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http://www.academia.edu/3854290/A_fundamenta%C3%A7%C3%A3o_do_Direito_Kelsen_Hart_Kant
Sumário
A. DIREITO CONSTITUCIONAL.......................................................................................................................4
CONSTITUIÇÃO. CONCEITO. CLASSIFICAÇÃO. ELEMENTOS. PODER CONSTITUINTE: ORIGINÁRIO E
DERIVADO.................................................................................................................................................... 4
Constituição. Conceito. Classificação. Elementos................................................................................4
Classificação das Constituições..........................................................................................................7
Poder Constituinte................................................................................................................................... 8
Teoria do Poder Constituinte............................................................................................................. 8
Natureza do Poder Constituinte........................................................................................................ 9
Titularidade do Poder Constituinte..................................................................................................9
Poder Constituinte Originário........................................................................................................... 9
Característica do Poder Constituinte Originário........................................................................9
Positivação do Poder Constituinte Originário..........................................................................10
Poder Constituinte Derivado ou Secundário.................................................................................10
Características do Poder Constituinte Derivado ou Secundário............................................10
Espécie de Poder Constituinte Derivado ou Secundário.........................................................11
Limites do Poder Constituinte Reformador..............................................................................11
Limite Temporal........................................................................................................................................11
Limite Circunstancial................................................................................................................................11
Limite Material...........................................................................................................................................11
Limite Expresso......................................................................................................................................11
Limite Implícito......................................................................................................................................12
Limite Processual ou Formal...................................................................................................................12
B. DIREITO ADMINISTRATIVO..................................................................................................................... 12
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA COMO FUNÇÃO DO ESTADO. PRINCÍPIOS REGENTES DO DIREITO
ADMINISTRATIVO CONSTITUCIONAIS E LEGAIS, EXPLÍCITOS E IMPLÍCITOS. A REFORMA DO ESTADO
BRASILEIRO. OS QUATRO SETORES E SUAS CARACTERÍSTICAS. A PUBLICIZAÇÃO DO TERCEIRO SETOR (AS
ORGANIZAÇÕES SOCIAIS E AS OSCIPS).......................................................................................................12
Administração Pública como função do Estado......................................................................................... 12
Poderes do Estado..................................................................................................................................... 13
Funções do Estado (típica e atípica).......................................................................................................13
Características das funções típicas.....................................................................................................13
Governo................................................................................................................................................. 14
Administração........................................................................................................................................ 14
Princípios constitucionais explícitos e implícitos da Administração Pública...............................................15
Princípio da supremacia do interesse público........................................................................................15
Princípio da indisponibilidade do interesse público...............................................................................17
Princípio da continuidade ou obrigatoriedade da atividade administrativa (Celso Antonio).................17
Princípio da autotutela...........................................................................................................................19
Princípio da especialidade......................................................................................................................19
Princípio da presunção de legitimidade.................................................................................................19
Princípio da legalidade (artigo 37, caput)...............................................................................................19
Princípio da impessoalidade (artigo 37, caput)......................................................................................20
Princípio da moralidade (artigo 37, caput).............................................................................................20
Princípio da publicidade (artigo 37, caput)............................................................................................ 20
Princípio da eficiência (artigo 37, caput)................................................................................................21
Princípio da finalidade............................................................................................................................21
Princípio da isonomia.............................................................................................................................22
Princípio do contraditório e da ampla defesa........................................................................................ 22
Princípio da razoabilidade...................................................................................................................... 23
Princípio da proporcionalidade.............................................................................................................. 23
Princípio da motivação (CF, artigo 93, IX)...............................................................................................23
A reforma do Estado brasileiro. Os quatro setores. Características de cada um........................................24
Organização da Administração...................................................................................................................28
C. DIREITO PENAL....................................................................................................................................... 40
APLICAÇÃO DA LEI PENAL. PRINCÍPIOS GERAIS. NORMAS DAS CONVENÇÕES E TRATADOS DE DIREITO
INTERNACIONAL.........................................................................................................................................40
A Lei Penal.................................................................................................................................................. 40
Características.................................................................................................................................... 40
Fontes................................................................................................................................................... 43
Interpretação da lei penal................................................................................................................ 45
Aplicação no tempo e no espaço..........................................................................................................45
Lei penal do tempo.............................................................................................................................45
Lei penal no espaço............................................................................................................................47
Lugar do crime.................................................................................................................................... 48
Princípios Básicos do Direito Penal............................................................................................................ 50
Convenção das Nações Unidas contra o Crime Organizado Transnacional................................................54
Cooperação Internacional na Investigação de Crimes............................................................................54
Principais Tratados................................................................................................................................. 57
ESTATUTO DE ROMA..........................................................................................................................58
CONVENÇÃO AMERICANA SOBRE DIREITO HUMANOS (PACTO DE SAN JOSÉ DA COSTA RICA).........59
PACTO INTERNACIONAL DE DIREITOS CIVIS E POLÍTICOS..................................................................60
Espécies de Cooperação Judiciária Internacional:..................................................................................62
ROGATÓRIA ATIVA: o pedido judicial brasileiro deve ser encaminhado por intermédio do Ministério
das Relações Exteriores, ou por intermédio do Ministério da Justiça, que constitui a autoridade central
indicada, como regra, nas hipóteses em que o Brasil possui acordo bilateral para fins de cooperação.
Tanto o Ministério das Relações Exteriores como o Ministério da Justiça não emitem juízo de valor
sobre o pedido de cooperação, apenas verificam a observância, ou não, das formalidades exigidas pelo
acordo internacional ou pela legislação do Estado requerido. No tocante às cartas rogatórias ativas não
há que se falar em concessão de exequatur.............................................................................................65
ROGATÓRIA PASSIVA: precisa passar pelo crivo do STJ para produzir efeitos em território brasileiro.
Nos casos de cooperação por carta rogatória baseada em tratado, o pedido da autoridade estrangeira
chega à autoridade central brasileira (DRCI), que, num primeiro momento, faz um juízo administrativo,
verificando a presença dos requisitos ao cumprimento do pedido de cooperação no Brasil. Preenchidos
os requisitos, o pedido é encaminhado ao STJ, para exequatur, juízo de delibação, que, se deferido, é
encaminhado ao Juízo Federal de 1ª Instância para dar cumprimento à cooperação. Não preenchidos os
requisitos, a carta rogatória é devolvida para a autoridade central estrangeira para adequação do pedido.
............................................................................................................................................................... 65
Carta Rogatória Executória– Atos executórios e a nova jurisprudência do STJ:......................................65
Convenções Internacionais de Caráter Regional....................................................................................67
CONVENÇÂO INTERAMERICANA SOBRE CR (CIDIP I)..........................................................................67
MERCOSUL - PROTOCOLO DE LAS LEÑAS (o mais importante e o mais utilizado do Bloco):..............67
Assistência Jurídica.................................................................................................................................71
Prevenção à corrupção....................................................................................................................... 74
Implementação de políticas contra a corrupção efetivas, que promovam a participação da
sociedade e reflitam os princípios do Estado de Direito: critérios objetivos de mérito, transparência
no financiamento de campanhas , códigos de conduta, estímulo a denúncias de corrupção por parte
dos servidores, desestímulo ao recebimento de presentes ou de qualquer ação que possa causar
conflito de interesses, ampliar o acesso às contas públicas para os cidadãos e estimular a
participação da sociedade nesse processo, prevenção à lavagem de dinheiro, independência do
Poder Judiciário e do Ministério Público, desenvolver padrões de auditoria e de contabilidade para
as empresas; prover sanções civis, administrativas e criminais efetivas e que tenham um caráter
inibidor para futuras ações; promover a cooperação entre os aplicadores da lei e as empresas
privadas; prevenir o conflito de interesses; proibir a existência de "caixa dois" nas empresas e
desestimular isenção ou redução de impostos a despesas consideradas como suborno ou outras
condutas afins.................................................................................................................................... 74
Penalização e aplicação da lei............................................................................................................ 75
Iipificações criminais que abranjam as diversas formas de corrupção, inclusive a obstrução da
justiça, mecanismos que permitam o sistema de justiça criminal realizar ações de detenção,
processo, punição e reparação ao país..............................................................................................75
Cooperação internacional...................................................................................................................75
Recuperação de ativos........................................................................................................................75
D. DIREITO PROCESSUAL PENAL................................................................................................................. 76
COMPETÊNCIA........................................................................................................................................... 76
Jurisdição................................................................................................................................................... 76
Mecanismos de solução de conflitos......................................................................................................76
Conceito................................................................................................................................................. 77
Características da jurisdição...................................................................................................................77
Princípios sobre jurisdição..................................................................................................................... 77
Competência.............................................................................................................................................. 79
Conceito................................................................................................................................................. 79
Critérios de fixação da competência...................................................................................................... 79
Justiças Especializadas............................................................................................................................81
Justiça militar estadual (art. 125, CF).................................................................................................82
Justiça Eleitoral.................................................................................................................................. 84
Justiça do Trabalho............................................................................................................................ 85
Justiça Comum................................................................................................................................... 85
Justiça Federal....................................................................................................................................85
Competência do STF................................................................................................................................ 121
Competência do STJ................................................................................................................................. 122
Competência do TRF................................................................................................................................ 123
Conexão e Continência.............................................................................................................................128
Perpetuatio Jurisdicionis.......................................................................................................................... 131
Prevenção................................................................................................................................................ 133
Conflito de Competência..........................................................................................................................134
Conflito de competência...................................................................................................................... 134
Procedimento da ação penal originária nos Tribunais..........................................................................137
Julgamento por colegiado de juízes (Lei nº 12.694/2012): competência e estrutura de funcionamento 141
E. DIREITO CIVIL....................................................................................................................................... 146
LEI DE INTRODUÇÃO AO CÓDIGO CIVIL. PESSOAS NATURAIS: PERSONALIDADE E CAPACIDADE. DIREITOS
DA PERSONALIDADE. MORTE PRESUMIDA. AUSÊNCIA. TUTELA. CURATELA............................................146
1.1 LEI DE INTRODUÇÃO ÀS NORMAS DO DIREITO BRASILEIRO.............................................146
1.1.1 NOÇÕES GERAIS.................................................................................................................. 146
1.1.2 VALIDADE, VIGÊNCIA, VIGOR E EFICÁCIA DAS NORMAS JURÍDICAS...........................147
1.1.3 APLICAÇÃO DAS NORMAS JURÍDICAS..............................................................................148
1.2 PESSOAS FISICAS ou NATURAIS:..............................................................................................150
1.2.1 PERSONALIDADE................................................................................................................ 150
1.2.2 CAPACIDADE........................................................................................................................ 151
1.2.3 MORTE PRESUMIDA........................................................................................................... 154
1.2.4 AUSÊNCIA............................................................................................................................. 154
1.2.5 DIREITOS DA PERSONALIDADE........................................................................................155
1.2.6 TUTELA.................................................................................................................................163
1.2.7 CURATELA............................................................................................................................ 164
F. DIREITO PROCESSUAL CIVIL..................................................................................................................166
JURISDIÇÃO: NATUREZA, CONCEITO, CARACTERÍSTICAS, ESPÉCIES, A PROBLEMÁTICA DA JURISDIÇÃO
VOLUNTÁRIA, PRINCÍPIOS, ESTRUTURA CONSTITUCIONAL (PODER JUDICIÁRIO, ORGANIZAÇÃO
JUDICIÁRIA, ATIVIDADE JURISDICIONAL, ATIVIDADES ESSENCIAIS À JUSTIÇA), EQUIVALENTES
JURISDICIONAIS (AUTOTUTELA, AUTOCOMPOSIÇÃO, MEDIAÇÃO E ARBITRAGEM).................................166
JURISDIÇÃO: natureza, conceito, características, espécies, a problemática da jurisdição voluntária,
princípios, estrutura constitucional (Poder Judiciário, organização judiciária, atividade jurisdicional,
atividades essenciais à Justiça), equivalentes jurisdicionais (autotutela, autocomposição, mediação e
arbitragem).............................................................................................................................................. 166
G. DIREITO PREVIDENCIÁRIO.................................................................................................................... 171
SEGURIDADE. NATUREZA, FONTES E PRINCÍPIOS. EFICÁCIA E INTERPRETAÇÃO DAS NORMAS DE
SEGURIDADE............................................................................................................................................ 171
CONCEITO.............................................................................................................................................. 171
COMPETÊNCIA LEGISLATIVA.............................................................................................................. 172
NATUREZA JURÍDICA........................................................................................................................... 173
FONTES................................................................................................................................................... 173
PRINCÍPIOS DA SEGURIDADE SOCIAL...............................................................................................174
UNIVERSALIDADE DA COBERTURA E DO ATENDIMENTO..........................................................174
UNIFORMIDADE E EQUIVALÊNCIA DOS BENEFÍCIOS E SERVIÇOS ÀS POPULAÇÕES URBANAS
RURAIS............................................................................................................................................... 174
SELETIVIDADE E DISTRIBUTIVIDADE NA PRESTAÇÃO DOS BENEFÍCIOS E SERVIÇOS..........174
IRREDUTIBILIDADE DO VALOR DOS BENEFÍCIOS.......................................................................174
DIVERSIDADE DA BASE DE FINANCIAMENTO..............................................................................174
CARÁTER DEMOCRÁTICO E DESCENTRALIZADO DA GESTÃO ADMINISTRATIVA, COM A
PARTICIPAÇÃO DA COMUNIDADE.................................................................................................. 175
PRECEDENCIA DA FONTE DE CUSTEIO..........................................................................................175
EFICÁCIA DAS NORMAS DE SEGURIDADE SOCIAL...........................................................................175
EFICÁCIA DA LEI NO TEMPO........................................................................................................... 175
EFICÁCIA DA LEI NO ESPAÇO...........................................................................................................175
INTERPRETAÇÃO DAS NORMAS DE SEGURIDADE SOCIAL.............................................................175
H. DIREITO FINANCEIRO E TRIBUTÁRIO.................................................................................................... 176
FINANÇAS PÚBLICAS NA CONSTITUIÇÃO DE 1988. ORÇAMENTO. CONCEITO E ESPÉCIES. NATUREZA
JURÍDICA. PRINCÍPIOS ORÇAMENTÁRIOS. NORMAS GERAIS DE DIREITO FINANCEIRO. FISCALIZAÇÃO E
CONTROLE INTERNO E EXTERNO DOS ORÇAMENTOS..............................................................................176
O Direito Financeiro na CF/88........................................................................................................... 176
Introdução......................................................................................................................................... 176
Ponto 2 - Orçamento. Conceito e espécies. Natureza jurídica. Princípios orçamentários. Normas
gerais de direito financeiro. Fiscalização e controle interno e externo dos orçamentos............177
Orçamento............................................................................................................................................. 177
Conceito e espécies.......................................................................................................................... 177
Introdução..................................................................................................................................... 177
Aspectos do orçamento............................................................................................................... 177
Aspecto jurídico: veículo por meio do qual se preveem receitas e autorizam os gastos.....178
Natureza jurídica..................................................................................................................................... 178
Princípios orçamentários.........................................................................................................................178
Normas gerais de direito financeiro.................................................................................................180
Plano plurianual - PPA(art. 165, § 1º, CF)....................................................................................180
Lei de Diretrizes Orçamentárias - LDO [art. 165, § 2º, CF; art. 4º, LRF]..................................181
Lei orçamentária anual - LOA [art. 165, § 5º, CF; art. 5º, LRF]..................................................181
Processo Legislativo para aprovação das leis orçamentárias(art. 166, CF)............................................181
Orçamento-Programa..........................................................................................................................182
Controle Abstrato da Lei Orçamentária...........................................................................................183
Algumas das principais vedações orçamentárias constitucionais (Valdecir Pascoal).............183
Fiscalização e controle interno e externo dos orçamentos.....................................................................184
Princípios do controle da execução dos orçamentos.................................................................184
Sistemas de controle da execução orçamentária........................................................................184
Classificação do controle da execução orçamentária................................................................184
Tribunal de Contas da União.......................................................................................................... 185
I. DIREITO AMBIENTAL.............................................................................................................................185
DIREITO AMBIENTAL. CONCEITO. OBJETO. PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS.................................................185
1.1 Conceito........................................................................................................................................ 185
1.2 Desdobramentos do conceito jurídico de meio ambiente...........................................................186
1.3 Principais marcos da proteção ambiental....................................................................................186
1.4 Estado “Socioambiental” de Direito.............................................................................................187
1.5 Objeto........................................................................................................................................... 187
1.6 Princípios fundamentais do Direito Ambiental............................................................................188
1.6.1 Princípio do Meio Ambiente como Direito Humano Fundamental......................................188
1.6.2 Princípio da Prevenção..........................................................................................................188
1.6.3 Princípio da precaução (vorsorgeprinzip)..............................................................................189
1.6.4 Princípio do Poluidor-Pagador ou da Responsabilização......................................................190
1.6.5 Princípio do Usuário-Pagador................................................................................................191
1.6.6 Princípio do Protetor-Recebedor...........................................................................................191
1.6.7 Princípio do Desenvolvimento Sustentável ou Ecodesenvolvimento...................................192
1.6.8 Princípio do Ambiente Ecologicamente Equilibrado.............................................................192
1.6.9 Princípio da Obrigatoriedade de Atuação (princípio da natureza pública da proteção
ambiental)........................................................................................................................................... 192
1.6.10 Princípio da Participação Comunitária (Princípio Democrático/Cooperação)......................193
1.6.11 Princípio da Publicidade ou da Informação..........................................................................194
1.6.12 Princípio da Educação Ambiental..........................................................................................194
1.6.13 Princípio da Função Socioambiental da Propriedade...........................................................194
1.6.14 Princípio do Equilíbrio (ou proporcionalidade).....................................................................194
1.6.15 Princípio do Acesso equitativo aos Recursos Naturais..........................................................195
1.6.16 Princípio do Limite ou Princípio do Controle do Poluidor pelo Poder Público.....................195
1.6.17 ‘Princípio da Ubiquidade (Princípio da Variável Ambiental no processo decisório das
políticas públicas)................................................................................................................................ 195
1.6.18 Princípio do Direito à Sadia Qualidade de Vida....................................................................195
1.6.19 Princípio da Reparação Integral.............................................................................................195
1.6.20 Princípio da Solidariedade Intergeracional...........................................................................196
1.6.21 Princípio da Proibição do Retrocesso Ecológico (Canotilho) ou “non clicquet” ambiental. .196
É inadmissível o recuo da salvaguarda ambiental para níveis de proteção inferiores aos já
consagrados, exceto se as circunstâncias de fato sejam significativamente alteradas......................196
1.6.22 Princípio do Progresso Ecológico (Canotilho)........................................................................196
1.6.23 Princípio da Correção na Fonte (Canotilho)..........................................................................196
1.6.24 Princípio da Responsabilidade Social (ou Princípio do Equador).........................................196
1.6.25 Princípio do Mínimo Existencial Ecológico (STJ)....................................................................196
1.6.26 Princípio da Moralidade Ambiental (TRF 1)..........................................................................197
J. DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO E PRIVADO....................................................................................197
DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO. CONCEITO. FONTES. PRINCÍPIOS.....................................................197
K. DIREITO EMPRESARIAL......................................................................................................................... 209
DIREITO COMERCIAL: ORIGEM. EVOLUÇÃO HISTÓRICA. AUTONOMIA. FONTES. CARACTERÍSTICAS.
EMPRESÁRIO: CARACTERIZAÇÃO. INSCRIÇÃO. CAPACIDADE. TEORIA DA EMPRESA E SEUS PERFIS.
ESPÉCIES DE EMPRESA............................................................................................................................. 209
1.1 Origem e Evolução histórica......................................................................................................... 209
i. A evolução do direito comercial brasileiro...................................................................................210
b. Autonomia....................................................................................................................................... 212
c. Fontes e objeto do direito empresarial...........................................................................................212
d. Características..................................................................................................................................213
e. Objeto do direito empresarial.........................................................................................................213
f. Direito empresarial no Brasil...........................................................................................................213
i. Empresa........................................................................................................................................ 213
1. Teoria da empresa e seus perfis............................................................................................214
2. Natureza Jurídica da Empresa: FATO JURÍDICO (universalidade de fato)............................215
g. Conceito de empresário.................................................................................................................. 215
h. Junta comercial – registro............................................................................................................... 217
i. Atos de registro.............................................................................................................................218
i. Capacidade...................................................................................................................................... 222
L. DIREITO ECONÔMICO E PROTEÇÃO AO CONSUMIDOR........................................................................233
CONSTITUIÇÃO ECONÔMICA BRASILEIRA. ORDEM CONSTITUCIONAL ECONÔMICA: PRINCÍPIOS GERAIS
DA ATIVIDADE ECONÔMICA. TIPOLOGIA DOS SISTEMAS ECONÔMICOS. ORDEM JURÍDICO-ECONÔMICA.
ORDEM ECONÔMICA E REGIME POLÍTICO. SUJEITOS ECONÔMICOS.......................................................233
Ponto 1 - Constituição Econômica Brasileira. Ordem Constitucional Econômica: princípios
gerais da atividade econômica. Tipologia dos sistemas econômicos..............................................234
3. Conceito de ordem econômica...................................................................................................234
4. A constituição econômica........................................................................................................... 234
5. A constituição econômica brasileira.........................................................................................234
6. Princípios gerais da atividade econômica...............................................................................235
1. Princípios explícitos..............................................................................................................235
1. Princípio constitucional econômico da soberania nacional..................................................235
2. Princípio da Propriedade Privada..........................................................................................235
3. Princípio da função social da propriedade............................................................................236
4. Princípio da livre concorrência..............................................................................................236
5. Princípio da defesa do consumidor.......................................................................................239
6. Princípio da defesa do meio ambiente.................................................................................239
7. Redução das desigualdades regionais e sociais....................................................................239
8. Princípio da busca do pleno emprego...................................................................................240
9. Princípio do tratamento favorecidos para as empresas de pequeno porte constituídas sob
as leis brasileiras e que tenham sua sede e administração no país...............................................240
2. Princípios implícitos................................................................................................................240
1. Princípio da subsidiariedade.................................................................................................240
2. Princípio da liberdade econômica.........................................................................................241
3. Princípio da igualdade econômica........................................................................................ 241
4. Princípio do desenvolvimento econômico............................................................................241
5. Princípio da democracia econômica......................................................................................241
6. Princípio da boa-fé econômica..............................................................................................241
7. Sistemas Econômicos (Capitalismo e Socialismo)..................................................................241
1. Introdução............................................................................................................................... 241
1. O capitalismo (livre-empresa)...............................................................................................242
2. O socialismo...........................................................................................................................242
Ponto 2 - Ordem jurídico-econômica............................................................................................243
Ponto 3 - Conceito. Ordem econômica e regime político...........................................................246
1. Conceito..........................................................................................................................................246
2. Ordem Econômica........................................................................................................................ 246
3. Regime Político............................................................................................................................. 247
Sujeitos econômicos.........................................................................................................................250
M. ÉTICA E ESTATUTO JURÍDICO DA MAGISTRATURA NACIONAL..........................................................252
REGIME JURÍDICO DA MAGISTRATURA NACIONAL: CARREIRAS, INGRESSO, PROMOÇÕES E REMOÇÕES.
................................................................................................................................................................. 252
-Regime jurídico da magistratura nacional: carreiras, ingresso, promoções, remoções...............................252
N. SOCIOLOGIA DO DIREITO/FILOSOFIA DO DIREITO................................................................................258
FATO SOCIAL - CONCEITO. O JUSTO E O DIREITO......................................................................................258
a. O Conceito de Justiça....................................................................................................................261
b. A Justiça em sentido mais do que Lato.....................................................................................262
c. A justiça em sentido Lato............................................................................................................262
d. Justiça em sentido estrito........................................................................................................... 263
e. Espécies de Justiça....................................................................................................................... 263
i. Justiça Social............................................................................................................................... 263
ii. Justiça Distributiva................................................................................................................ 264
iii. Justiça Comutativa................................................................................................................. 264
f. Da Justiça Universal..................................................................................................................... 264
g. Da Justiça Formal..........................................................................................................................265
h. Conceitos de Justiça..................................................................................................................... 265
i. Utilitarismo.................................................................................................................................266
ii. Kelsen....................................................................................................................................... 266
iii. Alf Ross.....................................................................................................................................266
iv. A ideia de justiça de John Rawls..........................................................................................266
v. Conceito de Justiça segundo Jürgen Habermas....................................................................268
vi. Conceito se Justiça segundo Chaïm Perelman...................................................................268
vii. Conceito de justiça em Santo Agostinho.............................................................................268
viii. Conceito de justiça em São Tomás de Aquino................................................................268
O. TEORIA GERAL DO DIREITO E DA POLÍTICA.......................................................................................... 268
A NORMA MORAL, AS REGRAS DE TRATO SOCIAL E O DIREITO................................................................268
i. Direito, Moral e Ética................................................................................................................... 268
i. Distinção entre Direito e Moral...............................................................................................269
Resumos Magistratura Federal | e-mail: resumos-magistratura-federal@yahoogrupos.com.br
A. DIREITO CONSTITUCIONAL
1 J. J. Gomes Canotilho adverte que o mais correto seria referir-se a “movimentos constitucionais, ao invés do termo
constitucionalismos. In: CANOTILHO, J. J. Gomes. Direito Constitucional e Teoria da Constituição. 7 ed. Almedina.
2003. pag. 51.
4
PONTO 1 | Sumário
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pessoa humana, considerado valor universal pela Declaração dos Direitos de 1948, e outros valores como a
justiça a paz social, ainda que supostamente amparada na lei.
No Brasil, pós CF/88, os adeptos (Luís Roberto Barroso, Lênio Streck, Ana Paula de Barcellos etc.) e críticos
(Dimitri, Humberto Ávila etc.) do neoconstitucionalismo apontam suas principais características como
sendo: valorização dos princípios, adoção de métodos ou estilos mais abertos e flexíveis na hermenêutica
jurídica, com destaque para a ponderação, abertura da argumentação jurídica à moral, reconhecimento e
defesa da constitucionalização do Direito e do papel de destaque do Judiciário na Agenda de concretização
dos valores constitucionais.
O QUE É UMA CONSTITUIÇÃO? Do ponto de vista jurídico, a Constituição é o documento que estabelece e
disciplina o conjunto de elementos essenciais ao Estado. Se o Estado vai ser constituído, será necessário
tratar de seus elementos (humano – povo, físico – território e político – soberania ou governo; há
doutrinadores que acrescentam um 4º elemento que é a finalidade (Mazzuoli)), que serão tratados pela
CONSTITUIÇÃO.
A doutrina aponta que Abade de Sieyès foi o formulador do conceito moderno de Constituição (através da
publicação do livro “O que é o Terceiro Estado?”). Destaca-se, em seu pensamento, o deslocamento de
eixo de legitimidade do poder político – antes calcado em bases teocráticas – para um substrato de
legitimidade alicerçado na soberania da nação.
A partir do Séc. XIX, teve início o que se chamou de CONCEITO IDEAL DE CONSTITUIÇÃO (CANOTILHO),
segundo o qual toda nação deveria ter uma constituição, que, por sua vez, deveria ter 03 elementos: 1)
Sistema de garantias da liberdade(implementado a partir da existência de direitos individuais e da
participação popular no parlamento); 2) Princípio da separação dos poderes (Montesquieu) e 3) Forma
escrita.
Já no Séc. XX, surgiu a ideia da RACIONALIZAÇÃO DO PODER: já não basta a previsão dos direitos
fundamentais, é preciso garantir condições mínimas para que um poder democrático possa subsistir.
ia, portanto, a disciplinar a forma de Estado, a forma de governo, o Sistema de governo, o regime de
governo, a organização e divisão dos poderes, o rol de direitos individuais. As leis constitucionais, por
sua vez, são todas aquelas normas inscritas na Constituição mas que não têm a natureza de decisão
política fundamental. Estas normas só se tornam constitucionais em virtude do documento em que estão
inseridas. A matéria de que tratam poderia muito bem ser relegada à legislação ordinária; 3) CONCEPÇÃO
JURÍDICA2(KELSEN, no livro TEORIA PURA DO DIREITO3) – a constituição é norma pura é um dever ser, não
há fundamento sociológico ou político, é pura norma. O Kelsen dá 02 sentidos à palavra constituição: 1)
JURÍDICO-POSITIVO: direito positivo é norma escrita ou posta pelo homem (pirâmide das leis – princípio da
compatibilidade vertical entre as normas inferiores e superiores). No topo da pirâmide há uma norma
suprema que impõe a compatibilidade para todas as inferiores, essa norma é a CONSTITUIÇÃO; 2)
LÓGICO-JURÍDICO: a norma inferior encontra seu fundamento de validade na norma que lhe for superior. A
constituição encontra o seu fundamento de validade, NÃO NO DIREITO POSTO, mas, no plano
PRESSUPOSTO LÓGICO, tendo natureza jurídica, mas, em plano pressuposto, ou seja, a NORMA
HIPOTÉTICA FUNDAMENTAL, que é a constituição no sentido lógico-jurídico.
CONCEPÇÕES MODERNAS: Além dessas 03 concepções clássicas, existem outras 03 concepções ou teorias,
mais modernas: 1) TEORIA DA FORÇA NORMATIVA DA CONSTITUIÇÃO - KONRAD HESSE4 – é uma
2 A concepção jurídica da Constituição tem em Hans Kelsen seu principal representante. Neste sentido a
Constituição é vista essencialmente como norma jurídica, norma fundamental ou lei fundamental de organização do
Estado e da vida jurídica de um país. – A Constituição é considerada como norma pura, puro dever-ser,
completamente desligada da sociologia, da política, da filosofia ou da moral. A Teoria Pura do Direito de Kelsen visa
exatamente tornar puro o objeto de estudo da ciência jurídica (as normas jurídicas) livrando-o de qualquer juízo de
valor moral ou político, social ou filosófico. – Constituição em Kelsen tem dois sentidos: 1) sentido lógico-jurídico:
Constituição = norma hipotética fundamental. Como Kelsen não admite que o direito se fundamente em qualquer
elemento sociológico, político ou filosófico, ele teve que cogitar de uma norma fundamental, meramente hipotética,
que existe apenas como pressuposto lógico da validade da própria Constituição. O teor desta norma hipotética
fundamental seria mais ou menos este: “obedeça a tudo o que está na Constituição”. 2) sentido jurídico-positivo: é a
Constituição positiva. É a norma positiva suprema; conjunto de normas que regulam a criação de outras normas. É a
Constituição que confere a unidade ao ordenamento jurídico de um Estado. Com efeito, no ápice do ordenamento
jurídico está a Constituição. – Esta é o fundamento de validade de todas as outras normas jurídicas. É da
Constituição que se extrai a validade de todas as outras normas infra-constitucionais em qualquer órbita: federal,
estadual ou municipal. – Consideração sobre Hans Kelsen: elogia-se a grande racionalidade e a lógica que Kelsen
imprimiu à ciência do direito. A grande objeção é que seu intento de purificar o direito, livrando-o da moral, da ética,
da política não pode ser de todo satisfeito. Isto porque se é correto e aceitável que todas as normas infra-
constitucionais devam buscar na Constituição seu fundamento de validade; é altamente arriscado e diria até
inaceitável que o fundamento de validade da própria Constituição seja simplesmente uma suposta norma hipotética
fundamental. A construção teórica genial de Kelsen, se não estiver ligada a uma concepção filosófica, política,
respeitadora dos direitos humanos, pode ser utilizada tanto pelos Estados mais democráticos e justos quanto pelos
mais injustos e autoritários. Não se poderia aceitar, por exemplo, uma norma constitucional que estabelecesse como
um dos objetivos do Estado exterminar uma parcela da população. (JOSÉ AFONSO DA SILVA, Aplicabilidade; e
MICHEL TEMER).
3 BONAVIDES: O formalismo de Kelsen ao fazer válido todo conteúdo constitucional, desde que devidamente
observado o modus faciendi legal respectivo, fez coincidir em termos absolutos os conceitos de legalidade e
legitimidade, tornando assim tacitamente legítima toda espécie de ordenamento estatal ou jurídico ... até o Estado
nacional-socialista de Hitler fora Estado de Direito.
4 A FORÇA NORMATIVA DA CONSTITUIÇÃO: a Constituição tem uma força normativa, não sendo somente uma
folha de papel (LASSALLE). As questões jurídicas somente serão convertidas em questões de poder, caso não
haja a satisfação de determinados pressupostos. O autor reconhece a existência de uma VONTADE DA
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resposta ao Lassale. A constituição escrita NÃO necessariamente será a parte mais fraca no embate, pode
ser que a constituição escrita seja capaz de redesenhar a soma dos fatores reais de poder, ela pode
modificar o conjunto de forças da sociedade, modificando a sociedade; não existe interpretação
constitucional desvinculada dos problemas concretos; 2) CONSTITUCIONALIZAÇÃO SIMBÓLICA - MARCELO
NEVES - a utilização da norma constitucional como símbolo, o legislador constituinte quando elabora o
texto, tinha a real intenção de concretizar o que escrevia ou a intenção era somente entregar um símbolo
à sociedade. Será que a constituição é para ser efetiva ou é para ser um símbolo. Nas constituições
ditatoriais, também existe rol de direitos fundamentais, que não ocorrem no mundo dos fatos; 3)
CONSTITUIÇÃO ABERTA - PAULO BONAVIDES e CARLOS ROBERTO CIRQUEIRA CASTRO – o objeto da
constituição é sempre dinâmico. A constituição deve ser o documento dinâmico que não será
enclausurado em si mesmo. As necessidades sociais vão se espalhar por outros ramos, sob pena de ficar
ultrapassada e ser condenada à morte. Está repleta de conceitos abertos.
todos os efeitos. São típicas do estado liberal; 5.2) LONGA ou ANALÍTICA ou PROLIXA: a extensão é
bastante ampla. São típicas do estado de bem estar social; 6) QUANTO À FINALIDADE: 6.1) NEGATIVAS ou
GARANTIA: equivalem às concisas; 6.2) DIRIGENTES ou PROGRAMÁTICAS: estabelecem programas e
definem os limites e a extensão de seus direitos, equivalem às constituições longas; 6.3) CONSTITUIÇÕES
BALANÇO: De conotação socialista, representa um estágio no desenvolvimento das forças produtivas,
porque são essas forças econômicas que moldam o arcabouço jurídico. Inspirada na teoria dos “fatores
reais de poder”, de Lassale, ela deve registrar a organização estabelecida em determinado momento
histórico.
Existe ainda a CLASSIFICAÇÃO ONTOLÓGICA, que foi feita pelo KARL LOEWENSTEIN. Ele vai cotejar a
constituição com o processo político: 1) NORMATIVA – o processo político da sociedade se ajusta à
constituição, ou seja, a constituição que se impõe ao processo político; 2) NOMINAL – tem nome de
constituição, mas cede ao processo político, ela se amolda a ele; 3) SEMÂNTICA – serve aos interesses dos
detentores do poder político e não ao povo.
Poder Constituinte
ORIGINÁRIO E DERIVADO. É o poder que cria a norma constitucional, tornando-a exigível, cria e põe em
vigor a norma constitucional (Estrutura do Estado, Divisão dos Poderes e outros). Visa a criar a
Constituição, a estabelecer a estrutura do Estado. Ele se manifesta em momentos de crise (não
necessariamente violenta), porque instaura uma Nova Ordem Constitucional (crises jurídica, econômica,
social e política). O Poder Constituinte legitima a estrutura do Poder. Inicialmente, Sieyes pensava no
Poder Constituinte tendo como titular a nação, o que foi depois evoluído para povo.
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normatização jurídica, ele é um fato, não deriva de outro direito superior, o poder que antecede a norma,
sendo um Poder Político5. No Brasil, essa é a posição adotada; 2) JUSNATURALISTAS (TOMÁS DE
AQUINO): o fundamento de validade do poder constituinte está no direito natural, que é superior
hierarquicamente ao poder constituinte, ou seja, ele existe por força do sistema de direito natural; os
adeptos reconhecem no Poder Constituinte a natureza extrajurídica, já que o Direito não é só norma.
5 Poder político (governo): em sentido amplo, pode ser entendido como uma espécie institucionalizada
(organizado e permanente) de poder social: possibilidade de alguém (Estado) impor sua vontade sobre os outros e
exigir o cumprimento de suas ordens (leis). É preciso ressaltar que o poder político não é exclusivo: permite a
existência de outros poderes paralelos (poder econômico, poder social, poder sindical etc.) mas está acima de todos
eles. PRINCIPAL CARACTERÍSTICA: capacidade de editar normas jurídicas e de fazê-las cumprir. (CELSO
BASTOS, cap. II).
6 Povo é o conjunto de pessoas que têm a mesma nacionalidade, ou seja, ligação jurídica a um determinado
Estado (povo é um conceito jurídico). Difere da idéia de população (conceito demográfico), que é a expressão
numérica dos habitantes de um Estado (inclui os estrangeiros residentes) e difere da idéia de nação (conceito
sociológico, cultural), que é o conjunto de pessoas que têm em comum fatores culturais, étnicos, históricos e/ou
lingüísticos. OBS: Povo mas não nação: cidadãos da antiga Iugoslávia. Nação mas não povo: os palestinos (já
que a Palestina não é um Estado) e os curdos (pode-se falar em nação curda mas não em povo curdo, já que não
há um Estado Curdo).
7 Há um direito à revolução, quando o povo esteja sendo oprimido pelas instituições jurídico-políticas.
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que não a contrariam e RECEPÇÃO de todo ato jurídico perfeito, coisa julgada ou direito adquirido que não
a contrarie. Juridicamente, NÃO há limites, mas, as relações humanas não são ditadas apenas por normas
jurídicas, assim, a assembleia nacional constituinte tem limites metajurídicos (sociologia, história,
cultura), que estão fora do direito, mas presentes nas relações sociais estabelecidas e reconhecidas
historicamente. JORGE MIRANDA classifica essas limitações (há outras tantas propostas) em: 1)
Ideológicas – baseadas na opinião pública, no pensamento predominante; 2) Institucionais – ligadas a
instituições arraigadas na sociedade; 3) Substanciais– divididas em 03 grupos: a) Transcendentes:valores
éticos superiores, uma consciência ética coletiva, direitos fundamentais ligados à dignidade do homem,
isso está fora do direito positivo; b) Imanentes: dizem respeito à história do Estado; c) Heterônomas:dizem
respeito ao direito internacional, nenhum Estado pode mais tentar ser isolado dos problemas do planeta,
que por sinal são comuns de todos os estados.
Positivação do Poder Constituinte Originário
O momento da POSITIVAÇÃO ocorre quando a nova Constituição deixa de ser um PROJETO DE
CONSTITUIÇÃO e passa a ser uma nova constituição. A positivação pode ser por: 1) OUTORGA (ato de força
do poder totalitário); 2) PROMULGAÇÃO (último ato da assembleia constituinte) ou 3) REFERENDO
(aprovação posterior pelo povo).
Poder Constituinte Derivado ou Secundário
As constituições obedecem ao princípio da IMUTABILIDADE RELATIVA, ou seja, não são eternas, mas, por
outro lado, não podem ser modificadas de forma contumaz. Essas modificações não podem ferir o espírito
da constituição, só quem pode fazer isso é o poder originário, mediante um processo de ruptura. Essas
alterações podem ser: 1) FORMAIS – há Estados que não diferenciam as emendas da revisão, no Brasil, não
há essa nítida distinção, já que a previsão de revisão foi pontual. a) Emenda – será uma revisão pontual; b)
Revisão – será uma revisão total; c) Tratados equivalentes à emenda (EC/45); 2) INFORMAIS – são as que
modificam a CF sem alterar o seu texto; ocorrem por meio de: interpretação evolutiva, jurisprudência,
doutrina, aplicação de conceitos jurídicos indeterminados. A isso se dá o nome de MUTAÇÃO, que a
doutrina admite. Neste ponto, destaca-se o que parte da doutrina chama de “Poder Constituinte Difuso”.
MUTAÇÃO CONSTITUCIONAL não ofende o texto da lei, a sua literalidade (artigo 5o., XI, CF).
MUTAÇÃO INCONSTITUCIONAL (artigo 102, § 2o., CF) – as decisões definitivas de mérito admitem efeito
vinculante, mas, por meio de decisão do STF admitiu-se o efeito vinculante da decisão liminar, com nítida
ofensa à literalidade da constituição; dizer que a liminar tem efeito vinculante viola-se a literalidade da CF,
sem mudar o texto.
As mutações informais são fruto de um “PODER CONSTITUINTE DIFUSO” (JELLINEK).
Características do Poder Constituinte Derivado ou Secundário
Estão mais relacionadas aos mecanismos formais: 1) Derivado: decorre do poder constituinte originário e
da constituição; 2) Subordinado: hierarquicamente em plano inferior, ou seja, está abaixo do poder
constituinte originário; 3) Condicionado ou Limitado: só pode ser exercitado nos casos previstos pelo
poder constituinte originário, que estabelece regras que determinam a contenção do seu exercício. É o
poder para alterar uma ordem constitucional pré-existente; além das limitações metajurídicas terá
também limitações jurídicas.
Espécie de Poder Constituinte Derivado ou Secundário
Ele pode ser de duas espécies: 1) Decorrente (Poder de estabelecer uma nova constituição em um segundo
nível – Estadual). Art. 11, ADCT; 2) Reformador ou de revisão: poder de alterar a própria constituição. Há
quem negue a existência do poder constituinte derivado, somente existindo o poder constituinte
originário. A reforma da constituição seria um PODER CONSTITUÍDO (MIN CARLOS AYRES DE BRITO). Não
é possível imaginar o poder de constituir o estado sem imaginar o correlato poder de DESCONSTITUIR o
estado anterior, ou seja, o PODER DESCONSTITUINTE. Enquanto, é escrito algo novo, a ordem antiga é
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apagada. Somente quem tem esse poder de desconstituir o estado anterior é o poder constituinte
originário. O que classicamente se chama de poder constituinte reformador não tem a força de
desconstituir o Estado anterior, assim, muitos doutrinadores defendem que somente é poder constituinte
o originário, que tem essa capacidade correlata de desconstituir a ordem posta. Há quem diga também
que somente é poder constituinte uma única espécie de poder: PODER FUNDACIONAL, qual seja, aquele
que faz a primeira constituição do Estado.
Limites do Poder Constituinte Reformador
Na CF/88, os limites do poder constituinte derivado reformador estão fixados no art. 60.
Limite Temporal
Esse limite consiste no estabelecimento de prazo. A Constituição Federal de 1988 não tem . A Constituição
Federal de 1824 tinha.
Limite Circunstancial
A Constituição não pode ser alterada em algumas circunstâncias, sob o fundamento legitimador de que o
ânimus do legislador estará alterado: estado de defesa; estado de sítio e intervenção federal (§ 1 o.). Esse
limite é absoluto, mas provisório; a emenda pode ser proposta, mas, se for discutir, há divergência
doutrinária; agora a partir de votar não pode. A emenda pode ser até discutida.
Limite Material
Por força desse limite, excluem determinada matéria do Poder Constituinte derivado reformador, por ser
superior no ordenamento nacional. Os limites materiais podem ser: EXPRESSOS ou IMPLÍCITOS:
Limite Expresso
Limitação material expressa. PROPOSTA de emenda tendente a abolir. O limite expresso trata das
cláusulas de intangibilidade ou cláusulas pétreas (art. 60, § 4º ).
Não será objeto de DELIBERAÇÃO, ou seja, o processo sequer pode chegar ao final, o vício é anterior à
deliberação da emenda, hipótese de controle de constitucionalidade preventivo e judicial, cabimento de
MS impetrado por parlamentar (STF). O voto obrigatório NÃO é cláusula pétrea, ele existe na CF, mas,
pode ser abandonado por emenda, adotando-se voto facultativo.
Quanto aos direitos e garantias individuais há uma discussão sobre qual a interpretação que deve ser
utilizada. Assim, dependendo da interpretação, haverá consequências distintas em relação à aplicação da
limitação prevista no dispositivo. Se a INTERPRETAÇÃO for: 1) LITERAL: ficam afastados os direitos sociais,
difusos, coletivos; sendo objeto de proteção somente os direitos e garantias puramente individuais. O STF
ainda não foi decisivo quanto a isso, mas, já entendeu que existem cláusulas pétreas fora do artigo 5 o; 2)
TELEOLÓGICA OU SISTEMÁTICA: é uma posição mais moderna, por meio da qual, deve-se entender como
objeto da proteção do artigo todos os DIREITOS FUNDAMENTAIS. O inciso IV, do § 4o, deve ser
interpretado ampliativamente, para restringir a emenda. Deve ser entendido que os DIREITOS
FUNDAMENTAIS são cláusulas pétreas, sejam individuais, coletivos, difusos ou sociais. Há direitos
fundamentais que são FORMALMENTE FUNDAMENTAIS, mas não têm substância de direitos fundamentais,
assim, não são cláusulas pétreas, somente os que têm substância de direito fundamental não poderão ser
abolidos, sem os quais não há vida humana digna. Fazendo interpretação sistemática e teleológica, o STF
entendeu que medida provisória pode tratar de matéria penal, desde que seja para beneficiar o réu. (RE
254818/PR, julgado em 08/11/2000)
Limite Implícito
Redução de cláusula pétrea e a titularidade do Poder Constituinte Originário (não pode existir emenda que
restrinja a titularidade do poder constituinte originário); emenda modificando o exercente do poder
reformador; as limitações metajurídicas; modificação do processo de emendas futuras, facilitando ou
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dificultando (há quem diga que pode dificultar) os processos de emenda, se permitir que dificulte, o
reformador está limitando a si próprio o que não é possível juridicamente. Pode haver uma nova revisão
constitucional como foi em 1993? Está relacionado com a possibilidade de poder facilitar a revisão
constitucional; o rol de cláusulas pétreas, o conteúdo é fluido no tempo, a questão é saber se pode ou não
modificar o rol, há quem diga que pode aumentar (ROBÉRIO acha que não, mesmo motivo acima), a
possibilidade de reduzir traz a discussão de possibilidade de DUPLA REVISÃO. JORGE MIRANDA afirma que
existem 03 posições: 1) insuperáveis, não podem ser reduzidas; 2) ilegítimas, há quem diga que não pode
existir porque o povo de hoje não pode condicionar o povo do futuro, a geração atual não pode criar
amarras para as gerações futuras; 3) Legítimas, mas superáveis, pela DUPLA REVISÃO = 1a. emenda para
retirar do rol de cláusulas pétreas que está incomodando; 2 a. modificar realmente. APROFUNDAR seria
falar em plebiscito ou referendo. A República e o Presidencialismo são cláusulas pétreas? Houve a
possibilidade de modificação em revisão. Há quem diga que a república é uma cláusula implícita, porque
dentro da ideia de forma federativa de Estado, a proteção do voto periódico também, protegeria a
república. ROBÉRIO: são limitações implícitas, mas especiais (artigo 2 o., ADCT), o povo decidiu assim não
pode haver emenda contra a vontade, mas pode ser superada por meio de uma outra consulta direta ao
povo. Artigo 127, CF o MP é instituição permanente, pode ser extinto por emenda? Pode ter suas
atribuições extintas por emenda? MP é cláusula pétrea ou instituição permanente? HUGO NIGRO
MAZZILLI é cláusula pétrea. Forças armadas, polícia federal, rodoviária e ferroviária também são
instituições permanentes.
Limite Processual ou Formal
INCISOS I a III – limitações formais, no inciso I, troca-se o OU pelo E. O STF não se posicionou sobre a
possibilidade de iniciativa popular para proposta de emenda, mas pode-se defender isso, a maioria dos
autores não aceita.
B. DIREITO ADMINISTRATIVO
interna.
Poderes do Estado
Não são poderes da ADMINISTRAÇÃO, mas funções do Estado denominadas, sem o devido rigor técnico,
de: PODER EXECUTIVO, LEGISLATIVO e JUDICIÁRIO. A tripartição de Montesquieu é adotada para o
equilíbrio entre os Poderes, de modo a evitar a supremacia de qualquer deles sobre o outro (Carvalho F.,
Cap. 1). A nossa Constituição estabelece que são Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o
Legislativo, o Executivo e o Judiciário (CF, art. 2º), bem assim veda que haja deliberação sobre Emenda à
Constituição tendente a abolir a separação dos Poderes (CF, art. 60, §4º, III).
Funções do Estado (típica e atípica)
São decorrentes dos poderes. FUNÇÃO é o exercício de uma atividade em nome e interesse de outrem.
FUNÇÃO PÚBLICA é o exercício de atividade em nome e interesse do POVO. Entretanto, no Brasil, não há
exclusividade no exercício dessas funções, não há uma rígida e absoluta divisão dos Poderes, mas sim
preponderância na realização desta ou daquela função. Assim, embora os Poderes tenham funções
precípuas (funções típicas), a própria Constituição autoriza que também desempenhem funções que
normalmente pertenceriam a Poder diverso (funções atípicas). São as chamadas ressalvas (ou exceções) ao
princípio da separação dos Poderes.
FUNÇÃO TÍPICA – é a função principal (preponderante) do poder, o motivo pelo qual o poder foi criado.
EXEMPLO: legislativo fazer lei e fiscalizar; Executivo administrar; judiciário julgar.
FUNÇÃO ATÍPICA – é a função secundária do poder. EXEMPLO: legislativo fazendo licitação; Executivo
editando medida provisória; judiciário fazendo licitação.
Características das funções típicas
Função Legislativa – elaboração de leis (legiferante). É uma função abstrata. É uma função geral com
repercussão erga omnes. Única função que inova o ordenamento jurídico.
Função Judiciária – consiste na solução de conflitos, aplicando coativamente as leis. É uma função concreta
(exceto o controle direto de constitucionalidade). É uma função indireta, porque depende de provocação.
Não inova o ordenamento jurídico. Produz imutabilidade jurídica, ou seja, a intangibilidade jurídica ou coisa
julgada, isto é, somente a decisão judiciária é definitiva.
Função Executiva ou Administrativa – função administrativa – “aquela exercida pelo Estado ou por seus
delegados, subjacente à ordem constitucional e legal, sob regime de direito público, com vistas a alcançar
os fins colimados pela ordem jurídica” (Carvalho F.). É uma função concreta e direta, que não inova o
ordenamento jurídico (MEDIDA PROVISÓRIA é uma função atípica). É uma função capaz de ser revista, não
produz coisa julgada. COISA JULGADA ADMINISTRATIVA não é uma verdadeira coisa julgada, mas sim a
mera imutabilidade da decisão dentro da seara administrativa, não impedindo, contudo, sua revisão pelo
Poder Judiciário (art. 5º, XXXV, CF).
Função de Governo – São funções que não podem ser enquadradas em nenhuma das acima. EXEMPLO:
quando o Estado declara guerra. É a função que regula a atuação superior do Estado. EXEMPLOS: estado de
defesa ou de estado de sítio, iniciativa de lei, sanção e veto do presidente, declaração de guerra, celebração
de paz (mas há divergências nessa classificação).
Governo
É o comando, é a direção do Estado. EX: atos de soberania e autonomia. No âmbito do Direito
Administrativo, a expressão Governo tem sido utilizada para designar o conjunto de Poderes e órgãos
constitucionais responsáveis pela função política do Estado. O Governo tem a incumbência de zelar pela
direção suprema e geral do Estado, determinar seus objetivos, estabelecer suas diretrizes, visando à
unidade da soberania.
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Administração
Está relacionada à estrutura para exercício da função pública. Trata-se do aspecto estrutural da
administração pública. Pode ser dividida em:
ADMINISTRAÇÃO FORMAL ou ORGÂNICA ou SUBJETIVA – está relacionada à máquina administrativa, ou
seja, à estrutura - quem realiza a atividade. Conjunto de agentes, órgãos e pessoas jurídicas destinadas à
execução das atividades administrativas - todo o aparelhamento de que dispõe o Estado para a consecução
das políticas traçadas pelo Governo. Designa os entes que exercem a atividade administrativa; compreende
pessoas jurídicas (entidades), órgãos e agentes públicos incumbidos de exercer a função administrativa.
ADMINISTRAÇÃO MATERIAL ou OBJETIVA – é a atividade administrativa propriamente dita. Corresponde
ao conjunto de funções ou atividades administrativas que são públicas, consistentes em realizar concreta,
direta e imediatamente os fins constitucionalmente atribuídos ao Estado, por isso mesmo denominadas
atividades finalísticas da Administração Pública (MARIA SYLVIA ZANELLA DI PIETRO).Assim, a função
administrativa (administração pública em sentido objetivo, material ou funcional) engloba:
a- a prestação de serviços públicos;
b- o exercício do poder de polícia;
c - a intervenção no domínio econômico: pode ocorrer indiretamente, por meio da regulamentação e
fiscalização da atividade econômica de natureza privada, bem como diretamente, através da atuação direta
do Estado na atividade econômica, nos termos do art. 173 da CF, normalmente por meio de empresas
públicas e sociedades de economia mista.
d - a atividade de fomento: incentivo à iniciativa privada de utilidade pública (como, p. ex., o incentivo que
se dá a entidades como o SESC, SENAI, SEBRAE etc.). Exemplos: I. auxílios financeiros ou subvenções, ; II.
financiamento sob condições especiais; III. favores fiscaisque estimulem determinadas atividades
estratégicas.
Vale registrar a lição de HELY LOPES MEIRELLES sobre a diferença entre Governo e
Administração:
“Numa visão global, a Administração é, pois, todo o aparelhamento
do Estado preordenado à realização de seus serviços, visando à
satisfação das necessidades coletivas. A Administração não pratica
atos de governo; pratica, tão-somente, atos de execução, com maior
ou menor autonomia funcional, segundo a competência do órgão e
de seus agentes. São os chamados atos administrativos (...).
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in concreto para a satisfação de seus fins de conservação, de bem-estar individual dos cidadãos e de
progresso social, ou seja, a própria função administrativa (sentido objetivo).
Assim, em sentido objetivo ou material, administração pública (ou função administrativa) pode ser
definida como a atividade concreta e imediata que o Estado desenvolve, sob regime jurídico de direito
público, para a consecução dos interesses coletivos.
A administração pública, para alguns, é utilizada em sentido amplo, compreendendo a função política
(GOVERNO), que traça as diretrizes governamentais e a função administrativa propriamente dita (sentido
estrito) (ADMINISTRAÇÃO), que as executa. É interessante lembrar, por fim, que a administração pública é
objeto de estudo do direito administrativo, enquanto o Governo é objeto de estudo do direito
constitucional.
Princípios constitucionais explícitos e implícitos da Administração Pública.
PRINCÍPIOS DO DIREITO ADMINISTRATIVO: Princípios são postulados fundamentais que inspiram todo o
modo de agir da Administração Pública (Carvalho F.) Os principais são:
Princípio da supremacia do interesse público
É o principal princípio do DIREITO ADMINISTRATIVO, sendo o seu alicerce juntamente com o princípio da
indisponibilidade do interesse público, dos quais decorrem os outros princípios. É a sobreposição do
interesse público em face do interesse particular, o que é pressuposto lógico para o convívio social. Não há
previsão expressa para o princípio da supremacia do interesse público. SUPREMACIA não significa a
sobreposição do APARELHO OU DA MÁQUINA ESTATAL OU DO INTERESSE DO ADMINISTRADOR, mas sim do
INTERESSE PÚBLICO que se sobrepõe ao interesse privado.
“[...] o interesse do todo, do conjunto social, nada mais é do que a dimensão pública dos
interesses individuais, ou seja, dos interesses de cada indivíduo enquanto partícipe da
Sociedade (entificada juridicamente no Estado [...]” (CABM, cap. 1, p.51)
EXEMPLOS: poder de polícia (que restringe e limita a liberdade e os direitos do particular em face do
interesse público); os atributos da auto-executoriedade e imperatividadedos atos administrativos;
cláusulas exorbitantes dos contratos administrativos; intervenção na propriedade privada; poder de
autotutela, com a revisão e anulação dos atos administrativos inconvenientes, inoportunos ou ilegais pela
própria Administração Pública (Súmula STF 473).
Entretanto, o PRINCÍPIO DA SUPREMACIA DO INTERESSE PÚBLICO vem sendo CONTESTADO pela doutrina
administrativista e constitucionalista mais moderna. Este assunto está na “ordem do dia” em matéria de
atualidade no que se refere ao direito administrativo e ao direito constitucional. Neste sentido: SARMENTO,
Daniel (org.). Interesses públicos versus interesses privados. Rio: Lumen Juris, 2005. Abaixo segue parte de
artigo (“Interesses Públicos vs. Interesses Privados na Perspectiva da Teoria e da Filosofia Constitucional”)
desse autor:
1) a superação da dicotomia rígida entre Direito Público e Direito Privado (o Direito Público
se privatiza – em razão da decadência do chamado Estado Social (ou welfare state) e o
Direito Privado se “publiciza”: constitucionalização do direito civil; eficácia horizontal dos
direitos fundamentais; surgimento do terceiro setor). Assim, fica cada vez mais difícil
distinguir o interesse público do interesse privado.
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REVERSÃO – passagem ao poder concedente dos bens do concessionário aplicados ao serviço, uma vez
extinta a concessão (art. 35, § 2.º) [CABM] - permite que a Administração utilize o patrimônio da
contratada para dar prosseguimento ao serviço público. Há direito à indenização, desde que descontados
os valores de depreciação dos bens - o contrato especifica os bens que podem ser revertidos, no seu
silencio, são revertidos os indispensáveis ao prosseguimento do serviço.
- Lei 8.987/95 (artigo 6o.): NÃO haverá descontinuidade do serviço no caso de interrupção (“corte”) por
falta de pagamento, desde que precedida de prévia comunicação. Contudo, há entendimento de que,
tratando-se de inadimplência da própria Administração com a concessionária do serviço, o corte não pode
atingir serviços públicos essenciais, tais como escolas, hospitais, repartições etc. [Carvalho F.].
Princípio da autotutela
É o princípio que autoriza a administração a rever seus próprios atos (ilegalidade = anulação;
conveniência e oportunidade = revogação). Súmulas 346 e 473, STF. Lei 9784/99: anulação (05 anos) e
revogação (não há limite temporal, mas limites materiais: direitos adquiridos e outros) de atos
administrativos. MARIA SYLVIA afirma que é também o dever de cuidado e zelo com os bens que
integram o patrimônio público.
AUTOTUTELA x TUTELA:
Autotutela corresponde ao controle que um órgão ou uma entidade realiza sobre os seus próprios atos. É
um controle interno e que tem por fundamento a hierarquia e a subordinação.
A tutela, por sua vez, corresponde a um controle exercido por uma entidade sobre outra. Seria, neste
aspecto, um controle externo. É o controle exercido pelas entidades políticas sobre as entidades que
compõem a administração pública indireta. É um controle finalístico (supervisão ministerial). Não há
relação de hierarquia ou subordinação, mas sim uma relação de vinculação.
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Princípio da especialidade
É um princípio que surgiu com a ideia de descentralização. A administração direta (artigo 37, XIX, CF)
depende de lei para criar as pessoas da Administração indireta. A lei também definirá a finalidade da
pessoa jurídica criada, que não poderáser modificada por ato administrativo, pelo princípio da legalidade.
Princípio da presunção de legitimidade
É presunção de legalidade, legitimidade e veracidade. O ato administrativo goza de presunção de todos os
itens: legalidade (obediência à lei), legitimidade (constituídos em conformidade com as normas legais e
princípios amplamente considerados) e veracidade (presunção de que o ato é verdadeiro). Trata-se de
PRESUNÇÃO RELATIVA, na medida em que admite prova em contrário. EFEITOS: autoexecutoriedade dos
atos e a inversão do ônus da prova (Carvalho F.).
A presunção de legitimidade não afasta o CONTROLE PELO JUDICIÁRIO. Produção de efeitos: EX TUNC
(anulação = ileg
alidade) e EX NUNC (revogação = conveniência e oportunidade).
Princípio da legalidade (artigo 37, caput)
A CF repetiu várias vezes esse princípio (artigos 5 o, 84, 150, e vários outros), que é indispensável para a
existência de um Estado Democrático de Direito (politicamente organizado e que obedece às suas próprias
leis). HELY LOPES MEIRELLES faz a seguinte distinção:
LEGALIDADE PARA O AGENTE PÚBLICO ou ADMINISTRADOR PÚBLICO – somente pode
fazer o que a lei autoriza e determina; é chamado de CRITÉRIO DE SUBORDINAÇÃO À LEI.
LEGALIDADE PARA O PARTICULAR – pode fazer tudo o que a lei NÃO proíbe. É o CRITÉRIO
DA NÃO-CONTRADIÇÃO À LEI.
CUIDADO: princípio da legalidade significa dizer que a conduta do administrador tem que estar
EXPRESSAMENTE prevista em lei? NÃO. O que está expresso em lei é legalidade, mas nem sempre a lei
estabelece tudo, todos os detalhes. EXEMPLO: atos discricionários, nos quais o administrador faz um juízo
de conveniência e oportunidade (MARIA SYLVIA fala em EQUIDADE e JUSTIÇA, também). Exemplo: poderes
implícitos.
A doutrina faz uma distinção:
PRINCÍPIO DA LEGALIDADE – está explicitado acima.
PRINCÍPIO DA RESERVA DE LEI – determinada matéria somente poderá ser disciplinada por
meio de determinada espécie normativa. EXEMPLO: a matéria X depende de lei ordinária,
ou seja, sua regulamentação está reservada à edição de lei ordinária.
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Inf 766/STF: É constitucional lei de iniciativa parlamentar que obriga o Poder Executivo a divulgar na
imprensa oficial e internet a relação de obras de rodovias, portos e aeroportos.
Nota: A Corte entendeu que não havia qualquer vício formal ou material na referida lei, considerando que
(a lei) foi editada em atenção aos princípios da publicidade e da transparência, tendo por objetivo
viabilizar a fiscalização das contas públicas.
Inf 543/STJ: O Ministério das Relações Exteriores não pode sonegar o nome de quem recebe passaporte
diplomático.
Nota: O nome de quem recebe um passaporte diplomático emitido por interesse público não pode ficar
escondido do público. O interesse público pertence à esfera pública, e o que se faz em seu nome está sujeito
ao controle social, não podendo o ato discricionário de emissão daquele documento ficar restrito ao
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Princípio da finalidade
Consiste na necessidade de o administrador buscar a finalidade pública, obedecendo à vontade maior da
LEI. O ato que não atende a esse princípio é INVÁLIDO, nos termos da Lei 9784/99 (Lei de Processo
Administrativo – LER), artigo 3o, XIII, pois só se cumpre a legalidade quando se atende à finalidade do ato. O
princípio da finalidade consubstancia mandamento direcionado ao Administrador, compelindo-o a
concretizar o interesse público primário, que não deve ser confundido com o interesse egoístico da própria
Administração (interesse público secundário).
Sobre a distinção entre interesse público primário e secundário, vale conferir lição de BARCHET:
“(...) o interesse público primário corresponde ao conjunto de interesses de que é titular a
própria coletividade, globalmente considerada; (...) tais interesses têm por titulares os
membros desta coletividade, justamente pelo fato de a integrarem. [...] Podemos citar,
como exemplos de interesses públicos primários, um meio ambiente equilibrado, um
eficiente serviço de água, uma adequada estrutura de ensino fundamental etc.
O interesse público secundário, por sua vez, corresponde ao conjunto de interesses que a
Administração possui na sua condição de pessoa jurídica, a exemplo de uma empresa ou
de uma associação civil. São, sinteticamente, interesses relacionados à formação e
manutenção do seu patrimônio e à composição de seu quadro de pessoal. A aquisição de
um imóvel, a contratação de um empregado público, a celebração de um contrato de
prestação de serviços de vigilância patrimonial, são alguns exemplos de interesses públicos
secundários.
Princípio da isonomia
Também conhecido como princípio da igualdade, é compreendido, a partir de uma visão clássica, a partir
da fórmula genérica de que os iguais devem ser tratados de forma igual, ao passo que os desiguais devem
ser tratados desigualmente, na medida de sua desigualdade (Aristóteles e Ruy Barbosa – “oração aos
moços”).
Contudo, uma interpretação atual do referido axioma, parte da premissa de que o enunciado acima
afigura-se lacunoso, desprovido de densidade normativa. Segundo leciona CABM:
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o princípio da igualdade deve ser aferido concretamente, a partir do critério adotado pela
Administração Pública para justificar determinado tratamento diferenciado como legítimo
do ponto de vista constitucional. Se o parâmetro diferenciador se harmonizar com a
finalidade que a ordem jurídica busca concretizar, o tratamento distinto estará de acordo
com o princípio da isonomia e, por consequência, com a própria ideia de legalidade. Do
contrário, haverá ofensa à igualdade.
1. Segundo o STF, na reserva de vagas para deficientes, NÃO É POSSIVEL o arrendondamento do coeficiente
para o número inteiro subsequente, deve ater-se aos limites da lei (AG. REG. No RE 440.988-DF – info 660).
2. Ainda segundo o STF, é legítimo o edital de um concurso com apenas 2 vagas que NÃO reserva vagas p/
deficiente. Entendeu a Corte Suprema que reservar uma vaga, ou seja, cinqüenta por cento das vagas
existentes, implicaria majoração indevida dos percentuais legalmente estabelecidos (MS 26310/DF, rel.
Min. Marco Aurélio, 20.09.2007.).
Princípio do contraditório e da ampla defesa
O contraditório e a ampla defesa são elementos integrantes do princípio maior do devido processo legal e
visam a garantir aos acusados e administrados, no âmbito judicial e administrativo, a oportunidade de
produzirem provas, deduzirem pretensões, e formularem manifestações com o objetivo de se oporem a
imputações gravosas que lhes são feitas ou, ainda, de desconstituir situações desfavoráveis.
O princípio do contraditório e da ampla defesa compreende, também, o direito à informação, pois não é
possível ao administrado defender-se sem ter plena ciência do que está lhe sendo imputado.
SÚMULA VINCULANTE Nº 03: “nos processos perante o Tribunal de Contas da União
asseguram-se o contraditório e a ampla defesa quando da decisão puder resultar anulação
ou revogação de ato administrativo que beneficie o interessado, excetuada a apreciação da
legalidade do ato de concessão inicial de aposentadoria, reforma e pensão.”
Desdobramentos do princípio: - a) Toda a defesa deve ser prévia em relação ao julgamento final; b) Direito
à informação c) o CUSTO corre a cargo do interessado, como se posiciona a jurisprudência, mas a
administração não pode se negar a fornecer o acesso; d) Produção de provas; e) Direito a recurso; mesmo
que não exista previsão expressa para o caso específico, a regra geral é o cabimento; f) Defesa técnica; é
dispensável a presença de advogado, mas se o advogado quiser participar, o administrador deve viabilizar a
defesa, porque o advogado garante maior justiça e isonomia entre as partes.
Atenção: SÚMULA VINCULANTE Nº 5 DO STF: a falta de defesa técnica por advogado no
processo administrativo disciplinar não ofende a constituição. OBS: essa súmula não se
aplica à execução penal, oportunidade em que o processo administrativo exigirá a presença
de advogado (Inf. 562/STJ)
Princípio da razoabilidade
“Razoabilidade é a qualidade do que é razoável, ou seja, aquilo que se situa dentro dos limites aceitáveis”
(CARVALHO F.) – “obedecer a critérios aceitáveis do ponto de vista racional, em sintonia com o senso
normal de pessoas equilibradas e respeitosas das finalidades que presidiram a outorga da competência
exercida” (CABM). CARVALHO afirma que a razoabilidade trata da congruência lógica entre as situações
postas e as decisões administrativas. Trata-se de um PRINCÍPIO IMPLÍCITO.
Ato irrazoável ofende a legalidade em sentido amplo. O Judiciário poderá fazer a análise da razoabilidade
do ato, inclusive por meio do controle constitucional. Todavia, ao Judiciário não cabe invadir o mérito do
ato administrativo – a margem de liberdade concedida pela lei ao administrador (discricionariedade).
De acordo com precedente do STF, não é possível a análise, pelo Poder Judiciário, como regra, do mérito do
ato administrativo. Contudo, é legítimo o exame da regularidade dos elementos CAUSA, MOTIVO e
FINALIDADE do ato administrativo, nos termos da decisão abaixo:
“Embora não caiba ao Poder Judiciário apreciar o mérito dos atos administrativos, o exame
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Princípio da proporcionalidade
Trata-se de princípio implícito na Constituição. Com base na doutrina alemã, para que uma conduta seja
proporcional, ela deverá ser adequada (meio adequado aos fins), necessária/exigível (inexistência de meio
menos gravoso para o mesmo fim) e proporcional em sentido estrito (as vantagens geradas devem superar
as desvantagens).
Proporcionalidade x Razoabilidade: STF não faz diferenciação. JSCF aponta que a razoabilidade tem perfil
hermenêutico, voltado para a lógica e interpretação jurídica, enquanto que a proporcionalidade tem
direcionamento objetivo, material, visando o balanceamento de valores.
Princípio da motivação (CF, artigo 93, IX)
Todas as decisões administrativas devem ser motivadas, ou seja, devem ser justificadas, fundamentadas.
Motivação é o ato de explanação ou exteriorização do motivo. A grande maioria afirma que a motivação é
obrigatória, em todos os casos (STF), apesar da existência de corrente que afirma que em alguns casos não
é obrigatória a motivação.
A motivação deve ser prévia ou no máximo concomitante, não se admitindo a motivação posterior, ou
seja, depois da prática do ato. A motivação pode ser a declaração de concordância com os fundamentos de
anteriores pareceres, informações, decisões ou propostas, que, neste caso, serão parte integrante do ato.
Os atos constituídos sem a tempestiva e suficiente motivação são ilegítimos e suscetíveis de invalidação.
(Há controvérsia) JSCF entende que a motivação não é a regra, sendo prevista em hipóteses taxativas do
art. 50 da L. 9784.
O ato de remoção de servidor público por interesse da Administração Pública deve ser motivado. Caso não
o seja, haverá nulidade. No entanto, é possível que o vício da ausência de motivação seja corrigido em
momento posterior à edição dos atos administrativos impugnados. Assim, se a autoridade removeu o
servidor sem motivação, mas ela, ao prestar as informações no mandado de segurança, trouxe aos autos os
motivos que justificaram a remoção, o vício que existia foi corrigido. STJ. 1ª Turma. AgRg no RMS 40.427-DF,
Rel. Min. Arnaldo Esteves Lima, julgado em 3/9/2013 (Info 529).
Ainda: “O Estado, depois de abraçar, por vários anos, a execução de muitas atividades
empresariais e serviços públicos, com os quais sempre teve gastos infindáveis e pouca
eficiência quanto aos resultados, resolveu imprimir nova estratégia governamental: seu
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Focando sobre a perspectiva mais ampla da reforma do Estado, o PDRAE determina que tal
reforma deve ser entendida e conformada a partir do contexto da "redefinição" do seu
papel. Redefinir o papel do Estado seria, segundo a lógica governamental, fazer com que
ele abandonasse a responsabilidade direta pelo "desenvolvimento econômico e social
pela via da produção de bens e serviços para fortalecer-se na função de promotor e
regulador desse desenvolvimento". Em termos mais claros, para o PDRAE, "reformar o
Estado significa transferir para o setor privado as atividades que podem ser controladas
pelo mercado". (1995:17)
Neste sentido, cabe questionar o limite e as bases que regulamentam tais transferências,
sabendo que todo o processo de reforma delineado no plano está pautado e intimamente
marcado pela busca por eficiência, busca que vai ao encontro das duas dimensões da
reforma: a política e a administrativa.
Em termos de reforma política, a transferência da atuação estatal para o setor privado vai
corresponder à necessidade de gerar maior capacidade de governo ("governança"), a partir
da limitação dos custos e do dimensionamento a áreas "exclusivamente" estatais, bem
como pretende corresponder a um aumento da legitimidade para governar
("governabilidade") à medida que há a valorização da participação social em várias
instâncias do processo de reforma e há também o objetivo de melhorar a qualidade dos
serviços "tendo o cidadão como beneficiário". (1995:21)
(...) o "modelo" gerencial visualizado pelo PDRAE como alternativa reformadora possui, em
grande medida, apenas dois pilares "revolucionários": "em suma, afirma-se que a
administração pública deve ser permeável à maior participação dos agentes privados e/ou
das organizações da sociedade civil e deslocar a ênfase dos procedimentos (meios) para os
resultados (fins)". (1995:22, grifos nossos)
Diante da análise, por outro lado, sobre a necessidade do plano de romper com a
Administração Pública burocrática, descobre-se que tal tentativa de superação não é
recente. O embate com o modelo de gestão burocrático, no nível de "reforma" do Estado
brasileiro, tem sua origem, segundo o próprio PDRAE, no Decreto-Lei 200, de 25.2.1967
que já determinava princípios de racionalidade administrativa, os quais seriam, em outras
palavras, a eficiência mesma, que hoje toma ares de jargão técnico-gerencial inusitado.
O Estado passa, então, a ser entendido, segundo o plano, como uma espécie de
amálgama das seguintes esferas de atuação: o primeiro setor que seria o núcleo
estratégico; o segundo que representaria o setor de atividades exclusivas do Estado; o
terceiro, por sua vez, seria o setor de atuação simultânea do Estado e da sociedade civil,
setor este que engloba as entidades de utilidade pública, as associações civis sem fins
lucrativos, as organizações não-governamentais e as entidades da Administração Indireta
que estão envolvidas com as esferas em que o Estado não atua privativamente, mas que
têm um caráter essencialmente público e, finalmente, o quarto e último setor seria o
menos característico em termos de intervenção "exclusiva e/ou necessária" do Estado, já
que trata da produção de bens para o mercado. A reforma direcionada no PDRAE
perpassa o entendimento que se tem sobre justamente o quão necessária e mesmo
eficiente é a atuação estatal em cada um desses setores.[...]
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(...) foram constituídos, no setor de atividades não exclusivas (também chamado de terceiro
setor) e no setor de produção para o mercado (entendido como quarto setor), movimentos
específicos de transferência da responsabilidade direta do Estado pela prestação de
serviços e pela produção de bens para a iniciativa privada.
Noutro sentido, o movimento perpetuado junto ao chamado quarto setor se deu através da
privatização de empresas estatais, que passaram para o domínio de entes do mercado.
(...) tendo em vista que o papel do Estado, a partir da reforma, seria tão somente o de
promover e regular o desenvolvimento econômico e social, a lógica governamental abria a
discussão, junto à sociedade, de que os atores no processo de reforma não se restringem
aos setores exclusivos do Estado, ou seja, a responsabilidade deve passar a ser
compartilhada (e note-se que compartilhar é diferente de compartimentalizar) com a
sociedade e com o mercado.
Na mesma medida em que o Estado restringe sua atuação direta ao seu aparelho (núcleo
estratégico + atividades exclusivas), cada vez mais a sociedade civil é chamada a fazer
"parcerias" com o Estado, tomando para si os outros dois setores e tendo como apoio
estatal o nível de promoção, regulação e fiscalização desses. [...]
Ilustra muito bem tal espectro de discussão a inserção no corpo constitucional, em nível
programático ainda, da avaliação de desempenho dos servidores públicos a relativizar o
instituto da estabilidade e a inserção do contrato de gestão para o estabelecimento de um
controle de resultados (o cumprimento das metas será aferido ao final do prazo estipulado
e não tanto ao longo dos processos). (...)
