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Aula 11

PGMs - Direito
Administrativo
2023 (Curso Regular)

Autor
Rodolfo Breciani Penna 11 de dezembro 2022
Estratégia Carreira Jurídica
PGMs - Direito Administrativo - Prof.: Rodolfo Breciani Penna

Sumário
Considerações Iniciais ........................................................................................................................................ 4

Controle da Administração Pública .................................................................................................................... 4

1 - Introdução ................................................................................................................................................. 4

2 - Classificação .............................................................................................................................................. 4

2.1 - Conforme a origem................................................................................................................................................... 4

2.2 - Conforme o momento do controle (preventivo, concomitante e repressivo) ......................................................... 5

2.3 - Quanto ao aspecto controlado (ou parâmetro de controle) .................................................................................... 5

2.4 - Quanto à amplitude.................................................................................................................................................. 6

3 - Controle Administrativo (Autocontrole) .................................................................................................... 7

3.1 - Introdução ................................................................................................................................................................ 7

3.2 - Processos administrativos ........................................................................................................................................ 8

3.3 - Prescrição e decadência administrativa ................................................................................................................. 10

4 - Controle Legislativo ................................................................................................................................. 13

4.1 - Introdução .............................................................................................................................................................. 13

4.2 - Controle parlamentar direto .................................................................................................................................. 14

4.3 - Controle exercido pelos Tribunais de Contas ......................................................................................................... 17

5 - Controle Judicial ...................................................................................................................................... 22

5.1 - Introdução .............................................................................................................................................................. 22

5.2 - Instrumentos de controle judicial........................................................................................................................... 23

6 - Ombudsman ............................................................................................................................................ 41

Resumo............................................................................................................................................................. 43

Jurisprudência Citada ....................................................................................................................................... 51

Legislação Pertinente ....................................................................................................................................... 54

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Considerações Finais ........................................................................................................................................ 57

Questões Comentadas ..................................................................................................................................... 58

Magistratura ................................................................................................................................................................... 58

Promotor ........................................................................................................................................................................ 62

Defensor ......................................................................................................................................................................... 71

Procurador ...................................................................................................................................................................... 76

Delegado ......................................................................................................................................................................... 95

Outros ........................................................................................................................................................................... 107

Lista de Questões ........................................................................................................................................... 108

Magistratura ................................................................................................................................................................. 108

Promotor ...................................................................................................................................................................... 110

Defensor ....................................................................................................................................................................... 112

Procurador .................................................................................................................................................................... 114

Delegado ....................................................................................................................................................................... 120

Outros ........................................................................................................................................................................... 123

Gabarito.......................................................................................................................................................... 123

Magistratura ................................................................................................................................................................. 123

Promotor ...................................................................................................................................................................... 123

Defensor ....................................................................................................................................................................... 124

Procurador .................................................................................................................................................................... 124

Delegado ....................................................................................................................................................................... 124

Outros ........................................................................................................................................................................... 125

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CONTROLE DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA


CONSIDERAÇÕES INICIAIS
Prezado aluno, na aula de hoje estudaremos o controle da Administração Pública, passando por todas as
suas formas, assunto importante e de grande interesse das bancas de concursos públicos.

Sem maiores delongas, vamos à nossa aula.

Qualquer dúvida, críticas ou sugestões, podem me contactar nos canais a seguir:

E-mail: prof.rodolfopenna@gmail.com
Instagram: https://www.instagram.com/rodolfobpenna

CONTROLE DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

1 - INTRODUÇÃO
O controle da Administração Pública se fundamenta no princípio republicano, tendo em vista que os
interesses e os bens da Administração não pertencem a ela ou aos seus gestores, mas ao povo. Assim, toda
a sua atuação é permeada pela indisponibilidade do interesse público, pois apenas administra bens e
interesses alheios. Além disso, o Estado Democrático de Direito impõe um conjunto de normas de
observância obrigatória pelo Poder Público.

O controle administrativo, desta forma, é o conjunto de instrumentos estabelecidos pela ordem


jurídica para que a própria Administração Pública, os Poderes Legislativo e Judiciário, bem como
o povo possam controlar os órgãos, entidades e agentes públicos, por meio da fiscalização,
orientação e revisão da atuação administrativa.

2 - CLASSIFICAÇÃO

2.1 - Conforme a origem

➢ Controle interno ou autocontrole: prevalece o entendimento de que o controle interno ou


autocontrole é aquele exercido dentro de um mesmo Poder Estrutural. Por exemplo, quando o
Poder Executivo realiza controle dos seus próprios atos, por meio da autotutela, temos a atuação de
um controle interno. Esta espécie de controle pode ser realizada por órgãos hierarquicamente
superiores, órgãos vinculados ou órgãos especializados (ex.: Controladoria-Geral da União – CGU).

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Entretanto, há quem defenda que o controle finalístico exercido pela Administração direta
sobre as entidades da Administração indireta é hipótese de controle externo, ainda que o
órgão controlador e a entidade controlada sejam integrantes do Poder Executivo (Maria
Sylvia Zanella di Pietro e José dos Santos Carvalho Filho). Essa corrente, entretanto, é
minoritária, devendo-se adotar a corrente majoritária para provas objetivas.

Alguns doutrinadores ainda lecionam que o controle interno é feito, normalmente, pelo sistema
de auditoria, que acompanha a execução do orçamento, verifica a legalidade na aplicação do
dinheiro público e auxilia o Tribunal de Contas no exercício de sua missão institucional.

➢ Controle externo: é exercido por um Poder sobre a atuação de outro Poder Estrutural (ex.: controle
do Poder Legislativo, com auxílio dos Tribunais de Contas, sobre a atuação administrativa do Poder
Executivo);
➢ Controle social ou popular: é exercido pela população em geral, que o exerce por meio da
participação nos processos de planejamento, acompanhamento, monitoramento e avaliação da
gestão pública (ex.: ação popular, direito de petição, audiências e consultas públicas etc.).

2.2 - Conforme o momento do controle (preventivo, concomitante e repressivo)

➢ Controle preventivo ou prévio: é exercido antes do início da prática do ato administrativo, antes da
sua conclusão ou da sua publicação. Pode constituir uma condição de validade ou de eficácia do ato
controlado (ex.: autorização do Senado Federal para a escolha dos Ministros do STF, autorização do
Senado para que os Entes Federados possam contrair empréstimos externos etc.);
➢ Controle concomitante: exercido durante a prática de um ato ou durante um processo
administrativo, verificando-se a regularidade de sua formação (ex.: fiscalização dos contratos
administrativos);
➢ Controle repressivo, corretivo, posterior ou subsequente: é exercido após a formação do ato, sendo
possível a sua correção, anulação, revogação, cassação ou confirmação.

2.3 - Quanto ao aspecto controlado (ou parâmetro de controle)

➢ Controle de legalidade ou legitimidade (ou ainda de juridicidade): verifica-se se o ato está em


conformidade com o ordenamento jurídico como um todo, ou seja, se atende à legislação e aos
princípios administrativos. Poderá ter como resultado a confirmação da validade, a anulação ou
convalidação do ato. Não se revogam atos inválidos.

Juridicidade: o princípio da legalidade foi ampliado para que a Administração Pública


observe todo o ordenamento jurídico e não apenas a lei formal. Assim, sua atuação é
vinculada, pela lei, pelos princípios, pelas súmulas vinculantes, decisões vinculantes, dentre
outros. Por este motivo, tem-se que a atuação administrativa deve observar a lei e o Direito,
podendo-se falar também em controle da “juridicidade” dos atos administrativos.

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➢ Controle de mérito: verifica-se a conveniência e a oportunidade quanto ao motivo e ao objeto do


ato controlado. O controle de mérito é discricionário e exercido sobre atos igualmente
discricionários. Como resultado deste controle, poderá ocorrer a revogação do ato administrativo
válido.

Importante destacar que, em regra, apenas o próprio Poder pode controlar o mérito dos
seus próprios atos administrativos. Por este motivo, o Poder Judiciário não pode controlar
o mérito dos atos de outros Poderes, mas apenas a sua legitimidade (ou juridicidade). No
entanto, excepcionalmente, é possível que o Poder Legislativo realize um “controle
político” dos atos praticados pelo Poder Executivo ou do Judiciário no exercício de sua
função administrativa. Esse controle costuma ser enquadrado por alguns autores como
controle de mérito. Todavia, este “controle político” não autoriza a revogação dos atos
pelo Legislativo e esta forma de controle somente pode ocorrer nos casos expressamente
previstos na Constituição Federal. Estudaremos estas exceções ao estudar o controle
legislativo.

2.4 - Quanto à amplitude

➢ Controle hierárquico: é a espécie mais ampla de controle, permitindo a verificação de todos os


aspectos do ato administrativo: a sua legitimidade e o seu mérito. Decorre do próprio
escalonamento vertical da estrutura da Administração e, por isso, é automático (não depende de lei
para existir). Além disso, é pleno (irrestrito) e permanente. O controle hierárquico será sempre um
controle interno;
➢ Controle finalístico: é o controle exercido pela Administração direta sobre as entidades da
administração indireta. Depende de norma autorizando e estabelecendo os limites, os meios e os
aspectos que serão controlados. É também denominado de tutela administrativa e supervisão
ministerial.

De acordo com Celso Antônio Bandeira de Mello, em situações excepcionais em que a


entidade da Administração indireta pratique um ato flagrantemente aberrante, cabe o
controle por parte da Administração direta ainda que não exista lei autorizativa. O autor
denomina este controle de “tutela extraordinária”1.

1
MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Curso de Direito Administrativo. 34. Ed. Malheiros: São Paulo, 2019. P. 172.

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3 - CONTROLE ADMINISTRATIVO (AUTOCONTROLE)

3.1 - Introdução

A Administração Pública possui a prerrogativa de fiscalizar e corrigir os seus próprios atos, conforme seu
poder de autotutela ou da tutela administrativa de suas entidades da Administração indireta.

A autotutela foi consagrada na lei 9.784/99, art. 53 e na jurisprudência do STF, por meio da súmula nº 473,
e consiste no controle realizado pelo Poder Executivo (ou Legislativo e Judiciário no exercício da função
administrativa) sobre os atos praticados pelos seus próprios órgãos, sempre fundado na hierarquia, podendo
verificar aspectos de legitimidade e de mérito. Repare que a autotutela sempre ocorre dentro de uma
mesma pessoa jurídica.

Art. 53. A Administração deve anular seus próprios atos, quando eivados de vício de legalidade,
e pode revogá-los por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos
adquiridos.

Súmula 473-STF: A administração pode anular seus próprios atos, quando eivados de vícios que
os tornam ilegais, porque deles não se originam direitos; ou revogá-los, por motivo de
conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada, em todos os
casos, a apreciação judicial.

A revisão dos atos administrativos fundada na autotutela pode ser provocada por algum administrado ou de
ofício, por iniciativa da própria Administração.

Já a tutela administrativa, conhecida também como controle finalístico, é o controle exercido pela
Administração direta sobre as entidades da Administração indireta, conforme visto no item 2.4.

Em qualquer caso, se do controle resultar a possibilidade de afetar interesses de terceiros, deve-se garantir
o contraditório e a ampla defesa (STF – RE 594.296).

Há ainda que se destacar que o Poder Legislativo e o Poder Judiciário também


exercem controle administrativo sobre os seus próprios atos praticados no
exercício da função administrativa atípica.

Veja que, uma coisa é o controle judicial exercido pelo Poder Judiciário sobre os
atos administrativos dos Poderes Executivo e Legislativo, outra é o controle
administrativo exercido pelo Poder Judiciário sobre os seus próprios atos
administrativos praticados no exercício de sua função atípica administrativa.

Da mesma forma, é diferente o controle legislativo exercido pelo Poder Legislativo


sobre os atos administrativos e financeiros praticados pelos Poderes Executivo e
Judiciário do controle administrativo exercido pelo Poder Legislativo sobre os seus
próprios atos administrativos praticados na sua função atípica administrativa.

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Além disso, o controle administrativo é realizado por diversos meios, sendo os principais deles o processo
administrativo e o recurso administrativo, a ser estudado a seguir. Este processo pode ser instaurado de
ofício ou a requerimento. Vale destacar que, em alguns casos, não é necessário um processo administrativo
para a atuação administrativa com base na autotutela. No entanto, se houver provocação de particular, o
processo administrativo formal será obrigatório.

As formas de participação da população nesta espécie de controle são as seguintes:

a) Representação: denúncia de irregularidades perante a Administração;


b) Denúncia: similar à representação, mas prepondera o interesse de alertar às autoridades uma
conduta administrativa considerada censurável;
c) Reclamação administrativa: expressão genérica utilizada para qualquer tipo de manifestação do
interessado quanto à discordância em relação a um ato, uma decisão ou uma omissão administrativa;
d) Pedido de reconsideração: solicitação realizada perante a própria autoridade que emitiu ato ou
decisão, para que ela o aprecie novamente;
e) Recurso administrativo: petição direcionada a autoridade superior para que reavalie uma decisão
proferida por outro agente público hierarquicamente inferior.

3.2 - Processos administrativos

Conforme estudado, o processo administrativo é o principal meio pelo qual a Administração realiza o
controle sobre os seus próprios atos. Nesta aula, estudaremos os principais aspectos gerais deste assunto,
enquanto no prosseguimento do nosso curso, estudaremos especificamente o processo administrativo em
âmbito federal previsto na lei 9.784/99.

Processo administrativo é o conjunto de atos concatenados e ordenados em uma sessão lógica,


objetivando a produção de uma decisão ou um ato administrativo final pela Administração
Pública.

Questão interessante diz respeito à possibilidade de previsão legal no sentido de que a


propositura de ação judicial importa em renúncia ou desistência do processo
administrativo pelo interessado.

Em um caso específico, o STF decidiu que é “constitucional o art. 38, par. ún., da Lei
6.830/1980 (Lei da Execução Fiscal - LEF), que dispõe que "a propositura, pelo contribuinte,
da ação prevista neste artigo [ações destinadas à discussão judicial da validade de crédito
inscrito em dívida ativa] importa em renúncia ao poder de recorrer na esfera administrativa
e desistência do recurso acaso interposto” (RE 233582).

No entanto, o aluno deve ter muito cuidado se essa afirmação for generalizada, analisando
bem o enunciado das questões.

3.2.1 - Princípios relacionados aos processos administrativos

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Ao processo administrativo são aplicáveis os princípios administrativos em geral. No entanto, existem


princípios específicos deste meio de atuação administrativa. São eles:

a) Oficialidade (ou impulso oficial): incumbe à Administração movimentar o processo, ainda que este
tenha sido provocado por particular, atuando de ofício para que o processo chegue ao seu final,
podendo, inclusive, instaurar o processo, instruí-lo, tomando a iniciativa da produção de provas e
rever as suas decisões;
b) Informalidade: todo processo deve ter uma forma e serem escritos. Entretanto, não se exige
formalidades ou uma forma em especial. Ressalte-se que a informalidade é regra geral, podendo
existir norma legal impondo formalidades a determinado processo administrativo;
c) Instrumentalidade das formas: as formalidades existentes no processo não são um fim em si
mesmas, são meios (instrumentos) para atingimento da finalidade do procedimento, qual seja, a
prolação de uma decisão ou a prática de um ato. Desta forma, se foi atingida a finalidade do ato,
mesmo que não tenha sido observada a forma exigida, a irregularidade restará sanada, mantendo-se
válido o ato ou decisão, desde que não se verifique prejuízo a terceiros. Vale dizer, somente se declara
a nulidade processual se for demonstrado prejuízo às partes (pas de nullité sans grief);
d) Verdade material: busca-se conhecer o fato efetivamente ocorrido. Quando se busca a verdade
processual, considera-se apenas a prova constante dos autos e produzida no momento propício. Já
no processo administrativo, de acordo com a verdade material, a autoridade pode se utilizar de
qualquer prova (desde que lícita) de que teve conhecimento em qualquer fase do processo,
atendendo ao contraditório.

Além disso, decorre da verdade material a possibilidade de reformatio in pejus nos recursos interpostos
exclusivamente pelo particular, reformando-se a decisão para prever uma situação mais onerosa ao
recorrente. Lembre-se, entretanto, que na revisão do processo administrativo disciplinar é vedado a
reformatio in pejus.

e) Gratuidade: é a regra do processo administrativo, não sendo cobrado valores das partes. Entretanto,
é possível que a lei estabeleça a cobrança de determinadas despesas processuais. Porém, essa
possibilidade é limitada pelas gratuidades já concedidas pela constituição (direito de petição – art.
5ºXXXIV, “a”; Súmula Vinculante nº 21 etc.):

Súmula Vinculante 21: É inconstitucional a exigência de depósito ou arrolamento prévios de


dinheiro ou bens para admissibilidade de recurso administrativo.

f) Contraditório e ampla defesa: possibilidade de manifestação, em regra de forma prévia, dos


interessados no processo, cabendo-lhes utilizar todos os meios admitidos em direito para influenciar
na decisão.

3.2.2 - Recursos administrativos

O interessado pode interpor recurso das decisões para submeter a matéria à apreciação da autoridade
hierarquicamente superior ou a outra designada por lei. Além disso, é possível que a própria Administração
interponha recurso de suas decisões, no que se denomina “recurso de ofício”. Essa hipótese, em regra, exige
autorização legal.

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Os recursos administrativos, regra geral, possuem apenas efeito devolutivo, pelo que é possível a execução
imediata das decisões em processo administrativo. No entanto, é possível conferir efeito suspensivo ao
recurso, desde que expressamente autorizado em lei.

No caso de o recurso ter apenas efeito devolutivo, não impede o prazo prescricional para propositura de
ação e decadencial para impetração de mandado de segurança (assim como também não o impede o
pedido de reconsideração), haja vista que a alegada lesão já está sendo produzida (a decisão já surte efeitos),
razão pela qual há o nascimento do direito de ação (teoria da actio nata) e o início dos prazos prescricionais
e decadenciais.

(...) III – A jurisprudência desta Corte Superior é firme no sentido de que o pedido de
reconsideração ou o recurso administrativo destituído de efeito suspensivo não tem o condão
de suspender ou interromper o curso do prazo decadencial, conforme a Súmula n. 430/STF:
“Pedido de reconsideração na via administrativa não interrompe o prazo para o mandado de
segurança”. (AgInt no RMS 59.481/SP, Rel. Ministro FRANCISCO FALCÃO, SEGUNDA TURMA,
julgado em 01/10/2019, DJe 03/10/2019)

Existem duas espécies de recursos administrativos:

➢ Recurso hierárquico: é o recurso a ser julgado pela autoridade ou órgão imediatamente superior
àquela que proferiu a decisão, sendo ambos pertencentes à mesma pessoa jurídica;
➢ Recurso hierárquico impróprio: é o recurso julgado por uma pessoa jurídica diferente daquela em
que está inserido a autoridade que proferiu a decisão, podendo ser um órgão especializado ou o
próprio órgão supervisor. O recurso é denominado de hierárquico impróprio exatamente por inexistir
hierarquia entre a autoridade julgadora e a revisora. Por este motivo, parcela da doutrina sustenta
que o recurso não poderia ter a expressão “hierárquico” na sua denominação, tendo em vista a
inexistência de hierarquia.

3.3 - Prescrição e decadência administrativa

Em primeiro lugar, é importante diferenciar os institutos da prescrição e da decadência. Ambos são institutos
que se verificam com o fenômeno do decurso do tempo, porém, possuem distinções substanciais.

Vale destacar que a prescrição e a decadência, de maneira geral, se enquadram na categoria dos fatos
jurídicos, haja vista que produzem efeitos jurídicos, embora não haja necessidade de manifestação de
vontade de qualquer pessoa. Em âmbito administrativo, classificam-se como fato administrativo.

Além disso, são institutos que decorrem e efetivam a segurança jurídica, de forma que uma pessoa – ou, no
que é relevante para o presente estudo, a Administração Pública – não fiquem sob eterna submissão à
exclusiva vontade de um terceiro em exercer o seu direito subjetivo ou direito potestativo, a depender do
caso.

Assim, diante da inércia do titular do direito e o decurso do tempo previsto em lei, será possível a verificação
da prescrição e da decadência.

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A prescrição consiste na perda da pretensão do titular de um direito subjetivo patrimonial, ou


seja, não ocorre a perda do direito em si, mas apenas a perda da pretensão de exigir este direito.
Tanto é assim que, se o devedor decidir, voluntariamente, cumprir a sua obrigação, não poderá
se arrepender posteriormente e exigir o retorno à situação a quo.

Veja o que dispõe o Código Civil:

Art. 189. Violado o direito, nasce para o titular a pretensão, a qual se extingue, pela prescrição,
nos prazos a que aludem os arts. 205 e 206.

Por sua vez, a decadência é a perda do próprio direito pelo seu titular, em virtude da inércia e do
decurso do tempo.

Uma diferença relevante quanto a esses dois institutos é que, em regra, a decadência não se interrompe
nem se suspende, enquanto a prescrição pode ser interrompida ou suspensa normalmente de acordo com
o que dispuser a lei.

Outra relevante distinção é que a prescrição se relaciona com direitos subjetivos patrimoniais, havendo a
perda da pretensão de exigibilidade desses direitos, enquanto a decadência se relaciona com direitos
potestativos, havendo o perecimento do próprio direito.

Na Administração Pública, são diversas as situações que podem ensejar a prescrição ou a decadência.
Citaremos as mais relevantes.

➢ Prazo para a Administração Pública exercer a autotutela

Já estudamos na aula acerca dos princípios administrativos que a Administração Pública possui um prazo
para rever os seus próprios atos dos quais decorram efeitos favoráveis aos particulares, ressalvada a hipótese
de má-fé do administrado.

Neste caso, trata-se de prazo decadencial, haja vista que resulta na perda do próprio direito de a
Administração Pública rever os seus próprios atos.

Em âmbito federal, a lei 9.784/99 prevê o prazo decadencial de 05 anos para a anulação de atos dos quais
resultem efeitos favoráveis ao Administrado, salvo comprovada má-fé. A doutrina é controvertida quanto ao
prazo para anulação de atos administrativos praticado com má-fé do administrado, prevalecendo o
entendimento que, neste caso, não há prazo decadencial para anulação do ato.

Havia entendimento de que cada Estado ou Município poderia editar suas leis estabelecendo prazo para
anulação de atos com efeitos favoráveis aos particulares. Como exemplo, no Estado de São Paulo, o prazo é
de 10 anos (Lei Estadual 10.177/98, art. 10).

No entanto, o STF decidiu que é inconstitucional lei estadual que estabeleça prazo decadencial
de 10 (dez) anos para anulação de atos administrativos inválidos, haja vista que a maioria dos

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Entes da Federação aplicam o prazo de 5 (cinco) anos, impondo-se o tratamento igualitário nas
relações Estado-Cidadão, devendo ser aplicado o prazo de 05 (cinco) anos para todos os Estados
e Municípios (ADI 6019/SP, relator Min. Marco Aurélio, redator do acórdão Min. Roberto
Barroso).

Portanto, o prazo decadencial de 5 (cinco) anos para anulação dos atos inválidos deve ser aplicado para
todos os Entes Federados.

Por outro lado, o STF possui jurisprudência pacífica no sentido de que os atos administrativos
flagrantemente inconstitucionais podem ser anulados a qualquer tempo, resguardado o
direito à ampla defesa e contraditório. Exemplo é a investidura em cargo público sem
submissão a concurso público. Nesta hipótese, tanto o STF quanto o STJ entendem válida a
anulação do ato de investidura em razão de flagrante violação do princípio do concurso
público (MS 28279).

➢ Prazo para a Administração Pública aplicar sanções administrativas

Quanto ao prazo para que a Administração Pública aplique sanções administrativas aos agentes públicos, aos
particulares que possuam um vínculo jurídico especial com a Administração (ex.: contrato administrativo) e
aos particulares em geral (decorrente do Poder de Polícia), dependerá da lei específica de cada Ente
Federado e em cada caso.

No caso do Poder de Polícia, conforme já estudamos na aula pertinente, na esfera federal, a lei 9.973/99
estabelece um prazo prescricional para a apuração de infração e sua respectiva punição:

Art. 1º Prescreve em cinco anos a ação punitiva da Administração Pública Federal, direta e
indireta, no exercício do poder de polícia, objetivando apurar infração à legislação em vigor,
contados da data da prática do ato ou, no caso de infração permanente ou continuada, do dia
em que tiver cessado.

§ 2º Quando o fato objeto da ação punitiva da Administração também constituir crime, a


prescrição reger-se-á pelo prazo previsto na lei penal.

Art. 1º-A. Constituído definitivamente o crédito não tributário, após o término regular do
processo administrativo, prescreve em 5 (cinco) anos a ação de execução da administração
pública federal relativa a crédito decorrente da aplicação de multa por infração à legislação em
vigor.

Há ainda a prescrição intercorrente trienal e hipóteses de interrupção e suspensão do prazo.

No caso dos agentes públicos, a lei que estabelece o regime jurídico dos servidores públicos de cada Ente
Federado deve dispor acerca do assunto.

Por fim, é importante destacar que, inexistindo lei do Ente Federado nesses casos, é possível sustentar a
aplicação subsidiária do prazo de 5 (cinco) anos previsto no art. 1º, do Decreto 20.910/1932, ressalvados os

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casos em que a infração também configurar crime previsto na lei penal, situação na qual se deve aplicar o
prazo de prescrição penal.

➢ Prescrição da ação de reparação civil e imprescritibilidade da reparação civil por atos dolosos
tipificados como improbidade administrativa

Conforme estudaremos na aula acerca da responsabilidade civil do Estado, a Administração Pública possui o
prazo prescricional de 5 (cinco) anos para buscar reparação civil em face daquelas que tenha causado
prejuízos ao erário, conforme art. 1º do Decreto 20.910/1932, em entendimento pacificado no STJ.

Nos casos em que o dano causado tenha decorrido de ato doloso tipificado na lei como ato de improbidade
administrativa será aplicável o art. 37, §4º, CF, sendo imprescritível a ação de reparação civil.

O assunto será aprofundado na aula acerca da responsabilidade civil do Estado.

4 - CONTROLE LEGISLATIVO

4.1 - Introdução

O controle legislativo é realizado pelo Poder Legislativo auxiliado pelos Tribunais de Contas e é
exercido sobre o Poder Executivo e sobre os atos administrativos do Poder Judiciário.

Sendo uma verdadeira exceção à separação entre os poderes, apenas será possível o controle legislativo
sobre os atos praticados pela Administração Pública nas hipóteses expressamente previstas na Constituição
Federal. Trata-se de um instrumento que viabiliza o sistema de “freios e contrapesos”. Além disso, as
Constituições Estaduais e as Leis Orgânicas dos Municípios, bem como a do Distrito Federal, não podem criar
hipóteses de controle legislativo diferente das previstas na Lei Maior.

Porém, repare: também se utiliza a expressão controle legislativo para mencionar o controle
realizado por este Poder sobre os próprios atos legislativos em seu âmbito interno (processo
legislativo, por exemplo). Neste caso, não há necessidade de expressa previsão constitucional
para exercício deste controle, uma vez que o Poder Legislativo atua no exercício de sua função
constitucional típica.

Além disso, o controle legislativo possui um caráter político, não se limitando ao controle
da legalidade, abrangendo ainda aspectos como a legitimidade, economicidade, aplicação
das subvenções e renúncia de receitas. Esse caráter político é denominado por alguns
autores como controle de mérito. Entretanto, ainda que se use essa expressão, o controle
de “mérito” não pode ensejar a revogação de atos do Executivo pelo Poder Legislativo. É
preferível a utilização da expressão “controle político”.

CF: Art. 70. A fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial da União
e das entidades da administração direta e indireta, quanto à legalidade, legitimidade,

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economicidade, aplicação das subvenções e renúncia de receitas, será exercida pelo Congresso
Nacional, mediante controle externo, e pelo sistema de controle interno de cada Poder.

Quanto às áreas alcançadas pela fiscalização do Congresso Nacional podem ser conceituadas da seguinte
forma:

a) Contábil: verifica-se a correta formalização dos registros das receitas e despesas;


b) Financeira: há o acompanhamento dos depósitos bancários, dos empenhos de despesas, dos
pagamentos efetuados, dos ingressos de valores, dentre outros;
c) Orçamentária: diz respeito à elaboração e execução do orçamento público, de acordo com as normas
relativas às leis orçamentárias e sua respectiva execução;
d) Operacional: verifica-se a atividade administrativa em geral, tal como os procedimentos legais e a
sua adequação à eficiência e economicidade;
e) Patrimonial: incide sobre os bens integrantes do patrimônio público e a sua administração.

Quanto aos aspectos controlados, tem-se ainda que há controle da legalidade, legitimidade, economicidade,
da aplicação das subvenções e renúncias de receitas:

a) Legalidade: verifica-se a conformação da atuação administrativa com a legislação;


b) Legitimidade: afere a conformação da atuação administrativa com os princípios administrativos;
c) Economicidade: relaciona-se à aferição da racionalidade, eficiência e economia quanto à realização
da despesa pública;
d) Aplicação das subvenções: subvenções são as transferências destinadas a cobrir despesas de
custeio das entidades beneficiadas, sejam elas de caráter assistencial ou cultural, sem fins lucrativos
(subvenção social), sejam de caráter industrial, comercial, agrícola ou pastoril (subvenção
econômica).

Essas subvenções são concedidas no exercício da atividade de fomento estatal e devem obedecer às normas
de direito financeiro. O Poder Legislativo controla esses atos, verificando a sua conformidade com o
ordenamento jurídico e quanto ao emprego efetivo e adequado, pela entidade beneficiária dos recursos
públicos recebidos.

e) Renúncia de receitas: é a atividade estatal que implica na redução de tributos, contribuições ou


outros benefícios destinados ao Poder Público. Devem obedecer às normas de direito financeiro,
especialmente as previstas na Lei de Responsabilidade Fiscal (LC 101/2000).

Esses recursos não pertencem ao administrador, mas ao povo. Desta forma, a renúncia de “recursos do
povo” deve ser acompanhada pelos seus representantes, tendo em vista o seu caráter excepcional e a
indisponibilidade do interesse público.

4.2 - Controle parlamentar direto

O controle parlamentar direto pode ser exercido, em âmbito Federal, pelo Congresso Nacional, Pelo Senado
Federal ou pela Câmara dos Deputados. Nos Estados, é exercido pelas respectivas Assembleias Legislativas,
no Distrito Federal, pela Câmara Legislativa; e nos Municípios, pelas Câmaras Municipais.

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4.2.1 - Controle exercido pelo Congresso Nacional

a) Fiscalização e controle (art. 49, X): a fiscalização e o controle podem ser exercidos pelo Congresso
Nacional ou por cada uma das Casas Legislativas individualmente e o controle abrange os atos da
Administração direta e indireta:

Art. 49. É da competência exclusiva do Congresso Nacional:

X - fiscalizar e controlar, diretamente, ou por qualquer de suas Casas, os atos do Poder Executivo,
incluídos os da administração indireta;

b) Sustação de atos normativos (art. 49, V): o art. 84, IV, CF confere ao Presidente da República a
atribuição de editar decretos e regulamentos para fiel execução das leis. Essa competência deve ser
exercida nos estritos limites estabelecidos na lei regulamentada, não podendo criar direitos ou
obrigações mediante ato normativo infralegal. Neste caso, se houver extrapolação dos limites legais,
poderá haver sustação do ato pelo Congresso Nacional.

Já o art. 68, CF permite ao Congresso Nacional delegar a elaboração de lei ao Presidente da República,
estabelecendo o conteúdo e os termos (§2º). Caso haja atuação além dos limites estabelecidos, o Congresso
poderá sustar o ato.

Art. 49. É da competência exclusiva do Congresso Nacional:

V - sustar os atos normativos do Poder Executivo que exorbitem do poder regulamentar ou dos
limites de delegação legislativa;

c) Sustação de contratos (art. 71, §1º): o ato de sustação será adotado diretamente pelo Congresso
Nacional (CN), que solicitará, de imediato, ao Poder Executivo as medidas cabíveis.

No caso dos atos administrativos, a sustação pode ocorrer diretamente pelo Tribunal de Contas,
como veremos a frente. Já no caso dos contratos, a sustação deve ocorrer pelo CN, que solicitará,
de imediato, as medidas cabíveis ao Poder Executivo. Se o Congresso Nacional ou o Poder
Executivo, no prazo de noventa dias, não efetivar as medidas previstas no parágrafo anterior, o
Tribunal decidirá a respeito (§2º).

d) Julgar anualmente as contas do Presidente da República (art. 49, IX):

Art. 49. É da competência exclusiva do Congresso Nacional:

IX - julgar anualmente as contas prestadas pelo Presidente da República e apreciar os relatórios


sobre a execução dos planos de governo;

O julgamento das contas de quaisquer administradores públicos cabe aos Tribunais de Contas, exceto do
Chefe do Poder Executivo, cujas contas são julgadas pelo Poder Legislativo. Nos Estados, Distrito Federal e
Municípios, a mesma sistemática deve ser repetida.

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e) Autorizar ou aprovar determinados atos praticados pelo Chefe do Poder Executivo (art. 49, XII, XVI e
XVII).

4.2.2 - Controle exercido de forma comum pela Câmara dos Deputados e pelo Senado Federal

a) Convocar Ministro de Estado ou quaisquer titulares de órgãos diretamente subordinados à


Presidência da República para prestarem, pessoalmente, informações sobre assunto previamente
determinado, importando crime de responsabilidade a ausência sem justificação adequada (art. 50);
b) Encaminhar pedidos escritos de informações a Ministros de Estado ou a qualquer das pessoas
referidas no caput deste artigo, importando em crime de responsabilidade a recusa, ou o não -
atendimento, no prazo de trinta dias, bem como a prestação de informações falsas (art. 50, §2º).

4.2.3 - Controle exercido privativamente pelo Senado Federal

a) Processar e julgar o Presidente e o Vice-Presidente da República nos crimes de responsabilidade, bem


como os Ministros de Estado e os Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica nos crimes
da mesma natureza conexos com aqueles (art. 52, I);
b) Aprovar previamente, por voto secreto, após arguição pública, a escolha de: i) Magistrados, nos casos
estabelecidos nesta Constituição; ii) Ministros do Tribunal de Contas da União indicados pelo
Presidente da República; iii) Governador de Território; iv) Presidente e diretores do banco central; v)
Procurador-Geral da República; vi) titulares de outros cargos que a lei determinar (art. 52, III);
c) Aprovar previamente, por voto secreto, após arguição em sessão secreta, a escolha dos chefes de
missão diplomática de caráter permanente (art. 52, IV);
d) Autorizar operações externas de natureza financeira, de interesse da União, dos Estados, do Distrito
Federal, dos Territórios e dos Municípios (art. 52, V);
e) Aprovar, por maioria absoluta e por voto secreto, a exoneração, de ofício, do Procurador-Geral da
República antes do término de seu mandato (art. 52, XI).

