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Campus Chapecó

APOSTILA DA DISCIPLINA DE DIREITO


PROCESSUAL DO TRABALHO

PROF. ANDRÉ FOSSÁ

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SUMÁRIO
I. PRINCÍPIOS ................................................................................................................................................................... 4
1. Princípios Gerais do Processo .................................................................................................................... 7
2. Princípios Próprios do Processo do Trabalho ..................................................................................... 8
II. ORGANIZAÇÃO E COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO ............................................................ 13
1. Organização da Justiça do Trabalho...................................................................................................... 13
2. Da Competência da Justiça do Trabalho .............................................................................................. 20
III. DAS PARTES E PROCURADORES ....................................................................................................................... 27
1. Substituição Processual no Processo do Trabalho – Entidade Sindical .................................. 32
2. Procuração ao Advogado na Justiça do Trabalho ............................................................................ 35
IV. DOS ATOS PROCESSUAIS...................................................................................................................................... 37
V. AUDIÊNCIA TRABALHISTA ................................................................................................................................. 41
1. Procedimento da Audiência ..................................................................................................................... 45
VI. RECLAMAÇÃO TRABALHISTA ............................................................................................................................ 48
1. Requisitos Estruturais e Formais da Reclamação Trabalhista ................................................... 49
2. Requisitos Extrínsecos da Reclamação Trabalhista: ...................................................................... 54
VII. DEFESA TRABALHISTA ......................................................................................................................................... 55
1. Princípio da Eventualidade – Concentração das Defesas ............................................................. 57
2. Princípio da Impugnação Especificada: ............................................................................................... 60
3. Exceções como matéria de Defesa Trabalhista: ............................................................................... 62
4. Reconvenção – Modalidade de Resposta: ........................................................................................... 65
VIII. DAS PROVAS .............................................................................................................................................................. 65
1. Conceito, Finalidade e Objeto .................................................................................................................. 65
3. Princípios da Prova no Processo do Trabalho .................................................................................. 68
4. Ônus da Prova no Processo do Trabalho ............................................................................................ 70
5. Interrogatório e Depoimento Pessoal .................................................................................................. 76
6. Prova Documental........................................................................................................................................ 78
7. Exibição de Documentos ........................................................................................................................... 79
8. Da Prova Testemunhal ............................................................................................................................... 81
9. Da Prova Pericial .......................................................................................................................................... 83
10. Da Inspeção Judicial .................................................................................................................................... 85
IX. REVELIA, CONFISSÃO, PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA ............................................................................... 86

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1. Revelia .............................................................................................................................................................. 86
2. Confissão.......................................................................................................................................................... 91
3. Prescrição e Decadência ............................................................................................................................ 92
X. LITISCONSÓRCIO E INTERVENÇÃO DE TERCEIROS ................................................................................. 96
1. Litisconsórcio................................................................................................................................................. 96
2. Intervenção de Terceiros .......................................................................................................................... 98
XI. SENTENÇA TRABALHISTA ................................................................................................................................ 101
XII. PRINCÍPIOS E PRESSUPOSTOS RECURSAIS ................................................................................................ 104
1. Classificação dos Recursos Trabalhistas: .......................................................................................... 106
2. Efeitos dos Recursos Trabalhistas:...................................................................................................... 106
3. Pressupostos Recursais ........................................................................................................................... 108
4. Recurso Ordinário ...................................................................................................................................... 111
5. Recurso de Revista..................................................................................................................................... 113
XIII. AÇÃO DE CUMPRIMENTO .................................................................................................................................. 119
XIV. HOMOLOGAÇÃO JUDICIAL DE ACORDO EXTRAJUDICIAL .................................................................... 120
XV. ASSISTÊNCIA E BENEFÍCIO DA JUSTIÇA GRATUITA ............................................................................... 121
1. Assistência: ................................................................................................................................................... 121
2. Benefício da Justiça Gratuita .................................................................................................................. 121
XVI. HONORÁRIOS (PERICIAIS E ADVOCATÍCIOS) ........................................................................................... 122
1. Honorários Periciais.................................................................................................................................. 122
2. Honorários Advocatícios ......................................................................................................................... 124

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I. PRINCÍPIOS
"Pouca importância dão, em geral, os nossos publicistas às ‘questões de princípios’. Mas os
princípios são tudo. Os interesses materiais da nação movem-se de redor deles, ou, por melhor
dizermos, dentro deles." Rui Barbosa – Advogado, Político, Diplomata.

Princípios:
a) Ideia jurídica – proposição que se coloca na base da ciência do Direito para informá-lo;
b) Normas jurídicas - generalíssimas; mandamento nuclear de um sistema;
c) Função Informadora: é a base da ordem jurídica, ponto de origem (no sentido de
direção) da regra, dotar o legislador de subsídios para constituir o ordenamento jurídico;
d) Função Normativa: integração do direito nas lacunas do seu ordenamento;
e) Função Interpretativa: orientar sobre o significado e o alcance precisos da norma
jurídica e a forma de aplicação delas;
f) Função de qualificar a realidade, indicar a posição que os agentes jurídicos devem
tomar em relação a ela – qual o rumo, para não contrariar os próprios valores principiológicos.
g) Fontes: extrajurídicas; pensamentos abstratos como “abstração da dignidade da
pessoa humana”; imaginário da perfeição (liberdade, dignidade, fraternidade, igualdade, honra,
lealdade, equidade, paz...).

“Princípios são pautas genéricas, não aplicáveis à maneira de “tudo ou nada”, que
estabelecem verdadeiros programas de ação para o legislador e para o intérprete. Já as regras são
prescrições específicas que estabelecem pressupostos e consequências determinadas. A regra é
formulada para ser aplicada a uma situação especificada, o que significa, em outras palavras, que ela
é elaborada para um determinado número de atos ou fatos. O princípio é mais geral que a regra
porque comporta uma série indeterminada de aplicações. Os princípios permitem avaliações
flexíveis, não necessariamente excludentes, enquanto as regras, embora admitindo exceções, quando
contraditadas, provocam a exclusão do dispositivo colidente”. Alberto do Amaral Júnior - Livre
Docente USP.

“O Direito se expressa por meio de normas. As normas se exprimem por meio de regras e
princípios. As regras disciplinam uma determinada situação; quando ocorre essa situação, a norma
tem incidência; quando não ocorre, não tem incidência. Para as regras vale a lógica do “tudo ou nada”
(Dworking). Quando duas regras colidem, fala-se em “conflito”: ao caso concreto uma só será
aplicável (uma afasta a aplicação da outra). O conflito entre regras pode ser resolvido pelos meios
clássicos de interpretação: a lei especial derroga a lei geral, a lei posterior afasta a anterior, etc.
Princípios são as diretrizes gerais de um ordenamento jurídico (ou de parte dele). Seu espectro de
incidência é muito mais amplo que os das regras. Entre eles pode haver “colisão”, não conflito.
Quando colidem, não se excluem. Como “mandados de otimização” que são, (Alexy) sempre podem
ter incidência em casos concretas (às vezes concomitantemente dois ou mais deles)”. Luiz Flávio
Gomes – Advogado e Político.

Princípios são mutáveis?


a) Princípios estão na base de sustentação das relações pessoais de uma nação;
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b) Inseridas na Constituição do Estado como normas maiores;
c) Portanto, não se trataria de mutação de princípios, mas de evolução de ajustes, para
otimização do ordenamento;
d) Brasil - sistema jurídico contraditório. Talvez por falta de amadurecimento? Períodos
controversos? Ditadores, populistas, império, regime militar, regime democrático recente?
e) Sempre haverão debates antagônicos sobre o tema e há argumentos fortes e válidos
para ambos;
f) E o operador do Direito? Mover-se de forma que melhor atinja aos seus interesses de
boa-fé e de bom senso, amparando-se sempre nos princípios jurídicos! Lealdade Processual!

Arautos da Principiologia Processual (Cintra, Grinover e Dinamarco):


1º. Princípio Lógico: seleção dos meios mais eficazes e rápidos de procurar e descobrir a
verdade e de evitar o erro;
2º. Princípio Jurídico: igualdade no processo e justiça na decisão;
3º. Princípio Político: máximo de garantia social com o mínimo de sacrifício individual
da liberdade;
4º. Princípio Econômico: processo acessível a todos, com vistas ao seu custo e à sua
duração.

I.I Princípios Constitucionais do Processo

a) Princípio da Celeridade e Economia Processual


➢ Art. 5º, LXXVIII, CR – EC 45/2004: LXXVIII - a todos, no âmbito judicial e administrativo,
são assegurados a razoável duração do processo e os meios que garantam a celeridade de sua
tramitação;
➢ Rapidez e Economia (tempo do processo e custo do e com o processo);
➢ Processo do Trabalho trata, em regra, de verbas trabalhistas de natureza alimentar;
➢ Formalidade (burocracias processuais) x bem da vida – finalidade do processo;
➢ Relações: jus postulandi, simplificação do rito da prova técnica, oralidade e
concentração de atos da audiência, tentativa obrigatória de conciliação, instauração ex officio da
execução da sentença.

b) Princípio do Juiz e do Promotor Natural


➢ Art. 5º, LIII, CR: ninguém será processado nem sentenciado senão pela autoridade
competente;
➢ Nenhum litígio será levado a julgamento (juiz) ou processamento (promotor), sem
prévia existência legal de um órgão jurisdicional competente (juízos de exceção são vedados –
autoritarismo de ocasião – regime militar);

c) Princípio da Inafastabilidade da Jurisdição


➢ Art. 5º, XXXV, CR: a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça
a direito;
➢ É vedada qualquer prática destinada a impedir o exercício do direito de ação ou a
impedir o direito de defesa na ação proposta;
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➢ Obs: Jurisdição exige a condição legal para realização de julgamento com valor exarado
ou reconhecido pelo Estado. Assim, há a Justiça Pública, exercida pelo Juiz Estatal, e a Justiça Privada,
exercida pelo Árbitro (na Arbitragem). Ambas possuem Jurisdição, cabendo às Partes, convencionar
ou não acerca da Competência, que é o meio pelo qual a Jurisdição se torna efetiva.

d) Princípio do Devido Processo Legal


➢ Art. 5º, LIV, CR: ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido
processo legal;
➢ Ninguém será privado da liberdade ou do patrimônio sem ser submetido ao processo
previamente determinado para isso, legal e ético;
➢ Exemplo de manifestações do Devido Processo Legal: publicidade dos atos processuais,
vedação da prova ilícita, juiz natural, contraditório e ampla defesa, igualdade das partes, justiça na
decisão, ampla produção de provas, etc.

e) Princípio da Isonomia
➢ Art. 5º, caput, CR: Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida,
à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes;
➢ Igualdade Formal: igualdade perante a lei, vigente ou a criar, impeditiva de
reconhecimentos de privilégios pela norma ou por sua interpretação;
➢ Igualdade Material: instrumento que uniformiza o tratamento igual e harmônico de
todos os seres humanos;

f) Princípio da Isonomia
➢ Tratamento igualitário aos desiguais: decorre do Princípio da Proteção do
hipossuficiente econômico, coluna mestra de toda a estrutura do Direito do Trabalho;
➢ Por força dessa influência, o DPT é permeado por regras inspiradas no Princípio da
Proteção, exemplos: jus postulandi, em favorecimento do empregado (art. 840); ausência do
reclamante à audiência = arquivamento, ausência do reclamada = revelia e confissão (art. 884);
instauração ex officio da execução da sentença quando sem advogado (art. 878).

g) Princípio do Contraditório e da Ampla Defesa


➢ Art. 5º, LV, CR: aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados
em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes;
➢ Direito da outra parte de ser ouvida (Contraditório) e de se defender por todos os
meios possíveis, cabíveis e legais (Ampla Defesa);
➢ Ampla Defesa: é a autorização aos litigantes de trazer ao processo todas as arguições e
provas lícitas de suas pretensões e pronunciar-se sobre as trazidas por seu oponente = igualdade de
tratamento no processo.

h) Princípios da Publicidade e da Motivação das Decisões


➢ Art. 93, X, CR: as decisões administrativas dos tribunais serão motivadas e em sessão
pública, sendo as disciplinares tomadas pelo voto da maioria absoluta de seus membros;

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➢ Todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e fundamentadas
suas decisões, sob pena de nulidade, podendo a lei, se o interesse público o exigir, limitar a presença
de determinados atos, às partes e seus advogados, ou somente a estes;
➢ Publicidade: realização pública das audiências e sessões dos tribunais, acesso de
qualquer cidadão aos atos e autos da demanda, no comportamento do órgão auxiliar do juízo e do
próprio juízo, no direito dos advogados de obter certidões, no julgamento aberto, de preferência
oralmente, em audiência;

i) Princípios da Publicidade e da Motivação das Decisões


Para que uma decisão seja motivada não basta a menção pura e simples aos documentos da
causa, às testemunhas ou à transcrição dos argumentos dos advogados. O requisito constitucional só
será satisfeito se existir análise concreta de todos os elementos e demais provas dos autos,
exaurindo-lhes a substância e verificando-lhes a forma. Só assim a higidez de um decisum se aferirá,
compatibilizando-se com a mensagem insculpida no preceito em epígrafe. Uadi Lammêgo Bulos.

A fundamentação da sentença é, sem dúvida, uma grande garantia da justiça, quando


consegue reproduzir exatamente, como num levantamento topográfico, o itinerário lógico que o juiz
percorreu para chegar à sua conclusão, pois se ela é errada, pode facilmente encontrar-se, através
dos fundamentos, em que altura do caminho o magistrado se desorientou. Piero Calamandrei.

j) Princípio da Revisibilidade das Decisões


➢ Art. 5º, LV, CR: LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos
acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela
inerentes;
➢ Trata-se do Duplo Grau de Jurisdição;
➢ Salvo exceções determinadas por lei, toda decisão proferida por um órgão jurisdicional
sujeita-se à revisão e modificação pelo mesmo órgão, por outro ou de grau superior;
➢ Fundamento: consciência universal da falibilidade humana = ameaça de injustiça
irreparável.

1. Princípios Gerais do Processo

a) Princípio da Lealdade Processual


➢ Compromete a dignidade da Justiça, a parte temerária ou desleal, que assume atitudes
de perturbação do desenvolvimento da lida com a eiva da traição ou agressão ao adversário ou à
própria Justiça;
➢ NCPC, Livro III (Dos Sujeitos do Processo) – Deveres de lealdade e civilidade das partes
e de seus procuradores, extensiva aos juízes e representantes do parquet, desde a cognição até o
cumprimento das sentenças e a execução fundada em títulos executivos extrajudiciais (art. 77, 78,
513 e 771, parágrafo único);
➢ Apuração e sanção da responsabilidade por danos patrimoniais resultantes – litigância
de má-fé (art. 80 a 82, NCPC).

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b) Princípio da Preclusão
➢ Ideia axiomática de que o processo “marcha para a frente”;
➢ Inexistência de respaldo legal que autorize a prática de alguma faculdade processual,
decorrente da inércia (perca de prazo ou de oportunidade de ato), do erro (praticou ato
incompatível/inadequado) ou pela duplicidade (praticou o ato mais de uma vez);
➢ Coíbe a desenvoltura com que se pretenda travar o andamento das ações, pela
invalidação dos atos praticados por meio da inércia, voluntária ou não , dos seus sujeitos.

2. Princípios Próprios do Processo do Trabalho

a) Jus Postulandi
➢ Trata-se da capacidade postulatória a empregados e empregadores, nos dissídios
individuais e coletivos do trabalho;
➢ Mantém status de princípio por que é expressão de Acesso à Justiça;
➢ É a possibilidade do leigo postular em juízo, sem estar legalmente representado por
advogado;

CLT, Art. 791. Os empregados e os empregadores poderão reclamar


pessoalmente perante a Justiça do Trabalho e acompanhar as suas
reclamações até o final.
§1º. Nos dissídios individuais os empregados e empregadores poderão fazer-
se representar por intermédio do sindicato, advogado, solicitador, ou
provisionado, inscrito na Ordem dos Advogados do Brasil.
§2º. Nos dissídios coletivos é facultada aos interessados a assistência por
advogado.
§3o . A constituição de procurador com poderes para o foro em geral poderá
ser efetivada, mediante simples registro em ata de audiência, a requerimento
verbal do advogado interessado, com anuência da parte representada.

CLT, Art. 839. A reclamação poderá ser apresentada:


a) pelos empregados e empregadores, pessoalmente, ou por seus
representantes, e pelos sindicatos de classe;

CLT, Art. 840. A reclamação poderá ser escrita ou verbal.


§1o. Sendo escrita, a reclamação deverá conter a designação do juízo, a
qualificação das partes, a breve exposição dos fatos de que resulte o dissídio, o
pedido, que deverá ser certo, determinado e com indicação de seu valor, a data
e a assinatura do reclamante ou de seu representante.
§2o. Se verbal, a reclamação será reduzida a termo, em duas vias datadas e
assinadas pelo escrivão ou secretário, observado, no que couber, o disposto no
§ 1o deste artigo.
§3o. Os pedidos que não atendam ao disposto no § 1o deste artigo serão
julgados extintos sem resolução do mérito.

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SÚMULA Nº 425 DO TST
JUS POSTULANDI NA JUSTIÇA DO TRABALHO. ALCANCE.
O jus postulandi das partes, estabelecido no art. 791 da CLT, limita-se às Varas
do Trabalho e aos Tribunais Regionais do Trabalho, não alcançando a ação
rescisória, a ação cautelar, o mandado de segurança e os recursos de
competência do Tribunal Superior do Trabalho.

CLT, Art. 855-B. O processo de homologação de acordo extrajudicial terá início


por petição conjunta, sendo obrigatória a representação das partes por
advogado.

b) Inércia da Jurisdição
• O impulso de atos judiciais que beneficiavam parte(s), era uma espécie de marca
registrada da execução das sentenças trabalhistas;
• Reflexo do Princípio da Proteção, Princípio da Celeridade e Economia;

NCPC, Art. 2º - O processo começa por iniciativa da parte e se desenvolve por


impulso oficial, salvo as exceções previstas em lei.

• Hoje, fortemente restringida pela Lei 13.467/2017 – Reforma Trabalhista;


• Exceções no processo do trabalho: art. 39 (instauração de RT por ofício da SRT); art.
878 (execução “ex officio”); art. 856 (“instauração de instância” do dissídio coletivo pelo Presidente
do Tribunal).

Antes da Reforma Trabalhista:


Art. 878, CLT. A execução poderá ser promovida por qualquer interessado, ou
ex officio pelo próprio Juiz ou Presidente ou Tribunal competente, nos termos
do artigo anterior.
Parágrafo único. Quando se tratar de decisão dos Tribunais Regionais, a
execução poderá ser promovida pela Procuradoria da Justiça do Trabalho.

Após Reforma Trabalhista


Art. 878, CLT. A execução será promovida pelas partes, permitida a execução
de ofício pelo juiz ou pelo Presidente do Tribunal apenas nos casos em que as
partes não estiverem representadas por advogado.

c) Oralidade
• Trata-se de técnica de procedimento no âmbito processual trabalhista, em que
prevalece os atos orais sobre os escritos, favorecendo a simplicidade e a rapidez do desenvolvimento
das lides;
• Estreito à concentração dos atos, sintetizados na realização da Audiência Trabalhista;
• Art. 840, § 2º, CLT (reclamatória verbal) “regra”;
• Art. 847, CLT (defesa verbal) “regra”;
• Art. 850, CLT (razões finais verbais) “regra”.
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d) Concentração dos Atos
• A audiência exaure praticamente todos os atos de postulação e defesa (quando orais)
e de instrução;
• PRINCÍPIO DA CONCENTRAÇÃO DOS ATOS PROCESSUAIS - PROVA TESTEMUNHAL
PRODUZIDA FORA DOS AUTOS – Na sistemática processual vigente, da concepção dualística do
processo tradicional, a prova testemunhal deve ser produzida nos autos, sob as vistas do Juiz, em
observância ao princípio da concentração dos atos processuais, não se admitindo depoimentos
testemunhais, por escritura pública, como se pretendeu aqui. (TRT 3ª R. – RO 2822/90 – 1ª T. – Rel.
Antônio de Miranda Mendonça – DJMG 21/06/1991)

e) Instrumentalidade
• Os atos praticados no processo, devem atingir o fim para o qual foram previstos, em
detrimento da forma de que deveriam estar revestidos;
• O processo é um meio, e todo o meio só é tal e se legitima em função dos fins a que se
destina;
• Trata-se de elemento comezinho, o qual nos afirma que independente da forma, da
roupagem apresentada, se o ato praticado possui conteúdo e força capaz de se atingir e manifestar o
Direito, então, ele deve ser admitido;
• A forma do documento não importa, mas seu conteúdo e o cumprimento dos requisitos
legais de admissão, sim!

NCPC, Art. 188. Os atos e os termos processuais independem de forma


determinada, salvo quando a lei expressamente a exigir, considerando-se
válidos os que, realizados de outro modo, lhe preencham a finalidade essencial.

CLT, Art. 794. Nos processos sujeitos à apreciação da Justiça do Trabalho só


haverá nulidade quando resultar dos atos inquinados manifesto prejuízo às
partes litigantes.

OJ SBDI-I nº. 200, TST. MANDATO TÁCITO. SUBSTABELECIMENTO INVÁLIDO.


É inválido o substabelecimento de advogado investido de mandato tácito.

f) Inquisitoriedade
• Liberdade de direção e condução do processo pelo Juízo, facilitando o trabalho
investigativo das causas;
• Libera-o, como princípio que é, para impulsionar ex officio o desenvolvimento dos atos
processuais, já que cabe ao Juízo a condução do processo;

CLT, Art. 765 - Os Juízos e Tribunais do Trabalho terão ampla liberdade na


direção do processo e velarão pelo andamento rápido das causas, podendo
determinar qualquer diligência necessária ao esclarecimento delas.

g) Não Identidade Física do Juiz com a Causa


• Não vincular o dever de decidir determinada lide ao Juiz que iniciou sua instrução;
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• Antigo CPC, Art. 132: O juiz, titular ou substituto, que concluir a audiência julgará a lide,
salvo se estiver convocado, licenciado, afastado por qualquer motivo, promovido ou aposentado,
casos em que passará os autos ao seu sucessor.
• Novo CPC: não existe previsão.
• Jurisprudência majoritária atual: Processo do Trabalho não adota a identidade física
do Juiz, em benefício da celeridade.

Súmula 136 do TST – CANCELADA EM 2012:


Não se aplica às Varas do Trabalho o princípio da identidade física do juiz.

h) Estabilidade da Lide/da Demanda


• Plano subjetivo: NCPC, Art. 41: Só é permitida, no curso do processo, a substituição
voluntária das partes nos casos expressos em lei.
• Plano objetivo: NCPC, Art. 264: feita a citação, é defeso ao autor modificar o pedido ou
a causa de pedir, sem o consentimento do réu, mantendo-se as mesmas partes, salvo as substituições
permitidas por lei.

CLT, Art. 846. Aberta a audiência, o juiz ou presidente proporá a conciliação.

CLT, Art. 847. Não havendo acordo, o reclamado terá vinte minutos para aduzir
sua defesa, após a leitura da reclamação, quando esta não for dispensada por
ambas as partes.

CLT, Art. 848. Terminada a defesa, seguir-se-á a instrução do processo,


podendo o presidente, ex officio ou a requerimento de qualquer juiz
temporário, interrogar os litigantes.

i) Princípio da Conciliabilidade

Art. 114, CR/88. Compete à Justiça do Trabalho conciliar e julgar os dissídios


individuais e coletivos entre trabalhadores e empregadores, [...]. (Redação
alterada pela EC. n. 45/04)

CLT, Art. 764 - Os dissídios individuais ou coletivos submetidos à apreciação


da Justiça do Trabalho serão sempre sujeitos à conciliação.

CLT, Art. 831 - A decisão será proferida depois de rejeitada pelas partes a
proposta de conciliação.

CLT, Art. 846 - Aberta a audiência, o juiz ou presidente proporá a conciliação.

CLT, Art. 850 - Terminada a instrução, poderão as partes aduzir razões finais,
em prazo não excedente de 10 (dez) minutos para cada uma. Em seguida, o juiz

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ou presidente renovará a proposta de conciliação, e não se realizando esta,
será proferida a decisão.

j) Proteção Integral do Trabalhador


• CLT, Art. 790, caput e §4º: inconstitucionais: ADI 5766;
• Lei 5584/70, Art. 14 e CLT, Art. 514, “b”, - assistência judiciária gratuita para
trabalhadores representados por entidade sindical;
• Art. 899, §1º CLT (Depósito recursal) – reclamante trabalhador nunca recolhe - O
depósito recursal não tem natureza jurídica de taxa de recurso, mas de garantia do juízo recursal -
Instrução Normativa nº 03/93 do TST. Art. 899, §§ 4º e 5º.

CLT, Art. 844 - O não-comparecimento do reclamante à audiência importa o


arquivamento da reclamação, e o não-comparecimento do reclamado importa
revelia, além de confissão quanto à matéria de fato.

k) Finalidade Social
• A diferença básica entre o princípio da proteção e o princípio da finalidade social é que,
no primeiro, a própria lei confere a desigualdade no plano processual; no segundo, permite-se que o
juiz tenha uma atuação mais ativa, na medida em que auxilia o trabalhador, em busca de uma solução
justa, até chegar o momento de proferir a sentença. - Carlos Henrique Bezerra Leite.

LINDB, Lei nº. 4.657/1942, Art. 5º. Na aplicação da lei , o juiz atenderá aos fins
sociais a que ela se dirige e às exigências do bem comum.

l) Poder Normativo dos Tribunais do Trabalho


• Nos casos de frustração de Negociação Coletiva pelas entidades sindicais, sem que estas
tenham convencionado Arbitragem, poderá ser instaurado Dissídio Coletivo na Justiça do Trabalho,
e mesmo assim, devendo existir comum acordo para tanto (Art. 114, §2º, CR);
• Pois bem, a Norma Coletiva proveniente de Negociação Coletiva, estabelece normas e
condições de trabalho. Não existindo Negociação e surgindo o pleito para Norma Coletiva, o Árbitro
ou Juiz deverão se manifestar e, sendo procedente, proferir a Norma Coletiva através de uma
Sentença Normativa;
• Surge aí, o Poder Normativo da Jurisdição, eis que a sentença normativa estabelecerá
regras, criará normas ou condições de trabalho, de cumprimento obrigatório de todos que integram
a categoria.

m) Restrição à Inépcia da Petição Inicial


➢ Se funda na imperiosidade de certa margem de tolerância com os deslizes técnicos ou
as lacunas de postulação, seja pela previsão legal, seja pela abertura ao leigo através do jus
postulandi;

CLT, Art. 840, §3o. Os pedidos que não atendam ao disposto no § 1o deste artigo
serão julgados extintos sem resolução do mérito.

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NCPC - Art. 321. O juiz, ao verificar que a petição inicial não preenche os
requisitos dos arts. 319 (objetivos) e 320 (documentais) ou que apresenta
defeitos e irregularidades capazes de dificultar o julgamento de mérito,
determinará que o autor, no prazo de 15 (quinze) dias, a emende ou a
complete, indicando com precisão o que deve ser corrigido ou completado.

➢ Posição do TRT 12ª Região SC – jurisprudência majoritária.

II. ORGANIZAÇÃO E COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO

1. Organização da Justiça do Trabalho

Introdução:

Não há consenso sobre quando surgiram os primeiros órgãos da Justiça do Trabalho, mas os
primeiros órgãos destinados à solução de conflitos trabalhistas foram, eminentemente, de
conciliação.

Francesco Carnelutti afirmava que a institucionalização da conciliação precedeu a jurisdição


nos conflitos coletivos.

Segundo Amauri Mascaro do Nascimento, os primeiros órgãos da Justiça do Trabalho foram


os Conselhos de Homens Prudentes (França) e os probiviri (Itália), estes últimos eram tripartites.

A Jurisdição constitui expressão de soberania de um Estado, e nessa condição, ela é


substancialmente uma.

Necessidade de especialização e familiaridade no trato de questões trabalhistas (créditos


alimentares e legislação especial) = importância da conciliação, celeridade e eficiência = o Estado
brasileiro optou por possuir cortes e magistrados especializados no Direito do Trabalho.

O Direito do Trabalho constitui não apenas um produto da sociedade capitalista moderna,


mas também, um instrumento relevante para a sua preservação, já que de alguma forma, tenta
humaniza-lo, minimizando riscos de rupturas institucionais abruptas e violentas.

Durante o Império e os primeiros anos da República: o trabalho subordinado era “contrato


de locação de serviços” = competência da Justiça Comum.

• Decreto nº. 1.637 de 05.01.1907 - Conselhos Permanentes de Conciliação e Arbitragem


no âmbito do sindicatos;
• Lei Estadual de SP nº. 1.869 de 10.10.1922 instituiu os “Tribunais Rurais”. Primeira
referência brasileira de um órgão judicial especializado na resolução de conflitos trabalhistas;

13
• Revolução de 30 – Getúlio Vargas – Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio
(Decreto nº. 19.433/1930);

Em 1932, instalou-se neste Ministério, as Comissões Mistas de Conciliação (Decreto nº. 21.396
de 12.05.1932) restritas aos dissídios coletivos.

Pelo Decreto nº. 22.132 de 25.11.1932, institui-se neste Ministério, as Juntas de Conciliação
e Julgamento, onde somente os empregados sindicalizados poderiam demandar – restritas aos
dissídios individuais.

As Constituições Varguistas de 1934 e 1937 instituíram a Justiça do Trabalho, porém, sem


regulamentação legal e sem o reconhecimento de sua natureza judicante – ainda vinculada ao
Ministério do Trabalho.

O Decreto-Lei nº. 1.237 de 02.05.1939 dispõe sobre a organização da Justiça do Trabalho,


composta dos seguintes órgãos: Juntas de Conciliação e Julgamento (JCJs), Conselhos Regionais do
Trabalho (CRTs) e Conselho Nacional do Trabalho (CNT).

Em 1941, Getúlio Vargas ainda mantinha a “Justiça do Trabalho” como braço administrativo
do Ministério do Trabalho, ou seja, do Governo.

Em 1943, em decisão histórica, o STF reconheceu o caráter jurisdicional das cortes


trabalhistas, ao admitir Recurso Extraordinário contra decisão do CNT (STF, 2ª Turma, RE 6.310, DJU
30.09.1943).

Enfim, através da Constituição da República de 1946, art. 94, art. 123 e do Decreto-Lei nº.
9.797 de 09.09.1946, a Justiça do Trabalho deixa de funcionar dentro da esfera administrativa do
Ministério do Trabalho e passa a integrar o Poder Judiciário.

A EC n. 24 de 09.12.1999 extingue a representação classista nas JCJ e passa a exigir apenas


juízes com formação jurídica, inclusive nos TRT (ex-CRT) e TST (ex-CNT).

A EC nº. 45 de 08.12.2004 aumenta consideravelmente as atribuições da Justiça do Trabalho,


passando a fixar a competência em razão da natureza jurídica da relação material, e não somente,
“relação entre empregados e empregadores” como constava na redação original do constituinte de
1988.

Tradicionalmente, a Justiça do Trabalho foi criada e, ainda continua, com forte atuação na
conciliação, individual ou coletiva.

Desde sua criação, a Justiça do Trabalho contou com a representação paritária em todo os
seus órgãos: com a presença de juízes classistas leigos, também denominados de “vogais” recrutados
nos Sindicatos, ao lado de um juiz de formação jurídica. Nos TRTs e TST, os classistas compunham as
turmas, sendo em igualdade os representantes dos empregados e dos empregadores.
14
Todo o processo do trabalho na CLT, na fase de conhecimento, foi idealizado para o
funcionamento dos órgãos da JT com a presença de Juízes Classistas.

Esta é a razão pela qual, ainda hoje, há vários artigos da CLT com a previsão de “JCJ” ou
“vogais”, por exemplo: Art. 647, 660, 661, etc.

CR/88 - Art. 111. São órgãos da Justiça do Trabalho:


I - o Tribunal Superior do Trabalho;
II - os Tribunais Regionais do Trabalho;
III - Juizes do Trabalho.

A Justiça do Trabalho:
a) Integra o Poder Judiciário da União;
b) Possui estrutura federalizada;
c) Alguns TRTs, por regimento interno, outorgaram o título de “Desembargadores” aos
seus juízes, contudo, o projeto de lei que altera “juiz de segundo grau” para “desembargador” ainda
está tramitando no CN.

Garantias da Magistratura do Trabalho

CR/88 - Art. 111. Os juízes gozam das seguintes garantias:


I - vitaliciedade, que, no primeiro grau, só será adquirida após dois anos de
exercício, dependendo a perda do cargo, nesse período, de deliberação do
tribunal a que o juiz estiver vinculado, e, nos demais casos, de sentença judicial
transitada em julgado;
II - inamovibilidade, salvo por motivo de interesse público, na forma do art. 93,
VIII;
III - irredutibilidade de subsídio, ressalvado o disposto nos arts. 37, X e XI, 39,
§ 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I.

Vitaliciedade: após dois anos de efetivo exercício, o juiz adquire a vitaliciedade, somente
podendo perder o cargo mediante sentença judicial transitada em julgado;

Irredutibilidade de vencimento: o subsídio é irredutível, ou seja, o “poder de compra” não


poderá ser diminuído. Somente podem ser majorados por lei. Desconto de IR e contribuição
previdenciária;

Inamovibilidade: o juiz não pode ser removido da comarca em que é titular, salvo
requerimento ou por motivo de interesse público, mediante voto da maioria absoluta ou do CNJ,
assegurada ampla defesa.

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Das Vedações à Magistratura do Trabalho

CR/88 - Art. 111. Parágrafo único. Aos juízes é vedado:


I - exercer, ainda que em disponibilidade, outro cargo ou função, salvo uma de
magistério;
II - receber, a qualquer título ou pretexto, custas ou participação em processo;
III - dedicar-se à atividade político-partidária.
IV - receber, a qualquer título ou pretexto, auxílios ou contribuições de pessoas
físicas, entidades públicas ou privadas, ressalvadas as exceções previstas em
lei;
V - exercer a advocacia no juízo ou tribunal do qual se afastou, antes de
decorridos três anos do afastamento do cargo por aposentadoria ou
exoneração.

Do Acesso à Magistratura do Trabalho


a) Em primeiro grau: ingresso como juiz substituto através de concurso público de provas
e títulos, com a participação da OAB em todas as fases (art. 93, I, CR/88);
b) Bacharel em Direito, com no mínimo 03 (três) anos de atividade jurídica;
c) Obedecem-se nas nomeações, a ordem de classificação;
d) “Atividade jurídica” – é norma de eficácia contida – não depende de lei complementar.
Logo, pode ser regulamentado pelos editais dos concursos dos Tribunais ou pelo próprio CNJ.

Quinto Constitucional
No TRT e TST: quinto constitucional – um quinto das vagas destes tribunais será ocupada
por advogados e membros do MPT, ambos com mais de dez anos de exercício profissional, de notório
saber jurídico e reputação ilibada, que não prestam concurso, sendo nomeados pelo Presidente da
República em listas sêxtuplas e elaboradas pelos próprios tribunais. Recebidas as indicações, o
tribunal formará lista tríplice, enviando-a ao Poder Executivo que, nos vinte dias subsequentes,
escolherá um de seus integrantes para nomeação (art. 94, CR/88).

Os juízes do quinto constitucional ingressam diretamente nos tribunais, tendo o mesmo


status, competência e prerrogativas dos juízes de carreira, sendo vitalícios a partir da posse. Contudo,
não progridem na carreira.

Do Juiz do Trabalho e das Varas do Trabalho


a) VT: órgãos de primeiro grau, em que atual juiz titular e substituto;
b) Atenção! Art. 112, CF: A lei criará varas da Justiça do Trabalho, podendo, nas comarcas
não abrangidas por sua jurisdição, atribuí-la aos juízes de direito, com recurso para o respectivo
Tribunal Regional do Trabalho. Das decisões proferidas pelo Juiz de Direito em causas trabalhistas,
cave recurso ordinária para o TRT do Estado;
c) Ingresso como “Juiz Substituto”, que auxilia ou substitui o Titular e, nesta condição, terá
as mesmas prerrogativas e deveres. É designado pelo Presidente do TRT para determinada VT.
Depois de 02 anos de exercício, torna-se vitalício. Alternativamente, por antiguidade ou

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merecimento, será promovido a Titular e, posteriormente, pelo mesmo critério, ao TRT. Além disso,
pode chegar ao posto de Ministro do TST, desde que preencha os requisitos constitucionais.

Do Tribunal Regional do Trabalho


a) Órgãos de segundo grau de jurisdição. Previstos no artigo 115 da CF;
b) Compõem-se de no mínimo 07 desembargadores federais do trabalho, recrutados
quando possível na respectiva região;
c) Nomeados pelo Presidente da República entre brasileiros com mais de 30 e menos de
65 anos – quinto constitucional e juízes de carreira;
d) Os TRTs podem instalar itinerância, realizando audiências e demais funções nos limites
territoriais de sua jurisdição;
e) Os TRTs podem funcionar descentralizadamente, constituindo Câmaras regionais, a
fim de assegurar o pleno acesso em todas as fases do processo.

Compete ao TRT julgar:


a) os recursos ordinários interpostos em face das decisões das VT;
b) as ações rescisórias;
c) os dissídios coletivos;
d) a greve;
e) os mandados de segurança impetrados em face de Juízes de VT;
f) Outras ações previstas na lei ou no seu Regimento Interno.

24 TRTs. Um em cada Estado. Exceções:


a) SP possui TRT 2ª Região que abrange a capital, região metropolitana e baixada santista,
e o TRT 15ª Região que abrange Campinas e das cidades do interior de SP;
b) TRT 8ª Região que abrange o Pará e Amapá.

Do Tribunal Superior do Trabalho


a) Órgão de terceiro grau de jurisdição. Cúpula da Justiça do Trabalho;
b) Jurisdição em todo o território nacional;
c) Composto por 27 ministros, com mais de 35 anos e menos de 65, nomeados pelo
Presidente da República após aprovação pela maioria absoluta do Senado Federal – quinto
constitucional e juízes de carreira dos TRTs;
d) Funções constitucionais:
1. Uniformizar a interpretação da legislação trabalhista no âmbito da competência
da Justiça do Trabalho;
2. Ordenar questões de ordem administrativa da Justiça do Trabalho.

O Regimento Interno do TST organiza a disposição da corte:


➢ Órgão Especial, composto por 14 ministros, 07 mais antigos e 07 eleitos;
➢ Seção Especializada em Dissídios Coletivos - SDC;
➢ Seção Especializada em Dissídios Individuais, subdividida em SBDI-I e SBDI-II, cada
uma com competência sobre matérias diferentes;

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➢ 8 Turmas cada uma compostas por 03 Ministros – são as menores unidades judicantes
do Tribunal, mas com maior competência de julgamento;
➢ Comissões Permanentes: de Regimento Interno; de Jurisprudência e de Precedentes
Normativos; e de Documentação;
➢ Presidente: representa o Tribunal e coordena sua administração;
➢ Vice-Presidente substitui o Presidente em seus impedimentos;
➢ Corregedor-Geral: correição dos Tribunais Regionais do Trabalho;
➢ Secretaria: chefiada pelo Diretor-Geral, servidor nomeado para o exercício de um cargo
em comissão pelo Presidente.

Lei 7.701/88 - Dispõe sobre a especialização de Turmas dos Tribunais do


Trabalho em processos coletivos e dá outras providências.
Art. 2º. Compete à seção especializada em dissídios coletivos, ou seção
normativa:
I – Originariamente:
a) conciliar e julgar os dissídios coletivos que excedam a jurisdição dos
Tribunais Regionais do Trabalho e estender ou rever suas próprias sentenças
normativas, nos casos previstos em lei;
b) homologar as conciliações celebradas nos dissídios coletivos de que trata a
alínea anterior;
c) julgar as ações rescisórias propostas contra suas sentenças normativas;
d) julgar os mandados de segurança contra os atos praticados pelo Presidente
do Tribunal ou por qualquer dos Ministros integrantes da seção especializada
em processo de dissídio coletivo; e
e) julgar os conflitos de competência entre Tribunais Regionais do Trabalho
em processos de dissídio coletivo.
II – Em última instância julgar:
a) os recursos ordinários interpostos contra as decisões proferidas pelos
Tribunais Regionais do Trabalho em dissídios coletivos de natureza econômica
ou jurídica;
b) os recursos ordinários interpostos contra as decisões proferidas pelos
Tribunais Regionais do Trabalho em ações rescisórias e mandados de
segurança pertinentes a dissídios coletivos;
c) os embargos infringentes interpostos contra decisão não unânime proferida
em processo de dissídio coletivo de sua competência originária, salvo se a
decisão atacada estiver em consonância com procedente jurisprudencial do
Tribunal Superior do Trabalho ou da Súmula de sua jurisprudência
predominante;
d) os embargos de declaração opostos aos seus acórdãos e os agravos
regimentais pertinentes aos dissídios coletivos;
e) as suspeições argüidas contra o Presidente e demais Ministros que integram
a seção, nos feitos pendentes de sua decisão; e
f) os agravos de instrumento interpostos contra despacho denegatório de
recurso ordinário nos processos de sua competência.
18
ENAMAT – Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de Magistrados do Trabalho,
cujo objetivo é a instrução e capacitação constante dos Juízes do Trabalho, promovendo atualização;

Conselho Superior da Justiça do Trabalho – compete a supervisão administrativa,


orçamentária, financeira e patrimonial da Justiça do Trabalho de primeiro e segundo graus, como
órgão central do sistema e cujas decisões possuem efeito vinculante (art. 111-A, §2º, II, CR);

COLEPRECOR – Conselho de Presidentes e Corregedores dos Tribunais Regionais do


Trabalho – externo ao Judiciário e alheio à estrutura organização da JT: defesa dos princípios,
prerrogativas e funções institucionais, intermediação entre JT e poderes constituídos, estudos de
temas jurídicos e questões judiciais de repercussão nacional.