(...) "A reforma do Estado deve ser concebida em termos de mecanismos institucionais
pelos quais os governos possam controlar o comportamento dos agentes econômicos
privados, e os cidadãos possam controlar os governos. (...) o Estado neoliberal é, pelo
menos, um parâmetro pelo qual se pode aferir a qualidade da intervenção estatal: como
as alocações do mercado não são eficientes, desaparelhar o Estado não é um objetivo
racional de reforma do Estado". (PRZEWORSKI, 1998: 68, grifos nossos)
O Poder Público quando presta a atividade administrativa pode fazê-lo de 03 maneiras diferentes, para a
garantia do princípio da eficiência:
a) FORMA CENTRALIZADA OU ADMINISTRAÇÃO CENTRALIZADA: é a prestação feita pelo próprio Estado,
ou seja, é a ADMINISTRAÇÃO DIRETA; é a atividade prestada pelos entes políticos: União, Estados, DF e
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Municípios.
b) FORMA DESCENTRALIZADA OU ADMINISTRAÇÃO DESCENTRALIZADA: delega a atividade, isto é, a
prestação que sai do núcleo e é deslocada para outras entidades, que podem receber a atividade:
autarquias, fundações públicas, empresas públicas e sociedades de economia mista, ou seja, os ENTES DA
ADMINISTRAÇÃO INDIRETA. Os particulares também podem receber a descentralização. Plano de
descentralização - Decreto-lei 200/67 prevê a possibilidade de descentralização para outros entes políticos
(cuidado com esse DL, tem algumas disposições que sofreram releitura a partir da CF).
c) FORMA DESCONCENTRADA OU ADMINISTRAÇÃODESCONCENTRADA: é prestação distribuída dentro do
mesmo núcleo central da Administração, com o desmembramento em órgãos. EXEMPLO: transferência de
uma Secretaria para outra, ou de um Ministério para outro. Na CONCENTRAÇÃO (é teórica, na prática, não
existe), não há divisão interna, cada uma das pessoas jurídicas resultantes da descentralização pode optar
por trabalhar de forma concentrada (tudo concentrado na pessoa do presidente) ou desconcentrada.
DESCENTRALIZAÇÃO DESCONCENTRAÇÃO
Distribuição para outras pessoas: jurídicas Distribuir dentro da própria pessoa
da administração, particulares ou entes jurídica, ou seja, desmembra em órgãos,
políticos com melhora na organização interna.
Nova pessoa jurídica Mesma pessoa jurídica
Não há hierarquia. O que existe é controle
Há hierarquia
e fiscalização.
relação de vinculação relação de subordinação
Segundo JOSÉ DOS SANTOS, “exemplo claro de desconcentração administrativa ocorreu quando o
Ministério do Trabalho e da Previdência Social, um órgão único, se subdividiu em dois: O Ministério do
Trabalho e da Previdência Social. Ou quando o Ministério da Educação e Cultura foi desmembrado em
Ministério da Educação e Ministério da Cultura.” (MANUAL, 14ª ed., p. 276).
A descentralização pressupõe pessoas jurídicas distintas, entre as quais não há hierarquia ou subordinação,
mas apenas um poder de controle (ou tutela) pelo qual a administração central pode influir na pessoa
descentralizada. Já a desconcentração, que ocorre dentro de uma só pessoa, é uma distribuição de
competências, sem perder-se o vínculo da hierarquia
O Decreto-lei n. 200/67, porém, confunde tais conceitos, identificando descentralização com
desconcentração e mesmo com colaboração entre as esferas federal, estadual e municipal. Segundo Celso
Antônio Bandeira de Mello, o critério utilizado pelo Decreto-lei n. 200/67 foi o critério orgânico ou
subjetivo, ou seja, não leva em consideração a atividade desempenhada pela entidade, para enquadrá-la
ou não na Administração Pública. Considera-se apenas o tipo de entidade (autarquia, fundação, sociedade
de economia mista e empresa pública).
DESCENTRALIZAÇÃO pode ser de 2 formas:
a) DESCENTRALIZAÇÃO POR OUTORGA: há transferência da titularidade e da execução do serviço;
somente pode ser feita por meio de LEI, normalmente, por prazo indeterminado. A titularidade do serviço
público não pode sair das mãos da administração, assim, a outorga somente pode ser feita para as
pessoas jurídicas da ADMINISTRAÇÃO INDIRETA DE DIREITO PÚBLICO: AUTARQUIAS e FUNDAÇÕES
PÚBLICAS. Note-se que não se pode fazer outorga para outro tipo de pessoa jurídica.
b) DESCENTRALIZAÇÃO POR DELEGAÇÃO: há transferência somente da execução do serviço, a
administração mantém a titularidade do serviço. Pode ser feita por meio de LEI ou de CONTRATO.
Recebem por lei: empresa pública e sociedade de economia mista (CONCESSIONÁRIAS DE SERVIÇOS
PÚBLICOS). A delegação por contrato pode-se fazer por: CONCESSÃO ou PERMISSÃO, que é feita para os
particulares (concessionárias e permissionárias de serviço público) (Lei 8987/95 = CONCESSIONÁRIAS
COMUNS e Lei 11079/04 = CONCESSIONÁRIAS ESPECIAIS e as PPP)(PERMISSIONÁRIAS DA LEI
8987/95). OBS.: pode haver delegação para autarquia? Pode, porque quem pode mais, pode menos.
(MATERIAL DO DES. GURGEL)
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Informativo nº 759/STF:
Os serviços sociais autônomos não precisam realizar concurso público, mas não se eximem de manter
padrões de objetividade e eficiência.
O TCU exerce controle finalístico sobre os serviços sociais autônomos (sistema S), fiscalizando a aplicação
dos recursos recebidos.
Quando o produto das contribuições sociais ingressa nos cofres do Sistema S, perde a qualidade de recurso
público.
O Sistema S não possui imunidade tributária recíproca, mas são isentos por força da lei 2613/55.
Sistema S não possui privilégio processual de fazenda pública.
O Sistema S não se sujeita a regras de licitações e contratos.
VISÃO GERENCIAL:
1O. SETOR: entes federativos
2O. SETOR: iniciativa privada com fins
lucrativos
3o. SETOR: iniciativa privada SEM fins
lucrativos
O
1 . SETOR: FAZENDA PÚBLICA: seriam somente as pessoas jurídicas de direito público. Garantia de
prerrogativas:
a) JUÍZO PRIVATIVO: as empresas públicas federais têm a prerrogativa da Justiça
Federal
b) PRAZOS DILATADOS EM JUÍZO: (artigo 188, CPC) - há exceções
c) DUPLO GRAU DE JURISDIÇÃO: (artigo 475, CPC) - há exceções
d) PROCESSO ESPECIAL DE EXECUÇÃO: (contra a Fazenda: precatórios ou RPV) (da
Fazenda: Execução fiscal)
e) PRESCRIÇÃO QUINQUENAL: (Decreto 20.910/32)
f) DISPENSA DE CUSTAS EM ANTECIPAÇÃO (preparo e emolumentos) - na
sucumbência deve pagar
g) RESTRIÇÕES À ANTECIPAÇÃO DE TUTELA
h) BENS PÚBLICOS: são impenhoráveis, imprescritíveis e relativamente inalienáveis
i) IMUNIDADE TRIBUTÁRIA RECÍPROCA**: (artigo 150, IV, CF)
*IMUNIDADE PARA AS EMPRESAS PÚBLICAS E SOCIEDADES DE ECONOMIA MISTA: Em regra, não fazem
jus à imunidade tributária recíproca, de acordo com o art. 150 e art. 173, II e § 2º. Todavia, o STF já
pacificou o entendimento de que “a imunidade recíproca dos entes políticos é extensiva à empresa
pública prestadora de serviço público” (RE 354.897/RS, Rel. Min. Carlos Velloso), “no sentido de que as
empresas públicas e sociedades de economia mista prestadoras de serviço público de prestação
obrigatória e exclusiva do Estado são abrangidas pela imunidade tributária recíproca prevista no art. 150,
VI, a, da Constituição Federal” (AC-QO 1851, ELLEN GRACIE, STF). A jurisprudência do STF é extensa no
tocante a portos, cartórios, serviço postal (ECT), serviços de água e esgoto etc.
**Ainda sobre o tema, o STF decidiu controvérsia a respeito da imunidade tributária recíproca quanto ao
ISS em favor da EBCT. Entendeu a Suprema Corte que a imunidade não se limita aos serviços prestados
pelos Correios considerados tipicamente postais, abrangendo também os serviços decorrentes de
atividades não abrangidas pelo privilégio concedido pela União: Seguem os trechos mais relevantes do
Informativo: “ECT: ISS e imunidade tributária recíproca. Os serviços prestados pela Empresa Brasileira de
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Correios e Telégrafos - ECT estão abrangidos pela imunidade recíproca (CF, art. 150, VI, a, e §§ 2º e 3º).
(...). Na sessão de 19 16.11.2011, o Min. Ayres Britto registrou, de início, que a manutenção do correio
aéreo nacional e dos serviços postais e telegráficos pela recorrente não poderia sofrer solução de
continuidade, de maneira a ser obrigatoriamente sustentada pelo Poder Público, ainda que lhe gerasse
prejuízo. (...) Assinalou que, na situação dos autos, a extensão do regime de imunidade tributária seria
natural, haja vista que a recorrente seria longa manus da União, em exercício de atividade
absolutamente necessária e mais importante do que a própria compostura jurídica ou a estrutura
jurídico-formal da empresa. O Min. Gilmar Mendes, em reforço ao que referido, ressaltou que a base do
monopólio da ECT estaria sofrendo esvaziamento, tornando-se ultrapassada, diante da evolução
tecnológica. Ressurtiu que a recorrente, mesmo quando exercesse atividades fora do regime de privilégio,
sujeitar-se-ia a condições decorrentes desse status, não extensíveis à iniciativa privada, a exemplo da
exigência de prévia licitação e da realização de concurso público. Concluiu que, enquanto não houvesse a
mudança preconizada na ADPF 46/DF (DJe de 26.2.2010), a imunidade recíproca aplicar-se-ia em relação
ao ISS, sob pena de desorganização desse serviço, dado que os municípios o tributariam de modo
distinto. Em seguida, o Min. Celso de Mello sublinhou que essas outras atividades existiriam para custear
o desempenho daquela sob reserva constitucional de monopólio. Se assim não fosse, frustrar-se-ia o
objetivo do legislador de viabilizar a integração nacional e dar exequibilidade à fruição do direito básico
de se comunicar com outras pessoas, com as instituições e de exercer direitos outros fundados na
própria Constituição. (...) RE 601392/PR, rel. orig. Min. Joaquim Barbosa, red. p/ o acórdão Min. Gilmar
Mendes, 28.2.2013. (RE-601392) (Informativo 696, Plenário, Repercussão Geral)
*** Em razão desse tratamento distinto, visto executar serviços públicos da União em regime de
exclusividade (monopólio/privilégio), reconheceu-se que “a ECT tem o direito à execução de seus débitos
trabalhistas pelo regime de precatórios por se tratar de entidade que presta serviço público” (RE-220906)
Administração Indireta
A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA INDIRETA está permeada pela ideia de descentralização (quando o poder
público destaca um serviço público que lhe é próprio para transferi-lo a outra entidade com personalidade
jurídica própria). Entretanto, por vezes, o Estado sai do seu campo de atuação e invade a esfera privada,
atuando em atividade reservada essencialmente à iniciativa privada, trata-se de atividade de
INTERVENÇÃO, compreendendo:
a) INTERVENÇÃO INDIRETA (regulamentação e fiscalização da atividade econômica de natureza privada) e
b) INTERVENÇÃO DIRETA (atuação direta no domínio econômico, por meio de empresas) - pode exercê-la
em regime de monopólio ou em regime de competição com a iniciativa privada, conforme determine o
interesse público ou as razões de segurança.
Sendo assim, as empresas que exercem atividade econômica (EMPRESA PÚBLICA e SOCIEDADE DE
ECONOMIA MISTA) não poderiam ser consideradas como entidades da ADMINISTRAÇÃO INDIRETA, uma
vez que essa atividade NÃO pertence ao Estado. Entretanto, o legislador (DL 200/67) as incluiu nesse rol,
fazendo com que se conclua que o sentido dado à ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA foi o subjetivo e não o
objetivo.
Desta forma, a ADMINISTRAÇÃO INDIRETA significa o conjunto de pessoas jurídicas, de direito público ou
privado, para o desempenho de atividades assumidas pelo Estado, como serviços públicos ou a título de
intervenção do domínio econômico.
Compõem a ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA INDIRETA:
1) FUNDAÇÕES PÚBLICAS: é um patrimônio, total ou parcialmente público, a que a lei atribui personalidade
jurídica de direito público ou privado, para consecução de fins públicos. São criadas e instituídas pela
Administração Pública e destinadas, essencialmente, à realização de atividades NÃO lucrativas e de
interesse dos administrados, sujeitas ao controle positivo do Estado e impossibilitadas de se extinguir pela
sua própria vontade. Visa a desenvolver atividades que não exijam execução por órgãos ou entidades de
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direito público.
2) AUTARQUIAS – são pessoas jurídicas de direito público, CRIADASpor lei, e submetidas ao regime jurídico
de direito público: licitação, concurso público, prerrogativas processuais etc.
3) SOCIEDADES DE ECONOMIA MISTA: entidade dotada de personalidade jurídica de direito privado. A lei
autoriza a sua criação. São moldadas sob a forma de SA, para a exploração de atividade econômica. Suas
ações com direito a voto pertençam, em sua maioria, ao Poder Público. Desempenham atividade de
NATUREZA ECONÔMICA, a título de intervenção no domínio econômico ou como serviço público assumido
em regime de monopólio. As entidades de direito privado e prestadoras de serviços públicos terão seus
bens imprescindíveis à continuidade do serviço público considerados com de USO ESPECIAL e nessa
condição NÃO podem ser onerados ou alienados livremente, enquanto afetados a esta finalidade.
4) EMPRESAS PÚBLICAS– são pessoas jurídicas de direito privado, autorizada a criação por lei, com capital
inteiramente público e organização sob quaisquer das formas admitidas em direito. São denominadas de
EMPRESAS ESTATAIS juntamente com as SEM, são pessoas jurídicas administrativas submetidas ao regime
de direito privado, mas de forma híbrida:
LICITAÇÃO – a CF diz que elas podem ter dois objetivos: a) prestam serviços públicos e b) exploram
atividade econômica. A doutrina não é pacífica nesse assunto, mas, atualmente, tem prevalecido o
entendimento de que se for PRESTADORA DE SERVIÇOS PÚBLICOS é obrigatória a licitação. Se exploram
atividade econômica, vai depender: se o objeto estiver relacionado com a atividade fim, DISPENSA-SE a
licitação; se o objeto estiver relacionado com a atividade meio, é IMPRESCINDÍVEL a licitação.
CONCURSO PÚBLICO, PRERROGATIVAS PROCESSUAIS.
EMPRESAS PÚBLICAS SOCIEDADES DE ECONOMIA MISTA
Capital é misto (parte da iniciativa privada e parte
Capital é público
é pública)
Pode ser constituída sob qualquer forma
Somente pode ser constituída sob a forma de SA
societária
Competência da justiça estadual ou federal de
acordo com a natureza jurídica da empresa Competência é sempre da JUSTIÇA ESTADUAL
pública
REGIME COMUM entre as pessoas jurídicas públicas e privadas INSTITUÍDAS PELO ESTADO:
a) Personalidade jurídica própria, com seu próprio patrimônio e receita, demonstrando sua capacidade de
auto-administração; b) Sua criação é sempre feita por lei (na verdade, a autarquia é criada por lei. Por
outro lado, lei autoriza a criação de empresa pública, sociedade de economia mista e fundação – EC19-98).
c) Sua finalidade essencial NÃO é o lucro e sim a consecução do interesse público; d) Não tem liberdade de
fixação ou de modificação de seus próprios fins, o que só pode ser determinado por lei; e) Não pode se
extinguir pela sua própria vontade, devendo a lei autorizar a extinção. f) A todas se aplica o controle
positivo do Estado.
IMPORTANTE: EMPRESAS ESTATAIS NÃO ESTÃO SUJEITAS À FALÊNCIA: É a lição de FÁBIO ULHOA COELHO ao
interpretar o art. 2.º, da Nova Lei de Falências (Lei 11.101/05): “A Lei prevê, no art. 2.º, a exclusão completa
e absoluta dessas sociedades. Em relação às hipóteses albergadas no inciso I, isso é verdade desde logo. A
sociedade de economia mista e a empresa pública não estão em nenhuma hipótese sujeitas à falência, nem
podem pleitear a recuperação judicial.”
AGÊNCIAS REGULADORAS – são autarquias em regime especial, que são criadas para finalidade especial,
com função básica de controle e fiscalização, adequadas ao regime de desestatização (CARVALHO F.),
possuindo características que as diferenciam das autarquias:
Mandato fixo para o presidente da agência reguladora. O presidente terá que cumprir uma
QUARENTENA, por até por 12 meses, depois que sair do cargo, não podendo trabalhar em
nenhuma concessionária que tenha fiscalizado.
AGÊNCIA EXECUTIVA – para a execução efetiva de certas atividades típicas de Estado – natureza de
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autarquias, que celebram um contrato de gestão com quem o tenha criado, no qual se comprometem em
atingir determinadas metas, sendo a base da sua atuação a operacionalidade – implementação da
atividade descentralizada. Ex.: INMETRO.(Carvalho F.).
Informativo STF nº 759:
É constitucional lei estadual que prevê que os dirigentes de agência reguladora só podem ser nomeados
após previamente aprovados pela Assembleia Legislativa.
É inconstitucional lei estadual que determina que os dirigentes de agências reguladoras só poderão ser
destituídos por decisão exclusiva da Assembleia Legislativa, sem participação do Governador.
“[...] não se trata nem dos entes federativos nem das pessoas que executam a
administração indireta e descentralizada daqueles, mas simplesmente compõem um
tertium genus, ou seja, um agrupamento de entidades responsáveis pelo desenvolvimento
de novas formas de prestação dos serviços públicos” (CARVALHO F.).
A publicização do terceiro setor (as organizações sociais e as OSCIPS):
- ORGANIZAÇÕES SOCIAIS:
Conceito:São pessoas jurídicas de direito privado. Servem para prestação de serviços públicos não-
exclusivos do Estado – atividades de caráter social - que estão elencados na lei de sua instituição
(pesquisa, saúde, ensino e outros), em parceria com o Poder Público. A Lei 9.637/98 é FEDERAL,
aplicando-se apenas para serviços públicos da União.
A absorção de tais atividades pelas pessoas jurídicas de direito privado implicará, naturalmente, na
extinção dos órgãos e pessoas da Administração, com a descentralização do serviço para a execução sob
regime de parceria. “É o cumprimento de mais uma etapa do processo de desestatização, pelo qual o
Estado se afasta do desempenho direto da atividade, ou, se se preferir, da prestação direta de alguns
serviços públicos, mesmo não econômicos, delegando-a a pessoas de direito privado não integrantes da
Administração Pública.” (CARVALHO F.)
Vínculo jurídico: As organizações sociais recebem a incumbência de executar serviços públicos não-
essenciais pela formalização de CONTRATO DE GESTÃO. Em que pese a denominação contrato, referido
pacto possui natureza jurídica de convênio, tendo em vista a identidade de interesses nele preservado.
Recebem dinheiro público para a execução de suas atividades em razão da formalização do contrato
celebrado com o poder público.
REQUISITOS:
a) Devem ter personalidade jurídica de direito privado;
b) Não podem ter fins lucrativos;
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[...]
Utilizemos, portanto, um conceito restrito de “terceiro setor”. Por esse conceito restrito,
consideraremos “terceiro setor” unicamente as pessoas jurídicas privadas sem fins
lucrativos que exerçam atividades de interesse coletivo, com fomento do Estado. Se for
entidade formalmente integrante da Administração Pública, não é “terceiro setor”. Se a
entidade tiver fim de lucro, não é “terceiro setor”. Se não receber fomento do Estado, não é
“terceiro setor”. Por fim, as “atividades de interesse coletivo” a que me referi na definição
equivalem àquelas que, no estudo dos serviços públicos, a corrente “essencialista”
denomina “serviços de utilidade pública”, que, embora úteis, não são imprescindíveis à
existência da sociedade, diferenciando-os dos “serviços públicos propriamente ditos”, que
seriam os indispensáveis, de prestação obrigatória pelo Estado.
É importante perceber que as entidades integrantes do “terceiro setor” não exercem suas
atividades sob delegação do Poder Público, ou seja, não são concessionárias ou
permissionárias de serviços públicos. Assim, as atividades que elas desenvolvem não são
exercidas sob regime de direito público (como acontece com os serviços prestados por
delegação), mas sob regime de direito privado, com interferência do Direito Público
basicamente no que respeita aos controles atinentes ao emprego de recursos públicos
recebidos a título de fomento.
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Mesmo adotando esse conceito restrito de “terceiro setor”, observa-se divergência entre os
principais administrativistas quanto a seus entes integrantes. Na minha modesta opinião, há
um razoável consenso pelo menos quanto a três espécies de entidades: os serviços sociais
autônomos, as organizações sociais (OS) e as organizações da sociedade civil de interesse
público (OSCIP).
O art. 1º da Lei 9.637/1998 estatui que “o Poder Executivo poderá qualificar como
organizações sociais pessoas jurídicas de direito privado, sem fins lucrativos, cujas
atividades sejam dirigidas ao ensino, à pesquisa científica, ao desenvolvimento tecnológico,
à proteção e preservação do meio ambiente, à cultura e à saúde”.
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Para uma entidade ser qualificada como “organização social” ela não precisa ter existência
prévia, ou seja, ela pode ter sido, desde o início, criada para ser uma “organização social”.
São quatro, portanto, os pressupostos a serem cumpridos pelas pessoas qualificadas como
organizações sociais:
1º) devem ter personalidade jurídica de direito privado (mais do que isso, devem ser
pessoas privadas, não integrantes da Administração Pública em sentido formal);
2º) não podem ter finalidade lucrativa;
3º) devem atuar nas atividades de ensino, cultura, saúde, pesquisa científica,
desenvolvimento tecnológico e preservação do meio ambiente;
A Lei 9.637/1998, no art. 5º, define como contrato de gestão “o instrumento firmado entre
o Poder Público e a entidade qualificada como organização social, com vistas à formação de
parceria entre as partes para fomento e execução de atividades relativas às áreas” de
ensino, pesquisa científica, desenvolvimento tecnológico, proteção e preservação do meio
ambiente, cultura e saúde.
O contrato de gestão, elaborado de comum acordo entre o órgão ou entidade supervisora e
a organização social, discriminará as obrigações do Poder Público e da organização social.
[...] Na elaboração do contrato de gestão, devem ser observados os princípios da
legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade, economicidade e, também, os
seguintes preceitos (art. 7º) [...].
[...] Às organizações sociais poderão ser destinados recursos orçamentários e bens públicos
necessários ao cumprimento do contrato de gestão. Tais bens serão destinados às
organizações sociais, dispensada licitação, mediante permissão de uso, consoante cláusula
expressa do contrato de gestão.
É facultada, também, ao Poder Executivo, a cessão especial de servidor para as
organizações sociais, com ônus para o órgão de origem do servidor cedido. Nessa hipótese,
o governo cederá servidor seu para trabalhar nas organizações sociais, assumindo o ônus
do pagamento de sua remuneração.
Vale registrar que a Lei 9.648/1998 acrescentou o inciso XXIV ao art. 24 da Lei 8.666/1993,
artigo este que enumera as hipóteses de licitação dispensável, possibilitando a dispensa de
licitação na “celebração de contratos de prestação de serviços com as organizações sociais,
qualificadas no âmbito das respectivas esferas de governo, para atividades contempladas
no contrato de gestão”.
[...]Vejam que, pelo modelo originalmente desenhado, a organização social ficava no
“melhor dos mundos”: como não é entidade integrante da Administração Pública, quando
ela fosse contratar, isto é, quando fosse a contratante de obras e serviços, ou realizasse
alienações, não estaria sujeita à Lei 8.666/1993. E quando fosse a contratada, isto é,
quando a Administração Pública fosse a tomadora dos serviços prestados pela OS também
não haveria licitação, mas sim contratação direta, desde que o serviço contratado estivesse
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previsto como incumbência da OS no contrato de gestão por ela celebrado com o Poder
Público.
[...] Esse quadro, todavia, mudou significativamente (é interessante que a mudança
substancial operou-se por meio de decreto, não de uma outra lei). Ocorreu que foi
editado o Decreto 5.504/2005 que, no seu art. 1º, e §§ 1º e 5º, passou a prever que,
quando a organização social é a entidade contratante, e o contrato, relativo a obras,
compras, serviços e alienações, envolver recursos ou bens repassados a ela pela União,
previstos no contrato de gestão, deverá ser realizada, pela organização social, licitação
pública prévia, de acordo com o estabelecido na legislação federal pertinente (isto é, com
observância da Lei 8.666/1993 e da Lei 10.520/2002, esta última a lei geral do "pregão").
Caso se trate de aquisição de bens e serviços comuns, será obrigatório o emprego da
modalidade pregão, preferencialmente o pregão eletrônico.
[...]
A execução do contrato de gestão celebrado por organização social será fiscalizada pelo
órgão ou entidade supervisora da área de atuação correspondente à atividade fomentada.
A entidade qualificada apresentará ao órgão ou entidade do Poder Público supervisora
signatária do contrato, ao término de cada exercício ou a qualquer momento, conforme
recomende o interesse público, relatório pertinente à execução do contrato de gestão,
contendo comparativo específico das metas propostas com os resultados alcançados,
acompanhado da prestação de contas correspondente ao exercício financeiro.
[...]A comissão deve encaminhar à autoridade supervisora relatório conclusivo sobre a
avaliação procedida.
Os responsáveis pela fiscalização da execução do contrato de gestão, ao tomarem
conhecimento de qualquer irregularidade ou ilegalidade na utilização de recursos ou bens
de origem pública por organização social, dela darão ciência ao Tribunal de Contas da
União, sob pena de responsabilidade solidária.
[...]
ORGANIZAÇÕES DA SOCIEDADE CIVIL DE INTERESSE PÚBLICO
Conceito: Qualificação jurídica concedida a algumas pessoas jurídicas de direito privado, em virtude de
ações que podem desenvolver em regime de parceria com o Poder Público – GESTAO POR COLABORAÇÃO
(Carvalho F.).Fundamento Legal é a Lei Federal 9790/99, que estabelece a lista dos serviços que podem ser
prestados.
**Assim como a OS, não é nova categoria de Pessoa Jurídica, mas apenas qualificação jurídica. O
requerimento é formulado ao Ministério da Justiça.
Requisitos:
(1) personalidade de direito privado;
(2) não pode ter fins lucrativos.
Objetivos:
Art. 3o A qualificação instituída por esta Lei, observado em qualquer caso, o princípio da
universalização dos serviços, no respectivo âmbito de atuação das Organizações, somente
será conferida às pessoas jurídicas de direito privado, sem fins lucrativos, cujos objetivos
sociais tenham pelo menos uma das seguintes finalidades:
I - promoção da assistência social;
II - promoção da cultura, defesa e conservação do patrimônio histórico e artístico;
III - promoção gratuita da educação, observando-se a forma complementar de
participação das organizações de que trata esta Lei;
IV - promoção gratuita da saúde, observando-se a forma complementar de participação
das organizações de que trata esta Lei;
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OSCIP X OS
1.o objetivo é muito amplo, abrangendo até 1. o objetivo é restrito às hipóteses previstas
benemerência social; taxativamente na lei;
2.não há traspasse de servidores públicos; 2. o quadro diretivo é composto por agentes públicos;
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3.a atribuição do qualificativo de oscip é ato vinculado; 3. a atribuição do qualificativo de os é ato discricionário;
4.vínculo com o Estado por meio do termo de parceria; 4. vínculo com Estado por meio do contrato de gestão;
5.atua ao lado do Estado, realmente cooperando com 5. tende a absorver a atividade pública.
este; 6. presta serviço público de natureza social.
6.exerce atividade de natureza privada.
Texto Marcelo Alexandrino acerca do tema:
08/06/2006 - Terceiro Setor - As Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público
[...]A figura das OSCIP foi instituída pela Lei 9.790/1999. Da mesma forma que acontece
com as organizações sociais (OS), ser uma OSCIP significa, tão-somente, ser uma pessoa
jurídica privada que recebeu uma qualificação especial do poder público. Não se trata da
criação de uma nova categoria de pessoa jurídica, mas sim da possibilidade de que pessoas
jurídicas de direito privado, não integrantes da Administração Pública, venham a ser
qualificadas como organizações da sociedade civil de interesse público, desde que
atendidos certos requisitos legais.
Evidentemente, como estamos falando de “terceiro setor”, essa qualificação será dada a
entidades que se dediquem a atividades de interesse coletivo, mas que não sejam
exclusivas de Estado, e que pretendam receber alguma espécie de fomento do poder
público.
[...] A única diferença que constatamos entre as definições é que para as OS o instrumento
que possibilita o fomento é o denominado “contrato de gestão” e para as OSCIP o vínculo
que permite o recebimento de incentivos públicos é formalizado mediante a celebração de
um “termo de parceria” (essa é, sem nenhuma dúvida, a mais importante diferença entre
as OS e as OSCIP, para concursos públicos).
A Lei 9.790/1999 preocupou-se em definir, para o fim de qualificação como organização da
sociedade civil de interesse público, o que seria a entidade sem fins lucrativos (não existe
essa definição para as OS). Somente é considerada entidade sem fins lucrativos, para efeito
de qualificação como OSCIP, aquela que “não distribui, entre os seus sócios ou associados,
conselheiros, diretores, empregados ou doadores, eventuais excedentes operacionais,
brutos ou líquidos, dividendos, bonificações, participações ou parcelas do seu patrimônio,
auferidos mediante o exercício de suas atividades, e que os aplica integralmente na
consecução do respectivo objeto social”.
Outra característica das OSCIP que não existe para as OS é que a lei estabeleceu uma lista
de entidades que, em razão de sua forma jurídica ou de sua atividade, não podem ser
OSCIP. [...]
Quando estudamos as OS, vimos que a lei que disciplinou a criação dessas entidades (Lei
9.637/1998) limitou seu campo possível de atuação a umas poucas atividades (ensino,
cultura, saúde, pesquisa científica, desenvolvimento tecnológico e preservação do meio
ambiente). Já no caso das OSCIP, a lista de áreas em que elas podem atuar é muitíssimo
mais extensa [...]
Este é um ponto interessante: a qualificação de uma entidade como OS é tratada, pela Lei
9.637/1998, como um ato discricionário; já a qualificação de uma entidade como OSCIP é
descrita, pela Lei 9.790/1999, como um ato vinculado.
Outra diferença interessante, e até mesmo curiosa, é que a qualificação como OS depende
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de ato do ministério relacionado à área de atuação da OS (por exemplo, se for uma OS que
atue na área de saúde, a qualificação deve ser dada pelo Ministério da Saúde), o que parece
bastante lógico. Já no caso das OSCIP, está prevista, sempre, essa qualificação pelo
Ministério da Justiça, fato cuja lógica (se houver), para minha modesta percepção, é
bastante difícil de ser encontrada!
Formalização da parceria
Controle
A execução do termo de parceria será supervisionada pelo órgão do poder público da área
de atuação da atividade fomentada e pelos Conselhos de Políticas Públicas das áreas
correspondentes de atuação existentes, em cada nível de governo.
http://www.fmb.edu.br/revista/edicoes/vol_1_num_2/reforma_do_estado_e_os_novos_modelos.pdf
C. DIREITO PENAL
A Lei Penal
Características
1. Princípio da legalidade: Previsto no art. 1º do CP, art. 5º, XXXIX da CF e art. 9º da CADH ( Art. 1º do CP -
Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena sem prévia cominação legal). É o pilar do
garantismo. Constitui uma real limitação ao Poder Estatal de interferir na esfera de liberdades
individuais. Em síntese, é uma contenção ao poder punitivo. Poder punitivo mínimo do Estado em face
ao máximo de garantias aos indivíduos.
Diferença entre princípio da legalidade e da reserva legal:
1ª corrente: diz que princípio da legalidade é sinônimo de reserva legal.
2ª corrente: diz que não se confundem. Legalidade = lei em sentido amplo – todas as espécies normativas
do art. 59, CF. Reserva legal = lei em sentido estrito – abrangendo lei ordinária e lei complementar. Assim,
para essa corrente o art. 1º adota o princípio da reserva legal (FMB).
3ª corrente: diz que princípio da legalidade é reserva legal + anterioridade. Assim, o art. 1º adotou o
princípio da legalidade (Fernando Capez). Esta é a corrente que prevalece.
Origem do princípio da legalidade:
1° corrente: o princípio da legalidade nasceu no Direito Romano;
2° corrente: nasceu na Carta de João Sem Terra (1215).
3° corrente: nasceu no Iluminismo, tendo sido recepcionado pela Revolução Francesa. (prevê reserva legal
+ anterioridade - CesareBecaria).
Fundamentos:
1°) Político: exigência de vinculação do Executivo e Judiciário à leis formuladas de forma abstrata. Impede
o poder punitivo com base no livre arbítrio.
2°) Democrático: respeito ao princípio da divisão de poderes/funções. Só o Parlamento, representativo do
povo, pode criar crimes.
3°) Jurídico: uma lei prévia e clara produz importante efeito intimidativo.
P.: É aplicável às contravenções penais?
R.: Sim. Para a doutrina, onde o art. 1º prevê crime deveria ser infração penal.
P.: É aplicável às Medidas de Segurança?
R.: 1ª corrente considera a finalidade da MS curativa e não punitiva. Assim, não está submissa ao
princípio da legalidade (Francisco de Assis Toledo); 2ª corrente diz que sendo espécie de sanção penal,
submete-se ao princípio da legalidade (onde escreve pena quis dizer sanção penal). É majoritária.
O art. 1º deve, portanto, ser lido assim: “Não há infração penal sem lei que o defina, nem sanção penal
sem prévia cominação legal.”
OBS.: O art. 3° do CPM não obedeceu ao princípio da legalidade, já que apesar de respeitar a reserva legal
não respeita a anterioridade, pois admite a aplicação da lei não vigente a época do fato, mas vigente à
época da sentença e até mesmo à época da execução. Assim, não foi recepcionado pela CF/88.
Medida Provisória e Princípio da Legalidade
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O Princípio da legalidade para ser garantia do cidadão deve começar dizendo que não há crime ou
pena sem lei (em seu sentido restrito – ordinária e complementar). Assim, medida provisória (ato
normativo com força normativa) não cria crime, porque não é lei em sentido estrito. Assim, direito penal
incriminador não pode ser objeto de medida provisória.
P.: Poderia então a MP legislar sobre direito penal não incriminador?
1ª corrente: não, seja ele incriminador ou não - art. 62, § 1º, I, b, CF ("§ 1º É vedada a edição de medidas
provisórias sobre matéria: I – relativa a: b) direito penal, processual penal e processual civil"
2ª corrente: sim, mas apenas se tratar de direito penal não incriminador (LFG) em favor do réu. Um
exemplo é o Estatuto do Desarmamento (Lei nº 11.706), tendo a MP prorrogado o período para
licenciamento da arma de fogo. É o entendimento do STF. O STF, discutindo os efeitos benéficos trazidos
pela MP 1571/97, a qual permitiu o parcelamento de débitos tributários e previdenciários, com efeitos
extintivos da punibilidade, proclamou sua admissibilidade em favor do réu. Segue a ementa:
"Medida Provisória: sua admissibilidade em matéria penal - extraída pela doutrina consensual - da
interpretação sistemática da Constituição -, não compreende a de normas penais benéficas, assim,
as que abolem crimes ou lhes restringem o alcance, extingam ou abrangem penas ou ampliam os
casos de isenção de pena ou de extinção de punibilidade."(STF-Pleno, RE 254.818-9/PR, Rel. Min.
Sepúlveda Pertence, julg. 08.11.2000)
P.: Resolução do TSE, CNJ, CNMP pode versar sobre direito penal?
R.: Não, pois não é lei em sentido estrito.
P.: Lei delegada pode versar sobre direito penal (incriminador ou não incriminador)?
R.: Não, Art. 68, § 1°, II da CF. A vedação do artigo está na expressão “direitos individuais”, visto que direito
penal é eminentemente individual. (§ 1º Não serão objeto de delegação os atos de competência exclusiva
do Congresso Nacional, os de competência privativa da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal, a
matéria reservada à lei complementar, nem a legislação sobre: II - nacionalidade, cidadania, direitos
individuais, políticos e eleitorais;)
Princípio da legalidade – para ser garantia do cidadão contra a ingerência arbitrária do Estado, a lei deve
ser:
a) Anterior – aos fatos que busca incriminar (veda-se a retroatividade maléfica). Ex.: art. 213 do CP
passou a tipificar o antigo estupro e o atentado violento ao pudor como figura única, assim deverá
retroagir para beneficiar o réu (STJ. HC 212.305-DF e Info 543-STJ);
b) Escrita – veda-se o costume incriminador;
c) Estrita– veda-se a analogia incriminadora;
d) Certa– é a aplicação do princípio da taxatividade na determinação das condutas. Ex.: art. 20, art.
7.179/83 (crimes contra segurança nacional) – terrorismo é crime no Brasil? R.: o art. 20 não é claro
em definir a conduta, usando somente a expressão “atos de terrorismo” – não trazendo fácil
compreensão, fere a segurança jurídica, dizendo a maioria da doutrina que o dispositivo não foi
recepcionado pela CF;
e) Necessária – é desdobramento do princípio da intervenção mínima.
Funções fundamentais do Princípio da Legalidade
Segundo Rogério Greco são quatro:
1ª) proibir a retroatividade da lei penal A retroatividade maléfica não é possível, mas a
(nullumcrimennullapoenasine lege praevia); benéfica é.
2ª) proibir a criação de crimes e penas pelos Exige lei escrita (proibindo o costume
costumes (nullumcrimennullapoenasine lege incriminador). É possível, no entanto, costume
scripta); interpretativo.
3ª) proibir o emprego da analogia para criar Exige também lei anterior escrita estrita (proíbe
crimes (nullumcrimennullapoenasine lege a analogia incriminadora). Mas é possível a
stricta); analogia in bonan parte.
4ª) proibir incriminações vagas e Exige, também, lei anterior, escrita, estrita,
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4) Atos administrativos
5) Jurisprudência (súmula vinculante)
- MEDIATA: doutrina
OBS.: Costume passou a ser fonte informal do direito penal.
OBS.: Os atos administrativos, no Direito Penal, funcionam como complemento das normas penais em
branco. (Fonte Formal Imediata)
OBS.: Quanto aos tratados internacionais, o STF firmou o seguinte entendimento:
tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos e desde que aprovados por 3/5 dos
votos de seus membros, em cada casa do Congresso Nacional e em 2 turnos de votação – paridade
com as normas constitucionais;
tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos aprovados pela regra anterior à
Reforma e não confirmados pelo quórum qualificado – natureza supralegal;
tratados e convenções de outra natureza – força de lei ordinária.
OBS.: STF, HC 96007 (j. 12/06/2012, Inf. 670) -> em caso anterior à Lei 12.683/12, o STF afastou a
possibilidade de extrair o conceito de organização criminosa (previsto como crime antecedente no
revogado art. 1ª, VII, da Lei 9.618/98) da Convenção das Nações Unidas contra o Crime Organizado
Transnacional (Convenção de Palermo), sob pena de violação do art. 5º, XXXIX, da CF/88, tendo em vista
que somente lei em sentido estrito pode definir crimes ou cominar penas. Do contrário, afirma Renato
Brasileiro, “esvaziar-se-ia o princípio da reserva legal, que, em sua garantia da lexpopuli, exige
obrigatoriamente a participação dos representantes do povo na elaboração e aprovação do texto que cria
ou amplia o ius puniendi do Estado brasileiro”.
Interpretação da lei penal
Explicar, explanar ou aclarar o significado de palavra, expressão ou texto.
1) Quanto ao sujeito (origem)
- Autêntica/legislativa: dada pela lei – art. 327 do CP, conceito de funcionário público;
- Doutrinária ou científica: dada pelos estudiosos;
- Jurisprudencial: fruto das decisões reiteradas dos tribunais, como regra não vinculantes, exceção:
súmulas vinculantes editadas pelo STF;
OBS.:Exposição de motivos do código penal é interpretação doutrinária, vez que dada pelos doutrinadores
que elaboraram o projeto. A exposição de motivos do código de processo penal é autêntica ou legislativa.
2) Quanto ao modo
- Literal ou gramatical: leva em conta o sentido literal das palavras;
- Lógica ou Teleológica: indaga-se avontade ou intenção objetivada na lei;
- Histórica: procura-se a origem da lei;
- Sistemática: conjunto da legislação e dos princípios gerais de direito.
- Progressiva: a lei é interpretada de acordo com o progresso da ciência.
Transexual pode ser vítima de estupro?
R.: Interpretação literal – não; Interpretação progressiva – sim.
3) Quanto ao resultado:
- Declarativa: a letra da lei corresponde aquilo que o legislador quis dizer.
- Extensiva: amplia-se o alcance das palavras da lei para corresponder ao alcance/vontade do texto.
A lei disse menos do que desejava (lexminus dixit quamvoluit).
- Restritiva: reduz-se o alcance das palavras da lei para corresponder ao alcance/vontade do texto.
A lei disse mais do que desejava (lexplus dixit quamvoluit)..
- Progressiva/adaptativa/evolutiva: busca amoldar a lei à realidade atual.
P.: É possível a interpretação extensiva no Brasil?
R.: 1ª corrente: O Brasil, diferentemente de outros países (Equador), não proíbe a interpretação extensiva.
2ª corrente: Admite-se no Brasil a interpretação extensiva, somente quando favorável ao réu (in dubio pro
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Não há que se falar em abolitio criminis nas hipóteses em que, nada obstante a revogação formal do tipo
penal, o fato criminoso passa a ser disciplinado perante dispositivo legal diverso. Verifica-se a incidência
do princípio da continuidade normativo-típica.
Aplicação de lei em período de vacatio legis.
R.: 1° corrente: lei na vacatio não retroage, pois carece de eficácia jurídica ou social (majoritária).
2° corrente: lei na vacatio retroage desde que o réu demonstre conhecer a alteração (Alberto Silva Franco).
OBS: horário de verão: a jurisprudência diz que o horário de verão é transitório, é uma ficção, tem função
de economizar energia. Aplica o ECA (Nucci) se pelo horário convencional ainda era inimputável.
No caso de sucessão de lei penal no tempo existe uma regra geral – art. 1º, CP (irretroatividade), mas usa-
se também a exceção – art. 2º e 3º, CP.
Art. 1º - Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena sem prévia cominação legal.
Lei penal no tempo
Art. 2º - Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar crime, cessando em
virtude dela a execução e os efeitos penais da sentença condenatória.
Parágrafo único - A lei posterior, que de qualquer modo favorecer o agente, aplica-se aos fatos
anteriores, ainda que decididos por sentença condenatória transitada em julgado.
Lei excepcional ou temporária
Art. 3º - A lei excepcional ou temporária, embora decorrido o período de sua duração ou cessadas as
circunstâncias que a determinaram, aplica-se ao fato praticado durante sua vigência.
Lei penal no tempo e continuidade delitiva: Súmula 711, STF (aplica sempre a última lei mesmo que mais
gravosa – “a lei penal mais grave aplica-se ao crime continuado ou ao crime permanente, se a sua vigência
é anterior à cessação da continuidade ou da permanência”).
P.: É possível combinação de leis (lextertia)?
R.: 1) não se admite a combinação de leis penais, pois o juiz, assim agindo, eleva-se a legislador, criando
uma terceira lei (Nelson Hungria, Fragoso, Aníbal Bruno e o STF, Inf. 727 – RE 600817);STF (RE 600817): a
Constituição dispõe apenas que a lei penal deve retroagir para beneficiar o réu, mas não faz menção sobre
a incidência do postulado para autorizar que algumas partes de diversas leis possam ser aplicadas
separadamente para favorecer o acusado. Assim, deve-se realizar a dosimetria de acordo com cada uma
das leis, para aplicar-se, na íntegra, a legislação mais favorável ao réu. Trata-se da teoria da ponderação
unitária ou global e é adotada pelo STF.
2) é possível a combinação de leis penais para favorecer o réu, se o juiz pode o mais pode o menos (Basileu
Garcia, Delmanto).
Súmula 611, STF: "Transitada em julgado a sentença condenatória, compete ao juízo das execuções a
aplicação da lei mais benigna".
O art. 3º do CP, excepcionalmente prevê uma ultratividade maléfica, ou seja, em prejuízo do agente.
a) Lei temporária/lei temporária em sentido estrito: é aquela que tem prefixado no seu texto o tempo
de sua vigência.
b) Lei excepcional/lei temporária em sentido amplo: é a que atende a transitórias necessidades
estatais, tais como, guerras, calamidades, epidemias etc., perdurando por todo o tempo
excepcional.
A importância do art. 3° é reconhecida pela doutrina. Se não houvesse a disposição legal do art. 3° se
sancionaria o absurdo de reduzir as leis temporárias e excepcionais a uma espécie de ineficácia preventiva,
instalando a impunidade em relação aos fatos praticados durante a sua vigência (Bettiol). Se não fosse
assim (ultrativo) elas estariam fadadas ao insucesso.
Este art. 3º, CP, foi recepcionado pela CF/88? R.: 1°) corrente: Zaffaroni e Rogério Greco entendem que não
foi recepcionado, porque a CF não prevê qualquer exceção a proibição da ultra-atividade maléfica;
entendem que o art. 3° do CP não recepcionado, porém esta corrente é minoritária. 2°) corrente: a lei nova
não revoga a anterior (não há uma verdadeira sucessão de leis penais) porque não trata exatamente da
mesma matéria, do mesmo fato típico (é a anterior que deixa de ter vigência em razão de sua
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excepcionalidade), logo não se tratando de leis penais no tempo, de modo que o art. 3° foi recepcionada
pela CF – esta é a corrente que prevalece, sendo adotada pelo LFG.
Princípio da continuidade normativo-típica x “abolitio”:
Abolitio criminis Princípio da continuidade normativo-tipica
Supressão formal + supressão do Alteração formal, porém com a manutenção do conteúdo criminoso
conteúdo criminoso
A intenção do legislador é não A intenção do legislador é manter criminoso o fato
mais considerar o fato como crime
Ex.: art. 217, 220, 240, todos do Ex.: art. 214 do CP – 213 do CP.
CPB
P.: Alteração de entendimento jurisprudencial retroage?
R.: Súmula 174 (cancelada). Prevalece que não existe retroatividade de entendimento jurisprudencial,
ainda que mais benéfico. Cuidado!!! Ganhava força o entendimento que se for súmula vinculante
retroagirá, se mais benéfica (não é entendimento dominante, as discussões estão em fase embrionárias).
Lei penal no espaço
Sabendo que um fato punível pode, eventualmente, atingir os interesses de dois ou mais Estados
igualmente soberanos, o estudo da lei penal no espaço visa a descobrir qual é o âmbito territorial (o
espaço) de aplicação da lei penal brasileira, bem como de que forma o Brasil se relaciona com outros países
em matéria penal.
Princípios aplicáveis:
Princípio da territorialidade: aplica-se a lei penal do território do delito (não importa a nacionalidade
dos envolvidos ou dos bens jurídicos lesados);
Principio da nacionalidade ativa: aplica-se a lei penal da nacionalidade do agente (não importa o
local do crime ou a nacionalidade da vítima ou dos bens jurídicos lesados);
Princípio da nacionalidade passiva: aplica-se a lei penal da nacionalidade do agente apenas quando
atingir um co-cidadão (não importa o local do crime) é a ativa + vítima co-cidadã;
Princípio da defesa, da proteção ou real: aplica-se a lei da nacionalidade da vítima ou do bem
jurídico (não importa local ou nacionalidade do agente)
Princípio da Justiça universal/cosmopolita: o agente fica sujeito à lei do país em que for capturado
(não importa o local do crime, nem a nacionalidade do agente ou da vítima)
Princípio da representação/da bandeira/subsidiário: a lei penal nacional aplica-se aos crimes
praticados em embarcações e aeronaves privadas, quando no estrangeiro e aí não são julgados. O
país em que o crime ocorreu não age.
O Brasil adotou o princípio da territorialidade como regra (art. 5º, CP).
Art. 5º - Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de convenções, tratados e regras de direito
internacional, ao crime cometido no território nacional.
§ 1º - Para os efeitos penais, consideram-se como extensão do território nacional as embarcações e
aeronaves brasileiras, de natureza pública ou a serviço do governo brasileiro onde quer que se
encontrem, bem como as aeronaves e as embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade
privada, que se achem, respectivamente, no espaço aéreo correspondente ou em alto-mar.
§ 2º - É também aplicável a lei brasileira aos crimes praticados a bordo de aeronaves ou
embarcações estrangeiras de propriedade privada, achando-se aquelas em pouso no território
nacional ou em vôo no espaço aéreo correspondente, e estas em porto ou mar territorial do Brasil.
O art. 5° adotou a territorialidade temperada pela intraterritorialidade. Ex.: imunidade diplomática.
Diferentemente do processo penal que adota o princípio da territorialidade relativa/temporária
(intraterritorialidade – tratados e convenções).
Podem ocorrer três fenômenos:
Territorialidade extraterritorialidade intraterritorialidade
Lei do Brasil Lei do Brasil Lei do estrangeiro
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II - os crimes:
a) que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a reprimir; (princípio da justiça universal)
b) praticados por brasileiro; (nacionalidade ativa)
c) praticados em aeronaves ou embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada,
quando em território estrangeiro e aí não sejam julgados. (princípio da representação)
§ 1º - Nos casos do inciso I, o agente é punido segundo a lei brasileira, ainda que absolvido ou
condenado no estrangeiro.
§ 2º - Nos casos do inciso II, a aplicação da lei brasileira depende do concurso das seguintes
condições:
a) entrar o agente no território nacional;
b) ser o fato punível também no país em que foi praticado;
c) estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei brasileira autoriza a extradição;
d) não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou não ter aí cumprido a pena;
e) não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por outro motivo, não estar extinta a
punibilidade, segundo a lei mais favorável.
§ 3º - A lei brasileira aplica-se também ao crime cometido por estrangeiro contra brasileiro fora do
Brasil, se, reunidas as condições previstas no parágrafo anterior:
a) não foi pedida ou foi negada a extradição;
b) houve requisição do Ministro da Justiça.
Art. 7º, § 3º: a primeira corrente diz que é princípio da nacionalidade passiva (FMB e LFG). Porém,
não está correto, visto que necessita de ser concidadãos – vítima brasileira – princípio da defesa ou
real (maioria).
Para LFG, o Brasil adota todos os princípios; mas pela maioria da doutrina o único não adotado é o
princípio da nacionalidade passiva.
OBS: não existe extraterritorialidade em contravenção penal.
OBS: o art. 7º está dividido em 3 partes. No inciso I é a extraterritorialidade incondicionada (§ 1º). Já o
inciso II e § 3º são extraterritorialidade condicionada.
Quais são as condições cumulativas? Art. 7º, § 2º, CP.
Alínea “a”: passar os limites da fronteira não precisa permanece, somente tocar. Território físico ou jurídico,
essa condição é chamada de condição de procedibilidade, sendo sua natureza jurídica;
Aliena “b”: natureza de condição objetiva de punibilidade, ou seja, sua ausência gera a absolvição;
Alínea “c”: natureza de condição objetiva de punibilidade (a lei utilizou como parâmetro o Estatuto do
Estrangeiro, qual seja, pena máxima superior a um ano);
Alínea “d”: o Brasil respeita coisa julgada estrangeira. Condição objetiva de punibilidade.
Para o § 3º, além dessas, ainda, existem mais duas condições, chamada de extraterritorialidade
hipercondicionada, visto que além de obedecer os casos previstos no inciso II, também tem que observar
os requisitos do § 3°.:
P.: Existe extraterritorialidade em lei especial?
Sim. Lei de tortura (art. 2º da Lei nº. 9.455/97) – “o disposto nesta lei ainda quando o crime não tenha sido
cometido em território nacional, sendo a vítima brasileira, ou encontrando-se o agente em local sob
jurisdição brasileira”
OBS.: O art. 8° do CP não evita o bis in idem, ele o atenua (Assis Toledo considera que evita, mas é
posicionamento isolado). Há 02 processos, 02 condenações – atenuam-se os efeitos deste bis in idem.
Art. 8º - A pena cumprida no estrangeiro atenua a pena imposta no Brasil pelo mesmo crime, quando
diversas, ou nela é computada, quando idênticas. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Ex: condenado por 10 anos no estrangeiro e 15 no Brasil, cumpre só mais 05 anos aqui. Mas, se tiver pena
privativa de liberdade com pena pecuniária fica a critério do juiz (decisão fundamentada).
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Princípio da lesividade: impossibilidade de atuação do Direito Penal caso um bem jurídico de terceira
pessoa não esteja efetivamente atacado. 4 funções: a) proibir a incriminação de uma atitude interna; b)
proibir a incriminação de uma conduta que não exceda o âmbito do próprio autor; c) proibir a incriminação
de simples estados ou condições existenciais; d) proibir a incriminação de condutas desviadas que não
afetem qualquer bem jurídico.
Princípio da adequação social: Segundo Welzel, o DP tipifica somente condutas que tenham certa
relevância social; caso contrário, não poderiam ser delitos. Deduz-se consequentemente, que há condutas
que por sua “adequação social” não podem ser criminosas.
Princípio da fragmentaridade: Direito penal não protege todos os bens jurídicos de violações – só os mais
importantes. E dentre estes, não acolhe todas as lesões – intervém só nos casos de maior gravidade,
“protegendo um fragmento de interesses jurídicos”. Corolário do princípio da intervenção mínima e da
reserva legal.
Princípio da insignificância ou da bagatela Foi cunhado pela primeira vez por Claus Roxin em 1964, que
voltou a repeti-lo em sua obra de Política criminal, partindo do velho adágio latino mínima non curat
praetor. É causa supralegal de exclusão da tipicidade material, devendo ser valorado através da
consideração global da ordem jurídica (Zaffaroni). É um postulado hermenêutico voltado à
descriminalização de condutas formalmente típicas (Min. Gilmar Mendes).
O princípio da insignificância é baseado apenas no valor patrimonial do bem?
NÃO. Além do valor econômico, existem outros fatores que devem ser analisados e que podem servir para
IMPEDIR a aplicação do princípio. Veja:
Valor sentimental do bem. Ex: furto de uma bijuteria de baixo valor econômico, mas que pertenceu
a importante familiar falecido da vítima.
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Condição econômica da vítima. Ex: furto de bicicleta velha de uma vítima muito pobre que a
utilizava como único meio de transporte (STJ. 6ª Turma. HC 217.666/MT, Rel. Min. Rogerio Schietti
Cruz, julgado em 26/11/2013).
Condições pessoais do agente. Ex: o STF já decidiu que, se a conduta criminosa é praticada por
policial militar, ela é revestida de maior reprovabilidade, de modo que isso poderá ser levado em
consideração para negar a aplicação do princípio da insignificância (HC 108884/RS, rel. Min. Rosa
Weber, 12/6/2012).
Circunstâncias do delito. Ex.1: estelionato praticado por meio de saques irregulares de contas do
FGTS. A referida conduta é dotada de acentuado grau de desaprovação pelo fato de ter sido
praticada mediante fraude contra programa social do governo que beneficia inúmeros
trabalhadores (STF. 1ª Turma. HC 110845/GO, julgado em 10/4/2012). Ex.3: o modus operandi da
prática delitiva - em que o denunciado quebrou o vidro da janela e a grade do estabelecimento da
vítima - demonstra um maior grau de sofisticação da conduta a impedir o princípio (STJ. 6ª Turma.
AgRg nos EDcl no REsp 1377345/MG, julgado em 03/12/2013, DJe 13/12/2013).
Consequências do delito. Ex.1: não se aplica o princípio da insignificância ao delito de receptação
qualificada no qual foi encontrado, na farmácia do réu, exposto à venda, medicamento que deveria
ser destinado ao fundo municipal de saúde. Isso porque as consequências do delito atingirão
inúmeros pacientes que precisavam do medicamento (STF. 2ª Turma. HC 105963/PE, julgado em
24/4/2012).
(...) Apesar de não configurar reincidência, a existência de outras ações penais ou inquéritos
policiais em curso é suficiente para caracterizar a habitualidade delitiva e,
consequentemente, afastar a incidência do princípio da insignificância. No caso, há
comprovação da existência de outros inquéritos policiais em seu desfavor, inclusive da
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mesma atividade criminosa. (...) (AgRg no AREsp 332.960/PR, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado
em 22/10/2013)
É possível a aplicação do princípio da insignificância para atos infracionais (STF e STJ).
O princípio da insignificância pode ser reconhecido mesmo após o trânsito em julgado da sentença
condenatória (STF).
Princípio da insignificância e prisão em flagrante
A autoridade policial pode deixar de lavrar a prisão em flagrante sob o argumento de que a conduta
praticada é formalmente típica, mas se revela penalmente insignificante (atipicidade material)? A) 1ª
corrente: SIM. O princípio da insignificância, como vimos, afasta a tipicidade material. Logo, se o fato é
atípico, a autoridade policial pode deixar de lavrar o flagrante. Nesse sentido: Cleber Masson (Direito Penal
esquematizado. Vol. 1. São Paulo: Método, 2014, p. 37); B) 2ª corrente: NÃO. A avaliação sobre a presença
ou não do princípio da insignificância, no caso concreto, deve ser feita pelo Poder Judiciário (e não pela
autoridade policial). É a posição da doutrina tradicional.
Infração bagatelar própria (princípio da insignificância) X Infração bagatelar imprópria (princípio da
irrelevância penal do fato):No primeiro caso, a situação já nasce atípica (material); o agente não deveria
nem mesmo ser processado já que o fato é atípico. Não tem previsão legal no direito brasileiro. No
segundo, por sua vez, a situação nasce penalmente relevante, porém, em virtude de circunstâncias
envolvendo o fato e o seu autor, consta-se que a pena se tornou desnecessária; o agente tem que ser
processado e somente após a análise das peculiaridades do caso concreto, o juiz poderia reconhecer a
desnecessidade da pena. Está previsto no art. 59 do CP.
Crimes nos quais a jurisprudência reconhece a aplicação do princípio da insignificância:a) furto simples
ou qualificado (tudo a depender das circunstâncias do caso concreto); b) crimes ambientais (deve ser feita
uma análise rigorosa, considerando que o bem jurídico protegido é de natureza difusa e protegido
constitucionalmente); c). crimes contra a ordem tributária previstos na Lei n. 8.137/90; d) descaminho (art.
334 do CP).
Qual o valor considerado insignificante nos crimes tributários? É possível aplicar a Portaria MF n. 75/12
que aumentou o parâmetro para R$ 20.000,00?
STJ: NÃO STF: SIM
O STJ tem decidido que o valor de 20 mil reais, Para o STF, o fato de as Portarias 75 e 130/2012 do
estabelecido pela Portaria MF n. 75/12 como limite Ministério da Fazenda terem aumentado o patamar
mínimo para a execução de débitos contra a União, de 10 mil reais para 20 mil reais produz efeitos
NÃO pode ser considerado para efeitos penais (não penais. Logo, o novo valor máximo para fins de
deve ser utilizado como novo patamar de aplicação do princípio da insignificância nos crimes
insignificância). tributários passou a ser de 20 mil reais. Precedente:
São apontados dois argumentos principais: STF. 1ª Turma. HC 120617, Rel. Min. Rosa Weber,
i) a opção da autoridade fazendária sobre o que julgado em 04/02/2014.
deve ou não ser objeto de execução fiscal não pode Vale ressaltar que o limite imposto por essa portaria
ter a força de subordinar o exercício da jurisdição pode ser aplicado de forma retroativa para fatos
penal; anteriores à sua edição considerando que se trata
ii) não é possível majorar o parâmetro previsto no de norma mais benéfica (STF. 2ª Turma. HC 122213,
art. 20 da Lei n. 10.522/2002 por meio de uma Rel. Min. Ricardo Lewandowski, Segunda Turma,
portaria do Ministro da Fazenda. A portaria julgado em 27/05/2014).
emanada do Poder Executivo não possui força
normativa passível de revogar ou modificar lei em
sentido estrito.
Crimes nos quais a jurisprudência NÃO reconhece a aplicação do princípio da insignificância : a) roubo, b)
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lesão corporal, c) tráfico de drogas, d) moeda falsa e outros crimes contra a fé pública, e) contrabando, f)
estelionato contra o INSS, g) estelionato envolvendo o FGTS e o seguro-desemprego, h) crime militar, i)
violação a direito autoral.
Crimes em que há maior divergência na jurisprudência: crimes cometidos por prefeito (STF admite e STJ
NÃO admite); porte de droga para consumo pessoal (STF admite e STJ NÃO admite); apropriação indébita
previdenciária (STF NÃO admite e STJ admite); crime contra a administração pública (Há decisões da 2ª
Turma do STF admitindo; STJ NÃO admite); manter rádio comunitária clandestina, de baixa potência (STF já
admitiu; STJ NÃO admite).
Princípio da individualização da pena (art. 5º, XLVI, CFRB/88):pretende que o tratamento penal seja
totalmente voltado para características pessoais do agente a fim de que possa corresponder aos fins que se
pretende alcançar com a pena ou com as medidas de segurança. Presente nas fases de cominação,
aplicação e execução.
Princípio da proporcionalidade:exige que se faça um juízo de ponderação sobre a relação existente entre o
bem que é lesionado ou posto em perigo (gravidade do fato) e o bem de que alguém pode ser privado
(gravidade da pena). Toda vez que, nessa relação, houver um desequilíbrio acentuado, haverá
desproporção. Ou seja, a pena deve ser proporcional à gravidade do fato. Decorrência da individualização
da pena.
Princípio da culpabilidade:possui três orientações básicas: a) integra o conceito analítico de crime; b) serve
como princípio orientador, medidor, para a aplicação da pena; c) e serve como princípio que afasta a
responsabilidade penal objetiva.
Princípio da confiança: bastante difundido no direito penal espanhol, é requisito para a existência de ato
típico, determinando que todos devem esperar das demais pessoas comportamentos compatíveis com o
ordenamento jurídico (usado pela jurisprudência nos crimes praticados na direção de veículo automotor).
Princípio da legalidade (art. 5º, XXXIX, CFRB/88):proíbe a retroatividade da lei penal, a criação de crimes e
penas por costumes, as incriminações vagas e indeterminadas, bem como o emprego da analogia para criar
crimes.
Legalidade formal: corresponde à obediência aos trâmites procedimentais previstos pela CF para que
determinado diploma legal possa vir a fazer parte do ordenamento jurídico.
Legalidade material: pressupõe não apenas a observância das formas e procedimentos impostos pela CF,
mas também, e principalmente, o seu conteúdo, respeitando-se as suas proibições e imposições para a
garantia dos direitos fundamentais por ela previstos.
Fundamentos do princípio da legalidade:
Político: exigência da vinculação do executivo e do judiciário às leis o que impede o exercício do
poder punitivo com base no livre arbítrio.
Democrático: parlamento é responsável pela criação dos tipos definidores dos crimes.
Jurídico: uma lei prévia e clara produz efeito intimidativo.
Medida provisória – não pode criar crimes nem penas, mas STF admite para favorecer o réu ( RE
254818/PR).
Princípio da limitação das penas: A CF prevê, em seu art. 5º, XLVII, que não haverá penas de morte (salvo
em caso de guerra declarada), de caráter perpétuo, de trabalhos forçados, de banimento ou cruéis.
(dignidade da pessoa humana)
Princípio da responsabilidade pessoal:somente o condenado é que terá de se submeter à sanção que lhe
foi aplicada pelo Estado.
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Na seara penal, os pedidos de cooperação jurídica internacional – Carta Rogatória e Auxílio Direto – são
recebidos exclusivamente de Autoridades Públicas – Juízes, membros dos Ministérios Públicos, Delegados
de Polícia, Defensores Públicos – e visam cumprir atos de comunicação processual (citações, intimações e
notificações), atos de investigação ou instrução (oitivas, obtenção de documentos, quebra de sigilo bancário,
quebra de sigilo telemático, etc) ou ainda algumas medidas de constritivas de ativos, como bloqueio de bens
ou valores no exterior.
Excetuam-se somente os seguintes acordos bilaterais, cuja Autoridade Central é a Procuradoria-Geral da
República: Acordo de Assistência Judiciária em Matéria Penal entre o Governo da República Federativa do
Brasil e o Governo da República Portuguesa – Decreto n.º 1.320/1994; e Acordo de Assistência Jurídica
Mútua em Matéria Penal entre o Governo da República Federativa do Brasil e o Governo do Canadá
– Decreto nº 6.747/2009. Saliente-se também que o trâmite das medidas de cunho compulsório (extradição,
prisão, deportação, transferência de pessoas condenadas, etc.) é de competência do Departamento de
Estrangeiros da Secretaria Nacional de Justiça (DEEST/SNJ).
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ESTATUTO DE ROMA
Foi assinado pelo Brasil em 07/02/2000 e foi aprovado pelo Decreto Legislativo 112, de 06/06/2002. Foi
ratificado em 20.06/2002. Foi promulgado pelo Decreto 4.388, de 25/09/2002. O art. 7º do ADCT
estabelecia que “O Brasil propugnará pela formação de um tribunal internacional dos direitos humanos”.
Posteriormente, a EC nº 45/2004, acrescentou o § 4º, no art. 5º, da CF, dispondo que “O Brasil se submete
à jurisdição de Tribunal Penal Internacional a cuja criação tenha manifestado adesão”. O que é mais
importante saber é que este estatuto criou o Tribunal Penal Internacional com jurisdição permanente,
dotado de personalidade jurídica própria, com sede em Haia. É a primeira instituição permanente de justiça
penal internacional. Parte da doutrina o classifica como decorrência da 4ª velocidade do Direito Penal,
surgida após a II Guerra Mundial, neo-positivismo e predominância dos princípios. Segundo Valério
Mazzouli (in Revista de Informação Legislativa n. 164 out./dez. 2004), dentre outras coisas sua importância
avulta, porque significa o fim dos Tribunais ad hoc, a exemplo do que foi o Tribunal de Nuremberg.
A competência do Tribunal é meramente subsidiária (só exercerá sua jurisdição quando as medidas
internas dos países se mostrarem insuficientes ou omissas no que respeita ao processo e ao julgamento
dos acusados) e se destina ao julgamento de crimes de extrema gravidade, aptos a afetarem a
continuidade internacional como um todo. O citado tribunal visa julgar os crimes de “lesa humanidade”
(art. 5º).
Os crimes de “lesa humanidade” julgados pelo TPI são: o genocídio (art. 6º), os crimes contra a humanidade
(art. 7º), os crimes de guerra (art. 8º) e os crimes de agressão (art. 9º). O genocídio significa destruir, no todo
ou em parte, grupo nacional, étnico, racial ou religioso. A Lei nº 2.889/56 traz conceito semelhante e é uma
norma penal em branco ao revés. O crime contra a humanidade é um ataque sistemático ou generalizado
contra a população civil. Os crimes de guerra são violações graves às Convenções de Genebra de 1949. Por
fim, os crimes de agressão são as violações referentes à Convenção da ONU de 1974.
Há uma exceção prevista no art. 70, do Estatuto, de que os crimes contra a administração da justiça do TPI
serão também julgados pelo próprio TPI.
Os princípios regentes do TPI são: da legalidade-anterioridade (arts. 22º e 23º), irretroatividade (art. 24º),
uma vez que até então os Tribunais eram de exceção; e da complementariedade (preâmbulo e art. 1º), visto
que a jurisdição do TPI é complementar à jurisdição dos Estados-Membros. A exceção ocorre quando já se
determina a absolvição, podendo julgar imediatamente.
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A Composição (art. 38º) do TPI é formada por 18 (dezoito) juízes. Existe mandato de 9 (nove) anos, vedada
a recondução. Não existe concurso. Há 6 (seis) juízes para a investigação; 6 (seis) para o processo; e 6 (seis)
para o segundo grau, se houver. O TPI só julga pessoa física (art. 25º) e maiores de 18 (dezoito) anos (art.
26º). O TPI não admite aprovação com reservas (art. 120º).
Os instrumentos do TPI, tais como: imprescritibilidade (29º); ato de entrega (art. 89º); e prisão perpétua (art.
77º), devem se compatibilizar com o nosso direito interno. Há o entendimento de que a extradição se dá no
plano horizontal, de Estado para Estado. Já a entrega, será de Tribunal para Estado, no plano vertical. Ambas
não se confundem. Com relação à prisão perpétua, esta deverá ser adaptada ao direito interno.
Ponto importante do Estatuto é o seu art. 102, alíneas a e b, quando distingue o instituto da entrega e da
extradição. Esse ponto tem sido objeto de debates no Brasil, porque, em princípio, essa diferenciação
(segundo alguns) não teria o condão de afastar a aplicação do inc. LI, art. 5º, CF, ao dispor que, em nenhum
caso, o brasileiro nato será extraditado.
Artigo 89 - Entrega de Pessoas ao Tribunal - 1. O Tribunal poderá dirigir um pedido de
detenção e entrega de uma pessoa, instruído com os documentos comprovativos referidos
no artigo 91, a qualquer Estado em cujo território essa pessoa se possa encontrar, e
solicitar a cooperação desse Estado na detenção e entrega da pessoa em causa. Os Estados
Partes darão satisfação aos pedidos de detenção e de entrega em conformidade com o
presente Capítulo e com os procedimentos previstos nos respectivos direitos internos.
Artigo 102 - Termos Usados - Para os fins do presente Estatuto: a) Por "entrega", entende-
se a entrega de uma pessoa por um Estado ao Tribunal nos termos do presente Estatuto. b)
Por "extradição", entende-se a entrega de uma pessoa por um Estado a outro Estado
conforme previsto em um tratado, em uma convenção ou no direito interno.
O art. 77, § 1º, b, do Estatuto, prevê que o Tribunal pode impor à pessoa condenada por um dos crimes de
sua competência a pena de prisão perpétua se o elevado grau de ilicitude do fato e as condições pessoais
do condenado a justificarem. O problema é um possível choque com o art. 5º, inc. XLVII, a, da CF, que
proíbe as penas de caráter perpétuo. A saída dada por Mazzuoli é a seguinte: “...a interpretação mais
correta a ser dada para o caso em comento é a de que a Constituição, quando prevê a vedação de pena de
caráter perpétuo, está direcionando o seu comando tão-somente para o legislador interno brasileiro, não
alcançando os legisladores internacionais ...”, assim, ainda que o Brasil vede a pena de prisão perpétua
internamente, isso não constitui restrição para efeitos de extradição e de entrega.
Também, segundo Valério Mazzuoli, houve, no Estatuto, a consagração expressa do princípio da
responsabilidade penal internacional dos indivíduos, deixando de ter efeito as eventuais imunidades e
privilégios ou mesmo a posição ou a os cargos oficiais que os mesmos porventura ostentem.
Entretanto, a tendência do STF é que os dispositivos do TPI devem se compatibilizados com o nosso direito
constitucional. (Pet 4625, Min. Celso de Mello 30/07/2009)
Enfim, um dispositivo que achei interessante transcrever foi o seguinte. Trata-se princípio que não está
expresso na nossa CF, a saber:
Artigo 20 - Ne bis in idem - 1. Salvo disposição contrária do presente Estatuto, nenhuma
pessoa poderá ser julgada pelo Tribunal por atos constitutivos de crimes pelos quais este já
a tenha condenado ou absolvido. 2. Nenhuma pessoa poderá ser julgada por outro tribunal
por um crime mencionado no artigo 5°, relativamente ao qual já tenha sido condenada ou
absolvida pelo Tribunal.
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Artigo 9º
§1. Toda pessoa tem direito à liberdade e à segurança pessoais. Ninguém poderá ser preso
ou encarcerado arbitrariamente. Ninguém poderá ser privado de sua liberdade, salvo pelos
motivos previstos em lei e em conformidade com os procedimentos nela estabelecidos.
§2. Qualquer pessoa, ao ser presa, deverá ser informada das razões da prisão e notificada,
sem demora, das acusações formuladas contra ela.
§3. Qualquer pessoa presa ou encarcerada em virtude de infração penal deverá ser
conduzida, sem demora, à presença do juiz ou de outra autoridade habilitada por lei a
exercer funções judiciais e terá o direito de ser julgada em prazo razoável ou de ser posta
em liberdade. A prisão preventiva de pessoas que aguardam julgamento não deverá
constituir a regra geral, mas a soltura poderá estar condicionada a garantias que assegurem
o comparecimento da pessoa em questão à audiência e a todos os atos do processo, se
necessário for, para a execução da sentença.
§4. Qualquer pessoa que seja privada de sua liberdade, por prisão ou encarceramento, terá
o direito de recorrer a um tribunal para que este decida sobre a legalidade de seu
encarceramento e ordene a soltura, caso a prisão tenha sido ilegal.
§5. Qualquer pessoa vítima de prisão ou encarceramento ilegal terá direito à reparação.
Artigo 10
§1. Toda pessoa privada de sua liberdade deverá ser tratada com humanidade e respeito à
dignidade inerente à pessoa humana.
a) As pessoas processadas deverão ser separadas, salvo em circunstâncias excepcionais,
das pessoas condenadas e receber tratamento distinto, condizente com sua condição de
pessoas não condenadas.
b) As pessoas jovens processadas deverão ser separadas das adultas e julgadas o mais
rápido possível.
§2. O regime penitenciário consistirá em um tratamento cujo objetivo principal seja a
reforma e reabilitação moral dos prisioneiros. Os delinqüentes juvenis deverão ser
separados dos adultos e receber tratamento condizente com sua idade e condição jurídica.
Artigo 14
§1. Todas as pessoas são iguais perante os Tribunais e as Cortes de Justiça. Toda pessoa
terá o direito de ser ouvida publicamente e com as devidas garantias por um Tribunal
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A Cooperação pode ser dividida em formal (indireta/ judicial) ou informal (direta/ administrativa). A
cooperação penal internacional administrativa em sentido estrito não fica atrelada a uma demanda
específica, já que se destina a uma troca de informações, dados e estratégias de atuação, o que a difere da
judicial.
Extradição de fato ou de direito: A primeira é denominada de casos de abdução – o Estado vai e seqüestra,
é retirado a força. Caso Humberto Alvarez Machain. A extradição é de direito quando pressupõe a
existência de um procedimento jurídico. É a dita extradição verdadeira. Extradição de fato — sem a
necessária participação do Estado requerido — ou, pura e simplesmente, um seqüestro, num ato de
violação à soberania territorial, transgredindo consagradas normas de direito internacional.
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3. Via Contato Direto: nesse caso se reconhece eficácia das ordens da autoridade de um país no
território de um outro. Ex.: juiz dá uma ordem para a polícia de outro país, como se um país só
fosse.
Ainda não houve evolução do direito internacional para o reconhecimento da via do contato direto,
mas já houve a tentativa de sua implementação quando se tentou implementar o Estado europeu
de justiça (autoridade de um país poderia expedir determinações em relação às autoridades de
outro).
Compartilhamento de material probatório: Corte Especial do STJ entendeu ser legal pedido de
compartilhamento de material probatório existente no Brasil, e feito por autoridade estrangeira
(Procuradoria Geral da Federação da Rússia), no exercício de atividade investigatória sobre possíveis ilícitos
penais praticados pelo reclamante naquele país, dirigido à autoridade brasileira congênere (Procuradoria
Geral da República) e não sujeito à carta rogatória, exequatur ou a qualquer outra manifestação do STJ.
