citação
-Expedido o mandado monitório, o réu será citado para integrar o processo e
tomar conhecimento da existência e teor da demanda contra ele proposta, bem
como intimado para a interposição de embargos ao mandado monitório no prazo
de 15 dias.

Todas as formas de citação são admitidas.

Reações do Réu
-Prazo de 15 dias: (a) satisfazer a obrigação; (b) não reagir; (c) ingressar com
embargos ao mandado monitório: (d) pagamento parcelado

 Sendo cumprido o mandado no prazo legal, o réu ficará isento do


pagamento das custas processuais (art. 701, § 1º, do CPC), e pagará 5% do
valor da causa a título de honorários advocatícios (art. 701, caput, do
CPC);
 Haverá omissão do réu em apresentar tempestivamente os embargos ao
mandado monitório faz com que este se converta de pleno direito em
título executivo judicial (art. 701, § 2º, do CPC). Não há nova decisão,
sendo a decisão que determina a expedição do mandado monitório o
título executivo judicial; ou,
 Interposição dos embargos ao mandado monitório ; ou,
 Fará pedido de moratória legal, para pagamento parcelado do débito, nos
termos do art. 916 do CPC art. 701, § 5º, do CPC.

Embargos Monitórios
Art. 702, § 6º, do CPC: reconvenção a ser proposta pelo réu da demanda monitória
Obs: não cabe reconvenção da reconvenção.

É admissível a alegação de qualquer matéria de defesa (art. 702, § 1º, do CPC).

Independem de prévia segurança do juízo (art. 702, caput, do CPC).

A interposição dos embargos ao mandado monitório suspende a eficácia do


mandado inicial (art. 702, § 4º, do CPC), e, havendo a interposição de embargos
parciais, a parcela do mandado não impugnada converte-se de pleno direito em
título executivo, nos termos do art. 702, § 7º, do CPC) .

A critério do juiz, os embargos serão autuados em apartado, se parciais,


constituindo-se de pleno direito o título executivo judicial em relação à parcela
incontroversa (§ 7.º do art. 702 do CPC).

Os embargos ao mandado monitório são decididos por sentença recorrível por


apelação.

Há efeito suspensivo da apelação? Não há previsão expressa, aplicando-se por


analogia do art. 1.012, § 1º, III, do CPC, tende-se que não há efeito suspensivo
(Dinamarco/Marcato)

O art. 702, § 4º, do CPC, que prevê que a oposição dos embargos suspende a
eficácia do mandado monitório até o julgamento em primeiro grau.

Nada se refere a decisão que julga os embargos - art. 702, § 8º, do CPC, que prevê
que sendo rejeitados os embargos o mandado monitório se converte de pleno
direito em título executivo (a eficácia do mandado monitório não depende do
trânsito em julgado da decisão dos embargos e nem de seu reexame pelo tribunal
em julgamento de apelação).

Por analogia com o art. 1.012, § 1º, V, do CPC: improcedência dos embargos
confirma a tutela de evidência concedida liminarmente, o que seria suficiente para
retirar o efeito suspensivo da apelação (Medina).

Tutela Jurisdicional Coletiva


Direitos ou Interesses
Indeterminação legal (art. 81, CDC; art. 21, LACP; art. 129, III, CF) e
indeterminação jurisprudencial (STJ, 4ª Turma, Resp 823.063/PR)

Concepção clássica de direito subjetivo: privado (indivíduo) e público (Estado)

Os interesses legítimos (jurídicos): tuteláveis da mesma forma que os direitos


subjetivos.

Direito Difuso
Art. 81, parágrafo único, CDC.

Transindividual: não tem como titular o indivíduo. O titular é a coletividade, logo,


o titular não é de pessoas indeterminadas.

A indeterminabilidade relativa, sendo a determinação destes sujeitos


extremamente difícil e trabalhosa (Barbosa Moreira).
Natureza indivisível (cindibilidade do direito), conforme situação de fato.

Ex: todos os lesados em razão da emissão de CO2 em excesso, violando o direito


de todos a um meio ambiente ecologicamente equilibrado.

Direito Coletivo
Transindividual - titular: grupo, classe ou categoria de pessoas.

É Indivisível.

São membros da comunidade são indeterminados mas determináveis.

Há relação jurídica-base entre os próprios sujeitos da comunidade/ entre os


sujeitos da comunidade e o violador da norma.

Ex: todos os advogados da seccional de SP, lesados pela OAB/SP.

Direitos Transindividuais Homogêneos


Art. 81, parágrafo único, III, CDC.

É a soma de direitos individuais de origem comum, seja fática ou jurídica.

Tem natureza divisível.

A doutrina e a jurisprudência entendem que a mera origem comum de um direito


é pouco para originar direito transindividual homogêneo.

É necessário ainda:

 Requisito objetivo: Tese jurídica única que proteja e beneficie a todos.


 Requisito subjetivo: Número razoável de indivíduos.

Art. 94, CDC: publicação de editais - art. 95, CDC: sentença condenatória genérica.

Art. 100, CDC: extensão do dano e número de tutelados para a execução por “fluid
recovery”. STJ, 4ª Turma, Resp 823.063/PR

Direitos Individuais indisponíveis


Não é necessária coletividade. A ação coletiva visa proteção de até mesmo um
único individuo.

É usado para tutela de:

 Criança ou adolescente: art. 201, V, Lei 8.069/90


 Idoso: art. 74, I, Lei 10.741/01
 Hipossuficiente: art. 98, § 3º, Lei 7.853/89

O rol é exemplificativo, de forma que, havendo direito individual indisponível,


poderá ser tutelado pelo MP, STJ, 1ª Seção, Resp 1.681.690/SP (tema 766).

Diferenças e Identidades
Direito difuso/coletivo: transindividuais e indivisíveis.

Direito difuso: situação de fato x direito coletivo: relação jurídica-base.

Direito difuso: indeterminabilidade x direito coletivo: determinabilidade.

Direito difuso e coletivo x Direito individual homogêneo: titularidade e


divisibilidade

Obs: direitos essencialmente e acidentalmente coletivos (Barbosa Moreira);


defesa de diretos coletivos e defesa coletiva de direitos (Zavascki)

Microssistema Coletivo
Reunião de legislações esparsas que normativa o processo coletivo.

O núcleo duro é formado pela Lei de ACP e CDC.


Havendo conflito entre as leis, aplica-se primeiramente a Lei da ACP e
residualmente o CDC.

Apesar de não ser parte do núcleo duro, a Lei de Ação Popular, alimenta o núcleo
duro com ao menos 3 regras:

 Prazo prescricional de 5 anos – art. 21 – Resp 1.780.768/SP.


 Reexame necessário na hipótese de sentença terminativa e improcedência
– art. 19.- Resp 1.612.579/RR.
 Cabimento de agravo de instrumento em face de toda decisão
interlocutória - art. 19, §1º. Resp 1.828.295/MG.

Caso a norma do núcleo duro contrarie outra norma do microssistema coletivo,


qual é aplicável? A lei especifica. Neste sentido:

a) Coisa julgada somente opera se beneficiar o tutelado (secundum eventum litis


notibis) - art. 103, § 1º do CDC x art. 22, caput da Lei 12.016/09 (STJ, 1ª Turma,
RMS 34.270/MG (coisa julgada pro et contra))

b) Competência - art. 2º da LACP x art. 209 do ECA e 80 do Idoso.

c) Efeitos da apelação – efeito suspensivo - art. 14 da LACP x art. 19, caput, do LAP.

d) prazo para execução pelo Ministério Público - art. 15 da LACP x art. 16 da LAP
(STJ, 2ª Turma, Resp 1.172.198/SP). Prazo de 60 dias para o MP executar.

Princípios
Ativismo Judicial
Sistemas processuais dispositivo e inquisitivo - poderes do juiz x vontade das
partes.

poderes gerais do juiz são: poderes instrutórios, princípio da cooperação, lealdade


de boa-fé processual.

No caso do microssistema coletivo, estes poderes são intensificados, vez que os


titulares do direito não participam do processo, havendo sempre substituição
processual, e diante da natureza dos direitos tutelados, indisponíveis.

Há ainda poderes específicos dos juízes nos casos de ações coletivas:

Lei 4.717/65

 art. 7, IV: possibilidade de dilação do prazo de contestação (de 20 dias),


em caso de dificuldade de produção de provas.
 art. 15: se comprovada pratica de ato ilícito penal, ou infringência de lei
trabalhista ou administrativa, o juiz faz remessa dos autos ao competente
para apurar a referida pratica.

LACP/CDC

 art. 7ª, LACP: possibilidade de notificar os legitimados ativos para que


movimentem ação coletiva, em verificando a lesão a direito coletivo em
uma ação individual.
 art. 100, CDC: execução por fluid recovery, a definição do valor exige do
juiz um cálculo não baseado em dados objetivos.
 Defining function: previsto pela doutrina. Poder do juiz dividido em 4
poderes: desmembramento do processo coletivo para tratar de um so
direito em cada demanda; certificação da ação como de natureza coletiva
(era previsto no CPC, que, porem, foi vetado – não há no Brasil);
flexibilização procedimental; suspensão dos processos individuais (STJ, 2ª
Seção, Resp. 1.110.549/RS).
Poderes do juiz e implementação de políticas públicas
Controle judicial de atos administrativos: atos vinculados e discricionários -
Discricionariedade não significa liberdade plena e irrestrita

O juízo de conveniência deve ser realizado tomando-se por base a finalidade do


ato administrativo o melhor resultado possível da escolha realizada.

Separação de poderes (STF, 1ª Turma, AI 593.676 AgR/RS)

Descumprimento de encargos políticos-jurídicos que incidem sobre os órgãos


públicos de forma impositiva

Eficácia e integridade de direitos sociais e culturais impregnados de estatura


constitucional (STF, 2ª Turma, ARE 639.337 AgR/SP; STJ, 1ª Turma, Resp
753.565/MS)

Afastamento da tese das escolhas trágicas (STJ, 2ª Turma, Resp 1.068.731/RS).

Processo Estrutural
As características:

a) versam sobre conflito de elevada complexidade, com múltiplos polos de


interesse (ora convergentes, ora conflitantes);

b) serve para a implementação de valores públicos reputados juridicamente


relevantes cuja implementação espontânea não se realizou; e

c) necessidade de reforma de uma instituição pública ou privada (comportamento


institucional).

Nem todo processo estrutural é coletivo, mas geralmente é.

Em razão da complexidade, há subsidiariedade na adoção do processo estrutural.

Prevê algumas flexibilizações:

a) princípio da congruência: adstrição da sentença ao pedido do autor.

b) limites da coisa julgada: adequação da coisa julgada a realidade, que faz-se em


cascata, com cognição executiva.

c) cognição executiva (“decisões em cascata”)

d) cooperação na fase executiva

e) contraditório real para atender a todos.

Economia processual
Microscópica: gratuidade processual para o juiz.

Macroscópica: menos processo e mais resultado, diminui a quantidade de


processos individuais.

Promessa de evitar processos e harmonização dos julgados: gera maior segurança


juridica (mesma decisão)(STJ, 5ª Turma, Resp 1.142.630/PR) - evitar a repetição de
atos processuais.

Art. 104 do CDC (“right to opt out”) x suspensão obrigatória de processos


individuais (STJ, 2ª Seção, Resp 1.110.549/RS) – determinação de suspensão dos
processos individuais, por força legal.

Primazia no julgamento de mérito


Teoria geral do processo - art. 4º, CPC e art. 139, IX, art. 317, CPC.

Havendo vicio sanável, deverá ser oportunizada a solução deste, priorizando o


julgamento de mérito do processo.
É potencializada na tutela coletiva – é possível sucessão processual na hipótese de
ilegitimidade passiva e ativa.

A substituição do polo passivo já é comum no CPC (arts 338/339, CPC).

A substituição do polo ativo é novidade , decorre de aplicação subsidiária do art.


5º, § 3º, CPC (STJ, 2ª Turma, Resp 1.177.453/RS).

Há ainda possibilidade de fungibilidade, a incorreção do nome é mera


irregularidade. Possível o recebimento de uma ação coletiva por outra. Há defesa
do patrimônio público (ação popular; ação civil pública; ação de improbidade
administrativa).

Disponibilidade motivada
Art. 9º da Lei 4.717/65; art. 5º, § 3º, Lei 7.347/85.

No caso de abandono e desistência do autor, há publicação de editais e intimação


do MP ou de qualquer outro legitimado. Não existe dever em assumir o processo.

No caso de processo coletivo especial, processo de controle de


constitucionalidade (art. 5º e 12-D, Lei 9.868/99) a desistência ou abandono do
MP é ineficaz e não possível.

Não taxatividade
O rol de direitos tuteláveis não é taxativo, a natureza é exemplificativa - art. 1, IV,
LACP: todos os direitos difusos e coletivos.

Há porem duas limitações legais:

 Art. 1º, p. único, LACP: pretensões que envolvam tributos/contribuições


previdenciárias. Pode versar sobre tarifas publicas mas não tributos em
geral.
Veda-se ação civil publica contra o poder público para privilegiar o
contribuinte.
Revogação de benefício fiscal ilegal (STF, 2ª Turma, RE 586.705 AgRg/DF).
Tarifas públicas x tributos (STF, 2ª Turma, RE 228.177/MG)

 Veda-se ACP com objeto de contribuições previdenciárias.


Distinção entre contribuições x benefícios (STJ, 5ª Turma, Resp.
1.462.630/PR).

 Vedação de MS coletivo sobre direito difuso - art. 21, p. único, LMS.

Atenção, o art. 3º, LACP não é limitação. É possível alternatividade entre pagar e
fazer/não fazer (STJ, 1ª Turma, Resp 625.249/PR).

Competitividade adequada
Foros concorrentes, como escolher?

• forum shooping : escolha livre pelo autor.

• forum non conveniens: escolha dirigida a não sacrifica direito de defesa do réu, e
não seleção do foro inadequado para a tutela jurisdicional (conforme produção de
provas).

O STJ entende que não existe no Brasil foro non conveniens, mas somente foro
shopping - STJ , 3ª Turma, MC 15.398/RJ - tutela coletiva (STJ, 1ª Seção, CC
97.351/SP; CC 164.362/MG)

Competência
Competencia Originária nos Tribunais Superiores
Ação popular e ação civil pública: não há prerrogativa de foro.
STF, Tribunal Pleno, Pet. 3.087 AgR/DF

STF, Tribunal Pleno, Pet. 3.152 AgR/PA

Poderá ser ajuizada nos Tribunais Superiores nos casos previstos em lei:
competência originária do STF: art. 102, I, ‘f”, “e” e “n”.

No caso da ação de improbidade administrativa, para ser de competencia dos


Tribunais Superiores, é no caso de prerrogativa de foro, tão somente - Art. 102, I,
“b” e “c”/art. 105, I, “a” e “b”, CF: competência por prerrogativa de função para o
julgamento de crimes comuns e de responsabilidade quando praticados por certas
autoridades (STF, Tribunal Pleno, ADI n. 2.797/DF - STJ, CE, EDcl no AgRg na AIA
39/RR).

No caso do Mandado de segurança coletivo, dependerá da autoridade coatora


que praticou o ato impugnado: função/categoria funcional (STJ, 1ª Seção, AgRg no
CC 104.730/PR) - art. 102, I, d, CF: STF - art. 105, I, b, CF: STJ 2. Competência da
Justiça especializada;

Competência de Justiça Especializada


Justiça Trabalhista: Ação específicas e comuns, salvo de improbidade
administrativa.

Justiça Eleitoral: não admite ação coletiva - art. 105-A da Lei 9.504/97.

Justiça Militar: caráter sancionatório-penal, não cabe ação coletiva.;

Competencia da Justiça Comum


Justiça Federal - art. 109, CF

Será a competente conforme pessoa jurídica lesada pelo ato ilícito impugnado
estiver prevista no art. 109, I, CF, ou seja, for pessoa jurídica fedaral
(Costa/Pacheco).

Obs: STJ, 1ª Turma, AgRg no Resp 976.896/RS: interesses nitidamente federais em


razão da natureza dos bens e dos valores jurídicos que visa tutelar - MPF (STJ, 1ª
Seção, CC 39.111/RJ).

Competência por delegação (revogação da Súmula 183/STJ).

A competência da Justiça Estadual é residual.

Competência do foro

Regra de competência absoluta - art. 2º, LACP e 93 do CDC)

Competencia funcional x territorial


 art. 2º da LACP: foro do local do dano
 art. 93, I do CDC: foro do local do dano ou onde deva ocorrer o dano (dano
local)
 art. 93, II do CDC: no foro da Capital do Estado ou no do Distrito Federal,
para os danos de âmbito nacional ou regional, aplicando-se as regras do
Código de Processo Civil aos casos de competência concorrente Obs: foros
concorrentes (STJ, 1ª Seção, AgRg no CC 118.023/DF)
 art. 209, ECA: foro do local onde ocorreu ou deva ocorrer a ação ou
omissão
 art. 80, EIdoso: foro do domicílio do idoso

Legitimidade
Tutela individual
Art. 18, CPC

Ordinária: nome próprio na defesa de interesse próprio.


Extraordinária: nome próprio na defesa de interesse alheio.

Autônoma: uma parcela da doutrina entende que como os titulares são


indeterminados, no caso da tutela de legitimidade difusa, a legitimidade é
extraordinária.

Na tutela coletiva é sempre:

 Legitimação passiva: ordinária


 Legitimidade ativa, se DIH: extraordinária; se difuso/coletivo: autônoma
para condução do processo (Nery) x extraordinária (Zavascki).

É sempre: concorrente havendo vários legitimados ativos, conforme titulares do


direito; e disjuntiva, pois basta um legitimado para a propositura da demanda.

Legitimidade Ativa
Cidadão.
Legitimado na ação popular. Deve ser eleitor: cidadania mínima - art. 1º, caput, da
Lei 4.717/65 (art. 1º, § 3º, da LAP).

Não há competencia vinculada ao domicilio eleitoral - STJ, 2ª Turma,


1.242.800/MS.

Há doutrina que deseja ampliar os legitimados das ações populares para os não
cidadãos, mas hoje este não é o entendimento.

No caso do microssistema coletivo? Cidadão como legitimado para outras espécies


de ação coletiva? Não. Ação Popular só pode ser proposta pelo cidadão e o
cidadão só pode propor ação popular.

MP atua como fiscal da ordem juridica na ação popular. Contudo, se o cidadão


abandonar a demanda, o MP terá legitimado para atuação no polo ativo da ação
popular.

Ministério Público
Legitimado na Ação Coletiva, sem necessidade de pertinência temática, deve
haver somente compatibilidade com sua atuação profissional, ou seja, no caso de
direito indisponível.

- arts. 5º, I, LACP e 82, I, CDC

- art. 129, III, CF: IC e ACP para quaisquer direitos difusos e coletivos

Não há exigência de pertinência temática (STF, Pleno, RE 511.961/SP; STJ, 2ª


Turma, Resp 933.002/RJ).

Ou seja:

•Direito compatível com suas funções - art. 129, IX, CF: outras funções
compatíveis com sua finalidade

• DIH – direitos indisponíveis; direitos disponíveis com repercussão social


(natureza do dano; número significativo de lesados; interesse social no
funcionamento de um sistema econômico, social ou jurídico

• DII – direito individual indisponível.

Associações
Art. 5º, V e art. 82, IV, CDC.

* Requisitos

(a) Constituição nos termos da lei civil há pelo menos um ano - afastamento da
exigência (art. 82, § 1º, CDC).
Excepcionalmente, se não constituída há mais de um ano, havendo, manifesto
interesse social (dimensão ou característica do dano) e Relevância do bem jurídico
a ser protegido, poderá ser admitida a legitimidade.

(b) Pertinência temática - vinculação entre objeto do processo e finalidades


institucionais.

Obs. Discussão inaugurada pelo STJ que confundiu a substituição processual com
representação processual, havendo necessidade de autorização especifica dos
associados para propor a demanda. Como não atua em substituição processual,
não há que falar em substituição - STF, TP, RE 573.232/SC; STF, TP, Edcl no RE n.
612.043/PR: somente as ações coletivas submetidas ao rito ordinário, pois são
direitos meramente individuais, no qual o autor se limita a representar os titulares
do direito material, atuando na defesa de interesses alheios e em nome alheio, o
que não ocorre nas ações civis públicas.

Não há qualquer exigência neste sentido pelo STJ - Informativo 665/STJ, 3ª Turma,
EDcl no REsp 1.405.697-MG.

Pessoa jurídica da administração pública


Adminstração Pública Direta, sendo necessário apenas limitação territorial - Art.
5º, III, LACP/art. 82, II, CDC: União, Estado, Município e DF - STJ, 3ª Turma, Resp
168.051/DF – limitação territorial

Não é necessária pertinência temática.

Administração Pública Indireta: art. 5º, IV, LACP/art. 82, III, CDC: empresas
públicas; autarquias; fundações e sociedade de economia mista

Exigida pertinência temática (STJ, 1ª Turma, Resp 879.840/SP).

Órgãos da administração pública sem personalidade jurídica: art. 82, III, CDC. Tem
capacidade jurídica, sem personalidade jurídica. Ex: PROCON (STJ, 2ª Turma, Resp
1.075.392/RJ).

Defensoria Pública
Art. 5º, II, LACP

Através da ADIN 3943 (CONAMP) definiu-se a necessidade de tutela temática.

É possível somente na tutela de vulneráveis de qualquer ordem e de direitos


humanos - STJ, 4ª Turma, Resp. 1.192.577/RS

(a) difuso: sempre

(b) coletivo/DIH: exigido que sejam vulneráveis mas poderá haver parcela de não
vulneráveis

Intervenção como custos vulnerabilis, dando preferência em não ser autor,


atuando custus vunerasbilis, ou seja, na tutela de indivíduos vulneráveis.

Intervenção em ações que lhe falta legitimidade ativa: não tem legitimidade ativa,
como em ação popular e em ação de improbidade administrativa. Nestas ações
participará como custus vunerabilis, a depender das circunstancias.

Nas ações em que terá legitimidade ativa, dado que a finalidade institucional não
se coaduna com a pretensão do autor.

Mandado de Segurança Coletivo


Art. 5º, LXX, CF/art. 21, caput, LMS

Legitimidade Ativa
Partido político com representação no Congresso Nacional
Atuará na defesa de interesses legítimos relativos a seus integrantes ou à
finalidade partidária (STF, TP, RE 196.184/AM – art. 1º da Lei 9.096/1995) –
necessário comprovar pertinência temática.

Organização sindical, entidade de classe ou associação


Necessária a constituição há pelo menos um ano.

A defesa não precisa ser da totalidade de membros ou associados.

Há dispensa de autorização formal.

Ministério Público
Não há previsão expressa, mas jurisprudencialmente admite-se.

STJ, 1ª Turma, AgRg no Ag 1.249.132/SP

Ação de Improbidade Administrativa


Art. 17, caput, Lei 8.429/92.

Não pode ser usada para tutelar direitos difusos e individuais homogêneos. Mas
seria ação coletiva?

Em que pese o artigo 17 preveja que não há tutela de direitos coletivos, a lei prevê
a possibilidade de pedido de reparação do erário, ou seja, tutela de direitos
difusos. Logo, a lei é contraditório.

O artigo 17 prevê, na verdade, que nas sanções do artigo 12 ao funcionário


público, não há atuação de direito difuso ou individual homogêneo, não sendo
tutela coletiva, mas, a partir do momento em que além do pedido de aplicação de
penalidade, há pedido de reparação de dano causado ao patrimônio público, há
tutela coletiva, aplicando-se à estes pedido o microssistema de direito coletivo.

Legitimados
Ministério Público e pessoa jurídica interessada.

Pessoa jurídica interessada - Somente PJ de direito público (Zavascki) - PJ de


direito público que receba dinheiro público (Gilmar Mendes) – ADI 7002.

Ministério Público - art. 129, IX, CF.

Legitimidade Passiva
Na Ação Civil Pública
Qualquer sujeito apontado como responsável pela prática do ato ilícito

Ação Popular
Art. 6º, caput, LAP: litisconsórcio necessário.

Pessoa jurídica que de alguma forma gira patrimônio público; Autoridade,


funcionário ou administrador que tenham aprovado, ratificado ou praticado o ato
impugnação (ação ou omissão); e, Beneficiário direto pelo ato ou omissão.

Ação de improbidade administrativa


Qualquer sujeito que cometa um ato de improbidade (agentes públicos e
terceiros).

A pessoa jurídica lesada pelo ato deve ser intimada sobre a existência do processo,
e, querendo, integrar a lide no polo ativo, mas não se trata de litisconsórcio ativo
necessário (STJ, 1ª T, Resp 970.393/CE). Pode também integrar o polo passivo,
segundo a lei.

Sempre deve haver agente público - beneficiados diretos - STJ, 1ª Turma, Resp
1.171.017/PA. É da essência do ato de improbidade um agente público, ainda que
haja particular envolvido, devendo este integrar o polo ativo.
Mandado de segurança coletivo
PJDP ou autoridade coatora? Há corrente que entende tratar-se de litisconcorcio
necessário, e quem entende que não.

• Litisconsórcio necessário (Scarpinella)

• Autoridade coatora (Marinoni)

• PJDP (HTJr.)

Além destes, segundo STJ, há necessidade de presença de sujeito que sofrerá os


efeitos jurídicos diretos (STJ, 1ª Seção, AR 3.646/MG), ex: quem venceu a licitação
viciada.

Legitimidade Bifronte na Ação popular (art. 6º, § 3º)


A PJ pode mudar de polo, de forma que, querendo, poderá abster-se de
contestação/útil ao interesse público, e migrar para o outro polo.

Qual momento para faze-lo? Há duas correntes:

 prazo de contestação (Gilmar Mendes)


 A qualquer momento (Mancuso)

Legitimidade Bifronte Ação de improbidade administrativa


PJ lesada não tem legitimidade passiva - intimação para ciência da existência do
processo Obs: STJ, 2ª Turma, Resp 886.524/SP

Coisa Julgada na Tutela Coletiva


Relação entre Ações Coletivos
Há coisa julgada secundum eventum probationis

Ex: Um processo coletivo com transito em julgado

Um segundo processo, com tríplice identidade (mesmas partes materiais (não


necessariamente processuais – mesmo titular do direito, ainda que representado
por pessoas diferentes) causa de pedir, pedidos).

O que ocorre com o segundo processo? Deverá ser extinto, a rigor.

Ocorre que no âmbito do processo coletivo, permite-se um novo julgamento de


mérito se houver um prova nova.

Contudo, esta técnica limita-se aos direitos transindividuais, sendo extinta a


demanda nos demais casos (art. 103, III, CDC).

Atenção: o julgamento inicial deve ser de improcedência! Se procedente a


primeira ação, não é admitida nova ação.

É necessário que na sentença haja indicação da prova? Há duas correntes:


ausência de provas com indicação na sentença ou dedução de seu conteúdo
(Mancuso e Arruda Alvim) x qualquer fundamentação (Grinover e Barros Leonel).

A prova deverá ser nova necessariamente? Entende-se por Marinoni e Abelha que
basta que seja prova não produzida, ainda que decorrente da desídia. Grinover e
Watanabe entendem que necessário que seja prova superveniente, contudo,
nesta hipótese pune-se o titular do direito por fato que não lhe pode ser
imputado, dado que representado, não devendo ser adotado este entendimento.

Relação da ação coletiva e pretensão individual


a) difusos (erga omnes)
b) coletivo (ultra partes- membros da classe ou categoria)
c) DIH (erga omnes)
Coisa julgada secundum eventum litis in utilibus - Obs. art. 104 do CDC. Somente a
coisa julgada se para beneficiar o representado. Caso haja demanda individual, o
autor pode pedir a suspensão de seu processo, e aguardar resultado da demanda
coletiva, liquidando-a após. Contudo, se continuar com a demanda individual,
sabendo da demanda coletiva, ainda que improcedente sua demanda e
procedente a coletiva, esta não o beneficiará, exceto se não houver formal
desistência à suspensão da ação individual.

Coisa julgada por et contra – a decisão coletiva negativa vincula o individuo no


caso de demanda sobre direito individual homogêneo, caso os indivíduos
intervenham na lide, atuando como parte, caso em que poderá a coisa julgada
prejudica-lo.

No mandado de segurança (Informativo 486 do STJ, 1ª Turma, RMS 34.270-MG) o


STJ entende que é o único caso absoluto de possibilidade de coisa julgada pro et
contra – art. 94, CDC.

Limitação Territorial
Art. 16 da LACP. A sentença civil fará coisa julgada erga omnes, nos limites da
competência territorial do órgão prolator, exceto se o pedido for julgado
improcedente por insuficiência de provas, hipótese em que qualquer legitimado
poderá intentar outra ação com idêntico fundamento, valendo-se de nova prova.

STF, Recurso Extraordinário (RE) 1.101.937, com repercussão geral reconhecida


(Tema 1075)

Liquidação e Execução Coletiva


CPC: arbitramento (antiga liquidação por artigos) e procedimento comum .

Visa a fixação do quantum debeatur.: fase procedimental

Coletiva
Há dois tipos.

No caso da liquidação de sentença do valor destinado ao fundo de defesa de


direito coletivo: Competência funcional (CPC), do próprio juízo que proferiu a
sentença.

No caso de liquidação individual, pelo titular do direito (I452/STJ, Resp


1.098.242/GO): foro do domicílio do indivíduo, com acesso ao processo *
descentralização do trabalho.

Espécies
Difuso/coletivo: não há especialidade, é comum, apenas liquidando o quantum
debeatur. Art. 95, CDC: sentença genérica. Excepcionalmente bastará cálculos
aritméticos

No caso de DIH, é necessário verificar se o individuo é titular do direito, antes da


liquidação do quantum debeatur. Ex: Caso de Mariana. Há neste caso liquidação
imprópria.

Legitimidade
Difusos e coletivos: legitimados coletivos.

DIH: vítima e sucessores e legitimados coletivos.

Difuso e Coletivo: preferência pela tutela específica, se não for possível, reverte-se
para obrigação de pagar com receita destinada ao Fundo (FDD) ou para a pessoa
jurídica prejudicada, quando esta é PJ de direito publico (ressarcimento do erário)
- art. 18, LIA.
Direito Individual Homogêneo: Faz-se execução individual, contudo, em não
havendo um número de legitimados exequentes compatível ao dano praticado,
para que não fique barato ao causador do dano, neste caso, far-se-a execução por
fluid recovery, a fim de não ficar barato ao causador do dano - Resp repetitivo
(tema 948).

Execução por fluid recovery - art. 100, CDC: a aplicação é sempre subsidiária (STJ,
4ª Turma, Resp 1.156.021/RS) Obs. STJ, 4ª Turma, REsp 1.610.821/RJ

Prescrição do direito individual? Não ocorre!

Legitimados coletivos (art. 98, CDC) Obs: substituição processual (STJ, CE, AgInt no
RE nos EDcl no AgInt no AREsp 1.215.294 RJ.

O valor não está atrelado aos danos indenizatório, contudo, pelo princípio da
menor onerosidade, a execução por fluid recovery não poderá ser maior que o
dano causado, embora não seja destinado às vítimas, mas ao FDD (STJ, 4ª Turma,
Resp 1.187.632/DF.

Gratuidade na Tutela Coletiva


Isenção de Adiantamento de custas, emolumentos, honorários periciais e
quaisquer outras defesas – art. 18, LACP e art. 87, CDC. A isenção será judicial e
extrajudicial (cartórios).

O benefício é exclusivo do autor, dado que o autor defende interesse de outrem, a


legitimação é extraordinária, de forma que a gratuidade é um isentivo na atuação
– STJ, ARESP 434.851/MG.

Como funciona o adiantamento das custas do perito, neste caso? O problema


existe quando o autor requer a perícia. Como fará? Uma solução seria aplicar o
CPC - Art. 95, §3º, CPC. É possível que seja feito também através de convenio
público, por exemplo com universidades. Outra possibilidade é o sacrifício do
perito, em prol de um bem maior. Pode ainda ser utilizado o FDD,
excepcionalmente – STJ, RMS 30.812/SP.

Com relação a esse tema, o STJ julgou o Tema 510 (Resp 1.253.844), que ao
interpretar o artigo 18, LACP, que indica a impossibilidade do perito trabalhar de
graça, determinando aplicação da sumula 232, STJ por analogia, que prevê a
necessidade da FP de realizar o depósito prévio do perito nos autos, assim, quem
fará o adiantamento será o responsável pelo autor – Estado, União, etc.

Artigo 91, CPC. Não se aplica a isenção de custas nas tutelas coletivas,
prevalecendo o decidido no tema 510, conforme STJ, RMS 59.927-SP e STF ARE
1.2283.040-RJ.

Condenação em Verbas de Sucumbência


Não há condenação de sucumbência do autor, exceto no caso de litigância de má-
fé – art. 17 e 18, LACP.

Não há somente condenação em sucumbência, mas a ausência dos demais


benefícios, bem como condenação ao pagamento do decuplo das custas e perdas
e danos. A responsabilidade é do quadro diretivo dos responsáveis pela ação.

O artigo 87, CDC prevê no mesmo sentido do 17 e 18, LACP.

Qual o alcance destas previsões?

Um primeiro entendimento é de que somente a associação e sindicato teriam este


benefício de isenção de verbas da sucumbência(Mazilli). Contudo, segundo STJ,
qualquer legitimado ativo é beneficiado (AgRg 1.120.390/PE).

Requisitos
Prova da má-fé: somente a boa-fé se presume.
Efeitos
Condenação aos honorais

Sanção de 10vezes o valor das custas

E perdas e danos.

Termo de Ajustamento de Conduta – TAC


art. 5º, § 6º, LACP - “Os órgãos públicos legitimados poderão tomar dos
interessados compromisso de ajustamento de sua conduta às exigências legais,
mediante cominações, que terá eficácia de título executivo extrajudicial”

Natureza Jurídica
Tutela direitos indisponíveis.

Direitos indisponíveis são sempre os difusos e coletivos. Os transindividuais e


individuais homogêneos, variará caso a caso.

Há doutrina que entende que o TAC é a única hipótese de submissão –


reconhecimento jurídico do pedido antes da condenação (Leonel/Assagra), vez
que não é possível negociar, sendo somente possível aceitar ou não o oferecido.

Uma outra corrente entende, porém, que no TAC há mesmo uma tranação
diferenciada (STJ, Resp 802.060/RS), dado que é consensual, ans ainda diversa da
civilista, dada a indisponibilidade do direito.

Legitimados Ativos
Os órgãos públicos são os legitimados.

art. 5º, § 6º, LACP “Os órgãos públicos legitimados poderão tomar dos
interessados compromisso de ajustamento de sua conduta às exigências legais,
mediante cominações, que terá eficácia de título executivo extrajudicial”.

Ou seja, serão legitimados:

d) Administração Direta: União, estado, municípios e DF;


e) Administração indireta: autarquia, fundação pública;
f) MP;
g) Defensoria.

Além disso, são legitimados a demanda coletiva, mas não podem celebrar TAC:
associação; fundações privadas; sindicatos e partidos políticos.

E no caso da empresa pública e sociedade de economia mista? Depende. Se há


monopólio na atuação de determinado segmento, há legitimidade. Além disso, é
necessário que neste caso haja pertinência temática.

Exige-se pertinência temática também para as autarquias e fundações públicas.

Características do TAC
Trata-se de título executivo extrajudicial, ou seja, deve prever uma obrigação
certa, liquida e exigível.

Quem pode executar este título – ou seja, ingressar com um cumprimento


coletivo?

Há quem entenda que qualquer legitimado coletivo (Scarpinella), e há quem


entenda que somente os sujeitos legitimados ao TAC (STJ, 1ª Turma, Resp.
1.020.009/RN).

Revisão Judicial
É possível no caso de termo incompleto ou defeituoso.

Faz-se através de ação coletiva para tutela integral do Direito.


No caso de termo defeituoso, faz-se a desconstituição do título e pedido coletivo.

Ingresso de ação coletiva mesmo quando já exista TAC (STJ, 2ª Turma, Resp
1.150.530/SC) – ação de conhecimento para revisão judicial do TAC, em linha com
o artigo 785, CPC.

A celebração de TAC não obsta ação penal (STJ, 6ª Turma, RHC 24.499/SP).

TAC tomado em juízo?


Embora mais comum que o TAC seja pré processual, é possível tomá-lo em juízo.

As diferenças serão de que há neste caso limitação na legitimação para a tomada


do TAC; e a natureza do título executivo, que neste caso será judicial.

Inquérito Civil
Introdução
Previsto em leis esparsas.

Art. 129, III, CF: função institucional do MP Art. 8º, § 1º, LACP;

Art. 90 do CDC;

Art. 201, V, ECA

Art. 25, IV da Lei 8.625/1993 e art. 7º, I, LCF 75/1993

Resoluções CNMP: 23/2007; 35/2009; 59/2010

Características
Legitimidade
É de legitimidade exclusiva do MP.

Contudo, qualquer sujeito pode provocar o MP.

Facultatividade
Cabimento de ação coletiva sem IC prévio, inclusive pelo MP (STJ, 1ª Turma, Resp
1.119.568/PR).

Isso porque o MP pode ingressar com requisições e notificações (STJ, 1ª Turma,


Resp 873.565/MG) sem um IC.

Formalidade Restrita (Inquisitoriedade)


Trata-se de procedimento investigativo mais informal (STJ, 2ª Turma, RMS
11.537/MA).

É dispensável o contraditório, não sendo a ausência deste hábil a gerar uma


nulidade.

Publicidade Mitigada
Exceto em casos específicos de sigilo, publicidade é a regra - art. 37, CF.

Hipótese de sigilo legal ou necessidade da própria investigação - - art. 7º, caput,


Resolução 23/07.

Sigilo ocorre somente por decisão fundamentada, sendo admissível a restrição de


acesso parcial - art. 7º, § 4º.

Autoexecutoriedade
MP realiza os atos necessários à condução do procedimento investigativo, vez que
dispõe de poder investigativo autônomo.

No caso de informações sigilosas, há divergência, inclusive normativa, sobre a


necessidade ou não de autorização judicial - art. 8º, § 2º, LC 75/93 x art. 8º, § 2º,
LACP.
O atual entendimento dos tribunais superiores é de que há necessidade de
autorização judicial - STF, 2ª Turma, RE 318.136 AgRg/RJ; STJ, 5ª Turma, HC
160.646/SP.

Procedimento
1. Instauração

Pelo MP de ofício, ou seja, pelo Promotor que conduzirá o processo.

Poderão as iniciativa do PGJ; CSMP; Câmaras de Coordenação e Revisão provocar


o MP Natural, competente a conduzir o processo. Estas provocações não poderão
ser recusadas.

A provocação pode ser denuncia anônima? Não é possível descartar, embora a


falsa de maior credibilidade. Se houver informações confiáveis sobre o fato e
concorrer para o processo - STJ, 2ª Turma, RMS 32.065/PR: informações sobre o
fato e identificação do denunciado; STF, HC 99.490/SP: concorrência com outros
elementos de convicção

Possibilidade de indeferimento de plano: requerimento manifestamente


infundado; fatos já tiverem sido objeto de IC ou ACP; situação controvertida já
resolvida, seja pela forma autocompositiva.

2. Procedimento no caso de indeferimento.

Prazo máximo de 30 dias para instauração ou indeferimento – trata-se de prazo


impróprio.

Havendo o indeferimento, o representado será informado para ciência. Neste


caso, é cabível recurso pelo representante, no prazo de 10 dias. O recurso é
apresentado ao MP natural.

O recurso é encaminhado ao CSMP ou Câmara de Coordenação e Revisão, que


farão o juízo de admissibilidade e julgamento.

Há intimação para contrarrazões pelo representado.

3. Procedimento do IC

Instrução: produção de todos os meios de provas possíveis.

4. Encerramento do IC

Algumas serão as conclusões possíveis após a produção de provas:

h) Propositura de ação;
i) Arquivamento. No caso de arquivamento há remessa obrigatória, no prazo
de 3 dias, para o CNMP, sendo cientificados os interessados. As decisões
possíveis serão:
 Homologação do arquivamento
 Converter o julgamento em diligencia para verificar eventual
detalhe pontual. O CNMP fara a produção da prova.
 Continuidade do procedimento;
 Propositura de ação coletiva.

Força Probatória Das provas produzidas em IC


Podem ser usadas na ação mas possuem eficácia probatória relativa,de forma que,
tendo uma contraprova de hierarquia superior, esta prevalecerá.

STJ, 2ª Turma, Resp 1.280.321/MG: provas colhidas no IC tem eficácia probatória


relativa.
STJ, 2ª Turma, Resp 849.841/MG: provas produzidas no IC só serão afastadas se
houver contraprova de hierarquia superior, produzida sob o crivo do
contraditório.

Cumprimento de Sentença
Procedimento executivo do titulo executivo judicial.

O CC está organizado da seguinte forma:

Arts. 513 a 519 do CPC: disposição gerais.

Art. 520 a 522 do CPC: cumprimento provisório de sentença.

Art. 523 a 527 do CPC: cumprimento definitivo de sentença de pagar quantia


certa.

Art. 528 a 533 do CPC: cumprimento de sentença de alimentos.

Art. 534-535 do CPC: cumprimento de sentença contra a Fazenda Pública.

Art. 536-537 do CPC: cumprimento de sentença de obrigação de fazer/não fazer.

Art. 538 do CPC: cumprimento de sentença de obrigação de entregar coisa

Há, ainda, aplicação no que couber das regras do processo de execução (art. 513,
caput, do CPC).

Título executivo Judicial


Art. 515, CPC.

I) Decisão proferida no processo civil que reconheça a exigibilidade de


obrigação de fazer, não fazer, entregar coisa ou pagar quantia.
No caso de decisão meramente declaratória de obrigação inadimplida, que não
determina o dever de pagar, há alguns efeitos:
- Declaração do indébito tributário, para fins de compensação, a fim de não obter
a liquidação morosa do precatório - Súmula 461/STJ: O contribuinte pode optar
por receber, por meio de precatório ou por compensação, o indébito tributário
certificado por sentença declaratória transitada em julgado. Ou seja, neste caso,
ainda que não haja determinação acerca do dever de pagar, o título é executivo
judicial.
- Ação declaratória de inexistência de dívida, julgada improcedente, declarando,
portanto, o autor como devedor. A natureza da sentença desta ação é dúplice.
Será, portanto, título executivo judicial do réu.

II) Decisão homologatória de autocomposição judicial


Sentença do artigo 487, III, CPC.
É possível, inclusive, que a autocomposição envolva terceiros estranhos ao
processo.
Art. 515, § 2o A autocomposição judicial pode envolver sujeito estranho ao
processo e versar sobre relação jurídica que não tenha sido deduzida em juízo
Não atenta contra o princípio da adstrição, vez que aplica-se somente a decisão
proferida pelo juiz, não ao acordo.

III) Decisão homologatória de autocomposição extrajudicial de qualquer


natureza.
Ideia iniciada nos juizados especiais, no caso de acordo realizado fora do juízo -
art. 57 da Lei 9.099/05.
A homologação depende de um acordo de vontades das partes - jurisdição
voluntária.
Mesmo o acordo sendo título executivo extrajudicial admite-se o pedido de
homologação (art. 785 do CPC).
IV) Formal e a certidão de partilha, exclusivamente em relação ao
inventariante, aos herdeiros e aos sucessores a título singular ou universal
- limitação subjetiva: herdeiros, sucessores e inventariante.
- limitação objetiva: obrigações de pagar e entregar coisa.

