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PGMs - Direito
Administrativo
2023 (Curso Regular)
Autor
Rodolfo Breciani Penna 11 de dezembro 2022
Estratégia Carreira Jurídica
PGMs - Direito Administrativo - Prof.: Rodolfo Breciani Penna
Sumário
Considerações Iniciais ........................................................................................................................................ 5
1 - Introdução ................................................................................................................................................. 5
3 - Desapropriação ....................................................................................................................................... 17
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7.1 - Conceito.................................................................................................................................................................. 48
Resumo............................................................................................................................................................. 51
Magistratura ................................................................................................................................................................... 82
Promotor ........................................................................................................................................................................ 94
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Gabarito.......................................................................................................................................................... 170
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E-mail: prof.rodolfopenna@gmail.com
Instagram: https://www.instagram.com/rodolfobpenna
1 - INTRODUÇÃO
A Constituição Federal prevê o direito fundamental à propriedade, determinando que a propriedade deverá
atender a sua função social:
Art. 5º (...)
No entanto, a própria Constituição excepciona, ainda em seu art. 5º, o direito à propriedade ao prever a
possibilidade de desapropriação por necessidade ou utilidade pública ou por interesse social, observado os
procedimentos da lei, bem como, a requisição de propriedade particular por autoridade administrativa, no
caso de perigo público iminente:
XXV - no caso de iminente perigo público, a autoridade competente poderá usar de propriedade
particular, assegurada ao proprietário indenização ulterior, se houver dano;
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Além desses casos, a Constituição prevê ainda outros casos de relativização do direito à propriedade, tais
como a desapropriação com indenização em títulos públicos (art. 182, §4º), a desapropriação para fins de
reforma agrária (art. 184) e o tombamento (art. 216, §1º).
Todas essas modalidades serão estudadas de forma detalhada nesta aula. Mas o que importa observar, neste
momento, é que o direito à propriedade do particular não é absoluto, devendo atender a sua função social,
bem como podendo sofrer restrições pelo Poder Público para atingir o interesse público.
Diante deste quadro, é possível observar que o direito à propriedade não ostenta caráter absoluto,
existindo ainda um dever fundamental (direito da coletividade) de o proprietário conferir função social à
propriedade. Caso contrário, poderá sofrer sanções e restrições, admitindo-se, inclusive, a desapropriação.
Por outro lado, ainda que cumpra a sua função social, a propriedade poderá sofrer restrições,
condicionamentos ou, até mesmo, ser retirada do domínio do particular pelo Poder Público, tendo em vista
a supremacia do interesse público.
Assim, a doutrina conclui que a intervenção do Estado na propriedade é decorrente do exercício do poder
de polícia, tendo em vista a possibilidade de restrição e condicionamento em razão do interesse público, e é
justificada por dois fundamentos:
O Estado possui diversos meios de intervenção na propriedade, tendo em vista a complexidade dos fins
buscados em prol do interesse público. Esses meios, no entanto, podem ser divididos em duas modalidades:
Vale destacar ainda uma forma de intervenção na propriedade específica dos Municípios, prevista nos arts.
182 e 183 da CF e regulamentada pelo Estatuto da Cidade (Lei 10.257/2001), em que é admitido aos entes
municipais, na gestão da política urbana, determinar o parcelamento, a edificação ou utilização
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compulsórios, a incidência de IPTU progressivo no tempo (para compelir o particular a aproveitar o imóvel),
podendo culminar na desapropriação com pagamento em títulos.
Servidão administrativa, regida pelo art. 40 do Decreto-Lei 3.365/41, é um direito real público
que permite a utilização de propriedade imóvel privada pela Administração Pública ou pelos
delegatários de serviços públicos para execução de obras ou serviços de interesse coletivo.
Recairá obrigatoriamente sobre bens imóveis determinados, terá caráter de perpetuidade (permanente) e,
obrigatoriamente, será registrada no Cartório de Registro de Imóveis para que produza efeitos erga omnes.
A servidão administrativa pode ser constituída diretamente pelo Poder Público ou por um delegatário de
serviço público, desde que este seja autorizado por lei ou por ato negocial.
Além disso, embora o citado art. 40 do DL 3.365/41 disponha expressamente que pode ser constituída
servidão mediante indenização, em regra, a servidão administrativa não enseja o pagamento de
indenização ao proprietário. Excepcionalmente, será devida a indenização se comprovado dano anormal e
específico (sacrifício desproporcional ao particular).
São exemplos a servidão de fios e cabos de energia elétrica ou de telefonia em uma propriedade, a servidão
de passagem de oleodutos e aquedutos, servidão para instalação de placas informativas (nomes de rua,
placas de trânsito etc.), dentre outros.
a) Ônus real (confere um direito real sobre o bem, e não pessoal, ao Ente Público);
b) Recai apenas sobre bens imóveis;
c) Finalidade é uma utilização pública;
d) Perpetuidade (permanente);
e) Em regra, não enseja indenização;
f) Efeitos erga omnes, desde que registrada.
Por outro lado, não se pode confundir servidão administrativa com a servidão civil. A segunda, embora
também seja um direito real, é regida pelo direito civil, visando a proteção de interesses particulares. Além
disso, a servidão civil é uma restrição imposta a um prédio privado objetivando beneficiar um outro prédio
privado, denominado “prédio dominante”, pertencente a outro particular.
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Já a servidão administrativa é regida pelo Direito Público, havendo incidência da supremacia do interesse
público sobre o privado. Além disso, não necessariamente servirá a um outro prédio dominante, pois,
predominantemente, serve à execução de atividades de interesse público.
Considerando que a possibilidade de constituir servidões administrativas foi prevista no art. 40 do Decreto-
Lei 3.365/41 (lei das desapropriações), entende-se que devem ser aplicadas as regras de constituição
aplicáveis à desapropriação. Assim, pode ser constituída das seguintes formas:
a) Acordo: após a declaração de utilidade pública do imóvel, as partes podem celebrar acordo, mediante
escritura pública, que será registrado no Registro de Imóveis;
b) Sentença judicial: se não houver acordo entre as partes, o Poder Público deverá propor ação judicial
para constituir a servidão. O procedimento é exigido para a desapropriação, previsto no Decreto-Lei
3.365/41.
Vale destacar que, seja qual for a modalidade, a Administração deverá editar, previamente, um ato
declarando o imóvel de utilidade pública, tal como ocorre com a desapropriação.
A doutrina aponta ainda a possibilidade de constituição de servidão mediante usucapião, conforme previsão
no art. 1.379 do CC.
Por outro lado, parcela da doutrina entende possível a instituição de servidões diretamente por lei, citando
como exemplos as servidões nas margens dos rios navegáveis, ao redor de aeroportos, aos imóveis vizinhos
a bens tombados etc. No entanto, a crítica que se faz é que, neste caso, não haveria distinção entre servidão
e limitação administrativa, tendo em vista que a primeira também seria instituída por um ato geral e
abstrato.
A extinção, por sua vez, ocorre por diversos motivos. A doutrina aponta como causas de extinção:
A extinção deverá ocorrer por ato formal, mediante o registro do ato no Registro de Imóveis.
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Art. 5º (...)
XXV - no caso de iminente perigo público, a autoridade competente poderá usar de propriedade
particular, assegurada ao proprietário indenização ulterior, se houver dano;
Essa modalidade de intervenção restritiva decorre do poder de polícia e goza dos atributos da coercibilidade
e da autoexecutoriedade, em virtude da emergência, podendo ser implementada direta e imediatamente,
inclusive com uso da força, independentemente de consentimento do particular ou de autorização do Poder
Judiciário. Por este motivo, a requisição não depende de processo administrativo prévio.
Cita-se como exemplo a requisição de um galpão para alojamento de famílias desabrigadas em razão da
chuva, a requisição de serviços médicos e de ambulâncias, dentre outros.
A requisição possui duração enquanto perdurar o perigo iminente que ensejou a medida e, em regra, não
enseja direito à indenização ao particular. Somente haverá indenização, se comprovada a existência de
danos ao bem objeto de restrição ou caso a limitação impeça de se dar ao bem a destinação que se
considerava natural, havendo, neste último caso, dano especial e anormal a ensejar indenização, decorrente
da distribuição dos equânime dos encargos sociais.
Discute-se a possibilidade de requisição de bens e serviços públicos por outro Ente Federado.
O STF, por sua vez, decidiu pela inadmissibilidade da requisição de bens municipais
(hospitais municipais no caso concreto) pela União em situação de normalidade
institucional, sem a decretação de Estado de Defesa ou Estado de Sítio, tendo em vista que
configura efetiva intervenção da União no município, vedada pela Constituição (MS 25295).
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de epidemias” — prevista na Lei Orgânica do Sistema Único de Saúde (Lei 8.080/1990) — não
recai sobre bens e/ou serviços públicos de outro ente federativo1.
Art. 36. É permitida a ocupação temporária, que será indenizada, afinal, por ação própria, de
terrenos não edificados, vizinhos às obras e necessários à sua realização.
Embora tenha limitado o instituto às obras públicas, é possível ainda que a ocupação temporária tenha como
objetivo dar apoio a prestação de serviços.
Em regra, a ocupação temporária tem como objeto bens imóveis. No entanto, parcela doutrinária defende
a possibilidade de ocupação de bens móveis e, até mesmo, de serviços privados.
São exemplos de ocupação temporária a utilização de imóveis para alojamento de funcionários e depósito
de máquinas e equipamentos vinculados a obra pública, ocupação de escolas privadas para alocação de
urnas de votação e pessoal em época de eleições, dentre outros.
Quanto à indenização, embora o art. 36 do DL 3.365/41 disponha que a ocupação temporária será indenizada
por ação própria, somente será reconhecido esse direito ao particular titular do bem ocupado se comprovar
efetivamente o dano sofrido.
A lei não estabelece um procedimento específico para a constituição da ocupação temporária. Por este
motivo, diversos autores ressaltam o seu caráter autoexecutório, podendo ser instituída direta e
imediatamente pela Administração Pública por meio de ato formal.
1
ADI 3454/DF, relator Min. Dias Toffoli, julgamento virtual finalizado em 20.6.2022.
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Por outro lado, parcela doutrinária defende que a constituição da ocupação temporária depende da sua
modalidade:
a) Ocupação temporária vinculada à desapropriação: neste caso, é necessário um ato formal (decreto),
em especial pela sua maior duração e pelo dever de indenizar o proprietário;
b) Ocupação temporária desvinculada da desapropriação: a ocupação é autoexecutória e dispensa ato
formal.
Rafael Oliveira, por sua vez, defende que a ocupação temporária, em qualquer caso, exige ato formal,
devendo ser constituída mediante acordo com o proprietário ou, no caso de não ser aceito o acordo, por
meio de ação judicial.
Já a extinção ocorre com o termo final do prazo estipulado ou, quando estabelecida por prazo
indeterminado, com o fim da obra ou serviço público a que está relacionado.
As referidas limitações decorrem diretamente do exercício do poder de polícia estatal e possuem efeitos ex
nunc, ou seja, efeitos proativos.
O objeto das limitações administrativas pode envolver bens móveis ou imóveis ou serviços privados.
São exemplos a limitação de altura de prédios (gabarito) estabelecida no Plano Diretor Municipal, obrigação
de instalar extintores, obrigação de permitir a entrada de agentes de fiscalização, obrigação de manter recuo
de alguns metros das construções em terrenos urbanos etc.
Por se tratar de ato geral, de caráter normativo, em regra, não há direito à indenização dos particulares
afetados. No entanto, em situações específicas, em que se verificar danos anormais e desproporcionais,
haverá direito à reparação do particular, desde que demonstre o dano sofrido.
Por outro lado, haverá direito à indenização quando a limitação administrativa tornar impossível a utilização
do bem, configurando verdadeira desapropriação indireta. O STJ proferiu a seguinte decisão quanto ao
direito de indenização na limitação administrativa:
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A sua extinção somente ocorre com a revogação da lei que estabeleceu a limitação, o que apenas ocorre
com a edição de uma outra lei.
SERVIDÃO LIMITAÇÃO
REQUISIÇÃO ADMINISTRATIVA OCUPAÇÃO TEMPORÁRIA
ADMINISTRATIVA ADMINISTRATIVA
Direito Real; Direito pessoal; Direito pessoal; Limitação geral;
Bens móveis, imóveis
Bens móveis, imóveis e
Bens imóveis; Bens imóveis; ou serviços, sempre
serviços;
indeterminados;
Combate a perigo Dar auxílio a uma obra ou Promover a função
Finalidade pública;
iminente; serviço público; social da propriedade;
Perpetuidade; Transitório/temporário; Transitório/temporário; Permanente;
Em regra, não há Em regra, não há Em regra, não há Em regra, não há
indenização. indenização. indenização. indenização.
2.5 - Tombamento
Tombamento é a modalidade de intervenção do Estado na propriedade que busca proteger o meio ambiente
quanto aos seus aspectos relacionados ao patrimônio histórico, artístico e cultural, por meio de limitações
ao exercício do direito de propriedade. Atinge, portanto, o caráter absoluto da propriedade.
Com essas limitações, busca-se evitar a destruição ou deterioração do bem que resultaria em perda de
informações relevantes para a história do país ou prejuízos a obras artísticas ou culturais.
São exemplos de bens tombados o Centro Histórico de Salvador, o Corcovado, o Estádio do Maracanã, a
Estação Luz (SP), o Morro do Pão de Açúcar (RJ), dentre outros.
O art. 216, CF e o art. 1º do Decreto-Lei 25/27 conceituam o patrimônio histórico, artístico e cultural:
Art. 216. Constituem patrimônio cultural brasileiro os bens de natureza material e imaterial,
tomados individualmente ou em conjunto, portadores de referência à identidade, à ação, à
memória dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira, nos quais se incluem:
I - as formas de expressão;
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DL 25/37:
Art. 1º Constitue (sic) o patrimônio histórico e artístico nacional o conjunto dos bens móveis e
imóveis existentes no país e cuja conservação seja de interêsse (sic) público, quer por sua
vinculação a fatos memoráveis da história do Brasil, quer por seu excepcional valor arqueológico
ou etnográfico, bibliográfico ou artístico.
O objetivo do tombamento é, após o devido processo administrativo, inscrever o bem no Livro do Tombo. O
art. 4º do DL 25/37 estabelece quatro livros:
O tombamento é regulamentado, em âmbito federal, pelo Decreto-Lei 25/37. Vale destacar ainda, a título
de informação, que a CF prevê outros instrumentos de proteção ao patrimônio cultural, sendo eles:
“inventários, registros, vigilância, tombamento e desapropriação, e de outras formas de acautelamento e
preservação” (art. 216, §1º, CF).
➢ Objeto
O objeto do tombamento é bastante amplo, incluindo os bens imóveis e os bens móveis, podendo incluir
ainda bens públicos, quando realizado pela União (art. 5º, DL 25/37), sendo denominado de “tombamento
de ofício”.
De fato, a União pode realizar o tombamento de bens dos Estados, do DF e dos Municípios.
Polêmica existe com relação à possibilidade do tombamento “de baixo para cima”, ou seja,
quanto à possibilidade de tombamento de bens da União por Estados ou Municípios.
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Embora exista, doutrina que entenda pela impossibilidade, o STF e o STJ já se manifestaram
quanto à viabilidade de tombamento, pelo Município, de bens dos Estados e da União, assim
como os Estados podem tombar bens federais (STF: ACO 1.208 AgR/MS; STJ: RMS 18.952/RJ).
O tombamento de bens de um “Ente maior” por um “Ente menor” tem como fundamento a ausência de
hierarquia entre os Entes Federados e a prevalência da proteção do patrimônio cultural (art. 216, §1º, CF)
sobre o princípio federativo (art. 18, CF).
Por outro lado, o DL 25/37 veda o tombamento de determinadas obras estrangeiras em seu art. 3º.
Vale destacar ainda que a própria Constituição já estabeleceu tombamento ex lege para alguns bens:
➢ Indenização
Em regra, o particular proprietário do bem tombado não possui direito a indenização, tendo em vista que
permanece na titularidade do bem, podendo exercer os direitos de propriedade sobre ele, embora limitados.
➢ Natureza Jurídica
A doutrina diverge quanto à natureza jurídica do tombamento. Alguns doutrinadores o entendem como
espécie de servidão administrativa e outros como limitação administrativa.
➢ Tombamento x registro
Tombamento não se confunde com registro, embora ambos seja instrumentos de proteção ao patrimônio
cultural brasileiro (art. 126, §1º, CF). O registro foi regulamentado pelo Decreto 3.551/2000 e tem por objeto
a proteção de bem imateriais. Já o tombamento objetiva proteger os bens materiais do patrimônio cultural
brasileiro.
Esses bens imateriais são protegidos mediante a inscrição nos livros de registro previstos no referido decreto.
➢ Classificações
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De acordo com o procedimento necessário para realizar o tombamento, é adotada a seguinte classificação:
a) Tombamento de ofício (art. 5º, DL 25/37): é o tombamento de bens públicos, em que basta a
notificação da entidade responsável (em âmbito federal, o IPHAN) à entidade proprietária do bem;
b) Tombamento voluntário (art. 7º, DL 25/37): neste caso, o proprietário do bem particular toma a
iniciativa ou consente, expressa ou implicitamente, com o tombamento;
c) Tombamento compulsório (arts. 8º e 9º, DL 25/37): é realizado contra a vontade do proprietário,
mediante um processo administrativo sob o procedimento estabelecido no Decreto-Lei.
a) Tombamento provisório: antes da inscrição do bem no livro do tombo, o particular já sofre algumas
restrições ao seu direito de propriedade, com o objetivo de proteger o bem durante o processo
administrativo;
b) Tombamento definitivo: ocorre com a inscrição do bem no livro do tombo, após a conclusão do
processo administrativo.
Não é necessário que o tombamento geral, como no caso da cidade de Tiradentes, tenha
procedimento para individualizar o bem (art. 1º do Decreto-Lei n. 25/37). As restrições do art.
17 do mesmo diploma legal se aplicam a todos os que tenham imóvel na área tombada (Resp
1.098.640/MG)
O tombamento voluntário ocorre sempre que o proprietário pedir e a coisa se revestir dos requisitos
necessários para constituir parte integrante do patrimônio histórico e artístico nacional, a juízo do Conselho
Consultivo do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, ou sempre que o mesmo proprietário
anuir, por escrito, à notificação, que se lhe fizer, para a inscrição da coisa em qualquer dos Livros do Tombo
(art. 7º), ou deixar de impugnar a notificação (tombamento voluntário tácito – art. 9º, II).
Já o tombamento compulsório ocorre quando o proprietário se recusar a anuir à inscrição da coisa (art. 8º).
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A extinção, por sua vez, ocorre quando o tombamento é cancelado pelo Presidente da República, o que
poderá ocorrer de ofício ou mediante recurso interposto por qualquer interessado (Decreto 3.866/41, artigo
único).
Além disso, o tombamento poderá ser revogado, tendo em vista se tratar de ato discricionário, bem como
poderá ser anulado em caso de ser constatado algum vício de legalidade.
Por outro lado, o tombamento ainda poderá ser cancelado se o proprietário, que não dispuser de recursos
para proceder às obras de conservação e reparação, comunicar o IPHAN e este não mandar executar as
referidas obras às expensas da União, as obras não começarem em seis meses ou não providenciar para que
o bem seja desapropriado (art. 19, §§ 1º e 2º, DL 25/37).
2.5.2 - Efeitos
a) Dever de registo no Livro do Tombo (art. 13): o adquirente de bem tombado, ainda que decorrente
de sentença ou transmissão causa mortis, deverá registrar no Livro do Tombo no prazo de 30 (trinta)
dias, sob pena de multa de 10% (dez por cento) sobre o valor do bem. Além disso, o proprietário deve
registrar o deslocamento do bem no mesmo prazo, sob pena de multa no mesmo valor.
b) Retirada do país (art. 14): a coisa tombada não poderá sair do país, senão por curto prazo, sem
transferência de domínio e para fim de intercâmbio cultural, a juízo do Conselho Consultivo do IPHAN.
Se for tentada a retirada do país do referido bem fora da hipótese acima, a coisa será “sequestrada” pela
União ou pelo Estado em que se encontrar, aplicando-se multa de 50% (cinquenta por cento) sobre o valor
da coisa ao proprietário, que somente poderá reaver o bem após pagá-la, bem como incidirá nas penas do
crime de contrabando. No caso de reincidência, o valor da multa será o dobro (art. 15).
c) Comunicação (art. 16): no caso de extravio ou furto de qualquer objeto tombado, o respectivo
proprietário deverá dar conhecimento do fato ao IPHAN, dentro do prazo de cinco dias, sob pena de
multa de dez por cento sobre o valor da coisa.
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d) Preservação (art. 17): o proprietário, em caso nenhum, poderá destruir, demolir ou mutilar a coisa,
nem, sem prévia autorização especial do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, reparar,
pintar ou restaurar a coisa, sob pena de multa de cinquenta por cento do dano causado.
e) Conservação e reparação (art. 19): em regra, o proprietário possui o dever de reparar o bem, após
autorização do IPHAN. Todavia, se não dispuser de recursos financeiros, deverá comunicar ao ente
federal a necessidade das mencionadas obras, sob pena de multa correspondente ao dobro da
importância em que for avaliado o dano sofrido pela mesma coisa.
Neste caso, recebida a comunicação e consideradas necessárias as obras, o diretor do Serviço do Patrimônio
Histórico e Artístico Nacional mandará executá-las, a expensas da União, devendo elas serem iniciadas
dentro do prazo de seis meses, ou providenciará para que seja feita a desapropriação da coisa. Na falta de
qualquer destas providências, poderá o proprietário requerer que seja cancelado o tombamento da coisa.
Uma vez que verifique haver urgência na realização de obras e conservação ou reparação em qualquer coisa
tombada, poderá o Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional tomar a iniciativa de projetá-las e
executá-las, a expensas da União, independentemente da comunicação a que alude este artigo, por parte do
proprietário.
f) Fiscalização (art. 20): as coisas tombadas ficam sujeitas à vigilância permanente do Serviço do
Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, que poderá inspecioná-los sempre que for julgado
conveniente, não podendo os respectivos proprietários ou responsáveis criarem obstáculos à
inspeção, sob pena de multa.
Além dessas obrigações, quanto aos bens que pertençam à União, aos Estados ou aos Municípios,
inalienáveis por natureza, só poderão ser transferidas de uma à outra das referidas entidades (art. 11).
Há ainda obrigações impostas aos vizinhos do bem, sob a forma de limitação administrativa (ou, para alguns
autores, servidão administrativa). Sem prévia autorização do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico
Nacional, não se poderá, na vizinhança da coisa tombada, fazer construção que lhe impeça ou reduza a
visibilidade, nem nela colocar anúncios ou cartazes, sob pena de ser mandada destruir a obra ou retirar o
objeto, impondo-se neste caso a multa de cinquenta por cento do valor do mesmo objeto (art. 18).
3 - DESAPROPRIAÇÃO
Trata-se de uma forma de aquisição originária da propriedade, tendo em vista que independe da vontade
do titular anterior, pelo que o Ente Público recebe o bem livre de eventuais ônus reais. Os eventuais credores
devem se sub-rogar no preço pago a título de indenização (art. 31, DL 3.365/41).
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STJ: Ente desapropriante não responde pelos tributos incidentes sobre o imóvel
desapropriado nas hipóteses em que o período da ocorrência dos fatos geradores é anterior
ao ato de aquisição originária da propriedade (REsp 1.668.058-ES).
O ordenamento jurídico prevê diversas modalidades de desapropriação, cada qual com suas peculiaridades:
Cada uma dessas modalidades será estudada na presente aula em capítulos próprios. Neste capítulo,
estudaremos as espécies de desapropriação ordinária (por utilidade ou necessidade pública e por interesse
social), cujo regime jurídico é semelhante.
A desapropriação pode recair sobre todo e qualquer bem que possa ser valorado economicamente, ou seja,
que possa ser objeto de avaliação quanto ao seu valor. Não importa se o bem é móvel ou imóvel, corpóreo
ou incorpóreo, podendo, inclusive, ser privado ou público.
§ 2º Os bens do domínio dos Estados, Municípios, Distrito Federal e Territórios poderão ser
desapropriados pela União, e os dos Municípios pelos Estados, mas, em qualquer caso, ao ato
deverá preceder autorização legislativa.
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O dispositivo estabeleceu uma espécie de “hierarquia federativa” (alguns autores preferem a expressão
“predominância do interesse”) em que apenas o Ente Federado “maior” pode desapropriar bens do Ente
Federado “menor”, desde que haja prévia autorização legislativa neste sentido.
Súmula 479-STF: As margens dos rios navegáveis são de domínio público, insuscetíveis de
expropriação e, por isso mesmo, excluídas de indenização.
É possível ainda a desapropriação de direitos de créditos e ações referente a quotas de sociedades. Além
disso, se admite que a desapropriação recaia sobre direitos reais, como é o caso da desapropriação do
domínio útil na Enfiteuse, desapropriação do direito real de superfície, dentre outros. Neste sentido é a
jurisprudência do STF:
Por sua vez, “a desapropriação do espaço aéreo ou do subsolo só se tornará necessária, quando de sua
utilização resultar prejuízo patrimonial do proprietário do solo.” (art. 2º, §1º).
De acordo com o art. 4º do DL 3.365/41, a “desapropriação poderá abranger a área contígua necessária ao
desenvolvimento da obra a que se destina, e as zonas que se valorizarem extraordinariamente, em
consequência da realização do serviço. Em qualquer caso, a declaração de utilidade pública deverá
compreendê-las, mencionando-se quais as indispensáveis à continuação da obra e as que se destinam à
revenda.”
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b) Valorização extraordinária das áreas vizinhas: tem por finalidade socializar os ganhos decorrentes
da atuação da Administração Pública naquela localidade. Não seria isonômico ou equânime que
alguns particulares específicos se beneficiassem extraordinariamente da atuação do ente público.
Por este motivo, em nenhum dos casos é cabível abatimento no valor da indenização
decorrente da desapropriação, em razão da valorização da área remanescente do
proprietário desapropriado. A Administração deve utilizar um dos instrumentos acima
(REsp 795.580-SC).
Já o interesse social é regulamentado pela lei 4.132/62 e consiste na busca pela justa distribuição da
propriedade ou condicionar o seu uso ao bem estar social, ou seja, busca-se conferir função social à
propriedade. O art. 2º da referida lei também estabelece uma lista exemplificativa de situações que
configuram interesse social.
Quanto à necessidade de indenização, de acordo com o art. 5º, XXIV, CF, em regra, deverá ser prévia, justa
e em dinheiro.
A indenização justa é aquela que envolve o valor de mercado do bem a ser expropriado, os
danos emergentes decorrentes da perda de propriedade, bem como os lucros cessantes,
acrescidos de correção monetária a partir da avaliação do bem.
Quanto às benfeitorias e às acessões, a lei dispõe que não serão indenizadas as benfeitorias
voluptuárias realizadas após a declaração de utilidade pública. Somente serão indenizadas as
benfeitorias necessárias e as benfeitorias úteis, esta última apenas se houver autorização do
Ente Público.
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Conforme art. 100 da Constituição Federal, a indenização em dinheiro deverá ser paga, em regra, mediante
o regime de precatórios, salvo os casos em que o valor se amolde à hipótese de Requisição de Pequeno Valor
(RPV).
Discussão relevante quanto á indenização dizia respeito à existência de divergência entre a área registrada
no Registro Geral de Imóveis e a área real do imóvel. Outra importante discussão também ocorre quanto à
necessidade ou não de indenizar o particular pela área que possua cobertura vegetal. O STJ resolveu essas
questões em sua jurisprudência:
Jurisprudência do STJ
Se, em procedimento de desapropriação por interesse social, constatar-se que a área
medida do bem é maior do que a escriturada no Registro de Imóveis, o expropriado
receberá indenização correspondente à área registrada, ficando a diferença depositada
em Juízo até que, posteriormente, se complemente o registro ou se defina a titularidade
para o pagamento a quem de direito. A indenização devida deverá considerar a área
efetivamente desapropriada, ainda que o tamanho real seja maior do que o constante
da escritura, a fim de não se configurar enriquecimento sem causa em favor do ente
expropriante (STJ – REsp 1466747 PE).
Assim, com relação à divergência entre a área medida e a área registrada, a indenização deve ser pelo valor
da área efetivamente desapropriada, sob pena de inconstitucionalidade, violando o dever à justa
indenização. No entanto, deverá seguir as seguintes regras:
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Por outro lado, o STJ já decidiu que na desapropriação é devida a indenização correspondente aos danos
relativos ao fundo de comércio, porém, a imissão provisória na posse não deve ser condicionada ao depósito
prévio do valor relativo ao fundo de comércio eventualmente devido2.
Vale lembrar que fundo de comércio são elementos corpóreos e incorpóreos que o empresário comercial
une para o exercício de sua atividade. Trata-se de sinônimo da expressão “estabelecimento comercial”, no
conceito dado pelo Direito Empresarial.
As dívidas fiscais serão deduzidas dos valores depositados, quando inscritas e ajuizadas (art. 33, §1º, DL
3.365/41).
Enunciado 31: A avaliação do bem expropriado deve levar em conta as condições mercadológicas
existentes à época da efetiva perda da posse do bem.
Por fim, o próprio art. 5º, XXIV, CF prevê que são “ressalvados os casos previstos nesta Constituição”. Ou
seja, nos casos expressamente previstos na Lei Maior, a indenização não será necessariamente prévia e em
dinheiro ou poderá, inclusive, ser dispensada.
i. Desapropriação extraordinária urbanística (art. 182, §4º, CF): indenização em títulos da dívida pública
de emissão previamente aprovada pelo Senado Federal, com prazo de resgate de até dez anos, em
parcelas anuais, iguais e sucessivas;
ii. Desapropriação para fins de reforma agrária (art. 184, CF): indenização em títulos da dívida agrária,
com cláusula de preservação do valor real, resgatáveis no prazo de até vinte anos, a partir do segundo
ano de sua emissão;
iii. Desapropriação confisco: independe de indenização.
2
EDcl no AgRg no AREsp 275586/SP; REsp 1337295/SP.
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Sabe-se que o pagamento dos débitos da Fazenda Pública decorrentes de sentença judicial transitada em
julgado ocorre por meio do regime de precatório, conforme art. 100 da Constituição Federal, não sendo
diferente na ação judicial de desapropriação.
Além disso, também é de conhecimento geral que a transferência da propriedade imóvel somente ocorre
com o registro título no respectivo cartório de registro de imóveis:
Código Civil
Art. 1.245. Transfere-se entre vivos a propriedade mediante o registro do título translativo no
Registro de Imóveis.
O STJ, neste caso, possui entendimento de que a imissão definitiva na posse do imóvel e a
transcrição imobiliária somente é possível após o pagamento integral do valor indenizatório
fixado ao expropriado em sentença condenatória.
(AgInt no AREsp 882.066/SP, Rel. Ministro BENEDITO GONÇALVES, PRIMEIRA TURMA, julgado
em 04/09/2018, DJe 10/09/2018)
De fato, é possível a imissão provisória na posse antes do pagamento efetivo da indenização. No entanto, a
imissão definitiva na posse e a transferência da propriedade somente ocorrem com a inscrição do título
(sentença) no cartório de registro de imóveis. E o registro do título somente era possível, em regra, quando
houvesse o efetivo pagamento da indenização em dinheiro, e não apenas a expedição do precatório.
Isto porque a Constituição Federal exige expressamente a prévia indenização em dinheiro do particular (art.
5º, XXIV), no que é reforçado pelo art. 29 do DL 3.365/41, não bastando a simples expedição do precatório
ou outra providência. Neste ponto, somente com o registro do título no cartório geral de registro de imóveis
é que a Administração Pública poderia adquirir a propriedade do imóvel.
No entanto, o DL 3.365/41 foi alterado pela lei 13.465/2017, sendo incluído o art. 34-A que
admite, em caso de imissão provisória na posse, que o expropriado pode emitir sua
concordância com a desapropriação, devidamente reduzida a termo, ocasião na qual haverá
imediata aquisição da propriedade pelo Ente Público que será registrada na matrícula do
imóvel. Neste caso, o particular poderá levantar 100% do depósito previsto para a imissão
provisória, não implicando ainda em renúncia do seu direito de questionar o preço ofertado
em juízo.
Ou seja, o particular poderá levantar o valor total ofertado pela Administração e depositado em juízo para
fins de imissão provisória na posse e ainda poderá questionar o referido valor no processo.
Trata-se de exceção à exigência prevista acima, de que somente poderia haver o registro da desapropriação
na matrícula do imóvel com o pagamento total do valor da indenização, após a emissão do respectivo
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precatório. Isto porque, questionado o valor pelo desapropriado e sentenciado um valor superior ao
depositado, haverá expedição de precatório, porém, a desapropriação já estará registrada.
Por meio da Lei n. 14.421 de 2022, o legislador inseriu nova disposição permitindo a transferência da
propriedade para o expropriante antes do pagamento da indenização:
O dispositivo é mal elaborado e mal situado na lei e o legislador merece críticas. Em primeiro lugar, o
parágrafo 4º foi inserido no art. 34-A, que estabelece um procedimento específico, mas promove mudanças
em todo o processo expropriatório. Mas dois principais pontos devem ser objeto de questionamento:
a) Não é possível discutir se estão presentes os casos de utilidade pública no decreto expropriatório.
Essa discussão deveria ser levantada em ação autônoma. É possível, no entanto, discutir a validade
do decreto na ação de desapropriação? O §4º parece que admite essa discussão ao prever que “se
não houver oposição expressa com relação à validade do decreto desapropriatório (...)”;
b) Só era possível, segundo o STJ, a transferência de propriedade (com registro do título) depois do
pagamento do precatório. Com o art. 34-A passou a ser possível quando houvesse concordância do
expropriado com a desapropriação. Com o §4º, o legislador admitiu a transferência antes do
pagamento mesmo sem a concordância expressa do expropriado. Como compatibilizar essa
disposição legal com a determinação constitucional de justa e prévia indenização em dinheiro?
Buscando interpretar o dispositivo, sem prejuízo da discussão acerca de sua inconstitucionalidade por
violação do art. 5º, XXIV, CRFB (“prévia indenização em dinheiro”), é possível concluir que o legislador
entendeu pela possibilidade de discussão acerca da validade do decreto na ação de desapropriação.
De fato, a discussão acerca de eventual vício de juridicidade no decreto expropriatório não é o mesmo que
discutir a existência ou não dos casos de utilidade pública, o que é vedado expressamente pelo art. 9º do DL
nº 3.365/41. Até aqui, nenhum problema, pois, uma coisa é discutir se se verifica ou não a utilidade pública,
o que é vedado ao Poder Judiciário, outra coisa é discutir a legalidade ou juridicidade do decreto
expropriatório, por exemplo, em razão de algum vício de competência, de forma, de finalidade etc.
O maior problema, todavia, é a compatibilização do dispositivo com o art. 20: “A contestação só poderá
versar sobre vício do processo judicial ou impugnação do preço; qualquer outra questão deverá ser decidida
por ação direta.” O dispositivo é claro, somente dois tipos de discussão são possíveis na ação de
desapropriação: vício do processo judicial e preço. Se dissesse apenas vício do processo, poderia ser
interpretado como todo o metaprocesso de desapropriação, com o seu início na edição do decreto
expropriatório, passando pela fase administrativa, até chegar à fase judicial e do pagamento. Porém, o art.
20 menciona expressamente “processo judicial”. Ou seja, se a intenção do legislador foi admitir a discussão
do vício do decreto expropriatório na ação de desapropriação, o § 4º do art. 34-A é incompatível com o art.
20 da lei.
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Não obstante, existem autores, como Celso Antônio Bandeira de Mello, que já admitiam o controle da
validade da declaração de utilidade pública pelo proprietário do bem na ação de desapropriação e até
mesmo desde a declaração, antes de iniciado o processo. Afirma o doutrinador que a declaração de utilidade
público deve ser preordenada a uma das finalidades do exercício da função expropriatória. Se o proprietário
puder, objetiva e indisputavelmente, demonstrar que a declaração expropriatória não foi utilizada como
instrumento para realização dos fins a que se preordena, mas um recurso ardiloso para atingir outros
resultados, o juiz deve o vício e, portanto, a sua invalidade. E esse reconhecimento pode ocorrer na ação
desapropriatória, caso contrário, de nada adiantaria o particular demonstrar o vício posteriormente, pois,
uma vez que o bem foi integrado ao patrimônio público, a controvérsia se resolve em perdas e danos (art.
35, DL n. 3.365/41). Assim, o desvio de poder perpetrado pelo agente público deve ser corrigido na própria
ação judicial expropriatória, sob pena de não restar proteção adequada ao valor jurídico resguardado 3.