Não são inconstitucionais as clausulas dos tratados e convenções sobre cooperação jurídica
internacional (v.g.. art. 46 da Convenção de Mérida - "Convenção das Nações Unidas contra
a Corrupção" e art. 18 da Convenção de Palermo - "Convenção das Nações Unidas contra o
Crime Organizado Transnacional") que estabelecem formas de cooperação entre
autoridades vinculadas ao Poder Executivo, encarregadas da prevenção ou da investigação
penal, no exercício das suas funções típicas. A norma constitucional do art. 105, I, i, não
instituiu o monopólio universal do STJ de intermediar essas relações. A competência ali
estabelecida - de conceder exequatur a cartas rogatórias -, diz respeito, exclusivamente, a
relações entre os órgãos do Poder Judiciário, não impedindo nem sendo incompatível com
as outras formas de cooperação jurídica previstas nas referidas fontes normativas
internacionais.
Cartas Rogatórias
Pedido formal de auxílio para a correta condução e instrução de um processo existente ou futuro, feito pela
autoridade judiciária de um Estado a outra. Admitida mesmo na fase de investigação.
A carta rogatória é a peça central do modelo brasileiro de cooperação internacional desde a época do
Império. Ainda que nos últimos dez anos a assinatura de acordos bilaterais e multilaterais comece a
modificar este quadro, as rogatórias continuam sendo um importante mecanismo à disposição das
autoridades judiciárias para solicitar a realização de atos processuais fora de suas fronteiras territoriais. O
‘cumpra-se’ nas cartas rogatórias surge em 1894, por meio da Lei 221. Quem dava o ‘cumpra-se’ era o
poder executivo. A partir da CF 1934, o STF passou a ter competência para dar execução à carta rogatória. A
partir da EC 45/04, a competência passa a ser do STJ. O CPC trata a partir do art. 201. O STJ editou a
resolução nº 9 de 2005.
Ato de colaboração entre Poderes Judiciários dos Estados, em que um Poder Judiciário solicita diligências
ao outro, estrangeiro.
Podem ser ORDINATÓRIAS, INSTRUTÓRIAS ou EXECUTÓRIAS.
Podem ser ATIVAS ou PASSIVAS.
Procedimento:
a) Pedido recebido no STJ:
Vias existentes: Via diplomática;
Via autoridade central;
Diretamente pela parte.
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Objeto: atos decisórios ou não decisórios (art. 7º, caput, resolução n. 9 – STJ). Segundo o
posicionamento adotado pelo STJ, não haveria uma cláusula geral vedando a possibilidade de
carta rogatória executiva, caberia à autoridade judiciária competente apreciar, no caso
concreto, quanto à concessão do exequatur.
ROGATÓRIA ATIVA: o pedido judicial brasileiro deve ser encaminhado por intermédio do Ministério das
Relações Exteriores, ou por intermédio do Ministério da Justiça, que constitui a autoridade central indicada,
como regra, nas hipóteses em que o Brasil possui acordo bilateral para fins de cooperação. Tanto o
Ministério das Relações Exteriores como o Ministério da Justiça não emitem juízo de valor sobre o pedido
de cooperação, apenas verificam a observância, ou não, das formalidades exigidas pelo acordo internacional
ou pela legislação do Estado requerido. No tocante às cartas rogatórias ativas não há que se falar em
concessão de exequatur.
ROGATÓRIA PASSIVA: precisa passar pelo crivo do STJ para produzir efeitos em território brasileiro. Nos
casos de cooperação por carta rogatória baseada em tratado, o pedido da autoridade estrangeira chega à
autoridade central brasileira (DRCI), que, num primeiro momento, faz um juízo administrativo, verificando
a presença dos requisitos ao cumprimento do pedido de cooperação no Brasil. Preenchidos os requisitos, o
pedido é encaminhado ao STJ, para exequatur, juízo de delibação, que, se deferido, é encaminhado ao Juízo
Federal de 1ª Instância para dar cumprimento à cooperação. Não preenchidos os requisitos, a carta rogatória
é devolvida para a autoridade central estrangeira para adequação do pedido.
ato que no Brasil dependia de autorização judicial fundamentada (ex: impossibilidade de quebra de sigilo
bancário requerido em carta rogatória).
As medidas executórias deviam ser encaminhadas via homologação de sentença estrangeira.
Medidas executórias são as que possam criar gravame ao patrimônio jurídico de um cidadão dentro
do território nacional. São medidas assecuratórias, dispostas no CPP - arresto, sequestro e hipoteca
legal.
Não obstante a questão não ser pacífica, inegável é o fato de que com a mudança da competência para
processar e julgar, originariamente, a concessão de exequatur às cartas rogatórias, houve uma grande
transformação no entendimento perfilhado. A Resolução n° 9, que dispõe sobre os requisitos e os
procedimentos para tramitação das rogatórias, permitiu expressamente a concessão do “cumpra-se” em
medidas de caráter executório, estatuindo, que:
Art. 4º A sentença estrangeira não terá eficácia no Brasil sem a prévia homologação pelo Superior Tribunal
de Justiça ou por seu Presidente.
§1º Serão homologados os provimentos não-judiciais que, pela lei brasileira, teriam natureza de
sentença.
§2º As decisões estrangeiras podem ser homologadas parcialmente.
§3º Admite-se tutela de urgência nos procedimentos de homologação de sentenças estrangeiras.
Art. 5º Constituem requisitos indispensáveis à homologação de sentença estrangeira:
I - haver sido proferida por autoridade competente;
II - terem sido as partes citadas ou haver-se legalmente verificado a revelia;
III - ter transitado em julgado; e
IV - estar autenticada pelo cônsul brasileiro e acompanhada de tradução por tradutor oficial ou
juramentado no Brasil.
Art. 7º As cartas rogatórias podem ter por objeto atos decisórios ou não decisórios.
Parágrafo único. Os pedidos de cooperação jurídica internacional que tiverem por objeto atos que não
ensejem juízo de delibação pelo Superior Tribunal de Justiça, ainda que denominados como carta rogatória,
serão encaminhados ou devolvidos ao Ministério da Justiça para as providências necessárias ao
cumprimento por auxílio direto.
Ressalte-se que o disposto no art. 7º inclui os pedidos de quebra de sigilo bancário e telefônico, sem
prejuízo à análise da ordem pública e aos demais requisitos.
Carta Rogatória nº 438: A soberania nacional ou a ordem pública não restaram afetadas, porquanto a novel
ordem de cooperação jurídica internacional, encartada na Convenção de Palermo (Convenção das Nações
Unidas contra o Crime Organizado Transnacional), prevê a possibilidade da concessão de exequatur em
medidas de caráter executório, em seus arts 12, partes 6 e 7; e 13, parte 2.
Entendemos que o poder judiciário brasileiro deve evoluir conforme evoluem os meios para se praticar o
ilícito, de forma a equiparar forças com o ilegal. Tendo em vista o crescimento do crime organizado
internacional, mister que se afaste antigos preconceitos infundados, e que se aplique da melhor forma
todas as ferramentas necessárias, pois a busca pela justiça nunca atentará contra a ordem pública. Pelo
contrário, a justiça é um direito constitucional dos cidadãos brasileiros.
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impulso inicial no sentido de se acabar com a timidez na aplicação desse valioso direito uniformizador,
oriundo do consenso entre os mais variados países. Os ministros do STJ têm realizado uma análise
teleológica das leis que regulam a cooperação jurídica internacional, priorizando o combate à criminalidade
de toda sorte e a celeridade e efetividade da justiça, utilizando a ordem pública como preventivo para
situações teratológicas, e não, como óbice ao funcionamento da justiça.
Auxílio Direto
A assistência direta é um novo mecanismo de cooperação jurídica internacional, diferente da carta
rogatória e da homologação de sentença estrangeira. No pedido de auxílio, busca-se produzir uma decisão
judicial doméstica e, como tal, não sujeita ao juízo de delibação. O auxílio direto permite cognição plena, já
que sua competência é atribuída ao juiz de primeira instância. O pedido de auxílio direto não possui
previsão constitucional no Brasil, mas encontra pleno respaldo legal, uma vez que o Estado já ratificou
inúmeros tratados internacionais e acordos bilaterais com previsão expressa dessa modalidade de
cooperação.
Os pedidos de auxílio direto são, em regra, alicerçados em tratados ou acordos bilaterais (Mutual Legal
Assistance Treaties ou MLATs). Inexistindo ajuste expresso entre os dois Estados, a assistência poderá ser
realizada baseando-se na garantia de reciprocidade do requerente.
Ex. a autoridade estrangeira fornece apenas elementos probatórios para a autoridade central que
encaminha o caso para o Ministério Público Federal, responsável por promover judicialmente os atos
necessários à cooperação.
Medidas excepcionais que violam garantias constitucionais como seqüestro de bens e congelamento de
depósitos bancários também podem ser efetivadas pela via da assistência direta.
No Brasil, ao contrário dos meios de cooperação jurídica tradicionais, cuja competência constitucional é
atribuída ao STJ (Carta Rogatória e Homologação de Sentença Estrangeira) para exercício de mero juízo de
delibação, o auxílio direto é instituto que permite cognição plena, devendo o juiz estabelecer o
contraditório para cristalizar seu livre convencimento.
A excessiva formalidade no procedimento das cartas rogatórias, caracterizada por sua morosidade, fez com
que surgisse essa nova modalidade de cooperação jurídica internacional denominada auxílio direto,
mecanismo mais coerente com a dinâmica das relações atuais.
Há países que permitem toda a cooperação entre autoridades administrativas. No caso do Brasil, embora o
pedido possa ser transmitido diretamente à Autoridade Central brasileira, como regra sempre haverá
necessidade da ordem judicial para seu cumprimento. Entretanto, há situações em que é desnecessária a
intervenção judicial, podendo o pedido tramitar apenas pela via administrativa, como quando, por
exemplo, se requer informações disponíveis em solo nacional. O auxílio por via administrativa caracteriza-
se pelo pedido de cooperação que não enseja decisão judicial doméstica para cumprimento, já que pode
tramitar diretamente pela autoridade central administrativa. Por outro lado, o auxílio direto judicial
pressupõe que o pedido seja submetido à apreciação do Poder Judiciário para análise de mérito, via
provocação do Ministério Público Federal ou da Advocacia Geral da União.
Policia ou ao Ministério Público e não há reserva de jurisdição no Brasil o instrumento adequado é o auxílio
direto por via administrativa.
Não será concedido o EXEQUATUR à carta rogatória que ofenda a SOBERANIA ou a ORDEM PÚBLICA (art.
6º, Resolução 9, STJ).
Possibilidade de dispensa de EXEQUATUR: atos que não ensejam JUÍZO DE DELIBAÇÃO pelo STJ -
cumprimento por auxílio direto / Art. 7º, parágrafo único, da Resolução nº 9, STJ:
Os pedidos de cooperação jurídica internacional que tiverem por objeto atos que não
ensejem juízo de delibação pelo Superior Tribunal de Justiça, ainda que denominados como
CARTA ROGATÓRIA, serão encaminhados ou devolvidos ao Ministério da Justiça para as
providências necessárias ao cumprimento por AUXÍLIO DIRETO.
Constitucionalidade do dispositivo: olhar polêmica jurisprudencial sobre a constitucionalidade do
dispositivo. Discussão quanto à possibilidade de dispensa do procedimento previsto para as cartas
rogatórias.
Carta rogatória e convenções internacionais - o Brasil possui regulamentação internacional sobre a matéria,
de caráter multi ou bilateral:
Multilateral: Convenção Interamericana e seu protocolo sobre cartas rogatórias. Iniciativas do
Mercosul: protocolo de cooperação jurídica internacional, Las Lenas e protocolo de medidas
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ante a manifesta ausência de “enforcing power” das instituições judiciárias nacionais sobre
legações diplomáticas estrangeiras - a completa inviabilidade do acolhimento, por
inexeqüível, da medida cautelar ora postulada perante esta Suprema Corte, não obstante
seja, este Tribunal, o órgão de cúpula do Poder Judiciário nacional estruturado no âmbito
do Estado acreditado (o Brasil, na espécie).
Carta Rogatória expedida por MP: HC 91.002-5 - impossibilidade de se reconhecer validade à carta
rogatória expedida pelo MP. Mesmo mediante rogatória, o requerente deve ser o Judiciário
estrangeiro. Nesse sentido, STF fulminando rogatória requerida pelo Ministério Público Suíço. Itália -
como a situação do MP lá é híbrida, foi admitida a carta rogatória.
Assistência Jurídica
São os atos necessários à persecução penal do delito que não sejam a extradição, nem a homologação de
sentença estrangeira, nem a transferência de preso.
Conteúdo - art. 18.3 da Convenção das Nações Unidas contra a Criminalidade organizada e transnacional:
Tomada de depoimento de testemunhas;
Declarações de acusados;
Envio de peças processuais;
Medidas preventivas de constrições judiciais: busca e apreensões, congelamentos de contas
bancárias;
Entrega de documentos;
Localização ou apreensão de bens;
Instrumentos do delito.
Qualquer outro tipo de assistência permitida pelo direito interno do país requerido - cláusula de
encerramento. Ex.: confisco de bens, perícias, medidas preventivas probatórias de última geração
(entregas vigiadas, teleconferência para colher depoimentos, interceptação de telecomunicações).
Legitimidade ativa para os pedidos de assistência internacional:
a) No séc. XIX, os legitimados ativos eram os juízes.
b) No séc. XX, a autoridade competente no país estrangeiro.
c) Mais para o final do século surgem convenções específicas que denominam algumas autoridades
como competente para fazer o pedido: delegados, membro do MP, autoridades judiciais (lato
sensu), ex.: protocolo de assistência mútua em assuntos penais no MERCOSUL (de 1996). A doutrina
dominante no Brasil afirma que são legitimados para efetuar o pedido as autoridades competentes,
conforme o ordenamento do Estado requerente. No Brasil, o MP não pode afastar o sigilo bancário
diretamente, salvo se houver dinheiro público envolvido. No entanto, o STF entende que as normas
de atribuição da competência devem ser a do Estado requerido (decisão de 2003 – carta rogatória
10536). Esta decisão do STF é vacilante.
Legitimidade passiva para os pedidos de assistência internacional:
O destinatário final dos pedidos de assistência legal em matéria penal, independentemente da via em que
o pedido é feito, será a autoridade do Estado requerido que tem a competência para realizar o ato
solicitado.
Modelos de transmissão da assistência penal internacional:
a) VIA DA CARTA ROGATÓRIA – é o caminho mais tradicional, mais conservador. É meio de colaboração
entre poderes de Estados diversos em que um solicita cooperação ao outro estrangeiro. É um
instrumento por meio do qual se roga à autoridade estrangeira que promova a realização de um
ato. Os atos que podem ser praticados são: 1) atos processuais ordinatórios (citações, intimações,
notificações etc), 2) atos instrutórios (produção de prova por meio de oitiva de testemunhas,
realização de perícias, requisição de documentos).
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autoridade central.
MLAT (Brasil e EUA) – tratado legal de assistência mútua – aqui está presente a autoridade central.
b) Auxílio direto - esse pedido é feito na Justiça Federal em 1º grau de jurisdição, tombado com a
seguinte denominação: ‘procedimento criminal diverso’. Existe uma portaria conjunta MJ/AGU/MPF
01/05 que estabelece as rotinas para este tipo de cooperação.
c) Principais acordos em matéria penal que o Brasil é signatário: tratado de cooperação jurídica com os
EUA – MLAT de 2001; convenção interamericana sob assistência mútua em matéria penal de 2008;
tratados internacionais bilaterais com Colômbia, França, Itália, Portugal, Peru; convenções
multilaterais: convenção das nações unidas contra tráfico ilícito de drogas, convenção das nações
unidas contra o crime organizado transnacional (Convenção de Palermo). Se não existir tratado é
possível a cooperação com a promessa de reciprocidade.
Via contato direto entre autoridades legitimadas. Assistência jurídica por meio de contato direto. A
autoridade pública de um Estado pede diretamente à autoridade estrangeira competente a
diligência ou informação necessária à instrução pré-processual ou processual penal. Corre-se o risco
de perder a prova porque ela não passou pela autoridade central.
Desde 1996, a corrupção começou a ser tema de interesse dos mais diferentes países que, de modo regional,
iniciaram processos de acordos de ação conjunta nesse âmbito. Entretanto, as primeiras convenções firmadas
não cobriam todas as regiões do mundo, deixando de lado grande parte dos países da Ásia e do Oriente
Médio. Também alguns acordos apenas se referiam a abordagens específicas, como o suborno, por exemplo.
Assim, a comunidade internacional manifestou o interesse de delinear um acordo verdadeiramente global e
capaz de prevenir e combater a corrupção em todas as suas formas. Assim, nasceu a Convenção das Nações
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Prevenção à corrupção
Implementação de políticas contra a corrupção efetivas, que promovam a participação da
sociedade e reflitam os princípios do Estado de Direito: critérios objetivos de mérito,
transparência no financiamento de campanhas , códigos de conduta, estímulo a
denúncias de corrupção por parte dos servidores, desestímulo ao recebimento de
presentes ou de qualquer ação que possa causar conflito de interesses, ampliar o acesso
às contas públicas para os cidadãos e estimular a participação da sociedade nesse
processo, prevenção à lavagem de dinheiro, independência do Poder Judiciário e do
Ministério Público, desenvolver padrões de auditoria e de contabilidade para as
empresas; prover sanções civis, administrativas e criminais efetivas e que tenham um
caráter inibidor para futuras ações; promover a cooperação entre os aplicadores da lei e
as empresas privadas; prevenir o conflito de interesses; proibir a existência de "caixa
dois" nas empresas e desestimular isenção ou redução de impostos a despesas
consideradas como suborno ou outras condutas afins.
Cooperação internacional
Permitir assistência legal mútua mesmo na ausência de dupla incriminação, quando não envolver medidas
coercitivas. O princípio da dupla incriminação prevê que um país não necessita extraditar pessoas que
cometeram atos que não são considerados crimes em seu território, prevê que mesmo crimes que não são
definidos com os mesmos termos ou categoria podem ser considerados como equivalentes, possibilitando a
extradição.
Se um país não extradita nacionais, deve usar o pedido do outro país como fundamento para um processo
interno.
Os Estados Partes podem recusar o pedido de extradição se for observada perseguição por gênero, raça,
religião, nacionalidade, etnia ou opiniões políticas. Em todo o caso, ainda que não seja obrigatório, a
convenção recomenda uma consulta ao país solicitante antes de uma recusa, a fim de possibilitar a
apresentação de informações adicionais que possam levar a um resultado diferente.
A convenção prevê medidas mais amplas de assistência legal mútua em investigações, processo e
procedimentos legais em relação a crimes previstos na própria convenção. Entre essas medidas, destacam-se
a designação de uma autoridade central para receber, executar e transmitir pedidos de assistência legal
mútua; a vedação à recusa de assistência legal mútua com base no sigilo bancário; e a possibilidade de a
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assistência legal mútua ser ofertada na ausência de dupla criminalização, desde que não haja medidas
coercitivas.
Recuperação de ativos
Os Estados Partes devem apoiar-se entre si com extensas medidas de cooperação e assistência neste campo,
a fim de fazer valer os interesses das vítimas e dos donos legítimos desses recursos.
Devem solicitar suas instituições financeiras a: verificar a identidade de seus clientes; determinar a
identidade de beneficiários de contas volumosas; aplicar controle reforçado a contas mantidas por altos
funcionários públicos; reportar transações suspeitas às autoridades competentes; e prevenir o
estabelecimento de bancos sem presença física
Recuperação direta: possibilidade de se permitir iniciar um processo civil para a recuperação de ativos ou
para intervir ou agir no processo doméstico para reforçar seu pedido por compensação.
Os Estados Partes devem permitir que suas autoridades cumpram uma ordem de confisco ou de
congelamento por um tribunal de outro Estado Parte solicitante. Como princípio geral, os Estados Partes
devem alienar os bens confiscados, devolvendo-os a seus legítimos donos, tanto no que se relaciona à fraude
e ao desvio de recursos públicos, quanto à lavagem de recursos obtidos ilegalmente. Para outros crimes de
corrupção, os mesmo procedimentos devem ser adotados, quando for razoavelmente estabelecida a
legitimidade do dono. Em todos os outros casos, será dada prioridade ao retorno dos bens confiscados à
parte solicitante, o retorno dos bens aos legítimos donos, ou a utilização para a compensação das vítimas.
---- Ver CONVENÇÃO SOBRE GENOCIDIO, CONVENÇÃO RACISMO, CONVENÇÃO DE VIENA SOBRE TRÁFICO
DE DROGAS (QUE FALA TAMBÉM SOBRE LAVAGEM DE CAPITAIS), SOBRE TRÁFICO DE MULHERES E
CRIANÇAS, SOBRE TRABALHO ESCRAVO
COMPETÊNCIA.
Jurisdição
Mecanismos de solução de conflitos
A jurisdição é um dos instrumentos de solução de conflitos; são também instrumentos de solução de
conflitos: i) autotutela: caracteriza-se pelo emprego da força bruta para satisfação de interesses;
subjulgamento de uma parte em face da outra. Em regra, a autotutela não é permitida, de modo que
normalmente o emprego da força bruta para satisfação de seus próprios interesses constitui crime (art.
345, CP – exercício arbitrário das próprias razões). Excepcionalmente, se admite o emprego da autotutela,
nas situações expressamente previstas pelo Ordenamento (Art. 345 - Fazer justiça pelas próprias mãos,
para satisfazer pretensão, embora legítima, salvo quando a lei o permite). Exemplo destas hipóteses
excepcionais em que permitida o emprego da autotutela são o estado de necessidade, a legítima defesa, o
desforço imediato na defesa da posse; um exemplo processual é a prisão em flagrante. ii) autocomposição,
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que se caracteriza pela busca do consenso entre as partes. Art. 98, I, CF – traz a previsão dos juizados
especiais criminais com previsão para realizarem a conciliação (ou seja, a própria CF permite a realização de
transações em infrações penais de menor potencial ofensivo – contravenções e crimes cuja pena máxima
não seja superior a dois anos). Lembrar que a Lei dos Juizados só permite a transação de penas não
privativas de liberdade, ou seja, a transação tem que versar sobre pena restritiva de direitos ou multa (art.
76, L. 9.099/95 = “havendo representação ou tratando-se de crime de ação penal pública incondicionada,
não sendo caso de arquivamento, o Ministério Público poderá propor a aplicação de pena restritiva de
direitos ou multa”). O que não se admite é transacionar para aplicar pena restritiva de liberdade, uma vez
que a liberdade é ‘bem’ indisponível. iii) jurisdição: na jurisdição se coloca a solução do conflito nas mãos
de terceiro imparcial (o Estado).
Obs.: Vale atentar que, ao contrário do processo civil, no processo penal SEMPRE há a participação do
Estado-Juiz em todos os mecanismos de solução de conflitos. Ex.: no âmbito cível há a arbitragem, na qual
não se faz necessária a presença do Estado na solução do conflito, exceto quando se passa à fase
executória.
Conceito
Jurisdição é a função do Estado (exercida em regra pelos órgãos jurisdicionais) mediante a qual o julgador
se substitui aos titulares dos interesses em conflito para aplicar o Direito em cada caso concreto (Note bem:
a jurisdição não é única e exclusivamente do judiciário – o Senado, por exemplo, julga o presidente por
crime de responsabilidade). Uma vez violada a norma penal surge para o Estado o direito de punir
concretamente a infração através da aplicação de uma pena. Esse direito só pode ser exercido perante o
órgão jurisdicional competente por meio de um processo que assegure ao acusado todas as garantias
constitucionais. O objetivo da jurisdição é a pacificação social.
Características da jurisdição
Dentre outras podemos destacar as seguintes: (a) inércia da jurisdição (ne procedat iudex ex officio); (b)
definitividade das decisões, que se dá pela coisa julgada; (c) esgotamento de modo que não pode haver
dupla apenação pelo mesmo fato delituoso (não há revisão criminal pro societate); (d) substitutividade,
segundo a qual o órgão julgador se substitui às partes na solução da controvérsia; (e) lide, no processo
penal sempre haverá uma pretensão resistida, pois que é da natureza das coisas, ainda que confesse, a
resistência do réu à sanção penal.
Princípios sobre jurisdição
a) PRINCÍPIO DA INVESTIDURA – a jurisdição só será exercida por quem tenha sido
regularmente investido na autoridade do juiz e esteja em exercício. Dois modos:
concurso público e quinto constitucional por indicação do Chefe do Executivo
competente.
Lei processual que altera a competência e sua aplicação: lei que altera a competência tem aplicação
imediata aos processos em curso? É bem verdade que o critério de aplicação da lei processual é a aplicação
imediata (art. 2º, CPP: “A lei processual penal aplicar-se-á desde logo...”). A lei que altera a competência
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tem aplicação imediata para os fatos praticados após sua vigência; porém, para a jurisprudência, lei que
altera a competência tem aplicação imediata inclusive aos processos em andamento, salvo se já houver
sentença relativa ao mérito, hipótese em que o processo deverá seguir na jurisdição em que a decisão foi
prolatada (STF, HC 76.510). No sentido de que a criação de vara especializada provoca o deslocamento da
competência para processamento e julgamento da vara comum para a vara especializada, HC – 86.660 (STF
– Plenário) e HC-85060 (STF - 1ª Turma).
Ao aplicar o precedente firmado no julgamento do HC 88660/CE (j. em 15.5.2008), no sentido de não haver
afronta ao princípio do juiz natural na especialização de varas e na conseqüente redistribuição dos
processos, ainda que já tenha havido decisões do juízo originalmente competente, a Turma, em conclusão
de julgamento, indeferiu habeas corpus no qual condenado por formação de quadrilha (CP, art. 288) e
gestão fraudulenta de instituição financeira (Lei 7.492, art. 4º) requeria a nulidade do processo penal, sob
alegação de ofensa ao aludido princípio constitucional (CF, art. 5º, XXXVII e LIII) — (...) v. Informativo 395.
HC 85060/PR, rel. Min. Eros Grau 23.9.2008. (HC-85060)
Convocação de juízes de 1º Grau para substituir desembargadores: Esta substituição encontra respaldo
legal, no art. 118 da Lei Complementar 35/79. Também o art. 4º da Lei 9.788/99 prevê isto para a justiça
federal. Assim, sabendo que é sim possível a substituição, importa agora saber como ela deve se dar, a fim
de que não viole o princípio do juiz natural. Ora, de pronto asseveramos que esta convocação não pode ser
feita através de um sistema de voluntariado (porque seria algo discricionário) nem tampouco por meio de
indicação do desembargador substituído (uma vez que é preciso que as regras sejam objetivas) – ADIn
1.481. Portanto, temos que essa convocação deve ser feita por meio de critérios objetivos pré-
determinados sob pena de violação do princípio do juiz natural. Aqui, também insta analisar a situação em
que o julgamento da turma no Tribunal se dá por maioria de juízes convocados: para o STJ e STF não há
mácula ao princípio do juiz natural, desde que a convocação dos juízes tenha sido feita na forma da lei.
Entendimento, esse, que homenageia a duração razoável do processo, "materializando o ideal de uma
prestação jurisdicional célere e efetiva". (STJ, HC 126.390; STF, HC 96.821).
Competência
Conceito
Competência é o poder conferido (pela Constituição ou pela lei) a cada juiz para conhecer e julgar
determinados litígios. Em outras palavras, competência é a medida, é o limite, da jurisdição, dentro dos
quais o órgão jurisdicional pode dizer o direito. Todos os juízes devidamente investidos no cargo contam
com jurisdição. Mas só podem dirimir os conflitos dentro da sua respectiva competência. Em resumo:
constitui um limite da jurisdição.
Critérios de fixação da competência
I) competência ratione materiae: fixada em virtude da natureza da infração penal. Ex. crimes militares e
crimes eleitorais, sendo o primeiro julgado pela justiça militar e o segundo pela justiça eleitoral. II)
competência ratione personae: é a competência estabelecida em razão do sujeito ativo do delito, por
causa do cargo que exerce ou função que desempenha. É por isto que o próprio STF substitui esta
expressão por ‘ratione funcionae’, a significar foro por prerrogativa de função. III) competência territorial
ou ratione loci: É competência territorial, sendo em regra fixada pelo local da consumação do delito. IV)
competência funcional: a competência é fixada conforme a função que cada um dos órgãos jurisdicionais
exerce no processo – ela varia de acordo com a função do órgão jurisdicional. A competência funcional
pode ser subdividida em: a) por fase do processo, de acordo com a fase em que o processo se encontra, um
órgão jurisdicional diferente exercerá a competência (o ex. é o do tribunal do júri, em numa primeira fase
temos o juiz sumariante e temos depois o tribunal do júri que efetivamente julga). b) competência
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funcional por objeto do juízo, segundo a qual a competência será exercida a depender das questões a
serem decididas – o ex. é novamente o do júri, em que o juiz decide algumas questões e os jurados outras;
outro exemplo seria o incidente de inconstitucionalidade nos tribunais, apreciado pelo pleno ou pelo órgão
especial, cujo julgamento vinculará o órgão fracionário no julgamento da questão principal. c) competência
funcional por grau de jurisdição: é aquela que divide a competência entre órgãos jurisdicionais superiores e
inferiores. Note bem: alguns doutrinadores ainda dizem que a competência funcional pode ser dividida em
horizontal (quando não há hierarquia entre os órgãos jurisdicionais) e vertical (quando há hierarquia entre
os órgãos jurisdicionais).
Guia prático da fixação da competência:
1º) Deve-se começar pela jurisdição competente de qual nacionalidade (COMPETÊNCIA INTERNACIONAL).
2º) Sendo fixada a nacional, qual é a jurisdição competente. Pode ser a especial (Militar ou Eleitoral) ou a
comum (Federal ou Estadual).
3º) Estabelecida a justiça: Qual é o órgão jurisdicional hierarquicamente competente? (O acusado tem foro
especial por prerrogativa de função ou não?; Deve ser julgado pela primeira instância ou por algum
Tribunal?).
3.4 Qual é o foro territorialmente competente? (Competência ratione loci - lugar da infração ou domicílio
do réu?).
3.5 Qual é o juízo competente? (Qual a vara competente, de acordo com a natureza da infração penal? Vara
comum ou Vara do Júri? É a chamada competência do juízo).
3.6 Qual é o juiz competente? (competência interna). LEI DE ORGANIZAÇÃO JUDICIÁRIA. Doutrina de Pacelli
acerca da Organização Judiciária8
3.7 Qual é o órgão competente para julgar eventual recurso?
3.8 Competência do Tribunal Penal Internacional.
ELEITORAL
ESPECIAL TRABALHISTA
JUSTIÇA MILITAR: estadual e federal
COMUM ESTADUAL
FEDERAL
ÓRGÃO COMPETÊNCIA ORIGINÁRIA
HIERÁRQUICO 1a. INSTÂNCIA
FORO
JUÍZO
JUIZ
TURMA RECURSAL
TJ
ÓRGÀO Turma recursal
TJ
RECURSAL TRIBUNAIS SUPERIORES TRIBUNAIS SUPERIORS: STJ e STF
CORTE INTERAMERICANA DE
DIREITOS HUMANOS
TPI
8 “há quem sustente que as regras de organização judiciária também se instituem como competência absoluta. Pensamos que
não. A nosso juízo, somente a CR/88 pode definir regras relativas à competência absoluta, em razão da função ou em razão da
matéria. Embora não se possa negar que as normas de organização judiciária, quando criam varas especializadas, estão
estabelecendo competência por matéria, o fato é que o princípio do juiz natural e, assim, da competência absoluta, impõe-se
apenas como competência de jurisdição (da Justiça Federal, Estadual, Militar, Eleitoral, Trabalhista etc.). Por isso,
independentemente da instituição de varas especializadas, se a matéria é da competência (constitucional) de Juiz de Direito, o
vício de incompetência será relativo, se não obedecida a organização judiciária (quando a decisão for proferida por um Juiz de
Direito, de outra Vara).”
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A competência internacional
A jurisdição é uma função estatal estabelecida no artigo 2o da CF. Os poderes da República expressam o
exercício da soberania estatal. A regra é a de que a jurisdição nacional, como parcela que é da soberania
nacional, somente se aplica a fatos ocorridos dentro do território nacional. Como expressão do PRINCÍPIO
DA TERRITORIALIDADE.
A competência internacional é norteada por dois critérios:
Conveniência – exclui-se os conflitos irrelevantes para o Estado, isto é, sem repercussão
Viabilidade – possibilidade de impor sua força.
O poder estabelecido no parágrafo único do artigo 1 o. é um PODER INDIVISÍVEL. Esse poder se divide, para
efeitos práticos, em órgãos que são chamados de Poderes (artigo 2o, CF).
O Estado, como regra, não pode exercer a sua soberania fora do território nacional (componente espacial
do Estado, é a porção sobre a qual o Estado exerce a sua jurisdição): território real ou território restrito e
território por extensão ou território por ficção jurídica.
TERRITÓRIO POR EXTENSÃO ou TERRITÓRIO POR FICÇÃO JURÍDICA: aeronave pública nacional onde quer
que esteja; embarcação pública nacional onde quer que esteja; aeronave particular nacional, no espaço
aéreo nacional e no espaço aéreo internacional; embarcação particular nacional, no mar territorial e no
mar internacional.
Representação diplomática: a sua sede não se afigura um território por extensão, o que não quer dizer que
ali não se admita restrições às atividades de constrição. EXEMPLO: brasileiro mata outro brasileiro dentro
da embaixada brasileira nos EUA, a jurisdição brasileira somente será aplicada em caso de imunidade
diplomática. Ou seja, determinadas pessoas que estejam protegidas pela imunidade diplomática somente
podem ser processadas no seu país de origem.
Exceções ao princípio da territorialidade: estão previstas no artigo 7o, do CP, ou seja, a chamada
EXTRATERRITORIALIDADE PENAL, que consiste na aplicação da jurisdição nacional a fatos ocorridos fora do
território nacional. Outra exceção consiste na imunidade diplomática. Há, ainda, outra exceção, qual seja, a
INTRATERRITORIALIDADE, consistente na aplicação da lei estrangeira a crimes praticados no território do
Brasil; intraterritorialidade essa prevista em tratados e acordos internacionais.
Justiças Especializadas
A jurisdição especial é exercida por órgãos judiciários que julgam apenas pretensões de natureza
9 Vide Roberto Luis Luchi Demo, in “A Jurisdição Penal Brasileira. Desenho em relação ao Espaço e às Pessoas. Concorrência de
Jurisdições Nacional e Estrangeira. Conseqüência de sua Ausência ou Deficiência”, publicado na RDPP n.º 38/66-82.
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determinada: Justiça do Trabalho, Justiça Militar e Justiça Eleitoral. Já a jurisdição comum é exercida pelos
órgãos que julgam pretensões de qualquer natureza (salvo as submetidas às Justiças Especiais): Justiça
Estadual e Justiça Federal Comum.
Há quem entenda ser a Justiça Federal órgão que exerce jurisdição especial. Neste sentido, Athos Gusmão
Carneiro e Araújo Cintra, Dinamarco e Grinover.” (Câmara, pág. 75)
A justiça ordinária Estadual, é, em conclusão, a que exerce a jurisdição residual em todos os campos do
direito material não atribuídos as Justiças Especiais nem à Justiça Comum Federal (visto que sua
competência vem enumerada na Constituição Federal de 1988).
OBS.: Para Pacelli, A razão de ser da súmula n. 122 do STJ que entende como prevalente a competência da
justiça federal no caso de conexão com crimes da justiça estadual reside no fato de que a competência da
justiça federal está expressa na CR/88, enquanto que a da justiça estadual é residual, o que faz da Justiça
Federal uma justiça especial no caso em que comparada diretamente com a Justiça Estadual.
Pode-se falar em JURISDIÇÃO POLÍTICA ou extraordinária, que não se confunde com a justiça
especializada. Corresponde à atividade jurisdicional exercida por órgãos políticos alheios ao poder
judiciário, com o objetivo de afastar o agente que comete crimes de responsabilidade. JURISDIÇÃO
POLÍTICA (IMPEACHMENT): Presidente é Senado Federal (Lei 1079); Governadores são as AL (Lei 1079);
Prefeito (Decreto 201) julgamento é das Câmaras Municipais.
É interessante mencionar que a expressão “crimes políticos” é usada em dois sentidos: a) em sentido
amplo = são aqueles cuja qualidade de funcionário público é uma elementar do delito. Ex. art. 312, CP e SS.
São os crimes funcionais. Na constituição, os crimes de responsabilidade com este primeiro sentido são
chamados de crimes comuns. b) crime de políticos ou de responsabilidade em sentido estrito, são aqueles
que só podem ser praticados por determinados agentes políticos. Não tem natureza jurídica de infração
penal, mas sim de infração político-administrativa – é o sentido utilizado no art. 52, CF.
Juiz do trabalho – não possui jurisdição criminal.
Justiça militar estadual (art. 125, CF)
A justiça militar dos Estados é composta:
contra civil, competindo à Justiça Comum a competência para julgamento dos referidos
delitos. (CC 113020/RS, Rel. Ministro OG FERNANDES, TERCEIRA SEÇÃO, julgado em
23/03/2011, DJe 01/04/2011)
Inicialmente, observou o Min. Relator que, para verificar a competência da Justiça Militar, é
preciso que o fato delituoso se enquadre em uma das hipóteses previstas no art. 9º do
Código Penal Militar (CPM). Em seguida, ressaltou que, na espécie, o fato delituoso ocorreu
em local que não é instituição sujeita à administração militar. Além disso, o acusado estava
de folga no momento do cometimento do crime, a afastar as hipóteses elencadas no inciso
II do art. 9º do referido codex. Asseverou igualmente não incidir o inciso III do mesmo
diploma legal, na medida em que o acusado não estava na reserva ou reformado,
tampouco o delito fora praticado contra as instituições militares. (...) Assim, ainda que a
conduta delitiva tenha sido facilitada em razão da particular condição de policial militar,
uma vez que ele conseguiu ter acesso ao pátio da delegacia de polícia sem ser vigiado, a
ação delituosa não se subsumiu a nenhuma das referidas hipóteses legais para atrair a
competência do juízo militar. CC 115.597-MG, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em
14/3/2012. (info 493 - STJ)
A Justiça militar é competente para processar e julgar os crimes de lesão corporal
cometidos por militares no exercício de sua função, ainda que contra vítima civil. Por outro
lado, a Justiça comum é competente para investigar eventual crime doloso contra a vida
praticado por militares contra civil (Lei n. 9.229/1996). Assim, não havendo indícios
mínimos do animus necandi, fica afastada a competência da Justiça comum. No caso, o
inquérito policial militar foi instaurado para apurar eventual infração penal militar de
lesões corporais, fatos consistentes na troca de tiros entre policiais militares em serviço e
foragido da Justiça que, após resistir à ordem de recaptura, foi alvejado. Assim, ficou
evidenciado que os policiais agiram no exercício de sua função e em atividade de natureza
militar, o que caracteriza a existência de crime castrense. Precedentes citados: CC 64.016-
AM, DJ de 22/10/2007, e RHC 16.150-SP, DJ 28/3/2005. CC 120.201-RS, Rel. Min. Laurita
Vaz, julgado em 25/4/2012. STJ – info 496
STF
A norma do parágrafo único inserido pela Lei nº 9.299/99 no art. 9º do Código Penal
redefiniu os crimes dolosos contra a vida praticados por policiais militares contra civis, até
então considerados de natureza militar, como crimes comuns. Trata-se, entretanto, de
redefinição restrita que não alcançou quaisquer outros ilícitos, ainda que decorrente de
desclassificação, os quais permaneceram sob a jurisdição da Justiça Militar, que, sendo de
extração constitucional (art. 125, § 4º, da CF), não pode ser afastada, obviamente, por
efeito de conexão e nem, tampouco, pelas razões de política processual que inspiraram as
normas do Código de Processo Penal aplicadas pelo acórdão recorrido. Recurso provido.
(RHC 80718, Relator(a): Min. ILMAR GALVÃO, Tribunal Pleno, julgado em 22/03/2001, DJ
01-08-2003 PP-00106 EMENT VOL-02117-41 PP-08911)
Ao reafirmar entendimento no sentido de que a condição de militar da ativa não seria
suficiente, por si só, para atrair a excepcional competência da justiça castrense. (...)
Observou-se que o local em que supostamente cometido o delito seria uma associação civil
de direito privado e que o fato teria ocorrido no exercício de atividade estranha à função
militar, a afastar a configuração de crime dessa espécie. Asseverou-se que a simples
circunstância de a Marinha haver disponibilizado instalações para a referida entidade não
transformaria esta em “lugar sujeito à administração militar”. Ademais, destacou-se que a
competência da justiça castrense não poderia ser ampliada indevidamente, a ponto de
equiparar-se clube social a organização militar. Assinalou-se que por mais grave que tivesse
sido a eventual prática criminosa, ela não teria reflexo na ordem e na disciplina militares,
cuja tutela seria a razão maior de ser dessa justiça. (HC 95471/MS, rel. Min. Gilmar
Mendes, 15.5.2012. – info 666)
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Justiça Eleitoral
É competente para julgar os crimes eleitorais, definidos na legislação eleitoral, e os conexos. Exceção:
homicídio doloso contra a vida é da competência do júri e não vai para o eleitoral, mesmo que conexo com
crime eleitoral, pois a competência do júri também está na CF (respeitam-se as duas competências, o crime
eleitoral vai para a justiça eleitoral enquanto o homicídio vai para o júri).
Crimes eleitorais podem ser praticados durante ou não o período de eleições.
OBS: Já em relação aos crimes contra a Justiça Eleitoral (que não se confunde com os crimes eleitorais),
compete à Justiça Federal processar e julgar em detrimento da administração da Justiça Eleitoral, por isso
não se trata de crime eleitoral. A circunstância de ocorrer o falso depoimento em processo eleitoral não
estabelece vínculo de conexão parar atrair a competência da Justiça Eleitoral, afetando seu processo e
julgamento à Justiça Federal. (Roberto Luis Luchi Demo, in RJ 328/97-117). Idem para Justiça Trabalhista.
COMPETE A JUSTIÇA FEDERAL DE PRIMEIRO GRAU PROCESSAR E JULGAR CRIMES COMUNS PRATICADOS
CONTRA JUIZ DE DIREITO NO EXERCICIO DA JURISDIÇÃO ELEITORAL. (CC 7431/BA, Rel. Ministro VICENTE
LEAL, TERCEIRA SECAO, julgado em 02/03/1995, DJ 27/03/1995, p. 7126)
Justiça do Trabalho
Não tinha competência criminal, mas agora julga o HC de sua jurisdição (EC/45). Antes, o HC contra juiz do
trabalho iria para o TRF, agora vai para o TST. Cuidado: na ADIn 3684 o STF entendeu que a EC nº45/2004
não atribuiu competência criminal genérica à Justiça do Trabalho, mas só a específica já vista neste item.
Habeas Corpus e Justiça Trabalhista [Informativo 394 do STF]: A Turma deferiu habeas corpus em favor de
paciente que, nos autos de reclamação trabalhista, tivera contra ele determinada, por Juízo de Vara do
Trabalho de comarca do Estado de Minas Gerais, a prisão civil, sob a acusação de infidelidade como
depositário judicial. Na espécie, denegado habeas corpus impetrado ao TRT/MG, o paciente interpusera
recurso ordinário ao TST, que o desprovera, e impetrara, também, novo habeas corpus ao STJ, que
concedera a ordem por não ter havido aceitação expressa do encargo de depositário judicial, sem a qual o
decreto de prisão é ilegítimo. Considerando que os habeas corpus foram julgados antes da edição da EC
45/2004, entendeu-se aplicável, ao caso, a jurisprudência até então firmada pelo Supremo, no sentido de
competir ao juízo criminal o julgamento de habeas corpus, em razão de sua natureza penal, ainda que a
questão material subjacente seja de natureza civil, cabendo o julgamento ao Tribunal Regional Federal,
quando a coação for imputada a Juiz do Trabalho de 1º Grau (EC 45/2004: “Art. 114. Compete à Justiça do
Trabalho processar e julgar:... IV - os mandados de segurança, habeas corpus e habeas data, quando o ato
questionado envolver matéria sujeita a sua jurisdição.”). HC deferido para cassar o acórdão do TST, único
impugnado, e declarar válido o acórdão do STJ. Precedente citado: HC 68687/PR (DJU de 4.10.91). HC
85096/MG, rel. Min. Sepúlveda Pertence, 28.6.2005. (HC-85096)
Atenção!!! Com o entendimento do STF, materializado em súmula vinculante, acerca da impossibilidade de
prisão civil do depositário infiel, em razão da supralegalidade do Pacto de São Jose da Costa Rica, o Juiz do
Trabalho não poderá mais decretar tais prisões, restando infundado qualquer resquício de competência
criminal da Justiça do Trabalho.
Justiça Comum
A CF não estabelece a competência da justiça estadual. A sua competência é residual, remanescente, que
se determina por exclusão. Isso é em razão da previsão expressa da justiça federal.
Justiça Federal
Antes de mais nada, façamos uma breve análise das atribuições investigatórias da polícia federal: As
atribuições investigatórias da polícia federal são mais amplas que a competência criminal da justiça federal,
porque a PF pode investigar crimes de repercussão interestadual. Disto, inferimos que não é
necessariamente da competência federal tudo aquilo que a PF investiga (Lei 10.446)
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Considerações Introdutórias
A competência penal da Justiça Federal se divide pelos incisos IV, V, V-A (quando a causa se tratar de
crime), VI, VII, IX e X a XI do Art. 109 da CF/88. Segundo Pacelli, “o critério utilizado pelo constituinte pode
ser explicado a partir da busca de um dimensionamento mais ou menos preciso das questões que poderiam
afetar, direta ou indiretamente, os interesses federais e os interesses nacionais”.
No campo da definição de interesses federais, a opção se manifestou na proteção da Administração Pública
Federal (inc. IV, segunda parte).
A hipótese matriz de incidência é o inciso IV do Art. 109 da CF/88: Para a incidência deste
inciso, basta à ofensa a bens, interesses ou serviços destas entidades, não sendo necessário
a ocorrência de efetivo prejuízo. Isto porque o eventual ressarcimento do dano não
descaracteriza a prática do ilícito penal, configurando, quando muito, causa geral de
diminuição de pena (desistência voluntária ou arrependimento eficaz, ou arrependimento
posterior) ou causa de extinção de punibilidade (art. 9º da Lei 10.684/03). Compete a
justiça federal processar e julgar infrações penais praticadas em detrimento dos bens,
interesses ou serviços da empresa brasileira de correios e telegrafos, ainda que tenha
ocorrido o ressarcimento do prejuizo financeiro. (CC 17757/BA, 3ª Seção, Rel. Ministro
FERNANDO GONÇALVES, julgado em 12.11.1997, DJ 09.12.1997 p. 64592)
No concurso entre a competência da Justiça Federal e da Justiça Estadual prevalecerá a competência da
Federal, não porque ela seja especial ou mais graduada, mas porque a sua jurisdição recebeu tratamento
expresso, enquanto a da Justiça Estadual se definiu pela regra de exclusão, sendo, portanto, no ponto
residual. Súmula n.º 122 do STJ (DJU DE 07/12/1994) – Compete à Justiça Federal o processo e julgamento
unificado dos crimes conexos de competência federal e estadual, não se aplicando a regra do art. 78, II, "a",
do Código de Processo Penal. [independentemente da infração ser a mais grave ou não]
Atenção: Entretanto, conforme vem entendendo o STJ, a manutenção do julgamento do crime da
competência estadual só se firma na Justiça Federal caso haja conexão entre os delitos. Assim é que
inúmeros julgados têm revelado que a aplicação desse enunciado sumular se restringe a situações nas
quais efetivamente comprovada hipótese de conexão, não sendo suficientes meras circunstâncias casuais a
ligarem os delitos da alçada estadual a crimes da órbita federal.
Crime contra mista é de competência da Justiça estadual. Ex: Banco do Brasil, salvo se a sociedade
de economia mista agir por delegação da União.
CONEXÃO CONSEQUÊNCIA
conexão federal é remetida à justiça estadual
crime Procurador denuncia o crime, tira cópias e remete para a justiça
contravenção
federal estadual a contravenção
Não pode denunciar crime federal e esquecer a contravenção penal.
Justiça Eleitoral e Justiça Militar – Foram expressamente ressalvadas, mas a sua referência seria
desnecessária, tendo em vista tratar-se de Justiças Especializadas.
Estão excluídos os “crimes federais” praticados por menores inimputáveis. A CF/88 estabelece a
competência da JF para julgar apenas CRIMES e não ATOS INFRACIONAIS que é a natureza do ato praticado
por criança/adolescente análogo à crime. Competência: Justiça da Infância e da Juventude. “Tratando-se de
crime praticado por menores inimputáveis, a competência se estabelece a favor do Juízo da Infância e da
Juventude (ou do Juiz que, na comarca, exerça tal função). Hipótese que não se subsume ao art. 109, IV da
Constituição Federal, ainda que o crime tenha sido praticado em detrimento da União.” (STJ, CC 31603/SP,
3ª Seção, Rel. Ministro JOSÉ ARNALDO DA FONSECA, julgado em 11.06.2001, DJ 27.08.2001 p. 222)
Compete, todavia, à Justiça Federal processar e julgar os crimes consistentes em disponibilizar ou adquirir
material pornográfico envolvendo criança ou adolescente (artigos 241, 241-A e 241-B da Lei 8.069/90)
quando praticados por meio da rede mundial de computadores. A competência é da Seção Judiciária do
local onde o réu publicou as fotos, não importando o local onde se localiza o servidor.
Caso as fotos tenham sido disponibilizadas no exterior o crime poderá ser julgado no Brasil, por se
enquadrar na hipótese prevista no art. 7º, II, do CP, cumpridas as condições do § 2º deste artigo. Nesse
caso, será competente a Seção Judiciária da capital do estado de última residência do autor ou, se nunca
residiu no Brasil, no Distrito Federal (art. 88, CPP).
Bem = coisa + valor econômico/jurídico. Os bens da União estão elencados no artigo 20 da CF/88 (o rol é
exemplificativo, haja vista a cláusula de encerramento prevista no inciso I do Art. 20). Os bens das
autarquias e das empresas públicas estão estabelecidos nas leis que regulam essas pessoas jurídicas.
Lei 9.472/97, Art. 157. O espectro de radiofrequências é um recurso limitado, constituindo-se em bem
público, administrado pela Agência. [Lei que criou a ANATEL]
Desvio de verbas dos municípios: a União repassa valores aos Municípios mediante uma contrapartida
deles. A competência para julgamento de crime contra o prefeito em relação aos valores dependerá da
incorporação ou não ao patrimônio municipal, nos termos das súmulas 208 e 209 do STJ.
Súmula: 208 do STJ – Compete a Justiça Federal processar e julgar prefeito municipal por
desvio de verba sujeita a prestação de contas perante órgão federal. [sempre que o recurso
for repassado mediante convênio, acordo, ajuste ou outro instrumento congênere nos
termos art. 71, VI da CF/88]
4. Atenção para esta decisão do STF noticiada no Informativo nº 459 (Entendo que devemos
manter o posicionamento do enunciado nº 208 da Súmula do STJ): Art. 89 da Lei 8.666/93:
Repasse de Verba e Competência “Entendeu-se que o fato de haver controle pelo TCU, bem
como convênio vinculando a execução de uma obra específica a um determinado repasse,
não seriam suficientes para atrair a competência da justiça federal, nos termos do art. 109, IV,
da CF. Asseverou-se que esse repasse faria ingressar, no patrimônio estadual, a verba
transferida e que eventual delito previsto na Lei de Licitações ou no Código Penal ensejaria a
competência da justiça estadual, haja vista que não se poderia identificar, no repasse, um
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interesse direto da União a justificar a competência da justiça federal. Vencido o Min. Carlos
Britto, relator, que, tendo em conta tratar-se de repasse vinculado, indeferia o writ para
assentar a competência da justiça federal.” (HC 90174/GO, rel. originário Min. Carlos Britto,
rel. p/ o acórdão Min. Menezes Direito, 4.12.2007. - HC-90174)
Súmula: 209 do STJ – COMPETE A JUSTIÇA ESTADUAL PROCESSAR E JULGAR PREFEITO POR
DESVIO DE VERBA TRANSFERIDA E INCORPORADA AO PATRIMONIO MUNICIPAL. [Os
recursos decorrentes das transferências constitucionais previstas no art. 158, II (ITR) e art.
159, I, b (Fundo de Participação dos Municípios) não são fiscalizados pelo TCU que possui
tão somente a função de calcular o valor das quotas consoante o art. 161, PU da CF/88)
O Renato Brasileiro, 2015, afirma: “Em relação ao desvio de verbas públicas oriundas de convênios firmados
pela União, municípios, entendem os Tribunais Superiores que se a verba já estiver incorporada ao
patrimônio municipal, a competência será da Justiça Estadual, porquanto não haveria ofensa a interesse
federal. Lado outro, se averba ainda estiver sujeita à prestação de contas perante órgão federal, a
competência será da Justiça Federal.” (p. 411).
Se o autor do fato delituoso for o Prefeito a competência será do Tribunal Regional Federal, Tribunal
Regional Eleitoral (em caso de crime eleitoral) ou Tribunal de Justiça nos termos da Súmula 702 do STF: “A
competência do Tribunal de Justiça para julgar Prefeitos restringe-se aos crimes de competência da Justiça
comum estadual; nos demais casos, a competência originária caberá ao respectivo tribunal de segundo
grau.” Se se tratar de ex-prefeito, a competência será do Juiz de 1º Grau.
“Parcelamento de Terras Pertencentes à União e Competência da Justiça Federal Compete
à Justiça Federal o processamento e julgamento da ação penal proposta para apurar a
prática do crime de parcelamento irregular de terras pertencentes à União.” (RHC
86081/RO, rel. Min. Gilmar Mendes, 25.10.2005. - RHC-86081)
Jurisprudência referente a BENS da União (por tribunal e por ordem cronológica)
STJ
Consoante entendimento pacificado desta Corte, nos termos da súmula 208/STJ, compete à Justiça federal
processar e julgar a ação penal relativa ao crime de desvio de verbas oriundas do Fundo de Manutenção e
de Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério - FUNDEF, porquanto sujeitas
ao controle do Tribunal de Contas da União. (CC 36386/BA, Rel. Ministro FERNANDO GONÇALVES,
TERCEIRA SEÇÃO, julgado em 12/02/2003, DJ 10/03/2003, p. 86)
A competência da Justiça Federal, expressa no art. 109, inciso IV, da Lex Fundamentalis, aplica-se às
hipóteses em que os crimes são perpetrados em detrimento de bens, serviços ou interesses da União, ou
de suas autarquias ou empresas públicas. Na hipótese, está justificada a atração da competência da Justiça
Federal, visto que o feito envolve a apuração de suposta apropriação clandestina de selos por funcionários
dos Correios, que atuavam na condição de funcionários públicos. (HC 200901831972, FELIX FISCHER, STJ -
QUINTA TURMA, DJE DATA:02/08/2010.)
Hipótese em que foi instaurado inquérito policial para apurar a suposta prática do crime de estelionato,
consistente na implantação fraudulenta de empréstimo consignado em folha de pagamento de proventos
de aposentadoria pagos pelo Instituto Nacional do Seguro Social - INSS a determinada beneficiária, perante
instituição financeira privada. 2. Considerando-se que o delito não foi cometido em detrimento de bens,
serviços e interesses da União ou sua entidade autárquica, mas sim contra particulares (aposentada e
instituição financeira privada), não há que se falar em competência da Justiça Federal. (CC 200802476599,
JORGE MUSSI, STJ - TERCEIRA SEÇÃO, DJE DATA:20/05/2010.)
O documento supostamente falsificado teria sido expedido pela Justiça Federal, entretanto, foi utilizado
para fins particulares, ou seja, celebrar compromisso de compra e venda de imóvel. Assim, forçoso
reconhecer que não há violação a interesses, bens ou serviços da União, mas, sim, prejuízo a particular, no
caso, o promitente comprador do imóvel, motivo porque é competente para apreciar a suposta prática do
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delito de falsificação de documento a Justiça Estadual. (HC 200901480408, OG FERNANDES, STJ - SEXTA
TURMA, DJE DATA:25/10/2010.)
A suposta fraude ocorrida na guia de pagamento DARF - Documento de Arrecadação da Receita Federal -
acarretou prejuízo ao próprio particular, que efetuou novo pagamento do tributo devido, não lesionando,
portanto, a Receita Federal, eis que se perfez a arrecadação do valor. Precedentes. (CC 201000232714,
MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, STJ - TERCEIRA SEÇÃO, DJE DATA:18/06/2010.)
A Medida Provisória nº 353, convertida na Lei nº 11.484/2007, determinou a transferência dos bens da
Rede Ferroviária Federal à União (Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes – DNIT). 2.
Tratando-se de alteração de competência absoluta (em razão da matéria) e inexistindo sentença de mérito,
desloca-se para a Justiça Federal, em virtude do interesse da União, a competência para processar e julgar
o crime de furto de 'dormentes' de linha férrea pertencente à extinta RFFSA (Rede Ferroviária Federal S/A).
(CC 200802679572, JORGE MUSSI, STJ - TERCEIRA SEÇÃO, DJE DATA:30/06/2010.)
STF
Conflito negativo de atribuições entre o ministério público federal e o ministério público do estado de são
paulo. Competência do Supremo Tribunal Federal para processar e julgar a ação. precedentes. conflito de
atribuições. Apuração de supostas irregularidades na aplicação dos recursos oriundos do Pronaf. Interesse
da União. art. 109, inc. I, da Constituição da República. Atribuição do ministério público federal.109, I,
Constituição. (1281 SP , Relator: Min. CÁRMEN LÚCIA, Data de Julgamento: 13/10/2010, Tribunal Pleno,
Data de Publicação: DJe-243 DIVULG 13-12-2010 PUBLIC 14-12-2010 EMENT VOL-02450-01 PP-00001)
Desvio de recursos provenientes do Fundo de Manutenção e de Desenvolvimento do Ensino Fundamental e
Valorização do Magistério – FUNDEF. 3. Competência da Justiça Federal. Precedentes. (HC 100772, GILMAR
MENDES, STF)
Os serviços são os desempenhados em decorrência do exercício de competência administrativa (art. 21, CF)
ou competência material ou competência não-legislativa.
É da competência federal somente quando o serviço for desempenhado DIRETAMENTE por uma das
entidades previstas, não abrangendo quando houver descentralização por colaboração (concessionária de
serviço público federal) ou contrato de franquia (agência franqueada da ECT). Nesse sentido os seguintes
julgados:
“Nas concessões de serviço público, os bens pertencem à própria empresa concessionária, que explora o
serviço em nome próprio, com seu patrimônio e por sua conta e risco. Desse modo, sem a demonstração
de prejuízo em detrimento de bens ou interesses da União, não se justifica a competência da Justiça
Federal.” (CC 37.751/DF, Rel. Ministro PAULO MEDINA, TERCEIRA SEÇÃO, julgado em 14.05.2003, DJ
16.06.2003 p. 259)
Nos crimes praticados contra agências da ECT a fixação da competência depende da natureza econômica
do serviço prestado. Quando é explorado diretamente pela empresa pública, a competência é da Justiça
Federal. Se a exploração for feita por particular, mediante franquia, a Justiça estadual será a competente.
No caso, trata-se de uma Agência de Correios Comunitária operada mediante convênio, em que há
interesse recíproco dos agentes na atividade desempenhada, inclusive da empresa pública. Assim, a Seção
entendeu que prevalece o interesse público ou social no funcionamento do serviço postal por parte da
empresa pública federal e por isso há maior similitude com as agências próprias. Dessa forma, a
competência será da Justiça Federal. CC 122.596-SC, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 8/8/2012.
STJ info 501
Quanto aos serviços, ainda devemos fazer uma análise de algumas questões fáticas: I)
desenvolvimento clandestino de telecomunicação (é a rádio pirata), prevista na Lei 9.472/97. Quem julga
este delito? o raciocínio é o seguinte: a quem compete explorar os serviços de telecomunicações? À União,
conforme o art. 21, XI, CF. Assim, crime contra serviço da União é crime de competência da Justiça Federal.
II) crime de receptação clandestina de TV a cabo: O STJ tem diversos julgados no sentido de que tal conduta
amolda-se ao crime de furto capitulado no art. 155 do CP, considerada a previsão normativa de seu § 3º,
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sendo, portanto, um crime patrimonial, de modo que o dano é contra a TV a cabo, razão pela qual a
competência é da justiça estadual ((STJ, Quinta Turma, REsp 1123747, Rel. Min. Gilson Dipp, DJe de
01/02/2011). OBS: o Supremo tem precedentes sinalizando que tal fato é atípico, uma vez que o sinal de TV
a cabo não pode ser equiparado a "energia", não sendo possível cogitar-se em analogia in malam partem
(contra o réu) no âmbito do Direito Penal (STF, Segunda Turma, HC 97261, Rel. Min. Joaquim Barbosa, DJe
de 02/05/2011).
III) crimes praticados em programas de televisão: são da competência da justiça estadual.
Pode abranger tanto a hipótese de crimes cometidos contra ou por seus servidores públicos ou então por
particular (apresentação de um documento falso perante o serviço público federal): 1. O crime de uso de
documento falso foi praticado no intuito de burlar a fiscalização realizada pelos agentes da Polícia
Rodoviária Federal, que constitui serviço da União. 3. Conflito conhecido para declarar a competência do
Juízo Federal. CC 41195/RS, 3ª Seção, Rel. Ministro ARNALDO ESTEVES LIMA, julgado em 27.04.2005, DJ
22.06.2005 p. 222
SERVIDOR PÚBLICO FEDERAL vítima ou autor de crime determina a competência da JF quando houver
PERTINÊNCIA TEMÁTICA, ou seja, o crime foi praticado em razão do exercício da função. EXEMPLO 01:
policial federal que sai de férias bebe e mata uma pessoa, a competência é estadual. EXEMPLO 02: policial
federal que está em perseguição e em razão disso comete ou é vítima de um crime, a competência é
federal. O conceito de funcionário público está previsto no art. 327 do Código Penal e foi ampliado pela Lei
9.983/00
OBS.: Nesse ponto cabe apontar a uma “espantosa” EXCEÇÃO, materializada no seguinte julgado:
ATENÇÃO – esse julgado faz um distinguishing em relação ao precedente da Súmula n. 147/STJ 11: Nos
termos do art. 92, III da Lei Maior, os Juízes Federais são órgãos do Poder Judiciário, qualidade essa que
impõe o reconhecimento do interesse da União no julgamento de crimes de que sejam vítimas, o que atrai
a competência da Justiça Federal para processar e julgar a respectiva Ação Penal, nos termos do art. 109, IV
da CF/88. Outrossim, tal qualidade não pode ser ignorada quando da fixação do Juízo competente, devendo
ser levada em consideração, ainda que a vítima não esteja no exercício das funções jurisdicionais. 2. A
interpretação restritiva prevista na Súmula 147/STJ não se aplica aos Juízes Federais, ocupantes de cargos
cuja natureza jurídica não se confunde com a de funcionário público, mas sim com a de órgão do Poder
Judiciário, o que reclama tratamento e proteção diferenciados, em razão da própria atividade por eles
exercida. 3. O art. 95 da Constituição Federal, que assegura a garantia da vitaliciedade aos Magistrados, e
o art. 35, VIII da LC 35/79, que dispõe sobre o dever destes de manterem conduta irrepreensível na vida
pública e particular, revelam a indissolubilidade da qualidade de órgão do Poder Judiciário da figura do
cidadão investido no mister de Juiz Federal e demonstram o interesse que possui a União em resguardar
direitos, garantias e prerrogativas daqueles que detêm a condição de Magistrado. (CC 89397/AC, Rel.
Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO, TERCEIRA SEÇÃO, julgado em 28/03/2008, DJe 10/06/2008) –
Obs.: Pacelli critica esse julgado: tem-se verdadeira personificação do cargo público, pois que se definira a
competência da JF, embora o agente público não estivesse no exercício de suas funções. Na hipótese
concreta a vítima não era o cargo, mas a pessoa. Não teria havido lesão ao serviço, mas à individualidade
da pessoa humana
RE Criminal: Competência da Justiça Comum e SUS. “(...) deferiu habeas corpus de ofício para anular o
processo e reconhecer a competência da justiça comum estadual para o julgamento de administrador e de
médico de hospital privado acusados da suposta prática do crime de concussão contra paciente vinculado
ao Sistema Único de Saúde - SUS. Precedentes citados: HC 81912/RS (DJU de 13.9.2002); HC 56444/SP (DJU
de 28.12.78); HC 71849/SP (DJU de 4.8.95); HC 77717/RS (DJU de 12.3.99).(RE 429171/RS, rel. Min. Carlos
Britto, 14.9.2004. RE-429171)
Embora a concussão seja crime contra a Administração Pública, a jurisprudência entende que, nesta
11 Súmula 147/STJ: Compete à Justiça Federal processar e julgar os crimes praticados contra
funcionário público federal, quando relacionados com o exercício da função.
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SERVIDOR PÚBLICO ESTADUAL investido da função federal determina a competência da justiça federal.
EXEMPLO: juiz de direito exercendo a função eleitoral é xingado por outrem. Os funcionários da justiça
eleitoral são servidores públicos federais. O servidor público estadual pode ser nomeado para um grupo de
trabalho federal, nessa hipótese será servidor público federal.
Teor de Súmulas importantes na nota de rodapé.12
Questão interessante é a falsificação de documento público federal. O STJ possui o entendimento de que
quando o falso é praticado como meio para a consumação de um crime de estelionato e este se dirige ao
patrimônio de um particular, a competência será da Justiça Estadual conforme entendimento cristalizado
na Súmula 107 do STJ (DJU DE 22/06/1994): “Compete à Justiça Comum Estadual processar e julgar crime
de estelionato praticado mediante falsificação das guias de recolhimento das contribuições previdenciárias,
quando não ocorrente lesão à autarquia federal”.
- Se, falsificado documento público cuja elaboração é de atribuição de órgão estadual, ocorre a
apresentação do documento falso perante órgão federal, a competência para o feito criminal decorrente é
da Justiça Federal.
– Se, falsificado documento público cuja elaboração é de atribuição de órgão federal, ocorre utilização do
documento falso em órgão estadual, a competência para o feito criminal decorrente é da Justiça Estadual.
O critério adotado pelo STJ para definir a competência em situações relatadas acima é o do órgão ou
pessoa prejudicado pela apresentação do documento falso, desinfluente o órgão competente para a
elaboração do documento falsificado.
A seguir jurisprudência acerca de documentos:
STJ
Compete à Justiça Federal processar e julgar eventual delito de falsificação de carteira da
Ordem dos Advogados do Brasil. (CC 33198/SP, Rel. Ministro FELIX FISCHER, TERCEIRA
SEÇÃO, julgado em 27/02/2002, DJ 25/03/2002, p. 175)
A Terceira Seção deste Superior Tribunal de Justiça vem decidindo que compete à Justiça
Estadual processar e julgar o crime de falsificação de documento público, consistente na
omissão de anotação de período de vigência do contrato de trabalho de único empregado,
tendo em vista a ausência de lesão a bens, serviços ou interesse da União, consoante o
disposto na Súmula 62/STJ. (CC 200802093406, JORGE MUSSI, STJ - TERCEIRA SEÇÃO, DJE
DATA:03/08/2009.)
Hipótese em que empresa privada deixa de anotar na CTPS da empregada os dados
referentes às atualizações ocorridas no contrato de trabalho, com o fito de frustrar direitos
trabalhistas, dando origem a reclamação trabalhista. Não se vislumbra qualquer prejuízo a
bens, serviços ou interesses da União, senão, por via indireta ou reflexa, do INSS na
anotação da carteira, dado que é na prestação de serviço que se encontra o fato gerador da
contribuição previdenciária. Entendimento da Súmula n.º 62 do STJ. 2. A competência para
julgar crime de falsificação de documento público, consistente na ausência de anotação de
atualização do contrato de trabalho de empregado é da Justiça Estadual, pois inexistente
12 Súmula n.º 147 do STJ (DJU DE 18/12/1995) – Compete à Justiça Federal processar e julgar os crimes
praticados contra funcionário público federal, quando relacionados com o exercício da função.
Súmula 254 do TFR – Compete à Justiça Federal processar e julgar os delitos praticados por funcionário público
federal, no exercício de suas funções e com estas relacionadas.
Súmula n.º 165 do STJ (DJU DE 23/08/1996 - REP EM 03/09/1996) – Compete à Justiça Federal processar e julgar
crime de falso testemunho cometido no processo trabalhista.
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lesão a bens, serviços ou interesse da União. Súmula n.º 62 do STJ. (CC 201001706595,
MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, STJ - TERCEIRA SEÇÃO, DJE DATA:25/11/2010.)
Hipótese em que o agente falsificou Carteira de Habilitação de Arrais Amador (para
condução de embarcação), cuja emissão é realizada pela Marinha do Brasil, órgão
integrante das Forças Armadas. II. Delito de falso cometido por sujeito ativo civil, que
apresentou a documentação no ato de fiscalização naval exercida através da Polícia
Federal. III. Competência da Justiça Federal (Precedentes do Supremo Tribunal Federal).
(CC 200901887335, GILSON DIPP, STJ - TERCEIRA SEÇÃO, DJE DATA:01/12/2010.)
O uso de documento ideologicamente falso em processo trabalhista extrapola a simples
esfera de interesses individuais dos litigantes, pois evidencia a intenção de induzir em erro
a Justiça do Trabalho. 2. No caso dos autos, ao valer-se de cartões de ponto em tese
ideologicamente falsificados perante a Justiça Trabalhista para obter verbas que foram
consideradas improcedentes, o recorrente ofendeu diretamente a prestação jurisdicional,
ou seja, serviço público federal, motivo pelo qual compete à Justiça Federal, nos termos do
artigo 109, inciso IV, da Constituição Federal, processar e julgar o delito de uso de
documento falso. Doutrina. Precedentes. 3. Conquanto o tema ainda enseje certa
controvérsia, prevalece o entendimento de que, constatada a incompetência absoluta, os
autos devem ser remetidos ao Juízo competente, que pode ratificar ou não os atos já
praticados, nos termos do artigo 567 do Código de Processo Penal, e 113, § 2º, do Código
de Processo Civil. Doutrina. Precedentes. 4. Na hipótese em exame, já foi proferida
sentença condenatória pelo Juízo absolutamente incompetente, no que se refere a delito
de uso de documento falso, pelo que se impõe a anulação tão somente do édito repressivo
quanto ao ponto, facultando-se a ratificação, pela Justiça Federal, dos demais atos
processuais anteriormente praticados, inclusive os decisórios não referentes ao mérito da
causa. (RHC 23500/SP, Rel. Ministro JORGE MUSSI, QUINTA TURMA, julgado em
05/05/2011, DJe 24/06/2011)
Idêntico raciocínio pode ser aplicado quando o particular se passar por servidor público federal para
cometer crime contra particular. - a pratica de delito por particulares que se passam por agentes
rodoviarios federais, contra passageiros de onibus de turismo, por si so, não justifica o deslocamento da
competencia para a justiça federal. (CC 21.822/PR, 3ª Seção, Rel. Ministro FELIX FISCHER, julgado em
13.05.1998, DJ 29.06.1998 p. 22). No mesmo
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recolhimento do ITR - DARF e tê-las apresentado ao Banco do Estado do Paraná, com o fim
de obter, mediante fraude, concessão de empréstimo rural. Considerou-se que, em razão
dos atos incidirem sobre documentos federais, a falsificação e utilização desses
documentos prejudicaram concretamente o interesse e o serviço público, independente de
não terem sido direcionados perante repartição ou órgão federal. RE 411690/PR, rel. Min.
Ellen Gracie, 17.8.2004. (RE-411690)
Obs.: O mesmo STF parece manter esse seu entendimento ATUALMENTE, senão vejamos:
Compete ao Supremo a solução de conflito de atribuições a envolver o Ministério Público
Federal e Ministério Público estadual – Petição nº 3.528-3/BA, Tribunal Pleno, relator
Ministro Marco Aurélio, Diário da Justiça de 3 de março de 2006. CONFLITO DE
ATRIBUIÇÕES – SERVIÇO DA UNIÃO. Versando os fatos sobre prática contrária ao bom
serviço federal – da Receita – (apresentação de DARF supostamente irregulares), incumbe
ao Ministério Público Federal atuar, cabendo, da mesma forma, à Polícia e ao Juízo federal
a atividade a ser desenvolvida, pouco importando a existência, ou não, de dano
patrimonial. ((Pet 4680, Relator(a): Min. MARCO AURÉLIO, Tribunal Pleno, julgado em
29/09/2010, DJe-069 DIVULG 11-04-2011 PUBLIC 12-04-2011 EMENT VOL-02501-01 PP-
00075)
Ainda, recente julgado a corroborar:EMENTA AGRAVO REGIMENTAL. HABEAS CORPUS
SUBSTITUTIVO DE RECURSO ORDINÁRIO. ESTELIONATO. FALSIFICAÇÃO DE DOCUMENTO
PÚBLICO. PRINCÍPIO DA CONSUNÇÃO INAPLICÁVEL. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA FEDERAL. 1.
Contra a denegação de habeas corpus por Tribunal Superior prevê a Constituição Federal
remédio jurídico expresso, o recurso ordinário. Diante da dicção do art. 102, II, a, da
Constituição da República, a impetração de novo habeas corpus em caráter substitutivo
escamoteia o instituto recursal próprio, em manifesta burla ao preceito constitucional. 2.
Não há falar em princípio da consunção entre os crimes de falso e de estelionato quando
não exaurida a potencialidade lesiva do primeiro após a prática do segundo. 3. Verificada
lesão a interesse da União, decorrente de falsa declaração de imposto de renda prestada à
Receita Federal, a competência para exame da controvérsia é da Justiça Federal (art. 109,
IV, da Constituição da República). 4. Agravo regimental não provido. (HC 116979 AgR,
Relator(a): Min. ROSA WEBER, Primeira Turma, julgado em 15/10/2013, PROCESSO
ELETRÔNICO DJe-229 DIVULG 20-11-2013 PUBLIC 21-11-2013).
“De uma maneira geral, sempre que houver uma norma autorizando a gestão,
administração ou fiscalização de qualquer atividade ou serviço, por órgão da Administração
Pública Federal, estará caracterizado o interesse público federal.” (Paccelli, pág. 236)
Veja, nesse sentido, o enunciado n. 36 da Súmula Vinculante: Compete à Justiça Federal comum
processar e julgar civil denunciado pelos crimes de falsificação e de uso de documento falso quando se
tratar de falsificação da Caderneta de Inscrição e Registro (CIR) ou de Carteira de Habilitação de Amador
(CHA), ainda que expedidas pela Marinha do Brasil.
OBS: Em relação ao “serviço” há uma certa casuística. Muitas vezes não basta somente que a atividade
seja fiscalizada por uma autarquia, tal como ocorre com o IBAMA e a ANP (adulteração de combustíveis
tipificada no Art. 1º da Lei 8.176/91).
