Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Índice
Índice ............................................................................................................................................. 2
Introdução ..................................................................................................................................... 5
Fontes de Direito Comercial ......................................................................................................... 6
Fontes externas .......................................................................................................................... 6
Fontes internas .......................................................................................................................... 6
Atos de comércio........................................................................................................................... 7
Atos de comércio....................................................................................................................... 7
Atos comerciais objetivos ..................................................................................................... 8
Atos comerciais subjetivos .................................................................................................. 10
Atos de comércio autónomos .............................................................................................. 11
Atos de comércio acessórios ............................................................................................... 11
Atos formalmente comerciais.............................................................................................. 11
Atos bilateralmente comerciais ........................................................................................... 11
Atos unilateralmente comerciais ......................................................................................... 11
Atos abstratos ou causal ...................................................................................................... 11
Comerciantes ............................................................................................................................... 12
Quem é comerciante? .............................................................................................................. 13
1-Pessoas singulares ............................................................................................................ 13
2-Pessoas coletivas .............................................................................................................. 14
3-Sujeitos de qualificação duvidosa .................................................................................... 15
Estatuto dos comerciantes ....................................................................................................... 17
Firmas e denominações ....................................................................................................... 17
Escrituração e prestação de contas ...................................................................................... 20
Empresas ..................................................................................................................................... 21
Juridicamente: ......................................................................................................................... 22
Subjetivo: ............................................................................................................................ 22
Objetivo: .............................................................................................................................. 22
O estabelecimento ............................................................................................................... 23
Sinais distintivos de empresas e produtos ............................................................................... 26
1-Logótipos ......................................................................................................................... 26
2-Marcas.................................................................................................................................. 28
3-Denominações de origem e indicações geográficas ......................................................... 30
4-Recompensas.................................................................................................................... 31
Insolvência .................................................................................................................................. 32
Critérios para definir a situação de insolvência: ..................................................................... 33
Sujeitos Passivos da Declaração de Insolvência ..................................................................... 35
Regimes especiais: .............................................................................................................. 37
Requisitos da petição inicial .................................................................................................... 38
Introdução
Regula
B2B: relações entre empresas
C2C: relações entre consumidores – direito das obrigações
B2C: relação entre empresas e consumidores – direito do consumo
Direito privado especial – que se baseia nos vetores de igualdade e da liberdade. Mas autónomo.
Para ser totalmente autónomo:
1- De legislação – para além do CC
2- De jurisdição – que não se aplique os tribunais comuns
3- Do processo – direito processual próprio
Atos de comércio
Atos de comércio
Durante muito tempo foram os litígios relativos aos atos mercantis julgados por tribunais
comerciais e segundo regras processuais próprias. Hoje já não é assim.
Em regra,
Nas obrigações comerciais:
֎ os coobrigados são solidários – art.100ºCCom
֎ as dividas dos comerciantes casados derivadas de atos mercantis presumem-se
contraídas no exercício dos respetivos comércios – art.15ºCCom
֎ o art.102ºCCom em relação aos juros comerciais
No entanto,
Podem ser atos unilaterais:
negócios cambiários
negócios constituintes de sociedades comerciais unipessoais
NOTA: alguns simples atos jurídicos também podem ser atos comerciais: interpelações e avisos
(art.483ºCCom). para além de alguns ilícitos que vêm regulados na lei comercial
Coutinho de Abreu: defende que os simples factos jurídicos, como é o caso da prescrição, não
podem ser qualificados como atos comerciais
o Em relação à analogia iuris: como o conceito unitário de ato comercial é irreal a nível
objetivo, leva a que determinados autores recusem a ideia desta analogia. Porém o autor
aceita:
▪ O artigo 230º CCom: refere os construtores de casas, não fazendo sentido não se
aplicar aos construtores de edifícios – analogia
▪ Locação financeira: é um contrato em que se associam essencialmente
prestações próprias de compra e venda e da locação:
• A compra de coisas moveis:
o feita pelo locador financeiro para as alugar: ato comercial
o Venda da coisa: ato comercial
o Aluguer das coisas: comercial
• A compra de coisas imóveis:
o Extensão analógica do art.481º CCom ao leasing – ato comercial
objetivo
Através de uma interpretação extensiva: empresas fornecedoras de água e de eletricidade;
empresas de publicidade, informações comerciais, de tratamentos de beleza, lavandarias, …
▪ Em relação às empresas de fornecimento: foram consideradas pelo legislador
devido ao risco de aumento ou diminuição dos preços no intervalo de tempo
entre a compra e o fornecimento
• O contrato de fornecimento de géneros se traduzem no exercício de uma
atividade económica desenvolvida dentro do condicionalismo:
o Quando os empresários não se obrigam a sucessivas prestações, parece
que essas empresas não se enquadram na ideia de empresa comercial
Art.230ºCC
José Tavares: as “empresas” previstas neste artigo são na realidade referencia aos
comerciantes, sendo que as empresas serão as pessoas coletivas ou singulares que se propusessem
a realizar as atividades previstas no artigo.
Guilherme Moreira e Oliveira Ascensão: as empresas não são mais que séries ou
complexos de atos comerciais (objetivos)
Coutinho de Abreu: as empresas seriam conjuntos ou séries de atos objetivamente
comerciais enquadrados organizatoriamente (n o âmbito de organizações de meios pessoais e/ou
reais) – sendo então normalmente comerciantes as pessoas singulares e coletivas (no sentido da
quantidade de pessoas, o CCom era de 1888) que exerçam tais empresas:
֎ Os atos objetivos serão então os que estão previstos no artigo 230º – art.2º,
1ª parte
֎ Os restantes serão subjetivamente comerciais – art.2º, 2ª parte
֎ No art.230º haveriam parágrafos:
Coutinho de Abreu: parece haver um principio geral de direito comercial que identifica como
regra geral a ideia que as empresas de serviço são comerciais:
- Razão para, por analogia iuris, os colégios privados serem empresas comerciais
CONCLUSÃO: os atos dos comerciantes conexionáveis com o comércio em geral e de que não
resulte não estarem conexionados com o comércio dos seus sujeitos
E será possível qualificar como comerciais atos não comerciais acessórios de atos objetivamente
comerciais?
Cunha Gonçalves e Coutinho de Abreu: defende que se possa qualificar segundo a teoria
do acessórios, pois todo o ato de um não comerciante efetivamente conexionado com ato
objetivamente comercial é um ato de comércio
Coutinho de Abreu: no entanto, não será possível encarar como um principio
geral que permita que a diversidade de atos de não comerciantes ligados ao comércio
Pupo Correia e Oliveira Ascensão: defendem que não, visto não ser possível a analogia
Ato causal: a razão de ser do negócio, a relação subjacente ao negócio poder ou não ser
invocada para efeitos de justificação do agir jurídico. Podem ser invocados factos que venham a
por em questão em crise a validade ou eficácia, ou o cumprimento ou incumprimento do negócio
Ato abstrato: para serem exercidas as obrigações e direitos, não é necessário invocar a causa
de pedir. Ao ser exercido direito e obrigações emergentes de um determinado ato jurídico, se
veda, regra geral, a invocação da causa/ factos subjacentes para efeitos de por em questão a
validade/ eficácia do ato, o cumprimento ou incumprimento do mesmo (vícios e vicissitudes).
Ex: são atos comerciais objetivos, lei própria
Letra – carta de letra/ letrera, criada pela banca. Andavam com as moedas o que havia o problema
do limite possível de trocas e a insegurança, oposição aparece a letra (papel), com a garantia do
banqueiro no banco que o comerciante tinha dinheiro, com uma ordem de pagamento ao
banqueiro do outro comerciante. Não havendo disponibilidade de moeda, haveria um papel que
permitia que o dinheiro continuasse a circular. Passa a ser um direito de crédito que se autonomiza
da relação causal que deu origem à relação do título. A ordem de pagamento é feita à ordem do
sacador, pelo sacado (devedor) - saque
Livrança – é uma promessa de pagamento, é um documento que titula uma garantia pessoal,
suporte de empréstimos. O próprio bem não oferece garantia, ao contrário do que acontece com
as casas. Como os empréstimos demoram muito tempo a serem ressarcidos e o bem não oferece
garantia suficiente, então pede uma garantia – para que o banco possa “agredir” o património do
devedor para soldar a divida
Cheques – a ordem de pagamento é feita ao banco em relação aos fundos da conta. O sacado é
sempre um banco, o sacador é o cliente desse banco e o beneficiário pode ser qualquer pessoa.
Podendo ser a própria pessoa o beneficiário.
Comerciantes
Os sujeitos dos atos de comércio e das relações jurídico-mercantis podem ser
comerciantes e não-comerciantes
Os sujeitos que com capacidade civil de exercício possuem igualmente capacidade comercial de
exercício, podem praticar atos de comércio – art.7º CCom
Os comerciantes têm um estatuto próprio:
a- São considerados subjetivamente comerciais – art.2º, 2ª parte CCom
b- As dividas do comerciante cônjuge são encaradas como contraídas no exercício, sendo
tanto do comerciante como do cônjuge
c- A prova de determinados factos é facilitada – art.396º
d- Prescrevem no prazo de 2 anos – art.317ºCC
e- Estão obrigados a adotar uma firma – art18º CCom
O art.13º/1:
1- Tem de ser pessoa
a. Singular
b. Coletiva
2- Tem de ter capacidade
a. De exercício
b. De gozo
3- Atos de comércio objetivos –art2º, 1ª parte e art.230º
4- Profissionalmente:
a. Prática reiterada
b. Prática lucrativa
c. Prática tendencialmente exclusiva
d. Juridicamente autónoma
Mas as pessoas coletivas não praticam uma profissão – a profissão não tem de ser
obrigatoriamente uma atividade de uma pessoa física, podendo ser uma atividade de uma pessoa
jurídica (art.14º/1CCom)
Art.230º+464º para ver se é ato de comércio.
Quem é comerciante?
1- Pessoas singulares
Art.13º/1CCom.
Tem de ter capacidade:
֎ Jurídica (gozo)?
֎ Exercício dos direitos?
2- Pessoas coletivas
a- Sociedades comerciais – art.13º/2CCom + art.1ºCSC
Em princípio adquirem a qualidade de comerciantes no momento em que têm personalidade
jurídica
NOTA: a todas estas pessoas coletivas, passamos a qualifica-las como comerciantes no momento
em que adquirem a personalidade jurídica (a personalidade jurídica quando adquirida tem em
conta o fim da pessoa coletiva)
NOTA: art.100º/ único: aplica-se então a solidariedade nos casos em que existe ato comercial por
não comerciantes.
Pedro Pais Vasconcelos: no caso em que os comerciantes não pratiquem atos comerciais,
não se aplica a solidariedade.
Firmas e denominações
É o nome comercial/ profissional dos comerciantes, o sinal que os individualiza, nomeadamente
individualizando os comerciantes dos não comerciantes.
Firma: designar o signo individualizador de comerciantes – art.37º, 38º, 39º e 40ºCCom
Denominação: sinal identificador de não comerciantes, podendo ser composta por nome
de pessoas – art.36º, 42º e 43º
Todos os comerciantes deverão adotar firma e denominação – art.18º/1CCom
Joana Coelho de Freitas 17
Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa
Composição
1. Firmas dos comerciantes individuais – tem de ser composta pelo nome do
comerciante singular completo ou abreviado, podendo ser antecedido por
expressões ou siglas e poderá ainda ser aditado alcunhas
2. Firmas de sociedades comerciais – deve ser composta pelo nome ou firma de
todos os sócios ou só de um deles (caso dos &Fillhos), tal como poderá conter
expressão alusiva ao objeto social (fantasia – reprografia vermelha)
a. Firmas de sociedades por quotas: poderá conter o nome ou firma
de um, alguns ou todos os sócios, tendo que conter
obrigatoriamente o “limitada” (L.da)
b. Sociedades anónimas: o mesmo, mas acabando em S.A.
c. Sociedades em comandita: acrescentar Comandita,
&Comandita, &Comandita por Ações
3. Firmas dos agrupamentos complementares de empresas – poderá consistir
numa denominação particular ou ser formada pelos nomes ou firmas de todos os
seus membros ou de apenas um deles, tendo que conter: ACE ou Agrupamento
Complementar de Empresas
4. Denominações de outras entidades coletivas:
a. Entidades Públicas Empresariais: EPE
b. Cooperativas: cooperativa, união de cooperativas, federação de
cooperativas, confederação de cooperativas, responsabilidade
limitada, ou responsabilidade ilimitada
c. Agrupamentos Europeus de Interesse Económico: AEIE
Transmissão
Apesar de as firmas estarem normalmente associadas aos sujeitos, como elas não distinguem
apenas o comerciante, mas também têm um valor económico, poderão ser transmitidas com a
empresa.
A transmissão de uma firma entre vivos, obedece a três requisitos:
1- Tem de ser feita juntamente com o estabelecimento comercial a que a firma
esteja ligada – a título definitivo (trespasse) ou temporário (locação)
2- Acordo das partes, tendo o consentimento do transmitente ter de ser dado por
escrito. Quando se tratar de uma sociedade que contenha na firma o nome de
sócio, além da autorização daquele é indispensável a do titular do nome.
a. No caso da insolvência: como o administrador da insolvência é o
representante do insolvente, a autorização do administrador substitui a
do titular da firma, no entanto, quando a firma originária da sociedade
inclua o nome do sócio, é necessária a autorização desse
3- Aditar à sua própria firma menção da sucessão e a firma adquirida
a. Coutinho de Abreu: ex – Rolando Fúrias, sucessor de José Fernandes,
Papelaria
b. Oliveira Ascensão: ex- José Fernandes, Papelaria Sucessor
No caso de transmissão mortis causa:
❖ Se for um comerciante individual, pode fazer o aditamento à sua própria firma
do anterior titular do estabelecimento, com a menção da sucessão.
❖ O mesmo já não acontece quando se trate de um comerciante coletivo
Tutela
Meios preventivos:
➢ Certificados de admissibilidade de firmas e denominações – não poderão ser emitidos se
poder existir alguma confusão entre firmas
Meios repressivos:
➢ Declaração de nulidade, anulação ou revogação, perdendo o direito ao respetivo uso –
quando violem o principio da novidade
➢ Proibição e indemnização por danos emergentes e ação criminal– por uso indevido/ ilegal
da firma
NOTA: há proteção mesmo para as firmas que não são registadas – CPI e CUP
Mas,
se for uma sociedade comerciante há coisas especificas – atas de todos os órgãos
Há formalidades para os livros de atos. Objetivo = dar segurança jurídica.
Não podem estar rasurados, não podem ter espaços em branco, etc … o objetivo é sempre a
segurança jurídica, sendo mais difícil falsificar as atas.
O comerciante tem ainda que arquivar toda a correspondência e documentos durante 10 anos
(mínimo obrigatório). Mas, se não o fizer, não há nenhuma consequência jurídica. – Artigo
40ºCComercial.
O comerciante deve sempre permitir o acesso a entidades competentes: de todos os livros de atas
e documentos - Artigo 42º.
Balanço
– ARTIGO 62º = Prestar contas – objetivo é dar uma ideia clara das finanças da sociedade ativos
e passivos. Tem de explicar não só as contas daquele ano, mas também tudo aquilo que a
sociedade possui. Auditorias
Saber identificar o tipo de comerciante e depois escolher alguém qualificado que saiba
ler as auditorias.
Houve uma grande evolução das técnicas contabilísticas nos últimos anos –antes custo histórico
(book value). Hoje, fair value – market to market (?)
Cuidado com contabilidade criativa – não é admissível. Consequência = fraude. Artigo 62º
Prestação de contas
Foi tacitamente revogado em 2006 pelo artigo 63º e ss. Só existe referência no artigo 18º. Mas há
outros mecanismos que levam a prestar contas – existe substancialmente.
Inscrever os atos em registo comercial – código comercial + regulamento do registo comercial:
um dos fins do registo é dar a conhecer a qualquer terceiro que queira ou deva saber sobre o que
o comerciante anda a fazer.