V) Crédito de auxiliar da justiça, quando as custas, emolumentos ou


honorários tiverem sido aprovados por decisão judicial
No código de 1973 era considerado título extrajudicial, mas a partir do CPC de
2015, trata-se de título judicial.

VI) Sentença penal condenatória transitada em julgado


São os efeitos secundários da sentença penal, independente de pedido ou
manifestação do autor.
Trata-se da eficácia civil da sentença penal, que só atinge a pessoa do condenado.
No caso de revisão criminal há alguns efeitos possíveis a este título:
(a) execução não iniciada: não haverá mais título executivo a embasar a execução;
(b) execução em trâmite: extinção por perda superveniente do título;
(c) execução extinta com satisfação do credor:
(i) revisão com fundamento em causa que não exclui a responsabilidade
civil: nada ocorrerá;
(ii) revisão com fundamento em causa que exclui a responsabilidade civil:
ação de repetição de indébito.

No caso de extinção superveniente por perda do título, há direito do condenado a


requerer a repetição do indébito? Depende. É possível, por exemplo, no caso de
declaração de ausência de autoria. Contudo, se por exemplo a revisão for
decorrente de prescrição, não cabe repretição.

Art. 63. Parágrafo único. Transitada em julgado a sentença condenatória, a


execução poderá ser efetuada pelo valor fixado nos termos do inciso IV do caput
do art. 387 deste Código sem prejuízo da liquidação para a apuração do dano
efetivamente sofrido.

Art. 387. O juiz, ao proferir sentença condenatória: IV - fixará valor mínimo para
reparação dos danos causados pela infração, considerando os prejuízos sofridos
pelo ofendido. - não existe dever de o juiz penal fixar o valor mínimo - execução
pelo valor mínimo e liquidação para aferição do valor real - não existe coisa
julgada da sentença penal com relação ao valor mínimo.

A indicação do valo mínimo, embora possível, não é dever do juiz penal. Para que
o juiz penal o faça, sua cognição penal deverá permitir identificar o valor mínimo.
Ao juiz penal não é exigido realizar cognição civil. Somente o fara, portanto, se for
possível.

E no caso do juiz civil apurar indenização inferior ao valor indicado pelo juiz penal,
qual decisão prevalecerá? A decisão cível, pois não há coisa julgada sobre o
capítulo cível da sentença penal, dado que a cognição é sumária, e não exauriente.

O juiz penal pode condenar ao pagamento de danos morais? Sim, pois não há
vedação legal. Contudo, o dano moral é eminentemente subjetivo, sendo difícil
obter o valor correto sem a cognição adequada e exauriente. Logo, embora
possível, não é recomendável que o juiz penal faça a indicação do valor mínimo
dano moral, vez que não há cognição exauriente.

VII) sentença arbitral


Não há necessidade de homologação judicial.
Entende-se que o tribunal arbitral é uma espécie de jurisdição privada.
VIII) Decisão estrangeira homologada pelo Superior Tribunal de Justiça

Faz-se a nacionalização da sentença através da homologação desta pelo STJ.

A eficácia da sentença em território nacional depende da homologação (art. 961,


caput, do Novo CPC), salvo no caso de divorcio consensual - art. 961, § 5º do CPC:
“§ 5o A sentença estrangeira de divórcio consensual produz efeitos no Brasil,
independentemente de homologação pelo Superior Tribunal de Justiça”.

O titulo é a carta de sentença do STJ ou o ato estatal? Há duas correntes, mas


prevalece que a carta de sentença, conforme disposição especifica da lei. Carta de
sentença (Humberto Theodoro Jr.) x ato estatal de reconhecimento da sentença
estrangeira (Dinamarco).

Art. 784. § 3º: Não dependem de homologação pelo Supremo Tribunal Federal,
para serem executados, os títulos executivos extrajudiciais, oriundos de país
estrangeiro. O título, para ter eficácia executiva, há de satisfazer aos requisitos de
formação exigidos pela lei do lugar de sua celebração e indicar o Brasil como o
lugar de cumprimento da obrigação.

IX) Decisão interlocutória estrangeira, após a concessão do exequatur à carta


rogatória pelo Superior Tribunal de Justiça.

Competencia na Execução de Título Judicial


Art. 516. O cumprimento da sentença efetuar-se-á perante:

I) Competência executiva dos tribunais

Sempre que o tribunal atua em grau recursal, não terá competencia executiva,
que competirá ao juízo de primeiro grau.

O mesmo se dá no caso de remessa (reexame) necessário.

A competencia executiva dos tribunais somente ocorrerá no caso de processos de


competencia originária.

Há exceção a esta regra: homologação de sentença estrangeira (competência


originária do STJ e competência executiva do primeiro grau da Justiça Federal), de
modo que a competencia executiva pela regra seria do STJ, mas não o é, a
competencia executiva é da Justiça Federal de primeiro grau, por determinação do
artigo 109, CF.

Além desta exceção, no caso de delegação da competência executiva para órgão


de primeiro grau (aplicação extensiva do art. 102, I, “m” da CF): são delegados
somente os atos materiais de execução, mantendo-se no tribunal a prática de atos
decisórios.

II) Juízo que decidiu a causa em primeiro grau

Havendo diferença entre o juízo que processou e o juízo que decidiu, prefere-se o
segundo: é competente o juiz que formou o título executivo.

Neste caso, os foros são concorrentes, nos termos do art. 516 do CPC Parágrafo
único. Nas hipóteses dos incisos II e III, o exequente poderá optar pelo juízo do
atual domicílio do executado, pelo juízo do local onde se encontrem os bens
sujeitos à execução ou pelo juízo do local onde deva ser executada a obrigação de
fazer ou de não fazer, casos em que a remessa dos autos do processo será
solicitada ao juízo de origem.

A competência é relativa (no caso de competencia de tribunal é absoluta), dentre


do rol de escolhas do exequente. Contudo, sendo escolhido rol diverso, não é
possível a declaração de incompetência de ofício – Sumula 33, STJ. Se o executado
não alegar a incompetência no momento adequado (na impugnação), prorroga-se
a competencia.

Trata-se de exceção ao princípio da perpetuatio jurisdictionis, vez que poderá ser


foro diverso do que formou o título.

Alterando-se o domicilio do réu durante o processo de conhecimento, por


exemplo, será possível a execução em outra comarca/estado.

A rigor, a opção deve ser exercida pelo exequente no momento de propositura do


cumprimento de sentença; Não existe execução itinerante, aplica-se após a
escolha o perpetuatio jurisdictionis.

Contudo, este não é o entendimento do STJ, que admitiu a remessa dos autos
durante o cumprimento de sentença - STJ, 1ª Seção, CC 159.326-RS.

Há preclusão consumativa? Ou seja, mudar mais de uma vez após uma alteração
no curso da execução? O STJ não indicou tal questão em seu julgamento, mas em
linha com o julgado do STJ, seria possível, não havendo preclusão.

Para quem deve ser requerida a alteração do juízo? Na doutrina havia


divergência: Araken de Assis/Nelson Nery Jr. – juízo competente requer remessa
de autos x Cássio Scarpinella Bueno/Alexandre Freitas Câmara - DF – juízo que
formou o título remete o processo ao juízo escolhido pelo exequente. O STJ
pacificou a questão, indicando que o pedido deve ser no qual o processos está
tramitando, 2ª Seção, CC 101.138/DF – juízo que formou o título remete o
processo ao juízo escolhido pelo exequente.

III) Sentença penal, arbitral e homologação de sentença estrangeira

A sentença penal formada pela Justiça Federal pode ser executada civilmente na
Justiça Estadual e vice-versa.

Art. 516, parágrafo único, CPC.

Cumprimento Provisório de Sentença


É cumprimento de sentença de título executório provisório.

O CPC de 1973 chamava este fenômeno de execução provisória, pois contemplava


a execução de titulo judicial e extrajudicial.

No CPC de 2015 foi chamado de cumprimento provisório de sentença, que


somente cabe, portanto, de título judicial.

Os requisitos para o cabimento do cumprimento provisório de sentença são:

j) Titulo seja objeto de recurso – dado que se não houver recurso, já transito
em julgado, sendo o cumprimento definitivo.
k) O recurso não pode ter efeito suspensivo, caso contrario impede-se a
execução da decisão.

Sumula 317, STJ – É definitiva a execução de título extrajudicial, ainda que


pendente apelação contra sentença que julgue improcedentes os embargos. – A
execução poderá ser suspensa, mas nunca deixará de ser definitiva. A execução de
título extrajudicial é sempre definitiva.

Procedimento
Art. 522, CPC.

O requerimento do cumprimento de sentença provisório é identifico a do


cumprimento definitivo.

Art. 522. O cumprimento provisório da sentença será requerido por petição


dirigida ao juízo competente.
Parágrafo único. Não sendo eletrônicos os autos, a petição será acompanhada de
cópias das seguintes peças do processo, cuja autenticidade poderá ser certificada
pelo próprio advogado, sob sua responsabilidade pessoal:

I - decisão exequenda;

II - certidão de interposição do recurso não dotado de efeito suspensivo;

III - procurações outorgadas pelas partes;

IV - decisão de habilitação, se for o caso;

V - facultativamente, outras peças processuais consideradas necessárias para


demonstrar a existência do crédito.

A ausência das peças não gera indeferimento, mas a determinação de emenda.

Caução
Decisão provisória – recurso sem efeito suspensivo – sendo o recurso provido, ou
ele anulará ou reformará a decisão provisória.

Por tal razão, no caso de cumprimento provisório de sentença, exige-se que o


exequente preste caução.

Mas qual a natureza jurídica desta caução?

Caso entenda-se que trata-se de garantia legal- caução não cautelar, de forma que
não dependerá do preenchimento de requisitos, tendo chegado o momento legal,
deverá ser prestada (Ovídio Baptista).

Caso entenda-se que trata-se de caução cautelar, sendo indispensável a


comprovação dos requisitos cautelares (periculum in mora e fumus boni iuris)
para que seja exigida (Teori Zavazks).

Como na pratica percebe-se que a caução é compreendida como garantia legal,


dado que independente do exequente e dispensa a comprovação de requisitos
cautelares.

Espécies
Deverá ser suficiente e idônea, não havendo espécie não admitida – poderá ser
real, pessoal, em dinheiro, etc.

Uma caução suficiente deverá ter valor suficiente a caucionar o dano, ou seja, no
valor a ser executado. Ocorre que, mas realizada, o dano é eventual, futuro, não
sendo possível quantificá-lo previamente. Deste modo, aceita-se o valor da
execução como garantia, sob pena de subjetivismo absoluto.

No que tange a idoneidade, tem-se que:

- Idoneidade formal: deve ser formalmente adequado, sem vícios que maculem a
execução futura desta caução.

- Idoneidade material: deve existir confirmação de que a garantia deve garantir o


ressarcimento do valor do dano. Ex: imóvel de 150 mil, e divida de 100 mil.
Estando o bem hipotecado, não há idoneidade material.

Forma
Art. 520, IV, CPC.

IV - o levantamento de depósito em dinheiro e a prática de atos que importem


transferência de posse ou alienação de propriedade ou de outro direito real, ou
dos quais possa resultar grave dano ao executado, dependem de caução suficiente
e idônea, arbitrada de plano pelo juiz e prestada nos próprios autos.
“arbitrada de plano de juiz” – determinada de ofício, sem pedido necessário do
executado. Este é o entendimento consagrado.

Há, contudo, divergência doutrinaria qualificada (Dinamarco e Araken de Assis)


que entende que não seria possível decisão de oficio do juiz, vez que é necessário
que o executado a requeira, dado que visa tutelar o patrimônio deste. O de plano
significaria, portanto, sem necessidade de cognição exauriente e manifestação da
parte exequente.

No caso do “prestada nos próprios autos” quer dizer que não há ação incidental
para tanto, sendo a caução nos próprios autos.

Momento
Art. 520, IV, CPC.

IV - o levantamento de depósito em dinheiro e a prática de atos que importem


transferência de posse ou alienação de propriedade ou de outro direito real, ou
dos quais possa resultar grave dano ao executado, dependem de caução suficiente
e idônea, arbitrada de plano pelo juiz e prestada nos próprios autos.

Não é necessário que seja prestada a caução quando iniciado o cumprimento


provisório de sentença. A garantia deverá ser prestada em determinado
momento.

Portanto, por força de previsão legal, a iminência da satisfação do crédito pelo


exequente ao executado, é o momento em que necessário caucionar os autos.

Dispensa da Caução
Art. 521, CPC.

Há excepcionalmente dispensa de caução.

Art. 521. A caução prevista no inciso IV do art. 520 poderá ser dispensada nos
casos em que:

I - o crédito for de natureza alimentar, independentemente de sua origem;

II - o credor demonstrar situação de necessidade;

III – pender o agravo do art. 1.042;

IV - a sentença a ser provisoriamente cumprida estiver em consonância com


súmula da jurisprudência do Supremo Tribunal Federal ou do Superior Tribunal de
Justiça ou em conformidade com acórdão proferido no julgamento de casos
repetitivos.

Parágrafo único. A exigência de caução será mantida quando da dispensa possa


resultar manifesto risco de grave dano de difícil ou incerta reparação.

No que tange aos alimentos, decorre do fato de grave dano presumido, e da


irrepetibilidade dos alimentos.

A situação de necessidade, segundo Araken de Assis, verifica-se no caso de


comprovação de grave dano, e impossibilidade de prestar a caução.

O valor independe para a dispensa ou não da caução.

No caso de agravo em Resp e Re, como a chance de reversão é mínima, dispensa-


se a caução. O mesmo entendimento é adotado no caso de agravo interno de
decisão que inadmite RE e Resp, embora a lei não trate desta hipótese.

No que tange a questão do julgamento de casos repetitivos, é possível incluir o


IAC, em que pese a ausência de previsão na lei, dado que decorre do mesmo
entendimento.
Há ainda uma quinta hipótese, prevista no artigo 356, §2º, CPC. No caso de
julgamento parcial do mérito, dispensa-se garantia, em que pese não haja
qualquer razão conhecida, não se exige caução.

Mesmo nas hipóteses de dispensa, no caso de comprovação de risco de grave


dano, o parágrafo único prevê a possibilidade de exigência de caução.

Multa
Art. 520, §2º e 3º, CPC.

Se o pagamento do valor gera a aquiescência e perda do objeto do recurso, como


poderá o executado afastar a aplicação da multa? Através do depósito do valor em
juízo.

A garantia deverá ser necessariamente em dinheiro.

Responsabilidade do Exequente Provisório


Decorre da teoria do risco proveito, dado que o exequente executa decisão não
definitiva, adiantando a solução e satisfação do crédito.

Os danos devem ser perseguidos em cumprimento de sentença.

Ocorre que o acordão que altera o julgamento não trata acerca dos danos
decorrentes da reversão deste título e danos decorrentes do cumprimento
provisório.

Ou seja, embora esteja em cumprimento de sentença, há iliquidez, sendo


necessário realizar a liquidação para executá-la.

A liquidação geralmente é realizada pelo rito comum, nos próprios autos, no qual
faz-se, após o cumprimento de sentença.

Execução de Sentença Contra a Fazenda Pública


Obrigações de fazer, não fazer e entregar coisa – faz-se conforme rito da execução
provisória.

No caso de obrigações de pagar quantia não cabe a execução provisória, dado o


rito dos precatórios e requisição de pequeno valor – art. 100, §1º e 3º, CPC, que
exigem o prévio trânsito em julgado.

Remessa Necessária
A remessa necessária, conforme artigo 496, caput, CPC, não permite a prévia
execução, por execução provisória.

No caso do MS, porém, toda sentença está sujeita a reexame, mas podem ser
executadas provisoriamente – art. 14, §1º e 3º, Lei do MS- trata-se da única
exceção.

Cumprimento Definitivo de Sentença


Art. 524. O requerimento previsto no art. 523 será instruído com demonstrativo
discriminado e atualizado do crédito, devendo a petição conter:

I - o nome completo, o número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas ou no


Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica do exequente e do executado, observado o
disposto no art. 319, §§ 1º a 3º ;

II - o índice de correção monetária adotado;

III - os juros aplicados e as respectivas taxas;

IV - o termo inicial e o termo final dos juros e da correção monetária utilizados;

V - a periodicidade da capitalização dos juros, se for o caso;

VI - especificação dos eventuais descontos obrigatórios realizados;


VII - indicação dos bens passíveis de penhora, sempre que possível.

§ 1º Quando o valor apontado no demonstrativo aparentemente exceder os


limites da condenação, a execução será iniciada pelo valor pretendido, mas a
penhora terá por base a importância que o juiz entender adequada.

§ 2º Para a verificação dos cálculos, o juiz poderá valer-se de contabilista do juízo,


que terá o prazo máximo de 30 (trinta) dias para efetuá-la, exceto se outro lhe for
determinado.

§ 3º Quando a elaboração do demonstrativo depender de dados em poder de


terceiros ou do executado, o juiz poderá requisitá-los, sob cominação do crime de
desobediência.

§ 4º Quando a complementação do demonstrativo depender de dados adicionais


em poder do executado, o juiz poderá, a requerimento do exequente, requisitá-
los, fixando prazo de até 30 (trinta) dias para o cumprimento da diligência.

§ 5º Se os dados adicionais a que se refere o § 4º não forem apresentados pelo


executado, sem justificativa, no prazo designado, reputar-se-ão corretos os
cálculos apresentados pelo exequente apenas com base nos dados de que dispõe.

Não decorre de impulso oficial, sendo necessário que o exequente o requerida,


provocando o juízo.

Não é feito por petição inicial, vez que o processo já está em tramite – o inicio do
cumprimento de sentença é por requerimento inicial, que tem requisitos mais
simples.

Os requisitos são previstos no artigo 524, CPC, sendo necessário indicar o nome
das partes e CPF, por força legal.

Embora não previsto em lei, necessário indicar valor do débito, e pedido de


execução.

O demonstrativo de cálculo tem exigência formal maior, indicado no mesmo artigo


524, CPC.

Caso o valor indicado no demonstrativo de cálculo estejam incorretos, o juiz


encaminhar os autos ao contabilista do juízo, para que apresente o valor
adequado.

Embora o CPC não preveja, na sequência o juiz intimará o exequente, para que:
aceite os cálculos do contabilista; mantenha os cálculos e valor indicado pelo
exequente inicialmente.

Caso o exequente persista no valor de seus cálculos, por força do CPC, as penhoras
seguirão o valor indicados pelo contabilista, por cautela.

Somente após julgada a execução, será definido o valor correto final.

Essa é a única hipótese de envio dos cálculos ao contabilista? Não, o enunciado


91, CCJ determina a aplicação do cálculo pelo contabilista no caso de justiça
gratuita com complexidade de cálculos, sendo requerida pela Defensoria Pública.

Caso os dados para elaboração dos cálculos não estejam com o exequente, mas
com o executado ou com terceiros, faculta-se o início do cumprimento de
sentença sem cálculos e sem valor.

O artigo 524, §3º e 4º, CPC previu que neste caso o juiz determinará que os dados
sejam exibidos, por exibição de documentos incidental, intimando a parte com os
dados para que os forneça, sob pena de crime de desobediência.
Embora não haja previsão, é necessário permitir o prévio contraditório por este
intimado, seguindo o rito da ação de exibição de documentos.

Caso não seja possível a apresentação destes dados, mais importante que uma
ação penal por descumprimento, será necessário aplicar meios que forcem essa
exibição, conforme artigo 139, §4º, CPC, dado que a falta destes dados impede a
execução.

Caso o exequente tenha somente parte das informações, não tendo todos, o juiz
pode requisitar os documentos faltantes, para que o executado os apresente em
até 30 dias.

E se após a intimação, caso não haja exibição de documentos, o que ocorre?

Presunção de que os cálculos apresentados pelo exequente sejam considerados


corretos, sendo permitido que os cálculos incompletos possam ser adotados,
como efeito de revelia.

Mas e se o executado assim não quiser?

O exequente poderá renunciar a esta presunção – art. 524, §5º, CPC. Assim será
seguido o rito no artigo 139, IV, CPC, para recebimento dos dados.

Cumprimento da intimação de pagamento


A intimação é realizada na pessoa do advogado, sendo dado prazo de 15 dias para
pagar, sob pena de aplicação de multa de 10%.

A alegação de que o advogado não informou o executado não exonera a aplicação


da multa, mas gera somente repetição do indébito do valor pago a maior pelo
cliente.

É possível que a intimação seja na pessoa do executado, através dos correios com
AR, quando a representação for através da defensoria pública ou quando o
executado não tiver procurador constituído nos autos.

E no caso de revelia, faz-se a intimação do revel? A rigor sim, pois a dispensa de


intimação do réu revel é somente para atos postulatórios. É necessária intimação
pessoal deste.

Contudo, nesta intimação por carta AR, prevê o artigo 513, §4º, CPC de que a
intimação será no mesmo endereço no qual foi citado, sendo presumida a citação
ainda que o executado não mais resida no local, uma vez que tem o ônus de
informar o juízo em caso de mudança.

No caso de réu citado por edital na fase de conhecimento, deverá ser intimado
por edital na fase de cumprimento de sentença, ainda que representado por
curador especial da defensoria pública.

A intimação do executado é para:

l) Pagar no prazo de 15 dias


m) Decorrido o prazo de 15 dias de pagamento, inicia-se a contagem de prazo
de 15 dias para apresentar impugnação de cumprimento de sentença –
Enunciado 89, CCJ e Resp 1.261856/DF.

O prazo de pagar e de impugnar é processual, pois o não cumprimento gera


efeitos processuais.

Cumprida a Obrigação
Depois da intimação: executado se livra da multa, protesto e honorários.

Se efetuar pagamento parcial, afasta somente a condenação e multa proporcional


ao valor não pago.
Se pagar antes da intimação, há consignação em pagamento do valor que o
executado entende como devido, junto ao memorial de calculo – art. 526, CPC.

Se o autor impugnar, deverá apresentar seu memorial de calculo também, que


será julgado pelo juiz, conforme o cálculos correto.

O que for incontrovertido será objeto de levantamento imediato.

Se o juiz entender que o autor não tem razão, excerrará a execução.

Se o juiz entender que devido o valor a mais, haverá cobrança da diferença


somada por honorários e multa, não havendo oportunidade de pagar sem multa e
honorários, e seguindo os atos constritivos se não pagar.

Neste caso o credor não faz requerimento inicial, como usual.

Não cumprimento da Obrigação

O valor devido é somado a multa de 10% e honorários.

A multa não tem caráter de astreinte, mas de sanção processual.

Ou seja, não é meio de execução indireta, mas de pena ao executado, sendo


sempre de 10%, ainda que seja ínfimo para o executado, ou que o executado não
tenha como pagar, por impossibilidade material.

A situação financeira do executado é indiferente para a aplicação da multa, que é


sempre fixa.

Além disso há fixação dos honorários sobre o valor exequendo (sem multa).
Inicialmente os honorários são de 10%, mas poderão ser aumentados, conforme
atuação deste advogado.

Além disso é possível a inclusão no cadastro dos inadimplentes – art. 782, §3º e
5º;e protesto da sentença – art. 517, CPC. – Ambas medidas são de execução
indireta, para forçar o executado a pagar.

Essas medidas somente serão possíveis com transito em julgado, exceto no caso
de cumprimento de alimentos, no qual pode ser feitas as medidas ainda no
cumprimento provisórios.

Não realizado o pagamento, é expedido o mandado de penhora. A rigor o


mandado de penhora é o realizado pelo oficial de justiça art. 523, §3º -
consequência de sub-rogação do não pagamento.

Não efetuado o pagamento, inicia-se automaticamente o prazo para impugnação


da sentença.

Impugnação ao Cumprimento de Sentença


Trata-se da defesa atípica do cumprimento de sentença.

Aplicável não somente ao cumprimento de sentença, mas às obrigações de pagar,


fazer e até mesmo, em alguns casos, à obrigação de prestar alimentos.

Antes a defesa do executado em ação de sentença, faz-se ação de embargos à


execução, que se trata de ação incidental, de natureza cognitiva.

A natureza jurídica, para uma parcela da doutrina, é de ação incidental, como é o


caso dos embargos à execução (Araken de Assim/Arruda Alvim); uma segunda
corrente, minoritária, entende que a natureza jurídica dependerá da matéria
alegada pelo executado na defesa, sendo incidente processual, em caso de
matéria processual, e ação incidental, em caso de defesa material (Tereza Arruda
Alvim); uma terceira corrente, majoritária, entende que trata-se de incidente
processual (Barbosa Moreira/Marionini/Humberto Theodoro Jr.) .
A ideia da terceira corrente faz-se pela ideia originária, de evitar uma nova ação,
através do sincretismo processual. Assim, é a que guarda maior coerência com o
CPC.

Garantia do Juízo
É necessária?

Não é necessária, conforme art. 525, CPC. Não é condição processual, mas
circunstancial, podendo ou não ocorrer. Com ou sem penhora, a impugnação será
admitida.

Prazo
15 dias (art. 525, CPC)

Haverá prazo em dobro no caso de litisconsórcio passivo, de processo físico, com


mias de um executado de advogados diversos – art. 525, §3º, CPC.

No caso dos embargos à execução não há prazo em dobro, somente na


impugnação ao cumprimento de sentença.

O termo inicial é do decurso do prazo para pagamento, que inicia-se com a


intimação para pagamento, ou a data de comparecimento espontâneo.

ENUNCIADO 84 – O comparecimento espontâneo da parte constitui termo inicial


dos prazos para pagamento e, sucessivamente, impugnação ao cumprimento de
sentença.

Os prazos são sucessivos, não é necessária mais de uma intimação.

ENUNCIADO 92 – A intimação prevista no caput do art. 523 do CPC deve


contemplar, expressamente, o prazo sucessivo para impugnar o cumprimento de
sentença.

O prazo é em dobro se defendido pela DP, como é a praxe.

ENUNCIADO 90 – Conta-se em dobro o prazo do art. 525 do CPC nos casos em que
o devedor é assistido pela Defensoria Pública.

Efeito Suspensivo
Não é op legis (próprio), portanto, o mero oferecimento de impugnação não
suspende a execução.

O efeito suspensivo é impróprio (op iudices), de forma que, se o executado fizer


um requerimento expresso, e os requisitos sendo preenchidos, será concedido
efeito suspensivo.

Não pode ser concedido de oficio, o impugnante deve requerer.

É necessária garantia dos autos.

É necessário apresentar os fundamentos e risco de grave dano, como é na tutela


de urgência – art. 525, §6º, CPC.

E a tutela de evidência, é cabível?

Nos embargos a execução, em que há também efeito suspensivo impróprio, é


possível.

Há uma corrente que entende que por analogia, em razão do cabimento nos
embargos à execução, seria possível, mas na literalidade da norma cabe somente
tutela de urgência.

Ainda assim, a suspensão nunca é total e absoluta, de forma que não impede atos
de substituição, redução, reforma da penhora e avaliação - §7º.
A possibilidade da pratica destes atos tem logica, vez que a penhora é condição
para o efeito suspensivo, de modo que, não estando adequada, deverá ser
ajustada.

A avaliação, por sua vez, não gera qualquer prejuízo, constrição de bens ou
restrição de direitos.

Impugnação Parcial
Ocorre quando parcela da pretensão torna-se incontroversa, devido a matéria
alegada pelo executado, como no caso de excesso de execução.

O mesmo pode ocorrer em caso de mais de um executado, quando somente um


deles impugnar. Haverá suspensão para ambos? Depende da matéria alegada. A
matéria poderá aproveitar o executado que impugnar, vez que, se aproveitar, este
efeito suspensivo também aproveita. Ex: alegação de prescrição da pretensão.

Possibilidade de caução pelo Exequente


Esse tratamento é idêntico ao conferido nos embargos à execução. Todas as
regras acima. Somente a regra abaixo não se aplica aos embargos:

O caução pode prestar caução para afastar o efeito suspensivo - §10º.

Matérias Alegáveis
Há diferença em relação aos embargos, haja vista que neste caso há titulo
executivo judicial, de forma que o rol de materiais é menor.

No caso dos embargos qualquer matéria poderá ser alegada, haja vista que é a
primeira defesa sobre o titulo executivo judicial.

Não pode ser alegada qualquer matéria, o rol é restrito - §1º.

Especialmente, não pode ser alegada a mesma matéria alegada em fase de


conhecimento, bem como matéria que deveria ter sido elaborada na contestação
mas não foi (há eficácia preclusiva da coisa julgada – o que não foi alegado
considera-se como alegado e não acolhido – isso inclusive para materiais de
ordem pública).

O rol é:

§ 1º Na impugnação, o executado poderá alegar:

I - falta ou nulidade da citação se, na fase de conhecimento, o processo correu à


revelia;

II - ilegitimidade de parte;

III - inexequibilidade do título ou inexigibilidade da obrigação; - requisitos do


artigo 784, CPC faltantes.

IV - penhora incorreta ou avaliação errônea;

V - excesso de execução ou cumulação indevida de execuções; - o demonstrativo


de cálculos apresentado pelo executado será necessário, sob pena de
indeferimento liminar da defesa, exceto se outras defesas forem alegadas, sendo
somente estas analisadas. No caso de cumulação indevida de execução, são
aplicáveis os requisitos artigo 780, CPC.

VI - incompetência absoluta ou relativa do juízo da execução;

VII - qualquer causa modificativa ou extintiva da obrigação, como pagamento,


novação, compensação, transação ou prescrição, desde que supervenientes à
sentença. – estas questões devem ser supervenientes à sentença. E no caso de
isso ocorrer antes da apelação, deve ser alegado em apelação? Haverá uma
escolha da parte, o mais correto será indicar a matéria na apelação, mas poderá
alegar após, em impugnação ao cs.

Procedimento
Não há o regramento específico no CPC, por isso, aplica-se o previsto aos
embargos de execução, por analogia.

ENUNCIADO 94/CJF – Aplica-se o procedimento do art. 920 do CPC à impugnação


ao cumprimento de sentença, com possibilidade de rejeição liminar nas hipóteses
dos arts. 525, § 5º, e 918 do CPC.

ENUNCIADO 95/CJF – O juiz, antes de rejeitar liminarmente a impugnação ao


cumprimento de sentença (art. 525, § 5º, do CPC), deve intimar o impugnante
para sanar eventual vício, em observância ao dever processual de cooperação (art.
6º do CPC). – embora a lei prevista a extinção liminar.

ENUNCIADO 93/CJF – Da decisão que julga a impugnação ao cumprimento de


sentença cabe apelação, se extinguir o processo, ou agravo de instrumento, se não
o fizer. – se a decisão não extinguir o processo (interlocutória), cabe agravo.

Atenção: O art. 525, §1º, I, prevê a possibilidade de arguição de vicio de citação,


de forma que o processo será anulado, e retornado à fase de conhecimento. Essa
sentença extingue o processo, mas este continua, logo, aqui cabe agravo (decisão
interlocutória).

Cumprimento de Sentença de pagar alimentos


É possível a aplicação do rito comum de cumprimento de sentença nos alimentos,
não cabendo o procedimento especial.

O procedimento especial é a prisão civil.

Quando é possível a execução por prisão civil, deve ser requerida pelo exequente,
não podendo ser decretada de ofício, diversamente das demais formas executivas,
que podem ser determinadas de ofício, por impulso oficial.

O art. 528, §7º, CPC prevê que somente pode ser determinada a prisão civil no
caso das três prestações anteriores a propositura da ação.

Exemplo: inadimplemento por 7 meses, sendo os 4 mais antigos por procedimento


comum, e as últimas três por prisão civil.

Não é necessário, contudo, esperar três meses para ingressar com cumprimento
de sentença de alimentos.

O procedimento será comum no caso de alimentos não genuínos, ou seja:


derivados de relação de parentesco, casamento ou união estável. Os alimentos
que decorrem de ação indenizatória, e honorários por exemplo, não se aplica o
rito comum.

Outra possibilidade do rito comum é a possibilidade de desconto em folha de


pagamento – art. 529 e 912, CPC. É enviado oficio ao trabalhador, que se subrroga
na obrigação, podendo ser inclusive penalizados por crime de obediência.

O rol do artigo 529, caput, é taxativo? Não! É possível admitir o desconto em folha
de pagamento, conforme entendimento da jurisprudência.

O desconto em folha de pagamentos pode ser utilizado para pagar não somente o
valor das parcelas vincendas, mas também para quitar as vencidas, desde que o
bloqueio esteja limitado a 50% do salário.

Procedimento especial
Prisão Civil
Somente é cabível para as três ultimas prestações não pagar.

Há prazo de 3 dias para pagar ou provar que já pagou.

A prisão será sempre determinada por decisão interlocutória.

Para defesa desta prisão será possível HC? Sim, mas o efeito devolutivo é limitado,
por isso, o mais adequado é agravo de instrumento, que não tem limitação
cognitiva.

O CPC prevê que a prisão é determinada pelo prazo de 1 a 3 meses, a ser definido
pelo juiz; a lei de alimentos prevê que é de 60 dias. Mas prevalece o CPC. (RHC
23.040

O regime da prisão é fechado, separado dos presos comuns.

É possível a determinação de prisões sucessivas em caso de inadimplemento


sucessivo (STJ, HC 39.902/MG).

Cumprimento de sentença de obrigação de pragar da fazenda pública


O requerimento deverá ser acompanhado por demonstrativo de cálculo – art. 534,
CPC.

Se houver litisconsórcio ativo, cada exequente deverá apresentar seu


demonstrativo.

A intimação precisa ser pessoal, dado que fazenda pública.

O prazo para impugnação é de 30 dias.

As matérias alegáveis são as mesmas do procedimento comum – art. 535, CPC.

I - falta ou nulidade da citação se, na fase de conhecimento, o processo


correu à revelia;

II - ilegitimidade de parte;

III - inexequibilidade do título ou inexigibilidade da obrigação;

IV - excesso de execução ou cumulação indevida de execuções;

V - incompetência absoluta ou relativa do juízo da execução;

VI - qualquer causa modificativa ou extintiva da obrigação, como


pagamento, novação, compensação, transação ou prescrição, desde que
supervenientes ao trânsito em julgado da sentença.

Não há cabimento de multa no caso de não pagamento – a FP não pode pagar, os


pagamentos são por precatório ou RPV:

I - expedir-se-á, por intermédio do presidente do tribunal competente, precatório


em favor do exequente, observando-se o disposto na Constituição Federal ;

II - por ordem do juiz, dirigida à autoridade na pessoa de quem o ente público foi
citado para o processo, o pagamento de obrigação de pequeno valor será
realizado no prazo de 2 (dois) meses contado da entrega da requisição, mediante
depósito na agência de banco oficial mais próxima da residência do exequente.
(Vide ADI 5534)

Obrigação de Fazer e Não Fazer


Segue o rito comum do cumprimento de sentença.

Contudo, neste caso, o início pode ser de ofício, não sendo necessário
requerimento do credor, vez que não há determinação neste sentido.
Neste caso, faz-se por impulso oficial.

O juiz pode determinar busca e apreensão, que será cumprida por dois oficiais de
justiça.

O não cumprimento gera possibilidade de litigância de má-fé e crime de


desobediência.

É cabível o que for possível para a impugnação de sentença, do artigo 525, CPC.

Os deveres de fazer não fazer que não tem natureza obrigacional, seguirá as
regras do art. 536 e 537, CPC.

Astreintes (multa)
Pode ser fixada de ofício (art. 537, caput, CPC).

A multa não precisa ser diária ou periódica, ou ainda, a periodicidade poderá ser
diversa de diária – por ato, por hora, etc. Ou ainda, poderá ser uma multa fixa.

Qual valor da multa? Deve ser fixado no caso concreto, não há previsão legal da
multa ou de parâmetros. Não pode ser irrisório, ou exorbitante.

Há consolidação jurisprudência de que não há correlação entre o valor da multa e


o valor da obrigação ´principal, a superando – STJ, Resp 770753/RS. Isso porque a
multa tem natureza executiva, de forma que poderá superar o valor da obrigação
principal.

Nos juizados especiais, inclusive, embora haja limitação da alçada das ações de
juizado, não se aplica esta limitação na aplicação de multas – STJ, Rcl 7.961/SP e
Enunciado 144, FONAJE.

O juiz poderá alterar a multa para adequá-la ao caso concreto.

É possível diminuir a multa vincenda, para evitar o enriquecimento sem causa. A


multa vencida não pode ser reduzida. A medida visa a boa-fé, para que a parte
exequente não faça da multa uma forma de investimento, poupança (duly to
mitigate de loss).

Quem é o credor? A parte contrária (Informativo 497/STJ)– poderá ser a Fazenda


Pública (STJ, ARESP 7869/RS).

O agente público poderá ser sancionado com multa, se agir com ato atentatório
contra a dignidade da justiça – art. 77, §único, CPC e STJ, Resp 679.048/RJ.

Ordem dos Processos nos Tribunais


Incidente de Assunção de Competencia – IAC
Artigo 947, CPC.

É cabível nos Tribunais e Tribunais Superiores.

Cabimento
Julgamento de recurso, remessa necessária ou competencia originaria do tribunal,
desde que haja relevante questão de direito, com grande repercussão social, e
sem repetição em múltiplos processos.

O que é a relevante questão de direito? Depende do caso concreto, deve ser algo
importante à sociedade. Trata-se de conceito jurídico indeterminado.

Com grande repercussão social? Envolve direito de varias pessoas ou de uma


coletividade.
Sem repetição em múltiplos processos? Caso contrário será hipótese de IRDR. Não
precisa ser o único processo, mas não vários processos. Deve ser um numero
razoável. Há subjetivismo.

É interessante observar que seria possível eventual fungibilidade entre o IAC e o


IRDR, a depender da quantidade de demandas.

É cabível também no caso de questão sendo julgado de formas divergentes entre


câmaras ou turmas de um mesmo tribunal, a fim de encerrar a divergência. Pode
inclusive ser preventiva, ainda que não haja ainda uma divergência, mas caso o
Tribunal entenda que possa haver (compor ou prevenir a divergência).

É meio uniformizador de jurisprudência – visa segurança jurídica, previsibilidade e


isonomia, tendo assim, até mesmo natureza de direito difuso/tutela de direitos
transindividuais.

Legitimados
Provocação da parte do processo, MP (como parte e como custus legis, dado que
o IAC visa tutelar a ordem pública - meio uniformizador de jurisprudência – visa
segurança jurídica, previsibilidade e isonomia), DP, de ofício pelo relator.

Procedimento
Após o pedido do IAC, haverá o julgamento de admissibilidade – julgamento pelo
órgão colegiado, que analisará a presença dos requisitos.

Admitido o IAC, este será instaurado, sendo alterada a competencia para o


julgamento.

Sendo julgado o IAC haverá formação de jurisprudência, com eficácia vinculante.

Microssistema de formação de precedentes vinculantes


Formado pelo IAC, IRDR e Recursos repetitivos – art. 928, CPC.

As normas de um aplicam-se analogicamente aos demais.

Enunciado 65, CJF: “A desistência do recurso pela parte não impede a análise da
questão objeto do incidente de assunção de competência”.

A regra de não possibilidade de encerramento do julgamento do IAC no caso de


desistência é regra de IRDR, e visa driblar a má-fé.

Neste caso o MP fará o andamento do IAC e IRDR.

Não há suspensão de processos no IAC - STJ, 3ª Turma, AgInt no AgRg no AREsp


611.249/SP.

Cabimento
Efetiva repetição de processos que contenham controvérsia sobre a mesma
questão unicamente de direito e o risco de ofensa à isonomia e à segurança
jurídica (art. 976, I e II).

Diversidade de fatos deve ter aptidão a influenciar na aplicação do direito para


afastar o cabimento do incidente.

Não há natureza preventiva, de forma que os múltiplos processos já devem ter


sido decididos - não cabe o incidente quando um dos tribunais superiores, no
âmbito de sua respectiva competência, já tiver afetado recurso para definição de
tese sobre questão de direito material ou processual repetitiva (art. 976, § 4º).

Legitimidade
Art. 977, CPC.

Juiz ou relator de ofício.


Em qual momento o juiz pode suscitar o conflito diante do art. 978, parágrafo
único, do CPC? A qualquer momento.

Além disso, são competentes: partes, Ministério Público (dever de assumir a


condução no caso de desistência ou abandono do autor) e Defensoria Pública.

Se o MP não for quem suscitar p IAC, atuará ainda assim, como custus legis.

Competência
Tribunais de segundo grau.

A doutrina majoritária sugere que seria um precedente de segundo grau,


conforme previsão dos artigos abaixo, a fim de criar uma jurisprudência regional,
não somente local - art. 976, § 4 ; 982, I; 982, § 3; 985, I; 987, caput.

O STF entende que não há possibilidade de instaurar IAC e IRDR originário.

O STJ permite a instauração de IAC e IRDR originário em duas situações:

n) Em recurso ordinário (ROC)


o) Competencia originária do STJ e incidente também (de conflito de
competencia também)

STJ, Corte Especial, AgInt na Pet 11.838/MS - competência recursal ordinária e de


competência originária.

No mais, entende-se que deverá ser iniciado o IAC e IRDR nos tribunais regionais e
estaduais.

O julgamento deverá ser pelo órgão do tribunal que é responsável pela


uniformização de jurisprudência – art. 978, CPC.

Publicidade
ampla e específica divulgação e publicidade, por meio de registro eletrônico no
Conselho Nacional de Justiça (acesso dos juízes para suspender os processos;
eficácia vinculante seja a mais ampla e completa possível) (art. 979).

Os fundamentos determinantes da decisão e os dispositivos normativos a ela


relacionados

IRDR
Instauração
Competência do órgão colegiado (art. 981), não cabe ao relator a análise de
admissibilidade do IRDR.

A decisão colegiada não é recorrível por REsp/RE, pois não há decisão sobre o
mérito da causa.

O juízo de admissibilidade não impede novo incidente uma vez presente o


pressuposto antes considerado inexistente (art. 976, § 3º)

Ao relator caberá:

Determinará suspensão dos processos nos limites da competência do tribunal (art.


982, I, do CPC). A ampliação para todo território nacional pode ser obtido por
pedido para tribunal superior por qualquer legitimado previsto no art. 977, II e III
(art. 982, § 3º) ou por qualquer parte de processo suspenso (art. 982, § 4º). Faz-se
por pedido de tutela de urgência dirigido para o juízo da causa (art. 982, § 2º). A
análise é conforme conveniência e oportunidade.

Há preferência para julgamento em 1 ano, salvo HC e réu preso (art. 980, caput);
sem decisão fundamentada vencimento de prazo gera afastamento da suspensão
(art. 980, parágrafo único), visando afastar decisões conflitantes, e não fazer com
que o processo fique sobrestado por mais de um ano.

Passado um ano o efeito é a continuidade do andamento dos processos


sobrestados.

