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para Empresas
Alberto de Sá e Mello
2016
: VA
ALMEDINA
2016
Alberto de Sa e Mello
Doutor em Direito
Advogado
Consultor jurídico de Empresas, de Associações
Empresariais e da Confederação do Comércio e
Serviços de Portugal — CCP
DIREITO DO TRABALHO PARA EMPRESAS
(Direito Individual)
AUTOR
Alberto de Sá e Mello
EDITOR
EDIÇÕES ALMEDINA, 8.4.
Eua Fernandes Tomas, nºs 76, 78 e 8D
3000-167 Coimbra
Tel.: 239 851 004 - Fax: 239 851 901
Wwww.almedina.net - editora Balmedina net
DESIGNDE CAPA
FBA.
Janeiro, 2016
VA
ALMEDINA
GRUPOALMEDINA
13.8. Períodos de descanso (descanso semanal, descanso 14.2.1. Férias no ano da admissão do trabalhador
diario, intervalos de descanso) 142.2. Férias em caso de cessação do contrato
13.81. Intervalos de descanso 14.2.3. Férias em contratos de muito curta duração
13.8.2. Descanso diário 142.4. Férias em caso de suspensão do contrato por
13.8.3. Descanso semanal impedimento prolongado
C) Despedimento por incumprimento de objectivos 44. Pedido de autorização para mudança de categoria
previamente fixados 45. Pedido de autorização de redução ou exclusão de
35.2. Procedimentos e efeitos intervalos de descanso
36. Denúncia unilateral, resolução pelo trabalhador e 46. Registo de sanções disciplinares
abandono do trabalho 4147. Registo de trabalho por turnos
36.1. Denúncia com e sem aviso prévio 48. Afixação de informação sobre parentalidade
36.2. Resolução do contrato pelo trabalhador (com justa
causa) ÍNDICE REMISSIVO
36.2.1. Fundamentos BIBLIOGRAFIA SUMÁRIA GERAL
1.1. Constituição da República Portusuesa (CRP) — lei Na Parte IL, Titulo IT da CRP (Direitos e Deveres
constitucional Económicos, Sociais e Culturais):
Salientam-se, com oriszem na fonte suprema de regulação
de matéria laboral: a) as normas programáticas que consagram o direito
ao trabalho e as “incumbências do Estado para o
Na Parte 1, Titulos 1 e Il da CRP (Principios Gerais, concretizar:
Direitos, Liberdades e Garantias): b) as normas que consasram os direitos fundamentais
a) as normas que consagram o princípio da dos trabalhadores (nomeadamente à retribuição do
universalidade e o princípio da igualdade (que trabalho. à prestação do trabalho em condições de
generalizam a todos os cidadãos — e às pessoas higiene, segurança e saúde, ao repouso, à duração
colectivas, na medida aplicável — os direitos e deveres maxima da jornada de trabalho, ao descanso semanal e
consagrados na Constituição, em condições de a férias pagas)
igualdade formal de acesso aos bens económicos,
c) as normas que consagram o direito à segurança Homem, a Carta Social Europeia e as Convenções da
social (nomeadamente a estatal umficada «e OIT — Organização Internacional do Trabalho);
descentralizada) e à assistência e justa reparação em c) as normas emanadas dos órgãos competentes das
caso de acidente de trabalho ou de doença organizações internacionais de que Portugal seja parte,
profissional: desde que tal se encontre expressamente previsto nos
d) as normas que consasram o princípio da protecção respectivos tratados constitutivos — caso dos
na maternidade e paternidade dos trabalhadores e a regulamentos (directamente vinculativos para Estados
garantia do acesso à educação, formação, educação e sujeitos), directivas (que estabelecem directrizes de
SJísica € ensino dos jovens trabalhadores (extensiva e actuação legislativa para os Estados), recomendações
alargada a todos os estudantes trabalhadores). (não vinculativas) e decisões (obrigatórias para os seus
destinatários) dos órgãos (Parlamento. Conselho de
1.2. Fontes externas — europeias, internacionais e Ministros, Comissão e Tribunal de Justiça) da União
supranacionais Europeia, nos termos do tratado que a institui:
Por força da Constituição (art. 8º da CRP). visoram na dj) as disposições dos tratados que regem a Unrido
ordem juridica portuguesa: Europeia e as normas emanadas das suas instituições,
no exercicio das respectivas competências.
a) as normas e principios de direito internacional geral
ou comum — conjunto de principios e normas
consuetudinarias que, consensualmente, são aceites e a 1.3. Leis e decretos-leis
que se submete a ceneralidade dos membros da As leis ordinárias (não constitucionais, leis em sentido
comunidade internacional: material), compreendendo as leis formais (da Assembleia
b) as normas constantes de convenções internacionais da República) e os decretos-leis (do Governo) e os decretos
(regularmente ratificadas ou aprovadas, após a sua legislativos regionais (aprovados pelas assembleias
publicação oficial no Diário da República), enquanto legislativas das resiões autónomas dos Açores e da
vincularem internacionalmente o Estado (de que se Madeira) são fonte omnipresente de normas laborais.
realça a Declaração Universal dos Direitos do
Homem, a Convenção Europeia dos Direitos do 1.3.1. Legislação laboral — noção legal compreensiva
O Código do Trabalho (art. 469º) define legislação do comissões de trabalhadores ou respectivas comissões
trabalho — especificamente para efeito da participação na coordenadoras, das associações sindicais e das associações
sua elaboração — como a que regula os direitos e de empregadores (arts 470º e 472º) O periodo de
obrigações dos trabalhadores e empregadores, enquanto “discussão/apreciação pública” não pode ser inferior a
tais, é as suas organizações, nomeadamente a que versa: trinta dias (excepcionalmente vinte dias).
a) o contrato (inaividual) de trabalho; Bem mais efectiva, vem sendo a participação dos
b) o direito colectivo do trabalho; chamados Parceiros Sociais em sede de Concertação Social
c) os acidentes de trabaiho e doenças profissiondis; institucionalizada, sendo que a Comissão Permanente de
Caoncertação Socia! pode hoje fazer obrigatória a consulta
d) a segurança e saúde no trabaiho:
não vinculativa — por decisão do respectivo Presidente ou
e) a formação profissional:
mediante requerimento de qualquer dos seus membros —
D o processo (judicial) do trabaiho; sobre projectos de diplomas legais que versem a dita
ns) a aprovação para ratificação de convenções da “legislação laboral” (art. 471º.
Organização Internacional do Irabaiho — OIT.
1.4. Instrumentos de resulamentação colectiva de
Este elenco de matérias define tão-só as que (com trabalho — irct
incidência juslaboral) são obrisatoriamente objecto da São instrumentos de resulamentação colectiva, sesundo
chamada “discussão/apreciação pública' de diplomas definição legal expressa (art. 2º), os de orizem negocial e
legais laborais que consiste em não mais do que — os de origem administrativa.
publicados os projectos e propostas de lei (no Diário da
Assembleia ado Republica), o5 projectos de decreto-lei (no 1.4.1. Irct de origem negocial
Boletim do Trabalho e Emprego), os projectos de decretos
São irct de origem negocial as convenções colectivas de
legislativos resionais (nos Diários das Assembleias
trabalho, os acordos ae adesão e as decisões arbitrais em
Regionais ou nos Jornais Oficiais aos Regiões Autónomas) processo de arbitragem voluntária:
— estes se submeterem a apreciação não vinculativa de
À) as convenções colectivas de trabalho podem ser: 1.4.2. Irct de origem administrativa
a) acordos de empresa — convenções celebradas entre São irct de origem administrativa as portarias de extensão,
um empregador para uma empresa ou estabelecimento as portarias de condições de trabalho e as decisões de
e uma ou mais associações sindicais arbitragem obrigatória ou necessária:
b) acordos colectivos de trabalho — convenções
celebradas por uma pluralidade de empregadores para À) portarias de extensão — actos administrativos que
diferentes empresas e uma ou mais associações estendem, total ou parcialmente, o âmbito de aplicação
sindicais definido numa ccit ou decisão arbitral a empregadores do
c) contratos colectivos de trabalho — convenções mesmo sector de actividade e a trabalhadores da mesma
celebradas entre uma ou mais associações de profissão ou profissão analoga, que não sejam filiados nas
empregadores e uma ou mais associações sindicais; associações outorgantes, desde que exerçam a sua
actividade na área seografica e no âmbito sectorial e
profissional fixados naqueles instrumentos: também é
B) acordos de adesão — por acordo entre a entidade
admitida a emissão de resulamento de extensão àa
patronal ou sindical interessada e aquela ou aquelas que se
empregadores e trabalhadores do mesmo âmbito sectorial e
lhe contraporiam na negociação da convenção se nela
profissional. desde que exerçam a sua actividade em area
tivessem participado, as associações sindicais, às
geográfica diversa daquela em que os instrumentos se
associações de empregadores e os empregadores podem
aplicam, quando não existam associações sindicais ou de
aderir a convenções colectivas ou decisões arbitrais em
empregadores e se verifique identidade ou semelhança
vigor (art. 504º):
económica e social:
arbitragem para definição de serviços minimos em caso de acrescentamos nós — ainda assim actuam apenas nas zonas
sreêve em empresas do sector empresarial do Estado (art. de pura omissão das restantes fontes, designadamente do
5ABUA-bY). contrato individual de trabalho.
Nem por isso a sua relevância, ainda assim muito
1.5. Contrato individual de trabalho diminuída face à grande incidência de múltiplas outras
empregadores representativa, não seja possivel o recurso a O contrato bilateral, pelo qual uma das partes (o
portaria de extensão e não exista irct negocial aplicável trabalhador) se obrisa a prestar a outra (a entidade
Cart. 517% patronal empregador) a sua actividade, no âmbito da
organização e sob a autoridade e direcção desta, mediante
OC) decisões de arbitragem obrigatória ou necessária — a uma retribuição, é a base e a fonte próxima de toda a
requerimento de qualquer das partes, nos conflitos que relação laboral que dele emerge. Às suas características,
resultem da celebração ou revisão de uma cet pode ser formação, conteúdo e vicissitudes dedicamos esta obra,
tornada obrigatória, pelo Ministro responsavel pela área para onde remetemos o que possa dizer-se de relevante em
laboral a realização de arbitragem. quando, depois de sua análise.
negociações prolongadas e infrutiferas, tendo-se frustrado
a conciliação e a mediação, as partes não acordem em 1.6. Usos laborais
submeter o conflito a arbitragem voluntária, em virtude de Os usos laborais são praticas habituais ou tradicionais da
ma fé negocial da outra parte, ouvida a Comissão empresa ou da profissão que apresentam soluções de indole
Permanente de Concertação Social (CPCS) (estes são os prática nas relações laborais.
requisitos da arbitragem obrigatória a requerimento de uma
Diversamente do costume, que é a prática reiterada de
das partes em conflito — art. 508% 1-2): pode também
certo comportamento acompanhada da convicção da sua
suscitar-se a arbitragem necessária caso, após caducidade
obrigatoriedade e que é fonte comum do Direito, os usos
de uma ou mais cet aplicáveis a uma empresa ou grupo de
laborais, em que falta à referida convicção (de
empresas ou sector de actividade, não seja celebrada nova
convenção aplicável a pelo menos 50% dos trabalhadores
obrigatoriedade da conduta, so produzem Direito do
da mesma empresa, grupo de empresas ou sector de trabalho quando não contrariem qualquer das outras fontes
actividade (art. 510º): a lei prevê ainda a realização de enunciadas, bem como o principio da boa fé — art. 1º: e —
arbitrazem para definição de serviços minimos em caso de acrescentamos nós — ainda assim actuam apenas nas zonas
greve em empresas do sector empresarial do Estado (art. de pura omissão das restantes fontes, desionadamente do
F48º/4-b)). contrato individual de trabalho.
Nem por isso a sua relevância, ainda assim muito
1.5. Contrato individual de trabalho diminuída face à grande incidência de múltiplas outras
fontes de regulação, deixa de evidenciar-se na previsão de que procuramos resolver agora, com a indicação das regras
normas legais como as que admitem o recurso aos usos sobre hierarquia e conflitos de aplicação de fontes.
como subsidio relevante para, por exemplo, a
caracterização como retributivas ou não retributivas de 12.1. Hierarquia das fontes. Relação entre fontes de
certas prestações pecuniárias pagas ao trabalhador. como as regulação
“ajudas de custo” (art. 260% 1-2) (ver ajudas de custo em As fontes de Direito do Trabalho — ver neste Capítulo, em
17,.5.7.), a determinação das “interrupções de trabalho 1. — devem ordenar-se segundo a sesuinte hierarquia:
compreendidas no tempo de trabalho” (“pausas” — art.
1979/2-2)) (ver pausas em !3.1) ou a determinação da
a) normas constitucionais:
retribuição do trabalhador (art. 258%/1) (ver retribuição em
b) normas de direito internacional (comum «e
FF
convencional, com primado do direito supranacional
europeu):
2. Hierarquia das fontes. Conflitos de aplicação de
c) normas legais ordinárias;
fontes
d) instrumentos de regulamentação colectiva de
Importa nesta sede identificar qual (ou quais), de entre as
trabalho:
enunciadas. são as fontes de Direito do Trabalho que
devem regular uma (cada uma) das situações laborais &) contrato individual de trabalho:
individuais concretamente consideradas. f) usos laborais.
Por outras palavras, perante uma situação jurídica
laboral concreta, que regras aplicar: as do contrato As regras a aplicar para definir a fonte aplicável são as
individual de irabaiho, que otê pode ndo ser reduzido a seguintes:
escrito: as da convenção colectiva de frabalho que
contrariem clausutas daquele contrato individual; as A) As fones (hierarquicamente) superiores
normas legais que sejam injuntivas (que não admitem prevalecem sobre as inferiores: em principio, se uma
estipulação em contrário), embora menos favoráveis” É o clâusula de um contrato individual de trabalho
contrariar a de uma convenção colectiva, prevalece a
fontes de regulação. deixa de evidenciar-se na previsão de que procuramos resolver agora, com a mdicação das regras
normas legais como as que admitem o recurso aos usos sobre hierarquia e conflitos de aplicação de fontes.
como subsidio relevante para, por exemplo, àa
caracterização como retributivas ou não retributivas de 2.1. Hierarquia das fontes. Relação entre fontes de
certas prestações pecuniárias pagas ao trabalhador, como as regulação
“ajudas de custo * (art. 260º/1-a)Y) (ver ajudas de custo em As fontes de Direito do Trabalho — ver neste Capitulo, em
17.5.7.), a determinação das “interrupções de trabalho 1. — devem ordenar-se sezundo a seguinte hierarquia:
compreendidas no tempo de trabalho” (pausas” — art.
197º/2-a)) (ver pausas em 13.1) ou a determinação da a) normas constitucionais:
retribuição do trabalhador (art. 2581) (ver retribuição em
b) normas de direito internacional (comum e
17X:
convencional, com primado do direito supranacional
europeu):
2. Hierarquia das fontes. Conflitos de aplicação de
ec) normas legais ordinárias:
fontes
di instrumentos de regulamentação colectiva de
Importa nesta sede identificar qual (ou quais), de entre as
trabalho:
enunciadas, são as fontes de Direito do Trabalho que
devem regular uma (cada uma) das situações laborais e) contrato individual de trabalho:
individuais concretamente consideradas. É) usos laborais.
Por outras palavras, perante uma situação jurídica
laboral concreta, que regras aplicar: às do contrato As regras a aplicar para definir a fonte aplicável são as
individual de trabalho, que até pode não ser reduzido à seguintes:
escrito; as da convenção colectiva de irabalho que
contrariem cláusulas daquele contrato individual; às A) As fontes (hierarquicamente) superiores
normas legais que sejam injuntivos (que ndo admitem prevalecem sobre as inferiores: em principio, se uma
estipulação em contrário), embora menos favoráveis? Éo clausula de um contrato individual de trabalho
contrariar a de uma convenção colectiva, prevalece a
última: se uma ou outra contrariarem uma norma
legal. prevalece esta. Exemplo 1: assim, uma norma legal que indique
B) As fontes superiores que — sejam lei ou irct — duração máxima do periodo de trabalho (art. 203º permite
tenham carácter injuntivo (não supletivo, que sejam que se convencione — em cet ou contrato individual —
insusceptiveis de ser afastadas mesmo por acordo duração menor.
individual ou colectivo das partes) prevalecem sempre Exemplo ?: assim, normas legais como as que
sobre as inferiores (art. 3º%1) permitem que o5 períodos normais de trabalho sejam
definidos em termos médios consentem que estes assim
Exemplo: assim, a norma que estabelece os dias sejam organizados com a designada adaptabilidade (arts.
feriados obrigatórios (art.. 234º) não pode ser alterada por 204º e 2059 dentro dos limites que tais preceitos legais
irct ou por contrato individual de trabalho que pretenda fixam, respectivamente, para a sua regulação por iret e
instituir outros dias feriados, ainda que em maior número. contrato individual:
C) As fontes superiores que tenham carácter supletivo e isto quer tais derrogações da norma legal supletiva
(detectavel quando estatuam, por exemplo, «salvo impliquem ou ndo um “iratamento mais ou menos
acordo em contrário, salvo convenção em contrário, Favorável aos trabalhadores abrangidos:
salvo diferente estipulação») podem ser afastadas por
fontes inferiores em condições bem especificas que, b) a norma legal, desde que expressamente não o vede.
para facilitar a sua percepção, agnuparemos de acordo pode ser afastada por irct, quer este disponha em
com as fontes concretas em confronto. Assim: sentido mais ou menos favorável aos trabalhadores
Suponhamos que a fonte superior é uma norma legal Exemplo: assim, é licita a cláusula de cet que
supletiva, designadamente contida em disposição do CT: estabeleça uma remuneração do trabalho suplementar
inferior à que a lei estabelece (art. 268º%3):
a) tal disposição pode ser afastada no sentido que
aponte no entanto,
bb) a norma legal, ainda que supletivo, não pode ser (art. 213%), mas já pode estipular-se uma alteração do
afastada por portaria de condições de trabalho, ainda horário de trabalho, incluindo a isenção de horario (art.
que esta estabeleça tratamento mais favorável aos 218%1), ou uma conversão da prestação de trabalho a
trabalhadores (art. 3º/2): tempo completo para tempo parcial (art. 155º%1).
c) existe, porém, um importante conjunto de
excepções às regras de a) e b): a norma legal supletiva Dj) Além dos casos em que, sendo injuntiva. a clausula
que regule uma das matérias enunciadas no art. 3º3 de cet não pode ser afastada por estipulação em
CT só pode ser afastada por irct que disponha em contrato individual (seja qual for o sentido em que este
sentido mais favoravel aos trabalhadores disponha e anda que pretensamente “mais
favorável”), importa que se verifique o que ocorre
Exemplo: as normas que protegem a parentalidade dos quando uma ou mais cláusulas de convenções
trabalhadores (arts. 33º e segs.) só podem ser afastadas por colectivas de trabalho revistam caracter supletivo:
irct que disponha em sentido mais favorável aos
trabalhadores. a) tal disposição pode ser afastada no sentido que
aponte
d) a norma legal, desde que expressamente não o vede,
pode ser afastada por cláusula de contrato individual Exemplo: assim, uma disposição de cet que admita que,
de trabalho desde que esta disponha em sentido mais desde que o pnf seja organizado em termos médios, os
favorável aos trabalhadores (devendo entender-se que, limites diário e semanal do trabalho possam ser
quando não seja sindicável objectivamente, se tem por aumentados consente que os contratos individuais
“mais favorável” o que o trabalhador ajuize como tal e contenham organização do tempo de trabalho dentro dos
que individual e livremente acorde) limites de tal disposição, sem considerar o que seja “mais
Favorâvei" a cada um dos trabalhadores
Exemplo: assim, num contrato individual de trabalho
não pode clausular-se a prestação de seis horas de trabalho b) se a disposição da cct não apontar o sentido da sua
consecutivas, já que a lei reserva esta prerrogativa aos irct supletividade, o Código do Trabalho impõe que só
possa ser afastada por estipulação individual mais encontram-se — trabalhadores a quem é aplicável
favorável ao trabalhador (art. 476º) simultaneamente o contrato colectivo do sector em que
trabalham e o cct para as respectivas profissões; ou, por
Exemplo: assim, se uma disposição de cet estipular que exemplo, na empresa ASC, vigora um acordo de empresa
o dia de descanso semanal pode ser gozado de forma que se revela concorrer com o contrato colectivo do sector
repartida e descontinuada, parece dever entender-se que a que pertencem alguns dos seus trabalhadores.