Enunciado 3: Não constitui ofensa ao artigo 9º do Decreto-Lei n. 3.365/1941 o exame por parte
do Poder Judiciário, no curso do processo de desapropriação, da regularidade do processo
administrativo de desapropriação e da presença dos elementos de validade do ato de declaração
de utilidade pública.
Assim, o legislador adotou o entendimento de que pode haver o questionamento da validade do decreto na
ação expropriatória (lembre-se: impugnação da validade não é o mesmo que verificação das hipóteses de
utilidade pública). Neste caso, não havendo oposição expressa acerca da validade do decreto, haverá a
transferência imediata da propriedade do imóvel para o poder público, mediante registro do título no
Registro de imóveis. Porém, a transferência não impede o questionamento das demais questões litigiosas,
como, por exemplo, o vício no processo judicial e o preço.
No entanto, ainda deve ser questionado se há ou não violação do direito fundamental à justa e prévia
indenização em dinheiro, haja vista que o dispositivo não menciona qualquer pagamento ao expropriado
antes da transferência da propriedade. Todavia, ainda não há debate da questão na doutrina e na
jurisprudência, prevalecendo, para fins de concursos públicos, a presunção de constitucionalidade das leis.
Em primeiro lugar, é importante lembrar que a competência para legislar acerca da matéria
“desapropriação” é privativa da União, a teor do art. 22, II, CF.
Já a competência para realizar a desapropriação em si deve ser dividida em competência para declarar o bem
como de utilidade ou necessidade pública ou interesse social e a competência para executar a
desapropriação.
3
DE MELLO, Celso Antônio Bandeira. Curso de direito administrativo. 34. ed. São Paulo, Malheiros: 2019, p. 942-943.
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No primeiro caso, a competência para emitir a declaração é concorrente entre todos os Entes federados.
Destaque-se que apenas os Entes Políticos (União, Estados, Distrito Federal e Municípios) possuem
competência para a referida declaração, sendo esta vedada às entidades da Administração Pública indireta.
No entanto, essa regra admite algumas exceções:
a) DNIT: pode declarar bem como de utilidade pública quando visar à implantação do Sistema Nacional
de Viação (art. 82, IX, da lei 10.233/01);
b) ANEEL: pode declarar utilidade pública de bem para fins de instalação de empresas concessionárias
e permissionários do serviço de energia elétrica (lei 9.074/95).
a) Desapropriação para fins de reforma agrária: apenas a União (art. 184 CF);
b) Desapropriação urbanística: apenas os Municípios (art. 182, §4º, CF);
c) Desapropriação confiscatória: apenas a União (art. 243, CF).
A competência para executar a desapropriação será do Ente federado que declarou a utilidade pública ou o
interesse social do bem. No entanto, é possível a delegação da competência executória para entes da
Administração indireta, para concessionárias de serviço público (Lei 8.987/95, art. 31, VI e art. 3º, DL
3.365/41) ou para os consórcios públicos (Lei 11.107/2005).
O procedimento da desapropriação possui duas fases distintas: a fase declaratória e a fase executória, esta
última, podendo conter ainda duas subfases, a administrativa e a judicial.
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A fase declaratória é a fase em que o Poder Público manifesta interesse no bem a ser futuramente
desapropriado, emitindo uma declaração de utilidade ou necessidade pública ou de interesse social, a
depender da modalidade de desapropriação a ser utilizada.
a) Decreto expropriatório (art. 6º, DL 3.365/41): editado pelo Chefe do Poder Executivo;
b) Lei de efeitos concretos (art. 8º, DL 3.365/41): editada pelo Poder Legislativo.
➢ Efeitos da declaração
a) Autorização para ingressar no bem (art. 7º, DL 3.365/41): as autoridades podem ingressar no bem
objeto da declaração, podendo recorrer, em caso de oposição, ao auxílio de força policial. O ingresso
tem o objetivo de realizar avaliações e medições.
b) Fixação do estado do bem para fins de indenização (art. 26, §1º): conforme estudado, não serão
indenizadas as benfeitorias voluptuárias realizadas após a declaração de utilidade pública. Somente
serão indenizadas as benfeitorias necessárias e as benfeitorias úteis, esta última apenas se houver
autorização do Ente Público.
c) Início do prazo de caducidade da declaração.
O prazo de caducidade é o período após a declaração de utilidade pública ou interesse social em que o ente
público poderá promover a desapropriação. Transcorrido este prazo, o ato declaratório perde os seus
efeitos, não sendo mais possível executar o procedimento desapropriatório.
Já a caducidade do decreto declaratório de interesse social, de acordo com o art. 3º da lei 4.132/62, ocorre
em 2 (dois) anos.
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Em qualquer dos casos, o bem somente poderá ser objeto de nova declaração após o prazo de 1 (um) ano
da consumação da caducidade.
A fase executória se iniciará com o procedimento administrativo, buscando a solução consensual entre o
Poder Público e o proprietário do bem declarado como de utilidade pública. Se as partes obtiverem êxito
nesta faz consensual, será dispensada a judicialização da desapropriação.
➢ Fase administrativa
A lei 13.867/2019 incluiu os arts. 10-A e 10-B no DL 3.365/41, objetivando fortalecer a busca
pela consensualidade e pela solução administrativa da desapropriação.
De acordo com o art. 10-A, o poder público deverá notificar o proprietário, apresentando
oferta de indenização pelo bem, que deverá conter: I - cópia do ato de declaração de
utilidade pública; II - planta ou descrição dos bens e suas confrontações; III - valor da oferta;
IV - informação de que o prazo para aceitar ou rejeitar a oferta é de 15 (quinze) dias e de
que o silêncio será considerado rejeição.
Se a oferta for aceita e o pagamento realizado, será lavrado termo de acordo, considerado
título hábil para transcrição no registro de imóveis. Se rejeitada, o poder público deve propor
ação judicial de desapropriação.
Por outro lado, o art. 10-B estabelece a possibilidade de as partes optarem pela mediação ou pela via arbitral.
Neste caso o particular é quem deverá indicar um dos órgãos ou instituições especializadas, dentre as
previamente cadastradas pelo órgão responsável pela desapropriação.
Poderá ainda ser eleita câmara de mediação criada pelo poder público, nos termos do art. 32 da Lei nº
13.140, de 26 de junho de 2015.
➢ Fase judicial
Conforme visto, somente poderá propor ação judicial se restar infrutífera a tentativa de resolução
consensual, bem como se não forem adotadas vias alternativas à jurisdição, tais como a mediação e a
arbitragem.
Recusada a proposta e não adotada uma via alternativa, caberá ao poder público propor ação de
desapropriação.
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Quanto à jurisdição, o art. 12 prevê que somente os juízes que tiverem garantia de vitaliciedade,
inamovibilidade e irredutibilidade de vencimentos poderão conhecer dos processos de desapropriação. No
entanto, é pacífico que o referido dispositivo não foi recepcionado pela ordem constitucional vigente, tendo
em vista que estabelece uma restrição à atividade dos juízes não declarados vitalícios, subtraindo deles uma
parte do poder jurisdicional.
Já com relação à competência, o DL estabelece que, quando a União for autora, a ação será proposta no
Distrito Federal ou no foro da Capital do Estado onde for domiciliado o réu. Se outro for o autor, a ação será
proposta no foro da situação dos bens (art. 11). Se o imóvel for situado em mais de um foro, comarca ou
Estado, a competência é definida pela prevenção, sendo prevento o juízo que primeiro conhecer da causa,
estendendo-se a competência sobre a totalidade do imóvel.
Vale destacar que a ação somente poderá ser proposta perante a Justiça Federal ou a Justiça Estadual, isto
é, a Justiça Comum. No primeiro caso, se o autor for a União ou entidades da sua Administração indireta e,
no segundo caso, se outro for o autor (demais entes federados, ou delegatários de serviços públicos).
Proposta a ação perante o juízo estadual, se a União ou qualquer de suas entidades administrativas
intervirem no feito, a competência será deslocada para a justiça federal.
Conforme estudamos, a fase executória da desapropriação pode ser realizada tanto pelo Ente federado que
declarou a utilidade pública ou o interesse social do bem, quanto por entes da Administração indireta, pelas
concessionárias de serviço público ou pelos consórcios públicos, mediante delegação de competência.
Por este motivo, todas essas pessoas citadas possuem legitimidade ativa para propor a ação de
desapropriação. No entanto, é necessária autorização legislativa ou negocial para que as pessoas possam
propor ação com base na competência delegada.
Já a legitimidade passiva pertence ao proprietário do bem a ser desapropriado, devendo a ação judicial ser
proposta contra ele. Se houver dúvida quanto à titularidade do bem, a ação deve ser proposta em
litisconsórcio passivo necessário entre todos os possíveis titulares.
Outro detalhe importante diz respeito ao imóvel cuja posse pertence a pessoa diversa do proprietário.
Lembre-se que, neste caso, a indenização deverá ser dividida de acordo com o valor econômico da
propriedade e da posse. Por este motivo, o possuidor também deverá figurar no polo passivo da ação.
Ocorre que a Constituição Federal prevê que incumbe ao Ministério Público a defesa da ordem jurídica, do
regime democrático e dos interesses sociais e individuais indisponíveis (art. 127). Neste sentido, questiona-
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A intervenção do Ministério Público nas ações de desapropriação de imóvel rural para fins
de reforma agrária é obrigatória, porquanto presente o interesse público AgRg no REsp
1174225/SC.
Diante da jurisprudência da corte superior, a participação do Ministério Público nas ações de desapropriação
pode ser resumida da seguinte forma:
a) Desapropriação direta e indireta: em regra, é dispensada, salvo se envolver algum dos valores do
art. 127, CF;
b) Desapropriação para fins de reforma agrária: obrigatória;
c) Desapropriação urbanística: obrigatória.
a) Oferta de preço;
b) Exemplar do contrato ou meio oficial que houver publicado o decreto, ou cópia autenticada deles;
c) Planta ou descrição dos bens e suas confrontações.
Ao despachar a inicial, o juiz designará um perito de sua livre escolha, sempre que possível, técnico, para
proceder à avaliação dos bens (art.14), podendo o autor e o réu indicar assistente técnico.
Jurisprudência do STJ
Em se tratando de desapropriação, a prova pericial para a fixação do justo preço somente
é dispensável quando há expressa concordância do expropriado com o valor da oferta inicial.
AgRg no AREsp 203423/SE.
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Havendo concordância sobre o preço, o juiz o homologará por sentença no despacho saneador (art. 22).
A citação do réu deve ocorrer por mandado. Embora o art. 16 disponha que a citação do marido dispensa a
da mulher, esta parte do dispositivo não foi recepcionada pela ordem constitucional:
Art. 16. A citação far-se-á por mandado na pessoa do proprietário dos bens; a do marido dispensa
a dá mulher; a de um sócio, ou administrador, a dos demais, quando o bem pertencer a
sociedade; a do administrador da coisa no caso de condomínio, exceto o de edifício de
apartamento constituindo cada um propriedade autônoma, a dos demais condôminos e a do
inventariante, e, se não houver, a do cônjuge, herdeiro, ou legatário, detentor da herança, a dos
demais interessados, quando o bem pertencer a espólio.
A citação será realizada por edital se o citando não for conhecido, ou estiver em lugar ignorado, incerto ou
inacessível, ou, ainda, no estrangeiro.
Feita a citação, o processo segue o rito ordinário do CPC (art. 19). No entanto, é inadmissível a oposição e a
reconvenção, tendo em vista a cognição limitada do processo de desapropriação, conforme veremos no
próximo tópico.
De acordo com o art. 20 do DL 3.365/41, “a contestação só poderá versar sobre vício do processo judicial
ou impugnação do preço; qualquer outra questão deverá ser decidida por ação direta”.
Desta forma, quanto à cognição horizontal da demanda, que se relaciona às matérias que podem ser
discutidas no processo, a cognição é limitada, tendo em vista que não se admite a discussão de qualquer
outra matéria que não seja vício no processo ou o preço. Logo, não é possível discutir a titularidade do bem,
não sendo cabível a interposição de oposição por terceiro interessado nem se há verificação da utilidade
pública declarada.
Já em relação à cognição vertical, que diz respeito à profundidade da análise dos assuntos discutidos, a
cognição é exauriente, tendo em vista que pode ser alegado qualquer argumento dentro daquelas matérias
passíveis de discussão.
a) Vício no processo;
b) Preço da coisa.
Qualquer outro argumento deve ser alegado por meio de ação autônoma.
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O STJ já decidiu que há violação aos limites das matérias que podem ser discutidas em ação de
desapropriação direta quando se admite o debate - e até mesmo indenização - de área diferente da
verdadeiramente expropriada, ainda que vizinha4.
Vale destacar que, recentemente, foi editado o enunciado nº 3 da I Jornada de Direito Administrativo do CJF,
que dispõe o seguinte:
Enunciado 3: Não constitui ofensa ao artigo 9º do Decreto-Lei n. 3.365/1941 o exame por parte
do Poder Judiciário, no curso do processo de desapropriação, da regularidade do processo
administrativo de desapropriação e da presença dos elementos de validade do ato de declaração
de utilidade pública.
Esse também é o entendimento de Celso Antônio Bandeira de Mello, conforme já estudado acima5.
Na defesa ainda, o réu poderá alegar o direito de extensão, que consiste no direito de exigir que, na
desapropriação, se inclua a parte do restante do bem expropriado que se tornou inútil ou de difícil
utilização quando separado da parcela desapropriada. Referido direito foi previsto no art. 4º da LC 76/93,
no art. 12 do Decreto 4.956/1903 e no art. 19 da lei 4.504/64.
Por este motivo, a doutrina entende que tal direito pode ser alegado em qualquer modalidade de
desapropriação, uma vez que se trata de assunto relacionado à justa indenização, pois a parte
remanescente deve fazer parte da desapropriação e, consequentemente, do preço a ser pago pelo autor.
Desta forma, pode ser alegado em defesa, não contrariando a limitação da cognição judicial do art. 20, DL
3.365/41.
4
REsp 1.577.047-MG, Rel. Min. Gurgel de Faria, Primeira Turma, por unanimidade, julgado em 10/05/2022, DJe 25/05/2022.
5
DE MELLO, Celso Antônio Bandeira. Curso de direito administrativo. 34. ed. São Paulo, Malheiros: 2019, p. 942-943.
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Art. 15. Se o expropriante alegar urgência e depositar quantia arbitrada de conformidade com
o art. 685 do Código de Processo Civil, o juiz mandará imiti-lo provisoriamente na posse dos bens;
§ 1º A imissão provisória poderá ser feita, independente da citação do réu, mediante o depósito:
a) do preço oferecido, se este for superior a 20 (vinte) vezes o valor locativo, caso o imóvel esteja
sujeito ao imposto predial;
c) do valor cadastral do imóvel, para fins de lançamento do imposto territorial, urbano ou rural,
caso o referido valor tenha sido atualizado no ano fiscal imediatamente anterior;
d) não tendo havido a atualização a que se refere o inciso c, o juiz fixará independente de
avaliação, a importância do depósito, tendo em vista a época em que houver sido fixado
originalmente o valor cadastral e a valorização ou desvalorização posterior do imóvel.
§ 2º A alegação de urgência, que não poderá ser renovada, obrigará o expropriante a requerer
a imissão provisória dentro do prazo improrrogável de 120 (cento e vinte) dias.
§ 3º Excedido o prazo fixado no parágrafo anterior não será concedida a imissão provisória.
a) Declaração de urgência;
b) Depósito da quantia arbitrada.
Realizada a declaração de urgência, o ente desapropriante deve requerer a imissão provisória no prazo de
120 (cento e vinte) dias, sob pena de não ser concedida a imissão na posse e não poder ser renovada a
declaração de urgência.
A declaração de urgência não precisa constar do decreto expropriatório, pode ser realizada no curso do
processo judicial de desapropriação.
Além disso, não é necessária avaliação judicial provisória para que seja viabilizado o depósito da imissão
provisória, cabendo o depósito dos valores previstos no §1º do art. 15 para tanto. Este é o entendimento do
STF e do STJ:
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inferior ao valor arbitrado por perito judicial e ao valor cadastral do imóvel, não viabiliza a
imissão provisória na posse (REsp 181407/SP).
STF: Súmula 652: Não contraria a Constituição o art. 15, § 1º, do Decreto-lei 3365/1941 (Lei
da desapropriação por utilidade pública).
A imissão provisória na posse deve ser averbada no registro geral de imóveis competente (art. 15, §4º).
A lei 13.465/2017 trouxe novidades ao procedimento no que diz respeito à imissão provisória
na posse. Entendo que cobrança desses dispositivos será realizada por meio da literalidade
da lei, razão pela qual os reproduzo a seguir.
§ 2º Na hipótese deste artigo, o expropriado poderá levantar 100% (cem por cento) do depósito
de que trata o art. 33 deste Decreto-Lei.
§ 3º Do valor a ser levantado pelo expropriado devem ser deduzidos os valores dispostos nos §§
1º e 2º do art. 32 deste Decreto-Lei, bem como, a critério do juiz, aqueles tidos como necessários
para o custeio das despesas processuais.
Quanto aos imóveis residenciais urbanos, é importante conhecer o Decreto-Lei 1.075/70, que se aplica
apenas à desapropriação de prédio residencial urbano habitado pelo proprietário ou compromissário
comprador:
Art. 2º Impugnada a oferta pelo expropriado, o juiz, servindo-se, caso necessário, de perito
avaliador, fixará em quarenta e oito horas o valor provisório do imóvel.
Art. 3º Quando o valor arbitrado for superior à oferta, o juiz só autorizará a imissão provisória
na posse do imóvel, se o expropriante complementar o depósito para que este atinja a metade
do valor arbitrado.
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Parágrafo único. Quando o valor arbitrado for inferior ou igual ao dobro do preço oferecido, é
lícito ao expropriado optar entre o levantamento de 80% (oitenta por cento) do preço oferecido
ou da metade do valor arbitrado
Neste caso específico, o depósito para imissão provisória na posse é do preço oferecido na inicial. No
entanto, se a oferta for impugnada pelo expropriado, o juiz deverá fixar o valor provisório do imóvel, cabendo
ao ente público complementar o depósito prévio para poder se imitir provisoriamente na posse, podendo o
juiz se servir de perito avaliador se necessário.
Além disso, a regra na imissão provisória na posse de imóvel residencial urbano habitado é a possibilidade
de o expropriado levantar 100% do valor depositado, inclusive se houver complementação.
A desistência na ação de desapropriação não segue a regra geral do CPC. Isto porque, na desapropriação, o
autor poderá desistir da ação de forma unilateral e a qualquer tempo, enquanto não incorporar o bem ao
seu patrimônio. A jurisprudência dos Tribunais Superiores já assentou a possibilidade de desistência,
inclusive, após o trânsito em julgado da sentença, desde que ainda não tenha sido pago o preço e seja
possível a devolução do bem nas mesmas condições em que o expropriante recebeu do proprietário.
O STJ ainda decidiu que o ônus de comprovar a existência de fato impeditivo ao direito de desistência da
desapropriação compete ao expropriado, tendo em vista a regra do CPC que estabelece o ônus da prova ao
réu quanto ao fato impeditivo do direito do autor.
De acordo com a Corte, “se a desapropriação se faz por utilidade pública ou interesse social, uma vez que
o imóvel já não se mostre indispensável para o atingimento dessas finalidades, deve ser, em regra, possível
a desistência da desapropriação, com a ressalva do direito do atingido à ação de perdas e danos.”
É possível que o expropriante desista da ação de desapropriação ainda que a mesma já tenha
transitado em julgado, desde que:
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Por fim, decidiu o STJ que, no pedido de desistência na ação expropriatória, face a inexistência de
condenação e de proveito econômico, os honorários advocatícios sucumbenciais observam o valor
atualizado da causa, assim como os limites da Lei das Desapropriações6.
O tema mais complexo em relação ao procedimento de desapropriação diz respeito à incidência da correção
monetária e dos juros, moratório e compensatório. Aspectos como a incidência ou não, o momento de
incidência e os índices utilizados são cobrados em provas e devem ser compreendidos. Para tentar facilitar
o aprendizado, tentarei explicar o assunto e depois o colocar de forma esquematizada.
➢ Correção monetária
A correção monetária é a atualização do preço para fazer frente à inflação, buscando manter o valor da
moeda e, consequentemente, a justa indenização. Assim, a correção monetária deve incidir a partir da data
da avaliação pericial até a data do efetivo pagamento. O tema é tratado pela jurisprudência:
Súmula 67-STJ: Na desapropriação, cabe a atualização monetária, ainda que por mais de uma
vez, independente do decurso de prazo superior a um ano entre o cálculo e o efetivo pagamento
da indenização.
➢ Juros compensatórios
Os juros compensatórios objetivam compensar o expropriado por ter perdido o bem antes de receber a justa
indenização. Veja, nos contratos de mútuo (empréstimo) é estipulado um valor de juros compensatório a ser
pago à instituição financeira, justamente por ter perdido a disponibilidade do valor emprestado. No caso das
desapropriações, a ideia é a mesma. Se o particular continuasse na posse do bem, poderia extrair o seu valor
econômico. Mas como perdeu a posse do bem sem ter perdido a propriedade, deve ser compensado por
meio do pagamento de juros.
6
REsp n. 1.834.024/MG, relator Ministro Mauro Campbell Marques, Segunda Turma, julgado em 7/6/2022, DJe de 17/6/2022.
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Diante disso, é possível perceber que os juros compensatórios só incidem quando há imissão provisória na
posse:
Neste sentido, a medida provisória 2.183-56/2001 inseriu o art. 15-A no DL 3.365/41, fixando os juros
moratórios em 6% (seis por cento) ao ano. O STF concedeu medida cautelar na ADI 2.332/DF suspendendo
essa porcentagem, aduzindo que conflitava com o justo preço. Desta forma, fixou os juros compensatórios
em 12% (doze por cento) ao ano, editando a súmula 618:
De acordo com a Corte, os juros compensatórios devem incidir sobre a diferença entre 80% do valor ofertado
pelo ente desapropriante e o valor fixado na sentença. Isso porque 80% do valor ofertado é o valor que o
particular expropriado já pode levantar no momento da imissão da posse e os juros compensatórios devem
incidir apenas sobre o valor do bem que o particular não teve em sua posse.
Exemplificando: se o poder público ofertar, na petição inicial, R$ 100.000,00, deverá depositar esse valor
para ser imitido provisoriamente na posse. O particular expropriado poderá levantar 80% (R$ 80.000,00) de
imediato. Se a sentença fixar o preço do bem em R$ 200.000,00, os juros compensatórios serão calculados
sobre o valor de R$ 120.000,00 (diferença entre o valor levantado – R$ 80.000,00 – e o valor fixado R$
200.000,00).
Nas hipóteses em que o valor da indenização fixada judicialmente for igual ou inferior ao
valor ofertado inicialmente, a base de cálculo para os juros compensatórios e moratórios deve
ser os 20% (vinte por cento) que ficaram indisponíveis para o expropriado (AgRg no REsp
1480265/RN).
7
Entendimento confirmado na Pet 12.344-DF, Rel. Min. Og Fernandes, Primeira Seção, por unanimidade, julgado em 28/10/2020,
DJe 13/11/2020 (Tema 126)
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a) Índice: 6% ao ano;
b) Base de cálculo: diferença entre 80% do valor ofertado pelo ente expropriante e o valor fixado em
sentença;
c) Período de incidência: a partir da imissão provisória na posse.
Destaque-se ainda que o §1º do art. 15-A, julgado constitucional pelo STF, estabelece que se destinam
apenas a compensar a perda de renda comprovadamente sofrida pelo proprietário. Já o §2º definiu que não
serão devidos juros compensatórios quando o imóvel possuir graus de utilização da terra e de eficiência
na exploração iguais a zero.
Isso porque os juros compensatórios têm a finalidade de compensar justamente a perda da disponibilidade
do conteúdo econômico da propriedade.
➢ Juros moratórios
Os juros moratórios, diferentemente dos juros compensatórios, possuem a finalidade de sancionar aquele
que está em atraso (mora) no cumprimento de sua obrigação. No caso da desapropriação, sanciona o Ente
Público em caso de não pagar o precatório na data correta.
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De acordo com o art. 100, §5º, CF, os débitos oriundos de sentenças transitadas em julgado constantes de
precatórios judiciários apresentados até 1º de julho, devem ser pagos até o final do exercício seguinte, ou
seja, até 31 de dezembro do ano seguinte. Por exemplo, se o débito decorrente de sentença judicial for
inscrito até 1º de julho de 2020, deverá ser pago até 31 de dezembro de 2021.
Desta forma, o Ente Público possui, no mínimo, um ano e meio para pagar o valor estipulado na sentença.
Por este motivo, somente há mora do Ente Público se o pagamento do precatório não ocorrer no prazo
estipulado na Constituição.
Embora seja essa a regra, o STF já decidiu que é possível a incidência de juros da mora entre a data da
realização dos cálculos e a da requisição ou do precatório.
O índice aplicável aos juros de mora é de 6% (seis por cento) ao ano, conforme art. 15-B do Decreto-Lei
3.365/41:
Art. 15-B Nas ações a que se refere o art. 15-A, os juros moratórios destinam-se a recompor a
perda decorrente do atraso no efetivo pagamento da indenização fixada na decisão final de
mérito, e somente serão devidos à razão de até seis por cento ao ano, a partir de 1º de janeiro
do exercício seguinte àquele em que o pagamento deveria ser feito, nos termos do art. 100 da
Constituição.
a) Índice: 6% ao ano;
b) Base de cálculo: valor fixado em sentença;
c) Período de incidência: a partir do atraso no pagamento do precatório.
Por fim, quanto à incidência cumulativa de juros de mora e juros compensatórios, o STJ editou a súmula 12:
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Veja que a regra geral de não incidência cumulativa decorre não de uma impossibilidade jurídica, mas de
uma impossibilidade fática, em razão de as espécies de juros incidirem em períodos distintos.
Atraso no pagamento do
Imissão provisória na posse: precatório:
Juros compensatórios Juros de mora
Avaliação do bem:
Atualização monetária
As custas processuais serão pagas pelo autor, se o réu aceitar o preço oferecido. Se o réu não aceitar, as
custas serão pagas pelo vencido ou proporcionalmente, na forma da lei (art. 30).
Já os honorários advocatícios serão fixados entre 0,5% e 5% sobre o valor da diferença entre o preço
ofertado e o fixado na sentença, cujos valores serão devidamente atualizados. Pagará os honorários a parte
vencida ao advogado da parte vencedora.
O limite de R$ 151.000,00 quanto aos honorários advocatícios, fixado pelo art. 27, §1º, foi julgado
inconstitucional pelo STF:
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Da sentença, cabe apelação com efeito devolutivo quanto interposta pelo expropriado e no duplo efeito
quanto pelo expropriante. Ademais, se a sentença condenar a Fazenda Pública em preço superior ao dobro
do ofertado, estará sujeita à remessa necessária (art. 28, caput e §1º).
A tredestinação consiste em conferir, ao bem desapropriado, finalidade diversa daquela que fundamentou
a sua expropriação. Por exemplo, caso um imóvel tenha sido desapropriado para instalação de uma escola,
porém tinha sido instalada a sede de uma secretaria de governo. Ou pode ser o caso de o bem desapropriado,
em vez de instalada uma escola, ter o seu uso concedido a terceiro particular.
a) Tredestinação lícita: quando a destinação conferida ao bem, embora diversa da finalidade que
fundamentou a sua expropriação, atenda ao interesse público. É o caso do exemplo do bem
expropriado para ser uma escola se tornar sede de uma secretaria de governo;
b) Tredestinação ilícita: quando a destinação conferida ao bem é diversa à finalidade que ensejou a sua
desapropriação e não atende a uma finalidade pública, isto é, atende a um interesse privado. É o
exemplo do bem desapropriado para ser uma escola que é alienado ou tem o seu uso concedido a
terceiro particular.
A retrocessão é o direito de o expropriado exigir a devolução do bem desapropriado que não foi utilizado
pelo Ente Público para atender o interesse público mediante o pagamento do preço atual da coisa:
Código Civil:
Art. 519. Se a coisa expropriada para fins de necessidade ou utilidade pública, ou por interesse
social, não tiver o destino para que se desapropriou, ou não for utilizada em obras ou serviços
públicos, caberá ao expropriado direito de preferência, pelo preço atual da coisa.
A retrocessão somente é possível quando ocorrer a tredestinação ilícita. A tredestinação lícita não dá
ensejo à retrocessão, tendo em vista que a expropriação do bem atendeu ao interesse público, embora não
tenha atendido à finalidade específica que ensejou a sua expropriação:
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“Não há falar em retrocessão se ao bem expropriado for dada destinação que atende ao
interesse público, ainda que diversa da inicialmente prevista no decreto expropriatório. A esse
tipo de situação a doutrina vem dando o nome de "tredestinação lícita" - aquela que ocorre
quando, persistindo o interesse público, o expropriante dispensa ao bem desapropriado
destino diverso do que planejara no início”. (REsp 968.414-SP).
Vale destacar ainda o disposto no art. 5º, §3º, que estipula regras específicas para o caso de desapropriação
para implantação de parcelamento popular, destinado às classes de menor renda:
Art. 5º (...)
a) Primeira corrente: é um direito pessoal, podendo o expropriado exigir apenas indenização, mas não
a devolução do bem, tendo em vista o art. 35 do DL 3.365/41 (“Os bens expropriados, uma vez
incorporados à Fazenda Pública, não podem ser objeto de reivindicação, ainda que fundada em
nulidade do processo de desapropriação. Qualquer ação, julgada procedente, resolver-se-á em
perdas e danos.”).
Além disso, de acordo com essa parcela doutrinária, o art. 519 é um direito de preferência, isto é, um direito
tipicamente obrigacional.
b) Segunda corrente: é um direito real, podendo o expropriado exigir a devolução do bem, tendo em
vista que a CF apenas admite a desapropriação para atendimento do interesse público, sendo
inconstitucional a desapropriação que não atende a esta finalidade. Portanto, com a
inconstitucionalidade, há declaração de nulidade desde a origem, devendo o bem ser devolvido;
c) Terceira corrente: é um direito misto, cabendo ao particular expropriado escolher entre a
recuperação do bem (direito real) ou a indenização (direito pessoal).
O art. 35, DL 3.365/41 claramente adotou a primeira corrente, estabelecendo apenas um direito à
indenização. Já o STJ adota a segunda corrente, entendendo que a retrocessão é um direito real do ex-
proprietário:
(REsp 623.511/RJ, Rel. Ministro LUIZ FUX, PRIMEIRA TURMA, julgado em 19/05/2005, DJ
06/06/2005, p. 186)
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Também denominada de desapropriação especial rural, consiste na desapropriação do imóvel rural que não
esteja cumprindo a sua função social, para fins de reforma agrária. O art. 186, estabelece os requisitos para
verificação da função social do imóvel rural:
Art. 186. A função social é cumprida quando a propriedade rural atende, simultaneamente,
segundo critérios e graus de exigência estabelecidos em lei, aos seguintes requisitos:
Por outro lado, o art. 185 da CF prevê alguns bens que são absolutamente insuscetíveis de desapropriação:
I - a pequena e média propriedade rural, assim definida em lei, desde que seu proprietário não
possua outra;
II - a propriedade produtiva.
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Parágrafo único. A lei garantirá tratamento especial à propriedade produtiva e fixará normas para
o cumprimento dos requisitos relativos a sua função social.
A competência para desapropriar imóveis para fins de reforma agrária é privativa da União, que deve
declarar o imóvel de interesse social antes de propor a ação de desapropriação. Não é possível aos demais
Entes Federados desapropriarem imóveis rurais sem função social para fins de reforma agrária, com base no
art. 184, CF.
Por outro lado, o imóvel rural pode ser desapropriado por outro motivo e para fins diversos da reforma
agrária pelos Estados, DF e Municípios.
A indenização será realizada em títulos da dívida agrária, com cláusula de preservação do valor real,
resgatáveis no prazo de até vinte anos, a partir do segundo ano de sua emissão, e cuja utilização será
definida em lei. Somente as benfeitorias úteis e necessárias é que serão indenizadas em dinheiro.
Além disso, são isentas de impostos federais, estaduais e municipais as operações de transferência de
imóveis desapropriados para fins de reforma agrária (art. 184, §5º, CF).
Desta forma, o particular expropriado recebe os títulos da dívida agrária, e não dinheiro, que poderão ser
resgatados em até 20 anos de forma parcelada, sendo que o primeiro resgate somente pode ser feito dois
anos após a sua emissão. A partir deste momento, pode ser realizada a transferência da propriedade.
De acordo com o art. 184, §3º, CF, cabe à lei complementar estabelecer procedimento contraditório especial,
de rito sumário, para o processo judicial de desapropriação. Neste sentido, foi editada a lei complementar
76/93.
Declarado o interesse social, para fins de reforma agrária, fica o expropriante legitimado a promover a
vistoria e a avaliação do imóvel, inclusive com o auxílio de força policial, mediante prévia autorização do juiz,
responsabilizando-se por eventuais perdas e danos que seus agentes vierem a causar, sem prejuízo das
sanções penais cabíveis.
Após a publicação do decreto declaratório, a ação de desapropriação para fins de reforma agrária deverá ser
proposta no prazo de dois anos.
A referida lei dispõe que, o juiz, ao despachar a inicial, mandará imitir o autor na posse do imóvel,
independentemente de alegação de urgência e depósito dos valores previstos no DL 3.365/41 (art. 6º, LC
76/93), além de determinar a citação do expropriando e expedir mandado para averbação do ajuizamento
da ação no registro do imóvel.
Em sua defesa, o réu pode alegar qualquer matéria, exceto as matérias relacionadas ao interesse social
declarado (art. 9º, LC 76/93).
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A intervenção do Ministério Público nas ações de desapropriação de imóvel rural para fins
de reforma agrária é obrigatória, porquanto presente o interesse público (AgRg no REsp
1174225/SC).
A sentença que condenar o expropriante, em quantia superior a cinquenta por cento sobre o valor oferecido
na inicial, fica sujeita a duplo grau de jurisdição (art. 13, §1º, da lei 76/93).
De acordo com a LC 76/93, os honorários do advogado do expropriado serão fixados em até vinte por cento
sobre a diferença entre o preço oferecido e o valor da indenização (art. 19, §1º). Ocorre que o STJ possui
diversas decisões aplicando a limitação de honorários prevista no §1º do art. 27 do DL 3.365/41 (por
exemplo, REsp 1.215.458/AL).
§ 4º É facultado ao Poder Público municipal, mediante lei específica para área incluída no plano
diretor, exigir, nos termos da lei federal, do proprietário do solo urbano não edificado,
subutilizado ou não utilizado, que promova seu adequado aproveitamento, sob pena,
sucessivamente, de:
III - desapropriação com pagamento mediante títulos da dívida pública de emissão previamente
aprovada pelo Senado Federal, com prazo de resgate de até dez anos, em parcelas anuais, iguais
e sucessivas, assegurados o valor real da indenização e os juros legais.
De acordo com o art. 182, §2º, CF, a propriedade urbana cumpre a sua função social quando atende às
exigências do plano diretor municipal, que, por sua vez, é obrigatório para cidades com mais de vinte mil
habitantes e consiste no instrumento básico da política de desenvolvimento e de expansão urbana.
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Caso não esteja cumprindo a sua função social e a área esteja incluída no plano diretor, é possível ao
Município, mediante lei específica e na forma do Estatuto da Cidade (Lei 10.257/2001), exigir do proprietário
do solo urbano não edificado, subutilizado ou não utilizado, que promova seu adequado aproveitamento.
O prazo a ser fixado para o particular aproveitar o imóvel será de, no mínimo, um ano para protocolar o
projeto de aproveitamento do imóvel no órgão municipal competente e dois anos, a partir da aprovação do
projeto, para iniciar as obras do empreendimento.
A transmissão do imóvel, por ato inter vivos ou causa mortis, posterior à data da notificação, transfere as
obrigações de parcelamento, edificação ou utilização previstas no art. 5º desta Lei, sem interrupção de
quaisquer prazos (art. 6º, Estatuto da cidade).
b) IPTU progressivo (art. 7º, Estatuto da Cidade): descumprida a obrigação anterior, o Município pode
aplicar o IPTU progressivo no tempo, majorando a sua alíquota pelo prazo de cinco anos consecutivos,
sendo vedada a concessão de isenções ou de anistia relativas à tributação progressiva de que trata o
referido artigo.
O valor da alíquota a ser aplicado a cada ano será fixado na lei específica e não excederá a duas vezes o valor
referente ao ano anterior, respeitada a alíquota máxima de quinze por cento.