Dos Serviços Auxiliares da Justiça do Trabalho


• Servidores da Justiça do Trabalho: realizam os atos processuais e os serviços
burocráticos, também chamadas de “Secretarias”;
• Nos TRTs e TST, há as “Secretarias” e “Gabinetes”: encarregados dos serviços de
assessoramento, burocráticos e documentação de processos;
• Previsão – art. 710 ao 717 da CLT;
• As Secretarias das Varas do Trabalho são dirigidas por um chefe, chamado de Diretor
de Secretaria: gerenciar, dirigir funcionários sob a supervisão do Juiz, realizar todos os atos
determinados pelo juiz e praticar os atos processuais de sua competência, como autuação,
notificações, atendimento aos advogados, etc;

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Composição de Secretaria da Vara do Trabalho:
1. Diretor de Secretaria;
2. Assistente de Diretor;
3. Assistente de Juiz;
4. Secretário de Audiências;
5. Assistente de Cálculos;
6. Oficial de Justiça Avaliador;
7. Analistas e Técnicos.
Todos ingressam na Justiça do Trabalho como Analistas ou Técnicos. Conforme critérios
regimentais e legais, o Juiz Presidente do Foro poderá nomear para quaisquer cargos acima.

CLT. Art. 711 - Compete à secretaria das Juntas:


a) o recebimento, a autuação, o andamento, a guarda e a conservação dos
processos e outros papéis que lhe forem encaminhados;
b) a manutenção do protocolo de entrada e saída dos processos e demais
papéis;
c) o registro das decisões;
d) a informação, às partes interessadas e seus procuradores, do andamento
dos respectivos processos, cuja consulta lhes facilitará;
e) a abertura de vista dos processos às partes, na própria secretaria;
f) a contagem das custas devidas pelas partes, nos respectivos processos;
g) o fornecimento de certidões sobre o que constar dos livros ou do
arquivamento da secretaria;
h) a realização das penhoras e demais diligências processuais;
i) o desempenho dos demais trabalhos que lhe forem cometidos pelo
Presidente da Junta, para melhor execução dos serviços que lhe estão afetos.

2. Da Competência da Justiça do Trabalho

A competência é uma determinação dos poderes judiciais de cada um dos juízes.


Competência é pertinência de ofício. A jurisdição é um todo. A competência uma fração. Todos os
juízes exercer jurisdição, mas a exercem numa certa medida, dentro de certos limites. Estes limites
constituem a “área de abrangência” de atuação do juiz. A competência é a medida da jurisdição ou
ainda, é a jurisdição na medida em que pode e deve ser exercida pelo juiz.

Chiovenda enumera três critérios para distribuição da competência:


a) Critério objetivo: valor da causa (competência por valor), natureza da causa
(competência por matéria);
b) Critério funcional: exigências especiais das funções que se chama o magistrado a exercer
num processo, natureza especial da lide;
c) Critério territorial: circunscrição de territorial designada à atividade de cada órgão
jurisdicional.

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a) Competência em razão da natureza da relação jurídica (competência em razão da
matéria ou objetiva): é determinante a natureza da relação jurídica controvertida para aferição da
competência. Na JT, a competência material está disciplinada no artigo 114 da CF e no art. 652 da
CLT;

CR/88. Art. 114 - Compete à Justiça do Trabalho processar e julgar:


I as ações oriundas da relação de trabalho, abrangidos os entes de direito
público externo e da administração pública direta e indireta da União, dos
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios;
II as ações que envolvam exercício do direito de greve;
III as ações sobre representação sindical, entre sindicatos, entre sindicatos e
trabalhadores, e entre sindicatos e empregadores;
IV os mandados de segurança, habeas corpus e habeas data , quando o ato
questionado envolver matéria sujeita à sua jurisdição;
V os conflitos de competência entre órgãos com jurisdição trabalhista,
ressalvado o disposto no art. 102, I, o;
VI as ações de indenização por dano moral ou patrimonial, decorrentes da
relação de trabalho;
VII as ações relativas às penalidades administrativas impostas aos
empregadores pelos órgãos de fiscalização das relações de trabalho;
VIII a execução, de ofício, das contribuições sociais previstas no art. 195, I, a , e
II, e seus acréscimos legais, decorrentes das sentenças que proferir;
IX outras controvérsias decorrentes da relação de trabalho, na forma da lei.

CLT. Art. 652. Compete às Varas do Trabalho:


a) conciliar e julgar:
I - os dissídios em que se pretenda o reconhecimento da estabilidade de
empregado;
II - os dissídios concernentes a remuneração, férias e indenizações por motivo
de rescisão do contrato individual de trabalho;
III - os dissídios resultantes de contratos de empreitadas em que o empreiteiro
seja operário ou artífice;
IV - os demais dissídios concernentes ao contrato individual de trabalho;
V - as ações entre trabalhadores portuários e os operadores portuários ou o
Órgão Gestor de Mão-de-Obra - OGMO decorrentes da relação de trabalho;
b) processar e julgar os inquéritos para apuração de falta grave;
c) julgar os embargos opostos às suas próprias decisões;
d) impor multas e demais penalidades relativas aos atos de sua competência;
e) Suprimida...
f) decidir quanto à homologação de acordo extrajudicial em matéria de
competência da Justiça do Trabalho.
Parágrafo único - Terão preferência para julgamento os dissídios sobre
pagamento de salário e aqueles que derivarem da falência do empregador,

21
podendo o Presidente da Junta, a pedido do interessado, constituir processo
em separado, sempre que a reclamação também versar sobre outros assuntos.

Súmula nº 300 do TST. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO.


CADASTRAMENTO NO PIS.
Compete à Justiça do Trabalho processar e julgar ações ajuizadas por
empregados em face de empregadores relativas ao cadastramento no
Programa de Integração Social (PIS).

Súmula nº 389 do TST. SEGURO-DESEMPREGO. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA


DO TRABALHO. DIREITO À INDENIZAÇÃO POR NÃO LIBERAÇÃO DE GUIAS.
I - Inscreve-se na competência material da Justiça do Trabalho a lide entre
empregado e empregador tendo por objeto indenização pelo não-
fornecimento das guias do seguro-desemprego.
II - O não-fornecimento pelo empregador da guia necessária para o
recebimento do seguro-desemprego dá origem ao direito à indenização.

OJ 26 SDI-I TST. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO.


COMPLEMENTAÇÃO DE PENSÃO REQUERIDA POR VIÚVA DE EX-
EMPREGADO.
A Justiça do Trabalho é competente para apreciar pedido de complementação
de pensão postulada por viúva de ex-empregado, por se tratar de pedido que
deriva do contrato de trabalho.

b) Competência em razão da qualidade das partes envolvidas na relação jurídica


controvertida (competência em razão da pessoa – ratione personae): trabalhadores urbanos;
rurais; domésticos; temporários; avulsos; eventuais; todos os contratos que adotarem regime
celetista ainda que pertencentes à Administração Pública (funcionário público x empregado público
= todos servidores públicos); empregados de cartórios extrajudiciais; atletas desportivos (artigo 29
da Lei 6.354/76).

Obs 1. Relação laboral caracterizar relação de consumo: competência será da Justiça


Comum. Há controvérsia entre doutrinadores. Contudo:

Súmula 363 STJ: “Compete à Justiça estadual processar e julgar a ação de


cobrança ajuizada por profissional liberal contra cliente”.

Obs 2. Contratos de Empreitada:


Para fins civis, o empreiteiro pode ser pessoa física ou jurídica e se obriga, mediante contrato,
sem subordinação, e mediante o pagamento ajustado, a construir uma obra. A empreitada pode ser
de trabalho (lavor) ou mista em que o empreiteiro se compromete a fornecer o serviço e o material.
Se obriga a realizar pessoalmente ou por meio de terceiro, certa obra (construção de casa, represa,
ponte, estradas, etc), com material próprio ou fornecido.

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a. Grande empreitada: grandes empreiteiras em relações entre si, entre grandes empresas
ou Administração Pública: competência da Justiça Comum;
b. Pequeno empreiteiro: operário ou artífice, pessoa física, sem ajuda de outros
trabalhadores, realiza uma obra (material ou imaterial) de forma pessoal, sem subordinação,
mediante pagamento ajustado no contrato (escrito ou verbal): competência da Justiça do
Trabalho.

c) Competência em razão do lugar (competência territorial): se deve à necessidade de


fizer um juiz entre a pluralidade de outros da mesma espécie ou com o mesmo grau de jurisdição,
atribuindo-se a ele uma porção territorial, dentro do qual está sua sede.

CLT. Art. 651 - A competência das Juntas de Conciliação e Julgamento é


determinada pela localidade onde o empregado, reclamante ou reclamado,
prestar serviços ao empregador, ainda que tenha sido contratado noutro local
ou no estrangeiro.
§ 1º - Quando for parte de dissídio, agente ou viajante comercial, a
competência será da Junta da localidade em que a empresa tenha agência ou
filial e a esta o empregado esteja subordinado e, na falta, será competente a
Junta da localização em que o empregado tenha domicílio ou a localidade mais
próxima.
§ 2º - A competência das Juntas de Conciliação e Julgamento, estabelecida
neste artigo, estende-se aos dissídios ocorridos em agência ou filial no
estrangeiro, desde que o empregado seja brasileiro e não haja convenção
internacional dispondo em contrário.
§ 3º - Em se tratando de empregador que promova realização de atividades
fora do lugar do contrato de trabalho, é assegurado ao empregado apresentar
reclamação no foro da celebração do contrato ou no da prestação dos
respectivos serviços.

1. A ação deve ser ajuizada no último local em que o empregado prestou serviços, ainda que
tenha sido contratado em outra localidade ou no exterior;
2. Trabalhador viajante: a ação deve ser ajuizada no local em que a empresa mantém agência
ou filial em que o empregado for subordinado (alocado). Inexistindo agência ou filial, no caso de
trabalhador viajante, a ação deverá ser ajuizada em seu domicílio ou local mais próximo;
3. Também há competência jurisdicional brasileira no caso de empregado brasileiro (nato
ou nacionalizado) que trabalhe no exterior, contratado por uma empresa que tenha sede ou filial no
Brasil, desde que não haja convenção/tratado internacional em sentido contrário;
4. Empresa que promove serviços fora do lugar do contrato de trabalho: empregado pode
ajuizar ação no local da celebração do contrato ou naquele da prestação dos respectivos.

Aplicação da lei (material) brasileira para trabalhadores brasileiros contratados no


Brasil, para prestar serviços no exterior (art. 651, §2º, CLT):
• Obedecia-se à territorialidade: Súmula 207 TST - “a relação jurídica trabalhista é regida
pelas leis vigentes no país da prestação de serviço e não por aquelas do local da contratação”;
23
• A alteração da Lei 7.064/82 pela Lei 11.962 de 2009 - cancelamento da Súmula 207
pelo TST (Resolução 181/2012);
• Os contratos de trabalho passaram a ser elaborados com base na norma mais favorável
ao trabalhador, ou seja, a relação jurídica trabalhista somente será regida pelas leis do país de
prestação de serviços, quando esta lei trouxer maiores benefícios ao trabalhador comparada à lei
brasileira (art. 7.064/82, art. 3º, II);
• O TST vem aplicando a legislação brasileira aos contratos de trabalhadores
transferidos para o exterior, por ser mais benéfica, assegurando direitos tais como 13º salário e
férias, inclusive recolhimento de INSS e do FGTS.

d) Competência em razão do valor da causa: leva em consideração o montante pecuniário


da pretensão, ou seja, o valor do pedido. No Processo do Trabalho, o valor dos pedidos serve para
determinar o rito processual:
1. Até 02 salários mínimos = rito sumário (Lei .5.584/70);
2. Acima de 02 e até 40 salários mínimos = rito sumaríssimo (Lei 9.957/00);
3. Acima de 40 salários mínimos = rito ordinário (CLT).
Obs: Na Justiça do Trabalho, não existem órgãos especiais (Juizados Especiais, por exemplo).
Logo, o valor da causa não determina a competências do órgão, mas somente o rito.

e) Competência em razão da hierarquia dos órgãos judiciários (competência interna


ou funcional): se dá em razão da natureza e exigências especiais das funções exercidas pelo juiz no
processo. No Processo do Trabalho, a competência funcional vem disciplinada na CLT e também nos
Regimentos Internos dos TRTs e TST. Ocorre quando determinada demanda judicial deve ter como
destino, a apreciação de órgão jurisdicional específico dentro da Justiça do Trabalho, por exemplo, o
MS contra Juiz de primeiro grau e o dissídio coletivo têm como destino, o Presidente do TRT e não
outro Desembargador.

A Competência Funcional pode ser:


a. Originária: é a competência para conhecer da causa em primeiro plano. Salvo regra
expressa em sentido contrário, o processo inicia-se no primeiro grau de jurisdição. Na Justiça do
Trabalho, perante as Varas do Trabalho;
b. Recursal: é a competência para praticar determinados atos dos processos, em havendo
recurso das partes, como a competência dos Tribunais para Julgamento dos Recursos;
c. Executória: é a competência, fixada na lei processual, para realizar a execução do
processo, seja por títulos executivos judiciais ou extrajudiciais. Na CLT, a matéria está prevista nos
arts. 877 e 877-A:

➢ Competência Funcional das Varas do Trabalho: artigos 652, 653 e 659 da CLT;
➢ Competência Funcional dos Tribunais Regionais do Trabalho: artigos 678, 679 e
680, CLT;
➢ Competência Funcional do Tribunal Superior do Trabalho: Lei 7.701/88,
Regimento Interno, art. 74.
➢ Competência Funcional do Tribunal Pleno: art. 75 do Regimento Interno do TST;
➢ Competência Funcional da SDC: art. 77 do RI TST;
24
➢ Competência Funcional das SDIs: art. 78 do RI TST;
➢ Competência Funcional das Turmas do TST: art. 79 do RI TST.

c. Executória: é a competência, fixada na lei processual, para realizar a execução do


processo, seja por títulos executivos judiciais ou extrajudiciais. Na CLT, a matéria está prevista nos
arts. 877 e 877-A:

Art. 877 - É competente para a execução das decisões o Juiz ou Presidente do


Tribunal que tiver conciliado ou julgado originariamente o dissídio.

Art. 877-A - É competente para a execução de título executivo extrajudicial o


juiz que teria competência para o processo de conhecimento relativo à
matéria.

Competências Absolutas: são assim definidas porque o Juiz poderá conhecer de ofício, não
havendo preclusão para a parte ou para o Juiz, podendo a parte invoca-la antes do trânsito em julgado
da decisão:
a. Competência em razão da matéria;
b. Competência em razão da pessoa;
c. Competência em razão da hierarquia;
d. Competência em razão do valor da causa (por que ele determina o rito).

Competências Relativas: são aquelas em que a parte deve invocá-la por meio de exceção
de incompetência (art. 799 e seguintes, CLT). Caso não invocada pela parte no momento processual
oportuno, prorroga-se a competência:
a. Competência em razão do território.

Competência Criminal da Justiça do Trabalho:


• A Justiça do Trabalho não possui competência penal;
• Pode julgar mandado de segurança, habeas corpus, habeas data, contudo, estas não são
“ações penais”, muito embora possam ter índole penal;
• Código Penal – artigos 197 ao 207 – Crimes contra a Organização do Trabalho;
• Competência da Justiça Federal – artigo 109, VI, CR/88;
• Condutas criminosas ocorridas no curso do processo do trabalho, deverão ser
encaminhadas à Polícia Federal para investigação e, se for o caso, ao MPF ou MPT, para serem
processadas na Justiça Federal. Exemplos: fraude contra FGTS; fraude contra Seguro Desemprego;
falso testemunho; fraude processual; ameaças ou agressões à Juiz ou servidores; etc;
• Previsão de responsabilidade por crimes no curso de greve – MPF ou MPT abrem
inquérito e podem oferecer a denúncia ou propor a ação competente (art. 15, Lei 7.783/89)

Modificação de Competência:
A competência relativa da Justiça do Trabalho poderá ser modificada em razão da conexão
e continência:

25
São conexas duas ou mais ações quando apresentem mesma causa de pedir ou pedido, mas
os partes, necessariamente, não são as mesmas.
Ocorre continência quando existir mesmas partes e causa de pedir em duas ou mais ações,
mas o pedido abrange o pedido das demais ações. (Artigos 55 ao 57 do CPC, aplicado ao Processo do
Trabalho por força do artigo 769 da CLT).

CLT, Art. 769 - Nos casos omissos, o direito processual comum será fonte
subsidiária do direito processual do trabalho, exceto naquilo em que for
incompatível com as normas deste Título.

CPC. Art. 55. Reputam-se conexas 2 (duas) ou mais ações quando lhes for
comum o pedido ou a causa de pedir.
§ 1º Os processos de ações conexas serão reunidos para decisão conjunta,
salvo se um deles já houver sido sentenciado.
§ 2º Aplica-se o disposto no caput :
I - à execução de título extrajudicial e à ação de conhecimento relativa ao
mesmo ato jurídico;
II - às execuções fundadas no mesmo título executivo.
§ 3º Serão reunidos para julgamento conjunto os processos que possam gerar
risco de prolação de decisões conflitantes ou contraditórias caso decididos
separadamente, mesmo sem conexão entre eles.

CPC. Art. 56. Dá-se a continência entre 2 (duas) ou mais ações quando houver
identidade quanto às partes e à causa de pedir, mas o pedido de uma, por ser
mais amplo, abrange o das demais.

CPC. Art. 57. Quando houver continência e a ação continente tiver sido
proposta anteriormente, no processo relativo à ação contida será proferida
sentença sem resolução de mérito, caso contrário, as ações serão
necessariamente reunidas.

AINDA SOBRE COMPETÊNCIA:


1ª ATENÇÃO:

CF/88. Art. 112. A lei criará varas da Justiça do Trabalho, podendo, nas
comarcas não abrangidas por sua jurisdição, atribuí-la aos juízes de direito,
com recurso para o respectivo Tribunal Regional do Trabalho.

Súmula do STJ: Instalada a junta de conciliação e julgamento, cessa a


competência do juiz de direito em matéria trabalhista, inclusive para a
execução das sentenças por ele proferidas.

26
2ª ATENÇÃO:

A competência para processar e julgar as ações acidentárias em face do instituto de


previdência social é da Justiça Comum Estadual, conforme exceção prevista no artigo 109, inciso I, da
Constituição Federal, corroborado pelo artigo 129, inciso II , da Lei n. 8213 /91.

Veja pessoal: a competência para processar ações de acidente de trabalho que buscam
indenizações ou reparações pelo acidente em face do empregador, é da Justiça do Trabalho; a
competência para processar ações do benefício previdenciário de auxílio-doença acidentário de
espécie 91 (acidente de trabalho) em face do INSS é da Justiça Estadual (Comum); e a competência
para processar ações do benefício previdenciário de auxílio-doença de espécie 31 em face do INSS é
da Justiça Federal.

III. DAS PARTES E PROCURADORES

Com a petição inicial, as partes são qualificadas e, com a propositura, fixam-se os limites
subjetivos da lide (individualização dos polos ativo e passivo da relação jurídica). Autor é chamado
de reclamante. Réu é chamado de reclamado(a).

CPC, Art. 506. A sentença faz coisa julgada às partes entre as quais é dada, não
prejudicando terceiros.

Capacidade de ser parte na Justiça do Trabalho:


Capacidade Civil: é a aptidão civil para adquirir direitos e obrigações. Capacidade Processual
é pressuposto, significa aptidão para atos processuais. Legitimidade para a causa – aquele que for
titular de direito material discutido em juízo.

CC. Art. 1º. Toda pessoa é capaz de direitos e deveres na ordem civil.

CC. Art. 2º. A personalidade civil da pessoa começa do nascimento com vida;
mas a lei põe a salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro.

Capacidade para fins processuais:

a) Capacidade de direito e de ser parte: adquirido a personalidade, toda a pessoa têm


capacidade de ser parte, figurar nos polos ativo ou passivo de uma reclamação trabalhista:

b) Capacidade de fato ou ad processum: de estar em juízo sem necessidade de


representação ou assistência. Legitimidade para o processo;
❖ Somente pessoas maiores de 18 anos. Incapazes serão representados. Os
relativamente incapazes serão assistidos;

CPC. Art. 70. Toda pessoa que se encontre no exercício de seus direitos tem
capacidade para estar em juízo.
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CC. Art. 5º. A menoridade cessa aos dezoito anos completos, quando a pessoa
fica habilitada à prática de todos os atos da vida civil.

c) Capacidade Postulatória ou Jus Postulandi: capacidade para postular em juízo em


causa própria ou defendendo terceiros. A Capacidade Postulatória não se confunde com a Capacidade
Processual. Aquela é a aptidão que se tem de procurar outrem ou, a si mesmo, no Judiciário. Esta diz
respeito à titularidade de direito que se discute em juízo. Basicamente, possuem Capacidade
Postulatória na Justiça do Trabalho: Advogado e Procurador do MPT. Empregado e Empregadores
também (art. 791, caput, CLT), contudo, limitada para determinadas ações e graus de jurisdição
(Súmula 425, TST).

Da Representação e Assistência das Partes na Justiça do Trabalho:


Representação Processual: alguém que venha a juízo, autorizado pela lei, para postular
judicialmente em nome de outrem, defendendo em nome alheio, o interesse alheio.
A irregularidade na representação processual acarreta a extinção do processo sem resolução
do mérito, por ausência de pressuposto processual de validade da relação jurídica processual (art.
486, IV, CPC). Aplicação que se coaduna com o CPC e CC:

CPC. Art. 71. O incapaz será representado ou assistido por seus pais, por tutor
ou por curador, na forma da lei. (Assistência)

CC. Art. 3º. São absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da


vida civil os menores de 16 (dezesseis) anos. (Representação).

Da Representação do Empregador:

Regra: deverá ser representado por seus sócios ou quem determinado no contrato (sócio-
administrador) ou estatuto (presidente, sócio-majoritário). CPC, art. 75, se aplica integralmente ao
Processo do Trabalho.

CLT. Art. 843.


§1º. É facultado ao empregador fazer-se substituir pelo gerente, ou qualquer
outro preposto que tenha conhecimento do fato, e cujas declarações obrigarão
o proponente.
§3o. O preposto a que se refere o § 1o deste artigo não precisa ser empregado
da parte reclamada.

Logo, derrogada a Súmula 377 do TST:

PREPOSTO. EXIGÊNCIA DA CONDIÇÃO DE EMPREGADO.


Exceto quanto à reclamação de empregado doméstico, ou contra micro ou
pequeno empresário, o preposto deve ser necessariamente empregado do

28
reclamado. Inteligência do art. 843, § 1º, da CLT e do art. 54 da Lei
Complementar nº 123, de 14 de dezembro de 2006.

Neste caso, uma parte (mandante) cuida de outorgar, por ato de vontade, mediante
procuração (instrumento do mandato), poderes gerais ou específicos para que a outra (mandatário)
pratique atos jurídicos em seu nome e no seu interesse.

Representação do Empregado:

CLT. Art. 843.


§2º. Se por doença ou qualquer outro motivo poderoso, devidamente
comprovado, não for possível ao empregado comparecer pessoalmente,
poderá fazer-se representar por outro empregado que pertença à mesma
profissão, ou pelo seu sindicato.
CLT. Art. 791.
§1º. Nos dissídios individuais os empregados e empregadores poderão fazer-
se representar por intermédio do sindicato, advogado, solicitador, ou
provisionado, inscrito na Ordem dos Advogados do Brasil.

Da Representação do Empregado Menor de 18 anos:

Deve ser realizada por seus representantes legais. Ambos, menor e representante(s) legal(is)
deverão estar qualificados na petição inicial.
Na falta de representantes legais, a representação dar-se-á pelo:
a. Ministério Público do Trabalho;
b. Sindicato representante da categoria profissional;
c. Ministério Público Estadual; ou
d. Curador nomeado pelo juízo (Advocacia Dativa).

CLT. Art. 793. A reclamação trabalhista do menor de 18 anos será feita por seus
representantes legais e, na falta destes, pela Procuradoria da Justiça do
Trabalho, pelo sindicato, pelo Ministério Público estadual ou curador nomeado
em juízo.

Sucessão das Partes no Processo do Trabalho:

A sucessão processual consiste na substituição das partes no processo, decorrente de:


• Morte de pessoa natural titular do direito em juízo (causa mortis)
• Transferência do direito em que se funda a ação (inter vivos).
Não se confunde com a “substituição processual”. Na sucessão, uma pessoa sucede a outra
na relação processual, assumindo a titularidade da ação, seja no polo ativo ou passivo. Na
substituição, o substituto pleiteia em nome próprio, direito alheio.

29
Sucessão do Empregado:

Falecendo o empregado reclamante, o espólio promoverá a Reclamação Trabalhista


representado pelo inventariante, sob pena da irregularidade de representação invalidar qualquer
pagamento efetuado em juízo com o aval do magistrado.
Quando a morte do reclamante ocorrer no curso do processo, o Juiz do Trabalho deverá
suspender o feito e determinar prazo razoável para habilitação dos sucessores.

CPC. Art. 313. Suspende-se o processo:


I - pela morte ou pela perda da capacidade processual de qualquer das partes,
de seu representante legal ou de seu procurador.
O §1º traz a previsão de habilitação do(s) sucessor(es). O §2º traz a previsão
da não ocorrência da habilitação.

CPC. Art. 689 – juntada de certidão de óbito do de cujus, certidão de que o


habilitando foi incluído, sem qualquer oposição, no inventário. Habilitação
admitida por simples despacho. Juntada nos autos do processo principal.

Morte de Sócio da Empresa

Ocorrendo a morte do sócio da empresa: não haverá alteração do polo passivo, pois quem
nele figura é a empresa (pessoa jurídica).
Empreendimento: conjunto de materiais (prédios, máquinas, produtos, instalações, etc) e
imateriais (crédito, renome, etc) que compõe o empreendimento.
Bens que serão arrecadados por meio da penhora, pouco importando quais são as pessoas
físicas detentoras (inclusive falecidos).
Ocorrendo a morte do empregador (PF ou Firma Individual): haverá sucessão causa
mortis no polo passivo – juiz suspende o processo para regularização do espólio (art. 313, I, CPC). Se
os herdeiros do reclamado não providenciarem a abertura do inventário, poderá o reclamante fazê-
lo, para que nomeado o inventariante pelo juízo competente, venha ele a representar o espólio do
reclamado no Processo Trabalhista.

Sucessão da Empresa:

Quando ocorre a “sucessão de empresas”? Quando ocorre a “transferência


significativa da propriedade”?

Nas empresas, há sucessão quando há transferência do fundo de comércio para outra


empresa, ocorre uma mudança na propriedade da empresa ou alguma alteração significativa na sua
estrutura jurídica. Ocorre transferência de titularidade da empresa sucedida – e,
consequentemente, de suas obrigações – para a empresa sucessora. Decorrente, as dívidas
trabalhistas igualmente são transferidas.
Exemplos:
- fusão, incorporação, cisão;
30
- venda;
- mudança no número dos sócios;
- transformação de firma individual em sociedade, etc.

A empresa sucessora continua utilizando-se dos serviços dos empregados da sucedida. Os


contratos de trabalho permanecem inalterados, porque firmados com a empresa (que personifica o
“empreendimento”), independente de seus titulares. Por isso, é impessoal em relação a quem se
encontra à frente do empreendimento. Nesta transação, devem ser respeitados:
• Princípio da Continuidade – determina que os contratos de trabalho por tempo
indeterminado continuem da forma que estavam pré-estabelecidos. As obrigações do empregador
face seus empregados, portanto, devem permanecer as mesmas – ainda que a pessoa jurídica que deu
início à relação de emprego seja substituída por outra no curso do contrato.
• Princípio da Condição Mais Favorável: os contratos de trabalho permanecerão
vantajosos para os empregadas, vedada a alteração em prejuízo, ainda que mediante consentimento
do empregado (art. 468, CLT).

Para que exista a sucessão de empresa, dois requisitos são indispensáveis:


a) que um estabelecimento como unidade econômica passe de um para outro titular.
Estabelecimento como integral estrutura produtiva da empresa – meio pelo qual a atividade
econômica é possível de ser realizada, alcançada;
b) que a prestação de serviço pelas empresas não sofra solução de continuidade. Ou seja, a
atividade econômica deve continuar, alterando-se tão somente a “propriedade” do empreendimento.
Não é possível, portanto, falar-se em sucessão quando tenha havido a alienação de apenas
parte de um negócio que não possa ser considerado uma unidade econômico-produtiva autônoma,
ou de máquinas e coisas vendidas como bens singulares.

CLT. Art. 10. Qualquer alteração na estrutura jurídica da empresa não afetará
os direitos adquiridos por seus empregados.

CLT. Art. 448. A mudança na propriedade ou na estrutura jurídica da empresa


não afetará os contratos de trabalho dos respectivos empregados.

Art. 448-A. Caracterizada a sucessão empresarial ou de empregadores prevista


nos arts. 10 e 448 desta Consolidação, as obrigações trabalhistas, inclusive as
contraídas à época em que os empregados trabalhavam para a empresa
sucedida, são de responsabilidade do sucessor.
Parágrafo único. A empresa sucedida responderá solidariamente com a
sucessora quando ficar comprovada fraude na transferência.

CLT. Art. 10-A. O sócio retirante responde subsidiariamente pelas obrigações


trabalhistas da sociedade relativas ao período em que figurou como sócio,
somente em ações ajuizadas até dois anos depois de averbada a modificação
do contrato, observada a seguinte ordem de preferência:
I - a empresa devedora;
31
II - os sócios atuais; e
III - os sócios retirantes.
Parágrafo único. O sócio retirante responderá solidariamente com os demais
quando ficar comprovada fraude na alteração societária decorrente da
modificação do contrato.

1. Substituição Processual no Processo do Trabalho – Entidade Sindical

Também chamada de “legitimidade extraordinária” ou “legitimidade anômala”:


possibilidade de alguém vir a juízo postular em nome próprio, direito alheio.
O substituto tem legitimidade para estar no processo como parte, mas não é titular do direito
material discutido. Não se confunde com a representação, porque o substituto age em nome próprio.
O representante defende em nome alheio, direito alheio.

CPC. Art. 18. Ninguém poderá pleitear direito alheio em nome próprio, salvo
quando autorizado pelo ordenamento jurídico.
Parágrafo único. Havendo substituição processual, o substituído poderá
intervir como assistente litisconsorcial.

Visão de parte da doutrina: porque é uma transferência de titularidade do direito de ação,


sua pertinência é restrita para alguns casos em que há correlação de interesses entre substituto e o
substituído.
Visão da doutrinária majoritária: substituto só atua na estrita autorização legal expressa.
O substituto poderá (porque representa direito alheio):
• postular, responder, recorrer e executar a decisão.
O substituto não poderá (porque o direito é indisponível):
• transigir, renunciar ou reconhecer juridicamente o pedido.

Substituição pelo Sindicato:

CRFB/88: Art. 8º É livre a associação profissional ou sindical, observado o


seguinte:
...
III - ao sindicato cabe a defesa dos direitos e interesses coletivos ou individuais
da categoria, inclusive em questões judiciais ou administrativas
Consagra a substituição processual pelo sindicato de forma ampla no Processo
do Trabalho.

AG. REG. NO RECEXTRA 189.264-1 DF – STF – 23.2.2007:


O Plenário do Supremo Tribunal Federal deu interpretação ao art. 8º, III, da
Constituição, e decidiu que os sindicatos têm legitimidade processual para
atuar na defesa de todos e quaisquer direitos subjetivos individuais e coletivos
dos integrantes da categoria por ele representada.

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Objetivos e benefícios da substituição processual:
a) Conferir máxima efetividade ao dispositivo constitucional;
b) Facilitar o acesso à Justiça do Trabalho;
c) Evitar proliferação de ações individuais sobre a mesma matéria;
d) Promover a efetividade dos direitos sociais previstos na CR e resguardar a dignidade
da pessoa humana do trabalhador e os valores sociais do trabalho;
e) Economia processual e máxima efetividade da Justiça do Trabalho;
f) Evitar decisões conflitantes sobre a mesma matéria;
g) Interromper a prescrição para demandas com a mesma origem do direito;
h) Impedir que o empregado eventualmente sofra retaliações do empregador ao
ingressar com uma ação individual durante a vigência do contrato de trabalho.

Direitos tutelados pela substituição processual de sindicato:

CDC. Art. 81. Parágrafo único. A defesa coletiva será exercida quando se tratar
de:
II - interesses ou direitos coletivos, assim entendidos, para efeitos deste
código, os transindividuais, de natureza indivisível de que seja titular grupo,
categoria ou classe de pessoas ligadas entre si ou com a parte contrária por
uma relação jurídica base;

Natureza indivisível e sujeitos (destes Direitos) são determináveis ou passíveis de


identificação. Coletivos: vínculo jurídico de relação laboral marcado pela representação classista (de
categoria), com mesmos interesses ou, ao menos, comuns quanto aos costumes. Exemplo: direito ao
reajuste salarial firmado em norma coletiva de trabalho, exigindo-se cumprimento desta.

CDC. Art. 81. Parágrafo único. A defesa coletiva será exercida quando se tratar
de:
III - interesses ou direitos individuais homogêneos, assim entendidos os
decorrentes de origem comum.

Direitos de natureza individual (portanto, não são coletivos). Interesses divisíveis ou


individualizáveis. A titularidade do direito é determinada. Podem ser vindicados de forma coletiva.
As questões comuns predominam sobre as individuais. Exemplo: direito ao adicional de
insalubridade – se um receber, todos os que trabalham juntos também receberão = titular é o próprio,
mas os efeitos são erga omnes porque a origem é comum. Ação própria (individual) ou Ação Civil
Coletiva.

ENUNCIADO 77 DA 1ª JORNADA DE DIREITO MATERIAL E PROCESSUAL DO


TRABALHO REALIZADA NO TST. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. INTERESSES
INDIVIDUAIS HOMOGÊNEOS. LEGITIMAÇÃO DOS SINDICATOS.
DESNECESSIDADE DE APRESENTAÇÃO DE ROL DOS SUBSTITUÍDOS.
I – Os sindicatos, nos termos do art. 8º, III, da CF, possuem legitimidade
extraordinária para a defesa dos direitos e interesses – individuais e
33
metaindividuais – da categoria respectiva em sede de ação civil pública ou
outra ação coletiva, sendo desnecessária a autorização e indicação nominal
dos substituídos.
II – Cabe aos sindicatos a defesa dos interesses e direitos metaindividuais
(difusos, coletivos e individuais homogêneos) da categoria, tanto
judicialmente quanto extrajudicialmente.
III – Na ausência de sindicato, é da federação respectiva a legitimidade
extraordinária para a defesa dos direitos e interesses da categoria e, na falta
de ambos, da confederação.
IV – O art. 16 da Lei da ação civil pública contraria toda a filosofia e sistemática
das ações coletivas. A decisão proferida nas ações coletivas deve ter alcance,
abrangência e eficácia em toda área geográfica afetada, seja em todo o
território nacional (âmbito nacional) ou em apenas parte dele (âmbito supra-
regional), conforme a extensão do ato ilícito e/ou do dano causado ou a ser
reparado.

Individualização dos Substituídos:

Revogação da Súmula 301 do TST (especialmente o inciso V):


V - Em qualquer ação proposta pelo sindicato como substituto processual, todos os substituídos
serão individualizados na petição inicial e, para o início da execução, devidamente identificados pelo
número da Carteira de Trabalho e Previdência Social ou de qualquer documento de identidade.

Possibilidade de individualização x sentença líquida:


Quanto ao proferimento de sentença líquida, inevitavelmente dependerá dos pedidos da
inicial, da limitação ou extensão da pretensão, inclusive, da possibilidade de identificar os
substituídos;
Capítulo II que trata da Ação Coletiva - Art. 97, Lei 8.078/90: A liquidação e a execução de
sentença poderão ser promovidas pela vítima e seus sucessores, assim como pelos legitimados de que
trata o art. 82;

Posicionamento atual:
Desnecessária a individualização dos substituídos na petição inicial;
Identificação do rol de substituídos: art. 128, III, §1º da CF, art. 95, CDC, Lei 7.347/85 e Lei
8.078/90, Art. 879, caput, CLT, art. 509, II, CPC (liquidação por artigos do antigo CPC, agora é
chamado de Liquidação pelo procedimento comum no NCPC);
Quanto ao proferimento de sentença líquida, inevitavelmente dependerá dos pedidos da
inicial, da limitação ou extensão da pretensão, inclusive, da possibilidade de identificar os
substituídos.

34
2. Procuração ao Advogado na Justiça do Trabalho

CF/88, Art. 133. O advogado é indispensável à administração da justiça, sendo


inviolável por seus atos e manifestações no exercício da profissão, nos limites
da lei.

Jus Postulandi – Artigo 791 da CLT E Súmula 435 do TST – obrigatoriedade de Advogado
somente na ação rescisória, a ação cautelar, o mandado de segurança e os recursos de competência
do Tribunal Superior do Trabalho.

“Provisionado” do §1º do Art. 791 da CLT – é o atual Estagiário inscrito na OAB, que pode
praticar atos processuais acompanhando do Advogado e sob a responsabilidade deste (art. 3º, §2º,
Lei 8.906/94). Não pode atuar em juízo sem a presença do Advogado, mas pode acompanhar a parte
nas chamadas “Audiências Iniciais”.

Para evitar perecimento de direito (preclusão, decadência, prescrição ou ato considerado


urgente), o Advogado pode postular sem procuração, devendo juntar procuração no prazo máximo
de 15 dias – artigo 104 do CPC.

Procuração não necessita de reconhecimento de firma do outorgante. Procuração com


cláusula ad judicia – amplos poderes para postular em juízo.

Procuração com poderes especiais - devem estar expressos na procuração: receber citação
inicial, confessar, reconhecer a procedência do pedido, transigir, desistir, renunciar ao direito sobre
o que se funda a ação, receber, dar quitação e firmar compromisso – artigo 105, CPC.

O Advogado tem o dever de informar, em juízo, eventuais alterações no seu endereço para
recebimento de intimações, sob pena de ser considerado intimado – artigo 106, CPC.

Súmula nº. 427 TST: Havendo pedido expresso de que as intimações e


publicações sejam realizadas exclusivamente em nome de determinado
advogado, a comunicação em nome de outro profissional constituído nos autos
é nula, salvo se constatada a inexistência de prejuízo.

Não é causa de nulidade processual a intimação realizada na pessoa de Advogado


regularmente habilitado nos autos, ainda que conste pedido exrepsso para que as comunicações dos
atos processuais sejam feitas em nome de outro advogado, se o profissional indicado não se
encontrado previamente cadastrado no Pje – Artigo 16 da IN nº. 39/16 do TST e artigo 276 do
CPC.

SÚMULA Nº 456 DO TST. REPRESENTAÇÃO. PESSOA JURÍDICA.


PROCURAÇÃO. INVALIDADE. IDENTIFICAÇÃO DO OUTORGANTE E DE SEU
REPRESENTANTE.

35
I - É inválido o instrumento de mandato firmado em nome de pessoa jurídica
que não contenha, pelo menos, o nome do outorgante e do signatário da
procuração, pois estes dados constituem elementos que os individualizam.
II – Verificada a irregularidade de representação da parte na instância
originária, o juiz designará prazo de 5 (cinco) dias para que seja sanado o vício.
Descumprida a determinação, extinguirá o processo, sem resolução de mérito,
se a providência couber ao reclamante, ou considerará revel o reclamado, se a
providência lhe couber (art. 76, § 1º, do CPC de 2015).
III – Caso a irregularidade de representação da parte seja constatada em fase
recursal, o relator designará prazo de 5 (cinco) dias para que seja sanado o
vício. Descumprida a determinação, o relator não conhecerá do recurso, se a
providência couber ao recorrente, ou determinará o desentranhamento das
contrarrazões, se a providência couber ao recorrido (art. 76, § 2º, do CPC de
2015).

