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LINHA DE SEBENTAS
Análise Económica do Direito
Índice
Origem Histórica ........................................................................................................................................... 4
Evolução: ...................................................................................................................................................... 4
Economia - Definição .................................................................................................................................... 5
Conclusão: ............................................................................................................................................... 6
Objetivos da Análise Económica do Direito .................................................................................................. 6
Numa perspetiva positiva ........................................................................................................................ 6
Conceitos Importantes ................................................................................................................................. 7
Custos do direito de propriedade .......................................................................................................... 11
Partilha dos Direitos de Propriedade ..................................................................................................... 12
Propriedade Pública Vs Propridade Privada ............................................................................................... 12
Externalidades ....................................................................................................................................... 13
Aquisição e Transferência de Propriedade ............................................................................................ 13
Limitação dos direitos de propriedade .................................................................................................. 16
Propriedade Pública ................................................................................................................................... 16
Formas de o Estado adquirir a propriedade: ......................................................................................... 16
Propriedade Intelectual e Industrial ........................................................................................................... 17
Benefícios: ............................................................................................................................................. 17
Custos: ................................................................................................................................................... 18
Problemas da propriedade industrial e intelectual ............................................................................... 18
Responsabilidade Civil ................................................................................................................................ 20
Regras de Responsabilidade .................................................................................................................. 20
Acidentes unilaterais......................................................................................................................... 22
Acidentes bilaterais ........................................................................................................................... 23
Nível de actividade ..................................................................................................................................... 28
Causalidade ................................................................................................................................................ 29
Tipos de causalidade:............................................................................................................................. 29
Causalidade e responsabilidade civil .......................................................................................................... 31
Punitive Damages .................................................................................................................................. 31
Razões que a justificam a indemnização punitiva: ........................................................................... 31
Outros tipos de responsabilidade .............................................................................................................. 32
Argumentos favoráveis: ......................................................................................................................... 32
Argumentos contrários: ......................................................................................................................... 32
Responsabilidade civil e seguros ................................................................................................................ 32
Responsabilidade penal .............................................................................................................................. 33
Responsabilidade baseada no mal causado (baseada na extensão do dano) ....................................... 34
Crime .......................................................................................................................................................... 35
Teorias (para analisar o comportamento dos indivíduos) ..................................................................... 35
Princípios do direito penal (justificações das sanções) .......................................................................... 36
Contratos .................................................................................................................................................... 37
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Análise Económica do Direito
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Análise Económica do Direito
Origem Histórica
Beccaria (jurista, filósofo e político do século XVII) - Dei delitti e delle pene, de 1764
(On Crime and Punishment)
o Uma pena deve ter uma função dissuasora, não retributiva, e deve ser
proporcional ao crime, de forma a que, quanto mais grave o crime, maior a
pena;
o Os procedimentos de condenação criminal devem ser públicos e rápidos, de
forma a serem eficazes.
Assim, admitindo que as pessoas conseguem antecipar as
consequências dos seus atos, é a certeza do castigo, e não a sua
severidade, que tem efeito preventivo.
Bentham, fundador do Utilitarismo: An introduction to the principles of morals and
legislation.
o Quanto maior a felicidade de mais indivíduos, melhor para a sociedade
(melhor esta se encontrará) – quanto mais indivíduos estiverem melhor,
melhor a sociedade está, sendo que a melhor escolha é aquela que maximiza
o bem-estar.
o As sanções legais podem desencorajar a conduta delinquente. Tais sanções
devem ser empregues apenas quando tenham função preventiva.
o Proteção daqueles que agem inconscientes dos seus atos (quando não têm
noção das consequências dos mesmos).
o Se a legislação não conseguir prevenir o ato, ou seja, não conseguir evitar
que o mal ocorra, então o objetivo da sanção é apenas o castigo e, nesse
caso, apenas gerará mais mal. Assim, as sanções retributivas são rejeitadas.
Evolução:
A partir dos anos 60, a AED passa a ser utilizada como instrumento de regulação
económica. Passa a ser vista como uma ciência filosófica, autonomizando-se.
Ronald Coase: The Problem of Social Cost (Journal of Law and Economics 3).
Guido Calabresi: Some Thoughts on Risk Distribution.
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Economia - Definição
Ciência que estuda a forma como as sociedades utilizam os recursos escassos, passíveis
de utilizações alternativas, na produção de bens e serviços com vista à satisfação de
necessidades ilimitadas.
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Conclusão:
A economia estuda o comportamento dos agentes económicos, que interagem no
mercado e, por sua vez, o funcionamento do próprio mercado específico de cada
bem e serviço, ou como um todo.
A AED estuda de que forma as normas legais condicionam o comportamento dos
agentes económicos, condicionando o funcionamento dos mercados.
o Assim, a AED não é nem Direito Económico nem Direito da Economia. Estes têm
como objetivo ver em que consistem as normas jurídicas aplicáveis à economia.
o A AED visa, por seu lado, ver de que forma as normas jurídicas afetam o
comportamento dos indivíduos, recorrendo a ferramentas de pensamento
económico.
