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Aula 09

DPE-PB (Defensor Público) Direito Penal


- 2022 (Pós-Edital)

Autor:
Michael Procopio

29 de Janeiro de 2022

Bons estudos -Bons Estudos


Michael Procopio
Aula 09

TEORIA GERAL DA PENA

Sumário
TEORIA GERAL DA PENA.......................................................................................................................... 1
CONSIDERAÇÕES INICIAIS ........................................................................................................................ 3
SANÇÃO PENAL .................................................................................................................................... 4
TEORIAS SOBRE A FINALIDADE DA PENA ....................................................................................................... 5
PRINCÍPIOS SOBRE AS PENAS .................................................................................................................... 7
JUSTIÇA RESTAURATIVA .......................................................................................................................... 8
PENAS EM ESPÉCIE ............................................................................................................................... 10
1 - AS ESPÉCIES DE PENAS NO DIREITO BRASILEIRO ............................................................................................10
Tempo da pena ...................................................................................................................................12
2 - PENAS VEDADAS ....................................................................................................................................12
Pena de morte, salvo em caso de guerra declarada ..........................................................................13
Penas de caráter perpétuo .................................................................................................................14
Pena de trabalhos forçados ................................................................................................................14
Pena de banimento ............................................................................................................................15
Pena de natureza cruel .......................................................................................................................15
3 - PENAS PRIVATIVAS DE LIBERDADE..............................................................................................................16
4 - APLICAÇÃO DAS PENAS ............................................................................................................................17
1ª Fase ................................................................................................................................................18
2ª Fase ................................................................................................................................................25
3ª Fase ................................................................................................................................................34
5 - REGIME E LUGAR DE CUMPRIMENTO DE PENA...............................................................................................37
6 - PENAS RESTRITIVAS DE DIREITOS ................................................................................................................46

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7 - PENA DE MULTA .....................................................................................................................................52


SUSPENSÃO CONDICIONAL DA PENA......................................................................................................... 55
1 - REVOGAÇÃO OBRIGATÓRIA .......................................................................................................................57
2 - REVOGAÇÃO FACULTATIVA .......................................................................................................................57
3 - CASSAÇÃO ............................................................................................................................................58
4 - EXTINÇÃO .............................................................................................................................................58
LIVRAMENTO CONDICIONAL ................................................................................................................... 58
1 - CONDIÇÕES ...........................................................................................................................................63
2 - CONCESSÃO DO LIVRAMENTO CONDICIONAL ................................................................................................63
3 - REVOGAÇÃO OBRIGATÓRIA .......................................................................................................................64
4 - REVOGAÇÃO FACULTATIVA .......................................................................................................................64
5 - EFEITOS DA REVOGAÇÃO ..........................................................................................................................65
6 - PRORROGAÇÃO ......................................................................................................................................65
7 - SUSPENSÃO...........................................................................................................................................66
8 - EXTINÇÃO .............................................................................................................................................66
QUESTÕES COMENTADAS ...................................................................................................................... 67
LISTA DE QUESTÕES ............................................................................................................................132
GABARITO ........................................................................................................................................157
QUESTÃO DISSERTATIVA ......................................................................................................................157
DESTAQUES DA LEGISLAÇÃO E DA JURISPRUDÊNCIA .....................................................................................159
RESUMO ..........................................................................................................................................192
Sanção Penal ....................................................................................................................................... 193
Teoria sobre a finalidade da pena ...................................................................................................... 193
Princípios sobre as penas ................................................................................................................... 194
Justiça Restaurativa ............................................................................................................................ 194
Penas em espécie ............................................................................................................................... 194
Suspensão Condicional da Pena ......................................................................................................... 210
Livramento condicional ...................................................................................................................... 213
CONSIDERAÇÕES FINAIS .......................................................................................................................216

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TEORIA GERAL DA PENA


CONSIDERAÇÕES INICIAIS
Nesta aula, estudaremos as penas, sendo que a outra espécie de sanção penal, a medida de segurança, não
será estudada nesta aula, dadas as suas especificidades. Estudaremos, de início, o que é a sanção penal,
passando ao estudo das teorias da finalidade da pena. Veremos os princípios que regulam as penas, bem
como teremos uma ideia do que preconiza a chamada Justiça Restaurativa.
Com essas noções, analisaremos as penas em espécie, como as penas privativas de liberdade, as penas
restritivas de direitos e a pena de multa. Serão parte de nossa aula a cominação das penas, a sua aplicação
pelo juiz e sua execução. Dentre as penas privativas de liberdade, precisamos compreender a distinção entre
a prisão simples, a reclusão e a detenção. Com relação às penas restritivas de direito, é preciso estudar todas
as suas espécies, como a perda de bens de valores, a prestação pecuniária, a limitação de fim de semana, a
interdição temporária de direitos e a prestação de serviços à comunidade.
Por fim, os dois últimos temas serão a suspensão condicional do processo e a liberdade condicional.
Esta aula será composta pelos seguintes capítulos:

Teorias sobre a Princípios sobre as


Sanção Penal Justiça Restaurativa
finalidade da pena penas

Suspensão Condicional
Penas em espécie Livramento Condicional
da Pena

Ao final desta aula, finalizaremos os estudos das penas, sendo que, das sanções penais, não está incluído
apenas o estudo da medida de segurança.
Deixo meu desejo de sempre de que a aula seja produtiva. Nosso estudo, como sempre, deve ser
aprofundado, para que a prova nos pareça leve. Então, que seja instigante o tema que nos é proposto desta
vez: a teoria das penas, com o estudo da finalidade da pena, dos princípios do tema, a ideia de Justiça
Restaurativa, as penas em espécie, além dos benefícios da suspensão condicional da pena e do livramento
condicional.

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SANÇÃO PENAL
O Direito Penal é a disciplina que estuda as infrações penais – crimes e contravenções penais – e
regulamenta as respectivas sanções, consistentes nas penas e nas medidas de segurança. Portanto, sanção
penal é gênero, do qual são espécies a pena e a medida de segurança.
Sanção penal, portanto, é a coação ou a resposta do Estado imposta àqueles que violam as normas penais
incriminadoras. Cuida-se de gênero, do qual são espécies as penas, aplicadas aos indivíduos imputáveis que
cometem crimes ou contravenções penais, e as medidas de segurança, impostas para os sujeitos
inimputáveis, que cometem crimes (teoria bipartida) ou injusto penal (fato típico e ilícito – teoria tripartida).

Pena: é a sanção imposta pelo Estado ao condenado pela prática de infração penal, que consiste na privação
ou restrição de determinados bens jurídicos do agente.
Medida de segurança: é a sanção imposta pelo Estado ao agente não imputável, pela violação da norma
penal incriminadora, com finalidade exclusivamente preventiva. Pode ser imposta, ainda, ao semi-
imputável.
Portanto, penas e medidas de segurança são espécies de sanção penal, a coação utilizada pelo Estado como
resposta a quem pratica um ilícito penal, ou seja, para os indivíduos que violam as normas penais.

Sanção imposta aos indivíduos imputáveis


PENAS que tenham praticado crime ou
contravenção penal.

Sanção imposta aos inimputáveis que


MEDIDAS DE
violaram uma norma penal, em razão de sua
SEGURANÇA
periculosidade.

Esta é a aula em que estudaremos as penas, sendo que a medida de segurança não será abordada neste
estudo, dadas as especificidades desta modalidade de sanção penal. Passamos, então, ao estudo das penas.

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De início, interessante a leitura de uma consideração histórica de Cláudio Brandão: “A pena é uma das
evidências mais antigas da estruturação de uma sociedade, porquanto é forte manifestação do poder de
sujeição e controle do outro”1.

TEORIAS SOBRE A FINALIDADE DA PENA


A utilização das penas, pelo Estado, como forma de coerção no que se refere às normas penais, possui uma
finalidade. A aplicação das penas apresenta um escopo social, que justifica a sua imposição aos indivíduos.
Em relação à finalidade que possuem as penas, surgiram diversas teorias que procuram fundamentá-las e
dar-lhes significado:

➢ Teoria absoluta ou da retribuição: a finalidade da pena é a punição do agente. A pena representa a


resposta do Estado para aquele que praticou uma infração penal. É a retribuição ou o castigo que
devem ser aplicados a quem violou a norma. Roxin2 aponta que Kant foi um importante defensor
da teoria, ao fundamentar as ideias de retribuição e justiça como leis válidas que deveriam ser
invioláveis e sempre cumpridas. Entende que a lei penal é um imperativo categórico, chegando a
afirmar que “se perece a justiça, não tem valor algum que os homens vivam sobre a Terra”. O jurista
alemão também aponta que Hegel não reconhecia metas preventivas, como de intimidação e
correção, como fins da pena. Hegel defendia que o crime era a negação do Direito, de modo que a
pena seria a negação de tal negação3.

➢ Teoria relativa, finalista, utilitária ou da prevenção: a pena é um meio para se alcançar


determinados resultados, que variam conforme a vertente adotada. A prevenção especial entende
que o fim da pena se relaciona ao autor individual. Roxin aponta a origem das teorias preventivas
como a obra de Sêneca, que evocaria a ideia de Protágora transmitida por Platão: “Pois, como disse
Platão, ‘Nenhum homem sensato castiga porque alguém pecou, mas sim para que não peque’”. A
ideia da prevenção especial teria sido reavivada pela escola jurídico-penal sociológica, por Franz Von
Liszt, que via na pena três formas de prevenção especial: como medida de se assegurar a sociedade
frente aos criminosos com seu encarceramento; intimidando o autor com a pena e preservando-o
da reincidência com a sua correção. Já a vertente da teoria preventiva geral entende que as penas
se voltam à comunidade, que passa a compreender as proibições e protegida das violações das
normas penais. Roxin aponta como seu fundador o jurista alemão Paul Johann Feuerbach. Sua ideia
teria raiz na teoria da coação psicológica, de que o impulso sensitivo de cometer o crime pode ser
suprimido se o agente souber, com toda segurança, que sua conduta será seguida de um mal
inevitável, maior que o desprazer pelo impulso não satisfeito. O fim imediato da pena seria, então,
intimidar todos os cidadãos por meio da lei. A prevenção geral teria um aspecto negativo, fundado

1
BRANDÃO, Cláudio. Teoria jurídica do crime. 6 ed. Belo Horizonte, São Paulo: D’Plácido, 2020, p. 191.
2
ROXIN, Claus. Derecho Penal. Parte General. Tomo I. Traducción de la 2ª ed. alemana. Madrid: Civitas, 1997, p. 81-85.
3
HEGEL, Georg Wilhelm Friedrich. Princípios da Filosofia do Direito. Tradução de Orlando Vitorino. 1 ed. São Paulo: Martins
Fontes, 1997, p. 86-91.

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na intimidação de outros que pensem em cometer delitos semelhantes; e um positivo, referente à


conservação e reforço no poder estatal, na firmeza do ordenamento jurídico.
Atualmente, as vertentes da teoria relativa podem ser assim esquematizadas:

➢ Prevenção geral negativa: a pena deve coagir toda a sociedade, psicologicamente. Noção de
intimidação coletiva. A simples cominação das penas representa uma ameaça para o caso de
violação das normas penais, servindo de coerção para que sejam respeitadas.
➢ Prevenção geral positiva: a pena visa a demonstrar a toda a sociedade a eficácia da lei. Deste
modo, as penas são a demonstração de que a norma é eficaz, por estar acompanhada de uma
sanção para o caso de seu descumprimento. É a concepção de Günther Jakobs, para quem a
pena se volta a demonstrar para a sociedade que a norma segue vigendo4.
➢ Prevenção especial negativa: a pena busca evitar que o agente volte a delinquir. Noção de
intimidação ao criminoso. Deste modo, o encarceramento, por exemplo, evita a reincidência
durante o período de sua duração.
➢ Prevenção especial positiva: a pena visa à ressocialização do agente. Deste modo, a imposição
das sanções penais teria como objetivo a reinserção do indivíduo na sociedade, reeducando-o
em razão da conduta ilícita praticada para que ele não reincida.
➢ Prevenção unificada (teoria unificadora preventiva): Roxin defende uma teoria que, neste
Curso, será considerada uma subdivisão da teoria preventiva, a que unifica as ideias da
prevenção especial e geral, considerando-as fins simultâneos da pena. A prevenção especial,
com a ressocialização, só funciona com a colaboração do agente, de modo que, se o agente não
coopera, resta a prevenção geral. Vale anotar que o autor alemão não menciona a prevenção
especial negativa, mas apenas a positiva. Diz, ainda, que não se precisa lançar mão da teoria
retributiva para se reconhecer limites à punição com base no fato concreto praticado: a
exigência de que a pena não supere a culpabilidade do autor derivaria de direitos fundamentais
do cidadão (como a dignidade da pessoa humana).

➢ Teoria mista, eclética, intermediária ou conciliatória: a pena busca punir o agente, ao mesmo
tempo em que visa a coibir a prática de crimes, por meio da ressocialização e da intimidação. Roxin,
denominando-as de teorias unificadoras retributivas, aponta serem considerados fins da pena,
buscados simultaneamente, a retribuição, a prevenção geral e a prevenção especial.

➢ Teoria negativa ou agnóstica da pena: como o próprio nome demonstra, essa concepção entende
que, na grande maioria das vezes, a pena não é capaz de cumprir nenhuma das funções que lhe são
atribuídas, além do fato de não serem totalmente conhecidas as suas funções latentes (aquelas
funções não declaradas, que causam efeitos diversos daqueles desejados, nos termos da lição de
Robert K. Merton). É defendida por Zaffaroni5. Segundo o autor, “a pena é uma coerção, que impõe

4
RAMOS, Enrique Peñaranda et al. Um novo sistema do direito penal. Considerações sobre a teoria da imputação objetiva de
Günther Jakobs. Trad. André Luis Callegari e Nereu José Giacomolli. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2013, p. 15-58.
5 ZAFFARONI, Eugenio Raúl; Batista, Nilo; ALAGIA, Alejandro; SLOKAR, Alejandro. Direito Penal Brasileiro, volume I, 4ª ed. Rio de
Janeiro: Revan, 2011, 3ª reimp., 2017, p. 74.

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uma privação de direitos ou uma dor, mas não repara nem restitui, tampouco detém as lesões em
curso ou neutraliza perigos iminentes”.6

Pode-se mencionar, também, como teoria relativa da pena, a correcionalista, que preconiza que a pena tem
como função a correção ou melhora do indivíduo.
Roxin coloca, ainda, o questionamento da terceira via, a da reparação, concluindo ser possível sua utilização
subsidiária, em alguns casos, com a substituição de uma pequena multa, por exemplo, pela reparação total
do dano. Assim, haveria não um sistema de duas vias (referindo-se às penas e medidas de segurança), mas
um sistema de três vias. Abaixo, estudaremos a ideia da Justiça Restaurativa, que se vincula à ideia de
terceira via e de reparação do dano.
No Brasil, hoje, a doutrina majoritária entende que a pena tem as seguintes finalidades:
==13272f==

• Retributiva
• Preventiva
• Reeducativa
Deste modo, a pena representa tanto uma resposta estatal para o caso de descumprimento da norma,
quanto busca prevenir o cometimento de novos delitos e reeducar os condenados.
As funções retributiva e preventiva da pena podem ser encontradas no caput do artigo 59 do Código Penal:
Art. 59 – O juiz, atendendo à culpabilidade, aos antecedentes, à conduta social, à personalidade do
agente, aos motivos, às circunstâncias e consequências do crime, bem como ao comportamento da
vítima, estabelecerá, conforme seja necessário e suficiente para reprovação e prevenção do crime:
A esse respeito, o artigo 1º da Lei de Execução Penal (LEP), a Lei 7.210/84 destaca uma reintegração social,
em um viés de ressocialização:
Art. 1º A execução penal tem por objetivo efetivar as disposições de sentença ou decisão criminal e
proporcionar condições para a harmônica integração social do condenado e do internado.
Deste modo, a LEP menciona a necessidade de se dar efetividade aos atos judiciais criminais e de se obter a
harmônica integração do indivíduo na sociedade.

PRINCÍPIOS SOBRE AS PENAS


Estudamos, anteriormente, os princípios do Direito Penal. Entretanto, existem princípios específicos que
orientam e disciplinam a teoria das penas e influenciam a aplicação das regras correlatas. São os seguintes:

Princípio da legalidade: determina que as penas se submetem à reserva legal, bem como à anterioridade.

6
Idem, ibidem, p. 99.

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Princípio da Anterioridade: preconiza que a pena já deve estar prevista, em lei, ao tempo do crime, para
que possa ser aplicada ao agente. Só pode retroagir a lei penal que prevê nova pena se for benéfica ao réu.

Princípio da Personalidade: determina que as penas não podem passar da pessoa do réu. Também chamado
de princípio de intranscendência da pena, previsto no artigo 5º, inciso XLV da Constituição, que traz exceções
à regra. Nos termos da norma constitucional, a obrigação de reparar o dano e a decretação do perdimento
de bens podem ser, nos termos da lei, estendidas aos sucessores e contra eles executadas, até o limite do
valor do patrimônio transferido.

Princípio da Individualização: segundo este princípio, a pena deve ser individualizada para cada caso, não
podendo o legislador estabelecer uma sanção penal para todos que cometerem determinado crime, nem
padronizar a forma de execução.

Princípio da Inderrogabilidade: explicita que a pena deve obrigatoriamente ser aplicada, se for cometido
um crime ou uma contravenção penal. Como exceções, pode-se apontar o perdão judicial e a transação
penal.

Princípio da Proporcionalidade: refere-se à necessidade que as penas observem a legitimidade do fim a que
elas visam, à legitimidade da sua forma de aplicação e sua dosimetria, a necessidade das penas, a sua
adequação e a proporcionalidade estrita ou ponderação. Ou, de forma mais simples, a necessidade de
observar uma relação de razoabilidade entre o crime praticado e a pena correspondente, além de o
legislador ter o dever de escolher, ao fixar os limites abstratamente previstos para os crimes, os que
correspondam à gravidade do tipo penal.

Princípio da Humanidade: consiste na vedação a que o legislador adote sanções penais violadoras da
dignidade da pessoa humana, atingindo de forma desnecessária a incolumidade físico-psíquica do agente.
Previsto no artigo 5º, XLVII, da Constituição, o princípio da humanidade veda as penas de morte, salvo em
caso de guerra declarada; de caráter perpétuo; de trabalhos forçados; de banimento e as cruéis.

São estes, portanto, os princípios que orientam e disciplinam a interpretação, a aplicação e a execução das
penas no Direito Brasileiro. A análise foi mais resumida, pois já estudamos os princípios, de modo geral, na
aula cujo tema foi esse.

JUSTIÇA RESTAURATIVA
A Justiça Restaurativa busca estudar o crime como evento que afeta autor, vítima e sociedade. Busca-se
assistir à vítima, representando, assim, uma terceira via na função da pena. Traz-se a ideia de
responsabilidade social pelo crime.

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Para John Braithwaite, a justiça restaurativa é uma questão de direito, que se trata de ampliar a agenda, na
resolução de conflitos, de meras disputas jurídicas para abranger os problemas que podem ser curados7. O
autor busca explicar que, por trás de uma agressão física, por exemplo, pode haver um problema de
demissão injusta do chefe pelo patrão e de problemas de convivência no trabalho por anos, o que torna a
questão muito mais profunda do que a forma como é comumente tratada por profissionais do Direito.
A ideia pode ser definida, no âmbito penal, como um processo de colaboração para sanar o conflito gerado
pelo cometimento de um delito. Com origem no Canadá e na Nova Zelândia, busca uma participação do
infrator e da vítima como forma de se amenizar os efeitos do delito e de se buscar a reeducação do
criminoso.
Nas experiências feitas no Brasil, temos vários casos em que há, em um ambiente controlado, a
oportunidade de o autor do delito ouvir a sua vítima, entendendo os efeitos que ela sofreu e a forma como
ela vivenciou o fato criminoso. Não é adequado para todas as espécies de crimes, mas há relatos de êxito
nos casos de delitos patrimoniais, por exemplo.
A Justiça Restaurativa visa à reparação do dano, especialmente o chamado dano emocional. Sua experiência
pode se tornar mais ampla, por exemplo, nos casos de disponibilidade da ação penal, ou seja, dos delitos de
ação penal privada, em que pode haver transação entre o réu e a vítima.
O Superior Tribunal de Justiça já se referiu à Justiça Restaurativa em alguns precedentes, como o aresto cujo
trecho se transcreve a seguir:
“(...) 4. O princípio da fraternidade é uma categoria jurídica e não pertence apenas às religiões ou à
moral. Sua redescoberta apresenta-se como um fator de fundamental importância, tendo em vista a
complexidade dos problemas sociais, jurídicos e estruturais ainda hoje enfrentados pelas democracias.
A fraternidade não exclui o direito e vice-versa, mesmo porque a fraternidade enquanto valor vem
sendo proclamada por diversas Constituições modernas, ao lado de outros historicamente consagrados
como a igualdade e a liberdade. O princípio constitucional da fraternidade é um macroprincípio dos
Direitos Humanos e passa a ter uma nova leitura prática, diante do constitucionalismo fraternal
prometido na CF/88 (preâmbulo e art. 3º). Multicitado princípio é possível de ser concretizado também
no âmbito penal, por meio da chamada Justiça restaurativa, do respeito aos direitos humanos e da
humanização da aplicação do próprio direito penal e do correspondente processo penal. A Lei nº
13.257/2016 decorre, portanto, desse resgate constitucional. 5. A prova documental juntada aos autos
atesta que a paciente possui um filho de 8 anos de idade e não foram apresentadas justificativas
idôneas para o indeferimento de substituição da prisão preventiva pela domiciliar. (...)” (STJ, HC
389348/SP, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, Quinta Turma, DJe 31/05/2017).
No caso, o STJ entendeu como expressão da chamada Justiça Restaurativa as inovações da Lei 13.257/2016,
que determinam a substituição da prisão preventiva pela domiciliar no caso de mulheres grávidas.

7
BRAITHWAITE, John. Restorative Justice and Responsive Regulation. Oxford: Oxford University Press, 2002, p. 243.

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PENAS EM ESPÉCIE
Adentraremos, agora, no estudo das penas, que constituem uma espécie de sanção penal. As penas
possuem também diversas modalidades, envolvendo, por exemplo, a prestação de serviços à comunidade,
a pena de multa e a pena de reclusão. É preciso estudar cada uma das espécies das penas, sua aplicação,
cominação e execução.

1 - AS ESPÉCIES DE PENAS NO DIREITO BRASILEIRO


As penas podem ser de diversas espécies, sendo que a Constituição Federal já prevê as penas possíveis em
seu artigo 5º, inciso XLVI, que trata da individualização da pena:
XLVI - a lei regulará a individualização da pena e adotará, entre outras, as seguintes:
a) privação ou restrição da liberdade;
b) perda de bens;
c) multa;
d) prestação social alternativa;
e) suspensão ou interdição de direito
O artigo 32, do Código Penal, por sua vez, traz as espécies de pena, classificando-as em três grupos:
Art. 32 - As penas são:
I - privativas de liberdade;
II - restritivas de direitos;
III - de multa.

As penas, portanto, podem ser privativas de liberdade, restritivas de direitos e de multa, conforme esquema
a seguir:

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As penas privativas de liberdade podem ser de reclusão e de detenção, reguladas no Código Penal, e de
prisão simples, prevista na Lei das Contravenções Penais.

Quanto às penas restritivas de direitos, podemos mencionar a prestação pecuniária, a perda de bens e
valores, a limitação de fim de semana, a prestação de serviço à comunidade ou a entidades pública, a
interdição temporária de direitos e a limitação de fim de semana. O Código Penal prevê o rol das penas
restritivas de direitos em seu artigo 43:
Art. 43. As penas restritivas de direitos são:
I - prestação pecuniária;
II - perda de bens e valores;
III - limitação de fim de semana.
IV - prestação de serviço à comunidade ou a entidades públicas;
V - interdição temporária de direitos;
VI - limitação de fim de semana.

Por fim, há as penas pecuniárias, chamadas, mais frequentemente, de penas de multa. Não confundir com
a pena restritiva de direitos denominada de prestação pecuniária.
Assim, temos três grandes grupos de penas, consistentes nas privativas de liberdade, nas restritivas de
direitos e nas penas de multas. Enquanto as penas privativas de liberdade são manifestação do Direito Penal
Tradicional ou da Primeira Velocidade, as penas restritivas de direitos, também chamadas de alternativas,
são consideradas parte da chamada Segunda Velocidade do Direito Penal, na classificação do jurista Jesús-
María Silva Sanchez, já estudada neste curso.
O seguinte esquema traz as penas conforme sua classificação:

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Tempo da pena

Vale lembrar que as penas têm sua duração reguladas pelo artigo 10 do Código penal, como já estudado.
Isto porque são prazos penais a contagem do início e do término de cumprimento das sanções.
Quanto à duração de cada pena, o estudo será feito de acordo com a sua espécie, conforme a classificação
acima.

2 - PENAS VEDADAS

Assim como prevê as penas que são permitidas, a Constituição Federal também apresenta a lista das penas
que são vedadas, isto é, aquelas que não podem ser estipuladas pelo legislador. As vedações estão previstas
no artigo 5º,
XLVII - não haverá penas:
a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos do art. 84, XIX;
b) de caráter perpétuo;
c) de trabalhos forçados;
d) de banimento;
e) cruéis;

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A Constituição proíbe, portanto, as penas de morte, de caráter perpétuo, de trabalhos forçados e, de forma
genérica, as que sejam cruéis. A única exceção que a Constituição faz é em relação à pena de morte, para a
qual se admite a aplicação em caso de guerra declarada. Vejamos cada uma das vedações:

➢ Pena de morte, salvo em caso de guerra declarada

A pena de morte, portanto, é proibida em regra. A exceção é o caso de declaração de guerra, nos termos do
artigo 84, XIX, da Constituição da República, que assim prevê:
Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da República:
(...)
XIX - declarar guerra, no caso de agressão estrangeira, autorizado pelo Congresso Nacional ou
referendado por ele, quando ocorrida no intervalo das sessões legislativas, e, nas mesmas condições,
decretar, total ou parcialmente, a mobilização nacional;
Portanto, a guerra é declarada pelo Presidente da República, após autorização do Congresso Nacional, no
caso de agressão estrangeira. A pena de morte está prevista, para situações em que permitida, no Código
Penal Militar, que determina que seja executada por fuzilamento. Sua previsão está no artigo 55, “a”, de
referido Código, enquanto o artigo 56 prevê a forma de sua execução:
Art. 55. As penas principais são:
a) morte;
(...)
Pena de morte
Art. 56. A pena de morte é executada por fuzilamento.
Além desta previsão legal, parte da doutrina prevê como espécie de aplicação de pena de morte no Brasil o
abatimento de aeronaves do artigo 303, § 2º, da Lei 7.565/86, o Código Brasileiro da Aeronáutica.
§ 2° Esgotados os meios coercitivos legalmente previstos, a aeronave será classificada como hostil,
ficando sujeita à medida de destruição, nos casos dos incisos do caput deste artigo e após autorização
do Presidente da República ou autoridade por ele delegada.
Grande parte dos doutrinadores entende que a previsão do abate, que só foi regulamentada pelo Decreto
nº 5.144/2004, é inconstitucional, por trazer nova modalidade de pena de morte não prevista na
Constituição. Entretanto, trata-se de previsão bastante específica, sem que haja notícias de efetivo abate de
aeronave nos termos da permissão legal. Deste modo, não se pode fixar uma posição majoritária da
doutrina, nem mesmo se pode mencionar a posição adotada pela jurisprudência.
Ademais, há a posição de que também há previsão de pena de morte, neste caso de pessoas jurídicas, no
caso do artigo 24 da Lei 9.605/98:
Art. 24. A pessoa jurídica constituída ou utilizada, preponderantemente, com o fim de permitir, facilitar
ou ocultar a prática de crime definido nesta Lei terá decretada sua liquidação forçada, seu patrimônio
será considerado instrumento do crime e como tal perdido em favor do Fundo Penitenciário Nacional.
Entretanto, é uma posição minoritária, sem ressonância na jurisprudência. A liquidação forçada da pessoa
jurídica não se confunde com a pena de morte, mesmo que, de forma análoga, represente também o fim de
existência de uma sociedade empresária, por exemplo. A Constituição se refere à pena de morte como o

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fim da vida humana, não abarcando a extinção de pessoas jurídicas, mesmo porque demonstra, pela lista
das penas vedadas, que sua inspiração decorre da própria dignidade da pessoa humana, fundamento da
República Federativa do Brasil.

➢ Penas de caráter perpétuo

Também não se permite, no Brasil, a imposição de penas de caráter perpétuo, razão pela qual as penas de
reclusão e de detenção possuem como limite a duração de 40 anos, nos termos do artigo 75 do Código
Penal. Quanto à pena de prisão simples, seu limite é de 5 anos, conforme o artigo 10 da Lei das
Contravenções Penais.
Os limites das penas serão estudados mais adiante, no decorrer do curso, sendo que aqui importa consignar
que as penas não podem ser perpétuas.

➢ Pena de trabalhos forçados

A nossa Constituição também não admite a pena de trabalhos forçados. Cumpre, aqui, esclarecer que a pena
deve ser o próprio trabalho forçado, por exemplo, cumprir tantas horas de trabalho com escolta policial
para o cumprimento da pena.
Distingue-se, do trabalho forçado, a prestação de serviços à comunidade, pena alternativa, ou seja, pena
restritiva de direitos aplicada em substituição à pena privativa de liberdade. Deste modo, a prestação de
serviços não é forçada, mas sim um benefício para o preso. Caso não cumpridas as horas a que foi
condenado, o executado deverá cumprir a pena privativa de liberdade imposta originariamente e
substituída pelo juiz.
Por fim, a maior discussão se refere à exigência de trabalho para os presos definitivos, sob pena de
cometimento de falta grave. A previsão está no artigo 31 da Lei de Execução Penal (LEP):
Art. 31. O condenado à pena privativa de liberdade está obrigado ao trabalho na medida de suas
aptidões e capacidade.
Parágrafo único. Para o preso provisório, o trabalho não é obrigatório e só poderá ser executado no
interior do estabelecimento.
O trabalho é considerado um dever do condenado, de modo que seu descumprimento constitui falta grave,
nos termos do artigo 39, inciso V, e do artigo 50, inciso VI, ambos da LEP:
Art. 39. Constituem deveres do condenado:
(...)
V - execução do trabalho, das tarefas e das ordens recebidas;

Art. 50. Comete falta grave o condenado à pena privativa de liberdade que:
(...)
VI - inobservar os deveres previstos nos incisos II e V, do artigo 39, desta Lei.

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Entretanto, o trabalho previsto na Lei de Execução Penal não é pena, mas sim um dos deveres do condenado
definitivamente à pena privativa de liberdade. Não se cuida de trabalho forçado como sanção penal, mas de
trabalho como uma das obrigações do preso em relação à disciplina que lhe é imposta.
Neste sentido, é o posicionamento do Superior Tribunal de Justiça:
I - Consoante previsão dos arts. 50, VI, e 39, V, ambos da LEP, configura falta grave a recusa pelo
apenado, à execução de trabalho interno regularmente determinado pelo agente público
competente, não havendo que se falar na existência de flagrante ilegalidade no v. acórdão combatido,
sobretudo porque, além de a medida não se confundir com a pena de trabalho forçado, vedada pela
Constituição Federal (art. 5º, XLVIII, "c"), encontra previsão no art. 6º da Convenção Americana de
Direitos Humanos. (STJ, AgRg no HC 429608/SP, Rel. Min. Félix Fischer, Quinta Turma, DJe
27/04/2018).
Como foi mencionado no acórdão, cumpre transcrever apenas parte do artigo 6 da Convenção Americana
de Direitos Humanos, no que interessa ao nosso estudo:
Artigo 6. Proibição da escravidão e da servidão
(...)
3. Não constituem trabalhos forçados ou obrigatórios para os efeitos deste artigo:
a. os trabalhos ou serviços normalmente exigidos de pessoa reclusa em cumprimento de sentença ou
resolução formal expedida pela autoridade judiciária competente. Tais trabalhos ou serviços devem
ser executados sob a vigilância e controle das autoridades públicas, e os indivíduos que os executarem
não devem ser postos à disposição de particulares, companhias ou pessoas jurídicas de caráter privado;
(...)
Portanto, o Pacto de São José da Costa Rica também admite a obrigação de trabalho como decorrência do
cumprimento de pena privativa de liberdade.

➢ Pena de banimento

Foi também vedada pelo constituinte de 1988 a pena de banimento. O banimento é o ato de expulsar um
brasileiro do território nacional, levando-o a viver no estrangeiro.
Há outras espécies de pena que não devem ser confundidas com o banimento: a de desterro e a de degredo
ou confinamento. Degredo é a determinação de que o indivíduo fique confinado a uma determinada parte
do território nacional. Desterro é a expulsão do indivíduo do local em que vive, como, por exemplo, a
Comarca em que vive a vítima.

➢ Pena de natureza cruel

Por fim, são vedadas as penas de natureza cruel, o que é nítida decorrência do princípio da humanidade.
Esta vedação é mais genérica, pois envolve, de modo mais amplo, todas as penas que sejam dotadas de
crueldade. Pode ser considerada cruel, por exemplo, a determinação de amputação de um membro do
corpo do condenado.

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3 - PENAS PRIVATIVAS DE LIBERDADE

Como já mencionamos, as penas privativas de liberdade são a de reclusão, a de detenção e a de prisão


simples. Em tese, a pena de reclusão é destinada aos crimes mais graves, enquanto a de detenção se destina
aos mais leves. Por sua vez, a prisão simples é reservada para as contravenções penais.
Já estudamos que o prazo máximo para as penas de reclusão e de detenção, com a atualização realizada
pela Lei 13.964/2019, é de 40 anos. O limite da prisão simples, por outro lado, é de 5 anos.
O regime inicial de cumprimento da pena de reclusão pode ser o fechado, o semiaberto ou o aberto. No
caso da detenção e da prisão simples, o regime inicial pode ser o semiaberto ou o aberto. Entretanto, apenas
no caso de detenção pode haver regressão, no curso do cumprimento de pena, para o regime fechado, o
que não se admite no caso de prisão simples.
Quanto aos efeitos extrapenais, previstos nos artigos 91 e 92 do Código Penal, não se aplicam à pena de
prisão simples, segundo parte da doutrina. Entretanto, existe precedente do STJ, determinando que a perda
dos instrumentos do crime são aplicáveis às contravenções penais (STJ, REsp 87971, Rel. Min. Vicente Leal,
Sexta Turma, DJe 14/02/2000).
Os efeitos são reservados, em regra, para os casos de reclusão e detenção, exceto no que se refere à
incapacidade para o exercício do poder familiar, tutela ou curatela, que é reservada apenas para os crimes
dolosos, sujeitos à pena de reclusão, cometidos contra filho, tutelado ou curatelado.
Por fim, como outro elemento diferenciador, cabe lembrar que só cabe interceptação telefônica nos casos
de crimes a que for cominada a pena de reclusão.
Como resumo das principais diferenças entre as modalidades de pena privativa de liberdade, segue um
quadro informativo:

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4 - APLICAÇÃO DAS PENAS

Passamos agora à análise da aplicação das penas no caso concreto. O legislador prevê limites mínimo e
máximo da pena abstratamente cominada ao delito, devendo o juiz individualizar a pena na sentença
condenatória.
A aplicação da pena é chamada de dosimetria, por envolver o cálculo da pena nos termos do método
trifásico. Começando pela pena privativa de liberdade, sua fixação, pelo juiz, deve ter como parâmetros os
limites mínimo e máximo previstos na lei e ser realizado em três fases.
O método trifásico se inicia com a fase das circunstâncias judiciais, prevista no artigo 59 do Código Penal. Se
sequência, há a aplicação das agravantes e das atenuantes, com a estipulação da pena intermediária. Por
fim, a terceira fase envolve a aplicação das causas de aumento e de diminuição de pena.
É o que prevê o artigo 68 do Código Penal, que institui o sistema trifásico de cálculo da pena:
Art. 68 - A pena-base será fixada atendendo-se ao critério do art. 59 deste Código; em seguida serão
consideradas as circunstâncias atenuantes e agravantes; por último, as causas de diminuição e de
aumento.
O esquema a seguir demonstra as fases e o que deve ser considerado pelo juiz em cada uma delas:

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Caso o tipo penal seja qualificado, há limites mínimo e máximo específicos para esta modalidade. Ou seja, a
dosimetria já parte do tipo qualificado, sendo que a primeira fase do cálculo da pena já o tem como
parâmetro. A qualificadora, portanto, define o próprio início da dosimetria, trazendo novos limites mínimo
e máximo, ao qual o juiz se aterá na primeira e na segunda fases.
Caso haja mais de uma qualificadora, a jurisprudência e a doutrina, de forma majoritária, indicam que, se
for possível, o que sobejar, ou seja, não for utilizado para qualificar o delito, atuará como causa de aumento
de pena. Subsidiariamente, caso não haja causa de aumento de pena para o caso, a circunstância que não
for usada para qualificar o delito será usada como agravante e, por fim, a última hipótese será de sua
consideração como circunstância judicial. Neste sentido:
“(...) 3. No caso, as instâncias ordinárias valoraram como circunstâncias judiciais duas das três
qualificadoras do crime de furto. Nos termos da jurisprudência desta Corte, de rigor a utilização de
circunstâncias qualificadoras remanescentes àquela que qualificou o tipo como causas de aumento,
agravantes ou circunstâncias judiciais desfavoráveis, respeitada a ordem de prevalência, ficando
apenas vedado o bis in idem. (...)” (STJ, HC 479583/SP, Rel. Min. Ribeiro Dantas, Quinta Turma, DJe
13/02/2019).

✓ 1ª Fase

Na primeira fase da dosimetria, são consideradas as circunstâncias judiciais para a fixação da pena-base.
Segundo a doutrina e a jurisprudência majoritárias, parte-se da pena mínima abstratamente cominada ao
delito, seja do tipo simples ou do qualificado. Ou seja, caso se configure o tipo simples, o mínimo a ele
cominado deve ser considerado. Se o fato se subsumir no tipo qualificado, é o limite mínimo previsto para
a qualificadora que será considerado.
Para a fixação da pena base, são consideradas as circunstâncias judiciais. São elas: a culpabilidade, os
antecedentes, a conduta social, a personalidade do agente, os motivos, as circunstâncias e as consequências
do crime e o comportamento da vítima. Estão estipuladas no artigo 59, do Código Penal, notadamente no
que se refere ao previsto no inciso II:
Art. 59 - O juiz, atendendo à culpabilidade, aos antecedentes, à conduta social, à personalidade do
agente, aos motivos, às circunstâncias e consequências do crime, bem como ao comportamento da
vítima, estabelecerá, conforme seja necessário e suficiente para reprovação e prevenção do crime:

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I - as penas aplicáveis dentre as cominadas;


II - a quantidade de pena aplicável, dentro dos limites previstos;
III - o regime inicial de cumprimento da pena privativa de liberdade;
IV - a substituição da pena privativa da liberdade aplicada, por outra espécie de pena, se cabível.
Cumpre ressaltar que a jurisprudência não aceita a fixação da pena-base acima do
mínimo legal com base em conceitos vagos, especialmente se baseados na gravidade em
abstrato do próprio crime:
"(...) 3. A jurisprudência pátria, em obediência aos ditames do art. 59 do Código Penal e
do art. 93, IX, da Constituição Federal, é firme no sentido de que a fixação da pena-base
deve ser fundamentada de forma concreta, idônea e individualizada, não sendo
suficiente referências a conceitos vagos e genéricos, máxime quando ínsitos ao próprio tipo penal.
1
(...)" (HC 445958/ES, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, Quinta Turma, Dje 29/06/2018).
Este entendimento auxilia em vários temas, até mesmo em relação ao processo penal. Invocar a gravidade
em abstrato do crime não serve para fixação de regime inicial mais gravoso, aumento da pena, decretação
de prisão preventiva e assim por diante.
Nesta fase, o juiz não pode ultrapassar os limites mínimo e máximo da pena, conforme as balizas fixadas
de forma abstrata pelo legislador. A lei não prevê, quanto às circunstâncias judiciais, a fração da pena que
deve ser utilizada. Deste modo, há sua fixação pela doutrina e pela jurisprudência, sendo que parte entende
aplicável a fração de 1/6 (um sexto), enquanto outros entendem que se aplica a fração de 1/8 (um oitavo).
Este último parâmetro se baseia no número de circunstâncias judiciais existentes no artigo 59, que são oito.
O Superior Tribunal de Justiça, por sua vez, entende que não se deve adotar um quantum definido e
determinado para todas as circunstâncias judiciais, mas sim devem ser consideradas cada uma das
circunstâncias, conforme a relevância delas no caso concreto. Neste sentido, segue um trecho de recente
acórdão de referida Corte:
“(...) III - Segunda a jurisprudência desta Corte Superior, a definição do quantum de aumento da pena-
base, em razão de circunstância judicial desfavorável, está dentro da discricionariedade juridicamente
vinculada e deve observar os princípios da proporcionalidade, razoabilidade, necessidade e suficiência
à reprovação e prevenção ao crime. Não se admite a adoção de um critério puramente matemático,
baseado apenas na quantidade de circunstâncias judiciais desfavoráveis, até porque de acordo com
as especificidades de cada delito e também com as condições pessoais do agente, uma dada
circunstância judicial desfavorável poderá e deverá possuir maior relevância (valor) do que outra no
momento da fixação da pena-base, em obediência aos princípios da individualização da pena e da
própria proporcionalidade. (...)” (STJ, HC 437157/RJ, Rel. Min. Felix Fischer, Quinta Turma, DJe
20/04/2018).
O STF, por sua vez, possui precedente em que se considera recomendável a indicação da fração do aumento,
apesar de consignar que não é necessária essa menção na sentença. Nestes termos, o seguinte trecho de
precedente relativamente recente:
“(...) 10. Ainda que recomendável a atribuição de um quantum de pena, isoladamente, a cada vetor
considerado na primeira fase da dosimetria, sua inobservância não gera nulidade. 11. Com efeito, a
fixação de pena-base conglobada não impede que as instâncias superiores exerçam o controle de sua
legalidade e determinem seu reajustamento, se não houver base empírica idônea que confira suporte

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aos vetores invocados ou se desarrazoada a majoração havida. 12. Na espécie, houve motivação
adequada para a valoração negativa da culpabilidade, das circunstâncias do crime e da conduta social
do paciente, demonstrando-se, com base em elementos concretos, o maior grau de censurabilidade da
conduta, a justificar a acentuada exasperação de sua pena-base. (...)” (STF, HC 134193/GO, Rel. Min.
Dias Toffoli, Segunda Turma, Julgamento em 26/10/2016).
Vejamos as especificidades de cada uma das circunstâncias judiciais:

Culpabilidade
A culpabilidade do agente consiste no juízo da censura ou reprovação em relação à conduta do agente, que
pode variar conforme o caso concreto. Alguns denominam esta circunstância de culpabilidade em sentido
estrito, já que a pena deve ser fixada na medida da culpabilidade do agente, em sentido amplo. Neste
sentido, o seguinte excerto de julgado do STJ: 3
“(...) 4. Para fins de individualização da pena, a culpabilidade deve ser compreendida como juízo de
reprovabilidade da conduta, ou seja, a maior ou menor censurabilidade do comportamento do réu,
não se tratando de verificação da ocorrência dos elementos da culpabilidade, para que se possa
concluir pela prática ou não de delito. No caso dos autos, o fato de o réu ter agido com um comparsa
não identificado, contra três vítimas, utilizando-se de simulacro de uma pistola, o qual era apontado
para as vítimas, tendo uma delas, inclusive, desmaiado por acreditar ter sido atingida por um tiro,
demonstra o dolo intenso e o maior grau de censura a ensejar resposta penal superior. (...)” (STJ, HC
433404/SP, Rel. Min. Ribeiro Dantas, Quinta Turma, DJe 09/04/2018).

Maus antecedentes
Os maus antecedentes se referem às infrações penais cometidas anteriormente pelo agente, sendo que essa
circunstância judicial esbarra na questão da presunção de inocência. Como a Constituição determina que
ninguém pode ser considerado culpado até o trânsito em julgado da sentença penal condenatória, surgiu a
discussão sobre a consideração de inquéritos e processos penais em andamento para estipulação da pena
base pelo juiz.
O Superior Tribunal de Justiça já possui entendimento consolidado sobre a vedação de
utilização de inquéritos e processos penais em curso, conforme o verbete da Súmula 444:
É vedada a utilização de inquéritos policiais e ações penais em curso para agravar a pena-
base.
O Supremo Tribunal Federal também possui referido posicionamento, como se nota do
acórdão a seguir:
“PENA – FIXAÇÃO – ANTECEDENTES CRIMINAIS – INQUÉRITOS E PROCESSOS EM CURSO –
DESINFLUÊNCIA. Ante o princípio constitucional da não culpabilidade, inquéritos e processos criminais
em curso são neutros na definição dos antecedentes criminais. (STF, RE 591054/SC, Rel. Min. Marco
Aurélio, Tribunal Pleno, Julgamento em 17/12/2014).
Também não podem ser considerados maus antecedentes os atos infracionais cometidos pelo indivíduo,
antes de atingida a maioridade, nem a sentença homologatória de transação penal.

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Devem ser consideradas, então, para a configuração dos maus antecedentes as condenações criminais já
transitadas em julgado. Entretanto, há a agravante da reincidência, sendo que a mesma condenação não
pode ser considerada como mau antecedente e fundamento de reincidência, sob pena de violação do
princípio da proibição do bis in idem. É possível, entretanto, a consideração de uma condenação transitada
em julgado, por roubo, como reincidência e outra condenação definitiva, por ameaça, como antecedente.
Cabe, então, a análise mais rápida dos casos em que se configura a reincidência, para entendermos quando
determinado fato pode ensejar a incidência da agravante e quando se deve utilizá-lo como circunstância
judicial. A reincidência está regulada no artigo 64 do Código Penal:
Art. 64 - Para efeito de reincidência:
I - não prevalece a condenação anterior, se entre a data do cumprimento ou extinção da pena e a
infração posterior tiver decorrido período de tempo superior a 5 (cinco) anos, computado o período de
prova da suspensão ou do livramento condicional,
2 se não ocorrer revogação;
II - não se consideram os crimes militares próprios e políticos.
Portanto, a condenação por ato anterior deixa de ensejar a reincidência após o decurso do prazo depurador
a partir do cumprimento ou da extinção da pena, sendo que devem ser computados os períodos de prova
da suspensão condicional da pena ou do livramento condicional, caso os benefícios não tenham sido
revogados. O prazo é de um lustro, ou seja, de 5 anos. Após o transcurso de referido interregno, a
condenação anterior não poderá mais ser considerada para reconhecimento da reincidência.
O esquema abaixo ilustra a questão do prazo depurador e o reconhecimento da reincidência:

Também não ensejam o reconhecimento da reincidência a condenação anterior por crime anterior que seja
militar próprio ou político. Crime militar próprio é aquele apenas previsto para o militar, não havendo um
delito correspondente no caso de um civil praticar a mesma conduta.
Crimes políticos, por sua vez, são aqueles que se voltam contra a ordem estatal, devendo estar presente a
motivação política do agente. No caso do Direito Penal brasileiro, estão previstos no Capítulo XII, segundo o
entendimento que prevalece.

Quais são, então, os fatos delitivos que podem ser considerados como maus antecedentes?

a) Condenação anterior, após o lustro (5 anos) desde o cumprimento ou extinção da pena.

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Como vimos, após o decurso de um quinquênio, contado do cumprimento ou da extinção da pena, há a


depuração do fato, o que leva a não ser possível se considerar o delito como reincidência. Portanto, só
restaria ao juiz utilizar o fato como mau antecedente do agente, na primeira fase da dosimetria, como uma
das circunstâncias judiciais.
Parte da doutrina entende que, após o transcurso do lustro, há o direito ao esquecimento, que determina
que o fato não seja considerado de forma alguma para a dosimetria da pena. Este era o entendimento da
Segunda Turma do STF, havendo divergência na própria Corte. Entretanto, no julgamento do Recurso
Extraordinário 593.818, o Supremo Tribunal Federal decidiu pela admissibilidade pela condenação já
atingida pelo período depurador, pacificando o tema em suas turmas:
O Tribunal, por maioria, apreciando o tema 150 da repercussão geral, deu parcial provimento ao
recurso extraordinário e fixou a seguinte tese: "Não se aplica para o reconhecimento dos maus
antecedentes o prazo quinquenal de prescrição da reincidência, previsto no art. 64, I, do Código
Penal" nos termos do voto do Relator, vencidos7 os Ministros Ricardo Lewandowski, Marco Aurélio,
Gilmar Mendes e Dias Toffoli (Presidente). Não participou deste julgamento o Ministro Celso de Mello.
Plenário, Sessão Virtual de 7.8.2020 a 17.8.2020.
Essa já era a posição pacífica do Superior Tribunal de Justiça:
“(...) III - A jurisprudência deste Tribunal é assente no sentido de que as condenações alcançadas pelo
período depurador de 5 anos, como no presente caso, previsto no art. 64, inciso I, do Código Penal,
afastam os efeitos da reincidência, mas não impedem a configuração de maus antecedentes,
permitindo, assim, o aumento da pena-base acima do mínimo legal. Embargos de declaração acolhido,
com efeitos infringentes, para sanar a omissão e não conhecer do habeas corpus, com o fim de
restabelecer o acórdão condenatório proferido pelo eg. Tribunal de origem em grau de apelação. (...)”
(EDcl no HC 413204/SP, Rel. Min. Félix Fischer, Quinta Turma, DJe 21/05/2018).

b) Condenação por fato praticado anteriormente, cujo trânsito em julgado ocorreu entre o novo fato
e a data da sentença.
Ademais, há o fato anterior ao cometimento do novo crime, mas cujo trânsito ocorre entre a prática da nova
infração penal e a prolação da sentença pelo juiz. Como o fato não havia transitado em julgado na época da
prática de novo delito pelo agente, não pode ser considerado para se declará-lo como reincidente, conforme
prevê o artigo 63 do Código Penal:
Art. 63 - Verifica-se a reincidência quando o agente comete novo crime, depois de transitar em julgado
a sentença que, no País ou no estrangeiro, o tenha condenado por crime anterior.
Assim, ocorrendo o trânsito em julgado após o cometimento do novo fato criminoso, não há que se falar em
reincidência. Pode tal circunstância ser considerada, entretanto, como mau antecedente, se houver o
trânsito em julgado antes de proferida a condenação.

c) Condenação anterior por crimes militares próprios ou políticos.


Como mencionado, a condenação anterior por crimes militares próprios ou por crimes políticos não implica
na reincidência do agente. Deste modo, se a condenação por delitos de tais espécies já houver transitado
em julgado, é possível sua utilização como mau antecedente.

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d) Condenação anterior, dentro do período que gera reincidência, se já houver outra condenação
com este efeito.
Por fim, o indivíduo pode ter mais de uma condenação, sendo que todas transitaram em julgado antes da
data do cometimento do novo delito. Considerado um dos fatos para reconhecimento da agravante da
reincidência, as demais condenações podem ser levadas em conta na primeira fase da dosimetria, como
maus antecedentes. Como são condenações diversas, não se configura o bis in idem8.

Conduta Social
A conduta social se refere ao comportamento do indivíduo na sociedade, sua interação com a comunidade
em que vive. A este respeito, é comum a utilização de testemunhas de defesa para comprovação de que o
2
réu possui uma boa conduta social, as quais são denominadas de “testemunhas de beatificação”.

Personalidade do agente
A personalidade do agente se refere à sua composição psicológica, abrangendo suas qualidades morais, a
natureza de sua índole, o conjunto de seus caracteres subjetivos e a expressão do seu temperamento. Deve
ser aferida do confronto de seu comportamento com a ordem social.
A jurisprudência tem exigido que haja elementos concretos sobre a avaliação psicológica do agente para a
elevação da pena base, pelo juiz, com fundamento na personalidade do agente, mas não é necessário laudo
técnico:
“(...) Este Superior Tribunal de Justiça reconhece que a personalidade do agente somente pode ser
valorada negativamente se constarem dos autos elementos concretos para sua efetiva e segura
aferição pelo julgador, o que não se vislumbra na hipótese em apreço. (...)” (STJ, HC 433404/SP, Rel.
Min. Ribeiro Dantas, Quinta Turma, DJe 09/04/2018).
“No que diz respeito à personalidade, cumpre assinalar que "a valoração negativa da personalidade
do agente exige a existência de elementos concretos e suficientes nos autos que demonstrem,
efetivamente, a maior periculosidade do réu aferível a partir de sua índole, atitudes, história pessoal
e familiar, etapas de seu ciclo vital e social, etc., sendo prescindível a existência de laudo técnico
confeccionado por especialistas nos ramos da psiquiatria e psicologia para análise quanto a
personalidade do agente" (AgRg no REsp n. 1.301.226/PR, Sexta Turma, Rel.ª Min.ª Maria Thereza de
Assis Moura, DJe de 28/03/2014).” (STJ, AgRg no HC 659.922/SC, Rel. Des. Convocado Jesuíno Rissato,
Quinta Turma, julgado em 17/08/2021, DJe 24/08/2021).
✓ E os atos infracionais, podem ser valorados na primeira fase da dosimetria, como indicativos da
personalidade do agente?
Há divergência.

8
Neste sentido, exigindo a indicação, pelo juiz, de qual configura reincidência e qual é mau antecedente: PExt no HC 542909/ES,
Rel. Min. Ribeiro Dantas, Quinta Turma, DJe 23/06/2020.

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Apesar de não se admitir a consideração do ato infracional para fins de reincidência ou maus antecedentes,
a Quinta Turma do Superior Tribunal de Justiça entende que é admissível que referido elemento seja
considerado para fins de consideração da personalidade do agente:
“(...) 3. A prática de ato infracional, embora não possa ser utilizada para fins de reincidência ou maus
antecedentes, por não ser considerada crime, pode ser sopesada na análise da personalidade do
paciente, reforçando os elementos já suficientes dos autos que o apontam como pessoa perigosa e
cuja segregação é necessária. (...)”
STJ, RHC 107516/PI, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, Quinta Turma, DJe 20/02/2019.
De outro lado, a Sexta Turma não tem admitido a consideração dos atos infracionais praticados pelo agente
como fundamento hábil a elevar a pena-base:
“(...) 2. A análise desfavorável da conduta social e da personalidade do agente exige fundamentação
f
idônea, não podendo estar amparada em considerações genéricas e desprovidas de substrato fático-
probatório. 3. Não é possível a utilização de atos infracionais anteriores como fundamento para
majorar a pena-base no âmbito penal. Precedentes.. (...)”
STJ, HC 465647/RS, Rel. Min. Laurita Vaz, Sexta Turma, DJe 08/11/2018.

Motivos
Referem-se ao fato que motivou o agente à prática do crime, como uma motivação política, por exemplo.
Vale destacar que o motivo fútil e o motivo torpe já são agravantes genéricas, sendo que, em tais casos, o
reconhecimento da agravante afasta a possibilidade de valoração da circunstância judicial, sob pena de bis
in idem. Ademais, no caso de homicídio, referidas motivações qualificam o crime, de modo que, se for
utilizado o motivo como qualificadora, fica afastada tanto a agravante quanto a circunstância judicial.

Circunstâncias do crime
As circunstâncias do crime se referem à forma como ele foi praticado, ou seja, ao seu modus operandi. O
mesmo crime pode ser praticado de diversas formas, com graus de ousadia e de periculosidade diferentes,
o que deve influenciar a fixação da pena base.

Consequências do crime
As consequências do crime abrangem os resultados produzidos em relação à vítima, a seus entes próximos
ou à sociedade. Pode ocorrer, por exemplo, de a vítima ficar traumatizada, conforme laudo juntado nos
autos, em virtude do crime praticado contra ela, o que deve elevar a sua pena-base na primeira fase da
dosimetria.

Comportamento da vítima
O comportamento da vítima também é circunstância judicial prevista no artigo 59 do Código Penal. Aqui,
pode ser valorada a chamada culpa concorrente, como elemento da individualização da pena. Vale lembrar
que o Direito Penal não admite a compensação de culpas, de modo que a responsabilização penal do agente

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não será afastada. No caso de provocação ou culpa da vítima, o juiz pode valorar a circunstância na primeira
fase da dosimetria.

✓ 2ª Fase

Na segunda fase da dosimetria, são consideradas as circunstâncias agravantes e atenuantes. Neste caso,
também não há a fixação de uma fração, pela lei, para a diminuição ou o aumento da pena, sendo que a
jurisprudência aponta como utilizável a fração de 1/6 (um sexto).
O Superior Tribunal de Justiça admite a consideração de fração diversa, mas entende que a fixação do
aumento superior a um sexto exige motivação específica na sentença:
“(...) 6. Quanto à fase intermediária do procedimento dosimétrico, o Código Penal olvidou-se de
estabelecer limites mínimo e máximo de aumento ou redução de pena a serem aplicados em razão das
agravantes e das atenuantes genéricas. Assim, a jurisprudência reconhece que compete ao julgador,
dentro do seu livre convencimento e de acordo com as peculiaridades do caso, escolher a fração de
aumento ou redução de pena, em observância aos princípios da razoabilidade e da
proporcionalidade. Todavia, a aplicação de fração superior a 1/6 exige motivação concreta e
idônea.” (STJ, HC 402951/SP, Rel. Min. Ribeiro Dantas, Quinta Turma, DJe 22/05/2018).
Na segunda fase, parte-se da pena intermediária para a estipulação da pena intermediária. Esta deve
observar a adstrição aos limites mínimo e máximo da sanção abstratamente cominada ao
delito. É o que determina a Súmula 231 do Superior Tribunal de Justiça:
A incidência da circunstância atenuante não pode conduzir à redução da pena abaixo do
mínimo legal.
Ademais, é importante consignar que, dentre todas as circunstâncias agravantes previstas
no artigo 61 do Código Penal, apenas a reincidência é aplicável tanto aos crimes dolosos quanto aos
culposos. É o entendimento que predomina na doutrina e na jurisprudência. Deste modo:
A reincidência é a única circunstância agravante genérica que se aplica os crimes culposos.
Já no que diz respeito aos crimes preterdolosos, o STJ tem entendido que o resultado praticado a título de
culpa não altera a natureza dolosa do crime. Por isso, aplicam-se a tais crimes todas as agravantes genéricas
previstas no artigo 61 do Código Penal:
“(...) 1. No crime preterdoloso, espécie de delito qualificado pelo resultado, é possível a incidência
de agravante genérica prevista no art. 61 do Código Penal. Precedente. (AgRg no AREsp 499.488/SC,
Rel. Ministro ROGERIO SCHIETTI CRUZ, SEXTA TURMA, julgado em 04/04/2017, DJe 17/04/2017.) (...)”
(STJ, AgInt no AREsp 1074503/SP, Rel. Min. Nefi Cordeiro, Sexta Turma, DJe 25/09/2019).

Agravantes
As circunstâncias agravantes estão previstas no artigo 61 do Código Penal, o que ressalva que sua aplicação
na segunda fase depende de o delito não prever a circunstância como elementar ou qualificadora do crime.
Leiamos o dispositivo legal:

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Art. 61 - São circunstâncias que sempre agravam a pena, quando não constituem ou qualificam o
crime:
I - a reincidência;
II - ter o agente cometido o crime:
a) por motivo fútil ou torpe;
b) para facilitar ou assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de outro crime;
c) à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação, ou outro recurso que dificultou ou tornou
impossível a defesa do ofendido;
d) com emprego de veneno, fogo, explosivo, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que podia
resultar perigo comum;
e) contra ascendente, descendente, irmão ou cônjuge;
f) com abuso de autoridade ou prevalecendo-se de relações domésticas, de coabitação ou de
hospitalidade, ou com violência contra a mulher na forma da lei específica;
g) com abuso de poder ou violação de dever inerente a cargo, ofício, ministério ou profissão;
h) contra criança, maior de 60 (sessenta) anos, enfermo ou mulher grávida;
i) quando o ofendido estava sob a imediata proteção da autoridade;
j) em ocasião de incêndio, naufrágio, inundação ou qualquer calamidade pública, ou de desgraça
particular do ofendido;
l) em estado de embriaguez preordenada.
Cumpre estudar algumas das agravantes, dadas suas especificidades:

Reincidência
A reincidência é a agravante que determina a elevação da pena em razão de cometimento anterior de crime
pelo agente, desde que haja trânsito em julgado e dentro de determinado período. É o que prevê o artigo
63 do Código Penal:
Art. 63 - Verifica-se a reincidência quando o agente comete novo crime, depois de transitar em julgado
a sentença que, no País ou no estrangeiro, o tenha condenado por crime anterior.
No caso de cometimento de novo crime, só a prática de crime anterior, seja no Brasil ou no exterior, enseja
a reincidência, nos termos do dispositivo acima transcrito.
Quanto às contravenções penais, o artigo 7º da LCP:
Art. 7º - Verifica-se a reincidência quando o agente pratica uma contravenção depois de passar em
julgado a sentença que o tenha condenado, no Brasil ou no estrangeiro, por qualquer crime, ou, no
Brasil, por motivo de contravenção.
Se o indivíduo comete contravenção penal, a prática de crime anterior, no Brasil ou no exterior, ou de
contravenção penal, no Brasil, faz com que ele seja reincidente, desde que já haja o trânsito em julgado da
condenação pretérita.

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A tabela a seguir demonstra as hipóteses de reincidência:

Fato anterior Fato posterior Reincidência


(trânsito em julgado)

Crime no Brasil Crime Sim

Crime no exterior Crime Sim

Contravenção Crime Não

Contravenção no Brasil Contravenção Sim

Contravenção no exterior Contravenção Não

Crime no Brasil Contravenção Sim

Crime no exterior Contravenção Sim

O nosso Direito adota o sistema da temporariedade da reincidência. Isto significa que o delito só ensejará
a reincidência do agente caso ele pratique novo fato delitivo dentro de determinado prazo. Referido lapso
temporal é denominado de período depurador, que é de um lustro, um quinquênio ou, de modo mais
simples, de cinco anos.
O transcurso do período depurador é uma das hipóteses de não configuração da reincidência, nos termos
do artigo 64 do Código Penal:
Art. 64 - Para efeito de reincidência:
I - não prevalece a condenação anterior, se entre a data do cumprimento ou extinção da pena e a
infração posterior tiver decorrido período de tempo superior a 5 (cinco) anos, computado o período de
prova da suspensão ou do livramento condicional, se não ocorrer revogação;
II - não se consideram os crimes militares próprios e políticos.
Portanto, decorridos cinco anos do cumprimento ou extinção da pena, computados neste prazo o da
suspensão condicional da penal (sursis) e o do livramento condicional (LC) se não tiverem sido revogados, o
fato deixa de possuir a potencialidade de tornar o indivíduo reincidente, caso volte a delinquir:

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Demais disso, não é possível considerar o indivíduo reincidente com base em crime anterior que seja militar
próprio ou político.
A reincidência possui natureza jurídica de circunstância agravante de caráter subjetivo. Tal agravante não
se comunica para os demais agentes, dada sua natureza nitidamente pessoal.
Por fim, a Súmula 241 do STJ relembra que não se pode valorar o mesmo fato como agravante da
reincidência e circunstância judicial, ao mesmo tempo, sob pena de violação ao princípio do ne bis in idem:
A reincidência penal não pode ser considerada como circunstância agravante e, simultaneamente,
como circunstância judicial.

(MPSP/Promotor de Justiça/2019) Alberto praticou cinco infrações penais distintas. Foi


processado e condenado cinco vezes, conforme resume o quadro a seguir. Em todos os cinco
processos, foram devidamente acostadas as Folhas de Antecedentes atualizadas e as respectivas
certidões cartorárias dos feitos informados:

Data do
Data do início
trânsito em
Data do fato e do
Processo Pena aplicada julgado para
tipificação cumprimento
ambas as
de pena
partes
03.01.2008 –
Substituição de
8 meses de
I convocado (art. 185 02.02.2010 03.03.2010
detenção
do Código Penal
Militar).
03.03.2010 – Vias de 2 meses de
II 01.03.2011 05.04.2011
fato (art. 21 do prisão simples

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Decreto-Lei nº
3.688/41).
04.04.2011 – lesão
4 anos e 3
corporal seguida de
III meses de 02.04.2012 08.07.2012
morte (art. 129, § 3º,
reclusão
do Código Penal)
09.07.2012 –
1 ano e 2
Homicídio culposo
IV meses de 10.07.2013 10.07.2013
(art. 121, § 3º, do
detenção
Código Penal)
13.07.2018 – lesão
corporal gravíssima 6 anos de
V 15.03.2019 18.04.2019
(art. 129, § 2, I, do reclusão
Código Penal).

Pode-se afirmar que o Juiz certamente considerou Alberto reincidente nas sentenças
condenatórias referentes apenas aos processos:
a) II, III, IV e V.
b) II e III.
c) IV e V.
d) III, IV e V.
e) III e IV.
Comentários.
As condenações dos processos I e II não geram reincidência no caso de crimes do Código Penal, já
que constituem crime militar próprio e contravenção penal, respectivamente.
O artigo 63 só prevê reincidência por condenação anterior a crime, não mencionando
contravenção: “Verifica-se a reincidência quando o agente comete novo crime, depois de transitar
em julgado a sentença que, no País ou no estrangeiro, o tenha condenado por crime anterior”. O
artigo 64, inciso II, por sua vez, determina não se considerarem os crimes militares próprios e os
políticos.
Deste modo, quando praticado o crime do processo III, não havia condenação anterior transitada
em julgado que pudesse ensejar a reincidência. Já quando cometidos os crimes dos processos IV
e V, o delito do processo III ainda era apto a ensejar reincidência. Isto porque só passarão os 5
anos do cumprimento da pena em 07.10.2021 (período depurador).
Deste modo, está correta a alternativa C.

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Motivo fútil ou torpe


O motivo fútil e o motivo torpe constituem circunstâncias agravantes, ressalvadas, claramente, as hipóteses
em que forem elementares ou qualificadoras do crime.
O motivo fútil é considerado o pequeno, insignificante. Por sua vez, o motivo torpe é aquele abjeto, vil ou
repugnante.
Com relação à vingança, prevalece na jurisprudência que se trata de motivo torpe:
“(...) 3. O mesmo não ocorre no tocante à futilidade do motivo: ainda que não baste a excluir a
criminalidade do fato ou a culpabilidade do agente, a vingança da mulher enciumada, grávida e
abandonada não se pode tachar de insignificante. 4. Habeas corpus deferido, em parte, para excluir
da pronúncia a qualificadora do motivo fútil. (...)” (STF, HC 90744/PE, Rel. Min. Sepúlveda Pertence,
Primeira Turma, Julgamento: 12/06/2007).
“(...) SENTENÇA DE PRONÚNCIA – QUALIFICADORAS. Surge válida a sentença de pronúncia,
relativamente a qualificadoras, quando há referência aos elementos coligidos no processo, mais
precisamente considerado o motivo torpe – o fato de o crime haver resultado de vingança decorrente
de assalto anterior e de tratar-se de prática a impossibilitar a defesa da vítima, em razão de os tiros,
segundo laudo de necrópsia, terem sido desferidos nas e pelas costas da vítima.” HC 101216/RS, Rel.
Min. Marco Aurélio, Primeira Turma, Julgamento em 04/10/2011).
“(...) III. Homicídio qualificado: motivo torpe, vingança e pronúncia. A vingança, por si só, não
substantiva o motivo torpe; a sua afirmativa, contudo, não basta para elidir a imputação de torpeza
do motivo do crime, que há de ser aferida à luz do contexto do fato. Não antecipar juízo a respeito, por
entendê-lo sujeito à "análise aprofundada de toda a prova produzida", não traduz nulidade da
pronúncia; na pronúncia, se a existência de crime doloso contra a vida se reputa inequívoca, a
submissão ao Júri da sua qualificação - se entendida plausível - antes de violar a lei, é orientação que
se amolda à reserva ao tribunal popular de julgamento dos crimes dolosos contra a vida.” (STF, HC
83309/MS, Rel. Min. Sepúlveda Pertence, Primeira Turma, Julgamento: 23/09/2003).
“(...) Correta a sentença de pronúncia, no que diz respeito à incidência da qualificadora do motivo
torpe, tendo em vista a presença de indicativos, nos autos, de que o paciente teria matado a vítima
para vingar-se. (HC n. 99.803/SP, Ministra Assusete Magalhães, Sexta Turma, DJe 8/5/2014) (...)” (STJ,
AgInt no REsp 1653828/PR, Sexta Turma, DJe 09/10/2017).

Crime cometido para facilitar ou assegurar a execução ou ocultação, impunidade ou vantagem do outro
crime
A pena se agrava no caso de o crime ter sido cometido para facilitar ou assegurar a execução ou ocultação,
impunidade ou vantagem de outro crime. São os casos denominados de conexão teleológica e
consequencial:
- Conexão teleológica: para assegurar a execução de outro crime.
- Conexão consequencial: para assegurar a ocultação, a impunidade ou a vantagem de outro crime.
Neste assunto, importante recordar do teor do artigo 108 do Código Penal, que é muito cobrado em provas
de concurso público:

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Art. 108 - A extinção da punibilidade de crime que é pressuposto, elemento constitutivo ou


circunstância agravante de outro não se estende a este. Nos crimes conexos, a extinção da punibilidade
de um deles não impede, quanto aos outros, a agravação da pena resultante da conexão.