SÚMULA Nº 395 DO TST.


MANDATO E SUBSTABELECIMENTO. CONDIÇÕES DE VALIDADE
I - Válido é o instrumento de mandato com prazo determinado que contém
cláusula estabelecendo a prevalência dos poderes para atuar até o final da
demanda (§ 4º do art. 105 do CPC de 2015).
II – Se há previsão, no instrumento de mandato, de prazo para sua juntada, o
mandato só tem validade se anexado ao processo o respectivo instrumento no
aludido prazo.
III - São válidos os atos praticados pelo substabelecido, ainda que não haja, no
mandato, poderes expressos para substabelecer (art. 667, e parágrafos, do
Código Civil de 2002).
IV - Configura-se a irregularidade de representação se o substabelecimento é
anterior à outorga passada ao substabelecente.
V – Verificada a irregularidade de representação nas hipóteses dos itens II e
IV, deve o juiz suspender o processo e designar prazo razoável para que seja
sanado o vício, ainda que em instância recursal (art. 76 do CPC de 2015).

Procuração Apud Acta:


Chamada de Procuração Tácita, é o mandato passado em audiência. A parte constitui seu
Advogado naquele momento, perante o Juiz do Trabalho, que lavrará a representação em ata de
audiência;
Esta procuração, por ser constituída de forma tácita, somente contém as cláusulas ad judicia,
ou seja, para postulação em juízo. As especiais (art. 105, CPC), deverão ser objeto de procuração
específica;

CLT, Art. 791, § 3o. A constituição de procurador com poderes para o foro em
geral poderá ser efetivada, mediante simples registro em ata de audiência, a
requerimento verbal do advogado interessado, com anuência da parte
representada;
36
Mandados tácitos não podem ser substabelecidos:

OJ 200 SDI-1 TST. MANDATO TÁCITO. SUBSTABELECIMENTO INVÁLIDO. É


inválido o substabelecimento de advogado investido de mandato tácito.

IV. DOS ATOS PROCESSUAIS

Relembrando do Direito Civil:


✓ Fato jurídico: acontecimento previsto na norma, em que um evento surgido pela vontade
das partes ou por força da própria natureza, causa repercussão, causa consequências na esfera
jurídica, por que cria, modifica ou extingue direitos;
✓ Fato jurídico em sentido estrito: acontecimento natural, sem intervenção (propulsão)
da vontade humana: morte, nascimento, maioridade, etc (ordinários) e caso fortuito ou força maior
(extraordinários);
✓ Ato Jurídico: ação humana (amplo), que estando (lícito) ou não (ilícito – negligência,
imprudência, imperícia) de acordo como ordenamento jurídico, produz efeitos na órbita jurídica,
podendo ser praticados sem intenção negocial (strictu sensu) ou com intenção negocial (negócios
jurídicos). Os atos contextualizam (formam, constituem) o Fato Jurídico.

Quanto aos Atos Processuais – relembrando:


✓ Realizações de procedimentos cadenciados, destinados ao trâmite do processo, ou seja,
ao seu desenvolvimento e evolução;
✓ São praticados pelas partes (por força de lei ou voluntariamente), pelos auxiliares da
Justiça e pelo Juiz (sempre mediante previsão ou permissão legal, ou seja, por “impulso processual –
de ofício”;
✓ Os conceitos do Dir. Civil igualmente se aplicam, por correspondência, ao processo (Fatos
Processuais – acontecimentos naturais, morte da parte, revelia, perempção, etc) e Negócios Jurídicos
Processuais (desistência, transação, conciliação, etc);
✓ A relevância do conceito dos atos processuais tem razão na existência da relação jurídica
processual, porque são eles que promovem a constituição, conservação, desenvolvimento,
modificação ou cessão da relação processual.

Princípios dos Atos Processuais:


✓ Publicidade: Artigo 770, CLT: Os atos processuais serão públicos salvo quando o
contrário determinar o interesse social, e realizar-se-ão nos dias úteis das 6 (seis) às 20 (vinte) horas;
penhora no domingo ou feriado mediante autorização judicial; Artigo 779, CLT: As partes, ou seus
procuradores, poderão consultar, com ampla liberdade, os processos nos cartórios ou secretarias.
✓ Limites Temporais: Artigo 212, CPC: atos das 06 às 20h; exceção quando o adiamento
trouxer prejuízos ou grave dano; citações, intimações e penhoras poderão se realizar em férias
forenses, feriados ou dias úteis após o limite de horário; petições eletrônicos, evidente, não se
submetem ao limite temporal; respeitando sempre o Artigo 5º, XI, CF – casa é asilo inviolável, salvo
consentimento do morador, flagrante delito ou desastre, ou por determinação judicial;

37
✓ Forma: Artigo 771, CLT: Os atos e termos processuais poderão ser escritos a tinta,
datilografados ou a carimbo. Termo processual é a documentação de um ato, é o instrumento pelo qual
o ato será retratado e juntado aos autos.
✓ Documentação: Artigo 772, CLT: Os atos e termos processuais, que devam ser assinados
pelas partes interessadas, quando estas, por motivo justificado, não possam fazê-lo, serão firmados
a rogo, na presença de 2 (duas) testemunhas, sempre que não houver procurador legalmente
constituído; Artigo 773, CLT: Os termos relativos ao movimento dos processos constarão de simples
notas, datadas e rubricadas pelos secretários ou escrivães.
✓ Preclusão: Artigo 223, CPC: Decorrido o prazo, extingue-se o direito de praticar ou de
emendar o ato processual, independentemente de declaração judicial, ficando assegurado, porém, à
parte provar que não o realizou por justa causa. – Preclusão é a perda da possibilidade da prática de
um ato processual decorrente de um ônus da parte que deste não de desincumbiu: pelo não exercício
de prazo previsto pela lei (temporal); faculdade já exercida (consumativa); prática de ato
incompatível (lógica).

Atos Processuais e Processo Judicial Eletrônico:


✓ Início com a Lei nº. 9.800/99 – envio de petições por fax às Secretaria das Varas e
Tribunais;
✓ Súmula 387, TST – efeitos temporais da lei – somente recursos interpostos após –
apresentação de originais após o envio por fax – não se aplica a lei para as partes, somente aos órgãos
jurisdicionais;
✓ Instrução Normativa nº. 28/2005, TST – possibilita a prática de atos por meio
eletrônicos, que foi adotada por Provimentos Internos para cada TRT;
✓ Lei 11.419/2006 – lei própria para disciplinar a utilização de sistema eletrônico dos atos
e comunicações processuais – institui o Pje – Processo Judicial Eletrônico;
✓ Artigo 196, CPC – compete ao CNJ e, supletivamente aos tribunais, regulamentar a prática
e a comunicação oficial de atoso processuais por meio eletrônico;
✓ Resolução nº. 185/2017, CSJT - padronização do uso, governança, infraestrutura e
gestão do Sistema Processo Judicial Eletrônico (PJe) instalado na JT.

Prazos dos Atos Processuais:


✓ Legais: fixados na lei processual. Exemplos: 20 minutos para Defesa em Audiência (art.
847, CLT); oito dias para interposição de Recurso Ordinário (art. 895, CLT);
✓ Judiciais: fixados pelo Juiz quando a lei for omissa, artigo 218, §1º, CPC. Exemplos: 5 dias
para juntada de carta de preposição ou substabelecimento; 10 dias para o reclamante se manifestar
sobre a contestação e documentos;
✓ Convencionais: fixados pelas próprias partes de comum acordo. Exemplos: suspensão do
processo para tentativa de acordo; prazo para devolução ou entrega de CTPS para anotação;
✓ Peremptórios: fatais. De natureza preclusiva, ou seja, não podem ser alterados por
vontade das partes. Não se prorrogam;
✓ Dilatórios: não preclusivos, admitem prorrogação pela solicitação das partes ou
determinação do Juiz e podem ser fixados pelas partes em comum acordo.

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Contagem dos Atos Processuais:
✓ Exclui-se o dia do começo e inclui-se o dia do vencimento. Dias úteis. Artigo 775, CLT.
Aplica-se também para os prazos do direito material, como por exemplo, pagamento das verbas
rescisórias – Artigo 477, §6º, CLT;
✓ Se o dia do início for não útil, o prazo se iniciará no primeiro dia útil seguinte;
✓ Se o dia do vencimento for não útil, prorroga-se para o primeiro dia útil seguinte;
✓ Contam-se os prazos excluindo o dia do começo e incluindo o dia do vencimento, ou seja,
a contagem será iniciada no primeiro dia útil subsequente ao dia da ciência/conhecimento;
✓ O prazo começa a fluir após a publicação da intimação, e não da data em que intimação foi
emitida/proferida. Assim, o prazo começa a fluir a partir da publicação no diário oficial (edital);
✓ Exemplo: se parte for notificada no dia 10 (sábado), por exemplo, o início para o início do
prazo será 12 (segunda) e o início da contagem do prazo será 13 (terça), porque dia 12 é considerado
como dia da ciência/conhecimento, e dia 13 o primeiro dia efetivo do prazo;
✓ Súmula 01 do TST - sistemática determina o início da contagem: primeiro dia útil
após a publicação;
✓ Cabe à parte que interpor recurso, provar feriado local ou de dia útil que não haja
expediente - Súmula 385, TST;
✓ Intimação ocorrer em sábado, prazo flui no primeiro dia útil subsequente – Súmula 262,
TST;
✓ Suspensão de prazos e audiências de 20.12 a 20.01 – art. 775-A, CLT = art. 220, CPC;
✓ Vencimento de prazos devem ser certificados no processo – art. 776, CLT;
✓ Prazos trabalhistas podem ser prorrogados, quando o juiz entender necessário; em
virtude de força maior comprovada; dilatação de prazos processuais e alteração da ordem de
produção dos meios de prova, para adequação do procedimento ao caso em concreto – art. 775 + 765,
CLT;
✓ MPT tem prazo em dobro. Se não se manifestar: segue o processo. Quando for prazo
próprio para o MPT, não se aplica o dobro – art. 180, CPC;
✓ Prazo no litisconsórcio – não se aplica o dobro no Processo do Trabalho – OJ 310 SDI-1
TST;

Tempestividade e Extemporaneidade:
✓ Intempestivo: ato processual praticado após o término do prazo;

✓ Extemporaneidade: ato processual praticado antes do início do prazo;

Art. 218, CPC. Os atos processuais serão realizados nos prazos prescritos em
lei.
...
§2º. Quando a lei ou o juiz não determinar prazo, as intimações somente
obrigarão a comparecimento após decorridas 48 (quarenta e oito) horas.
§3º. Inexistindo preceito legal ou prazo determinado pelo juiz, será de 5
(cinco) dias o prazo para a prática de ato processual a cargo da parte.
§4º. Será considerado tempestivo o ato praticado antes do termo inicial
do prazo.
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Súmula nº 434 do TST – Interposição de recurso antes da publicação do
acórdão impugnado - extemporaneidade – súmula cancelada.

Comunicação dos Atos Processuais


✓ Citação: ato pelo qual se dá ciência ao réu, executado ou interessado acerca da existência
de processo judicial, para que a integre. Artigo 238, CPC;
✓ Intimação: ato pelo qual se dá ciência a alguém, acerca de um ato processual que precisa
de ser praticado – Artigo 269, CPC;
✓ Notificação: expressão utilizada no Processo do Trabalho que abarca tanto a citação
quanto a intimação;

Notificação Inicial: é a citação do Processo Civil, mas com regra própria no Processo do
Trabalho

Artigo 841, CLT: Recebida e protocolada a reclamação, o escrivão ou


secretário, dentro de 48 (quarenta e oito) horas, remeterá a segunda via da
petição, ou do termo, ao reclamado, notificando-o ao mesmo tempo, para
comparecer à audiência do julgamento, que será a primeira desimpedida,
depois de 5 (cinco) dias.
§1º - A notificação será feita em registro postal com franquia. Se o reclamado
criar embaraços ao seu recebimento ou não for encontrado, far-se-á a
notificação por edital, inserto no jornal oficial ou no que publicar o expediente
forense, ou, na falta, afixado na sede da Junta ou Juízo. (Notificação Inicial
Postal ou por Edital)
§2º - O reclamante será notificado no ato da apresentação da reclamação ou na
forma do parágrafo anterior. (Notificação Inicial Presencial)

ATENÇÃO, POR FAVOR!!


A jurisprudência admite que a notificação ou citação inicial por via postal (art. 841, §1º, CLT)
presume-se realizada quando tenha sido entregue na empresa a empregado do réu, a zelador
do prédio comercial ou depositada em caixa postal da empresa. O objeto central da disposição
legal é a presunção de recebimento da notificação inicial pela empresa, tendo em vista a relevância
da notificação inicial que deve ter eficácia incontestável;
✓ Nos locais em que não houver circulação de Correios, a notificação inicial será realizada
por Oficial de Justiça;
✓ Intimações aos Advogados – por Diário Oficial;
✓ Intimação para o MPT – pessoalmente, através do Oficial de Justiça (art. 84, IV, LC 75/93
- organização, as atribuições e o estatuto do Ministério Público da União.

Suspensão dos Atos Processuais:


No Processo do Trabalho, temos as seguintes previsões:

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Exceções de Suspeição e Incompetência: Art. 799, CLT - Nas causas da jurisdição da Justiça
do Trabalho, somente podem ser opostas, com suspensão do feito, as exceções de suspeição ou
incompetência;

Motivo Relevante: Art. 844, §1o, CLT. Ocorrendo motivo relevante, poderá o juiz suspender
o julgamento, designando nova audiência.
✓ Contudo, se aplicam ainda as razões de suspensão do processo, previstas no artigo 313
do CPC, aplicado ao Processo do Trabalho por força do art. 769, CLT – morte; perda da capacidade
processual; convenção das partes; arguição de impedimento ou suspeição; força maior; etc;
✓ É vedado praticar qualquer ato processual durante a suspensão, exceto os urgentes e
somente mediante autorização do Juiz – art. 315, CPC;
✓ Ainda, suspende o Processo do Trabalho, ato que necessite de apuração de delito na
Justiça Criminal – artigo 315, CPC.

V. AUDIÊNCIA TRABALHISTA

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➢ Audiência – Latim Audire – “coisas que são ouvidas”;
➢ Remonta à antiga Roma: ato solene realizado com o objetivo do Estado ouvir súditos,
políticos ou julgados/acusados por alguma infração. Após a oitiva, que em verdade, se
consubstanciava (algo que remonta os dias atuais) à versão dos fatos apresentada por cada parte,
que juntamente traziam suas razões de acusação ou defesa;
➢ Conceito: a Audiência Trabalhista é um ato público em que o reclamado tem a
oportunidade de apresentar sua resposta às alegações do reclamante, o juiz procede à instrução e
também, formula propostas de conciliação, as partes apresentam as razões finais e juiz profere a
sentença.
➢ Na Audiência Trabalhista, via de regra, acontece quase todos os atos da fase de
conhecimento:
1. Como regra geral, ocorre o primeiro contato do Juiz com a Reclamação Trabalhista e
Defesa;
2. São realizadas as tentativas de conciliação;
3. O processo é saneado, suprindo-se eventuais nulidades;
4. A causa é discutida pelas Partes, Juízes e Advogados;
5. São fixados os pontos controvertidos e as provas a serem produzidas;
6. Ocorre a instrução da causa com oitiva das partes e testemunhas;
7. As Partes, após a instrução, poderão aduzir as razões finais (orais);
8. Finalmente, o processo será sentenciado.

➢ Características da importância da realização da Audiência Trabalhista:


1. Economia de atos processuais pela concentração deles na audiência una;
2. Maior potencialidade de obtenção da conciliação;
3. Maior interação das Partes e Advogados com o Juiz;
4. Maior protagonismo das Partes;
5. Produção probatória mais direta, abrangente.

Presença obrigatória das partes

CLT, Art. 843 - Na audiência de julgamento deverão estar presentes o


reclamante e o reclamado, independentemente do comparecimento de seus
representantes salvo, nos casos de Reclamatórias Plúrimas ou Ações de
Cumprimento, quando os empregados poderão fazer-se representar pelo
Sindicato de sua categoria.
§1º. É facultado ao empregador fazer-se substituir pelo gerente, ou qualquer
outro preposto que tenha conhecimento do fato, e cujas declarações obrigarão
o proponente.
§2º. Se por doença ou qualquer outro motivo poderoso, devidamente
comprovado, não for possível ao empregado comparecer pessoalmente,
poderá fazer-se representar por outro empregado que pertença à mesma
profissão, ou pelo seu sindicato.
§3o. O preposto a que se refere o § 1o deste artigo não precisa ser empregado
da parte reclamada.
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Concentração dos Atos Processuais numa única audiência (una)

CLT, Art. 849 - A audiência de julgamento será contínua; mas, se não for
possível, por motivo de força maior, concluí-la no mesmo dia, o juiz ou
presidente marcará a sua continuação para a primeira desimpedida,
independentemente de nova notificação.

O Juiz poderá fracionar a audiência, em por exemplo:


* Inicial – geralmente para apresentação da Defesa, tentativa de conciliação, abertura de
prazo para manifestação sobre a Defesa e documentos (réplica) no prazo do Juiz, designação de
perícia, providências, intimações, juntadas, etc;
* Instrução – depoimento das Partes, oitiva das testemunhas, apresentação de laudo pericial
(raro ser presencial), outras diligências e atos de instrução;
* Julgamento – conhecida como “Audiência de Encerramento”, dispensado o
comparecimento das Partes. Serve para encerrar a instrução e abrir prazo para sentença.

Imediatidade e Poder Mais Acentuado do Juiz do Trabalho


Na Audiência Trabalhista, o Juiz tem um contato maior com as Partes, há uma aproximação
ainda maior, que já é característica ordinária do Processo do Trabalho.
O Juiz atuará buscando a verdade real do caso, tentando esclarecer melhor os fatos da causa,
não somente para proferir sentença, mas para conseguir propor uma melhor conciliação.

CLT, Art. 765 - Os Juízos e Tribunais do Trabalho terão ampla liberdade na


direção do processo e velarão pelo andamento rápido das causas, podendo
determinar qualquer diligência necessária ao esclarecimento delas.

Designação
No Processo do Trabalho, inexiste – via de regra - despacho de recebimento da Reclamação
Trabalhista. Unicamente há um protocolo baixado em “pdf” via Pje após o protocolo/envio da
Reclamação, juntamente com seus documentos, cuja distribuição ocorre de forma eletrônica e, exceto
para ações de natureza especial (Dissídio Coletivo, Ação de Cumprimento, Execução, Ação Civil
Pública, Ação Civil Coletiva), a designação da data e hora da audiência é automática. Atribuição
(designação de Audiência) ao Diretor de Secretaria da Vara, substituído pela tecnologia:

CLT, Art. 841 - Recebida e protocolada a reclamação, o escrivão ou secretário,


dentro de 48 (quarenta e oito) horas, remeterá a segunda via da petição, ou do
termo, ao reclamado, notificando-o ao mesmo tempo, para comparecer à
audiência do julgamento, que será a primeira desimpedida, depois de 5 (cinco)
dias.

Após protocolada/enviada a Reclamação via PJe, é emitida a “Notificação Inicial” ao


reclamante e ao reclamado.
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Reclamante: a notificação traz a informação de que se não comparecer, o processo será
arquivado, podendo ser responsabilidade pelo pagamento das custas processuais.
Reclamado: notificado de que, se não comparecer, haverá revelia, além da confissão quanto
à matéria de fato.

CLT, Art. 844 - O não-comparecimento do reclamante à audiência importa o


arquivamento da reclamação, e o não-comparecimento do reclamado importa
revelia, além de confissão quanto à matéria de fato.

Limites Temporais

CLT, Art. 813 - As audiências dos órgãos da Justiça do Trabalho serão públicas
e realizar-se-ão na sede do Juízo ou Tribunal em dias úteis previamente
fixados, entre 8 (oito) e 18 (dezoito) horas, não podendo ultrapassar 5 (cinco)
horas seguidas*, salvo quando houver matéria urgente.
§1º. Em casos especiais, poderá ser designado outro local para a realização das
audiências, mediante edital afixado na sede do Juízo ou Tribunal, com a
antecedência mínima de 24 (vinte e quatro) horas.
§2º. Sempre que for necessário, poderão ser convocadas audiências
extraordinárias, observado o prazo do parágrafo anterior.
* 5 horas para toda a pauta, e não somente uma audiência.

CLT, Art. 815 - À hora marcada, o juiz ou presidente declarará aberta a


audiência, sendo feita pelo secretário ou escrivão a chamada das partes,
testemunhas e demais pessoas que devam comparecer.
Parágrafo único - Se, até 15 (quinze) minutos após a hora marcada, o juiz ou
presidente não houver comparecido, os presentes poderão retirar-se, devendo
o ocorrido constar do livro de registro das audiências.
Poder de Polícia do Juiz

CPC, Art. 360. O juiz exerce o poder de polícia, incumbindo-lhe:


I - manter a ordem e o decoro na audiência;
II - ordenar que se retirem da sala de audiência os que se comportarem
inconvenientemente;
III - requisitar, quando necessário, força policial;
IV - tratar com urbanidade as partes, os advogados, os membros do Ministério
Público e da Defensoria Pública e qualquer pessoa que participe do processo;
V - registrar em ata, com exatidão, todos os requerimentos apresentados em
audiência.

CLT, Art. 816 - O juiz ou presidente manterá a ordem nas audiências, podendo
mandar retirar do recinto os assistentes que a perturbarem.

Hipóteses de Adiamento
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CLT, Art. 844. §1o. Ocorrendo motivo relevante, poderá o juiz suspender o
julgamento, designando nova audiência.

CPC, Art. 362. A audiência poderá ser adiada:


I - por convenção das partes;
II - se não puder comparecer, por motivo justificado, qualquer pessoa que dela
deva necessariamente participar;
III - por atraso injustificado de seu início em tempo superior a 30 (trinta)
minutos do horário marcado.
§ 1º O impedimento deverá ser comprovado até a abertura da audiência, e, não
o sendo, o juiz procederá à instrução.
§ 2º O juiz poderá dispensar a produção das provas requeridas pela parte cujo
advogado ou defensor público não tenha comparecido à audiência, aplicando-
se a mesma regra ao Ministério Público.

1. Procedimento da Audiência

1. Abertura:

CLT, Art. 814. Às audiências deverão estar presentes, comparecendo com a


necessária antecedência. os escrivães ou secretários.

Em quais lados o reclamante e a reclamada devem sentar?

CLT, Art. 815 - À hora marcada, o juiz ou presidente declarará aberta a


audiência, sendo feita pelo secretário ou escrivão a chamada das partes,
testemunhas e demais pessoas que devam comparecer.
2. Tentativa de Acordo:

CLT, Art. 846 - Aberta a audiência, o juiz ou presidente proporá a conciliação.

3. Êxito na Tentativa de Acordo:

CLT, Art. 846, §1º. Se houver acordo lavrar-se-á termo, assinado pelo
presidente e pelos litigantes, consignando-se o prazo e demais condições para
seu cumprimento.

4. Tentativa de Acordo Inexitosa (apresenta/disponibiliza Defesa e documentos):

CLT, Art. 847 - Não havendo acordo, o reclamado terá vinte minutos para
aduzir sua defesa, após a leitura da reclamação, quando esta não for
dispensada por ambas as partes.

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5. Manifestação da Defesa e de seus documentos (Réplica):

CPC, Art. 350. Se o réu alegar fato impeditivo, modificativo ou extintivo do


direito do autor, este será ouvido no prazo de 15 (quinze) dias, permitindo-lhe
o juiz a produção de prova.

CPC, Art. 351. Se o réu alegar qualquer das matérias enumeradas no art. 337 ,
o juiz determinará a oitiva do autor no prazo de 15 (quinze) dias, permitindo-
lhe a produção de prova.

6. Saneamento (eliminar os vícios, irregularidades ou nulidades processuais, organizar


instrução probatória – ônus, deferir ou indeferir requerimentos, designação de audiência de
instrução – aplicação subsidiária do art. 357, CPC):
CPC, Art. 352. Verificando a existência de irregularidades ou de vícios sanáveis,
o juiz determinará sua correção em prazo nunca superior a 30 (trinta) dias.

Rito Sumaríssimo = CLT, Art. 825-H, §1º. Sobre os documentos apresentados por uma das
partes manifestar-se-á imediatamente a parte contrária, sem interrupção da audiência, salvo
absoluta impossibilidade, a critério do juiz.

7. Instrução Probatória:

CLT, Art. 848 - Terminada a defesa, seguir-se-á a instrução do processo,


podendo o presidente, ex officio ou a requerimento de qualquer juiz
temporário, interrogar os litigantes.
§1º. Findo o interrogatório, poderá qualquer dos litigantes retirar-se,
prosseguindo a instrução com o seu representante.
§2º. Serão, a seguir, ouvidas as testemunhas, os peritos e os técnicos, se
houver.

8. Razões Finais, última tentativa de acordo e Sentença:

CLT, Art. 850 - Terminada a instrução, poderão as partes aduzir razões finais,
em prazo não excedente de 10 (dez) minutos para cada uma. Em seguida, o juiz
ou presidente renovará a proposta de conciliação, e não se realizando esta,
será proferida a decisão.

CLT, Art. 831 - A decisão será proferida depois de rejeitada pelas partes a
proposta de conciliação.

Razões Finais: atentar ao Juiz acerca da prova produzida, expor argumentos que levam à
procedência, fazendo sincretismo entre fatos e pedidos iniciais, fatos da defesa e prova colhida.

Condução da audiência pelo juiz do trabalho


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Não se aplica a ordem do artigo 361, CPC, ao Processo do Trabalho. Não há ordem para
depoimento das Partes ou oitiva de testemunhas no Processo do trabalho. Logo, a condução é
presidida pelo Juiz. A única ordem que consta quanto à oitiva é a prevista no artigo 848, CLT,
estabelecendo que o Juiz ouvirá as partes e testemunhas após a tentativa de conciliação.

CLT, Art. 765 - Os Juízos e Tribunais do Trabalho terão ampla liberdade na


direção do processo e velarão pelo andamento rápido das causas, podendo
determinar qualquer diligência necessária ao esclarecimento delas.
CLT, Art. 852-D. O juiz dirigirá o processo com liberdade para determinar as
provas a serem produzidas, considerado o ônus probatório de cada litigante,
podendo limitar ou excluir as que considerar excessivas, impertinentes ou
protelatórias, bem como para apreciá-las e dar especial valor às regras de
experiência comum ou técnica.

A inquirição ocorre por intermédio do Juiz do Trabalho. As perguntas são feitas a ele, e ele é
quem fará à parte em depoimento ou à testemunha em oitiva, ao contrário do CPC, art. 459.

CLT, Art. 820 - As partes e testemunhas serão inquiridas pelo juiz ou


presidente, podendo ser reinquiridas, por seu intermédio, a requerimento dos
vogais, das partes, seus representantes ou advogados.

Aplicação de confissão ao reclamante


Contudo, vimos que é possível o Juiz do Trabalho cindir a audiência una, que é a regra no
Processo do Trabalho, em “audiência inicial” e “audiência de instrução” (as vezes chamada de
“audiência de prosseguimento”. Surge então, a seguinte dúvida: e se o Reclamante comparecer à
“audiência inicial” e não comparecer à “audiência de instrução”?

SÚMULA Nº 9 DO TST - AUSÊNCIA DO RECLAMANTE. A ausência do


reclamante, quando adiada a instrução após contestada a ação em audiência,
não importa arquivamento do processo.

SÚMULA Nº 74 DO TST. CONFISSÃO.


I - Aplica-se a confissão à parte que, expressamente intimada com aquela
cominação, não comparecer à audiência em prosseguimento, na qual deveria
depor.
II - A prova pré-constituída nos autos pode ser levada em conta para confronto
com a confissão ficta (arts. 442 e 443, do CPC de 2015 - art. 400, I, do CPC de
1973), não implicando cerceamento de defesa o indeferimento de provas
posteriores.
III- A vedação à produção de prova posterior pela parte confessa somente a ela
se aplica, não afetando o exercício, pelo magistrado, do poder/dever de
conduzir o processo.

Curador especial ao reclamado revel


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CPC, Art. 72. O juiz nomeará curador especial ao:
I - incapaz, se não tiver representante legal ou se os interesses deste colidirem
com os daquele, enquanto durar a incapacidade;
II - réu preso revel, bem como ao réu revel citado por edital ou com hora certa,
enquanto não for constituído advogado.
Parágrafo único. A curatela especial será exercida pela Defensoria Pública, nos
termos da lei.

Jurisprudência pacífica (embora não sumulada), no sentido de NÃO ser aplicável o artigo 72
do CPC ao Processo do Trabalho, frente ao Jus Postulandi, simplicidade do procedimento trabalhista,
obrigatoriedade das partes à audiência, inexistência de omissão especial quanto ao comparecimento
na CLT, afastando-se assim, qualquer aplicação subsidiária ou supletiva ao Processo do Trabalho.

VI. RECLAMAÇÃO TRABALHISTA

Reclamação Trabalhista é a pedra fundamental da edificação sob a qual se constrói o


processo. Ato (materialização) do exercício do direito de ação e introdutório ao processo:
a) Fatos deverão ser apresentados com lógica, objetividade, precisão, clareza,
honestidade/boa-fé, e principalmente, de forma estratégica;
b) Pretensões devem estar diretamente vinculadas aos fatos e alinhados ao ordenamento
jurídico (fundamentos jurídicos);
c) Jurisprudências devem ser locais, específicas e, excepcionalmente análogas (quando
deverão ser explicadas);
Por que é importante escrever bem e, por conseguinte, construir uma boa peça
exordial?

CLT, Art. 840 - A reclamação poderá ser escrita (geralmente por Advogado) ou verbal (Jus
postulandi, Art. 791, CLT e Súmula 425 TST).

Em qualquer caso, deverá conter (art. 840, §1º, CLT + art. 319, CPC no que couber):
a) designação do juízo (endereçamento);
b) qualificação das partes;
c) breve exposição dos fatos;
d) pedido certo, determinado e com indicação de seu valor;
e) data;
f) assinatura do reclamante ou de seu representante.
Quando apresentada de forma verbal:
a) será reduzida a termo;
b) em duas vias datadas e assinadas pelo escrivão ou secretário.

Obs 1: Inquerito Judicial de Apuraçao de Falta Grave sempre por escrito (art. 853, CLT).
Obs 2: Açao de Dissídio Coletivo sempre por escrito (art. 856, CLT).

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1. Requisitos Estruturais e Formais da Reclamação Trabalhista

a) Designação do Juízo - Endereçamento:


Indica-se a Vara do Trabalho ou órgão judiciário (Tribunal Regional do Trabalho ou Tribunal
Superior do Trabalho). A invocação é para o órgão e não para o seu ocupante – impessoal!
Define-se a competência em razão da matéria, do lugar e funcional.
Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz do Trabalho da __ª Vara do Trabalho de __(cidade)_____ de
_____(Estado)______
Ou
Meritíssimo Juízo da__ª Vara do Trabalho de __(cidade)_____ de _____(Estado)______
Ou
Excelentíssimo Senhor Desembargador-Presidente do Tribunal Regional do Trabalho da ___ª
Região – Estado de __________________
Ou
Excelentíssimo Senhor Ministro-Presidente do Tribunal Superior do Trabalho

b) Qualificação das Partes – Elemento Subjetivo da Lide:


O reclamante deverá informar o seu:
1. nome completo;
2. RG, CPF, CTPS, PIS;
3. endereço completo com CEP obrigatoriamente;
E do reclamado:
1. nome ou razão social completa;
2. CPF ou CNPJ;
3. endereço completo com CEP obrigatoriamente; e
4. sempre que possível o CEI (cadastro específico do INSS), CNAE, endereço eletrônico (art.
19 da Resolução 185/17 do CSJT).

c) Breve exposição dos fatos de que resulte o dissídio:


Trata-se da causa de pedir ou causa petendi, que é o fundamento da causa, ou seja, a razão
de existir do(s) pedido(s). É o conflito sociológico que forma a lide jurídica, cujo mérito é significado
pela sentença (Estado-Juiz).
É constituída pela:
1. narrativa dos fatos que geraram, segundo o reclamante, as consequências jurídicas do(s)
pedido(s);
2. enquadramento dos fatos no ordenamento justrabalhista (dispositivos legais, norma
coletiva, normas regulamentadoras, jurisprudência).

Adota-se, no direito processual cível e trabalhista brasileiro, a Teoria da Substanciação:


Não há necessidade de apontamento dos dispositivos legais, quando decorrerem de lei
federal - Juiz conhece o Direito. Exceto se normas coletivas ou locais (municipais/estaduais). Não
obstante, o Juiz não está adstrito à qualificação jurídica dada pela parte (reclamante ou reclamado).
Contudo, o CPC expressamente exige o fato e “os fundamentos jurídicos do pedido” – art.
319, III. Assim, é obrigatório o apontamento dos dispositivos legais e da jurisprudência consolidada,
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ou ainda, da Norma Coletiva de Trabalho e demais legislações (locais, estaduais, normas
regulamentadoras, etc), sob pena de indeferimento da inicial por inépcia, nos termos do art. 330, I e
§1º, já que a lhe falta a “causa de pedir” e a doutrina/jurisprudência majoritária entendem que faz
parte da “causa de pedir” os fundamentos jurídicos).
Causa de Pedir Derivada/Próxima: fundamentos de fato. É o que caracteriza o interesse
processual, como por exemplo:
1. O inadimplemento de obrigação;
2. A ameaça ou violação de direito.
Causa de Pedir Remota: fundamentos jurídicos. É a autorização jurídica
legal/jurisprudencial que serve de base à dedução pretendida pelo reclamante para obter do Poder
Judiciário o almejado provimento.

d) Pedido certo, determinado e com indicação de seu valor:


Deve o pedido decorrer da lógica dos fatos narrados e dos fundamentos jurídicos
apresentados, sob pena de indeferimento da Reclamação (art. 330, I, CPC).
O pedido baliza o provimento jurisdicional:

CPC, Art. 141. O juiz decidirá o mérito nos limites propostos pelas partes,
sendo-lhe vedado conhecer de questões não suscitadas a cujo respeito a lei
exige iniciativa da parte.

CPC, Art. 492. É vedado ao juiz proferir decisão de natureza diversa da pedida,
bem como condenar a parte em quantidade superior ou em objeto diverso do
que lhe foi demandado.

Pedido Imediato: é a espécie de natureza da providência jurisdicional solicitada e prestada.


Por exemplo: declaratória, constitutiva ou condenatória (processo de conhecimento);
executória/satisfativa (processo de execução); cautelar, mandamental, etc;
Pedido Mediato: é o bem pretendido. Resultado prático que o reclamante espera conseguir
com a tomada daquela providência. Exemplo: é a obrigação de dar, de fazer ou de não fazer, de se
abster, etc. É o pagamento, entrega de coisa certa ou incerta, etc.

Artigo 319, IV, CPC: A petição inicial indicará o pedido com as suas
especificações.

Em regra, os pedidos trabalhistas tratam de direitos patrimoniais.


Pedidos indeterminados dificultam o entendimento da lide e a oportunidade da Defesa.
Impactos: maior seriedade às pretensões, facilitação à conciliação, celeridade processual,
custas, honorários sucumbenciais, etc.
Pedido Certo: é aquele expresso e específico, ou seja, sem abstrações, não pode ser “frase
aberta”, não pode ser implícito (com exceções).
Exemplo de pedido certo: “Requer seja compelida a reclamada a pagar horas extraordinárias
com acréscimo de 50%”.

50
Pedido Determinado: é aquele parametrizado, ou seja, não há margem de dúvida quanto
ao que se pretende, em qualidade, extensão, quantidade.
Exemplo de pedido determinado: “Requer seja compelida a reclamada a pagar a quantidade
de 10 (dez) horas extraordinárias com acréscimo de 50%”.
Pedido com indicação de seu valor: justamente em razão de que a grande maioria dos
pedidos trabalhistas tratam de direitos patrimoniais, a lei atual exige a indicação valor do pedido,
que resultará no valor da causa (exceto a soma dos honorários sucumbenciais, já que não entram
neste cálculo, a priori).
Não se trata de “liquidação” de pedido. A liquidação é procedimento da “fase de liquidação”
que ocorre - via de regra - após o proferimento da sentença (aqui se estabelecem os resultados
judiciais da demanda).
Os cálculos devem ser aproximados, porque o valor do(s) pedido(s) será(ão) a base de
cálculo das condenações (custas, honorários, etc).
Exemplo de pedido com indicação de seu valor: “Requer seja compelida a reclamada a pagar
o importe de R$ 68,13 (sessenta e oito reais e treze centavos) decorrente de 10 horas extraordinárias
com acréscimo de 50% considerando salário-base de R$ 1.000,00”, salvo outro importe que melhor
será apurado quando da fase de liquidação, após eventual alteração necessária decorrente dos efeitos
da instrução processual”.
Cumulação de Pedidos: aplicável ao Processo do Trabalho – art. 769, CLT.

CPC, Art. 327. É lícita a cumulação, em um único processo, contra o mesmo réu,
de vários pedidos, ainda que entre eles não haja conexão.
§1º. São requisitos de admissibilidade da cumulação que:
I - os pedidos sejam compatíveis entre si;
II - seja competente para conhecer deles o mesmo juízo;
III - seja adequado para todos os pedidos o tipo de procedimento.

Pedido Alternativo: reclamante estabelece um ou outro bem como objeto do processo.


CPC, Art. 325. O pedido será alternativo quando, pela natureza da obrigação, o
devedor puder cumprir a prestação de mais de um modo.

Exemplos no Processo do Trabalho: adicionais de insalubridade ou periculosidade (art. 193,


§2º, CLT, não cumuláveis ainda que decorrentes de fatos geradores distintos e autônomos segundo
TST); nulidade de alteração contratual ilícita (art. 468, CLT) ou rescisão indireta do contrato (art.
483, CLT).

Pedido Subsidiário:

CPC, Art. 326. É lícito formular mais de um pedido em ordem subsidiária, a fim
de que o juiz conheça do posterior, quando não acolher o anterior.

Exemplos no Processo do Trabalho: nas hipóteses de estabilidade provisória de emprego em


que se postula reintegração e, sucessivamente, caso já transcorrido o prazo estabilitário, indenização
pelo período estabilitário; ou pedido de reconhecimento e vínculo de emprego e, caso não seja
51
reconhecido pelo Juízo, postular as verbas decorrentes da relação de trabalho (como num contrato
de serviços, autônomo, representação comercial, etc).

Pedido genérico: é a exceção! Há pedidos cuja valoração, por exemplo, são muito difíceis ou
impossível quando da propositura da demanda. Pedido genérico é aquele que, muito embora certo,
o auferimento dos elementos quantitativos, qualitativos e de extensão são impossíveis quando da
postulação inicial em juízo, por faltar elementos probatórios que os possam auferir de forma segura
e contundente. Nos casos de ações judiciais de acidente de trabalho, é impossível ao reclamante, de
imediato, quando da postulação primeira em Juízo, estabelecer desde já a extensão do dano e o
percentual de comprometimento de sua capacidade laborativa, por que isto requer dilação
probatória adequada capaz de auferir o quantum debeatur, de perícia técnica por Médico do Trabalho
e da consolidação de eventuais sequelas.

CPC. Art. 324. O pedido deve ser determinado.


§ 1º É lícito, porém, formular pedido genérico:
...
II - quando não for possível determinar, desde logo, as consequências do ato
ou do fato.

Julgamento Ultra Petita no Processo do Trabalho: o provimento jurisdicional prestado


vai além do pedido do reclamante, ou seja, é superior ao que foi solicitado na demanda. Exemplo: o
reclamante pede indenização por danos emergentes e a sentença condena o reclamado também em
lucros cessantes. Não é anulada pelo Tribunal, mas é reformada para atender somente aos limites do
pedido. No Processo do Trabalho há exceções, porque expressamente autorizadas/estabelecidas pela
lei. Alguns exemplos = Artigos 467 e 496 da CLT:
Multa por verbas incontroversas: CLT, Art. 467. Em caso de rescisão de contrato de trabalho,
havendo controvérsia sobre o montante das verbas rescisórias, o empregador é obrigado a pagar ao
trabalhador, à data do comparecimento à Justiça do Trabalho, a parte incontroversa dessas verbas, sob
pena de pagá-las acrescidas de cinqüenta por cento".
Conversão de Reintegração em Indenização: CLT, Art. 496 - Quando a reintegração do
empregado estável for desaconselhável, dado o grau de incompatibilidade resultante do dissídio,
especialmente quando for o empregador pessoa física, o tribunal do trabalho poderá converter aquela
obrigação em indenização devida nos termos do artigo seguinte.