Informações do juízo em que tramita o processo e outros em que haja processos


repetitivos (art. 982, II)

Intimação do MP para se manifestar em 15 dias (art. 982, III)

Jurisprudência
Momento de sobretsamento
STJ, 4ª Turma, AgInt no AREsp 916.279/SP

Somente após a admissão do IRDR.

O sobrestamento é discricionário, não é obrigatório. A decisão é monocrática do


relator, sendo cabível agravo interno – art. 1021, , CPC.

Possibilidade de Modulação de Efeitos do sobrestamento dos processos


O sobrestamento poderá ser em um mesmo momento processual, permitindo,
por exemplo, o contraditório, sobrestando na conclusão para sentença.

É cabível sobrestamento parcial – por capítulos da sentença, sendo possível o


julgamento parcial de mérito nestes casos.

STF, Plenário, RE 966.177 RG/RS (modulação)

STJ, PET no REsp 1.551.956/SP (julgamento antecipado parcial do mérito)

Sujeitos Legitimados a Participar do IRDR


Art. 983, CPC.

Partes e demais interessados.

Quem são os demais interessados?

MP – cuctus legis.

Terceiros interessados - pessoas, órgãos e entidades com interesse na


controvérsia (quinze dias, poderão requerer a juntada de documentos, bem como
as diligências necessárias para a elucidação da questão de direito controvertida).

Poderão intervir as partes dos demais processos interessasdos? Não, por


inviabilidade procedimental.

Mas, para garantir a formação de precedente qualificado há previsão de audiência


publica, amicus curiae e manifestação do MP.

Julgamento
Art. 984, CPC.

Exposição do objeto pelo relator, autor, réu, MP e demais interessados com prazo
de 30 minutos para sustentação oral.

Não há prazo em dobro para a DP, o prazo é o mesmo de 30 minutos à todos.

A análise de todos os fundamentos suscitados concernentes à tese jurídica


discutida, sejam favoráveis ou contrários (§ 2º).

Mesmo que autor desista do processo o incidente será julgado (art. 976, § 1º) – é
uma norma pedagógica, vez que, não sendo possível a não formação do
precedente, é melhor que a parte faça parte dele, a fim de resultar em precedente
que melhor lhe atenda. Não há ate hoje noticia de alguma parte que tenha
desistido de seu recurso para a não formação de um precedente.
Há eficácia vinculante (art. 985, I e II): cabimento de Reclamação.

Segundo Alexandre de Freitas Camara, no Brasil, diferente da experiencia


americana, há formação dolosa de precedente, pois as partes tem conhecimento
de que a decisão terá eficácia vinculante, por isso, dever-se ampliar a discussão
para a qualificação deste precedente a ser formado de forma mais ampla possível.

Singularidade procedimental - Questão relativa a prestação de serviço concedido,


permitido ou autorizado, o resultado será comunicado para o órgão, ente ou
agencia reguladora para fiscalização da aplicação da tese adotada (art. 985, § 2º).
Deste modo, estes órgãos podem ter pontos importantes, sendo possível, de
forma implícita, entender que poderão estes ingressar como amicus curiae no
IRDR.

Recursos
Art. 987.

Os recursos cabíveis são ED, RESP e RE.

Há excepcional efeito suspensivo – op iudices, mediante apresentação de


requisitos.

Pode ser aplicado efeitu suspensivo no Resp e RE, até o julgamento deste. No
caso de Embargos de declaração de Resp e RE, não é mantido o efeito suspensivo.

Há presunção absoluta de repercussão geral (§ 1º).

Há flexibilização de requisitos de admissibilidade (art. 1.029, § 5), embora não haja


previsão especifica neste sentido.

Há legitimidade ativa do amicus curiae para interpor recurso de RE e Resp contra o


acordão que julga IRDR, tão somente.

Atenção: Informativo 737, STJ, Resp 1.798.374/DF – Quando há julgamento do


IRDR há também o recurso da causa que o ensejou, e nestes casos cabe RE e Resp
deste. Contudo no caso de desistência do recurso originário e no caso de pedido
de revisão de tese jurídica fixada (art. 986, CPC), nestes casos não caberá RE e
Resp, que são inadmissíveis segundo o STJ.

Ação Rescisória
Natureza Jurídica
Ação autônoma que visa impugnar decisão judicial.

Embora seja meio de impugnação judicial, estando assim no mesmo gênero dos
recursos, não poderá ser confundida com este, vez que o recurso desenvolve-se
no mesmo processo em que a ação foi proferida, enquanto que a ação rescisória é
autônoma.

Não obstante, somente é cabível com prévio trânsito em julgado.

Tem natureza desconstitutiva negativa, logo, é necessário que seja algo existente.

Assim, a ação rescisória não é cabível em caso de decisão nula ou inexistente.

Em todo caso, a rigor, o transito em julgado é hábil a convalidar e sanear as


nulidades existentes, exceto se absolutas, como é o caso de incompetência
absoluta – art. 966, CPC.

É possível no caso de existe trânsito em julgado parcial: STF, 1ª Turma, RE


666.589/DF.

OBS: Súmula 514/STF – não é necessário o esgotamento das vias recursais.


Atenção: Sentença e decisões válidas poderão ser rescindíveis, como é o caso da
descoberta de prova nova - art. 966, VII, CPC.

Somente cabe ação rescisória em caso de decisões de mérito – art. 966, CPC.

No caso de decisão homologatória, não cabe rescisória, mas ação anulatória – art.
966, §4º, CPC.

No caso de decisão terminativa, ou seja, que encerra o processo, mas não encerra
o mérito, e possível ingressar com nova ação art. 966, §2º, CPC. Contudo, será
rescindível a ação terminativa que impeça a propositura de nova demanda ou a
admissibilidade do recurso correspondente.

Ainda, por expressa previsão legal, não cabe rescisória no caso de:

a) Jec e Jef - art. 59, Lei 9099/95.


b) Ação de constitucionalidade de controle concentrado – art. 26, Lei
9868/99.
c) Ação cautelar, salvo no caso do art. 310 do CPC (Barbosa Moreira).

Hipóteses de cabimento
I) prevaricação, concussão, corrupção passiva do juiz

- prevaricação (art. 319, CP); concussão (art. 316 do CP); corrupção (art. 317 do
CP)

Não é exigida prévia condenação penal (HTJr/BM), contudo, havendo sentença


penal, não será cabível no caso de absolvição por inexistência material do fato há
vinculação.

No caso de sentença penal por outro motivo (p. ex. ausência de provas,
prescrição) não vincula o juiz cível, sendo cabível.

A aplicação do art. 315 do CPC depende é faculdade do juízo cível (Nery/BM).

No caso de decisão colegiada, somente será cabível se o voto viciado compor a


maioria.

II) impedimento do juiz e incompetência absoluta do juízo

- art. 144 do CPC (impedimento) x art. 145 do CPC (suspeição)

- incompetência relativa (preclusão) x incompetência absoluta (matéria de ordem


pública).

A decisão proferida por juízo absolutamente competente substituída por decisão


proferida por juízo competente não permite AR (Câmara). A matéria não precisa
ter sido alegada (Scarpinella).

No caso de decisão colegiada, somente se o voto viciado compor a maioria - STJ,


4ª Turma, AgRg no REsp 968.523/GO.

III) dolo da parte vencedora e colusão das partes para fraudar a lei

O dolo da parte, advogado e representante legal deve impedir ou dificultar a


atuação processual da parte contrária ou influenciar significativamente o juiz, a
ponto de afasta-lo da verdade.

Deve haver nexo causalidade entre a conduta dolosa e o resultado da demanda,


caso contrário não há vicio de rescindibilidade.

A colusão prevista no art. 142 do CPC (inclusive o processo simulado) – parte


autora e ré simulam o processo.

IV) ofensa à coisa julgada


Deverá haver tríplice identidade (efeito negativo), ou identidade da relação
jurídico (efeito positivo).

Faz-se o pedido de desconstituição do segundo julgado.

A desconstituição independe do teor da primeira decisão (BM/Fux).

Há hipótese de cabimento mesmo que o tema tenha sido objeto de decisão.

V) violação manifesta à norma jurídica

A violação de norma jurídica poderá ser de norma legal e princípio:

p) lei: direito material e processual; constitucionais e infraconstitucionais;


nacionais e estrangeiras;
q) princípios não escritos (Nery/Fux);
r) súmula vinculante (Nery/Wambier). Atenção: Não pode existir
interpretação controvertida nos tribunais (S343/STF). Exceção: matéria
constitucional pacificada em processo objetivo pelo STF I414/STJ, CE,
EREsp 687.903-RS; I497/STF, Plenário, RE 328.812/AM.

Art. 966, § 5º: Cabe ação rescisória, com fundamento no inciso V do caput deste
artigo, contra decisão baseada em enunciado de súmula ou acórdão proferido em
julgamento de casos repetitivos que não tenha considerado a existência de
distinção entre a questão discutida no processo e o padrão decisório que lhe deu
fundamento.

§ 6º: Quando a ação rescisória fundar-se na hipótese do § 5º deste artigo, caberá


ao autor, sob pena de inépcia, demonstrar, fundamentadamente, tratar-se de
situação particularizada por hipótese fática distinta ou de questão jurídica não
examinada, a impor outra solução jurídica.

Informativo 600/STJ, 3ª Turma, REsp 1.655.722-SC – precedentes vinculantes do


STJ.

VI) prova falsa

Não depende de prévio processo criminal (I468/STJ, 3ª Turma, Resp. 885.352/MT


– prova da falsidade produzida na própria ação rescisória).

Há faculdade de aplicação do art. 315 do CPC – suspender a ação cível para


aguardar o resultado da penal.

Há vinculação da decisão penal transitada em julgado - mesmo declarada a prova


falsa, caberá a improcedência da ação rescisória.

Havendo outras provas que mantenham a decisão impugnada a ação rescisória


será julgada improcedente.

No caso de falsidade documental, esta deverá ser essencial à decisão cível para
procedência da rescisória – não basta que a prova seja falsa, deverá ser única ou
essencial.

No caso de falsidade material ou ideológica: I355/STJ, 1ª Seção, EDcl no AgRg na


AR 2.013/SP.

VII) obtenção de prova nova

A prova nova substitui documento novo (CPC/1973).

A prova nova não é superveniente, já devendo existir à época da ação originária


(BM/HTJr.), mas: (i) a parte desconhecia sua existência ; ou, (ii) por motivo alheio a
sua vontade não pode produzir a prova.

Qual seria a ultima oportunidade em que seria lícito produzir a prova no processo?
A obtenção de prova nova posteriormente ao transito em julgado (art. 966, VII)
(no CPC/1973 era depois da sentença).

A prova deve ser hábil a reverter resultado: STJ, 3ª Seção, AR 3.444/PB .

O fato provado deve ter sido alegado na ação originária - prova nova é diferente
de fato novo. Não pode alegar fato novo através de prova nova. O fato deve ter
sido apreciado na decisão rescindenda.

VIII) erro de fato

Art. 966, § 1º do CPC: decisão rescindenda admitir fato inexistente ou quando


considerar inexistente fato efetivamente ocorrido.

Requisitos (STJ, 1ª Turma, REsp. 839.499/MT): (i) fundamental para a decisão (ii)
não cabe prova na AR (somente nesta hipótese de rescisória, nas demais as provas
são livres), deve ser utilizada a prova produzida na ação originária (iii) não deve
existir controvérsia a respeito do fato (iv) inexistência de pronunciamento judicial
(a má apreciação da prova não é passível de alegação em rescisória).

Legitimidade
Art. 967, CPC.

São legitimados:

- parte no processo e sucessor;

- terceiro juridicamente interessado;

- MP (inciso III)

Haverá legitimidade do MP nos casos em que:

a) se não foi ouvido no processo em que lhe era obrigatória a intervenção;

b) quando a decisão rescindenda é o efeito de simulação ou de colusão das partes,


a fim de fraudar a lei;

c) em outros casos em que se imponha sua atuação, ou seja, quando houver


interesse público - STJ, 1ª Seção, EAR 384/PR

- aquele que não foi ouvido no processo em que lhe era obrigatória a intervenção
(IV). Ex: Cade, CVM, etc.

O litisconsórcio necessário não formado ou órgãos que a lei exige a participação?


Sim, no caso de litisconsórcio passivo necessário, a parte que não for autora da
rescisória, deverá ser réu - STJ, 2ª Turma, REsp 785.666/DF.

Competência
Será competente o juízo da - ação de competência originária. Logo:

a) Decisão transitada em julgado em primeiro grau – tribunal de segundo


grau;
b) Decisão transitada em segundo grau – competência do próprio tribunal de
segundo grau;
c) Decisão do STJ e STF em competência originária – próprio tribunal
superior;
d) No caso de Resp e RE – competência do tribunal superior se o recurso for
julgado o mérito.
Se não for enfrentado o mérito, será competente o Tribunal a quo.
Neste sentido, se o recurso não for conhecido mas a matéria foi
enfrentada (ex: deixo de conhecer o recurso por ausência de violação à
norma), será competente o Tribunal Superior - S249/STF/STJ, 2ª Turma,
AgRg no Ag 917.818/DF.
No caso de erro, poderá ser determinada a emenda da rescisória.

Art. 968, § 5º do CPC: reconhecida a incompetência do tribunal para julgar a ação


rescisória, o autor será intimado para emendar a petição inicial, a fim de adequar
o objeto da ação rescisória, quando a decisão apontada como rescindenda: I - não
tiver apreciado o mérito e não se enquadrar na situação prevista no § 2o do art.
966; II - tiver sido substituída por decisão posterior.

Prazo
Prazo de 2 anos a contar do trânsito em julgado – art. 975, CPC.

O prazo decadencial não se suspende, contudo, se o último dia cair em dia não
útil, será prorrogado ao próximo dia útil.

STJ, 5ª Turma, AgRg no REsp 966.017/RO – vencimento em dia no qual não há


expediente forense, prazo vence no primeiro dia subsequente (art. 975, § 1º do
Novo CPC)

O prazo é contando do trânsito em julgado da última decisão proferida no


processo – sumula 401, STJ.

Contudo, no caso de última decisão for de não recebimento de recurso


eminentemente intempestivo, interposto somente com o fim de reabrir o prazo
para ação rescisória - STJ, 3ª Turma, REsp 784.166/SP.

Poderão haver termos iniciais diferenciados:

s) data de descoberta da prova nova, observado o prazo máximo de cinco


anos, contados do trânsito em julgado da última decisão proferida no
processo (§ 2º)
A prova nova deve ocorrer no prazo de 5 anos do transito em julgado.

t) Simulação ou colusão das partes, o prazo começa a contar para o terceiro


prejudicado e para o Ministério Público, que não interveio no processo, a
partir do momento em que têm ciência da simulação ou da colusão (§ 3º).

u) Coisa julgada inconstitucional: data do trânsito em julgado da decisão do


STF (art. 525, § 15º e art. 535, § 8º do CPC).
Atenção a modulação de efeitos – se efeitos ex nunc, não atingirá o
julgado anterior.

Atenção: Caso necessária a formação de litisconsórcio necessário, a formação


deverá ocorrer no prazo de 2 anos para o ajuizamento da demanda, sob pena de
inépcia. Deste modo, se não formado o polo passivo no prazo, haverá o
indeferimento por decadência - I458/STJ, CE, EREsp. 676.159/MT e I463/STJ, 3ª
Turma, REsp. 863/890/SC.

Eficácia do Julgado
Tutela de urgência: tutela provisória para impedimento do início ou suspensão de
execução – art. 969, CPC.

O pedido visa impedir geração de efeitos, independentemente de execução - Nery


(cautelar) X BM/HTJr (tutela antecipada).

Seja considerada cautelar ou antecipada , não há estabilização da tutela de


urgência na ação rescisória, não se operando os efeitos do artigo 304, CPC.

Em razão do poder geral de cautelar, o juízo da execução da ação rescindenda


poderá também determinar a suspensão desta, não sendo a competencia
exclusiva da rescisória (STJ, 1ª Seção, REsp. 900.888/PR).
Procedimento
Petição inicial
Art. 319 do CPC

Causa de pedir
É necessário que haja jurídico para a rescisória – a não indicação do fundamento
legal (artigo de lei), não importa em vício.

Pedido
Será: (i) juízo rescindendo (iudicium rescindens): rescisão do julgado; (ii) juízo
rescisório (iudicium rescissorium): novo julgamento.

A cumulação é sucessiva, não existe pedido implícito.

Somente o pedido rescindendo não poderá perder o objeto, caso contrário não
serão analisados os demais pedidos.

No caso de incompetência absoluta e ofensa a coisa julgada, somente há pedido


rescindendo.

A lei prevê que a falta de pedido adequado importa em inépcia da inicial


rescisória.

Valor da causa
Será o valor do bem da vida, não existindo relação direta com o valor da causa da
ação originária – STJ, 1ª Turma, REsp. 913.751/DF.

Isso porque a ação rescisória pode atacar somente um capítulo da ação


rescindenda, sendo o valor da causa relacionado ao que se pretende.

É necessário verificar o valor da vida perseguido.

Depósito de 5% do valor da causa


Depósito exigido a título de caução prévio, conforme valor da causa da ação
rescisória (não valor da causa da ação rescindenda).

Há alguns sujeitos que não precisam realizar o depósito judicial: União, aos
Estados, ao Distrito Federal, aos Municípios, às suas respectivas autarquias e
fundações de direito público, ao Ministério Público, à Defensoria Pública e aos que
tenham obtido o benefício de gratuidade da justiça - Art. 968, II, do CPC.

Embora seja de 5% do valor da causa rescisória, se o valor do depósito superar


1.000 (mil) salários-mínimos, será limitado a este - , art. 968, § 2º do CPC. Esta
previsão visa evitar o abuso e será perdido para o réu no caso de julgamento
unânime.

Além do depósito judicial, a inicial da rescisória deverá ser instruída dos


documentos indispensáveis, dentre os quais, cópia da decisão rescindenda e copia
da certidão de transito em julgado - art. 320 do CPC.

Reações do juiz diante da petição inicial


- emenda da petição inicial (art. 321 do CPC).

- indeferimento (art. 968, § 3º do CPC): 330 e falta de depósito inicial.

Embora vicio sanável, a falta de depósito judicial é hipótese de indeferimento da


inicial da rescisória.

O julgamento de mérito é sempre colegiado, mas o indeferimento é monocrático.

Sendo o julgamento do infereimento monocrático, é cabível agravo interno.

STJ, 1ª Seção, AgRg na AR 3.691/MG - decisão monocrática recorrível por agravo


interno.
Nos termos do art. 1.021 do CPC, haverá sustentação oral somente nos termos do
art. 937, § 3º do CPC.

Citação
Comum, cabível todas as formas.

Respostas do réu
Prazo entre 15 e 30 dias (art. 970, caput, do CPC) para apresentar contestação.

É cabível contestação + reconvenção, desde que haja depósito judicial e prazo


para tanto (2 anos ou prazo diverso, nos termos 975, CPC). A caução é de 5% do
valor da vida pretendido.

Se o pedido de reconvenção com o mesmo pedido, mas diversa causa de pedir, é


necessário depósito judicial? Sim.

É possível o reconhecimento do pedido do autor em contestação de reconvenção?


Não é admitida – art. 970, CPC.

No caso de ausência de defesa, a revelia não gera a presunção de veracidade


(BM/HTJr).

Atividade saneadora
Art. 970. O relator ordenará a citação do réu, designando-lhe prazo nunca inferior
a 15 (quinze) dias nem superior a 30 (trinta) dias para, querendo, apresentar
resposta, ao fim do qual, com ou sem contestação, observar-se-á, no que couber,
o procedimento comum.

Art. 970 do CPC: após a contestação do réu aplica-se o procedimento comum:


providencias preliminares e julgamento conforme o estado do processo.

Não cabe audiência preliminar, presunção de veracidade (JAL), extinção por


convenção de arbitragem e reconhecimento jurídico do pedido.

Fase probatória
Todo médio de prova é admitido.

No caso dos Tribunais e Tribunais Superiores, por não haver estrutura para
produção de provas, a eventual prova a ser produzida será objeto de delegação ao
juízo competente, através de carta de ordem.

Art. 972, do CPC: carta de ordem para prova oral/pericial com prazo de 1 a 3
meses

Manifestações finais
Prazo de 10 dias.

Haverá manifestação do autor, réu, e do MP, como fiscal da ordem jurídica.

É obrigatória a manifestação do MP, como fiscal da ordem jurídica.

Julgamento
No decisão terminativa, não há análise do mérito.

No caso de decisão de mérito, haverá um novo julgamento do pedido do processo


originário pelo juízo rescindendo.

Se improcedente a decisão de rescisão, o juízo rescisório restará prejudicado.

No caso de juízo rescindendo procedente (natureza desconstitutiva), haverá o


novo julgamento: rejeição (declaratório) e acolhimento (natureza do pedido
originário).
Reclamação
Natureza Jurídica
Possuí natureza jurisdicional, não se trata de jurisdição voluntária.

Há indevida confusão com a correição parcial.

A correição parcial é atividade administrativa para reorganização do processo, que


estaria sendo conduzido de forma inadequada.

Não é adequada a confusão entre reclamação e correição parcial, vez que a


reclamação dispõe de:

(a) necessidade de provocação pelo interessado, respeitando-se, portanto, o


princípio da inércia da jurisdição;

(b) capacidade de se cassar decisão que porventura contrarie a autoridade de


decisão proferida por tribunal;

(c) possibilidade de avocação dos autos, de forma a garantir a competência do


tribunal e, por consequência, o princípio do juízo natural;

(d); cabimento de medidas cautelares que busquem garantir a eficácia de seu


resultado final;

(e) geração de coisa julgada quando do trânsito em julgado de sua decisão de


mérito;

(f) exigência de capacidade postulatória, sendo indispensável a presença de um


advogado devidamente registrado na OAB ou um promotor de justiça no exercício
de suas funções institucionais.

Há legitimidade ativa do governador para ingressar com ações de


constitucionalidade de controle concentrada. Houve reclamação proposta por um
governador, que, em tese, não teria capacidade postulatória neste caso. Contudo,
o STJ, seguindo a teoria de gravitação, entendeu que sendo acessória, a
reclamação seria admissível o ajuizamento pelo governador. Na época deste
entendimento o STF entendia que a reclamação tinha natureza de ação - STF,
Tribunal Pleno, Rcl. 1.821/PR, rel. Min. Mauricio Correa.

Não se trata de recurso, pois:

a) não há qualquer previsão em lei federal que a preveja como recurso, e sem essa
previsão legal expressa considerar a reclamação um recurso seria afrontar o
princípio da taxatividade;

b) a reclamação está prevista nos arts. 102, I, “l” e 105, I, “f”, ambos da CF, como
atividade de competência originária dos tribunais superiores, e não como
atividade recursal;

c) o interesse recursal gerado pela sucumbência, indispensável pelo menos para as


partes recorrerem, não existe na reclamação;

d) a reclamação, ao menos em regra, não tem prazo preclusivo para seu


oferecimento, característica indispensável a qualquer recurso.

Não cabe reclamação contra decisão transitada em julgado, assim, embora não
haja prazo previsto em lei, circunstancialmente o prazo será do trânsito em
julgado.

E no caso da usurpação de competência? Por não haver decisão específica a se


impugnada, não se aplica o prazo do transito em julgado.
e) o objetivo da reclamação não é a reforma de decisão, nem sua anulação, de
forma que não se pretende nem a substituição de decisão nem a prolação de
outra em seu lugar, sendo perseguido pela parte simplesmente a cassação da
decisão ou a preservação da competência do tribunal.

- não é incidente processual

Isso porque pode existir sem que haja processo, diante de descumprimento da
decisão de tribunal por autoridade administrativa.

Assim, conclui-se que a reclamação tem natureza de ação, conforme anuí a


jurisprudência qualificada Didier/Cunha; Navarro Ribeiro Dantas. Isso porque a
reclamação exige:

(a) petição inicial veiculando uma pretensão, citação;

(b) contraditório;

(c) decisão de mérito coberta por coisa julgada material;

(d) pressupostos processuais positivos, tais como a capacidade de ser parte, de


estar em juízo e postulatória, e negativos, tais como a ausência de coisa julgada,
perempção e litispendência.

O STF anui neste sentido.

Originalmente indicou o STF em sua jurisprudência que a reclamação tem


natureza de direito de petição, previsto no art. 5º, XXXIV da CF (STF, Tribunal
Pleno, ADI 2.212/CE, rel. Min. Ellen Gracie; ADI 2.480/PB, Tribunal Pleno, rel. Min.
Sepúlveda Pertence).

Contudo, após o CPC de 2015 passou a entender que tem natureza de direito de
ação (STF, 1ª Turma, Rcl. 24.417 AgR, rel. Min. Luiz Roberto Barroso, j.
07/03/2017), diante da previsão de contestação no prazo de 15 dias.

Cabimento
a) Forma de preservação da competência do tribunal, seja do segundo grau
ou superiores (art. 102, I, “l” e art. 105, I, “f” da CF e art. 988, I, do CPC).

b) Garantia que as normas constitucionais de competência dos órgãos de


superposição sejam imediatamente cumpridas, inclusive com a avocação dos
autos por esses tribunais, conforme o caso.
O Juízo de admissibilidade é pelo Tribunal, ainda que patente a inadmissibilidade,
sob pena de usurpação de competencia.
Se inadmitido previamente, caberá agravo - o art. 544 do CPC/73 – art. 1.042 do
CPC (STF, Tribunal Pleno, Rcl 4.484/SP).
Art. 988, § 1º: preservação de competência de tribunal de segundo grau Obs: juízo
de admissibilidade da apelação.

c) Forma de garantir a autoridade da decisão do tribunal (art. 102, I, “l” e art.


105, I, “f” da CF e art. 988, II, do CPC).
Art. 988, § 1º, do CPC: garantir autoridade das decisões de segundo grau
Aplicável no caso de afronta deve ocorrer especificamente com relação a decisão
determinada, sendo insuficiente para o cabimento da reclamação o mero
desrespeito à jurisprudência consolidada (STF, Rcl. 6.135 AgR/SP, Tribunal Pleno ).
Poderá ser ajuizada por terceiros desde que o processo tenha eficácia erga omnes,
como é o caso dos processos coletivos (STF, Rcl. 3.138/CE, Tribunal Pleno).
Cabível no caso de tutela coletiva, inclusive no processo coletivo especial
(vinculação de todos os juízos e da autoridade administrativa) – decisões finais e
liminares.
Atenção: No caso de decisão de JEF não cabe RE, dado que Colegio Recursal não é
Tribunal.

No caso destas decisões, porém, cabe pedido de uniformização de jurisprudência


(art. 14 da Lei 10.259/2001 e arts 18 e 19 da Lei 12.153/2009), sendo decidido
pela Turma de Uniformização.

Da decisão do pedido de uniformização é cabível novo pedido de uniformização de


jurisprudência, sendo este julgado pelo STJ.

Informativo 557/STF: Plenário, RE 571.572 QO-ED/BA; Informativo 416/STJ, Corte


Especial, Rcl 3.752-GO.

No caso do JEC, por não haver turma de uniformização, o STF entendeu que
admissível a Reclamação, deste modo criou-se uma forma de acessar o STJ, o que
aumentou o volume de trabalhos do Tribunal Superior.

Em 2016 o STJ editou a Resolução 03/2016, pela qual a competencia para


julgamento da Reclamação passou a ser do TJ.

Contudo, após o acordão do TJ, é possovel acessar o STJ, por Resp.

Atenção: No caso de autoridade administrativa que descumpre decisão judicial –


não cabe RCl (STJ, AgRg na Rcl. 2.918/MG, 1ª Seção).

Atenção: O Poder Legislativo não está vinculado, podendo aprovar nova lei com o
mesmo teor daquela já declarada inconstitucional (STF, Rcl. 2.617 AgR/MG,
Tribunal Pleno).

Atenção: Não cabe Rcl de decisão que determina o sobrestamento do feito.


Aplicação do Art. 1.035, §§6º e 7º, do CPC/15 (STF, 1ª Turma, Rcl 25.090 AgR/RJ).

d) Contra ato que desrespeita enunciado de súmula vinculante (art. 988, III,
do CPC)
Art. 7º, caput da Lei 11.417/2006: decisão judicial ou ato administrativo contrariar,
negar vigência ou aplicar indevidamente entendimento consagrado em súmula
vinculante.

Não impede a utilização de outros meios de impugnação (Súmula 734/STF).

A interposição de RCl impede o trânsito em julgado da decisão impugnada.

Necessário o esgotamento das vias administrativas diante de omissão ou ato da


administração pública – não gera violação a inafastabilidade da jurisdição, vez que
há outros meios de impugnativos administrativos e judiciais cabíveis.

Art. 7º, § 2º da Lei 11.417/2006, as conseqüências do acolhimento do pedido


diferem a depender da espécie de ato impugnado: (a) decisão judicial: STF a
cassará e determinará que outra seja proferida em seu lugar, com ou sem a
aplicação da súmula. (b) contra ato administrativo, o tribunal se limitará a
anulação do ato, sendo discricionária a prolação de outro.

e) Decisão do Supremo Tribunal Federal em controle concentrado de


constitucionalidade (art. 988, III, do CPC)

Teoria da transcendência dos fundamentos determinantes: foi adotada pelo STF


na vigência do CPC/1973. Prevê que no controle concentrado não somente o
dispositivo vincula, mas os seus motivos também, o que importou no aumento de
reclamações perante o STF.
Ocorreu uma situação em que o município de Nova Iguaçu editou uma lei, que foi
copiada por vários municípios. O STF declarou a lei inconstitucional. Em outro
processo a lei idêntica do município de Rezende foi declarada constitucional, e,
por isso houve Reclamação. Vários outros municípios ingressaram com a mesma
demanda.
Assim, atualmente o STF não aplica a teoria dos motivos determinantes para
cabimento de Rcl (STF, Tribunal Pleno, Rcl 11.479 AgR/CE)

Esperava-se que em razão do disposto no Art. 927, I, do CPC, haveria o retorno do


cabimento de Rcl devido aos motivos determinantes, em razão da eficácia
vinculante do precedente (ratio decidendi). Contudo, continua não sendo
admitida Rcl por violação de fundamentos.

f) Precedente fixado em IRDR e IAC (art. 988, IV, do CPC)

Da sentença de IRDR e IAC cabe Reclamação e Apelação.

Cabe Rcl de acórdão de RE/REsp em IAC e IRDR? Sim.

g) Precedente fixado em RG e RE/REsp repetitivo (art. 988, § 5º, do CPC)


Art. 988, § 5º, do CPC: É inadmissível a reclamação: II – proposta para garantir a
observância de acórdão de recurso extraordinário com repercussão geral
reconhecida ou de acórdão proferido em julgamento de recursos extraordinário
ou especial repetitivos, quando não esgotadas as instâncias ordinárias.

É necessário o esgotamento das instancias ordinárias nesta hipótese: Distinção


entre hipóteses do art. 988, IV e § 5º (STJ, 2ª Seção, AgInt na Rcl 33.871/SC).

Diante da previsão, a doutrina passou a entender que enquanto a sentença for


recorrível por recurso ordinário (apelação), não cabe Rcl. Após julgamento da
Apelação, seria cabível RE e Rcl.
Contudo, o STJ posicionou-se no sentido de uma interpretação teleológica de
“esgotadas as instâncias ordinárias”, pela qual não poderiam ser oponíveis
recursos ordinários e extraordinários (STF, 2ª Turma, AgReg na Rcl 24.235/MA;
STJ, 2ª Seção, AgInt na Rcl 34.769/RJ)

Assim, o cabimento de Rcl é somente da decisão de agravo interno contra decisão


que inadmite RE/REsp (STJ, 2ª Seção, AgInt na Rcl 34061/DF e STF, 2ª Turma, Rcl
20.892 AgR/RJ).

Contudo, o STJ piora ainda mais o entendimento, prevendo em novo


entendimento o não cabimento para controle de respeito a precedentes (STJ,
Corte Especial, Rcl 36.476/SP).

Ou seja, não bastasse a interpretação teleológica de “esgotadas as instâncias


ordinárias”, o STJ esganou o dispositivo, revogando-o tacitamente, ao prever o
não cabimento para controle de respeito a precedentes.

Este não é o entendimento do STF, que admite o cabimento no caso controle de


respeito a precedentes.

Procedimento
Petição inicial
Necessidade de provocação (art. 13, caput, da Lei 8.038/1990). - aplicação, no que
couber, do art. 319 do CPC.

A petição inicial instruída com documentos que o auxiliem a convencer o tribunal


de suas razões (art. 988, § 2º, do CPC) – procedimento sumário documental, assim
como ocorre no MS.
Não há prazo para o ingresso da RCl, contudo, não cabe de decisão transitada em
julgado (art. 988, § 5º, I, do CPC) (Súmula 734/STF).

O recurso impede o trânsito em julgado, de forma que procedimentalmente faz-se


a Rcl e o recurso, para impedir o transito em julgado (art. 988, § 6º: A
inadmissibilidade ou o julgamento do recurso interposto contra a decisão
proferida pelo órgão reclamado não prejudica a reclamação). Contudo, eventual
procedência do recurso poderá prejudicar a Rcl.

Posturas do relator ao receber a reclamação


Art. 988, § 3º, do CPC: distribuição imediata para relator (sempre que possível, o
relator do processo principal):

Art. 989 do CPC

I – requisição de informações da autoridade a quem for imputada a prática do ato


impugnado (10 dias)

II - poder de suspender o processo ou o ato impugnado, para evitar dano


irreparável, mesmo sem pedido expresso – diante da não necessidade de
requerimento expresso do reclamante, trata-se de hipótese de tutela antecipada
de oficio.

Obs: ENUNCIADO 64 do CJF: “Ao despachar a reclamação, deferida a suspensão do


ato impugnado, o relator pode conceder tutela provisória satisfativa
correspondente à decisão originária cuja autoridade foi violada”

III – determinará a citação do beneficiário da decisão impugnada (o réu), que terá


prazo de 15 (quinze) dias para apresentar a sua contestação.

O julgamento monocrático tem previsão regimental.

Reações dos interessados


Autoridade responsável pela ilegalidade (informações em 10 dias).

É possível que terceiro beneficiado pelo ato (réu), intervenha como assistente
litisconsorcial do réu, contudo, a previsão é estranha, vez que este já é o réu. Art.
990 do CPC: qualquer interessado poderá impugnar o pedido do reclamante,
sendo o beneficiado direito pelo ato admitido como assistente litisconsorcial do
réu.

Intervenção do MP como custus legis, apresentando manifestação no prazo de 5


dias - Art. 991 do CPC: MP como fiscal da ordem jurídica, desde que não seja autor
(Meirelles-Wald-Mendes: Procurador-Geral da República X Zenkner: promotor da
causa originária.

O procedimento prossegue com ou sem manifestação

Julgamento
Art. 992 do CPC: procedente, o tribunal cassará a decisão exorbitante de seu
julgado ou determinará medida adequada à preservação de sua competência.

No caso desta previsão do artigo 992, CPC prevê uma visão ultrapassada da Rcl,
vez que atualmente é cabível em caso de descumprimento de precedentes, de
forma que incabível a mera cassação da decisão, sendo o ideal que o órgão
superior a substituísse para evitar nova violação, e não deixando margem para
que o órgão inferior refaça a decisão.

Art. 7º, § 2º da Lei 11.417/2006, que ao prever a procedência da reclamação no


caso de ofensa à sumula vinculante, determina que o Supremo Tribunal Federal
casse a decisão judicial impugnada, determinando que outra seja proferida com
ou sem a aplicação da súmula.
Se realmente o tribunal determinar a prolação de nova decisão no lugar daquela
que, impugnada, foi considerada ofensiva à autoridade de sua decisão, será caso
de anulação da decisão, e não propriamente de cassação.

Condenação em honorários advocatícios quando verificada a angularização da


relação jurídica (STF, 2ª Turma, Rcl 24.464 AgR/RS).

Ação de Homologação de Decisão Estrangeira


Conceito
Art. 960, caput, CPC.

Ação de competencia originária do STJ.

Ação realizada para que decisão estrangeira gere efeitos no Brasil.

O efeito pode ser meramente constitutivo (ex: divórcio), mas também executivo.

Cabimento
Será sempre necessária? Depende. Em caso de países com tratado de
reciprocidade, como países do Mercosul e Portugal, não será necessário.

Além disso, não é necessária ação de homologação no caso de sentença


estrangeira de divorcio consensual – art. 960, §5º, CPC.

Será necessária, contudo, no caso de divórcio qualificado, ou seja, com outras


matérias a serem disciplinadas – ex: filhos, pensão, partilha de bens, etc. – STF,
Regimento Interno

Tipo de decisão
a) Decisão interlocutória estrangeira executada por meio de carta rogatória –
art. 960, §1º, CPC. Depende da concessão de exequatur.

b) É possível concessão de medida de urgência estrangeira, com


contraditório diferido, pelo relator, mediante exequatur – art. 962, CPC.
A análise da urgência é de competencia exclusiva do juízo estrangeiro, ao STJ
compete somente a determinação de cumprimento da medida, sem análise de
mérito, até mesmo por questão de soberania estrangeira.

c) No caso de decisão arbitral estrangeira também há homologação pelo STJ,


por exequatur, dado que nosso sistema considera a arbitragem como jurisdição
privada, equiparada à jurisdição pública.

d) Homologação de decisão estrangeira para fins de execução fiscal quando


prevista em tratado ou promessa de reciprocidade apresentada à autoridade
brasileira.

e) Homologação de decisão não judicial definitiva, que pela lei brasileira teria
caráter de decisão jurisdicional – ex: decisão administrativa de interdição
estrangeira.

Homologação Parcial
É possível homologação parcial? Sim. Seja porque este decorre de pedido de
homologação parcial(de um capítulo, por exemplo), ou em caso de pedido de
homologação integral e vício em parte desta.

Requisitos Indispensáveis
Art. 963, CPC.
 Competencia da autoridade que proferiu a decisão;
 Citação regular da parte ré;
 Eficácia no país em que a decisão foi proferida – o RSTJ determinava que a
decisão fosse definitiva, mas o CPC, que deverá prevalecer, não determina
tal requisito – art. 916, §1º, CPC.
 Não ofender a coisa julgada brasileira – não há litispendência entre ação
brasileira e ação estrangeira, podendo ambas tramitar, contudo, se
transitar em julgado a homologação da decisão estrangeira antes do
transito em julgado da decisão brasileira, haverá coisa julgada estrangeira,
e vice versa.
 Não ofender a ordem pública.

O Art. 964, CPC prevê matérias sobre as quais somente a jurisdição brasileira seria
competente, de forma que não seria possível homologar a decisão estrangeira
sobre estas matérias, ou o exequatur para as cartas rogatórias.

Procedimento
Art. 216-A à N do RISTJ. (não costuma cair nos concursos Regimentos)

Execução
Art. 965, CPC.

O competente para executar é o juízo federal competente.

No caso de execução, aplica-se o artigo 515, I e 516, § único, CPC e 109, X, CF.

É possível a concessão de tutela no procedimento de homologação de decisão


estrangeira.

Teoria Geral da Execução


O que é a execução?
É o meio para implementar na realidade o que deveria ter sido cumprido
voluntariamente. É consubstanciada em titulo judicial ou extrajudicial, que
corresponde a obrigação certa, liquida e exigível, fazendo atuar a sanção jurídica
decorrente do inadimplemento, qual seja a responsabilidade patrimonial do
devedor, definida como vínculo jurídico público processual pelo qual o credor
pode se satisfazer do patrimônio do devedor [CC, art. 391; CPC, art. 789].

CC, Art. 391. Pelo inadimplemento das obrigações respondem todos os bens do
devedor.

CPC, Art. 789. O devedor responde com todos os seus bens presentes e futuros
para o cumprimento de suas obrigações, salvo as restrições estabelecidas em lei.

Procedimentos De Execução E De Conhecimento


Crise de certeza, de situação jurídica e de inadimplemento. O procedimento serve
para instrumentalizar a jurisdição.

Teleologicamente são distintos os procedimentos de conhecimento e de


execução, especialmente pela extensão e finalidade do contraditório, pois
“Embora tanto num como noutro a parte exerça perante o Estado o direito
subjetivo público de ação, a grande diferença entre os dois processos reside no
fato de tender o processo de cognição à pesquisa do direito dos litigantes, ao
passo que o processo de execução parte justamente da certeza do direito do
credor, atestada pelo ‘título executivo” de que é portador’” [THEODORO JÚNIOR,
Humberto. Curso de Direito Processual Civil. v. III. 48ª ed. Rio de Janeiro: Forense.
2016, p. 212].

Daí, no procedimento de execução “o Poder Judiciário substitui ou estimula (sub-


rogação ou coerção) a vontade do executado, atuando a norma jurídica concreta.
Esta é, pois, a atividade jurisdicional executiva” [ABELHA, Marcelo. Manual de
Execução Civil. 6ª ed. Rio de Janeiro: Forense. 2016, p. 14]

Sintetizando os conflitos em função da natureza das crises - de certeza, de


situação jurídica e de inadimplemento-, o procedimento de execução serve ao
último propósito, “composto de atos materiais voltados à satisfação do direito
daquele que se diz credor e detém um título executivo com obrigação certa,
líquida e exigível”. [NEVES, Daniel Amorim Assumpção. Novo Código de Processo
Civil Comentado artigo por artigo. Salvador: Juspodivm. 2016, p. 1203].

A propósito: “A crise de certeza constitui um conflito de interesses tipificados pela


necessidade de se obter do Poder Judiciário uma certeza jurídica acerca da
existência ou inexistência de uma relação jurídica, ou excepcionalmente sobre a
autenticidade ou falsidade de um documento. Já a crise de situação jurídica
constitui-se em um conflito de interesses tipificado pela necessidade de se obter
do Poder Judiciário uma situação jurídica nova, que represente uma mudança
jurídica da situação anterior que se encontrava em conflito. Já a crise de
cooperação (adimplemento ou descumprimento) configura-se em modalidade de
crise tipificada pela necessidade de se alcançar do Poder Judiciário o cumprimento
da norma jurídica descumprida (cooperação ou adimplemento).

(...) É que, em relação ao provimento declaratório e constitutivo, a simples


revelação da norma jurídica concreta é, por si só, suficiente para debelar a crise de
certeza e de situação jurídica. Já com relação à crise de cooperação
(descumprimento, adimplemento), o Direito, especialmente o direito processual,
tem dificuldades para pacificar esse tipo de conflito, justamente porque a mera
revelação da norma jurídica concreta não é bastante para pôr fim ao conflito de
interesses. É preciso ir além. É necessário partir da norma jurídica concerta
declarada para a sua atuação no mundo dos fatos” [ABELHA, Marcelo. Manual de
Execução Civil. 6ª ed. Rio de Janeiro: Forense. 2016, p. 11-

Lealdade Processual Executiva E O Ato Atentatório


CPC, Art. 774.

Quem participar do processo deve comportar-se de acordo com a boa-fé objetiva


[CPC, art. 5º], não pressupondo advertência prévia para incidência da sanção
respectiva.

“Prévia advertência para aplicação das sanções pela violação do art. 774 do CPC.