consente que, por contrato individual, se estabeleça que
este pode ser gozado quer em dia fixo quer em uma ou Caso as regras enunciadas no ponto “ Hierarquia das
mais fracções em qualquer dia da semana — visto que à Fontes* dexem anda aplicáveis, aos mesmos
cláusula é neutra quanto ao sentido do supletividade, trabalhadores de uma dada empresa, mais do que um
também não resultando patente 0 que seia mais favorável instrumento de regulamentação colectiva de trabalho (irct),
a cada trabalhador”. designadamente porque se confrontam irct do mesmo nivel
hierárquico — ver em 2.1. —, as regras a observar são as
E) Quando a fonte superior (por exemplo uma norma seguintes:
legal) estabelecer que pode ser afastada por
estipulação em convenção colectiva, apenas pode ser a) os ircf convencionais (por exemplo, contratos
afastada por este tipo de fonte inferior e não também colectivos de trabalho) prevalecem sobre os de outra
por estipulação em contrato individual de trabalho natureza e orizem (por exemplo, os de origem
(art. 3º5). administrativca como portarias de condições de
trabalho) (art. 484º):
22. Conflitos de aplicação de instrumentos de b) sempre que existir concorrência entre irct de origem
regulamentação colectiva de trabalho não convenciomal: a decisão de arbitragem
Pode ocorrer o concurso — susceptibilidade de aplicação obrigatória afasta todos os outros irct: a portaria de
simultânea — de várias fontes reguladoras do mesmo nivel extensão afasta a portaria de condições de trabalho
hierárquico para um dado conjunto de trabalhadores na (art. 483º):
mesmo empresa: por exemplo, nã empresa WFZ
encontram-se trabalhadores a quem é aplicâavel c) entre irct convencionais (ccf) prevalecerá o que
simultaneamente o contrato colectivo do sector em que revestir maior especialidade
trabalham e o cct para as respectivas profissões; ou, por Exemplo: assim, o acordo de empresa, a existir,
exemplo, na empresa ASC, vigora um acordo de empresa aplicar-se-a em detrimento do acordo colectivo e
que se revela concorrer com o contrato colectivo do sector este com prejuizo do contrato colectivo
a que pertencem alguns dos seus irabalhadores. concorrente; esta regra pode ser afastada sempre
que uma dada cor contiver diferente previsão
Caso as regras enunciadas no ponto * Hierarquia das especifica que estabeleça outra modalidade de
Fontes'* —demxem amnda aplicáveis. aos mesmos articulação entre cet:
trabalhadores de uma dado empresa, mais do que um d) Entre irct convencionais (cer) do mesmo grau de
instrumento de regulamentação colectiva de trabalho (ircf), especialidade, aplica-se o que os trabalhadores da
designadamente porque se confrontam irct do mesmo nivel empresa em relação aos quais se venfica a
hierárquico — ver em 2.1]. —, as regras a observar são as concorrência escolherem, por maioria, comunicando a
seguintes: escolha ao empregador e ao ministério responsavel
pela área laboral (art. 4839º/29): na ausência de escolha
a) os írcf convencionais (por exemplo, contratos pelos trabalhadores, aplica-se: 1) o írct mais recente;
colectivos de trabalho) prevalecem sobre os de outra 11) se tiverem a mesma data, o que regular a principal
natureza e origem (por exemplo, os de origem actividade da empresa (art. 482º/3).
administrativa como portarias de condições de
trabalho) (art. 484º):
b) sempre que existir concorrência entre irct de origem
não convencional: a decisão de arbitragem
abrigataria afasta todos 05 outros irct; a portaria de
extensão afasta a portaria de condições de trabalho
Cart. 483º);
3.2. Características
Como principais caracteristicas do contrato individual de
trabalho podem apontar-se:
3.3.3. Outras figuras próximas do contrato de trabalho são alguns de múltiplos exemplos em que a fronteira entre
No contrato de mandato (arts. 1155º ss. Código Civil), em o contrato de trabalho e as figuras contratuais afins é muito
que o mandatário se obriga a praticar um ou mais actos tênue, reconhecendo a doutrina, de modo quase unânime,
Jurídicos por conta do mandante, a prática desses actos é que é a presença ou ausência de subordinação jurídica o
feita com autonomia, logo incompatível com a referida único critério que, com um minimo de segurança, permite
subordinação jurídica. a distinção.
(art. 346º/2) — ver em 28.2.2, e 33.2. “empresas — ora, como também já apontamos, a
situação — jurídica laboral estabelece-se quase
indiferente à existência de qualquer substracto
É também o assim exposto quanto ao resime legal
empresarial (como no trabalho de serviço doméstico,
nestes casos que fundamenta a nossa convicção de que o
como no escritório de um consultor que contrata
vinculo juslaboral. para além de uma ligação à pessoa do
apenas uma secretária / recepcionista / telefonista):
empregador, evoluiu já para uma afectação do trabalhador
b) salvo rarissimas excepções, quase não aproveita de
à empresa à cujo destino está lisada a vigência dos
qualquer efeito útil com reflexo no regime juslaboral
respectivos contratos
estabelecido para cada um dos “tipos”: tal é, aliás.
sublinhado quando o legislador tem de fazer apelo à
dimensão, agora sim, da empresa, caso em que releva organizativas comuns: e
não do seu “tipo”/número de trabalhadores, mas tão-só c) a forma escrita do contrato, com identificação de
do seu volume de negocios (cfr, por exemplo, art. todos o5 empregadores e com menção do empregador
554º para determinação do valor de coimas). que representa os demais no cumprimento dos deveres
e no exercicio dos direitos emergentes do contrato.
6.3. Pluralidade de empregadores
O Código do Trabalho trata autonomamente as situações A inexistência da relação societária ou da estrutura
Juslaborais na presenca de uma pluralidade de organizativa comum faculta ao trabalhador optar por
empregadores (art. 101º) Definem-se como aquelas em aquele, de entre os identificados no contrato, a que
que, com génese num mesmo contrato de trabalho, o pretende ver-se vinculado. À cessação dos pressupostos
trabalhador se vincula a prestar a sua actividade a mais do que consentem esta situação jurídica faz prevalecer o
que um empregador. Condição é que entre estes exista uma vinculo laboral para com o empregador que houvera sido
relação societária de participações recíprocas, ou de designado como representante dos demais.
dominio ou de grupo, ou que tenham estruturas
organizativas comuns.
Os problemas práticos que emergem das situações em
que para um mesmo trabalhador exista uma pluralidade de
A situação laboral do trabalhador vinculado a uma empregadores respeitam. porém, sobretudo à efectivação
pluralidade de empregadores tem pressupostos bem da subordinação jurídica do trabalhador assim vinculado, já
precisos: que a lei estatui a responsabilidade solidária (gualguer dos
empregadores pode ser chamado a responder pelas dividas
a) que os empregadores sejam um conjunto de de cado um e todos os demais) pelo cumprimento das
sociedades em relação de participações recíprocas, de obrigações —emergentes do contrato de trabalho
dominio ou de grupo (não uma relação de simples (designadamente quanto aos créditos do trabalhador — art.
participação): ou 10193).
b) que os empregadores, independentemente ca
natureza ou relação societária, mantenham estruturas
jurídica destes: contudo, em caso de conflito de interesses
A lei mais estabelece que um representante dos vários ou vontades declaradas, perante quem devera o trabalhador
empregadores deve ser designado para os representar no observar os seus deveres laborais?
cumprimento dos deveres e no exercicio dos direitos
Sob pena de inutilizar este instituto, julgamos que as
emergentes do contrato (art. 101º2-c). Mas podem surgir Fegras gerais sobre contfitutaridade de créditos (de
questões concretas que esta fórmula não resolve, visto que prestação laboral, neste caso) servem a solução:
versa apenas o lado passivo da posição do empregador na
situação juslaboral em presença (resolve tão-so a quem o
a) o trabalhador deve o cumprimento dos seus deveres
trabalhador devera reclamar a contraprestação patronal: &
laborais indistintamente perante cada um e todos os
cada um dos empregadores que responderá solidariamente seus empregadores juridica ou materialmente
por todos) coligados: não pode. por exemplo, violar o dever de
lealdade para com um destes, ainda que a instâncias e
Exemplo: assim numa situação de dividas em beneficio de um ou mais dos restantes:
remuneratórias, qualquer dos empregadores colisados b) em caso de conflito entre as vontades manifestadas
devera responder pelo paszamento da totalidade das
por dois ou mais dos seus empregadores, não cabe ao
retribuições em divida. trabalhador decidir a qual conformar-se, mas exigir do
representante daqueles que expresse uma vontade
Como, porém, quanto a situações que incidam sobre o única inequivoca (que se formaraã entre os contitulares
lado activo da posição do empregador? Perante quem dos créditos laborais sesundo as regras da
responde o trabalhador quanto aos seus deveres de contitularidade de direitos).
obediência, lealdade, assiduidade, zelo e dilisência?
Responderá imediatamente — dirse-ãá — perante o Exemplo: assim, se vários advogados, mesmo sem se
designado como representante dos vários empregadores: organizarem segundo um tipo societário, partilharem uma
mas este não é mais do que isso mesmo (um estrutura organizativa comum e contratarem uma secretária
“representante”) que operacionaliza a relação, actua em como trabalhadora de todos. deverão dirimir entre si
nome dos restantes e os seus actos reflectem-se na esfera eventuais conflitos de autoridade quanto ao desempenho
laboral desta, transmitindo-lhe, pelo escolhido para os efeito do relatório único/balanço social, por exemplo,
representar, uma orientação única quanto a cada acção que o “mrabalhador cedido” é computado entre os
pretendam que realize em cumprimento do respectivo trabalhadores da empresa cedente, não da cessionária)
contrato de trabalho. (art. 293%].
17) declaração de concordância do trabalhador. à) nunca pode ser inferior à retribuição minima
que, em irct aplicável ao cedente ou ao
cessionaário, corresponda às suas funções; e que
6.4.3. Regime contratual
b) também nunca pode ser inferior à que o
O trabalhador cedido, enquanto viígore à cedência
cessionaário pratica para as mesmas funções: e que
ocasional, fica sujeito ao regime de trabalho aplicável à
também.
entidade cessionária (em condições assimiláveis ds dos
demais trabalhadores desta). A entidade cessionaária exerce c) em nenhum caso, pode ser inferior à que oO
sobre o trabalhador cedido os poderes de autoridade e trabalhador auferia no momento da cedência.
direcção patronal, designadamente (art. 291º:
6.4.4. Cedência ilícita de trabalhador
* observando e fazendo observar as regras relativas à À cedência ocasional de trabalhador em condições que não
organização dos serviços de segurança, de higiene e observem os requisitos antes enunciados, ou a falta do
saúde no trabalho e acesso a equipamentos sociais: acordo entre cedente e cessionário com declaração de
* determinando-lhe a função e o modo do seu concordância do trabalhador, confere ao trabalhador cedido
exercicio: o direito de optar por ficar vinculado ao cessionário por
contrato de trabalho sem termo (art. 292º.
* fixando-lhe a duração do periodo normal de
trabalho e o horário de trabalho:
Exemplo: assim, comparando com o antes exposto a
* marcando-lhe o periodo de férias:
propósito da “pluralidade de empregadores , o trabalhador
“* fixandolhe retribuição — que deve incluir
cedido conserva sempre um único empregador: quem o
remuneração por férias, subsidio de férias e subsidio
contratou e cuja utilização do trabalho prestado cedeu a
de Natal (proporcionais ao tempo de duração da
uma entidade terceira que, sem nunca ocupar a posição do
cedente, dirise e beneficia temporariamente da sua O que se desiovna habitualmente “trabalho temporario” é,
prestação de trabalho: já quando o trabalhador se vincula na realidade, uma situação juridica complexa que
contratualmente a uma pluralidade de empregadores. todos compreende duas relações jurídicas:
estes o são por definição e condição estatutária, mais se
obrigando o trabalhador a, a todo o tempo e enquanto * a que se estabelece entre a empresa de trabalho
vigorar o contrato nos termos estipulados, realizar a sua temporário (et) e cada utilizador desse trabalho.
prestação laboral em beneficio de qualquer destes sob emergente de um “contrato de utilização de trabalho
autoridade e direcção de todos, segundo regime de temporário * (cutf), que é um contrato de prestação de
contitularidade do crédito laboral. serviços entre empresas pela qual aquela coloca à
disposição — deste utilizador, mediante uma
remuneração, a prestação de trabalho por um ou mais
Exemplo: assim, comparando por outro lado com o
sujeitos (trabalhadores temporaários) (art. 1/2º-c)):
exposto a propósito do “trabalho temporário (ver em
Ó.5.), verifica-se que o trabalhador temporário é contratado * uma outra — essa sim uma situação laboral, nascida
pela empresa de trabalho temporário (erf) logo para ser de um “contrato de trabalho temporário” (ctf) — que é
regular e periodicamente cedido a terceiros utilizadores um contrato de trabalho a termo que vincula a empresa
(utf): a potencialidade de cedência é então elemento de trabalho temporário — à& única entidade
O contrato de trabalho de cada um destes tem-se por À aplicação do regime das cláusulas contratuais gerais
perfeito, tanto quando o trabalhador aceite expressamente o aos aspectos essenciais do contrato de trabalho de adesão
regulamento interno, como quando decorram 21 dias sobre implica que devam ser comunicadas ao trabalhador as
a sua admissão e início da execução do trabalho sem contra cláusulas contratuais constantes (para adesão ou rejeição
ele se pronunciar por escrito. em bloco) constantes do regulamento interno, garantindo-
se o seu conhecimento completo (integral) e efectivo por
O trabalhador adere. assim, à proposta do empregador, pessoa normalmente dilizente (devendo assegurar-se que o
consubstanciada nas disposições do regulamento interno da trabalhador está completamente esclarecido sobre o
empresa que se lhe apliquem por natureza e condição conteúdo).
laboral — a isto se chama contrato de trabalho de adesão.
* dispensas para consultas. amamentação e aleitação
8. Principais direitos e deveres dos trabalhadores e dos (arts 46º e 47º)
empregadores * faltas para assistência a menores, incluindo filhos e
8.1. Regimes especiais netos (arts. 49º e 50º)
É verificável que o Códiso do Trabalho e lesislação * licença e redução do tempo de trabalho para
complementar estabelecem regimes especiais para certas assistência a filho portador de deficiência (arts. 53º e
categorias de trabalhadores, quanto aos direitos e deveres 54
que o5 vinculam, normalmente em discriminação positiva * direito a prestação de trabalho a tempo parcial ou
em relação aos demais colegas. Não cabe na economia com flexibilidade de horário de trabalhador com filho
desta obra mais do que assinalar as áreas em que tal menor de 12 anos ou com deficiência ou doença
discriminação se manifesta, remetendo a sua observação crónica (arts. 55º e 56º
para a consulta dos preceitos legais que os tratam,
* dispensa de aplicação do regime de adaptabilidade
deixando o núcleo da nossa exposição — nos números
do tempo de trabalho ou de banco de horas (art. 58º)
seguintes — para 05 deveres gerais dos trabalhadores.
r dispensa de trabalho suplementar (art. 59º)
8.1.1. Maternidade e paternidade * dispensa de prestação de trabalho nocturno em
certas horas (art. 60º)
Versando as trabalhadoras grávidas, puérperas e lactantes,
pais e outros familiares. bem como os adoptantes, são * direito a participação em acções de formação e
consagrados direitos especiais para estes (artizos 33º o a reciclagem profissional, com vista à reinserção laboral
65º). nomeadamente quanto a: (art. 61º)
* especiais condições de segurança e saúde nos locais
= licença parental inicial do pai e da mãe de trabalho, incluindo o condicionamento ou proibição
trabalhadores (art. 40º): licença parental obrigatória de certas actividades (art. 62º)
exclusiva da mãe (art 41º) e licença parental r regime especial de faltas, licenças e dispensas do
obrigatória exclusiva do pai (art. 43º) trabalho (art. 65)
= licença por adopção (art. 44º)
r protecção no despedimento, que inclui presunção = duração alargada do período de descanso diário (art.
de falta de justa causa no despedimento por facto 78º)
imputável ao trabalhador de trabalhadora grávida, * regime especial de descanso semanal (arts. /9º e
puérpera ou lactante ou de trabalhador no sozo de 80º)
licença parental (art. 63º)
* regime especial para a participação do menor, como
trabalhador, em espectáculo ou outra actividade de
8.1.2. Menoridade natureza cultural. artistica ou publicitária (art. 81º e
Expusemos já (ver em 3.2.2.) — as condições de licitude da Lei nº 105/2009, de 14-97
contratação de menores. lrata-se agora de enunciar os
aspectos em que se verificam condições particulares da sua 8.1.3. Trabalho de estudantes
prestação de trabalho. Assim (artigos 66º a 83º, quanto a:
Considera-se trabalhador-estudante o trabalhador que
frequente qualquer nível de educação escolar, incluindo
* limites máximos especiais do período normal de pos-gsraduação, mestrado ou doutoramento em instituição
trabalho (art. 73º) de ensino. Este estatuto legal é extensivo a quem frequente
r dispensa de aplicação dos regimes de curso de formação profissional ou programa de ocupação
adaptabilidade do tempo de trabalho, de banco de temporária de jovens com duração igual ou superior à seis
horas ou de horário concentrado (art. 74º) meses (art. 89º%1).
F proibição de trabalho suplementar, salvo — para A manutenção do estatuto de trabalhador-estudante
menores com, pelo menos, 16 anos de idade — quando depende de aproveitamento escolar no ano lectivo anterior.
for indispensável para prevenir ou reparar prejuízo Considera-se aproveitamento escolar a transição de ano ou
grave para a empresa, desde que não haja outro a aprovação ou progressão em, pelo menos, metade das
trabalhador disponível (art. 75º) disciplinas em que o trabalhador-estudante esteja
r dispensa de prestação de trabalho nocturno em matriculado. ou a aprovação ou validação de metade dos
certas horas (art. 76º) módulos ou unidades equivalentes de cada disciplina (esta,
* duração do intervalo de descanso (art. 77º) nos caso em que o percurso educativo esteja organizado em
regime modular ou equivalente) (arts. 8992 e 9494)
Consideram-se motivos justificativos relevantes da falta de g) direitos especiais para marcação de licenças sem
aproveitamento escolar: acidente de trabalho ou doença retribuição (art. 9252).
profissional: doença prolonsada: licença em situação de
risco clinico durante a gravidez: sozo de licença parental O estatuto de trabalhador-estudante, que aqui se
inicial... licença por adopção ou licença parental descreve, não é cumulavel com outros regimes especiais
complementar por periodo não inferior a um mês (art que visem os mesmos fins (art. 94º/6).
94º/5).
8.1.4. Deficiência ou doença crónica
Os trabalhadores-estudantes beneficiam de regras O trabalhador com deficiência ou doença crónica goza de
especiais (artigos 89º a 96º-A%Y) quanto a varios aspectos da direitos especiais (artizos 85º a 89º) em vários dominios. À
sua prestação de actividade laboral. Assim: saber:
A violação de direitos do trabalhador pelo empregador 14º) deve ser entendida tanto na sua delimitação positiva
como na negativa. Assim:
pode constituir, além de contra-ordenação punivel com
coima e eventuais sanções acessórias, fundamento para
resolução com justa causa pelo trabalhador (ver art. 394º/2- a) pode o trabalhador expressar, 60 empresa e junto
b) e resolução do contrato peto trabalhador, em 3.6.2.). dos seus colegas, com toda à latitude, quaisquer
manifestações do seu pensamento opinativo;
bb) já não podera fazê-lo, nos estritos limites fixados com salvaguarda dos especiais direitos de acção sindical e
pela lei, quando o exercício destes direitos possa bulir da dos representantes dos trabalhadores na empresa).
com direitos de personalidade (à honra, reputação,
bom nome, liberdade, respeito e integridade fisica) de EB) O direito à protecção de dados pessoais: com
outros trabalhadores ou do empregador e seus consagração legal geral em lei própria (maxime Lei nº
representantes;
67/98. de 26-10), a incidência deste preceito (art. 17º nas
c) também lhe estará vedado, ainda nos estritos situações laborais é muito específica:
limites fixados pela lei, exercer aqueles seus
inalienáveis direitos quando tal resulte em a) proibe o empregador de recolher informações sobre
perturbação do normal fiumeionamento da empresa a vida privada do trabalhador com especial ênfose
nas que respeitem à sua saúde ou estado de gravidez:
Exemplo: assim — e sempre com salvaguarda dos
b) já é consentido que o faça, desãe que o fungamente
especiais direitos de acção sindical e da dos representantes por escrito e se trate de informações essenciais e
dos trabalhadores na empresa, estes com regime especial, manifestamente conexas àd avaliação da capacidade
parece licito que o trabalhador promova. durante o para prestar a actividade que é objecto do contrato de
intervalo de descanso dos trabalhadores da empresa, uma trabalho:
sessão de esclarecimento político dos colegas interessados
c) também é consentido que o empregador recolha
que também se encontrem em gozo dos respectivos
informações relativas à saúde do trabalhador. desde
intervalos de descanso; já se afisura 1licito que promova que tal recolha seja funaamentada e justificada pelas
igual sessão sempre que tal perturbe a regular prestação de exigências inerentes à actividade profissional
trabalho devida por si ou pelos coleszas envolvidos: e contratada e desde que tais informações sejam
também ilícito será que promova acções que violem, por prestados apenas a médico, o qual poderá tão-so
exemplo. o direito ao bom nome de colegas que não atestar da aptidão ou inoapticdãdo aofa) trabalhadorfa)
aderiram a uma greve ou do empregador que tenha para prestar a actividade objecto do contrato de
licitamente recusado a cedência de instalações para acções trabalho
politicas, ainda que de cariz reivindicativo laboral (sempre
de comunicação para fins de utilização pessoal, e controlar
Exemplo: assim, julga-se licito que o empregador faça esse uso.
submeter a despiste de consumo de álcool ou de
estupefacientes um trabalhador que habitualmente 8.3.4. Direitos de personalidade — continuação (a
manuseie veiculos ou máquinas. utilização de meios de vigilância à distância, incluindo a
geolocalização)
C) Proibição de testes e de exames médicos: vale (art. A) A proibição da utilização de meios de vigilância à
19º), na parte aplicável quanto a pressupostos, requisitos e distância dos trabalhadores trata-se de uma situação de
conteúdo. o exposto sobre a profecção de dados pessoais. “proibição pela finalidade . ou seja, não se proibe (art.