4.2.4 - Controle exercido privativamente pela Câmara dos Deputados

a) Autorizar, por dois terços de seus membros, a instauração de processo contra o Presidente e o Vice-
Presidente da República e os Ministros de Estado (art. 51, I);
b) Proceder à tomada de contas do Presidente da República, quando não apresentadas ao Congresso
Nacional dentro de sessenta dias após a abertura da sessão legislativa (art. 52, II).

4.2.5 - Comissões

As comissões temporárias e permanentes do Congresso Nacional, da Câmara dos Deputados e do Senado


Federal, possuem poderes para: a) realizar audiências públicas com entidades da sociedade civil; b) convocar
Ministros de Estado para prestar informações sobre assuntos inerentes a suas atribuições; c) receber
petições, reclamações, representações ou queixas de qualquer pessoa contra atos ou omissões das
autoridades ou entidades públicas; d) solicitar depoimento de qualquer autoridade ou cidadão; e) apreciar
programas de obras, planos nacionais, regionais e setoriais de desenvolvimento e sobre eles emitir parecer.

Além disso, merece especial atenção a possibilidade de se instaurar Comissões Parlamentares de Inquérito:

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CF: Art. 58 (...) §3º As comissões parlamentares de inquérito, que terão poderes de investigação
próprios das autoridades judiciais, além de outros previstos nos regimentos das respectivas
Casas, serão criadas pela Câmara dos Deputados e pelo Senado Federal, em conjunto ou
separadamente, mediante requerimento de um terço de seus membros, para a apuração de fato
determinado e por prazo certo, sendo suas conclusões, se for o caso, encaminhadas ao Ministério
Público, para que promova a responsabilidade civil ou criminal dos infratores.

Os requisitos são:

a) Requerimento de 1/3 de seus membros;


b) Investigar fato certo e determinado;
c) Prazo certo.

Além disso o STF já proferiu diversas decisões quanto aos poderes das CPIs:

PODE NÃO PODE


Quebra do sigilo fiscal; Determinar interceptação telefônica;
Quebra do sigilo bancário; Decretar busca e apreensão;
Quebra do sigilo de dados; Determinar a indisponibilidade de bens;
Convocar investigados e testemunhas; Decretar prisão, salvo prisão em flagrante.
Determinar diligências que entender necessárias;
Requisitar informações de órgãos públicos.

As condutas vedadas às CPIs ocorrem em virtude de estarem sujeitas ao postulado constitucional da reserva
de jurisdição, cujos atos somente podem ser realizados pelo Poder Judiciário.

Por outro lado, as CPIs Municipais não podem decretar quebra de sigilos, tendo em vista a inexistência de
Poder Judiciário em âmbito municipal, sendo impossível que possuam poderes próprios de autoridade
judicial, visto que inexistente no Município.

4.3 - Controle exercido pelos Tribunais de Contas

Os Tribunais de Contas são órgãos vinculados ao Poder Legislativo, porém, sem qualquer subordinação,
tendo em vista que possuem autonomia. Suas atribuições estão previstas no art. 71 da Constituição Federal:

Art. 71. O controle externo, a cargo do Congresso Nacional, será exercido com o auxílio do
Tribunal de Contas da União, ao qual compete:

I - apreciar as contas prestadas anualmente pelo Presidente da República, mediante parecer


prévio que deverá ser elaborado em sessenta dias a contar de seu recebimento;

II - julgar as contas dos administradores e demais responsáveis por dinheiros, bens e valores
públicos da administração direta e indireta, incluídas as fundações e sociedades instituídas e
mantidas pelo Poder Público federal, e as contas daqueles que derem causa a perda, extravio ou
outra irregularidade de que resulte prejuízo ao erário público;

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III - apreciar, para fins de registro, a legalidade dos atos de admissão de pessoal, a qualquer
título, na administração direta e indireta, incluídas as fundações instituídas e mantidas pelo
Poder Público, excetuadas as nomeações para cargo de provimento em comissão, bem como a
das concessões de aposentadorias, reformas e pensões, ressalvadas as melhorias posteriores que
não alterem o fundamento legal do ato concessório;

IV - realizar, por iniciativa própria, da Câmara dos Deputados, do Senado Federal, de Comissão
técnica ou de inquérito, inspeções e auditorias de natureza contábil, financeira, orçamentária,
operacional e patrimonial, nas unidades administrativas dos Poderes Legislativo, Executivo e
Judiciário, e demais entidades referidas no inciso II;

V - fiscalizar as contas nacionais das empresas supranacionais de cujo capital social a União
participe, de forma direta ou indireta, nos termos do tratado constitutivo;

VI - fiscalizar a aplicação de quaisquer recursos repassados pela União mediante convênio,


acordo, ajuste ou outros instrumentos congêneres, a Estado, ao Distrito Federal ou a Município;

VII - prestar as informações solicitadas pelo Congresso Nacional, por qualquer de suas Casas, ou
por qualquer das respectivas Comissões, sobre a fiscalização contábil, financeira, orçamentária,
operacional e patrimonial e sobre resultados de auditorias e inspeções realizadas;

VIII - aplicar aos responsáveis, em caso de ilegalidade de despesa ou irregularidade de contas, as


sanções previstas em lei, que estabelecerá, entre outras cominações, multa proporcional ao
dano causado ao erário;

IX - assinar prazo para que o órgão ou entidade adote as providências necessárias ao exato
cumprimento da lei, se verificada ilegalidade;

X - sustar, se não atendido, a execução do ato impugnado, comunicando a decisão à Câmara


dos Deputados e ao Senado Federal;

XI - representar ao Poder competente sobre irregularidades ou abusos apurados.

§ 1º No caso de contrato, o ato de sustação será adotado diretamente pelo Congresso Nacional,
que solicitará, de imediato, ao Poder Executivo as medidas cabíveis.

§ 2º Se o Congresso Nacional ou o Poder Executivo, no prazo de noventa dias, não efetivar as


medidas previstas no parágrafo anterior, o Tribunal decidirá a respeito.

§ 3º As decisões do Tribunal de que resulte imputação de débito ou multa terão eficácia de


título executivo.

§ 4º O Tribunal encaminhará ao Congresso Nacional, trimestral e anualmente, relatório de suas


atividades.

Essas normas se aplicam, no que couber, à organização, composição e fiscalização dos Tribunais de Contas
dos Estados e do Distrito Federal, bem como dos Tribunais e Conselhos de Contas dos Municípios (art. 75).

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Quanto às atribuições das cortes de contas, algumas considerações devem ser feitas:

a) “Apreciar” contas e “julgar” contas: o inciso I do dispositivo transcrito prevê a atribuição do TCU para
“apreciar” as contas prestadas anualmente pelo Presidente da República por meio de parecer
prévio, ao passo que o inciso II estabelece que o TCU deve “julgar” as contas dos administradores ou
responsáveis por valores públicos.

Isto ocorre porque é o Congresso Nacional quem julga as contas do Presidente (art. 49, IX, CF). O
TCU julga as contas de todos os administradores públicos, exceto do Presidente. Essa sistemática
se aplica também aos demais entes federados.

Quanto aos Municípios, é importante mencionar o entendimento do STF de que o parecer do Tribunal de
Contas tem natureza meramente opinativa, só deixando de prevalecer pelo voto de 2/3 da câmara dos
vereadores, a quem compete, exclusivamente, o julgamento anual das contas do chefe do executivo
municipal. Desta forma, a rejeição das contas do prefeito, seja de governo, seja de gestão, para os fins do
art. 1º, I, ‘g’, LC 64/1990 (inelegibilidade), é exclusividade da câmara de vereadores, não se podendo falar
em julgamento ficto pelo Tribunal de Contas quando este profere parecer pela rejeição e a câmara deixa
escoar o prazo para apreciação2.

Neste sentido, o STF possui entendimento de que a Constituição Estadual não pode
estabelecer competência para a Assembleia Legislativa julgar as suas próprias contas ou as
contas do Poder Judiciário local. O TCE deve julgar as contas de todos os administradores
públicos do Estado, exceto do Governador, cujas contas são julgadas pelo Assembleia
Legislativa, após parecer prévio do TCE (ADI 1.779).

b) Competência para julgar as contas do Tribunal de Contas: a Constituição não previu de quem seria
esta atribuição, sendo incoerente sustentar que a Corte de Contas julgue suas próprias contas. Neste
sentido, o STF considerou válida norma de Constituição Estadual que atribuiu à Assembleia Legislativa
a competência para julgar as contas do TCE, sendo este entendimento extensivo aos Municípios (ADI
2.597/PA).
c) Sustação de atos e contratos administrativos: de acordo com o art. 71, X, CF, o TCU possui
competência para sustar diretamente a execução de ato administrativo impugnado, apenas devendo
comunicar a decisão à Câmara dos Deputados e ao Senado Federal. A expressão “se não atendido”,
no entanto, impõe que, antes da sustação, o TCU estabeleça prazo para a Administração sanar a
irregularidade. Apenas se não atendido, poderá sustar o ato.

Já quanto aos contratos administrativos, quando houver irregularidade, apenas o Congresso


Nacional poderá realizar a sustação (art. 71, §1º), devendo solicitar de imediato ao Poder

2
RE 848826/DF, rel. orig. Min. Roberto Barroso, red. p/ o acórdão Min. Ricardo Lewandowski, 10.8.2016.

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Executivo que tome as medidas cabíveis. Todavia, se o Congresso Nacional ou o Poder Executivo
não tomarem as medidas cabíveis em 90 (noventa) dias, o TCU adquirirá competência para
decidir a respeito da sustação (art. 71, §2º).

d) As decisões do Tribunal de que resulte imputação de débito ou multa terão eficácia de título
executivo (art. 71, §3º). Neste sentido, o Ente Público beneficiário da decisão poderá propor
diretamente a execução perante o Poder Judiciário. Destaque-se que o STF já decidiu que o Ministério
Público junto ao Tribunal de Contas não possui legitimidade para propor a referida execução. Apenas
o beneficiário do débito reconhecido é que pode executar o crédito (ARE 823.347/MA). No caso de
multa, caso aplicada a agente público municipal, em razão de danos causados ao erário municipal, o
Município prejudicado que é o legitimado para a execução do crédito (RE 1003433/RJ).
e) Controle de constitucionalidade: o STF possuía decisão no sentido de que os Tribunais de Contas
poderiam realizar controle de constitucionalidade incidental, afastando norma que reputasse
contrária à Lei Maior. No entanto, alterou o seu entendimento, estabelecendo que as Cortes de
Contas não podem exercer o controle de constitucionalidade por não serem dotadas de função
jurisdicional, sendo órgãos técnicos de fiscalização contábil financeira e orçamentária, restando,
portanto, superada a Súmula-STF nº 347 (Mandados de Segurança (MS) 35410, 35490, 35494, 35498,
35500, 35836, 35812 e 35824);
f) Medidas cautelares: o STF também definiu que os Tribunais de Contas podem expedir medidas
cautelares no desempenho de suas funções para prevenir a ocorrência de lesão ao erário ou a direito
alheio. Trata-se da teoria dos poderes implícitos, segundo a qual se a CF conferiu uma atribuição,
também confere, implicitamente, os meios necessários para exercê-la.
g) Tomada de contas especial: de acordo com o art. 71, II, parte final, da CF, o Tribunal de Contas deve
julgar “as contas daqueles que derem causa a perda, extravio ou outra irregularidade de que resulte
prejuízo ao erário público”. Difere da “tomada de contas ordinárias anuais”, que independem da
suspeita de irregularidades e estão previstas na primeira parte do mesmo inciso;

Trata-se do “princípio da universalidade”, que estabelece o controle sobre toda e qualquer pessoa, física ou
jurídica, que, de algum modo, receba, administre ou esteja incumbida da aplicação de recursos públicos de
qualquer espécie ou ainda execute qualquer outra operação que onere o erário público.

h) Não é possível que lei local estabeleça competência do Tribunal de Contas para realizar exame
prévio de validade dos contratos firmados pelo Poder Público. De acordo com o STF o art. 71 da
Constituição não insere na competência do TCU a aptidão para examinar, previamente, a validade
de contratos administrativos celebrados pelo poder público. Atividade que se insere no acervo de
competência da função executiva. É inconstitucional norma local que estabeleça a competência do
tribunal de contas para realizar exame prévio de validade de contratos firmados com o poder público
(ADI 916).

4.3.1 - Apreciar, para fins de registro, a legalidade de atos administrativos (art. 71, III)

O inciso III do art. 71, da CF é o que mais possui desdobramentos e discussões jurídicas quanto à atuação dos
Tribunais de contas. De acordo com o dispositivo, cabe ao TCU apreciar a legalidade dos atos de admissão
de pessoal, a qualquer título, na administração direta e indireta, incluídas as fundações instituídas e mantidas
pelo Poder Público, excetuadas as nomeações para cargo de provimento em comissão, bem como a das

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concessões de aposentadorias, reformas e pensões, ressalvadas as melhorias posteriores que não alterem o
fundamento legal do ato concessório.

Neste sentido, o STF definiu a necessidade de observar o contraditório e ampla defesa nos casos em que a
apreciação pudesse gerar prejuízos aos interessados:

Súmula Vinculante 3: Nos processos perante o Tribunal de Contas da União asseguram-se o


contraditório e a ampla defesa quando da decisão puder resultar anulação ou revogação de ato
administrativo que beneficie o interessado, excetuada a apreciação da legalidade do ato de
concessão inicial de aposentadoria, reforma e pensão.

Repare, entretanto, que foram ressalvados os casos de apreciação da legalidade do ato de concessão inicial
de aposentadoria, reforma ou pensão. Isto porque o STF entende que este ato possui natureza complexa,
isto é, somente estará completamente formado após a manifestação do TCU. Antes disso, ainda não temos
um ato administrativo propriamente dito, razão pela qual o TCU não anula o ato, mas apenas complementa
os requisitos necessários para sua formação. Como não há anulação de ato, não há necessidade de
contraditório e ampla defesa.

Esse entendimento foi flexibilizado por um tempo pelo STF, que passou a decidir que, se o TCU não analisasse
o ato em 5 anos, deveria conferir oportunidade de manifestação para o prejudicado. Isso não importava
mudança de entendimento quanto à natureza complexa do ato, mas apenas a imposição de um prazo
razoável, fundamentado na segurança jurídica, para que a Corte de Contas apreciasse a sua legalidade.

No entanto, recentemente, a Corte Suprema alterou novamente o seu entendimento:

No dia 19/02/2020, o STF concluiu julgamento do RE 636553, definindo a


seguinte tese de repercussão geral (Tema 445): ”Os Tribunais de Contas
estão sujeitos ao prazo de cinco anos para o julgamento da legalidade do
ato de concessão inicial de aposentadoria, reforma ou pensão, a contar da
chegada do processo à respectiva Corte de Contas, em atenção aos
princípios da segurança jurídica e da confiança legítima”.

Logo, após o prazo de 5 anos da chegada do processo na Corte de Contas, se


o ato não for apreciado, considera-se automaticamente registrado.

Apesar desta conclusão, a Corte Suprema não alterou o seu entendimento de que o ato possui natureza
complexa. Fundamentou a imposição de prazo ao Tribunal de Contas em virtude da aplicação analógica do
prazo quinquenal para que os particulares busquem qualquer direito em face da Administração Pública,
sendo necessário, em virtude da isonomia, impor o mesmo prazo à Administração.

4.3.2 - Atribuições dos Tribunais de Contas

Alguns autores ainda dividem as atribuições dos Tribunais de Contas em consultiva, fiscalizadora, julgadora,
de registro, sancionadora, corretiva e de ouvidoria.

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a) Consultiva: elabora parecer prévio acerca das contas do Chefe do Executivo para julgamento pelo
Poder Legislativo;
b) Fiscalizadora: realiza a fiscalização contábil, financeira e orçamentária, inclusive por meio de
inspeções e auditorias;
c) Julgadora: julga as contas dos administradores públicos e demais responsáveis por dinheiros, bens e
valores públicos (tomada de contas ordinária), bem como as contas daqueles que derem causa a
perda, extravio ou irregularidade da qual resulte prejuízo ao erário (tomada de contas especial);
d) Registro: apreciam, para fins de registro, a legalidade de determinados atos;
e) Sancionadora: aplica sanções aos responsáveis por ilegalidades;
f) Corretiva: determinam a correção de irregularidades administrativas, assinando prazo para tomada
de providências. Em caso de desatendimento, a Corte de Contas pode sustar a execução do ato
impugnado. Quanto aos contratos, estudamos que cabe ao Congresso Nacional sua sustação, apenas
se este e o Poder Executivo se omitirem, o TCU poderá decidir sobre o caso;
g) Ouvidoria: os Tribunais de Contas recebem denúncias de irregularidades apresentadas por qualquer
cidadão, partido político, associação e sindicato:

CF: Art. 74 (...)

§ 1º Os responsáveis pelo controle interno, ao tomarem conhecimento de qualquer


irregularidade ou ilegalidade, dela darão ciência ao Tribunal de Contas da União, sob pena de
responsabilidade solidária.

§ 2º Qualquer cidadão, partido político, associação ou sindicato é parte legítima para, na forma
da lei, denunciar irregularidades ou ilegalidades perante o Tribunal de Contas da União.

5 - CONTROLE JUDICIAL

5.1 - Introdução

Conforme já estudamos em nosso curso, o Brasil adotou o sistema de jurisdição una (unicidade de
jurisdição – sistema inglês), em que apenas o Poder Judiciário possui a atribuição de decidir de maneira
definitiva sobre a regularidade da atuação dos particulares e da Administração Pública. Difere do sistema da
dualidade da jurisdição, em que há a jurisdição ordinária ou comum para julgar os atos e negócios jurídicos
dos particulares e a jurisdição ou contencioso administrativo, em que há Tribunais Administrativos, dotados
de independência em relação ao Poder Executivo, que possuem atribuição para julgar as ações da
Administração Pública.

No controle judicial, verifica-se a legalidade ou legitimidade dos atos administrativos, nunca o mérito
administrativo. A doutrina moderna substituiu o termo “controle de legalidade” por “controle de
juridicidade”, tendo em vista que o Poder judiciário pode controlar os atos não apenas em relação às leis,
mas também em confronto com todo o ordenamento jurídico, aí incluídas as súmulas vinculantes, decisões
vinculantes dos Tribunais Superiores, princípios expressos e implícitos, dentre outros.

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Além da legitimidade, o Poder Judiciário também realiza o controle administrativo


relativamente ao abuso de poder (desvio de poder e excesso de poder) e à teoria dos
motivos determinantes, podendo anular ato administrativo se verificada a inexistência
ou falsidade dos motivos declarados que ensejaram a prática do ato.

Por estes motivos, o Judiciário somente poderá anular o ato administrativo irregular, nunca
poderá revogá-lo, tendo em vista que a revogação decorre de controle de mérito (conveniência
e oportunidade). Por outro lado, é importante ressaltar que o Judiciário não está proibido de
realizar o controle de atos discricionários. Pelo contrário, poderá apreciar a juridicidade destes
atos, apenas devendo se abster de realizar apreciação do seu mérito administrativo.

CONTROLE JUDICIAL
Ato controlado Atos vinculados Atos discricionários
Aspecto controlado Legalidade/Juridicidade Legalidade/Juridicidade

Vale destacar que um dos principais mecanismos de controle do ato discricionário pelo Poder Judiciário são
os princípios da proporcionalidade e da razoabilidade.

Outra importante consideração é que o Poder Judiciário, ao anular um ato administrativo, não pode
substituir o administrador praticando outro em seu lugar. Deverá determinar que o administrador tome as
providências necessárias.

5.2 - Instrumentos de controle judicial

De maneira geral, é importante estudar os instrumentos utilizados para controle judicial da Administração
Pública. São eles: a) mandado de segurança individual e coletivo; b) mandado de injunção; c) ação popular;
d) ação civil pública; e) habeas data; f) habeas corpus.

Há ainda a ação civil pública por improbidade administrativa que estudaremos de forma específica em aula
autônoma em virtude da sua destacada importância.

5.2.1 - Mandado de segurança individual (Lei 12.016/2009)

CF. Art. 5º (...) LXIX - conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido e certo,
não amparado por habeas corpus ou habeas data, quando o responsável pela ilegalidade ou
abuso de poder for autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições
do Poder Público;

O mandado de segurança possui natureza de “remédio jurídico processual”. Trata-se de direito a um


procedimento judicial específico (simplificado, sumário e abreviado).

Quanto ao momento de impetração, o mandado de segurança pode ser divido em duas categorias:

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a) Mandado de segurança preventivo: busca-se repelir ameaça de lesão ao direito líquido e certo;
b) Mandado de segurança repressivo: busca-se reparar a lesão já efetivada a direito líquido e certo.

5.2.1.1 - Regras gerais

➢ Requisitos:
a) Direito líquido e certo: exigência de prova pré-constituída. É vedada a produção de provas no
mandado de segurança. Os fatos alegados pelo impetrante devem estar comprovados por meio
documental desde a impetração. Além disso, o mandado de segurança exige prova documental, mas
não admite prova documentada (ex.: depoimento de testemunha reduzido a termo).

Excepcionalmente, no caso em que o documento necessário à prova do alegado se ache em repartição ou


estabelecimento público ou em poder de autoridade que se recuse a fornecê-lo por certidão ou de terceiro,
o juiz ordenará, preliminarmente, por ofício, a exibição desse documento em original ou em cópia autêntica
e marcará, para o cumprimento da ordem, o prazo de 10 (dez) dias. O escrivão extrairá cópias do documento
para juntá-las à segunda via da petição (art. 6º, §1º).

Repare que, se a matéria controvertida for exclusivamente de direito será desnecessária a produção de prova
pré-constituída na inicial:

Súmula 625-STF: Controvérsia sobre matéria de direito não impede concessão de mandado de
segurança.

b) Ato ilegal ou abusivo de autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições
públicas: considera-se autoridade coatora aquela que tenha praticado o ato impugnado ou da qual
emane a ordem para a sua prática (art. 6º, §3º, lei 12.016/2009).

Além disso, dispõe a lei do MS:

Art. 1º (...)

§ 1º Equiparam-se às autoridades, para os efeitos desta Lei, os representantes ou órgãos de


partidos políticos e os administradores de entidades autárquicas, bem como os dirigentes de
pessoas jurídicas ou as pessoas naturais no exercício de atribuições do poder público, somente
no que disser respeito a essas atribuições.

Por outro lado, não cabe mandado de segurança contra lei em tese (Súmula 266, STF). Para
impugnar lei em tese, é necessária ação direta perante o STF. É possível, no entanto, impugnar
ato concreto, fundamentando, como causa de pedir, na inconstitucionalidade de lei. Neste caso,
a impugnação da lei é incidental e não principal.

Quando se tratar de ato de empresa pública, sociedade de economia mista ou concessionária de serviços
públicos, somente será cabível o mandado de segurança se for o caso de ato administrativo (concurso
público, licitação etc.). Não é cabível o writ contra atos de gestão das estatais ou da concessionária (art. 1º,
§2º).

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➢ Hipóteses de não cabimento do mandado de segurança (art. 5º):


a) Atos sujeitos a recurso administrativo com efeito suspensivo, independentemente de caução (I):
caberá MS se o impetrante não ingressar com o recurso administrativo previsto ou se este for negado;
b) Decisão judicial da qual caiba recurso com efeito suspensivo (II): a interpretação correta do
dispositivo é a de que não cabe o mandammus contra decisão judicial da qual caiba recurso que tiver
ou puder ter efeito suspensivo;
c) Decisão judicial transitada em julgado (III): as únicas hipóteses de impugnação da decisão com
trânsito em julgado é a ação rescisória ou a querela nullitatis insanabilis.

Além dessas hipóteses de vedação ao mandado de segurança previstas na lei, existem ainda outras
apontadas pela jurisprudência:

d) Lei em tese (Súmula 266, STF);


e) Ato interna corporis: relacionados à organização interna e funcionamento das Casas Legislativas e
dos partidos políticos.

As normas do regimento interno são o maior exemplo de atos interna corporis. O STF já decidiu
que a interpretação incidente sobre normas de índole meramente regimental, por se qualificar
como típica matéria interna corporis, suscita questão que se deve resolver exclusivamente no
âmbito do Poder Legislativo, sendo vedada sua apreciação pelo Poder Judiciário.

➢ Partes no processo
a) Legitimidade ativa: titular do direito líquido e certo;
b) Legitimidade passiva: pessoa jurídica a cujos quadros pertence a autoridade que emitiu o ato
impugnado, tendo em vista que é, de fato, quem contesta o mandado de segurança e possui interesse
recursal. A autoridade coatora também será identificada no polo passivo da ação para fins de
definição da competência.

Apesar de a autoridade coatora não ser considerada parte no mandado de segurança, o STJ
possui entendimento de que a indicação equivocada da autoridade acarreta a extinção do
processo sem julgamento do mérito, salvo se for o caso de aplicação da teoria da encampação,
em que, embora tenha sido indicada a autoridade de forma equivocada, a autoridade que
praticou o ato presta as informações. De acordo com o STJ os requisitos para aplicação da teoria
são os seguintes:

Súmula 628-STJ: A teoria da encampação é aplicada no mandado de segurança quando


presentes, cumulativamente, os seguintes requisitos: a) existência de vínculo hierárquico
entre a autoridade que prestou informações e a que ordenou a prática do ato impugnado; b)
manifestação a respeito do mérito nas informações prestadas; e c) ausência de modificação
de competência estabelecida na Constituição Federal.

Na hipótese de delegação de competência, o mandado de segurança deve indicar como coatora


a autoridade que praticou o ato (autoridade delegada) e não a autoridade delegante (súmula 510

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do STF). Já se o ato for praticado por órgão colegiado, a autoridade coatora indicada será o seu
presidente.

No mandado de segurança contra ato judicial, há litisconsórcio passivo necessário entre


o juiz e a parte que se beneficiou do ato impugnado, sendo, neste caso, desnecessária
a notificação da pessoa jurídica a que está vinculada a autoridade coatora (juiz). EDcl
nos EDcl no RMS 6.487/PB.

➢ Competência

Os critérios que definem a competência para processar e julgar o mandado de segurança são os seguintes:

a) Qualificação da autoridade como federal ou local: define se a competência é da Justiça Federal ou


Estadual;
b) A graduação hierárquica da autoridade: define se a competência é de algum tribunal ou do juiz de
primeiro grau.

Além disso, em razão do lugar, a competência será da comarca ou seção judiciária do local em que a
autoridade coatora estiver lotada.

Os atos administrativos praticados por agentes das empresas públicas ou sociedades de


economia mistas federais serão julgados pela Justiça Federal. Embora o art. 109, I, CF
tenha excluído da competência da Justiça Federal o processo e julgamento de ações em
que as sociedades de economia mista federais sejam parte, sendo estas de competência
da Justiça Estadual, quando se trata de mandado de segurança, a autoridade coatora
dessas entidades é uma autoridade federal, sendo o ato combatido considerado federal
(STJ, AgRg no AREsp 102.351/SE).

5.2.1.2 - Prazo

Art. 23. O direito de requerer mandado de segurança extinguir-se-á decorridos 120 (cento e
vinte) dias, contados da ciência, pelo interessado, do ato impugnado.

Trata-se de prazo decadencial, não sujeito a suspensão ou interrupção. O interessado não perde o direito de
requerer no judiciário que seja apreciado ato de lesão ou ameaça ao seu direito. O que ele perde é o direito
a um procedimento judicial específico e sumário (o mandado de segurança), podendo ingressar, no entanto,
com uma ação ordinária para impugnar o ato.

O termo inicial do prazo ocorre com a publicação do ato no diário oficial ou com a intimação pessoal feita ao
impetrante.

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No caso de interposição de recurso com efeito suspensivo, como o ato não produz efeitos,
não está apto a causar lesão ou ameaça a direito. Por este motivo, não tem início o prazo
para impetração do MS. A contagem do prazo somente se inicia quando o direito é
ameaçado ou lesionado. Julgado o recurso, o prazo tem início a partir da ciência da decisão.

Por outro lado, se o sujeito interpõe um pedido de reconsideração, o prazo começa a fluir,
tendo em vista que o pedido de reconsideração não possui efeitos suspensivos, não
impedindo que o ato administrativo produza efeitos:

Súmula 430-STF: Pedido de reconsideração na via administrativa não interrompe o prazo


para o mandado de segurança.

5.2.1.3 - Procedimento

➢ Petição inicial: deve preencher os requisitos do CPC e indicará, além da autoridade coatora, a pessoa
jurídica que esta integra, à qual se acha vinculada ou da qual exerce atribuições;
➢ Notificação da autoridade coatora: para prestar informações no prazo de 10 dias da juntada da
notificação aos autos;
➢ Ciência ao órgão de representação judicial da pessoa jurídica interessada para que, querendo,
ingresse no feito;
➢ Manifestação do Ministério Público: prazo de 10 dias das informações prestadas pela autoridade
coatora;
➢ Sentença: 30 dias após a manifestação do MP.

De acordo com o STF, a desistência do mandado de segurança é prerrogativa do


impetrante, independentemente da anuência da parte demandada, podendo ocorrer,
inclusive, se já tiver sido proferida decisão de mérito (RE 669.367/RJ).

Entretanto, em outro julgado, o STF não admitiu a desistência do MS quando o impetrante,


após decisão de mérito desfavorável, interpôs diversos recursos buscando a reforma da
decisão, sendo todos negados. Neste caso, entendeu que o impetrante manifestou intento
de evitar o trânsito em julgado, configurando má-fé.

➢ Quanto à possibilidade de tutela provisória: é possível a concessão de liminar para suspender o ato
que deu motivo ao pedido, quando houver (art. 7º, III):
a) fundamento relevante (fumus boni iuris); e
b) do ato impugnado puder resultar a ineficácia da medida, caso seja finalmente deferida (periculum in
mora).

É facultado exigir do impetrante caução, fiança ou depósito, com o objetivo de assegurar o ressarcimento à
pessoa jurídica, quando deferida a liminar.

O art. 7º, §2º da lei, que previa a impossibilidade de concessão de liminar que tivesse por objeto a
compensação de créditos tributários, a entrega de mercadorias e bens provenientes do exterior, a
reclassificação ou equiparação de servidores públicos e a concessão de aumento ou a extensão de vantagens
ou pagamento de qualquer natureza foi declarado inconstitucional pelo STF (ADI 4296).

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Da decisão do juiz de primeiro grau que conceder ou denegar a liminar caberá agravo de instrumento.

➢ Sentença e coisa julgada: a sentença tem caráter mandamental, contendo uma ordem em face de
uma autoridade ou agente público, podendo ainda ser constitutiva negativa (anulatória) ou
condenatória.

No entanto, o mandado de segurança não é substitutivo de ação de cobrança e a sentença não produz efeitos
patrimoniais pretéritos, ou seja, não condena a pagar valores devidos anteriormente à sua impetração:

Súmula nº 269-STF: O mandado de segurança não é substitutivo de ação de cobrança.

Súmula nº 271-STF: concessão de mandado de segurança não produz efeitos patrimoniais, em


relação a período pretérito, os quais devem ser reclamados administrativamente ou pela via
judicial própria.

O recurso interposto em face da sentença em mandado de segurança é a apelação e, em regra, deverá ser
interposto pela pessoa jurídica e não pela autoridade coatora. No entanto, o art. 14, §2º estende à
autoridade coatora o direto de recorrer neste caso. Vale destacar que, regra geral, o recurso não possui
efeito suspensivo, salvo nos casos em que é vedada a concessão de liminar.

Concedida a segurança, haverá remessa necessária, não se aplicando as dispensas previstas no CPC (art. 14,
§1º, lei 12.016/2009). Não importa quem é a parte que se encontra no polo passivo, a concessão da
segurança sempre ensejará a remessa necessária.

No mandado de segurança não cabe condenação ao pagamento dos honorários advocatícios (art. 25).

Quanto à coisa julgada, se for denegada a segurança por ausência de direito líquido e certo, ou seja, por ser
necessária dilação probatória, o processo será extinto sem resolução do mérito, sendo possível ao
interessado ingressar com ação ordinária. Por outro lado, se a sentença for de improcedência, haverá coisa
julgada material, sendo impossível rediscutir a questão na via ordinária.

5.3.2 - Mandado de segurança coletivo

O mandado de segurança coletivo também foi previsto na Constituição Federal e regulamentado pela lei
12.016/2009. A ele se aplicam as disposições do mandado de segurança individual no que couber. Neste
tópico, estudaremos as suas peculiaridades.

➢ Legitimidade ativa (art. 5º, LXX, CF e art. 21, lei 12.016/2009):


a) partido político com representação no Congresso Nacional, na defesa de seus interesses legítimos
relativos a seus integrantes ou à finalidade partidária;
b) organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída e em funcionamento
há pelo menos um ano, em defesa dos interesses de seus membros ou associados, em defesa de
direitos líquidos e certos da totalidade, ou de parte, dos seus membros ou associados, na forma dos
seus estatutos e desde que pertinentes às suas finalidades, dispensada, para tanto, autorização
especial.

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O art. 5º, XXI, CF exige autorização dos associados para que a entidade associativa os
represente judicial ou extrajudicialmente. No entanto, o caso trata de representação. No
mandado de segurança coletivo, as associações não representam os associados, elas são
legitimadas extraordinárias para propor a ação, por isso é dispensada a autorização (STF).

Quanto aos partidos políticos, basta que possua um deputado ou senador eleito para que possua
legitimidade para impetrar o mandado de segurança coletivo. Além disso, existem duas posições quanto à
amplitude da legitimidade dos partidos políticos:

a) Interpretação restritiva: os partidos políticos somente podem impetrar mandado de


segurança coletivo na defesa dos interesses dos seus filiados;
b) Interpretação ampliativa: podem interpor o writ também na defesa de interesses de
toda a sociedade. Esse último posicionamento tem prevalecido.

Relativamente ao tópico “b”, exige-se a constituição e funcionamento há pelo menos um ano apenas das
associações, não se fazendo esta exigência para as organizações sindicais e para as entidades de classe.

Súmulas do STF
SÚMULA 629: A impetração de mandado de segurança coletivo por entidade de classe em
favor dos associados independe da autorização destes.

SÚMULA 630: A entidade de classe tem legitimação para o mandado de segurança ainda
quando a pretensão veiculada interesse apenas a uma parte da respectiva categoria.

➢ Objeto:
a) Direitos coletivos: direitos transindividuais, de natureza indivisível, de que seja titular grupo ou
categoria de pessoas vinculadas entre si ou com a parte contrária por uma relação jurídica básica (ex.:
usuários de determinado plano de saúde lesionados em seus direitos);
b) Direitos individuais homogêneos: decorrentes de origem comum ou de atividade ou situação
específica da totalidade ou de parte dos associados, membros do impetrante ou setor da sociedade.