O dever de probidade processual não é condicionado; não depende de prévia


advertência judicial para incidir (art. 772, II, do CPC). Interpretar o dispositivo de
modo diverso servira, apenas, para incentivar a prática de improbidade processual
e enfraqueceria, demasiadamente, os deveres e as condutas vedadas pelo art. 774
do CPC, como também o poder de polícia do juiz de presidir o processo (que
mesmo no CPC/2015, ainda é instrumento estatal e público de resolução de
conflitos)”. [GAJARDONI, Fernando da F. Comentários ao Código de Processo Civil.
GAJARDONI, Fernando da F.; DELLORE, Luiz; ROQUE, Andre V.; AL, et. (org). Rio de
Janeiro: Forense, 2021. 9786559640249. Disponível em:
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9786559640249/. Acesso em:
03 jul. 2021.

Pratica ato atentatório à dignidade da justiça o executado [CPC, art. 774]. A parte
exequente e eventuais auxiliares da Justiça e terceiros sujeitam-se às penas de
litigância de má-fé [CPC, arts. 80 e 81].

Hipóteses De Atos Atentatórios À Dignidade Da Justiça


Art. 774. Considera-se atentatória à dignidade da justiça a conduta comissiva ou
omissiva do executado que: I - frauda a execução. Terminologia extensiva [?] II - se
opõe maliciosamente à execução, empregando ardis e meios artificiosos; III -
dificulta ou embaraça a realização da penhora; IV - resiste injustificadamente às
ordens judiciais. Interpretação restrititiva excluindo aquela que sancione o
exercício da ação ou de defesa [CF, art. 5º, XXXV] V - intimado, não indica ao juiz
quais são e onde estão os bens sujeitos à penhora e os respectivos valores, nem
exibe prova de sua propriedade e, se for o caso, certidão negativa de ônus.

Indicar bens à penhora é dever do executado (1) decorrente dos princípios da


cooperação (CPC, art. 6º) e boa-fé (CPC, art. 5º) (2), sendo sancionado se inerte
(3), não caso comprove inexistência de bens, ressaltando não caber ao executado
substituir o credor quanto ao exame da conveniência da penhora ou o juiz quanto
a legalidade.

A intimação, a pedido da parte [v. art. 921, III], porque não se trata de impulso
oficial, pode ser feita na pessoa do advogado, ainda sem poderes especiais (CPC,
art. 105). O prazo é judicial e, no silêncio, será o geral de cinco dias (CPC, art.
218,§3º).

(1) STJ, REsp 1.371.347/PE, Relator Ministro Mauro Campbell Marques, Segunda
Turma, julgado em 25.06.2013.

(2) STJ, AgRg no REsp 1.191.653/MG, Rel. Ministro HUMBERTO MARTINS,


SEGUNDA TURMA, julgado em 4/11/2010, DJe 12/11/2010)

(3) “O executado que não dispõe de qualquer bem que possa responder pela
execução deverá informar tal situação no prazo de cinco dias. A única resposta
que não se admite, gerando a imediata aplicação da multa, é o silêncio do
executado diante de sua intimação, já que a sanção alude ao desrespeito do
executado com a ordem judicial, e não à inexistência de bens que possam se
sujeitar à execução” [NEVES, Daniel Amorim Assumpção. Novo Código de Processo
Civil Comentado artigo por artigo. Salvador: JusPodivm, 2016, p. 1208].

Consequência Do Ato Atentatório À Dignidade Da Justiça


Configurada a hipótese de ato atentatório à dignidade da justiça pelo executado, o
juiz fixará multa em montante não superior a vinte por cento do valor atualizado
do débito em execução, a qual será revertida em proveito do exequente, exigível
nos próprios autos do processo, sem prejuízo de outras sanções de natureza
processual ou material [CPC, art. 774, parágrafo único].

Possível a cumulação da multa em exame com outras sanções processuais - desde


que o fato gerador seja diverso [comportamento ímprobo diverso] - ou materiais
[CC, art. 940, por exemplo]. No particular, por si, a diversidade de credor não
afasta o bis in idem, de modo que a resistência injustificada ao cumprimento da
ordem judicial executiva atrai a incidência apenas do art. 774, IV, do CPC, não
podendo ser cumulada com a multa da regra congênere do art. 77, IV, do CPC [IV -
cumprir com exatidão as decisões jurisdicionais, de natureza provisória ou final, e
não criar embaraços à sua efetivação]. Por sua vez, porque distintas as hipóteses,
o executado pode ser sancionado pela violação do art. 774, IV, do CPC e pela
prática do atentado [CPC, art. 77, VI], sedo credor o exequente [CPC, art. 774,
parágrafo único] e o Estado [CPC, art. 77, § 3.º].

Aplicável a disciplina da fixação do valor da multa em casos de causas de valor


irrisório ou inestimável prevista no art. 77, §5.º, do CPC [em até dez vezes o valor
do salário mínimo].

Por fim, a “concessão de gratuidade não afasta o dever de o beneficiário pagar, ao


final, as multas processuais que lhe sejam impostas” [CPC, art. 98, §4º]

Execução Injusta Ou Ilegal


CPC, Art. 776
Execução injusta ou ilegal é aquela fundada em título executivo consubstanciando
obrigação declarada inexistente, no todo ou em parte [CPC, art. 776].

A natureza punitiva impõe interpretação restritiva, de modo a não ensejar a


responsabilidade do exequente medidas que, embora acarretem a extinção da
execução, não configuram inexistência da obrigação, a exemplo da prescrição. De
outra parte, também por atos executivos ilegais [penhora ilegal] responderá o
exequente.

Controvertida na doutrina a natureza da responsabilidade, prevalecendo na


doutrina orientação pela natureza objetiva (1), com relevantes argumentos
contrários (2) repercutindo na jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça (3);
dúvida não há acerca da natureza objetiva da responsabilidade na execução
provisória.

Natureza da responsabilidade:

(1)“Constitui dever do exequente reparar o dano provocado pela execução injusta.


Trata-se de responsabilidade objetiva, prescindindo do exame da culpa e da má-fé
do exequente, bastando a verificação dos elementos de incidência do art. 776.
Encontra-se parcialmente derrogado o art. 940 do CC, aplicável somente ao
processo com função de conhecimento, mas o dever de indenizar convive com
outras responsabilidades civil (p. ex.: a do art. 80) e penal. E, por força de seu
caráter objetivo, o art. 776 reclama interpretação restrita. Assim, a regra
sóbeneficia o devedor, cabendo ao terceiro, injustamente atingido por ato
executivo e, quiçá, vitorioso nos embargos do art. 674, ajuizar ação condenatória
para obter a reparação do dano” [ASSIS, Araken. Comentários ao código de
processo civil. ALVIM, Angélica A. (org.). 2ª ed. São Paulo: Saraiva, 2017, p. 904-
905]; “Trata-se da execução ilegal, e não da apenas injusta. A sanção caberá tanto
nos casos de títulos judiciais como extrajudiciais, mas a declaração de inexistência
da obrigação exequente só gerará a eficácia do art. 776 depois de passada em
julgado. Essa responsabilidade independe do elemento subjetivo “culpa”, que no
sistema legal é posto à margem, “derivando a responsabilidade do exequente do
fato de haver sentença, passada em julgado, declarando inexistente, no todo ou
em parte, a obrigação que deu lugar à execução” [THEODORO JÚNIOR, Humberto.
Curso de Direito Processual Civil. v. III. 48ª ed. Rio de Janeiro: Forense. 2016, p.
248].

(2)“Elemento anímico e responsabilidade objetiva do exequente pela execução


injusta ou ilegal. Em doutrina e jurisprudência afirma-se que a responsabilidade do
exequente nos casos em que a sentença, transitada em julgado, declarar
inexistente, no todo ou em parte, a obrigação que ensejou a execução, é objetiva.
Em outros termos, a investigação do elemento subjetivo, isto é, a intenção do
exequente em dar início a uma execução posteriormente reconhecida como
injusta ou ilegal, seria dispensável, já que haveria responsabilidade pelos danos
independentemente de culpa, tanto quanto ocorre no cumprimento provisório de
sentença (vide os comentários ao art. 520 do CPC). Entendemos que as situações
são completamente diversas e, por isso, a regra de responsabilidade objetiva do
exequente vigente no cumprimento provisório de sentença não pode ser aplicada
à execução de título extrajudicial. Lá o exequente faz uma opção de risco em dar
início ao cumprimento provisório de sentença, considerando ser de sua sabença
que a decisão ainda pende de confirmação pelas instâncias superiores (ainda que
o recurso contra ela interposto não seja dotado de efeito suspensivo). Aqui na
execução de título extrajudicial o exequente ajuíza a execução sem este risco, já
que sempre é definitiva a execução fundada em títulos desta natureza. Logo, é só
após o trânsito em julgado da sentença que reconheceu a inexigibilidade, total ou
parcial, da obrigação, que há ciência da imprestabilidade do título. Por essa razão,
somos partidários do entendimento no sentido de que em vista do princípio da
boa-fé processual (art. 5.º do CPC) e do direito de ação, somente há
responsabilização do exequente pelos danos causados ao executado se houver
prova da má-fé processual, isto é, que o exequente já tinha plena ciência, ao
tempo da propositura da execução, da inexistência da obrigação (v.g., casos de
títulos executivos falseados pelo próprio exequente), conforme, aliás, precedentes
do STJ (REsp 780.583-DF, Relator Ministro Aldir Passarinho Jr., Quarta Turma,
julgado em 24.08.2010). Se não fosse assim, toda execução não acolhida –
qualquer que fosse o motivo – permitiria uma ação indenizatória em reverso (STJ,
REsp 1.229.528/PR, Relator Ministro Luis Felipe Salomão, Quarta Turma, julgado
em 02.02.2016). Tal raciocínio se torna ainda mais razoável para os casos de
responsabilização pela prática de atos executivos posteriormente tidos por ilegais
(v.g., requerimento de penhora de bens posteriormente reconhecidos como
impenhoráveis). Afinal, não se cogita que requerendo o exequente a penhora de
valores na forma do art. 854 do CPC, possa posteriormente ser responsabilizado
pelo bloqueio ante a constatação de que os valores eram alimentares, como tal
impenhoráveis (art. 833, IV, do CPC)” [GAJARDONI, Fernando da F. Comentários ao
Código de Processo Civil. GAJARDONI, Fernando da F.; DELLORE, Luiz; ROQUE,
Andre V.; AL, et. (org). Rio de Janeiro: Forense, 2021. 9786559640249. Disponível
em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9786559640249/. Acesso
em: 03 jul. 2021]

(3) “Cotejando os precedentes do STJ, verifica-se que não é a mera extinção do


processo de execução que rende ensejo, por si só, a eventual responsabilização do
exequente; ao revés, só haverá falar em responsabilidade do credor quando a
execução for tida por ilegal, temerária, tendo o executado sido vítima de
perseguição sem fundamento. Se não fosse assim, toda execução não acolhida –
qualquer que fosse o motivo – permitiria uma ação indenizatória em reverso” (STJ,
REsp 1.229.528/PR, Relator Ministro Luis Felipe Salomão, Quarta Turma, julgado
em 02.02.2016); “Constatada a existência de processo executivo contra a
postulante, objeto de registro por órgão mantenedor de cadastro de proteção ao
crédito, o reconhecimento posterior de carência de ação não configura o dever de
indenizar do pretenso exequente, em respeito ao direito de ação, e não
reconhecida a má-fé processual. Ademais. tal acarretaria a responsabilização por
ato de terceiro” [REsp n. 780.583/DF, relator Ministro Aldir Passarinho Junior,
Quarta Turma, julgado em 24/8/2010, DJe de 14/9/2010]

Classificação Da Execução
Origem do título: Judicial ou extrajudicial.
A origem do título executivo determina o procedimento.

Se judicial [CPC, art. 515] aplicam-se as regras do cumprimento de sentença [CPC,


art. 513 e ss.]; Se extrajudicial [CPC, art. 784], as regras do processo autônomo
[CPC, art. 829].

Estabilidade do título: Provisória ou definitiva.


O cumprimento de sentença pode ser provisório [CPC, art. 520 e ss] ou definitivo
[art. 523 e ss] a depender do fato eventual da pendência de recurso desprovido de
efeito suspensivo [cf. regra geral do art. 995]. Transitada em julgado a sentença o
cumprimento será definitivo. Dado o risco maior do cumprimento provisório, a
disciplina é diversa, especialmente pela exigência de caução [CPC, arts. 520 e 521].

Especialidade do procedimento: Comum ou especial.


A execução pode ser comum, seja para i. entrega de coisa (CPC, art. 806 a 813; art.
538]; ii. obrigações de fazer ou de não fazer [CPC, arts. 814 a 823; arts. 536 e 537];
iii. quantia certa [CPC, art. 824 e ss.; art. 523 e ss.]; ou especial, quando destinada
a créditos específicos, como o alimentar (arts. 528 e 911), contra a Fazenda
Pública (arts. 534 e 910), o devedor insolvente (CPC, art. 1.052] e legislação
extravagante a exemplo do fiscal [Lei nº 6.830/80]. Conforme dispõe o art. 780 do
CPC - também a Súmula 27 do STJ – possível a cumulação de execuções fundadas
em títulos diversos, se presentes a i. identidade de devedor; ii. a competência
comum do juízo; iii. a compatibilidade de ritos.

Execução própria e imprópria


Própria: é necessária atuação de agentes estatais para a satisfação do resultado
material (bem da vida) pretendido. A execução pode se dar por meio da tutela
específica (indireta) ou sub-rogação (direta).

Imprópria: o próprio título executivo consubstancia o meio de satisfação do direito


sendo desnecessária a intervenção judicial, isto é, a implementação da realidade
dispensa a efetividade de sub-rogação ou coerção. Exemplos: anulação de
casamento, divórcio etc

Correlação da medida executiva ao direito tutelado [princípio da


adequação].
Para modificar o plano dos fatos fazendo atuar a sanção jurídica da
responsabilidade sobre o patrimônio do executado, este é pode ser compelido à
satisfação da obrigação por pressão psicológica (coerção) ou, independentemente
de sua vontade, a medida é implementada na realidade tal como [na maior
extensão possível] o devedor deveria realizar (subrogação).

Assim, as medidas executivas podem ser divididas em execução direta e execução


indireta. 2

Medidas Executivas: Execução indireta


A execução direta [ou por sub-rogação], pode ser:

[a] por expropriação [ex. obrigação de pagar quantia certa; v. arts. 529 e 825],

Art. 825. A expropriação consiste em: I - adjudicação; II - alienação; III -


apropriação de frutos e rendimentos de empresa ou de estabelecimentos e de
outros bens.

[+ desconto] Art. 529. Quando o executado for funcionário público, militar, diretor
ou gerente de empresa ou empregado sujeito à legislação do trabalho, o
exequente poderá requerer o desconto em folha de pagamento da importância da
prestação alimentícia. § 1º Ao proferir a decisão, o juiz oficiará à autoridade, à
empresa ou ao empregador, determinando, sob pena de crime de desobediência,
o desconto a partir da primeira remuneração posterior do executado, a contar do
protocolo do ofício. § 2º O ofício conterá o nome e o número de inscrição no
Cadastro de Pessoas Físicas do exequente e do executado, a importância a ser
descontada mensalmente, o tempo de sua duração e a conta na qual deve ser
feito o depósito. § 3º Sem prejuízo do pagamento dos alimentos vincendos, o
débito objeto de execução pode ser descontado dos rendimentos ou rendas do
executado, de forma parcelada, nos termos do caput deste artigo, contanto que,
somado à parcela devida, não ultrapasse cinquenta por cento de seus ganhos
líquidos.

[b] por desapossamento [ex. obrigações de entrega de coisa; v. art. 806, §2º]

Art. 806. O devedor de obrigação de entrega de coisa certa, constante de título


executivo extrajudicial, será citado para, em 15 (quinze) dias, satisfazer a
obrigação. § 1º Ao despachar a inicial, o juiz poderá fixar multa por dia de atraso
no cumprimento da obrigação, ficando o respectivo valor sujeito a alteração, caso
se revele insuficiente ou excessivo. § 2º Do mandado de citação constará ordem
para imissão na posse ou busca e apreensão, conforme se tratar de bem imóvel ou
móvel, cujo cumprimento se dará de imediato, se o executado não satisfizer a
obrigação no prazo que lhe foi designado.
[c] por transformação [ex. as obrigações de fazer e não fazer personalíssimas; v.
art. 817].  Art. 817. Se a obrigação puder ser satisfeita por terceiro, é lícito ao juiz
autorizar, a requerimento do exequente, que aquele a satisfaça à custa do
executado. Parágrafo único. O exequente adiantará as quantias previstas na
proposta que, ouvidas as partes, o juiz houver aprovado.

Medidas Executivas: execução indireta


Na execução indireta [ou por coerção] podem ser adotadas medidas executivas de
coerção pessoal ou patrimonial, típicas ou atípicas [CPC, art. 139, IV].

“Na execução indireta, o Estado-juiz não substitui a vontade do executado; pelo


contrário, atua de forma a convencê-lo a cumprir sua obrigação, com o que será
satisfeito o direito do exequente. O juiz atuará de forma a pressionar
psicologicamente o executado para que ele modifique sua vontade originária de
ver frustrada a satisfação do direito do exequente. Sempre que a pressão
psicológica funciona, é o próprio executado o responsável pela satisfação do
direito; a satisfação será voluntária, decorrente da vontade da parte, mas
obviamente não será espontânea, considerando-se que só ocorreu porque foi
exercida, pelo Estado-juiz, uma pressão psicológica sobre o devedor. Existem duas
formas de execução indireta. A primeira consubstancia-se na ameaça de piorar a
situação da parte caso não cumpra a obrigação, como ocorre com as astreintes,
multa aplicável diante do descumprimento da obrigação, ou ainda com a prisão
civil, na hipótese do devedor inescusável de alimentos. A segunda forma de
execução indireta consubstancia-se na oferta de uma melhora na situação da
parte caso ela cumpra sua obrigação, como ocorre no art. 827, §1º, do Novo CPC,
que prevê um desconto de 50% no valor dos honorários advocatícios no caso de
pagamento do valor exequendo no prazo de 3 dias da citação. Apesar de lições
tradicionais de direito estrangeiro, os termos “sanções premiadoras” ou “sanções
premiais” , empregados para designar essa espécie de execução indireta não
parecem adequados, porque, apesar de a ideia de prêmio concedido a quem
cumpre a obrigação estar correta, não se pode confundir sanção com pressão
psicológica” [NEVES, Daniel Amorim Assumpção. Novo Código de Processo Civil
Comentado artigo por artigo. Salvador: Juspodivm. 2016, p. 1304].

Poderes-deveres do Juiz.
Enunciados n. 41 e 48 da ENFAM.

Art. 139. O juiz dirigirá o processo conforme as disposições deste Código,


incumbindo-lhe: [...] IV - determinar todas as medidas indutivas, coercitivas,
mandamentais ou sub-rogatórias necessárias para assegurar o cumprimento de
ordem judicial, inclusive nas ações que tenham por objeto prestação pecuniária; 

Art. 772. O juiz pode, em qualquer momento do processo: I - ordenar o


comparecimento das partes; II - advertir o executado de que seu procedimento
constitui ato atentatório à dignidade da justiça; III - determinar que sujeitos
indicados pelo exequente forneçam informações em geral relacionadas ao objeto
da execução, tais como documentos e dados que tenham em seu poder,
assinando-lhes prazo razoável.

Art. 773. O juiz poderá, de ofício ou a requerimento, determinar as medidas


necessárias ao cumprimento da ordem de entrega de documentos e dados.
Parágrafo único. Quando, em decorrência do disposto neste artigo, o juízo receber
dados sigilosos para os fins da execução, o juiz adotará as medidas necessárias
para assegurar a confidencialidade.

Meios de coerção atípicos e a ponderação da tutela jurisdicional executiva efetiva


com a menor onerosidade ao devedor e a tutela da sua liberdade individual.

Dentre os poderes do juiz para direção do processo consta o art. 139, IV.
A inovação foi objeto do enunciado 48, editado pela Escola Nacional de Formação
e Aperfeiçoamento de Magistrados (ENFAM): 48).

O art. 139, IV, do CPC/2015 traduz um poder geral de efetivação, permitindo a


aplicação de medidas atípicas para garantir o cumprimento de qualquer ordem
judicial, inclusive no âmbito do cumprimento de sentença e no processo de
execução baseado em títulos extrajudiciais. Também o Fórum Permanente de
Processualistas Civis se posicionou a respeito, cuidando da questão em seu
enunciado de número 12: 12. (arts. 139, IV, 523, 536 e 771).

A aplicação das medidas atípicas sub-rogatórias e coercitivas é cabível em


qualquer obrigação no cumprimento de sentença ou execução de título executivo
extrajudicial. Essas medidas, contudo, serão aplicadas de forma subsidiária às
medidas tipificadas, com observação do contraditório, ainda que diferido, e por
meio de decisão à luz do art. 489, § 1º, I e II. (Grupo: Execução).

Em particular, cabe ao juiz, ao aplicar a lei processual, resguardar e promover a


dignidade da pessoa humana, além de observar a proporcionalidade, a
razoabilidade, a legalidade, a publicidade e a eficiência.

CPC, Art. 8º Ao aplicar o ordenamento jurídico, o juiz atenderá aos fins sociais e às
exigências do bem comum, resguardando e promovendo a dignidade da pessoa
humana e observando a proporcionalidade, a razoabilidade, a legalidade, a
publicidade e a eficiência.

E a norma infraconstitucional deve adequar-se à normatividade constitucional,


destacando-se:

CF, Art. 5º, XV - é livre a locomoção no território nacional em tempo de paz,


podendo qualquer pessoa, nos termos da lei, nele entrar, permanecer ou dele sair
com seus bens; LIV - ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o
devido processo legal; LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e
aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os
meios e recursos a ela inerentes; O equilíbrio destes valores deve, portanto,
atentar-se para o fato de realizar-se a 1. execução no interesse do exequente
[CPC, art. 797: Ressalvado o caso de insolvência do devedor, em que tem lugar o
concurso universal, realiza-se a execução no interesse do exequente que adquire,
pela penhora, o direito de preferência sobre os bens penhorados], 2. sendo certo
que o meio executivo eleito deve ser o menos gravoso para o executado [CPC, art.
805: Quando por vários meios o exequente puder promover a execução, o juiz
mandará que se faça pelo modo menos gravoso para o executado. Parágrafo
único. Ao executado que alegar ser a medida executiva mais gravosa incumbe
indicar outros meios mais eficazes e menos onerosos, sob pena de manutenção
dos atos executivos já determinados]

Medidas Executivas Atípicas


Atipicidade dos meios:

Cabimento: “Diferentemente do CPC/73, em que vigorava o princípio da tipicidade


dos meios executivos para a satisfação das obrigações de pagar quantia certa, o
CPC/15, ao estabelecer que a satisfação do direito é uma norma fundamental do
processo civil e permitir que o juiz adote todas as medidas indutivas, coercitivas,
mandamentais ou sub-rogatórias para assegurar o cumprimento da ordem
judicial, conferiu ao magistrado um poder geral de efetivação de amplo espectro e
que rompe com o dogma da tipicidade.

Respeitada a necessidade fundamentação adequada e que justifique a técnica


adotada a partir de critérios objetivos de ponderação, razoabilidade e
proporcionalidade, conformando os princípios da máxima efetividade da execução
e da menor onerosidade do devedor, permite-se, a partir do CPC/15, a adoção de
técnicas de executivas apenas existentes em outras modalidades de execução, a
criação de técnicas executivas mais apropriadas para cada situação concreta e a
combinação de técnicas típicas e atípicas, sempre com o objetivo de conferir ao
credor o bem da vida que a decisão judicial lhe atribuiu” [REsp n.
1.733.697/RS,relatora Ministra Nancy Andrighi, Terceira Turma, julgado em
11/12/2018, DJe de 13/12/2018.]

Critérios: "A adoção de meios executivos atípicos é cabível desde que, verificando-
se a existência de indícios de que o devedor possua patrimônio expropriável, tais
medidas sejam adotadas de modo subsidiário, por meio de decisão que contenha
fundamentação adequada às especificidades da hipótese concreta, com
observância do contraditório substancial e do postulado da proporcionalidade."
(REsp 1.788.950/MT, Rel. Ministra Nancy Andrighi, Terceira Turma, DJe
26.4.2019);

“Consigne-se que a observância da proporcionalidade não deve ser feita em


abstrato, a não ser que as instâncias ordinárias expressamente declarem
inconstitucional o artigo 139, IV, do CPC/2015. Não sendo o caso, as balizas da
proporcionalidade devem ser observadas com referência ao caso concreto, nas
hipóteses em que as medidas atípicas se revelem excessivamente gravosas e
causem, por exemplo, prejuízo ao exercício da profissão” (REsp 1.929.230/MT,
Rel. Min. Herman Benjamin, Segunda Turma, DJe 1.7.21).

STF: ADI 5.941. O tema é objeto da ADI 5.941 [pendente de julgamento]. Contudo,
o STF não está conhecendo dos Recursos Extraordinários com o fundamento de
que se trata de controvérsia infraconstitucional. Nesse sentido, as seguintes
decisões monocráticas: RE 1.221.543, Relator Min. Alexandre de Moraes, DJe
7.8.2019; RE 1.282.533/PR, Rel. Min. Roberto Barroso, DJe 25.8.2020; RE
1.287.895, Relator Min. Marco Aurélio, DJe 21.9.2020; RE 1.291.832, Relator Min.
Ricardo Lewandowski, DJe 1.3.2021.

Hipóteses de cabimento (ou não):

Quebra do sigilo bancário: descabimento.

“(...) Portanto, a quebra de sigilo bancário destinada tão somente à satisfação do


crédito exequendo (visando à tutela de um direito patrimonial disponível, isto é,
um interesse eminentemente privado) constitui mitigação desproporcional desse
direito fundamental - que decorre dos direitos constitucionais à inviolabilidade da
intimidade (art. 5º, X, da CF/1988) e do sigilo de dados (art. 5º, XII, da CF/1988) -,
mostrando-se, nesses termos, descabida a sua utilização como medida executiva
atípica” (REsp n. 1.951.176/SP, relator Ministro Marco Aurélio Bellizze, Terceira
Turma, julgado em 19/10/2021, DJe de 28/10/2021.)

Bloqueio do passaporte: “O Superior Tribunal de Justiça entende que a medida


atípica de apreensão de passaporte, na execução fiscal, mostra-se desproporcional
e desadequada à finalidade de satisfação do crédito, além de limitar o direito de ir
e vir do devedor. Precedentes” (AgInt no REsp 1851785/RO, Rel. Ministro GURGEL
DE FARIA, PRIMEIRA TURMA, julgado em 09/08/2021, DJe 20/08/2021) 
Bloqueio da CNH: cf. AgInt no REsp n. 1.930.022/SP,relator Ministro Marco Aurélio
Bellizze, Terceira Turma, julgado em 22/6/2021, DJe de 25/6/2021.)

Bloqueio de cartão de crédito: “Tal providência constitui mecanismo indutivo ao


cumprimento da obrigação, uma vez que pode servir de estímulo ao devedor para
que saia de sua cômoda situação de apatia e se digne a comparecer a juízo e
cumprir a sua obrigação. A partir do momento em que a liberdade do devedor, de
gastar com outras coisas - via cartão de crédito , se mostre limitada, tal restrição
tende a fazer com que se lembre que tem dívida vencida a pagar!! Na medida em
que o devedor paga as faturas do cartão de crédito, pode estar desviando recursos
para saldar as dívidas pretéritas, vencidas e judicializadas, como ocorre no caso
em apreço” [TJSP, AI n. 2031029-44.2017.8.26.0000, rel. Des. Sérgio Shimura, j.
30.06.2017].

Competência
Execução de título executivo extrajudicial: CPC, art. 781
Art.781 Art. 781. A execução fundada em título extrajudicial será processada
perante o juízo competente, observando-se o seguinte: I - a execução poderá ser
proposta no foro de domicílio do executado, de eleição constante do título ou,
ainda, de situação dos bens a ela sujeitos; II - tendo mais de um domicílio, o
executado poderá ser demandado no foro de qualquer deles; III - sendo incerto ou
desconhecido o domicílio do executado, a execução poderá ser proposta no lugar
onde for encontrado ou no foro de domicílio do exequente; IV - havendo mais de
um devedor, com diferentes domicílios, a execução será proposta no foro de
qualquer deles, à escolha do exequente; V - a execução poderá ser proposta no
foro do lugar em que se praticou o ato ou em que ocorreu o fato que deu origem
ao título, mesmo que nele não mais resida o executado.

Cumprimento de sentença: CPC, art. 516

Se a execução for fundada em título judicial, a fase executiva (cumprimento de


sentença) será processada perante o juízo no qual o título se formou. Assim, se o
título se formou originariamente nos Tribunais (STF, STJ, TRF’s ou TJ’s), posto que
a ação era de seu competência originária, caberá a eles a sua execução (art. 516,
I). Do contrário, será competente o juízo que decidiu a causa no primeiro grau de
jurisdição (art.516, II). Entretanto, em ambos os casos, o parágrafo único desse
artigo trouxe mais 3 juízos alternativos para o exequente: 1) juízo do local do atual
domicílio do executado (para facilitar as intimações); 2) juízo em que o executado
tiver bens sujetos à execução (para facilitar a penhora, avaliação e expropriação);
3) juízo do local onde deva ser executada a obrigação de fazer ou não fazer.
Quando o título judicial for sentença penal condenatória, estrangeira ou arbitral, e
acórdão proferido pelo Tribunal Marítimo, o processo autônomo de execução
correrá perante o juízo cível competente (art. 516, III, CPC).

Competência do juízo deprecado.


Art. 914. O executado, independentemente de penhora, depósito ou caução,
poderá se opor à execução por meio de embargos. § 1º Os embargos à execução
serão distribuídos por dependência, autuados em apartado e instruídos com
cópias das peças processuais relevantes, que poderão ser declaradas autênticas
pelo próprio advogado, sob sua responsabilidade pessoal. § 2º Na execução por
carta, os embargos serão oferecidos no juízo deprecante ou no juízo deprecado,
mas a competência para julgá-los é do juízo deprecante, salvo se versarem
unicamente sobre vícios ou defeitos da penhora, da avaliação ou da alienação dos
bens efetuadas no juízo deprecado.

O juízo deprecado apenas pode negar cumprimento nos termos do art. 267 do
CPC.

A fixação do preço vil é do juiz da execução [891 do CPC: Não será aceito lance que
ofereça preço vil. Parágrafo único. Considera-se vil o preço inferior ao mínimo
estipulado pelo juiz e constante do edital, e, não tendo sido fixado opreço mínimo,
considera-se vil o preço inferior a cinquenta por cento do valor da avaliação].

A competência do juízo deprecado restringe-se a vício do ato de expropriação


[CPC, art. 914, §2º].

Não pode um juiz de igual estatura reformar decisão de outro quando legal.
Princípios da Execução
Princípio do resultado ou desfecho único.
O objetivo da execução é um só: satisfação do credor.

CPC, Art. 797. Ressalvado o caso de insolvência do devedor, em que tem lugar o
concurso universal, realiza-se a execução no interesse do exequente que adquire,
pela penhora, o direito de preferência sobre os bens penhorados. Parágrafo único.
Recaindo mais de uma penhora sobre o mesmo bem, cada exequente conservará
o seu título de preferência.

Assim sendo:

Art. 831. A penhora deverá recair sobre tantos bens quantos bastem para o
pagamento do principal atualizado, dos juros, das custas e dos honorários
advocatícios;

Art. 899. Será suspensa a arrematação logo que o produto da alienação dos bens
for suficiente para o pagamento do credor e para a satisfação das despesas da
execução. O devedor deve suportar por todas as despesas para a satisfação do
crédito, incluindo as processuais (princípio do ônus da execução).

Logo: Art. 826. Antes de adjudicados ou alienados os bens, o executado pode, a


todo tempo, remir a execução, pagando ou consignando a importância atualizada
da dívida, acrescida de juros, custas e honorários advocatícios.

Art. 907. Pago ao exequente o principal, os juros, as custas e os honorários, a


importância que sobrar será restituída ao executado; Art. 888. Não se realizando o
leilão por qualquer motivo, o juiz mandará publicar a transferência, observando-se
o disposto no art. 887. Parágrafo único. O escrivão, o chefe de secretaria ou o
leiloeiro que culposamente der causa à transferência responde pelas despesas da
nova publicação, podendo o juiz aplicar-lhe a pena de suspensão por 5 (cinco) dias
a 3 (três) meses, em procedimento administrativo regular. A extinção da execução
sem a satisfação do credor é extinção anômala.

Princípio da realidade da execução.


A execução civil recai sobre o patrimônio do devedor, isto é, são os bens e não a
pessoa do devedor que respondem pela execução.

Art. 789. O devedor responde com todos os seus bens presentes e futuros para o
cumprimento de suas obrigações, salvo as restrições estabelecidas em lei.

A prisão civil do devedor de alimentos não é uma exceção, porque ela não tem
natureza satisfativa, servindo apenas como meio de coerção.

Por isso, Art. 921. Suspende-se a execução: III - quando o executado não possuir
bens penhoráveis;

Princípio da utilidade da execução


Se, por um lado, o processo de execução é preordenado a satisfazer o credor,
segundo o princípio do resultado, por outro, não devem os meios executivos
serem implementados se inúteis [CPC, art. 836 - penhora inútil], bem como serem
imediatamente interrompidos caso já tenha sido satisfeita a obrigação exequenda
[CPC, art. 899], sendo vedada, ademais, arrematação por preço vil [Código de
Processo Civil, art. 891].

Art. 836. Não se levará a efeito a penhora quando ficar evidente que o produto da
execução dos bens encontrados será totalmente absorvido pelo pagamento das
custas da execução. § 1o Quando não encontrar bens penhoráveis,
independentemente de determinação judicial expressa, o oficial de justiça
descreverá na certidão os bens que guarnecem a residência ou o estabelecimento
do executado, quando este for pessoa jurídica. § 2o Elaborada a lista, o executado
ou seu representante legal será nomeado depositário provisório de tais bens até
ulterior determinação do juiz.

Art. 891. Não será aceito lance que ofereça preço vil. Parágrafo único. Considera-
se vil o preço inferior ao mínimo estipulado pelo juiz e constante do edital, e, não
tendo sido fixado preço mínimo, considera-se vil o preço inferior a cinquenta por
cento do valor da avaliação.

Art. 896. Quando o imóvel de incapaz não alcançar em leilão pelo menos oitenta
por cento do valor da avaliação, o juiz o confiará à guarda e à administração de
depositário idôneo, adiando a alienação por prazo não superior a 1 (um) ano. § 1o
Se, durante o adiamento, algum pretendente assegurar, mediante caução idônea,
o preço da avaliação, o juiz ordenará a alienação em leilão. § 2o Se o pretendente
à arrematação se arrepender, o juiz impor-lhe-á multa de vinte por cento sobre o
valor da avaliação, em benefício do incapaz, valendo a decisão como título
executivo. § 3o Sem prejuízo do disposto nos §§ 1o e 2o, o juiz poderá autorizar a
locação do imóvel no prazo do adiamento. § 4o Findo o prazo do adiamento, o
imóvel será submetido a novo leilão.

Princípio da menor onerosidade da execução.


O juiz deve zelar para que a execução se processe da forma menos onerosa para o
devedor. (princípio da economia da execução) Toda execução traz gravame para o
devedor, mas o juiz só deve admitir os gravames necessários, inevitáveis [CPC, art.
805].

Algumas manifestações do princípio da menor onerosidade:

1. O devedor pode pedir substituição do bem a penhorar [CPC, art. 848]

2. O devedor pode ser o depositário dos bens penhorados [CPC, art. 840, §2º]

3. Proibição de se arrematar os bens a preço vil [CPC, art. 891]

4. Impenhorabilidade de certos bens [CPC, art. 833].  Princípio da menor


onerosidade. Ônus do executado apontar alternativas. Dever de cooperação [CPC,
art. 6º e 805, parágrafo único].

Princípio da disponibilidade
A execução é processo do credor [princípio dispositivo; CPC, art. 2º], tanto que o
credor pode desistir unilateralmente da execução (art. 775 do CPC).

Art. 775. O exequente tem o direito de desistir de toda a execução ou de apenas


alguma medida executiva. Parágrafo único. Na desistência da execução, observar-
se-á o seguinte: I - serão extintos a impugnação e os embargos que versarem
apenas sobre questões processuais, pagando o exequente as custas processuais e
os honorários advocatícios; II - nos demais casos, a extinção dependerá da
concordância do impugnante ou do embargante.

Desistência por execução frustrada: “2. A desistência da execução pelo credor


motivada pela ausência de bens do devedor passíveis de penhora, em razão dos
ditames da causalidade, não rende ensejo à condenação do exequente em
honorários advocatícios. REsp n. 1675741/PR, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO,
QUARTA TURMA, julgado em 11/06/2019, DJe 05/08/2019)

Princípio do contraditório
O processo de execução não é vocacionado para o contraditório porque ele parte
da certeza que decorre do título. Por isso, o juiz cita o executado para pagar (não
para se defender).

Como todo processo, todavia, a execução também se sujeita ao princípio do


contraditório, que se manifesta de forma menos marcante, mas sempre que na
execução o juiz tiver que decidir alguma questão incidente, ele provocará o
contraditório.

Não é demais anotar lição de Marcus Vinicius Rios Gonçalves, para quem a
“Constituição Federal consagrou, como garantia expressa dos procedimentos
jurisdicionais e administrativos, o contraditório (art. 5º, LV), sem qualquer
ressalva, o que inclui a execução, conquanto nela a garantia não tenha a mesma
amplitude que no processo de conhecimento, diante da natureza dos atos que são
praticados” (Novo Curso de Direito Processual Civil, 3ª ed., vol. 3, Saraiva, 2010, p.
15).

Em razão dessas peculiaridades, fala-se que o contraditório na execução é


diferido, eventual e mitigado:

Diferido porque postergado, já que o juiz primeiro manda o devedor pagar para
depois ouvi-lo.

Eventual porque o contraditório só será provocado pelo juiz se ele tiver que
decidir alguma questão incidente.

Mitigado (principalmente na execução de título judicial) porque a lei limita as


matérias que podem ser alegadas em defesa (em respeito à coisa julgada).

Em princípio, o juiz não provoca o devedor para se defender, por isso a defesa na
execução é eventual e depende da iniciativa do próprio devedor. Na execução de
título extrajudicial, a lei nem prevê defesa no processo de execução. Eventual
defesa é através de embargos à execução, que cria um processo autônomo, mas a
doutrina e a jurisprudência admitem a objeção de pré-executividade, que é uma
petição simples no próprio processo de execução.

Partes na Execução
Quem pode promover a execução?
Art. 778. Pode promover a execução forçada o credor a quem a lei confere título
executivo. § 1º Podem promover a execução forçada ou nela prosseguir, em
sucessão ao exequente originário:

I - o Ministério Público, nos casos previstos em lei; [Pode ser parte ou fiscal da lei.
Veja art. 100 do CDC.] Art. 100. Decorrido o prazo de um ano sem habilitação de
interessados em número compatível com a gravidade do dano, poderão os
legitimados do art. 82 promover a liquidação e execução da indenização devida.
Parágrafo único. O produto da indenização devida reverterá para o fundo criado
pela Lei n.° 7.347, de 24 de julho de 1985.

II - o espólio, os herdeiros ou os sucessores do credor, sempre que, por morte


deste, lhes for transmitido o direito resultante do título executivo; Sucessão causa
mortis: com a morte do credor, legitimam-se o espólio, os herdeiros ou
sucessores. O espólio é representado por seu inventariante [CPC, art. 74, VII];
sendo dativo, todos os herdeiros/sucessores devem ser intimados para participar
do processo [CPC, art. 74, § 1.º]. Ausente representação, em litisconsórcio ativo
facultativo, os herdeiros ou sucessores são legitimados, devendo, cautelarmente,
os demais herdeiros não integrantes serem intimados.

III - o cessionário, quando o direito resultante do título executivo lhe for


transferido por ato entre vivos; [Cessão de crédito (art. 286 a 298, CC]

IV - o sub-rogado, nos casos de sub-rogação legal ou convencional.[Sub-rogado


(art. 346 a 351, CC)]

§ 2º A sucessão prevista no § 1º independe de consentimento do executado.[não


aplicável o art. 109 do CPC]
Contra quem é possível promover a execução?
Art. 779. A execução pode ser promovida contra:

I - o devedor, reconhecido como tal no título executivo; [legitimidade ordinária]

II - o espólio, os herdeiros ou os sucessores do devedor; [legitimidade ordinária


superveniente ou secundária] [benefício de inventário: CC, art. 1.792]

III - o novo devedor que assumiu, com o consentimento do credor, a obrigação


resultante do título executivo; [legitimidade ordinária superveniente ou
secundária - Em caso de assunção da dívida do arts. 299 a 303 do Cód. Civil]

IV - o fiador do débito constante em título extrajudicial; [legitimidade


extraordinária] [O pagamento pelo fiador do débito do afiançado configura
subrogação, passando a ser credor de quem garantiu; v. arts. 346 a 351 do CC.] 

V - o responsável titular do bem vinculado por garantia real ao pagamento do


débito; [legitimidade extraordinária]

VI - o responsável tributário, assim definido em lei. [legitimidade extraordinária]

Litisconsórcio e a execução.
Possível a cumulação subjetiva na execução, quer porque há mais de um credor
[ex. crédito solidário – CC, art. 267], quer porque há mais de um devedor
executado [Ex: devedor e seu garantidor, fiador, avalista].

Dúvida há sobre a possibilidade de litisconsórcio passivo necessário na execução.

“Litisconsórcio na execução Figurando vários credores ou devedores no mesmo


processo executivo, haverá́ litisconsórcio. Ele poderá́ ser ativo, passivo ou
recíproco. Admite-se, por igual, o litisconsórcio inicial (v. g., dois ou mais credores
solidários executam seu crédito) ou ulterior, como sucede na hipótese de morte
do credor originário e o crédito ser partilhado para mais de um herdeiro.
Passivamente, configura hipótese de litisconsórcio ulterior a intimação do cônjuge
ou companheiro, na penhora de imóvel, salvo se o regime do casamento for o da
separação absoluta de bens (art. 842).

O cônjuge assumirá o duplo e simultâneo papel de parte, legitimado a opor os


embargos do art. 914 – e, portanto, é litisconsorte passivo –, e de terceiro (art.
647, § 2o, I), no caso de o bem próprio ou da meação não responder pela dívida
do casal. Essa disposição revela que a mesma pessoa podé desempenhar,
conforme a situação legitimadora, simultaneamente a dupla função de parte e de
terceiro.

O litisconsórcio previsto no art. 842 é obrigatório porque decorre de imposição


legal; porém, parece imprová- vel a uniformidade no resultado de qualquer
procedimento executivo perante os litisconsortes e, assim, a caracterização do
regime especial (unitário) do litisconsórcio”. [ASSIS, Araken. Comentários ao
código de processo civil. ALVIM, Angélica A. (org.). 2ª ed. São Paulo: Saraiva, 2017,
p. 907].

Intervenção de terceiros e a execução.