Consequência da falta de registo = inoponibilidade de terceiros.
Maneiras de fazer registo: de depósito: papel que prova qualquer coisa, não havendo maneira
nenhuma de o provar; por transcrição = serve de prova para qualquer evento. Tem a presunção de
que aquilo é verdade e não é fácil de ilidir; é punível a terceiros. É constitutivo ou meramente
declarativo?
Só é necessário registar o que a lei me manda registar – principio da tipicidade. Só os fatos
oponíveis a terceiros são obrigatórios a registo. E isso só acontece porque o 3º obriga a que se
registe. (COMERCIANTE E NÃO COMERCIANTES)
NOTA: tem caráter público.
Empresas
A ideia de empresa na Alemanha é objetiva: seria idêntica ao estabelecimento comercial, podendo
ate abarcar as sociedades.
Autonomização dos interesses da empresa: sendo próprias, ou seja, a empresa seria um
sujeito de direitos.
Art.230ºCCom
Vera Correia e Coutinho de Abreu: a empresa é o estabelecimento comercial
Oliveira Ascensão: sujeito da vida social
Menezes Cordeiro: noção objetiva pode ser estabelecimento
Juridicamente:
Subjetivo:
os sujeitos jurídicos que exercem uma atividade económica e têm a possibilidade de, em
cooperação, restringir a concorrência e afetar as trocas comerciais entre Estados-membros, ou a
possibilidade de individual ou coletivamente, explorar de forma abusiva uma posição dominante,
com afetação do comércio. – Direito Comunitário
Objetivo:
Quanto ao objeto:
Comerciais
São comerciais as empresas através das quais são exercidas atividades de interposição de
trocas
Em quê que consiste a empresa mercantil?
Diversos negócios incidindo sobre o estabelecimento comercial. O
estabelecimento comercial é então:
➢ Valor ou bem económico ou patrimonial
➢ Transpessoal
➢ Duradouro
➢ Reconhecível
➢ Irredutível
Sendo que o estabelecimento terá vários elementos: coisas corpóreas, incorpóreas e não
coisificáveis (caso das prestações de serviços)
Havendo ainda quem defenda que a empresa é composta: situações e relações de facto
com valor económico, por coisas, direitos e obrigações
Coutinho de Abreu: critica esta visão porque
➢ Não parece que as situações e relações devam ser qualificadas de
elementos ou meios empresariais: a organização não se confunde com os
elementos. E as relações (os financiadores, os fornecedores,…) não são
internas, mas externas, não são delas componentes
o A clientela por outro lado deverá ser elemento da empresa: a
clientela da empresa pode ser definida como o círculo ou quota
de pessoas que com essa empresa contactam. Uma empresa
poderá viver momentaneamente sem clientela, mas esse período
não será longo
➢ Fala-se muitas vezes do dinheiro como elemento empresarial
O estabelecimento
Os elementos do estabelecimento estão inter-relacionados de forma à consecução de um
fim.
O estabelecimento é então uma organização/ sistema: um complexo de elementos em
interação; uma unidade complexa, global, não elementar e original
ELEMENTOS.
Desta primeira noção podemos concluir pelos seguintes elementos caracterizadores do
estabelecimento comercial:
1 Elementos ativos:
֎ Coisas corpóreas:
▪ Bens materiais relativos a imóveis e móveis
▪ Direitos reais e pessoais de gozo relativos a imóveis
֎ Coisas incorpóreas:
▪ Propriedade industrial [marcas, patentes, know-how]
▪ Posições contratuais
2 Elementos passivos:
֎ Obrigações e dívidas contraídas pelo comerciante
Empresa comercial é então: é uma unidade jurídica fundada em organização de meios que
constitui um instrumento de exercício relativamente estável e autónomo de uma atividade
comercial
Apesar de ser um património autónomo, não impede que seja um estabelecimento comercial:
Joana Coelho de Freitas 25
Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa
1- Logótipos
Sinal suscetível de representação gráfica para distinguir “entidade” ou sujeito e, eventualmente,
estabelecimento deste.
O sujeito que tem o logótipo não tem de ser empresário, ou seja, não ter de ter empresa ou
estabelecimento.
Quando haja estabelecimento o normal é o uso do logótipo para distinguir.
Sinal distintivo bifuncional: distingue estabelecimento e sujeitos.
NOTA: enquanto o sujeito só pode ter uma firma, poderá ter vários logótipos, podendo ser uma
forma de individualizar, quando um mesmo sujeito tem vários estabelecimentos.
Transmissão do logótipo
Ao contrário do que seria de esperar, o logótipo não segue a regra da firma, que só é
transmissível com o estabelecimento ou então se extingue.
a- O logótipo, não usado em estabelecimento, pode ser transmitido
autonomamente, desde que não seja suscetível de levar os consumidores a
erro
NOTA: O ato de transmissão inter vivos deve ser provado por um documento escrito, estando
sempre, sendo inter vivos ou post mortem, sujeito a averbamento.
2- Marcas
São signos suscetíveis de representação gráfica destinados sobretudo a distinguir certos produtos
de outros produtos idênticos ou afins.
As marcas podem ser:
❖ Indústria – produtos da industria de transformação e de extração
❖ Comércio – bens comercializados por grossistas e retalhistas
❖ Agricultura – assinalam os produtos da agricultura em sentido amplo
❖ Serviços – setor terciário (viagens, bancos, seguradoras,…)
E ainda…
… nominativas
… figurativas
… auditivas
… tridimensionais ou de forma
… simples
… complexas
Licenças
Na falta de norma especifica, eram ilícitos os contratos de licença de exploração das
marcas. Hoje já não é assim…
O titular pode cedê-la a terceiro em licença de uso ou exploração, total ou parcialmente,
destinada a certa zona do país ou a todo o território
O contrato de licença está sujeito a forma escrita e só produz efeito em relação a terceiro, após o
averbamento do INPI.
4- Recompensas
As recompensas conferidas aos empresários constituem sua propriedade, independentemente do
seu registo.
É o caso dos prémios e distinções oficiais.
➢ O registo da recompensa poderá ser anulado no caso em que se verifique que não foi
concedida ao sujeito certo.
➢ Caduca quando a concessão da recompensa for revogada ou cancelada.
➢ E o titular pode renunciar
Insolvência
Insolvência
A pessoa fica impossibilitada de cumprir as suas obrigações. Não tem liquidez para pagar
as dividas. Ou então porque o total das suas dividas não consegue satisfazer as dividas, o conjunto
de passivo é superior ao conjunto do ativo.
“Ramo próprio de direito de responsabilidade patrimonial”
O processo de insolvência é um processo de execução universal – art.1º/1 CIRE:
1- O que é o processo de execução universal? Todos os credores serão chamados para
receber se não tudo, pelo menos rateado
a. Abrange todo o universo de credores
b. Abrange todos os bens do devedor
Ao contrário da execução singular, aqui entre todo o património do devedor e todos os credores
Os credores têm que ser satisfeitos segundo a igualdade, ao mesmo tempo – não podem vir aos
poucos, porque isso implicava que alguns ficassem com o crédito por satisfazer.
Tratamento igualitário dentro dos tipos de créditos que tenham.
Como satisfazer os credores?
1- Liquidação do património do devedor
2- Recuperação económica do devedor
NOTA: preciso ver a insolvência como mais do que um problema económico só por si, é preciso
ver como um problema social – desemprego, aumento do numero de subsídios, mais
descontentamento, …
Evolução histórica:
1. Fase do sistema de falência/liquidação – até ao CPC 1961
A insolvência aqui só se aplicava aos não comerciantes. Os comerciantes faliam – ideia de
quebra/falhanço comercial.
Não à situação liquida positiva, se o se verificar a falta de crédito não permite ao devedor
superar a carência de liquidez para cumprir as suas obrigações
No entanto,
A lei admite o recurso ao critério do balanço:
➢ A insuficiência patrimonial funciona como critério acessório de definição de
insolvência, aplicável às pessoas coletivas e aos “patrimónios” – quando o seu
passivo for manifestamente superior ao ativo – art.3º/2 CIRE
o Continuam a ser alvos da regra geral, no entanto, poder-se-á recorrer ao
nº2 para facilitar o pedido de insolvência por parte dos credores dessas
entidades, que podem ser afetados pela responsabilidade limitada dos
seus sócios
d) Sociedade civis
e) Sociedades comerciais e as sociedades civis sob forma comercial à data do registo
definitivo do contrato pelo qual se constituem
f) As cooperativas, antes do registo
g) Estabelecimento individual de responsabilidade limitada
Joana Coelho de Freitas 36
Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa
Tacitamente revogou a norma que dizia que se o estabelecimento falia, então o comerciante
individual também falia.
Não parece que, se o estabelecimento é de responsabilidade limitada, se possa afetar
automaticamente o seu titular, a não ser que se verifique o requisito da impossibilidade de
cumprimento das suas obrigações vencidas.
Carvalho Fernandes: mesmo que tenha havido a separação de patrimónios, como administrador,
a insolvência do estabelecimento vai o afetar.
NOTA: parece que a personalidade insolvencial não coincide com a personalidade jurídica nem
com a judiciária – art.66ºCC e 5º e ss CPC.
Regimes especiais:
Art.2º/2 – exceciona as pessoas coletivas publicas e publicas empresariais -
exclusão de aplicabilidade
Não se aplica aos seguros, instituições de crédito, sociedades financeiras às
empresas de investimento que prestem serviços que impliquem a detenção de
fundos ou de valores mobiliários a terceiros – sempre que se mostre
incompatível com o regime a que estas pessoas estão sujeitas – aplicabilidade
condicionada
Ou seja,
As instituições de crédito apenas se dissolvem:
➢ Deliberação dos sócios
➢ Revogação da autorização pelo Banco de Portugal
o Devido à instituição não poder honrar os seus compromissos
o Não cumprir as obrigações decorrentes da sua participação no Fundo de
Garantia de Depósitos ou no Sistema de Indemnização aos Investidores
Esta revogação ocorre nos termos do DL 199/2006 e subsidariamente segundo o CIRE.
A revogação pela Banco de Portugal, vai produzir os mesmos efeitos que a declaração de
insolvência.
Apenas o Banco de Portugal tem legitimidade para instaurar o processo de liquidação judicial –
tendo que o fazer dentro de 10 dias uteis após a resolução.
NOTA: a liquidação e partilha do ativo só se suspende caso seja requerida a suspensão
de eficácia do ato perante os tribunais administrativos sem prejuízo da faculdade do Banco de
Portugal.
O juiz da liquidação não pode apreciar da legalidade da ação de
revogação da autorização.
Massa insolvente
Art.46ºCIRE
Abrange todo o património do devedor à data da declaração de insolvência, bem como os direitos
e bens que este adquira na pendência do processo
Os bens isentos de penhora só são introduzidos se o devedor insolvente
o fizer voluntariamente e a impenhorabilidade não for absoluta.
Para quê que serve a massa insolvente?
1. Responde pelas dividas próprias da massa – art.51º
2. Aos créditos de insolvência
Paula Costa e Silva: esta destinação da massa insolvente implica a sua qualificação como um
património de afetação.
Em principio,
Os bens e direitos que compõem a massa insolvente correspondem à totalidade do
património do devedor – art.601ºCC
Menezes Leitão: também se deverá incluir aqui o património dos representantes legais das dividas
do insolvente – pessoas que respondem pessoal e ilimitadamente pela generalidade das suas
dividas – art.6º/2 CIRE:
Sócio único – art.84ºCSC
Socio em nome coletivo – art.175º/1 CSC
Comanditados – art. 465º/1 CSC
Gerentes e administradores – art.78º/1 e 4 CSC
NOTA: os sócios de responsabilidade limitada nunca serão chamados neste sentido, não se
podendo invocar em sentido contrário o art.6º/1CIRE
NOTA: a partilha de bens comuns que ocorre neste caso, é uma exceção ao principio da
imutabilidade da convenção antenupcial e do regime de bens – art.1715º/1/d) CC
Vão sendo reintroduzidos na massa insolvente todos os bens que o administrador de insolvência
for trazendo, e ainda aqueles que forem adquiridos pelo insolvente na pendencia do processo.
- a herança que o insolvente receba no decurso do processo entra logo para a massa
insolvente, não podendo ele repudiar – art.2062ºCC
Porquê?
Porque representaria um ato de disposição dos bens pelo insolvente.
As dividas da massa têm um regime mais favorável no pagamento – art.172ºCIRE – pois devem
ser as primeiras a ser satisfeitas:
Joana Coelho de Freitas 40
Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa
Em caso da massa não ser suficiente para pagar as dividas contraídas pelo administrador, será o
património do próprio responsável perante os credores – pode elidir a sua responsabilidade, se
provar que a insuficiência da massa era imprevisível – art.59º/2 CIRE
Os créditos garantidos são pagos, após serem deduzidas as importâncias necessárias à satisfação
das dividas da massa insolvente.
O pagamento ocorre respeitando a prioridade que lhes
caiba – art.174º/1CIRE
O credor garantido tem até direito a uma compensação
pelo prejuízo que tenha tido pela demora no pagamento –
art.166º/1
O administrador da insolvência pode proceder ao
pagamento dos créditos garantidos antes de iniciar a venda dos
bens – art.166º/2
Poderá o credor garantido solicitar a aquisição do bem objeto da garantia – art.165ºCIRE
▪ Créditos detidos por pessoas especialmente relacionadas com o devedor, bem como
aqueles que tenham sido transmitidos por estas a outrem
Previstas as pessoas especialmente relacionadas no art.49º.
Será que é uma enumeração taxativa ou exemplificativa?
Menezes Leitão: enumeração exemplificativa
Rui Simões: enumeração taxativa
E será que a presunção é iuris et de iure ou iuris tantum?
Menezes Leitão: é iuris et de iure, não podendo as pessoas elidir a presunção
Raposo Subtil: é iuris tantum, podem então as partes elidir a presunção
Nos termos do art 173.º o pagamento dos créditos sobre a insolvência depende do seu reconheci-
mento por sentença transitada em julgado. Assim:
• O pagamento dos créditos garantidos é efetuado após o pagamento das dívidas da
massa e depois ed abatidas as correspondentes despesas, sobre o produto da liquidação
dos bens onerados com garantia real, respeitada a prioridade que lhes caiba
• O pagamento dos créditos privilegiados é efetuado com base nos bens não afetados
a garantias reais prevalecentes, respeitando a sua prioridade e na proporção dos seus
montantes (175.º)
• Após estes tem lugar o pagamento aos credores comuns na proporção dos seus cré-
ditos, se a massa for insuficiente para a satisfação integral (176.º)
• Se ainda houver saldo, pagar aos credores subordinados
Órgãos da insolvência
Administrador da insolvência
Art.52º e ss estatuto do administrador.
A nomeação do administrador é necessária por uma questão de desconfiança que se cria em
relação à capacidade de administração da insolvência.
Por essa razão tem de ser alguém autónomo do devedor
Art.6º e 81º/1
Art.223º e 226º
Nomeação
Tem de ser escolhido pelo juiz – art.52º - de entre os administradores inscritos na lista
oficial, por processo informático que assegure aleatoriedade da escolha e igualdade na
distribuição nos processos.