Perceba que a lei não fala em defesa de direitos difusos. Entretanto, parcela da doutrina entende que o art.
21, parágrafo único da lei 12.016/1019 deve ser interpretado de forma ampliativa para abarcar a proteção
de todos os interesses coletivos em sentido amplo, inclusive os interesses difusos, tendo em vista que o art.
5º, LXX, CF não fez restrição. Assim, a lei seria interpretada conforme a constituição.

➢ Liminar: o art. 22, §2º que determinava que só poderia ser concedida após a audiência do
representante judicial da pessoa jurídica de direito público, que deveria se pronunciar no prazo de 72
(setenta e duas) horas, foi declarado inconstitucional pelo STF (ADI 4.296), com o entendimento de
que restringia o poder geral de cautela do Magistrado;
➢ Coisa julgada: a sentença fará coisa julgada limitadamente aos membros do grupo ou categoria
substituídos pelo impetrante (art. 22).

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Além disso, o mandado de segurança coletivo não induz litispendência para as ações individuais, mas os
efeitos da coisa julgada não beneficiarão o impetrante a título individual se não requerer a desistência de
seu mandado de segurança no prazo de 30 (trinta) dias a contar da ciência comprovada da impetração da
segurança coletiva.

5.3.3 - Mandado de injunção

O mandado de injunção é um remédio constitucional previsto no art. 5º, LXXI, da CF e regulamentado pela
lei 13.300/2016.

CF, art. 5º(...)

LXXI - conceder-se-á mandado de injunção sempre que a falta de norma regulamentadora torne
inviável o exercício dos direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes à
nacionalidade, à soberania e à cidadania;

O objetivo do mandado de injunção, portanto, é suprir omissão legislativa para efetivar direitos e liberdades
constitucionais, além de prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania.

A doutrina aponta os pressupostos para o MI de forma esquematizada:

a) Norma constitucional de eficácia limitada que reconheça direitos, liberdades ou prerrogativas;


b) Ausência de norma regulamentadora da norma constitucional;
c) Inviabilidade de exercício desses direitos, liberdades ou prerrogativas;
d) Nexo causal entra a omissão legislativa e a inviabilização dos direitos.

O mandado de injunção poderá ainda ser individual ou coletivo. Estudaremos de forma genérica o MI
individual e, ao final, veremos as peculiaridades do MI coletivo.

➢ Legitimidade
a) Legitimidade ativa: pessoas naturais ou jurídicas que se afirmam titulares dos direitos, das liberdades
ou das prerrogativas constitucionalmente asseguradas e não regulamentadas;
b) Legitimidade passiva: Poder, o órgão ou a autoridade com atribuição para editar a norma
regulamentadora.
➢ Objeto

O objetivo do mandado de injunção é suprir omissão legislativa para efetivar direitos e liberdades
constitucionais, além de prerrogativas inerentes à nacionalidade soberania e à cidadania.

A omissão ainda pode ser classificada da seguinte maneira:

a) Omissão total: ausência de norma regulamentadora;


b) Omissão parcial propriamente dita: existe lei regulamentadora, mas esta se mostra insuficiente para
o exercício dos direitos, liberdades ou prerrogativas indicados;
c) Omissão parcial relativa: existe regulamentação para determinada categoria, porém, não contempla
outra.

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➢ Prazo: não há prazo para impetrar mandado de injunção.


➢ Competência: definida em razão do órgão ou autoridade omissa;
➢ Procedimento: a petição inicial deverá preencher os requisitos da lei processual e indicar o órgão
impetrado, a pessoa jurídica que ele integra ou aquela a que está vinculado.

Recebida a petição inicial, será notificado o impetrado para prestar informações em 10 dias e será dada
ciência à representação judicial da Pessoa Jurídica interessada para que, querendo, ingresse no feito. Após
o prazo para informações, o Ministério Público será ouvido em 10 dias.

➢ Sentença

Se reconhecer o estado de mora legislativa, será deferida a injunção para:

I. determinar prazo razoável para que o impetrado promova a edição da norma regulamentadora;
II. estabelecer as condições em que se dará o exercício dos direitos, das liberdades ou das prerrogativas
reclamados ou, se for o caso, as condições em que poderá o interessado promover ação própria
visando a exercê-los, caso não seja suprida a mora legislativa no prazo determinado.

Será dispensada a determinação a que se refere o inciso I quando comprovado que o impetrado deixou de
atender, em mandado de injunção anterior, ao prazo estabelecido para a edição da norma.

A decisão, em regra, terá eficácia subjetiva limitada às partes e produzirá efeitos até o advento
da norma regulamentadora. No entanto, poderá ser conferida eficácia ultra partes ou erga
omnes à decisão, quando isso for inerente ou indispensável ao exercício do direito, da liberdade
ou da prerrogativa objeto da impetração. Além disso, transitada em julgado a decisão, seus
efeitos poderão ser estendidos aos casos análogos por decisão monocrática do relator.

O indeferimento do pedido por insuficiência de prova não impede a renovação da impetração fundada em
outros elementos probatórios.

Antes da edição da lei 13.300/2016, havia alguns entendimentos acerca dos efeitos da
decisão no mandado de injunção:

a) Teoria não concretista: a decisão se limita a reconhecer a omissão normativa,


notificando o órgão ou entidade responsável pela edição da norma. Seria uma decisão
declaratória da mora;
b) Teoria concretista geral: a própria decisão deveria estabelecer uma norma com
eficácia para todas as situações idênticas. A decisão seria constitutiva e erga omnes;
c) Teoria concretista individual:
i. Concretista individual intermediária: a decisão estabelece prazo para o órgão ou
entidade editar a norma e, em caso de descumprimento do prazo, o próprio
Poder Judiciário viabiliza o direito ao impetrante individualmente;
ii. Concretista individual direta: a decisão reconhece a omissão normativa e cria a
norma faltante para o caso concreto em favor do impetrante individualmente.

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O STF, ante da referida lei, vinha adotando a teoria concretista geral (ex.: direito de greve
dos servidores públicos).

A lei 13.300/2016, por sua vez, adotou a teoria concretista individual intermediária,
podendo, excepcionalmente, conferir efeitos erga omnes ou ultra partes à decisão quando
for inerente ou indispensável ao exercício do direito objeto da impetração.

➢ Revisão da decisão: sem prejuízo dos efeitos já produzidos, a decisão poderá ser revista, a pedido de
qualquer interessado, quando sobrevierem relevantes modificações das circunstâncias de fato ou de
direito.
➢ Norma regulamentadora posterior à decisão: produzirá efeitos ex nunc em relação aos beneficiados
por decisão transitada em julgado, salvo se a aplicação da norma editada lhes for mais favorável.

5.3.3.1 - Mandado de injunção coletivo

➢ Legitimados:
a) Ministério Público, quando a tutela requerida for especialmente relevante para a defesa da ordem
jurídica, do regime democrático ou dos interesses sociais ou individuais indisponíveis;
b) Partido político com representação no Congresso Nacional, para assegurar o exercício de direitos,
liberdades e prerrogativas de seus integrantes ou relacionados com a finalidade partidária;
c) Organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída e em funcionamento
há pelo menos 1 (um) ano, para assegurar o exercício de direitos, liberdades e prerrogativas em favor
da totalidade ou de parte de seus membros ou associados, na forma de seus estatutos e desde que
pertinentes a suas finalidades, dispensada, para tanto, autorização especial;
d) Defensoria Pública, quando a tutela requerida for especialmente relevante para a promoção dos
direitos humanos e a defesa dos direitos individuais e coletivos dos necessitados, na forma do inciso
LXXIV do art. 5| da Constituição Federal.

Em relação ao mandado de segurança coletivo, foram acrescidos o Ministério Público e a Defensoria Pública
como legitimados.

➢ Objeto: direitos, as liberdades e as prerrogativas pertencentes, indistintamente, a uma coletividade


indeterminada de pessoas ou determinada por grupo, classe ou categoria;
➢ Coisa julgada: sentença fará coisa julgada limitadamente às pessoas integrantes da coletividade, do
grupo, da classe ou da categoria substituídos pelo impetrante.

O mandado de injunção coletivo não induz litispendência em relação aos individuais, mas os efeitos da coisa
julgada não beneficiarão o impetrante que não requerer a desistência da demanda individual no prazo de 30
(trinta) dias a contar da ciência comprovada da impetração coletiva.

5.3.4 - Ação popular (Lei 4.717/65)

A ação popular também consiste em um remédio constitucional, previsto no art. 5º, LXXIII, CF, sendo
regulamentado pela lei 4.717/65:

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LXXIII - qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que vise a anular ato lesivo
ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe, à moralidade administrativa, ao
meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, ficando o autor, salvo comprovada má-fé,
isento de custas judiciais e do ônus da sucumbência;

➢ Bens jurídicos tutelados: patrimônio público, a moralidade, o meio ambiente e o patrimônio histórico
e cultural.

Para propositura da ação, é desnecessária a demonstração de prejuízo ao erário ou ilegalidade, basta que
seja impugnado um ato que lesione um dos bens tutelados pelo dispositivo constitucional, tal como a
moralidade, por exemplo.

➢ Legitimidade ativa: o cidadão é o único sujeito com legitimidade ativa para propor ação popular.
Nem mesmo o Ministério Público possui legitimidade ativa neste caso.

Cidadão é a pessoa humana no gozo dos seus direitos cívicos e políticos, isto é, sujeito no gozo da capacidade
eleitoral ativa. A prova da cidadania, para ingresso em juízo, será feita com o título eleitoral ou com
documento que a ele corresponda.

➢ Legitimidade passiva: são sujeitos legítimos para compor o polo passivo da ação popular:
a) Pessoas públicas ou privadas, em nome da qual foi praticado o ato ou contrato a ser anulado;
b) Autoridades, funcionários ou administradores que houverem autorizado, aprovado, ratificado ou
praticado o ato impugnado, ou que, por omissas, tiverem dado oportunidade à lesão;
c) Beneficiários diretos do ato ou contrato ilegal.

A ação será proposta em litisconsórcio passivo necessário entre as pessoas dos itens a e b. Além disso, se
houver um beneficiário do ato impugnado, este deverá necessariamente compor o polo passivo da ação.

➢ Objeto da ação: a ação popular busca, primordialmente, uma tutela desconstitutiva (constitutiva
negativa) e, secundariamente, uma tutela condenatória. Ou seja, busca-se, em primeiro lugar, anular
o ato lesivo aos bens jurídicos tutelados e, secundariamente, condenar os responsáveis e
beneficiários ao pagamento das perdas e danos ao erário público (art. 11).
➢ Liminar: caberá a suspensão liminar do ato lesivo impugnado na defesa do patrimônio público (art.
5º, §4º);
➢ Procedimento: obedece ao CPC e às normas da lei.

Proposta a ação, haverá a citação dos réus e intimação do Ministério Público, que acompanhará a ação.
Poderá haver requisição de documentos indicados pelo autor.

É facultado a qualquer cidadão se habilitar como litisconsorte ou assistente do autor da ação popular.

O prazo de contestação é de 20 (vinte) dias, prorrogáveis por mais 20 (vinte), a requerimento do interessado,
se particularmente difícil a produção de prova documental.

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Intervenção móvel: a pessoas jurídica de direito público ou de direito privado, cujo ato seja
objeto de impugnação, poderá abster-se de contestar o pedido ou poderá atuar ao lado do
autor, desde que isso se afigure útil ao interesse público, a juízo do respectivo representante
legal ou dirigente.

No entanto, somente poderá passar ao polo ativo, atuando ao lado do autor, se comprovar
que tomou as medidas necessárias para regularização do ato.

Assim, a pessoa jurídica cujo ato está sendo impugnado pode tomar três atitudes:

a) Contestar;
b) Abster-se de contestar;
c) Passar para o polo ativo, atuando ao lado do autor buscando o ressarcimento ao erário.

A sentença que concluir pela carência ou improcedência da ação está sujeita à remessa necessária (art. 19).

Legitimidade recursal ampliada: das sentenças e decisões proferidas contra o autor da ação
e suscetíveis de recurso, poderá recorrer qualquer cidadão e também o Ministério Público
(art. 19, §2º).

➢ Coisa julgada: a sentença terá eficácia de coisa julgada oponível "erga omnes", exceto no caso de
haver sido a ação julgada improcedente por deficiência de prova; neste caso, qualquer cidadão
poderá intentar outra ação com idêntico fundamento, valendo-se de nova prova (art. 18).
➢ Atuação do Ministério Público: o Ministério Público possui atuação destacada na ACP, devendo:
a) Acompanhar a ação, cabendo-lhe apressar a produção da prova, sendo-lhe vedado, em qualquer
hipótese, assumir a defesa do ato impugnado ou dos seus autores;
b) Propor as ações cabíveis para promover a responsabilidade, civil ou criminal, infratores;
c) Atuar como substituto e sucessor do autor caso este se omitir ou abandonar a ação (não pode propor
a ação, mas pode promover o prosseguimento da ação já iniciada. No caso de abandono do autor,
serão publicados editais, cabendo a qualquer cidadão ou a Ministério Público prosseguir com a ação
(art. 9º);
d) Recorrer das decisões e sentenças proferidas contra o autor da ação;
e) Executar a sentença no prazo de 30 dias, caso o autor não o faça em 60 dias da sua publicação.
➢ Prazo prescricional da ação popular: 5 anos (art. 21).

5.3.5 - Ação civil pública

A ação civil pública (ACP) é regida pela lei 7.347/85 e é um dos principais instrumentos para o controle judicial
da Administração Pública, no que diz respeito aos direitos coletivos em sentido amplo. A ação civil pública
também foi expressamente mencionada na Constituição Federal como uma das principais atribuições do
Ministério Público (embora este não seja o único legitimado à sua proposição).

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De acordo com o art. 129, III, da CF, compete ao parquet “promover o inquérito civil e a ação civil pública,
para a proteção do patrimônio público e social, do meio ambiente e de outros interesses difusos e
coletivos”.

➢ Bem jurídico tutelado

Além dos bens citados no art. 129, III, da CF, a lei 7.347/85 prevê ainda outros que são tutelados por meio
da ACP (art. 1º). Vale destacar, no entanto, que se trata de um rol exemplificativo, uma vez que o inciso IV
estabelece que a ACP pode ser proposta para defesa de “qualquer outro interesse difuso ou coletivo”.
Vejamos o dispositivo:

Art. 1º Regem-se pelas disposições desta Lei, sem prejuízo da ação popular, as ações de
responsabilidade por danos morais e patrimoniais causados:

l - ao meio-ambiente;

ll - ao consumidor;

III – a bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico;

IV - a qualquer outro interesse difuso ou coletivo;

V - por infração da ordem econômica;

VI - à ordem urbanística.

VII – à honra e à dignidade de grupos raciais, étnicos ou religiosos.

VIII – ao patrimônio público e social.

Além disso, o STF admite o manejo da ACP para tutela de interesses individuais homogêneos, desde que
haja interesse social relevante (RE-AgR 472.489/RS). Deste modo, entendeu que o Ministério Público possui
legitimidade para ajuizar ACP em defesa dos interesses individuais homogêneos dos consumidores (AI-AgR
606.235/DF).

Por outro lado, não será cabível ação civil pública para veicular pretensões que envolvam tributos,
contribuições previdenciárias, o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço - FGTS ou outros fundos de natureza
institucional cujos beneficiários podem ser individualmente determinados (art. 1| , parágrafo único).

Entretanto, o STF já decidiu que o Ministério Público possui legitimidade para propor ACP buscando anular
acordo de concessão de benefício fiscal, ainda que de natureza tributária, quando evidenciada a
possibilidade de lesão ao erário público (RE 576.155/DF). Também já se manifestou no sentido de que o
Ministério Público tem legitimidade para a propositura de ação civil pública em defesa de direitos sociais
relacionados ao Fundo de Garantia do Tempo de Serviço – FGTS (RE 643978/SE).

Vale destacar ainda que a ACP é utilizada para apurar e sancionar os atos de improbidade administrativa,
aplicadas as peculiaridades procedimentais previstas na lei 8.429/92.

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Por fim, é importante diferenciar direitos difusos, coletivos e individuais homogêneos (art. 81, parágrafo
único, CDC):

Direitos difusos  Transindividuais;


 Natureza indivisível;
 Titularizados por pessoas indeterminadas e indetermináveis, ligadas por
uma circunstância de fato.
Ex.: meio ambiente.
Direitos coletivos  Transindividuais;
(sentido estrito)  Natureza indivisível;
 Titularizados por grupo, categoria ou classe, ligados entre si ou com a parte
contrária por uma relação jurídica base.
Ex.: direitos dos associados.
Direitos individuais  Individuais (transindividualidade artificial – são individuais, mas podem ser
homogêneos tratados como coletivos);
 Natureza divisível;
 Titularizados por pessoas ligadas por uma situação, de fato ou de direito,
de origem comum.
Ex.: lesados por um acidente de consumo.

➢ Legitimidade ativa

A própria Constituição Federal prevê que a “legitimação do Ministério Público para as ações civis previstas
neste artigo não impede a de terceiros, nas mesmas hipóteses, segundo o disposto nesta Constituição e na
lei” (art. 129, § 1º).

Desta forma, a lei 7.347/85 estabeleceu que são partes legítimas para propor a ACP:

I - o Ministério Público;

II - a Defensoria Pública;

III - a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios;

IV - a autarquia, empresa pública, fundação ou sociedade de economia mista;

V - a associação que, concomitantemente:

a) esteja constituída há pelo menos 1 (um) ano nos termos da lei civil;

b) inclua, entre suas finalidades institucionais, a proteção ao patrimônio público e social, ao meio
ambiente, ao consumidor, à ordem econômica, à livre concorrência, aos direitos de grupos
raciais, étnicos ou religiosos ou ao patrimônio artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico.

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§ 4º O requisito da pré-constituição poderá ser dispensado pelo juiz, quando haja manifesto
interesse social evidenciado pela dimensão ou característica do dano, ou pela relevância do bem
jurídico a ser protegido

✓ O Ministério Público, se não intervier no processo como parte, atuará obrigatoriamente como fiscal
da lei.
✓ Fica facultado ao Poder Público e a outras associações legitimadas nos termos deste artigo habilitar-
se como litisconsortes de qualquer das partes.
✓ Em caso de desistência infundada ou abandono da ação por associação legitimada, o Ministério
Público ou outro legitimado assumirá a titularidade ativa.

Informações importantes
✓ A legitimação é concorrente e disjuntiva:
a) Concorrente: qualquer dos legitimados pode propor a ação se preenchidos os
requisitos;
b) Disjuntiva: cada legitimado pode agir sozinho.
✓ Ao contrário do mandado de segurança coletivo, as associações dependem de
autorização expressa dos seus associados para defender os seus interesses por
meio de ACP (art. 5º, XXI, CF).

➢ Legitimidade passiva: qualquer pessoa, física ou jurídica, que seja responsável pelo dano ou pela
ameaça de dano a direito difuso, coletivo ou individual homogêneo, inclusive os entes sem
personalidade jurídica.
➢ Objeto: condenação, obrigação de fazer ou de não fazer:

Art. 3º A ação civil poderá ter por objeto a condenação em dinheiro ou o cumprimento de
obrigação de fazer ou não fazer.

Embora tenha se utilizado o termo “ou” no dispositivo, é possível cumular as pretensões de condenação, de
obrigação de fazer e de não fazer. A lei admite ainda a propositura de ação cautelar, objetivando evitar dano
aos bens jurídicos tutelados.

➢ Liminar (art. 12): é possível a concessão de liminar, com ou sem justificação prévia, em decisão sujeita
a agravo. Em face da liminar ainda é cabível o “pedido de suspensão da segurança”.

Porém, a liminar somente poderá ser concedida em face de pessoa jurídica de direito público após a oitiva
de sua representação judicial, que deverá se manifestar em 72 horas (art. 2º, lei 8.437/92).

O §2º do art. 12 determina ainda que a multa aplicada liminarmente só será exigível do réu após o trânsito
em julgado da decisão favorável ao autor, mas será devida desde o dia em que se houver configurado o
descumprimento.

➢ Competência: deve ser proposta no foro do local onde ocorrer o dano (art. 2º). Embora o dispositivo
trate esta competência como funcional, a doutrina entende se tratar de competência territorial e
absoluta.

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➢ Sentença: em regra terá efeitos erga omnes. De acordo com o art. 16 da Lei n. 7.347/85, a sentença
só produziria efeitos nos limites da competência territorial do órgão julgador, exceto se o pedido for
julgado improcedente por insuficiência de provas, hipótese em que qualquer legitimado poderá
ingressar com nova ação se valendo de prova nova (art. 16).

No entanto, o STF julgou inconstitucional o referido dispositivo, estabelecendo que a sentença em ação civil
pública produz efeitos em todo o território nacional3.

Não haverá adiantamento de custas, emolumentos, honorários periciais e quaisquer outras despesas, nem
condenação da associação autora, mas, em caso de litigância de má-fé, a associação autora e os diretores
responsáveis pela propositura da ação serão solidariamente condenados em honorários advocatícios e ao
décuplo das custas, sem prejuízo da responsabilidade por perdas e danos.

Havendo condenação em dinheiro, a indenização pelo dano causado reverterá a um fundo gerido por um
Conselho Federal ou por Conselhos Estaduais de que participarão necessariamente o Ministério Público e
representantes da comunidade, sendo seus recursos destinados à reconstituição dos bens lesados. Enquanto
o fundo não for regulamentado, o dinheiro ficará depositado em estabelecimento oficial de crédito, em conta
com correção monetária (art. 13).

Jurisprudência
✓ A Eficácia subjetiva da coisa julgada formada em processo coletivo proposto por
associação só beneficia aqueles que se associarem até a propositura da ação (RE
612043/PR).
✓ REEXAME NECESSÁRIO:
a) O reexame necessário é aplicável à ACP, independentemente da presença de
pessoa jurídica de direito público no polo passivo, por força da aplicação analógica
do art. 19, Lei 4.717/65 (tendo em vista que forma o microssistema da tutela
coletiva);
b) O reexame necessário não é aplicável à ACP que busca tutelar direitos individuais
homogêneos, posto que inexistentes a transindividualidade e relevância para a
coletividade como um todo, razão pela qual não podem ser tutelados por ação
popular (pelo que não se aplica o art. 19, lei 4.717/65 por analogia).

Em regra, o recurso contra a sentença não possui efeito suspensivo, mas o juiz poderá conferir este efeito
para evitar dano irreparável à parte (art. 14).

3
É inconstitucional o art. 16 da Lei nº 7.347/85, na redação dada pela Lei nº 9.494/97. É inconstitucional
a delimitação dos efeitos da sentença proferida em sede de ação civil pública aos limites da competência
territorial de seu órgão prolator. STF. Plenário. RE 1101937/SP, Rel. Min. Alexandre de Moraes, julgado
em 7/4/2021 (Repercussão Geral – Tema 1075) (Info 1012).

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Art. 15. Decorridos sessenta dias do trânsito em julgado da sentença condenatória, sem que a
associação autora lhe promova a execução, deverá fazê-lo o Ministério Público, facultada igual
iniciativa aos demais legitimados.

➢ Coisa julgada: a coisa julgada na ação civil pública pode ser resumida da seguinte forma:

INDIVIDUAIS
SENTENÇA DIFUSOS COLETIVOS
HOMOGÊNEOS
Fará coisa julgada erga
Fará coisa julgada erga Fará coisa julgada ultra
Procedente omnes.
omnes. partes.

Fará coisa julgada erga Fará coisa julgada ultra


omnes. partes. Impede nova ação coletiva.
Improcedente
Impede nova ação coletiva Impede nova ação coletiva O lesado pode propor ação
com exame
pelos legitimados. pelos legitimados. individual se não participou
das provas
O lesado pode propor ação O lesado pode propor ação da ação coletiva.
individual. individual.
Não fará coisa julgada erga Não fará coisa julgada erga Impede nova ação coletiva
Improcedente omnes. omnes. para os legitimados.
por falta de Qualquer legitimado pode Qualquer legitimado pode O lesado pode propor ação
provas propor nova ação coletiva, propor nova ação coletiva, individual se não participou
desde que haja prova nova. desde que haja prova nova. da ação coletiva.

5.3.5.1 - Inquérito civil

Art. 6º Qualquer pessoa poderá e o servidor público deverá provocar a iniciativa do Ministério
Público, ministrando-lhe informações sobre fatos que constituam objeto da ação civil e
indicando-lhe os elementos de convicção.

O inquérito civil é um procedimento privativo do Ministério Público (art. 129, III, CF) e não consiste em
condição de procedibilidade da ACP, isto é, se houverem elementos de prova suficientes, é possível a
propositura da ACP independentemente da prévia instauração de inquérito civil.

➢ Finalidade: fornecer subsídios para que possa formar o convencimento do Ministério Público sobre
os fatos, de forma que possa decidir pela propositura da ACP, realização de termo de ajustamento de
conduta ou arquivamento do inquérito.

O inquérito civil possui natureza inquisitiva, sendo desnecessária a intimação do interessado para formar o
contraditório. Por este motivo, os elementos de convicção formados neste inquérito somente terão valor
probatório relativo na ação judicial, devendo ser corroborado por outros elementos de prova produzidos
mediante contraditório e ampla defesa.

Art. 9º Se o órgão do Ministério Público, esgotadas todas as diligências, se convencer da


inexistência de fundamento para a propositura da ação civil, promoverá o arquivamento dos
autos do inquérito civil ou das peças informativas, fazendo-o fundamentadamente.

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§ 1º Os autos do inquérito civil ou das peças de informação arquivadas serão remetidos, sob
pena de se incorrer em falta grave, no prazo de 3 (três) dias, ao Conselho Superior do Ministério
Público.

§ 4º Deixando o Conselho Superior de homologar a promoção de arquivamento, designará, desde


logo, outro órgão do Ministério Público para o ajuizamento da ação.

5.3.5.2 - Termo de ajustamento de conduta (TAC)

Também pode ser denominado “compromisso de ajustamento de conduta”. A doutrina diverge quanto a sua
natureza, se unilateral ou bilateral. Alguns autores defendem que o TAC possui natureza de transação. No
entanto, outra parcela doutrinária lembra que a transação (arts. 840 e 841, CC) ocorre quando há concessões
mútuas e relativamente a direitos patrimoniais privados, o que não ocorre no TAC.

De qualquer maneira, o termo de ajustamento de conduta é um compromisso firmado com o


responsável pelo dano ou ameaça aos bens difusos, coletivos ou individuais homogêneos, de que
este adequará a sua conduta às exigências legais, reparando o dano ou afastando a ameaça,
sob pena de cominação.

O TAC terá força de Título executivo extrajudicial, de forma que o seu descumprimento
ensejará a imediata execução das obrigações, sem necessidade de ingressar com ação de
conhecimento.

➢ Legitimados para tomada do TAC: de acordo com o art. 5º, §6º, da LACP, os órgãos públicos
legitimados para a propositura da ACP poderão tomar dos interessados compromisso de
ajustamento de conduta.

Embora o dispositivo utilize a expressão “órgãos públicos”, sempre se entendeu que deve ser interpretado
como “Entes Públicos” em geral.

Além disso, recentemente, o STF decidiu que “a associação privada autora de uma ação civil pública pode
fazer transação com o réu e pedir a extinção do processo”, nos termos do art. 487, III, “b”, do CPC. Segundo
a Corte, a ausência de disposição normativa expressa no que concerne às associações privadas não afasta a
viabilidade do acordo. Isso porque a existência de previsão explícita unicamente quanto aos entes públicos
diz respeito ao fato de que somente podem fazer o que a lei determina, ao passo que os entes privados
podem fazer tudo que a lei não proíbe (ADPF-165).

De qualquer forma, a legitimidade para execução do TAC quando houver descumprimento é ampla,
cabendo a colegitimado apto a propor a ACP em relação ao objeto do compromisso.

➢ Objeto: o legitimado para celebrar o TAC não pode renunciar a qualquer direito, tendo em vista não
ser o seu titular. O compromisso de ajustamento somente poderá dispor acerca do modo, do lugar
e do tempo (parcelamento, inclusive) no qual o dano deverá ser reparado ou a ameaça afastada.

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O TAC deverá ainda prever cominações (sanções) para a hipótese de descumprimento.

5.3.6 - Habeas data

De acordo com o art. 5º, LXXII, conceder-se-á habeas data:

a) para assegurar o conhecimento de informações relativas à pessoa do impetrante, constantes de


registros ou bancos de dados de entidades governamentais ou de caráter público;
b) para a retificação de dados, quando não se prefira fazê-lo por processo sigiloso, judicial ou
administrativo.

A lei 9.507/97 regulamentou este direito fundamental. De acordo com a lei, “considera-se de caráter público
todo registro ou banco de dados contendo informações que sejam ou que possam ser transmitidas a
terceiros ou que não sejam de uso privativo do órgão ou entidade produtora ou depositária das
informações.”

Assim, é possível a obtenção e a retificação de dados não apenas de órgãos públicos, mas de registros ou
bancos de dados que contenham informações que sejam ou possam ser transmitidas a terceiros, tais como
os serviços de proteção ao crédito (ex.: SPC/SERASA).

A lei ainda acrescentou mais uma hipótese em que é possível a impetração do habeas data, qual seja, “para
a anotação nos assentamentos do interessado, de contestação ou explicação sobre dado verdadeiro mas
justificável e que esteja sob pendência judicial ou amigável” (art. 7º, III), além de repetir as outras duas
hipóteses constitucionais.

➢ Requisito: a petição inicial deverá ser instruída com prova:


a) da recusa ao acesso às informações ou do decurso de mais de dez dias sem decisão;
b) da recusa em fazer-se a retificação ou do decurso de mais de quinze dias, sem decisão; ou
c) da recusa em fazer-se a anotação a que se refere o § 2° do art. 4° ou do decurso de mais de quinze
dias sem decisão.

Não se trata de instância administrativa de curso forçado. Essa condição decorrer da inexistência de interesse
processual caso não haja recusa, uma vez que a obtenção da pretensão do interessado seria possível por
meio de pedido administrativo.

6 - OMBUDSMAN
O Ombudsman é uma figura presente no controle da Administração Pública em diversos países,
principalmente da Europa, de onde se extrai os principais aspectos deste instituto.

Em uma tradução livre, a palavra significa “procurador”, haja vista que o termo ombud significa “representar
alguém” e man significa homem. Neste sentido, o ombudsman seria uma pessoa ou órgão com a função de
representação da coletividade (ou do parlamento) no controle da Administração Pública.

O instituto foi criado na Suécia, fruto das condições econômicas desfavoráveis do país, da monarquia e da
participação em muitas guerras. Neste contexto, o parlamento criou a figura do justitie-ombudsman, pessoa

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eleita pelo próprio parlamento, com a atribuição de supervisionar o cumprimento das leis pelos funcionários
do Estado.

No Brasil, embora a Constituição Federal não tenha previsto expressamente, a institucionalização do


ombudsman ocorreu em alguns Estados, porém, com nome diverso. Em Curitiba-PR, por exemplo, surgiu
com a nomenclatura de “Ouvidor Geral”. Em Minas Gerais, a Constituição Estadual previu a criação, por lei
complementar, da “Ouvidoria do Povo”, órgão auxiliar do Poder Legislativo na fiscalização dos serviços
públicos estaduais (art. 268).

Ademais, pode-se extrair o fundamento de criação do Ombudsman do próprio Estado Democrático de Direito
e do princípio republicano, haja vista a necessidade de se preservar e garantir os direitos fundamentais, as
leis e os princípios de direito.

Suas atribuições envolvem a função de vigilância do cumprimento das leis, dos princípios e dos direitos
fundamentais por parte da Administração Pública.

Entretanto, é importante destacar que o controle realizado pelo Ombudsman sobre a


Administração Pública possui natureza meramente administrativa, e não contenciosa ou
jurisdicional, uma vez que suas decisões não vinculam o Poder Público.

Desta maneira, as decisões do Ombudsman possuem caráter meramente persuasivo, não podendo invadir a
seara da Administração Pública (autotutela) nem a seara do Poder Judiciário, não possuindo poderes para
realizar a invalidação ou revogação de atos administrativos.

Por este motivo, possui competência apenas para emitir recomendações e suas decisões não vinculam a
Administração Pública. No entanto, sua atuação se fundamento em seu poder de persuasão, possuindo uma
força moral para induzir a Administração Pública a tomar as decisões corretas na defesa da legalidade, da
legitimidade e dos direitos fundamentais.

Pode-se verificar ainda que a Constituição Federal, embora não o tenha feito expressamente, reconheceu a
função de Ombudsman ao Ministério Público, haja vista o seu papel de destaque na defesa da ordem jurídica
e do patrimônio público.

Mas é importante ressaltar: a função de Ombudsman não se encontra nas atribuições para promover a ação
penal, mas na atribuição de defesa da ordem jurídica.

Art. 129. São funções institucionais do Ministério Público:

II - zelar pelo efetivo respeito dos Poderes Públicos e dos serviços de relevância pública aos
direitos assegurados nesta Constituição, promovendo as medidas necessárias a sua garantia;

Trata-se de reconhecimento do Ministério Público como verdadeiro representante do povo na defesa da


legalidade e dos seus direitos fundamentais.

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A aparente dificuldade de compatibilizar a função meramente persuasiva do Ombudsman com o Ministério


Público é facilmente superada, haja vista que compete ao parquet emitir recomendações ministeriais
visando à melhoria dos serviços públicos e de relevância pública, bem como ao respeito, aos interesses,
direitos e bens cuja defesa lhe cabe promover, fixando prazo razoável para a adoção das providências
cabíveis (art. 6º, XX, LC 75/93).

Trata-se de documento persuasivo que expõe, em ato formal, razões fáticas e jurídicas uma determinada
violação da lei ou dos princípios de direito, recomendando uma conduta a ser adotada pelo destinatário.

A vantagem do Ministério Público em relação à figura tradicional do Ombudsman é a possibilidade de


abertura de inquérito civil, propositura de ação civil pública e celebração de termos de ajustamento de
conduta de forma buscar que a Administração Pública adeque a sua atuação à ordem jurídica, além da
legitimidade para propositura de ações diretas para controle de constitucionalidade.

Outra vantagem do Ministério Público é que seus membros são escolhidos por meio de Concurso Público e
não por eleição do parlamento, o que torna o procedimento mais isonômico e justo, evitando designações
políticas.

RESUMO
 INTRODUÇÃO

O controle administrativo é o conjunto de instrumentos estabelecidos pela ordem jurídica para


que a própria Administração Pública, os Poderes Legislativo e Judiciário, bem como o povo,
possam controlar os órgãos, entidades e agentes públicos, por meio da fiscalização, orientação
e revisão da atuação administrativa.