Crime cometido com traição, emboscada, dissimulação ou outro recurso que dificultou ou tornou
impossível a defesa da vítima
A traição consiste no ataque feito com deslealdade, em que se aproveita de um momento de confiança da
vítima. A emboscada é o ataque feito por meio de tocaia. A dissimulação é a conduta dotada de fingimento,
realizada com disfarce.
Além dos crimes praticados com traição, emboscada ou dissimulação, o legislador deixou espaço para a
chamada interpretação analógica. Qualquer outro recurso que dificulte ou torne impossível a defesa da
vítima possibilita a modificação da pena na segunda fase da dosimetria, devendo os parâmetros serem a
traição, a emboscada e a dissimulação. Um exemplo de outro recurso que configura a agravante é a
surpresa.

Crime praticado contra ascendente, descendente, irmão ou cônjuge


Também deve ser agravada a pena do indivíduo que pratica crime contra ascendente,
descendente, irmão ou cônjuge. Para ficar mais fácil memorizar, podemos pensar no acróstico
CADI: Cônjuge, Ascendente, Descendente ou Irmão.
A separação de fato afasta a agravante. Também prevalece que não incide a agravante em caso
de união estável, já que não se admite analogia in malam partem.

Agravantes no concurso de pessoas


No caso de concurso de pessoas, há situações que agravam a pena. Estão previstas no artigo 62 do Código
Penal:
Art. 62 - A pena será ainda agravada em relação ao agente que:
I - promove, ou organiza a cooperação no crime ou dirige a atividade dos demais agentes; II - coage ou
induz outrem à execução material do crime;
III - instiga ou determina a cometer o crime alguém sujeito à sua autoridade ou não-punível em virtude
de condição ou qualidade pessoal;
IV - executa o crime, ou nele participa, mediante paga ou promessa de recompensa.
Deste modo, tem sua pena agravada quem promove ou organiza a cooperação no crime, quem dirige a
atividade dos outros agentes, quem coage ou induz outrem para a execução do crime, quem instiga ou
determina alguém sujeito a sua atividade ou não punível a cometer o delito, bem como aquele que executa
o delito ou participa dele mediante paga ou promessa de recompensa (crime mercenário).

Atenuantes
O Código Penal prevê, no seu artigo 65, as situações que atenuam a pena:

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Art. 65 - São circunstâncias que sempre atenuam a pena:


I - ser o agente menor de 21 (vinte e um), na data do fato, ou maior de 70 (setenta) anos, na data da
sentença;
II - o desconhecimento da lei;
III - ter o agente:
a) cometido o crime por motivo de relevante valor social ou moral;
b) procurado, por sua espontânea vontade e com eficiência, logo após o crime, evitar-lhe ou minorar-
lhe as consequências, ou ter, antes do julgamento, reparado o dano;
c) cometido o crime sob coação a que podia resistir, ou em cumprimento de ordem de autoridade
superior, ou sob a influência de violenta emoção, provocada por ato injusto da vítima;
d) confessado espontaneamente, perante a autoridade, a autoria do crime;
e) cometido o crime sob a influência de multidão em tumulto, se não o provocou.
O inciso I cuida da chamada menoridade relativa e da senilidade, que determinam a incidência de atenuante
no caso de o agente ser menor de 21 anos de idade, à época da prática da infração penal, ou maior de 70
anos de idade, na data de sentença.
Ademais, estudamos que o erro de proibição não se confunde com o desconhecimento da lei. A ignorância
da lei, que não afasta a culpabilidade, pode, entretanto, atenuar a pena, nos termos do artigo 65, II, do
Código Penal.
Também atenua a pena o agente ter cometido o crime por motivo de relevante valor social, que é aquele
de interesse da coletividade, como o assassinato do grande traidor da pátria. Há um interesse ou benefício
coletivo envolvido.
Do mesmo modo, configura a atenuante o relevante valor moral, que se refere a um valor pessoal do
agente, como o que se vinga de quem praticou um delito hediondo contra sua família. Parte da doutrina
define o relevante valor moral como aquele que corresponde à moral prática da sociedade, ou seja, ao valor
moral que é compartilhado pelos membros daquela comunidade. Nesta linha, a maioria da doutrina e da
jurisprudência entendem que a eutanásia configura relevante valor moral (no caso do homicídio, a
circunstância incide como hipótese de privilégio, e não de atenuante genérica).
Há atenuante de pena se o agente procurar, por sua espontânea vontade e com eficiência, logo após o
cometimento do crime, evitar-lhe ou minorar-lhe as consequências, ou ter, antes do julgamento, reparado
o dano. Percebam que a hipótese é mais ampla que o arrependimento posterior, que é causa de diminuição
de pena, de um a dois terços, e não deve ser confundido com a atenuante. Incide a minorante do
arrependimento posterior apenas nos crimes cometidos sem violência ou grave ameaça à pessoa, se o
agente, voluntariamente, reparar o dano ou restituir a coisa até o recebimento da denúncia ou da queixa.
O agente deve ter evitado ou minorado as consequências de forma espontânea (não basta que seja
voluntária) e com eficiência. Quanto à reparação, ela deve ser livre de coação e, ainda, integral, salvo
renúncia da vítima.
Também atenua a pena o sujeito ter cometido o crime sob coação resistível ou em cumprimento de ordem
de autoridade superior, desde que a ordem não seja aparentemente legal. Cumpre recordar que a coação
moral irresistível e a obediência a ordem não manifestamente ilegal de superior hierárquico possuem o
condão de afastar a culpabilidade, não se configurando o crime.

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A pena também deve ser atenuada no caso de o crime ter sido cometido sob a influência de violenta
emoção, provocada por ato injusto da vítima. A emoção não afasta a culpabilidade, mas o legislador
determinou sua consideração na estipulação da pena do agente.
Há também atenuante no caso de confissão. Quando a confissão espontânea for utilizada para a formação
do convencimento do julgador, o réu fará jus à atenuante prevista no artigo 65, III, d, do Código Penal. O STJ
possui enunciado a respeito, a Súmula 545:
Quando a confissão for utilizada para a formação do convencimento do julgador, o réu fará jus à
atenuante prevista no artigo 65, III, d, do Código Penal.
Para deixar mais claro, ainda que a confissão seja parcial, se o juiz fundamentar a condenação com base
nela, o indivíduo fará jus à incidência da atenuante. De igual forma, se o agente posteriormente se retratar
e, mesmo assim, for um dos elementos utilizados na sentença. Portanto, a confissão espontânea realizada
perante a autoridade policial pode atenuar a pena, ainda que o agente se retrate perante o juiz, desde que
este a utilize como elemento de convencimento para a condenação. É o que tem decidido o STJ:
“(...) 4. A Jurisprudência deste Tribunal Superior firmou-se no sentido de que incide a atenuante
prevista no art. 65, III, "d", quando a confissão do acusado, ainda que retratada ou parcial, seja
utilizada para fundamentar a sua condenação, como ocorreu no caso em apreço. Súmula 545 do STJ.
(...)” (STJ, HC 433722/SP, Rel. Min. Ribeiro Dantas, Quinta Turma, DJe 22/05/2018).
O STJ já decidiu que, no caso de haver acordo colaboração premiada, haveria bis in idem se aplicada a
atenuante em conjunto com os benefícios previstos na Lei 12.850/13:
Atento ao princípio do ne bis in idem ou non bis in idem, que constitui um limite ao Estado, evitando a
múltipla valoração do mesmo fato com idêntico fundamento jurídico e, ainda, tomada a amplitude de
consequências e benefícios extraídos do instituto da colaboração premiada, há bis in idem na
consideração da atenuante da confissão do réu quando já estabelecido o acordo de colaboração
entre ele e o órgão ministerial nos casos em que aplicada a benesse de redução da pena prevista na
Lei 12.850/13. (REsp 1852049/RN, Rel. Ministro JOEL ILAN PACIORNIK, QUINTA TURMA, julgado em
20/10/2020, DJe 23/10/2020)
Por fim, há a atenuante prevista no inciso III, alínea e, do Código Penal, no caso de o sujeito ter cometido o
crime sob a influência de multidão em tumulto, se não o provocou. Estudamos anteriormente o chamado
crime multitudinário, sendo que, no caso do indivíduo que induzir os outros a cometer o delito, ele deve ter
sua pena agravada.
Além das atenuantes previstas no artigo 65 do Código Penal, o artigo 66 prevê a possibilidade de o juiz
atenuar a pena por alguma outra circunstância relevante, seja ela anterior ou posterior ao crime. Cuida-se
da chamada atenuante genérica (ou clemência):
Art. 66 - A pena poderá ser ainda atenuada em razão de circunstância relevante, anterior ou posterior
ao crime, embora não prevista expressamente em lei.
Um exemplo de utilização da atenuante genérica, conforme já estudamos, é o caso da coculpabilidade.
Deste modo, se o juiz entender que o sujeito não teve garantidos seus direitos mínimos pelo Estado,
possuindo menos oportunidades na vida, pode atenuar a pena para sua adequada individualização.

Concurso de agravantes e atenuantes

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Já vimos que o STJ tem entendido que o juiz pode adotar uma fração de aumento e de diminuição diferente
de um sexto na segunda fase da dosimetria, desde que haja a adequada fundamentação. De todo modo,
existem algumas circunstâncias que devem preponderar sobre as outras, conforme prescreve o artigo 67
do Código Penal:
Art. 67 - No concurso de agravantes e atenuantes, a pena deve aproximar-se do limite indicado pelas
circunstâncias preponderantes, entendendo-se como tais as que resultam dos motivos determinantes
do crime, da personalidade do agente e da reincidência.
Portanto, são preponderantes as circunstâncias que envolvem os motivos do crime, a personalidade do
agente e a reincidência. Percebam que todas elas são subjetivas.
A reincidência, portanto, é uma agravante que é tida como preponderante. Surgiu, então, a controvérsia
sobre a sua possibilidade de compensação com a confissão espontânea, que é circunstância subjetiva. O STJ
pacificou, no âmbito da própria Corte, que a compensação é possível, ao julgar recurso especial
representativo da controvérsia:
“RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DA CONTROVÉRSIA (ART. 543-C DO CPC). PENAL. DOSIMETRIA.
CONFISSÃO ESPONTÂNEA E REINCIDÊNCIA. COMPENSAÇÃO.POSSIBILIDADE.1. É possível, na segunda
fase da dosimetria da pena, a compensação da atenuante da confissão espontânea com a agravante
da reincidência.2. Recurso especial provido.”(REsp 1341370/MT, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, 3ª
Seção, DJe 17/04/2013)
Entretanto, se o réu for multirreincidente, ou seja, tiver várias condenações definitivas contra si de antes do
cometimento do delito pelo qual é julgado, a compensação será parcial:
“Tratando-se de réu multirreincidente, deve ser procedida à compensação parcial entre a confissão
espontânea e a reincidência.” (STJ, HC 423221/SP, Rel. Min. Ribeiro Dantas, Quinta Turma, DJe
26/06/2020).

✓ 3ª Fase

Na terceira fase, incidem as causas de aumento, chamadas de majorantes, e as de diminuição de pena,


denominadas de minorantes. Nesta fase, o juiz pode ultrapassar os limites mínimo e máximo da pena
abstratamente cominada ao crime.
As minorantes e majorantes possuem previsão, na lei, de qual a fração de aumento ou de diminuição deve
ser utilizada pelo juiz, ou, ao menos, a fração máxima e a mínima de alteração da pena intermediária.
O julgador, portanto, parte da pena intermediária para encontrar a pena definitiva. Esta pode ser inferior
ao mínimo previsto no preceito secundário, bem como pode ultrapassar o máximo previsto pelo legislador
no tipo penal.
Primeiro, devem incidir as causas de aumento de pena. Após, sobre a pena já elevada, incide a minorante.
Isto garante que a pena seja menor do que a operação na ordem inversa. Esta questão da ordem decorre
da falta de previsão na lei de qual a sequência a ser observada, razão pela qual deve ser escolhida a mais
favorável ao réu.
Referidas premissas estão estabelecidas no seguinte precedente do STJ:

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“2. De acordo com a jurisprudência desta Corte, não é possível a compensação de uma causa de
aumento com outra de redução. Isso porque, além de obediência ao sistema trifásico (68 do CP),
possui o magistrado o dever de esclarecer os motivos que determinaram a incidência do respectivo
quantum de aumento ou de diminuição de pena que entender aplicável (HC 237.734/SP, Rel. Ministro
MARCO AURÉLIO BELLIZZE, QUINTA TURMA, julgado em 19/03/2013, DJe 25/03/2013). Precedentes.
3. Com o intuito de assegurar o tratamento mais favorável ao réu no momento do cálculo de suas
penas, presentes causas de aumento e diminuição, deve-se, primeiramente, elevar a pena e,
somente após, fazer incidir a minorante. Precedentes.” (STJ, HC 367916/SP, Rel. Min. Nefi Cordeiro,
Sexta Turma, DJe 10/11/2016).
Com relação ao concurso entre majorantes e minorantes, se as causas estiverem na parte
geral do Código Penal, devem todas incidir. De igual modo, se houver uma causa de aumento
de pena na Parte Especial e outra na Parte Geral, ou uma minorante na Parte Geral e outra,
na Especial, todas incidem.
Nestes casos, as causas de aumento devem incidir uma de cada vez, sobre a pena
intermediária (princípio da incidência isolada).
Por exemplo, há duas majorantes, uma de 1/3 e outra de 1/6, sendo a pena intermediária de 9 anos de
reclusão. A incidência de cada majorante deve ocorrer de forma isolada, sobre os 9 anos de reclusão, com
a posterior soma:
• 1/3 de 9 = 3 anos de reclusão;
• 1/6 de 9 = 1 ano e 6 meses de reclusão;
• Pena intermediária (9 anos) + majorante A (3 anos) + majorante B (1 ano e 6 meses) = Pena definitiva
(13 anos e 6 meses de reclusão).
Quanto às causas de diminuição, a primeira minorante incide sobre a pena intermediária, já a segunda
incide sobre a pena já diminuída e assim sucessivamente (princípio da incidência cumulativa).
Vamos pensar em um caso exemplificativo, em que foram reconhecidas duas minorantes, uma de 1/2 e
outra de 1/3. A pena intermediária, fixada na segunda fase, é de 6 anos de detenção. A incidência de cada
minorante deve ocorrer de forma cumulativa, uma sobre o resultado da diminuição anterior:
• Pena intermediária (6 anos) - Minorante A (1/2 = 3 anos) = 3 anos;
• Pena restante (3 anos) - Minorante B (1/3 = 1 ano) = 2 anos;
• Pena definitiva = 2 anos de detenção.
Se, entretanto, houver a configuração de mais de uma majorante ou minorante previstas na Parte Especial
do Código, o juiz pode realizar um só aumento ou a uma só diminuição, mas pela causa que determine o
maior aumento ou a maior diminuição. É o que prevê o parágrafo único do artigo 68:
Art. 68 - A pena-base será fixada atendendo-se ao critério do art. 59 deste Código; em seguida serão
consideradas as circunstâncias atenuantes e agravantes; por último, as causas de diminuição e de
aumento.
Parágrafo único - No concurso de causas de aumento ou de diminuição previstas na parte especial,
pode o juiz limitar-se a um só aumento ou a uma só diminuição, prevalecendo, todavia, a causa que
mais aumente ou diminua.

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Assim, o juiz pode entender que só incide uma das majorantes ou minorantes, se todas estiverem na Parte
Especial do Código Penal, como, por exemplo, as causas de aumento de pena do roubo. Então, deve escolher
a que leve ao maior aumento ou à menor diminuição.
Caso se entenda que o juiz pode decidir pela incidência de mais de uma delas (matéria controversa), as
causas de aumento devem incidir conforme o princípio da incidência isolada, enquanto as de diminuição,
conforme o princípio da incidência cumulativa. O STJ tem entendido que o Judiciário pode decidir pela
limitação ou não a um só aumento ou diminuição:
(...) - A jurisprudência deste Superior Tribunal de Justiça e a do Supremo Tribunal Federal são no sentido
de que o art. 68, Parágrafo Único, do Código Penal, não exige que o juiz aplique uma única causa de
aumento da parte especial do Código Penal quando estiver diante de concurso de majorantes, mas que
sempre justifique a escolha da fração imposta. - Assim, não há ilegalidade flagrante, em tese, na
cumulação de causas de aumento da parte especial do Código Penal, sendo razoável a interpretação
da lei no sentido de que eventual afastamento da dupla cumulação deverá ser feito apenas no caso de
sobreposição do campo de aplicação ou excessividade do resultado (ARE 896.843/MT, Rel. Min.
GILMAR MENDES, SEGUNDA TURMA, DJe 23/09/2015). (...)” (STJ, HC 472771/SC, Rel. Min. Reynaldo
Soares da Fonseca, Quinta Turma, DJe 13/12/2018).
No mesmo sentido, em acórdão mais recente:
(...) Pedido de reconhecimento da impossibilidade de aplicação concomitante entre o § 2°, inciso II
(concurso de agentes), e o § 2°-A, inciso I (emprego de arma de fogo), ambos do art. 157 do Código
Penal. A correta interpretação do art. 68 do Código Penal não é a que a combativa defesa pugna nesta
impetração. A norma penal apontada permite a aplicação cumulativa de causas de aumento de pena
previstas na parte especial, desde que o magistrado sentenciante fundamente a necessidade do
emprego cumulativo à reprimenda. (STJ, HC 620.677/SP, Rel. Ministro FELIX FISCHER, QUINTA TURMA,
julgado em 02/02/2021, DJe 08/02/2021)
Caso haja majorantes e minorantes, o juiz deve aplicar ambas, na seguinte ordem: primeiro as majorantes
e, sobre a pena já aumentada, fazer a aplicação das causas de diminuição de pena, nos termos do princípio
da incidência cumulativa.
Segue um esquema com o resumo da forma de cálculo das majorantes e minorantes:

Concurso de
Princípio da incidência isolada
majorantes entre si

Concurso de Princípio da incidência


minorantes entre si cumulativa

Concurso entre
Princípio da incidência
majorantes e
cumulativa
minorantes

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Como exemplos de causas de aumento de pena, podemos citar, dentre outros, o concurso material,
concurso formal e a continuidade delitiva. Já para amostragem de causas de diminuição de pena, temos a
tentativa, o erro de proibição inescusável, a participação de menor importância etc.

5 - REGIME E LUGAR DE CUMPRIMENTO DE PENA


Para o cumprimento de pena, temos mais de um regime no Código Penal: o fechado, o aberto e o
semiaberto. O sistema é o progressivo, ou seja, o agente deve, conforme o seu mérito, ir do regime mais
gravoso ao menos restrito ao longo da execução da pena. Também pode ser chamado de sistema inglês9.
Entretanto, caso pratique falta grave ou sobrevenham novas condenações, é possível que o indivíduo sofra
a regressão do regime, passando do mais leve àquele mais grave.
O juiz, na sentença, fixa o regime inicial de cumprimento de pena, que, como visto, poderá se alterar durante
a execução. Ele poderá fazer jus à progressão, poderá sofrer a regressão, assim como pode ter a unificação
com nova pena, o que pode levar à alteração do regime.
O artigo 33, caput e § 1º, do Código Penal prevê os regimes de cumprimento de pena e o local de
cumprimento:
Art. 33 - A pena de reclusão deve ser cumprida em regime fechado, semi-aberto ou aberto. A de
detenção, em regime semi-aberto, ou aberto, salvo necessidade de transferência a regime fechado.
§ 1º - Considera-se:
a) regime fechado a execução da pena em estabelecimento de segurança máxima ou média;
b) regime semi-aberto a execução da pena em colônia agrícola, industrial ou estabelecimento similar;
c) regime aberto a execução da pena em casa de albergado ou estabelecimento adequado.
O regime fechado refere-se à execução da pena privativa de liberdade em estabelecimento de segurança
máxima ou média, conforme as regras do artigo 34 do Código Penal:
Art. 34 - O condenado será submetido, no início do cumprimento da pena, a exame criminológico de
classificação para individualização da execução.
§ 1º - O condenado fica sujeito a trabalho no período diurno e a isolamento durante o repouso noturno.
§ 2º - O trabalho será em comum dentro do estabelecimento, na conformidade das aptidões ou
ocupações anteriores do condenado, desde que compatíveis com a execução da pena
§ 3º - O trabalho externo é admissível, no regime fechado, em serviços ou obras públicas.
Por sua vez, o regime semiaberto implica no cumprimento da pena privativa de liberdade em colônia
agrícola, industrial ou estabelecimento similar. Seu regramento está no artigo 35 do Código Penal:

9
MASSON, Cleber. Direito Penal: parte geral (arts. 1º a 120) – vol. 1. São Paulo: MÉTODO, 2019, p. 475.

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Art. 35 - Aplica-se a norma do art. 34 deste Código, caput, ao condenado que inicie o cumprimento da
pena em regime semi-aberto.
§ 1º - O condenado fica sujeito a trabalho em comum durante o período diurno, em colônia agrícola,
industrial ou estabelecimento similar.
§ 2º - O trabalho externo é admissível, bem como a frequência a cursos supletivos profissionalizantes,
de instrução de segundo grau ou superior.
Por fim, o regime aberto traduz-se no cumprimento da pena privativa de liberdade em casa de albergado
ou estabelecimento adequado, consoante a disciplina do artigo 36 do Código Penal:
Art. 36 - O regime aberto baseia-se na autodisciplina e senso de responsabilidade do condenado.
§ 1º - O condenado deverá, fora do estabelecimento e sem vigilância, trabalhar, frequentar curso ou
exercer outra atividade autorizada, permanecendo recolhido durante o período noturno e nos dias de
folga.
§ 2º - O condenado será transferido do regime aberto, se praticar fato definido como crime doloso, se
frustrar os fins da execução ou se, podendo, não pagar a multa cumulativamente aplicada
Assim, podemos resumir o lugar de cumprimento de pena:

Regime de cumprimento Lugar de cumprimento

Fechado Estabelecimento de segurança máxima ou média

Semiaberto Colônia agrícola, industrial ou estabelecimento similar

Casa de albergado ou estabelecimento adequado (com


Aberto
possibilidade de prisão domiciliar (conforme a LEP).

Quanto ao trabalho do preso, vale ressaltar que o artigo 39 prevê a obrigatoriedade de sua remuneração,
bem como de garantia dos direitos previdenciários:
Art. 39 - O trabalho do preso será sempre remunerado, sendo-lhe garantidos os benefícios da
Previdência Social.
Para a fixação do regime inicial de cumprimento de pena, o juiz deverá observar o regramento do artigo
33, §§ 2º e 3º:
§ 2º - As penas privativas de liberdade deverão ser executadas em forma progressiva, segundo o mérito
do condenado, observados os seguintes critérios e ressalvadas as hipóteses de transferência a regime
mais rigoroso:
a) o condenado a pena superior a 8 (oito) anos deverá começar a cumpri-la em regime fechado;
b) o condenado não reincidente, cuja pena seja superior a 4 (quatro) anos e não exceda a 8 (oito),
poderá, desde o princípio, cumpri-la em regime semi-aberto;

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c) o condenado não reincidente, cuja pena seja igual ou inferior a 4 (quatro) anos, poderá, desde o
início, cumpri-la em regime aberto.
§ 3º - A determinação do regime inicial de cumprimento da pena far-se-á com observância dos critérios
previstos no art. 59 deste Código.
Os critérios para a escolha do regime inicial de cumprimento de pena são, portanto, o quantum
da pena aplicada e as circunstâncias judiciais do caso. Não se pode evocar a gravidade abstrata
do delito, que já foi valorada pelo legislador na definição dos limites mínimo e máximo da pena
prevista para o tipo penal respectivo.
A respeito da fixação do regime inicial de cumprimento de pena, o STJ possui a Súmula 440:
Súmula 440 - Fixada a pena-base no mínimo legal, é vedado o estabelecimento de regime
prisional mais gravoso do que o cabível em razão da sanção imposta, com base apenas na gravidade
abstrata do delito.

Também sobre o tema, a Súmula nº 719 do STF dispõe o seguinte:


A imposição do regime de cumprimento mais severo do que a pena aplicada permitir exige motivação
idônea.
Ainda a respeito da fixação do regime inicial, há a Súmula nº 269 do STJ:
É admissível a adoção do regime prisional semi-aberto aos reincidentes condenados a pena igual ou
inferior a quatro anos se favoráveis as circunstâncias judicias.
Como já dito, o juiz fixa o regime inicial de cumprimento de pena, sendo que a execução deve ser de forma
progressiva, do sistema mais rigoroso para o menos rigoroso, conforme o mérito do executado e o
cumprimento de determinado percentual da pena.
O fato de o réu se encontrar em prisão especial, conforme regra prevista no artigo 295 do CPP, não impede
a progressão, conforme teor da Súmula 717 do STF:
Não impede a progressão de regime de execução da pena, fixada em sentença não transitada em
julgado, o fato de o réu se encontrar em prisão especial.
Também não impede a progressão o fato de não ter havido trânsito em julgado da ação penal, conforme
Súmula 716 do STF:
Admite-se a progressão de regime de cumprimento de pena ou a aplicação imediata de regime menos
severo nela determinada, antes do trânsito em julgado da sentença condenatória.
Por outro lado, não é possível a progressão per saltum, ou seja, diretamente do regime fechado para o
aberto, ainda que o requisito objetivo tenha sido cumprido de modo a possibilitar, em tese, as duas
progressões. É o que diz a Súmula 491 do STJ:
É inadmissível a chamada progressão per saltum de regime prisional.
Por fim, vale recordar que, no caso dos crimes contra a Administração, a progressão ficará condicionada à
reparação do dano ou à devolução do produto do ilícito, conforme artigo 33, § 4º, do CP:
§ 4º O condenado por crime contra a administração pública terá a progressão de regime do
cumprimento da pena condicionada à reparação do dano que causou, ou à devolução do produto do
ilícito praticado, com os acréscimos legais.

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Cuida-se de uma exigência adicional, consistente na “recomposição do patrimônio público lesado”10.


Bitencourt faz uma ressalva de que esse dispositivo deve ser interpretado, na esteira da norma sobre
livramento condicional, da impossibilidade de o executado conseguir reparar o dano11.
Sobre esse respeito, o Pleno do STF já decidiu pela constitucionalidade do dispositivo, ressaltando que a
“alegação de falta de recursos para devolver o dinheiro desviado não paralisa a incidência do art. 33, § 4º,
do Código Penal. O sentenciado é devedor solidário do valor integral da condenação”. Foi consignado, ainda,
que, no caso de “celebração de ajuste com a União para pagamento parcelado da obrigação, estará satisfeita
a exigência do art. 33, § 4º, enquanto as parcelas estiverem sendo regularmente quitadas”12. Na ocasião,
ficou vencido o voto do Min. Toffoli, que consignava a possibilidade de comprovar a insuficiência de
recursos.
Posteriormente, quanto à multa, o STF decidiu que o seu inadimplemento deliberado prejudica a progressão
de regime13:
“O inadimplemento deliberado da pena de multa cumulativamente aplicada ao sentenciado impede
a progressão no regime prisional. 2. Tal regra somente é excepcionada pela comprovação da absoluta
impossibilidade econômica do apenado em pagar a multa, ainda que parceladamente.”
Com base nesse julgado, o STJ já decidiu que “imposta a reparação do dano como condição para a
progressão de regime, caberá ao juízo das execuções, com fundamento no art. 66, inciso III, alínea "b", da
LEP, conferir certa maleabilidade aos requisitos estipulados no édito condenatório, ante o seu caráter rebus
sic stantibus”. Em uma interpretação ampla, a Corte determinou que se, no curso da execução, o condenado
demonstrar “a absoluta impossibilidade do reeducando de reparar os prejuízos decorrentes de sua prática
criminosa, poderá o juiz das execuções penais relevar o requisito”14.

Devido ao interesse de maior aprofundamento, estudaremos a sucessão de leis no tempo até as regras
atuais.
O artigo 112 da Lei de Execução Penal (LEP) possuía a seguinte redação antes da Lei 13.964/2019:
Art. 112. A pena privativa de liberdade será executada em forma progressiva com a transferência para
regime menos rigoroso, a ser determinada pelo juiz, quando o preso tiver cumprido ao menos um sexto
da pena no regime anterior e ostentar bom comportamento carcerário, comprovado pelo diretor do
estabelecimento, respeitadas as normas que vedam a progressão.
§ 1o A decisão será sempre motivada e precedida de manifestação do Ministério Público e do defensor.
§ 2o Idêntico procedimento será adotado na concessão de livramento condicional, indulto e comutação
de penas, respeitados os prazos previstos nas normas vigente
Portanto, em regra, a progressão da pena dependia do cumprimento de 1/6 (um sexto da pena), além do
mérito do sentenciado. Entretanto, no caso de crimes hediondos e equiparados, a fração passou a ser de

10
CAPEZ, Fernando. Curso de Direito Penal, volume 1, parte geral. 17 ed. São Paulo: Saraiva, 2013, p. 405.
11
BITENCOURT, Cezar Roberto. Parte Geral. Coleção Tratado de direito penal, volume 1. 26 ed. São Paulo: Saraiva Educação,
2020, p. 660.
12
STF, EP 22 ProgReg-AgR, Rel. Min. Roberto Barroso, Tribunal Pleno, julgado em 17/12/2014.
13
STF, EP 12 ProgReg-AgR, Rel. Min. Roberto Barroso, Tribunal Pleno, julgado em 08/04/2015.
14
STJ, AgRg no AREsp 136342/PR, Rel. Min. Felix Fischer, Quinta Turma, julgado em 15/12/2020, DJe: 18/12/2020.

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2/5 (dois quintos), se o executado for primário, ou de 3/5 (três quintos), se reincidente, nos termos do artigo
2º, § 2º, da Lei 8.072/90 (Lei dos Crimes Hediondos):
Art. 2º Os crimes hediondos, a prática da tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins e o
terrorismo são insuscetíveis de: (...)
§ 2o A progressão de regime, no caso dos condenados aos crimes previstos neste artigo, dar-se-á após
o cumprimento de 2/5 (dois quintos) da pena, se o apenado for primário, e de 3/5 (três quintos), se
reincidente. (LEI Nº 11.464, DE 28 DE MARÇO DE 2007)
Antes da Lei 11.464/2007, havia a proibição legal que progressão de regime para os delitos hediondos e
equiparados (“A pena por crime previsto neste artigo será cumprida integralmente em regime fechado”), o
que foi considerado inconstitucional pelo STF. Com isso, os crimes hediondos e equiparados, cometidos
durante o período em que a Lei 8.072/90 proibia a progressão de regime, passaram a admitir a progressão
com o cumprimento de 1/6 (um sexto) da pena, nos termos da regra geral.
Para os delitos hediondos e equiparados cometidos a partir de 28 de março de 2007, a progressão de regime
deve ocorrer nos termos da nova redação do artigo 2, §2º da Lei 8.072/90, dada pela Lei 11.464/2007. Isto
porque, ao instituir um regime mais gravoso, a lei não pode retroagir, pois prevê lapsos temporais maiores
que os da regra geral (um sexto).
A Lei 11.464/2007 é considerada mais gravosa porque a situação anterior, após a declaração
de inconstitucionalidade do regime integralmente fechado, era a de progressão com o
cumprimento de um sexto da pena. A previsão de regime integralmente fechado,
considerada inconstitucional, deve ser tida por inexistente, conforme preconiza o Direito
Constitucional. Por isso, o regime integralmente fechado não é utilizado como paradigma
para se analisar se a Lei 11.464/2007 é mais grave ou mais benéfica.
Essa conclusão foi pacificada na Súmula Vinculante 26, cuja redação não é muito didática:
Para efeito de progressão de regime no cumprimento de pena por crime hediondo, ou equiparado, o
juízo da execução observará a inconstitucionalidade do art. 2º da Lei nº 8.072, de 25 de julho de 1990,
sem prejuízo de avaliar se o condenado preenche, ou não, os requisitos objetivos e subjetivos do
benefício, podendo determinar, para tal fim, de modo fundamentado, a realização de exame
criminológico.
O STJ também, no âmbito da sua Corte, resolveu elaborar enunciado a respeito da progressão de regime
nos crimes hediondos e equiparados, consistente na Súmula 471:
Os condenados por crimes hediondos ou assemelhados cometidos antes da vigência da Lei n.
11.464/2007 sujeitam-se ao disposto no art. 112 da Lei n. 7.210/1984 (Lei de Execução Penal) para a
progressão de regime prisional.
Vamos resumir a questão com uma tabela, que vigora para os crimes cometidos antes do início de vigência
da Lei 13.964/2019:

Condição pessoal do Fração para progressão de


Delito cometido
executado regime

Crime comum Primário 1/6

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Reincidente

Primário
Hediondo ou equiparado, antes
1/6
de 28/03/2007
Reincidente

Primário 2/5
Hediondo ou equiparado, após
28/03/2007
Reincidente 3/5

Há, ainda, a possibilidade de progressão com o cumprimento de apenas 1/8 (um oitavo) do total da pena,
no caso de executadas que estejam grávidas, desde que cumpridos alguns requisitos específicos. Foi uma
novidade trazida pela Lei 13.769/2018, que alterou a Lei de Execuções Penais (LEP). Vejamos o que diz o seu
artigo 112, mais especificamente em seus parágrafos terceiro e quarto:
§ 3º No caso de mulher gestante ou que for mãe ou responsável por crianças ou pessoas com
deficiência, os requisitos para progressão de regime são, cumulativamente:
I - não ter cometido crime com violência ou grave ameaça a pessoa;
II - não ter cometido o crime contra seu filho ou dependente;
III - ter cumprido ao menos 1/8 (um oitavo) da pena no regime anterior;
V - ser primária e ter bom comportamento carcerário, comprovado pelo diretor do estabelecimento;
V - não ter integrado organização criminosa.
§ 4º O cometimento de novo crime doloso ou falta grave implicará a revogação do benefício previsto
no § 3º deste artigo.
A Lei 13.964/2019 (Pacote Anticrime) alterou as regras para progressão de regime, dando nova redação ao
artigo 112 da LEP. No que for mais gravosa, só vale para os crimes cometidos após o início da vigência, para
os crimes cometidos após 23 de janeiro de 2020. Em alguns casos, como a substituição de 1/6 (o que
equivale a 16,66...%) por 16% nos crimes comuns, sem violência ou grave ameaça, a modificação é, ainda
que de forma tênue, mais benéfica, aplicando-se imediatamente:
Art. 112. A pena privativa de liberdade será executada em forma progressiva com a transferência para
regime menos rigoroso, a ser determinada pelo juiz, quando o preso tiver cumprido ao menos:
I - 16% (dezesseis por cento) da pena, se o apenado for primário e o crime tiver sido cometido sem
violência à pessoa ou grave ameaça;
II - 20% (vinte por cento) da pena, se o apenado for reincidente em crime cometido sem violência à
pessoa ou grave ameaça;
III - 25% (vinte e cinco por cento) da pena, se o apenado for primário e o crime tiver sido cometido com
violência à pessoa ou grave ameaça;
IV - 30% (trinta por cento) da pena, se o apenado for reincidente em crime cometido com violência à
pessoa ou grave ameaça;

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V - 40% (quarenta por cento) da pena, se o apenado for condenado pela prática de crime hediondo ou
equiparado, se for primário;
VI - 50% (cinquenta por cento) da pena, se o apenado for:
a) condenado pela prática de crime hediondo ou equiparado, com resultado morte, se for primário,
vedado o livramento condicional;
b) condenado por exercer o comando, individual ou coletivo, de organização criminosa estruturada
para a prática de crime hediondo ou equiparado; ou
c) condenado pela prática do crime de constituição de milícia privada;
VII - 60% (sessenta por cento) da pena, se o apenado for reincidente na prática de crime hediondo ou
equiparado;
VIII - 70% (setenta por cento) da pena, se o apenado for reincidente em crime hediondo ou equiparado
com resultado morte, vedado o livramento condicional.
§ 1º Em todos os casos, o apenado só terá direito à progressão de regime se ostentar boa conduta
carcerária, comprovada pelo diretor do estabelecimento, respeitadas as normas que vedam a
progressão.
§ 2º A decisão do juiz que determinar a progressão de regime será sempre motivada e precedida de
manifestação do Ministério Público e do defensor, procedimento que também será adotado na
concessão de livramento condicional, indulto e comutação de penas, respeitados os prazos previstos
nas normas vigentes.
(...)
§ 5º Não se considera hediondo ou equiparado, para os fins deste artigo, o crime de tráfico de drogas
previsto no § 4º do art. 33 da Lei nº 11.343, de 23 de agosto de 2006.
§ 6º O cometimento de falta grave durante a execução da pena privativa de liberdade interrompe o
prazo para a obtenção da progressão no regime de cumprimento da pena, caso em que o reinício da
contagem do requisito objetivo terá como base a pena remanescente.
A regra específica para o caso de gestante, nos termos do parágrafo terceiro do artigo 112 da Lei de Execução
Penal, vista acima, continua vigente.
Há regras da nova lei que são mais gravosas e outras que são benéficas. Um efeito benéfico ficou
reconhecimento, com a sua retroatividade, em tese firmada pela Terceira Seção do STJ15:
É reconhecida a retroatividade do patamar estabelecido no art. 112, V, da Lei n. 13.964/2019, àqueles
apenados que, embora tenham cometido crime hediondo ou equiparado sem resultado morte, não
sejam reincidentes em delito de natureza semelhante.
Vale lembrar que o juiz também analisará o mérito do condenado, por meio do seu atestado de
comportamento carcerário, em que consta se houve o cometimento de faltas por ele. Além disso, a
jurisprudência tem admitido que se determine, fundamentadamente, a realização de exame criminológico
para tal fim.

15
STJ, Tema 1084, afetação na sessão eletrônica iniciada em 24/2/2021 e finalizada em 2/3/2021 (Terceira Seção).

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O artigo 2º, § 9º, da Lei 12.850/2013, introduzido pela Lei 13.964/2019, passou a vedar a progressão de
regime para o condenado expressamente em sentença por integrar organização criminosa ou por crime
praticado por meio de organização criminosa, se houver elementos probatórios que indiquem a
manutenção do vínculo associativo. Referida inovação é suscetível de questionamento sobre sua
constitucionalidade, por impedir a individualização da pena. Por outro lado, se o sujeito continua integrando
organização criminosa, o caso é de flagrância da prática de delito.
Além do regime de cumprimento de penas, há a possibilidade excepcional de o agente ser submetido a um
regime diferenciado, por período limitado. Não se deve confundir com os regimes de cumprimento de pena,
por ser uma espécie de sanção disciplinar. Cuida-se do chamado regime disciplinar diferenciado:

Regime Disciplinar Diferenciado


O regime disciplinar diferenciado é uma das sanções disciplinares cabíveis na execução penal, devendo ser
determinada pelo juiz, após manifestação da defesa e do Ministério Público, com base em requerimento
circunstanciado elaborado pelo diretor do estabelecimento ou outra autoridade administrativa. Está
previsto na Lei de Execução Penal, sendo matéria a ser abordada na Legislação Penal Especial.
De todo modo, cumpre proceder à leitura do artigo 52 da LEP, com a redação dada pela Lei 13.964/2019,
com suas principais características:
Art. 52. A prática de fato previsto como crime doloso constitui falta grave e, quando ocasionar
subversão da ordem ou disciplina internas, sujeitará o preso provisório, ou condenado, nacional ou
estrangeiro, sem prejuízo da sanção penal, ao regime disciplinar diferenciado, com as seguintes
características:
I - duração máxima de até 2 (dois) anos, sem prejuízo de repetição da sanção por nova falta grave de
mesma espécie;
II - recolhimento em cela individual;
III - visitas quinzenais, de 2 (duas) pessoas por vez, a serem realizadas em instalações equipadas para
impedir o contato físico e a passagem de objetos, por pessoa da família ou, no caso de terceiro,
autorizado judicialmente, com duração de 2 (duas) horas;
IV - direito do preso à saída da cela por 2 (duas) horas diárias para banho de sol, em grupos de até 4
(quatro) presos, desde que não haja contato com presos do mesmo grupo criminoso;
V - entrevistas sempre monitoradas, exceto aquelas com seu defensor, em instalações equipadas para
impedir o contato físico e a passagem de objetos, salvo expressa autorização judicial em contrário;
VI - fiscalização do conteúdo da correspondência;
VII - participação em audiências judiciais preferencialmente por videoconferência, garantindo-se a
participação do defensor no mesmo ambiente do preso.
§ 1º O regime disciplinar diferenciado também será aplicado aos presos provisórios ou condenados,
nacionais ou estrangeiros:
I - que apresentem alto risco para a ordem e a segurança do estabelecimento penal ou da sociedade;

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II - sob os quais recaiam fundadas suspeitas de envolvimento ou participação, a qualquer título, em


organização criminosa, associação criminosa ou milícia privada, independentemente da prática de
falta grave.
§ 2º (Revogado).
§ 3º Existindo indícios de que o preso exerce liderança em organização criminosa, associação criminosa
ou milícia privada, ou que tenha atuação criminosa em 2 (dois) ou mais Estados da Federação, o regime
disciplinar diferenciado será obrigatoriamente cumprido em estabelecimento prisional federal.
§ 4º Na hipótese dos parágrafos anteriores, o regime disciplinar diferenciado poderá ser prorrogado
sucessivamente, por períodos de 1 (um) ano, existindo indícios de que o preso:
I - continua apresentando alto risco para a ordem e a segurança do estabelecimento penal de origem
ou da sociedade;
II - mantém os vínculos com organização criminosa, associação criminosa ou milícia privada,
considerados também o perfil criminal e a função desempenhada por ele no grupo criminoso, a
operação duradoura do grupo, a superveniência de novos processos criminais e os resultados do
tratamento penitenciário.
§ 5º Na hipótese prevista no § 3º deste artigo, o regime disciplinar diferenciado deverá contar com alta
segurança interna e externa, principalmente no que diz respeito à necessidade de se evitar contato do
preso com membros de sua organização criminosa, associação criminosa ou milícia privada, ou de
grupos rivais.
§ 6º A visita de que trata o inciso III do caput deste artigo será gravada em sistema de áudio ou de
áudio e vídeo e, com autorização judicial, fiscalizada por agente penitenciário.
§ 7º Após os primeiros 6 (seis) meses de regime disciplinar diferenciado, o preso que não receber a
visita de que trata o inciso III do caput deste artigo poderá, após prévio agendamento, ter contato
telefônico, que será gravado, com uma pessoa da família, 2 (duas) vezes por mês e por 10 (dez)
minutos.
Ademais, o artigo 53, V, da LEP prevê sua natureza de sanção disciplinar, além de o artigo 54 tratar da sua
forma de determinação:
Art. 53. Constituem sanções disciplinares:
I - advertência verbal;
II - repreensão;
III - suspensão ou restrição de direitos (artigo 41, parágrafo único);
IV - isolamento na própria cela, ou em local adequado, nos estabelecimentos que possuam alojamento
coletivo, observado o disposto no artigo 88 desta Lei.
V - inclusão no regime disciplinar diferenciado.
Art. 54. As sanções dos incisos I a III do artigo anterior serão aplicadas pelo diretor do estabelecimento;
a do inciso IV, por Conselho Disciplinar, conforme dispuser o regulamento.
Art. 54. As sanções dos incisos I a IV do art. 53 serão aplicadas por ato motivado do diretor do
estabelecimento e a do inciso V, por prévio e fundamentado despacho do juiz competente.

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§ 1o A autorização para a inclusão do preso em regime disciplinar dependerá de requerimento


circunstanciado elaborado pelo diretor do estabelecimento ou outra autoridade administrativa.
§ 2o A decisão judicial sobre inclusão de preso em regime disciplinar será precedida de manifestação
do Ministério Público e da defesa e prolatada no prazo máximo de quinze dias.
Há doutrinadores, como Bitencourt, que defendem a inconstitucionalidade dessa sanção, por considerar,
dentre outros pontos, a crueldade da pena assim executada16. A Constituição, vale lembrar, veda penas
cruéis no ordenamento jurídico brasileiro.

Penas Alternativas
As penas chamadas alternativas abrangem as penas restritivas de direitos e as penas de multa. São
alternativas ao cárcere, que foi bastante valorizado na chamada Primeira Velocidade do Direito Penal e
considerado um marco do Direito Penal Tradicional. Representam um enfoque do Direito Penal relacionado
à Segunda Velocidade.

6 - PENAS RESTRITIVAS DE DIREITOS


As penas restritivas de direitos são classificadas como reais e pessoais, conforme atinjam de forma mais
direta o patrimônio ou a liberdade do indivíduo. Representam, como penas alternativas que são, uma opção
em relação ao encarceramento, que consubstancia maior restrição aos direitos do condenado.
Estão elencadas no artigo 43 do CP:
Art. 43. As penas restritivas de direitos são:
I - prestação pecuniária;
II - perda de bens e valores;
III - limitação de fim de semana.
IV - prestação de serviço à comunidade ou a entidades públicas;
V - interdição temporária de direitos;
VI - limitação de fim de semana.
As restritivas de direitos reais são a prestação pecuniária e a perda de bens e valores. Por sua vez, as penas
restritivas de direitos pessoais são a prestação de serviços à comunidade, a interdição temporária de direitos
e a limitação de fim de semana.
Referida classificação pode ser visualizada no esquema a seguir:

16
BITENCOURT, Cezar Roberto. Ob. Cit., 2020, p. 674-682.

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Prestação pecuniária
A prestação pecuniária é a pena restritiva de direitos consistente no pagamento de um valor, fixado entre
1 e 360 salários mínimos, à vítima, a seus dependentes ou a entidade pública ou privada com destinação
social. Está prevista nos parágrafos primeiro e segundo do artigo 45, do Código Penal:
§ 1o A prestação pecuniária consiste no pagamento em dinheiro à vítima, a seus dependentes ou a
entidade pública ou privada com destinação social, de importância fixada pelo juiz, não inferior a 1
(um) salário mínimo nem superior a 360 (trezentos e sessenta) salários mínimos. O valor pago será
deduzido do montante de eventual condenação em ação de reparação civil, se coincidentes os
beneficiários.
§ 2o No caso do parágrafo anterior, se houver aceitação do beneficiário, a prestação pecuniária pode
consistir em prestação de outra natureza.
Como a lei prevê ser possível, com aceitação do beneficiário, que a prestação seja de outra natureza, que
não a pecuniária, é comum que se estabeleça a entrega de cestas básicas a entidades beneficentes.

Perda de bens e valores


A perda de bens e valores é a pena restritiva de direitos que se traduz no confisco de bens e valores
pertencentes ao executado, com o limite do valor do prejuízo que tiver causado ou do proveito obtido com
a conduta criminosa, o que for maior dentre os dois. É o chamado confisco-pena, sendo sua destinação o
Fundo Penitenciário Nacional.
Está regulamentada no parágrafo terceiro do artigo 45:
§ 3o A perda de bens e valores pertencentes aos condenados dar-se-á, ressalvada a legislação especial,
em favor do Fundo Penitenciário Nacional, e seu valor terá como teto – o que for maior – o montante
do prejuízo causado ou do provento obtido pelo agente ou por terceiro, em consequência da prática
do crime.

Prestação de serviços à comunidade


A prestação de serviços à comunidade ou a entidades públicas é a pena restritiva de direitos consistente na
atribuição de tarefas gratuitas ao executado, que deverá cumpri-las em entidades assistenciais, hospitais,

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escolas, orfanatos e outros estabelecimentos semelhantes, desde que em programas comunitários ou


estatais. Está prevista no artigo 46 do CP:
Art. 46. A prestação de serviços à comunidade ou a entidades públicas é aplicável às condenações
superiores a seis meses de privação da liberdade.
§ 1o A prestação de serviços à comunidade ou a entidades públicas consiste na atribuição de tarefas
gratuitas ao condenado
§ 2o A prestação de serviço à comunidade dar-se-á em entidades assistenciais, hospitais, escolas,
orfanatos e outros estabelecimentos congêneres, em programas comunitários ou estatais.
§ 3o As tarefas a que se refere o § 1o serão atribuídas conforme as aptidões do condenado, devendo
ser cumpridas à razão de uma hora de tarefa por dia de condenação, fixadas de modo a não prejudicar
a jornada normal de trabalho.
§ 4o Se a pena substituída for superior a um ano, é facultado ao condenado cumprir a pena substitutiva
em menor tempo (art. 55), nunca inferior à metade da pena privativa de liberdade fixada.

Limitação de fim de semana


A limitação de fim de semana é a pena restritiva de direitos consistente na obrigação de o executado
permanecer por cinco horas diárias, aos sábados e domingos, em casa de albergado ou outro
estabelecimento adequado, ocasiões nas quais poderão ser ministrados cursos e palestras ou realizadas
atividades educativas. É o que determina o artigo 48 do CP:
Art. 48 - A limitação de fim de semana consiste na obrigação de permanecer, aos sábados e domingos,
por 5 (cinco) horas diárias, em casa de albergado ou outro estabelecimento adequado.
Parágrafo único - Durante a permanência poderão ser ministrados ao condenado cursos e palestras ou
atribuídas atividades educativas.
A Lei de Execução Penal trata dessa pena em seu artigo 152:
Art. 152. Poderão ser ministrados ao condenado, durante o tempo de permanência, cursos e palestras,
ou atribuídas atividades educativas.
Parágrafo único. Nos casos de violência doméstica contra a mulher, o juiz poderá determinar o
comparecimento obrigatório do agressor a programas de recuperação e reeducação.
É importante relembar que a casa de albergado, além de poder acolher os executados para cumprimento
da limitação de fim de semana, é o local adequado para o cumprimento da pena privativa de liberdade em
regime aberto:

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Interdição temporária de direitos


A interdição temporária de direitos é a modalidade de pena restritiva de direitos em que o indivíduo fica
privado do exercício de algum direito seu por determinado prazo, como, por exemplo, o de exercer a
medicina. Suas hipóteses estão previstas no artigo 47 do Código Penal:
Art. 47 - As penas de interdição temporária de direitos são:
I - proibição do exercício de cargo, função ou atividade pública, bem como de mandato eletivo;
II - proibição do exercício de profissão, atividade ou ofício que dependam de habilitação especial, de
licença ou autorização do poder público;
III - suspensão de autorização ou de habilitação para dirigir veículo.
IV – proibição de frequentar determinados lugares.
V - proibição de inscrever-se em concurso, avaliação ou exame públicos.
No caso da proibição de exercício de cargo, função, atividade pública ou de mandato eletivo, bem como de
proibição de exercício de profissão, atividade ou ofício que dependam de habilitação especial, de licença ou
autorização do poder público, a aplicação se dirige aos delitos em que há a violação dos deveres ligados à
atividade do agente. São, por isso, chamadas de hipóteses específicas de interdição de direitos, nos termos
do artigo 56 do CP:
Art. 56 - As penas de interdição, previstas nos incisos I e II do art. 47 deste Código, aplicam-se para
todo o crime cometido no exercício de profissão, atividade, ofício, cargo ou função, sempre que houver
violação dos deveres que lhes são inerentes. (específicas)
Quanto à suspensão de autorização ou de habilitação para dirigir veículo, sua cominação se destina aos
crimes culposos de trânsito, segundo dispõe o artigo 57 do CP:
Art. 57 - A pena de interdição, prevista no inciso III do art. 47 deste Código, aplica-se aos crimes
culposos de trânsito.

Cominação das penas restritivas de direitos


As penas restritivas de direitos são aplicadas independentemente de cominação na Parte Especial do Código
Penal. Isto é, aplicam-se mesmo que não haja previsão no preceito secundário do tipo, servindo para
substituir a pena privativa de liberdade aplicada ao agente, nos termos do artigo 54 do CP:
Art. 54 - As penas restritivas de direitos são aplicáveis, independentemente de cominação na parte
especial, em substituição à pena privativa de liberdade, fixada em quantidade inferior a 1 (um) ano,
ou nos crimes culposos.
Quanto à duração das penas restritivas de direitos, prevê o artigo 55 o seguinte:
Art. 55. As penas restritivas de direitos referidas nos incisos III, IV, V e VI do art. 43 terão a mesma
duração da pena privativa de liberdade substituída, ressalvado o disposto no § 4o do art. 46.
Portanto, devem ter a mesma duração da pena restritiva de liberdade substituída as seguintes penas
restritivas de direitos: a limitação de fim de semana; a prestação de serviço à comunidade ou a entidades
públicas; a interdição temporária de direitos e a limitação de fim de semana. A prestação pecuniária e a

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perda de bens e valores, por sua própria natureza, duram o tempo necessário para o cumprimento, podendo
ser imediato ou diferido (no caso de parcelamento, por exemplo).
Entretanto, cumpre consignar que, se a pena de prestação de serviços à comunidade for superior a um
ano, a prestação de serviço à comunidade pode ser cumprida em menor tempo, desde que não inferior à
metade da pena substituída, conforme o artigo 46, § 4º, do CP:
§ 4º, Se a pena substituída for superior a um ano, é facultado ao condenado cumprir a pena substitutiva
em menor tempo (art. 55), nunca inferior à metade da pena privativa de liberdade fixada.

Substituição e requisitos
Os requisitos para a substituição da pena privativa de liberdade por pena restritiva de direitos foram trazidos
pelo legislador no artigo 44 do Código Penal:
Art. 44. As penas restritivas de direitos são autônomas e substituem as privativas de liberdade, quando:
I – aplicada pena privativa de liberdade não superior a quatro anos e o crime não for cometido com
violência ou grave ameaça à pessoa ou, qualquer que seja a pena aplicada, se o crime for culposo;
II – o réu não for reincidente em crime doloso;
III – a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a personalidade do condenado, bem como os
motivos e as circunstâncias indicarem que essa substituição seja suficiente.
§ 1o (VETADO)
§ 2o Na condenação igual ou inferior a um ano, a substituição pode ser feita por multa ou por uma
pena restritiva de direitos; se superior a um ano, a pena privativa de liberdade pode ser substituída por
uma pena restritiva de direitos e multa ou por duas restritivas de direitos.
§ 3o Se o condenado for reincidente, o juiz poderá aplicar a substituição, desde que, em face de
condenação anterior, a medida seja socialmente recomendável e a reincidência não se tenha operado
em virtude da prática do mesmo crime.
§ 4o A pena restritiva de direitos converte-se em privativa de liberdade quando ocorrer o
descumprimento injustificado da restrição imposta. No cálculo da pena privativa de liberdade a
executar será deduzido o tempo cumprido da pena restritiva de direitos, respeitado o saldo mínimo de
trinta dias de detenção ou reclusão.
§ 5o Sobrevindo condenação a pena privativa de liberdade, por outro crime, o juiz da execução penal
decidirá sobre a conversão, podendo deixar de aplicá-la se for possível ao condenado cumprir a pena
substitutiva anterior.
Os requisitos previstos no artigo 46 são mais favoráveis do que os do artigo 54 do Código Penal, de modo
que este último ficou totalmente contido naquele, perdendo importância. Via de regra, exige-se que:
• aplicada pena privativa de liberdade não superior a quatro anos e o crime não for cometido com
violência ou grave ameaça à pessoa ou, qualquer que seja a pena aplicada, se o crime for culposo:
a doutrina aponta que, no caso de crime culposo, é possível admitir a violência (lesão culposa, por
exemplo, qualquer que seja a pena). Também prevalece o cabimento nos crimes de menor potencial

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ofensivo17. Por outro lado, no caso de violência imprópria, como a do roubo próprio (artigo 157,
caput, in fine, do CP), há divergências18;
• o réu não for reincidente em crime doloso;
• a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a personalidade do condenado, bem como os
motivos e as circunstâncias indicarem que essa substituição seja suficiente (parte das circunstâncias
judiciais são analisadas novamente para a finalidade da substituição da pena privativa de liberdade).
Deve-se atentar para o seguinte: se o condenado for reincidente em crime doloso, ainda assim será possível
a substituição. Nesse caso, há mais requisitos: o juiz deve analisar (1) se, em face de condenação anterior, a
medida possa ser considerada socialmente recomendável e (2) se a reincidência não se operou em virtude
da prática do mesmo crime. Como a lei se utilizou da expressão “mesmo crime” não se pode inferir daí que
a substituição seja obstada pela reincidência em crimes da mesma espécie, mas apenas se aplica a vedação
no caso de condenação por crimes idênticos19.
No caso de violência doméstica contra a mulher, cumpre recordar a Súmula 588 do STJ:
A prática de crime ou contravenção penal contra a mulher com violência ou grave ameaça no ambiente
doméstico impossibilita a substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos.

Conversão em pena privativa de liberdade


Em determinas hipóteses, é possível também que a pena restritiva de direitos seja convertida em privativa
de liberdade. É o que prevê o artigo 181 da Lei de Execução Penal:
Art. 181. A pena restritiva de direitos será convertida em privativa de liberdade nas hipóteses e na
forma do artigo 45 e seus incisos do Código Penal.
§ 1º A pena de prestação de serviços à comunidade será convertida quando o condenado:
a) não for encontrado por estar em lugar incerto e não sabido, ou desatender a intimação por edital;
b) não comparecer, injustificadamente, à entidade ou programa em que deva prestar serviço;
c) recusar-se, injustificadamente, a prestar o serviço que lhe foi imposto;
d) praticar falta grave;

17
CUNHA, Rogério Sanches. Manual de direito penal (arts. 1º ao 120). 8 ed. Salvador: JudPodivm, 2020, p. 583. CAPEZ, Fernando.
Ob. Cit,, 2013, p. 438. MASSON, Cleber. Ob. Cit., 2019, p. 599. Parece a posição de Prado, já que separa o requisito negativo da
violência ou grave ameaça à pessoa, não o mencionando para crimes culposos (PRADO, Luiz Régis. Curso de direito penal
brasileiro: parte geral e parte especial. 18. ed. Rio de Janeiro, 2020, p. 293). Em sentido diverso: Bitencourt entende que a restrição
se aplica aos crimes culposos ou dolosos, mas admite a sua aplicação no caso de infrações penais de menor potencial ofensivo,
como lesão corporal dolosa ou ameaça, em razão de sua natureza verdadeiramente alternativa (BITENCOURT, Cezar Roberto. Ob.
Cit., 2020, p. 695-696). Por sua vez, não admite em caso de infração de menor potencial ofensivo com violência ou grave ameaça:
NUCCI, Guilherme de Souza. Código Penal Comentado. 15 ed. Rio da Janeiro: Forense, 2015, p. 406. MASSON, Cleber. Ob. Cit.,
2019, p. 406.
18
Não admitem: NUCCI, Guilherme de Souza. Ob. Cit., 2015, p. 406. MASSON, Cleber. Ob. Cit., 2019, p. 598. Admitem: CUNHA,
Rogério Sanches. Ob. Cit., 2020, p. 585. MIRABETE, Julio Fabbrini; FABBRINI, Renato N. Manual de direito penal, volume 1, parte
geral, arts. 1º a 120 do CP. 32 ed. São Paulo: Atlas, 2016, p. 271.
19
STJ, AREsp 1.716.664/SP, Rel. Min. Ribeiro Dantas, Terceira Seção, julgado em 25/08/2021.

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e) sofrer condenação por outro crime à pena privativa de liberdade, cuja execução não tenha sido
suspensa.
§ 2º A pena de limitação de fim de semana será convertida quando o condenado não comparecer ao
estabelecimento designado para o cumprimento da pena, recusar-se a exercer a atividade
determinada pelo Juiz ou se ocorrer qualquer das hipóteses das letras "a", "d" e "e" do parágrafo
anterior (não for encontrado por estar em lugar incerto e não sabido, ou desatender a intimação por
edital; praticar falta grave ou sofrer condenação por outro crime à pena privativa de liberdade, cuja
execução não tenha sido suspensa).
§ 3º A pena de interdição temporária de direitos será convertida quando o condenado exercer,
injustificadamente, o direito interditado ou se ocorrer qualquer das hipóteses das letras "a" e "e", do §
1º, deste artigo.

7 - PENA DE MULTA
A pena de multa é a sanção penal patrimonial, ou seja, é a pena consistente na obrigação de o sentenciado
efetuar o pagamento de determina quantia de dinheiro. É chamada também de pena pecuniária. Pode estar
prevista no preceito secundário incriminador, de forma isolada, alternativa ou cumulativa com a pena
privativa de liberdade, bem como pode ser utilizada para substituição da pena privativa de liberdade.
Para sua fixação, de início o juiz estipula a quantidade de dias-multa, entre 10 e 360, de acordo com o critério
trifásico, acima estudado. Após, há a estipulação do valor de cada dia-multa, com atenção à situação
econômica do réu. O valor de cada dia-multa varia de um trigésimo do salário mínimo a cinco vezes o salário
mínimo.
Um trigésimo do salário mínimo como valor mínimo de cada dia-multa representa o ganho de um
trabalhador, por um dia de trabalho, pelo menor salário admitido por lei no país. O limite é de 5 salários
mínimos. Entretanto, se o juiz entender que o valor é ineficaz, em virtude da condição financeira do
condenado, pode elevá-lo até o triplo.
A fixação da pena de multa está regulada pelo artigo 60, caput e § 1º, do Código Penal:
Art. 60 - Na fixação da pena de multa o juiz deve atender, principalmente, à situação econômica do
réu.
§ 1º - A multa pode ser aumentada até o triplo, se o juiz considerar que, em virtude da situação
econômica do réu, é ineficaz, embora aplicada no máximo.
§ 2º - A pena privativa de liberdade aplicada, não superior a 6 (seis) meses, pode ser substituída pela
de multa, observados os critérios dos incisos II e III do art. 44 deste Código.
O valor deve ser revertido ao Fundo Penitenciário, nos termos do artigo 49 do CP:
Art. 49 - A pena de multa consiste no pagamento ao fundo penitenciário da quantia fixada na sentença
e calculada em dias-multa. Será, no mínimo, de 10 (dez) e, no máximo, de 360 (trezentos e sessenta)
dias-multa.

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§ 1º - O valor do dia-multa será fixado pelo juiz não podendo ser inferior a um trigésimo do maior
salário mínimo mensal vigente ao tempo do fato, nem superior a 5 (cinco) vezes esse salário.
§ 2º - O valor da multa será atualizado, quando da execução, pelos índices de correção monetária.

Pena de multa substitutiva


É importante registrar, conforme estudado na substituição da pena privativa de liberdade, que a pena de
multa também pode ser aplicada em substituição, assim como ocorre com as penas restritivas de direitos.
Prevê o artigo 60, § 2º, do CP:
§ 2º A pena privativa de liberdade aplicada, não superior a 6 (seis) meses, pode ser substituída pela de
multa, observados os critérios dos incisos II e III do art. 44 deste Código.
Portanto, é possível a substituição da pena privativa de liberdade, não superior a 6 meses, desde que o réu
não seja reincidente em crime doloso, bem como a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a
personalidade do condenado, bem como os motivos e as circunstâncias indicarem que essa substituição seja
suficiente.
É possível, ainda, a substituição da privativa de liberdade por uma pena restritiva de direitos e uma pena de
multa, nos termos do artigo 44 do CP, caso a pena substituída seja superior a um ano (artigo 44, §2º, CP).
Caso haja a previsão no preceito secundário de aplicação de pena privativa de liberdade e de multa,
eventual substituição da pena privativa de liberdade por uma pena de multa e uma restritiva de direitos,
por exemplo, implicará em duas penas de multa. Uma pena de multa será aquela prevista originalmente no
tipo e a outra, a aplicada em substituição, denominada pena de multa substitutiva. Ambas deverão ser
pagas pelo condenado, não se confundindo entre si.
No caso de crime previsto em legislação especial, vale registrar não ser possível a substituição da pena
privativa de liberdade pela pena de multa, caso aquele seja cominada de forma cumulativa com a pena
pecuniária. Ou seja, se, na legislação penal extravagante, houver crime com previsão de pena de multa e de
pena privativa de liberdade, esta última não poderá ser substituída por pena de multa. É o entendimento
do STJ, consubstanciado na Súmula 171:
Cominadas cumulativamente, em lei especial, penas privativa de liberdade e pecuniária, é defeso a
substituição da prisão por multa.

Execução da pena de multa


O Código Penal trata da execução da pena de multa no seu artigo 50:
Art. 50 - A multa deve ser paga dentro de 10 (dez) dias depois de transitada em julgado a sentença. A
requerimento do condenado e conforme as circunstâncias, o juiz pode permitir que o pagamento se
realize em parcelas mensais.
§ 1º - A cobrança da multa pode efetuar-se mediante desconto no vencimento ou salário do condenado
quando:
a) aplicada isoladamente;
b) aplicada cumulativamente com pena restritiva de direitos;

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c) concedida a suspensão condicional da pena.


§ 2º - O desconto não deve incidir sobre os recursos indispensáveis ao sustento do condenado e de sua
família.
A Lei de Execução Penal, por sua vez, cuida do tema em seu artigo 164:
Art. 164. Extraída certidão da sentença condenatória com trânsito em julgado, que valerá como título
executivo judicial, o Ministério Público requererá, em autos apartados, a citação do condenado para,
no prazo de 10 (dez) dias, pagar o valor da multa ou nomear bens à penhora.
§ 1º Decorrido o prazo sem o pagamento da multa, ou o depósito da respectiva importância, proceder-
se-á à penhora de tantos bens quantos bastem para garantir a execução.
§ 2º A nomeação de bens à penhora e a posterior execução seguirão o que dispuser a lei processual
civil.
Dada a diferença entre os dispositivos, tem prevalecido que o prazo para pagamento é aquele do artigo 164
da LEP, que prevê o seu início apenas após a “citação” do condenado para pagar o valor da pena de multa
ou nomear bens à penhora.
É importante observar que o tema passou por uma grande mudança com a Lei 9.268/96 que, dando nova
redação ao artigo 51 do Código Penal, passou a determinar o tratamento da pena de multa, imposta por
sentença transitada em julgado, como dívida de valor da Fazenda Pública. A atual redação foi dada pela Lei
13.694, de 24 de dezembro de 2019, que passou a prever a competência do Juízo da Execução Penal:
Art. 51. Transitada em julgado a sentença condenatória, a multa será executada perante o juiz da
execução penal e será considerada dívida de valor, aplicáveis as normas relativas à dívida ativa da
Fazenda Pública, inclusive no que concerne às causas interruptivas e suspensivas da prescrição.
Deste modo, após o trânsito em julgado, a pena de multa é considerada dívida ativa da Fazenda Pública. Por
essa razão pela qual o STJ vinha entendendo que sua cobrança deve ser promovida pela advocacia pública
responsável, conforme o enunciado da Súmula 521:
A legitimidade para a execução fiscal de multa pendente de pagamento imposta em sentença
condenatória é exclusiva da Procuradoria da Fazenda Pública.
O rito aplicado para a execução da multa, portanto, seria o da Lei 6.830/80, a Lei de Execução Fiscal.
O STF, entretanto, decidiu de forma diferente, no dia 13 de agosto de 2018, modificando seu próprio
entendimento. Em questão de ordem na Ação Penal 470 (Mensalão), foi fixado o entendimento, pelo Pleno,
de que a legitimidade para cobrança da pena de multa é do Ministério Público, sem prejuízo de,
subsidiariamente, a Fazenda Pública promover sua execução:

“O Tribunal, por maioria, resolveu a questão de ordem no sentido de assentar a


legitimidade do Ministério Público para propor a cobrança de multa, com a
possibilidade subsidiária de cobrança pela Fazenda Pública, nos termos do voto
do Relator, vencidos os Ministros Marco Aurélio e Edson Fachin. Ausentes,
justificadamente, os Ministros Celso de Mello e Gilmar Mendes. Presidência do
Ministro Dias Toffoli. Plenário, 13.12.2018”.

Após a modificação do entendimento do STF, o STJ modificou seu posicionamento:

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“Nos termos do novo entendimento desta Corte, firmado em consonância com o STF, no julgamento
da ADI 3.150/DF, ocorrido em 13/12/2018, "a Lei n. 9.268/96, ao considerar a multa penal como dívida
de valor, não retirou dela o caráter de sanção criminal que lhe é inerente por força do art. 5º, XLVI, c,
da CF. Como consequência, por ser uma sanção criminal, a legitimação prioritária para a execução
da multa penal é do Ministério Público perante a Vara de Execuções Penais" (CC 165.809/PR, Ministro
ANTÔNIO SALDANHA PALHEIRO, TERCEIRA SEÇÃO, DJe 23/8/2019), razão pela qual, diante de seu
caráter penal, não há falar em extinção da punibilidade da pena de multa nos casos de não
pagamento. (STJ, AgRg no REsp 1855046/SP, Rel. Min. Nefi Cordeiro, Sexta Turma, DJe 16/03/2020).
Por fim, vale enfatizar que o artigo 51 do Código Penal foi modificado, como visto acima, passando a prever,
com a Lei 13.694/2019, que a execução deve se processar no Juízo da Execução Penal, o que parece reforçar
a legitimidade do Ministério Público e afastar a da Procuradoria da Fazenda, ao menos após o início da sua
vigência, prevista para 30 dias após a publicação:
Art. 51. Transitada em julgado a sentença condenatória, a multa será executada perante o juiz da
execução penal e será considerada dívida de valor, aplicáveis as normas relativas à dívida ativa da
Fazenda Pública, inclusive no que concerne às causas interruptivas e suspensivas da prescrição.
É necessário aguardar se o STF manterá seu posicionamento após a alteração legislativa.
Por fim, apesar de ser tema ligado à Lei de Execução Penal, vale destacar que o STF já decidiu que o
inadimplemento deliberado da pena de multa impede a progressão de regime, o que, pelo próprio termo
“deliberado”, demonstra que essa regra não implica o impedimento do executado com absoluta
impossibilidade econômica de realizar o adimplemento20.