Numa perspetiva positiva: análise objetiva de acordo com o método científico, sem
fazer juízos de valor. Como se vê afetado o comportamento dos indivíduos e instituições
pelas normas legais?
Numa perspetiva normativa: ver quais as melhores normas, de acordo com certo
critério. Quais as melhores normas e quais as melhores formas de comparar diferentes
normas legais.
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Conceitos Importantes
Racionalidade: os agentes económicos antecipam corretamente as consequências
das suas ações, incorporando-as nas suas decisões. Assim, quando fazem uma
escolha, escolhem o que é melhor para si. Admitimos que os indivíduos só se
preocupam consigo mesmos.
Preferência: Esquema de ordenação das possibilidades de consumo, do melhor para
o pior. Este tem de ser muito objetivo, não há indecisões, quanto muito há situações
de indiferença (2 soluções oferecem o mesmo grau de satisfação/utilidade).
Escolha ótima: aquela que maximiza o bem-estar/utilidade. Escolha da melhor
opção.
Utilidade: Medida do grau de bem-estar que os indivíduos obtêm com as suas
escolhas. Há diferentes indicadores de utilidade/ medidas de bem-estar. (Ex:
rendimento).
Custo de oportunidade: valor da melhor alternativa recusada. Pressupõe uma
escolha e escassez dos recursos. O valor da escolha deve ser maior que o custo de
oportunidade dessa escolha.
Eficiência da Economia: (sentidos possíveis)
o Pareto: se já não é possível melhorar o bem-estar de alguém sem piorar o bem-
estar de outro indivíduo, estamos numa situação de eficiência.
o Haldor-Hicks: Se já estamos numa situação de eficiência podemos ponderar um
esquema de compensação: se os que ficam numa situação de bem-estar podem
compensar os prejudicados, ficando-se numa situação melhor, de forma a que o
somatório do bem-estar total seja superior.
Basta haver uma compensação potencial, não tendo esta de ser efetiva.
Maximização do bem-estar social: a melhor norma será aquela que resultaria
melhor para todos, mesmo que haja lugar à compensação de Haldor.
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Produção Lucro Lucro total Custo marginal da Custo total Lucro social
marginal produção poluição da poluição
0 - 0 - 0 0
1 0 10 1* 1 9
2 4 14 15 16 -2
3 2 16 20 36 -20
4 -1 15 22 58 -43
Melhor decisão para o produtor
Melhor decisão para a
Mas do ponto de vista social, não é eficiente sociedade
Teorema de Coase:
o Como é que se faz para os privados chegarem a uma decisão socialmente
ótima, tendo em conta as externalidades como limitações de mercado?
o A solução tradicionalmente apontada é o estabelecimento de (+/-) impostos
de Pigou, para que o valor do imposto corresponda ao valor da externalidade.
Se for uma externalidade positiva serão subsídios.
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DIREITO DE PROPRIEDADE
Posse: capacidade de utilizar o bem de forma exclusiva e evitar que outros indivíduos
o utilizem. Este não é absoluto, havendo limitações/regras que devem ser
respeitados.
Transferência: por venda, doação, testamento - Possibilidade de se alterar o
proprietário de dado bem.
Estes dois direitos não têm de estar simultaneamente nas mãos da mesma
pessoa. Ex: arrendamento: partilha do direito de propriedade, por disposição contratual,
o direito de posse pertence ao inquilino, mas o direito de transferência permanece com
o arrendatário.
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Para chegarmos ao bem-estar social máximo (solução mais eficiente), o custo marginal
não deve ser maior que o benefício marginal.
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Para o Estado os poder fornecer tem de ser proprietário do que serve para
produzir bens e serviços.
Externalidades
Exemplo: investigação na indústria farmacêutica (externalidade positiva).
Adquire-se conhecimento do qual todos vão beneficiar.
A gestão da externalidade negativa tem de ser feita pelo Estado por uma questão
de coordenação, mas este só o faz porque tem direito de propriedade sobre a
atmosfera.
Aquisição original: entidade adquire o direito de propriedade sobre algo que até
então não tinha proprietário. Bem sobre o qual não existiam direitos.
o Qual a regra eficiente nestes casos? – Finders-Keepers (aquisição individual
ou coletiva). O bem pertence a quem o encontra.
A regra finders-keepers compensaria aquele que tivesse encontrado
o bem de qualquer esforço que por este tenha sido feito no sentido
de o encontrar. Se esta não fosse a regra, ninguém faria o esforço da
procura. Esta solução permite o valor do bem passe a ser considerado
para o bem-estar social. Mas, se a descoberta for acidental, não
houve custos na procura.
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o Mas esta regra não é eficiente nos casos em que a aquisição não é original.
