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Olá! Boas-Vindas!
Com carinho,
Equipe Ceisc. ♥
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Direito Civil
Prof.ª Tatiane Kipper
Sumário
1. Recursos – parte geral .................................................................................... 9
1.1 Cabimento .................................................................................................. 9
1.2 Características dos recursos ...................................................................... 9
1.3 Da classificação dos recursos .................................................................. 10
1.4 Das decisões recorríveis .......................................................................... 11
1.5 Dos objetivos dos recursos ...................................................................... 13
1.6 Dos requisitos de admissibilidade dos recursos ....................................... 14
1.7 Dos princípios dos recursos ..................................................................... 25
1.8 Dos efeitos dos recursos .......................................................................... 28
2. Recursos cabíveis no novo CPC .................................................................... 32
3. Recurso Adesivo .......................................................................................... 33
4. Apelação ..................................................................................................... 39
4.1 Previsão legal ........................................................................................... 39
4.2 Cabimento ................................................................................................ 39
4.3 Do prazo ................................................................................................... 43
4.4 Estrutura da petição do recurso de apelação ........................................... 43
4.5 Efeitos do recurso de apelação ................................................................ 44
4.5.1 Efeito devolutivo: ................................................................................... 44
4.5.2 Efeito Suspensivo: ................................................................................. 46
4.6 Procedimento da apelação ....................................................................... 47
4.7 Das alegações de novas matérias ........................................................... 50
4.8 Pedir a reforma ou invalidação? ............................................................... 50
4.9 APELAÇÃO: QUERIDINHA DA FGV ....................................................... 55
4.10 MODELO CONTRARRAZÕES AO RECURSO DE APELAÇÃO ........... 80
5. Agravo de Instrumento .................................................................................. 83
5.1 Tutelas provisórias ................................................................................... 84
5.2 Mérito do processo ................................................................................... 85
5.3 Rejeição da alegação de convenção de arbitragem ................................. 86
5.4 Incidente de desconsideração da personalidade jurídica ......................... 87
5.5 Rejeição do pedido de gratuidade da justiça ou acolhimento do pedido de
sua revogação ................................................................................................ 88
5.6 Exibição ou posse de documento ou coisa .............................................. 89
5.7 Exclusão de litisconsorte .......................................................................... 90
5.8 Rejeição do pedido de limitação de litisconsórcio .................................... 90
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Olá, aluno(a). Este material de apoio foi organizado com base nas aulas do curso preparatório
para a 2ª Fase OAB e deve ser utilizado como um roteiro para as respectivas aulas. Além disso,
recomenda-se que o aluno assista as aulas acompanhado da legislação pertinente.
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1.1 Cabimento
Os recursos são cabíveis quando uma decisão judicial, seja ela interlocutória, sentença,
seja ela definitiva, resolve o mérito ou não, bem como uma decisão oriunda de um acórdão ou
monocrática não agradar a uma ou a ambas as partes (CHACON, 2020). De forma, que, a parte
que não está satisfeita com o resultado que lhe foi desfavorável poderá tentar rever a decisão
por meio de um recurso.
Pode-se concluir que o pressuposto básico para interpor o recurso é a sucumbência, que
nada mais é do que a desconformidade entre o que foi pedido e o que foi concedido pelo Estado-
juiz. (ARAUJO JUNIOR, 2016).
Nesse sentido, entende Medina (2016, p. 1.258): “Consideramos recursos os meios de
impugnação às decisões judiciais provocados no mesmo processo. Distinguem-se, pois, das
ações autônomas de impugnação, que constituem nova relação processual”.
Recurso então é o “meio ou instrumento destinado a provocar o reexame da decisão
judicial, no mesmo processo em que proferida, com a finalidade de obter-lhe a invalidação, a
reforma, o esclarecimento ou a integração”. (DIDIER JR.; CUNHA, 2018, p. 111).
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Visto isso, o conceito de sentença está elencado no artigo 203, §1º do CPC: § 1º
Ressalvadas as disposições expressas dos procedimentos especiais, sentença é o
pronunciamento por meio do qual o juiz, com fundamento nos artigos 485 e 487, põe fim à fase
cognitiva do procedimento comum, bem como extingue a execução.
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O fim do processo pode ser com resolução de mérito (art. 487) ou sem resolução de
mérito (art. 485).
Já as decisões interlocutórias são decisões no curso do processo por meio das quais o
juiz resolve questões incidentes, como por exemplo: conceder ou não uma tutela provisória de
urgência.
Segundo Didier Junior e Cunha (2018, p. 123) as decisões que podem ser proferidas pelo
juízo singular são a decisão interlocutória e a sentença. Interlocutória é a decisão que não
encerra o procedimento em primeira instancia, por sua vez, sentença é a decisão judicial que,
enquadrando-se em uma das hipóteses do artigo 485 ou 487 do CPC, encerra o procedimento
na primeira instancia, ultimando a fase de conhecimento ou de execução.
Em sede de Tribunal, as decisões podem ser classificadas a partir do órgão prolator.
Podem ser UNIPESSOAIS (monocráticas) ou acórdãos (colegiadas). Ambas as decisões podem
ou não encerrar o procedimento, não sendo este aspecto que as diferencia; acórdãos e decisões
unipessoais podem ser interlocutórias e finais. AS DECISÕES UNIPESSOAIS PODEM SER
PROFERIDAS PELO RELATOR OU PELO PRESIDENTE OU VICE-PRESIDENTE DO
TRIBUNAL. (DIDIER JUNIOR; CUNHA, 2018, p. 123).
O artigo 204 do CPC traz o conceito de acórdão:
Art. 204. Acórdão é o julgamento colegiado proferido pelos tribunais. (BRASIL, 2015)
Sentença
Decisão interlocutória
Decisões recorríveis
Decisão monocrática
Acórdão
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De acordo com o artigo 996 do CPC/15, possuem legitimidade para recorrer: as partes
(vencido, mesmo que parcial), o terceiro prejudicado e o Ministério Público.
Art. 996. O recurso pode ser interposto pela parte vencida, pelo terceiro prejudicado e pelo
Ministério Público, como parte ou como fiscal da ordem jurídica.
Parágrafo único. Cumpre ao terceiro demonstrar a possibilidade de a decisão sobre a
relação jurídica submetida à apreciação judicial atingir direito de que se afirme titular ou
que possa discutir em juízo como substituto processual. (BRASIL, 2015)
Quando o artigo 996 do CPC/15 se refere à legitimidade da parte, deve-se entender não
só o autor ou réu quando saíram vencidos da relação, ou seja, quando não tiveram atendidos os
seus pedidos, seja total ou parcialmente, mas também os assistentes, denunciados, chamados,
o litisconsorte, ou seja, aqueles que integraram a relação processual. (ARAUJO JUNIOR, 2016)
Da mesma forma menciona Viana (2018) que quem participou da relação processual tem
legitimidade para recorrer, isto é, as partes, bem como os intervenientes e o Ministério Público.
O terceiro prejudicado também possui legitimidade para recorrer, quando os efeitos da decisão
o atingir.
Assim, terceiro prejudicado é uma pessoa estranha ao processo, isto é, que não fazia
parte da relação processual, mas que de alguma forma é atingida pela decisão judicial.
Exemplo: adquirente de direito material litigioso, fiador, avalista, etc. (ARAUJO JUNIOR,
2016)
O terceiro para recorrer deve demonstrar o nexo entre o seu interesse de recorrer e a
decisão, ou seja, sobre a possibilidade de a decisão atingir direito que afirma ser titular ou que
possa discutir em juízo como substituto processual.
É de se destacar, ainda, que conforme DIDIER JUNIOR e CUNHA (2018, p. 137) no
conceito de parte vencida também se inclui o sujeito processual que é parte em apenas de alguns
incidentes, como exemplo: o juiz no caso da arguição de impedimento e suspeição, o terceiro
desobediente, no caso da multa do artigo 77, §2º do CPC.
E se o recurso for interposto por uma pessoa fora das hipóteses do artigo 996 do CPC?
O recurso não será conhecido, diante da falta de legitimidade.
Então, possuem legitimidade para recorrer:
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Parte vencida
Parte
Podem recorrer Ministério Público
Fisca da ordem jurídica
Terceiro prejudicado
b) Interesse recursal
Tem interesse recursal a pessoa que precisa reformar ou invalidar a decisão impugnada.
A sucumbência pode ser total ou parcial.
Exemplo de sucumbência total: autor ingressa com ação de reparação de danos
materiais e morais, sendo que o juiz julga totalmente improcedente a ação. Neste caso o autor
foi sucumbente de forma total, pois perdeu ambos os pedidos, seja de dano moral, seja de dano
material. Agora, caso o juiz julgasse parcialmente procedente a ação, condenando em danos
materiais, mas não em morais, há uma sucumbência parcial, pois, o autor ganhou os danos
materiais, mas perdeu os danos morais.
Então, o interesse recursal surge com a necessidade de recorrer, seja para reformar,
invalidar ou aclarar a decisão judicial.
Nesse sentido, estabelece ARAUJO JUNIOR (2016, p. 22) que independente de quem
seja o recorrente, deve ser demonstrado o seu interesse recursal, devendo demonstrar a
ocorrência do binômio utilidade e necessidade: utilidade da providência judicial pleiteada e
necessidade da via que se escolhe para obter essa providência.
Haveria, assim, interesse em recorrer quando o recorrente puder esperar, em tese, do
julgamento do recurso situação jurídica e pragmaticamente mais vantajosa que aquela conferida
na decisão que está recorrendo, quando seja necessário utilizar do recurso para alcançar esse
objetivo. Essa concepção abrangente tem a vantagem de considerar interesse recursal não
apenas quando o que se pediu não foi concedido, mas também quando embora vencedora a
parte tem perspectiva de melhorar sua situação jurídica. (MEDINA, 2016)
Dessa forma, a sucumbência é vista como a desconformidade entre aquilo que foi pedido
e aquilo que foi concedido na decisão judicial.
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Do que foi
Sucumbência Pedido Algum prejuízo
concedido
Viana (2018, p. 336) considera que pode haver duas espécies de renúncia: a tácita e a
expressa. A expressa quando a parte peticiona, consignando seu desejo que não irá recorrer. Já
a tácita decorreria da simples decadência do prazo recursal, ou seja, a parte deixa fluir o prazo
do recurso sem interpor;
A desistência ocorre quando a parte recorreu, mas posteriormente decide desistir, ou seja,
não continuar mais com o recurso interposto.
A desistência pode ocorrer a qualquer momento do processo, mas a desistência não
impede a análise da questão quando se trata de repercussão geral e julgamento de recursos
especiais ou extraordinários repetitivos (Führer e Führer, 2016, p. 194).
Para desistir do recurso não há necessidade de concordância da parte contrária, conforme
previsão do artigo 998 do CPC/15:
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Art. 998. O recorrente poderá, a qualquer tempo, sem a anuência do recorrido ou dos
litisconsortes, desistir do recurso. (BRASIL, 2015)
Observar ainda, que a desistência do recurso não impede a análise de questão, cuja
repercussão geral já tenha sido reconhecida, bem como, daquele objeto de julgamento de
recursos (extraordinário ou especial) repetitivos, consoante prevê o parágrafo único do artigo 998
do CPC.
Conforme destacam DIDIER JUNIOR e CUNHA (2018, p. 125): “A desistência pressupõe
recurso já interposto; se o recurso ainda não foi interposto, e o interessado manifesta vontade
de o não interpor, o caso é de renúncia”.
A concordância com a decisão significa que a parte aceitou a decisão, sendo que essa
aceitação pode ser expressa (por meio de uma petição) ou tácita, por meio de ato incompatível
com a vontade de recorrer. Neste caso, cabe verificar a previsão do artigo 1.000 do CPC/15:
Art. 1.000. A parte que aceitar expressa ou tacitamente a decisão não poderá recorrer.
Parágrafo único. Considera-se aceitação tácita a prática, sem nenhuma reserva, de ato
incompatível com a vontade de recorrer. (BRASIL, 2015)
Observar, no entanto, a previsão do artigo 520,§3º do CPC: § 3º Se o executado
comparecer tempestivamente e depositar o valor, com a finalidade de isentar-se da multa, o ato
não será havido como incompatível com o recurso por ele interposto.
B. Recorribilidade da decisão
Como dito anteriormente, nem todo pronunciamento do juiz vai ser passível de recurso.
Consoante previsão do CPC, em seu artigo 1.001, dos despachos não cabe recurso.
Observar ainda que nem toda decisão interlocutória será passível de impugnação por
meio de Agravo de instrumento.
Para o recurso ser admitido, portanto, a decisão deve ser passível de recurso. Podem ser
apontadas as seguintes decisões recorríveis:
C. Adequação
O recurso interposto deve ser o adequado. A adequação significa que o recurso interposto
deve ser aquele previsto na lei para a decisão atacada. EXEMPLO: da sentença cabe apelação
e não Agravo de Instrumento.
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D. Tempestividade
O legitimado a recorrer não pode interpor o recurso quando quiser, deve obedecer aos
prazos estabelecidos na lei. O recurso interposto fora do prazo é considerado intempestivo, não
sendo conhecido. No CPC/15, QUASE TODOS os recursos possuem prazo de 15 dias para
serem protocolados, conforme previsão do §5º do artigo 1.003 do CPC:
Art. 1.003. O prazo para interposição de recurso conta-se da data em que os advogados,
a sociedade de advogados, a Advocacia Pública, a Defensoria Pública ou o Ministério
Público são intimados da decisão.
§1º Os sujeitos previstos no caput considerar-se-ão intimados em audiência quando nesta
for proferida a decisão.
§2º Aplica-se o disposto no art. 231, incisos I a VI, ao prazo de interposição de recurso
pelo réu contra decisão proferida anteriormente à citação.
§3º No prazo para interposição de recurso, a petição será protocolada em cartório ou
conforme as normas de organização judiciária, ressalvado o disposto em regra especial.
§4º Para aferição da tempestividade do recurso remetido pelo correio, será considerada
como data de interposição a data de postagem.
§5º Excetuados os embargos de declaração, o prazo para interpor os recursos e para
responder-lhes é de 15 (quinze) dias.
§6º O recorrente comprovará a ocorrência de feriado local no ato de interposição do
recurso. (BRASIL, 2015)
Ou seja, a EXCEÇÃO é no caso dos Embargos de Declaração, cujo prazo para o recurso
é de 05 dias, conforme o artigo 1.023 do CPC. Cuidar também o prazo do Recurso Inominado
no JEC que é 10 dias. O prazo é fatal e peremptório. Tratando-se de prazos fixados em dias,
contam-se apenas os dias úteis, de acordo com o artigo 219 do CPC.
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Regra 15 dias
OBSERVAÇÃO:
O prazo do §5º do art. 1003 do CPC é prazo para interposição dos recursos segundo
o CPC. Uma lei específica poderia prever um prazo específico. Exemplo: 10 dias para o recurso
inominado – art. 42 da Lei 9099/05:
Art. 42. O recurso será interposto no prazo de dez dias, contados da ciência da sentença,
por petição escrita, da qual constarão as razões e o pedido do recorrente. (Brasil, 1995)
Caso seja hipótese de feriado local o que acaba por modificar o prazo final do recurso, o
recorrente deverá comprovar a sua ocorrência. Essa é a previsão do artigo 1.003, §6º do CPC:
De acordo com o caput do artigo 1.003 do CPC/15, o início do prazo para interposição de
recurso conta-se da data em que os advogados, a sociedade de advogados, a Advocacia
Pública, a Defensoria Pública ou o Ministério Público são intimados da decisão. Ou seja, a
intimação será do advogado e não da parte, isso porque é o advogado quem deverá praticar o
ato em nome da parte, ou seja, interpor o recurso.
Conforme aduz Medina (2016, p. 1284) os critérios devem ser levados em consideração
para se contar o final do prazo para a interposição do recurso, nada impedindo que, tendo a parte
ciência da decisão, interponha o recurso antes de publicada a decisão.
O §1º do artigo 1.003 por sua vez, estabelece que as partes serão intimadas no próprio
ato quando a decisão for proferida em audiência.
É de se apontar ainda a questão do prazo em dobro:
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PRAZOS EM DOBRO
Art. 180. O Ministério Público gozará de prazo em dobro para manifestar-se nos autos,
que terá início a partir de sua intimação pessoal, nos termos do art. 183, § 1o. (BRASIL,
2015)
Art. 186. A Defensoria Pública gozará de prazo em dobro para todas as suas
manifestações processuais.
§3º O disposto no caput aplica-se aos escritórios de prática jurídica das faculdades de
Direito reconhecidas na forma da lei e às entidades que prestam assistência jurídica
gratuita em razão de convênios firmados com a Defensoria Pública. (BRASIL, 2015)
Além disso, de acordo com a previsão do § 2º do artigo 1.003 que diz que “aplica-se o
disposto no art. 231, incisos I a VI, ao prazo de interposição de recurso pelo réu contra decisão
proferida anteriormente à citação”, deve ser observado o seguinte: o prazo para interposição do
recurso pelo réu contra uma decisão que foi proferida antes mesmo da sua citação deve observar
a previsão dos incisos do artigo 231 do CPC.
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ATENÇÃO
Observar que se aplica o marco inicial do art. 231 do Código de Processo Civil no
caso dos recursos quando o Réu recorrer da decisão proferida antes da sua citação.
ATENÇÃO: O não pagamento do preparo recursal trará como consequência o não conhecimento
do recurso, ou seja, a deserção.
Observar que existem aqueles que estão isentos, tais como a Fazenda Pública, as partes
assistidas pela Defensoria Pública, bem como os beneficiários da Justiça Gratuita, pelo Ministério
Público. Previsão do artigo 1.007 do CPC/15:
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Observar:
* Para todos verem: quadro esquemático
H. Forma
Os recursos devem ser interpostos de acordo com a forma prevista em lei. EXEMPLO: no
caso da Apelação, deve haver a petição de interposição ao juiz de primeiro grau que proferiu a
sentença já acompanhada com as razões dirigida ao Tribunal. Outro EXEMPLO, é no que se
refere ao Agravo de Instrumento que exige a juntada de certas cópias obrigatórias.
Conforme aduzem Donoso e Serau Junior (2017, p. 108) a regularidade formal significa que
o recurso interposto deve obedecer às regras formais de imposição exigidas pela legislação
especificamente para cada recurso.
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Algumas regras formais são comuns a todos recursos. Como exemplo, a exigência de que
o recurso seja interposto na forma escrita, utilizando-se a língua portuguesa. (DONOSO; SERAU
JUNIOR, 2017, p. 108).
A forma pode ser vista também no que tange à forma de interposição, se o recurso é
interposto de forma independente ou de forma adesiva.
I. Motivação
O juízo de admissibilidade significa que o recurso precisa ser admitido antes de ter o seu
mérito analisado.
Portanto, seria uma forma de controle exercido pelo órgão jurisdicional a fim de verificar se
o recurso preenche os requisitos/pressupostos de admissibilidade.
Se não forem preenchidos os requisitos de admissibilidade, o recurso pode não ser
admitido, ou seja, não ter o seu seguimento e não haver a análise do mérito do recurso.
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B. Princípio da Taxatividade:
Somente seriam recursos aqueles previstos na lei. As partes não poderiam criar algum
recurso.
Assim, o ordenamento jurídico não deixa para as partes a autonomia de criarem os meios
para impugnar as decisões que forem proferidas, nem mesmo decorrente do negócio jurídico
processual. (DONOSO; SERAU JUNIOR, 2017, p. 44)
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Pelo princípio da singularidade ou unirrecorribilidade caberá por cada parte que recorrer
um recurso, o adequado. Isso não impede que ambas as partes recorram da mesma decisão
caso ambas estejam insatisfeitas com a decisão e tenham o respectivo interesse recursal.
Nesse sentido, DIDIER JUNIOR e CUNHA (2018, p. 135) de acordo com a regra da
unicidade, unirrecorribilidade ou singularidade não seria possível a interposição simultânea de
dois recursos contra a mesma decisão, pois para cada caso há um recurso adequado. Logo,
ressalvadas as exceções, a interposição de mais de um recurso pela mesma parte contra uma
mesma decisão implica inadmissibilidade do recurso interposto por último. Destaca situações
dignas de nota, sendo que uma delas é justamente que contra acórdão objetivamente complexo
(mais de um capítulo) é possível imaginar o cabimento simultâneo do recurso especial e do
recurso extraordinário.
Ou seja, neste caso, por exemplo, se o acórdão proferido pelo TJ ferisse tanto lei federal
quanto norma constitucional teriam que ser interposto o recurso especial para a parte que fere a
lei federal e o recurso extraordinário para a parte que fere a norma constitucional, constituindo,
portanto, um exemplo de exceção à regra.
Se somente uma parte recorrer não pode no recurso ser piorada sua situação. Pode
melhorar ou simplesmente não mudar nada, mas piorar não pode.
Exemplo: Autor ingressa com a ação pleiteando 50 mil reais a título de danos materiais.
Após o transcurso do processo, o juiz julga parcialmente procedente o pedido do Autor,
condenando o Réu em 30 mil reais. Se apenas o Autor apelar para majorar a condenação de R$
30 mil reais para R$ 50 mil reais conforme requerido na Inicial, o Tribunal pode não majorar para
o valor de R$ 50 mil reais, pode não alterar nada, mas não pode piorar a situação do Autor se
somente ele recorreu, afastando os danos materiais que já teriam sido concedidos pelo juiz de
primeiro grau.
Um exemplo também é apontado por DONOSO E SERAU JUNIOR (2017, p. 48): “A
promove ação judicial em face de B, do qual busca indenização equivalente a R$ 100.000,00
(cem mil reais). Em sentença, há parcial procedência do pedido, condenando o réu B ao
pagamento de indenização de R$ 65.000,00 (sessenta e cinco mil reais). Inconformado com a
condenação, mesmo que parcial, o réu B interpõe recurso de apelação. Ao julgar tal recurso, no
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entanto, o tribunal terá dois caminhos apenas. O primeiro deles é acolher o recurso do réu
(apelante) para reduzir ou afastar completamente a condenação. O segundo é manter a decisão,
que condenou ao pagamento de indenização de R$ 65.000,00 (sessenta e cinco mil reais). Não
poderá, em hipótese alguma, majorar a indenização, ainda que entenda que sua fixação ficou
aquém do adequado.
Nesse sentido explicam DIDIER JUNIOR E CUNHA (2018, p. 169) que se somente um
litigante parcialmente vencido interpor recurso da decisão, a parte dessa que lhe foi favorável
transitará normalmente em julgado, não sendo lícita ao órgão ad quem exercer sobre ela
atividade cognitiva, muito menos retirar, no todo ou em parte a vantagem que foi obtida
anteriormente com o julgamento pelo grau inferior.
Destaca-se, ainda, que conforme DONOSO E SERAU JUNIOR (2017, p. 49) uma exceção
que a doutrina costuma apontar ao princípio da proibição da reformatio in pejus é aquela ligada
às matérias que devem ser conhecidas de ofício pelo órgão julgador, como é o caso, por
exemplo, das condições da ação e da prescrição, dentre outros. Mas, segundo os autores, é de
se reconhecer que o que se opera aqui não é efetivamente o efeito devolutivo, mas sim o efeito
translativo dos recursos.
E. Princípio da Fungibilidade:
A regra nos recursos é de que tem que ser interposto o recurso adequado, sob pena do
recurso que foi interposto de forma errada não ser admitido, não ser julgado. Porém, pelo
princípio da fungibilidade um recurso poderia ser recebido como outro. No entanto, isso é
exceção.
Conforme DONOSO e SERAU JUNIOR (2017, p. 46) tal princípio, em determinadas
condições, permite que um recurso possa ser recebido como se fosse outro, sem que isso
acarrete julgamento extra ou ultra petita. A fungibilidade seria exceção ao cabimento recursal,
afastando, assim, a correspondência. Partiria da premissa que podem existir dúvidas sobre qual
o recurso cabível, apesar de o legislador tentar deixar claro.
Sobre o referido princípio destacam DONOSO E SERAU JUNIOR (2017, p. 46):
Fundada em outro princípio – o da instrumentalidade das formas (art. 283 do CPC), ligado
à teoria geral do processo – a fungibilidade era expressamente prevista no CPC de 1939
(art. 810), mas não no CPC de 1973, embora não houvesse dúvidas de sua aplicação,
desde que atendidos certos requisitos. No CPC de 2015, pode-se dizer que existem
previsões específicas de aplicação da fungibilidade recursal, o que não afasta a sua
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incidência em casos não específicos, mas desde que os tais requisitos estejam presentes.
(...)
Ainda, segundo DONOSO e SERAU JUNIOR (2017, p. 47) ainda que fora destas hipóteses
legalmente previstas, se preenchidos determinados requisitos, pode haver a aplicação da
fungibilidade. Estes requisitos seriam basicamente, DÚVIDA OBJETIVA SOBRE QUAL O
RECURSO CABÍVEL, de modo que não será aplicada a fungibilidade se houver erro grosseiro
do recorrente.
Um dos primeiros efeitos que se pode apontar dos recursos é o adiamento da coisa julgada.
Ou seja, quando o recurso for interposto, tal interposição impossibilita o trânsito em julgado da
decisão, conforme previsão do artigo 502 do CPC:
Art. 502. Denomina-se coisa julgada material a autoridade que torna imutável e indiscutível
a decisão de mérito não mais sujeita a recurso. (BRASIL, 2015)
A) Efeito devolutivo
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Como um dos exemplos de exceção à regra geral, aponta-se um dado por ARAUJO
JUNIOR (2016, p. 27) como os embargos de declaração, pois estes DEVOLVEM O
CONHECIMENTO DA MATÉRIA PARA O PRÓPRIO JUÍZO PROLATOR DA DECISÃO
IMPUGNADA (art. 1.023 do CPC).
Assim, via de regra, os recursos possuem o efeito devolutivo de forma que o conhecimento
da matéria é devolvido novamente ao Judiciário com o fim de confirmar ou reformar a decisão
impugnada. Führer e Führer apontam ainda que de regra a devolução é ampla possibilitando o
juízo ad quem o conhecimento de toda matéria impugnada (2016, p. 192).
Observar que os Embargos de declaração não possuem o efeito de transferir o
conhecimento da matéria ao Tribunal ad quem, pois devolvem o conhecimento da matéria
impugnada para o próprio órgão que proferiu a decisão.
B) Efeito suspensivo
Significa que a decisão seja cumprida enquanto o recurso não for julgado. No novo CPC,
com exceção da Apelação, os demais recursos como regra NÃO POSSUEM O EFEITO
SUSPENSIVO, conforme o caput do artigo 995 do CPC. Verificar a previsão do artigo 987, §1º
quando o recurso especial e extraordinário terão efeito suspensivo do julgamento do incidente
de resolução de demandas repetitivas.
Porém, poderá ser requerido o efeito suspensivo com base no parágrafo único do art.
995 do CPC.
Segundo Medina (2016, p. 1307) o efeito suspensivo impede a produção de forma imediata
dos efeitos da decisão, situação que, em princípio perduraria até o julgamento do recurso
interposto, de forma que com o efeito suspensivo, ocorre a inexequibilidade imediata da decisão.
Portanto, alteração em relação ao CPC antigo, pois no novo CPC, a regra é que os recursos
não impedem a eficácia da decisão, de acordo com o artigo 995:
Art. 995. Os recursos não impedem a eficácia da decisão, salvo disposição legal ou
decisão judicial em sentido diverso.
Parágrafo único. A eficácia da decisão recorrida poderá ser suspensa por decisão do
relator, se da imediata produção de seus efeitos houver risco de dano grave, de difícil ou
impossível reparação, e ficar demonstrada a probabilidade de provimento do recurso.
(BRASIL, 2015)
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▪ Quais os requisitos para ser atribuído o efeito suspensivo aos recursos, conforme o
parágrafo único do artigo 995 do CPC?
* Para todos verem: esquema
C) Efeito translativo
D) Efeito expansivo
Art. 1.005. O recurso interposto por um dos litisconsortes a todos aproveita, salvo se
distintos ou opostos os seus interesses.
Parágrafo único. Havendo solidariedade passiva, o recurso interposto por um devedor
aproveitará aos outros quando as defesas opostas ao credor lhes forem comuns. (BRASIL,
2015)
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E) Efeito regressivo
F) Efeito substitutivo:
Uma vez julgado o mérito do recurso, a decisão recorrida é substituída na sua extensão de
acordo com o que foi modificado pelo Tribunal. (MEDINA, 2016, p. 1304)
Na concepção de LOURENÇO (2017, p. 474) o artigo 1.008 do CPC estabelece que o
julgamento do recurso substitui a decisão recorrida naquilo que tiver sido objeto do recurso.
Porém, conforme o referido doutrinador não se deve prestigiar uma interpretação literal, uma vez
que a substituição ocorre somente na hipótese de julgamento do mérito dos recursos.
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3. Recurso Adesivo
Art. 997. Cada parte interporá o recurso independentemente, no prazo e com observância
das exigências legais.
§1º Sendo vencidos autor e réu, ao recurso interposto por qualquer deles poderá aderir o
outro. (BRASIL, 2015)
Como exemplo pode-se citar o caso de o Autor ingressar com uma ação de Reparação de
danos materiais e morais. No entanto, o juiz condena apenas em danos materiais. Porém, o autor
decide não recorrer para pleitear os danos morais. Por sua vez, o Réu sucumbente nos danos
materiais decide apelar. Como o Autor não apelou para pedir os danos morais, mas o Réu
Apelou, o Autor poderá no prazo das contrarrazões aderir ao recurso interposto pelo Réu
para pleitear os danos morais.
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O recurso adesivo se reveste de importância, pois no caso do exemplo, caso o Autor não
aderisse ao Recurso interposto pelo Réu, em razão do princípio da proibição da reformatio in
pejus, não poderia o Tribunal condenar o Réu nos danos morais.
Outro exemplo fornecido por Viana (2018, p. 337): “O recurso adesivo pode ser interposto
pela parte sucumbente que havia se conformado com a condenação, no entanto, foi surpreendida
com o recurso da outra parte também sucumbente que não concorda com a condenação”.
E mais: “Imagine-se que o autor proponha ação indenizatória por danos morais pleiteando
R$ 20.000,00, e o juiz de direito condena o Réu em R$ 10.000,00. Embora o autor não tenha
concordado com o valor da condenação, não interpôs o recurso de apelação, porque entendeu
que o recurso de apelação poderia estender o prazo do trânsito em julgado da sentença. Nesse
ínterim, é surpreendido com o recurso de apelação da parte contrária que visa reformar a
decisão. Ao ser intimado para apresentar contrarrazões recursais, é lícito ao autor interpor
também recurso adesivo”. (VIANA, 2018, p. 337-338).
Entende-se que o Recurso Adesivo não constitui nova espécie de recurso, mas, sim, forma
de interposição.
Nesse sentido explanam DIDIER JUNIOR e CUNHA (2018, p. 180): “O recurso adesivo não
é espécie de recurso, mas sim forma de interposição, já que o recurso pode ser interposto de
forma independente e de forma adesiva. Dessa forma, o recurso adesivo é exatamente o mesmo
recurso que poderia ter sido interposto de forma principal”.
Ainda, é de se destacar que nem todos os recursos permitem a interposição de forma
adesiva. É permitido o recurso adesivo nos seguintes recursos, conforme o artigo 997, §2º, II do
CPC: no recurso de apelação, no recurso especial e no recurso extraordinário.
• Apelação
• Recurso Especial
• Recurso Extraordinário
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Além disso, o inciso I do §2º do artigo 997 do CPC/15 estabelece que o Recurso Adesivo
será interposto no prazo para resposta do recurso principal, ou seja, no prazo das contrarrazões.
A interposição do recurso adesivo não substitui as contrarrazões, ou seja, a resposta do
recurso principal.
O recurso adesivo somente será conhecido se o recurso principal também o for. Assim,
caso haja desistência, ou inadmissão do recurso principal, o recurso adesivo também estará
prejudicado.
A forma do recurso adesivo é a mesma do recurso principal. Com isso, se entende que
será endereçado ao juiz que proferiu a decisão, caso seja Apelação, por exemplo. Da mesma
forma, o recurso adesivo deverá ter preparo próprio.
Importante mencionar na petição de interposição que se trata de recurso adesivo para
deixar claro que ainda é tempestivo (pois não foi interposto no prazo do recurso, e sim no da
resposta ao recurso principal interposto pela outra parte). EXEMPLO: Recurso Adesivo ao
recurso de Apelação; Apelação adesiva; Apelação na modalidade adesiva.
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Processo número...
Requer, também, que após o prazo das contrarrazões do Apelante, os autos sejam
encaminhados ao Egrégio Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul, na forma do
§3º do artigo 1.010 do Código de Processo Civil.
Requer o Apelado o benefício da gratuidade da justiça, nos termos dos artigos 98 e
99 do Código de Processo Civil.
Termos em que,
Pede deferimento.
Local..., data...
Advogado...OAB...
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Processo...
Recorrente...
Recorrido...
EGRÉGIO TRIBUNAL,
COLENDA CÂMARA,
NOBRES JULGADORES
II – DA TEMPESTIVIDADE:
O presente recurso adesivo é tempestivo, eis que interposto dentro do prazo legal de 15
dias para oferecimento das contrarrazões ao recurso de apelação, eis que o §2º, inciso I do
artigo 997 do Código de Processo Civil preconiza que o recurso adesivo será interposto no
prazo para oferecimento das contrarrazões, sendo este de 15 dias, conforme o artigo 1.010,
§1º e 1.003, §5º, ambos do Código de Processo Civil, computados somente os dias úteis, na
forma do artigo 219 do Código de Processo Civil, excluindo o dia do início e incluindo o dia
do vencimento, consoante o caput do artigo 224 do Código de Processo Civil.
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IV – RAZÕES RECURSAIS:
Atacar a sentença na parte que foi sucumbente. Apresentar as teses em tópicos.
V – DOS PEDIDOS:
Diante do exposto, requer o Recorrente:
a) A admissibilidade, conhecimento e processamento do presente recurso na forma
adesiva ao recurso de apelação, uma vez que preenchidos os pressupostos de
admissibilidade;
b) O total provimento do recurso adesivo para o fim de reformar a sentença de primeiro
grau na parte que deixou de condenar o Recorrido aos danos morais, para o fim de
condenar o mesmo no valor de R$ 50.000,00 a títulos de danos morais;
c) A inversão do ônus de sucumbência, condenado o Recorrido em custas e
honorários advocatícios;
d) A juntada do comprovante de recolhimento do preparo recursal, inclusive porte de
remessa e de retorno OU a concessão do benefício da gratuidade da justiça;
Termos em que,
Pede deferimento.
Local..., data...
Advogado...
OAB...
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4. Apelação
4.2 Cabimento
O recurso de apelação ataca a sentença de primeiro grau, seja sentença terminativa ou
definitiva, conforme previsão do caput do artigo 1.009 do CPC/15:
O CPC define sentença no artigo 203, §1º do CPC como “§ 1º Ressalvadas as disposições
expressas dos procedimentos especiais, sentença é o pronunciamento por meio do qual o juiz,
com fundamento nos arts. 485 e 487 , põe fim à fase cognitiva do procedimento comum, bem
como extingue a execução.” (BRASIL, 2015)
O objetivo do recurso de apelação é devolver o reexame da decisão judicial ao órgão
superior, com o objetivo de sua reforma, total ou parcial ou sua invalidação;
Art. 1.002. A decisão pode ser impugnada no todo ou em parte. (BRASIL, 2015)
NA REFORMA → o apelante busca uma nova decisão a ser proferida pelo tribunal, pois
nesse caso o juiz de direito não analisou detidamente as provas carreadas aos autos do processo
ou teve um entendimento equivocado. Por isso, o apelante requer uma nova decisão sobre o
processo. (VIANA, 2018, p. 353)
NA INVALIDAÇÃO → o apelante busca obter do tribunal a declaração de que a sentença
é inválida, porque houve um ato nulo no curso do processo e por esse motivo invalidou os atos
processuais que o sucederam, atingindo, inclusive, a sentença. Assim, o apelante pode pleitear
que o tribunal declare aquele ato absolutamente nulo, determinando que o processo seja refeito
e que o processo se reinicie a partir daquele momento processual. (VIANA, 2018, p. 353).
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Para cabimento da Apelação não importa se a sentença resolveu o mérito ou não, bem
como o procedimento em que a sentença foi prolatada (se procedimento comum ou especial),
nem se se trata de jurisdição voluntária ou contenciosa.
Ou seja, tanto faz se for uma sentença definitiva ou terminativa. A sentença definitiva ou
de mérito é aquela que põe fim ao procedimento de primeiro grau julgando o mérito, ou seja,
indicando quem tem razão na demanda: SE O AUTOR OU O RÉU. Já a sentença terminativa
ou processual é aquela que encerra a demanda sem julgar o mérito, porque houve uma nulidade
ou vício processual. Nesse caso, a ação poderá ser ajuizada novamente, uma vez que não houve
julgamento do mérito. (VIANA, 2018, p. 354).
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Observar, porém, caso a decisão do juiz seja a de julgar parcialmente o mérito, não
acabando assim com o processo, nestes casos, o recurso cabível é o de Agravo de Instrumento.
Exemplo: se o juiz antes da instrução já julgou procedente o pedido quanto ao dano material,
mas determinou prova quanto ao dano moral, houve julgamento parcial do mérito. Neste caso,
o recurso quanto ao dano material já julgado será o de agravo de instrumento. Verificar os artigos
356 e §5º e o artigo 487, I do CPC/15:
Art. 356. O juiz decidirá parcialmente o mérito quando um ou mais dos pedidos formulados
ou parcela deles:
I - mostrar-se incontroverso;
II - estiver em condições de imediato julgamento, nos termos do art. 355.
§5º A decisão proferida com base neste artigo é impugnável por agravo de instrumento.
(BRASIL, 2015)
Art. 487. Haverá resolução de mérito quando o juiz:
I - acolher ou rejeitar o pedido formulado na ação ou na reconvenção; (BRASIL, 2015)
Portanto, é de atentar para o fato de que sentença é a decisão do juiz de Primeiro Grau
que encerra uma fase do procedimento (art. 203, §1º do CPC). Já, a decisão interlocutória
também é decisão do juiz de Primeiro Grau, mas que não encerra o procedimento na instancia.
Ambas podem ter por conteúdo alguma situação dos artigos 485 e 487 do CPC. Porém, se for
decisão interlocutória e tiver por conteúdo uma das situações dos artigos 485 ou 487 do CPC a
decisão interlocutória será uma decisão parcial impugnável por meio de agravo de instrumento
(conforme art. 354, parágrafo único e artigo 1.015, II do CPC). (DIDIER JUNIOR; CUNHA, 2018,
p. 195-196)
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Art. 1.009
§1º As questões resolvidas na fase de conhecimento, se a decisão a seu respeito não
comportar agravo de instrumento, não são cobertas pela preclusão e devem ser
suscitadas em preliminar de apelação, eventualmente interposta contra a decisão final, ou
nas contrarrazões. (BRASIL, 2015)
§2º Se as questões referidas no § 1º forem suscitadas em contrarrazões, o recorrente será
intimado para, em 15 (quinze) dias, manifestar-se a respeito delas. (BRASIL, 2015)
Se na sentença o juiz confirma, concede ou revoga a tutela provisória: art. 1.013, §5º do
CPC: Se na sentença o juiz confirmar, conceder ou revogar a tutela provisória, isso será
impugnável na apelação. Então, se a decisão da tutela provisória for através de decisão
interlocutória (antes da sentença) caberá agravo de instrumento, conforme art. 1.015, I do CPC,
mas se na sentença o juiz se manifestar sobre tutela provisória, impugna na apelação, conforme
o §5º do art. 1.013 do CPC:
Cabe da sentença
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4.3 Do prazo
Ambas as petições acabam com pedido, local, data e assinatura do advogado, PORÉM EM
SE TRATANDO DE FGV ESSES DADOS DEVEM SER DE FORMA GENÉRICA COM OS ...
De acordo com o artigo 1.010 do CPC/15, a Apelação terá os seguintes elementos:
Art. 1.010. A apelação, interposta por petição dirigida ao juízo de primeiro grau, conterá:
I - os nomes e a qualificação das partes;
II - a exposição do fato e do direito;
III - as razões do pedido de reforma ou de decretação de nulidade;
IV - o pedido de nova decisão. (BRASIL, 2015)
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Como regra, a apelação é recebida nos efeitos devolutivo e suspensivo, ou seja, no duplo
efeito, consoante previsão do artigo 1.012 do CPC/15.
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§1º Serão, porém, objeto de apreciação e julgamento pelo tribunal todas as questões
suscitadas e discutidas no processo, ainda que não tenham sido solucionadas, desde que
relativas ao capítulo impugnado. (BRASIL, 2015)
A doutrina aponta atenção especial à parte final do art. 1.013, §1º do CPC “desde que
relativas ao capítulo impugnado”. Ou seja, deve ser deixado claro que é vedado ao Tribunal
conhecer de matérias vinculadas ao capítulo não impugnado, porque se considera que o
respectivo pedido transitou em julgado exatamente pela ausência de impugnação. (DONOSO;
SERAU JUNIOR, 2017, p. 163). No mesmo sentido está o enunciado 100 do FPPC: “100. (art.
1.013, § 1º, parte final) Não é dado ao tribunal conhecer de matérias vinculadas ao pedido
transitado em julgado pela ausência de impugnação”.
Possibilita-se o conhecimento pelo Tribunal de todos os elementos que estavam à
disposição do juízo de primeiro grau no momento em que este proferiu a decisão, até mesmo o
pedido subsidiário (art. 326) não apreciado pelo juiz, já que este teria acolhido o principal.
Enunciado 102 do FPPC: “102. (arts. 1.013, § 1º, e 326) O pedido subsidiário (art. 326) não
apreciado pelo juiz –que acolheu o pedido principal – é devolvido ao tribunal com a apelação
interposta pelo réu”. (DONOSO; SERAU JURNIO, 2017, p. 163).
Segundo os autores, também pegam carona no efeito devolutivo todos os fundamentos do
pedido ou da defesa, embora o juiz tenha acolhido apenas um deles (art. 1.013, §2º). É o caso
da multiplicidade de fundamentos para o pedido ou para a defesa. (DONOSO; SERAU JUNIOR,
2017, p. 163).
§ 2º Quando o pedido ou a defesa tiver mais de um fundamento e o juiz acolher apenas
um deles, a apelação devolverá ao tribunal o conhecimento dos demais. (BRASIL, 2015)
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considerados, até mesmo aquele referente à culpa contratual, que não havia sido considerada
na sentença. (DONOSO; SERAU JURNIO, 2017, p. 164).
Via de regra a apelação terá efeito suspensivo, conforme previsão do artigo 1.012, caput
do CPC. Ou seja, na apelação o efeito suspensivo decorre direta e automaticamente da lei, não
dependendo de requerimento do Apelante.
No entanto, o próprio §1º do artigo 1.012 estabelece as situações em que não terá efeito
suspensivo a Apelação:
Art. 1.012. A apelação terá efeito suspensivo.
§ 1o Além de outras hipóteses previstas em lei, começa a produzir efeitos imediatamente
após a sua publicação a sentença que:
I - homologa divisão ou demarcação de terras;
II - condena a pagar alimentos;
III - extingue sem resolução do mérito ou julga improcedentes os embargos do executado;
IV - julga procedente o pedido de instituição de arbitragem;
V - confirma, concede ou revoga tutela provisória;
VI - decreta a interdição. (BRASIL, 2015)
Conforme ensinam Donoso e Sarau Junior (2017, p. 169) conforme se verifica no §1º do
art. 1.012 do CPC o rol não é exaustivo, podendo haver outras situações que a apelação não
terá efeito suspensivo.
Não tendo efeito suspensivo, isso traz como consequência o fato de que uma vez publicada
a sentença, a parte desde já poderá pleitear o cumprimento provisório. No entanto, o apelante
poderá formular pedido de concessão de efeito suspensivo ao Tribunal:
§2º Nos casos do § 1o, o apelado poderá promover o pedido de cumprimento provisório
depois de publicada a sentença.
§3º O pedido de concessão de efeito suspensivo nas hipóteses do § 1o poderá ser
formulado por requerimento dirigido ao:
I - tribunal, no período compreendido entre a interposição da apelação e sua distribuição,
ficando o relator designado para seu exame prevento para julgá-la;
II - relator, se já distribuída a apelação.
§4º Nas hipóteses do § 1o, a eficácia da sentença poderá ser suspensa pelo relator se o
apelante demonstrar a probabilidade de provimento do recurso ou se, sendo relevante a
fundamentação, houver risco de dano grave ou de difícil reparação. (BRASIL, 2015)
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É de se apontar ainda que o juiz ao receber a Apelação não pode se retratar. No entanto,
há 03 exceções no CPC:
1º. NOS CASOS EM QUE O JUIZ INDEFERE A INICIAL → ART. 331 DO CPC:
Art. 331. Indeferida a petição inicial, o autor poderá apelar, facultado ao juiz, no prazo de
5 (cinco) dias, retratar-se. (BRASIL, 2015)
Art. 332. Nas causas que dispensem a fase instrutória, o juiz, independentemente da
citação do réu, julgará liminarmente improcedente o pedido que contrariar:
I - enunciado de súmula do Supremo Tribunal Federal ou do Superior Tribunal de Justiça;
II - acórdão proferido pelo Supremo Tribunal Federal ou pelo Superior Tribunal de Justiça
em julgamento de recursos repetitivos;
III - entendimento firmado em incidente de resolução de demandas repetitivas ou de
assunção de competência;
IV - enunciado de súmula de tribunal de justiça sobre direito local.
§1º O juiz também poderá julgar liminarmente improcedente o pedido se verificar, desde
logo, a ocorrência de decadência ou de prescrição.
§2º Não interposta a apelação, o réu será intimado do trânsito em julgado da sentença,
nos termos do art. 241.
§3º Interposta a apelação, o juiz poderá retratar-se em 5 (cinco) dias. (BRASIL, 2015)
Uma vez interposta a Apelação perante o juiz de primeiro grau, este intimará o Apelado
para querendo oferecer contrarrazões no prazo de 15 dias, conforme artigo 1.010, §1º do CPC.
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É de se destacar, que, conforme o §3º do artigo 1.010 do CPC, no novo CPC, o juiz de
primeiro grau não faz mais o exame de admissibilidade do recurso de Apelação. Ou seja, cabe
ao relator tão somente verificar se estão presentes os pressupostos de admissibilidade da
Apelação.
§1º O apelado será intimado para apresentar contrarrazões no prazo de 15 (quinze) dias.
§2º Se o apelado interpuser apelação adesiva, o juiz intimará o apelante para apresentar
contrarrazões.
§3º Após as formalidades previstas nos §§ 1º e 2º, os autos serão remetidos ao tribunal
pelo juiz, independentemente de juízo de admissibilidade. (BRASIL, 2015)
Tal dispositivo refere que em tais situações, se o processo estiver apto para julgamento, o
Tribunal deverá desde logo decidir o mérito, sem devolver o processo à origem. Ou seja, em tais
situações, não haverá a anulação da decisão, mas o julgamento imediato do mérito pelo tribunal.
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Não pode haver inovação na Apelação, via de regra. No entanto, o artigo 1014 do CPC/15
permite que a parte faça alegações sobre matéria ainda não deduzidas no Primeiro Grau, desde
que comprove que deixou de fazer oportunamente por motivo de força maior.
Art. 1.014. As questões de fato não propostas no juízo inferior poderão ser suscitadas na
apelação, se a parte provar que deixou de fazê-lo por motivo de força maior. (BRASIL,
2015)
Assim, caso o Apelante deseje manifestar questão nova deverá comprovar o motivo de
força maior. Mesmo entendimento no caso de pretender juntar novos documentos em sede de
Apelação.
Segundo Aguirre e Sá (2017, p. 83) a reforma da decisão possui caráter substitutivo, visto
que o acordão da apelação vai substituir a decisão de primeiro grau.
Nesse sentido é a previsão do artigo 1.008 do CPC:
Art. 1.008. O julgamento proferido pelo tribunal substituirá a decisão impugnada no que
tiver sido objeto de recurso. (BRASIL, 2015)
Já, segundo os autores mencionados, a invalidação tem o objetivo de anular a decisão de
primeiro grau para que seja proferida outra sentença. Neste caso, o pedido deve ser de
anular/nulidade a decisão de primeiro grau, com retorno dos autos ao juiz de primeiro grau para
a prolação de uma nova sentença.
Observar ainda a previsão do artigo 938, §1º do CPC: § 1 o “Constatada a ocorrência de
vício sanável, inclusive aquele que possa ser conhecido de ofício, o relator determinará a
realização ou a renovação do ato processual, no próprio tribunal ou em primeiro grau de
jurisdição, intimadas as partes”. Ou seja, de acordo com Tartuce e Dellore (2016, p. 382) → se
houver vício que possa ser sanado por providencias no próprio Tribunal, isso deverá ser feito,
em respeito ao princípio da celeridade processual.