SUSPENSÃO CONDICIONAL DA PENA


A suspensão condicional da pena é um benefício previsto em lei que determina a paralisação da execução
da pena privativa de liberdade, desde que cumpridos determinados requisitos. Cuida-se de direito público
subjetivo do réu, segundo grande parte da doutrina e a jurisprudência majoritária.
Também chamado sursis, é o instituto que, atendidos seus requisitos, suspende a execução da pena privativa
de liberdade por determinado lapso temporal, deixando-o sob determinadas condições.
O termo sursis é o particípio passado do verbo francês surseoir, cujo significado é suspender ou retardar.
Está previsto nos artigos 77 e 78 do Código Penal, sendo que os dispositivos já possuem, destacados, os
nomes das modalidades de sursis:
Art. 77 - A execução da pena privativa de liberdade, não superior a 2 (dois) anos, poderá ser suspensa,
por 2 (dois) a 4 (quatro) anos, desde que (sursis simples):
I - o condenado não seja reincidente em crime doloso;
II - a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e personalidade do agente, bem como os motivos
e as circunstâncias autorizem a concessão do benefício;

20
STF, EP 12 ProgReg-AgR/DF, Rel. Min. Roberto Barroso, Pleno, julgado em 8/4/2015.

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III - Não seja indicada ou cabível a substituição prevista no art. 44 deste Código.
§ 1º - A condenação anterior a pena de multa não impede a concessão do benefício.
§ 2o A execução da pena privativa de liberdade, não superior a quatro anos, poderá ser suspensa, por
quatro a seis anos, desde que o condenado seja maior de setenta anos de idade, ou razões de saúde
justifiquem a suspensão. (sursis etário e humanitário)
Art. 78 - Durante o prazo da suspensão, o condenado ficará sujeito à observação e ao cumprimento
das condições estabelecidas pelo juiz.
§ 1º - No primeiro ano do prazo, deverá o condenado prestar serviços à comunidade (art. 46) ou
submeter-se à limitação de fim de semana (art. 48).
§ 2° Se o condenado houver reparado o dano, salvo impossibilidade de fazê-lo, e se as circunstâncias
do art. 59 deste Código lhe forem inteiramente favoráveis, o juiz poderá substituir a exigência do
parágrafo anterior pelas seguintes condições, aplicadas cumulativamente (sursis especial):
a) proibição de frequentar determinados lugares;
b) proibição de ausentar-se da comarca onde reside, sem autorização do juiz;
c) comparecimento pessoal e obrigatório a juízo, mensalmente, para informar e justificar suas
atividades.
Portanto, o sursis possui as seguintes modalidades: simples, etário, humanitário e especial:
Sursis simples: cabível no caso de pena privativa de liberdade não superior a 2 (dois) anos, sendo o período
de prova de 2 (dois) a 4 (quatro) anos. São seus requisitos: o condenado não ser reincidente em crime doloso
(salvo se foi condenado a pena de multa); a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e personalidade
do agente, bem como os motivos e as circunstâncias autorizem a concessão do benefício e não seja indicada
ou cabível a substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos.
Durante o prazo de suspensão, o condenado deve observar as condições impostas pelo juiz, sendo que
durante o primeiro ano deverá prestar serviços à comunidade ou se submeter à limitação de fim de semana.
Sursis etário e humanitário: pode ser concedido para pena privativa de liberdade que não seja superior a
quatro anos, sendo que o período de prova será de quatro a seis anos. Neste caso, requer-se que o
condenado seja maior de setenta anos de idade ou que haja razões de saúde que justifiquem a suspensão.
Sursis especial: é admissível no caso de o condenado houver reparado o dano, salvo impossibilidade de fazê-
lo e de as circunstâncias judiciais (artigo 59 do CP) lhe serem inteiramente favoráveis. Neste caso, o juiz pode
substituir a exigência de prestação de serviços à comunidade ou limitação de fim de semana durante o
primeiro ano da suspensão pelas seguintes condições, de forma cumulativa: proibição de frequentar
determinados lugares; proibição de ausentar-se da comarca onde reside, sem autorização do juiz e
comparecimento pessoal e obrigatório a juízo, mensalmente, para informar e justificar suas atividades.
O juiz pode determinar as condições a serem observadas pelo condenado, adequadas ao fato que ele
praticou e a suas condições pessoais, nos termos do artigo 79 do CP:
Art. 79 - A sentença poderá especificar outras condições a que fica subordinada a suspensão, desde
que adequadas ao fato e à situação pessoal do condenado.
O Código Penal, em seu artigo 80 esclarece que a suspensão condicional da pena se restringe à pena privativa
de liberdade, não abrangendo a pena de multa nem a pena restritiva de direitos:

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Art. 80 - A suspensão não se estende às penas restritivas de direitos nem à multa.


O STJ já decidiu que o fato de o réu se embriagar frequentemente não é óbice suficiente à suspensão
condicional da pena:
“2. O fato de o réu se embriagar nos fins de semana não é, por si só, suficiente para obstar o
deferimento do sursis, visto que as outras circunstâncias judiciais pesam favoravelmente à
concessão do benefício almejado. Precedentes.3. Parecer ministerial pela denegação da ordem.4.
Ordem concedida para possibilitar a suspensão condicional da pena ao paciente, mediante as
condições a serem estabelecidas pelo Juiz da Execução.” (HC 138703/RJ, Rel. Min. Napoleão Nunes
Maia Filho, Dje 30/11/2009)

1 - REVOGAÇÃO OBRIGATÓRIA
A revogação obrigatória do sursis ocorre se o beneficiado é condenado definitivamente por crime doloso,
se ele frusta a execução da pena de multa e não repara o dano, possuindo condições financeiras de fazê-lo
ou descumpre a obrigação de, no primeiro ano da suspensão, prestar serviços à comunidade ou se submeter
à limitação de fim de semana.
Art. 81 - A suspensão será revogada se, no curso do prazo, o beneficiário:
I - é condenado, em sentença irrecorrível, por crime doloso;
II - frustra, embora solvente, a execução de pena de multa ou não efetua, sem motivo justificado, a
reparação do dano;
III - descumpre a condição do § 1º do art. 78 deste Código.
Como a nova condenação depende de trânsito em julgado, o período de prova fica prorrogado até o
julgamento definitivo, conforme veremos adiante.

2 - REVOGAÇÃO FACULTATIVA
As hipóteses de revogação facultativa são o descumprimento de qualquer outra condição imposta ou a
condenação por crime culposo ou por contravenção, com imposição de pena privativa de liberdade ou
restritiva de direitos. É o que prevê o parágrafo primeiro do artigo 81 do CP:
§ 1º - A suspensão poderá ser revogada se o condenado descumpre qualquer outra condição imposta
ou é irrecorrivelmente condenado, por crime culposo ou por contravenção, a pena privativa de
liberdade ou restritiva de direitos.
Tanto no caso da revogação facultativa, quanto de revogação obrigatória, pode haver a prorrogação do
período de prova, nos termos dos parágrafos segundo e terceiro do artigo 81:
§ 2º - Se o beneficiário está sendo processado por outro crime ou contravenção, considera-se
prorrogado o prazo da suspensão até o julgamento definitivo.

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§ 3º - Quando facultativa a revogação, o juiz pode, ao invés de decretá-la, prorrogar o período de prova
até o máximo, se este não foi o fixado.

3 - CASSAÇÃO
A Lei de Execução Penal, em seu artigo 161, prevê a possibilidade de o benefício do sursis ser cassado. Isto
ocorre quando o beneficiário, intimado para a audiência admonitória, não comparece. Assim, o benefício é
considerado sem efeito e a pena privativa de liberdade deve ser executada:
Art. 161. Se, intimado pessoalmente ou por edital com prazo de 20 (vinte) dias, o réu não comparecer
injustificadamente à audiência admonitória, a suspensão ficará sem efeito e será executada
imediatamente a pena.
Deste modo, há cassação quando o beneficiário recusa o sursis, quando não comparece à audiência
admonitória ou quando há a reforma da sentença concessiva do benefício, em julgamento de recurso.

4 - EXTINÇÃO
Por fim, a extinção se dá com o fim do prazo do período de prova, desde que não tenha havido a revogação
do benefício. É o que estipula o artigo 62 do Código Penal:
Cumprimento das condições
Art. 82 - Expirado o prazo sem que tenha havido revogação, considera-se extinta a pena privativa de
liberdade.
✓ E se o juiz não tiver revogado o sursis e o prazo legal se esvair? É possível a revogação da suspensão
condicional do processo após o decurso do prazo?
Sobre a suspensão condicional da pena, há o seguinte julgado do Superior Tribunal de Justiça:
“III. Inexistindo revogação ou prorrogação do período de prova, correta a decisão que extinguiu a
pena, nos termos do art. 82 do Código Penal, segundo o qual "Expirado o prazo sem que tenha havido
revogação, considera-se extinta a pena privativa de liberdade".” (STJ, RHC 95804/DF, Rel. Min.
Reynaldo Soares da Fonseca, Quinta Turma, DJe 30/04/2018).

LIVRAMENTO CONDICIONAL
O livramento condicional (LC) é o benefício que consiste na soltura antecipada do executado, mediante o
preenchimento de determinadas condições. Sua natureza jurídica, conforme entendimento que prevalece,
é o de direito subjetivo do acusado. Busca-se a ressocialização, possibilitando ao executado, que ostenta
bom comportamento carcerário, a liberação antecipada, sendo que, durante o restante da pena, deverá se

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comportar de forma a não ter o benefício revogado e cumprir determinadas condições. Está regulado pelo
artigo 83 do Código Penal, de seguinte teor:
Art. 83 - O juiz poderá conceder livramento condicional ao condenado a pena privativa de liberdade
igual ou superior a 2 (dois) anos, desde que:
I - cumprida mais de um terço da pena se o condenado não for reincidente em crime doloso e tiver bons
antecedentes;
II - cumprida mais da metade se o condenado for reincidente em crime doloso;
III - comprovado:
a) bom comportamento durante a execução da pena;
b) não cometimento de falta grave nos últimos 12 (doze) meses;
c) bom desempenho no trabalho que lhe foi atribuído; e
d) aptidão para prover a própria subsistência mediante trabalho honesto;
IV - tenha reparado, salvo efetiva impossibilidade de fazê-lo, o dano causado pela infração;
V - cumpridos mais de dois terços da pena, nos casos de condenação por crime hediondo, prática de
tortura, tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, tráfico de pessoas e terrorismo, se o apenado
não for reincidente específico em crimes dessa natureza.
Parágrafo único - Para o condenado por crime doloso, cometido com violência ou grave ameaça à
pessoa, a concessão do livramento ficará também subordinada à constatação de condições pessoais
que façam presumir que o liberado não voltará a delinquir.
Cumpre destacar que o artigo 83 foi modificado, em seu inciso III, pela Lei 13.694/2019, cabendo comparar
ambas as redações:

Antes da Lei 13.964/2019 Após a Lei 13.964/2019

III - comprovado:
a) bom comportamento durante a execução da
III - comprovado comportamento pena;
satisfatório durante a execução da pena, b) não cometimento de falta grave nos
bom desempenho no trabalho que lhe foi últimos 12 (doze) meses;
atribuído e aptidão para prover à própria
c) bom desempenho no trabalho que lhe foi
subsistência mediante trabalho honesto; atribuído; e
d) aptidão para prover a própria subsistência
mediante trabalho honesto;

Portanto, o livramento condicional é cabível nos casos de pena privativa de liberdade igual ou superior a
dois anos. É necessário que tenha sido comprovado o seu bom comportamento durante a execução da pena;
o não cometimento de falta grave nos últimos 12 (doze) meses; o bom desempenho no trabalho que lhe foi

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atribuído e a aptidão para prover a própria subsistência mediante trabalho honesto. Exige-se, ainda, que o
executado tenha reparado o dano, salvo se comprovada a impossibilidade de fazê-lo.
No caso de condenado por crime doloso, praticado com violência ou grave ameaça à pessoa, a concessão
do benefício fica subordinada à demonstração de condições pessoais do executado que levem à presunção
de que ele não voltará a delinquir. O juiz pode, para tanto, determinar a realização de exame criminológico,
de forma fundamentada no caso concreto.
Por fim, em todos os casos, exige-se o cumprimento de determinado lapso temporal da pena, isto é, de
determinada fração da pena privativa de liberdade imposta ao condenado. No caso de réu não reincidente
em crime doloso e bons antecedentes, o lapso é de um terço. Na hipótese de condenado que seja
reincidente em crime doloso, a fração é de metade da pena. Por fim, no caso de condenados por crime
hediondo ou equiparado (tráfico de drogas, tortura e terrorismo) e de tráfico de pessoas, a fração é de dois
terços, desde que não seja reincidente específico.

Com relação ao lapso temporal de 1/3 para aquele que não for reincidente em crime doloso
e portador de bons antecedentes, é possível se realizar duas leituras:
a) somente o condenado que possuir bons antecedentes se enquadra na regra. Deste modo,
o lapso de ½ da pena é reservado para os reincidentes e para os portadores de maus
antecedentes;
b) em razão de o lapso de ½ da pena ser reservado somente para os reincidentes, não é possível estender a
situação, em analogia in malam partem. Logo, a fração de 1/3 é exigida de todos aqueles que forem
tecnicamente primários (ainda que portadores de maus antecedentes).
Há precedentes do Superior Tribunal de Justiça com ambos os entendimentos:
“PENAL. PROCESSUAL. LIVRAMENTO CONDICIONAL. RÉU PRIMÁRIO COM MAUS ANTECEDENTES. 1.
Para a concessão do livramento condicional após o cumprimento do lapso temporal de um terço da
condenação, o Código Penal, em seu art. 83, I, exige a observância de dois requisitos: não se tratar o
condenado de réu reincidente em crime doloso e ser possuidor de bons antecedentes. 2. Habeas Corpus
conhecido, pedido indeferido.” (HC 12075/RJ, Rel. Min. Edson Vidigal, Quinta Turma, DJ 11/12/2000).
“(...) I - Em respeito ao princípio da presunção de inocência, inquéritos e processos em andamento não
podem ser considerados como maus antecedentes e, por conseguinte, equiparados à reincidência para
exacerbar o tempo de pena a cumprir previsto para fins de concessão do livramento condicional. (...)”
(STJ, HC 131975/RN, Rel. Min. Felix Fischer, Quinta Turma, DJe 05/10/2009).
Mesmo sendo ambos os julgados provenientes da Quinta Turma, com modificação, portanto, da tese, não
há que se falar, ainda, em entendimento consolidado na Corte.
A Lei 11.343/2006, que trata do crime de drogas, tornou maior a restrição ao livramento condicional, ao
proibi-lo a crimes como o de associação para o tráfico. A este respeito, cumpre transcrever trecho de aresto
do STJ, que aborda o tema da reincidência específica:
“(...) 4. Conquanto o delito de associação para o tráfico não seja hediondo, a nova lei vedou a concessão
do livramento condicional ao reincidente específico nos crimes nela relacionados - arts. 33, caput e §1º,
e 34 a 37 da Lei n. 11.343/2006 -, diferentemente do regramento aplicado aos delitos cometidos antes
de sua vigência, até então, regidos pelo disposto no art. 83, V, do CP, que negava o benefício ao

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apenado reincidente específico em crimes hediondos, prática de tortura, tráfico ilícito de entorpecentes
e drogas afins, e terrorismo. 5. Tratando-se de apenados reincidentes específicos, assim considerados
os condenados em quaisquer dos delitos previstos no caput do art. 44 da Lei n. 11.343/2006, quais
sejam: os dos arts. 33, caput e §1º, e 34 a 37 da Lei n. 11.343/2006, não há como lhe ser concedido
o benefício do livramento condicional, por expressa vedação legal.” (STJ, HC 282733/RJ, Rel Min. NEFI
CORDEIRO, DJe 16/06/2016)

Para ficar mais fácil visualizar a diferença de requisitos temporais exigidos para a obtenção do livramento
condicional, bem como entender as hipóteses de vedação, segue um quadro para esquematizar o tópico:

A Lei 13.964/2019, ao modificar o artigo 112, inciso VI, alínea a, e inciso VIII, da Lei de Execução Penal,
passou a vedar o livramento condicional para os condenados por crime hediondo ou equiparado, com
resultado morte. O artigo 2º, § 9º, da Lei 12.850/2013, introduzido pela Lei 13.964/2019, passou a vedar o
livramento condicional para o condenado expressamente em sentença por integrar organização criminosa
ou por crime praticado por meio de organização criminosa, se houver elementos probatórios que indiquem
a manutenção do vínculo associativo.
Vamos visualizar as vedações legais à concessão do livramento condicional em razão da espécie de
condenação:

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Para o cálculo do lapso temporal exigido para a obtenção do livramento condicional, o artigo 84 do Código
Penal determina que as penas de diferentes delitos devem ser somadas:
Art. 84 - As penas que correspondem a infrações diversas devem somar-se para efeito do livramento.
É muito importante ressaltar que a prática de falta grave, no curso do cumprimento da
pena privativa de liberdade, não interrompe o prazo para obtenção do livramento
condicional. Cuida-se de entendimento já sumulado pelo STJ, referente ao enunciado nº
441:
A falta grave não interrompe o prazo para obtenção de livramento condicional.
Para ajudar a visualizar a influência da falta grave nos benefícios da execução penal, observermos o seguinte
quadro:

Por fim, cumpre mencionar a Súmula 715 do STF, a ser estudada no tema de limites de penas:
A pena unificada para atender ao limite de trinta anos de cumprimento, determinado pelo art. 75 do
Código Penal, não é considerada para a concessão de outros benefícios, como o livramento condicional
ou regime mais favorável de execução.
Destaque-se que a Lei 13.694/2019 modificou o teor do artigo 75 do Código Penal para fixar o limite como
sendo de 40 anos, e não mais de 30 anos de cumprimento de pena.

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1 - CONDIÇÕES
O juiz deve fixar, na sentença, as condições a que fica submetido o liberado, nos termos do artigo 85 do
Código Penal:
Art. 85 - A sentença especificará as condições a que fica subordinado o livramento.
A Lei de Execução Penal trata do assunto em seu artigo 132:
Art. 132. Deferido o pedido, o Juiz especificará as condições a que fica subordinado o livramento.
§ 1º Serão sempre impostas ao liberado condicional as obrigações seguintes:
a) obter ocupação lícita, dentro de prazo razoável se for apto para o trabalho;
b) comunicar periodicamente ao Juiz sua ocupação;
c) não mudar do território da comarca do Juízo da execução, sem prévia autorização deste.
§ 2° Poderão ainda ser impostas ao liberado condicional, entre outras obrigações, as seguintes:
a) não mudar de residência sem comunicação ao Juiz e à autoridade incumbida da observação cautelar
e de proteção;
b) recolher-se à habitação em hora fixada;
c) não frequentar determinados lugares.

2 - CONCESSÃO DO LIVRAMENTO CONDICIONAL


A concessão do livramento condicional ocorre em um ato solene, presidido pelo juiz e denominado de
audiência admonitória. É expedida uma carta de livramento, na qual consta que o condenado recebeu
referido benefício. As formalidades estão previstas nos artigos 136 a 138 da Lei nº 7.210/84, a Lei de
Execução Penal:
Art. 136. Concedido o benefício, será expedida a carta de livramento com a cópia integral da sentença
em 2 (duas) vias, remetendo-se uma à autoridade administrativa incumbida da execução e outra ao
Conselho Penitenciário.
Art. 137. A cerimônia do livramento condicional será realizada solenemente no dia marcado pelo
Presidente do Conselho Penitenciário, no estabelecimento onde está sendo cumprida a pena,
observando-se o seguinte:
I - a sentença será lida ao liberando, na presença dos demais condenados, pelo Presidente do Conselho
Penitenciário ou membro por ele designado, ou, na falta, pelo Juiz;
II - a autoridade administrativa chamará a atenção do liberando para as condições impostas na
sentença de livramento;
III - o liberando declarará se aceita as condições.

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§ 1º De tudo em livro próprio, será lavrado termo subscrito por quem presidir a cerimônia e pelo
liberando, ou alguém a seu rogo, se não souber ou não puder escrever.
§ 2º Cópia desse termo deverá ser remetida ao Juiz da execução.
Art. 138. Ao sair o liberado do estabelecimento penal, ser-lhe-á entregue, além do saldo de seu pecúlio
e do que lhe pertencer, uma caderneta, que exibirá à autoridade judiciária ou administrativa, sempre
que lhe for exigida.
§ 1º A caderneta conterá:
a) a identificação do liberado;
b) o texto impresso do presente Capítulo;
c) as condições impostas.
§ 2º Na falta de caderneta, será entregue ao liberado um salvo-conduto, em que constem as condições
do livramento, podendo substituir-se a ficha de identificação ou o seu retrato pela descrição dos sinais
que possam identificá-lo.
§ 3º Na caderneta e no salvo-conduto deverá haver espaço para consignar-se o cumprimento das
condições referidas no artigo 132 desta Lei.

3 - REVOGAÇÃO OBRIGATÓRIA
Há hipóteses em que o benefício deve ser obrigatoriamente revogado pelo juiz. Isto se dá quando o
sentenciado vem a ser condenado definitivamente a pena privativa de liberdade:
✓ por crime cometido durante o benefício;
✓ ou por crime cometido anteriormente, desde que a soma das penas demonstre que ele não cumpriu
o lapso temporal exigido para o livramento condicional.
É o teor do artigo 86 do Código Penal:
Art. 86 - Revoga-se o livramento, se o liberado vem a ser condenado a pena privativa de liberdade, em
sentença irrecorrível:
I - por crime cometido durante a vigência do benefício;
II - por crime anterior, observado o disposto no art. 84 deste Código.
O artigo 84, já estudado nesta aula, é o que determina a soma das penas a que foi condenado o sujeito, por
diferentes delitos, para fins de averiguação se ele cumpriu a fração estipulada a concessão do livramento.

4 - REVOGAÇÃO FACULTATIVA
Em alguns casos, o juiz pode decidir, de acordo com as especificidades da situação, se revoga ou não o
livramento condicional. É o que ocorre se o liberado deixar de cumprir as condições impostas na sentença

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ou se ele for condenado definitivamente pela prática de infração penal a uma pena diversa da privativa de
liberdade (pena restritiva de direitos ou pena de multa). A revogação facultativa é regulada pelo artigo 87
do Código Penal:
Art. 87 - O juiz poderá, também, revogar o livramento, se o liberado deixar de cumprir qualquer das
obrigações constantes da sentença, ou for irrecorrivelmente condenado, por crime ou contravenção, a
pena que não seja privativa de liberdade.

5 - EFEITOS DA REVOGAÇÃO
Tendo havido a revogação, seja ela facultativa ou obrigatória, há algumas consequências para o beneficiário,
nos termos do artigo 88 do CP:
Art. 88 - Revogado o livramento, não poderá ser novamente concedido, e, salvo quando a revogação
resulta de condenação por outro crime anterior àquele benefício, não se desconta na pena o tempo
em que esteve solto o condenado.
Deste modo, a revogação do LC sempre gera a vedação de nova concessão.
Ademais, o tempo em que o liberado esteve solto não se computa como pena
cumprida, salvo se a revogação ocorrer em virtude de crime praticado anteriormente.
Neste último caso, o juiz observa se a nova pena, somada à que está sendo executada,
permite a continuidade do LC, isto é, verifica se, mesmo com a soma das penas, ainda
assim o executado atingiu o lapso temporal exigido. Se não atingiu, o juiz revoga o
benefício, mas o tempo em que ele esteve solto será considerado como pena cumprida.
Busca a lei, com isso, diferenciar o indivíduo que comete crime durante o benefício ou descumpre as
condições, o que demonstra descompromisso com o livramento antecipado que lhe foi concedido, daquele
que nada fez durante o período de livramento, mas que havia cometido outro delito antes e viu suas penas
serem somadas, o que implicou na revogação do seu benefício.

6 - PRORROGAÇÃO
É possível a prorrogação do benefício, mesmo porque, nos casos de revogação pela prática de crime ou
contravenção penal, a lei exige o trânsito em julgado. Portanto, enquanto não for julgado definitivamente
o caso, o juiz pode prorrogar o prazo do livramento:
Art. 89 - O juiz não poderá declarar extinta a pena, enquanto não passar em julgado a sentença em
processo a que responde o liberado, por crime cometido na vigência do livramento.

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7 - SUSPENSÃO
Além da prorrogação do prazo do livramento condicional, o juiz pode terminar sua suspensão. Com a
suspensão do prazo, o indivíduo é preso, voltando a cumprir a pena privativa de liberdade:
Art. 145. Praticada pelo liberado outra infração penal, o Juiz poderá ordenar a sua prisão, ouvidos o
Conselho Penitenciário e o Ministério Público, suspendendo o curso do livramento condicional, cuja
revogação, entretanto, ficará dependendo da decisão final.
A suspensão, portanto, autoriza o recolhimento cautelar, dentro dos limites da pena aplicada.
O STJ entende que a revogação ou a suspensão do livramento condicional depende de decisão judicial, não
ocorrendo de forma automática:
“2. Consoante entendimento desta Corte, a revogação ou suspensão do livramento condicional não
ocorre de forma automática, devendo ser declarada no curso do período de prova, pelo juiz das
execuções. Assim, concluído o prazo do livramento condicional, sem que tenha havido suspensão
cautelar, revogação ou prorrogação do benefício, não é mais possível a adoção destas medidas, ainda
que tenha o condenado praticado novo crime durante o período de prova, devendo ser julgada extinta
a sua punibilidade. Precedentes.” (STJ, HC 272931/SP, Rel. Min. Gurgel de Faria, DJe 04/11/2014)

8 - EXTINÇÃO
Como vimos, a revogação ou a suspensão do livramento condicional não ocorrem de forma automática. Por
conseguinte, se o juiz não determinar a revogação ou suspensão do benefício, o decurso de seu prazo causa
sua extinção. É o que determina o artigo 90 do Código Penal:
Art. 90 - Se até o seu término o livramento não é revogado, considera-se extinta a pena privativa de
liberdade
Reforçando o que prevê o próprio Código Penal, o Superior Tribunal de Justiça aprovou o enunciado nº 617
da sua Súmula:
“A ausência de suspensão ou revogação do livramento condicional antes do término do período de
prova enseja a extinção da punibilidade pelo integral cumprimento da pena.”
Deste modo, finalizamos o estudo do livramento condicional e da teoria da pena.

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QUESTÕES COMENTADAS

Q1. CESPE/Polícia Federal/Delegado de Polícia/2013


A respeito da pena pecuniária, julgue o item abaixo.
Item 26 A multa aplicada cumulativamente com a pena de reclusão pode ser executada em face do
espólio, quando o réu vem a óbito no curso da execução da pena, respeitando - se o limite das forças
da herança.
o Certo
o Errado

Comentários
O princípio da intranscendência da pena impede que ela se estenda a outras pessoas além do sujeito ativo
do delito. Está previsto no artigo 5º, XLV, da CF:
XLV - nenhuma pena passará da pessoa do condenado, podendo a obrigação de reparar o dano
e a decretação do perdimento de bens ser, nos termos da lei, estendidas aos sucessores e contra
eles executadas, até o limite do valor do patrimônio transferido;
Como se percebe da leitura do dispositivo, as únicas exceções à intranscendência da pena são a obrigação
de reparar o dano e a decretação do perdimento de bens, devendo ambas respeitar o limite do patrimônio
transferido quando estendidas aos sucessores.
O item está incorreto. A pena de multa não é exceção à instranscendência da pena. Portanto, a morte do
autor acarreta a extinção da punibilidade.

Q2. FUNDEP/DEP-MG/Defensor Público/2014


Após ter cumprido a metade da pena por crime não hediondo, um indivíduo reincidente obteve
livramento condicional pelo período de cinco anos. Faltando dois anos para a reaquisição integral da
liberdade, ele foi denunciado pela suposta prática de homicídio que teria sido praticado durante o
período de prova do livramento condicional.
Nesse caso,
a) haverá a revogação obrigatória e imediata do livramento condicional.
b) haverá a revogação facultativa do livramento condicional.
c) ao final do livramento condicional em gozo, não ocorrendo decisão definitiva no novo processo,
haverá extinção da pena pelo cumprimento.

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d) ao final do livramento condicional em gozo, não havendo decisão definitiva, deverá o livramento
condicional ser prorrogado até o trânsito em julgado no novo processo.

Comentários
A alternativa D está correta e é o gabarito da questão. No caso em que o agente cometa crime na vigência
do livramento, há a prorrogação do período de prova até o julgamento definitivo, o que impede o juiz de
julgar extinta a pena. É o que se compreende por meio da leitura do art. 89 do Código Penal, que dispõe:
Art. 89 - O juiz não poderá declarar extinta a pena, enquanto não passar em julgado a sentença em
processo a que responde o liberado, por crime cometido na vigência do livramento.

Q3. TRF 2ª Região/TRF 2ª Região/Juiz Federal/2017


Assinale a opção correta:
a) Fixada a pena em seu mínimo legal, é possível estipular regime prisional mais gravoso do que o
previsto em razão da sanção imposta, desde que presente a gravidade abstrata do delito e a
perturbação causada à ordem pública.
b) Fixada a pena-base em seu mínimo legal, é possível compensar a atenuante da confissão
espontânea e o aumento referente à continuidade delitiva.
c) Reconhecida a incidência de duas ou mais causas de qualificação, ambas serão utilizadas para
qualificar o delito, influenciando a fixação da pena-base que, nesse caso, será necessariamente
definida acima do mínimo previsto no preceito secundário do tipo qualificado.
d) É possível, na segunda fase da dosimetria da pena, a compensação da atenuante da confissão
espontânea com a agravante da reincidência, não havendo preponderância.
e) O tempo da prisão provisória, no Brasil ou no estrangeiro, não deverá ser computado para fins de
determinação do regime inicial de pena privativa de liberdade.

Comentários
A alternativa A está incorreta. De acordo com Súmula 440 do STJ, neste caso, é vedado o estabelecimento
de regime prisional mais gravoso do que o que cabível em sanção imposta. Vejamos o inteiro teor do
enunciado:
Súmula 440 - Fixada a pena-base no mínimo legal, é vedado o estabelecimento de regime prisional
mais gravoso do que o cabível em razão da sanção imposta, com base apenas na gravidade abstrata
do delito.
A alternativa B está incorreta. Não é possível compensar a atenuante da confissão espontânea e o aumento
referente à continuidade delitiva. A atenuante é valorada na segunda fase da dosimetria, enquanto a
continuidade delitiva implica em uma causa de aumento de pena, utilizada na terceira fase.
A alternativa C está incorreta. Reconhecida a incidência de duas ou mais causas de qualificação, a doutrina
e a jurisprudência apontam que o juiz deve utilizar-se de uma delas para qualificar o crime e das demais
como agravantes ou como circunstâncias judiciais.
A alternativa D está correta. O STJ entende ser possível a compensação da atenuante da confissão
espontânea com a agravante da reincidência, tendo a tese sido firmada em sede de recurso repetitivo:

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RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DA CONTROVÉRSIA (ART. 543-C DO CPC). PENAL. DOSIMETRIA.


CONFISSÃO ESPONTÂNEA E REINCIDÊNCIA.COMPENSAÇÃO. POSSIBILIDADE. 1. É possível, na segunda
fase da dosimetria da pena, a compensação da atenuante da confissão espontânea com a agravante
da reincidência.2. Recurso especial provido. (REsp 1341370/MT, Rel. Ministro SEBASTIÃO REIS JÚNIOR,
TERCEIRA SEÇÃO, julgado em 10/04/2013, DJe 17/04/2013)
A alternativa E está incorreta. O art. 387, § 2º, do Código de Processo Penal prevê o seguinte:
§ 2o O tempo de prisão provisória, de prisão administrativa ou de internação, no Brasil ou no
estrangeiro, será computado para fins de determinação do regime inicial de pena privativa de
liberdade.

Este artigo não foi estudado por ser matéria de Direito Processual Penal.

Q4. CESPE/TJ-BA/Juiz de Direito/2012


Assinale a opção correta com base no entendimento dos tribunais superiores acerca de cominações
legais.
a) Aplica-se ao crime continuado a lei penal mais grave caso a sua vigência seja anterior à cessação da
continuidade.
b) Aplica-se ao furto qualificado, em razão do concurso de agentes, a majorante do roubo.
c) Fixada a pena-base no mínimo legal em face do reconhecimento das circunstâncias judiciais
favoráveis ao réu, é possível infligir-lhe regime prisional mais gravoso considerando-se isoladamente
a gravidade genérica do delito.
d) A pena do crime de roubo circunstanciado, na terceira fase de aplicação, será exasperada em razão
do número de causas de aumento.
e) Aplica-se a continuidade delitiva aos crimes de estelionato, de receptação e de adulteração de sinal
identificador de veículo automotor, infrações penais da mesma espécie.
A alternativa A está correta. O enunciado da alternativa é o exato entendimento firmado pelo Supremo
Tribunal Federal no enunciado da Súmula nº 711:
Súmula 711
A lei penal mais grave aplica-se ao crime continuado ou ao crime permanente, se a sua vigência é
anterior à cessação da continuidade ou da permanência.
A alternativa B está incorreta. O STJ, no enunciado da Súmula nº 442, firmou o entendimento que esta
majorante não se aplica ao furto qualificado. Vejamos:
Súmula 442
É inadmissível aplicar, no furto qualificado, pelo concurso de agentes, a majorante do roubo.
Estudaremos este tema na Parte Especial.
A alternativa C está incorreta. De acordo com a Súmula nº 440 do Superior Tribunal de Justiça, com base
apenas na gravidade abstrata do delito é vedado o estabelecimento de regime prisional mais gravosos do
que o cabível em razão da sanção imposta. Vejamos:

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Súmula 440
Fixada a pena-base no mínimo legal, é vedado o estabelecimento de regime prisional mais gravoso do
que o cabível em razão da sanção imposta, com base apenas na gravidade abstrata do delito.
A alternativa D está incorreta. Neste caso, como estudaremos na aula de delitos patrimoniais, o STJ tem
exigido fundamentação específica, não bastando a menção ao número de majorantes.
A alternativa E está incorreta. Segundo entendimento do STJ, os crimes de estelionato, receptação e
adulteração de sinal identificador de veículo automotor não são infrações penais da mesma espécie.
Vejamos:
RECURSO ESPECIAL. PENAL. CONTINUIDADE DELITIVA CRIMES DE ESPÉCIES DIFERENTES.
IMPOSSIBILIDADE. PRECEDENTES DO STF E DO STJ.
1. Não há como reconhecer a continuidade delitiva entre os crimes de estelionato, receptação e
adulteração de sinal identificador de veículo automotor, pois são infrações penais de espécies
diferentes, que não estão previstas no mesmo tipo fundamental. Precedentes do STF e do STJ.2.
Recurso desprovido. (REsp 738.337/DF, Rel. Ministra LAURITA VAZ, QUINTA TURMA, julgado em
17/11/2005, DJ 19/12/2005, p. 466)

Veremos continuidade delitiva na aula seguinte.

Q5. FMP Concursos/TJ-MT/Juiz de Direito/2014


De acordo com entendimento sumulado do Supremo Tribunal Federal, assinale a afirmativa correta.
a) A pena unificada para atender ao limite de trinta anos de cumprimento, determinado pelo art. 75
do Código Penal, é considerada, para concessão de outros benefícios, como livramento condicional ou
regime mais favorável de execução.
b) A lei penal mais grave aplica-se ao crime continuado ou ao crime permanente, se sua vigência é
anterior à cessação da continuidade ou da permanência.
c) Impede a progressão de regime de execução de pena, fixada em sentença não transitada em
julgado, o fato de o réu se encontrar em prisão especial.
d) A imposição do regime de cumprimento mais severo do que a pena aplicada permitir não exige
motivação idônea
e) Admite-se a suspensão condicional do processo por crime continuado, se a soma da pena mínima
da infração mais grave com o aumento mínimo de um sexto for superior a um ano

Comentários

A alternativa A está incorreta. A Súmula nº 715 do STF dispõe o seguinte:


A pena unificada para atender ao limite de trinta anos de cumprimento, determinado pelo art. 75 do
Código Penal, não é considerada para a concessão de outros benefícios, como o livramento condicional
ou regime mais favorável de execução.

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A alternativa B está correta. A alternativa transcreve o enunciado da Súmula nº 711 do STF, que dispõe o
seguinte:
A lei penal mais grave aplica-se ao crime continuado ou ao crime permanente, se a sua vigência é
anterior à cessação da continuidade ou da permanência.

A alternativa C está incorreta. A Súmula nº 717 do STF dispõe o seguinte:


Não impede a progressão de regime de execução da pena, fixada em sentença não transitada em
julgado, o fato de o réu se encontrar em prisão especial.

A alternativa D está incorreta. A Súmula nº 719 do STF dispõe o seguinte:


A imposição do regime de cumprimento mais severo do que a pena aplicada permitir exige motivação
idônea.

A alternativa E está incorreta. A Súmula nº 723 do STF dispõe o seguinte:


Não se admite a suspensão condicional do processo por crime continuado, se a soma da pena mínima
da infração mais grave com o aumento mínimo de um sexto for superior a um ano.

A suspensão condicional do processo é matéria de Direito Penal Especial, ou seja, da legislação penal
extravagante.

Q6. VUNESP/TJ-SP/Juiz Substituto/2017


Na aplicação da pena,
a) é vedada a utilização de inquéritos policiais e ações penais em curso para agravar a pena-base,
configurando-se, porém, a má antecedência se o acusado ostentar condenação por crime anterior,
transitada em julgado após o novo fato.
b) a incidência de circunstância atenuante não pode conduzir à redução da pena abaixo do mínimo
legal, a não ser que utilizada a confissão para a formação do convencimento do julgador, hipótese em
que o réu fará jus à diminuição, ainda que aquém do piso.
c) o desconhecimento da lei constitui circunstância atenuante, podendo ainda a pena ser atenuada
em razão de fato relevante, embora não previsto em lei, desde que necessariamente anterior ao
crime.
d) a reincidência não pode ser considerada como circunstância agravante e, simultaneamente, como
circunstância judicial, não prevalecendo a condenação anterior, contudo, se entre a data do trânsito
em julgado para a acusação da condenação anterior e a infração posterior tiver decorrido período de
tempo superior a 5 (cinco) anos.

Comentários:

A alternativa A está correta. A primeira parte da assertiva se refere à assunto sumulado pelo STJ por meio
do enunciado 444:
Súmula nº 444

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É vedada a utilização de inquéritos policiais e ações penais em curso para agravar a pena-base.

A segunda parte da assertiva da alternativa dispõe que configura a má antecedência se o acusado ostentar
condenação por crime anterior, transitada em julgado após o novo fato. Para efeitos de reincidência, a
condenação por crime anterior deve transitar em julgado antes da prática de novo fato criminoso, como
determina do art. 64 do Código Penal:
Art. 63 - Verifica-se a reincidência quando o agente comete novo crime, depois de transitar em julgado
a sentença que, no País ou no estrangeiro, o tenha condenado por crime anterior.

Deste modo, a condenação anterior apenas servirá como mau antecedente, caso transite em julgado após
o novo fato, mas antes da sentença.

A alternativa B está incorreta. De acordo como o enunciado da Súmula nº 231 do STJ, não há nenhuma
ressalva a regra:
Súmula nº 231
A incidência da circunstância atenuante não pode conduzir à redução da pena abaixo do mínimo legal.

A alternativa C está incorreta. O desconhecimento da lei constitui circunstância atenuante, conforme art.
65, inciso II do Código Penal:
Art. 65 - São circunstâncias que sempre atenuam a pena:
II - o desconhecimento da lei;

Entretanto, a pena ser atenuada em razão de fato relevante, anterior ou posterior ao crime, embora não
previsto em lei, nos termos do art. 66 do Código Penal:
Art. 66 - A pena poderá ser ainda atenuada em razão de circunstância relevante, anterior ou posterior
ao crime, embora não prevista expressamente em lei.

A alternativa D está incorreta. É certo que a reincidência não pode ser considerada como circunstância
agravante e, simultaneamente, como circunstância judicial, conforme determina a Súmula nº 241 do STJ:
Súmula nº 241 do STJ
A reincidência penal não pode ser considerada como circunstância agravante e, simultaneamente,
como circunstância judicial.

Todavia, a afirmação de que “não prevalecendo a condenação anterior, se entre a data do trânsito em
julgado para a acusação da condenação anterior e a infração posterior tiver decorrido período de tempo
superior a 5 (cinco) anos” está incorreta pelo fato de que o período depurador ocorre entre a data do
cumprimento ou extinção da pena e a infração posterior, conforme art. 64, inciso I do Código Penal:
Art. 64 - Para efeito de reincidência:
I - não prevalece a condenação anterior, se entre a data do cumprimento ou extinção da pena e a
infração posterior tiver decorrido período de tempo superior a 5 (cinco) anos, computado o período de
prova da suspensão ou do livramento condicional, se não ocorrer revogação;

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Q7. MPE-SP/MPE-SP/Promotor de Justiça/2017


A confissão judicial do réu implica em
a) compensação com eventual circunstância agravante.
b) diminuição de sua pena final.
c) compensação com eventual majorante.
d) redução máxima da pena em face da presença de causa especial de diminuição de pena.
e) redução de sua pena base.

Comentários:
A alternativa A está correta. O STJ entende ser possível a compensação da atenuante da confissão
espontânea com a agravante da reincidência, por exemplo, tendo a tese sido firmada em sede de recurso
repetitivo:
RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DA CONTROVÉRSIA (ART. 543-C DO CPC). PENAL. DOSIMETRIA.
CONFISSÃO ESPONTÂNEA E REINCIDÊNCIA. COMPENSAÇÃO. POSSIBILIDADE. 1. É possível, na segunda
fase da dosimetria da pena, a compensação da atenuante da confissão espontânea com a agravante
da reincidência.2. Recurso especial provido. (REsp 1341370/MT, Rel. Ministro SEBASTIÃO REIS JÚNIOR,
TERCEIRA SEÇÃO, julgado em 10/04/2013, DJe 17/04/2013)

Q8. VUNESP/TJ-RS/Defensor Público/2018


Estritamente nos termos do quanto prescreve o art. 39 do CP, o trabalho do preso
a) não é obrigatoriamente remunerado, mas se lhe garantem, facultativamente, os benefícios da
Previdência Social.
b) será sempre remunerado, sendo-lhe garantidos os benefícios da Previdência Social.
c) não é obrigatoriamente remunerado, mas se lhe garantem os benefícios da Previdência Social.
d) não é remunerado e não se lhe garantem os benefícios da Previdência Social.
e) será sempre remunerado, contudo, não se lhe garantem os benefícios da Previdência Social.

Comentários:

A alternativa B está correta. Conforme o art. 39 do Código Penal, o trabalho do preso sempre será
remunerado e sempre lhe serão garantidos os benefícios da Previdência Social. Vejamos:
Art. 39 - O trabalho do preso será sempre remunerado, sendo-lhe garantidos os benefícios da
Previdência Social.

Q9. VUNESP/TJ-RS/Defensor Público/2018


A pena restritiva de direitos (CP, arts. 43 a 48)

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a) na modalidade perda de bens e valores pertencentes ao condenado, dar-se-á em favor da vítima.


b) na modalidade prestação de serviços, pode ser substitutiva de qualquer pena privativa de liberdade
igual ou inferior a quatro anos.
c) admite exclusivamente as modalidades de prestação pecuniária, perda de bens e valores, limitação
de fim de semana e prestação de serviço à comunidade ou entidade pública.
d) converte-se em privativa de liberdade quando ocorrer o descumprimento injustificado da restrição
imposta.
e) só pode ser aplicada a condenados primários.

Comentários:

A alternativa A está incorreta. A pena restritiva de direito na modalidade perda de bens e valores
pertencentes ao condenado dar-se-á em favor do Fundo Penitenciário Nacional, conforme dispõe o § 3º do
art. 45 do Código Penal:
Art. 45. § 3o A perda de bens e valores pertencentes aos condenados dar-se-á, ressalvada a legislação
especial, em favor do Fundo Penitenciário Nacional, e seu valor terá como teto – o que for maior – o
montante do prejuízo causado ou do provento obtido pelo agente ou por terceiro, em consequência da
prática do crime.

A alternativa B está incorreta. A prestação de serviços, pode ser substitutiva de qualquer pena privativa de
liberdade superior a seis meses, como dispõe o art. 46 do Código Penal:
Art. 46. A prestação de serviços à comunidade ou a entidades públicas é aplicável às condenações
superiores a seis meses de privação da liberdade.

A alternativa C está incorreta. Dentre as modalidades mencionadas, observa-se que faltou a interdição
temporária de direitos. Os incisos do art. 43 do Código Penal elenca o rol das modalidades, vejamos:
Art. 43. As penas restritivas de direitos são:
I - prestação pecuniária;
II - perda de bens e valores;
III - limitação de fim de semana.
IV - prestação de serviço à comunidade ou a entidades públicas;
V - interdição temporária de direitos;
VI - limitação de fim de semana.

A alternativa D está correta. O art. 44, § 4º do Código Penal traz esta previsão nos exatos termos da
alternativa:
Art. 44. As penas restritivas de direitos são autônomas e substituem as privativas de liberdade, quando:
§ 4º A pena restritiva de direitos converte-se em privativa de liberdade quando ocorrer o
descumprimento injustificado da restrição imposta. No cálculo da pena privativa de liberdade a

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executar será deduzido o tempo cumprido da pena restritiva de direitos, respeitado o saldo mínimo de
trinta dias de detenção ou reclusão

A alternativa E está incorreta. O art. 44, § 3º do Código Penal prevê a possibilidade de aplicação de pena
restritiva de direitos ao condenado reincidente, nos seguintes termos:
Art. 44. As penas restritivas de direitos são autônomas e substituem as privativas de liberdade, quando:
§ 3o Se o condenado for reincidente, o juiz poderá aplicar a substituição, desde que, em face de
condenação anterior, a medida seja socialmente recomendável e a reincidência não se tenha operado
em virtude da prática do mesmo crime.

Q10. FCC/DPE-AP/Defensor Público/2018


Com base no entendimento dos tribunais superiores, considere as seguintes assertivas sobre a
reincidência:
I. Crimes eleitorais, por serem equiparados a crimes políticos após a CF/88, não geram reincidência.
II. Condenação transitada em julgado pelo porte de entorpecentes para consumo (art. 28 da Lei nº
11.343/2006) gera reincidência.
III. Para o cálculo de período depurador de cinco anos, computa-se o período de sursis, mas não o de
livramento condicional.
IV. É considerada como marco interruptivo da prescrição da pretensão executória na data do trânsito
em julgado do novo delito e não na data de seu cometimento.
V. Para fazer prova da reincidência não é necessário certidão, sendo suficiente a informação constante
da folha de antecedentes.
Está correto o que se afirma APENAS em
a) I e IV.
b) I, II e IV.
c) III, IV e V.
d) III e V.
e) II e V.

Comentários:

O Item I está incorreto. Crimes políticos são aqueles que se voltam contra a ordem política, devendo estar
presente a motivação política do agente. No caso do Direito Penal brasileiro, estão previstos nos Crimes
contra o Estado Democrático de Direito.

O Item II estava correto. De acordo com entendimento dos tribunais superiores à época, o porte de
entorpecentes para consumo geraria reincidência, por ter a natureza de crime.

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Hoje a questão seria controversa. O STF tem jurisprudência, até então, considerando que a conduta não foi
descriminalizada, só teria sido despenalizada. O STJ, entretanto, tem entendido que referida conduta não
gera reincidência. Matéria a ser vista no estudo da legislação penal especial.

O item III está incorreto. Para o cálculo de período depurador de cinco anos, computa-se o período de sursis
e do livramento condicional.
Art. 64 - Para efeito de reincidência:
I - não prevalece a condenação anterior, se entre a data do cumprimento ou extinção da pena e a
infração posterior tiver decorrido período de tempo superior a 5 (cinco) anos, computado o período de
prova da suspensão ou do livramento condicional, se não ocorrer revogação;

O item IV está incorreto. O marco interruptivo da prescrição da pretensão executória é a data do


cometimento, e não a do trânsito em julgado.

O item V está correto. Para fazer prova da reincidência basta a informação constante da folha de
antecedentes. Este tem sido o entendimento do STJ.

Portanto, a alternativa E está correta.

Q11. FCC/DPE-AP/Defensor Público/2018


O lapso temporal para progressão de regime é de
a) metade, em caso de reincidente em crime doloso.
b) um terço, em caso de roubo majorado.
c) três quintos, em caso de crime cometido com violência ou grave ameaça contra a pessoa.
d) dois quintos, em caso de homicídio simples, se primário.
e) um sexto, em caso de tráfico de drogas na forma privilegiada.
Comentários:
Em regra, a progressão da pena depende do cumprimento de 1/6 (um sexto da pena), além do mérito do
sentenciado. Entretanto, no caso de crimes hediondos e equiparados, a fração passa a ser de 2/5 (dois
quintos), se o executado for primário, ou de 3/5 (três quintos), se reincidente, nos termos do artigo 2º, § 2º,
da Lei 8.072/90 (Lei dos Crimes Hediondos).
O crime de tráfico privilegiado não é considerado hediondo e, por isso, submete-se ao prazo dos crimes
comuns.
Portanto, a alternativa E está correta.

Q12. FCC/DPE-AM/Defensor Público/2018


Os antecedentes criminais

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a) podem ser considerados negativamente na aplicação da pena com o registro de atos infracionais,
vedando-se, contudo, para efeitos de reincidência.
b) podem aumentar a pena-base acima do mínimo legal com o registro decorrente da aceitação de
transação penal pelo acusado.
c) podem ser verificados a partir da existência de ações penais em curso, mas não de inquéritos
policiais na mesma condição.
d) podem ser considerados para fins de cabimento da substituição da pena privativa de liberdade por
restritiva de direitos.
e) constituem circunstância agravante que incide com a regular certidão comprobatória de
condenação anterior.
Comentários:
A alternativa A está incorreta. Os atos infracionais não geram reincidência, e também não são considerados
maus antecedentes. Este entendimento tem sido firmado pelo STJ:
HABEAS CORPUS SUBSTITUTIVO DE RECURSO ESPECIAL. DESCABIMENTO. ROUBO DUPLAMENTE
MAJORADO. 1. PENA-BASE FIXADA ACIMA DO MÍNIMO LEGAL. ATO INFRACIONAL CONSIDERADO
COMO MAUS ANTECEDENTES. INADMISSIBILIDADE.PRECEDENTES. 2. CAUSAS DE AUMENTO.
CONCURSO DE AGENTES E EMPREGO DE ARMA DE FOGO. DOSIMETRIA. FRAÇÃO ELEITA DE 3/8.
CRITÉRIO MERAMENTE MATEMÁTICO. FUNDAMENTAÇÃO INIDÔNEA. SÚMULA 443, DO
STJ.ILEGALIDADE.3. WRIT CONCEDIDO DE OFÍCIO.1. Os Tribunais Superiores restringiram o uso do
habeas corpus e não mais o admitem como substitutivo de recursos, e nem sequer para as revisões
criminais.2. O entendimento vigente nesta Corte Superior é o de que atos infracionais não podem ser
considerados maus antecedentes para a elevação da pena-base, tampouco para a reincidência.(...)
(HC 289.098/SP, Rel. Ministro MOURA RIBEIRO, QUINTA TURMA, julgado em 20/05/2014, DJe
23/05/2014)
A alternativa B está incorreta. De acordo com o STJ, os antecedentes criminais não podem aumentar a pena-
base acima do mínimo legal com o registro decorrente da aceitação de transação penal pelo acusado.
Vejamos:
PENAL. PENA. FIXAÇÃO. TRANSAÇÕES PENAIS ANTERIORES. CONSIDERAÇÃO COMO MAUS
ANTECEDENTES. IMPOSSIBILIDADE. APELAÇÃO EM TRÂMITE.SUPERVENIÊNCIA DA LEI Nº 9.714/98.
CONSIDERAÇÃO PELO TRIBUNAL AO JULGAR O RECURSO.1 - A sentença homologatória de transação
penal, realizada nos moldes da Lei nº 9.099/95, não obstante o caráter condenatório impróprio que
encerra, não gera reincidência, nem fomenta maus antecedentes, acaso praticada posteriormente
outra infração.
(...)(HC 13.525/MS, Rel. Ministro FERNANDO GONÇALVES, SEXTA TURMA, julgado em 24/10/2000, DJ
04/12/2000, p. 110)
A alternativa C está incorreta. O STJ por meio do enunciado da Súmula nº 144, firmou o entendimento que:
É vedada a utilização de inquéritos policiais e ações penais em curso para agravar a pena-base.
A alternativa D está correta. É o que dispõe o art. 44, III do Código Penal:
Art. 44. As penas restritivas de direitos são autônomas e substituem as privativas de liberdade,
quando:

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III – a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a personalidade do condenado, bem como os


motivos e as circunstâncias indicarem que essa substituição seja suficiente.
A alternativa E está incorreta. Os maus antecedentes são utilizados para a fixação da pena base, sendo
consideradas circunstâncias judiciais. São circunstâncias judiciais: a culpabilidade, os antecedentes, a
conduta social, a personalidade do agente, os motivos, as circunstâncias e as consequências do crime e o
comportamento da vítima. Estão estipuladas no artigo 59, do Código Penal, notadamente no que se refere
ao previsto no inciso II:
Art. 59 - O juiz, atendendo à culpabilidade, aos antecedentes, à conduta social, à personalidade do
agente, aos motivos, às circunstâncias e consequências do crime, bem como ao comportamento da
vítima, estabelecerá, conforme seja necessário e suficiente para reprovação e prevenção do crime:
I - as penas aplicáveis dentre as cominadas;
II - a quantidade de pena aplicável, dentro dos limites previstos;
III - o regime inicial de cumprimento da pena privativa de liberdade;
IV - a substituição da pena privativa da liberdade aplicada, por outra espécie de pena, se cabível.

Q13. FCC/DPE-AM/Defensor Público/2018


A pena restritiva de direitos
a) pode substituir a privativa de liberdade em caso de reincidente em crime culposo, salvo se a pena
for superior a quatro anos.
b) de limitação de fim de semana é vedada para crimes patrimoniais e contra a administração pública.
c) de prestação pecuniária é indisponível e por isso não pode consistir em prestação de outra natureza
mesmo com concordância da vítima.
d) de prestação de serviço à comunidade pode ser cumprida em tempo menor do que a pena privativa
de liberdade substituída, se esta for superior a um ano.
e) pode ser cumulada com medida de segurança na modalidade de tratamento ambulatorial, pois não
implica em restrição da liberdade.
Comentários:
A alternativa A está incorreta, pois, a pena restritiva de diretos pode substituir a privativa de liberdade em
caso de crime culposo, qualquer que seja a pena aplicada. Se o condenado for reincidente, deverão ser
observados os requisitos legais previsto no § 3º do art. 44 do Código Penal. Os requisitos para a substituição
da pena privativa de liberdade por pena restritiva de direitos foram trazidos pelo legislador no artigo 44 do
Código Penal:
Art. 44. As penas restritivas de direitos são autônomas e substituem as privativas de liberdade, quando:
I – aplicada pena privativa de liberdade não superior a quatro anos e o crime não for cometido com
violência ou grave ameaça à pessoa ou, qualquer que seja a pena aplicada, se o crime for culposo;
II – o réu não for reincidente em crime doloso;

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III – a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a personalidade do condenado, bem como os


motivos e as circunstâncias indicarem que essa substituição seja suficiente.
§ 1o (VETADO)
§ 2o Na condenação igual ou inferior a um ano, a substituição pode ser feita por multa ou por uma
pena restritiva de direitos; se superior a um ano, a pena privativa de liberdade pode ser substituída por
uma pena restritiva de direitos e multa ou por duas restritivas de direitos.
§ 3oSe o condenado for reincidente, o juiz poderá aplicar a substituição, desde que, em face de
condenação anterior, a medida seja socialmente recomendável e a reincidência não se tenha
operado em virtude da prática do mesmo crime.
§ 4o A pena restritiva de direitos converte-se em privativa de liberdade quando ocorrer o
descumprimento injustificado da restrição imposta. No cálculo da pena privativa de liberdade a
executar será deduzido o tempo cumprido da pena restritiva de direitos, respeitado o saldo mínimo de
trinta dias de detenção ou reclusão.
§ 5o Sobrevindo condenação a pena privativa de liberdade, por outro crime, o juiz da execução penal
decidirá sobre a conversão, podendo deixar de aplicá-la se for possível ao condenado cumprir a pena
substitutiva anterior.
A alternativa B está incorreta. O Código Penal e a Lei de Execução Penal não fazem qualquer restrição.
A alternativa C está incorreta. A pena de prestação pecuniária pode consistir em prestação de outra
natureza, com concordância da vítima, conforme dispõe o § 2 o do art. 45 do Código Penal:
Art. 45. Na aplicação da substituição prevista no artigo anterior, proceder-se-á na forma deste e dos
arts. 46, 47 e 48.
§ 2o No caso do parágrafo anterior, se houver aceitação do beneficiário, a prestação pecuniária pode
consistir em prestação de outra natureza.
A alternativa D está correta. A pena de prestação de serviço à comunidade pode ser cumprida em tempo
menor do que a pena privativa de liberdade substituída, se esta for superior a um ano, como determina o
art. 46, em seu § 4º do Código Penal:
Art. 46. A prestação de serviços à comunidade ou a entidades públicas é aplicável às condenações
superiores a seis meses de privação da liberdade.
§ 4o Se a pena substituída for superior a um ano, é facultado ao condenado cumprir a pena substitutiva
em menor tempo (art. 55), nunca inferior à metade da pena privativa de liberdade fixada.
A alternativa E está incorreta. A pena restritiva de direitos não pode ser cumulada com medida de
segurança, pois no Brasil vigora o sistema vicariante, sendo assim, não possível a imposição cumulativa ou
sucessiva de pena e medida de segurança.

Q14. FCC/DPE-AM/Defensor Público/2018


A progressão de regime de cumprimento de pena
a) ao regime aberto deve ser acompanhada de exame criminológico para aferição do prognóstico de
reincidência do condenado.

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b) requer o cumprimento de três quintos da pena para o reincidente específico no crime de roubo.
c) tem como data-base para segunda progressão a data da decisão judicial que concedeu a primeira,
conforme entendimento dos Tribunais Superiores.
d) composta por uma condenação por crime comum e outra por crime hediondo se dá com o
cumprimento de um sexto da pena da primeira mais dois quintos da segunda.
e) pode ficar condicionada à existência de vaga em regime prisional mais brando.
Comentários:
A alternativa A está incorreta. De acordo com o enunciado da Súmula 439 do STJ, o exame criminológico
não é obrigatório na progressão do regime. Vejamos:
Súmula 439
Admite-se o exame criminológico pelas peculiaridades do caso, desde que em decisão motivada.
A alternativa B está incorreta. Em regra, a progressão da pena depende do cumprimento de 1/6, além do
mérito do sentenciado.
A alternativa C está incorreta. O marco inicial para futuras progressões será a data em que o apenado
preencher os requisitos legais, conforme entendimento do STF e STJ. Vejamos um acórdão neste sentido:
PROCESSUAL PENAL. HABEAS CORPUS SUBSTITUTIVO DE RECURSO ESPECIAL. NÃO CABIMENTO.
EXECUÇÃO PENAL. PROGRESSÃO DE REGIME. DECISÃO DE NATUREZA DECLARATÓRIA.
ENTENDIMENTO DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. NOVA ORIENTAÇÃO DESTA CORTE SUPERIOR.
DATA-BASE PARA FUTURAS PROGRESSÕES. DATA NA QUAL IMPLEMENTADOS OS REQUISITOS
OBJETIVO E SUBJETIVO DO ART. 112 DA LEI DE EXECUÇÃO PENAL. ANÁLISE CASUÍSTICA PARA DEFINIR
O MOMENTO EM QUE PREENCHIDO O ÚLTIMO REQUISITO PENDENTE. HABEAS CORPUS NÃO
CONHECIDO.
(...)III - A Segunda Turma do Excelso Supremo Tribunal Federal, no julgamento do HC n. 115.254/SP, de
relatoria do e. Min. Gilmar Mendes, firmou entendimento de que a decisão que concede a progressão
de regime tem natureza declaratória, e não constitutiva, razão pela qual o marco inicial para futuras
progressões será a data em que o apenado preencher os requisitos legais, e não a do início da
reprimenda no regime anterior.
(...)(HC 414.156/SP, Rel. Ministro FELIX FISCHER, QUINTA TURMA, julgado em 21/11/2017, DJe
29/11/2017)
A alternativa D está correta. A regra geral é a exigência de 1/6 de pena cumprida. Quanto ao delito
hediondo, o art. 2º da Lei 8072/90 prevê:
Art. 2 § 2º - A progressão de regime, no caso dos condenados aos crimes previstos neste artigo, dar-
se-á após o cumprimento de 2/5 (dois quintos) da pena, se o apenado for primário, e de 3/5 (três
quintos), se reincidente.
A alternativa E está incorreta. A Súmula Vinculante nº 56 determina:
A falta de estabelecimento penal adequado não autoriza a manutenção do condenado em regime
prisional mais gravoso, devendo-se observar, nesta hipótese, os parâmetros fixados no Recurso
Extraordinário (RE) 641320.

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Q15. CESPE/DPE-PE/Defensor Público/2018


Em se tratando de regime aberto, a pena deverá ser cumprida em
a) casa de albergado.
b) penitenciária.
c) centro de observação.
d) colônia agrícola.
e) cadeia pública.
Comentários:
A alternativa A está correta. O artigo 33, caput e § 1º, do Código Penal prevê os regimes de cumprimento
de pena e o local de cumprimento:
Art. 33 - A pena de reclusão deve ser cumprida em regime fechado, semi-aberto ou aberto. A de
detenção, em regime semi-aberto, ou aberto, salvo necessidade de transferência a regime fechado.
§ 1º - Considera-se:
a) regime fechado a execução da pena em estabelecimento de segurança máxima ou média;
b) regime semi-aberto a execução da pena em colônia agrícola, industrial ou estabelecimento similar;
c) regime aberto a execução da pena em casa de albergado ou estabelecimento adequado.

Q16. CESPE/DPE-PE/Defensor Público/2018


Assinale a opção correta, a respeito das regras do regime fechado de cumprimento das penas
privativas de liberdade previstas na legislação vigente.
a) Em regra, o condenado a pena privativa de liberdade superior a quatro anos iniciará o seu
cumprimento no regime fechado.
b) A pena de reclusão deve ser cumprida exclusivamente em regime fechado.
c) A execução da pena em regime fechado deverá ocorrer exclusivamente em estabelecimento de
segurança máxima.
d) O condenado que cumpre pena no regime fechado pode ser autorizado a realizar trabalho externo
em serviços ou obras públicas.
e) O condenado que cumpre a pena no regime fechado deve ficar isolado durante o repouso noturno
e, durante o dia, deve trabalhar em colônia agrícola, industrial ou estabelecimento similar.
Comentários:
A alternativa A está incorreta. Em regra, o condenado a pena privativa de liberdade superior a 8 (oito) anos
iniciará o seu cumprimento no regime fechado, conforme dispõe o art. 33, § 2º, alínea a do Código Penal:

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Art. 33. § 2º - As penas privativas de liberdade deverão ser executadas em forma progressiva, segundo
o mérito do condenado, observados os seguintes critérios e ressalvadas as hipóteses de transferência
a regime mais rigoroso:
a) o condenado a pena superior a 8 (oito) anos deverá começar a cumpri-la em regime fechado;
A alternativa B está incorreta. A pena de reclusão deve ser cumprida em regime fechado, semi-aberto e
aberto, de acordo com o caput do art. 33 do Código Penal:
Art. 33 - A pena de reclusão deve ser cumprida em regime fechado, semi-aberto ou aberto. A de
detenção, em regime semi-aberto, ou aberto, salvo necessidade de transferência a regime fechado.
A alternativa C está incorreta. A execução da pena em regime fechado deverá ocorrer exclusivamente em
estabelecimento de segurança máxima ou médica, como preceitua o art. 33, § 1º, alínea a:
Art. 33. § 1º - Considera-se:
a) regime fechado a execução da pena em estabelecimento de segurança máxima ou média;
A alternativa D está correta. É o que dispõe o § 3º do art. 34 do Código Penal:
Art. 34. § 3º - O trabalho externo é admissível, no regime fechado, em serviços ou obras públicas.
A alternativa E está incorreta. O condenado que cumpre a pena no regime semiaberto, durante o dia, deve
trabalhar em colônia agrícola, industrial ou estabelecimento similar., como dispõe o art. 35,§ 1º,do Código
Penal:
Art. 35 - Aplica-se a norma do art. 34 deste Código, caput, ao condenado que inicie o cumprimento da
pena em regime semi-aberto.
§ 1º - O condenado fica sujeito a trabalho em comum durante o período diurno, em colônia agrícola,
industrial ou estabelecimento similar.

Q17. CESPE/PC-MA/Delegado de Polícia/2018


A respeito das teorias que tratam das funções da pena, assinale a opção correta.
a) A teoria correcionalista considera que a pena se esgota na ideia da retribuição como resposta ao
mal causado pelo autor do crime.
b) A teoria preventiva geral positiva considera que a pena tem a função de inibir comportamentos
antissociais e moldar comportamentos socialmente aceitos.
c) A teoria absoluta considera que a pena possui caráter retributivo, preventivo e ressocializador.
d) A teoria preventiva geral considera a pena como um meio para prevenir a reincidência do indivíduo.
e) A teoria preventiva especial considera a pena como um meio para intimidar os potenciais
praticantes de condutas delituosas.
Comentários:
A alternativa A está incorreta. A teoria correcionalista considera que a pena possui a finalidade de corrigir
o delinquente.

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A alternativa B está correta. Para a teoria preventiva geral positiva, a pena visa a demonstrar a todos a
eficácia da lei. Deste modo, as penas são a demonstração de que a norma é eficaz, por estar acompanhada
de uma sanção para o caso de seu descumprimento.
A alternativa C está incorreta. Segundo a teoria absoluta, a finalidade da pena é a punição do agente. A pena
representa a resposta do Estado para aquele que praticou uma infração penal. É a retribuição ou o castigo
que devem ser aplicados a quem violou a norma.
A alternativa D está incorreta. De acordo com a teoria preventiva geral, a pena deve coagir toda a sociedade,
psicologicamente, como também visa a demonstrar a todos a eficácia da lei.
A alternativa E está incorreta. Para a teoria preventiva especial, a pena busca evitar que o agente volte a
delinquir, bem como visa à ressocialização do agente.

Q18. CESPE/DPE-PE/Defensor Público/2018


André e Bruno, companheiros de cela em determinada penitenciária, são assistidos pela Defensoria
Pública do Estado de Pernambuco. André cumpre pena de seis anos por furto qualificado e tem como
antecedente criminal uma condenação de um ano e oito meses por crime culposo, já cumprida. Bruno,
por sua vez, cumpre pena de nove anos por tráfico de drogas e não possui antecedentes criminais.
Considerando essa situação hipotética, assinale a opção correta a respeito do livramento condicional
de André e Bruno.
a) Bruno não fará jus ao livramento condicional, uma vez que foi condenado por crime equiparado a
crime hediondo.
b) Caso André cometa falta grave no cumprimento da pena, o prazo para seu livramento condicional
será interrompido.
c) A concessão do benefício do livramento condicional a André dependerá de ele cumprir um terço da
pena e a Bruno de ele cumprir dois terços da pena.
d) Apesar de ser hipossuficiente, André será beneficiado com o livramento condicional somente se
reparar o dano causado em decorrência da prática do furto qualificado.
e)Por ser reincidente, André atenderá ao requisito temporal para o livramento condicional apenas
após ter cumprido metade da pena.
Comentários:
A alternativa A está incorreta. Bruno fará jus ao livramento condicional, mesmo com a condenação em crime
equiparado a hediondo, nos termos do art. 83, inciso V do Código Penal:
Art. 83 - O juiz poderá conceder livramento condicional ao condenado a pena privativa de liberdade
igual ou superior a 2 (dois) anos, desde que:
V - cumpridos mais de dois terços da pena, nos casos de condenação por crime hediondo, prática de
tortura, tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, tráfico de pessoas e terrorismo, se o apenado
não for reincidente específico em crimes dessa natureza.

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A alternativa B está incorreta. A prática de falta grave, no curso do cumprimento da pena privativa de
liberdade, não interrompe o prazo para obtenção do livramento condicional. Cuida-se de entendimento já
sumulado pelo STJ, referente ao enunciado nº 441:
A falta grave não interrompe o prazo para obtenção de livramento condicional.

A alternativa C está correta. Vale relembrar os requisitos por meio deste quadro:

Crime Situação do condenado Lapso temporal


para o LC

Comum Não reincidente em crime doloso 1/3


e portador de bons antecedentes

Reincidente em crime doloso 1/2

Hediondo Não reincidente específico 2/3

Equiparado (tráfico de drogas,


tortura e terrorismo)

Tráfico de pessoas

Hediondo Reincidente específico VEDADO

Equiparado (tráfico de drogas,


tortura e terrorismo)

Tráfico de pessoas

A banca, de um concurso da defensoria, considerou que, não sendo reincidente (não há informação
específica no enunciado), a ele deve ser aplicado o prazo de 1/3. Há divergências, pois o prazo de 1/3
menciona que o beneficiado deve ser “portador de bons antecedentes”.