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PROPRIEDADE PÚBLICA
A necessidade de bens e serviços públicos justifica, tal como as
externalidades, a necessidade de o Estado interferir no exercício dos direitos de
propriedade.
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Benefícios:
Incentivo à investigação e desenvolvimento;
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Custos:
Monopólios: preços tornam-se muito elevados até terminar o período de patente e
o mercado começar a funcionar em concorrência.
“Enforcement”: garantia de exercício do direito. Para tal tem de haver um sistema
público de registos. Estes têm custos administrativos; recrutamento de técnicos
especialistas que avaliam se o novo produto é, de facto, inovador.
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RESPONSABILIDADE CIVIL
Como o sistema da responsabilidade vai afetar, quer o comportamento da vítima
quer o comportamento do lesante.
O objetivo da prevenção é evitar que haja perda. A solução ótima será aquela
que minimizar as perdas ao máximo ou as torne inexistentes.
Prevenção ótima:
o Regra dos custos mínimos: quem tem menores custos de oportunidade
de prevenção deve fazê-lo. No caso de atropelamento será o condutor e
não o peão. (que teria de fazer o esforço de monotorização de todos ao
automobilistas) É mais fácil e mais barato o condutor conduzir com
cuidado.
o Regra do custo-benefício: a prevenção ótima será aquela em que o custo
é inferior ao benefício que decorre do comportamento, que será evitar
que o acidente ocorra.
Regras de Responsabilidade
Situação em que não há nenhuma regra de responsabilidade: Se houver um dano,
o lesado é que suporta as consequências. Se não houver nenhum esquema de
responsabilidade, para quem provoca o acidente, a prevenção só terá custo. Ora
esta situação não induz a quem provoca o acidente a fazer um esforço de
prevenção. Mas se há um acidente unilateral ninguém faz esforço de prevenção.
o A inexistência de um esquema de responsabilidade não leva ao ótimo
social.
Responsabilidade objetiva/estrita: aquele que provoca o acidente é totalmente
responsável pelos danos, quer patrimoniais que não patrimoniais,
independentemente de a vítima ter sido negligente ou não, e independentemente
de ter culpa ou não. Neste caso a vítima nunca será culpabilizada.
o Aquele que é o objetivo de quem provoca o objetivo corresponde aos
objetivos sociais, ou seja, a adoção do comportamento que leva à
minimização dos custos sociais. (interesse em minimizar o valor das
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Acidentes unilaterais: a vítima não pode fazer nada para o prevenir. Só quem
provoca o acidente é que pode fazer o esforço de prevenção. Por exemplo, um
desastre aéreo.
o Carro que vai contra imóvel. Só o condutor o poderia prevenir, o
proprietário o imóvel nada poderia fazer.
Acidentes bilaterais: tanto a vítima como o provocador do dano poderiam fazer
esforços de prevenção.
ACIDENTES UNILATERAIS
Custo Benefício
Custo Custo marginal marginal de
Nível de Probabilidade Perdas
de social de prevenção
prevenção de acidente esperadas
Precaução total prevenção (redução na
perda esperada)
Nenhuma 0 15% 15 15 - -
Moderada 3 10% 10 13 3 5
Alta 6 8% 8 14 3 2
Admitindo que o valor sujeito a perda é 100. Se não houver prevenção nenhuma,
há a probabilidade de perder 15% do meu valor, neste caso, 15.
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O custo de prevenção ótimo é, neste caso o da moderada, pois é aquela que tem
menor custo. Se utilizarmos o princípio do custo benefício chegamos à mesma
conclusão. Na prevenção moderada, o Cmg < Bmg.
Regras da negligência:
ACIDENTES BILATERAIS
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Vítima
Causador do (payoffs) Com precaução Sem precaução
Acidente Com precaução (-3; -8) (-3; -10)
Sem precaução (0; -14) (0; -15)
Quem causa o acidente faz prevenção: a vítima faz também e tem custo de 8 ou
não faz e tem o custo de 10. Neste caso é melhor para a vítima fazer prevenção. Mas se
o causador não fizer prevenção: se a vítima faz tem custo de 14 se não tem 15.
Assim, a vítima também tem uma estratégia dominante. Não havendo esquema
de responsabilidade, a vítima protege-se a si mesma. É ótimo para a vítima fazer
prevenção.
Desta forma, será ótimo para o causador não fazer precaução e ótimo para a
vítima fazer. Se não houver esquema de responsabilidade, o equilíbrio obtém-se num
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ponto em que a vítima faz prevenção e o causador não faz. Mas o que era socialmente
ótimo era que ambos fizessem.
NOTA: Se houver um sistema de responsabilidade objetiva, a decisão ótima do causador vai ser sempre não fazer prevenção
independentemente das escolhas da vítima – estratégia dominante.
Vítima
(payoffs) Com precaução Sem precaução
Se ninguém faz prevenção: os custos associados à perda são 15, e estes são
suportados na totalidade pelo causador. A vítima não tem custos.