 CLASSIFICAÇÃO

 Conforme a origem

a) Controle interno ou autocontrole: é aquele exercido dentro de um mesmo Poder Estrutural;


b) Controle externo: é exercido por um Poder sobre a atuação de outro Poder Estrutural;
c) Controle social ou popular: é exercido pela população em geral.

 Conforme o momento do controle

a) Controle preventivo ou prévio: é exercido antes do início da prática do ato administrativo;


b) Controle concomitante: exercido durante a prática de um ato;
c) Controle repressivo, corretivo, posterior ou subsequente: é exercido após a formação do ato.

 Quanto ao aspecto controlado

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a) Controle de legalidade ou legitimidade (ou ainda de juridicidade): verifica-se se o ato está em


conformidade com o ordenamento jurídico como um todo;
b) Controle de mérito: verifica-se a conveniência e a oportunidade quanto ao motivo e ao objeto do
ato controlado.

 Quanto à amplitude

a) Controle hierárquico: é a espécie mais ampla de controle, permitindo a verificação de todos os


aspectos do ato administrativo;
b) Controle finalístico: é o controle exercido pela Administração direta sobre as entidades da
administração indireta.

 CONTROLE ADMINISTRATIVO

A Administração Pública possui a prerrogativa de fiscalizar e corrigir os seus próprios atos, conforme seu
poder de autotutela ou da tutela administrativa de suas entidades da Administração indireta. A revisão dos
atos administrativos fundada na autotutela pode ser provocada por algum administrado ou de ofício, por
iniciativa da própria Administração.

 Processos administrativos: é regido pelos seguintes princípios: a) oficialidade (ou impulso oficial); b)
informalidade; c) instrumentalidade das formas; d) verdade material; e) gratuidade; f) contraditório e ampla
defesa:

 Recursos administrativos:

a) Recurso hierárquico: é o recurso a ser julgado pela autoridade ou órgão imediatamente superior
àquela que proferiu a decisão;
b) Recurso hierárquico impróprio: é o recurso julgado por uma pessoa jurídica diferente daquela em
que está inserido a autoridade que proferiu a decisão, podendo ser um órgão especializado ou o
próprio órgão supervisor.

 CONTROLE LEGISLATIVO

O controle legislativo é realizado pelo Poder Legislativo auxiliado pelos Tribunais de Contas e é exercido
sobre o Poder Executivo e sobre os atos administrativos do Poder Judiciário. O controle legislativo possui um
caráter político, não se limitando ao controle da legalidade, abrangendo ainda aspectos como a legitimidade,
economicidade, aplicação das subvenções e renúncia de receitas.

 Controle parlamentar direto: pode ser exercido, em âmbito Federal, pelo Congresso Nacional, Pelo
Senado Federal ou pela Câmara Municipal. Nos Estados, é exercido pelas respectivas Assembleias
Legislativas, no Distrito Federal, pela Câmara Legislativa; e nos Municípios, pelas Câmaras Municipais.

➢ Controle exercido pelo Congresso Nacional: a) fiscalização e controle (art. 49, X); b) sustação de atos
normativos (art. 49, V); c) sustação de contratos (art. 71, §1º); d) julgar anualmente as contas do
Presidente da República (art. 49, IX); e) autorizar ou aprovar;

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➢ Controle exercido de forma comum pela Câmara e Senado: a) convocar Ministro de Estado ou
quaisquer titulares de órgãos diretamente subordinados à Presidência da República para prestarem,
pessoalmente, informações; b) encaminhar pedidos escritos de informações.
➢ CPI: Os requisitos são:
a) Requerimento de 1/3 de seus membros;
b) Investigar fato certo e determinado;
c) Prazo certo.

Além disso o STF já proferiu diversas decisões quanto aos poderes das CPIs:

PODE NÃO PODE


Quebra do sigilo fiscal; Determinar interceptação telefônica;
Quebra do sigilo bancário; Decretar busca e apreensão;
Quebra do sigilo de dados; Determinar a indisponibilidade de bens;
Convocar investigados e testemunhas; Decretar prisão, salvo prisão em flagrante.
Determinar diligências que entender necessárias;
Requisitar informações de órgãos públicos.

 Controle exercido pelos Tribunais de Contas

Art. 71. O controle externo, a cargo do Congresso Nacional, será exercido com o auxílio do
Tribunal de Contas da União, ao qual compete:

I - apreciar as contas prestadas anualmente pelo Presidente da República, mediante parecer


prévio que deverá ser elaborado em sessenta dias a contar de seu recebimento;

II - julgar as contas dos administradores e demais responsáveis por dinheiros, bens e valores
públicos da administração direta e indireta, incluídas as fundações e sociedades instituídas e
mantidas pelo Poder Público federal, e as contas daqueles que derem causa a perda, extravio ou
outra irregularidade de que resulte prejuízo ao erário público;

III - apreciar, para fins de registro, a legalidade dos atos de admissão de pessoal, a qualquer
título, na administração direta e indireta, incluídas as fundações instituídas e mantidas pelo
Poder Público, excetuadas as nomeações para cargo de provimento em comissão, bem como a
das concessões de aposentadorias, reformas e pensões, ressalvadas as melhorias posteriores que
não alterem o fundamento legal do ato concessório;

IV - realizar, por iniciativa própria, da Câmara dos Deputados, do Senado Federal, de Comissão
técnica ou de inquérito, inspeções e auditorias de natureza contábil, financeira, orçamentária,
operacional e patrimonial, nas unidades administrativas dos Poderes Legislativo, Executivo e
Judiciário, e demais entidades referidas no inciso II;

V - fiscalizar as contas nacionais das empresas supranacionais de cujo capital social a União
participe, de forma direta ou indireta, nos termos do tratado constitutivo;

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VI - fiscalizar a aplicação de quaisquer recursos repassados pela União mediante convênio,


acordo, ajuste ou outros instrumentos congêneres, a Estado, ao Distrito Federal ou a Município;

VII - prestar as informações solicitadas pelo Congresso Nacional, por qualquer de suas Casas, ou
por qualquer das respectivas Comissões, sobre a fiscalização contábil, financeira, orçamentária,
operacional e patrimonial e sobre resultados de auditorias e inspeções realizadas;

VIII - aplicar aos responsáveis, em caso de ilegalidade de despesa ou irregularidade de contas, as


sanções previstas em lei, que estabelecerá, entre outras cominações, multa proporcional ao
dano causado ao erário;

IX - assinar prazo para que o órgão ou entidade adote as providências necessárias ao exato
cumprimento da lei, se verificada ilegalidade;

X - sustar, se não atendido, a execução do ato impugnado, comunicando a decisão à Câmara


dos Deputados e ao Senado Federal;

XI - representar ao Poder competente sobre irregularidades ou abusos apurados.

§ 1º No caso de contrato, o ato de sustação será adotado diretamente pelo Congresso Nacional,
que solicitará, de imediato, ao Poder Executivo as medidas cabíveis.

§ 2º Se o Congresso Nacional ou o Poder Executivo, no prazo de noventa dias, não efetivar as


medidas previstas no parágrafo anterior, o Tribunal decidirá a respeito.

§ 3º As decisões do Tribunal de que resulte imputação de débito ou multa terão eficácia de


título executivo.

§ 4º O Tribunal encaminhará ao Congresso Nacional, trimestral e anualmente, relatório de suas


atividades.

Além disso, o STF já decidiu que os Tribunais de Contas possuem as seguintes atribuições não previstas
expressamente na constituição:

a) Controle de constitucionalidade: as Cortes de Contas não podem exercer o controle de


constitucionalidade por não serem dotadas de função jurisdicional, sendo órgãos técnicos de
fiscalização contábil financeira e orçamentária, restando, portanto, superada a Súmula-STF nº 347
(Mandados de Segurança (MS) 35410, 35490, 35494, 35498, 35500, 35836, 35812 e 35824);
b) Medidas cautelares.

 CONTROLE JUDICIAL

No controle judicial, verifica-se apenas a legalidade ou legitimidade dos atos administrativos, nunca o mérito
administrativo. A doutrina moderna substituiu o termo “controle de legalidade” por “controle de
juridicidade”

 Mandado de segurança individual:

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O mandado de segurança possui natureza de “remédio jurídico processual”. Trata-se de direito a um


procedimento judicial específico (simplificado, sumário e abreviado).

➢ Requisitos:
a) Direito líquido e certo: exigência de prova pré-constituída;
b) Ato ilegal ou abusivo de autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições
públicas:
c) Hipóteses de não cabimento do mandado de segurança (art. 5º): a) atos sujeitos a recurso
administrativo com efeito suspensivo, independentemente de caução; b) decisão judicial da qual
caiba recurso com efeito suspensivo; c) cecisão judicial transitada em julgado; d) lei em tese (Súmula
266, STF); e) ato interna corporis.

Súmula 628-STJ: A teoria da encampação é aplicada no mandado de segurança quando


presentes, cumulativamente, os seguintes requisitos: a) existência de vínculo hierárquico entre
a autoridade que prestou informações e a que ordenou a prática do ato impugnado; b)
manifestação a respeito do mérito nas informações prestadas; e c) ausência de modificação de
competência estabelecida na Constituição Federal.

➢ Prazo: trata-se de prazo decadencial, não sujeito a suspensão ou interrupção:

Art. 23. O direito de requerer mandado de segurança extinguir-se-á decorridos 120 (cento e
vinte) dias, contados da ciência, pelo interessado, do ato impugnado.

De acordo com o STF, a desistência do mandado de segurança é prerrogativa do impetrante,


independentemente da anuência da parte demandada, podendo ocorrer, inclusive, se já tiver sido proferida
decisão de mérito (RE 669.367/RJ).

➢ Tutela provisória: é possível a concessão de liminar para suspender o ato que deu motivo ao pedido,
quando houver (art. 7º, III):
a) fundamento relevante (fumus boni iuris); e
b) do ato impugnado puder resultar

O art. 7º, §2º da lei, que previa a impossibilidade de concessão de liminar que tivesse por objeto a
compensação de créditos tributários, a entrega de mercadorias e bens provenientes do exterior, a
reclassificação ou equiparação de servidores públicos e a concessão de aumento ou a extensão de vantagens
ou pagamento de qualquer natureza foi declarado inconstitucional pelo STF (ADI 4296).

Súmula nº 269-STF: O mandado de segurança não é substitutivo de ação de cobrança.

Súmula nº 271-STF: concessão de mandado de segurança não produz efeitos patrimoniais, em


relação a período pretérito, os quais devem ser reclamados administrativamente ou pela via
judicial própria.

 Mandado de segurança coletivo:

➢ Legitimidade ativa (art. 5º, LXX, CF e art. 21, lei 12.016/2009):

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a) partido político com representação no Congresso Nacional, na defesa de seus interesses legítimos
relativos a seus integrantes ou à finalidade partidária;
b) organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída e em funcionamento
há pelo menos um ano, em defesa dos interesses de seus membros ou associados, em defesa de
direitos líquidos e certos da totalidade, ou de parte, dos seus membros ou associados, na forma dos
seus estatutos e desde que pertinentes às suas finalidades, dispensada, para tanto, autorização
especial.
➢ Objeto:
a) Direitos coletivos: direitos transindividuais, de natureza indivisível, de que seja titular grupo ou
categoria de pessoas vinculadas entre si ou com a parte contrária por uma relação jurídica básica (ex.:
usuários de determinado plano de saúde lesionados em seus direitos);
b) Direitos individuais homogêneos: decorrentes de origem comum ou de atividade ou situação
específica da totalidade ou de parte dos associados, membros do impetrante ou setor da sociedade.

Perceba que a lei não fala em defesa de direitos difusos. Entretanto, parcela da doutrina entende que o art.
21, parágrafo único da lei 12.016/1019 deve ser interpretado de forma ampliativa para abarcar a proteção
de todos os interesses coletivos em sentido amplo

➢ Liminar: o art. 22, §2º da lei foi declarado inconstitucional (ADI 4296);

 Mandado de injunção:

O mandado de injunção é um remédio constitucional previsto no art. 5º, LXXI, da CF e regulamentado pela
lei 13.300/2016.

CF, art. 5º(...)

LXXI - conceder-se-á mandado de injunção sempre que a falta de norma regulamentadora torne
inviável o exercício dos direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes à
nacionalidade, à soberania e à cidadania;

➢ Sentença

Se reconhecer o estado de mora legislativa, será deferida a injunção para:

I. determinar prazo razoável para que o impetrado promova a edição da norma regulamentadora;

II. estabelecer as condições em que se dará o exercício dos direitos, das liberdades ou das
prerrogativas reclamados ou, se for o caso, as condições em que poderá o interessado promover
ação própria visando a exercê-los, caso não seja suprida a mora legislativa no prazo determinado.

Será dispensada a determinação a que se refere o inciso I quando comprovado que o impetrado deixou de
atender, em mandado de injunção anterior, ao prazo estabelecido para a edição da norma.

A decisão, em regra, terá eficácia subjetiva limitada às partes e produzirá efeitos até o advento da norma
regulamentadora. No entanto, poderá ser conferida eficácia ultra partes ou erga omnes à decisão, quando

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isso for inerente ou indispensável ao exercício do direito, da liberdade ou da prerrogativa objeto da


impetração.

➢ Revisão da decisão: sem prejuízo dos efeitos já produzidos, a decisão poderá ser revista, a pedido de
qualquer interessado, quando sobrevierem relevantes modificações das circunstâncias de fato ou de
direito.
➢ Norma regulamentadora posterior à decisão: produzirá efeitos ex nunc em relação aos beneficiados
por decisão transitada em julgado, salvo se a aplicação da norma editada lhes for mais favorável.

 Ação popular

previsto no art. 5º, LXXIII, CF, sendo regulamentado pela lei 4.717/65:

LXXIII - qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que vise a anular ato lesivo
ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe, à moralidade administrativa, ao
meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, ficando o autor, salvo comprovada má-fé,
isento de custas judiciais e do ônus da sucumbência;

➢ Bens jurídicos tutelados: patrimônio público, a moralidade, o meio ambiente e o patrimônio histórico
e cultural.

Legitimidade ativa: o cidadão é o único sujeito com legitimidade ativa para propor ação popular.

➢ Legitimidade passiva: são sujeitos legítimos para compor o polo passivo da ação popular:
a) Pessoas públicas ou privadas, em nome da qual foi praticado o ato ou contrato a ser anulado;
b) Autoridades, funcionários ou administradores que houverem autorizado, aprovado, ratificado ou
praticado o ato impugnado, ou que, por omissas, tiverem dado oportunidade à lesão;
c) Beneficiários diretos do ato ou contrato ilegal.

A ação será proposta em litisconsórcio passivo necessário.

➢ Objeto da ação: a ação popular busca, primordialmente, uma tutela desconstitutiva (constitutiva
negativa) e, secundariamente, uma tutela condenatória. Ou seja, busca-se, em primeiro lugar, anular
o ato lesivo aos bens jurídicos tutelados e, secundariamente, condenar os responsáveis e
beneficiários ao pagamento das perdas e danos ao erário público (art. 11).

 Ação civil pública

➢ Bem jurídico tutelado

Além dos bens citados no art. 129, III, da CF, a lei 7.347/85 prevê ainda outros que são tutelados por meio
da ACP (art. 1º). Vale destacar, no entanto, que se trata de um rol exemplificativo, uma vez que o inciso IV
estabelece que a ACP pode ser proposta para defesa de “qualquer outro interesse difuso ou coletivo”.

Além disso, o STF admite o manejo da ACP para tutela de interesses individuais homogêneos, desde que
haja interesse social relevante (RE-AgR 472.489/RS).

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Direitos difusos  Transindividuais;


 Natureza indivisível;
 Titularizados por pessoas indeterminadas e indetermináveis, ligadas por
uma circunstância de fato.
Ex.: meio ambiente.
Direitos coletivos (sentido  Transindividuais;
estrito)  Natureza indivisível;
 Titularizados por grupo, categoria ou classe, ligados entre si ou com a
parte contrária por uma relação jurídica base.
Ex.: direitos dos associados.
Direitos individuais  Individuais (transindividualidade artificial – são individuais, mas podem
homogêneos ser tratados como coletivos);
 Natureza divisível;
 Titularizados por pessoas ligadas por uma situação, de fato ou de direito,
de origem comum.
Ex.: lesados por um acidente de consumo.

➢ Legitimidade ativa

I - o Ministério Público;

II - a Defensoria Pública;

III - a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios;

IV - a autarquia, empresa pública, fundação ou sociedade de economia mista;

V - a associação que, concomitantemente:

a) esteja constituída há pelo menos 1 (um) ano nos termos da lei civil;

b) inclua, entre suas finalidades institucionais, a proteção ao patrimônio público e social, ao meio
ambiente, ao consumidor, à ordem econômica, à livre concorrência, aos direitos de grupos
raciais, étnicos ou religiosos ou ao patrimônio artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico.

§ 4º O requisito da pré-constituição poderá ser dispensado pelo juiz, quando haja manifesto
interesse social evidenciado pela dimensão ou característica do dano, ou pela relevância do bem
jurídico a ser protegido.

➢ Legitimidade passiva: qualquer pessoa, física ou jurídica, que seja responsável pelo dano ou pela
ameaça de dano a direito difuso, coletivo ou individual homogêneo, inclusive os entes sem
personalidade jurídica.
➢ Objeto: condenação, obrigação de fazer ou de não fazer.
➢ Inquérito civil: para fornecer subsídios para que possa formar o convencimento do Ministério
Público.

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O inquérito civil possui natureza inquisitiva, sendo desnecessária a intimação do interessado para formar o
contraditório.

➢ Termo de ajustamento de conduta (TAC): é um compromisso firmado com o responsável pelo dano
ou ameaça aos bens difusos, coletivos ou individuais homogêneos, de que este adequará a sua
conduta às exigências legais, reparando o dano ou afastando a ameaça, sob pena de cominação.

O TAC terá força de Título executivo extrajudicial. A legitimidade para execução do TAC quando houver
descumprimento é ampla, cabendo a colegitimado apto a propor a ACP em relação ao objeto do
compromisso.

O legitimado para celebrar o TAC não pode renunciar a qualquer direito, tendo em vista não ser o seu titular.
O compromisso de ajustamento somente poderá dispor acerca do modo, do lugar e do tempo
(parcelamento, inclusive) no qual o dano deverá ser reparado ou a ameaça afastada.

 Habeas data

De acordo com o art. 5º, LXXII, conceder-se-á habeas data:

a) para assegurar o conhecimento de informações relativas à pessoa do impetrante, constantes de


registros ou bancos de dados de entidades governamentais ou de caráter público;
b) para a retificação de dados, quando não se prefira fazê-lo por processo sigiloso, judicial ou
administrativo.

A lei 9.507/97 regulamentou este direito fundamental.

JURISPRUDÊNCIA CITADA
AUTOTUTELA

Súmula 473-STF: A administração pode anular seus próprios atos, quando eivados de vícios que
os tornam ilegais, porque deles não se originam direitos; ou revogá-los, por motivo de
conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada, em todos os
casos, a apreciação judicial.

PROCESSO ADMINISTRATIVO

É constitucional o art. 38, par. ún., da Lei 6.830/1980 (Lei da Execução Fiscal - LEF), que dispõe que "a
propositura, pelo contribuinte, da ação prevista neste artigo [ações destinadas à discussão judicial da
validade de crédito inscrito em dívida ativa] importa em renúncia ao poder de recorrer na esfera
administrativa e desistência do recurso acaso interposto (RE 233582).

JULGAMENTO DAS CONTAS DOS PREFEITOS

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I - Compete à Câmara Municipal o julgamento das contas do chefe do Poder Executivo municipal,
com o auxílio dos Tribunais de Contas, que emitirão parecer prévio, cuja eficácia impositiva
subsiste e somente deixará de prevalecer por decisão de dois terços dos membros da casa
legislativa (CF, art. 31, i 2| ). II - O Constituinte de 1988 optou por atribuir, indistintamente, o
julgamento de todas as contas de responsabilidade dos prefeitos municipais aos vereadores, em
respeito à relação de equilíbrio que deve existir entre os Poderes da República (F checks and
balancesG ). III - A Constituição Federal revela que o órgão competente para lavrar a decisão
irrecorrível a que faz referência o art. 1r , I, g, da LC 64/1990, dada pela LC 135/ 2010, é a Câmara
Municipal, e não o Tribunal de Contas. IV - Tese adotada pelo Plenário da Corte: F Para fins do
art. 1| , inciso I, alínea g, da Lei Complementar 64, de 18 de maio de 1990, alterado pela Lei
Complementar 135, de 4 de junho de 2010, a apreciação das contas de prefeito, tanto as de
governo quanto as de gestão, será exercida pelas Câmaras Municipais, com o auxílio dos
Tribunais de Contas competentes, cujo parecer prévio somente deixará de prevalecer por decisão
de 2/3 dos vereadoresG . V - Recurso extraordinário conhecido e provido.

(RE 848826, Relator(a): ROBERTO BARROSO, Relator(a) p/ Acórdão: RICARDO LEWANDOWSKI,


Tribunal Pleno, julgado em 10/08/2016, ACÓRDÃO ELETRÔNICO REPERCUSSÃO GERAL - MÉRITO
DJe-187 DIVULG 23-08-2017 PUBLIC 24-08-2017)

COMPETÊNCIA PARA JULGAR AS CONTAS DOS TRIBUNAIS DE CONTAS

1. A Constituição do Brasil de 1.988, ao tratar de fiscalização contábil, financeira e orçamentária,


prevê o controle externo a ser exercido pelo Congresso Nacional com o auxílio do Tribunal de
Contas da União. 2. A função fiscalizadora do TCU não é inovação do texto constitucional atual.
Função técnica de auditoria financeira e orçamentária. 3. Questões análogas à contida nestes
autos foram anteriormente examinadas por esta Corte no julgamento da Rp n. 1.021 e da Rp n.
1.179. "Não obstante o relevante papel do Tribunal de Contas no controle financeiro e
orçamentário, como órgão eminentemente técnico, nada impede que o Poder Legislativo,
exercitando o controle externo, aprecie as contas daquele que, no particular, situa-se como
órgão auxiliar" [Rp n. 1.021, Ministro Djaci Falcão, Julgamento de 25.4.84]. 4. Ação Direta de
Inconstitucionalidade julgada improcedente.

(ADI 2597, Relator(a): NELSON JOBIM, Relator(a) p/ Acórdão: EROS GRAU, Tribunal Pleno, julgado
em 04/08/2004, DJe-082 DIVULG 16-08-2007 PUBLIC 17-08-2007 DJ 17-08-2007 PP-00022
EMENT VOL-02285-02 PP-00402 LEXSTF v. 29, n. 346, 2007, p. 133-148)

LEGITIMIDADE PARA EXECUTAR AS MULTAS IMPOSTAS PELOS TRIBUNAIS DE CONTAS

Somente o ente público beneficiário possui legitimidade ativa para a propositura de ação
executiva decorrente de condenação patrimonial imposta por Tribunais de Contas (CF, art. 71,
i 3| ).

(ARE 823347 RG)

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INCONTITUCIONALIDADE DE LEI QUE ESTABELECE COMPETÊNCIA PARA O TRIBUNAL DE CONTAS REALIZAR


EXAME PRÉVIO DE CONTRATOS

2. O art. 71 da Constituição não insere na competência do TCU a aptidão para examinar,


previamente, a validade de contratos administrativos celebrados pelo Poder Público. Atividade
que se insere no acervo de competência da Função Executiva. 3. É inconstitucional norma local
que estabeleça a competência do tribunal de contas para realizar exame prévio de validade de
contratos firmados com o Poder Público. Ação Direta de Inconstitucionalidade conhecida e
julgada procedente. Medida liminar confirmada.

(ADI 916, Relator(a): JOAQUIM BARBOSA, Tribunal Pleno, julgado em 02/02/2009, DJe-043
DIVULG 05-03-2009 PUBLIC 06-03-2009 EMENT VOL-02351-01 PP-00014 RSJADV abr., 2009, p.
39-41)

APOSENTADORIA DE SERVIDOR. ATO COMPLEXO. CONTRADITÓRIO E AMPLA DEFESA.

Súmula Vinculante 3: Nos processos perante o Tribunal de Contas da União asseguram-se o


contraditório e a ampla defesa quando da decisão puder resultar anulação ou revogação de ato
administrativo que beneficie o interessado, excetuada a apreciação da legalidade do ato de
concessão inicial de aposentadoria, reforma e pensão.

APOSENTADORIA DE SERVIDOR. ATO COMPLEXO. PRAZO PARA APRECIAÇÃO. REGISTRO TÁCITO.

”Os Tribunais de Contas estão sujeitos ao prazo de cinco anos para o julgamento da legalidade
do ato de concessão inicial de aposentadoria, reforma ou pensão, a contar da chegada do
processo à respectiva Corte de Contas, em atenção aos princípios da segurança jurídica e da
confiança legítima”.

(RE 636553 – Tema 445)

MANDADO DE SEGURANÇA

Súmula 625-STF: Controvérsia sobre matéria de direito não impede concessão de mandado de
segurança.

MANDADO DE SEGURANÇA – TEORIA DA ENCAMPAÇÃO

Súmula 628-STJ: A teoria da encampação é aplicada no mandado de segurança quando


presentes, cumulativamente, os seguintes requisitos: a) existência de vínculo hierárquico entre
a autoridade que prestou informações e a que ordenou a prática do ato impugnado; b)
manifestação a respeito do mérito nas informações prestadas; e c) ausência de modificação de
competência estabelecida na Constituição Federal.

MANDADO DE SEGURANÇA – PRAZO

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Súmula 430-STF: Pedido de reconsideração na via administrativa não interrompe o prazo para o
mandado de segurança.

MANDADADO DE SEGURANÇA – DESISTÊNCIA

“É lícito ao impetrante desistir da ação de mandado de segurança, independentemente de


aquiescência da autoridade apontada como coatora ou da entidade estatal interessada ou, ainda,
quando for o caso, dos litisconsortes passivos necessáriosG (MS 26.890-AgR/DF, Pleno, Ministro
Celso de Mello, DJe de 23.10.2009), F a qualquer momento antes do término do julgamentoG
(MS 24.584-AgR/DF, Pleno, Ministro Ricardo Lewandowski, DJe de 20.6.2008), F mesmo após
eventual sentença concessiva do B writC constitucional, (P ) não se aplicando, em tal hipótese,
a norma inscrita no art. 267, i 4| , do CPCG (RE 255.837-AgR/PR, 2l Turma, Ministro Celso de
Mello, DJe de 27.11.2009). Jurisprudência desta Suprema Corte reiterada em repercussão geral
(Tema 530 - Desistência em mandado de segurança, sem aquiescência da parte contrária, após
prolação de sentença de mérito, ainda que favorável ao impetrante). Recurso extraordinário
provido.

(RE 669367, Relator(a): LUIZ FUX, Relator(a) p/ Acórdão: ROSA WEBER, Tribunal Pleno, julgado
em 02/05/2013, ACÓRDÃO ELETRÔNICO REPERCUSSÃO GERAL - MÉRITO DJe-213 DIVULG 29-10-
2014 PUBLIC 30-10-2014 RTJ VOL-00235-01 PP-00280)

MANDADO DE SEGURANÇA – AUSÊNCIA DE EFEITOS PATRIMONIAIS PRETÉRITOS

Súmula nº 269-STF: O mandado de segurança não é substitutivo de ação de cobrança.

Súmula nº 271-STF: concessão de mandado de segurança não produz efeitos patrimoniais, em


relação a período pretérito, os quais devem ser reclamados administrativamente ou pela via
judicial própria.

MANDADO DE SEGURANÇA COLETIVO

SÚMULA 629-STF: A impetração de mandado de segurança coletivo por entidade de classe em


favor dos associados independe da autorização destes.

SÚMULA 630-STF: A entidade de classe tem legitimação para o mandado de segurança ainda
quando a pretensão veiculada interesse apenas a uma parte da respectiva categoria.

LEGISLAÇÃO PERTINENTE
CONSTITUIÇÃO FEDERAL

CF, art. 5º(...)

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LXIX - conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido e certo, não amparado
por habeas corpus ou habeas data, quando o responsável pela ilegalidade ou abuso de poder for
autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do Poder Público;

LXXI - conceder-se-á mandado de injunção sempre que a falta de norma regulamentadora torne
inviável o exercício dos direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes à
nacionalidade, à soberania e à cidadania;

LXXII - conceder-se-á habeas data:

a) para assegurar o conhecimento de informações relativas à pessoa do impetrante, constantes


de registros ou bancos de dados de entidades governamentais ou de caráter público;

b) para a retificação de dados, quando não se prefira fazê-lo por processo sigiloso, judicial ou
administrativo;

LXXIII - qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que vise a anular ato lesivo
ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe, à moralidade administrativa, ao
meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, ficando o autor, salvo comprovada má-fé,
isento de custas judiciais e do ônus da sucumbência;

Art. 49. É da competência exclusiva do Congresso Nacional:

V - sustar os atos normativos do Poder Executivo que exorbitem do poder regulamentar ou dos
limites de delegação legislativa;

X - fiscalizar e controlar, diretamente, ou por qualquer de suas Casas, os atos do Poder Executivo,
incluídos os da administração indireta;

Art. 70. A fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial da União e


das entidades da administração direta e indireta, quanto à legalidade, legitimidade,
economicidade, aplicação das subvenções e renúncia de receitas, será exercida pelo Congresso
Nacional, mediante controle externo, e pelo sistema de controle interno de cada Poder.

Parágrafo único. Prestará contas qualquer pessoa física ou jurídica, pública ou privada, que
utilize, arrecade, guarde, gerencie ou administre dinheiros, bens e valores públicos ou pelos quais
a União responda, ou que, em nome desta, assuma obrigações de natureza pecuniária.

Art. 71. O controle externo, a cargo do Congresso Nacional, será exercido com o auxílio do
Tribunal de Contas da União, ao qual compete:

I - apreciar as contas prestadas anualmente pelo Presidente da República, mediante parecer


prévio que deverá ser elaborado em sessenta dias a contar de seu recebimento;

II - julgar as contas dos administradores e demais responsáveis por dinheiros, bens e valores
públicos da administração direta e indireta, incluídas as fundações e sociedades instituídas e

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mantidas pelo Poder Público federal, e as contas daqueles que derem causa a perda, extravio ou
outra irregularidade de que resulte prejuízo ao erário público;

III - apreciar, para fins de registro, a legalidade dos atos de admissão de pessoal, a qualquer título,
na administração direta e indireta, incluídas as fundações instituídas e mantidas pelo Poder
Público, excetuadas as nomeações para cargo de provimento em comissão, bem como a das
concessões de aposentadorias, reformas e pensões, ressalvadas as melhorias posteriores que
não alterem o fundamento legal do ato concessório;

IV - realizar, por iniciativa própria, da Câmara dos Deputados, do Senado Federal, de Comissão
técnica ou de inquérito, inspeções e auditorias de natureza contábil, financeira, orçamentária,
operacional e patrimonial, nas unidades administrativas dos Poderes Legislativo, Executivo e
Judiciário, e demais entidades referidas no inciso II;

V - fiscalizar as contas nacionais das empresas supranacionais de cujo capital social a União
participe, de forma direta ou indireta, nos termos do tratado constitutivo;

VI - fiscalizar a aplicação de quaisquer recursos repassados pela União mediante convênio,


acordo, ajuste ou outros instrumentos congêneres, a Estado, ao Distrito Federal ou a Município;

VII - prestar as informações solicitadas pelo Congresso Nacional, por qualquer de suas Casas, ou
por qualquer das respectivas Comissões, sobre a fiscalização contábil, financeira, orçamentária,
operacional e patrimonial e sobre resultados de auditorias e inspeções realizadas;

VIII - aplicar aos responsáveis, em caso de ilegalidade de despesa ou irregularidade de contas, as


sanções previstas em lei, que estabelecerá, entre outras cominações, multa proporcional ao dano
causado ao erário;

IX - assinar prazo para que o órgão ou entidade adote as providências necessárias ao exato
cumprimento da lei, se verificada ilegalidade;

X - sustar, se não atendido, a execução do ato impugnado, comunicando a decisão à Câmara dos
Deputados e ao Senado Federal;

XI - representar ao Poder competente sobre irregularidades ou abusos apurados.

i 1| No caso de contrato, o ato de sustação será adotado diretamente pelo Congresso Nacional,
que solicitará, de imediato, ao Poder Executivo as medidas cabíveis.

i 2| Se o Congresso Nacional ou o Poder Executivo, no prazo de noventa dias, não efetivar as


medidas previstas no parágrafo anterior, o Tribunal decidirá a respeito.

i 3| As decisões do Tribunal de que resulte imputação de débito ou multa terão eficácia de


título executivo.

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i 4| O Tribunal encaminhará ao Congresso Nacional, trimestral e anualmente, relatório de suas


atividades.

Art. 74. Os Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário manterão, de forma integrada, sistema de
controle interno com a finalidade de:

I - avaliar o cumprimento das metas previstas no plano plurianual, a execução dos programas de
governo e dos orçamentos da União;

II - comprovar a legalidade e avaliar os resultados, quanto à eficácia e eficiência, da gestão


orçamentária, financeira e patrimonial nos órgãos e entidades da administração federal, bem
como da aplicação de recursos públicos por entidades de direito privado;

III - exercer o controle das operações de crédito, avais e garantias, bem como dos direitos e
haveres da União;

IV - apoiar o controle externo no exercício de sua missão institucional.

i 1| Os responsáveis pelo controle interno, ao tomarem conhecimento de qualquer


irregularidade ou ilegalidade, dela darão ciência ao Tribunal de Contas da União, sob pena de
responsabilidade solidária.

i 2| Qualquer cidadão, partido político, associação ou sindicato é parte legítima para, na forma
da lei, denunciar irregularidades ou ilegalidades perante o Tribunal de Contas da União.

Art. 75. As normas estabelecidas nesta seção aplicam-se, no que couber, à organização,
composição e fiscalização dos Tribunais de Contas dos Estados e do Distrito Federal, bem como
dos Tribunais e Conselhos de Contas dos Municípios.

Parágrafo único. As Constituições estaduais disporão sobre os Tribunais de Contas respectivos,


que serão integrados por sete Conselheiros.

CONSIDERAÇÕES FINAIS
Chegamos ao final da nossa aula em que tratamos do assunto “Controle da Administração Pública”.

Tema de grande relevância para as carreiras jurídicas, uma vez que envolve a atuação dos três Poderes e de
todas as esferas da federação.

Aguardo vocês na próxima aula. Até lá!

Qualquer dúvida, podem me contactar nos canais abaixo.