Quanto às armas e ao SINARM, assim é a jurisprudência dos TRF’s: “A Justiça Estadual é competente para
processar e julgar o crime de porte ilegal de arma – ainda que de uso privativo ou restrito - se inocorreu
lesão direta a qualquer bem, serviço ou interesse da União. Precedentes do STJ. 3. O fato de existir o
SINARM não altera esse quadro, pois trata-se apenas de órgão com atividade administrativa genérica, cujo
escopo é criar cadastro das armas existentes no território pátrio, o que, por si só, não atrai a competência
federal.” (RSE 200371030001553, ÉLCIO PINHEIRO DE CASTRO, TRF4 - OITAVA TURMA, DJ 15/10/2003
PÁGINA: 991.) Obs.: Pacelli tem opinião distinta, sustentando que, quando se tratar de porte ilegal de arma
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de uso restrito registrada pelo Comando do Exército, a competência é da Justiça Federal, em razão do
interesse direto e imediato da União.
Embora o tombamento (modalidade de limitação administrativa) não transfira o bem para o domínio
público, será da competência da JF quando crime atingir bem tombado pelo IPHAN . “processual penal.
crime de incendio. bens tombados. carencia de transcrição imobiliaria. - competencia. cabe a justiça federal
o processo-crime contra bens tombados pelo instituto do patrimonio historico e artistico nacional, sem
relevancia obstativa a falta de inscrição no registro imobiliario.” (CC 19157/MG, 3ª Seção, Rel. Ministro
JOSÉ DANTAS, julgado em 27.03.1998, DJ 03.08.1998 p. 74)
Interesse é difícil a conceituação. Embora seja um conceito mais amplo a abranger a locução “bens” e
“serviços”, funciona, em verdade, como uma verdadeira cláusula residual. “O interesse afetado tem que ser
direto e específico, não alcançando quando o interesse for comum (hipóteses do Art. 23 da CF/88). Ex:
proteção do meio ambiente. – Não é a Mata Atlântica, que integra o patrimônio nacional a que alude o
artigo 225, § 4°, da Constituição Federal, bem da União. – Por outro lado, o interesse da União para que
ocorra a competência da Justiça Federal prevista no artigo 109, IV, da Carta Magna tem de ser direto e
específico, e não, como ocorre no caso, interesse genérico da coletividade, embora aí também incluído
genericamente o interesse da União.” (RE 300244/SC, 1ª Turma, Rel. Min. MOREIRA ALVES, julgado em
20/11/2001, DJ 19-12-2001 PP-00027)
A atividade de fiscalização ambiental exercida pelo IBAMA, ainda que relativa ao cumprimento do art. 46 da
Lei de Crimes Ambientais, configura interesse genérico, mediato ou indireto da União , para os fins do art.
109, IV, da Constituição. HC 81916/PA, 2ª Turma, Rel. Min. GILMAR MENDES, julgado em 17/09/2002, DJ
11-10-2002 PP-00046
Regra: Competência da Justiça Comum Estadual. Excepcionalmente, da Justiça Comum Federal: crimes
ambientais praticados em detrimento de bens, serviços e interesses da União ou de suas entidades
autárquicas, empresas públicas, excluídas as contravenções; crimes ambientais previstos em tratado ou
convenção internacional, quando iniciada a execução no país, o resultado tenha ou devesse ter ocorrido
no estrangeiro, ou reciprocamente; crimes ambientais cometidos a bordo de navios ou aeronaves.
O IBAMA possui uma lista de animais em extinção. Os crimes cometidos contra esses animais são de
competência da JF para julgamento, de acordo com a jurisprudência, apesar do cancelamento da súmula.
(interesse da União em preservar os animais e animais sob tutela do IBAMA - CC 37.137/MG, 3ª Seção, Rel.
Ministro FELIX FISCHER, julgado em 12.03.2003, DJ 14.04.2003 p. 178).
Todavia, é importante observar que o entendimento do STJ ainda não é adotado pelo TRF1 , apesar
seguido pelo TRF4 e TRF5:
TRF1:
O simples interesse do IBAMA não é elemento determinante para a fixação da competência
da Justiça Federal. É necessário que o ato seja praticado em detrimento de bens, serviços
de interesses da União de suas entidades autárquicas ou empresas públicas. 3. Compete à
Justiça Estadual o processo e julgamento do feito relativo a manutenção em cativeiro de
"aves inseridas na lista de extinção", elaborada pelo IBAMA. (RCCR
2003.34.00.038864-9/DF, Rel. Desembargador Federal Tourinho Neto, Terceira Turma,DJ
p.11 de 24/09/2004)
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TRF5:
“compete à justiça federal, dado o manifesto interesse do Ibama, o processamento e
julgamento de ação penal cujo objeto é suposta prática de crime ambiental que envolve
animais em perigo de extinção (stj, cc 37137/mg, min. felix fischer, julgamento unânime da
terceira seção, em 12 de março de 2003). (RSE - Recurso em Sentido Estrito Número do
Processo: 0020042-26.2000.4.05.8300 Órgão Julgador: Terceira Turma
RelatorDesembargador Federal VLADIMIR CARVALHO Data Julgamento 30/10/2008)
TRF4:
“1. Compete à Justiça Federal processar e julgar ação penal que tenha por objeto crime
ambiental envolvendo espécie da fauna em perigo de extinção, tendo em vista o
manifesto interesse do IBAMA, já que lhe incumbe, além de elaborar o levantamento e a
listagem dos animais em vias de extermínio, a concessão de autorização prévia para a
captura e criação de tais espécimes (art. 57 da Lei nº 9.985/00).” Precedentes do STJ. (...)
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STJ
“Tratando-se de pedido de restituição de bens apreendidos, no caso concreto, pássaros
silvestres, a competência para o pleito é do juízo federal que ordenou a busca e apreensão,
máxime se a pessoa que se diz dona dos pássaros custodiados, é mulher, em união estável
com o investigado, vivendo com ele no mesmo endereço onde realizada a apreensão de
outros animais, não só os que são objeto do pedido, havendo, por isso mesmo, sérias
dúvidas se também não seriam produto de crimes. Inteligência dos arts. 118 e 120 e
parágrafos do Código de Processo Penal. Precedente desta Corte.” (CC 115000/MS, Rel.
Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, TERCEIRA SEÇÃO, julgado em 27/04/2011, DJe
30/05/2011)
“Apenas o fato de ser de propriedade da Marinha do Brasil, o produto tóxico transportado,
sem observância das normas de segurança (art. 56 da Lei n. 9.605/1998), não tem o condão
de deslocar a competência da ação penal para a Justiça Federal, já que o bem jurídico
tutelado é o meio ambiente. No caso dos autos, laudo emitido pela ABACC (Agência
Brasileiro-Argentina de Contabilidade e Controle de Materiais Nucleares) informando que o
material poderia ser transportado por qualquer meio de transporte, exceto por via postal,
não requerendo cuidados adicionais. O Min. Relator reiterou o entendimento consolidado
na Terceira Seção de que a Justiça estadual é competente para julgar as ações penais
relativas a crime ambiental (Lei n. 9.605/1998), salvo se evidenciado interesse jurídico
direto e específico da União, suas autarquias e fundações (art. 109, IV, da CF). Precedentes
citados: CC 39.891-PR, DJ 15/12/2003, e REsp 437.959-TO, DJ 6/10/2003. AgRg no CC
115.159-SP, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em 13/6/2012. STJ – info 499”
STF
“Não é a Mata Atlântica, que integra o patrimônio nacional a que alude o artigo 225, § 4º,
da Constituição Federal, bem da União. - Por outro lado, o interesse da União para que
ocorra a competência da Justiça Federal prevista no artigo 109, IV, da Carta Magna tem de
ser direto e específico, e não, como ocorre no caso, interesse genérico da coletividade,
embora aí também incluído genericamente o interesse da União. - Conseqüentemente, a
competência, no caso, é da Justiça Comum estadual”. (RE 300244, Relator(a): Min.
MOREIRA ALVES, Primeira Turma, julgado em 20/11/2001, DJ 19-12-2001 PP-00027 EMENT
VOL-02054-06 PP-01179)
os recursos têm finalidade vinculada (ex.: financiamento para a compra de uma casa, para a compra de
materiais de construção, para a compra de veículos, etc.); no empréstimo, o mutuário utiliza os recursos
para o que bem entender, não devendo prestação de contas alguma quanto ao destino que se deu aos
valores emprestados. O mesmo raciocínio se aplica quando se tratar de fundo do qual a União ou suas
entidades organize ou administre.
FGTS é um patrimônio do trabalhador (art. 7º, III da CF/88), mas administrado pelo Governo Federal
através de um Conselho Curador (Art. 3º da Lei 8.036/90), cabendo à Caixa Econômica Federal (CEF) o
papel de agente operador.
Seguro-desemprego – . Lei 7.998/89, Art. 10. É instituído o Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT),
vinculado ao Ministério do Trabalho, destinado ao custeio do Programa de Seguro-Desemprego, ao
pagamento do abono salarial e ao financiamento de programas de desenvolvimento econômico.
PRONAF: conflito negativo de atribuições entre o ministério público federal e o ministério público do estado
de São Paulo. competência do supremo tribunal federal para processar e julgar a ação. precedentes.
conflito de atribuições. apuração de supostas irregularidades na aplicação dos recursos oriundos do
PRONAF. interesse da união. art. 109, inc. i, da constituição da república. atribuição do ministério público
federal.109, i, constituição. (1281 sp , relator: min. cármen lúcia, data de julgamento: 13/10/2010, tribunal
pleno, data de publicação: dje-243 divulg 13-12-2010 public 14-12-2010 ement vol-02450-01 pp-00001)
FUNDEF – A rigor, é instituído pelos Estados e é composto por tributos arrecadados pelos Estados e
Municípios e recursos decorrentes de transferências constitucionais (Art. 1º da da Lei 9.424/96), sendo
complementado pela União quando não alcançar o valor mínimo definido nacionalmente (Art. 6º da Lei
9.424/96). A fiscalização é realizada pelos três Tribunais de Contas. A rigor, somente seria da competência
da Justiça Federal quando a União aportasse recursos a título de complementação, pois os recursos
decorrentes de transferências ingressam no patrimônio do fundo sem condição. Contudo, o STJ adotou
entendimento diverso, sendo secundado pelo STF que decidiu recentemente a matéria.
STJ
“1. O Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização
do Magistério – FUNDEF atende a uma política nacional de educação, cujo interesse da
União resta evidenciado por diversos dispositivos constitucionais e infraconstitucionais. 2.
Os Tribunais de Contas da União, dos Estados e dos Municípios devem fiscalizar o
cumprimento do disposto no art. 212 da Constituição, que trata do sistema de ensino no
país, conforme dispõe o art. 11 da Lei 9.424/96. (...) 4. Conflito conhecido para declarar a
competência da Quarta Seção do Tribunal Regional Federal da 4ª Região, suscitante.” CC
41163/RS, 3ª Seção, Rel. Ministro ARNALDO ESTEVES LIMA, julgado em 14.02.2005, DJ
02.03.2005 p. 183
“Consoante entendimento pacificado desta Corte, nos termos da súmula 208/STJ, compete
à Justiça federal processar e julgar a ação penal relativa ao crime de desvio de verbas
oriundas do Fundo de Manutenção e de Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de
Valorização do Magistério - FUNDEF, porquanto sujeitas ao controle do Tribunal de Contas
da União.” (CC 36386/BA, Rel. Ministro FERNANDO GONÇALVES, TERCEIRA SEÇÃO, julgado
em 12/02/2003, DJ 10/03/2003, p. 86)
STF
Compete ao MPF investigar desvio irregular de verbas do Fundef.O ministro Ricardo
Lewandowski, do Supremo Tribunal Federal (STF), reconheceu na Ação Cível Originária
(ACO 911) a competência do Ministério Público da União (MPF) para investigar suposto
desvio e emprego irregular de verbas do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do
Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério (Fundef). A ação, que procura
solucionar um conflito negativo * de atribuições, foi proposta pelo MPF que, ao receber o
** * O conflito negativo ocorre quando os dois órgãos declaram-se incompetentes. De outra forma, o
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CRIMES POLÍTICOS
CF/88, Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar: (...) IV - os crimes políticos (omissis);
LFG: são os previstos na Lei de Segurança Nacional – Lei 7.170/83, exigindo-se para a sua caracterização a
motivação política (art. 2º, Lei 7.170/83). Art. 2º - Quando o fato estiver também previsto como crime no
Código Penal, no Código Penal Militar ou em leis especiais, levar-se-ão em conta, para a aplicação desta Lei:
I - a motivação e os objetivos do agente; II - a lesão real ou potencial aos bens jurídicos mencionados no
artigo anterior.
GRECCO FILHO: não há esse crime no Brasil.
O STF reconhece como crimes políticos os previstos na Lei 7170/83 (artigos 8 o, 18 e 19), que estabelece os
crimes contra a segurança nacional. Anteriormente pertencia à Justiça Militar (Art. 129, § 1º da CF/69), com
a CF/88 cabem à Justiça federal o processo e julgamento dos crimes contra a segurança nacional. O sujeito,
se for condenado por crime político em 1 a instância, poderá interpor RECURSO ORDINÁRIO (artigo 102, II,
b, CF), no STF, e não recurso de apelação ao TRF.
Como alguns desses crimes também estão previstos no CP e no CPM é imprescindível para sua
caracterização a motivação política e a lesão real ou potencial aos bens juridicamente tuteláveis. (R.
Brasileiro, p. 403).
Inicialmente, a previsão constitucional pode levar a uma confusão. A rigor, não se trata de crime previsto
em tratado e, sim, crime em que o Brasil se obrigou por meio de tratado a reprimir na sua ordem jurídica
interna. “Assim, é preciso que, além de ter sido previsto um tratado ou convenção internacional, a sua
execução tenha se dado no país e o resultado ocorrido (ou devesse ocorrer, na hipótese de tentativa) no
estrangeiro, ou reciprocamente. Em outras palavras, é preciso a presença de uma relação de
internacionalidade, em que a conduta e resultado se realizem entre dois ou mais Estados (isto é, entre
duas ou mais soberanias” (Paccelli, pág. 241 – modificado). EXEMPLOS: Tráfico internacional de
entorpecentes (Art. 33 c/c Art. 40 I da Lei 11.3343/06), de pessoas (mulheres/homens – para prostituição)
(Art. 231-A com fim de exercer a prostituição) e de crianças (Art. 239 do ECA), publicação de fotos de
criança ou adolescente (Art. 241 do ECA).
1ª) Todo crime cometido pela Internet seria de competência da JF ante o caráter mundial da rede de
computadores;
2ª) Haveria necessidade de demonstração de que os dados fossem captados no exterior.
Crime do art. 241-A do ECA. Veiculação, via internet, de imagens pornográficas envolvendo adolescentes ou
crianças. Definição da competência.
Conforme entendimento do STJ, o delito previsto no art. 241 da Lei 8.069/90 (agora art. 241-A) consuma-se
no momento da publicação das imagens, ou seja, aquele em que ocorre o lançamento na Internet das
fotografias de conteúdo pornográfico. É irrelevante, para fins de fixação da competência, o local em que se
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“1. Comprovado que o crime de divulgação de cenas pornográficas envolvendo criança não
ultrapassou as fronteiras nacionais, restringindo-se a uma comunicação eletrônica (email)
entre duas pessoas residentes no Brasil, a competência para julgar o processo é da Justiça
Estadual. Inteligência do art. 109, V da CF.” Precedentes do STJ. (STJ no CC nº 99.133, 3
Seção, Rel. Min. NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO, j. 05/12/2008 e p. 19/12/2008).
Por fim, julgado do STJ acerca da competência territorial:
“1 - A consumação do ilícito previsto no art. 241 do Estatuto da Criança e do Adolescente
ocorre no ato de publicação das imagens pedófilo-pornográficas, sendo indiferente a
localização do provedor de acesso à rede mundial de computadores onde tais imagens
encontram-se armazenadas, ou a sua efetiva visualização pelos usuários.” (STJ no CC nº
29886, 3ª Seção, Rel. Min. MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, j. 12/12/2007 e p.
01/02/2008).
“A divulgação, pela internet, de técnicas de cultivo de planta destinada à preparação de
substância entorpecente não atrai, por si só, a competência federal. 2. Ainda que se trate,
no caso, de hospedeiro estrangeiro, a ação de incitar desenvolveu-se no território nacional,
daí não se justificando a aplicação dos incisos IV e V do art. 109 da Constituição. 3. Caso,
pois, de competência estadual.” (STJ, CC 62949/PR, Rel. Ministro NILSON NAVES, TERCEIRA
SEÇÃO, julgado em 11/10/2006, DJ 26/02/2007, p. 549)
“A Seção entendeu que compete à Justiça estadual processar e julgar os crimes de injúria
praticados por meio da rede mundial de computadores, ainda que em páginas eletrônicas
internacionais, tais como as redes sociais Orkut e Twitter. Asseverou-se que o simples fato
de o suposto delito ter sido cometido pela internet não atrai, por si só, a competência da
Justiça Federal. Destacou-se que a conduta delituosa – mensagens de caráter ofensivo
publicadas pela ex-namorada da vítima nas mencionadas redes sociais – não se subsume
em nenhuma das hipóteses elencadas no art. 109, IV e V, da CF. O delito de injúria não está
previsto em tratado ou convenção internacional em que o Brasil se comprometeu a
combater, por exemplo, os crimes de racismo, xenofobia, publicação de pornografia
infantil, entre outros. Ademais, as mensagens veiculadas na internet não ofenderam bens,
interesses ou serviços da União ou de suas entidades autárquicas ou empresas públicas.
Dessa forma, declarou-se competente para conhecer e julgar o feito o juízo de Direito do
Juizado Especial Civil e Criminal.” CC 121.431-SE, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado
em 11/4/2012. (info 494 - STJ)
A internacionalidade deve ser demonstrada por circunstâncias exteriores ao crime, não se presumindo a
sua prática. EX: o fato de a substância entorpecente ter sido adquirida de um estrangeiro ou próximo à
fronteira não permite, por si só, a presunção do caráter internacional do delito, a justificar a competência
da Justiça federal.
“I - Hipótese em que o paciente foi seguido por policiais federais, tendo sido preso logo
após ter entregado uma mala preta contendo cocaína a uma co-denunciada, configurando
a hipótese de flagrante impróprio ou quase-flagrante, equiparável ao flagrante próprio para
o efeito de prisão. II - O simples fato de a substância entorpecente ter sido adquirida em
cidade brasileira que faz fronteira com a Província de Letícia, na Colômbia, não permite
presumir que a mesma tenha sido adquirida naquele país, apto a caracterizar o tráfico
internacional de drogas.III - Não demonstrada a internacionalidade do tráfico de
entorpecentes, afasta-se a competência da Justiça Federal, declarando a nulidade do feito
desde o recebimento da denúncia, com a remessa dos autos à Justiça Estadual.” HC
38.510/PA, 5ª Turma, Rel. Ministro GILSON DIPP, julgado em 18.11.2004, DJ 13.12.2004 p.
400
Mais julgados acerca da TRANSNACIONALIDADE ou INTERNACIONALIDADE:
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O art. 109, inc. V-A, CF consagra a federalização dos crimes contra os direitos humanos. No plano
internacional, é a União que possui responsabilidade internacional pela prevenção e repressão a condutas
que atentem contra os direitos humanos, vale dizer, há interesse direto e imediato da União, uma vez que
ela é quem responde por qualquer tipo de indenização (obrigação de fazer, não fazer, pagar quantia) em
razão de condenação por Corte Internacional de Direitos Humanos. Exemplos: 1) o famoso Massacre de
Eldorado dos Carajás, ocorrido em 1996, quando houve o homicídio de 19 integrantes do MST por policiais
militares do Pará; 2) Massacre do Carandiru, ocorrido em 1992, quando morreram 111 detentos por ação
da Polícia Militar de São Paulo; 3) recentemente, o assassinato da missionária norte-americana Doroth
Stang, ocorrido em 12.02.2005, no Pará.
É uma espécie de IDC = incidente de deslocamento da competência. O deslocamento ocorrerá da Justiça
Estadual para a Justiça Federal. O IDC é subsidiário, ou seja, somente se justifica quando a Justiça Estadual
NÃO cumprir as suas missões.Há, portanto, dois requisitos para a ocorrência do IDC: a) crime praticado
com grave violação dos direitos humanos; e b) risco de descumprimento de tratados internacionais de
direitos humanos dos quais o Brasil seja parte em virtude de inércia do estado membro em proceder à
persecução penal.
Se o STJ defere o pedido do PROCURADOR-GERAL DA REPUBLICA, o processo será julgado pela Justiça
Federal, se se tratar de homicídio doloso a competência será do TRIBUNAL DO JÚRI DA JUSTIÇA FEDERAL.
Jurisprudência acerca do INCIDENTE DE DESLOCAMENTO DE COMPETÊNCIA/IDC:
STJ
“A teor do § 5.º do art. 109 da Constituição Federal, introduzido pela Emenda
Constitucional n.º 45/2004, o incidente de deslocamento de competência para a Justiça
Federal fundamenta-se, essencialmente, em três pressupostos: 1 - a existência de grave
violação a direitos humanos; 2 - o risco de responsabilização internacional decorrente do
descumprimento de obrigações jurídicas assumidas em tratados internacionais; e 3 - a
incapacidade das instâncias e autoridades locais em oferecer respostas efetivas (esse item
3, segundo o prof. Renato Brasileiro do LFG, foi criado pelo STJ, para que não se firmasse a
idéia de que a JF seria mais graduada ou hierarquicamente superior à JE, isto é, o IDC é
subsidiário, em casos de inoperância ou obstáculos políticos no desenvolvimento do
processo na JE) (IDC 2/DF, Rel. Ministra LAURITA VAZ, TERCEIRA SEÇÃO, julgado em
27/10/2010, DJe 22/11/2010)
Obs.: Pacelli defende que os promotores e os juízes podem se dar por incompetentes, diante da
competência ser absoluta.
O Plenário do STF (INFO 450) sedimentou que quaisquer condutas que violem não só o sistema de órgãos e
instituições que preservam, coletivamente, os direitos e deveres dos trabalhadores, mas também o homem
trabalhador, atingindo-o nas esferas em que a Constituição lhe confere proteção máxima, enquadram-se na
categoria dos crimes contra a organização do trabalho, se praticadas no contexto de relações de trabalho.
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Concluiu-se que, nesse contexto, o qual sofre influxo do princípio constitucional da dignidade da pessoa
humana, informador de todo o sistema jurídico-constitucional, a prática do crime em questão caracteriza-
se como crime contra a organização do trabalho, de competência da justiça federal (CF, art. 109, VI).
A jurisprudência do STJ se orienta no seguinte sentido: “I. Hipótese em que a denúncia descreve a suposta
prática do delito de aliciamento para o fim de emigração perpetrado contra 3 (três) trabalhadores
individualmente considerados. II. Compete à Justiça Federal o julgamento dos crimes contra a organização
do trabalho desde que demonstrada a lesão a direito dos trabalhadores coletivamente considerados ou à
organização geral do trabalho. III. Conflito conhecido para declarar a competência da Justiça Estadual.” (CC
200901566737, GILSON DIPP, STJ - TERCEIRA SEÇÃO, 18/10/2010)
O TRF1 segue a jurisprudência do STF.
É bom observar que tais crimes só são julgados pela Justiça Federal nos casos determinados por lei.
Os crimes contra a ordem econômico-financeira são aqueles previstos, basicamente, nas Leis 8.137/90 (Art.
4º) e 8.176/91 (Art. 1º).
O crime de extração de minérios sem a autorização da União ou em desacordo com a obtida (Art. 2º da Lei
8.176/91) não é um crime contra ordem econômica e sim contra o patrimônio da União.
Lei 8.176/91, Art. 2° Constitui crime contra o patrimônio (da União), na modalidade de usurpacão,
produzir bens ou explorar matéria-prima pertencentes à União, sem autorização legal ou em desacordo
com as obrigações impostas pelo título autorizativo.
Doutrina: Pacelli tem a seguinte opinião acerca do assunto – “dos crimes contra a ordem econômico-
financeira, atualmente somente a Lei n. 8.176/91, prevê o crime de competência federal, o disposto em seu
art. 2º, no qual se diz constituir crime contra o patrimônio, na modalidade de usurpação, produzir bens ou
explorar matéria prima pertencente à União sem autorização legal. Observe-se, porém, que a referida lei
pretende regulamentar apenas os crimes contra a ordem econômica, não fazendo referência ao que seja
ordem econômico-financeira. Outra observação se impõe, já em relação ao delito previsto no art. 1º da
citada lei. Embora não haja previsão expressa da competência da Justiça Federal para o julgamento de fatos
relativos à aquisição, distribuição e revenda de derivados de petróleo, gás natural, suas frações
recuperáveis, em desacordo com as normas estabelecidas em lei (art. 1º, Lei n. 8.176/91), não nos parece
haver dúvidas de que se trata de competência federal, dado o alcance do interesse envolvido na proteção
de tais valores econômicos, de âmbito desenganadamente nacional. Ressalte-se ainda que a mesma
legislação, em seu art. 4º, institui o Sistema Nacional de Estoques de Combustíveis, cujos gerenciamentos e
fiscalização são atribuídos a organismo da Administração Pública Federal, o que, a nosso juízo, reforça o
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entendimento no sentido de que se cuidaria de questão de interesse nacional.” Obs.: o próprio Pacelli
afirma que a jurisprudência ainda não chegou a um consenso quanto a essa tese defendida por ele, Pacelli.
“Nem todos os crimes contra o sistema financeiro nacional são de competência da Justiça Federal, mas
somente aqueles definidos em Lei, como o da Lei 7.492/86” (Roberto Luis Luchi Demo, in RJ 328/112). São
aqueles previstos na Lei do Colarinho Branco (Lei 7492/86). No caso dos crimes previstos nesta Lei, há o art.
26 que legitima a competência da justiça Federal para todos os crimes nela previstos:
Lei 7.492/86, Art. 26. A ação penal, nos crimes previstos nesta lei, será promovida pelo Ministério
Público Federal, perante a Justiça Federal.
Isso tanto é verdade que, em relação ao crime de lavagem de dinheiro 14 cuja objetividade jurídica é
considerada o sistema financeiro, depende da verificação do crime antecedente.
Aqui a competência não está levando em conta o interesse público federal, mas sim o interesse nacional na
higidez do sistema financeiro. EXEMPLOS: gestão temerária ou gestão fraudulenta no BB é competência da
JF; crimes praticados contra o sistema financeiro no Banco Econômico ou no Banco Santos é da
competência da JF; desvio de financiamento oferecido pelo BB é da competência da JF.
“2. A Lei 7.492/86 equipara ao conceito de instituição financeira a PESSOA JURÍDICA que
capta ou administra seguros, câmbio, consórcio, capitalização ou qualquer tipo de
poupança, ou recursos de terceiros. 3. Encontrando-se a conduta tipificada, ainda que em
tese, em dispositivo da Lei 7.492/86, a ação penal deve ser julgada na Justiça Federal. 4.
Havendo interesse da União na higidez, confiabilidade e equilíbrio do sistema financeiro,
tem-se que a prática ilícita configura matéria de competência da Justiça Federal.” CC
41.915/SP, 3ª Seção, Rel. Ministro ARNALDO ESTEVES LIMA, julgado em 13.12.2004, DJ
01.02.2005 p. 404
Crime praticado em detrimento do banco do Brasil – justiça federal. É crime contra o sistema financeiro.
Gestão fraudulenta no BB – é matéria. Competência da justiça federal!!!
A instituição financeira particular – crime contra o sistema financeiro – competência da justiça federal em
razão da matéria. Não se considera o titular do bem.
Temos, ainda a Lei 4.595/64, que trata da concessão de empréstimos vedados. Ela não fala nada de
competência, então, apesar de tratar do sistema financeiro, a competência dos crimes nela previstos é da
justiça estadual. Interessante a questão do agiota: ele será processado em qual justiça? Ora, o agiota não é
considerado instituição financeira, de modo que ele não responde pela lei que trata do sistema financeiro,
mas sim pelo art. 4º da Lei 1.521/51, que cuida dos crimes contra a economia popular, sendo de
competência da justiça estadual.
“1. A caracterização do crime previsto no art. 16, da Lei n° 7.492/86, exige que as
operações irregulares tenham sido realizadas por instituição financeira.2. As empresas
popularmente conhecidas como factoring desempenham atividades de fomento mercantil,
de cunho meramente comercial, em que se ajusta a compra de créditos vencíveis,
mediante preço certo e ajustado, e com recursos próprios, não podendo ser caracterizadas
como instituições financeiras.3. In casu, comprovando-se a abusividade dos juros cobrados
nas operações de empréstimo, configura-se o crime de usura, previsto no art. 4°, da Lei n°
14 Lei 9.613/98, Art. 2º O processo e julgamento dos crimes previstos nesta Lei: (...) III - são da
competência da Justiça Federal: a) quando praticados contra o sistema financeiro e a ordem econômico-
financeira, ou em detrimento de bens, serviços ou interesses da União, ou de suas entidades autárquicas
ou empresas públicas; b) quando a infração penal antecedente for de competência da Justiça Federal.
(Redação dada pela Lei nº 12.683, de 2012)
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1.521/51, cuja competência para julgamento é da Justiça Estadual. (CC 98.062/SP, Rel.
Ministro JORGE MUSSI, TERCEIRA SEÇÃO, julgado em 25/08/2010, DJe 06/09/2010)
Lei 1.521/51 – trata dos crimes contra a economia popular, sendo da competência da justiça estadual (S.
498, STF).
Lei 8.176/91 – trata da venda de combustível adulterado, não falando nada a respeito de competência,
motivo pelo qual é da competência da justiça estadual, pouco importando o fato de a ANP exercer a
fiscalização, uma vez que os tribunais entendem que o interesse da ANP é remoto.
Lei 8.137/90 – quanto aos crimes contra a ordem tributária, como sonegação de imposto, é preciso
observar quem está sofrendo a lesão. Assim, se o tributo é federal, a competência será da justiça federal;
por outro lado, se o tributo for municipal, a competência será estadual. Nesta lei também está previsto o
crime de formação de cartéis, que, em regra, é da competência da justiça estadual. Todavia, se em virtude
da magnitude do grupo econômico ou do tipo de atividade desenvolvida, se houver a possibilidade de que
o delito abranja vários estados da federação ou o fornecimento de serviços essenciais, a competência será
da justiça federal (STJ, HC 117.169).
Lei 9.613/98 – lavagem de capitais. Em regra, quem julga é a justiça estadual. Todavia, há muitas exceções.
Será julgada na justiça federal nas seguintes hipóteses: a) quando a infração penal antecedente for de
competência da justiça federal; b) quando houver lesão a bens, serviços ou interesses da União, autarquias
federais ou empresas públicas federais.
Jurisprudência acerca de crimes CONTRA O SISTEMA FINANCEIRO:
STJ
“A conduta relativa à obtenção de empréstimo pessoal perante instituição bancária não se
amolda ao crime contra o Sistema Financeiro Nacional, descrito no art. 19 da Lei 7.492/86
("obter, mediante fraude, financiamento em instituição financeira"), haja vista que em
aludida operação não há destinação específica dos recursos. Precedentes desta Corte. (...)
3. No caso, a lesão patrimonial sofrida pelo Banco do Brasil, sociedade de economia mista,
não atrai a competência para a Justiça Federal.” (CC 200901414702, JORGE MUSSI, STJ -
TERCEIRA SEÇÃO, DJE DATA:01/06/2010 LEXSTJ VOL.:00251 PG:00190 RJP VOL.:00034
PG:00108.)
“Na esteira de julgados da Terceira Seção desta Corte, o tipo penal do art. 19 da Lei
7.492/86 exige para o financiamento vinculação certa, distinguindo-se do empréstimo que
possui destinação livre. 2. No caso, conforme apurado, os contratos celebrados mediante
fraude envolviam valores com finalidade certa, qual seja a aquisição de veículos
automotores. A conduta em apreço, ao menos em tese, se subsume ao tipo previsto no art.
19 da Lei nº 7.492/86, que, a teor do art. 26 do mencionado diploma, deverá ser
processado perante a Justiça Federal. (CC 201000892425, OG FERNANDES, STJ - TERCEIRA
SEÇÃO, DJE DATA:16/09/2010.)
“Segundo precedente da Sexta Turma desta Corte (REsp 706.871/RS), o fato de o leasing
financeiro não constituir financiamento não afasta, por si só, a configuração do delito
previsto no artigo 19 da Lei 7.492/86 e, portanto, a competência da Justiça Federal para a
sua apreciação.” (CC 114322/SP, Rel. Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, TERCEIRA
SEÇÃO, julgado em 14/03/2011, DJe 01/08/2011)
HABEAS CORPUS EM MATÉRIA CRIMINAL DE SUA COMPETÊNCIA
coatora.
“Consoante dispõe o art. 108, I, "d", da Constituição Federal, compete aos Tribunais
Regionais Federais a apreciação e julgamento de habeas corpus impetrado contra ato de
Procurador da República.”RHC 15.132/SP, 5ª Turma, Rel. Ministro FELIX FISCHER, julgado
em 09.03.2004, DJ 19.04.2004 p. 212
Compete ao TRF da 1ª Região, com base no art. 108, I, a, da CF, processar e julgar,
originariamente, os membros do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios que
atuem em primeira instância. (Note que aqui, o crime ou o ato ilegal/abusivo, é praticado
pelo membro, ao contrário da hipótese onde o membro do MPDFT é vítima de crime, onde
a competência é do TJDFT)(...). Inicialmente, salientou-se a orientação firmada pelo STF no
sentido de que a competência para o julgamento de habeas corpus contra ato de
autoridade, excetuado o Ministro de Estado, é do Tribunal a que couber a apreciação da
ação penal contra essa mesma autoridade. (...)concluiu-se que o MPDFT está vinculado ao
MPU, a justificar, no ponto, tratamento diferenciado em relação aos membros do parquet
estadual. RE provido para cassar o acórdão recorrido e determinar a remessa dos autos ao
TRF da 1ª Região. RE 418852/DF, rel. Min. Carlos Britto, 6.12.2005.
No mesmo sentido: (RE 467923, Relator(a): Min. CEZAR PELUSO, Primeira Turma, julgado em 18/04/2006,)
Obs.: Pacelli entende que a prerrogativa seria do TJDFT em razão da autonomia do MPDFT em relação ao
MPU, apesar de integrar esse órgão. ps. 205 e 206.
Jurisprudência do STF acerca de HABEAS CORPUS:
“O eventual cabimento de recurso especial não constitui óbice à impetração de habeas
corpus, desde que o direito-fim se identifique direta e imediatamente com a liberdade de
locomoção física do paciente.” (HC 108994, Relator(a): Min. JOAQUIM BARBOSA, Segunda
Turma, julgado em 15/05/2012, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-105 DIVULG 29-05-2012
PUBLIC 30-05-2012 RJP v. 8, n. 46, 2012, p. 117-118)
“Não se pode estabelecer, como uma espécie de condição processual para o conhecimento
do HC ajuizado no STJ, a prévia interposição de recurso especial contra o acórdão proferido
pelo tribunal de segundo grau, em sede de apelação. Condição processual, essa, que não
ressai do art. 105 da Constituição Federal de 1988. (...)”(RHC 108439, Relator(a): Min.
AYRES BRITTO, Segunda Turma, julgado em 20/03/2012, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-111
DIVULG 06-06-2012 PUBLIC 08-06-2012)
CRIMES PRATICADOS A BORDO DE EMBARCAÇÕES E AERONAVES
CF/88, Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar: (...) IX - os crimes cometidos a bordo de
navios ou aeronaves, ressalvada a competência da Justiça Militar;
Navio: Embarcação é gênero, do qual o navio é espécie. A denominação “navio” é reservada a embarcações
de maior porte e que comporte viagem transatlântica. Assim, temos que navio é embarcação apta para
navegação em alto-mar. A expressão “a bordo de navio” significa que o crime deve ser cometido dentro do
navio (há inclusive julgado em que a pessoa se acidentou subindo a escada de acesso, onde não se
considerou como a bordo de navio). A interpretação acerca é restritiva: navio (que não é lancha, não é
barco, não é jet sky e etc.)
COMPETÊNCIA. HOMICÍDIO CULPOSO. LANCHA.
“A questão consiste em saber se o crime ocorreu a bordo do navio ou não, segundo a
interpretação que se der à expressão “a bordo de navio” contida no art. 109, IX, da
CF/1988. No dizer do Min. Relator, essa expressão significa interior de embarcação de
grande porte e, numa interpretação teleológica, a norma visa abranger as hipóteses em
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que tripulantes e passageiros, pelo potencial marítimo do navio, possam ser deslocados
para águas territoriais internacionais. No caso dos autos, a vítima não chegou a ingressar
no navio, ocorrendo o acidente na lancha quando da tentativa de embarque. Sendo assim,
à vítima não foi implementado esse potencial de deslocamento internacional, pois não
chegou a ingressar no navio e não se considera a embarcação apta a ensejar a competência
da Justiça Federal. Com esse entendimento, a Seção declarou competente o juízo estadual
suscitante.” Precedente citado: CC 24.249-ES, DJ 17/4/2000. CC 43.404-SP, Rel. Min.
Arnaldo Esteves Lima, julgado em 14/2/2005.
“Não basta, à determinação da competência da Justiça Federal, apenas o fato de que o
eventual delito tenha sido cometido no interior de embarcação de grande porte. Faz-se
necessário que este se encontre em situação de deslocamento internacional ou ao menos
em situação de potencial deslocamento. II. Hipótese na qual a embarcação encontrava-se
ancorada, para fins de carregamento, o qual, inclusive, estava sendo feito por pessoas - no
caso as vítimas - estranhas à embarcação, visto que eram estivadores e não passageiros ou
funcionários desta.” (STJ-CC 116011/SP, Rel. Ministro GILSON DIPP, TERCEIRA SEÇÃO,
julgado em 23/11/2011, DJe 01/12/2011)
Aeronave: A Lei 6.009/73 define o que é aeronave, a jurisprudência NÃO é pacífica em relação à aeronave
de pequeno porte, mas é majoritária como competência da JF. Entende-se que aeronave é todo aparelho
manobrável em vôo, que pode sustentar-se e circular no espaço aéreo mediante reações aerodinâmicas,
apto a transportar pessoas ou coisas. No caso de aeronaves, pouco importa para efeitos de determinação
da competência se ela encontrava-se no ar ou em terra, de modo que em sendo o crime praticado em
aeronave, ele será da competência da justiça federal. (A aeronave não precisa estar em voo; pode estar
apenas taxiando na pista do aeroporto, por exemplo.)
“O tráfico internacional de entorpecentes, praticado a bordo de aeronave, é da
competência da Justiça Federal (CF, art. 109, IX). Quando a aeronave ingressa no espaço
aéreo brasileiro, incide a referida competência. Ela não se desloca para a Justiça Estadual
porque a apreensão foi feita no interior de aeronave. Não se confunde o momento de
consumação com o da apreensão da droga. A consumação ocorre quando tem início o
transporte, por ser delito de natureza permanente. Precedente.” HC 80730/MS, 2ª Turma,
Rel. Min. NELSON JOBIM, julgado em 03/04/2001, DJ 22-03-2002 PP-00051
COMPETÊNCIA. ACIDENTE AÉREO. (Acidente Gol/Legacy)
...A Min. Relatora ponderou que, qualquer que seja o resultado final das investigações, no
tocante à prática de qualquer ilícito penal, seja doloso ou culposo, haverá a competência
da Justiça Federal (art. 109, IV e IX, da CF/1988). Anotou que o tipo penal provisoriamente
capitulado é o do art. 261 do CP (crime de atentado à segurança do transporte aéreo), que
busca tutelar bem cuja exploração (direta ou mediante autorização, concessão ou
permissão) é da União (art. 21, XII, c, da CF/1988), o que impõe a competência da Justiça
Federal (art. 109, IV, da CF/1988), também obrigatória no caso de admitir-se a prática de
crime a bordo de aeronave (art. 109, IX, da CF/1988). Esse entendimento, ao final, foi
acolhido pela Seção, que declarou a competência da Justiça Federal. CC 72.283-MT, Rel.
Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 8/11/2006.
OBS: Se se tratar de crime militar a bordo de navios ou aeronaves (v.g. crime praticado em um navio de
guerra), a competência será da Justiça Militar, por força de ressalva constitucional do inciso mencionado.
“Competem aos juízes federais processar e julgar os delitos cometidos a bordo de
aeronaves, independente delas se encontrarem em solo. (STJ - HC 108478/SP, Rel. Ministro
ADILSON VIEIRA MACABU (DESEMBARGADOR CONVOCADO DO TJ/RJ), QUINTA TURMA,
julgado em 22/02/2011, DJe 28/03/2011)
Obs.: Crime a bordo de aeronave militar que abate monomotor utilizado para o tráfico transnacional de
drogas - Crime a bordo de aeronaves: Pacelli: há recente lei federal – Lei n. 12.432/11 – ressalvando a
competência da justiça militar e caracterizando como tal (militar) a natureza dos crimes dolosos contra a
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vida de civil quando praticados no contexto de ações militares realizadas na forma do art. 303 da Lei n
7.565/86 – Código brasileiro de aeronáutica. Cuida-se, ali, de transito irregular de aeronaves em espaço
brasileiro, sem observância das determinações legais e após cumprimento injustificado de advertência para
pouso.
CF/88, Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar: (...) X - os crimes de ingresso ou
permanência irregular de estrangeiro, (omissis);
CP, Art. 338 - Reingressar no território nacional o estrangeiro que dele foi expulso:
Pena - reclusão, de um a quatro anos, sem prejuízo de nova expulsão após o cumprimento da pena.
“1. Constitui crime permanente a conduta delituosa prevista no art. 338 do CP, de
reingresso de estrangeiro expulso, aplicando-se as regras de fixação de competência
previstas nos arts. 71 e 83 do CPP. 2. Conflito conhecido para declarar competente o Juízo
Federal da 3ª Vara Criminal da Seção Judiciária do Estado do Rio de Janeiro, suscitado. 15
A competência está prevista no artigo 125, da Lei 6.815/80 – Estatuto do Estrangeiro que prevê diversas
infrações administrativas cominadas com pena de multa ou deportação e também duas infrações penais:
“Lei 6.815/80, Art. 125. Constitui infração, sujeitando o infrator às penas aqui cominadas:
(Renumerado pela Lei nº 6.964, de 09/12/81)
XII - introduzir estrangeiro clandestinamente ou ocultar clandestino ou irregular: Pena:
detenção de 1 (um) a 3 (três) anos e, se o infrator for estrangeiro, expulsão.
XIII - fazer declaração falsa em processo de transformação de visto, de registro, de
alteração de assentamentos, de naturalização, ou para a obtenção de passaporte para
estrangeiro, laissez-passer, ou, quando exigido, visto de saída Pena: reclusão de 1 (um) a 5
(cinco) anos e, se o infrator for estrangeiro, expulsão.”
Para os tribunais, compete à justiça federal o processo e julgamento de todo e qualquer crime previsto na
legislação comum ou especial cometido pelo estrangeiro com o intuito de regularizar o seu ingresso ou
permanência no Brasil. Observe bem: não é que estrangeiro que pratique crime será necessariamente
julgado na justiça federal, porque ele só será julgado na justiça federal quando o crime praticado tiver sido
praticado com o intuito de regularizar o seu ingresso ou permanência no Brasil.
CF/88, Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar: (...) XI - a disputa sobre direitos indígenas.
Este inciso justifica a competência cível e penal relativa aos direitos indígenas. Para ser da competência da
Justiça Federal, o crime contra ou praticado por indígena deve possuir uma conotação transindividual,
envolvendo a disputa sobre direitos indígenas, tais como a terra, sua cultura, sua existência e etc.. Para ter
uma noção do que são os direitos indígenas, ler o artigo 231, CF.
“O deslocamento da competência para a Justiça Federal, na forma do inciso XI do artigo
109 da Carta da Republica, somente ocorre quando o processo versa sobre questões
ligadas à cultura indígena e aos direitos sobre suas terras. 2. Homicídio em que os acusados
são índios. Crime motivado por desentendimento momentâneo, agravado por aversão
pessoal em relação à vítima. Delito comum isolado, sem qualquer pertinência com direitos
indígenas. Irrelevância do fato ter ocorrido no interior de reserva indígena. Competência da
Justiça Estadual. Ordem indeferida.” 16
15 CC 40.338/RS, 3ª Seção, Rel. Ministro ARNALDO ESTEVES LIMA, julgado em 23.02.2005, DJ 21.03.2005 p. 213
16 HC 81827/MT, 2ª Turma, Rel. Min. MAURÍCIO CORRÊA, julgado em 28/05/2002, DJ 23-08-2002 PP-
109
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...Cabe à Justiça Federal o processo quando nele veiculadas questões ligadas aos elementos
da cultura indígena e aos direitos sobre terras, não abarcando delitos isolados praticados
sem nenhum envolvimento com a comunidade indígena (CF: “Art. 109. Aos juízes federais
compete processar e julgar:... XI - a disputa sobre direitos indígenas.”). Para o Min. Cezar
Peluso, a expressão “disputa sobre direitos indígenas”, contida no mencionado inciso XI do
art. 109, significa: a existência de um conflito que, por definição, é intersubjetivo; que o
objeto desse conflito sejam direitos indígenas; e que essa disputa envolva a demanda sobre
a titularidade desses direitos.(...) Esclareceu, no entanto, que a norma também inclui todo
o crime que constitua um atentado contra a existência do grupo indígena, na área penal, ou
crimes que tenham motivação por disputa de terras indígenas ou outros direitos indígenas.
Acentuou, por fim, que essa norma, portanto, pressupõe a especificidade da questão
indígena. Ou seja, o delito comum cometido por índio contra outro índio ou contra um
terceiro que não envolva nada que diga singularmente respeito a sua condição de indígena,
não guarda essa especificidade que reclama da Constituição a tutela peculiar prevista no
art. 231, nem a competência do art. 109, XI. Afastou, assim, a possibilidade de se ter uma
competência “ratione personae” neste último dispositivo. RE 419528/PR, rel. orig. Min.
Marco Aurélio, rel. p/ o acórdão Min. Cezar Peluso, 3.8.2006.
Se não tiver esse caráter, aplica-se a Súmula 140 do STJ:
“Súmula n.º 140 do STJ (DJU DE 24/05/1995) – Compete à Justiça Comum Estadual
processar e julgar crime em que o indígena figure como autor ou vítima.”
Interessante é a questão do genocídio contra indígenas. Antes de mais nada, observar que genocídio
significa exterminar uma etnia, de modo que, por envolver direitos indígenas, é julgado pela justiça federal.
Todavia, é um erro pensar que genocídio se dá apenas com a morte dos indivíduos. Matar é apenas uma
das modalidades de se praticar o genocídio. Ver Lei 2.889/56. Importa, saber então que o genocídio não é
crime doloso contra a vida, porque o bem jurídico tutelado é o grupo étnico (grupo étnico, religioso,
nacional ou racial), razão pela qual, a princípio, o genocídio é do juízo singular. Acontece que o STF já
decidiu que se a modalidade escolhida for “matar”, o autor deverá responder em concurso pela prática de
homicídio, não sendo possível a aplicação do princípio da consunção. Nestes casos, os crimes serão
julgados por um júri federal. Sobre genocídio praticado contra indígena o STF decidiu:
“Inicialmente, asseverou-se que o objeto jurídico tutelado imediatamente pelos crimes
dolosos contra a vida difere-se do bem protegido pelo crime de genocídio, o qual consiste
na existência de um grupo nacional, étnico, racial ou religioso. Assim, não obstante a lesão
à vida, à integridade física, à liberdade de locomoção etc. serem meios de ataque a esse
objeto jurídico, o direito positivo pátrio protege, de modo direto, bem jurídico
supranacional ou coletivo. Logo, no genocídio, não se está diante de crime contra a vida e,
por conseguinte, não é o Tribunal do Júri o órgão competente para o seu julgamento, mas
sim o juízo singular. (...)Considerou-se que os critérios da especialidade (o tipo penal do
genocídio não corresponderia à soma de um crime de homicídio mais um elemento
especial); da subsidiariedade (não haveria identidade de bem jurídico entre os crimes de
genocídio e de homicídio) e da consunção (o desvalor do homicídio não estaria absorvido
pelo desvalor da conduta do crime de genocídio) não solucionariam a questão, existindo,
pois, entre os diversos crimes de homicídio continuidade delitiva, já que presentes os
requisitos da identidade de crimes, bem como de condições de tempo, lugar e maneira de
execução, cuja pena deve atender ao disposto no art. 71, parágrafo único, do CP. Ademais,
asseverou-se que entre este crime continuado e o de genocídio há concurso formal (CP, art.
70, parágrafo único), uma vez que no contexto dessa relação, cada homicídio e o genocídio
resultam de desígnios autônomos. Por conseguinte, ocorrendo concurso entre os crimes
dolosos contra a vida (homicídios) e o crime de genocídio, a competência para julgá-los
00115
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todos será, por conexão, do Tribunal do Júri (CF, art. 5º, XXXVIII e CP, art. 78, I). RE
351487/RR, rel. Min. Cezar Peluso, 3.8.2006.
assume a nova função. Se não for julgado, uma vez cessada a função, volta o processo para a vara de
origem.
2ª) crime cometido durante o exercício das funções: é julgado pelo foro especial. E depois de cessada a
função? A competência especial em face do cargo também cessa e todos os atos então praticados são tidos
como válidos.
A Lei 10.628/02, que alterou o Art. 84 do CPP, estendeu o for por prerrogativa de função para os atos
funcionais após o término do exercício da função. Além disso, estendeu o foro especial também para os
casos de improbidade administrativa (que retrata situações de má gestão da coisa pública). Em verdade, a
lei reativou parcialmente a súmula 394, do STF, que havia sido cancelada pelo STF (INQ 287) em 11/2001.
O STF já se posicionou sobre a inconstitucionalidade da Lei no julgamento da ADI 2797.
Fundamentos do voto do min. SEPÚLVEDA PERTENCE:
e) o STF cancelou a súmula, assim o legislador ordinário não pode usurpar a competência do STF de
interpretar a CF;
f) as decisões do STF não estão sujeitas a referendo do legislador, ou seja, o que o STF interpretou,
não pode ser refutado por lei do legislador ordinário (Interpretação da Constituição conforme a lei)
e sim através de emenda constitucional;
g) a competência originária em improbidade administrativa não está prevista na CF, assim, o legislador
ordinário não poderia fazê-lo.
3ª) crime cometido após o exercício das funções: não há que se falar nesse caso em foro especial (Súmula
451 do STF).
STF 2014- QUEST. ORD. EM AP N. 536-MG: RELATOR: MIN. ROBERTO BARROSO
(...) A jurisprudência dominante no STF é no sentido de que, cessado o mandato
parlamentar por qualquer razão, não subsiste a competência do Tribunal para processar e
julgar, originariamente, ação penal contra membro do Congresso Nacional. (Informativo
754 – clipping).
4ª) Não importa o local da infração nos casos de competência originária dos tribunais: o sujeito será
sempre julgado pelo seu juiz natural (isto é, pelo seu Tribunal natural). Juiz de direito de São Paulo que
comete crime no Maranhão: será julgado pelo TJ de SP.:
5ª) Casos de co-autoria: por força da continência ou da conexão, haverá processo único no Tribunal
competente, ainda que o co-réu não tenha foro especial. Exceção: crimes dolosos contra a vida; o agente
público será julgado pelo seu juízo natural; o particular pelo Tribunal do Júri.
“Súmula n.º 704 do STF – Não viola as garantias do juiz natural, da ampla defesa e do
devido processo legal a atração por continência ou conexão do processo do co-réu ao foro
por prerrogativa de função de um dos denunciados.”
Esse entendimento não é absoluto, pois o STF analisa a separação ou não do processo segundo o juízo de
conveniência, levando em conta a participação de muitos réus, menor importância da conduta praticado
pelo agente com foro por prerrogativa de função. Ex: houve um processo em que um agente cometeu um
crime em concurso com 2000 servidores públicos. Neste caso, o STF optou pela separação. A faculdade está
prevista no Art. 80 do CPP.
“CPP, Art. 80. Será FACULTATIVA a separação dos processos quando as infrações tiverem
sido praticadas em CIRCUNSTÂNCIAS DE TEMPO OU DE LUGAR DIFERENTES, ou, quando
pelo EXCESSIVO NÚMERO DE ACUSADOS e para não Ihes prolongar a prisão provisória, OU
POR OUTRO MOTIVO RELEVANTE, o juiz reputar conveniente a separação.
“Em exceção de incompetência, co-réu com prerrogativa de função teve seu processo
desmembrado pela continência (CPP, arts. 77, I, 78, III, 79, caput, e 80). No caso, se
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deslocaria. (Como não se obteve maioria absoluta sobre essa sugestão, o Tribunal decidiu que o tema
deveria ser reapreciado em outra ocasião, não sendo, portanto, fixado nenhum critério objetivo)
(...) No entanto, o relator registrou que a controvérsia no caso concreto deveria ser resolvida sem a adoção
do critério geral por ele formulado. Realçou que, na ação em julgamento, a renúncia se dera no momento
em que se encontrava aberto o prazo para a defesa apresentar alegações finais e que a mudança
substancial das regras do jogo afrontaria os princípios da segurança jurídica e do devido processo legal.
(Informativo 740).
Nota do resumidor: Para o STF, a situação dos autos é diferente do precedente firmado na AP 396/RO, no qual o réu (também ex-
Deputado Federal) renunciou ao mandato um dia antes do julgamento. Segundo a Corte, naquele caso, o processo já estava
pronto para ser julgado. Ademais, afirmou-se que não havia, na presente hipótese, perigo de prescrição da pena em abstrato.
Resumindo: Como regra, o Deputado ou Senador que deixa o cargo não mais continua sendo julgado pelo
STF.
d) Exceção 1: o STF continuará sendo competente se o julgamento já havia sido iniciado.
e) Exceção 2: o STF continuará sendo competente se a renúncia caracterizou-se como fraude
processual.
“Renúncia de mandato: ato legítimo. Não se presta, porém, a ser utilizada como
subterfúgio para deslocamento de competências constitucionalmente definidas, que não
podem ser objeto de escolha pessoal. Impossibilidade de ser aproveitada como expediente
para impedir o julgamento em tempo à absolvição ou à condenação e, neste caso, à
definição de penas. Questão de ordem resolvida no sentido de reconhecer a subsistência
da competência deste Supremo Tribunal Federal para continuidade do julgamento. (396 RO
, Relator: Min. CÁRMEN LÚCIA, Data de Julgamento: 28/10/2010, Tribunal Pleno, Data de
Publicação: DJe-078 DIVULG 27-04-2011 PUBLIC 28-04-2011 EMENT VOL-02510-01 PP-
00001)
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“Entendeu-se que o Secretário Especial de Aqüicultura e Pesca, por não ser Ministro de
Estado, não possui a prerrogativa de foro estabelecida no parágrafo único do art. 25, da Lei
10.683/2003, com a redação dada pela Lei 10.869/2004, e que a extensão de prerrogativas,
garantias, vantagens e direitos equivalentes aos Ministros de Estado a que alude o §1º do
art. 38 da referida Lei repercute somente nas esferas administrativa, financeira e
protocolar, mas não na estritamente constitucional. Vencido o Min. Joaquim Barbosa que
declarava a competência desta Corte.” Inq 2044 QO/SC, rel. Min. Sepúlveda Pertence,
17.12.2004. (Inq-2044)
*Procurador Geral da República, Ministro do STF, Advogado Geral da União e Membros do CNJ ou do
CNMP:
(a) crime comum: STF
(b) crime de responsabilidade: Senado Federal
***Doutrina:
Pacelli – A EC 45/04 estabeleceu a competência do STF para o processo e julgamentos de membros CNJ, do
CNMP e do AGU por crimes de responsabilidade, sem, no entanto, existir norma infralegal tipificando esse
crime em relação a tais autoridades. p 200
Pacelli, p. 203 – “se a EC 45/04, de um lado, estabeleceu foro privativo, no Senado Federal, para os
membros do CNJ e do CNMP, para o julgamento dos crimes de responsabilidade (art. 52, II), do outro, o
mesmo não ocorreu em relação aos crimes comuns. Para esses permanecem as antigas disposições (...) já
que houve disposição expressa em relação aos crimes de responsabilidade e silêncio expressivo/eloquente
em relação aos crimes comuns.” Assim, se um dos dois advogados, indicados pelo Conselho Federal da OAB
para serem membros do CNJ, praticar um crime de furto, será julgado pela Justiça Estadual e não pelo STF.
*Juiz Federal ou Membros do Ministério Público Federal: são julgados pelos T.R.Fs., salvo Membro do
Ministério Público que atua junto aos TRF’s ou junto aos Tribunais Superiores (nesse caso são julgados pelo
STJ).
Jurisprudência:
STF 2014- RE N. 549.560-CE: RELATOR: MIN. RICARDO LEWANDOWSKI. (...) A vitaliciedade é
garantia inerente ao exercício do cargo pelos magistrados e tem como objetivo prover a
jurisdição de independência e imparcialidade. (...) Exercem a jurisdição, tão-somente, os
magistrados na atividade, não se estendendo aos inativos o foro especial por prerrogativa
de função. (...) A aposentadoria do magistrado, ainda que voluntária, transfere a
competência para processamento e julgamento de eventual ilícito penal para o primeiro
grau de jurisdição. (Informativo 748).
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*Prefeitos:
(a) crime de responsabilidade (=infração político-administrativa): são julgados pela Câmara Municipal (com
sujeição à cassação do cargo), previstos no Art. 4º do do DL 201/67.
(b) crime comum: Tribunal de Justiça, inclusive os crimes de responsabilidade impróprios previsto no art. 1º
do DL 201/67.
(c) crime contra a União: T.R.F.
(d) crime eleitoral: T.R.E.
“Súmula 702 do STF – A competência do Tribunal de Justiça para julgar Prefeitos restringe-
se aos crimes de competência da Justiça comum estadual; nos demais casos, a competência
originária caberá ao respectivo tribunal de segundo grau.”
*Embaixador brasileiro (chefe de missão diplomática de caráter permanente: é julgado pelo S.T.F.
*Vereador: não tem foro por prerrogativa de função. Exceção: Estado do Piauí, v.g., porque há previsão na
Constituição local (STF, HC 74.125-8, DJU de 11.04.97, p. 12.186). Jurisprudência: O Min. Relator destacou
que, segundo o STF, cabe à constituição do estado-membro prever a competência dos seus tribunais,
observados os princípios da CF (art. 125, § 1º). In casu, sendo o acusado titular de mandato de vereador de
município mineiro, apenas a constituição do respectivo estado poderia atribuir-lhe o foro especial. Porém,
o art. 106 daquela Constituição não prevê foro especial para vereador, devendo, nesse caso, prevalecer a
regra de competência do art. 70 do CPP. CC 116.771-MG, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em
29/2/2012. STJ – info 492.
*Procurador Estadual: Prerrogativa de Foro
“Embora seja permitido à Constituição de Estado-membro instituir foro especial por prerrogativa de função
(CF, art. 125, § 1º), ela não pode excluir a competência constitucional do Tribunal do Júri para o julgamento
de crimes dolosos contra a vida (CF, art. 5º, XXXVIII, d), a não ser em relação aos agentes políticos
correspondentes àqueles que a Constituição Federal outorga tal privilégio. (...)HC 78.168-PB, rel. Min. Néri
da Silveira, 18.11.98.
O foro por prerrogativa de função pode ser fixado tanto na Constituição Federal como na Constituição
Estadual, sendo que na 1ª hipótese afasta sempre a competência constitucional do Tribunal do Júri,
enquanto na 2ª hipótese somente afastará se o cargo for ocupado for simétrico em relação ao cargo
federal. Entretanto, o foro por prerrogativa de função estabelecido nas Constituições Estaduais é válido
apenas em relação as autoridades judiciárias estaduais e locais, não podendo ser invocado em face do
Poder Judiciário Federal, salvo quando se tratar de Juiz de Direito ou membro do Ministério em que a
Constituição Federal somente ressalvou a competência da Justiça Eleitoral.
“Súmula 721 do STF – A competência constitucional do Tribunal do Júri prevalece sobre o
foro por prerrogativa de função estabelecido exclusivamente pela Constituição estadual.”
AUTORIDADE INFRAÇÃO ÓRGÃO JULGADOR
PRESIDENTE
VICE-PRESIDENTE
COMUM STF
MINISTRO DO STF
RESPONSABILIDADE SENADO FEDERAL
PROCURADOR-GERAL DA REPÚBLICA
ADVOGADO-GERAL DA UNIÃO
PP-00038
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COMUM STF
PARLAMENTARES
RESPONSABILIDADE CASA CORRESPONDENTE
COMUM STF
MINISTROS DE ESTADO E OS
COMAMANDANTES DA MARINHA, RESPONSABILIDADE STF
DO EXÉRCITO E DA AERONÁUTICA RESP. CONEXO COM
SENADO FEDERAL
PRESIDENTE
COMUM/
JUÍZES FEDERAIS TRF (ART. 108, I, “a”)
RESPONSABILIDADE
DEPENDE DA CONST.
COMUM
ESTADUAL
VICE-GOVERNADOR DE ESTADO
DEPENDE DA CONST.
RESPONSABILIDADE
ESTADUAL
DEPENDE DA CONST.
COMUM ESTADUAL (EM REGRA
PARLAMENTARES ESTADUAIS
TRIBUNAL DE JUSTIÇA)
RESPONSABILIDADE ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA
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COMUM/
MEMBROS DO MINISTÉRIO PÚBLICO TJ (ART. 96, III)
RESPONSABILIDADE
ESTADUAL
CRIMES ELEITORAIS TRE
COMUM/
JUÍZES DE ALÇADA/ TRIBUNAL DE TJ (ART. 96, III)
RESPONSABILIDADE
JUSTIÇA MILITAR/ JUÍZES DE DIREITO
CRIMES ELEITORAIS TRE
COMUM/ ELEITORAL/
DESEMBARGADORES STJ (ART. 105, I, “a”)
RESPONSABILIDADE
COMUM TJ
RESPONSABILIDADE CÂMARAS DOS VEREADORES
(INFRAÇÕES POLÍTICO- (ART. 31)
PREFEITOS
ADMINISTRATIVAS)
RESPONSABILIDADES
IMPRÓPRIAS (INFRAÇÕES TJ
PENAIS)
Competência do STF
Competência do STF
A expressão “crimes comuns” 18 na Constituição Federal abrange a prática de qualquer infração penal,
incluindo, portanto, os crimes eleitorais, crimes militares e contravenção. Ela se contrapõe aos crimes de
responsabilidade que, na verdade, não são crimes, mas infrações políticas-administrativas.
Todas as autoridades do primeiro escalão do Poder da República são julgadas pelo STF, a CF aplicou o
princípio da simetria:
f) 1º escalão do Executivo – Presidente da República, Vice-presidente, ministro do Estado;
g) 1º escalão do legislativo – Senador e Deputado Federal;
h) 1º escalão do Judiciário – Ministros dos Tribunais Superiores, Ministros do próprio STF.
i) Comandantes do Exercito, Marinha e Aeronáutica – por razões históricas hoje não são mais
ministérios; são comandantes subordinados ao Ministério da Defesa. Por questões históricas, os
comandantes, que fazem parte do Executivo, são julgados pelo STF.
j) Chefe de representação diplomática permanente – julgado originariamente pelo STF;
k) Ministros do TCU - Por questões históricas, os ministros do TCU são julgados pelo STF.
18 Rcl 511/PB, Pleno, Rel. Min. CELSO DE MELLO, julgado em 09/02/1995, DJ 15-09-1995 PP-29506
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O STJ, de acordo com o artigo 105, I, a, da CF, julga originariamente pela prática de crime comum as
seguintes autoridades:
Governadores – o artigo 105, I, a – só diz governador. Não diz vice-governador. Ele é julgado pelo
Tribunal de Justiça se assim a Constituição Estadual determinar. A constituição estadual pode
estabelecer prerrogativa de foro a autoridades.
Desembargadores (crimes comuns e de responsabilidade);
Conselheiros dos Tribunais de Contas dos Estados e dos Municípios, onde existirem;
Juízes dos seguintes Tribunais:
o TRF
o TRE - 27
o TRT – 24
Membros do Ministério Público da União que oficiem perante Tribunais. Procurador de justiça é
julgado pelo TRF, salvo se for procurador de justiça do MP do DF e territórios – são julgados pelo
STJ (fazem parte do Ministério Público da União).
Aqui não se seguiu o princípio da simetria. Foi questão política que determinou que essas autoridades
fossem julgadas pelo STJ.
Procurador de Justiça: é julgado pelo TJ, exceto se do DF e Territórios que serão julgados pelo STJ, porque
são MPU.
Competência do TRF
TRF julgam originariamente em todos os crimes praticados por:
Juízes Federais
Juízes do Trabalho
Procuradores da República
Promotores do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios/MPDFT [Embora possuam
funções equivalentes aos Ministérios Públicos Estaduais, pertencem ao Ministério Público da
União, excepcionando a regra geral prevista no art. 96, III da CF/88 – Vide item 2.5.1.9]
Procuradores do Trabalho
Prefeitos e deputados estaduais – pela prática de crimes federais: no artigo 29, CF, está
estabelecido que compete ao TJ julgar prefeitos, mas se forem crimes federais, em razão da
simetria, devem ser julgados pelo TRF (Súmula 702, do STF). Se o crime for eleitoral, o prefeito
será julgado pelo TRE.
PRINCÍPO DA REGIONALIDADE: a CF criou 5 TRF: Juiz federal da 3ª região – SP e MS. Se cometer crime no
RS, só é julgado no TRF da 3ª região. Crime estadual. Também é aplicado a prefeito. O STF aplica o princípio
da regionalidade. Só pode ser julgado pelo TJ do Estado onde estiver contido o município em que ele é o
chefe do executivo.
Princípio da simetria – algumas Constituições estabeleciam foro por prerrogativa de função para delegado
de polícia, mas não há simetria. As constituições estaduais que estabelecem foro por prerrogativa para
outras autoridades não podem atentar contra o princípio da simetria. (ADI-2587)
EXCEÇÃO DA VERDADE CONTRA QUEM GOZA DE FORO ESPECIAL POR PRERROGATIVA DE FUNÇÃO
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“CPP, Art. 85. Nos processos por crime contra a honra, em que forem querelantes as
pessoas que a Constituição sujeita à jurisdição do Supremo Tribunal Federal e dos Tribunais
de Apelação, àquele ou a estes caberá o julgamento, quando oposta e admitida a exceção
da verdade.”
Note-se que o órgão de prerrogativa não julga a ação criminal, mas somente a exceção da verdade, nos
termos do artigo 85, CPP. Se se provar que tudo que foi dito contra a autoridade estiver provado na exceção
da verdade, será julgada procedente a exceção.
Entretanto, caso não comprove, a exceção será julgada improcedente, os autos serão remetidos para a
comarca e será julgado o autor da exceção da verdade, que virará réu.
Essa exceção da verdade que vai para o TRIBUNAL vale somente para o crime de CALÚNIA. Em caso de
difamação, a exceção da verdade é julgada pelo próprio juízo da comarca. Não se aplica o art. 85 fora dos
casos de calúnia.
EXEMPLO: um advogado caluniou um dos juízes da comarca; o juiz ingressa com queixa-crime contra o
advogado, na comarca em que ele exerce sua função. Outro juiz da comarca vai julgar essa causa. O
advogado, em sua defesa, invoca a exceção da verdade contra o juiz querelante.
No exemplo dado: a exceção é processada em primeira instância e, depois, remetida ao Tribunal para
julgamento (exclusivamente da exceção da verdade). Duas hipóteses possíveis:
Primeira: o Tribunal julga procedente a exceção da verdade. Conseqüências: (a) extinção da queixa, por
falta de justa causa (não há fato típico); (b) abre-se processo contra o juiz pelo delito respectivo.
Segunda: o Tribunal julga improcedente a exceção da verdade. Nesse caso retornam os autos ao juízo de 1º
grau para que este julgue a queixa.
Outros julgados acerca do FORO POR PRERROGATIVA DE FUNÇÃO:
STJ:
“A designação do Procurador-Geral a um Procurador Regional da República é feita para
instituir longa manus, ou seja, é uma forma abrangente de exercício de atribuição do
designante, o que, juridicamente, equivale à atuação do primeiro, sendo irrelevante se
direta ou indiretamente. 3. Levando-se em conta que o presente pedido ataca ato do
Procurador Regional que atuava por designação do Procurador-Geral da República, inviável
o conhecimento deste mandamus por esta Corte (STJ). 4. Habeas Corpus não conhecido,
determinando-se a remessa dos autos ao Supremo Tribunal Federal. (HC 185495/DF, Rel.
Ministra LAURITA VAZ, Rel. p/ Acórdão Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO, QUINTA
TURMA, julgado em 15/02/2011, DJe 28/03/2011) Obs.: Esse mesmo HC 185495 subiu até o
STF, que entendeu de forma contrária no informativo 646: vejamos - 1. A designação
subscrita pelo Procurador-Geral da República, nos termos da Portaria PGR nº 96, de 19 de
março de 2010, não desloca a competência da causa para o Supremo Tribunal Federal.
Não-ocorrência de ato concreto praticado pelo Procurador-Geral da República a justificar a
regra do art. 102 da Constituição Federal de 1988. 2. É pacífica a jurisprudência do Supremo
Tribunal Federal no sentido de que os membros do Ministério Público da União que oficiem
em Tribunais estão sujeitos à jurisdição penal do Superior Tribunal de Justiça (parte final da
alínea “a” do inciso I do art. 105 da CF/88). Tribunal a quem compete processá-los e julgá-
los nos ilícitos penais comuns (RE 418.852, da minha relatoria). 3. Habeas Corpus
parcialmente concedido tão-somente para determinar ao Superior Tribunal de Justiça que
conheça e julgue, como entender de direito, o HC 185.495/DF.
“Trata-se de pedido formulado pelo réu, após a inclusão do feito em pauta, de que este
Superior Tribunal reconheça sua incompetência para julgar a ação penal e remeta os autos
ao juízo de 1º grau, em razão de ter pedido exoneração do cargo de conselheiro de
Tribunal de Contas estadual (TCE). A Corte Especial, por maioria, indeferiu o pedido, porque
não há, nos autos, notícia da eficácia do ato de exoneração; pois, para tal, é necessário o
deferimento, a publicação e a aprovação pelo TCE. Assim, manteve a competência deste
Superior Tribunal para julgar ações penais contra conselheiro de Tribunal de Contas
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estadual (CF/1988, art. 105, I, a).” QO na APn 266-RO, Rel. Min. Eliana Calmon, em
5/5/2010. STJ info 452
STF
“O que o art. 86, § 4º, confere ao Presidente da República não é imunidade penal, mas
imunidade temporária à persecução penal: nele não se prescreve que o Presidente é
irresponsável por crimes não funcionais praticados no curso do mandato, mas apenas que,
por tais crimes, não poderá ser responsabilizado, enquanto não cesse a investidura na
presidência. 2. Da impossibilidade, segundo o art. 86, § 4º, de que, enquanto dure o
mandato, tenha curso ou se instaure processo penal contra o Presidente da República por
crimes não funcionais, decorre que, se o fato é anterior à sua investidura, o Supremo
Tribunal não será originariamente competente para a ação penal, nem conseqüentemente
para o habeas corpus por falta de justa causa para o curso futuro do processo. (HC 83154,
Relator(a): Min. SEPÚLVEDA PERTENCE, Tribunal Pleno, julgado em 11/09/2003, DJ 21-11-
2003 PP-00008 EMENT VOL-02133-03 PP-00554)
“Notificação ao Presidente da República. Incompetência do Supremo Tribunal Federal.
Feito da competência do juízo federal de primeiro grau. O Supremo Tribunal Federal não
tem competência originária para processar notificação civil ao Presidente da República. O
Min. Gilmar Mendes destacou que, na espécie, não se trataria de notificação penal, mas
sim genérica” (Pet-AgR 4223, CEZAR PELUSO (Presidente), STF)
FORO COMPETENTE
Nos crimes formais (extorsão, v.g.), onde se dá a conduta; nos crimes materiais (homicídio, v.g.), onde se dá
o resultado; nos crimes omissivos próprios (omissão de socorro, v.g.), onde se dá a omissão; nos crimes
omissivos impróprios (babá que deixa a criança cair do edifício), onde se dá o resultado; nos crimes
culposos, onde se dá o resultado etc.
Hipóteses especiais:
(a) apropriação indébita: local em que o agente inverte o título da posse (passando a praticar atos de
dono). Se consuma quando ocorre a inversão do ânimo, passando a ter vontade de ter a coisa como
própria, que deve ser demonstrado por manifestação externa, o que somente resta irrefutavelmente
demonstrada no local de devolução do bem.
(b) cheque sem fundos: local da recusa do pagamento (Súmula 521 do STF). (EXEMPLO: cheque emitido em
SP, a conta sacada fica em RS, o beneficiado apresentou em MS, será competente o juízo do RS); quando o
crime for cometido mediante falsificação do cheque, aplica-se a regra contida no estelionato caput, ou seja,
local da obtenção da vantagem indevida.
“Súmula 521 do STF - O foro competente para o processo e o julgamento dos crimes de
estelionato, sob a modalidade da emissão dolosa de cheque sem provisão de fundos, é o
do local onde se deu a recusa do pagamento pelo sacado.”
“Súmula n.º 48 do STJ (DJU DE 25/08/1992) – Compete ao juízo do local da obtenção da
vantagem ilícita processar e julgar crime de estelionato cometido mediante falsificação de
cheque.”
(c) falso testemunho por precatória: juízo deprecado (local onde se deu o fato). O crime se consuma no
momento em que restou prestado o falso no juízo deprecado, se a JF depreca para a JE e a testemunha
mente na JE, a competência será da JF.
“Não se deve confundir, prima facie, juízo competente para apreciar o crime de uso de
documento falso e o juízo que julgava a causa previdenciária, onde o documento falso
instruiu o feito, cuja regra de competência subsume-se ao disposto no art. 109, § 3º, da
Carta da República. 2. O uso de documento falso tinha por escopo obter benefício
previdenciário em prejuízo do INSS, autarquia federal, impondo-se a competência da
Justiça Federal, nos termos do art. 109, inciso IV, da Constituição da República. 4. A
remessa dos autos para a Justiça Federal não implica a declaração de nulidade de todos os
atos judiciais praticados, conforme pretende o impetrante, mas tão-somente dos atos
decisórios proferidos pelo juízo incompetente, nos termos do art. 567 do CPP.” 19
(d) crimes plurilocais: local da consumação (embora haja forte jurisprudência admitindo que seja o local da
conduta, principalmente em caso de homicídio, quando a vítima é transportada para outra comarca a fim
de receber tratamento médico). ***Doutrina: Pacelli, sem citar qualquer julgado, afirma que “a
jurisprudência vem abrandando, excepcionalmente, o rigor da teoria do resultado, para admitir a
competência do juizo onde se praticou a ação delituosa, ainda que outro tenha sido o local da consumação,
diante da necessidade de se preservar o máximo possível o conjunto probatório disponível.” Essa colocação
de Pacelli se tem observado muito em casos de homicídio, vez que em algumas situações, o resultado
“morte” pode ocorrer em outro local – ex.: pessoa socorrida em hospital de outra comarca por ter
melhores condições técnicas e q lá vem a falecer; em tese a competência, em que pese o homicídio ter
ocorrido em outro local, seria do local diferente da ação, onde a vítima faleceu. O que se busca é tutelar
o escopo social da jurisidição, mostrando àquela comunidade abalada pelo crime que a conduta do
agente tem punição. Note que é posição contrária à letra da lei, mas adotada na jurisprudência.