Se ambos fazem prevenção: a vítima suporta o valor 2, o causador suporta o valor
9. (custos de prevenção mais danos)
Se só a vítima faz prevenção: a vítima paga custo de prevenção e o causador paga
os danos.
Se a vitima não faz prevenção mas o causador faz: a vítima não tem custos e o
causador tem os custos da precaução.
Se a vítima fizer prevenção é ótimo para quem provoca fazer também. Se a vitima
não faz é também ótimo para o causador fazer.
O causador tem uma estratégia dominante. Tem todo o incentivo de fazer prevenção
qualquer que seja o comportamento da vítima.
Na perspetiva da vítima:
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Fazer prevenção para a vítima só lhe traz custo. Será ótimo para a vítima não fazer
prevenção independentemente do comportamento do causador (estratégia
dominante).
Este esquema leva-nos para uma situação em que quem causa o acidente faz
prevenção mas a vitima não, o que não é o ótimo social. No que toca a acidentes
bilaterais, o esquema de responsabilidade objetiva não é eficiente, não levando ao
ótimo social.
Vítima
(payoffs) Com precaução Sem precaução
Causador do
Com precaução (-2; -9) (-3; -10)
Acidente
Sem precaução (-12; -2) (0;-15)
Conclusão: este esquema leva ao ótimo social. A regra de responsabilidade objetiva não
é suficiente, mas se acrescentarmos uma cláusula de defesa de negligência contributiva,
já se atinge o ótimo social - Indução ao comportamento ótimo.
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Vítima
(payoffs) Com precaução Sem precaução
Causador do
Com precaução (-3; -8) (-3; -10)
Acidente
Sem precaução (-12; -2) (-15;0)
Vítima
(payoffs) Com precaução Sem precaução
Causador do
Com precaução (-3; -8) (-3; -10)
Acidente
Sem precaução (-12; -2) (0; -15)
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Se a vítima não fizer é ótimo para o causador não fazer pois tem a cláusula a seu
favor;
Para a vítima é sempre ótimo fazer prevenção;
Conclusão: chega-se ao ótimo social, pois a vítima fará sempre prevenção e em
consequência também o causador fará.
ASSIM: Quando temos acidentes bilaterais o ótimo social atinge-se de várias maneiras.
NÍVEL DE ACTIVIDADE
Nível de Custos de Perdas pelo Bem-estar
Utilidade total
Atividade precaução acidente social
0 0 0 0 0
1 40 3 10 27
2 60 6 20 34
3 69 9 30 30
4 71 12 40 19
5 70 15 50 5
Temos de fazer com que o causador considere as perdas como relevantes para a
sociedade. Assim, com um esquema de responsabilidade objetiva chegaremos ao ótimo
social.
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Conclusão:
CAUSALIDADE
As ações de um indivíduo causaram determinada perda se essa perda não tivesse
ocorrido na ausência dessas ações.
Tipos de causalidade:
Causalidade próxima (efeitos diretos): Conjunto de ações tiverem um efeito direto,
ou seja, se o resultado ocorreu de forma expectável, e não invulgar ou estranha.
Comportamentos geram consequências óbvias e esperadas. Assim, não deve haver
limitação de responsabilidade mesmo em situações em que se considere que a
existência de danos seja improvável. (ex: empresa de pirotecnia, o risco de explosão
é mínimo, mas se houvesse limitação da responsabilidade não haveria o incentivo
necessário a garantir todas as condições de segurança) Incentivo a que não haja o
esforço adequado de prevenção, aumentando assim o risco de perdas. Não deve
haver incentivo a prevenção destes casos sob pena de se estabelecer um excesso de
proteção.
o Coincidências: estar no local errado à hora errada – Quando não há qualquer
esforço seja de quem for que possa reduzir a probabilidade de perda, que
ocorre por uma infeliz coincidência. Não é possível incutir responsabilidade
a quem causa danos a alguém que está nesta situação. Ex: homens das obras
a fazer soldaduras e alguém atravessa o perímetro de segurança
estabelecido. Neste caso, a entidade construtora não é responsável pelos
danos que provocou, desde que tenha feito esforço de prevenção.
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Causalidade necessária (but for causation): dado conjunto de ações são causa
necessária para determinada perda, quando as perdas só ocorreram em
consequência das ações. Há uma forma de prevenção, ou evitando que as ações
ocorram ou, caso esta ocorra, tomando as medidas necessárias para minimizar a
perda.