Faz-se, porém, uma importante ressalva: o empregador não 20º) ao empregador que instale “equipamento tecnológico
pode, em nenhum caso, exigir a candidata a emprego ou a (sic) que constitua meio de vieilância à distância nos
trabalhadora testes ou exames de gravidez (art. 19º/2). estabelecimentos da empresa, proibe-se, isso sim, que o
instale com à finalidade de controlar o desempenho
D) Confidencialidade de mensagens e de acesso a profissional dos trabalhadores; diga-se, aliás, que já é
informação: a lei é expressa na proibição do acesso ao licita a instalação de “equipamento tecnológico que
conteúdo de mensagens de nolureza pessoal e & constitua meio de visilinda à distincia nos
informação de carácter profissional que o trabalhador estabelecimentos da empresa, desde que tenha por
envie, receba ou consulte, nomeadamente por correio finalidade o protecção e segurança de pessoas 2 bens ou
electrónico (art. 22º). quando se justifique por particulares exigências inerentes
A matéria é delicada, porquanto a verdade é que, em à natureza da actividade e desde que o5 trabalhadores
principio, 6 trabalhador não deve usar o local de trabalho tenham conhecimento da existência e finalidade dos meios
para “enviar receber ou consultar informação de instalados.
caracter não profissional; esta é a provavel razão pela qual Suscita-se assim a importante questão de saber se,
a lei já admite ao empregador que imponha regras de instalado no estabelecimento da empresa “equipamento
utilização dos meios de comunicação na empresa: podera, tecnológico que constitua meio de vigilância à distância”
então, pura e simplesmente vedar a utilização de tais meios para os fins que vimos admiti-lo como lícito, é ou não
admissível que os: elementos (imagens, sons) assim
recolhidos possam servir (inclusive ser usados como meio No que diz respeito aos dispositivos de geolocalização
de prova em juizo) para, por exemplo, registar instalados pela entidade empregadora nos “veiculos
acidentalmente uma conduta disciplinarmente punível de automóveis, os fins visados com a mesma são,
um trabalhador (por exemplo, no caso de uma câmara de principalmente:
vigilância instalada junto ao “caixa” de um supermercado
para prevenir furtos ou roubos de clientes registar furtos à) a gestão de frotas. com vista à gestão optimizada de
por trabalhador(es)). Com ressalva de doutrina que parece recursos:
preferir a resposta negativa, julgamos que sim, visto que b) a protecção de pessoas e bens:
seria absurdo negar a utilização de meios de prova
c) a prova de cumprimento de contrato ou a prova do
licitamente instalados quando a conduta ilícita registada cumprimento de legislação relativa à segurança
por estes fosse de um trabalhador e não, por exemplo, de rodoviária (em especial as obrigações de descanso dos
um cliente motoristas).
O responsável pelo tratamento está obrigado a dar TIngdevidamente , dada a rizidez do vinculo laboral (ou,
conhecimento aos trabalhadores da existência de pelo menos, dada a convicção generalizada dessa rigidez).
dispositivos de geolocalização nos equipamentos que lhes
tem sido multiplicada a celebração de contratos de trabalho
disponibiliza. a termo para situações que, em boa verdade, não o
Justificam: como se vera adiante, o contrato a termo deve
Os trabalhadores têm direito de acesso aos dados que ser celebrado em situações em que esteja em causa a
lhes digam respeito. satisfação de necessidades meramente temporárias de
trabalho nas empresas; a realidade ditou que o contrato a
termo — sobretudo o de curta duração — tenha assumido o 9.2. Denúncia do contrato na vigência do período
estatuto de “contrato experimental, substituindo um experimental
periodo experimental que. principalmente até à entrada em Como se disse, sendo o período experimental já um
vigor do Código do Trabalho (CT), se afizurou demasiado momento inicial de execução do contrato, merecem
escasso para servir as finalidades que o ditam. saliência as seguintes regras (art. 1149:
Tentou-se, ainda na fase de discussão dos anteprojectos * a denúncia não depende de invocação de qualquer
do CT. que se reconhecesse aquela realidade, ajustando a causa:
duração-regsra do periodo experimental ao que se vinha * a denúncia não implica o pagamento de qualquer
demonstrando como prazo generalizado estipulado para a indemnização;
duração inicial dos contratos a termo (180 dias). Tal não foi "= a denúncia pelo empregador depende de aviso
logrado — e foi inviabilizado mesmo pelo Tribunal prévio de 7 dias, quando o período experimental tenha
Constitucional —, pelo que se teme pela continuação do durado mais de 60 dias: tendo o período experimental
recurso abusivo à celebração de contratos a termo com durado mais de 120 dias, o aviso prévio deve ser de,
“fins experimentais . pelo menos, 15 dias.
O período experimental é um período inicial de TJulgamos que. por irct pode estabelecer-se:
execução do contrato de trabalho — não uma “antecâmara
deste —, que tem por finalidade o mútuo conhecimento das a) a supressão do prazo de aviso prévio;
partes contratantes, consentindo a denúncia unilateral do
bl o estabelecimento “simétrico * de um prazo de aviso
contrato de trabalho na sua pendência, sem ou com muito
prévio idêntico para o trabalhador.
curio aviso prévio, sem necessidade de invocação de
Causa, sem conferir direito a indemnização Cart. 111º.
9,3. Contagem do período experimental
O período experimentaljá não é hoje todo o período inicial
de execução do contrato. Na verdade (art. 113º):
* o período de formação, ministrado pelo empregador * “cargos de complexidade técnica — a interpretação
durante o período experimental, é contado como parte do que sejam estes “cargos remete-nos
intesrante deste: inevitavelmente para todos aqueles que vimos
* não entra no cômputo do período experimental o poderem ser exercidos com autonomia técnica (ver
tempo em que não ocorre efectiva prestação da autonomia técnica, em 3.3. 1.), acrescentando-se que a
actividade laboral: dias de faltas, de licença e de razão que se descortina para este periodo de duração
dispensa do trabalhador, bem como qualquer periodo “alargado” não pode deixar de ser o menor controlo
de suspensão do contrato: a contazem do tempo de hierarquico que, dada a natureza das funções, é
período experimental é suspensa por estes incidentes, exercido sobre o trabalhador
o que podera contribuir para o seu alargamento. * Exemplo: assim, durará 180 dias o periodo
experimental de um jurista que seja contratado
9.4. Duração do período experimental como consultor de uma empresa ou o de um
desenhador criativo contratado por uma empresa
9.4.1. Elenco
de publicidade:
O periodo experimental tem a duração de 90 dias para a
* cargos de “elevado grau de responsabilidade” —
generalidade dos trabalhadores e situações juslaborais
considerada a distinção que a lei (o mesmo preceito
(art. 112%/1-a)).
legal) estabelece entre estes e os que denomina
“cargos de direcção e quadros superiores , de que
Nos contratos a termo, a duração do período tratamos de seguida, não pode deixar de entender-se
experimental depende da duração inicial estipulada. Tera a
que se compreendem aqui as chefias intermécdias, o5
duração: de 15 dias nos contratos em que esteja estipulada cargos que envolvam responsabilidade hierárquica ou
uma duração inferior a seis meses; de 30 dias nos demais têcnica sobre outros trabalhadores:
casos (art. 112/29.
* cargos que pressuponham “especial qualificação” —
O periodo experimental tem a duração de 180 dias, nos expressão que, de tão ambígua e sob pena de esvaziar
seguintes casos: de conteúdo a previsão, não pode ter outro significado
que não seja o de aqui fazer compreender os cargos
para cuja ocupação seja exigida qualificação incontroversa.
académica ou profissional acima da minima exisida
por lei O periodo experimental não pode exceder os 180 dias
=* Exemplo: assim, durará 180 dias o período nos contratos celebrados em comissão de serviço, ainda
experimental de um operário especializado; assim dependendo de estipulação expressa sob pena de
Fr cargos dos que “desempenhem funções de inexistir (art. 1123).
confiança” — para que se dê um sentido rigoroso (e
útill a esta previsão vaga (não conseguimos O periodo experimental é de 240 dias para o “pessoal
estabelecer nenhuma ligação lógica entre a duração do de direcção ou quadros superiores (am 112º 1-0).
período experimental e o “grau de confiança nas Considerando que para “quadros técnicos”, “chefias
funções exercidas), parece dever antes de mais intermécdias”, outros com “elevado grau de
sublinhar-se que não se refere aqui uma especial responsabilidade” ficou já estabelecido um outro periodo
relação de confiança *, que seria inciso que sempre nos experimental (mais curto), julszamos que esta previsão
rIemeteria para a já also indeterminada norma encontra o seu reduto de aplicação nos trabalhadores
aplicável à “comissão de serviço (ver comissão de (gestores, directores, assessores técnicos) que se encontrem
serviço, em 10.5); resta estabelecer conexão com na dependência directa do empregador.
funções em que, para além das que admitem a
contratação / nomeação em comissão de serviço, à
9.4.2. Supletividade do regime
confiança pessoal é ainda factor determinante do
exercicio de funções neste regime As normas que explicamos não admitem convenção
(individual ou colectiva) que estenda a duração do periodo
* Exemplo: assim, durará 180 dias o periodo
experimental.
experimental de um tesoureiro ou o de um
supervisor da qualidade de produção.
À duração do periodo experimental pode ser reduzida,
quer por irct quer por estipulação em contrato individual de
Nota: esta avaliação dos conceitos indeterminados que
trabalho.
o art. 112%1-b) contém é, naturalmente. pessoal e não
Nos termos expresso da lei, a própria consagração de À categoria pode também entender-se como o conjunto
periodo experimental pode ser excluida quer por irct quer de funções-tipo que identificam a actividade para que o
por estipulação em contrato individual de trabalho (art. trabalhador foi contratado. segundo os usos da profissão ou
LISO. o que, por exemplo, lhe corresponda no enunciado
paradigmático de funções habitualmente contido em anexo
10. Objecto do contrato de trabalho — categoria. aos irct ou regulamentos internos da empresa aplicáveis.
Mobilidade funcional e polivalência. À comissão de Fala-se, então, da “catemoria-estatuto, que também
serviço chamaremos “categoria formal , admitindo-se que à
Embora o termo categoria profissional seja utilizado em categoria material se determine por referência aquela (art.
sentidos diversos, que chegam a incluir o de 11592).
“habilitação titulo profissional”, pensamos poder defini-lo,
para o efeito que aqui interessa, segundo o que se vem O objecto da prestação de actividade pelo trabalhador
denominando “categoria-estatuto” e “catesoria-função”. pode não estar precisa e. menos ainda, exaustivamente
determinado e definido no contrato mas deve ser
10.1. Noção de categoria — categoria-estatuto e determinável, em nome da salvaguarda das expectativas e
categoria-função direitos dos sujeitos e sob pena de invalidade do contrato
À categoria do trabalhador releva do conjunto de funções nos termos gerais. Parte-se, para o efeito, da noção de
que correspondem real e materialmente à actividade categoria profissional.
laboral que aquele desenvolve e a que se vinculou
contratualmente (art. 115%1) Desirna-se habitualmente As normas legais básicas a propósito da categoria do
esta última. que poderá não comceidir inteiramente com trabalhador (118º e 119º e 19991-297) têm um enunciado
aquela. por “categoria-função”, que preferimos denominar aparentemente simples:
“categoria material .
* o trabalhador deve, em principio, exercer uma
actividade correspondente à categoria para que foi
contratado: funcional ) só podera ser exercido nos limites do
F é vedado ão empregador baixar a categoria do convencionado (art. 120º%6);
trabalhador. c) exista um interesse (objectivo) da empresa nessa
mudança de funções (art 120º%1) que, embora
Com uma formulação enganosamente singela, instituir cabendo na discricionariedade própria do poder de
se-ia, se aquelas regras fossem absolutas, uma completa direcção do gestor dos recursos humanos na empresa,
rigidez funcional na prestação de trabalho. Ora, além das assente em motivos que correspondam também
claramente a necessidades que se percebam reais e só
situações em que o trabalhador presta ou passa a prestar a
muito onerosamente superáveis por outra via (como à
sua actividade em regime de comissão de serviço (ver em
contratação, mesmo temporária de outro(s)
T1O0,5.), devem distinguir-se três conjuntos de situações.
trabalhador(es)):
10.2. Mudança temporária de funções — o jus variandi d) essa necessidade deve ser temporária, ou seja, não
Funcional se vê que admita o preenchimento de necessidades
duradouras de (trabalho, aínda que novas e
O empregador pode encarregar temporariamente o
imprevistas
trabalhador de serviços não compreendidos no objecto do
Exemplo: assim, não admite o recurso ao jus
contrato (art. 120%], desde que:
variandi a ocupação da vaga deixada por um
trabalhador cujo contrato sem termo cessou, ou a
a) o justifique e mdique o tempo previsível da
transferência “temporária sucessiva de vários
modificação funcional, que não pode ultrapassar dois
trabalhadores — por exemplo, em regime de
anos (art. 120º3):
“rotação de pessoal” — para fazer face a uma nova
b) não exista, no contrato individual de trabalho em necessicade de mão-de-obra que se revela
causa ou em convenção colectiva de trabalho duradoura:
aplicável, estipulação que o exclua ou condicione;
e) o desempenho temporário destas outras funções não
neste último caso, naturalmente. o jus variandi (que
implique — diminuição, mesmo transitória da
aparece na lei — art. 120º — sob epigrafe “mobilidade
retribuição — o trabalhador tem até, pelo contrário,
direito a auferir retribuição mais elevada e a beneficiar
de outras condições mais favoráveis correspondentes Exemplo: assim, parece-nos que, por acordo individual,
às novas funções enquanto durar o desempenho destas o empregador pode encarregar temporariamente o
(art. 120º4); trabalhador de funções distintas daquelas que cabem na sua
n) a modificação temporária de funções também não “categoria-estatuto”: já não parece que possa retirar o
pode implicar modificação substancial da posição do carácter femporário à esta mudança ou que possa exercer
trabalhador (art. 120º/1) — a lei não define o que seja O jus variandi indeperdentemente do interesse (objectivo)
“modificação substancial da posição, mas tal não da empresa OU que possa exercêlo implicando
significa que esteja vedado ao empregador, neste “modificação substancial da posição do trabalhador (que
âmbito, colocar o trabalhador no desempenho são elementos estruturantes na definição desta figura).
temporário de funções de nivel inferior às suas, mas
tão-só que as novas funções não podem degradar as Excepto quando haja acordo em contrário, o exercicio
suas aptidões profissionais, sendo também vedado de funções no âmbito do jus variandi não confere direito a
encarresá-lo de tarefas para as quais não detém reclassificação, ou seja, o trabalhador não adquire por esta
qualificação, ainda que se trate de um cargo via direito à investidura nas funções temporariamente
hierarquicamente superior. mas que, por exemplo,
desempenhadas (art. 120%5).
implique o desempenho de funções para que o
trabalhador não tenha qualquer aptidão pessoal ou
10.3. Desempenho acessório de funções afins —
qualificação profissional e que. a prazo, conduziria à
mobilidade funcional e polivalência
sua mais que provável inadaptação, fracasso e
eventual despedimento. Com o anunciado propósito de criar mais condições para a
vulgarmente chamada “polivalência funcional”, a lei
estabelece o que pensamos traduzir simples extensão do
O Código do Trabalho consente que, quer por irct quer
âmbito da que desionámos “categoria-estatuto ou formal .
por contrato individual de trabalho, se alaroue esta
faculdade mediante acordo (art. 120º/2). Nesses termos, o empregador pode encarresar o
trabalhador de desempenhar permanentemente outras
actividades, (amda que) não compreendidas na definição administrativo que é destacado para supervisionar a secção
da categoria (categoria-estatuto) respectiva, desde que: de pessoal:
a) tenham “afinidade ou liszação funcional com as que b) tal acção seja acompanhada, se requerido pelo
correspondem à sua função normal”, o que vale por trabalhador, de formação profissional (“não inferior &
considera-las já compreendidas no objecto do contrato dez horas anuois ), sempre que o exercicio das
de trabalho (art. 118%), presumindo mesmo à lei que funções acessórias implique especiais qualificações
devem considerar-se “afins ou funcionalmente (art. 118%4) — de onde se deduz que é também
ligadas” às funções que estejam compreendidas na requisito genérico que o trabalhador esteja
definição paradiomática que constitui a “categoria- apetrechado de qualificação e aptidão profissional
estatuto * (“no mesmo grupo ou carreira profissional”) para o desempenho das funções conexas:
(art. 118%/3) c) nunca implique diminuição da retribuição e que.
pelo contrário, confira direito à retribuição superior
Exemplo: assim. diversamente do que expusemos ser eventualmente correspondente às actividades afins
pressuposto do jus variandi — ver em 10.2. — em que desempenhadas (art. 267/13.
ocorria verdadeira mudança (temporária) de categoria,
trata-se aqui de reconhecer a possibilidade de o trabalhador 10.4. Mudança (baixa) de categoria
ser chamado a prestar actividades que, não estando Com carácter expressamente excepcional. o trabalhador
enquadradas no tipo formal” da sua categoria, lhe são pode ser colocado (duradouramente) em categoria inferior
materialmente adjacentes: caso do'da secretario/a ou o/a aquela para que foi contratado ou a que foi promovido (art.
escriturário/a chamados/as a coadjuvar o serviço tipico de 119º, apenas quando:
recepcionista, de telefonista ou de operadora de
reprografia (ou vice-versa); do trabalhador do armazém ou a) tal seja imposto por necessidades prementes da
do que presta servico “no escritório da empresa que é empresa ”* quando seja & únmici alternativa
designado para apoiar o sector de atendimento ao público objectivamente viável face a uma modificação
no estabelecimento, ou do chefe do departamento manifestamente imperativa na gestão da empresa
(que, no limite, até poderia impor despedimentos por
desnecessidade superveniente do concurso daquele 10.5. Trabalho em comissão de serviço
trabalhador nas funções que até então desempenhava) 10.5.1. Noção
Exemplo: a empresa extingue o posto de trabalho No âmbito de um contrato de trabalho, pode convencionar-
que o trabalhador até então ocupava e, como se que certas funções/cargos sejam exercidos com caracter
(única) alternativa ao seu despedimento, propõe precário.
que este passe a desempenhar funções
O pressuposto e razão da admissibilidade da
correspondentes a categoria inferior:
precariedade da nomeação é a necessidade de manutenção
ou
da “especial relação de confiança inerente ao cargo ou à
a) se verifique “estrita necessidade do função, já que, na nomeação contratação em comissão de
trabalhador”: impossibilitado de continuar a serviço, o elemento subjectivo “confiança pessoal” é pelo
prestar actividade nos termos até então menos tão determinante como, por exemplo, a qualificação
praticados por indisponibilidade pessoal (só) profissional ou outras características do trabalhador.
a ele devida ou incapacidade material
Exemplo: o(a) trabalhador(a), que pretende 10.5.2. Casos admitidos
dedicar mais tempo ao acompanhamento dos Podem ser exercidos em comissão de serviço cargos na
filhos ou outros familiares. propõe ao empregador dependência funcional directa do empregador. em que a
passar a ocupar funções de menor perfil que lhe
nomeação contratação assente em especial relação de
libertem tempo: confiança”. Assim, nos termos da lei (art. 161º:
=
b) seja aceite pelo trabalhador: a) cargos de administração. de gerência ou equivalente
= (em que exista vinculo contratual de trabalho
subordinado do administrador ou gerente à empresa
c) seja autorizado pela serviço com competência
empregadora) — saliente-se que o facto de o
inspectiva na área laboral.