Podem ainda os credores na primeira assembleia realizada após a designação, eleger para o cargo
outra pessoa e prover sobre a respetiva remuneração – art.53º/1
NOTA: os credores só podem eleger alguém não presente na lista oficial em casos justificados
pela especial dimensão da empresa compreendida na massa insolvente – art.53º/2CIRE
O juiz pode a todo o tempo destituir o administrador – art.56º/1 – por justa causa:
Justa causa constitui um conceito vago e indeterminado que abrange naturalmente a violação
grave dos deveres do administrador. Como por exemplo: o administrador adquirir coisa da massa
insolvente – art.168º/2
Funções
1- Assumir o controlo da massa insolvente
2- Proceder à administração da massa Art.55º/1/a)
3- Liquidação da massa
Exercício do cargo
É possível existir mais de que um administrador – art.52º/4 – neste caso, prevalece o que tiver
sido nomeado pelo juiz – art.52º/5
Tem de ser exercido de forma pessoal – art.55º/2 – passa a ter uma relação jurídica com os
credores
Tem a legitimidade exclusiva de propor ações
Remuneração
Art.60º
Se for nomeado:
Juiz: uma componente relativa aos atos praticados e uma variável em função do resultado
da liquidação da massa insolvente majorado em função do grau de satisfação
o Sempre que exceder os 50.000€, pode o juiz definir que segunda parte possa ser
menor
Assembleia de credores: este é que estabelecem a remuneração, sendo que se a
remuneração for excessiva, o juiz pode recusar a nomeação – art.53º
o Se quiserem substituir o administrador nomeado pelo juiz – tem direito a receber:
a remuneração determinada pelos atos praticados e a remuneração variável em
função do resultado da liquidação
A remuneração do administrador consta como divida da massa insolvente – art. 51º/1/b)
Comissão de credores
Destina-se a representar as diversas classes de credores da insolvência e a permitir a
fiscalização pelos credores da atividade do administrador da insolvência e prestar-lhe colaboração
– 68/1. No entanto, não é um órgão obrigatório, podendo o juiz ou a assembleia de credores
prescindir dela (66).
Nomeação e composição
É nomeada pelo juiz, podendo ser composta por três ou cinco membros efetivos e dois
suplentes, sendo o presidente o maior credor. – 66/1
Deve representar todas as categorias de credores – bancos, fornecedores e trabalhadores
(estes últimos obrigatoriamente).
O juiz pode não nomear quando o considere justificado atendendo à pequena dimensão
da massa, à simplicidade da liquidação ou ao reduzido nº de credores.
A assembleia de credores pode alterar as decisões relativas à comissão – 67/1, por dupla
maioria de votantes e votos emitidos.
Funções
Fiscalizar o administrador da insolvência – função de fiscalização:
Receber as informações do administrador (55/5)
Visar a informação sucinta que o administrador tem de prestar de 3 em 3 meses (61)
Examinar os elementos da contabilidade do devedor (68/2)
Pronunciar-se sobre o relatório apresentado pelo administrador à assembleia (156/1)
Receber informação de que o administrador pretende proceder à venda antecipada de bens
(158/3)
Emitir parecer sobre o plano de pagamento (178/1)
Consentir na desistência, confissão ou transação judicial do administrador (55/8)
“” na atribuição de alimentos ao insolvente ou aos trabalhadores da empresa (84/1)
Dar parecer favorável ao pedido ao juiz para separação de bens do processo de
insolvência – 141/3 – ou para a dispensa de elaboração do inventário – 153/5
Consentir na prática de aj que assumam especial relevo no processo de insolvência
(161/1)
Dar parecer favorável à aplicação … 167/3
Consentir .. 206/2
Dar acordo à oposição do administrador ao plano de insolvência (207/1/d)
Colaborar no exercício da sua atividade – 68/1 – funções de colaboração:
Recomendar ao juiz o administrador da insolvência a nomear (52/2)
Ser ouvida quanto à destituição ou substituição do administrador (56/1)
Ser ouvida sobre a prestação de contas por terceiro (63)
Funcionamento
Reúne sempre que seja convocada pelo presidente ou outros dois membros (69/1).
Não se pode deliberar sem a maioria dos membros.
Cessação de funções
Normalmente apenas ocorre com o encerramento do processo de insolvência (233/1/b), mas pode
ocorrer em momento posterior ou anterior, se vier a ser aprovado um plano de insolvência ou se
a assembleia de credores prescindir da sua existência.
Assembleia de Credores
Reúne todos os credores numa assembleia.
Competência
• Eleger administrador da insolvência distinto do designado pelo tribunal (53/1)
• Prescindir da existência da comissão ou substituir membros – art. 67/1
• Criar uma comissão de credores
• Alterar a composição da comissão
• Dispensar a necessidade de aprovação da comissão- art.80
• Revogar deliberações da comissão
• Consentir na prestação de alimentos – art.884/1 e 3
• Apreciar o relatório elaborado pelo administrador – art.156/1
Convocação
É convocada pelo juiz (por iniciativa própria ou a pedido do administrador, comissão ou de
credor ou grupo de credores cujos créditos representem pelo menos 1/5 do total dos créditos não
subordinados).
Participação
Têm direito a participar todos os credores da insolvência, bem como os titulares de eventual
direito de regresso sobre o devedor insolvente que não possam exercer esse direito no processo.
Voto
É atribuído em função do montante dos créditos, contando-se um voto por euro ou fração, ou
seja, depende de uma quota. Cada credor terá direito ao voto correspondente à sua divida.
Funcionamento e suspensão
É presidida pelo juiz – art.74.º - a quem cabe a direção dos trabalhos. Compete ao
administrador da insolvência prestar as informações necessárias sobre quaisquer assuntos
compreendidos nas suas funções.
Cessação de funções
Ocorre com o encerramento do processo.
֎ Créditos constituídos após essa data terão que receber a diferença, tal como os outros, e
ainda uma indemnização pelos danos sofridos por terem celebrado um contrato que nunca
teria sido celebrado caso tivessem conhecimento da situação
o (que os credores receberiam em percentagem do valor do crédito se a
insolvência tivesse sido feita - que vai receber na liquidação final) + o
interesse contratual negativo (não poderão exigir os danos resultantes do
incumprimento)
Poderá ainda ser crime punível com prisão até a um ano
O devedor poderá se apresentar à insolvência se for meramente iminente – art.3º/4CIRE
Mas começa logo a contar o prazo do art.18º/1?
Menezes Leitão: o art. 18º/1 apenas remete para o art.3º/1 e não para o art.3º/4, para além disso é
muito complicado saber quando é que o devedor entra em situação iminente de insolvência, por
isso, apenas começa a contar no momento em que há insolvência
As pessoas singulares que não tenham empresas, não têm que se apresentar à insolvência –
art.18º/2 + 186º/5
Pode interessar para exonerar-se do passivo restante – art.235º e ss e 251º e ss
Abrange todos os bens suscetíveis de penhora, mesmo que já tenham sido penhorados, arrestados
ou de qualquer forma tenham sido detidos.
NOTA: logo os não suscetíveis de penhora, não serão apreendidos, exceto os bens relativamente
impenhoráveis que aí poderão ser apreendidos se voluntariamente o insolvente o quiser
Existem casos de penhorabilidade subsidiária – bens do património do devedor, mas em
relação a quotas das sociedades civis, … entram também para a apreensão, pois se é declarada a
insolvência, não é necessária então a execução prévia de outros bens.
A casa de morada de família:
Se estiver em causa o arrendamento este não pode ser apreendido, visto se tratar
de um direito inalienável e impenhorável – art.736º/a) CPC
Se estiver em causa habitação própria, a desocupação pelo insolvente ocorre, a
não ser que este peça diferimento por razões sociais imperiosas – art.862º e ss
CPC
Este poder decorre da declaração de insolvência, por isso, o administrador da insolvência deverá
declará-la – art.150º - exceto se a administração for do devedor, sendo que aí a apreensão só
poderá ter lugar finda a administração – art.228º/2
Lebre Freitas: a função da apreensão dos bens do insolvente extravasa assim a função cautelar,
constituindo uma função executiva
Menezes Leitão: solução inconstitucional, pois contraria a proteção da família – art.67º CRP, não
havendo nada que faço legitimo o desconsiderar o agregado familiar do insolvente quando é
fixado o subsidio
regime especial
Ações e execuções por dívidas da massa insolvente – art.51º – relativamente a estas, o
89º/1. Por outro lado, quaisquer ações, incluindo as executivas, relativas a dívidas da massa
insolvente correm por apenso ao processo de insolvência, com exceção das execuções por dívidas
de natureza tributária.
Efeitos sobre os créditos
Por questões de igualdade e de satisfação dos créditos dos credores, durante a pendência do
processo,
os credores apenas podem exercer os seus direitos no âmbito do processo
de insolvência – art.90º- deixando de poder instaurar ações independentes – isto
garante a intangibilidade do património do devedor.
A declaração de insolvência
➢ o vencimento imediato de todas as obrigações do insolvente – art.91º/1 –
o com exceção dos créditos com condições suspensivas – art.50º
o Relativamente aos créditos resolutivamente condicionados, a lei equipara a
incondicionados enquanto a condição não se preencher,
▪ Mas os pagamentos recebidos deverem ser restituídos, uma vez verificada a
condição.
▪ Sendo apenas estas obrigações excecionadas, vencem-se tanto as obrigações
puras como as obrigações a prazo.
➢ a suspensão de todos os prazos de prescrição e caducidade oponíveis pelo devedor, durante
o decurso do processo
o sendo possível aos credores recorrer à impugnação pauliana antes da declaração de
insolvência, o prazo para esse efeito ficará suspenso enquanto decorrer o processo
– e a suspensão cessa com o encerramento do processo.
➢ a extinção de certas garantias – art.97º
➢ Restringe a faculdade dos credores compensarem os seus créditos com dívidas à massa –
art.99º/1/a
Art. 99º/4 estabelece ainda que a compensação não é admissível:
Se a massa se tiver constituído após a data da declaração de insolvência
Pretende-se que o administrador tenha opção de escolha em relação à prestação não cumprida
o Casos em que essas prestações constituem créditos do insolvente
▪ Caso em que o administrador da insolvência venha a recusar o cumprimento –
a massa insolvente só tem direito a exigir a parte da prestação já realizada pelo
devedor, na medida em que ainda não tenha sido realizada pela outra parte –
art.103º/1/a)
▪ Caso em que o administrador da insolvência prefira o cumprimento – o valor
que a outra parte é igual à
Exclusão da resolução
A lei exclui a possibilidade de aplicação da resolução em benefício da massa insolvente
quando:
quais a resolução seja exercida. Exige-se sempre a má-fé de terceiro, salvo se se tratar de sucessor
a título universal ou se a nova transmissão tiver sido realizada a título gratuito -art.124º
A oponibilidade da resolução aos transmissários posteriores é possível, desde que se verifique
em relação a todas o requisito de má fé do adquirente.
Impugnação da resolução
Cabe à parte que se opõe à resolução o ónus de intentar a ação correspondente; a ação deve
ser instaurada no prazo de 3 meses, que começam a contar a partir do momento em que recebe a
carta registada comunicando o seu exercício. Este prazo é perentório, pelo que o seu decurso
implica a caducidade do direito de impugnação, devendo ter-se como definitivamente verificada
a resolução.
Efeitos da resolução
Correspondem aos estabelecidos nos artigos 433.º e 289.º CC. Assim, a resolução tem efeitos
retroativos
deve reconstituir-se a situação que existiria se o ato não tivesse sido praticado –
art.126º/1
A lei prevê que a ação instaurada pelo administrador da insolvência, para obter os efeitos da
resolução, depende do processo de insolvência – art.126º/2:
dado que a resolução é efetuada por carta registada, cabendo à outra parte
o ónus de impugnar, a ação só pode ter como fim a obtenção da restituição das
prestações, sendo assim de condenação e não constitutiva
A resolução faz cessar os efeitos do ato praticado retroativamente, surgindo uma relação de
liquidação em que se determina a restituição das prestações já realizadas. Os termos da restituição
variam consoante os atos tenham sido celebrados a título oneroso ou gratuito:
• Se for a título oneroso:
o o terceiro deve restituir à massa os bens e valores objeto da resolução dentro
do prazo fixado na sentença art.126º/3
o Se não o fizer, são-lhe aplicáveis sanções previstas para o depositário de
bens penhorados que falte à entrega deles- art.771º CPC).
o A obrigação de restituição a cargo da massa insolvente só se verificará em
espécie se o objeto prestado pelo terceiro puder ser identificado e separado
da parte restante da massa – art.126º/4.
Verificação De Créditos
Após a sentença de declaração da insolvência, tem lugar a fase de verificação do passivo
➢ Esta constitui um processo declarativo, compreendendo as fases:
o de reclamação de créditos – art.128ºss
o saneamento – art.136º
o instrução – art.137º
o discussão
o julgamento da causa e sentença.
Teixeira de Sousa: os credores reclamantes são partes ativas, relativamente aos créditos por
eles reclamados, e partes passivas, quanto aos créditos reclamados pelos outros credores. Além
disso, o devedor também seria parte passiva. O liquidatário não assumia qualquer parte.
Reclamação de créditos
Os credores da insolvência devem apresentar a competente reclamação dos seus créditos –
art.128º
Só são reclamáveis os créditos sobre a insolvência relativos a prestações patrimoniais
Exclui as obrigações naturais, direitos relativos à constituição e extinção
de estados pessoais e direitos potestativos relativos à anulação e resolução do
negócio jurídico.
NOTA: A reclamação não é essencial para o reconhecimento do crédito
O administrador tem o dever de reconhecer todos os créditos que constem dos elementos da
contabilidade do devedor ou que sejam por outra forma do seu conhecimento – art.172º.
O administrador da insolvência deve devolver as reclamações que lhe sejam apresentadas
fora do tempo.
No entanto, pode admitir reclamações de créditos anteriormente constituídos no prazo de
6 meses subsequentes ao trânsito em julgado da sentença de declaração de insolvência, desde que
os credores não tenham sido avisados nos termos do art.129º.
Se a impugnação se fundar:
➢ na indevida inclusão de certo crédito,
➢ na omissão da indicação das condições a que se encontra sujeito,
➢ no facto de lhe ter sido atribuído um montante excessivo ou qualificação de grau
superior
apenas o próprio titular do crédito pode responder.
1- Saneamento do processo
O juiz marca uma tentativa de conciliação. São notificados todos os que tenham apresentado
impugnações e respostas, a comissão de credores e o administrador da insolvência, que deverão
comparecer pessoalmente ou fazer-se representar - art136º/1
Esta tentativa de conciliação serve para permitir o reconhecimento de créditos impugnados,
dependendo da aprovação de todos.
Após esta tentativa, o processo é concluso ao juiz para elaboração de despacho saneador, onde
reconhece os créditos incluídos na respetiva lista e não impugnados, bem como os que tenham
sido aprovados na tentativa de conciliação.
2- Instrução
3- Discussão e julgamento da causa
4- Sentença
O juiz deve efetuar uma graduação geral para os bens a massa insolvente e uma especial para
os bens que respeitem direitos reais de garantia e privilégios creditórios - art.140º/2.
NOTA: não podem atender às preferências resultantes da penhora e da hipoteca judicial – para
compensar esses credores, as custas respetivas passam a constituir dívidas da massa insolvente -
art.140º/3 - sendo pagas antes da satisfação dos credores da insolvência.
No caso das benfeitorias e incorporações não poderem ser levantadas, tendo por isso que ser
pagas pela massa?
o Menezes Cordeiro: o valor deveria ser igualmente objeto de separação da
massa falida, sendo objeto de restituição de bens por ter natureza real
o Teixeira de Sousa: é um crédito da massa e por isso deve ser tratado segundo
o regime mais próximo para os bens integrados na massa
o Menezes Leitão: a aquisição do valor das benfeitorias representa um enrique-
cimento sem causa da massa, devendo ser tratado como dívida desta –
art.51/1/i)
O 141º/4 admite ainda a aplicação da restituição de bens a casos particulares de direitos de crédito.
A restituição deve ser solicitada no prazo fixado na sentença declaratória de insolvência.
O processo de liquidação da massa pode vir a ser afetado se se verificar a dispensa, suspensão ou
interrupção da mesma.
Dispensa
Se ocorrer a dispensa, o processo não se chega a iniciar, verificando-se a satisfação dos
credores por outra via
Art.171º/1: a liquidação pode ser dispensada pelo juiz, no todo ou em parte, quando o devedor
é uma pessoa singular e na massa insolvente não esteja compreendida nenhuma empresa.