O Superior Tribunal de Justiça tem jurisprudência que mitiga, em determinados casos, a regra do art. 70 do
Código de Processo Penal, na hipótese de homicídio em que a execução se dá em um lugar, mas a
consumação do resultado ocorre em outro, por ser o local mais indicado para a persecução penal, tanto
pelo abalo social causado pelo delito quanto pela maior facilidade que as partes têm de produzir provas.
(HC 195901/DF, Rel. Ministra LAURITA VAZ, QUINTA TURMA, julgado em 04/09/2012, DJe 17/09/2012)
(e) acidentes de trânsito e crimes plurilocais: local do resultado, mas a jurisprudência admite o local da
conduta como regra (em razão da maior facilidade na colheita das provas).
(f) infrações penais de menor potencial ofensivo: local da conduta. (teoria da ação)
(g) tentativa: local do último ato de execução.
(h) Crime iniciado no Brasil e consumado fora: é o chamado crime à distância (que envolve dois países ou
mais). Local do último ato de execução no Brasil ou local onde o crime produziu (ou iria produzir) o
resultado no Brasil. Aplica-se os §§ 1º e 2º do Art. 70 do CPP.
(i)Crime cometido na divisa de duas Comarcas: firma-se a competência por prevenção (o primeiro juiz que
praticar qualquer ato oficial, é o competente).
(j)Crime continuado envolvendo várias comarcas: firma-se a competência por prevenção (CPP, art. 71). O
juiz com força atrativa (CPP, art. 82) pode avocar os demais processos. Por exemplo: três roubos ocorridos
em três comarcas contíguas. O juízo prevento deve avocar os demais processos, que tramitam por outras
comarcas. Se não avocar, o crime continuado será depois reconhecido na Vara das Execuções.
(l)Crime permanente envolvendo várias comarcas: firma-se a competência por prevenção. O primeiro juiz
que praticar algum ato oficial no caso torna-se o competente.
(m)Criação de nova vara: de acordo com a jurisprudência preponderante altera-se a competência em
relação aos crimes ocorridos na área territorial da nova vara, desde que não tenha sido proposta ação
penal (aplicação analógica da perpetuatio jurisdictionis com fulcro no Ar. 87 do CPC c/c o Art. 3º do CPP).
Somente se aplica a investigações em curso.
Denílson Feitosa, Guilherme de Souza Nucci, Nestor Távora e Rosmar Antoninni entendem que o princípio
da perpetuação da jurisdição é excepcionado nos casos de criação de vara criminal especializada. No
mesmo sentido, STF, no HC 88.660/CE (j. em 15.5.2008) e no HC 85.060/PR, rel. Min. Eros Grau 23.9.2008
(Info 521).
“O provimento apontado como inconstitucional especializou vara federal já criada, nos
exatos limites da atribuição que a Carta Magna confere aos Tribunais. II - A remessa para
vara especializada fundada em conexão não viola o princípio do juiz natural.” (STF - HC
91253, Relator(a): Min. RICARDO LEWANDOWSKI, Primeira Turma, julgado em
16/10/2007, DJe-142 DIVULG 13-11-2007 PUBLIC 14-11-2007 DJ 14-11-2007 PP-00051
EMENT VOL-02299-02 PP-00251)
Critério relativo: o critério de fixação da competência pelo local da consumação da infração, de qualquer
modo, é relativo. Sua inobservância gera, por conseguinte, nulidade relativa. Não reconhecida de ofício
pelo juiz e não argüida oportunamente pelo interessado, prorroga-se o foro.
Outros julgados acerca do LUGAR:
STJ
“Na hipótese de crime contra a honra praticado por meio de publicação impressa de
periódico, deve-se fixar a competência do Juízo onde ocorreu a impressão, tendo em vista
ser o primeiro local onde as matérias produzidas chegaram ao conhecimento de outrem,
nos moldes do art. 70 do Código de Processo Penal. Remanesce, na prática, o resultado
processual obtido pela antiga aplicação da regra de competência prevista na não
recepcionada Lei de Imprensa. 3. Crimes contra a honra praticados por meio de
reportagens veiculadas pela internet ensejam a competência do Juízo do local onde foi
concluída a ação delituosa, ou seja, onde se encontrava o responsável pela veiculação e
divulgação de tais notícias. “(CC 106625/DF, Rel. Ministro ARNALDO ESTEVES LIMA,
TERCEIRA SEÇÃO, julgado em 12/05/2010, DJe 25/05/2010)
“A competência para processar e julgar suposta prática de crime descrito no art. 7.º, inciso
IX, da Lei n.º 8.137/90 é do foro em que estiver situada a empresa responsável pela
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Domicílio (local onde o sujeito reside com ânimo definitivo); residência: não se exige ânimo definitivo.
Esse é o único caso em que a doutrina reconhece que a competência é definida no interesse da parte
(artigo 73), no caso de ação penal privada EXCLUSIVA, a última poderá escolher o domicílio ou residência
do réu, mesmo sabendo o lugar da infração.
Critério subsidiário ou supletivo: a competência em razão do domicílio ou residência do réu é subsidiária
ou supletiva, isto é, somente é válida quando não se sabe qual é o local da consumação do crime. Exemplo:
furto ocorrido dentro de um ônibus. Descobre-se o autor do furto, mas não se consegue identificar o local
exato do furto. Firma-se a competência, nesse caso, pelo domicílio ou residência do réu (foro supletivo).
Acusado com mais de uma residência: nesse caso a competência firma-se pela prevenção (CPP, art. 72, §
1º).
Foro optativo: na ação penal privada, pode o querelante (que vai propor a queixa) optar entre o local da
infração ou domicílio do réu. Chama-se isso de foro optativo ou foro de eleição.
JUÍZO COMPETENTE
3º critério: competência em razão da matéria (ou pela natureza da infração)
Esse critério fixa o juízo competente (não o foro). Em muitas comarcas, há varas especializadas (de tóxicos,
de acidentes, de trânsito etc.). Nesses casos, fixa-se a competência em razão da matéria.
Tribunal do júri: tem sua competência fixada em razão da matéria. Julga os crimes dolosos contra a vida e
conexos (consumados ou tentados). O legislador ordinário, por lei ordinária, pode ampliar a competência
do Júri, nunca restringi-la.
O crime de GENOCÍDIO é julgado por quem? Lembre-se: É crime autônomo e de ação múltipla. Quando
cometido mediante homicídio dos membros do grupo, será conexo com o crime contra a vida - Vide item
2.5.1.12
Juizados criminais: são competentes para conhecer todas as infrações cuja pena máxima de prisão não
ultrapasse dois anos.
Conexão é o nexo, a dependência recíproca que os fatos guardam entre si. Existe quando duas ou mais
infrações estiverem entrelaçadas por um vínculo, um nexo, um liame que aconselha a junção dos processos
(CONEXOS).
Efeito da conexão: a reunião das ações penais em um mesmo processo e o julgamento único (de todas as
infrações penais).
A conexão pode ser: a) intersubjetiva; b) objetiva (lógica ou material); c) instrumental (ou probatória).
b) intersubjetiva: ocorre quando dois ou mais crimes são cometidos no mesmo momento por várias
pessoas reunidas ou por várias pessoas em concurso, embora diverso o tempo e o lugar (várias
pessoas em co-autoria cometem vários roubos), ou por várias pessoas umas contra as outras.
c) SIMULTANEIDADE: diversas pessoas reunidas (SEM CONCURSO DE AGENTES) Ex.: É o caso da
autoria colateral; dano em um estádio por torcidas.
d) POR CONCURSO: várias pessoas em concurso (EM CONCURSO DE AGENTES) Ex.: duas pessoas
concorrem para estelionato previdenciário – o beneficiário e o funcionário público.
e) POR RECIPROCIDADE: várias pessoas umas contra as outras Ex.: rixa.
(b) objetiva ou lógica: ocorre quando um crime é cometido para facilitar a execução de outro
(teleológica) ou para ocultar outro crime, impunidade do autor do fato ou para assegurar vantagem em
relação a outro crime (causal ou consequencial).
TELEOLÓGIA: para garantir a execução de outra infração. EX: o sujeito mata o pai para estuprar a
filha
CONSEQÜENCIAL: garantir vantagem, oculta ou garantir impunidade de outra. Ex.: o sujeito mata
a testemunha de um crime que ele tenha praticado; ocultação de cadáver.
(c) instrumental ou probatória ou processual: ocorre quando a prova de um crime é relevante para
o reconhecimento ou prova de outro crime. O tráfico de entorpecentes tem conexão probatória com o
crime de lavagem de capitais (praticado em razão do tráfico). A receptação tem conexão com o furto
precedente. Não se exige uma relação de acessoriedade entre os crimes em que, no exemplo acima, o furto
constituiria um elementar do crime de receptação.
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(a) concurso entre competência do júri e outro órgão da jurisdição comum: a força atrativa é do júri.
Estupro em conexão com homicídio: tudo vai para julgamento pelo Tribunal do Júri.
Exceção: crime do júri em conexão com crime eleitoral. Separam-se os processos.
Nos termos da recente súmula 721 do STF, “a competência constitucional do Tribunal do Júri prevalece
sobre o foro por prerrogativa de função estabelecido exclusivamente pela Constituição estadual”. Este
verbete sumular deve ser conjugado com o princípio da simetria, já que utiliza a expressão exclusivamente.
O Poder Constituinte decorrente possui liberdade de conformação para outorgar o foro por prerrogativa de
funções a outras autoridades que não aquelas não previstas na Constituição Federal. Neste caso, somente
se aplicaria aos crimes comuns de competência da Justiça Estadual, não alcançando os crimes dolosos
contra a vida de alçada do júri e nem os crimes afetos às Justiças Especializadas.
Vereador que mata uma pessoa será julgado pelo Júri (não pelo TJ). Essa competência, como já dito, não
pode ser derrogada por norma estadual, ainda que constitucional em face do Poder Constituinte
Decorrente. Júri é previsão constitucional.
(b) concurso entre jurisdições da mesma categoria: valem as seguintes regras específicas:
1ª) local da infração mais grave: um roubo em Campo Grande e um furto em Dourados: prepondera o
primeiro foro; primeiro verifica-se a qualidade da pena e depois a sua quantidade
2ª) maior número de infrações: dois furtos em Araraquara e um furto em Piracicaba: prepondera o
primeiro foro;
3ª) infrações punidas igualmente e mesmo número delas: um furto em Marabá e outro em Belém: fixa-se o
foro pela prevenção.
(c) concurso entre jurisdições de categorias distintas: foro por prerrogativa atrai. Ex.: se um juiz é acusado
de corrupção juntamente com um escrevente, prepondera a competência originária do juiz (Tribunal de
Justiça no caso, que irá julgar os dois, em razão da continência). Concurso entre crime da Justiça estadual e
Justiça Federal: prepondera esta última (Súmula 122 do STJ).
(d) concurso entre jurisdição comum e jurisdição especial: extorsão e crime eleitoral: prepondera a Justiça
especial (eleitoral). Exceção: homicídio e crime eleitoral: cada crime é julgado pelo seu juízo natural (júri e
Justiça eleitoral, respectivamente, vez que ambos estabelecidos na CR/88). Jurisprudência correspondente:
***STF: 4. “Em se verificando, porém, que há processo penal, em andamento na Justiça Federal, por crimes
eleitorais e crimes comuns conexos, é de se conceder "Habeas Corpus", de ofício, para sua anulação, a
partir da denúncia oferecida pelo Ministério Público federal, e encaminhamento dos autos respectivos à
Justiça Eleitoral de 1ª instância, a fim de que o Ministério Público, oficiando perante esta, requeira o que
lhe parecer de direito. (CC 7033, Relator(a): Min. SYDNEY SANCHES, Tribunal Pleno, julgado em
02/10/1996, DJ 29-11-1996 PP-47156 EMENT VOL-01852-01 PP-00116)
STJ: A simples análise dos processos eleitoral e penal demonstra que as causae petendi, ou seja, os
fundamentos de pedir das ações, são induvidosamente diversas. 2. É consabido que o mesmo ato/fato
jurídico ilícito pode redundar na aplicação de dispositivos legais e suas sanções de natureza diversa: cível,
penal, administrativa ou eleitoral, sem que o processo de uma inviabilize a existência de outro, de natureza
diversa, como no caso concreto. 3. Inexistência de conexão entre as ações eleitoral e penal. (HC 159369/AP,
Rel. Ministro ADILSON VIEIRA MACABU (DESEMBARGADOR CONVOCADO DO TJ/RJ), QUINTA TURMA,
julgado em 12/04/2011, DJe 18/05/2011)
(a) No júri, se o crime for inafiançável, a pronúncia deverá ser feita por citação pessoal, não pode edital:
SEPARAÇÃO OBRIGATÓRIA, em razão da CRISE DE INSTÂNCIA. Também sem a presença em plenário e pela
recusa peremptória.
(b) concurso entre Justiça comum e Justiça militar: os processos são separados. Exemplo: estupro cometido
por militar e civil dentro do quartel: a Justiça militar julga o militar enquanto a comum julga o civil. As
conseqüências são totalmente díspares, nesse caso (penas diferentes, regime prisional diferente etc.).
Numa visão constitucional isso não pode ocorrer. Jurisprudência correspondente: **STJ: “O parágrafo único
do art. 9º do CPM, com as alterações introduzidas pela Lei nº 9.299/96, excluiu do rol dos crimes militares
os crimes dolosos contra a vida praticado por militar contra civil, competindo à Justiça Comum a
competência para julgamento dos referidos delitos.” (CC 113020/RS, Rel. Ministro OG FERNANDES,
TERCEIRA SEÇÃO, julgado em 23/03/2011, DJe 01/04/2011)
(c) concurso entre Justiça comum e Vara da Infância e Juventude: um maior e um menor praticam um
roubo: os processos são separados. A vara comum julga o maior, enquanto a Vara de Infância e Juventude
julga o menor.
(d) superveniência de doença mental em relação a um co-autor: por força do art. 152 do CPP, separam-se os
processos. Para o doente mental o processo fica paralisado. Para os demais prossegue.
(e) nos crimes da competência do júri, em caso de co-autoria: se um está preso enquanto o outro está
foragido, o processo fica paralisado (depois da pronúncia) para este último (prossegue quanto ao primeiro).
(f) no plenário do júri, em caso de dois acusados com advogados distintos: havendo divergência na recusa
de jurado (um aceitou enquanto o outro recusou): há separação dos processos, salvo se o MP fizer a recusa
como dele. Logo que se constata a divergência entre os advogados, cabe ao MP manifestar-se para admitir
ou não a recusa daquele jurado como dele. Sendo positiva a postura do MP, o jurado é afastado e a
divergência se desfaz.
Rol não taxativo: as hipóteses de separação dos processos não são unicamente as estudadas. Há outras:
quando um co-réu é citado por edital, o processo fica paralisado (CPP, art. 366); para o outro, o processo
prossegue; pode haver suspensão condicional do processo para um co-réu, prosseguindo-se para outro etc.
O rol do art. 79 não é taxativo.
Separação facultativa dos processos: nos termos do art. 80 do CPP, havendo motivo relevante, o juiz pode
determinar a separação dos processos. Exemplo: número excessivo de réus. Ou ainda: um está preso
enquanto o outro está foragido. Fundamental é que o juiz sempre fundamente o motivo relevante que
justifica a separação dos processos. Não pode transformar isso em ato arbitrário.
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Jurisprudência:
“O Supremo Tribunal Federal firmou orientação, no sentido de que é facultativa a
“separação dos processos quando as infrações tiverem sido praticadas em circunstâncias
de tempo ou de lugar diferentes, ou, quando pelo excessivo número de acusados e para
não lhes prolongar a prisão provisória, ou por outro motivo relevante (CPP, art. 80)” (HC
92.440, da relatoria da ministra Ellen Gracie). Na mesma linha: HC 103.149, da relatoria do
ministro Celso de Mello. (RHC 106755, Relator(a): Min. AYRES BRITTO, Segunda Turma,
julgado em 25/10/2011, ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-084 DIVULG 30-04-2012 PUBLIC 02-
05-2012)
STF 2014 - O desmembramento de inquéritos ou de ações penais de competência do STF deve ser regra
geral, admitida exceção nos casos em que os fatos relevantes estejam de tal forma relacionados que o
julgamento em separado possa causar prejuízo relevante à prestação jurisdicional. (Informativo 735).
STF 2014 - Compete ao Supremo Tribunal Federal decidir quanto à conveniência de desmembramento de
procedimento de investigação ou persecução penal, quando houver pluralidade de investigados e um deles
tiver prerrogativa de foro perante a Corte. (Informativo 750).
Perpetuatio Jurisdicionis
Nos casos de conexão ou continência, se o órgão jurisdicional (competente para o julgamento de todos os
crimes ou todos os réus) já começou o julgamento, deve terminá-lo. Fala-se aqui em perpetuação da
jurisdição. Exemplo: juiz e escrevente acusados de corrupção devem ser julgados pelo Tribunal de Justiça
(julgamento unido dos dois). Ainda que o TJ venha a absolver o juiz, deve prosseguir o julgamento em
relação ao escrevente. Jurisprudência correspondente:
STJ: Na hipótese de conexão entre crime de desobediência de servidor federal e crimes ambientais, em que
existiu atração do processamento/julgamento para a Justiça Federal, sobrevindo prescrição do crime contra
a Administração Pública, desaparece o interesse da União, devendo haver o deslocamento da competência
para a Justiça Estadual. (HC 108350/RJ, Rel. Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, SEXTA TURMA,
julgado em 04/08/2009, DJe 24/08/2009)
“Na hipótese de conexão entre crime de descaminho e de receptação, em que existiu
atração do processamento/julgamento para a Justiça Federal, sobrevindo a extinção da
punibilidade do agente pela prática do delito de descaminho, desaparece o interesse da
União, devendo haver o deslocamento da competência para a Justiça Estadual. (CC
201000416436, MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, STJ - TERCEIRA SEÇÃO, DJE
DATA:04/06/2010.)
No júri, se houver desclassificação do crime do júri no julgamento pelo Tribunal do Júri (tentativa de
homicídio desclassificada para lesão), quem julga o crime conexo (um estupro, v.g.)?
Se for na fase de pronúncia (judicium accusationis), o processo é remetido ao Juízo competente nos termos
do PU do art. 81 do CPP: “Havendo desclassificação da infração do júri na fase de pronúncia, os autos do
processo devem ser remetidos para o juízo competente.”
Doutrina: Pacelli, sem citar qualquer julgado, afirma que “A jurisprudência de nossos tribunais, geralmente,
não aceita a desclassificação em outra oportunidade que não a fase decisória. O raciocínio parece ser no
sentido de se tratar de manifestação direta sobre o mérito do caso penal; daí por que somente deveria ser
realizada após a superação da fase instrutória.” No entanto, Pacelli discorda desse entendimento, visto que,
pra ele, a desclassificação não passa de mero juízo de subsunção do fato à norma, um exercício racional
simples que pode ser feito pelo julgador a qualquer tempo, independentemente, da instrução ou não,
estando ou não o processo na fase decisória própria.
(a) Crime cometido fora do país: capital do local onde o acusado morava (no Brasil). E se não morava no
Brasil: capital federal (Distrito Federal). (art. 88, CPP). Crime cometido fora do Brasil NÃO é
necessariamente da JUSTIÇA FEDERAL. Essa situação se enquadra ao art. 7º do CP, II, “b”
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(b) Crime cometido a bordo de navio: competência da Justiça Federal (local de onde partiu o navio ou onde
ele atracou). (art. 89, CPP)
(c) Crime cometido a bordo de avião: competência da Justiça Federal (local de onde partiu ou onde ele
pousou). (art. 90, CPP)
(d) Em caso de dúvida: CPP, art. 91: firma-se a competência por prevenção.
(e) Lei penal nova mais favorável: a competência para sua aplicação é do juiz do processo (se o processo
está em primeira instância); do tribunal (se o processo está no tribunal) ou da vara das execuções (se já
houve trânsito em julgado – Súmula 611 do STF).
Execução da multa penal: competência da vara da fazenda pública (não vara das execuções
penais);
Crime cometido por militar contra outro militar fora do serviço: Justiça comum;
Posse de arma de uso privativo das forças armadas: Justiça comum; [Vide pág. 16 – item
2.5.1.1]
“O crime de porte ilegal de armas de uso privativo das Forças Armadas não tem o condão
de atrair, por si só, a competência da Justiça Federal, mormente quando não foi praticado
em detrimento de bens, serviços ou interesses da União.” (HC 35.809/PR, Rel. Ministro
JOSÉ ARNALDO DA FONSECA, QUINTA TURMA, julgado em 17/08/2004, DJ 13/09/2004, p.
273). Obs.: O prof. Renato Brasileiro (LFG) faz a diferenciação, nesse assunto, quanto ao
crime de furto, receptação e porte ilegal de arma de fogo de propriedade da Polícia
Federal: O porte seria de competência da Justiça Estadual, mas como o furto e a receptação
atentam contra bens da União de competência da Justiça Federal, acaba havendo conexão
entre os crimes, os quais deverão todos ser julgado pela Justiça Federal (Súmula 122/STJ).
Habeas corpus contra turmas recursais: antigamente era o STF (Súmula 690 do STF –
Compete originariamente ao Supremo Tribunal Federal o julgamento de habeas corpus
contra decisão de turma recursal de juizados especiais criminais), mas mudou de orientação
sem, no entanto, cancelar a súmula. Cabe ao Tribunal respectivo.
HC contra inquérito policial instaurado por requisição do MP Federal: TRF; [Vide pág. 26 –
item 2.5.1.8]
Lesão corporal culposa e participação em competição não autorizada (“racha”): Justiça
comum (Juizados criminais);
HC contra juiz do trabalho: TRT [Vide pág. 23 – item 2.5.1.5]
Crime ambiental: em regra Justiça estadual, salvo quando envolve patrimônio da União;
Crime conexo ao homicídio quando há desclassificação do crime principal para culposo:
Aqui depende! Se a desclassificação for feita pelo próprio Tribunal do Júri, ou seja, jurados,
continuam eles competentes para os demais delistos conexos; caso a desclassificação seja
feita pelo juiz instrutor do procedimento, antes do corpo de jurados avançar no mérito,
cabe remessa dos autos ao juízo competente. (art. 81, CPP)
HC contra decisão dos juizados especiais criminais (juiz singular): turma recursal;
Homicídio contra policial rodoviário federal em serviço: Tribunal do Júri federal;
Crime praticado contra patrimônio de sociedade de economia mista: Justiça comum
estadual (exemplo: crime contra o Banco do Brasil);
Crime contra índio envolvendo questão indígena: Justiça federal; (vide súmula 140 do STJ)
Aplicação de penas substitutivas após o trânsito em julgado: Juiz federal que condenou
(competência funcional), salvo se houver ato normativo atribuindo a uma Vara federal;
Militar de São Paulo que cometeu crime na Bahia: Justiça militar de SP;
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O CPP denomina Conflito de Jurisdição previsto nos Arts. 113 a 117 do CPP.
Princípio da competência sobre a competência (Kompentz kompetnz) – “todo juiz tem competência para
apreciar sua competência para examinar determinada causa” (Marinoni, pág. 51). Essa análise não vincula
os demais juízes, porque possuem idêntica prerrogativa. Para surgir, é necessário que os órgãos judiciários
se manifestem sobre competência, assim é considerado quando a manifestação do membro do Ministério
Público. Quando surge um conflito de competência entre os órgãos judiciários, “o exame do conflito
competirá sempre a um tribunal de maior hierarquia em relação a ambos os órgãos envolvidos (ainda que
nem sempre vinculado ao mesmo ramo do Poder Judiciário)” (Marinoni, pág. 57)
Espécies de conflito de competência:
a) Positivo – quando dois ou mais órgãos do Judiciário, juízes ou tribunais, se consideram competentes
para o processo e julgamento do mesmo fato criminoso;
b) Negativo – quando aquelas autoridades judiciárias se afirmarem incompetente para o
conhecimento da causa pena;
c) Art. 114 (omissis), III do CPP – quando entre elas surgir controvérsia sobre unidade de juízo, junção
ou separação de processos.
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Jurisprudência
“Divergência dos Promotores Públicos de Estados-membros diversos ao suscitarem,
perante os respectivos Juízos, a incompetência para o oferecimento da denúncia: inexiste
dispositivo legal que atribua ao Procurador-Geral da República o poder de dirimir conflito
de atribuições entre Promotores de Estados diferentes; compete a cada um dos Juizes
decidir acerca da questão suscitada. 2. Se Juizes de comarcas situadas em Estados-
membros diversos, acolhendo manifestações dos respectivos membros do Ministério
Público, decidem no sentido da incompetência dos seus Juízos, o que se configura é conflito
de jurisdição e não de atribuições entre órgãos do Ministério Público de Estados diferentes.
3. Hipótese em que não remanesce dúvida quanto à inocorrência de conflito federativo
(art. 102, inciso I, alínea ‘f’, da CF). A competência para dirimir desavença é a prevista no
art. 105, inciso I, alínea "d", da Carta Política.” 20
“ A competência originária do Supremo Tribunal Federal, a que alude a letra "f" do inciso I
do artigo 102 da Constituição, restringe-se aos conflitos de atribuições entre entes
federados que possam, potencialmente, comprometer a harmonia do pacto federativo.
Exegese restritiva do preceito ditada pela jurisprudência da Corte. 3. Presença de virtual
conflito de jurisdição [quando acolhem a manifestação do Ministério Público] entre os
juízos federal e estadual perante os quais funcionam os órgãos do Parquet em dissensão.
Interpretação analógica do artigo 105, I, "d", da Carta da República, para fixar a
competência do Superior Tribunal de Justiça a fim de que julgue a controvérsia. Conflito de
atribuições não conhecido.” 21
Em relação ao conflito de atribuições entre os membros do Ministério Público sem que passe pelo crivo dos
respectivos órgãos judiciários, a competência será do STF e não do STJ. O STJ não aceita a aplicação
analógica do Art. 105, I, “g” e o STF ampliou o alcance do Art. 102, I, “f” que trata do conflito federativo:
ilegal a decisão do Tribunal de Justiça de São Paulo que, ao não conhecer do recurso em
sentido estrito interposto contra decisão de Juízo Comum de Vara Estadual, determinou
sua remessa dos autos ao Colégio Recursal, sob o argumento de ser o delito de menor
potencial ofensivo.” (CC 200901800860, OG FERNANDES, STJ - SEXTA TURMA, DJE
DATA:17/06/2010.)
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alegações finais do rito ordinário, com a diferença que no rito ordinário o prazo é de apenas 05 dias.
14) Após a conclusão da instrução os autos serão levados a julgamento – na forma determinada pelo
regimento interno – no caso com inclusão do processo em pauta – observando-se que a acusação e a
defesa têm o prazo sucessivo de 01 hora para sustentação oral, sendo ¼ de hora para o assistente da
acusação. (Com as parciais reformas do CPP, tanto no procedimento ordinário como no do Júri, o assistente
de acusação tem o direito subjetivo de falar depois do MP, sem a necessidade de prévio acordo com esse
órgão – arts. 403, § 2º e 476, § 1º, ambos do CPP).
OBS: O foro por prerrogativa de função não transforma o membro do Tribunal em autoridade investigadora,
possuindo o relator do inquérito as mesmas atribuições do Juiz singular para deferir medidas cautelares,
sendo que suas decisões são passíveis de serem atacadas mediante agravo interno. Exceção ocorre quando
o crime é cometido por magistrado ou membro do Ministério, pois o inquérito é conduzido pelo membro
da Instituição a qual pertence.
LC 75/93, Art. 18. São prerrogativas dos membros do Ministério Público da União: (...) II - processuais:
(...) f) não ser indiciado em inquérito policial, observado o disposto no parágrafo único deste artigo;
Parágrafo único. Quando, no curso de investigação, houver indício da prática de infração penal por membro
do Ministério Público da União, a autoridade policial, civil ou militar, remeterá imediatamente os autos ao
Procurador-Geral da República, que designará membro do Ministério Público para prosseguimento da
apuração do fato.
STF:
“ A competência penal originária por prerrogativa não desloca por si só para o tribunal
respectivo as funções de polícia judiciária. 2. A remessa do inquérito policial em curso ao
tribunal competente para a eventual ação penal e sua imediata distribuição a um relator
não faz deste "autoridade investigadora", mas apenas lhe comete as funções, jurisdicionais
ou não, ordinariamente conferidas ao juiz de primeiro grau, na fase pré-processual das
investigações. III. Ministério Público: iniciativa privativa da ação penal, da qual decorrem (1)
a irrecusabilidade do pedido de arquivamento de inquérito policial fundado na falta de
base empírica para a denúncia, quando formulado pelo Procurador-Geral ou por
Subprocurador-Geral a quem delegada, nos termos da lei, a atuação no caso e também (2)
por imperativo do princípio acusatório, a impossibilidade de o juiz determinar de ofício
novas diligências de investigação no inquérito cujo arquivamento é requerido.” 22
Justiça dos Estados e do Distrito Federal, e dos Tribunais Regionais Federais". Entre essas
normas, as do art. 6º e seu § 2º, pelas quais se verifica que o recebimento da denúncia é
ato de órgão colegiado e não apenas do Relator. 4. Tendo sido observadas essas normas,
porque já em vigor à época do recebimento da denúncia, não merece acolhida a alegação
de que deveria resultar de decisão monocrática de Relator. 5. "H.C." indeferido. 23
Lei 8.658/93, Art. 1° – As normas dos arts. 1° a 12, inclusive, da Lei n° 8.038, de 28 de maio de 1990,
aplicam-se às ações penais de competência originária dos Tribunais de Justiça dos Estados e do Distrito
Federal, e dos Tribunais Regionais Federais.
23 HC 73429 / RO, 1ª Turma, Rel. Min. SYDNEY SANCHES, julgado em 06/08/1996, DJ DATA-13-09-96
PP-33232
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76.510/SP Rel. Min. Carlos Velloso, Segunda Turma, julg. 31.03.1998). Doutrina
(CARNELUTTI, Francesco. Sistema di Diritto Processuale Civile. V. III. Padova: CEDAM, 1939.
p. 480; MARQUES, José Frederico. Enciclopédia Saraiva do Direito. Vol. 46. p. 446;
TORNAGHI, Tornaghi. Instituição de Processo Penal. Vol. I. 2ª ed. São Paulo: Saraiva, 1977.
p. 174). 12. A Lei estadual que cria Vara especializada em razão da matéria pode, de forma
objetiva e abstrata, impedir a redistribuição dos processos em curso, através de norma
procedimental (art. 24, XI, CRFB), que se afigura necessária para preservar a racionalidade
da prestação jurisdicional e uma eficiente organização judiciária (art. 125 CRFB) (GRECO,
Leonardo. Instituições de Processo Civil. V. I. Rio de Janeiro: Forense, 2009. p. 174-175;
DINAMARCO, Cândido Rangel. Instituições de Direito Processual Civil. V. I. 6ª ed. São Paulo:
Malheiros, 2009. p. 365-366). 13. O princípio do Juiz natural (art. 5º, XXXVII e LIII, CRFB) é
incompatível com disposição que permita a delegação de atos de instrução ou execução a
outro juízo, sem justificativa calcada na competência territorial ou funcional dos órgãos
envolvidos, ante a proibição dos poderes de comissão (possibilidade de criação de órgão
jurisdicional ex post facto) e de avocação (possibilidade de modificação da competência por
critérios discricionários), sendo certo que a cisão funcional de competência não se insere
na esfera legislativa dos Estados-membros (art. 22, I, CRFB) (FERRAJOLI, Luigi. Direito e
Razão: teoria do garantismo penal. 2ª ed. São Paulo: RT, 2006. p. 544; SCHWAB, Karl Heinz.
Divisão de funções e o juiz natural. Revista de Processo,vol 12 n 48 p 124 a 131 out/dez
1987). 14. A criação, no curso do processo, de órgão julgador composto pelo magistrado
que se julga ameaçado no exercício de suas funções e pelos demais integrantes da Vara
especializada em crime organizado é inconstitucional, por afronta aos incisos LIII e XXXVII
do artigo 5º da Carta Magna, que vedam, conforme mencionado alhures, o poder de
comissão, é dizer, a criação de órgão jurisdicional ex post facto, havendo, ainda, vício
formal, por se tratar de matéria processual, de competência da União (art. 22, I, CRFB). 15.
A Lei estadual pode definir que um mesmo juízo disponha de competência para atuar na
fase de conhecimento e na fase executória do processo penal, máxime em razão do
disposto no art. 65 da Lei Federal nº 7.210/84 (Lei de Execução Penal), verbis: “A execução
penal competirá ao Juiz indicado na lei local de organização judiciária e, na sua ausência, ao
da sentença”. 16. O juízo incompetente pode, salvante os casos de erro grosseiro e
manifesta má-fé, em hipóteses de urgência e desde que haja dúvida razoável a respeito do
órgão que deve processar a causa, determinar o relaxamento de prisão ilegal, remetendo o
caso, em seguida, ao juiz natural, configurando hipótese de translatio iudicii inferida do art.
5º, LXV, da Carta Magna, o qual não exige a competência da autoridade judiciária
responsável pelo relaxamento, sendo certo que a complexidade dos critérios de divisão da
competência jurisdicional não podem obstaculizar o acesso à justiça (art. 5º, XXXV, CRFB).
Jurisprudência do Supremo Tribunal Federal admitindo a ratificação de atos prolatados por
juiz incompetente inclusive em desfavor do réu (HC 83.006/SP, rel. Min. Ellen Gracie,
Plenário, DJ de 29.8.2003; HC 88.262/SP, rel. Min. Gilmar Mendes, Segunda Turma, julgado
em 18/12/2006, DJ 30-03-2007). Doutrina (GRECO, Leonardo. Translatio iudicii e
reassunção do processo. RePro, ano 33, nº 166. São Paulo: RT, 2008; BODART, Bruno e
ARAÚJO, José Aurélio de. Alguns apontamentos sobre a Reforma Processual Civil Italiana –
Sugestões de Direito Comparado para o Anteprojeto do Novo CPC Brasileiro. In: O novo
processo civil brasileiro – Direito em expectativa. Coord. Luiz Fux. Rio de Janeiro: Forense,
2011. p. 27-28). 17. É vedado à Lei Estadual estabelecer o sigilo do inquérito policial,
aplicando-se as normas da legislação federal sobre a matéria. 18. A publicidade assegurada
constitucionalmente (art. 5º, LX, e 93, IX, da CRFB) alcança os autos do processo, e não
somente as sessões e audiências, razão pela qual padece de inconstitucionalidade
disposição normativa que determine abstratamente segredo de justiça em todos os
processos em curso perante Vara Criminal. Doutrina (GRECO, Leonardo. Instituições de
Processo Civil. Vol. I. Rio de Janeiro: Forense, 2009. p. 558; TUCCI, Rogério Lauria. Direitos e
garantias individuais no processo penal brasileiro. 3ª ed. São Paulo: RT, 2009. p. 184;
TOURINHO FILHO, Fernando da Costa. Manual de Processo Penal. 11ª ed. São Paulo: 2009.
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dolosos contra a vida. 25. Modulação dos efeitos temporais da decisão, na forma do art. 27
da Lei 9.868/99, para que os dispositivos objurgados não produzam efeitos sobre os
processos com sentenças já proferidas e sobre os atos processuais já praticados,
ressalvados os recursos e habeas corpus pendentes que tenham como fundamento a
inconstitucionalidade dos dispositivos da Lei Estadual ora em exame, ressaltando-se, ainda,
que os processos pendentes sem prolação de sentença devem ser assumidos por juízes
designados com a observância dos critérios constitucionais, nos termos do presente aresto,
fixado o prazo de noventa dias para o provimento dos cargos de juízes da 17ª Vara Criminal
da Capital. (ADI 4414, Relator(a): Min. LUIZ FUX, Tribunal Pleno, julgado em 31/05/2012,
PROCESSO ELETRÔNICO DJe-114 DIVULG 14-06-2013 PUBLIC 17-06-2013)
E. DIREITO CIVIL
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Art. 3° Esta Lei entra em vigor após decorridos 120 (cento e vinte) dias de sua publicação
oficial.
Tércio Sampaio afirma que a eficácia possui graus, que podem ser verificados de acordo com as funções da
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Essas são as fontes supletivas do direito, juntamente, com a DOUTRINA, a JURISPRUDÊNCIA e a EQÜIDADE,
que são também métodos de integração da norma jurídica.
A interpretação pode ocorrer sempre, mesmo que a lei seja clara (isso é um dogma). Já a integração
depende da existência de LACUNAS que, por sua vez, podem ser:
a. AUTÊNTICAS (PRÓPRIAS) – ocorrem quando o legislador não identificou uma hipótese
b. NÃO-AUTÊNTICAS (IMPRÓPRIAS) – o legislador previu, mas preferiu não tratar sobre o assunto.
EXEMPLO: cabimento de embargos de declaração contra decisão interlocutória.
Cabe mencionar classificação utilizada por Maria Helena Diniz:
a) Lacuna normativa – ausência total de norma.
b) Lacuna ontológica – presença de normas mas sem eficácia social.
c) Lacuna axiológica – presença de norma cuja aplicação se mostra injustiça no caso concreto.
d) Lacuna de conflito – antinomias.
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RETROATIVIDADE
MÁXIMA OU RESTITUTÓRIA OU RESTITUTIVA MÉDIA
a lei nova abrange a coisa julgada (sentença a lei nova atinge os direitos
irrecorrível) ou os fatos jurídicos consumados exigíveis mas não realizados antes
de sua vigência
Dessa natureza constitucional do princípio da irretroatividade das leis no direito brasileiro surgem
importantes consequências, como a aplicação deste a toda e qualquer lei infraconstitucional, sem qualquer
distinção entre lei de direito público e lei de direito privado ou entre lei de ordem pública e lei dispositiva.
É princípio assente também, com base na natureza constitucional da irretroatividade, que a lei nova não
alcança os efeitos futuros dos contratos celebrados anteriormente a ela, e que só atingirá os facta
pendentia no que não contrariar DIREITO ADQUIRIDO.
DIREITO ADQUIRIDO – direito já definitivamente incorporado ao patrimônio do particular. Posição jurídica
já assegurada ao titular em razão do cumprimento dos requisitos previstos em lei vigente ao tempo da
ocorrência dos pressupostos fáticos, que não pode ser afetada pela superveniência de norma que
modifique as exigências para sua aquisição, mesmo que não exercida no tempo de vigência da norma
anterior. Direito adquirido somente tem conteúdo patrimonial. Não existe direito adquirido de caráter
personalíssimo.
ATO JURÍDICO PERFEITO: ato já consumado ao tempo da lei anterior; ato que cumpriu integralmente as
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fases do seu ciclo de formação ao tempo da norma revogada, que não pode ser prejudicado pela alteração
posterior do parâmetro normativo.
Questão fundamental sobre a aplicação temporal das leis reside na REVOGAÇÃO, regulamentado pelo
artigo 2º da LICC:
A revogação pode ser:
1) Expressa
2) Tácita – o artigo 9º da LC 95/98 não acabou com a hipótese de revogação tácita, porque mesmo que a
nova lei não mencione expressamente a revogação dos dispositivos, o ordenamento jurídico não comporta
a existência de duas leis antagônicas. PAMPLONA: não é possível esse entendimento, porque significaria a
revogação da própria LICC, e a LC 95/98 (mesmo com a redação dada pela LC 107) não revogou a LICC, até
porque também não foi expressa na revogação, assim, também não é válida nesse aspecto, porque
desobedeceu a sua própria regra.
1) Total = Ab-Rogação
2) Parcial = Derrogação
REPRISTINAÇÃO é a restauração da norma revogada pela revogação da norma revogadora. Há vedação de
sua existência no ordenamento, por força do §2º do artigo 2º, da LICC. A lei revogada NÃO se restaura pela
revogação da lei revogadora, SALVO se a nova lei revogadora disser que ocorre (§3º do artigo 2º).
Não se confunde com EFEITO REPRISTINATÓRIO TACITO previsto expressamente no artigo 11,§2º da lei
9868/99.
AQUISIÇÃO DE PERSONALIDADE: nos termos do art. 2º do CC, ocorre com o nascimento com vida, quando
há a separação do ventre materno e o ar entra nos pulmões, fazendo com que a pessoa respire (o que é
aferível pelo exame de docimasia hidrostática de Galeno). Mesmo que morra em seguida, há aquisição de
personalidade e, consequentemente, possibilidade de ser sujeito de direitos que, com a morte, serão
transmitidos aos herdeiros. Há divergência acerca da teoria adotada pelo NCC para início da personalidade.
NASCITURO: é o ser já concebido, mas que ainda se encontra no ventre materno. A discussão em torno de
sua condição jurídica dá-se justamente em razão da delimitação do momento em que se inicia a existência
humana, conforme exposto acima. A questão polêmica é que CC afirma que os direitos do nascituro estão a
salvo desde a concepção. Ou seja, não são pessoas, mas têm proteção jurídica, ensejando dúvidas sobre o
início da personalidade.
Várias teorias tentam harmonizar essas regras: (1) NATALISTA (Caio Mário, Serpa Lopes, – despreza a
existência da personalidade antes do nascimento com vida (esta, por sua vez, é considerada
independentemente de viabilidade ou de forma humana). Assim, o nascituro tem mera expectativa de
direito; (2) TEORIA DA PERSONALIDADE CONDICIONAL (Arnold Wald)– a personalidade existe desde a
concepção, sob a condição de nascer com vida (condição suspensiva); (3) CONCEPCIONISTA (Bevilaqua,
Teixeria de Freitas, Francisco Amaral) – o nascituro tem personalidade jurídica, ele é a pessoa que está por
nascer; os direitos que teria, porém, seriam somente os personalíssimos e os da personalidade.
Percebemos que aos poucos, a teoria concepcionista vai ganhando mais espaços nos tribunais, inclusive na
própria legislação brasileira, a exemplo da lei de alimentos gravídicos (lei 11804/2008), e de recentes
decisões do STJ que admitiram o dano moral ao nascituro (RESP 399028-SP) e até mesmo pagamento de
DPVAT pela morte de nascituro (noticiário de 15.05.2011).
Teoria adotada pelo CC/2002
Segundo Flavio Tartuce24, o Código Civil não deixou clara a corrente que seguiu, pois no seu art. 2º utiliza
tanto o termo “nascimento” quanto o termo “concepção”. Contudo, segundo referido autor, a doutrina
majoritária e o STJ vem adotando a Teoria Concepcionista ao reconhecer direitos ao nascituro. Nas palavras
dele: “Se o art. 2º do Código Civil em vigor deixa dúvidas, a interpretação sistemática do sistema não pode
afastar o reconhecimento desses direitos. Por isso, podemos reafirmar que prevalece entre nós a teoria
concepcionista.”.
1.2.2 CAPACIDADE
CAPACIDADE DE DIREITO OU DE GOZO: é a aptidão – em estado potencial – de ser titular de direitos
patrimoniais e obrigações, tendo por termo inicial o nascimento e perdurando até a morte. Prevista no art.
1º do CC, atribui-se capacidade de direito também à PJ. O conceito de capacidade de direito se confunde
com o de personalidade.
A personalidade jurídica é uma aptidão genérica. Toda pessoa tem personalidade, e por consequência
toda pessoa tem capacidade, seja um adulto, seja uma criança. Capacidade neste sentido se relacionaria
com a personalidade como faces da mesma moeda.
24 Em artigo: A SITUAÇÃO JURÍDICA DO NASCITURO: UMA PÁGINA A SER VIRADA NO DIREITO BRASILEIRO,
autor Flávio Tartuce.
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proteção ao incapaz, que, destituído da plenitude de discernimento, necessita de auxílio para a prática dos
atos da vida civil (representação ou assistência).
A primeira é estática, a segunda, dinâmica. Reunidas as duas, fala-se em CAPACIDADE CIVIL PLENA.
INCAPACIDADE: A ausência da capacidade de fato (e não a capacidade de direito, que é genérica) gera a
incapacidade civil.
INCAPACIDADE ABSOLUTA: atinge aqueles listados no art. 3º do CC: Os Incisos II e III do art. 3º do
NCC (Inciso II - Os que, por enfermidade ou deficiência mental, não tiverem o necessário discernimento
para a prática desses atos; III - Os que, mesmo por causa transitória, não puderem exprimir sua vontade)
foram revogados pela Lei nº 13.146/2015, que Institui a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência
(Estatuto da Pessoa com Deficiência) (DOU 7.7.2015, em vigor após 180 dias de sua publicação oficial), a
qual passou a tratar as hipóteses como incapacidade relativa, nos termos do art. 4º, II e III, do NCC (II - os
ébrios habituais e os viciados em tóxico; III - aqueles que, por causa transitória ou permanente, não
puderem exprimir sua vontade). Ademais, o inciso I do art. 3º foi incorporado ao caput, passando-se a
prever, como única hipótese de incapacidade civil absoluta, o menor de 16 anos.
Os atos praticados pelos absolutamente incapazes são NULOS, não podendo ser ratificados, pois tal
vício não convalesce, podendo o juiz assim declará-los de ofício. Protege-se, entretanto, a boa-fé de
terceiros. Os atos civis de seu interesse deverão ser exercidos por seus representantes – pais, tutores ou
curadores.
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I - Maiores de 16 e menores de 18: idade reduzida em relação ao antigo código (16 a 21).
Estes incapazes não podem eximir-se de uma obrigação se dolosamente ocultaram sua idade quando
inquiridos ou, ainda, declararam-se maiores. Assim, não lhe aproveitam a possibilidade de anulação do ato
jurídico, em razão da proteção da boa-fé de terceiro.
III - aqueles que, por causa transitória ou permanente, não puderem exprimir sua vontade:
(Redação conferida pela Lei nº 13.146/2015, DOU 7.7.2015, em vigor após 180 dias de sua publicação
oficial): Hipótese antes tratada no art. 3º, como causa de incapacidade civil absoluta.
Parágrafo único. A capacidade dos índios será regulada por legislação especial.
(Pablo Stolze Gagliano): A disciplina normativa dos silvícolas está, agora, na legislação especial. A
Lei 6.001/73 considera-o, em princípio, “agente absolutamente incapaz, reputando nulos os atos por eles
praticados sem a devida representação”. Ressalta a lei, todavia, a hipótese do índio demonstrar
discernimento, aliado à inexistência de prejuízo em virtude do ato praticado, pelo que, aí, poderá ser
considerado plenamente capaz para os atos da vida civil (...).
EMANCIPAÇÃO:
Prevista no artigo 5º do CC, é mecanismo que possibilita que o menor relativamente incapaz torne-
se plenamente capaz. É, pois, uma antecipação da capacidade de fato (e não da maioridade!). Pode ser de
3 espécies:
VOLUNTÁRIA, por ato unilateral dos pais, ou de um deles na falta do outro, sendo ato irrevogável –
sempre em benefício do menor. Nesse caso, os pais continuam respondendo pelos atos ilícitos dos filhos.
JUDICIAL, concedida pelo juiz, ouvido o tutor, desde que o menor tenha pelo menos 16 anos
completos.
LEGAL, em decorrência de situação inconciliável com a inaptidão para atos da vida civil, como: 1)
casamento (a separação, a viuvez ou mesmo a anulação do casamento, para o cônjuge de boa-fé, não
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geram retorno à menoridade), inclusive daquele que não tem 16 anos (para evitar imposição de crime ou
em caso de gravidez); 2) exercício de cargo ou emprego público efetivo; 3) colação de grau em curso de
ensino superior; 4) estabelecimento civil ou comercial ou existência de relação de emprego do maior de 16
anos que gerem economia própria.
CJF, Enunciado 397 - Art. 5º. A emancipação por concessão dos pais ou por sentença do juiz
está sujeita a desconstituição por vício de vontade.
EXTINÇÃO DA PERSONALIDADE:
Nos termos do artigo 6º, ocorre com a morte, exclusivamente (não há morte civil), evento que se
caracteriza pela cessação de toda e qualquer atividade vital do indivíduo (para fins de transplante,
considera-se suficiente a morte encefálica).
Sucessão provisória: Ocorre após 01 ano da arrecadação ou, caso o ausente tenha deixado procurador,
passados 03 anos. Consiste em uma administração (não mero depósito) para preservar os bens do ausente,
de modo que não sejam alterados mais do que o necessário, já que o desaparecido pode estar vivo.
Depende de pedido dos interessados. Não havendo qualquer dos interessados mencionados, o MP pode
requerer a sucessão provisória. A sentença que a determina produz efeitos depois de 180 dias de sua
publicação; mas, tão logo transite em julgado, ocorre a abertura do testamento e do inventário, como se o
ausente fosse falecido. Não comparecendo herdeiro ou interessado para requerer a abertura do
inventário, após 30 dias do trânsito em julgado, a massa de bens do ausente será considerada como
herança jacente. Os herdeiros que se imitirem na posse dos bens devem prestar garantia pignoratícia ou
hipotecária, com exceção do cônjuge, dos ascendentes e dos descendentes. Aqueles que não puderem ter
a posse dos bens, por não prestarem a devida garantia, receberão a metade dos rendimentos da cota de
seus bens. Cônjuges, ascendentes e descendentes receberão a integralidade dos frutos produzidos pelos
bens que administram. Os outros herdeiros, a metade. Reaparecendo o ausente e provado que a ausência
foi injustificada e voluntária, ele perderá os frutos em favor do sucessor. Não se poderá alienar os imóveis
do ausente.
Sucessão definitiva: após 10 anos do trânsito em julgado da sentença que concedeu a abertura da
sucessão provisória. Na mesma oportunidade, levantam-se as garantias prestadas. Ela ocorre em menor
prazo, caso o ausente tenha 80 anos e esteja sumido há, pelo menos, cinco anos. Após o trânsito em
julgado da sentença que concede a sucessão definitiva dos bens, declara-se a morte presumida.
Retornando o desaparecido ou algum de seus descendentes ou ascendentes, nos 10 anos seguintes à
abertura da sucessão definitiva, receberá os bens nos estado em que se encontrarem, os sub-rogados em
seu lugar ou o preço que os herdeiros houverem recebido.
Efeitos familiares da ausência: se o ausente deixar filhos menores e outro cônjuge tiver falecido ou não
tiver direito de exercer o pátrio poder, eles serão considerados órfãos. Se os pais estiverem ausentes, os
menores devem ser postos em tutela. Após a declaração de morte presumida, o casamento resta dissolvido
– consequência inovadora, não tratada no ACC nem tampouco admitida anteriormente pela doutrina.
1.2.5 DIREITOS DA PERSONALIDADE
Uma das principais inovações do NCC é a existência de um capítulo próprio dos direitos da personalidade.
Retrata a mudança axiológica da codificação, de um código agrário e conservador (que só abarcava os
direitos subjetivos reais e obrigacionais) para outro que se preocupa substancialmente com o indivíduo,
em sintonia com CF/88. Sua localização, no NCC, mostra, ainda, que o ser humano é o protagonista do novo
sistema. É o fenômeno da despatrimonialização ou repersonalização do direito privado.
Conceito: são aqueles que têm por objeto os atributos físicos, psíquicos e morais da pessoa em si e em
suas projeções sociais, com o fim de proteger a essência e a existência do ser humano. A idéia que norteia
sua disciplina é a de uma esfera extrapatrimonial do indivíduo, tutelada pela ordem jurídica com respaldo
em uma série de valores não redutíveis pecuniariamente, como a vida, a integridade física, a intimidade, a
honra etc. Síntese: direitos relacionados aos atributos e prerrogativas considerados essenciais ao pleno
desenvolvimento da pessoa humana, em todas as suas dimensões (física, psíquica e intelectual), capazes
de individualizar o sujeito e lhe garantir vida digna, mediante uma segura e avançada tutela jurídica.
CJF, enunciado 274 – Art. 11. “Os direitos da personalidade, regulados de maneira não-
exaustiva pelo Código Civil, são expressões da cláusula geral de tutela da pessoa humana,
contida no art. 1º, III, da Constituição (princípio da dignidade da pessoa humana). Em caso
de colisão entre eles, como nenhum pode sobrelevar os demais, deve-se aplicar a técnica
da ponderação”.
Direitos da personalidade vs Liberdade públicas. Os direitos da personalidade situam-se acima do direito
positivo, sendo considerados inerentes ao homem; as liberdades públicas, por sua vez, dependem
necessariamente de positivação para assim serem consideradas. Quanto ao conteúdo, estas se inserem em
153
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categorias transindividuais (econômicas e sociais, por ex.), enquanto aqueles têm caráter individual.
Natureza: trata-se de poderes que o homem exerce sobre sua própria pessoa. É um tertium genus de
direito subjetivo, de índole fundamental (vide art. 5º, § 2º, e art. 1º, III, da CF). Diga-se, ainda, que o seu
objeto não é a própria personalidade, mas sim as MANIFESTAÇÕES ESPECIAIS DE SUAS PROJEÇÕES
(físicas, psíquicas e morais), consideradas dignas de tutela jurídica, principalmente no sentido de que
devem ser resguardadas de qualquer ofensa.
Sobre seus fundamentos jurídicos, há duas correntes: a positivista (ou tipificadora), que identifica como
direitos da personalidade somente aqueles reconhecidos pelo Estado, que lhes daria força jurídica, não
aceitando, assim, a existência de direitos inatos à condição humana. A norma jurídica seria seu único
fundamento, pois ética, religião, história, política, ideologia não passam de aspectos de uma mesma
realidade. Por sua vez, a corrente jusnaturalista relaciona os direitos da personalidade às faculdades
exercitadas naturalmente pelo homem, pois são atributos inerentes à condição humana.
Titularidade: por excelência, é do ser humano, mas alcança também os nascituros, que, embora sem
personalidade, têm direitos ressalvados desde a concepção. No tocante aos absolutamente incapazes,
decidiu recentemente o STJ (Informativo nº 599/2015), que “O absolutamente incapaz, ainda quando
impassível de detrimento anímico, pode sofrer dano moral”. As pessoas jurídicas também o são, no que
diz respeito ao nome e à imagem, que acabam por atingir os valores societários. A CF não faz distinção
entre pessoa natural e pessoa jurídica ao dispor sobre o direito à honra e à imagem, não podendo haver
restrição na sua interpretação. A abrangência indistinta também ocorre no inciso V do art. 5º do texto
constitucional (indenização por dano moral e à imagem). Assim, apesar de uma concepção originalmente
antropocêntrica dos direitos da personalidade, são eles aplicáveis à PJ quanto aos atributos que lhe são
reconhecidos (nome e outros sinais distintivos, segredo, criações intelectuais e outros). Tal entendimento
já estava consagrado na jurisprudência, por Súmula do STJ (nº 18: “A pessoa jurídica pode sofrer dano
moral”) e agora o NCC põe fim à polêmica, com o art. 52: “Aplica-se às pessoas jurídicas, no que couber, a
proteção dos direitos da personalidade”.
A corrente doutrinária divergente (Gustavo Tepedino, Cláudia Lima Marques) restringe a
titularidade dos direitos da personalidade ao ser humano, por três motivos: (1) a origem de sua
positivação está na Constituição Alemã, que dispõe expressamente que “a dignidade da pessoa humana é
inviolável”; (2) a lesão a nome de PJ configura um dano patrimonial, não moral, pois ela só tem honra
objetiva (externa ao sujeito – consiste no respeito, consideração, apreço) e o prejuízo é unicamente
material; (3) estender os direitos da personalidade a ecossistema, animais e PJ significa desmerecê-los,
desvalorizá-los. Tal corrente defende que, apesar de serem a pessoa natural e a PJ sujeitos de direito, seus
fundamentos são diversos. Ademais, essa extensão não se adapta à trajetória e à função dos direitos da
personalidade no ordenamento.
CJF, Enunciado 286 – Art. 52. “Os direitos da personalidade são direitos inerentes e
essenciais à pessoa humana, decorrentes de sua dignidade, não sendo as pessoas jurídicas
titulares de tais direitos”.
Características:
Caráter absoluto: são oponíveis erga omnes. A pretensão é que será dirigida a certa(s)
pessoa(s). Não quer dizer que são ilimitáveis. Nesse aspecto, eles são relativos, incidindo a razoabilidade,
em caso de colisão.
Imprescritibilidade: não existe prazo para seu exercício, não se extinguindo pelo não-uso.
Espécies:
Os direitos personalíssimos não são enumeráveis, porém, entre os mais importantes, destacam-se:
VIDA: o mais precioso direito do ser humano. Trata-se de direito à vida e não sobre a vida, de modo que
seu titular não pode cercear esse direito.
1. Princípio do consentimento informado (art. 15): o paciente tem direito de saber qual é
o tratamento ou a cirurgia recomendada pelo médico e quais são suas conseqüências, para que a opção
seja feita com consciência. A responsabilidade do médico, assim, não é só quanto à técnica, mas também
quanto à informação.
CJF, Enunciado 402: “Art. 14, parágrafo único. O art. 14, parágrafo único, do Código Civil,
fundado no consentimento informado, não dispensa o consentimento dos adolescentes
para a doação de medula óssea prevista no art. 9º, § 6º, da Lei n. 9.434/1997 por aplicação
analógica dos arts. 28, § 2º (alterado pela Lei n. 12.010/2009), e 45, § 2º, do ECA”.
CJF, Enunciado 403: “Art. 15. O Direito à inviolabilidade de consciência e de crença, previsto
no art. 5º, VI, da Constituição Federal, aplica-se também à pessoa que se nega a tratamento
médico, inclusive transfusão de sangue, com ou sem risco de morte, em razão do
tratamento ou da falta dele, desde que observados os seguintes critérios: a) capacidade
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CJF, Enunciado 533: “O paciente plenamente capaz poderá deliberar sobre todos os
aspectos concernentes a tratamento médico que possa lhe causar risco de vida, seja
imediato ou mediato, salvo as situações de emergência ou no curso de procedimentos
médicos cirúrgicos que não possam ser interrompidos”.
CJF, Enunciado 276 – Art.13. “O art. 13 do Código Civil, ao permitir a disposição do próprio
corpo por exigência médica, autoriza as cirurgias de transgenitalização, em conformidade
com os procedimentos estabelecidos pelo Conselho Federal de Medicina, e a conseqüente
alteração do prenome e do sexo no Registro Civil”.
Após a morte, pode haver disposição do corpo para objetivos altruísticos ou científicos,
gratuitamente, no todo ou em parte (ex. de disposição parcial: doação para banco de esperma). Havendo
suspeita de morte violenta em decorrência de crime, a lei obriga à realização de necropsia.
2. Direito à privacidade: art. 5º, X/CF. Relaciona-se à vida particular da pessoa natural. O
direito à intimidade é uma de suas manifestações. Este difere daquele porque está ligado à não intrusão, ao
direito de estar só; é um ambiente da vida privada mais profundo que a privacidade (nesta se insere a
família). É como se esta fosse um círculo grande que abrangesse o círculo, menor e concêntrico, da
intimidade. O elemento fundamental do direito à intimidade é a exigibilidade de respeito ao isolamento de
cada ser humano, que não pretende abrir certos aspectos de sua vida a terceiros. É o direito de estar só. O
direito à privacidade é tratado no art. 21 do CC, que garante ao lesionado a adoção, pelo juiz, de
providências necessárias para impedir ou estancar a violação à vida privada. Tal inviolabilidade é garantida
somente às pessoas naturais.
CJF, enunciado 405: “As informações genéticas são parte da vida privada e não podem ser
utilizadas para fins diversos daqueles que motivaram seu armazenamento, registro ou uso,
salvo com autorização do titular”.
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O DIREITO AO ESQUECIMENTO
Em que consiste o direito ao esquecimento? O direito ao esquecimento é o direito que uma pessoa
possui de não permitir que um fato, ainda que verídico, ocorrido em determinado momento de sua vida,
seja exposto ao público em geral, causando-lhe sofrimento ou transtornos.
Exemplo histórico: “caso Lebach” (Soldatenmord von Lebach)
O exemplo mais conhecido e mencionado é o chamado “caso Lebach”, julgado pelo Tribunal Constitucional
Alemão. A situação foi a seguinte: em 1969, quatro soldados alemães foram assassinados em uma cidade
na Alemanha chamada Lebach. Após o processo, três réus foram condenados, sendo dois à prisão
perpétua e o terceiro a seis anos de reclusão. Esse terceiro condenado cumpriu integralmente sua pena
e, dias antes de deixar a prisão, ficou sabendo que uma emissora de TV iria exibir um programa especial
sobre o crime no qual seriam mostradas, inclusive, fotos dos condenados e a insinuação de que eram
homossexuais.
Diante disso, ele ingressou com uma ação inibitória para impedir a exibição do programa. A questão
chegou até o Tribunal Constitucional Alemão, que decidiu que a proteção constitucional da
personalidade não admite que a imprensa explore, por tempo ilimitado, a pessoa do criminoso e sua
vida privada. (...) Isso porque não haveria mais um interesse atual naquela informação (o crime já estava
solucionado e julgado há anos). (...) O direito ao esquecimento, também é chamado de “direito de ser
deixado em paz” ou o “direito de estar só”. Nos EUA, é conhecido como the right to be let alone e, em
países de língua espanhola, é alcunhado de derecho al olvido.
No Brasil, o direito ao esquecimento possui assento constitucional e legal, considerando que é uma
consequência do direito à vida privada (privacidade),intimidade e honra, assegurados pela CF/88 (art. 5º,
X) e pelo CC/02 (art. 21). Alguns autores também afirmam que o direito ao esquecimento é uma
decorrência da dignidade da pessoa humana (art. 1º, III, da CF/88).
Sem dúvida nenhuma, o principal ponto de conflito quanto à aceitação do direito ao esquecimento reside
justamente em como conciliar esse direito com a liberdade de expressão e de imprensa e com o direito à
informação.
A 4ª Turma do STJ, em dois julgados recentes, afirmou que o sistema jurídico brasileiro protege o direito ao
esquecimento (REsp 1.335.153-RJ e REsp 1.334.097-RJ, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgados em
28/5/2013).
Direito ao segredo: seria um círculo, também concêntrico, intermediário entre a intimidade e a
privacidade. Abrange três esferas: segredo das comunicações (correspondência, telefone e comunicação
telegráfica); segredo doméstico (reservado aos recônditos do lar e da vida privada; relaciona-se também à
inviolabilidade do domicílio); segredo profissional (protege-se a pessoa que revelou algum segredo a
terceiro, por circunstância de sua atividade profissional).
INTEGRIDADE MORAL: nela se inserem:
157
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2. Direito à imagem: protege a forma plástica da pessoa natural, mais os seus reflexos,
principalmente quando há violação, são sentidos mais no âmbito moral que no físico. É também um direito
fundamental (art. 5º, X, CF). O NCC contém previsão (art. 20) de indenização para o caso de exposição ou
utilização da imagem de uma pessoa quando houver proibição sua e lhe atingirem a honra ou se
destinarem a fins comerciais. Tratando-se de morto ou ausente, podem pedir a devida tutela o cônjuge, os
ascendentes ou os descendentes25. O desvio de finalidade do uso autorizado também caracteriza violação
ao direito à imagem. Como se vê, esse direito admite cessão de uso, porém seus limites devem ser
rigidamente fixados pela autorização expressa do seu titular.
CJF, Enunciado 279: “Art.20. A proteção à imagem deve ser ponderada com outros
interesses constitucionalmente tutelados, especialmente em face do direito de amplo
acesso à informação e da liberdade de imprensa. Em caso de colisão, levar-se-á em conta a
notoriedade do retratado e dos fatos abordados, bem como a veracidade destes e, ainda, as
características de sua utilização (comercial, informativa, biográfica), privilegiando-se
medidas que não restrinjam a divulgação de informações”.
Precedente relativamente recente sobre o direito à imagem:
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3. Direito ao nome: tutela o sinal exterior mais visível da pessoa natural. Compreende o
prenome e o sobrenome (patronímico26). Pode, ainda, ser integrado pelo pseudônimo (codinome), que é
aquele escolhido pela própria pessoa para o exercício de uma atividade específica. Ainda que não o integre,
goza da mesma proteção (desde que usado para atividade lícita), tutelando, assim, um verdadeiro direito à
identidade pessoal.
Por ser marca indelével do ser humano, o nome só pode ser alterado em situações específicas. É
necessária a mudança em caso de alteração do estado de filiação (adoção, reconhecimento de
paternidade) ou do próprio nome dos pais. É voluntária em caso de casamento e, ainda, dependendo de
autorização judicial, quando é imotivada (1 ano após a maioridade), em caso de inclusão de pseudônimo,
de substituição do prenome em razão de proteção à testemunha de crime, de facilitação de identidade no
setor profissional, de erro de grafia e de exposição ao ridículo. A jurisprudência consagra, também, a
hipótese de mudança de sexo.
Julgado relativamente recente do STJ sobre os requisitos para alteração do nome:
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5. O registro público é de extrema importância para as relações sociais. Aliás, o que motiva
a existência de registros públicos é exatamente a necessidade de conferir aos terceiros a
segurança jurídica quanto às relações neles refletidas.
6. Uma vez que foram os próprios recorrentes, na ação anterior, que pediram a alteração de
seus nomes, com o objetivo de obter a nacionalidade portuguesa e tiveram seu pedido
atendido na integralidade, não podem, agora, simplesmente pretender o restabelecimento
do statu quo ante, alegando que houve equívoco no pedido e que os custos de alteração de
todos os seus documentos são muito elevados.
O NCC tutela o nome na medida em que proíbe o seu uso em propaganda comercial sem
autorização (art. 18). Como dito antes, o art. 17, quando proíbe o emprego do nome de modo a expor seu
titular ao desprezo público, protege, em verdade, a honra. Aquele outro dispositivo, de certa forma,
também objetiva tutelar a honra.
Proteção: pode ser preventiva, fazendo cessar a ameaça (por meio de cautelar ou ordinária com multa
cominatória)27 ou repressiva (por meio de imposição de sanção civil – indenização – ou ainda penal). O CC
prevê tais formas de tutela (art. 12) 28. A CF, por sua vez, consagra garantias específicas (remédios) daqueles
direitos da personalidade que configurem liberdades públicas. Por fim, o Pacto de São José da Costa Rica
determina que os Estados se comprometam a respeitar e garantir os direitos da personalidade.
1.2.6 TUTELA
É o encargo conferido por lei a uma pessoa capaz, para cuidar da pessoa menor e administrar os seus bens.
Ela destina-se a suprir a falta do poder familiar e tem nítido caráter assistencial.
Dispõe o art. 1728 do CC que os filhos menores são postos em tutela:
a) Com o falecimento dos pais, ou sendo estes julgados ausentes;
b) Em caso de os pais decaírem do poder familiar. Constitui um sucedâneo do poder familiar e é
27 III Jornada de Direito Civil, Enunciado: “A primeira parte do art. 12 do Código Civil refere-se às técnicas de tutela específica,
aplicáveis de ofício, enunciadas no art. 461 do Código de Processo Civil, devendo ser interpretada com resultado extensivo.”
28 O Enunciado nº 5 da Jornada de Direito Civil prevê em sua primeira parte: “1) As disposições do art. 12 têm caráter geral e
aplicam-se inclusive às situações previstas no art. 20, excepcionados os casos expressos de legitimidade para requerer as
medidas nele estabelecidas”.
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incompatível com este. Caso os pais recuperem o poder familiar, ou se este surgir coma adoção ou o
reconhecimento do filho havido fora do casamento, cessará a tutela. Se o menor ainda se encontra sob
o poder familiar, só se só se admitirá a nomeação de tutor depois que os pais forem destituídos de tal
encargo.
Ser tutor é considerado um encargo público e obrigatório, salvo nas hipóteses dos arts. 1736 (a) mulheres
casadas; b) maiores de 60 anos; c) aqueles que tiverem sob a sua autoridade mais de 3 filhos; d) os
impossibilitados por enfermidades; e) aqueles que habitarem longe do lugar onde se haja de exercer a
tutela; f) aqueles que já exerceram tutela ou curatela; g) militares em serviço) e 1737 (quem não for
parente do menor não poderá ser obrigado a aceitar a tutela, se houver no lugar parente idôneo,
consanguíneo ou afim, em condições de exercê-la).
Formas de tutela:
a) Testamentária: é a tratada nos arts. 1729 e 1730 do CC, que atribuem o direito de nomear tutor
somente aos pais, em conjunto, desde que detenham o poder familiar (essa falta gera nulidade). Não há a
prevalência de um sobre o outro. Se estão vivos, a nomeação deverá ser feita por ambos. Só se admite a
nomeação por apenas um deles se o outro for falecido. Se o outro estiver no exercício do poder familiar,
não poderá dele ser afastado pela manifestação unilateral de última vontade do testador. A nomeação é
feita por testamento ou por outro documento autêntico (codicilos, escritura);
b) Legítima: não havendo nomeação de tutor, incumbirá a tutela aos parentes consanguíneos do
menor. Essa tutela obedecerá uma ordem preferencial: 1º) ascendentes, preferindo o de grau mais próximo
ao mais remoto; 2º) colaterais até o 3º grau, preferindo os mais próximos aos mais remotos, e, no mesmo
grau, os mais velhos aos mais moços. Vale salientar, que o juiz escolherá entre eles o mais apto a exercer a
tutela. A bem do menor, poderá o juiz altera-la e até não nomear nenhum dos parentes, pois prevalecerá o
interesse do incapaz;
c) Dativa: ocorre quando não há a possibilidade nem da tutela testamentária, bem como da legítima.
Ela tem, portanto, um caráter subsidiário. Neste caso, o juiz nomeará pessoa estranha à família, idônea e
residente no domicílio do menor;
d) Do menor abandonado: que terá o tutor nomeado pelo juiz ou será recolhido a estabelecimento
público destinado a esse fim, ficando sob a responsabilidade do Estado. Essa tutela está regulamentada
pelo ECA, inexistindo incompatibilidade entre os dois diplomas. É uma espécie de tutela estatal;
e) Tutela de fato ou irregular: ocorre quando uma pessoa passa a zelar pelo menor e por seus bens,
sem ter sido nomeada. Os seus atos não têm validade, não passando o suposto tutor de mero gestor de
negócios;
f) Tutela ad hoc ou provisória ou especial: ocorre quando uma pessoa é nomeada tutora para a
prática de determinado ato, sem a destituição dos pais do poder familiar;
g) Tutela dos índios: é também uma espécie de tutela estatal. Atualmente está regulamentada pelo
Estatuto do Índio e é exercida pela União por meio da FUNAI. O índio pertencente às comunidades não
integradas é incapaz desde o seu nascimento, sendo necessária a participação da FUNAI para a prática de
qualquer ato da vida civil. Porém, para ser liberado dessa tutela, precisa estar adaptado à civilização,
preenchendo os requisitos do EI, mediante solicitação feita à Justiça Federal, com a manifestação da FUNAI.
O exercício da tutela assemelha-se ao do poder familiar, contudo, sofre algumas limitações, sendo ainda
sujeito à inspeção judicial. O tutor é obrigado a prestar contas de 2 em 2 anos. Essas contas serão
verificadas pelo promotor e julgadas pelo juiz. A quitação dada pelo menor, finda a tutela pela
emancipação ou maioridade, não produzirá efeitos antes de aprovadas as contas.
A venda de imóveis pertencentes ao menor só poderá ser feita mediante autorização judicial e quando
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Obs: Os incisos II (aqueles que, por outra causa duradoura, não puderem exprimir a sua vontade) e IV (Os
excepcionais sem completo desenvolvimento mental) do art. 1767 do NCC foram revogados pela Lei nº
13.146/2015 (DOU 7.7.2015, em vigor após 180 dias de sua publicação oficial).
Os nascituros: será possível em duas circunstâncias: a) se o pai falecer, estando a mulher grávida; b)
não tendo a mãe o exercício do poder familiar. Essa última hipótese só pode ocorrer se ela tiver sido
destituída do poder familiar em relação a filhos havidos anteriormente, pois tal sanção atinge toda a
prole. Poderá ocorrer também se estiver interditada, caso em que o seu curador será o mesmo do
nascituro;
O enfermo ou portador de deficiência física, a seu requerimento, ou, na impossibilidade de fazê-lo,
que seja requerida por seus pais ou tutores, por seu cônjuge (ou companheiro) ou por qualquer
parente, ou pelo MP, a fim de cuidar de todos ou alguns de seus negócios ou bens.
Essas espécies de curatela não se confundem com a curadoria instituída para a prática de determinados
atos, tais como:
a) Quando colidir o interesse dos pais com o do filho (art. 1692, CC);
b) Quem instituir um menor herdeiro, ou legatário seu, poderá nomear-lhe curador especial para os bens
deixados (art. 1733, §2º, CC);
c) Se falecer alguém sem deixar testamento e nem herdeiro conhecido, os bens da herança ficarão sob a
guarda e a administração de um curador (art. 1819, CC).
Quando a nomeação é feita para a prática de atos processuais, temos as curadorias ad litem, como nos
processos de interdição ajuizados pelo MP, na curadoria à lide para os réus presos e citados por edital ou
com hora certa etc.
O curador nomeado para o interdito é, assim, de direito tutor dos filhos menores não emancipados do
incapaz. Trata-se, na realidade, de uma curadoria prorrogada.
Os atos praticados pelo amental interditado serão sempre nulos, ainda que no momento aparentasse
alguma lucidez. Isso porque o nosso ordenamento jurídico não admite os chamados intervalos lúcidos.
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Segundo o art. 1768 do CC, o processo que define os termos da curatela deve ser promovido:
Pelos pais ou tutores;
Pelo cônjuge (ou companheiro) ou por qualquer parente;
Pelo MP: que só poderá promover em caso de doença grave, se não existir ou não promover a
interdição alguma das pessoas anteriores, ou se, existindo, forem incapazes. Não é necessário que o
MP notifique previamente as demais pessoas mencionadas no art. 1768, estipulando-lhes um prazo
para suprir a omissão.
Pela própria pessoa (Acrescentado pela Lei nº 13.146/2015 (DOU 7.7.2015, em vigor após 180
dias de sua publicação oficial).
Essa enumeração é taxativa, mas não preferencial.
O art. 1783 do CC dispensa o cônjuge curador, salvo determinação judicial, de prestar constas de sua
administração, quando o regime de bens do casamento for de comunhão universal.
Quanto ao exercício da curatela, basicamente aplicam-se as mesmas regras sobre a tutela, no que não
contrariarem as peculiaridades do primeiro instituto, inclusive as referentes a escusas, remoção do curador
e cessação da curatela.
JURISDIÇÃO
Contenciosa Voluntária
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visa à composição de litígios visa à integração da vontade, para torná-la apta a produzir
efeitos
há uma lide a ser resolvida há um negócio jurídico a ser integrado
partes interessados
coisa julgada material e formal coisa julgada apenas formal
juiz segue estrita legalidade juiz pode decidir com base em juízo de equidade.
lide composta através de processo jurisdição atua por procedimento
há os efeitos da revelia não há os efeitos da revelia
princípio do dispositivo princípio do inquisitivo
as partes podem escolher as regras a serem aplicadas, quanto ao direito material (ex.: equidade); f) não
há necessidade de homologação judicial; g) há possibilidade de se recorrer ao Judiciário, mas limitada a
alguns casos (ex.: nulidade da cláusula de compromisso arbitral, corrupção, prevaricação, etc); h) o
juízo arbitral não tem poder executivo; i) a sentença arbitral é título executivo judicial (art. 475-N, III,
CPC); j) admite-se o reconhecimento e execução de sentenças arbitrais produzidas no exterior;
Cláusula compromissória x compromisso arbitral : a cláusula compromissória é a convenção em que as
partes resolvem, prévia e abstratamente, que as divergências oriundas de certo negócio jurídico serão
resolvidas pela arbitragem (antes do litígio ocorrer); o compromisso arbitral é o acordo de vontades
para submeter uma controvérsia concreta, já existente, ao juízo arbitral.