administrador/ gerente, vinculado à empresa por
contrato de trabalho, exercer estas funções em
comissão de serviço nada tem de incompativel com a
titularidade de carso como membro de órsão Não encontramos no sentido da lei nada que implique a
societário a que pertença (a questão é, porém, existência de uma organização empresarial ou de um tipo
controversa ex vi art. 398º do Codigo das Sociedades societário que acompanhe a fisura do empregador; assim,
Comerciais); nada parece impedir que se contrate em comissão de
b) carsos de direcção ou chefia directamente serviço, por exemplo, uma secretária pessoal de um
dependentes da administração ou gerência (ou do empresário em nome individual ou de um advogado cujo
empregador se for empresário em nome individual) ou escritório não esteja organizado empresarialmente: é à
de director-geral ou equivalente: dependência directa do empregador, assente na “especial
c) funções de secretariado pessoal de qualquer dos relação de confiança — e só este factor — que determina a
antes designados (a noção “secretariado pessoal” deve admissibilidade da contratação/nomeação em comissão de
ser tomada no seu sentido corrente, já que não existe serviço.
conceito juridico e corresponde ao que em varios irct
se designa por “secretário(a)' da chefia máxima da 10.5.3. Requisitos formais
organização). Em qualquer contrato de trabalho — mesmo nos contratos a
d) desde que previstas em convenção colectiva e se termo, já que a precariedade da comissão de serviço está
Sundamentem numa “especial relação de confiança ligada à permanência nas funções e não à duração do
outras funções na dependência directa dos titulares contrato —, pode ser estipulada a prestação de actividade
daqueles cargos (de administração gestão superior, de com estas caracteristicas, desde que do contrato conste
direcção) e funções de chefia — cabem aqui todas clâusula especifica com este conteúdo.
aquelas funções em que a determinante da designação
para o desempenho, além da qualificação profissional, Exige-se (art. 163º/3):
é a confiança pessoal: contabilistas, tesoureiros,
responsáveis pela gestão de recursos humanos, ete.,
a) forma escrita
desde que tal esteja previsto em ircf.
b) identificação dos outorgantes
c) acordo quanto ao cargo ou funções a desempenhar
d) menção expressa de que a prestação se realiza em de serviço, e a actividade que vai exercer após (art.
comissão de serviço. 162º9/3-d)).
correspondente a doze dias de retribuição base (e inicial do contrato que consagre o teletrabalho não pode ser
superior a três anos (art. 167º.
horizonte temporal do seu vinculo se possa prefisurar
Os trabalhadores vítimas de violência doméstica têm, como “estável de longa duração”. Aliás, a equivoca ideia
verificadas certas condições definidas na lei (art. 195º%1), da estabilidade laboral lizada à maior rigidez e
direito a passar a exercer a sua actividade em regime de permanência do vinculo é desmentida pelo crescimento dos
teletrabalho, sem que o empregador possa opor-se ao indices de desemprego, esse sim de longa duração, que
pedido. O mesmo direito assiste ao trabalhador com filho com ele coexistem, por exemplo em Portugal.
com idade inferior a 3 anos, desde que tal seja compativel
com a actividade desempenhada e o empregador “disponha A contratação a temo sem observância dos
de recursos e meios para o efeito” (art. 166º/3). pressupostos materiais e formais impostos determina, em
regra, a invalidade parcial do contrato / a nulidade do
12. À necessidade temporária de trabalho — o contrato termo, isto é. à conversão em contratos de trabalho sem
de trabalho com duração limitada termo, por tempo indeterminado.
12.1. Pressupostos de temporalidade do vinculo
contratual Sem fugir à regra geral. o legislador usa neste instituto
À frequente, mas falsa ideia de que o recurso à contratação de um grau de exigência formal por vezes superior ao que
a termo é um “mal absoluto” ou um “mal necessario” seria requerido pelo risoroso respeito pelos motivos que
deriva da distorção dos valores que lhe estão inerentes ou admitem a contratação nestes casos. Assim, sublinhamos
da subversão dos seus pressupostos. Infelizmente, este é o que não deve contratar-se a termo sem ponderar e
resultado comum da mistura explosiva de um mercado de confirmar cuidadosamente que o motivo e circunstâncias
trabalho distante do pleno emprego e da rigidez irrealista da contratação o admitem.
das normas jurídicas laborais.
Os requisitos formais (e as formalidades adjacentes) são
Em circunstâncias que, por serem precisas e definidas, múltiplos, estritos e obrigatórios, sob pena de conversão
não são menos frequentes, há realmente necessidades de em relações laborais duradouras. À forma escrita é aqui a
trabalho na empresa que não justificam a contratação de regra e os contratos devem conter um amplo conjunto de
“quadros permanentes”, isto é, de trabalhadores cujo menções obrigatórias.
O contrato a termo caduca pela comunicação da
Nota: Tratar-se-iam normalmente neste âmbito outras verificação do seu termo e da vontade de o não prorrogar.
modalidades de ocupação temporaria de trabalhadores, A comunicação da vontade de não deixar prosseguir a
como o trabalho temporário ou a cedência ocasional de relação contratual após a verificação do seu termo, que
trabalhadores. Como explicámos antes, optámos por versá- veremos ser necessária para dar eficácia à caducidade, não
las a propósito de um outro problema que, em nossa é um despedimento. Os trabalhadores a termo podem ser
opinião, relevam principalmente: a definição do sujeito despedidos, na vigência do contrato, como quaisquer
beneficiário aa prestação de actividade laboral! (ver em outros e segundo regras especiais que tratamos no local
6.3. 6 6.4). próprio — ver “despedimento”, em 3]. à 35. — mas
“comunicar a caducidade” destes contratos não é despedir.
pelo que as suas consequências são distintas.
12.2. O contrato a termo
12.2.1. Noção
Por outro lado, deve salientar-se que a vigência do
Diz-se a termo todo o contrato (neste caso, contrato de
contrato se subordina a um termo — facto futuro que se
trabalho) em que as partes contratantes estipulem uma
sabe que ocorrerá. ainda que em data incerta — e não a uma
duração, certa ou incerta, para a sua vigência. À estipulação
condição (resolutiva) que é facto futuro cuja própria
dessa duração é feita pela previsão de um facto futuro, o
verificação é incerta
termo, cuja verificação ocorrerá em data certa (um prazo)
ou incerta (o momento da conclusão de uma tarefa ou do
regresso de um trabalhador temporariamente impedido que Exemplo: assim, pode subordinar-se a visência do
se substitut) e da qual se faz depender a vigência/cessação contrato de trabalho ao decurso de um certo prazo ou à
do contrato!!! execução de uma tarefa, mas não pode fazer-se depender a
sua manutenção extinção de um evento futuro incerto,
12.2.3. Os motivos que admitem a contratação a termo Exemplo: assim: pode contratar-se trabalhador a termo
A lei enuncia — exemplificativamente para os contratos a em substituição de trabalhador temporariamente doente,
termo certo e taxativamente para os celebrados a termo bem como pode contratarse trabalhador a termo
incerto — os motivos que tornam admissível a contratação a (indirectamente ) para o lugar de outro que foi substituir
termo. Até porque comcidem parcialmente, O que se encontra temporariamente doente; pode contratar-
esquematizemo-los segundo as três ordens de razões que os se trabalhador a termo em substituição de trabalhador preso
justificam. preventivamente: não pode, em geral, contratar-se
trabalhador a termo para preencher o lugar deixado vago
A) Tendo em conta o carácter temporário da por trabalhador sem termo que foi despedido ou que
necessidade de trabalho na empresa rescindiu o seu contrato, já que não se vê como justificar
que a necessidade de trabalho que pretende suprir-se
Pode contratar-se:
passou a ser... ternportaária:
Exemplo: assim, o empregador que contrate a termo bh) acréscimos excepciondis da actividade da empresa
desempregado de longa duração deve — ele próprio — apás a cessação do contrato
certificar-se perante as autoridades competentes desta
situação do trabalhador.
Exemplo: assim, se € for contratado para fazer face a
um acréscimo de encomendas, pode voltar a ser contratado
Quando o contrato a termo cesse por motivo não em caso de novo acréscimo de encomendas, sem ser
imputável ao trabalhador, não pode celebrar-se outro para o necessario guardar intervalo entre os contratos sucessivos;
mesmo posto de trabalho (o cargo concreto ocupado pelo
c) actividades sazonais 12.2.5. Requisitos de forma, formalidades e menções
obrigatórias
Exemplo: assim. se E for contratado para trabalhar na O contrato a termo, certo ou incerto, deve ser reduzido à
colheita de milho, pode voltar a trabalhar na mesma escrito (documento particular assinado pelas partes), que,
empresa para a vindima, sem ser necessário guardar faltando. implica a sua conversão em contrato sem termo
intervalo entre os contratos sucessivos: por feito da própria lei (art. 141%1).
tarefa ou obra ou do nome do trabalhador substituído, b) dois anos nos contratos a termo de desempregados
também com menção dos factos ou circunstâncias de longa duração. bem como no caso de contratos
concretas que tornam admissível a contratação — deve, para lançamento de nova oclividade (é nossa
também aqui, constar do contrato explicação sucinta interpretação pessoal do preceito que, dado o motivo
das razões concretas que tornam incerto o momento da que admite a celebração, 2 anos será o periodo
verificação do termo e não permitem a estipulação de durante o qual podem ser celebrados contratos com
um prazo (termo certo). este motivo)
12.2.6. Duração dos contratos a termo certo e incerto c) dezoito meses nos contratos celebrados com
O contrato a termo certo dura pelo prazo estipulado (viu-se “trabalhador à procura de primeiro emprego”.
a) ser inferior ao da execução da tarefa ou serviço a Excepto quando se trate de prorrogação do prazo por
realizar ou da substituição do trabalhador que periodo diverso do anterior, que obriga à declaração de
concretamente lhe deram motivo; vontade de renovar por periodo diferente, em todos os
b) ser inferior a seis meses, salvo se houver sido demais casos a renovação por periodo(s) sucessivo(s)
celebrado por um dos motivos indicados nos primeiros iguais opera no silêncio das partes, por feito da própria let
seis casos mencionados neste Capítulo — ver em OU seja, não é necessária qualquer declaração de vontade
12.2.3. À); se for celebrado por prazo inferior a seis para que um contrato a termo certo se renove por igual
meses em violação desta reora, converte-se em período, dentro dos limites de duração máxima e
contrato por seis meses (art 148%3) “desde que renovação referidos (art. 149º/7%.
corresponda à satisfação de necessidades temporárias Se for excedido o prazo máximo de duração ou o
da empresa número limite de renovações que a lei admite, o contrato
converte-se em contrato sem termo por feito da própria lei
Dentro dos limites de duração máxima absoluta (art. 147º/2-b)).
referidos supra, o contrato de trabalho a termo certo só
admite, em qualquer caso, três renovações. As regras sobre renovação, não renovação e
prorrogação por periodo diferente do contrato a termo certo
O contrato a termo incerto, por definição, não tem prazo são simples:
pré-determinado. Dura por todo o tempo necessário à
substituição do trabalhador ausente ou à conclusão da a) no silêncio das partes, o contrato renova-se por
actividade, tarefa ou obra cuja execução justificou a sua igual periodo se até 15 dias (8 dias, para o
celebração — ver caducidade em 12,2.8.. À sua duração não trabalhador) antes do fim do prazo inicial ou do de
pode, em qualquer caso, ultrapassar seis anos (art. 148%4). cada renovação, nenhuma das partes manifestar
vontade contrária: se, em consequência da renovação,
se exceder o limite máximo legal de duração, o
contrato converte-se em contrato sem termo por feito EB) Contratos a termo incerto
da própria lei (art. 147º/9-by): Nos contratos a termo incerto, não havendo estipulação de
b) o contrato caduca se, até 15 dias (8 dias. para o prazo, quando o empregador preveja ou verifique a
trabalhador) antes do fim do prazo inicial ou do de cessação do motivo que justificou a celebração (o regresso
cada renovação, qualquer das partes comunicar por do substituído, a conclusão da tarefa) deve comunicar por
escrito à contraparte pretender fazer cessar o escrito ao trabalhador o termo do contrato.
contrato ; Deve respeitar nessa comunicação uma antecedência
c) se qualquer das partes pretender prorrogar /renovar o minima de 7, 30 ou 50 dias, consoante o contrato tenha (ja)
contrato por período diferente do até aí vigente, deve durado até 6 meses. de 6 meses a 2 anos ou mais de 2 anos
comunicar por escrito essa sua intenção à contraparte, (art. 34591),
indicando o novo prazo e o motivo da alteração e
Se, por ser inopinada e imprevisível a cessação do
prorrogação do prazo, até 15 dias (8 dias, para o
motivo, não puder respeitar-se aquela antecedência na
trabalhador) antes do fim do prazo inicial ou do de
comunicação, o empregador deve pagar ao trabalhador a
cada renovação DA
retribuição correspondente ao período de aviso prévio em
falta (art. 345º%3).
12.2.8. Caducidade dos contratos a termo
A) Contratos a termo certo Nota Importante:
Como já dissemos acima, para operar a caducidade do
contrato a termo certo qualquer das partes deve comunicã- Feita a referida comunicação, o empregador deve
lo por escrito à outra com a antecedência minima de quinze determinar que o trabalhador cesse efectivamente a sua
ou oito dias, respectivamente por empregador e actividade até ao fim do período de aviso prévio. Se o não
trabalhador, em relação ao seu termo (termo do período fizer e o trabalhador continuar depois ainda em actividade,
inicial ou do das suas eventuais renovações) (art. 344º/1)
o contrato converte-se em contrato sem termo por feito da
(ver em 12,2.7.).
própria lei (art. 147% 2-c)).
Se, de todo em todo, faltar a comunicação referida, “não fica sujeito a renovação” caduca no termo do seu
também ocorre a conversão legal em contrato sem termo se prazo inicial. mesmo no silêncio das partes.
o trabalhador continuar ao serviço 15 dias após o regresso
do (trabalhador) substituido ou da conclusão da tarefa ou 12.2.9. Compensação
obra que motivou a sua contratação (art. 147º/29-c). parte A caducidade dos contratos q termo certo que seja
final). provocada por declaração do empregador confere ao
trabalhador o direito a uma compensação (não é uma
C) Contratos em que se convenciona a não sujeição a indemnização, mas alto como uma reparação da
renovação precariedade do vinculo não obstante a cessação ser licita)
A lei prevê que as partes estipulem que o contrato a termo correspondente a 18 dias de retribuição base e
possa não estar sujeito a renovações (art. 149%1). diuturnidades por cada ano completo de duração do
vinculo (calculada proporcionalmente em caso de fracção
Entendemos, até à formulação actual da parte inicial do de ano de antiguidade) (art. 344º/2).
art. 149º/2. que não seria acertado considerar que aquela
estipulação inicial — valendo como um pré-aviso À caducidade dos contratos à termo incerto que seja
antecipado — faria caducar o contrato pela mera verificação provocada por declaração do empregador confere ao
do termo; decurso do prazo estipulado, já que & excepção trabalhador o direito a uma compensação correspondente a
consagrado aqui (art. 14991 CT) constituiria derrogação (art. 3454):
da regra geral sobre renovação automática dos contratos a
termo certo no silêncio das partes e não afastaria (insista- a) 18 dias de retribuição base e divuturnidades por cada
se no elemento sistemático) a regra geral que estabelece ano completo de duração do vinculo, no que respeita
que o contrato à termo só caduca mediante declaração de aos três primeiros anos de duração do contrato:
vontade nesse sentido (esta contida no art. 344º/1). b) 12 dias de retribuição base e divturnidades por cada
Parece forçoso que se considere hoje que. não se ano completo subsequente de duração do vinculo.
renovando no silêncio das partes por força do citado art.
1499/22, o contrato a termo em que esteja estipulado que 13. Duração e organização do tempo de trabalho
13.1. Noções (período normal de trabalho — put, horário
de trabalho, tempo de trabalho”““pausas”, período de Não podem ser alterados unilateralmente 05 horários de
Funcionamento) trabalho mdividualmente convencionados (art. 217%4) —
O Código do Trabalho enuncia cada uma das noções devem entender-se como tal os expressamente estipulados
operativas neste dominio. Assim: no contrato individual de trabalho (que, como vimos, não
necessita ser escrito) ou aqueles que sejam posteriormente
A) Periodo normal de trabalho (pnÁ — define o número acordados também individualmente: nos restantes casos — e
de horas da actividade laboral que o trabalhador se vincula obviamente também quando estejam instituídos os regimes
a prestar num dado lapso de tempo, medido em número de de adaptabilidade ou de banco de horas — ver em 13.4. e
horas por dia ou por semana; a definição do prt serve, 13.5. —, o horário de trabalho pode ser objecto de alteração
c) a período de tempo em que o irabalhador não está a contam como tempo de trabalho:
O somatório de todas estas fracções totaliza o tempo de laboração (nos estabelecimentos industriais).
trabalho
13.2. Limites de duração do trabalho Excepto casos particulares previstos na lei, os limites
O limite maximo legal do periodo normal de trabalho é de acima referidos podem ser excedidos, mediante previsão
& horas por dia e 40 horas por semana (art. 203º/1). Por em irct, quando (art. 210º:
irci, estes limites podem ser reduzidos sem que tal
implique diminuição da retribuição dos trabalhadores. a) se trate de trabalho prestado em actividades sem fins
lucrativos ou de interesse público e 5e mostre
Os trabalhadores que prestem a sua actividade apenas incomportável a sujeição dqgueles limites;
nos dias de descanso dos restantes colegas da empresa ou b) se trate de trabalho “acentuadamente intermitente
estabelecimento poderão vincular-se a prestar até mais 4 ou “de simples presença
horas (art. 203%): não se perca de vista que se trata de
trabalho a tempo parcial — ver trabalho a tempo parcial, Exemplo: assim, quanto a guardas. vigilantes, piquetes
em 13.10.) de urgência para assistência técnica.
Exemplo: assim, se o pri dos restantes trabalhadores 13.3. Isenção de horário de trabalho (e limites máximos
for de & h/dia e 40 h/ semana com descanso semanal ao do pAr)
Domingo, é possível contratar trabalhador que presta & sua 13.3.1. Admissibilidade
actividade apenas ao Domingo durante 12 horas.
O regime de isenção de horário depende de acordo do
trabalhador e é admissivel apenas quanto a certas
A lei consente que se adicionem — excepcionalmente — categorias de trabalhadores ou em certas situações (art.
15 minutos ao prt para concluir tarefas inadiaveis (art. 2189):
2033). O somatório destes períodos de tolerância gera um
crêdito de tempo de trabalho remunerável no final de cada a) cargos de administração, de direcção, “de
ano civil ou logo que atinja as 4 horas, mos não é confiança — ver cargos de confiança , em 10.5.2. —
remunerado como trabalho suplementar. de fiscalização ou de apoio aos titutares desses cargos
(por exemplo, assessoria ou secretariado):
b) para execução de "trabalhos preparatórios ou em 13.4) é considerado trabalho suplementar — ver
complementares, que, pela sua natureza, 50 possam trabalho suplementar em 13.7:
ser efectuados fora dos limites dos horários de b) está assegurado o sozo dos dias de descanso diário,
irabalho" (por exemplo, tarefas de limpeza ou de semanal obrigatório ou complementar e feriados (art.
manutenção de equipamentos); 21993)
c) em caso feletrabailho ou de “exercício regutar da
actividade fora do estabelecimento, sem controlo B) isenção de horário de trabalho com limitação do
imediato da hierarquia (como em actividades de número de horas de trabalho devido (am. 219%1-by)
transporte de longo curso, em que, de qualqguer modo, (situação em que o trabalhador, dispensado de cumprir
sempre seria dificil o controlo da observância de um horário de trabalho, apenas deve prestar mais x horas de
horário pelo trabalhador):
actividade do que os seus colegas), caso em que:
d) outros casos, desde que previstos em irct.
a) o trabalho prestado para além das x horas a mais
13.3.2. Modalidades de isenção convencionadas é trabalho suplementar;
A lei prevê três conjuntos de situações em regime de b) esta assegurado o gozo dos dias de descanso diário,
isenção de horário de trabalho: semanal obrigatório ou complementar e feriados (art.
219%3)X
A) isenção de horário de trabalho com observância do
prt (art. 219% 1-c)) (situação em que o trabalhador, embora CO) isenção de horário de trabalho sem limitação do
dispensado de cumprir horário de trabalho, não está número de horas de trabalho devido (art. 219%/1-a)), caso
obrigado a prestar mais horas de actividade que o5 seus em que:
colegas não isentos), caso em que:
a) o trabalhador, dispensado de cumprir horário de
a) o trabalho prestado para além do pnf diário ou trabalho. está obrigado a prestar um número de horas
semanal (com ou sem adaptabilidade — ver de trabalho não definido:
adaptabilidade na organização do tempo de trabalho
b) esta assegurado o sozo dos dias de descanso, diário,
semanal obrigatório ou complementar e feriados (art. 13.4. Organização do tempo de trabalho com
2193). adaptabilidade (o pri flexivel — modelos)
Está aqui em causa a definição do pri em termos flexiveis,
Este último é o regime supletivo (art. 219º/2). ou seja, em que o trabalhador não esta vinculado à
prestação de um número rígido de horas de trabalho por
13.3.3,. Retribuição dos trabalhadores com isenção de dia em todos os dias da semana de todas as semanas dos
horário meses de cada ano.