Para que haja dispensa, o devedor tem de entregar ao administrador uma quantia em
dinheiro não inferior àquela que resultaria da liquidação.
A dispensa é solicitada pelo administrador, com acordo prévio do devedor. Se o devedor não
entregar a quantia no prazo de 8 dias, fica sem efeito a decisão.
Suspensão
Se se verificar a suspensão, inicia-se, mas o seu decurso fica temporariamente paralisado. A li-
quidação é suspensa nas seguintes situações:
❖ Se for confiado ao administrador o encargo de elaborar um plano de insolvência e o
plano não for apresentado por este nos 60 dias seguintes – art.156º/3 e 4
❖ A requerimento do proponente do plano de insolvência se isso for necessário para não
pôr em risco a execução do plano – art.206º/1
❖ Se for atribuída ao devedor a administração da massa insolvente – art.225º
Interrupção
Se, porém, se verificar a interrupção da liquidação, a mesma inicia-se, mas é encerrada sem estar
concluída.
A liquidação é imediatamente interrompida se o administrador verificar que a massa insolvente
é insuficiente para a satisfação das custas do processo e das dívidas restantes – art.232º/4.
Regulação especial da liquidação através de plano de insolvência, afasta-se da regulação geral do CIRE
– se for elaborado plano de insolvência – art.192º/1.
O administrador pode proceder à venda imediata de bens que não possam ou não se devam
conservar por estarem sujeitos a deterioração.
Conclusão da liquidação
Deverá estar concluída no prazo de um ano contado da data da assembleia de apreciação do
relatório, que pode ser prorrogado por períodos consecutivos de 6 meses, se houverem razões para
prolongar.
O incumprimento do prazo constitui justa causa para a destituição do administrador – art.169º
Pressupostos da qualificação
Na sentença decidir-se-á se a insolvência deve ser qualificada como culposa ou fortuita –
art.189º/1
Será culposa se:
tiver sido criada ou agravada em consequência da atuação:
o dolosa ou com culpa grave,
o do devedor ou dos seus administradores,
o de direito ou de facto,
o nos 3 anos anteriores ao início do processo de insolvência. – Art.186º/2:
presume-se que isto aconteceu sempre que os administradores tenham praticado atos destinados
a empobrecer o património do devedor
Será fortuita se não se verificar essa situação.
Processamento do incidente
O incidente é considerado aberto, com caráter pleno ou limitado, na própria sentença de
declaração de insolvência, caso o juiz disponha de elementos que justifiquem a sua abertura.
o facto de a insolvência não ter sido qualificada como culposa no processo anterior
impede que o assunto seja novamente objeto de discussão. – art.187.º
art.36º/4 e 188º/1
Declarado aberto o incidente, o administrador da insolvência, quando não tenha sido ele a propor
a qualificação, deve nos 20 dias seguintes apresentar um parecer sobre os factos relevantes, onde
incluirá uma proposta de decisão.
Havendo concordância entre o administrador e o MP quanto à qualificação da insolvência
como fortuita, o juiz deve proferir de imediato a decisão nesse sentido.
Plano de Insolvência
O art 1.º CIRE estabelece que a satisfação dos credores deve ocorrer preferencialmente através
de um plano de insolvência que se baseie na recuperação da empresa compreendida na massa, só
devendo ser liquidada quando tal não se afigure possível.
Conteúdo do plano
Art.192º/1: o plano pode regular o pagamento dos créditos sobre a insolvência, a liquidação
da massa insolvente e a sua repartição pelos titulares daqueles créditos ou pelo devedor, bem
como a responsabilidade do devedor, findo o processo de insolvência. Têm ampla liberdade de
estipulação
Limites – art.192º/2
Art.194º/1: obedece ao princípio da igualdade dos credores, admitindo-se, porém,
diferenciações justificadas por razões objetivas.
O plano da insolvência não afeta:
❖ as garantias reais e os privilégios creditórios,
❖ os créditos subordinados consideram-se perdoados
❖ cumprimento do plano de insolvência exonera o devedor e os responsáveis legais da
totalidade das dívidas da insolvência remanescentes - art.197º
Aprovação do plano
Compete ao juiz admitir ou não a proposta. Deve rejeitá-la – art.207º/1
Admitida a proposta,
a comissão de trabalhadores, a comissão dos credores, o devedor e o
administrador da insolvência devem ser notificados para se pronunciarem sobre a mesma
– art.208.º
O plano pode ser alterado na própria assembleia, sendo submetido a votação com as alterações
introduzidas – art.210º. Finda a discussão, tem lugar a votação, podendo o juiz determinar que a
mesma tenha lugar por escrito.
A proposta considera-se aprovada se estiverem presentes ou representados na assembleia
credores cujos créditos constituam pelo menos 1/3 do total dos créditos com direito de voto –
art.212º/1 - e mais de metade dos votos emitidos correspondendo a créditos não subordinados,
não se considerando como tal as abstenções.
NOTA: São excluídos do direito de voto os créditos que não sejam modificados pela parte
dispositiva do plano e os créditos subordinados de determinado grau.
Homologação
Depois de aprovado, o plano deve ser homologado pelo juiz através de sentença que deve ser
proferida apenas passados 10 dias sobre a aprovação – art.214º
O juiz recusa oficiosamente a homologação – art.215º:
❖ Se tiver havido violação não negligenciável de regras procedimentais ou das nor-
mas aplicáveis ao seu conteúdo
o ex: um credor sem direito de voto é admitido à votação e os seus votos se
revelem decisivos para a obtenção de alguma das maiorias exigidas no
art.212º/1
o ex de vícios de conteúdo: plano segundo o qual o devedor pessoa singular
deva continuar a exploração da empresa sem ter declarado por escrito dispo-
nibilidade para o efeito – art.202º/1
❖ Quando no prazo razoável que estabeleça não se verifiquem as condições
suspensivas do plano ou não sejam praticados os atos que devem preceder a homo-
logação
❖ a requerimento dos interessados – art.216º/1 - quando o requerente de-
monstre em termos plausíveis que a sua situação ficará pior com o plano do que
sem ele
o exceto quando o plano cumpra as condições previstas no art.216º/3 e o opo-
nente seja o devedor ou o seu sócio.
Execução do plano
O plano de insolvência determina o encerramento do processo – art.230º/1/b). – em princípio,
apenas se o plano se traduzir em medidas de recuperação da empresa insolvente; se for um
processo alternativo de liquidação, não pode ser encerrado.
Antes do encerramento do processo, em consequência da aprovação do plano de insolvência,
o administrador deve proceder ao pagamento das dívidas da massa.
Se o devedor incumprir o plano, serão afetadas a moratória e o perdão de créditos previstos no
plano. – art.218º/1
O plano que encerre o processo pode prever que a sua execução seja fiscalizada pelo
administrador e que a sua autorização seja necessária para a prática de determinados atos pelo
devedor – art.220º/1 e ss
SIREVE
Sistema de Recuperação de Empresas por Via Extrajudicial
Pressupostos:
➢ ser sociedade comercial ou empresário individual que possuam contabilidade organizada
➢ se encontrar em situação económica difícil – art.17º-A à semelhança
➢ não se pode encontrar em situação de insolvência
➢ avaliar segundo três fatores de autonomia financeira:
o indicador 1: valor do capital e do ativo liquido total
o indicador 2: relação entre os resultados antes de depreciações, gastos de
financiamento e impostos e o valor dos juros e gastos similares
o indicador 3: relação entre a divida financeira e os resultados antes de
depreciações – art.2º DL nº178º/2012
A avaliação:
• positiva quando:
o o indicador 1: >5
o o indicador 2: >1,3
o o indicador 3: 0≤x<10
apenas se exige que cada um tenha consideração positiva – tendo em conta os últimos três
exercícios
Menezes Leitão: parece que, pelo facto de ser preciso ter em conta pelo menos dois dos últimos
exercícios, não poderão recorrer ao SIREVE empresas que não tenham tido pelo menos duas
atividades
Esta situação é avaliada por uma plataforma informática
Consequências da aprovação:
1- extinção das ações executivas
Joana Coelho de Freitas 72
Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa
• Perdão de juro
• Corte de capital
Sendo as medidas escolhidas pelos credores – art.17º-F/3 – consoante o que for ou não mais
benéfico para eles
Qual o problema?
O art.28º é a norma de apresentação imediata do devedor à insolvência, se o devedor tem
o PER o PER não é aprovado, o administrador é tratado como se tivesse sido decretada a
Menezes Leitão- a ideia de fazer o PER é um risco, é normal que o devedor já esteja em
insolvência
Caso: Simplificação do processo de revitalização caso a maioria dos credores assine o PER –
art.17º-I/1
• O juiz procede à nomeação do devedor
1- O juiz da oportunidade aos demais credores se pronunciarem
2- O juiz ver do ponto de vista legal os critérios e dá valor vinculativo ao acordo em
relação aos restantes credores
legalidade formal do processo, quem analisa o plano de recuperação tem viabilidade económica
é o administrador judicial provisório, mas principalmente os credores.
Despacho inicial
É proferido despacho inicial na assembleia de apreciação do relatório – 239º/1.
Representa sim a passagem a uma nova fase processual – período de cessão – art.244.º.
Este despacho consolida o direito do devedor a ser sujeito ao período de cessão, impede a
possibilidade do administrador ou do credor manifestar oposição a essa pretensão.
2. Exercer uma profissão remunerada, não a abandonando sem motivo legítimo e pro-
curar diligentemente tal profissão quando desempregado – depende de circunstancias
pessoais do devedor
3. Entregar imediatamente ao fiduciário a parte dos seus rendimentos objeto de cessão
4. Informar o tribunal e o fiduciário de qualquer mudança de domicilio ou de condições
de emprego
5. Não fazer quaisquer pagamentos aos credores da insolvência a não ser através do
fiduciário e não avantajar qualquer credor
Caso o devedor viole qualquer destas obrigações com dolo ou negligencia grave, poderá ser
requerida por qualquer credor da insolvência, pelo administrador ou pelo fiduciário a cessação
antecipada do procedimento de exoneração. – art.243º/2
Concessão da exoneração
Terminado o período de cessão do rendimento disponível, o juiz deve, no prazo de 10 dias,
decidir se a exoneração é ou não concedida, após audição do devedor, fiduciário e dos credores
da insolvência.
NOTA: os fundamentos da recusa são os mesmos que podem determinar a cessação antecipada
do procedimento – art.244º/2.
a extinção de todos os créditos:
❖ sem exceção dos que tenham sido reclamados e verificados - art.245º/1
❖ porém, não soa afetados os direitos dos credores contra os codevedores ou os terceiros
garantes – estes perdem sim o direito de regresso perante o devedor.
Porém, alguns créditos não são abrangidos pela exoneração – art.244º/2:
a) Créditos por alimentos
b) Indemnizações devidas por factos ilícitos dolosos praticados pelo devedor,
que hajam sido reclamados nessa qualidade
c) Créditos por multas, coimas e outras sanções pecuniárias por crimes ou con-
traordenações
d) Créditos tributários
Estas exclusões são muito amplas, o que pode diminuir o interesse da exoneração do passivo
restante.
Revogação da exoneração
A lei admite a sua revogação se se provar que o devedor incorreu em alguma das situações
previstas – art. 238º/1/b e ss - que violou dolosamente as suas obrigações durante o período da
cessão e por isso prejudicou a satisfação dos credores – art.246º/1
A revogação só pode ser decretada dentro do ano subsequente ao transito em julgado do
despacho.
Se a mesma for requerida por um credor da insolvência, este tem de provar não ter tido
conhecimento dos fundamentos até ao momento do transito.
Se a exoneração for revogada, reconstituem-se integralmente todos os créditos sobre a
insolvência que tinham sido extintos – art.246º/4
Pressupostos do plano
Depende de o devedor ser uma pessoa singular e ser um não empresário ou um pequeno
empresário.
É considerado não empresário se não tiver sido titular da exploração de qualquer
empresa nos 3 anos anteriores ao processo de insolvência – art.249º/1/a);
será pequeno empresário se, à data do inicio do processo, não tiver dívidas laborais,
possuir um nº de credores inferior a 20 e o seu passivo global não exceder 300.000€.
Apresentação do plano
Verificados os pressupostos, o devedor pode apresentar conjuntamente com o seu pedido de
declaração de insolvência um plano de pagamentos aos credores, devendo ser notificado se o
pedido provier de terceiro e esses pressupostos estiverem preenchidos – art.253.º.
O art.252º/5 estabelece os documentos que devem acompanhar o plano de pagamentos.
1- Conteúdo
Art.252º/1 – Plano de pagamento tem natureza de proposta contratual escrita, devendo ser
formulada pelo devedor em termos que permitam obter o consenso com os seus credores.
O plano de pagamento inclui os seguintes elementos:
a. Reconhecimento dos créditos existentes
a. o devedor deve apresentar uma relação de credores, contendo mon-
tante, natureza e eventuais garantias do crédito (isto equivale como
confissão judicial das dívidas).
b. No entanto, ele pode incluir créditos cuja existência ou montante não
reconheça, com a previsão de que os montantes destinados à sua liqui-
dação serão objeto de depósito junto de intermediário financeira, para
serem entregues aos respetivos titulares depois de dirimida a contro-
vérsia.
b. Indicação do património e rendimentos do devedor:
c. Proposta de satisfação dos direitos dos credores
2- Efeitos da apresentação
O plano de pagamento envolve como efeito necessário a confissão da insolvência por parte do
devedor (252/4) – mesmo que o plano seja rejeitado, a declaração de insolvência irá sempre ser
proferida pelo juiz.
3- Processamento do plano
É sujeito a apreciação por parte do juiz – art.255º:
Se este achar altamente improvável que o plano seja aprovado, dá por encerrado o
incidente, sem que possa haver recurso e declara a insolvência.
Se achar que o plano é suscetível de obter aprovação, determina a suspensão do
processo de insolvência até à decisão tomada sobre o plano de pagamentos.
Sendo suspenso o processo, os credores são notificados -art.256º/2 - para que estes
contestem
Se os credores contestarem, o devedor é notificado para declarar se modifica ou não a
relação de créditos; se não modificar – art.256º/3-
o se não disser nada, conta como reconhecimento do crédito nos termos da
contestação pelo devedor.
4- Aprovação do plano
Será considerado aprovado se nenhum dos credores o tiver recusado ou se a aprovação de
todos os que se oponham vier a ser objeto de suprimento – art.257º/1.
NOTA: exige-se unanimidade dos credores em relação à aprovação do plano de pagamentos.
O art.257º/2 considera que há sempre oposição ao plano se:
▪ Os credores o tenham recusado expressamente
▪ Quando, por forma não aceite pelo devedor, tenham contestado a natureza, montante
ou outros elementos dos seus créditos relacionados pelo devedor ou invocado a
existência de outros créditos
A oposição de alguns credores pode ser objeto de suprimento judicial – art.258º/1
se tiver sido aceite por credores cujos créditos representem mais de 2/3 do valor
total dos créditos relacionados pelo devedor, pode o tribunal substituir a rejeição dos
demais credores pela aprovação, a requerimento do devedor ou de algum desses credores,
desde que:
֎ Não decorra do plano, para nenhum dos oponentes, uma desvantagem económica superior
à que, mantendo-se idênticas as circunstancias do devedor, resultaria do prosseguimento do
processo com a liquidação da massa e a exoneração.
֎ Que os oponentes não sejam objeto de um tratamento discriminatório injustificado
֎ Que os oponentes não suscitem dúvidas legítimas quanto à veracidade ou completude da
relação de créditos apresentada pelo devedor.
5- Termos subsequentes à aprovação
Após a aprovação do plano, o juiz procede à homologação. Após o seu trânsito em julgado, o
juiz declara a insolvência do devedor no processo principal, mas consta unicamente as menções
referidas no art.36º/1/a e b).
6- Consequências da não aprovação ou revogação
São logo retomados os termos do processo de insolvência.