- Obs1: A Lei das PPP prevê a arbitragem para a solução de litígios. O STJ admite a arbitragem em
contratos administrativos fazendo a distinção entre interesse público primário e secundário, ou seja,
para atender o primeiro (bem da coletividade) o Estado poderia valer-se de atos de disposição (STJ, MS
11308/DF, Rel. Ministro LUIZ FUX, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 09/04/2008).
- Obs2: O STF já declarou que a arbitragem não ofende a inafastabilidade da jurisdição, pois está
sempre condicionada à vontade das partes (STF, SE 5206 AgR, Relator(a): Min. SEPÚLVEDA PERTENCE,
Tribunal Pleno, julgado em 12/12/2001).
- Obs3: Diante de uma sentença arbitral o juiz só pode executá-la ou anulá-la por vício formal, dentro
do prazo de 90 dias, mas nunca substituí-la.
- Obs4: Não há direito a recurso.
- Obs5: Há corrente minoritária que entende ser a arbitragem verdadeira espécie de jurisdição, já que
há processo, definitividade e executoriedade da sentença. Marinoni refuta a natureza jurisdicional da
arbitragem, porque: 1) É manifestação da autonomia da vontade e a opção por árbitro implica renúncia
à jurisdição; 2) A jurisdição só pode ser exercida por pessoa previamente investida na autoridade de
juiz; 3) O árbitro não pode executar suas decisões; 4) Somente serve à tutela de direitos patrimoniais
disponíveis, restringindo-se à classe restrita da população que pode arcar com seus custos.
Solução de conflitos por tribunais administrativos : atualmente a Administração Pública tem vários
tribunais, várias instâncias que no âmbito administrativo julgam conflitos por heterocomposição (são
terceiros que julgam conflitos); não se trata de jurisdição porque não tem definitividade e podem ser
controladas pelo Poder Judiciário (ex.: Tribunal Marítimo, decisões do CADE, dos Tribunais de Contas,
Conselhos de Contribuintes, etc.).
Matéria controvertida: homologação de laudos arbitrais proferidos no exterior . Há necessidade de
dupla homologação (no país de origem e no Brasil)? No 1º período (antes da Lei nº 9.307/96), o STF
entendia, ressalvando algumas decisões em sentido contrário, que o reconhecimento de decisões
arbitrais estrangeiras no Brasil deveria pressupor que estas decisões também fossem reconhecidas pelo
respectivo tribunal externo. A doutrina, por sua vez, sustentava que a dupla homologação só poderia
ser exigida se no direito estrangeiro a homologação pelo Tribunal respectivo fosse requisito para
eficácia do laudo arbitral. No 2º período (depois da lei de arbitragem), passou a haver previsão legal
sobre a desnecessidade de dupla homologação no art. 35, regra que se aplica imediatamente aos
processos em curso à época de sua publicação (constitucionalidade reconhecida pelo STF). A doutrina
critica tal solução quanto aos casos em que no país em que foi proferido o laudo a chancela judicial for
obrigatória. Sustenta-se que deveria o STF, agora STJ (EC nº 45/2004), exigir tal chancela (Barbosa
Moreira). De outro lado, há quem sustente (Alexandre Câmara e Carlos Alberto Carmona) que a lei é
inconstitucional porque confere ao STJ competência para homologação de laudos arbitrais, o que
extrapolaria a competência constitucional, restrita a sentenças estrangeiras.
Perguntas – Prova Oral – Concursos anteriores
1) O princípio da demanda é absoluto? Existe exceção? Tutela cautelar é uma exceção a esse
princípio? TRF2
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G. DIREITO PREVIDENCIÁRIO
Ponto 1 - Seguridade. Natureza, fontes e princípios. Eficácia e interpretação das normas de Seguridade.
CONCEITO
De acordo com o art. 194 da CF/88, a seguridade social pode ser conceituada como um conjunto integrado
de ações de iniciativa dos Poderes Públicos e da sociedade, destinadas a assegurar os direitos relativos à
saúde, à previdência e à assistência social. Trata-se, em suma, de direito fundamental de segunda geração
concebido sob a perspectiva do modelo de Estado de Bem-Estar Social.
A Saúde é direito de todos e dever do Estado a ser assegurada mediante ações que visem a redução dos
riscos de doenças e seus agravamentos. O acesso aos programas de Saúde Pública é orientado pelos
princípios da igualdade e universalidade do atendimento, independentemente de qualquer contribuição.
Por sua vez, a Assistência Social, conjunto de prestações disponibilizadas a quem delas necessitar,
também independe de qualquer contribuição para a seguridade social, tendo como principais objetivos a
proteção à família, à maternidade, à infância, à adolescência e à velhice; o amparo às crianças e
adolescentes carentes; a promoção da integração ao mercado de trabalho; a habilitação e reabilitação das
pessoas portadoras de deficiência e a promoção de sua integração à vida comunitária; a garantia de um
salário mínimo de benefício mensal à pessoa portadora de deficiência e ao idoso que comprovem não
possuir meios de prover à própria manutenção ou de tê-la provida por sua família, na forma estabelecida
em lei.
Por fim, a Previdência Social é um sistema protetivo de caráter contributivo e filiação obrigatória,
organizado sob a forma de regime geral e critérios que preservem seu equilíbrio financeiro e atuarial,
voltado a atender, na forma da lei, a cobertura dos eventos de doença, invalidez, morte e idade avançada;
proteção à maternidade, especialmente à gestante; proteção ao trabalhador em situação de desemprego
involuntário; salário-família e auxílio-reclusão para os dependentes dos segurados de baixa renda; pensão
por morte do segurado, homem ou mulher, ao cônjuge ou companheiro e dependentes.
COMPETÊNCIA LEGISLATIVA.
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União, Estados, DF previdência social, proteção e defesa da saúde, proteção e integração social das
pessoas portadoras de deficiência e à infância e à juventude
Há uma aparente antinomia de dispositivos constitucionais, pois a seguridade social foi tema legiferante
reservado à União pelo art. 22, XXIII, da CF/88, ao passo que a previdência social, a saúde e temas
assistenciais (todos inclusos na seguridade social) foram repartidos entre todos os entes federados.
Todavia, a partir de uma interpretação sistemática de tais dispositivos, pode-se concluir que apenas a
União poderá legislar sobre previdência social, exceto no que concerne ao regime de previdência dos
servidores públicos efetivos dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, que poderão editar normas
jurídicas para instituí-los e discipliná-los, observadas as normas editadas pela União e as já postas pela
própria Constituição.
Outrossim, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios também poderão editar normas jurídicas acerca
da previdência complementar dos seus servidores públicos, a teor do art. 40, § 14, da Constituição Federal.
Contudo, entende-se que apenas a União possui competência para legislar sobre a previdência
complementar privada, pois o tema deve ser regulado por lei complementar federal, conforme se
interpreta do art. 202 da CF/88.
No tocante à saúde e à assistência social, a competência acaba sendo concorrente, cabendo à União editar
normas gerais a serem complementadas pelos demais entes políticos, conforme as suas peculiaridades
regionais e locais, tendo em conta que todas as pessoas políticas devem atuar para realizar os direitos
fundamentais na área da saúde e da assistência social.
Segundo a ordem constitucional vigente, cabe ao Poder Público organizar a seguridade social, mediante lei,
tendo por base os seguintes objetivos: a) universalidade da cobertura e do atendimento; b) uniformidade e
equivalência dos benefícios e serviços às populações urbanas e rurais; c) seletividade e distributividade na
prestação dos benefícios e serviços; d) irredutibilidade do valor dos benefícios; e) equidade na forma de
participação no custeio; f) diversidade da base de financiamento; g) caráter democrático e descentralizado
da administração, mediante gestão quadripartite, com participação dos trabalhadores, empregadores,
aposentados e Governo nos órgãos colegiados (art.194, § único, CF/88).
NATUREZA JURÍDICA
Sendo a seguridade social um conjunto integrado de ações que visa assegurar direitos à saúde, previdência
e assistência social, há três tipos de relações jurídicas a considerar: relação jurídica de assistência à saúde;
relação jurídica de previdência social; e relação jurídica de assistência social.
Os sujeitos da relação jurídica de seguridade social são: a) sujeito ativo: quem dela necessitar; b) sujeitos
passivos: poderes públicos (União, Estados e Municípios) e a sociedade em geral.
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No campo civilista, o risco acontecido configura o sinistro, e o dano decorrente é coberto pela indenização;
o direito à cobertura pelo seguro só existe se o segurado tiver pago o prêmio. O risco é de livre definição
pelas partes, assim como a extensão da indenização. A relação jurídica nasce da celebração do contrato.
No campo da seguridade, a questão se coloca de maneira diferente. O seguro, na sua acepção civilística,
não se mostrou suficiente para configurar o objeto da proteção social dada pela seguridade porque: a) a
noção de risco está sempre ligada a dano, prejuízo que deve ser recomposto pela indenização. Porém, em
termos de seguridade social, a proteção nem sempre se origina de dano. Exemplifiquemos: a invalidez,
causa de incapacidade para o trabalho, é evento danoso que tem cobertura previdenciária ou assistencial,
conforme a hipótese. Porém, a maternidade, que conceitualmente não é dano, também tem cobertura
pela seguridade social porque a segurada mãe fica impossibilitada de trabalhar e prover seu sustento e de
sua família; b) o seguro impõe o pagamento do prêmio para que, configurado o sinistro, seja paga a
indenização; não é o que ocorre na seguridade social, em que nem todos contribuem para o custeio, mas
todos têm direito a algum tipo de proteção social; quem pode contribuir é segurado da previdência social;
quem não pode contribuir tem direito à assistência social, desde que preenchidos os requisitos legais; mas
todos têm direito à assistência à saúde.
A relação jurídica de seguridade social é diversa da relação jurídica do seguro do Direito Civil, embora se
possa afirmar que somente a relação jurídica previdenciária se aproxima de uma relação de seguro, porque
a cobertura dependerá sempre de contribuição do seguro. Os riscos cobertos, porém, serão sempre
enumerados pelo legislador.
FONTES.
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Refere-se à entrada da lei em vigor. Quanto às regras de custeio, o § 6º do artigo 195 da Constituição
estabelece que as contribuições sociais destinadas ao custeio da Seguridade Social somente poderão ser
exigidas após o transcurso de 90 dias da data da publicação da lei que as houver instituído ou majorado,
não lhes sendo aplicável o disposto do art. 150, III, b, da CF (princípio da anterioridade). As demais regras
entrarão em vigor na data da publicação da lei.
Diz respeito aos limites territoriais dentro dos quais as regras de seguridade social produzirão seus efeitos.
Como regra, as leis de benefícios e de custeio se aplicam aos nacionais e estrangeiros residentes no
território nacional.
Excepcionalmente, contudo, a ordem jurídica brasileira admite a aplicação das regras de seguridade social
a nacionais e estrangeiros que não se encontram no território nacional. Nesse sentido, pode-se citar o art.
11, I, alíneas c, e, da Lei 8.213/1991, que define como segurado obrigatório empregado o brasileiro ou o
estrangeiro domiciliado e contratado no Brasil para trabalhar em sucursal ou agência de empresa nacional
no exterior, bem como o brasileiro civil que trabalha para a União, no exterior, em organismos oficiais
brasileiros ou internacionais dos quais o Brasil seja membro efetivo, ainda que lá domiciliado e contratado,
salvo se segurado na forma da legislação vigente do país do domicílio.
As formas de interpretação são aquelas utilizadas em outros ramos do direito: gramatical, histórica,
autêntica, sistemática e teleológica.
Deve-se apenas ter em mente a natureza do direito da seguridade social, tendo em vista a proteção do
indivíduo em situação de contingência, de maneira a adotar interpretação consentânea o bem estar e
justiça social.
Ex: in dubio pro misero, flexibilização de critérios rígidos de aferição econômica para fins de concessão de
benefício (LOAS – superação do critério objetivo de ¼ do salário mínimo pelo STF).
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primário oriundo do Poder Legislativo. Exceção: Poder Executivo mediante MP dispor sobre crédito
adicional em caso de guerra, comoção ou calamidade, atendidos os pressupostos materiais (ADI 4048).
LOA pode autorizar adicionais suplementares por Decreto.
b) ECONOMICIDADE: Trata-se da exigência relativa à eficiência do gasto público do ponto de vista
econômico. Relação custo-benefício. Tentar o melhor pelo menos possível.
c) TRANSPARÊNCIA: Aplicação do Princípio da Publicidade (art. 37, caput, CF) no tema atividade financeira.
Tem a mesma roupagem do Princípio Orçamentário da Publicidade (específico). É corolário do princípio
republicano. Art. 165 § 3º da CF. Arts. 48 e 49 da lei de responsabilidade fiscal.
d) RESPONSABILIDADE FISCAL: Assegurado que o gasto público seja realizado dentro de certos limites e de
acordo com as regras estritas que, se não cumpridas, acarretam sanções aos entes públicos. É condição de
tal responsabilidade a ação planejada e transparente, com zelo pelo equilíbrio das contas públicas.
Ponto 2 - Orçamento. Conceito e espécies. Natureza jurídica. Princípios orçamentários. Normas
gerais de direito financeiro. Fiscalização e controle interno e externo dos orçamentos.
Orçamento.
Conceito e espécies
Introdução
Conceito: ato pelo qual o poder legislativo prevê e autoriza o Poder Executivo, realização de despesas e
receitas para um período determinado. Reflete o plano de ação governamental, espelhando a vida
econômica do Estado. Segundo a concepção moderna o orçamento deixa de ser um mero documento
financeiro ou contábil, para passar a ser instrumento de ação do Estado, sendo, portanto, instrumento
representativo da vontade popular.
Aspectos do orçamento
Aspecto político: é um ato político por meio do qual se permite a atuação harmônica e interdependente
dos Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário.
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Orçamento Impositivo: No Brasil, via de regra, o orçamento é autorizativo, de forma que a despesa fixada
na lei orçamentária é uma “autorização para gastar”, e não como uma “obrigação de gastar”. No entanto,
com a aprovação da LDO de 2014, abriram-se discussões sobre a natureza do orçamento vez que essa lei
estabeleceu a obrigatoriedade de execução de determinadas emendas parlamentares individuais, dando
certa impositividade ao orçamento. Em 2015, foi aprovada a Emenda Constitucional n° 86 que trouxe
impositividade a determinados aspectos do orçamento, tornando obrigatória a execução orçamentária e
financeira das programações relativas a emendas individuais ao projeto de lei orçamentária aprovadas no
limite de 1,2% (um inteiro e dois décimos por cento) da receita corrente líquida prevista no projeto
encaminhado pelo Poder (art. 166, §9° e 11 da CF). O art. 165 ainda trouxe em seus parágrafos as
hipóteses em que a execução orçamentária não será obrigatória nos casos de impedimentos justificáveis.
Em que pese o orçamento no Brasil seja, via de regra, autorizativo há determinadas despesas que não
podem ser contingenciadas, por serem de natureza obrigatória (art. 9°, §2°, LRF): obrigações
constitucionais e legais do ente, inclusive aquelas destinadas ao pagamento do serviço da dívida, e as
ressalvadas pela lei de diretrizes orçamentárias.
O contingenciamento ocorre em face do art. 9° da LRF, o qual prevê, de dois em dois meses (bimestral), a
análise de entrada de receitas e sua relação com as despesas. Caso não haja equilíbrio, será necessário
limitação de empenho e movimentação financeira.
Natureza jurídica
Há na doutrina a defesa de diferentes posicionamentos:
a) simples ato administrativo sem caráter de lei = orçamento é uma “lei de meios”, mero
instrumento de arrecadação;
b) lei em sentido formal = produzida mediante processo legislativo;
c) lei em sentido material = geral e abstrata
d) lei em sentido material e formal;
e) lei em relação à receita e ato normativo em relação à despesa;
f) ato condição.
Princípios orçamentários
Princípio da unidade: A ideia do princípio da unidade não é que exista uma única peça, o que se exige é
que as várias peças tenham harmonia entre si. Um dos objetivos da Lei de Responsabilidade Fiscal é
garantir essa harmonia.
Princípio da universalidade: todas as receitas e despesas devem estar previstas na lei orçamentária.
Exceções:
Súmula 66 STF - É legítima a cobrança do tributo que houver sido aumentado após o orçamento, mas antes
do início do respectivo exercício financeiro. Com esse entendimento firmado pelo STF, é possível concluir
que no Brasil não vigora o princípio da anualidade tributária, em que o Tributo, para ser cobrado, além de
atender às regras da legislação tributária, deveria a cada ano, estar previsto no orçamento, sob pena de
não ser exigido.
As receitas e despesas operacionais (correntes) das empresas públicas e sociedades de economia mista
consideradas estatais independentes.
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Outras entradas compensatórias no ativo e no passivo financeiro (cauções, depósitos, consignações etc)
Princípio da Anualidade (ou periodicidade): determina que o orçamento seja atualizado a cada ano. Não
confundir princípio da anualidade tributária (que exige que o tributo esteja previsto no orçamento do ano
anterior - não mais existe no ordenamento brasileiro) com o princípio da anualidade financeira (que exige
que o orçamento tenha um prazo de duração).
Princípio da proibição do estorno de verbas: impossibilidade de transpor, remanejar ou transferir
recursos de uma categoria de programação para outra ou de um órgão para outro sem autorização
legislativa prévia. Também está vedada a utilização, sem autorização legislativa específica, dos recursos do
orçamento fiscal e da seguridade social para suprir necessidade ou cobrir déficit de empresas, fundações
ou fundos. Exceção: art. 167, §5° da CF.
Princípio da não afetação da receita de impostos: vedação à vinculação da receita proveniente dos
impostos a órgão, fundo ou despesa. Disposição constitucional, art. 167, IV. Há quem, incorretamente,
relacione o dispositivo à característica da não vinculação da espécie tributária denominada imposto.
Ocorre que o dispositivo não trata de vinculação ou não-vinculação tributária, trata, isso sim, do princípio
do direito financeiro da não afetação. Exceções:
1) repartição das receitas tributárias (arts. 158 e 159, CF);
2) destinação de recursos para a saúde: União, receita corrente líquida do respectivo exercício
financeiro, não podendo ser inferior a 15% (quinze por cento). Estados, DF: o produto da
arrecadação dos impostos a que se refere o art. 155 e dos recursos de que tratam os arts. 157 e
159, inciso I, alínea a, e inciso II, deduzidas as parcelas que forem transferidas aos respectivos
Municípios. Municípios e DF: o produto da arrecadação dos impostos a que se refere o art. 156 e
dos recursos de que tratam os arts. 158 e 159, inciso I, alínea b e § 3º (Art. 198, §2° - EC 86/2015).
3) destinação para a saúde de metade do percentual de 1,2% instituído por ocasião do orçamento
impositivo das emendas individuais dos parlamentares (§9° do art. 166, CF).
4) destinação de recursos para a educação, sendo U 18%, E, DF e M 25% (art. 212, CF);
5) realização de atividades da administração tributária (art. 37, XXII, CF);
6) prestação de garantias em relação às operações de crédito por antecipação de receitas (art.
165, § 8º; art. 167, § 4º, CF)
7) fundo de combate e erradicação da pobreza;
8) vinculação de até 0,5 % da receita tributária líquida dos estados e DF para programa de apoio à
inclusão e promoção social.
9)vinculação de até 0,5 % da receita tributária líquida dos estados e DF para fundos destinados
para o financiamento de programas culturais.
DRU – Desvinculação das Receitas da União - com objetivo de livrar-se parcialmente das
vinculações obrigatórias, a reforma tributária (EC 42) prorrogou os efeitos da EC 27. Durante o
período previsto pelo texto constitucional há a desvinculação de órgão, fundo ou despesa de 20 %
da arrecadação de impostos, contribuições sociais e de intervenção no domínio econômico,
incluindo seus adicionais e acréscimos.
Princípio da Exclusividade: determinação de que as leis orçamentárias contenham apenas fixação de
despesas e previsão da receita. Regra: a lei orçamentária não conterá dispositivo estranho à previsão de
receita e à fixação da despesa (“rabilongos orçamentários ou cauda orçamentária”). Exceções: é possível
que a lei orçamentária preveja, além de despesas e receitas: autorização para abertura de crédito
suplementar; autorização para contratação de operações de crédito, ainda que por ARO (em qualquer mês
do exercício financeiro).
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Princípio do orçamento-bruto: todas as receitas e despesas constarão da Lei Orçamentária pelos seus
totais, seus valores brutos, vedadas quaisquer deduções.
Princípio da precedência: a aprovação do orçamento deve ocorrer antes do exercício financeiro a que se
refere.
Princípio do equilíbrio: as receitas devem ser iguais às despesas. Exceção no art. 167, §8º, onde se permite
que os recursos que em decorrência de veto, rejeição, ou emendas sejam aproveitados mediantes créditos
suplementares e especiais, condicionado o aproveitamento à autorização legislativa. A Constituição de
1988 (diferente da Constituição de 1967) não contempla tal princípio e, por essa razão, seria possível
afirmar a desnecessidade de sua observância. Contudo, a análise da LRF demonstra que, apesar de não se
tratar de uma diretriz constitucional, a busca pelo equilíbrio está presente em suas disposições e deve ser
entendida como uma meta a ser alcançada.
O orçamento proposto pelo governo federal para o ano de 2016 não respeitou esse princípio,
apresentando mais gastos do que despesas.
Princípio da programação: O orçamento deve enfatizar os planos de governo com as metas e os objetivos
a serem alcançados, e não apenas prever receitas e despesas.
Normas gerais de direito financeiro
Plano plurianual - PPA(art. 165, § 1º, CF)
O PPA estabelece, de forma regionalizada, diretrizes, objetivos e metas da administração pública federal
para as despesas de capital e outras dela decorrente e para as relativas aos programas de duração
continuada. Estabelece um planejamento a longo prazo e depende do orçamento anual para ter eficácia
quanto à realização das despesas. É uma programação que deve orientar o executivo na execução da LOA.
Investimento que ultrapasse um exercício financeiro, sob pena de caracterização de crime de
responsabilidade, deve estar incluído no PPA ou ter previsão em lei que autorize a inclusão.A validade do
PPA é de 4 anos.
Lei de Diretrizes Orçamentárias - LDO [art. 165, § 2º, CF; art. 4º, LRF]
A LDO é a lei orçamentária que estabelecerá metas e prioridades da administração pelo período de
1 ano.Funções da LDO previstas no texto constitucional:a) estabelece metas e prioridades da
Administração, incluindo as despesas de capital para o exercício seguinte; b) Orienta a elaboração
da LOA; c) Dispõe sobre alterações na legislação tributária; d) Estabelece a política das agências
oficiais de fomento.
A LRF amplia as funções da LDO:disporá também sobre:a) equilíbrio entre receitas e despesas;b)
critérios e forma de limitação de empenho, a ser efetivada nas hipóteses previstas na alínea b do
inciso II deste artigo, no art. 9o e no inciso II do § 1o do art. 31;e) normas relativas ao controle de
custos e à avaliação dos resultados dos programas financiados com recursos dos orçamentos;f)
demais condições e exigências para transferências de recursos a entidades públicas e privadas;
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No caso da LDO, se não houver aprovação até 17.06 não se encerra o 1º período da sessão
legislativa.
Orçamento do P. Judiciário: Poder judiciário que elabora a proposta orçamentária. É necessário o
atendimento aos limites estipulados conjuntamente com os demais Poderes na lei de diretrizes
orçamentários.
Em caso de ausência do encaminhamento o Poder executivo considerará os valores aprovados na lei
orçamentária vigente, realizando-se os devidos reajustes.
Caso a proposta seja encaminhada em desacordo com os limites estipulados, o Poder Executivo
procederá aos ajustes necessários – etapa de planejamento do orçamento.
Cuidado: art. 9°,§3°, da LRF – Necessidade de limitação de despesas no orçamento – “§ 3o No caso
de os Poderes Legislativo e Judiciário e o Ministério Público não promoverem a limitação no prazo
estabelecido no caput, é o Poder Executivo autorizado a limitar os valores financeiros segundo os
critérios fixados pela lei de diretrizes orçamentárias”. Apesar da redação do artigo, na cautelar da
ADIN 2.238-5, o STF suspendeu a eficácia desse parágrafo por representar interferência indevida
do poder executivo sobre os demais.
Orçamento-Programa
Os programas geralmente representam os produtos finais da ação governamental. No Brasil, o Orçamento-
Programa está estruturado em diversas categorias programáticas, ou níveis de programação, que
representam objetivos da ação governamental em diversos níveis decisórios. Assim, a classificação
funcional programática apresenta, em síntese:- as funções representam as áreas de atuação do Governo;
os programas e subprogramas representam os objetivos que se pretende alcançar; os projetos e atividades
representam os meios de alcançar tais objetivos.
CRÉDITOS ADICIONAIS- são autorizações do legislativo para efetivação de despesas não previstas ou
insuficientemente previstas na LOA. Espécies: a) crédito suplementar: destinados a REFORÇO DE DOTAÇÃO
ORÇAMENTÁRIA. Trata de despesas que já havia sido prevista na LOA, mas de forma insuficiente, e
dependem de prévia autorização legislativa. É possível que a LOA já traga a autorização; Decreto do
Executivo é instrumento normativo para sua abertura; dependem da existência e da indicação da
disponibilidade de recursos; IMPOSSIBILIDADE de utilização de MP para abertura; b) crédito especial:
destinados às despesas para as quais não haja dotação orçamentária específica. Visa atender necessidades
novas (não previstas na peça orçamentária) surgidas no decorrer do exercício; Há a necessidade de prévia
autorização legislativa; Instrumento normativo para sua abertura é DECRETO DO EXECUTIVO; Utilização de
MP para abertura: IMPOSSIBILIDADE. c) crédito extraordinário: destinados a despesas urgentes e
imprevistas, em caso de guerra, comoção intestina ou calamidade pública; Não há necessidade de prévia
autorização legislativa. Após a abertura do crédito extraordinário o Poder Legislativo é comunicado; Não há
necessidade de indicação da disponibilidade de recursos; Utilização de MP para abertura: POSSIBILIDADE.
[art. 62, § 1º, I, d c.c. art. 167, § 3º, CF].
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aplicação das subvenções e renúncias de receitas;- emitir pronunciamento quando solicitado pela Comissão
Mista de Orçamento;- apurar denúncias apresentadas por qualquer cidadão, partido político, sindicatos,
sobre irregularidades ou ilegalidades;- fixar os coeficientes do FPM e FPE.
Competências legais do TCU:- Lei 8.443/92: Decidir sobre consulta formulada por autoridade competente
acerca de dúvida na aplicação de dispositivos legais ou regulamentares concernentes à matéria de
competência do Tribunal. São autoridades competentes: Ministros de Estado, Presidência da República,
Presidência dos Tribunais. A aplicação prática diz respeito à solução de dúvidas, mediante exposição que
será oficiada ao TCU, visando à obtenção da informação pertinente;- Lei 8.730/93: Exercer o controle da
legalidade, legitimidade dos bens e rendas de autoridades e servidores públicos;-Lei 8.031/90: Apreciar o
processo de privatização das empresas incluídas no Programa Nacional de Desestatização;Lei 8.666/93:
Apreciar as representações apresentadas por licitantes acerca de irregularidades nas licitações;Lei
9.452/97: Apreciar representações apresentadas pelas Câmaras Municipais acerca da não-comunicação da
liberação de recursos federais.
I. DIREITO AMBIENTAL
1.1 Conceito
A denominação direito ambiental é mais ampla do que a expressão direito ecológico ou direito da natureza:
não limita seu campo de estudo a elementos naturais. É o ramo do direito que estuda, analisa e
regulamenta as questões e os problemas ambientaisesua relação com o ser humano, voltando-seàproteção
do meio ambienteeàmelhoria das condições de vida no planeta.
"O complexo de princípios e normas reguladores das atividades humanas que, direta ou
indiretamente, possam afetar a sanidade do ambiente em sua dimensão global, visando a
sua sustentabilidade para as presentes e futuras gerações". (Edis Milaré)
O Direito Ambiental é multidisciplinar. Seus conceitos, normas e doutrina necessariamente recorrem às
ciências que estudam o meio ambiente (Biologia, à Geografia, à Agronomia, Engenharia Florestal,
Biotecnologia, Ecologia etc.) Exemplo: Lei de Biossegurança (apresenta inúmeros conceitos extraídos da
biologia).
a) meio ambiente natural (ou físico): conjunto de recursos naturais bióticos e abióticos. O meio ambiente
natural é tutelado pelo caput do art. 225 da Constituição Federal e imediatamente, v. g., pelo § 1º, I, III e
VII, desse mesmo artigo.
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b)meio ambiente artificial: construído ou alterado pelo ser humano, composto pelos edifícios urbanos
(espaços públicos fechados) e pelos equipamentos comunitários (espaços públicos abertos). O meio
ambiente artificial recebe tratamento constitucional especialmente no capítulo referente à Política Urbana.
A mais importante norma vinculada ao Meio Ambiente Artificial é o Estatuto da Cidade (Lei n.
10.257/2001).
c) meio ambiente cultural: patrimônio histórico, artístico, paisagístico, ecológico, científico e turístico,
constituído tanto por bens imateriais e materiais. Tutelado especialmente na Seção destinada da Cultura,
em especial no art. 216, da CF;
e) patrimônio genético: é admitido apenas por parte da doutrina. Trata-se de novo elemento do meio
ambiente, consistente nas informações de origem genética oriundas dos seres vivos de todas as espécies.
Compreende o conhecimento obtido sobre a biodiversidade.
Segundo INGO SARLET, HERMAN BENJAMIN e FENSTERSEIFER, atualmente é possível falar em um Estado
Socioambiental de Direito. Percebe-se uma expressiva valorização do meio-ambiente em termos jurídico-
constitucionais, incorporando-se uma consciência ecológica que objetiva assegurar a efetividade dos
programas constitucionais e legislativos de proteção ao meio ambiente. O bem-estar ambiental passa a
constituir uma dimensão da própria dignidade da pessoa humana. A qualidade e segurança ambientais
passam a figurar como elemento integrante do próprio conteúdo normativo do princípio da dignidade da
pessoa humana.
1.5 Objeto
O objeto do Direito Ambiental é a harmonização da natureza, garantida pela manutenção dos ecossistemas
e da sadia qualidade de vida para que o homem possa se desenvolver plenamente. Restaurar, conservar e
preservar são metas a serem alcançadas através deste ramo do Direito, com a participação popular.
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O direito ao meio ambiente reconhece o direito ambiental como um direito fundamental do homem de 3a
dimensão (visão antropocêntrica);
Odireito do ambiente rompe com a visão antropocêntrica do direito. Decorre do reconhecimento do valor
ecológico independente do homem. Meio ambiente como sujeito de direito, e não como objeto de direito
(fenômeno da ecologização do direito). Alinhada ao e o biocentrismo e ao ecocentrismo .
Biocentrismo: sustenta-se a existência de valor nos demais seres vivos, independentemente da existência
do homem, notadamente os mais complexos, a exemplo dos mamíferos, pois são seres sencientes.
Inspirada no biocentrismo, nasceu a defesa dos direitos dos animais (abolicionismo), movimento que vai de
encontro à utilização dos animais como instrumento do homem, chegando a colocá-los como sujeito de
alguns direitos, notadamente os animais sencientes e autoconscientes.
A fim de facilitar a diferenciação, far-se-á a análise do estilo de alimentação humana à luz das tratadas
doutrinas éticas ambientais: O antropocentrismo e o ecocentrismo são favoráveis ao consumo humano
de animais, mas por premissas diversas. Para os antropocêntricos, decorre da liberdade humana de
escolha da sua alimentação. Para os ecocêntricos, é corolário da natureza humana carnívora, sendo uma
necessidade natural, típica da condição de predador natural ostentada pelo homem. Por outro lado, os
biocêntricos defendem apenas o consumo de vegetais ou de produtos de origem animal (como ovos e
leite), sob o argumento do direito à vida dos animais não racionais, além da vedação ao seu sofrimento
(seres sencientes). (Frederico Amado)
Preservação - manter o meio ambiente intocado, sem ações do homem. É não interferir na biota (conjunto
de seres vivos que vive num determinado sistema). A preservação deve ser exceção diante do princípio do
desenvolvimento, por isso é melhor a utilização da expressão conservação.
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Teoria Minimalista: a expressão “todos” do dispositivo se refere a todos que estão sujeitos ao regime
constitucional - visão antropocêntrica.
Teoria Maximalista: a expressão “todos” do dispositivo se refere a todos que integram o meio ambiente,
não apenas os homens, mas também a fauna e a flora.
No ordenamento brasileiro não é possível defender os animais como sujeitos de direito, mas o art. 225, §
1º, VII, que dispõe acerca da proteção da fauna e da flora e proíbe que se submetam os animais à
crueldade, representa uma aproximação dessa concepção.
Apesar de não estar contido no rol do artigo 5º da CF, o meio ambiente é considerado um direito
fundamental, sendo uma extensão do direito à vida e necessário à pessoa humana.Está previsto
expressamente no artigo 225 da Constituição Federal: “Todos têm direito ao meio ambiente
ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida,
impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e
futuras gerações.”
Procura-se evitar o risco de uma atividade sabidamente danosa e efeitos nocivos ao meio ambiente.
Aplica-se aos impactos ambientais já conhecidos. Finalidade: evitar que o dano possa chegar a produzir-
se. Deve-se tomar as medidas necessárias para evitar o dano ambiental porque as consequências de se
iniciar determinado ato, prosseguir com ele ou suprimi-lo são conhecidas.
Previsão: Declaração de Estocolmo (1972 – princípios 6 e 21) e Declaração do Rio (ECO – 92 – princípio 2).
A Política Nacional do Meio Ambiente fala em manutenção e proteção (Lei 6.938/81). CR/88: art. 225, §1º,
IV - obrigatoriedade de EIA em obras ou atividades potencialmente causadoras de significativa
degradação ao meio ambiental).
Incide quando não se tem certeza científicaacerca dos danos que podem ser causados. Aplica-se o
primado da prudência e o benefício da dúvida em favor do ambiente. A falta de plena certeza científica
não deve ser usada como razão para postergar medidas para evitar ou minimizar essa ameaça. In dubio
pro natura. Deve ser aplicado, contudo, apenas em face da ausência científica do impacto de RISCOS
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GRAVES E IRREVERSÍVEIS. Inversão do ônus é seu corolário: implica a necessidade de demonstração de que
a atividade não traz riscos ao meio ambiente.
Marco inicial - Lei da Alemanha de 1976. Primeira previsão internacional: Conferência do Mar do Norte de
1987. Foi proposto formalmente na Declaração do Rio (ECO – 92 – princípio 15) e na Convenção Quadro
das Nações Unidas sobre as mudanças do clima – 1992 (uma de suas emendas é o protocolo de Kyoto de
1997). Presente na Convenção sobre Diversidade Biológica – 1992. Amparo constitucional (art. 225, caput,
de forma implícita). Primeira lei que tratou no Brasil foi a da Biossegurança (art. 11.105/05 – art. 1º).
A adoção das medidas públicas, por sua vez, deve ser regida pela temporariedade (enquanto durar a
incerteza) e pela proporcionalidade.
A prevenção atua no sentido de inibir o risco de dano em potencial (atividade sabidamente perigosas),
enquanto a precaução atua para inibir o risco de perigo potencial (ou seja, o dano em abstrato).
Mesmo diante dos princípios da precaução e da prevenção, que para alguns suplantariam os princípios de
garantias dos cidadãos, há de se considerar, diante do caso concreto, a possibilidade de aplicação do
princípio da insignificância.
3) intermediária: o risco deve ser baseado na ciência e deve ser crível, mas não exclui a moratória e adota a
teoria dinâmica da distribuição do ônus da prova.
Art. 225, § 3º da CF; art. 3º, IV; art. 4º, VII; e art. 14, § 1º, da Lei 6.938/81.Aquele que polui terá que arcar
com os custos da reparação de dano causado.
Art. 225, § 3º - As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores,
pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de
reparar os danos causados.
Art 3º - Para os fins previstos nesta Lei, entende-se por: IV - poluidor, a pessoa física ou jurídica, de direito
público ou privado, responsável, direta ou indiretamente, por atividade causadora de degradação
ambiental;
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Art 4º - A Política Nacional do Meio Ambiente visará: VII - à imposição, ao poluidor e ao predador, da
obrigação de recuperar e/ou indenizar os danos causados e, ao usuário, da contribuição pela utilização de
recursos ambientais com fins econômicos.
Art. 14, § 1º - Sem obstar a aplicação das penalidades previstas neste artigo, é o poluidor obrigado,
independentemente da existência de culpa, a indenizar ou reparar os danos causados ao meio ambiente e
a terceiros, afetados por sua atividade. O Ministério Público da União e dos Estados terá legitimidade para
propor ação de responsabilidade civil e criminal, por danos causados ao meio ambiente.
Caráter Preventivo - devem-se buscar todas as medidas para evitar o dano.
Caráter Repressivo - se, ainda que tenham sido adotadas todas as medidas, o dano vier a ocorrer, aquele
que foi o responsável tem o dever de repará-lo. Esses custos não podem ser repassados para a sociedade.
Internalização das Externalidades Negativas - O ônus ambiental em decorrência da atividade deve ser
considerado como integrante dos custos da produção, não podendo ser transferido para a sociedade.
Previsto também na Declaração do Rio 92 (princípio 16): As autoridades nacionais devem procurar
promover a internacionalização dos custos ambientais e o uso de instrumentos econômicos, tendo em vista
a abordagem segundo a qual o poluidor deve, em princípio, arcar com o custo da poluição, com a devida
atenção ao interesse público e sem provocar distorções no comércio e nos investimentos internacionais.
a) Extracontratual - Decorre da Lei, sem que haja um vínculo jurídico contratual anterior;
c) Propter rem - O adquirente responderá ainda que não tiver provocado o dano. Qualquer Cláusula de Não
Indenizar só terá validade entre as partes;
d) Solidária - Entre todos que de alguma forma deram origem ao dano (litisconsórcio facultativo).
Majoritariamente entende-se que é possível a responsabilidade solidária do ente público quando, devendo
agir para evitar o dano ambiental, mantém-se inerte ou atua de forma deficiente. Entretanto, apesar de
solidária, a execução contra o ente público é subsidiária, de modo se exigir execução primeiro do poluidor
direto, não devendo, em regra, a sociedade ser duplamente onerada pela degradação ambiental;;
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Evolução do princípio do poluidor-pagador. O uso gratuito de recursos naturais às vezes pode representar
enriquecimento ilícito por parte do usuário, pois a comunidade que não usa ou usa em menor escala fica
onerada. Não deve ser encarado como punição, pois poderá ser implementado mesmo sem haver
comportamento ilícito (art. 4, VII, da Lei 6.938/81).
O usuário de recursos naturais (escassos) deve pagar por sua utilização. A ideia é de definição do valor
econômico ao bem natural com intuito de racionalizar o seu uso e evitar seu desperdício (o fato gerador é
a mera utilização dos recursos, independentemente de dano ou ilicitude). Leme faz uma correlação entre
o princípio do usuário pagador e a compensação ambiental: "a compensação ambiental é uma das formas
de implementação do usuário pagador, antecipando possíveis cobranças por danos ambientais".
O usuário é aquele que não causa poluição. Paga por um direito outorgado pelo poder público. Ex:
cobrança pelo uso de água, art. 19 e 20 da Lei nº 9.433/97. Pagar é garantir o art. 225 CF, em benefício das
futuras gerações.
Tem previsão expressa no art. 6º, II, da Lei nº 12.305/10 (Política Nacional de Resíduos Sólidos). Está
também previsto no Código Florestal (art. 1-A).
O agente público ou privado que protege um bem natural em benefício da comunidade deve receber uma
compensação financeira como incentivo pelo serviço de proteção ambiental prestado.
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a) art. 10, §1º, II, da Lei nº 9.393/96, que excluiu da área tributável de ITR alguns espaços
ambientalmente protegidos; b) Lei nº 12.512/11 (Programa de Apoio à Conservação Ambiental), voltado a
famílias de baixa renda que desenvolvam atividades de conservação em determinadas áreas.
CR/88: art. 170, VI, e 225. Pilares do desenvolvimento sustentável: crescimento econômico, preservação
ambiental e equidade social. Caráter social: forma de realização da justiça por meio da distribuição da
riqueza.
As necessidades humanas são ilimitadas, mas os recursos ambientais não o são, sendo necessário buscar o
equilíbrio, pela sustentabilidade, e decorre de uma ponderação casuística entre o direito fundamental ao
desenvolvimento econômico e o direito fundamental à preservação ambiental.
Reconhecido no art. 225 da CR e em Estocolmo (1972). Está intimamente ligado ao direito fundamental à
vida e à proteção da dignidade humana.
É dever irrenunciável do Poder Público promover a proteção do meio ambiente. Destaca-se a necessidade
de intervenção do poder público (caráter vinculado do poder de polícia ambiental), mas, ao mesmo tempo,
aborda a questão do aumento da função fiscalizatória/regulatória, via agências reguladoras.
Por ser direito indisponível, a proteção ambiental não pode ser objeto de transação (a única forma
admitida é a negociação de prazo, inclusive por meio de TAC). Esse princípio decorre da declaração de
Estocolmo (1972). Encontra-se na CF (art. 225 – dever de defender e preservar o meio ambiente) e na
declaração do Rio 92.
Encontra previsão expressa, ainda, no artigo 2º, inciso I, da Lei 6.938/81, destacando-se a obrigação do
Poder Público de:
A intervenção do Estado pode ocorrer ainda de forma indireta, como agente normativo e regulador (Art.
174, CF), mediante: a) fiscalização: de atividades econômicas potencialmente degradadoras; rigorosas
multas ambientais; b) incentivo: incentivos fiscais para empresas ambientalmente responsáveis (princípio
do protetor recebedor); c) planejamento: necessidade de integrar o planejamento ambiental ao
planejamento das questões públicas.
Inserido no caput do art. 225 da CF. Princípio nº 10 da Declaração do Rio de 1992. É dever de toda a
sociedade atuar na defesa do meio ambiente.
A participação consubstancia-se:
c) na utilização dos mecanismos de controle políticos (plebiscito, referendo, iniciativa popular), judiciais
(ação popular, ação civil pública) e administrativos (informação, petição, EIA).
Destaca-se aqui a atuação das ONGs e assento dos cidadãos nos conselhos ambientais e da consulta
públicapara criação de algumas unidades de conservação, além da participação como amicus curiae, em
processos de controle abstrato de constitucionalidade.
Toda informação sobre o meio ambiente é pública. Visa assegurar a eficácia do princípio da participação. É
necessária a devida publicidade das questões ambientais, sob pena de impossibilidade de atuação do
princípio democrático. O art. 5º, XXXIII da Constituição Federal e a Lei 12.527/11, garantem o acesso à
informação de forma ampla, incluindo aquela que diz respeito ao meio ambiente.
Embora não seja obrigação exclusiva do poder público, encontra-se constitucionalmente previsto no art.
225, § 1º, VI, CF. Para assegurar o direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, incumbe ao Poder
Público promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização pública para a
preservação.
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A Lei 9.795/99 trata da educação ambiental. O art. 1 dispõe que se entende por educação ambiental os
processos por meio dos quais o indivíduo e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos,
habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservação do meio ambiente, bem de uso comum
do povo, essencial à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade. O art. 10 assinala que a educação
ambiental será desenvolvida como uma prática educativa integrada, contínua e permanente em todos os
níveis e modalidades do ensino formal, e que não deve ser implantada como disciplina específica no
currículo de ensino.
Art. 186 da CF: a função social da propriedade é atendida quando há aproveitamento racional e adequado;
utilização adequada dos recursos naturais disponíveis e preservação do meio ambiente; observação das
disposições que regulam as relações de trabalho; exploração que favoreça o bem-estar dos proprietários e
trabalhadores. É o princípio que justifica serem as obrigações ambientais propter rem.
Consiste na ponderação de valores quando da prática de algum evento que possa repercutir na esfera
ambiental. Necessidade de se analisar quais os prejuízos e impactos, e ao contrário, quais os benefícios e
ganhos. Nessa ponderação, deve-se levar em conta todas as condições ambientais, no sentido legal do
termo, como as influências e integrações de ordem química e biológica, que permitem abrigar e reger a
vida em todas as formas. Esse equilíbrio está atrelado ao desenvolvimento econômico e seus impactos
ambientais, guardando estreita relação com o desenvolvimento sustentável.
Portanto, mesmo que fosse mais benéfico, para não dizer inevitável, optar pela
mecanização da colheita da cana, por conta da saúde do trabalhador e da população a
viver nas proximidades da área de cultura, não se poderia deixar de lado o meio pelo
qual se considerasse mais razoável para a obtenção desse objetivo: a proibição imediata
da queima da cana ou a sua eliminação gradual. Por óbvio, afigurar-se-ia muito mais
harmônico com a disciplina constitucional a eliminação planejada e gradual da queima
da cana. Por outro lado, em relação à questão ambiental, constatar-se-ia que, se de uma
parte a queima causaria prejuízos, de outra, a utilização demáquinas também geraria
impacto negativo ao meio ambiente, como a emissão de gás metano decorrente da
decomposição da cana, o que contribuiria para o efeito estufa, além do
surgimento de ervas daninhas e o consequente uso de pesticidas e fungicidas. (RE-
586224)
1.6.15 Princípio do Acesso equitativo aos Recursos Naturais
A utilização saudável do meio ambiente deve ser partilhada de forma equânime por toda a humanidade.
Previsão constitucional: art. 225, § 1º, inciso V. A Administração Pública tem a obrigação de fixar padrões
máximos de emissões de poluentes, ruídos, enfim, de tudo aquilo que possa implicar prejuízos para os
recursos ambientais e à saúde humana. É imprescindível para que se evite, ou pelo menos se minimize a
poluição e a degradação. Faz-se necessária a intervenção do Estado no controle de interesses particulares e
na defesa em prol da maioria.
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Ubiquidade é a qualidade do que está em toda a parte. O meio ambiente é condição prévia para a
existência e o exercício dos direitos humanos. Os bens naturais, tendo caráter de onipresença, colocam-se
em posição soberana a qualquer limitação espacial ou geográfica. O meio ambiente deve ser considerado
em toda decisão política (ex. leis orçamentárias, PAC). Visão holística: protege-se o todo para proteger a
parte. Princípio 17 da RIO/92: “A avaliação do impacto ambiental, como instrumento nacional, será
efetuada para as atividades planejadas que possam vir a ter um impacto adverso significativo sobre o meio
ambiente e estejam sujeitas à decisão de uma autoridade nacional competente”
Enquanto as primeiras constituições escritas colocavam o direito à vida entre os direitos individuais, a partir
do séc. XX foi inserido o "direito à qualidade de vida", não sendo suficiente viver ou apenas conservar a
vida (caput do art. 225 da CF).
Invocado pelo STJ em seus julgados e melhor tratado no tópico sobre reparação dos danos ambientais.
Deve conduzir o meio ambiente e a sociedade a uma situação, na medida do possível, equivalente à
anterior ao dano. Incluem-se os efeitos ecológicos e ambientais da agressão, as perdas de qualidade
ambiental, os danos ambientais futuros e danos morais coletivos. Positivado na legislação civil (art. 944,
CC).
“Na hipótese de ação civil pública proposta em razão de dano ambiental, é possível que a
sentença condenatória imponha ao responsável, cumulativamente, as obrigações de
recompor o meio ambiente degradado e de pagar quantia em dinheiro a título de
compensação por dano moral coletivo. Isso porque vigora em nosso sistema jurídico o
princípio da reparação integral do dano ambiental, que, ao determinar a responsabilização
do agente por todos os efeitos decorrentes da conduta lesiva, permite a cumulação de
obrigações de fazer, de não fazer e de indenizar.” (REsp 1.328.753-MG)
1.6.20 Princípio da Solidariedade Intergeracional
Princípio 3 da RIO/92: “O direito ao desenvolvimento deve ser exercido de modo a permitir que sejam
atendidas equitativamente as necessidades das gerações futuras.” art. 225 da CF.
O constituinte criou um sujeito de direito indeterminado: gerações futuras, que ainda não nasceram e para
os quais os recursos naturais devem ser preservados. A solidariedade ambiental é sincrônica (presentes
gerações) e diacrônica (futuras gerações).
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missível o recuo da salvaguarda ambiental para níveis de proteção inferiores aos já consagrados, exceto se as
circunstâncias de fato sejam significativamente alteradas.
Embora não possua previsão expressa constitucional, trata-se de princípio implícito, extraído da própria
noção de Estado Democrático de Direito: dignidade da pessoa humana, máxima eficácia e efetividade dos
direitos fundamentais, princípio da segurança jurídica.
STJ - a salvaguarda do meio ambiente tem caráter irretroativo: não pode admitir o recuo
para níveis de proteção inferiores aos anteriormente consagrados, a menos que as
circunstâncias de fato sejam significativamente alteradas. Busca estabelecer um piso
mínimo de proteção ambiental, para além do qual devem rumar as futuras medidas
normativas de tutela, impondo limites a impulsos revisionistas da legislação.
1.6.22 Princípio do Progresso Ecológico (Canotilho)
A poluição deve ser corrigida no local em que foi produzida. Ao poluidor cabe corrigir o dano, no local em
que foi produzido, especialmente para que seja evitado o “turismo” da poluição, ou seja, a migração das
consequências em dada área para outra até então intacta.
São critérios mínimos para a concessão de crédito, que asseguram que os projetos financiados sejam
desenvolvidos de forma socialmente e ambientalmente responsável.
Por trás da garantia constitucional do mínimo existencial, subjaz a idéia de que a dignidade da pessoa
humana está intrinsecamente relacionada à qualidade ambiental. Ao conferir dimensão ecológica ao
núcleo normativo, assenta a premissa de que não existe patamar mínimo de bem-estar sem respeito ao
direito fundamental do meio ambiente sadio.
Está ligado à ideia de que a incolumidade do meio ambiente não pode ser comprometida por interesses
empresariais nem ficar dependente de motivações de índole econômica, ainda mais se se tiver presente
que a atividade econômica, considerada a disciplina constitucional que a rege, está subordinada, dentre
outros princípios gerais, àquele que privilegia a "defesa do meio ambiente". (AC 9681920114013900 –
TRF1)
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Voluntaristas - Segundo PELLET o voluntarismo Objetivistas – teoria surgida no século XIX como
jurídico constrói-se na afirmação fundamental de reação à corrente voluntarista, apregoa a
que “se o direito se impõe a todos os membros da obrigatoriedade do Direito Internacional pela
coletividade, é porque emana de uma vontade que existência de princípios e normas superiores aos
é superior, não na essência, mas simplesmente do ordenamento jurídico estatal, uma vez que a
porque é a vontade de um ser superior, que ocupa sobrevivência da sociedade internacional
a posição suprema no seio da sociedade. Este ser depende de valores superiores que devem ter
superior é o Estado”. prevalência sobre as vontades e os interesses
domésticos.
- Da Autolimitação (GEORG JELLINEK): o Estado, por - Teoria Pura do Direito (KELSEN): na ordem
sua própria vontade, submete-se às normas do DIP internacional, o fundamento da força obrigatória
e limita sua soberania; do direito convencional assenta no princípio da
pacta sunt servanda. Considerando que este é um
- Do Direito Estatal Interno (MAX WENZEL): o princípio do Direito Internacional Costumeiro,
fundamento do DIP é encontrado no ordenamento admite que o direito convencional, na hierarquia
nacional. das normas jurídicas internacionais está abaixo do
direito consuetudinário. Já o fundamento positivo
- Da Vontade Comum (HEINRICH TRIEPEL): o DIP para o costume internacional é a norma
nasce não da vontade de um ente estatal, mas da hipotética fundamental, da qual decorrem todas
conjugação das vontades unânimes de vários as demais;
Estados, formando uma só vontade coletiva;
- Teorias Sociológicas: as normas internacionais
- Do Consentimento das Nações (HALL E têm origem em um fato social que se impõe aos
OPPENHEIM): o fundamento do DIP é a vontade da indivíduos;
maioria dos Estados de um grupo, exercida de
maneira livre, mas sem exigência da unanimidade. - Teorias Jusnaturalistas: as normas internacionais
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O Direito Internacional Público também não se confunde com o Direito Internacional Privado (também
chamado “conflito de leis”). SHAW distingue as disciplinas como sendo objeto do Direito Internacional
Privado as situações jurídicas particulares, que sofrem a interferência de elementos estrangeiros,
suscitando questões relativas à aplicação de uma legislação estrangeira ou papel dos tribunais estrangeiros.
Já o Direito Internacional Público não seria um simples acessório de uma ordem jurídica constituída, mas
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são a fonte mais segura e mais completa e concreta do DIP, trazendo segurança jurídica e estabilidade para
as relações internacionais.
O Direito que regulamenta e disciplina os tratados no plano internacional é o Direito dos Tratados, que
regula a forma como negociam as partes; os órgãos encarregados da negociação; a forma de entrada em
vigor do tratado; e a aplicação internada do tratado.
Costumes
Historicamente, os costumes sempre foram a principal fonte do DIP.MAZZUOLI aponta que sua importância
advém do fato de não existir ainda no campo do Direito Internacional um centro integrado de produção
normativa, não obstante a atual tendência de codificação das normas internacionais de origem
consuetudinária. O costume internacional tem tido um papel importante na formação e desenvolvimento
do Direito Internacional, primeiro, por estabelecer um corpo de regras universalmente aplicáveis em vários
domínios do direito das gentes e, segundo, por permitir a criação de regras gerais que são regras-
fundamento de constituição da sociedade internacional.
A formação de uma norma costumeira internacional requer dois elementos:
Caráter material / objetivo: é a prática generalizada, reiterada, uniforme e constante de um ato na
esfera das relações internacionais ou no âmbito interno, com reflexos externos. É a inveterata
consuetudo, que constitui o conteúdo da norma costumeira;
Caráter psicológico / subjetivo / espiritual: é a convicção de que tal pratica é juridicamente
obrigatória. Trata-se da opinio juris, também denominada de opinio juris sive necessitatis, que
significa a convicção do direito ou da necessidade.
A ausência do segundo elemento, isto é, da opinio juris, é a diferença entre um uso e um costume.
A generalidade não se confunde com a unanimidade, bastando que um grupo amplo e representativo
reconheça a sua obrigatoriedade. Também não é sinônimo de universalidade, pois há costumes regionais e
até mesmo empregados exclusivamente em relações bilaterais.
O costume de determinada nação não pode ser usado na solução de conflitos internacionais (TRF2, 2011).
Ou seja, o costume deve ser internacional!
O novo Estado é obrigado a participar de um costume de cuja criação não participou? Há 3 correntes:
1) Corrente euro-americana: historicamente, é muito mais antiga do que a latino-americana. O Estado
novo é obrigado a aderir ao costume, porque já encontra uma sociedade internacional pronta. Se o
Estado novo quer participar da sociedade internacional, deve aceitá-la como está. (MAJORITÁRIA)
Obs.: existe a possibilidade de que um sujeito de DIP não reconheça expressamente um costume existente
ou em gestação, traduzida pela figura do PERSISTENT OBJECTOR (objetor persistente).
2) Corrente latino-americana: o novo Estado não é obrigado a aceitar.
3) Corrente Mista: os novos Estados não são obrigados a aderir ao costume, EXCETO em se tratando
de regras de jus cogens, ou seja, regras obrigatórias. EXEMPLO: proteção a direitos humanos.
Formas de extinção do costume: O costume extingue-se pelo desuso (perda de um dos dois elementos
acima descritos), pelo aparecimento de um novo costume que substitua outro anterior, ou por sua
substituição por tratado internacional que incorpore as normas costumeiras (“Codificação do Direito
Internacional”).
Pelo ECIJ, não há hierarquia entre tratado e costume. O que ocorre quando um tratado é celebrado
contrariamente em relação ao costume? Mesmo não existindo hierarquia entre eles, o tratado pode
revogar o costume. E o costume pode revogar tratado? O costume pode revogar o tratado na prática, mas
tecnicamente não, porque o tratado é uma norma escrita, que para ser revogado precisa de outra norma
escrita. No caso específico, o tratado não será mais utilizado porque está em DESUSO.
Por não haver hierarquia entre as fontes, podem ser aplicados os métodos tradicionais de solução de
conflitos sobre a matéria (critério cronológico, da especialidade etc.). Tais critérios também podem ser
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utilizados em caso de conflitos entre costumes, os quais podem se dar entre dois costumes gerais, dois
costumes regionais ou entre um costume geral e um costume regional. Nos dois primeiros casos o
costume posterior (lex posterior) prevalece sobre o anterior e, no segundo, o costume regional (lex
specialis) prevalece sobre o geral.
COMITAS GENTIUM: Na Escola Holandesa, entendia-se que o direito tinha um caráter apenas territorial, ou
seja, o estrangeiro tinha a obrigação de acatar a lei nacional e ser submetido aos seus ditames. No entanto,
por motivos de cortesia internacional (COMITAS GENTIUM), era aberta exceção e o Estado poderia aplicar a
sua lei pessoal. A busca do ideal de justiça por cada Estado e motivos de conveniência política devem
fundamentar as razões de ser aplicado o direito estrangeiro. Foi na Holanda que a doutrina territorialista de
D’ARGENTRÉ alcançou sua maior projeção, mas os autores holandeses, dentre os quais HUBER, PAULO e
VOET, modificaram-na profundamente pela adjunção do conceito de soberania.
As leis de cada Estado operam dentro das respectivas fronteiras e obrigam todos os súditos desse Estado,
mas não para além desses limites;
Os súditos de um Estado são todos aqueles que se encontram no seu território (residentes ou não);
A teoria de
Por cortesia, os soberanos dos Estados conduzem-se de modo a tornar possível que as leis de cada país,
HUBER
depois de terem sido aplicadas dentro das fronteiras desse país, conservem a sua força e eficácia em
toda a parte, contando que daí não advenha prejuízo para os direitos de um outro soberano ou dos seus
cidadãos.
A ideia fundamental de HUBER é, portanto, a da territorialidade. Assegura-se à lei, contudo, um efeito extraterritorial,
apelando-se para a comitas gentium.
Em síntese, a concepção da escola holandesa acerca do DIP foi a seguinte: os Estados gozam da máxima
liberdade na fixação das regras de conflitos de leis não havendo normas do direito das gentes que a
restrinjam; o Estado pode ordenar aos seus juízes que apliquem, ocasionalmente, leis estrangeiras, mas
não porque a isso esteja obrigado para com o Estado estrangeiro, senão ex comitate, ou seja, por uma
espécie de conveniência recíproca, na esperança de que o Estado estrangeiro proceda de igual modo.
Princípios gerais do Direito
São, segundo PORTELA, “as normas de caráter mais genérico e abstrato que incorporam os valores que
fundamentam a maioria dos sistemas jurídicos mundiais, orientando a elaboração, interpretação e
aplicação de seus preceitos e podendo ser aplicadas diretamente às relações sociais.”
MAZZUOLI ressalta que os princípios gerais do Direito, tal qual previstos no Estatuto da CIJ, dizem respeito
ao reconhecimento de tais princípios por parte da sociedade dos Estados, em seu conjunto, como formas
legítimas de expressão do Direito Internacional Público. Portanto, como conclui ACCIOLY, os princípios
gerais do Direito seriam aqueles aceitos pelos Estados in foro domestico.
Critica-se a expressão “nações civilizadas” utilizada na norma por não existirem nações incivilizadas, esse é
um ranço do euro-americanismo.
Princípios gerais do Direito Internacional Público – “são as normas de caráter mais genérico e abstrato que
alicerçam e conferem coerência ao ordenamento jurídico internacional, orientando a elaboração e a
aplicação das normas internacionais e a ação de todos os sujeitos de Direito das Gentes.” (PORTELA). São
exemplos: a soberania nacional; a não intervenção; a igualdade jurídica entre os Estados; a
autodeterminação dos povos; a cooperação internacional; a solução pacífica de controvérsias e o
esgotamento dos recursos internos antes do recurso a tribunais internacionais. Ademais, ressalta o autor
que adquire relevo cada vez maior o princípio da prevalência dos direitos humanos nas relações
internacionais. Em âmbito doméstico, a Constituição elenca em seu art. 4º os princípios adotados pelo
Brasil em suas relações internacionais (I - independência nacional; II - prevalência dos direitos humanos; III
- autodeterminação dos povos; IV – não-intervenção; V - igualdade entre os Estados; VI - defesa da paz; VII
- solução pacífica dos conflitos; VIII - repúdio ao terrorismo e ao racismo; IX - cooperação entre os povos
para o progresso da humanidade; X - concessão de asilo político.)
Equidade
A CIJ tem a faculdade de decidir EX AEQUO ET BONO, ou seja, com equidade e justiça. Em algumas
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situações especiais, pode ser empregada a EQÜIDADE (decisão pautada por justiça e ética), se as partes
com isso concordarem.
Meios auxiliares
São MEIOS AUXILIARES: a DOUTRINA dos juristas mais qualificados das mais diferentes nações e a
JURISPRUDÊNCIA (decisões judiciárias).
A Jurisprudência é formada pelo conjunto de decisões reiteradas das Cortes Internacionais (CIJ, CIDH, TPI)
em um mesmo sentido. Segundo SHAW, “o grau de respeito conferido à Corte [CIJ] e às suas decisões faz
com que suas opiniões sejam vitais para o crescimento e cada vez mais amplo o conhecimento do direito
internacional”. A decisão da CIJ só será obrigatória para as partes litigantes e a respeito do caso em questão
(art. 59 do estatuto da CIJ).
A Doutrina, como fonte auxiliar, tem como principal função “contribuir para a interpretação e aplicação da
norma internacional, bem como para a formulação de novos princípios e regras jurídicas” (PORTELA). Tem
que ser produzida por juristas internacionalistas, que publicam textos internacionalmente e que sejam
mundialmente reconhecidos. Ex. Hugo Grotius.
Analogia: não é meio auxiliar. Ela consiste na aplicação à determinada situação de fato de uma norma
jurídica feita para ser aplicada em caso semelhante. É um perigo usar a analogia em DIP, porque pode
prejudicar o direito da parte, principalmente, quando envolver direitos humanos. O artigo 38 do ECIJ não
faz menção à analogia.
Novas fontes
Decisões Tomadas no Âmbito das Organizações Internacionais
As decisões das Organizações Internacionais (na sua condição de sujeito do DIP) são atos institucionais, dos
quais os Estados não participam senão indiretamente. Essas decisões devem manifestar-se
obrigatoriamente com efeito “externa corporis” para serem consideradas fonte de DIP. Essas decisões
(assim como as decisões dos Estados) são unilaterais, eis que emanadas de um único órgão, ao qual se
atribui (por meio do tratado-fundação da organização) o poder se emitir decisões com poderes vinculantes
para os Estados-partes. Muitas dessas decisões de organizações internacionais, a exemplo de algumas
resoluções da ONU, podem deter o valor jurídico de “jus cogens”. Para saber os limites dos poderes
decisórios de certa organização internacional, tem que se analisar o seu tratado-fundação.
São exemplos de decisões tomadas no âmbito das organizações internacionais:
Decisões
Assembleia Geral da ONU
Resoluções
FMI Resoluções
Comunidade Econômica Europeia Diretrizes ou diretivas
Comunidade Europeia do Carvão e do Aço Recomendações
Conselho de Segurança da ONU (artigo 25) Mandatórias
O Conselho de Segurança da ONU é o único órgão com poder de tomar decisões efetivamente
mandatórias, as quais os membros das Nações Unidas têm que acatar e fielmente executar, nos termos do
art. 25 da Carta da ONU (“Os Membros das Nações Unidas concordam em aceitar e executar as decisões do
Conselho de Segurança, de acordo com a presente Carta”). As resoluções relativas a questões internas
também são obrigatórias. Os demais órgãos da ONU formulam recomendações, que não têm cunho
vinculante.
Atos Unilaterais dos Estados
PORTELA explica que, partindo-se da premissa voluntarista de que as normas de Direito Internacional se
fundamentam no consentimento dos Estados e das Organizações Internacionais, os atos unilaterais não
poderiam ser fontes do direito das Gentes. Contudo, a dinâmica das relações internacionais revela que atos
cuja existência tenha dependido exclusivamente da manifestação de um Estado terminam por influenciar
as relações internacionais, gerando consequências jurídicas independentemente da aceitação ou
envolvimento de outros entes estatais.
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Assim, MAZZUOLI conceitua ato unilateral do Estado como uma manifestação de vontade inequívoca,
deste, formulada com a intenção de produzir efeitos nas suas relações com outros Estados ou organizações
internacionais, com o conhecimento expresso destes ou destas.
Características: NÃO são normativos, porque não têm generalidade e abstração. Entretanto, são atos
jurídicos porque pertencem ao âmbito do direito.
Classificação: Os atos unilaterais podem ser expressos (forma escrita ou oral) ou tácitos (pelo silêncio ou
pela prática de ações compatíveis com o seu objeto). O ato unilateral tácito é também denominado de
aquiescência. Representa os efeitos de uma ausência de manifestação de vontade nas seguintes hipóteses:
a) um Estado não utilizou dos meios jurídicos que seriam aptos a impedir uma situação de constituição de
um direito em favor de outros Estados (preclusão); b) o Estado comportou-se anteriormente em
contradição com suas alegações de motivos jurídicos (“estoppel”); c) o Estado silencia-se, numa situação
em que a abstenção de manifestação de vontade, pode produzir efeitos jurídicos.
No Caso do Templo de Préah Viéhar, a CIJ aplicou no Direito Internacional o princípio geral de direito “qui
tacet consentire videtur” (quem cala, quando deveria falar, consente): tratava-se da reivindicação de
soberania sobre territórios onde se localizam importantes templos sagrados do Budismo, os quais foram
julgados em favor do Cambódia, tendo em vista que se provou que a Tailândia, mesmo tendo
conhecimento das fronteiras traçadas pela França entre referidos países, que foram herdadas após as
respectivas independências, silenciara a respeito da localização dos templos e, ademais, tinha permitido a
confecção, em gráficas em seu território, de mapas impressos, nos quais os mesmos eram situados no
Cambódia, tendo a CIJ concluído que a Tailândia tinha, pois, dado seu consentimento tácito à situação, e,
ainda mais, não tinha exercido o legítimo direito de protesto, ato internacional que pode impedir qualquer
preclusão. A CIJ reconheceu que as postulações de um Estado parte em um litígio são julgadas em função
dos seus atos e condutas anteriores e que podem estar em contradição com as próprias pretensões no
litígio. Segundo a CIJ, tais efeitos decorrem da aplicação do princípio da boa-fé que deve reinar nas relações
internacionais, e que proíbe um Estado de aproveitar-se das próprias contradições em prejuízo de outro
Estado (regra de Préah Vihéar, citada como precedente).
Tipos:
a) PROTESTO: Manifestação expressa de discordância quanto a determinada situação, destinada ao
transgressor de norma internacional para evitar a preclusão;
b) NOTIFICAÇÃO: Ato pelo qual um Estado leva oficialmente ao conhecimento de outro ente estatal fato ou
situação que pode produzir efeitos jurídicos, dando-lhe “a necessária certeza da informação”;
c) RENÚNCIA: É a desistência de um direito. A bem da segurança jurídica, deve ser sempre expressa;
d) DENÚNCIA: Ato pelo qual o Estado se desvincula de um tratado;
e) RECONHECIMENTO: Ato expresso ou tácito de constatação e admissão da existência de certa situação
que acarrete consequências jurídicas. Ex.: reconhecimento de Estado e de governo;
f) RUPTURA DAS RELAÇÕES DIPLOMÁTICAS: Ato que suspende o diálogo oficial com um Estado nas
relações internacionais;
g) PROMESSA: Ato unilateral de um Estado, pelo qual este institui para si mesmo um dever de agir ou de
abster-se de agir, criando um direito subjetivo a outros Estados de exigir o cumprimento de tal obrigação.
Ex.: Caso dos Ensaios Nucleares no Pacífico (Austrália v. França e Nova Zelândia v. França) - A França,
citada, não apresentou sua concordância em aceitar a jurisdição da CIJ nem sua defesa, o que não impediu
a CIJ de continuar com o processo. O fato é que, antes mesmo das audiências preliminares, a França, por
declarações públicas de suas mais altas autoridades e por promessas feitas diretamente aos Governos da
Austrália e da Nova Zelândia, declarou que cessaria aqueles experimentos com artefatos nucleares, até o
final do ano de 1974, fatos estes de conhecimento notório. Isso motivou a CIJ a considerá-los como “um
comprometimento do Estado francês” e, sendo assim, a declarar extinto o processo, sem julgamento de
mérito, tendo em vista que os objetivos perseguidos pelos demandantes tinham sido satisfeitos, e, sem
litigiosidade, o pedido não teria mais objeto, nos seguintes termos: “É reconhecido que declarações que se
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revestem da forma de atos unilaterais e que dizem respeito a situações de fato ou de direito, podem ter o
efeito de criar obrigações jurídicas. Nenhuma contrapartida, nenhum aceitação ulterior, nenhuma reação
de outros Estados se tornam necessárias para que uma declaração de tal tipo produza seus efeitos. A
forma, igualmente, não é decisiva. A intenção de obrigar-se deve ser determinada pela interpretação do
ato. O caráter obrigatório do comprometimento resulta dos termos do ato e repousa na boa-fé; os Estados
interessados se encontram legitimados a exigir-lhes o respeito.”.
Uma relevante distinção de atos unilaterais dos Estados se encontra na obra dos Profs. Dinh, Dailler e
Pellet, na esteira de cujo pensamento, podem eles ser classificados em:
a) atos unilaterais autonormativos, pelos quais “os Estados podem impor a si próprios obrigações ou
exercer unilateralmente direitos nos limites admitidos pelo Direito Internacional Geral”, Ex: o
reconhecimento unilateral de um Estado ou de um Governo, ou a renúncia de um direito; e
b) atos unilaterais heteronormativos, “na medida em que criam direitos em proveito de outros
sujeitos de Direito”. Seriam os atos oponíveis a organizações intergovernamentais (retirada ou
recesso), ou oponíveis a outros Estados, os quais podem ser eficazes, mesmo sem o consentimento
destes Estados, tais como o protesto diplomático (que impede a formação de um direito
costumeiro), a denúncia de tratados, e a promessa (em particular, as promessas de abstenção).
As normas de jus cogens
São os preceitos aos quais a sociedade internacional atribui importância maior e que, por isso, adquirem
primazia dentro da ordem jurídica internacional. Sua principal característica é a imperatividade de seus
preceitos, ou seja, a impossibilidade de suas normas serem confrontadas ou derrogadas por qualquer outra
norma internacional. Têm caráter de princípio geral. São normas aceitas e reconhecidas pela comunidade
internacional dos Estados no seu todo como norma cuja derrogação não é permitida e que só pode ser
modificada por uma nova norma de direito internacional geral com a mesma natureza. A respeito, dispõe o
art. 53 da Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados – CVDT:
“É nulo um tratado que, no momento de sua conclusão, conflite com uma norma imperativa de Direito
Internacional geral. Para os fins da presente Convenção, uma norma imperativa de Direito Internacional
geral é uma norma aceita e reconhecida pela comunidade internacional dos Estados como um todo, como
norma da qual nenhuma derrogação é permitida e que só pode ser modificada por norma ulterior de
Direito Internacional geral da mesma natureza.”
A norma de jus cogens tem efeito erga omnes e o poder de derrogar tratado anterior ao seu surgimento
(nulidade com efeitos ex-nunc -art. 64 da CVDT). Crítica de Portella: não deve ser todo o tratado nulo, e sim
apenas a norma que viole o jus cogens, pois seria desproporcional.
O rol das normas de jus cogensnão é expressamente definido. A definição de seu conteúdo é fruto de um
processo histórico, político e social. Dentre as normas de jus cogens, destacam aquelas voltadas a tratar de
temas como direitos humanos, proteção ao meio ambiente e promoção do desenvolvimento sustentável,
paz e segurança, Direito de Guerra e Direito Humanitário, proscrição de armas de destruição em massa e
direitos e deveres fundamentais dos Estados. Tais normas não se confundem com o Direito Natural,
embora tenham clara inspiração jusnaturalista.
As normas de jus cogens exigem consentimento dos Estados? Essa questão é polêmica. Para SEITENFUS, a
norma cogente dispensa o consentimento dos Estados, o que lhe confere força erga omnes. PORTELA
concorda. Para ele, condicionar a existência da norma à anuência de entes estatais tão díspares é pôr em
risco valores essenciais para a convivência humana.
As normas de soft law
Trata-se de nova modalidade normativa, de caráter mais flexível e de contornos ainda imprecisos. São
regras cujo valor normativo seria limitado, seja porque os instrumentos que as contêm não seriam
juridicamente obrigatórios, seja porque as disposições em causa, ainda que contidas num instrumento
constringente, não criariam obrigações de direito positivo ou criariam obrigações pouco constringentes.
São normas não-imperativas, não-vinculantes, e que não têm sanção correspondente. A sanção pelo seu
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Princípios
CASSESE aponta que, de regra, no Direito Interno, a Constituição estabelece os princípios fundamentais que
regulam as relações sociais, os quais são o vértice da hierárquica das fontes do ordenamento e determinam
os fundamentos diretivos da evolução. Outros estabelecem obrigações prevendo finalidades das ações dos
órgãos estatais.
Já no ordenamento jurídico internacional, houve o desenvolvimento gradativo de suas normas. Quando da
formação da sociedade internacional, nenhum Estado se demonstrou bastante potente para estabelecer
princípios fundamentais que governariam as relações internacionais. Do corpo normativo que regulam as
relações internacionais emergiu que os Estados espontaneamente e quase involuntariamente se basearam
na atividade de produção jurídica sobre alguns postulados dos quais se inspiraram. A análise dessas normas
jurídicas em uma primeira fase de evolução da sociedade internacional pôs em lume que tais postulados
eram ao menos três: liberdade, igualdade e efetividade. Esses três postulados sintetizavam o que se
propôs definir o “comportamento permissivo” (“atteggiamento permissivo” ou “laissez-faire approach”) do
Direito Internacional tradicional: os Estados eram igualmente livres de adotarem qualquer comportamento,
mas respeitando certas regras do jogo. No exercício dessa ilimitada liberdade eram criadas novas situações
de fato, inclusivecom usode força armada, e o direito era posto a consagrá-las.
A adoção da Carta da ONU constituiu uma evolução importante. O art. 2º da Carta estabeleceu alguns
princípios fundamentais que todos os membros da ONU deveriam respeitar: a igualdade soberana dos
Estados membros; e a obrigação de resolução das controvérsias de maneira pacífica e a proibição à ameaça
do uso da força. Pela primeira vez um tratado internacional apontava parâmetros de comportamentos
fundamentais para os Estados e enunciava os fins que a nova organização deveria perseguir.
Contudo, os princípios proclamados na Cartada ONU, não obstante a sua indubitável importância no papel
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K. DIREITO EMPRESARIAL
seus defeitos e ampliou o campo de abrangência do direito comercial, alcançando atividades econômicas
até então consideradas civis em razão do seu gênero. Essa teoria, denominada de teoria jurídica da
empresa, foi inserida no Código Civil italiano de 1942, que ficou conhecido por ter realizado a unificação
legislativa do direito privado na Itália.