Incertezas sobre a causalidade: pode não saber-se o que é que provocou uma
determinada perda.
o Compensação na proporção da causalidade: nestes casos, a regra eficiente é
haver uma compensação na proporção da causalidade, sendo assim os
incentivos à prevenção ótimos. Ex: se pensarmos que os danos da poluição
atmosférica, como o desgaste da pintura das casa, ocorrem 20% mais
depressa do que se não houvesse poluição, mas não temos a certeza, as
fábricas vão ser responsáveis em parte mas não na totalidade porque há
outros fatores a considerar (por exemplo, a tinta poderia ser de má
qualidade). 20% do valor total da perda é o valor da perda esperada. Se as
compensações forem iguais à perda esperada temos o nível ótimo de
prevenção.
o Compensação se há mais de 50% de probabilidade: caso a regra seja a da
compensação caso alguém seja responsável por mais de 50% da perda (ou
seja essa a probabilidade). Esta solução levaria a que aquele que tivesse o
comportamento com mais de 50% de probabilidade de provocar dano,
tivesse de pagar todos os danos, mesmo que os danos tivessem sido
provocados por outro fenómeno qualquer que lhe fosse exterior. Lá porque
há mais de 50% de probabilidade da poluição contribuir para a degradação
de pintura das casas, não faz sentido que esta seja obrigada a compensar a
totalidade dos danos, isso seria injusto, pois não seriam considerados outros
fatores, e levaria a um excesso de prevenção.
o Se há incerteza sobre a causalidade levasse à inexistência de
responsabilidade não haveria incentivos a qualquer prevenção.
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Por vezes, o valor da indemnização não é igual ao valor da perda esperada. Nos
casos em que a indemnização é superior à perda, estamos perante uma indemnização
punitiva.
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Argumentos favoráveis:
O que interessa e justifica a existência de um sistema de responsabilidade não é
que haja indemnizações mas sim evitar a ocorrência de danos que lhes estão na origem.
Incentivo a haver o esforço adequado de prevenção para evitar que haja perda. Tudo o
que impede a perda ao menor custo deve ser incentivado. Redução dos custos de
prevenção.
Argumentos contrários:
Há espaço para aumentar o número de processos judiciais, aumentando assim
os custos de administração. Ex: Se A provoca perdas sobre B e C é responsável, mas
depois C vem acusar A de ter sido negligente.
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Vantagens:
o Assegura a compensação da vítima. (na verdade não é bem assim)
o Partilha eficiente do risco. Quem não quer ter risco contrata um seguro
maior.
Desvantagem: Risco moral. (Prevenção é ou não verificável) Ao deixar de enfrentar
risco, o individuo deixa de ter incentivos adequados a fazer esforços de prevenção
ótimos.
Por outro lado, as suas ações não podem ser perfeitamente verificadas pela
companhia de seguros para ela se assegurar que o esforço de prevenção está a ser
assegurado na quantidade ótima ou não, sendo uma solução comum aumentar o prémio
de seguro (ou aumento de franquia – parte do dano que não é coberta pela companhia
de seguros, tendo de ser paga pelo próprio), que levará a maior incentivo a esforço de
prevenção por parte do segurado. - Determinação do prémio de seguro.
Diferentes Seguros:
RESPONSABILIDADE PENAL
O seu objetivo é a dissuasão. Não tem um objetivo retributivo. O objetivo, do
ponto de vista económico, é dissuadir os atos que não são desejáveis, ou seja, atos com
custos maiores que os benefícios, de forma a maximizar-se o bem-estar social.
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Diferente do ato ilícito node acordo com o Código Civil: a responsabilidade por danos
provocados pode ser transferida para outro agente económico (ex: seguradora que
assume a posição do infrator para indemnizar; o patrão que é responsabilizado pelos
atos do empregado)
Ato ilícito: benefício social inferior ao custo social, mas benefício privado maior que
o custo privado.
SANÇÕES MONETÁRIAS:
Multa: multa ótima deve ser igual à perda indesejada. O indivíduo deve ter ativos
suficientes para pagar a multa. Caso contrário, a multa não é dissuasora. Ex: Se a
sanção é de um milhão de euros, ele, não podendo pagar, vai roubar à mesma.
NOTA: Sanção ótima = valor do mal causado para agentes neutros ao risco; valor inferior ao mal causado
para os avessos ao risco (aí já há dissuasão).
B (benefício) - S (sanção) = valor negativo é suficiente para dissuadir o indivíduo racional de praticar o
crime. O objetivo das sanções não é aplica-las, mas sim a dissuasão. Se os indivíduos são avessos ao risco,
nem é necessário uma sanção tão grande, basta uma sanção inferior ao dano causado para ser dissuadido
(mas terá sempre de ser pelo menos maior ou igual que o benefício, sob pena de o crime compensar.
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Para certos casos é preciso pensar em sanções não monetárias, uma vez que estas
podem nem sempre ser eficazes.
Estas têm custos sociais:
o Construção e manutenção de um sistema prisional: Enquanto aplicar uma multa
tem apenas custos administrativos, não muito significativos;
o Quem é sujeito a pena de prisão deixa de contribuir para o PIB;
o Desutilidade pessoal: estigma sociais esquemas de acompanhamento
psicológico; processo de reinserção social…
Se a sanção não for dissuasora, é preferível não ser aplicada, aplicando-se antes,
sanções monetárias. Se nenhuma é dissuasora não se aplica nenhuma. Aplicar a
sanção não monetária só criaria um custo adicional.