8- Incumprimento do plano
As consequências do incumprimento podem ser reguladas no próprio plano – art.260.º. Na
ausência da estipulação das partes aplicam-se as regras do art.260º e ss
Assim, é aplicável ao incumprimento o mesmo regime estabelecido no art.218º/1 para o
incumprimento do plano de insolvência – art.261º/1/a
Processo de insolvência
No caso da falência jogam interessados legalmente tutelados:
֎ O comerciante falido que quer retardar e evitar a falência;
֎ Os credores que visam a obtenção de um máximo valor
֎ Terceiros que aspiram à normal prossecução da sua atividade
֎ Comunidades e o Estado que pretende que a empresa que está em situação difícil
para tornar a ser produtora de riqueza.
֎ O mercado que pretende afastar o que não for iniciativa viável
Execução universal do património. Há uma recuperação que é o plano de insolvência.
A lei admite como sujeitos passivos de insolvência, todas as entidades mesmo sem personalidade
jurídica – art.2ºCIRE
A herança jacente: o que sucede é que em caso de património autónomo, se ele
tiver insolvente tem a herança aberta. Sendo que o Menezes Leitão diz que não é a herança jacente,
mas sim a herança.
Há entidades que têm processos especiais, que não o de insolvência – que Menezes Leitão diz
serem mais prejudiciais para os credores do que o próprio processo de insolvência.
Banca e seguros
Tem um regime especial em detrimento do sistema comum de recuperação de empresas. Isto
devido à necessidade de proteger o público, prejudicado perante a cessação de atividades de
entidades que atuem em sectores em causa
Insolvência – art.3º
A lei estabelece um caso especial – as pessoas coletivas e patrimónios autónomos são
também considerados insolventes quando o seu passivo seja manifestamente superior ao ativo
Joana Coelho de Freitas 83
Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa
Este processo corre nos tribunais de comercio tem carater urgente – art.9ºCIRE
Como começa?
Se for por terceiro
Se for o devedor, deve requerer a sua situação de insolvência. Se não for empresário, não
tem de se propor como insolvente
O interessado ao requerer uma insolvência, pode incorrer em venire contra factum proprium, em
tu quoque ou em desequilíbrio
NOTA: tu quoque: aquele que viola a norma jurídica, não pode tirar proveito dessa situação
A Atividade
Comercial
Introdução
O Direito Comercial dos contratos é dominado por princípios comuns e em especial pela
autonomia privada.
Clausula de numerus apertus: que o número de atos mercantis é ilimitado
Contratos mistos
As partes podem juntar num único contrato clausulas provenientes de diferentes tipos contratuais
Podem constituir então tipos comerciais sociais: na medida em constituam uma
determinada estabilidade ditada pela prática mercantil
Temos então:
Contratos típicos – regulamentação geral resulta da lei
Teoria da analogia
Teoria da absorção Teoria da combinação
Deve aplicar a não aplicação
Deve-se escolher um Deve ser feita uma aplicação de qualquer um dos regimes,
regime único, aquele que combinada dos dois regimes configura-se assim o
fosse predominante, que contrato misto como um
“absorveria” as regulações contrato integralmente
respeitantes aos outros atípico. Regula-se pela parte
tipos contratuais geral do Direito das
Obrigações, sendo assim, as
suas questões encaram-se
lacunas na lei, devendo-se
recorrer à analogia.
Galvão Telles: os contratos múltiplos ou combinados e de tipo duplo, devem-se reger pela teoria
da combinação. Já os contratos cumulativos e os complementares devem-se reger pela teoria da
absorção.
Antunes Varela: deve ser ponderado, tendo em conta o caso, o regime aplicável.
Almeida Costa: apela ao recurso a critérios de integração dos negócios jurídicos – art.239ºC.C..
No entanto, deve ser averiguada a possibilidade de aplicação analógica de algum tipo de contrato
típico, teoria da analogia.
Menezes Leitão: afasta a teoria da analogia, pois desvaloriza o contrato misto. Sempre que na
economia de um contrato misto haja uma preponderância dos elementos de um contrato, deverá
ser o regime desse a ser aplicado.
Contratação Comercial
Culpa in contrahendo
A responsabilização pela culpa durante as negociações, assenta no principio da boa-fé, o que
implica que tenha que haver uma realização deste principio em cada caso concreto.
Tem por base deveres:
➢ Deveres de proteção
➢ Deveres de informação
➢ Deveres de lealdade
Quais as consequências?
Menezes Cordeiro: No caso de se encarar que a culpa in contrahendo assenta na
responsabilidade contratual – aplica -se o art.799º/1
Outros: é um caso de responsabilidade extracontratual – art.487º
Negócios preliminares
Em virtude da complexidade de certas situações económicas, existem mais situações de
negócios preliminares, do que no Direito Civil.
Contratação mitigada
Menezes Cordeiro: Difere contrato-promessa da contratação mitigada, pois existe uma
verdadeira vinculação ao compromisso.
b) Acordos de base: as partes referem o acordo existente sobre os pontos essenciais, embora
as negociações prossigam para acertar questões complementares
Sendo sérias,
As diferentes figuras produzem sempre efeitos jurídicos, apesar de não se tratarem de
contratos, em que celebraram as partes, ou contrato-promessa que apenas vai constituir
determinadas obrigações.
Menezes Cordeiro: Não é uma contratação mais fraca, mas sim uma contratação diferente –
aparecem deveres simples de esforço, procedimento ou de negociação.
A contratação pode também ser realizada por meios eletrónicos ou por internet…
Não se confunde com a efetuada através de autómato ou de computador – há aqui uma
declaração de vontade, que vai valer como tal, sendo aplicável as regras do dolo e do erro.
É a facilidade que a contratação por internet que obrigou os Estados a apostarem na regulação
destas áreas.
Diretriz nº97/7/CE, do Parlamento Europeu e do Conselho + DL nº143º/2001, 26 de abril
Conclusão
O direito dos contratos está em perfeitas condições para reger o comércio eletrónico.
O e-commerce aparece como uma mera ferramenta para prolongar a mão humana,
facilitando contratações
Em relação à responsabilidade, parece que as regras tradicionais são suficientes para regular esses
casos
No entanto, nem todo o e-commerce é comercial, a capacidade de praticar comércio pela
internet, não impõe que esses atos sejam comerciais
Títulos de crédito
Documento que incorpora um direito cartular e autónomo destinado à circulação
Documento: suporte físico
Direito cartular: de um direito qualquer, direito subjacente. O que se retira do
documento, é o que resulta deste documento
Autónomo: independentemente de ter origem numa relação subjacente, o documento
vale por si só
Literalidade: ele vale por aquilo que tem la escrito. O que significa que o resto que for
discutido, não tem oponibilidade, nos termos do titulo de crédito, mas poderá haver essa
oponibilidade em relação à própria relação – o que foi convencionado, é balido em relação
à contraparte. Se não está no titulo, não é oponível.
Destinado à circulação
Autonomia e direito subjacente: o titulo de crédito existe por si só, é um negócio jurídico só por
si, não interessa o que as partes convencionam por si, que ele já existe. Vai desempenhar todas as
funções que é suposto desempenhar, e vai andar a “passear por ai”.
A autonomia não se confunde com a abstração – aqui existe um direito subjacente, mas
não há como invocar a causa. A partir do momento em que se transmite o negócio jurídico a causa
fica distante do titulo de crédito, e se não esta no titulo de crédito, não existe.
Os títulos de crédito são perigosos.
Podemos depois discutir isto em relação à relação subjacente nos termos do
enriquecimento sem causa, mas não é fundamento de recusa do pagamento do cheque.
Porquê?
Devido à circulabilidade, porque os títulos são feitos para circular, se fosse oponível cada
vez que se fosse transmitir o titulo, também tinha que ser transmitida a relação base.
Edoso – tem de ser assinado por traz, para poder ser transmitido.
A combinação de tudo isto, são características de:
1- Cheques
2- Letras
3- Livranças
Podem circular todos os títulos de crédito, mesmo os que dizem que não podem ser circular.
Ex: O cheque traçado, só pode ser depositado. Mas isso não implica que
não possa circular, o que acontece é que a pessoa que fez o cheque, não se
responsabiliza pelo não pagamento do cheque.
A lei tem de prever que se por acaso haver um problema de falta ou recusa de pagamento
eu possa ir pedir satisfações a quem passou o cheque. Cada um que transmite o cheque tem de se
responsabilizar pelo pagamento.
É por isto que se pode recorrer ao protesto! Tem de ser rápido.
Ex: EPAL vai protestar ao senhorio, e o senhorio vai protestar ao
inquilino.
Como e que se sabe que um titulo de crédito não é transmissível?
Porque não é um titulo de crédito
Ex: bilhetes de metro VIVA. – É um documento, incorpora um direito,
literal, é autónomo, mas não circula. Podem ser transmitidos, mas não são feitos
para a circulação.
O passe, o bilhete de avião – não é autónomo.
Os títulos de credito têm estas características,
Mas a circulação ou o protesto funcionam bem a não ser que haja um problema na cadeia.
Falha na cadeia, mas a pessoa e que fica com a responsabilidade
Ex: o senhorio tinha roubado o cheque à velhota, então o senhorio
não podia ir protestar à velhota.
Se houver um titulo de crédito anexo ao contrato ou como garantia, pode desaparecer o contrato
que não implica a extinção do titulo – para isso é necessário pedir o título de crédito
Pacto de preenchimento – art.10º e 11º da Lei uniforme
Emissão de um titulo de credito que não esta completo, (ex da garantia), pode a outra
parte a preenche-lo, se não for preciso, nunca o título é feito.
Diz-se que serve como garantia, se eu incumprir pode preencher desta
forma.
O titulo nasce sozinho, e a outra parte pode incumprir o pacto de preenchimento.
Único caso em que é oponível. - Porque as partes são as mesmas,
a parte que beneficia do título de credito e a parte que entrou no contrato
do direito subjacente
a partir do momento em que ele e transmitido deixa de haver a oponibilidade.
Caso das vendas que não estão à vista nem se podem designar por um padrão – segunda
modalidade de venda a contento – art.924ºCC. O art.471ºCCom dá o prazo de 8 dias:
Menezes Cordeiro: No caso de haver dolo da parte vendedor, não se aplica o
art.471º, tendo que se aplicar apenas os art.912º e ss CC
3- As coisas que são vendidas tendo em conta o seu peso, conta ou medida, seguem o regime
das obrigações genéricas do CC:
a. A concentração opera a delimitação do risco, a entrega a sua inversão
4- A compra de bens futuros e alheios – art.467ºCCom – a lei comercial parte de uma ideia
da validade destes contratos e determina que o vendedor deve cumprir
Locação
Aluguer comercial
Objetivamente comercial está associado à compra e venda, no sentido, que será comercial se a
coisa tiver sido comprada com o fim de ser alugada – art. 481º.
Apenas tem mais um preceito sobre o aluguer comercial que é o caso de fretamentos de
navios que remete para o regime civil
Arrendamento comercial
Art.110º e ss do RAU – arrendamento para o comércio e industria
Empréstimo
O empréstimo está previsto nos arts 394.º CCom; para ser considerado mercantil, a coisa cedida
tem de ser destinada a ato comercial.
Não há muitas especificidades de regime quanto ao mútuo civil, salientando-se apenas:
Caráter oneroso; no entanto, isto não impede as partes de estipular a gratuidade, sendo apenas
uma presunção – ex: art 243.º podem n estipular juros
Os juros comerciais estão sujeitos a uma taxa de 2% sobre a taxa do Banco Europeu
Quanto à forma: no mútuo civil há um formalismo excessivo, mas no mútuo mercantil admite-se
todo o género de forma – 386.º CCom
Reporte
O reporte é constituído pela compra, a dinheiro de contado, de títulos de crédito negociáveis e
pela revenda simultânea de títulos da mesma espécie, sendo a compra e a revenda feita à mesma
pessoa
Ulrich apresenta criticas:
a- A definição legal não indica o fim do contrato
b- Ela não distingue o reporte do deporte
c- Ela não refere o reporte indireto, ou seja, com intervenção de terceiros
d- Ela não faz perder a unidade orgânica da figura
e- Ela não fala na real remuneração do contrato
f- Ela considera a soma dada pelo reportador como um preço, o que seria inexato e
insuficiente
g- Em vez de falar em venda, era preferível falar em transferência de propriedade
Então,
Uma pessoa (o reportado) vai obter a disposição de uma certa soma em dinheiro, com
títulos de que se não pretende, em definitivo desfazer
Reporte de bolsa: visa diferir-se uma venda de títulos a prazo, quando na altura,
não vejam realizadas as suas previsões
o Caso do jogo de bolsa
E como é que se caracteriza o reporte?
Contrato consensual – não há exigência de forma
Real quoad constitutionem – resulta da exigência legal expressa – art.477º -
necessária a entrega da coisa para a celebração.
Sinalagmático e bivinculante – implica prestações recíprocas
Oneroso – porquanto ambas as partes são chamadas a efetuar sacrifícios
económicos
Relativo a títulos – o legislador afastou o reporte referente a outros títulos que
não os títulos de crédito negociáveis, apenas sempre admissíveis outros a titulo
da vontade das partes
De dare e de facere – o reporte obriga as partes a entregar e restituir determinados
objetos, surgindo múltiplos deveres de atuação a cargo de ambas
Típico e nominado – tem designação própria da lei e regulação específica
Função e natureza
Qual a função?
Tem função financeira, não de troca, mas sim de crédito aparecendo como
operação garantida.
As partes que recorrem ao reporte não pretendem:
uma transferência de títulos.
10
Joana Coelho de Freitas
0
Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa
10
Joana Coelho de Freitas
1
Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa
Direitos acessórios:
Todas as vantagens que o Direito dá e que caibam aos titulares dos títulos de crédito dados
de reporte.
Normalmente depende do título em jogo
E a quem competem esses direitos durante o reporte?
Como se tratam de duas compras e vendas: reportado, reportador e reportado,
seriam sucessivamente proprietários de direitos
o Rejeitada porque,
▪ O reporte ser referente a compras e vendas não faz sentido,
porque o reporte tem um regime próprio
▪ Em termos de Direito positivo, o reporte é um tipo negocial
próprio e autónomo, não se lhe podem aplicar as regras da
compra e venda sem ver se não há outro regime mais adequado
Na Itália, a doutrina mais antiga imputa estes direitos ao reportador
o Vivante: o reportador tem esses direitos, mas depois na restituição tem
de os creditar ao reportado, tendo que restituir os direitos que recebeu
o Messineo: o reportador deverá pelo menos substituir por títulos
equivalentes, não tendo que ser obrigatoriamente os que recebeu
Em Portugal:
o Deve o reportador restituir com as mesmas qualidades os títulos
o No reporte compra e venda, o reportador é proprietário a termo resolutivo
apenas detém a propriedade gravada
o Há um negócio financeiro e não um esquema aquisitivo, não poderia ser
utilizado para adquirir coisas que não o próprio reporte
o O reporte não é um negócio aleatório, pelo que não abrangeria vantagens
que não fosse parte da vontade inicial
o O reporte sujeita-se aos princípios gerais nomeadamente os que limitam
os juros, a usura,…
Art.477º - permite retirar uma norma supletiva: durante o prazo da convenção, correm a favor do
reportador os prémios – podem as partes por sua vontade fazer imputar esses prémios ao reportado
(p.e. através de contrato antecedente)
Interpretação comedida:
▪ A lei está a camar a atenção para realidades que vencem periodicamente de
modo repetido
▪ Ao restringir a ideia de prémios, tudo quanto for acessório e que não se possa
reconduzir a esta ideia aplicar-se-á as regras gerais que informam e que
determinam, no termo, uma total restituição ao reportado
CONCLUSÃO:
1. Os prémios têm que ser restituídos em termos de igual qualidade
2. Os que não se enquadram como prémios, têm que ser restituídos de forma igual
10
Joana Coelho de Freitas
2
Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa
10
Joana Coelho de Freitas
3
Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa
Trespasse
Estabelecimento pode ser objeto de transmissão definitiva ou temporária.