Conceito de terceiro e formas da sua intervenção: O conceito de terceiro é
universal, contraposto, por exclusão, ao de parte. Terceiro é quem não figura
como parte no processo.

Passando alguém a integrar o processo, abandona a posição de ter- ceiro e


assume a de parte.

Por esse motivo, a Parte Especial do NCPC regulou formas de intervenção de


terceiros, ou seja, os casos em que pessoa alheia ao processo pendente nele
intervém, voluntária (v. g., o assistente) ou forçadamente (v. g., o sócio, no caso
de desconsideração da personalidade jurídica), assumindo a condição de parte.
Duas modalidades típicas de intervenção de terceiros têm cabimento na execução:
(a) a assistência, a teor do art. 119, parágrafo único, a exemplo do fiador que
intervém para auxiliar o afiançado; e (b) o sócio ou a pessoa jurídica
(desconsideração inversa), nos casos de desconsideração da personalidade
jurídica, a teor do art. 134, caput.

Os embargos de terceiro constituem outra modalidade de intervenção de terceiro,


em caráter principal, ou seja, mediante pretensão autônoma, embora a lei
processual não a tenha incluído no Título III do Livro I da Parte Especial do NCPC
(Da Intervenção de Terceiros).

Existem modalidades atípicas de intervenção de terceiros na execução. Por


exemplo, recaindo mais de uma penhora sobre idêntico bem, feita a alienação
forçada, o produto será dividido entre os credores penhorantes consoante a
ordem das respectivas prelações, segundo o direito material ou a anterioridade da
penhora, disciplinando os arts. 908 e 909 o incidente chamado de concurso
especial de credores.

Da alienação coativa, serão previamente intimados terceiros, consoante o art.


889, II a VIII, para fins diversos (v. g., o titular de direito real de garantia para
participar do concurso especial, recebendo antecipadamente o crédito objeto do
gravame; a União, o Estado e o Município, recaindo a penhora em imóvel
tombado, para exercer direito de preferência)”. [ASSIS, Araken. Comentários ao
código de processo civil. ALVIM, Angélica A. (org.). 2ª ed. São Paulo: Saraiva, 2017,
p. 907-908]

Requisitos da Execução
Pressupostos ou condições específicas da execução:

Art. 786. A execução pode ser instaurada caso o devedor não satisfaça a obrigação
certa, líquida e exigível consubstanciada em título executivo. Parágrafo único. A
necessidade de simples operações aritméticas para apurar o crédito exequendo
não retira a liquidez da obrigação constante do título.

Título
O título é o documento que legitima a execução forçada [nulla executio sine titulo
(art. 803, I, CPC)].

Função do título: “Porque não pode haver execução sem título executivo, assume
ele, no processo de realização coativa do direito do credor, tríplice função, como
lembra Rosenberg, ou seja: 1) a de autorizar a execução; 2) a de definir o fim da
execução e 3) a de fixar os limites da execução”. [THEODORO JÚNIOR, Humberto.
Curso de Direito Processual Civil. v. III. 48ª ed. Rio de Janeiro: Forense. 2016, p.
253].

Requisitos do título executivo, que pode ser judicial ou extrajudicial:

[a] Previsão em lei federal;

[b] Documentar uma obrigação certa (quanto ao objeto, o que é devido – “NOP”),
líquida (quantificada) e exigível (com eficácia atual, não estando pendente
condição, encargo ou termo) [cf. CPC, art. 786];

[c] participação do devedor na constituição do título, por sua assinatura se


extrajudicial ou por sua integração ao feito se judicial [exceção: certidão de dívida
ativa]  Sobre liquidez: título dependente de mero cálculo aritmético não é
ilíquido para fins de execução, desde que os elementos do cálculo possam ser
extraídos do próprio título.
Sobre as espécies de título: Art. 785. A existência de título executivo extrajudicial
não impede a parte de optar pelo processo de conhecimento, a fim de obter título
executivo judicial.

Espécies de título executivo: judicial e extrajudicial.

Títulos executivos judiciais


Art. 515. São títulos executivos judiciais, cujo cumprimento dar-se-á de acordo
com os artigos previstos neste Título:

I - as decisões proferidas no processo civil que reconheçam a exigibilidade de


obrigação de pagar quantia, de fazer, de não fazer ou de entregar coisa;

Nesse sentido, confira-se:

“RECURSO ESPECIAL. AÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXIGIBILIDADE DE DÉBITOS.


SENTENÇA DE IMPROCEDÊNCIA. AUSÊNCIA DOS ELEMENTOS DO TÍTULO
EXECUTIVO NA HIPÓTESE. EFICÁCIA EXECUTIVA NÃO RECONHECIDA. DIVERGÊNCIA
JURISPRUDENCIAL. ANÁLISE PREJUDICADA. JULGAMENTO: CPC/2015. 1. Ação
declaratória de inexigibilidade de débitos ajuizada em 2013, atualmente na fase
de cumprimento de sentença, da qual foi extraído o presente recurso especial,
interposto em 20/05/2019 e atribuído ao gabinete em 05/05/2020. 2. O propósito
recursal é dizer sobre a eficácia executiva da sentença que julga improcedente o
pedido de declaração de inexigibilidade de débitos. 3. No julgamento do REsp
1.261.888/RS (julgado em 09/11/2011, DJe 18/11/2011), pela sistemática dos
recursos especiais repetitivos, a Primeira Seção, reafirmando a jurisprudência
desta Corte, fixou a seguinte tese: "Atribuiu-se 'eficácia executiva' às sentenças
'que reconhecem a existência de obrigação de pagar quantia'". 4. A aplicação da
tese, na linha da jurisprudência desta Corte, impõe a ponderação de que a eficácia
executiva da sentença declaratória exige que ela contenha todos os elementos de
um título executivo, ou seja, que identifique uma obrigação certa, líquida e
exigível. 5. Hipótese em que não se reconhece a eficácia executiva da sentença de
improcedência do pedido de declaração de inexigibilidade de débitos em que se
reconheceu a existência da obrigação, sem decisão quanto ao seu valor. 6.
Recurso especial conhecido e desprovido” [REsp n. 1.872.253/SP, relatora Ministra
Nancy Andrighi, Terceira Turma, julgado em 23/3/2021, DJe de 26/3/2021].

II - a decisão homologatória de autocomposição judicial; O acordo judicial (art.


487, III, b, NCPC) e o extrajudicial levado à homologação do Poder Judiciário (art.
725, VIII, NCPC) são títulos executivos judiciais [CPC, art. 515, II]. O acordo
extrajudicial não submetido à homologação do Judiciário é um título executivo
extrajudicial (art. 784, IV, NCPC).

Segundo o art. 515, § 2º, do NCPC, a autocomposição judicial pode abranger


sujeito estranho ao processo e versar sobre relação jurídica que não tenha sido
deduzida em juízo CPC, art. 515, § 2º A autocomposição judicial pode envolver
sujeito estranho ao processo e versar sobre relação jurídica que não tenha sido
deduzida em juízo. III - a decisão homologatória de autocomposição extrajudicial
de qualquer natureza; IV - o formal e a certidão de partilha, exclusivamente em
relação ao inventariante, aos herdeiros e aos sucessores a título singular ou
universal;

Contra terceiro necessário ação de conhecimento


CPC, art. 506: A sentença faz coisa julgada às partes entre as quais é dada, não
prejudicando terceiros. V - o crédito de auxiliar da justiça, quando as custas,
emolumentos ou honorários tiverem sido aprovados por decisão judicial; v. art. 82
do CPC [dever de antecipação pelas partes]. VI - a sentença penal condenatória
transitada em julgado;
A sentença penal condenatória torna certa a obrigação de indenizar o dano
causado pelo crime, nos termos do art. 91, I, do Código Penal.

A executabilidade civil da sentença penal transitada em julgado é considerada um


efeito secundário da sentença penal que independe de pedido para ser gerado e
de posterior decisão em processo cível nesse sentido. Limites subjetivos do título:
a sentença penal só é título no cível contra o réu que foi condenado. Ela não
autoriza a execução contra o responsável patrimonial.

Exemplo: se o motorista é condenado por homicídio culposo, ele pode ser


executado cível, mas a empresa empregadora não, porque não há título contra
ela. É necessário ação de conhecimento. O valor da indenização pode ser líquido
na própria sentença penal (art. 387, IV, CPP). Não sendo o caso, necessário apurar
o valor devido por meio de liquidação de sentença caso o juízo penal fixe um valor
mínimo [art. 63, parágrafo único, CPP e 509 e seguintes do CPC].

VII - a sentença arbitral; O arbitro não tem poder para execução forçada que será
sempre judicial. A lei da arbitragem não proíbe sentença ilíquida. Nada impede
que ele seja liquidada e executada no judiciário.

VIII - a sentença estrangeira homologada pelo Superior Tribunal de Justiça;

IX - a decisão interlocutória estrangeira, após a concessão do exequatur à carta


rogatória pelo Superior Tribunal de Justiça; Soberania do Estado Brasileiro [CF, art.
1, I] e a sentença estrangeira [homologada perante o STJ] ou rogatória se decisão
estrangeira [exequatur do STJ – CPC, arts. 960- 965]. Competência da Justiça
Federa [CF, art. 109, X].

Títulos executivos extrajudiciais


Art. 784. São títulos executivos extrajudiciais: a) I - a letra de câmbio, a nota
promissória, a duplicata, a debênture e o cheque; b) II - a escritura pública ou
outro documento público assinado pelo devedor; Trata-se, na verdade, de
confissão de dívida em que o devedor reconhece expressamente obrigação certa,
líquida e exigível perante o tabelião de notas (escritura pública), que é o mais
comum e não depende da assinatura do devedor; ou perante qualquer agente
público no exercício de suas funções (documento público), ocasião em que
dependerá da assinatura do devedor para ser título executivo. a) III - o documento
particular assinado pelo devedor e por 2 (duas) testemunhas;

Testemunhas instrumentárias

1. Dispensabilidade de serem presenciais.

As testemunhas servem ao propósito de comprovarem a vontade negocial.


Contudo, o STJ já entendeu pela dispensabilidade: EmbDecl no Resp n. 541.267.
Aliás, a própria dificuldade de identificação da testemunha instrumentária, por si,
não invalida o título: REsp n. 137.824/SP e REsp n. 165.531/SP

2. Basta capacidade, dispensada a autenticação de assinaturas, não podendo ser o


advogado da partes, por não ser pessoa desinteressada.

Documento particular sem duas testemunhas não autoriza execução, sendo


necessária ação de conhecimento, pelo rito comum ou especial da via monitória.

Com efeito, a assinatura das testemunhas é um requisito extrínseco à substância


do ato, cujo escopo é o de aferir a existência e a validade do negócio jurídico.

Confira-se: "O documento particular sem a assinatura de duas testemunhas não


preenche os requisitos do art. 585, II, do CPC/73, desautorizando, portanto, a
utilização da via executiva para a cobrança do crédito nele inscrito" (AgInt no
AREsp 881.090/MG, Rel. Ministro Marco Buzzi, Quarta Turma, julgado em
21/11/2017, DJe 27/11/2017).
Contudo, prestigiando o conteúdo em detrimento da forma, já entendeu o STJ:
"Excepcionalmente, a certeza quanto à existência do ajuste celebrado pode ser
obtida por outro meio idôneo ou no próprio contexto dos autos, caso em que a
exigência da assinatura de duas testemunhas no documento particular - contrato
de confissão de dívida - pode ser mitigada" (AgInt no AREsp 1361623/SP, Rel.
Ministro MARCO AURÉLIO BELLIZZE, TERCEIRA TURMA, julgado em 15/04/2019,
DJe 23/04/2019).

A evolução desse entendimento viabilizou o reconhecimento de ser título


executivo extrajudicial o contrato eletrônico de mútuo com assinatura digital
[REsp 1.495.920-DF. Segundo entendimento pacificado do STJ, contrato de
abertura de crédito, ainda que acompanhado de extrato bancário, não é
considerado título executivo extrajudicial (Súmula 233, STJ), porém, o mesmo não
se possa dizer sobre o contrato de renegociação de dívidas, ainda que oriundo de
abertura de crédito (Súmula 300, STJ).

IV - o instrumento de transação referendado pelo Ministério Público, pela


Defensoria Pública, pela Advocacia Pública, pelos advogados dos transatores ou
por conciliador ou mediador credenciado por tribunal;

V - o contrato garantido por hipoteca, penhor, anticrese ou outro direito real de


garantia e aquele garantido por caução; Tratam-se todos de direitos reais de
garantia, sendo a hipoteca a garantia dada por meio de bem imóvel; o penhor, por
bens móveis. Já a anticrese é instituto de direito real em que o credor retém
imóvel do devedor percebendo seus frutos até o pagamento total do crédito. Já a
caução pode ser real (quando se confunde com a hipoteca, penhor e anticrese em
alguns casos), ou fidejussória (quando houver fiança). Vale lembrar que esses
contratos de garantia podem ser celebrados por terceiros, não devedores, que a
partir de então passam a ter responsabilidade patrimonial. Dessa forma, o
exequente poderá executar exclusivamente o devedor, ou apenas o garante, ou
ambos, em litisconsórcio passivo facultativo.

VI - o contrato de seguro de vida em caso de morte; Contrato de seguro de vida e


não o contrato de acidentes pessoais e o contrato de seguro de automóvel, ainda
resulte morte. REsp 1.416.786-PR, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em
2/12/2014, DJe 9/12/2014.

VII - o crédito decorrente de foro e laudêmio; Decorrem do antigo instituto da


enfiteuse. Na enfiteuse, o proprietário ou senhorio transfere o bem para o
enfiteuta que passa a ter todos os poderes referentes ao domínio. Assim, pode o
enfiteuta usufruir, gozar, dispor do bem, alienando-o, transferindo-o e oferecendo
à penhora. Em contrapartida, o enfiteuta deve pagar ao senhorio o foro anual ou,
em caso de transferência do bem para outrem, pagar o laudêmio. Embora fadado
à extinção, Petrópolis-RJ é exemplo pela tragédia recente noticiada nos jornais. 
Títulos executivos extrajudiciais:

VIII - o crédito, documentalmente comprovado, decorrente de aluguel de imóvel,


bem como de encargos acessórios, tais como taxas e despesas de condomínio;
Não há necessidade de contrato escrito de locação, bastando a existência de uma
prova documental que ateste a existência da locação e dos encargos. Autoriza o
título executivo a natureza do crédito em si (locação de imóveis)
independentemente da forma. Abrangência dos encargos: art. 23 da Lei n.º
8.245/1991. Contrato de locação de coisa diversa de imóvel: não configura título
executivo por esse fundamento.

IX - a certidão de dívida ativa da Fazenda Pública da União, dos Estados, do Distrito


Federal e dos Municípios, correspondente aos créditos inscritos na forma da lei; X
- o crédito referente às contribuições ordinárias ou extraordinárias de condomínio
edilício, previstas na respectiva convenção ou aprovadas em assembleia geral,
desde que documentalmente comprovadas; CPC reconhece título executivo
extrajudicial ao crédito referente às contribuições ordinárias ou extraordinárias de
condomínio edilício, previstas em Convenção de Condomínio [CC, art. 1.333] ou
aprovadas em Assembleia-Geral [CC, art. 1.352] O CPC adequa-se ao art. 12, § 2º,
da Lei 4.591/1964, que prevê que cabe ao síndico arrecadar as contribuições
competindo-lhe promover, por via executiva, a cobrança judicial das quotas
atrasadas.

A constituição do título executivo dispensa a participação do devedor em sua


elaboração e sua assinatura [v. contribuições ordinárias ou extraordinárias de
condomínio edilício, previstas em Convenção de Condomínio ou aprovadas em
Assembleia-Geral].

XI - a certidão expedida por serventia notarial ou de registro relativa a valores de


emolumentos e demais despesas devidas pelos atos por ela praticados, fixados
nas tabelas estabelecidas em lei;

XII - todos os demais títulos aos quais, por disposição expressa, a lei atribuir força
executiva.

- créditos da OAB contra os inscritos (Lei 8.906/1994, art. 46);

- cédulas de crédito rural (Decreto-lei 167/1967, art. 41); - cédulas de crédito


industrial (Decretolei 413/1969);

- cédulas de exportação (Lei 6.313/1975);

- cédulas de crédito comercial (Lei 6.840/1980);

- cédula hipotecária (Decreto-lei 70/1966, art. 29);

- cédula de produto rural (Lei 8.929/1990, art. 211); - decisão do plenário do CADE
impondo multa ou obrigação de fazer ou não fazer (Lei 8.884/1994, art. 60; ver Lei
12.529/2011, art.93);

- honorários do árbitro no compromisso arbitral (Lei 9.307/1996, art. 11, parágrafo


único);

- prêmios dos contratos de seguro previstos na Lei do Sistema Nacional dos


Seguros Privados (Decreto-lei 73/1966, art. 27), cédula de produto rural (Lei
11.076/2004).

O crédito da seguradora oriundo de prêmios inadimplidos em contrato de seguro


pode ser cobrado diretamente pela via executiva (arts. 784, XII, do CPC/2015, 5º
do Decreto nº 61.589/1967 e 27 do Decreto-Lei nº 73/1966).[ REsp n. 1.947.702].

Entre outros.

§ 1º A propositura de qualquer ação relativa a débito constante de título executivo


não inibe o credor de promover-lhe a execução.

§ 2º Os títulos executivos extrajudiciais oriundos de país estrangeiro não


dependem de homologação para serem executados.

§ 3º O título estrangeiro só terá eficácia executiva quando satisfeitos os requisitos


de formação exigidos pela lei do lugar de sua celebração e quando o Brasil for
indicado como o lugar de cumprimento da obrigação.

Art. 785. A existência de título executivo extrajudicial não impede a parte de optar
pelo processo de conhecimento, a fim de obter título executivo judicial

Inadimplemento
O inadimplemento ocorre quando a obrigação se torna exigível e não há o
cumprimento voluntário [CPC, art. 786].
É o inadimplemento que gera o interesse processual do exequente.

Exigibilidade
Obrigação condicional ou sujeita a termo
Daí porque o credor de obrigação condicionada ou sujeita a termo para se valer de
ação executiva deve provar que se realizou a condição ou o termo a que se sujeita
seu crédito, a ser demonstrado já com a inicial (CPC, art. 798, I, c; CPC, art. 514),
sob pena de ser nula a execução se instaurada antes desta verificação [CPC, art.
803, III]. Não por ausência de título, mas sim de obrigação exigível.

Contrato bilateral
Art. 787. Se o devedor não for obrigado a satisfazer sua prestação senão mediante
a contraprestação do credor, este deverá provar que a adimpliu ao requerer a
execução, sob pena de extinção do processo. Parágrafo único. O executado
poderá eximir-se da obrigação, depositando em juízo a prestação ou a coisa, caso
em que o juiz não permitirá que o credor a receba sem cumprir a contraprestação
que lhe tocar.

Deverá o credor provar que cumpriu com sua parte do contrato [CPC, art. 798, I, d
– exceção do contrato não cumprido (exceptio non adimpleti contractus).

Responsabilidade Patrimonial
Débito e responsabilidade A relação obrigacional forma um crédito, direito de se
exigir a prestação, e um débito, dever de satisfazer a pretensão.

A garantia da pretensão pela potencialidade de se valer do patrimônio do devedor


para satisfazer o débito denomina-se responsabilidade. A responsabilidade,
portanto, é a sanção processual.

Assim, verifica-se a possibilidade de haver dívida sem responsabilidade, como sói


ocorrer na dívida de jogo. Inversamente, pode haver responsabilidade sem dívida,
a exemplo do fiador.

Princípio da realidade da execução : Responsabilidade patrimonial

Objetiva – extensão – [CPC, art. 789] ou Subjetiva

Primária ou Secundária

Responsabilidade Patrimonial Objetiva


“todos os seus bens presentes e futuros”

A extensão da responsabilidade patrimonial é materialmente limitada a “todos os


bens necessários para garantir a integralidade da dívida. Ora, o limite do
patrimônio que se submete é o limite da dívida” [ABELHA, Marcelo. Manual de
Execução Civil. 6ª ed. Rio de Janeiro: Forense. 2016, p. 85]; ainda, temporalmente,
de modo que “A referência a “bens presentes e futuros” não diz respeito à data de
aquisição, se anterior ou posterior ao débito, mas à data de alienação. Ou seja,
todos os bens que o devedor jápossuía e os adquiridos a partir da data de
constituição do débito poderão ser arrecadados para o pagamento dos credores.
A alienação de qualquer bem a partir dessa data é passível de invalidação, nos
casos de fraude contra credores, ou de declaração de ineficácia, nas situações de
fraude à execução” [DELGADO, Mario Luiz. Comentários ao código de processo
civil. ALVIM, Angélica A. (org.). 2ª ed. São Paulo: Saraiva, 2017, p. 925].

Bens pretéritos, porque não mais integrantes do patrimônio do executado,


também se sujeitam à responsabilidade patrimonial, i. no caso de sucessão a título
singular, tratando-se de execução fundada em direito real ou obrigação
reipersecutória [CPC, art. 790, I]; ii. alienação em fraude à execução [CPC, art. 790,
V]; iii. Alienação em fraude contra credores [CPC, art. 790, VI].
Direito de retenção
Art. 793. O exequente que estiver, por direito de retenção, na posse de coisa
pertencente ao devedor não poderá promover a execução sobre outros bens
senão depois de excutida a coisa que se achar em seu poder.

Execução de crédito com garantia real


Art. 835, § 3o Na execução de crédito com garantia real, a penhora recairá sobre a
coisa dada em garantia, e, se a coisa pertencer a terceiro garantidor, este também
será intimado da penhora.

Impenhorabilidade
“salvo as restrições estabelecidas em lei”

As exceções à sujeição patrimonial do devedor serão apenas aquelas


exclusivamente previstas em lei e normalmente levam em conta a concretização
dos princípios da dignidade da pessoa huma- na e do mínimo existencial (vide art.
833 do CPC, art. 1.715 do CC/2002 e Lei n. 8.009/90). Art. 832. Não estão sujeitos
à execução os bens que a lei considera impenhoráveis ou inalienáveis.

Impenhorabilidade As exceções à sujeição patrimonial do devedor serão apenas


aquelas exclusivamente previstas em lei e normalmente levam em conta a
concretização dos princípios da dignidade da pessoa humana e do mínimo
existencial (vide art. 833 do CPC, art. 1.715 do CC/2002 e Lei n. 8.009/90). A
impenhorabilidade é exceção à regra da penhorabilidade e, por isso, a
interpretação das hipóteses de cabimento é restritiva.

[a] Impenhorabilidade absoluta [CPC, art. 833] [b] Impenhorabilidade relativa


[CPC, art. 834] Art. 834. Podem ser penhorados, à falta de outros bens, os frutos e
os rendimentos dos bens inalienáveis.

É possível renúncia do direito à impenhorabilidade?


“Há decisões que entendem que qualquer impenhorabilidade absoluta não pode
ser objeto de renúncia, de forma que mesmo quando o próprio executado indica o
bem à penhora, poderá alegar posteriormente a impenhorabilidade para afastar-
se a constrição judicial sobre o bem (STJ, 2ª Turma, AgRg no REsp 1.381.709/PR,
rel. Min. Mauro Campbell Marques, j. 05/09/2013, DJe 11/09/2013; STJ, 2ª Turma,
REsp 864.962/RS, rel. Min. Mauro Campbell Marques, j. 04/02/2010, DJe
18/02/2010) e até mesmo para anular a alienação judicial em sede de embargos à
arrematação. Outro entendimento consagrado no tribunal é a possibilidade de
renúncia, contanto que contemple patrimônio disponível e tenha sido indicado à
penhora por livre decisão do executado, ressalvados os bens inalienáveis e os bens
de família (STJ, 4ª Turma, REsp 1.365.418/SP, rel Min. Marco Buzzi, j. 04/04/2013,
DJe 16/04/2013; STJ, 3ª Turma, AgRg no AgRg no REsp 1.294.384/RS, rel. Min.
Sidnei Beneti, j. 26/06/2012, DJe 29/06/2012). É mais tranquilo o entendimento
quanto à não admissão da renúncia da proteção legal conferida ao bem de família
(STJ, 3ª Turma, REsp 714.858/RS, rel. Min. Sidnei Beneti, j. 08/11/2011, DJe
25/11/2011; STJ, 4ª Turma, REsp 875.687/RS, rel. Min. Luis Felipe Salomão, j.
09/08/2011, DJe 22/08/2011) e justamente em razão dessa realidade o mesmo
tributnal entende justificável a recusa do exequente a tal indicação (STJ, 2ª Turma,
REsp 1.500.550/RS, rel. Min. Herman Benjamin, j. 19/03/2015, DJe 06/04/2015).
Mas mesmo nesse tema, colhe-se decisão do Superior Tribunal de Justiça no
sentido de não prestigiar o executado que agir em descompasso com o princípio
nemo venire contra factum proprium, adotando comportamento contraditório,
num momento ofertando o bem à penhora e, no instante seguinte, arguindo a
impenhorabilidade do mesmo bem, o que evidencia a ausência de boa-fé
(Informativo 558/STJ, 3ª Turma, REsp 1.461.301-MT, Rel. Min. João Otávio de
Noronha, julgado em 5/3/2015, DJe 23/3/2015). Entendo que esse entendimento
prestigia o art. 5º do Novo CPC” [NEVES, Daniel Amorim Assumpção. Novo Código
de Processo Civil Comentado artigo por artigo. Salvador: Juspodivm. 2016, p.
1317].

Responsabilidade Patrimonial Subjetiva


Responsável pelo pagamento
A responsabilidade patrimonial subjetiva recai sobre quem seja responsável pelo
pagamento, ainda não seja o devedor no título executivo.

PROCESSO CIVIL. EXECUÇÃO DE TÍTULO JUDICIAL. RESPONSABILIDADE


PATRIMONIAL. ART. 592, CPC. OFENSA À COISA JULGADA. INEXISTÊNCIA. VÍNCULO
SOCIETÁRIO. OBRIGAÇÃO E RESPONSABILIDADE (SCHULD E HAFTUNG).
DISREGARD DOCTRINE. INVOCAÇÃO EXEMPLIFICATIVA. RECURSO DESACOLHIDO. I
- O princípio da responsabilidade patrimonial, no processo de execução, origina-se
da distinção entre débito (Schuld) e responsabilidade (Haftung), admitindo a
sujeição dos bens de terceiro à excussão judicial, nos limites da previsão legal. II -
A responsabilidade pelo pagamento do débito pode recair sobre devedores não
incluídos no título judicial exeqüendo e não participantes da relação processual de
conhecimento, considerados os critérios previstos no art. 592, CPC, sem que haja,
com isso, ofensa à coisa julgada. III - O processo de conhecimento e o de execução
têm autonomia, cada qual com seus pressupostos de existência e validade.
Enquanto no primeiro se apura a obrigação, no segundo se permite ao credor
exigir a satisfação do seu direito. [Resp nº 225.051-DF, 4ª Turma, Rel. Min. SÁLVIO
DE FIGUEIREDO TEIXEIRA, j. em 7/11/2000]

Responsabilidade primária: Sujeitabilidade dos bens do devedor

Responsabilidade secundária: Sujeitabilidade de bens de terceiros

Não sendo o terceiro responsável, a via adequada é a proteção jurídica via


embargos de terceiros.

Art. 790. São sujeitos à execução os bens:

I - do sucessor a título singular, tratando-se de execução fundada em direito real


ou obrigação reipersecutória;

“Sucessor a titulo singular é aquele que sucede o devedor, assumindo posição


jurídica que anteriormente era daquele, porem em relação apenas a um ou a
alguns bens determinados, como ocorre com o legatário ou com o adquirente. O
legatário ou o terceiro adquirente somente responderão pelas dividas do autor da
herança ou do alienante quando se tratar de execução fundada em direito real
(CC, art. 1.225) ou obrigação reipersecutória, isto é, obrigações ambulatórias ou
propter rem, que facultam ao credor o direito de perseguir o bem onde quer que
esteja, transformando o sucessor, a titulo singular, de terceiro em parte na
execução. Esta, por sua vez, atingirá o bem que pertencia ao primitivo devedor,
pouco importando em poder de quem esteja a coisa, justamente em razão do
caráter “propter rem” da obrigação. Trata-se de exceção à regra geral do direito
das obrigações de que os sucessores a titulo particular não substituem o sucedido
em seu passivo”.[DELGADO, Mario Luiz. Comentários ao código de processo civil.
ALVIM, Angélica A. (org.). 2ª ed. São Paulo: Saraiva, 2017, p. 926].

Por isso, para os casos em que a sucessão a título singular se verifica quando já
proposta a demanda, estabelece o art. 109, § 3.º, do CPC que os efeitos da
sentença proferida entre as partes originárias se estendem para o adquirente ou
cessionário da coisa litigiosa. O inciso I do art. 790 não se aplica à sucessão a título
universal (por exemplo, no caso de morte da parte originária – situação regulada
pelo art. 796 – ou de incorporação de uma pessoa jurídica pela outra). [ROQUE,
Andre Vasconcelos. GAJARDONI, Fernando da F.; DELLORE, Luiz; ROQUE, Andre V.;
AL, et. Comentários ao Código de Processo Civil. [Digite o Local da Editora]: Grupo
GEN, 2021. 9786559640249. Disponível em:
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9786559640249/. Acesso em:
04 jul. 2022. II - do sócio, nos termos da lei;

CC, Art. 49-A. A pessoa jurídica não se confunde com os seus sócios, associados,
instituidores ou administradores. (Incluído pela Lei nº 13.874, de 2019) Parágrafo
único. A autonomia patrimonial das pessoas jurídicas é um instrumento lícito de
alocação e segregação de riscos, estabelecido pela lei com a finalidade de
estimular empreendimentos, para a geração de empregos, tributo, renda e
inovação em benefício de todos.

Daí porque Art. 795. Os bens particulares dos sócios não respondem pelas dívidas
da sociedade, senão nos casos previstos em lei. § 1º O sócio réu, quando
responsável pelo pagamento da dívida da sociedade, tem o direito de exigir que
primeiro sejam excutidos os bens da sociedade. § 2º Incumbe ao sócio que alegar
o benefício do § 1º nomear quantos bens da sociedade situados na mesma
comarca, livres e desembargados, bastem para pagar o débito. § 3º O sócio que
pagar a dívida poderá executar a sociedade nos autos do mesmo processo. § 4º
Para a desconsideração da personalidade jurídica é obrigatória a observância do
incidente previsto neste Código.

A responsabilidade patrimonial, secundária, deriva da disciplina do regime jurídica


adotado pela sociedade. Por exemplo, há responsabilidade nas hipóteses de:
sociedade em comum (art. 990 do Código Civil), sociedade simples (art. 1.023 do
Código Civil), sociedade em comandita simples (art. 1.045 do Código Civil) e
sociedade de advogados (relativamente aos danos causados a seus clientes no
exercício da advocacia – art. 17 da Lei n.º 8.906/1994). Na responsabilidade
limitada e por ações não há responsabilidade patrimonial secundária, ressaltando
responsabilidade pela integralização do capital social na limitada (art. 1.052 do
Código Civil) ou ao preço de emissão de ações (art. 1.088 do Código Civil).

III - do devedor, ainda que em poder de terceiros;

A posse não altera a titularidade do domínio.

Ex.:contrato de locação do imóvel do devedor.

A propósito, confira-se: Lei n. 8.245/91, art. 8º Se o imóvel for alienado durante a


locação, o adquirente poderá denunciar o contrato, com o prazo de noventa dias
para a desocupação, salvo se a locação for por tempo determinado e o contrato
contiver cláusula de vigência em caso de alienação e estiver averbado junto à
matrícula do imóvel. § 1º Idêntico direito terá o promissário comprador e o
promissário cessionário, em caráter irrevogável, com imissão na posse do imóvel e
título registrado junto à matrícula do mesmo. § 2º A denúncia deverá ser
exercitada no prazo de noventa dias contados do registro da venda ou do
compromisso, presumindo - se, após esse prazo, a concordância na manutenção
da locação.

IV - do cônjuge ou companheiro, nos casos em que seus bens próprios ou de sua


meação respondem pela dívida;

“Cônjuge ou companheiro. A responsabilidade patrimonial pode recair,


eventualmente, sobre o cônjuge ou companheiro de quem contraiu a dívida,
sendo este mais um caso de responsabilidade patrimonial secundária. Tudo
dependerá do regime de bens do casamento e da origem da dívida. Na união
estável, a disciplina seguirá o regime da comunhão parcial de bens, salvo se houve
estipulação em sentido diverso (art. 1.725 do Código Civil).

Independentemente do regime de bens, os arts. 1.643 e 1.644 do Código Civil


determinam que ambos os cônjuges se obrigam, de forma solidária, pela
aquisição das coisas necessárias à economia doméstica ou da obtenção, por
empréstimo, das quantias que a aquisição dessas coisas possa exigir. Dessa
maneira, se a dívida foi contraída pelo devedor casado em prol da família,
obrigará ao outro cônjuge, por força inclusive do art. 1.663, § 1.º, do Código
Civil.

O ônus da prova, de acordo com a jurisprudência, milita em favor do credor,


presumindo-se que as dívidas contraídas pelo cônjuge ou companheiro na
constância do casamento ou da união estável se reverteram em benefício da
família (STJ, REsp 787.867, Relator Ministro Teori Albino Zavascki, Primeira Turma,
julgado em 06.12.2005), o que tem sido estendido para o caso de aval prestado à
sociedade em que o cônjuge avalista é sócio (STJ, AgRg no Ag 1.082.106, Relator
Ministro Massami Uyeda, Terceira Turma, julgado em 04.06.2009). Se o cônjuge
avalista não integrar os quadros da sociedade, contudo, a presunção se inverte,
cabendo ao exequente provar que a dívida se reverteu em benefício da família
(STJ, REsp 440.771, Relator Ministro Humberto Gomes de Barros, Terceira Turma,
julgado em 03.06.2004). Também no caso de ato ilícito praticado por um dos
cônjuges, deverá o credor se desincumbir do ônus de demonstrar que o
enriquecimento dele resultante aproveitou ao casal (Súmula n.º 251 do STJ). 5.3.
Finalmente, já se decidiu que, na execução de honorários sucumbenciais, não é
possível exigir do cônjuge meeiro, que não integrou a relação processual da lide
originária, a comprovação de que a dívida executada não foi contraída em
benefício do casal ou da família (STJ, REsp 1.670.338, Relator Ministro Ricardo
Villas Bôas Cueva, julgado em 04/02/2020). Nessa direção, conforme assentado
em aludido precedente, não tem nenhuma relevância para a solução da causa
saber se o cônjuge meeiro obteria ou não proveito econômico em caso de
procedência do pedido na ação proposta em juízo.”[ROQUE, Andre Vasconcelos.
GAJARDONI, Fernando da F.; DELLORE, Luiz; ROQUE, Andre V.; AL, et. Comentários
ao Código de Processo Civil. [Digite o Local da Editora]: Grupo GEN, 2021.
9786559640249. Disponível em:
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9786559640249/. Acesso em:
04 jul. 2022.

V - alienados ou gravados com ônus real em fraude à execução;

VI - cuja alienação ou gravação com ônus real tenha sido anulada em razão do
reconhecimento, em ação autônoma, de fraude contra credores;

São requisitos configuradores da fraude contra credores: [a] consilium fraudis


[requisito subjetivo], [b] eventum damni [requisito objetivo] e [c] anterioridade do
crédito.

Com efeito, nos termos do §2º do art. 158, do Código Civil, somente os credores
que já o eram ao tempo da prática do ato fraudulento podem requerer sua
anulação. O crédito deve ser anterior ao ato de disposição dos bens, porque
somente os credores que já o eram ao tempo dos atos fraudulentos é que podem
demandar a anulação, dado que apenas em relação a eles é que estes atos
diminuem a garantia que o patrimônio do devedor oferece [REsp 1217593/RS].

VII - do responsável, nos casos de desconsideração da personalidade jurídica.

Antes da execução [fraude contra credores], entre execução e penhora [fraude à


execução] e depois da penhora [alienação de imóvel penhorado].

“Assim, se a lesão ao patrimônio do responsável aconteceu entre o nascimento da


dívida e a instauração do processo que vise a assegurar o adimplemento (de
cognição, de execução, monitório ou até mesmo cautelar), certamente o grau de
individualização dos bens (montante) que se sujeitariam à responsabilidade
patrimonial ainda se encontrava bastante embaçado, não havendo ainda a
colocação do devedor ou o responsável na condição de sujeito passivo do
processo instaurado para o fim de obter o adimplemento. Nesse caso, a eventual
lesão ao patrimônio afeta diretamente o credor ou titular do direito inadimplido,
que perde a garantia contra o referido inadimplemento, na medida em que o
devedor/responsável pretende retirar da responsabilidade patrimonial o bem ou
bens alienados. Para essas situações, o legislador indicou como remédio jurídico a
ação pauliana ou revocatória. Todavia, se a fraude aconteceu após a instauração
do processo (monitório, cautelar, cognitivo ou executivo), portanto, no curso de
uma relação jurídica processual (pública) e antes de realizada a apreensão e
depósito (penhora) do(s) bem(ns) do responsável sujeito(s) à expropriação, então
se terá uma situação de maior individualização do débito e, por conseguinte, de
definição dos limites da própria responsabilidade patrimonial, motivo pelo qual a
fraude praticada no desfalque patrimonial prejudicial ao adimplemento está in res
ipsa, de forma que o que se tem é, portanto, uma especialização da “fraude contra
credores” antes referida. Com a existência de um processo iniciado, há um novo
ator, uma nova situação jurídica de interesse público. Nesses termos,
considerando o caráter público do processo e o respeito à atividade jurisdicional, a
medida a ser utilizada para reprimir o referido ato poderá ser a interposição de
uma simples petição requerendo ao magistrado a declaração de ineficácia do ato
de alienação em fraude à execução. Não obstante tal situação pudesse ser tomada
de ofício, tal fato será extremamente difícil de acontecer pelo desconhecimento
judicial do ato lesivo. Contudo, se a alienação fraudulenta foi do bem já
penhorado e antes da expropriação propriamente dita, certamente a
individualização já era completa e, como tal, a tentativa de furtar-se à
responsabilidade patrimonial é induvidosa e, por isso, mais grave é a conduta
praticada, mantendo-se, nesse caso, a constrição exercida sobre o bem, como se
nada tivesse acontecido, prosseguindo-se com as medidas executivas adequadas
de forma a considerar inexistente a alienação ocorrida” [ABELHA, Marcelo.
Manual de Execução Civil. 6ª ed. Rio de Janeiro: Forense. 2016, p. 95/96].

Tutela Judicial da Garantia Legal


Antes da execução [fraude contra credores], entre execução e penhora [fraude à
execução] e depois da penhora [alienação de imóvel penhorado].

Fraude contra credores Fraude de execução Alienação de bem penhorado


Instituto de Direito material contemplado no Código Civil Instituto processual,
regido pelo CPC Instituto processual, relacionado à execução e regido pelo CPC
Interesse puramente particular Interesse do particular e do Estado-Juiz Interesse
público estatal e do particular Constitui defeito do negócio jurídico, sendo atacável
apenas pelo interessado, com sanção civil Não constitui defeito do negócio
jurídico, gerando apenas a sua ineficácia em relação ao credor lesado. Não
constitui defeito do negócio, apenas tornando ineficaz o ato de fraude em relação
ao credor. Não constitui crime.

Constitui crime e ato atentatório à dignidade da Justiça Constitui crime e admite


prisão civil por dívida do alienante Atos praticados são anuláveis. Segundo a Lei
Civil (embora alguns entendam ineficazes) Atos praticados são ineficazes em
relação ao credor lesado Atos praticados são ineficazes em relação ao credor
lesado Exige ação pauliana para o seu reconhecimento Dispensa a ação pauliana,
podendo ser reconhecida de ofício e nos próprios autos da execução Dispensa a
ação pauliana, podendo ser reconhecida de ofício e nos próprios autos da
execução Exige elemento objetivo (dano) e subjetivo (conluio fraudulento) Exige
apenas o elemento objetivo (dano) Não exige qualquer elemento, bastando a
alienação de bem que sofreu constrição judicial Cristiano Chaves de Farias e
Nelson Rosenvald apresentam quadro interessante[1]
Penhora
Conceito
“particularização judicial dos bens que devem se sujeitar aos atos de
expropriação” [MEDINA, José Miguel Garcia. Direito Processual Civil Moderno. RT.
São Paulo: 2015, p. 1022]

“Por meio da penhora, individualiza-se determinado bem do patrimônio do


executado que passa a partir desse ato de constrição a se sujeitar diretamente à
execução.

Com a penhora, a execução deixa uma condição abstrata que é a responsabilidade


patrimonial – a totalidade do patrimônio responde pela satisfação do crédito – e
passa a uma condição concreta, com a determinação exata de qual bem será
futuramente expropriado para a satisfação do direito do exequente. Essa
satisfação pode ser direta, quando o próprio bem penhorado é entregue ao
exequente por meio da adjudicação, ou indireta, quando o bem é alienado por
iniciativa particular ou por meio de arrematação. Acredito também ser indireta a
satisfação gerada pelo ‘usufruto de móvel ou imóvel’” [NEVES, Daniel Amorim
Assumpção. Novo Código de Processo Civil Comentado artigo por artigo. Salvador:
Juspodivm. 2016, p. 1312].

Sucessão de atos de aperfeiçoamento da penhora:

[a] individualização da penhora;

[b] apreensão da coisa [v. arts. 838, 839 e 845];

[c] nomeação de depósito [v. art. 840] e

[d] intimação [v. arts. 799, 841, 842, 843 e 844].

Funções da Penhora
Individualizar bens
Individualizar bens sobre os quais incidirão os atos de expropriação

Art. 838. A penhora será realizada mediante auto ou termo, que conterá:

I - a indicação do dia, do mês, do ano e do lugar em que foi feita; II - os nomes do


exequente e do executado;

III - a descrição dos bens penhorados, com as suas características; IV - a nomeação


do depositário dos bens.

”É função da penhora fixar a responsabilidade patrimonial sobre os bens por ela


abrangidos. A penhora segrega bens do patrimônio do devedor, destinando-os à
expropriação. Isso não significa a perda do domínio ou posse do devedor em
relação aos mesmos bens. Os direitos do executado sobre os bens penhorados
permanecem intactos, mas, em razão do vínculo processual que os afeta à
execução, qualquer ato de disposição será ineficaz em relação ao credor
exequente (Fredie Didier Jr. e Outros. Curso de Processo Civil. Execução. Vol. 5. 2ª
edição. Salvador. Podivm. 2010, p. 535)

Depósito ou conservação - garante que terá bens para satisfazer o credor.


Esta é a natureza cautelar da penhora.

Art. 839. Considerar-se-á feita a penhora mediante a apreensão e o depósito dos


bens, lavrando-se um só auto se as diligências forem concluídas no mesmo dia.
Parágrafo único. Havendo mais de uma penhora, serão lavrados autos individuais.

Direito de Preferência
Princípio prior tempore, potior iure, ou seja, o primeiro no tempo é o mais forte.
Penhora e preferência.