Assim, nos casos de invalidação, o Tribunal não pode apenas reformar a decisão e sim
remeter os autos ao juiz de primeiro grau novamente para que seja proferida nova decisão
(Aguirre e Sá, 2017, p. 84). Ressalva quando o tribunal poderá desde já proferir nova decisão →
§3º e 4º do artigo 1.013 do CPC, inclusive quando julgar improcedente o pedido do autor por
acolher prescrição e decadência.
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EXEMPLO DE APELAÇÃO
Processo número...
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RECURSO DE APELAÇÃO,
contra a sentença de total procedência proferida nos autos da ação de reparação
de danos movida pelo NOME DO APELADO, nacionalidade..., estado civil..., profissão...,
portador da Cédula de Identidade..., CPF..., endereço eletrônico..., residente e
domiciliado na Rua..., número..., Bairro..., Cidade..., Estado..., CEP..., pelas razões
anexas.
Requer a intimação do Apelado para oferecer contrarrazões no prazo de 15 dias,
conforme previsão dos artigos 1.003, §5º e 1.010, §1º, ambos do Código de Processo
Civil.
Requer também que após o prazo do oferecimento das contrarrazões, os autos
sejam encaminhados ao Egrégio Tribunal de Justiça do Estado... para admissão,
processamento e julgamento, independente do juízo de admissibilidade, consoante
artigo 1.010, §3º do Código de Processo Civil;
Como se trata de decisão que julgou improcedente o pedido do Autor de
forma liminar, fundada no artigo 332, I do Código de Processo Civil requer
também o juízo de retratação pelo Juiz de Primeiro Grau, no prazo de 05 dias,
consoante previsão do §3º do CPC. (SOMENTE SE FOR HIPÓTESE DE
REQUERER ESSE JUÍZO DE RETRATAÇÃO).
Por fim, requer o Apelante a juntada do comprovante de preparo recursal, inclusive
porte de remessa e de retorno, na forma do artigo 1.007 do Código de Processo Civil.
Termos em que,
Pede deferimento.
Local..., data...
Advogado... OAB...
Apelante...
Apelado...
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Processo...
Egrégio Tribunal,
Colenda Câmara,
Nobres Julgadores,
I – CABIMENTO:
Demonstrar com fundamentação legal que cabe o respectivo recurso. Exemplo:
Justifica-se a interposição do recurso de Apelação, vez que a decisão atacada tem
natureza de sentença, na forma do artigo 203, §1º do Código de Processo Civil, pois
proferida por juiz de primeiro grau e que colocou fim à fase de conhecimento do
procedimento comum com resolução de mérito, tal qual previsão do artigo 487, II do
CPC, vez que reconheceu a prescrição do direito do Autor.
Dessa forma, prevê o artigo 994, I do CPC o cabimento do recurso de Apelação,
sendo que da sentença cabe apelação, tal qual reza o artigo 1.009, caput do Código de
Processo Civil.
II – TEMPESTIVIDADE:
Demonstrar que o recurso está sendo interposto dentro do prazo legal.
Exemplo: O presente recurso é tempestivo, eis que interposto dentro do prazo
legal de 15 dias, na forma do artigo 1003, §5º do CPC, cujo termo inicial é a intimação
do advogado, consoante artigo 1.003, caput do Código de Processo Civil, computando-
se somente os dias úteis, tal qual previsão do artigo 219 do Código de Processo Civil,
excluindo o dia do início e incluindo o dia do vencimento, conforme artigo 224, caput do
Código de Processo Civil.
IV – PRELIMINARMENTE:
Aqui caso haja de acordo com o enunciado alguma decisão interlocutória que foi
proferida e que não cabe Agravo de Instrumento deve ser atacada em preliminar de
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VI – DOS PEDIDOS:
Diante do exposto, requer o Apelante:
a) A admissibilidade, recebimento e conhecimento do presente Recurso de
Apelação, determinando seu devido processamento, eis que preenchidos os
pressupostos de admissibilidade;
b) O recebimento da Apelação no seu duplo efeito, suspensivo e devolutivo,
Termos em que,
Pede deferimento.
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Local..., data...
Advogado...
OAB...
ENUNCIADO:
Acácia celebrou com o Banco XXG contrato de empréstimo, no valor de R$ 480.000,00
(quatrocentos e oitenta mil reais), a ser quitado em 48 parcelas mensais de R$ 10.000,00 (dez
mil reais), para aquisição de um apartamento situado na cidade de Vitória, Espírito Santo,
concedendo em garantia, mediante alienação fiduciária, o referido apartamento, avaliado em R$
420.000,00 (quatrocentos e vinte mil reais). Após o pagamento das primeiras 12 parcelas
mensais, totalizando R$ 120.000,00 (cento e vinte mil reais), Acácia parou de realizar os
pagamentos ao Banco XXG, que iniciou o procedimento de execução extrajudicial da garantia
fiduciária, conforme previsto na Lei nº 9.514/97. Acácia foi intimada e não purgou a mora, e o
imóvel foi a leilão em duas ocasiões, não havendo propostas para sua aquisição, de modo que
houve a consolidação da propriedade do imóvel ao Banco XXG, com a quitação do contrato de
financiamento. Acácia ajuizou, em seguida, ação condenatória em face do Banco XXG,
distribuída para a 1ª Vara Cível de Vitória e autuada sob o nº 001234, sob a alegação de que,
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somados os valores do imóvel e das parcelas pagas, o Banco XXG teria recebido R$ 540.000,00
(quinhentos e quarenta mil reais), mais do que o valor concedido a título de empréstimo. Acácia
formulou pedido condenatório pretendendo o recebimento da diferença, ou seja, R$ 60.000,00
(sessenta mil reais), assim como postulou a concessão dos benefícios da justiça gratuita,
alegando não possuir condições financeiras para arcar com as custas processuais e os
honorários sucumbenciais. O Banco XXG, citado, apresentou sua contestação, afirmando que a
pretensão não encontraria respaldo jurídico, à luz do regime previsto na Lei nº 9.514/97,
requerendo a improcedência da pretensão. Demonstrou que Acácia possuiria 4 (quatro) imóveis,
além de participação societária em 3 (três) empresas, e condição financeira apta ao pagamento
das custas e dos honorários, requerendo o indeferimento da justiça gratuita à Acácia. O juiz
concedeu o benefício da justiça gratuita que havia sido postulado na inicial em decisão
interlocutória e, após, julgou procedentes os pedidos, condenando o Banco XXG a restituir o
valor de R$ 60.000,00 (sessenta mil reais) e a arcar com as custas processuais e os honorários
sucumbenciais em 10% do valor da condenação. A sentença foi publicada em 03/05/2021,
segunda-feira, sendo certo que não possui omissão, obscuridade ou contradição. Considerando
apenas as informações expostas, elabore, na qualidade de advogado(a) do Banco XXG, a peça
processual cabível para defesa dos interesses de seu cliente, que leve o tema à instância
superior, indicando seus requisitos e fundamentos, nos termos da legislação vigente. O recurso
deverá ser datado no último dia do prazo para apresentação. Desconsidere a existência de
feriados nacionais ou locais. (Valor: 5,00) Obs.: o(a) examinando(a) deve abranger todas os
fundamentos de Direito que possam ser utilizados para dar respaldo à pretensão. A mera citação
do dispositivo legal não confere pontuação.
A peça processual cabível é o recurso de apelação (Art. 1.009 do CPC), interposto no prazo
de 15 dias úteis, ou seja, em 24/05/2021.
O examinando deverá interpor o recurso em petição dirigida ao juízo de primeiro grau (Art.
1.010), contendo o nome e a qualificação das partes, além de requerer a intimação para
apresentação de contrarrazões e a remessa ao tribunal independentemente do juízo de
admissibilidade.
Nas razões recursais, deverá indicar os fatos ocorridos, bem como fundamentar
juridicamente seu pleito. Inicialmente, caberá formular pedido de revogação do benefício da
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justiça gratuita (Art. 1.009, §1º), porque não sujeita a recurso de Agravo (Art. 1.015). Deverá
indicar que Acácia possui 4 imóveis e participação societária em 3 empresas, possuindo
condições de arcar com custas e honorários, não sendo hipótese de incidência do Art. 98 do
CPC. No mérito, o examinando deverá alegar que o Banco XXG seguiu estritamente o
procedimento previsto no Art. 26 e no Art. 27, ambos da Lei nº 9.514/97, que prevê
expressamente o “perdão legal” no Art. 27, §§ 5º e 6º, in verbis: § 5º Se, no segundo leilão, o
maior lance oferecido não for igual ou superior ao valor referido no § 2º, considerar-se-á extinta
a dívida e exonerado o credor da obrigação de que trata o § 4º. § 6º Na hipótese de que trata o
parágrafo anterior, o credor, no prazo de cinco dias a contar da data do segundo leilão, dará ao
devedor quitação da dívida, mediante termo próprio.
O examinando deverá formular o pedido de reforma da decisão que concedeu a justiça
gratuita e da sentença, para julgar improcedente o pedido, com a condenação de Acácia ao
pagamento integral das custas e honorários, majorados para fase recursal (Art. 85 do CPC).
Deve, a seguir, proceder ao encerramento da peça.
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Ocorre que houve o pagamento por parte da apelada das primeiras 12 parcelas
mensais, totalizando R$ 120.000,00 (cento e vinte mil reais), sendo que a Apelada
parou de realizar os pagamentos ao Apelante, o qual, por sua vez, iniciou o
procedimento de execução extrajudicial da garantia fiduciária, conforme previsto na
Lei nº 9.514/97.
Intimada, a apelada Acácia não purgou a mora, e o imóvel foi a leilão em duas
ocasiões, e não havendo propostas para sua aquisição, ocorreu a consolidação da
propriedade do imóvel ao Banco Apelante, com a quitação do contrato de
financiamento. A Apelada, por sua vez, ajuizou, em seguida, ação condenatória em
face do Banco Apelante, a qual foi distribuída para a 1ª Vara Cível de Vitória e
autuada sob o nº 001234. Na referida ação, a Apelada alegou que, somados os
valores do imóvel e das parcelas pagas, o Apelante teria recebido R$ 540.000,00
(quinhentos e quarenta mil reais), mais do que o valor concedido a título de
empréstimo. A Apelada formulou pedido condenatório pretendendo o recebimento
da diferença, ou seja, R$60.000,00 (sessenta mil reais), e postulou a concessão dos
benefícios da justiça gratuita, sob a alegação de que não possuía condições
financeiras para arcar com as custas processuais e os honorários sucumbenciais.
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Processo Civil e artigo 5º, inciso LXXIV da Constituição Federal. Portanto, requer-se
a revogação da concessão do benefício da gratuidade da Justiça e a intimação da
Apelada para recolher as custas sob pena de extinção do processo sem resolução
de mérito, forte no artigo 102 do Código de Processo Civil.
V-DAS RAZÕES PARA REFORMA DA DECISÃO:
A decisão merecer ser reformada, conforme demonstra a seguir. Isso porque
a apelada Acácia está inadimplente, não tendo realizado os pagamentos devidos ao
Banco XXG, ora apelante, mesmo tendo sido notificada e constituída em mora.
A apelada havia concedido garantia da dívida, mediante alienação fiduciária de
imóvel, o qual, nos termos previstos no art. 26 da lei 9.514/97, em face da não
purgação da mora, consolidou a propriedade nas mãos do credor fiduciário, o Banco
XXG, ora apelante. Diante disto, o Banco apelante cumpriu integralmente a previsão
legislativa, nos termos do art. 27 da lei 9.514/97, promovendo leilão do imóvel
referido, por duas oportunidades, sem que, contudo, houvesse qualquer proposta
para aquisição do imóvel.
Com isto, o procedimento do art. 27, §5º, da lei 9.514/97 foi adotado, ou seja, não
tendo havido lance no segundo leilão, considera-se extinta a dívida e exonerado o
credor da obrigação de que trata o §4º, que seria a devolução ao devedor dos valores
que restarem após a dedução dos valores da dívida, despesas e encargos.
Desta forma, verifica-se a total observância ao procedimento previsto na lei
9.514/97, de forma que o apelante não tem obrigação de devolver a diferença
postulada pela apelada, devendo a decisão ser reformada, a fim de julgar totalmente
improcedente a demanda.
VI-DOS PEDIDOS:
Diante do exposto, requer o Apelante:
a) A admissibilidade e conhecimento do presente recurso de apelação, eis que
preenchidos todos os pressupostos recursais;
b) Preliminarmente, o acolhimento da preliminar de apelação para reformar a decisão
interlocutória e revogar a concessão do benefício da gratuidade da justiça à Autora;
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c) A intimação da Autora, ora Apelada, para recolher as custas no prazo fixado sob
pena de extinção do processo sem resolução de mérito, em razão da revogação do
benefício da gratuidade da justiça, consoante artigo 102 do Código de Processo Civil;
d) O total provimento do recurso de Apelação para o fim de reformar a sentença de
procedência e assim julgar totalmente improcedente os pedidos formulados pela
Apelada na Inicial;
e) A inversão do ônus de sucumbência e majoração dos honorários advocatícios em
sede recursal condenando a Apelada no pagamento das custas e honorários de
sucumbência.
Termos em que,
pede deferimento.
Local.... Data 24/05/2021,
Advogado...
OAB...
ITEM PONTUAÇÃO
Endereçamento
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Razões Recursais
Pedidos
Fechamento
ENUNCIADO:
Ricardo, cantor amador, contrata Luiz, motorista de uma grande empresa, para transportá-
lo, no dia 2 de março de 2017, do Município Canto Distante, pequena cidade no interior do Estado
do Rio de Janeiro onde ambos são domiciliados, até a capital do Estado. No referido dia, será
realizada, na cidade do Rio de Janeiro, a primeira pré-seleção de candidatos para participação
de um concurso televisivo de talentos musicais, com cerca de vinte mil inscritos. Os mil melhores
candidatos pré-selecionados na primeira fase ainda passarão por duas outras etapas
eliminatórias, até que vinte sejam escolhidos para participar do programa de televisão.
Luiz costuma fazer o transporte de amigos nas horas vagas, em seu veículo particular, para
complementar sua renda; assim, prontamente aceita o pagamento antecipado feito por Ricardo.
No dia 2 de março de 2017, Luiz se recorda de que se esquecera de fazer a manutenção
periódica de seu veículo, motivo pelo qual não considera seguro pegar a estrada. Assim,
comunica a Ricardo que não poderá transportá-lo naquele dia, devolvendo-lhe o valor que lhe
fora pago.
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Ricardo acaba não realizando a viagem até o Rio de Janeiro e, assim, não participa da pré-
seleção do concurso. Inconformado, Ricardo ingressa com ação indenizatória em face de Luiz
menos de um mês após o ocorrido, pretendendo perdas e danos pelo inadimplemento do
contrato de transporte e indenização pela perda de uma chance de participar do concurso.
A ação foi regularmente distribuída para a Vara Cível da Comarca de Canto Distante do
Estado do Rio de Janeiro. Citado, o réu alegou em contestação que Ricardo errou ao não tomar
um ônibus na rodoviária da cidade, o que resolveria sua necessidade de transporte. Ao final da
instrução processual, é proferida sentença de total procedência do pleito autoral, tendo o juízo
fundamentado sua decisão nos seguintes argumentos:
i) o inadimplemento contratual culposo foi confessado por Luiz, devendo ele arcar com
perdas e danos, nos termos do Art. 475 do Código Civil, arbitrados no montante de cinco vezes
o valor da contraprestação originalmente acordada pelas partes;
ii) o fato de Ricardo não ter contratado outro tipo de transporte para o Rio de Janeiro não
interrompe o nexo causal entre o inadimplemento do contrato por Luiz e os danos sofridos;
iii) Ricardo sofreu evidente perda da chance de participar do concurso, motivo pelo qual
deve ser indenizado em montante arbitrado pelo juízo em um quarto do prêmio final que seria
pago ao vencedor do certame.
Na qualidade de advogado(a) de Luiz, indique o meio processual adequado à tutela integral
do seu direito, elaborando a peça processual cabível no caso, excluindo-se a hipótese de
embargos de declaração, indicando os seus requisitos e fundamentos nos termos da legislação
vigente. (Valor: 5,00)
Obs.: a peça deve abranger todos os fundamentos de Direito que possam ser utilizados
para dar respaldo à pretensão. A simples menção ou transcrição do dispositivo legal não confere
pontuação.
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Deve-se buscar a tutela integral do interesse do réu, pugnando-se ao final pela integral
reforma da sentença. O recurso deve impugnar especificamente os três fundamentos da
sentença, nos seguintes termos:
i) A hipótese é de responsabilidade contratual, isto é, oriunda do inadimplemento do negócio
firmado entre as partes, motivo pelo qual o Art. 475 do Código Civil reconhece ao credor
inadimplido o direito de pedir a resolução e cobrar perdas e danos. No entanto, essa indenização
depende da demonstração de algum prejuízo efetivamente sofrido pelo credor, não decorrendo
do simples fato da resolução. Não se justifica, assim, o arbitramento realizado pelo juízo
sentenciante, desamparado por qualquer elemento probatório, até porque Ricardo aceitou
espontaneamente o preço pago como forma de resolução do contrato.
ii) O fato de Ricardo não ter tomado nenhuma medida para, minorando as consequências
do inadimplemento, realizar a viagem para o Rio de Janeiro configura fato concorrente da vítima,
nos termos do Art. 945 do Código Civil. Assim, caso se reconheça algum dano imputável a Luiz,
o montante indenizatório deverá ser reduzido proporcionalmente ao fato concorrente de Ricardo.
iii) Nos moldes de seu desenvolvimento doutrinário e jurisprudencial, a figura da perda de
uma chance exige, para a sua configuração, que exista a probabilidade séria e real de obtenção
de um benefício, o que não restou demonstrado no presente caso, tendo em vista que não havia
certeza mínima sequer quanto à participação de Ricardo do concurso televisivo.
Por fim, o fechamento da peça: local, data, assinatura e OAB.
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Em junho de 2009, Soraia, adolescente de 13 anos, perde a visão do olho direito após
explosão de aparelho de televisão, que atingiu superaquecimento após permanecer 24 horas
ligado ininterruptamente. A TV, da marca Eletrônicos S/A, fora comprada dois meses antes pela
mãe da vítima.
Exatos sete anos depois do ocorrido, em junho de 2016, a vítima propõe ação de
indenização por danos morais e estéticos em face da fabricante do produto.
Na petição inicial, a autora alegou que sofreu dano moral e estético em razão do acidente
de consumo, atraindo a responsabilidade pelo fato do produto, sendo dispensada a prova da
culpa, razão pela qual requer a condenação da ré ao pagamento da quantia de R$ 50.000,00
(cinquenta mil reais) a título de danos morais e R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais) pelos danos
estéticos sofridos.
No mais, realizou a juntada de todas as provas documentais que pretende produzir,
inclusive laudo pericial elaborado na época, apontando o defeito do produto, destacando, desde
já, a desnecessidade de dilação probatória. Recebida a inicial, o magistrado da 1ª Vara Cível da
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Tribunal examine as demais questões, sem determinar o retorno do processo ao juízo de primeiro
grau, na forma do Art. 1.013, §4º, do CPC/15.
Quanto ao primeiro ponto, deve-se sustentar a existência de relação de consumo entre a
autora da ação, vítima de acidente de consumo, e a ré, fabricante do produto defeituoso que lhe
causou dano moral e estético.
Nesse caso, a despeito de não ter participado, como parte, da relação contratual de compra
e venda do produto, a autora é qualificada como consumidora, pois, nas hipóteses de
responsabilidade pelo fato do produto, é consumidor toda pessoa que "utiliza o produto ou
serviço como destinatário final" (art. 2º, caput, do CDC), assim como “equiparam-se aos
consumidores todas as vítimas do evento” (Art. 17 do CDC).
Presente a relação de consumo, deve-se postular pelo julgamento do mérito, sem
necessidade de retorno dos autos à instância inferior, alegando que a fabricante responde,
independentemente de culpa, pelos danos causados por defeitos de fabricação de produtos que
ponham em risco a segurança dos consumidores, como ocorreu no caso vertente (Art. 12, caput
e §1º, do CDC).
Quanto ao segundo capítulo da sentença, deve-se pretender o afastamento da prescrição.
Isso porque não corre prescrição contra absolutamente incapaz (Art. 198, inciso I, do CC), razão
pela qual o termo inicial de contagem do prazo prescricional de 5 (cinco) anos (Art. 27 do CDC)
efetivou-se apenas em 2012, quando a autora completou 16 anos, tornando-se relativamente
capaz. Dessa forma, a prescrição de sua pretensão ocorreria apenas em 2017.
Nessa linha, deve-se requerer a reforma da sentença para que o pedido seja julgado, desde
logo, procedente, mediante o reconhecimento da relação de consumo e o afastamento da
prescrição, dando provimento integral ao recurso de apelação, com o julgamento do mérito da
demanda, na medida em que o feito se encontra maduro para julgamento.
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Processo...
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endereço eletrônico..., com sede na Rua..., número..., Bairro..., Cidade..., Estado..., CEP...,
pelas razões que seguem em anexo.
Inicialmente, requer a intimação do Apelado para oferecer contrarrazões no prazo legal
de 15 dias, conforme previsão dos artigos 1.003, §5º e 1.010, §1º, ambos do Código de
Processo Civil.
Requer, também, que após o prazo das contrarrazões sejam os autos remetidos ao
Egrégio Tribunal de Justiça do Estado...
Por fim, requer a juntada do comprovante de recolhimento do preparo recursal, inclusive
porte de remessa e de retorno, na forma do artigo 1.007, caput, do Código de Processo Civil.
Termos em que,
Pede deferimento.
Local..., Data...
Advogado... OAB...
Egrégio Tribunal,
Colenda Câmara,
Nobres Julgadores.
I – DO CABIMENTO:
O presente recurso de Apelação é o adequado, pois a decisão recorrida tem força de
sentença, uma vez que o juiz de Primeiro Grau proferiu julgamento antecipado, colocando
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fim à fase cognitiva do procedimento comum, conforme previsão do artigo 203, §1º do
Código de Processo Civil, extinguindo o processo com resolução de mérito, pois decretou
a improcedência dos pedidos da Apelante reconhecendo a prescrição, tal qual previsão dos
artigos 487, inciso I e II e 490, ambos do Código de Processo Civil. Nesse sentido, dispõe
o artigo 1.009, caput do Código de Processo Civil que da sentença cabe Apelação, sendo
este recurso previsto no artigo 994, inciso I do Código de Processo Civil.
II – DA TEMPESTIVIDADE:
O presente recurso é tempestivo, eis que interposto dentro do prazo legal de 15 dias,
na forma do artigo 1.003, §5º do Código de Processo Civil, contados da intimação do
Advogado, consoante determina o caput do artigo 1.003 do Código de Processo Civil,
computando-se somente os dias úteis na forma do artigo 219 do Código de Processo Civil,
excluindo-se o dia do início e incluindo o dia do vencimento, tal qual preceitua o artigo 224,
caput do Código de Processo Civil.
III – DA SÍNTESE DA DEMANDA:
A Apelante ingressou com ação de indenização por danos morais e estéticos em face
da Empresa Apelada pelo fato de ter perdido a visão do olho direito, pois em junho de 2009,
quando a Apelante tinha 13 anos de idade o aparelho de televisão da marca ELETRÔNICOS
S.A explodiu em razão de um superaquecimento pelo fato de ter permanecido ligado 24
horas ininterruptamente. A referida TV fora comprada pela mãe da Apelante, dois meses
antes do ocorrido.
Em razão desse fato, a Apelante sofreu danos morais e estéticos, requerendo na
Inicial a condenação da Apelada ao pagamento da quantia de R$ 50.000,00 (cinquenta mil
reais) a título de danos morais e R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais) a título de danos estéticos
sofridos, sendo dispensada a prova da culpa, uma vez que se trata de responsabilidade pelo
fato do produto.
A Apelante juntou todas as provas documentais necessárias, dentre as quais, o laudo
pericial realizado na época, que apontou defeito no produto, indicando, ainda, a
desnecessidade de maior dilação probatória.
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V- DOS PEDIDOS:
Diante do exposto, requer a Apelante:
a) A admissibilidade e o conhecimento do presente recurso de Apelação, pois
preenchidos os requisitos de admissibilidade;
b) O recebimento do presente recurso nos seus efeitos devolutivo e suspensivo,
conforme previsão dos artigos 1.013, caput e 1.012, caput, ambos do Código de
Processo Civil;
c) O total provimento do recurso para o fim de reconhecer a relação de Consumo
entre as partes e afastar a prescrição aplicada pelo juízo de primeiro grau, com a
procedência dos pedidos deduzidos pela Apelante na Inicial;
d) O julgamento pelo Tribunal do mérito do recurso, sem necessidade de retorno dos
autos ao primeiro grau, na forma do artigo 1.013, §4º do Código de defesa do
Consumidor;
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Local..., data...
Advogado...
OAB...
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Processo número...
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Termos em que,
Pede deferimento.
Local..., data...
Advogado...
OAB...
Processo...
Apelante: NOME DO APELANTE
Apelado: NOME DO APELADO
EGRÉGIO TRIBUNAL,
COLENDA CÂMARA,
NOBRES JULGADORES.
I – DA TEMPESTIVIDADE:
Demonstrar a tempestividade das contrarrazões, destacando que são
apresentadas dentro do prazo legal de 15 dias, na forma do artigo 1.010, §1º e 1.003,
§5º do CPC, computados somente os dias úteis na forma do artigo 219 do CPC, e
excluindo o dia do início e incluindo o dia do vencimento, na forma do artigo 224, caput
do CPC.
II – CABIMENTO:
Demonstrar o cabimento da peça, que é a peça de resposta ao recurso. Usar como
fundamento a previsão. Ex: 1.010, §1º do CPC, se fosse o recurso de apelação
III – SÍNTESE DA DEMANDA:
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5. Agravo de Instrumento
Previsão legal:
Art. 994, II e 1.015 a 1.020 do CPC/15.
Cabimento:
O recurso de agravo de instrumento ataca as decisões interlocutórias, conforme disposição do
caput do artigo 1.015 do CPC. Porém, é de se ressaltar que nem toda decisão interlocutória seria
passível
A decisão interlocutória está definida no artigo 203, §2º do CPC, e justamente é um
conceito por exclusão, ou seja, que não se enquadra em sentença.
As decisões interlocutórias são aquelas proferidas no curso do processo pelo juiz, mas
que não implicam no seu encerramento, tampouco finalizam uma de suas fases.
No que tange à decisão interlocutória TARTUCE e DELLORE (2016, p. 351) esclarecem:
“como demonstra a própria formação da palavra, inter significa “entre” e “locutório” vem de
locutus, fala. A decisão interlocutória é a proferida entre falas: entre a primeira fala do processo
(que é do autor na petição inicial) e a última (que será do juiz, na sentença), muitas decisões
deverão ser proferidas”.
As decisões interlocutórias que não são recorríveis por agravo de instrumento deverão ser
impugnadas em sede de preliminar do recurso de Apelação ou nas contrarrazões, conforme
preceitua o art. 1.009, §1º, do CPC/15:
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ATENÇÃO: quando for possível interpor agravo de instrumento → e não for interposto preclui.
Art. 1.015. Cabe agravo de instrumento contra as decisões interlocutórias que versarem
sobre:
I - tutelas provisórias;
II - mérito do processo;
III - rejeição da alegação de convenção de arbitragem;
IV - incidente de desconsideração da personalidade jurídica;
V - rejeição do pedido de gratuidade da justiça ou acolhimento do pedido de sua
revogação;
VI - exibição ou posse de documento ou coisa;
VII - exclusão de litisconsorte;
VIII - rejeição do pedido de limitação do litisconsórcio;
IX - admissão ou inadmissão de intervenção de terceiros;
X - concessão, modificação ou revogação do efeito suspensivo aos embargos à execução;
XI - redistribuição do ônus da prova nos termos do art. 373, §1º;
XII - (VETADO);
XIII - outros casos expressamente referidos em lei.
Parágrafo único. Também caberá agravo de instrumento contra decisões interlocutórias
proferidas na fase de liquidação de sentença ou de cumprimento de sentença, no processo
de execução e no processo de inventário. (BRASIL, 2015)
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VIII - no agravo de instrumento interposto contra decisões interlocutórias que versem sobre
tutelas provisórias de urgência ou da evidência; (BRASIL, 2015)
→ Observar que, conforme previsão do art. 1.013, §5º do CPC, se a decisão acerca da
tutela provisória for proferida na sentença → cabe apelação e não agravo de instrumento:
Art. 356. O juiz decidirá parcialmente o mérito quando um ou mais dos pedidos formulados
ou parcela deles:
I - mostrar-se incontroverso;
II - estiver em condições de imediato julgamento, nos termos do art. 355.
§5º A decisão proferida com base neste artigo é impugnável por agravo de instrumento.
(BRASIL, 2015)
Conforme a previsão do §5º do artigo 356 quando houver essa decisão PARCIAL acerca
do mérito, o recurso cabível é o de Agravo de Instrumento.
O artigo 354, parágrafo único também estabelece que naquelas situações será cabível
AGRAVO DE INSTRUMENTO.
Vide artigo 354, parágrafo único do CPC:
Art. 354. Ocorrendo qualquer das hipóteses previstas nos arts. 485 e 487, incisos II e III ,
o juiz proferirá sentença.
Parágrafo único. A decisão a que se refere o caput pode dizer respeito a apenas parcela
do processo, caso em que será impugnável por agravo de instrumento. (BRASIL, 2015)
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Como exemplo pode ser citado: “Imagina-se determinada ação, em que o autor formula
em cumulação simples dois pedidos: pedido 01 e pedido 02. O pedido 01 prescreveu, porém, o
pedido 02 pode ser processado normalmente até a decisão final de acolhimento ou rejeição. No
caso, por decisão interlocutória, será pronunciada a prescrição do pedido 01, prosseguindo-se o
processo com relação ao pedido 02”. Assim, é inegável que tal decisão é interlocutória, porque
simplesmente não encontra encaixe no conceito de sentença. Também, trata-se de decisão que
versa sobre o mérito do processo, consoante previsão do art. 487, II do CPC. (DONOSO; SERAU
JUNIOR, 2017, p. 203).
Na mesma linha há o entendimento acerca da ação de exigir contas, no que tange à
decisão do §5º do art. 550 do CPC, no sentido do Enunciado 177 do FPPC: “177. (arts. 550, § 5º
e 1.015, inc. II) A decisão interlocutória que julga procedente o pedido para condenar o réu a
prestar contas, por ser de mérito, é recorrível por agravo de instrumento”. (DONOSO; SERAU
JUNIOR, 2017, p. 203)
Ressalta-se que é indiferente o conteúdo da decisão de mérito, se conceder ou rejeitar o
pedido relativo ao mérito no curso do processo, basta que a decisão seja interlocutória e de
mérito para que caiba o Agravo de Instrumento. (DONOSO; SERAU JUNIOR, 2017, p. 203).
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juiz acata a alegação de convenção de arbitragem e sentencia o feito, que neste caso é extinto
sem resolução de mérito (art. 485, VII, CPC), o recurso cabível contra esta decisão é apelação;
contudo, se o juiz rejeitar a alegação, esta decisão poderá ser impugnada por meio de agravo
de instrumento”.
Então, podem ocorrer duas situações:
1°. Se o juiz aceitar a alegação de existência da convenção de arbitragem e proferir
sentença extinguindo o processo sem resolução de mérito, com base no artigo 485, VII do CPC
→ o recurso é APELAÇÃO.
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ATENÇÃO!
Lembre-se que a desconsideração da personalidade jurídica pode ser requerida:
Qualquer que seja a decisão do juiz acerca do incidente, seja rejeitando o pedido ou
acatando à cabe agravo de instrumento. (ARAÚJO JUNIOR, 2016, p. 37)
Observar, no entanto, se o incidente se deu no tribunal – seja em razão da competência
originária, seja porque o incidente foi deflagrado somente em âmbito recursal, neste caso a
decisão será de competência do relator (art. 932, VI do CPC) contra a qual caberá agravo interno
(art. 136, parágrafo único e 1.021, ambos do CPC). (DONOSO; SERAU JUNIOR, 2017, p. 205).
Art. 99. O pedido de gratuidade da justiça pode ser formulado na petição inicial, na
contestação, na petição para ingresso de terceiro no processo ou em recurso.
§1º Se superveniente à primeira manifestação da parte na instância, o pedido poderá ser
formulado por petição simples, nos autos do próprio processo, e não suspenderá seu
curso. (BRASIL, 2015)
Art. 100. Deferido o pedido, a parte contrária poderá oferecer impugnação na contestação,
na réplica, nas contrarrazões de recurso ou, nos casos de pedido superveniente ou
formulado por terceiro, por meio de petição simples, a ser apresentada no prazo de 15
(quinze) dias, nos autos do próprio processo, sem suspensão de seu curso. (BRASIL,
2015)
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Art. 101. Contra a decisão que indeferir a gratuidade ou a que acolher pedido de sua
revogação caberá agravo de instrumento, exceto quando a questão for resolvida na
sentença, contra a qual caberá apelação. (BRASIL, 2015)
Lembrar, então, que se a decisão for conceder o benefício → não cabe agravo de
instrumento, somente se rejeitar o pedido ou revogar.
Contra essa decisão que determina ou rejeita a exibição de documento ou coisa cabe o
recurso de Agravo de Instrumento. (ARAÚJO JUNIOR, 2016, p. 37)
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§1º O juiz poderá limitar o litisconsórcio facultativo quanto ao número de litigantes na fase
de conhecimento, na liquidação de sentença ou na execução, quando este comprometer
a rápida solução do litígio ou dificultar a defesa ou o cumprimento da sentença.
§2º O requerimento de limitação interrompe o prazo para manifestação ou resposta, que
recomeçará da intimação da decisão que o solucionar. (BRASIL, 2015)
Portanto, é cabível Agravo de Instrumento contra a decisão que nega o pedido de limitação
do número de litisconsortes.
5.9 Admissão ou inadmissão de intervenção de terceiros
No Código de Processo Civil de 2015, cinco são as formas de intervenção de terceiros.
Assistência
Formas de intervenção de terceiros
Denunciação a lide
Chamamento ao processo
Amicus curiae
Incidente de
desconsideração da
personalidade jurídica
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Ou seja, via de regra, os embargos não possuem efeito suspensivo, mas o juiz poderá, a
requerimento do embargante, atribuir efeito suspensivo aos embargos, quando verificar que
estão presentes os requisitos para concessão da tutela provisória, e desde que a execução esteja
garantia por penhora, deposito ou caução. (ARAÚJO JUNIOR, 2016, p. 38)
5.11 Redistribuição do ônus da prova nos termos do artigo 373, §1º do CPC
O artigo 373 estabelece o ônus da prova:
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§3º A distribuição diversa do ônus da prova também pode ocorrer por convenção das
partes, salvo quando:
I - recair sobre direito indisponível da parte;
II - tornar excessivamente difícil a uma parte o exercício do direito.
§4º A convenção de que trata o § 3o pode ser celebrada antes ou durante o processo.
(BRASIL, 2015)
Então, caberá agravo de instrumento dessa decisão do juiz que inverte o ônus da prova
com base no artigo 373, §1º do CPC. Ou seja, que inverte a determinação estabelecida nos
incisos do artigo 373 do CPC.
Art. 354. Ocorrendo qualquer das hipóteses previstas nos arts. 485 e 487, incisos II e III,
o juiz proferirá sentença.
Parágrafo único. A decisão a que se refere o caput pode dizer respeito a apenas parcela
do processo, caso em que será impugnável por agravo de instrumento. (BRASIL, 2015)
Art. 356. O juiz decidirá parcialmente o mérito quando um ou mais dos pedidos formulados
ou parcela deles:
I - mostrar-se incontroverso;
II - estiver em condições de imediato julgamento, nos termos do art. 355.
§5º A decisão proferida com base neste artigo é impugnável por agravo de
instrumento.(BRASIL, 2015)
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Ou seja, conforme o artigo 1.037, §13º do CPC/15, cabe agravo de instrumento contra a
decisão que indefere pedido de distinção do processo sobrestado em incidente de recursos
repetitivos quando o processo estiver em primeiro Grau. (ARAÚJO JUNIOR, 2016, p. 39)
O STJ, porém, afetou o Tema 988 ao procedimento dos recursos repetitivos, para enfim
uniformizar o entendimento acerca da melhor interpretação do artigo 1.015. Assim, em
5/12/2018, firmou precedente de eficácia vinculante no sentido de que o agravo de
instrumento também pode ser interposto nos casos em que, não obstante ausente
disposição expressa no rol disposto pelo artigo 1.015 do CPC/2015, haja urgência
consubstanciada na inutilidade da medida quando da impugnação à decisão interlocutória
somente via apelação. Com isso, a corte declarou que o rol do artigo 1.015 é de
“taxatividade mitigada”, a ser aferida em cada caso. (LUZ, Eduardo Calich. A modulação
dos efeitos da decisão vinculante do STJ sobre admissão do agravo. Disponível em:
https://www.conjur.com.br/2019-abr-09/eduardo-luz-efeitos-decisao-stj-admissao-
agravo).
5.14 Prazo para interposição do agravo de instrumento
Prazo de 15 dias para interposição do agravo de instrumento, mesmo prazo para
oferecimento das contrarrazões.
ATENÇÃO!
O prazo para a interposição do agravo de instrumento e contrarrazões é de 15 dias.
Art. 1.003. O prazo para interposição de recurso conta-se da data em que os advogados,
a sociedade de advogados, a Advocacia Pública, a Defensoria Pública ou o Ministério
Público são intimados da decisão.
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Art. 995. Os recursos não impedem a eficácia da decisão, salvo disposição legal ou
decisão judicial em sentido diverso.
Parágrafo único. A eficácia da decisão recorrida poderá ser suspensa por decisão do
relator, se da imediata produção de seus efeitos houver risco de dano grave, de difícil ou
impossível reparação, e ficar demonstrada a probabilidade de provimento do recurso.
(BRASIL, 2015)
Porém, o Agravante poderá, com base no artigo 1.019, I do CPC, requerer que o relator, ao
receber o Agravo de Instrumento, atribua efeito suspensivo ou deferir, em antecipação de tutela,
total ou parcialmente, a pretensão recursal:
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Será requerido toda vez que o juiz der uma decisão Será requerida toda vez que o juiz der uma decisão
POSITIVA apta a prejudicar os interesses da parte a NEGATIVA apta a prejudicar os interesses da parte a ser
ser defendida. Há, na decisão, uma determinação no defendida. Há, na decisão, uma denegação de algo que
sentido de que algo seja cumprido; o magistrado lhe é necessário; o juiz nega algo que a parte por você
concede algo que lhe trará prejuízos. Efeito defendida precisa com urgência. O efeito ativo é concedido
suspensivo é requerido porque a outra parte pleiteou porque a própria parte requereu algo que foi negado.
algo e o juiz concedeu. FUNDAMENTO: ARTIGO 300 E 1.019, I, AMBOS DO
FUNDAMENTO: 995, PARÁGRAFO ÚNICO E 1.019, I CPC;
AMBOS DO CPC;
FONTE: AGUIRRE, João; SÁ, Renato Montans de. Prática Civil. 7ª ed. São Paulo: Saraiva, 2017, p. 95.
Ainda, poderá haver a retratação pelo juiz de primeiro grau. Ou seja, conforme Führer e
Führer (2016, p. 199): “Ao tomar conhecimento do agravo, pela juntada de cópia do mesmo aos
autos, pode o juiz reformar sua decisão, comunicando o fato ao tribunal. A reforma integral da
decisão pelo juiz da causa prejudica o agravo de instrumento no tribunal (art. 1.018, §1º).
Art. 1.016. O agravo de instrumento será dirigido diretamente ao tribunal competente, por
meio de petição com os seguintes requisitos:
I - os nomes das partes;
II - a exposição do fato e do direito;
III - as razões do pedido de reforma ou de invalidação da decisão e o próprio pedido;
IV - o nome e o endereço completo dos advogados constantes do processo. (BRASIL,
2015)
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da citação do Réu, e o Autor quiser agravar, deve mencionar tal situação no recurso. (TARTUCE;
DELLORE, 2016, p. 358)
Além do artigo 1.016 do CPC/15, o Agravante deve cumprir os requisitos do artigo 1.017 do
CPC/15:
Art. 1.017. A petição de agravo de instrumento será instruída:
I - obrigatoriamente, com cópias da petição inicial, da contestação, da petição que ensejou
a decisão agravada, da própria decisão agravada, da certidão da respectiva intimação ou
outro documento oficial que comprove a tempestividade e das procurações outorgadas
aos advogados do agravante e do agravado;
II - com declaração de inexistência de qualquer dos documentos referidos no inciso I, feita
pelo advogado do agravante, sob pena de sua responsabilidade pessoal;
III - facultativamente, com outras peças que o agravante reputar úteis.
§1º Acompanhará a petição o comprovante do pagamento das respectivas custas e do
porte de retorno, quando devidos, conforme tabela publicada pelos tribunais. (BRASIL,
2015)
§5º Sendo eletrônicos os autos do processo, dispensam-se as peças referidas nos incisos
I e II do caput, facultando-se ao agravante anexar outros documentos que entender úteis
para a compreensão da controvérsia.
Art. 1.017. A petição de agravo de instrumento será instruída:
I - obrigatoriamente, com cópias da petição inicial, da contestação, da petição que ensejou
a decisão agravada, da própria decisão agravada, da certidão da respectiva intimação ou
outro documento oficial que comprove a tempestividade e das procurações outorgadas
aos advogados do agravante e do agravado;
II - com declaração de inexistência de qualquer dos documentos referidos no inciso I, feita
pelo advogado do agravante, sob pena de sua responsabilidade pessoal; (BRASIL, 2015)
O artigo 1.106, nos incisos II e III refere que o Agravo de Instrumento trará a exposição de
fato e de direito, bem como as razões do pedido de reforma ou invalidação da decisão agravada.
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Ou seja, deve indicar o recorrente o que pretende ver modificado, indicando os fundamentos
para tanto.
As peças que acompanham o agravo de instrumento não precisam ser autenticadas em
cartório, bastando que o advogado, sob sua responsabilidade pessoal, declare a sua
autenticidade, conforme previsão do art. 425, IV, do CPC:
O artigo 1.106, nos incisos II e III refere que o Agravo de Instrumento trará a exposição de
fato e de direito, bem como as razões do pedido de reforma ou invalidação da decisão agravada.
Ou seja, deve indicar o recorrente o que pretende ver modificado, indicando os fundamentos
para tanto.
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Art. 1.018. O agravante poderá requerer a juntada, aos autos do processo, de cópia da
petição do agravo de instrumento, do comprovante de sua interposição e da relação dos
documentos que instruíram o recurso. (BRASIL, 2015)
A referida previsão visa possibilitar o juízo de retratação pelo juiz de primeiro grau, bem
como possibilitar a ciência do Agravado sobre o recurso interposto.
Caso não seja atendida essa previsão, acarreta a inadmissibilidade do recurso pelo
Tribunal, desde que seja arguido pelo Agravado e provada por este.
§2º Não sendo eletrônicos os autos, o agravante tomará a providência prevista no caput,
no prazo de 3 (três) dias a contar da interposição do agravo de instrumento.
§3º O descumprimento da exigência de que trata o § 2o, desde que arguido e provado
pelo agravado, importa inadmissibilidade do agravo de instrumento.
Caso ocorra a interposição do Agravo com a falta de alguma peça obrigatória, ou haja algum
vício que comprometa que o Agravo seja recebido, deve o relator antes de considerar
inadmissível o Agravo de Instrumento, deve o relator conceder ao Agravante o prazo de 05 dias
para que seja sanado o vício ou complementada a documentação.
Então, protocolado o Agravo, o Recurso será imediatamente encaminhado ao Tribunal,
distribuído e concluso ao relator para, não sendo o caso de aplicação do artigo 932, incisos III a
IV do CPC, aplicar:
Art. 932. Incumbe ao relator:
III - não conhecer de recurso inadmissível, prejudicado ou que não tenha impugnado
especificamente os fundamentos da decisão recorrida;
IV - negar provimento a recurso que for contrário a:
a) súmula do Supremo Tribunal Federal, do Superior Tribunal de Justiça ou do próprio
tribunal;
b) acórdão proferido pelo Supremo Tribunal Federal ou pelo Superior Tribunal de Justiça
em julgamento de recursos repetitivos;
c) entendimento firmado em incidente de resolução de demandas repetitivas ou de
assunção de competência; (BRASIL, 2015)
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Conforme o artigo 1.019, II do CPC o agravado deve ser intimado para responder caso já
tenha sido citado. “Caso o réu não tenha advogado constituído nos autos, deverá ser intimado
pessoalmente (...). De acordo com o §1º do art. 1.018 do CPC/2015, se o juiz informar que
reformou inteiramente a decisão agravada, o relator considerará prejudicado o agravo de
instrumento. Realizado juízo de retratação, o agravo de instrumento interposto perde o objeto”.
(MEDINA, 2016, p. 1341-1342)
Ainda, segundo Medina (2016, p. 1342) caso o relator profira decisão no sentido de não
conhecer ou julgando o mérito do agravo de forma monocrática, caberá o agravo interno, o
mesmo ocorrendo, por exemplo, no que se refere à decisão que aprecie o requerimento de
concessão do efeito suspensivo ou de antecipação dos efeitos da tutela.
O efeito suspensivo deverá ser requerido quando o agravante entender que a decisão
recorrida deve ser suspensa porque é capaz de gerar dano grave de difícil ou impossível
reparação e, então além desse requisito deve demonstrar a probabilidade de provimento do
recurso, conforme o parágrafo único do artigo 995 do CPC:
A eficácia da decisão recorrida poderá ser suspensa por decisão do relator, se dá imediata
produção de seus efeitos houver risco de dano grave, de difícil ou impossível reparação, e ficar
demonstrada a probabilidade de provimento do recurso. (BRASIL, 2015)
O pedido de antecipação de tutela no recurso tem cabimento quando o juiz no primeiro
grau indeferir uma medida pleiteada. Neste sentido, DONOSO E SERAU JUNIOR (2017, p. 220)
ensinam: “o efeito ativo é uma antecipação de tutela recursal (total ou parcial) e se justifica nas
hipóteses em que o agravante pretende exatamente que a pretensão seja não apenas acolhida
imediatamente, mas que também seja desde logo exigível”.
Conhecido o Agravo de Instrumento e não tendo sido o caso de julgamento antecipado,
apresentadas ou não as contrarrazões, o relator irá solicitar dia para seu julgamento no prazo de
01 mês da intimação do Agravado:
Art. 1.020. O relator solicitará dia para julgamento em prazo não superior a 1 (um) mês
da intimação do agravado. (BRASIL, 2015)
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Processo n...
Contra a decisão interlocutória proferida nos autos da ação de... movida por NOME
DO AGRAVADO, nacionalidade..., estado civil..., profissão..., portador da Cédula de
Identidade..., CPF..., endereço eletrônico..., residente e domiciliado na Rua..., número...,
Bairro..., Cidade..., Estado..., CEP..., pelas razões a seguir expostas:
II – DA TEMPESTIVIDADE:
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Termos em que,
Pede deferimento.
Local..., data...
Advogado...
OAB...
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ENUNCIADO:
Em 2015, Rafaela, menor impúbere, representada por sua mãe Melina, ajuizou Ação de
Alimentos em Comarca onde não foi implantado o processo judicial eletrônico, em face de
Emerson, suposto pai.
Apesar de o nome de Emerson não constar da Certidão de Nascimento de Rafaela, ele
realizou, em 2014, voluntária e extrajudicialmente, a pedido de sua ex-esposa Melina, exame de
DNA, no qual foi apontada a existência de paternidade de Emerson em relação a Rafaela.
Na petição inicial, a autora informou ao juízo que sua genitora encontrava-se
desempregada e que o réu, por seu turno, não exercia emprego formal, mas vivia de “bicos” e
serviços prestados autônoma e informalmente, razão pela qual pediu a fixação de pensão
alimentícia no valor de 30% (trinta por cento) de 01 (um) salário mínimo.
A Ação de Alimentos foi instruída com os seguintes documentos: cópias do laudo do exame
de DNA, da certidão de nascimento de Rafaela, da identidade, do CPF e do comprovante de
residência de Melina, além de procuração e declaração de hipossuficiência para fins de
gratuidade.
Recebida a inicial, o juízo da 1ª Vara de Família da Comarca da Capital do Estado Y
indeferiu o pedido de tutela antecipada inaudita altera parte, rejeitando o pedido de fixação
de alimentos provisórios com base em dois fundamentos: (i) inexistência de verossimilhança
da paternidade, uma vez que o nome de Emerson não constava da certidão de nascimento e
que o exame de DNA juntado era uma prova extrajudicial, colhida sem o devido processo legal,
sendo, portanto, inservível; e (ii) inexistência de “possibilidade” por parte do réu, que não tinha
como pagar pensão alimentícia pelo fato de não exercer emprego formal, como confessado pela
própria autora.