Rodolfo Penna

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E-mail: prof.rodolfopenna@gmail.com

Instagram: https://www.instagram.com/rodolfobpenna

QUESTÕES COMENTADAS
Magistratura

1. (FAURGS / TJ-RS / 2022) Considere as afirmações abaixo sobre o controle externo da Administração
Pública.

I - As decisões do Tribunal de Contas de que resulte imputação de débito ou multa terão eficácia de título
executivo.

II - O Tribunal de Contas emite parecer prévio sobre as contas de todos os administradores e demais
responsáveis por dinheiros, bens e valores púbicos, cabendo ao Poder Legislativo o respectivo julgamento.

III - Compete ao Tribunal de Contas apreciar, para fins de registro, a legalidade dos atos de admissão, a
qualquer título, na administração direta e indireta, inclusive as nomeações para cargo de provimento em
comissão, bem como a das concessões de aposentadorias, reformas e pensões, ressalvadas as melhorias
posteriores que não alterem o fundamento legal do ato concessório.

Quais estão corretas?

(A) Apenas I.

B) Apenas II.

(C) Apenas III

(D) Apenas I e II

(E) I, II e III.

Comentários

A alternativa A está correta e corresponde ao gabarito da questão.

O item I está correto. O texto da assertiva corresponde ao que prevê o art. 71, § 3º, da Constituição Federal.

CF/88, Art. 71, § 3º As decisões do Tribunal de que resulte imputação de débito ou multa terão eficácia
de título executivo.

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O item II está incorreto. Nos termos do art. 71, I e II, da Constituição Federal, o Tribunal de Contas emitirá
parecer prévio apenas sobre as contas prestadas pelo Presidente da República e julgará as contas dos
administradores e demais responsáveis por dinheiros, bens e valores públicos.

O item III está incorreto. De acordo com o art. 71, III, da Constituição Federal, compete ao Tribunal de Contas
apreciar, para fins de registro, a legalidade dos atos de admissão, a qualquer título, na administração direta
e indireta, excetuadas as nomeações para cargo de provimento em comissão.

2. (FGV / TJ-PR / 2021) Os Tribunais de Contas, no exercício da competência constitucional que lhes
outorga a atribuição para o registro dos atos de concessão inicial de aposentadoria, reforma e pensão dos
servidores dos órgãos e entidades submetidos à sua jurisdição, devem observar que a fluência do prazo:
(A) decadencial de cinco anos para julgamento da legalidade de tais atos tem início a contar da chegada do
processo à respectiva Corte de Contas;
(B) prescricional de cinco anos para julgamento da legalidade de tais atos tem início com a instauração do
contraditório junto ao servidor que figura como parte interessada;
(C) prescricional de três anos para julgamento da legalidade de tais atos tem início a contar da publicação do
ato de passagem do servidor para a inatividade;
(D) decadencial de cinco anos para julgamento da legalidade de tais atos tem início com a instauração do
contraditório junto ao servidor que figura como parte interessada;
(E) prescricional de cinco anos para julgamento da legalidade de tais atos tem início com a chegada do
processo à respectiva Corte de Contas, interrompendo-se pelo contraditório junto à parte interessada.
Comentários

A alternativa A está correta e é o gabarito da questão.

De acordo com o art. 71, III, da CF/88, uma das atribuições do Tribunal de Contas é apreciar, para fins de
registro, a legalidade dos atos de admissão de pessoal, bem como a das concessões de aposentadorias,
reformas e pensões, ressalvadas as melhorias posteriores que não alterem o fundamento legal do ato
concessório.

Art. 71. O controle externo, a cargo do Congresso Nacional, será exercido com o auxílio do
Tribunal de Contas da União, ao qual compete:

(...)

III - apreciar, para fins de registro, a legalidade dos atos de admissão de pessoal, a qualquer título,
na administração direta e indireta, incluídas as fundações instituídas e mantidas pelo Poder
Público, excetuadas as nomeações para cargo de provimento em comissão, bem como a das
concessões de aposentadorias, reformas e pensões, ressalvadas as melhorias posteriores que
não alterem o fundamento legal do ato concessório;

Assim, por se tratar de ato de natureza complexa, a concessão de aposentadoria ao servidor depende de
prévia apreciação da respectiva Corte de Contas.

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Contudo, a fim de concretizar o princípio da segurança jurídica, o Supremo Tribunal Federal, em sede de
repercussão geral, entendeu que o Tribunal de Contas possui o prazo decadencial de 5 anos para apreciar o
ato, contados a partir da chegada do processo à Corte.

Esgotado o prazo, considera-se que a aposentadoria, reforma ou pensão está definitivamente


registrada, mesmo sem ter havido a análise pelo Tribunal de Contas.

Em atenção aos princípios da segurança jurídica e da confiança legítima, os Tribunais de


Contas estão sujeitos ao prazo de cinco anos para o julgamento da legalidade do ato de
concessão inicial de aposentadoria, reforma ou pensão, a contar da chegada do processo à
respectiva Corte de Contas. STF. Plenário. RE 636553/RS, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em
19/2/2020 (repercussão geral – Tema 445) (Info 967).

3. (VUNESP / TJ-SP / 2021) Em matéria de controle da Administração Pública, é correto afirmar que

(A) a regra geral é que o recurso administrativo tenha efeito apenas devolutivo, por força do princípio de
presunção de legitimidade dos atos administrativos, mas nada impede que o administrador suste, de ofício,
os efeitos do ato hostilizado, o que decorre do poder de autotutela administrativa. Se o efeito é apenas
devolutivo, não impede o curso do prazo prescricional.

(B) os cinco princípios fundamentais a que deve estar atrelada a administração pública são autogestão,
eficiência, concentração da competência, planejamento e controle.

(C) o controle interno depende de previsão expressa na lei.

(D) se o interessado oferece reclamação fora do prazo de um ano, não havendo outro estabelecido,
objetivando a desconstituição de um ato, ocorre a prescrição, não se admitindo discutir a questão.

Comentários

A alternativa A está correta e é o gabarito da questão.

Os recursos administrativos, regra geral, possuem apenas efeito devolutivo, pelo que é possível
a execução imediata das decisões em processo administrativo. No entanto, é possível conferir
efeito suspensivo ao recurso, desde que expressamente autorizado em lei.

No caso de o recurso ter apenas efeito devolutivo, não impede o prazo prescricional, haja vista que a alegada
lesão já está sendo produzida (haja vista que a decisão já surte efeitos), razão pela qual há o nascimento do
direito de ação (teoria da actio nata) e o início dos prazos prescricionais e decadenciais.

A alternativa B está incorreta. Trata-se da cobrança do DL 200/67, que elenca os seguintes princípios
fundamentais da atividade da Administração Pública:

Art. 6º As atividades da Administração Federal obedecerão aos seguintes princípios


fundamentais:

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I - Planejamento.

II - Coordenação.

III - Descentralização.

IV - Delegação de Competência.

V - Contrôle.

A alternativa C está incorreta. O controle interno é um controle hierárquico e a hierarquia não depende de
lei, decorre da própria disposição escalonada dos órgãos da Administração Pública.

➢ Controle interno ou autocontrole: prevalece o entendimento de que o controle interno ou


autocontrole é aquele exercido dentro de um mesmo Poder Estrutural. Por exemplo, quando o
Poder Executivo realiza controle dos seus próprios atos, por meio da autotutela, temos a atuação de
um controle interno. Esta espécie de controle pode ser realizada por órgãos hierarquicamente
superiores, órgãos vinculados ou órgãos especializados (ex.: Controladoria-Geral da União – CGU).

No entanto, não decorrerá da hierarquia quando se tratar de controle das entidades da Administração
Indireta. Neste caso, trata-se de controle finalístico, que depende de previsão legal.

A alternativa D está incorreta. No caso de passado o prazo para a reclamação, o acesso ao judiciário não é
vedado. Em verdade, o que a lei veda é apenas um meio de acesso ao Poder Judiciário, qual seja, a
Reclamação Constitucional. Todavia, outros meios estão disponíveis ao jurisdicionado, tal como a ação
ordinária e o mandado de segurança, a depender do caso.

Por outro lado, não há prazo para propositura de reclamação constitucional.

4. (CESPE / TJ-PR / 2019) Determinado magistrado, no exercício regular de suas funções, proferiu
decisão em processo judicial e, em outra ocasião, exarou ato administrativo regulando a organização do
trabalho dos servidores lotados na vara de sua competência. A respeito do controle de tais atos, assinale
a opção correta.
a) O primeiro ato do magistrado não é passível de controle administrativo interno.
b) Tanto o primeiro ato quanto o segundo são passíveis de controle administrativo interno.
c) O primeiro ato é passível de controle jurisdicional e controle administrativo interno pelo CNJ.
d) O segundo ato é passível de controle jurisdicional e controle administrativo externo pelo CNJ.

Comentários

A alternativa A está correta e é o gabarito da questão. Os atos jurisdicionais não são passíveis de controle
administrativo, tendo em vista que são proferidos no exercício da função típica do Poder Judiciário, cabendo,
contra eles, apenas os recursos previstos na legislação processual.

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Por outro lado, os atos administrativos, emitidos no exercício da função atípica do Poder Judiciário, serão
objeto de controle administrativo pelo órgão hierarquicamente superior ou pelos órgãos de controle.

A alternativa B está incorreta. Ver explicação da alternativa A.

A alternativa C está incorreta. Os atos jurisdicionais não são passíveis de controle administrativo, tendo em
vista que são proferidos no exercício da função típica do Poder Judiciário, cabendo, contra eles, apenas os
recursos previstos na legislação processual.

O CNJ é um órgão administrativo, disciplinar e de controle do Poder Judiciário, não exercendo função
jurisdicional. Assim, apenas fiscaliza e controla os atos administrativos emitidos pelos órgãos do Poder
Judiciário, não lhe cabendo realizar o controle sobre atos jurisdicionais:

CF:

Art. 103-B (...)

i 4| Compete ao Conselho o controle da atuação administrativa e financeira do Poder Judiciário


e do cumprimento dos deveres funcionais dos juízes, cabendo-lhe, além de outras atribuições
que lhe forem conferidas pelo Estatuto da Magistratura:

A alternativa D está incorreta. O CNJ é um órgão administrativo, disciplinar e de controle do Poder Judiciário,
não exercendo função jurisdicional.

Promotor

5. (FGV / Promotor - MP-GO / 2022) O Ministério Público recebeu representação dando conta de que
o policial militar João, apesar de não contar com o tempo de serviço necessário, foi transferido para a
reserva remunerada pelo Estado Alfa. A Promotoria de Justiça com atribuição em tutela coletiva instaurou
inquérito civil para apurar os fatos e, finda a investigação, concluiu que o policial militar, de fato, não
preencheu os requisitos legais para a transferência para a reserva remunerada. Com base na
jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, o promotor de justiça deve:

(A) encaminhar peças para o Tribunal de Contas do Estado Alfa, para fins de recusa do ato administrativo
complexo de aposentadoria, respeitado o prazo decadencial de cinco anos, visto que o Ministério Público
não ostenta legitimidade para ajuizar ação que vise à tutela de interesse público secundário;

(B) encaminhar peças para a Procuradoria do Estado Alfa, para fins de ajuizamento de ação judicial visando
à declaração de nulidade do ato administrativo de transferência para a reserva remunerada do policial militar
João, visto que o Ministério Público não ostenta legitimidade para ajuizar ação que vise à tutela de interesse
público secundário;

(C) ajuizar ação civil pública contra o Estado Alfa e o policial militar João, postulando a anulação do ato
administrativo que o transferiu para a reserva e importou em lesão ao patrimônio público, pois o combate
em juízo à dilapidação ilegal do Erário configura atividade de defesa da ordem jurídica, dos interesses sociais
e do patrimônio público que cabe ao Ministério Público;

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(D) impetrar mandado de segurança indicando como autoridade coatora o agente estadual responsável pelo
ato administrativo de transferência para a reserva remunerada do policial militar João, respeitado o prazo
de cento e vinte dias, e, caso já tenha transcorrido tal prazo, encaminhar peças para a Procuradoria do Estado
Alfa, para fins de ajuizamento de ação judicial visando à declaração de nulidade do citado ato administrativo;

(E) arquivar o inquérito civil público, pois a Constituição da República de 1988 veda ao Ministério Público a
representação judicial e a consultoria jurídica de entidades públicas, e remeter peças para os órgãos de
controle interno e externo, a fim de que seja promovida declaração de nulidade do ato administrativo de
transferência para a reserva remunerada do policial militar João, judicial ou administrativamente.

Comentários

A alternativa C está correta e corresponde ao gabarito da questão.

A alternativa A está incorreta. O erro da assertiva está em afirmar que o Ministério Público não ostenta
legitimidade para ajuizar ação que vise à tutela de interesse público secundário.

A ação civil pública (ACP) é regida pela lei 7.347/85 e é um dos principais instrumentos para o controle judicial
da Administração Pública, no que diz respeito aos direitos coletivos em sentido amplo. A ação civil pública
também foi expressamente mencionada na Constituição Federal como uma das principais atribuições do
Ministério Público (embora este não seja o único legitimado à sua proposição).

De acordo com o art. 129, III, da CF, compete ao parquet “promover o inquérito civil e a ação civil pública,
para a proteção do patrimônio público e social, do meio ambiente e de outros interesses difusos e
coletivos”.

Além dos bens citados no art. 129, III, da CF, a lei 7.347/85 prevê ainda outros que são tutelados por meio
da ACP (art. 1º). Vale destacar, no entanto, que se trata de um rol exemplificativo, uma vez que o inciso IV
estabelece que a ACP pode ser proposta para defesa de “qualquer outro interesse difuso ou coletivo”.
Vejamos o dispositivo:

Art. 1º Regem-se pelas disposições desta Lei, sem prejuízo da ação popular, as ações de
responsabilidade por danos morais e patrimoniais causados:

l - ao meio-ambiente;

ll - ao consumidor;

III – a bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico;

IV - a qualquer outro interesse difuso ou coletivo;

V - por infração da ordem econômica;

VI - à ordem urbanística.

VII – à honra e à dignidade de grupos raciais, étnicos ou religiosos.

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VIII – ao patrimônio público e social.

A alternativa B está incorreta. Não é necessário o encaminhamento das peças para a Procuradora do Estado
Alfa uma vez que o Ministério Público possui legitimidade para ajuizar a ação que tenha por fim proteger o
patrimônio público (interesse transindividual).

CF/88, Art. 129. São funções institucionais do Ministério Público:

(...) III - promover o inquérito civil e a ação civil pública, para a proteção do patrimônio público e social,
do meio ambiente e de outros interesses difusos e coletivos;

A alternativa C está correta. De acordo com a Constituição Federal (art. 127), o Ministério Público é
instituição permanente, essencial à função jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe a defesa da ordem
jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e individuais indisponíveis.

Com base no dispositivo, a jurisprudência do STF se firmou no seguinte sentido:

O Ministério Público tem legitimidade para ajuizar ação civil pública que vise anular ato administrativo
de aposentadoria que importe em lesão ao patrimônio público.

STF. Plenário. RE 409356/RO, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 25/10/2018 (repercussão geral) (Info 921).

A alternativa D está incorreta. Conforme visto na alternativa C, a ação cabível será a ação civil pública, sendo
o Ministério Público legitimado para a sua propositura (ver comentários feitos na alternativa A). Além disso,
a legitimidade para propositura do mandado de segurança é do titular do direito líquido e certo – e não do
Ministério Público, que poderá se manifestar, em Juízo, sobre as informações prestadas pela autoridade
coatora.

A alternativa E está incorreta. De fato, a Constituição veda ao Ministério Público a representação judicial e
a consultoria jurídica de entidades públicas (art. 129, IX). Contudo, estabelece como função institucional a
promoção do inquérito civil e da ação civil pública, visando a proteção do patrimônio público e social, do
meio ambiente e de outros interesses difusos e coletivos. Ver comentários feitos na alternativa C.

6. (FUNDEP / Promotor - MP-MG / 2021) Sobre o tema do controle da administração pública, analise
as assertivas abaixo e assinale a alternativa CORRETA:

I. Conforme Súmula n° 473, do Supremo Tribunal Federal, os atos administrativos podem ser anulados,
quando eivados de vícios que os tornem ilegais, bem como revogados, por motivo de conveniência e
oportunidade, tanto na esfera administrativa, como na judicial, respeitados os direitos adquiridos.

II. Considerando-se que o ato administrativo tem presunção de legitimidade, pode-se dizer que, interposto
recurso pelo administrado, somente haverá efeito suspensivo se houver previsão legal, caso em que ficará
suspenso o prazo prescricional.

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III. Tendo em conta a independência de instâncias, ainda que recebido no efeito suspensivo o recurso
interposto na via administrativa, poderá o interessado recorrer à via judicial para a defesa de seu direito,
visto que nenhuma lesão ou ameaça de lesão será excluída da apreciação do Poder Judiciário.

IV. Constitui exceção à independência de instâncias a absolvição levada a efeito no juízo criminal, qualquer
que seja o fundamento, caso em que a responsabilidade do servidor será afastada na esfera administrativa.

A) As assertivas I, II, III e IV estão corretas.

B) As assertivas I, II, III e IV estão incorretas.

C) Apenas as assertivas III e IV estão corretas.

D) Apenas a assertiva III está correta.

Comentários

A alternativa (B) está CORRETA. Nenhuma das afirmações está correta.

A assertiva I está errada. No controle judicial, verifica-se a legalidade ou legitimidade dos atos
administrativos, nunca o mérito administrativo. A doutrina moderna substituiu o termo “controle de
legalidade” por “controle de juridicidade”, tendo em vista que o Poder judiciário pode controlar os atos não
apenas em relação às leis, mas também em confronto com todo o ordenamento jurídico, aí incluídas as
súmulas vinculantes, decisões vinculantes dos Tribunais Superiores, princípios expressos e implícitos, dentre
outros.

Além da legitimidade, o Poder Judiciário também realiza o controle administrativo


relativamente ao abuso de poder (desvio de poder e excesso de poder) e à teoria dos
motivos determinantes, podendo anular ato administrativo se verificada a inexistência
ou falsidade dos motivos declarados que ensejaram a prática do ato.

Por estes motivos, o Judiciário somente poderá anular o ato administrativo irregular, nunca
poderá revogá-lo, tendo em vista que a revogação decorre de controle de mérito (conveniência
e oportunidade). Por outro lado, é importante ressaltar que o Judiciário não está proibido de
realizar o controle de atos discricionários. Pelo contrário, poderá apreciar a juridicidade destes
atos, apenas devendo se abster de realizar apreciação do seu mérito administrativo.

CONTROLE JUDICIAL
Ato controlado Atos vinculados Atos discricionários
Aspecto controlado Legalidade/Juridicidade Legalidade/Juridicidade

A assertiva II está errada. O efeito suspensivo não decorre somente de previsão legal, mas também pode
ser conferido pela autoridade administrativa.

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Lei 9.784/99: Art. 61 (...)

Parágrafo único. Havendo justo receio de prejuízo de difícil ou incerta reparação decorrente da
execução, a autoridade recorrida ou a imediatamente superior poderá, de ofício ou a pedido,
dar efeito suspensivo ao recurso.

A assertiva III está errada. Entendo que a banca considerou a assertiva errada por generalizar. Existe uma
situação em que não caberá ação judicial se estiver ainda pendente o julgamento de recurso administrativo,
isto é, no caso da justiça desportiva, previsto no art. 217, §1º, CF. Entretanto, a assertiva ficou bastante
controversa, pelo que caberia um pedido de anulação ou de consideração como correta.

Em regra, o sistema adotado pelo Brasil veda a exigência de submissão do pleito à via administrativa ou o
esgotamento da esfera administrativa como condição para propositura de ação judicial, tendo em vista o
livre acesso à jurisdição consagrado pela Constituição Federal. Por este motivo, não mais se admite no Brasil
a “jurisdição condicionada” ou “instância administrativa de curso forçado”.

Entretanto, existe uma exceção prevista pela Constituição Federal. Trata-se da questão submetida à Justiça
desportiva, prevista no art. 217, §§1º e 2º, CF/88: “O Poder Judiciário só admitirá ações relativas à disciplina
e às competições desportivas após esgotarem-se as instâncias da justiça desportiva, regulada em lei.” E “A
justiça desportiva terá o prazo máximo de sessenta dias, contados da instauração do processo, para proferir
decisão final.”

A assertiva IV está errada.

Nesta linha, o STF possui entendimento pacífico de que a sentença proferida no


âmbito criminal somente repercute na esfera administrativa quando reconhecida:
a) a inexistência material do fato; ou b) a negativa de sua autoria. Assim, se a
absolvição ocorreu por ausência de provas, a administração pública não está
vinculada à decisão proferida na esfera penal. STF. 2ª Turma. RMS 32357/DF, Rel.
Min. Cármen Lúcia, julgado em 17/3/2020 (Info 970).

A sentença penal que absolver o servidor público por motivo de negativa de autoria ou
inexistência material do fato repercute da esfera administrativa a qualquer tempo. Assim, caso
esta sentença seja proferida após a condenação em processo administrativo, pelo mesmo fato
que acarretou a demissão do servidor, por exemplo, a decisão administrativa será anulada e o
servidor público reintegrado ao cargo de origem.

Embora a decisão do STF disponha expressamente sobre inexistência do fato ou negativa de autoria, quando
constatada, no processo criminal, a existência do fato e a sua autoria por parte do servidor, esta decisão
deve ser considerada na instância administrativa, tendo em vista que o processo penal é muito mais
rigoroso e a condenação criminal exige um acervo probatório mais robusto, sem prejuízo, obviamente, do
regular processo administrativo disciplinar.

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Já o fato que não acarreta condenação na órbita penal, mas configura ilícito administrativo e
cível, é denominado pela doutrina como “falta residual” e consiste no fato que acarretou
absolvição criminal que não seja por negativa de autoria ou inexistência do fato.

7. (CEBRASPE / Promotor - MP-AP / 2021) Acerca do controle da administração pública e dos seus
instrumentos de fiscalização, assinale a opção correta.

A) O atributo da administração pública que fundamenta o controle administrativo é a autoexecutoriedade,


que permite ao poder público corrigir seus atos que contenham irregularidades ou que, por qualquer motivo,
não sejam mais oportunos ou convenientes.

B) A ação popular é um instrumento de controle dos atos administrativos adotado somente para os casos de
anulação de ato lesivo ao patrimônio público.

C) O controle externo judicial da administração pública pode incidir sobre os elementos vinculados dos atos
discricionários.

D) Tanto o controle judicial quanto o controle legislativo da administração pública limitam-se ao controle da
legalidade dos atos administrativos.

E) Em razão do princípio da separação de poderes, os órgãos integrantes do Poder Judiciário e o Ministério


Público estão excluídos do controle externo exercido pelos tribunais de contas.

Comentários

A alternativa A está incorreta. Trata-se do princípio da autotutela, que consiste no poder de a Administração
Pública controlar os seus próprios atos, retirando-os do mundo jurídico quando necessário, para conferir
regularidade às suas condutas. Neste sentido, pode revogar os seus próprios atos discricionários por
conveniência ou oportunidade e deve anular os seus atos quando eivados vícios de ilegalidade ou
ilegitimidade, sem necessidade de autorização do Poder Judiciário.

A alternativa B está incorreta. A ação popular também consiste em um remédio constitucional, previsto no
art. 5º, LXXIII, CF, sendo regulamentado pela lei 4.717/65. Para propositura da ação, é desnecessária a
demonstração de prejuízo ao erário ou ilegalidade, basta que seja impugnado um ato que lesione um dos
bens tutelados pelo dispositivo constitucional, tal como a moralidade, por exemplo.

A alternativa C está correta e é o gabarito da questão. No controle judicial, verifica-se a legalidade ou


legitimidade dos atos administrativos, nunca o mérito administrativo. A doutrina moderna substituiu o
termo “controle de legalidade” por “controle de juridicidade”, tendo em vista que o Poder judiciário pode
controlar os atos não apenas em relação às leis, mas também em confronto com todo o ordenamento
jurídico, aí incluídas as súmulas vinculantes, decisões vinculantes dos Tribunais Superiores, princípios
expressos e implícitos, dentre outros.

A alternativa D está incorreta. Além da legitimidade, o Poder Judiciário também realiza o controle
administrativo relativamente ao abuso de poder (desvio de poder e excesso de poder) e à teoria dos motivos

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determinantes, podendo anular ato administrativo se verificada a inexistência ou falsidade dos motivos
declarados que ensejaram a prática do ato.

O controle legislativo possui um caráter político, não se limitando ao controle da legalidade, abrangendo
ainda aspectos como a legitimidade, economicidade, aplicação das subvenções e renúncia de receitas. Esse
caráter político é denominado por alguns autores como controle de mérito. Entretanto, ainda que se use
essa expressão, o controle de “mérito” não pode ensejar a revogação de atos do Executivo pelo Poder
Legislativo. É preferível a utilização da expressão “controle político”.

A alternativa E está incorreta. Os Tribunais de Contas são órgãos vinculados ao Poder Legislativo, porém,
sem qualquer subordinação, tendo em vista que possuem autonomia. Suas atribuições estão previstas no
art. 71 da Constituição Federal. Sua atuação é regida pelo princípio da universalidade, razão pela qual
controla a atuação de todo aquele que receba ou, de qualquer forma, dê causa a perda ou dano ao
patrimônio público.

8. (MPE-SP / MPE-SP / 2019) Com relação à participação popular no controle da administração


pública, assinale a alternativa INCORRETA.
a) Como uma das formas de participação popular no processo administrativo, a Lei Federal prevê que quem
comparecer à consulta pública passará a figurar na condição de interessado no processo, podendo examinar
os autos, participar de debates e oferecer alegações escritas.
b) O acesso dos usuários a registros administrativos e a informações sobre atos de governo, observado o
disposto no art. 5º, X e XXXIII, da Constituição Federal, traduz uma das formas de participação do usuário na
administração pública direta e indireta.
c) Qualquer cidadão, partido político, associação ou sindicato pode, na forma da lei, denunciar
irregularidades ou ilegalidades perante o Tribunal de Contas.
d) É forma de participação democrática nos assuntos estatais a propositura de ação popular por qualquer
cidadão para anular ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe, à moralidade
administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, ficando o autor, salvo comprovada
má-fé, isento de custas judiciais e do ônus da sucumbência.
e) A política urbana tem como diretriz, a ser observada na consecução de seus objetivos, a gestão
democrática por meio de participação da população e de associações representativas dos vários segmentos
da comunidade na formulação, execução e acompanhamento de planos, programas e projetos de
desenvolvimento urbano.

Comentários

A alternativa A está incorreta e é o gabarito da questão. O art. 31, §2º, da lei 9.784/99 estabelece que a
participação em consulta público não confere ao participante a condição de interessado:

Lei 9.784/99. Art. 31 (...)

i 2o O comparecimento à consulta pública não confere, por si, a condição de interessado do


processo, mas confere o direito de obter da Administração resposta fundamentada, que poderá
ser comum a todas as alegações substancialmente iguais.

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A alternativa B está correta. É a expressão do controle popular ou social. Para que este controle seja
exercido, são necessários mecanismos e instrumentos de acesso do público a registros e informações do
governo, o que é assegurado em diversos dispositivos da Constituição:

Art. 5º (...)

XXXIII - todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de seu interesse particular,
ou de interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob pena de
responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade e
do Estado;

XXXIV - são a todos assegurados, independentemente do pagamento de taxas:

a) o direito de petição aos Poderes Públicos em defesa de direitos ou contra ilegalidade ou abuso
de poder;

b) a obtenção de certidões em repartições públicas, para defesa de direitos e esclarecimento de


situações de interesse pessoal;

Art. 37 (...)

i 3| A lei disciplinará as formas de participação do usuário na administração pública direta e


indireta, regulando especialmente:

II - o acesso dos usuários a registros administrativos e a informações sobre atos de governo,


observado o disposto no art. 5| , X e XXXIII;

A alternativa C está correta. É o oque dispõe o art. 74, §2º:

i 2| Qualquer cidadão, partido político, associação ou sindicato é parte legítima para, na forma
da lei, denunciar irregularidades ou ilegalidades perante o Tribunal de Contas da União.

A alternativa D está correta. É o que dispõe o art. 5º, inciso LXXIII da CF:

LXXIII - qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que vise a anular ato lesivo
ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe, à moralidade administrativa, ao
meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, ficando o autor, salvo comprovada má-fé,
isento de custas judiciais e do ônus da sucumbência;

A alternativa E está correta. A alternativa cobrou conhecimento da participação popular na gestãoo da


política urbana, conforme Estatuto da cidade:

Lei 10.257/2001:

Art. 2. A política urbana tem por objetivo ordenar o pleno desenvolvimento das funções sociais
da cidade e da propriedade urbana, mediante as seguintes diretrizes gerais:

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(...)

II = gestão democrática por meio da participação da população e de associações representativas


dos vários segmentos da comunidade na formulação, execução e acompanhamento de planos,
programas e projetos de desenvolvimento urbano;

9. (CESPE / MPE-RR / 2017) Com referência ao controle exercido pela administração pública, julgue
os seguintes itens.
I Segundo o STJ, o acesso do MP a informações inseridas em procedimentos disciplinares em tramitação
conduzidos pela OAB depende de prévia autorização judicial.
II Segundo o STJ, o controle externo da atividade policial exercido pelo MP não lhe garante o acesso irrestrito
a todos os relatórios de inteligência produzidos pela polícia, mas somente àqueles de natureza persecutório-
penal relacionados com a atividade de investigação criminal.
III Diante de razões de legalidade e de mérito, cabe recurso de decisões administrativas, o qual deverá ser
dirigido à autoridade superior àquela que tiver proferido a decisão.
IV Em se tratando de ação popular, o MP deverá acompanhar a ação, sendo-lhe facultado assumir a defesa
de ato que eventualmente seja impugnado.
Estão certos apenas os itens
a) I e II.
b) I e IV.
c) II e III.
d) III e IV.

Comentários

A assertiva I está CORRETA. O acesso do MPF às informações inseridas em procedimentos disciplinares


conduzidos pela OAB depende de prévia autorização judicial. O fundamento para esta decisão encontra-se
no § 2º do art. 72 da Lei nº 8.906/94, que estabelece que a obtenção de cópia dos processos ético-
disciplinares é matéria submetida à reserva de jurisdição, de modo que somente mediante autorização
judicial poderá ser dado acesso a terceiros (STJ. Corte Especial. REsp 1.217.271-PR).

A assertiva II está CORRETA. O controle externo da atividade policial exercido pelo Ministério Público Federal
não lhe garante o acesso irrestrito a todos os relatórios de inteligência produzidos pela Diretoria de
Inteligência do Departamento de Polícia Federal, mas somente aos de natureza persecutório-penal. O
controle externo da atividade policial exercido pelo Parquet deve circunscrever-se à atividade de polícia
judiciária, conforme a dicção do art. 9º da LC n. 75/93, cabendo-lhe, por essa razão, o acesso aos relatórios
de inteligência policial de natureza persecutório-penal, ou seja, relacionados com a atividade de investigação
criminal. O poder fiscalizador atribuído ao Ministério Público não lhe confere o acesso irrestrito a "todos os
relatórios de inteligência" produzidos pelo Departamento de Polícia Federal, incluindo aqueles não
destinados a aparelhar procedimentos investigatórios criminais formalizados (STJ. 1ª Turma. REsp 1.439.193-
RJ).

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A assertiva III está INCORRETA. Normalmente as leis de processo administrativo estabelecem que as
petições devem seguir pela via hierárquica, sendo dirigidas à autoridade imediatamente superior ao
peticionante, que o encaminhará à autoridade competente para julgamento.

Quanto aos recursos, normalmente deve ser dirigido à autoridade que proferiu a decisão e, caso não a
reconsidere, encaminhará à autoridade superior. Veja o exemplo da lei federal:

Lei 9.784/99

Art. 56 (...) § 1º O recurso será dirigido à autoridade que proferiu a decisão, a qual, se não a
reconsiderar no prazo de cinco dias, o encaminhará à autoridade superior.

A assertiva IV está INCORRETA. Atuação do Ministério Público: o Ministério Público possui atuação
destacada na ACP, devendo acompanhar a ação, cabendo-lhe apressar a produção da prova, sendo-lhe
vedado, em qualquer hipótese, assumir a defesa do ato impugnado ou dos seus autores (art. 6, §4º, da lei
4.717/65).

Portanto,

A alternativa A está correta e é o gabarito da questão.

Defensor

10. (FCC / DPE-SC / 2021) Sob a ótica do controle administrativo, da tutela, autotutela e hierarquia nas
entidades da Administração Indireta,

(A) a autotutela se exerce por uma pessoa jurídica sobre outra, no caso da modalidade repressiva.

(B) a tutela se exerce dentro da mesma pessoa jurídica, desde que na modalidade preventiva.

(C) há hierarquia entre as entidades da Administração Indireta e a Administração Direta.

(D) a hierarquia, ao contrário da tutela, depende de previsão em lei.

(E) o controle administrativo é exercido pelos órgãos centrais e nos limites definidos em lei.

Comentários

Gabarito: alternativa E.

A alternativa A está incorreta. Característica comum a todas as entidades administrativas integrantes da


Administração Pública indireta é a ausência de subordinação em relação ao Poder Público instituidor. Não
há relação de hierarquia entre o ente federado que editou a lei criando ou autorizando a criação e a entidade
administrativa criada.

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A relação dessas entidades com o ente político instituidor é de vinculação. O ente político exerce apenas
controle finalístico sobre as entidades de sua Administração indireta, também denominado tutela
administrativa ou supervisão.

A alternativa B está incorreta. A tutela administrativa se verifica entre pessoas jurídicas distintas. As
entidades administrativas são apenas vinculadas (e não subordinadas) aos entes políticos, havendo sobre
elas unicamente controle finalístico (tutela administrativa), exercido nos termos e limites da lei e voltado,
primordialmente, à verificação da atuação de acordo com as finalidades para as quais foram criadas (controle
de legalidade).

A alternativa C está incorreta. Conforme comentários feitos na alternativa A, não há hierarquia entre as
entidades da Administração Indireta e a Administração Direta.

A alternativa D está incorreta. Diferentemente do que afirma a assertiva, a tutela depende de previsão em
lei, que definirá os limites e os instrumentos disponíveis para a Administração Pública direta. O controle
(tutela) é condicionado pela lei; a hierarquia, por outro lado, é incondicionada.

A alternativa E está correta. O controle não se presume, depende de lei que o estabeleça e defina os seus
limites e procedimentos.

O controle administrativo e finalístico pressupõe duas pessoas jurídicas distintas e verifica se as entidades
administrativas criadas estão atendendo as finalidades que justificaram sua instituição, constante da
respectiva legislação. De acordo com os doutrinadores, esse controle é exercido normalmente por meio do
recurso hierárquico impróprio.