Responsabilidade baseada na culpa tem vantagens neste tipo de sanções.
Assim:
Sanção não monetária deve ser suficiente para haver dissuasão e não mais do que
isso, porque tem custos;
Não há razões sociais para limitar a sanção monetária, a sanção ótima é,
normalmente, igual ao valor do dano.
Usar sanções não monetárias apenas como reforço das sanções monetárias quando
estas deixem de ser dissuasora.s (ativos insuficientes, impossibilidade de cobrar a
sanção monetária)
CRIME
Atos cujo objetivo é fazer mal, provocar uma perda. São atos escondidos“ e por
isso de difícil prevenção, pois não é possível monitorizar o comportamento dos
indivíduos associados.
Incapacitação (sistema que evita que o indivíduo cometa o ato, ou seja, que o
incapacite). Por exemplo: prisão preventiva.
o Período de prisão = período durante o qual o mal esperado é superior ao
custo de aprisionamento.
o Tem em consideração a propensão futura a fazer o mal.
o Dissuasão é irrelevante.
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CONTRATOS
Correspondem à materialização do direito de transferência.
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Contrato completo
Aquele em que a lista de condições é exaustiva. Prevê-se em todas as contingências
possíveis o que cada uma das partes faz.
Logo, o contrato tem uma natureza incompleta, deixando sempre muita coisa
implícita e deixada à discricionariedade dos contraentes. A inclusão de contingências é
sempre necessariamente exemplificativa.
Contrato incompleto
Aquele em que a lista de condições não é exaustiva e em que existem gaps em
termos de contingências.
Razões: o custo de se fazer um contrato completo seria enorme, maior até que
o seu benefício, nem que seja em termos de tempo. É impossível identificar todas as
contingências possíveis e custoso enumerá-las.
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Contrato de crédito: Contratos que permitem fazer uma afetação ótima dos
recursos. Permite fazer uma transação dos mesmos do presente para o futuro.
Transferência do rendimento futuro.
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Interpretação de Contratos
Quem é que melhor interpreta os contratos? É uma questão pertinente face a
natureza incompleta dos contratos.
As partes: o sistema judicial tem menos informação em relação aquilo que esta a ser
contratualizado. O sistema judicial pode não ter informação especializada para
perceber o que está em causa. O sistema judicial não tem de cumprir o princípio do
benefício mútuo. A solução judicial pode não ser eficiente no sentido de Pareto.
(menos informação, menos especialização, desrespeito pelo princípio da vantagem
mútua). A interpretação pelas partes é mais eficiente:
o Vantagens mútuas (renegociação no caso de mudança das contingências).
Pode se preferível suportar os custos de negociação e fazer um contrato
mutuamente vantajoso do que ficar preso a um contrato que já não faz
sentido: Diminui os custos de negociar o contrato.
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Análise Económica do Direito
Estas duas últimas serão sempre menores ou iguais que as indemnizações por
expectativas. Porque para agentes económicos racionais, os investimentos, sendo
custos afundados ou não, serão de valor inferior à expectativa de fluxos de rendimento.
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Análise Económica do Direito
Se tivermos uma indemnização alta (superior a 1000). Aqui o carpinteiro vai fazer
a estante pois a indemnização é maior que ao custo de construção. Mas se o custo de
construção for superior a 1000, o melhor seria nem haver contrato. Isto leva a que o
contrato se cumpra mesmo numa situação em que seria ótimo não se cumprir contrato.
I (indemnização) > C (custo de produção) > 1000 (Preço de reserva).
Se a indemnização e o custo for superior a 1000. A estante não se faz. Mas esta
decisão depende do facto de a indemnização ser superior ao custo de produção.
Se o valor da indemnização for demasiado alto há a possibilidade de se estar a
cumprir o contrato mais vezes do que o ótimo, pode levar a uma situação de excesso de
cumprimento contratual.
Se a indemnização for superior ao custo e por sua vez inferior a 1000, a estante
faz-se.
1000>I>C
EXEMPLO 2:
Probabilidade de o custo ser alto baixo, moderado
Custo 20mil € 60mil € 200mil €
Probabilidade 30% 50% 20%
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Análise Económica do Direito
(3) Valor para o Silva = 100mil- Preço pago = (50mil) *30%+ 0x70%= 15 mil
Valor do contrato para empresa produtora = (50-20) *30%+70% = 9 mil
(2) Negocia-se um preço de 65 mil. Silva tem janelas 80% das vezes
Valor para o Silva = (100-65) +80% = 35*80%=28 mil
Valor para a empresa = (65-20 (custo)) *30%+ (65-60%) *50% = 16 mil
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Custos administrativos envolvidos: É muito mais barato prevenir o ato, do que fazer
investigação para ver quem é que é o autor do ato, para além de que a intervenção
impedirá o ato e consequentemente os danos.