A referida decisão, que negou o pedido de tutela antecipada para fixação de alimentos
provisórios, foi publicada no Diário da Justiça Eletrônico em 01/12/2015, segunda-feira.
Considere-se que não há feriados no período.
Na qualidade de advogado(a) de Rafaela, elabore a peça processual cabível para a defesa
imediata dos interesses de sua cliente, indicando seus requisitos e fundamentos nos termos da
legislação vigente. (Valor: 5,00)
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Obs.: o examinando deve fundamentar suas respostas. A mera citação do dispositivo legal
não confere pontuação.
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6. Agravo Interno
6.2 Cabimento
O recurso de agravo interno ataca decisão monocrática no âmbito dos tribunais, conforme
art. 1.021 do Código de Processo Civil, que dispõe:
Art. 1.021. Contra decisão proferida pelo relator caberá agravo interno para o respectivo
órgão colegiado, observadas, quanto ao processamento, as regras do regimento interno
do tribunal. (BRASIL, 2015)
Sobre o cabimento do agravo interno ensina DIDIER E CUNHA (2018, p. 339): “é o recurso
cabível contra as decisões unipessoais proferidas em tribunal, sejam elas proferidas pelo relator,
sejam elas proferidas por Presidente ou Vice-Presidente do Tribunal”.
Consoante TARTUCE E DELLORE (2016, p. 369): “Trata-se de recurso interposto no
Tribunal, a ser processado nos próprios autos do processo em trâmite. Assim, não é necessário
formar instrumento (não se exigem peças para sua interposição) (...)”.
Tem-se que o agravo interno faz com que o órgão colegiado se manifeste acerca daquela
decisão que foi proferida pelo relator de forma monocrática, o que possibilita também o
esgotamento das vias recursais.
Nesse sentido, com o agravo interno, há a possibilidade de que a parte submeta a análise
do recurso aos demais integrantes da Turma ou da Câmara. Isto é, se o relator decidir de forma
monocrática, para que haja a manifestação dos demais desembargadores, se faz necessária a
interposição do agravo interno. (TARTUCE; DELLORE, 2016, p. 370)
Ou seja, em certas hipóteses o relator decide sozinho, porém, o respectivo colegiado
poderá rever essa decisão unipessoal a partir da interposição do Agravo Interno, preservando a
colegialidade que é a regra em termos de duplo grau de jurisdição. (DONOSO; SERAU JUNIOR,
2017, p. 239)
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Segundo Lourenço (2017, p. 501), o Novo CPC fez com que acabasse a polêmica que
existia entre agravo interno e o regimental, pois denominou no artigo 1.021 de Agravo Interno,
sendo o recurso a ser utilizado contra a decisão monocrática do relator para o órgão a
que este relator pertença.
142. (art. 298; art. 1.021) Da decisão monocrática do relator que concede ou nega o efeito
suspensivo ao agravo de instrumento ou que concede, nega, modifica ou revoga, no todo
ou em parte, a tutela jurisdicional nos casos de competência originária ou recursal, cabe o
recurso de agravo interno nos termos do art. 1.021 do CPC”. (Grupo: Tutela Antecipada)
Segundo DONOSO E SERAU JUNIOR (2017, p. 240), o recurso de agravo interno é cabível
para atacar decisão em qualquer recurso, ação originária de Tribunal (como a ação rescisória)
ou mesmo no reexame necessário previsto no art. 496, do CPC. O art. 1.021 não faz qualquer
tipo de distinção em relação ao tipo de procedimento onde o agravo interno é aplicável”.
Cabe, portanto, de decisões singulares do relator. Observar, no entanto, outras hipóteses
de cabimento do agravo interno e que estão estabelecidas no próprio CPC:
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Art. 1.030. Recebida a petição do recurso pela secretaria do tribunal, o recorrido será
intimado para apresentar contrarrazões no prazo de 15 (quinze) dias, findo o qual os autos
serão conclusos ao presidente ou ao vice-presidente do tribunal recorrido, que
deverá:
I – negar seguimento:
a) a recurso extraordinário que discuta questão constitucional à qual o Supremo Tribunal
Federal não tenha reconhecido a existência de repercussão geral ou a recurso
extraordinário interposto contra acórdão que esteja em conformidade com entendimento
do Supremo Tribunal Federal exarado no regime de repercussão geral; b) a
recurso extraordinário ou a recurso especial interposto contra acórdão que esteja em
conformidade com entendimento do Supremo Tribunal Federal ou do Superior Tribunal de
Justiça, respectivamente, exarado no regime de julgamento de recursos
repetitivos; II – encaminhar o processo ao órgão julgador para realização do
juízo de retratação, se o acórdão recorrido divergir do entendimento do Supremo Tribunal
Federal ou do Superior Tribunal de Justiça exarado, conforme o caso, nos regimes de
repercussão geral ou de recursos repetitivos;
III – sobrestar o recurso que versar sobre controvérsia de caráter repetitivo ainda não
decidida pelo Supremo Tribunal Federal ou pelo Superior Tribunal de Justiça, conforme se
trate de matéria constitucional ou infraconstitucional;
IV – selecionar o recurso como representativo de controvérsia constitucional ou
infraconstitucional, nos termos do § 6º do art. 1.036;
V – realizar o juízo de admissibilidade e, se positivo, remeter o feito ao Supremo Tribunal
Federal ou ao Superior Tribunal de Justiça, desde que:
a) o recurso ainda não tenha sido submetido ao regime de repercussão geral ou de
julgamento de recursos repetitivos;
b) o recurso tenha sido selecionado como representativo da controvérsia;
ou
c) o tribunal recorrido tenha refutado o juízo de retratação.
§1º Da decisão de inadmissibilidade proferida com fundamento no inciso V caberá agravo
ao tribunal superior, nos termos do art. 1.042.
§2º Da decisão proferida com fundamento nos incisos I e III caberá agravo interno, nos
termos do art. 1.021. (BRASIL, 2015)
Sobre essa previsão de cabimento do agravo interno, DONOSO e SERAU JUNIOR (2017,
p. 240) explicam que cabe agravo interno contra a decisão de não admissão de recurso especial
ou recurso extraordinário, direcionado ao próprio Tribunal de origem, quando verificadas as
situações do artigo 1.030, incisos I e III c/c §2º do CPC, ou seja, quando o Presidente ou Vice-
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Art. 1.036. Sempre que houver multiplicidade de recursos extraordinários ou especiais com
fundamento em idêntica questão de direito, haverá afetação para julgamento de acordo
com as disposições desta Subseção, observado o disposto no Regimento Interno do
Supremo Tribunal Federal e no do Superior Tribunal de Justiça.
§1º O presidente ou o vice-presidente de tribunal de justiça ou de tribunal regional federal
selecionará 2 (dois) ou mais recursos representativos da controvérsia, que serão
encaminhados ao Supremo Tribunal Federal ou ao Superior Tribunal de Justiça para fins
de afetação, determinando a suspensão do trâmite de todos os processos pendentes,
individuais ou coletivos, que tramitem no Estado ou na região, conforme o caso.
§2º O interessado pode requerer, ao presidente ou ao vice-presidente, que exclua da
decisão de sobrestamento e inadmita o recurso especial ou o recurso extraordinário que
tenha sido interposto intempestivamente, tendo o recorrente o prazo de 5 (cinco) dias para
manifestar-se sobre esse requerimento.
§3º Da decisão que indeferir o requerimento referido no § 2º caberá apenas agravo
interno. (BRASIL, 2015)
6º) Caberia contra qualquer decisão do art. 932 do CPC: condutas do relator, segundo
DONOSO E SERAU JUNIOR (2017, p. 240);
Segundo Donoso e Serau Junior (2017, p. 240) em razão de qualquer regra em sentido
contrário é cabível contra qualquer tipo de decisão proferida monocraticamente pelos relatores
em sede de Tribunal: decisões interlocutórias, decisões que resolvam o mérito da demanda.
Observar ainda que em muitos casos, a interposição do agravo interno é mecanismo
processual exigido para efetuar o esgotamento das instâncias recursais ordinárias, condição
essa para interposição e admissibilidade dos recursos especiais e extraordinários
SÚMULA 281 do STF: “É inadmissível o recurso extraordinário, quando couber na Justiça
de origem, recurso ordinário da decisão impugnada”. (DONOSO; SERAU JUNIOR, 2017, p. 239)
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Observar que, segundo DONOSO E SERAU JUNIOR (2017, p. 240) o agravo interno é
cabível em qualquer recurso, ação originária de tribunal (como ação rescisória) ou mesmo no
reexame necessário previsto no artigo 496 do CPC, isso porque o art. 1.021 do CPC não faz
qualquer tipo de distinção em relação ao tipo de procedimento em que o agravo interno é
aplicável.
Com essa previsão, está expresso que o Recorrente não poderá repetir o recurso que
ensejou a decisão monocrática. Segundo DONOSO E SERAU JUNIOR (2017, p. 243) essa
previsão traduz o princípio da dialeticidade recursal e está atrelado à exigência contida no art.
1.021, §3º do CPC.
A petição do Recurso de Agravo Interno deverá ser dirigida ao Relator que proferiu a
decisão, indicando o ponto que não concorda e os motivos que ensejam a reforma da decisão,
consoante previsão do §2º do artigo 1.021 do CPC:
§ 2º O agravo será dirigido ao relator, que intimará o agravado para manifestar-se sobre o
recurso no prazo de 15 (quinze) dias, ao final do qual, não havendo retratação, o relator
levá-lo-á a julgamento pelo órgão colegiado, com inclusão em pauta. (BRASIL, 2015)
Ou seja, o agravo interno apesar de ser dirigido ao próprio relator que proferiu a decisão
monocrática agravada será julgado pelo órgão colegiado competente para o julgamento do
próprio recurso onde se originou a decisão agravada. (DONOSO; SERAU JUNIOR, 2017, p.
241).
No que tange ao processamento do agravo interno, é de se destacar, ainda, que o agravo
interno é dirigido ao relator, sendo que este então poderá se retratar diante da interposição do
recurso. Porém, antes de se retratar, o relator deve ouvir a parte contrária que apresentará suas
contrarrazões no prazo. (DIDIER JUNIOR; CUNHA, 2018, p. 342)
É admissível a retratação pelo relator, e, caso não haja retratação pelo relator, este deverá
encaminhar a julgamento pelo órgão colegiado, com inclusão em pauta. Como é processado nos
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mesmos autos do processo que está em tramite, não é necessário formar um instrumento, ou
seja, cópia das peças do processo.
Caso haja retratação por parte do Relator, o recurso, ação originária ou reexame necessário
onde se deu a decisão agravada volta a ter seu curso regular e o agravo interno perde seu objeto,
restando prejudicado. (DONOSO; SERAU JUNIOR, 2017, p. 242).
6.4 Prazo
Conforme o artigo 1.003, §5º do CPC, o prazo para interposição de recurso pelo CPC (com
exceção dos embargos de declaração) é de 15 dias, sendo igual prazo para o Agravado oferecer
contrarrazões.
▪ OBSERVAR AS REGRAS DE PRAZO EM DOBRO;
6.6 Multa
Caso o Agravo Interno seja declarado manifestamente inadmissível ou improcedente em
votação unânime, o órgão colegiado poderá condenar o agravado a pagar multa fixada entre um
e cinco por cento do valor atualizado da causa e mais, qualquer interposição de outro recurso
está condicionada ao pagamento da multa.
ATENÇÃO
A interposição de qualquer outro recurso fica condicionado ao depósito prévio do
valor da multa, em conformidade ao art. 1.021, §5º, do CPC/15.
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6.7 Retratação:
Conforme previsão do art. 1.021, §2º, do Código de Processo Civil, há possibilidade de o
relator se retratar. No entanto, caso não haja a retratação por parte do relator, ele deverá
encaminhar o recurso de agravo interno para julgamento perante o órgão colegiado, com
inclusão em pauta.
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Processo...
I – DA TEMPESTIVIDADE:
O presente recurso é tempestivo, eis que interposto dentro do prazo legal de 15 dias,
na forma do artigo 1.003, §5º do Código de Processo Civil, cujo termo inicial é a partir da
intimação do advogado da decisão, na forma do caput do artigo 1.003 do Código de Processo
Civil, computados somente os dias úteis na forma do artigo 219 do Código de Processo Civil,
excluindo o dia do início e incluindo o dia do vencimento, tal qual preceitua o artigo 224 do
Código de Processo Civil.
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II – DO CABIMENTO:
O presente recurso é adequado, pois ataca decisão monocrática proferida pelo relator
que ...., consoante previsão do artigo 1.021 do Código de Processo Civil, o qual reza que
da decisão monocrática do relator cabe o recurso de Agravo Interno, recurso previsto
também no artigo 994, III do Código de Processo Civil.
VI – DOS PEDIDOS:
Diante do exposto, requer o Agravante:
a) O conhecimento, admissibilidade e processamento do presente recurso de Agravo
de Interno;
b) A intimação do Agravado para oferecer contrarrazões no prazo legal de 15 dias,
conforme previsão do artigo 1.021, §2º e 1.003, §5º, ambos do Código de Processo Civil;
c) Requer a retratação do relator quanto à decisão monocrática para o fim de...,
consoante disposição do artigo 1.021, §2º do Código de Processo Civil;
d) Caso não haja retratação pelo relator, requer-se que seja levado o presente recurso
de agravo interno a julgamento pelo órgão colegiado, com inclusão em pauta;
e) O provimento do presente recurso para o fim de reformar a decisão monocrática
para...
f) O benefício da gratuidade da justiça, na forma dos artigos 98 e 99 do Código
de Processo Civil;
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Termos em que,
Pede deferimento.
Local..., data...
Advogado...
OAB...
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7.2 Cabimento
Conforme o artigo 1.022 do CPC, os embargos de declaração atacam qualquer decisão
judicial quando esta for obscura, omissa ou contraditória ou quando contiver erro material (art.
1.022 do CPC).
Diz-se que a fundamentação dos embargos de declaração é vinculada (DONOSO; SERAU
JUNIOR, 2017, p. 250 e 254), pois não aceitam qualquer fundamentação ou crítica, e sim os
fundamentos relativos aos vícios enumerados na lei.
Segundo Sá e Aguirre (2017, p. 102) os embargos de declaração não possuem como
função principal a modificação de uma decisão. A finalidade principal dos embargos de
declaração é esclarecer ou integrar uma decisão judicial que possui um dos vícios mencionados
no artigo 1.022 do CPC.
Nesse sentido se manifestam Führer e Führer (2016, p. 199-200) sobre o objetivo dos
embargos de declaração: “não visa à reforma da decisão, mas o esclarecimento de obscuridade,
contradição ou omissão nela contidas ou à correção de erro material”.
Justamente por isso a apreciação dos Embargos de Declaração é feita pelo próprio órgão
que proferiu a decisão. Assim, os embargos de declaração possuem como objetivo emitir
pronunciamento judicial que integra a sentença, acordão, decisão interlocutória, aperfeiçoando-
os, abrindo o caminho para irresignação principal (DONOSO; SERAU JUNIOR, 2017, p. 250).
O entendimento é de que cabe Embargos de Declaração contra qualquer decisão
judicial, e não apenas contra sentença, inclusive quanto às decisões interlocutórias e
decisão monocráticas ou acórdão.
As hipóteses de cabimento estão no art. 1.022 do CPC:
Art. 1.022. Cabem embargos de declaração contra qualquer decisão judicial para:
I - esclarecer obscuridade ou eliminar contradição;
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apenas aquelas matérias de ordem pública, mas também os chamados pedidos implícitos, que
embora não tenham sido expressamente articulados, devem ser objeto de apreciação na decisão
(ex: juros legais, correção monetária, verbas de sucumbência, conforme previsão do art. 322,
§1º do CPC). (DONOSO; SERAU JUNIOR, 2017, p. 257-258).
Além da previsão genérica dos embargos de declaração em caso de omissão, o parágrafo
único do artigo 1.022 vem trazer três hipóteses específicas de presunção de omissão (DONOSO;
SERAU JUNIOR, 2017, p. 258):
Uma vez firmada uma tese em julgamento de casos repetitivos, cria-se um dever de ofício
ao julgador de se manifestar a seu respeito, desde que tal tese seja aplicável ao caso concreto.
Não o fazendo, serão cabíveis os embargos de declaração. (DONOSO; SERAU JUNIOR, 2017,
p. 259).
Da mesma forma, cabe embargos de declaração no caso de incidente de assunção de
competência aplicável ao caso. Ou seja, o acórdão proferido em assunção de competência é
vinculativo a todos os juízes e órgãos fracionários do tribunal (art. 947, §3º do CPC), sendo assim
se a decisão proferida no incidente de assunção de competência for aplicável ao caso, é dever
do julgador se manifestar a seu respeito, não o fazendo caberão os embargos de declaração.
(DONOSO; SERAU JUNIOR, 2017, p. 259).
Observar que o comando se dirige tanto ao próprio tribunal que criou a tese, quanto aos
órgãos hierarquicamente inferiores. (DONOSO; SERAU JUN IOR, 2017, p. 259).
No que tange ao inciso II do parágrafo único do art. 1.022 do CPC, que faz remissão ao
artigo 489, §1º do CPC, este último prevê a exigência da necessidade de se fundamentar as
decisões judiciais, trazendo situações em que não há a devida motivação.
Segundo Führer e Führer (2016, p. 200) sobre o parágrafo único do artigo 1.022 do CPC:
“a falta de fundamentação adequada (art. 489, §1º) é equiparada a omissão. Note-se, ainda, que
o erro material é reparável de ofício pelo juiz, independentemente da interposição de embargos
de declaração (art. 494, I)”.
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III - corrigir erro material: Erros materiais podem ser inexatidões materiais ou erros de
cálculo. A correção do erro material pode se dar a requerimento da parte ou até mesmo de ofício
pelo juiz, conforme previsão do artigo 494, I do CPC. (DONOSO; SERAU JUNIOR, 2017, p. 261)
Donoso e Serau Junior (2017, p. 261) mencionam que não se pode confundir erro material
com erro de julgamento. Apenas o primeiro desafia embargos de declaração, pois o erro de
julgamento deverá ser objeto de recurso próprio (ex: apelação).
No entanto, mencionam os autores que percebe-se uma tendência no alargamento do
cabimento dos embargos de declaração, no sentido de serem admitidos diante de erros
evidentes, assim entendidos aqueles resultantes de premissas fáticas evidentemente
equivocadas. Mencionam DONOSO E SERAU JUNIOR que o STJ já se firmou nesse sentido.
(DONOSO; SERAU JUNIOR, 2017, p. 261).
Sobre o erro material, DIDIER JUNIOR E CUNHA (2018, p.296) mencionam que o erro
material é quando não há correspondência entre o que está escrito na decisão e a intenção do
juiz, sendo que isso pode ser percebido por qualquer homem médio.
Como exemplo, citam DIDIER JUNIOR E CUNHA (2018, p. 296):
Assim ocorre, por exemplo, quando o juiz, na decisão, refere-se ao réu como uma pessoa
jurídica, só que, em verdade, se trata de uma pessoa natural. Outro exemplo: o juiz afirma
que a ação é de reintegração de posse, quando, na realidade, a ação é de alimentos.
Também se configura a hipótese de permitir a correção pelo próprio juiz, quando há erros
de cálculos ou erros aritméticos, como, por exemplo, quando o juiz condena o réu a pagar
R$ 10.000,00 (dez mil reais) a título de danos materiais e R$ 30.000,00 (trinta mil reais) à
guisa de danos morais, estabelecendo uma condenação total de R$ 50.000,00 (cinquenta
mil reais). Nesse caso, há evidente erro de cálculo, pois a soma deve importar um total de
R$ 40.000,00 (quarenta mil reais), e não R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais).
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Vale todas as regras de prazo em dobro (229, 180, 183 e 186 do CPC);
No que tange ao prazo dos embargos de declaração, DONOSO E SERAU JUNIOR (2018,
p. 264) acrescentam que o §1º do artigo 1.023 do CPC prevê expressamente que o artigo 229
do CPC se aplica aos embargos de declaração. Dessa forma, haverá prazo em dobro para os
litisconsortes que tiverem diferentes procuradores, desde que pertençam a escritórios de
advocacia diferentes. Observando-se, porém, as exceções à regra, isto é, a primeira no que diz
respeito ao §2º do artigo 229 do CPC, no sentido de que não haverá esse prazo em dobro quando
os autos forem eletrônicos, bem como referente à necessária atuação do litisconsorte, conforme
o §1º do artigo 229 do CPC. Conforme previsão do art. 229 do CPC:
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§2º Não se aplica o disposto no caput aos processos em autos eletrônicos. (BRASIL,
2015)
7.6 Efeitos
Quanto ao efeito suspensivo:
Os embargos de declaração não possuem efeito suspensivo, conforme previsão do caput
do art. 1.026 do CPC:
Art. 1.026. Os embargos de declaração não possuem efeito suspensivo e interrompem o
prazo para a interposição de recurso. (BRASIL, 2015)
No entanto, conforme previsão do §1º do artigo 1.026 do CPC, tal efeito poderá ser
concedido:
§1º A eficácia da decisão monocrática ou colegiada poderá ser suspensa pelo respectivo
juiz ou relator se demonstrada a probabilidade de provimento do recurso ou, sendo
relevante a fundamentação, se houver risco de dano grave ou de difícil reparação
(BRASIL, 2015).
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7.7 Processamento
Os embargos devem ser opostos perante o próprio órgão que proferiu a decisão, na forma
do art. 1.023 do CPC. Poderão ser admitidos ou não, conforme forem preenchidos os seus
requisitos de admissibilidade.
Ademais, nem sempre vai haver a intimação da parte contrária para oferecer resposta aos
embargos de declaração. Ou seja, somente vai haver essa intimação se os embargos tiverem
efeitos infringentes, conforme previsão do art. 1.023, §2º do CPC:
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Em qualquer situação, a decisão acerca dos embargos vai integrar a decisão embargada e
o seu conteúdo poderá ser impugnado no mesmo recurso interposto contra a decisão original.
(ARAÚJO JUNIOR, 2016, p. 52)
Sobre o procedimento dos embargos de declaração, observar então o artigo 1.024 do CPC:
Art. 1.024. O juiz julgará os embargos em 5 (cinco) dias.
§1º Nos tribunais, o relator apresentará os embargos em mesa na sessão subsequente,
proferindo voto, e, não havendo julgamento nessa sessão, será o recurso incluído em
pauta automaticamente.
§2º Quando os embargos de declaração forem opostos contra decisão de relator ou outra
decisão unipessoal proferida em tribunal, o órgão prolator da decisão embargada decidi-
los-á monocraticamente.
§3º O órgão julgador conhecerá dos embargos de declaração como agravo interno se
entender ser este o recurso cabível, desde que determine previamente a intimação do
recorrente para, no prazo de 5 (cinco) dias, complementar as razões recursais, de modo
a ajustá-las às exigências do art. 1.021, § 1o.
§4º Caso o acolhimento dos embargos de declaração implique modificação da decisão
embargada, o embargado que já tiver interposto outro recurso contra a decisão originária
tem o direito de complementar ou alterar suas razões, nos exatos limites da modificação,
no prazo de 15 (quinze) dias, contado da intimação da decisão dos embargos de
declaração.
§5º Se os embargos de declaração forem rejeitados ou não alterarem a conclusão do
julgamento anterior, o recurso interposto pela outra parte antes da publicação do
julgamento dos embargos de declaração será processado e julgado independentemente
de ratificação. (BRASIL, 2015)
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§2º O juiz intimará o embargado para, querendo, manifestar-se, no prazo de 5 (cinco) dias,
sobre os embargos opostos, caso seu eventual acolhimento implique a modificação da
decisão embargada. (BRASIL, 2015)
O procedimento dos embargos de declaração está previsto nos parágrafos do artigo 1.024
do CPC:
Art. 1.024. O juiz julgará os embargos em 5 (cinco) dias.
§1º Nos tribunais, o relator apresentará os embargos em mesa na sessão subsequente,
proferindo voto, e, não havendo julgamento nessa sessão, será o recurso incluído em
pauta automaticamente.
§2º Quando os embargos de declaração forem opostos contra decisão de relator ou outra
decisão unipessoal proferida em tribunal, o órgão prolator da decisão embargada decidi-
los-á monocraticamente.
(...) (BRASIL, 2015)
Em qualquer situação, a decisão acerca dos embargos vai integrar a decisão embargada e
o seu conteúdo poderá ser impugnado no mesmo recurso interposto contra a decisão original.
Ou seja, no tocante a sentença o juiz não poderá modificar o conteúdo da decisão, a não
ser no sentido de corrigir a falha. De forma excepcional, ao suprir o vício na decisão embargada
poderá acarretar a modificação do resultado. Neste caso, fala-se nos embargos de declaração
com efeitos infringentes.
EXEMPLO: complementa a decisão acerca do dano material que não mencionou.
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Especificando a situação do §4º do art. 1024 do CPC, Viana (2018, p. 397) ensina que em
razão da oposição dos embargos de declaração, a decisão recorrida seja modificada. E mais,
pode ocorrer que o embargado (parte contrária) já tenha interposto recurso contra a decisão
originária. Exemplo: o embargado interpôs contra a decisão originária o recurso de Apelação. Se
ocorrer tal situação, o embargado tem o direito de complementar ou alterar as razões recursais
nos exatos limites da modificação da decisão, no prazo de 15 dias a contar da data da intimação
da decisão dos embargos de declaração.
Pode ocorrer, no entanto, a situação do §5º do artigo 1.024 do CPC. Isto é, os embargos
de declaração podem ser rejeitados ou não alterarem a conclusão do julgamento anterior (da
decisão originária), de forma que o recurso interposto pelo embargado antes da publicação do
julgamento dos embargos de declaração será processado e julgado sem necessidade de
ratificação. (VIANA, 2018, p. 397).
Por isso, a sumula 418 do STJ que dizia: É inadmissível o recurso especial interposto antes
da publicação do acórdão dos embargos de declaração, sem posterior ratificação foi
CANCELADA valendo agora a sumula 579 do STJ: “Não é necessário ratificar o recurso especial
interposto na pendência do julgamento dos embargos de declaração, quando inalterado o
resultado anterior.
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Conforme Tartuce e Dellore (2016, p. 398) os embargos de declaração podem ser opostos
para fins de prequestionamento cumprindo, assim, requisito para o recurso especial e/ou
extraordinário, isto é, “provocar a manifestação do Tribunal sobre certo dispositivo, para fins de
preenchimento desse requisito de admissibilidade dos recursos excepcionais”. Ou seja, se o
acórdão é omisso no que se refere aos dispositivos de lei que são apontados como violados, os
embargos de declaração possuem tal cabimento para que haja manifestação do Tribunal nesse
sentido. E mais, os embargos de declaração para fins de prequestionamento, segundo a Súmula
98 do STJ não podem ser considerados recursos protelatórios.
7.11 Da fungibilidade:
Previsão do art. 1.024, §3º do CPC, quando estabelece:
Sobre tal previsão, DONOSO E SERAU JUNIOR (2018, p. 279) ensinam: “trata-se
inegavelmente da aplicação do princípio da fungibilidade (...)”.
Neste caso, os embargos de declaração serão recebidos como agravo interno, desde que
se intime previamente o recorrente para no prazo de 05 dias complementar as razões do recurso,
adaptando-as ao que exige o §1º do art. 1.021 do CPC.
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8.2 Cabimento
As hipóteses de cabimento do recurso ordinário estão previstas no artigo 1.027, incisos I e
II do Código de Processo Civil e artigo 102, II e artigo 105, II, ambos da Constituição Federal.
O recurso ordinário possibilita que o recorrente tenha o reexame das decisões que são de
competência originária dos tribunais. Algumas ações são de competência originária dos
Tribunais, não podendo ser distribuídas na primeira instância. (VIANA, 2018, p. 406)
É cabível contra determinadas decisões proferidas em ações cuja competência originária
seja dos Tribunais. Julgado pelo STJ ou pelo STF. Tem previsão constitucional nos artigos 102,
II e 105, II DA CF.
Segundo Haroldo Lourenço (2017, p. 521): “cabe àqueles tribunais exercer competência
recursal, funcionando como segundo grau de jurisdição, não havendo qualquer espécie de
limitação em relação à matéria fática, havendo devolução ampla da matéria a ser apreciada ao
STF/STJ, abrangendo tanto matéria de fato como reexame de provas e cláusulas contratuais,
bem como matéria de direito, como constitucional, federal e local, dispensando-se, ainda, o
prequestionamento”.
Importante ainda mencionar o entendimento de DONOSO E SERAU JUNIOR (2018, P.
291) no sentido de que se o mandado de segurança FOI IMPETRADO INICIALMENTE
PERANTE A PRIMEIRA INSTÂNCIA, contra o qual tenha sido interposto o competente recurso
de apelação (porque da sentença cabe apelação) perante o Tribunal de Justiça ou Tribunal
Regional Federal caberá contra o acórdão desse recurso de apelação, recurso extraordinário ou
recurso especial, conforme o caso. Ou seja, é incabível o recurso ordinário neste caso.
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No artigo 1.027, inciso I do CPC está estabelecido o cabimento do recurso ordinário a ser
julgado pelo STF:
Art. 1.027. Serão julgados em recurso ordinário:
I - pelo Supremo Tribunal Federal, os mandados de segurança, os habeas data e os
mandados de injunção decididos em única instância pelos tribunais superiores, quando
denegatória a decisão; (BRASIL, 2015)
Observar que somente caberá neste caso o recurso ordinário quando for competência
originária daqueles tribunais superiores, como por exemplo do STJ, de forma que se tais meios
de impugnação chegarem aos tribunais superiores por meio do manejo de apelação, por
exemplo, não será cabível o recurso ordinário, consoante entendimento de HAROLDO
LOURENÇO (2017, p. 522).
Haroldo Lourenço (2017, p. 522) apresenta os seguintes requisitos para interposição do
recurso ordinário para o STF (art. 1.027, I do CPC):
▪ Decisões denegatórias;
▪ Competência originária dos tribunais superiores;
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Ou seja, aqui também somente caberia recurso ordinário quando o MS for interposto
diretamente no tribunal de justiça ou Tribunal regional federal e não chegando lá em caso de
eventual recurso de apelação. (LOURENÇO, 2017, p. 523).
Observar que na hipótese do inciso II, alínea b, entende-se que o recurso ordinário se
equipara a apelação, inclusive o §1º faz a ressalva de que nestes processos, as decisões
interlocutórias serão impugnadas por meio de agravo de instrumento dirigidas ao STJ, nas
hipóteses do artigo 1.015 do CPC:
II - pelo Superior Tribunal de Justiça:
b) os processos em que forem partes, de um lado, Estado estrangeiro ou organismo
internacional e, de outro, Município ou pessoa residente ou domiciliada no País.
§1º Nos processos referidos no inciso II, alínea “b”, contra as decisões interlocutórias
caberá agravo de instrumento dirigido ao Superior Tribunal de Justiça, nas hipóteses
do art. 1.015. (BRASIL, 2015)
Segundo Lourenço (2017, p. 526) no caso da alínea “b” tais processos são de competência
dos juízes federais de primeira instancia, nos termos do artigo 109, II da CF, competência
definida em razão da pessoa. Sendo irrelevante se for pessoa física ou jurídica, bem como em
qual dos polos estão os sujeitos, basta que estejam em polos adversários. RECURSO QUE
CABE DA SENTENÇA.
8.3 Objetivo
O recurso ordinário (também chamado de ROC) permite o duplo grau de jurisdição para as
decisões denegatórias de ações constitucionais. É considerado semelhante ao recurso de
apelação pelo seu processamento.
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Destaca-se que, somente das decisões denegatórias é que será admitido o recurso
ordinário, conforme inciso I e inciso II, alínea “a” do art. 1.027 do CPC, de forma que trata-se de
recurso secundum eventum litis, ou seja, o recurso será ou não cabível de acordo com o
resultado do processo. (LOURENÇO, 2017, p. 524)
O recurso ordinário exercerá competência recursal sem qualquer limitação quanto à matéria
de fato. Dessa forma, pelo recurso ordinário se admite, por exemplo, o reexame de prova. Ainda,
o recurso ordinário dispensa o prequestionamento. Os tribunais superiores funcionariam aqui
como segundo grau de jurisdição. (DIDER JUNIOR; CUNHA, 2018, p. 348)
8.4 Interposição
Conforme Aguirre e Montans de Sá (2017, p. 105), o recurso ordinário é interposto perante
o presidente do Superior Tribunal de Justiça, do Tribunal Regional Federal ou do Tribunal de
Justiça, ou ainda perante o juiz federal da causa que prolatou a decisão recorrida, com as razões
dirigidas ao STF ou STJ, dependendo do caso.
§ 1º Nos processos referidos no inciso II, alínea “b”, contra as decisões interlocutórias
caberá agravo de instrumento dirigido ao Superior Tribunal de Justiça, nas hipóteses
do art. 1.015 . (BRASIL, 2015)
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§2º O recurso previsto no art. 1.027, incisos I e II, alínea “a”, deve ser interposto perante
o tribunal de origem, cabendo ao seu presidente ou vice-presidente determinar a intimação
do recorrido para, em 15 (quinze) dias, apresentar as contrarrazões. (BRASIL, 2015)
§3º Findo o prazo referido no § 2o, os autos serão remetidos ao respectivo tribunal
superior, independentemente de juízo de admissibilidade (BRASIL, 2015).
Em tais situações, o recurso ordinário vai ser interposto perante o tribunal de origem,
devendo o presidente ou vice-presidente determinar a intimação do recorrido para apresentar as
contrarrazões no prazo de 15 dias. Findo o prazo das contrarrazões, os autos serão remetidos
ao tribunal (STJ OU STF, conforme o caso) independentemente do juízo de admissibilidade.
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RECURSO ORDINÁRIO
Petição de interposição
Petição de razões
Dirigida ao Presidente ou Vice-
Dirigida ao STF ou STJ
Presidente do Tribunal Recorrido
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Processo número...
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Termos em que,
Pede deferimento.
Local..., data...
Advogado...
OAB...
Processo...
Recorrente...
Recorrido...
I – DO CABIMENTO DO PRESENTE RECURSO:
Demonstrar que é uma hipótese do artigo 1.027 do CPC, por exemplo: O presente
recurso ordinário é adequado, pois ataca acórdão, ou seja, decisão proferida pelo órgão
colegiado, conforme artigo 204 do Código de Processo Civil, a qual denegou o Mandado
de Segurança proferido em única instancia pelo Tribunal de Justiça do Estado do Rio
Grande do Sul, conforme previsão do artigo 1.027, inciso II, alínea a do Código de
Processo Civil e artigo 105, inciso II alínea b da Constituição Federal, sendo este recurso
previsto no inciso V do Código de Processo Civil.
II – DA TEMPESTIVIDADE:
O presente recurso ordinário é tempestivo, eis que interposto dentro do prazo legal
de 15 dias, na forma do artigo 1.003, §5º do Código de Processo Civil, cujo termo inicial
é a intimação do advogado, de acordo com o caput do artigo 1.003 do Código de
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Processo Civil, computando-se somente os dias úteis, conforme o artigo 219 do Código
de Processo Civil, excluindo o dia do início e incluindo o dia do vencimento, consoante
artigo 224, caput do Código de Processo Civil.
V – DOS PEDIDOS:
Diante do exposto, requer o Recorrente:
a) A admissibilidade, conhecimento e processamento do presente recurso,
eis que preenchidos os pressupostos de admissibilidade;
b) O recebimento no efeito...
c) O total provimento do recurso para o fim de reformar a decisão
denegatória de Mandado de Segurança para o fim de ...
d) A inversão do ônus de sucumbência, condenando o Recorrido em custas
e honorários de advogado (se for o caso de fazer esse pedido);
e) A juntada do comprovante do recolhimento do preparo recursal, inclusive
porte de remessa e de retorno, conforme artigo 1.007 do Código de Processo Civil;
Termos em que,
Pede deferimento.
Local..., data...
Advogado...
OAB...
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9. Recurso Especial
9.2 Importância
O recurso especial, assim como o extraordinário são recursos excepcionais, visando
primeiramente a preservação das normas constitucionais e infraconstitucionais, motivos pelos
quais são conhecidos como recursos de estrito direito, ou seja, voltados à tutela do direito
objetivo e não do direito subjetivo. (DONOSO; SERAU JUNIOR, 2017, p. 300) e (MEDINA, 2016,
p. 1362)
Dentro do Novo CPC, os recursos especial e extraordinário assumiram ainda mais
importância dentro de um contexto maior, denominado direito jurisprudencial, que é aquele que
emerge da força dos precedentes, pois conforme o artigo 926 do CPC: “Art. 926. Os tribunais
devem uniformizar sua jurisprudência e mantê-la estável, íntegra e coerente”. (DONOSO;
SERAU JUNIOR, 2017, p. 300).
Assim sendo, o Novo CPC estabelece aos magistrados não apenas a função jurisdicional,
mas também lhes atribui a ideia de responsabilidade pela gestão processual, onde a sistemática
dos recursos repetitivos com força vinculante, da repercussão geral e o Incidente de Resolução
de Demandas Repetitivas são elementos muito importantes, sendo que o recurso especial e o
extraordinário muitas vezes serão apreciados nesse contexto e nessa modalidade (gestão de
recursos repetitivos). (DONOSO; SERAU JUNIOR, 2017, p. 300).
Nesse sentido também expressam AGUIRRE E MONTANS DE SÁ (2017, p. 108) de que o
recurso especial e o recurso extraordinário objetivam, com outros institutos do ordenamento
jurídico, como o Incidente de Resolução de Demandas Repetitivas e a Assunção de
Competência, à preservação do princípio da unidade do ordenamento jurídico. Ou seja, a
finalidade de tais recursos seria assegurar que tanto a Lei Federal quanto a Constituição Federal
sejam aplicadas de maneira uniforme em todos os casos que precisam de sua incidência.
DESTACA-SE QUE O CPC NÃO PREVÊ O CABIMENTO DO RECURSO ESPECIAL E DO
RECURSO EXTRAORDINÁRIO E SIM A CONSTITUIÇÃO FEDERAL. O CABIMENTO DO
RECURSO ESPECIAL ESTÁ PREVISTO NO ART. 105, III DA CF/88 E O CABIMENTO DO
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RECURSO EXTRAORDINÁRIO ESTÁ PREVISTO NO ART. 102, III DA CF. O CPC PREVÊ O
PROCEDIMENTO DO RECURSO ESPECIAL E DO RECURSO EXTRAORDINÁRIO A PARTIR
DO ARTIGO 1.029 DO CPC
III - julgar, em recurso especial, as causas decididas, em única ou última instância, pelos
Tribunais Regionais Federais ou pelos tribunais dos Estados, do Distrito Federal e
Territórios, quando a decisão recorrida:
a) contrariar tratado ou lei federal, ou negar-lhes vigência;
b) julgar válido ato de governo local contestado em face de lei federal;(Redação dada pela
Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
c) der a lei federal interpretação divergente da que lhe haja atribuído outro tribunal.
(BRASIL, 1988)
Quanto às três hipóteses estabelecidas no inciso III do artigo 105 da CF, Araújo Junior
(2016, p. 57) aponta que é evidente que o pressuposto fundamental para interposição do recurso
especial é a existência da questão federal, isto é, divergência quanto à correta interpretação ou
aplicação de tratado ou lei federal, devendo o recorrente, a fim de ter o seu recurso admitido,
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indicar de forma expressa quais os dispositivos legais que foram violados, e, ainda, quando o
recurso especial for fundamentado em interpretação divergente de tribunais, demonstrar que as
circunstancias que envolvem os acórdãos são as mesmas. Salienta o autor, que não cabe por
meio de recurso especial, a impugnação de questões de fato e de direito local.
Fica assim evidente que para interpor o Recurso Especial é necessária a existência de
questão federal. Ou seja, divergência quanto à interpretação ou aplicação de tratado ou lei
federal.
Observar a diferença entre contrariar e negar vigência:
CONTRARIAR significa decidir em sentido contrário à finalidade da norma; já negar
vigência se aproxima da ideia de deixar de aplicar a norma correta ao caso concreto. Em ambos
os casos, a lei federal deixa de ser aplicada como deveria, atraindo a competência do STJ.
(DONOSO; SERAU JUNIOR, 2017, p. 303).
Portanto, no recurso especial deve o examinando indicar quais os dispositivos legais que
foram violados e quando embasar na alínea “c”, demonstrar as divergências dos tribunais e que
se referem às mesmas situações.
Ou seja, no caso do inciso III do art. 105 há a situação do dissidio jurisprudencial:
divergência entre dois ou mais tribunais de segundo grau, ou entre um destes e o próprio STJ, o
STJ será chamado para unificar a interpretação. (Donoso; Serau Junior, 2017, p. 303).
Nesse sentido é a Súmula 7 do STJ, estabelecendo que só pode veicular matéria de direito:
“a pretensão de simples reexame de prova não enseja recurso especial”.
Segundo Aguirre e Sá (2017, p. 108), o Recurso Especial e o Recurso Extraordinário
objetivam, com outros institutos do ordenamento como o incidente de Resolução das Demandas
Repetitivas e a Assunção de Competência, a preservação do princípio da unidade do
ordenamento jurídico.
A finalidade do recurso especial e do recurso extraordinário é assegurar que a lei federal e
a Constituição Federal sejam aplicadas de maneira uniforme em todos os casos que necessitam
de sua incidência. (AGUIRRE; SÁ, 2017, p. 108).
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→ Verificar Súmula 203 do STJ: “Não cabe recurso especial contra decisão proferida
por órgão de segundo grau dos Juizados Especiais”.
ATENÇÃO
Verificar súmulas do STJ: 07, 13, 83, 126, 207 e 211!
Isso, em razão da previsão do art. 1.024, §4º e §5º do Novo CPC, sobre o recurso interposto
antes do julgamento dos embargos de declaração:
§4º Caso o acolhimento dos embargos de declaração implique modificação da decisão
embargada, o embargado que já tiver interposto outro recurso contra a decisão originária
tem o direito de complementar ou alterar suas razões, nos exatos limites da modificação,
no prazo de 15 (quinze) dias, contado da intimação da decisão dos embargos de
declaração.
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Ou seja, conforme ensinam Donoso e Serau Junior (2017, p. 305), de acordo com a
previsão do §5º do art. 1.024 do CPC, se os embargos de declaração forem rejeitados ou não
alterarem a decisão anterior, o recurso interposto pela outra parte antes da publicação do
julgamento dos embargos de declaração será processado e julgado independentemente de
ratificação.
Porém, caso o julgamento dos embargos de declaração acarrete a modificação do
julgamento, será o caso de intimar a parte contrária para que complemente ou altere suas razões
recursais, nos exatos limites da mudança no prazo de 15 dias, tal qual preconiza o §4º do art.
1.014 do CPC. (DONOSO; SERAU JUNIOR, 2017, p. 305)
Aplicam-se ao recurso especial e extraordinário as regras referentes ao recolhimento do
preparo recursal na forma do art. 1.007 do CPC, podendo inclusive haver a concessão do
benefício da gratuidade da justiça nos termos do artigo 98 e seguintes do CPC. (DONOSO;
SERAU JUNIOR, 2017, p. 306)
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sem a exigência que tal decisão tenha sido proferida pelos Tribunais, o que possibilita, por
exemplo, a interposição de recurso extraordinário também de decisões das Turmas Recursais
dos Juizados especiais. (DONOSO; SERAU JUNIOR, 2017, p. 308).
Então, nos Tribunais caso seja proferida decisão monocrática pelo desembargador relator,
nos termos do art. 932 do CPC, deverá primeiro ser interposto o respectivo agravo interno,
conforme art. 1021 do CPC, a fim de que as possibilidades recursais ordinárias estejam
esgotadas para daí sim interpor recurso especial ou extraordinário. Mesma coisa se houver
embargos de declaração opostos contra decisão monocrática, sendo julgados também por
decisão monocrática, sendo necessário primeiro a interposição do agravo interno. (DONOSO;
SERAU JUNIOR, 2017, p. 309)
SUMULA 279 DO STF: “Para simples reexame de prova não cabe recurso extraordinário”.
SUMULA 7 DO STJ: “A pretensão de simples reexame de prova não enseja recurso
especial”.
Da mesma forma, aponta-se a importância das proibições contidas nas sumulas 454 do
STF e 5 do STJ:
SUMULA 05 DO STJ: “A simples interpretação de clausula contratual não enseja recurso
especial”.
SUMULA 454 DO STF: “Simples interpretação de cláusulas contratuais não dá lugar a
recurso extraordinário”.
▪ Prequestionamento:
O prequestionamento é entendido como a exigência de que a matéria impugnada pelo
recurso especial ou extraordinário já tenha sido objeto de decisão pelas instâncias inferiores,
acentuando a função constitucional do STJ e do STF como recursos excepcionais. (DONOSO;
SERAU JUNIOR, 2017, p. 310).
Assim veda que tais recursos veiculem matéria inédita, ainda não discutidas nas
instâncias inferiores, justamente em razão da necessidade de ser causa decidida. (DONOSO;
SERAU JUNIOR, 2017, p. 310)
Nesse sentido é a Sumula 282 STF, aplicável também no âmbito do STJ, em relação ao
recurso especial, segundo DONOSO E SERAU JUNIOR, (2017, p. 31):
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Art. 995. Os recursos não impedem a eficácia da decisão, salvo disposição legal ou
decisão judicial em sentido diverso.
Parágrafo único. A eficácia da decisão recorrida poderá ser suspensa por decisão do
relator, se da imediata produção de seus efeitos houver risco de dano grave, de difícil ou
impossível reparação, e ficar demonstrada a probabilidade de provimento do recurso.
(BRASIL, 2015)
9.6 Petição
O recurso especial deve ser interposto por petição endereçada ao presidente ou vice-
presidente do tribunal que proferiu a decisão. Deve conter, segundo o artigo 1.029 do CPC:
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PETIÇÃO DE INTERPOSIÇÃO
Dirigida ao Presidente ou Vice- PETIÇÃO DE RAZÕES:
Presidente do Tribunal que proferiu a Dirigida ao Superior Tribunal de Justiça
decisão
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O prazo para interposição do recurso especial é de 15 dias, sendo o mesmo prazo para
apresentar as contrarrazões.
Art. 1.030. Recebida a petição do recurso pela secretaria do tribunal, o recorrido será
intimado para apresentar contrarrazões no prazo de 15 (quinze) dias, findo o qual os autos
serão conclusos ao presidente ou ao vice-presidente do tribunal recorrido, que deverá:
(BRASIL, 2015)
Art. 1.003. O prazo para interposição de recurso conta-se da data em que os advogados,
a sociedade de advogados, a Advocacia Pública, a Defensoria Pública ou o Ministério
Público são intimados da decisão.
§5º Excetuados os embargos de declaração, o prazo para interpor os recursos e para
responder-lhes é de 15 (quinze) dias. (BRASIL, 2015)
Vale todas as regras de prazos que foram vistas (em dobro, contagem, artigo 1.004 do
CPC, etc). Via de regra, o recurso especial tem apenas o efeito devolutivo, consoante previsão
do artigo 995 do CPC. No entanto, o recorrente poderá requerer o efeito suspensivo, com base
no §5º do artigo 1.029 do CPC.
Deverá também no ato de interposição do recurso, comprovar o recolhimento do preparo
recursal, inclusive porte de remessa e de retorno, conforme exigência do artigo 1.007 do CPC.
(ARAUJO JUNIOR, 2016, p. 58)
Interposto o recurso especial perante o Presidente ou Vice-Presidente do Tribunal recorrido,
deverá ser determinada a intimação do Recorrido para que apresente as contrarrazões no prazo
de 15 dias, findo o qual os autos serão conclusos ao Presidente ou Vice-Presidente do Tribunal
Recorrido que deverá tomar uma das condutas do artigo 1.030 do CPC. (ARAUJO JUNIOR,
2016, p. 59)
Art. 1.030. Recebida a petição do recurso pela secretaria do tribunal, o recorrido será
intimado para apresentar contrarrazões no prazo de 15 (quinze) dias, findo o qual os autos
serão conclusos ao presidente ou ao vice-presidente do tribunal recorrido, que
deverá: (BRASIL, 2015)
I – negar seguimento: (Incluído pela Lei nº 13.256, de 2016) (Vigência)
a) a recurso extraordinário que discuta questão constitucional à qual o Supremo Tribunal
Federal não tenha reconhecido a existência de repercussão geral ou a recurso
extraordinário interposto contra acórdão que esteja em conformidade com entendimento
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Art. 1.032. Se o relator, no Superior Tribunal de Justiça, entender que o recurso especial
versa sobre questão constitucional, deverá conceder prazo de 15 (quinze) dias para que
o recorrente demonstre a existência de repercussão geral e se manifeste sobre a questão
constitucional.