11. (FCC / DPE-RR / 2021) No campo do controle da Administração Pública, quanto aos recursos
administrativos a

(A) solicitação de perdão administrativo é aquele dirigido à autoridade de outro órgão não integrado na
mesma hierarquia daquele que proferiu o ato, com a finalidade de tornar sem efeito penalidade
anteriormente aplicada ao administrado.

(B) retificação hierárquica é aquela apresentada pelo interessado, atingido pelo ato administrativo, para que
o superior hierárquico do departamento que o emitiu faça cessar os efeitos por ele causados ao
administrado.

(C) revisão é o recurso pelo qual o interessado requer o reexame do ato à própria autoridade que o emitiu.

(D) pedido de reconsideração é o pedido de reexame do ato administrativo dirigido à autoridade superior a
que proferiu o ato, visando sua alteração e restabelecimento do status quo.

(E) reclamação administrativa é o ato pelo qual o administrado, seja particular ou servidor público, deduz
uma pretensão perante a Administração Pública, visando obter o reconhecimento de um direito ou a
correção de um ato que lhe cause lesão ou ameaça de lesão.

Comentários

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Gabarito: alternativa E.

A alternativa A está incorreta. A assertiva trata, em verdade, do recurso hierárquico impróprio, que consiste
no recurso julgado por uma pessoa jurídica diferente daquela em que está inserida a autoridade que proferiu
a decisão, podendo ser um órgão especializado ou o próprio órgão supervisor.

O recurso é denominado de hierárquico impróprio exatamente por inexistir hierarquia entre a autoridade
julgadora e a revisora.

A alternativa B está incorreta. A assertiva se refere ao recurso hierárquico próprio, que é o recurso a ser
julgado pela autoridade ou órgão imediatamente superior àquela que proferiu a decisão, sendo ambos
pertencentes à mesma pessoa jurídica;

A alternativa C está incorreta. O requerimento de revisão do processo será dirigido ao Ministro de Estado
ou autoridade equivalente.

A alternativa D está incorreta. O pedido de reconsideração, cuja finalidade é o reexame do ato, é dirigido à
própria autoridade que o emitiu, e não à autoridade superior, como sugere a assertiva.

A alternativa E está correta. De acordo com Di Pietro4, a reclamação administrativa encontra-se prevista no
Decreto nº 20.910/32, que regula a prescrição quinquenal. No entanto, a norma não específica as hipóteses
em que será cabível a reclamação, ou mesmo apresenta um conceito sobre o instituto. Assim, e conforme as
lições da autora:

“(...) reclamação administrativa é o ato pelo qual o administrado, seja particular ou servidor
público, deduz uma pretensão perante a Administração Pública, visando obter o reconhecimento
de um direito ou a correção de um ato que lhe cause lesão ou ameaça de lesão.”

Verifica-se que tal conceito corresponde, exatamente, ao gabarito da questão.

12. (FCC / DPE-AM / 2018) O controle legislativo da Administração pública, exercido com o auxílio dos
Tribunais de Contas, autoriza
a) a anulação de contratos que envolvam despesas de custeio e investimentos, quando atingido o limite
máximo de comprometimento fixado pela Lei de Responsabilidade Fiscal.
b) a aplicação de sanções a agentes públicos que incorrerem em atos de improbidade, incluindo o
afastamento de suas funções.
c) a decretação de inidoneidade de Municípios que tenham praticado atos tendentes a fraudar procedimento
licitatório, impedindo abertura de novos certames.

4
Op. cit.

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d) o exame prévio de editais, com a suspensão do certame até que sejam sanadas eventuais irregularidades
identificadas.
e) o controle dos provimentos de cargos e funções em comissão, impedindo novas nomeações quando
extrapolada a proporção de 30% em relação aos cargos efetivos.

Comentários

A alternativa A está incorreta. Nem a Constituição Federal nem a Lei de Responsabilidade Fiscal possuem
dispositivo autorizando o Poder Legislativo a anular contratos que envolvam despesas de custeio e
investimentos, quando atingido o limite máximo de comprometimento fixado pela Lei de Responsabilidade
Fiscal.

Lembre-se que, sendo uma verdadeira exceção da separação entre os poderes, apenas será possível o
controle legislativo sobre os atos praticados pela Administração Pública nas hipóteses expressamente
previstas na constituição federal. Trata-se de um instrumento que viabiliza o sistema de “freios e
contrapesos”.

A alternativa B está incorreta. O controle legislativo também não autoriza a aplicação de sanção por ato de
improbidade administrativa. Essa espécie de sanção é aplicada pelo Poder Judiciário após o devido processo
legal.

Também não há hipótese de aplicação de sanção disciplinar pelo Poder Legislativo a agentes públicos
vinculados a outros Poderes no exercício do controle legislativo. Essas sanções são aplicadas no exercício do
poder disciplinar dentro do próprio órgão ou entidade a que pertence o servidor.

A alternativa C está incorreta. Não há previsão de aplicação de pena de inidoneidade a Municípios para os
impedir de licitar. Impedir um Ente Federado de licitar seria inviabilizar a sua própria atividade.

A alternativa D está correta e é o gabarito da questão. Embora, de acordo com o STF, não seja possível que
lei local estabeleça competência do Tribunal de Contas para realizar exame prévio de validade dos contratos
firmados pelo Poder Público, tendo em vista que o art. 71 da Constituição não insere na competência do TCU
a aptidão para examinar, previamente, a validade de contratos administrativos celebrados pelo poder
público, é possível que os Tribunais de Contas apreciem previamente editais de licitação e, até mesmo, os
suspenda até que sejam sanados os vícios constatados. São situações diferentes.

Neste sentido é o art. 113, §2º, da lei 8.666/93:

Art. 113.

2º Os Tribunais de Contas e os órgãos integrantes do sistema de controle interno poderão


solicitar para exame, até o dia útil imediatamente anterior à data de recebimento das propostas,
cópia de edital de licitação já publicado, obrigando-se os órgãos ou entidades da Administração
interessada à adoção de medidas corretivas pertinentes que, em função desse exame, lhes
forem determinadas.

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A alternativa E está incorreta. A Constituição Federal não previu essa possibilidade de controle pelo Poder
Legislativo. Lembre-se que, sendo uma verdadeira exceção da separação entre os poderes, apenas será
possível o controle legislativo sobre os atos praticados pela Administração Pública nas hipóteses
expressamente previstas na constituição federal. Trata-se de um instrumento que viabiliza o sistema de
“freios e contrapesos”.

13. (CESPE / DPE-AL / 2017) À luz da jurisprudência dos tribunais superiores, assinale a opção correta
acerca das formas de ressarcimento do erário.
a) Fiscalização contábil e conclusão de procedimento junto ao tribunal de contas, com formação de título
executivo extrajudicial, impedirão a propositura de ação de improbidade administrativa.
b) O ressarcimento ao erário não depende da formação de título executivo de nenhuma natureza.
c) O ressarcimento do erário dá-se somente com a formação de um título executivo judicial, por intermédio
de ações coletivas.
d) Tanto o título executivo judicial quanto o extrajudicial formado no âmbito do tribunal de contas são
instrumentos hábeis para o ressarcimento ao erário, podendo os dois coexistir.
e) A fiscalização do tribunal de contas será obstada caso se ajuíze ação de improbidade administrativa com
o intuito de formar título executivo judicial para o ressarcimento do erário.

Comentários

A alternativa A está incorreta. De acordo com o STJ, as instâncias judicial e administrativa não se confundem,
razão pela qual a fiscalização do TCU não inibe a propositura da ação civil pública. Assim, é possível a
formação de dois títulos executivos, devendo ser observada a devida dedução do valor da obrigação que
primeiramente foi executada no momento da execução do título remanescente (REsp 1.135.858-TO).

A alternativa B está incorreta. O ressarcimento ao erário sempre decorre de um título executivo, seja ele
uma certidão de dívida ativa, um documento de reconhecimento de dívida, uma condenação administrativa
do Tribunal de Contas, uma decisão judicial transitada em julgado, dentre outros. Não há entrada ou saída
de caixa da Administração sem lastro. Em respeito à legalidade estrita, não seria correto que constasse um
pagamento em favor da Administração sem que se soubesse claramente o seu motivo, mesmo sendo um
ressarcimento.

A alternativa C está incorreta. É possível a formação de um título executivo por meio de decisão do Tribunal
de Contas que imputa uma dívida ou multa ao sujeito (art. 71, §3º, CF).

A alternativa D está correta e é o gabarito da questão. “Não configura bis in idem a coexistência de título
executivo extrajudicial (acórdão do TCU) e sentença condenatória em ação civil pública de improbidade
administrativa que determinam o ressarcimento ao erário e se referem ao mesmo fato, desde que seja
observada a dedução do valor da obrigação que primeiramente foi executada no momento da execução do
título remanescente.” (STJ. REsp 1.413.674-SE).

A alternativa E está incorreta. Ver explicações das alternativas A e D.

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14. (CESPE / DPU / 2017) Com referência à organização administrativa, ao controle dos atos da
administração pública e ao entendimento jurisprudencial acerca da responsabilidade civil do Estado,
julgue o item a seguir.
O controle judicial dos atos administrativos discricionários restringe-se ao aspecto da legalidade, estando,
portanto, impedido o Poder Judiciário de apreciar motivação declinada expressamente pela autoridade
administrativa.

Comentários

A assertiva está INCORRETA. Além da legalidade, o Poder Judiciário controla a legitimidade dos atos
administrativos, que se relaciona ao cumprimento dos princípios administrativos, o abuso de poder e
aspectos relacionados à teoria dos motivos determinantes.

De acordo com esta teoria, a validade do ato está vinculada à veracidade e existência dos motivos declarados
pelo Administrador. Verificada a inexistência ou falsidade dos motivos declarados, o ato deve ser anulado.

Procurador

15. (FUNDATEC / PGE-RS / 2021) Quanto ao controle judicial dos atos administrativos, assinale a
alternativa correta.

A) Os atos administrativos discricionários devem ser motivados e ficam vinculados aos motivos de fato e de
direito expostos, que integram o juízo de validade do ato.

B) Os atos administrativos discricionários são insuscetíveis de controle por parte do Poder Judiciário.

C) Como a discricionariedade envolve a edição da melhor decisão possível para o caso concreto, o Poder
Judiciário pode se substituir à Administração e proferir decisão de controle positivo, que melhore o ato
administrativo.

D) Controvérsia sobre matéria de direito em atos discricionários impede a concessão de mandado de


segurança pela ausência de direito líquido e certo comprovável independentemente de prova pré-
constituída.

E) Na medida em que a sanção administrativa é um ato vinculado e que este aplica preceito legal expresso,
ela dispensa fundamentação.

Comentários

A alternativa A está correta e corresponde ao gabarito

Nos atos administrativos discricionários, os elementos motivo e objeto poderão ser discricionários, cabendo
ao Administrador ponderar, por meio dos critérios da conveniência e oportunidade, qual motivo e/ou qual
objeto deve ser adotado para melhor atender o interesse público.

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Essa margem de escolha quanto ao motivo e ao objeto do ato administrativo configura o mérito
administrativo, que consiste no poder conferido pela lei ao agente público para que decida sobre a
conveniência e oportunidade em praticar o ato e definir o seu objeto dentro dos limites da lei.

Somente existe mérito administrativo nos atos discricionários. Além disso, ainda quando o ato for
discricionário, os elementos da competência, finalidade e forma serão sempre vinculados, não havendo
qualquer margem de escolha para o administrador quanto a esses requisitos. A definição do mérito
administrativo é importante, pois o Poder Judiciário não pode apreciar aspectos relacionados à escolha do
administrador quanto à conveniência e oportunidade do ato administrativo, sob pena de substituir o agente
público competente e violar o princípio da harmonia entre os poderes. Portanto, a alternativa C está
incorreta, vez que afirma que o Judiciário poderá agir como substituto à Administração.

Entretanto, dizer que o Poder Judiciário não pode apreciar o mérito administrativo não significa que não
poderá realizar controle judicial sobre atos discricionários. Na verdade, todos os atos estão sujeitos ao
controle judicial, sejam eles vinculados ou discricionários. Quanto aos atos discricionários, o Poder Judiciário
poderá avaliar a sua compatibilidade com o princípio da legalidade e da juridicidade, devendo estar em
acordo com todas as regras e princípios do ordenamento jurídico. Dito isso, conclui-se que a alternativa B
está incorreta.

A alternativa D está incorreta na medida em que contraria a súmula 625, STF, que dispõe: controvérsia
sobre matéria de direito não impede a concessão de mandado de segurança.

A validade do ato administrativo depende da correspondência entre os motivos nele expostos e a


existência concreta dos fatos que ensejaram a sua produção. Desta forma, surge a teoria dos motivos
determinantes. Portanto, com base na redação da alternativa A, verifica-se que este é o nosso gabarito.

De acordo com esta teoria, ainda nas situações excepcionais em que a prática do ato independe da exposição
dos motivos, caso o agente público opte por descrever a situação de fato que ensejou a prática do ato, a sua
validade estará vinculada à verificação da realidade dos fatos indicados.

Assim, caso a Administração exonere um agente público ocupante de cargo público em comissão, cuja
exoneração independe da exposição do motivo, e opte por motivar o ato descrevendo que o agente público
praticou ato infracional, a validade do ato de exoneração estará vinculada à existência do motivo declarado.
Caso verificado que o motivo não corresponde à realidade, o ato deverá ser anulado e o agente exonerado
retornará ao cargo.

A sanção não dispensa fundamentação e tal previsão está expressa no art. 50, II da Lei n. 9.784/99. Assim, a
alternativa E está incorreta.

Art. 50. Os atos administrativos deverão ser motivados, com indicação dos fatos e dos fundamentos
jurídicos, quando:

I - neguem, limitem ou afetem direitos ou interesses;

II - imponham ou agravem deveres, encargos ou sanções;

III - decidam processos administrativos de concurso ou seleção pública;

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IV - dispensem ou declarem a inexigibilidade de processo licitatório;

V - decidam recursos administrativos;

VI - decorram de reexame de ofício;

VII - deixem de aplicar jurisprudência firmada sobre a questão ou discrepem de pareceres, laudos,
propostas e relatórios oficiais;

VIII - importem anulação, revogação, suspensão ou convalidação de ato administrativo.

16. (FUNDEP / PGM-CONTAGEM-MG / 2019) Analise as afirmativas a seguir.


I. Segundo a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, a apreciação da legalidade do ato de concessão
inicial de aposentadoria, reforma e pensão pelo Tribunal de Contas dispensa a observância do contraditório
e ampla defesa em relação ao beneficiário do ato.
PORQUE
II. A decisão proferida não faz coisa julgada.
A respeito das afirmativas, assinale a alternativa correta.
a) As afirmativas I e II são verdadeiras e a II é uma justificativa da I.
b) As afirmativas I e II são verdadeiras, mas a II não é uma justificativa da I.
c) A afirmativa I é verdadeira e a II é falsa.
d) As afirmativas I e II são falsas.

Comentários

A assertiva I está CORRETA. O STF definiu a necessidade de observar o contraditório e ampla defesa nos
casos em que a apreciação pudesse gerar prejuízos aos interessados:

Súmula Vinculante 3: Nos processos perante o Tribunal de Contas da União asseguram-se o


contraditório e a ampla defesa quando da decisão puder resultar anulação ou revogação de ato
administrativo que beneficie o interessado, excetuada a apreciação da legalidade do ato de
concessão inicial de aposentadoria, reforma e pensão.

Repare, entretanto, que foram ressalvados os casos de apreciação da legalidade do ato de concessão inicial
de aposentadoria, reforma ou pensão.

A assertiva II está CORRETA, mas NÃO é uma justificativa da primeira. De fato, apeas as decisões do Poder
Judiciário possuem caráter de definitividade, fazendo coisa julgada.

Entretanto, a justificativa da assertiva I é que este ato possui natureza complexa, isto é, somente estará
completamente formado após a manifestação do TCU. Antes disso, ainda não temos um ato administrativo
propriamente dito, razão pela qual o TCU não anula o ato, mas apenas complementa os requisitos

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necessários para sua formação. Como não há anulação de ato, não há necessidade de contraditório e ampla
defesa.

Vale destacar ainda que, no dia 19/02/2020, o STF concluiu julgamento do RE 636553, definindo a seguinte
tese de repercussão geral (Tema 445): ”Os Tribunais de Contas estão sujeitos ao prazo de cinco anos para
o julgamento da legalidade do ato de concessão inicial de aposentadoria, reforma ou pensão, a contar da
chegada do processo à respectiva Corte de Contas, em atenção aos princípios da segurança jurídica e da
confiança legítima”.

Logo, após o prazo de 5 anos da chegada do processo na Corte de Contas, se o ato não for apreciado,
considera-se automaticamente registrado.

Por isto,

a alternativa B está correta e é o gabarito da questão.

17. (CESPE / MPC-RO – Procurador do MPC / 2019) No âmbito do controle na administração pública, o
controle administrativo pode ser corretamente entendido como
a) o preceito de accountability que os administradores públicos devem observar ao elaborar a prestação de
contas, a tempo de informar ao Poder Legislativo que a aplicação dos recursos está em conformidade com a
legislação vigente.
b) o preceito legal que compulsa o administrador a aplicar com eficiência e eficácia os recursos monetários
no atendimento das necessidades da população.
c) a emissão de juízo de valor proferida por agente público após fiscalizar determinado projeto executado
com recursos públicos.
d) a participação do cidadão em ato público reivindicando maior eficiência no combate à corrupção, pois
consubstancia exercício de controle social, que é uma forma de controle incidente sobre a gestão pública.
e) a multiplicidade de controles, desde que devidamente aplicados, o que garante efetividade na gestão
pública.

Comentários

A alternativa A está incorreta. O princípio da responsividade ou accountability determina que a


Administração Pública preste contas de sua atividade, adotando uma postura ativa perante os órgãos
especializados de controle e perante a população, que exerce o controle popular, devendo prestar
informações e fornecer dados de sua atuação, independentemente de solicitação.

A questão está errada porque pede a alternativa que traz o conceito que pode ser corretamente entendido
como controle administrativo. A alternativa A, por sua vez, trata do controle legislativo, o que a torna errada.

A alternativa B está incorreta. A alternativa trata do princípio da eficiência, e não se relaciona diretamente
ao controle administrativo. A alternativa não está errada em si, mas não atende ao enunciado, que pediu o
conceito de controle administrativo.

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A alternativa C está correta e é o gabarito da questão. Controle administrativo é a prerrogativa da


Administração de fiscalizar e corrigir os seus próprios atos, conforme seu poder de autotutela ou da tutela
administrativa de suas entidades da Administração indireta.

A autotutela foi consagrada na lei 9.784/99, art. 53 e na jurisprudência do STF, por meio da súmula nº 473,
e consiste no controle realizado pelo Poder Executivo (ou Legislativo e Judiciário no exercício da função
administrativa) sobre os atos praticados pelos seus próprios órgãos, sempre fundado na hierarquia, podendo
verificar aspectos de legitimidade e de mérito. Repare que a autotutela sempre ocorre dentro de uma mesma
pessoa jurídica.

A alternativa D está incorreta. A alternativa trouxe o conceito de controle social ou popular, não se
relacionando diretamente com o controle administrativo.

A alternativa E está incorreta. De fato, existe multiplicidade de controles. Entretanto, o enunciado pediu
apenas o conceito de controle administrativo, que consiste no controle exercido pela Administração sobre
os seus próprios atos.

18. (CESPE / MPC-RO – Procurador do MPC / 2019) Julgue os itens a seguir, acerca do controle da
administração pública.
I O responsável pela administração de recursos de terceiros é, obrigatoriamente, o titular da prestação de
contas.
II A pessoa física estará desobrigada da prestação de contas em caso de pacto de natureza pecuniária
assumido em nome da União.
III As pessoas naturais que guardem recursos monetários colocados a sua disposição, independentemente
da personalidade, se pública ou privada, têm a responsabilidade e o dever de prestar contas.
Assinale a opção correta.
a) Apenas o item I está certo.
b) Apenas o item II está certo.
c) Apenas os itens I e III estão certos.
d) Apenas os itens II e III estão certos.
e) Todos os itens estão certos.

Comentários

A assertiva I está CORRETA. A Administração Pública não é titular dos bens e interesses públicos. O titular é
o povo. A Administração apenas administra esses bens e interesses. Neste caso, a administração de bens
alheios e a prestação de contas são institutos indissociáveis. Assim, o agente que gerencia interesses de
terceiros – o responsável – será sempre o mesmo que estará obrigado a prestar contas, ou seja, o titular da
prestação de contas.

A assertiva II está INCORRETA. A afirmativa confronta o artigo 70, parágrafo único da CF:

CF. Art. 70 (...)

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Parágrafo único. Prestará contas qualquer pessoa física ou jurídica, pública ou privada, que
utilize, arrecade, guarde, gerencie ou administre dinheiros, bens e valores públicos ou pelos
quais a União responda, ou que, em nome desta, assuma obrigações de natureza pecuniária.

A assertiva III está INCORRETA. Apenas quem receba, de alguma forma, recursos públicos está obrigado a
prestar contas, conforme art. 70, parágrafo único, CF. O que pode ser público ou privado é a pessoas que
está obrigada a prestar contas. Mas somente terá essa obrigações se o se os valores recebidos forem
públicos.

Portanto,

A alternativa A está correta e é o gabarito da questão.

19. (CESPE / MPC-PA – Procurador do MPC / 2019) A respeito do controle da administração pública,
assinale a opção correta.
a) Os Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário manterão sistemas de controle, de forma independente,
com a finalidade de avaliar a execução dos programas de governo e dos orçamentos da União.
b) O sistema de controle deve ser mantido pelos três poderes de forma integrada, tendo como um dos seus
principais objetivos elaborar e executar a programação financeira da União.
c) Ao Tribunal de Contas da União (TCU) cabe apreciar a legalidade não só das nomeações para os cargos de
provimento em comissão, mas também das concessões de aposentadorias, reformas e pensões.
d) A competência do Congresso Nacional para sustar atos normativos do Poder Executivo que exorbitem do
poder regulamentar ou dos limites de delegação legislativa é uma hipótese de controle de legalidade.
e) Os tribunais de contas atuam de forma independente, exercendo o controle externo e o produto dessa
ação destina-se a auxiliar o Poder Legislativo em sua incumbência constitucional.

Comentários

A alternativa A está incorreta. O sistema de controle interno dos Poderes da República deve ser mantido de
forma integrada e não independente.:

Art. 74. Os Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário manterão, de forma integrada, sistema de
controle interno com a finalidade de:

(...)

A alternativa B está incorreta. Uma das principais finalidades do controle interno é acompanhar e fiscalizar
a programação financeira e não elaborar e executar. Quem elabora e executa a programação financeira é a
própria União em projeto de lei apreciado e votado no Congresso Nacional. Veja o que a Constituição
estabelece acerca do controle interno:

Art. 74. Os Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário manterão, de forma integrada, sistema de
controle interno com a finalidade de:

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I - avaliar o cumprimento das metas previstas no plano plurianual, a execução dos programas de
governo e dos orçamentos da União;

II - comprovar a legalidade e avaliar os resultados, quanto à eficácia e eficiência, da gestão


orçamentária, financeira e patrimonial nos órgãos e entidades da administração federal, bem
como da aplicação de recursos públicos por entidades de direito privado;

A alternativa C está incorreta. O ato de nomeação para cargos de provimento em comissão foi
expressamente excluído do controle do Tribunal de Contas:

Art. 71 (...)

III - apreciar, para fins de registro, a legalidade dos atos de admissão de pessoal, a qualquer
título, na administração direta e indireta, incluídas as fundações instituídas e mantidas pelo
Poder Público, excetuadas as nomeações para cargo de provimento em comissão, bem como a
das concessões de aposentadorias, reformas e pensões, ressalvadas as melhorias posteriores que
não alterem o fundamento legal do ato concessório;

A alternativa D está incorreta. Trata-se de Controle de Constitucionalidade, tendo em vista que o decreto
que exorbita o poder regulamentar fere o dispositivo constitucional que autorizou o regulamento executivo,
bem como a exorbitância da delegação legislativa fere o dispositivo constitucional que determina o seu
exercício nos limites da delegação.

A alternativa E está correta e é o gabarito da questão. Os Tribunais de Contas são órgãos vinculados ao Poder
Legislativo, porém, sem qualquer subordinação, tendo em vista que possuem autonomia. Suas atribuições
estão previstas no art. 71 da Constituição Federal:

Art. 71. O controle externo, a cargo do Congresso Nacional, será exercido com o auxílio do
Tribunal de Contas da União, ao qual compete:

20. (DÉDALUS CONCURSOS / PGM-PIRATININGA-SP / 2018) A Administração Pública se sujeita a


controle com a finalidade de assegurar que atue em consonância com os princípios que lhe são impostos
pelo ordenamento jurídico, como os da legalidade, moralidade, finalidade pública, publicidade,
motivação, impessoalidade; em determinadas circunstâncias, abrange também o controle chamado de
mérito e que diz respeito aos aspectos discricionários da atuação administrativa. Sobre o controle
administrativo, assinale a alternativa correta:
a) A Administração Pública somente se sujeita a controle administrativo e judicial.
b) O controle da Administração Pública pode ser apenas para apreciação de legalidade e não de mérito.
c) Quanto ao momento o controle pode ser prévio, concomitante ou posterior. O controle concomitante tem
por objetivo rever os atos já praticados, para corrigi-los, desfazê-los ou apenas confirmá-los; abrange atos
como os de aprovação, homologação, anulação, revogação, convalidação.
d) O controle interno é feito, normalmente, pelo sistema de auditoria, que acompanha a execução do
orçamento, verifica a legalidade na aplicação do dinheiro público e auxilia o Tribunal de Contas no exercício
de sua missão institucional.

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Comentários

A alternativa A está incorreta. Também há o controle legislativo e o controle popular ou social.

A alternativa B está incorreta. quanto ao aspecto controlado, a Administração Pública poder realizar o
controle de mérito sobre os seus próprios atos, verificando a conveniência e oportunidade relativamente ao
motivo e ao objeto dos atos discricionários.

A alternativa C está incorreta. a assertiva apresentou o conceito de controle posterior. O controle


concomitante é exercido durante a prática de um ato, verificando-se a regularidade de sua formação (ex.:
fiscalização dos contratos administrativos).

A alternativa D está correta e é o gabarito da questão. O controle interno é feito, normalmente, pelo sistema
de auditoria, que acompanha a execução do orçamento, verifica a legalidade na aplicação do dinheiro
público e auxilia o Tribunal de Contas no exercício de sua missão institucional.

21. (VUNESP / PGM-SÃO JOSÉ DO RIO PRETO / 2019) O controle jurisdicional dos atos administrativos:
a) pode recair sobre atos administrativos vinculados e discricionários, relativamente ao mérito e a quaisquer
de seus elementos.
b) pode incidir sobre atos administrativos vinculados, mas não sobre atos administrativos discricionários.
c) tendo em vista o princípio da deferência, limita-se à verificação da autoridade competente, da adoção da
forma prescrita em lei e do trâmite regular do respectivo procedimento administrativo, não podendo recair
sobre o mérito administrativo ou a finalidade do ato.
d) pode recair sobre atos administrativos vinculados e discricionários, desde que, em qualquer caso,
esgotadas as instâncias de controle administrativo.
e) pode recair sobre atos administrativos vinculados e discricionários, não cabendo ao Poder Judiciário,
entretanto, o controle do juízo de oportunidade e conveniência exercido com razoabilidade e motivação pela
Administração Pública dentro dos parâmetros legais.

Comentários

A alternativa A está incorreta. No controle judicial, verifica-se apenas a legalidade ou legitimidade dos atos
administrativos, nunca o mérito administrativo.

Por este motivo, o Judiciário somente poderá anular o ato administrativo irregular, nunca poderá revogá-lo,
tendo em vista que a revogação decorre de controle de mérito (conveniência e oportunidade). Por outro
lado, é importante ressaltar que o Judiciário não está proibido de realizar o controle de atos discricionários.
Pelo contrário, poderá apreciar a juridicidade destes atos, apenas devendo se abster de realizar apreciação
do seu mérito administrativo.

A alternativa B está incorreta. O Judiciário não está proibido de realizar o controle de atos discricionários.
Pelo contrário, poderá apreciar a juridicidade destes atos, apenas devendo se abster de realizar apreciação
do seu mérito administrativo.

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A alternativa C está incorreta. O princípio da deferência estabelece que o Poder Judiciário não poderá
controlar o mérito administrativo, inclusive em questões técnicas em que não possui o conhecimento técnico
necessário para o controle. Neste caso, deve-se adotar uma posição de deferência às conclusões da
Administração Pública, deixando de interferir em suas decisões.

O erro da alternativa está em afirmar que o Poder Judiciário não poderá controlar aspectos relacionados à
finalidade do ato administrativo. O desvio de finalidade é uma hipótese de abuso de poder, perfeitamente
controlável pelo Judiciário, que deverá, quando provocado, anular os seus atos eivados de vício de desvio de
finalidade.

A alternativa D está incorreta. O ordenamento jurídico não adotou a instância administrativa de curso
forçado, sendo vedado estabelecer que o controle judicial depende do esgotamento das vias administrativas
de impugnação. A instância administrativa de curso forçado é admitida apenas e excepcionalmente nos casos
previstos da constituição.

A alternativa E está correta e é o gabarito da questão. No controle judicial, verifica-se apenas a legalidade
ou legitimidade dos atos administrativos, nunca o mérito administrativo.

Por este motivo, o Judiciário somente poderá anular o ato administrativo irregular, nunca poderá revogá-lo,
tendo em vista que a revogação decorre de controle de mérito (conveniência e oportunidade). Por outro
lado, é importante ressaltar que o Judiciário não está proibido de realizar o controle de atos discricionários.
Pelo contrário, poderá apreciar a juridicidade destes atos, apenas devendo se abster de realizar apreciação
do seu mérito administrativo.

22. (VUNESP / PGM-SÃO JOSÉ DO RIO PRETO / 2019) Acerca do controle externo da Administração
Pública, é correto afirmar:
a) dentre outras atribuições, o Tribunal de Contas da União poderá, se verificar ilegalidade, assinar prazo
para que o órgão ou entidade fiscalizada adote as providências necessárias ao exato cumprimento da lei;
não atendido o referido prazo, poderá desde logo sustar contrato impugnado, comunicando a decisão à
Câmara dos Deputados e ao Senado Federal.
b) dentre outras atribuições, compete ao Tribunal de Contas da União aplicar aos responsáveis, em caso de
ilegalidade de despesa ou irregularidade de contas, as sanções previstas em lei, que estabelecerá, entre
outras cominações, multa proporcional ao dano causado ao erário, a ser ratificada no Poder Judiciário, após
assegurados, às partes assim apenadas, a ampla defesa e o direito ao contraditório.
c) o controle externo da União e das entidades da Administração direta e indireta, quanto à legalidade,
legitimidade, economicidade, aplicação das subvenções e renúncia de receitas, será exercido pelo Tribunal
de Contas da União e supletivamente pelo Congresso Nacional.
d) dentre outras atribuições, compete ao Tribunal de Contas da União, em auxílio ao controle externo a cargo
do Congresso Nacional, apreciar as contas prestadas anualmente pelo Presidente, julgar as contas dos
administradores e demais responsáveis por dinheiros, bens e valores públicos da Administração direta e
indireta, e realizar inspeções e auditorias de diversas naturezas nas unidades administrativas de quaisquer
dos poderes da União.

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e) a organização, composição e fiscalização dos Tribunais de Contas dos Estados e do Distrito Federal serão
estabelecidas pelas Constituições estaduais, podendo ou não, conforme opção do constituinte estadual,
orientar-se pelas normas aplicáveis ao Tribunal de Contas da União.

Comentários

A alternativa A está incorreta. De acordo com o art. 71, X, CF, o TCU possui competência para sustar
diretamente a execução de ato administrativo impugnado, apenas devendo comunicar a decisão à Câmara
dos Deputados e ao Senado Federal. A expressão “se não atendido”, no entanto, impõe que, antes da
sustação, o TCU estabeleça prazo para a Administração sanar a irregularidade. Apenas se não atendido,
poderá sustar o ato.

Já quanto aos contratos administrativos, quando houver irregularidade, apenas o Congresso Nacional
poderá realizar a sustação (art. 71, §1º), devendo solicitar de imediato ao Poder Executivo que tome as
medidas cabíveis. Todavia, se o Congresso Nacional ou o Poder Executivo não tomarem as medidas cabíveis
em 90 (noventa) dias, o TCU adquirirá competência para decidir a respeito da sustação (art. 71, §2º).

A alternativa B está incorreta. As multas podem ser aplicadas diretamente pelo Tribunal de Contas ao
constatar irregularidades, após procedimento em contraditório. Não há necessidade de ratificação do Poder
Judiciário. As decisões do Tribunal de que resulte imputação de débito ou multa terão eficácia de título
executivo (art. 71, §3º).

A alternativa C está incorreta. O controle externo é exercido pelo Congresso Nacional, com o auxílio do
Tribunal de Contas:

CF:

Art. 70. A fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial da União e


das entidades da administração direta e indireta, quanto à legalidade, legitimidade,
economicidade, aplicação das subvenções e renúncia de receitas, será exercida pelo Congresso
Nacional, mediante controle externo, e pelo sistema de controle interno de cada Poder.

Art. 71. O controle externo, a cargo do Congresso Nacional, será exercido com o auxílio do
Tribunal de Contas da União, ao qual compete: (...)

A alternativa D está correta e é o gabarito da questão. É o que dispõe o art. 71, I, II e IV da CF:

Art. 71. O controle externo, a cargo do Congresso Nacional, será exercido com o auxílio do
Tribunal de Contas da União, ao qual compete:

I - apreciar as contas prestadas anualmente pelo Presidente da República, mediante parecer


prévio que deverá ser elaborado em sessenta dias a contar de seu recebimento;

II - julgar as contas dos administradores e demais responsáveis por dinheiros, bens e valores
públicos da administração direta e indireta, incluídas as fundações e sociedades instituídas e

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mantidas pelo Poder Público federal, e as contas daqueles que derem causa a perda, extravio ou
outra irregularidade de que resulte prejuízo ao erário público;

IV - realizar, por iniciativa própria, da Câmara dos Deputados, do Senado Federal, de Comissão
técnica ou de inquérito, inspeções e auditorias de natureza contábil, financeira, orçamentária,
operacional e patrimonial, nas unidades administrativas dos Poderes Legislativo, Executivo e
Judiciário, e demais entidades referidas no inciso II;

A alternativa E está incorreta. As normas da Constituição Federal relativas ao TCU são aplicáveis, no que
coube, aos Tribunais de Contes dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, quando existirem:

CF: Art. 75. As normas estabelecidas nesta seção aplicam-se, no que couber, à organização,
composição e fiscalização dos Tribunais de Contas dos Estados e do Distrito Federal, bem como
dos Tribunais e Conselhos de Contas dos Municípios.