A alternativa D está incorreta. Por ser hipossuficiente, André será beneficiado com o livramento condicional
mesmo se não reparar o dano causado em decorrência da prática do furto qualificado, se comprar a
impossibilidade de fazê-lo como determina o inciso IV do art. 83 do Código Penal:
Art. 83 - O juiz poderá conceder livramento condicional ao condenado a pena privativa de liberdade
igual ou superior a 2 (dois) anos, desde que:
IV - tenha reparado, salvo efetiva impossibilidade de fazê-lo, o dano causado pela infração;

A alternativa E está incorreta. André não é reincidente em delito doloso, portanto, atenderá ao requisito
temporal para o livramento condicional após ter cumprido um terço da pena. É o que define o art. 83, inciso
II do Código Penal:

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Art. 83 - O juiz poderá conceder livramento condicional ao condenado a pena privativa de liberdade
igual ou superior a 2 (dois) anos, desde que:
II - cumprida mais da metade se o condenado for reincidente em crime doloso;

Q19. CESPE/DPE-AL/Defensor Público/2017


Quanto às circunstâncias agravantes e às atenuantes, assinale a opção correta.
a) Constitui atenuante genérica o erro sobre a ilicitude do fato, embora o desconhecimento da lei seja
inescusável.
b) Inexiste, nas agravantes e atenuantes genéricas, previsão legal taxativa acerca do quantum a ser
aplicado, cabendo ao juiz defini-lo.
c) As circunstâncias agravantes incidem apenas sobre os crimes dolosos.
d) A circunstância atenuante referente à senilidade é definida pelo Estatuto do Idoso.
e) A clemência incide em circunstâncias anteriores à prática do crime, nas hipóteses previstas
expressamente no CP.
Comentários:
A alternativa A está incorreta. O erro sobre a ilicitude do fato constitui erro de proibição.
A alternativa B está correta. Na segunda fase da dosimetria, são consideradas as circunstâncias agravantes
e atenuantes. Neste caso, também não há a fixação de uma fração, pela lei, para a diminuição ou o aumento
da pena, sendo que a jurisprudência aponta como utilizável fração de 1/6 (um sexto).
A alternativa C está incorreta. A reincidência, por exemplo, incide sobre os crimes culposos como
circunstância agravante.
A alternativa D está incorreta. A circunstância atenuante referente à senilidade é definida pelo Código Penal,
no art. 65, inciso I:
Art. 65 - São circunstâncias que sempre atenuam a pena:
I - ser o agente menor de 21 (vinte e um), na data do fato, ou maior de 70 (setenta) anos, na data da
sentença;
A alternativa E está incorreta. A clemência, ou atenuante genérica, incide em circunstâncias anteriores e
posteriores à prática do crime, não havendo hipóteses previstas em lei.
Art. 66 - A pena poderá ser ainda atenuada em razão de circunstância relevante, anterior ou posterior
ao crime, embora não prevista expressamente em lei.

Q20. CESPE/DPE-AL/Defensor Público/2017


Celso, réu primário, condenado definitivamente por homicídio qualificado, conseguiu livramento
condicional. Durante o cumprimento do livramento condicional, ele foi condenado novamente pelo
crime de roubo, o qual havia sido praticado antes da vigência do benefício.

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A respeito dessa situação hipotética, assinale a opção correta.


a) A situação de Celso enseja prorrogação imediata do período de prova do livramento condicional.
b) O livramento condicional não poderá ser novamente concedido a Celso, em razão da reincidência
específica em crimes dolosos.
c) As penas de Celso devem somar-se, para efeito do livramento, quando ocorrer o trânsito em julgado
da sentença condenatória.
d) O período em que Celso ficou em liberdade não será computado na pena.
e) A nova condenação de Celso, independentemente do trânsito em julgado da sentença, resulta na
revogação imediata do benefício de livramento condicional.
Comentários:
A alternativa A está incorreta. A situação de Celso enseja a revogação do livramento condicional, conforme
determina o art. 86, inciso II do Código Penal:
Art. 86 - Revoga-se o livramento, se o liberado vem a ser condenado a pena privativa de liberdade, em
sentença irrecorrível:
II - por crime anterior, observado o disposto no art. 84 deste Código.
A alternativa B está incorreta. O livramento condicional pode ser novamente concedido a Celso, de acordo
com o art. 141 da Lei de Execução Penal, que dispõe:
Art. 141. Se a revogação for motivada por infração penal anterior à vigência do livramento, computar-
se-á como tempo de cumprimento da pena o período de prova, sendo permitida, para a concessão de
novo livramento, a soma do tempo das 2 (duas) penas.
A alternativa C está correta. Somam-se as penas para efeito do livramento, conforme art. 84 do Código
Penal:
Art. 84 - As penas que correspondem a infrações diversas devem somar-se para efeito do livramento.
A alternativa D está incorreta. O período em que Celso ficou em liberdade será computado na pena. É o que
dispõe o art. 84 do Código Penal:
Art. 88 - Revogado o livramento, não poderá ser novamente concedido, e, salvo quando a revogação
resulta de condenação por outro crime anterior àquele benefício, não se desconta na pena o tempo
em que esteve solto o condenado.
A alternativa E está incorreta. A nova condenação de Celso, independentemente do trânsito em julgado da
sentença, não resulta na revogação imediata do benefício de livramento condicional. Dispõe o art. 86, caput
do Código Penal que a revogação do livramento ocorre se o liberado vem a ser condenado em sentença
irrecorrível. Vejamos:
Art. 86 - Revoga-se o livramento, se o liberado vem a ser condenado a pena privativa de liberdade, em
sentença irrecorrível:

Q21. FCC/PC-AC/Delegado de Polícia/2017


Segundo o regime do livramento condicional,

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a) a notícia da prática de infração penal implica imediata revogação do livramento condicional.


b) será julgada extinta a pena privativa de liberdade, se expirar o prazo do livramento sem revogação.
c) é vedada a concessão do livramento condicional para o preso que não gozou de 5 saídas temporárias
ao longo da execução da pena.
d) é incabível para pessoas condenadas por crime hediondo ou cometidos com violência ou grave
ameaça contra a pessoa.
e) o livramento condicional é direito subjetivo do sentenciado que cumprir um sexto da pena e
apresentar bom comportamento carcerário.
Comentários:
A alternativa A está incorreta. A notícia da prática de infração penal não implica na revogação do livramento
condicional, mas sim a condenação transitada em julgado, de acordo com termos do art. 86 do Código Penal:
Art. 86 - Revoga-se o livramento, se o liberado vem a ser condenado a pena privativa de liberdade, em
sentença irrecorrível:
I - por crime cometido durante a vigência do benefício;
II - por crime anterior, observado o disposto no art. 84 deste Código.
A alternativa B está correta. A alternativa refere-se aos exatos termos do art. 90 do Código Penal:
Art. 90 - Se até o seu término o livramento não é revogado, considera-se extinta a pena privativa de
liberdade.
A alternativa C está incorreta. Não existe nenhuma condição do livramento condicional a saídas
temporárias.
A alternativa D está incorreta. O livramento condicional é cabível para pessoas condenadas por crime
hediondo ou cometidos com violência ou grave ameaça contra a pessoa, conforme prevê o art 83, inciso V
do Código Penal:
Art. 83 - O juiz poderá conceder livramento condicional ao condenado a pena privativa de liberdade
igual ou superior a 2 (dois) anos, desde que:
V - cumpridos mais de dois terços da pena, nos casos de condenação por crime hediondo, prática de
tortura, tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, tráfico de pessoas e terrorismo, se o apenado
não for reincidente específico em crimes dessa natureza.
A alternativa E está incorreta. Livramento condicional é o benefício que consiste na soltura antecipada do
executado, mediante o preenchimento de determinadas condições. No caso de réu não reincidente em
crime doloso e bons antecedentes, o lapso é de um terço. Na hipótese de condenado que seja reincidente
em crime doloso, a fração é de metade da pena. Por fim, no caso de condenados por crime hediondo ou
equiparado (tráfico de drogas, tortura e terrorismo) e de tráfico de pessoas, a fração é de dois terços, desde
que não seja reincidente específico.

Q22. FAPEMS/PC-MS/Delegado de Polícia/2017


Considere o seguinte relato.

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Ricardo foi preso em flagrante por crime de estelionato em fevereiro de 2005 em Corumbá-MS, sendo
definitivamente condenado, dois meses depois, à pena de reclusão de dois anos. Cumprida a
condenação, resolveu ir ao Paraguai visando a novas oportunidades. Porém, desempregado, voltou a
delinquir em solo estrangeiro, sendo condenado no mês de setembro de 2008 à pena de três anos por
crime de roubo. Em janeiro de 2009, enquanto aguardava em liberdade o julgamento de seu recurso,
fugiu para a cidade de Ponta Porã-MS, fixando residência. Nesta cidade, trabalhou como garçom no
"Bar da Cana" até março de 2012, quando foi preso pela Polícia Militar por utilizar o local como ponto
de venda de drogas. Na sentença pelo crime de tráfico de drogas (artigo 33, da Lei n° 11.343/2006), o
julgador agravou a pena de Ricardo por considerá-lo reincidente.
Quanto à decisão, assinale a alternativa correta.
a) O sentenciante se equivocou ao considerar o réu reincidente, pois, quanto ao primeiro crime,
ignorou o período de detração penal.
b) O sentenciante agravou corretamente a pena, pois o prazo de cessação da reincidência ocorre
apenas cinco anos após o cumprimento da pena e, neste caso, sucederia no mês de abril de 2012.
c) O sentenciante se equivocou, pois, para fins de reincidência, não se considera uma infração anterior
quando praticada fora do território nacional.
d) O sentenciante sopesou corretamente a agravante, pois entre as datas de prática do segundo e do
terceiro crimes, não decorreu um período de tempo superior a cinco anos.
e) O sentenciante se equivocou quanto à reincidência, pois, entre as datas de prática do primeiro e do
último crime, decorreu período de tempo superior a cinco anos.
Comentários:
Como vimos em aula, a reincidência está regulada no artigo 64 do Código Penal:
Art. 64 - Para efeito de reincidência:
I - não prevalece a condenação anterior, se entre a data do cumprimento ou extinção da pena e a
infração posterior tiver decorrido período de tempo superior a 5 (cinco) anos, computado o período de
prova da suspensão ou do livramento condicional, se não ocorrer revogação;
II - não se consideram os crimes militares próprios e políticos.
Portanto, a condenação por ato anterior deixa de ensejar a reincidência após o decurso do prazo depurador
a partir do cumprimento ou da extinção da pena, sendo que devem ser computados os períodos de prova
da suspensão condicional da pena ou do livramento condicional, caso os benefícios não tenham sido
revogados. O prazo é de um lustro, ou seja, de 5 anos. Após o transcurso de referido interregno, a
condenação anterior não poderá mais ser considerada para reconhecimento da reincidência.
No que se refere ao primeiro crime, a condenação ocorreu em abril de 2005 e a data do cumprimento da
pena ocorreu em abril de 2007, assim, o prazo depurador se encerraria em abril de 2012. Porém, como
Ricardo praticou novo crime em março de 2012, o juiz poderia considerá-lo reincidente.
Com relação ao roubo, apenas para explicar, não poderia ser utilizado para reconhecimento da reincidência,
por não haver trânsito em julgado.
Portanto, a alternativa B está correta.

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Q23. FAPEMS/PC-MS/Delegado de Polícia/2017


No que diz respeito ao sistema de aplicação da pena, assinale a alternativa correta.
a) No caso de condenado reincidente em crime doloso, porém com as circunstâncias do artigo 59 do
Código Penal inteiramente favoráveis, a pena-base pode ser aplicada no mínimo legal.
b) A qualificadora da torpeza no crime de homicídio (CP, artigo 121, § 2°, inciso I) determina a
majoração do quantum de pena privativa de liberdade na terceira fase da dosimetria.
c) O início do cumprimento de pena privativa por condenação pelo crime de homicídio culposo na
direção de veículo automotor (artigo 302 da Lei n° 9.503/1997) sempre será no regime fechado em
razão da gravidade da conduta em relação ao bem jurídico protegido penalmente.
d) Sendo as circunstâncias judiciais favoráveis, admite-se a fixação do regime inicial aberto para o
condenado reincidente, quando a pena fixada na sentença é igual ou inferior a quatro anos.
e) Na sentença condenatória por crime de estelionato (CP, artigo 171, caput), a pena aplicada em um
ano de prisão pode ser substituída por duas penas restritivas de direitos, desde que presentes os
requisitos previstos no artigo 44 do Código Penal.
Comentários:
A alternativa A está correta. Somente na segunda fase da individualização da pena, o magistrado deve
reconhecer a reincidência como circunstância agravante. É o que dispõe o art. 61, inciso I do Código Penal:
Art. 61 - São circunstâncias que sempre agravam a pena, quando não constituem ou qualificam o
crime:
I - a reincidência;
A alternativa B está incorreta. Na primeira fase da dosimetria, parte-se da pena mínima abstratamente
cominada ao delito, seja do tipo simples ou do qualificado. Se o fato se subsumir no tipo qualificado, é o
limite mínimo previsto para a qualificadora que será considerado. Desta forma, a qualificadora da torpeza
no crime de homicídio (CP, artigo 121, § 2°, inciso I) determina a fixação da pena base, impondo limites
mínimo e máximo.
A alternativa C está incorreta. A pena privativa prevista por condenação pelo crime de homicídio culposo
na direção de veículo é de no máximo quatro anos, razão pela qual o início de cumprimento da pena não
será no regime fechado. Relembrando, para a fixação do regime inicial fechado de cumprimento de pena, o
juiz deverá observar o regramento do artigo 33, § 2º:
Art. 33 § 2º - As penas privativas de liberdade deverão ser executadas em forma progressiva, segundo
o mérito do condenado, observados os seguintes critérios e ressalvadas as hipóteses de transferência
a regime mais rigoroso:
2º - As penas privativas de liberdade deverão ser executadas em forma progressiva, segundo o mérito
do condenado, observados os seguintes critérios e ressalvadas as hipóteses de transferência a regime
mais rigoroso:
a) o condenado a pena superior a 8 (oito) anos deverá começar a cumpri-la em regime fechado;
A alternativa D está incorreta. Sendo as circunstâncias judiciais favoráveis, admite-se a fixação do regime
inicial aberto para o condenado não reincidente, quando a pena fixada na sentença é igual ou inferior a
quatro anos, conforme dispõe o art. 33, § 2º, alínea c:

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Art. 33 § 2º - As penas privativas de liberdade deverão ser executadas em forma progressiva, segundo
o mérito do condenado, observados os seguintes critérios e ressalvadas as hipóteses de transferência
a regime mais rigoroso:
2º - As penas privativas de liberdade deverão ser executadas em forma progressiva, segundo o mérito
do condenado, observados os seguintes critérios e ressalvadas as hipóteses de transferência a regime
mais rigoroso:
c) o condenado não reincidente, cuja pena seja igual ou inferior a 4 (quatro) anos, poderá, desde o
início, cumpri-la em regime aberto.
A alternativa E está incorreta. Neste caso, a pena de um ano de prisão pode ser substituída por uma pena
restritiva de direitos, nos termos do artigo 44, § 1º, do CP:
§ 2o Na condenação igual ou inferior a um ano, a substituição pode ser feita por multa ou por uma
pena restritiva de direitos; se superior a um ano, a pena privativa de liberdade pode ser substituída
por uma pena restritiva de direitos e multa ou por duas restritivas de direitos

Q24. MPE-SP/MPE-SP/Promotor de Justiça/2017


A prática de lesão corporal de natureza leve por condutor de veículo automotor, reincidente por crime
doloso, pode gerar condenação, cuja pena deverá ser
a) privativa de liberdade, aumentada de um a dois terços.
b) privativa de liberdade e de suspensão da habilitação para a condução de veículo automotor.
c) privativa de liberdade, além de multa e perda da permissão para a condução de veículo automotor.
d) pecuniária, com a perda da habilitação para a condução de veículo automotor.
e) restritiva de direitos, multa e perda da permissão para a condução de veículo automotor.
Comentários
A pena prevista para o crime de lesão corporal culposa praticada na direção de é de detenção de seis meses
a dois anos e de suspensão ou proibição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo
automotor. Não seria possível a substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos, uma
vez que o agente não pode ser reincidente em crime doloso, como dispõe o art. 44, inciso II do Código Penal:
Art. 44. As penas restritivas de direitos são autônomas e substituem as privativas de liberdade, quando:
I – aplicada pena privativa de liberdade não superior a quatro anos e o crime não for cometido com
violência ou grave ameaça à pessoa ou, qualquer que seja a pena aplicada, se o crime for culposo;
II – o réu não for reincidente em crime doloso;
III – a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a personalidade do condenado, bem como os
motivos e as circunstâncias indicarem que essa substituição seja suficiente.
Portanto, a alternativa B está correta.

Q25. VUNESP/TJ-SP/Juiz de Direito/2017

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No que concerne às penas restritivas de direitos, é correto afirmar que


a) a prestação pecuniária consiste no pagamento à vítima, a seus dependentes ou a entidade pública
ou privada com destinação social, de importância não inferior a 10 (dez) nem superior a 360 (trezentos
e sessenta) dias-multa.
b) a interdição temporária de direitos, nos crimes ambientais, pode consistir em proibição de
participar de licitações, pelo prazo de 5 (cinco) anos, no caso de crimes dolosos, e de 3 (três) anos, no
de crimes culposos.
c) são autônomas e substituem as privativas de liberdade quando, entre outros requisitos legais, o réu
não for reincidente em crime doloso, a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e
personalidade do agente, bem como os motivos e circunstâncias autorizarem a concessão do
benefício, e não for indicada ou cabível a suspensão condicional da pena.
d) a prestação de serviços à comunidade ou a entidades públicas é aplicável a qualquer condenação a
privação de liberdade, facultado ao condenado cumprir a pena em menor tempo, nunca inferior à
metade da sanção corporal imposta.
Comentários:
A alternativa A está incorreta. A prestação pecuniária não deve ser inferior a 1 (um) nem superior a 360
(trezentos e sessenta), salários mínimos, na forma do art. 45 § 1º do Código Penal:
Art. 45. Na aplicação da substituição prevista no artigo anterior, proceder-se-á na forma deste e dos
arts. 46, 47 e 48.
§ 1o A prestação pecuniária consiste no pagamento em dinheiro à vítima, a seus dependentes ou a
entidade pública ou privada com destinação social, de importância fixada pelo juiz, não inferior a 1
(um) salário mínimo nem superior a 360 (trezentos e sessenta) salários mínimos. O valor pago será
deduzido do montante de eventual condenação em ação de reparação civil, se coincidentes os
beneficiários.
A alternativa B está correta. A interdição temporária de direitos, nos crimes ambientais, pode consistir em
proibição de participar de licitações, pelo prazo de 5 (cinco) anos, no caso de crimes dolosos, e de 3 (três)
anos, no de crimes culposos, nos termos do art. 10 da Lei 9.605:
Art. 10. As penas de interdição temporária de direito são a proibição de o condenado contratar com o
Poder Público, de receber incentivos fiscais ou quaisquer outros benefícios, bem como de participar de
licitações, pelo prazo de cinco anos, no caso de crimes dolosos, e de três anos, no de crimes culposos.
Cuida-se de matéria a ser vista na legislação penal extravagante.
A alternativa C está incorreta. São autônomas e substituem as privativas de liberdade obedecidos os
requisitos legais. O réu reincidente em crime doloso pode ser beneficiado com substituição da pena, nos
termos do art. 44, § 3º do Código Penal. Ademais, não existe previsão de suspensão condicional da pena
relacionada à substituição de pena restritiva de liberdade por penas restritivas de direitos.
A alternativa D está incorreta. A prestação de serviços à comunidade ou a entidades públicas é aplicável
condenação superiores a 06 meses de pena privativa de liberdade, nos termos do art. 46 do Código Penal:
Art. 46. A prestação de serviços à comunidade ou a entidades públicas é aplicável às condenações
superiores a seis meses de privação da liberdade.

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Q26. VUNESP/TJ-SP/Juiz de Direito/2017


No tocante às penas privativas de liberdade, é correto afirmar que
a) o condenado por crime hediondo ou assemelhado, independentemente da data de cometimento
da infração, só poderá obter a progressão de regime após o cumprimento de 2/5 (dois quintos) da
pena, se primário, admitindo-se a determinação de exame criminológico, desde que em decisão
motivada.
b) o benefício de saída temporária no âmbito da execução penal, cabível para os condenados que
cumprem pena em regime fechado ou semiaberto, é ato jurisdicional insuscetível de delegação à
autoridade administrativa do estabelecimento prisional.
c) o reconhecimento de falta grave decorrente do cometimento de fato definido como crime doloso
no cumprimento da pena prescinde do trânsito em julgado da sentença penal condenatória no
processo penal instaurado para apuração do fato e interrompe a contagem do prazo para a progressão
de regime, o qual se reinicia a partir da decisão judicial que identificar a infração.
d) é admissível a adoção do regime prisional fechado aos reincidentes condenados a pena igual ou
inferior a 4 (quatro) anos de reclusão, se desfavoráveis as circunstâncias judiciais, bem como vedado
o estabelecimento de regime prisional mais gravoso do que o cabível em razão da sanção imposta,
com base apenas na gravidade abstrata do delito, se fixada a pena-base no mínimo legal.
Comentários:
A alternativa A está incorreta. Apenas para os delitos hediondos e equiparados cometidos a partir de 28 de
março de 2007, a progressão de regime deve ocorrer nos termos da nova redação do artigo 2, §2º da Lei
8.072/90, dada pela Lei 11.464/2007. Isto porque, ao instituir um regime mais gravoso, a lei não pode
retroagir, pois prevê lapsos temporais maiores que os da regra geral (um sexto).
A alternativa B está incorreta. O benefício de saída temporária no âmbito da execução penal é cabível
apenas para os condenados que cumprem pena em regime semiaberto, nos termos do caput do art. 122 da
Lei de Execução Penal:
Art. 122. Os condenados que cumprem pena em regime semi-aberto poderão obter autorização para
saída temporária do estabelecimento, sem vigilância direta, nos seguintes casos: (...)
A alternativa C está incorreta. De acordo com a Súmula 534 do STJ, a falta grave interrompe o prazo exigido
para obtenção da progressão de regime e a data-base para a contagem do novo período aquisitivo é a do
cometimento da última infração disciplinar grave, computado do período restante de pena a ser cumprido.
Vejamos:
Súmula 534 - A prática de falta grave interrompe a contagem do prazo para a progressão de regime
de cumprimento de pena, o qual se reinicia a partir do cometimento dessa infração.
A alternativa D está correta. É admissível a adoção do regime prisional fechado, nestes casos, pois, se a pena
for igual ou inferior a quatro anos, mesmo sendo reincidente, pode ser aplicado regime semiaberto se as
circunstâncias judiciais forem favoráveis, nos termos do enunciado da Súmula nº 269 do STJ:
É admissível a adoção do regime prisional semi-aberto aos reincidentes condenados a pena igual ou
inferior a quatro anos se favoráveis as circunstâncias judicias.

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É vedado o estabelecimento de regime prisional mais gravoso do que o cabível em razão da sanção imposta,
com base apenas na gravidade abstrata do delito, se fixada a pena-base no mínimo legal, conforme o
enunciado da Súmula nº 440 do STJ:
Súmula 440 - Fixada a pena-base no mínimo legal, é vedado o estabelecimento de regime prisional
mais gravoso do que o cabível em razão da sanção imposta, com base apenas na gravidade abstrata
do delito.

Q27. CESPE/MPE-RR/Promotor de Justiça/2017


Assinale a opção correta a respeito da dosimetria da pena segundo o entendimento do STJ.
a) É possível a aplicação de pena inferior à mínima na segunda fase da dosimetria da pena.
b) Apenas à confissão qualificada se impõe a incidência de atenuante na segunda fase da dosimetria
da pena.
c) Natureza e quantidade de droga não podem ser utilizadas, concomitantemente, na primeira e na
terceira fase da dosimetria da pena, sob pena de bis in idem.
d) Não se admite compensação da atenuante da confissão espontânea com a agravante da
reincidência.
Comentários:
A alternativa A está incorreta. Na segunda fase, parte-se da pena intermediária para a estipulação da pena
intermediária. Esta deve observar a adstrição aos limites mínimo e máximo da sanção abstratamente
cominada ao delito. É o que determina a Súmula 231 do Superior Tribunal de Justiça:
A incidência da circunstância atenuante não pode conduzir à redução da pena abaixo do mínimo legal.
A alternativa B está incorreta. Quando a confissão espontânea for utilizada para a formação do
convencimento do julgador, o réu fará jus à atenuante prevista no artigo 65, III, d, do Código Penal. O STJ
possui enunciado a respeito, a Súmula 545:
Quando a confissão for utilizada para a formação do convencimento do julgador, o réu fará jus à
atenuante prevista no artigo 65, III, d, do Código Penal.
Para deixar mais claro, ainda que a confissão seja parcial, se o juiz fundamentar a condenação com base
nela, o indivíduo fará jus à incidência da atenuante. De igual forma, se o agente posteriormente se retratar
e, mesmo assim, for um dos elementos utilizados na sentença. Portanto, a confissão espontânea realizada
perante a autoridade policial pode atenuar a pena, ainda que o agente se retrate perante o juiz, desde que
este a utilize como elemento de convencimento para a condenação. É o que decidiu recentemente o STJ:
“(...) 4. A Jurisprudência deste Tribunal Superior firmou-se no sentido de que incide a atenuante
prevista no art. 65, III, "d", quando a confissão do acusado, ainda que retratada ou parcial, seja
utilizada para fundamentar a sua condenação, como ocorreu no caso em apreço. Súmula 545 do STJ.
(...)” (STJ, HC 433722/SP, Rel. Min. Ribeiro Dantas, Quinta Turma, DJe 22/05/2018).
A alternativa C está correta. Vejamos o entendimento do STJ:
HABEAS CORPUS SUBSTITUTO DE RECURSO PRÓPRIO. INADEQUAÇÃO DA VIA ELEITA. TRÁFICO ILÍCITO
DE ENTORPECENTES. ART. 33, CAPUT, DA LEI 11.343/2006. ALEGAÇÃO DE BIS IN IDEM. OCORRÊNCIA.

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Aula 09

QUANTIDADE DA DROGA UTILIZADA PARA AFASTAR A PENA-BASE DO MÍNIMO LEGAL E, NOVAMENTE,


NA TERCEIRA FASE DA DOSIMETRIA, PARA FUNDAMENTAR A ESCOLHA DA FRAÇÃO REDUTORA
PREVISTA NO § 4º DO ART. 33 DA LEI 11.343/2006. ATENUANTE DA MENORIDADE. REDUÇÃO DA PENA
EM 6 MESES SEM FUNDAMENTAÇÃO IDÔNEA. CONSTRANGIMENTO ILEGAL EVIDENCIADO. REGIME
PRISIONAL FECHADO E NEGATIVA DE SUBSTITUIÇÃO DA PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE POR
RESTRITIVA DE DIREITOS. HEDIONDEZ E GRAVIDADE EM ABSTRATO DO DELITO. IMPOSSIBILIDADE DE
UTILIZAÇÃO DOS REFERIDOS FUNDAMENTOS. HABEAS CORPUS NÃO CONHECIDO. ORDEM
CONCEDIDA DE OFÍCIO.(...)2. Esta Corte Superior, na esteira do entendimento firmado pelo Supremo
Tribunal Federal em sede de repercussão geral (ARE 666.334/MG, Rel. Min. GILMAR MENDES, DJ
6/5/2014), pacificou entendimento de que a natureza e a quantidade da droga não podem ser
utilizadas, concomitantemente, na primeira e na terceira fase da dosimetria da pena, sob pena de bis
in idem.(...)(HC 305.627/SC, Rel. Ministro REYNALDO SOARES DA FONSECA, QUINTA TURMA, julgado
em 10/12/2015, DJe 16/12/2015)
A alternativa D está incorreta. O STJ pacificou, no âmbito da própria Corte, que a compensação é possível,
ao julgar recurso especial representativo da controvérsia:
RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DA CONTROVÉRSIA (ART. 543-C DO CPC). PENAL. DOSIMETRIA.
CONFISSÃO ESPONTÂNEA E REINCIDÊNCIA. COMPENSAÇÃO. POSSIBILIDADE. 1. É possível, na segunda
fase da dosimetria da pena, a compensação da atenuante da confissão espontânea com a agravante
da reincidência. 2. Recurso especial provido. (REsp 1341370/MT, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, 3ª
Seção, DJe 17/04/2013)

Q28. FUNDEP/MPE-MG/Promotor de Justiça/2017


Quanto à fixação da pena, é CORRETO afirmar:
a) Que, se for reincidente o condenado a quem se imponha reclusão de até 4 (quatro) anos, o juiz
fixará na sentença o regime fechado para início do cumprimento da pena.
b) Embora prepondere na doutrina o entendimento de que apenas a agravante genérica da
reincidência se aplica aos crimes culposos, já admitiu o Supremo Tribunal Federal, como tal, em crime
culposo, o motivo torpe.
c) Que, no concurso de duas ou mais causas de aumento ou de diminuição, promoverá o juiz, em
qualquer caso, a incidência de uma só, recaindo a escolha, que é da lei, sobre a que mais aumente ou
mais diminua.
d) Que, para a incidência da atenuante da clemência, é imprescindível que não tenha sido reconhecida
a configuração de qualquer outra expressamente prevista em lei.
Comentários:
A alternativa A está incorreta. Se for reincidente o condenado a quem se imponha reclusão de até 4 (quatro)
anos, o juiz fixará na sentença o regime fechado para início do cumprimento da pena, ou o regime
semiaberto, se favoráveis as circunstâncias judicias, nos termos do enunciado da Súmula nº 269 do STJ:
É admissível a adoção do regime prisional semi-aberto aos reincidentes condenados a pena igual ou
inferior a quatro anos se favoráveis as circunstâncias judicias.

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A alternativa B está correta. O Supremo Tribunal Federal firmou o entendimento no julgamento do caso
Bateau Mouche:
E M E N T A: (...) 2. Não obstante a corrente afirmação apodítica em contrário, além da reincidência,
outras circunstancias agravantes podem incidir na hipótese de crime culposo: assim, as atinentes ao
motivo, quando referidas a valoração da conduta, a qual, também nos delitos culposos, e voluntaria,
independentemente da não voluntariedade do resultado: admissibilidade, no caso, da afirmação do
motivo torpe - a obtenção de lucro fácil -, que, segundo o acórdão condenatório, teria induzido os
agentes ao comportamento imprudente e negligente de que resultou o sinistro. (...) (HC 70362,
Relator(a): Min. SEPÚLVEDA PERTENCE, Primeira Turma, julgado em 05/10/1993, DJ 12-04-1996 PP-
11072 EMENT VOL-01823-01 PP-00097 RTJ VOL-00159-01 PP-00132)
A alternativa C está incorreta. No concurso de duas ou mais causas de aumento ou de diminuição previstas
na Parte Especial, promoverá o juiz, a incidência de só um aumento ou de uma só diminuição, prevalecendo
a que mais aumente ou mais diminua. Não ocorre isso, portanto, “em qualquer caso”. Esta escolha será feita
pelo juiz da causa, nos termos do parágrafo único do art. 68 do Código Penal:
Art. 68 - A pena-base será fixada atendendo-se ao critério do art. 59 deste Código; em seguida serão
consideradas as circunstâncias atenuantes e agravantes; por último, as causas de diminuição e de
aumento.
Parágrafo único - No concurso de causas de aumento ou de diminuição previstas na parte especial,
pode o juiz limitar-se a um só aumento ou a uma só diminuição, prevalecendo, todavia, a causa que
mais aumente ou diminua.
A alternativa D está incorreta. De acordo com o entendimento do STJ, a denominada atenuante da
clemência, prevista no art. 66 do Código Penal, que não está especificada em lei, podendo ser qualquer
circunstância relevante, anterior ou posterior ao crime, pode ser aplicada de forma cumulativa, por
exemplo, com a atenuante da confissão espontânea, de acordo com o entendimento do STJ. Vejamos:
RECURSO ESPECIAL. PENAL. PROCESSO PENAL. ATENUANTES. CONFISSÃO ESPONTÂNEA. INOMINADA.
APLICAÇÃO. POSSIBILIDADE. BIS IN IDEM.INOCORRÊNCIA. “Admissível a aplicação cumulativa, da
atenuante da confissão espontânea com uma atenuante inominada, desde que por motivos distintos,
a critério subjetivo do órgão julgador." Reduções com fundamentações distintas. Descaracterizado,
assim, o alegado bis in idem, Recurso conhecido, mas desprovido. (REsp 303.073/DF, Rel. Ministro JOSÉ
ARNALDO DA FONSECA, QUINTA TURMA, julgado em 13/05/2003, DJ 09/06/2003, p. 285)

Q29. MPE-PR/MPE-PR/Promotor de Justiça/2016


Em tema de fixação da pena base, assinale a alternativa incorreta:
a) Leva-se em consideração os antecedentes criminais do agente, que, em razão da aplicação do
princípio da inocência, são considerados apenas as condenações por crimes a penas privativas de
liberdade, posteriores ao fato que está sendo julgado;
b) Leva-se em consideração a culpabilidade, entendida como o grau de reprovabilidade da conduta do
agente;
c) Leva-se em consideração a conduta social, que se refere ao histórico da vida social do condenado;

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d) Leva-se em consideração as consequências do crime, sempre excluindo-se aquelas que são as


próprias de cada delito;
e) Leva-se em consideração as circunstâncias do crime, as quais não podem coincidir com as
circunstâncias agravantes e atenuantes.
Comentários:
A alternativa A está incorreta e é o gabarito. Leva-se em consideração os antecedentes criminais do agente,
que, em razão da aplicação do princípio da inocência, são considerados apenas as condenações por crimes
a penas privativas de liberdade, anteriores ao fato que está sendo julgado. Relembrando o que vimos na
aula, os fatos delitivos que podem ser considerados como maus antecedentes são os seguintes:
• Condenação anterior, após o lustro (5 anos) desde o cumprimento ou extinção da pena.
• Condenação por fato praticado anteriormente, cujo trânsito em julgado ocorreu entre o novo
fato e a data da sentença.
• Condenação anterior por crimes militares próprios ou políticos.
• Condenação anterior, dentro do período que gera reincidência, se já houver outra
condenação com este efeito.

Q30. MPE-PR/MPE-PR/Promotor de Justiça/2016


Considerando o entendimento sumulado dos Tribunais Superiores, analise as assertivas abaixo e
indique a alternativa:
I - A opinião do julgador sobre a gravidade em abstrato do crime não constitui motivação idônea para
a imposição de regime mais severo do que o permitido segundo a pena aplicada.
II - Cominadas cumulativamente, em lei especial, penas privativas de liberdade e pecuniária, é defeso
a substituição da prisão por multa.
III - É admissível a adoção do regime prisional semiaberto aos reincidentes condenados a pena igual
ou inferior a quatro anos se favoráveis as circunstâncias judiciais.
IV - Fixada a pena-base no mínimo legal, é vedado o estabelecimento de regime prisional mais gravoso
do que o cabível em razão da sanção imposta, com base apenas na gravidade abstrata do delito.
a) Todas as assertivas estão corretas;
b) Apenas as assertivas I e III estão incorretas;
c) Apenas as assertivas I, II e IV estão corretas;
d) Apenas a assertiva II está incorreta;
e) Apenas as assertivas I e III estão corretas.
Comentários:
O item I está correto. É o que dispõe a Súmula 718 do STJ:
A opinião do julgador sobre a gravidade em abstrato do crime não constitui motivação idônea para a
imposição de regime mais severo do que o permitido segundo a pena aplicada.
O item II está correto. É o que dispõe a Súmula 171 do STJ:

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Cominadas cumulativamente, em lei especial, penas privativa de liberdade e pecuniária, é defeso a


substituição da prisão por multa.
O item III está correto. É o que dispõe a Súmula 269 do STJ:
É admissível a adoção do regime prisional semi-aberto aos reincidentes condenados a pena igual ou
inferior a quatro anos se favoráveis as circunstâncias judiciais.
O item IV está correto. É o que dispõe a Súmula 440 do STJ:
Súmula 440 - Fixada a pena-base no mínimo legal, é vedado o estabelecimento de regime prisional
mais gravoso do que o cabível em razão da sanção imposta, com base apenas na gravidade abstrata
do delito.
Portanto, a alternativa A está correta.

Q31. CESPE/MPE-SC/MPE-SC/2016
Em relação à dosimetria, segundo consta no entendimento da Súmula 443 do Superior Tribunal de
Justiça, o aumento na terceira fase de aplicação da pena no crime de roubo circunstanciado não exige
fundamentação efetiva, sendo suficiente para sua exasperação a indicação da quantidade de
majorantes.
o Certo
o Errado
Comentários:
A assertiva está errada. O aumento na terceira fase de aplicação da pena no crime de roubo circunstanciado
exige fundamentação efetiva. Este é o entendimento consolidado por meio Súmula 443 do STJ:
O aumento na terceira fase de aplicação da pena no crime de roubo circunstanciado exige
fundamentação concreta, não sendo suficiente para a sua exasperação a mera indicação do número
de majorantes.

Q32. CESPE/MPE-SC/MPE-SC/2016
A Súmula Vinculante 26 do Supremo Tribunal Federal, dispõe que para efeito de livramento
condicional no cumprimento de pena por crime hediondo, ou equiparado, o juízo da execução
observará a inconstitucionalidade do art. 2º da Lei n. 8.072/90 (Crimes Hediondos), sem prejuízo de
avaliar se o condenado preenche, ou não, os requisitos objetivos e subjetivos do benefício, podendo
determinar, para tal fim, de modo fundamentado, a realização de exame criminológico.
o Certo
o Errado
Comentários:
A assertiva está errada. A Súmula Vinculante 26, dispõe a respeito de progressão de regime no cumprimento
de pena por crime hediondo e não de livramento condicional. Vejamos:

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Para efeito de progressão de regime no cumprimento de pena por crime hediondo, ou equiparado, o
juízo da execução observará a inconstitucionalidade do art. 2º da Lei nº 8.072, de 25 de julho de 1990,
sem prejuízo de avaliar se o condenado preenche, ou não, os requisitos objetivos e subjetivos do
benefício, podendo determinar, para tal fim, de modo fundamentado, a realização de exame
criminológico.

Q33. CESPE/TJ-DFT/Juiz de Direito/2016


À luz da jurisprudência sumulada do STJ, assinale a opção correta referente à aplicação da pena.
a) Em decorrência do princípio da individualização da pena, é possível aplicar a majorante do roubo
ao delito de furto qualificado pelo concurso de agentes, desde que essa ação seja fundamentada nas
circunstâncias do caso concreto.
b) Ainda que a pena-base tenha sido fixada no mínimo legal, é admissível a fixação de regime prisional
mais gravoso que o cabível, em razão da sanção imposta, com fundamento na gravidade concreta ou
abstrata do delito.
c) Embora seja vedada a utilização de inquéritos policiais em andamento para aumentar a pena-base,
é possível a utilização de ações penais em curso para requerer o aumento da referida pena.
d) É inadmissível a fixação de pena restritiva de direitos substitutiva da pena privativa de liberdade
como condição judicial especial ao regime aberto.
e) O número de majorantes referentes ao delito de roubo circunstanciado pode ser utilizado como
critério para a exasperação da fração incidente pela causa de aumento da pena.
Comentários:
A alternativa A está incorreta. A Súmula nº 442 dispõe o seguinte:
Súmula 442 - É inadmissível aplicar, no furto qualificado, pelo concurso de agentes, a majorante do
roubo.
A alternativa B está incorreta. A Súmula nº 440 dispõe o seguinte:
Súmula 440 - Fixada a pena-base no mínimo legal, é vedado o estabelecimento de regime prisional
mais gravoso do que o cabível em razão da sanção imposta, com base apenas na gravidade abstrata
do delito.
A alternativa C está incorreta. A Súmula nº 444 dispõe o seguinte:
Súmula 444 - É vedada a utilização de inquéritos policiais e ações penais em curso para agravar a pena-
base.
A alternativa D está correta. A Súmula nº 493 dispõe o seguinte:
Súmula 493 - É inadmissível a fixação de pena substitutiva (art. 44 do CP) como condição especial ao
regime aberto.
A alternativa E está incorreta. A Súmula nº 443 dispõe o seguinte:

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Súmula 443 - O aumento na terceira fase de aplicação da pena no crime de roubo circunstanciado
exige fundamentação concreta, não sendo suficiente para a sua exasperação a mera indicação do
número de majorantes.

Q34. CESPE/TJ-DFT/Juiz de Direito/2016


No tocante à jurisprudência sumulada pelo STJ quanto ao direito penal, assinale a opção correta.
a) A extinção da punibilidade pela prescrição da pretensão punitiva, com fundamento em pena
hipotética, é admitida, independentemente da existência ou do resultado do processo penal.
b) Fixada a pena-base no mínimo legal, a decisão, fundamentada na gravidade abstrata do delito,
poderá estabelecer ao sentenciado regime prisional mais gravoso do que o cabível em razão da sanção
imposta.
c) A contagem do prazo para a progressão de regime de cumprimento de pena será interrompida pela
prática de falta grave e se reiniciará a partir do cometimento dessa infração.
d) A falta grave interrompe o prazo para a obtenção de livramento condicional.
e) A prática de falta grave interrompe o prazo para o fim de comutação de pena ou indulto.
Comentários:
A alternativa A está incorreta. A Súmula nº 438 dispõe o seguinte:
Súmula 438 - É inadmissível a extinção da punibilidade pela prescrição da pretensão punitiva com
fundamento em pena hipotética, independentemente da existência ou sorte do processo penal.
A alternativa B está incorreta. A Súmula nº 440 dispõe o seguinte:
Súmula 440 - Fixada a pena-base no mínimo legal, é vedado o estabelecimento de regime prisional
mais gravoso do que o cabível em razão da sanção imposta, com base apenas na gravidade abstrata
do delito.
A alternativa C está correta. A Súmula nº 534 dispõe o seguinte:
Súmula 534 - A prática de falta grave interrompe a contagem do prazo para a progressão de regime
de cumprimento de pena, o qual se reinicia a partir do cometimento dessa infração.
A alternativa D está incorreta. A Súmula nº 535 dispõe o seguinte:
Súmula 535 A prática de falta grave não interrompe o prazo para fim de comutação de pena ou indulto.
A alternativa E está incorreta. A Súmula nº 441 dispõe o seguinte:
Súmula 441 - A falta grave não interrompe o prazo para obtenção de livramento condicional.

Q35. FCC/DPE-SC/Defensoria Pública/2017


Sobre a determinação do regime inicial de cumprimento de pena, é correto afirmar:
a) A hediondez do crime não permite a determinação do regime inicial fechado para todos os casos,
mas deve ser observada na determinação do regime inicial.

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b) Os crimes cometidos com violência contra a pessoa impedem a determinação do regime inicial
aberto.
c) A análise judicial das consequências do crime é irrelevante para a determinação do regime inicial de
cumprimento de pena, pois é circunstância que já pode aumentar a pena-base.
d) Os crimes contra a honra, por serem punidos com detenção, impedem a aplicação do regime inicial
fechado, mesmo em caso de reincidência.
e) É possível a aplicação do regime inicial semiaberto para pena superior a quatro anos no caso de réu
reincidente, a depender do tempo de prisão provisória cumprida por ele até a sentença.
Comentários:
A alternativa A está incorreta. Como visto em aula, anteriormente, havia a proibição legal que progressão
de regime para os delitos hediondos e equiparados (“A pena por crime previsto neste artigo será cumprida
integralmente em regime fechado”), o que foi considerado inconstitucional pelo STF. Com isso, os crimes
hediondos e equiparados, cometidos durante o período em que a Lei 8.072/90 proibia a progressão de
regime, passaram a admitir a progressão com o cumprimento de 1/6 (um sexto) da pena, nos termos da
regra geral. Para os delitos hediondos e equiparados cometidos a partir de 28 de março de 2007, a
progressão de regime deve ocorrer nos termos da nova redação do artigo 2, §2º da Lei 8.072/90, dada pela
Lei 11.464/2007. Isto porque, ao instituir um regime mais gravoso, a lei não pode retroagir, pois prevê lapsos
temporais maiores que os da regra geral (um sexto). Essa conclusão foi pacificada na Súmula Vinculante 26,
cuja redação não é muito didática:
Para efeito de progressão de regime no cumprimento de pena por crime hediondo, ou equiparado, o
juízo da execução observará a inconstitucionalidade do art. 2º da Lei nº 8.072, de 25 de julho de 1990,
sem prejuízo de avaliar se o condenado preenche, ou não, os requisitos objetivos e subjetivos do
benefício, podendo determinar, para tal fim, de modo fundamentado, a realização de exame
criminológico.
O STJ também, no âmbito da sua Corte, resolveu elaborar enunciado a respeito da progressão de regime
nos crimes hediondos e equiparados, consistente na Súmula 471:
Os condenados por crimes hediondos ou assemelhados cometidos antes da vigência da Lei n.
11.464/2007 sujeitam-se ao disposto no art. 112 da Lei n. 7.210/1984 (Lei de Execução Penal) para a
progressão de regime prisional.
A alternativa B está incorreta. O Art. 33, §2º, alínea c, do Código Penal dispõe que o condenado não
reincidente, cuja pena seja igual ou inferior a 4 (quatro) anos, poderá, desde o início, cumpri-la em regime
aberto.
Art. 33 - A pena de reclusão deve ser cumprida em regime fechado, semi-aberto ou aberto. A de
detenção, em regime semi-aberto, ou aberto, salvo necessidade de transferência a regime fechado.
(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
§ 2º - As penas privativas de liberdade deverão ser executadas em forma progressiva, segundo o mérito
do condenado, observados os seguintes critérios e ressalvadas as hipóteses de transferência a regime
mais rigoroso: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
c) o condenado não reincidente, cuja pena seja igual ou inferior a 4 (quatro) anos, poderá, desde o
início, cumpri-la em regime aberto.

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A alternativa C está incorreta. O art. 59 do Código Penal, que prevê as circunstâncias judiciais, dispõe que:
Art. 59 - O juiz, atendendo à culpabilidade, aos antecedentes, à conduta social, à personalidade do
agente, aos motivos, às circunstâncias e consequências do crime, bem como ao comportamento da
vítima, estabelecerá, conforme seja necessário e suficiente para reprovação e prevenção do crime:
I - as penas aplicáveis dentre as cominadas;
II - a quantidade de pena aplicável, dentro dos limites previstos;
III - o regime inicial de cumprimento da pena privativa de liberdade;
IV - a substituição da pena privativa da liberdade aplicada, por outra espécie de pena, se cabível.
A alternativa D está incorreta. Consoante o art. 33, §2º, alíneas b e c, do Código Penal, apenas os
condenados não reincidentes podem iniciar o cumprimento da pena em regime aberto ou semiaberto.
Ademais, prevê a Súmula 269 do STJ ser admissível a adoção do regime semiaberto aos reincidentes
condenados a pena igual ou inferior a quatro anos. Vejamos:
É admissível a adoção do regime prisional semi-aberto aos reincidentes condenados a pena igual ou
inferior a quatro anos se favoráveis as circunstâncias judiciais.
A injúria qualificada prevê pena de reclusão, possibilitando o regime inicial fechado.
A alternativa E está correta. É possível a aplicação do regime inicial semiaberto para pena superior a quatro
anos no caso de réu reincidente, a depender do tempo de prisão provisória cumprida por ele até a sentença.
É o que dispõe o art. 387, § 2o do Código de Processo Penal (embora não seja dispositivo atinente à nossa
matéria, é importante retratá-la para complementar o assunto de regime de cumprimento de pena):
Art. 387 § 2o O tempo de prisão provisória, de prisão administrativa ou de internação, no Brasil ou no
estrangeiro, será computado para fins de determinação do regime inicial de pena privativa de
liberdade.

Q36. IBFC/TRF-2/Magistratura/2018
Assinale a afirmação certa:
Para o Supremo Tribunal Federal, é possível a suspensão condicional do processo em crime
continuado, sendo irrelevante o somatório da pena mínima da infração mais grave com o aumento de
um sexto a dois terços, considerando-se a pena de cada crime para a suspensão.
Para o Superior Tribunal de Justiça, não cabe a suspensão condicional do processo para as infrações
penais cometidas em concurso material ou em concurso formal, quando a pena mínima cominada
ultrapassar um ano em razão do somatório ou da fração incidente.
No denominado erro na execução, quando por acidente sobrevém resultado diverso do que era
pretendido pelo agente, este responde por culpa se o fato é previsto como crime culposo. Mas se
ocorre também o resultado pretendido, este, por ser doloso, absorve o primeiro.
Quando o sujeito ativo, por acidente ou erro no uso dos meios de execução, atinge pessoa diversa da
que pretendia ofender, responde como se tivesse praticado o crime contra esta, em virtude do erro
sobre a pessoa. Mas, se atingir também a pessoa que pretendia ofender, responderá pelos dois crimes
em concurso material.

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No concurso material de crimes; no concurso ideal próprio; no concurso formal imperfeito; e no crime
continuado, a dogmática jurídico-penal adotou, indistintamente, a regra do cúmulo de penas, haja
vista que, em todos eles, prevalece o entendimento de que constituem delitos por acumulação.

Comentários:
A Súmula 723 do Supremo Tribunal Federal dispõe:
Não se admite a suspensão condicional do processo por crime continuado, se a soma da pena mínima
da infração mais grave com o aumento mínimo de um sexto for superior a um ano.
Destarte, para o Tribunal não se aplicará o sursis processual nos crimes continuados nas situações em que,
somando um sexto a pena mínima da infração mais grave resultar em período superior a um ano. Por essa
razão, está incorreta a alternativa A.
A alternativa B está correta em decorrência de matéria sumulada pelo Superior Tribunal de Justiça – através
da Súmula 243. Vejamos:
O benefício da suspensão do processo não é aplicável em relação às infrações penais cometidas em
concurso material, concurso formal ou continuidade delitiva, quando a pena mínima cominada, seja
pelo somatório, seja pela incidência da majorante, ultrapassar o limite de um (1) ano
A alternativa C está incorreta. O sujeito que comete erro na execução – aberratio ictus – responderá como
se tivesse atingido o indivíduo pretendido, não o que efetivamente atingiu. Além disso, caso alcance o
resultado almejado, mas também atinja terceiro, estará incurso na hipótese de concurso formal (art. 70 do
CP).
Também é incorreta a assertiva D, visto que não se aplica o cúmulo material no caso narrado, mas o
concurso formal de crimes.
No concurso material ou real de crimes, conforme assevera o art. 69 do Código Penal, as penas serão
aplicadas cumulativamente, enquanto no concurso formal ou ideal de crimes (art. 70 do CP) será aplicada a
pena mais grave (aumentada de um sexto até a metade), e, nos casos em que as penas são iguais será
aplicada apenas uma, aumentada de um sexto até metade, bem como será aplicada a regra do cúmulo
material se há ação ou omissão dolosa e os crimes resultam de desígnios autônomos. No caso de crime
continuado, conforme dispõe o art. 71 do CP, será aplicada a pena de um só dos crimes (se idênticas) ou a
mais grave, se diversas, ambas aumentadas de um sexto a dois terços. Logo, está incorreta a alternativa E.

Q37. CESPE/Delegado da Polícia Federal/2018


Diogo, condenado a sete anos e seis meses de reclusão pela prática de determinado crime, deve iniciar
o cumprimento da pena no regime semiaberto. Todavia, na cidade onde se encontra, só há
estabelecimento prisional adequado para a execução da pena em regime fechado. Nessa situação, o
juiz poderá determinar que Diogo inicie o cumprimento de pena no regime fechado.

Comentários.

O item está incorreto.

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A falta de vaga para cumprimento em regime semiaberto não permite que o indivíduo inicie o cumprimento
de pena no fechado, nos termos do entendimento do STF:
Súmula Vinculante 56: A falta de estabelecimento penal adequado não autoriza a manutenção do
condenado em regime prisional mais gravoso, devendo-se observar, nessa hipótese, os parâmetros
fixados no RE 641.320/RS.

Os parâmetros, referidos na súmula vinculante, são os fixados no acórdão a seguir:


“Cumprimento de pena em regime fechado, na hipótese de inexistir vaga em estabelecimento
adequado a seu regime. Violação aos princípios da individualização da pena (art. 5º, XLVI) e da
legalidade (art. 5º, XXXIX). A falta de estabelecimento penal adequado não autoriza a manutenção do
condenado em regime prisional mais gravoso. 3. Os juízes da execução penal poderão avaliar os
estabelecimentos destinados aos regimes semiaberto e aberto, para qualificação como adequados a
tais regimes. São aceitáveis estabelecimentos que não se qualifiquem como “colônia agrícola,
industrial” (regime semiaberto) ou “casa de albergado ou estabelecimento adequado” (regime aberto)
(art. 33, § 1º, b e c). No entanto, não deverá haver alojamento conjunto de presos dos regimes
semiaberto e aberto com presos do regime fechado. 4. Havendo déficit de vagas, deverão ser
determinados: (i) a saída antecipada de sentenciado no regime com falta de vagas; (ii) a liberdade
eletronicamente monitorada ao sentenciado que sai antecipadamente ou é posto em prisão domiciliar
por falta de vagas; (iii) o cumprimento de penas restritivas de direito e/ou estudo ao sentenciado que
progride ao regime aberto. Até que sejam estruturadas as medidas alternativas propostas, poderá ser
deferida a prisão domiciliar ao sentenciado.” (STF, RE 641.320, rel. min. Gilmar Mendes, P, j. 11-5-
2016, DJE 159 de 1º-8-2016, Tema 423).

Q38. CESPE/Delegado da Polícia Federal/2018


Flávio, maior e capaz, condenado a pena de doze anos pela prática de homicídio doloso qualificado,
iniciou o cumprimento da pena em regime fechado. Durante a execução da pena, ele apresentou
comportamento excelente e colaborativo, por isso, após o período mínimo para a progressão de
regime, seu advogado requereu ao juiz a passagem de Flávio para o regime aberto. Nessa situação, o
pedido não poderá ser atendido: a progressão do regime prisional de Flávio deverá ser para o regime
semiaberto.

Comentários.
O item está correto.
A progressão de regime ocorre do regime fechado para o regime semiaberto, e deste para o aberto. Não é
possível saltar diretamente do regime fechado para o aberto, o que seria a progressão de regime por salto
ou per saltum. É o entendimento consolidado do Superior Tribunal de Justiça:
Súmula 491 do STJ: “É inadmissível a chamada progressão per saltum de regime prisional”.

Q39. CESPE/Delegado da Polícia Federal/2018

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Caio, condenado a nove anos de prisão, cumpria a pena no regime fechado. Passado um ano do
cumprimento da pena, ele cometeu falta grave. Nessa situação, são interrompidas as contagens do
prazo tanto para a obtenção do livramento condicional quanto para a progressão de regime de
cumprimento de pena, devendo ambas ser reiniciadas a partir da data do cometimento da falta grave.

Comentários.
O item está incorreto.
O cometimento de falta grave interrompe o prazo para a progressão de regime, mas não para a obtenção
de livramento condicional. Este entendimento já está consolidado em enunciados de Súmula do STJ:
Súmula 534 do STJ: A prática de falta grave interrompe a contagem do prazo para a progressão de
regime de cumprimento de pena, o qual se reinicia a partir do cometimento dessa infração.
Súmula 441 do STJ: A falta grave não interrompe o prazo para obtenção de livramento condicional.

Q40. CESPE/Delegado da Polícia Federal/2018


O indivíduo, maior e capaz, condenado, definitivamente, por diversos crimes, a pena unificada que
perfaça, por exemplo, noventa anos de reclusão, fará jus ao livramento condicional somente após o
cumprimento de um terço ou metade de noventa.
Comentários
A questão tratava do livramento condicional e do limite de penas previsto no artigo 35 do Código Penal.
Exigia o conhecimento da Súmula 715 do STF:
A pena unificada para atender ao limite de trinta anos de cumprimento, determinado pelo art. 75 do Código
Penal, não é considerada para a concessão de outros benefícios, como o livramento condicional ou regime
mais favorável de execução.
O item foi ANULADO. “A ausência de algumas informações pode ter gerado dúvida juridicamente relevante
quando do julgamento do item: informações sobre a natureza dos ‘diversos crimes’ pelos quais o indivíduo
foi condenado; a falta de informação se dolosos ou culposos os crimes; além da supressão da expressão
‘mais da metade da pena’.
Questão anulada, que demonstra a necessidade de apontamento de quais os crimes para que se saiba qual
a fração temporal exigida. Foi mantida para uma visão crítica da matéria.

Q41. MPGO/MPGO/Promotor de Justiça Substituto/2019


Sobre as penas restritivas de direitos previstas no Código Penal, assinale a alternativa incorreta:
a) Na condenação igual ou inferior a dois anos, a substituição pode ser feita por multa ou por uma
restritiva de direitos; se superior a dois anos, a pena privativa de liberdade pode ser substituída por
uma pena restritiva de direitos e multa ou por duas restritivas de direitos.
b) As penas restritivas de direitos são autônomas e substituem as privativas de liberdade, quando:
aplicada pena privativa de liberdade não superior a quatro anos e o crime não for cometido com
violência ou grave ameaça à pessoa ou, qualquer que seja a pena aplicada, se o crime for culposo; o
réu não for reincidente em crime doloso; o réu não for reincidente em crime doloso; a culpabilidade, os

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antecedentes, a conduta social e a personalidade do condenado, bem como os motivos e a


circunstâncias indicarem que esta substituição seja suficiente.
c) No caso de prestação de serviços à comunidade, se a pena substituída for superior a um ano, é
facultado ao condenado cumprir a pena substitutiva em menor tempo, nunca inferior à metade da
pena privativa de liberdade fixada.
d) A limitação de fim de semana consiste na obrigação de permanecer, aos sábados e domingos, por 5
(cinco) horas diárias, em casa de albergado ou outro estabelecimento adequado.
Comentários
O gabarito é a alternativa A, por estar incorreta.
A questão exigia conhecimento da letra da lei. A alternativa A traz como parâmetro para a substituição da
pena privativa de liberdade o quantum de 2 anos, enquanto a lei estabelece o marco em 1 ano (artigo 44, §
2º, do CP).

Q42. MPGO/MPGO/Promotor de Justiça Substituto/2019


Consoante prescreve o Código Penal, é incorreto afirmar sobre o livramento condicional:
a) O juiz poderá conceder livramento condicional ao condenado a pena privativa de liberdade igual ou
superior a 2 (dois) anos, desde que cumpridos mais da metade da pena, nos casos de condenação por
crime hediondo.
b) O juiz poderá revogar o livramento se o liberado deixar de cumprir qualquer das obrigações
constantes da sentença, ou for irrecorrivelmente condenado, por crime ou contravenção, a pena que
não seja privativa de liberdade.
c) Revogado o livramento, não poderá ser novamente concedido, e, salvo quando a revogação resulta
de condenação por outro crime anterior àquele benefício, não se desconta na pena o tempo em que
esteve solto o condenado.
d) O juiz não poderá declarar extinta a pena enquanto não passar em julgado a sentença em processo
a que responde o liberado, por crime cometido na vigência do livramento.
Comentários
A alternativa incorreta, gabarito da questão, é a A.
Nos casos de condenação por crime hediondo, salvo se o condenado for reincidente específico, devem ser
cumpridos 2/3 (dois terços) da pena, nos termos do artigo 83, inciso V, do CP:
Art. 83 - O juiz poderá conceder livramento condicional ao condenado a pena privativa de liberdade igual
ou superior a 2 (dois) anos, desde que:
(...)
V - cumpridos mais de dois terços da pena, nos casos de condenação por crime hediondo, prática de tortura,
tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, tráfico de pessoas e terrorismo, se o apenado não for
reincidente específico em crimes dessa natureza.

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Q43. CESPE/DP-DF/Defensoria Pública/2019


Com base no entendimento do STJ, julgue o próximo item, a respeito de aplicação da pena.
A confissão espontânea na delegacia de polícia retratada em juízo deverá ser considerada atenuante
da confissão espontânea, ainda que o magistrado não a utilize para fundamentar a condenação do
réu.
Comentários:
O item está incorreto. O entendimento do STJ, consubstanciado na Súmula 545, é o seguinte:
Quando a confissão for utilizada para a formação do convencimento do julgador, o réu fará jus à
atenuante prevista no artigo 65, III, d, do Código Penal.
Portanto, não utilizada a confissão perante a autoridade policial para a fundamentação da sentença, não há
entendimento do STJ de que deve ter ocorrido a aplicação da atenuante. A confissão na fase de investigação
será utilizada na dosimetria, mesmo que haja retratação em juízo, caso o juiz dela se utilize para a formação
do seu convencimento:
“(...) 4. A Jurisprudência deste Tribunal Superior firmou-se no sentido de que incide a atenuante
prevista no art. 65, III, "d", quando a confissão do acusado, ainda que retratada ou parcial, seja
utilizada para fundamentar a sua condenação, como ocorreu no caso em apreço. Súmula 545 do
STJ. (...)” (STJ, HC 433722/SP, Rel. Min. Ribeiro Dantas, Quinta Turma, DJe 22/05/2018).

Q44. CESPE/DP-DF/Defensoria Pública/2019


Com base no entendimento do STJ, julgue o próximo item, a respeito de aplicação da pena.
Condenação anterior por delito de porte de substância entorpecente para consumo próprio não faz
incidir a circunstância agravante relativa à reincidência, ainda que não tenham decorrido cinco anos
entre a condenação e a infração penal posterior.
Comentários:
O item está correto. É o atual entendimento do STJ:
“(…) E, se as contravenções penais, puníveis com pena de prisão simples, não geram reincidência,
mostra-se desproporcional o delito do art. 28 da Lei n. 11.343/2006 configurar reincidência, tendo
em vista que nem é punível com pena privativa de liberdade (HC n. 453.437/SP, Ministro Reynaldo
Soares da Fonseca, Quinta Turma, DJe 15/10/2018). (…)” (STJ, AgRg no REsp 1778346/SP, Rel.
Min. Sebastião Reis Jr, Sexta Turma, DJe 03/05/2019).

Q45. FCC/TJ-PE/Juiz de Direito/2013


Na aplicação da pena,
a) a incidência de circunstância atenuante pode conduzir à redução da pena abaixo do mínimo legal,
segundo entendimento do Superior Tribunal de Justiça.
b) não se impõe o acréscimo decorrente do concurso formal perfeito à pena de multa.

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c) o tempo de cumprimento das penas privativas de liberdade não pode ser superior a trinta anos,
limite que deve ser considerado para efeito de concessão de livramento condicional, conforme
entendimento sumulado do Supremo Tribunal Federal.
d) considera-se circunstância agravante o fato de o crime ser praticado contra pessoa maior de setenta
anos.
(e) não prevalece a condenação anterior, para efeito de reconhecimento de reincidência, se entre a
data do cumprimento ou extinção da pena e a infração posterior tiver decorrido período de tempo
superior a cinco anos, descontado o período de prova da suspensão.
Comentários:
A alternativa A está incorreta. Na segunda fase da dosimetria, deve ser observar a adstrição aos limites
mínimo e máximo da sanção abstratamente cominada ao delito. É o que determina a Súmula 231 do
Superior Tribunal de Justiça:
A incidência da circunstância atenuante não pode conduzir à redução da pena abaixo do mínimo legal.
A alternativa B está correta. Quando houver concurso formal ou concurso material de crimes, vimos que
cada um deles possui um sistema de aplicação da pena privativa de liberdade, seja com a soma de todas ou
com a incidência de aumento de uma das penas. Com relação à pena de multa, o artigo 72 do Código Penal
possui previsão específica:
Art. 72 - No concurso de crimes, as penas de multa são aplicadas distinta e integralmente.
A alternativa C está incorreta. A Súmula 715 do STF dispõe que a pena unificada não é considerada para a
concessão do livramento condicional. Vejamos:
A pena unificada para atender ao limite de trinta anos de cumprimento, determinado pelo art. 75 do
Código Penal, não é considerada para a concessão de outros benefícios, como o livramento condicional
ou regime mais favorável de execução.
Destaque-se que a Lei 13.694/2019 modificou o teor do artigo 75 do Código Penal para fixar o limite como
sendo de 40 anos, e não mais de 30 anos de cumprimento de pena.
A alternativa D está incorreta. O Código Penal prevê, no seu artigo 61, as situações que agravam a pena:
Art. 61 - São circunstâncias que sempre agravam a pena, quando não constituem ou qualificam o
crime:
II - ter o agente cometido o crime:
(...)
h) contra criança, maior de 60 (sessenta) anos, enfermo ou mulher grávida;
O fato de o crime ser praticado contra pessoa maior de setenta anos é circunstância agravante, razão pela
qual a branca considerou incorreto a limitação a 70 anos na assertiva. Questionável, porque se a vítima tiver
70 anos se enquadra, mas a banca queria qual a previsão normativa.
A alternativa E está incorreta. Um dos efeitos penais secundários da reincidência é tratado no artigo 64 do
Código Penal:
Art. 64 - Para efeito de reincidência:

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I - não prevalece a condenação anterior, se entre a data do cumprimento ou extinção da pena e a


infração posterior tiver decorrido período de tempo superior a 5 (cinco) anos, computado o período de
prova da suspensão ou do livramento condicional, se não ocorrer revogação;
Neste caso, é computado o período de prova da suspensão ou do livramento condicional, se não ocorrer
revogação.

Q46. FCC/TJ-PE/Juiz de Direito/2013


No tocante às penas restritivas de direitos, é correto afirmar que
a) podem ser impostas no caso de condenação por crime culposo, se não reincidente o condenado.
b) a prestação de serviços à comunidade ou a entidades públicas somente é aplicável às condenações
superiores a um ano de privação de liberdade.
c) a privativa de liberdade superior a um ano deve ser necessariamente substituída por duas restritivas
de direitos.
d) o teto da perda de bens ou valores é restrito ao montante do prejuízo causado.
e) obstam a concessão do sursis, se indicada ou cabível a substituição.
Comentários:
A alternativa A está incorreta. Nos termos do artigo 54 do CP, as penas restritivas de direitos podem ser
impostas no caso de condenação por crime culposo:
Art. 54 - As penas restritivas de direitos são aplicáveis, independentemente de cominação na parte
especial, em substituição à pena privativa de liberdade, fixada em quantidade inferior a 1 (um) ano,
ou nos crimes culposos.
De acordo com o art. 44, inciso II e § 3º, a reincidência impede a substituição quando o réu for reincidente
em crime doloso e, desde que, em face de condenação anterior, a medida seja socialmente recomendável
e a reincidência não se tenha operado em virtude da prática do mesmo crime.
A alternativa B está incorreta. A prestação de serviços à comunidade ou a entidades públicas somente é
aplicável às condenações superiores a seis meses de privação da liberdade. É o que está previsto no caput
do artigo 46 do CP:
Art. 46. A prestação de serviços à comunidade ou a entidades públicas é aplicável às condenações
superiores a seis meses de privação da liberdade.
A alternativa C está incorreta. Neste caso, a pena de pode ser substituída por uma pena restritiva de direitos
e multa ou por duas restritivas de direitos, nos termos do artigo 44, § 2º, do CP:
§ 2o Na condenação igual ou inferior a um ano, a substituição pode ser feita por multa ou por uma
pena restritiva de direitos; se superior a um ano, a pena privativa de liberdade pode ser substituída por
uma pena restritiva de direitos e multa ou por duas restritivas de direitos
A alternativa D está incorreta. A perda de bens e valores é a pena restritiva de direitos que se traduz no
confisco de bens e valores pertencentes ao executado, com o limite do valor do prejuízo que tiver causado

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ou do proveito obtido com a conduta criminosa, o que for maior dentre os dois. É o chamado confisco-pena,
sendo sua destinação o Fundo Penitenciário Nacional.
Está regulamentada no parágrafo terceiro do artigo 45:
§ 3o A perda de bens e valores pertencentes aos condenados dar-se-á, ressalvada a legislação especial,
em favor do Fundo Penitenciário Nacional, e seu valor terá como teto – o que for maior – o montante
do prejuízo causado ou do provento obtido pelo agente ou por terceiro, em conseqüência da prática
do crime.
A alternativa E está correta. Poderá ser concedido o sursis, desde que não seja indicada ou cabível a
substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos. É o que está previsto no artigo 77,
inciso III do Código Penal:
Art. 77 - A execução da pena privativa de liberdade, não superior a 2 (dois) anos, poderá ser suspensa,
por 2 (dois) a 4 (quatro) anos, desde que (sursis simples):
(...)
III - Não seja indicada ou cabível a substituição prevista no art. 44 deste Código.

Q47. CEBRASPE/TJ-RJ/Juiz de Direito/2019


No que concerne à aplicação das penas restritivas de direitos dos arts. 43 a 48 do CP, é correto afirmar
que
a) penas privativas de até 2 (dois) anos em regime aberto podem ser substituídas por uma multa ou
por uma pena restritiva de direitos.
b) ao reincidente é vedada a substituição da privativa de liberdade.
c) os crimes culposos admitem sua aplicação em substituição às privativas de liberdade,
independentemente da pena aplicada.
d) a pena restritiva de direitos se converte em privativa de liberdade sempre que ocorrer o
descumprimento da restrição imposta.
e) o benefício não pode ser aplicado mais de uma vez no interregno de 5 (cinco) anos ao mesmo réu.
Comentários:
A alternativa A está incorreta. Nos termos do artigo 44, § 2º, do CP, na condenação superior a um ano, a
pena privativa de liberdade pode ser substituída por uma pena restritiva de direitos e multa ou por duas
restritivas de direitos.
A alternativa B está incorreta. De acordo com o art. 44, inciso II e § 3º, a reincidência impede a substituição
quando o réu for reincidente em crime doloso e, desde que, em face de condenação anterior, a medida seja
socialmente recomendável e a reincidência não se tenha operado em virtude da prática do mesmo crime.
A alternativa C está correta. Nos termos do artigo 54 do CP, as penas restritivas de direitos podem ser
aplicáveis, independentemente de cominação na parte especial, em substituição à pena privativa de
liberdade, fixada em quantidade inferior a 1 (um) ano, ou nos crimes culposos.

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A alternativa D está incorreta. De acordo com o § 4º do art. 44 do Código Penal, a pena restritiva de direitos
converte-se em privativa de liberdade quando ocorrer o descumprimento injustificado da restrição imposta.
A alternativa E está incorreta. Não há a referida previsão nos art. 44 e 45 do Código Penal. Inclusive, vale
destacar que, de acordo com o § 5º do art. 44 do Código Penal, caso sobrevenha condenação a pena privativa
de liberdade, por outro crime, o juiz da execução penal decidirá sobre a conversão, podendo deixar de
aplicá-la se for possível ao condenado cumprir a pena substitutiva anterior.