Valor da Causa: É a expressão econômica dos pedidos formulados pelo reclamante na


Reclamação Trabalhista (de conhecimento, de execução, etc). E em razão da exigência de “pedido
com indicação de seu valor” no artigo 840, §1º, CLT, o “valor da causa” é um requisito formal da
Reclamação Trabalhista.

CPC. Art. 291. A toda causa será atribuído valor certo, ainda que não tenha
conteúdo econômico imediatamente aferível.
CPC. Art. 292 – Valor da causa para cada espécie de ação cível. Obs: inciso V,
ações de danos morais, aplica-se ao Processo do Trabalho – art. 223-A, CLT.

52
CPC. Art. 293 – Impugnação do valor da causa em preliminar de Contestação,
sob pena de preclusão.

O Valor da Causa serve para: a) Base de cálculo para custas e demais despesas; b) Indicação
de rito (sumário [até 2 SM], sumaríssimo [de 2 a 40 SM] e ordinário [acima de 40 SM]. Como já dito,
“liquidação” é procedimento próprio contido no artigo 879 da CLT. Não é necessário que a
Reclamação Trabalhista acompanhe “planilhas de cálculos”, mas tão somente que no corpo da peça
exordial, junto dos pedidos, se apresentam os importes “indicados”. Neste sentido: Instrução
Normativa nº. 41/2018 do Tribunal Superior do Trabalho, que dispõe sobre a aplicação das normas
processuais da Consolidação das Leis do Trabalho alteradas pela Lei nº. 13.467 de 13 de julho de
2017: Artigo 12. §2º. Para o fim que dispõe o art. 840, §§1º e 2º, da CLT, o valor da causa será estimado,
observando-se, no que couber, o disposto nos arts. 291 a 293 do Código de Processo Civil.

Impugnação ou Modificação do Valor da Causa


Impugnação: CPC, Art. 293. O réu poderá impugnar, em preliminar da contestação, o valor
atribuído à causa pelo autor, sob pena de preclusão, e o juiz decidirá a respeito, impondo, se for o caso,
a complementação das custas.
Modificação: CPC, Art. 15, §3º. O juiz corrigirá, de ofício e por arbitramento, o valor da causa
quando verificar que não corresponde ao conteúdo patrimonial em discussão ou ao proveito econômico
perseguido pelo autor, caso em que se procederá ao recolhimento das custas correspondentes.
Instrução Normativa nº 36/16 do TST: Art. 3º, V – Sem prejuízo de outros, aplicam-se ao
Processo do Trabalho, em face de omissão e compatibilidade, os preceitos do Código de Processo Civil
que regulam os seguintes temas: (...) V – art. 292, §3º (correção de ofício do valor da causa).

Emenda e Aditamento da Reclamação Trabalhista


Emendar é corrigir. Aditar é adicionar pedidos.

CPC, Art. 329. O autor poderá:


I - até a citação, aditar ou alterar o pedido ou a causa de pedir,
independentemente de consentimento do réu;
II - até o saneamento do processo, aditar ou alterar o pedido e a causa de pedir,
com consentimento do réu, assegurado o contraditório mediante a
possibilidade de manifestação deste no prazo mínimo de 15 (quinze) dias,
facultado o requerimento de prova suplementar.
Parágrafo único. Aplica-se o disposto neste artigo à reconvenção e à respectiva
causa de pedir.

E quando a Reclamação Trabalhista não cumprir os requisitos do artigo 840, §1º da


CLT?

CPC, Art. 321. O juiz, ao verificar que a petição inicial não preenche os
requisitos dos arts. 319 e 320 ou que apresenta defeitos e irregularidades
capazes de dificultar o julgamento de mérito, determinará que o autor, no

53
prazo de 15 (quinze) dias, a emende ou a complete, indicando com precisão o
que deve ser corrigido ou completado.

CLT, Art. 840, §3º. Os pedidos que não atendam ao disposto no § 1o deste artigo
serão julgados extintos sem resolução do mérito.

A decisão judicial que indefere a Reclamação Trabalhista, extingue o processo sem resolução
de mérito (art. 485, I, CPC) e, por isso, tem natureza terminativa. Das decisões terminativas do feito
no Processo do Trabalho, cabe interposição de Recurso Ordinário no prazo de 08 dias (art. 895, CLT).

Parte da doutrina admite, antes do Recurso Ordinário, pedido de reconsideração conforme


artigo 331 do CPC:

Art. 331. Indeferida a petição inicial, o autor poderá apelar, facultado ao juiz,
no prazo de 5 (cinco) dias, retratar-se.
§1º. Se não houver retratação, o juiz mandará citar o réu para responder ao
recurso.
§2º. Sendo a sentença reformada pelo tribunal, o prazo para a contestação
começará a correr da intimação do retorno dos autos, observado o disposto
no art. 334 .
§3º. Não interposta a apelação, o réu será intimado do trânsito em julgado da
sentença.

2. Requisitos Extrínsecos da Reclamação Trabalhista:

CPC, Art. 320 - A petição inicial será instruída com os documentos


indispensáveis à propositura da ação.

a) Procuração, com poderes não só ad judicia, mas específicos (art. 105, CPC);
b) Declaração de Hipossuficiência (art. 790, §3º, CLT, OJ 269 SDI-1 TST, art. 99, §3º, CPC –
presumível alegação de hipossuficiência por pessoa natural – na JT sempre foi. Para PJ – Súmula 481
STJ, demonstrar impossibilidade de arcar com os encargos processuais);
c) Documentos Pessoais (RG, CPF do (ex)empregado ou sócio), Contrato ou Alterações
Contratuais Sociais, CTPS);
d) Outros documentos que sirvam de base aos fatos e pedidos, como folhas de pagamentos,
imagens, vídeos ou áudios, laudos periciais, pareceres, recibos diversos (férias, 13º, vales, etc),
Norma Coletiva, folhas-ponto, declarações, atestados, exames médicos, receituários, comprovantes
de benefício previdenciário, etc;
e) Preparo para ações especiais, como Ação Rescisória por exemplo.

É necessário especificar provas na Reclamação Trabalhista?


Não! As provas podem ser:

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✓ Testemunhal (até 03 no rito ordinário e sumário [art. 821, CLT]; 02 no processo
sumaríssimo [art. 852-H, §2º, CLT]; até 06 no Inquérito Judicial de Apuração de Falta Grave [art. 821,
CLT]);
✓ Pericial – ambiente de trabalho, contábil;
✓ Prova emprestada;
✓ Inspeção in loco;
✓ Documentos diversos;
✓ Ata notarial;
✓ Outras – imagens, áudio, vídeo.

VII. DEFESA TRABALHISTA

Direito à Defesa é o direito de exigir do Estado, a prestação jurisdicional que disponibiliza e


garante ao réu, o contraditório de forma ampla aos fatos e fundamentos jurídicos apresentados,
inclusive, as contra-provas e demais contra-pedidos legalmente admitidos (garantia constitucional –
art. 5º, LIV e LV da CR/88. Diante da não resistência – conciliação ou revelia/confissão. Diante da
resistência – formação da lide (pretensão resistida): a) Contestar; e/ou b) Apresentar Exceções; e/ou
c) Reconvir.
Na Defesa, o reclamado terá poderá impugnar todas as pretensões aduzidas pelo reclamante
na Reclamação, e também trazer toda a matéria de defesa necessária;
➢ Diante da não resistência:
a) Conciliação; ou
b) Revelia e confissão.
➢ Diante da resistência – formação da lide (pretensão resistida):
a) Contestar; e/ou
b) Apresentar Exceções; e/ou
c) Reconvir.

Da Apresentação da Defesa Trabalhista

CLT, Art. 846 - Aberta a audiência, o juiz ou presidente proporá a conciliação.


§ 1º - Se houver acordo lavrar-se-á termo, assinado pelo presidente e pelos
litigantes, consignando-se o prazo e demais condições para seu cumprimento.
§ 2º - Entre as condições a que se refere o parágrafo anterior, poderá ser
estabelecida a de ficar a parte que não cumprir o acordo obrigada a satisfazer
integralmente o pedido ou pagar uma indenização convencionada, sem
prejuízo do cumprimento do acordo.

CLT, Art. 847 - Não havendo acordo, o reclamado terá vinte minutos para
aduzir sua defesa, após a leitura da reclamação, quando esta não for
dispensada por ambas as partes.
Parágrafo único. A parte poderá apresentar defesa escrita pelo sistema de
processo judicial eletrônico até a audiência.
55
Aberta a audiência (que é una), o Juiz proporá a conciliação - 1ª tentativa obrigatória - art.
846, CLT;
O Juiz do Trabalho fará a leitura da Reclamação Trabalhista, quando esta não for dispensada
por ambas as partes – art. 847, CLT;
Após, não havendo acordo, o reclamado apresentará a Defesa em audiência, de forma oral e
em 20 minutos (também para cada litisconsorte – art. 842 + 769 CLT);
Exceção de Suspeição ou de Incompetência são apresentadas em apartado e antes da Defesa
(via de regra). Ambas suspendem o processo (art. 799, CLT e art. 313, III, CPC);
Obs: Contestação: (a) emenda – prescrição consumativa; (b) aditamento – até a instrução
da causa, consignada em ata de audiência.

Defesa Trabalhista por escrito via PJe:

CLT, Parágrafo único. A parte poderá apresentar defesa escrita pelo sistema de
processo judicial eletrônico até a audiência.

Resolução nº. 185/2017 e Resolução nº. 241/2019 do CSJT:


a) Contestação e Reconvenção protocolados via Pje até a realização da proposta de
conciliação infrutífera – deve ser encaminhada, como regra, antes da Audiência;
b) Na Notificação Inicial ao reclamado: constará que os documentos que as acompanham
(Defesa e Reconv.), sejam protocolados no PJe com pelo menos 48h de antecedência da audiência;
c) Exceto Defesa e Reconv. e seus docs., o Juiz poderá determinar a exclusão de petições e
documentos indevidamente sigilosos;
d) Reclamado poderá atribuir sigilo às peças e docs - Segredo de Justiça - após a tentativa
frustrada de conciliação, o Juiz retirará o sigilo;
e) A partir de 1º de julho de 2020, quaisquer cálculos deverão obrigatoriamente ser juntados
em PDF e com o arquivo “pjc” exportado pelo PJe-Calc.

Notificação Inicial
A notificação (citação) do Reclamado é obrigatória. Não há curadoria especial ou algo do
gênero;
A notificação dar-se-á, em regra, de forma postal, via Correios. O escrivão ou Secretaria da
Vara emitirá em 48 horas contadas do recebimento e protocolo da Reclamação Trabalhista, com
cópia desta ao reclamado (art. 841, CLT);
Caso não encontrado, recusar recebimento (criar embaraços), far-se-á notificação por edital
(art. 841, §1º, CLT);
Tem prevalecido que a CLT não exige a pessoalidade, assim, é válida a notificação postal
entregue no endereço da reclamada, a qualquer empregado da empresa ou até mesmo depositada na
caixa de correio da empresa (inaplicável art. 248, §2º do CPC);
Prática forense: o Juiz tem esgotado as formas de citação antes da realização de citação por
edital do reclamado, inclusive, designando oficial de justiça e até mesmo, a notificação por hora certa
(subsidaridade do processo civil);

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Atentar: entre a realização da notificação com o recebimento da Reclamação Trabalhista e a
data de realização da audiência, deverá decorrer um prazo mínimo de 05 (cinco) dias;
Já o reclamante, será notificado da audiência no ato da apresentação da Reclamação
Trabalhista, através de protocolo eletrônico gerado pelo Sistema Pje.

Súmula nº 16 do TST. NOTIFICAÇÃO.


Presume-se recebida a notificação 48 (quarenta e oito) horas depois de
sua postagem. O seu não-recebimento ou a entrega após o decurso desse prazo
constitui ônus de prova do destinatário.

CPC, art. 239. §1º. O comparecimento espontâneo do réu ou do executado


supre a falta ou a nulidade da citação, fluindo a partir desta data o prazo para
apresentação de contestação ou de embargos à execução.

Desistência da Ação:

CLT, Art. 841, §3º. Oferecida a contestação, ainda que eletronicamente, o


reclamante não poderá, sem o consentimento do reclamado, desistir da ação.

Impede que o reclamante, após tomar conhecimento da Defesa, desista da ação para,
intencionalmente, alterar sua tese/pedidos, etc - boa fé-processual. Se a Defesa estiver em sigilo e o
reclamante desistir durante esta ocorrência, não há óbice. Então, o processo será arquivado!
Contudo, o processo não será arquivado quando os autos (Defesa e documentos) forem franqueados
ao reclamante e este não comparecer à audiência – Súmula 74, TST - I. Aplica-se a confissão à parte
que, expressamente intimada com aquela cominação, não comparecer à audiência em prosseguimento,
na qual deveria depor

1. Princípio da Eventualidade – Concentração das Defesas

CPC, Art. 336. Incumbe ao réu alegar, na contestação, toda a matéria de defesa,
expondo as razões de fato e de direito com que impugna o pedido do autor e
especificando as provas que pretende produzir.

O reclamado deverá trazer todas as defesas que tiver. Atacar diretamente os fatos, os
fundamentos e os pedidos do reclamante, de todas as formas e argumentos possíveis e admitidos. Na
eventualidade do Juízo não acolher a primeira alegação, possa acolher a segunda e, assim,
sucessivamente.

Exemplos comuns:
a) Horas extras = a empresa sempre pagou + não constam anotações na folha-ponto + ele
era responsável pela anotação + era trabalhador externo + a empresa tem menos de 20 empregados
+ etc;
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b) Acidente de Trabalho/Doença Ocupacional = empresa cumpre todas as normas +
PCMSO, PCMAT, LTCAT + medicina ocupacional presente + ordem de serviço + degenerativos + culpa
exclusiva do reclamante + responsabilidade subjetiva (dolo ou culpa) + etc;
c) Equiparação Salarial = não se é mesma produtividade + não é mesma perfeição técnica
+ qualificação profissional diversa + plano de cargos e salários + não é mesmo tempo de serviço (4
anos) e/ou função (2 anos) (art. 461, CLT)

Defesas Processuais ou Indiretas: Não discutem o mérito. Extinção sem resolução de


mérito (art. 485, CPC). Juízo poderá determinar 15 dias para oitiva do autor, permitido produção de
prova (art. 337, CPC).
Dilatórias: postergam o curso do processo como incompetências material ou funcional.
Peremptórias: extinguem o processo – coisa julgada, perempção, litispendência.
CPC, Art. 337. Incumbe ao réu, antes de discutir o mérito, alegar:
I - inexistência ou nulidade da citação; II - incompetência absoluta e relativa;
III - incorreção do valor da causa; IV - inépcia da petição inicial;
V - perempção; VI - litispendência;
VII - coisa julgada; VIII - conexão;
IX - incapacidade da parte, defeito de representação ou falta de autorização;
X - convenção de arbitragem;
XI - ausência de legitimidade ou de interesse processual;
XII - falta de caução ou de outra prestação que a lei exige como preliminar;
XIII - indevida concessão do benefício de gratuidade de justiça.

Perempção: Extinção do processo sem resolução do mérito – art. 485, V, CPC.

CPC, art. 486, §3º. Se o autor der causa, por 3 (três) vezes, a sentença fundada
em abandono da causa, não poderá propor nova ação contra o réu com o
mesmo objeto, ficando-lhe ressalvada, entretanto, a possibilidade de alegar em
defesa o seu direito.
CLT, Art. 731 - Aquele que, tendo apresentado ao distribuidor reclamação
verbal, não se apresentar, no prazo estabelecido no parágrafo único do art. 786
(05 dias), à Junta ou Juízo para fazê-lo tomar por termo, incorrerá na pena de
perda, pelo prazo de 6 (seis) meses, do direito de reclamar perante a Justiça do
Trabalho.
CLT. Art. 732 - Na mesma pena do artigo anterior incorrerá o reclamante que,
por 2 (duas) vezes seguidas, der causa ao arquivamento de que trata o art. 844.
CLT, Art. 844 - O não-comparecimento do reclamante à audiência importa o
arquivamento da reclamação, e o não-comparecimento do reclamado importa
revelia, além de confissão quanto à matéria de fato.

Litispendência e Coisa Julgada: Extinção do processo sem resolução do mérito – art. 485,
V, CPC. Litispendência: demanda em andamento. Coisa julgada: demanda transitada em julgado.

CPC, Art. 337.


58
...
§1º. Verifica-se a litispendência ou a coisa julgada quando se reproduz ação
anteriormente ajuizada.
§2º. Uma ação é idêntica a outra quando possui as mesmas partes, a mesma
causa de pedir e o mesmo pedido.
§3º. Há litispendência quando se repete ação que está em curso.

Carência da Ação: Quando não estiverem presentes no processo, as condições da ação:


legitimidade e interesse processual. Pode ser reconhecida de ofício pelo Juiz. Extinção do processo
sem resolução do mérito – art. 485, VI, CPC.

CPC, Art. 338. Alegando o réu, na contestação, ser parte ilegítima ou não ser o
responsável pelo prejuízo invocado, o juiz facultará ao autor, em 15 (quinze)
dias, a alteração da petição inicial para substituição do réu.
CPC, Art. 339. Quando alegar sua ilegitimidade, incumbe ao réu indicar o
sujeito passivo da relação jurídica discutida sempre que tiver conhecimento,
sob pena de arcar com as despesas processuais e de indenizar o autor pelos
prejuízos decorrentes da falta de indicação.

Conexão: Quando existem 02 ou mais processos com mesma causa de pedir e pedidos.

CPC, Art. 55. Reputam-se conexas 2 (duas) ou mais ações quando lhes for
comum o pedido ou a causa de pedir.
§1º. Os processos de ações conexas serão reunidos para decisão conjunta,
salvo se um deles já houver sido sentenciado.
...
§3º. Serão reunidos para julgamento conjunto os processos que possam gerar
risco de prolação de decisões conflitantes ou contraditórias caso decididos
separadamente, mesmo sem conexão entre eles.
Pode ser invocada como preliminar ou pode ser conhecida de ofício pelo Juiz. No Processo
do Trabalho, é comum haver conexão entre Reclamações de trabalhadores de uma mesma empresa.

Defesa Direta e Indireta de Mérito:

Defesa Direta do Mérito: ataca frontalmente os fatos declinados na Reclamação


Trabalhista, negando o fato constitutivo do direito do reclamante. Exemplo: reclamante alega que
trabalhou em atividade insalubre, e o reclamado acosta à defesa, o laudo técnico das condições
ambientes de trabalho - LTCAT em sentido contrário.
Defesa Indireta de Mérito: não nega os fundamentos do reclamante, mas traz novos, de
direito material (pagamento, compensação, prescrição, decadência). Ou ainda, quando mesmo sem
negar o fato constitutivo do direito do reclamante, aduz fatos modificativos, impeditivos ou
extintivos. Exemplo: Reclamação de dirigente sindical pedindo reintegração, por dispensa sem justa
causa quando a candidatura ocorre no curso do aviso prévio (Súmula nº. 369, V, TST).

59
CONTESTAÇÃO. DEFESA PROCESSUAL E DE MÉRITO. DEVER DO
DEMANDADO. Se a opção do reclamando se dá exclusivamente pela
elaboração de defesa processual, e sendo considerada elo Juízo superada a
preliminar arguida, é de se ter o demandado confesso, quando aos fatos contra
si articulados na inicial (art. 302, CPC). Recurso conhecido a que se nega
provimento (TRT 10ª Região, RO 255/2002. Relator Ricardo A. Machado. DJDF
14.7.2002, pág. 11).

CONTESTAÇÃO – PRINCÍPIO DA EVENTUALIDADE. O que torna a questão


controvertida, de modo a suscitar a dúvida que reclama prova, é a impugnação
precisa dos fatos alegados (art. 302, CPC). Se o reclamado, desatento ao
princípio da eventualidade, impugna superficialmente a pretensão, apenas
aduzindo não serem verdadeiras as afirmações do reclamante, deixando de
contestá-las fato por fato, parcela por parcela, reduz o campo de controvérsia
e corre o risco de sucumbir, caso não venha a ser acolhida a primeira
impugnação (TRT 3ª Região, 6ª T. RO 119/2004.020.03.00-2. Relator
Sebastião Geraldo de Oliveira. DJMG 9.9.04, pág. 13)

2. Princípio da Impugnação Especificada:

Fato não impugnado torna-se incontroverso


É ônus do reclamado impugnar todas as pretensões/fatos do reclamante, de maneira
especificada, ou seja, com exatidão, particularizando e mencionando especialmente os argumentos e
razões da impugnação;
Para cada pedido e fato, é necessário impugnar (com uma ou mais impugnações);
Por consequência, não é admitida negativa geral (genérica);
Direitos indisponíveis não admitem confissão (art. 392, CPC: Não vale como confissão a
admissão, em juízo, de fatos relativos a direitos indisponíveis).

CPC, Art. 341. Incumbe também ao réu manifestar-se precisamente sobre as alegações de
fato constantes da petição inicial, presumindo-se verdadeiras as não impugnadas, salvo se:
I - não for admissível, a seu respeito, a confissão; (direitos trabalhistas, são “indisponíveis”
apenas os pertinentes à personalidade, coletivos, normas de saúde e segurança no trabalho).
II - a petição inicial não estiver acompanhada de instrumento que a lei considerar da
substância do ato; (norma coletiva, lei local, certidão de nascimento de filho para direito ao salário-
família).
III - estiverem em contradição com a defesa, considerada em seu conjunto; (A defesa
principal torna-se “global” e, consequentemente, abarca as defesas específicas. Ex: negativa ao
reconhecimento de vínculo de emprego).
Parágrafo único. O ônus da impugnação especificada dos fatos não se aplica ao defensor
público, ao advogado dativo e ao curador especial.

CONTESTAÇÃO – IMPUGNAÇÃO ESPECÍFICA. O art. 302 do Código de Processo


Civil, aplicado subsidiariamente ao processo do trabalho (art. 769, CLT), impõe
60
ao réu apresentar contestação específica aos fatos narrados pelo autor na
inicial. Não informando a reclamada o salário que entendia como correto da
reclamante para fins de base de cálculo das verbas rescisórias, prevalecem os
fatos trazidos pela autora (TRT 10 Região, RO 2710/2002, Relator Ricardo A.
Machado – DJDF 27.09.2002, pág. 8).

CONTESTAÇÃO – IMPUGNAÇÃO ESPECÍFICA. Cabe ao réu manifestar-se


precisamente sobre os fatos narrados na petição inicial, nos termos do 302 do
COC, não sendo atacável processualmente defesa por negação geral (TRT 12ª
Região, 3ª Turma, RO 5370/2003.026.12.00-1. AC nº. 9987/2004. Relatora
Ligia M. Teixeira Gouvêa. DJSC 15.9.04, pág. 202)

Exemplo: A reclamada impugna o pedido de pagamento de 10 horas extraordinárias com


acréscimo de 50%, porque:
A) Não admite cumprimento de horas extras, o que impede a concretização do que o
empregado alega, tanto que não consta no cartão de folha ponto assinado pelo obreiro;
B) Adota compensação de horas, sendo que as alegadas “horas extraordinárias” foram
gozadas na forma legal admitida na compensação;
C) Ademais, o reclamante deixa de fazer prova rígida e cabal acerca do alegado cumprimento
de horas extras, sendo que é seu o ônus de provar o direito ao qual reivindica.

Matérias Invocadas Após À Defesa:

CPC, Art. 342. Depois da contestação, só é lícito ao réu deduzir novas alegações
quando:
I - relativas a direito ou a fato superveniente; (ex: empregado entra com ação
no curso do emprego pedindo verbas trabalhistas, e após certo tempo, comete
falta grave ensejando justa causa)
II - competir ao juiz conhecer delas de ofício; (ex: prescrição, decadência)
III - por expressa autorização legal, puderem ser formuladas em qualquer
tempo e grau de jurisdição. (ex: qualquer objeção processual e matérias de
ordem pública)

CPC, Art. 493. Se, depois da propositura da ação, algum fato constitutivo,
modificativo ou extintivo do direito influir no julgamento do mérito, caberá ao
juiz tomá-lo em consideração, de ofício ou a requerimento da parte, no
momento de proferir a decisão. Parágrafo único. Se constatar de ofício o fato
novo, o juiz ouvirá as partes sobre ele antes de decidir.

SÚMULA Nº. 394 DO TST


FATO SUPERVENIENTE. ART. 493 DO CPC DE 2015. ART. 462 DO CPC DE 1973.
O art. 493 do CPC de 2015 (art. 462 do CPC de 1973), que admite a invocação
de fato constitutivo, modificativo ou extintivo do direito, superveniente à
propositura da ação, é aplicável de ofício aos processos em curso em qualquer
61
instância trabalhista. Cumpre ao juiz ou tribunal ouvir as partes sobre o fato
novo antes de decidir.

Compensação:

CPC, Art. 368. Se duas pessoas forem ao mesmo tempo, credor e devedor uma
da outra, as duas obrigações extinguem-se até onde se compensarem.
São requisitos para aplicação no Processo do Trabalho:
a) Dívidas líquidas, vencidas e de coisas fungíveis (art. 369, CC);
b) Requerimento do reclamado somente pode ser arguida como matéria de
Defesa (Art. 767, CLT e Súmula 48, TST).

Exemplos: aviso prévio não trabalhado em ação reclamando verbas rescisórias; danos
causados pelo empregado. Obs: Há previsão de “compensação” no art. 477, §5º, CLT, mas não é
processual. Aquela é quando da rescisão contratual. Compensação de até o valor de 01 mês de sua
remuneração.

Dedução:
Prerrogativa, possibilidade do Juízo determinar que sejam abatidos do total da condenação,
os valores já pagos constantes em recibos, declarações, comprovantes constantes nos autos, após
verifica-los como pagamento de parte das verbas postuladas, a fim de evitar enriquecimento sem
causa. Exemplo:

OJ 415 SDI 1 TST. HORAS EXTRAS. RECONHECIMENTO EM JUÍZO. CRITÉRIO


DE DEDUÇÃO/ABATIMENTO DOS VALORES COMPROVADAMENTE PAGOS NO
CURSO DO CONTRATO DE TRABALHO.
A dedução das horas extras comprovadamente pagas daquelas reconhecidas
em juízo não pode ser limitada ao mês de apuração, devendo ser integral e
aferida pelo total das horas extraordinárias quitadas durante o
período imprescrito do contrato de trabalho.

3. Exceções como matéria de Defesa Trabalhista:

Exceções são defesas com resultados protelatórios, dirigidas contra o processo, e não contra
o mérito. Não atacam os pedidos, mas sim, visam obstar o processo, de alguma forma!
Dilatórias: atrasam o curso do processo, tem por objetivo a dilatação do trâmite – exceções
de incompetência, de suspeição e de impedimento.
Peremptórias: visam a extinção sem resolução do mérito – rol do art. 337, CPC,
notadamente a coisa julgada, litispendência, perempção.

CLT, Art. 799 - Nas causas da jurisdição da Justiça do Trabalho, somente podem
ser opostas, com suspensão do feito, as exceções de suspeição ou
incompetência.

62
Tratam-se de incompetência relativa. Suspendem o feito somente as exceções
em razão do lugar (incompetência) e de suspeição (pessoa do magistrado), que
poderá alegadas antes da Defesa/Contestação.
§1º. As demais exceções serão alegadas como matéria de defesa.
A incompetência relativa deve ser arguida antes da audiência (antes da
apresentação da Defesa [Contestação] propriamente dita).

A incompetência absoluta deve ser alegada como matéria de Defesa/Contestação.

CLT, Art. 799.


...
§2º. Das decisões sobre exceções de suspeição e incompetência, salvo, quanto
a estas, se terminativas do feito, não caberá recurso, podendo, no entanto, as
partes alegá-las novamente no recurso que couber da decisão final.

SÚMULA Nº. 214 DO TST


DECISÃO INTERLOCUTÓRIA. IRRECORRIBILIDADE.
Na Justiça do Trabalho, nos termos do art. 893, § 1º, da CLT, as decisões
interlocutórias não ensejam recurso imediato, salvo nas hipóteses de decisão:
...
c) que acolhe exceção de incompetência territorial, com a remessa dos autos
para Tribunal Regional distinto daquele a que se vincula o juízo excepcionado,
consoante o disposto no art. 799, § 2º, da CLT.

3.1 Exceções de Impedimento e de Suspeição:

Impedimento: art. 144, CPC. Matérias de ordem pública, não há preclusão. Não há dúvida
quanto à imparcialidade do magistrado. A lei o considera parcial. Pode ser invocado a qualquer tempo
antes do trânsito em julgado (após, Ação Rescisória, art. 966, II, CPC).

Suspeição: art. 145, CPC. Há dúvida quanto à imparcialidade do magistrado. A lei não impede
de pronto a atuação do juiz e, por isso, está sujeita à preclusão, se não for invocada no momento
processual oportuno.

CLT, Art. 801 - O juiz, presidente ou vogal, é obrigado a dar-se por suspeito, e
pode ser recusado, por algum dos seguintes motivos, em relação à pessoa dos
litigantes:
a) inimizade pessoal;
b) amizade íntima;
c) parentesco por consangüinidade ou afinidade até o terceiro grau civil;
d) interesse particular na causa.
Parágrafo único - Se o recusante houver praticado algum ato pelo qual haja
consentido na pessoa do juiz, não mais poderá alegar exceção de suspeição,
salvo sobrevindo novo motivo. A suspeição não será também admitida, se do
63
processo constar que o recusante deixou de alegá-la anteriormente, quando já
a conhecia, ou que, depois de conhecida, aceitou o juiz recusado ou, finalmente,
se procurou de propósito o motivo de que ela se originou.

CLT, Art. 802 - Apresentada a exceção de suspeição, o juiz ou Tribunal


designará audiência dentro de 48 (quarenta e oito) horas, para instrução e
julgamento da exceção.
§1º. Nas Juntas de Conciliação e Julgamento e nos Tribunais Regionais, julgada
procedente a exceção de suspeição, será logo convocado para a mesma
audiência ou sessão, ou para a seguinte, o suplente do membro suspeito, o qual
continuará a funcionar no feito até decisão final. Proceder-se-á da mesma
maneira quando algum dos membros se declarar suspeito.
§2º. Se se tratar de suspeição de Juiz de Direito, será este substituído na forma
da organização judiciária local.

3.2 Exceção de Incompetência Territorial:

Trata-se de exceção de incompetência relativa. Logo:


a) Deve ser trazida no próprio bojo da Defesa, como matéria preliminar (art. 799, §1º, CLT);
b) Se não for arguida, haverá preclusão da matéria, prorrogando-se a competência da Vara
em que a Reclamação foi proposta.
➢ Regra: apresentada antes da audiência - art. 800, CLT;
➢ Pode ser apresentada como preliminar de contestação: art. 337, II, CPC + art. 847, CLT;
➢ Obs importante: O reclamado continua podendo opor exceção de incompetência
territorial na audiência, inclusive oralmente (http://genjuridico.com.br/2018/07/04/excecao-de-
incompetencia-territorial-alteracoes-decorrentes-da-reforma-trabalhista/).

CLT, Art. 800. Apresentada exceção de incompetência territorial no prazo de


cinco dias a contar da notificação, antes da audiência e em peça que sinalize a
existência desta exceção, seguir-se-á o procedimento estabelecido neste
artigo.
§1o. Protocolada a petição, será suspenso o processo e não se realizará a
audiência a que se refere o art. 843 desta Consolidação até que se decida a
exceção.
§2o. Os autos serão imediatamente conclusos ao juiz, que intimará o
reclamante e, se existentes, os litisconsortes, para manifestação no prazo
comum de cinco dias.
§3o. Se entender necessária a produção de prova oral, o juízo designará
audiência, garantindo o direito de o excipiente e de suas testemunhas serem
ouvidos, por carta precatória, no juízo que este houver indicado como
competente.
§4o. Decidida a exceção de incompetência territorial, o processo retomará seu
curso, com a designação de audiência, a apresentação de defesa e a instrução
processual perante o juízo competente.
64
4. Reconvenção – Modalidade de Resposta:

Trata-se de modalidade de resposta do reclamado, com as seguintes características:


a) Proposta no bojo da Contestação;
b) Contra o reclamante e/ou terceiro;
c) Trâmite num único processo;
d) Pode ser proposta pelo réu em litisconsórcio com terceiro;
e) É independente da existência de Defesa/Contestação. A não apresentação desta ou sua
desistência, não impede o prosseguimento;
f) Resposta de 15 dias pelo reconvindo.
São requisitos:
a) Juiz da causa não seja absolutamente incompetente para a reconvenção;
b) Compatibilidade de ritos procedimentais;
c) Conexão entre a reconvenção e ação principal.

CPC. Art. 343. Na contestação, é lícito ao réu propor reconvenção para


manifestar pretensão própria, conexa com a ação principal ou com o
fundamento da defesa.
§ 1º Proposta a reconvenção, o autor será intimado, na pessoa de seu
advogado, para apresentar resposta no prazo de 15 (quinze) dias.
§ 2º A desistência da ação ou a ocorrência de causa extintiva que impeça o
exame de seu mérito não obsta ao prosseguimento do processo quanto à
reconvenção.
§ 3º A reconvenção pode ser proposta contra o autor e terceiro.
§ 4º A reconvenção pode ser proposta pelo réu em litisconsórcio com terceiro.
§ 5º Se o autor for substituto processual, o reconvinte deverá afirmar ser
titular de direito em face do substituído, e a reconvenção deverá ser proposta
em face do autor, também na qualidade de substituto processual.
§ 6º O réu pode propor reconvenção independentemente de oferecer
contestação.

VIII. DAS PROVAS

1. Conceito, Finalidade e Objeto

Meios processuais ou materiais idôneos pelo ordenamento, para demonstrar a verdade ao


Poder Judiciário e, assim, obter dele, a prestação jurisdicional nos conformes e nos limites provados.

Previsão Constitucional: Art. 5º, LV - aos litigantes, em processo judicial ou


administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e
ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes.

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CPC, Art. 369. As partes têm o direito de empregar todos os meios legais, bem
como os moralmente legítimos, ainda que não especificados neste Código, para
provar a verdade dos fatos em que se funda o pedido ou a defesa e influir
eficazmente na convicção do juiz.

O sistema de provas obedece à: Ordem pública constitucional; parametrizado pelo


convencimento do Juízo; Critérios racionais vinculados aos pedidos; Regulação da lei; Ao regular
exercício de liberdade, do acesso à justiça, à justa solução dos conflitos e à dignidade humana.

O objeto da prova são:


a) Fatos: pertinentes. Provas relacionadas às controvérsias da demanda;
b) Direito: quando dependem de norma legal que deva ser trazida ao conhecimento do Juízo
(leis locais, normas coletivas de trabalho, contratos, etc).
Não dependem de prova:
a) Fatos notórios (art. 374, I, CPC)
b) Fatos afirmados por uma parte e confessos por outra (art. 374, II, CPC).
c) Fatos não controvertidos, porque são admitidos como verdadeiros no processo (art. 374,
III, CPC), exceto os fatos inverossímeis, ou seja, aqueles impossíveis ou fora do padrão médio;
d) Fatos com presunção legal de existência ou de veracidade (art. 374, IV, CPC), que não se
aplicam ao Processo do Trabalho, em razão da primazia da realidade sob a forma, inexistindo caráter
absoluto às presunções (juris et juris), mas apenas relativo (juris tantum).

Presunções Relativas no Processo do Trabalho:

Súmula nº 12 do TST - CARTEIRA PROFISSIONAL


As anotações apostas pelo empregador na carteira profissional do empregado
não geram presunção "juris et de jure", mas apenas "juris tantum".
Súmula nº 16 do TST – NOTIFICAÇÃO
Presume-se recebida a notificação 48 (quarenta e oito) horas depois de
sua postagem. O seu não-recebimento ou a entrega após o decurso desse prazo
constitui ônus de prova do destinatário.
Súmula nº 43 do TST – TRANSFERÊNCIA
Presume-se abusiva a transferência de que trata o § 1º do art. 469 da CLT, sem
comprovação da necessidade do serviço.
Súmula nº 212 do TST - DESPEDIMENTO. ÔNUS DA PROVA
O ônus de provar o término do contrato de trabalho, quando negados a
prestação de serviço e o despedimento, é do empregador, pois o princípio da
continuidade da relação de emprego constitui presunção favorável ao
empregado.
Súmula nº 443 do TST - DISPENSA DISCRIMINATÓRIA. PRESUNÇÃO.
EMPREGADO PORTADOR DE DOENÇA GRAVE. ESTIGMA OU PRECONCEITO.
DIREITO À REINTEGRAÇÃO

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Presume-se discriminatória a despedida de empregado portador do vírus HIV
ou de outra doença grave que suscite estigma ou preconceito. Inválido o ato, o
empregado tem direito à reintegração no emprego.

2. Fases do Procedimento Probatório

Não há previsão fixada pela lei. Contudo, a técnica processual traz o seguinte:

a) Requerimento das provas: CPC, art. 319, IV (autor requer provas a inicial) e art. 336
(réu requer provas na contestação). Contudo, no Processo do Trabalho o requerimento de provas é
realizado (são produzidas) em audiência (art. 845, CLT). Não obstante, a produção documental deve
acompanhar a RT. e autenticado pelo próprio advogado (art. 787 + 830, CLT). Obs: Admissibilidade
da prova se dá na audiência, que é a fase de saneamento do processo do trabalho;

b) Produção da Prova: não há ordem prevista em lei, mas há uma lógica. Prova
documental = pré-constituída. Prova Pericial = antes dos depoimentos (partes) e oitivas
(testemunhas), pois estas últimas serão relevantes em confrontação com o laudo pericial + oitiva do
perito em audiência (art. 827, CLT). Ordem para depoimentos/oitivas = Juiz é quem preside, não se
aplica o art. 361 CPC, em razão dos amplos poderes do Juiz do Trabalho nos arts. 765 e 852-D, CLT.
Logo, não há que se falar em nulidade ou irregularidade, porque a ordem da prova é
discricionariedade do Juiz.

c) Valoração da prova: momento fundamental do processo, em que o Juízo, de forma


discricionária, avaliará e sopesará as provas produzidas nos autos, confrontando com o seu
convencimento, tudo de forma fundamentada. O exercício da Magistratura aponta que, o Juiz
primeiro avalia cada prova isoladamente e, somente após, confronta entre si toda as provas
existentes. Feito isto, o Juiz aplicará o direito àqueles fatos que se convenceu estarem provados. Logo,
o momento da valoração probatória é a Sentença Trabalhista.

Da Produção Antecipada de Prova:


Trata-se da possibilidade jurídica para:
a) evitar perecimento do direito;
b) Quando for impossível materialmente realizar a prova em momento posterior
(tardiamente);
c) Quando houver perigo da demora e se obtiva em procedimento próprio (com feição de
tutela cautelar), assegurar direito para processo superveniente (art. 381, CPC);
d) Estratégia para negociação ou conciliação (busca pelo acordo);
CLT não tem previsão desta matéria, logo, aplicam-se os artigos 381 a 383 do CPC.
Foro para processo de produção antecipada de prova: local da prestação de serviços (art.
651, caput, CLT).
Esta ação é interessante para fins de menor impacto financeiro às custas processuais, na
petição inicial da produção antecipada de prova, não há pedido de condenação pecuniária da parte
ré, e justamente por isto, o valor da causa é arbitrado pela parte autora.
Exemplos de razões (art. 382, CPC) que justificam desta ação:
67
• Testemunha com doença grave, risco iminente de morte;
• Fechamento de setor da empresa em que os empregados recebem insalubridade ou
periculosidade (para Reclamação Trabalhista futura);
• Condições de trabalho degradantes em determinada obra pública ou privada;
• Dano Moral diante de abusividade

Da Prova Emprestada:
1. Material probatório produzido num processo, que pode ser trasladado para outro, por
meio de certidão extraída daquele;
2. Meras cópias materiais de outro processo e a juntada daqueles noutro, não é
considerada prova emprestada;
3. Contudo, a doutrina (Dinamarco, por exemplo) é no sentido de que só as provas
constituídas no processo são suscetíveis de autêntico empréstimo (oral, pericial, pericial). Ademais,
a produção probatória requer imediatidade do juiz, identidade física contraditório imediato;
4. Contudo, a prática forense não se coaduna com a doutrina. Provas emprestadas são
legítimas, cabe ao convencimento do Juiz, e desde que moralmente legítimas (art. 369, CPC), não são
rechaçadas (desentranhadas) dos autos.
CPC, Art. 372. O juiz poderá admitir a utilização de prova produzida em outro processo,
atribuindo-lhe o valor que considerar adequado, observado o contraditório.
5. Pode ser requerida por qualquer das partes, em conjunto ou determinada de ofício pelo
Juiz (art. 370, CPC e 765, CLT);
6. Pode ter sido colhida nas esfera criminal, cível, etc. Contudo, há algumas provas que
podem ser somente produzidas na esfera criminal, como interceptação telefônica (art. 1º da Lei
9.296/96);
7. Provas colhidas em inquérito policial e inquérito civil público, podem ser utilizadas no
Processo do Trabalho? Em regra não, porque lhes falta o contraditório e a ampla defesa, garantido
pelo art. 5º, LV, CR. Só poderá se houver expressa concordância das partes no processo.
No Processo do Trabalho, a prova pericial é um excelente exemplo de elemento probatório
importante! Ainda que a juntada pela parte de um laudo pericial de condições idênticas produzido
noutro processo não elimine a pertinente e integral produção probatória, certamente ela será um
balizador!
Requisitos para que a prova emprestada conserve sua eficácia inicial:
Doutrina: a) Que tenha sido colhida no processo judicial entre as mesmas partes ou um das
partes e terceiro; b) Que tenha sido colhida regular e legitimamente; c) Que o fato a ser provado, seja
idêntico.
Prática forense: somente que “b” e “c”, porque a “a” está relacionada à valoração de prova
e não à admissibilidade da prova emprestada.