Art. 797. Ressalvado o caso de insolvência do devedor, em que tem lugar o


concurso universal, realiza-se a execução no interesse do exequente que adquire,
pela penhora, o direito de preferência sobre os bens penhorados. Parágrafo único.
Recaindo mais de uma penhora sobre o mesmo bem, cada exequente conservará
o seu título de preferência.

Art. 908. Havendo pluralidade de credores ou exequentes, o dinheiro lhes será


distribuído e entregue consoante a ordem das respectivas preferências. § 1o No
caso de adjudicação ou alienação, os créditos que recaem sobre o bem, inclusive
os de natureza propter rem, sub-rogam-se sobre o respectivo preço, observada a
ordem de preferência. § 2o Não havendo título legal à preferência, o dinheiro será
distribuído entre os concorrentes, observando-se a anterioridade de cada
penhora. Penhora. Preferência. “(...) cumpre anotar que a preferência da penhora,
que não exclui os privilégios e preferências instituídos anteriormente a ela (art.
905, II, do CPC), é de aplicação apenas à execução contra devedor solvente, não
prevalecendo no concurso contra devedor insolvente (art. 797, caput), ‘onde as
preferências são apenas as da lei civil’ (art. 769 do CPC/1973, mantido pelo art.
1.052 do NCPC)” [THEODORO JÚNIOR, Humberto. Curso de Direito Processual
Civil. v. III. 48ª ed. Rio de Janeiro: Forense. 2016, p. 443/444].

Ordem preferencial de penhora


Art. 835. A penhora observará, preferencialmente, a seguinte ordem:

I - dinheiro, em espécie ou em depósito ou aplicação em instituição financeira;

II - títulos da dívida pública da União, dos Estados e do Distrito Federal com


cotação em mercado;

III - títulos e valores mobiliários com cotação em mercado;

IV - veículos de via terrestre; V - bens imóveis;

VI - bens móveis em geral;

VII - semoventes;

VIII - navios e aeronaves;

IX - ações e quotas de sociedades simples e empresárias;

X - percentual do faturamento de empresa devedora;

XI - pedras e metais preciosos;

XII - direitos aquisitivos derivados de promessa de compra e venda e de alienação


fiduciária em garantia;

XIII - outros direitos.


§ 1º É prioritária a penhora em dinheiro, podendo o juiz, nas demais hipóteses,
alterar a ordem prevista no caput de acordo com as circunstâncias do caso
concreto.

§ 2º Para fins de substituição da penhora, equiparam-se a dinheiro a fiança


bancária e o seguro garantia judicial, desde que em valor não inferior ao do débito
constante da inicial, acrescido de trinta por cento.

§ 3º Na execução de crédito com garantia real, a penhora recairá sobre a coisa


dada em garantia, e, se a coisa pertencer a terceiro garantidor, este também será
intimado da penhora. v.

Art. 793. O exequente que estiver, por direito de retenção, na posse de coisa
pertencente ao devedor não poderá promover a execução sobre outros bens
senão depois de excutida a coisa que se achar em seu poder.

“O art. 793 do CPC/2015 dispõe sobre a penhora de bem que se encontra com o
exequente, por direito de retenção (à semelhança do que pode ocorrer no caso
previsto no §3º do art. 835 do CPC/2015). No caso, estando o exequente na posse
de bem do executado em exercício de direito de retenção, sobre esses bens, como
regra, recairão os atos executivos. Entendemos que tal regra é estabelecida em
proveito do exequente e, conforme o caso, poderá ele requerer que sejam
excutidos outros bens, diversos daqueles em relação aos quais exerce o direito de
retenção. Aplica-se, aqui, o que se disse acima, em relação à penhora de bem
dado em garantia real” [MEDINA, José Miguel Garcia. Direito Processual Civil
Moderno. RT. São Paulo: 2015, p. 1041]

Limites da penhora
Vedação da penhora excessiva
Extensão numérica da penhora.

Art. 831. A penhora deverá recair sobre tantos bens quantos bastem para o
pagamento do principal atualizado, dos juros, das custas e dos honorários
advocatícios. Art. 874. Após a avaliação, o juiz poderá, a requerimento do
interessado e ouvida a parte contrária, mandar: I - reduzir a penhora aos bens
suficientes ou transferi-la para outros, se o valor dos bens penhorados for
consideravelmente superior ao crédito do exequente e dos acessórios; II - ampliar
a penhora ou transferi-la para outros bens mais valiosos, se o valor dos bens
penhorados for inferior ao crédito do exequente.

Vedação da penhora inútil


CPC, art. 836, caput.

Art. 836. Não se levará a efeito a penhora quando ficar evidente que o produto da
execução dos bens encontrados será totalmente absorvido pelo pagamento das
custas da execução. § 1o Quando não encontrar bens penhoráveis,
independentemente de determinação judicial expressa, o oficial de justiça
descreverá na certidão os bens que guarnecem a residência ou o estabelecimento
do executado, quando este for pessoa jurídica. § 2o Elaborada a lista, o executado
ou seu representante legal será nomeado depositário provisório de tais bens até
ulterior determinação do juiz.

“A regra deve ser compreendida no sentido de que não se penhoram bens quando
o proveito daí decorrente não beneficiar o exequente, mas restar absorvido pelas
custas judiciais a serem pagas ao Estado. Não incide a restrição, contudo, se o
valor do bem penhorado, embora pequeno, puder ressarcir ao exequente o valor
das custas por ele antecipadas. Não fosse assim, a regra padeceria de
inconstitucionalidade, pois impediria a realização do direito do exequente”
[MEDINA, José Miguel Garcia. Direito Processual Civil Moderno. RT. São Paulo:
2015, p. 1038].
Já se decidiu pela inaplicabilidade da regra à execução fiscal, confira-se:

PROCESSUAL CIVIL. TRIBUTÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL.


EXECUÇÃO FISCAL. EXCEÇÃO DE PRÉ-EXECUTIVIDADE. PENHORA. REGRA DO ART.
659, § 2º, DO CPC. INAPLICABILIDADE À FAZENDA PÚBLICA. ISENÇÃO DE CUSTAS.
PRECEDENTE. RESERVA DE PLENÁRIO. VIOLAÇÃO NÃO CONFIGURADA. 1. Acórdão
do TJMG que tornou insubsistente a penhora do valor encontrado na conta
corrente do executado (R$ 2.748,95) ao argumento de que o montante bloqueado
era irrisório em relação ao débito e não seria suficiente para quitar as custas do
processo, conforme interpretação do § 2º do art. 659 do CPC, que assim disciplina:
"Não se levará a efeito a penhora, quando evidente que o produto da execução
dos bens encontrados será totalmente absorvido pelo pagamento das custas da
execução." 2. Entendimento da Primeira Turma do STJ no sentido de que: "a
Fazenda Pública é isenta de custas, por isso que a penhora de numerário
preferencial não pode ser liberada sem a sua aquiescência, a pretexto da aplicação
do art. 659, § 2º, do CPC." (REsp 1.187.161/MG, Rel. Min. Luiz Fux, DJ de
19/8/2010). 3. Evidenciado que a posição assumida não implicou na declaração de
inconstitucionalidade da norma em destaque, pelo que é despicienda a
observância da cláusula de reversa de plenário. [AgRg no REsp n. 1168689, rel.
Min. Benedito Gonçalves, j. 12.4.2011]

Penhora de parte de bem indivisível


Art. 843. Tratando-se de penhora de bem indivisível, o equivalente à quota-parte
do coproprietário ou do cônjuge alheio à execução recairá sobre o produto da
alienação do bem. § 1o É reservada ao coproprietário ou ao cônjuge não
executado a preferência na arrematação do bem em igualdade de condições. § 2o
Não será levada a efeito expropriação por preço inferior ao da avaliação na qual o
valor auferido seja incapaz de garantir, ao coproprietário ou ao cônjuge alheio à
execução, o correspondente à sua quota-parte calculado sobre o valor da
avaliação.

Vale ressaltar que o CPC garante ao coproprietário o direito de preferência na


arrematação do bem, caso não queira perder sua propriedade mediante a
compensação financeira:

Art. 843 (...) § 1º É reservada ao coproprietário ou ao cônjuge não executado a


preferência na arrematação do bem em igualdade de condições. Se o
coproprietário não quiser exercer esse direito de preferência, mesmo assim seu
patrimônio permanecerá hígido considerando que terá direito à sua quota-parte
com base no valor da avaliação do imóvel.

Isso porque o § 2º do art. 843 afirma que se o bem penhorado tiver um


coproprietário que é alheio à dívida que está sendo executada, este bem só
poderá ser vendido por um preço que dê para pagar pelo menos a quota-parte
deste coproprietário.

Desse modo, “o coproprietário não devedor e o cônjuge ou companheiro não


devedor nem responsável patrimonial secundário têm direito a receber sua
cotaparte tomando por base o valor da avaliação do bem, e não o valor da
expropriação. E, caso a expropriação não atinja sequer o valor que deve ser
entregue a esses sujeitos, não deverá ser realizada.” (NEVES, Daniel Assumpção.
Manual de Direito Processual Civil. 11ª ed., Salvador: Juspodivm, 2019, p. 1146).

O que não pode s er objeto de penhora?


Art. 832. Não estão sujeitos à execução os bens que a lei considera impenhoráveis
ou inalienáveis.

A impenhorabilidade advém das regras que compõem o devido processo legal,


servindo como limitação política à execução forçada.
a) absoluta (art. 833) b) relativa (art. 834) c) do bem de residência (Lei 8009/90) 

Hipótese de impenhorabilidade é taxativa? “Chama-se beneficium competentiae


(benefício de competência) a impenhorabilidade do “estritamente necessário à
sobrevivência do executado, e de sua família, e à sua dignidade” (Assis, Araken).
(Fredie Didier Jr. e Outros. Curso de Processo Civil. Execução. Vol. 5. 2ª edição.
Salvador. Podivm. 2010, p. 550/551)

“Exatamente porque são normas que visam proteger direitos fundamentais, as


regras de impenhorabilidade podem ser ampliadas em razão de peculiaridades do
caso concreto, como forma de tutelar adequadamente esses mesmos direitos
fundamentais. Trata-se de aplicação do princípio da adequação” (Fredie Didier Jr.
e Outros. Curso de Processo Civil. Execução. Vol. 5. 2ª edição. Salvador. Podivm.
2010, p. 545)

TRIBUTÁRIO E PROCESSUAL CIVIL. EXECUÇÃO FISCAL. PENHORA SOBRE O


FATURAMENTO DA EMPRESA. MATÉRIA FÁTICA. SÚMULA 7/STJ. 1. Em
observância ao consagrado princípio favor debitoris (art. 620 do CPC), tem-se
admitido apenas excepcionalmente a penhora sobre o faturamento, desde que
presentes, no caso, requisitos específicos que justifiquem a medida, quais sejam,
(a) inexistência de bens passíveis de constrições, suficientes a garantir a execução,
ou, caso existentes, sejam de difícil alienação; (b) nomeação de administrador
(arts. 678 e 719, caput, do CPC), ao qual incumbirá a apresentação da forma de
administração e do esquema de pagamento; (c) fixação de percentual que não
inviabilize o próprio funcionamento da empresa. Precedentes: AGA 593006/PR, 1ª
Turma, Min. Luiz Fux, DJ de 30.05.2005; REsp 723038 / SP, 2ª Turma, Min. Castro
Meira, DJ de 20.06.2005. 2. Averiguar se a aplicação do princípio, em cada caso, se
fez adequadamente ou não, e se a relativização da ordem da penhora era
justificável ou não em face daquele princípio, são investigações que exigem o
exame da situação de fato, incabível no âmbito do recurso especial. (Súmula
07/STJ). 3. Recurso especial não conhecido. (STJ, REsp 803435-RJ, 1ª Turma, Rel.
Ministro Teori Albino Zavascki, j. 10/10/2006)

Súmula 364, STJ: O conceito de impenhorabilidade de bem de família abrange


também o imóvel pertencente a pessoas solteiras, separadas e viúvas.

Bens Impenhoráveis
Art. 833. São impenhoráveis:

I - os bens inalienáveis e os declarados, por ato voluntário, não sujeitos à


execução; Exemplificam bens inalienáveis por lei os públicos enquanto afetados
[CC, arts. 100 e 101], razão pela qual a satisfação do crédito contra a Fazenda
Pública é efetiva pelo sistema de precatórios [CF, art. 100].

O bem privado torna-se inalienável por lei se preenchidos os requisitos do bem de


família voluntário [CC, art. 1.711]. Ainda, possível alienação gratuita de bens
clausulado com inalienabilidade [CC, arts. 1.848 e 1.911].

Observações:

1. “Os bens deixados em herança, ainda que gravados com cláusula de


inalienabilidade ou de impenhorabilidade, respondem pelas dívidas do morto”
[REsp n. 998.031/SP, relator Ministro Humberto Gomes de Barros, Terceira Turma,
julgado em 11/12/2007, DJ de 19/12/2007];

2. “Se a alienação do imóvel gravado permite uma melhor adequação do


patrimônio à sua função social e possibilita ao herdeiro sua sobrevivência e bem-
estar, a comercialização do bem vai ao encontro do propósito do testador” [REsp
1.158.679/MG, Rel. Min. Nancy Andrighi, Terceira Turma, j. 07.04.2011, DJe
15.04.2011]
II - os móveis, os pertences e as utilidades domésticas que guarnecem a residência
do executado, salvo os de elevado valor ou os que ultrapassem as necessidades
comuns correspondentes a um médio padrão de vida; Eletrodomésticos:

“RECURSO ESPECIAL. EXECUÇÃO FISCAL. PENHORA. MÓVEIS QUE GUARNECEM


RESIDÊNCIA (FORNO ELÉTRICO, FREEZER, VIDEOCASSETE, APARELHO DE AR
CONDICIONADO E FORNO DE MICROONDAS). LEI 8.009/90. IMPOSSIBILIDADE.
PRECEDENTES. 1. Os eletrodomésticos que, a despeito de não serem
indispensáveis, são usualmente mantidos em um imóvel residencial, não podem
ser considerados de luxo ou suntuosos para fins de penhora. 2. Recurso especial a
que se dá provimento. [REsp n. 488820, rel. Min. Denise Arruda, j. 08.11.2005];

“PROCESSO CIVIL ? RECURSO ESPECIAL ? EXECUÇÃO FISCAL - PENHORA: LEI


8.009/90. 1. Interpretação sistemática que se faz do art. 1º da Lei 8.009/90,
juntamente com o CPC e a LEF, para proclamar a penhorabilidade de aparelhos de
ar-condicionado, lava-louças, som, freezer e bar em mogno, bens úteis, mas não
indispensáveis à família. 2. Recurso especial provido” [REsp 1066463/SP, Rel.
Ministra ELIANA CALMON, SEGUNDA TURMA, julgado em 26/08/2008, DJe
22/09/2008]. Utilizar a média do IBGE? [NEVES, Daniel Amorim Assumpção. Novo
Código de Processo Civil Comentado artigo por artigo. Salvador: Juspodivm. 2016,
p. 1318].

III - os vestuários, bem como os pertences de uso pessoal do executado, salvo se


de elevado valor;

IV - os vencimentos, os subsídios, os soldos, os salários, as remunerações, os


proventos de aposentadoria, as pensões, os pecúlios e os montepios, bem como
as quantias recebidas por liberalidade de terceiro e destinadas ao sustento do
devedor e de sua família, os ganhos de trabalhador autônomo e os honorários de
profissional liberal, ressalvado o § 2º ;

X - a quantia depositada em caderneta de poupança, até o limite de 40 (quarenta)


salários-mínimos;

“2. É possível ao devedor poupar valores sob a regra da impenhorabilidade no


patamar de até quarenta salários mínimos, não apenas aqueles depositados em
cadernetas de poupança, mas também em conta-corrente ou em fundos de
investimento, ou guardados em papel-moeda. 3. Admite-se, para alcançar o
patamar de quarenta salários mínimos, que o valor incida em mais de uma
aplicação financeira, desde que respeitado tal limite”. (EREsp n. 1.330.567/RS,
relator Ministro Luis Felipe Salomão, Segunda Seção, julgado em 10/12/2014, DJe
de 19/12/2014.)

§ 2º O disposto nos incisos IV e X do caput não se aplica à hipótese de penhora


para pagamento de prestação alimentícia, independentemente de sua origem,
bem como às importâncias excedentes a 50 (cinquenta) salários-mínimos mensais,
devendo a constrição observar o disposto no art. 528, § 8º , e no art. 529, § 3º .

A regra da impenhorabilidade do salário concretiza o princípio da repersonalização


do direito civil, que prestigia o sujeito de direito (ser) em detrimento de seus bens
(ter).

Todavia, é importante considerar que, em certos casos, essa regra da


impenhorabilidade deve ser mitigada, de modo a assegurar a efetividade do
processo de execução - ou a denominada “execução equilibrada”, conforme anota
Luiz Rodrigues Wambier (in Revista de Processo, 109, ano 28, Janeiro-março de
2003, RT, p. 144).

A propósito da eficácia da execução como direito fundamental, lecionam Fredie


Didier Jr. et al. que “Exatamente por tratar-se de uma técnica de restrição a um
direito fundamental, é preciso que sua aplicação se submeta ao método da
ponderação, a partir da análise das circunstâncias do caso concreto” [Curso de
Direito Processual Civil, Execução, v. 5, JusPodivm, 2009, p. 541].

A isso deve se acrescer a crítica de Luiz Rodrigues Wambier, para quem a


concepção exagerada da tutela do devedor “contribuiu sensivelmente para o
descrédito do processo de execução e, portanto, para o incremento de sua crise, o
saudável (e imprescindível, para o Estado de Direito) crescimento dos mecanismos
de defesa dos direitos fundamentais. Talvez de modo desequilibrado, muito
provavelmente em razão da grande novidade que ainda representa entre nós
(vitimados por sucessivas quebras da estabilidade institucional, ao longo do século
XX), a defesa dos direitos fundamentais trouxe ‘efeitos colaterais’, como, por
exemplo, o da intangibilidade cada vez mais acentuada (e, a nosso ver, exagerada)
do patrimônio do devedor” (ob. cit., p. 138). Nesse contexto, atentando-se aos
princípios norteadores da necessidade, menor restrição possível e da salvaguarda
do núcleo essencial dos direitos fundamentais utilizado para solução de conflitos
entre direitos fundamentais (cf. Teori Albino Zavascki, Antecipação da Tutela, 4ª
ed, Saraiva, 2005, p. 103), admissível a penhora de percentual do salário líquido
do devedor na hipótese em que ficar demonstrada a possibilidade de essa verba
suportar a constrição sem prejudicar a sua dignidade e à de sua família
(subsistência).

Anota Daniel Amorim Assumpção Neves que a penhorabilidade parcial da verba


de natureza salarial que não compromete a dignidade humana do devedor é
admitida na legislação alemã, polonesa, portuguesa, italiana, espanhola e
argentina (In “Injustificados vetos presidenciais à Lei 11.382/06”, p. 11/14,
http://www.professordanielneves.com.br/artigos/201011151759350.vetospreside
nciaveis.pdf). Exceções legais e jurisprudenciais (de acordo com o caso concreto*).

V - os livros, as máquinas, as ferramentas, os utensílios, os instrumentos ou outros


bens móveis necessários ou úteis ao exercício da profissão do executado; “4.
Esclareça-se que a Corte Especial do Superior Tribunal de Justiça, por ocasião do
julgamento do REsp 1.114.767/SP, considerou ser aplicável a impenhorabilidade
do art. 649, inciso V, do Código de Processo Civil às pessoas jurídicas, sociedades
empresárias, quanto aos bens necessários ao desenvolvimento da atividade
objeto do contrato social. No mesmo sentido: AgRg no REsp 1.329.238/SP, Rel.
Ministro Og Fernandes, Segunda Turma, DJe 27/11/2013; AgRg no REsp
1.381.709/PR, Rel. Ministro Mauro Campbell Marques, Segunda Turma, DJe
11/09/2013. 5. Todavia, nos termos da jurisprudência do STJ, as diversas leis que
disciplinam o processo civil brasileiro deixam claro que a regra é a penhorabilidade
dos bens, de modo que as exceções decorrem de previsão expressa em lei,
cabendo ao executado o ônus de demonstrar a configuração, no caso concreto, de
alguma das hipóteses de impenhorabilidade previstas na legislação, como a do art.
649, V, do CPC/1973: "São absolutamente impenhoráveis (...) os livros, as
máquinas, as ferramentas, os utensílios, os instrumentos ou outros bens móveis
necessários ou úteis ao exercício de qualquer profissão". [REsp n. 1.757.405/ES,
relator Ministro Herman Benjamin, Segunda Turma, julgado em 6/9/2018, DJe de
27/11/2018].

VI - o seguro de vida; A impenhorabilidade dos valores recebidos pelo beneficiário


do seguro de vida limita-se ao montante de 40 (quarenta) salários mínimos [REsp
1.361.354-RS, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, por unanimidade, julgado em
22/05/2018, DJe 25/06/2018]

VII - os materiais necessários para obras em andamento, salvo se essas forem


penhoradas; CPC, art. 833, § 1º A impenhorabilidade não é oponível à execução de
dívida relativa ao próprio bem, inclusive àquela contraída para sua aquisição.
VIII - a pequena propriedade rural, assim definida em lei, desde que trabalhada
pela família; A impenhorabilidade da pequena propriedade rural pressupõe sua
caracterização como tal [integração da lacuna por analogia segundo a Lei
8.629/1993, artigo 4ª, II, alínea "a"] e efetiva exploração pela família – e é ônus do
executado comprovar -, ainda não seja o imóvel penhorado o único de
propriedade do executado [cf. REsp n. 1.929.519/SP, relator Ministro Ricardo
Villas Bôas Cueva, Terceira Turma, julgado em 21/6/2022, DJe de 24/6/2022; AgInt
no REsp n. 1.863.137/SC, relatora Ministra Nancy Andrighi, Terceira Turma,
julgado em 1/3/2021, DJe de 3/3/2021]. IX - os recursos públicos recebidos por
instituições privadas para aplicação compulsória em educação, saúde ou
assistência social; Para exemplificar a interpretação restrita das regras de
impenhorabilidade, registra-se que são penhoráveis as verbas recebidas por
escola de samba a título de parceria público-privada com a administração pública
[REsp 1.816.095-SC, Rel. Min. Nancy Andrighi, Terceira Turma, por unanimidade,
julgado em 05/11/2019, DJe 07/11/2019].

XI - os recursos públicos do fundo partidário recebidos por partido político, nos


termos da lei;

XII - os créditos oriundos de alienação de unidades imobiliárias, sob regime de


incorporação imobiliária, vinculados à execução da obra.

§ 1º A impenhorabilidade não é oponível à execução de dívida relativa ao próprio


bem, inclusive àquela contraída para sua aquisição.

§ 3º Incluem-se na impenhorabilidade prevista no inciso V do caput os


equipamentos, os implementos e as máquinas agrícolas pertencentes a pessoa
física ou a empresa individual produtora rural, exceto quando tais bens tenham
sido objeto de financiamento e estejam vinculados em garantia a negócio jurídico
ou quando respondam por dívida de natureza alimentar, trabalhista ou
previdenciária.

Fraude a Execução
O titular de crédito consubstanciado em título executivo representativo de
obrigação certa, líquida e exigível [CPC, art. 783] poderá fazer atuar a sanção
jurídica decorrente do inadimplemento, qual seja a responsabilidade patrimonial
do devedor.

Segundo o princípio da patrimonialidade, respondem os bens do devedor


presentes e futuros pela satisfação do crédito [CC, art. 391 c. c. art. 789 do CPC] e
excepcionalmente até os bens pretéritos.

A responsabilidade, assim, pode ser primária, quando incidente sobre bens do


próprio devedor, ou secundária, na hipótese de se atingir bens de terceiros [CPC,
art. 790].

Uma das hipóteses de responsabilidade patrimonial secundária é a sujeição dos


bens do devedor alienados em fraude de execução [CPC, art. 792].

Segundo Liebman, “A fraude toma aspectos mais graves quando praticada depois
de iniciado o processo condenatório ou executório contra o devedor. É que então
não é só mais patente que nunca o intuito de lesar os credores, como também a
alienação dos bens do devedor vem constituir verdadeiro atentado contra o eficaz
desenvolvimento da função jurisdicional já em curso, porque lhe subtrai o objeto
sobre o qual a execução deverá recair”. [in Processo de Execução, 5ª ed., p. 108]. I

Frauda a execução o demandado em ação de conhecimento ou de execução [CPC,


art. 240] que aliena ou onera bens causando ou agravando sua insolvência [CPC,
art. 792] em favor de terceiro de má-fé. Trata-se de ato ilícito [CC, art. 186].
Segundo o art. 774, I: CPC, Art. 774. Considera-se atentatória à dignidade da
justiça a conduta comissiva ou omissiva do executado que: I - frauda a execução; É
possível reconhecer fraude à execução de ofício.

A responsabilidade patrimonial é categoria processual.

A fraude à execução é instituto processual preordenado a tornar ineficaz atentado


à função jurisdicional executiva, que se dá com a redução patrimonial em
desprestígio da efetividade da fase executória, que se desenvolve por impulso
oficial.

“Pela própria natureza de ser um ilícito processual, tal vício é de ordem pública, é
informado pelo princípio inquisitivo e sobre ele pode e deve conhecer de ofício o
juiz, devendo inclusive aplicar a penalidade prevista no art. 774 sem prejuízo de
outras sanções cabíveis. É justamente porque possui uma natureza processual que
tal instituto vem regulamentado pelo CPC no art. 792 com diversos incisos que
tipificam as hipóteses da referida fraude” [ABELHA, Marcelo. Manual de Execução
Civil. 6ª ed. Rio de Janeiro: Forense. 2016, p. 106]. A fraude à execução pode ser
praticada de diversas formas [CPC, art. 792].

A fraude à execução se configura quando:

1. houver prática de negócio jurídico conducente à insolvência;

2. na pendência [CPC, arts. 240 e 312; art. 828] de demanda fundada em direito
real ou obrigação reipersecutória ou obrigação pecuniária diversa apta a reduzi-lo
à insolvência (CPC, art. 792, I e II),

3. causa prevista em lei

Requisitos
 Houver prática de negócio jurídico conducente à insolvência – negócio
oneroso

Se oneroso, necessário registro púbico da constrição. Ausente hipótese de bem


sujeito a registro [exemplo bens móveis diversos], necessária prova da má-fé pelo
exequente [CPC, art. 792, V; STJ, súmula n. 375] e da conduta diligente pelo
adquirente (boa-fé objetiva), providenciando certidões no domicílio do vendedor
e do local do bem.

CPC, art. 792, § 2º CPC, art. 792, § 2º No caso de aquisição de bem não sujeito a
registro, o terceiro adquirente tem o ônus de provar que adotou as cautelas
necessárias para a aquisição, mediante a exibição das certidões pertinentes,
obtidas no domicílio do vendedor e no local onde se encontra o bem. Disciplina da
lei n. 13.097/15. Referida lei, que afeta regra processual civil, derivou de MP,
constitucionalidade congênita [CF, art. 62, §1º,b].

A despeito disso, o CPC/15 é posterior. De todo modo, sobreveio Lei n. 14.382/22,


que disciplina o Sistema Eletrônico dos Registros Públicos [Serp], alterando
redação.

A segurança jurídica dos negócios foi intensificada e igualmente maximizada a


presunção de boa-fé do terceiro adquirente, cuja conduta diligente exigível foi
reduzida substancialmente.

Lei n. 13.097/15,Art. 54. Os negócios jurídicos que tenham por fim constituir,
transferir ou modificar direitos reais sobre imóveis são eficazes em relação a atos
jurídicos precedentes, nas hipóteses em que não tenham sido registradas ou
averbadas na matrícula do imóvel as seguintes informações: (Vigência) I - registro
de citação de ações reais ou pessoais reipersecutórias; II - averbação, por
solicitação do interessado, de constrição judicial, de que a execução foi admitida
pelo juiz ou de fase de cumprimento de sentença, procedendo-se nos termos
previstos no art. 828 da Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015 (Código de
Processo Civil); (Redação dada pela Lei nº 14.382, de 2022) III - averbação de
restrição administrativa ou convencional ao gozo de direitos registrados, de
indisponibilidade ou de outros ônus quando previstos em lei; e IV - averbação,
mediante decisão judicial, da existência de outro tipo de ação cujos resultados ou
responsabilidade patrimonial possam reduzir seu proprietário à insolvência, nos
termos do inciso IV do caput do art. 792 da Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015
(Código de Processo Civil). (Redação dada pela Lei nº 14.382, de 2022) § 1º Não
poderão ser opostas situações jurídicas não constantes da matrícula no registro de
imóveis, inclusive para fins de evicção, ao terceiro de boa-fé que adquirir ou
receber em garantia direitos reais sobre o imóvel, ressalvados o disposto nos arts.
129 e 130 da Lei nº 11.101, de 9 de fevereiro de 2005, e as hipóteses de aquisição
e extinção da propriedade que independam de registro de título de imóvel.
(Renumerado do parágrafo único com redação dada pela Lei nº 14.382, de 2022) §
2º Para a validade ou eficácia dos negócios jurídicos a que se refere o caput deste
artigo ou para a caracterização da boa-fé do terceiro adquirente de imóvel ou
beneficiário de direito real, não serão exigidas: (Incluído pela Lei nº 14.382, de
2022) I - a obtenção prévia de quaisquer documentos ou certidões além daqueles
requeridos nos termos do § 2º do art. 1º da Lei nº 7.433, de 18 de dezembro de
1985; e (Incluído pela Lei nº 14.382, de 2022) II - a apresentação de certidões
forenses ou de distribuidores judiciais. (Incluído pela Lei nº 14.382, de 2022) Lei n.
7.433/85.

Art 1º - Na lavratura de atos notariais, inclusive os relativos a imóveis, além dos


documentos de identificação das partes, somente serão apresentados os
documentos expressamente determinados nesta Lei. § 1º - O disposto nesta Lei se
estende, onde couber, ao instrumento particular a que se refere o art. 61, da Lei
nº 4.380, de 21 de agosto de 1964, modificada pela Lei nº 5.049, de 29 de Junho
de 1966. § 2o O Tabelião consignará no ato notarial a apresentação do documento
comprobatório do pagamento do Imposto de Transmissão inter vivos, as certidões
fiscais e as certidões de propriedade e de ônus reais, ficando dispensada sua
transcrição. (Redação dada pela Lei nº 13.097, de 2015) (Vigência) § 3º - Obriga-se
o Tabelião a manter, em Cartório, os documentos e certidões de que trata o
parágrafo anterior, no original ou em cópias autenticadas.

 Houver prática de negócio jurídico conducente à insolvência – Negócio


gratuito

Se gratuito, presume-se a fraude à execução [STJ aplicando, por analogia, solução


da fraude contra credores (CPC, art. 158)].

CC, Art. 158. Os negócios de transmissão gratuita de bens ou remissão de dívida,


se os praticar o devedor já insolvente, ou por eles reduzido à insolvência, ainda
quando o ignore, poderão ser anulados pelos credores quirografários, como
lesivos dos seus direitos.

CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. EMBARGOS DE TERCEIROS.


DOAÇÃO DE DEVEDOR INSOLVENTE EM FAVOR DO PRÓPRIO FILHO. FRAUDE À
EXECUÇÃO CONFIGURADA. 1. Considera-se em fraude de execução a doação de
imóvel ao descendente quando, ao tempo da doação, corria contra os devedores
demanda capaz de reduzi-los à insolvência. 2. A jurisprudência do STJ reconhece a
importante proteção aos terceiros que adquirem de boa fé bem imóvel sem saber
de ação executiva movida em face do alienante em estado de insolvência. 3.
Entretanto, essa proteção não se justifica quando o doador procura blindar seu
patrimônio dentro da própria família mediante a doação gratuita de seus bens
para seu descendente, com objetivo de fraudar a execução já em curso. 4.
Modificar o entendimento do acórdão recorrido no sentido de que a doação se
efetivou de forma irregular, por meio de prática de ato de alienação em fraude à
execução, demandaria o reexame de fatos e provas, o que é vedado pela Súmula
7/STJ. 5. Recurso especial conhecido e não provido. (REsp n. 1.600.111/SP,
relatora Ministra Nancy Andrighi, Terceira Turma, julgado em 27/9/2016, DJe de
7/10/2016)

Outro requisito é haver pendência [CPC, arts. 240 e 312; art. 828] de demanda
fundada em direito real ou obrigação reipersecutória ou obrigação pecuniária
diversa apta a reduzi-lo à insolvência (CPC, art. 792, I e II), CPC, Art. 240.

A citação válida, ainda quando ordenada por juízo incompetente, induz


litispendência, torna litigiosa a coisa e constitui em mora o devedor, ressalvado o
disposto nos arts. 397 e 398 da Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002 (Código
Civil) . § 1º A interrupção da prescrição, operada pelo despacho que ordena a
citação, ainda que proferido por juízo incompetente, retroagirá à data de
propositura da ação. § 2º Incumbe ao autor adotar, no prazo de 10 (dez) dias, as
providências necessárias para viabilizar a citação, sob pena de não se aplicar o
disposto no § 1º. § 3º A parte não será prejudicada pela demora imputável
exclusivamente ao serviço judiciário. § 4º O efeito retroativo a que se refere o § 1º
aplica-se à decadência e aos demais prazos extintivos previstos em lei.

Art. 312. Considera-se proposta a ação quando a petição inicial for protocolada,
todavia, a propositura da ação só produz quanto ao réu os efeitos mencionados
no art. 240 depois que for validamente citado.

Ausente citação, possível averbação no registro da coisa, suficiente para atestar


ciência do devedor.

CPC, Art. 828. O exequente poderá obter certidão de que a execução foi admitida
pelo juiz, com identificação das partes e do valor da causa, para fins de averbação
no registro de imóveis, de veículos ou de outros bens sujeitos a penhora, arresto
ou indisponibilidade. § 1º No prazo de 10 (dez) dias de sua concretização, o
exequente deverá comunicar ao juízo as averbações efetivadas. § 2º Formalizada
penhora sobre bens suficientes para cobrir o valor da dívida, o exequente
providenciará, no prazo de 10 (dez) dias, o cancelamento das averbações relativas
àqueles não penhorados. § 3º O juiz determinará o cancelamento das averbações,
de ofício ou a requerimento, caso o exequente não o faça no prazo. § 4º Presume-
se em fraude à execução a alienação ou a oneração de bens efetuada após a
averbação. § 5º O exequente que promover averbação manifestamente indevida
ou não cancelar as averbações nos termos do § 2º indenizará a parte contrária,
processando-se o incidente em autos apartados.

CPC, art. 792, § 3º Nos casos de desconsideração da personalidade jurídica, a


fraude à execução verifica-se a partir da citação da parte cuja personalidade se
pretende desconsiderar.

ENFAM, Enunciado n. 52) A citação a que se refere o art. 792, § 3º, do CPC/2015
(fraude à execução) é a do executado originário, e não aquela prevista para o
incidente de desconsideração da personalidade jurídica (art. 135 do CPC/2015).

Art. 792. A alienação ou a oneração de bem é considerada fraude à execução: I -


quando sobre o bem pender ação fundada em direito real ou com pretensão
reipersecutória, desde que a pendência do processo tenha sido averbada no
respectivo registro público, se houver; Direito de sequela decorrente da
propriedade [CC, art. 1.228]. v.

CC, Art. 1.228. O proprietário tem a faculdade de usar, gozar e dispor da coisa, e o
direito de reavê-la do poder de quem quer que injustamente a possua ou detenha.
v.

CPC, Art. 790. São sujeitos à execução os bens:


I - do sucessor a título singular, tratando-se de execução fundada em direito real
ou obrigação reipersecutória;

Não há tutela propriamente dita da responsabilidade patrimonial, senão de


específico bem. Havendo registro da coisa, a averbação por si bastará para
demonstrar ter sido a alienação realizada em fraude à execução. Do contrário,
ausente registro, caberá ao exequente provar a má-fé, assim como ao adquirente
demonstrar ter adotado cautelas próprias segundo a boa-fé objetiva [cf. Lei n.
13.097/15, art. 54, §2º].

II - quando tiver sido averbada, no registro do bem, a pendência do processo de


execução, na forma do art. 828 ;

III - quando tiver sido averbado, no registro do bem, hipoteca judiciária ou outro
ato de constrição judicial originário do processo onde foi arguida a fraude;

Estudo conjunto dos incisos II e III Não averbada, no registro do bem, a pendência
do processo de execução [CPC, art. 828], a hipoteca judiciária [CPC, art. 495], ou
outro ato de constrição judicial originário do processo [CPC, art, 831], porque
ausente forma pública cognoscível por terceiros [registro público], caberá ao
exequente provar a má-fé, assim como ao adquirente demonstrar ter adotado
cautelas próprias segundo a boa-fé objetiva.

STJ, súmula n. 375: O reconhecimento da fraude à execução depende do registro


da penhora do bem alienado ou da prova de má-fé do terceiro adquirente.

IV - quando, ao tempo da alienação ou da oneração, tramitava contra o devedor


ação capaz de reduzi-lo à insolvência;

V - nos demais casos expressos em lei.

§ 1º A alienação em fraude à execução é ineficaz em relação ao exequente.

§ 2º No caso de aquisição de bem não sujeito a registro, o terceiro adquirente tem


o ônus de provar que adotou as cautelas necessárias para a aquisição, mediante a
exibição das certidões pertinentes, obtidas no domicílio do vendedor e no local
onde se encontra o bem.

§ 3º Nos casos de desconsideração da personalidade jurídica, a fraude à execução


verifica-se a partir da citação da parte cuja personalidade se pretende
desconsiderar.

§ 4º Antes de declarar a fraude à execução, o juiz deverá intimar o terceiro


adquirente, que, se quiser, poderá opor embargos de terceiro, no prazo de 15
(quinze) dias.

Art. 792. A alienação ou a oneração de bem é considerada fraude à execução:

IV - quando, ao tempo da alienação ou da oneração, tramitava contra o devedor


ação capaz de reduzi-lo à insolvência;

CPC, art. 792, § 2º No caso de aquisição de bem não sujeito a registro, o terceiro
adquirente tem o ônus de provar que adotou as cautelas necessárias para a
aquisição, mediante a exibição das certidões pertinentes, obtidas no domicílio do
vendedor e no local onde se encontra o bem.

“Esta é a hipótese mais complexa, pois admite que a oneração ou alienação do


bem tenha acontecido enquanto pendia contra o devedor uma ação condenatória,
e, portanto, em um momento em que nenhum tipo de registro o autor/credor
poderia realizar sobre o bem como forma de prevenir ou dar conhecimento a
terceiros da existência da referida demanda. Nessa situação, na eventual
discussão da fraude à execução, deve o juízo sopesar as circunstâncias da causa,
analisando em que condições o terceiro adquiriu o bem, subtraindo do patrimônio
do réu/devedor, ou seja, se tomou todas as cautelas e medidas normais, se foi
diligente, se buscou informações acerca do alienante, se foi assistido por um
corretor etc. Só depois da análise desse contexto é que deve reconhecer a fraude,
declarando ineficaz a alienação em relação ao credor ou rejeitando o incidente e
mantendo o bem sob titularidade do terceiro” [ABELHA, Marcelo. Manual de
Execução Civil. 6ª ed. Rio de Janeiro: Forense. 2016, p. 110]. [REsp n.956.943 -
Julgamento do STJ – representativo de controvérsia]

“PROCESSO CIVIL. RECURSO REPETITIVO. ART. 543-C DO CPC. FRAUDE DE


EXECUÇÃO. EMBARGOS DE TERCEIRO. SÚMULA N. 375/STJ. CITAÇÃO VÁLIDA.
NECESSIDADE. CIÊNCIA DE DEMANDA CAPAZ DE LEVAR O ALIENANTE À
INSOLVÊNCIA. PROVA. ÔNUS DO CREDOR. REGISTRO DA PENHORA. ART. 659, § 4º,
DO CPC. PRESUNÇÃO DE FRAUDE. ART. 615-A, § 3º, DO CPC. 1. Para fins do art.
543-c do CPC, firma-se a seguinte orientação:

1.1.1. É indispensável citação válida para configuração da fraude de execução,


ressalvada a hipótese prevista no § 3º do art. 615-A do CPC.

2.1.2. O reconhecimento da fraude de execução depende do registro da penhora


do bem alienado ou da prova de má-fé do terceiro adquirente (Súmula n.
375/STJ). 3.1.3. A presunção de boa-fé é princípio geral de direito universalmente
aceito, sendo milenar a parêmia: a boa-fé se presume; a má-fé se prova.

4.1.4. Inexistindo registro da penhora na matrícula do imóvel, é do credor o ônus


da prova de que o terceiro adquirente tinha conhecimento de demanda capaz de
levar o alienante à insolvência, sob pena de tornar-se letra morta o disposto no
art. 659, § 4º, do CPC.

5.1.5. Conforme previsto no § 3º do art. 615-A do CPC, presume-se em fraude de


execução a alienação ou oneração de bens realizada após a averbação referida no
dispositivo.

2. Para a solução do caso concreto: 2.1. Aplicação da tese firmada. 2.2. Recurso
especial provido para se anular o acórdão recorrido e a sentença e,
consequentemente, determinar o prosseguimento do processo para a realização
da instrução processual na forma requerida pelos recorrentes. [REsp n. 956.943,
rel. Min. Nancy Andrighi, rel. p/ acórdão Min. João Otávio de Noronha, j.
20.8.2014] Voto divergente da e. Min. Nancy Andrighi [distribuição dinâmica do
ônus da prova]:

“Ciente dessa circunstância, não se está aqui sugerindo o estabelecimento de uma


presunção absoluta contra o terceiro adquirente, mas de lhe impor ônus de
demonstrar a existência de um cenário fático a partir do qual seja razoável inferir
que não havia como ter conhecimento da insolvência do alienante ou da
existência de ações contra ele ajuizadas. O dever de cautela do terceiro
adquirente, portanto, deve ficar restrito à obtenção de certidões nas comarcas de
localização do bem e de residência do alienante nos últimos 05 anos. Nessa última
hipótese, a pesquisa deverá abranger tantos quantos forem os domicílios do
alienante, já que o art. 71 do C/02 admite a multiplicidade de residências”.

Art. 792. A alienação ou a oneração de bem é considerada fraude à execução:

V - nos demais casos expressos em lei.

CPC, art. 856, §3º: penhora de crédito.

Art. 856. A penhora de crédito representado por letra de câmbio, nota


promissória, duplicata, cheque ou outros títulos far-se-á pela apreensão do
documento, esteja ou não este em poder do executado. § 1º Se o título não for
apreendido, mas o terceiro confessar a dívida, será este tido como depositário da
importância. § 2º O terceiro só se exonerará da obrigação depositando em juízo a
importância da dívida. § 3º Se o terceiro negar o débito em conluio com o
executado, a quitação que este lhe der caracterizará fraude à execução. § 4º A
requerimento do exequente, o juiz determinará o comparecimento, em audiência
especialmente designada, do executado e do terceiro, a fim de lhes tomar os
depoimentos.