Parágrafo único. Cumprida a diligência de que trata o caput, o relator remeterá o recurso
ao Supremo Tribunal Federal, que, em juízo de admissibilidade, poderá devolvê-lo ao
Superior Tribunal de Justiça. (BRASIL, 2015)
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Segundo DONOSO E SERAU JUNIOR (2017, p. 318) esses dispositivos estabelecem que,
caso o relator do STJ, entenda que o recurso especial discute, na realidade, questão
constitucional, abrirá o prazo de 15 dias para que o recorrente demonstre a repercussão geral
(requisito de admissibilidade exclusivo do recurso extraordinário) e se manifeste sobre a questão
constitucional. Uma vez cumprido esse requisito, os autos serão remetidos ao STF para análise
desse recurso extraordinário. Entretanto, poderá o STF, em juízo de admissibilidade devolver o
recurso ao STJ, para que volte a examinar a insurgência como recurso especial.
Do mesmo modo, o artigo 1.033 do CPC estabelece possibilidade similar para o recurso
extraordinário, ou seja, se o STF entender que a questão tratada no apelo é ofensa meramente
reflexa à CF, ao invés de não admitir o recurso, remetê-lo-á ao STJ, para julgamento como se
fosse recurso especial. (DONOSO; SERAU JUNIOR, 2017, p. 319).
A operação de conversão do recurso extraordinário em recurso especial pode ocorrer
mesmo nos casos em que a matéria não seja dotada de repercussão geral, conforme enunciado
550 do FPPC. (DONOSO; SERAU JUNIOR, 2017, p. 318-319)
Observar, ainda, no caso os enunciados 565 e 566 do FPPC, que lecionam que a conversão
de um recurso excepcional em outro, nos termos dos arts. 1.032 e 1.033 exige que a parte
adversa seja intimada para complementação de suas contrarrazões. (DONOSO; SERAU
JUNIOR, 2017, p. 319).
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Processo número...
RECURSO ESPECIAL
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Termos em que,
Pede deferimento.
Local..., data...
Advogado...
OAB...
Processo...
Recorrente... (não pode qualificar de novo)
Recorrido... (não pode qualificar de novo)
II – DA TEMPESTIVIDADE:
O presente recurso especial é tempestivo, eis que interposto dentro do prazo legal
de 15 dias, na forma do artigo 1.003, §5º do Código de Processo Civil, cujo termo inicial
é a intimação do advogado, de acordo com o caput do artigo 1.003 do Código de
Processo Civil, computando-se somente os dias úteis, conforme o artigo 219 do Código
de Processo Civil, excluindo o dia do início e incluindo o dia do vencimento, consoante
artigo 224, caput do Código de Processo Civil.
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III – DO PREQUESTIONAMENTO:
Demonstrar que o artigo de lei federal que se alega violação foi objeto de análise
pelo tribunal de origem quando do julgamento do acórdão. Ou que foi oposto embargos
de declaração para fins de prequestionamento, conforme artigo 1.025 do CPC.
VI - SÍNTESE DA DEMANDA:
Trazer um resumo do que ocorreu, conforme enunciado da FGV.
IX – DOS PEDIDOS:
Diante do exposto, requer o Recorrente:
a) A admissibilidade, conhecimento e processamento do presente recurso, eis que
preenchidos os pressupostos de admissibilidade;
b) A concessão do efeito suspensivo para o fim de...
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Pede deferimento.
Local..., data...
Advogado...
OAB...
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10.2 Cabimento
O recurso extraordinário, assim como o Recurso Especial, sendo um recurso de “estrito
direito” apresenta diversos pontos em comum com o Recurso Especial. Assim, grande parte do
que é exposto para o Recurso Especial aplica-se também ao Recurso Extraordinário. O objetivo
do Recurso Extraordinário não é a simples rediscussão da matéria objeto do recurso (como no
caso da apelação e dos demais recursos, ditos ordinários). No Recurso Extraordinário o objetivo
é a observância e unidade da aplicação dos ditames constitucionais por todos os Tribunais
pátrios. Assim, com o Recurso Extraordinário, o STF busca zelar pela supremacia da
Constituição em todo o território nacional. Somente o STF é que julga o recurso extraordinário.
(TARTUCE; DELLORE, 2016, P. 419)
Para verificar o cabimento do recurso extraordinário, verificar o art. 102 da
Constituição Federal.
Entende-se que como não fala Tribunais, cabe Recurso Extraordinário das decisões
proferidas pelas Turmas Recursais do JEC.
Não se admite Recurso Especial contra decisão proferida pela Turma Recursal dos
Juizados Especiais Cíveis, porém se admite o Recurso Extraordinário, pois não há tal restrição
no artigo 102, III da CF, sendo admitido recurso extraordinário contra decisão proferida por
quaisquer órgãos jurisdicionais, ou seja, de tribunais superiores, como o próprio STJ.
(LOURENÇO, 2017, p. 543)
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Ainda, o Recurso Extraordinário é julgado pelo STF e para sua interposição, deve-se ter
esgotado anteriormente os recursos cabíveis, portanto, não cabe de decisão monocrática
proferida pelo relator.
Verificar Súmula 281 do STF: “É inadmissível o recurso extraordinário, quando couber na
Justiça de origem, recurso ordinário da decisão impugnada”.
Da mesma forma, é de se observar que assim como no Resp, no Recurso Extraordinário
também não se pode discutir matéria de fato → Súmula 279 do STF: “Para simples reexame de
prova não cabe recurso extraordinário”.
Pré-questionamento.
Repercussão geral.
Prequestionamento:
Deve haver o prequestionamento. Ou seja, que a matéria objeto do recurso extraordinário
tenha sido objeto de análise pelas instâncias inferiores.
SÚMULA 282 do STF: É inadmissível Recurso Extraordinário quando não ventilada, na decisão
recorrida, a questão federal suscitada.
SÚMULA 356 do STF: O ponto omisso da decisão sobre o qual não foram opostos embargos
declaratórios, não pode ser objeto de recurso extraordinário, por faltar o requisito do
prequestionamento.
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Ainda, destaca-se que os Embargos de Declaração podem ser opostos com o fim de
prequestionamento, conforme o artigo 1.025 do CPC. Dessa forma, caso não tenha havido o
prequestionamento na decisão recorrida, deverão ser opostos os Embargos de Declaração com
o fim de cumprir esse requisito.
SÚMULA 279 do STF: Para simples reexame de prova não cabe recurso extraordinário.
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Observar neste caso a Súmula 640 do STF: “É cabível recurso extraordinário contra decisão
proferida por juiz de primeiro grau nas causas de alçada, ou por turma recursal de juizado
especial cível e criminal.
Assim sendo, para caber recurso extraordinário deve ter havido o esgotamento das vias
recursais, não sendo possível a interposição de outros recursos ainda.
Repercussão geral:
Como requisito de admissibilidade específico do recurso extraordinário, de acordo com o
§3º do artigo 102 da CF, ainda deve haver a repercussão geral das questões constitucionais
§3º No recurso extraordinário o recorrente deverá demonstrar a repercussão geral das
questões constitucionais discutidas no caso, nos termos da lei, a fim de que o Tribunal
examine a admissão do recurso, somente podendo recusá-lo pela manifestação de dois
terços de seus membros. (BRASIL, 2015)
A repercussão geral significa que o recurso deve ser importante não somente para as
partes, mas para a sociedade como um todo.
Nesse sentido ensina Viana (2018, P. 415): “A lei entende que repercussão geral é aquela
que se origina de questões que ultrapassem os interesses subjetivos da causa, por envolver
controvérsias que vão além do direito individual das partes. É preciso que as questões
repercutem fora do processo e se mostrem relevantes do ponto de vista econômico, político,
social ou jurídico”.
Assim sendo, não basta o Recorrente demonstrar que a decisão recorrida viola a CF/88, é
necessário ainda que haja a repercussão geral para que o Recurso Extraordinário seja admitido.
(COLOMBO; SILVA, 2017, p. 187)
A necessidade de repercussão geral foi regulamentada no art. 1.035 do CPC:
Art. 1.035. O Supremo Tribunal Federal, em decisão irrecorrível, não conhecerá do recurso
extraordinário quando a questão constitucional nele versada não tiver repercussão geral,
nos termos deste artigo.
§1º Para efeito de repercussão geral, será considerada a existência ou não de questões
relevantes do ponto de vista econômico, político, social ou jurídico que ultrapassem os
interesses subjetivos do processo.
§2º O recorrente deverá demonstrar a existência de repercussão geral para apreciação
exclusiva pelo Supremo Tribunal Federal. (BRASIL, 2015)
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Ainda, segundo DONOSO E SERAU JUNIOR (2017, p. 312) o CPC de 2015 apresenta
avanço em relação ao CPC de 1973 ao dispor que há uma repercussão geral presumida nas
hipóteses do §3º do artigo 1.035 do CPC, que haverá repercussão geral sempre que o recurso
impugnar acórdão que:
§3º Haverá repercussão geral sempre que o recurso impugnar acórdão que:
I - contrarie súmula ou jurisprudência dominante do Supremo Tribunal Federal;
II - tenha sido proferido em julgamento de casos repetitivos;
II – (Revogado); (Redação dada pela Lei nº 13.256, de 2016) (Vigência)
III - tenha reconhecido a inconstitucionalidade de tratado ou de lei federal, nos termos do
art. 97 da Constituição Federal.
Ainda, o recurso que tiver a repercussão geral reconhecida deverá ser julgado no prazo de
01 ano, tendo preferência sobre os demais feitos, ressalvados aqueles que envolvam réu preso
e os pedidos de habeas corpus. (COLOMBO; SILVA, 2017, p. 188)
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É neste sentido a previsão do §9º do artigo 1.035 do CPC o recurso que tiver reconhecida
a repercussão geral deverá ser julgado no prazo de 01 ano:
§9º O recurso que tiver a repercussão geral reconhecida deverá ser julgado no prazo de
1 (um) ano e terá preferência sobre os demais feitos, ressalvados os que envolvam réu
preso e os pedidos de habeas corpus. (BRASIL, 2015)
Ou seja, conforme a previsão do §8º do artigo 1.035 do CPC, se for negada a repercussão
geral, a presidência do Tribunal intermediário negará seguimento aos recursos extraordinários
sobrestados na origem que versam sobre a matéria.
Silva e Colombo (2017, p. 188) ainda ensinam sobre a repercussão geral “que o interessado
poderá requerer, ao presidente ou vice-presidente do tribunal de origem, que exclua da decisão
de sobrestamento e inadmita o recurso extraordinário que tenha sido interposto
intempestivamente, tendo o recorrente o prazo de 05 dias para manifestar-se acerca desse
requerimento (art. 1035, §6º). Da decisão que indeferir o requerimento ou que aplicar
entendimento firmado em regime de repercussão geral ou em julgamento de recursos repetitivos
caberá agravo interno”.
Art. 995. Os recursos não impedem a eficácia da decisão, salvo disposição legal ou
decisão judicial em sentido diverso.
Parágrafo único. A eficácia da decisão recorrida poderá ser suspensa por decisão do
relator, se da imediata produção de seus efeitos houver risco de dano grave, de difícil ou
impossível reparação, e ficar demonstrada a probabilidade de provimento do recurso.
(BRASIL, 2015)
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Observar que no caso do artigo 987, §1º do CPC o RECURSO EXTRAORDINÁRIO TERÁ
EFEITO SUSPENSIVO QUANDO INTERPOSTO DO JULGAMENTO DO INCIDENTE DE
RESOLUÇÃO DE DEMANDAS REPETITIVAS.
Após o prazo das contrarrazões, oferecidas estas ou não, o recurso será encaminhado ao
STF.
Caso admitido o Recurso Extraordinário → os autos serão remitidos ao STF. E se o Recurso
Extraordinário não for admitido na origem? Cabe Agravo em Recurso Extraordinário, consoante
previsão do artigo 1.042 do CPC, salvo se a decisão que inadmitir o recurso especial ou o
extraordinário estiver fundada em julgamento de recursos repetitivos ou repercussão geral.
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Ou seja, a redação original do artigo 1.030 do CPC teve alteração com a Lei 13.256/16,
tendo tanto o recurso especial, quanto extraordinário duplo exame de admissibilidade, como
ocorria já no CPC antigo.
Art. 1.030. Recebida a petição do recurso pela secretaria do tribunal, o recorrido será
intimado para apresentar contrarrazões no prazo de 15 (quinze) dias, findo o qual os autos
serão conclusos ao presidente ou ao vice-presidente do tribunal recorrido, que deverá:
I – negar seguimento:
a) a recurso extraordinário que discuta questão constitucional à qual o Supremo Tribunal
Federal não tenha reconhecido a existência de repercussão geral ou a recurso
extraordinário interposto contra acórdão que esteja em conformidade com entendimento
do Supremo Tribunal Federal exarado no regime de repercussão geral;
b) a recurso extraordinário ou a recurso especial interposto contra acórdão que esteja em
conformidade com entendimento do Supremo Tribunal Federal ou do Superior Tribunal de
Justiça, respectivamente, exarado no regime de julgamento de recursos repetitivos;
II – encaminhar o processo ao órgão julgador para realização do juízo de retratação, se o
acórdão recorrido divergir do entendimento do Supremo Tribunal Federal ou do Superior
Tribunal de Justiça exarado, conforme o caso, nos regimes de repercussão geral ou de
recursos repetitivos;
III – sobrestar o recurso que versar sobre controvérsia de caráter repetitivo ainda não
decidida pelo Supremo Tribunal Federal ou pelo Superior Tribunal de Justiça, conforme se
trate de matéria constitucional ou infraconstitucional;
IV – selecionar o recurso como representativo de controvérsia constitucional ou
infraconstitucional, nos termos do § 6º do art. 1.036;
V – realizar o juízo de admissibilidade e, se positivo, remeter o feito ao Supremo Tribunal
Federal ou ao Superior Tribunal de Justiça, desde que:
a) o recurso ainda não tenha sido submetido ao regime de repercussão geral ou de
julgamento de recursos repetitivos;
b) o recurso tenha sido selecionado como representativo da controvérsia; ou
c) o tribunal recorrido tenha refutado o juízo de retratação.
§1º Da decisão de inadmissibilidade proferida com fundamento no inciso V caberá agravo
ao tribunal superior, nos termos do art. 1.042.
§2º Da decisão proferida com fundamento nos incisos I e III caberá agravo interno, nos
termos do art. 1.021. (BRASIL, 2015)
Observar ainda que, conforme previsão do artigo 1.031 do CPC na hipótese de interposição
conjunta de Recurso Especial e Recurso Extraordinário, os autos serão remetidos primeiro ao
STJ.
Além disso, o STF não está vinculado ao que decidiu o Tribunal de origem, podendo realizar
novo exame de admissibilidade, podendo conhecer ou não o Recurso Extraordinário.
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RECURSO EXTRAORDINÁRIO
PETIÇÃO DE INTERPOSIÇÃO
PETIÇÃO DE RAZÕES
Dirigida ao Presidente do Tribunal de
Dirigida ao Supremo Tribunal Federal
Origem
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Processo número...
RECURSO EXTRAORDINÁRIO
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Advogado...
OAB...
Processo...
Recorrente... (não pode qualificar de novo)
Recorrido... (não pode qualificar de novo)
COLENDO TRIBUNAL,
EGRÉGIA TURMA,
NOBRES JULGADORES,
I – CABIMENTO:
O presente recurso extraordinário é o adequado, uma vez que impugna acórdão,
pois trata-se de decisão proferida pelo órgão colegiado do Tribunal de Justiça do Estado
de..., na forma do artigo 204 do CPC, que ao julgar o recurso de Apelação negou
provimento ao mesmo. Além disso, no julgamento do recurso de Apelação, o Tribunal
recorrido contrariou o artigo... da Constituição Federal. Dessa forma, sendo decisão
proferida em última instancia pelo Tribunal de Justiça do Estado ... cabe recurso
extraordinário, nos termos do artigo 102, III, alínea... da CF.
II – DA TEMPESTIVIDADE:
Verifica-se que o recurso extraordinário é tempestivo, pois interposto dentro do prazo
legal de 15 dias, a contar da intimação do advogado do Recorrente, nos termos do artigo
1003, caput e §5º, do Código de Processo Civil, computando-se somente os dias úteis,
conforme previsão do artigo 219 do CPC, excluindo o dia do início e incluindo o dia do
vencimento, consoante disposição do artigo 224, caput do CPC.
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III – DO PREQUESTIONAMENTO:
O RECURSO EXTRAORDINÁRIO possui esse requisito do prequestionamento.
Ou seja, tem que ser demonstrado que a matéria impugnada já foi objeto de apreciação
no Tribunal de origem.
Exemplo: que no julgamento da apelação o Tribunal Recorrido proferiu
entendimento que contraria o artigo ... da CF. OBSERVAR QUE O ENUNCIADO DA FGV
PODE MENCIONAR QUE O PREQUESTIONAMENTO FOI REALIZADO VIA
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO (art. 1.025 do CPC).
IV – DA REPERCUSSÃO GERAL:
Mencionar que o recurso possui repercussão geral, pois isso é requisito do Recurso
Extraordinário, inclusive destacando as previsões dos artigos 102, §3º da CF e artigo
1.035 do CPC.
Exemplo: Nos termos do artigo 102, §3º da CF e artigo 1.035 do CPC, a matéria
objeto do presente recurso extraordinário possui repercussão geral, pois possui
importância...(econômica, jurídica, social, política) requisito exigido para admissão do
recurso extraordinário.
No caso, verifica-se a repercussão geral pelos seguintes motivos: ...
V- DA SÍNTESE DA DEMANDA:
Dizer o que ocorreu no processo, conforme enunciado da FGV.
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Termos em que,
Pede deferimento.
Local..., data...
Advogado...
OAB...
172
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11.2 Cabimento
O Novo Código de Processo civil foi alterado antes mesmo de entrar em vigor. Assim, no
que tange ao agravo em recurso especial e extraordinário, em razão da Lei 13.256/2016, o
entendimento é que se trouxe de volta, nesta parte, a sistemática do antigo CPC/1973.
Portanto, com o Agravo em Recurso Especial o que se pretende é justamente fazer com
que o Recurso Especial seja julgado pelo STJ e o Recurso Extraordinário pelo STF, caso tenham
sido inadmitidos. (TARTUCE; DELLORE, 2016, p. 377)
Ocorre que, uma vez interposto o recurso especial ou extraordinário, e findo o prazo para
contrarrazões, os autos vão ser conclusos ao presidente ou vice-presidente do tribunal recorrido,
o qual poderá tomar uma das condutas do artigo 1.030 do CPC:
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Art. 1.030. Recebida a petição do recurso pela secretaria do tribunal, o recorrido será
intimado para apresentar contrarrazões no prazo de 15 (quinze) dias, findo o qual os autos
serão conclusos ao presidente ou ao vice-presidente do tribunal recorrido, que
deverá:
I – negar seguimento
a) a recurso extraordinário que discuta questão constitucional à qual o Supremo Tribunal
Federal não tenha reconhecido a existência de repercussão geral ou a recurso
extraordinário interposto contra acórdão que esteja em conformidade com entendimento
do Supremo Tribunal Federal exarado no regime de repercussão geral;
b) a recurso extraordinário ou a recurso especial interposto contra acórdão que esteja em
conformidade com entendimento do Supremo Tribunal Federal ou do Superior Tribunal de
Justiça, respectivamente, exarado no regime de julgamento de recursos
repetitivos;
II – encaminhar o processo ao órgão julgador para realização do juízo de retratação, se o
acórdão recorrido divergir do entendimento do Supremo Tribunal Federal ou do Superior
Tribunal de Justiça exarado, conforme o caso, nos regimes de repercussão geral ou de
recursos repetitivos;
III – sobrestar o recurso que versar sobre controvérsia de caráter repetitivo ainda não
decidida pelo Supremo Tribunal Federal ou pelo Superior Tribunal de Justiça, conforme se
trate de matéria constitucional ou infraconstitucional;
IV – selecionar o recurso como representativo de controvérsia constitucional ou
infraconstitucional, nos termos do § 6º do art. 1.036;
V – realizar o juízo de admissibilidade e, se positivo, remeter o feito ao Supremo Tribunal
Federal ou ao Superior Tribunal de Justiça, desde que:
a) o recurso ainda não tenha sido submetido ao regime de repercussão geral ou de
julgamento de recursos repetitivos
b) o recurso tenha sido selecionado como representativo da controvérsia;
ou
c) o tribunal recorrido tenha refutado o juízo de retratação.
§1º Da decisão de inadmissibilidade proferida com fundamento no inciso V caberá agravo
ao tribunal superior, nos termos do art. 1.042.
§2º Da decisão proferida com fundamento nos incisos I e III caberá agravo interno, nos
termos do art. 1.021.
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11.3 Processamento
O Agravo em Recurso Especial ou Extraordinário será interposto nos autos do processo
(não há necessidade de se formar um instrumento) perante o Tribunal de Origem, no prazo de
15 dias. (TARTUCE; DELLORE, 2016, p. 377)
Sobre o procedimento Viana (2018, p. 445) explica que “a petição de agravo será dirigida
ao presidente ou ao vice-presidente do tribunal de origem e independe do pagamento de custas
e despesas postais, aplicando-se a ela o regime de repercussão geral e de recursos repetitivos,
inclusive quanto à possibilidade de sobrestamento e do juízo de retratação”.
Não há recolhimento de preparo recursal, nem porte de remessa ou de retorno, conforme
art. 1.042, §2º, do CPC/15:
§3º O agravado será intimado, de imediato, para oferecer resposta no prazo de 15 (quinze)
dias. (BRASIL, 2015)
Poderá haver retratação. Se não houver retratação, após o prazo de resposta, o agravo
será remetido ao Tribunal competente, ou seja, STJ ou STF:
§4º Após o prazo de resposta, não havendo retratação, o agravo será remetido ao tribunal
superior competente. (BRASIL, 2015)
175
Ceisc OAB
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E na hipótese de a parte interpor RESP e REXT ao mesmo tempo e nenhum deles ser
admitido? Deverá interpor 2 recursos de agravo, conforme previsão do §6º do artigo 1.042 do
CPC/15:
176
Ceisc OAB
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Processo nº...
177
Ceisc OAB
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Termos em que,
Pede deferimento.
Local..., data...
Advogado...
OAB...
Processo...
Recorrente...
Recorrido...
COLENDO TRIBUNAL,
EGRÉGIA TURMA,
NOBRES JULGADORES,
I – CABIMENTO:
Demonstrar que o presente recurso de agravo em recurso especial é o adequado
por se tratar de decisão do presidente ou vice-presidente do Tribunal de origem que
negou seguimento ao recurso especial, conforme previsão do artigo 1.042 do Código
de processo Civil, sendo o recurso previsto no artigo 994, VIII do CPC.
II – DA TEMPESTIVIDADE:
Verifica-se que o Agravo em Recurso Especial é tempestivo, pois interposto dentro
do prazo legal de 15 dias, a contar da intimação do advogado do Agravante, nos termos
do artigo 1003, caput e §5º, do Código de Processo Civil, computando-se somente os
178
Ceisc OAB
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dias úteis, conforme previsão do artigo 219 do CPC, excluindo o dia do início e incluindo
o dia do vencimento, consoante disposição do artigo 224, caput do CPC.
Termos em que,
Pede deferimento.
Local..., data...
Advogado...
OAB...
179
Ceisc OAB
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12.2 Cabimento
Cabem embargos de divergência com o objetivo de uniformizar a jurisprudência interna do
STJ ou do STF. (DONOSO; SERAU JUNIOR, 2018, p. 374)
Ensina Medina (2016, p. 1402-1403) que os embargos de divergência possuem por função
uniformizar a jurisprudência dos próprios tribunais superiores, não se tratando de recurso que
tenha por finalidade corrigir erro de acórdão proferido em julgamento do STJ ou STF.
No CPC/15, o cabimento tem previsão no art. 1.043:
Sobre o cabimento dos embargos de divergência Viana (2018, p. 446) ensina que tal
recurso será admitido perante o STF e STJ, inexistindo nas instâncias inferiores. Tem como
objetivo extinguir a divergência interna sobre determinada questão jurídica existente na própria
Corte. Essas questões jurídicas controvertidas dizem respeito à interpretação de norma
constitucional e infraconstitucional.
Comentando o aludido artigo DONOSO E SERAU JUNIOR (2017, p. 374) mencionam que
cabe embargos de divergência em decisões proferidas por colegiados, afastando a oposição dos
embargos de divergência contra decisões monocráticas dos relatores. Nesse caso, será
necessário, inicialmente, interpor agravo interno, ou agravo regimental, conforme o caso.
180
Ceisc OAB
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Assim, segundo o inciso I do art. 1043 do CPC estabelece que cabem embargos de
divergência contra acórdão de órgão fracionário do STF (suas Turmas) ou do STJ (Turmas ou
Seções) que sejam divergentes do julgamento de qualquer outro órgão do mesmo Tribunal,
estabelecendo também que o acórdão deve ser de mérito. (DONOSO; SERAU JUNIOR, 2017,
p. 374).
O inciso III do art. 1043 assegura a interposição dos embargos de divergência na hipótese
da divergência ocorrer entre um acórdão de “mérito” e outra que não tenha conhecido do recurso
especial ou recurso extraordinário, mas, de alguma forma, tenha analisado a controvérsia.
(DONOSO; SERAU JUNIOR, 2017, p. 374).
Observar que a divergência pode ocorrer no julgamento de RECURSO ESPECIAL OU
EXTRAORDINÁRIO, ou seja, no JULGAMENTO DE MÉRITO ou no caso de
ADMISSIBILIDADE DO RECURSO ESPECIAL ou EXTRAORDINÁRIO.
Também nesse sentido Medina (2016, p. 1403) explica que “o recurso de embargos de
divergência é cabível contra acórdãos de órgãos fracionários que divirjam, em se tratando de
decisão de mérito ou, ainda, que o outro acórdão não tenha conhecido o recurso, tenha apreciado
a controvérsia (cf. inc. III do art. 1.043 do CPC/2015)”.
Observar que não cabem embargos de divergência com fundamento em acórdão
paradigma de outra turma que, no passado, detinha competência para julgar aquela matéria,
mas atualmente não tem, estando válida a súmula 158 do STJ. (DONOSO; SERAU JUNIOR,
2017, p. 375).
Ainda, conforme o §3º do artigo 1.043 cabe Embargos de divergência de decisão (julgado)
da mesma turma, se houver tido mudança de composição em mais da metade dos membros:
§ 3o Cabem embargos de divergência quando o acórdão paradigma for da mesma turma que
proferiu a decisão embargada, desde que sua composição tenha sofrido alteração em mais da
metade de seus membros. (BRASIL, 2015)
181
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Segundo DONOSO E SERAU JUNIOR (2017, p. 375) o §1º do art. 1.043 inova em relação
ao regime processual anterior, e prevê que a divergência na interpretação pode ser comparada
entre recursos e também ações de competência originárias dos Tribunais:
§1º Poderão ser confrontadas teses jurídicas contidas em julgamentos de recursos e de ações
de competência originária. (BRASIL, 2015)
§4º O recorrente provará a divergência com certidão, cópia ou citação de repositório oficial ou
credenciado de jurisprudência, inclusive em mídia eletrônica, onde foi publicado o acórdão
divergente, ou com a reprodução de julgado disponível na rede mundial de computadores,
indicando a respectiva fonte, e mencionará as circunstâncias que identificam ou assemelham os
casos confrontados. (BRASIL, 2015)
182
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Ainda, conforme o art. 1.043, §4º, o embargante deve fazer uma comparação entre o
acórdão embargado e o acórdão paradigma, justamente demonstrando que se tratam de
situações semelhantes, mas foi dado o entendimento diverso.
ATENÇÃO
Observar a súmula 168 do STJ, no sentido de que o recurso deve trazer dissidio atual:
“Não cabem embargos de divergência quando a jurisprudência do tribunal se firmou no mesmo
sentido do acórdão embargado”.
183
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MODELO EXEMPLIFICATIVO
Processo número...
Termos em que,
Pede deferimento.
Local..., data...,
Advogado...
OAB...
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Recorrido...
Processo...
Egrégio Supremo Tribunal Federal (ou Superior Tribunal de Justiça)
Ínclitos Ministros,
II – TEMPESTIVIDADE:
Demonstrar a tempestividade do presente recurso, sendo interposto no prazo de
15 dias, na forma do §5º do artigo 1.003 do Código de processo Civil, computados
somente os dias úteis, conforme artigo 219 do Código de Processo Civil, cujo termo inicial
é..., excluindo o dia do início e incluindo a data do vencimento, conforme o artigo 224,
caput do Código de processo Civil.
186
Ceisc OAB
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V – DOS PEDIDOS:
Diante do exposto, requer o recebimento e conhecimento dos Embargos de
Divergência, no sentido de fazer prevalecer o entendimento apresentado no acórdão
paradigma, a respeito do tema (colocar o tema da divergência).
Nestes termos,
Pede deferimento.
Local..., data...
Advogado...
OAB...
187
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não se conformando com a decisão de fls... que negou provimento ao seu recurso
especial interposto em face de NOME DO EMBARGADO, nacionalidade..., estado
civil..., profissão..., portador da Cédula de Identidade..., CPF..., endereço eletrônico...,
residente e domiciliado na Rua..., número..., Bairro..., Cidade..., Estado..., CEP...,
pelas razões que seguem anexas.
Requer sua remessa com as inclusas razões à Colenda ...Seção do Superior
Tribunal de Justiça, para que seja admitido e ocorra a uniformização da jurisprudência
interna, com a consequente reforma do acórdão recorrido.
A intimação do Embargado para, querendo, oferecer contrarrazões, no prazo de
15 dias, conforme previsão dos artigos 1.003, §5º do Código de Processo Civil.
Termos em que,
Pede deferimento.
Local..., data...
Advogado...
OAB...
188
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I – TEMPESTIVIDADE:
Demonstrar a tempestividade do recurso.
V – DOS PEDIDOS:
Diante do exposto, requer o Embargante:
189
Ceisc OAB
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Termos em que,
Pede deferimento.
Local..., data...
Advogado...
OAB...
190
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Sobre a repercussão geral exigida para o recurso extraordinário Silva e Colombo (2017, p.
187) ensinam: “A repercussão geral, introduzida na Constituição Federal, pela emenda
constitucional n. 45/2004, que acrescentou o §3º no art. 102, e, regulamentada posteriormente,
pela Lei 11.418/06, é um filtro ou “marco divisor” no recurso extraordinário. Hoje, não basta mais
o recorrente afirmar em sua petição de recurso extraordinário a violação ou negativa de vigência
da constituição federal. Além da violação ou negativa de vigência à Constituição Federal deverá
demonstrar a existência de repercussão geral. Esse requisito foi regulamentado no NCPC no art.
1.035 do NCPC”.
Disso decorre que, no recurso extraordinário, o recorrente deverá demonstrar que o
julgamento do mesmo não interessa somente às partes envolvidas, mas também para uma
coletividade, não havendo necessidade de que esta envolva todos os habitantes do país, mas
pode estar restrita a determinado grupo determinado ou não. Nesse caso, a não demonstração
do preenchimento do requisito da repercussão geral acarreta a inadmissão do recurso. (SILVA;
COLOMBO, 2017, p. 187)
Complementam Silva e Colombo (2017, p. 187-88) que “a repercussão geral é presumida,
nos termos do §3º do art. 1.035 do NCPC, que acrescentou novas hipóteses àquelas já
mencionadas no CPC/1973. Assim, presume-se a repercussão geral sempre o acórdão:
contrariar sumula ou jurisprudência dominante do STF ou tenha reconhecido a
inconstitucionalidade de tratado ou lei federal, nos termos do artigo 97 da Constituição Federal”.
No que tange à repercussão geral e a suspensão de todos os processos pendentes, é de
se verificar a previsão do §5º do artigo 1.035 do CPC:
Ainda, Silva e Colombo (2017, p. 188) ensinam: “Não é demasiado referir que, o recurso
que tiver a repercussão geral reconhecida, deverá ser julgado no prazo de 1 (um ano) e terá
preferência sobre os demais feitos, ressalvados os que envolvam réu preso e os pedidos de
habeas corpus (art. 1035, §9º do NCPC).
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Então, esse recurso em que ficar reconhecida a repercussão geral deverá ser julgado no
prazo de 01 ano e terá preferência sobre os demais feitos, ressalvados os que envolvem réu
preso e os pedidos de habeas corpus, conforme previsão do §9º do artigo 1.035 do CPC:
§9º O recurso que tiver a repercussão geral reconhecida deverá ser julgado no prazo de
1 (um) ano e terá preferência sobre os demais feitos, ressalvados os que envolvam réu
preso e os pedidos de habeas corpus. (BRASIL, 2015)
Conforme ensinam Silva e Colombo (2017, p. 188) cabe frisar que o interessado poderá
requerer, ao presidente ou vice-presidente do tribunal de origem, que exclua da decisão de
sobrestamento e inadmita recurso extraordinário que tenha sido interposto intempestivamente,
tendo o recorrente o prazo de 05 dias para manifestar-se sobre esse requerimento, conforme
previsão do §6º do artigo 1.035 do CPC:
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Art. 1.030. Recebida a petição do recurso pela secretaria do tribunal, o recorrido será
intimado para apresentar contrarrazões no prazo de 15 (quinze) dias, findo o qual os autos
serão conclusos ao presidente ou ao vice-presidente do tribunal recorrido, que
deverá: (...) (BRASIL, 2015)
Lourenço (2017, p. 534) ensina que é no Tribunal Superior que será feito um juízo de
admissibilidade definitivo, de forma que o realizado no tribunal inferior não vincula o tribunal
superior. Ensina ainda o autor que, ao rever o juízo de admissibilidade realizado pela Presidência
ou Vice-Presidência do Tribunal, incumbe ao STJ ou STF relevar vícios formais de recursos
tempestivos que não sejam graves, conforme a previsão do artigo 1.029, §3º, em prestígio ao
princípio da primazia de mérito, conforme previsão do artigo 4º do CPC:
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Ceisc OAB
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O mencionado autor (Lourenço, 2017, p. 534) menciona que tal expediente somente poderá
ser realizado para recursos tempestivos. Além disso, poderá o presidente ou vice-presidente do
Tribunal recorrido: (inciso I do artigo 1.030 do CPC):
Negar seguimento:
194
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VER SÚMULA 126 DO STJ: e inadmissível recurso especial, quando o acordão recorrido
assenta em fundamentos constitucional e infraconstitucional, qualquer deles suficiente, por si só,
para mantê-lo, e a parte vencida não manifesta recurso extraordinário.
VER SÚMULA 283 DO STF: É inadmissível o recurso extraordinário, quando a decisão
recorrida assenta em mais de um fundamento suficiente e o recurso não abrange todos eles.
Se apenas um dos recursos for admitido, este segue para o tribunal superior, cabendo ao
recorrente interpor agravo em relação ao que não foi admitido.
Se ambos os recursos forem inadmitidos – deverão ser interpostos dois agravos – cada um
para cada inadmissão – conforme previsão do §6º do artigo 1.042 do CPC, indo primeiro para o
STJ e, após concluído o julgamento do recurso especial, os autos irão para o STF, conforme
previsão do artigo 1.042, §7º e 8º do CPC:
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§8º Concluído o julgamento do agravo pelo Superior Tribunal de Justiça e, se for o caso,
do recurso especial, independentemente de pedido, os autos serão remetidos ao Supremo
Tribunal Federal para apreciação do agravo a ele dirigido, salvo se estiver prejudicado.
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Os recursos especiais e extraordinários repetitivos são abarcados nos artigos 1.036 a 1.041
do CPC e traduzem a adoção de uma técnica a fim de viabilizar a criação de precedentes
vinculantes para serem utilizados como padrões decisórios. (LOURENÇO, 2017, p. 539).
Assim, havendo multiplicidades de recursos especial e extraordinário, com fundamento na
mesma questão de direito, deverá ser aplicada tal técnica, para se permitir um julgamento por
amostragem. (LOURENÇO, 2017, p. 539).
Conforme a doutrina, o incidente pode iniciar tanto pelo PRESIDENTE OU VICE-
PRESIDENTE DO TRIBUNAL RECORRIDO (art. 1.036, §1º) ou no próprio STJ ou STF (art.
1.036, §5º do CPC), ainda verificar a hipótese do artigo 1.036, §1º na hipótese de recurso
extraordinário:
Art. 1.036. Sempre que houver multiplicidade de recursos extraordinários ou especiais
com fundamento em idêntica questão de direito, haverá afetação para julgamento de
acordo com as disposições desta Subseção, observado o disposto no Regimento Interno
do Supremo Tribunal Federal e no do Superior Tribunal de Justiça.
§1º O presidente ou o vice-presidente de tribunal de justiça ou de tribunal regional federal
selecionará 2 (dois) ou mais recursos representativos da controvérsia, que serão
encaminhados ao Supremo Tribunal Federal ou ao Superior Tribunal de Justiça para fins
de afetação, determinando a suspensão do trâmite de todos os processos pendentes,
individuais ou coletivos, que tramitem no Estado ou na região, conforme o caso.
§5º O relator em tribunal superior também poderá selecionar 2 (dois) ou mais recursos
representativos da controvérsia para julgamento da questão de direito independentemente
da iniciativa do presidente ou do vice-presidente do tribunal de origem.
197
Ceisc OAB
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Tal escolha não vincula o STJ OU STF (LOURENÇO, 2017, p. 539), podendo o relator de
tais tribunais superiores selecionar outros recursos que melhor representa a controvérsia,
conforme prevê o §4 º do art. 1.036 do CPC:
Feita a escolha pelo Tribunal recorrido (LOURENÇO, 2017, p. 540), será possível que o
interessado requeira à autoridade que determinou a suspensão a exclusão de recursos
intempestivos, devendo ser ouvido o recorrente no prazo de 05 dias, cabendo de tal decisão
somente agravo interno:
Ou seja, admissível no sentido do STJ ou STF poder adentrar no mérito, bem como que
permitam o exame aprofundado de todos os argumentos invocados no exame daquelas questões
de direito. (Lourenço, 2017, p. 540).
Uma vez selecionado pelo órgão jurisdicional de origem ou pelo próprio STJ ou STF,
CABERÁ AO RELATOR proferir decisão no sentido de afetar ou não a matéria. Negada a
afetação, tal decisão será comunicada ao Presidente ou Vice-Presidente que tenha enviado os
recursos, para fins de rever sua decisão de sobrestamento, conforme previsão do artigo 1.037 e
§1º: (Lourenço, 2017, p. 540)
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§1º Se, após receber os recursos selecionados pelo presidente ou pelo vice-presidente de
tribunal de justiça ou de tribunal regional federal, não se proceder à afetação, o relator, no
tribunal superior, comunicará o fato ao presidente ou ao vice-presidente que os houver
enviado, para que seja revogada a decisão de suspensão referida no art. 1.036, §1º.
§8º As partes deverão ser intimadas da decisão de suspensão de seu processo, a ser
proferida pelo respectivo juiz ou relator quando informado da decisão a que se refere o
inciso II do caput.
Assim, o interessado poderá requerer a declaração de que não era para ser suspenso,
estabelecendo uma distinção entre os casos afetados para julgamento repetitivo e o seu caso
concreto. Daí a necessidade de o relator identificar precisamente, o que será julgado sob a
técnica repetitiva (art. 1.037, I do CPC), pois nessa hipótese estará provando que o julgamento
por amostragem não se aplicará ao caso concreto indevidamente suspenso, devendo o feito
tramitar normalmente (LOURENÇO, 2017, p. 540), conforme previsão do §9º:
Contra tal decisão proferida caberá, conforme o §13º do artigo 1.037 do CPC:
Conforme ensina Lourenço (2017, p. 541) poderá haver mais de uma decisão de afetação,
sendo prevento o relator que primeiro tiver proferido a decisão. Da mesma forma, proferida a
afetação, o julgamento deverá ocorrer no prazo de 01 ano, tendo preferência sobre os demais
processos, com exceção daqueles envolvendo réus presos e os habeas:
199
Ceisc OAB
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§3º Havendo mais de uma afetação, será prevento o relator que primeiro tiver proferido a
decisão a que se refere o inciso I do caput.
§4º Os recursos afetados deverão ser julgados no prazo de 1 (um) ano e terão preferência
sobre os demais feitos, ressalvados os que envolvam réu preso e os pedidos de habeas
corpus. (BRASIL, 2015)
Pontua Lourenço (2017, p. 541) que antes de proferir a decisão poderão ser ouvidos
pessoas, órgãos e entidades que possuem interesse na controvérsia, atuando nessa hipótese
como amicus curiae, consoante disposições do artigo 1.038 do CPC:
Art. 1.038. O relator poderá:
I - solicitar ou admitir manifestação de pessoas, órgãos ou entidades com interesse na
controvérsia, considerando a relevância da matéria e consoante dispuser o regimento
interno;
II - fixar data para, em audiência pública, ouvir depoimentos de pessoas com experiência
e conhecimento na matéria, com a finalidade de instruir o procedimento;
III - requisitar informações aos tribunais inferiores a respeito da controvérsia e, cumprida
a diligência, intimará o Ministério Público para manifestar-se.
§1º No caso do inciso III, os prazos respectivos são de 15 (quinze) dias, e os atos serão
praticados, sempre que possível, por meio eletrônico.
§2º Transcorrido o prazo para o Ministério Público e remetida cópia do relatório aos demais
ministros, haverá inclusão em pauta, devendo ocorrer o julgamento com preferência sobre
os demais feitos, ressalvados os que envolvam réu preso e os pedidos de habeas corpus.
(BRASIL, 2015)
▪ Ver ainda as consequências do julgamento, conforme artigos 1.039, 1.040 e 1.041 do CPC.
200
Ceisc OAB
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a) Fundamento legal:
Art. 929 e seguintes do CPC.
Conforme Medina (2022, p. 1.103) o artigo 929, caput do CPC estabelece sobre a
necessidade de distribuição imediata no âmbito dos Tribunais.
Sobre o parágrafo único do artigo 929 ensinam Didier Júnior e Cunha (2018, p. 41): “os
serviços de protocolo poderão, a critério do tribunal, ser descentralizados, mediante delegação
a ofícios de justiça de primeiro grau (art. 929, par. Ún. do CPC), facilitando o acesso aos tribunais,
sobretudo para os que se localizam em comarcas mais distantes de sua sede”.
Parágrafo único. O primeiro recurso protocolado no tribunal tornará prevento o relator para
eventual recurso subsequente interposto no mesmo processo ou em processo conexo.
(BRASIL, 2015)
Acerca do artigo 930 do CPC, Didier Junior e Cunha (2018, p. 43) lecionam que a
distribuição deve ser alternada entre os membros do tribunal, observando a igualdade, visando
assim uma equânime divisão do trabalho. Além disso, a publicidade da distribuição consagra o
princípio constitucional da publicidade.
Comentando o artigo 930 do CPC, Medina (2022, p. 1.104) ensina que a alternatividade
da distribuição possibilita a isonomia, devendo ser dada a publicidade. A distribuição será
realizada por sorteio eletrônico, sendo que as regras regimentais devem observar tais princípios.
201
Ceisc OAB
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Sobre a prevenção ainda ensina o autor: “Com a primeira distribuição dá-se a prevenção,
fixando-se a competência do órgão colegiado e do relator, para recurso subsequente, que a eles
serão atribuídos (ou, como se costuma dizer, distribuídos por prevenção)”. (MEDINA, 2022, p.
1.104)
Da mesma forma Didier Junior e Cunha (2018, p. 43): “como o tribunal é, essencialmente,
um órgão colegiado, a distribuição desponta como um ato importantíssimo. É pela distribuição
que se define se o processo deverá encaminhar-se ao pleno ou a algum outro órgão do tribunal,
estabelecendo, ainda, quem será o relator”.
c) Da conclusão ao relator:
O artigo 931 do CPC estabelece a regra que, uma vez distribuídos, os autos serão
imediatamente conclusos ao relator:
d) Poderes do relator:
O artigo 932 do CPC traz uma série de condutas que incumbem ao relator no âmbito dos
tribunais. Conforme ensinam Didier Junior e Cunha (2018, p. 59) “para que possa cumprir a sua
função, ao relator atribui-se uma série de poderes. Há poderes de toda natureza: ordenação e
gestão do processo, instrutório e decisório. Esses poderes estão espalhados ao longo do Código,
em diversos dispositivos. O art. 932 é o mais importante, pois nele se concentra boa parte desses
poderes. Mas o art. 932 do CPC não exaure os poderes do relator”.
202
Ceisc OAB
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No que tange ao inciso I do artigo 932 do CPC, “ao relator incumbe a direção formal e
material do processo, no Tribunal”. (MEDINA, 2022, p. 1.105). Deve o relator dirigir e ordenar o
processo no tribunal, inclusive no que se refere à produção de prova, bem como, quando for o
caso, homologar autocomposição das partes.
O inciso II do artigo 932 diz que incumbe ao relator apreciar o pedido de tutela provisória
realizado em recurso ou nas ações de competência originária dos Tribunais.
O inciso III do artigo 932 se refere ao juízo de admissibilidade a ser realizado pelo relator
nos recursos, podendo não conhecer de recurso inadmissível, prejudicado ou que não tenha
impugnado especificamente os fundamentos da decisão recorrida.
Além disso, de acordo com o inciso IV do artigo 932 do CPC, é permitido ao relator negar
provimento ao recurso, quando o próprio recurso for contrário a a) súmula do Supremo Tribunal
Federal, do Superior Tribunal de Justiça ou do próprio tribunal; b) acórdão proferido pelo
Supremo Tribunal Federal ou pelo Superior Tribunal de Justiça em julgamento de recursos
repetitivos; c) entendimento firmado em incidente de resolução de demandas repetitivas ou de
assunção de competência.
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Salienta Medina (2022, p. 1.108) que o provimento do recurso pelo relator “só é
admissível, diz a lei processual, depois de facultada a apresentação de contrarrazões. Tal
disposição encontra-se em conformidade com o princípio do contraditório.
Ainda, conforme o inciso VI do artigo 932 do CPC incumbe ao relator decidir o incidente
de desconsideração da personalidade jurídica, quando este for instaurado originariamente
perante o tribunal, bem como na forma do inciso VII do artigo 932, determinar a intimação do
Ministério Público, quando for o caso, e, ainda, exercer outras atribuições estabelecidas no
regimento interno do tribunal.
Por fim, quanto ao parágrafo único do artigo 932 do CPC, Didier Junior e Cunha (2018,
p. 64) referem que “traz regra que concretiza dois princípios do processo civil brasileiro: primazia
da decisão de mérito (art. 4º, CPC) e cooperação (art. 6º, CPC). Determina o dispositivo que,
antes de considerar inadmissível o recurso, o relator concederá o prazo de 5 dias ao recorrente
para que seja sanado o vício ou complementada a documentação exigível, desde que o vício
seja sanável”.
O artigo 933 faz referencia sobre fato superveniente à decisão recorrida ou existência de
questão apreciável de ofício, nos seguintes termos:
Sobre o aludido dispositivo Medina (2022, p. 1.110) ensina que “notando-se ter ocorrido
fato superveniente à decisão recorrida, deverá o Tribunal manifestar-se, a respeito. (...) Antes de
decidir a respeito, deverá o órgão jurisdicional das às partes oportunidade para se manifestar.
(...) Logo, deduz-se que o propósito da lei é que as partes tenham prazo para se manifestar nos
autos, por escrito, nos termos descritos no caput do mesmo artigo, isto é, no prazo de 05 dias.
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Sobre o aludido dispositivo, Medina (2022, p. 1.110) ensina que “após a devolução dos
autos pelo relato à secretaria (art. 931 do CPC/2015), estes são apresentados ao presidente,
que designa o dia de julgamento e a publicação da pauta no órgão oficial (art. 934 do CPC/2015),
observando o que dispõe o art. 935 do CPC”.
Assim, o que prevê o artigo 935 do CPC é a regra que entre a data de publicação da
pauta e a data da sessão de julgamento, decorrerá no mínimo o prazo de 05 dias. Conforme
ensina Medina (2022, p. 1.111) “viola o devido processo legal, caso não haja publicação prévia
da pauta”. Ainda, “de acordo com o art. 935, caput, devem ser incluídos em nova pauta os
processos que não tenham sido julgados, salvo aqueles cujo julgamento tiver sido
expressamente adiado para a primeira sessão seguinte”.
No artigo 936 do CPC está a previsão acerca da ordem de preferência dos julgamentos:
Sobre a possibilidade de sustentação oral, o artigo 937 do CPC traz a seguinte previsão:
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Sobre o direito de sustentação oral, Medina (2022, p. 1.113) ensina que “o direito à
sustentação oral em sessões de julgamento nos tribunais é manifestação do direito de influir
decisivamente no resultado do processo, também visto como manifestação do princípio do
contraditório”.
Ainda, importante destacar que no caso de interesse em realizar a sustentação oral de
forma presencial deverá requerer até o início da sessão de julgamento, a fim de que o caso seja
julgado de forma preferencial em relação aos demais.
e) Da questão preliminar:
Art. 938. A questão preliminar suscitada no julgamento será decidida antes do mérito,
deste não se conhecendo caso seja incompatível com a decisão.