Toda a matéria relacionada com a remuneração por isenção Note-se que não é aqui apenas o horário de trabalho que
de horário de trabalho é passível de regulação própria em varia diária, semanal ou mensalmente: é o próprio pxf que
irct. Caso esta falte (art. 265%1): é flexibilizado para que o seu calculo se realize em termos
de media.
a) o trabalhador isento tem direito a um acréscimo
remuneratório de não menos do que a retribuição As regras são complexas, pelo que optamos por 1ilustra-
correspondente a uma hora de trabalho suplementar (+ lo com DOIS MODELOS: o primeiro que é consentido
25%): quando a adaptabilidade esteja prevista em irct; o segundo
b) se a modalidade de 15enção praticada corresponder quando a adaptabilidade resulte de acordo individual com o
aquela que vimos não implicar aumento do período trabalhador
normal de trabalho, o trabalhador isento tem direito a
um acréscimo remuneratório correspondente a não 13.4.1. Modelo 1 — Por instrumento de regulamentação
menos do que a retribuição correspondente a duas colectiva de trabalho (7rcf) — art. 208º —
horas de trabalho suplementar. | — Período de referência (aquele dentro do qual o pri
médio deve corresponder ao limite máximo legal ou
Estes aumentos são renunciáveis, desde que se trate de convencional aplicável):
trabalhador que exerça carso de administração ou de
direcção (art. 265º/2). — supletivo : 4 meses (art. 207º/1)
— casos especiais: até 6 meses (art. 207º?) — 3º semana: 4? h
— por irct: até 12 meses (art. 207º1) — 4º semana: 38 h
Média semanal: 48 h
2 — Limite de variação (acrescimo horário) diário
maximo absoluto: até 4h 3 — Limite de variação (acréscimo 13.4.2. Modelo 2 — Por acordo individual / proposta do
horário) semanal máximo absoluto: até 60h empregador para adesão pelo trabalhador (em 14 dias)
4 — Limite da duração média de trabalho no período de — art. 205º-A —
2 meses: até 50h — art. 204º/2 — 1 — Periodo de referência (art. 207º):
3 — Limite da duração média do trabalho semanal no
período de referência: até 48h — art. 21191 — — supletivo: 4 meses
— casos especiais: até 6 meses
Exemplo 1: assim: pf = &h dia: 40h(semana. Período — desde que previsto em irct: até 12 meses
de referência = 4 meses
2 — Limite de variação (acréscimo) diária máximo
— | mês: + 4 hdia = 60 hsemana absoluto: até 2h — art. 205%2 —
— 2 mês: + O h'dia = 40 h'isemana
— 3º mês: — 2 h'dia = 30 hsemana 2 — Limite de variação (redução) diária máximo absoluto
— 4º mês: — 2 dia = 30 hsemana
(em semana em que a duração do tempo de trabalho seja
inferior a 40h): até 2h — art. 205%3 —
— ]º semana: 60 h
4 — Limite da duração média do trabalho semanal no
— ?7º* semana: 52 h
período de referência: até 48h — art. 169º CT —
A aplicação deste regime de adaptabilidade esrupal
Exemplo 2: assim: prt = & bh dia : 40 h / semana. subsiste enquanto o número de trabalhadores abrangidos
Período de referência = 4 meses for igual ou superior ao correspondente à referida
— 1 mês: + 2 dia = 50 hsemana percentagem de 60% (art. 206º/1-b%).
— 2 mês: — 2 hedia = 30 hisemana
— 3º mês: + ] hdia = 45 hsemana O regime de adaptabilidade individual (Modelo 2) pode
ser aplicado ao conjunto dos trabalhadores de uma equipa,
— 4º mês: — ] dia = 35 Rsemana
secção ou unidade económica, mediante proposta do
empregador dirisida aos trabalhadores dessa estrutura que
Exemplo À:
2
seja aceite por, pelo menos, 75% dos respectivos
trabalhadores (art. 206º2), subsistindo a sua aplicação
— 1º semana: 50 h enquanto tal percentagem não for alterada por entrada ou
— 2º semana: 44 h saída de trabalhadores de tal estrutura (art. 206%3).
— 3º semana: 50 h
— 4º semana: 48 h 13.4.4. Excepções
de 48 horas num período de referência não superior a 12 trabalho suplementar é pura e simplesmente ilícito
(enunciados acima) e também não estão em causa os
meses (art. 228%4).
“mpedimentos pessoais” (que a seguir se enunciam);
O trabalho suplementar licito é de realização obrigatória b) é proibido o trabalho suplementar por menores (art.
a) pode ser dispensado da prestação de trabalho O Codigo do Trabalho estabelece limites temporais gerais
suplementar o trabalhador que o requeira invocando absolutos à duração do trabalho suplementar:
a) no caso de micro ou pequena empresa, 175h'ano; Quando o pn seja Organizado em resime de
no caso de média ou srande empresa, 150h/ano (art. adaptabilidade. nos periodos em que o trabalhador presta
228% 1-2) e b) — por irct, estes limites podem ser actividade no limite máximo de variação consentido — ver
estendidos até 200h/ano (art. 2282): "modelos", em 13.4.1 e 134.2, —, só pode ser-lhe exigida a
b) + 2 horas/dia normal de trabalho (art. 228º 1-d)): prestação de trabalho suplementar por motivo de força
c) um número de horas igual ao prt em dia normal de maior, sendo que em nenhum caso pode ser ultrapassada a
trabalho, nos dias de descanso semanal obrigatório ou média semanal de 48h (art. 204/15
complementar ou nos feriados (art. 228º 1-e):
di) um numero de horas igual a metade do pf em dia Exemplo: assim, se um trabalhador, que tem o pri
normal de trabalho, quando o trabalhador só goze de organizado com adaptabilidade por acordo individual — ver
meio dia de descanso semanal complementar e se em l34d2, — estiver, em dada semana do período de
pretende que preste trabalho suplementar nesse referência, a prestar 50h por semana e +2h de trabalho por
período (art. 228º/1-€): dia, não pode exigir-se-lhe que preste trabalho suplementar
para além destes limites, excepto por motivo de força
e) o recurso a trabalho suplementar de trabalhadores a
tempo parcial — ver trabalho 9 tempo parcial, em maior.
13.10, — está limitado a 80 horas por ano ou ao
numero de horas correspondente à proporção entre o 13.7.4. Remuneração por trabalho suplementar e
respectivo prt e o de trabalhador a tempo completo em descanso compensatório
situação comparavel (art. 228% 1-c)); mediante acordo Tratando-se de contrapartida do trabalho prestado fora do
escrito entre o frabalhador e o empregador, O horário de trabalho e em dias de descanso semanal e
irabalhador à tempo parcial pode ser chamado à feriados, só pode ser determinada a prestação de trabalho
prestar até 130hiano de trabalho suplementar; por suplementar com carácter pontual. muito condicionado e
iret, tal limite pode atingir as 200h/ano (art. 228%3). extraordinário. À remuneração do trabalho suplementar não
integra a retribuição, salvo quando tenha carácter habitual
e regular ou quando atinja um valor proporcional (também
com limites legais expressos) significativo, caso em que Por estatuição expressa legal, define-se período de
surge — na linha do critério geral — como contrapartida do descanso aquele que não seja tempo de trabalho (art. 199º).
trabalho. Tratamos agora dos varios “períodos de descanso”
instituídos.
A fixação do valor do acréscimo remuneratório por
trabalho suplementar é hoje deixada livremente à 13.8.1. Intervalos de descanso
contratação colectiva do trabalho. Nos demais casos, a lei Os intervalos de descanso de que aqui cuidamos são
fixa supletivamente acréscimos de: 25% pela primeira hora interrupções do pri diário que não contam como tempo de
ou fracção suplementar: 37,5% nas horas ou fracções trabalho — ver “interrupções;:pausas” que, pelo contrário,
subsequentes; 50% em dia de descanso ou feriado (art. contam como “tempo de trabalho, em 131]. — são
2681. correntemente designados “mntervalos para
almoço/refeição”.
O Código do Trabalho institui um período de descanso
compensatório do trabalho suplementar remunerado: A regra geral é simples: por cada 5 horas de trabalho
consecutivo, o trabalhador deve interromper o trabalho por
a) por prestação de trabalho suplementar impeditivo um período entre uma e duas horas (art. 2131).
do gozo de descanso diário: equivalente às horas de
descanso em falta, a gozar num dos três dias úteis Por irct, pode (art, 213º/2):
seguintes (art. 229%3):
b) por prestação de trabalho suplementar em dia de a) estender-se o período de trabalho consecutivo até 6
descanso semanal obrigatório: equivalente a um dia de horas (limite maximo absoluto, com excepções apenas
descanso, a gozar num dos três dias úteis seguintes para pessoal operacional em certas actividades como
(art. 229º/4). a vigilância , outras em que a laboração não possa ser
interrompida por motivos técnicos e cargos de
13.8. Períodos de descanso (descanso semanal, descanso administração, de direcção ou outras chefias com
diário, intervalos de descanso) autonomia funcional — art. 213º%5S);
b) aumentar-se, reduzir ou excluwr o intervalo de de acidente iminente (nestes casos, devera ser
descanso: assegurado descanso compensatório):
c) estabelecer-se diferentes intervalos de descanso e c) para actividades — como a de limpeza — em que os
com outra frequência. prt diários são fraccionados:
di para todo um conjunto de actividades
13.8.2. Descanso diário caracterizados pela necessidade de assegurar &
O período de descanso diário é o intervalo que decorre continuidade de serviço.
entre uma jornada de trabalho e o início da que
imediatamente lhe sucede; afinal. o lapso de tempo entre Recorde-se que a lei estabelece períodos de descanso
dois pnt diários consecutivos. diário mais longo para, por exemplo, menores (art. 78º).
a) se o trabalhador sozar dois dias de descanso Exemplo: assim, é admissível que, por irct ou contrato
semanal (obrigatório e complementar) continuados; individual, se estabeleça que um ou mais trabalhadores
b) para cargos de administração, de direcção ou gozem o dia de descanso obrigatório rotativamente em
outras chefias com autonomia funcional, quando diferentes dias da semana e o dia de descanso semanal
isentos de horário de trabalho: complementar também rotativamente em dias não
c) para actividades — como a de limpeza — em que os imediatamente sequentes ao dia de descanso obrigatório e
prt diários são fraccionados: em varias fracções: assim o dia descanso semanal
obrigatório pode ser sozado sucessivamente, de semana
di para jfodo um comunto de actividades
para semana, de Domingo a Sabado e, quando por exemplo
caracterizadas pela necessidade de assegurar à
o dia descanso obrigatório for gozado a um Domingo, pode
continuidade de serviço (dada a sua extensão, remete-
estabelecer-se que o dia de descanso semanal
se a consulta do elenco completo para o art. 233º%3-
c. complementar seja zozado à 3º feira à tarde e à 4º feira de
manhã.
Define-se como “trabalhador nocturno” aquele que
Quando o trabalho seja prestado por turnos, a mudança execute pelo menos três horas de trabalho (não
de turno sá pode verificar-se depois de gozado o dia de suplementar) nocturno em cada dia.
descanso semanal (art. 221º/4%.
13.9.2. Limites e excepções
13.9. Trabalho nocturno Grávidas, puérperas e lactantes — a trabalhadora «está
13.9.1. Qualificação dispensada de prestar trabalho entre as 20h e as 7h do dia
A lei deixa a definição de trabalho nocturno aos irct, desde seguinte (art. 60%1):
que (art. 293º):
a) num total de 112 dias antes e depois do parto:
a) qualifiquem sempre como tal aquele que é prestado b) durante o restante período de gravidez, se for
entre as O e as 5 horas: necessário para a sua saúde ou para a da criança,
b) não lhe fixzem cluração nem superior a 11h nem mediante apresentação de atestado médico com a
inferior a 'h antecedência de 10 dias (art. 60º/4):
c) durante o periodo de amamentação, se for
Exemplo: assim, nenhum irct pode deixar de desisnar necessario para a sua saúde ou para a da criança,
como nocturno o trabalho prestado entre as Oh e as 5h, mediante apresentação de atestado médico — ver em
nem pode atribuir ao período que identifique como 34.1.4).
trabalho nocturno uma duração nem inferior a sete horas
nem superior a onze horas. Menores — é proibido o trabalho nocturno de menores
Cart. 76º):
Nada sendo convencionado, é trabalho nocturno o que
for prestado entre as 22h de um dia e as 7h do dia seguinte à) com menos de 16 anos de idade, entre as 20h e as
(art. 223%). Th do dia seguinte;
b) com 16 ou mais anos de idade, entre as 22h e as 7h
do dia seguinte (com excepções — ver art. 76º/3 e /4):
c) mesmo quando previsto em irct e mesmo que
tenham perfeito 16 anos de idade, entre as 0h e as 5h. a) a redução equivalente do periodo normal de
trabalho:
Excepcionalmente, desde que previsto em irci, o menor bi) desde que mais favorável aos trabalhadores, o
com idade imual ou superior a 16 anos pode prestar aumento fixo da retribuição base.
trabalho nocturno que se justifique por motivos objectivos,
em actividades de natureza cultural ou artistica, desde que Salvo previsão em irct, não existe compensação
goze período equivalente de descanso compensatório (art. especial para o trabalho nocturno quando (art. 266%3):
76º/3-b)).
a) prestado em actividades que sejam exercidas
Trabalhadores com doença crónica ou deficiência — exclusiva ou predominantemente no período nocturno,
estão dispensados de prestar trabalho nocturno entre as 20h como em certos espectáculos e outras diversões
e as 'h do dia seszuinte, se este puder prejudicar a sua públicas ou certas actividades de guarda e vigilância:
saúde ou segurança no trabalho (art. 87º/1-b%). b) prestado em actividades que, por força de lei ou
pela sua natureza, devam necessariamente estar
13.9.3. Remuneração disponíveis ao público em periogdo nocturno (a lei
O Código do Trabalho confere direito a remuneração por especifica as actividades em farmácias,
trabalho nocturno correspondente a um acréscimo de 25% estabelecimentos de restauração e bebidas. hoteleiros e
sobre o valor da remuneração por trabalho prestado durante outros de indole turística, a que acrescentariamos
o dia (art. 266). certos serviços de emergência médica), nos períodos
de serviço ao público:
A lei consente que, por irctf, se estabeleça uma de duas c) para todos os casos em que logo na fixação
alternativas a esta compensação do trabalho nocturno (art. convencional da reiriouição foi expressamente
266%/2): considerado o facto de dever ser prestado em periodo
nocturno (como em actividades de limpeza e de
manutenção de certos equipamentos).
profissionait do trabalhador em pretensa situação
13.10. Trabalho a tempo parcial comparavel
13.10.1. Noções
À lei desiona trabalho a tempo parcial (por vezes dito em Exemplo: assim, se naquele ou em idêntico
“part-time ) o que corresponda a um período de trabalho, estabelecimento da empresa daquele empregador não
prestado em todos ou apenas em alguns dias da semana, existir outro trabalhador que preste o mesmo ou idêntico
que seja igual ou inferior ao praticado a tempo completo tipo de actividade com a mesma categoria-estatuto e
numa situação comparável. antiguidade e qualificação técnica assimiláveis, o elemento
de aferição — para a determinação da “situação a tempo
E considerado “trabalhador a tempo completo numa completo comparável” — sera o que resultar estabelecido
situação comparável” o que preste o mesmo ou idêntico para todos os trabalhadores com a mesma categsoria-
tipo de trabalho: estatuto no irct aplicável, incluindo a retribuição base e
prestações remuneratórias complementares.
a) no mesmo estabelecimento (art. 150º/4): ou
183.10.2. Princípios e regras gerais
b) noutro estabelecimento da mesmo empresa e com a
mesma actividade (art. 150º%4); ou A regulação do regime do trabalho a tempo parcial pode
ser deixada aos instrumentos de regulamentação colectiva
c) considerando o fixado em irct ou na lei para
do trabalho (irct), sezundo alsuns principios e regras de
irabalhador com a mesma categoria-estatuto e
enquadramento.
antiguidade e qualificação técnica assimiláveis (art.
150%55;
Os irct — que já resulem ou venham a regular a
d) segundo outros criterios fixados em irct (ant.
prestação do trabalho a tempo parcial — não podem excluir
150%5),
a liberdade de celebração de contratos individuais de
irabalho neste regime (art. 1519.
Tudo isto sempre tendo em conta como critério de
comparação a antiguidade e à qualificação técnica e
Por outro lado, o3 trabalhadores a tempo parcial não O trabalhador a tempo parcial deve, por exemplo.
poderão ter um tratamento menos favorável do que o auferir retribuição base (e, bem assim, a generalidade das
previsto para “trabalhadores a tempo completo em situação demais prestações retributivas correlafivas que sejam
comparável” (art. 154º%2). salvo: contrapartida do seu trabalho) em valor proporcional ao
seu período de trabalho semana! relativamente ao de
a) no que respeita a condições de irabalho que sejam trabalhador a tempo completo em situação comparável (ar.
inerentes à prestação de trabalho a tempo completo 154º3-a2)). O cálculo da proporção referida obriga à
(por exemplo e como é natural. a remuneração base e determinação do valor! hora da retribuição a tempo
certas prestações retributivas complementares fixadas completo em situação comparável — ver valor da
para a prestação a tempo completo): retribuição hora em 17. 1.1.
b) as diferenças de iratamento que sejam justificadas A lei ressalva expressamente a determinação do valor
por “razões objectivas * (ligadas à duração do trabalho do subsidio de refeição, eventualmente devido aos
prestado), que só serão atendiveis se fixadas em irct, trabalhadores a tempo parcial. que deve ser pago por
inteiro, excepto se a duração diária do trabalho prestado a
13.10.3. Forma e menções obrigatórias no contrato tempo parcial for inferior a 5 horas, caso em que o valor
O contrato de trabalho que consagre a prestação de desta prestação pecuniária será calculado de acordo com a
trabalho a tempo parcial deve ser reduzido a escrito e dele resta de proporcionalicade aplicável às restantes (art.
deve constar menção do período e horário de irabalho. 154º/3-b)).
13.10.4. Direitos e deveres em regime de tempo parcial Por outro lado, o trabalhador a tempo parcial é titular
O trabalho a tempo parcial deve também obedecer aos dos direitos e deveres, que não estejam ligados à duração
férias no ano da contratação e no ano da cessação e as de duração do contrato, não por cada mês de
férias nos contratos de curta duração) prestação efectiva ae trabaiho [partilhamos a opinião
segundo a qual, pelo menos nos contratos que durem
O direito a férias adquire-se com a celebração do contrato:
para além do fim do ano civil. os “meses de duração
o trabalho prestado é, logo desde o início de execução do
do contrato” relevantes para a contagem dos dias de
contrato, facto gerador do direito a férias: tudo se passo
férias no ano da admissão são os que decorram até ao
como se, desde o momento em que inicia à execucão do
fim do ano civil]:
seu contrato de trabalho, o trabalhador começasse e
“capitalizar” dias de férias. b) o cálculo de dias de férias em aplicação da regra da
alinea anterior não pode resuitar no gozo de mais de
20 dias úteis de férias no ano da contratação (art.
Jã que se reporta ao trabalho prestado no ano civil
FIPE
anterior. o direito a férias vence-se (pode ser exigido o seu
c) o direito ao gozo destes dias de férias, adquirido no
exercício! gozo ) em 1 de Janeiro de cada ano civil
ano da contratação, vence-se 56 apos seis meses de
subsequente ao do periodo (ano) de trabalho a que respeita
execução do contrato (art. 2391):
(art. 237%/1). Esta regra comporta excepções que tratamos
de seguida: d) se os seis meses de execução do contrato, a que
refere a alinea anterior e de que depende o vencimento
do direito para gozo de férias, se completarem apenas
14.2.1. Férias no ano da admissão do trabalhador
no ano civil subsequente ao da contratação do
No ano da sua admissão, na lógica da regra antes
trabalhador (o que aconteceri com todos os
enunciada (ver em 14,1.) o trabalhador não deveria ter
trabalhadores que iniciem o seu contrato n5 sesundo
direito a férias. Excepcionalmente, porém:
semestre do ano civil), este podera cumular o gozo
clesses dias de férias (reportadas ao ano da contratação
= 2 dias úteis x meses de duração do contrato) com as
que vencem (segundo a resra geral = minimo de 22 vencimento das férias — que só deveria ocorrer em 1 de
dias úteis de férias) em 1] de Janeiro do ano Janeiro do ano subsequente — para a data da extinção do
subsequente ao da suga admissão; 18to, desde que (art. contrato. Assim. neste caso:
FIV II
1) goze as férias respeitantes ao ano da admissão a) se o trabalhador. à data da cessação do contrato,
até 30 de Junho do ano civil subsequente: ainda não tiver gozado férias nesse ano ou recebido
11) a adição dos dias de férias acumuladas não as remunerações correspondentes (respeitantes ao
represente o sozo de mais de 30 dias úteis de trabalho prestado no ano civil anterior):
férias nesse ano civil, admitindo-se disposição 1) ser-lhe-á devida a retribuição correspondente ao
diferente em irctf (art. 239º/3) período de férias não gozadas, acrescido do
montante devido a titulo de subsidio de férias (art.