Trata-se, de resto, do ponto mais significativo do seu regime: a possibilidade da sua negociação
unitária, através de trespasse – se essa transmissão for definitiva – ou cessão de exploração - se a
cedência do estabelecimento for meramente temporária (arts. 1109º e 1112º, nº 1, a) do CC).
Estando em causa um acervo de bens e de direitos, a lei e a prática admitem que a transferência
se faça unitariamente
Abrange mais que as coisas corpóreas articuladas da universalidade, as realidades
envolvidas incluindo o passivo.
O trespasse do estabelecimento que tudo englobe continua a fazer-se por um único negócio, com
todas as facilidades que isso envolve.
O trespasse veio a perder terreno,
O comerciante que venha a fundar estabelecimento constituirá uma sociedade
comercial mais ou menos capitalizada, que irá encabeçar o acervo de bens e de deveres a inserir
no estabelecimento
Quando quiser alienar, basta transferir a sua posição social para
o adquirente
Legalmente atípico e nominado: não tem regime unitário na lei
Socialmente típico: aceite pelos usos comerciais é possível determinar o âmbito
O trespasse para ter eficácia deve: (art.1112º CC a contrarium)
▪ Ser celebrado por forma escrita
▪ Tem de ser estabelecimento efetivo – todos os elementos necessários para funcionar e
que opere em termos comerciais
▪ Tem de ser todo o estabelecimento – até ao limite de o conjunto transmitido ficar de tal
modo descaracterizado que já não se possa considerar um estabelecimento
(estabelecimento incompleto – Oliveira Ascensão)
▪ O estabelecimento deve manter-se como tal – se é restaurante mantém-se como
restaurante, podendo mudar o teor, passar de comida portuguesa para chinesa. Tem de ser
o mesmo ramo de atividade que a perpetuada pelo trespassante
▪ Deve abarcar instalações, utensílios, mercadorias e outros elementos (fatores
incorpóreos)
4- Aplica-se o regime geral das preferências o que a lei comercial não prescreva diretamente
a. A preferência não funciona quando o estabelecimento seja usado para a
realização de capital social – salvo nos casos de abuso de direito
NOTA: no silêncio das partes, os elementos são transmitidos.
10
Joana Coelho de Freitas
5
Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa
A margem de não transmitir coisas está limitada pela aptidão funcional e ainda por razões
legais:
o Art.1112º - norma especial, porque permite a transmissão sem a autorização do
arrendamento – tem que ver com:
▪ Trespasse de estabelecimento industrial
▪ De pessoa que exerça uma profissão liberal no prédio arrendado
o Art.285ºCTrabalho – a preocupação foi assegurar a manutenção de postos de
trabalho nestes negócios
o Art.100º e 145ºCDireitos de Autor
o Art.304º-P/2 CPI – logótipo – é uma realidade que é composta por elementos
gráficos nominativos associada a elementos gráficos figurativos – é transmissível
por trespasse.
Porquê?
A transmissão é encarada como um negocio benéfico para o desenvolvimento da
atividade comercial em geral, porque o trespassante terá interesse em o fazer (reforma do
negociante)
Procurando facilitar a transmissão do estabelecimento em espaço arrendado é introduzida
esta norma.
Art.1112º/2/a) – recorte negativo, “não há trespasse”. Não pode haver um trespasse com base em
apenas no valor económico das instalações e da localização geográfica.
Âmbito de entrega
Fazem parte do âmbito natural de entrega:
Por força legal, incluem-se no âmbito natural os logótipos e marcas (lei supletiva)
Os bens que o compõem, como máquinas, utensílios, mobiliário, matérias-primas,
mercadorias, inventos patenteados, modelos de utilidade, desenhos ou modelos
E os prédios?
o A doutrina entendia que não envolvia a transmissão do prédio;
o Coutinho - não encontra razões para diferenciar o prédio face aos outros
bens que fazem parte do estabelecimento – deve concluir-se que a
propriedade do prédio foi transmitida.
▪ Nos casos em que a instalação física tem de ser elemento
essencial.
▪ Nos termos da interpretação do contrato com as realidades que
estão implícitas no preço que se paga – fácil de aferir, tendo em
conta o valor do prédio!
Quanto aos elementos empresariais na disponibilidade do trespassante a título obrigacional (o
trespassante tem o gozo desses bens por ser titular de direitos de crédito):
10
Joana Coelho de Freitas
6
Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa
E a transmissão singular de dívidas, será que é transmitida tendo em conta o conflito entre
interesses?
São aplicáveis, a este caso, as regras gerais do direito civil.
doutrina e jurisprudência dominante: negam a transmissão automática de dívidas, aplica-se o CC.
Os créditos poderão ser livremente cedidos, não implicam em nada o direito do devedor,
apenas tem de ser notificado.
10
Joana Coelho de Freitas
7
Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa
As dividas já não poderão ser assumidas assim, porque ai poderá interessar ao credor
quem é que lhe pagará a divida. – plano da relação externa e da relação interna
Coutinho de Abreu: parece correto, de acordo com o 595.º a transmissão a título singular de
dívidas referentes a estabelecimento só se pode verificar por acordo entre trespassante e
trespassário, ratificado pelos credores, ou por acordo entre o trespassário e os credores - tem
sempre que haver declaração expressa dos credores.
EXCEÇÃO: o trespassário pode ter de responder por dívidas anteriores ao trespasse – ART.
285º/1 e 2º CT (dívidas aos trabalhadores)
Oliveira Ascensão: há realidades creditícias e obrigacionais que estão ligadas à
exploração do estabelecimento, e o que faz sentido é serem transmitidas com o negócio que
transmite o estabelecimento – dividas exploracionais
10
Joana Coelho de Freitas
8
Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa
10
Joana Coelho de Freitas
9
Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa
Menezes Cordeiro: existe uma obrigação implícita de não concorrência devido à boa-fé, neste
caso pós factum finitum, para não prejudicar o trespassário
Coutinho de Abreu: tem a mesma ideia que Menezes Cordeiro, mas com base nas leis da locação,
em que não se deverá impedir o locatário de gozar da coisa – art.1031º e 1037º
Estes dois atores vão então limitar esta ideia com três critérios:
1. material
2. geográfico
3. temporal
Critica:
As regras de boa-fé impõe um comportamento negocial honesto, isto sempre tendo em
conta o comportamento exteriorizado, em que medida é que isto prejudicaria o negócio?
• Se o trespassante tivesse dito que ia querer posteriormente abrir um
estabelecimento com as mesmas características que o anterior, o trespassário
quereria que o preço baixasse ou então nem celebraria o trespasse
• Se o trespassário pedisse ao trespassante para adicionar uma clausula de não
concorrência, o trespassante quereria aumentar o preço do trespasse ou nem o
celebraria
A limitação do âmbito tendo em vista os critérios:
Material – ex: restaurante português é trespassado e depois ele abre um chines
Geográfico – se forem bairros diferentes, ainda é o mesmo espaço?
Temporal – 2/3 anos como a doutrina aponta, não são suficientes para repor o investimento
Pedro Pais de Vasconcelos: as partes deveriam ter incluído a clausula no contrato, como faria um
comerciante diligente. Não é uma obrigação, tem de estar previsto no contrato, caso contrário
estaremos a por em causa a concorrência que é um valor jurídico protegido – art.61º/1 CRP e
normas comunitárias
Nuno Aureliano: não existe uma obrigação implícita, o que há é uma lacuna tendo que se fazer
analogia com o regime da agência e com o a lei laboral – art.9º do regime da agencia e normas do
CT – sendo assim, a clausula tem de estar reduzida a escrito
José Estaca: o negócio é feito entre dois profissionais, neste caso comerciantes, nenhum deles está
numa situação de disparidade em relação ao outro, pelo que ambos devem ter a diligência superior
a um bom pai de família – devem ter o padrão de diligencia de um gestor organizado e onerado.
Todo o mundo negocial requere especial cuidado do comerciante, pelo que quando ele não tem
cuidado e abre a possibilidade da clausula, não aparece uma lacuna, mas sim uma mera omissão
intencional (mas não sendo, ninguém é obrigado a conhecer que não é).
Como profissionais na gestão da coisa, devem saber quando recorrer a outros
profissionais quando esteja em causa situações das quais eles desconheçam. Neste caso a um
jurista – com isso a responsabilidade passa a estar na esfera do jurista.
11
Joana Coelho de Freitas
0
Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa
Locação
Diferencia-se do trespasse por ser temporária, e onerossa (o trespasse é tendencialemtne oneroso)
Art.1109º CC – antes chamada de cessão de exploração:
11
Joana Coelho de Freitas
1
Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa
Implica a cessão titulada por um negócio tipo a locação, com uma obrigação periódica de
pagamento de retribuição. Reconhece-se assim o estabelecimento comercial como objeto
autónomo
Cedência temporária do estabelecimento como um todo, sem necessidade de
negociar e as realidades que o componham – p.e. a clientela e o aviamento
Possibilidade de atender à verdadeira realidade em jogo no estabelecimento,
afastando normas comuns aplicáveis a outras figuras contratuais
A renda tem em conta a clientela também;
A aproximação do regime ao arrendamento parece aproximar-se demasiado da
transmissão do imóvel.
Art.1109º CC – locação do estabelecimento
Art. 1110º CC – as regras quanto à duração, denúncia e oposição à renovação dos contratos de
arrendamento para fins não habitacionais são livremente estabelecidas pelas partes, aplicando-se,
na sua ausência, o disposto quanto ao arrendamento para habitação.
11
Joana Coelho de Freitas
2
Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa
Forma do contrato: sob pena de nulidade, deve ser celebrado por escrito. – art.1112º/3
Aplica-se também o art.1113.º não caduca por morte do locatário.
Âmbitos de entrega
A locação não pode também prescindir dos elementos necessários ou essenciais para a
identificação da empresa objeto do negócio: âmbito mínimo.
os elementos empresariais transferem-se naturalmente para o
locatário – a título temporário.
NOTA: Integra-se no âmbito natural de entrega a generalidade dos meios empresariais
pertencentes em propriedade ao locador.
Quanto aos elementos empresariais que se encontrem na esfera jurídica do locador a título
obrigacional?
a posição de empregador transmite-se para o locador – 285/3 CT;
transmite-se o gozo do prédio (se o estabelecimento funcionar em prédio arrendado);
o mesmo para os bens empresariais detidos pelo locador a título de locação financeira ou
de simples aluguer.
A que título se dá esta transferência?
Deve entender-se que a propriedade dos meios fica com o locador, não se transmitindo para o
locatário; o direito locatício sobre o todo não implica direitos de propriedade.
Então qual o direito para o locatário transformar ou alienar bens constituintes do capital
circulante?
É um poder-dever de exploração do estabelecimento - se o locatário encerrar, total ou
parcialmente, a empresa, viola o contrato de locação e o locador pode requerer resolução – 1047º
CC.
11
Joana Coelho de Freitas
3
Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa
resolução do contrato
indemnização
encerramento do novo estabelecimento – mais gravosa – retirada art.1276º
11
Joana Coelho de Freitas
4
Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa
CONCLUSÃO:
➢ Existência de um estabelecimento
➢ Não é necessária a autorização do senhorio, no caso de ser local arrendado
➢ Quando a cessão seja declarada nula, a retribuição acordada é devida pelo
cessionário ao cedente
o É necessária escritura pública
Art.1109º CC – antes chamada de cessão de exploração:
1- no numero 1 – locação de estabelecimento, não diz que o estabelecimento está instalado
em prédio arrendado. Então, o que está em causa é a situação em que o locador do
estabelecimento é proprietário ou usufrutuário do prédio onde se encontra o
estabelecimento
a. evitar que o estabelecimento possa render duas rendas para a mesma pessoa
2- número 2 – instalado em local arrendado – o locador do estabelecimento é
simultaneamente locatário do imóvel. Quando celebra o contrato transmite ao locatário
do estabelecimento, sem necessidade de consentimento do locador do imóvel:
a. DUAS RENDAS: uma ao locador do estabelecimento e a renda que já era paga
pelo locador do estabelecimento ao locador do imóvel
b. O locador não tem um direito de preferência
Diferenças entre a locação e o trespasse:
O trespasse é definitivo e a locação é temporária,
O trespasse é tendencialmente oneroso e a locação é onerosa
O racional económico do contrato traduz-se num elemento de pagamento do preço. Na
locação de estabelecimento é uma prestação continua e é temporária, a propriedade dos
bens nunca sai da esfera jurídica do locador.
o O locatário paga, na renda, a possibilidade de fruir do estabelecimento como
realidade que gera um proveito económico
o A afetação da clientela é mais sensível do que no caso do trespasse – o locatário
paga uma renda para ter ganho depois, daí que o locador não deve praticar atos
que diminuam o valor do estabelecimento
11
Joana Coelho de Freitas
5
Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa
Pode ainda o estabelecimento ser sujeito a penhora. Não afeta a relação locatícia que nela exista.
Os contratos de intermediação
Mandato
Parece que o CCom optou por uma ideia mais ampla de mandato, que envolve diversas figuras.
No mandato comercial, o mandatário obriga-se a praticar um ou mais atos jurídicos, por
conta de outrem, atos esses que têm natureza comercial.
Características:
Presume-se oneroso – art.232º a remuneração é acordada pelas partes ou pelos usos da
praça onde o mandato foi executado
É contratual, mas também pode ser um negócio unilateral, podendo o “mandatário” no
caso se não quiser recusar, incorrendo nos deveres:
o Comunicar a recusa ao mandante o mais possível
o Praticar as diligencias necessárias para a conservação de quaisquer mercadorias
que lhe hajam sido remetidas, até à recusa
o Deve consignar em depósito tais mercadorias avisando o mandante quando o
fizer
o Deve responder pelo incumprimento de qualquer das enunciadas obrigações
O mandatário deve no âmbito do contrato:
1- Praticar os atos envolvidos de acordo com as instruções recebidas ou segundo os usos
comerciais – art.238º
2- Informar o mandante de todos os factos que o passam levar a modificar ou revogar o
mandato. art.239º
3- Avisar o mandante da execução do mandato, presumindo-se que ele ratifica quando
não responsa imediatamente – art.240º
4- Pagar os juros – art.241º
Podemos seguir todas as obrigações do art.1261º e ss do CC.
O mandatário não fica subordinado ao mandante – pelo que não se pode encarar isto como
uma situação laboral.
11
Joana Coelho de Freitas
6
Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa
O mandante deve:
a. Fornecer ao mandatário os meios necessários à execução do mandato – art.243º
b. Pagar-lhe os termos ajustados – art.232º/1
c. Reembolsá-lo de despesas e compensá-lo – art. 242º, 243º e 246º
A revogação ou renuncia do mandato sem justa causa dão lugar a indemnização – art.245º
Art.234º e 237º - no caso do mandato envolver remessa.
Caso de pluralidade de mandatários – art.244º - pode ocorrer mandato conjunto não
aprovado por todos.
O art.247º estabelece privilégios creditórios mobiliários especiaos a favor do mandatário
comercial
Maior diferença entre mandato civil e mandato comercial: o mandato civil é no interesse do
mandante, o comercial opera no interesse de ambos.
Gerentes de comércio
Tem mandato geral para tratar do comercio de outrem – art.248º
Tem poderes de representação – art.250º e 251º - cuja limitação é inoponível a terceiros
Acautela a confiança de terceiros e da comunidade em geral. – art.10º/a CRP
Se o gerente contratar em nome próprio, mas em nome do gerente não se aplica o art.252º. Aplica-
se sim o regime do mandato civil sem representação.
O gerente não pode desenvolver atividade com a deste concorrente, caso contrário
responde pelos danos e pode ser negócio faltoso – art.253º
Havendo registo do mandato, o gerente tem legitimidade judicial ativa e passiva como
representante do proponente – art.254º
Aplica-se ainda o art.255º
A morte do proponente não cessa a gerência – art.261º
Auxiliares e caixeiros
distingue-se do gerente, pois este só tem mandato para tratar de algum ou alguns ramos do tráfego
do proponente – art.256º
São representantes – art.258ºCCom
Podem ser “empregados” do comerciante, devidamente mandatados – operando o aspeto laboral
apenas a nível interno, na relação entre o mandante e o mandatário.