§ 1º Constatada a ocorrência de vício sanável, inclusive aquele que possa ser conhecido
de ofício, o relator determinará a realização ou a renovação do ato processual, no próprio
tribunal ou em primeiro grau de jurisdição, intimadas as partes.
§ 2º Cumprida a diligência de que trata o § 1º, o relator, sempre que possível, prosseguirá
no julgamento do recurso.
§ 3º Reconhecida a necessidade de produção de prova, o relator converterá o julgamento
em diligência, que se realizará no tribunal ou em primeiro grau de jurisdição, decidindo-se
o recurso após a conclusão da instrução.
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O artigo 938 faz referencia à existência de eventual questão preliminar. Sobre o aludido
dispositivo ensina Medina (2022, p. 1.115):
Antes de julgar o mérito, deverá o relator (ou o órgão colegiado respectivo, §4º do art. 938
do CPC/2015) identificar se há alguma questão preliminar a ser resolvida. Não se
conhecerá do mérito, caso sua análise seja incompatível com o que se tiver decidido, em
relação à questão preliminar. Deve-se, porém, antes de se não se conhecer do recurso
(juízo de admissibilidade negativo), verificar se sua correção ou saneamento de outro vício
processual que impeça o exame do mérito é possível. Rejeitada a preliminar ou não sendo
ela incompatível com o mérito, seguir-se-á o julgamento, com o exame da questão
principal.
Medina (2022, p. 1.115) refere que com base nos §§1º e 2º do artigo 938 do CPC, adota-
se como princípio de que não apenas os vícios processuais em geral, mas também os vícios que
podem impedir a admissibilidade do recurso, devem ser sempre que possível, sanados.
Por sua vez, o artigo 939 do CPC traz disposição sobre o julgamento do mérito do
recurso:
Art. 939. Se a preliminar for rejeitada ou se a apreciação do mérito for com ela compatível,
seguir-se-ão a discussão e o julgamento da matéria principal, sobre a qual deverão se
pronunciar os juízes vencidos na preliminar. (BRASIL, 2015)
Vai haver o julgamento da matéria principal, caso a preliminar tenha sido rejeitada ou se
a apreciação do mérito for com ela compatível.
Art. 940. O relator ou outro juiz que não se considerar habilitado a proferir imediatamente
seu voto poderá solicitar vista pelo prazo máximo de 10 (dez) dias, após o qual o recurso
será reincluído em pauta para julgamento na sessão seguinte à data da devolução.
§ 1º Se os autos não forem devolvidos tempestivamente ou se não for solicitada pelo juiz
prorrogação de prazo de no máximo mais 10 (dez) dias, o presidente do órgão fracionário
os requisitará para julgamento do recurso na sessão ordinária subsequente, com
publicação da pauta em que for incluído.
§ 2º Quando requisitar os autos na forma do § 1º, se aquele que fez o pedido de vista
ainda não se sentir habilitado a votar, o presidente convocará substituto para proferir voto,
na forma estabelecida no regimento interno do tribunal. (BRASIL, 2015)
Consoante ensina Medina (2022, p. 1.116) os votos do relator e demais julgadores do
órgão colegiado são de regra proferidos na mesma sessão de julgamento. Porém, pode ocorrer,
que um dos julgadores não se considere habilitado a votar desde logo, podendo, desta forma,
solicitar vistas pelo prazo de 10 dias. Devolvido os autos, o recurso será reincluído em pauta.
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Pode inclusive o julgador que pediu vista requerer prorrogação do prazo por mais 10 dias, findo
os quais, o presidente do órgão requisitará os autos.
Por fim, conforme o §2º do artigo 940, caso o julgador que pediu vista ainda não se
considerar habilitado para julgar, o presidente do órgão convocará substituto para proferir voto.
(MEDINA, 2022, p. 1.116)
Ao comentar o artigo 941, Medina (2022, p. 1.116) refere que “o direito brasileiro adota
o princípio da colegialidade. (...) À luz desse mesmo princípio, tem-se que as decisões proferidas
pelos tribunais devem, tanto quanto possível, resultar de manifestação do órgão colegiado, o que
impõe a adoção de práticas tendentes a que haja coesão entre as manifestações proferidas pelos
membros desse órgão. Isso não significa, necessariamente, que as manifestações oriundas dos
órgãos colegiados dos tribunais devam ser, necessariamente, unanimes – ainda que isso seja
desejável”.
Ao dispor sobre o artigo 943 do CPC, Medina (2022, p. 1.122) ensina que “os atos
processuais realizados no Tribunal, dentre os quais encontram-se os votos e os acórdãos, podem
ser registrados em documento eletrônico. (...) É necessário que se lavre acórdão e que dele
conste ementa, isso é, a síntese do que foi julgado, que será publicada no órgão oficial. A ementa
deve ser publicada em 10 dias”.
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Art. 944. Não publicado o acórdão no prazo de 30 (trinta) dias, contado da data da sessão
de julgamento, as notas taquigráficas o substituirão, para todos os fins legais,
independentemente de revisão.
Parágrafo único. No caso do caput, o presidente do tribunal lavrará, de imediato, as
conclusões e a ementa e mandará publicar o acórdão. (BRASIL, 2015)
Art. 946. O agravo de instrumento será julgado antes da apelação interposta no mesmo
processo.
Parágrafo único. Se ambos os recursos de que trata o caput houverem de ser julgados na
mesma sessão, terá precedência o agravo de instrumento.(BRASIL, 2015)
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Conforme entendimento de Lourenço (2017, p. 515), o artigo 942 do CPC cria inovadora
técnica de julgamento com o propósito bem semelhante dos embargos infringentes (que não
existem mais no novo CPC), mas com natureza jurídica de um incidente processual, não de
recurso, o qual será instaurado, inclusive, independentemente de provocação das partes, o
que ocasionará um aumento no número de julgadores almejando uma maior segurança.
Hipóteses de aplicação: Previsão do artigo 942 e §3º do CPC:
Art. 942. Quando o resultado da apelação for não unânime, o julgamento terá
prosseguimento em sessão a ser designada com a presença de outros julgadores, que
serão convocados nos termos previamente definidos no regimento interno, em número
suficiente para garantir a possibilidade de inversão do resultado inicial, assegurado às
partes e a eventuais terceiros o direito de sustentar oralmente suas razões perante os
novos julgadores.
§3º A técnica de julgamento prevista neste artigo aplica-se, igualmente, ao julgamento não
unânime proferido em:
I - ação rescisória, quando o resultado for a rescisão da sentença, devendo, nesse caso,
seu prosseguimento ocorrer em órgão de maior composição previsto no regimento interno;
II - agravo de instrumento, quando houver reforma da decisão que julgar parcialmente o
mérito. (BRASIL, 2015)
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18.2 Cabimento:
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Como requisito para a instauração do incidente Didier Junior e Cunha (2018, p. 783)
ensinam o artigo 947 traz como pressuposto a existência de relevante questão de direito. Essa
questão de direito além de relevante, pode ser de direito material ou de direito processual, de
forma a transferir o julgamento para um órgão de maior composição que, ao julgar caso, irá firmar
um precedente obrigatório. Complementam:
Não basta, porém, que a questão seja relevante. É preciso, ainda, que haja grande
repercussão social. (...) Ao lado disso, há também um pressuposto negativo. Não cabe o
incidente de assunção de competência se houver repetição da discussão em múltiplos
processos. A existência de múltiplos processos convoca a instauração de instrumentos
destinados ao julgamento de causas repetitivas, que compreendem o incidente de
resolução de demandas repetitivas ou os recursos repetitivos. (...)
Segundo Führer & Führer (2016, p. 186) o mesmo pode ocorrer sempre que seja
conveniente a prevenção ou a composição de divergência entre órgãos do mesmo tribunal,
conforme previsão do §4º do artigo 947 do CPC:
§4º Aplica-se o disposto neste artigo quando ocorrer relevante questão de direito a respeito
da qual seja conveniente a prevenção ou a composição de divergência entre câmaras ou
turmas do tribunal.
18.3 Procedimento:
O incidente tem início por proposta do relator, de ofício ou mediante requerimento da
parte ou do Ministério Público, para que o feito seja remetido para julgamento pelo órgão
colegiado que o Regimento Interno do tribunal indicar. (FÜHRER & FÜHRER, 2016, p. 186).
Previsão do §1º do artigo 947 do CPC:
Conforme ensina Medina (2022, p. 1.125) o julgamento proferido com base no incidente
de assunção de competência vinculará todos os juízos e órgãos fracionários, exceto se houver
revisão de tese, inclusive cabendo reclamação contra a decisão que não respeitar, consoante
artigo 988, inciso IV do CPC.
Sobre o incidente, Diddier Junior e Cunha (2018, p. 786-787) referem que “o incidente
de assunção de competência provoca a transferência da competência. O recurso, a remessa
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necessária ou o processo de competência originária, que seria julgado por um órgão fracionário,
passará, em razão da assunção de competência, a ser julgado por um órgão de maior
composição, indicado no regimento interno (...)”.
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a) Fundamento legal:
Previsão dos artigos 948 a 950 do CPC.
b) Conceito e procedimento:
Para explicar o incidente de arguição de inconstitucionalidade, Medina (2022, p. 1.126)
faz referência ao artigo 97 da CF, que traz:
Art. 97. Somente pelo voto da maioria absoluta de seus membros ou dos membros do
respectivo órgão especial poderão os tribunais declarar a inconstitucionalidade de lei ou
ato normativo do Poder Público. (BRASIL, 1988)
Segundo Medina (2022, p. 1.126) tal regra constitucional afirma o princípio da presunção
de validade dos atos normativos, sendo que tal somente poderia ser desfeita nos termos do artigo
97 da CF. Logo, conforme ensina o autor “os artigos 948 a 950 do CPC/2015 dispõem sobre o
procedimento a ser observado a fim de que se concretize o comando previsto no art. 947 da
Constituição. O incidente de arguição de inconstitucionalidade tem lugar quando se alegar,
incidentalmente, a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo (evidentemente, não tem lugar o
incidente, em se tratando de controle concentrado de constitucionalidade (...)”.
No mesmo sentido, lecionam Didier Junior e Cunha (2018, p. 793): “trata-se de regra que
estabelece um quórum qualificado para o reconhecimento da inconstitucionalidade no âmbito
dos tribunais (...)”. O incidente de arguição de inconstitucionalidade em tribunal é o meio
processual previsto para regulamentar esse dispositivo constitucional. Esse incidente serve ao
controle difuso de constitucionalidade (art. 948, CPC) e aplica-se em todos os tribunais
brasileiros”.
Verifica-se a previsão do artigo 948 do CPC:
Art. 948. Arguida, em controle difuso, a inconstitucionalidade de lei ou de ato normativo
do poder público, o relator, após ouvir o Ministério Público e as partes, submeterá a
questão à turma ou à câmara à qual competir o conhecimento do processo. (BRASIL,
2015)
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O artigo 950 do CPC estabelece por sua vez acerca do julgamento do incidente de
arguição de inconstitucionalidade:
Art. 950. Remetida cópia do acórdão a todos os juízes, o presidente do tribunal designará
a sessão de julgamento.
§ 1º As pessoas jurídicas de direito público responsáveis pela edição do ato questionado
poderão manifestar-se no incidente de inconstitucionalidade se assim o requererem,
observados os prazos e as condições previstos no regimento interno do tribunal.
§ 2º A parte legitimada à propositura das ações previstas no art. 103 da Constituição
Federal poderá manifestar-se, por escrito, sobre a questão constitucional objeto de
apreciação, no prazo previsto pelo regimento interno, sendo-lhe assegurado o direito de
apresentar memoriais ou de requerer a juntada de documentos.
§ 3º Considerando a relevância da matéria e a representatividade dos postulantes, o
relator poderá admitir, por despacho irrecorrível, a manifestação de outros órgãos ou
entidades. (BRASIL, 2015)
216
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a) Fundamento legal:
Art. 976 a 987 do CPC.
b) Do cabimento:
Previsão do artigo 976 do CPC:
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cada um desses processos restaria ofendida a segurança e a isonomia jurídica. (MEDINA, 2022,
p. 1.177)
c) o pedido de instauração do incidente:
Art. 978. O julgamento do incidente caberá ao órgão indicado pelo regimento interno dentre
aqueles responsáveis pela uniformização de jurisprudência do tribunal.
Parágrafo único. O órgão colegiado incumbido de julgar o incidente e de fixar a tese
jurídica julgará igualmente o recurso, a remessa necessária ou o processo de competência
originária de onde se originou o incidente. (BRASIL, 2015)
O artigo 978, caput do CPC estabelece que o IRDR deve ser julgado pelo órgão
responsável pela uniformização de jurisprudência o tribunal.
e) Da publicidade:
Previsão do artigo 979 do CPC:
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Art. 980. O incidente será julgado no prazo de 1 (um) ano e terá preferência sobre os
demais feitos, ressalvados os que envolvam réu preso e os pedidos de habeas corpus .
Parágrafo único. Superado o prazo previsto no caput , cessa a suspensão dos processos
prevista no art. 982 , salvo decisão fundamentada do relator em sentido contrário.
(BRASIL, 2015)
Conforme ensina Medina (2022, p. 1.186) justifica que o incidente terá preferencia de
julgamento em razão da ampla repercussão que terá, em relação aos demais processos em que
a questão se repetir. Ainda, o referido incidente deverá ser julgado no prazo de 01 ano. Passado
o prazo, cessa, em princípio, a suspensão dos processos consoante previsão do artigo 982 do
CPC. Porém, a manutenção da suspensão poderá ser determinada pelo relator, por decisão
fundamentada, de acordo com o parágrafo único do artigo 980 do CPC.
g) Da admissibilidade do incidente:
O artigo 981 do CPC fala sobre o juízo de admissibilidade do incidente:
Art. 981. Após a distribuição, o órgão colegiado competente para julgar o incidente
procederá ao seu juízo de admissibilidade, considerando a presença dos pressupostos do
art. 976. (BRASIL, 2015)
219
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Uma vez admitido o incidente, o relator deliberará sobre a suspensão dos processos
pendentes, nos quais poderá vir a ser adotada a tese firmada no IRDR.
Outra conduta a ser tomada pelo relator é a contida no artigo 983 do CPC:
Art. 983. O relator ouvirá as partes e os demais interessados, inclusive pessoas, órgãos e
entidades com interesse na controvérsia, que, no prazo comum de 15 (quinze) dias,
poderão requerer a juntada de documentos, bem como as diligências necessárias para a
elucidação da questão de direito controvertida, e, em seguida, manifestar-se-á o Ministério
Público, no mesmo prazo.
§ 1º Para instruir o incidente, o relator poderá designar data para, em audiência pública,
ouvir depoimentos de pessoas com experiência e conhecimento na matéria.
§ 2º Concluídas as diligências, o relator solicitará dia para o julgamento do incidente.
(BRASIL, 2015)
No que tange à previsão do artigo 983 do CPC, Medina (2022, p. 1.182) aduz que antes
de o incidente ser decidido, deve ser dada a ampla publicidade referida no artigo 979 do CPC,
“sendo imprescindível que se levem em consideração todos os argumentos suscitados não
apenas pelas partes, mas, também, por pessoas que podem contribuir para que seja dada
solução segura à questão. Por isso, a realização de audiência pública e a participação de amicus
curiae será importante para que se colham elementos, antes de se decidir sobre a matéria”.
O artigo 984 estabelece a ordem a ser observada no julgamento do incidente de
resolução de demandas repetitivas:
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Ceisc OAB
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Seguindo, o artigo 985 do CPC fala da aplicação da tese jurídica fixada no julgamento
do IRDR. Conforme o dispositivo legal:
Discorrendo acerca do artigo 985 do CPC, Medina (2022, p. 1.183) aduz: “Ao julgar o
incidente, deverá o tribunal fixar a tese a ser observada no julgamento dos processo que ficaram
suspensos, bem como em processos em que, posteriormente, vier a se discutir a mesma questão
de direito (art. 985, I e II, do CPC/2015). Caso não observada a tese fixada no julgamento do
incidente, caberá reclamação (cf. arts. 985, §1º e 988, IV, do CPC/2015).
No que tange à revisão da tese jurídica fixada no incidente, preceitua o artigo 986 do
CPC: “ Art. 986. A revisão da tese jurídica firmada no incidente far-se-á pelo mesmo tribunal, de
ofício ou mediante requerimento dos legitimados mencionados no art. 977, inciso III “. (BRASIL,
2015)
Por fim, o artigo 987 do CPC traz previsão acerca dos recursos contra a decisão proferida
no julgamento do incidente de resolução de demanda repetitiva:
221
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Para entender o que são procedimentos especiais, necessário se faz, de início, traçar
alguns conceitos sobre procedimentos.
De acordo com TARTUCE e DELLORE (2016, p. 303): “procedimento é a sequência de
atos processuais que levam à decisão final, constituindo a manifestação exterior do processo;
em síntese, é o modo pelo qual o processo se desenvolve”.
Ainda, segundo os autores mencionados, os procedimentos especiais foram concebidos
pelo legislador em observância a peculiares situações de direito material, objetivando, assim,
promover mais eficiência e racionalidade na tramitação de determinados processos. (TARTUCE;
DELLORE, 2016, p. 303) Ainda, completam os autores:
Como o legislador processual entendeu que o procedimento comum não seria apto a gerar
proveitosas atuações em todas as hipóteses, previu diferenciados procedimentos para
contemplar sequencias variadas de atos processuais com condutas a serem observadas
pelas partes e pelo juiz. (TARTUCE; DELLORE, 2016, p. 303)
Disso tudo se extrai, que, procedimentos especiais são algumas ações específicas que
possuem uma sequência de atos processuais determinada e diferenciada.
Dessa forma, procedimento especial seria, conforme lição de TARTUCE E DELLORE
(2016, p. 304) como aquele previsto pelo legislador a fim de que o processo se movimente de
modo que melhor atenda à proteção de certos interesses e direitos eleitos como dignos de
alteração em certas diretrizes. Assim, se for procedimento especial, serão aplicadas as regras
pertinentes ao procedimento especial, e de forma subsidiárias, as disposições gerais do
procedimento comum.
O CPC estabelece os procedimentos especiais a partir do artigo 539 a 770 do CPC,
podendo ser citados como exemplos: ação de consignação em pagamento (art. 539 a 549 do
CPC); ação de exigir contas (art. 550 a 553 do CPC); Oposição (arts. 682 a 686 do CPC);
Embargos de terceiros (arts. 674 a 681 do CPC); dentre outros.
Ainda, a partir do artigo 719, o CPC trouxe procedimentos especiais de jurisdição voluntária,
como exemplo: o do Divórcio e da Separação Consensuais, da Extinção Consensual de União
Estável e da Alteração do Regime de Bens do Matrimônio;
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Assim, conforme ensina Medina (2016, p. 805) além do procedimento comum previsto no
artigo 318 e seguintes do CPC, há uma série de procedimentos especiais (previstos a partir do
artigo 539 e seguintes do CPC), bem como o processo de execução de títulos executivos
extrajudiciais (arts. 771 e seguintes do CPC de 2015), procedimento para o caso das tutelas
provisórias de urgência antecipada ou cautelar REQUERIDAS EM CARÁTER ANTECEDENTE
(arts. 303 e 305 e seguintes do CPC/2015), etc.
Da mesma forma, existem procedimentos especiais previstos em leis extravagantes, como
a Lei dos Juizados Especiais Cíveis (Lei 9099/95, por exemplo), Lei do Mandado de Segurança
(Lei nº 12.016/2009). (MEDINA, 2016, p. 805)
Segundo Führer e Führer (2015, p. 151) existem diversos procedimentos especiais, que
são previstos não somente no Código de Processo Civil, mas também em outras leis especiais,
como ocorre com as falências, alimentos, por exemplo.
Passa-se a analisar alguns dos procedimentos especiais previstos no CPC, a iniciar pela
ação de consignação em pagamento.
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22.1 Previsão
A previsão legal da ação de consignação em pagamento está nos art. 539 a 549 do Novo
CPC e 334 a 345 do Código Civil. Verifica-se, ainda, que há previsão acerca da consignação em
pagamento judicial ou extrajudicial.
Ressalta-se de início, que se for consignação de coisa somente admite-se na via judicial. A
consignação de quantia em dinheiro pode ser tanto judicial quanto extrajudicial:
* Para todos verem: esquema
Consignação em pagamento
Extrajudicial Judicial
Além disso, conforme ensinam (MARINONI, ARENHART E MITIDIERO, 2017, P. 139) têm-
se vários mecanismos de consignação, alguns previstos no procedimento disciplinado pelos arts.
539 a 549 do CPC, outros disciplinados em leis especiais, como ocorre com a consignação de
aluguéis tratada no artigo 67 da Lei 8.245/91 ou com a consignação tributária (art. 164 do CTN).
22.2 Finalidade
O objetivo da consignação em pagamento é justamente extinguir a obrigação, porque
ocorreu, por exemplo, uma situação do artigo 335 do Código Civil, e o devedor precisa se liberar
da obrigação, então, poderá consignar a coisa ou quantia devida:
224
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entre as partes. No entanto, “haverá situações em que o devedor não conseguirá efetuar o
pagamento de forma direta. Caso em que caberá a Ação de Consignação de Pagamento. É um
direito do devedor o adimplemento da obrigação, portanto, se não conseguir efetuar o pagamento
da quantia devida diretamente, poderá adimplir por meio do instituto da consignação,
consignando com efeito de pagamento/adimplemento a quantia ou da coisa devida”.
Segundo Medina (2016, p. 807) “a consignação em pagamento é forma de adimplemento
indireto, modalidade de extinção do vínculo obrigacional que se realiza através do depósito
(judicial ou extrajudicial) do bem objeto da prestação (cf. art. 334 do CC/2002). Tem por finalidade
obter a liberação do devedor diante da mora do credor (mora creditoris), de dúvida sobre quem
seja o credor ou de pendência de litígio sobre o objeto do pagamento (cf. art. 335 do CC/2002
(...).
Da mesma forma ensinam Marinoni, Arenhart e Mitidiero (2017, p. 135) que a consignação
consiste no depósito judicial ou extrajudicial tendo a mesma força liberatória que o pagamento.
Ainda, embora o pagamento seja a forma normal de extinção das obrigações, haverão situações
em que essa solução não será possível. Dessa forma, sempre que se estiver diante de mora do
credor em aceitar o cumprimento da obrigação ou então quando for impossível o pagamento por
motivos não imputados ao devedor, poderá este se exonerar da obrigação por meio da
consignação em pagamento.
Logo, a função precípua da consignação em pagamento é permitir que o devedor se libere
da obrigação, evitando assim que permaneça com o encargo de responder pelos juros e pelos
riscos sobre a coisa, bem como para que possa se desonerar da própria prestação devida.
(MARINONI; ARENHART; MITIDIERO, 2017, p. 135-136)
NO POLO ATIVO:
Próprio devedor e o terceiro que seja interessado no pagamento, conforme art. 304 do CC.
Colombo e Silva (2017, p. 216) também mencionam que a legitimidade ativa da
consignação em pagamento pode ser constituída tanto pelo devedor, quanto pelo juridicamente
interessado no pagamento da dúvida. Disso decorre, que, não somente o devedor originário,
mas igualmente, terceiros podem figurar no polo ativo.
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Ceisc OAB
Ebook Processo Civil
NO POLO PASSIVO:
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I - se o credor não puder, ou, sem justa causa, recusar receber o pagamento, ou dar
quitação na devida forma:
Neste caso se refere à dívida portável, no caso em que oferecida a prestação, o credor não
possa ou se recuse a recebe-la ou dar quitação. Dívidas portáveis são aquelas em que compete
ao devedor oferecer a prestação no domicílio do credor (ou no local por este indicado). Assim
sendo, em havendo essa oferta, mas não tendo o credor aceitado a prestação, ou, sem justo
motivo, recusado a quitação, autoriza-se a consignação. (MARINONI, ARENHART E
MITIDIERO, 2017, P. 138).
II - se o credor não for, nem mandar receber a coisa no lugar, tempo e condição
devidos:
Aqui trata-se de hipótese referente às dívidas quesíveis, em que cabe ao credor buscar o
pagamento da dívida no domicílio do devedor. Assim se o credor não comparece no momento e
segundo as condições estipuladas, seja pessoalmente ou por representante para receber a
prestação que lhe é devida, pode o devedor liberar-se da obrigação por meio da consignação.
(MARINONI, ARENHART E MITIDIERO, 2017, P. 138).
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imputar ao devedor a mora, já que não lhe seria razoável exigir o cumprimento da prestação no
local indicado pelo credor, razão pela qual se autoriza a consignação como forma de pagamento.
Art. 539. Nos casos previstos em lei, poderá o devedor ou terceiro requerer, com efeito de
pagamento, a consignação da quantia ou da coisa devida.
§1º Tratando-se de obrigação em dinheiro, poderá o valor ser depositado em
estabelecimento bancário, oficial onde houver situado no lugar do pagamento,
cientificando-se o credor por carta com aviso de recebimento, assinado o prazo de 10
(dez) dias para a manifestação de recusa.
§2º Decorrido o prazo do §1º, contado do retorno do aviso de recebimento, sem a
manifestação de recusa, considerar-se-á o devedor liberado da obrigação, ficando à
disposição do credor a quantia depositada.
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Ceisc OAB
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§3º Ocorrendo a recusa, manifestada por escrito ao estabelecimento bancário, poderá ser
proposta, dentro de 1 (um) mês, a ação de consignação, instruindo-se a inicial com a prova
do depósito e da recusa.
§4º Não proposta a ação no prazo do §3º, ficará sem efeito o depósito, podendo levantá-
lo o depositante. (BRASIL, 2015)
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Ceisc OAB
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Porém, se o credor recusar o depósito dentro do prazo de forma expressa, ou seja, de forma
escrita ao estabelecimento bancário, poderá ser proposta, dentro de 1 (um) mês, a ação de
consignação, instruindo-se a petição inicial com a prova do depósito e da recusa. Agora, por
mais que tenha havido a recusa do credor no procedimento extrajudicial e o devedor não
ingressar com a ação no prazo de 01 mês, ficará sem efeito o depósito, podendo levantá-lo o
depositante. Isto é, passado 01 mês o devedor poderá ingressar com a ação, mas deverá
requerer novo depósito.
Sobre o procedimento da consignação extrajudicial explicam Führer e Führer (2016, p. 152-
153):
Se a obrigação for em dinheiro, o devedor pode depositar o valor em estabelecimento
bancário, oficial, no lugar do pagamento, cientificando o credor por carta com Aviso de
Recebimento/AR para, no prazo de 10 dias, a contar do retorno do AR, apresentar sua
recusa. Esgotado o prazo sem manifestação, o devedor é liberado da obrigação, ficando
à disposição do credor a quantia depositada. Ocorrendo recusa escrita apresentada no
estabelecimento bancário, o devedor poderá propor a consignatória em juízo, no prazo de
um mês. A perda do prazo não impede a ação, mas torna insubsistente o depósito (art.
539, §4º), devendo ser realizado outro em juízo, quando autorizado.
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Art. 541. Tratando-se de prestações sucessivas, consignada uma delas, pode o devedor
continuar a depositar, no mesmo processo e sem mais formalidades, as que se forem
vencendo, desde que o faça em até 5 (cinco) dias contados da data do respectivo
vencimento (BRASIL, 2015).
De acordo com o artigo 541 do CPC pode o devedor consignando uma delas, continuar a
depositar no mesmo processo (sem necessidade, então, de uma ação para cada prestação) as
que forem vencendo, desde que deposite em até 05 dias a contar da data do vencimento de cada
prestação.
Sobre tal previsão Marinoni, Arenhart e Mitidiero (2017, p. 145) ensinam que quando a
obrigação envolver prestações sucessivas, é possível que, realizada a consignação da primeira,
podem as demais serem realizadas no curso da demanda. Assim, o artigo 541 do CPC
estabelece essa faculdade, sem maiores formalidades, desde que o seu depósito ocorra no prazo
de 05 dias a contar do vencimento de cada parcela.
Sobre essa faculdade, ainda explicam os autores: “A faculdade harmoniza-se claramente
com a garantia de economia processual, já que não faria sentido impor-se ao devedor ajuizar
tantas demandas consignatórias quantas fossem as prestações devidas em razão da obrigação.
Para evitar essa situação, faculta-se ao devedor proceder aos depósitos sucessivos no mesmo
processo, usando do mesmo parâmetro para a consignação inicial – ou seja, a imposição de que
seja realizado no prazo de cinco dias”. (MARINONI; ARENHART; MITIDIERO, 2017, p. 145)
c) Da Petição Inicial: Conforme Medina (2016, p. 809) na petição inicial, o autor da ação
de consignação em pagamento deve requerer o depósito da quantia ou da coisa devida, bem
como a citação do Réu para levantar o depósito ou oferecer contestação. Deve ser observado
ainda o disposto no artigo 319 do CPC.
Em se tratando de procedimento especial, a petição inicial da ação de consignação em
pagamento vai observar os requisitos do artigo 319 + 320 + devendo, ainda, conter pedido
expresso para que o juiz autorize o depósito da coisa ou quantia devida + deverá conter o pedido
de citação do réu para que levante o depósito ou ofereça contestação. E, caso autorizado o
depósito, este deverá ser realizado no prazo de 5 dias a contar do deferimento do pedido (art.
542, I). (COLOMBO; SILVA, 2017, p. 218)
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Sobre os requisitos da petição inicial Marinoni, Arenhart e Mitidiero (2017, p. 144) ensinam:
A petição inicial da ação de consignação preencherá todos os requisitos dos arts. 319 e
320 do CPC, devendo ainda o autor requerer: (a) o depósito da prestação (quantia ou
coisa devidas), a ser realizado no prazo de cinco dias a contar do deferimento (...); e (b) a
citação do réu para levantar o depósito ou apresentar resposta (...). Evidentemente, caso
o autor tenha usado a faculdade da consignação extrajudicial, descaberá novo depósito
em dinheiro, de modo que bastará ele instruir a petição inicial com o comprovante do
depósito e da recusa (arts. 539, §3º, do CPC), no prazo de um mês (...).
Ainda, de acordo com o artigo 542 do CPC/15 o Autor deve realizar o depósito no prazo de
05 dias contados do deferimento, sob pena de extinção do processo sem resolução de mérito:
Cuidar que se a ação de consignação for oriunda do depósito extrajudicial não vai ser
requerido o depósito, pois já foi realizado. Então, vai ser juntado com a inicial o comprovante do
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depósito e da recusa, conforme art. 542, II e 539, §3º do CPC, desde que o devedor ingresse
com a ação no prazo de 01 mês, porque se passar o prazo, por mais que possa ingressar com
a ação, o depósito feito na via extrajudicial fica sem efeito.
Art. 543. “Se o objeto da prestação for coisa indeterminada e a escolha couber ao credor,
será este citado para exercer o direito dentro de 5 (cinco) dias, se outro prazo não constar
de lei ou do contrato, ou para aceitar que o devedor a faça, devendo o juiz, ao despachar
a petição inicial, fixar lugar, dia e hora em que se fará a entrega, sob pena de depósito”.
(BRASIL, 2015)
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Pode oferecer
contestação
Pode levantar o
depósito
Marinoni, Arenhart e Mitidiero (2017,p. 147) mencionam em relação ao artigo 544 do CPC
que o conteúdo da defesa é limitado, mas que não se cinge somente àquelas hipóteses do artigo
544, podendo o réu alegar defesas processuais (337 do CPC).
Exemplo do inciso III (no caso de contratar a entrega do vestido para uma festa que ocorreu
no dia 05/09/2017 e o vestido chegar somente no dia 06/09).
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Ceisc OAB
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§1º No caso do caput, poderá o réu levantar, desde logo, a quantia ou a coisa depositada,
com a consequente liberação parcial do autor, prosseguindo o processo quanto à parcela
controvertida.
§2º A sentença que concluir pela insuficiência do depósito determinará, sempre que
possível, o montante devido e valerá como título executivo, facultado ao credor promover-
lhe o cumprimento nos mesmos autos, após liquidação, se necessária. (BRASIL, 2015)
Assim, se o credor alegar em contestação que o depósito não foi integral deverá indicar o
valor que entende devido e o devedor poderá completá-lo no prazo de dez dias.
Explicando o dispositivo Marinoni, Arenhart e Mitidiero (2017, p. 148) comentam: “quando
a impugnação do credor diga respeito à insuficiência do depósito realizado pelo devedor, deve o
magistrado facultar ao autor a complementação do depósito no prazo de dez dias, salvo no caso
em que a mora implica, de imediato, inadimplemento absoluto da prestação (art. 545, caput, do
CPC). É exatamente para viabilizar essa providencia que o Código determina que, em sendo
esse o fundamento da defesa, deve o réu indicar com precisão o montante que entende devido
(art. 544, parágrafo único, do CPC”.
Como ensinam Marinoni, Arenhart e Mitidiero (2017) há situações em que essa
complementação do depósito se mostra inviável, como no caso, por exemplo, que o
descumprimento gera a inutilidade, de modo que não há mais interesse do credor em receber o
produto. Assim, se os bens a serem depositados não possuem mais utilidade porque se passou
o momento em que seriam utilizados, então descabe a complementação do depósito, porque a
prestação se tornou inútil ao credor.
Ainda, importante mencionar, que realizado ou não o depósito complementar pelo autor
(devedor), o credor tem a faculdade de levantar a prestação parcial consignada, com a
consequente liberação parcial do devedor, conforme prevê o §1º do art. 545 do CPC. Dessa
forma, o litigio continuaria para discutir apenas a diferença buscada pelo credor. (MARINONI;
ARENHART; MITIDIERO, 2017, p. 149).
Frisa-se que, caso o devedor (autor) não complemente o valor pretendido pelo credor, a
demanda prosseguirá. Em tal situação, se a ação for julgada procedente (porque o juiz entende
que o valor originalmente depositado pelo devedor estava correto – dará por extinta a obrigação,
condenando o credor na sucumbência). Porém, se o juiz entender que era insuficiente a
consignação feita pelo devedor, então o magistrado deve determinar (sempre que possível) na
sentença, o montante devido, de modo que esta decisão será considerada título executivo judicial
em favor do réu (credor) para buscar judicialmente a diferença que lhe toca. (MARINONI;
ARENHART; MITIDIERO, 2017, p. 149)
236
Ceisc OAB
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Art. 546. Julgado procedente o pedido, o juiz declarará extinta a obrigação e condenará o
réu ao pagamento de custas e honorários advocatícios. Parágrafo único. Proceder-se-á
do mesmo modo se o credor receber e der quitação. (BRASIL, 2015)
Art. 547. Se ocorrer dúvida sobre quem deva legitimamente receber o pagamento, o autor
requererá o depósito e a citação dos possíveis titulares do crédito para provarem o seu
direito. (BRASIL, 2015)
Art. 548. No caso do art. 547:
I - Não comparecendo pretendente algum, converter-se-á o depósito em arrecadação de
coisas vagas;
II - Comparecendo apenas um, o juiz decidirá de plano;
III - comparecendo mais de um, o juiz declarará efetuado o depósito e extinta a obrigação,
continuando o processo a correr unicamente entre os presuntivos credores, observado o
procedimento comum. (BRASIL, 2015)
De acordo com o artigo 547 do CPC, se houver dúvida sobre quem deve receber a quantia
ou a coisa devida, deverá o autor requerer a citação de todos os possíveis titulares, formando-
se um litisconsórcio passivo.
No que tange ao artigo 547 do CPC, Marinoni, Arenhart e Mitidiero (2017, p. 149) explicam
que a ação de consignação em pagamento pode ter como fundamento a dúvida sobre quem
possa legitimamente receber a prestação devida ou dar quitação. Em tal situação, deve o autor
(devedor) ajuizar a ação contra todos os possíveis titulares do crédito. Ainda:
Duas serão as situações em que isso poderá ocorrer. No primeiro dos casos, há vários
pretendentes, de forma que o processo apresentará situação particular, pois o litigio
possivelmente cingir-se-á à relação entre os litisconsortes. Outro caso em que isso é possível é
aquele em que sequer se saiba quem é o verdadeiro credor da prestação. (MARINONI;
ARENHART; MITIDIERO, 2017, p. 149)
Além disso, o artigo 548 do CPC estabelece a consequência caso não compareça nenhum
possível credor, compareça somente um dos credores ou compareça mais de um.
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Art. 338. Enquanto o credor não declarar que aceita o depósito, ou não o impugnar, poderá
o devedor requerer o levantamento, pagando as respectivas despesas, e subsistindo a
obrigação para todas as consequências de direito. (BRASIL, 2002)
Art. 339. Julgado procedente o depósito, o devedor já não poderá levantá-lo, embora o
credor consinta, senão de acordo com os outros devedores e fiadores. (BRASIL, 2002)
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Ceisc OAB
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I - TEMPESTIVIDADE:
Somente se for hipótese de o devedor ter feito o procedimento extrajudicial primeiro
e houver recusa de forma expressa do credor e o devedor ingressar com a ação no prazo
de 01 mês.
II – DOS FATOS:
Narrar o que aconteceu no mundo dos fatos que ensejou a propositura da ação,
conforme o enunciado da FGV. NÃO PODEM SER INVENTADOS FATOS. Não
esquecer de narrar que o Autor é devedor do réu e que não conseguiu cumprir a
obrigação.
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Aqui se traz a fundamentação legal da ação. As teses. Não esquecer dos artigos 334
e 335 do Código Civil que trazem o cabimento da consignação e nem do 539 e seguintes
do CPC que trazem o procedimento especial.
IV – DOS PEDIDOS:
Diante do exposto, requer o Autor:
a) O recebimento da presente ação;
b) Liminarmente, a concessão da tutela provisória... para o fim de... (verificar se é
o caso de pedir tutela provisória e se é caso de liminar);
c) Requer que Vossa Excelência determine o depósito da quantia R$... conforme
previsão do artigo 542, inciso I do Código de Processo Civil a ser efetivado no prazo de
05 dias, cessando para o devedor os riscos e a mora a data do depósito, (observar que
esse pedido somente vai ser feito se não foi realizado o depósito na via extrajudicial
antes e houve recusa por parte do credor e o devedor ingressou com a ação no prazo
de 01 mês porque daí neste caso não há o pedido de depósito e sim da juntada do
comprovante do depósito e da recusa);
d) A citação do Réu para levantar o depósito ou oferecer contestação, consoante
previsão do artigo 542, inciso II do Código de Processo Civil, sob pena de revelia;
e) A total procedência da presente ação de consignação em pagamento para
declarar cumprida a obrigação de... com a sua consequente extinção, liberando o Autor
devedor;
f) A condenação do Réu no ônus da sucumbência condenando em custas e
honorários de advogado, conforme artigos 85 e 546, ambos do Código de Processo Civil;
g) A concessão do benefício da gratuidade da justiça por ser o Autor pessoa pobre
nos termos da lei, conforme previsão dos artigos 98 e 99 do Código de Processo Civil
OU a juntada do comprovante de recolhimento das custas iniciais, conforme artigo 82 do
Código de Processo Civil;
h) Requer a produção de todos os meios de prova em direito admitidos, em
especial...
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Ceisc OAB
Ebook Processo Civil
Termos em que,
Pede deferimento.
Local..., data...
Advogado...
OAB...
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Ebook Processo Civil
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Ceisc OAB
Ebook Processo Civil
Art. 700. A ação monitória pode ser proposta por aquele que afirmar, com base em prova
escrita sem eficácia de título executivo, ter direito de exigir do devedor capaz:
I - o pagamento de quantia em dinheiro;
II - a entrega de coisa fungível ou infungível ou de bem móvel ou imóvel;
III - o adimplemento de obrigação de fazer ou de não fazer.
Explicando a ação monitória Führer e Führer (2016, p. 163) referem que a ação monitória
tem dupla finalidade sucessiva. Ou seja, em um primeiro momento serviria para buscar o
pagamento em dinheiro, entrega de coisa fungível ou infungível ou de coisa móvel ou imóvel, ou
o cumprimento da obrigação de fazer ou não fazer, COM BASE EM PROVA ESCRITA, sem
eficácia de título executivo. Ainda, aduzem que na forma do §1º do art. 700 do CPC, a prova
escrita pode consistir em prova oral documentada, produzida antecipadamente. Porém, caso não
alcançado o cumprimento da obrigação, a monitória serve também como meio para se obter o
título executivo correspondente à obrigação constante da prova escrita.
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Ceisc OAB
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SÚMULAS IMPORTANTES
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Ceisc OAB
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Todavia, será sempre fundamental que a parte que pretenda ajuizar a ação monitória
possua prova escrita da obrigação que pretende ver realizada. (...) a ausência dessa prova
inviabiliza o emprego desse rito especial. Assim, se o autor não tiver prova escrita, deve
exigir seu interesse por meio de ação que tramite pelo rito comum. A par disso, se o autor
entender que precisa de maior dilação probatória para demonstrar seu direito, poderá
optar pelo procedimento comum, ainda que possua a prova escrita exigida pela lei. Por
outras palavras, pode-se dizer que a ação monitória é uma opção para o autor, que pode
preferir sujeitar-se ao rito comum, se entender que ele é mais vantajoso para seus
interesses.
Como exemplos de prova escrita, podem ser citados o cheque prescrito, como prevê a
Súmula 299 do STJ: “É admissível a ação monitória fundada em cheque prescrito”. Além disso,
o contrato de abertura de crédito em conta corrente, acompanhado do demonstrativo de débito,
é prova escrita admitida para ação monitória, inclusive conforme previsão da Súmula 247 do
STJ: “O contrato de abertura de crédito em conta corrente, acompanhado do demonstrativo de
débito, constitui documento hábil para o ajuizamento da ação monitória”.
Verifica-se que é possível que a prova escrita, o que é indispensável na monitória, seja
proveniente de prova oral que foi produzida antecipadamente; Ou seja, se produz uma prova oral
reduzindo ela por escrito, com finalidade de servir de arrimo à propositura da monitória;
Ex: produzir prova oral para comprovar um contrato verbal;
Inclusive no que tange a tal possibilidade Chacon (2020, p. 158) ensina: “Atualmente até a
prova oral reduzida a termo (prova oral documentada) mediante produção antecipada de prova
(art. 381 do CPC) permitirá o ingresso com a ação monitória”.
Exemplos de prova escrita fornecidos por Marinoni, Arenhart e Mitidiero (2017, p. 251):
cheque prescrito (súmula 299 do STJ), duplicata sem aceite, extrato autêntico dos escritos
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Pública, conforme previsão do §6º do art. 700 do CPC: “§ 6o É admissível ação monitória em
face da Fazenda Pública”. (BRASIL, 2015)
Inclusive, é esse o entendimento da Súmula 339 do STJ: “É cabível ação monitória contra
a Fazenda Pública”.
No que tange à possibilidade de a ação monitória ser ajuizada em face da Fazenda
Pública, Marinoni, Arenhart e Mitidiero (2017, p. 262) ensinam: “(...) a ação monitória pode ser
proposta contra a Fazenda Pública. Nesse caso, porém, a lei exige certa adaptação
procedimental, atendendo às peculiaridades das ações que envolvem o Poder Público. (...) Caso
não opostos os embargos, a decisão que concedeu o mandado monitório. Antes de tornar-se
definitiva, e, assim, de autorizar o imediato cumprimento da prestação, exige-se sujeição a
reexame necessário, exceto nos casos indicados nos §§2º e 3º do art. 496 do CPC (art. 701,
§4º)”.
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Ainda, conforme o §3º do art. 700 do CPC, o valor da causa que deve constar na petição
inicial deve ser de acordo com um dos valores dos incisos do §2º do art. 700 do CPC: “O valor
da causa deverá corresponder à importância prevista no § 2o, incisos I a III”. (BRASIL, 2015)
No que tange aos valores explicitam Marinoni, Arenhart e Mitidiero (2017, p. 253): “E,
para a determinação desse valor econômico da demanda, deve o autor pautar-se: a) no caso de
prestação de pagar, pelo valor da importância buscada, devendo instruir a inicial com memória
de cálculo; b) em se tratando de prestação de entrega de coisa, pelo valor atual da coisa
postulada; e c) na hipótese de prestação de fazer ou não fazer, pelo conteúdo patrimonial dessa
prestação ou pela vantagem econômica dela decorrente”.
§5º Havendo dúvida quanto à idoneidade de prova documental apresentada pelo autor, o
juiz intimá-lo-á para, querendo, emendar a petição inicial, adaptando-a ao procedimento
comum. (BRASIL, 2015)
No mesmo sentido, referem Führer e Führer (2016, p. 163) de que se houver dúvida quanto
à idoneidade da prova documental apresentada com a Inicial da ação monitória, o autor é
intimado PARA EMENDAR a inicial, adaptando-a ao procedimento comum.
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Medina (2016, p. 872) também explicita sobre o procedimento da monitória: “Deve a petição
inicial conter elementos que discriminem o objeto da obrigação (§2º do art. 700 do CPC/2015);
não os havendo o juiz determinará sua emenda, sob pena de indeferimento (cf. §4º do art. 700
do CPC/2015)”.
“§7º Na ação monitória, admite-se citação por qualquer dos meios permitidos
para o procedimento comum”. (BRASIL, 2015)
Sobre a forma de citação na ação monitória, esta pode ser feita sob qualquer forma
comum, conforme disposto no §7º do art. 700 do CPC. Daí que se admite a citação por hora
certa, no procedimento monitório, desde que presentes as hipóteses legais, consoante previsão
do artigo 252 do CPC. Do mesmo modo, caberia citação por edital. (MARINONI; ARENHART;
MITIDERO, 2017, p. 254-255)
Inclusive, no que tange à citação por edital, tem-se a Súmula 282 do STJ que diz: “Cabe
a citação por edital em ação monitória”.
Art. 701. Sendo evidente o direito do autor, o juiz deferirá a expedição de mandado de
pagamento, de entrega de coisa ou para execução de obrigação de fazer ou de não fazer,
concedendo ao réu prazo de 15 (quinze) dias para o cumprimento e o pagamento de
honorários advocatícios de cinco por cento do valor atribuído à causa.
§1º O réu será isento do pagamento de custas processuais se cumprir o mandado no
prazo. (BRASIL, 2015)
Para melhor compreensão do aludido dispositivo, citam-se Führer e Führer (2016, p. 163)
que explicam: “(...) se considerado evidente o direito do autor, é expedido mandado de
pagamento, de entrega de coisa ou de execução de obrigação de fazer ou não fazer, concedendo
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No que tange à constituição de pleno direito do título executivo judicial, caso o réu fique
inerte, prevê o §2º do art. 701 do CPC: “§ 2o Constituir-se-á de pleno direito o título executivo
judicial, independentemente de qualquer formalidade, se não realizado o pagamento e não
apresentados os embargos previstos no art. 702, observando-se, no que couber, o Título II do
Livro I da Parte Especial. (BRASIL, 2015)
Da mesma forma afirma Medina (2016, p. 875): “o título executivo, no caso, nasce da
conjugação de dois fatos processuais: (a) a decisão do juiz, fundada em cognição sumária, que
defere o mandado; (b) a inércia do réu”.
§ 3o É cabível ação rescisória da decisão prevista no caput quando ocorrer a hipótese do § 2o.
23.13 Do parcelamento:
De acordo com a previsão do §5º do art. 701 do CPC, “aplica-se à ação monitória, no
que couber, o art. 916”. (BRASIL, 2015)
Assim sendo, “reconhecendo a procedência do pedido inicial, o réu pode, uma vez
depositado o montante de trinta por cento do valor da dívida pretendida, somado às custas e aos
honorários do advogado, postular o parcelamento do restante em até seis parcelas mensais,
somadas a correção monetária e juros de um por cento”. (MARINONI; ARENHART; MITIDIERO,
2017, p. 256)
No mesmo sentido afirma Medina (2016, p. 874) que conforme o §5º do artigo 701 do
CPC se aplica a regra que permite o pagamento pelo réu em parcelas, requerido no prazo para
apresentação dos embargos, conforme artigo 916 do CPC.