Q48. CEBRASPE/TJ-RJ/Juiz de Direito/2019


No sistema brasileiro de aplicação de pena, o desconhecimento da lei
a) isenta de pena por afastar a potencial consciência da ilicitude e, consequentemente, a
culpabilidade.
b) é causa de diminuição da pena.
c) socorre como atenuante apenas aos menores de 21 (vinte e um) anos.
d) é circunstância atenuante da pena.
e) não tem qualquer consequência para a pena.
Comentários:
A alternativa D está correta. O Código Penal prevê, no seu artigo 65, as situações que atenuam a pena:
Art. 65 - São circunstâncias que sempre atenuam a pena:
I - ser o agente menor de 21 (vinte e um), na data do fato, ou maior de 70 (setenta) anos, na data da
sentença;
II - o desconhecimento da lei;
III - ter o agente:
a) cometido o crime por motivo de relevante valor social ou moral;
b) procurado, por sua espontânea vontade e com eficiência, logo após o crime, evitar-lhe ou minorar-
lhe as conseqüências, ou ter, antes do julgamento, reparado o dano;
c) cometido o crime sob coação a que podia resistir, ou em cumprimento de ordem de autoridade
superior, ou sob a influência de violenta emoção, provocada por ato injusto da vítima;
d) confessado espontaneamente, perante a autoridade, a autoria do crime;
e) cometido o crime sob a influência de multidão em tumulto, se não o provocou.
A ignorância da lei, que não afasta a culpabilidade, pode, entretanto, atenuar a pena, nos termos do artigo
65, II, do Código Penal.

Q49. FCC/TJ-MS/Juiz de Direito/2020


Na aplicação da pena,

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a) incidindo as causas de diminuição da tentativa e do arrependimento posterior, pode o juiz limitar-


se a uma só diminuição, prevalecendo, todavia, a causa que mais diminua.
b) o juiz, na terceira fase do cálculo, ao fixar a fração de acréscimo pela causa de aumento identificada,
sempre atentará à culpabilidade, aos antecedentes, à conduta social, à personalidade do agente, aos
motivos, às circunstâncias e consequências do crime, bem como ao comportamento da vítima.
c) as qualificadoras, representando fatores de acréscimo assinalados em quantidades fixas ou em
limites, incidem na terceira fase do cálculo, não permitindo, contudo, a fixação da pena acima do
máximo legal.
d) se concorrerem duas qualificadoras em um mesmo crime, aceita a jurisprudência que só uma delas
incida como tal, podendo a outra servir como circunstância agravante, se cabível.
e) se reconhecido o crime continuado específico, aplica-se a pena de um só dos delitos, se idênticas,
ou a mais grave, se diversas, aumentada, em qualquer caso, de um sexto a dois terços, considerado o
número de infrações cometidas, incidindo a extinção da punibilidade sobre o total da pena imposta.
Comentários:
A alternativa A está incorreta. O arrependimento posterior é a causa de diminuição de pena incidente
quando, após a consumação do crime, o agente repara o dano ou restitui a coisa.
A alternativa B está incorreta. Para a fixação da pena base, são consideradas as circunstâncias judiciais,
quais sejam, a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social, a personalidade do agente, os motivos, as
circunstâncias e as consequências do crime e o comportamento da vítima.
A alternativa C está incorreta. Caso o tipo penal seja qualificado, há limites mínimo e máximo específicos
para esta modalidade. Ou seja, a dosimetria já parte do tipo qualificado, sendo que a primeira fase do cálculo
da pena já o tem como parâmetro. A qualificadora, portanto, define o próprio início da dosimetria, trazendo
novos limites mínimo e máximo, ao qual o juiz se aterá na primeira e na segunda fases.
A alternativa D está correta. Caso haja mais de uma qualificadora, a jurisprudência e a doutrina, de forma
majoritária, indicam que, se for possível, o que sobejar, ou seja, não for utilizado para qualificar o delito,
atuará como causa de aumento de pena. Subsidiariamente, a circunstância que não for usada para qualificar
o delito será usada como agravante e, por fim, a última hipótese será de sua consideração como
circunstância judicial. Neste sentido:
“(...) 3. No caso, as instâncias ordinárias valoraram como circunstâncias judiciais duas das três
qualificadoras do crime de furto. Nos termos da jurisprudência desta Corte, de rigor a utilização
de circunstâncias qualificadoras remanescentes àquela que qualificou o tipo como causas de
aumento, agravantes ou circunstâncias judiciais desfavoráveis, respeitada a ordem de prevalência,
ficando apenas vedado o bis in idem. (...)”
STJ, HC 479583/SP, Rel. Min. Ribeiro Dantas, Quinta Turma, DJe 13/02/2019.
A alternativa E está incorreta. No crime continuado, aplica-se a pena de um só dos crimes, se idênticas, ou
a mais grave, se diversas, aumentada, em qualquer caso, de um sexto a dois terços.

Q50. FCC/TJ-RR/Juiz de Direito/2015


Em matéria de penas privativas de liberdade, correto afirmar que

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a) possível a fixação do regime inicial fechado para o condenado a pena de detenção, se reincidente.
b) o condenado por crime contra a Administração pública terá a progressão de regime do
cumprimento de pena condicionada à reparação do dano que causou, ou à devolução do produto do
ilícito praticado, com os acréscimos legais.
c) a determinação do regime inicial de cumprimento da pena far-se-á com observância dos mesmos
critérios previstos para a fixação da pena-base, mas nada impede a opção por regime mais gravoso do
que o cabível em razão da pena imposta, se a gravidade abstrata do delito assim o justificar.
d) inadmissível a adoção do regime inicial semiaberto para o condenado reincidente.
e) os condenados por crimes hediondos ou assemelhados, independentemente da data em que
praticado o delito, só poderão progredir de regime após o cumprimento de 2/5 (dois quintos) da pena,
se primários, e de 3/5 (três quintos), se reincidentes.
Comentários:
A alternativa A está incorreta. De acordo com o artigo 33, caput e § 1º, do Código Penal a pena de detenção,
deve ser cumprida em regime semi-aberto, ou aberto, salvo necessidade de transferência a regime fechado.
Os critérios para a escolha do regime inicial de cumprimento de pena são o quantum da pena aplicada e as
circunstâncias judiciais do caso. Não se pode evocar a gravidade abstrata do delito, que já foi valorada pelo
legislador na definição dos limites mínimo e máximo da pena prevista para o tipo penal respectivo.
A alternativa B está correta. É o que prevê o § 4º do art. 33 do Código Penal:
O condenado por crime contra a administração pública terá a progressão de regime do
cumprimento da pena condicionada à reparação do dano que causou, ou à devolução do produto
do ilícito praticado, com os acréscimos legais.
A alternativa C está incorreta. A Súmula 440 do STJ prevê o seguinte:
Fixada a pena-base no mínimo legal, é vedado o estabelecimento de regime prisional mais gravoso
do que o cabível em razão da sanção imposta, com base apenas na gravidade abstrata do delito.
A alternativa D está incorreta. A Súmula n 26 do STJ prevê que: “é admissível a adoção do regime prisional
semiaberto aos reincidentes condenados a pena igual ou inferior a quatro anos se favoráveis as
circunstâncias judiciais".
A alternativa E está incorreta. A Súmula 471 do STJ dispõe que:
Os condenados por crimes hediondos ou assemelhados cometidos antes da vigência da Lei n.
11.464/2007 sujeitam-se ao disposto no art. 112 da Lei n. 7.210/1984 (Lei de Execução Penal)
para a progressão de regime prisional.

Q51. FCC/TJ-RR/Juiz de Direito/2015


A pena de multa
a) prescreve em três anos, quando for a única cominada ou aplicada.
b) pode substituir, ainda que isoladamente, a pena privativa de liberdade nos casos de violência
doméstica e familiar contra a mulher.
c) é fixada em salários mínimos, considerada a situação econômica do réu

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d) pode substituir pena privativa de liberdade e ser aplicada em conjunto com restritiva de direitos,
na condenação superior a 1 (um) ano, se presentes os requisitos legais.
e) obsta a concessão do sursis, se a única aplicada em condenação anterior.
Comentários:
A alternativa A está incorreta. A prescrição da pena de multa está prevista no artigo 114 do Código Penal,
que assim dispõe:
Art. 114 - A prescrição da pena de multa ocorrerá:
I - em 2 (dois) anos, quando a multa for a única cominada ou aplicada;
II - no mesmo prazo estabelecido para prescrição da pena privativa de liberdade, quando a multa for
alternativa ou cumulativamente cominada ou cumulativamente aplicada
A alternativa B está incorreta. O art. 17 da Lei Maria da Penha prevê o seguinte:
É vedada a aplicação, nos casos de violência doméstica e familiar contra a mulher, de penas de
cesta básica ou outras de prestação pecuniária, bem como a substituição de pena que implique o
pagamento isolado de multa.
A alternativa C está incorreta. Para sua fixação, de início o juiz estipula a quantidade de dias-multa, entre
10 e 360, de acordo com o critério trifásico, acima estudado. Após, há a estipulação do valor de cada dia-
multa, com atenção à situação econômica do réu. O valor de cada dia-multa varia de um trigésimo do salário
mínimo a cinco vezes o salário mínimo. Um trigésimo do salário mínimo como valor mínimo de cada dia-
multa representa o ganho de um trabalhador, por um dia de trabalho, pelo menor salário admitido por lei
no país. O limite é de 5 salários mínimos. Entretanto, se o juiz entender que o valor é ineficaz, em virtude da
condição financeira do condenado, pode elevá-lo até o triplo.
A alternativa D está correta. De acordo com o artigo 44, § 2º, do CP, “na condenação igual ou inferior a um
ano, a substituição pode ser feita por multa ou por uma pena restritiva de direitos; se superior a um ano, a
pena privativa de liberdade pode ser substituída por uma pena restritiva de direitos e multa ou por duas
restritivas de direitos”.
A alternativa E está incorreta. Conforme o art. 77, §1º do Código Penal, a condenação anterior a pena de
multa não impede a concessão do benefício do sursis.

Q52. FCC/TJ-RR/Juiz de Direito/2015


No concurso de causas de aumento ou de diminuição,
a) o juiz pode limitar-se a um só aumento ou a uma só diminuição, prevalecendo, todavia, a causa que
menos aumente ou diminua.
b) todas devem ser aplicadas, se previstas na parte geral do Código Penal.
c) o juiz pode limitar-se a um só aumento ou a uma só diminuição, independentemente de a causa ser
prevista na parte especial ou geral do Código Penal.
d) a pena deve aproximar-se do limite indicado pelas circunstâncias preponderantes, entendendo-se
como tais as que resultam dos motivos determinantes do crime, da personalidade e da reincidência.

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e) o juiz pode limitar-se a um só aumento ou a uma só diminuição, prevalecendo, todavia, a causa que
menos aumenta e mais diminua.
Comentários:
A alternativa B está correta. Se houver a configuração de mais de uma majorante ou minorante previstas
na Parte Especial do Código, o juiz pode realizar um só aumento ou a uma só diminuição, mas pela causa
que determine o maior aumento ou a maior diminuição. É o que prevê o parágrafo único do artigo 68:
Art. 68 - A pena-base será fixada atendendo-se ao critério do art. 59 deste Código; em seguida serão
consideradas as circunstâncias atenuantes e agravantes; por último, as causas de diminuição e de
aumento.
Parágrafo único - No concurso de causas de aumento ou de diminuição previstas na parte especial,
pode o juiz limitar-se a um só aumento ou a uma só diminuição, prevalecendo, todavia, a causa que
mais aumente ou diminua.

Q53. CESPE/TJ-PA/Juiz de Direito/2019


É circunstância que agrava a pena pela condição pessoal do autor
a) a reincidência.
b) o fato de o crime ter sido praticado contra criança.
c) a consequência do crime.
d) o comportamento da vítima.
e) o fato de o crime ter sido praticado com abuso de autoridade
Comentários:
As circunstâncias agravantes estão previstas no artigo 61 do Código Penal, o que ressalva que sua aplicação
na segunda fase depende de o delito não prever a circunstância como elementar ou qualificadora do crime.
Leiamos o dispositivo legal:
Art. 61 - São circunstâncias que sempre agravam a pena, quando não constituem ou qualificam o
crime:
I - a reincidência;
II - ter o agente cometido o crime:
a) por motivo fútil ou torpe;
b) para facilitar ou assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de outro crime;
c) à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação, ou outro recurso que dificultou ou tornou
impossível a defesa do ofendido;
d) com emprego de veneno, fogo, explosivo, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que podia
resultar perigo comum;
e) contra ascendente, descendente, irmão ou cônjuge;

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f) com abuso de autoridade ou prevalecendo-se de relações domésticas, de coabitação ou de


hospitalidade, ou com violência contra a mulher na forma da lei específica;
g) com abuso de poder ou violação de dever inerente a cargo, ofício, ministério ou profissão;
h) contra criança, maior de 60 (sessenta) anos, enfermo ou mulher grávida;
i) quando o ofendido estava sob a imediata proteção da autoridade;
j) em ocasião de incêndio, naufrágio, inundação ou qualquer calamidade pública, ou de desgraça
particular do ofendido;
l) em estado de embriaguez preordenada.
Logo, a alternativa A está correta.

Q54. FCC/TJ-AL/Juiz de Direito/2019


Em relação ao livramento condicional, correto afirmar que
a) a prática de falta grave não interrompe o prazo para sua obtenção, mas o Juiz só poderá revogá-lo
a requerimento do Ministério Público ou mediante representação do Conselho Penitenciário, ouvido
o liberado.
b) as penas correspondentes a infrações diversas não podem ser somadas para atingir o limite mínimo
necessário para a sua concessão.
c) condicionada a sua concessão à prévia progressão do condenado ao regime aberto, por expressa
previsão legal.
d) obrigatória a revogação se o liberado deixar de cumprir qualquer das obrigações constantes da
sentença concessiva.
e) a ausência de suspensão ou revogação antes do término do período de prova enseja extinção da
punibilidade pelo integral cumprimento da pena.
Comentários:
A alternativa A está incorreta. É muito importante ressaltar que a prática de falta grave, no curso do
cumprimento da pena privativa de liberdade, não interrompe o prazo para obtenção do livramento
condicional. Cuida-se de entendimento já sumulado pelo STJ, referente ao enunciado nº 441:
A falta grave não interrompe o prazo para obtenção de livramento condicional.
A revogação poderá ser obrigatória ou facultativa. O livramento condicional deverá, obrigatoriamente, ser
revogado pelo juiz quando o sentenciado vem a ser condenado definitivamente a pena privativa de
liberdade por crime cometido durante o benefício ou por crime cometido anteriormente, desde que a soma
das penas demonstre que ele não cumpriu o lapso temporal exigido para o livramento condicional. A
revogação facultativa é regulada pelo artigo 87 do Código Penal:
Art. 87 - O juiz poderá, também, revogar o livramento, se o liberado deixar de cumprir qualquer das
obrigações constantes da sentença, ou for irrecorrivelmente condenado, por crime ou contravenção, a
pena que não seja privativa de liberdade.

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A alternativa B está incorreta. Para o cálculo do lapso temporal exigido para a obtenção do livramento
condicional, o artigo 84 do Código Penal determina que as penas de diferentes delitos devem ser somadas.
A alternativa C está incorreta. O livramento condicional é o benefício que consiste na soltura antecipada do
executado, mediante o preenchimento de determinadas condições. O instituto está regulado pelo artigo 83
do Código Penal, de seguinte teor:
Art. 83 - O juiz poderá conceder livramento condicional ao condenado a pena privativa de liberdade
igual ou superior a 2 (dois) anos, desde que:
I - cumprida mais de um terço da pena se o condenado não for reincidente em crime doloso e tiver bons
antecedentes;
II - cumprida mais da metade se o condenado for reincidente em crime doloso;
III - comprovado:
a) bom comportamento durante a execução da pena;
b) não cometimento de falta grave nos últimos 12 (doze) meses;
c) bom desempenho no trabalho que lhe foi atribuído; e
d) aptidão para prover a própria subsistência mediante trabalho honesto;
IV - tenha reparado, salvo efetiva impossibilidade de fazê-lo, o dano causado pela infração;
V - cumpridos mais de dois terços da pena, nos casos de condenação por crime hediondo, prática de
tortura, tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, tráfico de pessoas e terrorismo, se o apenado
não for reincidente específico em crimes dessa natureza.
Parágrafo único - Para o condenado por crime doloso, cometido com violência ou grave ameaça à
pessoa, a concessão do livramento ficará também subordinada à constatação de condições pessoais
que façam presumir que o liberado não voltará a delinquir.
Cumpre destacar que o artigo 83 foi modificado, em seu inciso III, pela Lei 13.694/2019
A alternativa D está incorreta. Há hipóteses em que o benefício deve ser obrigatoriamente revogado pelo
juiz. Isto se dá quando o sentenciado vem a ser condenado definitivamente a pena privativa de liberdade
por crime cometido durante o benefício ou por crime cometido anteriormente, desde que a soma das penas
demonstre que ele não cumpriu o lapso temporal exigido para o livramento condicional. É o teor do artigo
86 do Código Penal:
Art. 86 - Revoga-se o livramento, se o liberado vem a ser condenado a pena privativa de liberdade, em
sentença irrecorrível:
I - por crime cometido durante a vigência do benefício;
II - por crime anterior, observado o disposto no art. 84 deste Código.
A alternativa E está correta. O enunciado corresponde ao teor do enunciado nº 617 da súmula do STJ, que
reforça o art. 90 do Código Penal:
“A ausência de suspensão ou revogação do livramento condicional antes do término do período de
prova enseja a extinção da punibilidade pelo integral cumprimento da pena.”

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Q55. FCC/TJ-AL/Juiz de Direito/2019


Na aplicação da pena,
a) a folha de antecedentes constitui documento suficiente para a comprovação de reincidência, não
prevalecendo a condenação anterior, contudo, se entre a data do cumprimento ou extinção da pena
e a infração posterior tiver decorrido período de tempo superior a cinco anos, computado o período
de prova da suspensão ou do livramento condicional, se não ocorrer revogação.
b) incidirá a atenuante da confissão espontânea quando for utilizada para a formação do
convencimento do julgador, bastando, no crime de tráfico ilícito de entorpecentes, que o acusado
admita a posse ou propriedade da substância, ainda que para uso próprio.
c) se houver concurso de causas de aumento ou de diminuição previstas na parte geral do Código
Penal, pode o Juiz limitar-se a um só aumento ou a uma só diminuição, prevalecendo, todavia, a causa
que mais aumente ou diminua.
d) sempre cabível a substituição da pena privativa de liberdade por prestação de serviços à
comunidade, isolada ou cumulativamente com outra sanção alternativa ou multa, se aplicada pena
corporal não superior a quatro anos e o crime não for cometido com violência ou grave ameaça à
pessoa, tratando-se de réu não reincidente em crime doloso, além de favoráveis as circunstâncias
judiciais.
e) vedada a utilização de inquéritos policiais e ações penais em curso para agravar a pena-base, não
se configurando a má antecedência se o acusado ostentar condenação por crime anterior, transitada
em julgado após o novo fato.
Comentários:
A alternativa A está correta. O Superior Tribunal de Justiça firmou entendimento de que "a folha de
antecedentes criminais é documento hábil e suficiente a comprovar os maus antecedentes e a reincidência,
não sendo necessária a apresentação de certidão cartorária" (HC 291.414/SP, Rel. Ministro REYNALDO
SOARES DA FONSECA, QUINTA TURMA, julgado em 22/9/2016, DJe 30/9/2016).
A alternativa B está incorreta. No crime de tráfico ilícito de entorpecentes, a atenuante da confissão
espontânea incide quando o acusado admite a mercancia da substância ilícita.
A alternativa C está incorreta. Sehouver a configuração de mais de uma majorante ou minorante previstas
na Parte Especial do Código, o juiz pode realizar um só aumento ou a uma só diminuição, mas pela causa
que determine o maior aumento ou a maior diminuição. É o que prevê o parágrafo único do artigo 68:
Art. 68 - A pena-base será fixada atendendo-se ao critério do art. 59 deste Código; em seguida serão
consideradas as circunstâncias atenuantes e agravantes; por último, as causas de diminuição e de
aumento.
Parágrafo único - No concurso de causas de aumento ou de diminuição previstas na parte especial,
pode o juiz limitar-se a um só aumento ou a uma só diminuição, prevalecendo, todavia, a causa que
mais aumente ou diminua.
A alternativa D está incorreta. De acordo com o art. 46, a prestação de serviços à comunidade ou a entidades
públicas é aplicável apenas às condenações superiores a seis meses de privação da liberdade.
A alternativa E está incorreta. A primeira parte da assertiva se refere à assunto sumulado pelo STJ por meio
do enunciado 444:

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Súmula nº 444
É vedada a utilização de inquéritos policiais e ações penais em curso para agravar a pena-base.

A segunda parte da assertiva da alternativa dispõe que configura a má antecedência se o acusado ostentar
condenação por crime anterior, transitada em julgado após o novo fato. Para efeitos de reincidência, a
condenação por crime anterior deve transitar em julgado antes da prática de novo fato criminoso, como
determina do art. 64 do Código Penal:
Art. 63 - Verifica-se a reincidência quando o agente comete novo crime, depois de transitar em julgado
a sentença que, no País ou no estrangeiro, o tenha condenado por crime anterior.

Deste modo, a condenação anterior apenas servirá como mau antecedente, caso transite em julgado após
o novo fato, mas antes da sentença.

Q56. CESPE/TJ-SC/Juiz de Direito/2019


Em cada uma das opções a seguir, é apresentada uma situação hipotética seguida de uma assertiva a
ser julgada, a respeito da substituição das penas privativas de liberdade por penas restritivas de
direitos.
a) Antônio, com anterior condenação transitada em julgado pelo delito de dano ao patrimônio público,
foi processado e condenado à pena privativa de liberdade de um ano e dois meses de reclusão pelo
cometimento do delito de receptação. Nessa situação, em razão da reincidência criminal em crime
doloso, não é cabível a substituição da pena corporal imposta a Antônio por pena restritiva de direitos.
b) Manoel foi processado e condenado pela prática de violência física, de ameaça e de lesão corporal
em contexto de violência doméstica contra a mulher, tendo-lhe sido impostas as penas privativas de
liberdade de quinze dias de prisão simples e de três meses e um mês de detenção, em regime aberto.
Nessa situação, somente é possível a substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de
direitos em relação à contravenção de violência física.
c) Pedro, réu primário, foi processado e condenado pela prática de delito de roubo simples na
modalidade tentada, tendo-lhe sido imposta pena privativa de liberdade de dois anos e oito meses de
reclusão, em regime aberto. Nessa situação, a pena privativa de liberdade imposta a Pedro poderá ser
substituída por uma pena restritiva de direitos e multa ou por duas penas restritivas de direitos.
d) Alberto, réu primário e em circunstâncias judiciais favoráveis, praticou crime de homicídio culposo
qualificado ao conduzir embriagado veículo automotor. Em razão dessa conduta, ele foi processado e
condenado ao cumprimento de pena privativa de liberdade de cinco anos de reclusão, inicialmente
em regime semiaberto. Nessa hipótese, o quantum de pena fixado não impede a substituição da pena
privativa de liberdade por restritiva de direitos.
e) João foi processado e condenado à pena privativa de liberdade de um ano e oito meses de reclusão,
em regime aberto, pela prática de delito de tráfico de drogas na forma privilegiada. Nessa hipótese,
haja vista a condenação por delito equiparável a hediondo, não é admitida a substituição da pena
privativa de liberdade por restritiva de direitos.
Comentários:

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A alternativa A está incorreta. Nessa situação, como a reincidência não é específica, é cabível a substituição
da pena corporal imposta a Antônio por pena restritiva de direitos, nos termos do §3º do art. 44 do Código
Penal.
A alternativa B está incorreta. A Súmula 588 do STJ proíbe a substituição da pena nos casos de violência
doméstica contra a mulher:
Súmula 588 do STJ - A prática de crime ou contravenção penal contra a mulher com violência ou
grave ameaça no ambiente doméstico impossibilita a substituição da pena privativa de liberdade
por restritiva de direitos.
A alternativa C está incorreta. A pena privativa de liberdade imposta a Pedro não poderá ser substituída,
tendo em vista que o crime praticado por ele foi cometido com violência ou grave ameaça, impossibilitando
a substituição, conforme preconiza o inciso I do art. 44 do Código Penal:
Art. 44. As penas restritivas de direitos são autônomas e substituem as privativas de liberdade,
quando:
I – aplicada pena privativa de liberdade não superior a quatro anos e o crime não for cometido
com violência ou grave ameaça à pessoa ou, qualquer que seja a pena aplicada, se o crime for
culposo;
A alternativa D está correta. De acordo com o inciso I do art. 44 do Código Penal, sendo o crime culposa, a
pena poderá ser substituída, qualquer que seja a pena aplicada.
A alternativa E está incorreta. Embora, a jurisprudência não considere o crime de tráfico de drogas na forma
privilegiada um crime hediondo, a substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos é
admitida no caso da prática de crimes hediondos:
HABEAS CORPUS. TRÁFICO DE DROGAS. ART. 44 DA LEI 11.343/2006: IMPOSSIBILIDADE DE
CONVERSÃO DA PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE EM PENA RESTRITIVA DE DIREITOS.
DECLARAÇÃO INCIDENTAL DE INCONSTITUCIONALIDADE. OFENSA À GARANTIA
CONSTITUCIONAL DA INDIVIDUALIZAÇÃO DA PENA (INCISO XLVI DO ART. 5º DA CF/88). ORDEM
PARCIALMENTE CONCEDIDA. [...] 5. Ordem parcialmente concedida tão-somente para remover o
óbice da parte final do art. 44 da Lei 11.343/2006, assim como da expressão análoga “vedada a
conversão em penas restritivas de direitos”, constante do § 4º do art. 33 do mesmo diploma legal.
Declaração incidental de inconstitucionalidade, com efeito ex nunc, da proibição de substituição da
pena privativa de liberdade pela pena restritiva de direitos; determinando-se ao Juízo da execução
penal que faça a avaliação das condições objetivas e subjetivas da convolação em causa, na
concreta situação do paciente”. (STF- HC 97256/RS. Relator Min. Ayres Britto. Julgado pelo Pleno.
Publicado em 16 de dezembro de 2010).

Q57. CESPE/TJ-BA/Juiz de Direito/2019


O benefício da suspensão condicional da pena — sursis penal —
a) pode ser concedido a condenado a pena privativa de liberdade, desde que esta não seja superior a
quatro anos e que aquele não seja reincidente em crime doloso.
b) é cabível nos casos de crimes praticados com violência ou grave ameaça, desde que a pena privativa
de liberdade aplicada não seja superior a dois anos.
c) pode estender-se às penas restritivas de direitos e à de multa, casos em que se suspenderá,
também, a execução dessas penas.

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d) deverá ser, obrigatoriamente, revogado no caso da superveniência de sentença condenatória


irrecorrível por crime doloso, culposo ou contravenção contra o beneficiário.
e) impõe que, após o cumprimento das condições impostas ao beneficiário, seja proferida sentença
para declarar a extinção da punibilidade do agente.
Comentários:
A alternativa A está incorreta. De acordo com o do art. 77 do Código Penal, o sursis penal pode ser concedido
ao condenado a pena privativa de liberdade, se a pena não for superior a 2 (dois) anos, desde que o
condenado não seja reincidente em crime doloso; a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e
personalidade do agente, bem como os motivos e as circunstâncias autorizem a concessão do benefício; e
desde que não seja indicada ou cabível a substituição prevista no art. 44 deste Código.
A alternativa B está correta. Não há proibição legal impedindo a concessão do sursis penal aos condenados
por crimes praticados com violência ou grave ameaça.
A alternativa C está incorreta. O Código Penal, em seu artigo 80 esclarece que a suspensão condicional da
pena se restringe à pena privativa de liberdade, não abrangendo a pena de multa nem a pena restritiva de
direitos:
Art. 80 - A suspensão não se estende às penas restritivas de direitos nem à multa.
A alternativa D está incorreta. A revogação obrigatória do sursis ocorre se o beneficiado é condenado
definitivamente por crime doloso, se ele frusta a execução da pena de multa e não repara o dano, possuindo
condições financeiras de fazê-lo ou descumpre a obrigação de, no primeiro ano da suspensão, prestar
serviços à comunidade ou se submeter à limitação de fim de semana.
A alternativa E está incorreta. A extinção se dá com o fim do prazo do período de prova, desde que não
tenha havido a revogação do benefício. É o que estipula o artigo 62 do Código Penal:
Cumprimento das condições
Art. 82 - Expirado o prazo sem que tenha havido revogação, considera-se extinta a pena privativa de
liberdade.

Q58. CESPE/TJ-BA/Juiz de Direito/2019


À luz da jurisprudência do STJ a respeito das circunstâncias judiciais e legais que devem ser
consideradas quando da aplicação da pena, assinale a opção correta.
a) A confissão qualificada, na qual o réu alega em seu favor causa descriminante ou exculpante, não
afasta a incidência da atenuante de confissão espontânea.
b) A confissão espontânea em delegacia de polícia pode servir como circunstância atenuante, desde
que o réu não se retrate sobre essa declaração em juízo.
c) Uma condenação transitada em julgado de fato posterior ao narrado na denúncia, embora não sirva
para fins de reincidência, pode servir para valorar negativamente a personalidade e a conduta social
do agente.
d) A reincidência penal pode ser utilizada simultaneamente como circunstância agravante e como
circunstância judicial.

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e) A múltipla reincidência não afasta a necessidade de integral compensação entre a atenuante da


confissão espontânea e a agravante da reincidência, haja vista a igual preponderância entre as
referidas circunstâncias legais.
Comentários:
A alternativa A está correta. Quando a confissão espontânea for utilizada para a formação do
convencimento do julgador, o réu fará jus à atenuante prevista no artigo 65, III, d, do Código Penal. O STJ
possui enunciado a respeito, a Súmula 545:
Quando a confissão for utilizada para a formação do convencimento do julgador, o réu fará jus à
atenuante prevista no artigo 65, III, d, do Código Penal.
A confissão qualificada consiste na confissão na qual o agente agrega teses defensivas discriminantes ou
exculpantes. Quando essa confissão é efetivamente utilizada como elemento de convicção, deve ser
aplicada a atenuante prevista na alínea “d” do inciso III do art. 65 do CP:
AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO ESPECIAL. PENAL. ART. 168-A DO CÓDIGO PENAL.
APROPRIAÇÃO INDÉBITA PREVIDENCIÁRIA. QUEBRA DE SIGILO FISCAL. AUSÊNCIA DE PREJUÍZO.
(...) 4. A jurisprudência do STJ admite que mesmo a confissão dita qualificada enseje a aplicação
da atenuante do art. 65, III, d, do Código Penal. (...) (AgRg no REsp 1198354/ES, Rel. Ministro
JORGE MUSSI, QUINTA TURMA, julgado em 16/10/2014, DJe 28/10/2014)
A alternativa B está incorreta. A confissão espontânea realizada perante a autoridade policial pode atenuar
a pena, ainda que o agente se retrate perante o juiz, desde que este a utilize como elemento de
convencimento para a condenação. É o que decidiu recentemente o STJ:
“(...) 4. A Jurisprudência deste Tribunal Superior firmou-se no sentido de que incide a atenuante
prevista no art. 65, III, "d", quando a confissão do acusado, ainda que retratada ou parcial, seja
utilizada para fundamentar a sua condenação, como ocorreu no caso em apreço. Súmula 545 do STJ.
(...)” (STJ, HC 433722/SP, Rel. Min. Ribeiro Dantas, Quinta Turma, DJe 22/05/2018).
A alternativa C está incorreta. De acordo com a jurisprudência do STJ, as condenações definitivas anteriores
não podem fundamentar a exasperação da pena-base com base na personalidade do agente. Vejamos:
HABEAS CORPUS. PENAL. ROUBO CIRCUNSTANCIADO. DOSIMETRIA DA PENA.ALEGAÇÃO DE
VIOLAÇÃO AO ART. 59 DO CÓDIGO PENAL. PERSONALIDADE DO AGENTE. VALORAÇÃO NEGATIVA
COM BASE EM CONDENAÇÃO ANTERIOR TRANSITADA EM JULGADO. FUNDAMENTAÇÃO INIDÔNEA.
ORDEM DE HABEAS CORPUS CONCEDIDA. 1. O Tribunal a quo não apresentou motivação idônea
para valorar negativamente a vetorial da personalidade na primeira fase de dosimetria da pena,
haja vista que, para tanto, considerou tão somente a existência de "condenação transitada em
julgado por fato anterior". 2. Filio-me ao entendimento segundo o qual a existência de condenações
definitivas anteriores não se presta a fundamentar o aumento da pena-base como personalidade
voltada para o crime. 3. A exasperação da pena pela consideração desfavorável do vetor da
personalidade deve ser realizada com fundamentos próprios e diversos daquela relativa aos
antecedentes - como não poderia deixar de ser, tendo em vista que esses vetores foram previstos
distintamente pelo legislador no art. 59, caput, do Código Penal. Aquela deve ser aferida a partir
de uma análise pormenorizada, com base em elementos concretos extraídos dos autos, acerca da
insensibilidade, desonestidade e modo de agir do criminoso para a consumação do delito, enquanto
esta deve ser analisada considerando-se o seu histórico criminal. Referidos vetores, portanto, não
se confundem.(...) (HC 472.654/DF, Rel. Ministra LAURITA VAZ, SEXTA TURMA, julgado em
21/02/2019, DJe 11/03/2019)
A alternativa D está incorreta. A mesma condenação não pode ser considerada como mau antecedente e
fundamento de reincidência, sob pena de violação do princípio da proibição do bis in idem.

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A alternativa E está incorreta. A reincidência é uma agravante que é tida como preponderante. Quanto a
sua possibilidade de compensação com a confissão espontânea, que é circunstância subjetiva, o STJ
pacificou, no âmbito da própria Corte, que a compensação é possível, ao julgar recurso especial
representativo da controvérsia:
“RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DA CONTROVÉRSIA (ART. 543-C DO CPC). PENAL.
DOSIMETRIA. CONFISSÃO ESPONTÂNEA E REINCIDÊNCIA. COMPENSAÇÃO. POSSIBILIDADE. 1. É
possível, na segunda fase da dosimetria da pena, a compensação da atenuante da confissão
espontânea com a agravante da reincidência. 2. Recurso especial provido.” (REsp 1341370/MT,
Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, 3ª Seção, DJe 17/04/2013)

Q59. CESPE/TJ-BA/Juiz de Direito/2019


Sobre o tema reincidência, no Direito Penal, assinale a alternativa correta.
a) A pena deverá ser aumentada em um terço quando caracterizada a reincidência.
b) Verifica-se a reincidência quando o agente comete novo crime, depois de transitar em julgado a
sentença que, no País ou no estrangeiro, o tenha condenado por qualquer espécie de crime anterior.
c) Não prevalece a condenação anterior, se entre a data do cumprimento ou extinção da pena e a
infração posterior tiver decorrido período de tempo superior a 5 (cinco) anos, não se computando o
período de prova da suspensão ou do livramento condicional.
d) Influencia na prescrição da pretensão punitiva.
e) Aumenta de um terço o prazo da prescrição depois de transitar em julgado a sentença condenatória,
se o condenado é reincidente.
Comentários:
A alternativa A está incorreta. Não há a fixação de uma fração, pela lei, para a diminuição ou o aumento da
pena, sendo que a jurisprudência aponta como utilizável a fração de 1/6 (um sexto).
A alternativa B está incorreta. O fato anterior ao cometimento do novo crime, mas cujo trânsito ocorre
entre a prática da nova infração penal e a prolação da sentença pelo juiz, não pode ser considerado para se
declará-lo como reincidente, conforme prevê o artigo 63 do Código Penal:
Art. 63 - Verifica-se a reincidência quando o agente comete novo crime, depois de transitar em julgado
a sentença que, no País ou no estrangeiro, o tenha condenado por crime anterior.
A alternativa C está incorreta. O transcurso do período depurador é uma das hipóteses de não configuração
da reincidência, nos termos do artigo 64 do Código Penal:
Art. 64 - Para efeito de reincidência:
I - não prevalece a condenação anterior, se entre a data do cumprimento ou extinção da pena e a
infração posterior tiver decorrido período de tempo superior a 5 (cinco) anos, computado o período de
prova da suspensão ou do livramento condicional, se não ocorrer revogação;
II - não se consideram os crimes militares próprios e políticos.

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Portanto, decorridos cinco anos do cumprimento ou extinção da pena, computados neste prazo o da
suspensão condicional da penal (sursis) e o do livramento condicional (LC) se não tiverem sido revogados, o
fato deixa de possuir a potencialidade de tornar o indivíduo reincidente, caso volte a delinquir.
A alternativa D está incorreta. Em relação à prescrição da pretensão punitiva, o STJ sumulou o entendimento
sobre a não influência da reincidência na definição do prazo:
Súmula 220, STJ
“A reincidência não influi no prazo da prescrição da pretensão punitiva”
A alternativa E está correta. É o que está previsto no caput do artigo 110 do Código Penal:
Art. 110 - A prescrição depois de transitar em julgado a sentença condenatória regula-se pela pena
aplicada e verifica-se nos prazos fixados no artigo anterior, os quais se aumentam de um terço, se
o condenado é reincidente.

Q60. CESPE/TJ-CE/Juiz de Direito/2018


Um homem, maior de idade e capaz, conduzia em seu veículo três comparsas armados com revólveres:
eles pretendiam praticar um roubo. Avistaram um caminhão de cargas estacionado em um posto de
gasolina e, aproveitando-se da distração do motorista, os três comparsas abordaram-no com violência
e subtraíram parte da carga de computadores e notebooks. Os quatro foram presos logo em seguida
e os bens foram restituídos à vítima. Em julgamento, o homem que transportava os comparsas
confessou a conduta e informou que o seu papel na empreitada criminosa era somente aguardar os
comparsas e propiciar a fuga. Foi informado nos autos que o réu respondia a processo por crime de
roubo, o que foi considerado como antecedente. Na sentença, ele foi condenado a nove anos e quatro
meses de reclusão. Ao analisar a dosimetria da pena, o juiz considerou que a culpabilidade estava
comprovada nos autos, tendo afirmado que “a conduta do réu é altamente reprovável, sua
personalidade é voltada para o crime; os motivos e as circunstâncias do crime não o favoreceram; as
consequências do crime revelaram-se graves e as vítimas em nada contribuíram para o seu
cometimento”. Como a situação econômica do réu lhe era desfavorável, ele foi assistido pela
defensoria pública. Acerca dos fundamentos da sentença proferida na situação hipotética
apresentada, assinale a opção correta, considerando a jurisprudência dos tribunais superiores.
a) O fato de o réu estar respondendo a processo por crime de roubo enseja o agravamento da pena-
base.
b) A pena imposta ao réu deve ser reduzida com fundamento na participação de menor importância,
dado que ele não estava armado e não participou diretamente da ação de subtração.
c) As razões apresentadas pelo juiz para analisar a dosimetria da pena são todas inidôneas para
fundamentar acréscimos na pena-base.
d) A confissão do réu é uma circunstância atenuante que implica a redução da pena para menos do
mínimo legal previsto para o caso em tela.
e) Em caso de crime de roubo circunstanciado, a indicação do número de majorantes basta para o
aumento da pena na segunda fase da dosimetria.
Comentários:

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A alternativa A está incorreta. Como o fato não havia transitado em julgado na época da prática de novo
delito pelo agente, não pode ser considerado para se declará-lo como reincidente, conforme prevê o artigo
63 do Código Penal:
Art. 63 - Verifica-se a reincidência quando o agente comete novo crime, depois de transitar em julgado
a sentença que, no País ou no estrangeiro, o tenha condenado por crime anterior.
A alternativa B está incorreta. A participação de menor importância é causa de diminuição de pena prevista
no artigo 29, § 1º do CP, em que o agente pode ser ter sua pena diminuída de 1/6 a 1/3.Como esse instituto
só é aplicado nos casos de participação, a pena do agente não poderá ser diminuída já que foi coautor do
crime.
A alternativa C está correta. De acordo com a jurisprudência do STJ, “não é possível a utilização de
argumentos genéricos ou circunstancias elementares do próprio tipo penal para aumento da pena-base com
fundamento nas consequências do delito". (Info 506)
A alternativa D está incorreta. Na segunda fase, parte-se da pena intermediária para a estipulação da pena
intermediária. Esta deve observar a adstrição aos limites mínimo e máximo da sanção abstratamente
cominada ao delito. É o que determina a Súmula 231 do Superior Tribunal de Justiça:
A incidência da circunstância atenuante não pode conduzir à redução da pena abaixo do mínimo legal.
A alternativa E está incorreta, haja vista o teor da Sumula 443 STJ, que dispõe:
O aumento na terceira fase de aplicação da pena no crime de roubo circunstanciado exige
fundamentação concreta, não sendo suficiente para a sua exasperação a mera indicação do número
de majorantes.

Q61. FAURGS/TJ-RS/Juiz de Direito/2016


Sobre aplicação e execução de penas, considere as afirmações abaixo.
I - Consoante o entendimento consolidado do Superior Tribunal de Justiça, a reincidência penal pode
ser considerada como circunstância agravante e, simultaneamente, como circunstância judicial.
II - De acordo com a jurisprudência recente do Superior Tribunal de Justiça, a inexistência de casa de
albergado na localidade da execução da pena não gera o reconhecimento de direito ao benefício da
prisão domiciliar quando o apenado estiver cumprindo a reprimenda em local compatível com as
regras do regime aberto.
III - A jurisprudência do Supremo Tribunal Federal consolidou entendimento segundo o qual a
hediondez ou a gravidade abstrata do delito não obriga, por si só, o regime prisional mais gravoso,
pois o juízo, em atenção aos princípios constitucionais da individualização da pena e da
obrigatoriedade de fundamentação das decisões judiciais, deve motivar o regime imposto,
observando a singularidade do caso concreto.
Quais estão corretas?
a) Apenas I.
b) Apenas II.
c) Apenas III.

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d) Apenas I e II.
e) Apenas II e III.
Comentários:
O item I está incorreto. A Súmula 241 do STJ dispõe que não se pode valorar o mesmo fato como agravante
da reincidência e circunstância judicial, ao mesmo tempo, sob pena de violação ao princípio do ne bis in
idem:
A reincidência penal não pode ser considerada como circunstância agravante e, simultaneamente,
como circunstância judicial.
O item II está correto. De acordo com a jurisprudência recente do Superior Tribunal de Justiça, a prisão
domiciliar é excepcionalmente aceita quando não houver casa de albergado ou local compatível com as
regras do regime aberto. Vejamos:
PENAL E PROCESSUAL. HABEAS CORPUS SUBSTITUTO DE RECURSO PRÓPRIO.REGIME ABERTO.
AUSÊNCIA DE VAGA EM CASA DE ALBERGADO. PRISÃO DOMICILIAR. INDEFERIMENTO DO
BENEFÍCIO. CUMPRIMENTO DA PENA EM ESTABELECIMENTO PRISIONAL SEPARADO DOS DEMAIS
PRESOS. AUSÊNCIA DE CONSTRANGIMENTO ILEGAL. (...) 2. Apesar de o art. 117 da Lei n.
7.210/1984 prever taxativamente as hipóteses de cumprimento da pena em residência particular,
esta Corte de Justiça tem admitido, excepcionalmente, a concessão da prisão domiciliar quando
não houver local adequado ao regime prisional imposto.(...)(HC 299.315/RS, Rel. Ministro GURGEL
DE FARIA, QUINTA TURMA, julgado em 18/12/2014, DJe 02/02/2015)
O item II está correto. A Súmula 718 do STF determina o seguinte:
A opinião do julgador sobre a gravidade em abstrato do crime não constitui motivação idônea para
a imposição de regime mais severo do que o permitido segundo a pena aplicada.
Portanto, a alternativa E está correta.

Q62. FCC/TJ-AL/Juiz de Direito/2015


A circunstância agravante
a) pode ser reconhecida pelo juiz, ainda que não alegada pelo Ministério Público, consoante expressa
previsão legal.
b) da reincidência pode ser considerada simultaneamente como circunstância judicial.
c) incide ainda que qualifique o crime, mas não se dele constituir elementar.
d) pode elevar a pena acima do máximo previsto em lei para o crime.
e) nunca prepondera sobre circunstância atenuante.
Comentários:
A alternativa A está correta. Nos termos do art. 385 do Código de Processo Penal: “Nos crimes de ação
pública, o juiz poderá proferir sentença condenatória, ainda que o Ministério Público tenha opinado pela
absolvição, bem como reconhecer agravantes, embora nenhuma tenha sido alegada”.

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A alternativa B está incorreta. A Súmula 241 do STJ dispõe que não se pode valorar o mesmo fato como
agravante da reincidência e circunstância judicial, ao mesmo tempo, sob pena de violação ao princípio do
ne bis in idem:
A reincidência penal não pode ser considerada como circunstância agravante e, simultaneamente,
como circunstância judicial.
A alternativa C está incorreta. As circunstâncias agravantes estão previstas no artigo 61 do Código Penal, o
qual ressalva que sua aplicação na segunda fase depende de o delito não prever a circunstância como
elementar ou qualificadora do crime. Leiamos o dispositivo legal:
Art. 61 - São circunstâncias que sempre agravam a pena, quando não constituem ou qualificam o
crime:
I - a reincidência;
II - ter o agente cometido o crime:
a) por motivo fútil ou torpe;
b) para facilitar ou assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de outro crime;
c) à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação, ou outro recurso que dificultou ou tornou
impossível a defesa do ofendido;
d) com emprego de veneno, fogo, explosivo, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que podia
resultar perigo comum;
e) contra ascendente, descendente, irmão ou cônjuge;
f) com abuso de autoridade ou prevalecendo-se de relações domésticas, de coabitação ou de
hospitalidade, ou com violência contra a mulher na forma da lei específica;
g) com abuso de poder ou violação de dever inerente a cargo, ofício, ministério ou profissão;
h) contra criança, maior de 60 (sessenta) anos, enfermo ou mulher grávida;
i) quando o ofendido estava sob a imediata proteção da autoridade;
j) em ocasião de incêndio, naufrágio, inundação ou qualquer calamidade pública, ou de desgraça
particular do ofendido;
l) em estado de embriaguez preordenada.
A alternativa D está incorreta. O art. 59 do Código Penal prevê que as circunstâncias judiciais estabelecerão
as penas aplicáveis e a quantidade de pena aplicável, dentro dos limites previstos:
Art. 59 - O juiz, atendendo à culpabilidade, aos antecedentes, à conduta social, à personalidade
do agente, aos motivos, às circunstâncias e consequências do crime, bem como ao comportamento
da vítima, estabelecerá, conforme seja necessário e suficiente para reprovação e prevenção do
crime: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
I - as penas aplicáveis dentre as cominadas;
II - a quantidade de pena aplicável, dentro dos limites previsto
A alternativa E está incorreta, pois, o art. 67 do Código Penal prevê que a pena deve ser mais próxima do
limite indicado pelas circunstâncias preponderante. Vejamos:

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Art. 67 - No concurso de agravantes e atenuantes, a pena deve aproximar-se do limite indicado


pelas circunstâncias preponderantes, entendendo-se como tais as que resultam dos motivos
determinantes do crime, da personalidade do agente e da reincidência.

Q63. VUNESP/TJ-MS/Juiz de Direito/2015


Assinale a alternativa correta.
a) Os efeitos genéricos e específicos da condenação criminal são automáticos, sendo, pois, despicienda
suas declarações na sentença.
b) O juiz não poderá declarar extinta a pena, enquanto não passar em julgado a sentença, em processo
a que responde o liberado, por crime cometido na vigência do livramento.
c) As espécies de pena são as privativas de liberdade e restritivas de direito.
d) A suspensão condicional da pena será obrigatoriamente revogada se, no curso do prazo, o
beneficiário pratica novo crime doloso.
e) Para efeito de reincidência, não prevalece a condenação anterior, se entre a data do cumprimento
ou extinção da pena e a infração posterior tiver decorrido período de tempo superior a 2 (dois) anos,
computado o período de prova da suspensão ou do livramento condicional, se não ocorrer revogação.
Comentários:
A alternativa A está incorreta. Conforme o parágrafo único do art. 92 do Código Penal, os efeitos específicos
não são automáticos, devendo ser motivadamente declarados na sentença.
A alternativa B está correta. O art. 89 do Código Penal prevê que: "O juiz não poderá declarar extinta a pena,
enquanto não passar em julgado a sentença em processo a que responde o liberado, por crime cometido na
vigência do livramento".
A alternativa C está incorreta. Como prevê o art. 32 do Código Penal, as espécies de penas são privativas de
liberdade, restritivas de direitos e de multa.
A alternativa D está incorreta. A revogação obrigatória do sursis ocorre se, no curso do prazo, o beneficiário
for condenado, em sentença irrecorrível, por crime doloso, conforme dispõe o art. 81, I, do Código Penal.
A alternativa E está incorreta. O inciso I do art. 64 do Código Penal estipula o prazo de 5 (cinco) anos, nos
seguintes termos:
Art. 64 - Para efeito de reincidência:
I - não prevalece a condenação anterior, se entre a data do cumprimento ou extinção da pena e a
infração posterior tiver decorrido período de tempo superior a 5 (cinco) anos, computado o período
de prova da suspensão ou do livramento condicional, se não ocorrer revogação;

Q64. CESPE/TJ-DFT/Juiz de Direito/2015


Em cada uma das opções seguintes, é apresentada uma situação hipotética acerca de penas privativas
de liberdade e de penas restritivas de direito, seguida de uma assertiva a ser julgada. Assinale a opção
que apresenta a assertiva correta.

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a) Lana, com vinte e sete anos de idade, capaz, possui condenação definitiva por crime de aborto à
pena de três anos de detenção. Decorridos dois anos, Lana foi condenada por crime de receptação à
pena privativa de liberdade de dois anos de reclusão. Nessa situação, o juiz não poderá substituir a
pena de Lana por pena restritiva de direitos, uma vez que ela é reincidente.
b) Fernando, com trinta anos de idade, capaz, ameaçou de morte sua companheira Tereza, com vinte
e nove anos de idade, capaz. Fernando foi processado e condenado, definitivamente, pelo referido
crime à pena de cinco meses de detenção. Nessa situação, Fernando tem direito à substituição da
pena privativa de liberdade por pena restritiva de direitos.
c) Glauber, com trinta e um anos de idade, capaz, primário, foi condenado, definitivamente, em
concurso material, pelo crime de supressão de correspondência comercial, à pena de detenção de dois
anos; e, por divulgação de informações sigilosas, à pena de detenção de quatro anos e pena
pecuniária. Nessa situação, Glauber tem direito à substituição da pena privativa de liberdade por pena
restritiva de direitos.
d) Carla, com vinte e três anos de idade, capaz, primária, devidamente habilitada, fugiu do local para
evitar prisão em flagrante, pois, após desviar o veículo que dirigia na velocidade da via de um buraco
na pista, o colidiu contra uma mureta que caiu sobre uma criança de três anos de idade, a qual faleceu
em decorrência das lesões. Por matar a criança, Carla foi condenada ao crime de homicídio culposo.
Nessa situação, Carla tem direito à substituição da pena privativa de liberdade por pena restritiva de
direitos.
e) Pedro, com vinte e oito anos de idade, capaz, primário, de corpo avantajado, desarmado, faixa preta
em judô, trajando quimono, de forma intimidatória e exalando odor etílico, determinou que Ana, com
dezessete anos de idade, capaz, entregasse a ele seu celular, sem que fosse possível a ela impor
qualquer resistência. Por tais fatos, Pedro foi condenado, definitivamente, por crime de roubo simples,
à pena de quatro anos de reclusão. Nessa situação, há vedação legal para que a pena de Pedro seja
substituída por pena restritiva de direitos.
Comentários:
A alternativa A está incorreta. O parágrafo terceiro do art. 44 do Código Penal possibilita a concessão do
benefício aos reincidentes, desde que presentes as condições legais:
Art. 44, §3º Se o condenado for reincidente, o juiz poderá aplicar a substituição, desde que, em
face de condenação anterior, a medida seja socialmente recomendável e a reincidência não se
tenha operado em virtude da prática do mesmo crime.
A alternativa B está incorreta. Fernando não tem direito à substituição da pena, em razão do que prevê o
art. 44, inciso I do Código Penal:
I – aplicada pena privativa de liberdade não superior a quatro anos e o crime não for cometido
com violência ou grave ameaça à pessoa ou, qualquer que seja a pena aplicada, se o crime for
culposo;
Além disso, a Súmula 588 do STJ proíbe a substituição da pena nos casos de violência doméstica contra a
mulher:
Súmula 588 do STJ - A prática de crime ou contravenção penal contra a mulher com violência ou
grave ameaça no ambiente doméstico impossibilita a substituição da pena privativa de liberdade
por restritiva de direitos.

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A alternativa C está incorreta. Como houve concurso material de crimes, aplicam-se cumulativamente as
penas privativas de liberdade. Com a aplicação cumulativa das penas, Glauber não terá direito à substituição,
em razão do limite da pena estipulado no art. 44, inciso I do Código Penal:
Art. 44. As penas restritivas de direitos são autônomas e substituem as privativas de liberdade,
quando:
I – aplicada pena privativa de liberdade não superior a quatro anos e o crime não for cometido
com violência ou grave ameaça à pessoa ou, qualquer que seja a pena aplicada, se o crime for
culposo;
A alternativa D está incorreta. Neste caso, as informações da alternativa são insuficientes para saber se
Carla deveria ser beneficiada pela substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos,
principalmente, no que diz respeito à culpabilidade, aos antecedentes, à conduta social e à personalidade
do condenado, aos motivos e às circunstâncias, se essas indicarem que essa substituição seja suficiente,
conforme prevê o inciso III do art. 44 do Código Penal.
A alternativa E está correta. No caso, a vedação legal para a substituição da pena em pena restritiva de
direito está no inciso I do art. 44 do Código Penal, que proíbe a concessão do benefício nos casos de crime
cometido com violência ou grave ameaça à pessoa:
Art. 44. As penas restritivas de direitos são autônomas e substituem as privativas de liberdade,
quando:
I – aplicada pena privativa de liberdade não superior a quatro anos e o crime não for cometido
com violência ou grave ameaça à pessoa ou, qualquer que seja a pena aplicada, se o crime for
culposo

Q65. DPF/CEBRASPE/2021/Delegado de Polícia Federal/2021


Julgue o item a seguir:
O inadimplemento da pena de multa não obsta a extinção da punibilidade do apenado.
Incorreto. Segue acórdão transcrito no livro digital (pdf) do Curso do Estratégia para Delegado da PF:
“Nos termos do novo entendimento desta Corte, firmado em consonância com o STF, no
julgamento da ADI 3.150/DF, ocorrido em 13/12/2018, "a Lei n. 9.268/96, ao considerar a multa
penal como dívida de valor, não retirou dela o caráter de sanção criminal que lhe é inerente por
força do art. 5º, XLVI, c, da CF. Como consequência, por ser uma sanção criminal, a legitimação
prioritária para a execução da multa penal é do Ministério Público perante a Vara de Execuções
Penais" (CC 165.809/PR, Ministro ANTÔNIO SALDANHA PALHEIRO, TERCEIRA SEÇÃO, DJe
23/8/2019), razão pela qual, diante de seu caráter penal, não há falar em extinção da
punibilidade da pena de multa nos casos de não pagamento. (STJ, AgRg no REsp
1855046/SP, Rel. Min. Nefi Cordeiro, Sexta Turma, DJe 16/03/2020).

Q66. DPE-BA/FCC/2021/Defensor Público/2021


Sobre as penas restritivas de direitos, é correto afirmar:
a) A limitação de fim de semana restringe-se aos crimes punidos com detenção.
b) O descumprimento prévio de acordo de não persecução penal impossibilita a substituição da pena
privativa de liberdade por restritivas de direitos na sentença.

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c) A prestação de serviços à comunidade ou a entidades públicas é aplicável às condenações inferiores


a seis meses de privação da liberdade.
d) Se o crime for praticado com violência ou ameaça à pessoa, o juiz poderá aplicar a substituição da
pena privativa de liberdade por restritiva de direitos, desde que a medida seja socialmente
recomendável.
e) A pena restritiva de direitos que substitui pena privativa de liberdade superior a um ano pode ser
cumprida em menor tempo, nunca inferior à metade da pena fixada.
Comentários
Gabarito: Alternativa E
A alternativa A está incorreta. A limitação de fim de semana é pena restritiva de direitos que pode ser
aplicada em substituição à pena privativa de liberdade, independentemente de se tratar de reclusão ou
detenção.
A alternativa B está incorreta. Não existe vedação à substituição da pena privativa de liberdade em caso de
descumprimento de ANPP.
A alternativa C está incorreta. Nos termos do artigo 46, caput, do CP, a prestação de serviços à comunidade
ou a entidades públicas é aplicável às condenações superiores a seis meses de privação da liberdade.
A alternativa D está incorreta. O artigo 44, § 3º, do CP, prevê que, se o condenado for reincidente, o juiz
poderá aplicar a substituição, desde que, em face de condenação anterior, a medida seja socialmente
recomendável e a reincidência não se tenha operado em virtude da prática do mesmo crime. Apesar de não
totalmente incorreta, a banca considerou-a assim pela ausência do requisito de não reincidência específica.
A alternativa E está correta. Tratando da prestação de serviços à comunidade, o artigo 46, § 4º, do CP, dispõe
que, se a pena substituída for superior a um ano, é facultado ao condenado cumprir a pena substitutiva em
menor tempo (art. 55), nunca inferior à metade da pena privativa de liberdade fixada.

Q67. DPE-BA/FCC/2021/Defensor Público/2021


No Brasil contemporâneo,
a) o acesso garantido a diversos setores da sociedade, como imprensa, ONGs e associações de
familiares às prisões, proporcionou maior transparência e redução dos problemas humanitários.
b) a implementação de programas que geram oportunidades futuras à população prisional indica a
prevalência do previdenciarismo penal.
c) a prisão evidencia o racismo do sistema penal com sua composição populacional e contribui para
sua reprodução e sustentação.
d) o ideal de prevenção geral da pena foi alcançado com a ampliação da privatização e modernização
ampla do sistema prisional brasileiro.
e) a noção de prisão-depósito representa a realização dos ideais de prevenção especial positiva no
penalismo neoliberal.
Comentários
Gabarito: Alternativa C

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A alternativa A está incorreta. Não há redução dos problemas humanitários nas prisões, nem houve maior
transparência nos últimos tempos. Especialmente para quem estuda para Defensoria, é recomendável
conhecer o relatório da Comissão Interamericana de Direitos Humanos, de 12 de fevereiro de 2021, que
aponta o contrário do que indica a alternativa21.
A alternativa B está incorreta. Não existem muitos programas voltados a condições de vida dos egressos,
não em sentido de se falar em uma prevalência dessa visão.
A alternativa C está correta. Cito o relatório acima mencionado: “A respeito, o Relator Especial do Conselho
de Direitos Humanos da ONU sobre tortura e outros tratamentos ou punições cruéis, desumanos e
degradantes estabeleceu que o alto grau de racismo institucional verificado no Brasil ocasiona que os
afrodescendentes corram um risco significativamente maior de prisão em massa, abuso policial, tortura,
maus-tratos e discriminação nas prisões”.
A alternativa D está incorreta. Não se defende, de forma majoritária, que a prevenção geral foi alcançada,
além de não ter ocorrido a modernização nem a privatização ampla do sistema penitenciário.
A alternativa E está incorreta. A prevenção especial positiva prega que a pena visa à ressocialização do
agente. Deste modo, a imposição das sanções penais teria como objetivo a reinserção do indivíduo na
sociedade, reeducando-o em razão da conduta ilícita praticada para que ele não reincida. Essa concepção
não tem guarida com as prisões-depósito, em que se busca neutralizar o indivíduo lançando-o à prisão ou
simplesmente retribuir ao mal causado, sem interesse em ressocialização.

Q68. DPE-BA/FCC/2021/Defensor Público


Sobre a confissão, é correto afirmar:
a) Ainda que parcial, atenua a pena, se utilizada para dar suporte à condenação.
b) Constitui causa de diminuição de pena em caso de crimes ambientais.
c) Retira a hediondez quando se tratar de crime punido com até 4 anos de detenção.
d) Atenua a pena no crime de tráfico de drogas com a mera admissão da posse para uso próprio.
e) Incide na aplicação da pena se comprovado igualmente o arrependimento da prática do crime.
Comentários
Gabarito: Alternativa A
A alternativa A está correta. Ainda que a confissão seja parcial, se o juiz fundamentar a condenação com
base nela, o indivíduo fará jus à incidência da atenuante. De igual forma, se o agente posteriormente se
retratar e, mesmo assim, for um dos elementos utilizados na sentença. Portanto, a confissão espontânea
realizada perante a autoridade policial pode atenuar a pena, ainda que o agente se retrate perante o juiz,
desde que este a utilize como elemento de convencimento para a condenação. É o que tem decidido o STJ:
“(...) 4. A Jurisprudência deste Tribunal Superior firmou-se no sentido de que incide a atenuante
prevista no art. 65, III, "d", quando a confissão do acusado, ainda que retratada ou parcial, seja
utilizada para fundamentar a sua condenação, como ocorreu no caso em apreço. Súmula 545 do
STJ. (...)” (STJ, HC 433722/SP, Rel. Min. Ribeiro Dantas, Quinta Turma, DJe 22/05/2018).

21
Disponível em: https://www.oas.org/pt/cidh/relatorios/pdfs/Brasil2021-pt.pdf.

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A alternativa B está incorreta. A Lei 9.605/98 não possui regras específicas sobre a confissão.
A alternativa C está incorreta. Não há previsão legal de exclusão de natureza hedionda em caso de
confissão.
A alternativa D está incorreta. O seu conteúdo contraria o enunciado da Súmula 630 do STJ: “A incidência
da atenuante da confissão espontânea no crime de tráfico ilícito de entorpecentes exige o reconhecimento
da traficância pelo acusado, não bastando a mera admissão da posse ou propriedade para uso próprio”.
A alternativa E está incorreta. Não se exige arrependimento para incidência da atenuante da confissão
espontânea.

LISTA DE QUESTÕES

Q1. CESPE/Polícia Federal/Delegado de Polícia/2013


A respeito da pena pecuniária, julgue o item abaixo.
Item 26 A multa aplicada cumulativamente com a pena de reclusão pode ser executada em face do
espólio, quando o réu vem a óbito no curso da execução da pena, respeitando - se o limite das forças
da herança.
o Certo
o Errado

Q2. FUNDEP/DEP-MG/Defensor Público/2014


Após ter cumprido a metade da pena por crime não hediondo, um indivíduo reincidente obteve
livramento condicional pelo período de cinco anos. Faltando dois anos para a reaquisição integral da
liberdade, ele foi denunciado pela suposta prática de homicídio que teria sido praticado durante o
período de prova do livramento condicional.
Nesse caso,
a) haverá a revogação obrigatória e imediata do livramento condicional.
b) haverá a revogação facultativa do livramento condicional.
c) ao final do livramento condicional em gozo, não ocorrendo decisão definitiva no novo processo,
haverá extinção da pena pelo cumprimento.
d) ao final do livramento condicional em gozo, não havendo decisão definitiva, deverá o livramento
condicional ser prorrogado até o trânsito em julgado no novo processo.

Q3. TRF 2ª Região/TRF 2ª Região/Juiz Federal/2017


Assinale a opção correta:

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a) Fixada a pena em seu mínimo legal, é possível estipular regime prisional mais gravoso do que o
previsto em razão da sanção imposta, desde que presente a gravidade abstrata do delito e a
perturbação causada à ordem pública.
b) Fixada a pena-base em seu mínimo legal, é possível compensar a atenuante da confissão
espontânea e o aumento referente à continuidade delitiva.
c) Reconhecida a incidência de duas ou mais causas de qualificação, ambas serão utilizadas para
qualificar o delito, influenciando a fixação da pena-base que, nesse caso, será necessariamente
definida acima do mínimo previsto no preceito secundário do tipo qualificado.
d) É possível, na segunda fase da dosimetria da pena, a compensação da atenuante da confissão
espontânea com a agravante da reincidência, não havendo preponderância.
e) O tempo da prisão provisória, no Brasil ou no estrangeiro, não deverá ser computado para fins de
determinação do regime inicial de pena privativa de liberdade.

Q4. CESPE/TJ-BA/Juiz de Direito/2012


Assinale a opção correta com base no entendimento dos tribunais superiores acerca de cominações
legais.
a) Aplica-se ao crime continuado a lei penal mais grave caso a sua vigência seja anterior à cessação da
continuidade.
b) Aplica-se ao furto qualificado, em razão do concurso de agentes, a majorante do roubo.
c) Fixada a pena-base no mínimo legal em face do reconhecimento das circunstâncias judiciais
favoráveis ao réu, é possível infligir-lhe regime prisional mais gravoso considerando-se isoladamente
a gravidade genérica do delito.
d) A pena do crime de roubo circunstanciado, na terceira fase de aplicação, será exasperada em razão
do número de causas de aumento.
e) Aplica-se a continuidade delitiva aos crimes de estelionato, de receptação e de adulteração de sinal
identificador de veículo automotor, infrações penais da mesma espécie.

Q5. FMP Concursos/TJ-MT/Juiz de Direito/2014


De acordo com entendimento sumulado do Supremo Tribunal Federal, assinale a afirmativa correta.
a) A pena unificada para atender ao limite de trinta anos de cumprimento, determinado pelo art. 75
do Código Penal, é considerada, para concessão de outros benefícios, como livramento condicional ou
regime mais favorável de execução.
b) A lei penal mais grave aplica-se ao crime continuado ou ao crime permanente, se sua vigência é
anterior à cessação da continuidade ou da permanência.
c) Impede a progressão de regime de execução de pena, fixada em sentença não transitada em
julgado, o fato de o réu se encontrar em prisão especial.

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d) A imposição do regime de cumprimento mais severo do que a pena aplicada permitir não exige
motivação idônea
e) Admite-se a suspensão condicional do processo por crime continuado, se a soma da pena mínima
da infração mais grave com o aumento mínimo de um sexto for superior a um ano

Q6. VUNESP/TJ-SP/Juiz Substituto/2017


Na aplicação da pena,
a) é vedada a utilização de inquéritos policiais e ações penais em curso para agravar a pena-base,
configurando-se, porém, a má antecedência se o acusado ostentar condenação por crime anterior,
transitada em julgado após o novo fato.
b) a incidência de circunstância atenuante não pode conduzir à redução da pena abaixo do mínimo
legal, a não ser que utilizada a confissão para a formação do convencimento do julgador, hipótese em
que o réu fará jus à diminuição, ainda que aquém do piso.
c) o desconhecimento da lei constitui circunstância atenuante, podendo ainda a pena ser atenuada
em razão de fato relevante, embora não previsto em lei, desde que necessariamente anterior ao
crime.
d) a reincidência não pode ser considerada como circunstância agravante e, simultaneamente, como
circunstância judicial, não prevalecendo a condenação anterior, contudo, se entre a data do trânsito
em julgado para a acusação da condenação anterior e a infração posterior tiver decorrido período de
tempo superior a 5 (cinco) anos.

Q7. MPE-SP/MPE-SP/Promotor de Justiça/2017


A confissão judicial do réu implica em
a) compensação com eventual circunstância agravante.
b) diminuição de sua pena final.
c) compensação com eventual majorante.
d) redução máxima da pena em face da presença de causa especial de diminuição de pena.
e) redução de sua pena base.

Q8. VUNESP/TJ-RS/Defensor Público/2018


Estritamente nos termos do quanto prescreve o art. 39 do CP, o trabalho do preso
a) não é obrigatoriamente remunerado, mas se lhe garantem, facultativamente, os benefícios da
Previdência Social.
b) será sempre remunerado, sendo-lhe garantidos os benefícios da Previdência Social.
c) não é obrigatoriamente remunerado, mas se lhe garantem os benefícios da Previdência Social.

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d) não é remunerado e não se lhe garantem os benefícios da Previdência Social.


e) será sempre remunerado, contudo, não se lhe garantem os benefícios da Previdência Social.

Q9. VUNESP/TJ-RS/Defensor Público/2018


A pena restritiva de direitos (CP, arts. 43 a 48)
a) na modalidade perda de bens e valores pertencentes ao condenado, dar-se-á em favor da vítima.
b) na modalidade prestação de serviços, pode ser substitutiva de qualquer pena privativa de liberdade
igual ou inferior a quatro anos.
c) admite exclusivamente as modalidades de prestação pecuniária, perda de bens e valores, limitação
de fim de semana e prestação de serviço à comunidade ou entidade pública.
d) converte-se em privativa de liberdade quando ocorrer o descumprimento injustificado da restrição
imposta.
e) só pode ser aplicada a condenados primários.

Q10. FCC/DPE-AP/Defensor Público/2018


Com base no entendimento dos tribunais superiores, considere as seguintes assertivas sobre a
reincidência:
I. Crimes eleitorais, por serem equiparados a crimes políticos após a CF/88, não geram reincidência.
II. Condenação transitada em julgado pelo porte de entorpecentes para consumo (art. 28 da Lei nº
11.343/2006) gera reincidência.
III. Para o cálculo de período depurador de cinco anos, computa-se o período de sursis, mas não o de
livramento condicional.
IV. É considerada como marco interruptivo da prescrição da pretensão executória na data do trânsito
em julgado do novo delito e não na data de seu cometimento.
V. Para fazer prova da reincidência não é necessário certidão, sendo suficiente a informação constante
da folha de antecedentes.
Está correto o que se afirma APENAS em
a) I e IV.
b) I, II e IV.
c) III, IV e V.
d) III e V.
e) II e V.