Os caixeiros são pessoas mandatadas para vender e cobrar em nome e por conta do
mandante
11
Joana Coelho de Freitas
7
Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa
Comissão
É um contrato sem representação – art.266º
Aplicam-se as regras gerais, salvo as que respeitam à representação – art.267º e 268º - devendo o
comissário remeter para o mandante ou comitente o que por conta deste tenha adquirido
O comissário apenas responde perante o mandante caso tenha havido um pacto ou uso,
pelo cumprimento de obrigações do terceiro – art.269º
➢ Nesse caso pode: debitar a remuneração ordinária e a convenção del credere a
determinar pelas partes ou pela praça – art.269º/2
➢ As consequências da violação ou excesso dos poderes de comissão correm pelo
comissário – art.270º e 271º
Deverá sempre o comissário agir com prudência – art.272º otimizando os meios que lhe são
dispostos para prosseguir o interesse do mandante.
Mediação
A mediação é o ato ou efeito de aproximar voluntariamente duas ou mais pessoas, de modo, a que
entre elas se estabeleça uma relação de negociação eventualmente conducente à celebração de um
contrato definitivo, sendo que o mediador não poderá tomar nenhuma das partes e não esteja
ligado a nenhuma delas por vínculos de subordinação
Pode ser assumida como objeto de um contrato: contrato de mediação
Mas também pode ocorrer por iniciativa do mediador sem que previamente nada tenha
sido contratado entre ele e qualquer dos intervenientes – mediação liberal
Através de várias disposições legais é nos possível chegar a diferentes tipos de mediação
11
Joana Coelho de Freitas
8
Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa
Características e natureza
É um contrato oneroso, de prestações de serviços materiais, aleatória e intuitu personae
11
Joana Coelho de Freitas
9
Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa
12
Joana Coelho de Freitas
0
Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa
Mas normalmente, nos países latinos, apenas temos mediação comercial, por uma de duas vias:
1. Mediador: um comerciante no exercício da sua atividade comercial. Quando o
mediador seja uma sociedade - comercialidade subjetiva (PORQUÊ)
2. Por estar em causa alguma das modalidades de mediação tipificadas em leis comerciais
especiais: mediação mobiliária, dos seguros, imobiliárias, monetária e de câmbios e de
jogos sociais – comercialidade objetiva e subjetiva
a. Remédio Marques: art.230º/3CCom há uma referência à mediação
b. Menezes Cordeiro: não há nenhuma referência à mediação, nem se quer aos
corretores, apenas a outras formas de prestação de serviços
Figuras afins
Normalmente estabelece-se uma linha entre o mandato e a agência com a mediação
A mediação pressupõe a atuação material por parte do obrigado. É um contrato aleatório, só dando
azo à retribuição quando seja realizado com sucesso.
Em relação ao mandato:
O mandato pressupõe uma atuação jurídica por conta do mandante – a mediação
implica a conduta material
O mandatário age por conta do mandante – o mediador atua por conta própria
12
Joana Coelho de Freitas
1
Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa
É um contrato inorgânico, não dá azo a nenhuma especial organização, nem pressupõe uma
relação duradoura
Em relação à agência
A agencia pressupõe um quadro de colaboração ou de organização duradouro,
entre o principal e o agente – a mediação assenta num negócio pontual, apenas
eventualmente duradouro
O agente deve agir de modo empenhado, por conta do principal – o mediador
pela pureza do instituto, mantem-se equidistante
A agencia é compatível com poderes de representação – a mediação não
A agencia tem esquemas típicos de retribuição, nomeadamente o agente só é
remunerado quando o contrato definitivo for cumprido – não ocorre na mediação
Podem, no entanto, as duas combinarem
Em relação ao contrato de trabalho:
❖ O trabalhador está dependente do empregador - o mediador é um profissional
independente, não está à direção do comitente.
o No caso do mediador se subordinar ao comitente a nível económico, tem
de privilegiar sempre a vontade das partes contratantes
12
Joana Coelho de Freitas
2
Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa
12
Joana Coelho de Freitas
3
Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa
Retribuição
A mediação é onerosa, devendo as partes prever:
➢ Qual a retribuição devida
➢ Em que circunstancias ela deve ser paga
➢ Em que momento terá lugar a sua satisfação
12
Joana Coelho de Freitas
4
Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa
Cessação
Cessa pelas razões que nele as partes tenham querido inserir. Quando nada digam:
Quando pactuado para um concreto negócio, ele cessa caso esse negócio se
obtenha ou, ainda, na hipótese de ele se tornar definitivo
Independentemente disso, o contrato termina pelo incumprimento definitivo por
qualquer uma das partes
É intuitu personae cessa normalmente pela morte
E no caso de ser uma mediação duradoura?
Menezes Cordeiro:
a. Por via do art.1156ºCC haverá que correr às regras do mandato: o solicitante
poderá revogar o contrato, mas uma vez que ele também foi celebrado no
interesse do mediador terá que haver justa causa para a revogação – leva ao
incumprimento se for indevida
i. qualquer circunstancia ou facto que torne inexigível ao mandante, a
luz da boa-fé, a continuação do contato bem como qualquer facto que
torne inutilizável ou inalcançável o fim que o mandato pressupõe
b. Por aplicação analógica do art.28º D.L. nº178/86, de 3 de julho, relativo à
agencia e ainda a concretização da boa-fé: por denúncia com antecedência aí
indicada
Os contratos de distribuição
Agência
Tem antecedentes em vários métodos de comércio à distância da antiguidade, através de
auxiliares.
O Código Ferreira Borges: versava sobre a figura do feitor – que correspondia em termos muitos
gerais ao gerente de comércio, estando este munido de poderes de representação.
Para além de ser um contrato de distribuição funciona como exemplar de contratos de
distribuição, no sentido que muitos dos princípios que se aplicam à agencia, vão servir para outros
tipos contratuais de distribuição
Características: é um contrato oneroso, de prestação de serviços
Regime legal
D.L. nº178/86, de 3 de julho
É então um contrato de agência:
• Dever de promover, por conta de outrem a celebração de contratos
• Modo autónomo e estável – permite distinguir do contrato de trabalho
• Mediante retribuição
12
Joana Coelho de Freitas
5
Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa
É uma prestação de serviços mais particularmente uma modalidade de mandato. O agente deverá
acatar as instruções do principal – instruções concretizadoras e não inovadoras
É requerido ao agente investimentos pessoais e por vezes materiais
Não parece estar sujeito a nenhuma forma – art.1º/1 – cada parte pode exigir da outra um
documento escrito, assinado com o conteúdo do contrato (protege-se assim o agente na medida
em que não poderá ser confrontado com a nulidade da forma)
Deverão assumir forma escrita:
A clausula que confira poderes de representação ao agente – art.2º/1
A que lhe permita cobrar créditos – art.3º/1
A que estabeleça a proibição de concorrência pós-eficaz – art.9º
Convenção del credere – art.10º
A cessação por mútuo acordo – art.25º
A declaração de resolução – art.31º
Poderá ser celebrada com ou sem representação – se houver representação, há a presunção que o
agente tem poderes para cobrar créditos – art.3º/2
Cobranças não autorizadas – art.770º e art.3º/2 (representação aparente)
Na agência sem representação:
Ou o agente contrata em nome próprio devendo, depois, retransmitir para o
principal a posição adquirida
Ou o contrato é celebrado pelo cuidado do agente diretamente entre o principal e
o terceiro
Caso nada seja deito no contrato, poderá o agente escolher qualquer uma das opções.
A agência poderá ser celebrada tendo em vista um circulo territorial predeterminado ou
uma delimitação pessoal (para juristas por exemplo)
Poderá estar associada a uma cláusula de não concorrência – art.4º DL
O agente poderá recorrer a auxiliares e a substitutos – art.5ºDL e art.1165ºCC
Proteção de terceiros
O terceiro que irá contratar normalmente vai se encontrar numa situação de maior vulnerabilidade,
visto não estar a contratar com o verdadeiro contratante. Mecanismos de proteção do terceiro:
֎ Deve o agente informar os interessados dos poderes que possui – art.21º
֎ Quando não tenha poderes, o agente ou contrata em nome próprio ou proporciona
uma contratação direta com o principal e o terceiro, se o principal não manifestar
no prazo de 5 dias o seu desacordo, fica vinculado – art.22º/1 e 2
֎ Representação aparente – art.23º/1
o O negócio é eficaz
Cessação
Art.24º a 36º
Pode ser:
➢ Acordo das partes – tem de ser por forma escrita – art.25º
➢ Caducidade – na falta de prazo o contrato tem-se celebrado por tempo
indeterminado – art.27º.
12
Joana Coelho de Freitas
7
Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa
Indemnização de clientela
Os clientes se manterão após a cessação do contrato de agência.
Deverá por isso, ser o agente indemnizado pela clientela que trouxe para o principal – art.33º -
podendo essa indemnização ser exigida pelos herdeiros.
Só não acontecerá se o contrato cessar por culpa do agente ou se este tiver sido cedido a
terceiro
Art.34º - calculo da indemnização de clientela
Concessão
O contrato de concessão apresenta um perfil característico – é atípico
Opera em áreas que exigem investimentos significativos e que o produtor dos bens ou serviços a
distribuir não queira ou não possa ele próprio efetuar.
Quais os parâmetros que norteiam a concessão?
Um comerciante insere-se na rede de distribuição de um produtor
Adquire o produto em jogo junto do produtor e obriga-se a vendê-lo em seu
próprio nome na área do contrato
Estabelece relações duradouras em que o concessionário opera em nome próprio. Pode operar
como promessa genérica de aquisição e de venda de produtos, com diversas prestações de facere
em anexo.
Muitas vezes implica uma distribuição a nível internacional
Figuras afins
Contrato de agência o agente age por conta de outrem, na concessão o
concessionário age em nome próprio
12
Joana Coelho de Freitas
8
Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa
Regime:
É uma figura assente na autonomia privada. Não está em principio sujeito a nenhuma
forma solene. O regime resulta basicamente da interpretação e da integração do texto subscrito
pelas partes.
No que as partes tenham deixado em aberto parece que se deve recorrer ao regime da
agência – doutrina e jurisprudência – principalmente a nível da clientela
Cláusulas contratuais gerais – regime jurídico geral
Especificidades:
A concessão postula uma relação de confiança – não se deverá aplicar o prazo
admonitório – art.808º/1 CC
O regime da exclusividade não é necessário, devendo para existir de ser acordado entre
as partes
Pode envolver a formação profissional do pessoal do concessionário
A concessão nos seus elementos uteis deve ser provada por quem dela se queira prevalecer.
Duração:
❖ Não havendo prazo, só pode ser denunciada com pré-aviso – caso contrário dá
azo a indemnização
❖ Havendo culpa do concedente na cessação da concessão pode este ser obrigado a
retomar os stocks antes vendidos ao concessionário
❖ A denuncia ilegal é eficaz, mas obriga a indemnizar
Indemnização de clientela:
A doutrina aponta um especial cuidado com o regime da agencia a ser aplicado por
analogia:
A indemnização de clientela é uma compensação prevista, desde que se
verifiquem mais pressupostos da lei
Havendo lei não se aplica o enriquecimento sem causa
Não tem a indemnização prevista na agencia aplicação automática, é preciso
ponderar a analogia
12
Joana Coelho de Freitas
9
Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa
Franquia (Franchising)
É atípico, dependente da autonomia privada
Uma pessoa franqueador, concede que outra o franqueado dentro de certa área, cumulativamente
ou não:
Utilização de marcas, nomes e insígnias comerciais
Utilização de patentes, técnicas empresariais ou processos de fabrico
Assistência, acompanhamento e determinados serviços
Mercadorias e outros bens para distribuição
Porquê que é um contrato com tanto êxito?
▪ Possibilidades abertas pela publicidade, no tocante à divulgação de marcas e de
estilos de via
▪ À mobilidade crescente dos consumidores, que facilita uma oferta uniforme de
bens
▪ Ao aumento dos seus rendimentos
13
Joana Coelho de Freitas
0
Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa
Modalidades
֎ Franquia de serviços – o franqueado oferece um serviço sob insígnia, o nome comercial
ou mesmo a marca do franqueador, conformando-se com as diretrizes deste ultimo – Avis
e Hertz
֎ Franquia de produção – pela qual o próprio franqueado fabrica, segundo as indicações do
franqueador, produtos que ele vende sob marca deste – Coca-Cola, Pepsi
֎ Franquia de distribuição – pela qual o franqueado se limita a vender, certos produtos num
armazém, que usa a insígnia do franqueador – Pronuptia
13
Joana Coelho de Freitas
1
Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa
Cessação
Lugar a uma situação duradoura.
Resolução
o Unilateral e justificada
Denúncia
o Unilateral e discricionária
Aplica-se o modelo da agencia com as respetivas adaptações, não podendo a cessação ser
retroativa
Os contratos de franquia são fixados unilateralmente pelo franqueador que recorrem muitas vezes
a clausulas contratuais gerais
Apesar de estar economicamente subordinado, o franqueado é autónomo – não faz sentido
por isso recorrer a uma tutela laboral, recorre-se por isso à tutela do contrato de agencia
diretamente ou por analogia
Problemas de concorrência
Apenas perante contexto económico, contrato a contrato e clausula a clausula, será
possível perante a lei de concorrência formar juízo de licitude
São licitas as clausulas destinadas a evitar que o saber-fazer e a assistência concedidas ao
franqueado, venham a aproveitar a concorrentes
São licitas as clausulas que organizem o contrato e a fiscalização, de modo a preservar a
identidade e a reputação da marca
São restritivas da concorrências as clausulas que impliquem repartições de mercados ou
prefixações de preços
A franquia coloca problemas de interpretação contratual, esta deve constituir uma lógica
empresarial, em termos de funcionalidade de modo a apreender a lógica do grupo onde o
franqueado pretende se integrar
➢ Se houver coordenada societária interpretação do tipo objetivo
➢ Natureza mista permite apelo aos mais diversos contratos
13
Joana Coelho de Freitas
2
Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa
13
Joana Coelho de Freitas
3
Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa
Tipos de consórcio:
Interno – as atividades ou os bens são fornecidos a um dos membros do consorcio e só
este estabelece relações com terceiros ou então tais atividades ou bens são fornecidos
diretamente a terceiros por cada um dos membros do consórcio – os terceiros
desconhecem o consórcio
Externo – as atividades ou bens são fornecidos a terceiros por cada um dos consorciados,
com inovação expressa dessa qualidade – reforço do elemento organizativo – os terceiros
conhecem do consórcio.
o Não implica que o consórcio passe a ter personalidade jurídica
Organização: art.7º, 12º, 13º, 14º, 20º
13
Joana Coelho de Freitas
4
Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa
Nada proíbe que se estabeleça regime de solidariedade passiva ou ativa. Mas também não
a prescreve, ou seja, continua a estar no âmbito da vontade das partes. Também permitindo a
limitação da responsabilização.
A nível das relações internas, é normal que as partes possam se ajudar mutuamente,
nomeadamente através da repartição de lucros e de prejuízos num negócio em que ambos tenham
entrado
NOTA: isso nada tem que ver com o estabelecimento de uma
pessoa coletiva, é uma situação que se verifica normalmente em casos de
compropriedade.
Termo do consórcio
O consórcio dá lugar a uma situação jurídica duradoura, tendo por isso que ser fixados esquemas
de cessação sem o que ela tenderia a se eternizar no tempo.
Aplica-se a regra de que, a não ser que a lei o proponha, os contratos não se mantêm para
sempre.