Se a obrigação de parcelar, edificar ou utilizar não for atendida em cinco anos, o Município manterá a
cobrança pela alíquota máxima, até que se cumpra a referida obrigação, garantida a prerrogativa de realizar
a desapropriação.
O pagamento da indenização será em títulos da dívida pública, com prévia aprovação pelo Senado Federal,
e serão resgatados no prazo de até dez anos, em prestações anuais, iguais e sucessivas, assegurados o valor
real da indenização e os juros legais de seis por cento ao ano.
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Art. 243. As propriedades rurais e urbanas de qualquer região do País onde forem localizadas
culturas ilegais de plantas psicotrópicas ou a exploração de trabalho escravo na forma da lei serão
expropriadas e destinadas à reforma agrária e a programas de habitação popular, sem qualquer
indenização ao proprietário e sem prejuízo de outras sanções previstas em lei, observado, no que
couber, o disposto no art. 5º. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 81, de 2014)
Parágrafo único. Todo e qualquer bem de valor econômico apreendido em decorrência do tráfico
ilícito de entorpecentes e drogas afins e da exploração de trabalho escravo será confiscado e
reverterá a fundo especial com destinação específica, na forma da lei. (Redação dada pela
Emenda Constitucional nº 81, de 2014)
A desapropriação confisco ou confiscatória é uma hipótese específica prevista na Lei Maior em que não há
pagamento de indenização pelo expropriante. Consiste em uma verdadeira sanção ao proprietário que
pratica os atos ilícitos previstos no dispositivo. Poderá ocorrer em duas hipóteses, seja em propriedades
urbanas ou rurais em que:
Vale destacar que o art. 243 da CF não exige que a exploração das atividades previstas seja realizada pelo
proprietário. Sequer exige que o proprietário tenha participado da atividade ilícita. A expropriação das terras
decorre da mera constatação da atividade delitiva e somente deixará de ser executada se o proprietário
comprovar (e o ônus da prova cabe a ele) que não teve culpa no ilícito.
Jurisprudência do STF
O art. 243 da CF não exige que o proprietário tenha participado do ilícito para o confisco da
propriedade, basta que tenha algum grau de culpa. O proprietário somente pode se eximir de
ter a propriedade confiscada se comprovar que não teve culpa no ilícito, ainda que in vigilando
ou in elegendo. Há uma inversão do ônus da prova. Além disso, se houver mais de um
proprietário, haverá o confisco mesmo que apenas um tenha sido culpado, cabendo ao
inocente pleitear indenização (RE 635336, Informativo 851, STF).
Todo o terreno deve ser desapropriado, ainda que a plantação de plantas psicotrópicas se
restrinja a apenas uma parcela da propriedade (RE 543974).
A lei 8.257/91 estabeleceu o procedimento especial para a desapropriação confisco, aplicando-se o CPC
apenas subsidiariamente. A ação deverá ser proposta pela União perante a Justiça Federal.
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O Juiz poderá imitir, liminarmente, a União na posse do imóvel expropriando, garantindo-se o contraditório
pela realização de audiência de justificação.
Se a gleba expropriada nos termos desta lei, após o trânsito em julgado da sentença, não puder ter em cento
e vinte dias a destinação prevista no art. 1º, ficará incorporada ao patrimônio da União, reservada, até que
sobrevenham as condições necessárias àquela utilização.
7 - DESAPROPRIAÇÃO INDIRETA
7.1 - Conceito
A desapropriação indireta consiste na expropriação da propriedade particular pelo Poder Público sem o
devido processo legal administrativo e/ou judicial.
Conforme estudado, para que o Ente Público desaproprie bem privado, em regra, é necessário um prévio
procedimento de declaração da utilidade ou necessidade pública ou interesse social da coisa, bem como
prévia indenização em dinheiro.
A desapropriação indireta, por sua vez, é aquela em que o ente público toma para si a propriedade de um
bem particular sem observar os procedimentos expropriatórios estudados nesta aula.
Neste caso, muito embora não seja observado o devido processo legal, o particular não poderá retomar a
propriedade do bem, devendo buscar indenização por meio de ação judicial:
Decreto-Lei 3.365/41:
Art. 35. Os bens expropriados, uma vez incorporados à Fazenda Pública, não podem ser objeto
de reivindicação, ainda que fundada em nulidade do processo de desapropriação. Qualquer ação,
julgada procedente, resolver-se-á em perdas e danos.
É possível que o possuidor, mesmo sem titularidade do bem expropriado, proponha a ação de
desapropriação indireta, objetivando indenização pela perda do conteúdo econômico da posse sobre o bem.
Além disso, o promitente comprador, mesmo sem ter registrado a transferência do imóvel no registro geral
de imóveis, também pode pleitear em juízo indenização pela desapropriação indireta.
Vale destacar que a desapropriação indireta só resta configurada quando o Ente Público toma a posse
completa do bem, retirando o conteúdo econômico da propriedade da esfera patrimonial do particular.
Neste sentido, decidiu o STF:
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Não configura desapropriação indireta quando o Estado se limita a realizar serviços públicos
de infraestrutura em gleba cuja invasão por particulares apresenta situação consolidada e
irreversível. STJ. 2ª Turma. REsp 1.770.001-AM, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado
em 05/11/2019 (Info 660).
Quanto ao processo de indenização por desapropriação indireta, embora siga o procedimento comum, o STJ
possui o seguinte entendimento:
Além disso, quanto aos juros compensatórios, devem incidir desde a perda da posse pelo particular:
Embora a súmula 119 do STJ estabeleça que o prazo prescricional da ação de desapropriação indireta seja
de 20 anos, na realidade, o entendimento se encontra superado, tendo em vista que foi editada sob a égide
do Código Civil de 1916.
Atualmente, o entendimento pacífico dos Tribunais Superiores, inclusive do próprio STJ, é de que o prazo
prescricional da desapropriação indireta é, em regra, de 10 anos, seguindo a lógica da usucapião
extraordinária com função social (art. 1.238, parágrafo único, CC).
Isto porque a ação de desapropriação indireta possui natureza real e, de acordo com o STJ, substituía a ação
reivindicatória, vez que o particular não pode reaver o bem do Poder Público, restando o pleito indenizatório.
Neste sentido, aplicava-se o prazo da ação reivindicatória, que, no Código Civil de 1916 era de 20 anos, prazo
geral do código.
Com a entrada em vigor do Código Civil de 2002, não foi previsto prazo prescricional específico para a ação
reivindicatória e o prazo geral de prescrição passou a ser de 10 anos.
Ademais, o STJ atualizou o seu entendimento, passando a fundamentar que, enquanto não transcorrido o
prazo para aquisição do bem por usucapião, há impossibilidade de o adquirente reivindicar o bem, sendo
cabível a pretensão indenizatória. Logo, sendo o prazo da usucapião extraordinária de 10 anos (art. 1.238,
parágrafo único, CC), deve ser este o prazo prescricional da ação de desapropriação indireta.
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Art. 1.238. Aquele que, por quinze anos, sem interrupção, nem oposição, possuir como seu um
imóvel, adquire-lhe a propriedade, independentemente de título e boa-fé; podendo requerer ao
juiz que assim o declare por sentença, a qual servirá de título para o registro no Cartório de
Registro de Imóveis.
Parágrafo único. O prazo estabelecido neste artigo reduzir-se-á a dez anos se o possuidor
houver estabelecido no imóvel a sua moradia habitual, ou nele realizado obras ou serviços de
caráter produtivo.
Ainda no ano de 2019, o STJ atualizou este entendimento no julgamento do EREsp 1.575.846-SC, noticiado
no informativo 658 de sua jurisprudência. De acordo com a corte, deve-se presumir que o Ente Público
realizou obras ou serviços de caráter produtivo no bem, conferindo-lhe função social. Por isso, o prazo
prescricional deve ser, em regra, de 10 (dez) anos.
Entretanto, a presunção é relativa, cabendo ao particular comprovar a ausência de função social do imóvel.
Neste caso, aplica-se o prazo previsto no caput do art. 1.238 do Código Civil, isto é, o prazo prescricional para
a propositura da ação de desapropriação indireta passa para 15 (quinze) anos.
Em regra, portanto, o prazo prescricional das ações indenizatórias por desapropriação indireta é de 10 anos
porque existe uma presunção relativa de que o Poder Público realizou obras ou serviços públicos no local.
Admite-se, excepcionalmente, o prazo prescricional de 15 anos, caso a parte interessada comprove, concreta
e devidamente, que não foram feitas obras ou serviços no local, afastando a presunção legal.
Passado o prazo da usucapião, o bem é adquirido de forma originária pelo Poder Público, fulminando a
pretensão indenizatória.
Por outro lado, o STJ definiu o entendimento de que se tratando de mera limitação
administrativa ao uso da propriedade, e não de desapropriação indireta, a pretensão se
funda em direito pessoal, submetendo-se ao prazo prescricional de 05 anos do Decreto
20.910/32. Para que fique caracterizada a desapropriação indireta, não basta o ato
normativo impondo limitações administrativas ao direito de propriedade, é necessário o
efetivo apossamento do bem pelo Poder Público e sua utilização com finalidade pública. A
limitação administrativa, excepcionalmente, pode causar dano indenizável ao proprietário
do bem, todavia, se tiver meramente repetido limitações já existentes em outra lei (CFlo, p.
ex.) não ensejará indenização.
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RESUMO
INTRODUÇÃO
Art. 5º (...)
XXV - no caso de iminente perigo público, a autoridade competente poderá usar de propriedade
particular, assegurada ao proprietário indenização ulterior, se houver dano;
Além desses casos, a Constituição prevê ainda outros casos de relativização do direito à propriedade, tais
como a desapropriação com indenização em títulos públicos (art. 182, §4º), a desapropriação para fins de
reforma agrária (art. 184) e o tombamento (art. 216, §1º).
Servidão administrativa
a) Ônus real (confere um direito real sobre o bem, e não pessoal, ao Ente Público);
b) Recai apenas sobre bens imóveis;
c) Finalidade é uma utilização pública;
d) Perpetuidade (permanente);
e) Em regra, não enseja indenização;
f) Efeitos erga omnes, desde que registrada.
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a) Acordo: após a declaração de utilidade pública do imóvel, as partes podem celebrar acordo, mediante
escritura pública, que será registrado no Registro de Imóveis;
b) Sentença judicial: se não houver acordo entre as partes, o Poder Público deverá propor ação judicial
para constituir a servidão. O procedimento é exigido para a desapropriação, previsto no Decreto-Lei
3.365/41.
A extinção, por sua vez, ocorre por diversos motivos. A doutrina aponta como causas de extinção:
Requisição administrativa
Art. 5º (...)
XXV - no caso de iminente perigo público, a autoridade competente poderá usar de propriedade
particular, assegurada ao proprietário indenização ulterior, se houver dano;
Ocupação temporária
Parcela doutrinária defende que a constituição da ocupação temporária depende da sua modalidade:
a) Ocupação temporária vinculada à desapropriação: neste caso, é necessário um ato formal (decreto),
em especial pela sua maior duração e pelo dever de indenizar o proprietário;
b) Ocupação temporária desvinculada da desapropriação: a ocupação é autoexecutória e dispensa ato
formal.
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Limitação administrativa
As referidas limitações decorrem diretamente do exercício do poder de polícia estatal e possui efeitos ex
nunc, ou seja, efeitos proativos.
Tombamento
Tombamento é a modalidade de intervenção do Estado na propriedade que busca proteger o meio ambiente
quanto aos seus aspectos relacionados ao patrimônio histórico, artístico e cultural, por meio de limitações
ao exercício do direito de propriedade. Atinge, portanto, o caráter absoluto da propriedade.
Com essas limitações, busca evitar a destruição ou deterioração do bem que resultaria em perda de
informações relevantes para a história do país ou prejuízos a obras artísticas ou culturais.
que a competência para o tombamento de bens privados, assim como para a prática dos atos necessários
ao tombamento, é concorrente entre os Entes Federados, podendo haver mais de um tombamento,
realizado por mais de um Ente, sobre um mesmo bem.
De acordo com o procedimento necessário para realizar o tombamento, é adotada a seguinte classificação:
a) Tombamento de ofício (art. 5º, DL 25/37): é o tombamento de bens públicos, em que basta a
notificação da entidade responsável (em âmbito federal, o IPHAN) à entidade proprietária do bem;
b) Tombamento voluntário (art. 7º, DL 25/37): neste caso, o proprietário do bem particular toma a
iniciativa ou consente, expressa ou implicitamente, com o tombamento;
c) Tombamento compulsório (arts. 8º e 9º, DL 25/37): é realizado contra a vontade do proprietário,
mediante um processo administrativo sob o procedimento estabelecido no Decreto-Lei.
O tombamento voluntário ocorre sempre que o proprietário pedir e a coisa se revestir dos requisitos
necessários para constituir parte integrante do patrimônio histórico e artístico nacional
ou sempre que o mesmo proprietário anuir, por escrito, à notificação, que se lhe fizer, para a inscrição da
coisa em qualquer dos Livros do Tombo (art. 7º), ou deixar de impugnar a notificação (tombamento
voluntário tácito – art. 9º, II).
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Já o tombamento compulsório ocorre quando o proprietário se recusar a anuir à inscrição da coisa (art. 8º).
A extinção, por sua vez, ocorre quando o tombamento é cancelado pelo Presidente da República, o que
poderá ocorrer de ofício ou mediante recurso interposto por qualquer interessado (Decreto 3.866/41, artigo
único).
a) Dever de registo no Livro do Tombo (art. 13): o adquirente de bem tombado, ainda que decorrente
de sentença ou transmissão causa mortis, deverá registrar no Livro do Tombo
b) Retirada do país (art. 14): a coisa tombada não poderá sair do país, senão por curto prazo, sem
transferência de domínio e para fim de intercâmbio cultural, a juízo do Conselho Consultivo do IPHAN.
c) Comunicação (art. 16): no caso de extravio ou furto de qualquer objeto tombado, o respectivo
proprietário deverá dar conhecimento do fato ao IPHAN, dentro do prazo de cinco dias, sob pena de
multa de dez por cento sobre o valor da coisa.
d) Preservação (art. 17): o proprietário, em caso nenhum, poderá destruir, demolir ou mutilar a coisa,
nem, sem prévia autorização especial do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, reparar,
pintar ou restaurar a coisa, sob pena de multa de cinquenta por cento do dano causado.
e) Conservação e reparação (art. 19): em regra, o proprietário possui o dever de reparar o bem, após
autorização do IPHAN. Todavia, se não dispuser de recursos financeiros, deverá comunicar ao ente
federal a necessidade das mencionadas obras
f) Fiscalização (art. 20): as coisas tombadas ficam sujeitas à vigilância permanente do Serviço do
Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, que poderá inspecioná-los sempre que for julgado
conveniente, não podendo os respectivos proprietários ou responsáveis criarem obstáculos à
inspeção, sob pena de multa.
Há ainda obrigações impostas aos vizinhos do bem, sob a forma de limitação administrativa (ou, para alguns
autores, servidão administrativa). Sem prévia autorização do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico
Nacional, não se poderá, na vizinhança da coisa tombada, fazer construção que lhe impeça ou reduza a
visibilidade, nem nela colocar anúncios ou cartazes, sob pena de ser mandada destruir a obra ou retirar o
objeto, impondo-se neste caso a multa de cinquenta por cento do valor do mesmo objeto (art. 18).
DESAPROPRIAÇÃO
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e) Em regra, indenização prévia: existem algumas exceções ou mitigações que estudaremos adiante.
Modalidades de desapropriação:
A desapropriação pode recair sobre todo e qualquer bem que possa ser valorado economicamente. É
possível ainda a desapropriação de direitos de créditos e ações referente a quotas de sociedades. Além
disso, se admite que a desapropriação recaia sobre direitos reais
Por outro lado, é vedada a desapropriação nos seguintes casos: a) Direitos personalíssimos (ex.: direito à
imagem); b) pessoas (físicas ou jurídicas); c) moeda corrente no país, tendo em vista que o dinheiro é a forma
de pagamento da indenização pelo bem expropriado (embora seja possível a desapropriação de moeda
estrangeira).
De acordo com o art. 4º do DL 3.365/41, a “desapropriação poderá abranger a área contígua necessária ao
desenvolvimento da obra a que se destina, e as zonas que se valorizarem extraordinariamente, em
consequência da realização do serviço. Em qualquer caso, a declaração de utilidade pública deverá
compreendê-las, mencionando-se quais as indispensáveis à continuação da obra e as que se destinam à
revenda.”
Pressupostos da desapropriação
Se, em procedimento de desapropriação por interesse social, constatar-se que a área medida do bem é maior
do que a escriturada no Registro de Imóveis, o expropriado receberá indenização correspondente à área
registrada, ficando a diferença depositada em Juízo até que, posteriormente, se complemente o registro
ou se defina a titularidade para o pagamento a quem de direito. A indenização devida deverá considerar a
área efetivamente desapropriada, ainda que o tamanho real seja maior do que o constante da escritura, a
fim de não se configurar enriquecimento sem causa em favor do ente expropriante (STJ – REsp 1466747 PE).
A indenização referente à cobertura vegetal deve ser calculada em separado do valor da terra nua quando
comprovada a exploração dos recursos vegetais de forma lícita e anterior ao processo expropriatório (AgRg
no REsp 1336913/MS).
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As dívidas fiscais serão deduzidas dos valores depositados, quando inscritas e ajuizadas (art. 33, §1º, DL
3.365/41).
Fases do procedimento
Efeitos da declaração: a) Autorização para ingressar no bem (art. 7º, DL 3.365/41); b) Fixação do estado do
bem para fins de indenização (art. 26, §1º); c) Início do prazo de caducidade da declaração.
Em qualquer dos casos, o bem somente poderá ser objeto de nova declaração após o prazo de 1 (um) ano
da consumação da caducidade.
2) Executória
a) Fase administrativa: De acordo com o art. 10-A, o poder público deverá notificar o proprietário,
apresentando oferta de indenização pelo bem, que deverá conter: I - cópia do ato de declaração de
utilidade pública; II - planta ou descrição dos bens e suas confrontações; III - valor da oferta; IV -
informação de que o prazo para aceitar ou rejeitar a oferta é de 15 (quinze) dias e de que o silêncio
será considerado rejeição.
Por outro lado, o art. 10-B estabelece a possibilidade de as partes optarem pela mediação ou pela via arbitral.
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b) Fase judicial: somente poderá propor ação judicial se restar infrutífera a tentativa de resolução
consensual, bem como se não forem adotadas vias alternativas à jurisdição, tais como a mediação e
a arbitragem.
Ação judicial: segue um procedimento especial, previsto no próprio DL 3.365/41. O Código de Processo
Civil se aplica apenas subsidiariamente
Quando a União for autora, a ação será proposta no Distrito Federal ou no foro da Capital do Estado onde
for domiciliado o réu. Se outro for o autor, a ação será proposta no foro da situação dos bens (art. 11).
Pode ser proposta tanto pelo Ente federado que declarou a utilidade pública ou o interesse social do bem,
quanto por entes da Administração indireta, pelas concessionárias de serviço público ou pelos consórcios
públicos, mediante delegação de competência.
Já a legitimidade passiva pertence ao proprietário do bem a ser desapropriado, devendo a ação judicial ser
proposta contra ele. Se houver dúvida quanto à titularidade do bem, a ação deve ser proposta em
litisconsórcio passivo necessário entre todos os possíveis titulares.
➔ A intervenção do Ministério Público nas ações de desapropriação de imóvel rural para fins de reforma
agrária é obrigatória, porquanto presente o interesse público AgRg no REsp 1174225/SC.
a) Oferta de preço;
b) Exemplar do contrato ou meio oficial que houver publicado o decreto, ou cópia autenticada deles;
c) Planta ou descrição dos bens e suas confrontações
Na defesa ainda, o réu poderá alegar o direito de extensão, que consiste no direito de exigir que, na
desapropriação, se inclua a parte do restante do bem expropriado que se tornou inútil ou de difícil
utilização quando separado da parcela desapropriada.
De acordo com o art. 20 do DL 3.365/4, “a contestação só poderá versar sobre vício do processo judicial ou
impugnação do preço; qualquer outra questão deverá ser decidida por ação direta”.
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a) Declaração de urgência;
b) Depósito da quantia arbitrada.
Realizada a declaração de urgência, o ente desapropriante deve requerer a imissão provisória no prazo de
120 (cento e vinte) dias, sob pena de não ser concedida a imissão na posse e não poder ser renovada a
declaração de urgência.
➢ Desistência
A desistência na ação de desapropriação não segue a regra geral do CPC. Isto porque, na desapropriação, o
autor poderá desistir da ação de forma unilateral e a qualquer tempo, enquanto não incorporar o bem ao
seu patrimônio.
O STJ ainda decidiu que o ônus de comprovar a existência de fato impeditivo ao direito de desistência da
desapropriação compete ao expropriado
➢ Correção monetária
Súmula 67-STJ: Na desapropriação, cabe a atualização monetária, ainda que por mais de uma
vez, independente do decurso de prazo superior a um ano entre o cálculo e o efetivo pagamento
da indenização.
➢ Juros compensatórios: objetivam compensar o expropriado por ter perdido o bem antes de receber
a justa indenização. Os juros moratórios só incidem quando há imissão provisória na posse.
a) Índice: 6% ao ano;
b) Base de cálculo: diferença entre 80% do valor ofertado pelo ente expropriante e o valor fixado em
sentença;
c) Período de incidência: a partir da imissão provisória na posse.
Destaque-se ainda que o §1º do art. 15-A, julgado constitucional pelo STF, estabelece que os juros
compensatórios se destinam apenas a compensar a perda de renda comprovadamente sofrida pelo
proprietário. Já o §2º definiu que não serão devidos juros compensatórios quando o imóvel possuir graus
de utilização da terra e de eficiência na exploração iguais a zero.
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➢ Juros moratórios: possuem a finalidade de sancionar aquele que está em atraso (mora) no
cumprimento de sua obrigação.
O termo inicial dos juros moratórios em desapropriações é o dia 1º de janeiro do exercício seguinte àquele
em que o pagamento deveria ser feito (REsp 1272487/SE). O índice aplicável aos juros de mora é de 6% (seis
por cento) ao ano, conforme art. 15-B do Decreto-Lei 3.365/41.
a) Índice: 6% ao ano;
b) Base de cálculo: valor fixado em sentença;
c) Período de incidência: a partir do atraso no pagamento do precatório.
a) Tredestinação lícita: quando a destinação conferida ao bem, embora diversa da finalidade que
fundamentou a sua expropriação, atenda ao interesse público. É o caso do exemplo do bem
expropriado para ser uma escola se tornar sede de uma secretaria de governo;
b) Tredestinação ilícita: quando a destinação conferida ao bem é diversa à finalidade que ensejou a sua
desapropriação e não atende a uma finalidade pública, isto é, atende a um interesse privado. É o
exemplo do bem desapropriado para ser uma escola que é alienado ou tem o seu uso concedido a
terceiro particular.
A retrocessão é o direito de o expropriado exigir a devolução do bem desapropriado que não foi utilizado
pelo Ente Público para atender o interesse público mediante o pagamento do preço atual da coisa:
Código Civil:
Art. 519. Se a coisa expropriada para fins de necessidade ou utilidade pública, ou por interesse
social, não tiver o destino para que se desapropriou, ou não for utilizada em obras ou serviços
públicos, caberá ao expropriado direito de preferência, pelo preço atual da coisa.
A competência para desapropriar imóveis para fins de reforma agrária é privativa da União
A indenização será realizada em títulos da dívida agrária, com cláusula de preservação do valor real,
resgatáveis no prazo de até vinte anos, a partir do segundo ano de sua emissão, e cuja utilização será
definida em lei. Somente as benfeitorias úteis e necessárias é que serão indenizadas em dinheiro.
I - a pequena e média propriedade rural, assim definida em lei, desde que seu proprietário não
possua outra;
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II - a propriedade produtiva.
O procedimento é previsto na lei complementar 76/93. Após a publicação do decreto declaratório, a ação
de desapropriação para fins de reforma agrária deverá ser proposta no prazo de dois anos.
A referida lei dispõe que, o juiz, ao despachar a inicial, mandará imitir o autor na posse do imóvel,
independentemente de alegação de urgência e depósito dos valores previstos no DL 3.365/41 (art. 6º, LC
76/93).
DESAPROPRIAÇÃO URBANÍSTICA
Caso não esteja cumprindo a sua função social e a área esteja incluída no plano diretor, é possível ao
Município, mediante lei específica e na forma do Estatuto da Cidade (Lei 10.257/2001), exigir do proprietário
do solo urbano não edificado, subutilizado ou não utilizado, que promova seu adequado aproveitamento.
O pagamento da indenização será em títulos da dívida pública, com prévia aprovação pelo Senado Federal,
e serão resgatados no prazo de até dez anos, em prestações anuais, iguais e sucessivas, assegurados o valor
real da indenização e os juros legais de seis por cento ao ano.
DESAPROPRIAÇÃO CONFISCO
Art. 243. As propriedades rurais e urbanas de qualquer região do País onde forem localizadas
culturas ilegais de plantas psicotrópicas ou a exploração de trabalho escravo na forma da lei serão
expropriadas e destinadas à reforma agrária e a programas de habitação popular, sem qualquer
indenização ao proprietário e sem prejuízo de outras sanções previstas em lei, observado, no que
couber, o disposto no art. 5º. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 81, de 2014)
A desapropriação confisco ou confiscatória é uma hipótese específica prevista na Lei Maior em que não há
pagamento de indenização pelo expropriante.
Vale destacar que o art. 243 da CF não exige que a exploração das atividades previstas seja realizada pelo
proprietário. Sequer exige que o proprietário tenha participado da atividade ilícita. A expropriação das terras
decorre da mera constatação da atividade delitiva e somente deixará de ser executada se o proprietário
comprovar (e o ônus da prova cabe a ele) que não teve culpa no ilícito.
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A lei 8.257/91 estabeleceu o procedimento especial para a desapropriação confisco, aplicando-se o CPC
apenas subsidiariamente. A ação deverá ser proposta pela União perante a Justiça Federal.
DESAPROPRIAÇÃO INDIRETA
A desapropriação indireta consiste na expropriação da propriedade particular pelo Poder Público sem o
devido processo legal administrativo e/ou judicial.
Em regra, o prazo prescricional das ações indenizatórias por desapropriação indireta é decenal, presumindo-
se que o Ente Público realizou obras ou serviços de caráter produtivo. Admite-se, excepcionalmente, o prazo
prescricional de 15 anos, caso concreta e devidamente afastada a presunção legal (EREsp 1575846/SC).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Chegamos ao final da nossa aula 16, em que tratamos do assunto “Intervenção do Estado na Propriedade”.
Destaque absoluto para o tema desapropriações, mas é necessário conhecer também cada modalidade de
intervenção restritiva.
Rodolfo Penna
E-mail: prof.rodolfopenna@gmail.com
Instagram: https://www.instagram.com/rodolfobpenna
JURISPRUDÊNCIA CITADA
REQUISIÇÃO ADMINISTRATIVA DE BENS MUNICIPAIS
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O STF, por sua vez, decidiu pela inadmissibilidade da requisição de bens municipais (hospitais
municipais no caso concreto) pela União em situação de normalidade institucional, sem a
decretação de Estado de Defesa ou Estado de Sítio, tendo em vista que configura efetiva
intervenção da União no município, vedada pela Constituição (MS 25295).
LIMITAÇÃO ADMINISTRATIVA
A indenização pela limitação administrativa ao direito de edificar, advinda da criação de área non
aedificandi, somente é devida se imposta sobre imóvel urbano e desde que fique demonstrado
o prejuízo causado ao proprietário da área (AgRg no REsp 1113343/SC).
TOMBAMENTO
TOMBAMENTO GERAL
Não é necessário que o tombamento geral, como no caso da cidade de Tiradentes, tenha
procedimento para individualizar o bem (art. 1º do Decreto-Lei n. 25/37). As restrições do art. 17
do mesmo diploma legal se aplicam a todos os que tenham imóvel na área tombada (Resp
1.098.640/MG)
Ente desapropriante não responde pelos tributos incidentes sobre o imóvel desapropriado nas
hipóteses em que o período da ocorrência dos fatos geradores é anterior ao ato de aquisição
originária da propriedade (REsp 1.668.058-ES).
OBJETO DA DESAPROPRIAÇÃO
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Súmula 479-STF: As margens dos rios navegáveis são de domínio público, insuscetíveis de
expropriação e, por isso mesmo, excluídas de indenização.
Súmula 476-STF: Desapropriadas as ações de uma sociedade, o Poder desapropriante, imitido na
posse, pode exercer, desde logo, todos os direitos inerentes aos respectivos títulos.
Na hipótese de valorização geral ordinária, o Poder Público tem em mãos o instrumento legal da
contribuição de melhoria e, diante da valorização geral extraordinária, tem a desapropriação por
zona ou extensiva (art. 4º do DL n. 3.365/1941).
Por este motivo, em nenhum dos casos é cabível abatimento no valor da indenização decorrente
da desapropriação, em razão da valorização da área remanescente do proprietário
desapropriado. A Administração deve utilizar um dos instrumentos acima (REsp 795.580-SC).
JUSTA INDENIZAÇÃO
VALOR DO BEM. JUSTA INDENIZAÇÃO. SÚMULA 7/STJ. DIVERGÊNCIA ENTRE A ÁREA MEDIDA NO
LAUDO PERICIAL E A ÁREA ESCRITURADA. INDENIZAÇÃO DEVIDA. ÁREA REAL APURADA. VALOR
DEVIDO PELA DIFERENÇA DO TAMANHO. DEPÓSITO. POSTERIOR DEFINIÇÃO DA TITULARIDADE.
PAGAMENTO A QUEM DE DIREITO. JUROS COMPENSATÓRIOS. CABIMENTO. RESP 1.116.364/PI
(ART.
3. No que tange ao valor da indenização, as instâncias ordinárias, soberanas na análise das
provas, entenderam que o laudo pericial era o que melhor se ajustava ao valor de mercado do
imóvel. Concluir em sentido contrário demanda o revolvimento da matéria fático-probatória.
Incidência da Súmula 7/STJ.
4. Havendo divergências entre a área medida do bem e aquela escriturada no Registro de
Imóveis, a indenização devida deverá considerar a área efetivamente desaproprida, ainda que
o tamanho real seja maior do que o constante da escritura, a fim de não se configurar
enriquecimento sem causa em favor do ente expropriante.
(REsp 1466747/PE, Rel. Ministro HUMBERTO MARTINS, SEGUNDA TURMA, julgado em
24/02/2015, DJe 03/03/2015)
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O STJ, neste caso, possui entendimento pacífico de a qual a imissão definitiva na posse do imóvel
e a transcrição imobiliária somente é possível após o pagamento integral do valor indenizatório
fixado ao expropriado em sentença condenatória.
(AgInt no AREsp 882.066/SP, Rel. Ministro BENEDITO GONÇALVES, PRIMEIRA TURMA, julgado em
04/09/2018, DJe 10/09/2018)
Por outro lado, o possuidor do imóvel desapropriado tem direito ao levantamento da indenização
pela perda do seu direito possessório, ou seja, sendo o possuidor uma pessoa distinta do
proprietário, a indenização deverá ser dividida de acordo com o valor econômico da propriedade
e da posse (STJ: EDcl no AgRg no AREsp 361177/RJ).
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A intervenção do Ministério Público nas ações de desapropriação de imóvel rural para fins de reforma
agrária é obrigatória, porquanto presente o interesse público AgRg no REsp 1174225/SC.
NECESSIDADE DE PERÍCIA
DESISTÊNCIA DA DESAPROPRIAÇÃO.
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8. Se a desapropriação se faz por utilidade pública ou interesse social, uma vez que o imóvel já
não se mostre indispensável para o atingimento dessas finalidades, deve ser, em regra, possível
a desistência da desapropriação, com a ressalva do direito do atingido à ação de perdas e danos.
Essa desistência só não será possível se já tiver sido pago integralmente o preço, pois nessa
hipótese já terá se consolidado a transferência da propriedade do expropriado para o
expropriante, ou se tiverem sido feitas alterações de tal monta no imóvel que impeçam que ele
possa ser utilizado como antes.
9. A regra é a possibilidade de desistência da desapropriação.
Contra essa, pode ser alegado fato impeditivo do direito de desistência, consistente na
impossibilidade de o imóvel ser devolvido como recebido ou com danos de pouca monta.
10. Por ser fato impeditivo do direito de o expropriante desistir da desapropriação, é ônus do
expropriado provar sua existência, por aplicação da regra que vinha consagrada no art. 333, II,
do CPC/1973, hoje repetida no art. 373 do CPC/2015.
(...)
CONCLUSÃO 19. Como a regra é a possibilidade de desistência da desapropriação, o desistente
não tem de provar nada para desistir, cabendo ao expropriado requerer as perdas e danos a
que tiver direito por ação própria. Pretendendo o réu, porém, impedir a desistência, poderá
alegar que não há condição de o bem ser devolvido no estado em que recebido ou com danos
de pouca monta, mas é seu o ônus da prova.
(...)
(REsp 1368773/MS, Rel. Ministro OG FERNANDES, Rel. p/ Acórdão Ministro HERMAN BENJAMIN,
SEGUNDA TURMA, julgado em 06/12/2016, DJe 02/02/2017)
CORREÇÃO MONETÁRIA
Súmula 67-STJ: Na desapropriação, cabe a atualização monetária, ainda que por mais de uma
vez, independente do decurso de prazo superior a um ano entre o cálculo e o efetivo pagamento
da indenização.
Nas hipóteses em que o valor da indenização fixada judicialmente for igual ou inferior ao valor
ofertado inicialmente, a base de cálculo para os juros compensatórios e moratórios deve ser os
20% (vinte por cento) que ficaram indisponíveis para o expropriado (AgRg no REsp 1480265/RN).
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JUROS MORATÓRIOS
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RETROCESSÃO
“Não há falar em retrocessão se ao bem expropriado for dada destinação que atende ao interesse
público, ainda que diversa da inicialmente prevista no decreto expropriatório. A esse tipo de
situação a doutrina vem dando o nome de "tredestinação lícita" - aquela que ocorre quando,
persistindo o interesse público, o expropriante dispensa ao bem desapropriado destino diverso
do que planejara no início”. (REsp 968.414-SP).
DESAPROPRIAÇÃO INDIRETA
Não configura desapropriação indireta quando o Estado se limita a realizar serviços públicos de
infraestrutura em gleba cuja invasão por particulares apresenta situação consolidada e
irreversível. STJ. 2ª Turma. REsp 1.770.001-AM, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em
05/11/2019 (Info 660).
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LEGISLAÇÃO PERTINENTE
Constituição Federal
Art. 5| (...)
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particular, assegurada ao proprietário indenização ulterior, se houver dano;
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i 4| É facultado ao Poder Público municipal, mediante lei específica para área incluída no plano
diretor, exigir, nos termos da lei federal, do proprietário do solo urbano não edificado,
subutilizado ou não utilizado, que promova seu adequado aproveitamento, sob pena,
sucessivamente, de:
III - desapropriação com pagamento mediante títulos da dívida pública de emissão previamente
aprovada pelo Senado Federal, com prazo de resgate de até dez anos, em parcelas anuais, iguais
e sucessivas, assegurados o valor real da indenização e os juros legais.
Art. 184. Compete à União desapropriar por interesse social, para fins de reforma agrária, o
imóvel rural que não esteja cumprindo sua função social, mediante prévia e justa indenização em
títulos da dívida agrária, com cláusula de preservação do valor real, resgatáveis no prazo de até
vinte anos, a partir do segundo ano de sua emissão, e cuja utilização será definida em lei.
§ 2º O decreto que declarar o imóvel como de interesse social, para fins de reforma agrária,
autoriza a União a propor a ação de desapropriação.
§ 4º O orçamento fixará anualmente o volume total de títulos da dívida agrária, assim como o
montante de recursos para atender ao programa de reforma agrária no exercício.
Art. 243. As propriedades rurais e urbanas de qualquer região do País onde forem localizadas
culturas ilegais de plantas psicotrópicas ou a exploração de trabalho escravo na forma da lei serão
expropriadas e destinadas à reforma agrária e a programas de habitação popular, sem qualquer
indenização ao proprietário e sem prejuízo de outras sanções previstas em lei, observado, no que
couber, o disposto no art. 5º.
Parágrafo único. Todo e qualquer bem de valor econômico apreendido em decorrência do tráfico
ilícito de entorpecentes e drogas afins e da exploração de trabalho escravo será confiscado e
reverterá a fundo especial com destinação específica, na forma da lei.
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Decreto-Lei 3.365/41
Art. 1o A desapropriação por utilidade pública regular-se-á por esta lei, em todo o território
nacional.