A teoria da empresa afasta o direito comercial da prática de atos de comércio para incluir no seu núcleo a
empresa, ou seja, a atividade econômica organizada para a produção ou circulação de bens ou de
serviços. Com a teoria da empresa, não importa o gênero da atividade econômica desenvolvida, desde que
seja desenvolvida de forma organizada, em que o empresário reúna capital, trabalho, matéria-prima e
tecnologia para a produção e circulação de riquezas. (teoria subjetiva moderna)
A teoria da empresa, ao contrário da teoria francesa, não divide as atividades econômicas em dois grandes
regimes (civil e comercial), prevê um regime amplo para as atividades econômicas, excluindo desse regime
apenas as atividades de menor importância, que são, a princípio, as atividades intelectuais, de natureza
literária, artística ou científica. Segundo a teoria da empresa, a atividade agrícola também pode estar
afastada do direito comercial, já que cabe ao seu titular a opção pelo regime comercial, que ocorre
mediante o registro da atividade econômica no Registro Público de Empresas, realizado no Brasil pelas
Juntas Comerciais.
Considerando o núcleo que delimita a matéria comercial ao longo de sua evolução histórica, pode-se
dividir o desenvolvimento do direito comercial em três períodos. O primeiro período, do Séc. XII ao Séc.
XVIII, denominado de período subjetivo corporativista ou período subjetivo do comerciante, tem como
núcleo do direito comercial a figura do COMERCIANTE MATRICULADO NA CORPORAÇÃO. O segundo
período, compreendido entre o Séc. XVIII e o Séc. XX, inicia-se com o Código de Comércio Napoleônico
de 1807 e tem como núcleo os atos de comércio. O terceiro e atual período de evolução histórica do
direito comercial inicia-se com o Código Civil italiano de 1942 e tem como núcleo a empresa,
compreendendo o Séc. XX até nossos dias.
O direito comercial brasileiro tem origem em 1808 com a chegada da família real portuguesa ao Brasil e a
abertura dos portos às nações amigas. Da sua origem até o surgimento do Código Comercial brasileiro,
disciplinavam as atividades comerciais no país as leis portuguesas e os Códigos Comerciais da Espanha e da
França, já que entre as leis portuguesas existia uma lei (Lei da Boa Razão) prevendo que no caso de lacuna
da lei portuguesa deveriam ser aplicadas para dirimir os conflitos de natureza comercial as leis das nações
cristãs, iluminadas e polidas. Por essa razão, nessa primeira fase do direito comercial brasileiro a disciplina
legal das atividades comerciais mostrava-se bastante confusa.
Em 1834, uma comissão de comerciantes apresentou ao Congresso Nacional um projeto de Código
Comercial, que após uma tramitação de mais de 15 anos originou o primeiro código brasileiro, o Código
Comercial (Lei n° 556, de 25 de junho de 1850), que foi baseado nos Códigos de Comércio de Portugal, da
França e da Espanha. O Código Comercial brasileiro adota a teoria francesa dos atos de comércio,
podendo-se, entretanto, identificar traços do período subjetivo na lei de 1850, em razão do art. 4° prever
que somente os comerciantes matriculados em alguns dos Tribunais de Comércio do Império poderão
gozar dos privilégios previstos no Código Comercial.
Cumpre ressaltar que embora o Código Comercial brasileiro seja baseado na teoria dos atos de comércio,
em nenhum dos seus artigos ele apresenta a enumeração dos atos de comércio, como faz o Código
Comercial francês de 1807 nos artigos 632 e 633. Essa ausência da enumeração dos atos de comércio no
Código Comercial foi proposital, justificando-se pelos problemas que a enumeração causava na Europa,
onde eram conhecidas grandes divergências doutrinárias e jurisprudenciais referentes à caracterização da
natureza comercial ou civil de determinadas atividades econômicas em razão da enumeração legal dos
atos de comércio.
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Entretanto, não foi possível ao legislador brasileiro escusar-se de apresentar uma enumeração legal dos
atos de comércio no país, que foi realizada no Regulamento n° 737 de 1850 (art. 19 e 20), que tratava do
processo comercial, com base no Código de Comércio francês.
Até 1875, a enumeração dos atos de comércio constante no Regulamento n° 737 era utilizada para
delimitar o conteúdo da matéria comercial para o fim jurisdicional e para qualificar a pessoa como
comerciante no país. Em 1875 os Tribunais de Comércio foram extintos e com a unificação do processo
deixou de ser necessário para o fim jurisdicional diferenciar a atividade comercial da atividade civil. Assim,
sob o aspecto processual, a teoria dos atos de comércio perdeu a sua importância no Brasil, mas continuou
a ser necessária para diferenciar o comerciante do não comerciante, já que a lei prevê um tratamento
diferenciado para aquele que desenvolve uma atividade econômica de natureza comercial, sendo o
principal exemplo dessa diferenciação a Lei de Falência.
O Regulamento n° 737 de 1850 foi revogado em 1939 pelo Código de Processo Civil e desde então deixou
de existir no país um diploma legal que apresente a enumeração dos atos de comércio, dificultando a
definição da comercialidade das relações jurídicas no Brasil a ponto de não existir até o surgimento do
Código Civil de 2002 um critério seguro para se definir o conteúdo da matéria comercial.
Se não bastasse, nas últimas décadas, várias leis brasileiras de natureza comercial passaram a apresentar
fortes traços da teoria da empresa e a doutrina nacional passou a se dedicar ao estudo dessa teoria
italiana, prestigiando-a em detrimento à teoria francesa.
A Jurisprudência pátria também demonstrou a sua simpatia pela teoria da empresa. Mesmo antes do
surgimento do Código Civil de 2002, vários juízes já haviam concedido concordata a pecuaristas e
garantido a renovação compulsória de contatos de aluguel de sociedades prestadoras de serviço, ou
seja, aplicado institutos típicos do regime jurídico empresarial a agentes econômicos que não se
enquadravam no conceito de comerciante adotado pelo direito positivo brasileiro da época.
Todo esse contexto fez com que a definição da comercialidade das relações jurídicas no país se
transformasse em um grande problema. Nessa difícil tarefa em delimitar o conteúdo da matéria
comercial utilizou-se como referência os atos de comércio enumerados no revogado Regulamento n° 737
de 1850, o disposto em lei como sendo matéria comercial (sociedades anônimas, empresas de construção
civil) e a jurisprudência, já que várias decisões envolvendo complexos casos passaram a definir a natureza
comercial de certas atividades econômicas.
As dificuldades encontradas na definição da comercialidade das relações jurídicas e a adoção da teoria da
empresa para caracterizar determinadas atividades econômicas como comerciais caracterizam o período
de transição do direito comercial brasileiro nos últimos 30 anos. Esse período transitório entre a teoria dos
atos de comércio, presente no Código Comercial e na Lei de Falência, e a teoria da empresa, prestigiada
pela doutrina e pela jurisprudência e presente em importantes leis comerciais (p. ex.: Lei n° 6.404, de 15
de dezembro de 1976 - Lei das Sociedades Anônimas; Lei n° 8.934, de 18 de novembro de 1994 - Lei de
Registro Público de Empresas; Lei n° 8.884, de 20 de julho de 1994 - Lei de Defesa da Livre Concorrência,
revogada pela Lei nº 12.529, de 30 de novembro de 2011; Lei n° 9.279, de 14 de maio de 1996 - Lei da
Propriedade Industrial; Lei n° 9.841, de 5 de outubro de 1999 - Novo Estatuto da Microempresa e da
Empresa de Pequeno Porte), é finalmente superado com o surgimento do novo Código Civil brasileiro,
que adotou a Teoria da Empresa (Teoria Italiana).
b. Autonomia
Mesmo com a unificação legislativa do direito privado (civil e comercial), não houve o desaparecimento da
autonomia jurídica do direito comercial, tendo em vista que este ramo do direito privado possui
institutos, regras e princípios jurídicos próprios. O direito empresarial aparece como um ramo do direito
privado destinado a regular o exercício da empresa por empresário ou sociedades empresárias.
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Além disso, não se pode confundir autonomia formal com autonomia cientifica. Autonomia formal decorre
da existência de um corpo legislativo diferenciado, já a autonomia cientifica de um ramo do direito
decorre de vários outros aspectos: existência de um objeto único ou de objetos relacionados de regulação,
existência de princípios e institutos próprios, método interpretativo diferenciado.
Cientificamente, apenas há alteração na parte geral do direito comercial, que passa a ser direito
empresarial, mantendo-se suas divisões internasinalteradas. Portanto, não se pode dizer que o direito
comercial perdeu sua autonomia jurídica por causa do novo Código Civil pelo simples fato de ter havido
alterações legislativas de tópicos específicos regulados, sendo que a maior parte do seu objeto de
regulação (falência e concordata, títulos de créditos, marcas e patentes, direito societário, registro de
empresas etc.), continua vivo e sem alteração sob o prisma científico.
Ademais, existem ainda atividades econômicas de caráter civil às quais se aplicam as regras civis comuns, e
não as disposições próprias dos empresários. Isso dependerá da forma como atividade será prestada,
excluindo-se determinadas atividades por força de lei [cooperativa, sociedade de advogados, profissional
liberal, atividade agrícola].
Para Rubens Requião, fontes do direito comercial são o modo pelo qual surgem as normas jurídicas de
natureza comercial, constituindo um direito especial.
d. Características
A) SIMPLICIDADE OU INFORMALIDADE: O Direito Comercial é menos formalista que o Direito Civil, até
mesmo em atenção à maior celeridade própria das relações comerciais. Ex.: fiança e o aval.
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i. Empresa
Modernamente, conceitua-se empresa como uma atividade econômica organizada, para a produção ou
circulação de bens ou serviços, exercida profissionalmente pelo empresário, por meio de um
estabelecimento empresarial.São características dessa atividade:
a) econômica: finalidade lucrativa
b) organizada: organização dos fatores de produção (capital + força de trabalho + matéria-prima +
tecnologia). Haverá organização empresarial quando a atividade-fim for exercida com a colaboração de
terceiros.
c) profissionalidade ou habitualidade: reiteração da atividade, não se caracterizando quando esta for
exercida em caráter eventual.
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Segundo o autor italiano Alberto Asquini, a empresa é um fenômeno poliédrico, ou seja, com diversas
facetas, podendo ser visualizadas sob diversos perfis:
a) Perfil objetivo:empresa é um estabelecimentoou patrimônio aziendal, um conjunto de bens corpóreos
e incorpóreos reunidos pelo empresário, para o desenvolvimento de uma atividade econômica.
b) Perfil subjetivo: empresa é o empresário, sujeito que organiza e desenvolve atividade econômica.
c) Perfil Corporativo:é considerada uma instituição, na medida em que reúne pessoas – empresários e
seus empregados – com propósitos comuns. Segundo Fábio Ulhôa, este perfil constitui uma ficção, “pois a
ideia de identidade de propósitos a reunir na empresa proletários e capitalista apenas existe em ideologias
populistas de direita, ou totalitárias (como a fascista, que dominava a Itália na época)”.
d) Perfil funcional:uma atividade econômica organizada, para a produção e circulação de bens ou
serviços, que se faz por meio de um estabelecimento e por vontade do empresário.
Pelo CC 2002, a empresa é conceituada segundo o perfil funcional, ou seja, como atividade desenvolvida
pelo empresário através da exploração do seu estabelecimento com o auxílio ou não de prepostos.
Enquadraria-se, portanto, na categoria do fato jurídico.
Logo, não confundir com:
– estabelecimento empresarial: o conjunto dos bens organizados;
– empresário: o sujeito de direitos, seja como empresário individual (pessoa física ou natural), seja como
sociedade empresária (pessoa jurídica). Ou seja, em especial, "empresa" é diferente de "sociedade
empresária".
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A empresa não possui personalidade jurídica, e nem pode possuí-la e consequentemente não pode ser
entendida como sujeito de direito, pois ela é a atividade econômica que se contrapõe ao titular dela, isto
é, ao exercente daquela atividade. O titular da empresa é o que denominaremos de empresário.
A empresa deve ser enquadrada em uma nova categoria jurídica, pois não se trata nem de sujeito nem
de objeto de direito, enquadrando-se perfeitamente na noção de fato jurídico em sentido amplo. Tal
noção se mostra mais adequada que a de ato jurídico, pois falamos da atividade, do conjunto de atos, e
não de cada ato isolado, que poderia ser enquadrado na condição de ato jurídico.
g. Conceito de empresário
Considera-se empresário quem exerce profissionalmente atividade econômica organizada para a produção
ou a circulação de bens ou de serviços. (art. 966 do Novo Código Civil)
Estão excluídos o profissional liberal, o artista e outros que exerçam atividade predominantemente
intelectual, do conceito de empresário, ainda que tenham o concurso de auxiliares ou colaboradores, salvo
se adotarem estrutura empresarial (i.e., a força de trabalho intelectual seja elemento da empresa).
OBS1.: Consultório Médico – FÁBIO ULHÔA entende que dependerá da forma de organização, podendo
ser caracterizado como sociedade empresária; VINÍCIUS GONTIJO tem opinião diversa, entendendo que
sociedade médica em nenhuma hipótese poderá ser enquadrada como empresária por não se
compatibilizar com a ética comercial.
OBS2: O STJ adotou a teoria de FABIO ULHÔA em julgado de 2011 (ADRESP 200702610344/julho de 2010),
de relatoria do Ministro Luiz Fux.
A questão possui relevância no tocante à definição do sujeito passivo da incidência do ISS, tendo o STJ se
posicionado no sentido da configuração de atividade empresarial aquela desenvolvida por profissionais
liberais por meio de complexa organização estrutural:
“1. A Primeira Seção consolidou o entendimento de que "as sociedades
uniprofissionais somente têm direito ao cálculo diferenciado do ISS, previsto no
artigo 9º, parágrafo 3º, do Decreto-Lei nº 406/68, quando os serviços são prestados
em caráter personalíssimo e, assim, prestados no próprio nome dos profissionais
habilitados ou sócios, sob sua total e exclusiva responsabilidade pessoal e sem
estrutura ou intuito empresarial" (EREsp 866.286/ES, Rel. Ministro Hamilton
Carvalhido, julgado em 29/09/2010, DJe 20/10/2010). (...) 3. A tributação
diferenciada do ISS não se aplica à pessoa física ou jurídica cujo objeto social é o
exercício de profissão intelectual como elemento integrante da atividade
empresarial (vale dizer, o profissional liberal empresário e a sociedade empresária
profissional). No caso, configurado o caráter empresarial da atividade
desempenhada, fica afastada a incidência do artigo 9º, §§ 1º e 3º, do Decreto-Lei
406/68. 4. Recurso especial desprovido. (REsp 1028086/RO, Rel. Ministro TEORI
ALBINO ZAVASCKI, PRIMEIRA TURMA, julgado em 20/10/2011, DJe 25/10/2011)
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Antes de iniciar sua atividade, o empresário individual e a sociedade empresária devem, obrigatoriamente,
registrar-se no órgão competente, que é a Junta Comercial da respectiva sede da empresa, obtendo o
Número de Identificação do Registro de Empresas (NIRE). Contudo, a sua inscrição no Registro de
Empresas não é requisito para a caracterização de comerciante e sim da sua regularidade. O registro
possui um caráter declaratório. A sua ausência não pode servir de escudo para se furtar aos deveres
decorrentes do exercício da atividade empresarial Neste sentido, pode se aplicar, analogicamente, a
previsão contida no art. 973 do CC/02:
CC/02, Art. 973. A pessoa legalmente impedida de exercer atividade própria de
empresário, se a exercer, responderá pelas obrigações contraídas.
Enunciado 198 do CJF – Art. 967: A inscrição do empresário na Junta Comercial não
é requisito para a sua caracterização, admitindo-se o exercício da empresa sem tal
providência. O empresário irregular reúne os requisitos do art. 966, sujeitando-se
às normas do Código Civil e da legislação comercial, salvo naquilo em que forem
incompatíveis com a sua condição ou diante de expressa disposição em contrário.
CC/02, Art. 1179 (omissis), § 2o É dispensado das exigências deste artigo o pequeno
empresário a que se refere o art. 970. [Vide Enunciado n.º 235 do CJF]
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O Serviço do Registro Público de Empresas Mercantis e Atividades Afins é exercido em todo o território
nacional, de maneira uniforme, pelo Sistema Nacional de Registro de Empresas Mercantis (Sinrem). A
disciplina dos órgãos que o compõem, bem como o do sistema registral, está disciplinada na Lei n.º
8.934/94, que é a Lei do Registro de Empresas.
Merece destaque o fato de que com a criação da Secretaria da Micro e Pequena Empresa pela Lei n.
12.792/2013, de 28/03/2013, foi editado o Decreto n. 8.001/2013 extinguindo o Departamento Nacional
de Registro do Comércio (DNRC), ligado ao Ministério da Indústria e Comércio, e criando o
Departamento de Registro Empresarial e Integração (DREI), subordinando-o à nova Secretaria.
O Sinrem é integrado pelo Departamento de Registro Empresarial e Integração (DREI – Antigo DNRC),
vinculado à Secretaria da Micro e Pequena Empresa da Presidência da República, e pelas Juntas
Comerciais, órgãos locais responsáveis pelo registro de Empresários individuais, sociedades empresárias e
cooperativas. (LRE, art. 3º). As funções do DREI estão previstas no art. 4º da LRE, podendo assim serem
sintetizadas:
a)supervisão e coordenação, no plano técnico, dos órgãos de registro. Funciona também como segunda
instância administrativa;
b)expedição de normas e diretrizes gerais relativas ao registro;
c)solução de dúvidas e controvérsias oriundas do registro
Embora tenha sido investido nas funções de órgão central disciplinador, fiscalizador e supervisor do
registro de empresas, o DREI não dispõe de instrumentos de intervenção nas Juntas comerciais, caso não
adotem suas diretrizes ou deixem de acatar recomendações de correção. A lei estabelece, apenas, que o
DREI pode representar às autoridades competentes (o Governador do Estado, O Ministério Público
Estadual e outros).
As Juntas Comerciais são órgãos estaduais submetidos, no âmbito técnico, ao DREI, e no âmbito
administrativo e financeiro, ao Governo Estadual (exceção a situada no Distrito Federal, pois se submete
técnica e administrativamente ao DREI). Há uma Junta Comercial em cada Estado do País, com sede na
capital e jurisdição na área de circunscrição territorial respectiva. São responsáveis pelo registro das
empresas.
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Quanto à competência para apreciar as questões que envolvem as juntas comerciais, o STJ tem decidido
(STJ, REsp 678.405/RJ; CC90338/RO; CC 31.357/MG; CC 37.386/PR):
a) Competência da Justiça Federal: somente nos casos em que: i) se discute a regularidade dos atos e
registros praticados pela Junta Comercial; e ii) nos mandados de segurança impetrados contra seu
presidente, por aplicação do artigo 109, VIII, da Constituição Federal, em razão de sua atuação delegada
(as juntas efetuam o registro do comércio por delegação federal).
b) Competência da Justiça Estadual: i) quando particulares litigam acerca de registros de alterações
societárias perante a Junta Comercial, posto que uma eventual decisão judicial de anulação dos registros
societários pode produzir apenas efeitos secundários para a Junta Comercial do Estado, fato que
obviamente não revela questão afeta à validade do ato administrativo e que, portanto, afastaria o
interesse da Administração; ii) causas em que se discute anulação de registros por fraude; iii) abstenção de
uso de nome comercial; iv) se apenas por via reflexa será atingido o registro da Junta Comercial, não há
interesse da União, e por isso a competência será do juízo estadual, como, por exemplo, discussão sobre
nome comercial, sobre idoneidade de documentos usados em alteração contratual, sobre o direito de
preferência de sócio.
Atenção: Conforme o STJ, em matéria criminal, no que tange aos delitos de falsidade ideológica que
afetem exclusivamente a junta comercial, sem lesão direta a bens, interesses ou serviços da União, a
competência é da justiça estadual. (STJ, CC 130.516/SP, Rel. Ministro ROGERIO SCHIETTI CRUZ, TERCEIRA
SEÇÃO, julgado em 26/02/2014, DJe 05/03/2014).
i. Atos de registro
O ordenamento dos atos do registro de empresa, previsto nas disposições da Lei n. 8.934/94 é muito
simples e compreende três atos [art. 32 da LRE]:
I. Matrícula: a matrícula se refere aos agentes auxiliares do comércio. Assim, são matriculados nas Juntas
Comerciais, sob a supervisão e segundo as normas do Departamento Nacional do Registro do Comércio os
leiloeiros, tradutores públicos, administradores de armazéns-gerais, trapicheiros (responsáveis por
armazéns gerais de menor porte destinados à importação e exportação), entre outros. A matrícula é uma
condição para que eles possam exercer tais atividades paracomerciais.
II. Arquivamento: correspondem, por sua vez, ao registro dos empresários individuais, sociedades
empresárias e cooperativas. Enquanto não registrados seus atos constitutivos, as sociedades empresárias
não adquirem personalidade jurídica. Os atos de arquivamento abrangem contratos ou estatutos sociais
das sociedades empresárias, atos constitutivos da empresa dos empresários individuais, bem como futuras
alterações contratuais, dissoluções ou extinção da atividade empresarial. Essas mudanças e demais
observações relativas às empresas serão averbadas à margem do registro. A averbação é uma espécie de
arquivamento e corresponde à anotação de nova situação contratual feita à margem do registro originário.
Em relação à cooperativa, a previsão no art. 32. II, a da Lei 8.934/94 não restou derrogada pela atribuição
da natureza de sociedade simples por força de disposição legal (CC/02, art. 982, PU: Independentemente
de seu objeto, considera-se empresária a sociedade por ações; e, simples, a cooperativa).
Enunciado 69 do CJF – Art. 1.093: as sociedades cooperativas são sociedades
simples sujeitas à inscrição nas juntas comerciais.
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Lei 8.934/94, Art. 41. Estão sujeitos ao regime de decisãocolegiada pelas juntas
comerciais, na forma desta lei:
I - o arquivamento:
a) dos atos de constituição de sociedades anônimas, bem como das atas de
assembléias gerais e demais atos, relativos a essas sociedades, sujeitos ao Registro
Público de Empresas Mercantis e Atividades Afins;
b) dos atos referentes à transformação, incorporação, fusão e cisão de empresas
mercantis;
c) dos atos de constituição e alterações de consórcio e de grupo de sociedades,
conforme previsto na Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976;
II - o julgamento do recurso previsto nesta lei.
Lei 8.934/94, Art. 42. Os atos próprios do Registro Público de Empresas Mercantis e
Atividades Afins, não previstos no artigo anterior, serão objeto de decisão singular
proferida pelo presidente da junta comercial, por vogal ou servidor que possua
comprovados conhecimentos de Direito Comercial e de Registro de Empresas
Mercantis.
Parágrafo único. Os vogais e servidores habilitados a proferir decisões singulares
serão designados pelo presidente da junta comercial.
Ao Plenário compete ainda o julgamento dos processos em grau de recurso (decisões colegiadas ou
singulares).
Enunciado 209 da III Jornada de Direito Civil - O art. 986 deve ser interpretado em
sintonia com os arts. 985 e 1.150, de modo a ser considerada em comum a
sociedade que não tiver seu ato constitutivo inscrito no registro próprio ou em
desacordo com as normas legais previstas para esse registro (art. 1.150),
ressalvadas as hipóteses de registros efetuados de boa-fé.
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Em 2015, o Enunciado 6 da I Jornada de Direito Comercial foi alterado pelo Enunciado 58 da II Jornada de
Direito Comercial do CJF.
Enunciado 6 da I Jornada de Direito Comercial - O empresário individual
regularmente inscrito é o destinatário da norma do art. 978 do Código Civil, que
permite alienar ou gravar de ônus real o imóvel incorporado à empresa, desde que
exista, se for o caso, prévio registro de autorização conjugal no Cartório de Imóveis,
devendo tais requisitos constar do instrumento de alienação ou de instituição do
ônus real, com a consequente averbação do ato à margem de sua inscrição no
Registro Público de Empresas Mercantis.
i. Capacidade
Podem exercer a atividade de empresário os que estiverem em pleno gozo da capacidade civil e não forem
legalmente impedidos. (art. 972).
É importante diferenciar a capacidade para ser empresário da capacidade para ser sócio de sociedade
empresária.
Se uma pessoa legalmente impedida de exercer atividade própria de empresário vier a exercê-la,
responderá pelas obrigações contraídas. (art. 973)
O relativamente incapaz que vier a estabelecer economia própria se torna capaz, seja desenvolvendo uma
atividade civil ou comercial, pela existência de uma relação de emprego. Nunca é demais lembrar que esta
hipótese de aquisição de capacidade independe de provimento judicial – o estabelecimento comercial
com economia própria suplanta a incapacidade (presume-se que, neste caso, o menor já tenha se
ambientado com a ética comercial, estando apto a realizar todos os atos da vida civil) - (art. 5º, PU, III do
CC/02)
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Enunciado 197 do CJF – Arts. 966, 967 e 972: A pessoa natural, maior de 16 e
menor de 18 anos, é reputada empresário regular se satisfizer os requisitos dos
arts. 966 e 967; todavia, não tem direito a concordata preventiva, por não exercer
regularmente a atividade por mais de dois anos. [O benefício da concordata foi
extinto com o advento da Lei 11.101/05, mas continua a proibição de obter a
recuperação judicial]
Lei 11.101/05, Art. 48. Poderá requerer recuperação judicial o devedor que, no
momento do pedido, exerça regularmente suas atividades há mais de 2 (dois) anos
e que atenda aos requisitos, cumulativamente.
Excetuada a hipótese anterior, ao incapaz somente é permitida a continuação de um negócio
empresarial já existente. É necessária prévia autorização judicial a ser obtido através de procedimento
de jurisdição voluntária (arts. 1103 a 1112 do CPC) ouvido o Ministério Público (Arts. 82 e 1105 do CPC),
sendo nomeado gerente, se o representante ou assistente não puder exercer a atividade de empresário.
Ao contrário das demais empresas ou firmas individuais, há uma limitação da responsabilidade quanto ao
patrimônio do menor, ficando limitado os resultados da empresa aos bens afetados na sua exploração
(art. 974, § 2º do CC/02) .
Enunciado 203 do CJF – Art. 974: O exercício da empresa por empresário incapaz,
representado ou assistido somente é possível nos casos de incapacidade
superveniente ou incapacidade do sucessor na sucessão por morte.
29Age de modo negativo quando a lei por disposição cogente declara a inabilitação de certas pessoas para a prática de certos
atos devido a alguma situação irremovível em que elas se acham, ou quando mantém o impedimento durante a persistência de
determinadas situações especiais, caracterizando-se, na primeira hipótese, de ilegitimação absoluta ou inalterável pela vontade
dos agentes e, na segunda hipótese, a da ilegitimidade relativa.
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fraude, principalmente no caso de separação obrigatória de bens para que não houvesse confusão
patrimonial.CONTRA:
Enunciado 204 do CJF – Art. 977: A proibição de sociedade entre pessoas casadas
sob o regime da comunhão universal ou da separação obrigatória só atinge as
sociedades constituídas após a vigência do Código Civil de 2002. [Aplicação do ato
jurídico perfeito]
Enunciado 205 do CJF – Art. 977: Adotar as seguintes interpretações ao art. 977: (1)
a vedação à participação de cônjuges casados nas condições previstas no artigo
refere-se unicamente a uma mesma sociedade; (2) o artigo abrange tanto a
participação originária (na constituição da sociedade) quanto a derivada, isto é, fica
vedado o ingresso de sócio casado em sociedade de que já participa o outro
cônjuge.
j. Espécies de empresa
“Espécies de empresa” era locução utilizada na doutrina anterior ao Novo Código Civil. São classificadas: (a)
quanto à atividade desempenhada, em sociedades civis (simples) ou comerciais (empresárias); (b) quanto
à titularidade do capital, em “empresas” privadas ou “empresas”públicas; (c) quanto à nacionalidade, em
“empresas” brasileiras ou “empresas” estrangeiras; (d) quanto ao faturamento: em microempresa,
empresas de pequeno, médio e grande porte.
Sociedades empresárias são as que desenvolvem atividade empresarial, isto é, exploram seu objeto social
mediante a organização dos fatores de produção (capital, insumos, mão-de-obra e tecnologia). Por força de
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lei, as sociedades anônimas são sempre empresárias (art. 982, p.u., do NCC). Seus atos constitutivos e as
posteriores alterações devem ser inscritas no Registro Público de Empresas Mercantis, vinculado à Junta
Comercial. Esse registro só é facultativo e constitutivo da empresariedade para quem desenvolve
organizada e preponderantemente a atividade rural (art. 971 do NCC). A Lei 11.101/05 adota o sistema
latino de falência (ou sistema francês ou restritivo), segundo o qual o empresário pode falir, mas a
sociedade simples não.
As sociedades simples heterogêneas são aquelas que, independentemente do tipo societário, exploram
seu objeto social sem a organização dos fatores de produção. As cooperativas são simples por força do art.
982, p.u., do NCC. Não se considera de caráter empresarial o exercício de profissão intelectual, de natureza
científica, literária ou artística, ainda com o concurso de auxiliares ou colaboradores, salvo se preponderar
o elemento de organização empresarial (art. 966, p.u., do NCC). Antes do Novo Código Civil, compreendia-
se que os serviços não eram atos de comércio. Atualmente, a prestação de serviços pode ser atividade
empresária e a sociedade prestadora pode, portanto, falir. Em regra, o registro da sociedade simples é feito
no RCPJ – Registro Civil das Pessoas Jurídicas. A sociedade de advogados adquire personalidade apenas com
o registro no Conselho Seccional da OAB.
Empresas Privadas - A Constituição assegura, na ordem econômica brasileira, o papel do particular, como
regra, no exercício da atividade econômica. O art. 44 do Código Civil prevê as sociedades e as EIRELIs como
tipos de pessoa jurídica de direito privado com finalidade econômica. As sociedades personificadas são
pessoas jurídicas de direito privado em que prepondera a união de pessoas, admitindo a repartição de
lucros entre seus membros. Predomina o exercício da autonomia da vontade, ladeada pela função social da
empresa, que é atividade explorável para produção de riqueza com benefício para a sociedade.
Empresas Estatais - O Poder Público pode instituir sociedades de economia mista, sempre na forma de
sociedade anônima, ou empresa pública, em qualquer forma admitida em direito. A sociedade de
economia mista admite investimentos privados, o que não acontece na empresa pública. Tanto a SEM
como a EP são pessoas jurídicas de direito privado de acordo com o Decreto-Lei 200/67. Bens da sociedade
de economia mista são penhoráveis e executáveis (art. 242 da Lei 6.404), havendo entendimento (Min.
Carlos Velloso) que estende esse tratamento à empresa pública, desde que não prestem serviços essenciais
e típicos de Estado. A criação das estatais depende de prévia autorização legal (CF, 37, XIX), mas se
concretiza com o registro dos seus atos constitutivos. Submetem-se ao controle externo do Congresso,
auxiliado pelo TCU. Além disso, são legitimadas à propositura de ACP. Cabe MS de ato praticado em
licitação promovida por elas (Súmula 333 do STJ).
Empresas híbridas são as que prestam serviços públicos e também realizam atividade econômica em
sentido estrito, segundo texto de Batista Moreira. Ex.: Banco do Brasil, que fiscaliza operações cambiais,
por delegação. O regime de direito público protegerá apenas o serviço público prestado. Pergunta-se: Qual
regime trabalhista deve ser fixado na empresa híbrida, já que, sendo único, não é possível separar o
contexto de atividade econômica e o de serviço público? Resposta: adota-se o regime das empresas
privadas, integralmente, sob pena de violação parcial do art. 173, § 1º da CF.
Estatais realizadoras de atividade econômica são as que atuam no monopólio da União (art. 177 da CF) ou
se a intervenção econômica for “necessária aos imperativos da segurança nacional ou a relevante interesse
coletivo, conforme definidos em lei” [ainda por ser editada] (art. 173, § 1º da CF). Esse dispositivo
constitucional prevê que lei disciplinará a função social da empresa estatal, viabilizando a fiscalização pelo
Estado e pela sociedade. O art. 2º, I, da Lei 11.101 não permite a falência de estatais, mas há autores que
advogam inconstitucionalidade parcial, pois o art. 173, § 1º da CF sujeita a empresa exploradora de
atividade econômica ao regime das empresas privadas.
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Sociedade nacional é a que for organizada conforme a lei brasileira e tiver a sede (domicílio) de sua
administração no Brasil (critério da sede social). Pode haver sociedade brasileira a despeito de todos os
sócios serem estrangeiros. Segundo a literalidade do art. 11, § 3º da LINDB, organizações que governos
estrangeiros criem, dirijam ou financiem, não poderão adquirir no Brasil bens imóveis ou susceptíveis de
desapropriação, ressalvados os prédios necessários à sede dos representantes diplomáticos ou agentes
consulares.
Sociedades estrangeiras têm sua sede fora do Brasil. Neste caso, a análise da sua constituição será
conforme o local de constituição (lex loci actus), conforme art. 11 da LINDB. A sociedade estrangeira pode
ser acionista de sociedade anônima brasileira, mas só poderá ter filiais, agências ou estabelecimentos no
Brasil após aprovação pelo Poder Executivo (art. 1.134 do NCC), que pode estipular condições convenientes
à defesa dos interesses nacionais (art. 1.135). Após obter autorização para funcionamento, a sociedade
estrangeira deverá se inscrever “no registro próprio” (art. 1.136 do NCC), podendo utilizar seu nome de
origem acrescido de “do Brasil” ou “para o Brasil”.
CF, Art. 199, § 3º - É vedada a participação direta ou indireta de empresas ou capitais estrangeiros na
assistência à saúde no País, salvo nos casos previstos em lei.
CF, Art. 172. A lei disciplinará, com base no interesse nacional, os investimentos de capital estrangeiro,
incentivará os reinvestimentos e regulará a remessa de lucros.
CF, Art. 181. O atendimento de requisição de documento ou informação de natureza comercial, feita por
autoridade administrativa ou judiciária estrangeira, a pessoa física ou jurídica residente ou domiciliada no
País dependerá de autorização do Poder competente.
OBS.: Nacionalidade e domicílio são critérios independentes. “Tendo a pessoa jurídica diversos
estabelecimentos em lugares diferentes, cada um deles será considerado domicílio para os atos nele
praticados” (art. 75 do NCC), sendo que “a pessoa jurídica de direito privado pode ser demandada no
domicílio da agência ou estabelecimento em que praticou o ato” (Súmula 363 do STF). A pessoa jurídica
pode ser francesa e ter registrada na Junta Comercial uma agência em Palmas (TO), tendo aí domicílio e
podendo ter contra si ação aí ajuizada.
A empresa de grande porte é a sociedade ou conjunto de sociedades sob controle comum com receita
bruta anual superior a 300 milhões de reais (ou com ativo total superior a 240 milhões). Para a Lei
11.638/07, ainda que não estejam constituídas sob a forma de S.A., se sujeitarão aos deveres de auditoria
independente e de elaboração e divulgação de demonstrações contábeis, conforme previsto na Lei
6.404/76.
A Lei 6.938/81, com a alteração da Lei 10.165/2000, regula a TCFA - Taxa de Controle e Fiscalização
Ambiental, diferenciando os valores consoante o porte da sociedade e classificando como empresa de
médio porte aquela com receita bruta anual acima de R$1.200.000,00 e até doze milhões de reais. Para
essa lei, empresa de grande porte é aquela com receita bruta anual superior a 12 milhões de reais.
O art. 3º da Lei Complementar nᵒ 123/06 classifica tanto as sociedades simples como as empresárias,
consoante o seu faturamento anual, nas categorias de:
- empresa de pequeno porte – receita bruta acima de 360 mil e até R$ 3.600.000,00
- microempresa – receita bruta de até R$ 360.000,00 (valores aumentados em 2011)
O tratamento simplificado da LC123/06 abrange o regime simplificado de tributação, a simplificação de
algumas obrigações trabalhistas e a possibilidade de ajuizar ações em juizados. Nas aquisições públicas,
possibilita-se licitações de até R$80.000,00 para participação exclusiva de micro e pequenas empresas (art.
48 da LCP123), assegura-se o desempate em licitação em favor da ME ou EPP, e permite-se sua participação
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em licitação sem regularidade fiscal, desde que esta seja sanada até 2 dias úteis após a ME ou EPP ser
declarada vencedora do certame.
Capital Social: é o montante das contribuições dos sócios / acionistas para a sociedade, servindo de
garantia dos credores, custeando o desenvolvimento da sociedade e orientando, conforme a titularidade
de suas cotas, a distribuição de lucros e o peso do voto de cada sócio / acionista nas deliberações.
Patrimônio: É o conjunto de relações jurídicas da Pessoa jurídica. Contabilmente = ativo – passivo.
Capital subscrito ou subscrição: é a parcela do capital social que já foi adjudicada a sócio que realizou a
promessa jurídica de contribuir efetivamente para o capital social.
Capital integralizado: é o capital pago; cumprimento parcial da promessa feita. A realização do capital se dá
quando parte do valor subscrito é pago.
A integralização do capital interfere na responsabilidade dos sócios nas sociedades contratuais, viabilizando
a responsabilidade solidária de todos os sócios pelo capital ainda não integralizado. Nas sociedades
institucionais, o acionista não se obriga perante os demais.
ii. Responsabilidade do sócio por obrigações sociais quando não há pessoa jurídica
iii. Responsabilidade do sócio perante terceiros por ato imputado à pessoa jurídica
A pessoa jurídica responde ilimitadamente por suas obrigações e, em regra, apenas quando não houver
mais bens sociais para executar, será possível pensar na execução de bens dos sócios (art. 1.024 do NCC). A
extensão da responsabilidade do sócio varia conforme o tipo societário e conforme a natureza da dívida
(trabalhista, tributária etc.).
Sociedade simples pura (ou simples homogênea) – o sócio tem responsabilidade ilimitada e na proporção
em que participe das perdas sociais, conforme estipulado no contrato social (art. 997, VII) salvo se contrato
tiver cláusula de solidariedade (art. 1023).
Sociedades emnome coletivo - a responsabilidade do sócio é solidária e ilimitada, salvo perante os demais
sócios, se houver pacto limitativo nesse sentido (art.1.039, par. único, do NCC).
Sociedade emcomandita simples - comanditários tem responsabilidade limitada pelo valor de sua quota
(art. 1.045 do NCC), enquanto que os comanditados, pessoas físicas, respondem solidária e
ilimitadamente pelas obrigações sociais;
Sociedade LImitada - há responsabilidade limitada ao valor das cotas, mas todos os sócios respondem
solidariamente pela integralização do capital social (art. 1.052 do NCC); Além disso, há responsabilidade
solidária e ilimitada do sócio que emprega nome social omitindo a palavra “limitada” (art. 1.158, § 3º, do
NCC);
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EIRELI – O art. 980-A do NCC parece condicionar a constituição da pessoa jurídica à integralização de capital
mínimo de 100 salários mínimos. Instituidor responde só pela integralização.
Sociedade anônima - responsabilidade do acionista será́ limitada ao preço de emissão das ações subscritas
ou adquiridas (Lei 6.404/76, art. 1º),mas, por 1 ano, o subscritor responde, com o avaliador, por sobre-
estimação de bem entregue para integralização do capital social;
Sociedade em comandita por ações - sócio em geral tem responsabilidade limitada ao valor subscrito, ao
passo em que os sócios administradores terão responsabilidade subsidiária, ilimitada e solidária pelas
obrigações sociais (art. 282, LSA)
Outras hipóteses de responsabilidade de sócio ou de administrador:
Saída do sócio - Ex-sócio tem responsabilidade solidária até dois anos depois de averbada modificação do
contrato social ou depois da resolução da sociedade. Responde perante a sociedade e terceiros pelas
obrigações que tinha como sócio (Art. 1003, par. único, e art.1032 do NCC).
Deliberação social ilícita – Há responsabilidade ilimitada do sócio ou do administrador que,
expressamente, aprova deliberação social infringente do contrato ou da lei (art. 1.080 do NCC).
Administrador na S.A. – A lei 6.404/76 prevêresponsabilidade ilimitada pelos prejuízos que causar por
culpa ou dolo, embora nos limites de suas atribuições (art. 158, I), ou com violação da lei ou do estatuto
(art. 158, II).
Administrador de Instituição Financeira – Segundo o art.40 da Lei 6.024/74, que regula a intervenção e
liquidação extrajudicial dessas instituições, há responsabilidade pessoal e dos administradores por todas as
obrigações assumidas em sua gestão, até que se cumpram. Responde em solidariedade com a instituição
financeira.
Falência - A responsabilidade pessoal dos sócios de responsabilidade limitada, dos controladores e dos
administradores da sociedade falida será apurada no próprio juízo da falência, independentemente da
realização do ativo e da prova da sua insuficiência para cobrir o passivo. A pretensão para apuração dessa
responsabilidade prescreve 2 anos depois do trânsito em julgado da sentença que encerra a falência. (Art.
82 da Lei 11.101)
Dívida Tributária após a liquidação da sociedade – O art. 134, VII do CTN prevê responsabilidade
subsidiária dos sócios pela obrigação tributária principal e pelas penalidades de caráter moratório no caso
de liquidação de sociedade de pessoas, se for impossível exigir a obrigação da pessoa jurídica contribuinte.
Terceiro responsável, nesse caso, não responde por infrações do contribuinte.
Administrador e Responsabilidade Tributária por Infração – Desde que haja conduta imputável ao diretor,
gerente ou representante, haverá substituição tributária, isto é, responsabilidade direta do administrador
por atos praticados com infração de lei, contrato social ou estatuto social (art. 135, III, do CTN). Só se
viabiliza redirecionamento de execução fiscal, portanto, para quem participava da gestão da sociedade.
Súmula 430 do STJ: O inadimplemento da obrigação tributária pela sociedade não gera, por si só a
responsabilidade solidária do sócio-gerente.
Isso sugere, na hipótese de execução fiscal contra sociedade que apenas fechou suas portas, que a
responsabilidade subsidiária pode surgir para o sócio que descumpriu a obrigação de promover
regularmente a dissolução da pessoa jurídica (o sócio-gerente).
Súmula 435 do STJ: Presume-se dissolvida irregularmente a empresa que deixar de funcionar no seu
domicílio fiscal, sem comunicação aos órgãos competentes, legitimando o redirecionamento da execução
fiscal para o sócio-gerente.
Pelas contribuições previdenciárias responde-se nos mesmos casos. Ao FGTS, por não ter natureza
tributária, não se aplica o art. 135 do CTN (AgRg no REsp 1367513 / SP, DJ 17.10.2013).
Dívidas Trabalhistas –Bens de sócio servem para pagar dívida trabalhista nas hipóteses de desconsideração
da personalidade jurídica (art. 50 do NCC) (ponto 4.2.1). Há precedentes interpretando ampliativamente a
possibilidade de perseguir os bens do sócio (adoção da Teoria Menor da Desconsideração, com base no art.
2º, § 2º da CLT e no “princípio justrabalhista especial da despersonalização da figura jurídica do
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empregador”). A Justiça do Trabalho também aplica o CDC por analogia, tendo em vista a ratio comum de
tutelar parte hipossuficiente, que se refletiu no menor ônus probatório imposto para executar o crédito e
efetivar o direito. Todavia, tema é polêmico na doutrina.
CLT, Art. 2º, § 2º. Sempre que uma ou mais empresas, tendo, embora, cada uma delas, personalidade
jurídica própria, estiverem sob a direção, controle ou administração de outra, constituindo grupo industrial,
comercial ou de qualquer outra atividade econômica, serão, para os efeitos da relação de emprego,
solidariamente responsáveis a empresa principal e cada uma das subordinadas.
Octávio Bueno Magano (1979), referindo-se à desconsideração, entende que esta deva ser aplicada sempre
que se demonstre a existência do grupo de empresas, sendo desnecessária a averiguação de fraude.
(MAGANO, Octávio Bueno. Os grupos de empresa no Direito do Trabalho. São Paulo: Revista dos Tribunais.
1979)
Entretanto, o próprio Rubens Requião (1969, p. 20), que introduziu a teoria no Brasil, entende que o artigo
em discussão trata de desconsideração.
l. A distribuição dos lucros
Lucro econômico é o retorno de um investimento. Lucro = receitas – custo – impostos – despesas. Sendo
negativo o resultado em um ano, “o prejuízo do exercício será obrigatoriamente absorvido pelos lucros
acumulados, pelas reservas de lucros e pela reserva legal, nessa ordem” (par.único do art. 189 da Lei
6.404/76). Em seguida, feitas as deduções previstas no art. 190 (participações estatutárias de empregados,
administradores e partes beneficiárias), chegar-se-á ao lucro líquido. Nem sempre a sociedade terá lucro
para repartir entre os acionistas.
Participação dos trabalhadores nos lucros: cuida-se de parcela espontânea paga pelo empregador por
força de negociação entre empresa e empregados. Por força do art. 7º, XI, da CF, a verba objeto desse
direito constitucional dos trabalhadores é desvinculada da remuneração, não tendo natureza salarial, nem
incidindo sobre ela qualquer encargo trabalhista. As quantias entregues aos empregados poderão ser
deduzidas como despesas operacionais dentro do próprio exercício (art. 2º, § 2º da Lei 10.101). Para a Lei,
participação pode ser semestral, mas nunca mais frequente que isso.
Vedação à distribuição fictícia de lucros entre sócios: normas da sociedade simples regem supletivamente
a sociedade em nome coletivo e a comandita simples, bem como, a depender do contrato social, a LTDA..
Nesses casos, a distribuição de lucros ilícitos ou fictícios acarreta a responsabilidade solidária dos
administradores que a realizarem e dos sócios que os receberem, conhecendo ou devendo conhecer-lhes a
ilegitimidade (art. 1.009 do NCC). O art. 1.049 do NCC, ao tratar da comandita simples, é expresso ao
definir que a diminuição de capital por perda superveniente impede a distribuição de lucros até a
recomposição.
Direito a participar dos lucros: é nula a estipulação contratual que exclua qualquer sócio de participar dos
lucros e das perdas (art. 1.008 do NCC – sociedade Simples). Nas Limitadas, se omisso o contrato social, a
maioria decidirá a forma de aplicação e distribuição de lucros.
Apuração do lucro: Segundo Fran Martins:
Dá-se, no fim de cada exercício, um levantamento exato da situação social, como se a sociedade fosse
extinguir-se; separadas as importâncias destinadas a satisfazer todos os compromissos assumidos, a
sociedade, se obteve lucros, os distribui aos seus sócios, como o faria em caso de extinção.
A demonstração contábil, portanto, tem como uma de suas funções apurar o lucro líquido da sociedade ao
fim do exercício social.
Nas Sociedades Anônimas, antes de qualquer outra destinação, 5% do lucro líquido por exercício serão
aplicados na constituição de RESERVA LEGAL, consoante dispõe o art. 193 da LSA, que não excederá 20% do
capital social. A reserva legal tem como finalidade assegurar a integridade do capital social e somente
poderá ser utilizada para compensar prejuízos ou aumentar o capital.
Além da reserva legal, outras reservas com finalidades específicas podem ser criadas, como a reserva de
contingência (art. 195), para ser destinada a compensar, em exercício futuro, a diminuição de lucro
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decorrente de perda julgada provável, cujo valor pode ser estimado. Tal reserva será revertida no exercício
em que deixarem de existir as razões que propiciaram a sua constituição. Pode ser criada também a reserva
de incentivos fiscais, decorrente de doações ou subvenções governamentais para investimentos (art. 195-
A). A assembleia-geral ainda pode deliberar pela reserva de lucros a realizar (quando montante do
dividendo obrigatório ultrapassar a parcela realizada do lucro líquido do exercício) e retenção de lucros.
Dividendo obrigatório. Nas Sociedades Anônimas, o acionista tem direito a dividendo obrigatório em cada
exercício, conforme previsão estatutária. Omisso o estatuto social, o total dos dividendos obrigatórios
corresponderá a 50% do lucro líquido (LSA202,I).
A constituição das reservas mencionadas não poderá prejudicar a distribuição de dividendos obrigatórios. A
soma das mesmas não pode ultrapassar o capital social, de modo que a assembléia deliberará sobre a
aplicação do excesso, na integralização ou no aumento de capital ou na distribuição de dividendos.
Não distribuição de dividendos: Efeito.
LSA, art. 111, §1º. As ações preferenciais sem direito de voto adquirirão o exercício desse direito se a
companhia, pelo prazo previsto no estatuto, não superior a 3 (três) exercícios consecutivos, deixar de pagar
os dividendos fixos ou mínimos a que fizerem jus, direito que conservarão até o pagamento, se tais
dividendos não forem cumulativos, ou até que sejam pagos os cumulativos em atraso.
Distribuição de lucros: Consequências. Julgado do TRF1:
Como a autora não faz jus ao reconhecimento como "entidade beneficente de assistência social" e nem
como "entidade de utilidade pública", remunera o seu corpo diretivo, proporciona retirada pró-labore aos
sócios e promove a distribuição de lucros ou prejuízos, na proporção das participações no capital social
(vedações do art. 29 da Lei 12.101/2009), não pode usufruir da imunidade prevista no § 7º do art. 195 da
CF. (AC 200538060027719, Des. Fed. Luciano Tolentino Amaral, 7ª TURMA,DJ:13/12/2013)
Distribuição de lucros no exterior. Contribuição Social Sobre Lucro Líquido (CSLL) e Imposto de Renda .
STF, por maioria, julgou procedente a ADI2588 para conferir interpretação conforme ao art. 74 da MP 2158-
35/01, – que prevê a incidência do Imposto de Renda (IR) e da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido
(CSLL) sobre os resultados de empresas controladas ou coligadas no exterior, na data do balanço no qual
tiverem sido apurados – se aplica às controladas situadas em países considerados “paraísos fiscais”, mas
não às coligadas localizadas em países sem tributação favorecida (que não são "paraísos fiscais"). STF
também entendeu que o artigo não poderia ter o efeito retroativo às distribuições de lucro anteriores a
2001. A definição do que sejam “paraísos fiscais” está nos arts. 24 e 24-A da L. 9.430/96. Contudo, o STF
não vinculou sua decisão a essa norma.
m. O sócio oculto
A “sociedade secreta” ou sociedade em conta de participação é contrato especial de investimento, não
necessariamente escrito. Nele, o objeto social é exercido apenas pelo sócio ostensivo, em seu nome
individual e sendo sua a responsabilidade perante terceiros de forma ilimitada e direta. Contudo, seus atos
e a gestão do negócio se sujeitam à fiscalização por quem está no outro pólo do contrato: o sócio
participante ou sócio oculto.Sócio oculto se obriga exclusivamente perante o sócio ostensivo, nos termos
do contrato social (responsabilidade limitada ou ilimitada). Não cabe a ele sequer tomar parte nas relações
do ostensivo com terceiros, sob pena de responder solidariamente nas obrigações em que intervier
(parágrafo único, art. 993 do CC). Os credores não conhecerão o sócio oculto e não poderão demandar
contra ele. Podem demandar contra o sócio ostensivo, que terá, eventualmente, ação regressiva em face
do sócio oculto.
Processo falimentar:
SÓCIO OSTENSIVO: dissolução da sociedade, com liquidação da conta, cujo saldo constituirá crédito
quirografário;
SÓCIO OCULTO/PARTICIPANTE: normas que regem efeitos da falência nos contratos bilaterais do falido →
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mediante autorização do comitê de credores, contrato será cumprido pelo administrador judicial, se puder
evitar o aumento do passivo ou se for necessário à manutenção dos ativos (art. 117 da Lei 11.101/05). Com
a falência, o sócio ostensivo poderá interpelar o administrador no prazo de até 90 dias a partir de sua
nomeação, para que, dentro de 10 dias, declare expressamente que cumprirá o contrato. Em caso
contrário, liquida-se a conta, cujo saldo constituirá crédito quirografário.
n. Segredo comercial
i. O segredo de empresa
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sejam evidentes para um técnico no assunto”. Também há crime se o acesso ao segredo foi fraudulento ou
derivou de relação contratual ou empregatícia (LPI, art. 195, XII e XI).
Aspectos processuais. O crime referido acima não é da competência da Justiça Federal. A demanda cível,
da mesma forma, se disser respeito apenas a perdas e danos decorrente de infração de patente é da
competência da Justiça Estadual, se envolver apenas particulares. Exemplos de lides da competência da
Justiça Federal: lides sobre atos administrativos do INPI (patente concedida com nulidade) ou concorrência
desleal envolvendo a Caixa Econômica Federal.
Lei 9.279/96, Art. 206. Na hipótese de serem reveladas, em juízo, para a defesa dos interesses de qualquer
das partes, informações que se caracterizem como confidenciais, sejam segredo de indústria ou de
comércio, deverá o juiz determinar que o processo prossiga em segredo de justiça, vedado o uso de tais
informações também à outra parte para outras finalidades.
Concorrência Desleal. Responsabilização. Pode haver responsabilidade criminal e cível. Entretanto, não se
configurará a concorrência desleal se dois empresários exploram o mesmo conhecimento secreto, não
sendo este patenteado nem encontrando má-fé. No Brasil, não há exclusividade de exploração de segredo
comercial nas hipóteses em que terceiro o encontra fortuitamente.
Uma das obrigações empresárias é a de manter escrituração contábil, o que permite a fiscalização. É
possível que se deduzam segredos empresariais a partir do acesso irrestrito a essa escrituração, razão pela
qual os livros empresariais são protegidos pelo sigilo, que pode ser afastado na forma da lei.
CC, art. 1.190. Ressalvados os casos previstos em lei, nenhuma autoridade, juiz ou tribunal, sob qualquer
pretexto, poderá fazer ou ordenar diligências para verificar se o empresário ou a sociedade empresária
observam, ou não, em seus livros e fichas, as formalidades prescritas em lei.
Direito de acesso a informações pelo titular do capital social. Na sociedade contratual, “salvo estipulação
que determine época própria, o sócio pode, a qualquer tempo, examinar os livros e documentos, e o
estado da caixa e da carteira da sociedade” (NCC, art. 1.021). A S.A. tem apenas o dever de extrair certidões
com informações de alguns de seus livros para qualquer pessoa, desde que se destinem a defesa de
direitos e esclarecimento de situação pessoal (art. 100, §1º da Lei 6.404/76). O STJ, no rito do art. 543-C do
CPC, decidiu que
[...] falta ao autor interesse de agir para a ação em que postula a obtenção de documentos com dados
societários, se não logra demonstrar: a) haver apresentado requerimento formal à ré nesse sentido; b) o
pagamento pelo custo do serviço respectivo, quando a empresa lhe exigir, legitimamente respaldada no
art. 100, §1º da Lei 6.404/76. (REsp 982133, D.J. 10.09.2008).
Exibição integral dos livros e papéis de escrituração. É excepcional. Judicialmente, ela ocorre em casos de
falência, sucessão e ações de dissolução de sociedade (art. 1.191 do NCC), sendo possível a apreensão,
caso sua entrega não ocorra voluntariamente (art. 1.192). Essa quebra do sigilo não se dá de ofício, pois o
art. 381 do CPC a condiciona a requerimento da parte. O exame ocorre na presença do empresário ou
pessoa por ele indicada. Se os livros estiverem fora da área de competência territorial do juiz, este deverá
deprecar o exame.
Na S.A., exibição integral de livros perante acionistas se determina judicialmente por requerimento de
representantes de menos 5% do capital social, quando apontados atos violadores da lei ou do estatuto, ou
haja fundada suspeita de graves irregularidades praticadas por qualquer dos órgãos da companhia (art. 105
da Lei 6404/76).
Exame pelo Fisco. As restrições feitas pelo Código Civil à exibição integral, de acordo com o art. 1.193 do
NCC, não se aplicam às autoridades fazendárias no exercício da fiscalização tributária. Também o art. 195
do CTN exclui quaisquer limitações legais ao poder do Fisco de examinar quaisquer informações
empresariais. Apesar disso, o STF pondera esses dispositivos com o direito ao sigilo empresarial. Assim,
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“estão sujeitos à fiscalização tributária ou previdenciária quaisquer livros comerciais, limitado o exame aos
pontos objetos da investigação” (Súmula 439 do STF).
Exibição parcial de livro empresarial. Essa é a regra, que evita a exposição pública de toda a vida
empresarial. “O juiz pode, de ofício, ordenar à parte a exibição parcial dos livros e documentos, extraindo-
se deles a suma que interessar ao litígio” (CPC, Art. 382).
Sanção processual. O juiz admitirá como verdadeiros os fatos alegados pelo autor se, determinada a
exibição de documento, o réu não o exibir nem justificar legitimamente a não exibição (CPC, art. 357).
Importância da exibição de livros. Os livros e fichas dos empresários e sociedades provam contra as
pessoas a que pertencem, sendo cabível ao comerciante demonstrar que o lançamento não corresponde à
verdade (CPC, art. 378). Se escriturados sem vício extrínseco ou intrínseco, os livros servem de início de
prova material em favor do empresário (art. 226 do NCC).
Ônus do titular do segredo. Sociedade Anônima. O art. 4º-A da Lei 6.404/76 regula que as ações do
acionista controlador, dos diretores e conselheiros de administração, bem como as ações em tesouraria não
podem ser livremente alienadas, dependendo da aprovação da CVM – Comissão de Valores Mobiliários
para tanto. O objetivo é evitar mau uso de insider information por quem conhece segredos de empresa.
Oferta Pública de Aquisição. Se alguém faz uma oferta para aquisição de controle de uma S.A., deverão ser
cumpridas formalidades que assegurem tratamento igualitário entre acionistas, como a publicação na
imprensa do instrumento de oferta de compra. Até a publicação, oferta pública de aquisição deve
permanecer em sigilo. Além disso, cumpre ao administrador sempre guardar sigilo de qualquer informação
não divulgada que possa influir na cotação de ações e debêntures (art. 155, § 1º da Lei 6404/76). A
utilização desses segredos pelo administrador para negociar valores mobiliários configura crime do art. 27-
D da Lei 6.835/72. A mera revelação sem vantagem para o administrador, pode configurar o crime de
violação do segredo profissional (art. 154 do CP).
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Para Eros Roberto Grau há duplo sentido na expressão “ordem econômica”: a) visão subjetiva (ser), como conjunto
de relações econômicas; b) visão objetiva (dever-ser), como conjunto de normas jurídicas disciplinadoras dessas
relações. Ainda o mesmo autor, analisando especificamente a Constituição de 1988, define que existem duas
vertentes conceituais: a) ampla, consistente na regulação jurídica da intervenção do Estado na Economia; b) estrita,
consistente na regulação jurídica do ciclo econômico (produção, circulação e consumo).
4. A constituição econômica
A primeira carta constitucional a tratar da ordem econômica e social foi a Constituição do México (1917). Leciona
Eugênio Rosa de Araújo que a ideia de Constituição Econômica, contudo, tomou corpo na doutrina alemã do século
XX, a partir do que se dispôs na Constituição de Weimar (1919) no que se refere à ordem econômica.
Manoel Gonçalves, citado por Eugênio Rosa, conceitua Constituição Econômica como sendo “o conjunto de normas
voltadas para a ordenação da economia, inclusive declinando a quem cabe exercê-la”. Ainda segundo o primeiro
autor, a Constituição Econômica delimita os seguintes elementos:a) o tipo de organização econômica (capitalismo
ou socialismo); b) a delimitação do campo da iniciativa privada; c) a delimitação do campo da iniciativa estatal; d)
a definição dos regimes dos fatores de produção; e e) a finalidade e os princípios gerais que devem gerir a ordem
econômica.
ACarta Republicana de 1891, por sua vez, trouxe o direito de liberdade de associação.
A Constituição de 1934 foi a primeira a instituir uma ordem econômica e social no direito constitucional e a primeira
a assegurar liberdade de associação sindical, nitidamente influenciada pela Constituição de Weimar; com essa carta,
passou-se a adotar uma postura de Estado Intervencionista Social, ainda mais diante de grave quadro econômico
internacional.
A Constituição de 1937, lado outro, previu disposições referentes à ordem econômica, estabelecendo, uma política
intervencionista do Estado no domínio econômico, com caráter nitidamente nacionalista.
A Constituição de 1946, apesar de ainda manter a possibilidade de intervenção do Estado na economia, o fazia sob
outro viés, qual seja de realizar a compatibilização do direito de propriedade com os interesses coletivos e aspirações
dos empregados e empregadores com a ideia de dignidade humana no trabalho. Há, aqui, a autorização e instituição
de monopólios em certos setores.
A Constituição de 1967 manteve certa linha intervencionista, estando hesitante, contudo, entre o intervencionismo e
o neoliberalismo. Previa também a desapropriação por interesse social, para fins de reforma agrária, e a função
social da propriedade como princípio da ordem econômica. A Constituição (ou emenda) de 1969 teve como
inovação o acréscimo do princípio da justiça social.
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O constituinte originário de 1988 dotou nossa Carta Política de um conjunto de disposições que dizem respeito à
conformação da ordem fundamental de nossa economia, configurando, assim, nossa Constituição Econômica.
A nossa Constituição Econômica, portanto, encarrega-se de estatuir os direitos e deveres daqueles que, em
conjunto, são denominados agentes econômicos (Estado, trabalhadores, consumidores e empresários) e seu
conteúdo engloba os princípios da atividade econômica (art. 170), bem como as políticas urbanas (art. 182),
agrícola e fundiária (art. 184) e o sistema financeiro nacional (art. 192).
A CFRB/88 arrola os princípios da ordem econômica nos incisos do art. 170. Segundo José Afonso da Silva, alguns
desses princípios se revelam mais tipicamente como objetivos da ordem econômica, como seria o caso da redução
das desigualdades regionais e sociais e a busca do pleno emprego. Mas todos podem ser considerados princípios na
medida em que constituem preceitos condicionadores da atividade econômica.
1. Princípios explícitos
Conforme explica Eugênio Rosa de Araújo, a soberania nacional é um dos fundamentos da República Federativa do
Brasil e do estado Democrático de Direito (art. 1º, I), sendo que o que se trata no inciso I do art. 170 da Constituição
é a soberania nacional econômica, visando estabelecer, no plano externo, a independência, a coordenação e a
não-submissão em relação à economia e tecnologia estrangeiras. Registre-se, outrossim, que a soberania
política(art. 1, I, CR 1988) não sobrevive sem a soberania econômica, havendo entre ambas uma relação de
complementação. De sorte que a soberania política é assegurada na medida em que o Estado goza e desfruta da
soberania econômica.
Esse princípio está fortemente corroído em sua conceituação tradicional pelo avanço da ordem jurídica
internacional e da globalização. A ação dos Estados é movida pela incessante busca de níveis de competitividade
internacional. Porém, em atendimento a esse princípio, a colaboração internacional não pode chegar ao ponto de
subtrair do país as possibilidades de autodeterminação.
Esse princípio assegura aos agentes econômicos direito à propriedade dos fatores de produção e circulação de
bens em seus respectivos ciclos econômicos.
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A partir de então, com exceção da CR/1937, o valor função social da propriedade incorporou-se de vez à nossa
experiência constitucional, figurando em pelo menos quatro dispositivos da CF/88 (art. 5º, XXIII; art. 170, III; art. 182,
§2º e no caput d art. 186), a evidenciar a preocupação em construir um Estado de Direito verdadeiramente
democrático, no qual possuem a mesma dignidade constitucional tanto os valores sociais do trabalho quanto os da
livre iniciativa.
O princípio da função social da propriedade não é derrogatório da propriedade privada, mas sim parte integrante
desta. O conteúdo da função social assume papel promocional. A disciplina das formas de propriedade e suas
interpretações devem garantir e promover os valores sobre os quais se funda o ordenamento.
O princípio econômico dafunção social da propriedade constitui o fundamento constitucional da função social da
empresa e da função social do contrato. Busca-se, por meio da função social, conciliar o benefício individual com o
coletivo.
Assim, a função social da propriedade implica em uma limitação ao direito de propriedade, visando coibir abusos e
evitando o seu exercício em detrimento do bem-estar da sociedade, de sorte que a propriedade, para bem cumprir
seu papel econômico-social, deve compatibilizar os interesses do proprietário, da sociedade e do Estado, afastando
seu uso egoístico e o uso abusivo do domínio. A propriedade é, portanto, um meio para a consecução de um fim
comum: a busca do bem-estar social.
Gilmar Mendes, Inocêncio M. Coelho e Paulo Gustavo G. branco, citando Miguel Reale, afirmam que a livre
iniciativaé a projeção da liberdade individual no plano da produção, circulação e distribuição de riquezas,
assegurando não apenas a livre escolha das profissões e das atividades econômicas, mas também a autonomia na
eleição dos processos ou meios de produção. Abrange a liberdade de fins e meios. Já o conceito de livre
concorrência tem caráter instrumental, significando que a fixação dos preços das mercadorias e serviços não deve
resultar de atos cogentes da atividade administrativa.
Consiste, conforme Leonardo Vizeu Figueiredo, em proteção conferida pelo Estado ao devido processo competitivo,
a fim de garantir que toda e qualquer pessoa que esteja em condições possa livremente entrar, permanecer e sair
do ciclo econômico. Para Miguel Reale, a livre concorrência significa a possibilidade de os dirigentes econômicos
poderem atuar sem embaraços juridicamente justificáveis, visando à produção, à circulação e ao consumo de bens e
serviços.
A CFRB/88 adota o modelo liberal do processo econômico, que só admite a intervenção do Estado para coibir
abusos e preservar a livre concorrência de quaisquer interferências, quer do próprio Estado, quer do embate das
forças competitivas privadas que podem levar à formação dos monopólios e ao abuso do poder econômico visando
ao aumento arbitrário dos lucros.
Paula Forgioni, efetuando breve histórico, assinala que a concorrência no Brasil operou-se em momentos distintos
de acordo com o ambiente político-econômico atuante na economia:
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a) Momento fiscalista. Do período colonialismo até a transferência da Coroa para o Brasil em 1808, vigorou
uma política eminentemente fiscalista, quando então se buscava apenas a renda dos impostos decorrentes das
atividades comerciais aqui existentes. Não havia concorrência. Havia controle sobre quais produtos deviam ser
produzidos e as respectivas quantidades máximas. Além disso, todos os produtos eram entregues a Portugal pelo
preço por este estipulado;
b) Momento da orientação econômica e social. Com a vida da Família Real portuguesa iniciou-se um período
de transformações sociais e econômicas, marcadas estas pela liberação dos portos aos Estados estrangeiros aliados.
Foi a época da criação do Banco do Brasil. A vinculação à Portugal, contudo, ainda imperava. A intervenção estatal no
domínio econômico era preponderante, considerando que até a produção era controlada pelo Estado. Havia uma
limitação à concorrência.
d) Período interventivo. Com a crise econômica americana de 1929, que atingiu o Brasil se estendeu durante
toda a década de 30, foi necessária forte intervenção do Estado, principalmente na agricultura. Segundo Forgioni,
durante esse período houve um aumento quantitativo da intervenção, objetivando a prevenção de novas crises com
seus efeitos devastadores. No período, entretanto, não houve qualquer lei que regulasse o processo competitivo, sob
a visão do antitruste, já que a regulação que existia entre a limitação sob a ótica individual, como é exemplo o Código
de Propriedade Industrial.
Ainda segundo essa autora, a política anti-concorrencial no Brasil cresceu não a partir da manutenção da liberdade
econômica, mas como forma de limitação do abuso de poder econômico.
f) O sistema brasileiro atual do antitruste. Iniciado sob a égide da Carta de 1946 foi paulatinamente sendo
desenvolvido. Durante a Constituição de 1946, apesar de erigido a norma constitucional, não possuía a dimensão
sócio-econômica atual. Criou-se, em 1962 o CADE, Conselho Administrativo de Defesa Econômica. Somente com a
Constituição de 1988, contudo, a matéria foi alçada a princípio e o CADE passou a deter maior independência do
Poder Executivo, mediante sua qualificação como autarquia.
Assim, a fixação de preços e a percepção de lucros não devem ser, em regra, alvo de controle pelo Estado, dentro do
Estado liberal vigente, considerando que as próprias forças de mercado são suficientes para a regularização de
preços. Tais forças, evidentemente, pressupõem desigualdades entre as entidades econômicas.
Destaque-se que apesar de o texto constitucional falar em livre iniciativa e livre concorrência, Paula Forgioni, citando
Eros Roberto Grau, sustenta que aquela é gênero da qual é espécie a livre concorrência, juntamente com a liberdade
de comércio e da indústria.
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Ressalte-se que, porém, não é a simples concentração de mercado, por si só, a razão do controle. A concentração e a
restrição à concorrência baseada nas melhorias técnicas e desenvolvimento tecnológico são permitidas (são as
chamadas válvulas de escape, na nomenclatura adotada por Forgioni)
Os dispositivos visam tutelar a livre concorrência, protegendo-a contra a tendência da concentração capitalista,
cabendo ao Estado intervir somente para coibir o abuso, quando a concentração é exercida de forma anti-social, de
forma a prejudicar a livre concorrência. Quando o poder econômico passa a ser usado com o propósito de impedir a
iniciativa de outros ou passa a ser fator concorrente para o aumento arbitrário de lucros, o abuso fica manifesto.
Dessa forma, como assinala Paula Forgioni, a concorrência não deve ser perseguida como um fim em si mesma,
podendo ser sacrificada para que seja atingido o escopo maior de todo o sistema.
O texto da CFRB/88 não deixa dúvidas quanto ao fato da concorrência ser, entre nós um meio, um instrumento para
o alcance de outro bem maior, de assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social.
Nesse passo, até algumas práticas estatais, apesar de aparentar regular determinados aspectos da atuação da
sociedade, acabam por limitar a concorrência. A propósito, destaca-se o enunciado n. 646 da súmula do STF,
convertida para Súmula Vinculante nº 49:
Quanto a essas conversões em súmulas vinculantes, critica-se devido a ausência de controvérsia atual que acarrete
grave insegurança jurídica e relevante multiplicação de processos, tal como exige a CR/88.
Os municípios têm competência para regular o horário do comércio local, desde que não
infrinjam leis estaduais ou federais válidas.
Essa súmula foi materialmente substituída (embora não formalmente cancelada) pela Súmula 645 do STF,
recentemente convertida na SV 38, com a seguinte redação: “É competente o município para fixar o horário de
funcionamento de estabelecimento comercial”. Observe que o Supremo não exige mais a não contradição com leis
estaduais ou federais. Isso porque o fundamento é a competência legislativa privativa para assuntos de interesse
local (art. 30, I), não mera competência concorrente suplementar (art. 24, I c/c art. 30, II = direito econômico). De
toda forma, há quem diga que a supressão na parte final não representou mudança. A exceção é o horário de
atendimento bancário que, por necessidade de padronização nacional e por se tratar de atividade financeira, é
competência da União, consoante Súmula 19 do STJ. Não obstante, a jurisprudência reconhece a competência do
Município para estabelecer tempo máximo de espera na fila do banco, aproximando-se da proteção ao consumidor e
não regulação da própria atividade econômica.
Ressalte-se que o controle da concorrência atualmente empregado tem distinção com relação ao liberalismo clássico,
na medida em que aquele é qualificado pela influência social enquanto este era marcado pelo simples aspecto
econômico.
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Sobre o tema da livre iniciativa, ainda importa notar os importantes julgados do STF:
É INCONSTITUCIONAL a lei que exija que a empresa em débito com a Fazenda Pública tenha
que oferecer uma garantia (ex: fiança) para que possa emitir notas fiscais. Tal previsão
configura “sanção política” (cobrança do tributo por vias oblíquas), o que viola as garantias
do livre exercício do trabalho, ofício ou profissão (art. 5º, XIII), da atividade econômica (art.
170, parágrafo único) e do devido processo legal (art. 5º, LIV). STF. Plenário. RE 565048/RS,
Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 29/5/2014. Embora as condicionantes tributárias para
o exercício da atividade empresarial sejam repelidas pelo STF, há precedentes quanto a
indústria de cigarro, no qual legitima-se a cassação da autorização por não recolhimento do
IPI. Segundo o STF, a sonegação reiterada e sistemática atenta contra a livre concorrência,
permitindo a venda de produto em condição privilegiada frente aos demais agentes
econômicos do setor. Nesse caso não se trata de sanção política.
Há, pois, que se buscar equilíbrio entre as empresas que atuam no mercado e entre essas e os consumidores. A livre
concorrência constitui relevante princípio da atividade econômica, propiciando a competição entre os agentes
econômicos, sendo certo que essa competição tende a gerar inegáveis benefícios aos consumidores.
Ou seja, a exploração econômica há de ser realizada dentro dos limites de capacidade dos ecossistemas,
resguardando a possibilidade de renovação dos recursos renováveis e explorando de forma não predatória os não
renováveis.
A redução das desigualdades regionais e sociais constitui objetivo fundamental da república e deve ser perseguido
pela política econômica adotada. Compete à União elaborar e executar planos nacionais e regionais de ordenação do
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território e de desenvolvimento econômico e social (art. 21, IX, CFRB/88) e a lei de diretrizes e bases deve incorporar
e compatibilizar os planos nacionais e regionais (art. 174, §1º).
Dentre os mecanismos previstos na CFRB/88 para a redução das desigualdades regionais estão os incentivos
tributários e orçamentários (art. 43 e 165, §1º). Os direitos sociais previstos no art. 6º da CF constituem parâmetros
para a aferição da desigualdade no país.
Para Eros Roberto Grau, esse princípio consubstancia umagarantia para o trabalhador, na medida em que está
coligado ao valor da valorização do trabalho humano e reflete efeitos em relação ao direito social do trabalho.
Neste sentido, Eugênio Rosa de Araújo salienta que este princípio tem caráter de norma programática, contendo, no
mínimo, eficácia negativa, no sentido de impedir a adoção de políticas econômicas e salariais recessivas e geradoras
de desemprego e subemprego ou que desestimulem a ocorrência de quaisquer ocupações lícitas, bem como impõem
ao setor privado o respeito aos direitos sociais e trabalhistas (arts. 6º e 7º, CFRB/88).
A LC 147/14 promoveu uma série de alterações legislativas.Na Lei de Falências (11.101/05), por ex., instituiu uma
nova classe de credores para as deliberações da assembléia e ampliou o plano especial de recuperação judicial que
antes admitia apenas créditos quirografários e agora pode todos (tem exceções, ex.: fiscais). Na LC 123/06, o acesso
aos mercados; quanto às licitações houve ampliação, por ex. obrigando Estados e Municípios a aplicação imediata
independente de regulamento próprio e extensão para as licitações dispensáveis em razão do valor; quanto ao
mercado externo, criou um novo regime especial aduaneiro.
2. Princípios implícitos
1. Princípio da subsidiariedade
O Poder Público atua subsidiariamente à iniciativa privada na ordem econômica.
A intervenção direta somente se dará em casos expressamente previstos no texto constitucional, ocorrendo por
absorção, quando o regime for de monopólio ou por participação, em casos de imperativo para segurança nacional
ou relevante interesse público.
Sobre o tema, recentemente o STF decidiu que intervenção no domínio econômico (instituição de plano econômico),
em que pese ser ato lícito, pode ensejar a responsabilidade civil do Estado – caso Varig (RE 571969/DF – info 738,
STF).