Exemplo: assim, o trabalhador que inicie o seu contrato 245º 1-a);
em | de Outubro de 2012. e que terá direito a gozar férias UU) e a este valor acrescerá remuneração (por
pelo trabalho prestado nesse ano (2 dias úteis x 3 meses de férias + subsidio de férias) proporcional ao tempo
duração do contrato em 2012 = 6 dias úteis de férias), não de serviço prestado no ano da cessação do
poderá reclamar o gozo desses dias de férias logo em 1 de contrato (art. 245%/1-b7) (trata-se de
Janeiro de 2013, mas só a partir de 1 de Abril desse ano férias, remunerações que normalmente só gozaria
(após seis meses de execução do contrato): juntará esses a partir de 1 de Janeiro do ano civil subsequente
dias de férias aos (minimo) 22? dias úteis de férias que se o contrato não tivesse entretanto cessado, que
sempre adquiriria, nos termos serais, em 1-1-2013 pelo neste caso começou a “capitalizar em 1 de
trabalho prestado em 2012.
Janeiro do ano da cessação do contrato e que se
vencem por antecipação no momento da extinção
do contrato de trabalho»;
14.2.2. Férias em caso de cessação do contrato
b) se o trabalhador já tiver gozado férias nesse ano ou
No ano da cessação do contrato, e seja qual for o motivo
já tiver recebido às remunerações correspondentes —
desta (despedimento, caducidade, rescisão pelo
respeitantes ao trabalho prestado no ano civil anterior
trabalhador), tudo se passa como se se antecipasse o
—, apenas tera direito a receber a remuneração (por lei estatui que, salvo outro acordo das partes, o gozo das
férias + subsidio de férias) proporcional ao tempo de férias deve ocorrer no momento imediatamente anterior ao
serviço prestado no ano da cessação do contrato da cessação do contrato (art. 2395)
Exemplo: assim, se o trabalhador cessar o contrato em Exemplo: assim, se se estipular que o contrato durará
30 de Junho de 2015 e não tiver gozado férias ou recebido por cinco meses, serão de férias os últimos dez dias da sua
qualquer remuneração correspondente nesse ano, terá execução.
direito a receber a retribuição pelo mês de férias não
gozado e o respectivo subsidio de férias (relativamente ao 14.2.4. Férias em caso de suspensão do contrato por
trabalho prestado em 2014) acrescidos de 612 impedimento prolonsado
(proporcional aào tempo de serviço prestado no ano da
Em caso de suspensão do contrato por impedimento
cessação do contrato) da sua retribuição por férias + 6/12 prolongado do trabalhador (por exemplo, doença por mais
da remuneração por subsidio de férias. de um mês):
de férias, nos termos gerais, pelo trabalho prestado em como verdadeira. justifica-se pela conjugação de premissas
2014 — note-se que esta “duplicação* de férias pelo que combinam «duas regras legais excepcionais e um
trabalho prestado em 2014, sendo real, resulta do facto de contrato de trabalho com curta duração, mas superior a um
os 20 dias de férias que gozou em 2014 não respeitarem a ano que vigora em dois anos civis (sendo indiferente, visto
trabalho prestado no ano anterior (em que o contrato não que durou mais de 6 meses, que tenha sido celebrado com
ou sem termo).
Já se o contrato (com ou sem termo) tiver durado menos
de doze meses (e mais do que seis meses, considerado a à) que as férias deverão ser marcadas entre 1 de Maio
reora especial acima apontada como aplicável à estes), o e 31 de Outubro, salvo parecer favorável dos
Código introduz disposição correctiva da desproporção representantes dos trabalhadores ou outra estipulação
entre o período de férias e o serviço prestado: neste caso, em irct (esta regra não se aplica às microempresas —
da aplicação das regras supramencionadas não pode art. 241º3)
resultar um período de férias superior ao proporcional à b) caso as várias pretensões manifestadas impliquem
duração do vinculo (art. 245º%3). sobreposição (inconveniente para a empresa) dos
períodos de férias de vários trabalhadores, o gozo das
14.3. Duração do período de férias férias deve ratear-se. beneficiando alternadamente os
trabalhadores em função dos períodos gozados nos
O trabalhador tem direito a um periodo de férias com
dois anos anteriores (art. 241º/6):
duração minima de 22 dias úteis (art. 238º%1).
c) devem conciliar-se, salvo prejuizo sério para à
Nos casos em que as faltas determinem perda de
empresa, o5 períodos de férias de cônjuges (ou dos
retribuição, o trabalhador pode optar, mediante declaração
que vivam em condições analogas ou em economia
expressa dirigida ao empregador. por prescindir de dias de
comum) que trabalham na mesma empresa (art.
férias (um dia de férias por cada falta), desde que
24%TE
salvagsuardado o gozo de 20 dias úteis de férias (o gozo de,
di) a marcação de férias interpoladas é consentida,
pelo menos, 20 dias úteis de férias em cada ano civil é
desde que respeite o szozo de, pelo menos, 10 dias
irrenunciável) (art. 257º/1-2) e 23895).
úteis de férias consecutivos (art. 2418).
o cancelamento de reservas de viagem ou alojamento. Por acordo entre empregador e trabalhador, pode ainda
cumular-se o gozo, no mesmo ano, de metade do periodo
Se o trabalhador estiver (ou ficar) temporariamente de férias vencido no ano anterior com o vencido no início
impedido do gozo das férias por doença — sujeita a desse ano.
prestação de prova — ou outro facto que lhe não seja Exemplo: assim. por acordo, o trabalhador pode sozar:
imputavel, o sozo das férias não se inicia ou suspende-se,
desde que o impedimento seja comunicado ao empregador a) as férias de 2014 até 30 de Abril de 2015, em
(art. 244 cúmulo ou não com as férias de 2015 que podem ser
gozadas ao longo de todo o ano de 2015;
Exemplo: assim, não esquecendo que as férias se b) metade do periodo de férias de 2014 em qualquer
destinam à “recuperação física e psiquica do trabalhador”, momento de 2015 em cúmulo com as férias de 2015.
o trabalhador que adoeça ou que sofra um acidente que não
causou durante as férias não vê contado como tempo de 14.6. Férias em caso de encerramento do
férias o periodo da doença (note-se que é necessário que o estabelecimento da empresa
impedimento, embora lisado ao trabalhador, não lhe seja
No caso de o empregador encerrar o estabelecimento da
imputavel). empresa, pode impor o gozo — de parte ou da totalidade —
das férias aos trabalhadores em período cotmcidente com
14.5. Cúmulo de férias esse encerramento, nos seguintes termos (art. 242º):
Pode cumular-se o gozo de férias vencidas num ano com
férias de (10 máximo um) ano civil anterior (art. 240º), a) por um período de até 15 dias consecutivos, desde
desde que as férias de ano anterior sejam gozadas até 30 de que esse encerramento ocorra entre 1 de Maio e 31 de
Outubro:
b) por periodo superior a 15 dias consecutivos ou fora A retribuição por férias é idêntica à que o trabalhador
do período compreendido entre 1 de Maio e 31 de auferiria se estivesse em serviço efectivo (art. 264%/1). Não
Outubro, desde que esteja previsto em irc ou mnclu as prestações que não tenham carácter retributivo —
mediante parecer favorável dos representantes dos ver em 1/.). —, como veremos não terem, em regra, os
trabalhadores — este encerramento do estabelecimento subsídios de refeição Ou de transporte ou de
da empresa “para férias dos trabalhadores” deve ser representação, as ajudas de custo ou ouíros abonos ou
informado aos trabalhadores abrangidos até 15 de gratificações (salvo se expressamente previstos como
Dezembro do ano civil anterior; retributivos — ver em 17.3.7. e 17,5.4.), bem como prémios
c) por periodo superior a 15 dias consecutivos, entre | de assiduídade ou mérito. Ja incluirá os valores das
de Maio e 31 de Outubro, quando a natureza da divturnidades, assim como outras prestações realizadas
actividade (tipo de actividade e interesse objectivo da regularmente, ainda que não integrantes da retribuição
empresa) assim o exigir; base. como as realizadas em pagamento de trabalho
1) as (outras) que por lei forem como tal qualificadas. comprovativo do motivo invocado — fazer noval(s)
comunicação(ões) reiteradamente a partir do 3º dia em que
falte.
16.3. Faltas justificadas — comunicação prévia da falta
As faltas previsiveis devem sempre ser objecto de
O incumprimento desta obrização do trabalhador
comunicação prévia ao empregador com antecedência
determina que a sua falta seja injustificada (art. 2535) 16
minima de cinco dias (art. 253º1). Se a falta for de todo
em todo imprevisível, o trabalhador devera tambem sempre
comunicar ao empregador logo que possivel (pessoalmente 16.4. Faltas justificadas — justificação e prova
OU à Seu fogo por outrem, o mais cedo possível) o periodo Quando requerido pela entidade empregadora, deve o
em que prevê faltar. Esta comunicação é independente da trabalhador apresentar documento justificativo da falta, nos
de justificação da falta e destina-se a inteirar o empregador 15 dias subsequentes à comunicação ou comunicações
da ausência (projectada ou já consumada) para que este referidas em 16.3. (art. 254º).
tome as medidas de gestão que tal imponha
(nomeadamente a contratação temporária de um O empregador pode, nos 15 dias seguintes à
substituto). comunicação referida no artizo anterior, exigir ao
trabalhador prova dos factos invocados para a justificação
Estas comunicações são independentes da entrega de (art. 254/17). São os seguintes os termos da justificação nas
comprovativo da justificação da falta — referida em 16.4. —, “faltas por doença”:
devendo ser feita reiteradamente para as faltas justificadas
imediatamente subsequentes às que forem objecto de a) a prova da swWuação de doença é feita por
comunicação anterior (art. 253º%4) estabelecimento hospitalar, por declaração do centro
de saúde ou por atestado médico (art. 254º/2);
b) a situação de doença pode ser fiscalizada, mediante As faltas justificadas não determinam, em regra, prejuizo
requerimento do empregador dirizsido à segurança ou perda de quaisquer direitos do trabalhador. Prevêem-se
social (Comissão de verificação de incapacidade excepções (art 255º%2), ja que determinam a perda de
temporária) (art. 17º da Lei nº 15/2009. de 14-99: retribuição as seguintes faltas ainda que justificadas:
C) caso a segurança social informe da impossibilidade
de realizar a verificação (ou 48h após o requerimento a) por motivo de doença, desde que o trabalhador
do empregador sem resposta), o empregador pode beneficie de um regime de segurança social de
designar um medico, com o qual não tenha tido protecção na doença;
vinculo contratual anterior, para o efeito da verificação b) por motivo de acidente no trabalho, desãe que o
da situação de doença do trabalhador (art. 18º da Lei trabalhador tenha direito a qualquer subsidio ou
nº 15/2009, de 14-90; seguro;
di) em caso de desacordo entre os pareceres médicos c) outras previstas em lei especial e que não façam
referidos nas alineas anteriores, pode ser requerida a parte do elenco de 16.2., quando superiores a 30 dias
intervenção de comissão de reavaliação (junta médica) por ano;
(art. 19º da Lei nº 15/2009, de 14-9),
d) as autorizadas ou aprovados pelo empregador
e) ocorra oposição, sem motivo afendivel, d As faltas injustificadas têm efeito no direito a férias nos
fiscalização do motivo justificativo, conforme referido estritos termos seguintes: nos casos em que as faltas
em 16,4, determinem perda de retribuição, o trabalhador pode optar
por prescindir de dias de férias (um dia de férias por cada
falta). desde que salvaguardado o sozo de 20 dias úteis de
16.7. Faltas injustificadas — efeitos gerais
férias (o gozo de, pelo menos, 20 dias úteis de férias em
As faltas injustificadas constituem violação do dever de cada ano civil é irrenunciável) (art. 257º1-2))
assiduidade (para efeitos disciplinares) e (art. 2569:
17.5.7. Remuneração de ajudas de custo, abono de O mesmo regime e pressupostos se aplicam ao abono de
viagem e subsídio de refeição falhas e subsídio de refeição, na medida em que excedam
As subvenções normalmente atribuídas como gbonos de ou não o custo/despesa do trabalhador de que pretendem
contratação, o motorista adquire a carteira profissional É Os direitos à reiribuição e os relativos à calegoria, ao tempo de
que lhe faltava), o contrato considera-se válido desde irabaiho e de repouso e ao local de irabalho serão objecto de tratamento
autónomo (17., 10 e 13. e 11).
o início (art. 125º%1): excepto se se tratar de contrato
com objecto ou fim ilícitos, caso em que o contrato só ? Pode encontrar-se Minuta de Declaração de conficiência é não
produz efeitos desde o momento da sanação do vicio concorrência no Anexo 1).
? Tratamos aqui da “cedência ocasional de irabalhadores . A matéria 1º Decreto-lei nº EG/05, de 6-5, sucessivamente alterado até à Lei nº
costuma ser versada a propósito do que se designam “vicissitudes 110/2009, de 16-9.
contratuais”. No entanto, a proximidade dos problemas aqui colocados
1º Pode consulta-se Minuta sobre Comunicação para cessação de
com o: que, por exemplo, são suscitados pela pluralidade de
coniraio à termo no Anexo 4).
empregadores aconselhou-nos esta inserção sistemática.
1º Pode consultar-se Minutas de Comunicação de renovação de contrato
? Tratamos aqui a matéria do trabalho temporário por consideramos que,
à termo por período diferente no Anexo 5).
ante: de mais, releva de um dos maiz importantes aspectos da prestação
para o trabalhador: o sujeito em bensfício de quem deve trabalhar. 1 Na data em que se publica esta obra, anuncia-se a reintrodução, em
2016, dos feriadoz de 5 de Outubro e 1 de Dezembro, prevendo-se a
* Esta matéria está regulada pelo Decreto-lei nº 260/2009, de 25-9,
proposta pela Igreja Católica da reintrodução dos feriados do Corpo de
alterado pela Lei nº 5/2014, de 12-23.
Deus e 1 de Novembro.
Esta matéria está regulada no CT e pelo Decreto-lei nº 260/2009, de 25-
1º Pode consultar-se Minutas de Comunicação de falta nos Anexos 6) e
9, alterado pela Lei nº 5/2014, de 12-2.
7), de Justificação de falta no Anexo 8) e de Injusitificação de falia no
Í Tratamos aqui esta matéria por a vicissitude a que refere relevar também Anexo 9).
quanto à determinação da pessoa do empregsador.
A lei é estrita quanto aos fundamentos da redução ou da
suspensão.
19.2. Motivos
A redução de períodos de trabalho ou a suspensão de
IV. Redução e Suspensão do Contrato de
contratos de trabalho pode ter uma das seguintes causas:
Trabalho. O Lay-Off
* motivo ligado ao trabalhador;
19. Suspensão do contrato de trabalho — noção, F* encerramento (ou redução da actividade) da
modalidades e principais efeitos — em geral empresa ou estabelecimento por facto imputávei ao
19.1. Noção empregador ou motivo do interesse deste:
* não podendo ser superior a 6 meses: Sendo, pois, sindicável. consente-se que, além da
* em caso de catástrofe ou outra ocorrência que tenha abertura de processo de contra-ordenação, se admita a
afectado gravemente a actividade normal da empresa, imposição da cessação da medida de redução ou
pode estender-se a 1 ano; suspensão, quando se manifeste a irregularidade do recurso
a esta.
* a duração (6 meses ou 1 ano) pode ser prorrogada
até ao maximo de seis meses, desde que comunicada
por escrito e fundamentada qunto da estrutura 21.7. Direitos do trabalhador
representativa dos trabalhadores. Em caso de redução de períodos de trabalho ou de
suspensão de contratos de trabalho, em situação de crise
22.6. Acompanhamento e fiscalização empresarial. por iniciativa do empregador, o trabalhador
tem direito:
Cabe o acompanhamento destas medidas às estruturas
representativas dos trabalhadores, a quem o empregador
deve manter informados trimestralmente (art. 3071). a) a receber a compensação retributiva nos termos
referidos infra (ver em 22.9.)
A fiscalização desta medida é atribuição dos serviços b) a manter as regalias sociais ou prestações da
competentes do ministério responsavel pela área laboral, Segurança Social calculadas na base da retribuição
por iniciativa própria ou a requerimento de qualquer dos normal (retribuição base diuturnidades, todas às
interessados, para verificação de (art. 307%2%: prestações regulares e periódicas inerentes à prestação
de trabalho):
c) a exercer actividade remunerada fora da empresa:
d) à marcação e gsozo de férias, com direito ao Durante o periodo de redução ou suspensão (e nos 30
subsidio de férias devido em condições normais de ou 60 dias subsequentes. consoante a medida tenha durado
trabalho (art. 306º/1 e /2): até ou mais de seis meses), o empregador não pode
e) ao subsidio de Natal por inteiro (paso pela despedir os trabalhadores abransidos. Não está, porém,
excluída a cessação de contratos de trabalho por: à)
Segurança Social em montante correspondente a
metade da compensação retributiva e o restante pelo cessação da comissão de serviço — ver em 10,54: b)
A própria ideia de causa justa (para despedi), O regime da cessação do contrato de trabalho é szeralmente
cristalizada entre 1975 e 1989 — talvez mesmo injuntivo, não admitindo estipulação convencional diversa,
“constitucionalizada”. como mdiciam sucessivas ainda que mais favorável ao trabalhador (art. 339º/1). As
declarações de inconstitucionalidade que feriram outras poucas excepções a esta resta verificam-se quanto a (art.
tantas tentativas de revisão da lei ordinária (Decreto-lei nº 3II9%/L erro):
372-A/75, de 16 de Julho e lesislação complementar) —,
esteve intimamente ligada, no que à rescisão pelo F valores e critérios de definição da indemnização:
empregador respeitava. a infracções de ordem disciplinar
* prazos do procedimento e aviso prévio em processo 218.1. Noção
de despedimento, À caducidade de um direito (ou, no caso da situação
laboral. de um complexo de direitos e deveres que
cujos regimes legais só podem ser afastados por vinculam bilateralmente os sujeitos) verifica-se quando a
disposições contidas em irct e não também por clausulas de própria lei determina a sua extinção pela verificação de um
contrato individual de trabalho — ver regras de hierarquia determinado facto a que liga esse efeito.
das fontes de Direito do Irabaiho, em 2.1.
30 dias após o conhecimento (pelo trabalhador e pelo completar '0 anos de idade:
empregador) da “passagem à reforma*. b) se o trabalhador se reformar e continuar ao serviço
30 dias após a reforma, o seu contrato converte-se em
Se o trabalhador continuar ao serviço mais do que 30 contrato sem termo por 6 meses renováveis:
dias após o conhecimento (por ambas as partes) da sua c) se o trabalhador que não se tenha reformado
situação de reformado, ou se. não tendo requerido à perfizer 70 anos de idade. o seu contrato converte-se
reforma quando completou a idade legal, atingir os 70 anos sempre em contrato a termo por 6 meses renovável.
de idade com manutenção da vigência do seu contrato, este
converte-se. por feito da própria lei, em contrato de 18.4. Caducidade por verificação do termo (remissão)
trabalho a termo certo, mas com um regime especial (art. Como anunciámos, esta matéria é tratada em 12.2.8.. a
3481 e /3). propósito da contratação a termo.
Este contrato não carece de redução a escrito (os
elementos do contrato, excepto o termo, são os que 219, Revogação por acordo dos sujeitos
vigoravam até essa data). O prazo de vigência é de seis À cessação do contrato por acordo revogatório não exige e
meses. renovavel sem os limites de renovação ou de desaconselha a invocação de qualquer motivo (deve, pura e
duração impostos para os demais contratos a termo. O simplesmente, omitir-se a invocação de “razões” para o
aviso prévio para denúncia no termo de cada periodo (de 6 acordo revogatório).
meses) de duração é de 60 dias, se a iniciativa for do
empregador e de 15 dias, se partir do trabalhador (art. Dispensa também qualquer pré-aviso (pode ocorrer a
348%). todo o tempo, durante ou após o periodo experimental, em
Assim: contratos a termo ou por tempo indeterminado).
consequência aa cessação ou exigíveis em viriude
À cessação por mútuo acordo também não obrisa ao desta.
pagamento de qualquer indemnização ou compensação
minima por qualquer das partes à outra, excepto o que E — aconselha a experiência — nada mais se deve ali
resulta dos efeitos da cessação do contrato no direito a acrescentar.