Art. 2o Mediante declaração de utilidade pública, todos os bens poderão ser desapropriados pela
União, pelos Estados, Municípios, Distrito Federal e Territórios.
§ 2o Os bens do domínio dos Estados, Municípios, Distrito Federal e Territórios poderão ser
desapropriados pela União, e os dos Municípios pelos Estados, mas, em qualquer caso, ao ato
deverá preceder autorização legislativa.
a) a segurança nacional;
b) a defesa do Estado;
d) a salubridade pública;
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f) o aproveitamento industrial das minas e das jazidas minerais, das águas e da energia hidráulica;
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Àquele que for molestado por excesso ou abuso de poder, cabe indenização por perdas e danos,
sem prejuizo da ação penal.
Art. 8o O Poder Legislativo poderá tomar a iniciativa da desapropriação, cumprindo, neste caso,
ao Executivo, praticar os atos necessários à sua efetivação.
Neste caso, somente decorrido um ano, poderá ser o mesmo bem objeto de nova declaração.
Parágrafo único. Extingue-se em cinco anos o direito de propor ação que vise a indenização por
restrições decorrentes de atos do Poder Público.
Art. 10-A. O poder público deverá notificar o proprietário e apresentar-lhe oferta de indenização.
IV - informação de que o prazo para aceitar ou rejeitar a oferta é de 15 (quinze) dias e de que o
silêncio será considerado rejeição;
§ 2º Aceita a oferta e realizado o pagamento, será lavrado acordo, o qual será título hábil para a
transcrição no registro de imóveis.
Art. 10-B. Feita a opção pela mediação ou pela via arbitral, o particular indicará um dos órgãos
ou instituições especializados em mediação ou arbitragem previamente cadastrados pelo órgão
responsável pela desapropriação.
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§ 2º Poderá ser eleita câmara de mediação criada pelo poder público, nos termos do art. 32 da
Lei nº 13.140, de 26 de junho de 2015.
Art. 11. A ação, quando a União for autora, será proposta no Distrito Federal ou no foro da
Capital do Estado onde for domiciliado o réu, perante o juizo privativo, se houver; sendo outro o
autor, no foro da situação dos bens.
Art. 13. A petição inicial, alem dos requisitos previstos no Código de Processo Civil, conterá a
oferta do preço e será instruida com um exemplar do contrato, ou do jornal oficial que houver
publicado o decreto de desapropriação, ou cópia autenticada dos mesmos, e a planta ou
descrição dos bens e suas confrontações.
Parágrafo único. Sendo o valor da causa igual ou inferior a dois contos de réis (2:000$0),
dispensam-se os autos suplementares.
Art. 14. Ao despachar a inicial, o juiz designará um perito de sua livre escolha, sempre que
possivel, técnico, para proceder à avaliação dos bens.
Art. 15. Se o expropriante alegar urgência e depositar quantia arbitrada de conformidade com o
art. 685 do Código de Processo Civil, o juiz mandará imití-lo provisoriamente na posse dos bens;
§ 1º A imissão provisória poderá ser feita, independente da citação do réu, mediante o depósito:
a) do preço oferecido, se êste fôr superior a 20 (vinte) vêzes o valor locativo, caso o imóvel esteja
sujeito ao impôsto predial;
c) do valor cadastral do imóvel, para fins de lançamento do impôsto territorial, urbano ou rural,
caso o referido valor tenha sido atualizado no ano fiscal imediatamente anterior;
d) não tendo havido a atualização a que se refere o inciso c, o juiz fixará independente de
avaliação, a importância do depósito, tendo em vista a época em que houver sido fixado
originàlmente o valor cadastral e a valorização ou desvalorização posterior do imóvel.
§ 2º A alegação de urgência, que não poderá ser renovada, obrigará o expropriante a requerer a
imissão provisória dentro do prazo improrrogável de 120 (cento e vinte) dias.
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§ 3º Excedido o prazo fixado no parágrafo anterior não será concedida a imissão provisória.
Art. 15A No caso de imissão prévia na posse, na desapropriação por necessidade ou utilidade
pública e interesse social, inclusive para fins de reforma agrária, havendo divergência entre o
preço ofertado em juízo e o valor do bem, fixado na sentença, expressos em termos reais,
incidirão juros compensatórios de até seis por cento ao ano sobre o valor da diferença
eventualmente apurada, a contar da imissão na posse, vedado o cálculo de juros compostos.
§ 2o Não serão devidos juros compensatórios quando o imóvel possuir graus de utilização da
terra e de eficiência na exploração iguais a zero.
§ 3o O disposto no caput deste artigo aplica-se também às ações ordinárias de indenização por
apossamento administrativo ou desapropriação indireta, bem assim às ações que visem a
indenização por restrições decorrentes de atos do Poder Público, em especial aqueles destinados
à proteção ambiental, incidindo os juros sobre o valor fixado na sentença.
§ 4o Nas ações referidas no § 3o, não será o Poder Público onerado por juros compensatórios
relativos a período anterior à aquisição da propriedade ou posse titulada pelo autor da ação.
Art. 15-B Nas ações a que se refere o art. 15-A, os juros moratórios destinam-se a recompor a
perda decorrente do atraso no efetivo pagamento da indenização fixada na decisão final de
mérito, e somente serão devidos à razão de até seis por cento ao ano, a partir de 1 o de janeiro
do exercício seguinte àquele em que o pagamento deveria ser feito, nos termos do art. 100 da
Constituição.
Art. 16. A citação far-se-á por mandado na pessoa do proprietário dos bens; a do marido
dispensa a dá mulher; a de um sócio, ou administrador, a dos demais, quando o bem pertencer
a sociedade; a do administrador da coisa no caso de condomínio, exceto o de edificio de
apartamento constituindo cada um propriedade autonôma, a dos demais condôminos e a do
inventariante, e, se não houver, a do cônjuge, herdeiro, ou legatário, detentor da herança, a dos
demais interessados, quando o bem pertencer a espólio.
Parágrafo único. Quando não encontrar o citando, mas ciente de que se encontra no território
da jurisdição do juiz, o oficial portador do mandado marcará desde logo hora certa para a citação,
ao fim de 48 horas, independentemente de nova diligência ou despacho.
Art. 17. Quando a ação não for proposta no foro do domicilio ou da residência do réu, a citação
far-se-á por precatória, se ó mesmo estiver em lugar certo, fora do território da jurisdição do juiz.
Art. 18. A citação far-se-á por edital se o citando não for conhecido, ou estiver em lugar ignorado,
incerto ou inacessível, ou, ainda, no estrangeiro, o que dois oficiais do juizo certificarão.
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Art. 20. A contestação só poderá versar sobre vício do processo judicial ou impugnação do preço;
qualquer outra questão deverá ser decidida por ação direta.
Art. 21. A instância não se interrompe. No caso de falecimento do réu, ou perda de sua
capacidade civil, o juiz, logo que disso tenha conhecimento, nomeará curador à lide, ate que se
lhe habilite o interessado.
Art. 22. Havendo concordância sobre o preço, o juiz o homologará por sentença no despacho
saneador.
Art. 23. Findo o prazo para a contestação e não havendo concordância expressa quanto ao
preço, o perito apresentará o laudo em cartório até cinco dias, pelo menos, antes da audiência
de instrução e julgamento.
Ser-lhe-ão abonadas, como custas, as despesas com certidões e, a arbítrio do juiz, as de outros
documentos que juntar ao laudo.
§ 2o Antes de proferido o despacho saneador, poderá o perito solicitar prazo especial para
apresentação do laudo.
Parágrafo único. Se não se julgar habilitado a decidir, o juiz designará desde logo outra audiência
que se realizará dentro de 10 dias afim de publicar a sentença.
Parágrafo único. O juiz poderá arbitrar quantia módica para desmonte e transporte de
maquinismos instalados e em funcionamento.
Art. 26. No valor da indenização, que será contemporâneo da avaliação, não se incluirão os
direitos de terceiros contra o expropriado.
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§ 2º Decorrido prazo superior a um ano a partir da avaliação, o Juiz ou Tribunal, antes da decisão
final, determinará a correção monetária do valor apurado, conforme índice que será fixado,
trimestralmente, pela Secretaria de Planejamento da Presidência da República.
Art. 27. O juiz indicará na sentença os fatos que motivaram o seu convencimento e deverá
atender, especialmente, à estimação dos bens para efeitos fiscais; ao preço de aquisição e
interesse que deles aufere o proprietário; à sua situação, estado de conservação e segurança; ao
valor venal dos da mesma espécie, nos últimos cinco anos, e à valorização ou depreciação de
área remanescente, pertencente ao réu.
§ 1o A sentença que fixar o valor da indenização quando este for superior ao preço oferecido
condenará o desapropriante a pagar honorários do advogado, que serão fixados entre meio e
cinco por cento do valor da diferença, observado o disposto no § 4o do art. 20 do Código de
Processo Civil, não podendo os honorários ultrapassar R$ 151.000,00 (cento e cinqüenta e um
mil reais).
§ 4º O valor a que se refere o § 1o será atualizado, a partir de maio de 2000, no dia 1o de janeiro
de cada ano, com base na variação acumulada do Índice de Preços ao Consumidor Amplo - IPCA
do respectivo período.
Art. 28. Da sentença que fixar o preço da indenização caberá apelação com efeito simplesmente
devolutivo, quando interposta pelo expropriado, e com ambos os efeitos, quando o for pelo
expropriante.
§ 1 º A sentença que condenar a Fazenda Pública em quantia superior ao dobro da oferecida fica
sujeita ao duplo grau de jurisdição.
§ 2o Nas causas de valor igual ou inferior a dois contos de réis (2:000$0), observar-se-á o disposto
no art. 839 do Código de Processo Civil.
Art. 30. As custas serão pagas pelo autor se o réu aceitar o preço oferecido; em caso contrário,
pelo vencido, ou em proporção, na forma da lei.
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Art. 31. Ficam subrogados no preço quaisquer onus ou direitos que recaiam sobre o bem
expropriado.
§ 1o As dívidas fiscais serão deduzidas dos valores depositados, quando inscritas e ajuizadas.
§ 3o A discussão acerca dos valores inscritos ou executados será realizada em ação própria.
Art. 33. O depósito do preço fixado por sentença, à disposição do juiz da causa, é considerado
pagamento prévio da indenização.
§ 1º O depósito far-se-á no Banco do Brasil ou, onde este não tiver agência, em estabelecimento
bancário acreditado, a critério do juiz.
Art. 34. O levantamento do preço será deferido mediante prova de propriedade, de quitação de
dívidas fiscais que recaiam sobre o bem expropriado, e publicação de editais, com o prazo de 10
dias, para conhecimento de terceiros.
Parágrafo único. Se o juiz verificar que há dúvida fundada sobre o domínio, o preço ficará em
depósito, ressalvada aos interessados a ação própria para disputá-lo.
§ 2o Na hipótese deste artigo, o expropriado poderá levantar 100% (cem por cento) do depósito
de que trata o art. 33 deste Decreto-Lei.
§ 3o Do valor a ser levantado pelo expropriado devem ser deduzidos os valores dispostos nos §§
1o e 2o do art. 32 deste Decreto-Lei, bem como, a critério do juiz, aqueles tidos como necessários
para o custeio das despesas processuais.
Art. 35. Os bens expropriados, uma vez incorporados à Fazenda Pública, não podem ser objeto
de reivindicação, ainda que fundada em nulidade do processo de desapropriação. Qualquer ação,
julgada procedente, resolver-se-á em perdas e danos.
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Art. 36. É permitida a ocupação temporária, que será indenizada, afinal, por ação própria, de
terrenos não edificados, vizinhos às obras e necessários à sua realização.
Art. 40. O expropriante poderá constituir servidões, mediante indenização na forma desta lei.
Decreto-Lei 25/37
Art. 1| Constitue (sic) o patrimônio histórico e artístico nacional o conjunto dos bens móveis e
imóveis existentes no país e cuja conservação seja de interêsse (sic) público, quer por sua
vinculação a fatos memoráveis da história do Brasil, quer por seu excepcional valor arqueológico
ou etnográfico, bibliográfico ou artístico.
Art. 4º O Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional possuirá quatro Livros do Tombo,
nos quais serão inscritas as obras a que se refere o art. 1º desta lei, a saber:
3) no Livro do Tombo das Belas Artes, as coisas de arte erudita, nacional ou estrangeira;
4) no Livro do Tombo das Artes Aplicadas, as obras que se incluírem na categoria das artes
aplicadas, nacionais ou estrangeiras.
§ 2º Os bens, que se inclúem nas categorias enumeradas nas alíneas 1, 2, 3 e 4 do presente artigo,
serão definidos e especificados no regulamento que for expedido para execução da presente lei.
Art. 5| O tombamento dos bens pertencentes à União, aos Estados e aos Municípios se fará de
ofício, por ordem do diretor do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, mas deverá
ser notificado à entidade a quem pertencer, ou sob cuja guarda estiver a coisa tombada, afim de
produzir os necessários efeitos.
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1) o Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, por seu órgão competente, notificará o
proprietário para anuir ao tombamento, dentro do prazo de quinze dias, a contar do recebimento
da notificação, ou para, si o quisér impugnar, oferecer dentro do mesmo prazo as razões de sua
impugnação.
2) no caso de não haver impugnação dentro do prazo assinado. que é fatal, o diretor do Serviço
do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional mandará por símples despacho que se proceda à
inscrição da coisa no competente Livro do Tombo.
3) se a impugnação for oferecida dentro do prazo assinado, far-se-á vista da mesma, dentro de
outros quinze dias fatais, ao órgão de que houver emanado a iniciativa do tombamento, afim de
sustentá-la. Em seguida, independentemente de custas, será o processo remetido ao Conselho
Consultivo do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, que proferirá decisão a
respeito, dentro do prazo de sessenta dias, a contar do seu recebimento. Dessa decisão não
caberá recurso.
Art. 10. O tombamento dos bens, a que se refere o art. 6º desta lei, será considerado provisório
ou definitivo, conforme esteja o respectivo processo iniciado pela notificação ou concluído pela
inscrição dos referidos bens no competente Livro do Tombo.
Parágrafo único. Para todas os efeitos, salvo a disposição do art. 13 desta lei, o tombamento
provisório se equiparará ao definitivo.
Art. 11. As coisas tombadas, que pertençam à União, aos Estados ou aos Municípios, inalienáveis
por natureza, só poderão ser transferidas de uma à outra das referidas entidades.
Parágrafo único. Feita a transferência, dela deve o adquirente dar imediato conhecimento ao
Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional.
Art. 12. A alienabilidade das obras históricas ou artísticas tombadas, de propriedade de pessôas
naturais ou jurídicas de direito privado sofrerá as restrições constantes da presente lei.
Art. 13. O tombamento definitivo dos bens de propriedade partcular será, por iniciativa do órgão
competente do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, transcrito para os devidos
efeitos em livro a cargo dos oficiais do registro de imóveis e averbado ao lado da transcrição do
domínio.
i 1| No caso de transferência de propriedade dos bens de que trata êste artigo, deverá o
adquirente, dentro do prazo de trinta dias, sob pena de multa de dez por cento sôbre o respectivo
valor, fazê-la constar do registro, ainda que se trate de transmissão judicial ou causa mortis.
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Art. 14. A. coisa tombada não poderá saír do país, senão por curto prazo, sem transferência de
domínio e para fim de intercâmbio cultural, a juízo do Conselho Consultivo do Serviço do
Patrimônio Histórico e Artistico Nacional.
Art. 15. Tentada, a não ser no caso previsto no artigo anterior, a exportação, para fora do país,
da coisa tombada, será esta sequestrada pela União ou pelo Estado em que se encontrar.
i 3| A pessôa que tentar a exportação de coisa tombada, alem de incidir na multa a que se
referem os parágrafos anteriores, incorrerá, nas penas cominadas no Código Penal para o crime
de contrabando.
Art. 16. No caso de extravio ou furto de qualquer objéto tombado, o respectivo proprietário
deverá dar conhecimento do fáto ao Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, dentro
do prazo de cinco dias, sob pena de multa de dez por cento sôbre o valor da coisa.
Art. 17. As coisas tombadas não poderão, em caso nenhum ser destruidas, demolidas ou
mutiladas, nem, sem prévia autorização especial do Serviço do Patrimônio Histórico e Artistico
Nacional, ser reparadas, pintadas ou restauradas, sob pena de multa de cincoenta por cento do
dano causado.
Parágrafo único. Tratando-se de bens pertencentes á União, aos Estados ou aos municípios, a
autoridade responsável pela infração do presente artigo incorrerá pessoalmente na multa.
Art. 18. Sem prévia autorização do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, não se
poderá, na vizinhança da coisa tombada, fazer construção que lhe impeça ou reduza a
visibílidade, nem nela colocar anúncios ou cartazes, sob pena de ser mandada destruir a obra ou
retirar o objéto, impondo-se nêste caso a multa de cincoenta por cento do valor do mesmo
objéto.
Art. 19. O proprietário de coisa tombada, que não dispuzer de recursos para proceder às obras
de conservação e reparação que a mesma requerer, levará ao conhecimento do Serviço do
Patrimônio Histórico e Artístico Nacional a necessidade das mencionadas obras, sob pena de
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multa correspondente ao dobro da importância em que fôr avaliado o dano sofrido pela mesma
coisa.
i 3| Uma vez que verifique haver urgência na realização de obras e conservação ou reparação
em qualquer coisa tombada, poderá o Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional tomar
a iniciativa de projetá-las e executá-las, a expensas da União, independentemente da
comunicação a que alude êste artigo, por parte do proprietário.
Art. 20. As coisas tombadas ficam sujeitas à vigilância permanente do Serviço do Patrimônio
Histórico e Artístico Nacional, que poderá inspecioná-los sempre que fôr julgado conveniente,
não podendo os respectivos proprietários ou responsáveis criar obstáculos à inspeção, sob pena
de multa de cem mil réis, elevada ao dôbro em caso de reincidência.
Art. 21. Os atentados cometidos contra os bens de que trata o art. 1| desta lei são equiparados
aos cometidos contra o patrimônio nacional.
QUESTÕES COMENTADAS
Magistratura
(A) a declaração de utilidade pública impede que o proprietário aliene o bem objeto da declaração.
(B) a ação de desapropriação é uma ação especial, cujo objeto diz respeito a todos os possíveis aspectos da
decisão administrativa de desapropriar.
(C) a desapropriação por interesse social deverá efetivar-se mediante acordo, ou intentar-se judicialmente,
dentro de 5 (cinco) anos contados da data da respectiva declaração.
(D) a fase executória da desapropriação, como instrumento que extingue a propriedade privada, não poderá
ser promovida por concessionários de serviço público.
(E) a desapropriação poderá abranger a área contígua necessária ao desenvolvimento da obra a que se
destina, e as zonas que se valorizarem extraordinariamente, em consequência da realização do serviço. Em
qualquer caso, a declaração de utilidade pública deverá compreendê-las, mencionando quais as
indispensáveis à execução da obra e as que se destinam à revenda.
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Comentários
Trata-se de uma forma de aquisição originária da propriedade, tendo em vista que independe da vontade
do titular anterior, pelo que o Ente Público recebe o bem livre de eventuais ônus reais e pode recair sobre
todo e qualquer bem que possa ser valorado economicamente, não importando se o bem é móvel ou imóvel,
corpóreo ou incorpóreo, podendo, inclusive, ser privado ou público. De acordo com o DL 3.365/41:
A declaração de utilidade pública não impede que o proprietário aliene o bem objeto da declaração.
Portanto, a alternativa A está incorreta. Nos termos do que prevê o art. 2º do DL 3.365/41, “mediante
declaração de utilidade pública, todos os bens poderão ser desapropriados pela União, pelos Estados,
Municípios, Distrito Federal e Territórios”. Por seu turno, o art. 5º, § 8º do decreto estabelece que os bens
desapropriados para fins de utilidade pública e os direitos decorrentes da respectiva imissão na posse
poderão ser alienados a terceiros, locados, cedidos, arrendados, outorgados em regime de concessão de
direito real de uso, concessão comum, PPP e transferidos como integralização de fundos de investimento ou
sociedades de propósito específico.
A Lei n. 4.132/62, que define os casos de desapropriação por interesse social e dispõe sobre sua aplicação,
estabelece (art. 1º) que a desapropriação por interesse social será decretada para promover a justa
distribuição da propriedade ou condicionar o seu uso ao bem-estar social, na forma do art. 147 da
Constituição Federal. O art. 3º da lei concede ao expropriante o prazo de 2 (dois) anos, a partir da decretação
da desapropriação por interesse social, para efetivar a aludida desapropriação e iniciar as providências de
aproveitamento do bem expropriado. Desse modo, e tendo em vista que a alternativa C afirma que o prazo
será de 05 (cinco) anos, concluímos que a assertiva está incorreta.
A afirmação contida na alternativa D está, de igual forma, incorreta. De acordo com o art. 3º do DL 3.365/41,
os concessionários de serviços públicos poderão promover desapropriações, desde que exista autorização
expressa, em lei ou contrato, não tendo sido feita qualquer ressalva sobre as fases em que poderão atuar.
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2. (FGV / TJ-AP / 2022) João é proprietário de imóvel rural que engloba grande área na cidade Alfa,
interior do Estado. O imóvel de João, sem seu conhecimento, foi invadido por terceiras pessoas que
passaram a cultivar plantas psicotrópicas (maconha) de forma ilícita. O Município Alfa ajuizou ação
perante a Justiça Estadual visando à desapropriação confisco do imóvel de João. No caso em tela, de
acordo com o entendimento do Supremo Tribunal Federal, a expropriação prevista no Art. 243 da
Constituição da República de 1988:
(A) pode ser afastada, desde que o proprietário João comprove que não incorreu em dolo ou culpa grave,
pois possui responsabilidade subjetiva, vedada a inversão do ônus da prova, mas o Juízo deve extinguir o
processo sem resolução do mérito pela ilegitimidade ativa do Município Alfa, pois a ação deve ser proposta
pela União, na Justiça Federal;
(B) pode ser afastada, desde que o proprietário João comprove que não incorreu em dolo ou culpa grave,
pois possui responsabilidade subjetiva, vedada a inversão do ônus da prova, mas o Juízo deve extinguir o
processo sem resolução do mérito pela ilegitimidade ativa do Município Alfa, pois a ação deve ser proposta
pelo Estado;
(C) não pode ser afastada, pois João possui responsabilidade objetiva, vedada a inversão do ônus da prova,
e o Judiciário deve julgar procedente o pedido de desapropriação confisco, de maneira que o imóvel de João
seja destinado à reforma agrária e a programas de habitação popular, sem qualquer indenização ao
proprietário e sem prejuízo de outras sanções previstas em lei;
(D) pode ser afastada, desde que o proprietário João comprove que não incorreu em culpa, ainda que in
vigilando ou in eligendo, pois possui responsabilidade subjetiva, com inversão do ônus da prova, mas o Juízo
deve extinguir o processo sem resolução do mérito pela ilegitimidade ativa do Município Alfa, pois a ação
deve ser proposta pela União, na Justiça Federal;
(E) não pode ser afastada, pois João possui responsabilidade objetiva, admitida a inversão do ônus da prova,
e o Judiciário deve julgar procedente o pedido de desapropriação confisco, sendo que todo e qualquer bem
de valor econômico apreendido em decorrência do tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins será
confiscado e reverterá a fundo especial com destinação específica, na forma da lei.
Comentários
Gabarito: Letra D
A responsabilidade de João será subjetiva e poderá ser afastada, nos termos do que prevê a jurisprudência
do STF:
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O art. 243 da CF não exige que o proprietário tenha participado do ilícito para o confisco da
propriedade, basta que tenha algum grau de culpa. O proprietário somente pode se eximir de ter a
propriedade confiscada se comprovar que não teve culpa no ilícito, ainda que in vigilando ou in
elegendo. Há uma inversão do ônus da prova. Além disso, se houver mais de um proprietário, haverá
o confisco mesmo que apenas um tenha sido culpado, cabendo ao inocente pleitear indenização (RE
635336, Informativo 851, STF).
A alternativa A está incorreta. Nos termos da jurisprudência do STF, haverá inversão do ônus da prova,
contrariando a afirmação contida na assertiva no sentido de ser esta vedada. Ainda, tendo em vista que a
responsabilidade de João será subjetiva, concluímos que as alternativas C e E estão incorretas.
Art. 243. As propriedades rurais e urbanas de qualquer região do País onde forem localizadas
culturas ilegais de plantas psicotrópicas ou a exploração de trabalho escravo na forma da lei serão
expropriadas e destinadas à reforma agrária e a programas de habitação popular, sem qualquer
indenização ao proprietário e sem prejuízo de outras sanções previstas em lei, observado, no que
couber, o disposto no art. 5º. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 81, de 2014)
Parágrafo único. Todo e qualquer bem de valor econômico apreendido em decorrência do tráfico
ilícito de entorpecentes e drogas afins e da exploração de trabalho escravo será confiscado e
reverterá a fundo especial com destinação específica, na forma da lei. (Redação dada pela
Emenda Constitucional nº 81, de 2014)
Além disso, a lei 8.257/91 estabeleceu o procedimento especial para a desapropriação confisco, aplicando-
se o CPC apenas subsidiariamente. A ação deverá ser proposta pela União perante a Justiça Federal.
Portanto, a alternativa B, ao afirmar que a ação deverá ser proposta pelo Estado, está incorreta.
3. (FGV / TJ-PR / 2021) O Município Beta, em matéria de política pública de desenvolvimento urbano,
deseja adotar medidas que tenham por objetivo ordenar o pleno desenvolvimento das funções sociais da
cidade e garantir o bem-estar de seus habitantes. Assim, de acordo com o que dispõe a Constituição da
República de 1988, o Município Beta, com base no Estatuto da Cidade e em lei específica para área incluída
em seu plano diretor, pode exigir do proprietário do solo urbano não edificado, subutilizado ou não
utilizado, que promova seu adequado aproveitamento, sob pena, sucessivamente, de:
(A) imposto sobre a propriedade predial e territorial urbana progressivo no tempo; parcelamento ou
edificação compulsórios; desapropriação sanção, sem direito à prévia indenização;
(B) imposto sobre a propriedade predial e territorial urbana progressivo no tempo; parcelamento ou
edificação compulsórios; desapropriação sanção, com direito à ulterior indenização, após processo judicial,
mediante pagamento com títulos da dívida pública municipal;
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(C) imposto sobre a propriedade predial e territorial urbana progressivo no tempo; parcelamento ou
edificação compulsórios; desapropriação com pagamento mediante títulos da dívida pública municipal, com
prazo de resgate de até cinco anos, em parcelas anuais, iguais e sucessivas, assegurados o valor real da
indenização e os juros legais;
(D) parcelamento ou edificação compulsórios; imposto sobre a propriedade predial e territorial urbana
progressivo no tempo; desapropriação com pagamento mediante sistema de precatório, após o trânsito em
julgado de ação judicial, assegurados o valor real da indenização e os juros legais;
(E) parcelamento ou edificação compulsórios; imposto sobre a propriedade predial e territorial urbana
progressivo no tempo; desapropriação com pagamento mediante títulos da dívida pública de emissão
previamente aprovada pelo Senado Federal, com prazo de resgate de até dez anos, em parcelas anuais, iguais
e sucessivas, assegurados o valor real da indenização e os juros legais.
Comentários
Art. 182. A política de desenvolvimento urbano, executada pelo Poder Público municipal,
conforme diretrizes gerais fixadas em lei, tem por objetivo ordenar o pleno desenvolvimento das
funções sociais da cidade e garantir o bem- estar de seus habitantes.
§ 4º É facultado ao Poder Público municipal, mediante lei específica para área incluída no plano
diretor, exigir, nos termos da lei federal, do proprietário do solo urbano não edificado,
subutilizado ou não utilizado, que promova seu adequado aproveitamento, sob pena,
sucessivamente, de:
III - desapropriação com pagamento mediante títulos da dívida pública de emissão previamente
aprovada pelo Senado Federal, com prazo de resgate de até dez anos, em parcelas anuais, iguais
e sucessivas, assegurados o valor real da indenização e os juros legais.
Perceba que os instrumentos elencados no texto constitucional devem ser aplicados de forma sucessiva, de
modo que em primeiro lugar será determinado o parcelamento ou edificação compulsórios, posteriormente
haverá a incidência de imposto sobre a propriedade predial e territorial urbana progressivo no tempo e,
por fim, a desapropriação com pagamento mediante títulos da dívida pública de emissão previamente
aprovada pelo Senado Federal, com prazo de resgate de até dez anos, em parcelas anuais, iguais e
sucessivas, assegurados o valor real da indenização e os juros legais.
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Comentários
A alternativa A está incorreta. Polêmica! A banca considerou a alternativa como incorreta. De acordo com
o art. 10 do DL 3.365/41, o prazo de caducidade da declaração de utilidade ou necessidade pública é de 5
(cinco) anos contados da data da expedição do decreto. Se houver a caducidade, o bem somente poderá ser
objeto de novo decreto após 1 (um) ano.
Acredito que considerou que o erro está na afirmação de que a desapropriação deverá se efetivar
judicialmente, enquanto o dispositivo estabelece que a desapropriação deverá “intentar-se” judicialmente.
A meu ver, questão passível de anulação, pois a alternativa A está correta. Serve para treinamento.
A alternativa B está incorreta. O silêncio é considerado rejeição. De acordo com o art. 10-A, o poder público
deverá notificar o proprietário, apresentando oferta de indenização pelo bem, que deverá conter: I - cópia
do ato de declaração de utilidade pública; II - planta ou descrição dos bens e suas confrontações; III - valor
da oferta; IV - informação de que o prazo para aceitar ou rejeitar a oferta é de 15 (quinze) dias e de que o
silêncio será considerado rejeição.
A alternativa C está incorreta. Realizada a declaração de urgência, o ente desapropriante deve requerer a
imissão provisória no prazo de 120 (cento e vinte) dias, sob pena de não ser concedida a imissão na posse e
não poder ser renovada a declaração de urgência.
A declaração de urgência não precisa constar do decreto expropriatório, pode ser realizada no curso do
processo judicial de desapropriação.
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A alternativa D está correta e é o gabarito da questão. O art. 10-B estabelece a possibilidade de as partes
optarem pela mediação ou pela via arbitral. Neste caso o particular é quem deverá indicar um dos órgãos
ou instituições especializadas, dentre as previamente cadastradas pelo órgão responsável pela
desapropriação.
Art. 10-B. Feita a opção pela mediação ou pela via arbitral, o particular indicará um dos órgãos
ou instituições especializados em mediação ou arbitragem previamente cadastrados pelo órgão
responsável pela desapropriação.
A alternativa E está incorreta. Em relação à competência, o DL estabelece que, quando a União for autora,
a ação será proposta no Distrito Federal ou no foro da Capital do Estado onde for domiciliado o réu. Se outro
for o autor, a ação será proposta no foro da situação dos bens (art. 11). Se o imóvel for situado em mais de
um foro, comarca ou Estado, a competência é definida pela prevenção, sendo prevento o juízo que primeiro
conhecer da causa, estendendo-se a competência sobre a totalidade do imóvel.
5. (CESPE / TJ-PA / 2019) Assinale a opção que indica a denominação dada ao direito do expropriado
de exigir de volta o imóvel objeto de desapropriação na hipótese de o poder público não dar o destino
adequado ao bem desapropriado.
a) desapropriação indireta
b) enfiteuse
c) tredestinação
d) retrocessão
e) servidão administrativa
Comentários
A alternativa B está incorreta. Enfiteuse é uma forma de utilização privativa do bem público pelo particular,
mediante pagamento do foro, em que o particular recebe o domínio útil do bem.
a) Tredestinação lícita: quando a destinação conferida ao bem, embora diversa da finalidade que
fundamentou a sua expropriação, atenda ao interesse público. É o caso do exemplo do bem
expropriado para ser uma escola se tornar sede de uma secretaria de governo;
b) Tredestinação ilícita: quando a destinação conferida ao bem é diversa à finalidade que ensejou a sua
desapropriação e não atende a uma finalidade pública, isto é, atende a um interesse privado. É o
exemplo do bem desapropriado para ser uma escola que é alienado ou tem o seu uso concedido a
terceiro particular.
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A retrocessão somente se verifica quando ocorrer a tredestinação ilícita. A tredestinação lícita não dá
ensejo à retrocessão, tendo em vista que a expropriação do bem atendeu ao interesse público, embora não
tenha atendido à finalidade específica que ensejou a sua expropriação.
A alternativa E está incorreta. Servidão administrativa, regida pelo art. 40 do Decreto-Lei 3.365/41, é um
direito real público que permite a utilização de propriedade imóvel privada pela Administração Pública ou
pelos delegatários de serviços públicos para execução de obras ou serviços de interesse coletivo.
A servidão administrativa pode ser constituída diretamente pelo Poder Público ou por um delegatário de
serviço público, desde que este seja autorizado por lei ou por ato negocial.
Comentários
A alternativa B está incorreta. Já com relação à competência, o DL estabelece que, quando a União for
autora, a ação será proposta no Distrito Federal ou no foro da Capital do Estado onde for domiciliado o réu.
Se outro for o autor, a ação será proposta no foro da situação dos bens (art. 11).
A alternativa C está incorreta. a quantia a ser depositada está prevista no art. 15, §1º, do DL 3.365/41:
Art. 15 (...)
§ 1º A imissão provisória poderá ser feita, independente da citação do réu, mediante o depósito:
a) do preço oferecido, se este for superior a 20 (vinte) vezes o valor locativo, caso o imóvel esteja
sujeito ao imposto predial;
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c) do valor cadastral do imóvel, para fins de lançamento do imposto territorial, urbano ou rural,
caso o referido valor tenha sido atualizado no ano fiscal imediatamente anterior;
d) não tendo havido a atualização a que se refere o inciso c, o juiz fixará independente de
avaliação, a importância do depósito, tendo em vista a época em que houver sido fixado
originalmente o valor cadastral e a valorização ou desvalorização posterior do imóvel.
Art. 15. Se o expropriante alegar urgência e depositar quantia arbitrada de conformidade com
o art. 685 do Código de Processo Civil, o juiz mandará imiti-lo provisoriamente na posse dos bens;
7. (CESPE / TJ-PR / 2019) Assinale a opção que indica a denominação dada ao ônus real de uso
instituído pela administração pública sobre determinado imóvel privado para atendimento do interesse
público, mediante indenização dos prejuízos efetivamente suportados.
a) limitação administrativa
b) tombamento
c) servidão administrativa
d) ocupação temporária
Comentários
A alternativa C está correta e é o gabarito da questão. Servidão administrativa, regida pelo art. 40 do
Decreto-Lei 3.365/41, é um direito real público que permite a utilização de propriedade imóvel privada pela
Administração Pública ou pelos delegatários de serviços públicos para execução de obras ou serviços de
interesse coletivo.
Recairá obrigatoriamente sobre bens imóveis determinados, terá caráter de perpetuidade (permanente) e,
obrigatoriamente, será registrada no Cartório de Registro de Imóveis para que produza efeitos erga omnes.
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A alternativa D está incorreta. A ocupação temporária é a utilização, em regra por prazo determinado e em
situação de normalidade, de bens privados para a execução de obra pública ou a prestação de serviços
públicos. Há previsão expressa da ocupação temporária no DL 3.365/41:
Art. 36. É permitida a ocupação temporária, que será indenizada, afinal, por ação própria, de
terrenos não edificados, vizinhos às obras e necessários à sua realização.
8. (CESPE / TJ-BA / 2019) O Estado, no exercício do poder de polícia, pode restringir o uso da
propriedade particular por meio de obrigações de caráter geral, com base na segurança, na salubridade,
na estética, ou em outro fim público, o que, em regra, não é indenizável. Essa forma de exercício do poder
de polícia pelo Estado corresponde a
a) uma servidão administrativa.
b) uma ocupação temporária.
c) uma requisição.
d) uma limitação administrativa.
e) um tombamento.
Comentários
A alternativa A está incorreta. Servidão administrativa, regida pelo art. 40 do Decreto-Lei 3.365/41, é um
direito real público que permite a utilização de propriedade imóvel privada pela Administração Pública ou
pelos delegatários de serviços públicos para execução de obras ou serviços de interesse coletivo.
Recairá obrigatoriamente sobre bens imóveis determinados, terá caráter de perpetuidade (permanente) e,
obrigatoriamente, será registrada no Cartório de Registro de Imóveis para que produza efeitos erga omnes.
A alternativa B está incorreta. A ocupação temporária é a utilização, em regra por prazo determinado e em
situação de normalidade, de bens privados para a execução de obra pública ou a prestação de serviços
públicos. Há previsão expressa da ocupação temporária no DL 3.365/41:
Art. 36. É permitida a ocupação temporária, que será indenizada, afinal, por ação própria, de
terrenos não edificados, vizinhos às obras e necessários à sua realização.