3. Princípios da Prova no Processo do Trabalho

1. Necessidade da Prova
O sucesso do processo depende da qualidade da produção probatória de quem alega. É dever
da parte provar o que alega, sob pena de improcedência, revelia, confissão ou admissão como
verdadeira dos fatos não controvertidos e não provados. Produção de prova é direito constitucional,
68
logo, não pode o Magistrado se impressionar com as alegações das partes, atuando de forma a limitar
ou indeferir provas, em razão de convencimento “pré-constituído”, ou “pré-julgamento” da lide.

2. Contraditório e Ampla Defesa


Pelo contraditório, as partes têm o direito constitucional de produzir todas as provas
admitidas pelo ordenamento justrabalhista, inclusive, moralmente legítimos (art. 369, CPC). Pela
ampla defesa, deve ser assegurada a igualdade de oportunidades de produção de provas, de
manifestações e de impugnações.

3. Licitude e Probidade da Prova


São constitucionalmente vedadas as provas ilícitas, em resguardo do princípio da legalidade,
da dignidade do processo e da boa-fé processual. Provas ilícitas devem ser desentranhadas do
processo sem qualquer valoração. O CPC veda, também, provas moralmente ilegítimas (art. 369).

4. Oralidade
Como vimos até agora em nossa disciplina, a característica das audiências trabalhistas é a
oralidade. A identidade física do Juiz é importante para a valoração da prova, eis que o Juiz que colhe
os depoimentos/oitivas, terá maior conhecimento do caso ao proferir a Sentença (da expressão em
latim “sententia” e “sentire”: sentir, perceber, pensamento, opinião), possível também pela
Imediatidade, ou seja, pelo contato maior do Juiz do Trabalho com as partes e testemunhas do
processo, colhendo diretamente a prova.

5. Aquisição Processual da Prova


Prova produzida nos autos, passa a pertencer àquele processo, integrando-o como um todo,
independente de quem a produziu. A prova não é da parte, é do processo. Logo, o convencimento do
Juízo será formado pelo conjunto probatório, e não, por provas isoladas. CPC, art. 371. O juiz
apreciará a prova constante dos autos, independentemente do sujeito que a tiver promovido, e indicará
na decisão as razões da formação de seu convencimento.

6. Convencimento Motivado do Juiz


Trata-se da persuasão racional, que possibilita ao Juízo firmar seu convencimento livre,
sempre fundamentando as suas decisões, com base no ordenamento justrabalhista. CPC, art. 371. O
juiz apreciará a prova constante dos autos, independentemente do sujeito que a tiver promovido, e
indicará na decisão as razões da formação de seu convencimento. CR/88, Art. 93, IX. todos os
julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e fundamentadas todas as decisões...

7. Busca da Verdade Real


“O que não está no processo, não existe no mundo” pode servir para o processo civil, não
para o processo penal ou do trabalho. O Direito do Trabalho tem como um de seus vetores, a primazia
da realidade sob a forma, por isto, a busca da verdade real ou o julgamento tão próximo quanto, é
imprescindível para o conceito de “Justiça”.

8. Aptidão para a Prova

69
Quem deve produzir a prova, não necessariamente a quem incumba o ônus da prova, mas
sim, que melhor tem melhores condições materiais ou técnicas para produzir. É a superação do ônus
da prova do art. 818 da CLT e 373 do CPC à luz do acesso à justiça, contraditório, ampla defesa e
igualdade substancial dos litigantes. É preciso considerar a hipossuficiência e a dificuldade
probatória de produção de determinadas provas pelo trabalhador, em sopesamento às possíveis
melhores condições pelo empregador, não afastando a atuação equilibrada do Juiz do Trabalho, à luz
da razoabilidade e proporcionalidade.
Exemplos clássicos no Processo do Trabalho são a prova da jornada (controle de ponto), da
insalubridade ou periculosidade (laudos periciais), da equiparação salarial (eventuais planos de
cargos de salários, inexistindo, de critérios de remuneração).

4. Ônus da Prova no Processo do Trabalho

Dever processual a que deve se desincumbir o reclamante, quando reclama fato constitutivo
de seu direito; e a que deve se desincumbir o reclamado quando contradiz o reclamante, devendo
apresentar e provar a ocorrência de fatos que modifique, que extingam ou que impeçam o direito do
reclamante (ônus estático - art. 818, caput, CLT).
Ônus subjetivo: pertinente às partes, ou seja, quem tenha o ônus de comprovar os fatos
alegados;
Ônus objetivo: dirigido ao juiz, quando do seu julgamento acerca da valoração da prova,
através de um raciocínio lógico com base nos pedidos e nas impugnações.

Art. 818, CLT: (ônus dinâmico §§1º e 2º)


...
§1o. Nos casos previstos em lei ou diante de peculiaridades da causa
relacionadas à impossibilidade ou à excessiva dificuldade de cumprir o
encargo nos termos deste artigo ou à maior facilidade de obtenção da prova do
fato contrário, poderá o juízo atribuir o ônus da prova de modo diverso, desde
que o faça por decisão fundamentada, caso em que deverá dar à parte a
oportunidade de se desincumbir do ônus que lhe foi atribuído.
§2o. A decisão referida no § 1o deste artigo deverá ser proferida antes da
abertura da instrução e, a requerimento da parte, implicará o adiamento da
audiência e possibilitará provar os fatos por qualquer meio em direito
admitido.
§3o. A decisão referida no § 1o deste artigo não pode gerar situação em que a
desincumbência do encargo pela parte seja impossível ou excessivamente
difícil.

Em regra, o ônus da prova deve ser distribuída em audiência, eis que este momento é
considerado crucial para o saneamento do processo.
No Processo do Trabalho, aplica-se a inversão judicial do ônus da prova do CDC, em
consoante a omissão da CLT, compatibilidade com os princípios processuais laborais e, diante da
dificuldade de produção probatória pelo trabalhador.

70
Lei nº. 8.078/90, Art. 6º. São direitos básicos do consumidor:
...
VIII - a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a inversão do ônus
da prova, a seu favor, no processo civil, quando, a critério do juiz, for verossímil
a alegação ou quando for ele hipossuficiente, segundo as regras ordinárias de
experiências;

Não obstante, alguns pontos são pacíficos na jurisprudência majoritária e também na


consolidada, acerca do ônus probandi:

ENUNCIADO Nº. 41 DA 1ª JORNADA DE DIREITO MATERIAL E PROCESSUAL


DO TRABALHO realizada no TST
RESPONSABILIDADE CIVIL. ACIDENTE DO TRABALHO. ÔNUS DA PROVA.
Cabe inversão do ônus da prova em favor da vítima nas ações indenizatórias
por acidente de trabalho.
Súmula nº 338 do TST - JORNADA DE TRABALHO. REGISTRO. ÔNUS DA
PROVA
I - É ônus do empregador que conta com mais de 10 (dez) empregados o
registro da jornada de trabalho na forma do art. 74, § 2º, da CLT. A não-
apresentação injustificada dos controles de freqüência gera presunção relativa
de veracidade da jornada de trabalho, a qual pode ser elidida por prova em
contrário.
II - A presunção de veracidade da jornada de trabalho, ainda que prevista em
instrumento normativo, pode ser elidida por prova em contrário.
III - Os cartões de ponto que demonstram horários de entrada e saída
uniformes são inválidos como meio de prova, invertendo-se o ônus da prova,
relativo às horas extras, que passa a ser do empregador, prevalecendo a
jornada da inicial se dele não se desincumbir.
Súmula nº 212 do TST - DESPEDIMENTO. ÔNUS DA PROVA
O ônus de provar o término do contrato de trabalho, quando negados a
prestação de serviço e o despedimento, é do empregador, pois o princípio da
continuidade da relação de emprego constitui presunção favorável ao
empregado.
Súmula nº 460 do TST - VALE-TRANSPORTE. ÔNUS DA PROVA
É do empregador o ônus de comprovar que o empregado não satisfaz os
requisitos indispensáveis para a concessão do vale-transporte ou não
pretenda fazer uso do benefício.
Súmula nº 461 do TST - FGTS. DIFERENÇAS. RECOLHIMENTO. ÔNUS DA
PROVA
É do empregador o ônus da prova em relação à regularidade dos depósitos do
FGTS, pois o pagamento é fato extintivo do direito do autor (art. 373, II, do CPC
de 2015).

Valoração da Prova no Processo do Trabalho


71
A valoração da prova encontra lugar na Sentença: o Juízo, de forma discricionária mas
fundamentada, após analisar e confrontar alegações de fatos, o arcabouço probatório produzido,
analisar as provas isoladamente e conjuntamente, confrontar as provas produzidas e sopesá-las,
enquadrar o fato social ao fato jurídico, impulsionado pelo seu convencimento, mas sempre de forma
fundamentada, proferirá a Sentença, valorando as provas através de análise de fato x direito x prova.
CPC, art. 371 trata da apreciação das provas pelo juiz, e a necessidade de indicar as razões
de formação de seu convencimento. Significa que é poder-dever do Juiz, firmar sua convicção com
qualquer elemento de prova constante dos autos, ainda que não alegado na RT ou na Defesa, assim,
qualquer prova existente no processo, é apta ao convencimento do juiz.

Juiz – Apreciação das provas – Valoração – Princípio da Persuasão Racional –


Inteligência do artigo 131 do CPC. O juiz, ao apreciar os pedidos valorando as
provas, tem ampla liberdade de verificar sua pertinência, principalmente no
processo laboral, cujo objetivo maior é alcançar sua pertinência,
principalmente no processo laboral, cujo objetivo maior é alcançar a verdade
real. Cabe-lhe, sim, inclusive por expressa disposição legal, conforme o art. 131
do CPC, de aplicação subsidiária no processo laboral, restringir-se aos
elementos existentes nos autos, inclusive para aquilatar a qualidade da prova,
a coerência intrínseca com os fatos alegados, em conformidade com o art. 818
da CLT e art. 333 e incisos do CPC. Ora, o objetivo desta não é senão outro do
que formar a convicção o órgão julgador, sempre, repita-se, fulcrado no
princípio da persuasão racional. (TRT 15ª Região, 2ª Turma, Relator
Desembargador Luis Carlos Cândido M.S. da Silva – DJ n. 222 – 28.11.08 – p.36
– RO n. 417/2007.081.15.00-0. 03.03.2009).

SISTEMA DE VALORAÇÃO DA PROVA. PRINCÍPIO DA PERSUASÃO RACIONAL


E LIVRE CONVENCIMENTO MOTIVADO. À luz do sistema de valoração da
prova do livre convencimento motivado adotado nos domínios do direito
processual brasileiro, observado na seara trabalhista, atrelado ao princípio da
persuasão racional, é conferida ao magistrado ampla liberdade para avaliar a
prova, decidir sobre a relação jurídica controvertida e aplicar as normas
pertinentes ao caso concreto. Ainda, pelo princípio da persuasão racional, o
juiz apreciará livremente os depoimentos, podendo dar mais valor a um do que
ao outro, não acolher nenhum deles, ou, ainda, desconsiderá-los no todo ou em
parte, conforme a matéria e as circunstâncias verificadas nos autos. PRINCÍPIO
DA IMEDIATIDADE. À luz do princípio da imediatidade, o juiz responsável pela
instrução a causa, por ter colhido os depoimentos das partes e das
testemunhas, e ter mantido contato com as reações e emoções emanadas pelos
depoentes enquanto respondem os questionamentos formulados em
audiência, tem melhores condições de avaliar o conteúdo das declarações
prestadas e de atribuir a valoração adequada ao acervo oral, de acordo com as
normas legais, e, por consequência, de decidir a controvérsia, segundo o seu

72
livre convencimento. (TRT12 - ROT - 0001764-29.2015.5.12.0004 , LIGIA
MARIA TEIXEIRA GOUVEA , 5ª Câmara , Data de Assinatura: 28/04/2020)

In Dubio Pro Operario e Valoração da Prova:

Há situações que tornam o convencimento do juiz, amplamente árduo, difícil, como a


ocorrência de prova dividida ou empatada, que não possibilita ao julgador saber qual é a versão mais
verossímil.
A melhor doutrina (Maurício Godinho Delgado, Amauri Mascaro do Nascimento, Carlos
Henrique Bezerra Leite, Leone Pereira, Mauro Schiavi, Estêvão Mallet) ainda diverge acerca de uma
solução frente à esta situação, apontando os seguintes direcionamentos:
1. Aplica-se o princípio in dubio pro operario ao Processo do Trabalho; ou
2. Não se aplica o princípio in dubio pro operario ao Processo do Trabalho, pois é dever do
Juiz decidir contra quem detinha o ônus da prova; ou
3. Aplica-se pura e simplesmente o Princípio da Persuasão Racional, entendo-o como
subjetivo (ou seja, não há critérios acadêmicos ou doutrinários para esta situação, posto que o
convencimento é personalíssimo, logo, a valoração da prova é elemento totalmente discricionário,
ainda que deva ser fundamentado juridicamente).
Segundo a Doutrina:
É possível a aplicação do Princípio In Dubio Pro Operario quando se esgotar absolutamente
todos os meios de avaliação da melhor prova, quando esta (a melhor) existir, ou seja, quando
cumulativamente se estiver diante do seguinte cenário:
a) nos casos de incontornável dúvida diante dos elementos probatórios produzidos;
b) quando os critérios da valoração da prova não forem suficientes para convencer o Juiz
acerca de sua verossimilhança;
c) também quando a experiência empírica do juiz (intuição, indícios, presunções) não for
suficiente para formar seu convencimento sobre aquele determinado caso.
Segundo a jurisprudência majoritária:

HORAS EXTRAS. CARTÕES DE PONTO. PROVA DIVIDIDA. Estando a prova


dividida com a contraposição de versões, o exame do conjunto probatório deve
ser norteado pelas regras do ônus da prova (arts. 818 da CLT e 373 do CPC) e
pelo princípio da imediatidade por meio do qual o juiz instrutor, em virtude da
proximidade com os litigantes e testemunhas, detém condição privilegiada de
aquilatar a probidade das informações coligidas. (TRT12 - ROT - 0000185-
35.2019.5.12.0027, ROBERTO LUIZ GUGLIELMETTO, 1ª Câmara, Data de
Assinatura: 17/03/2020).

"PROVA ORAL DIVIDIDA. DECISÃO DESFAVORÁVEL À PARTE QUE DETÉM O


ÔNUS PROBATÓRIO. Levando em consideração a igualdade de tratamento dos
litigantes e a inaplicabilidade do princípio "in dubio pro operario" em matéria
probatória, necessário concluir que, havendo prova dividida, o julgador deverá
decidir contra a parte detentora do ônus probatório." (RO 0000704-
77.2010.5.12.0042, Rel. Juíza Mari Eleda Migliorini, TRTSC/DOE de 21-10-
73
2011) (TRT12 - ROT - 0001118-77.2017.5.12.0059, MARCOS VINICIO
ZANCHETTA, 4ª Câmara, Data de Assinatura: 19/09/2019).

PROVA DIVIDIDA. INAPLICABILIDADE DO PRINCÍPIO "IN DUBIO PRO


OPERARIO". Não se aplica o princípio "in dubio pro operario" em relação ao
direito processual, valendo este unicamente para o direito material, quando há
dúvida quanto ao direito a ser aplicado, e não quanto à matéria fática. (TRT12
- ROT - 0001250-21.2017.5.12.0032, WANDERLEY GODOY JUNIOR, 1ª
Câmara, Data de Assinatura: 11/09/2019).

DANO MORAL. PROVA DIVIDIDA. ÔNUS DA PROVA. Por se tratar de fato


constitutivo do direito postulado, compete à parte autora demonstrar a
existência do dano moral vindicado, ex vi do art. 818 da CLT c/c art. 373, I, do
CPC. Na existência de prova dividida, o caso resolve-se contrariamente àquele
sobre o qual recai o encargo probatório. (TRT12 - ROT - 0001301-
28.2017.5.12.0001, ROBERTO LUIZ GUGLIELMETTO, 3ª Câmara, Data de
Assinatura: 20/08/2019).

Da Prova Ilícita no Processo do Trabalho:

CR/88, Art. 5º, LVI - são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios ilícitos.
Como norma da Teoria Geral do Direito, trata-se de vedação que garante o devido processo
legal – outro direito fundamental – e a dignidade do processo, assim como a paridade de “armas”
processuais do cidadão.
Há basicamente três vertentes na doutrina:
a) Vedação total da prova ilícita: toda e qualquer prova obtida por meio ilícito, não será
admitida em nenhuma hipótese, eis que a conduta ilícita para produção deste tipo de “prova”, assim
caracterizado pelo direito material, não pode ser valorado de forma diversa (aceito) pelo direito
processual. Forte tendência da jurisprudência neste sentido, mesmo antes da CR/88.
b) Permissiva: diz respeito ao conteúdo, e não a forma, ou seja, desde que o conteúdo da
prova seja lícito, ela poderá ser utilizada no processo, ainda que tenha sido obtida por meio ilícito,
fundamentando-se tal aceitação, na busca da verdade real. Para esta vertente, os fins justificam os
meios, já que a efetividade da prova e a busca da verdade real justificam o ilícito na obtenção da
prova;
c) Teoria da Proporcionalidade ou Regra de Ponderação: na interpretação de
determinada norma jurídica, devem ser sopesados os interesses e direitos em jogo, de modo a dar-
se a solução concreta mais justa, já que nenhuma regra processual é absoluta. É a utilização do
Princípio Constitucional da Proporcionalidade para se obter a efetividade do processo na medida da
adequada solução conferida pelo juiz, ao proteger o direitos pelo sopesamento de princípios
constitucionais. Doutrina de peso adota esta teoria (José Carlos Barbosa Moreira, Carlos Henrique
Bezerra Leite, Mauro Schiavi, João Batista Lopes).
c) Teoria da Proporcionalidade ou Regra de Ponderação: deve se valer o Juiz do
Trabalho dos seguintes elementos, frente à prova ilícita mas materialmente aproveitável:
1. necessidade: de sacrificar um direito fundamental em face de outro;
74
2. adequação: a medida adotada deve ser adequada à finalidade do processo;
3. Proporcionalidade em sentido estrito: é a realização do juízo de valor, de ponderação,
de sopesamento dos valores envolvidos no processo.
Teoria da Proporcionalidade já há tempos é a admitida pela jurisprudência trabalhista e
ainda mantida:
GRAVAÇÃO TELEFÔNICA. A aceitação no processo judiciário do trabalho, de
gravação de diálogo telefônico mantido pelas partes e oferecida por uma delas,
como prova pra elucidação de fatos controvertidos em juízo, não afronta
suposto direito líquido e certo da outra parte, a inviolabilidade do sigilo das
comunicações telefônicas, porque essa garantia se dá em relação a terceiros e
não aos interlocutores. Recurso ordinário a que se nega provimento, para ser
confirmado o acórdão regional, que negou a segurança requerida. (TST Autos
1564/90. Recurso Ordinário em Mandado de Segurança. Relator Ministro
Ermes Pedro Padrassani. 17.9.1991).

GRAVAÇÃO TELEFÔNICA UNILATERAL. MEIO DE PROVA. ADMISSIBILIDADE.


ASSÉDIO MORAL. RESCISÃO INDIRETA. A gravação telefônica efetuada por um
dos interlocutores, ainda que sem conhecimento do outro, é aceita como meio
lícito de prova, o que, aliado à prova oral produzida, comprova a existência de
assédio moral, que, por sua vez, justifica e ampara o pleito autoral de
reconhecimento da rescisão indireta do pacto laboral, por descumprimento
das obrigações contratuais pelo empregador. (TRT12 - ROT - 0001871-
64.2016.5.12.0028 , MARIA BEATRIZ VIEIRA DA SILVA GUBERT , 1ª Câmara ,
Data de Assinatura: 04/12/2019).

PRELIMINAR DE NULIDADE DO JULGADO POR CERCEAMENTO DE DEFESA –


PROVA ILÍCITA – ACESSO PELO EMPREGADOR À CAIXA DE E-MAIL
CORPORTATIVO FORNECIDA AO EMPREGADO – ÓBICE DA SÚMULA Nº. 126
DO TST. 1. Consoante a diretriz da Súmula 126 do TST, é incabível o recurso de
revista para reexame de fatos e provas. 2. In casu, pretende o reclamante
modificar a decisão vergastada, ao argumento de que a prova acostada aos
autos é ilícita, porquanto consubstanciada no acesso à sua conta de e-mail
pessoal, quando o Regional, ao enfrentar a questão, entendeu que a prova era
lícita, porque se tratava de acesso, pela reclamada, ao conteúdo do e-mail
corporativo fornecido ao reclamante para o exercício de suas atividades
funcionais, do qual se utilizava de forma imprópria, recebendo fotos com
conteúdo que estimulava e reforçava comportamentos preconceituosos. Além
disso, os e-mails continha conversas fúteis que se traduziam em desperdício
de tempo. 3. Com efeito, as alegações obreiras esbarram no óbice do referido
verbete sumulado, porquanto pretendem o revolvimento do conjunto fático-
probatório dos autos. 4. Por outro lado, ainda que o presente recurso não
ultrapasse a barreira do conhecimento, a controvérsia em torno da licitude ou
não da prova acostada pela reclamada, consubstanciada no acesos à caixa de
e-mail corporativo utilizado pelo reclamante, é matéria que merece algumas
75
considerações. 5. O art. 5º, X e XII da CF, garante ao cidadão a inviolabilidade
da intimidade, da vida privada, da honra, da imagem das pessoas, bem como o
sigilo de suas correspondências, dados e comunicações telegráficas e
telefônicas. 6 A concessão, por parte do empregador, de caixa de e-mail a seus
empregados em suas dependências tem por finalidade potencializar a
agilização e eficiência de suas funções para o alcance do objeto social da
empresa, o qual justifica a sua própria existência e deve estar no centro do
interesse de todos aqueles que dela fazem parte, inclusive por meio do
contrato de trabalho. 7. Dessa forma, como instrumento de alcance desses
objetivos, a caixa de e-mail corporativo não se equipara às hipóteses previstas
nos incisos X e XII do art. 5º da CF, tratando-se, pois, de feramente de trabalho
que dever ser utilizada com a mesma diligência emprestada a qualquer outra
de natureza diversa. Deve o empregado zelar pela sua manutenção, utilizando-
a de forma segura e adequada e respeitando os fins para que se destinam.
Mesmo porque, como assinante do provedor de acesso à internet, a empresa é
responsável pela sua utilização com observância da lei. 8. Assim, se o
empregado eventualmente se utiliza da caixa de e-mail corporativo para
assuntos particulares, deve fazê-lo consciente de que o seu acesso pelo
empregador não representa violação de suas correspondências pessoais
tampouco violação de sua privacidade ou intimidade, porque se o trata de
equipamento e tecnologia fornecidos pelo empregador para utilização no
trabalho e para alcance das finalidades da empresa. 9. Nessa esteira, entendo
que não se configura o cerceamento de defesa a utilização de prova
consubstanciada no acesos à caixa de e-mail fornecido pelo empregador aos
seus empregados. Agravo de Instrumento desprovido. (AIRR 1542/2005-055-
02-40.4 – 4.6.2008. Relator Ministro Ives Granda Martins Filho – 7º Turma -
TST).

5. Interrogatório e Depoimento Pessoal

Interrogatório
a) A parte esclarece fatos da causa diretamente ao Juiz;
b) Ato entre o juiz e a parte, personalíssimo;
c) De ofício pelo Juiz e renovada quantas vezes entende necessário (até a Sentença);
d) Não é “prova propriamente dita”, mas sim, instrumento de convencimento do Juiz sobre
fatos relevantes da causa e sua pertinência.
Depoimento Pessoal
a) Finalidade principal: obter confissão da parte contrária;
b) Incumbência da parte o pedido de depoimento, e não do Juiz (art. 385, CPC);
b) Deverá existir intimação expressa, para comparecer pessoalmente sob pena de serem
considerados verdadeiros os fatos alegados (deve constar no mandado que se presumirão
confessados os atos contra ela alegados caso não compareça ou, comparecendo, se recuse a depor);
c) Se não existir intimação, a parte não poderá ser constrangida a se comparecer. (Súmula
74, I, TST)
76
Interrogatório:
CPC, Art. 139. O juiz dirigirá o processo conforme as disposições deste Código,
incumbindo-lhe:
...
VIII - determinar, a qualquer tempo, o comparecimento pessoal das partes,
para inquiri-las sobre os fatos da causa, hipótese em que não incidirá a pena
de confesso;
CPC, Art. 379. Preservado o direito de não produzir prova contra si própria,
incumbe à parte:
I - comparecer em juízo, respondendo ao que lhe for interrogado;
...
III - praticar o ato que lhe for determinado.

Depoimento Pessoal:
CPC, Art. 385. Cabe à parte requerer o depoimento pessoal da outra parte, a
fim de que esta seja interrogada na audiência de instrução e julgamento, sem
prejuízo do poder do juiz de ordená-lo de ofício.
§1º. Se a parte, pessoalmente intimada para prestar depoimento pessoal e
advertida da pena de confesso, não comparecer ou, comparecendo, se recusar
a depor, o juiz aplicar-lhe-á a pena.
CPC, Art. 386. Quando a parte, sem motivo justificado, deixar de responder ao
que lhe for perguntado ou empregar evasivas, o juiz, apreciando as demais
circunstâncias e os elementos de prova, declarará, na sentença, se houve
recusa de depor.

No Processo Civil, o interrogatório não acarreta confissão. No Processo do Trabalho sim, já


que neste interrogatório e depoimento pessoal, ocorrem exatamente no mesmo momento:

CLT, Art. 845. O reclamante e o reclamado comparecerão à audiência


acompanhados das suas testemunhas, apresentando, nessa ocasião, as demais
provas.
CLT, Art. 848. Terminada a defesa, seguir-se-á a instrução do processo,
podendo o presidente, ex officio ou a requerimento de qualquer juiz
temporário, interrogar os litigantes.
§1º. Findo o interrogatório, poderá qualquer dos litigantes retirar-se,
prosseguindo a instrução com o seu representante.
§2º. Serão, a seguir, ouvidas as testemunhas, os peritos e os técnicos, se
houver.

➢ Parte da Doutrina entende que o Processo do Trabalho consagrou o sistema do


interrogatório, em que é faculdade do Juiz interrogar as partes e indeferir o requerimento da parte
para a oitiva do depoimento pessoal de outra, ou seja, o Juiz poderá indeferir este requerimento;

77
➢ Não obstante, diante da inexistência de disciplina do depoimento pessoal na CLT
(verdadeira omissão), por força do art. 769 celetista, aplica-se a disposição pertinente do CPC.
Ademais, o depoimento pessoal da parte é elemento fundamental à instrução probatória, sem o qual,
haveria grave prejuízo de esclarecimento de fatos e também de provas (muitas vezes é a única prova);
➢ Na prática, vários Magistrados Trabalhistas dispensam o depoimento pessoal das
partes e vão direto à oitiva das testemunhas, contudo, cabe ao Advogado fazer o requerimento com
apoio no art. 385 CPC, e apresentando no ato, se indagando, as razões, sob pena de violação do
contraditório, da ampla defesa e/ou do devido processo legal.

CERCEAMENTO DE DEFESA. ACOLHIMENTO. CONVERSÃO DO JULGAMENTO


EM DILIGÊNCIA PARA OITIVA DA PARTE AUTORA. A parte pode prestar
informações importantes na formação do convencimento do Julgador,
sobretudo pela prevalência da confissão pessoal sobre os demais elementos
probatórios. A prerrogativa do Juiz em dispensar o depoimento pessoal deve
ser reservada para situações excepcionais, ou seja, quando a prova se mostrar
absolutamente desnecessária, sobretudo por não existir mais controvérsia
sobre os fatos pertinentes à lide. Preliminar de cerceamento de defesa acolhida
em razão do indeferimento da oitiva da parte autora. (TRT12 - ROT -
0000229-29.2019.5.12.0003 , GISELE PEREIRA ALEXANDRINO , 5ª Câmara ,
Data de Assinatura: 19/03/2020).

CERCEAMENTO DE DEFESA. DEPOIMENTO PESSOAL DO AUTOR E OITIVA DE


TESTEMUNHA INDICADA PELAS RÉS. INDEFERIMENTO PELO JUÍZO A QUO.
Constitui cerceamento de defesa o indeferimento injustificado da oitiva da
parte adversa, bem como da testemunha por meio da qual as reclamadas
pretendiam comprovar suas alegações, quando efetuados, em tempo hábil, os
respectivos protestos. (TRT12 - ROT - 0000494-22.2019.5.12.0006 ,
WANDERLEY GODOY JUNIOR , 1ª Câmara , Data de Assinatura: 11/03/2020).

6. Prova Documental

Nem CLT nem CPC definem o conceito de documento. A doutrina (Carnelutti) ensina que é
todo elemento capaz de representar um fato, toda representação de algum fato, que possa ser
materialmente admitida no processo judicial (Bezerra Leite). Trata-se de prova material da
ocorrência/existência de um fato, abrangendo escritos, imagens, desenhos, reproduções
cinematográficas, fotografias, gráficos, áudios, vídeos, gravações magnéticas, instrumentos de
trabalho, vestimentas, uniformes, etc!
Não há hierarquias entre provas real (depoimentos) e documental + primazia da realidade
+ razoabilidade = valoração da prova + convencimento = Imediatidade e Persuasão Racional.
Documentos públicos: garantidos por fé pública. CPC, Art. 405. O documento público faz
prova não só da sua formação, mas também dos fatos que o escrivão, o chefe de secretaria, o tabelião
ou o servidor declarar que ocorreram em sua presença.
Documentos particulares: tem sua força de prova atrelada à sua natureza e conteúdo, e
uma vez não impugnado pela parte contrária, há presunção relativa e admite-se, assim, como
78
verdadeiro. CPC. Art. 408. As declarações constantes do documento particular escrito e assinado ou
somente assinado presumem-se verdadeiras em relação ao signatário.
Previsão de Prova Documental na CLT:
• Declaração de autenticidade pelo Advogado. Se impugnada, deverá ser juntada a
original ou cópias autenticadas com fé pública (art. 830);
• Juntas de documentos com a Reclamação Inicial (art. 787);
• Juntada de documentos com a Defesa (art. 845);
• Necessidade de recibos de salário e quitação de verbas (art. 464 e 477, §2º);
• Prova do contrato pela anotação da CTPS (art. 456);
• Diante da pouca previsão, se aplicam as disposições do CPC (art. 405 ao 441).

7. Exibição de Documentos

No Processo do Trabalho, é comum que o reclamado esteja com documentos necessários ao


esclarecimento dos fatos. Logo, poderá:
a) O juiz ordenar que a parte exiba documento em seu poder, ou de terceiro (art. 396 e 401,
CPC), podendo adotar medidas coercitivas para que o documento seja exibido (art. 400, parágrafo
único, CPC); e/ou
b) O reclamante poderá requerer ao Juízo que intima a outra parte para apresentar nos
autos, apontando a finalidade da prova (art. 397, CPC).
Se o documento não for apresentado = presunção de veracidade – confissão ficta (art. 400,
caput, I e II, CPC).
Da juntada de documentos, cabe a manifestação pertinente. Art. 398, CPC

Documentos típicos no Processo do Trabalho:

Carteira de Trabalho e Previdência Social


Embora a CTPS seja um documento de prova por excelência, a relação de empregou ou
trabalho pode ser provada por qualquer meio admitido em direito. As anotações em CTPS geram
presunção apenas relativas:
Súmula nº 12 do TST. CARTEIRA PROFISSIONAL
As anotações apostas pelo empregador na carteira profissional do empregado não geram
presunção "juris et de jure", mas apenas "juris tantum".

Recibos de Pagamentos e Quitações


A interpretação de quitação é restritiva em favor do trabalhador. Logo, deverá ser
especificada a natureza de cada parcela paga ao empregado e discriminado o seu valor, sendo válida
a quitação, apenas, relativamente às mesmas parcelas (art. 320 CC, art. 477, §2º, CLT). Recibo

79
assinado pelo empregado ou comprovante bancário (art. 464, CLT). Sem assinatura = sem valor
probante! Sem recibo = presume-se não pago, exigindo prova por qualquer meio admitido.

Cartões-Ponto
Para mais de 20 empregados, a prova é do empregador. Para 20 ou menos, é do trabalhador
(art. 74, §2º, CLT). Não juntada de cartões pelo empregador gera presunção relativa quanto àquela
alegada na RT.
Súmula nº 338 do TST. JORNADA DE TRABALHO. REGISTRO. ÔNUS DA PROVA
I - É ônus do empregador que conta com mais de 10 (dez) empregados o
registro da jornada de trabalho na forma do art. 74, § 2º, da CLT. A não-
apresentação injustificada dos controles de frequência gera presunção relativa
de veracidade da jornada de trabalho, a qual pode ser elidida por prova em
contrário.
II - A presunção de veracidade da jornada de trabalho, ainda que prevista em
instrumento normativo, pode ser elidida por prova em contrário.
III - Os cartões de ponto que demonstram horários de entrada e saída
uniformes são inválidos como meio de prova, invertendo-se o ônus da prova,
relativo às horas extras, que passa a ser do empregador, prevalecendo a
jornada da inicial se dele não se desincumbir.

Oportunidade da juntada de documentos nos autos:

CLT, Art. 787. A reclamação escrita deverá ser formulada em 2 (duas) vias e
desde logo acompanhada dos documentos em que se fundar.
CPC, Art. 434. Incumbe à parte instruir a petição inicial ou a contestação com
os documentos destinados a provar suas alegações.
Art. 435. É lícito às partes, em qualquer tempo, juntar aos autos documentos
novos, quando destinados a fazer prova de fatos ocorridos depois dos
articulados ou para contrapô-los aos que foram produzidos nos autos.
Parágrafo único. Admite-se também a juntada posterior de documentos
formados após a petição inicial ou a contestação, bem como dos que se
tornaram conhecidos, acessíveis ou disponíveis após esses atos, cabendo à
parte que os produzir comprovar o motivo que a impediu de juntá-los
anteriormente e incumbindo ao juiz, em qualquer caso, avaliar a conduta da
parte de acordo com o art. 5º.
CLT, Art. 845. O reclamante e o reclamado comparecerão à audiência
acompanhados das suas testemunhas, apresentando, nessa ocasião, as demais
provas.

Não é pacífica, no Processo do Trabalho, o entendimento de que os documentos – essenciais


ou não – poderão ser juntados até o encerramento da instrução processual, porque há decisões do
próprio TST adotando as duas teses.
Não obstante, o TRT 12 possui recente jurisprudência inadmitindo a juntada de documentos
após a apresentação da Defesa.
80
DOCUMENTOS. JUNTADA. MOMENTO PROCESSUAL ADEQUADO De acordo
com os arts. 787 e 847 da CLT, os documentos da parte autora devem
acompanhar a petição inicial e, os da parte ré, a contestação. Nesse mesmo
sentido é o art. 434 do CPC, aplicado subsidiariamente ao Processo do
Trabalho. Outrossim, da leitura do art. 435 do CPC, tem-se que se admite a
juntada posterior de documentos "quando destinados a fazer prova de fatos
ocorridos depois dos articulados ou para contrapô-los aos que foram
produzidos nos autos". (TRT12 - ROT - 0000305-39.2018.5.12.0019 , MARIA
DE LOURDES LEIRIA , 5ª Câmara , Data de Assinatura: 27/05/2019).

PROVA. OPORTUNIDADE DE COLAÇÃO. ART. 434 DO CPC. DOCUMENTOS


JUNTADOS APÓS O OFERECIMENTO DA DEFESA. EXTEMPORANEIDADE. Nos
termos do art. 434 do CPC, os documentos destinados a provar as alegações
defensivas devem ser apresentados com a contestação, sendo ordinariamente
extemporânea, portanto, a juntada em momento posterior. No entanto, de
acordo com o art. 435 do CPC é possível o colacionamento de documentos a
qualquer tempo, quando verificadas alguma das hipóteses expressamente
previstas no dispositivo legal e desde que cumpridos seus requisitos, o que não
é caso verificado nestes autos. (TRT12 - ROT - 0000006-77.2018.5.12.0014 ,
LIGIA MARIA TEIXEIRA GOUVEA , 5ª Câmara , Data de Assinatura:
13/02/2019).

8. Da Prova Testemunhal

A testemunha é pessoa física, estranha ao processo, que deve saber dos fatos, chamada a
depor em juízo e falar a verdade, sob as penas da lei, com capacidade de depor. Muito embora seja o
meio de prova com alto risco de falibilidade, mais vulnerável, a prova testemunhal é o mais comum
na Justiça Comum e na Justiça do Trabalho.
No Processo Civil, a prova testemunhal, em regra, será sempre admissível. As exceções
ocorrem quando os fatos já foram provados por documento ou confissão real da parte, ou quando o
fato somente pode ser provado por documento ou exame pericial (art. 443, CPC).
Aplica-se isto ao Processo do Trabalho, somada às previsões legais de que é descabida prova
testemunhal quando houver arguição de insalubridade e periculosidade (art. 195, CLT) e a prova
escrita do pagamento dos salários (art. 464, CLT).
No Processo do Trabalho, formalmente, o momento de requerer a prova testemunhal ocorre
na audiência, após a oitiva das partes (art. 848, §§1º e 2º, CLT).
Não há “rol de testemunhas”, pois estas comparecerão à audiência independentemente de
intimação (art. 825, CLT). As que não comparecerem serão intimadas de ofício pelo Juiz ou a
requerimento da parte, ficando sujeitas a condução coercitiva (art. 825, parágrafo único. CLT).
Poderá o próprio advogado entregar a notificação à testemunha e proceder à comprovação
nos autos, conforme intimação do Juiz.
Por ser considerado um “serviço público” relevante, não poderão ter descontos de salário
por falta (art. 822, CLT).
81
O depoimento de uma testemunha não poderá ser ouvido pela próxima (art. 824, CLT).
No Processo do Trabalho, serão ouvidos nesta ordem (art. 848, CLT): 1. Partes; 2.
Testemunhas; 3. Peritos. Nesta ordem, há uma ordem interna (art. 820, CLT): a) O Juiz é o primeiro
que inquire partes, testemunhas, peritos; b) Somente depois do Juiz, as partes diretamente ou seus
advogados poderão reinquirir partes e testemunhas, mas sempre, por intermédio do Juiz do
Trabalho. Cabe ao Juiz decidir sobre a ordem das testemunhas, considerando o ônus da prova de cada
parte (art. 848, §2º, CLT).
1. Incapazes, Impedidos e Suspeitos = insuficiência de previsão na CLT
Aplicam-se as disposições do art. 447, §1º, CPC (incapazes), art. 447, §2º, CPC (impedidos) e
art. 447, §3º, CPC (suspeitos).
2. Amizade Íntima
Se revela por atos objetivos, como o contato habitual e íntimo fora do trabalho, entre a parte
e a testemunha. Exemplo: visitas recíprocas, passeios, viagens, jantares, “baladinhas”, festas,
aniversários – razoabilidade = frequência/habitualidade.
TESTEMUNHA. SUSPEIÇÃO. AMIZADE ÍNTIMA. Havendo prova de que a
relação entre a parte e a testemunha é mais profunda e próxima do que
ordinariamente se verifica e espera de uma relação entre pessoas que se
consideram meramente "conhecidas", caracteriza-se a hipótese de "amizade
íntima", que impede a oitiva da testemunha. (TRT12 - ROT - 0000109-
09.2017.5.12.0018 , IRNO ILMAR RESENER , 6ª Câmara , Data de Assinatura:
27/06/2018).
Amizade de “Facebook” não caracteriza o óbice legal à testemunha.
3. Empregado que exerce cargo de confiança na mesma empresa
Inexiste previsão legal que o torne suspeito em razão deste fato. Contudo, deve o Juiz
investigar outros elementos que possam revelar interesse do ocupante de cargo de confiança, e
realmente isto fará a diferença. Deve a outra parte contraditar a testemunha e apresentar suas razões,
para que o Juiz considere no momento ou na sentença. Se não considerar, cabe a parte recorrer ao
TRT argumentando nulidade.