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Importante destacar que “de acordo com o art. 702, §4º, do CPC, o mandado monitório
terá a sua eficácia suspensa diante da apresentação dos embargos. Na verdade, a admissão
dos embargos impede que o processo caminhe para a fase executiva. Como os embargos não
dependem de prévia garantia do juízo (art. 702, do CPC), a expedição do mandado, fundada em
cognição sumária, não traz gravame algum ao devedor”. (MARINONI; ARENHART; MITIDERO,
2017, p. 256)
Os embargos monitórios são oferecidos nos próprios autos da ação monitória, porém,
pode o magistrado, ao verificar que eles só impugnam parte da prestação buscada, atuar os
mesmos em apartado, de modo a permitir o prosseguimento imediato da realização da parte
incontroversa, consoante previsão do art. 702, §7º do CPC. (MARINONI; ARENHART;
MITIDIERO, 2017, p. 256)
Ainda, sobre a consequência à monitória do oferecimento dos embargos à ação
monitória, impede destacar:
Quanto à matéria de defesa que pode ser alegada nos embargos à ação monitória, o §1º
do artigo 702 permite que “Os embargos podem se fundar em matéria passível de alegação
como defesa no procedimento comum”. (BRASIL, 2015)
Porém, se o réu ALEGAR QUE O AUTOR PLEITEIA QUANTIA SUPERIOR À DEVIDA,
o réu tem que indicar qual então o valor que entende correto, apresentando demonstrativo
discriminado e atualizado do débito, porque se fizer tal alegação e não indicar o valor correto e
nem juntar o demonstrativo e for o único argumento de defesa, os embargos vão ser rejeitados
liminarmente. Agora, se o réu alegar excesso de cobrança e não indicar o valor correto e nem
juntar o demonstrativo, mas cumula com outro argumento de defesa, o juiz recebe os embargos,
mas deixa de examinar a alegação de excesso, consoante disposição dos §§2º e 3º do art. 702
do CPC:
§2º Quando o réu alegar que o autor pleiteia quantia superior à devida, cumprir-lhe-á
declarar de imediato o valor que entende correto, apresentando demonstrativo
discriminado e atualizado da dívida.
252
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§3º Não apontado o valor correto ou não apresentado o demonstrativo, os embargos serão
liminarmente rejeitados, se esse for o seu único fundamento, e, se houver outro
fundamento, os embargos serão processados, mas o juiz deixará de examinar a alegação
de excesso. (BRASIL, 2015)
De todo modo, sempre que o réu alegar, em seus embargos, que o autor pretende valor
superior ao efetivamente devido, deve fixar a quantia que entende realmente adequada,
apresentando demonstrativo discriminado e atualizado da dívida (art. 702, §2º), sob pena
de indeferimento liminar dos embargos ou de não conhecimento dessa alegação, se
houver outros fundamentos a serem apreciados (art. 702, §3º).
Oferecidos os embargos à ação monitória, o autor será intimado para oferecer resposta aos
embargos no prazo de 15 dias, conforme previsto no §5º do art. 702 do CPC:
“§5º O autor será intimado para responder aos embargos no prazo de 15 (quinze)
dias”. (BRASIL, 2015)
Assim, uma vez oferecidos os embargos à ação monitória no prazo regular, o autor é
intimado na pessoa do seu advogado para responder aos embargos no prazo de 15 dias,
consoante previsão do §5º do art. 702 do CPC. “Após esse momento, a tramitação da ação
monitória, acoplada aos embargos à monitória, será a do procedimento comum, a ser concluída
por sentença, que examina a exigibilidade ou não da prestação buscada pelo autor”. (MARINONI;
ARENHART; MITIDIERO, 2017, p. 260)
23.15 Da Reconvenção:
O §6º do art. 702 do CPC permite o oferecimento da reconvenção, vendando, porém, o
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em que tenha havido o oferecimento de embargos na ação, pois só nessa hipótese é que a ação
seguirá o rito ordinário”.
23.17 Da sentença:
Uma vez rejeitados os embargos à ação monitória, será constituído o título executivo
“§9º Cabe apelação contra a sentença que acolhe ou rejeita os embargos”. (BRASIL,
2015)
E mais, de acordo com o que prevê o §10º do artigo 702 do CPC, o juiz condenará o AUTOR
em favor do réu a multa de até 10% do valor da causa se proposta de forma indevida e de má-
fé a ação monitória. Da mesma forma, o juiz condenará o RÉU ao pagamento de multa de até
10% do valor da causa em favor do autor, se opuser embargos à ação monitória de má-fé:
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I – DA TEMPESTIVIDADE:
Verificar se é caso de alegar que está sendo ajuizada antes de prescrita. Somente
se for o caso.
II – DOS FATOS:
Trazer os fatos de acordo com o enunciado da FGV;
1. DA PROVA ESCRITA:
Abrir um tópico para falar da prova escrita. Não esquecer que pode ser oriunda da
prova oral documentada, CONFORME O 700, §1º DO CPC.
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IV – DOS PEDIDOS:
Diante do exposto, requer o Autor:
a) O recebimento da presente ação monitória com a expedição do mandado de
citação do Réu para que pague o montante devido de R$ ... no prazo de 15 dias, e
honorários de 5%, conforme previsão do artigo 701 do Código de Processo Civil ou
ofereça embargos à monitória, sob pena de constituir-se de pleno direito o título
executivo judicial, independente de qualquer formalidade;
b) A total procedência da ação para decretar a constituição, de pleno direito, de
título executivo judicial, independente de qualquer formalidade, se não realizado o
pagamento e nem oferecido os embargos à monitoria, no prazo de 15 dias;
c) Requer a juntada da prova escrita sem eficácia de título executivo e a memória
de cálculo;
d) Em caso de descumprimento do mandado, a condenação do Réu ao pagamento
de custas judiciais e honorários de advogado, na forma do §1º do artigo 701 do Código
de Processo Civil;
e) Na hipótese de oposição dos embargos à monitória pelo Réu, requer-se que seja
deferido prazo à Autora para impugnar e produção de todos os meios de prova em direito
admitidos;
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Valor da causa: atribui-se à causa o valor de R$... (cuidar o §3º do artigo 700 do
CPC);
Termos em que,
Pede deferimento.
Local..., data...
Advogado...
OAB...
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ENUNCIADO:
Em 31/10/2012, quarta-feira, Peçanha, domiciliado e residente na Rua X, casa Y, nº 1, na
cidade de São Lourenço/MG, adquiriu eletrodomésticos no valor de R$ 100.000,00 (cem mil
reais), do Lojão Chalé Ltda., EPP, tendo sido emitida, na mesma data, uma nota promissória em
caráter pro solvendo no valor de R$ 100.000,00 (cem mil reais), com vencimento para o dia
25/01/2013, sexta-feira, dia útil no lugar do pagamento.
Em 05/01/2017, quinta-feira, o Sr. Fabriciano Murta, administrador e representante legal da
credora, procura você munido de toda a documentação pertinente ao negócio jurídico
mencionado.
A cliente pretende a cobrança judicial do valor atualizado e com consectários legais de R$
280.000,00 (duzentos e oitenta mil reais) por não ter sido adimplida a obrigação no vencimento
pelo devedor e restadas infrutíferas as tentativas de cobrança amigável.
Elabore a peça adequada, eficaz e pertinente para a defesa do interesse da cliente e
considere que a Comarca de São Lourenço/MG tem duas varas com competência concorrente
para julgamento de matérias cíveis. (Valor: 5,00) Obs.: a peça deve abranger todos os
fundamentos de Direito que possam ser utilizados para dar respaldo à pretensão. A simples
menção ou transcrição do dispositivo legal não confere pontuação.
GABARITO COMENTADO:
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Portanto, o examinando deverá fazer referência expressa a ela, bem como à memória de cálculo
que serviu de base para apuração da importância devida (Art. 700, § 2º, inciso I, do CPC/15).
Valor da causa: Nos termos do Art. 700, § 3º, do CPC/15, o(a) examinando(a) deverá fazer
menção expressa ao valor da causa de R$ 280.000,00 (duzentos e oitenta mil reais), que
corresponde à importância devida prevista no Art. 700, § 2º, inciso I, do CPC/15.
Fechamento da peça: o(a) examinando(a) deverá proceder conforme o item 3.5.9 do Edital
(Local ... ou Município (São Lourenço/MG), Data..., Advogado(a)... e OAB...), abstendo-se de
inserir dado ou informação não contidos no enunciado (ex: dia, mês e ano definidos) para não
identificar sua peça. Cabe lembrar que, em hipótese alguma, a peça deve ser datada, pois não
há este comando no enunciado da questão.
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24.1 Conceito
O procedimento especial da dissolução parcial da sociedade encontra-se previsto no
Código de Processo Civil nos artigos 599 a 609 do CP.
Tal procedimento especial é utilizando quando um ou mais de um sócio sai da sociedade,
sendo que esta continua. A ideia é continuar a sociedade, com base no no princípio da
preservação da empresa e de sua função social, visando evitar a dissolução e liquidação da
sociedade quando ocorre a quebra da affectio societatis.
Nesse sentido expressam Marinoni, Arenhart e Mitidiero (2017, p. 194): “(...) sob a premissa
de que há o interesse na preservação da sociedade, ainda quando um dos sócios manifesta sua
vontade de retirar-se dela, ou não pode mais vincular-se a ela, mostrou-se necessário
estabelecer regime para que essa extinção parcial do vínculo com a sociedade possa fazer-se
sem maiores percalços e sem prejuízo à continuidade das atividades da pessoa jurídica”.
Assim, com a dissolução parcial, ocorre apenas a resolução da sociedade em relação a um
ou alguns sócios, desfazendo-se os respectivos vínculos.
Sobre a dissolução parcial da sociedade ensina Medina (2016, p. 836): “A dissolução parcial
da sociedade abrange as variadas hipóteses em que, à luz do direito substantivo, dá-se a
extinção do vínculo societário em relação a um (ou alguns) dos sócios, liquidando-se a respectiva
quota social. A sociedade, a rigor, não se dissolve; o que se dissolve é o vínculo que liga (ou
ligava) um dos sócios aos demais – e, como consequência, à sociedade. A sociedade, pois,
persiste, após o desligamento do sócio”.
O CPC não estabelece as hipóteses de dissolução parcial. Ou seja, estas causas de
dissolução parcial da sociedade encontram-se elencadas no Código Civil, em seus artigos 1.028,
1.029 e 1.030.
Observa-se que quando for dissolução total da sociedade, não se aplica o procedimento
especial. Cuida-se, então, de serem examinadas as causas previstas no Código Civil:
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Art. 1.029. Além dos casos previstos na lei ou no contrato, qualquer sócio pode retirar-se
da sociedade; se de prazo indeterminado, mediante notificação aos demais sócios, com
antecedência mínima de sessenta dias; se de prazo determinado, provando judicialmente
justa causa.
Parágrafo único. Nos trinta dias subsequentes à notificação, podem os demais sócios
optar pela dissolução da sociedade. (BRASIL, 2002)
Art. 1.030. Ressalvado o disposto no art. 1.004 e seu parágrafo único, pode o sócio ser
excluído judicialmente, mediante iniciativa da maioria dos demais sócios, por falta grave
no cumprimento de suas obrigações, ou, ainda, por incapacidade superveniente.
Parágrafo único. Será de pleno direito excluído da sociedade o sócio declarado falido, ou
aquele cuja quota tenha sido liquidada nos termos do parágrafo único do art. 1.026.
(BRASIL, 2002)
Frisa-se que as causas de dissolução não são taxativas, pois conforme previsão do artigo
1.035 do Código Civil, o contrato poderá prever outras causas:
Art. 1.035. O contrato pode prever outras causas de dissolução, a serem verificadas
judicialmente quando contestadas. (BRASIL, 2002)
No que se refere às sociedades anônimas, a dissolução é regulada pela lei 6.404/76. Com
a dissolução parcial ocorre a liquidação da quota do sócio retirante, excluído ou dos sucessores,
que se tornam credores da sociedade.
Assim, o valor da quota desse sócio ou sucessor será liquidada com base na situação
patrimonial da sociedade, à data da resolução, verificada em balanço especialmente levantado,
salvo disposição contratual em contrário.
Disso decorre que o capital social sofrerá a correspondente redução. Porém, podem os
demais sócios suprirem o respectivo valor.
Art. 1.031. Nos casos em que a sociedade se resolver em relação a um sócio, o valor da
sua quota, considerada pelo montante efetivamente realizado, liquidar-se-á, salvo
disposição contratual em contrário, com base na situação patrimonial da sociedade, à data
da resolução, verificada em balanço especialmente levantado.
§1º O capital social sofrerá a correspondente redução, salvo se os demais sócios suprirem
o valor da quota.
§2º A quota liquidada será paga em dinheiro, no prazo de noventa dias, a partir da
liquidação, salvo acordo, ou estipulação contratual em contrário. (BRASIL, 2002)
Art. 1.032. A retirada, exclusão ou morte do sócio, não o exime, ou a seus herdeiros, da
responsabilidade pelas obrigações sociais anteriores, até dois anos após averbada a
resolução da sociedade; nem nos dois primeiros casos, pelas posteriores e em igual prazo,
enquanto não se requerer a averbação. (BRASIL, 2002)
266
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só processo ou podem ser deduzidas de forma autônoma. Assim sendo, há preceitos que se
destinam tão somente à dissolução e outros tão somente à apuração de haveres.
Previsão no artigo 599 do CPC:
Art. 599. A ação de dissolução parcial de sociedade pode ter por objeto:
I - A resolução da sociedade empresária contratual ou simples em relação ao sócio
falecido, excluído ou que exerceu o direito de retirada ou recesso; e
II - A apuração dos haveres do sócio falecido, excluído ou que exerceu o direito de retirada
ou recesso; ou
III - somente a resolução ou a apuração de haveres. (BRASIL, 2015)
A ação de dissolução parcial de sociedade pode ter também por objeto a sociedade
anônima de capital fechado quando demonstrado que não pode preencher o seu fim.
§2º. “A ação de dissolução parcial de sociedade pode ter também por objeto a sociedade
anônima de capital fechado quando demonstrado, por acionista ou acionistas que
representem cinco por cento ou mais do capital social, que não pode preencher o seu fim”.
(BRASIL, 2015)
Verifica-se que as hipóteses dos incisos I, II e III do artigo 599 do CPC/15 são as previstas
no Código Civil em seus artigos 1.028 a 1.030 do Código Civil.
Já o § 2º do artigo 599 se relaciona a alínea b do inciso II do artigo 206 da lei 6.404/76, Lei
das S.A.
Quanto ao objeto da ação de dissolução parcial de sociedade Marinoni, Arenhart e Mitidiero
(2017, p. 195) ensinam: “em que pesem as divergências doutrinárias a respeito do tema, a lei
processual limitou, em princípio, o procedimento em exame às sociedades empresariais
contratuais ou simples (art. 599, I do CPC). Assim, podem valer-se do procedimento especial
aqui examinado a sociedade limitada, a em nome coletivo, a em comandita simples e as
sociedades civis não empresariais aí a incluída a cooperativa”. E mais:
Depreende-se que as sociedades abrangidas pelo artigo 599 são as sociedades limitadas,
simples, anônimas fechadas, em nome coletivo e em comandita simples.
267
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No que tange à legitimidade para propositura da ação, Marinoni, Arenhart e Mitidiero (2017,
p. 196) ensinam:
MORTE DE SÓCIO: no caso de dissolução parcial da sociedade em virtude de morte de
sócio, a legitimação para a causa é atribuída ao espólio ou sucessores do sócio. Será do espólio
quando a totalidade dos sucessores não ingressar na sociedade e, sempre antes de concluída a
partilha dos bens do falecido (art. 600, I do CPC). Homologada a partilha dos bens, a ação poderá
ser ajuizada pelos sucessores, em especial por aqueles a quem for atribuída a quota da
sociedade em questão, e não havendo interesse em ingressar na sociedade (art. 600, II, do
CPC). (MARINONI; ARENHART; MITIDIERO, 2017, p. 196)
Marinoni, Arenhart e Mitidiero (2017, p. 196) ensinam que quanto à morte do sócio como
causa à propositura da referida ação “havendo previsão no contrato nesse sentido, os sócios
remanescentes não aceitem o ingresso do espólio ou dos sucessores na sociedade, oferece-se
a legitimação para apuração de haveres à própria sociedade (art. 600, III, do CPC)”.
Ainda, quando o fundamento da ação seja o exercício do direito de se retirar da pessoa
jurídica, seja motivada ou não, a legitimidade seria atribuída ao próprio sócio que pretende sair
da sociedade (art. 600, IV, do CPC). (MARINONI, ARENHART, MITIDIERO, 2017, p. 196)
268
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No caso de ser o motivo da ação a exclusão do sócio, Marinoni, Arenhart e Mitidiero (2017,
p. 196) “a legitimidade é atribuída tanto ao sócio excluído (para a apuração dos haveres), como
ainda à própria sociedade para que possa exercer o direito à exclusão, nos casos em que é
vedada a exclusão extrajudicial (art. 600, V e VI do CPC)”.
O cônjuge ou companheiro do sócio cujo casamento, união estável ou convivência terminou
para requerer a apuração de seus haveres na sociedade, que serão pagos à conta da quota
social titulada por este sócio.
Ou seja, com a definição da meação ao final do casamento, união estável ou convivência
e, obviamente, desde que tenha o ex-cônjuge ou ex-companheiro direito sobre as quotas sociais
tituladas pelo outro, o ex-cônjuge ou ex-companheiro possuirá legitimidade ativa para a apuração
de haveres.
24.4 Do procedimento
Observar de início a previsão do §1º do artigo 599 do CPC/15: § 1o A petição inicial será
necessariamente instruída com o contrato social consolidado.
Os réus terão direito a contestar, conforme preceitua o artigo 601 do Novo CPC:
Art. 601. Os sócios e a sociedade serão citados para, no prazo de 15 (quinze) dias,
concordar com o pedido ou apresentar contestação.
Parágrafo único. A sociedade não será citada se todos os seus sócios o forem, mas ficará
sujeita aos efeitos da decisão e à coisa julgada. (BRASIL, 2015)
Presume-se que a citação da sociedade tenha ocorrido no caso de citação de todos os seus
sócios, o que certamente deve ocorrer. No caso de ação de apuração de haveres, não há
necessidade de participação dos sócios, mas apenas da sociedade, que responde com seu
patrimônio pelo pagamento dos haveres apurados.
Segundo apontam Marinoni, Arenhart e Mitidiero (2017, p. 197) a colocação da sociedade
e dos sócios no polo passivo dependerá sempre da hipótese em que se funda a ação. de modo
que se a demanda for ajuizada pela sociedade, ela não figurará no polo passivo também, sob
pena de configurar confusão processual.
Citados, os réus possuem o prazo de 15 dias para concordar com o pedido ou contestar a
ação.
Pode haver a possibilidade de indenização na forma do artigo 602 do CPC/15:
Art. 602. A sociedade poderá formular pedido de indenização compensável com o valor
dos haveres a apurar. (BRASIL, 2015)
269
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Art. 368. Se duas pessoas forem ao mesmo tempo credor e devedor uma da outra, as
duas obrigações extinguem-se, até onde se compensarem.
Art. 603. Havendo manifestação expressa e unânime pela concordância da dissolução, o
juiz a decretará, passando-se imediatamente à fase de liquidação.
§1º Na hipótese prevista no caput, não haverá condenação em honorários advocatícios de
nenhuma das partes, e as custas serão rateadas segundo a participação das partes no
capital social.
§2º Havendo contestação, observar-se-á o procedimento comum, mas a liquidação da
sentença seguirá o disposto neste Capítulo.
270
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§2º O depósito poderá ser, desde logo, levantando pelo ex-sócio, pelo espólio ou pelos
sucessores.
§3º Se o contrato social estabelecer o pagamento dos haveres, será observado o que nele
se dispôs no depósito judicial da parte incontroversa.
O artigo 604 estabelece os elementos para a apuração dos haveres. Ou seja, antes de
iniciar a perícia visando à apuração dos haveres, deverá o juiz estabelecer quais são os principais
elementos desta:
▪ A Data da resolução da sociedade;
▪ O critério de apuração, respeitando-se o disposto no contrato social acerca do tema,
os quis devem ser observados pelo perito.
A partir deste momento vai ocorrer a nomeação do perito.
Além disso, se houver controvérsia relacionada somente à parte dos valores dos haveres,
a parte incontroversa deve ser depositada em juízo e, desde logo, poderá ser levantada pelo
credor, respeitando-se o estipulado no contrato social da sociedade.
271
Ceisc OAB
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ATENÇÃO: Conforme o art. 607 do CPC, os critérios podem ser revisados pelo juiz a
pedido da parte, a qualquer tempo antes do início da perícia.
Ou seja, se houver previsão contratual acerca do critério de apuração dos haveres e desde
que referido critério apresente-se razoável. Por exemplo, não pode acarretar enriquecimento sem
causa nem da sociedade que pagará valor irrisório e nem do ex-sócio que receberá um valor
exorbitante em detrimento da sociedade, o juiz deve observar o que está disposto no contrato
social. Porém, se houver omissão do contrato, o juiz deve determinar a elaboração de um
balanço de determinação que demonstra o valor patrimonial real da sociedade.
O momento de revisar os critérios é antes do início da perícia. O juiz não pode de ofício, e
sim a pedido de qualquer das partes. Pode ser revista a data da resolução e o critério de
apuração.
Observar os direitos a que fazem jus em razão da resolução: previsão do art. 608 do
CPC/15.
Art. 608. Até a data da resolução, integram o valor devido ao ex-sócio, ao espólio ou aos
sucessores a participação nos lucros ou os juros sobre o capital próprio declarados pela
sociedade e, se for o caso, a remuneração como administrador.
Parágrafo único. Após a data da resolução, o ex-sócio, o espólio ou os sucessores terão
direito apenas à correção monetária dos valores
apurados e aos juros contratuais ou legais.
DEPOIS DA RESOLUÇÃO: A partir da resolução, uma vez que não são mais sócios, terão
direito apenas à correção monetária dos valores apurados e aos juros contratuais ou legais.
DO PAGAMENTO DOS HAVERES → PREVISÃO DO ARTIGO 609 DO CPC:
Art. 609. Uma vez apurados, os haveres do sócio retirante serão pagos conforme
disciplinar o contrato social e, no silêncio deste, nos termos do §2º do art. 1.031 da Lei no
10.406, de 10 de janeiro de 2002 (Código Civil).
Prevalece a vontade dos sócios estipuladas no contrato, porém, devem ser observados
os limites legais e os princípios gerais do direito. E se não houver previsão? Os haveres devem
ser pagos em dinheiro, no prazo de 90 dias, a partir da liquidação (CC, art. 1.031, § 2º). Deve
ser descontado o valor incontroverso já depositado.
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Obs.: a peça processual deve abranger todos os fundamentos de Direito que possam ser
utilizados para dar respaldo à pretensão. A simples menção ou transcrição do dispositivo legal
não confere pontuação.
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e) definição do critério de apuração dos haveres (Art. 604, inciso II, do CPC/15);
f) nomeação de perito (Art. 604, inciso III, do CPC/15).
g) a condenação do réu ao pagamento das custas dos honorários advocatícios, caso não
haja manifestação expressa e unânime pela concordância da dissolução (Art. 603, § 1º, do
CPC/15, a contrario sensu)
Em relação às provas com as quais o autor pretende demonstrar a veracidade dos fatos e
seu direito, deve ser expressamente mencionado como anexos:
1) contrato social (Art. 599, § 1º, do CPC/15);
2) mensagens de correio eletrônico enviadas por Ana com notícias e fatos inverídicos sobre
os sócios;
3) notificações dos clientes cancelando contratos e propostas, que estão reduzindo o
faturamento da sociedade.
O examinando deve fazer menção ao valor da causa, com fundamento no Art. 319, inciso
V, do CPC/15.
No fechamento da peça o examinando deverá proceder em conformidade com o item 3.5.9
do Edital: Local... (ou Guarapuava/PR), Data..., Advogado.... e OAB...
275
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25.2 Conceito
Os embargos de terceiro são utilizados pelo terceiro (quem não é parte no processo) no
caso de haver constrição ou ameaça de constrição sobre bens que possua ou sobre os quais
tenha direito incompatível com o ato constritivo. Logo, por meio desse procedimento especial, o
terceiro poderá requerer o desfazimento ou a inibição dessa constrição.
Art. 674. Quem, não sendo parte no processo, sofrer constrição ou ameaça de constrição
sobre bens que possua ou sobre os quais tenha direito incompatível com o ato constritivo,
poderá requerer seu desfazimento ou sua inibição por meio de embargos de terceiro.
(BRASIL, 2015)
276
Ceisc OAB
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mandamental – já que sua finalidade é fazer cessar a eficácia do outro mandado judicial, que
gerou a constrição indevida. Possui nítido caráter acessório: os embargos de terceiro só existem
e se justificam diante de uma outra demanda anterior, de onde tenha sido emitida ordem de
apreensão do patrimônio do terceiro”.
Quanto ao cabimento dos embargos de terceiro Marinoni, Arenhart e Mitidiero (2017, p.
230) ensinam que:
a ação de embargos de terceiro é admitida sempre que alguém sofrer ameaça ou efetiva
constrição sobre bem que possua ou sobre os quais ostente direito incompatível com o
ato de constrição (art. 674, caput, do CPC). Em que pese a omissão, no texto legal, à
‘constrição judicial’ é certo que somente ela – e não a administrativa ou a privada –
subsidiam os embargos de terceiros. Para os demais casos, socorrem o interessado as
vias tradicionais de proteção da posse ou da propriedade.
Em princípio, a proteção se dá sobre a posse do bem, mas pode ser postulada por quem
seja possuidor (apenas) ou também pelo proprietário-possuidor. A isso contribui a
constatação de que também pode valer-se dos embargos de terceiro quem tenha ‘direito
incompatível’ com o ato judicial de constrição”. (MARINONI; ARENHART; MITIDIERO,
2017, p. 230-231)
Embargante:
quem promove a
Partes dos ação
embargos de
terceiro Embargado:
quem sofre a
ação
Chama-se embargos de terceiro, porque justamente são opostos por quem quer se
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Ceisc OAB
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defender e não faz parte do processo principal no qual há a ameaça ou há a constrição indevida
do bem.
Sobre a legitimidade Marinoni, Arenhart e Mitidiero (2017, p. 231) mencionam que “os
embargos de terceiro podem ser ajuizados, em princípio, por qualquer pessoa que ostente a
condição de terceiro em relação à demanda de onde provém a decisão judicial que ordena a
constrição do bem. Esse terceiro, porque teve seu patrimônio atingido pela decisão judicial, está
sempre habilitado a insurgir-se contra a indevida apreensão do bem por meio dos embargos de
terceiro”.
No entanto, apesar de não ser parte no processo, o terceiro deve ter algum vínculo com a
coisa que foi objeto ou será de constrição judicial. Deve ser:
* Para todos verem: esquema
Proprietário,
incluindo o
credor fiduciário
O terceiro deve
ser
Possuidor
No entanto, apesar de não ser parte no processo, o terceiro deve ter algum vínculo com a
coisa que foi objeto ou será de constrição judicial. Deve ser:
▪ Proprietário, incluindo o credor fiduciário;
▪ Possuidor;
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▪ Hipótese do Inciso I:
I - o cônjuge ou companheiro, quando defende a posse de bens próprios ou de sua
meação, ressalvado o disposto no art. 843;
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único do artigo 675 do CPC, a fim de que o terceiro possa, caso entender adequado, ajuizar os
embargos de terceiro. (MARINONI; ARENHART; MITIDIERO, 2017, p. 232).
No que tange à legitimidade passiva nos embargos de terceiro Marinoni, Arenhart e
Mitidiero (2017, p. 233) mencionam que embora o ato objeto da demanda seja judicial, nos
embargos de terceiro deve assumir a condição de réu A PARTE BENEFICIÁRIA da decisão
judicial guerreada. OU SEJA, EM REGRA, SERÁ RÉU NOS EMBARGOS DE TERCEIRO O
AUTOR DA AÇÃO EM QUE TENHA SIDO PROFERIDA A DECISÃO QUE DETERMINOU A
CONSTRIÇÃO JUDICIAL.
O polo passivo nos embargos de terceiro é composto pelo exequente, mesmo quando não
tenha dado diretamente causa à apreensão. (CHACON, 2020, p. 155)
Ainda, sobre o réu nos embargos de terceiro, complementam os referidos autores:
Se, porém, a apreensão dos bens se deu por iniciativa do requerido de algum processo
(por exemplo, no caso em que o devedor nomeia bens à penhora) então os embargos de
terceiro deverão conter litisconsórcio passivo necessário entre autor e réu (da demanda
primeira), já que de ambos resulta o ato inquinado e a ambos prejudica a decisão dos
embargos de terceiro. Por isso também, sempre que o provimento dos embargos de
terceiro puder afetar o exequente e o executado, deve haver a formação de litisconsórcio
passivo necessário. Nesse sentido, estabelece o art. 677, §4º do CPC, que se consideram
legitimados passivos para os embargos de terceiro aquela a quem o ato de constrição
aproveita e ainda o seu adversário no processo, sempre que tiver sido sua a iniciativa de
indicação do bem para constrição. (MARINONI; ARENHART; MITIDIERO, 2017, p. 233)
Quanto ao legitimado passivo, ensina Medina (2016, p. 863) que “o pedido deverá ser
dirigido contra quem deu causa à constrição, que, normalmente, é aquele a quem o ato constritivo
aproveita, ainda que indiretamente (cf. §4º do art. 677 do CPC/2015). O §4º do art. 677 do CPC
dispõe que será citado também o ‘adversário no processo principal (àquele a quem aproveita o
ato constritivo) quando for sua a indicação do bem para a constrição judicial”.
25.6 Prazo:
Previsão do artigo 675 do CPC:
Art. 675. Os embargos podem ser opostos a qualquer tempo no processo de conhecimento
enquanto não transitada em julgado a sentença e, no cumprimento de sentença ou no
processo de execução, até 5 (cinco) dias depois da adjudicação, da alienação por iniciativa
particular ou da arrematação, mas sempre antes da assinatura da respectiva carta.
Parágrafo único. Caso identifique a existência de terceiro titular de interesse em embargar
o ato, o juiz mandará intimá-lo pessoalmente. (BRASIL, 2015)
280
Ceisc OAB
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Verifica-se não o termo inicial, mas até quando podem ser opostos os embargos de terceiro,
a depender se é processo de conhecimento ou execução ou fase de cumprimento de sentença:
1) Até o trânsito em julgado da sentença → QUANDO O PROCESSO FOR DE
CONHECIMENTO;
2) No cumprimento de sentença ou no processo de execução → até 5 (cinco) dias depois
da adjudicação, da alienação por iniciativa particular ou da arrematação, mas sempre antes da
assinatura da respectiva carta;
Ainda no que tange ao prazo, Medina (2016, p. 862) ensina que “Em observância ao dever
de prevenção, deve o juiz intimar terceiro que, potencialmente, tenha interesse em opor
embargos (cf. parágrafo único do art. 675 do CPC/2015), contando-se de tal intimação o prazo,
caso o terceiro não tivesse, antes, conhecimento do ato constritivo”.
Explicando sobre o prazo dos embargos de terceiro, Marinoni, Arenhart e Mitidiero (2017,
p. 233) esclarecem que a lei brasileira prevê prazo preclusivo para os embargos de terceiro,
sendo que de acordo com o artigo 675 do CPC, os embargos de terceiro podem ser opostos a
qualquer tempo enquanto não transitar em julgado o processo em que ocorra a constrição
judicial, ou, em processo de execução, até 05 dias depois da adjudicação, alienação por iniciativa
particular ou da arrematação, mas sempre antes que se conclua a assinatura da respectiva carta.
Justamente por isso haveriam duas formas distintas para se contar o prazo para
oferecimento dos embargos de terceiro, a considerar se tratar de processo de conhecimento ou
execução/cumprimento de sentença:
Há, portanto, duas formas distintas de contar o prazo para a oposição dos embargos de
terceiro. No processo de conhecimento – antes de iniciada a fase de cumprimento da
sentença, se houver – a medida pode ser ajuizada a qualquer momento ANTES DO
TRÂNSITO EM JULGADO. Já em se tratando de ato constritivo originário de processo de
execução – ou da fase de cumprimento de sentença – então o prazo para a oposição dos
embargos de terceiro será de até cinco dias depois da arrematação, da adjudicação ou da
remição dos bens, mas sempre antes da assinatura da respectiva carta, O Código, porém,
curiosa e assistematicamente, prevê, no art. 792, §4º, que ‘antes de declarar a fraude à
execução, o juiz deverá intimar o terceiro adquirente, que, se quiser, poderá opor
embargos de terceiro, no prazo de 15 (quinze) dias’”. (MARINONI; ARENHART;
MITIDIERO, 2017, p. 233)
25.7 Competência:
Conforme Aguirre e Montans de Sá (2017, p. 158) os embargos serão distribuídos por
DEPENDÊNCIA ao juízo que ordenou a constrição e AUTUADOS em apartado, conforme
previsão do artigo 676, caput do CPC.
281
Ceisc OAB
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Porém, nos casos de ato de constrição realizado por carta, os embargos de terceiro devem
ser oferecidos no JUÍZO DEPRECADO → Salvo se indicado pelo juízo deprecante o bem
constrito, ou se já devolvida a carta → previsão do artigo 676, parágrafo único do CPC.
Art. 676. Os embargos serão distribuídos por dependência ao juízo que ordenou a
constrição e autuados em apartado.
Parágrafo único. Nos casos de ato de constrição realizado por carta, os embargos serão
oferecidos no juízo deprecado, salvo se indicado pelo juízo deprecante o bem constrito ou
se já devolvida a carta. (BRASIL, 2015)
Art. 677. “Na petição inicial, o embargante fará a prova sumária de sua posse ou de seu
domínio e da qualidade de terceiro, oferecendo documentos e rol de testemunhas.
§1º É facultada a prova da posse em audiência preliminar designada pelo juiz.
§2º O possuidor direto pode alegar, além da sua posse, o domínio alheio.
§3º A citação será pessoal, se o embargado não tiver procurador constituído nos autos da
ação principal.
§4º Será legitimado passivo o sujeito a quem o ato de constrição aproveita, assim como o
será seu adversário no processo principal quando for sua a indicação do bem para a
constrição judicial”. (BRASIL, 2015)
282
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25.9 Liminar:
No que tange à liminar nos embargos de terceiro, Medina (2016, p. 863) refere que caso o
juiz não se convença sobre a existência da posse e de sua turbação ou esbulho, deverá designar
audiência de justificação, conforme previsão do §1º do art. 677 do CPC.
E, ainda, conforme a previsão do art. 678 do CPC, “a concessão de liminar depende da
demonstração suficiente da posse pelo embargante, e pode ser condicionada à prestação de
caução”. (MEDINA, 2016, p. 863)
Sobre a liminar nos embargos de terceiro, estabelece o artigo 678 do CPC:
25.11 Contestação:
Precisão do artigo 679 do CPC:
283
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Art. 679. Os embargos poderão ser contestados no prazo de 15 (quinze) dias, findo o qual
se seguirá o procedimento comum. (BRASIL, 2015)
O artigo 680 trata da defesa no caso dos Embargos opostos pelo credor com garantia real;
No que tange ao aludido dispositivo ensinam Marinoni, Arenhart e Mitidiero (2017, p. 238):
Artigo 681. Acolhido o pedido inicial, o ato de constrição judicial indevida será cancelado,
com o reconhecimento do domínio, da manutenção da posse ou da reintegração definitiva
do bem ou do direito ao embargante. (BRASIL, 2015)
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285
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FONTE: AGUIRE, João; SÁ Renato Montans de. Prática Civil. 7ªed. São Paulo: Saraiva,
2017, p. 158-159
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ENUNCIADO:
Fernando e Lara se conheceram em 31/12/2011 e, em 02/05/2014, celebraram seu
casamento civil pelo regime de comunhão parcial de bens.
Em 09/07/2014, Ronaldo e Luciano celebraram contrato escrito de compra e venda de bem
móvel obrigando-se Ronaldo a entregar o bem em 10/07/2014 e Luciano a pagar a quantia de
R$ 200.000,00 (duzentos mil reais) em 12/07/2014.
O contrato foi assinado pelos seguintes sujeitos: Ronaldo, Luciano, duas testemunhas
(Flávia e Vanessa) e Fernando, uma vez que do contrato constou cláusula com a seguinte
redação: “pela presente cláusula, fica estabelecida fiança, com renúncia expressa ao benefício
de ordem, a qual tem como afiançado o Sr. Luciano e, como fiador, o Sr. Fernando, brasileiro,
casado pelo regime de comunhão parcial de bens, economista, portador da identidade X, do
CPF-MF Y, residente e domiciliado no endereço Z”. No dia 10/07/2014, Ronaldo entregou o bem
móvel, enquanto Luciano deixou de realizar o pagamento em 12/07/2014.
Em 15/07/2014, Ronaldo iniciou execução de título extrajudicial apenas em face do fiador,
Fernando, distribuída automaticamente ao juízo da MM. 2ª Vara Cível da Comarca da Capital do
Estado do Rio de Janeiro. O executado é citado para realizar o pagamento em 03 dias.
Fernando apresentou embargos, os quais são rejeitados liminarmente, porquanto
manifestamente improcedentes. Não foi interposto recurso contra a decisão dos embargos. A
execução prosseguiu, vindo o juiz a determinar, em 08/11/2014, a penhora de bens, a serem
escolhidos pelo Oficial de Justiça, para que, uma vez penhorados e avaliados, sejam vendidos
em hasta pública, a ser realizada em 01/03/2015.
Em 11/12/2014, foi penhorado o único apartamento no qual Fernando e Lara residem —
avaliado, naquela data, em R$ 150.000,00 (cento e cinquenta mil reais) —, bem imóvel esse
adquirido exclusivamente por Lara em 01/03/2000. Na mesma data da penhora, Fernando e Lara
foram intimados, por Oficial de Justiça, sobre a penhora do bem e sobre a data fixada para a
expropriação (01/03/2015).
Em 12/12/2014, Lara compareceu ao seu Escritório de Advocacia, solicitando
aconselhamento jurídico.
287
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Na qualidade de advogado (a) de Lara, elabore a peça processual cabível para a defesa
dos interesses de sua cliente, indicando seus requisitos e fundamentos nos termos da legislação
vigente. (Valor: 5,00)
Obs.: o examinando deve apresentar os argumentos jurídicos apropriados e a
fundamentação legal pertinente ao caso. A mera citação do dispositivo legal não confere
pontuação.
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Em virtude de estar assoberbada de afazeres, Ana somente procurou o Detran/AL para realizar
a transferência de registro de propriedade do automóvel em 10/12/2022, tendo sido impedida de
fazê-lo por constar uma penhora desse bem, promovida em 20/11/2022 nos autos da Execução
por título extrajudicial nº 12345, em trâmite na 5ª Vara Cível de Maceió.
Tal ação havia sido ajuizada em 15/07/2022 pela financeira XYZ em face de Velocidade, na qual
a exequente buscava a satisfação de uma dívida de R$10.000,00, contraída em abril de 2022 e
não quitada em seu vencimento, fixado para 10/05/2022.
Em consulta aos autos da execução, Ana constatou que foi a executada Velocidade quem indicou
à penhora o automóvel por ela adquirido.
Na qualidade de advogado(a) de Ana, elabore a peça processual cabível para a defesa dos
interesses de sua cliente, indicando seus requisitos e fundamentos, nos termos da
legislação vigente. (Valor: 5,00)
Obs.: a peça deve abranger todos os fundamentos de Direito que possam ser utilizados para dar
respaldo à pretensão. A simples menção ou transcrição do dispositivo legal não confere
pontuação.
293
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26.2 CARACTERÍSTICAS:
Colombo e Silva (2017) apontam como característica para as ações possessórias: A
POSSE. A posse está definida no artigo 1.196 do CC:
Art. 1.196. Considera-se possuidor todo aquele que tem de fato o exercício, pleno ou não,
de algum dos poderes inerentes à propriedade. (BRASIL, 2002)
Art. 1.208. Não induzem posse os atos de mera permissão ou tolerância assim como não
autorizam a sua aquisição os atos violentos, ou clandestinos, senão depois de cessar a
violência ou a clandestinidade. (BRASIL, 2002)
Colombo e Silva (2017) destacam que somente a posse enseja a propositura das ações
possessórias, de forma que é imprescindível identificar qual é a relação jurídica que o sujeito
mantém com a coisa, pois se for mera detenção, não será possível seu ajuizamento.
O juízo possessório não se confunde com o juízo petitório (dominial, propriedade), conforme
colombo e silva (2017, p. 237).
As ações possessórias buscam proteger o fato jurídico “posse”. (COLOMBO E SILVA,
2017, p. 238).
Colombo e Silva (2017, p. 238) mencionam que para defender sua posse o possuidor
utilizará AS AÇÕES POSSESSÓRIAS OU A AUTOTUTELA.
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Ceisc OAB
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Art. 1.210. O possuidor tem direito a ser mantido na posse em caso de turbação, restituído
no de esbulho, e segurado de violência iminente, se tiver justo receio de ser molestado.
§1º O possuidor turbado, ou esbulhado, poderá manter-se ou restituir-se por sua própria
força, contanto que o faça logo; os atos de defesa, ou de desforço, não podem ir além do
indispensável à manutenção, ou restituição da posse.
§2º Não obsta à manutenção ou reintegração na posse a alegação de propriedade, ou de
outro direito sobre a coisa. (BRASIL, 2002)
Assim, a proteção da posse via judicial é feita mediante o uso das três ações possessórias,
não sendo permitido, de regra, a interferência na questão dominial (propriedade): (Colombo e
Silva, 2017, p. 238):
* Para todos verem: esquema
No que tange à aplicabilidade das ações possessórias, Chacon (2020, p. 140) afirma que
a posse é direito distinto da propriedade, exercitável de maneira autônoma, sendo protegida pelo
ordenamento jurídico. Assim, “além da possibilidade da legítima defesa da posse (defesa direta
e desforço imediato), o CC traz, entre os efeitos da posse, o direito de o possuidor propor as
ações possessórias típicas de proteção: reintegração, manutenção e interdito proibitório (...)”.
Resumidamente, a ação de reintegração de posse é utilizada por aquele que perdeu a
posse para outrem, e assim, precisa recuperá-la de quem a injustamente a detenha. Nesse
sentido, o CPC em seu artigo 560 refere que o possuidor tem direito a ser reintegrado na posse
em caso de esbulho.
A escolha de uma ou outra espécie de ação possessória vai depender da espécie de
agressão praticada contra a posse. E o procedimento variará conforme o tempo que tenha
decorrido desde a data da agressão. (COLOMBO E SILVA, 2017, p. 238).
295
Ceisc OAB
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Ainda no que tange às características das ações possessórias, Führer e Führer (2016, p.
154) ensinam que as ações possessórias são fungíveis e dúplices pelos seguintes motivos:
Fungíveis porque a propositura equivocada de uma ação possessória em vez de outra não
impede o conhecimento do pedido e que seja conferida a proteção legal correta (art. 554).
Dúplices porque o réu tem o direito de também alegar na contestação que o autor praticou
esbulho ou turbação, pedindo para si a proteção possessória e a indenização pelos
prejuízos (art. 556). (FÜHRER; FÜHRER, 2016, p. 154)
Sobre as características das ações possessórias Chacon (2020, p. 140 - 141) resume:
Art. 554. A propositura de uma ação possessória em vez de outra não obstará a que o
juiz conheça do pedido e outorgue a proteção legal correspondente àquela cujos
pressupostos estejam provados. (BRASIL, 2015)
Essa fungibilidade entre as ações possessórias decorre, segundo Colombo e Silva (2017)
pela dificuldade em identificar a espécie de agressão à posse e pela possibilidade que essa
agressão venha a ser alterada no curso da demanda.
Assim, conforme menciona Alvim (2017, p. 20), pode ocorrer de que o autor ajuíze
corretamente uma ação de manutenção de posse, quando haja apenas turbação da posse, mas,
já tenha sido despojado por inteiro dela, sendo cabível a ação de reintegração de posse, caso
em que o remédio possessório para tutelar a posse não será mais aquele que foi pedido na inicial
(manutenção de posse), mas outro diverso, qual seja, reintegração de posse. Pode ocorrer,
ainda, conforme cita o doutrinador, que tendo o autor justo receio de ser molestado na sua posse,
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Ceisc OAB
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Pelo art. 554 do CPC, está autorizada a fungibilidade entre as formas de tutela
possessória. Por isso, ainda que pleiteada a manutenção de posse, poderá ser concedida
a reintegração, se essa for a proteção adequada; poderá ser oferecida a reintegração de
posse, se pleiteado o interdito proibitório, mas a tutela demorar a ser prestada etc. Vale
dizer que basta a descrição da violação possessória apresentada para que o Estado tenha
a obrigação de conferir a tutela adequada.
297
Ceisc OAB
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Art. 556. É lícito ao réu, na contestação, alegando que foi o ofendido em sua posse,
demandar a proteção possessória e a indenização pelos prejuízos resultantes da turbação
ou do esbulho cometido pelo autor. (BRASIL, 2015)
Art. 557. Na pendência de ação possessória é vedado, tanto ao autor quanto ao réu,
propor ação de reconhecimento do domínio, exceto se a pretensão for deduzida em face
de terceira pessoa.
Parágrafo único. Não obsta à manutenção ou à reintegração de posse a alegação de
propriedade ou de outro direito sobre a coisa. (BRASIL, 2015)
Colombo e Silva (2017, p. 240) ensinam que como regra o juiz deve decidir a ação
possessória exclusivamente em favor daquele que provar a melhor posse, sem qualquer
indagação a respeito da propriedade, a qual deverá ser discutida na via própria. Assim o juízo
possessório não se confunde com o juízo petitório.
Ainda, Führer e Führer (2016, p. 154) ensinam: “Proibição de ação de domínio. Na
pendência de ação possessória não podem autor e réu propor ação de propriedade um contra o
outro (art. 557). A alegação de propriedade não impede a proteção possessória”.
298
Ceisc OAB
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Parágrafo único. Passado o prazo referido no caput, será comum o procedimento, não
perdendo, contudo, o caráter possessório. (BRASIL, 2015)
FORÇA NOVA
Rito especial: existe
possibilidade de concessão de
liminar possessória, provados
os requisitos do art. 562 do
CPC.
FORÇA VELHA
Ou seja, consoante ensinam também Führer e Führer (2016, p. 154) que ocorre força nova
quando o esbulho ou turbação ocorreu há menos de ano e dia, sendo que nessa situação poderá
ser concedida a medida liminar de reintegração ou de manutenção de posse sem ouvir
previamente o réu. Já, a força velha segue o procedimento comum, tal qual preceitua o artigo
558 do CPC.
Seguindo o procedimento comum tem que observar o que prevê as disposições acerca da
tutela provisória, inclusive no que se refere à liminar.
§1º No caso de ação possessória em que figure no polo passivo grande número de
pessoas, serão feitas a citação pessoal dos ocupantes que forem encontrados no local e
a citação por edital dos demais, determinando-se, ainda, a intimação do Ministério Público
e, se envolver pessoas em situação de hipossuficiência econômica, da Defensoria Pública.
§2º Para fim da citação pessoal prevista no § 1o, o oficial de justiça procurará os ocupantes
no local por uma vez, citando-se por edital os que não forem encontrados.
299
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§3º O juiz deverá determinar que se dê ampla publicidade da existência da ação prevista
no §1º e dos respectivos prazos processuais, podendo, para tanto, valer-se de anúncios
em jornal ou rádio locais, da publicação de cartazes na região do conflito e de outros
meios. (BRASIL, 2015)
Assim, além da ampla publicidade, bem como da facilitação da Citação, apontam Colombo
e Silva (2017, p. 241) que o Novo CPC INSERE A AUDIÊNCIA DE MEDIAÇÃO, para agressão
possessória ocorrida há mais de ano e dia, almejando assim, além de uma melhor verificação
dos fatos, a análise sobre eventual cumprimento de da decisão de reintegração ou manutenção,
em atenção à efetividade da tutela.
Conforme ensina Alvim (2017, p. 23) o §1º do artigo 554 do CPC estabelece que, no caso
de ação possessória em que figure no polo passivo grande número de pessoas, serão feitas a
citação pessoal dos ocupantes que forem encontrados no local e a citação por edital dos demais,
determinando-se, ainda, a intimação do Ministério Público e, se envolver pessoas em situação
de hipossuficiência econômica, da Defensoria Pública.
Portanto, para os casos em que fica difícil citar por exemplo todos os invasores, com o
propósito de viabilizar a citação de todos, e cumprir assim o devido processo legal,
especialmente, os princípios do contraditório e da ampla defesa (CF, ART. 5º, LV). (ALVIM, 2017,
p. 25).
Assim, Alvim (2017, p. 25) menciona que nas ações possessórias envolvendo litisconsórcio
multitudinário, com grande número de pessoas envolvidas, as citações serão feitas
pessoalmente aos ocupantes, por exemplo, que forem encontrados no local, sendo os demais
citados por edital, na qualidade de terceiros incertos e desconhecidos, dado não ter sido possível
obter a sua qualificação, indispensável para uma citação pessoal.
Da mesma forma, o §1º do artigo 554 ao prever a participação do Ministério Público, da
Defensoria Pública (havendo beneficiário da justiça gratuita), bem como a previsão de inspeção
judicial, restam por conferir tratamento mais adequado à realidade social. De igual forma, a
previsão de participação do Poder Executivo, por meio de seus órgãos responsáveis pela política
agrária e urbana, revelam pontos importantes para a solução dos litígios. (Colombo e Silva, 2017,
p. 242).