Determinantes da forma ótima de intervenção:
o Em função do custo da aplicação das sanções. A aplicação de sanções não
monetárias provoca uma despesa ao Estado.
o Se a aplicação de uma sanação monetária é eficaz então deve ser aplicada.
As sanções não monetárias só devem ser aplicadas quando as monetárias
não são eficazes.
o Geralmente só se aplicam sanções monetárias até ao esgotamento da
riqueza do individuo, se isso não for suficiente para o dissuadir, a sanção terá
de ser não monetária, ou pelo menos tem de haver um reforço com sanção
não monetária.
Determinantes da natureza ótima de intervenção:
o Público VS privado: para sabermos quando é que é ótimo ser o Estado ou o
indivíduo privado a iniciar o processo de intervenção legal temos de ver
quem tem menor custo com identificação do desrespeito das normas. Assim,
no caso do incumprimento de um contrato, o individuo particular é que deve
iniciar o processo. Tudo o que acontece na esfera privada são os indivíduos
que vão saber se houve ou não desrespeito, as entidades privadas tem mais
informação.
Mas para que este esquema resulte tem de haver um incentivo para
que as entidades privadas revelem o que sabem. As vítimas sabem
que serão ressarcidas das suas perdas (isso é um incentivo) se
iniciarem um processo e intervenção legal. Outro incentivo que pode
estar na origem deste tipo de comportamento salutar é prevenir a
ocorrência deste tipo de comportamento no futuro. Satisfação
retributiva de ver o castigo aplicado quando alguma norma não e
respeitada.
o Situação em que é necessário investimento para a identificação, para detetar
os comportamentos ilícitos. Isto acontece muito no foro do direito criminal.
Neste caso é ótima a intervenção pública. Nenhuma entidade privada tem os
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Conclusão: a solução ótima será sempre em princípio o processo privado, exceto em que
é necessário haver investigação.
Quando falamos de atividade criminal podemos ter intervenção nos três momentos.
TEORIA DA LITIGAÇÃO
Organização da Justiça
Introdução: teoria da litigação: apresenta de forma sistemática questões do lado da
oferta e da procura.
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Decisão de litigar
Quem sofre uma perda ou um dano decide se inicia um processo litigioso ou não. Iniciar
o processo tem custos (custo de oportunidade também). Vai iniciar o processo se
entender que os custos são inferiores aos benefícios.
Em cada uma destas fases é necessário comparar benefícios com custos. Benefícios
privados e sociais são distintos. O que será ótimo do ponto de vista privado é quando
estes são superiores aos custos privados. Isso pode não coincidir com os benefícios
sociais. Pode haver situações em que do ponto de vista privado seria benéfico haver
processo e do ponto de vista social não. (excesso de processos) O contrário pode
acontecer também.
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Exemplo:
Situação de dano porque cai uma árvore em cima do automóvel. Perdas são
10000€ custo é de 3000€. O custo de defesa para o acusado (município) 2000€. A
probabilidade de queda da arvore é de 10% sendo que não há maneira de reduzir esta
probabilidade (não pode haver prevenção).
Benefícios: do ponto de vista privado caso exista a queda da árvore é a
indemnização de 10000€. Os custos privados para o queixoso são o que ele vai pagar ao
advogado e eventualmente outros custos 10000 – 300 = 7000 (valor do processo)
Benefícios sociais: 0.
Custos sociais esperados: aquilo que o município tem de pagar + o que o
queixoso paga = (3000+2000).10%=500
Na decisão de litigar o queixoso não tem em conta esses custos, nem tem em
conta que o valor a receber é neutro do ponto de vista social Excesso de processos.
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desalinhamento entre incentivos privados e sociais, sendo que essa diferença pode ser
substancial.
A existência de seguros de responsabilidade civil limita o efeito dissuasor, já que neste
caso concreto quem acarreta com os custos é a seguradora
Assim sendo o efeito de dissuasão é limitado neste efeito de responsabilidade
civil.
Exemplos de políticas corretivas: politica que o Estado pode ter para alinhar os
incentivos
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Acordos extrajudiciais
Aspetos a ter em conta na decisão de não chegar a um acordo extrajudicial:
Informação assimétrica;
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Racionalidade limitada;
Interesses do advogado: se houver uma grande probabilidade de o acusado ser
culpado este tem interesse em não ir a julgamento;
Custos relativamente diminutos;
ESTATÍSTICAS DA JUSTIÇA
Papel dos advogados
Estão do lado da procura, representando os seus constituintes que recorrem ao sistema.
Tanto o queixoso como o acusado podem estar representados por um advogado. Mas
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estes têm objetivos diferentes. O queixoso visa obter compensação pelo dano que
sofreu, o maior possível, mas o objetivo do advogado prende-se apenas com os
honorários que recebe. Pode, assim, haver um conflito de interesses.