Sérias — ver férias, no Capitulo IIT, em 14. — e quanto à
antecipação do vencimento de quantia proporcional ao O Código do Trabalho mantém a regra segundo a qual o
subsidio de Natal — ver subsidio de Natal, em 17.3.2. =. e acordo de cessação que aqui focamos pode ser revogado,
que. de qualquer modo, sempre seriam créditos retributivos quando o trabalhador “se arrependa” da sua outorga (art.
no momento da cessação qualquer que fosse o motivo. 350º. A revogação deve ser feita por carta registada com
aviso de recepção enviada ao empregador até ao 7º dia
O acordo de revogação do contrato deve (art. 349º: seguinte à data da sua celebração e só é eficaz se o
trabalhador devolver intesralmente qualquer montante
a) constar de documento escrito e datado, assinado em compensatório (ou outro) que eventualmente lhe tenha sido
duplicado por ambas as partes, com identificação atribuido em consequência da cessação do contrato. Tal
destas e da data de celebração do contrato que se direito, “de arrependimento” ou “de retractação*” do
I6VOZa; trabalhador. só pode ser afastado se as assinaturas, no
b) conter declaração expressa da vontade reciproca de acordo revogatório, forem reconhecidas presencialmente
fazer cessar o contrato por mútuo acordo: por entidade competente.
Cumpre notar que o direito de desencadear Por outro lado, só 05 factos aduzidos como fundamento
procedimento disciplinar prescreve um ano após a prática do processo na nota de culpa podem também fundamentar
a (eventual) decisão de despedirou ser usados em
contestação a (eventualy impugração judicial do
despedimento pelo trabalhador (arts. 35/94 e 387%3). Na 31.2.6. Resposta do trabalhador
nota de culpa é, assim, logo fixada como inalteravel a O trabalhador dispõe de 10 dias úteis, contados da
matéria de facto decisória. recepção da notificação da nota de culpa, para responder
por escrito, querendo (art. 355º.
31.2.4. Comunicação e nota de culpa (3)
Nas empresas com mais de 10 trabalhadores, devem ser 31.2.7. Remessa de cópia do processo à entidade que
também enviadas à comissão de trabalhadores (existindo) e tenha competência na área de isualdade de
à associação sindical (se o trabalhador for representante oportunidades de homens e mulheres
sindical) cópia daquela comunicação e da nota de culpa E obrigatória a remessa à (hoje) Comissão para Igualdade
(arts. 353º/2 e 3581), no Irabalho e no Emprego do procedimento disciplinar
relativo a trabalhadoras gravidas, puérperas ou lactantes ou
31.2.5. Suspensão preventiva do trabalhador a trabalhadores no gozo de licença parental inicial (art.
bb”) o trabalhador optar por indemnização de sentença, se for proferida antes da verificação do
valor correspondente a, no minimo, entre 15 e 45 termo;
dias de retribuição base e diuturnidades por cada b) confere ao trabalhador o direito à reintegração, se a
ano ou fracção de antisuidade (antiguidade na ilicitude for declarada antes do termo do contrato.
empresa, desde a data do início do contrato até à
data da sentença), no minimo de três meses (art. 32. Acção disciplinar em geral
SO): Toda a acção com vista à aplicação de sanções
c) o despedimento ilicito de grávidas. puérperas ou disciplinares (repreensão, repreensão registado, sanção
lactantes impede a entidade empregadora, que, nos pecuniária, perda de dias de férias, suspensão do trabaiho
dois anos anteriores, se tenha candidatado a subsídios com perda de retribuição e desconto na antiguidade — art.
ou subvenções públicos, de ser beneficiária dos 328%1) deve obedecer, nomeadamente, às seguintes
mesmos (art. 1º Lei nº 133/2015, de 7-9). regras:
A mera irresularidade procedimental por omissão de a) a acção deve iniciar-se nos 60 dias subsequentes ao
dilizências probatórias reduz para metade a indemnização conhecimento da infracção (ver em 37/.2.1, e 31.2.2,.,
referida em b *) (art. 389º/2). regras sobre prescrição do procedimento):
b) é obrigatória a audição prévia do trabalhador, que
31.3.5. Efeitos da ilicitude do despedimento nos também tem direito de reclamação para o superior
contratos a termo (2) hierárquico do autuante (art. 329%6 e /7):
c) deve observar-se a proporcionalidade, a coerência e trabalhadores (caso se trate de média ou grande
a igualdade relativa na aplicação de sanções, não empresa) (art. 359º%1):
podendo ser exercida acção disciplinar como reacção à b) fundar-se: no encerramento definitivo da empresa
desobediência legitima ou ao exercicio legitimo de ou de uma ou várias secções: ou na (imperativa)
direitos pelo trabalhador (art. 330º/1 e 331º/1-2) e b)): reciução de pessoal por motivos estruturais, de
d) as sanções pecuniárias por infracções praticadas no mercado ou tecnológicos — sobre a noção de “motivos
mesmo dia não podem exceder 1/3 da retribuição de mercado”, de “motivos estruturais e de “motivos
diária ou a retribuição correspondente a 30 dias num tecnológicos”, ver art. 359º e em 22, 7,.
ano civil (art. 328%3-a)):
e) a perda de dias de férias deve salvaguardar o gozo 33.2. Procedimento e efeitos
de 20 dias úteis de férias (art. 328º3-b)): 33.2.1. Comunicações
f) a suspensão do trabalho não pode exceder 30 dias O despedimento colectivo inicia-se com comunicação
por cada infracção nem 90 dias num ano civil (art. escrita pelo empregador à comissão de trabalhadores (na
328%3-0)). falta desta, à comissão sindical na empresa, na falta de
ambas, a cada um dos trabalhadores abrangidos), com
33. Despedimento colectivo cópia aos serviços competentes do ministério responsável
Nota: Dada a sua extrema complexidade, não devem pela área laboral (art. 360º%1, /3 e /5), mencionando (art.
empreender-se estes procedimentos sem recurso a jurista 360%2):
especialista.
a) os motivos do despedimento;
33.1. Pressupostos e fundamentos bh) quadro de pessoal da empresa (completo e
São pressuposto e fundamento do despedimento colectivo: discriminado por sectores organizacionais):
c) critérios de escolha e número dos trabalhadores
a) abranger, simultânea ou sucessivamente no periodo abrangidos pelo despedimento:
de 3 meses, pelo menos 2 (caso se trate de d) duração do processo;
microempresa ou de pequena empresa) ou 5
e) caso seja atribuída aos trabalhadores abrangidos
qualquer compensação (facultativa), para além da que Nos termos da lei, o parecer desta é obrigatório, sob
é devida por lei — ver compensação em 33.2... e pena de invalidade do despedimento. Se o parecer for
33.2.6, —, deverá ser indicado o critério ( metodo de desfavorável, este só pode ser efectuado pelo empregador
cálculo ) que preside a essa atribuição. após acção judicial que reconheça a existência de motivo
justificativo.
33.2.2. Fase de informação, negociação e consulta
A realizar durante 10 dias junto das estruturas 33.21.4. Decisão
representativas dos trabalhadores, ainda que constituídas Se faltar o acordo até 15 dias após a comunicação escrita
ad hoc, com participação dos serviços competentes do acima referida, o empregador deve comunicar aos
ministério responsavel pela area laboral. Visa-se adoptar trabalhadores abrangidos (e aos serviços competentes do
uma das seguintes medidas alternativas: suspensão do ministério responsável pela área laboral) a decisão de
contrato — ver em 19.: redução dos periodos normais de despedimento colectivo, fundamentando-a, indicando a
trabalho — ver em 24: reconversão e qualificação data da cessação do contrato e fixando o valor da
profissional; reformas antecipados ou pré-reforma — ver compensação a pagar e outros créditos, e disponibilizar o
pre-reforma em 25. (art. 361º). seu pagamento (art. 363º/1).
33.2.3. Remessa de cópia do processo à entidade que 33.21.5. Efeitos do despedimento colectivo — aviso prévio,
tenha competência na área de icualdade de crédito de horas e compensação
oportunidades de homens e mulheres Se o despedimento colectivo for ilícito (por falta das
No caso de despedimento de trabalhadora grávida, comunicações ou negociações exigíveis, por
puérpera ou lactante ou de trabalhador no gozo de licença incumprimento de prazos procedimentais ou por
parental inicial, é obrigatória a remessa do processo à indisponibilização da compensação devida — art. 383º), os
(hoje) Comissão para Igualdade no Trabalho e no Emprego fundamentos de impugnação, procedimentos e efeitos são
(art. 63º/3-b)). basicamente os que indicâmos em 31.3.
Se o despedimento colectivo for lícito e se consumar, o a) a base de calculo (valor da retribuição base e
trabalhador tem, assim mesmo, direito a: diuturnidades a considerar) não pode ser superior a 20
Vezes a rmmg — ver reiribuição mínima mensal
a) aviso prévio de 15, 30, 60 ou 75 dias entre a garantida em 17/,1.2,;
comunicação e a data de produção de efeitos b) o montante global da compensação não pode ser
extintivos pelo despedimento (art. 363º/1): durante superior a 12 vezes a retribuição base mensal e
este período, o trabalhador pode também denunciar o dinturnidades do trabalhador nem 240 vezes a rmmng:
contrato sem perder direito à compensação referida a c) o valor diário da retribuição base e divuturnidades
seguir (art. 365º): (não se esqueça que a compensação é o produto desta
b) crédito de horas correspondente a 2 dias de trabalho por ano de antiguidade) é o resultado da divisão por
por semana, sem perda de retribuição (durante o 30 da retribuição base e diuturnidades.
periodo de aviso prévio, com as faltas justificadas,
visando procura de alternativa de emprego) (art. 364º): 33.21.6. Efeitos do despedimento colectivo (2) — regime
c) compensação pecuniária, de valor correspondente a transitório sobre compensação
12? dias de retribuição base e divturnidades por cada A Lei 69/7013. de 30:88. estabeleceu um regime
ano completo de antiguidade na empresa, cujo transitório (muitissimo complexo) para determinação das
recebimento vale como aceitação do despedimento compensações devidas por despedimento colectivo. Este
(art. 366º/1 e /4): no caso de fracção de ano, o valor de regime tem em conta, além da antiguidade do trabalhador.
referência é calculado proporcionalmente (art. 366º/2- a data da celebração do seu contrato de trabalho. Assim:
dd).
1) Contratos celebrados antes de 1-11-2011:
À compensação pecuniária é atribuida em obediência às
seguintes regras complementares (art. 366º/2): a) em relação ao período de vigência do contrato
entre à data de celebração é 31-l0-8) 20/2 —
compensação: | mês por ano completo de antiguidade,
sendo calculada proporcionalmente para as fracções
de ano (art. 5º 1-2) Lei 69/2013%: a) em relação 36 periodo de vigência do contrato até
11) se o contrato, em 1-10-2013, já tiver atingido 3 anos de duração, tudo é calculado sesundo a
3 anos de duração, tudo é calculado segundo a fórmula de 11).
fórmula de 11).
A base de calculo (valor da retribuição base e
As compensações calculadas segundoas fórmulas
de a), diuturnidades a considerar) não pode ser superior a 20
b) ou c) não podem ser inferiores a 3 meses de retribuição vezes a rmmgo (art. 5º4-a)). Esta regra não é aplicável ao
Se as compensações resultantes das somas de 1-2) e — Os empregadores são obrigados a aderir ao Fundo de
Bb): Compensação do Trabalho (FCT -
WHW fiundoscompensacao.pt), e ao Fundo de Garantia de
a) resultarem numa compensação igual ou superior a Compensação do Trabalho (FEGCT)O ou, em alternativa ao
1? vezes a retribuição base mensal e diuturnidades ou primeiro, a Mecanismo Equivalente (ME). O FCT é um
240 vezes a rmig, ja não relevara para o computo da fundo de capitalização individual (o FCGT um fundo
mutualista) que visa garantir o pagamento da compensação suspende-se a obrigação do empregador de fazer entregas
devida por cessação do contrato de trabalho. ao FCT referentes a esse trabalhador (art. 11º-A).
A adesão ao FCT é, como se disse obrigatória, 34. Despedimento por extinção do posto de trabalho
relativamente a todos o5 contratos de trabaiho celebrados 34.1. Pressupostos e condições
após 11-10-2073 (am 2º/2). Estão excluídos da aplicação
À rescisão do contrato de trabalho pelo empregador pode
desta Lei: a) os contratos de trabalho de muito curta fundar-se em “causas objectivas que podem justificar o
duração não superior a 15 dias em actividades sazonais despedimento de cada trabalhador por motivos estruturais,
agricolas ou turísticas: e b) também todos os contratos de mercado ou tecnológicos — sobre o noção de "motivos
individuais de trabalho com duração igual ou inferior a de mercado”, de “motivos estruturais * e de “motivos
dois meses, celebrados após 24-11-2015 (arts. 293 Lei tecnológicos”, ver em 22,1. (art. 367º).
70/2013 e 4º/1 Decreto-lei 201/2015).
Feita em bloco, relativamente à globalidade dos Além da +verificação de um dos pressupostos
trabalhadores abrangidos, a adesão faz-se caso a caso enunciados, são condições cumulativas da licitude do
mediante a comunicação ao FCT ou ME da contratação de despedimento neste caso (art. 368%1):
cada (novo) trabalhador até à data do inicio da execução do
respectivo contrato de trabalho. a) que nem o empregador nem o trabalhador tenham
culposamente dado origem à verificação de uma
Pela adesão ao FCT ou a ME, o empregador fica daquelas situações;
obrizado ao paszamento de “entregas. O valor destas b) que seja praticamente impossivel a subsistência da
entregas, pagas 12? vezes ao ano, é de (art. 19º): para o relação de trabalho — conceito que a lei vem explicitar
FCT, 0,925% da retribuição base e diuturnidades devidas a neste caso, impondo que não exista na empresa outro
cada trabalhador abrangido: para o FCGT. 0,075%. posto de trabalho compativel com a categoria do
Quando o saldo da conta individualizada do trabalhador trabalhador a despedir (art. 3684):
atingir metade dos valores limite de compensação que c) que, existindo trabalhadores contratados a termo a
resultariam da aplicação do art. 366º/2 CT (ver em 33.2.3.), desempenhar tarefas correspondentes às do posto de
trabalho extinto, se não despeçam outros (com
contrato sem termo) no seu lugar; 34.2. Procedimento e efeitos
d) que não se reúnam pressupostos para despedimento Com adaptações pontuais, decorrente do facto de este ser
colectivo (se por exemplo. o “despedimento por um despedimento individual. o procedimento e efeitos são,
extinção do posto de trabalho” abranger um número com adaptações (art. 3/4"). os que enunciamos para o
de trabalhadores igual ou superior a 2 ou a 5 despedimento — colectivo, neste Capítulo em 332,
simultânea ou sucessivamente. consoante a dimensão reduzindo-se para 5 dias o prazo para decisão (arts. 369º e
do quadro de pessoal da empresa — ver em 33.1. —, 3719.
devera ser esse, e não este, o processo a seguir);
e) que seja posta à disposição do trabalhador a 35. Despedimento por inadaptação do trabalhador
compensação devida — ver em 33.2.5. (art. 3685): 35.1. Pressupostos e condições
D que sejam observados os critérios de A) Despedimento por modificações introduzidas no
preferência prioridade na manutenção dos postos de posto de trabalho
trabalho — assim, havendo na estrutura da empresa
O despedimento, também individual, por inadaptação do
atingida pelo despedimento uma pluralidade de
trabalhador torna-se admissível quando,
trabalhadores com igual categoria-função, deve seguir-
independentemente de culpa do trabalhador. se verifique
se a seguinte ordem de critérios para despedir: o
manifesta inadequação deste a modificações introduzidas
trabalhador que tenha pior desempenho: o que tenha
no posto de trabalho (novos processos de fabrico, novas ou
menores habilitações acadêmicas ou profissionais: mais complexas tecnologias nos processos e equipamentos,
aquele cuja manutenção seja mais onerosa para o que conduzam a uma das seguintes situações (art. 3/4%1):
empregador: o que tenha menor experiência na
Função: o que tenha menor antiguidade (art. 368%): a
a) redução continuada da produtividade (não culposa,
observância destes critérios é susceptivel de
ao contrário do que se viu requerido na situação citada
“verificação fiscalização pelo serviço com
em 31.1. para o despedimento por razões subjectivas
competência —inspectiva na área laboral (a
de indole disciplinar):
requerimento do trabalhador ou das suas estruturas
representativas — art. 3/0º%2).
b) avarias repetidas nos meios (equipamentos) afectos d) que o trabalhador não possa integrar-se em outro
ao posto de trabalho: posto de trabalho compativel com a sua qualificação
c) situação de risco criada para a segurança e saúde profissional (Cimpossibilidade de subsistência da
próprias ou dos restantes trabalhadores (ou de relação de trabalho”):
terceiros, incluindo o próprio empregador). &) que seja posta à disposição do trabalhador à
compensação devida — ver em 33,.2.5. e 33.2.6, (art.
Para o despedimento por inadaptação como um dos FIST)
fundamentos descritos em À), exige-se que, verificados os
(um dos) pressupostos enunciados, se reúnam ainda BE) Despedimento por modificação substancial da
condições cumulativas da licitude do despedimento por prestação realizada pelo trabalhador
uma destas causas (art. 3/5º%1): O despedimento, também individual, por inadaptação do
trabalhador —torna-se admissivel também quando.
a) que as referidas modificações tecnológicas tenham independentemente de culpa do trabalhador, se verifique
ocorrido nos 5 meses imediatamente antecedentes à manifesta inadequação deste sem que haja modificações
verificação do facto que é fundamento do introduzidas no posto de trabalho (novos processos de
despedimento: fabrico, novas ou mais complexas tecnologias nos
b) que tenha sido ministrada ao trabalhador formação processos e equipamentos). que conduzam a uma das
seguintes situações (art. 37/4%1):
profissional adequada sob controlo pedagógico de
entidade credenciada pela autoridade de formação
(IEFP): a) redução continuada da produtividade ( não culposa,
ao contrário do que se viu requerido na situação citada
c) que o trabalhador beneficie, após a formação, de um
em 31.1. para o despedimento por razões subjectivas
“período de adaptação” às inovações no posto de
de indole disciplinar):
trabalho (com duração não inferior a 30 dias), sempre
que o exercicio de funções naquele posto seja b) avarias repetidas nos meios (equipamentos) afectos
susceptivel de causar prejuizos ou fiscos para a ao posto de trabalho:
segurança e saúde do próprio ou de outrem;
c) situação de risco criada para a segurança e saúde trabalho (com duração não inferior a 30 dias), sempre
próprias ou dos restantes trabalhadores (ou de que o exercicio de funções naquele posto seja
terceiros, incluindo o próprio empregador). susceptivel de causar prejuízos ou riscos para a
segurança e saúde do próprio ou de outrem;
Nestes casos, é necessário que, cumulativamente, se fl seja feita após a resposta do trabalhador,
verifiquem os seguintes requisitos (art. 375%/2): comunicação pelo empregador ao trabalhador,
contendo ordens e instruções com intuitos correctivos
a) modificação substancial da prestação realizada pelo da prestação laboral defeituosa.
trabalhador, com consequências na redução
continuada da produtividade ou da qualidade, avarias CO) Despedimento por incumprimento de objectivos
repetidas nos meios afectos ao posto de trabalho ou previamente fixados
Tiscos para a segurança e saúde do próprio ou de A lei admite ainda o despedimento por inadaptação em
outrem: cargos de complexidade técnica ou de direcção, quando
b) o empregador informe o trabalhador, com descrição não tenham sido cumpridos os objectivos previamente
circunstanciada dos factos demonstrativa da fixados e aceites por escrito (uma das formas usadas
modificação substancial da prestação (em que correntemente para avaliar desempenhos nestas funções):
supostamente se revela a “inadaptação). intimando-o isto, desãe que tal resulte do modo de exercício das
a pronunciar-se em prazo não inferior a 5 dias úteis: Funções e se torne praticamente impossivel a subsistência
c) que seja posta à disposição do trabalhador a da relação de trabalho (art. 37/4º/2).
compensação adequada:
d) que tenha sido ministrada ao trabalhador formação Para os cargos de complexidade técnica ou de direcção,
profissional adequada sob controlo pedagógico de considera-se haver inadaptação (art. 375º'3):
entidade credenciada pela autoridade de formação
(IEFP); a) caso tenha havido introdução de novos processos de
e) que o trabalhador beneficie, após a formação, de um fabrico, novas tecnologias ou equipamentos mais
“periodo de adaptação” às inovações no posto de
sofisticados, que implique modificação das funções
relativas ao posto de trabalho: Exige-se, porém, especialmente neste caso, que à
b) caso não tenha havido modificações no posto de empresa também mantenha o nível de emprego após o
trabalho, desde que o empregador informe despedimento por inadaptação. Isto é, que, no prazo de 90
trabalhador, com descrição circunstanciada dos factos dias, contrate outro trabalhador (com ou sem termo) para o
demonstrativa da modificação substancial da prestação lugar do despedido (art. 380º.