23. (CS-UFG / PGM-JATAÍ / 2018) As licitações públicas vinculam-se ao princípio da legalidade, porém
os Tribunais Superiores têm permitido flexibilizações hermenêuticas. É da lavra destes tribunais o seguinte
entendimento:
a) a administração pública pode declarar nulidade dos seus próprios atos desde que autorizada pelo Poder
Judiciário.
b) a administração pública pode anular seus próprios atos, quando eivados de vícios que os tornam ilegais,
porque deles não se originam direitos.
c) o Tribunal de Contas, no exercício de suas atribuições, pode apreciar a constitucionalidade das leis, mas
não a dos atos normativos.
d) o descabimento de mandado de segurança contra ato praticado em licitação promovida por sociedade de
economia mista ou empresa pública.

Comentários

A alternativa A está incorreta. O controle administrativo envolve a autotutela, consagrada na lei 9.784/99,
art. 53 e na jurisprudência do STF, por meio da súmula nº 473, e consiste no controle realizado pelo Poder
Executivo (ou Legislativo e Judiciário no exercício da função administrativa) sobre os atos praticados pelos
seus próprios órgãos, sempre fundado na hierarquia, podendo verificar aspectos de legitimidade e de mérito.
Repare que a autotutela sempre ocorre dentro de uma mesma pessoa jurídica.

A autotutela independe de autorização do Poder Judiciário, é um verdadeiro poder administrativo que lhe
garante a prerrogativa de controlar os seus próprios atos.

A alternativa B está correta e é o gabarito da questão. É exatamente o que dispõe a primeira parte da súmula
473 do STF:

Súmula 473, STF:

A administração pode anular seus próprios atos, quando eivados de vícios que os tornam ilegais,
porque deles não se originam direitos; ou revogá-los, por motivo de conveniência ou

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oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada, em todos os casos, a apreciação


judicial.

A alternativa C está incorreta. O STF já decidiu que os Tribunais de Contas podem realizar o controle de
legalidade das leis e de atos do Poder Público de forma incidental no desempenho de suas atribuições,
afastando a aplicação de uma lei ou ato normativo do Poder Público. No entanto, deverá respeitar a cláusula
de “reserva de plenário” (art. 97, CF), que exige a decisão de maioria absoluta dos membros da Corte para
reconhecimento da ilegalidade, conforme súmula nº 347 do STF:

STF: Súmula 347: O Tribunal de Contas, no exercício de suas atribuições, pode apreciar a
constitucionalidade das leis e dos atos do Poder Público.

A alternativa D está incorreta. Quando se tratar de ato de empresa pública, sociedade de economia mista
ou concessionária de serviços públicos, somente será cabível o mandado de segurança se for o caso de ato
administrativo (concurso público, licitação etc.). Não é cabível o writ contra atos de gestão das estatais ou
da concessionária (art. 1º, §2º).

A licitação é um procedimento administrativo e, portanto, é cabível mandado de segurança contra os atos


praticados.

24. (COPS-UEL / PGM-LONDRINA / 2019) Em matéria de controle judicial dos atos administrativos,
assinale a alternativa correta.
a) O poder judiciário, em hipótese alguma, poderá adentrar na zona inerente à conveniência e à
oportunidade.
b) O poder judiciário não poderá adentrar no mérito dos atos administrativos discricionários.
c) O poder judiciário não poderá adentrar no mérito dos atos administrativos vinculados.
d) O poder judiciário poderá adentrar no mérito do ato administrativo, inclusive em relação à zona de
conveniência e oportunidade.
e) O poder judiciário poderá adentrar no mérito do ato administrativo em relação ao controle da legalidade.

Comentários

A alternativa A está incorreta. A alternativa foi formulada de forma genérica para confundir o candidato.
Isto porque o Poder Judiciário poderá avaliar a conveniência e oportunidade nos atos administrativos
discricionários praticados pelo próprio Poder Judiciário no exercício de sua função atípica administrativa.

A alternativa B está incorreta. O Poder Judiciário poderá adentrar no mérito do ato administrativo para
verificar os critérios de legalidade.

A alternativa C está incorreta. Nos atos administrativos vinculados não há mérito administrativo, tendo em
vista que o agente público realiza apenas aquilo que foi previsto em lei, de acordo com seus estritos termos.

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A alternativa D está incorreta. O Poder Judiciário poderá adentrar no mérito do ato administrativo para
verificar os critérios de legalidade, mas não os critérios de conveniência e oportunidade, não lhe cabendo
substituir o administrador para definir o mérito administrativo.

A alternativa E está correta e é o gabarito da questão. Todo ato administrativo, seja ele vinculado ou
discricionário, deve obedecer a legalidade e aos princípios administrativos. Neste sentido, o Poder Judiciário
poderá adentrar no mérito do ato administrativo para verificar os critérios de legalidade.

25. (VUNESP / CM-MONTE ALTO-Procurador- SP / 2019) Sobre os mecanismos legais de controle sobre
licitações e contratos, assinale a alternativa correta.
a) Os licitantes e o contratado têm competência exclusiva para representar ao Tribunal de Contas ou aos
órgãos integrantes do sistema de controle interno contra irregularidades na aplicação da Lei nº 8.666/93.
b) O controle das despesas decorrentes dos contratos administrativos regidos pela Lei n| 8.666/93 é de
competência privativa do Tribunal de Contas, na forma da legislação pertinente.
c) Os Tribunais de Contas poderão solicitar para exame, até o 5º (quinto) dia útil anterior à data de
recebimento das propostas, cópia de edital de licitação devidamente publicado.
d) Os órgãos interessados da Administração ficam dispensados da demonstração da legalidade e da
regularidade das despesas em razão da presunção de legitimidade dos atos administrativos submetidos a
controle.
e) A decisão dos Tribunais de Contas sobre o edital examinado obriga os órgãos ou as entidades da
Administração interessada à adoção de medidas corretivas pertinentes que lhes forem determinadas.

Comentários

A alternativa A está incorreta. O art. 74, §2º, CF dispõe que qualquer cidadão, partido político, associação
ou sindicato podem denunciar irregularidades ao Tribunal de Contas. A conclusão se aplica ainda à
possibilidade de denúncia ao sistema de controle interno de cada Poder:

i 2| Qualquer cidadão, partido político, associação ou sindicato é parte legítima para, na forma
da lei, denunciar irregularidades ou ilegalidades perante o Tribunal de Contas da União.

É o que também dispõe o art. 113, §1º da Lei 8.666/93:

i 1º Qualquer licitante, contratado ou pessoa física ou jurídica poderá representar ao Tribunal


de Contas ou aos órgãos integrantes do sistema de controle interno contra irregularidades na
aplicação desta Lei, para os fins do disposto neste artigo.

A alternativa B está incorreta. O controle externo da atuação administrativa é realizado pelo Congresso
Nacional, com auxílio do Tribunal de Contas, e pelo Poder Judiciário, quando provocado. Neste sentido, o
Congresso Nacional poderá sustar os contratos administrativos quando verificada alguma irregularidade:

CF: Art. 71. (...)

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i 1| No caso de contrato, o ato de sustação será adotado diretamente pelo Congresso Nacional,
que solicitará, de imediato, ao Poder Executivo as medidas cabíveis.

A alternativa C está incorreta. A alternativa cobrou o conhecimento da letra fria da lei, no que diz respeito
ao art. 113, §2º, da Lei 8.666/93:

i 2 Os Tribunais de Contas e os órgãos integrantes do sistema de controle interno poderão


solicitar para exame, até o dia útil imediatamente anterior à data de recebimento das
propostas, cópia de edital de licitação já publicado, obrigando-se os órgãos ou entidades da
Administração interessada à adoção de medidas corretivas pertinentes que, em função desse
exame, lhes forem determinadas.

O erro está no prazo, tendo em vista que a Corte de Contas pode solicitar as informações até o último dia
útil anterior ao recebimento das propostas, enquanto a questão fala que o prazo é até o 5º dia útil anterior
a esta data.

A alternativa D está incorreta. O art. 113 da lei 8.666/93 estabelece justamente o contrário, exigindo que os
órgãos responsáveis demonstram a legalidade e a regularidade das despesas e da execução do contrato:

Art. 113. O controle das despesas decorrentes dos contratos e demais instrumentos regidos por
esta Lei será feito pelo Tribunal de Contas competente, na forma da legislação pertinente,
ficando os órgãos interessados da Administração responsáveis pela demonstração da
legalidade e regularidade da despesa e execução, nos termos da Constituição e sem prejuízo
do sistema de controle interno nela previsto.

A alternativa E está correta e é o gabarito da questão. É o que dispõe o art. 113, §2º, parte final, da lei
8.666/93:

Art. 113. (...) i 2º Os Tribunais de Contas e os órgãos integrantes do sistema de controle interno
poderão solicitar para exame, até o dia útil imediatamente anterior à data de recebimento das
propostas, cópia de edital de licitação já publicado, obrigando-se os órgãos ou entidades da
Administração interessada à adoção de medidas corretivas pertinentes que, em função desse
exame, lhes forem determinadas.

26. (IADES / AL-GO-Procurador / 2019) Controlar a administração pública é averiguar se a respectiva


atuação, sobremaneira, atende aos requisitos da legitimidade e da legalidade. Nesse sentido, vários
agentes são definidos para exercitar o controle das atividades administrativas, de que se pode elencar o
controle administrativo, o legislativo, o judicial e o da própria sociedade como um todo. Em relação a esse
cenário de controle, assinale a alternativa correta.
a) O controle administrativo visa, simultaneamente, ao controle da legitimidade e da legalidade, não
havendo diferença entre os agentes desse controle, haja vista ambas as formas dirigirem-se indistintamente
a todo e qualquer ente, órgão ou agente da administração pública, quer extroversa, quer introversamente,
com predominância, contudo, desse último modo.
b) O controle administrativo é o de mais ampla abrangência de atuação entre as formas de controle
apresentadas.

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c) O controle legislativo está restrito às autorizações constitucionais de admissibilidade, exteriorizando-se,


de forma corrente, como um controle fiscalizador, suspensivo, anulatório e sancionatório.
d) Salvo nos âmbitos legislativo e judicial, é vedado que, com base em mudança posterior de orientação
geral, declarem-se inválidas situações plenamente constituídas.
e) Enquanto, precipuamente, o controle interno e o controle externo visam à fiscalização e à correção dos
atos administrativos, ao controle judicial incumbe, sobremaneira, a respectiva correção e,
excepcionalmente, fiscalização.

Comentários

A alternativa A está incorreta. O erro da alternativa está em afirmar que não existe diferença entre os
agentes que sofrem o controle administrativo. Estudamos que o controle administrativo abrange a
autotutela e a tutela administrativa. O primeiro exercido pelos órgãos hierarquicamente superiores sobre os
atos dos órgãos subordinados dentro de uma mesma pessoa jurídica e o segundo exercido pela
Administração Direta sobre os atos da Administração Indireta. No primeiro caso, há hierarquia e
subordinação, sendo o controle amplo e irrestrito. Já no segundo caso, há apenas vinculação e controle
finalístico, não havendo hierarquia, sendo que o controle depende de norma autorizando e estabelecendo
os limites, os meios e os aspectos que serão controlados.

A alternativa B está correta e é o gabarito da questão. O controle administrativo, na modalidade de


autotutela, é a espécie mais ampla de controle, permitindo a verificação de todos os aspectos do ato
administrativo: a sua legitimidade e o seu mérito. Decorre do próprio escalonamento vertical da estrutura
da Administração (hierarquia) e, por isso, é automático (não depende de lei para existir). Além disso, é pleno
(irrestrito) e permanente.

A alternativa C está incorreta. O controle legislativo NÃO está necessariamente restrito às autorizações
constitucionais de admissibilidade. Há duas formas de controle legislativo: (1) o controle dos próprios atos
legislativos em seu âmbito interno; e (2) o controle dos atos normativos do poder executivo, a fiscalização
geral (art. 49, V e X, da CF). No primeiro caso, por atuar na sua função constitucional típica, não há
necessidade de previsão expressa na constituição para exercício do controle.

A alternativa D está incorreta. Apenas o Poder Judiciário pode declarar inválida situações plenamente
constituídas com base em mudança posterior de entendimento. No entanto, ainda quanto ao Poder
Judiciário esta hipótese deve ser vista com temperamentos em virtude da segurança jurídica, o que enseja,
por exemplo, a modulação dos efeitos da decisão nas ações diretas.

Nos Poderes Administrativo e Legislativo é vedada aplicação retroativa de nova interpretação da norma
administrativa para desconstituir situação plenamente constituída (art. 2| , XIII, da Lei n| 9.784/99).

A alternativa E está incorreta. Ao controle judicial incumbe a fiscalização e a correção (controle posterior,
repressivo) dos atos administrativos dos demais Poderes. Não há uma relação de predominância entre
fiscalização e correção, são formas distintas de classificação de controle dos atos administrativos.

27. (VUNESP / PGM-SOROCABA-SP / 2018) Assinale a alternativa que corretamente discorre sobre o
controle da Administração Pública.

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a) O controle da legitimidade enseja a verificação, pelo órgão controlador, da existência, ou não, dos
princípios da adequação e da compatibilidade, referentes às despesas públicas.
b) O controle financeiro é aquele exercido pelo Poder Executivo sobre o Legislativo e o próprio Executivo,
sobre sua própria administração no que se refere à receita, à despesa e à gestão dos recursos públicos.
c) Compete ao Tribunal de Contas da União fiscalizar a aplicação de quaisquer recursos repassados pela
União mediante convênio, acordo, ajuste ou outros instrumentos congêneres, a Estado, ao Distrito Federal
ou a Município.
d) O controle judicial incide especificamente sobre a atividade administrativa do Estado, seja onde for que
esteja sendo desempenhada, alcançados os atos administrativos do Executivo, sem, contudo, examinar os
atos do Legislativo.
e) O Poder Judiciário pode controlar os atos internos e exclusivos do Poder Legislativo, também chamados
de interna corporis, quando contiverem vícios de ilegalidade ou de constitucionalidade, ou vulnerarem
direitos individuais.

Comentários

A alternativa A está incorreta. Quanto aos aspectos controlados, tem-se ainda que há controle da legalidade,
legitimidade, economicidade, da aplicação das subvenções e renúncias de receitas:

a) Legalidade: verifica-se a conformação da atuação administrativa com a legislação;


b) Legitimidade: afere a conformação da atuação administrativa com os princípios administrativos;
c) Economicidade: relaciona-se à aferição da racionalidade, eficiência e economia quanto à realização
da despesa pública;

A verificação, pelo órgão controlador, da existência, ou não, dos princípios da adequação e da


compatibilidade, referentes às despesas públicas, se relaciona ao aspecto da economicidade. Quanto à
legitimidade, o Poder Legislativo verifica a adequação da atuação da Administração Pública com os princípios
administrativos.

A alternativa B está incorreta. O controle financeiro é realizado pelo Poder Legislativo sobre os atos da
Administração Pública, conforme art. 70 da CF.

A alternativa C está correta e é o gabarito da questão. É o que dispõe o art. 71, VI, da CF:

Art. 71. O controle externo, a cargo do Congresso Nacional, será exercido com o auxílio do
Tribunal de Contas da União, ao qual compete:

VI - fiscalizar a aplicação de quaisquer recursos repassados pela União mediante convênio,


acordo, ajuste ou outros instrumentos congêneres, a Estado, ao Distrito Federal ou a Município;

A alternativa D está incorreta. O controle judicial incide também sobre os atos administrativos praticados
pelo Poder Legislativo no exercício de função administrativo, exercida de forma atípica. Além disso, controla
a constitucionalidade das leis editadas pelo Poder Legislativo.

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A alternativa E está incorreta. As normas do regimento interno são o maior exemplo de atos interna corporis.
O STF já decidiu que a interpretação incidente sobre normas de índole meramente regimental, por se
qualificar como típica matéria interna corporis, suscita questão que se deve resolver exclusivamente no
âmbito do Poder Legislativo, sendo vedada sua apreciação pelo Poder Judiciário.

28. (VUNESP / FAPESP – Procurador / 2018) O controle administrativo


a) é exercido por todos os Poderes sobre suas próprias atividades tanto sob o aspecto de legalidade quanto
em relação ao mérito.
b) deriva do poder-dever de polícia que a Administração Pública tem sobre os seus agentes.
c) permite que a Administração Pública anule os atos ineficientes ou inoportunos, revogue os atos ilegais ou
altere os seus próprios atos, mas não permite a aplicação de penalidades administrativas aos seus agentes.
d) é eminentemente político e é exercido pelos órgãos legislativos ou por comissões parlamentares sobre
atos do Poder Executivo.
e) é exercido pelo Tribunal de Contas e se refere fundamentalmente à prestação de contas de todo aquele
que administra bens, valores ou dinheiros públicos.

Comentários

A alternativa A está correta e é o gabarito da questão. A Administração Pública possui a prerrogativa de


fiscalizar e corrigir os seus próprios atos, conforme seu poder de autotutela ou da tutela administrativa de
suas entidades da Administração indireta.

A autotutela foi consagrada na lei 9.784/99, art. 53 e na jurisprudência do STF, por meio da súmula nº 473,
e consiste no controle realizado pelo Poder Executivo (ou Legislativo e Judiciário no exercício da função
administrativa) sobre os atos praticados pelos seus próprios órgãos, sempre fundado na hierarquia, podendo
verificar aspectos de legitimidade e de mérito. Repare que a autotutela sempre ocorre dentro de uma
mesma pessoa jurídica.

Há ainda que se destacar que o Poder Legislativo e o Poder Judiciário também exercem controle
administrativo sobre os seus próprios atos praticados no exercício da função administrativa atípica.

A alternativa B está incorreta. O poder de polícia é a prerrogativa que a Administração Pública possui para,
na forma da lei, restringir, condicionar ou regulamentar o exercício de direitos, o uso de bens e a prática de
atividades privadas, sempre objetivando atingir o interesse público.

É exercido em relação a particulares e não em relação aos atos administrativos praticados pela própria
Administração Pública.

A alternativa C está incorreta. A alternativa trocou o conteúdo da anulação e da revogação. Anula-se ato
administrativo ilegal ou ilegítimo, revoga-se ato administrativo discricionário válido por motivo de
conveniência e oportunidade. Por outro lado, por meio do controle administrativo, se verificada conduta
infracional do agente público, poderá ensejar a punição com base no poder disciplinar.

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A alternativa D está incorreta. O controle eminentemente político e exercido pelos órgãos legislativos ou
por comissões parlamentares sobre atos do Poder Executivo é o controle legislativo, e não o controle
administrativo.

O controle administrativo é a prerrogativa da Administração de fiscalizar e corrigir os seus próprios atos,


conforme seu poder de autotutela ou da tutela administrativa de suas entidades da Administração indireta.

A alternativa E está incorreta. O Tribunal de Contas é órgão vinculado, porém não subordinado, ao Poder
Legislativo e o controle por si exercido sobre o Poder Executivo ou sobre aquele que administra bens, valores
ou dinheiros públicos é o controle legislativo e não administrativo.

29. (FMP CONCURSOS / PGE-AC / 2017) Sobre a doutrina da discricionariedade administrativa e do


controle jurisdicional, considere as seguintes assertivas:
I - A discrição administrativa pode decorrer da hipótese da norma, no caso da ausência de indicação explícita
do pressuposto de fato, ou no caso de o pressuposto de fato ter sido descrito através de termos ou
expressões que ilustram conceitos vagos, fluidos ou imprecisos.
II - A noção de discricionariedade não se prende somente ao campo das opções administrativas disponíveis
efetuadas com base em critérios de conveniência e oportunidade, no chamado campo do mérito do ato
administrativo.
III - A hipótese de discricionariedade administrativa sempre corresponderá uma situação concreta em que
se identifica que a decisão do administrador é tida como intangível, pois corresponderá a uma opção de
mérito cuja escolha se sintoniza com o espectro de possibilidades antevisto pela norma jurídica aplicável.
IV - A abstrata liberdade de atuação conferida no âmbito textual da norma jurídica aplicável define de
antemão o espaço da discricionariedade administrativa a ser concretizado pelo agente público.
São CORRETAS
a) apenas a I, II e III.
b) apenas a II, III e IV.
c) apenas a I e II.
d) apenas a I, III e IV.
e) apenas a I e IV.

Comentários

A assertiva I está CORRETA. O poder discricionário existe quando a lei o instituir, quando a lei não indicar
expressamente o motivo ou o objeto do ato administrativo, deixando a escolha para o administrador ou na
hipótese de conceitos jurídicos indeterminados.

Os conceitos jurídicos indeterminados possuem uma zona de certeza positiva, em que fica clara a sua
incidência, uma zona de certeza negativa, em que claramente o conceito vago não se aplica, e uma zona
cinzenta ou de penumbra (zona de indeterminação). Nesta zona cinzenta é que o administrador deve atuar
de forma discricionária, de acordo com a conveniência e oportunidade, tendo em vista o interesse público.

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Quando uma situação jurídica se enquadrar na zona de indeterminação, não será possível estabelecer uma
única atuação válida ao agente público. É neste momento que o agente deverá avaliar qual a melhor solução
para o caso, de acordo com o interesse público, utilizando-se do poder discricionário. Essa decisão pertence
ao mérito administrativo.

A assertiva II está CORRETA. É possível que a discricionariedade do administrador esteja relacionada a


conceitos jurídicos indeterminados. Há também a discricionariedade técnica exercida nos limites da lei, em
que o administrador deve tomar uma decisão fundamentada na técnica e não apenas na conveniência e
oportunidade.

A assertiva III está INCORRETA. E decisão fundamentada na discricionariedade não é intangível (intocável),
podendo sofrer controle judicial quanto à legalidade e legitimidade e legislativo quanto à legalidade,
legitimidade, economicidade, aplicação das subvenções e renúncia de receitas.

A assertiva IV está INCORRETA. Nem sempre será possível que o legislador preveja de forma abstrata todas
as possibilidades de atuação do administrador com fundamento na discricionariedade, devendo deixar a
decisão em aberto, definindo apenas limites e parâmetros.

Portanto,

A alternativa C está correta e é o gabarito da questão.

30. (QUADRIX / CFO-DF – Procurador / 2017) No que se refere ao controle da Administração Pública e
à improbidade administrativa, julgue o item a seguir.
De acordo com a CF, compete ao Tribunal de Contas da União sustar diretamente os contratos
administrativos que possam ter alguma irregularidade.

Comentários

A assertiva está INCORRETA. Quanto aos contratos administrativos, quando houver irregularidade, apenas
o Congresso Nacional poderá realizar a sustação (art. 71, §1º), devendo solicitar de imediato ao Poder
Executivo que tome as medidas cabíveis. Todavia, se o Congresso Nacional ou o Poder Executivo não
tomarem as medidas cabíveis em 90 (noventa) dias, o TCU adquirirá competência para decidir a respeito da
sustação (art. 71, §2º).

31. (CESPE / PGM-FORTALEZA-CE / 2017) Um servidor da Procuradoria-Geral do Município de


Fortaleza, ocupante exclusivamente de cargo em comissão, foi preso em flagrante, em operação da Polícia
Federal, por fraudar licitação para favorecer determinada empresa. Com referência a essa situação
hipotética, julgue o item subsequente tendo como fundamento o controle da administração pública e as
disposições da Lei de Improbidade Administrativa e da Lei Municipal n.| 6.794/1990, que dispõe sobre o
Estatuto dos Servidores do Município de Fortaleza.
Caso o referido servidor seja demitido por decisão de processo administrativo disciplinar, poderá o Poder
Judiciário revogar esse ato administrativo se ficar comprovado o cerceamento de defesa, ainda que exista
recurso administrativo pendente de decisão.

Comentários

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A assertiva está INCORRETA. No controle judicial, verifica-se a legalidade ou legitimidade dos atos
administrativos, nunca o mérito administrativo.

Por este motivo, o Judiciário somente poderá anular o ato administrativo irregular, nunca poderá revogá-lo,
tendo em vista que a revogação decorre de controle de mérito (conveniência e oportunidade). Por outro
lado, é importante ressaltar que o Judiciário não está proibido de realizar o controle de atos discricionários.
Pelo contrário, poderá apreciar a juridicidade destes atos, apenas devendo se abster de realizar apreciação
do seu mérito administrativo.

32. (FGV / ALE-RJ – Procurador / 2017) Determinada agência de fomento estadual, enquadrada como
instituição financeira, é instada pelo competente Tribunal de Contas a apresentar dados relativos aos
financiamentos públicos por ela concedidos. Diante da requisição, deve a agência:
a) se recusar a fornecer os dados relativos ao financiamento público, considerando que estão protegidos
pelo sigilo bancário;
b) se recusar a fornecer os dados relativos ao financiamento público, porquanto apenas o Poder Judiciário
poderia requisitar essas informações;
c) fornecer os dados requisitados pelo Tribunal de Contas, considerando o fato de que operações financeiras
que envolvam recursos públicos não estão submetidas ao sigilo bancário;
d) fornecer os dados requisitados pelo Tribunal de Contas, considerando o fato de que a Constituição Federal
ressalva expressamente o direito ao sigilo nos casos de requisições efetivadas pelas Cortes de Contas;
e) se recusar a fornecer os dados relativos ao financiamento público, porquanto restaria violado o direito à
intimidade dos beneficiários dos financiamentos públicos.

Comentários

A alternativa A está incorreta. Ver comentários da alternativa C.

A alternativa B está incorreta. Ver comentários da alternativa C.

A alternativa C está correta e é o gabarito da questão. Operações financeiras que envolvam recursos públicos
não estão abrangidas pelo sigilo bancário a que alude a Lei Complementar n| 105/2001, visto que as
operações dessa espécie estão submetidas aos princípios da administração pública insculpidos no art. 37 da
Constituição Federal. Em tais situações, é prerrogativa constitucional do Tribunal (TCU) o acesso a
informações relacionadas a operações financiadas com recursos públicos. (STF MS 33340 / DF).

A alternativa D está incorreta. Ver comentários da alternativa C.

A alternativa E está incorreta. Ver comentários da alternativa C.

Delegado

33. (FUMARC / PC-MG – Delegado / 2021) O controle da administração, quanto à natureza do


controlador, classifica-se em legislativo, judicial ou administrativo. No que se refere ao controle judicial
sobre os atos administrativos, é INCORRETO afirmar:

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(A) Segundo orientação doutrinária e jurisprudencial mais moderna, tem-se admitido que o Poder Judiciário
promova o controle do ato administrativo que, embora com aparência de legalidade, se mostre na
contramão dos princípios jurídicos, notadamente os da razoabilidade e proporcionalidade.

(B) Os atos administrativos vinculados se submetem ao controle judicial em relação a todos os seus
elementos.

(C) O controle judicial alcançará todos os aspectos de legalidade do ato administrativo vinculado, sendo, no
entanto, vedado ao judiciário adentrar aos critérios de conveniência e oportunidade que deram ensejo à
conduta do administrador.

(D) Compete ao Poder Judiciário, no desempenho de sua atividade típica jurisdicional, revogar um ato
administrativo ilegal, editado pelo Poder Executivo, pelo Poder Legislativo e, ainda, no exercício de suas
funções administrativas, anular os seus próprios atos administrativos.

Comentários

A alternativa D está incorreta e corresponde ao gabarito da questão.

A alternativa A está correta. Consoante entendimento consolidado no STJ, a intervenção do Poder Judiciário
nos atos administrativos cinge-se à defesa dos parâmetros da legalidade, permitindo-se a reavaliação do
mérito administrativo tão somente nas hipóteses de comprovada violação aos princípios da legalidade,
razoabilidade e proporcionalidade, sob pena de invasão à competência reservada ao Poder Executivo (STJ.
1ª Turma. AgInt no REsp 1271057/PR, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, julgado em 18/05/2017).

A alternativa B está correta. Nos atos administrativos vinculados, todos os elementos encontram-se
peremptoriamente definidos em lei, devendo a Administração seguir exatamente o que o ordenamento
jurídico define (não existe mérito administrativo).

A alternativa C está correta. No controle judicial, verifica-se a legalidade ou legitimidade dos atos
administrativos, nunca o mérito administrativo. A doutrina moderna substituiu o termo “controle de
legalidade” por “controle de juridicidade”.

O controle de legalidade exercido pelo Poder Judiciário sobre os atos administrativos diz respeito ao
seu amplo aspecto de obediência aos postulados formais e materiais presentes na Carta Magna, sem,
contudo, adentrar o mérito administrativo. STJ. 2ª Turma. AgInt no RMS 49202/PR, Rel. Min. Assusete
Magalhães, julgado em 02/05/2017.

A alternativa D está incorreta. Em regra, apenas o próprio Poder pode controlar o mérito dos seus próprios
atos administrativos. Por este motivo, o Poder Judiciário não pode controlar o mérito dos atos de outros
Poderes, mas apenas a sua legitimidade (ou juridicidade).

O Judiciário somente poderá anular o ato administrativo irregular, nunca poderá revogá-lo, tendo em vista
que a revogação decorre de controle de mérito (conveniência e oportunidade).

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Há ainda que se destacar que o Poder Legislativo e o Poder Judiciário também exercem controle
administrativo sobre os seus próprios atos praticados no exercício da função administrativa atípica.

Veja que, uma coisa é o controle judicial exercido pelo Poder Judiciário sobre os atos administrativos dos
Poderes Executivo e Legislativo, outra é o controle administrativo exercido pelo Poder Judiciário sobre os
seus próprios atos administrativos praticados no exercício de sua função atípica administrativa.

34. (FAPEC / PC-MS – Delegado / 2021) Quanto aos controles administrativo, legislativo e jurisdicional,
levando-se em consideração as afirmações abaixo, analise as afirmações a seguir.

I - O controle interno é aquele exercido por órgãos de um poder sobre condutas administrativas produzidas
dentro de sua esfera, ao passo que o controle externo ocorre quando o órgão fiscalizador se situa em
Administração diversa daquela de onde a conduta administrativa se originou.

II - A atuação do Tribunal de Contas e dos Ministérios Públicos é de extrema importância, uma vez que o
efetivo controle das ações executadas pelo Executivo está intimamente relacionado à legitimidade
democrática, haja vista que a proteção dos direitos e das garantias fundamentais depende do controle do
Estado e dos atos praticados por seus agentes, motivo pelo qual o ordenamento jurídico os apresenta como
instituições essencialmente democráticas, inerentes ao Estado Democrático de Direito.

III - A incidência da teoria da encampação exige os seguintes requisitos: (i) existência de vínculo hierárquico
entre a autoridade coatora indicada equivocadamente e aquela efetivamente ordenou a prática do ato
impugnado; (ii) ausência de modificação de competência definida no texto constitucional; e (iii) defesa da
legalidade do ato impugnado, com o ingresso no mérito do mandado de segurança.

IV - Recentemente, em sede de MS n. 35.410/DF, o Supremo Tribunal Federal reconheceu que a Súmula n.


347, do STF, em razão do novo modelo constitucional inaugurado com a Carta da República de 1988,
encontra-se superada, hipótese em que deixou expressamente consignado não caber à Corte de Contas, que
não tem função jurisdicional, exercer o controle de constitucionalidade nos processos sob sua análise, com
fundamento nesse enunciado.

Assinale a alternativa correta.

A) Apenas I, II e III estão corretas.

B) Apenas I, III e IV estão corretas.

C) Todas estão corretas.

D) Apenas I e III estão corretas.

E) Apenas I e IV estão corretas.

Comentários

A alternativa C está correta e corresponde ao gabarito da questão.

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O item I está correto.

I - O controle interno é aquele exercido por órgãos de um poder sobre condutas administrativas produzidas
dentro de sua esfera, ao passo que o controle externo ocorre quando o órgão fiscalizador se situa em
Administração diversa daquela de onde a conduta administrativa se originou.

Controle interno ou autocontrole: prevalece o entendimento de que o controle interno ou autocontrole é


aquele exercido dentro de um mesmo Poder Estrutural. Por exemplo, quando o Poder Executivo realiza
controle dos seus próprios atos, por meio da autotutela, temos a atuação de um controle interno.

Controle externo: é exercido por um Poder sobre a atuação de outro Poder Estrutural (ex.: controle do Poder
Legislativo, com auxílio dos Tribunais de Contas, sobre a atuação administrativa do Poder Executivo);

O item II está correto.

II - A atuação do Tribunal de Contas e dos Ministérios Públicos é de extrema importância, uma vez que o
efetivo controle das ações executadas pelo Executivo está intimamente relacionado à legitimidade
democrática, haja vista que a proteção dos direitos e das garantias fundamentais depende do controle do
Estado e dos atos praticados por seus agentes, motivo pelo qual o ordenamento jurídico os apresenta
como instituições essencialmente democráticas, inerentes ao Estado Democrático de Direito.

A cumplicidade profunda dos Tribunais de Contas com o aprofundamento do princípio republicano


permite-nos defender que, no contexto actual, dos Estados de Direito democráticos já não é possível
reduzir estes tribunais a simples instâncias de dissuasão politicamente remetidas para a categoria de
órgãos auxiliares (CANOTILHO, 2008, p. 35).

III - A incidência da teoria da encampação exige os seguintes requisitos: (i) existência de vínculo hierárquico
entre a autoridade coatora indicada equivocadamente e aquela efetivamente ordenou a prática do ato
impugnado; (ii) ausência de modificação de competência definida no texto constitucional; e (iii) defesa da
legalidade do ato impugnado, com o ingresso no mérito do mandado de segurança.

Súmula 628-STJ: A teoria da encampação é aplicada no mandado de segurança quando presentes,


cumulativamente, os seguintes requisitos: a) existência de vínculo hierárquico entre a autoridade que
prestou informações e a que ordenou a prática do ato impugnado; b) manifestação a respeito do
mérito nas informações prestadas; e c) ausência de modificação de competência estabelecida na
Constituição Federal.

IV - Recentemente, em sede de MS n. 35.410/DF, o Supremo Tribunal Federal reconheceu que a Súmula n.


347, do STF, em razão do novo modelo constitucional inaugurado com a Carta da República de 1988,
encontra-se superada, hipótese em que deixou expressamente consignado não caber à Corte de Contas,
que não tem função jurisdicional, exercer o controle de constitucionalidade nos processos sob sua análise,
com fundamento nesse enunciado.