2. Fraude à execução tributária: CTN, Art. 185. Presume-se fraudulenta a alienação


ou oneração de bens ou rendas, ou seu começo, por sujeito passivo em débito
para com a Fazenda Pública, por crédito tributário regularmente inscrito como
dívida ativa.(Redação dada pela Lcp nº 118, de 2005) Parágrafo único. O disposto
neste artigo não se aplica na hipótese de terem sido reservados, pelo devedor,
bens ou rendas suficientes ao total pagamento da dívida inscrita. (Redação dada
pela Lcp nº 118, de 2005)

Art. 792. A alienação ou a oneração de bem é considerada fraude à execução: § 1º


A alienação em fraude à execução é ineficaz em relação ao exequente. § 4º Antes
de declarar a fraude à execução, o juiz deverá intimar o terceiro adquirente, que,
se quiser, poderá opor embargos de terceiro, no prazo de 15 (quinze) dias.

Consequências Jurídicas
A consequência principal é a ineficácia do negócio perante o exequente.

Art. 792. A alienação ou a oneração de bem é considerada fraude à execução:

§ 4º Antes de declarar a fraude à execução, o juiz deverá intimar o terceiro


adquirente, que, se quiser, poderá opor embargos de terceiro, no prazo de 15
(quinze) dias.

A finalidade da intimação do terceiro é dar-lhe a ciência:

“A jurisprudência exige que o terceiro adquirente ou beneficiado com o ônus real


tenha ciência da demanda para caracterização da fraude à execução, protegendo-
se por aí a boa-fé do terceiro (STJ, 4ª Turma, REsp 784.995/MT, rel. Min. Aldir
Passarinho Júnior, j.14.11.2006, DJ 05.02.2007

O comportamento do terceiro será a apresentação de defesa.

Meios de defesa disponíveis para o terceiro adquirente. O terceiro adquirente, nos


termos do § 4.º, será intimado (e não citado) para se manifestar.

A terminologia é significativa, pois o terceiro não passará a integrar o polo passivo


da execução e não responderá pela dívida, a não ser especificamente em relação
aos bens que adquiriu mediante fraude à execução.

Consequentemente, é natural que o adquirente possa lançar mão dos embargos


de terceiro (arts. 674 e ss.) para afastar a constrição judicial sobre o seu bem. Não
está, contudo, obrigado a tanto, podendo questionar a ocorrência de fraude à
execução mediante simples petição nos autos da própria execução, desde que
suas alegações prescindam de dilação probatória, podendo ser demonstradas por
meio de prova pré-constituída. ” [ROQUE, André. GAJARDONI, Fernando da F.;
DELLORE, Luiz; ROQUE, Andre V.; AL, et. Comentários ao Código de Processo Civil.
[Digite o Local da Editora]: Grupo GEN, 2021. 9786559640249. Disponível em:
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9786559640249/. Acesso em:
07 jul. 2022].

Fraude à execução e o prazo para embargos de terceiro CJF, Processo Civil,


Enunciado n. 102 – A falta de oposição dos embargos de terceiro preventivos no
prazo do art. 792, § 4º, do CPC não impede a propositura dos embargos de
terceiro repressivos no prazo do art. 675 do mesmo Código. Enfam, Enunciado n.
54) A ausência de oposição de embargos de terceiro no prazo de 15 (quinze) dias
prevista no art. 792, § 4º, do CPC/2015 implica preclusão para fins do art. 675,
caput, do mesmo código. FPPC, Enunciado n. 191. (arts. 792, § 4º, 675, caput,
parágrafo único)

O prazo de quinze dias para opor embargos de terceiro, disposto no § 4º do art.


792, é aplicável exclusivamente aos casos de declaração de fraude à execução; os
demais casos de embargos de terceiro são regidos na forma do caput do art. 675.
(Grupo: Execução; redação revista no VI FPPC-Curitiba) Redação original: “O prazo
de quinze dias para opor embargos de terceiro, disposto no § 4º do art. 792, é
aplicável exclusivamente aos casos de declaração de fraude à execução; os demais
casos de embargos de terceiro são regidos pelo prazo do caput do art. 675”.

Embargos do Executado
Natureza Jurídica
Embargos do devedor tem natureza de ação incidental à execução, ação principal.
É a posição consolidada da doutrina, sem prejuízo da disposição dos temas do art.
917 do CPC ser própria de defesa. Deve, portanto, ser observada a disciplina do
art. 319 do CPC.

Finalidade
Os embargos do devedor podem, a depender do pedido, i. desconstituir o título
executivo [vício intrínseco ou extrínseco, a exemplo da falta de testemunhas
instrumentárias ao instrumento particular], ii. voltar-se contra a pretensão
executiva deduzida [cumulação de execuções; excesso de execução].

Natureza jurídica, finalidade e competência


A distribuição dos embargos, acessório, é por dependência [CPC, art. 914, §1º] ao
juízo da execução, via principal, típica competência funcional [CPC, art. 61].

Art. 914. O executado, independentemente de penhora, depósito ou caução,


poderá se opor à execução por meio de embargos. § 1º Os embargos à execução
serão distribuídos por dependência, autuados em apartado e instruídos com
cópias das peças processuais relevantes, que poderão ser declaradas autênticas
pelo próprio advogado, sob sua responsabilidade pessoal. § 2º Na execução por
carta, os embargos serão oferecidos no juízo deprecante ou no juízo deprecado,
mas a competência para julgá-los é do juízo deprecante, salvo se versarem
unicamente sobre vícios ou defeitos da penhora, da avaliação ou da alienação dos
bens efetuadas no juízo deprecado.

Na execução por carta, os embargos podem ser oferecidos no juízo deprecante ou


no juízo deprecado.

A competência para julgá-los é do juízo deprecante, salvo se versarem unicamente


sobre vícios ou defeitos da penhora, da avaliação ou da alienação dos bens
efetuadas no juízo deprecado. Cognição plena [CPC, art. 917, VI], e não limitada
horizontalmente como a da impugnação [CPC, art. 525, §1º].

Interesse Processual
Pode o executado alegar nos embargos “qualquer matéria que lhe seria lícito
deduzir como defesa em processo de conhecimento” [CPC, art. 917, VI].

Os embargos do executado devem ser oferecidos no prazo de 15 dias da juntada


do mandado de citação nos autos [CPC, arts. 915 e 231]. Havendo pluralidade de
executados, “ o prazo para cada um deles embargar conta-se a partir da juntada
do respectivo comprovante da citação, salvo no caso de cônjuges ou de
companheiros, quando será contado a partir da juntada do último” [CPC, art. 915,
§1º].

Tratando-se de execução por carta, conta-se o prazo: i. “da juntada, na carta, da


certificação da citação, quando versarem unicamente sobre vícios ou defeitos da
penhora, da avaliação ou da alienação dos bens”; ii. “II - da juntada, nos autos de
origem, do comunicado de que trata o § 4º deste artigo ou, não havendo este, da
juntada da carta devidamente cumprida, quando versarem sobre questões
diversas da prevista no inciso I deste parágrafo”.

Art. 914. O executado, independentemente de penhora, depósito ou caução,


poderá se opor à execução por meio de embargos. § 1º Os embargos à execução
serão distribuídos por dependência, autuados em apartado e instruídos com
cópias das peças processuais relevantes, que poderão ser declaradas autênticas
pelo próprio advogado, sob sua responsabilidade pessoal.

Art. 915. Os embargos serão oferecidos no prazo de 15 (quinze) dias, contado,


conforme o caso, na forma do art. 231 . § 1º Quando houver mais de um
executado, o prazo para cada um deles embargar conta-se a partir da juntada do
respectivo comprovante da citação, salvo no caso de cônjuges ou de
companheiros, quando será contado a partir da juntada do último. § 2º Nas
execuções por carta, o prazo para embargos será contado: I - da juntada, na carta,
da certificação da citação, quando versarem unicamente sobre vícios ou defeitos
da penhora, da avaliação ou da alienação dos bens; II - da juntada, nos autos de
origem, do comunicado de que trata o § 4º deste artigo ou, não havendo este, da
juntada da carta devidamente cumprida, quando versarem sobre questões
diversas da prevista no inciso I deste parágrafo. § 3º Em relação ao prazo para
oferecimento dos embargos à execução, não se aplica o disposto no art. 229 . § 4º
Nos atos de comunicação por carta precatória, rogatória ou de ordem, a realização
da citação será imediatamente informada, por meio eletrônico, pelo juiz
deprecado ao juiz deprecante. § 4º Nos atos de comunicação por carta precatória,
rogatória ou de ordem, a realização da citação será imediatamente informada, por
meio eletrônico, pelo juiz deprecado ao juiz deprecante.

Legitimidade
É legitimado ativo o executado, aquele demandado em ação de execução, seja ou
não devedor. O curador especial pode opor embargos [STJ, súmula n. 196,
ressalvando inexistir revelia em execução, ausente defesa]. STJ, súmula n. 196. Ao
executado que, citado por edital ou por hora certa, permanecer revel, será
nomeado curador especial, com legitimidade para apresentação de embargos.
Legitimado passivo é o exequente. Se plural, o polo passivo deve ser composto por
aquele afetado pelo pedido dos embargos.

Causa de Pedir dos Embargos


Art. 917. Nos embargos à execução, o executado poderá alegar:

I - inexequibilidade do título ou inexigibilidade da obrigação;

II - penhora incorreta ou avaliação errônea;

De regra, penhora e avaliação são realizadas no mesmo momento [CPC, art. 870].

§ 1º A incorreção da penhora ou da avaliação poderá ser impugnada por simples


petição, no prazo de 15 (quinze) dias, contado da ciência do ato.

Aliás, acerca da avaliação: Art. 873. É admitida nova avaliação quando: I - qualquer
das partes arguir, fundamentadamente, a ocorrência de erro na avaliação ou dolo
do avaliador; II - se verificar, posteriormente à avaliação, que houve majoração ou
diminuição no valor do bem; III - o juiz tiver fundada dúvida sobre o valor atribuído
ao bem na primeira avaliação. Parágrafo único.

Aplica-se o art. 480 à nova avaliação prevista no inciso III do caput deste artigo. III
- excesso de execução ou cumulação indevida de execuções; § 2º Há excesso de
execução quando: I - o exequente pleiteia quantia superior à do título; II - ela recai
sobre coisa diversa daquela declarada no título; III - ela se processa de modo
diferente do que foi determinado no título; IV - o exequente, sem cumprir a
prestação que lhe corresponde, exige o adimplemento da prestação do
executado; V - o exequente não prova que a condição se realizou. § 3º Quando
alegar que o exequente, em excesso de execução, pleiteia quantia superior à do
título, o embargante declarará na petição inicial o valor que entende correto,
apresentando demonstrativo discriminado e atualizado de seu cálculo. § 4º Não
apontado o valor correto ou não apresentado o demonstrativo, os embargos à
execução: I - serão liminarmente rejeitados, sem resolução de mérito, se o excesso
de execução for o seu único fundamento; II - serão processados, se houver outro
fundamento, mas o juiz não examinará a alegação de excesso de execução.

IV - retenção por benfeitorias necessárias ou úteis, nos casos de execução para


entrega de coisa certa;

§ 5º Nos embargos de retenção por benfeitorias, o exequente poderá requerer a


compensação de seu valor com o dos frutos ou dos danos considerados devidos
pelo executado, cumprindo ao juiz, para a apuração dos respectivos valores,
nomear perito, observando-se, então, o art. 464 .

CC, art. 1.221. Art. 1.221. As benfeitorias compensam-se com os danos, e só


obrigam ao ressarcimento se ao tempo da evicção ainda existirem. § 6º O
exequente poderá a qualquer tempo ser imitido na posse da coisa, prestando
caução ou depositando o valor devido pelas benfeitorias ou resultante da
compensação. “Além dos requisitos normais de uma petição inicial, é condição
sine qua non, sob pena de indeferimento inicial dos embargos, que também
venham descritos na peça inicial: (i) as benfeitorias necessárias e úteis49; (ii) o
estado anterior e atual da coisa; (iii) o custo das benfeitorias e o seu valor atual;
(iv) a valorização da coisa decorrente das benfeitorias. Tais exigências decorrem
do fato de que a eventual indenização das benfeitorias restringe-se ao
ressarcimento daquelas (benfeitorias) ainda existentes ao tempo da restituição do
bem. Como todo e qualquer pedido deduzido em juízo deve ser certo e
determinado, nada mais lógico que tais aspectos venham descritos na petição
inicial de embargos do executado”. [ABELHA, Marcelo. Manual de Execução Civil.
6ª ed. Rio de Janeiro: Forense. 2016, p. 499].

V - incompetência absoluta ou relativa do juízo da execução; VI - qualquer matéria


que lhe seria lícito deduzir como defesa em processo de conhecimento.

Pressupostos: 1. requerimento do embargante, 2. requisitos para a concessão da


tutela provisória, 3. Garantia do juízo.

Garantia: abrangência. “O entendimento de que a garantia do juízo deva ser


sempre total poderá ser excepcionalmente afastada, quando a exigência
consubstanciar um extremo gravame ao executado, injustificável à luz da garantia
da menor onerosidade (art. 805 do Novo CPC).

Ainda que essa circunstância deva ser analisada pelo juiz no caso concreto, há um
exemplo que demonstra de maneira bastante clara a possibilidade de concessão
de efeitos suspensivo, ainda que sem a garantia total do juízo.

Trata-se da penhora de percentual de faturamento de empresa, consagrada pelo


art. 866, do Novo CPC, e da penhora de frutos e rendimentos de coisa móvel ou
imóvel, consagrada pelos arts. 867 a 869, do Novo CPC, porque, nesse caso, os
valores serão mensalmente revertidos ao juízo, num primeiro momento servindo
de garantia do juízo”. [NEVES, Daniel Amorim Assumpção. Novo Código de
Processo Civil Comentado artigo por artigo. Salvador: Juspodivm. 2016, p. 1467]

Consequências [limitação objetiva e subjetiva].

Art. 919. Os embargos à execução não terão efeito suspensivo. § 1º O juiz poderá,
a requerimento do embargante, atribuir efeito suspensivo aos embargos quando
verificados os requisitos para a concessão da tutela provisória e desde que a
execução já esteja garantida por penhora, depósito ou caução suficientes. § 2º
Cessando as circunstâncias que a motivaram, a decisão relativa aos efeitos dos
embargos poderá, a requerimento da parte, ser modificada ou revogada a
qualquer tempo, em decisão fundamentada. § 3º Quando o efeito suspensivo
atribuído aos embargos disser respeito apenas a parte do objeto da execução,
esta prosseguirá quanto à parte restante. § 4º A concessão de efeito suspensivo
aos embargos oferecidos por um dos executados não suspenderá a execução
contra os que não embargaram quando o respectivo fundamento disser respeito
exclusivamente ao embargante. § 5º A concessão de efeito suspensivo não
impedirá a efetivação dos atos de substituição, de reforço ou de redução da
penhora e de avaliação dos bens.

Art. 920. Recebidos os embargos: I - o exequente será ouvido no prazo de 15


(quinze) dias; II - a seguir, o juiz julgará imediatamente o pedido ou designará
audiência; III - encerrada a instrução, o juiz proferirá sentença.

Contraditório do exequente, quem pode: i. permanecer inerte [revelia não se trata


formalmente, porque a finalidade dos embargos é, em última medida,
desconstituir o título, presumido legítimo], ii. reconhecer o pedido, iii. contestar.

De resto, a despeito da dicção legal [CPC, art. 920], possível o saneamento do


feito, por aplicação subsidiária do procedimento comum [CPC, art. 771, parágrafo
único]

Impugnação do Executado
Natureza Jurídica
Impugnação do devedor tem natureza de defesa, verdadeiro incidente processual,
com cognição horizontal limitada, limitada ao rol do art. 525,§1º, além de
questões cognoscíveis de ofício seguintes ao trânsito em julgado [CPC, art. 508].

“é um remédio ímpar, porque agrega uma pretensão à desconstituição do


procedimento executivo, que usa como suporte, para tanto, matéria de defesa”
[ABELHA, Marcelo. Manual de Execução Civil. 6ª ed. Rio de Janeiro: Forense. 2016,
p. 469].

Finalidade
Da natureza de defesa é possível extrair duas finalidades: i. dilatória e ii.
peremptória, caso extinga o incidente.

Competência
A competência é naturalmente do juízo prolator da sentença, podendo incidir a
hipótese alternativa em favor do exequente prevista no art. 516, parágrafo único,
do Código de Processo Civil.

Art. 516. O cumprimento da sentença efetuar-se-á perante: I - os tribunais, nas


causas de sua competência originária; II - o juízo que decidiu a causa no primeiro
grau de jurisdição; III - o juízo cível competente, quando se tratar de sentença
penal condenatória, de sentença arbitral, de sentença estrangeira ou de acórdão
proferido pelo Tribunal Marítimo. Parágrafo único. Nas hipóteses dos incisos II e
III, o exequente poderá optar pelo juízo do atual domicílio do executado, pelo
juízo do local onde se encontrem os bens sujeitos à execução ou pelo juízo do
local onde deva ser executada a obrigação de fazer ou de não fazer, casos em que
a remessa dos autos do processo será solicitada ao juízo de origem.

Na execução por carta, os embargos podem ser oferecidos no juízo deprecante ou


no juízo deprecado. A competência para julgá-los é do juízo deprecante, salvo se
versarem unicamente sobre vícios ou defeitos da penhora, da avaliação ou da
alienação dos bens efetuadas no juízo deprecado.
Cognição limitada horizontalmente [CPC, art. 525, §1º], deve ser prestigiada a
coisa julgada.

Interesse Processual
Carece de interesse processual o executado que impugnar reportando questão
não descrita no rol do art. 525, §1º, do Código de Processo Civil. O prazo para
impugnar é de 15 dias.

Transcorrido o prazo previsto no art. 523 sem o pagamento voluntário. [CPC, art.
525].

Logo, intimado para pagar em 15 dias e não o fazendo para impugnar no prazo de
15 dias seguintes.

Art. 525. Transcorrido o prazo previsto no art. 523 sem o pagamento voluntário,
inicia-se o prazo de 15 (quinze) dias para que o executado, independentemente de
penhora ou nova intimação, apresente, nos próprios autos, sua impugnação.

Legitimidade
É legitimado ativo o executado e legitimado passivo o exequente.

“Havendo pluralidade de executados e exequentes, então a legitimidade ativa


para impugnar se submeterá às regras de um possível litisconsórcio facultativo
simples, pois a impugnação é um ônus, e muitas defesas ali ofertadas poderão ser
individualmente opostas. Já no polo passivo, o eventual litisconsórcio é sempre
necessário, pois todos os exequentes, obrigatoriamente, deverão estar no polo
passivo do incidente. Contudo, quanto ao resultado, o litisconsórcio será do tipo
simples, já que, dependendo da modalidade da matéria oposta, o juiz poderá
acolher em relação a um e não a outros exequentes”[ABELHA, Marcelo. Manual
de Execução Civil. 6ª ed. Rio de Janeiro: Forense. 2016, p. 482].

Admissibilidade e Causa de Pedir da Impugnação


Rol taxativo [CPC, art. 507, 508 e 525].

Art. 525. Transcorrido o prazo previsto no art. 523 sem o pagamento voluntário,
inicia-se o prazo de 15 (quinze) dias para que o executado, independentemente de
penhora ou nova intimação, apresente, nos próprios autos, sua impugnação. § 1º
Na impugnação, o executado poderá alegar:

I - falta ou nulidade da citação se, na fase de conhecimento, o processo correu à


revelia; Revel é aquele que não apresentou contestação. Se o réu não foi citado,
revelia tecnicamente não há dizer. Contudo, teria querido dizer o legislador, ao
utilizar a expressão “o processo correu à revelia”, que mesmo sendo hipótese de
citação ficta seguida de nomeação de curador com formal defesa, o vício está
configurado, “pois a contestação do curador especial não supre a revelia, senão
seus efeitos”. [ABELHA, Marcelo. Manual de Execução Civil. 6ª ed. Rio de Janeiro:
Forense. 2016, p. 487].

Acolhida a impugnação fundada no art. 525, § 1º, I, do CPC/2015, o prazo para


apresentar contestação terá início com a intimação acerca dessa decisão.

PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. CUMPRIMENTO DE SENTENÇA.


PREQUESTIONAMENTO PARCIAL. COMPARECIMENTO ESPONTÂNEO DO
EXECUTADO. APRESENTAÇÃO DE IMPUGNAÇÃO FUNDADA NO ART. 525, § 1º, I,
DO CPC/2015. TERMO INICIAL DO PRAZO PARA OFERECER CONTESTAÇÃO.
INAPLICABILIDADE DO ART. 239, § 1º, I, DO CPC/2015. INTIMAÇÃO DA DECISÃO
QUE ACOLHE A IMPUGNAÇÃO. JULGAMENTO: CPC/2015. 1. Recurso especial
interposto em 16/07/2019 e concluso ao gabinete em 10/12/2020. 2. O propósito
recursal é definir o termo inicial do prazo para oferecer contestação na hipótese
de acolhimento da impugnação ao cumprimento de sentença fundada no art. 525,
§ 1º, I, do CPC/2015. 3. A ausência de decisão acerca dos dispositivos legais
indicados como violados impede o conhecimento do recurso especial. 4. A citação
é indispensável à garantia do contraditório e da ampla defesa, sendo o vício de
nulidade de citação o defeito processual mais grave no sistema processual civil
brasileiro. Esta Corte tem entendimento consolidado no sentido de que o defeito
ou inexistência da citação opera-se no plano da existência da sentença.
Caracteriza-se como vício transrescisório que pode ser suscitado a qualquer
tempo, inclusive após escoado o prazo para o ajuizamento da ação rescisória,
mediante simples petição, por meio de ação declaratória de nulidade (querela
nullitatis) ou impugnação ao cumprimento de sentença (art. 525, § 1º, I, do
CPC/2015). 5. A norma do art. 239, § 1º, do CPC/2015 é voltada às hipóteses em
que o réu toma conhecimento do processo ainda na sua fase de conhecimento. O
comparecimento espontâneo do executado na fase de cumprimento de sentença
não supre a inexistência ou a nulidade da citação. Ao comparecer
espontaneamente nessa etapa processual, o executado apenas dar-se-á por
intimado do requerimento de cumprimento e, a partir de então, terá início o prazo
para o oferecimento de impugnação, na qual a parte poderá suscitar o vício de
citação, nos termos do art. 525, § 1º, I, do CPC/2015. 6. Aplicando-se, por
analogia, o disposto no art. 272, § 9º, do CPC/2015 e de forma a prestigiar a
duração razoável do processo, caso acolhida a impugnação fundada no art. 525, §
1º, I, do CPC/2015, o prazo para apresentar contestação terá início com a
intimação acerca dessa decisão. 7. Recurso especial parcialmente conhecido e,
nessa extensão, provido. (REsp 1930225/SP, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI,
TERCEIRA TURMA, julgado em 08/06/2021, DJe 15/06/2021)

Art. 525. II - ilegitimidade de parte;

Art. 525. III - inexequibilidade do título ou inexigibilidade da obrigação; [“coisa


julgada inconstitucional” - Título executivo judicial fundado em lei ou ato
normativo considerado inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal, ou
fundado em aplicação ou interpretação da lei ou do ato normativo tido pelo
Supremo Tribunal Federal como incompatível com a Constituição Federal , em
controle de constitucionalidade concentrado ou difuso § 12. Para efeito do
disposto no inciso III do § 1º deste artigo, considera-se também inexigível a
obrigação reconhecida em título executivo judicial fundado em lei ou ato
normativo considerado inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal, ou
fundado em aplicação ou interpretação da lei ou do ato normativo tido pelo
Supremo Tribunal Federal como incompatível com a Constituição Federal , em
controle de constitucionalidade concentrado ou difuso. § 13. No caso do § 12, os
efeitos da decisão do Supremo Tribunal Federal poderão ser modulados no
tempo, em atenção à segurança jurídica. § 14. A decisão do Supremo Tribunal
Federal referida no § 12 deve ser anterior ao trânsito em julgado da decisão
exequenda. § 15. Se a decisão referida no § 12 for proferida após o trânsito em
julgado da decisão exequenda, caberá ação rescisória, cujo prazo será contado do
trânsito em julgado da decisão proferida pelo Supremo Tribunal Federal.

Art. 525. IV - penhora incorreta ou avaliação errônea; De regra, penhora e


avaliação são realizadas no mesmo momento [CPC, art. 870]. Não o sendo,
possível impugnação posteriormente, tal como quaisquer outras “questões
relativas a fato superveniente ao término do prazo para apresentação da
impugnação, assim como aquelas relativas à validade e à adequação da penhora,
da avaliação e dos atos executivos subsequentes” [CPC, art. 525, §11], no prazo de
15 contado “da comprovada ciência do fato ou da intimação do ato”. § 11. As
questões relativas a fato superveniente ao término do prazo para apresentação da
impugnação, assim como aquelas relativas à validade e à adequação da penhora,
da avaliação e dos atos executivos subsequentes, podem ser arguidas por simples
petição, tendo o executado, em qualquer dos casos, o prazo de 15 (quinze) dias
para formular esta arguição, contado da comprovada ciência do fato ou da
intimação do ato.

Aliás, acerca da avaliação:

Art. 873. É admitida nova avaliação quando: I - qualquer das partes arguir,
fundamentadamente, a ocorrência de erro na avaliação ou dolo do avaliador; II -
se verificar, posteriormente à avaliação, que houve majoração ou diminuição no
valor do bem; III - o juiz tiver fundada dúvida sobre o valor atribuído ao bem na
primeira avaliação. Parágrafo único. Aplica-se o art. 480 à nova avaliação prevista
no inciso III do caput deste artigo.

Art. 525. V - excesso de execução ou cumulação indevida de execuções; § 4º


Quando o executado alegar que o exequente, em excesso de execução, pleiteia
quantia superior à resultante da sentença, cumprir-lhe-á declarar de imediato o
valor que entende correto, apresentando demonstrativo discriminado e atualizado
de seu cálculo. § 5º Na hipótese do § 4º, não apontado o valor correto ou não
apresentado o demonstrativo, a impugnação será liminarmente rejeitada, se o
excesso de execução for o seu único fundamento, ou, se houver outro, a
impugnação será processada, mas o juiz não examinará a alegação de excesso de
execução.

Art. 525. VI - incompetência absoluta ou relativa do juízo da execução; v. art. 516,


parágrafo único.

Art. 525. VII - qualquer causa modificativa ou extintiva da obrigação, como


pagamento, novação, compensação, transação ou prescrição, desde que
supervenientes à sentença.

“Na verdade, carece de melhor técnica a redação do legislador, já que, se a


obrigação foi decorrente da sentença que reconheceu o débito, então não existe a
denominada causa impeditiva da obrigação, mas sim da execução (como a falência
do devedor). Não se poderia cogitar a alegação de causa impeditiva da obrigação
que só agora fosse alegada pelo executado, pois isso afrontaria diretamente os
arts 508 do CPC. Somente quanto às causas modificativas ou extintivas é que há
de se fazer a correlação com a obrigação. Assim, se houve o pagamento
(extintiva), se houve a novação (modificativa) ou compensação (extintiva), ou
transação (extinção) ou ainda prescrição (extintiva), sempre supervenientes à
formação do título executivo, estas poderão ser alegadas por via da impugnação a
que se refere o dispositivo. Há de se ressaltar que nem precisaria dizer ter
ocorrido supervenientemente à sentença, uma vez que, se foi anterior àquela, é
sinal de que a matéria já tenha sido alegada e repelida pelo órgão jurisdicional
(art. 508 do CPC). Há de se lembrar de que o rol elencado nesse inciso é
exemplificativo (qualquer causa), existindo outros meios impeditivos da execução
singular, como, por exemplo, a própria declaração de insolvência civil” [ABELHA,
Marcelo. Manual de Execução Civil. 6ª ed. Rio de Janeiro: Forense. 2016, p. 492].

§ 3º Aplica-se à impugnação o disposto no art. 229.

Art. 229. Os litisconsortes que tiverem diferentes procuradores, de escritórios de


advocacia distintos, terão prazos contados em dobro para todas as suas
manifestações, em qualquer juízo ou tribunal, independentemente de
requerimento. § 1º Cessa a contagem do prazo em dobro se, havendo apenas 2
(dois) réus, é oferecida defesa por apenas um deles. § 2º Não se aplica o disposto
no caput aos processos em autos eletrônicos. § 11. As questões relativas a fato
superveniente ao término do prazo para apresentação da impugnação, assim
como aquelas relativas à validade e à adequação da penhora, da avaliação e dos
atos executivos subsequentes, podem ser arguidas por simples petição, tendo o
executado, em qualquer dos casos, o prazo de 15 (quinze) dias para formular esta
arguição, contado da comprovada ciência do fato ou da intimação do ato
Objeto da impugnação à adjudicação ou à arrematação, no prazo de até 10 dias da
assinatura do auto de adjudicação ou de arrematação [CPC, art. 903, §2º] é bem
restrito [§1º], abrangendo, em suma, atos executivos posteriores à penhora e à
avaliação [cf. CPC, art. 525, §11], além de “Todas as questões relativas à validade
do procedimento de cumprimento da sentença e dos atos executivos
subsequentes poderão ser arguidas pelo executado nos próprios autos e nestes
serão decididas pelo juiz” [CPC, art. 518]. Outrossim, deve o executado agir com
especial cautela, porque referida impugnação inviabilizará o arrematante desistir,
podendo ser sancionado por ato atentatório à dignidade da justiça “em montante
não superior a vinte por cento do valor atualizado do bem” [CPC, art. 903, §§5º e
6º]. [reforçando]

CPC, art. 525, § 11. As questões relativas a fato superveniente ao término do prazo
para apresentação da impugnação, assim como aquelas relativas à validade e à
adequação da penhora, da avaliação e dos atos executivos subsequentes, podem
ser arguidas por simples petição, tendo o executado, em qualquer dos casos, o
prazo de 15 (quinze) dias para formular esta arguição, contado da comprovada
ciência do fato ou da intimação do ato

Impugnação a adjudicação e arrematação


[ C PC , art . 903, §2º]

Pressupostos: 1. Requerimento do executado, 2. Garantido o juízo com penhora,


caução ou depósito suficientes, 3. Fundamentos relevantes; 4. Risco de grave dano
de difícil ou incerta reparação. Consequências: CPC, art. 525, § 6º A apresentação
de impugnação não impede a prática dos atos executivos, inclusive os de
expropriação, podendo o juiz, a requerimento do executado e desde que
garantido o juízo com penhora, caução ou depósito suficientes, atribuir-lhe efeito
suspensivo, se seus fundamentos forem relevantes e se o prosseguimento da
execução for manifestamente suscetível de causar ao executado grave dano de
difícil ou incerta reparação. § 7º A concessão de efeito suspensivo a que se refere
o § 6º não impedirá a efetivação dos atos de substituição, de reforço ou de
redução da penhora e de avaliação dos bens § 8º Quando o efeito suspensivo
atribuído à impugnação disser respeito apenas a parte do objeto da execução,
esta prosseguirá quanto à parte restante. § 9º A concessão de efeito suspensivo à
impugnação deduzida por um dos executados não suspenderá a execução contra
os que não impugnaram, quando o respectivo fundamento disser respeito
exclusivamente ao impugnante. § 10. Ainda que atribuído efeito suspensivo à
impugnação, é lícito ao exequente requerer o prosseguimento da execução,
oferecendo e prestando, nos próprios autos, caução suficiente e idônea a ser
arbitrada pelo juiz. Tutela da evidência em impugnação? “Lamento que o §6º do
art. 525 do Novo CPC não tenha seguido o exemplo do §1º do art. 919, do Novo
CPC, que ao prever a concessão do efeito suspensivo impróprio aos embargos à
execução aponta os requisitos da tutela provisória. Dessa forma, além da tutela de
urgência, também a tutela de evidência legitima a concessão de efeito suspensivo
aos embargos à execução. Ainda que a impugnação não tenha natureza de ação e
que o artigo ora analisado tenha se limitado a prever os requisitos da tutela de
urgência, entendo possível que tal concessão também se funde na tutela da
evidência, com aplicação subsidiária do art. 919, §1º, do Novo CPC” [NEVES, Daniel
Amorim Assumpção. Novo Código de Processo Civil Comentado artigo por artigo.
Salvador: Juspodivm. 2016, p. 919]

Efeito Suspensivo
Impugnação por petição com o rigor compatível do art. 319 do Código de
Processo Civil. Contraditório do exequente, quem pode: i. permanecer inerte, ii.
reconhecer o pedido, iii. manifestar-se. Posteriormente, provimento jurisdicional,
podendo ser sentença, se terminativo do cumprimento de sentença ou decisão
[CPC, art. 203, §§1º e 2º].
CPC, Art. 203. Os pronunciamentos do juiz consistirão em sentenças, decisões
interlocutórias e despachos. § 1º Ressalvadas as disposições expressas dos
procedimentos especiais, sentença é o pronunciamento por meio do qual o juiz,
com fundamento nos arts. 485 e 487 , põe fim à fase cognitiva do procedimento
comum, bem como extingue a execução. § 2º Decisão interlocutória é todo
pronunciamento judicial de natureza decisória que não se enquadre no § 1º. § 3º
São despachos todos os demais pronunciamentos do juiz praticados no processo,
de ofício ou a requerimento da parte. § 4º Os atos meramente ordinatórios, como
a juntada e a vista obrigatória, independem de despacho, devendo ser praticados
de ofício pelo servidor e revistos pelo juiz quando necessário.

Processo Autônomo de Execução


O que é tutela jurisdicional executiva?
Da necessidade de solucionar as crises jurídicas:

 Crise de certeza, solucionada através de um processo de conhecimento,


mas esta somente não basta;
 Após surge uma crise de satisfação, solucionada através de um processo
de satisfação, onde nasce a tutela executiva.

Assim cria-se mecanismos para efetivação da tutela executiva.

Atualmente, diversamente do regramento do CPC de 1973 no qual a execução era


realizada em autos apartados, vige o sicretismo processual, pelo CPC de 2015, de
modo que no mesmo processo de conhecimento faz-se o pedido de execução.

Isso dependerá, contudo, do título a ser satisfeito:

 TEJ – Art. 515, CPC


 TEE – art. 784, CPC

Art. 515. São títulos executivos judiciais, cujo cumprimento dar-se-á de acordo
com os artigos previstos neste Título: I - as decisões proferidas no processo civil
que reconheçam a exigibilidade de obrigação de pagar quantia, de fazer, de não
fazer ou de entregar coisa; II - a decisão homologatória de autocomposição
judicial; III - a decisão homologatória de autocomposição extrajudicial de qualquer
natureza; IV - o formal e a certidão de partilha, exclusivamente em relação ao
inventariante, aos herdeiros e aos sucessores a título singular ou universal; V - o
crédito de auxiliar da justiça, quando as custas, emolumentos ou honorários
tiverem sido aprovados por decisão judicial.

Conforme §º1º, a única particularidade nos processos de execução de titulo


executivos extrajudiciais é somente a citação, tendo a mesma natureza a execução
de títulos judiciais.

Tema Repetitivo 893. 2. O Código de Processo Civil, assim como a Lei da


Arbitragem, confere a natureza de título executivo judicial à sentença arbitral,
distinguindo apenas o instrumento de comunicação processual do executado.
Com efeito, em se tratando de cumprimento de sentença arbitral, a angularização
da relação jurídica processual dar-se-á mediante citação do devedor no processo
de liquidação ou de execução em vez da intimação promovida nos processos
sincréticos (nos quais ocorrida a citação no âmbito de precedente fase de
conhecimento). Eis, portanto, a única diferença procedimental entre o
cumprimento da sentença proferida no processo civil e o da sentença arbitral. 3.
Nessa ordem de ideias, à exceção da ordem de citação (e não de intimação
atinente aos processos sincréticos), a execução da sentença arbitral condenatória
de obrigação de pagar quantia certa observa o mesmo procedimento previsto
para as sentenças civis de idêntico conteúdo, qual seja, o regime previsto nos
artigos 475-J a 475-R do CPC. (STJ - RESP: 1102460 RJ 2008/0255844-7, Relator:
Ministro MARCO BUZZI, Data de Julgamento: 17/06/2015, CORTE ESPECIAL)
Poderia dizer que a execução de títulos judiciais SEMPRE será por cumprimento de
sentença? No caso do devedor insolvente, seguirá o CPC de 73, ou seja, o processo
executivo autônomo, conforme prevê o artigo 1052, CPC. Ou seja, o CPC de 1973
não foi inteiramente revogado.

No caso do processo autônomo de execução, a sistemática aplicada é diferente.

Embora não haja previsão de penhora, ocorre aplicação subsidiária das normas do
processo autônomo de execução ao cumprimento de sentença e vice versa.

Art. 513. O cumprimento da sentença será feito segundo as regras deste Título,
observando-se, no que couber e conforme a natureza da obrigação, o disposto no
Livro II da Parte Especial deste Código.

Art. 771. Este Livro regula o procedimento da execução fundada em título


extrajudicial, e suas disposições aplicam-se, também, no que couber, aos
procedimentos especiais de execução, aos atos executivos realizados no
procedimento de cumprimento de sentença, bem como aos efeitos de atos ou
fatos processuais a que a lei atribuir força executiva. Parágrafo único. Aplicam-se
subsidiariamente à execução as disposições do Livro I da Parte Especial.

Formas Executivas
Fazer com que o devedor inadimplente seja compelido a pagar, prevalecendo a
vontade do direito.

Pode ser por sub-rogação ou direta: a vontade do devedor não importa, pois o
Estado substitui esta vontade pelo direito. A responsabilidade é patrimonial,
assim, o Estado adentra no patrimônio do executado para que este seja
transferido ao credor. Ex: penhora.

Ou execução por coerção indireta: oferece benefícios ou malefícios ao executado.


Ex: redução de honorários advocatícios se pagar em 3 dias; astreintes; prisão civil.

Meios Executivos Atípicos


Art. 139. O juiz dirigirá o processo conforme as disposições deste Código,
incumbindo-lhe: IV - determinar todas as medidas indutivas, coercitivas,
mandamentais ou sub-rogatórias necessárias para assegurar o cumprimento de
ordem judicial, inclusive nas ações que tenham por objeto prestação pecuniária;

Mas neste caso há conflito de interesses: o direito a execução menos gravosa x


direito do credor ao crédito. Assim quais as diretrizes a serem seguidas?

RECURSO ESPECIAL. EXECUÇÃO DE TÍTULO EXTRAJUDICIAL. APLICAÇÃO DE


MEDIDAS EXECUTIVAS ATÍPICAS. ART. 139, IV, DO CPC/15. CABIMENTO, EM TESE.
DELINEAMENTO DE DIRETRIZES A SEREM OBSERVADAS PARA SUA APLICAÇÃO. (...)
4. A interpretação sistemática do ordenamento jurídico revela, todavia, que tal
previsão legal não autoriza a adoção indiscriminada de qualquer medida
executiva, independentemente de balizas ou meios de controle efetivos. 5. De
acordo com o entendimento do STJ, as modernas regras de processo, ainda
respaldadas pela busca da efetividade jurisdicional, em nenhuma circunstância
poderão se distanciar dos ditames constitucionais, apenas sendo possível a
implementação de comandos não discricionários ou que restrinjam direitos
individuais de forma razoável. Precedente específico. 6. A adoção de meios
executivos atípicos é cabível desde que, verificando-se a existência de indícios de
que o devedor possua patrimônio expropriáve l, tais medidas sejam adotadas de
modo subsidiário, por meio de decisão que contenha fundamentação adequada
às especificidades da hipótese concreta, com observância do contraditório
substancial e do postulado da proporcionalidade. (STJ - RESP 1896421/SP 3ª
Turma em 15/04/2021)
RECURSO ESPECIAL. AGRAVO DE INSTRUMENTO. MEDIDAS EXECUTIVAS ATÍPICAS.
CABIMENTO DE FORMA SUBSIDIÁRIA. SUSPENSÃO DE CNH E APREENSÃO DE
PASSAPORTE. POSSIBILIDADE. NECESSIDADE DE OBSERVÂNCIA AO
CONTRADITÓRIO E À PROPORCIONALIDADE. QUEBRA DE SIGILO BANCÁRIO.
FINALIDADE DE SATISFAÇÃO DE DIREITO PATRIMONIAL DISPONÍVEL. INTERESSE
MERAMENTE PRIVADO. DESCABIMENTO. RECURSO PARCIALMENTE CONHECIDO
E, NESSA EXTENSÃO, PARCIALMENTE PROVIDO. (...) 7. Portanto, a quebra de sigilo
bancário destinada tão somente à satisfação do crédito exequendo (visando à
tutela de um direito patrimonial disponível, isto é, um interesse eminentemente
privado) constitui mitigação desproporcional desse direito fundamental - que
decorre dos direitos constitucionais à inviolabilidade da intimidade (art. 5º, X, da
CF/1988) e do sigilo de dados (art. 5º, XII, da CF/1988), mostrando-se, nesses
termos, descabida a sua utilização como medida executiva atípica. (STJ - RESP:
1951176 SP 3ª TURMA em 28/10/2021)

HABEAS CORPUS CONCEDIDO, DE MODO A DETERMINAR, COMO FORMA DE


PRESERVAR O DIREITO FUNDAMENTAL DE IR E VIR DO PACIENTE, A EXCLUSÃO
DAS MEDIDAS ATÍPICAS CONSTANTES DO ARESTO DO TJ⁄PR, APONTADO COMO
COATOR, QUAIS SEJAM, (I) A SUSPENSÃO DA CARTEIRA NACIONAL DE
HABILITAÇÃO, (II) A APREENSÃO DO PASSAPORTE, CONFIRMANDO-SE A LIMINAR
DEFERIDA. Para tanto, o Poder Público se reveste da Execução Fiscal, de modo que
já se tornou lugar comum afirmar que o Estado é superprivilegiado em sua
condição de credor. (...) Nesse raciocínio, é de imediata conclusão que medidas
atípicas aflitivas pessoais, tais como a suspensão de passaporte e da licença para
dirigir, não se firmam placidamente no Executivo Fiscal. (STJ - HC: 453870/PR 1ª
turma em 15/08/2019)

ADI 5941 de relatoria do Min. Luiz Fux questiona o art. 139, IV, CPC.

Princípios
Não há execução sem título (Nulla executio sine titulo). Conceito: Título executivo
é documento que representa uma obrigação, a que a norma atribuiu a eficácia
executiva. (Nulla titulus sine lege) Critério: O que leva em consideração o
legislador a atribuir essa eficácia executiva? O titulo deve estar previsto em lei –
art. 784, CPC.