Podem se extinguir por:
Exoneração dos seus membros – art.9º - a uma posição potestativa que o
consorciado tenha de pôr cobro aos seus compromissos, tem de ser justificada:
o Uma impossibilidade superveniente de realizar as suas obrigações a qual
terá de ser liberatória, nos termos gerais (absoluta, objetiva e definitiva)
o Um comportamento de um consorciado que traduza um incumprimento
perante o outro bem como uma impossibilidade em relação, também, a
outro membro, sem que seja possível utilizar o esquema de resolução
Resolução do contrato – art.10º - posição potestativa que o consorciado tenha de
excluir os outros do consórcio, tendo que existir justa causa:
o Subjetiva
o Objetiva
o Exige-se declarações escritas dos outros membros. A jurisprudência
admite que só é necessária declaração oral quando forem só duas.
Extinção do consórcio – art.11º
o Revogação – art.11º/1/a)
o Caducidade – art.11º/1/b), c) e d)
o Impossibilidade – art.11º/1/b)
Natureza: não é obrigatoriamente comercial – art.19º
13
Joana Coelho de Freitas
5
Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa
Não se presume o regime da solidariedade ativa nem passiva dos membros do consórcio
com terceiros. – ao contrário do regime regra
Associação em participação
Temos uma organização muito elementar que liga uma pessoa a um comerciante: confere-lhe
determinados apoios para o desenvolvimento do seu comércio e em troca recebe parte dos lucros
que ele venha a obter. Toda a atuação é desenvolvida em nome do comerciante.
Regime:
Art.21º - o comerciante é associante e a outra pessoa é o associado
A participação nos lucros é essencial para ser uma associação, mas a participação nas perdas pode
ser dispensada.
No caso, de as partes nada preverem a solução é a da comunhão de lucros e de perdas.
A participação nas perdas, deve ser provada por escrito. devendo ainda resultar de convenção
expressa – art.25º/2
Se existirem vários associados, não se presume a sua solidariedade – art.22º
O contrato é consensual – art.23º/1
O associado obriga-se a uma contribuição de índole patrimonial – art.24º - que pode ser
dispensada do contrato se ele participar das perdas.
A mora prejudica o exercício da sua posição jurídica, mas não impede que a obrigação
seja exigida – art.24º/5
Art.25º/2 e 25º/3
A contribuição das perdas é limitada à contribuição do associado 25º/5
Deveres do associante:
1- Proceder com diligência de um gestor criterioso e ordenado – art.26º/1/a)
2- Conservar as bases essenciais da associação – art.26º/1/b)
3- Não concorrer com a empresa – art.26º/1/c)
4- Prestar todas as informações ao associado – art.26º/1/d)
13
Joana Coelho de Freitas
6
Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa
ACE
Agrupamento complementar de empresas – Lei 4/73, de 4 de julho e DL 430/73
Realidade de cooperação entre pessoas. Mas ao contrário do consorcio tem personalidade jurídica,
adquire com a sua inscrição do ato constitutivo no registo
Tem firma de acordo com a base 3, nº2 – tem de ter ACE no fim.
A capacidade jurídica, apesar de ter personalidade, é limitada – art.5º do DL
Pode ou não ter capital, de acordo com o que esta no ato constitutivo
É uma estrutura de cooperação que visa potencializar a realização de lucros na
generalidade dos seus membros, mas não no seu património. Não tem como fim principal
a arrecadação de lucros e distribuição, mas sim o que já foi dito – base 3/1
Pode ter uma administram externa e sistema de fiscalização – base 3/3 e art.6
As deliberações são feitas em assembleia geral sendo o voto por cabeça – art.7º
Nas relações externas o ACE é obrigado por qualquer um dos administradores agindo
nessa qualidade – base 3./4
Podem ser admitidos novos membro s- art10º
como podem ser exonerados os membros – art.12º
como podem acontecer exclusão – art.13º
o Sendo que a parte do agrupado que for exonerado ou excluído – art.1021º CC e
art.14º DL
Art.16º - casos de dissolução do ACE
ART.20º - aplicáveis subsidariamente ao ACE as regras das sociedades em nome coletivo
AEIE
Agrupamento europeu de interesse económico – Regulamento 2137/85 do Conselho de 25/07
13
Joana Coelho de Freitas
7
Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa
Semelhante ao ACE, mas são constituídos por pelo menos duas sociedades ou entidades
semelhantes em sedes em estados membros diferentes ou duas pessoas singulares com domicilio
em estados membros da EU
Tem por finalidade facilitar a atividade económica dos membros, e melhorar. Não tem
por objetivo realizar lucros próprios – art.3º
Deve ser usada firma de todos os membros agrupados com o AEIE – art.5º/a
Tem estrutura contratual de cooperação e não de direção ou controlo – art.3º
Órgãos: membros agindo colegialmente ou seus gerentes – art.16º/!
Cada membro tem um voto, mas o contrato pode atribuir vários votos dew que não haja
um com maioria
Obriga-se perante 3º através dos seus gerentes – art.20º
o A cessão de posição contratual de cada membro – art.23º
o Os lucros que se apurarem na atividade do agrupamento são considerados lucros
dos seus membros – art.21º e 40º
Inaptidão de arrendamento
O lojista recebe o gozo da loja e beneficia de todo o universo disponibilizado pelo promotor –
pois a sua loja nesse universo tem mais chances de ter clientes. Em troca o lojista paga duas
parcelas mensais:
1- Uma quantia fixa
2- Percentagem sobre a faturação bruta que realize
O lojista que não tiver sorte, sai e aparece outro que poderá ter melhor sorte. Para além disso é do
interesse da entidade promotora saber quem são os seus lojistas – evitar situações de crime
organizado.
Não estaremos no âmbito do arrendamento comercial, pois esse teria um regime demasiado
violento para o promotor (a cessação do contrato é complicado nesse caso e o arrendatário poderia
ceder o seu lugar a outro sem necessitar da autorização do promotor)
Sendo que o centro comercial é dotado de uma lógica de escala e gerido como uma grande
empresa – não poderia ficar vinculado a este tipo de situações:
Não se aplica por isso o contrato de locução
A entidade gestora do centro:
13
Joana Coelho de Freitas
8
Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa
• Agia uma quantia fixa (semelhante à renda) e uma percentagem das receitas
• Assume a obrigação que o lojista vai ter a clientela do centro e que não será
separada
•
Tipo autónomo:
São então contratos atípicos, e não contratos de arrendamento, recolhendo vários
elementos de vários outros tipos contratuais
Natureza e regime:
É algo completamente atípico, pelo que o recurso à analogia do regime da locação só ocorre na
medida do necessário.
Menezes Cordeiro: o centro comercial é uma teia de serviços organizados. Deveria o contrato de
lojista ser reconduzido à Lei das Clausulas contratuais gerais, tendo como vantagem sublinhar as
obrigações do promotor.
Mas como houve uma solução radical, os lojistas acabaram por ficar sem proteção, nessa
medida, mas permite proteção em relação à facilidade de alcançar mais facilmente clientes, e
tendo horas previstas de fecho e abertura
Os elementos publicitados em brochuras podem ser vinculativos para a entidade
promotora
O lojista pode resolver o contrato, em caso de insucesso do centro comercial
A gestora do centro comercial deve preservar a manutenção do conjunto, concorrendo
para a rentabilização da clientela
Ao contrato de lojista são aplicáveis:
o as respetivas cláusulas
o Regime geral dos contratos
o Regras de arredamento e da prestação de serviços a titulo subsidiário
o Ocorrendo o trespasse de uma loja, a entidade gestora mantém-se vinculada
perante o novo lojista
13
Joana Coelho de Freitas
9
Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa
Papeis de crédito que vencem juros: tem o depositário de recorrer à cobrança. O deposito
mercantil de títulos, tem de praticar todas as diligencias, tem de administrar a coisa – ao contrário
do civil
Uso da coisa depositada – art.406ºCCom, deixa de ser de depósito e passa a ser de empréstimo
Regime civil – 1189ºCC
Transporte
É um contrato autónomo, oneroso, de prestação de serviços. Não sujeito a forma especial
O CCom apenas refere quando é que se deve encarar um transporte como mercantil – art.366º.
Mas este tipo de contrato aparece referido noutras disposições:
Art.46º/3CC
Art.755º/1
Art.755º/2
Art.797º
Art.2214º e 2219º
É o contrato pelo qual uma pessoa (transportador) se obriga perante outra (interessado) a
providenciar a deslocação de pessoas ou de bens de um local para o outro. O transportador conclui
a execução do seu contrato com a entrega do bem ao destinatário – relação triangular
Temos então:
o Transporte de mercadorias ou transporte de pessoas
o Transporte aéreo, terrestre e marítimo
o Nacional ou internacional
Às vezes implica uma articulação de esforços, analisando-os em vários contratos. Acontece às
vezes que o transportador entrega a coisa a outro transportador (subtransportador) passando a ser
nesses casos o expedidor.
Assim sendo, o contrato de transporte será o total, incluindo também os subcontratos.
O transportador tem direito a receber o frete
Apesar de se um contrato de prestação de serviços, o que interessa ao interessado é o resultado –
colocação do bem ou pessoa no local da destinação.
É por isso que vai assumir todos os subcontratos que levarão a ser
possível o resultado desejado.
O CCom vai tratar basicamente de:
Escrituração do transportador – art.368º
Guia de transporte – art.369º a 375º
Execução do transporte – art. 378º a 382º
Responsabilidade do transportador – art.376º, 377º, 383º a 386º
14
Joana Coelho de Freitas
0
Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa
O transportador pode:
Rodear dos mais diversos auxiliares com os quais celebre contratos destinados a
assegurar as distintas operações materiais por que se pode repartir um concreto
transporte
As partes no exercício da sua autonomia privada podem concluir contratos
aparentados ao transporte, mas dele distintos
Guia de transporte:
Cada uma das partes tem direito de exigir à outra uma formalização através da guia de
transporte.
É um documento emitido pelo transportador e entregue ao expedidor e do qual consta o essencial
do contrato.
A guia é facultativa – o expedidor poderá exigir a sua entrega quando o transportador
exigir a dupla da guia
Se existir é um elemento do contrato.
A guia pode ser à ordem (indicando o proprietário dos bens transportados) ou ao portador.
A guia serve de meio de prova do contrato, de meio de prova de receção das mercadorias
e de esquema jurídico de circulação dos bens
É possível apontar as características:
Abstração
Literalidade
Legitimação
Menezes Cordeiro: afirma que se trata de um título de crédito
Execução do transporte
Pressupõe entidades profissionais a este destinado.
DL nº370/93 – art.4º/1 – não poderão essas entidades recusar a contratação do serviço para que
sejam solicitadas de forma arbitrária. – regra de não discriminação – art.378º
Tem deveres:
De informação – resultantes da boa-fé – art.762ºCC e 379ºCCom
O expedidor poderá em certos limites alterar unilateralmente o contrato, dando contraordens –
art.380º: não deverá levar ao alongamento do caminho, havendo nesse caso alterações de frete.
14
Joana Coelho de Freitas
1
Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa
Responsabilidade do transportador
Se o transportador aceitar sem reserva os bens a transportador, presume-se que estes não têm vicio
aparentes – nesse caso, como não houve reserva de guia, presume-se que houve má execução pelo
transportador
Implica responsabilidade civil contratual – art.798ºCC
Responde o transportador pelos seus empregados e auxiliares – art.800º e 377ºCCom
Art.383º e 376º -desde de o momento em que receba até ao momento em que entrega se ocorrer
alguma coisa às coisas, é da responsabilidade do transportador. Salvo quando provir de caso
fortuito – opera a presunção de culpa contra este – art.799ºCC
O destinatário poderá saber em que estado está a sua coisa através de expensas suas.
O transportador responde perante o expedidor quando resultar de omissão sua a titulo
fiscal.
Opera esta presunção de culpa a vários níveis do direito internacional – caso dos transportes
ferroviários.
Poderá ainda o transportador provocar danos extra contratuais – responsabilidade aquiliana –
art.498º - prazo curto de prescrição.
Há deveres de segurança derivados da boa-fé e do facto do transportado ter entregue nas
mãos do transportador um bem seu – art.762º/2 CC – nesses casos em que há violação desses
deveres, estamos perante a responsabilidade contratual – art.798º e ss CC
A baldeação e a descarga são ainda riscos do transportador
14
Joana Coelho de Freitas
2
Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa
Figuras Afins
Transitário
Contrato de expedição ou de trânsito celebrado pelo interessado ou expedidor com um transitário.
DL nº255º/99, de 7 de julho
É uma figura mista, que envolve elementos de organização, de mediação, de agência e de
prestação de serviços
Menezes Cordeiro: é um mandato pelo qual o transitário se obriga a celebrar um ou mais contratos
de transporte por conta do transportador
A utilidade da figura,
Está no interessado em determinado transporte poderá desconhecer os operadores, pelo
que, ao haver a celebração de vários contratos de transporte, o especialista (o transitário) conclua
esses contratos em nome do interessado (mandato)
Todo o sector de transporte acaba por ficar na mão dos transitários, pelo que o Estado
intervém para prevenir que essas atividades não sejam exercidas por empresas especializadas –
alvarás
Pode, no entanto, o contrato especial de expedição ser concluído com ou sem representação
Seguro
O contrato de seguro uma pessoa transfere para a outra o risco da verificação de um dano, na
esfera própria ou alheia, mediante o pagamento de determinada remuneração, evento aleatório
previsto no contrato
A pessoa que transfere o risco – é o tomador de seguro ou subscritor
A pessoa que recebe o risco – é a entidade seguradora
O dano eventual - é sinistro
A pessoa que fica protegida pelo seguro – é o segurado
A remuneração da seguradora por parte do tomador de seguro – é o prémio
O segurador faz um cálculo, sendo que os seguros cobrem probabilidades de ocorrer os sinistros,
pelo que é assim que se calcula o prémio.
14
Joana Coelho de Freitas
3
Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa
Se fosse uma pessoa singular ou coletiva com pequenas dimensões, estaríamos perante
uma aposta, mas como é a nível industrial, estamos perante um seguro.
Para conseguir cobrir eventuais sinistros, os seguradores tornam-se detentores de enormes
riquezas.
Os seguros são ativos patrimoniais, encarados por lei como produtos financeiros.
Contratos de crédito
Contrato de mutuo comercial - art.394ºCCom
Tem pouca especialidade em relação ao civil.
O empréstimo mercantil é sempre retribuído, são presuntivamente onerosos. Mas têm taxas
especiais de juros.
O mutuo comercial não tem forma especial – art.397ºCC – estabelece a liberdade de
forma, para facilitar as negociações e por questões de taxas.
Os suprimentos – quando o socio faz empréstimos à sociedade.
É o contrato de credito mais simples.
Locação financeira
Na propriedade permanece numa empresa de leasing e só passa ao utilizador.
A pessoa estabelece um contrato pelo qual uma pessoa precisa de adquirir um
equipamento, e essa pessoa paga a renda que é de valor a cima da renda habitual, porque vai
pagando o valor de aquisição do equipamento e faz com que o valor residual seja muito inferior
– funciona com operação de financiamento – atribui o risco ao consumidor
É uma operação complexa: uma empresa que adquire ao vendedor o bem e depois renda.
Conduz a um empréstimo de dinheiro, garantia não possessória deste direito
Forma escrita e sujeito a registo.
Lease back – o titular já era proprietário do bem, não precisa de adquirir o bem, mas transfere
para uma empresa de leasing e promete ir pagando para poder ir pagando-o. – puro financiamento,
o bem é dado como garantia
14
Joana Coelho de Freitas
4
Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa
A pessoa faz uma operação se tiver um contrato de conta corrente vai para um salvo e não é
automaticamente exigível.
A existência de contrato de conta corrente não exclui – art.348º - enquanto existir o contrato existe
o saldo. Acontece muito nos contratos de agencia, se mantem o saldo respetivo nesse âmbito e só
se reage quando há limites preocupantes
Art.349º e 350º
Insolvência – art.116º - verifica-se a compensação e a conta ´+e encerrada
14
Joana Coelho de Freitas
6