Art. 5º (...)
XXV - no caso de iminente perigo público, a autoridade competente poderá usar de propriedade
particular, assegurada ao proprietário indenização ulterior, se houver dano;
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A alternativa D está correta e é o gabarito da questão. A limitação administrativa impõe obrigações positivas
ou negativas a proprietários indeterminados, com a finalidade de promover a função social das
propriedades. Trata-se de restrições de caráter geral, não atingindo um único bem ou um grupo de bens
específicos, mas todos os proprietários que se encontrem na hipótese descrita na norma.
As referidas limitações decorrem diretamente do exercício do poder de polícia estatal e possui efeitos ex
nunc, ou seja, efeitos proativos.
Com essas limitações, busca evitar a destruição ou deterioração do bem que resultaria em perda de
informações relevantes para a história do país ou prejuízos a obras artísticas ou culturais.
Comentários
Art. 34. O levantamento do preço será deferido mediante prova de propriedade, de quitação de
dívidas fiscais que recaiam sobre o bem expropriado, e publicação de editais, com o prazo de 10
dias, para conhecimento de terceiros.
Se o imóvel fora apossado indevidamente pelo Estado, não há que se falar nesse procedimento. (STJ. 1l
Turma. AgRg no REsp 1.159.721/RN).
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Ocorreu, "in casu", Desapropriação Indireta. O Poder Público cometeu um ato ilícito, pois se apossou e não
pagou. Construção pretoriana, criada a partir de ações possessórias e reivindicatórias convertidas em
indenizatórias, diante do princípio da intangibilidade da obra pública. REsp 770098/RS.
A alternativa D está incorreta. Não se funda em decreto, tendo em vista que não observa o devido processo
legal. Já na desapropriação direta, a ação judicial é promovida pelo Poder Público.
Comentários
No caso do tombamento, somente se verificará que houve desapropriação indireta se houver esvaziamento
do conteúdo econômico do bem. Excepcionalmente, se o tombamento ensejar o esvaziamento do conteúdo
econômico do bem, o proprietário não poderá suportar sozinho o dano, tendo em vista que se configurará
verdadeira desapropriação indireta, sendo devida indenização.
A alternativa B está incorreta. A competência para desapropriar imóveis para fins de reforma agrária é
privativa da União, que deve declarar o imóvel de interesse social antes de propor a ação de desapropriação.
Não é possível aos demais Entes Federados desapropriarem imóveis rurais sem função social para fins de
reforma agrária, com base no art. 184, CF.
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Por outro lado, o imóvel rural pode ser desapropriado por outro motivo e para fins diversos da reforma
agrária pelos Estados, DF e Municípios.
De acordo com o art. 4º do DL 3.365/41, a “desapropriação poderá abranger a área contígua necessária ao
desenvolvimento da obra a que se destina, e as zonas que se valorizarem extraordinariamente, em
consequência da realização do serviço. Em qualquer caso, a declaração de utilidade pública deverá
compreendê-las, mencionando-se quais as indispensáveis à continuação da obra e as que se destinam à
revenda.”
A alternativa D está correta e é o gabarito da questão. A competência para executar a desapropriação será
do Ente federado que declarou a utilidade pública ou o interesse social do bem. No entanto, é possível a
delegação da competência executória para entes da Administração indireta, para concessionárias de serviço
público (Lei 8.987/95, art. 31, VI e art. 3º, DL 3.365/41) ou para os consórcios públicos (Lei 11.107/2005).
Lei 8.987/95:
A alternativa E está incorreta. Trata-se de hipótese de usucapião especial urbana coletiva prevista no art. 10
do Estatuto das Cidades. A desapropriação por zona está no art. 4º do DL 3.365/41, a “desapropriação poderá
abranger a área contígua necessária ao desenvolvimento da obra a que se destina, e as zonas que se
valorizarem extraordinariamente, em consequência da realização do serviço. Em qualquer caso, a
declaração de utilidade pública deverá compreendê-las, mencionando-se quais as indispensáveis à
continuação da obra e as que se destinam à revenda.”
Promotor
11. (MP-GO / MP-GO / 2019) Acerca da intervenção do Estado na propriedade, assinale a resposta
correta:
a) São insuscetíveis de desapropriação para fins de reforma agrária a propriedade produtiva, desde que o
proprietário não possua outra.
b) As desapropriações de imóveis urbanos serão feitas sempre com prévia indenização em títulos da dívida
pública.
c) Compete a União desapropriar por interesse social, para fins de reforma agrária, o imóvel rural que não
esteja cumprindo sua função social, mediante prévia e justa indenização em títulos da dívida agrária,
resgatáveis no prazo de até dez anos.
d) A propriedade rural e urbana expropriada em decorrência de cultura ilegal de plantas psicotrópicas e
exploração de trabalho escravo serão destinadas à reforma agrária e a programas de habitação popular.
Comentários
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A alternativa A está incorreta. Não há a ressalva “desde que o proprietário não possua outra. Se a
propriedade for produtiva, não é passível de desapropriação para fins de reforma agrária, tendo em vista
que cumpre a sua função social. O art. 185 da CF prevê alguns bens que são absolutamente insuscetíveis de
desapropriação:
I - a pequena e média propriedade rural, assim definida em lei, desde que seu proprietário não
possua outra;
II - a propriedade produtiva.
Parágrafo único. A lei garantirá tratamento especial à propriedade produtiva e fixará normas para o
cumprimento dos requisitos relativos a sua função social.
A alternativa B está incorreta. A indenização deve ser justa e, em regra, prévia e em dinheiro.
A indenização justa é aquela que envolve o valor de mercado do bem a ser expropriado, os danos
emergentes decorrentes da perda de propriedade, bem como os lucros cessantes, acrescidos de correção
monetária a partir da avaliação do bem.
i. Desapropriação extraordinária urbanística (art. 182, §4º, CF): indenização em títulos da dívida pública
de emissão previamente aprovada pelo Senado Federal, com prazo de resgate de até dez anos, em
parcelas anuais, iguais e sucessivas;
ii. Desapropriação para fins de reforma agrária (art. 184, CF): indenização em títulos da dívida agrária,
com cláusula de preservação do valor real, resgatáveis no prazo de até vinte anos, a partir do segundo
ano de sua emissão;
iii. Desapropriação confisco: independe de indenização.
Logo, apenas a desapropriação urbanística é que enseja o pagamento em títulos da dívida pública.
A alternativa C está incorreta. O resgate é em até 20 anos. A competência para a desapropriação para fins
de reforma agrária é, de fato, da União.
Desapropriação para fins de reforma agrária (art. 184, CF): indenização em títulos da dívida agrária, com
cláusula de preservação do valor real, resgatáveis no prazo de até vinte anos, a partir do segundo ano de sua
emissão.
A alternativa D está correta e é o gabarito da questão. É o que dispõe o art. 243 da CF:
Art. 243. As propriedades rurais e urbanas de qualquer região do País onde forem localizadas
culturas ilegais de plantas psicotrópicas ou a exploração de trabalho escravo na forma da lei serão
expropriadas e destinadas à reforma agrária e a programas de habitação popular, sem qualquer
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indenização ao proprietário e sem prejuízo de outras sanções previstas em lei, observado, no que
couber, o disposto no art. 5º. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 81, de 2014)
Comentários
A alternativa A está incorreta e é o gabarito da questão. Em regra, o particular proprietário do bem tombado
não possui direito a indenização, tendo em vista que permanece na titularidade do bem, podendo exercer
os direitos de propriedade sobre ele, embora limitados.
A doutrina diverge quanto à natureza jurídica do tombamento. Alguns doutrinadores o entendem como
espécie de servidão administrativa e outros como limitação administrativa.
A alternativa B está correta. De fato, a União pode realizar o tombamento de bens dos Estados, do DF e dos
Municípios. Polêmica existe com relação à possibilidade do tombamento “de baixo para cima”, ou seja,
quanto à possibilidade de tombamento de bens da União por Estados ou Municípios.
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Embora exista, doutrina que entenda pela impossibilidade, o STF e o STJ já se manifestaram quanto à
viabilidade de tombamento, pelo Município, de bens dos Estados e da União, assim como os Estados podem
tombar bens federais (STF: ACO 1.208 AgR/MS; STJ: RMS 18.952/RJ).
Quanto aos efeitos, está correto, sendo imposto ao proprietário do bem diversas obrigações, especialmente
a conservação e a preservação.
A alternativa D está correta. A requisição possui duração enquanto perdurar o perigo iminente que ensejou
a medida e, em regra, não enseja direito à indenização ao particular. Somente haverá indenização, se
comprovada a existência de danos ao bem objeto de restrição ou caso a limitação impeça de se dar ao bem
a destinação que se considerava natural, havendo, neste último caso, dano especial e anormal a ensejar
indenização, decorrente da distribuição dos equânime dos encargos sociais.
CF: Art. 23: É competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios:
III - proteger os documentos, as obras e outros bens de valor histórico, artístico e cultural, os
monumentos, as paisagens naturais notáveis e os sítios arqueológicos;
Comentários
A assertiva está ERRADA. Tombamento é a modalidade de intervenção do Estado na propriedade que busca
proteger o meio ambiente quanto aos seus aspectos relacionados ao patrimônio histórico, artístico e
cultural, por meio de limitações ao exercício do direito de propriedade. Atinge, portanto, o caráter absoluto
da propriedade.
a) Tombamento provisório: antes da inscrição do bem no livro do tombo, o particular já sofre algumas
restrições ao seu direito de propriedade, com o objetivo de proteger o bem durante o processo
administrativo;
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b) Tombamento definitivo: ocorre com a inscrição do bem no livro do tombo, após a conclusão do
processo administrativo.
Comentários
Art. 5º (...)
XXV - no caso de iminente perigo público, a autoridade competente poderá usar de propriedade
particular, assegurada ao proprietário indenização ulterior, se houver dano;
A alternativa C está correta e é o gabarito da questão. É o que dispõe o art. 58, V, da lei 8.666/93:
Art. 58. O regime jurídico dos contratos administrativos instituído por esta Lei confere à
Administração, em relação a eles, a prerrogativa de:
V - nos casos de serviços essenciais, ocupar provisoriamente bens móveis, imóveis, pessoal e
serviços vinculados ao objeto do contrato, na hipótese da necessidade de acautelar apuração
administrativa de faltas contratuais pelo contratado, bem como na hipótese de rescisão do
contrato administrativo.
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Art. 36. É permitida a ocupação temporária, que será indenizada, afinal, por ação própria, de
terrenos não edificados, vizinhos às obras e necessários à sua realização.
A alternativa D está incorreta. Servidão administrativa, regida pelo art. 40 do Decreto-Lei 3.365/41, é um
direito real público que permite a utilização de propriedade imóvel privada pela Administração Pública ou
pelos delegatários de serviços públicos para execução de obras ou serviços de interesse coletivo.
Recairá obrigatoriamente sobre bens imóveis determinados, terá caráter de perpetuidade (permanente) e,
obrigatoriamente, será registrada no Cartório de Registro de Imóveis para que produza efeitos erga omnes.
Código Civil:
Art. 519. Se a coisa expropriada para fins de necessidade ou utilidade pública, ou por interesse
social, não tiver o destino para que se desapropriou, ou não for utilizada em obras ou serviços
públicos, caberá ao expropriado direito de preferência, pelo preço atual da coisa.
15. (CEFETBAHIA / MP-BA / 2018) O Poder Público realizou desapropriação de um imóvel para fins de
implantação de parcelamento popular, destinado a classes de menor renda, tendo posteriormente
publicado edital de licitação para construção, em toda a extensão da área expropriada, de uma grande
escola pública. Com base no caso concreto, atento ao direito positivo e à doutrina sobre o tema, é correto
afirmar que
a) pela alteração do motivo expropriatório, está configurada a tredestinação ilícita, sendo assegurado ao
expropriado o direito à retrocessão.
b) o direito de retrocessão somente seria cabível, no presente caso, se a administração conferisse ao bem
uma nova destinação destituída de finalidade pública.
c) permanecendo o bem destinado a outra finalidade pública, está configurada a tredestinação lícita.
d) se configura ilícita a referida destinação, desconforme com o plano inicialmente previsto, pelo que o
Ministério Público poderá pleitear a invalidação do edital, exigindo judicialmente que se cumpra o destino
para o qual se desapropriou o bem.
e) a retrocessão é sempre possível, em qualquer caso de tredestinação, lícita ou ilícita, constituindo-se em
mero direito de arrependimento por parte do expropriado.
Comentários
A alternativa A está incorreta. O caso é de tredestinação lícita. A tredestinação consiste em conferir, ao bem
desapropriado, finalidade diversa daquela que fundamentou a sua expropriação. Por exemplo, caso um
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imóvel tenha sido desapropriado para instalação de uma escola, porém tinha sido instalada a sede de uma
secretaria de governo. Ou pode ser o caso de o bem desapropriado, em vez de instalada uma escola, ter o
seu uso concedido a terceiro particular.
a) Tredestinação lícita: quando a destinação conferida ao bem, embora diversa da finalidade que
fundamentou a sua expropriação, atenda ao interesse público. É o caso do exemplo do bem
expropriado para ser uma escola se tornar sede de uma secretaria de governo;
b) Tredestinação ilícita: quando a destinação conferida ao bem é diversa à finalidade que ensejou a sua
desapropriação e não atende a uma finalidade pública, isto é, atende a um interesse privado. É o
exemplo do bem desapropriado para ser uma escola que é alienado ou tem o seu uso concedido a
terceiro particular.
A alternativa B está incorreta. De acordo com o art. 5º, §3º do DL 3.365/41, Ao imóvel desapropriado para
implantação de parcelamento popular, destinado às classes de menor renda, não se dará outra utilização
nem haverá retrocessão.
Art. 5º (...)
A alternativa C está incorreta. Não é lícita, tendo em vista que não é possível dar outra destinação ao imóvel
desapropriado para implantação de parcelamento popular, destinado às classes de menor renda.
A alternativa D está correta e é o gabarito da questão. De acordo com o art. 5º, §3º do DL 3.365/41, ao
imóvel desapropriado para implantação de parcelamento popular, destinado às classes de menor renda, não
se dará outra utilização nem haverá retrocessão.
Art. 5º (...)
A alternativa E está incorreta. A retrocessão somente se verifica quando ocorrer a tredestinação ilícita.
Defensor
16. (CEBRASPE / DPE-RS / 2022) Determinado município desapropriou imóvel mediante declaração de
utilidade pública, constando expressamente no decreto expropriatório que no local seria construído um
campo de pouso para aeronaves. Não obstante, diante do esgotamento da capacidade ativa de
sepultamentos na cidade, o prefeito resolveu construir um cemitério na área então destinada ao campo
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de pouso. Tendo como referência essa situação hipotética, julgue o item a seguir, acerca de
desapropriação e desvio de finalidade.
O expropriado pode exigir seu imóvel de volta, já que não foi dado o destino para o qual se desapropriou o
bem.
Comentários
A assertiva está ERRADA. No caso, houve tredestinação lícita e não cabe a retrocessão. A tredestinação
consiste em conferir, ao bem desapropriado, finalidade diversa daquela que fundamentou a sua
expropriação. Por exemplo, caso um imóvel tenha sido desapropriado para instalação de uma escola, porém
tinha sido instalada a sede de uma secretaria de governo. Ou pode ser o caso de o bem desapropriado, em
vez de instalada uma escola, ter o seu uso concedido a terceiro particular.
a) Tredestinação lícita: quando a destinação conferida ao bem, embora diversa da finalidade que
fundamentou a sua expropriação, atenda ao interesse público. É o caso do exemplo do bem
expropriado para ser uma escola se tornar sede de uma secretaria de governo;
b) Tredestinação ilícita: quando a destinação conferida ao bem é diversa à finalidade que ensejou a sua
desapropriação e não atende a uma finalidade pública, isto é, atende a um interesse privado. É o
exemplo do bem desapropriado para ser uma escola que é alienado ou tem o seu uso concedido a
terceiro particular.
A retrocessão é o direito de o expropriado exigir a devolução do bem desapropriado que não foi utilizado
pelo Ente Público para atender o interesse público mediante o pagamento do preço atual da coisa:
Código Civil:
Art. 519. Se a coisa expropriada para fins de necessidade ou utilidade pública, ou por interesse
social, não tiver o destino para que se desapropriou, ou não for utilizada em obras ou serviços
públicos, caberá ao expropriado direito de preferência, pelo preço atual da coisa.
17. (FCC / DPE-AM / 2021) Segundo a Constituição Federal, é passível de desapropriação a propriedade
rural que não cumprir sua função social. A função social é cumprida quando a propriedade rural atende,
simultaneamente, os requisitos (1) da exploração que favoreça o bem-estar dos proprietários e dos
trabalhadores, (2) do aproveitamento racional e adequado,
A) (3) da utilização adequada dos recursos naturais disponíveis e preservação do meio ambiente e (4) da
observância das disposições que regulam as relações de trabalho.
B) (3) da observância das disposições que regulam o uso do solo e dos recursos hídricos e (4) da equilibração
estratégica entre a atividade agropecuária e a preservação de florestas e demais formas de vegetação nativa.
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C) (3) do uso sustentável do solo, do subsolo e da água e (4) do respeito ao bem-estar das populações
vizinhas.
D) (3) do proveito público, privado e coletivo de sua exploração e (4) do respeito aos princípios que regem a
atividade econômica em geral.
E) (3) da destinação não exclusiva à formação de estoques imobiliários especulativos e (4) da regularidade
de sua situação fiscal e tributária.
Comentários
CF:
Art. 186. A função social é cumprida quando a propriedade rural atende, simultaneamente,
segundo critérios e graus de exigência estabelecidos em lei, aos seguintes requisitos:
18. (FCC / DPE-AM / 2021) A desapropriação de bem que se destina à transferência a terceiro e que se
caracteriza por abranger área contígua necessária ao desenvolvimento posterior da obra a que se destine,
bem como os territórios que se valorizarem extraordinariamente em consequência da realização do
serviço é chamada pela doutrina de desapropriação
A) por contiguidade.
E) por zona.
Comentários
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Trata-se da desapropriação por zona. De acordo com o art. 4º do DL 3.365/41, a “desapropriação poderá
abranger a área contígua necessária ao desenvolvimento da obra a que se destina, e as zonas que se
valorizarem extraordinariamente, em consequência da realização do serviço. Em qualquer caso, a
declaração de utilidade pública deverá compreendê-las, mencionando-se quais as indispensáveis à
continuação da obra e as que se destinam à revenda.”
19. (FCC / DPE-SC / 2021) Sobre a servidão administrativa é correto afirmar que
(C) carrega consigo um interesse público corporificado, palpável, que permite usufruir de uma vantagem
prestada.
(D) incide sempre que houver restrição sobre um imóvel em benefício do interesse público do meio
ambiente.
(E) o tombamento é uma espécie de servidão administrativa, pois retira do proprietário a plena decisão sobre
o imóvel.
Comentários
Gabarito: alternativa C.
A alternativa A está incorreta. Não se pode confundir servidão administrativa com a servidão civil. A
segunda, embora também seja um direito real, é regida pelo direito civil, visando a proteção de interesses
particulares. Além disso, a servidão civil é uma restrição imposta a um prédio privado objetivando beneficiar
um outro prédio privado, denominado “prédio dominante”, pertencente a outro particular.
Já a servidão administrativa é regida pelo Direito Público, havendo incidência da supremacia do interesse
público sobre o privado. Além disso, não necessariamente servirá a um outro prédio dominante, pois,
predominantemente, serve à execução de atividades de interesse público.
A alternativa B está incorreta. A servidão administrativa é apenas uma das modalidades de intervenção do
Estado na propriedade. O Estado possui diversos meios de intervenção na propriedade, tendo em vista a
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complexidade dos fins buscados em prol do interesse público. Esses meios, no entanto, podem ser divididos
em duas modalidades:
A alternativa C está correta. Na servidão administrativa verifica-se a supremacia do interesse público sobre
o privado, ou seja, o imóvel privado serviente atenderá ao serviço público dominante.
A servidão administrativa, regida pelo art. 40 do Decreto-Lei 3.365/41, é um direito real público que permite
a utilização de propriedade imóvel privada pela Administração Pública ou pelos delegatários de serviços
públicos para execução de obras ou serviços de interesse coletivo.
a) Ônus real (confere um direito real sobre o bem, e não pessoal, ao Ente Público);
b) Recai apenas sobre bens imóveis;
c) Finalidade é uma utilização pública;
d) Perpetuidade (permanente);
e) Em regra, não enseja indenização;
f) Efeitos erga omnes, desde que registrada.
Com essas limitações, busca-se evitar a destruição ou deterioração do bem que resultaria em perda de
informações relevantes para a história do país ou prejuízos a obras artísticas ou culturais.
A alternativa E está incorreta. A doutrina diverge quanto à natureza jurídica do tombamento. Alguns
doutrinadores o entendem como espécie de servidão administrativa e outros como limitação administrativa.
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(A) dispensa registro, se decorrente diretamente de lei, porque o ônus se constitui no momento em que a
lei é promulgada.
(B) não pode gravar bens de domínio público, pois não se pode estabelecer uma relação de sujeição sobre
essa modalidade de bem.
(C) é forma de limitação do Estado à propriedade privada que se caracteriza pela utilização transitória.
(D) será extinta, em regra, por acordo entre o Poder Público e o proprietário do prédio serviente por tempo
limitado.
(E) sempre acarretará indenização ao proprietário do imóvel serviente, haja vista que limitará seu direito à
fruição do bem.
Comentários
Gabarito: alternativa A
Nas demais hipóteses, a inscrição torna-se indispensável, uma vez que tanto o contrato, como a
sentença fazem lei entre as partes apenas, além de não gozarem da mesma publicidade que tem
a lei. Para que se tornem oponíveis erga omnes, precisam ser registrados. (...)”
A alternativa B está incorreta. As servidões administrativas podem gravar bens do domínio público; as civis
não.
A alternativa C está incorreta. A servidão administrativa tem caráter permanente (perpétuo) e não
transitório, como afirma a assertiva.
8
Direito administrativo / Maria Sylvia Zanella Di Pietro. – 33. ed. – Rio de Janeiro: Forense, 2020.
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A alternativa D está incorreta. A extinção deverá ocorrer por ato formal, mediante o registro do ato no
Registro de Imóveis.
A alternativa E está incorreta. Embora o art. 40 do DL 3.365/41 disponha expressamente que pode ser
constituída servidão mediante indenização, em regra, a servidão administrativa não enseja o pagamento
de indenização ao proprietário. Excepcionalmente, será devida a indenização se comprovado dano anormal
e específico (sacrifício desproporcional ao particular).
21. (CESPE / DP-DF / 2019) Acerca de atos administrativos, serviços públicos e intervenção do Estado
na propriedade, julgue o item seguinte.
O proprietário de imóvel rural para o qual tenha sido intentada ação de desapropriação parcial, restando
área remanescente reduzida a superfície inferior à de pequena propriedade rural, tem direito de requerer,
na contestação, que todo o imóvel seja desapropriado, salvo se a finalidade da desapropriação for a reforma
agrária.
Comentários
A assertiva está ERRADA. Na defesa ainda, o réu poderá alegar o direito de extensão, que consiste no direito
de exigir que, na desapropriação, se inclua a parte do restante do bem expropriado que se tornou inútil
ou de difícil utilização quando separado da parcela desapropriada. Referido direito foi previsto no art. 4º da
LC 76/93, no art. 12 do Decreto 4.956/1903 e no art. 19 da lei 4.504/64.
Por este motivo, a doutrina entende que tal direito pode ser alegado em qualquer modalidade de
desapropriação, uma vez que se trata de assunto relacionado à justa indenização, pois a parte
remanescente deve fazer parte da desapropriação e, consequentemente, do preço a ser pago pelo autor.
Desta forma, pode ser alegado em defesa, não contrariando a limitação da cognição judicial do art. 20, DL
3.365/41.
22. (FUNDEP / DPE-MG / 2019) Um decreto expropriatório declarou de utilidade pública um imóvel de
propriedade de um munícipe. Não havendo consenso entre as partes com relação ao valor da indenização
para ultimar a desapropriação, o Poder Público ingressou com uma ação judicial. Analisando essa situação
hipotética, é correto afirmar:
a) A ação judicial pode ser proposta a qualquer tempo, pois o decreto expropriatório não se submete à
decadência.
b) Nessa ação o proprietário poderá alegar o desvio de finalidade do decreto expropriatório, desde que
consiga comprovar, pelos meios legais, a tredestinação.
c) A concordância escrita do expropriado, conquanto permita a imediata aquisição da propriedade pelo
expropriante, com o consequente registro da propriedade na matrícula do imóvel, não implica renúncia ao
seu direito de questionar o preço ofertado em juízo.
d) O pagamento do preço será prévio e em dinheiro, e dele não poderão ser deduzidas as dívidas fiscais
quando inscritas e ajuizadas, pois a Fazenda possui meios próprios de cobrança de seus tributos.
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Comentários
A alternativa A está incorreta. O prazo de caducidade é o período após a declaração de utilidade pública ou
interesse social em que o ente público poderá promover a desapropriação. Transcorrido este prazo, o ato
declaratório perde os seus efeitos, não sendo mais possível executar o procedimento desapropriatório.
Já a caducidade do decreto declaratório de interesse social, de acordo com o art. 3º da lei 4.132/62, ocorre
em 2 (dois) anos.
A alternativa B está incorreta. De acordo com o art. 20 do DL 3.365/4, “a contestação só poderá versar sobre
vício do processo judicial ou impugnação do preço; qualquer outra questão deverá ser decidida por ação
direta”.
A alternativa C está correta e é o gabarito da questão. É o que dispõe o art. 34-A do DL 3.365/41:
A alternativa D está incorreta. As dívidas fiscais serão deduzidas dos valores depositados, quando inscritas
e ajuizadas (art. 33, §1º, DL 3.365/41).
Comentários
A alternativa A está incorreta. A competência para desapropriar imóveis para fins de reforma agrária é
privativa da União, que deve declarar o imóvel de interesse social antes de propor a ação de desapropriação.
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Não é possível aos demais Entes Federados desapropriarem imóveis rurais sem função social para fins de
reforma agrária, com base no art. 184, CF.
Por outro lado, o imóvel rural pode ser desapropriado por outro motivo e para fins diversos da reforma
agrária pelos Estados, DF e Municípios.
A alternativa B está incorreta. A indenização será realizada em títulos da dívida agrária, com cláusula de
preservação do valor real, resgatáveis no prazo de até vinte anos, a partir do segundo ano de sua emissão,
e cuja utilização será definida em lei. Somente as benfeitorias úteis e necessárias é que serão indenizadas
em dinheiro.
A alternativa D está incorreta. Não incide sobre a média propriedade rural. O art. 185 da CF prevê alguns
bens que são absolutamente insuscetíveis de desapropriação:
I - a pequena e média propriedade rural, assim definida em lei, desde que seu proprietário não
possua outra;
II - a propriedade produtiva.
Parágrafo único. A lei garantirá tratamento especial à propriedade produtiva e fixará normas para
o cumprimento dos requisitos relativos a sua função social.
A alternativa E está correta e é o gabarito da questão. É o que dispõe o art. 184, §5º, CF.
24. (FCC / DPE-AM / 2018) Suponha que o Estado do Amazonas pretenda construir um anel viário
interligando diversas rodovias. A obra em questão importa intervenção em terrenos de particulares e,
também, em uma área de propriedade de Município, que se encontra ocupada irregularmente. Diante de
tal cenário, afigura-se juridicamente viável a
a) desapropriação dos imóveis particulares e também daquele pertencente ao Município, este último
dependendo de autorização legislativa, ambos condicionados à prévia indenização.
b) desapropriação dos imóveis privados apenas, eis que o de propriedade do Município é protegido pelo
regime público ainda que não afetado a finalidade específica.
c) requisição das áreas, tanto públicas como privadas, e a subsequente desapropriação, com pagamento de
indenização apenas ao final do processo.
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Comentários
A alternativa A está correta e é o gabarito da questão. Trata-se do que dispõe o art. 2º, §2º, do DL 3.365/41:
§ 2o Os bens do domínio dos Estados, Municípios, Distrito Federal e Territórios poderão ser
desapropriados pela União, e os dos Municípios pelos Estados, mas, em qualquer caso, ao ato
deverá preceder autorização legislativa.
A alternativa D está incorreta. A área municipal também é, no caso tratado, sujeita a desapropriação,
contanto que haja autorização legislativa. A imissão na posse é sempre sujeita ao pagamento da indenização,
conforme os artigos 5| , XXIV da CF e 29 do Decreto-Lei 3.365.
A alternativa E está incorreta. A doação nos termos desta alternativa é inviável, pois é instituto regido pela
Lei 14.133/2021, que em seu art. 76, I dispõe ser imprescindível a autorização legislativa para tal
procedimento.
25. (CEBRASPE / DPE-AL / 2017) Com o intuito de dar apoio logístico à obra de construção de um
hospital municipal, o prefeito de determinada cidade exarou ato declaratório informando a necessidade
de utilização, por tempo determinado, de um imóvel particular vizinho à obra, o qual serviria como
estacionamento para as máquinas e como local de armazenamento de materiais. Nessa situação
hipotética, a modalidade de intervenção do ente público na propriedade denomina-se
a) ocupação temporária.
b) desapropriação.
c) requisição administrativa.
d) servidão administrativa.
e) limitação administrativa.
Comentários
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A alternativa A está correta e é o gabarito da questão. A ocupação temporária é a utilização, em regra por
prazo determinado e em situação de normalidade, de bens privados para a execução de obra pública ou a
prestação de serviços públicos. Há previsão expressa da ocupação temporária no DL 3.365/41:
Art. 36. É permitida a ocupação temporária, que será indenizada, afinal, por ação própria, de
terrenos não edificados, vizinhos às obras e necessários à sua realização.
Art. 5º (...)
XXV - no caso de iminente perigo público, a autoridade competente poderá usar de propriedade
particular, assegurada ao proprietário indenização ulterior, se houver dano;
A alternativa D está incorreta. A servidão administrativa impõe um ônus real para assegurar a realização e a
conservação de obras e serviços, trazendo uma restrição ao uso, sem a perda da posse.
A alternativa E está incorreta. A limitação administrativa traz restrições quanto ao uso, sem perda da posse,
por meio de imposição geral, gratuita e unilateral.
Procurador
26. (CEBRASPE / PGE-CE / 2021) O poder público editou um decreto de desapropriação com a finalidade
de construir um aeroporto regional em determinado município. Tal decreto incluiu, além da área
necessária à realização do empreendimento, zona do entorno que se valorizará extraordinariamente em
consequência da realização da obra pública e onde o poder público planeja a construção de um distrito
industrial, com a consequente revenda da área urbanizada para particulares. Acerca dessa situação
hipotética, assinale a opção correta à luz da legislação federal pertinente.
(A) O decreto de desapropriação, relativamente à zona do entorno, é ilegal, uma vez que a legislação exige
a comprovação da destinação específica da área para o objeto principal da desapropriação, que é a
construção do aeroporto.
(B) A desapropriação do entorno do futuro aeroporto é ilegal por ausência de previsão legal de
desapropriação por zona e porque o poder público já dispõe de instrumento específico para tributar áreas
que, em razão de obras públicas, tiverem elevada valorização, como é o caso da contribuição de melhoria.
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(C) Será legal a desapropriação da zona do entorno do futuro aeroporto, desde que esta seja objeto de
declaração de utilidade pública específica, sendo vedada a utilização do mesmo decreto desapropriatório
para as duas áreas.
Comentários
A alternativa A está incorreta. A legislação não exige a comprovação da destinação específica da área que se
pretende desapropriar. Ver comentários feitos na alternativa D.
A alternativa B está incorreta. Conforme prevê o art. 4º do DL 3.365/41, existe previsão legal de
desapropriação por zona que se valorize extraordinariamente. Portanto, a desapropriação do entorno do
aeroporto é possível.
Na hipótese de valorização geral ordinária, o Poder Público tem em mãos o instrumento legal da
contribuição de melhoria e, diante da valorização geral extraordinária, tem a desapropriação por zona ou
extensiva (art. 4º do DL n. 3.365/1941).
A alternativa C está incorreta. Não se exige declaração de utilidade pública específica quando se pretenda
desapropriar zona que se valorize extraordinariamente em virtude da obra realizada. Ver comentários feitos
na alternativa D.
De acordo com o art. 4º do DL 3.365/41, a “desapropriação poderá abranger a área contígua necessária ao
desenvolvimento da obra a que se destina, e as zonas que se valorizarem extraordinariamente, em
consequência da realização do serviço. Em qualquer caso, a declaração de utilidade pública deverá
compreendê-las, mencionando-se quais as indispensáveis à continuação da obra e as que se destinam à
revenda.”
27. (CEBRASPE / PGE-PB / 2021) Acerca da intervenção do Estado na propriedade, assinale a opção
correta.
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A) A servidão administrativa pode ser formalmente estabelecida por edição de decreto do chefe do Poder
Executivo.
C) Instituição de limitação administrativa, ainda que frustre pretensão de particular, não enseja o pagamento
de indenização.
D) Por serem bens públicos inalienáveis, imóveis de patrimônio de município não pode ser desapropriado
pela União.
E) Retrocessão consiste na utilização do bem desapropriado em finalidade pública diversa daquela que
justificou o ato desapropriatório.
Comentários
Gabarito: LETRA C
A alternativa A está incorreta. A servidão administrativa pode ser instituída por acordo, sentença judicial
ou usucapião. Nesse sentido, citamos Rafael Oliveira:
As servidões administrativas podem ser instituídas por meio das seguintes formas:
b) sentença judicial: quando não houver acordo entre as partes, o Poder Público deverá propor
ação judicial para constituir a servidão. O procedimento utilizado deve ser análogo ao
procedimento exigido para a desapropriação (art. 40 do Decreto-lei 3.365/1941);
Primeira posição: a servidão somente pode ser instituída por acordo ou sentença judicial,
precedida do decreto de utilidade pública, não sendo possível a instituição por meio de lei. Nesse
sentido: José dos Santos Carvalho Filho e Marçal Justen Filho.10
Segunda posição: é possível a instituição de servidão por meio de lei. Exemplos: servidão sobre
as margens dos rios navegáveis, servidão ao redor de aeroportos. Nesse sentido: Maria Sylvia
Zanella Di Pietro e Hely Lopes Meirelles.11
A controvérsia doutrinária, nesse caso, passa pela distinção entre servidões e limitações
administrativas. Os autores, que não admitem a instituição de servidões diretamente pela lei,
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Por outro lado, os autores que admitem a utilização da lei como instrumento para instituição de
servidões e de limitações buscam outro critério para distinguir essas duas espécies de
intervenção: a limitação é instituída para satisfazer o interesse público genérico e abstrato (ex.:
proteção do meio ambiente), a servidão, por sua vez, pressupõe a existência de interesse público
corporificado em favor do prédio dominante que deve ser satisfeito.12
A alternativa C está correta, sendo nosso gabarito. A limitação administrativa impõe obrigações positivas ou
negativas a proprietários indeterminados, com a finalidade de promover a função social das propriedades.
Trata-se de restrições de caráter geral, não atingindo um único bem ou um grupo de bens específicos, mas
todos os proprietários que se encontrem na hipótese descrita na norma.
As referidas limitações decorrem diretamente do exercício do poder de polícia estatal e possuem efeitos ex
nunc, ou seja, efeitos proativos.
Por se tratar de ato geral, de caráter normativo, em regra, não há direito à indenização dos particulares
afetados. No entanto, em situações específicas, em que se verificar danos anormais e desproporcionais,
haverá direito à reparação do particular, desde que demonstre o dano sofrido.
Por outro lado, haverá direito à indenização quando a limitação administrativa tornar impossível a utilização
do bem, configurando verdadeira desapropriação indireta.
Neste sentido, não há indenização por mera frustração de pretensão do particular. Para que haja
indenização, deve ser comprovado um prejuízo anormal e específico ou quando houver o esvaziamento do
conteúdo econômico da propriedade privada.
A alternativa D está incorreta. Admite-se a desapropriação de bem público, na forma do art. 2º, §2º do DL
3.365/41, desde que preenchidos os requisitos.
DL 3.365/41- Art. 2o Mediante declaração de utilidade pública, todos os bens poderão ser
desapropriados pela União, pelos Estados, Municípios, Distrito Federal e Territórios.
(...)
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i 2o Os bens do domínio dos Estados, Municípios, Distrito Federal e Territórios poderão ser
desapropriados pela União, e os dos Municípios pelos Estados, mas, em qualquer caso, ao ato
deverá preceder autorização legislativa.