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Q11. FCC/DPE-AP/Defensor Público/2018


O lapso temporal para progressão de regime é de
a) metade, em caso de reincidente em crime doloso.
b) um terço, em caso de roubo majorado.
c) três quintos, em caso de crime cometido com violência ou grave ameaça contra a pessoa.
d) dois quintos, em caso de homicídio simples, se primário.
e) um sexto, em caso de tráfico de drogas na forma privilegiada.

Q12. FCC/DPE-AM/Defensor Público/2018


Os antecedentes criminais
a) podem ser considerados negativamente na aplicação da pena com o registro de atos infracionais,
vedando-se, contudo, para efeitos de reincidência.
b) podem aumentar a pena-base acima do mínimo legal com o registro decorrente da aceitação de
transação penal pelo acusado.
c) podem ser verificados a partir da existência de ações penais em curso, mas não de inquéritos
policiais na mesma condição.
d) podem ser considerados para fins de cabimento da substituição da pena privativa de liberdade por
restritiva de direitos.
e) constituem circunstância agravante que incide com a regular certidão comprobatória de
condenação anterior.

Q13. FCC/DPE-AM/Defensor Público/2018


A pena restritiva de direitos
a) pode substituir a privativa de liberdade em caso de reincidente em crime culposo, salvo se a pena
for superior a quatro anos.
b) de limitação de fim de semana é vedada para crimes patrimoniais e contra a administração pública.
c) de prestação pecuniária é indisponível e por isso não pode consistir em prestação de outra natureza
mesmo com concordância da vítima.
d) de prestação de serviço à comunidade pode ser cumprida em tempo menor do que a pena privativa
de liberdade substituída, se esta for superior a um ano.
e) pode ser cumulada com medida de segurança na modalidade de tratamento ambulatorial, pois não
implica em restrição da liberdade.

Q14. FCC/DPE-AM/Defensor Público/2018

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A progressão de regime de cumprimento de pena


a) ao regime aberto deve ser acompanhada de exame criminológico para aferição do prognóstico de
reincidência do condenado.
b) requer o cumprimento de três quintos da pena para o reincidente específico no crime de roubo.
c) tem como data-base para segunda progressão a data da decisão judicial que concedeu a primeira,
conforme entendimento dos Tribunais Superiores.
d) composta por uma condenação por crime comum e outra por crime hediondo se dá com o
cumprimento de um sexto da pena da primeira mais dois quintos da segunda.
e) pode ficar condicionada à existência de vaga em regime prisional mais brando.

Q15. CESPE/DPE-PE/Defensor Público/2018


Em se tratando de regime aberto, a pena deverá ser cumprida em
a) casa de albergado.
b) penitenciária.
c) centro de observação.
d) colônia agrícola.
e) cadeia pública.

Q16. CESPE/DPE-PE/Defensor Público/2018


Assinale a opção correta, a respeito das regras do regime fechado de cumprimento das penas
privativas de liberdade previstas na legislação vigente.
a) Em regra, o condenado a pena privativa de liberdade superior a quatro anos iniciará o seu
cumprimento no regime fechado.
b) A pena de reclusão deve ser cumprida exclusivamente em regime fechado.
c) A execução da pena em regime fechado deverá ocorrer exclusivamente em estabelecimento de
segurança máxima.
d) O condenado que cumpre pena no regime fechado pode ser autorizado a realizar trabalho externo
em serviços ou obras públicas.
e) O condenado que cumpre a pena no regime fechado deve ficar isolado durante o repouso noturno
e, durante o dia, deve trabalhar em colônia agrícola, industrial ou estabelecimento similar.

Q17. CESPE/PC-MA/Delegado de Polícia/2018


A respeito das teorias que tratam das funções da pena, assinale a opção correta.

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a) A teoria correcionalista considera que a pena se esgota na ideia da retribuição como resposta ao
mal causado pelo autor do crime.
b) A teoria preventiva geral positiva considera que a pena tem a função de inibir comportamentos
antissociais e moldar comportamentos socialmente aceitos.
c) A teoria absoluta considera que a pena possui caráter retributivo, preventivo e ressocializador.
d) A teoria preventiva geral considera a pena como um meio para prevenir a reincidência do indivíduo.
e) A teoria preventiva especial considera a pena como um meio para intimidar os potenciais
praticantes de condutas delituosas.

Q18. CESPE/DPE-PE/Defensor Público/2018


André e Bruno, companheiros de cela em determinada penitenciária, são assistidos pela Defensoria
Pública do Estado de Pernambuco. André cumpre pena de seis anos por furto qualificado e tem como
antecedente criminal uma condenação de um ano e oito meses por crime culposo, já cumprida. Bruno,
por sua vez, cumpre pena de nove anos por tráfico de drogas e não possui antecedentes criminais.
Considerando essa situação hipotética, assinale a opção correta a respeito do livramento condicional
de André e Bruno.
a) Bruno não fará jus ao livramento condicional, uma vez que foi condenado por crime equiparado a
crime hediondo.
b) Caso André cometa falta grave no cumprimento da pena, o prazo para seu livramento condicional
será interrompido.
c) A concessão do benefício do livramento condicional a André dependerá de ele cumprir um terço da
pena e a Bruno de ele cumprir dois terços da pena.
d) Apesar de ser hipossuficiente, André será beneficiado com o livramento condicional somente se
reparar o dano causado em decorrência da prática do furto qualificado.
e)Por ser reincidente, André atenderá ao requisito temporal para o livramento condicional apenas
após ter cumprido metade da pena.

Q19. CESPE/DPE-AL/Defensor Público/2017


Quanto às circunstâncias agravantes e às atenuantes, assinale a opção correta.
a) Constitui atenuante genérica o erro sobre a ilicitude do fato, embora o desconhecimento da lei seja
inescusável.
b) Inexiste, nas agravantes e atenuantes genéricas, previsão legal taxativa acerca do quantum a ser
aplicado, cabendo ao juiz defini-lo.
c) As circunstâncias agravantes incidem apenas sobre os crimes dolosos.
d) A circunstância atenuante referente à senilidade é definida pelo Estatuto do Idoso.

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e) A clemência incide em circunstâncias anteriores à prática do crime, nas hipóteses previstas


expressamente no CP.

Q20. CESPE/DPE-AL/Defensor Público/2017


Celso, réu primário, condenado definitivamente por homicídio qualificado, conseguiu livramento
condicional. Durante o cumprimento do livramento condicional, ele foi condenado novamente pelo
crime de roubo, o qual havia sido praticado antes da vigência do benefício.
A respeito dessa situação hipotética, assinale a opção correta.
a) A situação de Celso enseja prorrogação imediata do período de prova do livramento condicional.
b) O livramento condicional não poderá ser novamente concedido a Celso, em razão da reincidência
específica em crimes dolosos.
c) As penas de Celso devem somar-se, para efeito do livramento, quando ocorrer o trânsito em julgado
da sentença condenatória.
d) O período em que Celso ficou em liberdade não será computado na pena.
e) A nova condenação de Celso, independentemente do trânsito em julgado da sentença, resulta na
revogação imediata do benefício de livramento condicional.

Q21. FCC/PC-AC/Delegado de Polícia/2017


Segundo o regime do livramento condicional,
a) a notícia da prática de infração penal implica imediata revogação do livramento condicional.
b) será julgada extinta a pena privativa de liberdade, se expirar o prazo do livramento sem revogação.
c) é vedada a concessão do livramento condicional para o preso que não gozou de 5 saídas temporárias
ao longo da execução da pena.
d) é incabível para pessoas condenadas por crime hediondo ou cometidos com violência ou grave
ameaça contra a pessoa.
e) o livramento condicional é direito subjetivo do sentenciado que cumprir um sexto da pena e
apresentar bom comportamento carcerário.

Q22. FAPEMS/PC-MS/Delegado de Polícia/2017


Considere o seguinte relato.
Ricardo foi preso em flagrante por crime de estelionato em fevereiro de 2005 em Corumbá-MS, sendo
definitivamente condenado, dois meses depois, à pena de reclusão de dois anos. Cumprida a
condenação, resolveu ir ao Paraguai visando a novas oportunidades. Porém, desempregado, voltou a
delinquir em solo estrangeiro, sendo condenado no mês de setembro de 2008 à pena de três anos por
crime de roubo. Em janeiro de 2009, enquanto aguardava em liberdade o julgamento de seu recurso,

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fugiu para a cidade de Ponta Porã-MS, fixando residência. Nesta cidade, trabalhou como garçom no
"Bar da Cana" até março de 2012, quando foi preso pela Polícia Militar por utilizar o local como ponto
de venda de drogas. Na sentença pelo crime de tráfico de drogas (artigo 33, da Lei n° 11.343/2006), o
julgador agravou a pena de Ricardo por considerá-lo reincidente.
Quanto à decisão, assinale a alternativa correta.
a) O sentenciante se equivocou ao considerar o réu reincidente, pois, quanto ao primeiro crime,
ignorou o período de detração penal.
b) O sentenciante agravou corretamente a pena, pois o prazo de cessação da reincidência ocorre
apenas cinco anos após o cumprimento da pena e, neste caso, sucederia no mês de abril de 2012.
c) O sentenciante se equivocou, pois, para fins de reincidência, não se considera uma infração anterior
quando praticada fora do território nacional.
d) O sentenciante sopesou corretamente a agravante, pois entre as datas de prática do segundo e do
terceiro crimes, não decorreu um período de tempo superior a cinco anos.
e) O sentenciante se equivocou quanto à reincidência, pois, entre as datas de prática do primeiro e do
último crime, decorreu período de tempo superior a cinco anos.

Q23. FAPEMS/PC-MS/Delegado de Polícia/2017


No que diz respeito ao sistema de aplicação da pena, assinale a alternativa correta.
a) No caso de condenado reincidente em crime doloso, porém com as circunstâncias do artigo 59 do
Código Penal inteiramente favoráveis, a pena-base pode ser aplicada no mínimo legal.
b) A qualificadora da torpeza no crime de homicídio (CP, artigo 121, § 2°, inciso I) determina a
majoração do quantum de pena privativa de liberdade na terceira fase da dosimetria.
c) O início do cumprimento de pena privativa por condenação pelo crime de homicídio culposo na
direção de veiculo automotor (artigo 302 da Lei n° 9.503/1997) sempre será no regime fechado em
razão da gravidade da conduta em relação ao bem jurídico protegido penalmente.
d) Sendo as circunstâncias judiciais favoráveis, admite-se a fixação do regime inicial aberto para o
condenado reincidente, quando a pena fixada na sentença é igual ou inferior a quatro anos.
e) Na sentença condenatória por crime de estelionato (CP, artigo 171, caput), a pena aplicada em um
ano de prisão pode ser substituída por duas penas restritivas de direitos, desde que presentes os
requisitos previstos no artigo 44 do Código Penal.

Q24. MPE-SP/MPE-SP/Promotor de Justiça/2017


A prática de lesão corporal de natureza leve por condutor de veículo automotor, reincidente por crime
doloso, pode gerar condenação, cuja pena deverá ser
a) privativa de liberdade, aumentada de um a dois terços.
b) privativa de liberdade e de suspensão da habilitação para a condução de veículo automotor.
c) privativa de liberdade, além de multa e perda da permissão para a condução de veículo automotor.

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d) pecuniária, com a perda da habilitação para a condução de veículo automotor.


e) restritiva de direitos, multa e perda da permissão para a condução de veículo automotor.

Q25. VUNESP/TJ-SP/Juiz de Direito/2017


No que concerne às penas restritivas de direitos, é correto afirmar que
a) a prestação pecuniária consiste no pagamento à vítima, a seus dependentes ou a entidade pública
ou privada com destinação social, de importância não inferior a 10 (dez) nem superior a 360 (trezentos
e sessenta) dias-multa.
b) a interdição temporária de direitos, nos crimes ambientais, pode consistir em proibição de
participar de licitações, pelo prazo de 5 (cinco) anos, no caso de crimes dolosos, e de 3 (três) anos, no
de crimes culposos.
c) são autônomas e substituem as privativas de liberdade quando, entre outros requisitos legais, o réu
não for reincidente em crime doloso, a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e
personalidade do agente, bem como os motivos e circunstâncias autorizarem a concessão do
benefício, e não for indicada ou cabível a suspensão condicional da pena.
d) a prestação de serviços à comunidade ou a entidades públicas é aplicável a qualquer condenação a
privação de liberdade, facultado ao condenado cumprir a pena em menor tempo, nunca inferior à
metade da sanção corporal imposta.

Q26. VUNESP/TJ-SP/Juiz de Direito/2017


No tocante às penas privativas de liberdade, é correto afirmar que
a) o condenado por crime hediondo ou assemelhado, independentemente da data de cometimento
da infração, só poderá obter a progressão de regime após o cumprimento de 2/5 (dois quintos) da
pena, se primário, admitindo-se a determinação de exame criminológico, desde que em decisão
motivada.
b) o benefício de saída temporária no âmbito da execução penal, cabível para os condenados que
cumprem pena em regime fechado ou semiaberto, é ato jurisdicional insuscetível de delegação à
autoridade administrativa do estabelecimento prisional.
c) o reconhecimento de falta grave decorrente do cometimento de fato definido como crime doloso
no cumprimento da pena prescinde do trânsito em julgado da sentença penal condenatória no
processo penal instaurado para apuração do fato e interrompe a contagem do prazo para a progressão
de regime, o qual se reinicia a partir da decisão judicial que identificar a infração.
d) é admissível a adoção do regime prisional fechado aos reincidentes condenados a pena igual ou
inferior a 4 (quatro) anos de reclusão, se desfavoráveis as circunstâncias judiciais, bem como vedado
o estabelecimento de regime prisional mais gravoso do que o cabível em razão da sanção imposta,
com base apenas na gravidade abstrata do delito, se fixada a pena-base no mínimo legal.

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Q27. CESPE/MPE-RR/Promotor de Justiça/2017


Assinale a opção correta a respeito da dosimetria da pena segundo o entendimento do STJ.
a) É possível a aplicação de pena inferior à mínima na segunda fase da dosimetria da pena.
b) Apenas à confissão qualificada se impõe a incidência de atenuante na segunda fase da dosimetria
da pena.
c) Natureza e quantidade de droga não podem ser utilizadas, concomitantemente, na primeira e na
terceira fase da dosimetria da pena, sob pena de bis in idem.
d) Não se admite compensação da atenuante da confissão espontânea com a agravante da
reincidência.

Q28. FUNDEP/MPE-MG/Promotor de Justiça/2017


Quanto à fixação da pena, é CORRETO afirmar:
a) Que, se for reincidente o condenado a quem se imponha reclusão de até 4 (quatro) anos, o juiz
fixará na sentença o regime fechado para início do cumprimento da pena.
b) Embora prepondere na doutrina o entendimento de que apenas a agravante genérica da
reincidência se aplica aos crimes culposos, já admitiu o Supremo Tribunal Federal, como tal, em crime
culposo, o motivo torpe.
c) Que, no concurso de duas ou mais causas de aumento ou de diminuição, promoverá o juiz, em
qualquer caso, a incidência de uma só, recaindo a escolha, que é da lei, sobre a que mais aumente ou
mais diminua.
d) Que, para a incidência da atenuante da clemência, é imprescindível que não tenha sido reconhecida
a configuração de qualquer outra expressamente prevista em lei.

Q29. MPE-PR/MPE-PR/Promotor de Justiça/2016


Em tema de fixação da pena base, assinale a alternativa incorreta:
a) Leva-se em consideração os antecedentes criminais do agente, que, em razão da aplicação do
princípio da inocência, são considerados apenas as condenações por crimes a penas privativas de
liberdade, posteriores ao fato que está sendo julgado;
b) Leva-se em consideração a culpabilidade, entendida como o grau de reprovabilidade da conduta do
agente;
c) Leva-se em consideração a conduta social, que se refere ao histórico da vida social do condenado;
d) Leva-se em consideração as consequências do crime, sempre excluindo-se aquelas que são as
próprias de cada delito;
e) Leva-se em consideração as circunstâncias do crime, as quais não podem coincidir com as
circunstâncias agravantes e atenuantes.

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Q30. MPE-PR/MPE-PR/Promotor de Justiça/2016


Considerando o entendimento sumulado dos Tribunais Superiores, analise as assertivas abaixo e
indique a alternativa:
I - A opinião do julgador sobre a gravidade em abstrato do crime não constitui motivação idônea para
a imposição de regime mais severo do que o permitido segundo a pena aplicada.
II - Cominadas cumulativamente, em lei especial, penas privativas de liberdade e pecuniária, é defeso
a substituição da prisão por multa.
III - É admissível a adoção do regime prisional semiaberto aos reincidentes condenados a pena igual
ou inferior a quatro anos se favoráveis as circunstâncias judiciais.
IV - Fixada a pena-base no mínimo legal, é vedado o estabelecimento de regime prisional mais gravoso
do que o cabível em razão da sanção imposta, com base apenas na gravidade abstrata do delito.
a) Todas as assertivas estão corretas;
b) Apenas as assertivas I e III estão incorretas;
c) Apenas as assertivas I, II e IV estão corretas;
d) Apenas a assertiva II está incorreta;
e) Apenas as assertivas I e III estão corretas.

Q31. CESPE/MPE-SC/MPE-SC/2016
Em relação à dosimetria, segundo consta no entendimento da Súmula 443 do Superior Tribunal de
Justiça, o aumento na terceira fase de aplicação da pena no crime de roubo circunstanciado não exige
fundamentação efetiva, sendo suficiente para sua exasperação a indicação da quantidade de
majorantes.
o Certo
o Errado

Q32. CESPE/MPE-SC/MPE-SC/2016
A Súmula Vinculante 26 do Supremo Tribunal Federal, dispõe que para efeito de livramento
condicional no cumprimento de pena por crime hediondo, ou equiparado, o juízo da execução
observará a inconstitucionalidade do art. 2º da Lei n. 8.072/90 (Crimes Hediondos), sem prejuízo de
avaliar se o condenado preenche, ou não, os requisitos objetivos e subjetivos do benefício, podendo
determinar, para tal fim, de modo fundamentado, a realização de exame criminológico.
o Certo
o Errado

Q33. CESPE/TJ-DFT/Juiz de Direito/2016

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À luz da jurisprudência sumulada do STJ, assinale a opção correta referente à aplicação da pena.
a) Em decorrência do princípio da individualização da pena, é possível aplicar a majorante do roubo
ao delito de furto qualificado pelo concurso de agentes, desde que essa ação seja fundamentada nas
circunstâncias do caso concreto.
b) Ainda que a pena-base tenha sido fixada no mínimo legal, é admissível a fixação de regime prisional
mais gravoso que o cabível, em razão da sanção imposta, com fundamento na gravidade concreta ou
abstrata do delito.
c) Embora seja vedada a utilização de inquéritos policiais em andamento para aumentar a pena-base,
é possível a utilização de ações penais em curso para requerer o aumento da referida pena.
d) É inadmissível a fixação de pena restritiva de direitos substitutiva da pena privativa de liberdade
como condição judicial especial ao regime aberto.
e) O número de majorantes referentes ao delito de roubo circunstanciado pode ser utilizado como
critério para a exasperação da fração incidente pela causa de aumento da pena.

Q34. CESPE/TJ-DFT/Juiz de Direito/2016


No tocante à jurisprudência sumulada pelo STJ quanto ao direito penal, assinale a opção correta.
a) A extinção da punibilidade pela prescrição da pretensão punitiva, com fundamento em pena
hipotética, é admitida, independentemente da existência ou do resultado do processo penal.
b) Fixada a pena-base no mínimo legal, a decisão, fundamentada na gravidade abstrata do delito,
poderá estabelecer ao sentenciado regime prisional mais gravoso do que o cabível em razão da sanção
imposta.
c) A contagem do prazo para a progressão de regime de cumprimento de pena será interrompida pela
prática de falta grave e se reiniciará a partir do cometimento dessa infração.
d) A falta grave interrompe o prazo para a obtenção de livramento condicional.
e) A prática de falta grave interrompe o prazo para o fim de comutação de pena ou indulto.

Q35. FCC/DPE-SC/Defensoria Pública/2017


Sobre a determinação do regime inicial de cumprimento de pena, é correto afirmar:
a) A hediondez do crime não permite a determinação do regime inicial fechado para todos os casos,
mas deve ser observada na determinação do regime inicial.
b) Os crimes cometidos com violência contra a pessoa impedem a determinação do regime inicial
aberto.
c) A análise judicial das consequências do crime é irrelevante para a determinação do regime inicial de
cumprimento de pena, pois é circunstância que já pode aumentar a pena-base.
d) Os crimes contra a honra, por serem punidos com detenção, impedem a aplicação do regime inicial
fechado, mesmo em caso de reincidência.

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e) É possível a aplicação do regime inicial semiaberto para pena superior a quatro anos no caso de réu
reincidente, a depender do tempo de prisão provisória cumprida por ele até a sentença.

Q36. IBFC/TRF-2/Magistratura/2018
Assinale a afirmação certa:
Para o Supremo Tribunal Federal, é possível a suspensão condicional do processo em crime
continuado, sendo irrelevante o somatório da pena mínima da infração mais grave com o aumento de
um sexto a dois terços, considerando-se a pena de cada crime para a suspensão.
Para o Superior Tribunal de Justiça, não cabe a suspensão condicional do processo para as infrações
penais cometidas em concurso material ou em concurso formal, quando a pena mínima cominada
ultrapassar um ano em razão do somatório ou da fração incidente.
No denominado erro na execução, quando por acidente sobrevém resultado diverso do que era
pretendido pelo agente, este responde por culpa se o fato é previsto como crime culposo. Mas se
ocorre também o resultado pretendido, este, por ser doloso, absorve o primeiro.
Quando o sujeito ativo, por acidente ou erro no uso dos meios de execução, atinge pessoa diversa da
que pretendia ofender, responde como se tivesse praticado o crime contra esta, em virtude do erro
sobre a pessoa. Mas, se atingir também a pessoa que pretendia ofender, responderá pelos dois crimes
em concurso material.
No concurso material de crimes; no concurso ideal próprio; no concurso formal imperfeito; e no crime
continuado, a dogmática jurídico-penal adotou, indistintamente, a regra do cúmulo de penas, haja
vista que, em todos eles, prevalece o entendimento de que constituem delitos por acumulação.

Q37. CESPE/Delegado da Polícia Federal/2018


Diogo, condenado a sete anos e seis meses de reclusão pela prática de determinado crime, deve iniciar
o cumprimento da pena no regime semiaberto. Todavia, na cidade onde se encontra, só há
estabelecimento prisional adequado para a execução da pena em regime fechado. Nessa situação, o
juiz poderá determinar que Diogo inicie o cumprimento de pena no regime fechado.

Q38. CESPE/Delegado da Polícia Federal/2018


Flávio, maior e capaz, condenado a pena de doze anos pela prática de homicídio doloso qualificado,
iniciou o cumprimento da pena em regime fechado. Durante a execução da pena, ele apresentou
comportamento excelente e colaborativo, por isso, após o período mínimo para a progressão de
regime, seu advogado requereu ao juiz a passagem de Flávio para o regime aberto. Nessa situação, o
pedido não poderá ser atendido: a progressão do regime prisional de Flávio deverá ser para o regime
semiaberto.

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Q39. CESPE/Delegado da Polícia Federal/2018


Julgue o item a seguir:
Caio, condenado a nove anos de prisão, cumpria a pena no regime fechado. Passado um ano do
cumprimento da pena, ele cometeu falta grave. Nessa situação, são interrompidas as contagens do
prazo tanto para a obtenção do livramento condicional quanto para a progressão de regime de
cumprimento de pena, devendo ambas ser reiniciadas a partir da data do cometimento da falta grave.

Q40. CESPE/Delegado da Polícia Federal/2018


Julgue o item a seguir:
O indivíduo, maior e capaz, condenado, definitivamente, por diversos crimes, a pena unificada que
perfaça, por exemplo, noventa anos de reclusão, fará jus ao livramento condicional somente após o
cumprimento de um terço ou metade de noventa.

Q41. MPGO/MPGO/Promotor de Justiça Substituto/2019


Sobre as penas restritivas de direitos previstas no Código Penal, assinale a alternativa incorreta:
a) Na condenação igual ou inferior a dois anos, a substituição pode ser feita por multa ou por uma
restritiva de direitos; se superior a dois anos, a pena privativa de liberdade pode ser substituída por
uma pena restritiva de direitos e multa ou por duas restritivas de direitos.
b) As penas restritivas de direitos são autônomas e substituem as privativas de liberdade, quando:
aplicada pena privativa de liberdade não superior a quatro anos e o crime não for cometido com
violência ou grave ameaça à pessoa ou, qualquer que seja a pena aplicada, se o crime for culposo; o
réu não for reincidente em crime doloso; o réu não for reincidente em crime doloso; a culpabilidade, os
antecedentes, a conduta social e a personalidade do condenado, bem como os motivos e a
circunstâncias indicarem que esta substituição seja suficiente.
c) No caso de prestação de serviços à comunidade, se a pena substituída for superior a um ano, é
facultado ao condenado cumprir a pena substitutiva em menor tempo, nunca inferior à metade da
pena privativa de liberdade fixada.
d) A limitação de fim de semana consiste na obrigação de permanecer, aos sábados e domingos, por 5
(cinco) horas diárias, em casa de albergado ou outro estabelecimento adequado.

Q42. MPGO/MPGO/Promotor de Justiça Substituto/2019


Consoante prescreve o Código Penal, é incorreto afirmar sobre o livramento condicional:
a) O juiz poderá conceder livramento condicional ao condenado a pena privativa de liberdade igual ou
superior a 2 (dois) anos, desde que cumpridos mais da metade da pena, nos casos de condenação por
crime hediondo.

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b) O juiz poderá revogar o livramento se o liberado deixar de cumprir qualquer das obrigações
constantes da sentença, ou for irrecorrivelmente condenado, por crime ou contravenção, a pena que
não seja privativa de liberdade.
c) Revogado o livramento, não poderá ser novamente concedido, e, salvo quando a revogação resulta
de condenação por outro crime anterior àquele benefício, não se desconta na pena o tempo em que
esteve solto o condenado.
d) O juiz não poderá declarar extinta a pena enquanto não passar em julgado a sentença em processo
a que responde o liberado, por crime cometido na vigência do livramento.

Q43. CESPE/DP-DF/Defensoria Pública/2019


Com base no entendimento do STJ, julgue o próximo item, a respeito de aplicação da pena.
A confissão espontânea na delegacia de polícia retratada em juízo deverá ser considerada atenuante
da confissão espontânea, ainda que o magistrado não a utilize para fundamentar a condenação do
réu.

Q44. CESPE/DP-DF/Defensoria Pública/2019


Com base no entendimento do STJ, julgue o próximo item, a respeito de aplicação da pena.
Condenação anterior por delito de porte de substância entorpecente para consumo próprio não faz
incidir a circunstância agravante relativa à reincidência, ainda que não tenham decorrido cinco anos
entre a condenação e a infração penal posterior.

Q45. FCC/TJ-PE/Juiz de Direito/2013


Na aplicação da pena,
a) a incidência de circunstância atenuante pode conduzir à redução da pena abaixo do mínimo legal,
segundo entendimento do Superior Tribunal de Justiça.
b) não se impõe o acréscimo decorrente do concurso formal perfeito à pena de multa.
c) o tempo de cumprimento das penas privativas de liberdade não pode ser superior a trinta anos,
limite que deve ser considerado para efeito de concessão de livramento condicional, conforme
entendimento sumulado do Supremo Tribunal Federal.
d) considera-se circunstância agravante o fato de o crime ser praticado contra pessoa maior de setenta
anos.
(e) não prevalece a condenação anterior, para efeito de reconhecimento de reincidência, se entre a
data do cumprimento ou extinção da pena e a infração posterior tiver decorrido período de tempo
superior a cinco anos, descontado o período de prova da suspensão.

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Q46. FCC/TJ-PE/Juiz de Direito/2013


No tocante às penas restritivas de direitos, é correto afirmar que
a) podem ser impostas no caso de condenação por crime culposo, se não reincidente o condenado.
b) a prestação de serviços à comunidade ou a entidades públicas somente é aplicável às condenações
superiores a um ano de privação de liberdade.
c) a privativa de liberdade superior a um ano deve ser necessariamente substituída por duas restritivas
de direitos.
d) o teto da perda de bens ou valores é restrito ao montante do prejuízo causado.
e) obstam a concessão do sursis, se indicada ou cabível a substituição.

Q47. CEBRASPE/TJ-RJ/Juiz de Direito/2019


No que concerne à aplicação das penas restritivas de direitos dos arts. 43 a 48 do CP, é correto afirmar
que
a) penas privativas de até 2 (dois) anos em regime aberto podem ser substituídas por uma multa ou
por uma pena restritiva de direitos.
b) ao reincidente é vedada a substituição da privativa de liberdade.
c) os crimes culposos admitem sua aplicação em substituição às privativas de liberdade,
independentemente da pena aplicada.
d) a pena restritiva de direitos se converte em privativa de liberdade sempre que ocorrer o
descumprimento da restrição imposta.
e) o benefício não pode ser aplicado mais de uma vez no interregno de 5 (cinco) anos ao mesmo réu.

Q48. CEBRASPE/TJ-RJ/Juiz de Direito/2019


No sistema brasileiro de aplicação de pena, o desconhecimento da lei
a) isenta de pena por afastar a potencial consciência da ilicitude e, consequentemente, a
culpabilidade.
b) é causa de diminuição da pena.
c) socorre como atenuante apenas aos menores de 21 (vinte e um) anos.
d) é circunstância atenuante da pena.
e) não tem qualquer consequência para a pena.

Q49. FCC/TJ-MS/Juiz de Direito/2020


Na aplicação da pena,

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a) incidindo as causas de diminuição da tentativa e do arrependimento posterior, pode o juiz limitar-


se a uma só diminuição, prevalecendo, todavia, a causa que mais diminua.
b) o juiz, na terceira fase do cálculo, ao fixar a fração de acréscimo pela causa de aumento identificada,
sempre atentará à culpabilidade, aos antecedentes, à conduta social, à personalidade do agente, aos
motivos, às circunstâncias e consequências do crime, bem como ao comportamento da vítima.
c) as qualificadoras, representando fatores de acréscimo assinalados em quantidades fixas ou em
limites, incidem na terceira fase do cálculo, não permitindo, contudo, a fixação da pena acima do
máximo legal.
d) se concorrerem duas qualificadoras em um mesmo crime, aceita a jurisprudência que só uma delas
incida como tal, podendo a outra servir como circunstância agravante, se cabível.
e) se reconhecido o crime continuado específico, aplica-se a pena de um só dos delitos, se idênticas,
ou a mais grave, se diversas, aumentada, em qualquer caso, de um sexto a dois terços, considerado o
número de infrações cometidas, incidindo a extinção da punibilidade sobre o total da pena imposta.

Q50. FCC/TJ-RR/Juiz de Direito/2015


Em matéria de penas privativas de liberdade, correto afirmar que
a) possível a fixação do regime inicial fechado para o condenado a pena de detenção, se reincidente.
b) o condenado por crime contra a Administração pública terá a progressão de regime do
cumprimento de pena condicionada à reparação do dano que causou, ou à devolução do produto do
ilícito praticado, com os acréscimos legais.
c) a determinação do regime inicial de cumprimento da pena far-se-á com observância dos mesmos
critérios previstos para a fixação da pena-base, mas nada impede a opção por regime mais gravoso do
que o cabível em razão da pena imposta, se a gravidade abstrata do delito assim o justificar.
d) inadmissível a adoção do regime inicial semiaberto para o condenado reincidente.
e) os condenados por crimes hediondos ou assemelhados, independentemente da data em que
praticado o delito, só poderão progredir de regime após o cumprimento de 2/5 (dois quintos) da pena,
se primários, e de 3/5 (três quintos), se reincidentes.

Q51. FCC/TJ-RR/Juiz de Direito/2015


A pena de multa
a) prescreve em três anos, quando for a única cominada ou aplicada.
b) pode substituir, ainda que isoladamente, a pena privativa de liberdade nos casos de violência
doméstica e familiar contra a mulher.
c) é fixada em salários mínimos, considerada a situação econômica do réu
d) pode substituir pena privativa de liberdade e ser aplicada em conjunto com restritiva de direitos,
na condenação superior a 1 (um) ano, se presentes os requisitos legais.

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e) obsta a concessão do sursis, se a única aplicada em condenação anterior.

Q52. FCC/TJ-RR/Juiz de Direito/2015


No concurso de causas de aumento ou de diminuição,
a) o juiz pode limitar-se a um só aumento ou a uma só diminuição, prevalecendo, todavia, a causa que
menos aumente ou diminua.
b) todas devem ser aplicadas, se previstas na parte geral do Código Penal.
c) o juiz pode limitar-se a um só aumento ou a uma só diminuição, independentemente de a causa ser
prevista na parte especial ou geral do Código Penal.
d) a pena deve aproximar-se do limite indicado pelas circunstâncias preponderantes, entendendo-se
como tais as que resultam dos motivos determinantes do crime, da personalidade e da reincidência.
e) o juiz pode limitar-se a um só aumento ou a uma só diminuição, prevalecendo, todavia, a causa que
menos aumenta e mais diminua.

Q53. CESPE/TJ-PA/Juiz de Direito/2019


É circunstância que agrava a pena pela condição pessoal do autor
a) a reincidência.
b) o fato de o crime ter sido praticado contra criança.
c) a consequência do crime.
d) o comportamento da vítima.
e) o fato de o crime ter sido praticado com abuso de autoridade

Q54. FCC/TJ-AL/Juiz de Direito/2019


Em relação ao livramento condicional, correto afirmar que
a) a prática de falta grave não interrompe o prazo para sua obtenção, mas o Juiz só poderá revogá-lo
a requerimento do Ministério Público ou mediante representação do Conselho Penitenciário, ouvido
o liberado.
b) as penas correspondentes a infrações diversas não podem ser somadas para atingir o limite mínimo
necessário para a sua concessão.
c) condicionada a sua concessão à prévia progressão do condenado ao regime aberto, por expressa
previsão legal.
d) obrigatória a revogação se o liberado deixar de cumprir qualquer das obrigações constantes da
sentença concessiva.

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e) a ausência de suspensão ou revogação antes do término do período de prova enseja extinção da


punibilidade pelo integral cumprimento da pena.

Q55. FCC/TJ-AL/Juiz de Direito/2019


Na aplicação da pena,
a) a folha de antecedentes constitui documento suficiente para a comprovação de reincidência, não
prevalecendo a condenação anterior, contudo, se entre a data do cumprimento ou extinção da pena
e a infração posterior tiver decorrido período de tempo superior a cinco anos, computado o período
de prova da suspensão ou do livramento condicional, se não ocorrer revogação.
b) incidirá a atenuante da confissão espontânea quando for utilizada para a formação do
convencimento do julgador, bastando, no crime de tráfico ilícito de entorpecentes, que o acusado
admita a posse ou propriedade da substância, ainda que para uso próprio.
c) se houver concurso de causas de aumento ou de diminuição previstas na parte geral do Código
Penal, pode o Juiz limitar-se a um só aumento ou a uma só diminuição, prevalecendo, todavia, a causa
que mais aumente ou diminua.
d) sempre cabível a substituição da pena privativa de liberdade por prestação de serviços à
comunidade, isolada ou cumulativamente com outra sanção alternativa ou multa, se aplicada pena
corporal não superior a quatro anos e o crime não for cometido com violência ou grave ameaça à
pessoa, tratando-se de réu não reincidente em crime doloso, além de favoráveis as circunstâncias
judiciais.
e) vedada a utilização de inquéritos policiais e ações penais em curso para agravar a pena-base, não
se configurando a má antecedência se o acusado ostentar condenação por crime anterior, transitada
em julgado após o novo fato.

Q56. CESPE/TJ-SC/Juiz de Direito/2019


Em cada uma das opções a seguir, é apresentada uma situação hipotética seguida de uma assertiva a
ser julgada, a respeito da substituição das penas privativas de liberdade por penas restritivas de
direitos.
a) Antônio, com anterior condenação transitada em julgado pelo delito de dano ao patrimônio público,
foi processado e condenado à pena privativa de liberdade de um ano e dois meses de reclusão pelo
cometimento do delito de receptação. Nessa situação, em razão da reincidência criminal em crime
doloso, não é cabível a substituição da pena corporal imposta a Antônio por pena restritiva de direitos.
b) Manoel foi processado e condenado pela prática de violência física, de ameaça e de lesão corporal
em contexto de violência doméstica contra a mulher, tendo-lhe sido impostas as penas privativas de
liberdade de quinze dias de prisão simples e de três meses e um mês de detenção, em regime aberto.
Nessa situação, somente é possível a substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de
direitos em relação à contravenção de violência física.
c) Pedro, réu primário, foi processado e condenado pela prática de delito de roubo simples na
modalidade tentada, tendo-lhe sido imposta pena privativa de liberdade de dois anos e oito meses de

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reclusão, em regime aberto. Nessa situação, a pena privativa de liberdade imposta a Pedro poderá ser
substituída por uma pena restritiva de direitos e multa ou por duas penas restritivas de direitos.
d) Alberto, réu primário e em circunstâncias judiciais favoráveis, praticou crime de homicídio culposo
qualificado ao conduzir embriagado veículo automotor. Em razão dessa conduta, ele foi processado e
condenado ao cumprimento de pena privativa de liberdade de cinco anos de reclusão, inicialmente
em regime semiaberto. Nessa hipótese, o quantum de pena fixado não impede a substituição da pena
privativa de liberdade por restritiva de direitos.
e) João foi processado e condenado à pena privativa de liberdade de um ano e oito meses de reclusão,
em regime aberto, pela prática de delito de tráfico de drogas na forma privilegiada. Nessa hipótese,
haja vista a condenação por delito equiparável a hediondo, não é admitida a substituição da pena
privativa de liberdade por restritiva de direitos.

Q57. CESPE/TJ-BA/Juiz de Direito/2019


O benefício da suspensão condicional da pena — sursis penal —
a) pode ser concedido a condenado a pena privativa de liberdade, desde que esta não seja superior a
quatro anos e que aquele não seja reincidente em crime doloso.
b) é cabível nos casos de crimes praticados com violência ou grave ameaça, desde que a pena privativa
de liberdade aplicada não seja superior a dois anos.
c) pode estender-se às penas restritivas de direitos e à de multa, casos em que se suspenderá,
também, a execução dessas penas.
d) deverá ser, obrigatoriamente, revogado no caso da superveniência de sentença condenatória
irrecorrível por crime doloso, culposo ou contravenção contra o beneficiário.
e) impõe que, após o cumprimento das condições impostas ao beneficiário, seja proferida sentença
para declarar a extinção da punibilidade do agente.

Q58. CESPE/TJ-BA/Juiz de Direito/2019


À luz da jurisprudência do STJ a respeito das circunstâncias judiciais e legais que devem ser
consideradas quando da aplicação da pena, assinale a opção correta.
a) A confissão qualificada, na qual o réu alega em seu favor causa descriminante ou exculpante, não
afasta a incidência da atenuante de confissão espontânea.
b) A confissão espontânea em delegacia de polícia pode servir como circunstância atenuante, desde
que o réu não se retrate sobre essa declaração em juízo.
c) Uma condenação transitada em julgado de fato posterior ao narrado na denúncia, embora não sirva
para fins de reincidência, pode servir para valorar negativamente a personalidade e a conduta social
do agente.
d) A reincidência penal pode ser utilizada simultaneamente como circunstância agravante e como
circunstância judicial.

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e) A múltipla reincidência não afasta a necessidade de integral compensação entre a atenuante da


confissão espontânea e a agravante da reincidência, haja vista a igual preponderância entre as
referidas circunstâncias legais.

Q59. CESPE/TJ-BA/Juiz de Direito/2019


Sobre o tema reincidência, no Direito Penal, assinale a alternativa correta.
a) A pena deverá ser aumentada em um terço quando caracterizada a reincidência.
b) Verifica-se a reincidência quando o agente comete novo crime, depois de transitar em julgado a
sentença que, no País ou no estrangeiro, o tenha condenado por qualquer espécie de crime anterior.
c) Não prevalece a condenação anterior, se entre a data do cumprimento ou extinção da pena e a
infração posterior tiver decorrido período de tempo superior a 5 (cinco) anos, não se computando o
período de prova da suspensão ou do livramento condicional.
d) Influencia na prescrição da pretensão punitiva.
e) Aumenta de um terço o prazo da prescrição depois de transitar em julgado a sentença condenatória,
se o condenado é reincidente.

Q60. CESPE/TJ-CE/Juiz de Direito/2018


Um homem, maior de idade e capaz, conduzia em seu veículo três comparsas armados com revólveres:
eles pretendiam praticar um roubo. Avistaram um caminhão de cargas estacionado em um posto de
gasolina e, aproveitando-se da distração do motorista, os três comparsas abordaram-no com violência
e subtraíram parte da carga de computadores e notebooks. Os quatro foram presos logo em seguida
e os bens foram restituídos à vítima. Em julgamento, o homem que transportava os comparsas
confessou a conduta e informou que o seu papel na empreitada criminosa era somente aguardar os
comparsas e propiciar a fuga. Foi informado nos autos que o réu respondia a processo por crime de
roubo, o que foi considerado como antecedente. Na sentença, ele foi condenado a nove anos e quatro
meses de reclusão. Ao analisar a dosimetria da pena, o juiz considerou que a culpabilidade estava
comprovada nos autos, tendo afirmado que “a conduta do réu é altamente reprovável, sua
personalidade é voltada para o crime; os motivos e as circunstâncias do crime não o favoreceram; as
consequências do crime revelaram-se graves e as vítimas em nada contribuíram para o seu
cometimento”. Como a situação econômica do réu lhe era desfavorável, ele foi assistido pela
defensoria pública. Acerca dos fundamentos da sentença proferida na situação hipotética
apresentada, assinale a opção correta, considerando a jurisprudência dos tribunais superiores.
a) O fato de o réu estar respondendo a processo por crime de roubo enseja o agravamento da pena-
base.
b) A pena imposta ao réu deve ser reduzida com fundamento na participação de menor importância,
dado que ele não estava armado e não participou diretamente da ação de subtração.
c) As razões apresentadas pelo juiz para analisar a dosimetria da pena são todas inidôneas para
fundamentar acréscimos na pena-base.

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d) A confissão do réu é uma circunstância atenuante que implica a redução da pena para menos do
mínimo legal previsto para o caso em tela.
e) Em caso de crime de roubo circunstanciado, a indicação do número de majorantes basta para o
aumento da pena na segunda fase da dosimetria.

Q61. FAURGS/TJ-RS/Juiz de Direito/2016


Sobre aplicação e execução de penas, considere as afirmações abaixo.
I - Consoante o entendimento consolidado do Superior Tribunal de Justiça, a reincidência penal pode
ser considerada como circunstância agravante e, simultaneamente, como circunstância judicial.
II - De acordo com a jurisprudência recente do Superior Tribunal de Justiça, a inexistência de casa de
albergado na localidade da execução da pena não gera o reconhecimento de direito ao benefício da
prisão domiciliar quando o apenado estiver cumprindo a reprimenda em local compatível com as
regras do regime aberto.
III - A jurisprudência do Supremo Tribunal Federal consolidou entendimento segundo o qual a
hediondez ou a gravidade abstrata do delito não obriga, por si só, o regime prisional mais gravoso,
pois o juízo, em atenção aos princípios constitucionais da individualização da pena e da
obrigatoriedade de fundamentação das decisões judiciais, deve motivar o regime imposto,
observando a singularidade do caso concreto.
Quais estão corretas?
a) Apenas I.
b) Apenas II.
c) Apenas III.
d) Apenas I e II.
e) Apenas II e III.

Q62. FCC/TJ-AL/Juiz de Direito/2015


A circunstância agravante
a) pode ser reconhecida pelo juiz, ainda que não alegada pelo Ministério Público, consoante expressa
previsão legal.
b) da reincidência pode ser considerada simultaneamente como circunstância judicial.
c) incide ainda que qualifique o crime, mas não se dele constituir elementar.
d) pode elevar a pena acima do máximo previsto em lei para o crime.
e) nunca prepondera sobre circunstância atenuante.

Q63. VUNESP/TJ-MS/Juiz de Direito/2015

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Assinale a alternativa correta.


a) Os efeitos genéricos e específicos da condenação criminal são automáticos, sendo, pois, despicienda
suas declarações na sentença.
b) O juiz não poderá declarar extinta a pena, enquanto não passar em julgado a sentença, em processo
a que responde o liberado, por crime cometido na vigência do livramento.
c) As espécies de pena são as privativas de liberdade e restritivas de direito.
d) A suspensão condicional da pena será obrigatoriamente revogada se, no curso do prazo, o
beneficiário pratica novo crime doloso.
e) Para efeito de reincidência, não prevalece a condenação anterior, se entre a data do cumprimento
ou extinção da pena e a infração posterior tiver decorrido período de tempo superior a 2 (dois) anos,
computado o período de prova da suspensão ou do livramento condicional, se não ocorrer revogação.

Q64. CESPE/TJ-DFT/Juiz de Direito/2015


Em cada uma das opções seguintes, é apresentada uma situação hipotética acerca de penas privativas
de liberdade e de penas restritivas de direito, seguida de uma assertiva a ser julgada. Assinale a opção
que apresenta a assertiva correta.
a) Lana, com vinte e sete anos de idade, capaz, possui condenação definitiva por crime de aborto à
pena de três anos de detenção. Decorridos dois anos, Lana foi condenada por crime de receptação à
pena privativa de liberdade de dois anos de reclusão. Nessa situação, o juiz não poderá substituir a
pena de Lana por pena restritiva de direitos, uma vez que ela é reincidente.
b) Fernando, com trinta anos de idade, capaz, ameaçou de morte sua companheira Tereza, com vinte
e nove anos de idade, capaz. Fernando foi processado e condenado, definitivamente, pelo referido
crime à pena de cinco meses de detenção. Nessa situação, Fernando tem direito à substituição da
pena privativa de liberdade por pena restritiva de direitos.
c) Glauber, com trinta e um anos de idade, capaz, primário, foi condenado, definitivamente, em
concurso material, pelo crime de supressão de correspondência comercial, à pena de detenção de dois
anos; e, por divulgação de informações sigilosas, à pena de detenção de quatro anos e pena
pecuniária. Nessa situação, Glauber tem direito à substituição da pena privativa de liberdade por pena
restritiva de direitos.
d) Carla, com vinte e três anos de idade, capaz, primária, devidamente habilitada, fugiu do local para
evitar prisão em flagrante, pois, após desviar o veículo que dirigia na velocidade da via de um buraco
na pista, o colidiu contra uma mureta que caiu sobre uma criança de três anos de idade, a qual faleceu
em decorrência das lesões. Por matar a criança, Carla foi condenada ao crime de homicídio culposo.
Nessa situação, Carla tem direito à substituição da pena privativa de liberdade por pena restritiva de
direitos.
e) Pedro, com vinte e oito anos de idade, capaz, primário, de corpo avantajado, desarmado, faixa preta
em judô, trajando quimono, de forma intimidatória e exalando odor etílico, determinou que Ana, com
dezessete anos de idade, capaz, entregasse a ele seu celular, sem que fosse possível a ela impor
qualquer resistência. Por tais fatos, Pedro foi condenado, definitivamente, por crime de roubo simples,

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à pena de quatro anos de reclusão. Nessa situação, há vedação legal para que a pena de Pedro seja
substituída por pena restritiva de direitos.

Q65. DPF/CEBRASPE/2021/Delegado de Polícia Federal/2021


Julgue o item a seguir:
O inadimplemento da pena de multa não obsta a extinção da punibilidade do apenado.

Q66. DPE-BA/FCC/2021/Defensor Público/2021


Sobre as penas restritivas de direitos, é correto afirmar:
a) A limitação de fim de semana restringe-se aos crimes punidos com detenção.
b) O descumprimento prévio de acordo de não persecução penal impossibilita a substituição da pena
privativa de liberdade por restritivas de direitos na sentença.
c) A prestação de serviços à comunidade ou a entidades públicas é aplicável às condenações inferiores
a seis meses de privação da liberdade.
d) Se o crime for praticado com violência ou ameaça à pessoa, o juiz poderá aplicar a substituição da
pena privativa de liberdade por restritiva de direitos, desde que a medida seja socialmente
recomendável.
e) A pena restritiva de direitos que substitui pena privativa de liberdade superior a um ano pode ser
cumprida em menor tempo, nunca inferior à metade da pena fixada.

Q67. DPE-BA/FCC/2021/Defensor Público/2021


No Brasil contemporâneo,
a) o acesso garantido a diversos setores da sociedade, como imprensa, ONGs e associações de
familiares às prisões, proporcionou maior transparência e redução dos problemas humanitários.
b) a implementação de programas que geram oportunidades futuras à população prisional indica a
prevalência do previdenciarismo penal.
c) a prisão evidencia o racismo do sistema penal com sua composição populacional e contribui para
sua reprodução e sustentação.
d) o ideal de prevenção geral da pena foi alcançado com a ampliação da privatização e modernização
ampla do sistema prisional brasileiro.
e) a noção de prisão-depósito representa a realização dos ideais de prevenção especial positiva no
penalismo neoliberal.

Q68. DPE-BA/FCC/2021/Defensor Público


Sobre a confissão, é correto afirmar:
a) Ainda que parcial, atenua a pena, se utilizada para dar suporte à condenação.
b) Constitui causa de diminuição de pena em caso de crimes ambientais.
c) Retira a hediondez quando se tratar de crime punido com até 4 anos de detenção.

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d) Atenua a pena no crime de tráfico de drogas com a mera admissão da posse para uso próprio.
e) Incide na aplicação da pena se comprovado igualmente o arrependimento da prática do crime.

GABARITO
Q1. ERRADA Q25. B Q49. D
Q2. D Q26. D Q50. B
Q3. D Q27. C Q51. D
Q4. A Q28. B Q52. B
Q5. B Q29. A Q53. A
Q6. A Q30. A Q54. E
Q7. A Q31. ERRADA Q55. A
Q8. B Q32. ERRADA Q56. D
Q9. D Q33. D Q57. B
Q10. E Q34. C Q58. A
Q11. E Q35. E Q59. E
Q12. D Q36. B Q60. C
Q13. D Q37. ERRADA Q61. E
Q14. D Q38. CORRETA Q62. A
Q15. A Q39. ERRADA Q63. B
Q16. D Q40. ANULADA Q64. E
Q17. B Q41. A Q65. INCORRETO
Q18. C Q42. A Q66. E
Q19. B Q43. INCORRETO Q67. C
Q20. C Q44. CORRETO Q68. A
Q21. B Q45. B
Q22. B Q46. E
Q23. A Q47. C
Q24. B Q48. D

QUESTÃO DISSERTATIVA
Q1. FCC/DPE-RS/Defensor Público/2014
Caio cumpriu penas privativas de liberdade por duas condenações: a primeira, consistente em
três anos de reclusão, em regime fechado (fixada a pena no mínimo legal, sem agravantes ou
atenuantes), pela prática do crime de tráfico ilícito de drogas (artigo 12 da lei 6368/76),
perpetrado em 1º de abril de 2005, quando ostentava a condição de primário e bons
antecedentes e , até então, não havia envolvimento com qualquer atividade criminosa; a
segunda, de 7 meses de detenção, em crime semiaberto (reconhecida a reincidência), pela
posse da substância entorpecente para uso próprio (artigo 16 da lei 6368/76), praticada em 16
de janeiro de 2006. Tais condenações transitaram em julgado antes do início da execução.

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Durante o cumprimento das penas, Caio envolveu-se em evento disciplinar no interior de


estabelecimento prisional localizado no estado do Rio Grande do Sul. Na ocasião, foi acusado
de possuir um carregador de bateria de telefone celular. Para esclarecimento do fato, Caio e o
agente penitenciário que apreendeu o objeto foram ouvidos pelo Chefe da Divisão de
Segurança do presídio. Não houve acompanhamento de defesa técnica. Entendendo aquela
autoridade a ocorrência de infração disciplinar de natureza grave, remeteu o depoimento do
preso e do servidor ao Juízo da Execução Penal. Tão logo recebida a documentação na Vara de
Execuções Penais, foi aprazada audiência para oitiva de Caio. Na solenidade, estavam presentes
o Ministério Público e a Defensoria Pública, ocasião em que o apenado reconheceu o que é o
objeto citado estava na sua posse. Em gabinete, no mês de dezembro de 2010, afastadas teses
defensivas arguidas, o magistrado reconheceu a prática de falta disciplinar de natureza grave,
determinando a perda de todos os dias remidos (no total de 21 dias) de remição, e a mudança
data base para progressão de regime e livramento condicional (fixando-se na data da
apreensão do objeto). Não houve determinação de regressão de regime, uma vez que o preso
já se encontrava no regime fechado. A Defensoria Pública foi intimada da decisão somente em
janeiro de 2013, data em que a situação jurídica do preso está sendo analisada.
Independentemente do dia do início do cumprimento das penas e descartada qualquer
hipótese de prescrição ou seu término, considerando as informações acima, responda como
Defensor Público, fundamentadamente: a- quanto às penas privativas de liberdade aplicadas,
quais as questões jurídicas devem ser deduzidas ao Juiz da Execução? b- quanto ao
reconhecimento da falta disciplinar, quais as questões jurídicas devem ser manejadas em sede
recursal? c- quanto às consequências jurídicas impostas pelo magistrado em face do
reconhecimento da falta.
Comentários:
A- A Defensoria deve postular ao Juiz da Execução a redução da pena previsto no parágrafo 4º do
artigo 33 da lei 11343/2006, fundamentando-se na Súmula 502 do STJ:
É cabível a aplicação retroativa da Lei n. 11.343/2006, desde que o resultado da incidência das
suas disposições, na íntegra, seja mais favorável ao réu do que o advindo da aplicação da Lei n.
6.368/1976, sendo vedada a combinação de leis.
A Defensoria também deverá postular a aplicação do art. 28 da Lei 11343/2006, em razão da novatio
legis in mellius. Ademais, deve requer a exclusão as funções educativas da guia de execução penal,
considerando que não existe possibilidade da conversão das medidas educativas em penas em
privativa de liberdade por falta de previsão legal.
Deve, ainda, postular a substituição da pena privativa de liberdade por pena restritiva de direitos,
nos termos do artigo 44 do CP. Isso porque, no Habeas Corpus 97256/RS, o STF declarou
inconstitucionais os dispositivos da lei quem pediu a substituição da pena privativa de liberdade.
Posteriormente, o Senado Federal editou a resolução 05/12, suspendendo a execução da expressão
“vedada à conversão em penas restritivas de direitos” do parágrafo 4º do artigo 33 da lei 11343/06.
Também, a Defensoria deve postular a readequação do regime inicial de cumprimento da pena, com
consequente alteração para o regime aberto, em face da declaração de inconstitucionalidade do art.
2º, §1º, da Lei 8072/90 pelo Supremo Tribunal Federal (HC nº 111840/ES) por violar o princípio da
individualização da pena.

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B- Considerando o teor da decisão exarada pelo STJ no REsp nº1378557/RS, sob forma de recurso
repetitivo, entende-se ser imprescindível a apuração de faltas disciplinares no âmbito da Execução
Penal a instauração do Procedimento Administrativo Disciplinar, segundo os ditames da Lei de
Execução Penal. No caso concreto, não houve a observância de tais garantias. Além disso, a falta de
defesa técnica durante a fase administrativa inviabiliza o reconhecimento da falta disciplinar,
inclusive referindo a inaplicabilidade da Súmula Vinculante nº 5, no âmbito da execução penal. Ainda,
considerando o teor do artigo 50, VII, da LEP e o princípio da legalidade o fato imputado não poderá
ser classificado como falta grave, devendo ser postulada sua desclassificação por falta de natureza
média, consoante artigo 12, XII, do Regime Disciplinar Penitenciário.

C- No que se refere às consequências jurídicas da falta disciplinar reconhecida pelo Magistrado,


fundamentado na Súmula 441 o STJ, deveria ser argumentado que a falta grave não interrompe o
prazo para obtenção do livramento condicional e, ainda, que após a decisão judicial foi editada a Lei
12433/2011, que alterou o artigo 127 da LEP, para limitar a perda dos dias remidos.

DESTAQUES DA LEGISLAÇÃO E DA JURISPRUDÊNCIA


Neste ponto da aula, citamos, para fins de revisão, os principais dispositivos de lei e entendimentos
jurisprudenciais que podem fazer a diferença na hora da prova. Lembre-se de revisá-los!

 Art. 1º da Lei de Execução Penal (LEP), a Lei 7.210/84: finalidades da pena


Art. 1º A execução penal tem por objetivo efetivar as disposições de sentença ou decisão
criminal e proporcionar condições para a harmônica integração social do condenado e do
internado.
 HC 389348/STJ: Justiça Restaurativa
HABEAS CORPUS SUBSTITUTIVO DE RECURSO ORDINÁRIO. SÚMULA 691/STF.
SUPERAÇÃO. TRÁFICO DE ENTORPECENTES. PRISÃO PREVENTIVA. PRISÃO DOMICILIAR.
POSSIBILIDADE. FILHO MENOR DE 12 ANOS. PROTEÇÃO DA INTEGRIDADE FÍSICA E EMOCIONAL
DAS CRIANÇAS. CONDIÇÕES PESSOAIS FAVORÁVEIS. PRIMARIEDADE, BONS ANTECEDENTES,
TRABALHO E RESIDÊNCIA FIXOS. PARECER PELA CONCESSÃO DA ORDEM. HABEAS CORPUS NÃO
CONHECIDO.
ORDEM PARCIALMENTE CONCEDIDA.
1. Consoante o entendimento firmado pelo Supremo Tribunal Federal e por este Superior
Tribunal de Justiça, não se admite habeas corpus contra decisão denegatória de liminar
proferida em outro writ na instância de origem, sob pena de indevida supressão de instância,
ressalvada situação de flagrante ilegalidade. Súmula 691/STF.

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2. A privação antecipada da liberdade do cidadão acusado de crime reveste-se de caráter


excepcional em nosso ordenamento jurídico, e a medida deve estar embasada em decisão
judicial fundamentada (art.
93, IX, da CF), que demonstre a existência da prova da materialidade do crime e a presença de
indícios suficientes da autoria, bem como a ocorrência de um ou mais pressupostos do artigo
312 do Código de Processo Penal, vedadas considerações abstratas sobre a gravidade do crime.
3. O inciso V do art. 318 do Código de Processo Penal, incluído pela Lei n. 13.257/2016,
determina que "Poderá o juiz substituir a prisão preventiva pela domiciliar quando o agente for:
V - mulher com filho de até 12 (doze) anos de idade incompletos".
4. O princípio da fraternidade é uma categoria jurídica e não pertence apenas às religiões ou à
moral. Sua redescoberta apresenta-se como um fator de fundamental importância, tendo em
vista a complexidade dos problemas sociais, jurídicos e estruturais ainda hoje enfrentados pelas
democracias. A fraternidade não exclui o direito e vice-versa, mesmo porque a fraternidade
enquanto valor vem sendo proclamada por diversas Constituições modernas, ao lado de outros
historicamente consagrados como a igualdade e a liberdade. O princípio constitucional da
fraternidade é um macroprincípio dos Direitos Humanos e passa a ter uma nova leitura prática,
diante do constitucionalismo fraternal prometido na CF/88 (preâmbulo e art.
3º). Multicitado princípio é possível de ser concretizado também no âmbito penal, por meio da
chamada Justiça restaurativa, do respeito aos direitos humanos e da humanização da aplicação
do próprio direito penal e do correspondente processo penal. A Lei nº 13.257/2016 decorre,
portanto, desse resgate constitucional.
5. A prova documental juntada aos autos atesta que a paciente possui um filho de 8 anos de
idade e não foram apresentadas justificativas idôneas para o indeferimento de substituição da
prisão preventiva pela domiciliar.
6. Embora sejam graves as circunstâncias do delito, com apreensão de significativa quantidade
de drogas (200g de maconha e 28,3g de cocaína), o que justifica, em princípio, a custódia
cautelar, entendo que, no contexto, deve prevalecer a situação de primariedade da paciente,
sendo suficiente, por ora, a substituição da prisão preventiva pela domiciliar, com espeque no
art. 318, V, do Código de Processo Penal, com o fim de proteger e resguardar a integridade física
e emocional de seu filho menor, que poderá desfrutar do convívio com a mãe.
7. Habeas Corpus não conhecido. Ordem parcialmente concedida, de ofício, na esteira do
parecer ministerial, para permitir a substituição da custódia preventiva da paciente pela prisão
domiciliar.
(HC 389.348/SP, Rel. Ministro REYNALDO SOARES DA FONSECA, QUINTA TURMA, julgado em
23/05/2017, DJe 31/05/2017)
 Art. 5º, inciso XLVI, Constituição Federal: penas possíveis
XLVI - a lei regulará a individualização da pena e adotará, entre outras, as seguintes:
a) privação ou restrição da liberdade;
b) perda de bens;
c) multa;

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d) prestação social alternativa;


e) suspensão ou interdição de direito
 Art. 32 do Código Penal: as espécies de pena
Art. 32 - As penas são:
I - privativas de liberdade;
II - restritivas de direitos;
III - de multa.
 Art. 43 do Código Penal: rol das penas restritivas de direitos
Art. 43. As penas restritivas de direitos são:
I - prestação pecuniária;
II - perda de bens e valores;
III - limitação de fim de semana.
IV - prestação de serviço à comunidade ou a entidades públicas;
V - interdição temporária de direitos;
VI - limitação de fim de semana.
 Art. 5º, XLVII da Constituição Federal: penas vedadas
XLVII - não haverá penas:
a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos do art. 84, XIX;
b) de caráter perpétuo;
c) de trabalhos forçados;
d) de banimento;
e) cruéis;
 Art. 84, XIX, da Constituição da República: exceção à proibição da pena de morte
Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da República:
(...)
XIX - declarar guerra, no caso de agressão estrangeira, autorizado pelo Congresso Nacional ou
referendado por ele, quando ocorrida no intervalo das sessões legislativas, e, nas mesmas
condições, decretar, total ou parcialmente, a mobilização nacional;
 Art. 55, “a”, do Código Penal Militar: previsão de pena de morte
Art. 55. As penas principais são:
a) morte;
(...)
 Art. 56 do Código Penal Militar: execução por fuzilamento

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Pena de morte
Art. 56. A pena de morte é executada por fuzilamento.
 Art. 303, § 2º, da Lei 7.565/86, o Código Brasileiro da Aeronáutica: parte da doutrina entende
como espécie de aplicação de pena de morte no Brasil
§ 2° Esgotados os meios coercitivos legalmente previstos, a aeronave será classificada como
hostil, ficando sujeita à medida de destruição, nos casos dos incisos do caput deste artigo e após
autorização do Presidente da República ou autoridade por ele delegada.

 Art. 24 da Lei 9.605/98: previsão de pena de morte de pessoas jurídicas


Art. 24. A pessoa jurídica constituída ou utilizada, preponderantemente, com o fim de permitir,
facilitar ou ocultar a prática de crime definido nesta Lei terá decretada sua liquidação forçada,
seu patrimônio será considerado instrumento do crime e como tal perdido em favor do Fundo
Penitenciário Nacional.
 Art. 31 da Lei de Execução Penal exigência de trabalho para os presos definitivos
Art. 31. O condenado à pena privativa de liberdade está obrigado ao trabalho na medida de
suas aptidões e capacidade.
Parágrafo único. Para o preso provisório, o trabalho não é obrigatório e só poderá ser executado
no interior do estabelecimento.
 Art. 39, inciso V, da LEP: o trabalho é considerado um dever do condenado
Art. 39. Constituem deveres do condenado:
(...)
V - execução do trabalho, das tarefas e das ordens recebidas;
 Art. 50, inciso VI, da LEP: é considerado falta grave se o condenado não trabalhar
Art. 50. Comete falta grave o condenado à pena privativa de liberdade que:
(...)
VI - inobservar os deveres previstos nos incisos II e V, do artigo 39, desta Lei.
 HC 429.608/STJ: entendimento de que o trabalho previsto na Lei de Execução Penal não é pena,
mas sim um dos deveres do condenado
AGRAVO REGIMENTAL NO HABEAS CORPUS. EXECUÇÃO PENAL. HOMOLOGAÇÃO DE FALTA
GRAVE. NULIDADE. RECUSA AO TRABALHO. ATIPICIDADE MATERIAL. NÃO ACOLHIMENTO.
CONVENCIONALIDADE DO TRABALHO NA EXECUÇÃO DA PENA.
POSSIBILIDADE. PERDA DE 1/3 DOS DIAS REMIDOS. AUSÊNCIA DE MANIFESTAÇÃO DO EG.
TRIBUNAL DE ORIGEM. SUPRESSÃO DE INSTÂNCIA.
INEXISTÊNCIA DE NOVOS ARGUMENTOS APTOS A DESCONSTITUIR A DECISÃO IMPUGNADA.
AGRAVO DESPROVIDO. I - Consoante previsão dos arts. 50, VI, e 39, V, ambos da LEP, configura
falta grave a recusa pelo apenado, à execução de trabalho interno regularmente determinado

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pelo agente público competente, não havendo que se falar na existência de flagrante
ilegalidade no v. acórdão combatido, sobretudo porque, além de a medida não se confundir
com a pena de trabalho forçado, vedada pela Constituição Federal (art. 5º, XLVIII, "c"), encontra
previsão no art. 6º da Convenção Americana de Direitos Humanos.
II A insurgência contra a perda de 1/3 (um terço) dos dias remidos não foi examinada pelo eg.
Tribunal de origem, o que inviabiliza o seu exame por esta Corte, sob pena de se incorrer em
indevida supressão de instância.
III - No presente agravo regimental não se aduziu qualquer argumento novo e apto a ensejar a
alteração da decisão agravada, devendo ser mantida por seus próprios fundamentos.
Agravo regimental desprovido.
(AgRg no HC 429.608/SP, Rel. Ministro FELIX FISCHER, QUINTA TURMA, julgado em 17/04/2018,
DJe 27/04/2018)
 Art. 6º da Convenção Americana de Direitos Humanos: admite a obrigação de trabalho como
decorrência do cumprimento de pena privativa de liberdade.
Artigo 6. Proibição da escravidão e da servidão
(...)
3. Não constituem trabalhos forçados ou obrigatórios para os efeitos deste artigo:
a. os trabalhos ou serviços normalmente exigidos de pessoa reclusa em cumprimento de
sentença ou resolução formal expedida pela autoridade judiciária competente. Tais trabalhos
ou serviços devem ser executados sob a vigilância e controle das autoridades públicas, e os
indivíduos que os executarem não devem ser postos à disposição de particulares, companhias
ou pessoas jurídicas de caráter privado; (...)
 Art. 68 do Código Penal: institui o sistema trifásico de cálculo da pena
Art. 68 - A pena-base será fixada atendendo-se ao critério do art. 59 deste Código; em seguida
serão consideradas as circunstâncias atenuantes e agravantes; por último, as causas de
diminuição e de aumento.
 Art. 59, do Código Penal: circunstâncias judiciais
Art. 59 - O juiz, atendendo à culpabilidade, aos antecedentes, à conduta social, à personalidade
do agente, aos motivos, às circunstâncias e consequências do crime, bem como ao
comportamento da vítima, estabelecerá, conforme seja necessário e suficiente para reprovação
e prevenção do crime:
I - as penas aplicáveis dentre as cominadas;
II - a quantidade de pena aplicável, dentro dos limites previstos;
III - o regime inicial de cumprimento da pena privativa de liberdade;
IV - a substituição da pena privativa da liberdade aplicada, por outra espécie de pena, se cabível.
 HC 437157/STJ: entendimento do Superior Tribunal de Justiça que não se deve adotar um quantum
definido e determinado para todas as circunstâncias judiciais, mas sim devem ser consideradas cada
uma das circunstâncias, conforme a relevância delas no caso concreto.

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PENAL. HABEAS CORPUS SUBSTITUTIVO DE RECURSO ESPECIAL. NÃO CABIMENTO. TENTATIVA


DE HOMICÍDIO DUPLAMENTE QUALIFICADO. MOTIVO TORPE. RECURSO DIFICULTOU A DEFESA
DA VÍTIMA. DOSIMETRIA DA PENA.
PLURALIDADE DE QUALIFICADORAS. UTILIZAÇÃO DE UMA PARA QUALIFICAR O CRIME E DA
OUTRA PARA EXASPERAR A PENA-BASE. POSSIBILIDADE. QUANTUM DE AUMENTO
PROPORCIONAL E RAZOÁVEL. CIRCUNSTÂNCIA DO CASO CONCRETO.
CONSTRANGIMENTO ILEGAL NÃO EVIDENCIADO. INCIDÊNCIA DA ATENUANTE DA
MENORIDADE RELATIVA. AUSÊNCIA DE RAZOABILIDADE E PROPORCIONALIDADE DA FRAÇÃO
DE REDUÇÃO APLICADA. HABEAS CORPUS NÃO CONHECIDO. ORDEM CONCEDIDA DE OFÍCIO.
I - A Terceira Seção desta Corte, seguindo entendimento firmado pela Primeira Turma do col.
Pretório Excelso, firmou orientação no sentido de não admitir a impetração de habeas corpus
em substituição ao recurso adequado, situação que implica o não conhecimento da impetração,
ressalvados casos excepcionais em que, configurada flagrante ilegalidade apta a gerar
constrangimento ilegal, seja possível a concessão da ordem de ofício.
II - A via do writ somente se mostra adequada para a análise da dosimetria da pena se não for
necessária uma análise aprofundada do conjunto probatório e caso se trate de flagrante
ilegalidade. Vale dizer, "o entendimento deste Tribunal firmou-se no sentido de que, em sede
de habeas corpus, não cabe qualquer análise mais acurada sobre a dosimetria da reprimenda
imposta nas instâncias inferiores, se não evidenciada flagrante ilegalidade, tendo em vista a
impropriedade da via eleita" (HC n. 39.030/SP, Quinta Turma, Rel.
Min. Arnaldo Esteves, DJU de 11/4/2005).
III - Segunda a jurisprudência desta Corte Superior, a definição do quantum de aumento da
pena-base, em razão de circunstância judicial desfavorável, está dentro da discricionariedade
juridicamente vinculada e deve observar os princípios da proporcionalidade, razoabilidade,
necessidade e suficiência à reprovação e prevenção ao crime. Não se admite a adoção de um
critério puramente matemático, baseado apenas na quantidade de circunstâncias judiciais
desfavoráveis, até porque de acordo com as especificidades de cada delito e também com as
condições pessoais do agente, uma dada circunstância judicial desfavorável poderá e deverá
possuir maior relevância (valor) do que outra no momento da fixação da pena-base, em
obediência aos princípios da individualização da pena e da própria proporcionalidade.
IV - Na esteira da jurisprudência desta Corte, em se tratando de crime de homicídio, com
pluralidade de qualificadoras, uma poderá qualificar o delito, enquanto as demais poderão
caracterizar circunstância agravante, se forem previstas como tal ou, residualmente,
circunstância judicial.
V - In casu, o motivo torpe foi considerada para qualificar o delito de homicídio, sendo que a
qualificadora relativa ao recurso que dificultou ou tornou impossível a defesa da vítima foi
sopesada para fins de exasperação da pena-base, a título de circunstâncias desfavoráveis do
crime, pelo que não se vislumbra nenhuma ilegalidade a ser sanada, nem mesmo com relação
ao quantum operado pela r. sentença e mantido pelo v. acórdão impugnado, haja vista trata-
se de duas qualificadoras, tendo o aumento da pena-base ocorrido dentro da discricionariedade
juridicamente vinculada de forma proporcional e razoável para o caso em concreto.