4. Testemunha que litiga em face do mesmo empregador


Inexiste proibição na lei. Inexiste previsão de suspeição ou impedimento. Diante do silêncio
legislativo:
Súmula nº 357 do TST. TESTEMUNHA. AÇÃO CONTRA A MESMA RECLAMADA.
SUSPEIÇÃO. Não torna suspeita a testemunha o simples fato de estar litigando
ou de ter litigado contra o mesmo empregador.
Número de Testemunhas conforme o Rito no Processo do Trabalho:
a) Até 03 testemunhas – Procedimento Ordinário – art. 821, CLT;
b) Até 03 testemunhas – Procedimento Sumário – art. Lei 5.584/70
c) Até 02 testemunhas - Procedimento Sumaríssimo – art. 852-H, §2º, CLT;
d) Até 06 testemunhas – Inquérito Judicial de Apuração de Falta Grave – art. 821, CLT.
Testemunha sem documento de identificar pode depor?
Doutrina e jurisprudência se dividem, já que não há exigência legal, mas tão somente de
qualificação da testemunha (art. 828, caput, CLT).

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NULIDADE PROCESSUAL. EXIGÊNCIA DE DOCUMENTO DE IDENTIFICAÇÃO.
TESTEMUNHA. CERCEAMENTO DE DEFESA. NÃO CARACTERIZAÇÃO. Não
configura cerceamento de defesa a exigência de apresentação de documento
de identificação pela testemunha, mormente em virtude de o Juízo ter
oportunizado à parte a juntada posterior de documento de identificação da
testemunha, que, todavia, não cumpriu a determinação judicial com a qual
assentiu. (TRT12 - ROT - 0000278-45.2016.5.12.0013 , HELIO BASTIDA
LOPES , 5ª Câmara , Data de Assinatura: 07/11/2017)
Contradita: Após o Juiz qualificar a testemunha e antes de tomar-lhe o compromisso, a parte
poderá impugnar a testemunha, arguindo incapacidade, o impedimento ou a suspeição, cabendo
provar com documentos ou ainda, com até 03 testemunhas (art. 828, caput, CLT + art. 457, CPC).
Sendo provado ou confessado os fatos da contradita, o Juiz dispensará como “testemunha”. No
entanto, poderá ouvi-la como informante. Importância: valoração da prova. Mesmo ouvida como
informante, o depoimento poderá ter valor considerável quando do convencimento do Juízo e
proferimento da sentença.
Acareação: Aplicam-se ao Processo do Trabalho as disposições abaixo:
CPC, Art. 461. O juiz pode ordenar, de ofício ou a requerimento da parte:
I - a inquirição de testemunhas referidas nas declarações da parte ou das
testemunhas;
II - a acareação de 2 (duas) ou mais testemunhas ou de alguma delas com a
parte, quando, sobre fato determinado que possa influir na decisão da causa,
divergirem as suas declarações.
§ 1º Os acareados serão reperguntados para que expliquem os pontos de
divergência, reduzindo-se a termo o ato de acareação.
§ 2º A acareação pode ser realizada por videoconferência ou por outro recurso
tecnológico de transmissão de sons e imagens em tempo real.

9. Da Prova Pericial

A prova pericial é elemento técnico necessário à identificação do estado atual de


determinado fato, realizado por auxiliar do Juiz especialista no objeto da perícia. Diferente da prova
testemunhal cujo foco é na “memória” dos depoentes (reconstituição pessoal dos fatos passados), a
perícia é o elemento científico (descrição técnica dos fatos presentes).
CPC. Art. 156. O juiz será assistido por perito quando a prova do fato depender de conhecimento
técnico ou científico.
O perito é expert deverá estar legalmente habilitado para suas funções e regularmente
cadastro junto ao Tribunal Regional do Trabalho, para realizar perícias judiciais médicas (Médico do
Trabalho), ocupacionais (Engenheiro de Segurança no Trabalho) e contábeis (Contador).
CPC, Art. 464. A prova pericial consiste em exame, vistoria ou avaliação.
a) Exame: inspeção sobre pessoa, cujo objetivo é levantar informações relevantes para a
causa. Ex: perícia médica para apuração de doença profissional (para estabilidade e/ou redução da

83
capacidade laborativa); perícia grafodocumentoscópica (grafotécnica), para verificar se um
documento é autêntico;
b) Vistoria: é a inspeção de ambientes laborais. Ex: perícias de insalubridade ou
periculosidade em que o perito vai até o local de trabalho e avalia as condições ambientais;
c) Avaliação: (1) exame pericial cujo objetivo é precificar determinada coisa, bem ou
obrigação (geralmente no caso de penhora); (2) avaliação pericial contábil no processo do trabalho,
para verificação de pagamentos trabalhistas ou correção de cálculos de liquidação.
CPC. Art. 464. §1º. O juiz indeferirá a perícia quando:
I - a prova do fato não depender de conhecimento especial de técnico;
II - for desnecessária em vista de outras provas produzidas;
III - a verificação for impraticável.
CPC. Art. 472. O juiz poderá dispensar prova pericial quando as partes, na
inicial e na contestação, apresentarem, sobre as questões de fato, pareceres
técnicos ou documentos elucidativos que considerar suficientes.
Como condutor do processo e destinatário da prova final, ao Juiz compete decidir sobre a
produção de prova pericial ou a sua dispensa/indeferimento, desde que inexista necessidade de
conhecimentos técnicos acerca da matéria controvertida ou quando houver outras provas já
produzidas capazes de suplantar a prova pericial. Contudo, no Processo do Trabalho, a perícia não é
dispensável em algumas matérias especiais.
Enunciado nº. 54 da I Jornada de Direito Material e Processual do Trabalho do
Tribunal Superior do Trabalho
PROVA PERICIAL. POSSIBILIDADE DE DISPENSA. Aplica-se o art. 427 do CPC
(atual 464, II, NCPC) no processo do trabalho, de modo que o juiz pode dispensar
a produção de prova pericial quando houver prova suficiente nos autos.
E no caso de confissão, dispensa-se a perícia?
Revelia e Confissão Ficta: jurisprudência dominante é no sentido de não dispensar.
Confissão Real: é possível responder afirmativamente, quando inexista discussão sobre o
grau da insalubridade ou, ainda, quando for paga a periculosidade por liberalidade ainda que inferior
ao percentual legal.

Indispensável – Insalubridade e Periculosidade


CLT. Art. 195. A caracterização e a classificação da insalubridade e da periculosidade, segundo
as normas do Ministério do Trabalho, far-se-ão através de perícia a cargo de Médico do Trabalho ou
Engenheiro do Trabalho, registrados no Ministério do Trabalho.
Indispensável – Acidente do Trabalho e Doença Ocupacional
Necessária a identificação ou não da existência do nexo causal (nexo técnico), entre a
redução da capacidade laborativa, a atividade exercida pelo trabalhador e o comportamento das
partes (dolo/culpa/ato inseguro), bem como, a imprescindível auferimento de porcentagem de
comprometimento da capacidade de trabalho.
Fase de conhecimento: insalubridade, periculosidade, médica, grafotécnica, contábil.
Fase de Execução: contábeis, arbitramento (penhoras, etc).

Sistema de Perícias no Processo do Trabalho:

84
1. Verificando a necessidade de levantamento técnico dos fatos, o Juiz a designa de ofício ou
à requerimento das partes;
2. Nomeação de profissional técnico com o conhecimento em questão, com prazo de 15 dias
para impugnação do perito pela(s) parte(s) (art. 465, §1º, CPC). Obs: o perito assume compromisso
de imparcialidade e independência, estando pessoalmente responsável por seus atos e
comportamentos (art. 466, CPC), devendo escusar-se do encargo, diante de impedimento ou
suspeição (art. 467, CPC);
3. Designação de data, horário, local e providências (documentos, presença das partes e
advogados, e fixação de prazo razoável para entrega do laudo pericial (Art. 3º, Lei 5.584/70);
4. Apresentação de quesitos pelo Juízo. Em cinco dias contados da designação, apresentação
de quesitos pelas partes e nomeação de assistente técnico, que deverá apresentar seu parecer no
mesmo prazo da entrega do laudo pericial pelo perito (Art. 3º, parágrafo único, Lei 5.584/70);
5. Durante as diligências, ou após quando da audiência de instrução (se cindida), as partes
poderão apresentar quesitos complementares (art. 469, CPC).

Valoração da Prova Pericial:


CPC. Art. 479. O juiz apreciará a prova pericial de acordo com o disposto no art.
371 , indicando na sentença os motivos que o levaram a considerar ou a deixar
de considerar as conclusões do laudo, levando em conta o método utilizado
pelo perito.
PROVA TÉCNICA. CONCLUSÃO PERICIAL. Apesar de o juiz não estar adstrito
ao laudo pericial para a formação do seu convencimento, a conclusão adotada
pelo "expert" deve prevalecer quando ausentes elementos nos autos que a
infirmem, na forma do art. 479 do CPC. PRINCÍPIO DA IMEDIATIDADE.
VALORAÇÃO DA PROVA ORAL/TESTEMUNHAL. Deve-se privilegiar as
conclusões do Juiz que colhe os depoimentos em audiência, por ter contato
direto com as partes e testemunhas e, por isso, melhores condições de avaliar
as reações delas quando inquiridas sobre os fatos em discussão antes de firmar
o seu convencimento. (TRT12 - ROT - 0000145-65.2018.5.12.0002 , RICARDO
CORDOVA DINIZ , 6ª Câmara , Data de Assinatura: 22/07/2019)

10. Da Inspeção Judicial


É um meio de produção de prova!
Obtido através da percepção sensorial do Magistrado(a) sobre determinado bem, pessoa,
local, ambiente, etc. É a presença física do Juiz em determinado local para averiguar fatos pertinentes
à demanda judicial, examinar pessoas, conhecer o funcionamento de determinada máquina, serviço,
atividade, etc.
O Juiz irá ao local quando julgar necessário para melhor verificar e/ou interpretar fatos,
quando isto não puder ser demonstrado em audiência ou, ainda, quando o Magistrado entender ser
necessário à boa a correta resolução do feito.
CPC. Art. 481. O juiz, de ofício ou a requerimento da parte, pode, em qualquer
fase do processo, inspecionar pessoas ou coisas, a fim de se esclarecer sobre
fato que interesse à decisão da causa.

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INSPEÇÃO JUDICIAL. CONVENCIMENTO DO MAGISTRADO. ELEMENTOS DE
PROVA. O art. 440 do CPC preceitua que o juiz, de ofício ou a requerimento da
parte, pode, em qualquer fase do processo, inspecionar pessoas ou coisas, a fim
de se esclarecer sobre fato, que interesse à decisão da lide. (TRT12 - ROT -
0001182-72.2012.5.12.0056 , JOSE ERNESTO MANZI , 5ª Câmara , Data de
Assinatura: 19/06/2013).

IX. REVELIA, CONFISSÃO, PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA

1. Revelia
A Defesa não é somente um direito, mas sim, uma prerrogativa, que pode ou não ser exercida
pela parte ré. No Direito Civil, exceto os direitos indisponíveis não sofrem os efeitos da revelia e da
confissão, como por exemplo, a ação de prestação de alimentos, em que este direito é fundamental
ao menor.
Revelia – Rebeldía (espanhol): inércia consistente em não responder que tem lugar somente
no Processo de Conhecimento e no Processo Cautelar, já que no Processo de Execução, há caminhos
próprios de obter a garantia do juízo independente de comparecimento ou resposta do réu.
No Processo do Trabalho, a Revelia é uma preclusão qualificada pela inatividade do
reclamado em oferecer resposta à pretensão do reclamante, ao não comparecer em audiência ao qual
foi regularmente notificado (art. 847 + art. 841, CLT).
CLT, Art. 844. O não-comparecimento do reclamante à audiência importa o
arquivamento da reclamação, e o não-comparecimento do reclamado importa
revelia, além de confissão quanto à matéria de fato.
No Processo do Trabalho, a revelia advém do não comparecimento do reclamando à
audiência, e não propriamente do fato de não ter apresentado defesa ou não ter dado mostras de que
pretendia se defender.
Mesmo por quê, a previsão do art. 845 e caput do art. 847 da CLT é que as partes deverão
comparecer pessoalmente à audiência.
CLT, Art. 845. O reclamante e o reclamado comparecerão à audiência
acompanhados das suas testemunhas, apresentando, nessa ocasião, as demais
provas.
CLT, Art. 847. Não havendo acordo, o reclamado terá vinte minutos para aduzir
sua defesa, após a leitura da reclamação, quando esta não for dispensada por
ambas as partes.
CPC, Art. 346. Os prazos contra o revel que não tenha patrono nos autos fluirão
da data de publicação do ato decisório no órgão oficial.
Parágrafo único. O revel poderá intervir no processo em qualquer fase,
recebendo-o no estado em que se encontrar.
CLT, Art. 852. Da decisão serão os litigantes notificados, pessoalmente, ou por
seu representante, na própria audiência. No caso de revelia, a notificação far-
se-á pela forma estabelecida no § 1º do art. 841.
CLT. 841. §1º. A notificação será feita em registro postal com franquia. Se o
reclamado criar embaraços ao seu recebimento ou não for encontrado, far-se-

86
á a notificação por edital, inserto no jornal oficial ou no que publicar o
expediente forense, ou, na falta, afixado na sede da Junta ou Juízo.
Compatibilidade entre o art. 346 CPC e o art. 825 CLT:
1. Os prazos fluirão contra o reclamado revel, independente de intimação;
2. O reclamado deverá ser notificado pessoalmente da sentença;
3. Se tiver advogado constituído, deve ser notificado dos atos processuais até a sentença.

Revelia e Julgamento Antecipado da Lide:


CPC, Art. 355. O juiz julgará antecipadamente o pedido, proferindo sentença
com resolução de mérito, quando:
...
II - o réu for revel, ocorrer o efeito previsto no art. 344 e não houver
requerimento de prova, na forma do art. 349 .
Como a audiência é una no Processo do Trabalho, a demanda já é julgada de imediato. Ainda
que a Vara tenha por “política de trabalho”, cindir a audiência una em “inicial” e de “instrução”. Não
comparecendo na “primeira”, automaticamente a “segunda” se considera realizada dado o caráter
uno, a revelia é firmada em Ata de Audiência e se encerra o feito, com os autos conclusos para
proferimento de Sentença.
Contudo, se existir necessidade de realização de prova pericial (insubstituível e inafastável),
deverá esta ser realizada antes da conclusão dos autos para Sentença.

Revelia e presunção de veracidade dos fatos iniciais:


Considerando o acontecimento da Revelia, ao reclamante presente à audiência corre
presunção dos fatos narrados em sua Reclamação Trabalhista.
Significa dizer que não há possibilidade do reclamante alterar fatos e, também, os pedidos
de sua exordial, já que não há um contraditório firmado e, nem mesmo, a possibilidade de aditamento,
que exige concordância da outra parte.
Assim, é neste momento que, diante da confissão ficta ao reclamado e diante da
impossibilidade de modificação da exordial pelo reclamante, ainda, diante da unicidade da audiência
trabalhista, .o Juiz do Trabalho poderá determinar o depoimento do reclamante mesmo naquela
audiência “inicial” (cindida), a fim de obter confirmação dos fatos e pedidos da Reclamação ou,
mesmo, a confissão real. Dependendo das circunstâncias, poderá até mesmo a identificação do Juízo
de litigância de má-fé ante contradições, etc.

Revelia e nulidade da citação:


A citação do Processo Civil é notificação inicial no Processo do Trabalho.
Aqui, ela não é pessoal, é realizada pelo Diretor de Secretaria da Vara do Trabalho, na forma
do arrigo 841 da CLT, através dos Correios (regra geral) com aviso de recebimento, e nela deverá
constar a advertência de que se o reclamando não comparecer à audiência, será tido por revel e
confesso, nos termos do art. 844 da CLT.
Antes do trânsito em julgado, a nulidade pode ser arguida pelo reclamado a qualquer
tempo. Após o trânsito em julgado, somente diante da previsão do art. 525, §1º, I do CPC, aplicável
ao Processo do Trabalho: impugnação ao cumprimento de sentença no prazo de 15 dias por falta ou

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nulidade de citação na fase de conhecimento ao processo que correu em revelia, após o transcurso
de prazo 15 dias para pagamento do débito (art. 523, CPC).

Elisão da Revelia – Ausência Motivada do Preposto:


CLT, Art. 843. §1º. É facultado ao empregador fazer-se substituir pelo gerente,
ou qualquer outro preposto que tenha conhecimento do fato, e cujas
declarações obrigarão o proponente.
...
§ 3o O preposto a que se refere o §1o deste artigo não precisa ser empregado
da parte reclamada.
CLT. Art. 844. §1o. Ocorrendo motivo relevante, poderá o juiz suspender o
julgamento, designando nova audiência.
SÚMULA Nº 122 DO TST. REVELIA. ATESTADO MÉDICO.
A reclamada, ausente à audiência em que deveria apresentar defesa, é revel,
ainda que presente seu advogado munido de procuração, podendo ser ilidida
a revelia mediante a apresentação de atestado médico, que deverá declarar,
expressamente, a impossibilidade de locomoção do empregador ou do seu
preposto no dia da audiência.
CLT. Art. 844. §5o. Ainda que ausente o reclamado, presente o advogado na
audiência, serão aceitos a contestação e os documentos eventualmente
apresentados. (Ocorrendo isto, continua revel o reclamado, mas não se aplica
a confissão).
CLT. Art. 844 (igual ao art. 345 do CPC)
...
§4o. A revelia não produz o efeito mencionado no caput deste artigo se:
I - havendo pluralidade de reclamados, algum deles contestar a ação;
II - o litígio versar sobre direitos indisponíveis;
III - a petição inicial não estiver acompanhada de instrumento que a lei
considere indispensável à prova do ato;
IV - as alegações de fato formuladas pelo reclamante forem inverossímeis ou
estiverem em contradição com prova constante dos autos.

Elisão de Revelia – Pluralidade de réus:


No Processo do Trabalho, para não ocorrer a Revelia, a matéria tem que ser comum aos
litisconsortes, ou seja, deve ser litisconsórcio unitário.
É comum ações trabalhistas com o tema de “terceirização”, em que a tomadora do serviço
contesta a ação e o terceirizado (prestador de serviços) é revel. Como a matéria é comum a ambos os
reclamados, não haverá efeitos da revelia em face do reclamado ausente, apenas haverá os efeitos da
confissão ficta.
CPC, Art. 345. A revelia não produz o efeito mencionado no art. 344 se:
I - havendo pluralidade de réus, algum deles contestar a ação;
Aplicação no Processo do Trabalho do art. 345 CPC, ante o silencia celetista neste tema,
conforme regra do art. 769 da CLT.

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Elisão da Revelia – Direitos Indisponíveis:
O direito é indisponível se o titular não é livre de manifestar a sua vontade – quer
relativamente, quer absolutamente – conforme disponha a lei. Vale dizer: o direito é indisponível
quando a vontade das partes for ineficaz para produzir o efeito jurídico que pela ação se pretenda
obter (CPC português, art. 366). Sobre tal conceito, não afinam os doutores. É direito inseparável da
pessoal (Hélio A. W. Cortes). Pela sua natureza, é absoluta, extrapatrimonial, extra commercium,
intransmissível, imprescritível, impenhorável, vitalício e necessário”. COQUEIJO COSTA, Carlos.
Direito Judiciário do Trabalho. Rio de janeiro: Forense, 1978, p. 223.
O Direito o Trabalho pertence ao ramo do Direito Privado, ainda que com alta carga de
Direito Social, mas nunca será considerado um Direito Público.
Haverá “indisponibilidade de direitos trabalhistas” quando estes envolverem matéria de
ordem pública, como FGTS, aposentadoria, INSS, Seguro Desemprego, serviços essenciais de greve,
etc. Por analogia, revisar art. 611-B da CLT – aquele rol pode ser considerado como direito
indisponível, já que nem mesmo por Negociação Coletiva poderão ser suprimidos ou reduzidos.

Elisão da Revelia – Falta de Documentos Essenciais:


Não correrá revelia quando a petição inicial não estiver acompanhada de instrumento que a
lei considere indispensável à prova do ato.
Já vimos os documentos essenciais à Reclamação Trabalhista e os documentos
habitualmente juntados (e mesmo necessários) como Provas no Processo do Trabalho.
Se a parte não juntou, o Juiz deverá intimá-la para assim proceder em 15 dias (art. 321 do
CPC) – emendar. Inclusive, conforme TST:
SÚMULA Nº 263 DO TST. PETIÇÃO INICIAL. INDEFERIMENTO. INSTRUÇÃO
OBRIGATÓRIA DEFICIENTE.
Salvo nas hipóteses do art. 330 do CPC de 2015, o indeferimento da petição
inicial, por encontrar-se desacompanhada de documento indispensável à
propositura da ação ou não preencher outro requisito legal, somente é cabível
se, após intimada para suprir a irregularidade em 15 (quinze) dias, mediante
indicação precisa do que deve ser corrigido ou completado, a parte não o fizer.

Elisão da Revelia – Alegações Inverossímeis:


Alegações de fato forem inverossímeis ou estiverem em contradição com prova constante
dos autos, não se aplicará Revelia (art. 844, IV, CLT).
Por inverossímil, entende-se aqueles fatos inconcebíveis, desproporcionais ou irrazoáveis,
fora da conduta média, consubstanciado pela cognição do Juízo (experiência, conhecimento das
causas, habilidade no depoimento pessoal, difícil ocorrência dos fatos). Em contradição com a
prova são aqueles fatos que não conseguem ser provados mesmo diante da Revelia, seja em razão de
perícia, por exemplo, seja diante de confissão real em depoimento, ou ainda, após o Juiz determinar
de ofício a produção de provas:
CPC, Art. 348. Se o réu não contestar a ação, o juiz, verificando a inocorrência
do efeito da revelia previsto no art. 344 , ordenará que o autor especifique as
provas que pretenda produzir, se ainda não as tiver indicado.
89
SÚMULA Nº 74 DO TST. CONFISSÃO.
III- A vedação à produção de prova posterior pela parte confessa somente a ela
se aplica, não afetando o exercício, pelo magistrado, do poder/dever de
conduzir o processo.

Revelia e Administração Pública:


OJ nº. 152 SBBI 1 TST. REVELIA. PESSOA JURÍDICA DE DIREITO PÚBLICO.
APLICÁVEL.
Pessoa jurídica de direito público sujeita-se à revelia prevista no artigo 844 da
CLT.
REVELIA – APLICABILIDADE DO INSTITUTO AOS ENTES PÚBLICOS.
Ao contratar empregados pelo regime da CLT, a Administração Pública
equipara-se ao empregador comum, submetendo-se às normas processuais
em vigor. As prerrogativas que lhe forem eventualmente outorgadas são
apenas aquelas previstas expressamente em lei. Por esa razão, não pode o ente
público esquivar-se das consequências decorrentes da revelia (art. 844 da
CLT), alegando que sua atuação visa defender interesse público e direitos
indisponíveis e irrenunciáveis. Recurso de Revista conhecido e desprovido.
(TST 2ª T. RR nº. 252032-0. Relator Ministro Vantuil Abdala. DJ 27.3.98 – p.
311)

Apenas ressalvada a previsão do art. 844, §4º, II, CLT, caso em que não será revel a pj de
Direito Público.

Revelia e a Produção de Provas:


Doutrina e jurisprudência não são pacíficas acerca da retomada de produção de provas após
a parte ser declarada revel.
Ser revel, significa que já há certas matérias nos autos que estão preclusas (por conta da
impossibilidade de renovação de fases processuais) ante a não impugnação (não controvérsia) dos
fatos iniciais – já que se presumem verdadeiros os não impugnados (art. 341, caput, CPC); e ante a
dispensa de produção de provas dos fatos incontroversos (art. 374, III, CPC).
No entanto, considerando que a Revelia não é um ônus, mas sim uma situação processual, e
muito embora o reclamado não tenha controvertido os fatos, a presunção relativa gerada pela Revelia
não elide o contraditório. Assim, se o revel comparecer nos autos, em momento oportuno, poderá
derrubar tal presunção.
Logo, diante dos dois pontos acima, é possível afirmar que o revel poderá provar os fatos não
controversos, assumindo o processo no estado em que se encontrar:
CPC, Art. 346. Parágrafo único. O revel poderá intervir no processo em qualquer
fase, recebendo-o no estado em que se encontrar.
CPC, Art. 349. Ao réu revel será lícita a produção de provas, contrapostas às
alegações do autor, desde que se faça representar nos autos a tempo de praticar
os atos processuais indispensáveis a essa produção.
CPC, Art. 349: produzir provas a fim de derrubar a presunção de veracidade
dos fatos do reclamante; requerer depoimento pessoal do reclamante; juntar
90
documentos para contrar os fatos articulados na inicial; indicar assistentes
técnicos e produzir quesitos para perícia; contraditar testemunhas; produzir
provas sobre matérias que possam ser invocadas em qualquer grau de
jurisdição (art. 337, CPC); arguir prescrição; aduzir razões finais; recorrer e
contra-arrazoar recurso.
Súmula nº. 231 STF.
O revel, em processo cível, pode produzir provas, desde que compareça em tempo
oportuno.

2. Confissão
Ato pelo qual a pessoas capaz, através de ato de sua vontade, portanto livre e
desembaraçada, reconhece e declara como verdadeiro o fato que se lhe imputa ou contra ela é
alegado, judicial ou extrajudicialmente inobstante seus efeitos jurídicos.
CPC, Art. 389. Há confissão, judicial ou extrajudicial, quando a parte admite a verdade de fato
contrário ao seu interesse e favorável ao do adversário.
Pode ser espontânea, através de ato legitimo de vontade (de dizer a verdade dos fatos); pode
ser provocada, quando obtida por meio de depoimento pessoal. A chamada confissão real pode ser
espontânea ou provocada, e é aquela realizada pela própria parte (reclamada ou reclamante).
É indivisível, ou seja, deverá ser considerada pelo seu todo, e não somente pela parcela que
beneficiar a parte, exceto diante de fatos novos, capazes de constituir fundamento de defesa de
direito material ou de reconvenção (art. 395, CPC).
Confissão Ficta: Um dos efeitos da Revelia (ausência do reclamado à audiência e ausência,
que resulta na perda do direito de produção de provas e de manifestações naquele ato), acarreta a
confissão ficta no Processo do Trabalho, conforme parte final do caput do artigo 844, CLT.
Confissão ficta, tácita ou presumida ocorre quando a parte, convocada a responder em juízo,
permanecer em silêncio ou for evasiva. Diante desta postura, o Juiz admitirá como prova a confissão
ficta em favor da tese da parte contrária.

CONFISSÃO FICTA. PRESUNÇÃO DE VERACIDADE DOS FATOS ALEGADOS


PELA PARTE ADVERSA. A confissão ficta conduz à presunção de veracidade
dos fatos alegados pela parte adversa. Não existindo nos autos elementos
capazes de infirmar os fatos alegados na exordial, impõe-se considerá-los
verazes. (TRT12 - ROT - 0001199-61.2018.5.12.0036 , MIRNA ULIANO
BERTOLDI , 6ª Câmara , Data de Assinatura: 11/03/2020).

CLT, Art. 843, §1. É facultado ao empregador fazer-se substituir pelo gerente,
ou qualquer outro preposto que tenha conhecimento do fato, e cujas
declarações obrigarão o proponente.

Se comparece o sócio (próprio empregador) ou qualquer outro que lhe represente –


preposto - mesmo se não for empregado, deverá ter conhecimento dos fatos e suas declarações
obrigarão o empregador, ainda que declarar ao Juízo que “não tem conhecimento dos fatos” ou “não
lembra”. Isto será tomado como confesso e favorecerá a tese do reclamante.

91
Contudo, a Confissão Ficta (e mesmo a Confissão Real) pode ser elididas por outras provas
nos autos, portanto, não são absolutas.

PREPOSTO. DESCONHECIMENTO DOS FATOS. CONFISSÃO FICTA.


PRESUNÇÃO JURIS TANTUM. O desconhecimento dos fatos litigiosos por parte
do preposto permite a aplicação da ficta confessio que, no entanto, somente
autoriza presunção relativa, admitindo prova em contrário. TRT 14ª Região –
Proc. 00185.2006.402.14.00-5 RO. Relatora Juíza Maria da Rocha Abensur. DJ
14.2.2007).

CONFISSÃO FICTA. ART. 345 DO CPC. A confissão da ré não se restringe à


afirmação contrária às alegações da defesa, conforme previsto no art. 348 do
CPC, mas também ao desconhecimento do sócio da empresa sobre o fato
essencial da lide, sobretudo quando de seu depoimento sobressaem
declarações díspares e evasivas sobre a questão objeto do interrogatório.
Assim, ao sócio afirmar que a obreira iniciou prestação de serviços numa
determinada data, para logo em seguida desdizer-se, afirmando que “não se
lembra” se houve prestação de serviços antes desse mesmo período, há que se
tomar seu esquecimento como prova em abono à tese da parte contrária.
Subsunção à norma do art. 345 do CPC, aplicado subsidiariamente ao processo
trabalhistas e em perfeita harmonia com o disposto no §1º do art. 843 da CLT.
Apelo pelo qual se nega provimento. (TRT/SP – 00008998120115020082 –
RO – Acórdão 9º T – 20120651135 – Relator Maria da Conceição Batista – DOE
29.6.2012)

SÚMULA Nº 74 DO TST. CONFISSÃO.


I - Aplica-se a confissão à parte que, expressamente intimada com aquela
cominação, não comparecer à audiência em prosseguimento, na qual deveria
depor.
II - A prova pré-constituída nos autos pode ser levada em conta para confronto
com a confissão ficta (arts. 442 e 443, do CPC de 2015), não implicando
cerceamento de defesa o indeferimento de provas posteriores.
III - A vedação à produção de prova posterior pela parte confessa somente a
ela se aplica, não afetando o exercício, pelo magistrado, do poder/dever de
conduzir o processo.

3. Prescrição e Decadência

A violação ao direito material enseja a pretensão, que é deduzida por meio de ação em juízo.
Não exercido tal pretensão nos limites temporais da lei, extingue-se o direito de ação: isto é a
prescrição, ou seja, evento que ocorre quando há extinção da pretensão pelo autor (direito subjetivo
que não é ad infinitum), resultando em segurança jurídica à sociedade. Definido em lei. Uma vez
consumada, pode ser objeto de renúncia.

92
Quando pela falta de seu exercício, seja pelo transcurso de tempo definido em lei, perde-se
um direito potestativo (imperativo da vontade), isto é decadência. (Obs: direito potestativo é o
imperativo da vontade resguardado pela lei, que não admite contestação, como por exemplo, o direito
do empregador de dispensar arbitrariamente um trabalhador). Definido em lei ou pela vontade das
partes (contrato). Uma vez consumada, é irrenunciável quando fixada em lei.
A prescrição extingue a pretensão e, por consequência, o direito. A decadência extingue o
direito e, por consequência, a pretensão.

a) Decadência:
No Processo do Trabalho, destacam-se três prazos decadenciais típicos:
1. 30 dias para instauração do inquérito judicial de apuração de falta grave;
2. 2 anos para propor ação rescisória, contados do trânsito em julgado;
3. 120 dias para proposição do Mandado de Segurança contados a partir da ciência
inequívoca do ato de autoridade praticado com ilegalidade ou abuso de poder.

b) Prescrição:
CF. Art. 7º. XXIX - ação, quanto aos créditos resultantes das relações de
trabalho, com prazo prescricional de cinco anos (quinquenal) para os
trabalhadores urbanos e rurais, até o limite de dois anos (bienal) após a
extinção do contrato de trabalho (EC 28/2000. Antes o rural somente tinha a
bienal)
CLT, Art. 11. A pretensão quanto a créditos resultantes das relações de
trabalho prescreve em cinco anos (quinquenal) para os trabalhadores urbanos
e rurais, até o limite de dois anos (bienal) após a extinção do contrato de
trabalho.
§1º. O disposto neste artigo não se aplica às ações que tenham por objeto
anotações para fins de prova junto à Previdência Social.

SÚMULA Nº 308 DO TST. PRESCRIÇÃO QÜINQÜENAL


I. Respeitado o biênio subseqüente à cessação contratual, a prescrição da ação
trabalhista concerne às pretensões imediatamente anteriores a cinco anos,
contados da data do ajuizamento da reclamação e, não, às anteriores ao
qüinqüênio da data da extinção do contrato.
II. A norma constitucional que ampliou o prazo de prescrição da ação
trabalhista para 5 (cinco) anos é de aplicação imediata e não atinge pretensões
já alcançadas pela prescrição bienal quando da promulgação da CF/1988.

CLT, Art. 11.


§2º. Tratando-se de pretensão que envolva pedido de prestações sucessivas
decorrente de alteração ou descumprimento do pactuado, a prescrição é total,
exceto quando o direito à parcela esteja também assegurado por preceito de
lei (Reforma Trabalhista).

93
SÚMULA Nº 294 DO TST. PRESCRIÇÃO. ALTERAÇÃO CONTRATUAL.
TRABALHADOR URBANO.
Tratando-se de ação que envolva pedido de prestações sucessivas decorrente
de alteração do pactuado, a prescrição é total, exceto quando o direito à parcela
esteja também assegurado por preceito de lei.

Causas de Interrupção, Impedimento e Suspensão da Prescrição:


Impedem ou Suspendem:
a) Artigos 197, 198 e 199 do Código Civil, aplicáveis ao Processo do Trabalho;
b) CLT, Art. 440. Contra os menores de 18 (dezoito) anos não corre nenhum prazo de
prescrição;
c) Procedimento de homologação judicial de acordo extrajudicial (art. 855-E, parágrafo
único, CLT).
Interrompem:
a) Artigo 202 do Código Civil, aplicado ao Processo do Trabalho;
b) CLT, Artigo 11. §3º. A interrupção da prescrição somente ocorrerá pelo ajuizamento de
reclamação trabalhista, mesmo que em juízo incompetente, ainda que venha a ser extinta sem resolução
do mérito, produzindo efeitos apenas em relação aos pedidos idênticos (mesmo sentido da Súmula nº.
268 TST – interrupção quanto aos pedidos idênticos);
c) Protesto Judicial para assegurar direito – tutela de natureza cautelar do art. 301 do CPC.
OJ 392 SBDI 1 TST.
A suspensão do contrato do trabalho, por qualquer razão, não suspende a Prescrição. Por
analogia, vide:
OJ 375 SBDI 1 TST. AUXÍLIO-DOENÇA. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ.
SUSPENSÃO DO CONTRATO DE TRABALHO. PRESCRIÇÃO. CONTAGEM.
A suspensão do contrato de trabalho, em virtude da percepção do auxílio-
doença ou da aposentadoria por invalidez, não impede a fluência da prescrição
quinquenal, ressalvada a hipótese de absoluta impossibilidade de acesso ao
Judiciário.

Prescrição na Ação Declaratória:


CLT, Art. 11. §1º. O disposto neste artigo não se aplica às ações que tenham por objeto
anotações para fins de prova junto à Previdência Social.
A propositura de ação declaratória referente à mesma relação jurídica, tem o condão de
interromper a prescrição para a futura ação condenatória.
OJ 401 SBDI 1 TST. PRESCRIÇÃO. MARCO INICIAL. AÇÃO CONDENATÓRIA.
TRÂNSITO EM JULGADO DA AÇÃO DECLARATÓRIA COM MESMA CAUSA DE
PEDIR REMOTA AJUIZADA ANTES DA EXTINÇÃO DO CONTRATO DE
TRABALHO.
O marco inicial da contagem do prazo prescricional para o ajuizamento de ação
condenatória, quando advém a dispensa do empregado no curso de ação
declaratória que possua a mesma causa de pedir remota, é o trânsito em
julgado da decisão proferida na ação declaratória e não a data da extinção do
contrato de trabalho.
94
Prescrição Intercorrente e Prescrição da Execução – Sinônimos:

CLT. Art. 11-A. Ocorre a prescrição intercorrente no processo do trabalho no


prazo de dois anos.
§1o. A fluência do prazo prescricional intercorrente inicia-se quando o
exequente deixa de cumprir determinação judicial no curso da execução.
§2o. A declaração da prescrição intercorrente pode ser requerida ou declarada
de ofício em qualquer grau de jurisdição.

SÚMULA Nº. 327 DO STF.


O Direito Trabalhista admite a prescrição intercorrente.

JUSTIÇA DO TRABALHO. PRESCRIÇÃO INTERCORRENTE. Com a edição da Lei


nº 13.467/2017, a prescrição intercorrente passou a encontrar guarida nesta
Justiça Especializada. Porém, somente se decreta a prescrição intercorrente
após ter havido o decurso de prazo de 2 (dois) anos, contados da intimação
judicial a que alude a Lei n. 13.467/17, no § 1º do art. 11-A da CLT, cuja
vigência iniciou-se apenas em 11/11/2017. (TRT12 – Autos 0067300-
46.2006.5.12.0054 , MARCOS VINICIO ZANCHETTA , 4ª Câmara , Data de
Assinatura: 04/05/2020).

Prescrição do dano moral decorrente de relação de emprego:


Há divergências jurisprudenciais nos Regionais, acerca da prescrição do pleito de dano
moral decorrente da relação de trabalho:
1. Alguns se posicionam no sentido da prescrição quinquenal e bienal, do art. 7º, XXIX, da CF
e art. 11, CLT, justamente por ser decorrente da relação de trabalho e ser da competência material
da Justiça do Trabalho;
2. Outros se posicionam no sentido prescrição decenal do artigo 205 do Código Civil, ou ainda
vintenária do art. 2.028 do CC, por tratar-se de reparação de índole constitucional e civil, e a natureza
da reparação ser referente a um dano pessoal.

Prescrição dos Danos Moral e Material decorrente de Acidente de Trabalho:


Neste tema, igualmente há divergências jurisprudenciais nos Regionais, acerca da
prescrição, inclusive, no mesmo sentido. Vide entendimento dominante no nosso Tribunal
Catarinense:
INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL E PATRIMONIAL DECORRENTE DE
ACIDENTE DE TRABALHO. PRESCRIÇÃO. Sendo da Justiça do Trabalho a
competência para apreciar o pedido de indenização por danos sofridos pelo
empregado em razão de acidente de trabalho ocorrido no curso da relação de
emprego havida entre as partes, decorrentes de alegado ato ilícito praticado
pelo empregador, é inegável que essa indenização, caso venha a ser deferida,
constituirá crédito resultante dessa relação de trabalho, atraindo a aplicação
95
do art. 7º, XXIX, da CF, que assegura aos trabalhadores o direito de "ação,
quanto aos créditos resultantes das relações de trabalho, com prazo
prescricional de cinco anos para os trabalhadores urbanos e rurais, até o limite
de dois anos após a extinção do contrato". (TRT12 - ROT - 0000571-
96.2018.5.12.0028 , MARCOS VINICIO ZANCHETTA , 4ª Câmara , Data de
Assinatura: 04/05/2020).

Não obstante, entendimento doutrinária trabalhista e jurisprudencial do STJ contrários:

ENUNCIADO Nº. 45 DA 1ª JORNADA DE DIREITO MATERIAL E PROCESSUAL


DO TRABALHO, realizado no TST:
RESPONSABILIDAE CIVIL. ACIDENTE DO TRABALHO. PRESCRIÇÃO. A
prescrição da indenização por danos materiais ou morais resultados de
acidente de trabalho é de 10 anos, nos termos do art. 205, ou de 20 anos,
observado o art. 2028 do Código Civil de 2002.

CC. Art. 205. A prescrição ocorre em dez anos, quando a lei não lhe haja fixado
prazo menor.

CC. Art. 2.028. Serão os da lei anterior os prazos, quando reduzidos por este
Código, e se, na data de sua entrada em vigor, já houver transcorrido mais da
metade do tempo estabelecido na lei revogada.

SÚMULA Nº. 278 DO STJ.


O termo inicial do prazo prescricional, na ação de indenização, é a data em que
o segurado teve inequívoca ciência da incapacidade laboral.