A alternativa E está incorreta. Tredestinação que é a utilização do bem desapropriado em finalidade pública
diversa daquela que justificou o ato desapropriatório. A retrocessão, por sua vez, que é o direito que o
expropriado possui de exigir a devolução do bem desapropriado que não foi utilizado pelo Poder Público
para atender o interesse público.
28. (FCC / PGE-GO / 2021) Diante de cenário de iminente perigo público, decorrente da possibilidade
de desabastecimento de insumos sanitários, a Administração pública, considerando as ferramentas
previstas no ordenamento jurídico, poderá
A) caso seja alegada urgência, o juiz poderá determinar a imissão provisória do expropriante na posse do
imóvel independentemente do depósito de qualquer quantia.
C) o foro competente para o julgamento será o da Capital do Estado, ainda que o imóvel esteja situado em
comarca do interior.
D) caberá ao juiz decidir se o imóvel preenche os requisitos para ser declarado bem de utilidade pública,
devendo, em caso negativo, julgar improcedente o pedido.
Comentários
a) do preço oferecido, se êste fôr superior a 20 (vinte) vêzes o valor locativo, caso o imóvel esteja
sujeito ao impôsto predial; (Incluída pela Lei n| 2.786, de 1956)
c) do valor cadastral do imóvel, para fins de lançamento do impôsto territorial, urbano ou rural,
caso o referido valor tenha sido atualizado no ano fiscal imediatamente anterior; (Incluída
pela Lei n| 2.786, de 1956)
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d) não tendo havido a atualização a que se refere o inciso c, o juiz fixará independente de
avaliação, a importância do depósito, tendo em vista a época em que houver sido fixado
originàlmente o valor cadastral e a valorização ou desvalorização posterior do imóvel.
(Incluída pela Lei n| 2.786, de 1956)
i 2| A alegação de urgência, que não poderá ser renovada, obrigará o expropriante a requerer
a imissão provisória dentro do prazo improrrogável de 120 (cento e vinte) dias. (Incluído
pela Lei n| 2.786, de 1956)
i 3| Excedido o prazo fixado no parágrafo anterior não será concedida a imissão provisória.
(Incluído pela Lei n| 2.786, de 1956)
DL 3365/41- Art. 18. A citação far-se-á por edital se o citando não for conhecido, ou estiver em
lugar ignorado, incerto ou inacessível, ou, ainda, no estrangeiro, o que dois oficiais do juizo
certificarão.
A alternativa C é errada. A alternativa não está de acordo com o disposto no art. 11 do DL 3.365/41.
DL 3365/41- Art. 11. A ação, quando a União for autora, será proposta no Distrito Federal ou
no foro da Capital do Estado onde for domiciliado o réu, perante o juizo privativo, se houver;
sendo outro o autor, no foro da situação dos bens.
Art. 17. Quando a ação não for proposta no foro do domicilio ou da residência do réu, a citação
far-se-á por precatória, se ó mesmo estiver em lugar certo, fora do território da jurisdição do juiz.
A alternativa D é errada, uma vez que não cabe ao magistrado analisar isso.
DL 3365/41- Art. 13. A petição inicial, alem dos requisitos previstos no Código de Processo Civil,
conterá a oferta do preço e será instruida com um exemplar do contrato, ou do jornal oficial que
houver publicado o decreto de desapropriação, ou cópia autenticada dos mesmos, e a planta ou
descrição dos bens e suas confrontações.
Parágrafo único. Sendo o valor da causa igual ou inferior a dois contos de réis (2:000$0),
dispensam-se os autos suplementares.
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29. (FCC / PGE-GO / 2021) Diante de cenário de iminente perigo público, decorrente da possibilidade
de desabastecimento de insumos sanitários, a Administração pública, considerando as ferramentas
previstas no ordenamento jurídico, poderá
A) instituir servidão administrativa sobre os imóveis onde as empresas do setor desempenham suas
atividades, restringindo parcialmente sua possibilidade de exploração a mercado.
E) ocupar temporariamente as instalações industriais particulares, assumindo a produção dos insumos para
exclusiva aquisição, pelo tempo necessário à normalização do abastecimento do setor.
Comentários
Servidão administrativa, regida pelo art. 40 do Decreto-Lei 3.365/41, é um direito real público que permite a
utilização de propriedade imóvel privada pela Administração Pública ou pelos delegatários de serviços públicos
para execução de obras ou serviços de interesse coletivo.
Recairá obrigatoriamente sobre bens imóveis determinados, terá caráter de perpetuidade (permanente) e,
obrigatoriamente, será registrada no Cartório de Registro de Imóveis para que produza efeitos erga omnes.
A servidão administrativa pode ser constituída diretamente pelo Poder Público ou por um delegatário de
serviço público, desde que este seja autorizado por lei ou por ato negocial.
A alternativa B é errada. A requisição administrativa gera indenização posterior e se houver dano. Não há
também que se falar em desapropriação no caso narrado no enunciado da questão.
XXV - no caso de iminente perigo público, a autoridade competente poderá usar de propriedade
particular, assegurada ao proprietário indenização ulterior, se houver dano;
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Essa modalidade de intervenção restritiva decorre do poder de polícia e goza dos atributos da
coercibilidade e da autoexecutoriedade, em virtude da emergência, podendo ser implementada direta e
imediatamente, inclusive com uso da força, independentemente de consentimento do particular ou de
autorização do Poder Judiciário. Por este motivo, a requisição não depende de processo administrativo
prévio.
A alternativa D está correta sendo, portanto, nosso gabarito. A requisição possui previsão constitucional e é
a modalidade de intervenção do Estado na propriedade utilizada para combater situação de iminente perigo
público em caráter temporário:
XXV - no caso de iminente perigo público, a autoridade competente poderá usar de propriedade
particular, assegurada ao proprietário indenização ulterior, se houver dano;
Essa modalidade de intervenção restritiva decorre do poder de polícia e goza dos atributos da
coercibilidade e da autoexecutoriedade, em virtude da emergência, podendo ser implementada direta e
imediatamente, inclusive com uso da força, independentemente de consentimento do particular ou de
autorização do Poder Judiciário. Por este motivo, a requisição não depende de processo administrativo
prévio.
Art. 36. É permitida a ocupação temporária, que será indenizada, afinal, por ação própria, de
terrenos não edificados, vizinhos às obras e necessários à sua realização.
A) pode ser realizada administrativamente, de forma amigável, não sendo admitida a via judicial,
considerando que as concessionárias de serviço público seriam as legitimadas para tanto, não podendo fazê-
lo em relação a seu próprio patrimônio.
B) não encontra óbice, considerando que os bens de propriedade da empresa são de natureza privada, não
podendo ser protegidos, transitória ou definitivamente, pelo regime de direito público.
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C) depende de autorização legislativa do ente estadual cuja administração indireta a empresa proprietária
do imóvel integra, independentemente da destinação do bem.
D) é inconstitucional, pois enseja, ainda que indiretamente, aquisição de parte do capital social da empresa,
sendo vedada, portanto, pelo princípio federativo.
E) é admissível caso o bem não esteja afetado ao serviço público e não tenha sido utilizado para
integralização de cotas que representem a maioria do capital social da empresa, observada a legitimação
ativa para fazê-lo.
Comentários
A alternativa A está errada. De fato, as concessionárias de serviços públicos podem ser legitimadas para
executar a desapropriação, desde que haja autorização expressa na Lei ou no contrato, conforme art. 3º, I,
DL 3.365/41 e previsão na lei 8.987/95.
Entretanto, a desapropriação também pode ser executada diretamente pelo Poder Público, sento este o
legitimado para propor a ação de desapropriação.
Além disso, conforme veremos nas alternativas a seguir, não é possível a desapropriação de um bem, ainda
que privado, de uma pessoa jurídica de direito privado, quando afetado à prestação de um serviço público.
A alternativa B está errada. Apesar de ser bem privado, quando está vinculado a prestação de serviços
públicos, este deve ser protegido, para que seja garantido o princípio da continuidade. Essa é a jurisprudência
do STF:
11. Se o serviço de docas fosse confiado, por concessão, a uma empresa privada, seus bens não
poderiam ser desapropriados por Estado sem autorização do Presidente da República, Súmula
157 e Decreto-lei n. 856/69; não seria razoável que imóvel de sociedade de economia mista
federal, incumbida de executar serviço público da União, em regime de exclusividade, não
merecesse tratamento legal semelhante. 12. Não se questiona se o Estado pode desapropriar
bem de sociedade de economia mista federal que não esteja afeto ao serviço. Imóvel situado no
cais do Rio de Janeiro se presume integrado no serviço portuário que, de resto, não e estático, e
a serviço da sociedade, cuja duração e indeterminada, como o próprio serviço de que esta
investida. 13. RE não conhecido. Voto vencido.
(RE 172816, Relator(a): Min. PAULO BROSSARD, TRIBUNAL PLENO, julgado em 09/02/1994, DJ
13-05-1994 PP-11365 EMENT VOL-01744-07 PP-01374)
É que como bem salienta Gasparini, aos bens que compõem o patrimônio de empresas controladas pelo
Estado não se assegura qualquer dos privilégios outorgados a bens públicos, exceto a proteção especial
concedida para os bens afetados à prestação de serviços públicos, que seguem o princípio da continuidade,
como de resto acontece com os bens pertencentes a qualquer concessionário particular de serviços públicos
(Diógenes Gasparini. Direito Administrativo, 13l edição, São Paulo, Ed. Saraiva, 2008).
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A alternativa D está errada. Não é inconstitucional. Isso porque se admite a desapropriação de bem de
empresa estatal quando não está afetado ao serviço público e não tenha sido utilizado para integralização
de cotas que representem a maioria do capital social da empresa, observada a legitimação ativa para fazê-
lo.
A alternativa E está correta sendo, portanto, nosso gabarito. Conforme já explicado na alternativa B. Sobre
o tema, acrescentamos o que nos ensina Rafael Oliveira:
Entendemos que a questão deve partir da premissa de que os bens da Administração Indireta
podem ser públicos ou privados, dependendo da natureza da respectiva entidade
administrativa.
(...)
31. (VUNESP / CM-SÃO ROQUE-SP – Procurador / 2019) Considere o seguinte caso hipotético: uma
autarquia federal encontra-se instalada e em funcionamento em um imóvel edificado, de propriedade do
Estado, avaliado, pelo Município em que localizado, como bem de valor histórico-cultural local.
Pretendendo promover a proteção do patrimônio, o Município poderá
a) requisitar o imóvel ao Estado, proprietário do bem.
b) instaurar processo de tombamento do imóvel.
c) declarar o bem de interesse social, dando início ao procedimento de desafetação e perdimento
d) declarar o bem de utilidade pública, dando início ao procedimento de desapropriação.
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Comentários
A alternativa A está incorreta. A requisição, portanto, é a utilização forçada de um bem móvel ou imóvel ou
de um serviço privado em situação de perigo público iminente.
De fato, a União pode realizar o tombamento de bens dos Estados, do DF e dos Municípios. Polêmica existe
com relação à possibilidade do tombamento “de baixo para cima”, ou seja, quanto à possibilidade de
tombamento de bens da União por Estados ou Municípios.
Embora exista, doutrina que entenda pela impossibilidade, o STF e o STJ já se manifestaram quanto à
viabilidade de tombamento, pelo Município, de bens dos Estados e da União, assim como os Estados podem
tombar bens federais (STF: ACO 1.208 AgR/MS; STJ: RMS 18.952/RJ).
A alternativa C está incorreta. A alternativa não possui qualquer lógica. Somente a União pode declarar bens
como de interesse social. A desafetação do bem é um fato administrativo que consiste na perda da
destinação de interesse público do bem. E o perdimento é uma forma de perda da propriedade do bem. Os
três institutos não estão relacionados e muito menos se relacionam com o enunciado.
O que se busca, no caso, é apenas a defesa do valor histórico do bem e não a transferência de sua
propriedade.
Além disso, a desapropriação de bens da União pelos Estados e Municípios ou desapropriação de bens dos
Estados pelos Municípios não é possível
A alternativa E está incorreta. Servidão administrativa, regida pelo art. 40 do Decreto-Lei 3.365/41, é um
direito real público que permite a utilização de propriedade imóvel privada pela Administração Pública ou
pelos delegatários de serviços públicos para execução de obras ou serviços de interesse coletivo.
O que se busca, no caso, é apenas a defesa do valor histórico do bem e não a transferência de sua
propriedade.
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I. Conforme entendimento do STJ, o possuidor de terras faz jus à indenização decorrente da perda do direito
possessório em consequência da desapropriação.
II. Nos termos da lei, o valor da indenização será contemporâneo à data da avaliação judicial, não sendo
relevante a data em que ocorreu a imissão na posse.
III. A base de cálculo dos honorários de advogado em desapropriação é a diferença entre a oferta e a
indenização, corrigidas ambas monetariamente.
IV. Na ação de desapropriação por utilidade pública, a citação do proprietário do imóvel desapropriado
dispensa a citação do respectivo cônjuge.
Nesse contexto, pode-se afirmar:
a) Todos os itens são corretos.
b) Todos os itens são incorretos.
c) São corretos os itens II e IV, apenas.
d) São corretos os itens I e III, apenas.
Comentários
A assertiva I está correta. O possuidor titular do imóvel desapropriado tem direito ao levantamento da
indenização pela perda do seu direito possessório, ou seja, sendo o possuidor uma pessoa distinta do
proprietário, a indenização deverá ser dividida de acordo com o valor econômico da propriedade e da posse
(STJ: EDcl no AgRg no AREsp 361177/RJ).
A assertiva II está correta. A teor do disposto no artigo 26 do DL n. 3.365/1941, o valor da indenização será
contemporâneo à data da avaliação judicial, não sendo relevante a data em que ocorreu a imissão na posse,
tampouco a data em que se deu a vistoria do expropriante (REsp 1.274.005-MA).
A assertiva III está correta. Os honorários advocatícios serão fixados entre 0,5% e 5% sobre o valor da
diferença entre o preço ofertado e o fixado na sentença, cujos valores serão devidamente atualizados (art.
27, §1º, DL 3.365/41).
A assertiva IV está correta. Polêmica. A citação do réu deve ocorrer por mandado. Embora o art. 16 disponha
que a citação do marido dispensa a da mulher, esta parte do dispositivo não foi recepcionada pela ordem
constitucional. Porém, foi considerada a literalidade da lei pela banca examinadora.
Art. 16. A citação far-se-á por mandado na pessoa do proprietário dos bens; a do marido dispensa
a dá mulher; a de um sócio, ou administrador, a dos demais, quando o bem pertencer a
sociedade; a do administrador da coisa no caso de condomínio, exceto o de edifício de
apartamento constituindo cada um propriedade autônoma, a dos demais condôminos e a do
inventariante, e, se não houver, a do cônjuge, herdeiro, ou legatário, detentor da herança, a dos
demais interessados, quando o bem pertencer a espólio.
Portanto,
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Comentários
A assertiva I está incorreta. O Poder Público não depende de lei para constituir servidão administrativa.
Servidão administrativa, regida pelo art. 40 do Decreto-Lei 3.365/41, é um direito real público que permite
a utilização de propriedade imóvel privada pela Administração Pública ou pelos delegatários de serviços
públicos para execução de obras ou serviços de interesse coletivo.
A servidão administrativa pode ser constituída diretamente pelo Poder Público ou por um delegatário de
serviço público, desde que este seja autorizado por lei ou por ato negocial.
A assertiva III está correta. A requisição não é permanente. Seus efeitos duram apenas durante o perigo
iminente que a ensejou.
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a) Tredestinação lícita: quando a destinação conferida ao bem, embora diversa da finalidade que
fundamentou a sua expropriação, atenda ao interesse público. É o caso do exemplo do bem
expropriado para ser uma escola se tornar sede de uma secretaria de governo;
b) Tredestinação ilícita: quando a destinação conferida ao bem é diversa à finalidade que ensejou a sua
desapropriação e não atende a uma finalidade pública, isto é, atende a um interesse privado. É o
exemplo do bem desapropriado para ser uma escola que é alienado ou tem o seu uso concedido a
terceiro particular.
A retrocessão é o direito de o expropriado exigir a devolução do bem desapropriado que não foi utilizado
pelo Ente Público para atender o interesse público mediante o pagamento do preço atual da coisa. A
retrocessão somente se verifica quando ocorrer a tredestinação ilícita.
Portanto,
34. (VUNESP / CM-SÃO MIGUEL ARCANJO-SP – Procurador / 2019) Suponha que Maria teve um imóvel
desapropriado pelo Município de São Miguel Arcanjo para a construção de uma escola de educação
infantil. No entanto, após motivação, o ente federativo decidiu não dar ao bem o destino para o qual ele
fora desapropriado e construiu no lugar uma quadra poliesportiva, de acesso livre para a população local.
Considerando a situação hipotética, é correto afirmar que
a) não ter dado ao imóvel que pertenceu a Maria o destino para o qual ele fora desapropriado enseja a
automática retrocessão do bem.
b) o Município de São Miguel Arcanjo tem a obrigação legal de oferecer a Maria o bem, pelo valor atual, a
fim de que ela possa exercer o direito de preferência.
c) não será hipótese de retrocessão, pois a situação narrada configura-se como tredestinação lícita.
d) não é hipótese de retrocessão, mas sim de desistência da desapropriação.
e) não se trata de retrocessão, mas sim de desapropriação indireta, e Maria possui prazo de 5 (cinco) anos
para requerer judicialmente a indenização cabível.
Comentários
A alternativa C está correta e é o gabarito da questão. Como foi dada destinação de interesse público ao
bem, a tredestinação é lícita e não enseja a retrocessão.
a) Tredestinação lícita: quando a destinação conferida ao bem, embora diversa da finalidade que
fundamentou a sua expropriação, atenda ao interesse público. É o caso do exemplo do bem
expropriado para ser uma escola se tornar sede de uma secretaria de governo;
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b) Tredestinação ilícita: quando a destinação conferida ao bem é diversa à finalidade que ensejou a sua
desapropriação e não atende a uma finalidade pública, isto é, atende a um interesse privado. É o
exemplo do bem desapropriado para ser uma escola que é alienado ou tem o seu uso concedido a
terceiro particular.
A retrocessão é o direito de o expropriado exigir a devolução do bem desapropriado que não foi utilizado
pelo Ente Público para atender o interesse público mediante o pagamento do preço atual da coisa.
A retrocessão somente se verifica quando ocorrer a tredestinação ilícita. A tredestinação lícita não dá
ensejo à retrocessão, tendo em vista que a expropriação do bem atendeu ao interesse público, embora não
tenha atendido à finalidade específica que ensejou a sua expropriação.
Comentários
A alternativa A está incorreta. A revelia do desapropriado não implica aceitação tácita da oferta, não
autorizando a dispensa da avaliação, conforme Súmula n. 118 do extinto Tribunal Federal de Recursos (REsp
1466747/PE).
A alternativa B está incorreta. O possuidor titular do imóvel desapropriado tem direito ao levantamento da
indenização pela perda do seu direito possessório, ou seja, sendo o possuidor uma pessoa distinta do
proprietário, a indenização deverá ser dividida de acordo com o valor econômico da propriedade e da posse
(STJ: EDcl no AgRg no AREsp 361177/RJ).
A alternativa C está incorreta. Quanto às benfeitorias e às acessões, a lei dispõe que não serão indenizadas
as benfeitorias voluptuárias realizadas após a declaração de utilidade pública. Somente serão indenizadas as
benfeitorias necessárias e as benfeitorias úteis, esta última apenas se houver autorização do Ente Público.
A alternativa D está incorreta. a competência para emitir a declaração é concorrente entre todos os Entes
federados. Destaque-se que apenas os Entes Políticos (União, Estados, Distrito Federal e Municípios)
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possuem competência para a referida declaração, sendo esta vedada às entidades da Administração Pública
indireta. No entanto, essa regra admite algumas exceções:
a) DNIT: pode declarar bem como de utilidade pública quando visar à implantação do Sistema Nacional
de Viação (art. 82, IX, da lei 10.233/01);
b) ANEEL: pode declarar utilidade pública de bem para fins de instalação de empresas concessionárias
e permissionários do serviço de energia elétrica (lei 9.074/95).
Logo, não pode ser delegada a concessionário de serviço público, que somente poderá realizar a fase
executória da desapropriação.
A alternativa E está correta e é o gabarito da questão. Na defesa ainda, o réu poderá alegar o direito de
extensão, que consiste no direito de exigir que, na desapropriação, se inclua a parte do restante do bem
expropriado que se tornou inútil ou de difícil utilização quando separado da parcela desapropriada.
Referido direito foi previsto no art. 4º da LC 76/93, no art. 12 do Decreto 4.956/1903 e no art. 19 da lei
4.504/64.
Por este motivo, a doutrina entende que tal direito pode ser alegado em qualquer modalidade de
desapropriação, uma vez que se trata de assunto relacionado à justa indenização, pois a parte
remanescente deve fazer parte da desapropriação e, consequentemente, do preço a ser pago pelo autor.
Desta forma, pode ser alegado em defesa, não contrariando a limitação da cognição judicial do art. 20, DL
3.365/41.
36. (VUNESP / PGM-SÃO JOSÉ DOS CAMPOS-SP / 2019) A respeito da Requisição, Servidão
Administrativa e Tombamento, assinale a alternativa correta.
a) As servidões administrativas podem incidir sobre bens imóveis, móveis e direitos.
b) As requisições administrativas incidem sobre bens móveis ou serviços de particulares, não podendo incidir
sobre bens imóveis.
c) De acordo com o STJ, como não há dispositivo expresso proibindo a hierarquização para o tombamento,
os municípios podem tombar bens públicos estaduais.
d) O tombamento pode ser voluntário ou compulsório, mas não pode ser instituído de ofício.
e) O tombamento geral ou global depende da individualização de todos os bens no ato do tombamento e
exige a prévia notificação de cada proprietário, de acordo com o STJ.
Comentários
A alternativa A está incorreta. As servidões administrativas incidem apenas sobre bens imóveis.
A alternativa B está incorreta. A requisição, portanto, é a utilização forçada de um bem móvel ou imóvel ou
de um serviço privado em situação de perigo público iminente.
A alternativa C está correta e é o gabarito da questão. De fato, a União pode realizar o tombamento de bens
dos Estados, do DF e dos Municípios. Polêmica existe com relação à possibilidade do tombamento “de baixo
para cima”, ou seja, quanto à possibilidade de tombamento de bens da União por Estados ou Municípios.
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Embora exista, doutrina que entenda pela impossibilidade, o STF e o STJ já se manifestaram quanto à
viabilidade de tombamento, pelo Município, de bens dos Estados e da União, assim como os Estados podem
tombar bens federais (STF: ACO 1.208 AgR/MS; STJ: RMS 18.952/RJ).
A alternativa D está incorreta. Poderá ser constituído de ofício quanto aos bens públicos.
De acordo com o procedimento necessário para realizar o tombamento, é adotada a seguinte classificação:
a) Tombamento de ofício (art. 5º, DL 25/37): é o tombamento de bens públicos, em que basta a
notificação da entidade responsável (em âmbito federal, o IPHAN) à entidade proprietária do bem;
b) Tombamento voluntário (art. 7º, DL 25/37): neste caso, o proprietário do bem particular toma a
iniciativa ou consente, expressa ou implicitamente, com o tombamento;
c) Tombamento compulsório (arts. 8º e 9º, DL 25/37): é realizado contra a vontade do proprietário,
mediante um processo administrativo sob o procedimento estabelecido no Decreto-Lei.
a) Tombamento provisório: antes da inscrição do bem no livro do tombo, o particular já sofre algumas
restrições ao seu direito de propriedade, com o objetivo de proteger o bem durante o processo
administrativo;
b) Tombamento definitivo: ocorre com a inscrição do bem no livro do tombo, após a conclusão do
processo administrativo.
A alternativa E está incorreta. "Não é necessário que o tombamento geral, como no caso da cidade de
Tiradentes, tenha procedimento para individualizar o bem (art. 1| do Decreto-Lei n. 25/37). As restrições do
art. 17 do mesmo diploma legal se aplicam a todos os que tenham imóvel na área tombada" (Resp
1.098.640/MG)
37. (VUNESP / PGM-SÃO JOSÉ DOS CAMPOS-SP / 2019) Suponha que o Município de São José dos
Campos deseja desapropriar, por razões de utilidade pública, um imóvel localizado na zona urbana da
cidade e que pertence a Maria. Após a fase declaratória do procedimento para consumação da
desapropriação, iniciou-se a fase executória e o Poder Público ofereceu proposta a Maria, mas ela não
concordou. Em face da impossibilidade do acordo na via administrativa, o Município de São José dos
Campos propôs ação judicial de desapropriação em face da proprietária do bem. Visando promover o
interesse público, o Poder Público deseja imitir-se provisoriamente na posse do bem ainda no curso do
processo judicial. Considerando a situação hipotética, é correto afirmar que
a) a imissão provisória na posse pressupõe urgência e depósito prévio. Cabe ao Município avaliar
discricionariamente a urgência na imissão provisória e ao Judiciário analisar o ato que alegou urgência, sendo
lícito ao juiz substituir o mérito administrativo.
b) após alegar a urgência, que poderá ser renovada pelo tempo necessário, o Poder Público tem o prazo
improrrogável de 180 (cento e oitenta dias) para requerer a imissão provisória.
c) para que a declaração de urgência com fins de imissão provisória na posse seja considerada como válida,
deve ser realizada exclusivamente no próprio decreto expropriatório.
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d) de acordo com o entendimento do STJ, o depósito judicial do valor simplesmente apurado pelo corpo
técnico do ente público, sendo inferior ao valor arbitrado por perito judicial e ao valor cadastral do imóvel,
não viabiliza a imissão provisória na posse.
e) Maria poderá levantar, independentemente de concordância do Município de São José dos Campos, até
70% (setenta por cento) do depósito efetivado com fins de imissão provisória na posse.
Comentários
A alternativa A está incorreta. O juiz não pode ingressar na análise do mérito administrativo, sob pena de
violação da separação dos poderes.
A alternativa B está incorreta. Realizada a declaração de urgência, o ente desapropriante deve requerer a
imissão provisória no prazo de 120 (cento e vinte) dias, sob pena de não ser concedida a imissão na posse e
não poder ser renovada a declaração de urgência.
A alternativa C está incorreta. A declaração de urgência não precisa constar do decreto expropriatório, pode
ser realizada no curso do processo judicial de desapropriação.
A alternativa D está correta e é o gabarito da questão. Diante do que dispõe o art. 15 §1°, alínea a, b, c, e d,
do Decreto-Lei n. 3.365/41, o depósito judicial do valor simplesmente apurado pelo corpo técnico do ente
público, sendo inferior ao valor arbitrado por perito judicial e ao valor cadastral do imóvel, não viabiliza a
imissão provisória na posse (REsp 181407/SP).
Art. 33 (...)
38. (CESPE / TCE-RO – Procurador do MPC / 2019) De acordo com o STJ, a indenização pela limitação
administrativa ao direito de edificar, advinda da criação de área non aedificandi, somente é devida na
hipótese de
a) a limitação ser imposta sobre imóvel rural, independentemente do prejuízo causado ao proprietário da
área.
b) a restrição administrativa configurar situação de desapropriação indireta.
c) ficar demonstrado o prejuízo causado ao proprietário da área, independentemente da localização do
imóvel.
d) a restrição administrativa ter sido criada por disposição legal genérica e o imóvel situar-se em área rural.
e) a limitação ser imposta sobre imóvel urbano, desde que fique demonstrado o prejuízo causado ao
proprietário da área.
Comentários
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A alternativa E está correta e é o gabarito da questão. A indenização pela limitação administrativa ao direito
de edificar, advinda da criação de área non aedificandi, somente é devida se imposta sobre imóvel urbano e
desde que fique demonstrado o prejuízo causado ao proprietário da área (AgRg no REsp 1113343/SC).
39. (CESPE / MPC-PA – Procurador do MPC / 2019) No que se refere à intervenção do Estado na
propriedade privada, julgue os itens a seguir.
I Conforme o entendimento do STJ, o valor da indenização deve ser contemporâneo à avaliação.
II A CF previu o tombamento de todos os sítios detentores de reminiscências históricas dos antigos
quilombos.
III Os bens expropriados, uma vez incorporados à fazenda pública, não podem ser objeto de reivindicação,
salvo no caso de esta ser fundada em nulidade do processo de desapropriação.
IV Constitui exemplo de requisição administrativa a hipótese de o Estado, para a realização de eleições
municipais, utilizar escola privada somente durante o dia das eleições.
Estão certos apenas os itens
a) I e II.
b) I e III.
c) II e IV.
d) I, III e IV.
e) II, III e IV.
Comentários
A assertiva I está correta. A teor do disposto no artigo 26 do DL n. 3.365/1941, o valor da indenização será
contemporâneo à data da avaliação judicial, não sendo relevante a data em que ocorreu a imissão na posse,
tampouco a data em que se deu a vistoria do expropriante (REsp 1.274.005-MA).
A assertiva II está correta. A própria constituição já estabeleceu tombamento ex lege para alguns bens:
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A assertiva III está incorreta. Mesmo em caso de nulidade, os bens expropriados não poderão ser objetos de
reivindicação:
Decreto-lei 3.365/41
Art. 35 Os bens expropriados, uma vez incorporados à Fazenda Pública, não podem ser objeto de
reivindicação, ainda que fundada em nulidade do processo de desapropriação. Qualquer ação
julgada procedente resolver-se-á em perdas e danos.
A assertiva IV está incorreta. Não se trata de requisição administrativa, tendo em vista a ausência de perigo
iminente. Trata-se de ocupação temporária.
Art. 36. É permitida a ocupação temporária, que será indenizada, afinal, por ação própria, de
terrenos não edificados, vizinhos às obras e necessários à sua realização.
São exemplos de ocupação temporária a utilização de imóveis para alojamento de funcionários e depósito
de máquinas e equipamentos vinculados a obra pública, ocupação de escolas privadas para alocação de
urnas de votação e pessoal em época de eleições, dentre outros.
Portanto,
40. (VUNESP / PGM-SÃO JOSÉ DO RIO PRETO-SP / 2019) A respeito da desapropriação, assinale a
alternativa correta.
a) A declaração de utilidade pública ou de interesse social para fins de desapropriação caduca em cinco anos,
caso não efetivada a desapropriação nesse período.
b) A desapropriação é procedimento de competência privativa do Poder Público e, como tal, não comporta
a delegação de qualquer de seus atos a agentes privados.
c) É facultado ao Poder Público municipal exigir do proprietário do solo urbano não edificado ou subutilizado
que promova seu adequado aproveitamento, sob pena de desapropriação com pagamento mediante títulos
da dívida pública, com prazo de resgate de até dez anos.
d) É facultado ao Poder Público municipal desapropriar por interesse social, para fins de reforma agrária, o
imóvel rural que não esteja cumprindo sua função social, mediante prévia e justa indenização em títulos da
dívida agrária.
e) A desapropriação por necessidade ou utilidade pública, ou por interesse social, exige justa e prévia
indenização em dinheiro, sem exceções.
Comentários
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Já a caducidade do decreto declaratório de interesse social, de acordo com o art. 3º da lei 4.132/62, ocorre
em 2 (dois) anos.
A alternativa B está incorreta. A competência para executar a desapropriação será do Ente federado que
declarou a utilidade pública ou o interesse social do bem. No entanto, é possível a delegação da competência
executória para entes da Administração indireta, para concessionárias de serviço público (Lei 8.987/95, art.
31, VI e art. 3º, DL 3.365/41) ou para os consórcios públicos (Lei 11.107/2005).
§ 4º É facultado ao Poder Público municipal, mediante lei específica para área incluída no plano
diretor, exigir, nos termos da lei federal, do proprietário do solo urbano não edificado,
subutilizado ou não utilizado, que promova seu adequado aproveitamento, sob pena,
sucessivamente, de:
III - desapropriação com pagamento mediante títulos da dívida pública de emissão previamente
aprovada pelo Senado Federal, com prazo de resgate de até dez anos, em parcelas anuais, iguais
e sucessivas, assegurados o valor real da indenização e os juros legais.
A alternativa D está incorreta. Apenas a União possui a competência para a desapropriação para fins de
reforma agrária.
i. Desapropriação extraordinária urbanística (art. 182, §4º, CF): indenização em títulos da dívida pública
de emissão previamente aprovada pelo Senado Federal, com prazo de resgate de até dez anos, em
parcelas anuais, iguais e sucessivas;
ii. Desapropriação para fins de reforma agrária (art. 184, CF): indenização em títulos da dívida agrária,
com cláusula de preservação do valor real, resgatáveis no prazo de até vinte anos, a partir do segundo
ano de sua emissão;
iii. Desapropriação confisco: independe de indenização.
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41. (VUNESP / PGM-VALINHOS-SP / 2019) Com relação à desapropriação, assinale a alternativa que
contenha corretamente uma Súmula do Supremo Tribunal Federal.
a) A declaração de utilidade pública para desapropriação do imóvel impede o licenciamento da obra e o valor
desta será incluído na indenização.
b) No processo de desapropriação, são devidos juros compensatórios desde a antecipada imissão de posse,
ordenada pelo juiz, por motivo de urgência.
c) Pela demora no pagamento do preço da desapropriação caberá indenização complementar além dos juros.
d) Na indenização por desapropriação não se incluem honorários do advogado do expropriado.
e) Não será necessária a prévia autorização do Presidente da República para desapropriação, pelos Estados,
de empresa de energia elétrica.
Comentários
Súmula 23-STF: Verificados os pressupostos legais para o licenciamento da obra, não o impede a
declaração de utilidade pública para desapropriação do imóvel, mas o valor da obra não se
incluirá na indenização, quando a desapropriação for efetivada.
A alternativa B está correta e é o gabarito da questão. Diante disso, é possível perceber que os juros
compensatórios só incidem quando há imissão provisória na posse:
a) Índice: 6% ao ano;
b) Base de cálculo: diferença entre 80% do valor ofertado pelo ente expropriante e o valor fixado em
sentença;
c) Período de incidência: a partir da imissão provisória na posse.
Súmula 416-STF: Pela demora no pagamento do preço da desapropriação não cabe indenização
complementar além dos juros.
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A alternativa E está incorreta. O DL 3.365/41 autoriza a desapropriação, pelos Estados, Distrito Federal,
Territórios e Municípios, de ações, cotas e direitos representativos do capital de instituições e empresas cujo
funcionamento dependa de autorização do Governo Federal e se subordine à sua fiscalização, desde que
mediante prévia autorização, por decreto do Presidente da República (art. 2º, §3º).
Comentários
A alternativa A está correta. Servidão administrativa, regida pelo art. 40 do Decreto-Lei 3.365/41, é um
direito real público que permite a utilização de propriedade imóvel privada pela Administração Pública ou
pelos delegatários de serviços públicos para execução de obras ou serviços de interesse coletivo.
A alternativa B está incorreta e é o gabarito da questão. Alvará administrativo é um ato administrativo que
objetiva conceder ao particular o consentimento para a realização de uma atividade privada, seja por meio
da licença ou por meio da autorização administrativa.
A alternativa D está correta. A requisição, portanto, é a utilização forçada de um bem móvel ou imóvel ou
de um serviço privado em situação de perigo público iminente.
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A alternativa A está incorreta. Cuidado! O erro está em afirmar que o desapropriado receberá a indenização
total relativa a área real do bem. Na verdade, ele recebe a indenização relativa a área registrada e a relativa
à diferença fica depositada em juízo até retificação do registro ou comprovação da propriedade.
Se, em procedimento de desapropriação por interesse social, constatar-se que a área medida do bem é maior
do que a escriturada no Registro de Imóveis, o expropriado receberá indenização correspondente à área
registrada, ficando a diferença depositada em Juízo até que, posteriormente, se complemente o registro
ou se defina a titularidade para o pagamento a quem de direito. A indenização devida deverá considerar a
área efetivamente desapropriada, ainda que o tamanho real seja maior do que o constante da escritura, a
fim de não se configurar enriquecimento sem causa em favor do ente expropriante (STJ – REsp 1466747 PE).
A alternativa B está incorreta. De acordo com o art. 182, §2º, CF, a propriedade urbana cumpre a sua função
social quando atende às exigências do plano diretor municipal, que, por sua vez, é obrigatório para cidades
com mais de vinte mil habitantes e consiste no instrumento básico da política de desenvolvimento e de
expansão urbana.
A alternativa C está correta e é o gabarito da questão. Quanto à necessidade de indenização, de acordo com
o art. 5º, XXIV, CF, em regra, deverá ser prévia, justa e em dinheiro.