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VI - Os percentuais relacionados às circunstâncias previstas na segunda fase da dosimetria da


pena não encontrem limites expressos no Código Penal, incumbindo, discricionariamente, ao
órgão julgador a sua eleição, esse deverá pautar sua valoração pelos princípios da razoabilidade
e da proporcionalidade.
VII - Na hipótese, na segunda fase da dosimetria, a pena deve ser reduzida na fração de 1/6 (um
sexto), diante da incidência da atenuante da menoridade, o que se encontra de acordo com a
jurisprudência desta Corte Superior.
Habeas corpus não conhecido. Ordem concedida de ofício, para reduzir a pena imposta ao
paciente em 1/6, diante da atenuante da menoridade (art. 65, inciso I, do CP), fixando-a em 10
(dez) anos de reclusão, mantido os demais termos da condenação.
(HC 437.157/RJ, Rel. Ministro FELIX FISCHER, QUINTA TURMA, julgado em 17/04/2018, DJe
20/04/2018)
 HC 134193/STF: precedente em que se considera recomendável a indicação da fração do aumento,
apesar de consignar que não é necessária essa menção na sentença.
EMENTA Habeas corpus. Penal. Tráfico de drogas (art. 12 da Lei nº 6.368/76). Pena.
Redimensionamento. Questões não examinadas pelo Superior Tribunal de Justiça. Supressão de
instância. Precedentes. Não conhecimento da impetração. Possibilidade de concessão, de ofício,
do writ, nas hipóteses de flagrante ilegalidade. Pena-base. Fixação de forma conglobada.
Ausência de especificação do quantum atribuído a cada vetor negativo considerado.
Irrelevância. Possibilidade de controle de sua legalidade pelas instâncias superiores.
Inexistência de ofensa aos princípios da individualização da pena e da motivação das decisões
judiciais (arts. 5º, XLVI, e 93, IX, CF). Valoração negativa da culpabilidade, das circunstâncias do
crime e da conduta social do agente. Admissibilidade. Existência de base empírica idônea.
Quantidade e natureza da droga (1.691 kg - mil seiscentos e noventa e um quilos de cocaína).
Vetor a ser necessariamente considerado na dosimetria (art. 59 do CP). Crimes praticados
durante dilatado lapso temporal. Uso de empresas de fachada para dar cobertura ao envio da
droga. Ocultação da droga em partes de animais para ilaquear a fiscalização. Desdobramento
de atividade criminosa organizada, dotada de extensa base operacional, espraiada por diversos
estados da Federação e estruturada de forma empresarial. Conjunto de circunstâncias
evidenciadoras da maior censurabilidade da conduta do paciente. Acentuada exasperação da
pena-base justificada. Conclusão em sentido diverso que demandaria revolvimento do conjunto
fático-probatório. Inidoneidade do habeas corpus para ponderação, em concreto, da pena
adequada. Precedentes. Motivos do crime. Busca de lucro fácil. Valoração negativa.
Fundamento inidôneo. Decotamento pelo Tribunal Regional Federal, em sede de recurso
exclusivo da defesa, sem repercussão na pena-base. Admissibilidade. Efeito devolutivo da
apelação. Suficiência, por si sós, dos demais vetores para a manutenção da pena fixada na
sentença, aos quais se acabou por atribuir quantum maior. Reajustamento da pena que não
caracteriza reformatio in pejus. Precedentes. Despesas suportadas pelo Estado com a
investigação do delito. Valoração negativa a título de consequências do crime.
Inadmissibilidade. Motivação inidônea. Despesas que não constituem extensão do dano
produzido pelo ilícito em si. Concessão, de ofício, de ordem de habeas corpus, para decotar esse
vetor negativo da primeira fase da dosimetria da pena do crime descrito no art. 12 da Lei nº
6.368/76. Determinação para que o juízo de primeiro grau, motivadamente, fixe o quantum

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correspondente de redução da pena-base e, por via de consequência, redimensione a pena final.


1. O Superior Tribunal de Justiça não examinou, definitivamente, as teses suscitadas na presente
impetração, ao invocar o óbice da Súmula nº 7 daquela Corte, segundo a qual “a pretensão de
simples reexame de prova não enseja recurso especial”. 2. Dessa feita, sua apreciação, de forma
originária, pelo STF, configuraria supressão de instância, o que é inadmissível, uma vez que a
Corte não pode, em exame per saltum, apreciar questão não analisada, em definitivo, pelo
Superior Tribunal de Justiça. Precedentes. 3. É caso, portanto, de não conhecimento da
impetração. 4. A jurisprudência da Suprema Corte admite a concessão de habeas corpus de
ofício nas hipóteses de flagrante ilegalidade, abuso de poder ou teratologia. 5. Como já decidido
pelo Supremo Tribunal Federal, “em sede de habeas corpus, a discussão a respeito da dosimetria
da pena cinge-se ao controle da legalidade dos critérios utilizados, restringindo-se, portanto,
’ao exame da motivação [formalmente idônea] de mérito e à congruência lógico-jurídica entre
os motivos declarados e a conclusão’ (HC 69.419, Rel. Min. Sepúlveda Pertence)” - RHC nº
119.894/BA-AgR, Relator o Ministro Roberto Barroso, DJe de 10/6/14. 6. Ao juiz compete
demonstrar, fundamentadamente, com base empírica idônea, os critérios e as circunstâncias
de que se valeu na concretização da pena imposta, notadamente nas hipóteses de grande
exasperação, em que a pena é fixada no máximo legal ou próximo a esse limite, a fim de se
evitarem soluções arbitrárias (HC nº 101.118/MS, Segunda Turma, Relator para o acórdão o
Ministro Celso de Mello, DJe de 27/8/10). 7. As instâncias ordinárias, após indicarem os vetores
que justificavam a exacerbação da pena-base, fixaram-na de forma conglobada, vale dizer, sem
especificar o quantum de pena especificamente atribuído a cada um vetores considerados
negativos. 8. Esse proceder não viola os princípios da individualização da pena e da motivação
(arts. 5º, XLVI, e 93, IX, CF). 9. Para satisfazer ao imperativo de motivar a fixação da pena, “a
sentença não se há de subordinar necessariamente a fórmulas rígidas, particularmente à
compartimentação estanque de sua fundamentação” (HC nº 67.589/MS, Primeira Turma,
Relator o Ministro Sepúlveda Pertence, DJ de 15/12/89). 10. Ainda que recomendável a
atribuição de um quantum de pena, isoladamente, a cada vetor considerado na primeira fase
da dosimetria, sua inobservância não gera nulidade. 11. Com efeito, a fixação de pena-base
conglobada não impede que as instâncias superiores exerçam o controle de sua legalidade e
determinem seu reajustamento, se não houver base empírica idônea que confira suporte aos
vetores invocados ou se desarrazoada a majoração havida. 12. Na espécie, houve motivação
adequada para a valoração negativa da culpabilidade, das circunstâncias do crime e da conduta
social do paciente, demonstrando-se, com base em elementos concretos, o maior grau de
censurabilidade da conduta, a justificar a acentuada exasperação de sua pena-base. 13. É
pacífico o entendimento do Supremo Tribunal Federal, desde a égide da revogada Lei nº
6.368/76, de que a natureza e a quantidade da droga sempre constituíram motivação idônea
para a exasperação da pena-base. Precedentes. 14. A Suprema Corte ressaltou, no RHC nº
123.367/SP, Primeira Turma, de minha relatoria, DJe de 21/11/14, que “a natureza e a
quantidade da droga sempre constituíram vetores da dosimetria da pena, a título de
‘circunstâncias e consequências do crime’ (art. 59, CP)”. 15. No mesmo sentido, decidiu-se que
“a quantidade e a natureza da droga apreendida constituem fundamentos idôneos para fixar a
pena-base acima do mínimo legal” (RHC nº 122.598/SP, Segunda Turma, Relator o Ministro
Teori Zavascki, DJe de 30/10/14) 16. É evidente que, quanto maior a quantidade de droga
apreendida, maior potencial lesivo à sociedade, a exigir que a resposta penal seja proporcional
ao crime praticado (HC nº 121.389/MS, Primeira Turma, de minha relatoria, DJe de 7/10/14).

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17. Na espécie, não bastasse a elevadíssima quantidade de droga apreendida (quase uma
tonelada e setecentos quilos) e sua natureza (cocaína) – que constituiria, à época, a segunda
maior apreensão do gênero no País - , o paciente cometeu os crimes durante dilatado lapso
temporal, agindo ainda na condição de representante de um dos maiores compradores de
cocaína colombiana, tudo a evidenciar a maior censurabilidade de sua conduta. 18. As
circunstâncias judiciais – uso de empresas de fachada para dar cobertura ao envio da droga;
ocultação da droga em partes de animais para ilaquear a fiscalização e desdobramento de
atividade criminosa organizada, dotada de extensa base operacional, espraiada por diversos
estados da Federação, e estruturada de forma empresarial – também demonstram o
elevadíssimo grau de reprovabilidade da conduta do paciente e justificam o agravamento da
pena-base. 19. Para se chegar a conclusão diversa daquela adotada pelas instâncias ordinárias,
seria necessário revolver-se o conjunto fático-probatório, o que não se admite em sede de
habeas corpus. Precedentes. 20. Ademais, “é pacífica a jurisprudência da Corte de que a via
estreita do habeas corpus não permite que se proceda à ponderação e o reexame das
circunstâncias judiciais referidas no art. 59 do Código Penal, consideradas na sentença
condenatória” (HC nº 120.146/SP, Primeira Turma, de minha relatoria, DJe de 22/4/14). 21.
Outrossim, o habeas corpus não é meio idôneo “para realizar novo juízo de reprovabilidade,
ponderando, em concreto, qual seria a pena adequada ao fato pelo qual condenado o paciente”
(HC 94.655/MT, Primeira Turma, Relatora a Ministra Cármen Lúcia, DJe de 10/10/08; RHC
121.602/SP, Segunda Turma, Relator o Ministro Ricardo Lewandowski, DJe de 6/6/14). 22.
Quanto aos motivos do crime, o Tribunal Regional Federal já havia glosado, no julgamento da
apelação interposta pelo paciente, sua valoração negativa, ao fundamento de que “a
motivação consignada na sentença (‘consubstanciados simplesmente no lucro fácil’) é inerente
ao tipo penal de tráfico de entorpecentes e à própria criminalização”. 23. Não obstante essa
glosa, o Tribunal Regional Federal deixou de proceder ao decotamento correspondente na pena-
base, ao fundamento de que os demais vetores negativamente valorados - culpabilidade,
conduta social, circunstâncias e consequências do crime – seriam suficientes, por si sós, para a
manutenção do quantum fixado na sentença. 24. Ao assim agir, o Tribunal Regional Federal
acabou por atribuir aos demais vetores um quantum maior que o atribuído em primeiro grau.
25. De toda sorte, esse reajustamento da pena-base não caracteriza reformatio in pejus, uma
vez que não extravasou a pena aplicada em primeiro grau. 26. Como decidido pelo Supremo
Tribunal Federal em hipótese similar, “[a] jurisprudência contemporânea da Corte é assente no
sentido de que o efeito devolutivo da apelação, ainda que em recurso exclusivo da defesa,
‘autoriza o Tribunal a rever os critérios de individualização definidos na sentença penal
condenatória para manter ou reduzir a pena, limitado tão-somente pelo teor da acusação e
pela prova produzida” (HC nº 106.113/MT, Primeira Turma, Relatora a Ministra Cármen Lúcia,
DJe de 1º/2/12)’” - RHC nº 135.524/MG, Segunda Turma, de minha relatoria, DJe de 28/9/16.
27. Constata-se, todavia, a existência de flagrante ilegalidade na valoração negativa das
consequências do crime de tráfico de drogas (art. 12 da Lei nº 6.368/76). 28. O juízo de primeiro
grau reputou desfavoráveis as consequências do crime, por ter “exigi[do] despesas acima do
comum dos órgãos estatais responsáveis pela repressão, com constantes deslocamentos de
agentes, inclusive aéreos, para acompanhamento do então investigado. Além disso, importou
em enriquecimento ilícito do condenado”. 29. Essa motivação é manifestamente inidônea, uma
vez que as despesas suportadas pelo Estado com a investigação de um crime e o enriquecimento
do paciente não se subsumem no vetor “consequências do crime”, entendido como extensão do

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dano produzido pelo ilícito em si. 30. O Tribunal Regional Federal não glosou esse vetor nem
aduziu nenhum outro elemento de prova que lhe desse suporte, limitando-se a invocar,
genericamente, “as consequências do crime” e a "elevada quantidade da droga apreendida
(1.691 kg) e a sua natureza (cocaína).” 31. Ocorre que, como a quantidade e a natureza da
droga já haviam sido valoradas negativamente a título de culpabilidade, não poderiam vir a sê-
lo também a título de consequências do crime, sob pena de bis in idem. 32. Cumpre, portanto,
decotar o vetor negativo “consequências do crime” no tocante à conduta descrita no art. 12 da
Lei nº 6.368/76. 33. Habeas corpus do qual não se conhece. 34. Concessão, de ofício, do writ
para decotar o vetor “consequências do crime” da primeira fase da dosimetria da pena do crime
descrito no art. 12 da Lei nº 6.368/76, determinando-se ao juízo de primeiro grau que,
motivadamente, fixe o quantum correspondente de redução da pena-base e, por via de
consequência, redimensione a pena final.

(HC 134193, Relator(a): Min. DIAS TOFFOLI, Segunda Turma, julgado em 26/10/2016,
PROCESSO ELETRÔNICO DJe-252 DIVULG 25-11-2016 PUBLIC 28-11-2016)
 HC 433404/STJ: a culpabilidade do agente consiste no juízo da censura ou reprovação em relação
à conduta do agente
PENAL. HABEAS CORPUS SUBSTITUTIVO DE RECURSO PRÓPRIO. INADEQUAÇÃO.
ROUBO. DOSIMETRIA. PENA-BASE ACIMA DO MÍNIMO LEGAL. CULPABILIDADE ACENTUADA.
MAIOR GRAU DE CENSURA EVIDENCIADO. PERSONALIDADE DO AGENTE. CARÊNCIA DE
FUNDAMENTAÇÃO CONCRETA. CONFISSÃO ESPONTÂNEA PARCIAL. MANIFESTAÇÃO DO RÉU
SOPESADA NA FORMAÇÃO DO JUÍZO CONDENATÓRIO. INCIDÊNCIA DA SÚMULA 545/STJ.
FLAGRANTE ILEGALIDADE EVIDENCIADA. REGIME PRISIONAL FECHADO. PENA-BASE ACIMA DO
MÍNIMO LEGAL. CIRCUNSTÂNCIA JUDICIAL DESFAVORÁVEL. PENA DE 4 ANOS DE RECLUSÃO.
INTELIGÊNCIA DO ART. 33, § 3º, do CÓDIGO PENAL. REGIME SEMIABERTO. POSSIBILIDADE.
WRIT NÃO CONHECIDO. ORDEM CONCEDIDA DE OFÍCIO.
1. Esta Corte e o Supremo Tribunal Federal pacificaram orientação no sentido de que não cabe
habeas corpus substitutivo do recurso legalmente previsto para a hipótese, impondo-se o não
conhecimento da impetração, salvo quando constatada a existência de flagrante ilegalidade no
ato judicial impugnado.
2. A individualização da pena é submetida aos elementos de convicção judiciais acerca das
circunstâncias do crime, cabendo às Cortes Superiores apenas o controle da legalidade e da
constitucionalidade dos critérios empregados, a fim de evitar eventuais arbitrariedades.
Assim, salvo flagrante ilegalidade, o reexame das circunstâncias judiciais e os critérios concretos
de individualização da pena mostram-se inadequados à estreita via do habeas corpus, por
exigirem revolvimento probatório.
3. Este Superior Tribunal de Justiça reconhece que a personalidade do agente somente pode ser
valorada negativamente se constarem dos autos elementos concretos para sua efetiva e segura
aferição pelo julgador, o que não se vislumbra na hipótese em apreço.
4. Para fins de individualização da pena, a culpabilidade deve ser compreendida como juízo de
reprovabilidade da conduta, ou seja, a maior ou menor censurabilidade do comportamento do

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réu, não se tratando de verificação da ocorrência dos elementos da culpabilidade, para que se
possa concluir pela prática ou não de delito. No caso dos autos, o fato de o réu ter agido com
um comparsa não identificado, contra três vítimas, utilizando-se de simulacro de uma pistola,
o qual era apontado para as vítimas, tendo uma delas, inclusive, desmaiado por acreditar ter
sido atingida por um tiro, demonstra o dolo intenso e o maior grau de censura a ensejar resposta
penal superior.
5. No que se refere à segunda fase do critério trifásico, conforme o entendimento consolidado
na Súmula 545/STJ, a atenuante da confissão espontânea deve ser reconhecida, ainda que
tenha sido parcial ou qualificada, seja ela judicial ou extrajudicial, e mesmo que o réu venha a
dela se retratar, quando a manifestação for utilizada para fundamentar a sua condenação, o
que se infere na hipótese dos autos.
6. Estabelecida a pena-base acima do mínimo legal, por ter sido desfavoravelmente valorada
circunstância do art. 59 do Código Penal, é possível a fixação de regime prisional mais gravoso
do que o indicado pelo quantum de reprimenda imposta ao réu, a teor do disposto no art. 33, §
3º, do CP. 7. Imposta reprimenda no patamar de 4 anos de reclusão, com a valoração
desfavorável de uma circunstância judicial, deve ser fixado o regime prisional semiaberto para
o desconto da sanção corporal estabelecida ao réu.
8. Writ não conhecido. Ordem concedida, de ofício, a fim de reduzir a reprimenda imposta ao
paciente para 4 anos de reclusão, mais 10 dias-multa e estabelecer o regime prisional
semiaberto para o início do desconto da pena.
(HC 433.404/SP, Rel. Ministro RIBEIRO DANTAS, QUINTA TURMA, julgado em 03/04/2018, DJe
09/04/2018)
 Súmula 444 do STJ: vedação de utilização de inquéritos e processos penais em curso para
configurar os maus antecedentes
É vedada a utilização de inquéritos policiais e ações penais em curso para agravar a pena-base.
 RE 591054/STF: posicionamento de que inquéritos e processos criminais em curso são neutros na
definição dos antecedentes criminais
PENA – FIXAÇÃO – ANTECEDENTES CRIMINAIS – INQUÉRITOS E PROCESSOS EM CURSO –
DESINFLUÊNCIA. Ante o princípio constitucional da não culpabilidade, inquéritos e processos
criminais em curso são neutros na definição dos antecedentes criminais.
(RE 591054, Relator(a): Min. MARCO AURÉLIO, Tribunal Pleno, julgado em 17/12/2014,
ACÓRDÃO ELETRÔNICO REPERCUSSÃO GERAL - MÉRITO DJe-037 DIVULG 25-02-2015 PUBLIC
26-02-2015)
 Art. 64 do Código Penal: reincidência
Art. 64 - Para efeito de reincidência:
I - não prevalece a condenação anterior, se entre a data do cumprimento ou extinção da pena
e a infração posterior tiver decorrido período de tempo superior a 5 (cinco) anos, computado o
período de prova da suspensão ou do livramento condicional, se não ocorrer revogação;
II - não se consideram os crimes militares próprios e políticos.

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 HC 142371/STF: passados os cinco anos do cumprimento ou da extinção da pena, não poderia


mais a condenação ser levada em conta pelo juiz.
Ementa: PENAL. HABEAS CORPUS. CONDENAÇÃO PRETÉRITA CUMPRIDA OU EXTINTA HÁ MAIS
DE 5 ANOS. UTILIZAÇÃO COMO MAUS ANTECEDENTES. IMPOSSIBILIDADE. APLICAÇÃO DO ART.
64, I, DO CÓDIGO PENAL. PRECEDENTES DA SEGUNDA TURMA. ORDEM CONCEDIDA. I - Nos
termos da jurisprudência desta Segunda Turma, condenações pretéritas não podem ser
valoradas como maus antecedentes quando o paciente, nos termos do art. 64, I, do Código
Penal, não puder mais ser considerado reincidente. Precedentes. II - Parâmetro temporal que
decorre da aplicação do art. 5°, XLVI e XLVII, b, da Constituição Federal de 1988. III – Ordem
concedida para determinar ao Juízo da origem que afaste o aumento da pena decorrente de
condenação pretérita alcançada pelo período depurador de 5 anos.
(HC 142371, Relator(a): Min. RICARDO LEWANDOWSKI, Segunda Turma, julgado em
30/05/2017, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-124 DIVULG 09-06-2017 PUBLIC 12-06-2017)

 EDcl no HC 413204/STJ: posição pacífica do Superior Tribunal de Justiça de que, após o decurso do
lustro, a condenação anterior já transitada em julgado pode ser utilizada como mau antecedente do
agente, sendo vedado apenas que determine o reconhecimento da reincidência.
PROCESSUAL PENAL. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NO HABEAS CORPUS. OMISSÃO QUANTO A
CONFIGURAÇÃO DE MAUS ANTECEDENTES. OCORRÊNCIA. ACÓRDÃO CONDENATÓRIO
RESTABELECIDO. EMBARGOS ACOLHIDOS COM EFEITO INFRINGENTES.
I - São cabíveis embargos declaratórios quando houver, na decisão embargada, qualquer
contradição, omissão ou obscuridade a ser sanada. Podem também ser admitidos para a
correção de eventual erro material, consoante entendimento preconizado pela doutrina e
jurisprudência, sendo possível, excepcionalmente, a alteração ou modificação do decisum
embargado.
II - Assiste razão ao Parquet Federal, uma vez que está devidamente demonstrado na certidão
de fl. 94 que o v. acórdão condenatório não incorreu em qualquer ilegalidade, pois a anotação
criminal referente ao processo n. 7006993-82.2003.8.26.0050, que transitou em julgado em
28/9/2005, configura, no presente caso, maus antecedentes, o que afasta de plano a incidência
da Súmula n. 444 desta Corte Superior.
III - A jurisprudência deste Tribunal é assente no sentido de que as condenações alcançadas pelo
período depurador de 5 anos, como no presente caso, previsto no art. 64, inciso I, do Código
Penal, afastam os efeitos da reincidência, mas não impedem a configuração de maus
antecedentes, permitindo, assim, o aumento da pena-base acima do mínimo legal.
Embargos de declaração acolhido, com efeitos infringentes, para sanar a omissão e não
conhecer do habeas corpus, com o fim de restabelecer o acórdão condenatório proferido pelo
eg. Tribunal de origem em grau de apelação.
(EDcl no HC 413.204/SP, Rel. Ministro FELIX FISCHER, QUINTA TURMA, julgado em 15/05/2018,
DJe 21/05/2018)
 HC 132120 AgR/STF:a Primeira Turma do STF possui precedente em que reconhece que o tema é
controverso e deve ser analisado no julgamento de tema sujeito à sistemática da repercussão geral.

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Ementa: AGRAVO REGIMENTAL EM HABEAS CORPUS. PROCESSO PENAL. DECISÃO


MONOCRÁTICA. INEXISTÊNCIA DE ARGUMENTAÇÃO APTA A MODIFICÁ-LA. MANUTENÇÃO DA
NEGATIVA DE SEGUIMENTO. MAUS ANTECEDENTES. PERÍODO DEPURADOR. CONTROVÉRSIA
SUBMETIDA À SISTEMÁTICA DA REPERCUSSÃO GERAL. INEXISTÊNCIA DE FLAGRANTE
ILEGALIDADE. AGRAVO REGIMENTAL DESPROVIDO. 1. A inexistência de argumentação apta a
infirmar o julgamento monocrático conduz à manutenção da decisão recorrida. 2. O
afastamento dos maus antecedentes na hipótese em que ultrapassado o prazo para
reconhecimento da reincidência penal é tema pendente de julgamento, sob a sistemática da
repercussão geral, nesta Corte (Tema 150, RE 593.818, Rel. Min. Roberto Barroso). 3. Diante da
existência de precedentes em ambos os sentidos, e forte na ausência de definição da matéria
pelo Plenário da Corte, a decisão que opta por uma das correntes não se qualifica como ilegal
ou abusiva, âmbito normativo destinado à concessão de habeas corpus de ofício. 4. Agravo
regimental desprovido.
(HC 132120 AgR, Relator(a): Min. EDSON FACHIN, Primeira Turma, julgado em 06/12/2016,
PROCESSO ELETRÔNICO DJe-041 DIVULG 03-03-2017 PUBLIC 06-03-2017)
 Art. 63 do Código Penal: fato não transitado em julgado na época da prática de novo delito pelo
agente, não pode ser considerado para se declará-lo como reincidente.
Art. 63 - Verifica-se a reincidência quando o agente comete novo crime, depois de transitar em
julgado a sentença que, no País ou no estrangeiro, o tenha condenado por crime anterior.
 HC 433404/STJ: a jurisprudência tem exigido que haja elementos concretos sobre a avaliação
psicológica do agente para a elevação da pena base, pelo juiz, com fundamento na personalidade do
agente.
PENAL. HABEAS CORPUS SUBSTITUTIVO DE RECURSO PRÓPRIO. INADEQUAÇÃO.
ROUBO. DOSIMETRIA. PENA-BASE ACIMA DO MÍNIMO LEGAL. CULPABILIDADE ACENTUADA.
MAIOR GRAU DE CENSURA EVIDENCIADO. PERSONALIDADE DO AGENTE. CARÊNCIA DE
FUNDAMENTAÇÃO CONCRETA. CONFISSÃO ESPONTÂNEA PARCIAL. MANIFESTAÇÃO DO RÉU
SOPESADA NA FORMAÇÃO DO JUÍZO CONDENATÓRIO. INCIDÊNCIA DA SÚMULA 545/STJ.
FLAGRANTE ILEGALIDADE EVIDENCIADA. REGIME PRISIONAL FECHADO. PENA-BASE ACIMA DO
MÍNIMO LEGAL. CIRCUNSTÂNCIA JUDICIAL DESFAVORÁVEL. PENA DE 4 ANOS DE RECLUSÃO.
INTELIGÊNCIA DO ART. 33, § 3º, do CÓDIGO PENAL. REGIME SEMIABERTO. POSSIBILIDADE.
WRIT NÃO CONHECIDO. ORDEM CONCEDIDA DE OFÍCIO.
1. Esta Corte e o Supremo Tribunal Federal pacificaram orientação no sentido de que não cabe
habeas corpus substitutivo do recurso legalmente previsto para a hipótese, impondo-se o não
conhecimento da impetração, salvo quando constatada a existência de flagrante ilegalidade no
ato judicial impugnado.
2. A individualização da pena é submetida aos elementos de convicção judiciais acerca das
circunstâncias do crime, cabendo às Cortes Superiores apenas o controle da legalidade e da
constitucionalidade dos critérios empregados, a fim de evitar eventuais arbitrariedades.
Assim, salvo flagrante ilegalidade, o reexame das circunstâncias judiciais e os critérios concretos
de individualização da pena mostram-se inadequados à estreita via do habeas corpus, por
exigirem revolvimento probatório.

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3. Este Superior Tribunal de Justiça reconhece que a personalidade do agente somente pode ser
valorada negativamente se constarem dos autos elementos concretos para sua efetiva e segura
aferição pelo julgador, o que não se vislumbra na hipótese em apreço.
4. Para fins de individualização da pena, a culpabilidade deve ser compreendida como juízo de
reprovabilidade da conduta, ou seja, a maior ou menor censurabilidade do comportamento do
réu, não se tratando de verificação da ocorrência dos elementos da culpabilidade, para que se
possa concluir pela prática ou não de delito. No caso dos autos, o fato de o réu ter agido com
um comparsa não identificado, contra três vítimas, utilizando-se de simulacro de uma pistola,
o qual era apontado para as vítimas, tendo uma delas, inclusive, desmaiado por acreditar ter
sido atingida por um tiro, demonstra o dolo intenso e o maior grau de censura a ensejar resposta
penal superior.
5. No que se refere à segunda fase do critério trifásico, conforme o entendimento consolidado
na Súmula 545/STJ, a atenuante da confissão espontânea deve ser reconhecida, ainda que
tenha sido parcial ou qualificada, seja ela judicial ou extrajudicial, e mesmo que o réu venha a
dela se retratar, quando a manifestação for utilizada para fundamentar a sua condenação, o
que se infere na hipótese dos autos.
6. Estabelecida a pena-base acima do mínimo legal, por ter sido desfavoravelmente valorada
circunstância do art. 59 do Código Penal, é possível a fixação de regime prisional mais gravoso
do que o indicado pelo quantum de reprimenda imposta ao réu, a teor do disposto no art. 33, §
3º, do CP. 7. Imposta reprimenda no patamar de 4 anos de reclusão, com a valoração
desfavorável de uma circunstância judicial, deve ser fixado o regime prisional semiaberto para
o desconto da sanção corporal estabelecida ao réu.
8. Writ não conhecido. Ordem concedida, de ofício, a fim de reduzir a reprimenda imposta ao
paciente para 4 anos de reclusão, mais 10 dias-multa e estabelecer o regime prisional
semiaberto para o início do desconto da pena.
(HC 433.404/SP, Rel. Ministro RIBEIRO DANTAS, QUINTA TURMA, julgado em 03/04/2018, DJe
09/04/2018)
 HC 402.951/STJ: o Superior Tribunal de Justiça admite a consideração de fração diversa na
aplicação das agravantes e das atenuantes genéricas, mas entende que a fixação do aumento
superior a um sexto exige motivação específica na sentença.
PENAL. HABEAS CORPUS SUBSTITUTIVO DE RECURSO PRÓPRIO. INADEQUAÇÃO. ROUBO
DUPLAMENTE CIRCUNSTANCIADO E CORRUPÇÃO DE MENORES. DOSIMETRIA.CULPABILIDADE.
MOTIVAÇÃO IDÔNEA DECLINADA. MAUS ANTECEDENTES. REINCIDÊNCIA. BIS IN IDEM NÃO
EVIDENCIADO. RÉU QUE OSTENTAVA DOIS TÍTULOS CONDENATÓRIOS TRANSITADOS EM
JULGADO À ÉPOCA DOS FATOS. PENA-BASE ACIMA DO PISO LEGAL. PROPORCIONALIDADE.
REINCIDÊNCIA ESPECÍFICA. AUMENTO EXCESSIVO PELA RECIDIVA QUANTO AO CRIME DE
ROUBO. CARÊNCIA DE MOTIVAÇÃO IDÔNEA PARA O INCREMENTO SUPERIOR AO MÍNIMO
LEGAL PELA INCIDÊNCIA DAS DUAS MAJORANTES DO DELITO DE ROUBO. VIOLAÇÃO DA
SÚMULA 443/STJ. PENA REVISTA. WRIT NÃO CONHECIDO E ORDEM CONCEDIDA DE OFÍCIO.
1. Esta Corte e o Supremo Tribunal Federal pacificaram orientação no sentido de que não cabe
habeas corpus substitutivo do recurso legalmente previsto para a hipótese, impondo-se o não

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conhecimento da impetração, salvo quando constatada a existência de flagrante ilegalidade no


ato judicial impugnado.
2. A individualização da pena, como atividade discricionária do julgador, está sujeita à revisão
apenas nas hipóteses de flagrante ilegalidade ou teratologia, quando não observados os
parâmetros legais estabelecidos ou o princípio da proporcionalidade. 3. Em relação à
culpabilidade, para fins de individualização da pena, tal vetor deve ser compreendido como o
juízo de reprovabilidade da conduta, ou seja, o menor ou maior grau de censura do
comportamento do réu, não se tratando de verificação da ocorrência dos elementos da
culpabilidade, para que se possa concluir pela prática ou não de delito. Em verdade, malgrado
seja o crime de natureza patrimonial, o valor da res furtiva e justifica o incremento da pena pela
culpabilidade, pois denota a maior reprovação do seu agir.
Precedente.
4. A jurisprudência desta Corte admite a utilização de condenações anteriores transitadas em
julgado como fundamento para a fixação da pena-base acima do mínimo legal, diante da
valoração negativa dos maus antecedentes, ficando apenas vedado o bis in idem. Assim,
considerando a existência de duas condenações transitadas em julgado à época dos fatos, não
se vislumbra, no ponto, flagrante ilegalidade a justificar a concessão da ordem de ofício.
5. Este Superior Tribunal de Justiça firmou entendimento de que "a folha de antecedentes
criminais é documento hábil e suficiente a comprovar os maus antecedentes e a reincidência,
não sendo necessária a apresentação de certidão cartorária" (HC 291.414/SP, Rel. Ministro
REYNALDO SOARES DA FONSECA, QUINTA TURMA, julgado em 22/9/2016, DJe 30/9/2016).
6. Quanto à fase intermediária do procedimento dosimétrico, o Código Penal olvidou-se de
estabelecer limites mínimo e máximo de aumento ou redução de pena a serem aplicados em
razão das agravantes e das atenuantes genéricas. Assim, a jurisprudência reconhece que
compete ao julgador, dentro do seu livre convencimento e de acordo com as peculiaridades do
caso, escolher a fração de aumento ou redução de pena, em observância aos princípios da
razoabilidade e da proporcionalidade. Todavia, a aplicação de fração superior a 1/6 exige
motivação concreta e idônea.
7. In concreto, em relação ao crime de roubo, a exasperação da reprimenda de 1/3 em razão de
apenas um título condenatório transitado em julgado, ainda que reste configurada a
reincidência específica, denota a existência de desproporcionalidade na segunda etapa do
procedimento dosimétrico. Por outro lado, a pena do crime de corrupção de menores foi
majorada em 1/6 pela reincidência, sem que possa inferir ilegalidade a ser sanada. 8. Quanto à
terceira fase, a sentença aplicou a fração de 3/8 (três oitavos) para majorar as penas tão
somente em razão das duas causas de aumento reconhecidas, sem apoio em elementos
concretos do delito.
Incide, portanto, à espécie o disposto na Súmula 443 desta Corte: "O aumento na terceira fase
de aplicação da pena no crime de roubo circunstanciado exige fundamentação concreta, não
sendo suficiente para a sua exasperação a mera indicação do número de majorantes".
9. Writ não conhecido. Habeas corpus concedido, de ofício, a fim de estabelecer a pena de 9
anos, 7 meses e 26 dias de reclusão pelos crimes de roubo duplamente circunstanciado e
corrupção de menores, ficando mantidos os demais termos do decreto condenatório.

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(HC 402.951/SP, Rel. Ministro RIBEIRO DANTAS, QUINTA TURMA, julgado em 15/05/2018, DJe
22/05/2018)
 Súmula 231 do Superior Tribunal de Justiça: adstrição aos limites mínimo e máximo da sanção
abstratamente cominada ao delito
A incidência da circunstância atenuante não pode conduzir à redução da pena abaixo do mínimo
legal.
 Art. 61 do Código Penal: circunstâncias agravantes
Art. 61 - São circunstâncias que sempre agravam a pena, quando não constituem ou
qualificam o crime:
I - a reincidência;
II - ter o agente cometido o crime:
a) por motivo fútil ou torpe;
b) para facilitar ou assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de outro
crime;
c) à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação, ou outro recurso que dificultou ou
tornou impossível a defesa do ofendido;
d) com emprego de veneno, fogo, explosivo, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que
podia resultar perigo comum;
e) contra ascendente, descendente, irmão ou cônjuge;
f) com abuso de autoridade ou prevalecendo-se de relações domésticas, de coabitação ou de
hospitalidade, ou com violência contra a mulher na forma da lei específica;
g) com abuso de poder ou violação de dever inerente a cargo, ofício, ministério ou profissão;
h) contra criança, maior de 60 (sessenta) anos, enfermo ou mulher grávida;
i) quando o ofendido estava sob a imediata proteção da autoridade;
j) em ocasião de incêndio, naufrágio, inundação ou qualquer calamidade pública, ou de
desgraça particular do ofendido;
l) em estado de embriaguez preordenada.
 Art. 7º da LCP: reincidência quanto às contravenções penais
Art. 7º - Verifica-se a reincidência quando o agente pratica uma contravenção depois de passar
em julgado a sentença que o tenha condenado, no Brasil ou no estrangeiro, por qualquer crime,
ou, no Brasil, por motivo de contravenção.
 Art. 64 do Código Penal: não configuração da reincidência
Art. 64 - Para efeito de reincidência:
I - não prevalece a condenação anterior, se entre a data do cumprimento ou extinção da pena
e a infração posterior tiver decorrido período de tempo superior a 5 (cinco) anos, computado o
período de prova da suspensão ou do livramento condicional, se não ocorrer revogação;

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II - não se consideram os crimes militares próprios e políticos.


 HC 90744/ STF: motivo torpe
EMENTA: I. Homicídio triplamente qualificado: pronúncia: motivação suficiente quanto a duas
qualificativas (emprego de fogo e recurso que dificulte ou torne impossível a defesa do
ofendido) e inidônea quanto à qualificadora do motivo fútil. 1. É da jurisprudência do Supremo
Tribunal, relativamente à fixação da pena, que pode o fundamento do deslinde de determinada
questão do processo - malgrado ausente na passagem a ela especificamente alusiva - estar
contida no contexto total da motivação da sentença. 2. No caso, mutatis mutandis, as
qualificativas atinentes ao emprego de fogo e de recurso que dificultou a defesa da vítima
ressaem da própria versão do fato motivadamente acolhida na sentença. 3. O mesmo não
ocorre no tocante à futilidade do motivo: ainda que não baste a excluir a criminalidade do fato
ou a culpabilidade do agente, a vingança da mulher enciumada, grávida e abandonada não se
pode tachar de insignificante. 4. Habeas corpus deferido, em parte, para excluir da pronúncia a
qualificadora do motivo fútil. II. Habeas corpus: não conhecimento 1. Alegação do excesso de
prazo ocorrido até o julgamento do recurso em sentido estrito não conhecida pelo Superior
Tribunal de Justiça sob alegação de que não submetida ao Tribunal de Justiça e, de qualquer
modo, prejudicada pelo julgamento do recurso. 2. Quanto à questão relativa ao excesso de
prazo posterior ao julgamento do recurso em sentido estrito, dela não pode conhecer
originariamente o Supremo Tribunal, pois não foi submetida ao Superior Tribunal de Justiça. 3.
Ademais, eventual coação existente na demora da remessa do Resp, não pode ser atribuída ao
Superior Tribunal de Justiça, mas ao Tribunal de Justiça de Pernambuco.
(HC 90744, Relator(a): Min. SEPÚLVEDA PERTENCE, Primeira Turma, julgado em 12/06/2007,
DJe-077 DIVULG 09-08-2007 PUBLIC 10-08-2007 DJ 10-08-2007 PP-00036 EMENT VOL-02284-
02 PP-00214)
 HC 101216/ STF: motivo torpe
HABEAS CORPUS – PRECLUSÃO – IMPROPRIEDADE. O habeas corpus não sofre qualquer
limitação. Pouco importa que o ato apontado como de constrangimento, a alcançar, direta ou
indiretamente, a liberdade de ir e vir do paciente, tenha precluído ante a ausência de
interposição de recurso. SENTENÇA DE PRONÚNCIA – QUALIFICADORAS. Surge válida a
sentença de pronúncia, relativamente a qualificadoras, quando há referência aos elementos
coligidos no processo, mais precisamente considerado o motivo torpe – o fato de o crime haver
resultado de vingança decorrente de assalto anterior e de tratar-se de prática a impossibilitar
a defesa da vítima, em razão de os tiros, segundo laudo de necrópsia, terem sido desferidos nas
e pelas costas da vítima.
(HC 101216, Relator(a): Min. MARCO AURÉLIO, Primeira Turma, julgado em 04/10/2011, DJe-
201 DIVULG 18-10-2011 PUBLIC 19-10-2011 EMENT VOL-02610-01 PP-00113)
 HC 83309/STF: motivo torpe
EMENTA: I. Pronúncia: fundamentação do acórdão que julgou o recurso em sentido estrito. O
recurso em sentido estrito devolve ao Tribunal o mérito da decisão de pronúncia recorrida: por
isso, o acórdão que o julga substitui a decisão de pronúncia de primeiro grau e a fundamentação
dele é que há de ser considerada no habeas corpus que questiona a sua legalidade. II. Pronúncia:
circunstância qualificadora do homicídio: suficiência do acertamento da plausibilidade de sua

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caracterização. III. Homicídio qualificado: motivo torpe, vingança e pronúncia. A vingança, por
si só, não substantiva o motivo torpe; a sua afirmativa, contudo, não basta para elidir a
imputação de torpeza do motivo do crime, que há de ser aferida à luz do contexto do fato. Não
antecipar juízo a respeito, por entendê-lo sujeito à "análise aprofundada de toda a prova
produzida", não traduz nulidade da pronúncia; na pronúncia, se a existência de crime doloso
contra a vida se reputa inequívoca, a submissão ao Júri da sua qualificação - se entendida
plausível - antes de violar a lei, é orientação que se amolda à reserva ao tribunal popular de
julgamento dos crimes dolosos contra a vida.
(HC 83309, Relator(a): Min. SEPÚLVEDA PERTENCE, Primeira Turma, julgado em 23/09/2003,
DJ 06-02-2004 PP-00037 EMENT VOL-02138-05 PP-00924 RTJ VOL-00191-02 PP-00562)
 REsp 1653828/STJ: motivo torpe
AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO ESPECIAL. PENAL. HOMICÍDIO QUALIFICADO. VIOLAÇÃO
DOS ARTS. 121, § 2º, I, DO CP; E 413, CAPUT E § 1º, DO CPP. DECISÃO DE PRONÚNCIA. RECURSO
EM SENTIDO ESTRITO. EXCLUSÃO DE QUALIFICADORA. MOTIVO FÚTIL EM DECORRÊNCIA DE
VINGANÇA. IMPOSSIBILIDADE. COMPETÊNCIA DO CONSELHO DE SENTENÇA. ÓBICE DAS
SÚMULAS 283 E 284/STF. NÃO OCORRÊNCIA. RECURSO ESPECIAL DELIMITADO E ESCORREITA
EXPOSIÇÃO DA CONTROVÉRSIA. SÚMULA 7/STJ. NÃO INCIDÊNCIA.
DESNECESSIDADE DO REVOLVIMENTO DA MATÉRIA FÁTICO-PROBATÓRIA. 1. Não está
caracterizada ofensa às Súmulas 283 e 284/STF, porquanto houve a devida delimitação dos
fundamentos no recurso especial, necessários a contrapor as razões do Tribunal de origem, na
medida em que não justificou devidamente a exclusão da qualificadora do motivo torpe.
2. A sentença de pronúncia, na medida em que constitui um juízo de mera admissibilidade da
acusação, deve ater-se à demonstração da materialidade delitiva e à existência de indícios
suficientes de autoria, declarando o dispositivo legal em que julgar incurso o acusado e
especificando as circunstâncias qualificadoras e as causas de aumento de pena. Inteligência do
art. 413, § 1º, do CPP. [...] Correta a sentença de pronúncia, no que diz respeito à incidência da
qualificadora do motivo torpe, tendo em vista a presença de indicativos, nos autos, de que o
paciente teria matado a vítima para vingar-se. (HC n. 99.803/SP, Ministra Assusete Magalhães,
Sexta Turma, DJe 8/5/2014) 3. A questão veiculada no recurso especial não envolve a análise
de conteúdo fático-probattório, mas sim, a verificação da ofensa aos arts. 121, § 2º, I, do Código
Penal; e 413, caput e § 1º, do Código de Processo Penal, matéria eminentemente jurídica, pois,
no que diz respeito ao tema proposto, havendo indícios da presença da qualificadora, não
poderia o Tribunal de origem fazer juízo de mérito, usurpando a competência exclusiva do
Conselho de Sentença. Não se configura, portanto, a hipótese de aplicação da Súmula 7/STJ.
4. Agravo regimental improvido.
(AgInt no REsp 1653828/PR, Rel. Ministro SEBASTIÃO REIS JÚNIOR, SEXTA TURMA, julgado em
26/09/2017, DJe 09/10/2017)
 Art. 62 do Código Penal: concurso de pessoas que agravam a pena.
Art. 62 - A pena será ainda agravada em relação ao agente que:
I - promove, ou organiza a cooperação no crime ou dirige a atividade dos demais agentes; II -
coage ou induz outrem à execução material do crime;

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III - instiga ou determina a cometer o crime alguém sujeito à sua autoridade ou não-punível em
virtude de condição ou qualidade pessoal;
IV - executa o crime, ou nele participa, mediante paga ou promessa de recompensa.
 Art. 65 do Código Penal prevê as situações que atenuam a pena:
Art. 65 - São circunstâncias que sempre atenuam a pena:
I - ser o agente menor de 21 (vinte e um), na data do fato, ou maior de 70 (setenta) anos, na
data da sentença;
II - o desconhecimento da lei;
III - ter o agente:
a) cometido o crime por motivo de relevante valor social ou moral;
b) procurado, por sua espontânea vontade e com eficiência, logo após o crime, evitar-lhe ou
minorar-lhe as consequências, ou ter, antes do julgamento, reparado o dano;
c) cometido o crime sob coação a que podia resistir, ou em cumprimento de ordem de
autoridade superior, ou sob a influência de violenta emoção, provocada por ato injusto da
vítima;
d) confessado espontaneamente, perante a autoridade, a autoria do crime;
e) cometido o crime sob a influência de multidão em tumulto, se não o provocou.
 Súmula 545 do STJ: confissão como atenuante
Quando a confissão for utilizada para a formação do convencimento do julgador, o réu fará
jus à atenuante prevista no artigo 65, III, d, do Código Penal.
 HC 433.722/STJ: a confissão espontânea realizada perante a autoridade policial pode atenuar a
pena, ainda que o agente se retrate perante o juiz, desde que este a utilize como elemento de
convencimento para a condenação.
PENAL. HABEAS CORPUS SUBSTITUTIVO DE RECURSO PRÓPRIO. INADEQUAÇÃO. TRÁFICO DE
DROGAS. EXASPERAÇÃO DA PENA-BASE. QUANTIDADE E NATUREZA DAS SUBSTÂNCIAS E
QUANTIA DE INSUMOS PARA O PREPARO DOS ENTORPECENTES. FUNDAMENTAÇÃO IDÔNEA.
CONFISSÃO EXTRAJUDICIAL. RETRATAÇÃO. APLICABILIDADE. SÚMULA 545/STJ. CAUSA DE
DIMINUIÇÃO DE PENA DO ART. 33, § 4º, DA LEI N. 11.343/2006. INAPLICABILIDADE. RÉU QUE
SE DEDICA À ATIVIDADE CRIMINOSA. QUANTUM E ESPÉCIE DAS DROGAS UTILIZADAS PARA
EXASPERAR A PENA-BASE E PARA AFASTAR O REDUTOR. POSSIBILIDADE. BIS IN IDEM NÃO
EVIDENCIADO. REGIME PRISIONAL. CIRCUNSTÂNCIAS DESFAVORÁVEIS. MODO FECHADO.
SUBSTITUIÇÃO DA PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE POR RESTRITIVA DE DIREITO. FALTA DO
PREENCHIMENTO DO REQUISITO OBJETIVO. MANIFESTA ILEGALIDADE VERIFICADA EM PARTE.
WRIT NÃO CONHECIDO. ORDEM CONCEDIDA DE OFÍCIO.
1. Esta Corte e o Supremo Tribunal Federal pacificaram orientação no sentido de que não cabe
habeas corpus substitutivo do recurso legalmente previsto para a hipótese, impondo-se o não
conhecimento da impetração, salvo quando constatada a existência de flagrante ilegalidade no
ato judicial impugnado. No caso, observa-se flagrante ilegalidade a justificar a concessão do
habeas corpus, de ofício.

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2. A individualização da pena é uma atividade em que o julgador está vinculado a parâmetros


abstratamente cominados pela lei, sendo-lhe permitido, entretanto, atuar discricionariamente
na escolha da sanção penal aplicável ao caso concreto, após o exame percuciente dos
elementos do delito, e em decisão motivada. Dessarte, ressalvadas as hipóteses de manifesta
ilegalidade ou arbitrariedade, é inadmissível às Cortes Superiores a revisão dos critérios
adotados na dosimetria da pena.
3. Hipótese em que a instância antecedente, atenta às diretrizes do art. 42 da Lei de Drogas e
59 do CP, considerou a quantidade e a natureza das drogas - 2 kg de cocaína (parte a granel e
parte dividida em 129 microtubos), 26 porções de crack e 8 de maconha -, bem como a
apreensão de material para o embalo e preparação dos entorpecentes para fixar a pena-base
em 2 anos e 6 meses acima do mínimo legalmente previsto, o que não se mostra
desproporcional.
4. A Jurisprudência deste Tribunal Superior firmou-se no sentido de que incide a atenuante
prevista no art. 65, III, "d", quando a confissão do acusado, ainda que retratada ou parcial, seja
utilizada para fundamentar a sua condenação, como ocorreu no caso em apreço.
Súmula 545 do STJ.
5. Nos termos do disposto no § 4º do art. 33 da Lei n. 11.343/2006, os condenados pelo crime
de tráfico de drogas terão a pena reduzida, de um sexto a dois terços, quando forem
reconhecidamente primários, possuírem bons antecedentes e não se dedicarem a atividades
criminosas ou integrarem organizações criminosas.
6. Concluído pelo Tribunal a quo que o paciente é habitual no comércio de entorpecentes, pois,
além da expressiva quantidade e da diversidade da droga - 2 kg de cocaína (parte a granel), 26
porções de crack e 8 de maconha -, houve a apreensão de petrechos destinados à divisão,
embalagem e revenda da substância, a alteração desse entendimento - para fazer incidir a
minorante da Lei de Drogas - enseja o reexame do conteúdo probatório dos autos, o que é
inadmissível em sede de habeas corpus. Precedentes.
7. Não há se falar em bis in idem, pois, além da quantia da droga apreendida, há outros
elementos dos autos que evidenciam a dedicação do paciente a atividades criminosas.
8. O regime inicial fechado é o adequado para o cumprimento da pena de 7 anos e 6 meses de
reclusão, em razão da aferição negativa das circunstâncias judiciais, que justificou o aumento
da pena-base, nos termos do art. 33, §§ 2º e 3º, do Código Penal.
9. É inadmissível a substituição da pena privativa de liberdade por restritivas de direito, pela
falta do preenchimento do requisito objetivo (art. 44, I, do Código Penal).
10. Habeas corpus não conhecido. Ordem concedida, de ofício, para reconhecer a atenuante do
art. 65, III, "d", do Código Penal, redimensionando a sanção final para 6 anos e 3 meses de
reclusão e pagamento de 625 dias-multa, em regime inicial fechado.
(HC 433.722/SP, Rel. Ministro RIBEIRO DANTAS, QUINTA TURMA, julgado em 15/05/2018, DJe
22/05/2018)
 Art. 66 do Código Penal: atenuante genérica.

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Art. 66 - A pena poderá ser ainda atenuada em razão de circunstância relevante, anterior ou
posterior ao crime, embora não prevista expressamente em lei.
 Art. 67 do Código Penal: algumas circunstâncias devem preponderar sobre as outras
Art. 67 - No concurso de agravantes e atenuantes, a pena deve aproximar-se do limite indicado
pelas circunstâncias preponderantes, entendendo-se como tais as que resultam dos motivos
determinantes do crime, da personalidade do agente e da reincidência.
 REsp 1341370/STJ: O STJ pacificou, no âmbito da própria corte, que a compensação da confissão
atenuante espontânea com a agravante da reincidência
RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DA CONTROVÉRSIA (ART. 543-C DO CPC). PENAL.
DOSIMETRIA. CONFISSÃO ESPONTÂNEA E REINCIDÊNCIA. COMPENSAÇÃO. POSSIBILIDADE.
1. É possível, na segunda fase da dosimetria da pena, a compensação da atenuante da confissão
espontânea com a agravante da reincidência.
2. Recurso especial provido.
(REsp 1341370/MT, Rel. Ministro SEBASTIÃO REIS JÚNIOR, TERCEIRA SEÇÃO, julgado em
10/04/2013, DJe 17/04/2013)
 HC 367916/STJ: precedente do STJ que estabelecem premissas para a dosimetria na terceira fase.
PROCESSUAL E PENAL. HABEAS CORPUS SUBSTITUTIVO DE RECURSO. NÃO CONHECIMENTO.
TRÁFICO DE DROGAS. DOSIMETRIA. COMPENSAÇÃO ENTRE CAUSAS DE AUMENTO E
DIMINUIÇÃO (LEI N. 11.343/06). IMPOSSIBILIDADE. OFENSA À INDIVIDUALIZAÇÃO DA PENA.
NOVO CÁLCULO DAS PENAS. TRATAMENTO MAIS FAVORÁVEL AO RÉU. APLICAÇÃO DA CAUSA
DE DIMINUIÇÃO SOMENTE APÓS A CAUSA DE AUMENTO. CONSTRANGIMENTO ILEGAL
EVIDENCIADO. HABEAS CORPUS NÃO CONHECIDO. ORDEM CONCEDIDA DE OFÍCIO.
1. Ressalvada pessoal compreensão diversa, uniformizou o Superior Tribunal de Justiça ser
inadequado o writ em substituição a recursos especial e ordinário, ou de revisão criminal,
admitindo-se, de ofício, a concessão da ordem ante a constatação de ilegalidade flagrante,
abuso de poder ou teratologia.
2. De acordo com a jurisprudência desta Corte, não é possível a compensação de de uma causa
de aumento com outra de redução. Isso porque, além de obediência ao sistema trifásico (68 do
CP), possui o magistrado o dever de esclarecer os motivos que determinaram a incidência do
respectivo quantum de aumento ou de diminuição de pena que entender aplicável (HC
237.734/SP, Rel. Ministro MARCO AURÉLIO BELLIZZE, QUINTA TURMA, julgado em 19/03/2013,
DJe 25/03/2013).
Precedentes.
3. Com o intuito de assegurar o tratamento mais favorável ao réu no momento do cálculo de
suas penas, presentes causas de aumento e diminuição, deve-se, primeiramente, elevar a pena
e, somente após, fazer incidir a minorante. Precedentes.
4. Habeas corpus não conhecido. Concessão da ordem, de ofício, para determinar que o Tribunal
de origem, afastada a compensação entre as causas de aumento e diminuição, efetue novo

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cálculo das penas, justificando os patamares de aumento e de diminuição contidos nos arts. 40,
VI, e 33, § 4º, ambos da Lei 11.343/06.
(HC 367.916/SP, Rel. Ministro NEFI CORDEIRO, SEXTA TURMA, julgado em 18/10/2016, DJe
10/11/2016)
 Art. 68, parágrafo único do Código Penal: a configuração de mais de uma majorante ou minorante
previstas na Parte Especial do Código
Art. 68 - A pena-base será fixada atendendo-se ao critério do art. 59 deste Código; em seguida
serão consideradas as circunstâncias atenuantes e agravantes; por último, as causas de
diminuição e de aumento.
Parágrafo único - No concurso de causas de aumento ou de diminuição previstas na parte
especial, pode o juiz limitar-se a um só aumento ou a uma só diminuição, prevalecendo, todavia,
a causa que mais aumente ou diminua.
Art. 33, caput e § 1º, do Código Penal: prevê os regimes de cumprimento de pena e o local de
cumprimento:
Art. 33 - A pena de reclusão deve ser cumprida em regime fechado, semi-aberto ou aberto. A de
detenção, em regime semi-aberto, ou aberto, salvo necessidade de transferência a regime
fechado.
§ 1º - Considera-se:
a) regime fechado a execução da pena em estabelecimento de segurança máxima ou média;
b) regime semi-aberto a execução da pena em colônia agrícola, industrial ou estabelecimento
similar;
c) regime aberto a execução da pena em casa de albergado ou estabelecimento adequado.
Art. 34 do Código Penal: regras do regime fechado
Art. 34 - O condenado será submetido, no início do cumprimento da pena, a exame
criminológico de classificação para individualização da execução.
§ 1º - O condenado fica sujeito a trabalho no período diurno e a isolamento durante o repouso
noturno.
§ 2º - O trabalho será em comum dentro do estabelecimento, na conformidade das aptidões ou
ocupações anteriores do condenado, desde que compatíveis com a execução da pena
§ 3º - O trabalho externo é admissível, no regime fechado, em serviços ou obras públicas.
Art. 35 do Código Penal: regras do regime semiaberto
Art. 35 - Aplica-se a norma do art. 34 deste Código, caput, ao condenado que inicie o
cumprimento da pena em regime semi-aberto.
§ 1º - O condenado fica sujeito a trabalho em comum durante o período diurno, em colônia
agrícola, industrial ou estabelecimento similar.
§ 2º - O trabalho externo é admissível, bem como a frequência a cursos supletivos
profissionalizantes, de instrução de segundo grau ou superior.

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Art. 36 do Código Penal: regras do regime aberto


Art. 36 - O regime aberto baseia-se na autodisciplina e senso de responsabilidade do
condenado.
§ 1º - O condenado deverá, fora do estabelecimento e sem vigilância, trabalhar, frequentar
curso ou exercer outra atividade autorizada, permanecendo recolhido durante o período
noturno e nos dias de folga.
§ 2º - O condenado será transferido do regime aberto, se praticar fato definido como crime
doloso, se frustrar os fins da execução ou se, podendo, não pagar a multa cumulativamente
aplicada
Art. 33, §§ 2º e 3º: fixação do regime inicial de cumprimento de pena
§ 2º - As penas privativas de liberdade deverão ser executadas em forma progressiva, segundo
o mérito do condenado, observados os seguintes critérios e ressalvadas as hipóteses de
transferência a regime mais rigoroso:
a) o condenado a pena superior a 8 (oito) anos deverá começar a cumpri-la em regime fechado;
b) o condenado não reincidente, cuja pena seja superior a 4 (quatro) anos e não exceda a 8
(oito), poderá, desde o princípio, cumpri-la em regime semi-aberto;
c) o condenado não reincidente, cuja pena seja igual ou inferior a 4 (quatro) anos, poderá, desde
o início, cumpri-la em regime aberto.
§ 3º - A determinação do regime inicial de cumprimento da pena far-se-á com observância dos
critérios previstos no art. 59 deste Código.
Art. 112 da Lei de Execução Penal (LEP): o juiz fixa o regime inicial de cumprimento de pena, sendo
que a execução deve ser forma progressiva.
Art. 112. A pena privativa de liberdade será executada em forma progressiva com a
transferência para regime menos rigoroso, a ser determinada pelo juiz, quando o preso tiver
cumprido ao menos um sexto da pena no regime anterior e ostentar bom comportamento
carcerário, comprovado pelo diretor do estabelecimento, respeitadas as normas que vedam a
progressão.
§ 1o A decisão será sempre motivada e precedida de manifestação do Ministério Público e do
defensor.
§ 2o Idêntico procedimento será adotado na concessão de livramento condicional, indulto e
comutação de penas, respeitados os prazos previstos nas normas vigente
Art. 2º, § 2º, da Lei 8.072/90 (Lei dos Crimes Hediondos): no caso de crimes hediondos e
equiparados, a fração é de 2/5 (dois quintos), se o executado for primário, ou de 3/5 (três quintos),
se reincidente, para a progressão do regime.
Art. 2º Os crimes hediondos, a prática da tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas
afins e o terrorismo são insuscetíveis de: (...)
§ 2o A progressão de regime, no caso dos condenados aos crimes previstos neste artigo, dar-
se-á após o cumprimento de 2/5 (dois quintos) da pena, se o apenado for primário, e de 3/5
(três quintos), se reincidente. (LEI Nº 11.464, DE 28 DE MARÇO DE 2007)

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Súmula Vinculante 26: a previsão de regime integralmente fechado para os crimes hediondos e
equiparados, considerada inconstitucional, deve ser tida por inexistente
Para efeito de progressão de regime no cumprimento de pena por crime hediondo, ou
equiparado, o juízo da execução observará a inconstitucionalidade do art. 2º da Lei nº 8.072,
de 25 de julho de 1990, sem prejuízo de avaliar se o condenado preenche, ou não, os requisitos
objetivos e subjetivos do benefício, podendo determinar, para tal fim, de modo fundamentado,
a realização de exame criminológico.
Súmula 471: progressão de regime nos crimes hediondos e equiparados
Os condenados por crimes hediondos ou assemelhados cometidos antes da vigência da Lei n.
11.464/2007 sujeitam-se ao disposto no art. 112 da Lei n. 7.210/1984 (Lei de Execução Penal)
para a progressão de regime prisional.
Art. 43 do CP: penas restritivas de direitos
Art. 43. As penas restritivas de direitos são:
I - prestação pecuniária;
II - perda de bens e valores;
III - limitação de fim de semana.
IV - prestação de serviço à comunidade ou a entidades públicas;
V - interdição temporária de direitos;
VI - limitação de fim de semana.
Art. 45, do Código Penal: pena de prestação pecuniária
§ 1o A prestação pecuniária consiste no pagamento em dinheiro à vítima, a seus dependentes
ou a entidade pública ou privada com destinação social, de importância fixada pelo juiz, não
inferior a 1 (um) salário mínimo nem superior a 360 (trezentos e sessenta) salários mínimos. O
valor pago será deduzido do montante de eventual condenação em ação de reparação civil, se
coincidentes os beneficiários.
§ 2o No caso do parágrafo anterior, se houver aceitação do beneficiário, a prestação pecuniária
pode consistir em prestação de outra natureza.
Art. 45 § 3º do Código Penal: perda de bens e de valores
§ 3o A perda de bens e valores pertencentes aos condenados dar-se-á, ressalvada a legislação
especial, em favor do Fundo Penitenciário Nacional, e seu valor terá como teto – o que for maior
– o montante do prejuízo causado ou do provento obtido pelo agente ou por terceiro, em
consequência da prática do crime.
Art. 46 do CP: prestação de serviços à comunidade ou a entidades
Art. 46. A prestação de serviços à comunidade ou a entidades públicas é aplicável às
condenações superiores a seis meses de privação da liberdade.
§ 1o A prestação de serviços à comunidade ou a entidades públicas consiste na atribuição de
tarefas gratuitas ao condenado

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§ 2o A prestação de serviço à comunidade dar-se-á em entidades assistenciais, hospitais,


escolas, orfanatos e outros estabelecimentos congêneres, em programas comunitários ou
estatais.
§ 3o As tarefas a que se refere o § 1o serão atribuídas conforme as aptidões do condenado,
devendo ser cumpridas à razão de uma hora de tarefa por dia de condenação, fixadas de modo
a não prejudicar a jornada normal de trabalho.
§ 4o Se a pena substituída for superior a um ano, é facultado ao condenado cumprir a pena
substitutiva em menor tempo (art. 55), nunca inferior à metade da pena privativa de liberdade
fixada.

 Art. 48 do CP: limitação de fim de semana


Art. 48 - A limitação de fim de semana consiste na obrigação de permanecer, aos sábados e
domingos, por 5 (cinco) horas diárias, em casa de albergado ou outro estabelecimento
adequado.
Parágrafo único - Durante a permanência poderão ser ministrados ao condenado cursos e
palestras ou atribuídas atividades educativas.
 Art. 152 A da Lei de Execução Penal: limitação de fim de semana
Art. 152. Poderão ser ministrados ao condenado, durante o tempo de permanência, cursos e
palestras, ou atribuídas atividades educativas.
Parágrafo único. Nos casos de violência doméstica contra a mulher, o juiz poderá determinar o
comparecimento obrigatório do agressor a programas de recuperação e reeducação.
 Art. 47 do CP: interdição temporária de direitos
Art. 47 - As penas de interdição temporária de direitos são:
I - proibição do exercício de cargo, função ou atividade pública, bem como de mandato eletivo;
II - proibição do exercício de profissão, atividade ou ofício que dependam de habilitação
especial, de licença ou autorização do poder público;
III - suspensão de autorização ou de habilitação para dirigir veículo.
IV – proibição de frequentar determinados lugares.
V - proibição de inscrever-se em concurso, avaliação ou exame públicos.
 Art. 56 do CP: hipóteses específicas da aplicação de interdição de direitos
Art. 56 - As penas de interdição, previstas nos incisos I e II do art. 47 deste Código, aplicam-se
para todo o crime cometido no exercício de profissão, atividade, ofício, cargo ou função, sempre
que houver violação dos deveres que lhes são inerentes. (específicas)
 Art. 57 do CP: pena de interdição nos crimes de trânsito
Art. 57 - A pena de interdição, prevista no inciso III do art. 47 deste Código, aplica-se aos crimes
culposos de trânsito.

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 Art. 54 do CP: as penas restritivas de direitos aplicam-se mesmo que não haja previsão no preceito
secundário do tipo
Art. 54 - As penas restritivas de direitos são aplicáveis, independentemente de cominação na
parte especial, em substituição à pena privativa de liberdade, fixada em quantidade inferior a
1 (um) ano, ou nos crimes culposos.
 Art. 55 do CP: duração das penas restritivas de direitos
Art. 55. As penas restritivas de direitos referidas nos incisos III, IV, V e VI do art. 43 terão a
mesma duração da pena privativa de liberdade substituída, ressalvado o disposto no § 4o do
art. 46.
 Art. 46, § 4º, do CP: se a pena substituída for superior a um ano, a prestação de serviço à
comunidade pode ser cumprida em menor tempo
§ 4º, Se a pena substituída for superior a um ano, é facultado ao condenado cumprir a pena
substitutiva em menor tempo (art. 55), nunca inferior à metade da pena privativa de liberdade
fixada.
 Art. 44 do Código Penal: requisitos para a substituição da pena privativa de liberdade por pena
restritiva de direitos
Art. 44. As penas restritivas de direitos são autônomas e substituem as privativas de liberdade,
quando:
I – aplicada pena privativa de liberdade não superior a quatro anos e o crime não for cometido
com violência ou grave ameaça à pessoa ou, qualquer que seja a pena aplicada, se o crime for
culposo;
II – o réu não for reincidente em crime doloso;
III – a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a personalidade do condenado, bem
como os motivos e as circunstâncias indicarem que essa substituição seja suficiente.
§ 1o (VETADO)
§ 2o Na condenação igual ou inferior a um ano, a substituição pode ser feita por multa ou por
uma pena restritiva de direitos; se superior a um ano, a pena privativa de liberdade pode ser
substituída por uma pena restritiva de direitos e multa ou por duas restritivas de direitos.
§ 3o Se o condenado for reincidente, o juiz poderá aplicar a substituição, desde que, em face de
condenação anterior, a medida seja socialmente recomendável e a reincidência não se tenha
operado em virtude da prática do mesmo crime.
§ 4o A pena restritiva de direitos converte-se em privativa de liberdade quando ocorrer o
descumprimento injustificado da restrição imposta. No cálculo da pena privativa de liberdade a
executar será deduzido o tempo cumprido da pena restritiva de direitos, respeitado o saldo
mínimo de trinta dias de detenção ou reclusão.
§ 5o Sobrevindo condenação a pena privativa de liberdade, por outro crime, o juiz da execução
penal decidirá sobre a conversão, podendo deixar de aplicá-la se for possível ao condenado
cumprir a pena substitutiva anterior.