Art. 784. São títulos executivos extrajudiciais:

I - a letra de câmbio, a nota promissória, a duplicata, a debênture e o cheque;

II - a escritura pública ou outro documento público assinado pelo devedor;

III - o documento particular assinado pelo devedor e por 2 (duas) testemunhas;

IV - o instrumento de transação referendado pelo Ministério Público, pela


Defensoria Pública, pela Advocacia Pública, pelos advogados dos transatores ou
por conciliador ou mediador credenciado por tribunal;

V - o contrato garantido por hipoteca, penhor, anticrese ou outro direito real de


garantia e aquele garantido por caução;

VI - o contrato de seguro de vida em caso de morte;

VII - o crédito decorrente de foro e laudêmio;

VIII - o crédito, documentalmente comprovado, decorrente de aluguel de imóvel,


bem como de encargos acessórios, tais como taxas e despesas de condomínio;

IX - a certidão de dívida ativa da Fazenda Pública da União, dos Estados, do Distrito


Federal e dos Municípios, correspondente aos créditos inscritos na forma da lei;
X - o crédito referente às contribuições ordinárias ou extraordinárias de
condomínio edilício, previstas na respectiva convenção ou aprovadas em
assembleia geral, desde que documentalmente comprovadas;

XI - a certidão expedida por serventia notarial ou de registro relativa a valores de


emolumentos e demais despesas devidas pelos atos por ela praticados, fixados
nas tabelas estabelecidas em lei;

XII - todos os demais títulos aos quais, por disposição expressa, a lei atribuir força
executiva.

§ 1º A propositura de qualquer ação relativa a débito constante de título executivo


não inibe o credor de promover-lhe a execução.

§ 2º Os títulos executivos extrajudiciais oriundos de país estrangeiro não


dependem de homologação para serem executados. – a sentença estrangeira
deve ser homologada pelo STJ, mas um contrato estrangeiro não possui tal
condição.

§ 3º O título estrangeiro só terá eficácia executiva quando satisfeitos os requisitos


de formação exigidos pela lei do lugar de sua celebração e quando o Brasil for
indicado como o lugar de cumprimento da obrigação.
Art. 785. A existência de título executivo extrajudicial não impede a parte de
optar pelo processo de conhecimento, a fim de obter título executivo judicial.

Atributos do TEE
CLER – certo, liquido e exigível.

 Certo: identificação objetiva e subjetiva, ou seja, qual obrigação e para


qual sujeito.
 Liquido: valor discriminado.
 Exigível: inadimplemento do devedor.

Art. 786. A execução pode ser instaurada caso o devedor não satisfaça a obrigação
certa, líquida e exigível consubstanciada em título executivo. Parágrafo único. A
necessidade de simples operações aritméticas para apurar o crédito exequendo
não retira a liquidez da obrigação constante do título.

TEEs em Espécie
Previstos no CPC, 784.

Rol meramente exemplificativo, vez que previstos em outras leis TEEs.

I - a letra de câmbio, a nota promissória, a duplicata, a debênture e o cheque;

Debeture: assemelha-se a contrato de mútuo. É emitida pela AS, que recebe o


crédito e a paga no vencimento. Não pode ser transmissível por endosso.

Letra de cambio: Renato deve a mim. Renato diz que Ricardo o pagará, e faz uma
letra de cambio, que, a partir do aceite de Ricardo, torna-se exigível.

Duplicata: é titulo causal, emitido para situações especificas, ou seja, prestação de


serviços ou envio de mercadoria, que, a o receber, assina a NF emitida, a qual
torna-se duplicata. Se não houver o aceite, deverá ser protestada para que
somente então seja executada.

Cheque: prazo prescricional de 6 meses de sua emissão. Mas após é possível


ingressar com monitória no prazo de 5 anos da emissão – Sumula 503, STJ.

Nota promissória: prazo executivo de 3 anos. monitoria no prazo de 5 anos do


vencimento.
Em razão da circularidade, os títulos de credito são transmissíveis por endosso,
por isso, deve ser apresentado o documento original para a execução, a fim de
que este não mais circule.

II - a escritura pública ou outro documento público assinado pelo devedor;

Escritura pública: firmada junto ao notário.

Outro documento público: lavrado por autoridade pública. Ex: nota de empenho.

III - o documento particular assinado pelo devedor e por 2 (duas) testemunhas;

As testemunhas deverão estar presentes quando da celebração do documento,


para que sejam chamadas.

IV - o instrumento de transação referendado pelo Ministério Público, pela


Defensoria Pública, pela Advocacia Pública, pelos advogados dos transatores ou
por conciliador ou mediador credenciado por tribunal;

Documento de autocomposição (acordo) entre as partes, e referendado pelo MP,


advogados, etc, que substituirão eventuais testemunhas.

V - o contrato garantido por hipoteca, penhor, anticrese ou outro direito real de


garantia e aquele garantido por caução;

Contrato com garantia real.

Caução é gênero: pode ser garantia real (hipoteca, penhor, anticrese) ou


fidejussória (fiador).

VI - o contrato de seguro de vida em caso de morte;

Contrato de seguro de vida em caso de morte.

VII - o crédito decorrente de foro e laudêmio;

Credito de foro e laudêmio decorrem de enfiteuse, que foi escrita pelo artigo
2038, CC, regulada ainda pelo CC de 1916.

VIII – o crédito, documentalmente comprovado, decorrente de aluguel de imóvel,


bem como de encargos acessórios, tais como taxas e despesas de condomínio;

Contrato de aluguel, sendo as despesas acessórias executivas também, para fins


de ressarcimento.

IX - a certidão de dívida ativa da Fazenda Pública da União, dos Estados, do Distrito


Federal e dos Municípios, correspondente aos créditos inscritos na forma da lei;

TEEs unilaterais.

X - o crédito referente às contribuições ordinárias ou extraordinárias de


condomínio edilício, previstas na respectiva convenção ou aprovadas em
assembleia geral, desde que documentalmente comprovadas;

TEEs unilaterais.

XI - a certidão expedida por serventia notarial ou de registro relativa a valores de


emolumentos e demais despesas devidas pelos atos por ela praticados, fixados
nas tabelas estabelecidas em lei;

TEEs unilaterais.

XII - todos os demais títulos aos quais, por disposição expressa, a lei atribuir força
executiva.
Legitimidade Ativa e Passiva na Execução
Legitimidade ativa
 Credor e quem detenha o título

Não precisa ser o indicado no título, mas somente quem o detiver tendo em vista
a circularidade e cartularidade dos títulos de crédito por endosso.

Credor: legitimidade ordinária e primaria.

Art. 778. Pode promover a execução forçada o credor a quem a lei confere título
executivo.

 Ministério Público

I - o Ministério Público, nos casos previstos em lei;

Atua em legitimação extraordinária, na defesa dos hipossuficientes e da


coletividade.

No caso de locais sem defensoria pública, atuará também na defesa dos


hipossuficientes.

Atua em legitimação extraordinária no caso de execução de TAC.

No caso de ACP e Ação Popular, se não houve a execução pelo legirimiado que
ajuizou a ação, em 60 dias do transito em julgado, o MP tem o dever de executar a
sentença.

No caso de fluid recovery (banco retem 1 centavo de cada correntista), cabe ao


MP executar a decisão, diante do desinteresse dos correntistas de executarem a
decisão, para conferir o efeito pedagógico – CPC, 100.

 Espolio, herdeiros e sucessores

II - o espólio, os herdeiros ou os sucessores do credor, sempre que, por morte


deste, lhes for transmitido o direito resultante do título executivo;

Legitimação ordinária e superveniente (ou secundaria).

Em razão da morte, a legitimação é superveniente (ou secundaria).

 Cessionário

III - o cessionário, quando o direito resultante do título executivo lhe for


transferido por ato entre vivos;

Cedente e cessionário vinculados, de forma que o cessionário adquire legitimidade


ativa.

Não é necessária anuência do devedor.

 Sub-rogado

IV - o sub-rogado, nos casos de sub-rogação legal ou convencional.

É o caso do fiador, que é executado pelo credor, e pode executar o devedor, com
base no titulo originário.

Legitimidade passiva
CPC, 779.

 Devedor

I - o devedor, reconhecido como tal no título executivo;

 Espolio e sucessores do devedor


II - o espólio, os herdeiros ou os sucessores do devedor;

No limite do valor da herança.

 Novo devedor

III - o novo devedor que assumiu, com o consentimento do credor, a obrigação


resultante do título executivo;

Assunção de dívida. É necessária anuência do credor.

A legitimação é ordinária e superveniente (decorre de contrato de assunção de


divida).

 Fiador

IV - o fiador do débito constante em título extrajudicial;

CPC, 794. Há beneficio de ordem, sendo executados primeiro os bens do devedor.

 Garantidor de garantia real

V - o responsável titular do bem vinculado por garantia real ao pagamento do


débito;

 Responsável tributário

VI - o responsável tributário, assim definido em lei.

Exemplo: socio gerente.

CTN, 134 e 135.

Legitimidade extraordinário – em nome próprio na defesa de interesse de outrem.

Cumulação objetiva de execuções


CPC, 780 – Possibilidade de cumulação objetiva de execuções pelo exequente.

É necessária identidade de competencia do juízo, identidade de executado e de


procedimento.

Caiu em 2022 na prova TJAP, da FGV.

Competencia
Justiça especializada ou justiça comum?? somente no caso de títulos formados e
que sejam objeto de justiça especializada. Ex: TAC do MPT.

Competencia territorial é relativa, devendo ser alegada em 15 dias, sob pena de


prorrogação da competencia.

No caso da competencia territorial é necessário analisar o CPC, 781.

Art. 781. A execução fundada em título extrajudicial será processada perante o


juízo competente, observando-se o seguinte:

I - a execução poderá ser proposta no foro de domicílio do executado, de eleição


constante do título ou, ainda, de situação dos bens a ela sujeitos;

II - tendo mais de um domicílio, o executado poderá ser demandado no foro de


qualquer deles;

III - sendo incerto ou desconhecido o domicílio do executado, a execução poderá


ser proposta no lugar onde for encontrado ou no foro de domicílio do exequente;

IV - havendo mais de um devedor, com diferentes domicílios, a execução será


proposta no foro de qualquer deles, à escolha do exequente;
V - a execução poderá ser proposta no foro do lugar em que se praticou o ato ou
em que ocorreu o fato que deu origem ao título, mesmo que nele não mais resida
o executado.

Art. 782. Não dispondo a lei de modo diverso, o juiz determinará os atos
executivos, e o oficial de justiça os cumprirá.

§ 1º O oficial de justiça poderá cumprir os atos executivos determinados pelo juiz


também nas comarcas contíguas, de fácil comunicação, e nas que se situem na
mesma região metropolitana.

§ 2º Sempre que, para efetivar a execução, for necessário o emprego de força


policial, o juiz a requisitará.

§ 3º A requerimento da parte, o juiz pode determinar a inclusão do nome do


executado em cadastros de inadimplentes.

§ 4º A inscrição será cancelada imediatamente se for efetuado o pagamento, se


for garantida a execução ou se a execução for extinta por qualquer outro motivo.

§ 5º O disposto nos §§ 3º e 4º aplica-se à execução definitiva de título judicial.

Há competência territorial concorrente e subsidiária.

O foro de eleição do titulo é o prevalente, devendo ser o inicialmente adotado.

Qual o foro para executar titulo executivo extrajudicial internacional? Se não


houver foro de eleição, deverá ser onde o executado tiver bens, ou, se não tiver
bens, no foro do domicilio do exequente. Se o exequente não residir no brasil,
poderá ser adotado qualquer foro.

Vide regras especiais do CPC, 46.

Conexão
CPC, 55.

Execução TEE e Ação de conhecimento em tramite – as ações não tem mesma


causa de pedir e pedidos, contudo, possuem identidade de partes.

Há conexão??

Sim, há conexão pela teoria materialista, vez que embora a causa de pedir e os
pedidos sejam distintos, havendo relação de prejudicialidade, há conexão.

No caso concreto, havia duas ações: em uma delas o autor (empresa 1) executava
uma dívida da devedora (empresa 2). A executada, por sua vez, ajuizou ação
declaratória de inexistência da relação afirmando que nada deve para a empresa
1. Nesta situação, o STJ reconheceu que havia conexão por prejudicialidade e
decidiu o seguinte: “pode ser reconhecida a conexão e determinada a reunião
para julgamento conjunto de um processo executivo com um processo de
conhecimento no qual se pretenda a declaração da inexistência da relação jurídica
que fundamenta a execução, desde que não implique modificação de
competência absoluta. STJ. 4ª Turma. RESP 1221941-RJ, Rel. Min. Luis Felipe
Salomão, julgado em 24/2/2015 (Info 559)

Art. 55, § 2º Aplica-se o disposto no caput : I - à execução de título extrajudicial e à


ação de conhecimento relativa ao mesmo ato jurídico; II - às execuções fundadas
no mesmo título executivo.

Execução fiscal
Procedimento especial de execução por TEE especial, a CDA.

CPC, art. 46 e Lei 6830/90, 5º.


Responsabilidade Patrimonial
Ao devedor responde por seu patrimônio, somente.

Art. 789. O devedor responde com todos os seus bens presentes e futuros para o
cumprimento de suas obrigações, salvo as restrições estabelecidas em lei.

Mas e no caso de prisão civil? Trata-se de medida executiva imprópria, vez que
não exclui a divida, somente atua como meio coercitivo de adimplemento.

Responsabilidade Primária x Responsabilidade Secundária (SCHULD X


HAFTUNG).
Caso não haja o adimplemento do credito, surge a divida, e assim, um devedor.

O devedor tem responsabilidade primaria – o débito “SCHULD” e, também, o


dever de pagar “HAFTUNG”.

A responsabilidade secundária advém da determinação legal. Neste caso, não há o


débito, o “SCHULD, mas somente o dever de pagar “HAFTUNG”, por previsão
legal. Ex: fiador, os pais, etc.

Assim, dispõe o CPC:

Art. 790. São sujeitos à execução os bens:

I - do sucessor a título singular, tratando-se de execução fundada em direito real


ou obrigação reipersecutória;

II - do sócio, nos termos da lei;

Atenção ao CC, 50 e CPC, 28.

III – do devedor, ainda que em poder de terceiros;

Esta previsão não deveria estar neste artigo.

IV – do cônjuge ou companheiro, nos casos em que seus bens próprios ou de sua


meação respondem pela dívida;

Apenas quando um deles tem Resp. Primária e o outro tem Resp. Secundária.
Ocorrerá nos seguintes casos:

a) Obrigação contraída por ambos – Serão ambos devedores.

b) Um é devedor e o outro será coobrigado (equiparação por lei material - Art.


1643 e 1644 do CC) – Obrigação contraída em benefício de ambos ou da família.

Intimado, o cônjuge poderá apresentar embargos à execução (litisconsórcio


passivo ulterior) ou através de embargos de terceiros, no qual será discutido se a
divida foi revertida em favor da família.

c) A responsabilidade será secundária apenas quando um deles tem Resp. Primária


– DEVEDOR - e o outro cônjuge não tinha qualquer ligação com essa obrigação
contraída.

Obs. Regime de separação absoluta esquece, mas em outros regimes, quando


tiver penhora de bem imóvel do casal, intima o outro cônjuge não devedor ao
processo de execução para se manifestar. Aplica o dispositivo. A partir da
penhora..

V - alienados ou gravados com ônus real em fraude à execução;

Fraude a execução reconhecida em ação pauliana.

A responsabilidade é primária, vez que o bem tem a ali8enação anulada, e


executa-se o devedor ordinário, através da penhora deste bem, de sua
propriedade.
VI - cuja alienação ou gravação com ônus real tenha sido anulada em razão do
reconhecimento, em ação autônoma, de fraude contra credores;

VII - do responsável, nos casos de desconsideração da personalidade jurídica.

Disposições Gerais
CPC, 797 a 805.

Petição inicial: indicação do TEE, com obrigação certa, liquida e exigível.

Indicar também eventual condição e termo do TEE, sob pena de nulidade da


execução.

Após, há despacho de citação do executado.

Este despacho interrompe a prescrição, que retroage à data da propositura da


lide.

No ato de citação, ainda que não encontrado o executado, se o oficial localizar


bens (ex: semoventes) poderá arrestá-los.

A execução observará sempre a menor onerosidade ao devedor.

Após a primeira tentativa de citação, o OF retornará e tentará citar o executado


por duas vezes em dias e horas diversos. Não havendo localização, poderá citalo
por hora certa.

Decorrido o prazo e não pago o credito, iniciarão os atos constritivos.

É possível o arresto online mesmo que não tenha ocorrido citação? Sim!!

PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. AÇÃO DE EXECUÇÃO DE TÍTULO


EXTRAJUDICIAL. ARRESTO EXECUTIVO ELETRÔNICO. TENTATIVA DE LOCALIZAÇÃO
DO EXECUTADO FRUSTRADA. ADMISSIBILIDADE. EXAURIMENTO DAS TENTATIVAS
DE CITAÇÃO. PRESCINDIBILIDADE. JULGAMENTO: CPC/15. 1. Ação de execução de
título extrajudicial ajuizada em 10/08/2018, da qual foi extraído o presente
recurso especial, interposto em 26/12/2018 e distribuído ao gabinete em
25/06/2019. Julgamento: CPC/15. 2. O propósito recursal consiste em decidir
acerca da admissibilidade de arresto executivo na modalidade on-line, antes de
esgotadas as tentativas de citação do devedor. 3. O arresto executivo, previsto no
art. 830 do CPC/15, busca evitar que os bens do devedor não localizado se
percam, a fim de assegurar a efetivação de futura penhora na ação de execução.
Com efeito, concretizada a citação, o arresto se converterá em penhora. 4.
Frustrada a tentativa de localização do devedor, é possível o arresto de seus bens
na modalidade on-line, com base na aplicação analógica do art. 854 do CPC/15.
Manutenção dos precedentes desta Corte, firmados na vigência do CPC/73. 5.
Hipótese dos autos em que o deferimento da medida foi condicionado ao
exaurimento das tentativas de localização da devedora não encontrada para
citação, o que, entretanto, é prescindível. 6. Recurso especial provido. (STJ - REsp:
1822034 SC 2019/0181839-6, Relator: Ministra NANCY ANDRIGHI, Data de
Julgamento: 15/06/2021, T3 - TERCEIRA TURMA, Data de Publicação: DJe
21/06/2021)

Citado o réu terá prazo de 3 dias para pagar com redução dos honorários a
metade.

Art. 827. Ao despachar a inicial, o juiz fixará, de plano, os honorários advocatícios


de dez por cento, a serem pagos pelo executado. § 1º No caso de integral
pagamento no prazo de 3 (três) dias, o valor dos honorários advocatícios será
reduzido pela metade.

Se ainda assim o executado não pagar, teremos as seguintes conclusões:


a) Não paga em 3 dias e apresenta embargos à execução (Art. 915)

b) Não paga, mas requer o benefício do art. 916 do CPC – parcelamento do débito
por moratória legal.

c) Não paga, não apresenta embargos ou qualquer outra defesa

Art. 916. No prazo para embargos, reconhecendo o crédito do exequente e


comprovando o depósito de trinta por cento do valor em execução, acrescido de
custas e de honorários de advogado, o executado poderá requerer que lhe seja
permitido pagar o restante em até 6 (seis) parcelas mensais, acrescidas de
correção monetária e de juros de um por cento ao mês. § 7º O disposto neste
artigo não se aplica ao cumprimento da sentença.

Não efetuado o pagamento, iniciam os atos constritivos através da penhora.

Penhora
Conceito: Ato de apreensão e depósito de bens que servirão para satisfazer o
crédito executado.

Típico da execução de quantia certa.

Natureza Jurídica: Prevalece que se trata de um ato de execução.

Efeitos.

1) Materiais

- Ineficácia dos atos de disposição por parte do executado.

- Inversão do Título da Posse.

2) Processuais

- Individualização dos bens.

- Direito de preferência do bem penhorado para a satisfação da execução.

- Permite efeito suspensivo aos Embargos à execução.

Intimação da Penhora:

Art. 841. Formalizada a penhora por qualquer dos meios legais, dela será
imediatamente intimado o executado. § 1º A intimação da penhora será feita ao
advogado do executado ou à sociedade de advogados a que aquele pertença

Registro da penhora:

Art. 844. Para presunção absoluta de conhecimento por terceiros, cabe ao


exequente providenciar a averbação do arresto ou da penhora no registro
competente, mediante apresentação de cópia do auto ou do termo,
independentemente de mandado judicial

A penhora

a) deve ser averbada no registro competente para que tenha efeito entre as
partes do processo.

b) incidente sobre quotas autoriza que o exequente passe a integrar a sociedade


empresária, na qualidade de sócio, salvo se os demais exercerem direito de
preferência na aquisição.

c) não pode recair sobre os bens inalienáveis, seus frutos e rendimentos, mesmo
que à falta de outros bens.

d) será comunicada ao executado, em regra, por meio de intimação a seu


advogado ou à sociedade de advogados a que pertença.
e) que recaia sobre imóvel ou direito real sobre imóvel impõe a intimação do
cônjuge do executado, qualquer que seja o regime de bens

Ordem Preferencial de bens a serem penhorados


Satisfação x menor onerosidade – a ordem não precisa ser a indicada no artigo,
desde que observado este binômio.

Art. 835. § 1º É prioritária a penhora em dinheiro, podendo o juiz, nas demais


hipóteses, alterar a ordem prevista no caput de acordo com as circunstâncias do
caso concreto. § 2º Para fins de substituição da penhora, equiparam-se a
dinheiro a fiança bancária e o seguro garantia judicial, desde que em valor não
inferior ao do débito constante da inicial, acrescido de trinta por cento. § 3º Na
execução de crédito com garantia real, a penhora recairá sobre a coisa dada em
garantia, e, se a coisa pertencer a terceiro garantidor, este também será intimado
da penhora

Substituição da Penhora
Art. 848 – Hipóteses de substituição a pedido de qualquer das partes – executado
ou exequente.

- Ordem legal do 835.

- Desobediência ao que determina lei, contrato ou ato judicial; Ex: Bens que
servem como garantia pignoratícia.(835, §3º)

- Bens no foro e penhorados de fora do foro.

- Bens já penhorados ou gravados de algum ônus, tendo bens livres para serem
penhorados.

- Bens de baixa liquidez.

- Fracassar alienação judicial.

Art. 847. Executado pede.

- Ausência de prejuízo ao credor x menor onerosidade do executado (Art. 805 do


CPC)

- Requisitos do art. 847, §§ 1º e 2º do CPC.

- Ouvido o exequente em 10 dias.

- A penhora é válida, mas a substituição se dará para proteção do executado. Não


há necessidade de apontar defeito na penhora.

Formas especiais de Penhora


SISBAJUD. Art. 854. Para possibilitar a penhora de dinheiro em depósito ou em
aplicação financeira, o juiz, a requerimento do exequente, sem dar ciência prévia
do ato ao executado, determinará às instituições financeiras, por meio de sistema
eletrônico gerido pela autoridade supervisora do sistema financeiro nacional, que
torne indisponíveis ativos financeiros existentes em nome do executado,
limitando-se a indisponibilidade ao valor indicado na execução.

- De ofício não é possível, é necessário que haja requerimento. (caput)

- 24h – prazo para juiz e instituição cancelar indisponibilidade excessiva. (§ 1º)

- Intima executado – 5 dias – impenhorabilidade ou indisponibilidade excessiva. ( §


3º)

– 24h – cancelamento de indisponibilidade irregular ou excessiva. ( § 4º)

- Conversão em penhora

- 24h - Transferência do valor para conta do juízo. ( § 5º)


– Responsabilidade objetiva da instituição financeira ( § 8º)

Procedimento de Execução na obrigação de fazer não fazer


CPC 814 e 823.

Prazo para fazer ou não fazer – aplicação de multa (astreinte).

Se descumprida, é possível pedir a conversão em perdas e danos.

Por também pedir que terceiros façam e requeria após a execução do valor para
por quantia certa.

Multa/Astreinte
Trata-se de meio de execução indireta.

Não tem condão de penalidade, por isso, deve ser razoável para que atinja o
objeto de fazer com que o executado pague.

Art. 814. Na execução de obrigação de fazer ou de não fazer fundada em título


extrajudicial, ao despachar a inicial, o juiz fixará multa por período de atraso no
cumprimento da obrigação e a data a partir da qual será devida. Parágrafo único.
Se o valor da multa estiver previsto no título e for excessivo, o juiz poderá reduzi-
lo.

Assim, quais parâmetros devem ser adotados?

Alguns parâmetros deixados pelo STJ no AgInt no AgRg no ARESP 738.682/RJ.

RECURSO ESPECIAL. DIREITO CIVIL. OBRIGAÇÃO DE FAZER E INDENIZATÓRIA.


ORDEM JUDICIAL DETERMINANDO QUE A RÉ RETIRE GRAVAMES DE VEÍCULO NO
DETRAN, SOB PENA DE MULTA DIÁRIA. ASTREINTES. PARÂMETROS DE FIXAÇÃO.
No tocante especificamente ao balizamento de seus valores, são dois os principais
vetores de ponderação: Efetividade da tutela prestada, para cuja realização as
astreintes devem ser suficientemente persuasivas; e vedação ao enriquecimento
sem causa do beneficiário, porquanto a multa não é, em si, um bem jurídico
perseguido em juízo. O arbitramento da multa coercitiva e a definição de sua
exigibilidade, bem como eventuais alterações do seu valor e/ou periodicidade,
exige do magistrado, sempre dependendo das circunstâncias do caso concreto, ter
como norte alguns parâmetros: i) valor da obrigação e importância do bem
jurídico tutelado; ii) tempo para cumprimento (prazo razoável e periodicidade); iii)
capacidade econômica e de resistência do devedor; iv) possibilidade de adoção de
outros meios pelo magistrado e dever do credor de mitigar o próprio prejuízo
(duty to mitigate de loss). 4- As astreintes têm por escopo garantir a efetivação da
tutela específica da obrigação ou o resultado prático equivalente. Por meio de sua
imposição almeja-se induzir as partes a cumprir determinações judiciais que lhes
foram impostas (em tutela provisória ou não), em prestígio ao princípio da
efetividade dos provimentos jurisdicionais no contexto do moderno processo civil
de resultados, motivo pelo qual possuem natureza patrimonial e função inibitória
ou coercitiva. 6- Não há que se falar em exigência de caução, porquanto o
levantamento do valor, por expressa disposição do § 3º do art. 537 do CPC/2015,
está condicionado ao trânsito em julgado da sentença favorável à parte. 7- A teor
do § 3º do art. 537 do CPC/2015, é imperioso concluir que as astreintes, devidas
desde o dia em que configurado o descumprimento da ordem judicial, podem ser
objeto de execução provisória antes da confirmação da tutela provisória por
sentença de mérito. (STJ - RESP 1958679/GO 2020)

Procedimento de execução na obrigação de entregar coisa


CPC, 806 a 813.

Prazo de 15 dias para entregar, sob pena de incidir os meios executivos.

Se cumpriu, extingue a execução?


Depende, se a coisa durante a retenção pelo executado render frutos, estes serão
objeto de execução, dado o valor de ressarcimento.

Se não rendeu frutos, extingue a obrigação.

Se não cumprir a obrigação de entregar, converte-se em perdas e danos.

Se o bem estiver na mão de terceiro, poderá perde-lo – CPC, 809.

E se a coisa for incerta? Cabendo ao exequente a escolha, será indicada na PI. Se


ainda incerta e a escolha couber ao executado, dado o prazo de 15 dias para
entrega, o executado deverá manifestar-se e indicar a escolha, cabendo ao
exequente o aceite ou não, por meio de contraditório.

Procedimentos especiais de execução


Execução de obrigação de pagar contra a FP
A FP é chamada para embargar, vez que os bens públicos são impenhoráveis.

CPC, 910.

O pagamento dá-se por precatório ou RPV.

Procedimento – Aplicação do 534 e 535 do CPC

Repercussões jurisprudenciais

Art. 535, §3º do CPC e ADI 5534/DF.

§ 3º Não impugnada a execução ou rejeitadas as arguições da executada: II - por


ordem do juiz, dirigida à autoridade na pessoa de quem o ente público foi citado
para o processo, o pagamento de obrigação de pequeno valor será realizado no
prazo de 2 (dois) meses contado da entrega da requisição, mediante depósito na
agência de banco oficial mais próxima da residência do exequente.

Os Estados e o Distrito Federal devem observar o prazo de dois meses, previsto no


art. 535, § 3º, II, do CPC, para pagamento de obrigações de pequeno valor. (STF.
Plenário. ADI 5534/DF, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 18/12/2020)

§ 4º Tratando-se de impugnação parcial, a parte não questionada pela executada


será, desde logo, objeto de cumprimento. (VALOR INCONTROVERSO)

O valor incontroverso poderá ser objeto de execução desde logo, desde que
respeitados os parâmetros do tema 28:

Dispositivo constitucional, devendo obediência ao tema 28 do RE 1205530


(Repercussão Geral) 2020.

Surge constitucional expedição de precatório ou requisição de pequeno valor para


pagamento da parte incontroversa e autônoma do pronunciamento judicial
transitada em julgado observada a importância total executada para efeitos de
dimensionamento como obrigação de pequeno valor. (STF. Plenário. RE 1205530,
Rel. Marco Aurélio, julgado em 08/06/2020 - Repercussão Geral – Tema 28)

Art. 87. Para efeito do que dispõem o § 3º do art. 100 da Constituição Federal e o
art. 78 deste Ato das Disposições Constitucionais Transitórias serão considerados
de pequeno valor, até que se dê a publicação oficial das respectivas leis
definidoras pelos entes da Federação, observado o disposto no § 4º do art. 100
da Constituição Federal, os débitos ou obrigações consignados em precatório
judiciário, que tenham valor igual ou inferior a: I - quarenta salários-mínimos,
perante a Fazenda dos Estados e do Distrito Federal; II - trinta salários-mínimos,
perante a Fazenda dos Municípios.

Repercussões jurisprudenciais.
Os entes federados são competentes para estabelecer, por meio de leis próprias e
segundo a sua capacidade econômica, o valor máximo das respectivas
obrigações de pequeno valor, não podendo tal valor ser inferior àquele do maior
benefício do regime geral de previdência social (artigo 100, §§ 3º e 4º, da
Constituição Federal, na redação da Emenda Constitucional 62/2009). As unidades
federadas podem fixar os limites das respectivas requisições de pequeno valor em
patamares inferiores aos previstos no artigo 87 do ADCT, desde que o façam em
consonância com sua capacidade econômica. A aferição da capacidade econômica
do ente federado, para fins de delimitação do teto para o pagamento de seus
débitos por meio de requisição de pequeno valor, não se esgota na verificação do
quantum da receita do Estado, mercê de esta quantia não refletir, por si só, os
graus de endividamento e de litigiosidade do ente federado. (STF. Plenário ADI
5100, Rel. Luiz Fux, julgado em 27/04/2020)

O FRACIONAMENTO É PROIBIDO!!

Art. 100, § 8º, da CF. É vedada a expedição de precatórios complementares ou


suplementares de valor pago, bem como o fracionamento, repartição ou quebra
do valor da execução para fins de enquadramento de parcela do total ao que
dispõe o § 3º deste artigo.

É possível somente abrir não da diferença e seguir por RPV.

Capítulos de honorários sucumbenciais e súmula vinculante 47.

Litisconsórcio ativo facultativo em ações individuais.


Caso a condenação tenha decorrido de uma ação proposta por litisconsortes
ativos, o “pequeno valor” para fins de dispensa do precatório será considerado
individualmente para cada litisconsorte, não devendo ser somada a quantia
devida a todos. Assim, ao contrário do que alega a Fazenda Pública, o
fracionamento do valor da execução, em caso de litisconsórcio facultativo, para
expedição de requisição de pequeno valor em favor de cada credor, não implica
violação ao art. 100, § 8º, da CF/88. STF. Plenário. RE 568645/SP, Rel. Min. Cármen
Lúcia, julgado em 24/9/2014 (repercussão geral) (Info 760)

Honorários Advocatícios Sucumbenciais


Não é possível fracionar o crédito de honorários advocatícios em litisconsórcio
ativo facultativo simples em execução contra a Fazenda Pública por frustrar o
regime do precatório. A quantia devida a título de honorários advocatícios é uma
só, fixada de forma global, pois se trata de um único processo, e, portanto,
consiste em título a ser executado de forma una e indivisível. (STF. Plenário. RE
919269, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 7/2/2019).

Repercussões jurisprudenciais

Os honorários advocatícios constituem crédito único e indivisível, de modo que o


fracionamento da execução de honorários advocatícios sucumbenciais fixados em
ação coletiva contra a Fazenda Pública, proporcionalmente às execuções
individuais de cada beneficiário, viola o § 8º do artigo 100 da Constituição Federal.
STF. Plenário. RE 1309081 RG, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 06/05/2021
(Repercussão Geral – Tema 1142).

Súmula vinculante 47-STF: Os honorários advocatícios incluídos na condenação ou


destacados do montante principal devido ao credor consubstanciam verba de
natureza alimentar cuja satisfação ocorrerá com a expedição de precatório ou
requisição de pequeno valor, observada ordem especial restrita aos créditos dessa
natureza.

Preferências legais dos créditos


Art. 100,§§ 1º e 2º da CF.
Possuem preferência os créditos alimentares e no caso de idosos e portadores de
doenças.

Se cedido este créditos não perdem a preferencia, e continua com a mesma


natureza, ainda que esta seja alimentar.

Art. 100. Os pagamentos devidos pelas Fazendas Públicas Federal, Estaduais,


Distrital e Municipais, em virtude de sentença judiciária, far-se-ão exclusivamente
na ordem cronológica de apresentação dos precatórios e à conta dos créditos
respectivos, proibida a designação de casos ou de pessoas nas dotações
orçamentárias e nos créditos adicionais abertos para este fim. § 1º Os débitos de
natureza alimentícia compreendem aqueles decorrentes de salários, vencimentos,
proventos, pensões e suas complementações, benefícios previdenciários e
indenizações por morte ou por invalidez, fundadas em responsabilidade civil, em
virtude de sentença judicial transitada em julgado, e serão pagos com preferência
sobre todos os demais débitos, exceto sobre aqueles referidos no § 2º deste
artigo.

Art. 78 do ADCT permite cessão de crédito que serão pagos pelo sistema de
precatórios. A cessão de crédito não implica alteração da natureza. Desse modo, a
cessão não altera a natureza do precatório, podendo o cessionário gozar da
preferência de que trata o § 1º do art. 100 da Constituição Federal, quando a
origem do débito assim permitir, mantida a posição na ordem cronológica
originária. STF. Plenário. RE 631537, Rel. Marco Aurélio, julgado em 22/05/2020
(Repercussão Geral – Tema 361)

Execução de Pagar Alimentos


Procedimento.

Há possibilidade de prisão civil para coerção no pagamento dado que os alimentos


garantem a dignidade da pessoa humana.

Somente não será preso se pagar, comprovar que pagou ou justificar a


impossibilidade.

Pode ser satisfeita através de desconto em folha de pagamento, mediante a


comunicação do empregador que o faça.

O exequente, na inicial, poderá optar pela prisão civil ou pelo rito comum da
penhora. É opção do exequente.

A única distinção é que, havendo concessão de efeito suspensivo nos embargos,


mesmo assim os valores descontados em folha serão objeto de levantamento
mensal pelo exequente.

O prazo de prisão é de 1 a 3 meses, previsto no CPC.

A responsabilidade é patrimonial, assim, a prisão visa somente a coerção, não o


eximindo ao pagamento.

Somente os débitos vencidos nos últimos três meses autorizam a prisão, e


eventuais débitos mais antigos seguirão o rito comum da penhora. Não há
necessidade do descumprimento dos três meses. Os três meses são somente o
prazo máximo.

Art. 911. Na execução fundada em título executivo extrajudicial que contenha


obrigação alimentar, o juiz mandará citar o executado para, em 3 (três) dias,
efetuar o pagamento das parcelas anteriores ao início da execução e das que se
vencerem no seu curso, provar que o fez ou justificar a impossibilidade de fazê-lo.
Parágrafo único. Aplicam-se, no que couber, os §§ 2º a 7º do art. 528
Art. 912. Quando o executado for funcionário público, militar, diretor ou gerente
de empresa, bem como empregado sujeito à legislação do trabalho, o exequente
poderá requerer o desconto em folha de pagamento de pessoal da importância da
prestação alimentícia.

Art. 913. Não requerida a execução nos termos deste Capítulo, observar-se-á o
disposto no art. 824 e seguintes, com a ressalva de que, recaindo a penhora em
dinheiro, a concessão de efeito suspensivo aos embargos à execução não obsta a
que o exequente levante mensalmente a importância da prestação.

Art. 911, parágrafo único – aplica art. 528, §§2º a 7º.

§ 2º Somente a comprovação de fato que gere a impossibilidade absoluta de


pagar justificará o inadimplemento. § 3º Se o executado não pagar ou se a
justificativa apresentada não for aceita, o juiz, além de mandar protestar o
pronunciamento judicial na forma do § 1º, decretar-lhe-á a prisão pelo prazo de 1
(um) a 3 (três) meses. § 4º A prisão será cumprida em regime fechado, devendo o
preso ficar separado dos presos comuns. § 5º O cumprimento da pena não exime
o executado do pagamento das prestações vencidas e vincendas. § 6º Paga a
prestação alimentícia, o juiz suspenderá o cumprimento da ordem de prisão. § 7º
O débito alimentar que autoriza a prisão civil do alimentante é o que compreende
até as 3 (três) prestações anteriores ao ajuizamento da execução e as que se
vencerem no curso do processo.

Embargos à execução
CPC, 914 a 920.

Ação de conhecimento na qual defende-se da execução.

Distribui-se por dependência à execução.

Execução por carta


Art. 914, § 2º, CPC opõe.

Quem vai julgar? Depende do fundamento trazido nos embargos. § 2º Na


execução por carta, os embargos serão oferecidos no juízo deprecante ou no juízo
deprecado, mas a competência para julgá-los é do juízo deprecante, salvo se
versarem unicamente sobre vícios ou defeitos da penhora, da avaliação ou da
alienação dos bens efetuadas no juízo deprecado.

Garantia do juízo não é necessária, mas pode refletir nos efeitos em que serão
recebidos os embargos.

Art. 914. O executado, independentemente de penhora, depósito ou caução,


poderá se opor à execução por meio de embargos.

Art. 919. Os embargos à execução não terão efeito suspensivo. § 1º O juiz


poderá, a requerimento do embargante, atribuir efeito suspensivo aos embargos
quando verificados os requisitos para a concessão da tutela provisória e desde
que a execução já esteja garantida por penhora, depósito ou caução suficientes.

Requisitos para a concessão desse efeito. ( Art. 919, § 1º)

- Requerimento expresso

- Pressupostos para a tutela provisória (urgência ou evidência)

- Garantia suficiente do juízo ( penhora, depósito ou caução)

Não há preclusão e a parte pode pedir esse efeito a qualquer tempo.

Efeito suspensivo dos embargos do executado. Não impede reforço, substituição


ou redução da penhora ou avaliação do bem penhorado. Executados
litisconsortes. Embargos de um não suspenderá a execução contra os que não
embargaram, salvo se o fundamento for comum.

Ausência de preclusão. Pedido de efeito suspensivo pode ser feito a qualquer


tempo.

Procedimento.

Necessário que sejam preenchidos os requisitos, sob pena de rejeição dos


embargos inaudita altera parte (Art. 918)

Intempestivos;

Indeferimento da petição inicial do art. 330 ou improcedência liminar do pedido


do art. 332 do CPC.

Manifestamente protelatórios – o prazo é contado da juntada do termo de citação


nos autos. Se executados casados, conta-se da juntada do ultimo AR.

Não sendo hipótese de Rejeição dos embargos (Art. 920) Exequente será ouvido
em 15 dias.

Juiz sentencia ou designa audiência. Julga profere sentença ao final da audiência –


congnição extensa vez que trata-se de ação de conhecimento.

Parcelamento ou moratória legal


CPC, 916

Art. 916. No prazo para embargos, reconhecendo o crédito do exequente e


comprovando o depósito de trinta por cento do valor em execução, acrescido de
custas e de honorários de advogado, o executado poderá requerer que lhe seja
permitido pagar o restante em até 6 (seis) parcelas mensais, acrescidas de
correção monetária e de juros de um por cento ao mês.

§ 5º O não pagamento de qualquer das prestações acarretará cumulativamente: I -


o vencimento das prestações subsequentes e o prosseguimento do processo, com
o imediato reinício dos atos executivos; II - a imposição ao executado de multa de
dez por cento sobre o valor das prestações não pagas. § 6º A opção pelo
parcelamento de que trata este artigo importa renúncia ao direito de opor
embargos § 7º O disposto neste artigo não se aplica ao cumprimento da sentença.

Efeitos:

Suspensão da execução e impossibilidade de oposição de embargos à execução.

Art. 921. Suspende-se a execução: II - no todo ou em parte, quando recebidos com


efeito suspensivo os embargos à execução; III - quando não for localizado o
executado ou bens penhoráveis; (Redação dada pela Lei nº 14.195, de 2021) V -
quando concedido o parcelamento de que trata o art. 916)

Prescrição Intercorrente
Se não localizado o executado e bens penhoráveis, o Juiz intima o exequente e o
comunica neste sentido, e suspende a ação, e a prescrição intercorrente, pelo
prazo de 1 ano. Durante este um ano, não corre prescrição intercorrente.

Findo este ano, a prescrição volta a correr.

Após este um ano, não localizados bens e o executado, o processo será arquivado,
com o corrimento desta prescrição intercorrente, levando a extinção do processo
se o exequente se mantiver inerte e não localize o executado ou bens.

Ou seja, se procurar e não localizar, ainda assim será extinta a lide se não
localizados bens ou o executado.
Art. 206-A. A prescrição intercorrente observará o mesmo prazo de prescrição da
pretensão, observadas as causas de impedimento, de suspensão e de interrupção
da prescrição previstas neste Código e observado o disposto no art. 921 da Lei nº
13.105, de 16 de março de 2015 (Código de Processo Civil). (Redação dada pela Lei
nº 14.382, de 2022.

Termo inicial da prescrição (921, §4º)

§ 4º O termo inicial da prescrição no curso do processo será a ciência da primeira


tentativa infrutífera de localização do devedor ou de bens penhoráveis, e será
suspensa, por uma única vez, pelo prazo máximo previsto no § 1º deste artigo.
(Redação dada pela Lei nº 14.195, de 2021)

§ 1º Na hipótese do inciso III, o juiz suspenderá a execução pelo prazo de 1 (um)


ano, durante o qual se suspenderá a prescrição. § 2º Decorrido o prazo máximo de
1 (um) ano sem que seja localizado o executado ou que sejam encontrados bens
penhoráveis, o juiz ordenará o arquivamento dos autos. § 3º Os autos serão
desarquivados para prosseguimento da execução se a qualquer tempo forem
encontrados bens penhoráveis.

Hipótese de interrupção da prescrição: § 4º-A A efetiva citação, intimação do


devedor ou constrição de bens penhoráveis interrompe o prazo de prescrição,
que não corre pelo tempo necessário à citação e à intimação do devedor, bem
como para as formalidades da constrição patrimonial, se necessária, desde que o
credor cumpra os prazos previstos na lei processual ou fixados pelo juiz. (Incluído
pela Lei nº 14.195, de 2021)

§ 5º O juiz, depois de ouvidas as partes, no prazo de 15 (quinze) dias, poderá, de


ofício, reconhecer a prescrição no curso do processo e extingui-lo, sem ônus para
as partes. (Redação dada pela Lei nº 14.195, de 2021)

§ 7º Aplica-se o disposto neste artigo ao cumprimento de sentença de que trata o


art. 523 deste Código. (Incluído pela Lei nº 14.195, de 2021).

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