(em que supostamente se revela a “inadaptação”),
intimando-o a pronunciar-se em prazo não inferior à 5 36. Denúncia unilateral, resolução pelo trabalhador e
dias úteis: abandono do trabalho
c) desde que seja posta à disposição do trabalhador a Sem grande parte das exicências materiais e
compensação adequada: procedimentais que apontamos para o despedimento”, é
facultado ao trabalhador pôr termo ao seu contrato com ou
Nota: Deve notarse que as modalidades de Sem invocação de causa.
despedimento por inadaptação introduzem elementos de
subjetividade em despedimento que se tem por fundado em 36.1. Denúncia com e sem aviso prévio
causas objectivas. Não pode, porém, de modo algum, O trabalhador pode fazer cessar o seu contrato,
considerar-se esta sequer o embrião da consagração legal independentemente de justa causa, desde que o comunique
da admissibilidade do despedimento por inapriddo do por escrito ao empregador com a antecedência minima de
trabalhador. 60 ou 30 dias. conforme a sua antiguidade na empresa seja
ou não superior a dois anos (art. 400º/1). Os instrumentos
35.2. Procedimentos e efeitos de regulamentação colectiva de trabalho ou os contratos
individuais de trabalho podem alargar os prazos de aviso
Com adaptações exigidas pela especificidade do caso (art.
prévio para trabalhadores com funções de administração,
376º), 03 procedimentos e efeitos são, mutatis mutandis,
directivas ou “de representação e responsabilidade” (art.
semelhantes aos que referimos para o “despedimento por
extinção do posto de trabalho” — ver 34.2. —, sendo de 30
400º/2).
dias o prazo para decisão.
desvincular, pode ser livremente revogado desde que o
Nos contratos a termo, o aviso prévio é de 15 ou 30 trabalhador restitua ao empregador a soma que este
dias, consoante o contrato tenha duração inferior a 6 meses despendeu extraordinariamente (que despendeu para além
ou outra, respectivamente (art. 400º%3). do que lhe exigiria o cumprimento normal do dever de
cooperação e assistência).
A inobservância do prazo de aviso prévio determina que
o trabalhador pague ao empregador valor igual à 36.2. Resolução do contrato pelo trabalhador (com
retribuição base e diuturmmidades correspondente ao período justa causa)
de aviso prévio em falta (art. 401º) À resolução com justa causa pelo trabalhador não depende
de aviso prévio, podendo ser comunicada por escrito ao
Exemplo: assim, se o trabalhador com três anos de empregador para produzir efeitos imediatos (art. 394º/1.
antiguidade na empresa comunicar ao empregador a
denúncia (apenas) com 20 dias de antecedência, devera 36.2.1. Fundamentos
pagarlhe o valor de retribuição e cdivtumidades
17 A resolução pelo trabalhador pode ter como fundamento
correspondente a 40 dias de trabalho. um dos seguintes comportamentos imputáveis ao
empregador (art. 394º%/2):
Refira-se que poderá acrescer ao valor da indemnização
por desrespeito do prazo de aviso prévio — eventualmente e a) falta culposa de pazamento pontual da retribuição
desde que reunidos os respectivos pressupostos — o de (sem prejuizo de aplicação de normas pertinentes
indernnização nos temos gerais da responsabilidade civil, sobre “salários em atraso ): bem como a violação
desionadamente da responsabilidade contratual, caso culposa de outros direitos ou garantias do trabalhador
ocorra violação de obriszações assumidas por pacto de ndo (ver direitos e deveres, em 8.3.1, 83.2, 8.33, e
concorrência — sobre oq noção de pacto de não 5.3.4.): presume-se culposa a falta de paszamento
concorrência, ver 3.3.2... Como vimos, este acordo, que pontual com atraso de 60 dias (art. 394º%5);
constitui auto-limitação voluntária licita da liberdade de o b) aplicação de sanção abusiva (que não obedeça,
trabalhador escolher o seu empregador e de dele se designadamente, às regras de proporcionalidade,
coerência, igualdade relativa, mencionadas em 32: em caso de extinção da comissão de serviço, entre
c) falta culposa de condições de higiene e segurança outros)
no trabalho:
d) lesão culposa de interesses patrimoniais sérios ou Exemplo: assim, o trabalhador poderá licitamente
ofensa à integridade física, liberdade, honra ou rescindir o contrato se o empregador, no exercício licito
dignidade do trabalhador. punidas por lei, quer seja dos poderes que consentem a mobilidade geográfica,
praticada pelo empregador ou por seu representante. mudar o seu local de trabalho:
Em todos os casos enunciados, é essencial a verificação c) a falta não culposa de pagamento pontual da
da culpa do empregador, devendo a comunicação de retribuição.
rescisão, para ser eficaz, ser transmitida nos 30 dias
subsequentes ao conhecimento de um daqueles factos (art. 36.2.2. Procedimento e efeitos
395% 1). À resolução deve ser feita por escrito, com indicação
sucinta dos factos que justificam esta acção do trabalhador.
2) Pode aínda ser justa causa para resolução pelo nos 30 dias subsequentes ao conhecimento dos factos que a
trabalhador (art. 3943): determinam (art. 395º/1). No caso de resolução por falta
culposa de pasamento da retribuição. este prazo inicia a
sua contagem depois de decorridos os 60 dias para
a) a necessidade de cumprimento de obrigações legais
incompativeis com a execução do contrato de trabalho “considerar culposa * tal falta de pagamento (art. 395º%/2).
(por ex., serviço militar obrigatório):
Nos casos em que a rescisão pelo trabalhador seja
b) a alteração substancial e duradoura — licita — das
condições de trabalho (situação várias vezes referida devida a comportamento culposo do empregador (ver em
atrás, a propósito do exercicio legitimo e licito dos 36.2.1.), pode aquele reclamar deste uma indemnização de
poderes patronais de alteração do objecto do contrato, valor entre 15 e 45 dias de retribuição base e diuturnidades
da categoria, do local de trabalho, da retribuição ou por cada ano ou fracção de antisuidade. No caso de
contratos a termo, a retribuição não pode ser inferior ao
valor das retribuições vincendas até ao termo do contrato comunicação do trabalhador. de que este celebrou contrato
(art. 396º). de trabalho — em tempo e local ncompativeis — com outro
empregador).
Saliente-se ainda que o trabalhador pode retractar-se,
quer a resolução seja com ou sem justa causa, revogando a A presunção legal de “abandono'rescisão* pode
decisão de resolver que tenha comunicado, até ao 7º dia também estabelecer-se, independentemente de factos que a
seguinte à data de produção dos efeitos da rescisão, salvo indiciem, quando a ausência dure, pelo menos, 10 dias
se a sua assinatura for, logo na comunicação inicial, úteis seguidos e pode ser afastada desde que o trabalhador
reconhecida presencialmente por notário ou outra entidade prove a ocorrência de motivo de força maior que tenha
competente (art. 397º). impedido a comunicação/justificação da ausência (art.
403%/2 e 4).
Se a justa causa invocada pelo trabalhador vier a ser
declarada inexistente, devera indemnizar o empregador O contrato só se considera extinto por esta causa após
como se denunciasse o contrato sem justa causa ou aviso comunicação registada com aviso de recepção para a
prévio, ou seja, em valor correspondente ao período de última morada conhecida do trabalhador.
aviso prévio em falta fixado para a denúncia — ver 36.1.
(art. 399º). Os efeitos do “abandono” — incluindo os
indemnizatórios (art. 403º/5) — são, naturalmente, idênticos
36.3. Abandono do trabalho aos da denúncia pelo trabalhador sem justa causa e sem
O abandono do trabalho representa verdadeiramente uma viso prévio (art. 403%/3). No entanto, o abandono só pode
denúncia unilateral sem justa causa pelo trabalhador. ser invocado pelo empregador atinsido após remessa por
Simplesmente, é legalmente presumida da ausência do este da carta registada acima referida para a última morada
trabalhador, rodeada de factos que “com toda a do trabalhador, comunicando-lhe os factos que entende
probabilidade” revelem a intenção de não retomar o darem substância ao “abandono”.
trabalho (art. 403º/1) (a situação mais plausível é o
conhecimento — pelo empregador, sem qualquer
comunicação do trabalhador, de que este celebrou contrato |!" Código de Processo do Trabalho, aprovado pelo Decreto-lei nº 80/99,
de 93-11. sucessivamente alterado até a Lei nº 63/2013, de 27-8.
de trabalho — em tempo e local incompatíveis — com outro
empregador). Vos artigos legais citados neste ponto 33.2.6. referem todos a ezta Lei.
Estudantes (trabalho de), 8.1.3 — conflito de aplicação de fontes do mesmo nível, 2.2
— injustificadas/noções, 16.6 Forma formalidades (do contrato), 3.2 — ver também dever
de informação escrita
— justificadas, elenco, 16.2
Fundo de Compensação do Trabalho (FCT), 332.7, 38
— justificadas, comunicação prévia, 16.3
Fundo de Garantia de Compensação do Trabalho (FGCT),
— justificadas/ justificação e prova, 16.4
ERA
— justificadas, efeitos gerais, 16.5
Geolocalização, 834. — ver também direitos de
— minutas, de justificação, de comunicação e de personatidade
injustificação, Anexos 6), 7), 8) e 9)
Hierarquia das fontes de Direito do Trabalho — ver Fontes
Férias, 14 de Direito do Trabalho
— aquisição do direito e seu vencimento, 14.2 Horario de trabalho — ver tempo de trabalho
— cúmulo de férias, 14.5
Igualdade no trabalho. 8.3.2, 8.2
— encerramento da empresa ou estabelecimento, 14.6 Ilicitude do despedimento — ver despedimento
— marcação das férias, 14.4 Inadaptação do Trabalhador — ver cdespedimento
— noções fundamentais, 14.1 Invalidade do contrato
Feriados, 15 — causas, 18
Fontes de Direito do Trabalho. 1 — efeitos. 18.3
Tret — instrumento de resulamentação colectiva de trabalho, — “ (em espectaculos), 8.1.2
131 — “ (direitos e deveres), 8.1.2
Isenção de horário de trabalho — ver tempo de trabalho Mobilidade funcional — ver polivalência
Jus variandi funcional, 10.2 — ver também mudança de Mobilidade geográfica, ver local de trabalho
categoria e polivalência
Mudança de categoria, 10.2, 10.3 e 10.4 — ver também “jus
Jus variandi geográfico — ver local de trabalho variandi * e polivalência
Justa causa (de despedimento) — ver despedimento Pacto de não concorrência — 8.3.2 e Anexo 1)
“Lav-off — ver suspensão do contrato Período experimental, 9
Legislação laboral (noção legal compreensiva), 1.3.1 — contagem, 9.3
Lei constitucional. 1.1 — duração, 9.4
Lei em sentido material, 1.3 — noção, 9.1
Licença sem retribuição, 26 Período normal de trabalho — ver tempo de trabalho
Local de trabalho Poder de autoridade e direcção — ver subordinação jurígica
— noção, 11.1 Poder disciplinar — ver subordinação jurídica — ver
— mobilidade seograficamudança de local de trabalho, também acção disciplinar
EE “Polivalência “mobilidade funcional. 103 — ver também
“Lock-out”, 21.1 "jus variandi e mudança de categoria
Mapa de férias. 14.4. 41 Portaria de extensão — 1.4.2
Mapa de horário de trabalho, 43 Portaria de condições de trabalho — 1.4.2
Mapa de pessoal, ver Relatório único Pré-reforma, 2.5
Maternidade e paternidade, 8.1.1 Prestação de serviços, 3.3.1
Mecanismo Equivalente (ME), 33.2.7 Redução da prestação de trabalho — ver lav-off *
Menores (trabalho de), 5.2.2 Reforma do trabalhador — ver caducidade do contrato
Regulamento interno da empresa, 7.53 —noção, 17.1
— organização e disciplina do trabalho, 7.5.1 — participação nos lucros, 17.5.9
— proposta de contrato de adesão, /.5.2 — subsídio de férias, 17.5.1, 14.7
Regulamento directiva comunitários, 1.2 — subsídio de Natal, 17.5.3
Felatório único, 37 — subsídio de refeição, 17.5.7
Rescisão pelo trabalhador — ver cessação do contrato de — tempo do cumprimento, 17.3
trabalho — trabalho nocturno, 13.9.3
Retribuição — trabalho suplementar, 13.7.4
— ajudas de custo, abono de viagem, 17.5.7 Revogação (do contrato) por mútuo acordo — ver cessação
— base (noção), 17.1 do contrato
— base de cálculo de prestações acessórias complementares, Subordinação económica, 3.3.1
174 Subordinação jurídica, 3.3.1
— compensações e descontos, 17.6 Suspensão do contrato! “lav-off”:
— determinação (factores condicionantes), 17.1, 17.11 — por caso fortuito ou de força maior, 23
— em espécie, 17.35.10 — por redução da actividade e dos periodos normais de
—férias, 17.5.1,14.7 trabalho, 24
— feriados, 15.2 — por motivo do interesse do empresador. 21
— forma do cumprimento, 17.3 — por motivo imputável ao trabalhador, 20
— gratificações e prémios, 17.5.8 — por motivos estruturais, de mercado ou tecnológicos (layv-
— isenção de horario, 13.3.3 aff), 22
— minima mensal garantida (fórmula de cálculo), 17.1.2 — motivos (em geral), 22.1
Minutas
1) DECLARAÇÃO DE CONFIDÊNCIA E NÃO no
CONCORRÊNCIA É
Nome adora) Colaborador(a)), portador do CC. .. nº 2 — Para o efeito, ofa) Colaboradorfa) signatáriofa)
. Contribuinte nº ... , residente em .. , vinculado à recebe do empregador uma compensação pecuniária nO
Sociedade .... por contrato de irabaiho subordinado que valor de € ......, 3 qual foi deduzida a quantia de € ....
vigora desde ..., obriga-se à: correspondente ao valor efectivo e expressamente
despendido pelo empregador com à sua formação
E profissional.
3º
nã
CONTRATO DE TRABALHO A TERMO INCERTO (nor FP
(Identificação do empregador) com sede na Rua ..., cuidado de verificar se o conteudo da categoria
abaixo designada como 1º Outorgante, matriculada na profissional dada pelo cct é suficientemente abrangente e
Conservatária do Registo Comercial de Lisboa com 6 nº Preciso 23 kd
2º Outorgante, celebra-se o presente CONTRATO DE — &º feira das 9.00H às 16.00H com intervalo das
TRABALHO A TERMO INCERTO (por objectivos), que se 13,00 H às 14,00H;
rege pelas cláusulas seguintes:
4º
do
1. A 2º Outorgante aufere uma retribuição mensal
A 2º Outorgante obriga-se a prestar à 1º Outorgante a mista, composta por uma parte fixa e outra variável.
sua actividade profissional, com à categoria de .., nas 2. À retribuição mensal iliquida da 2º Outorgante é
composta por uma parte fixa, correspondente ao montante
mensal itiquido de É ......, acrescido de subsidio de refeição assumicas pela 1º Outorgante face ...(concretização)..., nO
no valor de € 1... por cada dia de trabalho efectivo. âmbito da criação e funcionamento de um Centro ....
3. À retribuição mensal da 2º Outorgante pode ser 2. O presente Contrato vigora desãe ... de... de 20/55 e
acrescida de uma retribuição, variável no valor, baseada durará pelo tempo necessário à execução dos serviços que
na produfiviaade, aferida no mês de ... de cada ano, em constituem o seu objecto, tal como vão definidos nO
função da consecução dos seguintes objectivos fixados numero anterior
pOr:
6º
a) a realização de cinco mil entrevistas & potenciais
clientes por ano; O periodo experimental é de 30 dias, durante o qual
5) a contratação de x clientes por ano. qualquer das partes, mediante aviso prévio de sete dias,
4. À avaliação dos objectivos a que refere o número sem alegação de justa causa, pode denunciar o contrato,
anterior será feita nO MÊS uu. de cada ano com acerto não havendo direito a qualquer indemnização.
E
Em tudo o que este Contrato for omisso, aplicar-se-d à
legislação, a convenção colectiva e o5 regulamentos
internos da empresa em vigor
Data
A 1º Outorgante A 2º Outorgante
3) CONTRATO DE TRABALHO A TERMO CERTO, EM no desempenho das funções de assessor da gerência, com
REGIME DE COMISSÃO DE SERVIÇO, COM subordinação hierárguica o está ou dos superiores
ISENÇÃO DE HORÁRIO DE TRABALHO hierárquicos por esta designados e sujeição aos
regulamentos internos aa Empresa.
CONTRATO DE TRABALHO À TERMO CERTO, EM 2. Às funções contratados, nos termos do numero
REGIME DE COMISSÃO DE SERVIÇO, COM ISENÇÃO anterior vão ser desempenhadas com carácter meramente
DE HORARIO DE TRABALHO transitório com vista à inserção profissional de
trabalhador que venha à substituir o segundo Outorgante
Entre no desempenho cas mesmas.
(Nome, firma ou denominação social), pessoa colectiva 3. À actividade objecto do presente Contrato é exercida
nº ..., com sede na Àv. ...., representado pelo seu Gerente, na dependência directa da Gerência da Primeira
Senhor .., doravante designada Primeira Outorgante ou Outorgante e é assente numa especial relação de
Entidade Empregadora confiança.
e
a
Fr.
(Nome), casado, residente em Cartão de Cidadão
nº contribuinte nº doravante designado Segundo O Trabalhador prestará a sua actividade em princípio
Outorgante ou Trabalhador, nas instalações do sede da Primeira Outorgante ou em
outro local que lhe seja determinado de acordo com as
é celebrado o presente CONTRATO DE TRABALHO À exigências da actividade contratado.
TERMO CERTO EM REGIME DE COMISSÃO DE
3º
SERFIÇO, que se rege pelas clâusulas seguintes:
1. A Primeira Outorgante prestará dão Segundo
+
Outorgante, a título de reíiribuição, a quantia mensal
1. O Segundo Outorgante obriga-se à prestar à iliguida de É... (por extenso), na qual 5e inclui o
Primeira Outorgante a sua actividade laboral que consiste acréscimo remuneratório devido pela prestição de
actividade em regime de isenção de horário de trabalho dias, consoante a prestação de trabalho neste regime tenha
sem limite do período normal de irabalho. tido uma duração até dois anos ou superior
Eai importância estipulada no numero anterior 3. Cessando & comissão de serviço, às partes
poderão acrescer remunerações suplementares, desde que convencionam que à cessação desta tem por efeito à
resultem devidas por força Gõ&o instrumento de cessação do presente Contrato ae Irabaiho.
resulamentação colectiva de trabalho aplicável, 4, Com à extinção da comissão de serviço nos termos
estipulados e consequente cessação do presente Contrato,
4º
o Trabalhador tera direito à uma indemnização
À actividade objecto do presente Contrato será correspondente à 12 dias de retribuição base e
prestada em regime de isenção de horário, sem sujeição diuturnidades, auferida no desempenho da comissão de
aos limites máximos dos periodos normais de trabalho, serviço, por cada ano de antiguidade na empresa, salvo se
conforme às exigências do exercicio da actividade a cessação do Contrato de Irabalho ocorrer ao abrigo de
bi)
contratada processo disciplinar; se o Contrato tiver durado, à data da
cessação, fracção de ano, o valor de referência é
se calculado proporcionalmente.
de
À 2º Outorgante passa à ser beneficiário da apólice de Nota: Os exemplos são fornecidos apenas em ilustração da
seguro de acidentes de trabalho findicar qual) da exposição e não dispensam a consulta de um jurista
Seguradora (indicar qual). especialista.
8º
Ex.mofa), Ssenhor(a)
(Tedentificação completa do contraente/cestinatário)
(Identificação completa do contraente declarante) vem
comunicar a F. Exa. que é sua vontade não renovar no seu
termo o contrato que nos vincula, que vigora desde (data)
e que foi renovado (se for esse ocaso) eme...
(Local e data até 15 dias antes do termo)
(Assinatura do declarante)
Tamo conhecimento (se for entregue sem registo)
(Assinatura do destinatário)
COMUNICAÇÃO PARA RENOVAÇÃO POR PERÍODO Nota: Os exemplos são fornecidos apenas em ilustração
DIFERENTE da exposição e não dispensam a consulta de um jurista
especialista.
JUSTIFICAÇÃO DE FALTA