No que tange ao §2º, Alvim (2017, p. 28) menciona que serão citados por mandado através
de oficial de justiça todos os ocupantes do local objeto da ação possessória, na primeira e única
vez em que o oficial de justiça for lá com essa finalidade, o que não impede de o juiz determinar
que a citação seja realizada em mais de um dia, para que sejam citados por essa forma o maior
300
Ceisc OAB
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número, sendo todos os demais que lá não estiverem, mas forem interessados na demanda,
citados pela via do edital.
Figurando no polo passivo grande número de pessoas, o Ministério Público deve intervir
no feito. Da mesma forma a Defensoria Pública, se a situação envolver pessoas com
hipossuficiência econômica. O juiz deve determinar que se dê ampla publicidade da
existência desta ação, podendo fazer uso de anúncios em jornal ou rádio locais, publicação
de cartazes na região do conflito e de outros meios. O juiz poderá comparecer à área
objeto do litigio quando sua presença se fizer necessária à efetivação da tutela
jurisdicional. (FÜHRER; FÜHRER, 2016, p. 154)
MANUTENÇÃO DE
Turbação
POSSE
REINTEGRAÇÃO DE Esbulho
POSSE
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Ceisc OAB
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Para Marinoni, Arenhart e Mitidiero (2017, p. 165) “a distinção entre a ação de reintegração
de posse e a ação de manutenção de posse tem íntima relação com a intensidade da agressão
à posse. Para que alguém possa pedir reintegração, deve ter ocorrido a perda da posse –
chamada de esbulho; para que possa exigir manutenção, basta o incomodo no exercício da
posse – chamado de turbação (art. 560, do CPC). (...) o interdito proibitório por sua vez é
conferido àquele que, temendo o esbulho ou a turbação iminentes, objetiva impedir agressão à
sua posse (art. 567 do CPC). Para o cabimento do interdito possessório, o autor deve provar a
probabilidade de iminente agressão à posse. (...) Assim, além de evidenciar que é possuidor, o
autor deve também demonstrar que a sua posse está sendo ameaçada de turbação ou esbulho”.
Segundo Alvim (2017, p. 63) essa regra do 560 do CPC repete, quase literalmente, o artigo
1.210 do CC.
ATENÇÃO: Polo ativo das possessórias: o autor da ação é o possuidor esbulhado, turbado
ou ameaçado.
ATENÇÃO: O art. 73, §2º do CPC prevê a participação do cônjuge do Autor ou do Réu:
Art. 73. O cônjuge necessitará do consentimento do outro para propor ação que verse
sobre direito real imobiliário, salvo quando casados sob o regime de separação absoluta
de bens.
§1º Ambos os cônjuges serão necessariamente citados para a ação:
I - que verse sobre direito real imobiliário, salvo quando casados sob o regime de
separação absoluta de bens;
II - resultante de fato que diga respeito a ambos os cônjuges ou de ato praticado por eles;
III - fundada em dívida contraída por um dos cônjuges a bem da família;
IV - que tenha por objeto o reconhecimento, a constituição ou a extinção de ônus sobre
imóvel de um ou de ambos os cônjuges.
§2º Nas ações possessórias, a participação do cônjuge do autor ou do réu somente é
indispensável nas hipóteses de composse ou de ato por ambos praticado. (BRASIL, 2015)
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O Autor deve comprovar que TEM OU TEVE POSSE, assim pretende manter ou reaver a
mesma (Colombo e Silva, 2017, p. 243).
DA MEDIDA LIMINAR: Previsão do artigo 562 do CPC:
Art. 562. Estando a petição inicial devidamente instruída, o juiz deferirá, sem ouvir o réu,
a expedição do mandado liminar de manutenção ou de reintegração, caso contrário,
determinará que o autor justifique previamente o alegado, citando-se o réu para
comparecer à audiência que for designada.
Parágrafo único. Contra as pessoas jurídicas de direito público não será deferida a
manutenção ou a reintegração liminar sem prévia audiência dos respectivos
representantes judiciais. (BRASIL, 2015)
No que tange à petição inicial das ações possessórias, Chacon (2020, p. 141) refere que o
pedido da ação possessória, é de que, além da citação, seja deferida, sem a oitiva do réu, a
expedição de mandado de reintegração de posse, ou, sendo necessária, que seja expedido após
a audiência de justificação, conforme previsão do artigo 562 do CPC.
Frisa-se, no entanto, que a audiência se torna obrigatória se o réu for pessoa jurídica de
direito público, consoante previsão do parágrafo único do artigo 562 do CPC. (CHACON, 2020,
p. 141)
O juiz somente poderá conceder a medida liminar específica do art. 562, possessória de
reintegração ou manutenção de posse nas AÇÕES DE FORÇA NOVA (ano e dia), sendo
importante, portanto, a data do ato molestador. (Colombo e Silva, 2017, p. 243). Na petição
inicial, é fundamental que o examinando discorra sobre a força nova, quando tratar da liminar.
Ainda, poderá ser necessária a audiência de justificação para que o Autor possa produzir
provas necessárias a fim de obter a medida liminar, sendo que essa audiência ocorre após a
citação. Previsão do artigo 563 do CPC:
Art. 563. Considerada suficiente a justificação, o juiz fará logo expedir mandado de
manutenção ou de reintegração.(brasil, 2015)
303
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Art. 567. O possuidor direto ou indireto que tenha justo receio de ser molestado na posse
poderá requerer ao juiz que o segure da turbação ou esbulho iminente, mediante mandado
proibitório em que se comine ao réu determinada pena pecuniária caso transgrida o
preceito. (BRASIL, 2015)
304
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O novo CPC não estabelece critérios para a fixação da pena pecuniária, devendo a decisão
ser regada pela razoabilidade, de modo que não seja um valor tão baixo que não tenha influência
no ânimo do réu, e nem tão alto que o réu não tenha condições de adimplir. (ALVIM, 2017, p.
104).
A cominação da pena pecuniária, que não passa de uma multa, nada tem a ver com a
eventual indenização pelos prejuízos decorrentes da turbação ou esbulho da posse. (ALVIM,
2017, p. 105).
ENUNCIADO:
Aline é proprietária de uma pequena casa situada na cidade de São Paulo, residindo no
imóvel há cerca de 5 anos, em terreno constituído pela acessão e por um pequeno pomar. Pouco
antes de iniciar obras no imóvel, Aline precisou fazer uma viagem de emergência para o interior
de Minas Gerais, a fim de auxiliar sua mãe que se encontrava gravemente doente, com previsão
de retornar dois meses depois a São Paulo. Aline comentou a viagem com vários vizinhos, dentre
os quais, João Paulo, Nice, Marcos e Alexandre, pedindo que “olhassem” o imóvel no período.
Ao retornar da viagem, Aline encontrou o imóvel ocupado por João Paulo e Nice, que nele
ingressaram para fixar moradia, acreditando que Aline não retornaria a São Paulo. No período,
João Paulo e Nice danificaram o telhado da casa ao instalar uma antena “pirata” de televisão a
cabo, o que, devido às fortes chuvas que caíram sobre a cidade, provocou graves infiltrações no
imóvel, gerando um dano estimado em R$ 6.000,00 (seis mil reais). Além disso, os ocupantes
vêm colhendo e vendendo boa parte da produção de laranjas do pomar, causando um prejuízo
estimado em R$ 19.000,00 (dezenove mil reais) até a data em que Aline, 15 dias após tomar
ciência do ocorrido, procura você, como advogado.
Na qualidade de advogado(a) de Aline, elabore a peça processual cabível voltada a permitir
a retomada do imóvel e a composição dos danos sofridos no bem. (Valor: 5,00)
Obs.: a peça deve abranger todos os fundamentos de Direito que possam ser utilizados
para dar respaldo à pretensão. A simples menção ou transcrição do dispositivo legal não confere
pontuação.
GABARITO COMENTADO:
A peça processual cabível na espécie é uma Petição Inicial. Considerando que ocorreu
305
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esbulho possessório, na forma do Art. 1.210 do CC, deve ser proposta Ação de Reintegração
de Posse. Como o esbulho ocorreu há menos de ano e dia da propositura da demanda (Art.
558 do CPC), pois Aline tomou conhecimento do esbulho dentro deste prazo, deve ser
requerida a adoção do procedimento previsto no Art. 560 e seguintes do CPC.
A peça deve ser endereçada a um dos juízos cíveis da Comarca de São Paulo,
considerando a competência absoluta do foro de situação do imóvel para a ação possessória
imobiliária (Art. 47, § 2º, do CPC).
No mérito, deve ser afirmada a existência de esbulho possessório, bem como a
caracterização da posse de João Paulo e Nice como posse de má-fé, nos termos do Art. 1.201
do CC, considerando sua clandestinidade. Também deve ser demonstrada a extensão dos danos
sofridos no imóvel.
Deve ser requerida, além da reintegração de posse, a condenação dos réus ao pagamento
de indenização por perdas e danos e pelos frutos colhidos, na forma do Art. 1.216 e do Art. 1.218,
ambos do CC, considerando a caracterização da posse como posse de má-fé. Tal cumulação
objetiva é possível com fulcro no Art. 555, caput, incisos I e II, do CPC/15.
O valor da causa deve corresponder a R$ 25.000,00 (vinte e cinco mil reais), nos termos
do Art. 292, inciso VI, do CPC.
Por fim, o fechamento, com a indicação de local, data, assinatura e inscrição OAB.
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ITEM PONTUAÇÃO
Endereçamento
1. A petição deve ser endereçada a um dos juízos cíveis da 0,00/0,10
Comarca de São Paulo (0,10).
Nome e qualificação das partes: autora Aline (0,10); réus João 0,00/0,10/0,20
Paulo e Nice (0,10)
Cabimento da ação possessória
2. Indicar que é uma ação de reintegração de posse (0,30), com 0,00/0,30/0,40
base no Art. 560 do CPC
OU no Art. 1210 do CC (0,10).
3. Adoção do procedimento especial para a tutela da posse, pois 0,00/0,30/0,40
o esbulho ocorreu há
menos de ano e dia (0,30), segundo o artigo 558 do CPC (0,10),
Fundamentação Jurídica/Legal
4. Afirmação de esbulho possessório OU perda da posse OU 0,00/0,40/0,50
que Aline era possuidora do
bem anteriormente (0,40), cumprindo-se o disposto no Art. 561
do CPC (0,10).
5. Direito à reintegração na posse (0,20) em razão da posse de
má-fé dos réus (0,40), nos 0,00/0,20/0,40/0,
termos do Art. 1.201 do CC (0,10) OU injusta (0,40), nos termos 50/0,60/0,70
do Art. 1200 do CC (0,10).
6. Direito à indenização pela ocorrência dos danos ao imóvel e
sua indicação (0,30), na 0,00/0,30/0,40
forma do Art. 1.218 do CC (0,10)
7. Direito à indenização pela perda dos frutos (0,30), por força
0,00/0,30/0,40
do Art. 1.216 do CC (0,10).
8. Direito à reintegração provisória liminar na posse (0,40), com
base no Art. 562 do CPC 0,00/0,40/0,50
(0,10).
Formular corretamente os pedidos:
9. Pedido de concessão de liminar em ação possessória,
determinando a reintegração provisória de Aline na posse do imóvel 0,00/0,30
(0,30).
10. Pedido de produção de prova testemunhal (0,10). 0,00/0,10
11. Pedido de produção de prova pericial (0,10). 0,00/0,10
12. Pedido de reintegração definitiva na posse do imóvel (0,30). 0,00/0,30
13. Pedido de condenação dos réus ao pagamento de
indenização de R$ 6.000,00 em razão dos danos materiais 0,00/0,20
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I - DOS FATOS:
A autora é proprietária de uma pequena casa situada na cidade de São Paulo,
local onde reside há cerca de 05 anos em um terreno constituído por acessão e por
um pequeno pomar. Pouco antes de iniciar obras no imóvel, a Autora precisou fazer
uma viagem de emergência com previsão de duração de dois meses para o interior
de Minas Gerais, a fim de auxiliar sua mãe que se encontrava gravemente doente.
A viagem foi comunicada a vários vizinhos da Autora, dentre os quais os Réus e,
também, Marcos e Alexandre, solicitando que olhassem o imóvel durante o período
da viagem. Contudo, ao retornar de viagem, a Autora encontrou o imóvel ocupado
pelos Réus João Paulo e Nice, que nele ingressaram para fixar moradia acreditando
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IV - FUNDAMENTAÇÃO JURÍDICA
a) COMPROVAÇÃO DA POSSE E DO ESBULHO POSSESSÓRIO
Conforme narrado anteriormente, a Autora é proprietária de um imóvel onde
reside há cerca de cinco anos. Devido ao estado de saúde de sua genitora, precisou
realizar uma viagem de emergência com duração prevista de dois meses para o
estado de Minas Gerais, comunicando o fato aos seus vizinhos e requerendo,
inclusive, que esses olhassem o imóvel durante o período da viagem.
Contudo, ao retornar de sua viagem, a Autora deparou-se com seu imóvel ocupado
pelos vizinhos João Paulo e Nice, ora Réus, que acreditando que a Autora não
retornaria de sua viagem, resolveram ocupar indevidamente o imóvel com intuito de
fixar moradia.
Destaca-se que a ocupação do imóvel pelos Réus foi totalmente de má-fé visto que
tinham ciência da viagem emergencial da Autora e da data de seu retorno, de modo
que ocuparam o imóvel de forma injusta, caracterizado pela clandestinidade, na forma
dos artigos 1.200 e 1.201 do Código Civil. A Clandestinidade justamente ocorreu pelo
fato dos Réus ingressarem de forma escondida no imóvel, sem autorização da Autora.
Assim, resta demonstrado os requisitos previstos no artigo 561 do Código de
Processo Civil, quais sejam: a posse da autora; o esbulho praticado pelo réu; a data
do esbulho; perda da posse da autora.
b) DO DIREITO À REINTEGRAÇÃO DA POSSE:
Deste modo, comprovado a posse anterior da Autora bem como o esbulho
possessório, requer a reintegração da autora na posse do imóvel.
Isso, porque, o artigo 1.210 do Código Civil estabelece que é direito do possuidor
a reintegração da posse quando houver esbulho caracterizado pela posse injusta ou
de má-fé como se deu no caso dos Réus, consoante previsto nos artigos 1.200 e 1.201
do Código Civil, uma vez que obtida mediante clandestinidade.
c) DO DIREITO A INDENIZAÇÃO PELOS DANOS AO IMÓVEL:
Além de ser reintegrada, a Autora faz jus à indenização pelos danos que os Réus
causaram no imóvel. Isso, porque, no período em que os Réus permaneceram
no imóvel fizeram a instalação de uma antena “pirata” de televisão a cabo, o que,
311
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devido às fortes chuvas que caíram sobre a cidade, provocou infiltrações no imóvel,
gerando um dano à Autora no valor de R$ 6.000,00 (seis mil reais).
Tendo em vista a posse de má-fé dos ocupantes, esses devem responder pela
deterioração do imóvel, ainda que acidentais, na forma do artigo 1.218 do Código Civil.
d) DO DIREITO À INDENIZAÇÃO PELA PERDA DOS FRUTOS:
A Autora faz jus também à indenização pela perda dos frutos. Ou seja, os Réus vêm
colhendo e vendendo boa parte da produção de laranjas do pomar, causando um
prejuízo estimado em R$ 19.000,00 (dezenove) mil reais.
Assim sendo, conforme preconiza o artigo 1.216 do Código Civil, a Autora faz jus à
indenização pelos frutos colhidos pelos Réus, visto que o possuidor de má-fé
responde por todos os frutos colhidos e percebidos.
Diante disso, requer a condenação dos demandados ao pagamento do total de
R$25.000,00 (vinte e cinco mil reais) a título de indenização pelos danos causados.
Verifica-se que a cumulação da reintegração de posse com indenização pelos danos
e pelos frutos é cumulativa, consoante previsão do artigo 555, incisos I e II do Código
de Processo Civil.
V - DA LIMINAR DE REINTEGRAÇÃO DE POSSE
Com a comprovação da posse anterior da Autora e do esbulho possessório sem
oitiva dos Réus a fim de possibilitar que a Autora seja reintegrada na posse do imóvel,
na forma do art. 562 do Código de Processo Civil, eis que o esbulho se deu menos de
ano e dia da propositura da presente ação.
VI - DOS PEDIDOS
Diante do exposto, requer a Autora:
a) O recebimento da presente ação de reintegração de posse pelo procedimento
especial;
b) A concessão de liminar em ação possessória, na forma do artigo 562 do CPC,
determinando a reintegração provisória da autora na posse do imóvel, eis que o
esbulho se deu menos de ano e dia;
c) A total procedência da ação, com a reintegração definitiva da Autora na posse do
imóvel, confirmando-se a liminar concedida, na forma do artigo 562 do CPC;
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Termos em que,
Pede e espera deferimento.
Local..., Data...
Advogado...
OAB...
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27.2 Cabimento:
A ação de exigir contas no “regime processual atual, se destina a veicular a pretensão
daquele que pretende que as contas lhe sejam prestadas (art. 550 do CPC). Já quanto à
pretensão daquele que busca prestar as contas (...) é hoje submetida ao regime do procedimento
comum”. (MARINONI; ARENHART; MITIDIERO, 2017, p. 157-158)
No que tange ao dever de prestar contas e o direito de exigi-las, Marinoni, Arenhart e
Mitidiero (2017, p. 157) mencionam: “em regra, as pessoas, a quem é submetida a administração
de certos bens ou interesses, estão obrigadas a dar satisfação de seus atos de gestão. Essa
obrigação pode ser imposta ao administrador mediante pedido do interessado, podendo ainda
ser prestada voluntariamente por aquele. Há várias circunstâncias que determinam o dever de
prestar contas de seus atos (...)”. E complementam: “as contas a serem prestadas devem ser
demonstradas e justificadas, exatamente para que se possa conferir a destinação dada ao
patrimônio do administrado e a razoabilidade da atividade do administrador”. (MARINONI;
ARENHART; MITIDIERO, 2017, p. 157)
Da mesma forma entende Chacon (2016, p. 128) no sentido de que “os atos de gestão ou
administração de bens, negócios ou interesses alheios gera o dever de prestar contas do que
ocorreu e se efetuou. O vínculo não precisa ser contratual ou expresso, bastando que, de fato, a
gestão ou administração ocorra, mesmo que diante do mero controle de dinheiro alheio. Cita
como exemplos: o presidente de um clube associativo, o sócio administrador de uma pessoa
jurídica ou até mesmo o inventariante em relação ao inventário”.
Sobre o cabimento da ação de exigir contas leciona Adede Y Castro (2016, p. 15): “O autor,
convencido de que o réu deveria ter feito um relatório das atividades desenvolvidas em seu
nome, desde o recebimento ou utilização de valores até recebimento e utilização de coisas,
objetos, animais, etc., e não o obtendo ou não concordando com aquele que lhe é apresentado,
pode ingressar em juízo para exigir as contas”.
Como exemplos cita Adede Y Castro (2016, p. 15): “Quase sempre as contas exigidas têm
a ver com valores em dinheiro recebidos por advogados, contadores, administradores de bens e
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negócios em nome de outrem, mas também podem se referir a atos praticados, comprovas e
vendas feitas etc”.
Outros exemplos também são citados por Medina (2016, p. 813): “pode tratar-se, p.ex., da
prestação de contas de advogado ao seu constituinte, de condomínio contra síndico (CC, art.
1.328, VIII), ou relativa a conta corrente bancária”.
A ação de exigir contas encontra previsão legal no art. 550 do CPC:
Art. 550. Aquele que afirmar ser titular do direito de exigir contas requererá a citação do
réu para que as preste ou ofereça contestação no prazo de 15 (quinze) dias.
§1º Na petição inicial, o autor especificará, detalhadamente, as razões pelas quais exige
as contas, instruindo-a com documentos comprobatórios dessa necessidade, se existirem.
§2º Prestadas as contas, o autor terá 15 (quinze) dias para se manifestar, prosseguindo-
se o processo na forma do Capítulo X do Título I deste Livro.
§3º A impugnação das contas apresentadas pelo réu deverá ser fundamentada e
específica, com referência expressa ao lançamento questionado.
§4º Se o réu não contestar o pedido, observar-se-á o disposto no art. 355.
§5º A decisão que julgar procedente o pedido condenará o réu a prestar as contas no
prazo de 15 (quinze) dias, sob pena de não lhe ser lícito impugnar as que o autor
apresentar.
§6º Se o réu apresentar as contas no prazo previsto no § 5o, seguir-se-á o procedimento
do § 2º, caso contrário, o autor apresentá-las-á no prazo de 15 (quinze) dias, podendo o
juiz determinar a realização de exame pericial, se necessário. (BRASIL, 2015)
Então, se verifica que o procedimento especial da ação de exigir contas é utilizado quando
alguém quer exigir/forçar que a outra pessoa, o réu, forneça as contas.
Importante ainda mencionar sobre o cabimento da ação de exigir contas, conforme ensina
Medina (2016, p. 814):
A ação de exigir contas é considerada cominatória, sendo que a parte contrária terá que
apresentar as contas, sob pena de aceitar aquela apresentada pelo autor (art. 550, §5º,
do CPC/2015). Em razão da consequência prevista no art. 5º do art. 550, não se admite a
fixação de multa coercitiva. A ação pode ter também natureza condenatória, quanto ao
saldo existente (cf. art. 552 do CPC/2015), seja este saldo favorável ao autor ou ao réu, o
que revela o caráter dúplice da ação.
27.3 Legitimidade:
Conforme o Novo CPC, tem legitimidade para propor a ação de exigir contas pelo
procedimento especial aquele que possui legitimidade para exigi-las e não para prestá-las. Isso
de acordo com a previsão do artigo 550 do CPC: “Aquele que afirmar ser titular do direito de
exigir contas requererá a citação do réu para que as preste ou ofereça contestação no prazo de
15 (quinze) dias”. (BRASIL, 2015)
Segundo Chacon (2020, p. 137) “a ação na atual conjuntura do CPC só pode ser
apresentada por quem tem o direito de exigir contas (art. 550 do CPC)”. Ainda, “para todos os
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casos da ação de exigir contas, é preciso provar o vínculo existente, ou seja, de onde surge a
obrigação do Réu prestar contas ou o direito de exigir”. (CHACON, 2020, p. 137)
Art. 550. Aquele que afirmar ser titular do direito de exigir contas requererá a citação do
réu para que as preste ou ofereça contestação no prazo de 15 (quinze) dias.
Segundo Chacon (2020) para todos os casos da ação de exigir contas, é preciso provar o
vínculo existente, ou seja, de onde surge a obrigação do Réu prestar contas ou o direito de exigir.
27.4 Procedimento
Conforme Marinoni; Arenhart e Mitidiero (2017, p. 158), o objetivo da ação de exigir contas
é apurar a existência ou não da pretensão às contas. Não há necessidade assim, que o autor
da ação invoque algum suposto crédito existente ou desfalque efetuado pelo Requerido. Basta
que ostente o direito de exigir contas para que a ação seja julgada procedente. Assim, caso
verificando a existência de saldo, o feito continuará para impor ao réu o ressarcimento dos
prejuízos gerados.
Diante disso, segundo Marinoni; Arenhart e Mitidiero (2017, p. 158) a ação de exigir contas
desenvolve-se, em geral, em duas fases. A primeira busca apurar a existência do direito de exigir
contas. Na segunda, avalia-se a adequação das contas prestadas, impondo, quando for o caso,
condenação ao administrador para restituir o atual saldo credor.
Complementam os autores: “Há, neste processo, dois atos jurisdicionais distintos que
diretamente lidam com o mérito da demanda: um primeiro que impõe ao réu a prestação de
contas; e outro que analisará se as contas prestadas estão corretas ou não, e,
consequentemente, poderá impor ao administrador o ressarcimento de possíveis prejuízos por
ele ocasionados”. (MARINONI; ARENHART; MITIDIERO, 2017, p. 158)
No §1º do artigo 550 do CPC/15 estão dispostos os requisitos da Inicial:
§1º Na petição inicial, o autor especificará, detalhadamente, as razões pelas quais exige
as contas, instruindo-a com documentos comprobatórios dessa necessidade, se existirem.
(BRASIL, 2015)
A ação de exigir contas tem por início uma petição escrita, dirigida ao juiz da causa,
observando-se os artigos 319 e 320 do CPC, devendo o autor requerer a citação do réu para no
prazo de 15 dias, apresentar as contas devidas ou oferecer contestação (MARINONI;
ARENHART; MITIDIERO, 2017, p. 160)
319
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Sobre a petição inicial da ação de exigir contas, Chacon (2020, p. 137) ensina: “O art. 550,
caput e parágrafo primeiro, do CPC, estabelece os critérios da petição inicial para quem pretende
exigir a prestação de contas: requererá a citação do réu para que apresente as contas ou
conteste a ação no prazo de 15 dias, especificando detalhadamente as razões pelas quais exige
as contas instruindo a inicial com documentos comprobatórios desta necessidade”.
Conforme o caput do artigo 550 o autor deve requerer a citação do réu para que este:
Prestar contas
Nesse sentido, Medina (2016, p. 815) ensina que no prazo de 15 dias, o réu poderá
contestar o pedido ou oferecer as contas exigidas, bem como permanecer revel. Assim,
dependendo da conduta que o réu tomar na ação, decorrerão as etapas na ação de exigir contas:
Ordinariamente, funda-se a ação na existência do direito de exigir as contas, que, uma vez
prestadas, se concluirá com o exame de sua correção (das contas) e apuração do saldo.
Nesse caso, prestadas as contas e ouvido o autor, produzem-se provas, se necessário, e
julgam-se as contas (art. 550, §2º e 3º, do CPC/2015) e, apurando-se saldo, valerá a
decisão como título executivo judicial (cf. art. 552 do CPC/2015). Caso, no entanto, o réu
não preste as contas de imediato, mas conteste tal pedido, afirmando que o autor não tem
direito à prestação de contas, ou, ainda, se permanecer revel, deverá o juiz decidir sobre
o direito à prestação de contas. Se reconhecido o direito de exigir contas, o réu deverá
fazê-lo em quinze dias, sob pena de não poder impugnar as que o autor apresentar (cf.
§5º do art. 550 do CPC/2015). (BRASIL, 2015)
E se as contas forem prestadas pelo réu no prazo de 15 dias? Caso o autor não concorde
com as contas prestadas pelo réu e queira impugnar deverá ser feita de fundamentada e
específica, com referência expressa ao lançamento que fora questionado. (Medina, 2016, p. 816)
Complementam os autores que em qualquer das hipóteses, determinada a apresentação
das contas, será iniciada a segunda fase do procedimento. Com isso, o processo dedicar-se-á a
examinar as contas que foram apresentadas pelo réu, e, se for o caso, condenar o mesmo em
eventual saldo devedor. (MARINONI; ARENHART; MITIDIERO, 2017, p. 161)
320
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Sobre a conduta do réu ensina Adede Y Castro (2016, p. 15): “Ocorrendo a prestação de
contas pelo réu, o juiz intimará o autor para que, no prazo de quinze dias, se manifeste, dizendo
se concorda ou não com as contas prestadas. Concordando o autor com a prestação de contas,
o processo será extinto com julgamento de mérito. Discordando, o juiz instruirá o processo nos
termos do §2º desse artigo. Discordando o autor com as contas prestadas as impugnará,
referindo com exatidão as razões para tanto, manifestando-se expressamente sobre cada item
questionado. Ou seja, assim como não pode exigir contas de forma genérica, também não as
pode impugnar genericamente”.
E se o réu não prestar contas e nem contestar? Observa-se o disposto no artigo 355 do
CPC, ou seja, haverá julgamento antecipado do mérito:
Art. 355. O juiz julgará antecipadamente o pedido, proferindo sentença com resolução de
mérito, quando:
I - Não houver necessidade de produção de outras provas;
II - O réu for revel, ocorrer o efeito previsto no art. 344 e não houver requerimento de prova,
na forma do art. 349. (BRASIL, 2015)
No que tange à revelia do réu na ação de exigir contas Führer e Führer (2016, p. 153)
ensinam: “Não contestado o pedido, tem lugar o julgamento antecipado do mérito (art. 355, II).
Procedente o pedido, o réu é condenado a prestar contas em 15 dias, sob pena de não lhe ser
lícito impugnar as que o autor apresentar (art. 550, §5º)”.
Na sua contestação, o Réu, por exemplo, poderá prestar as contas exigidas pelo Autor,
alegar que as prestou já, ou que não tem contas a prestar, uma vez que não mantém com o
Autor qualquer relação negocial de representação ou administração de interesses que possa
gerar a obrigação de prestar contas. (ADEDE; CASTRO, 2016, p. 15).
§5º A decisão que julgar procedente o pedido condenará o réu a prestar as contas no
prazo de 15 (quinze) dias, sob pena de não lhe ser lícito impugnar as que o autor
apresentar. (BRASIL, 2015)
321
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Ou seja, conforme Adede Y Castro (2016, p. 16), com ou sem contestação, se o juiz se
convencer de que o réu deve prestar contas porque não ou fez ou porque as apresentadas são
efetivamente insuficientes, proferirá sentença de mérito determinando que as contas sejam
apresentadas em 15 dias, sob pena de julgar procedentes as apresentadas pelo autor.
E se o réu apresentar as contas no prazo de 15 dias se condenado?
Ou seja, o autor poderá se manifestar no prazo de 15 dias, ou se o réu não fizer, o autor
poderá apresentá-las no prazo de 15 dias, podendo o juiz determinar exame pericial se for
necessário.
De acordo com o que prevê o artigo 551 as contas prestadas pelo réu deverão ter as
receitas especificadas, inclusive as despesas e os investimentos, caso tenham ocorrido.
Por sua vez, o § 1o estabelece que se houver impugnação específica e fundamentada pelo
autor, deverá ser fixado um prazo razoável pelo juiz para que o réu apresente os documentos
justificativos dos lançamentos que foram individualmente impugnados.
Ou seja, apresentadas as contas pelo Réu, o juiz dará ao Autor a oportunidade de impugnar,
também de forma específica, sendo que volta os autos ao Réu para que este possa apresentar
documentos que comprovam que a impugnação do Autor não se sustenta.
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§2º As contas do autor, para os fins do art. 550, § 5o, serão apresentadas na forma
adequada, já instruídas com os documentos justificativos, especificando-se as receitas, a
aplicação das despesas e os investimentos, se houver, bem como o respectivo saldo.
(BRASIL, 2015)
27.7 Sentença
De acordo com a previsão do artigo 552 do CPC: “A sentença apurará o saldo e constituirá
título executivo judicial”. (BRASIL, 2015). Ou seja, se for apurado eventual saldo, será constituído
título executivo judicial.
Segundo ADEDE Y CASTRO (2016, p. 17), ao final, se houver saldo a pagar ou devolver,
deverá constar especificamente, sendo essa sentença título executivo judicial.
E, caso, o saldo não puder ser declarado na sentença, a sentença deverá pelo menos ter
elementos que permitam a liquidação. (ADEDE Y CASTRO, 2016, p. 17)
Sobre o artigo 553 do CPC, Adede Y Castro (2016, p. 17) leciona: “Todos os referidos no
caput do art. 553 são administradores de interesses alheios, uns em processos de inventário,
outros em função de relação familiar, o curador em razão de incapacidade do interdito, o
depositário e o administrador (como nos processos de falência), em razão de nomeação pelo juiz
em autos específicos de ação judicial. Dessa forma, nesses mesmos autos poderão ser exigidas
as contas que, não prestadas, poderão implicar em destituição e substituição, sequestro de bens
e valores, glosa de remuneração e qualquer outra medida necessária para recomposição do
patrimônio do lesado”.
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VALOR DA CAUSA
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28. Da Oposição
28.2 Conceito:
Hoje, pelo Novo CPC, a oposição não é mais forma de intervenção de terceiros, mas, sim,
procedimento especial.
A oposição no antigo CPC (CPC de 1973) era tratada como forma de intervenção de
terceiros, explicando Marinoni, Arenhart e Mitidiero (2017, p. 241) que a inclusão como forma de
intervenção de terceiros antigamente era amplamente criticada pela doutrina. Segundo os
autores “de fato, a oposição jamais poderia ser qualificada como uma intervenção de terceiro –
realizada no processo – na medida em que o opoente, quando participa do processo, formula
ação própria, tendente a excluir a pretensão dos sujeitos iniciais sobre o objeto litigioso do
processo. Ora, quem formula ação no processo jamais pode ser considerado como terceiro,
exercendo o opoente, portando, nítido papel de parte”.
Portanto, o Novo CPC restaurou o regime adequado, considerando a oposição como uma
AÇÃO AUTÔNOMA, ainda que veiculada a outra causa. “Haverá, entre a ação original e a
oposição, uma relação de subordinação legal, em que a lei estabelece uma relação de
prejudicialidade entre a oposição e a ação ‘principal’ (art. 686 do CPC)”. (MARINONI;
ARENHART; MITIDIERO, 2017, p. 241)
São formas de intervenção de terceiros pelo Novo CPC: a assistência, a denunciação à
lide, o chamamento ao processo, o incidente de desconsideração da personalidade jurídica e o
amicus curiae.
Segundo Medina (2016, p. 866) “não se confunde a oposição com as formas de intervenção
de terceiros, tendo o CPC/2015, acertadamente, tratado tal figura entre os procedimentos
especiais”.
28.3 Cabimento
Através do procedimento especial da oposição, o terceiro ajuíza ação contra os litigantes
(autor e réu) da ação originária, com o objetivo de haver para si a coisa ou o direito sobre que
estes controvertem. (MEDINA, 2016, p. 865)
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Sobre a oposição, ensinam Führer e Führer (2016, p. 161): “trata-se de ação autônoma
distribuída por dependência. É própria para quem pretende para si, no todo ou em parte, a coisa
ou o direito controvertido debatido na ação principal (art. 682)”.
Da mesma forma, Marinoni, Arenhart e Mitidiero (2017, p. 241) mencionam que a função
da ação de oposição vem estabelecida no artigo 682 do CPC, “servindo para veicular o pedido
daquele que pretende, no todo ou em parte, a coisa ou o direito sobre que controvertem autor e
réu”. Complementam ainda os autores:
Dessa forma, “trata-se de hipótese especial de conexão de causas, que não implica apenas
a reunião dos processos para julgamento por um só juízo, mas impõe, em princípio, uma
tramitação simultânea dos processos e pode gerar, como dito, uma relação de prejudicialidade
entre as causas”. (MARINONI; ARENHART; MITIDIERO, 2017, p. 241)
Previsão no artigo 682 do Novo CPC:
Art. 682. “Quem pretender, no todo ou em parte, a coisa ou o direito sobre que
controvertem autor e réu poderá, até ser proferida a sentença, oferecer oposição contra
ambos”. (BRASIL, 2015)
28.4 Prazo
Conforme ensina Medina (2016, p. 866) não se admite a oposição após a sentença,
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28.8 Procedimento
No que tange ao procedimento da oposição, Führer e Führer (2016, p. 161) ensinam que
uma vez proposta a inicial da ação de oposição, procede-se à citação dos denominados opostos
por meio dos respectivos advogados para contestar no prazo de 15 dias, sendo que se um deles
reconhecer o pedido contra o outro prosseguirá o opoente (autor da oposição).
Assim, distribuída a oposição por dependência, deve ela tramitar apensada aos autos do
primeiro processo. Recebida a petição inicial, deverão os opostos (autor e réu da primeira
ação) ser citados, para responder à nova ação em prazo comum de quinze dias (art. 683,
parágrafo único, do CPC). A citação dos réus se dá na pessoa dos seus advogados (no
processo original). Obviamente, porém, se algum deles não tiver advogado constituído
neste primeiro processo, deverá ser citado pessoalmente, na forma comum. (MARINONI;
ARENART; MITIDIERO, 2017, p. 244)
A oposição ficará em apenso à ação originária sendo julgada juntamente com esta,
conforme previsão do artigo 685 do Novo CPC:
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Art. 685. “Admitido o processamento, a oposição será apensada aos autos e tramitará
simultaneamente à ação originária, sendo ambas julgadas pela mesma sentença”.
(BRASIL, 2015)
Além disso, se a oposição for proposta após o início da audiência de instrução, o juiz
suspenderá o curso do processo ao fim da produção das provas, salvo se concluir que a unidade
da instrução atende melhor ao princípio da duração razoável do processo;
Previsão do parágrafo único do artigo 685:
Parágrafo único. Se a oposição for proposta após o início da audiência de instrução, o juiz
suspenderá o curso do processo ao fim da produção das provas, salvo se concluir que a
unidade da instrução atende melhor ao princípio da duração razoável do processo.
(BRASIL, 2015)
Como a ação originária e a oposição devem ser julgadas de forma conjunta (mesma
sentença), deverá o juiz conhecer a oposição em primeiro lugar, tendo em vista que a sua solução
interfere diretamente no resultado que terá a primeira ação;
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A previsão legal da homologação do penhor legal está nos art. 1.467 a 1.472 do Código
Civil e art. 703 a 706 do Código de Processo Civil.
Segundo Adede Y Castro (2016, P. 127) penhor é, via de regra, uma garantia escrita,
representada por um instrumento público ou particular, dada pelo devedor ao credor, de que
entregará a este último, um determinado BEM MÓVEL, caso não pague a dívida.
Com o penhor, o credor que era quirografário, ou seja, sem garantia real, passa a ser
credor pignoratício, isto é, com garantia real.
O Código Civil nos artigos 1.467 ao 1.472 descreve e regulamenta o penhor legal.
Tal procedimento ocorre por interesse do Requerente em chancelar o penhor legal, haja
vista este se tratar de ato extrajudicial.
Referente ao procedimento de homologação do penhor legal ensinam Marinoni, Arenhart
e Mitidiero (2017, p. 265): “neste procedimento, basicamente, o juiz limita-se a apurar se o
procedimento do suposto credor está correto e a estabilizar o apossamento por este realizado.
No modelo atual, em face de sua simplicidade, essa providência poderá até mesmo ter caráter
extrajudicial, dispensando a participação do Judiciário nessa atividade (art. 703, §§2º e 3º)”.
O penhor é um direito real de garantia. Há diferenças entre o penhor: fala-se em penhor
convencional ou penhor legal.
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Sobre a diferença entre penhor legal e convencional cabe destacar: “em regra, o penhor
é convencional, decorrendo de relação jurídica mantida pelas partes. Por vezes, porém, é
imposto pela própria lei, nascendo então o chamado o penhor legal”. (MARINONI; ARENHART;
MITIDIERO, 2017, p. 265)
O penhor legal é previsto no Código Civil, nos artigos 1467 a 1.472.
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Art. 31. Os profissionais de que trata esta Lei têm penhor legal sobre o equipamento e
todo o material de propriedade do empregador, utilizado na realização de programa,
espetáculo ou produção, pelo valor das obrigações não cumpridas pelo empregador.
29.5 Finalidade
29.6 Procedimento
Na homologação do penhor legal a função do juiz é limitada. Ou seja, o juiz deve verificar
se o procedimento realizado pelo credor está correto. Se estive correto, deverá o juiz
estabilizar o apossamento realizado pelo credor.
Ou seja, nas hipóteses previstas no CC, o próprio credor, em caso de inadimplemento do
devedor, poderá tomar de mão própria os objetos descritos no artigo 1.469 do CC, e requerer
em ato contínuo a sua homologação (ADEDE Y CASTRO, 2016, p. 128). Previsão a partir do
artigo 703 CPC/15:
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Art. 703. Tomado o penhor legal nos casos previstos em lei, requererá o credor, ato
contínuo, a homologação.
A homologação do penhor legal vai conferir legitimidade ao penhor realizado pela parte
nas hipóteses previstas no artigo 1.467 do CC. Alteração em relação ao CPC de 1973, pois
naquele a homologação era tratada como medida cautelar. De acordo com o artigo 703 não há
prazo para requerer a homologação do penhor legal → “ato contínuo”.
§1o Na petição inicial, instruída com o contrato de locação ou a conta pormenorizada das
despesas, a tabela dos preços e a relação dos objetos retidos, o credor pedirá a citação
do devedor para pagar ou contestar na audiência preliminar que for designada.
No que tange aos requisitos da Petição Inicial da Homologação do penhor legal, esta deve
conter conforme Marinoni, Arenhart e Mitidiero (2017, p. 268): “a homologação do penhor legal
se inicia por petição inicial dirigida pelo credor ao juiz. Esse documento deve conter, como
determina o art. 703, §1º, a relação especificada das despesas ou o contrato de locação (com o
vakir da locação não paga), a tabela de preços do estabelecimento (somente para o caso de
penhora de dívidas de despesas e consumos de estabelecimentos de hospedagem ou
alimentação – art. 1.467, I do CC) e o rol de bens retidos em garantia. Pedirá o requerente a
citação do devedor para pagar ou ofecerer defesa em audiência preliminar designada”.
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§2o A homologação do penhor legal poderá ser promovida pela via extrajudicial mediante
requerimento, que conterá os requisitos previstos no § 1o deste artigo, do credor a notário
de sua livre escolha.
§3o Recebido o requerimento, o notário promoverá a notificação extrajudicial do devedor
para, no prazo de 5 (cinco) dias, pagar o débito ou impugnar sua cobrança, alegando por
escrito uma das causas previstas no art. 704, hipótese em que o procedimento será
encaminhado ao juízo competente para decisão.
§4o Transcorrido o prazo sem manifestação do devedor, o notário formalizará a
homologação do penhor legal por escritura pública.
A Homologação poderá ser ocorrer via extrajudicial perante notário. Mesmo sendo
extrajudicial deve preencher os requisitos do §1º. Recebido o requerimento pelo notário, este
deverá promover a notificação extrajudicial do devedor.
O devedor terá o prazo de 05 dias para pagar o débito ou impugnar a cobrança. Na
impugnação que deverá ser por escrito poderá alegar uma das causas previstas no artigo 704
do CPC/15.
Se for pago o débito, a dívida estará quitada, extinguindo-se o feito extrajudicial e os bens
devolvidos ao devedor.
Havendo essa impugnação na via extrajudicial, o procedimento será encaminhado ao juiz
competente para este decidir.
Vai para a justiça porque daí ganha litigiosidade. E se não houver manifestação do
devedor neste prazo de 05 dias? O notário deverá homologar o penhor legal por escritura pública,
na forma do art. 703, §4º do CPC.
29.6.3 Conteúdo da defesa do devedor
O artigo 704 enumera as hipóteses de defesa que o Réu poder alegar em sua defesa:
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Observar que o §1º do artigo 703 do CPC estabelece que o devedor será citado para
pagar ou oferecer contestação na audiência preliminar a ser designada.
Art. 705 do Código de Processo Civil
Art. 705. A partir da audiência preliminar, observar-se-á o procedimento comum.
Uma vez homologado o penhor legal judicialmente a posse dos bens será consolidada em
favor do autor. Reconhece-se a legitimidade dos bens que foram tomados.
Adede Y Castro (2016, p. 130) menciona ainda que ao homologar o penhor legal o juiz
estará declarando que o débito existe, sendo sentença título executivo que poderá ser executado
judicialmente, caso não pago o débito.
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§1o Negada a homologação, o objeto será entregue ao réu, ressalvado ao autor o direito
de cobrar a dívida pelo procedimento comum, salvo se acolhida a alegação de extinção
da obrigação.
O bem objeto de penhor será devolvido ao Réu, sendo que o autor poderá cobrar a dívida
ainda pelo procedimento comum, salvo se for acolhida a alegação de extinção da obrigação do
réu.
29.6.7 Do Recurso
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A regulação de avaria grossa está prevista nos arts. 707 a 711 do Código de Processo
Civil e Lei 55/1.850 (Código Comercial) a partir do art. 761.
O termo avaria tem origem árabe e vem da expressão: “awâr”, que significa dano.
O Código Comercial define avaria no seu artigo 761:
Art. 761 - Todas as despesas extraordinárias feitas a bem do navio ou da carga, conjunta
ou separadamente, e todos os danos acontecidos àquele ou a esta, desde o embarque e
partida até a sua volta e desembarque, são reputadas avarias.
O novo CPC trouxe algumas regras que interessam ao Direito Marítimo. Há, assim, o
procedimento especial que trata da regulação da avaria grossa. A avaria grossa já era tratada
no CPC/73 e também no Código Comercial, na parte de direito Marítimo que não restou
revogada. As inovações foram poucas, porém consideráveis.
Constitui uma das modalidades de dano em transporte marítimo de cargas, caracterizando
o inadimplemento contratual do transportador.
No direito marítimo, existem dois tipos básicos de avarias: avaria simples, conhecida ainda
por particular, e avaria grossa, também denominada avaria comum.
Sobre as diferenças ensina Adede Y Castro (2016, p. 131): “São duas as espécies de
avarias, ou seja, despesas extraordinárias e danos ao navio ou à carga: as avarias grossas ou
comuns, e as avarias simples e particulares, referidas no art. 766 do Código Comercial (...) sendo
essas suportadas ou só pelo navio ou só pela coisa que sofreu o dano ou deu causa à despesa”.
O Código Comercial prevê essas duas espécies de avarias em seu artigo 763:
Art. 763 - As avarias são de duas espécies: avarias grossas ou comuns, e avarias simples
ou particulares. A importância das primeiras é repartida proporcionalmente entre o navio, seu
frete e a carga; e a das segundas é suportada, ou só pelo navio, ou só pela coisa que sofreu o
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Art. 763 - As avarias são de duas espécies: avarias grossas ou comuns, e avarias simples
ou particulares. A importância das primeiras é repartida proporcionalmente entre o navio,
seu frete e a carga; e a das segundas é suportada, ou só pelo navio, ou só pela coisa que
sofreu o dano ou deu causa à despesa.
O art. 764 do Código Comercial traz o rol do que se considera avaria grossa.
Conforme aduz Adede Y Castro (2016, p. 131) “já as avarias grossas ou comuns, cujo
processo de regulação é esse do art. 707, serão repartidas, proporcionalmente, entre o navio,
seu frete e a carga, de forma que daí nasce a necessidade de ser identificada e classificada”.
Portanto, os elementos da avaria grossa que devem estar todos presentes, são:
“(...) A avaria comum ou grossa é suportada em comum pelo proprietário do navio e pelos
proprietários das cargas, e representa toda despesa ou dano que procede da vontade do homem,
e feitos extraordinariamente em benefício comum, para salvação do navio e de seu
carregamento, com resultado útil, enquanto a avaria simples é aquela que deve ser suportada
apenas pelo navio ou proprietário da coisa que sofreu o dano ou deu causa à sua despesa”.
30.4 Procedimento
Art. 783 - A regulação, repartição ou rateio das avarias grossas serão feitos por árbitros,
nomeados por ambas as partes, as instâncias do capitão.
A avaria grossa envolve o conflito de interesses entre os do navio e os dos donos das
cargas. Por isso, as partes podem não concordar com a escolha de um regulador, impondo a
presença do juiz para designar alguém de sua confiança e presumidamente qualificado e idôneo
para presidir os trabalhos de regulação.
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a. Competência:
É o juiz de direito da comarca do primeiro porto em que o navio houver chegado provocado
por qualquer parte interessada nomeará um regulador de notório conhecimento, quando inexistir
consenso acerca da nomeação do regulador de avarias.
b. Do Regulador de Avarias:
O juiz de direito estadual da primeira Comarca onde o navio aportar deve nomear um
perito para identificar, classificar e repartir as avarias, ou seja, dizer se elas realmente ocorreram,
se são avarias grossas ou simples e quanto do dano caberá ao dono do navio transportador e
ao dono da carga (ADEDE Y CASTRO, 2016, p. 131).
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§2o Se o consignatário não apresentar garantia idônea a critério do regulador, este fixará
o valor da contribuição provisória com base nos fatos narrados e nos documentos que
instruírem a petição inicial, que deverá ser caucionado sob a forma de depósito judicial ou
de garantia bancária.
§3o Recusando-se o consignatário a prestar caução, o regulador requererá ao juiz a
alienação judicial de sua carga na forma dos arts. 879 a 903.
§4o É permitido o levantamento, por alvará, das quantias necessárias ao pagamento das
despesas da alienação a serem arcadas pelo consignatário, mantendo-se o saldo
remanescente em depósito judicial até o encerramento da regulação.
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consignatário, devendo o saldo remanescente ser mantido em depósito judicial até o fim da
regulação.
§1º A parte que não concordar com o regulador quanto à declaração de abertura da avaria
grossa deverá justificar suas razões ao juiz, que decidirá no prazo de 10 (dez) dias.
Art. 709. As partes deverão apresentar nos autos os documentos necessários à regulação
da avaria grossa em prazo razoável a ser fixado pelo regulador.
Observa-se, de início, que o legislador processual civil não fixou um prazo específico,
estabelecendo a vontade do regulador, seja ele ou não nomeado pelo juiz para apresentar os
documentos.
Observar que no antigo CPC o prazo era fixo. O prazo de 60 dias para embarcadores
domiciliados no Brasil e 120 dias para os domiciliados no estrangeiro.