Incentivos:
o Diferentes consoante o tipo de honorário que recebe:
o Incentivos a passar para a fase seguinte dependem do conselho dos
advogados.
o Incentivo a litigar: retribuição de quem se queixa - neutro do ponto de vista
social.
o Opção (ou não) pelo acordo extrajudicial: se o advogado recebe à hora,
interessa que o processo se prolongue no tempo. Desincentivos aos
advogados de fazerem com que os processos se despachem depressa. Se a
retribuição for contingente vai acontecer precisamente o contrário,
resolvendo-se processos rapidamente e com grande vantagem para o
cliente.
Retribuição horária vs. Retribuição contingente: O advogado pode cobrar à hora- (é
o que acontece quando há consultas de aconselhamento) A sua retribuição não
depende dos resultados do processo (custo/beneficio do ponto de vista social) –
haverá tendência para, do ponto de vista social, haver um número de processos
excessivo. (mais do que aqueles em que o benefício social é superior ao custo social)
Este efeito seria amenizado se a remuneração fosse contingente. Receberia em
proporção do benefício que o seu constituinte ia ter no processo
o Pagamentos por avença: advogado estima o tempo que vai demorar com
aquele processo, jogando com os honorários que visa obter. Tem por base a
retribuição honorária.
o A retribuição contingente tem a vantagem de aproximar os incentivos do
advogado e do constituinte.
Em Portugal, a retribuição contingente não é permitida. A retribuição
contingente é definida pelo resultado obtido no processo.
Organização do mercado: Autorregulação do mercado. Incentivo da retribuição
horária de fazer arrastar o processo faz perder clientes. A reputação entra em jogo.
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Conclusão: os resultados pela opção por uma forma de remuneração ou outra não é
assim tão grande.
Limitações: Barreiras à entrada no mercado: nem toda a gente pode ser advogado.
O facto de haver barreiras à entrada faz com que os honorários sejam maiores.
Para além da defesa, o aconselhamento é um dos papéis preponderantes do
advogado:
o Aconselhamento “ex post”: depois do ato ser cometido. Do ponto de vista
social tem um valor negativo.
o Aconselhamento “ex ante”: condiciona comportamentos. Acontece antes do
ato. Constituinte informa-se quanto a possibilidade de o praticar o ato e em
que circunstâncias o pode fazer e quais as consequências. Tentativa de
contornar a lei.
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de sistemas romano germânico que tem pouca autonomia, o que faz com que o seu
poder social e reputação sejam muito menores. Isto faz com que o seu incentivo para
despachar processos seja menor no sistema romano-germânico. No que diz respeito ao
desempenho dos juízes, o sistema do Common law é melhor.
ESTATÍSTICAS
Capacidade do sistema
Nos últimos dez anos verifica-se uma tendência de crescimento notória do número de
advogados. Segue-se uma diminuição, reflexo da crise (redução de numero de
advogados inscritos)
Pessoal ao Serviço
Isto em nada contribui para que haja uma maior rapidez no despacho de processos.
Mas também já vimos que não é com o aumento de capacidade do sistema que se
alinham incentivos.
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Processos pendentes
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DIREITO COMPARADO
Nos últimos 15 anos têm-se feito estudos de efeitos das origens históricas do
direito a nível do desempenho das economias. As diferentes características dos sistemas
geram diferentes efeitos a nível económico.
Common law
Direito emanado da Jurisprudência.
Precedente tem carácter vinculativo
Existem também corpos de normas, mas são apenas normas gerais de
enquadramento
Sistema pensado para resolver disputas (DAMASKA)
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Sistema Romano-germânico:
É uma evolução do código napoleónico do princípio do século XIX, que tirou poder
aos juízes, criando um corpo legislativo extremamente rígido baseado no Direito
romano, limitando-se os juízes a aplicar esse corpo rígido com uma margem de
atuação reduzidíssima.
Sistema implementador de legislação. (DAMASKA)
Consiste basicamente num sistema condicionante do sistema social para que todo o
tipo de relações privadas são condicionadas por um corpo legal muito forte (PISTOR).
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não são eficientes), o que leva a um aumento da eficiência, que leva à redução da
litigação – ciclo virtuoso que comprova a maior a eficiência do sistema anglo-saxónico
Common law: UK, US, Austrália, Irlanda, Israel, Tailândia, Índia
Civil law:
Origem francesa: frança, Itália, Portugal, Espanha
Origem alemã: Áustria, holanda, Japão
Origem escandinava
Outros sistemas:
Islâmico; socialista; misto.
Características
RESULTADOS PRÁTICOS – EVIDÊNCIA EMPÍRICA
Artigo La Porta: primeiro artigo a ser publicado que visa mostrar que o sistema
anglo-saxónico é mais eficiente em termos de mercados financeiros.
Os estudos têm-se espalhado a outras áreas da economia.
o Mercados financeiros (Law and Finance)
o Regulação do Mercado de Trabalho/Barreiras ao livre funcionamento
o Financiamento externo das empresas
o Contract repudiation
o Organização e administração dos tribunais
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