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Limites: o Estado poderá, nos termos da lei, disciplinar o exercício desse direito. Citamos algumas formas de
limitação: a) autorização para o exercício de determinadas atividades; b) intervenção direta na atividade
econômica, nas hipóteses de relevante interesse coletivo ou em razão da segurança nacional; c) punição de atos
praticados contra a ordem econômica e financeira e contra a economia popular e reprimindo o abuso do poder
econômico que visem à dominação dos mercados, à eliminação da concorrência e ao aumento arbitrário dos
lucros. Tais limitações têm por fim garantir a realização da justiça social e do bem-estar coletivo.
Informa que as politicas públicas devem ampliar a oferta de oportunidades de iniciativa e emprego, com chances
iguais para todos. Outrossim, garante a participação ativa de todos os segmentos sociais na propositura das
políticas públicas de planejamento econômico da Nação.
1. Introdução
Ensina Leonardo Vizeu Figueiredo que por sistemas ou modelos econômicos entende-se a forma pela qual o Estado
organiza suas relações sociais de produção, na qual se estrutura sua política e distribuição do produto do trabalho.
Inicialmente, o mundo adotou dois sistemas econômicos bem definidos: o capitalismo e o socialismo.
Pode-se definir meios de produção ou também modos de produção, como o conjunto formado pelos "meios de
trabalho" e pelos "objetos de trabalho", além da maneira como a sociedade se organiza economicamente.
Os "objetos de trabalho" são os elementos sobre os quais ocorre o trabalho humano (matérias-primas minerais,
vegetais e animais, o solo etc.). Os meios de produção servem como base em modelos de organização social.
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Pois bem, para uma análise de uma sociedade é preciso primeiro verificar em que tipo de meio de produção ela se
baseia, pois sendo a produção talvez a parte mais importante da vida em sociedade, ela tem absoluta relevância na
ordem social que vigora.
O modo de produção seria uma espécie de infra-estrutura da sociedade, o modelo básico de organização social,
sendo as formas das demais instituições comunitárias reflexo desta organização.
A titularidade dos meios de produção é o traço essencial da distinção entre o sistema econômico capitalista e o
socialista. Se os meios de produção de uma sociedade são privados e a força de trabalho é livre, podemos ver essa
sociedade como sendo Capitalista. Em sendo esses meios socializados ou não privados poderemos, talvez, então
estar olhando para uma sociedade socialista.
Obviamente, existem fatores bem mais profundos que precisam ser analisados, seja quanto aos regimes se
democráticos ou autoritários até de quem realmente está detendo o domínio desses meios produtivos ou, quanto à
cultura disseminada e arraigada de um povo.
Atualmente, continua o autor, diante das atuais necessidades econômicas internas e da nova configuração da
economia mundial, presenciamos o surgimento de modelos econômicos que mesclam tanto características
capitalistas, quanto socialistas, como se dá na República da China.
1. O capitalismo (livre-empresa)
O capitalismo é o sistema econômico no qual as relações deprodução estão assentadas na propriedade privadados
bens em geral e tem por pressuposto a liberdade de iniciativa e de concorrência. Principais características: a)
propriedade privada dos meios de produção; b) trabalho assalariado como base de mão de obra; c) sistema de
mercado baseado na livre-iniciativa e na liberdade de concorrência.
Para André Ramos Tavares, "o sistema capitalista aponta para a chamada economia de mercado, na medida em que
são as próprias condições deste mercado que determinam o funcionamento e equacionamento da economia
(liberdade)”.
Daí a idéia da "mão invisível", a regular e equilibrar as relações econômicas, entre oferta e procura". Na economia de
mercado os preços dos produtos, serviços e dosmeiosdeprodução são determinados pela proporção entre a oferta e
a respectiva procura, competindo ao Estado apenas garantir as condições para que esse sistema desenvolva-se
livremente.
Hoje é muito difícil vislumbrar-se sistemas exclusivamente de mercado. A crise econômica do capitalismo levou ao
abandono da crença de que o sistema de mercado seria um regulador de si mesmo. Assim, passou-se a admitir e até
mesmo a exigir a intervenção do Estado, para manter o equilíbrio entre a livre iniciativa e livre concorrência. Na
realidade, embora isto seja dificilmente reconhecido pela doutrina, os modelos econômicos atuais são modelos
mistos.
2. O socialismo
O socialismo, enquanto sistema de organização econômica do Estado, opõe-se frontalmente ao liberalismo
(capitalismo), pois o mercado livre é considerado como a origem da desigualdade. Este sistema propõe não
somente a intervenção do Estado, mas a supressão da liberdade da iniciativa privada e o comando do Estado na
esfera econômica. Inviabiliza-se a apropriação privada dos meios de produção.
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Segundo André Ramos Tavares, "o socialismo é um modelo econômico baseado na autoridade, pressupondo-a para
alcançar sua sistemática própria. Mais claramente, exige-se uma autoridade centralizadora, unificante da
economia".
Leonardo Vizeu Figueiredo assinala que o socialismo é o sistema baseado na autoridade estatal, que centraliza e
unifica a economia em torno do Poder Central e tem como principais características: a) o direito de propriedade
limitado e, não raro, suprimido; b) a estatização e controle dos fatores de produção e dos recursos econômicos; c)
a gestão política que visa a redução das desigualdades sociais; d) e a remuneração do trabalho mediante a
repartição do produto econômico por meio de decisão do governo central.
Por fim, vale trazer à colação as noções do fenômeno da globalização e, também, de neoliberalismo.
A globalização, segundo lembra Eugênio Rosa de Araújo, implica, basicamente e de forma simplificada, na
eliminação de barreiras comerciais (possibilidade de aquisição de produtos em quaisquer países), liberação dos
mercados de capitais (realização de transações financeiras interbancárias a nível planetário) e na possibilidade de
produção independente de fronteiras, abolindo a distância e o tempo.
Já o neoliberalismo, segundo assevera o mesmo autor, tem por palavras de ordem: menos Estado, fim das
fronteiras, desregulação dos mercados, moedas fortes, privatizações, equilíbrio fiscal e competitividade global.
O aludido autor ensina que a globalização como fenômeno econômico e social em escala planetária deu respaldo à
ideologia do neoliberalismo, que se baseia no argumento de que a liberalização do mercado otimiza o crescimento e
a riqueza no mundo e de que a tentativa de controlar e regular o mercado apresenta resultados negativos, pois
restringiria a acumulação de lucros sobre o capital, impedindo, assim, a taxa de crescimento.
Por fim, saliente-se que, após a recente crise americana de 2008/2009, que atingiu também outros países, a
discussão acerca da necessidade de uma maior intervenção do Estado na economia voltou a tona, surgindo, assim,
críticas ao neoliberalismo.
No Brasil, assim como se deu alhures, essa nova postura diante do fato econômico se fez sentir a partir da
Constituição de 1934, na qual foi inserido um título autônomo (“Da ordem econômica e social”), que veiculava um
discurso intervencionista bastante inovador em todos os sentidos, começando a introduzir os princípios da justiça
social e das necessidades da vida nacional, de modo a possibilitar a todos uma existência digna, além de garantir a
liberdade econômica dentro de tais limites, como elementos fundamentais para a organização da ordem econômica.
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Já para Savatier, ordem pública é o "conjunto de normas cogentes, imperativas, que prevalece sobre o universo das
normas dispositivas, de direito privado". Numa abordagem que se aproxima da jurídica, "o conceito de ordem se
prende à correlação e correspondência hierárquica existente dentro do conjunto de normas existente dentro do
conjunto das normas, ligando as normas particulares a uma norma fundamental".
Explicado o sentido de “Ordem”, temos então que Eros Roberto Grau inicialmente definiu a ordem econômica, no
mundo do dever-ser, como (...) conjunto de princípios jurídicos de conformação do processo econômico, desde uma
visão macrojurídica, conformação que se opera mediante o condicionamento da atividade econômica a
determinados fins políticos do Estado. Tais princípios (...) gravitam em torno de um núcleo, que podemos identificar
nos regimes jurídicos da propriedade e do contrato para, depois, percebendo que a ordem econômica engloba mais
do que apenas os princípios, a descrever como (...) o conjunto de normas que define, institucionalmente, um
determinado modo de produção econômica. Assim, a ordem econômica, parcela da ordem jurídica (mundo do dever-
ser), não é senão o conjunto de normas que institucionaliza uma determinada ordem econômica (mundo do ser).
Tal definição indica o conceito de Constituição econômica, definida por Vital Moreira como (...) o conjunto de
preceitos e instituições jurídicas que, garantindo os elementos definidores de um determinado sistema econômico,
instituem uma determinada forma de organização e funcionamento da economia e constituem, por isso mesmo, uma
determinada ordem econômica; ou, de outro modo, aquelas normas ou instituições jurídicas que, dentro de um
determinadosistema e forma econômicos, que garantem e (ou) instauram, realizam uma determinada ordem
econômica concreta.
Vital Moreira faz verificações bem interessantes quanto aos sentidos da expressão ordem econômica, quais sejam:
a) modo de ser empírico de uma economia concreta, sendo um conceito de fato, e não um conceito normativo ou
valorativo (ínsito às regras reguladoras das relações sociais), mas sim algo referente às relações entre fenômenos
econômico-materiais, entre fatores econômicos concretos;
c) ordem jurídico-econômica, sendo esta a acepção que serve de objeto para esta pesquisa.
1- Normas-programáticas: mais uma vez evidencia-se a importância das normas programáticas, portadoras de
enunciados e de orientações sobre a ordem econômica.
Por fim, importante registrar que consta na nossa CF, os fundamentos desta nossa Ordem Jurídico-econômica: a)
valorização do trabalho humano; b) livre iniciativa; e c) finalidade de assegurar existência digna a todos.
Alguns Julgados:
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“A exigência, pela Fazenda Pública, de prestação de fiança, garantia real ou fidejussória para
a impressão de notas fiscais de contribuintes em débito com o fisco viola as garantias do
livre exercício do trabalho, ofício ou profissão (CF, art. 5º, XIII), da atividade econômica (CF,
art. 170, parágrafo único) e do devido processo legal (CF, art. 5º, LIV). () (... )(RE 565.048, rel.
min. Marco Aurélio, julgamento em 29-5-2014, Plenário, Informativo 748, com repercussão
geral.)
"(...) Constitucionalidade da Lei 8.899, de 29 de junho de 1994, que concede passe livre às
pessoas portadoras de deficiência. Alegação de afronta aos princípios da ordem
econômica, da isonomia, da livre iniciativa e do direito de propriedade, além de ausência de
indicação de fonte de custeio (arts. 1º, IV; 5º, XXII; e 170 da CF): improcedência. (...)" (ADI
2.649, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgamento em 8-5-2008, Plenário, DJE de 17-10-2008.)
"É certo que a ordem econômica na Constituição de 1988 define opção por um sistema no
qual joga um papel primordial a livre iniciativa. Essa circunstância não legitima, no entanto,
a assertiva de que o Estado só intervirá na economia em situações excepcionais. (...). O
direito ao acesso à cultura, ao esporte e ao lazer são meios de complementar a formação
dos estudantes." (ADI 1.950, Rel. Min. Eros Grau, julgamento em 3-11-2005, Plenário, DJ de
2-6-2006.) No mesmo sentido: ADI 3.512, julgamento em 15-2-2006, Plenário, DJ de 23-6-
2006.
“É constitucional a exigência contida no art. 17, V, da LC 123/2006 [Lei 123/2006: ‘Art. 17.
(...) V – (...)’].. (...) Assim, o tratamento tributário a ser conferido nesses casos não poderia
implicar desoneração, pois todos os contribuintes estariam adstritos ao pagamento de
242
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tributos.Afirmou-se que não seria razoável favorecer aqueles em débito com o fisco,.” (RE
627.543, rel. min. Dias Toffoli, julgamento em 30-10-2013, Plenário, Informativo726, com
repercussão geral.)
1. Conceito
De acordo com Eros Grau é o conjunto de normas que define, institucionalmente, um determinado modo de
produção econômica, objetivando a conformação do processo econômico, a partir de uma visão macrojurídica.
Conformação que se opera mediante o condicionamento da atividade econômica a determinados fins políticos do
Estado, e que institucionaliza uma determinada ordem econômica (esta no sentido de mundo do ser). Tais princípios
gravitam em torno de um núcleo, identificado na composição do contrato e da propriedade.
De conseguinte, entende-se como uma parcela da ordem jurídica, disciplinada pela Constituição e pelas leis, com o
propósito de conduzir a vida econômica da Nação, limitado e delineado pelas formas estabelecidas na própria Lei
Maior para legitimar a intervenção do Estado no domínio privado econômico.
Não obstante essa definição, segundo as lições de Eros Grau, o intérprete deverá sempre atentar para outro aspecto
da expressão em tela, porquanto poderá significar também as relações econômicas ou atividades econômicas
entravadas, entre os atores do mercado (realidade do mundo do “ser”), tal como expresso, com efeito, no caput do
art. 170 da CR/88 e também no §5° do art. 173.
2. Ordem Econômica
A Ordem Econômica pode ser compreendida no aspecto material ou econômico – representado pelo conjunto de
riquezas presentes no território de uma nação e sujeitas ao seu ius imperii, bem como sob o aspecto formal ou
jurídico – ordenamento constitucional e legislativo que disciplina o modo de operar a atividade econômica.
O artigo 170 da Constituição inaugura o Capítulo destinado à sua regulação (aspecto formal), dotado de forte carga
axiológica, ante os preceitos fundamentais sob os quais a sociedade brasileira há de se basear: valorização do
trabalho humano; livre iniciativa; justiça social, existência digna; soberania nacional; propriedade privada; função
social da propriedade; livre concorrência; defesa do consumidor; defesa do meio ambiente; redução das
desigualdades; busca do pleno emprego; e tratamento favorecido para as empresas de pequeno porte.
Segundo Eros Grau, a Ordem Econômica, consoante o tratamento que lhe foi dado pela CRFB, assume duas vertentes
conceituais, sendo uma ampla e outra estrita:
Ampla: parcela da ordem de fato, inerente ao mundo do ser. Isto é, o tratamento jurídico dispensado para disciplinar
as relações jurídicas decorrentes do exercício de atividades econômicas. É a regulação jurídica da intervenção do
Estado na economia.
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Estrita: parcela da ordem de direito, inerente ao mundo do dever-ser. Isto é, o tratamento jurídico dispensado para
disciplinar o comportamento dos agentes econômicos no mercado. É a regulação jurídica do ciclo econômico
(produção, circulação e consumo).
Para José Afonso da Silva, a Ordem econômica consiste na racionalização jurídica da vida econômica, com o fim de se
garantir o desenvolvimento sustentável da Nação.
3. Regime Político
Surge então o que se chamou de “Juridicização da Política Econômica”, que se insere no campo da economia
normativa, uma vez que prescreve formas de comportamento e atitudes que devem ser tomadas pelos agentes
econômicos e pelo Estado, tendo em vista a consecução de determinados objetivos traçados pela Ordem Econômica.
Ora, sabemos que o Estado cumpre sua função através de políticas públicas, ou seja o Estado governa através de
mecanismos jurídicos – a lei – que materializa a política econômica. Assim, é o Estado que tem competência para
fixar, determinar, estipular políticas econômicas. A política econômica é uma decorrência da necessidade do Estado
e da sociedade de traçarem as diretrizes fundamentais da economia com vistas à realização de certos objetivos,
como, por exemplo, a estabilidade econômica, o desenvolvimento ou crescimento econômico. Estes objetivos são
traçados pela Constituição, que faz as opções políticas fundamentais (art. 170 da Constituição Federal).
A política econômica realiza-se em um sistema econômico já existente, liberal ou socialista, de modo que esta política
econômica pode realizar alterações no sistema econômico, adaptando-o com o fim de atingir os fins escolhidos pelo
Estado.
Ademais, a política econômica pode variar de acordo com as necessidades da época e do contexto social. Assim é
que se constata a evolução histórica da política econômica.
De conseguinte, de acordo com a teoria dominante adotada, o posicionamento estatal, em face de sua Ordem
Econômica, vai assumir feições diversas, com reflexo no texto constitucional.
Cumprem observar quais são as possíveis formas de participação do Estado nas atividades de cunho econômico
desenvolvidas em seu respectivo território. Podemos, então, identificar as seguintes formas econômicas de Estado.
a) Estado liberal: assenta-se no respeito ao pleno exercício dos direitos e garantias por parte de seus respectivos
indivíduos, face ao avanço predatório que o modelo estatal absolutista havia até então exercido. Este modelo é fruto
direto das doutrinas de Adam Smith, para quem a harmonia social seria alcançada através da liberdade de mercado,
frente ao ambiente concorrencialmente equilibrado. Tal teoria denominou-se como “mão invisível”.
Funda-se nos princípios do dirigismo contratual (pacta sunt servanda) e autonomia da vontade. É dizer, tem como
base jurídica a livre-iniciativa (direito de qualquer cidadão exercer atividade econômica livre de qualquer restrição,
condicionamento ou imposição descabida do estado) e liberdade contratual, devendo o poder público garantir o
cumprimento das cláusulas pactuadas.
Por fim, o Estado Liberal se assenta ainda na liberdade de mercado (tal postulado se assenta na auto-organização/
auto-regulação da economia. O Estado Liberal, assim, caracteriza-se por uma postura abstencionista, uma vez que
atua de forma neutra e imparcial no que tange à atividade econômica.
Após a derrocada do modelo liberalista, ascende nova forma de atitude do Estado, não havendo mais ocorrência de
liberalismo puro, emergindo, a partir daí aspectos intervencionistas que variarão de acordo com as circunstâncias.
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b) Estado intervencionista econômico: Advém com o declínio do liberalismo norte-americano, que culminou com a
quebra da Bolsa de Nova Iorque, em 1929. Foi então adotado o New Deal de Franklin Roosevelt, com o federalismo
cooperativo e quebra do parâmetro ouro como medida de câmbio internacional.
Modelo esse fortemente influenciado pelos ensinamentos de John Maynard Keynes (Teoria Geral do Emprego do
Juro e da Moeda), explicitando que se devem muito mais, às políticas públicas do governo, o desenvolvimento
socioeconômico e aumento do nível de emprego, ao somatório dos comportamentos microeconômicos individuais
dos empresários.
Aqui, o estado atua com o fito de garantir o exercício racional das liberdades individuais. Assim, a política
intervencionista não visa ferir os postulados liberais, mas tão somente fazer com que o Estado coíba o exercício
abusivo e pernicioso do liberalismo.
No estado intervencionista não há preocupações sociais no sentido de se estabelecer políticas públicas para tanto,
mas sim de mera ordem técnica com a garantia da livre-iniciativa e da liberdade de mercado.
A chamada Teoria dos Jogos de Von Neuman estuda as características dos atores da economia e resultados vem a
demonstrar a probabilidade de dois ou mais agentes estejam combinando suas estratégias, concluindo conduta
cartelizada. Esta tese significou grande avanço destinado à defesa da concorrência.
O intervencionismo se dá de forma direta, na qual o estado assume a iniciativa da atividade econômica na condição
de produtor de bens e serviços ao lado dos particulares; ou, ainda, de forma indireta, na qual o estado atua
tributando, incentivando, regulamentando ou normatizando a atividade econômica. No plano jurídico, assenta-se no
princípio da defesa do mercado ou proteção à concorrência.
c) Estado intervencionista social: conhecido com Welfare State, Estado do bem estar social ou Estado Providência, é
a forma estatal de intervenção na atividade econômica que tem por fim garantir que sejam efetivadas políticas de
caráter assistencialista na sociedade, para prover os notadamente hipossuficientes em suas necessidades básicas.
Baseia-se na seguridade social.
O Estado compartilha os riscos individuais entre todos os seguimentos da sociedade, também com a cooperação
desta, buscando garantir distribuição de renda entre os que se encontrem privados de capacidade laborativa.
Aqui, o estado se preocupa com a coletividade e com os interesses transindividuais, ficando mitigado os interesses
pessoais de cunho individualista.
Daí porque este modelo é também chamado de Estado de bem-estar social (welfare state) ou estado providência,
porque é aquele que provê uma série de direitos sociais aos cidadãos de modo a mitigar os efeitos naturalmente
excludentes da economia capitalista sobre as classes sociais mais desfavorecidas.
Outrossim, neste modelo o Estado assume responsabilidades sociais crescentes, em caráter de prestações positivas,
como a previdência, habitação, saúde, educação, assistência social e saneamento, ampliando, cada vez mais, seu
leque de atuação como prestador de serviços essenciais. Ademais, o Estado atua ainda como empreendedor
substituto em áreas e setores considerados estratégicos para o desenvolvimento da nação.
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d) Estado intervencionista socialista: adotado no Leste Europeu, China e Cuba, inaugurado com a Revolução
Bolchevique no chamado outubro vermelho de 1914. É a forma intervencionista máxima do Estado, uma vez que
este adota uma política econômica planificada, baseada na valorização do coletivo sobre o individual.
O Poder Público passa, então, a ser o centro exclusivo para as deliberações referentes à economia. Os bens de
produção são apropriados coletivamente pela sociedade por meio do Estado, de modo que este passa a ser o único
produtor, vendedor e empregador.
A livre-concorrência e a liberdade de mercado são literalmente substituídas pelo planejamento econômico racional e
centralizado em torno do Poder Público, rejeitando-se sistematicamente, a autonomia das decisões privadas.
e) Estado regulador: busca-se com este modelo um retorno comedido aos ideais do liberalismo, sem, contudo,
abandonar a necessidade de sociabilidade dos bens essenciais, a fim de se garantir a dignidade da pessoa humana.
Caracteriza-se numa nova concepção para a presença do Estado na economia, como ente garantidor e regulador da
atividade econômica, que volta a se basear na livre-iniciativa e na liberdade de mercado, bem como na
desestatização das atividades econômicas e redução sistemática dos encargos sociais, com o fito de se garantir
equilíbrio nas contas públicas, sem, todavia, desviar o Poder Público da contextualização social, garantindo-se, ainda,
que este possa focar esforços nos serviços públicos essenciais.
O Estado adota uma solução, conhecida como Equilíbrio de Nash, segundo o qual onde não há ambientes
concorrencialmente saudáveis, a persecução do interesse privado irá, invariavelmente, conduzir aos monopólios de
consequências perniciosas.
No plano jurídico, fundamenta-se no princípio da subsidiariedade, no qual o Poder Público somente irá concentrar
seus esforços nas áreas nas quais a iniciativa privada, por si só, não consiga alcançar o atingimento das metas sociais
de realização do interesse coletivo. Assim, a iniciativa de exploração das atividades econômicas retorna à iniciativa
privada, a qual irá realizá-la dentro de um conjunto de planejamento estatal previamente normatizado para tanto,
com o fito de conduzir o mercado à realização e consecução de metas socialmente desejáveis, que irão garantir o
desenvolvimento sócio-econômico da Nação.
Evita-se, no Estado Regulador, a concentração de poder econômico e seu uso abusivo, protegendo-se a concorrência,
por meio de políticas eficazes. Garante-se aos atores do mercado o alcance de seus interesses particulares de forma
pulverizada.
Importante sempre salientar o caráter restritivo na atuação do Estado na economia (ou ordem econômica material),
consoante assentado pelo STF:
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Sujeitos econômicos.
Para entender o que vem a ser “sujeitos” do direito econômico, antes, é necessário tratar do OBJETO desse ramo.
Nesse sentido, vale a menção a alguns conceitos sobre o DE:
“Direito econômico é o ramo do direito que tem por objeto a ‘juridicização’, ou seja, o
tratamento jurídico da política econômica e, por sujeito, o agente que dela participe. Como
tal, é o conjunto de normas de conteúdo econômico que assegura a defesa e harmonia dos
interesses individuais coletivos, de acordo com a ideologia adotada na ordem jurídica. Para
tanto, utiliza-se do ‘princípio da economicidade’.” (Primeiras Linhas de Direito Econômico.
Washington Peluso Albino de Souza. 6ª edição. São Paulo: LTr, 2005).
- aqueles caracterizados com relação aos chamados “interesses difusos”, que tem como
titulares pessoas indeterminadas e ligadas por circunstâncias de fato;
- os que se revelam nos “interesses coletivos”, tendo como titular grupo, categoria ou classe
de pessoas ligadas entre si, com a parte contrária, por uma relação jurídica base;
1- O Estado: Também é considerado sujeito de direito econômico porque é responsável pela edição das normas que
materializam a política econômica, e porque pode intervir no domínio econômico de diversas maneiras (como a
atuação direta).
2- Os indivíduos: na sua manifestação de seu trabalho, como consumidor de bens ou serviços ou como usuário de
serviços públicos.
Nos termos da classificação de Leonardo Vizeu Figueiredo (Lições de Direito Econômico. 7ª edição, Rio de Janeiro:
Forense, 2014): “Os sujeitos da Ordem Econômica Internacional são as entidades, ou seja, aqueles a quem se
reconhece personalidade jurídica e que atuam na formação e concretização das normas de Direito Internacional, a
saber, os Estados e os Organismos Internacionais, de modo que somente estes podem adquirir direitos e contrair
obrigações no plano internacional. Por sua vez, os atores internacionais são todos aqueles que influem na formação
destas normas, como as Empresas Transnacionais”.
Por possuírem personalidade jurídica de direito internacional própria, conforme previsto no art. 34 do Protocolo de
Ouro Preto (Decreto n. 1.901/1996), os organismos internacionais são considerados sujeitos econômicos.
A noção dos estados soberanos como sujeitos econômicos associa-se à própria ideia de Estado atrelado ao conceito
de soberania.
Quanto aos organismos internacionais, sua evolução como sujeitos econômicos ocorreu após a eclosão da 2ª Grande
Guerra diante da progressão do aumento das necessidades, ora comuns, ora conflitantes dos membros da
comunidade internacional, constituindo (os OIs) um instrumento de abreviar as negociações e maximizar resultados
comuns mais vantajosos. Esta ordem econômica internacional tem por “finalidade constituir unidade que leve em
conta a heterogeneidade, a diversificação dos ordenamentos nacionais” (expressão de João Bosco Leopoldino da
Fonseca).
Segundo João Bosco Leopoldino da Fonseca, essa unidade heterogênea a cargo da ordem econômica internacional
existe na medida em que a “interdependência econômica é irrefragável [que não pode ser contestada] e a
coexistência pacífica é uma condição irrecusável de sobrevivência”, lecionando, ainda, que existem dois aspectos a
serem observados nos sujeitos dessa categoria:
1) institucional (“o ordenamento, pelo conjunto coerente de regras jurídicas com função de concretizar os ideais
políticos, econômicos e sociais”); e
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A LOMAN não somente prevê direitos, deveres, vantagens e obrigações aos magistrados, mas também
assegura o pleno exercício da jurisdição, evitando a usurpação dos limites institucionais conferidos ao
Judiciário nacional.
A importância de Lei Complementar para reger a carreira da magistratura reside no fato de o constituinte
ter interpretado que determinadas matérias, nada obstante a sua relevância, não poderiam ser
regulamentadas em sede constitucional, sob pena de dificultar-se eventual processo de alteração,
tampouco poderiam comportar alterações constantes em processo legislativo ordinário.
Em diversos precedentes, o STF já afirmou que a LOMAN foi recepcionada pela Constituição Federal de
1988, de modo que seus dispositivos compatíveis com a Lei Fundamental têm plena vigência (ADI 841 –
QO; ADI 1.152-MC; ADI 1.503; ADI 4.108-REF-MC; ADI 4.042-MC).
Emendas à Constituição Federal de 1988 já imprimiram significativas mudanças na organização e disciplina
do Poder Judiciário, inclusive estabelecendo, no art. 93, caput, que “Lei complementar, de iniciativa do
Supremo Tribunal Federal, disporá sobre o Estatuto da Magistratura”.
Entretanto, enquanto não editada a nova lei, permanece em plena vigência a Lei Complementar nº
35/1979, com interpretação necessariamente a partir das normas constitucionais que tratam da matéria.
A magistratura é uma carreira jurídica, cuja forma mais comum de ingresso é o concurso público de provas
e títulos.
O provimento dos cargos públicos pode acontecer de duas formas: originário e derivado.
O provimento originário ocorre quanto o agente não está no quadro e presta concurso para ingressar.
O provimento derivado ocorre quando o agente já está no quadro e nele vai movimentar-se, de forma
horizontal ou vertical.
Ou seja, existem as entrâncias inicial, intermediária e final. A movimentação é horizontal quando o juiz fica
na mesma entrância (remoção ou permuta). Por outro lado, a movimentação é vertical quando o juiz vai de
uma entrância para outra, por promoção ou acesso ao Tribunal.
O ingresso na magistratura de carreira pressupõe concurso público de provas e títulos, com a participação
do Conselho Seccional da OAB em todas as fases, nos termos do art. 78 da LOMAN.
Observando-se a ordem de classificação, o aprovado no concurso será nomeado e investido no cargo de
Juiz Substituto, no qual permanecerá por um período auxiliando ou substituindo magistrados mais
experientes, antes de se tornar juiz titular.
É possível que se estabeleça curso preparatório (art. 78, § 1º da LOMAN). Sendo assim, é admissível que os
tribunais criem o curso, que será tido como uma etapa do processo seletivo. Em SC já funciona dessa
forma.
A partir da EC nº 45/04, há imposição constitucional acerca da exigência de3 anos de atividade jurídica
como requisito para a nomeação do juiz. Esta matéria encontra-se regulamentada na resolução nº 11/06
do CNJ, cujo art. 2º preceitua que “considera-se atividade jurídica aquela exercida com exclusividade por
bacharel em Direito, bem como o exercício de cargos, empregos ou funções, inclusive de magistério
superior, que exija a utilização preponderante de conhecimento jurídico, vedada a contagem do estágio
acadêmico ou qualquer outra atividade anterior à colação de grau”. Nessa toada, o STF tem admitido o
exercício de atividades jurídicas de escrivão de polícia, oficial de justiça, etc.
Há uma discussão a respeito da exata contagem do prazo. Segundo o artigo 5º da resolução
supramencionada, deve-se completar esse prazo com a inscrição definitiva no concurso. Atualmente, o STF
entende que a contagem é feita a partirda conclusão do curso de Direito (e não da colação de grau) até a
data da inscrição definitiva.
Conforme exigência do art. 78, §1º da LOMAN, “os candidatos serão submetidos a investigação relativa aos
aspectos moral e social, e a exame de sanidade física e mental, conforme dispuser a lei”. Geralmente essa
investigação é feita através de consulta a pessoas com as quais o candidato trabalhou, com o objetivo de
obter informações para verificar a sua conduta. Porém, é necessário deixar claro que essa investigação não
é determinante, embora sirva como apoio para saber se o magistrado terá condições de exercer o seu
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cargo.
O recrutamento dos juízes por seleção, impingindo a escolha dos mais capacitados com idêntica
oportunidade a todos, é uma caracterização de meritocracia, atendendo exatamente ao ideal democrático.
Durante os dois primeiros anos na carreira, prazo necessário para aquisição da vitaliciedade, o Poder
Judiciário verificará, por meio de seus órgãos internos de controle, se o magistrado atende aos requisitos
para a integração definitiva nos quadros da Magistratura.
O segundo grau de jurisdição admite outras formas de acesso.O acesso aos tribunais de segundo grau far-
se-á por antiguidade e merecimento, alternadamente, apurados na última ou única entrância.
Nos termos do art. 94 da Constituição Federal, “um quinto dos lugares dos Tribunais Regionais Federais,
dos Tribunais dos Estados, e do Distrito Federal e Territórios será composto de membros, do Ministério
Público, com mais de dez anos de carreira, e de advogados de notório saber jurídico e de reputação ilibada,
com mais de dez anos de efetiva atividade profissional, indicados em lista sêxtupla pelos órgãos de
representação das respectivas classes”.
Recebidas as indicações, o tribunal formará lista tríplice, enviando-a ao Poder Executivo, que, nos vinte dias
subsequentes, escolherá um de seus integrantes para nomeação (art. 94, parágrafo único da CF).
Os Tribunais são majoritariamente compostos por juízes, cujo provimento se dá mediante promoção, que é
a ascensão vertical na carreira.
A promoção na carreira submete-se à regra da alternância entre os critérios de antiguidade e merecimento.
A Constituição Federal, em seu artigo 93, II, dispõe que a promoção se dará de entrância para entrância,
alternadamente, por antiguidade e merecimento. Esses critérios são válidos tanto para a promoção
horizontal (de entrância para entrância) quanto para a promoção vertical (de um grau de jurisdição para
outro).
É interessante lembrar que entrância é diferente de instância.
Entrância é cada um dos segmentos (divisões) que compõem o primeiro grau de jurisdição. As comarcas, na
Justiça Estadual, são unidades jurisdicionais que, apesar de assemelharem-se, não coincidem
necessariamente com os municípios. Elas são classificadas em entrâncias de acordo com sua população,
desenvolvimento, complexidade ou por outros critérios fixados pelo legislador. Na Justiça Federal, por sua
vez, há Seções judiciárias (capitais) e Subseções Judiciárias (interior).
Por outro lado, instância correspondente ao grau de jurisdição. O princípio do duplo grau de jurisdição
assegura ao vencido a interposição de recurso para reexame de seu pleito em um grau superior da
jurisdição, o segundo grau.
Quanto à promoção vertical, como dito, se dá através de antiguidade ou merecimento.
A antiguidade é critério meramente cronológico.É mais antigo aquele que permanece na carreira por mais
tempo. Será o primeiro da lista elaborado de acordo com a ordem de ingresso na carreira ou no segmento
considerado (entrância).
Merecimento é mérito, mas sua aferição obedece a parâmetro duplo, pois o mérito é verificado em
conjunto com um mínimo de antiguidade.
Conforme entendimento do STF, a norma vigente ao tempo da posse dos interessados acerca do critério de
antiguidade deve prevalecer para todos os fins.
Ementa: MANDADO DE SEGURANÇA. PROMOÇÃO POR ANTIGUIDADE DE MAGISTRADOS.
CRITÉRIO DE DESEMPATE. TEMPO DE SERVIÇO PRESTADO AO ESTADO. NORMA POSTERIOR.
EFEITOS RETROATIVOS. IMPOSSIBILIDADE. OFENSA AOS PRINCÍPIOS DA IRRETROATIVIDADE
DA NORMA, DA SEGURANÇA JURÍDICA E DA PROTEÇÃO DA CONFIANÇA. CRITÉRIOS
DIFERENTES DAQUELES PREVISTOS NA LEI ORGÂNICA DA MAGISTRATURA NACIONAL -
LOMAN. CONTRARIEDADE AO ART. 93 DA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA. ORDEM
DENEGADA. 1. O princípio da irretroatividade das normas e da segurança jurídica, na sua
dimensão subjetiva densificada pelo princípio da proteção da confiança, veda que norma
posterior que fixe critérios de desempate entre magistrados produza efeitos retroativos
capazes de desconstituir uma lista de antiguidade já publicada e em vigor por vários anos.
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2. Cuida-se de writ contra decisão do Conselho Nacional de Justiça que afastou critério de
desempate aplicado pelo Tribunal de Justiça do Estado de Mato Grosso em promoção de
magistrados. 3. O tempo de serviço público como critério de desempate em detrimento da
ordem de classificação no concurso para o cargo de juiz foi introduzido pela Lei
Complementar estadual nº 281, de 27/09/2007, que inseriu o parágrafo único no art. 159
do Código de Organização Judiciária do Estado do Mato Grosso (Lei nº 4.964/85). 4. A
legislação estadual não pode modificar matéria de competência de Lei Complementar
nacional da magistratura, disciplinando critérios de desempate entre magistrados,
esvaziando o animus do constituinte de criar regras de caráter nacional. Precedentes: ADI
nº 4042, Relator Min. Gilmar Mendes, DJ 30/04/2009; ADI nº 2.494, Relator Min. Eros Grau,
DJ 13/10/2006 e na ADI 1422 Relator Min. Ilmar Galvão, 12/11/1999. 5. Ordem denegada.
(MS 28494, Relator(a): Min. LUIZ FUX, Primeira Turma, julgado em 02/09/2014, ACÓRDÃO
ELETRÔNICO DJe-180 DIVULG 16-09-2014 PUBLIC 17-09-2014)
Na apuração de antiguidade, o Tribunal somente poderá recusar o juiz mais antigo pelo voto fundamentado
de dois terços de seus membros, conforme procedimento próprio, e assegurada ampla defesa, repetindo-
se a votação até fixar-se a indicação.
Os cargos vagos, bem como os cargos providos, mas cujos ocupantes estejam afastados cautelarmente do
exercício da função jurisdicional, não devem ser computados para o fim de determinação do referido
quórum. Contudo, devem ser levados em consideração os cargos preenchidos por membros afastados em
caráter eventual, nesses incluídos todos aqueles que, juridicamente aptos a exercer suas atribuições,
estejam impedidos por motivos transitórios.
Ementa: CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA – ATUAÇÃO. O Conselho Nacional de Justiça
atua no campo administrativo, devendo ter presente a independência versada no artigo 935
do Código Civil. PROMOÇÃO – MAGISTRADO – ANTIGUIDADE – QUÓRUM – APURAÇÃO. O
quórum de dois terços de membros efetivos do Tribunal ou de seu órgão especial, para o
fim de rejeição de juiz relativamente à promoção por antiguidade, há de ser computado
consideradas as cadeiras preenchidas e aqueles em condições legais de votar, observadas
ausências eventuais.
(MS 31357, Relator(a): Min. MARCO AURÉLIO, Primeira Turma, julgado em 05/08/2014,
PROCESSO ELETRÔNICO DJe-196 DIVULG 07-10-2014 PUBLIC 08-10-2014)
Conforme art. 93, II, e da CF, “não será promovido o juiz que, injustificadamente, retiver os autos em seu
poder além do prazo legal, não podendo devolvê-los ao cartório sem o devido despacho ou decisão”.
A promoção por merecimento pressupõe dois anos de exercício na primeira quinta parte da lista de
antiguidade desta, salvo se não houver com tais requisitos quem aceite o lugar vago.A finalidade de tais
requisitos é impedir que, a pretexto de se atender ao critério de merecimento, fosse promovido um juiz
distanciado da antiguidade.
Note-se que, excepcionalmente, e em atenção ao interesse público de provimento da unidade jurisdicional
por um juiz titular, nos termos do artigo 93, II, b da CF, poderá ser promovido por merecimento um juiz que
não tenha o biênio na entrância e não esteja na primeira quinta parte da lista de antiguidade, e isso
acontecerá se não houver tais requisitos quem aceite o lugar vago.
Para se aferir o mérito no critério de merecimento, a Constituição Federal, em seu artigo 93, II, c, previu 05
elementos: desempenho, produtividade, presteza, frequência e aproveitamento em cursos oficiais ou
reconhecidos de aperfeiçoamento.
A partir dos ensinamentos de José Renato Nalini, tais elementos são delineados na forma a seguir:
a) Desempenho: é conceito indeterminado que não pode ser medido pela produtividade nem pela
celeridade. Desempenho é um complexo de atributos, que envolve a atuação integral do juiz, e que
corresponde a um conjunto de qualidades a evidenciar que o magistrado é de fato vocacionado;
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b) Produtividade e Presteza: devem ser aferidos com objetividade. Produtividade não significa mera
quantificação de decisões. Julgar muito nem sempre significa julgar bem, no sentido de conferir ao litígio a
solução mais equânime. Por outro lado, a presteza é a reiteração da insistência com que o constituinte
almeja que o juiz brasileiro seja célere na outorga da jurisdição.
c) Frequência e aproveitamento em cursos oficiais ou reconhecidos de aperfeiçoamento: atualmente, a
ascensão funcional do juiz, mediante o sistema de promoções, depende também de cursos específicos. A
promoção por merecimento não pode prescindir do compromisso permanente de cada magistrado com o
seu projeto pessoal de aprimoramento. Com a EC 45/2004, as Escolas da Magistratura obtiveram condição
diferenciada, com vistas à realização de cursos oficiais de preparação e aperfeiçoamento e promoção de
magistrados.
É obrigatória a promoção do juiz que figure três vezes consecutivas ou cinco alternadas em lista de
merecimento (artigo 93, II, a, da CF).
Os juízes que ingressam nos tribunais por força do quinto constitucional estão liberados de todas essas
exigências (art. 94 da CF). Tais magistrados são vitalícios a partir da nomeação, não se sujeitando a cursos
de preparação, nem de aperfeiçoamento.
O quinto constitucional corresponde à destinação de vinte por cento dos lugares dos Tribunais Regionais
Federais, dos Tribunais dos Estados e do Distrito Federal e Territórios membros do Ministério Público e
advogados, como já referida. Segundo o STF, o quinto constitucional, quando eventualmente não
observado, não gera por si só a nulidade do julgado, mercê da incidência do princípio pas de
nullitésansgrief.
Os integrantes do quinto constitucional devem ter mais dez anos de advocacia ou de carreira, além da
reputação ilibada e notório saber jurídico. A partir da EC 45/2004, a CF passou a conter mais duas regras
referentes ao quinto constitucional: quanto à composição do TST (art. 111-A) e dos TRT’s (art. 115).
Na Magistratura de carreira dos Estados, a remoção precede ao provimento inicial e à promoção por
merecimento.
As normas incidentes sobre a promoção também valem, no que couber, para a remoção a pedido do juiz.
O princípio da inamovibilidade, assegurado aos magistrados, não obriga a promoção ou remoção, sem que
o cargo a ser ocupado esteja vago.
Ementa: PROCESSO ADMINISTRATIVO – ATUAÇÃO DO CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA –
LIMITES OBJETIVOS. O Conselho Nacional de Justiça não está sujeito aos limites objetivos
do processo civil, podendo, em prol dos princípios básicos referentes à Administração
Pública, atuar de ofício. MAGISTRATURA – CONCURSO DE REMOÇÃO – OPORTUNIDADE. O
concurso de remoção pressupõe encontrar-se vago o cargo envolvido. MAGISTRATURA –
MODIFICAÇÃO DA ENTRÂNCIA – JUÍZO – TITULAR – PRESERVAÇÃO DO EXERCÍCIO.
Ocorrendo a modificação da natureza do Juízo, passando este a ser de entrância de maior
envergadura, cumpre preservar a situação do magistrado que o exerce.
(MS 26366, Relator(a): Min. MARCO AURÉLIO, Primeira Turma, julgado em 24/06/2014,
ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-184 DIVULG 22-09-2014 PUBLIC 23-09-2014)
Ou seja, se a lei eleva a comarca para outra instância superior (ex: de entrância intermediária para final), o
juiz que lá é titular não pode ser removido compulsoriamente em virtude dessa transformação. Aplica-se,
no caso, a Súmula 40 do STF: A elevação da entrância da comarca não promove automaticamente o Juiz,
mas não interrompe o exercício de suas funções na mesma comarca. Logo, mesmo tendo havido essa
transformação, o TJ não pode abrir edital para remoção ou promoção dessa comarca. Deve-se aguardar o
magistrado decidir deixar a vaga. Atenção: o magistrado é inicialmente nomeado para uma comarca de
entrância (“nível”) inicial e, com o tempo, vai sendo promovido para comarcas de entrância intermediária e
especial (a nomenclatura irá variar de acordo com o TJ).
No que tange à nomeação dos membros dos Tribunais Superiores, não existe qualquer pertinência com a
carreira da magistratura.
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Trata-se de escolha do Presidente da República, cujas exigências são: que o candidato tenha entre 35 e 65
anos, notável saber e reputação ilibada.Após a indicação pelo Presidente da República, o nome do ministro
é submetido a uma sabatina pelo Senado Federal.
O Supremo Tribunal Federal (STF) compõe-se de onze ministros, compostos de cidadãos escolhidos entre
cidadãos com mais de35 e menos de 65 anos de idade, de notável saber jurídico e reputação ilibada.
O Superior Tribunal de Justiça (STJ) compõe-se de, no mínimo, 33 Ministros, que serão nomeados pelo
Presidente da República, dentre brasileiros com mais de 35 anos e menos de 65 anos, de notável saber
jurídico e reputação ilibada, depois de aprovada a escolha pela maioria absoluta do Senado Federal,
sendo:a) Um terço dentre juízes dos Tribunais Regionais Federais indicados em lista tríplice elaborada pelo
próprio Tribunal; b) Um terço dentre desembargadores dos Tribunais de Justiça indicados em lista tríplice
elaborada pelo próprio Tribunal; c)Um terço, em partes iguais, dentre advogados e membros do Ministério
Público Federal, Estadual, do Distrito Federal e Territórios, alternadamente, indicados na forma do artigo 94
do CF.
O Tribunal Superior do Trabalho (TST) compor-se-á de 27 Ministros, escolhidos dentre brasileiros com mais
de 35 e menos de 65 anos, nomeados pelo Presidente da República após aprovação pela maioria absoluta
do Senado Federal, sendo:a) Um quinto dentre advogados com mais de dez anos de efetiva atividade
profissional e membros do Ministério Público do Trabalho com mais de dez anos de efetivo exercício,
observado o disposto no artigo 94 da CF; b) Os demais dentre juízes dos Tribunais Regionais do Trabalho,
oriundos da magistratura da carreira, indicados pelo próprio Tribunal Superior.
O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) compor-se-á, no mínimo, de sete membros, escolhidos, mediante
eleição, pelo voto secreto, de três juízes dentre os Ministros do STF e de dois juízes dentre os Ministros do
STJ. Além disso, dois juízes serão indicados pelo STF dentre seis advogados, com posterior nomeação pelo
Presidente da República.
O Tribunal Superior Eleitoral elegerá seu Presidente e o Vice-Presidente dentre os Ministros do Supremo
Tribunal Federal, e o Corregedor Eleitoral dentre os Ministros do Superior Tribunal de Justiça.
O Superior Tribunal Militar (STM) compor-se-á de 15 Ministros vitalícios, nomeados pelo Presidente da
República, depois de aprovada a indicação do Senado Federal, sendo três dentre oficiais-generais da
Marinha, quatro dentre oficiais-generais do Exercício, ativa e do posto mais elevado do mais elevado da
carreira, e cinco dentre civis.
Os Ministros civis serão escolhidos pelo Presidente República dentre brasileiros maiores de 35 anos,
sendo:a) Três dentre advogados de notório saber jurídico e conduta ilibida, com mais de dez anos de
efetiva atividade profissional;b) Dois, por escolha paritária, dentre juízes auditores e membros do
Ministério Público da Justiça Militar.
Os Tribunais Regionais Federais compõem-se de, no mínimo, sete juízes, recrutados, quando possível, na
respectiva região e nomeados pelo Presidente República dentre brasileiros com mais de 30 e menos de 65,
sendo:a) Um quinto dentre advogados com mais de dez anos de efetiva atividade profissional e membros
do Ministério Público Federal com mais de dez anos de carreira; b) Os demais, mediante promoção de
juízes federais com mais de cinco anos de exercício, por antiguidade e merecimento, alternadamente.
Os Tribunais Regionais do Trabalho compõem-se de, no mínimo, sete juízes, recrutados, quando possível,
na respectiva região, e nomeados pelo Presidente da República dentre brasileiros com mais de 30 e menos
65anos, sendo:a) Um quinto dentre advogados com mais dez anos de efetiva atividade profissional e
membros do Ministério Público do Trabalho com mais de dez anos de efetivo exercício, observado o
disposto no artigo 94 da CF; b) Os demais, mediante promoção de juízes do trabalho por antiguidade e
merecimento, alternadamente.
Os Tribunais Regionais Eleitorais compor-se-ão de sete juízes. Os membros são escolhidos mediante
eleição, por voto secreto, de dois juízes dentre os desembargadores do Tribunal de Justiça, de dois juízes
dentre os juízes de direito escolhidos pelo Tribunal de Justiça ede um juiz do TRF (ou juiz federal escolhido
pelo TRF caso não seja sede). Além disso, dois juízes serão indicados pelo Tribunal de Justiça dentre seis
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A sociedade interage com o Direito e é influenciada por ele, toda vez que nós estabelecemos uma lei e
mostramos para a sociedade que ela deverá seguir aquilo nós estamos mostrando que há um tipo de
comportamento a uma expectativa de comportamento que aquelas pessoas devem seguir.
Então o Direito acaba condicionando a realidade social e a realidade social como será que ela acaba
interferindo no Direito?
Ora se nós dizemos que o Direito é um produto social que ele não pode ser apartado da sociedade, que ele
tem a sua base no movimento da sociedade como que a sociedade influência o Direito?
Os costumes, a cultura quando tudo isso passa a ser positivado já não pertence mais aquele plano das normas
informais, deixaram de ser costumes e passaram a serem normas, perderam aquela especificidade de algo
informal de estar na sociedade sem receber uma positivação.
Na medida em que eles recebem essa positivação eles passam então a categoria de algo que é essencialmente
jurídico.
A qualquer movimento que exista na nossa sociedade, a qualquer alteração que exista na sociedade há uma
influência direta ou indireta na base jurídica.
E tudo isso naturalmente haver com algo que é importante que essa relação entre o Direito e a sociedade
deve ser estudado de forma meticuloso pois se trata de realidades que muitas vezes são distintas.
Exemplo eu não posso querer comparar a relação entre o Direito e a sociedade do Brasil com relação entre o
Direito e a sociedade na França, porque cada país tem uma relação distinta entre si.
Cada sociedade tem uma coisa que é específica, tem um movimento que é específico e o Direito vindo dessa
sociedade deve acompanhar a sociedade.
Entramos num problema que é a tentativa de se tentar transferir para o Brasil um sistema jurídico que diz
respeito a uma outra sociedade é aquela tentativa de se tentar transplantar para o solo brasileiros valores,
características, cultura que não são íntimas da nossa relação.
Todas as vezes que alguém quer transplantar valores que não são da nossa realidade para o nosso país,
ficamos então com um sistema jurídico canhestro, ou seja, um sistema jurídico que não está adequado com a
nossa realidade. (exemplo pena de morte).
Função da normatividade jurídica tem as seguintes características:
Educativa: ainda que nós não tenhamos acesso ao conteúdo das leis temos noção do que se passa porque
essas leis nos interessam.
Conservadora: exemplo o divórcio no Brasil, demorou muito para ser aceito.
Transformadora: toda vez que a norma é editada é promulgada é passa ter eficácia ela transforma a vida da
sociedade ela educa, ela pode conservar e ela pode transformar.
Exemplo entre a economia e o Direito quando as leis trabalhistas foram instituídas, 13º salário a realidade
das produções das fábricas teve de se adequar ao ritmo a nova normatividade que estava nascendo.
O objeto formal da sociologia jurídica é o fato, o da filosofia do direito é o valor e o da dogmática jurídica é
a norma.
A sociologia jurídica preocupa-se com o fato social as três características do fato social são exterioridade,
coercitividade e generalidade é justamente a preocupação da sociologia jurídica ela está preocupada com o
fato que acontece na sociedade é matéria de estudo formal da sociologia jurídica. Tem com grande
preocupação a eficácia das leis.
A filosofia do Direito está preocupada com o valor, preocupa-se com aquilo que deve receber um juízo de
valor, os filósofos não tendo a tarefa de fazer procedimentos científicos estão preocupados apenas em
valorar as coisas em atribuir aos fatos um determinado valor, daquilo que é benéfico, que é justo, o que é
moral.
A dogmática jurídica é aquela que está preocupada com a norma, significa que o intérprete do direito está
preocupado com as questões técnicas ligadas ao ordenamento jurídico, os juristas estão preocupados com o
funcionamento interno do sistema jurídico, com as questões processuais, com as normas, as leis enfiem com
questões que dizem respeito à esfera jurídica.
Duas razões fundamentais para que uma lei tenha eficácia, a primeira é quando a lei cumpre os objetivos
para os quais ela foi estatuída, quando há um cumprimento prescrito na lei, segunda é a adequação da lei a
realidade social daquele momento.
O OBJETO DA SOCIOLOGIA JURÍDICA: A EFICÁCIA NORMATIVA
Podemos identificar aquela norma que é ineficaz recorrendo a uma consulta da jurisprudência nos últimos
cinco anos uma determinada norma foi aplica muitas vezes ou nenhuma vez, chegamos então a conclusão
que aquela norma está em desuso ela não está sendo usada.
Artigo 217 do Código Penal crime de sedução, tem que haver duas condições necessárias para configurarem
o crime de sedução inexperiência e justificável confiança embora essa norma tenha vigência, mas não é
dotada de eficácia temos que nos ater a dois pontos básicos o tempo e o espaço.
Quando nós pensamos a respeito do tempo precisamos entender que essa norma foi feita em 1.940, portanto
essa norma foi determinado contexto no qual a sedução era algo viável pela sociedade como algo que devia
ser punido passado então 60 anos a sociedade muda a concepção que se tem do crime de sedução.
Porque na década de 40 imaginava-se que aquela menina que havia sido seduzida por um galanteador
qualquer teria sua vida arruinada, uma vez tendo sido deflorada ela não teria mais as possibilidades de ter
uma vida considerada como digna naquela sociedade.
Então um fato de haver uma conjunção carnal com uma menina que era virgem acabava por estragar toda a
vida dela, o sujeito que possibilitasse que isso acontecesse deveria ser punido, o homem, portanto é o sujeito
ativo desse crime. Esse crime é de ação privada significa que só a pessoa pode denunciar.
Inexperiência de uma menina de 14 anos diz respeito a inexperiência da vida, relativamente as coisas do
sexo, então uma menina que fosse inexperiente poderia denunciar esse rapaz por crime de sedução.
Em relação ao tempo, os costumes sociais eram diferentes dos nossos, uma menina que tinha entre 14 e18
anos não tinham a mesma liberdade que uma menina tem hoje ela não saia para namorar altas horas da
madrugada, na ia a buates, não ia a motéis, portanto a menina podia ser vista como inexperiente. A questão
sexual era um tabu, muitas dessas meninas sequer sabiam o que era menstruação, nem sabiam como
engravidar pois o assunto não era discutido no seio da família e a matéria sexual não era divulgada na mídia.
Hoje uma menina entre 14 e 18 anos e comparem uma menina de 14 e 18 anos na década de 40 essa menina
de hoje já discute sexo com a sua família porque o sexo já não é mais motivo de vergonha, não é mais
motivo de tabu ela tem informações a respeito da matéria sexual, tem também informações sexuais pela
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mídia, rádio, internet, as novelas hoje sobre tudo a REDE GLOBO são mestres em insinuar durante o
programa da própria novela.
Significa que a inexperiência hoje em dia não pode ser atribuída a uma menina dessa idade, ninguém pode
alegar que uma menina que vai ao cinema,vai a boate, fica até altas horas na rua, viaja com o seu namorado,
possa ser considerada inexperiente.
EFEITOS SOCIAIS, EFICÁCIA E ADEQUAÇÃO INTERNA DAS NORMAS.
Três formas pelas quais podemos ver as relações entre as normas e a sociedade, a primeira é os efeitos
sociais da norma, toda vez que uma norma é promulgada existe um efeito social, a segunda é a eficácia, e
adequação interna da norma jurídica.
Um efeito social da norma jurídica é tudo aquilo que acarreta um efeito a partir do momento em que a norma
é estatuída, exemplo uma discussão a respeito de uma norma jurídica é um efeito social.
Eficácia da norma existe duas formas da lei ser eficaz uma que corresponde a eficácia do preceito e a
eficácia da sanção, a norma para que seja eficaz não é necessária que ela se faça cumprir mediante
imposição do Estado.
A eficácia do preceito existe uma norma que diz que não pode avançar mais de 100 km na estrada se eu
cumpro essa norma não ultrapassando o limite essa lei foi eficaz e eu não precisei receber multas, não
precisei receber sanção nenhuma do Estado.
A eficácia da sanção é quando eu ultrapasso o 100 km e sou punido pelo Estado, a lei foi eficaz na medida
em que ela me puniu.
Adequação interna das normas jurídicas é quando a finalidade social da norma é realizada na prática, quando
aquele objetivo do legislador ao estatuir a norma foi cumprido na prática, a eficácia é a finalidade social.
Normas que são eficazes porque contém um preceito que é respeitado pelos seus destinatários e normas são
eficazes porque as pessoas são punidas ao infringirem essa determinada norma.
a. O Conceito de Justiça
O conceito de justiça não é um termo de fácil definição. Ao contrário, ao longo da história ele recebeu uma
complexa teia de significados, de sentidos que foram elaborados pelos mais distintos teóricos.
Platão já identificava a justiça como um bem mais precioso do que o próprio ouro, identificando uma sinonímia
entre justiça e virtude, igualando os dois conceitos, mas assim mantendo-os num espaço mais limitado que pouco
permitia a sua aplicabilidade as contradições da realidade, pois para ser possível a sua visão do conceito ele precisou
de uma sociedade igualmente idealizada.
Foi, contudo, Aristóteles que marcou o pensamento ocidental ao longo do século IV, discípulo de Platão, foi um dos
primeiros a constituir um olhar sobre o conceito de justiça, contribuindo para o pensamento ocidental, assim, como
um dos principais referenciais em torno desse conceito, uma vez que ele compreendia o conceito de justiça num
sentido mais amplo, sem, contudo, perder a noção da própria realidade social.
Para Aristóteles a justiça não é somente uma qualidade particular de um determinado sujeito, é muito mais. A
justiça é o próprio modo de ser enquanto sujeito consciente do entorno que o cerca e que com ele interage.
A função da justiça é realizar distribuição. Por isso a justiça é uma virtude interpessoal, porque a existência da justiça
envolve uma coletividade de pessoas. A justiça é uma virtude que tem a ver com a coletividade.
Para Aristóteles eu só posso ser justo em relação ao meu semelhante.
Aristóteles dizia que o ser humano é um animal político. São Tomas de Aquino dizia que o ser humano é um
animal social. É impossível a vida sem interdependência e a justiça é a virtude que vai resolver esse problema da
dependência mutua entre as pessoas.
Aristóteles afirma que é preciso entender o justo em conjunto com o seu alter ego: o injusto.
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Assim, destaca que o injusto é um conceito utilizado para constituir a figura daquele que transgride, contraria a Lei
ou, ainda, aquele que busca querer mais do que lhe é devido, portanto, é prática do sujeito iníquo.
Em outro sentido, o justo é quem observa a Lei, respeitando a igualdade e a equidade. A equidade é aqui
fundamento essencial para a ideia de justiça, pois ela consiste numa adaptação/aplicação de uma regra existente a
uma situação concreta, e ao buscar essa adptação sem perder os limites da igualdade e da justiça a equidade
permite uma melhor capacidade de adaptação da regra a um caso específico, o que lhe permite ao fim deixá-la mais
justa.
A justiça é considerada como a virtude por excelência, porque ela é a prática dessa mesma virtude.
O justo e o injusto, limites de significado e existência da justiça determinam-se no espaço das relações dos sujeitos e,
são mediadas por todos os bens exteriores que permitem o exercício do agir justo e do agir injusto.
Importa destacar que a justiça e a virtude, como a justiça e a igualdade também não são elementos
absolutamente iguais, pois na essência são distintas: a primeira, a justiça é uma disposição do ser, em sua existência
primeira, em relação a um agir em relação ao outro; já a virtude é uma certa disposição do ser em não ser iníquo
com o outro.
Tem a justiça, portanto, um caráter prático, objetivo, já que está numa condição de relacionamento do ser com o
ser. Ela é uma virtude completa, e aqui completa não significa que ela é em absoluto, irrestrita em abstrato, mas na
relação do sujeito com os outros sujeitos.
Prática, a justiça compreende todas as virtudes na medida em que ela se compreende como todos os atos exteriores
e, a partir desses atos exteriores ao sujeito, isto é, o seu agir em sociedade, se pode fundar alguma base para o seu
julgamento.
A virtude requer repetição, hábito, costume e a esses hábitos, repetições e costumes se insere a justiça, no que
resulta em uma virtude completa, quer dizer, exercitável pelos sujeitos na sua relação com os outros e com o mundo
que os cerca.
A Lei é uma possibilidade de experimento da vida ética, pois a felicidade dos sujeitos somente se encontra numa
condição de existência ética e esta existência só pode se realizar sob o domínio de uma comunidade ao mesmo
tempo ética e política, fundamentada sob um regime político, qual seja, uma Constituição, a Lei, que em muitos
sentidos é a razão de sua própria existência.
A justiça é realizável, desta forma, tanto num sentido normativo, isto é, a partir da experiência da Lei, que permite o
julgamento das relações dos sujeitos com outros, bem assim traz também um sentido de igualdade, restrito as ações
daquelas relações que buscam a distribuição e a pretensão daqueles bens constitutivos da relação humana.
b. A Justiça em sentido mais do que Lato
Aqui, a justiça é uma ideia ideal, pois ela seria um conjunto complexo de todas as virtudes experimentadas pelos
sujeitos (tais como amizade, temperança, honestidade, igualdade, equidade etc.). Neste caso ela está mais para uma
condição de existência de um sujeito ideal que encontra neste agir absolutamente justo uma condição categórica de
existir. Ela é a “justiça perfeita porque é a prática da justiça perfeita, perfeita porque quem a possui pode usá-la para
com o outro”.30
É categórica na medida em que um sujeito não busca o seu uso apenas em seu próprio benefício, mas igualmente na
relação com os outros. Aqui, a justiça é algo compartilhado, pois se realiza na condição de realizar-se em si e no
outro, numa capacidade absoluta de constituir-se como uma ‘transitividade social’, quer dizer, como condição para
a própria relação individual/social.
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O sentido Lato da justiça traz, portanto, a presença de uma fundamental alteridade. É essa alteridade que dá o tom
e a caracterização de todas as virtudes da ética, permitindo que todas estas virtudes sejam alguma forma de justiça,
naquilo que Aristóteles chamou de ‘rainha de todas as virtudes’.
d. Justiça em sentido estrito
Aqui, o conceito de justiça diz respeito à virtude como uma condição especial. Quer dizer: sua condição essencial é
dar a outrem o que lhe é devido, numa condição de igualdade marcada por uma condição de simplicidade e
proporcionalidade. É uma relação aqui que apresenta três características:
a) dar a outrem (pluralidade e alteridade)
b) o que lhe é devido
c) segundo uma igualdade (que é uma qualidade)
Em relação à primeira característica já se desenvolveu reflexão, pois como se afirmou anteriormente, a condição
relacional da justiça somente tem condições de existir a partir de uma pluralidade de sujeitos, uma vez que o sujeito
somente se reconhece na medida em que reconhecendo o outro pode se perceber.
Quanto à segunda característica (*Quanto ao devido).
Essa característica é fundamental na medida em que tal obrigatoriedade e exigibilidade para a realização da justiça
permitem que a Lei exerça uma função de realizar o exigível, impondo condutas permissivas e proibidas aos
indivíduos. É como se afirmar que a justiça tem uma natureza de atributividade, que por sinal vem a ser uma das
características essenciais da norma jurídica. É o que se afirma como um traço característico da justiça, o direito à
exigibilidade.
Este deve ser exigido do particular somente aquilo que é o devido legal, buscando-se com isso proibir quaisquer
abusos ou excessos indiscriminados por parte das instituições encarregadas da sua exigência.
No que tange à terceira característica (* Quanto à igualdade):
A igualdade é fundamental na condição em que permite o equilíbrio entre a alteridade e o devido, já que se utiliza
de princípios normativos para garantir a realização daquelas outras duas características.
Ela é realizada de forma objetiva, concreta, pois é mais do que uma ideia ideal, do que uma pretensão subjetiva. A
igualdade na justiça é o seu ‘justo meio’, como quer Aristóteles ou, de forma um tanto equivocada o ‘meio termo’
escolástico medieval.
O ‘justo meio’ aristotélico é uma condição razoável entre dois extremos equidistantes, independentes de quais
venham a serem tais extremos, já o meio termo é uma medida algébrica, racional e estratégica, determinada pelas
condições objetivas e concretas de cada sujeito quando decide uma dada situação.
A solidariedade contribui para o alcance de uma sociedade justa e pacífica, fundada no respeito e manutenção do
“bem comum”, por meio de um ato de cooperação.
Destaque-se que a solidariedade deve acontecer tanto no plano interno quanto no plano externo, isto é, deve ser
executada no/dentro do próprio Estado, mas também na/dentro da comunidade internacional, fazendo com que os
Estados se solidarizem de forma mútua, ajudando aqueles mais dependentes economicamente.
e. Espécies de Justiça
É possível, apesar de toda a problemática em torno deste conceito estabelecer três espécies de justiça
a) Social
b) Distributiva
c) Comutativa ou corretiva ou sinalagmática
i. Justiça Social
A justiça social pode ser compreendida como aquela virtude pela qual os sujeitos dão à comunidade uma efetiva
contribuição para a realização do ‘bem comum’, desde que observando uma igualdade de disposição geométrica.
também é conhecida por Justiça geral ou legal.
A igualdade é proporcional e real, pois cada pessoa deve contribuir conforme sua capacidade. Os governantes e
donos de empresas devem contribuir com a maior parte.
ii. Justiça Distributiva
Essa é a justiça que regula a relação da sociedade com os sujeitos que a constituem, organizando e racionalizando a
aplicação dos recursos da coletividade aos mais distintos espaços do social. Pode ser compreendida:
a) Fixação de impostos
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uma justiça de natureza particular, pois aqui há uma referência à distribuição de ‘bens’, isto é, de honras, vantagens
e coisas.
g. Da Justiça Formal
Conforme afirmou Aristóteles,
“Uma vez que aquele que viola a lei é, como vimos, injusto e aquele que respeita a lei é justo, é
evidente que todas as ações legítimas são em certo sentido justas, pois que ‘legítimo’ é o que o
poder legislativo definiu como tal e nós chamamos ‘justo’ a todo o procedimento legislativo
particular”31
A justiça formal tem condições de excluir as arbitrariedades, as preferências ideológicas e exige uma previsão não
apenas de decisões judiciárias, mas, igualmente, no exercício do campo político. É o que se consagrou como:
GOVERNO DE LEIS E NÃO DE HOMENS.
Aqui, as normas jurídicas podem ser justas ou injustas em seu sentido formal. Ela se aplica tanto às normas morais
como àquelas jurídicas.
Em Hobbes e em outros tantos filósofos dos séculos XVII a XIX, o conceito de justiça é usado exclusivamente em seu
sentido formal, quando não em sentido fundamentalmente jurídico. Consequência da emergência da modernidade e
de seus institutos, tais como o Estado Nacional Absolutista, o racionalismo científico, o método cartesiano, etc.
Portanto, o agir justo é o agir conforme o respeito de tudo aquilo que é comando da Lei, a partir do fato de que elas
foram promulgadas pelo poder legitimamente constituído e capaz de pertencer a uma estrutura de fazê-las
respeitar-se sobre a própria individualidade egocêntrica do sujeito humano.
h. Conceitos de Justiça
A modernidade inaugura um período de relativismo, ainda vivido por nos. A modernidade inaugura um período em
que o relativismo prevalece sobre o pensamento antigo.
Os antigos e os medievais viam o mundo como uma ordem, e os campos do conhecimento como a gente costuma
separar, por exemplo, direito, justiça, religião, política, filosofia.Havia uma ligação entre esses ramos do
conhecimento. O direito para os antigos era necessariamente justo. Com relação à política a mesma coisa, a política
era pensada em função da ética.Isso porque os antigos desenvolveram uma noção de virtude.
Na modernidade há um rompimento afeta a política, afeta o direito, afeta todos os ramos do conhecimento
humano. Com relação à política, Maquiavel, no campo da política acaba inaugurando esse mundo moderno, porque
rompe com a noção de virtude, passa ver a política de um modo que se pretende realista.
Isso significa uma quebra de unidade, vigora o relativismo.
Uma figura importante da modernidade é KANT. A contribuição importante de Kant para a ideia de justiça é fundar a
justiça a partir da ideia de liberdade. Para Kant o cerne da justiça é a liberdade, ou seja, a essência da justiça é a
liberdade.
Daí essa ideia ser importante para o surgimento da ideia de soberania popular. Eu sou livre a partir do momento que
eu ajo como cidadão e agir como cidadão significa produzir as leis que eu devo cumprir. As leis que eu cumpro elas
devem vir da minha vontade e não da vontade de outra pessoa que não a minha.
Então, eu sou livre a partir do momento em que eu me submeto ás minhas próprias leis. Com isso, a ação justa tem a
ver com liberdade, a justiça nasce dessa liberdade com autonomia. Eu sou livre a partir do momento em que eu
produzo as minhas leis, e ai a justiça vai se fixar sob uma base de liberdade, sobre essa base de soberania popular, é
o primeiro requisito pra que as leis sejam produzidas.
Kant dizia, justa é somente a ação cuja máxima liberdade de arbítrio de cada um pode coexistir com a liberdade de
todos.Então a justiça é uma espécie de coexistência entre as várias liberdades. Esse é o fundamento, por exemplo,
de toda a teorização dos direitos fundamentais que vão aparecer durante a revolução francesa.
i. Utilitarismo
É uma filosofia que fez muito sucesso no mundo anglo saxão, principalmente na Inglaterra. São filósofos utilitaristas,
por exemplo, Bentham, John Stuart Mill. Todos esses filósofos ingleses, por isso utilitarismo é uma teoria filosófica
muito própria do mundo inglês.
A ideia de justiça dos utilitaristas diz que o homem é um animal que age a partir daquilo que chamam de princípio da
satisfação. Isso significa que o homem sempre busca o prazer, a satisfação, o bem estar e evita a dor (princípio da
satisfação).
Para os utilitaristas toda a ação humana, os preceitos éticos, morais, os preceitos de justiça, todos se fundamentam
nessa ideia de que o que é fundamental é o interesse.
ii. Kelsen
Kelsen vai dizer o seguinte:
“Dar a cada um aquilo que é seu é uma definição totalmente vazia, pois a questão decisiva – o que é
realmente que cada um pode considerar como seu – permanece sem resposta”.
Kelsen pretende retirar da teoria do direito, a justiça. Daí o nome teoria pura do direito, porque a pretensão de
Kelsen era obter um direito purificado, um direito livre das influências da política, da economia, ciência, da religião, e
da justiça. Kelsen pretendia conhecer o direito como ele é, e isso então implica apenas o estudo das normas
jurídicas.
Para Kelsen, não se pode estudar a justiça dentro do direito, mas a justiça na forma que se acredita é uma justiça
relativa, é a justiça da tolerância, é a justiça do respeito pelos outros, existe uma justiça, só que essa justiça faz uma
justiça mínima, a justiça consiste em tolerar, respeitara opinião alheia.
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O segundo ponto do conceito de justiça dele se divide em duas ideias: em primeiro lugar, o Rawls vai buscar
conciliar a ideias de liberdade igual para todos com a ideias de igualdade. A ideias de igualdade vai aparecer no
conceito de justiça de Rawls como igualdade de oportunidades. O que significa dizer que a sociedade deve se
estruturar de um modo em que ela ofereça situações de oportunidades iguais a cada um do cidadão. Não no sentido
de que o que nós devemos buscar seja a igualdade total, ou seja, a igualdade de todos e tudo, porque essa busca
pela igualdade absoluta é uma busca infrutífera pelo simples fato de que as pessoas definitivamente são desiguais.
A proposta que Rawls vai buscar consagrar a proposta da igualdade enquanto mesmo ponto de partida para cada
uma das pessoas dentro da sociedade. O que é justo é a sociedade oferecer a cada um de nós o mesmo ponto de
partida. Daí pra frente, se todos nós temos a mesma condição, por exemplo, educacional, é oferecido a todos os
membros da sociedade um ensino público com uma qualidade razoável.
A partir do momento que essa sociedade garante aquilo que, por exemplo, Barroso chama de mínimo existencial, a
partir do momento em que a sociedade garante esse mínimo existencial a cada um está garantindo a possibilidade
de que se tenha o mesmo ponto de partida. Mas isso não elimina a possibilidade de haver diferença entre as pessoas
e suas capacidades.
Neste ponto, a proposta do Rawls é tentar conciliar esses três valores expressos no lema da revolução francesa:
igualdade, liberdade e fraternidade.Ele busca uma teoria da justiça para as democracias. E como ele busca uma
teoria da justiça para as democracias ele vai se deparar com um problema muito próprio das democracias: o
pluralismo.
O que caracteriza as democracias modernas é aquilo que ele chama de “o fato do pluralismo”. As sociedades
democráticas elas são compostas por pessoas que tem as mais diferentes visões de mundo.
Dentro da nossa sociedade brasileira, por exemplo, nós temos uma serie de religiões socialmente aceitas. Então é
possível ser católico, ser espírita, ser evangélico, ser das religiões africanas. É possível manifestar uma ideologia
liberal, uma ideologia socialista, é possível você adotar uma moral clássica, uma moral moderna, uma moral
utilitarista. Portanto, uma justiça que busca pensar o mundo democrático, vai ter que buscar conciliar essas várias
visões de mundo presentes dentro da sociedade democrática.
Assim, para John Rawls, a justiça na democracia só pode ser uma justiça relativa. É necessário pensar uma ideia de
justiça que possa conciliar várias visões de mundo.
Rawls vai dizer que o limite dessa justiça relativa se encontra no razoável. E para ele razoável significa aquela justiça
que respeita as liberdades do cidadão e as igualdades do cidadão.
Veja bem, dentro dessa ideia de uma justiça que respeita a liberdade e a igualdade do cidadão, é possível uma série
de matizes, é possível se adotar uma serie de posições igualmente válidas. Daí porque ele diz que é possível uma
sociedade se estruturar de uma forma justa tanto se a sociedade se estruturar economicamente como uma
sociedade socialista democrática, como se a sociedade se estruturar economicamente de uma forma capitalista.
Ele diz o seguinte: diferentemente das sociedades antigas em que as pessoas se estruturavam em torno de uma
determinada religião, de uma determinada filosofia, de uma determinada visão de mundo, as sociedades modernas
se estruturam em torno da Constituição.
Portanto a busca num mundo democrático, na justiça democrática, é a busca pelo consenso.
Nesse cenário, o princípio das razões públicas assume um papel importante. Esse princípio deriva da ideia de ‘razões
públicas’, que tem origem na filosofia kantiana, mas foi desenvolvida mais recentemente pelo filósofo político John
Rawls, suscitando intendo debate que envolvei vários outros autores. A ideia de razões públicas é a de que, na esfera
política, ao lidar com temas essenciais, como os que concernem aos direitos humanos, só são admissíveis
argumentos independentes de doutrinas religiosas ou metafísicas controvertidas a que cada cidadão adira. No
campo privado, das discussões privadas nas famílias, nas entidades religiosas, nas associações etc., esse limite não se
aplica. Mas na discussão pública, os cidadãos devem apresentar argumentos também públicos, que possam ser
racionalmente aceitos pelos seus interlocutores, independentemente das respectivas crenças religiosas ou
metafísicas.
O dever de observância do uso público da razão na hermenêutica constitucional decorre dos princípios republicano e
do Estado Democrático de Direito (art. 1º, Constituição Federal).
v. Conceito de Justiça segundo Jürgen Habermas
O jurista Jürgen Habermasanalisa as instituições jurídicas e propõe modelo onde se interpenetram justiça, razão
comunicativa e modernidade, com o fito de sustentar sua teoria do agir comunicativo, discutida em sua obra Direito
e Democracia: entre facticidade e validade.
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O QUE É ÉTICA?
A Ética é uma ciência, com princípios próprios, que tem por objeto o estudo da moral; se ocupa com o estudo
sistematizado da moral e os seus diversos desdobramentos; é um conhecimento racional que, a partir da análise de
comportamentos concretos, se caracteriza pela preocupação em definir o bem, enquanto a moral preocupa-se com
a escolha da ação que, em determinada situação, deve ser empreendida.
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