X. LITISCONSÓRCIO E INTERVENÇÃO DE TERCEIROS

1. Litisconsórcio
Previsão legal para que uma ou mais pessoas estejam no polo ativo e ou passivo numa
demanda judicial, considerando a ocorrência:
a) De formação inicial: desde a propositura da ação;
b) Ulterior: quando o processo já está instaurado (Ex: intervenção de terceiros);
c) Facultatividade (facultativo): por opção das partes, nos critérios do art. 113 do CPC:
Duas ou mais pessoas podem litigar, no mesmo processo, em conjunto, ativa ou passivamente,
quando: I - entre elas houver comunhão de direitos ou de obrigações relativamente à lide; II - entre as
causas houver conexão pelo pedido ou pela causa de pedir; III - ocorrer afinidade de questões por ponto
comum de fato ou de direito.
d) Simples quanto aos efeitos: quando existir decisões diferentes para os litisconsortes;
e) Unitário quanto aos efeitos: quando a decisão for igual para os litisconsortes (art. 116,
CPC).
Litisconsórcio Facultativo:
A previsão na CLT trata da formação do litisconsórcio ativo facultativo:
96
CLT. Art. 842. Sendo várias as reclamações e havendo identidade de matéria, poderão ser
acumuladas num só processo, se se tratar de empregados da mesma empresa ou estabelecimento.
Quando vários trabalhadores postularem direitos diferentes, ainda que em face do mesmo
empregador/reclamado, o Juiz do Trabalho desmembrará os processos, para melhor organização e
adequação da instrução e do julgamento do feito.
Litisconsórcio Necessário:
Grande incidência apenas nas Ações Anulatórias de Normas Coletivas – sindicatos que
firmaram o instrumento coletivo.
CLT. Art. 611-A.
...
§4º. Na hipótese de procedência de ação anulatória de cláusula de convenção
coletiva ou de acordo coletivo de trabalho, quando houver a cláusula
compensatória, esta deverá ser igualmente anulada, sem repetição do
indébito.
§5o. Os sindicatos subscritores de convenção coletiva ou de acordo coletivo de
trabalho deverão participar, como litisconsortes necessários, em ação
individual ou coletiva, que tenha como objeto a anulação de cláusulas desses
instrumentos.
Litisconsórcio Passivo e Depósito Recursal:
RECURSO. JUÍZO DE ADMISSIBILIDADE. DESERÇÃO. RESPONSABILIDADE
SOLIDÁRIA. LITISCONSÓRCIO PASSIVO. SÚMULA Nº 128, III, DO TST.
APLICAÇÃO. A teor da Súmula nº 128, item III, do TST: "III - Havendo
condenação solidária de duas ou mais empresas, o depósito recursal efetuado
por uma delas aproveita as demais, quando a empresa que efetuou o depósito
não pleiteia sua exclusão da lide". (TRT12 - ROT - 0000179-79.2019.5.12.0010,
LIGIA MARIA TEIXEIRA GOUVEA, 5ª Câmara, Data de Assinatura:
13/02/2020)
LITISCONSÓRCIO. RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA. PREPARO DO
RECURSO REALIZADO POR APENAS UMA DAS EMPRESAS. Não se conhece do
recurso ordinário interposto pela empresa condenada de forma subsidiária,
por deserto, quando o preparo (depósito recursal e custas) é feito apenas pela
litisconsorte que também almeja ser excluída da lide (art. 899, § 1º, da
CLT). (TRT12 - ROT - 0001024-66.2015.5.12.0038, AMARILDO CARLOS DE
LIMA, 3ª Câmara, Data de Assinatura: 06/12/2017)

Prazo em Dobro:
CPC. Art. 229. Os litisconsortes que tiverem diferentes procuradores, de
escritórios de advocacia distintos, terão prazos contados em dobro para todas
as suas manifestações, em qualquer juízo ou tribunal, independentemente de
requerimento.
X
OJ 310 SDI 1 TST. LITISCONSORTES. PROCURADORES DISTINTOS. PRAZO EM
DOBRO. ART. 229, CAPUT E §§ 1º E 2º, DO CPC DE 2015. ART. 191 DO CPC DE
1973. INAPLICÁVEL AO PROCESSO DO TRABALHO. Inaplicável ao processo do
97
trabalho a norma contida no art. 229, caput e §§ 1º e 2º, do CPC de 2015 (art.
191 do CPC de 1973), em razão de incompatibilidade com a celeridade que lhe
é inerente.

2. Intervenção de Terceiros
Neste contexto, intervenção é o ingresso de terceiro na relação processual, por lhe existir
interesse jurídico próprio na solução do conflito, diante da proximidade deste (do terceiro) com o
objeto da causa, acarretando alguma projeção (efeitos), o seu julgamento. Após EC 45/04, a
jurisprudência tem admitido a intervenção de terceiro, para fixação de responsabilidade, a fim de
garantir o crédito trabalhista.

ENUNCIADO Nº. 68 1ª JORNADA DE DIREITO MATERIAL E PROCESSUAL DO


TRABALHO DO TRIBUNAL SUPERIOR DO TRABALHO. INTERVENÇÃO DE
TERCEIROS.
I – Admissibilidade da intervenção de terceiros nos Processos submetidos à
jurisdição da Justiça do Trabalho.
II – Nos processos que envolvem crédito de natureza privilegiada, a
compatibilidade da intervenção de terceiros está subordinada ao interesse do
autor, delimitado pela utilidade do provimento final.
III – Admitida a denunciação da lide, é possível à decisão judicial estabelecer a
condenação do denunciado como co-responsável.

Amicus Curie:
Aplicável ao Processo do Trabalho, por imprevisão na CLT e extrema relevância do tema:
CPC. Art. 138. O juiz ou o relator, considerando a relevância da matéria, a
especificidade do tema objeto da demanda ou a repercussão social da
controvérsia, poderá, por decisão irrecorrível, de ofício ou a requerimento das
partes ou de quem pretenda manifestar-se, solicitar ou admitir a participação
de pessoa natural ou jurídica, órgão ou entidade especializada, com
representatividade adequada, no prazo de 15 (quinze) dias de sua intimação.
Cabível em todas as instâncias, inclusive no primeiro grau, em ações coletivas, dissídio
coletivo, ações envolvendo representação sindical, ou ainda, questões envolvendo profissões
regulamentadas, etc.

Assistência:
Ajuda que uma pessoa presta a uma das partes principais do processo, com vista a melhorar
suas condições para obter a tutela jurisdicional. Trata-se do ingresso voluntário de um terceiro no
processo, diante de interesse jurídico na demanda, configurado pela certeza da projeção de efeitos
da coisa julgada sobre o terceiro.
CPC. Art. 119. Pendendo causa entre 2 (duas) ou mais pessoas, o terceiro
juridicamente interessado em que a sentença seja favorável a uma delas
poderá intervir no processo para assisti-la.

98
Parágrafo único. A assistência será admitida em qualquer procedimento e em
todos os graus de jurisdição, recebendo o assistente o processo no estado em
que se encontre.
Súmula nº 82 do TST. ASSISTÊNCIA.
A intervenção assistencial, simples ou adesiva, só é admissível se demonstrado
o interesse jurídico e não o meramente econômico.
Exemplo: sócio ingressa como assistente para ajudar a empresa; empresa do mesmo grupo
econômico de outra empresa que figura no processo e vêm ajudá-la neste; empregador ingressa
como assistente em ação coletiva promovida pelo sindicato em que este figura como substituto
processual; participação do sindicato assistindo o empregado em juízo.

Nomeação à Autoria:
Em verdade, trata-se de correção do polo passivo (doutrina), aplicável ao Processo do
Trabalho (jurisprudência).
CPC. Art. 338. Alegando o réu, na contestação, ser parte ilegítima ou não ser o
responsável pelo prejuízo invocado, o juiz facultará ao autor, em 15 (quinze)
dias, a alteração da petição inicial para substituição do réu.
Parágrafo único. Realizada a substituição, o autor reembolsará as despesas e
pagará os honorários ao procurador do réu excluído, que serão fixados entre
três e cinco por cento do valor da causa ou, sendo este irrisório, nos termos
do art. 85, § 8º .
CPC. Art. 339. Quando alegar sua ilegitimidade, incumbe ao réu indicar o
sujeito passivo da relação jurídica discutida sempre que tiver conhecimento,
sob pena de arcar com as despesas processuais e de indenizar o autor pelos
prejuízos decorrentes da falta de indicação.
§ 1º O autor, ao aceitar a indicação, procederá, no prazo de 15 (quinze) dias, à
alteração da petição inicial para a substituição do réu, observando-se, ainda, o
parágrafo único do art. 338 .
§ 2º No prazo de 15 (quinze) dias, o autor pode optar por alterar a petição
inicial para incluir, como litisconsorte passivo, o sujeito indicado pelo réu.

Oposição:
CPC. Art. 682. Quem pretender, no todo ou em parte, a coisa ou o direito sobre
que controvertem autor e réu poderá, até ser proferida a sentença, oferecer
oposição contra ambos.
Raríssimo no Processo do Trabalho. Trata-se de ação incidental proposta por alguém que
está fora do processo em face das duas partes, assumindo estas, então, a condição de litisconsortes
no polo passivo. Constitui-se na pretensão judicializada proposta por oponente, cujo pedido de tutela
jurisdicional é em relação ao mesmo bem que as partes originárias disputam noutro processo.
Exemplos: um sindicato ajuíza ação pleiteando o recebimento de contribuição sindical e
outro sindicato apresenta oposição, afirmando ser legítimo representante daquela categoria;
empregado e empregador discutem direitos sobre invenção, e surge terceiros afirmando ser o
inventor.
99
Denunciação à Lide:
Trata-se de convocação do autor ou do réu, com o objetivo de assegurar o direito de regresso
contra o denunciado, na própria sentença que impôs a condenação contra o denunciante. Contudo,
se a parte não ofertar o requerimento de denunciação, não perderá o direito de regresso, podendo
fazê-lo em processo autônomo.
CPC. Art. 125. É admissível a denunciação da lide, promovida por qualquer das
partes:
I - ao alienante imediato, no processo relativo à coisa cujo domínio foi transferido
ao denunciante, a fim de que possa exercer os direitos que da evicção lhe
resultam;
II - àquele que estiver obrigado, por lei ou pelo contrato, a indenizar, em ação
regressiva, o prejuízo de quem for vencido no processo.
Inciso I não se aplica ao Processo do Trabalho, ante a estranheza da matéria ao Direito do
Trabalho.
Inciso II se aplica, raramente, e somente quando a matéria for pertinente, ou seja, quando
não tiver como objetivo, o efeito civil.

DENUNCIAÇÃO DA LIDE. SEGURADORA. INCOMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO


TRABALHO. Na linha do entendimento do Tribunal Superior do Trabalho, não
cabe a denunciação da lide da seguradora pelo empregador, em razão da
natureza civil da relação jurídica pactuada entre as empresas, a qual não se
insere na competência da Justiça do Trabalho, de acordo com o art. 114 da CF.
(TRT12 - ROT - 0000366-25.2018.5.12.0042, NARBAL ANTONIO DE
MENDONCA FILETI, 4ª Câmara, Data de Assinatura: 21/02/2020)

DENUNCIAÇÃO DA LIDE. INCOMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO. Nas


ações em que havida a denunciação da lide, se ela versar sobre vínculo civil
(direito de regresso), posiciona-se a mais alta Corte da Justiça do Trabalho pela
incompetência para julgar a relação havida entre as partes mencionadas, pois
a segunda relação jurídica de natureza civil, refoge completamente à
competência da Justiça do Trabalho. (TRT12 - ROT - 0000688-
45.2018.5.12.0042, GILMAR CAVALIERI, 3ª Câmara, Data de Assinatura:
23/09/2019)

DENUNCIAÇÃO DA LIDE. INCOMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO. Nas


ações em que haja pedido de denunciação da lide, se ela versar sobre vínculo
civil, decorre a incompetência da Justiça do Trabalho. (TRT12 - ROT -
0000186-04.2016.5.12.0034, MARCOS VINICIO ZANCHETTA, 4ª Câmara, Data
de Assinatura: 03/11/2016)

Chamamento ao Processo:
CPC. Art. 130. É admissível o chamamento ao processo, requerido pelo réu:
I - do afiançado, na ação em que o fiador for réu;
100
II - dos demais fiadores, na ação proposta contra um ou alguns deles;
III - dos demais devedores solidários, quando o credor exigir de um ou de
alguns o pagamento da dívida comum.
Ato em que o réu pede a integração de terceiro ao processo para que, no caso de julgada
procedente a demanda inicial do autor, também aquele seja condenado e a sentença valha como título
executivo em face dele.
Denunciação à lide: substituição do réu no polo passivo.
Chamamento ao processo: partes no polo passivo respondem juntos.
Exemplo: chamamento da empresa do grupo econômico da reclamada, quando está
insolvente; do subempreiteiro, quando a demanda é proposta em face do empreiteiro principal; da
empresa tomadora dos serviços, quando se postula o vinculo de emprego perante a cooperativa; ou
da empresa prestadora quando se postulam verbas trabalhistas diante da tomadora de serviços em
hipóteses de terceirização (Súmula 331 TST).

XI. SENTENÇA TRABALHISTA

Poder-dever estatal de resolver conflitos, na forma de ato de inteligência judicial, em que se


opera o comando abstrato da lei às situações concretas, através de atividade cognitiva, lógica e de
convencimento do juiz. A CLT não conceitua a sentença, assim, aplica-se o CPC:
Art. 203. Os pronunciamentos do juiz consistirão em sentenças, decisões
interlocutórias e despachos.
§ 1º Ressalvadas as disposições expressas dos procedimentos especiais,
sentença é o pronunciamento por meio do qual o juiz, com fundamento
nos arts. 485 e 487 , põe fim à fase cognitiva do procedimento comum, bem
como extingue a execução.
§ 2º Decisão interlocutória é todo pronunciamento judicial de natureza
decisória que não se enquadre no § 1º.
§ 3º São despachos todos os demais pronunciamentos do juiz praticados no
processo, de ofício ou a requerimento da parte.

Antes de extinguir o processo por falta de pressuposto processual ou, mesmo, por nulidades
processuais, deverá o Juiz efetivar o contraditório real ou o saneamento para correções, ou seja, dar
oportunidade às partes para se manifestar antes de sua decisão:

CPC, Art. 10. O juiz não pode decidir, em grau algum de jurisdição, com base
em fundamento a respeito do qual não se tenha dado às partes oportunidade
de se manifestar, ainda que se trate de matéria sobre a qual deva decidir de
ofício.
CPC, Art. 139. O juiz dirigirá o processo conforme as disposições deste Código,
incumbindo-lhe:
...
X - determinar o suprimento de pressupostos processuais e o saneamento de
outros vícios processuais;

101
Princípios da Sentença Trabalhista:
1. Legalidade: sob consequência de nulidade, a sentença dever estar fundamentada no
ordenamento justrabalhista, com relatório, fundamentação e conclusão (art. 832, CLT e art. 489,
CPC). No rito sumaríssimo o relatório é dispensado (art. 852-I, CLT). A sentença trabalhista deve ser
proferida em audiência de julgamento, com intimação das partes para tanto;
2. Convencimento motivado: como já vimos, o Juiz do Trabalho é livre para valorar as
provas e interpretar as controvérsias do processo, conforme art. 765, CLT e art. 371, CPC;
3. Vinculação ao pedido: já que o pedido parametriza o provimento jurisdicional, a
sentença trabalhista não julgará fora dos limites da pretensão, sob pena de nulidade;
4. Fundamentação: garantia constitucional no art. 93, IX. Embora haja liberdade para
decidir, deve o fazer de forma fundamentada no ordenamento justrabalhista.

Requisitos Estruturais da Sentença Trabalhista:

CLT, Art. 832. Da decisão deverão constar o nome das partes, o resumo do
pedido e da defesa (relatório), a apreciação das provas, os fundamentos da
decisão (fundamentação) e a respectiva conclusão (dispositivo).
§1º. Quando a decisão concluir pela procedência do pedido, determinará o
prazo e as condições para o seu cumprimento.
§2º. A decisão mencionará sempre as custas que devam ser pagas pela parte
vencida.
§3o. As decisões cognitivas ou homologatórias deverão sempre indicar a
natureza jurídica das parcelas constantes da condenação ou do acordo
homologado, inclusive o limite de responsabilidade de cada parte pelo
recolhimento da contribuição previdenciária, se for o caso.

Relatório: organização cronológica da sentença, transparência da atuação jurisdicional,


encadeamento lógico para a decisão.
- Nome das partes;
- Resumo dos pedidos;
- Resumo da defesa;
- Menção aos acontecimentos/eventos do processo (datas das audiências, provas
produzidas, documentos juntados, inspeções realizadas, etc.
Fundamentação: revelar a argumentação do juiz para a compreensão do dispositivo da
sentença; momento de apreciação da causa de pedir; valoração da prova.
Aplicação do disposto no art. 489, §1º, do CPC, com adaptações estabelecidas pelo artigo 15
da Instrução Normativa nº. 39 do TST, que dispõe sobre as normas do CPC aplicáveis no Processo do
Trabalho.

Dispositivo: consiste na conclusão-resposta do Estado-Juiz à demanda, para negar o direito


pleiteado pelo autor (sentença terminativa); conceder provimento conforme pedido (procedência);
impor-lhe provimento de conteúdo adverso (improcedência); ou acolher em parte o pedido
(procedência parcial).

102
O dispositivo na sentença trabalhista fixará, conforme artigo 832 da CLT, as verbas objeto da
condenação, contendo:
a) Parâmetros para liquidação das parcelas, bem como a modalidade de liquidação e época
própria de correção monetária;
b) A responsabilidade pelos recolhimentos fiscais e previdenciários, especificando as
parcelas;
c) Quando houve obrigações de fazer ou não fazer, o prazo para cumprimento e eventuais
coerções pecuniárias;
d) Custas que serão sempre de 2% do valor da condenação (se procedente ou procedente em
parte o pedido), se improcedente, sobre o valor atribuído à causa;
e) prazo para cumprimento caso contenha previsão especial, já que – regra geral - deve ser
cumprida no prazo de 8 dias após o trânsito em julgado;
f) Intimação às partes, exceto se proferida em audiência (Súmula 197, TST).

Classificação da Sentença Trabalhista:


Declaratória: declara a existência de um fato, autenticidade de documento, existência ou
não de uma relação jurídica (art. 19, CPC). Ex: declaração de vínculo de emprego; declaração de
validade ou não de controle de ponto ou documento médico.
Constitutiva: efeitos declaratórios mais criação, modificação ou extinção de uma relação
jurídica. Exemplos: sentença no inquérito judicial de apuração de falta grave em que o Tribunal, ao
acolher o pedido, extingue o contrato de trabalho do trabalhador estável reconhece a rescisão
indireta do contrato de trabalho.
Condenatória: mais comum no Processo do Trabalho. Declara o direito existente e impõe
obrigação ao reclamado de pagar, dar, fazer ou não fazer algo. Exemplo: sentença condena o
reclamado a pagar ao reclamante horas extras e reflexos, aviso-prévio reparação por danos morais.
Mandamentais: além de declarar direito e condenar a prestar uma obrigação, a fazer ou
deixar de fazer alguma coisa, expede uma ordem para cumprimento imediato. Independem de fase
de execução.

Nulidades da Sentença Trabalhista:


Atos processuais que violem normas de ordem pública e o interesse social, não precluem e
podem ser objetos de declaração de nulidade de ofício pelo Juiz. Meio para desconstituição de
sentença nula: Ação Rescisória – art. 966 do CPC, integralmente aplicável ao Processo do Trabalho.
a) Sentença Inexistente
Que contenha vícios tão graves, que são considerados insanáveis, como por exemplo: quando
proferida por juiz sem investidura ou falta de jurisdição; colusão, fraude das partes; ofensa à coisa
julgada; violação à norma jurídica; fundada em provas falsas (hipóteses do art. 966, CPC, embora nem
todas as hipóteses caracterizem “sentença inexistente”).
b) Falta dos Requisitos Legais
Sem relatório, fundamentação (leia-se: razões de decidir) ou conclusão, conforme previsões
no art. 93, IX, CF, art. 832 da CLT, art. 489 do CPC).
c) Extra e Ultra Petita
103
Sentença acima (ultra) e fora (extra) dos pedidos da ação (que são fixados como limites da
pretensão pelo próprio autor), é considerada eivada de vício. Já a hipótese de infra petita, por
evidente, pode ser corrigida via recurso. Ultra e extra não são sanáveis, assim, ao analisar a sentença,
cabe ao Tribunal reduzi-la aos limites do pedido.
CPC, Art. 141. O juiz decidirá o mérito nos limites propostos pelas partes,
sendo-lhe vedado conhecer de questões não suscitadas a cujo respeito a lei
exige iniciativa da parte.
CPC. Art. 492. É vedado ao juiz proferir decisão de natureza diversa da pedida,
bem como condenar a parte em quantidade superior ou em objeto diverso do
que lhe foi demandado.
d) Citra Petita
Sentença que não analise todos os pedidos da ação. O Juízo não aprecia, não se pronuncia
sobre todos os pedidos da demanda.
OJ 41 SBDI II TST. AÇÃO RESCISÓRIA. SENTENÇA "CITRA PETITA".
CABIMENTO
Revelando-se a sentença "citra petita", o vício processual vulnera os arts. 141
e 492 do CPC de 2015 (arts. 128 e 460 do CPC de 1973), tornando-a passível
de desconstituição, ainda que não interpostos embargos de declaração.
NULIDADE. SENTENÇA CITRA PETITA. PRECLUSÃO. INEXISTÊNCIA. A
sentença que não examina as preliminares suscitadas pela reclamada, em
defesa, caracteriza-se como citra petita. O ato processual é nulo, pois não
observados os limites da lide, conforme artigos 128 e 460 do CPC. A matéria é
de ordem pública, razão pela não incide a preclusão. Princípio da
Inafastabilidade da Jurisdição. Princípio do contraditório e ampla defesa.
Aplicação da OJ 41 da SDI-II do TST. (TRT12 - ROT - 0010030-
07.2013.5.12.0026 , JOSE ERNESTO MANZI , 5ª Câmara , Data de Assinatura:
28/05/2014)
RECURSO ORDINÁRIO. JULGAMENTO ULTRA PETITA. CARACTERIZAÇÃO.
ADEQUAÇÃO DA CONDENAÇÃO. Conforme disposto no art. 492 do CPC, o
legislador impôs ao julgador a obrigação de decidir nos exatos limites
impostos pelas partes litigantes, o que afasta a possibilidade de prolação de
julgamento ultra, extra ou citra petita. Desta forma, constatado que a decisão
extrapolou os limites do pedido, cabe ao Órgão ad quem, em sede de recurso,
reduzi-la aos termos propostos na demanda. (TRT12 - ROT - 0000819-
78.2016.5.12.0013 , HELIO BASTIDA LOPES , 1ª Câmara , Data de Assinatura:
08/10/2018)

XII. PRINCÍPIOS E PRESSUPOSTOS RECURSAIS

Duplo Grau de Jurisdição:


- Possibilidade ao jurisdicionado de submeter a decisão impugnada a um novo julgamento,
aprimorando o serviço jurisdicional;
- Controle das decisões judiciais pelas instâncias superiores (controle de legalidade, uniformização
de jurisprudência, evitar abuso de poder);
104
- É uma garantia constitucional? É cláusula pétrea? Está na letra da CF? Não prevê expressamente,
contudo, a interpretação sistemática do texto constitucional frente ao expresso devido processo legal,
inafastabilidade da jurisdição, contraditório, ampla defesa, e a previsão dos recursos (art. 5º, LV –
parte final, da CRFB/88), com a estrutura dos Tribunais Superiores, temos então a possibilidade
jurídica de existência deste princípio;
- Assim, não é inconstitucional uma lei que traga impossibilidade ou imprevisão de recurso, como é
o procedimento sumário (dissídio de alçada) no Processo do Trabalho (art. 2º, §§ 3º e 4º, Lei
5.584/70).

Fungibilidade ou Conversibilidade:
Consiste no fato de o recorrente poder interpor um recurso ao invés de outro, quando presentes
alguns requisitos. Aproveitamento dos atos processuais, informalidade, simplicidade e efetividade
na prática!
a) Se aplica a fungibilidade:
Quando há dúvida objetiva sobre o recurso cabível, ou seja, quando existe fundada discussão tanto
na doutrina quanto na jurisprudência sobre qual o recurso cabível da decisão.
b) Não se aplica a fungibilidade:
Quando a lei expressamente disciplina o recurso (taxatividade) e a parte interpõe outro recurso por
erro grosseiro ou má-fé.

Proibição da reformatio in pejus:


É vedado ao exame do recurso, piorar ou agravar a situação do próprio recorrente, inconformado
com a decisão recorrida. Já que o art. 1.008 do CPC aduz que o julgamento proferido pelo tribunal
substituirá a sentença ou a decisão recorrida no que tiver sido objeto de recurso, tem-se que aquilo
que não foi objeto do recurso, não poderá ser atingido pelo julgamento prolatado pelo tribunal.

Variabilidade:
Embora a doutrina sempre tenha defendido, a norma processual não o prevê e a jurisprudência
majoritária trabalhista não o admite. Trata-se da possibilidade de variar de recurso no curso
(dentro) do prazo legal. Dessa forma, seria possível o recorrente modificar o recurso interposto
dentro do prazo recursal, com objetivo de interpor o recurso correto. A interposição de um novo
recurso contra a mesma decisão dentro do prazo recursal consubstancia a preclusão consumativa: a
perda da faculdade de praticar um ato processual pela prática e consumação de outro ato processual.

Singularidade ou Unirrecorribilidade:
Cabe à Parte, somente 01 (um) recurso para cada decisão. Via de regra, no Processo do Trabalho, não
se admite duplicidade de recursos ao mesmo tempo. Devem ser interpostos sucessiva e não
simultaneamente. Não quer dizer que cada Parte não possa apresentar o mesmo recurso ao mesmo
tempo. Pode, ainda existir recurso de Embargos de Declaração, ocasião em que o Recurso Ordinário
ou de Revista, por exemplo, deverá ser interposto após a solução de julgamento dos Embargos.

Irrecorribilidade em separado das decisões interlocutórias:


Na Justiça do Trabalho, as decisões interlocutórias não ensejam recurso imediato (art. 893, §1º,
CLT), salvo nas hipóteses de decisão: a) de Tribunal Regional do Trabalho contrária à Súmula ou
105
Orientação Jurisprudencial do Tribunal Superior do Trabalho; b) suscetível de impugnação mediante
recurso para o mesmo Tribunal; c) que acolhe exceção de incompetência territorial, com a remessa
dos autos para Tribunal Regional distinto daquele a que se vincula o juízo excepcionado, consoante
o disposto no art. 799, § 2º, da CLT (Súmula 214 TST).

1. Classificação dos Recursos Trabalhistas:


Recursos de natureza ordinária:
Destinados a impugnar todos os capítulos da decisão, tanto dos erros de procedimento (matéria
processual), como erros de julgamento (erros do mérito), caracterizando-se também – mas não
somente - pela inconformidade da parte com a decisão judicial. Exemplo: Recurso Ordinário (art. 895,
CLT) e Embargos de Declaração (art. 897-A, CLT).
Recursos de natureza não extraordinária:
Têm por objetivo a uniformização da interpretação da legislação constitucional e federal no âmbito
da competência da Justiça do Trabalho. Exemplo: Recurso Extraordinário para o STF (art. 102, III,
CR); Recurso de Revista (art. 896, CLT – interpretação diversa de lei federal, norma coletiva, sentença
normativa, regulamento empresarial – violação literal de dispositivo de lei ou da CR).
Recursos de fundamentação livre:
A lei não exige que o recorrente aponte um erro ou vício específico na decisão recorrida. Todos os
tópicos podem ser livremente impugnados pelo recorrente. O mero inconformismo com a decisão tal
qual proferida, é suficiente para o cabimento. Ex: Recurso Ordinário.
Recursos de fundamentação vinculada:
A lei exige que o recorrente aponte um vício específico na decisão. O recorrente precisa invocar o
erro indicado como relevante para que o recurso caiba. Ex: Embargos de Declaração, Recurso de
Revista.

2. Efeitos dos Recursos Trabalhistas:

Efeito Devolutivo:
Expressão com raízes na monarquia. Peculiaridade do Proc. Trab. Em regra: efeito
devolutivo. Significa “devolver” ao Tribunal a jurisdição para apreciação do recurso. Propiciar o
reexame das decisões judiciais, com novo julgamento. Art. 899, CLT: permitida a execução provisória
até a penhora. Justificativa da exceção: verbas trabalhistas tem natureza alimentar. Súmula 414, I, TST
+ art. 1.029, §5º, CPC.

Efeito Devolutivo em Extensão ou Horizontal:


Órgão superior competente para julgar o apelo, está adstrito ao objeto. A extensão da
devolutividade é limitada pelos pedidos recursais.

Efeito Devolutivo em Profundidade ou Vertical:


Será objeto de novo julgamento, todas as questões suscitadas e discutidas. Quando o pedido
ou a defesa tiver mais de um fundamento, e o juiz acolher apenas um deles, o recurso devolverá ao
tribunal o conhecimento dos demais (art. 1.013, §§1º e 2º, CPC). Súmula 393 TST.

Efeito Suspensivo:
106
A eficácia da decisão ficará suspensa enquanto não for julgado o recurso em face dela
interposto;
No Processo do Trabalho, em regra, os recursos não têm efeito suspensivo;
Pedido direcionado. Art. 9º, Lei 7.701/88. O efeito suspensivo deferido pelo Presidente do
Tribunal Superior do Trabalho terá eficácia pelo prazo improrrogável de 120 (cento e vinte) dias
contados da publicação, salvo se o recurso ordinário for julgado antes do término do prazo.
Súmula 414, I, TST + art. 1.029, §5º, CPC.

Súmula nº 414 do TST. MANDADO DE SEGURANÇA. TUTELA


PROVISÓRIA CONCEDIDA ANTES OU NA SENTENÇA.
I – A tutela provisória concedida na sentença não comporta impugnação pela
via do mandado de segurança, por ser impugnável mediante recurso ordinário.
É admissível a obtenção de efeito suspensivo ao recurso ordinário mediante
requerimento dirigido ao tribunal, ao relator ou ao presidente ou ao vice-
presidente do tribunal recorrido, por aplicação subsidiária ao processo do
trabalho do artigo 1.029, § 5º, do CPC de 2015.
II – No caso de a tutela provisória haver sido concedida ou indeferida antes da
sentença, cabe mandado de segurança, em face da inexistência de recurso
próprio.
III – A superveniência da sentença, nos autos originários, faz perder o objeto
do mandado de segurança que impugnava a concessão ou o indeferimento da
tutela provisória.

CPC. Art. 1.029.


§ 5º O pedido de concessão de efeito suspensivo a recurso extraordinário ou a
recurso especial poderá ser formulado por requerimento dirigido:
I – ao tribunal superior respectivo, no período compreendido entre a
publicação da decisão de admissão do recurso e sua distribuição, ficando o
relator designado para seu exame prevento para julgá-lo;
II - ao relator, se já distribuído o recurso;
III – ao presidente ou ao vice-presidente do tribunal recorrido, no período
compreendido entre a interposição do recurso e a publicação da decisão de
admissão do recurso, assim como no caso de o recurso ter sido sobrestado, nos
termos do art. 1.037.

Efeito translativo:
Possibilidade do Tribunal conhecer de matérias não invocadas pelo recorrente no corpo do
recurso;
Possibilidade que deve estar prevista na lei. Vedação ao ultra, extra e infra petita;
Matérias de ordem pública ou objeções processuais (art. 337, CPC).

Efeito Regressivo:
Retratação ou reconsideração da decisão impugnada, pelo próprio órgão que a prolatou;
Artigo 494 e Artigo 331, caput, CPC.
107
Efeito Substitutivo:
Artigo 1.008 CPC: O julgamento proferido pelo tribunal substituirá a decisão impugnada no
que tiver sido objeto de recurso;
Acórdão substitui a decisão proferida na instância inferior, mesmo que tenha confirmado a
sentença por seus próprios fundamentos, naquilo que foi objeto recursal.

Efeito Expansivo ou Extensivo:


O recurso interposto por um dos litisconsortes, aproveita a todos os demais, salvo se
distintos ou opostos os seus interesses;
Art. 1.005, CPC: O recurso interposto por um dos litisconsortes a todos
aproveita, salvo se distintos ou opostos os seus interesses.
Parágrafo único. Havendo solidariedade passiva, o recurso interposto por um
devedor aproveitará aos outros quando as defesas opostas ao credor lhes
forem comuns.
Obs: há linha de entendimento divergente, que entende que o Efeito Expansivo está no artigo
1.013, §5º do CPC (Teoria da Causa Madura) e Súmula 393 TST, e que o Efeito Extensivo é diverso, e
previsto no artigo 1.005 do CPC

3. Pressupostos Recursais
São requisitos que devem ser atendidos pela parte recorrente quando do momento da
interposição do recurso para que este possa ser conhecido e julgado pelo Tribunal;
Há um duplo juízo de admissibilidade recursal, ou seja, o juízo a quo exerce controle na
verificação dos requisitos a serem atendidos pela parte, tal como prazo, preparo, contraditório
(contra-arrazoar), inclusive podendo exercer o juízo de retratação. Embora no Processo Civil não
existe mais tal previsão (art. 1.010, §3º, do CPC), o duplo juízo de admissibilidade no Processo do
Trabalho continua em plena vigência;
Não sendo realizado o juízo de retratação, a parte recorrida será intimada para contra-
arrazoar o Recurso (seja Recurso Ordinário, seja Recurso de Revista).

a) Pressupostos Recursais Extrínsecos:


São fatores externos à decisão judicial atacada pelo Recurso, ou seja, fatores que não estão
contidos no bojo da decisão, mas sem os quais, não seria cabível o recurso;
Previsão legal: a decisão deve ser recorrível. Exemplo: decisão interlocutória é irrecorrível
de forma imediata (direta);
Adequação: ainda que existe o princípio da fungibilidade, o recurso deve ser adequado
instrumentalmente. Importante: é requisito para se admitir a fungibilidade, que o recurso interposto
de forma errada, seja feito dentro do prazo legal;
Tempestividade: extemporaneidade. O recurso trabalhista pode ser proposto antes mesmo
de iniciar a contagem do prazo respectivo? Súmula 434, I, TST. Superveniente entendimento do STF.
Superação pelo NCPC, artigo 218, §4º;
Preparo: é composto de custas e depósito recursal;

108
I.I. Custas: natureza jurídica de taxas, que são autorizadas em lei e cobradas pelo poder
público pela mera movimentação da máquina judiciária, ou seja, pela prestação do serviço público. Em
regra, pelo princípio da sucumbência, são pagas pela parte vencida;
I.II. Custas do Processo de Conhecimento - custas de 2% sob o valor econômico do caso,
fixado no máximo a 4 vezes o limite (teto) dos benefícios do RGPS, nos dissídios individuais e coletivos,
ações e procedimentos de competência da JT, quando: Houver acordo ou condenação, sob o respectivo
valor; Houver extinção do processo ou julgamento totalmente improcedente, sob o valor da causa;
Houver procedência do pedido formulado em ação declaratória e em ação constitutiva, sobre o valor
da causa; Quando o valor for indeterminado, sobre o que o juiz fixar. Artigo 789-A e seguintes 790-A e
seguintes da CLT.
II. Depósito Recursal: integra o preparo e encontra previsão no artigo 899, do §1º ao §8º
da CLT:
Somente será admissível o recurso, após realizado o depósito prévio;
Depósito recursal funciona como garantia do juízo – garantia de execução da decisão
proferida em favor do empregado;
Assim, o empregado não efetua depósito recursal em nenhuma hipótese;
Apenas o empregador deverá efetuar o depósito recursar, existindo condenação em pecúnia
– Súmula 161 TST;
Em caso de condenação de valor indeterminado, o depósito será arbitrado pela Vara do
Trabalho, inclusive para os efeitos de custas, até o limite de 10 vezes o valor de referência regional
(Ato 360 TST – 13.07.2017);
Depósito recursal pela metade nos casos de empregadores domésticos, entidade sem fins
lucrativos, microempreendedores individuais, microempresas e empresas de pequeno porte.
Isentos de Depósito Recursal, entidades filantrópicas e empresas em recuperação judicial.

CLT. Art. 899 - Os recursos serão interpostos por simples petição e terão efeito
meramente devolutivo, salvo as exceções previstas neste Título, permitida a
execução provisória até a penhora.
§ 1º Sendo a condenação de valor até 10 (dez) vêzes o salário-mínimo regional,
nos dissídios individuais, só será admitido o recurso inclusive o
extraordinário, mediante prévio depósito da respectiva importância.
Transitada em julgado a decisão recorrida, ordenar-se-á o levantamento
imediato da importância de depósito, em favor da parte vencedora, por
simples despacho do juiz.
§ 2º Tratando-se de condenação de valor indeterminado, o depósito
corresponderá ao que fôr arbitrado, para efeito de custas, pela Junta ou Juízo
de Direito, até o limite de 10 (dez) vêzes o salário-mínimo da região.
§ 4o O depósito recursal será feito em conta vinculada ao juízo e corrigido com
os mesmos índices da poupança.
§ 6º - Quando o valor da condenação, ou o arbitrado para fins de custas,
exceder o limite de 10 (dez) vêzes o salário-mínimo da região, o depósito para
fins de recursos será limitado a êste valor.

109
§ 7o No ato de interposição do agravo de instrumento, o depósito recursal
corresponderá a 50% (cinquenta por cento) do valor do depósito do recurso
ao qual se pretende destrancar.
§ 8o Quando o agravo de instrumento tem a finalidade de destrancar recurso
de revista que se insurge contra decisão que contraria a jurisprudência
uniforme do Tribunal Superior do Trabalho, consubstanciada nas suas
súmulas ou em orientação jurisprudencial, não haverá obrigatoriedade de se
efetuar o depósito referido no § 7o deste artigo.
§ 9o O valor do depósito recursal será reduzido pela metade para entidades
sem fins lucrativos, empregadores domésticos, microempreendedores
individuais, microempresas e empresas de pequeno porte.
§ 10. São isentos do depósito recursal os beneficiários da justiça gratuita, as
entidades filantrópicas e as empresas em recuperação judicial.
§ 11. O depósito recursal poderá ser substituído por fiança bancária ou seguro
garantia judicial.

OJ 140 SBDI 1 TST. DEPÓSITO RECURSAL E CUSTAS PROCESSUAIS.


RECOLHIMENTO INSUFICIENTE. DESERÇÃO.
Em caso de recolhimento insuficiente das custas processuais ou do depósito
recursal, somente haverá deserção do recurso se, concedido o prazo de 5
(cinco) dias previsto no § 2º do art. 1.007 do CPC de 2015, o recorrente não
complementar e comprovar o valor devido.
SÚMULA Nº 99 DO TST. AÇÃO RESCISÓRIA. DESERÇÃO. PRAZO.
Havendo recurso ordinário em sede de rescisória, o depósito recursal só é
exigível quando for julgado procedente o pedido e imposta condenação em
pecúnia, devendo este ser efetuado no prazo recursal, no limite e nos termos
da legislação vigente, sob pena de deserção.

SÚMULA Nº 128 DO TST. DEPÓSITO RECURSAL.


I - É ônus da parte recorrente efetuar o depósito legal, integralmente, em
relação a cada novo recurso interposto, sob pena de deserção. Atingido o valor
da condenação, nenhum depósito mais é exigido para qualquer recurso.
II - Garantido o juízo, na fase executória, a exigência de depósito para recorrer
de qualquer decisão viola os incisos II e LV do art. 5º da CF/1988. Havendo,
porém, elevação do valor do débito, exige-se a complementação da garantia do
juízo.
III - Havendo condenação solidária de duas ou mais empresas, o depósito
recursal efetuado por uma delas aproveita as demais, quando a empresa que
efetuou o depósito não pleiteia sua exclusão da lide.

SÚMULA Nº 161 DO TST. DEPÓSITO. CONDENAÇÃO A PAGAMENTO EM


PECÚNIA
Se não há condenação a pagamento em pecúnia, descabe o depósito de que
tratam os §§ 1º e 2º do art. 899 da CLT.
110
SÚMULA Nº 426 DO TST. DEPÓSITO RECURSAL. UTILIZAÇÃO DA GUIA GFIP.
OBRIGATORIEDADE.
Nos dissídios individuais o depósito recursal será efetivado mediante a
utilização da Guia de Recolhimento do FGTS e Informações à Previdência
Social – GFIP, nos termos dos §§ 4º e 5º do art. 899 da CLT, admitido o depósito
judicial, realizado na sede do juízo e à disposição deste, na hipótese de relação
de trabalho não submetida ao regime do FGTS.

b) Pressupostos Recursais Intrínsecos


Cabimento: ato judicial deve ser passível de impugnação por medida recursal; ato recursal
deve ser cabível, competente, adequado à impugnar a decisão. Se a parte interpuser recurso
incorreto, não será conhecido, salvo fungibilidade.
Interesse Recursal: relação necessária entre o bem jurídico indeferido e o benefício em tese
que o recorrente teria com o deferimento. Sucumbência, ainda que parcial, é o elemento de
caracterização do interesse.
Legitimidade: parte vencida; terceiro prejudicado; MPT (como parte ou custus legis, art. 83,
VI, LC 75/93, OJ 237 SBDI 1 TST); sindicato (como representante ou substituto processual); desde
que todos demonstrem a relação jurídica afeta, ou seja, a possibilidade da apreciação judicial atingir
direito de que se afirme titular ou que possa discutir em juízo como substituto processual (art. 996,
CPC).