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§ 2º Os bens do domínio dos Estados, Municípios, Distrito Federal e Territórios poderão ser
desapropriados pela União, e os dos Municípios pelos Estados, mas, em qualquer caso, ao ato
deverá preceder autorização legislativa.
O dispositivo estabeleceu uma espécie de “hierarquia federativa” (alguns autores preferem a expressão
“predominância do interesse”) em que apenas o Ente Federado “maior” pode desapropriar bens do Ente
Federado “menor”, desde que haja prévia autorização legislativa neste sentido.
Art. 5º (...)
A alternativa C está incorreta. De acordo com o art. 4º do DL 3.365/41, a “desapropriação poderá abranger
a área contígua necessária ao desenvolvimento da obra a que se destina, e as zonas que se valorizarem
extraordinariamente, em consequência da realização do serviço. Em qualquer caso, a declaração de
utilidade pública deverá compreendê-las, mencionando-se quais as indispensáveis à continuação da obra e
as que se destinam à revenda.”
A alternativa E está incorreta. De acordo com o art. 10 do DL 3.365/41, o prazo de caducidade da declaração
de utilidade ou necessidade pública é de 5 (cinco) anos contados da data da expedição do decreto. Se houver
a caducidade, o bem somente poderá ser objeto de novo decreto após 1 (um) ano.
Já a caducidade do decreto declaratório de interesse social, de acordo com o art. 3º da lei 4.132/62, ocorre
em 2 (dois) anos.
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Código Civil:
Art. 519. Se a coisa expropriada para fins de necessidade ou utilidade pública, ou por interesse
social, não tiver o destino para que se desapropriou, ou não for utilizada em obras ou serviços
públicos, caberá ao expropriado direito de preferência, pelo preço atual da coisa.
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observados para que a desapropriação seja válida: a) a declaração de utilidade ou necessidade pública ou de
interesse social; b) a indenização justa, que, em regra, será prévia e em dinheiro.
A alternativa D está incorreta. A desapropriação realizada pelo Município com pagamento por meio de
títulos da dívida pública é a desapropriação urbanística e não a desapropriação por interesse ou utilidade
pública.
47. (VUNESP / CM-SERTÃOZINHO-SP / 2019) A respeito da declaração de utilidade pública para fins de
desapropriação, afirma-se que
a) declarada a utilidade pública, ficam as autoridades administrativas autorizadas a penetrar nos prédios
compreendidos na declaração, podendo recorrer, em caso de oposição, ao auxílio de força policial.
b) a declaração de utilidade pública far-se-á por lei de iniciativa do Chefe do Executivo.
c) ao Poder Judiciário é permitido, no processo de desapropriação, decidir se se verificam ou não os casos
de utilidade pública.
d) a desapropriação poderá abranger a área contígua necessária ao desenvolvimento da obra a que se
destina, ainda que a declaração de utilidade pública não a compreenda.
e) a desapropriação deverá efetivar-se dentro de cinco anos, contados da data da expedição da declaração
e findos os quais esta caducará, sendo, neste caso, vedada nova declaração de utilidade pública do mesmo
bem.
Comentários
A alternativa A está correta e é o gabarito da questão. Com a declaração de utilidade pública ou de interesse
social do bem, verificam-se as seguintes consequências:
a) Autorização para ingressar no bem (art. 7º, DL 3.365/41): as autoridades podem ingressar no bem
objeto da declaração, podendo recorrer, em caso de oposição, ao auxílio de força policial. O ingresso
tem o objetivo de realizar avaliações e medições.
a) Decreto expropriatório (art. 6º, DL 3.365/41): editado pelo Chefe do Poder Executivo;
b) Lei de efeitos concretos (art. 8º, DL 3.365/41): editada pelo Poder Legislativo.
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A alternativa C está incorreta. De acordo com o art. 20 do DL 3.365/4, “a contestação só poderá versar sobre
vício do processo judicial ou impugnação do preço; qualquer outra questão deverá ser decidida por ação
direta”.
Desta forma, quanto à cognição horizontal da demanda, que se relaciona às matérias que podem ser
discutidas no processo, a cognição é limitada, tendo em vista que não se admite a discussão de qualquer
outra matéria que não seja vício no processo ou o preço. Logo, não é possível discutir a titularidade do bem,
não sendo cabível a interposição de oposição por terceiro interessado nem se há verificação da utilidade
pública declarada.
A alternativa D está incorreta. No caso, deve haver declaração no decreto de utilidade pública. De acordo
com o art. 4º do DL 3.365/41, a “desapropriação poderá abranger a área contígua necessária ao
desenvolvimento da obra a que se destina, e as zonas que se valorizarem extraordinariamente, em
consequência da realização do serviço. Em qualquer caso, a declaração de utilidade pública deverá
compreendê-las, mencionando-se quais as indispensáveis à continuação da obra e as que se destinam à
revenda.”
A alternativa E está incorreta. Pode ser objeto de nova declaração após um ano.
Já a caducidade do decreto declaratório de interesse social, de acordo com o art. 3º da lei 4.132/62, ocorre
em 2 (dois) anos.
Em qualquer dos casos, o bem somente poderá ser objeto de nova declaração após o prazo de 1 (um) ano
da consumação da caducidade.
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Código Civil:
Art. 519. Se a coisa expropriada para fins de necessidade ou utilidade pública, ou por interesse
social, não tiver o destino para que se desapropriou, ou não for utilizada em obras ou serviços
públicos, caberá ao expropriado direito de preferência, pelo preço atual da coisa.
A alternativa B está incorreta. Devem pagar o preço atual da coisa, não bastando a devolução do valor
recebido a título de indenização:
Código Civil:
Art. 519. Se a coisa expropriada para fins de necessidade ou utilidade pública, ou por interesse
social, não tiver o destino para que se desapropriou, ou não for utilizada em obras ou serviços
públicos, caberá ao expropriado direito de preferência, pelo preço atual da coisa
A alternativa E está incorreta. Os expropriados devem pagar o preço atual da coisa para reaver o bem, não
bastando a devolução do valor recebido a título de indenização:
Código Civil:
Art. 519. Se a coisa expropriada para fins de necessidade ou utilidade pública, ou por interesse
social, não tiver o destino para que se desapropriou, ou não for utilizada em obras ou serviços
públicos, caberá ao expropriado direito de preferência, pelo preço atual da coisa
Comentários
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A alternativa A está incorreta. Trata-se de uma forma de aquisição originária da propriedade, tendo em vista
que independe da vontade do titular anterior, pelo que o Ente Público recebe o bem livre de eventuais ônus
reais. Os eventuais credores devem se sub-rogar no preço pago a título de indenização (art. 31, DL 3.365/41).
A alternativa C está incorreta. De acordo com o art. 4º do DL 3.365/41, a “desapropriação poderá abranger
a área contígua necessária ao desenvolvimento da obra a que se destina, e as zonas que se valorizarem
extraordinariamente, em consequência da realização do serviço. Em qualquer caso, a declaração de
utilidade pública deverá compreendê-las, mencionando-se quais as indispensáveis à continuação da obra e
as que se destinam à revenda.”
a) Decreto expropriatório (art. 6º, DL 3.365/41): editado pelo Chefe do Poder Executivo;
b) Lei de efeitos concretos (art. 8º, DL 3.365/41): editada pelo Poder Legislativo.
Art. 15 (...)
§ 1º A imissão provisória poderá ser feita, independente da citação do réu, mediante o depósito:
a) do preço oferecido, se este for superior a 20 (vinte) vezes o valor locativo, caso o imóvel esteja
sujeito ao imposto predial;
c) do valor cadastral do imóvel, para fins de lançamento do imposto territorial, urbano ou rural,
caso o referido valor tenha sido atualizado no ano fiscal imediatamente anterior;
d) não tendo havido a atualização a que se refere o inciso c, o juiz fixará independente de
avaliação, a importância do depósito, tendo em vista a época em que houver sido fixado
originalmente o valor cadastral e a valorização ou desvalorização posterior do imóvel.
50. (IADES / AL-GO – Procurador / 2019) De maneira instrumental, o Estado possui uma variedade de
meios jurídicos para que possa atuar na relação dominial privada, de modo a restringi-la, podendo, no
limite, inclusive, extingui-la, visando ao interesse público. Quanto a esses instrumentos estatais, assinale
a alternativa correta.
a) Uma das diferenças gerais entre os institutos da ocupação temporária e da requisição é que, naquele, o
caráter é de onerosidade, enquanto, neste, de regra, impõe-se a gratuidade.
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A alternativa A está incorreta. Tanto na ocupação temporária quanto na requisição a regra é a ausência de
indenização, salvo se comprovados efetivos prejuízos ao bem.
A alternativa B está incorreta. O tombamento e a servidão, de fato, possuem caráter permanente. Porém, o
erro da alternativa está na afirmação quanto à limitação, que também possui caráter permanente.
A alternativa C está correta e é o gabarito da questão. A limitação administrativa impõe obrigações positivas
ou negativas a proprietários indeterminados, com a finalidade de promover a função social das
propriedades. Trata-se de restrições de caráter geral, não atingindo um único bem ou um grupo de bens
específicos, mas todos os proprietários que se encontrem na hipótese descrita na norma.
As referidas limitações decorrem diretamente do exercício do poder de polícia estatal e possui efeitos ex
nunc, ou seja, efeitos proativos.
A alternativa D está incorreta. Em caso de obras públicas a Administração dispõe da ocupação temporária,
não cabendo a instituição de servidão neste caso. Isto porque a servidão possui caráter de perpetuidade e a
obra é transitória.
A alternativa E está incorreta. Não há a instituição de direito de preferência de aquisição do bem ao Poder
Público ao se instituir a servidão. O ordenamento jurídico não previu esta hipótese.
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e) a citação far-se-á por mandado na pessoa do proprietário dos bens; a do marido dispensa a da mulher; a
de um sócio, ou administrador, a dos demais, quando o bem pertencer à sociedade; a do administrador da
coisa no caso de condomínio, exceto o de edifício de apartamento constituindo cada um propriedade
autônoma, a dos demais condôminos e a do inventariante, e, se não houver, a do cônjuge, herdeiro, ou
legatário, detentor da herança, a dos demais interessados, quando o bem pertencer a espólio.
Comentários
A alternativa A está incorreta. Da sentença, cabe apelação com efeito devolutivo quanto interposta pelo
expropriado e no duplo efeito quanto pelo expropriante. Ademais, se a sentença condenar a Fazenda Pública
em preço superior ao dobro do ofertado, estará sujeita à remessa necessária (art. 28, caput e §1º).
Os honorários advocatícios serão fixados entre 0,5% e 5% sobre o valor da diferença entre o preço ofertado
e o fixado na sentença, cujos valores serão devidamente atualizados. Pagará os honorários a parte vencida
ao advogado da parte vencedora.
A alternativa B está incorreta. De acordo com o art. 20 do DL 3.365/4, “a contestação só poderá versar sobre
vício do processo judicial ou impugnação do preço; qualquer outra questão deverá ser decidida por ação
direta”.
Desta forma, quanto à cognição horizontal da demanda, que se relaciona às matérias que podem ser
discutidas no processo, a cognição é limitada, tendo em vista que não se admite a discussão de qualquer
outra matéria que não seja vício no processo ou o preço. Logo, não é possível discutir a titularidade do bem,
não sendo cabível a interposição de oposição por terceiro interessado nem se há verificação da utilidade
pública declarada.
Art. 21. A instância não se interrompe. No caso de falecimento do réu, ou perda de sua
capacidade civil, o juiz, logo que disso tenha conhecimento, nomeará curador à lide, ate que se
lhe habilite o interessado.
A citação do réu deve ocorrer por mandado. Embora o art. 16 disponha que a citação do marido dispensa a
da mulher, esta parte do dispositivo não foi recepcionada pela ordem constitucional:
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Art. 16. A citação far-se-á por mandado na pessoa do proprietário dos bens; a do marido dispensa
a dá mulher; a de um sócio, ou administrador, a dos demais, quando o bem pertencer a
sociedade; a do administrador da coisa no caso de condomínio, exceto o de edifício de
apartamento constituindo cada um propriedade autônoma, a dos demais condôminos e a do
inventariante, e, se não houver, a do cônjuge, herdeiro, ou legatário, detentor da herança, a dos
demais interessados, quando o bem pertencer a espólio.
Comentários
A alternativa A está incorreta. A competência para legislar acerca da matéria “desapropriação” é privativa
da União, a teor do art. 22, II, CF.
A alternativa B está incorreta. A competência para a desapropriação para fins de reforma agrária é privativa
da União (art. 184, CF).
A indenização será realizada em títulos da dívida agrária, com cláusula de preservação do valor real,
resgatáveis no prazo de até vinte anos, a partir do segundo ano de sua emissão, e cuja utilização será
definida em lei. Somente as benfeitorias úteis e necessárias é que serão indenizadas em dinheiro.
A alternativa C está incorreta. A competência para desapropriar imóveis para fins de reforma agrária é
privativa da União, que deve declarar o imóvel de interesse social antes de propor a ação de desapropriação.
Não é possível aos demais Entes Federados desapropriarem imóveis rurais sem função social para fins de
reforma agrária, com base no art. 184, CF.
Por outro lado, o imóvel rural pode ser desapropriado por outro motivo e para fins diversos da reforma
agrária pelos Estados, DF e Municípios.
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A alternativa E está correta e é o gabarito da questão. De acordo com o art. 10 do DL 3.365/41, o prazo de
caducidade da declaração de utilidade ou necessidade pública é de 5 (cinco) anos contados da data da
expedição do decreto. Se houver a caducidade, o bem somente poderá ser objeto de novo decreto após 1
(um) ano.
53. (FEPESE / PGE-SC / 2018) Assinale a alternativa correta, conforme previsto no texto constitucional
vigente.
a) No caso de iminente perigo público, a autoridade competente poderá usar de propriedade particular,
assegurada ao proprietário indenização prévia em caso de dano.
b) O Poder Público, independentemente da colaboração da comunidade, promoverá e protegerá o
patrimônio cultural brasileiro, por meio de inventários, registros, vigilância, tombamento e desapropriação,
indenizando sempre os particulares.
c) O Poder Público estadual é obrigado a exigir, nos termos da lei federal, do proprietário do solo urbano não
edificado, subutilizado ou não utilizado, que promova seu adequado aproveitamento.
d) Compete ao Município desapropriar por interesse próprio o imóvel rural que não esteja cumprindo sua
função social, mediante prévia e justa indenização em dinheiro.
e) A lei estabelecerá o procedimento para desapropriação por necessidade ou utilidade pública, ou por
interesse social, mediante justa e prévia indenização em dinheiro, ressalvados os casos previstos na
Constituição.
Comentários
A alternativa A está incorreta. A requisição possui duração enquanto perdurar o perigo iminente que ensejou
a medida e, em regra, não enseja direito à indenização ao particular. Somente haverá indenização, que será
posterior, se comprovada a existência de danos ao bem objeto de restrição ou caso a limitação impeça de
se dar ao bem a destinação que se considerava natural, havendo, neste último caso, dano especial e anormal
a ensejar indenização, decorrente da distribuição dos equânime dos encargos sociais.
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§ 4º É facultado ao Poder Público municipal, mediante lei específica para área incluída no plano
diretor, exigir, nos termos da lei federal, do proprietário do solo urbano não edificado,
subutilizado ou não utilizado, que promova seu adequado aproveitamento, sob pena,
sucessivamente, de:
III - desapropriação com pagamento mediante títulos da dívida pública de emissão previamente
aprovada pelo Senado Federal, com prazo de resgate de até dez anos, em parcelas anuais, iguais
e sucessivas, assegurados o valor real da indenização e os juros legais.
A alternativa D está incorreta. A desapropriação nunca será por interesse próprio. Além disso, a
desapropriação de imóveis rurais que não estão cumprindo a função social é competência da União. A
competência para desapropriar imóveis para fins de reforma agrária é privativa da União, que deve declarar
o imóvel de interesse social antes de propor a ação de desapropriação. Não é possível aos demais Entes
Federados desapropriarem imóveis rurais sem função social para fins de reforma agrária, com base no art.
184, CF.
54. (FCC / PGE-AP / 2018) Considere que, visando realizar obras de saneamento básico, o Estado do
Amapá edita decreto no qual declara a utilidade pública, para fins de desapropriação, de imóvel residencial
urbano habitado pelo respectivo proprietário, em favor da Companhia de Água e Esgoto do Amapá
(CAESA). A referida empresa estatal ajuíza a ação de desapropriação e, na petição inicial, alega urgência e
requer a imissão provisória no imóvel expropriando. Nesse caso,
a) não deve ser concedida a imissão provisória, visto que a urgência deveria ser previamente declarada no
decreto de utilidade pública.
b) se houver impugnação pelo expropriado, haverá arbitramento de indenização provisória pelo juiz, que
somente autorizará a imissão, se o expropriante complementar o depósito para que este atinja a metade do
valor arbitrado.
c) não é possível imissão provisória, pois o direito à moradia se sobrepõe à conveniência da Administração
Pública.
d) deve haver a citação do expropriado antes da decisão sobre a imissão provisória na posse.
e) a empresa estatal nunca terá competência para ajuizar ação de desapropriação, que deve ser proposta
diretamente pelo ente que emitiu o decreto de utilidade pública.
Comentários
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a) Declaração de urgência;
b) Depósito da quantia arbitrada.
A declaração de urgência não precisa constar do decreto expropriatório, pode ser realizada no curso do
processo judicial de desapropriação.
Art. 2º Impugnada a oferta pelo expropriado, o juiz, servindo-se, caso necessário, de perito
avaliador, fixará em quarenta e oito horas o valor provisório do imóvel.
Art. 3º Quando o valor arbitrado for superior à oferta, o juiz só autorizará a imissão provisória
na posse do imóvel, se o expropriante complementar o depósito para que este atinja a metade
do valor arbitrado.
A alternativa C está incorreta. Não há qualquer vedação à imissão provisória na posse na desapropriação de
imóveis urbanos habitados. Pelo contrário, há expressa previsão da possibilidade no Decreto-Lei 1.075/70.
A alternativa D está incorreta. Nem o DL 3.365/41 nem o DL 1.075/70 fazem essa exigência.
A alternativa E está incorreta. A competência para executar a desapropriação será do Ente federado que
declarou a utilidade pública ou o interesse social do bem. No entanto, é possível a delegação da competência
executória para entes da Administração indireta, para concessionárias de serviço público (Lei 8.987/95, art.
31, VI e art. 3º, DL 3.365/41) ou para os consórcios públicos (Lei 11.107/2005).
55. (FCC / PGE-AP / 2018) O tombamento, em suas várias modalidades, constitui ato administrativo
que sempre ostenta a característica de
a) compulsoriedade
b) provisoriedade.
c) imperatividade.
d) irretratabilidade.
e) indenizabilidade.
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A alternativa A está incorreta. De acordo com o procedimento necessário para realizar o tombamento, é
adotada a seguinte classificação:
a) Tombamento de ofício (art. 5º, DL 25/37): é o tombamento de bens públicos, em que basta a
notificação da entidade responsável (em âmbito federal, o IPHAN) à entidade proprietária do bem;
b) Tombamento voluntário (art. 7º, DL 25/37): neste caso, o proprietário do bem particular toma a
iniciativa ou consente, expressa ou implicitamente, com o tombamento;
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A alternativa B está incorreta. O tombamento pode ser provisório ou definitivo. Quanto produção de efeitos,
temos a seguinte classificação:
a) Tombamento provisório: antes da inscrição do bem no livro do tombo, o particular já sofre algumas
restrições ao seu direito de propriedade, com o objetivo de proteger o bem durante o processo
administrativo;
b) Tombamento definitivo: ocorre com a inscrição do bem no livro do tombo, após a conclusão do
processo administrativo.
A alternativa C está correta e é o gabarito da questão. Se o particular não requerer ou anuir ao tombamento,
o Pode Público poderá impor o tombamento, independentemente da vontade do particular.
Tombamento é a modalidade de intervenção do Estado na propriedade que busca proteger o meio ambiente
quanto aos seus aspectos relacionados ao patrimônio histórico, artístico e cultural, por meio de limitações
ao exercício do direito de propriedade. Atinge, portanto, o caráter absoluto da propriedade.
Com essas limitações, busca evitar a destruição ou deterioração do bem que resultaria em perda de
informações relevantes para a história do país ou prejuízos a obras artísticas ou culturais.
A alternativa D está incorreta. A extinção, por sua vez, ocorre quando o tombamento é cancelado pelo
Presidente da República, o que poderá ocorrer de ofício ou mediante recurso interposto por qualquer
interessado (Decreto 3.866/41, artigo único).
Além disso, o tombamento poderá ser revogado, tendo em vista se tratar de ato discricionário, bem como
poderá ser anulado em caso de ser constatado algum vício de legalidade.
A alternativa E está incorreta. Em regra, o particular proprietário do bem tombado não possui direito a
indenização, tendo em vista que permanece na titularidade do bem, podendo exercer os direitos de
propriedade sobre ele, embora limitados.
Delegado
56. (UEG / PC-GO – Delegado / 2018) A Constituição da República prevê que, em caso de iminente
perigo público, a autoridade competente poderá usar de propriedade particular. Sobre o instituto da
requisição, verifica-se o seguinte:
a) a requisição civil, ao contrário da requisição militar, só pode recair sobre bens que permitam sua posterior
devolução ao particular, não podendo recair sobre bens irrecuperáveis.
b) a União detém competência privativa para legislar sobre requisições civis e militares, mas lei
complementar poderá autorizar os Estados a legislar sobre questões específicas relacionadas ao instituto.
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A alternativa A está incorreta. Em ambos os casos não há necessidade de haver possibilidade de devolução
do bem. Veja, a regra é haver devolução, mas para haver a requisição, não existe esse requisito.
A alternativa B está correta e é o gabarito da questão. É o que dispõe o art. 22, III, CF:
(...)
Parágrafo único. Lei complementar poderá autorizar os Estados a legislar sobre questões
específicas das matérias relacionadas neste artigo.
A alternativa C está incorreta. Apesar de ser autoexecutório, não depende de estar em situação de guerra.
A requisição possui previsão constitucional:
Art. 5º (...)
XXV - no caso de iminente perigo público, a autoridade competente poderá usar de propriedade
particular, assegurada ao proprietário indenização ulterior, se houver dano;
A alternativa D está incorreta. O STF entendeu que para a União requisite bens públicos dos Estados e
Municípios para atendimento de necessidades coletivas, urgentes e transitórias, na área da saúde, depende
da decretação de estado de defesa ou estado de sítio.
A alternativa E está incorreta. A requisição possui duração enquanto perdurar o perigo iminente que ensejou
a medida e, em regra, não enseja direito à indenização ao particular. Somente haverá indenização, se
comprovada a existência de danos ao bem objeto de restrição ou caso a limitação impeça de se dar ao bem
a destinação que se considerava natural, havendo, neste último caso, dano especial e anormal a ensejar
indenização, decorrente da distribuição dos equânime dos encargos sociais.
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A alternativa A está correta e é o gabarito da questão. Servidão administrativa, regida pelo art. 40 do
Decreto-Lei 3.365/41, é um direito real público que permite a utilização de propriedade imóvel privada pela
Administração Pública ou pelos delegatários de serviços públicos para execução de obras ou serviços de
interesse coletivo.
Recairá obrigatoriamente sobre bens imóveis determinados, terá caráter de perpetuidade (permanente) e,
obrigatoriamente, será registrada no Cartório de Registro de Imóveis para que produza efeitos erga omnes.
A alternativa B está incorreta. A ocupação temporária é a utilização, em regra por prazo determinado e em
situação de normalidade, de bens privados para a execução de obra pública ou a prestação de serviços
públicos. Há previsão expressa da ocupação temporária no DL 3.365/41:
Art. 36. É permitida a ocupação temporária, que será indenizada, afinal, por ação própria, de
terrenos não edificados, vizinhos às obras e necessários à sua realização.
Embora tenha limitado o instituto às obras públicas, é possível ainda que a ocupação temporária tenha como
objetivo dar apoio a prestação de serviços.
Art. 13. A União, bem como os Estados e Municípios mediante autorização federal, poderão
proceder a escavações e pesquisas, no interesse da arqueologia e da pré-história em terrenos de
propriedade particular, com exceção das áreas muradas que envolvem construções domiciliares.
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Parágrafo único. À falta de acordo amigável com o proprietário da área onde situar-se a jazida,
será esta declarada de utilidade pública e autorizada a sua ocupação pelo período necessário à
execução dos estudos, nos termos do art. 36 do Decreto-lei nº 3.365, de 21 de junho de 1941.
Com essas limitações, busca evitar a destruição ou deterioração do bem que resultaria em perda de
informações relevantes para a história do país ou prejuízos a obras artísticas ou culturais.
A alternativa D está incorreta. Em regra, o particular proprietário do bem tombado não possui direito a
indenização, tendo em vista que permanece na titularidade do bem, podendo exercer os direitos de
propriedade sobre ele, embora limitados.
i. Desapropriação extraordinária urbanística (art. 182, §4º, CF): indenização em títulos da dívida pública
de emissão previamente aprovada pelo Senado Federal, com prazo de resgate de até dez anos, em
parcelas anuais, iguais e sucessivas;
ii. Desapropriação para fins de reforma agrária (art. 184, CF): indenização em títulos da dívida agrária,
com cláusula de preservação do valor real, resgatáveis no prazo de até vinte anos, a partir do segundo
ano de sua emissão;
iii. Desapropriação confisco: independe de indenização.
Outros
58. (INSTITUTO CONSULPLAN / TJ-MS – Titular de Serviços de Notas e Registros – Remoção / 2021) Com
relação à desapropriação, é correto afirmar que
B) É insuscetível de desapropriação para fins de reforma agrária a pequena e média propriedade rural, assim
definida em lei, desde que seu proprietário não possua outra.
C) Compete à União desapropriar por interesse social, para fins de reforma agrária, o imóvel rural que não
esteja cumprindo sua função social, mediante prévia e justa indenização em títulos da dívida agrária, com
cláusula de preservação do valor real, resgatáveis no prazo de até 20 (vinte) anos, a partir do segundo ano
de sua emissão, e cuja utilização será definida em lei.
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D) É facultado ao Poder Público municipal, mediante lei específica para área incluída no plano diretor, exigir,
nos termos da Lei Federal, do proprietário do solo urbano não edificado, subutilizado ou não utilizado, que
promova seu adequado aproveitamento, sob pena exclusiva de desapropriação com pagamento mediante
títulos da dívida pública de emissão previamente aprovada pelo Senado Federal, com prazo de resgate de
até 10 (dez) anos, em parcelas anuais, iguais e sucessivas, assegurados o valor real da indenização e os juros
legais.
Comentários
(...) II - desapropriação;
A alternativa B está correta. O art. 185 da CF/88 prevê alguns bens que são absolutamente insuscetíveis de
desapropriação:
I - a pequena e média propriedade rural, assim definida em lei, desde que seu proprietário não
possua outra;
II - a propriedade produtiva.
Parágrafo único. A lei garantirá tratamento especial à propriedade produtiva e fixará normas para
o cumprimento dos requisitos relativos a sua função social.
A alternativa C está correta. A competência para desapropriar imóveis para fins de reforma agrária é
privativa da União, que deve declarar o imóvel de interesse social antes de propor a ação de desapropriação.
A indenização será realizada em títulos da dívida agrária, com cláusula de preservação do valor real,
resgatáveis no prazo de até vinte anos, a partir do segundo ano de sua emissão, e cuja utilização será
definida em lei. Somente as benfeitorias úteis e necessárias é que serão indenizadas em dinheiro.
CF/88, Art. 184. Compete à União desapropriar por interesse social, para fins de reforma agrária, o
imóvel rural que não esteja cumprindo sua função social, mediante prévia e justa indenização em
títulos da dívida agrária, com cláusula de preservação do valor real, resgatáveis no prazo de até vinte
anos, a partir do segundo ano de sua emissão, e cuja utilização será definida em lei.
A alternativa D está incorreta. A desapropriação não será a única medida aplicável ao particular.
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§ 4º É facultado ao Poder Público municipal, mediante lei específica para área incluída no plano
diretor, exigir, nos termos da lei federal, do proprietário do solo urbano não edificado,
subutilizado ou não utilizado, que promova seu adequado aproveitamento, sob pena,
sucessivamente, de:
III - desapropriação com pagamento mediante títulos da dívida pública de emissão previamente
aprovada pelo Senado Federal, com prazo de resgate de até dez anos, em parcelas anuais, iguais
e sucessivas, assegurados o valor real da indenização e os juros legais.
A adoção dessas medidas deve ser sucessiva e gradativa, somente passando para a fase subsequente se o
particular continuar omisso em seu dever de aproveitar o imóvel urbano de maneira adequada.
LISTA DE QUESTÕES
Magistratura
(A) a declaração de utilidade pública impede que o proprietário aliene o bem objeto da declaração.
(B) a ação de desapropriação é uma ação especial, cujo objeto diz respeito a todos os possíveis aspectos da
decisão administrativa de desapropriar.
(C) a desapropriação por interesse social deverá efetivar-se mediante acordo, ou intentar-se judicialmente,
dentro de 5 (cinco) anos contados da data da respectiva declaração.
(D) a fase executória da desapropriação, como instrumento que extingue a propriedade privada, não poderá
ser promovida por concessionários de serviço público.
(E) a desapropriação poderá abranger a área contígua necessária ao desenvolvimento da obra a que se
destina, e as zonas que se valorizarem extraordinariamente, em consequência da realização do serviço. Em
qualquer caso, a declaração de utilidade pública deverá compreendê-las, mencionando quais as
indispensáveis à execução da obra e as que se destinam à revenda.
2. (FGV / TJ-AP / 2022) João é proprietário de imóvel rural que engloba grande área na cidade Alfa,
interior do Estado. O imóvel de João, sem seu conhecimento, foi invadido por terceiras pessoas que
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passaram a cultivar plantas psicotrópicas (maconha) de forma ilícita. O Município Alfa ajuizou ação
perante a Justiça Estadual visando à desapropriação confisco do imóvel de João. No caso em tela, de
acordo com o entendimento do Supremo Tribunal Federal, a expropriação prevista no Art. 243 da
Constituição da República de 1988:
(A) pode ser afastada, desde que o proprietário João comprove que não incorreu em dolo ou culpa grave,
pois possui responsabilidade subjetiva, vedada a inversão do ônus da prova, mas o Juízo deve extinguir o
processo sem resolução do mérito pela ilegitimidade ativa do Município Alfa, pois a ação deve ser proposta
pela União, na Justiça Federal;
(B) pode ser afastada, desde que o proprietário João comprove que não incorreu em dolo ou culpa grave,
pois possui responsabilidade subjetiva, vedada a inversão do ônus da prova, mas o Juízo deve extinguir o
processo sem resolução do mérito pela ilegitimidade ativa do Município Alfa, pois a ação deve ser proposta
pelo Estado;
(C) não pode ser afastada, pois João possui responsabilidade objetiva, vedada a inversão do ônus da prova,
e o Judiciário deve julgar procedente o pedido de desapropriação confisco, de maneira que o imóvel de João
seja destinado à reforma agrária e a programas de habitação popular, sem qualquer indenização ao
proprietário e sem prejuízo de outras sanções previstas em lei;
(D) pode ser afastada, desde que o proprietário João comprove que não incorreu em culpa, ainda que in
vigilando ou in eligendo, pois possui responsabilidade subjetiva, com inversão do ônus da prova, mas o Juízo
deve extinguir o processo sem resolução do mérito pela ilegitimidade ativa do Município Alfa, pois a ação
deve ser proposta pela União, na Justiça Federal;
(E) não pode ser afastada, pois João possui responsabilidade objetiva, admitida a inversão do ônus da prova,
e o Judiciário deve julgar procedente o pedido de desapropriação confisco, sendo que todo e qualquer bem
de valor econômico apreendido em decorrência do tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins será
confiscado e reverterá a fundo especial com destinação específica, na forma da lei.
3. (FGV / TJ-PR / 2021) O Município Beta, em matéria de política pública de desenvolvimento urbano,
deseja adotar medidas que tenham por objetivo ordenar o pleno desenvolvimento das funções sociais da
cidade e garantir o bem-estar de seus habitantes. Assim, de acordo com o que dispõe a Constituição da
República de 1988, o Município Beta, com base no Estatuto da Cidade e em lei específica para área incluída
em seu plano diretor, pode exigir do proprietário do solo urbano não edificado, subutilizado ou não
utilizado, que promova seu adequado aproveitamento, sob pena, sucessivamente, de:
(A) imposto sobre a propriedade predial e territorial urbana progressivo no tempo; parcelamento ou
edificação compulsórios; desapropriação sanção, sem direito à prévia indenização;
(B) imposto sobre a propriedade predial e territorial urbana progressivo no tempo; parcelamento ou
edificação compulsórios; desapropriação sanção, com direito à ulterior indenização, após processo judicial,
mediante pagamento com títulos da dívida pública municipal;
(C) imposto sobre a propriedade predial e territorial urbana progressivo no tempo; parcelamento ou
edificação compulsórios; desapropriação com pagamento mediante títulos da dívida pública municipal, com
prazo de resgate de até cinco anos, em parcelas anuais, iguais e sucessivas, assegurados o valor real da
indenização e os juros legais;
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(D) parcelamento ou edificação compulsórios; imposto sobre a propriedade predial e territorial urbana
progressivo no tempo; desapropriação com pagamento mediante sistema de precatório, após o trânsito em
julgado de ação judicial, assegurados o valor real da indenização e os juros legais;
(E) parcelamento ou edificação compulsórios; imposto sobre a propriedade predial e territorial urbana
progressivo no tempo; desapropriação com pagamento mediante títulos da dívida pública de emissão
previamente aprovada pelo Senado Federal, com prazo de resgate de até dez anos, em parcelas anuais, iguais
e sucessivas, assegurados o valor real da indenização e os juros legais.
4. (FCC / TJ-MS / 2020) A propósito do procedimento da desapropriação, a redação vigente do
Decreto-lei nº 3.365/1941 estatui que
a) a desapropriação deverá se efetivar mediante acordo ou judicialmente, dentro de 5 (cinco) anos, contados
da data da expedição do respectivo decreto e, decorrido tal prazo, este caducará.
b) notificado administrativamente o expropriado, ele terá o prazo de 15 (quinze) dias para aceitar ou rejeitar
a oferta de indenização, sendo que o silêncio será considerado aceitação.
c) a alegação de urgência deve constar obrigatoriamente do decreto de utilidade pública e obrigará o
expropriante a requerer a imissão provisória dentro do prazo improrrogável de 120 (cento e vinte) dias a
contar de sua publicação.
d) uma vez notificado pelo expropriante, o particular que não concordar com a indenização oferecida poderá
optar por resolver a questão por mediação ou arbitragem.
e) a ação, quando a União for autora, será proposta no Distrito Federal ou no foro da Capital do Estado onde
for domiciliado o réu, perante o juízo privativo, se houver; se for o Estado o autor, será proposta no foro da
Capital respectiva; sendo outro o autor, no foro da situação dos bens.
5. (CESPE / TJ-PA / 2019) Assinale a opção que indica a denominação dada ao direito do expropriado
de exigir de volta o imóvel objeto de desapropriação na hipótese de o poder público não dar o destino
adequado ao bem desapropriado.
a) desapropriação indireta
b) enfiteuse
c) tredestinação
d) retrocessão
e) servidão administrativa
6. (VUNESP / TJ-AC / 2019) Assinale a alternativa correta a respeito do processo judicial de
desapropriação.
a) Os juros compensatórios são devidos, na desapropriação direta, desde a imissão antecipada na posse e,
na indireta, da efetiva ocupação do imóvel.
b) A ação, quando a União for autora, será proposta no foro da Capital do Estado onde for domiciliado o réu;
sendo outro o autor, no foro do seu domicílio.
c) Na hipótese de urgência, o expropriante poderá ser imitido provisoriamente na posse do bem, que será
autorizada mediante o depósito da quantia oferecida na inicial.
d) A imissão provisória poderá ser feita mediante o depósito, exigida, contudo, a prévia citação do réu.
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7. (CESPE / TJ-PR / 2019) Assinale a opção que indica a denominação dada ao ônus real de uso
instituído pela administração pública sobre determinado imóvel privado para atendimento do interesse
público, mediante indenização dos prejuízos efetivamente suportados.
a) limitação administrativa
b) tombamento
c) servidão administrativa
d) ocupação temporária
8. (CESPE / TJ-BA / 2019) O Estado, no exercício do poder de polícia, pode restringir o uso da
propriedade particular por meio de obrigações de caráter geral, com base na segurança, na salubridade,
na estética, ou em outro fim público, o que, em regra, não é indenizável. Essa forma de exercício do poder
de polícia pelo Estado corresponde a
a) uma servidão administrativa.
b) uma ocupação temporária.
c) uma requisição.
d) uma limitação administrativa.
e) um tombamento.