As partes deverão apresentar documentos e informações suficientes para que a regulação
possa ocorrer, tais como notas fiscais, fotografias, filmes, declarações etc. Cabe assim, ao
regulador fixar o prazo para a apresentação desses documentos.
341
Ceisc OAB
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No prazo de 12 meses a contar da apresentação dos documentos nos autos pelas partes,
podendo o prazo ser estendido pelo Juiz, o regulador apresentará o regulamento de avaria
grossa.
Uma vez oferecido as partes terão vista dele pelo prazo comum de 15 dias e não havendo
impugnação será homologado por sentença.
Havendo impugnação ao regulamento, o Juiz decidirá no prazo de 10 dias, após oitiva do
regulador.
Art. 711. Aplicam-se ao regulador de avarias os arts. 156 a 158, no que couber.
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A previsão legal da divisão e demarcação de terras particulares está nos arts. 569 a 598
do Código de Processo Civil.
Art. 1.297. O proprietário tem direito a cercar, murar, valar ou tapar de qualquer modo o
seu prédio, urbano ou rural, e pode constranger o seu confinante a proceder com ele à
demarcação entre os dois prédios, a aviventar rumos apagados e a renovar marcos
destruídos ou arruinados, repartindo-se proporcionalmente entre os interessados as
respectivas despesas.
Polo ativo:
I - Proprietário do terreno a ser demarcado. Entende ADEDE Y CASTRO (2016, p. 29) que o
possuidor e o detentor não possui legitimidade, pois não se trata de ação possessória.
Polo passivo:
Deverá ser ocupado pelo outro ou outros proprietários de terrenos que façam divisa, limite,
estremem, confinem diretamente com o do Autor. (ADEDE Y CASTRO, 2016, p. 29).
Objeto da ação de demarcação: segundo ADEDE Y CASTRO (2016, p. 29) o objeto da ação
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Art. 1.320. A todo tempo será lícito ao condômino exigir a divisão da coisa comum,
respondendo o quinhão de cada um pela sua parte nas despesas da divisão.
Segundo ADEDE Y CASTRO (2016, p. 29) evidente que cada condômino sabe qual é o
tamanho ou percentual que o seu quinhão representa dentro da área total existente em comum
com outra ou outras pessoas, mas a ação pretende justamente localizá-lo no universo do bem.
Assim, com a ação de divisão, o condômino passa a saber exatamente onde, dentro do
todo, se localiza seu quinhão, podendo utilizá-lo livremente sem interferência dos demais
(ADEDE Y CASTRO, 2016, p. 29).
Segundo ADEDE Y CASTRO (2016, p. 29) como não se trata de ação possessória,
somente os proprietários podem ajuizar a ação contra os outros proprietários com quem mantém
o bem em comunhão. Tanto o polo ativo quanto o passivo devem ser ocupados por condôminos.
Objeto da ação de divisão: segundo ADEDE Y CASTRO (2016, P. 30) podem ser objeto da
ação de divisão os bens divisíveis. Somente cabe nas terras particulares e não públicas.
Art. 570. É lícita a cumulação dessas ações, caso em que deverá processar-se
primeiramente a demarcação total ou parcial da coisa comum, citando-se os confinantes
e os condôminos.
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Poderão serem realizadas por meio de escritura pública, desde que preenchidos certos
requisitos:
- AS PARTES SEJAM MAIORES E CAPAZES.
-HAJA ACORDO ENTRE AS PARTES, OU SEJA, ENTRE OS CONFITENTES OU
CONDOMINOS.
Confinantes como terceiros interessados na ação de divisão: previsão do art. 572 do CPC:
Conflitantes como vindicantes na ação de divisão: previsão da segunda parte do art. 572 do
CPC.
Ou seja, os confinantes ao acompanharem o processo de divisão como terceiros
interessados poderão verificar que os atos praticados pelas partes na ação de divisão implicam
em invasão da propriedade dos conflitantes, nascendo assim o direito de vindicar, ou seja,
reclamar judicialmente, com o fim de buscar o desfazimento da invasão ou a indenização
pecuniária pela invasão indevida da área.
Nesse caso deve haver a citação dos condôminos em caso de vindicação, conforme prevê
o §1º do art. 572:
§1o No caso do caput, serão citados para a ação todos os condôminos, se a sentença
homologatória da divisão ainda não houver transitado em julgado, e todos os quinhoeiros
dos terrenos vindicados, se a ação for proposta posteriormente.
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Caso o confinante promova essa vindicação de área, aqueles condôminos que não
tiverem participado da ação de divisão deverão ser citados, caso a sentença homologatória ainda
não tiver transitado em julgado.
Porém, se a vindicação ocorrer após o trânsito em julgado da sentença da ação de divisão,
todos os condôminos dos terrenos vindicados deverão ser citados, inclusive aqueles que
participaram da ação de divisão (ADEDE Y CASTRO, 2016, p. 32).
§2o Neste último caso, a sentença que julga procedente a ação, condenando a restituir os
terrenos ou a pagar a indenização, valerá como título executivo em favor dos quinhoeiros
para haverem dos outros condôminos que forem parte na divisão ou de seus sucessores
a título universal, na proporção que lhes tocar, a composição pecuniária do desfalque
sofrido.
Art. 574. Na petição inicial, instruída com os títulos da propriedade, designar-se-á o imóvel
pela situação e pela denominação, descrever-se-ão os limites por constituir, aviventar ou
renovar e nomear-se-ão todos os confinantes da linha demarcanda.
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Art. 575. Qualquer condômino é parte legítima para promover a demarcação do imóvel
comum, requerendo a intimação dos demais para, querendo, intervir no processo.
Art. 576. A citação dos réus será feita por correio, observado o disposto no art. 247.
Parágrafo único. Será publicado edital, nos termos do inciso III do art. 259.
O parágrafo único do art. 576 do CPC, prevê que a citação dos interessados incertos e
desconhecidos será realizada por edital.
Art. 577. Feitas as citações, terão os réus o prazo comum de 15 (quinze) dias para
contestar.
Ou seja, depois da citação, terão os réus o prazo comum de 15 dias para contestar a
ação.
f) Procedimento da ação de demarcação após o prazo da contestação:
347
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Art. 579. Antes de proferir a sentença, o juiz nomeará um ou mais peritos para levantar o
traçado da linha demarcanda.
Art. 580. Concluídos os estudos, os peritos apresentarão minucioso laudo sobre o traçado
da linha demarcanda, considerando os títulos, os marcos, os rumos, a fama da vizinhança,
as informações de antigos moradores do lugar e outros elementos que coligirem.
348
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demarcanda.
Parágrafo único. A sentença proferida na ação demarcatória determinará a restituição da
área invadida, se houver, declarando o domínio ou a posse do prejudicado, ou ambos.
Se o juiz julgar procedente a ação de demarcação de terras, ele estará declarando que os
limites apresentados pelo Autor são os adequados. Porém, poderá o juiz julgar parcialmente
procedente a ação, entendendo pelo direito de demarcar, mas fixar outros limites que no seu
pensar são os adequados. (ADEDE Y CASTRO, 2016, p. 35).
Além disso, o parágrafo único do artigo 581 estabelece a restituição da área invadida.
De acordo com o caput do art. 582 caberá ao próprio perito efetuar a demarcação e colocar
os marcos necessários.
349
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Ou seja, não basta que o perito estabeleça nas plantas os limites encontrados, sendo
necessário descrever minuciosamente todos os passos que deu para encontrar o resultado
obtido, descrevendo pontos de partida, rumos seguidos, cálculos que fez, acidentes geográficos
encontrados, extensão de campos e matos, distancias, pontos de referências e tudo mais o que
for útil para o processo. (ADEDE Y CASTRO, 2016, p. 37).
Consoante ADEDE Y CASTRO (2016, p. 37) essa descrição constitui em uma memória
de atuação que permitirá ao juiz avaliar se o trabalho realizado pelo perito seguiu ou não todas
as exigências da lei e da realidade factual, rejeitando ou aceitando com fundamentação.
l) Colocação de marcos:
Art. 584 do Código de Processo Civil
Art. 584. É obrigatória a colocação de marcos tanto na estação inicial, dita marco
primordial, quanto nos vértices dos ângulos, salvo se algum desses últimos pontos for
assinalado por acidentes naturais de difícil remoção ou destruição.
O perito deverá marcar com madeira, pedras o ponto inicial da medição, bem como os
ângulos referidos, deixando bem claro de onde partiu e para onde se dirigiu para efeitos de
estabelecer as linhas divisórias. (ADEDE Y CASTRO, 2016, p. 37).
Poderá um desses pontos ser assinalado por algum acidente natural de difícil remoção ou
destruição, de forma que não servem como marcação.
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Após juntado aos autos o relatório dos peritos, o juiz determinará que as partes se
manifestem no prazo de 15 dias:
Art. 586. Juntado aos autos o relatório dos peritos, o juiz determinará que as partes se
manifestem sobre ele no prazo comum de 15 (quinze) dias.
As partes serão intimadas justamente para dizer se concordam ou não com o relatório
feito pelo perito, sendo que no caso de haver discordância, as mesmas deverão dar os motivos
e o juiz deverá terminar as correções:
Art. 587. Assinado o auto pelo juiz e pelos peritos, será proferida a sentença
homologatória da demarcação.
Art. 588. A petição inicial será instruída com os títulos de domínio do promovente e
conterá:
I - a indicação da origem da comunhão e a denominação, a situação, os limites e as
características do imóvel;
II - o nome, o estado civil, a profissão e a residência de todos os condôminos,
especificando-se os estabelecidos no imóvel com benfeitorias e culturas;
III - as benfeitorias comuns.
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Art. 590. O juiz nomeará um ou mais peritos para promover a medição do imóvel e as
operações de divisão, observada a legislação especial que dispõe sobre a identificação
do imóvel rural.
Parágrafo único. O perito deverá indicar as vias de comunicação existentes, as
construções e as benfeitorias, com a indicação dos seus valores e dos respectivos
proprietários e ocupantes, as águas principais que banham o imóvel e quaisquer outras
informações que possam concorrer para facilitar a partilha.
Como envolve conhecimento técnico específico o juiz nomeará um ou mais peritos para
que estes realizem a operação de medição e divisão dos imóveis.
Todos os elementos existentes no imóvel, tais como ruas, construções, benfeitorias, lagos,
rios, etc, assim como o valor de cada segmento do imóvel deve ser indicado pelo perito. (ADEDE
Y CASTRO, 2016, p. 39).
O imóvel poderá apresentar valores diversos em razão de áreas planas, morros, alagados,
terras férteis e desertos, etc, assim é necessário que o perito descreva todas as áreas que
formam o imóvel a ser dividido, justamente para dar ao juiz condições de atribuir a cada
condômino bem de valor proporcional. (ADEDE Y CASTRO, 2016, p. 39).
Art. 591. Todos os condôminos serão intimados a apresentar, dentro de 10 (dez) dias, os
seus títulos, se ainda não o tiverem feito, e a formular os seus pedidos sobre a constituição
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dos quinhões.
Se porventura o Autor ao ingressar com a ação não juntou aos autos todos os títulos de
todos os condôminos, estes condôminos serão intimados para que dentro do prazo de 10 dias
para apresentar tais títulos, justamente para facilitar a instrução do processo.
Além disso, caso os demais condôminos não formulem seus pedidos sobre a constituição
dos quinhões no referido prazo, valerá o que foi referido pelo Autor na Inicial. (ADEDE Y
CASTRO, 2016, p. 40).
Segundo ADEDE Y CASTRO (2016, p. 40) após a intimação dos condôminos para
apresentar no prazo de 10 dias seus títulos e formular pedidos sobre a constituição dos quinhões,
conforme previsão do art. 591, o juiz dará às partes o prazo comum de 15 dias para que se
manifestem sobre o interesse em impugnar ou não os pedidos do autor e dos demais
condôminos.
Caso ocorra ausência de impugnação, o juiz determinará a divisão geodésica do imóvel;
Se ocorrer a impugnação de um ou mais condôminos, o juiz no prazo de 10 dias examinará
suas alegações e decidirá sobre os pedidos e os títulos que devam ser atendidos na formação
dos quinhões.
Art. 593. Se qualquer linha do perímetro atingir benfeitorias permanentes dos confinantes
feitas há mais de 1 (um) ano, serão elas respeitadas, bem como os terrenos onde
estiverem, os quais não se computarão na área dividenda.
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Art. 594. Os confinantes do imóvel dividendo podem demandar a restituição dos terrenos
que lhes tenham sido usurpados.
§1o Serão citados para a ação todos os condôminos, se a sentença homologatória da
divisão ainda não houver transitado em julgado, e todos os quinhoeiros dos terrenos
vindicados, se a ação for proposta posteriormente.
§2o Nesse último caso terão os quinhoeiros o direito, pela mesma sentença que os obrigar
à restituição, a haver dos outros condôminos do processo divisório ou de seus sucessores
a título universal a composição pecuniária proporcional ao desfalque sofrido.
i) Dos peritos e da divisão cômoda e racional das áreas: previsão do art. 595 do Código de
Processo Civil:
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Os peritos na condição de auxiliares do juiz deverão sugerir qual é a divisão mais cômoda
e racional entre os condôminos, considerando as situações de ocupação consolidadas, evitando-
se ao máximo deslocá-los e obrigá-los a destruir e construir em outro local. (ADEDE Y CASTRO,
2016, p. 42).
Ainda deverão os peritos cuidarem para que um dos condôminos não fique com toda a
testada do terreno e os outros sem saída para a via pública, por exemplo. (ADEDE Y CASTRO,
2016, p. 42).
Ainda, um dos cuidados que deverão ter os peritos é de que cada condômino receba área
contígua à sua residência, que as fontes de água sejam divididas de forma equânime e os pastos
e as lavouras férteis também, de maneira que reste bom para todos. (ADEDE Y CASTRO, 2016,
p. 42).
J) Oitiva das partes acerca da proposta do perito: previsão do art. 596 do Código de Processo
Civil:
Art. 596. Ouvidas as partes, no prazo comum de 15 (quinze) dias, sobre o cálculo e o
plano da divisão, o juiz deliberará a partilha.
Parágrafo único. Em cumprimento dessa decisão, o perito procederá à demarcação dos
quinhões, observando, além do disposto nos arts. 584 e 585, as seguintes regras:
I - as benfeitorias comuns que não comportarem divisão cômoda serão adjudicadas a um
dos condôminos mediante compensação;
II - instituir-se-ão as servidões que forem indispensáveis em favor de uns quinhões sobre
os outros, incluindo o respectivo valor no orçamento para que, não se tratando de
servidões naturais, seja compensado o condômino aquinhoado com o prédio serviente;
III - as benfeitorias particulares dos condôminos que excederem à área a que têm direito
serão adjudicadas ao quinhoeiro vizinho mediante reposição;
IV - se outra coisa não acordarem as partes, as compensações e as reposições serão
feitas em dinheiro.
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II - a relação das benfeitorias e das culturas do próprio quinhoeiro e das que lhe foram
adjudicadas por serem comuns ou mediante compensação;
III - a declaração das servidões instituídas, especificados os lugares, a extensão e o modo
de exercício.
356
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32.2 Do cabimento
Previsto a partir do artigo 712 do CPC, tal procedimento especial tem cabimento, quando
houver o desaparecimento dos autos, sejam eletrônicos ou físicos:
Art. 712. Verificado o desaparecimento dos autos, eletrônicos ou não, pode o juiz, de ofício,
qualquer das partes ou o Ministério Público, se for o caso, promover-lhes a restauração.
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Ceisc OAB
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Ensina ainda Adede Y Castro (2016, p. 135) que quanto aos autos suplementares, o
Código de Processo Civil não determina a formação de autos suplementares, mas no parágrafo
único do artigo 712 do CPC refere que se houver autos suplementares, nesses prosseguirá o
processo, o que sugere que eles possam existir. Dessa forma, no que se refere aos autos
suplementares, se já existirem quando da entrada em vigor do Novo CPC, podem e devem ser
usados no desaparecimento dos autos originais. (ADEDE Y CASTRO, 2016, p. 135)
32.4 Legitimidade
No que tange à legitimidade ativa, ou seja, quem pode requerer a restauração de autos,
Adede Y Castro (2016, p. 134) ensina que: “pode o juiz, de ofício, determinar a restauração dos
autos, com a juntada de cópias de despachos, atas de audiência e outros documentos
disponíveis, além de intimar as partes a colaborar com as peças que dispõe”.
Da mesma forma, as partes e o próprio Ministério Público, que possuem interesse na
continuidade do processo, podem requerer ao juiz a restauração de autos, fazendo-o na forma
do artigo 713 do CPC. (ADEDE Y CASTRO, 2016, p. 135)
No que tange à petição inicial da ação de restauração de autos, Führer & Führer (2016, p.
166) ensinam: “A petição inicial deve informar o estado do processo ao tempo do
desaparecimento, juntando certidões cartorárias, cópia das peças que estejam em poder do
autor e qualquer outro documento útil”.
O artigo 713 do CPC dispõe sobre a petição inicial da ação e restauração e autos, trazendo
358
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exigências específicas:
32.6 Da Citação
Na restauração de autos, a parte contrária será citada para oferecer contestação no prazo
de 05 dias, trazendo também as peças e cópias que dispuser. E, caso haja concordância com a
restauração, será lavrado um auto, que homologado pelo juiz supre a falta do processo que
desapareceu. E, caso, não haja contestação ou a concordância seja parcial, seguir-se-á o
procedimento comum. (FÜHRER; FÜHRER, 2016, p. 166)
32.7 Da Contestação
O meio de defesa do réu é a contestação, porém Adede Y Castro (2016, p. 135) refere se
os autos desapareceram, não haveria outra solução, senão restaurar.
Quanto ao procedimento da restauração de autos, o artigo 714 do CPC estabelece que a
parte contrária será citada para oferecer contestação no prazo de 05 dias, podendo inclusive
juntar documentos:
l
Art. 714. A parte contrária será citada para contestar o pedido no prazo de 5 (cinco) dias,
cabendo-lhe exibir as cópias, as contrafés e as reproduções dos atos e dos documentos
que estiverem em seu poder.
§1º Se a parte concordar com a restauração, lavrar-se-á o auto que, assinado pelas partes
e homologado pelo juiz, suprirá o processo desaparecido.
§2º Se a parte não contestar ou se a concordância for parcial, observar-se- á o
procedimento comum.
No que tange ao conteúdo de defesa, Adede Y Castro (2016, p. 135) ensina: “não cabe a
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Ceisc OAB
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Art. 715. Se a perda dos autos tiver ocorrido depois da produção das provas em audiência,
o juiz, se necessário, mandará repeti-las.
§1º Serão reinquiridas as mesmas testemunhas, que, em caso de impossibilidade,
poderão ser substituídas de ofício ou a requerimento.
§2º Não havendo certidão ou cópia do laudo, far-se-á nova perícia, sempre que possível
pelo mesmo perito.
§3º Não havendo certidão de documentos, esses serão reconstituídos mediante cópias
ou, na falta dessas, pelos meios ordinários de prova.
§4º Os serventuários e os auxiliares da justiça não podem eximir-se de depor como
testemunhas a respeito de atos que tenham praticado ou assistido.
§5º Se o juiz houver proferido sentença da qual ele próprio ou o escrivão possua cópia,
esta será juntada aos autos e terá a mesma autoridade da original.
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entregar novamente em juízo. Porém, caso não tenha cópia da perícia, estava deverá ser
repetida.
O mesmo ocorre com os demais documentos juntados pelas partes, de forma cautelosa,
guardam os originais consigo ou nos escritórios de advogado. (ADEDE Y CASTRO, 2016, p.
136)
Ainda: “Certidões públicas, como casamento, nascimento, morte, registro de imóveis ou
veículos podem ser novamente obtidos sem grande dificuldade junto às repetições públicas
competentes”. (ADEDE Y CASTRO, 2016, p. 136)
Referente aos depoimentos dos servidores judiciais, Adede Y Castro (2016, p. 137) ensina
“a oitiva de servidores judiciais acerca de atos que tenham assistido, para dizer de seu conteúdo,
é absolutamente raro, mas não proibido. Afinal, os servidores públicos gozam de presunção de
honestidade, de forma que seu depoimento não é desprezível como prova”.
Quanto ao objetivo da restauração, Adede Y Castro (2016, p. 137) afirma que o objetivo
deste procedimento especial é permitir o prosseguimento do processo extraviado.
361
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33.2 Cabimento
A habilitação tem cabimento justamente para suceder qualquer das partes que vierem a
falecer no curso de um processo em andamento, conforme previsão do artigo 687 do CPC.
Dessa forma, conforme aduzem Führer e Führer (2016, p. 161) “a morte ou a perda da
capacidade da parte suspendem o processo (art. 313, I). Assim, é necessário que a parte
sobrevivente traga os sucessores do falecido para o processo ou que eles mesmos façam pedido
neste sentido. Para este efeito, há o procedimento de habilitação”.
Sobre a morte da parte no processo Adede Y Castro (2016, p. 113) menciona que
conforme o art. 313, I do CPC seria causa de suspensão do processo. E, que, conforme os §§
1º e 2º do artigo 313 do CPC tem-se que o juiz suspenderá o processo, nos termos do artigo 689
do CPC, sendo que, se não ajuizada a ação de habilitação, ao tomar conhecimento da morte, o
juiz determinará a suspensão do processo e observará uma das situações dos incisos I ou II do
§2º, conforme falecer o réu ou o autor do processo.
Observar ainda a previsão do artigo 313 do CPC:
363
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Art. 110. Ocorrendo a morte de qualquer das partes, dar-se-á a sucessão pelo seu espólio
ou pelos seus sucessores, observado o disposto no art. 313, §§ 1o e 2o.
Artigo 687. A habilitação ocorre quando, por falecimento de qualquer das partes, os
interessados houverem de suceder-lhe no processo.
Nesse mesmo sentido ensina Medina (2016, p. 866): “com a habilitação, regulariza-se a
relação processual, em razão da morte de uma das partes, que deverá ser sucedida pelo espólio
ou seus sucessores (cf. art. 110 do CPC/2015).
33.3 Legitimidade
Os legitimados, ou seja, quem pode requerer a habilitação estão previstos no art. 688 do
CPC/15:
Art. 688. A habilitação pode ser requerida:
I - Pela parte, em relação aos sucessores do falecido;
II - Pelos sucessores do falecido, em relação à parte.
No que tange à legitimidade ativa na ação de habilitação, Adede Y Castro (2016, p. 113)
afirma que:
A regularidade da representação em processo em que se discute direito transmissível deve
ser mantida para efeitos de dar validade ao feito, o que deve ser preocupação do autor, do
réu e do juiz. Dessa forma, falecendo o autor ou o réu, cabe ao sobrevivente pedir a
intimação dos sucessores do outro para que promovam a ação de habilitação. Mas, também
os sucessores do falecido têm legitimidade para promover ação de habilitação no processo
onde se discuta direito transmissível.
Ainda, Medina (2016, p. 868) refere que o artigo 688 do CPC pode ser observado
tanto quando falecer o autor do processo, quanto o réu. Ou seja, pode se dar a habilitação ativa
quando requerida pela parte em relação aos sucessores da parte que faleceu, ou habilitação
passiva, quando os sucessores do falecido tomam a iniciativa de promover a ação de habilitação.
Independentemente de quem requereu a habilitação, deve ser oportunizado o
contraditório: “tratando-se de habilitação ativa ou passiva, deve-se oportunizar o contraditório,
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Ceisc OAB
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33.4 Procedimento
Art. 689. Proceder-se-á à habilitação nos autos do processo principal, na instância em que
estiver, suspendendo-se, a partir de então, o processo.
Art. 690. Recebida a petição, o juiz ordenará a citação dos requeridos para se
pronunciarem no prazo de 5 (cinco) dias.
Parágrafo único. A citação será pessoal, se a parte não tiver procurador constituído nos
autos.
Com isso, se verifica que a parte ré na habilitação será citada para se pronunciar no prazo
de 05 dias acerca da habilitação. E, caso ainda não tenha procurador constituído, a citação deve
ocorrer de forma pessoal.
Os requeridos podem se manifestar no prazo de 05 dias, podendo ser contrários ou
favoráveis à ação de habilitação. Podem alegar que não houve a morte noticiada, que a certidão
de óbito apresentada é falsa, que não se trata de direito transmissível, que os requerentes não
possuem a qualidade de herdeiros. Da mesma forma, podem os requeridos alegar defeito de
representação, uma vez que com a morte, a procuração outorgada ao advogado pelo falecido
extinguiu-se, devendo os requerentes providenciar outro mandato. (ADEDE Y CASTRO, 2016,
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Ceisc OAB
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p. 114).
Sobre o julgamento da habilitação prevê o artigo 691 do CPC:
Art. 691. O juiz decidirá o pedido de habilitação imediatamente, salvo se este for
impugnado e houver necessidade de dilação probatória diversa da documental, caso em
que determinará que o pedido seja autuado em apartado e disporá sobre a instrução.
SE HOUVER IMPUGNAÇÃO:
Se houver impugnação por parte dos requeridos que forem citados, e em caso de
necessidade de provas que não a documental, o juiz determinará que sejam formados autos
próprios, indicando quais as provas serão produzidas. (ADEDE Y CASTRO, 2016, p. 115)
Ainda, conforme o artigo 692 do CPC, uma vez transitada em julgado a sentença de
habilitação, o processo principal toma o seu curso:
366
Ceisc OAB
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34.2 Cabimento
34.4 Previsão expressa de aplicação das regras à extinção consensual da união estável
34.5 Possibilidade de realização do divórcio, separação e extinção da união estável por meio
de escritura pública
Ou seja, o divórcio, a separação e a extinção da união estável poderão ser realizados por
meio de ESCRITURA PÚBLICA, da qual constarão as disposições do art. 731 (por exemplo,
367
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partilha dos bens, alimentos, guarda, visitas), desde que preenchidos os seguintes requisitos:
• que a mulher não esteja grávida, isto é, não pode haver nascituro;
• que não tenham filhos incapazes;
• que seja consensual.
Na forma do § 1o do art. 733 do CPC, a escritura não depende de homologação judicial e
constitui título hábil para qualquer ato de registro, bem como para levantamento de importância
depositada em instituições financeiras.
Além disso, haverá necessidade de as partes estarem assistidas por advogado ou
defensor públicos, pois conforme disposição do § 2o do art. 733 do CPC, o tabelião somente
lavrará a escritura se os interessados estiverem assistidos por esses profissionais, cuja
qualificação e assinatura constarão do ato notarial.
368
Ceisc OAB
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As regras contidas a partir do art. 693 do CPC são aplicadas quando houver litígio, ou
seja, aos processos contenciosos de divórcio, separação, reconhecimento e extinção de união
estável, guarda, visitação e filiação. No que tange à ação de alimentos e ao que versar sobre
interesse de criança ou de adolescente, observar-se-á o procedimento previsto em legislação
específica, aplicando-se, no que couber, as disposições do procedimento especial previsto no
CPC.
Art. 693. As normas deste Capítulo aplicam-se aos processos contenciosos de divórcio,
separação, reconhecimento e extinção de união estável, guarda, visitação e filiação.
Parágrafo único. A ação de alimentos e a que versar sobre interesse de criança ou de
adolescente observarão o procedimento previsto em legislação específica, aplicando-se,
no que couber, as disposições deste Capítulo.
Art. 694. Nas ações de família, todos os esforços serão empreendidos para a solução
consensual da controvérsia, devendo o juiz dispor do auxílio de profissionais de outras
áreas de conhecimento para a mediação e conciliação.
Parágrafo único. A requerimento das partes, o juiz pode determinar a suspensão do
processo enquanto os litigantes se submetem a mediação extrajudicial ou a atendimento
multidisciplinar.
369
Ceisc OAB
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A citação do réu ocorrerá com antecedência mínima de 15 (quinze) dias da data designada
para a audiência.
Art. 695. Recebida a petição inicial e, se for o caso, tomadas as providências referentes à
tutela provisória, o juiz ordenará a citação do réu para comparecer à audiência de
mediação e conciliação, observado o disposto no art. 694.
§ 1º O mandado de citação conterá apenas os dados necessários à audiência e deverá
estar desacompanhado de cópia da petição inicial, assegurado ao réu o direito de
examinar seu conteúdo a qualquer tempo.
§ 2º A citação ocorrerá com antecedência mínima de 15 (quinze) dias da data designada
para a audiência.
§ 3º A citação será feita na pessoa do réu.
§ 4º Na audiência, as partes deverão estar acompanhadas de seus advogados ou de
defensores públicos.
A intervenção do Ministério Público vai ocorrer em duas situações nas ações de família:
370
Ceisc OAB
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Art. 699. Quando o processo envolver discussão sobre fato relacionado a abuso ou a
alienação parental, o juiz, ao tomar o depoimento do incapaz, deverá estar acompanhado
por especialista.
371
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36. JEC
Quem pode ser parte no juizado especial da FAZENDA PÚBLICA? Previsão do artigo
5º da Lei 12.153/09
372
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Medidas provisórias:
Consoante previsão do artigo 3º da Lei 12153/09 o juiz pode deferir medidas provisórias:
Art. 4o Exceto nos casos do art. 3o, somente será admitido recurso contra a sentença.
Do prazo
No âmbito dos Juizados Especiais da Fazenda Pública, esta não possui prazo
diferenciado para a prática de qualquer ato processual, consoante previsão do artigo 7º da Lei
12153/09:
Art. 7o Não haverá prazo diferenciado para a prática de qualquer ato processual pelas
pessoas jurídicas de direito público, inclusive a interposição de recursos, devendo a citação para
a audiência de conciliação ser efetuada com antecedência mínima de 30 (trinta) dias. (BRASIL,
2009)
- Observação: citação da Ré para a audiência de conciliação com antecedência mínima
de 30 dias;
Dos Representantes Judiciais dos Réus:
Conforme o artigo 8º da Lei 12.153/09, os representantes judiciais dos réus presentes à
audiência poderão conciliar, transigir ou desistir nos processos da competência dos Juizados
Especiais, nos termos e nas hipóteses previstas na lei do respectivo ente da Federação.
Além disso, a entidade ré deverá fornecer ao Juizado a documentação de que disponha
para o esclarecimento da causa, apresentando-a até a instalação da audiência de conciliação.
373
Ceisc OAB
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Já, por sua vez, o artigo 13 da lei 12.153/09 quando tratar-se de obrigação de PAGAR
QUANTIA CERTA, após o transito em julgado:
Art. 13. Tratando-se de obrigação de pagar quantia certa, após o trânsito em julgado da
decisão, o pagamento será efetuado:
I – no prazo máximo de 60 (sessenta) dias, contado da entrega da requisição do juiz à
autoridade citada para a causa, independentemente de precatório, na hipótese do § 3 o do
art. 100 da Constituição Federal; ou
II – mediante precatório, caso o montante da condenação exceda o valor definido como
obrigação de pequeno valor.
(...)
(BRASIL, 2009)
374
Ceisc OAB
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Do pedido de uniformização
O artigo 18 da Lei 12.153/09 aborda o pedido de UNIFORMIZAÇÃO DE
INTERPRETAÇÃO DE LEI quando houver DIVERGÊNCIA ENTRE DECISÕES proferidas por
TURMAS RECURSAIS sobre questões de direito material:
Art. 18. Caberá pedido de uniformização de interpretação de lei quando houver
divergência entre decisões proferidas por Turmas Recursais sobre questões de direito material.
§ 1o O pedido fundado em divergência entre Turmas do mesmo Estado será julgado em
reunião conjunta das Turmas em conflito, sob a presidência de desembargador indicado pelo
Tribunal de Justiça.
§ 2o No caso do § 1o, a reunião de juízes domiciliados em cidades diversas poderá ser
feita por meio eletrônico.
§ 3o Quando as Turmas de diferentes Estados derem a lei federal interpretações
divergentes, ou quando a decisão proferida estiver em contrariedade com súmula do Superior
Tribunal de Justiça, o pedido será por este julgado. (BRASIL, 2009)
Se por ventura a orientação acolhida pelas Turmas de Uniformização (na forma do §1º do
artigo 18) for contrária a Súmula do STJ, observa-se a previsão do artigo 19 da Lei 12.153/09:
Art. 19. Quando a orientação acolhida pelas Turmas de Uniformização de que trata o § 1 o do
art. 18 contrariar súmula do Superior Tribunal de Justiça, a parte interessada poderá provocar
a manifestação deste, que dirimirá a divergência.
§ 1o Eventuais pedidos de uniformização fundados em questões idênticas e recebidos
subsequentemente em quaisquer das Turmas Recursais ficarão retidos nos autos, aguardando
pronunciamento do Superior Tribunal de Justiça.
§ 2o Nos casos do caput deste artigo e do § 3o do art. 18, presente a plausibilidade do direito
invocado e havendo fundado receio de dano de difícil reparação, poderá o relator conceder, de
ofício ou a requerimento do interessado, medida liminar determinando a suspensão dos
processos nos quais a controvérsia esteja estabelecida.
§ 3o Se necessário, o relator pedirá informações ao Presidente da Turma Recursal ou
Presidente da Turma de Uniformização e, nos casos previstos em lei, ouvirá o Ministério
Público, no prazo de 5 (cinco) dias.
§ 4o (VETADO)
§ 5o Decorridos os prazos referidos nos §§ 3o e 4o, o relator incluirá o pedido em pauta na
sessão, com preferência sobre todos os demais feitos, ressalvados os processos com réus
presos, os habeas corpus e os mandados de segurança.
§ 6o Publicado o acórdão respectivo, os pedidos retidos referidos no § 1 o serão apreciados
pelas Turmas Recursais, que poderão exercer juízo de retratação ou os declararão
prejudicados, se veicularem tese não acolhida pelo Superior Tribunal de Justiça.(BRASIL,
2009)
375
Ceisc OAB
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Art. 3º Compete ao Juizado Especial Federal Cível processar, conciliar e julgar causas de
competência da Justiça Federal até o valor de sessenta salários mínimos, bem como
executar as suas sentenças.
§ 1º Não se incluem na competência do Juizado Especial Cível as causas:
I - referidas no art. 109, incisos II, III e XI, da Constituição Federal, as ações de mandado
de segurança, de desapropriação, de divisão e demarcação, populares, execuções fiscais
e por improbidade administrativa e as demandas sobre direitos ou interesses difusos,
coletivos ou individuais homogêneos;
II - sobre bens imóveis da União, autarquias e fundações públicas federais;
III - para a anulação ou cancelamento de ato administrativo federal, salvo o de natureza
previdenciária e o de lançamento fiscal;
IV - que tenham como objeto a impugnação da pena de demissão imposta a servidores
públicos civis ou de sanções disciplinares aplicadas a militares.
§ 2º Quando a pretensão versar sobre obrigações vincendas, para fins de competência do
Juizado Especial, a soma de doze parcelas não poderá exceder o valor referido no art. 3o,
caput.
§ 3º No foro onde estiver instalada Vara do Juizado Especial, a sua competência é
absoluta. (BRASIL, 2001)
OBSERVAÇÃO
APLICAÇÃO SUBISIDÁRIA DA LEI 9099/95 AOS DEMAIS JUIZADOS, inclusive com
previsão expressa no artigo 1º da Lei 10.259/2001: “Art. 1º São instituídos os Juizados Especiais
Cíveis e Criminais da Justiça Federal, aos quais se aplica, no que não conflitar com esta Lei, o
disposto na Lei no 9.099, de 26 de setembro de 1995”. (BRASIL, 2001)
▪ Quem pode ser parte nos juizados especiais cíveis federais? Previsão do artigo 6º da Lei
10.259/2001;
Art. 6º Podem ser partes no Juizado Especial Federal Cível:
I – como autores, as pessoas físicas e as microempresas e empresas de pequeno porte,
assim definidas na Lei no 9.317, de 5 de dezembro de 1996;
II – como rés, a União, autarquias, fundações e empresas públicas federais. (BRASIL,
2001)
376
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Art. 3º O Juizado Especial Cível tem competência para conciliação, processo e julgamento
das causas cíveis de menor complexidade, assim consideradas:
I - as causas cujo valor não exceda a quarenta vezes o salário mínimo;
II - as enumeradas no art. 275, inciso II, do Código de Processo Civil;
III - a ação de despejo para uso próprio;
IV - as ações possessórias sobre bens imóveis de valor não excedente ao fixado no inciso
I deste artigo. (BRASIL, 1995)
O §1º do artigo 3º da Lei 9099/95 prevê ainda sobre a execução no âmbito dos juizados,
referindo que pode haver a execução dos próprios julgados (cumprimento de sentença) ou de
execução de título executivo extrajudicial, desde que fique no valor de 40 salários mínimos:
Além disso, no artigo 4º da Lei 90995/95 está definida a competência territorial, ou seja,
onde a ação deve ser proposta, sendo de regra, o domicílio do réu:
E quem pode ser parte no âmbito dos juizados especiais? O artigo 8º da Lei 90995/95
deixa expresso que não podem ser partes nos juizados (seja no polo passivo ou ativo): O
INCAPAZ, O PRESO, AS PESSOAS JURÍDICAS DE DIREITO PÚBLICO, AS EMPRESAS
PÚBLICAS DA UNIÃO, A MASSA FALIDA E O INSOLVENTE CIVIL. Apenas cuidar que quanto
às pessoas jurídicas de direito público e empresas públicas da União tem-se os demais juizados.
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Art. 8º Não poderão ser partes, no processo instituído por esta Lei, o incapaz, o
preso, as pessoas jurídicas de direito público, as empresas públicas da União, a massa
falida e o insolvente civil. (BRASIL, 1995)
Ainda, no que tange às partes, o §1º do artigo 8º da Lei 9099/95 estabelece que PODEM
SER AUTORAS NO JUIZADO:
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Art. 11. O Ministério Público intervirá nos casos previstos em lei. (BRASIL, 2015)
Art. 12. Os atos processuais serão públicos e poderão realizar-se em horário noturno,
conforme dispuserem as normas de organização judiciária. (BRASIL, 1995)
Art. 12-A. Na contagem de prazo em dias, estabelecido por lei ou pelo juiz, para a prática
de qualquer ato processual, inclusive para a interposição de recursos, computar-se-ão
somente os dias úteis. (Incluído pela Lei nº 13.728, de 2018) (BRASIL, 1995)
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f) Da petição inicial:
O artigo 14 da Lei 9099/95 estabelece os requisitos para a Petição Inicial no âmbito dos
juizados.
Observar que neste caso o endereçamento será:
Douto juízo do ... juizado especial cível estadual da Comarca de ...
Além disso, a petição inicial no âmbito dos juizados pode ser apresentada de forma oral,
inclusive em respeito aos critérios que a orientam o juizado.
Conforme o artigo 15 da Lei 9099/95: PODE HAVER PEDIDOS CUMULADOS OU
ALTERNATIVOS desde que não ultrapasse o valor de 40 salários mínimos.
E, caso haja pedido genérico na petição inicial, a sentença deve ser líquida:
Art. 15. Os pedidos mencionados no art. 3º desta Lei poderão ser alternativos ou
cumulados; nesta última hipótese, desde que conexos e a soma não ultrapasse o limite
fixado naquele dispositivo. (BRASIL, 1995)
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§ 1º Obtida a conciliação, esta será reduzida a escrito e homologada pelo Juiz togado
mediante sentença com eficácia de título executivo. (Incluído pela Lei nº 13.994, de
2020).
§ 2º É cabível a conciliação não presencial conduzida pelo Juizado mediante o emprego
dos recursos tecnológicos disponíveis de transmissão de sons e imagens em tempo real,
devendo o resultado da tentativa de conciliação ser reduzido a escrito com os anexos
pertinentes. (Incluído pela Lei nº 13.994, de 2020). (BRASIL, 1995)
O artigo 24 da Lei 9099/95 prevê que não for obtida a conciliação, as partes de comum
acordo poderão optar pelo juízo arbitral, observando-se as disposições a seguir:
Art. 24. Não obtida a conciliação, as partes poderão optar, de comum acordo, pelo juízo
arbitral, na forma prevista nesta Lei.
§ 1º O juízo arbitral considerar-se-á instaurado, independentemente de termo de
compromisso, com a escolha do árbitro pelas partes. Se este não estiver presente, o Juiz
convocá-lo-á e designará, de imediato, a data para a audiência de instrução.
§ 2º O árbitro será escolhido dentre os juízes leigos. (BRASIL, 1995)
Art. 25. O árbitro conduzirá o processo com os mesmos critérios do Juiz, na forma dos
arts. 5º e 6º desta Lei, podendo decidir por eqüidade. (BRASIL, 1995)
Art. 26. Ao término da instrução, ou nos cinco dias subseqüentes, o árbitro apresentará o
laudo ao Juiz togado para homologação por sentença irrecorrível. (BRASIL, 1995)
h) Da Contestação:
Não se admite a reconvenção no âmbito dos juizados, mas sim o pedido contraposto:
Art. 30. A contestação, que será oral ou escrita, conterá toda matéria de defesa, exceto
argüição de suspeição ou impedimento do Juiz, que se processará na forma da legislação
em vigor. (BRASIL, 1995)
Art. 31. Não se admitirá a reconvenção. É lícito ao réu, na contestação, formular pedido
em seu favor, nos limites do art. 3º desta Lei, desde que fundado nos mesmos fatos que
constituem objeto da controvérsia.
Parágrafo único. O autor poderá responder ao pedido do réu na própria audiência ou
requerer a designação da nova data, que será desde logo fixada, cientes todos os
presentes. (BRASIL, 1995)
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Art. 34. As testemunhas, até o máximo de três para cada parte, comparecerão à audiência
de instrução e julgamento levadas pela parte que as tenha arrolado, independentemente
de intimação, ou mediante esta, se assim for requerido.
§ 1º O requerimento para intimação das testemunhas será apresentado à Secretaria no
mínimo cinco dias antes da audiência de instrução e julgamento.
§ 2º Não comparecendo a testemunha intimada, o Juiz poderá determinar sua imediata
condução, valendo-se, se necessário, do concurso da força pública. (BRASIL, 1995)
Art. 35. Quando a prova do fato exigir, o Juiz poderá inquirir técnicos de sua confiança,
permitida às partes a apresentação de parecer técnico.
Parágrafo único. No curso da audiência, poderá o Juiz, de ofício ou a requerimento das
partes, realizar inspeção em pessoas ou coisas, ou determinar que o faça pessoa de sua
confiança, que lhe relatará informalmente o verificado. (BRASIL, 1995)
Art. 48. Caberão embargos de declaração contra sentença ou acórdão nos casos
previstos no Código de Processo Civil.
Parágrafo único. Os erros materiais podem ser corrigidos de ofício. (BRASIL, 1995)
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Art. 49. Os embargos de declaração serão interpostos por escrito ou oralmente, no prazo
de cinco dias, contados da ciência da decisão. (BRASIL, 1995)
Art. 50. Os embargos de declaração interrompem o prazo para a interposição de
recurso. (BRASIL, 1995)
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O inciso IX do artigo 52 da Lei 9099/95 fala da defesa do devedor, quais as matérias que
pode alegar quando for execução do próprio julgado:
Por fim, o artigo 53 da Lei 9099/95 trata da execução de título executivo extrajudicial no
limite de até 40 salários mínimos:
Art. 53. A execução de título executivo extrajudicial, no valor de até quarenta salários
mínimos, obedecerá ao disposto no Código de Processo Civil, com as modificações
introduzidas por esta Lei.
§ 1º Efetuada a penhora, o devedor será intimado a comparecer à audiência de
conciliação, quando poderá oferecer embargos (art. 52, IX), por escrito ou verbalmente.
§ 2º Na audiência, será buscado o meio mais rápido e eficaz para a solução do litígio, se
possível com dispensa da alienação judicial, devendo o conciliador propor, entre outras
medidas cabíveis, o pagamento do débito a prazo ou a prestação, a dação em pagamento
ou a imediata adjudicação do bem penhorado.
§ 3º Não apresentados os embargos em audiência, ou julgados improcedentes, qualquer
das partes poderá requerer ao Juiz a adoção de uma das alternativas do parágrafo
anterior.
§ 4º Não encontrado o devedor ou inexistindo bens penhoráveis, o processo será
imediatamente extinto, devolvendo-se os documentos ao autor. (BRASIL, 1995)
n) Da Rescisória
Não é admitida ação rescisória no âmbito dos juizados especiais cíveis:
Art. 59. Não se admitirá ação rescisória nas causas sujeitas ao procedimento instituído
por esta Lei. (BRASIL, 1995)
Da Estrutura do Recurso Inominado - JEC
Previsão legal:
Arts. 41 e seguintes da Lei 9.099/95;
2 Cabimento:
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Cabe recurso inominado conforme o artigo 41 da Lei 9099/95 contra a sentença proferida
no Juizado Especial, exceto a sentença homologatória de conciliação ou laudo arbitral: “Art. 41.
Da sentença, excetuada a homologatória de conciliação ou laudo arbitral, caberá recurso para o
próprio Juizado”. (BRASIL, 2015)
3 Prazo:
10 dias, conforme caput do artigo 42 da Lei 9099/95:
Art. 42. O recurso será interposto no prazo de dez dias, contados da ciência da sentença,
por petição escrita, da qual constarão as razões e o pedido do recorrente.
§ 1º O preparo será feito, independentemente de intimação, nas quarenta e oito horas
seguintes à interposição, sob pena de deserção.
§ 2º Após o preparo, a Secretaria intimará o recorrido para oferecer resposta escrita no
prazo de dez dias. (BRASIL, 1995)
4 Preparo:
Deverá ser feito até 48 horas seguintes à interposição independentemente de intimação,
sob pena de deserção, conforme previsão do §1º do art. 1.042 da Lei 9099/95;
6 Efeito:
Somente devolutivo, mas poderá ser atribuído efeito suspensivo, conforme artigo 43 da
Lei 9099/95:
Art. 43. O recurso terá somente efeito devolutivo, podendo o Juiz dar-lhe efeito suspensivo,
para evitar dano irreparável para a parte. (BRASIL, 1995)
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Processo número...
Identidade..., CPF..., endereço eletrônico..., residente e domiciliado na Rua..., número..., Bairro..., Cidade...,
Estado..., CEP..., por intermédio de seu procurador constituído (procuração em anexo) OAB..., endereço
eletrônico..., com escritório profissional na Rua..., número..., Bairro..., Cidade..., Estado..., CEP..., onde
recebe intimações, vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, com fundamento nos artigos 41
RECURSO INOMINADO,
contra a sentença de total procedência proferida nos autos da ação de... movida pelo NOME DO
endereço eletrônico..., residente e domiciliado na Rua..., número..., Bairro..., Cidade..., Estado..., CEP...,
Requer a intimação do Recorrido oferecer contrarrazões no prazo de 10 dias após o preparo, conforme
Requer também que após o prazo do oferecimento das contrarrazões, os autos sejam encaminhados
para Egrégia Turma Recursal do Estado do ... para admissão, processamento e julgamento.
Por fim, informa o Recorrente que no prazo de 48 horas a contar da interposição do Recurso Inominado
fará o recolhimento do preparo recursal na forma do artigo 42, §1º da Lei 9.099/95 OU requer a concessão
do benefício da gratuidade da justiça por ser o Recorrente pessoa pobre nos termos da lei, conforme artigos
Termos em que,
Pede deferimento
Local..., data...
Advogado... OAB...
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Recorrente...
Recorrido...
Processo...
I – CABIMENTO:
Demonstrar com fundamentação legal que cabe o respectivo recurso. Exemplo: Justifica-
se a interposição do presente Recurso Inominado, vez que a decisão atacada tem natureza
de sentença, na forma do artigo 203, §1º do Código de Processo Civil, pois proferida por
juiz do Juizado Especial Cível Estadual e que colocou fim à fase de conhecimento com
resolução de mérito, tal qual previsão do artigo 487, I do CPC, pois...
Dessa forma, prevê o artigo 41 da Lei 9099/95 que da sentença caberá recurso ao próprio
juizado, excetuado a sentença homologatória de conciliação ou laudo arbitral, o que não é
o caso.
II – TEMPESTIVIDADE:
Demonstrar que o recurso está sendo interposto dentro do prazo legal.
Exemplo: O presente recurso é tempestivo, eis que interposto dentro do prazo legal de 10
dias contados da ciência da sentença, conforme caput do artigo 42 da Lei 9099/95
computando-se somente os dias úteis, tal qual previsão do artigo 12-A da Lei 9099/95,
excluindo o dia do início e incluindo o dia do vencimento, conforme artigo 224, caput do
Código de Processo Civil.
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V – DOS PEDIDOS:
Diante do exposto, requer o Recorrente:
a) O recebimento e conhecimento do presente Recurso Inominado, determinando seu devido
processamento, eis que preenchidos os pressupostos de admissibilidade;
b) Requer o total provimento do recurso com o fim de reformar a sentença de primeiro grau...
Termos em que,
Pede deferimento.
Local..., data...
Advogado...
OAB...
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http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/leis_2001/l10259.htm
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