CPC. Art. 996. O recurso pode ser interposto pela parte vencida, pelo terceiro
prejudicado e pelo Ministério Público, como parte ou como fiscal da ordem
jurídica.
Parágrafo único. Cumpre ao terceiro demonstrar a possibilidade de a decisão
sobre a relação jurídica submetida à apreciação judicial atingir direito de que
se afirme titular ou que possa discutir em juízo como substituto processual.

OJ 237 SDI I TST. MINISTÉRIO PÚBLICO DO TRABALHO. LEGITIMIDADE PARA


RECORRER. SOCIEDADE DE ECONOMIA MISTA. EMPRESA PÚBLICA.
I - O Ministério Público do Trabalho não tem legitimidade para recorrer na
defesa de interesse patrimonial privado, ainda que de empresas públicas e
sociedades de economia mista.
II – Há legitimidade do Ministério Público do Trabalho para recorrer de
decisão que declara a existência de vínculo empregatício com sociedade de
economia mista ou empresa pública, após a Constituição Federal de 1988, sem
a prévia aprovação em concurso público, pois é matéria de ordem pública.

4. Recurso Ordinário
Rito Ordinário:
CLT. Art. 895 - Cabe recurso ordinário para a instância superior:
I - das decisões definitivas ou terminativas das Varas e Juízos, no prazo de 8
(oito) dias; e
111
II - das decisões definitivas ou terminativas dos Tribunais Regionais, em
processos de sua competência originária, no prazo de 8 (oito) dias, quer nos
dissídios individuais, quer nos dissídios coletivos.

Rito Sumaríssimo:
CLT. Art. 895 - Cabe recurso ordinário para a instância superior:
...
§1º. Nas reclamações sujeitas ao procedimento sumaríssimo, o recurso
ordinário:
I – vetado;
II - será imediatamente distribuído, uma vez recebido no Tribunal, devendo o
relator liberá-lo no prazo máximo de dez dias, e a Secretaria do Tribunal ou
Turma colocá-lo imediatamente em pauta para julgamento, sem revisor;
III - terá parecer oral do representante do Ministério Público presente à sessão
de julgamento, se este entender necessário o parecer, com registro na
certidão;
IV - terá acórdão consistente unicamente na certidão de julgamento, com a
indicação suficiente do processo e parte dispositiva, e das razões de decidir do
voto prevalente. Se a sentença for confirmada pelos próprios fundamentos, a
certidão de julgamento, registrando tal circunstância, servirá de acórdão.

➢ Cabível em face de sentença de primeiro grau, proferida pela Vara do Trabalho;


➢ Prazo de 8 dias (dias úteis – Novo CPC + Reforma Trabalhista);
➢ Das decisões definitivas (julga o mérito) ou terminativas (não julga o mérito):
❑ Proferidas pelas Varas do Trabalho;
❑ Proferidas pelo TRT - em processos de sua competência originária, seja em dissídios
individuais, seja em dissídios coletivos;
➢ Endereçamento:
❑ Se proveniente da VT = Para o TRT;
❑ Se proveniente do TRT = Para o TST.
➢ Somente será recebido no efeito devolutivo, salvo no caso de medida cautelar.
➢ O Recurso Ordinário deve ser interposto por petição acompanhada das razões;
➢ Há uma parte na peça endereçada ao juízo a quo para que remeta as razões recursais
ao juízo ad quem;
➢ Por exemplo, há uma peça endereçada ao Juiz da Vara do Trabalho, requerendo seja
recebido o Recurso Ordinário interposto e que sejam remetidas as razões recursais para o Tribunal
Regional do Trabalho;
➢ Assim que recebido, antes de ser remetido aos respectivo Tribunal, o Juiz notificará a
outra Parte (recorrida), para que apresente suas contrarrazões ao Recurso Ordinário;
➢ Se houver condenação em pecúnia, o reclamado deverá realizar o depósito recursal e
comprovar tal recolhimento nos autos, eis que é pressuposto de admissibilidade.

112
5. Recurso de Revista
Recurso servível à uniformização da jurisprudência, que não se destina a rever matérias
pertinentes aos fatos e provas, mas sim, à regular no ordenamento justrabalhista pátrio, a mesma
interpretação e aplicação de determinada norma ou regra jurídica.
O RR é o recurso último, na Justiça do Trabalho, para impugnação de decisões proferidas em
dissídios individuais (ações de competência originária no primeiro grau de jurisdição), não obstante
existir a possibilidade de se questionar a decisão no STF na hipótese de violação da Constituição
Federal.

CLT. Art. 896 - Cabe Recurso de Revista para Turma do Tribunal Superior do
Trabalho das decisões proferidas em grau de recurso ordinário, em dissídio
individual, pelos Tribunais Regionais do Trabalho, quando:
a) derem ao mesmo dispositivo de lei federal interpretação diversa da que lhe
houver dado outro Tribunal Regional do Trabalho, no seu Pleno ou Turma, ou
a Seção de Dissídios Individuais do Tribunal Superior do Trabalho, ou
contrariarem súmula de jurisprudência uniforme dessa Corte ou súmula
vinculante do Supremo Tribunal Federal;
b) derem ao mesmo dispositivo de lei estadual, Convenção Coletiva de
Trabalho, Acordo Coletivo, sentença normativa ou regulamento empresarial
de observância obrigatória em área territorial que exceda a jurisdição do
Tribunal Regional prolator da decisão recorrida, interpretação divergente, na
forma da alínea a;
c) proferidas com violação literal de disposição de lei federal ou afronta direta
e literal à Constituição Federal.

Pressupostos Extrínsecos:
a) Regularidade Formal: peça acompanhada das razões recursais. Tra-se de recurso
técnico, endereçado ao TST. Inadmissível interposição por simples petição. Inaplicável o Ius
Postulandi (Súmula 425 TST).
b) Depósito Recursal: Exigido. Valor dobrado daquele do R.O, observado o limite máximo
do valor da condenação.
c) Hipóteses de cabimento do art. 896, CLT: cabível somente na taxatividade das alíneas
a, b ou c deste artigo.
d) Acórdão: somente cabível em face de acórdão do TRT proferidos em dissídios individuais.
e) Preenchimento dos requisitos do art. 896, §1º-A, CLT:
e) Preenchimento dos requisitos do art. 896, §1º-A, CLT:
§ 1o-A. Sob pena de não conhecimento, é ônus da parte:
I - indicar o trecho da decisão recorrida que consubstancia o
prequestionamento da controvérsia objeto do recurso de revista;
II - indicar, de forma explícita e fundamentada, contrariedade a dispositivo de
lei, súmula ou orientação jurisprudencial do Tribunal Superior do Trabalho
que conflite com a decisão regional;
III - expor as razões do pedido de reforma, impugnando todos os fundamentos
jurídicos da decisão recorrida, inclusive mediante demonstração analítica de
113
cada dispositivo de lei, da Constituição Federal, de súmula ou orientação
jurisprudencial cuja contrariedade aponte.
IV - transcrever na peça recursal, no caso de suscitar preliminar de nulidade
de julgado por negativa de prestação jurisdicional, o trecho dos embargos
declaratórios em que foi pedido o pronunciamento do tribunal sobre questão
veiculada no recurso ordinário e o trecho da decisão regional que rejeitou os
embargos quanto ao pedido, para cotejo e verificação, de plano, da ocorrência
da omissão.

SÚMULA Nº 422 DO TST. RECURSO. FUNDAMENTO AUSENTE OU


DEFICIENTE. NÃO CONHECIMENTO
I – Não se conhece de recurso para o Tribunal Superior do Trabalho se as
razões do recorrente não impugnam os fundamentos da decisão recorrida, nos
termos em que proferida.
II – O entendimento referido no item anterior não se aplica em relação à
motivação secundária e impertinente, consubstanciada em despacho
de admissibilidade de recurso ou em decisão monocrática.
III – Inaplicável a exigência do item I relativamente ao recurso ordinário da
competência de Tribunal Regional do Trabalho, exceto em caso de recurso cuja
motivação é inteiramente dissociada dos fundamentos da sentença.

Pressupostos Intrínsecos:
a) Legitimidade: partes; MPT; terceiro juridicamente interessado; sindicato.
b) Interesse: parte sucumbente; interesse jurídico.
c) Prequestionamento: é o debate da hipótese jurídica acerca de dispositivos permissivos
do conhecimento de recurso extraordinário ou especial. Criação pelo STF e STJ sobre a interpretação
teológica do art. 102, III e 105, III da CF:
Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da
Constituição, cabendo-lhe:
III - julgar, mediante recurso extraordinário, as causas decididas em única ou
última instância, quando a decisão recorrida:
Art. 105. Compete ao Superior Tribunal de Justiça:
III - julgar, em recurso especial, as causas decididas, em única ou última
instância, pelos Tribunais Regionais Federais ou pelos tribunais dos Estados,
do Distrito Federal e Territórios, quando a decisão recorrida:
Causas decididas: significa que o tribunal de segundo grau enfrentou diretamente a questão
objeto dos recursos de natureza extraordinária (extraordinário e especial).
Logo, este entendimento do STF e STJ foi transportado para a Justiça do Trabalho,
constituindo o prequestionamento, um pressuposto intrínseco do Recurso de Revista.
Matéria prequestionada ocorre quando a decisão recorrida aprecia expressamente a tese
jurídica debatida nos autos, por meio da qual a parte vencida pretende reapreciação em grau
recursal.
Assim, para ser cabível o Recurso de Revista, a decisão do acórdão regional deve debater
expressamente a tese jurídica invocada pelo recorrente no Recurso de Revista.
114
SÚMULA Nº 297 DO TST. PREQUESTIONAMENTO. OPORTUNIDADE.
CONFIGURAÇÃO.
I. Diz-se prequestionada a matéria ou questão quando na decisão impugnada
haja sido adotada, explicitamente, tese a respeito.
II. Incumbe à parte interessada, desde que a matéria haja sido invocada no
recurso principal, opor embargos declaratórios objetivando o
pronunciamento sobre o tema, sob pena de preclusão.
III. Considera-se prequestionada a questão jurídica invocada no recurso
principal sobre a qual se omite o Tribunal de pronunciar tese, não obstante
opostos embargos de declaração.

OJ 118 SDI 1 TST. PREQUESTIONAMENTO. TESE EXPLÍCITA. INTELIGÊNCIA


DA SÚMULA Nº 297.
Havendo tese explícita sobre a matéria, na decisão recorrida, desnecessário
contenha nela referência expressa do dispositivo legal para ter-se como
prequestionado este.

OJ 119 SDI 1 TST. PREQUESTIONAMENTO INEXIGÍVEL. VIOLAÇÃO NASCIDA


NA PRÓPRIA DECISÃO RECORRIDA. SÚMULA Nº 297 DO TST. INAPLICÁVEL.
É inexigível o prequestionamento quando a violação indicada houver nascido
na própria decisão recorrida. Inaplicável a Súmula n.º 297 do TST.

Hipóteses de Cabimento:

a) Divergência Jurisprudencial (Lei Federal)


CLT. Art. 896 - Cabe Recurso de Revista para Turma do Tribunal Superior do
Trabalho das decisões proferidas em grau de recurso ordinário, em dissídio
individual, pelos Tribunais Regionais do Trabalho, quando:
a) derem ao mesmo dispositivo de lei federal interpretação diversa da que lhe
houver dado outro Tribunal Regional do Trabalho, no seu Pleno ou Turma, ou
a Seção de Dissídios Individuais do Tribunal Superior do Trabalho, ou
contrariarem súmula de jurisprudência uniforme dessa Corte ou súmula
vinculante do Supremo Tribunal Federal;
§7o. A divergência apta a ensejar o recurso de revista deve ser atual, não se
considerando como tal a ultrapassada por súmula do Tribunal Superior do
Trabalho ou do Supremo Tribunal Federal, ou superada por iterativa e notória
jurisprudência do Tribunal Superior do Trabalho.

SÚMULA Nº 296 DO TST. RECURSO. DIVERGÊNCIA JURISPRUDENCIAL.


ESPECIFICIDADE.
I - A divergência jurisprudencial ensejadora da admissibilidade, do
prosseguimento e do conhecimento do recurso há de ser específica, revelando

115
a existência de teses diversas na interpretação de um mesmo dispositivo legal,
embora idênticos os fatos que as ensejaram.
II - Não ofende o art. 896 da CLT decisão de Turma que, examinando premissas
concretas de especificidade da divergência colacionada no apelo revisional,
conclui pelo conhecimento ou desconhecimento do recurso.

SÚMULA Nº 337 DO TST. COMPROVAÇÃO DE DIVERGÊNCIA


JURISPRUDENCIAL. RECURSOS DE REVISTA E DE EMBARGOS
I - Para comprovação da divergência justificadora do recurso, é necessário que
o recorrente:
a) Junte certidão ou cópia autenticada do acórdão paradigma ou cite a fonte
oficial ou o repositório autorizado em que foi publicado; e
b) Transcreva, nas razões recursais, as ementas e/ou trechos dos acórdãos
trazidos à configuração do dissídio, demonstrando o conflito de teses que
justifique o conhecimento do recurso, ainda que os acórdãos já se encontrem
nos autos ou venham a ser juntados com o recurso.
II - A concessão de registro de publicação como repositório autorizado de
jurisprudência do TST torna válidas todas as suas edições anteriores.
III – A mera indicação da data de publicação, em fonte oficial, de aresto
paradigma é inválida para comprovação de divergência jurisprudencial, nos
termos do item I, “a”, desta súmula, quando a parte pretende demonstrar o
conflito de teses mediante a transcrição de trechos que integram a
fundamentação do acórdão divergente, uma vez que só se publicam o
dispositivo e a ementa dos acórdãos;
IV - É válida para a comprovação da divergência jurisprudencial justificadora
do recurso a indicação de aresto extraído de repositório oficial na internet,
desde que o recorrente:
a) transcreva o trecho divergente;
b) aponte o sítio de onde foi extraído; e
c) decline o número do processo, o órgão prolator do acórdão e a data da
respectiva publicação no Diário Eletrônico da Justiça do Trabalho.
V – A existência do código de autenticidade na cópia, em formato pdf, do inteiro
teor do aresto paradigma, juntada aos autos, torna-a equivalente ao
documento original e também supre a ausência de indicação da fonte oficial de
publicação.

b) Divergência jurisprudencial (interpretação de lei estadual, convenção coletiva,


acordo coletivo, sentença normativa ou regulamento de empresa)
CLT. Art. 896 - Cabe Recurso de Revista para Turma do Tribunal Superior do
Trabalho das decisões proferidas em grau de recurso ordinário, em dissídio
individual, pelos Tribunais Regionais do Trabalho, quando:
b) derem ao mesmo dispositivo de lei estadual, Convenção Coletiva de
Trabalho, Acordo Coletivo, sentença normativa ou regulamento empresarial
de observância obrigatória em área territorial que exceda a jurisdição do
116
Tribunal Regional prolator da decisão recorrida, interpretação divergente, na
forma da alínea a;

OJ 147 SDI 1 TST. LEI ESTADUAL, NORMA COLETIVA OU NORMA


REGULAMENTAR. CONHECIMENTO INDEVIDO DO RECURSO DE REVISTA
POR DIVERGÊNCIA JURISPRUDENCIAL
I - É inadmissível o recurso de revista fundado tão-somente em divergência
jurisprudencial, se a parte não comprovar que a lei estadual, a norma coletiva
ou o regulamento da empresa extrapolam o âmbito do TRT prolator da decisão
recorrida.
II - É imprescindível a argüição de afronta ao art. 896 da CLT para o
conhecimento de embargos interpostos em face de acórdão de Turma que
conhece indevidamente de recurso de revista, por divergência jurisprudencial,
quanto a tema regulado por lei estadual, norma coletiva ou norma
regulamentar de âmbito restrito ao Regional prolator da decisão.

c) Violação de literal dispositivo de Lei Federal ou da Constituição


CLT. Art. 896 - Cabe Recurso de Revista para Turma do Tribunal Superior do
Trabalho das decisões proferidas em grau de recurso ordinário, em dissídio
individual, pelos Tribunais Regionais do Trabalho, quando:
c) proferidas com violação literal de disposição de lei federal ou afronta direta
e literal à Constituição Federal.

SÚMULA Nº 221 DO TST. RECURSO DE REVISTA. VIOLAÇÃO DE LEI.


INDICAÇÃO DE PRECEITO.
A admissibilidade do recurso de revista por violação tem como pressuposto a
indicação expressa do dispositivo de lei ou da Constituição tido como violado.

Hipótese de Cabimento – Execução de Sentença:


CLT. Art. 896 - Cabe Recurso de Revista para Turma do Tribunal Superior do
Trabalho das decisões proferidas em grau de recurso ordinário, em dissídio
individual, pelos Tribunais Regionais do Trabalho, quando:
...
§2º. Das decisões proferidas pelos Tribunais Regionais do Trabalho ou por
suas Turmas, em execução de sentença, inclusive em processo incidente de
embargos de terceiro, não caberá Recurso de Revista, salvo na hipótese de
ofensa direta e literal de norma da Constituição Federal.
Ou seja, o cabimento de RR contra decisão de TRT em sede de execução (em qualquer
hipótese), depende de demonstração inequívoca de violência direta à Constituição Federal (Súmula
266, TST).

Hipótese de Cabimento – Títulos Executivos:

117
CLT. Art. 896 - Cabe Recurso de Revista para Turma do Tribunal Superior do
Trabalho das decisões proferidas em grau de recurso ordinário, em dissídio
individual, pelos Tribunais Regionais do Trabalho, quando:
...
§10. Cabe recurso de revista por violação a lei federal, por divergência
jurisprudencial e por ofensa à Constituição Federal nas execuções fiscais e nas
controvérsias da fase de execução que envolvam a Certidão Negativa de Débitos
Trabalhistas (CNDT), criada pela Lei no 12.440, de 7 de julho de 2011.
Tendência jurisprudencial em admitir RR em sede de execução de títulos executivos
extrajudiciais, quando violar lei federal, quando houver divergência jurisprudencial e ofensa à CF.

Recurso de Revista no Rito Sumaríssimo:


CLT. Art. 896 - Cabe Recurso de Revista para Turma do Tribunal Superior do
Trabalho das decisões proferidas em grau de recurso ordinário, em dissídio
individual, pelos Tribunais Regionais do Trabalho, quando:
...
§9o. Nas causas sujeitas ao procedimento sumaríssimo, somente será admitido
recurso de revista por contrariedade a súmula de jurisprudência uniforme do
Tribunal Superior do Trabalho ou a súmula vinculante do Supremo Tribunal
Federal e por violação direta da Constituição Federal.

SÚMULA Nº 442 DO TST. PROCEDIMENTO SUMARÍSSIMO. RECURSO DE


REVISTA FUNDAMENTADO EM CONTRARIEDADE A ORIENTAÇÃO
JURISPRUDENCIAL. INADMISSIBILIDADE. ART. 896, § 6º, DA CLT,
ACRESCENTADO PELA LEI Nº 9.957, DE 12.01.2000.
Nas causas sujeitas ao procedimento sumaríssimo, a admissibilidade de
recurso de revista está limitada à demonstração de violação direta a
dispositivo da Constituição Federal ou contrariedade a Súmula do Tribunal
Superior do Trabalho, não se admitindo o recurso por contrariedade a
Orientação Jurisprudencial deste Tribunal (Livro II, Título II, Capítulo III, do
RITST), ante a ausência de previsão no art. 896, § 6º, da CLT.

Transcendência no Recurso de Revista:


CLT. Art. 896-A - O Tribunal Superior do Trabalho, no recurso de revista,
examinará previamente se a causa oferece transcendência com relação aos
reflexos gerais de natureza econômica, política, social ou jurídica.
§ 1o São indicadores de transcendência, entre outros:
I - econômica, o elevado valor da causa;
II - política, o desrespeito da instância recorrida à jurisprudência sumulada do
Tribunal Superior do Trabalho ou do Supremo Tribunal Federal;
III - social, a postulação, por reclamante-recorrente, de direito social
constitucionalmente assegurado;
IV - jurídica, a existência de questão nova em torno da interpretação da
legislação trabalhista.
118
§ 2o Poderá o relator, monocraticamente, denegar seguimento ao recurso de
revista que não demonstrar transcendência, cabendo agravo desta decisão
para o colegiado.
§ 3o Em relação ao recurso que o relator considerou não ter transcendência, o
recorrente poderá realizar sustentação oral sobre a questão da
transcendência, durante cinco minutos em sessão.
§4o Mantido o voto do relator quanto à não transcendência do recurso, será
lavrado acórdão com fundamentação sucinta, que constituirá decisão
irrecorrível no âmbito do tribunal.
§ 5o É irrecorrível a decisão monocrática do relator que, em agravo de
instrumento em recurso de revista, considerar ausente a transcendência da
matéria.
§ 6o O juízo de admissibilidade do recurso de revista exercido pela Presidência
dos Tribunais Regionais do Trabalho limita-se à análise dos pressupostos
intrínsecos e extrínsecos do apelo, não abrangendo o critério da
transcendência das questões nele veiculadas.

XIII. AÇÃO DE CUMPRIMENTO


Ação de Cumprimento é uma ação individual de conhecimento, de rito especial, de natureza
condenatória, servível para execução forçada (fazer cumprir) de disposições de acordos coletivos de
trabalho, e convenção coletiva de trabalho e de sentença normativa.

CLT, Art. 872 - Celebrado o acordo, ou transitada em julgado a decisão, seguir-


se-á o seu cumprimento, sob as penas estabelecidas neste Título.
Parágrafo único - Quando os empregadores deixarem de satisfazer o
pagamento de salários, na conformidade da decisão proferida, poderão os
empregados ou seus sindicatos, independentes de outorga de poderes de seus
associados, juntando certidão de tal decisão, apresentar reclamação à Junta ou
Juízo competente, observado o processo previsto no Capítulo II deste Título,
sendo vedado, porém, questionar sobre a matéria de fato e de direito já
apreciada na decisão.

SÚMULA Nº 246 DO TST. AÇÃO DE CUMPRIMENTO. TRÂNSITO EM JULGADO


DA SENTENÇA NORMATIVA.
É dispensável o trânsito em julgado da sentença normativa para a propositura
da ação de cumprimento.

Competência:
CF. Art. 114. Compete à Justiça do Trabalho processar e julgar:
III as ações sobre representação sindical, entre sindicatos, entre sindicatos e
trabalhadores, e entre sindicatos e empregadores;

Lei nº. 9.984/95. Art. 1º Compete à Justiça do Trabalho conciliar e julgar os


dissídios que tenham origem no cumprimento de convenções coletivas de
119
trabalho ou acordos coletivos de trabalho, mesmo quando ocorram entre
sindicatos ou entre sindicato de trabalhadores e empregador.

SÚMULA Nº 286 DO TST. SINDICATO. SUBSTITUIÇÃO PROCESSUAL.


CONVENÇÃO E ACORDO COLETIVOS
A legitimidade do sindicato para propor ação de cumprimento estende-se
também à observância de acordo ou de convenção coletivos.

Legitimidade:
Quem pode propor a ação de cumprimento?
• Empregados individualmente;
• Empregados em litisconsórcio ativo facultativo;
• Sindicato da categoria, patronal ou laboral, em substituição processual, já que pleiteia
em nome próprio direito alheio (art 18 do CPC).
Ação de Cumprimento proposta pelo sindicato, abrange filiados e não filiados, por força do
artigo 8º, III, da CF e art. 872, parágrafo único, CLT.
Se a categoria não for organizada em sindicato, a jurisprudência tem admitido a legitimidade
ad causam da Federação – cancelamento da Súmula nº. 359 do TST que vedava a Federação.
Obs: embora não haja previsão na CLT, a depender do caso, possui legitimidade o MPT.

Peculiaridades:
Instrução probatória:
Por tratar-se de rito especial, sem previsão detalhada na lei, por lógico, não há previsão
quanto à instrução probatória. Não obstante, seguindo as diretrizes gerais do processo, e por tratar-
se de ação que objetiva o “fazer cumprir” de determinada norma, na prática forense, observa-se a
utilização de prova pré-constituída e, a depender do caso em concreto, do depoimento das partes e
de testemunhas. Igualmente, nada obsta a realização de perícia, caso seja necessário.
Prescrição:
SÚMULA Nº 350 DO TST. PRESCRIÇÃO. TERMO INICIAL. AÇÃO DE
CUMPRIMENTO. SENTENÇA NORMATIVA
O prazo de prescrição com relação à ação de cumprimento de decisão
normativa flui apenas da data de seu trânsito em julgado.

XIV. HOMOLOGAÇÃO JUDICIAL DE ACORDO EXTRAJUDICIAL


CLT. Art. 855-B. O processo de homologação de acordo extrajudicial terá início
por petição conjunta, sendo obrigatória a representação das partes por
advogado.
§ 1o As partes não poderão ser representadas por advogado comum.
§ 2o Faculta-se ao trabalhador ser assistido pelo advogado do sindicato de sua
categoria.
Art. 855-C. O disposto neste Capítulo não prejudica o prazo estabelecido no §
6o do art. 477 desta Consolidação e não afasta a aplicação da multa prevista no
§ 8o art. 477 desta Consolidação.

120
Art. 855-D. No prazo de quinze dias a contar da distribuição da petição, o juiz
analisará o acordo, designará audiência se entender necessário e proferirá
sentença.
Art. 855-E. A petição de homologação de acordo extrajudicial suspende o
prazo prescricional da ação quanto aos direitos nela especificados.
Parágrafo único. O prazo prescricional voltará a fluir no dia útil seguinte ao do
trânsito em julgado da decisão que negar a homologação do acordo.

XV. ASSISTÊNCIA E BENEFÍCIO DA JUSTIÇA GRATUITA

1. Assistência:
No Processo do Trabalho, a Assistência Judiciária Gratuita é prevista somente ao
trabalhador, e é prestada pela entidade sindical representante da categoria profissional:
Lei 5.584/70. Art. 14. Na Justiça do Trabalho, a assistência judiciária a que se
refere a Lei nº 1.060, de 5 de fevereiro de 1950, será prestada pelo Sindicato
da categoria profissional a que pertencer o trabalhador.
§1º. A assistência é devida a todo aquele que perceber salário igual ou inferior
ao dobro do mínimo legal, ficando assegurado igual benefício ao trabalhador
de maior salário, uma vez provado que sua situação econômica não lhe permite
demandar, sem prejuízo do sustento próprio ou da família.
§2º. A situação econômica do trabalhador será comprovada em atestado
fornecido pela autoridade local do Ministério do Trabalho e Previdência Social,
mediante diligência sumária, que não poderá exceder de 48 (quarenta e oito)
horas.
Art 16. Os honorários do advogado pagos pelo vencido reverterão em favor do
Sindicato assistente.
Art. 17. Quando, nas respectivas comarcas, não houver Juntas de Conciliação e
Julgamento ou não existir Sindicato da categoria profissional do trabalhador,
é atribuído aos Promotores Públicos ou Defensores Públicos o encargo de
prestar assistência judiciária prevista nesta lei.
Parágrafo único. Na hipótese prevista neste artigo, a importância proveniente
da condenação nas despesas processuais será recolhida ao Tesouro do
respectivo Estado.
Art. 18. A assistência judiciária, nos termos da presente lei, será prestada ao
trabalhador ainda que não seja associado do respectivo Sindicato.

2. Benefício da Justiça Gratuita


CLT. Art. 790. Nas Varas do Trabalho, nos Juízos de Direito, nos Tribunais e no
Tribunal Superior do Trabalho, a forma de pagamento das custas e
emolumentos obedecerá às instruções que serão expedidas pelo Tribunal
Superior do Trabalho.
§ 3o É facultado aos juízes, órgãos julgadores e presidentes dos tribunais do
trabalho de qualquer instância conceder, a requerimento ou de ofício, o
121
benefício da justiça gratuita, inclusive quanto a traslados e instrumentos,
àqueles que perceberem salário igual ou inferior a 40% (quarenta por cento)
do limite máximo dos benefícios do Regime Geral de Previdência Social.
§ 4o O benefício da justiça gratuita será concedido à parte que comprovar
insuficiência de recursos para o pagamento das custas do processo. ADI 5766
SÚMULA Nº 463 DO TST. ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA GRATUITA.
COMPROVAÇÃO
I – A partir de 26.06.2017, para a concessão da assistência judiciária gratuita à
pessoa natural, basta a declaração de hipossuficiência econômica firmada pela
parte ou por seu advogado, desde que munido de procuração com poderes
específicos para esse fim (art. 105 do CPC de 2015);
II – No caso de pessoa jurídica, não basta a mera declaração: é necessária a
demonstração cabal de impossibilidade de a parte arcar com as despesas do
processo.
*Leia-se: Benefício da Justiça Gratuita, eis que a Assistência é prestada pelo sindicato ante a
contratação de advogado gratuito ao trabalhador! Assistência Judiciária x Benefício Judiciário.

Art. 844. O não-comparecimento do reclamante à audiência importa o


arquivamento da reclamação, e o não-comparecimento do reclamado importa
revelia, além de confissão quanto à matéria de fato.
...
§2o. Na hipótese de ausência do reclamante, este será condenado ao
pagamento das custas calculadas na forma do art. 789 desta Consolidação,
ainda que beneficiário da justiça gratuita, salvo se comprovar, no prazo de
quinze dias, que a ausência ocorreu por motivo legalmente justificável.
Mantido pela ADI 5766.

XVI. HONORÁRIOS (PERICIAIS E ADVOCATÍCIOS)

1. Honorários Periciais

CLT. Art. 790-B. A responsabilidade pelo pagamento dos honorários periciais


é da parte sucumbente na pretensão objeto da perícia, ainda que beneficiária
da justiça gratuita.
§1o. Ao fixar o valor dos honorários periciais, o juízo deverá respeitar o limite
máximo estabelecido pelo Conselho Superior da Justiça do Trabalho.
§2o. O juízo poderá deferir parcelamento dos honorários periciais.
§3o. O juízo não poderá exigir adiantamento de valores para realização de
perícias.
§4o. Somente no caso em que o beneficiário da justiça gratuita não tenha obtido
em juízo créditos capazes de suportar a despesa referida no caput, ainda que
em outro processo, a União responderá pelo encargo.

122
SÚMULA Nº 457 DO TST. HONORÁRIOS PERICIAIS. BENEFICIÁRIO DA
JUSTIÇA GRATUITA. RESPONSABILIDADE DA UNIÃO PELO PAGAMENTO.
RESOLUÇÃO Nº 66/2010 DO CSJT. OBSERVÂNCIA.
A União é responsável pelo pagamento dos honorários de perito quando a
parte sucumbente no objeto da perícia for beneficiária da assistência judiciária
gratuita, observado o procedimento disposto nos arts. 1º, 2º e 5º da Resolução
n.º 66/2010 do Conselho Superior da Justiça do Trabalho – CSJT.

Resolução 66/2010 – CSJT


Art. 1º Os Tribunais Regionais do Trabalho deverão destinar recursos
orçamentários para: I - o pagamento de honorários periciais, sempre que à
parte sucumbente na pretensão for concedido o benefício da justiça gratuita.
Art. 2º A responsabilidade da União pelo pagamento de honorários periciais,
em caso de concessão do benefício da justiça gratuita, está condicionada ao
atendimento simultâneo dos seguintes requisitos: I – fixação judicial de
honorários periciais; II – sucumbência da parte na pretensão objeto da perícia;
III – trânsito em julgado da decisão.
Art. 3º Em caso de concessão do benefício da justiça gratuita, o valor dos
honorários periciais, observado o limite de R$ 1.000,00 (um mil reais), será
fixado pelo juiz, atendidos: I – a complexidade da matéria; II – o grau de zelo
profissional; III – o lugar e o tempo exigidos para a prestação do serviço; IV –
as peculiaridades regionais.
Art. 5º O pagamento dos honorários efetuar-se-á mediante determinação do
presidente do Tribunal, após requisição expedida pelo Juiz do feito,
observando-se, rigorosamente, a ordem cronológica de apresentação das
requisições e as deduções das cotas previdenciárias e fiscais, sendo o valor
líquido depositado em conta bancária indicada pelo perito, tradutor ou
intérprete.

A portaria GP 443/2013 da Exma. Desembargadora-Presidente do E. TRT. da 12ª Região,


atribuiu a responsabilidade da União pelo pagamento dos honorários do perito, no caso de concessão
do benefício da Justiça Gratuita para reclamante e/ou reclamada.
Logo, condiciona-se o pagamento dos honorários periciais pela parte, quando
simultaneamente estiverem presentes os seguintes requisitos:
- condenação judicial ao pagamento de honorários periciais;
- sucumbência da parte na pretensão objeto da perícia;
- trânsito em julgado da decisão;
- concessão do benefício da justiça gratuita.
Presentes os requisitos necessários, aliado à declaração de inconstitucionalidade
pronunciada pelo Supremo Tribunal Federal, junto à ADI 5766, no tocante ao §4º, do artigo 790-B,
atribui-se à União a responsabilidade pelo pagamento dos honorários periciais médicos, cujo limite
é estabelecido pela Portaria SEAP Nº 18, de 20/01/2021.

123
2. Honorários Advocatícios

a) Honorários Contratuais: também chamado de “convencionais”. Firmado entre cliente e


advogado, decorrente diretamente da relação advogado – cliente, não é da competência da Justiça do
Trabalho, segundo jurisprudência do STF e STJ.
Até então (Reforma Trabalhista), era utilizado como “contrato de risco” (assim chamado): se
havia algum “ganho de causa”, haveria incidência de percentual de honorários sob os valores
“arrecadados” com a ação. Se não houvesse, o advogado trabalhava “de graça”;
Lei nº. 8906/94 – EAOAB. Art. 22. A prestação de serviço profissional assegura
aos inscritos na OAB o direito aos honorários convencionados, aos fixados por
arbitramento judicial e aos de sucumbência.

b) Honorários Assistenciais: devidos em razão da prestação da Assistência Judiciária


Gratuita, que somente pode ser prestada pelo Sindicato (art. 14, Lei 5.584/70), cujos valores são do
advogado do Sindicato (art. 22, §6ª, Lei 8.906/94), mas são devidos apenas diante da sucumbência
da outra parte, e no importe fixo de 15% sob o valor da condenação;
Lei 8.906/94 – EAOAB. Art. 22. A prestação de serviço profissional assegura
aos inscritos na OAB o direito aos honorários convencionados, aos fixados por
arbitramento judicial e aos de sucumbência.
§ 6º O disposto neste artigo aplica-se aos honorários assistenciais,
compreendidos como os fixados em ações coletivas propostas por entidades
de classe em substituição processual, sem prejuízo aos honorários
convencionais.

c) Honorários Sucumbenciais: devidos em razão da improcedência, parcial ou total, no


processo. Somente para ações propostas após 11.11.2017.
CLT. Art. 791-A. Ao advogado, ainda que atue em causa própria, serão devidos
honorários de sucumbência, fixados entre o mínimo de 5% (cinco por cento) e
o máximo de 15% (quinze por cento) sobre o valor que resultar da liquidação
da sentença, do proveito econômico obtido ou, não sendo possível mensurá-lo,
sobre o valor atualizado da causa.
§1o. Os honorários são devidos também nas ações contra a Fazenda Pública e
nas ações em que a parte estiver assistida ou substituída pelo sindicato de sua
categoria.
§2o. Ao fixar os honorários, o juízo observará:
I - o grau de zelo do profissional;
II - o lugar de prestação do serviço;
III - a natureza e a importância da causa;
IV - o trabalho realizado pelo advogado e o tempo exigido para o seu serviço.
§3o. Na hipótese de procedência parcial, o juízo arbitrará honorários de
sucumbência recíproca, vedada a compensação entre os honorários.
§4o. Vencido o beneficiário da justiça gratuita, desde que não tenha obtido em
juízo, ainda que em outro processo, créditos capazes de suportar a despesa, as
obrigações decorrentes de sua sucumbência ficarão sob condição suspensiva
124
de exigibilidade e somente poderão ser executadas se, nos dois anos
subsequentes ao trânsito em julgado da decisão que as certificou, o credor
demonstrar que deixou de existir a situação de insuficiência de recursos que
justificou a concessão de gratuidade, extinguindo-se, passado esse prazo, tais
obrigações do beneficiário. ADI 5766
§5o. São devidos honorários de sucumbência na reconvenção.

ENUNCIADO 99 DA II JORNADA DE DIREITO MATERIAL E PROCESSUAL DO


TRABALHO DA ANAMATRA
SUCUMBÊNCIA RECÍPROCA O juízo arbitrará honorários de sucumbência
recíproca (art. 791-A, par.3º, da CLT) apenas em caso de indeferimento total
do pedido específico. O acolhimento do pedido, com quantificação inferior ao
postulado, não caracteriza sucumbência parcial, pois a verba postulada restou
acolhida. Quando o legislador mencionou “sucumbência parcial”, referiu-se ao
acolhimento de parte dos pedidos formulados na petição inicial.
ENUNCIADO 100 DA II JORNADA DE DIREITO MATERIAL E PROCESSUAL DO
TRABALHO DA ANAMATRA
HONORÁRIOS E ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA É inconstitucional a previsão de
utilização dos créditos trabalhistas reconhecidos em juízo para o pagamento
de despesas do beneficiário da justiça gratuita com honorários advocatícios ou
periciais (artigos 791-A, § 4º, e 790-B, § 4º, da CLT, com a redação dada pela
Lei nº 13.467/2017), por ferir os direitos fundamentais à assistência judiciária
gratuita e integral, prestada pelo Estado, e à proteção do salário (artigos 5º,
LXXIV, e 7º, X, da Constituição Federal).

Na análise do artigo 791-A da CLT, fica claro que o legislador estabeleceu como base de
cálculo dos honorários, em um dos casos, o proveito econômico obtido. Nessa hipótese, o proveito
econômico pode ser tanto da integralidade de um pedido, como de apenas parte dele. Tome-se como
exemplo um processo com um único pedido de horas extras, inicialmente calculado em R$
100.000,00. Caso fosse deferido parcialmente o direito, alcançando o valor de R$ 60.000,00, parece
evidente que o procurador da ré teria direito aos honorários calculados sobre a diferença não
deferida de 40.000,00.
Contudo, e ante a decisão prolatada no Incidente de Resolução de Demandas Repetitivas
(IRDR) do TRT da 12ª Região, proveniente da ação trabalhista n. 000759-73.2018.5.12.0001,
uniformizando a jurisprudência no âmbito deste regional, deverá ser observada a tese jurídica n. 05
aprovada, no sentido de que o percentual de honorários advocatícios de sucumbência devidos pela
parte reclamante incide apenas sobre as verbas postuladas na inicial julgadas totalmente
improcedentes.
Sendo assim, e havendo sucumbência das partes, condeno-as ao pagamento dos honorários
de sucumbência em favor dos procuradores das partes contrárias cuja sucumbência ocorreu
(observando-se a sucumbência do autor só quando houver sucumbência integral do pedido),
observados aqueles com poderes para atuar na presente demanda até a presente data. Não deve ser
considerada na base de cálculo os honorários de sucumbência e a penalidade do artigo 467 da CLT,
por se tratar de pedidos indiretos e /ou condicionais.
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Ante a declaração de inconstitucionalidade pronunciada pelo Supremo Tribunal Federal,
junto à ADI 5766, mais especificamente no tocante ao artigo 791-A, §4º, da CLT, aliado ao deferimento
da justiça gratuita, o autor fica isento do pagamento dos honorários de sucumbência arbitrados.

d) Honorários Indenizatórios: Princípio da Restituição Integral


CC. Art. 389. Não cumprida a obrigação, responde o devedor por perdas e
danos, mais juros e atualização monetária segundo índices oficiais
regularmente estabelecidos, e honorários de advogado.
CC. Art. 404. As perdas e danos, nas obrigações de pagamento em dinheiro,
serão pagas com atualização monetária segundo índices oficiais regularmente
estabelecidos, abrangendo juros, custas e honorários de advogado, sem
prejuízo da pena convencional.
Pouco aceito pela jurisprudência trabalhista, dada a total falta de regramento próprio sobre
“honorários” na CLT antes da Reforma Trabalhista.
No TRT 12ª, pouquíssimos juízos de primeiro e segundo grau adotavam o Princípio da
Restituição Integral.

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