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Art. 181 da Lei de Execução Penal: hipóteses de conversão de pena restritiva de direitos em
privativa de liberdade
Art. 181. A pena restritiva de direitos será convertida em privativa de liberdade nas hipóteses e
na forma do artigo 45 e seus incisos do Código Penal.
§ 1º A pena de prestação de serviços à comunidade será convertida quando o condenado:
a) não for encontrado por estar em lugar incerto e não sabido, ou desatender a intimação por
edital;
b) não comparecer, injustificadamente, à entidade ou programa em que deva prestar serviço;
c) recusar-se, injustificadamente, a prestar o serviço que lhe foi imposto;
d) praticar falta grave;
e) sofrer condenação por outro crime à pena privativa de liberdade, cuja execução não tenha
sido suspensa.
§ 2º A pena de limitação de fim de semana será convertida quando o condenado não
comparecer ao estabelecimento designado para o cumprimento da pena, recusar-se a exercer
a atividade determinada pelo Juiz ou se ocorrer qualquer das hipóteses das letras "a", "d" e "e"
do parágrafo anterior (não for encontrado por estar em lugar incerto e não sabido, ou
desatender a intimação por edital; praticar falta grave ou sofrer condenação por outro crime à
pena privativa de liberdade, cuja execução não tenha sido suspensa).
§ 3º A pena de interdição temporária de direitos será convertida quando o condenado exercer,
injustificadamente, o direito interditado ou se ocorrer qualquer das hipóteses das letras "a" e
"e", do § 1º, deste artigo.
 Art. 60, caput e § 1º, do Código Penal: pena de multa
Art. 60 - Na fixação da pena de multa o juiz deve atender, principalmente, à situação econômica
do réu.
§ 1º - A multa pode ser aumentada até o triplo, se o juiz considerar que, em virtude da situação
econômica do réu, é ineficaz, embora aplicada no máximo.
 Art. 49 do CP: destinação do valor da multa
Art. 49 - A pena de multa consiste no pagamento ao fundo penitenciário da quantia fixada na
sentença e calculada em dias-multa. Será, no mínimo, de 10 (dez) e, no máximo, de 360
(trezentos e sessenta) dias-multa.
§ 1º - O valor do dia-multa será fixado pelo juiz não podendo ser inferior a um trigésimo do
maior salário mínimo mensal vigente ao tempo do fato, nem superior a 5 (cinco) vezes esse
salário.
§ 2º - O valor da multa será atualizado, quando da execução, pelos índices de correção
monetária.
 Art. 50 do Código Penal: execução da pena de multa

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Art. 50 - A multa deve ser paga dentro de 10 (dez) dias depois de transitada em julgado a
sentença. A requerimento do condenado e conforme as circunstâncias, o juiz pode permitir que
o pagamento se realize em parcelas mensais.
§ 1º - A cobrança da multa pode efetuar-se mediante desconto no vencimento ou salário do
condenado quando:
a) aplicada isoladamente;
b) aplicada cumulativamente com pena restritiva de direitos;
c) concedida a suspensão condicional da pena.
§ 2º - O desconto não deve incidir sobre os recursos indispensáveis ao sustento do condenado e
de sua família.
 Art. 164 da Lei de Execução Penal: execução da pena de multa
Art. 164. Extraída certidão da sentença condenatória com trânsito em julgado, que valerá como
título executivo judicial, o Ministério Público requererá, em autos apartados, a citação do
condenado para, no prazo de 10 (dez) dias, pagar o valor da multa ou nomear bens à penhora.
§ 1º Decorrido o prazo sem o pagamento da multa, ou o depósito da respectiva importância,
proceder-se-á à penhora de tantos bens quantos bastem para garantir a execução.
§ 2º A nomeação de bens à penhora e a posterior execução seguirão o que dispuser a lei
processual civil.
 Art. 51 do Código Penal: pena de multa como dívida de valor da Fazenda Pública
Art. 51 - Transitada em julgado a sentença condenatória, a multa será considerada dívida de
valor, aplicando-se-lhes as normas da legislação relativa à dívida ativa da Fazenda Pública,
inclusive no que concerne às causas interruptivas e suspensivas da prescrição.
 REsp 1493952/STJ: após o trânsito em julgado, a pena de multa é considerada dívida ativa da
Fazenda Pública
PENAL. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. ART. 51 DO CÓDIGO PENAL. PENDÊNCIA
DE PAGAMENTO DA PENA DE MULTA. EXTINÇÃO DE PUNIBILIDADE. POSSIBILIDADE. MATÉRIA
PACIFICADA.
I - "Considerando-se a pena de multa como dívida de valor e, consequentemente, tornando-se
legitimado a efetuar sua cobrança a Procuradoria da Fazenda Pública, na Vara Fazendária,
perde a razão de ser a manutenção do Processo de Execução perante a Vara das Execuções
Penais, quando pendente, unicamente, o pagamento desta" (EREsp 845.902/RS, Terceira Seção,
Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, DJe de 1º/2/2011).
II - "A legitimidade para a execução fiscal de multa pendente de pagamento imposta em
sentença condenatória é exclusiva da Procuradoria da Fazenda Pública." (Súmula 521/STJ).
Agravo regimental desprovido.
(REsp 1493952/SP, Rel. Ministro FELIX FISCHER, QUINTA TURMA, julgado em 28/04/2015, DJe
06/05/2015)
 Súmula 521 do STJ: legitimidade para a execução de multa

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A legitimidade para a execução fiscal de multa pendente de pagamento imposta em sentença


condenatória é exclusiva da Procuradoria da Fazenda Pública.
 Arts. 77 e 78 do Código Penal: modalidades de sursis
Art. 77 - A execução da pena privativa de liberdade, não superior a 2 (dois) anos, poderá ser
suspensa, por 2 (dois) a 4 (quatro) anos, desde que (sursis simples):
I - o condenado não seja reincidente em crime doloso;
II - a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e personalidade do agente, bem como os
motivos e as circunstâncias autorizem a concessão do benefício;
III - Não seja indicada ou cabível a substituição prevista no art. 44 deste Código.
§ 1º - A condenação anterior a pena de multa não impede a concessão do benefício.
§ 2o A execução da pena privativa de liberdade, não superior a quatro anos, poderá ser
suspensa, por quatro a seis anos, desde que o condenado seja maior de setenta anos de idade,
ou razões de saúde justifiquem a suspensão. (sursis etário e humanitário)
Art. 78 - Durante o prazo da suspensão, o condenado ficará sujeito à observação e ao
cumprimento das condições estabelecidas pelo juiz.
§ 1º - No primeiro ano do prazo, deverá o condenado prestar serviços à comunidade (art. 46)
ou submeter-se à limitação de fim de semana (art. 48).
§ 2° Se o condenado houver reparado o dano, salvo impossibilidade de fazê-lo, e se as
circunstâncias do art. 59 deste Código lhe forem inteiramente favoráveis, o juiz poderá
substituir a exigência do parágrafo anterior pelas seguintes condições, aplicadas
cumulativamente (sursis especial):
a) proibição de frequentar determinados lugares;
b) proibição de ausentar-se da comarca onde reside, sem autorização do juiz;
c) comparecimento pessoal e obrigatório a juízo, mensalmente, para informar e justificar suas
atividades.
 Art. 79 do CP: outras condições de sursis
Art. 79 - A sentença poderá especificar outras condições a que fica subordinada a suspensão,
desde que adequadas ao fato e à situação pessoal do condenado.
 Art. 80 do Código Penal: a suspensão condicional da pena se restringe à pena privativa de liberdade
Art. 80 - A suspensão não se estende às penas restritivas de direitos nem à multa.
 HC 138703/STJ: o fato de o réu se embriagar frequentemente não é óbice suficiente à suspensão
condicional da pena
HABEAS CORPUS. LESÃO CORPORAL. CONCESSÃO DE SURSIS. POSSIBILIDADE. PENA BASE
FIXADA NO MÍNIMO LEGAL: 1 ANO. CIRCUNSTÂNCIAS JUDICIAIS FAVORÁVEIS. RÉU PRIMÁRIO.
CONSTRANGIMENTO ILEGAL CONFIGURADO. PARECER DO MPF PELA DENEGAÇÃO DA ORDEM.
ORDEM CONCEDIDA, NO ENTANTO, PARA POSSIBILITAR A SUSPENSÃO CONDICIONAL DA PENA
AO PACIENTE, MEDIANTE AS CONDIÇÕES A SEREM ESTABELECIDAS PELO JUIZ DA EXECUÇÃO.

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1. O réu foi condenado à pena mínima de 1 ano, sua conduta social foi considerada adequada
pelo Juiz de primeiro grau, além de ser tecnicamente primário.
2. O fato de o réu se embriagar nos fins de semana não é, por si só, suficiente para obstar o
deferimento do sursis, visto que as outras circunstâncias judiciais pesam favoravelmente à
concessão do benefício almejado. Precedentes.
3. Parecer ministerial pela denegação da ordem.
4. Ordem concedida para possibilitar a suspensão condicional da pena ao paciente, mediante
as condições a serem estabelecidas pelo Juiz da Execução.
(HC 138.703/RJ, Rel. Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO, QUINTA TURMA, julgado em
29/10/2009, DJe 30/11/2009)
 Art. 81 do Código Penal: revogação obrigatória do sursis
Art. 81 - A suspensão será revogada se, no curso do prazo, o beneficiário:
I - é condenado, em sentença irrecorrível, por crime doloso;
II - frustra, embora solvente, a execução de pena de multa ou não efetua, sem motivo
justificado, a reparação do dano;
III - descumpre a condição do § 1º do art. 78 deste Código.
 Art. 81 do CP: hipóteses de revogação facultativa
§ 1º - A suspensão poderá ser revogada se o condenado descumpre qualquer outra condição
imposta ou é irrecorrivelmente condenado, por crime culposo ou por contravenção, a pena
privativa de liberdade ou restritiva de direitos.
 Art. 81 do CP: pode haver a prorrogação do período de prova na revogação facultativa e na
revogação obrigatória
§ 2º - Se o beneficiário está sendo processado por outro crime ou contravenção, considera-se
prorrogado o prazo da suspensão até o julgamento definitivo.
§ 3º - Quando facultativa a revogação, o juiz pode, ao invés de decretá-la, prorrogar o período
de prova até o máximo, se este não foi o fixado.
 Art. 161 da Lei de Execução Penal: cassação do sursis
Art. 161. Se, intimado pessoalmente ou por edital com prazo de 20 (vinte) dias, o réu não
comparecer injustificadamente à audiência admonitória, a suspensão ficará sem efeito e será
executada imediatamente a pena.
 Art. 62 do Código Penal: extinção do sursis
Art. 82 - Expirado o prazo sem que tenha havido revogação, considera-se extinta a pena
privativa de liberdade.
 Art. 83 do Código Penal: livramento condicional
Art. 83 - O juiz poderá conceder livramento condicional ao condenado a pena privativa de
liberdade igual ou superior a 2 (dois) anos, desde que:

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I - cumprida mais de um terço da pena se o condenado não for reincidente em crime doloso e
tiver bons antecedentes;
II - cumprida mais da metade se o condenado for reincidente em crime doloso;
III - comprovado:
a) bom comportamento durante a execução da pena;
b) não cometimento de falta grave nos últimos 12 (doze) meses;
c) bom desempenho no trabalho que lhe foi atribuído; e
d) aptidão para prover a própria subsistência mediante trabalho honesto;
IV - tenha reparado, salvo efetiva impossibilidade de fazê-lo, o dano causado pela infração;
V - cumpridos mais de dois terços da pena, nos casos de condenação por crime hediondo, prática
de tortura, tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, tráfico de pessoas e terrorismo, se o
apenado não for reincidente específico em crimes dessa natureza.
Parágrafo único - Para o condenado por crime doloso, cometido com violência ou grave ameaça
à pessoa, a concessão do livramento ficará também subordinada à constatação de condições
pessoais que façam presumir que o liberado não voltará a delinquir.
 HC 282733/STJ: A Lei 11.343/2006 proibiu o livramento condicional no caso de reincidência
específica
PROCESSUAL PENAL E PENAL. HABEAS CORPUS SUBSTITUTIVO DE RECURSO. NÃO CABIMENTO.
EXECUÇÃO PENAL. ASSOCIAÇÃO PARA O TRÁFICO. LIVRAMENTO CONDICIONAL. VEDAÇÃO
LEGAL À CONCESSÃO DA BENESSE AOS REINCIDENTES ESPECÍFICOS NOS DELITOS DOS ARTS. 33,
CAPUT, E §1º, E 34 A 37 DA LEI N. 11.343/2006. DESNECESSIDADE DE COMETIMENTO DO
DELITO ANTERIOR NA VIGÊNCIA DA LEI N. 11.464/2006, PARA FINS DE CONFIGURAÇÃO DA
REINCIDÊNCIA ESPECÍFICA. HABEAS CORPUS NÃO CONHECIDO.
1. Ressalvada pessoal compreensão diversa, uniformizou o Superior Tribunal de Justiça ser
inadequado o writ em substituição a recursos especial e ordinário, ou de revisão criminal,
admitindo-se, de ofício, a concessão da ordem ante a constatação de ilegalidade flagrante,
abuso de poder ou teratologia.
2. Ainda que o crime de associação para o tráfico não seja considerado hediondo ou equiparado,
o art. 44, parágrafo único, da Lei n. 11.343/2006, além de estabelecer prazo mais rigoroso para
o livramento condicional, veda a sua concessão ao reincidente específico.
3. Para fins de reincidência específica não é necessário que o crime anterior, gerador da
reincidência, tenha sido praticado na vigência da Lei n. 11.464/2007.
4. Conquanto o delito de associação para o tráfico não seja hediondo, a nova lei vedou a
concessão do livramento condicional ao reincidente específico nos crimes nela relacionados -
arts. 33, caput e §1º, e 34 a 37 da Lei n. 11.343/2006 -, diferentemente do regramento aplicado
aos delitos cometidos antes de sua vigência, até então, regidos pelo disposto no art. 83, V, do
CP, que negava o benefício ao apenado reincidente específico em crimes hediondos, prática de
tortura, tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, e terrorismo.

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5. Tratando-se de apenados reincidentes específicos, assim considerados os condenados em


quaisquer dos delitos previstos no caput do art. 44 da Lei n. 11.343/2006, quais sejam: os dos
arts.
33, caput e §1º, e 34 a 37 da Lei n. 11.343/2006, não há como lhe ser concedido o benefício do
livramento condicional, por expressa vedação legal.
6. Habeas corpus não conhecido.
(HC 282.733/RJ, Rel. Ministro NEFI CORDEIRO, SEXTA TURMA, julgado em 02/06/2016, DJe
16/06/2016)
 Art. 84 do Código Penal: cálculo do lapso temporal exigido para a obtenção do livramento
condicional
Art. 84 - As penas que correspondem a infrações diversas devem somar-se para efeito do
livramento.
 Súmula nº 441: a prática de falta grave
A falta grave não interrompe o prazo para obtenção de livramento condicional.
 Art. 85 do Código Penal: condições do livramento condicional
Art. 85 - A sentença especificará as condições a que fica subordinado o livramento.
 Art. 132 da Lei de Execução Penal: condições do livramento condicional
Art. 132. Deferido o pedido, o Juiz especificará as condições a que fica subordinado o
livramento.
§ 1º Serão sempre impostas ao liberado condicional as obrigações seguintes:
a) obter ocupação lícita, dentro de prazo razoável se for apto para o trabalho;
b) comunicar periodicamente ao Juiz sua ocupação;
c) não mudar do território da comarca do Juízo da execução, sem prévia autorização deste.
§ 2° Poderão ainda ser impostas ao liberado condicional, entre outras obrigações, as seguintes:
a) não mudar de residência sem comunicação ao Juiz e à autoridade incumbida da observação
cautelar e de proteção;
b) recolher-se à habitação em hora fixada;
c) não frequentar determinados lugares.
 Arts. 136 a 138 da Lei nº 7.210/84, a Lei de Execução Penal: concessão do livramento condicional
Art. 136. Concedido o benefício, será expedida a carta de livramento com a cópia integral da
sentença em 2 (duas) vias, remetendo-se uma à autoridade administrativa incumbida da
execução e outra ao Conselho Penitenciário.
Art. 137. A cerimônia do livramento condicional será realizada solenemente no dia marcado
pelo Presidente do Conselho Penitenciário, no estabelecimento onde está sendo cumprida a
pena, observando-se o seguinte:

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I - a sentença será lida ao liberando, na presença dos demais condenados, pelo Presidente do
Conselho Penitenciário ou membro por ele designado, ou, na falta, pelo Juiz;
II - a autoridade administrativa chamará a atenção do liberando para as condições impostas na
sentença de livramento;
III - o liberando declarará se aceita as condições.
§ 1º De tudo em livro próprio, será lavrado termo subscrito por quem presidir a cerimônia e pelo
liberando, ou alguém a seu rogo, se não souber ou não puder escrever.
§ 2º Cópia desse termo deverá ser remetida ao Juiz da execução.
Art. 138. Ao sair o liberado do estabelecimento penal, ser-lhe-á entregue, além do saldo de seu
pecúlio e do que lhe pertencer, uma caderneta, que exibirá à autoridade judiciária ou
administrativa, sempre que lhe for exigida.
§ 1º A caderneta conterá:
a) a identificação do liberado;
b) o texto impresso do presente Capítulo;
c) as condições impostas.
§ 2º Na falta de caderneta, será entregue ao liberado um salvo-conduto, em que constem as
condições do livramento, podendo substituir-se a ficha de identificação ou o seu retrato pela
descrição dos sinais que possam identificá-lo.
§ 3º Na caderneta e no salvo-conduto deverá haver espaço para consignar-se o cumprimento
das condições referidas no artigo 132 desta Lei.
 Art. 86 do Código Penal: revogação obrigatória
Art. 86 - Revoga-se o livramento, se o liberado vem a ser condenado a pena privativa de
liberdade, em sentença irrecorrível:
I - por crime cometido durante a vigência do benefício;
II - por crime anterior, observado o disposto no art. 84 deste Código.
 Art. 87 do Código Penal: revogação facultativa
Art. 87 - O juiz poderá, também, revogar o livramento, se o liberado deixar de cumprir qualquer
das obrigações constantes da sentença, ou for irrecorrivelmente condenado, por crime ou
contravenção, a pena que não seja privativa de liberdade.
 Art. 88 do CP: efeitos da revogação
Art. 88 - Revogado o livramento, não poderá ser novamente concedido, e, salvo quando a
revogação resulta de condenação por outro crime anterior àquele benefício, não se desconta
na pena o tempo em que esteve solto o condenado.
 Art. 89 do CP: prorrogação
Art. 89 - O juiz não poderá declarar extinta a pena, enquanto não passar em julgado a sentença
em processo a que responde o liberado, por crime cometido na vigência do livramento.

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 Art. 145 do CP: suspensão


Art. 145. Praticada pelo liberado outra infração penal, o Juiz poderá ordenar a sua prisão,
ouvidos o Conselho Penitenciário e o Ministério Público, suspendendo o curso do livramento
condicional, cuja revogação, entretanto, ficará dependendo da decisão final.

 HC 272931/STJ: o STJ entende que a revogação ou a suspensão do livramento condicional depende


de decisão judicial
PENAL E PROCESSUAL PENAL. HABEAS CORPUS SUBSTITUTIVO DE RECURSO ESPECIAL. NÃO
CONHECIMENTO DO WRIT. EXECUÇÃO PENAL. LIVRAMENTO CONDICIONAL. PRÁTICA DE NOVO
DELITO DURANTE O PERÍODO DE PROVA. AUSÊNCIA DE SUSPENSÃO, REVOGAÇÃO OU
PRORROGAÇÃO DO BENEFÍCIO. EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE.
1. A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, acompanhando a orientação da Primeira
Turma do Supremo Tribunal Federal, firmou-se no sentido de que o habeas corpus não pode ser
utilizado como substituto de recurso próprio, sob pena de se desvirtuar a finalidade dessa
garantia constitucional, insculpida no art. art.
5º, LXVIII, exceto quando a ilegalidade apontada for flagrante e estiver influenciando na
liberdade de locomoção do indivíduo.
2. Consoante entendimento desta Corte, a revogação ou suspensão do livramento condicional
não ocorre de forma automática, devendo ser declarada no curso do período de prova, pelo juiz
das execuções.
Assim, concluído o prazo do livramento condicional, sem que tenha havido suspensão cautelar,
revogação ou prorrogação do benefício, não é mais possível a adoção destas medidas, ainda
que tenha o condenado praticado novo crime durante o período de prova, devendo ser julgada
extinta a sua punibilidade. Precedentes.
3. Habeas corpus não conhecido. Ordem concedida de ofício.
(HC 272.931/SP, Rel. Ministro GURGEL DE FARIA, QUINTA TURMA, julgado em 23/10/2014, DJe
04/11/2014)
 Art. 90 do Código Penal: extinção
Art. 90 - Se até o seu término o livramento não é revogado, considera-se extinta a pena privativa
de liberdade

RESUMO
Para finalizar o estudo da matéria, trazemos um resumo dos principais aspectos estudados ao longo
da aula. Sugerimos que esse resumo seja estudado sempre previamente ao início da aula seguinte,
como forma de “refrescar” a memória. Além disso, segundo a organização de estudos de vocês, a

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cada ciclo de estudos é fundamental retomar esses resumos. Caso encontrem dificuldade em
compreender alguma informação, não deixem de retornar à aula.

Sanção Penal

É a coação ou a resposta do Estado imposta àqueles que violam as normas penais incriminadoras.
Cuida-se de gênero, do qual são espécies:

 Pena: é a sanção imposta pelo Estado ao condenado pela prática de infração penal,
que consiste na privação ou restrição de determinados bens jurídicos do agente.

 Medida de segurança: é a sanção imposta pelo Estado ao agente não imputável, pela
violação da norma penal incriminadora, com finalidade exclusivamente preventiva.

Teoria sobre a finalidade da pena

A utilização das penas, pelo Estado, como forma de coerção no que se refere às normas penais, possui
uma finalidade. Em relação à finalidade que possuem as penas, surgiram diversas teorias que
procuram fundamentá-las e dar-lhes significado:

Teoria absoluta ou da retribuição: a finalidade da pena é a punição do agente.

Teoria relativa, finalista, utilitária ou da prevenção: a pena é um meio para se alcançar


determinados resultados, que variam conforme a vertente adotada:

- Prevenção geral negativa: a pena deve coagir toda a sociedade, psicologicamente.


- Prevenção geral positiva: a pena visa a demonstrar a todos a eficácia da lei.
- Prevenção especial negativa: a pena busca evitar que o agente volte a delinquir.
- Prevenção especial positiva: a pena visa à ressocialização do agente.

Teoria mista, eclética, intermediária ou conciliatória: a pena busca punir o agente, ao


mesmo tempo em que visa a coibir a prática de crimes, por meio da ressocialização e da
intimidação.

Teoria agnóstica: não seria possível apontar, com segurança, uma função das penas.
Defendida por Zaffaroni.

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No Brasil, hoje, a doutrina majoritária entende que a pena tem as seguintes finalidades: retributiva,
preventiva e reeducativa. Deste modo, a pena representa tanto uma resposta estatal para o caso de
descumprimento da norma, busca prevenir o cometimento de novos delitos e reeducar os
condenados.

Princípios sobre as penas

 Existem princípios específicos, que orientam e disciplinam a teoria das penas e


influenciam a aplicação das regras correlatas. São os seguintes os princípios:

- Princípio da legalidade

- Princípio da Anterioridade

- Princípio da Personalidade

- Princípio da Individualização

- Princípio da Inderrogabilidade

- Princípio da Proporcionalidade

- Princípio da Humanidade

Justiça Restaurativa

Penas em espécie

 As espécies de penas no Direito Brasileiro:

A Constituição Federal já prevê as penas possíveis em seu artigo 5º, inciso XLVI, que trata da
individualização da pena. O artigo 32, do Código Penal, por sua vez, traz as espécies de pena,
classificando-as em três grupos: privativas de liberdade, restritivas de direitos e de multa.

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As penas privativas de liberdade podem ser de reclusão e de detenção, reguladas no Código Penal, e
de prisão simples, prevista na Lei das Contravenções Penais. Quanto às penas restritivas de direitos,
podemos mencionar a prestação pecuniária, a perda de bens e valores, a limitação de fim de semana,
a prestação de serviço à comunidade ou a entidades pública, a interdição temporária de direitos e a
limitação de fim de semana.

Assim, temos três grandes grupos de penas, consistentes nas privativas de liberdade, nas restritivas
de direitos e nas penas de multas. Enquanto as penas privativas de liberdade são manifestação do
Direito Penal Tradicional ou da Primeira Velocidade, as penas restritivas de direitos, também
chamadas de alternativas, são consideradas parte da chamada Segunda Velocidade do Direito Penal,
na classificação do jurista Jesús-María Silva Sanchez, já estudada neste curso.

Penas Vedadas.

Assim como prevê as penas que são permitidas, a Constituição Federal também apresenta a lista das
penas que são vedadas. A Constituição proíbe as penas de morte, de caráter perpétuo, de trabalhos
forçado e, de forma genérica, as que sejam cruéis. A única exceção que a Constituição faz é em
relação à pena de morte, para a qual se admite a aplicação em caso de guerra declarada. Vejamos
cada uma das vedações:

- Pena de morte, salvo em caso de guerra declarada a pena de morte, portanto, é


proibida em regra. A exceção é o caso de declaração de guerra. A guerra é
declarada pelo Presidente da República, após autorização do Congresso Nacional,
no caso de agressão estrangeira. A pena de morte está prevista, para situações
em que permitida, no Código Penal Militar, que determina que seja executada por
fuzilamento. Grande parte dos doutrinadores entende que a previsão do abate,
que só foi regulamentada pelo Decreto nº 5.144/2004, é inconstitucional, por
trazer nova modalidade de pena de morte não prevista na Constituição.
Entretanto, trata-se de previsão bastante específica, sem que haja notícias de
efetivo abate de aeronave nos termos da permissão legal. Deste modo, não se
pode fixar uma posição majoritária da doutrina, nem mesmo se pode mencionar
a posição adotada pela jurisprudência. Ademais, há a posição de que também há
previsão de pena de morte, neste caso de pessoas jurídicas, no caso do artigo 24

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da Lei 9.605/98.Entretanto, cuida-se de posição minoritária, sem ressonância na


jurisprudência.
- Penas de caráter perpétuo também não se permite, no Brasil, razão pela qual as
penas de reclusão e de detenção possuem como limite a duração de 40 anos, nos
termos do artigo 75 do Código Penal, após alteração da Lei 13.964/2019. Quanto
à pena de prisão, seu limite é de 5 anos, conforme o artigo 10 da Lei das
Contravenções Penais.
- Pena de trabalhos forçados. A nossa Constituição também não admite a pena de
trabalhos forçados. Distingue-se, do trabalho forçado, a prestação de serviços à
comunidade, pena alternativa, ou seja, pena restritiva de direitos aplicada em
substituição à pena privativa de liberdade. Deste modo, a prestação de serviços
não é forçada, mas sim um benefício para o preso. Caso não cumpridas as horas a
que foi condenado, o executado deverá cumprir a pena privativa de liberdade
imposta originariamente e substituída pelo juiz. Por fim, a maior discussão se
refere à exigência de trabalho para os presos definitivos, sob pena de
cometimento de falta grave. O trabalho é considerado um dever do condenado,
de modo que seu descumprimento constitui falta grave, nos termos do artigo 39,
inciso V, e do artigo 50, inciso VI, ambos da LEP. Entretanto, o trabalho previsto
na Lei de Execução Penal não é pena, mas sim um dos deveres do condenado
definitivamente à pena privativa de liberdade. Não se cuida de trabalho forçado
como sanção penal, mas de trabalho obrigatório como uma das obrigações do
preso em relação à disciplina que lhe é imposta. Neste mesmo sentido, é o
posicionamento do Superior Tribunal de Justiça. O Pacto de São José da Costa Rica
também admite a obrigação de trabalho como decorrência do cumprimento de
pena privativa de liberdade.
- Pena de banimento. Foi também vedada pelo constituinte de 1988 a pena de
banimento. O banimento é o ato de expulsar um brasileiro do território nacional,
levando-o a viver no estrangeiro. Hás outras espécies de pena que não devem ser
confundidas com o banimento, a de desterro e a de degredo ou confinamento.
Degredo é a determinação de que o indivíduo fique confinado a uma determinada

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parte do território nacional. Desterro é a expulsão do indivíduo do local em que


vive, como, por exemplo, a Comarca em que vive a vítima.
- Pena da natureza cruel. Por fim, são vedadas as penas de natureza cruel, o que é
nítida decorrência do princípio da humanidade. Esta vedação é mais genérica, pois
envolve, de modo mais amplo, todas as penas que sejam dotadas de crueldade.

Penas Privativas de Liberdade

As penas privativas de liberdade são a de reclusão, a de detenção e a de prisão simples. Em tese, a


pena de reclusão é destinada aos crimes mais graves, enquanto a de detenção se destina aos mais
leves. Por sua vez, a prisão simples é reservada para as infrações penais. O regime inicial da pena de
reclusão pode ser o fechado, o semiaberto ou o aberto. No caso da detenção e da prisão simples, o
regime inicial pode ser o semiaberto ou o aberto. Entretanto, apenas no caso de detenção pode haver
regressão, no curso do cumprimento de pena, para o regime fechado, o que não se admite no caso
de prisão simples.

Quanto aos efeitos extrapenais, previstos nos artigos 91 e 92 do Código Penal, não se aplicam à pena
de prisão. Os efeitos são reservados para os casos de reclusão e detenção, exceto no que se refere à
incapacidade para o exercício do pátrio poder, tutela ou curatela, que é reservada apenas para os
crimes dolosos, sujeitos à pena de reclusão, cometidos contra filho, tutelado ou curatelado. Por fim,
só cabe interceptação telefônica nos casos de crimes a que for cominada a pena de reclusão.

Aplicação das penas

A aplicação da pena é chamada de dosimetria, por envolver o cálculo da pena nos termos do método
trifásico. Começando pela pena privativa de liberdade, sua fixação, pelo juiz, deve ter como
parâmetros os limites mínimo e máximo previstos na lei e ser realizado em três fases. O método
trifásico se inicia com a fase das circunstâncias judiciais, prevista no artigo 59 do Código Penal. Na
sequência, há a aplicação das agravantes e das atenuantes, com a estipulação da pena intermediária.
Por fim, a terceira fase envolve a aplicação das causas de aumento e de diminuição de pena. É o que
prevê o artigo 68 do Código Penal, que institui o sistema trifásico de cálculo da pena.

✓ 1ª Fase

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Na primeira fase da dosimetria, são consideradas as circunstâncias judiciais para a fixação da pena-
base. Segundo a doutrina e a jurisprudência majoritárias, parte-se da pena mínima abstratamente
cominada ao delito, seja do tipo simples ou do qualificado. Para a fixação da pena base, são
consideradas as circunstâncias judiciais. São elas: a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social,
a personalidade do agente, os motivos, as circunstâncias e as consequências do crime e o
comportamento da vítima. Estão estipuladas no artigo 59, do Código Penal. Nesta fase, o juiz não se
pode ultrapassar os limites mínimo e máximo da pena, conforme as balizadas fixadas de forma
abstrata pelo legislador. A lei não prevê, quanto às circunstâncias judiciais, a fração da pena que deve
ser utilizada. Deste modo, há sua fixação pela doutrina e pela jurisprudência, sendo que parte
entende aplicável a fração de 1/6 (um sexto), enquanto outros entendem que se aplica a fração de
1/8 (um oitavo).O Superior Tribunal de Justiça, por sua vez, entende que não se deve adotar um
quantum definido e determinado para todas as circunstâncias judiciais, mas sim devem ser
consideradas cada uma das circunstâncias, conforme a relevância delas no caso concreto. O STF, por
sua vez, possui precedente em que se considera recomendável a indicação da fração do aumento,
apesar de consignar que não é necessária essa menção na sentença. Vejamos as especificidades de
cada uma das circunstâncias judiciais:

- Culpabilidade: consiste no juízo da censura ou reprovação em relação à conduta do agente,


que pode variar conforme o caso concreto.
- Maus antecedentes: se referem às infrações penais cometidas anteriormente pelo agente,
sendo que essa circunstância judicial esbarra na questão da presunção de inocência. O
Superior Tribunal de Justiça já possui entendimento consolidado sobre a vedação de
utilização de inquéritos e processos penais em curso, conforme o verbete da Súmula 444.
Devem ser consideradas, então, para a configuração dos maus antecedentes as
condenações criminais já transitadas em julgado. Entretanto, há a agravante da reincidência,
sendo que a mesma condenação não pode ser considerada como mau antecedente e
fundamento de reincidência, sob pena de violação do princípio da proibição do bis in idem.
Cabe, então, a análise mais rápida dos casos em que se configura a reincidência. A
condenação por ato anterior deixa de ensejar a reincidência após o decurso do prazo
depurador a partir do cumprimento ou da extinção da pena, sendo que devem ser
computados os períodos de prova da suspensão condicional da pena ou do livramento

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condicional, caso os benefícios não tenham sido revogados. O prazo é de um lustro, ou seja,
de 5 anos. Após o transcurso de referido interregno, a condenação anterior não poderá mais
ser considerada para reconhecimento da reincidência. Também não ensejam o
reconhecimento da reincidência a condenação anterior por crime anterior que seja militar
próprio ou político. Crimes políticos, por sua vez, são aqueles que se voltam contra a ordem
política, devendo estar presente a motivação política do agente. No caso do Direito Penal
brasileiro, estão previstos dentre os Crimes contra o Estado Democrático de Direito.
Quais são, então, os fatos delitivos que podem ser considerados como maus
antecedentes?
a) Condenação anterior, após o lustro (5 anos) desde o cumprimento ou extinção da pena.
[questão controversa]
Como vimos, após o decurso de um quinquênio, contado do cumprimento ou da extinção
da pena, há a depuração do fato, o que leva a não ser possível se considerar o delito como
reincidência. Portanto, só restaria ao juiz utilizar o fato como mau antecedente do agente,
na primeira fase da dosimetria, como uma das circunstâncias judiciais. Parte da doutrina e
da jurisprudência, entendem que, após o transcurso do lustro, há o direito ao esquecimento,
que determina que o fato não seja considerado de forma alguma para a dosimetria da pena.
Deste modo, passados os cinco anos do cumprimento ou da extinção da pena, não poderia
mais a condenação ser levada em conta pelo juiz. É o que entende a Segunda Turma do STF.
Entretanto, há também o entendimento de que, após o decurso do lustro, a condenação
anterior já transitada em julgado pode ser utilizada como mau antecedente do agente,
sendo vedado apenas que determine o reconhecimento da reincidência. É a posição pacífica
do Superior Tribunal de Justiça. Por fim, cumpre consignar que a Primeira Turma do STF
possui precedente em que reconhece que o tema é controverso e deve ser analisado no
julgamento de tema sujeito à sistemática da repercussão geral.
b) Condenação por fato praticado anteriormente, cujo trânsito em julgado ocorreu entre
o novo fato e a data da sentença. Há fato anterior ao cometimento do novo crime, mas cujo
trânsito ocorra entre a prática da nova infração penal e a prolação da sentença pelo juiz.
Como o fato não havia transitado em julgado na época da prática de novo delito pelo agente,
não pode ser considerado para se declará-lo como reincidente, conforme prevê o artigo 63

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do Código Penal. Assim, ocorrendo o trânsito em julgado após o cometimento do novo fato
criminoso, não há que se falar em reincidência. Pode tal circunstância ser considerada,
entretanto, como mau antecedente, já que houve o trânsito em julgado antes de proferida
a condenação.
c) Condenação anterior por crimes militares próprios ou políticos. A condenação anterior
por crimes militares próprios ou por crimes políticos não implica na reincidência do agente.
Deste modo, se referida condenação já houver transitado em julgado, é possível sua
utilização como mau antecedente.
d) Condenação anterior, dentro do período que gera reincidência, se já houver outra
condenação com este efeito. O indivíduo pode ter mais de uma condenação, sendo que
todas transitaram em julgado antes da data do cometimento do novo delito. Considerado
um dos fatos para reconhecimento da agravante da reincidência, as demais condenações
podem ser levadas em conta na primeira fase da dosimetria, como maus antecedentes.
- Conduta Social: se refere ao comportamento do indivíduo na sociedade, sua interação com
a comunidade em que vive. A este respeito, é comum a utilização de testemunhas de defesa
para comprovação de que o réu possui uma boa conduta social, as quais são denominadas
de “testemunhas de beatificação”.
- Personalidade do agente: se refere à sua composição psicológica, abrangendo suas
qualidades morais, a natureza de sua índole, o conjunto de seus caracteres subjetivos e a
expressão do seu temperamento. Deve ser aferida do confronto de seu comportamento
com a ordem social. A jurisprudência tem exigido que haja elementos concretos sobre a
avaliação psicológica do agente para a elevação da pena base, pelo juiz, com fundamento
na personalidade do agente.
- Circunstâncias do crime: se referem à forma como ele foi praticada, ou seja, ao seu modus
operandi. O mesmo crime pode ser praticado de diversas formas, com graus de ousadia e de
periculosidade diferentes, o que deve influenciar a fixação da pena base.
- Consequências do crime: abrangem os resultados produzidos em relação à vítima, a seus
entes próximos ou à sociedade.
- Motivos do crime: é o que levou o agente a cometer o crime, como um motivo egoístico,
em razão de concorrência comercial.

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- Comportamento da vítima: também é circunstância judicial prevista no artigo 59 do Código


Penal. Aqui, pode ser valorada a chamada culpa concorrente, como elemento da
individualização da pena. Vale lembrar que o Direito Penal não admite a compensação de
culpas, sendo que neste caso o juiz pode valorar a circunstância na primeira fase da
dosimetria.

✓ 2ª Fase

Na segunda fase da dosimetria, são consideradas as circunstâncias agravantes e atenuantes. Neste


caso, também não há a fixação de uma fração, pela lei, para a diminuição ou o aumento da pena,
sendo que a jurisprudência aponta como utilizável fração de 1/6 (um sexto). O Superior Tribunal de
Justiça admite a consideração de fração diversa, mas entende que a fixação do aumento superior a
um sexto exige motivação específica na sentença. Na segunda fase, parte-se da pena intermediária
para a estipulação da pena intermediária. Esta deve observar a adstrição aos limites mínimo e
máximo da sanção abstratamente cominada ao delito. É o que determina a Súmula 231 do Superior
Tribunal de Justiça

Agravantes: estão previstas no artigo 61 do Código Penal, o que ressalva que sua aplicação na
segunda fase depende de o delito não prever a circunstância como elementar ou qualificadora do
crime.
- Reincidência: é a agravante que determina a elevação da pena em razão de cometimento
anterior de crime pelo agente, desde que haja trânsito em julgado e dentro de determinado
período. No caso de cometimento de novo crime, só a prática de crime anterior, seja no Brasil
ou no exterior, enseja a reincidência, nos termos do dispositivo acima transcrito. Se o indivíduo
comete contravenção penal, a prática de crime anterior, no Brasil ou no exterior, ou de
contravenção penal, no Brasil, ele se torna reincidente, desde que já haja o trânsito em julgado
da condenação pretérita. O nosso Direito adota o sistema da temporariedade da reincidência.
Isto significa que o delito só ensejará a reincidência do agente, caso ele pratique novo fato
delitivo, dentro de determinado prazo. Referido lapso temporal é denominado de período
depurador, que é de um lustro, um quinquênio ou, de modo mais simples, de cinco anos. O
transcurso do período depurador é uma das hipóteses de não configuração da reincidência, nos
termos do artigo 64 do Código Penal. Portanto, decorridos cinco anos do cumprimento ou

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extinção da pena, computados neste prazo o da suspensão condicional da penal (sursis) e o do


livramento condicional (LC) se não tiverem sido revogados, o fato deixa de possuir a
potencialidade de tornar o indivíduo reincidente, caso volte a delinquir. Demais disso, não é
possível considerar o indivíduo reincidente com base em crime anterior que seja militar próprio
ou político. A reincidência possui natureza jurídica de circunstância agravante de caráter
subjetivo. Tal agravante não se comunica para os demais agentes, dada sua natureza
nitidamente pessoal.
- Motivo fútil ou torpe: constituem circunstâncias agravantes, ressalvadas, claramente, as
hipóteses em que forem elementares ou qualificadoras do crime. O motivo fútil é considerado
o pequeno, insignificante. Por sua vez, o motivo torpe é aquele abjeto, vil ou repugnante. Com
relação à vingança, prevalece na jurisprudência que se trata de motivo torpe:
a) Crime cometido para facilitar ou assegurar a execução ou ocultação, impunidade ou
vantagem do outro crime. A pena se agrava no caso de o crime ter sido cometido para facilitar
ou assegurar a execução ou ocultação, impunidade ou vantagem de outro crime. São os casos
denominados de conexão teleológica e consequencial:
- Conexão teleológica: para assegurar a execução de outro crime.
- Conexão consequencial: para assegurar a ocultação, a impunidade ou a vantagem de outro
crime.
b) Crime cometido com traição, emboscada, dissimulação ou outro recurso que dificultou ou
tornou impossível a defesa da vítima. A traição consiste no ataque feito com deslealdade, em
que se aproveita de um momento de confiança da vítima. A emboscada é o ataque feito por
meio de tocaia. A dissimulação é a conduta dotada de fingimento, realizada com disfarce. Além
dos crimes praticados com traição, emboscada ou dissimulação, o legislador deixou espaço para
a chamada interpretação analógica. Qualquer outro recurso que dificulte ou torne impossível a
defesa da vítima possibilita a modificação da pena na segunda fase da dosimetria, devendo os
parâmetros serem a traição, a emboscada e a dissimulação. Um exemplo apontado de outro
recurso que configura a agravante é a surpresa.
c) Crime praticado contra ascendente, descendente, irmão ou cônjuge. Também deve ser
agravada a pena do indivíduo que pratica crime contra ascendente, descendente, irmão ou
cônjuge. Para ficar mais fácil memorizar, podemos pensar no acróstico CADI: Cônjuge,

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Ascendente, Descendente ou Irmão. A separação de fato afasta a agravante. Também prevalece


que não incide a agravante em caso de união estável, já que não se admite analogia in malam
partem.
- Agravantes no concurso de pessoas. No caso de concurso de pessoas, há situações que
agravam a pena. Estão previstas no artigo 62 do Código Penal. Deste modo, tem sua pena
agravada quem promove ou organiza a cooperação no crime, quem dirige a atividade dos outros
agentes, quem coage ou induz outrem para a execução do crime, quem instiga ou determina
alguém sujeito a sua atividade ou não punível a cometer o delito, bem como aquele que executa
o delito ou participa dele mediante paga ou promessa de recompensa (crime mercenário).

Atenuantes

O Código Penal prevê, no seu artigo 65, as situações que atenuam a pena. O inciso I cuida da chamada
menoridade relativa e da senilidade, que determinam a incidência de atenuante no caso de o agente
ser menor de 21 anos de idade, ou maior de 70 anos de idade, na data de sentença. Ademais,
estudamos que o erro de proibição não se confunde com o desconhecimento da lei. A ignorância da
lei, que não afasta a culpabilidade, pode, entretanto, atenuar a pena, nos termos do artigo 65, II, do
Código Penal. Também atenua a pena o agente ter cometido o crime por motivo de relevante valor
social, que é aquele de interesse da coletividade. Do mesmo modo, configura a atenuante o relevante
valor moral, que se refere a um valor pessoal do agente. Há atenuante de pena se o agente procurar,
por sua espontânea vontade e com eficiência, logo após o cometimento do crime, evitar-lhe ou
minorar-lhe as consequências, ou ter, antes do julgamento, reparado o dano. Percebam que a
hipótese é mais ampla que o arrependimento posterior, que é causa de diminuição de pena, de um
a dois terços, e não deve ser confundido com a atenuante. Incide a minorante apenas nos crimes
cometidos sem violência ou grave ameaça à pessoa, se o agente, voluntariamente, reparar o dano
ou restituir a coisa até o recebimento da denúncia ou da queixa. Também atenua a pena o sujeito ter
cometido o crime sob coação resistível ou em cumprimento de ordem de autoridade superior, desde
que não seja o caso de aparente legalidade. A pena também deve ser atenuada no caso de o crime
ter sido cometido sob a influência de violenta emoção, provocada por ato injusto da vítima. Quando
a confissão espontânea for utilizada para a formação do convencimento do julgador, o réu fará jus à

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atenuante prevista no artigo 65, III, d, do Código Penal. O STJ possui enunciado a respeito, a Súmula
545. Para deixar mais claro, ainda que a confissão seja parcial, se o juiz fundamentar a condenação
com base nela, o indivíduo fará jus à incidência da atenuante. De igual forma, se o agente
posteriormente se retratar e, mesmo assim, for um dos elementos utilizados na sentença. Portanto,
a confissão espontânea realizada perante a autoridade policial pode atenuar a pena, ainda que o
agente se retrate perante o juiz, desde que este a utilize como elemento de convencimento para a
condenação. É o que decidiu recentemente o STJ. Por fim, há a atenuante prevista no inciso III, alínea
e, do Código Penal, no caso de o sujeito ter cometido o crime sob a influência de multidão em
tumulto, se não o provocou. Estudamos anteriormente o chamado crime multitudinário, sendo que,
no caso do indivíduo que induzir os outros a cometer o delito deve ter sua pena agravada. Além das
atenuantes previstas no artigo 65 do Código Penal, o artigo 66 prevê a possibilidade de o juiz atenuar
a pena por alguma outra circunstância relevante, seja ela anterior ou posterior ao crime. Um exemplo
de utilização da atenuante genérica, conforme já estudamos, é o caso da coculpabilidade. Deste
modo, se o juiz entender que o sujeito não teve garantidos seus direitos mínimos pelo Estado,
possuindo menos oportunidades na vida, pode atenuar a pena para sua adequada individualização.

Concurso de agravantes e atenuantes

Já vimos que o STJ tem entendido que não é necessário que o juiz adote uma fração fixa de aumento
e de diminuição na segunda fase da dosimetria, apesar de entender recomendável. De todo modo,
existem algumas circunstâncias que devem preponderar sobre as outras, conforme prescreve o
artigo 67 do Código Penal. São preponderantes as circunstâncias que envolvem os motivos do crime,
a personalidade do agente e a reincidência. Percebam que todas elas são subjetivas. A reincidência,
portanto, é uma agravante que é tida como preponderante. Surgiu, então, a controvérsia sobre a sua
possibilidade de compensação com a confissão espontânea, que é circunstância subjetiva. O STJ
pacificou, no âmbito da própria Corte, que a compensação é possível.

✓ 3ª Fase

Na terceira fase, incidem as causas de aumento, chamadas de majorantes, e as de diminuição de


pena, denominadas de minorantes. Nesta fase, o juiz pode ultrapassar os limites mínimo e máximo

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da pena abstratamente cominada ao crime. As minorantes e majorantes possuem previsão, na lei,


de qual a fração de aumento ou de diminuição deve ser utilizada pelo juiz, ou, ao menos, a fração
máxima e a mínima de alteração da pena intermediária. O julgador, portanto, parte da pena
intermediária para encontrar a pena definitiva. Esta pode ser inferior ao mínimo previsto no preceito
secundário, bem como pode ultrapassar o máximo previsto pelo legislador no tipo penal. Primeiro,
devem incidir as causas de aumento de pena. Após, sobre a pena já elevada, incidem a minorante.
Isto garante que a pena seja menor do que a operação na ordem inversa. Esta questão da ordem
decorre da falta de previsão na lei de qual a sequência, razão pela qual deve ser escolhida a mais
favorável ao réu. Com relação ao concurso entre majorantes e minorantes, se as causas estiverem na
parte geral do Código Penal, devem todas incidir. De igual modo, se houver uma causa de aumento
de pena na Parte Especial e outra na Parte Geral, ou uma minorante na Parte Geral e outra, na
Especial. Nestes casos, as causas de aumento devem incidir uma de cada vez, sobre a pena
intermediária (princípio da incidência isolada). Quanto às causas de diminuição, a primeira
minorante incide sobre a pena intermediária, já a segunda incide sobre a pena já diminuída e assim
sucessivamente (princípio da incidência cumulativa).Se, entretanto, houver a configuração de mais
de uma majorante ou minorante previstas na Parte Especial do Código, o juiz pode realizar um só
aumento ou a uma só diminuição, mas pela causa que determine o maior aumento ou a maior
diminuição. É o que prevê o parágrafo único do artigo 68. Assim, se o juiz pode entender que só incide
uma das majorantes ou minorantes, se todas estiverem na Parte Especial do Código Penal, como, por
exemplo, as causas de aumento de pena do roubo. Se o julgador resolver pela incidência de mais de
uma delas, as causas de aumento devem incidir conforme o princípio da incidência isolada, enquanto
as de diminuição, conforme o princípio da incidência cumulativa. Caso haja majorantes e minorantes,
o juiz deve aplicar ambas, na seguinte ordem: primeiro as majorantes e, sobre a pena já aumentada,
fazer a aplicação das causas de diminuição de pena, nos termos do princípio da incidência cumulativa.

Regime de cumprimento de pena

Para o cumprimento de pena, temos mais de um regime no Código Penal: o fechado, o aberto e o
semiaberto. O sistema é o progressivo, ou seja, o agente deve, conforme o seu mérito, ir do regime
mais gravoso ao menos restrito ao longo da execução da pena. Entretanto, caso pratique falta grave
ou sobrevenham novas condenações, é possível que o indivíduo sofra a regressão do regime,
passando do mais leve àquele mais grave. O juiz, na sentença, fixa o regime inicial de cumprimento

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de pena, que, como visto, poderá se alterar durante a execução. Ele poderá fazer jus à progressão,
poderá sofrer a regressão, assim como pode ter a unificação com nova pena que fará com que se
altere o regime. O artigo 33, caput e § 1º, do Código Penal prevê os regimes de cumprimento de pena
e o local de cumprimento. O regime fechado refere-se à execução da pena privativa de liberdade em
estabelecimento de segurança máxima ou média, conforme as regras do artigo 34 do Código Penal.
Por sua vez, o regime semiaberto implica no cumprimento da pena privativa de liberdade em colônia
agrícola, industrial ou estabelecimento similar. Seu regramento está no artigo 35 do Código Penal.
Por fim, o regime aberto traduz-se no cumprimento da pena privativa de liberdade em casa de
albergado ou estabelecimento adequado, consoante a disciplina do artigo 36 do Código Penal. Para
a fixação do regime inicial de cumprimento de pena, o juiz deverá observar o regramento do artigo
33, §§ 2º e 3º. Como já dito, o juiz fixa o regime inicial de cumprimento de pena, sendo que a
execução deve ser forma progressiva, do sistema mais rigoroso para o menos rigoroso, conforme o
mérito do executado e o cumprimento de determinado percentual da pena. É o que determina o
artigo 112 da Lei de Execução Penal (LEP): “Art. 112. A pena privativa de liberdade será executada
em forma progressiva com a transferência para regime menos rigoroso, a ser determinada pelo juiz,
quando o preso tiver cumprido ao menos: I - 16% (dezesseis por cento) da pena, se o apenado for
primário e o crime tiver sido cometido sem violência à pessoa ou grave ameaça; II - 20% (vinte por
cento) da pena, se o apenado for reincidente em crime cometido sem violência à pessoa ou grave
ameaça; III - 25% (vinte e cinco por cento) da pena, se o apenado for primário e o crime tiver sido
cometido com violência à pessoa ou grave ameaça; IV - 30% (trinta por cento) da pena, se o apenado
for reincidente em crime cometido com violência à pessoa ou grave ameaça; V - 40% (quarenta por
cento) da pena, se o apenado for condenado pela prática de crime hediondo ou equiparado, se for
primário; VI - 50% (cinquenta por cento) da pena, se o apenado for: a) condenado pela prática de
crime hediondo ou equiparado, com resultado morte, se for primário, vedado o livramento
condicional; b) condenado por exercer o comando, individual ou coletivo, de organização criminosa
estruturada para a prática de crime hediondo ou equiparado; ou c) condenado pela prática do crime
de constituição de milícia privada; VII - 60% (sessenta por cento) da pena, se o apenado for
reincidente na prática de crime hediondo ou equiparado; VIII - 70% (setenta por cento) da pena, se
o apenado for reincidente em crime hediondo ou equiparado com resultado morte, vedado o
livramento condicional.” As regras que forem mais gravosas, inseridas com o Pacote Anticrime,

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aplicam-se apenas aos crimes cometidos após o início da vigência de referida lei. Vale lembrar que o
juiz também analisará o mérito do condenado, por meio do seu atestado de comportamento
carcerário, em que consta se houve o cometimento de faltas por ele. Além disso, a jurisprudência
tem admitido que se determine, fundamentadamente, a realização de exame criminológico para tal
fim.

Penas Alternativas: abrangem as penas restritivas de direitos e as penas de multa. São alternativas
ao cárcere, que foi bastante valorizado na chamada Primeira Velocidade do Direito Penal, sendo um
marco do Direito Penal Tradicional.

Penas restritivas de direitos: são classificadas como reais e pessoais, conforme atinjam de forma
mais direta o patrimônio ou a liberdade do indivíduo. Representam, como penas alternativas que
são, uma alternativa ao encarceramento, que consubstancia maior restrição aos direitos do
condenado. Estão elencadas no artigo 43 do CP. As restritivas de direitos reais são a prestação
pecuniária e a perda de bens e valores. Por sua vez, as penas restritivas de direitos pessoais são a
prestação de serviços à comunidade, a interdição temporária de direitos e a limitação de fim de
semana.

- Prestação pecuniária: é a pena restritiva de direitos consistente no pagamento de


um valor, fixado entre 1 e 360 salários mínimos, à vítima, a seus dependentes ou
a entidade pública ou privada com destinação social. Está prevista nos parágrafos
primeiro e segundo do artigo 45, do Código Penal. Como a lei prevê ser possível,
com aceitação do beneficiário, que a prestação seja de outra natureza, que não a
pecuniária, é comum que se estabeleça a entrega de cestas básicas a entidades
beneficentes.
- Perda de bens e valores: é a pena restritiva de direitos que se traduz no confisco
de bens e valores pertencentes ao executado, com o limite do valor do prejuízo
que tiver causado ou do proveito obtido com a conduta criminosa, o que for maior
dente os dois. É o chamado confisco-pena, sendo sua destinação o Fundo
Penitenciário Nacional. Está regulamentada no parágrafo terceiro do artigo 45 do
Código Penal.

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- Prestação de serviços à comunidade: é a pena restritiva de direitos consistente


na atribuição de tarefas gratuitas ao executado, que deverá cumpri-las em
entidades assistenciais, hospitais, escolas, orfanatos e outros estabelecimentos
semelhantes, desde que em programas comunitários ou estatais. Está prevista no
artigo 46 do CP.
- Limitação de fim de semana: é a pena restritiva de direitos consistente na
obrigação de o executado permanecer por cinco horas diárias, aos sábados e
domingos, em casa de albergado ou outro estabelecimento adequado, ocasiões
nas quais poderão ser ministrados cursos e palestras ou realizadas atividades
educativas. É o que determina o artigo 48 do CP. A Lei de Execução Penal trata da
pena em seu artigo 152.
- Interdição temporária de direitos: é a modalidade de pena restritiva de direitos
em que o indivíduo fica privado do exercício de algum direito seu por determinado
prazo, como, por exemplo, o de exercer a medicina. Suas hipóteses estão previstas
no artigo 47 do Código Penal. No caso da proibição de exercício de cargo, função,
atividade pública ou de mandato eletivo, bem como de proibição de exercício de
profissão, atividade ou ofício que dependam de habilitação especial, de licença ou
autorização do poder público, a aplicação se dirige aos delitos em que há a
violação dos deveres ligados à atividade do agente. São, por isso, chamadas de
hipóteses específicas de interdição de direitos, nos termos do artigo 56 do CP.
Quanto à suspensão de autorização ou de habilitação para dirigir veículo, sua
cominação se destina aos crimes culposos de trânsito, segundo dispõe o artigo 57
do CP.

Cominação das penas restritivas de direitos

As penas restritivas de direitos são aplicadas independentemente de cominação na Parte Especial do


Código Penal. Isto é, aplicam-se mesmo que não haja previsão no preceito secundário do tipo,
servindo para substituir a pena privativa de liberdade aplicada ao agente, nos termos do artigo 54 do
CP. Quanto à duração das penas restritivas de direitos, prevê o artigo 55 que devem ter a mesma

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duração da pena restritiva de liberdade substituída as seguintes penas restritivas de direitos: a


limitação de fim de semana; a prestação de serviço à comunidade ou a entidades públicas; a
interdição temporária de direitos e a limitação de fim de semana. A prestação pecuniária e a perda
de bens e valores, por sua própria natureza, duram o tempo necessário para o cumprimento,
podendo ser imediato ou diferido (no caso de parcelamento, por exemplo).Entretanto, cumpre
consignar que, se a pena substituída for superior a um ano, a prestação de serviço à comunidade
pode ser cumprida em menor tempo, desde que não inferior à metade da pena substituída, conforme
o artigo 46, § 4º, do CP.

Substituição e requisitos

Os requisitos para a substituição da pena privativa de liberdade por pena restritiva de direitos foram
trazidos pelo legislador no artigo 44 do Código Penal.

Conversão em pena privativa de liberdade

Em determinas hipóteses, é possível também que a pena restritiva de direitos seja convertida em
privativa de liberdade. É o que prevê o artigo 181 da Lei de Execução Penal.

Pena de Multa

A pena de multa é a sanção penal patrimonial, ou seja, é a pena consistente na obrigação de o


sentenciado efetuar o pagamento de determina quantia de dinheiro. Pode estar prevista no preceito
secundário incriminador, de forma isolada, alternativa ou cumulativa com a pena privativa de
liberdade, bem como pode ser utilizada para substituição da pena privativa de liberdade. Para sua
fixação, de início o juiz estipula a quantidade de dias-multa, entre 10 e 360, de acordo com o critério
trifásico, acima estudado. Após, há a estipulação do valor de cada dia-multa, com atenção à situação
econômica do réu. O valor de cada dia-multa varia de um trigésimo do salário mínimo a cinco vezes
o salário mínimo. Um trigésimo do salário mínimo como valor mínimo de cada dia-multa representa
o ganho de um trabalhador, por um dia de trabalho, pelo menor salário admitido por lei no país. O
limite é de 5 salários mínimos. Entretanto, se o juiz entender que o valor é ineficaz, em virtude da

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condição financeira do condenado, pode elevá-lo até o triplo. A fixação da pena de multa está
regulada pelo artigo 60, caput e § 1º, do Código Penal. O valor deve ser revertido ao fundo
penitenciária, nos termos do artigo 49 do CP.

Execução da pena de multa

O Código Penal trata da execução da pena de multa no seu artigo 50. A Lei de Execução Penal, por
sua vez, cuida do tema em seu artigo 164. Entretanto, o tema passou por uma grande mudança com
a Lei 9.268/96 que, dando nova redação ao artigo 51 do Código Penal, passou a determinar o
tratamento da pena de multa, imposta por sentença transitada em julgado, como dívida de valor da
Fazenda Pública. Deste modo, após o trânsito em julgado, a pena de multa é considerada dívida ativa
da Fazenda Pública, razão pela qual sua cobrança deveria ser promovida pela advocacia pública
responsável, nos termos do que previa a Súmula 521 do STJ. O rito a ser aplicado para a execução da
multa, portanto, é o da Lei 6.830/80, a Lei de Execução Fiscal. Entretanto, o STF decidiu pela
“legitimidade do Ministério Público para propor a cobrança de multa, com a possibilidade subsidiária
de cobrança pela Fazenda Pública”. Com o Pacote Anticrime, parece reforçada a legitimidade do MP,
já que a execução ocorrerá perante o juízo da execução criminal.

Suspensão Condicional da Pena

A suspensão condicional da pena é um benefício previsto em lei que determina a paralisação da


execução da pena privativa de liberdade, desde que cumpridos determinados requisitos. Cuida-se de
direito público subjetivo do réu, segundo grande parte da doutrina e a jurisprudência majoritária.
Também chamado sursis, é o instituto que, atendidos seus requisitos, suspende a execução da pena
privativa de liberdade por determinado lapso temporal, deixando-o sob determinadas condições.
Está previsto nos artigos 77 e 78 do Código Penal. O sursis possui as seguintes modalidades: simples,
etário, humanitário e especial:

- Sursis simples: cabível no caso de pena privativa de liberdade não superior a 2


(dois) anos, sendo o período de prova de 2 (dois) a 4 (quatro) anos. São seus
requisitos: o condenado não ser reincidente em crime doloso (salvo se foi

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condenado a pena de multa); a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e


personalidade do agente, bem como os motivos e as circunstâncias autorizem a
concessão do benefício e não seja indicada ou cabível a substituição da pena
privativa de liberdade por restritiva de direitos. Durante o prazo de suspensão, o
condenado deve observar as condições impostas pelo juiz, sendo que durante o
primeiro ano deverá prestar serviços à comunidade ou se submeter à limitação de
fim de semana.
- Sursis etário e humanitário: pode ser concedido para pena privativa de liberdade
que não seja superior a quatro anos, sendo que o período de prova será de quatro
a seis anos. Neste caso, requer-se que o condenado seja maior de setenta anos de
idade ou que haja razões de saúde que justifiquem a suspensão.
- Sursis especial: é admissível no caso de o condenado houver reparado o dano,
salvo impossibilidade de fazê-lo e de as circunstâncias judiciais (artigo 59 do CP)
lhe serem inteiramente favoráveis. Neste caso, o juiz pode substituir a exigência
de prestação de serviços à comunidade ou limitação de fim de semana durante o
primeiro ano da suspensão pelas seguintes condições, de forma cumulativa:
proibição de frequentar determinados lugares; proibição de ausentar-se da
comarca onde reside, sem autorização do juiz e comparecimento pessoal e
obrigatório a juízo, mensalmente, para informar e justificar suas atividades. O juiz
pode determinar as condições a serem observadas pelo condenado, adequadas
ao fato que ele praticou e a suas condições pessoais, nos termos do artigo 79 do
CP. O Código Penal, em seu artigo 80 esclarece que a suspensão condicional da
pena se restringe à pena privativa de liberdade, não abrangendo a pena de multa
nem a pena restritiva de direitos. O STJ já decidiu que o fato de o réu se embriagar
frequentemente não é óbice suficiente à suspensão condicional da pena.

Revogação obrigatória

A revogação obrigatória do sursis ocorre se o beneficiado é condenado definitivamente por crime


doloso, se ele frusta a execução da pena de multa e não repara o dano, possuindo condições

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financeiras de fazê-lo ou descumpre a obrigação de, no primeiro ano da suspensão, prestar serviços
à comunidade ou se submeter à limitação de fim de semana. Como a nova condenação depende de
trânsito em julgado, o período de prova fica prorrogado até o julgamento definitivo.

Revogação facultativa

As hipóteses de revogação facultativa são o descumprimento de qualquer outra condição imposta


ou a condenação por crime culposo ou por contravenção, com imposição de pena privativa de
liberdade ou restritiva de direitos. É o que prevê o parágrafo primeiro do artigo 81 do CP. Tanto no
caso da revogação facultativa, quanto de revogação obrigatória, pode haver a prorrogação do
período de prova, nos termos dos parágrafos segundo e terceiro do artigo 81, que determina que se
o liberado está sendo processado por outro crime ou contravenção, considera-se prorrogado o prazo
da suspensão até o julgamento definitivo, como também dispõe que quando facultativa a revogação,
o juiz pode, ao invés de decretá-la, prorrogar o período de prova até o máximo, se este não foi o
fixado.

Cassação

A Lei de Execução Penal, em seu artigo 161, prevê a possibilidade de o benefício do sursis ser cassado.
Isto ocorre quando o beneficiário, intimado para a audiência admonitória, não comparece. Assim, o
benefício é considerado sem efeito e a pena privativa de liberdade deve ser executada. Deste modo,
há cassação quando o beneficiário recusa o sursis, quando não comparece à audiência admonitória
ou quando há a reforma da sentença concessiva do benefício, em julgamento de recurso.

Extinção

Por fim, a extinção se dá com o fim do prazo do período de prova, desde que não tenha havido a
revogação do benefício. É o que estipula o artigo 62 do Código Penal.

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Livramento condicional

Livramento condicional (LC) é o benefício que consiste na soltura antecipada do executado, mediante
o preenchimento de determinadas condições. Sua natureza jurídica, conforme entendimento que
prevalece, é o de direito subjetivo do acusado. Busca-se a ressocialização, possibilitando ao
executado, que ostenta bom comportamento carcerário, a liberação antecipada, sendo que, durante
o restante da pena, deverá se comportar de forma a não ter o benefício revogado e cumprir
determinadas condições. Está regulado pelo artigo 83 do Código Penal. Portanto, o livramento
condicional é cabível nos casos de pena privativa de liberdade igual ou superior a dois anos. É
necessário que tenha sido comprovado bom comportamento durante a execução da pena; não
cometimento de falta grave nos últimos 12 (doze) meses; bom desempenho no trabalho que lhe foi
atribuído; e aptidão para prover a própria subsistência mediante trabalho honesto (requisitos
alterados pelo Pacote Anticrime). Exige-se, ainda, que o executado tenha reparado o dano, salvo se
comprovada a impossibilidade de fazê-lo. No caso de condenado por crime doloso, praticado com
violência ou grave ameaça à pessoa, a concessão do benefício fica subordinada à demonstração de
condições pessoais do executado que levem à presunção de que ele não voltará a delinquir. O juiz
pode, para tanto, determinar a realização de exame criminológico. Por fim, em todos os casos, exige-
se o cumprimento de determinado lapso temporal da pena, isto é, de determinada fração da pena
privativa de liberdade imposta ao condenado. No caso de réu não reincidente em crime doloso e
bons antecedentes, o lapso é de um terço. Na hipótese de condenado que seja reincidente em crime
doloso, a fração é de metade da pena. Por fim, no caso de condenados por crime hediondo ou
equiparado (tráfico de drogas, tortura e terrorismo) e de tráfico de pessoas, a fração é de dois terços,
desde que não seja reincidente específico. A Lei 11.343/2006, que trata do crime de drogas, tornou
maior a restrição ao livramento condicional, ao proibi-lo a crimes como o de associação para o tráfico.
Para o cálculo do lapso temporal exigido para a obtenção do livramento condicional, o artigo 84 do
Código Penal determina que as penas de diferentes delitos devem ser somadas. É muito importante
ressaltar que a prática de falta grave, no curso do cumprimento da pena privativa de liberdade, não
interrompe o prazo para obtenção do livramento condicional. Cuida-se de entendimento já sumulado
pelo STJ, referente ao enunciado nº 441.

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Condições

O juiz deve fixar, na sentença, as condições a que fica submetido o liberado, nos termos do artigo 85
do Código Penal. A Lei de Execução Penal trata do assunto em seu artigo 132.

Concessão do livramento condicional

A concessão do livramento condicional ocorre em um ato solene, presidido pelo juiz e denominado
de audiência admonitória. É expedida uma carta de livramento, na qual consta que o condenado
recebeu referido benefício. As formalidades estão previstas nos artigos 136 a 138 da Lei nº 7.210/84,
a Lei de Execução Penal.

Revogação obrigatória

Há hipóteses em que o benefício deve ser obrigatoriamente revogado pelo juiz. Isto se dá quando o
sentenciado vem a ser condenado definitivamente a pena privativa de liberdade:

- por crime cometido durante o benefício;


- ou por crime cometido anteriormente, desde que a soma das penas demonstre
que ele não cumpriu o lapso temporal exigido para o livramento condicional.

O artigo 84 é o que determina a soma das penas a que foi condenado o sujeito, por diferentes delitos,
para fins de averiguação se ele cumpriu a fração estipulada a concessão do livramento.

Revogação facultativa

Em alguns casos, o juiz pode decidir, de acordo com as especificidades da situação, se revoga ou não
o livramento condicional. É o que ocorre se o liberado deixar de cumprir as condições impostas na
sentença ou se ele for condenado definitivamente pela prática de infração penal a uma pena diversa
da privativa de liberdade (pena restritiva de direitos ou pena de multa). A revogação facultativa é
regulada pelo artigo 87 do Código Penal.

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Efeitos da revogação

Tendo havido a revogação, seja ela facultativa ou obrigatório, há algumas consequências para o
beneficiário, nos termos do artigo 88 do CP. Deste modo, a revogação do LC sempre gera a vedação
de nova concessão. Ademais, o tempo em que o liberado esteve solto não se computa como pena
cumprida, salvo se a revogação ocorrer em virtude de crime praticado anteriormente. Neste caso, o
juiz observa se a nova pena, somada à que está sendo executada, permite a continuidade do LC, isto
é, verifica se, mesmo com a soma das penas, ainda assim o executado atingiu o lapso temporal
exigido. Se não atingiu, o juiz revoga o benefício, mas o tempo em que ele esteve solto será
considerado como pena cumprida. Busca a lei, com isso, diferenciar o indivíduo que comete crime
durante o benefício ou descumpre as condições, o que demonstra descompromisso com o livramento
antecipado que lhe foi concedido, daquele que nada fez durante o período de livramento, mas que
havia cometido outro delito antes e viu suas penas serem somadas, o que implicou na revogação do
seu benefício.

Prorrogação

É possível a prorrogação do benefício, mesmo porque, nos casos de revogação pela prática de crime
ou contravenção penal, a lei exige o trânsito em julgado. Portanto, enquanto não for julgado
definitivamente o caso, o juiz pode prorrogar o prazo do livramento.

Suspensão

Além da prorrogação do prazo do livramento condicional, o juiz pode terminar sua suspensão. Com
a suspensão do prazo, o indivíduo é preso, voltando a cumprir a pena privativa de liberdade. A
suspensão, portanto, autoriza o recolhimento cautelar, dentro dos limites da pena aplicada. O STJ
entende que a revogação ou a suspensão do livramento condicional depende de decisão judicial, não
ocorrendo de forma automática.

Extinção

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Como vimos, a revogação ou a extinção do livramento condicional não ocorre de forma automática.
Por conseguinte, se o juiz não determinar a revogação ou extinção do benefício, o decurso de seu
prazo causa sua extinção. É o que determina o artigo 90 do Código Penal.

CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este é o fim de mais uma aula nossa, que possui um conteúdo maior, já que optei, por questões
didáticas, a não separar o estudo das penas. Ressalto que estudamos a teoria geral da pena, sem
adentrar totalmente no estudo mais específico da Lei de Execução Penal, que é parte da disciplina de
Direito Penal Especial (Legislação Penal Extravagante).
Espero que tenham compreendido melhor as penas previstas em nosso ordenamento, sua aplicação
pelo juiz e sua execução.
Quaisquer sugestões são bem-vindas e, apesar de elaborada com muito rigor, toda aula pode ser
aperfeiçoada a partir de contribuições. O contato pode ser feito pelo fórum, por e-mail ou pelo
Instagram.
Até a próxima aula. Forte abraço e meus desejos de sempre de sucesso!
Michael Procopio.

procopioavelar@gmail.com

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