9. (VUNESP / TJ-SP / 2018) É correto afirmar que a chamada desapropriação indireta
a) não dispensa o cumprimento das exigências previstas no artigo 34 do Decreto-lei nº 3.365/41 para o
levantamento do valor indenizatório depositado em juízo.
b) decorre da aplicação do princípio da intangibilidade da obra pública a uma situação originada de ato ilícito
indenizável praticado pela Administração contra o proprietário ou possuidor.
c) decorre de apossamento administrativo cuja licitude se funda no princípio da intangibilidade da obra
pública e na supremacia do interesse público.
d) difere da desapropriação por utilidade pública, embora também fundada em decreto da entidade
expropriante, por ser a respectiva ação judicial promovida pelo proprietário ou possuidor e não pelo Poder
Público.
10. (VUNESP / TJ-MT / 2018) A desapropriação
a) indireta decorre do ato administrativo de tombamento compulsório de bem imóvel particular,
independentemente da comprovação do esvaziamento integral do conteúdo patrimonial do bem.
b) de imóvel rural que não esteja cumprindo sua função social para fins de reforma agrária é do Estado-
membro em que localizado o bem, por expressa delegação legal.
c) destinada à urbanização ou reurbanização realizada mediante concessão patrocinada, poderá abranger
área contígua necessária ao desenvolvimento da obra, mediante proposta fundamentada do concessionário,
se este vislumbrar a possibilidade de valorização extraordinária da zona em consequência da realização do
serviço, formalizando-se por apostilamento contratual.
d) poderá ser realizada por concessionária de serviço público, se assim estipulado no edital de licitação e no
contrato de concessão, caso em que será desta a responsabilidade pelas indenizações cabíveis, preservada
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a competência do Poder Concedente para declarar de utilidade pública os bens necessários à execução do
serviço ou obra pública.
e) pode se dar “por zona”, isto é, coletivamente em favor de núcleos urbanos informais existentes sem
oposição há mais de cinco anos e cuja área total dividida pelo número de possuidores seja inferior a duzentos
e cinquenta metros por possuidor.
Promotor
11. (MP-GO / MP-GO / 2019) Acerca da intervenção do Estado na propriedade, assinale a resposta
correta:
a) São insuscetíveis de desapropriação para fins de reforma agrária a propriedade produtiva, desde que o
proprietário não possua outra.
b) As desapropriações de imóveis urbanos serão feitas sempre com prévia indenização em títulos da dívida
pública.
c) Compete a União desapropriar por interesse social, para fins de reforma agrária, o imóvel rural que não
esteja cumprindo sua função social, mediante prévia e justa indenização em títulos da dívida agrária,
resgatáveis no prazo de até dez anos.
d) A propriedade rural e urbana expropriada em decorrência de cultura ilegal de plantas psicotrópicas e
exploração de trabalho escravo serão destinadas à reforma agrária e a programas de habitação popular.
12. (MP-SP / MP-SP / 2019) Assinale a alternativa INCORRETA.
a) Por se tratar de direito público de natureza real sobre um imóvel particular, para que este sirva ao uso
geral como uma extensão ou dependência do domínio público, afetando, assim, o caráter de exclusividade
da propriedade, o tombamento sempre será indenizável.
b) Ao instituto do tombamento, porque possui disciplina própria, não se aplica o princípio da hierarquia
verticalizada prevista no Decreto-Lei no 3.365/41, que excepciona os bens da União do rol dos que podem
ser desapropriados.
c) O ato de tombamento, seja ele provisório ou definitivo, tem por finalidade preservar o bem identificado
como de valor cultural, contrapondo-se aos interesses da propriedade privada, não só limitando o exercício
dos direitos inerentes ao bem, mas também obrigando o proprietário às medidas necessárias à sua
conservação.
d) Na hipótese de restrições administrativas, será devida a indenização a fim de garantir aplicação à teoria
da distribuição equânime dos encargos públicos, caso a limitação impeça de se dar ao bem a destinação que
se considerava natural, reconhecendo-se o dano especial e anormal, no direito de propriedade.
e) É competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios proteger os
documentos, as obras e outros bens de valor histórico, artístico e cultural, os monumentos, as paisagens
naturais notáveis e os sítios arqueológicos, assim como impedir a evasão, a destruição e a descaracterização
de obras de arte e de outros bens de valor histórico, artístico ou cultural.
13. (MP-SC / MP-SC / 2019 – Adaptada) Julgue a assertiva a seguir.
O tombamento é um dos instrumentos previstos para a proteção de bens integrantes do patrimônio
histórico, mas somente gera os seus efeitos no final do processo administrativo, com o tombamento
definitivo do bem.
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Defensor
16. (CEBRASPE / DPE-RS / 2022) Determinado município desapropriou imóvel mediante declaração de
utilidade pública, constando expressamente no decreto expropriatório que no local seria construído um
campo de pouso para aeronaves. Não obstante, diante do esgotamento da capacidade ativa de
sepultamentos na cidade, o prefeito resolveu construir um cemitério na área então destinada ao campo
de pouso. Tendo como referência essa situação hipotética, julgue o item a seguir, acerca de
desapropriação e desvio de finalidade.
O expropriado pode exigir seu imóvel de volta, já que não foi dado o destino para o qual se desapropriou o
bem.
17. (FCC / DPE-AM / 2021) Segundo a Constituição Federal, é passível de desapropriação a propriedade
rural que não cumprir sua função social. A função social é cumprida quando a propriedade rural atende,
simultaneamente, os requisitos (1) da exploração que favoreça o bem-estar dos proprietários e dos
trabalhadores, (2) do aproveitamento racional e adequado,
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A) (3) da utilização adequada dos recursos naturais disponíveis e preservação do meio ambiente e (4) da
observância das disposições que regulam as relações de trabalho.
B) (3) da observância das disposições que regulam o uso do solo e dos recursos hídricos e (4) da equilibração
estratégica entre a atividade agropecuária e a preservação de florestas e demais formas de vegetação nativa.
C) (3) do uso sustentável do solo, do subsolo e da água e (4) do respeito ao bem-estar das populações
vizinhas.
D) (3) do proveito público, privado e coletivo de sua exploração e (4) do respeito aos princípios que regem a
atividade econômica em geral.
E) (3) da destinação não exclusiva à formação
18. (FCC / DPE-AM / 2021) A desapropriação de bem que se destina à transferência a terceiro e que se
caracteriza por abranger área contígua necessária ao desenvolvimento posterior da obra a que se destine,
bem como os territórios que se valorizarem extraordinariamente em consequência da realização do
serviço é chamada pela doutrina de desapropriação
A) por contiguidade.
B) para fim de urbanização.
C) por interesse social.
D) para fins de formação de distritos urbanos.
E) por zona.
19. (FCC / DPE-SC / 2021) Sobre a servidão administrativa é correto afirmar que
(A) a “coisa serviente” é indispensável à caraterização da servidão, enquanto a “coisa dominante” é
dispensável.
(B) toda limitação da propriedade implica uma das modalidades de servidão.
(C) carrega consigo um interesse público corporificado, palpável, que permite usufruir de uma vantagem
prestada.
(D) incide sempre que houver restrição sobre um imóvel em benefício do interesse público do meio
ambiente.
(E) o tombamento é uma espécie de servidão administrativa, pois retira do proprietário a plena decisão sobre
o imóvel.
20. (FCC / DPE-RR / 2021) A servidão administrativa
(A) dispensa registro, se decorrente diretamente de lei, porque o ônus se constitui no momento em que a
lei é promulgada.
(B) não pode gravar bens de domínio público, pois não se pode estabelecer uma relação de sujeição sobre
essa modalidade de bem.
(C) é forma de limitação do Estado à propriedade privada que se caracteriza pela utilização transitória.
(D) será extinta, em regra, por acordo entre o Poder Público e o proprietário do prédio serviente por tempo
limitado.
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(E) sempre acarretará indenização ao proprietário do imóvel serviente, haja vista que limitará seu direito à
fruição do bem.
21. (CESPE / DP-DF / 2019) Acerca de atos administrativos, serviços públicos e intervenção do Estado
na propriedade, julgue o item seguinte.
O proprietário de imóvel rural para o qual tenha sido intentada ação de desapropriação parcial, restando
área remanescente reduzida a superfície inferior à de pequena propriedade rural, tem direito de requerer,
na contestação, que todo o imóvel seja desapropriado, salvo se a finalidade da desapropriação for a reforma
agrária.
22. (FUNDEP / DPE-MG / 2019) Um decreto expropriatório declarou de utilidade pública um imóvel de
propriedade de um munícipe. Não havendo consenso entre as partes com relação ao valor da indenização
para ultimar a desapropriação, o Poder Público ingressou com uma ação judicial. Analisando essa situação
hipotética, é correto afirmar:
a) A ação judicial pode ser proposta a qualquer tempo, pois o decreto expropriatório não se submete à
decadência.
b) Nessa ação o proprietário poderá alegar o desvio de finalidade do decreto expropriatório, desde que
consiga comprovar, pelos meios legais, a tredestinação.
c) A concordância escrita do expropriado, conquanto permita a imediata aquisição da propriedade pelo
expropriante, com o consequente registro da propriedade na matrícula do imóvel, não implica renúncia ao
seu direito de questionar o preço ofertado em juízo.
d) O pagamento do preço será prévio e em dinheiro, e dele não poderão ser deduzidas as dívidas fiscais
quando inscritas e ajuizadas, pois a Fazenda possui meios próprios de cobrança de seus tributos.
23. (FCC / DPE-MA / 2018) A desapropriação para fins de reforma agrária
a) pode ser realizada por qualquer dos entes federados, a fim de promover a justa distribuição de terras.
b) depende de prévia indenização em dinheiro em valores referente à área desapropriada e às benfeitorias
úteis e necessárias.
c) se destina aos imóveis urbanos ou rurais que não estejam cumprindo com a sua função social.
d) pode incidir sobre a média ou a grande propriedade rural, bastando que sejam improdutivas.
e) isenta as operações de transferência do imóvel desapropriado de impostos federais, estaduais e
municipais.
24. (FCC / DPE-AM / 2018) Suponha que o Estado do Amazonas pretenda construir um anel viário
interligando diversas rodovias. A obra em questão importa intervenção em terrenos de particulares e,
também, em uma área de propriedade de Município, que se encontra ocupada irregularmente. Diante de
tal cenário, afigura-se juridicamente viável a
a) desapropriação dos imóveis particulares e também daquele pertencente ao Município, este último
dependendo de autorização legislativa, ambos condicionados à prévia indenização.
b) desapropriação dos imóveis privados apenas, eis que o de propriedade do Município é protegido pelo
regime público ainda que não afetado a finalidade específica.
c) requisição das áreas, tanto públicas como privadas, e a subsequente desapropriação, com pagamento de
indenização apenas ao final do processo.
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a) ocupação temporária.
b) desapropriação.
c) requisição administrativa.
d) servidão administrativa.
e) limitação administrativa.
Procurador
26. (CEBRASPE / PGE-CE / 2021) O poder público editou um decreto de desapropriação com a finalidade
de construir um aeroporto regional em determinado município. Tal decreto incluiu, além da área
necessária à realização do empreendimento, zona do entorno que se valorizará extraordinariamente em
consequência da realização da obra pública e onde o poder público planeja a construção de um distrito
industrial, com a consequente revenda da área urbanizada para particulares. Acerca dessa situação
hipotética, assinale a opção correta à luz da legislação federal pertinente.
(A) O decreto de desapropriação, relativamente à zona do entorno, é ilegal, uma vez que a legislação exige
a comprovação da destinação específica da área para o objeto principal da desapropriação, que é a
construção do aeroporto.
(B) A desapropriação do entorno do futuro aeroporto é ilegal por ausência de previsão legal de
desapropriação por zona e porque o poder público já dispõe de instrumento específico para tributar áreas
que, em razão de obras públicas, tiverem elevada valorização, como é o caso da contribuição de melhoria.
(C) Será legal a desapropriação da zona do entorno do futuro aeroporto, desde que esta seja objeto de
declaração de utilidade pública específica, sendo vedada a utilização do mesmo decreto desapropriatório
para as duas áreas.
(D) É legal a desapropriação, inclusive em relação à zona do entorno do futuro aeroporto.
27. (CEBRASPE / PGE-PB / 2021) Acerca da intervenção do Estado na propriedade, assinale a opção
correta.
A) A servidão administrativa pode ser formalmente estabelecida por edição de decreto do chefe do Poder
Executivo.
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C) depende de autorização legislativa do ente estadual cuja administração indireta a empresa proprietária
do imóvel integra, independentemente da destinação do bem.
D) é inconstitucional, pois enseja, ainda que indiretamente, aquisição de parte do capital social da empresa,
sendo vedada, portanto, pelo princípio federativo.
E) é admissível caso o bem não esteja afetado ao serviço público e não tenha sido utilizado para
integralização de cotas que representem a maioria do capital social da empresa, observada a legitimação
ativa para fazê-lo.
31. (VUNESP / CM-SÃO ROQUE-SP – Procurador / 2019) Considere o seguinte caso hipotético: uma
autarquia federal encontra-se instalada e em funcionamento em um imóvel edificado, de propriedade do
Estado, avaliado, pelo Município em que localizado, como bem de valor histórico-cultural local.
Pretendendo promover a proteção do patrimônio, o Município poderá
a) requisitar o imóvel ao Estado, proprietário do bem.
b) instaurar processo de tombamento do imóvel.
c) declarar o bem de interesse social, dando início ao procedimento de desafetação e perdimento
d) declarar o bem de utilidade pública, dando início ao procedimento de desapropriação.
e) instaurar processo de servidão administrativa.
32. (FUNDEP / PGM-CONTAGEM-MG / 2019) No tocante à ação de desapropriação por utilidade
pública, analise os seguintes itens.
I. Conforme entendimento do STJ, o possuidor de terras faz jus à indenização decorrente da perda do direito
possessório em consequência da desapropriação.
II. Nos termos da lei, o valor da indenização será contemporâneo à data da avaliação judicial, não sendo
relevante a data em que ocorreu a imissão na posse.
III. A base de cálculo dos honorários de advogado em desapropriação é a diferença entre a oferta e a
indenização, corrigidas ambas monetariamente.
IV. Na ação de desapropriação por utilidade pública, a citação do proprietário do imóvel desapropriado
dispensa a citação do respectivo cônjuge.
Nesse contexto, pode-se afirmar:
a) Todos os itens são corretos.
b) Todos os itens são incorretos.
c) São corretos os itens II e IV, apenas.
d) São corretos os itens I e III, apenas.
33. (FUNDEP / PGM-CONTAGEM-MG / 2019) Sobre a intervenção do Estado na propriedade privada,
analise as afirmativas a seguir.
I. Servidão administrativa consiste na autorização do Poder Público para usar o imóvel de propriedade
particular, desde que mediante lei previamente editada.
II. A obrigação de observar o recuo de alguns metros das construções em terrenos urbanos e a proibição de
construir além de determinado número de pavimentos são exemplos de limitações administrativas.
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III. Pela requisição, o Poder Público fica autorizado a utilizar de maneira permanente bens móveis, imóveis e
serviços particulares em situação de perigo público iminente.
IV. Caso a administração dê destinação diferente daquela para a qual o imóvel foi desapropriado, o
expropriado tem direito de preferência, pelo preço atual da coisa, salvo no caso de tredestinação lícita.
Estão corretas as afirmativas
a) II e IV, apenas.
b) I e III, apenas
c) II, III, IV, apenas.
d) I, II, III e IV.
34. (VUNESP / CM-SÃO MIGUEL ARCANJO-SP – Procurador / 2019) Suponha que Maria teve um imóvel
desapropriado pelo Município de São Miguel Arcanjo para a construção de uma escola de educação
infantil. No entanto, após motivação, o ente federativo decidiu não dar ao bem o destino para o qual ele
fora desapropriado e construiu no lugar uma quadra poliesportiva, de acesso livre para a população local.
Considerando a situação hipotética, é correto afirmar que
a) não ter dado ao imóvel que pertenceu a Maria o destino para o qual ele fora desapropriado enseja a
automática retrocessão do bem.
b) o Município de São Miguel Arcanjo tem a obrigação legal de oferecer a Maria o bem, pelo valor atual, a
fim de que ela possa exercer o direito de preferência.
c) não será hipótese de retrocessão, pois a situação narrada configura-se como tredestinação lícita.
d) não é hipótese de retrocessão, mas sim de desistência da desapropriação.
e) não se trata de retrocessão, mas sim de desapropriação indireta, e Maria possui prazo de 5 (cinco) anos
para requerer judicialmente a indenização cabível.
35. (VUNESP / PGM-GUARATINGUETÁ-SP / 2019) A respeito da desapropriação, assinale a alternativa
correta.
a) A revelia do desapropriado implica aceitação tácita da oferta, autorizando a dispensa da avaliação.
b) O possuidor titular do imóvel desapropriado não tem direito de indenização pela perda do seu direito
possessório.
c) O valor da indenização englobará o valor de todas as benfeitorias realizadas pelo proprietário até o
momento da imissão do Estado na posse do bem.
d) A afetação de determinado bem para a realização de desapropriação e a condução do respectivo processo
podem ser delegados à concessionária de serviço público.
e) O direito de extensão consiste no direito do proprietário solicitar que a desapropriação, quando parcial,
englobe a totalidade do seu bem, caso a área remanescente não possua valor.
36. (VUNESP / PGM-SÃO JOSÉ DOS CAMPOS-SP / 2019) A respeito da Requisição, Servidão
Administrativa e Tombamento, assinale a alternativa correta.
a) As servidões administrativas podem incidir sobre bens imóveis, móveis e direitos.
b) As requisições administrativas incidem sobre bens móveis ou serviços de particulares, não podendo incidir
sobre bens imóveis.
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c) De acordo com o STJ, como não há dispositivo expresso proibindo a hierarquização para o tombamento,
os municípios podem tombar bens públicos estaduais.
d) O tombamento pode ser voluntário ou compulsório, mas não pode ser instituído de ofício.
e) O tombamento geral ou global depende da individualização de todos os bens no ato do tombamento e
exige a prévia notificação de cada proprietário, de acordo com o STJ.
37. (VUNESP / PGM-SÃO JOSÉ DOS CAMPOS-SP / 2019) Suponha que o Município de São José dos
Campos deseja desapropriar, por razões de utilidade pública, um imóvel localizado na zona urbana da
cidade e que pertence a Maria. Após a fase declaratória do procedimento para consumação da
desapropriação, iniciou-se a fase executória e o Poder Público ofereceu proposta a Maria, mas ela não
concordou. Em face da impossibilidade do acordo na via administrativa, o Município de São José dos
Campos propôs ação judicial de desapropriação em face da proprietária do bem. Visando promover o
interesse público, o Poder Público deseja imitir-se provisoriamente na posse do bem ainda no curso do
processo judicial. Considerando a situação hipotética, é correto afirmar que
a) a imissão provisória na posse pressupõe urgência e depósito prévio. Cabe ao Município avaliar
discricionariamente a urgência na imissão provisória e ao Judiciário analisar o ato que alegou urgência, sendo
lícito ao juiz substituir o mérito administrativo.
b) após alegar a urgência, que poderá ser renovada pelo tempo necessário, o Poder Público tem o prazo
improrrogável de 180 (cento e oitenta dias) para requerer a imissão provisória.
c) para que a declaração de urgência com fins de imissão provisória na posse seja considerada como válida,
deve ser realizada exclusivamente no próprio decreto expropriatório.
d) de acordo com o entendimento do STJ, o depósito judicial do valor simplesmente apurado pelo corpo
técnico do ente público, sendo inferior ao valor arbitrado por perito judicial e ao valor cadastral do imóvel,
não viabiliza a imissão provisória na posse.
e) Maria poderá levantar, independentemente de concordância do Município de São José dos Campos, até
70% (setenta por cento) do depósito efetivado com fins de imissão provisória na posse.
38. (CESPE / TCE-RO – Procurador do MPC / 2019) De acordo com o STJ, a indenização pela limitação
administrativa ao direito de edificar, advinda da criação de área non aedificandi, somente é devida na
hipótese de
a) a limitação ser imposta sobre imóvel rural, independentemente do prejuízo causado ao proprietário da
área.
b) a restrição administrativa configurar situação de desapropriação indireta.
c) ficar demonstrado o prejuízo causado ao proprietário da área, independentemente da localização do
imóvel.
d) a restrição administrativa ter sido criada por disposição legal genérica e o imóvel situar-se em área rural.
e) a limitação ser imposta sobre imóvel urbano, desde que fique demonstrado o prejuízo causado ao
proprietário da área.
39. (CESPE / MPC-PA – Procurador do MPC / 2019) No que se refere à intervenção do Estado na
propriedade privada, julgue os itens a seguir.
I Conforme o entendimento do STJ, o valor da indenização deve ser contemporâneo à avaliação.
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a) servidão administrativa.
b) alvará administrativo.
c) tombamento.
d) requisição administrativa.
43. (COPESE-UFT / PGM-JATAÍ-GO / 2018) A desapropriação é forma de Intervenção do Estado, e tem
como nortes legais e jurisprudenciais o seguinte preceito:
a) o desapropriado receberá indenização correspondente à área real na desapropriação por interesse social
se ficar constatado que a área medida do bem é maior do que a escriturada no Registro de Imóveis.
b) o cumprimento das exigências do Plano Diretor é requisito dispensável para a caracterização da função
social da propriedade urbana.
c) a indenização deve ser prévia, justa e em dinheiro, sendo a avaliação o momento balizador do quantum a
ser indenizado.
d) a desapropriação indireta é comportamento regular da administração que pressupõe o apossamento de
bem particular sem as formalidades necessárias.
44. (FEPESE / PGM-CONCÓRDIA-SC / 2018) É correto afirmar acerca da desapropriação.
a) Os bens públicos não poderão ser objeto de desapropriação, por utilidade pública.
b) Ao imóvel desapropriado para implantação de parcelamento popular, destinado às classes de menor
renda, não se dará outra utilização nem haverá retrocessão.
c) A declaração de utilidade pública para fins de desapropriação deverá se limitar à área estritamente
necessária para o desenvolvimento da obra a que se destina.
d) A desapropriação do solo acarretará, imediatamente, a do espaço aéreo ou do subsolo correspondente.
e) A desapropriação amigável deverá ocorrer dentro de dois anos contados da data da expedição do
respectivo decreto e findos os quais este caducará.
45. (COPS-UEL / PGM-LONDRINA-PR / 2019) Sobre o instituto da retrocessão, assinale a alternativa
correta.
a) Consiste em desapropriação sem a necessidade de justa e prévia indenização.
b) Consiste na retroatividade dos atos administrativos.
c) Consiste na preferência do expropriado em adquirir o bem desapropriado através da desapropriação por
zona, objeto de revitalização e disponibilizado para a aquisição pelos particulares.
d) Consiste na preferência do expropriado por reaver o bem em face do descumprimento da finalidade
proposta.
e) Consiste no direito do expropriado em reaver o bem desapropriado em face da inexistência do depósito
do valor do bem.
46. (COPS-UEL / PGM-LONDRINA-PR / 2019) Em decorrência do princípio da supremacia do interesse
público sobre o interesse particular, assinale a alternativa correta.
a) O Município poderá, em favor do interesse público, desapropriar imóveis urbanos, sem necessariamente
efetuar o depósito do valor da indenização.
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b) O Município poderá, diante do interesse público, desapropriar imóveis urbanos, cabendo nulidade do ato
caso não faça o pagamento da justa e prévia indenização.
c) O Município poderá, diante do interesse público, desapropriar imóveis urbanos, mediante pagamento com
título da dívida pública federal.
d) O Município poderá, diante do interesse público, desapropriar imóveis urbanos, mediante pagamento
com título da dívida pública municipal.
e) O Município poderá, em qualquer situação, realizar a desapropriação de imóveis urbanos, inclusive sem
prévia e justa indenização.
47. (VUNESP / CM-SERTÃOZINHO-SP / 2019) A respeito da declaração de utilidade pública para fins de
desapropriação, afirma-se que
a) declarada a utilidade pública, ficam as autoridades administrativas autorizadas a penetrar nos prédios
compreendidos na declaração, podendo recorrer, em caso de oposição, ao auxílio de força policial.
b) a declaração de utilidade pública far-se-á por lei de iniciativa do Chefe do Executivo.
c) ao Poder Judiciário é permitido, no processo de desapropriação, decidir se se verificam ou não os casos
de utilidade pública.
d) a desapropriação poderá abranger a área contígua necessária ao desenvolvimento da obra a que se
destina, ainda que a declaração de utilidade pública não a compreenda.
e) a desapropriação deverá efetivar-se dentro de cinco anos, contados da data da expedição da declaração
e findos os quais esta caducará, sendo, neste caso, vedada nova declaração de utilidade pública do mesmo
bem.
48. (NC-UFPR / PGM-CURITIBA-PR / 2019) A Prefeitura de um determinado Município desapropriou
terrenos próximos ao aeroporto, com o intuito de expandi-lo. Para tanto, indenizou os proprietários dos
bens. Contudo, por questões políticas, a obra acabou não se realizando e os terrenos não foram utilizados.
Diante da situação exposta, assinale a afirmativa correta.
a) Os expropriados têm direito de preferência sobre os imóveis desapropriados, podendo readquiri-los
pagando seu preço atual.
b) Os expropriados têm direito de preferência sobre os imóveis desapropriados, podendo readquiri-los
bastando, para tanto, que devolvam o mesmo valor que receberam a título de indenização.
c) Como já receberam a indenização, os expropriados não têm qualquer direito sobre os imóveis.
d) Os expropriados poderão readquirir o imóvel em procedimento de concorrência pública, desde que
ofereçam ao Município o melhor preço, independentemente de preferência.
e) O Município devolverá os bens aos expropriados, que deverão devolver parte da indenização,
considerando de modo proporcional o tempo em que permaneceram desapropriados.
49. (VUNESP / PGM-ITAPEVI-SP / 2019) A respeito da desapropriação, é correto afirmar que
a) é forma secundária de aquisição da propriedade.
b) a desapropriação indireta enseja juros compensatórios desde a perda da posse.
c) é vedada por lei a desapropriação por zona.
d) a declaração de utilidade pública deve ser feita, em regra, por meio de lei.
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e) a imissão provisória na posse é concedida com o depósito de 50% do valor da avaliação provisória.
50. (IADES / AL-GO – Procurador / 2019) De maneira instrumental, o Estado possui uma variedade de
meios jurídicos para que possa atuar na relação dominial privada, de modo a restringi-la, podendo, no
limite, inclusive, extingui-la, visando ao interesse público. Quanto a esses instrumentos estatais, assinale
a alternativa correta.
a) Uma das diferenças gerais entre os institutos da ocupação temporária e da requisição é que, naquele, o
caráter é de onerosidade, enquanto, neste, de regra, impõe-se a gratuidade.
b) As servidões administrativas e o tombamento são permanentes, ao passo que as limitações
administrativas são temporárias.
c) As limitações administrativas, com assento somente em lei, por imporem limitações gerais e, também,
trazerem benefícios a todos por igual, apresentam-se com caráter gratuito.
d) Em casos de obras públicas demoradas, a Administração, para garantir o interesse público, pode dispor
discricionariamente dos instrumentos da ocupação temporária e da servidão administrativa.
e) As servidões administrativas, por apresentarem características de parcial expropriação, ao serem
instituídas, assim também instituem um direito de preferência à aquisição do bem em favor do Poder
instituidor.
51. (FCC / PGM-CARUARU-PE / 2018) Na desapropriação:
a) da sentença que fixar o preço da indenização caberá apelação com efeito devolutivo e suspensivo, seja o
apelante o expropriado ou o expropriante, fixados honorários, quando o valor indenizatório for superior ao
valor oferecido, entre 5 e 15% do valor da diferença.
b) poderá o Judiciário examinar e decidir, no processo correspondente, se estão verificados ou não os casos
de utilidade pública, salvo quando disser respeito à segurança nacional.
c) sua efetivação deverá ocorrer mediante acordo ou intentar-se judicialmente dentro de 10 anos, a partir
da data de expedição do decreto respectivo, findos os quais este prescreverá.
d) a instância interrompe-se com o falecimento do réu, suspendendo-se em caso de perda de sua capacidade
civil, hipótese na qual o juiz nomeará Curador Especial para que o represente e prossiga no feito.
e) a citação far-se-á por mandado na pessoa do proprietário dos bens; a do marido dispensa a da mulher; a
de um sócio, ou administrador, a dos demais, quando o bem pertencer à sociedade; a do administrador da
coisa no caso de condomínio, exceto o de edifício de apartamento constituindo cada um propriedade
autônoma, a dos demais condôminos e a do inventariante, e, se não houver, a do cônjuge, herdeiro, ou
legatário, detentor da herança, a dos demais interessados, quando o bem pertencer a espólio.
52. (FCC / PGM-CARUARU-PE / 2018) Em relação à desapropriação, é correto afirmar que
a) por se tratar de matéria administrativa, compete a cada ente da Federação legislar sobre desapropriação.
b) na desapropriação por descumprimento da função social da propriedade rural, de competência dos
Estados, o pagamento é feito em títulos da dívida agrária, resgatáveis em até vinte anos, sendo as
benfeitorias úteis e necessárias pagas em dinheiro.
c) é vedada aos Municípios a realização de desapropriação de imóvel rural.
d) a desapropriação é forma derivada de aquisição de propriedade e, por conta disso, se a indenização for
paga a terceiro que não proprietário, a desapropriação se torna inválida.
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e) a desapropriação por utilidade pública deve ser efetivada mediante acordo ou intentada judicialmente,
no prazo de cinco anos, contados da data da expedição do decreto.
53. (FEPESE / PGE-SC / 2018) Assinale a alternativa correta, conforme previsto no texto constitucional
vigente.
a) No caso de iminente perigo público, a autoridade competente poderá usar de propriedade particular,
assegurada ao proprietário indenização prévia em caso de dano.
b) O Poder Público, independentemente da colaboração da comunidade, promoverá e protegerá o
patrimônio cultural brasileiro, por meio de inventários, registros, vigilância, tombamento e desapropriação,
indenizando sempre os particulares.
c) O Poder Público estadual é obrigado a exigir, nos termos da lei federal, do proprietário do solo urbano não
edificado, subutilizado ou não utilizado, que promova seu adequado aproveitamento.
d) Compete ao Município desapropriar por interesse próprio o imóvel rural que não esteja cumprindo sua
função social, mediante prévia e justa indenização em dinheiro.
e) A lei estabelecerá o procedimento para desapropriação por necessidade ou utilidade pública, ou por
interesse social, mediante justa e prévia indenização em dinheiro, ressalvados os casos previstos na
Constituição.
54. (FCC / PGE-AP / 2018) Considere que, visando realizar obras de saneamento básico, o Estado do
Amapá edita decreto no qual declara a utilidade pública, para fins de desapropriação, de imóvel residencial
urbano habitado pelo respectivo proprietário, em favor da Companhia de Água e Esgoto do Amapá
(CAESA). A referida empresa estatal ajuíza a ação de desapropriação e, na petição inicial, alega urgência e
requer a imissão provisória no imóvel expropriando. Nesse caso,
a) não deve ser concedida a imissão provisória, visto que a urgência deveria ser previamente declarada no
decreto de utilidade pública.
b) se houver impugnação pelo expropriado, haverá arbitramento de indenização provisória pelo juiz, que
somente autorizará a imissão, se o expropriante complementar o depósito para que este atinja a metade do
valor arbitrado.
c) não é possível imissão provisória, pois o direito à moradia se sobrepõe à conveniência da Administração
Pública.
d) deve haver a citação do expropriado antes da decisão sobre a imissão provisória na posse.
e) a empresa estatal nunca terá competência para ajuizar ação de desapropriação, que deve ser proposta
diretamente pelo ente que emitiu o decreto de utilidade pública.
55. (FCC / PGE-AP / 2018) O tombamento, em suas várias modalidades, constitui ato administrativo
que sempre ostenta a característica de
a) compulsoriedade
b) provisoriedade.
c) imperatividade.
d) irretratabilidade.
e) indenizabilidade.
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Delegado
56. (UEG / PC-GO – Delegado / 2018) A Constituição da República prevê que, em caso de iminente
perigo público, a autoridade competente poderá usar de propriedade particular. Sobre o instituto da
requisição, verifica-se o seguinte:
a) a requisição civil, ao contrário da requisição militar, só pode recair sobre bens que permitam sua posterior
devolução ao particular, não podendo recair sobre bens irrecuperáveis.
b) a União detém competência privativa para legislar sobre requisições civis e militares, mas lei
complementar poderá autorizar os Estados a legislar sobre questões específicas relacionadas ao instituto.
c) a requisição administrativa é ato unilateral e autoexecutório, independendo, por isso, da aquiescência do
particular e de autorização judicial, mas só é licitamente exercitável em tempos de guerra.
d) de acordo com o Supremo Tribunal Federal, a Lei 8.080, de 1990, permite que a União requisite bens
públicos dos Estados e Municípios para atendimento de necessidades coletivas, urgentes e transitórias, na
área da saúde, independentemente da decretação de estado de defesa ou estado de sítio.
e) a requisição civil, diferentemente da requisição militar, gera obrigação de indenizar, independentemente
da ocorrência de dano.
57. (VUNESP / PC-SP – Delegado / 2018) A atividade administrativa do Estado frequentemente
demanda a necessidade de intervenção da propriedade individual em razão de um interesse público maior.
A respeito das diversas modalidades de intervenção na propriedade, julgue as afirmações a seguir e
selecione a alternativa correta.
a) A servidão administrativa é a intervenção na propriedade particular que decorre da instituição de direito
real, impondo ao proprietário a obrigação de suportar ônus parcial sobre o imóvel de sua propriedade, em
benefício de serviço público ou de um bem afetado a um serviço público.
b) A legislação brasileira não autoriza a ocupação temporária de bens imóveis particulares no Brasil, devendo
a Administração, se necessária a ocupação de imóvel para fins de pesquisa arqueológica, apresentar ação de
desapropriação com pedido de imissão na posse.
c) A função social da propriedade é o fundamento para a aplicação das restrições decorrentes do
tombamento de bens particulares do Brasil, tornando o bem, a partir da formalização da restrição
administrativa, integrante do patrimônio público, deixando de compor o acervo do particular.
d) Em regra, o tombamento de bens pela Administração, para a preservação de interesses de caráter
histórico e cultural, exigirá a prévia indenização do proprietário em valor equivalente ao ônus de preservação
a ele imposto.
e) A desapropriação de bens imóveis ocorrerá sempre mediante prévia indenização em dinheiro, conforme
expressa determinação da Constituição.
Outros
58. (INSTITUTO CONSULPLAN / TJ-MS – Titular de Serviços de Notas e Registros – Remoção / 2021) Com
relação à desapropriação, é correto afirmar que
A) É de competência privativa da União, legislar sobre desapropriação.
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B) É insuscetível de desapropriação para fins de reforma agrária a pequena e média propriedade rural, assim
definida em lei, desde que seu proprietário não possua outra.
C) Compete à União desapropriar por interesse social, para fins de reforma agrária, o imóvel rural que não
esteja cumprindo sua função social, mediante prévia e justa indenização em títulos da dívida agrária, com
cláusula de preservação do valor real, resgatáveis no prazo de até 20 (vinte) anos, a partir do segundo ano
de sua emissão, e cuja utilização será definida em lei.
D) É facultado ao Poder Público municipal, mediante lei específica para área incluída no plano diretor, exigir,
nos termos da Lei Federal, do proprietário do solo urbano não edificado, subutilizado ou não utilizado, que
promova seu adequado aproveitamento, sob pena exclusiva de desapropriação com pagamento mediante
títulos da dívida pública de emissão previamente aprovada pelo Senado Federal, com prazo de resgate de
até 10 (dez) anos, em parcelas anuais, iguais e sucessivas, assegurados o valor real da indenização e os juros
legais.
GABARITO
Magistratura
1. E
2. D
3. E
4. D
5. D
6. A
7. C
8. D
9. B
10. D
Promotor
11. D
12. A
13. INCORRETA
14. C
15. D
Defensor
16. ERRADA
17. A
18. E
19. C
20. A
21. INCORRETA
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22. C
23. E
24. A
25. A
Procurador
26. D
27. C
28. E
29. D
30. E
31. B
32. A
33. A
34. C
35. E
36. C
37. D
38. E
39. A
40. C
41. B
42. B
43. C
44. B
45. D
46. B
47. A
48. A
49. B
50. C
51. E
52. E
53. E
54. B
55. C
Delegado
56. B
57. A
Outros
58. D
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