O STF possuía decisão no sentido de que os Tribunais de Contas poderiam realizar controle de
constitucionalidade incidental, afastando norma que reputasse contrária à Lei Maior. No entanto, alterou o

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seu entendimento, estabelecendo que as Cortes de Contas não podem exercer o controle de
constitucionalidade por não serem dotadas de função jurisdicional, sendo órgãos técnicos de fiscalização
contábil financeira e orçamentária, restando, portanto, superada a Súmula-STF nº 347 (Mandados de
Segurança (MS) 35410, 35490, 35494, 35498, 35500, 35836, 35812 e 35824);

35. (FAPEC / PC-MS – Delegado / 2021) A respeito do controle judicial da atividade administrativa,
assinale a alternativa correta.

A) O Poder Judiciário não pode controlar os limites do mérito do ato administrativo discricionário, pois estes
são impostos pela lei, e o administrador, ao fazer sua escolha, o faz com base nos critérios de conveniência
e oportunidade.

B) A discricionariedade pode estar presente tanto no momento da prática quanto no da revogação do ato
administrativo.

C) A submissão total à lei está presente apenas nos atos administrativos vinculados, pois, nos discricionários,
há ampla margem de atuação do administrador público.

D) Na atuação discricionária, o agente público não está subordinado aos limites impostos pela lei, pois lhe é
conferida ampla margem de atuação, sempre em busca da solução que melhor atenda ao interesse público.

E) No exercício do Poder Vinculado, o administrador está subordinado à lei, porém, esta lhe confere margem
de opção, e o administrador terá, então, o encargo de identificar, diante do caso concreto, a solução mais
adequada.

Comentários

A alternativa B está correta e corresponde ao gabarito da questão.

A alternativa A está incorreta. O Judiciário não está proibido de realizar o controle de atos discricionários.
Dizer que o Poder Judiciário não pode apreciar o mérito administrativo não significa que não poderá realizar
controle judicial sobre atos discricionários. Na verdade, todos os atos estão sujeitos ao controle judicial,
sejam eles vinculados ou discricionários (princípio fundamental da inafastabilidade da jurisdição, previsto no
art. 5º, XXXV, CF). Quanto aos atos discricionários, o Poder Judiciário poderá avaliar a sua compatibilidade
com o princípio da legalidade e da juridicidade, devendo estar em acordo com todas as regras e princípios
do ordenamento jurídico.

A alternativa B está correta. O ato discricionário consiste naquele em que o agente público pode praticar
com certa liberdade de escolha quanto ao motivo ou ao objeto (conteúdo), dentro dos limites e diretrizes da
lei, avaliando critérios de conveniência e oportunidade. Portanto, a ampla margem de atuação do
administrador público deve observar os limites da lei.

A revogação é a retirada de um ato administrativo válido do mundo jurídico por critério de conveniência e
oportunidade do administrador. O ato não possui qualquer irregularidade, está em perfeita harmonia com
o ordenamento jurídico, mas a administração decide revogá-lo por entender ser a medida que melhor atende
ao interesse público. A revogação somente se aplica aos atos discricionários.

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Além disso, a revogação em si é um ato discricionário, pois decorre exclusivamente da escolha do


administrador após ponderação dos critérios da conveniência e oportunidade.

A alternativa C está incorreta. Ver comentários feitos na alternativa B.

A alternativa D está incorreta. Ver comentários feitos na alternativa B.

A alternativa E está incorreta. Ato vinculado é aquele que a Administração Pública pratica sem qualquer
margem de escolha ou liberdade de decisão, pois a lei prevê expressamente que o ato deve ser praticado
diante de situação determinada, bem como estabelece o único comportamento possível a ser adotado. Não
cabe ao agente público verificar a conveniência e a oportunidade em praticar o ato e na forma de sua
prática. Verificada a situação prevista em lei, o comportamento nela prevista deve ser adotado pelo
administrador.

36. (CESPE / POLÍCIA FEDERAL - DELEGADO/ 2021) No que concerne a controle da administração
pública, julgue os itens subsequentes.

Embora as comissões parlamentares de inquérito estejam, como uma modalidade de controle legislativo,
aptas a investigar fatos determinados em prazos determinados, elas são desprovidas de poder condenatório.

Comentários

A assertiva está CORRETA. As conclusões da CPI são enviadas para o Ministério Público e para os demais
órgãos de controle, não havendo decisão condenatória por parte da comissão.
37. (CESPE / POLÍCIA FEDERAL - DELEGADO/ 2021) No que concerne a controle da administração
pública, julgue os itens subsequentes.

A reclamação para anular ato administrativo que confronte súmula vinculante é uma modalidade de controle
externo da atividade administrativa.

Comentários

A assertiva está CORRETA. Controle externo: é exercido por um Poder sobre a atuação de outro Poder
Estrutural (ex.: controle do Poder Legislativo, com auxílio dos Tribunais de Contas, sobre a atuação
administrativa do Poder Executivo).

Assim, sendo a reclamação julgada pelo Poder Judiciário e possuindo o objetivo de anular ato da
Administração Pública, o controle se caracteriza como externo.
38. (CESPE / POLÍCIA FEDERAL - DELEGADO/ 2021) No que concerne a controle da administração
pública, julgue os itens subsequentes.

O Poder Judiciário pode revogar atos praticados pelo Poder Executivo eivados de ilegalidade.

Comentários

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A assertiva está ERRADA. No controle judicial, verifica-se a legalidade ou legitimidade dos atos
administrativos, nunca o mérito administrativo. A doutrina moderna substituiu o termo “controle de
legalidade” por “controle de juridicidade”, tendo em vista que o Poder judiciário pode controlar os atos não
apenas em relação às leis, mas também em confronto com todo o ordenamento jurídico, aí incluídas as
súmulas vinculantes, decisões vinculantes dos Tribunais Superiores, princípios expressos e implícitos, dentre
outros.

Além da legitimidade, o Poder Judiciário também realiza o controle administrativo


relativamente ao abuso de poder (desvio de poder e excesso de poder) e à teoria dos
motivos determinantes, podendo anular ato administrativo se verificada a inexistência
ou falsidade dos motivos declarados que ensejaram a prática do ato.

Por estes motivos, o Judiciário somente poderá anular o ato administrativo irregular, nunca poderá revogá-
lo, tendo em vista que a revogação decorre de controle de mérito (conveniência e oportunidade). Por outro
lado, é importante ressaltar que o Judiciário não está proibido de realizar o controle de atos discricionários.
Pelo contrário, poderá apreciar a juridicidade destes atos, apenas devendo se abster de realizar apreciação
do seu mérito administrativo.

39. (CESPE / POLÍCIA FEDERAL - DELEGADO/ 2021) No que concerne a controle da administração
pública, julgue os itens subsequentes.

Apenas a Constituição Federal de 1988 pode prever modalidades de controle externo.

Comentários

A assertiva está CORRETA. O controle externo excepciona a separação/harmonia entre os Poderes, haja vista
que há a intervenção de um poder sobre os atos de outro. Assim, somente a própria Constituição Federal
pode excepcionar esse princípio. As Constituições Estaduais não podem criar novas exceções, devendo seguir
o princípio da simetria.
40. CESPE / POLÍCIA FEDERAL – Delegado / 2018) Julgue o seguinte item, relativos ao controle da
administração pública.
A fiscalização contábil, orçamentária, operacional e patrimonial da administração pública federal sob os
aspectos de legalidade, legitimidade e economicidade integra o controle externo exercido pelo Poder
Legislativo Federal com o auxílio do TCU.

Comentários

A assertiva está CORRETA. O controle externo é exercido por um Poder sobre a atuação de outro Poder
Estrutural (ex.: controle do Poder Legislativo, com auxílio dos Tribunais de Contas, sobre a atuação
administrativa do Poder Executivo).

Neste caso, dispõem os arts. 70 e 71 da CF sobre o controle e exercido pelo Poder Legislativo, com auxílio do
TCU, sobre a Administração Pública:

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Art. 70. A fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial da União e


das entidades da administração direta e indireta, quanto à legalidade, legitimidade,
economicidade, aplicação das subvenções e renúncia de receitas, será exercida pelo Congresso
Nacional, mediante controle externo, e pelo sistema de controle interno de cada Poder.

Art. 71. O controle externo, a cargo do Congresso Nacional, será exercido com o auxílio do
Tribunal de Contas da União, ao qual compete:

41. (CESPE / POLÍCIA FEDERAL – Delegado / 2018) Julgue o seguinte item, relativos ao controle da
administração pública.
O exercício do controle judicial sobre os atos da administração pública abrange os exames de legalidade e
de mérito desses atos, cabendo ao juiz anulá-los ou revogá-los.

Comentários

A assertiva está INCORRETA. No controle judicial, verifica-se apenas a legalidade ou legitimidade dos atos
administrativos, nunca o mérito administrativo.

Por este motivo, o Judiciário somente poderá anular o ato administrativo irregular, nunca poderá revogá-lo,
tendo em vista que a revogação decorre de controle de mérito (conveniência e oportunidade). Por outro
lado, é importante ressaltar que o Judiciário não está proibido de realizar o controle de atos discricionários.
Pelo contrário, poderá apreciar a juridicidade destes atos, apenas devendo se abster de realizar apreciação
do seu mérito administrativo.

42. (VUNESP / PC-SP – Delegado / 2018) Os princípios administrativos podem ser utilizados para fins
de controle de constitucionalidade dos atos administrativos pelo Poder Judiciário, sendo o que se observa
na alternativa a seguir:
a) a nomeação de cônjuge da autoridade nomeante para o exercício de cargo em comissão ou de confiança
na Administração Pública do Estado viola a Constituição Federal.
b) o ato administrativo eivado de ilegalidade deverá ser revogado pelo administrador público, em obediência
ao princípio administrativo da discricionariedade.
c) ao titular do cargo de procurador de autarquia exige-se a apresentação de instrumento de mandato para
representá-la em juízo.
d) não é possível a autotutela sobre os atos administrativos após a sua impugnação no Poder Judiciário.
e) o princípio da pessoalidade é corolário da isonomia e da legalidade, sendo centrais à ação administrativa.

Comentários

A alternativa A está correta e é o gabarito da questão. A nomeação de parente até o terceiro grau para
exercício de cargo em comissão configura nepotismo, ato violador dos princípios da impessoalidade e da
moralidade da Administração Pública. É vedado pela súmula vinculante nº 13 do STF:

Súmula Vinculante 13: A nomeação de cônjuge, companheiro ou parente em linha reta, colateral
ou por afinidade, até o terceiro grau, inclusive, da autoridade nomeante ou de servidor da mesma

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pessoa jurídica investido em cargo de direção, chefia ou assessoramento, para o exercício de


cargo em comissão ou de confiança ou, ainda, de função gratificada na administração pública
direta e indireta em qualquer dos poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios, compreendido o ajuste mediante designações recíprocas, viola a Constituição
Federal.

A alternativa B está incorreta. O ato ilegal deve ser anulado. A revogação ocorre por conveniência e
oportunidade sobre atos discricionários válidos:

Lei 9.784/99:

Art. 53. A Administração deve anular seus próprios atos, quando eivados de vício de legalidade,
e pode revogá-los por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos
adquiridos.

Súmula 473, STF: A administração pode anular seus próprios atos, quando eivados de vícios que
os tornam ilegais, porque deles não se originam direitos; ou revogá-los, por motivo de
conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada, em todos os
casos, a apreciação judicial.

A alternativa C está incorreta. É o contrário do que dispõe a súmula 644 do STF:

Súmula 644 do STF: Ao titular do cargo de procurador de autarquia não se exige a apresentação
de instrumento de mandato para representá-la em juízo.

A alternativa D está incorreta. As instâncias administrativas e judicial são independentes entre si. A
impugnação do ato perante o Poder Judiciário não impede o controle exercido sobre ele pela próprio
Administração Pública que o emitiu, por meio do poder de Autotutela.

A alternativa E está incorreta. Não existe princípio da “pessoalidade” na Administração Pública. Vige o
princípio da impessoalidade, que é corolário da isonomia e da legalidade.

43. (VUNESP / PC-MG – Delegado / 2018) Sobre o controle administrativo da Administração Pública,
NÃO é correto afirmar:
a) É um controle de legalidade e de mérito.
b) Pode ocorrer por iniciativa da própria administração, mas não pode ser deflagrado mediante provocação
dos administrados.
c) Quanto à natureza do órgão controlador, se divide em legislativo, judicial e administrativo.
d) Tem por finalidade confirmar, alterar ou corrigir condutas internas, segundo aspectos de legalidade ou de
conveniência para a Administração.

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A alternativa A está correta. A Administração Pública possui a prerrogativa de fiscalizar e corrigir os seus
próprios atos, conforme seu poder de autotutela ou da tutela administrativa de suas entidades da
Administração indireta.

A autotutela foi consagrada na lei 9.784/99, art. 53 e na jurisprudência do STF, por meio da súmula nº 473,
e consiste no controle realizado pelo Poder Executivo (ou Legislativo e Judiciário no exercício da função
administrativa) sobre os atos praticados pelos seus próprios órgãos, sempre fundado na hierarquia, podendo
verificar aspectos de legitimidade e de mérito.

A alternativa B está incorreta e é o gabarito da questão. A revisão dos atos administrativos fundada na
autotutela pode ser provocada por algum administrado ou de ofício, por iniciativa da própria Administração.

A alternativa C está correta. Há o controle administrativo, realizado pela Administração Pública sobre seus
próprios atos, o controle judicial, que é realizado pelo Poder Judiciário sobre os atos administrativos da
Administração Pública, seja do Poder Executivo seja do Poder Legislativo e o controle legislativo, exercida
pelo Poder Legislativo sobre os atos da Administração Pública e atos administrativos do Poder Judiciário (não
sobre os atos jurisdicionais).

A alternativa D está correta. A Administração Pública possui a prerrogativa de fiscalizar e corrigir os seus
próprios atos, conforme seu poder de autotutela ou da tutela administrativa de suas entidades da
Administração indireta.

A autotutela foi consagrada na lei 9.784/99, art. 53 e na jurisprudência do STF, por meio da súmula nº 473,
e consiste no controle realizado pelo Poder Executivo (ou Legislativo e Judiciário no exercício da função
administrativa) sobre os atos praticados pelos seus próprios órgãos, sempre fundado na hierarquia, podendo
verificar aspectos de legitimidade e de mérito. Repare que a autotutela sempre ocorre dentro de uma
mesma pessoa jurídica.

Deste controle poderá resultar a confirmação, alteração ou correção das condutas internas.

44. (CESPE / PC-MT – Delegado / 2017) A fiscalização exercida pelo TCU na prestação de contas de
convênio celebrado entre a União e determinado município, com o objetivo de apoiar projeto de educação
sexual voltada para o adolescente, insere-se no âmbito do controle
a) provocado.
b) meritório.
c) subordinado.
d) prévio.
e) vinculado.

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A alternativa A está incorreta. O controle exercido pelo TCU sobre a Administração Pública não depende de
provocação, devendo ocorrer de ofício, tendo em vista as suas atribuições institucionais, estabelecidas na
Constituição. Trata-se de um poder-dever de agir.

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A alternativa B está incorreta. Quanto aos aspectos controlados por meio do controle legislativo, tem-se
ainda que há controle da legalidade, legitimidade, economicidade, da aplicação das subvenções e renúncias
de receitas:

a) Legalidade: verifica-se a conformação da atuação administrativa com a legislação;


b) Legitimidade: afere a conformação da atuação administrativa com os princípios administrativos;
c) Economicidade: relaciona-se à aferição da racionalidade, eficiência e economia quanto à realização
da despesa pública;
d) Aplicação das subvenções: subvenções são as transferências destinadas a cobrir despesas de custeio
das entidades beneficiadas, sejam elas de caráter assistencial ou cultural, sem fins lucrativos
(subvenção social), sejam de caráter industrial, comercial, agrícola ou pastoril (subvenção
econômica).

Nenhum desses aspectos se relaciona ao “mérito administrativo” que consiste na verificação da conveniência
e oportunidade.

A alternativa C está incorreta. Não há subordinação entre o TCU e o Poder Executivo. Sequer há
subordinação entre o TCU e o Poder Legislativo, ao qual está vinculado.

A alternativa D está incorreta. Não pode ser considerado prévio, porquanto o convênio já foi celebrado.

A alternativa E está correta e é o gabarito da questão. O controle exercido pelo TCU sobre a Administração
Pública deve ocorrer de ofício, tendo em vista as suas atribuições institucionais, estabelecidas na
Constituição. Trata-se de um poder-dever de agir, estando o TCU obrigado a exercer suas atribuições
constitucionais sob pena de omissão.

45. (IBADE / PC-AC – Delegado / 2017) Quanto ao Controle da Administração Pública, é correto afirmar:
a) Quanto aos sistemas de controle da Administração Pública, o ordenamento brasileiro filiou-se ao sistema
francês ou de dualidade de jurisdição, na medida em que vários órgãos colegiados administrativos possuem
a função atípica de julgamento de recursos administrativos.
b) A Administração pode anular seus próprios atos, quando eivados de vícios que os tornam ilegais, porque
deles não se originam direitos; ou revogá-los, por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os
direitos adquiridos, e ressalvada, em todos os casos, a apreciação judicial.
c) Por inexistir hierarquia entre a administração direta e a administração indireta, veda-se o controle
administrativo desta por aquela. Neste norte de ideias, caso a administração direta discorde da atuação da
administração indireta, o caso controvertido deve ser judicializado.
d) Como regra, para que um ato da Administração Pública seja controlado pelo Poder Judiciário, deve o
interessado esgotar a via administrativa percorrendo todas as suas instâncias.
e) Os Tribunais de Contas dos Estados integram o Poder Judiciário estadual e exercem controle externo da
Administração Pública.

Comentários

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A alternativa A está incorreta. Conforme já estudamos em nosso curso, o Brasil adotou o sistema de
jurisdição una (unicidade de jurisdição – sistema inglês), em que apenas o Poder Judiciário possui a atribuição
de decidir de maneira definitiva sobre a regularidade da atuação dos particulares e da Administração Pública.
Difere do sistema da dualidade da jurisdição, em que há a jurisdição ordinária ou comum para julgar os atos
e negócios jurídicos dos particulares e a jurisdição ou contencioso administrativo, em que há Tribunais
Administrativos, dotados de independência em relação ao Poder Executivo, que possuem atribuição para
julgar as ações da Administração Pública.

A alternativa B está correta e é o gabarito da questão. A Administração Pública possui a prerrogativa de


fiscalizar e corrigir os seus próprios atos, conforme seu poder de autotutela ou da tutela administrativa de
suas entidades da Administração indireta.

A autotutela foi consagrada na lei 9.784/99, art. 53 e na jurisprudência do STF, por meio da súmula nº 473,
e consiste no controle realizado pelo Poder Executivo (ou Legislativo e Judiciário no exercício da função
administrativa) sobre os atos praticados pelos seus próprios órgãos, sempre fundado na hierarquia, podendo
verificar aspectos de legitimidade e de mérito. Repare que a autotutela sempre ocorre dentro de uma
mesma pessoa jurídica.

Art. 53. A Administração deve anular seus próprios atos, quando eivados de vício de legalidade,
e pode revogá-los por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos
adquiridos.

Súmula 473, STF: A administração pode anular seus próprios atos, quando eivados de vícios que
os tornam ilegais, porque deles não se originam direitos; ou revogá-los, por motivo de
conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada, em todos os
casos, a apreciação judicial.

A alternativa C está incorreta. A Administração Pública possui a prerrogativa de fiscalizar e corrigir os seus
próprios atos, conforme seu poder de autotutela ou da tutela administrativa de suas entidades da
Administração indireta.

A tutela administrativa, conhecida também como controle finalístico, é o controle exercido pela
Administração direta sobre as entidades da Administração indireta. Depende de norma autorizando e
estabelecendo os limites, os meios e os aspectos que serão controlados. É também denominado de tutela
administrativa e supervisão ministerial.

A alternativa D está incorreta. O ordenamento jurídico não adotou a instância administrativa de curso
forçado, sendo vedado estabelecer que o controle judicial depende do esgotamento das vias administrativas
de impugnação. A instância administrativa de curso forçado é admitida apenas e excepcionalmente nos casos
previstos da constituição.

A alternativa E está incorreta. Os Tribunais de Contas são órgãos vinculados ao Poder Legislativo, porém,
sem qualquer subordinação, tendo em vista que possuem autonomia.

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Outros

46. (IESES / TJ-SC – Titular de serviços de notas e de registros – Remoção / 2019) A Súmula 346 do
Supremo Tribunal Federal ao estabelecer que “A Administração Pública pode declarar a nulidade dos seus
próprios atos”, trata:
a) Do controle jurisdicional da Administração Pública.
b) Do controle judicial da Administração Pública.
c) Do controle administrativo da Administração Pública.
d) Do controle legislativo da Administração Pública.

Comentários

A alternativa A está incorreta. No controle jurisdicional, que se confunde com controle judicial, é o Poder
Judiciário quem declara a nulidade dos atos administrativos eivados de ilegalidade.

A alternativa B está incorreta. No controle judicial, é o Poder Judiciário quem declara a nulidade dos atos
administrativos eivados de ilegalidade.

A alternativa C está correta e é o gabarito da questão. O controle administrativo estabelece que a


Administração Pública possui a prerrogativa de fiscalizar e corrigir os seus próprios atos, conforme seu poder
de autotutela ou da tutela administrativa de suas entidades da Administração indireta.

A autotutela foi consagrada na lei 9.784/99, art. 53 e na jurisprudência do STF, por meio da súmula nº 473,
e consiste no controle realizado pelo Poder Executivo (ou Legislativo e Judiciário no exercício da função
administrativa) sobre os atos praticados pelos seus próprios órgãos, sempre fundado na hierarquia, podendo
verificar aspectos de legitimidade e de mérito. Repare que a autotutela sempre ocorre dentro de uma mesma
pessoa jurídica.

A alternativa D está incorreta. no controle legislativo, é o Poder Legislativo quem verifica a legalidade dos
atos praticados pela Administração Pública, anulando-os quando eivados de ilegalidade e se o controle
estiver previsto na Constituição.

47. (VUNESP / TJ-SP – Titular de serviços de notas e de registros - Provimento / 2018) Quanto ao
controle da Administração Pública, é correto afirmar:
a) ao Poder Legislativo é vedado o controle sobre atos normativos do Poder Executivo que exorbitem do
poder regulamentar ou dos limites de delegação legislativa.
b) o recurso administrativo não integra o controle administrativo da Administração.
c) não há previsão legal de controle administrativo financeiro do Poder Judiciário pelo Poder Legislativo.
d) o mandado de segurança e a ação popular são meios de controle judicial da Administração.

Comentários

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A alternativa A está incorreta. O controle do Poder Legislativo sobre atos normativos do Poder Executivo
que exorbitem do poder regulamentar ou dos limites de delegação legislativa é expressamente previsto na
Constituição Federal, no art. 49, V:

Art. 49. É da competência exclusiva do Congresso Nacional:

V - sustar os atos normativos do Poder Executivo que exorbitem do poder regulamentar ou dos
limites de delegação legislativa;

A alternativa B está incorreta. Além disso, o controle administrativo é realizado por diversos meios, sendo
os principais deles o processo administrativo e o recurso administrativo

As formas de participação da população nesta espécie de controle são as seguintes:

a) Representação: denúncia de irregularidades perante a Administração;


b) Denúncia: similar à representação, mas prepondera o interesse de alertar às autoridades uma
conduta administrativa considerada censurável;
c) Reclamação administrativa: expressão genérica utilizada para qualquer tipo de manifestação do
interessado quanto à discordância em relação a um ato, uma decisão ou uma omissão administrativa;
d) Pedido de reconsideração: solicitação realizada perante a própria autoridade que emitiu ato ou
decisão, para que ela o aprecie novamente;
e) Recurso administrativo: petição direcionada a autoridade superior para que reavalie uma decisão
proferida por outro agente público hierarquicamente inferior.

A alternativa C está incorreta. O controle legislativo é realizado pelo Poder Legislativo auxiliado pelos
Tribunais de Contas e é exercido sobre o Poder Executivo e sobre os atos administrativos do Poder
Judiciário. Esse controle envolve um caráter político, não se limitando ao controle da legalidade, abrangendo
ainda aspectos como a legitimidade, economicidade, aplicação das subvenções e renúncia de receitas:

CF: Art. 70. A fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial da União
e das entidades da administração direta e indireta, quanto à legalidade, legitimidade,
economicidade, aplicação das subvenções e renúncia de receitas, será exercida pelo Congresso
Nacional, mediante controle externo, e pelo sistema de controle interno de cada Poder.

A alternativa D está correta e é o gabarito da questão. De maneira geral, é importante estudar os


instrumentos utilizados para controle judicial da Administração Pública. São eles: a) mandado de segurança
individual e coletivo; b) mandado de injunção; c) ação popular; d) ação civil pública; e) habeas data; f) habeas
corpus; g) ação civil pública por improbidade administrativa.

LISTA DE QUESTÕES
Magistratura

1. (FAURGS / TJ-RS / 2022) Considere as afirmações abaixo sobre o controle externo da Administração
Pública.

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I - As decisões do Tribunal de Contas de que resulte imputação de débito ou multa terão eficácia de título
executivo.
II - O Tribunal de Contas emite parecer prévio sobre as contas de todos os administradores e demais
responsáveis por dinheiros, bens e valores púbicos, cabendo ao Poder Legislativo o respectivo julgamento.
III - Compete ao Tribunal de Contas apreciar, para fins de registro, a legalidade dos atos de admissão, a
qualquer título, na administração direta e indireta, inclusive as nomeações para cargo de provimento em
comissão, bem como a das concessões de aposentadorias, reformas e pensões, ressalvadas as melhorias
posteriores que não alterem o fundamento legal do ato concessório.
Quais estão corretas?
(A) Apenas I.
B) Apenas II.
(C) Apenas III
(D) Apenas I e II
(E) I, II e III.
2. (FGV / TJ-PR / 2021) Os Tribunais de Contas, no exercício da competência constitucional que lhes
outorga a atribuição para o registro dos atos de concessão inicial de aposentadoria, reforma e pensão dos
servidores dos órgãos e entidades submetidos à sua jurisdição, devem observar que a fluência do prazo:
(A) decadencial de cinco anos para julgamento da legalidade de tais atos tem início a contar da chegada do
processo à respectiva Corte de Contas;
(B) prescricional de cinco anos para julgamento da legalidade de tais atos tem início com a instauração do
contraditório junto ao servidor que figura como parte interessada;
(C) prescricional de três anos para julgamento da legalidade de tais atos tem início a contar da publicação do
ato de passagem do servidor para a inatividade;
(D) decadencial de cinco anos para julgamento da legalidade de tais atos tem início com a instauração do
contraditório junto ao servidor que figura como parte interessada;
(E) prescricional de cinco anos para julgamento da legalidade de tais atos tem início com a chegada do
processo à respectiva Corte de Contas, interrompendo-se pelo contraditório junto à parte interessada.
3. (VUNESP / TJ-SP / 2021) Em matéria de controle da Administração Pública, é correto afirmar que
(A) a regra geral é que o recurso administrativo tenha efeito apenas devolutivo, por força do princípio de
presunção de legitimidade dos atos administrativos, mas nada impede que o administrador suste, de ofício,
os efeitos do ato hostilizado, o que decorre do poder de autotutela administrativa. Se o efeito é apenas
devolutivo, não impede o curso do prazo prescricional.
(B) os cinco princípios fundamentais a que deve estar atrelada a administração pública são autogestão,
eficiência, concentração da competência, planejamento e controle.
(C) o controle interno depende de previsão expressa na lei.
(D) se o interessado oferece reclamação fora do prazo de um ano, não havendo outro estabelecido,
objetivando a desconstituição de um ato, ocorre a prescrição, não se admitindo discutir a questão.

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4. (CESPE / TJ-PR / 2019) Determinado magistrado, no exercício regular de suas funções, proferiu
decisão em processo judicial e, em outra ocasião, exarou ato administrativo regulando a organização do
trabalho dos servidores lotados na vara de sua competência. A respeito do controle de tais atos, assinale
a opção correta.
a) O primeiro ato do magistrado não é passível de controle administrativo interno.
b) Tanto o primeiro ato quanto o segundo são passíveis de controle administrativo interno.
c) O primeiro ato é passível de controle jurisdicional e controle administrativo interno pelo CNJ.
d) O segundo ato é passível de controle jurisdicional e controle administrativo externo pelo CNJ.

Promotor

5. (FGV / Promotor - MP-GO / 2022) O Ministério Público recebeu representação dando conta de que
o policial militar João, apesar de não contar com o tempo de serviço necessário, foi transferido para a
reserva remunerada pelo Estado Alfa. A Promotoria de Justiça com atribuição em tutela coletiva instaurou
inquérito civil para apurar os fatos e, finda a investigação, concluiu que o policial militar, de fato, não
preencheu os requisitos legais para a transferência para a reserva remunerada. Com base na
jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, o promotor de justiça deve:
(A) encaminhar peças para o Tribunal de Contas do Estado Alfa, para fins de recusa do ato administrativo
complexo de aposentadoria, respeitado o prazo decadencial de cinco anos, visto que o Ministério Público
não ostenta legitimidade para ajuizar ação que vise à tutela de interesse público secundário;
(B) encaminhar peças para a Procuradoria do Estado Alfa, para fins de ajuizamento de ação judicial visando
à declaração de nulidade do ato administrativo de transferência para a reserva remunerada do policial militar
João, visto que o Ministério Público não ostenta legitimidade para ajuizar ação que vise à tutela de interesse
público secundário;
(C) ajuizar ação civil pública contra o Estado Alfa e o policial militar João, postulando a anulação do ato
administrativo que o transferiu para a reserva e importou em lesão ao patrimônio público, pois o combate
em juízo à dilapidação ilegal do Erário configura atividade de defesa da ordem jurídica, dos interesses sociais
e do patrimônio público que cabe ao Ministério Público;
(D) impetrar mandado de segurança indicando como autoridade coatora o agente estadual responsável pelo
ato administrativo de transferência para a reserva remunerada do policial militar João, respeitado o prazo
de cento e vinte dias, e, caso já tenha transcorrido tal prazo, encaminhar peças para a Procuradoria do Estado
Alfa, para fins de ajuizamento de ação judicial visando à declaração de nulidade do citado ato administrativo;
(E) arquivar o inquérito civil público, pois a Constituição da República de 1988 veda ao Ministério Público a
representação judicial e a consultoria jurídica de entidades públicas, e remeter peças para os órgãos de
controle interno e externo, a fim de que seja promovida declaração de nulidade do ato administrativo de
transferência para a reserva remunerada do policial militar João, judicial ou administrativamente.
6. (FUNDEP / Promotor - MP-MG / 2021) Sobre o tema do controle da administração pública, analise
as assertivas abaixo e assinale a alternativa CORRETA:
I. Conforme Súmula n° 473, do Supremo Tribunal Federal, os atos administrativos podem ser anulados,
quando eivados de vícios que os tornem ilegais, bem como revogados, por motivo de conveniência e
oportunidade, tanto na esfera administrativa, como na judicial, respeitados os direitos adquiridos.

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II. Considerando-se que o ato administrativo tem presunção de legitimidade, pode-se dizer que, interposto
recurso pelo administrado, somente haverá efeito suspensivo se houver previsão legal, caso em que ficará
suspenso o prazo prescricional.
III. Tendo em conta a independência de instâncias, ainda que recebido no efeito suspensivo o recurso
interposto na via administrativa, poderá o interessado recorrer à via judicial para a defesa de seu direito,
visto que nenhuma lesão ou ameaça de lesão será excluída da apreciação do Poder Judiciário.
IV. Constitui exceção à independência de instâncias a absolvição levada a efeito no juízo criminal, qualquer
que seja o fundamento, caso em que a responsabilidade do servidor será afastada na esfera administrativa.
A) As assertivas I, II, III e IV estão corretas.
B) As assertivas I, II, III e IV estão incorretas.
C) Apenas as assertivas III e IV estão corretas.
D) Apenas a assertiva III está correta.
7. (CEBRASPE / Promotor - MP-AP / 2021) Acerca do controle da administração pública e dos seus
instrumentos de fiscalização, assinale a opção correta.
A) O atributo da administração pública que fundamenta o controle administrativo é a autoexecutoriedade,
que permite ao poder público corrigir seus atos que contenham irregularidades ou que, por qualquer motivo,
não sejam mais oportunos ou convenientes.
B) A ação popular é um instrumento de controle dos atos administrativos adotado somente para os casos de
anulação de ato lesivo ao patrimônio público.
C) O controle externo judicial da administração pública pode incidir sobre os elementos vinculados dos atos
discricionários.
D) Tanto o controle judicial quanto o controle legislativo da administração pública limitam-se ao controle da
legalidade dos atos administrativos.
E) Em razão do princípio da separação de poderes, os órgãos integrantes do Poder Judiciário e o Ministério
Público estão excluídos do controle externo exercido pelos tribunais de contas.
8. (MPE-SP / MPE-SP / 2019) Com relação à participação popular no controle da administração
pública, assinale a alternativa INCORRETA.
a) Como uma das formas de participação popular no processo administrativo, a Lei Federal prevê que quem
comparecer à consulta pública passará a figurar na condição de interessado no processo, podendo examinar
os autos, participar de debates e oferecer alegações escritas.
b) O acesso dos usuários a registros administrativos e a informações sobre atos de governo, observado o
disposto no art. 5º, X e XXXIII, da Constituição Federal, traduz uma das formas de participação do usuário na
administração pública direta e indireta.
c) Qualquer cidadão, partido político, associação ou sindicato pode, na forma da lei, denunciar
irregularidades ou ilegalidades perante o Tribunal de Contas.
d) É forma de participação democrática nos assuntos estatais a propositura de ação popular por qualquer
cidadão para anular ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe, à moralidade
administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, ficando o autor, salvo comprovada
má-fé, isento de custas judiciais e do ônus da sucumbência.

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e) A política urbana tem como diretriz, a ser observada na consecução de seus objetivos, a gestão
democrática por meio de participação da população e de associações representativas dos vários segmentos
da comunidade na formulação, execução e acompanhamento de planos, programas e projetos de
desenvolvimento urbano.
9. (CESPE / MPE-RR / 2017) Com referência ao controle exercido pela administração pública, julgue
os seguintes itens.
I Segundo o STJ, o acesso do MP a informações inseridas em procedimentos disciplinares em tramitação
conduzidos pela OAB depende de prévia autorização judicial.
II Segundo o STJ, o controle externo da atividade policial exercido pelo MP não lhe garante o acesso irrestrito
a todos os relatórios de inteligência produzidos pela polícia, mas somente àqueles de natureza persecutório-
penal relacionados com a atividade de investigação criminal.
III Diante de razões de legalidade e de mérito, cabe recurso de decisões administrativas, o qual deverá ser
dirigido à autoridade superior àquela que tiver proferido a decisão.
IV Em se tratando de ação popular, o MP deverá acompanhar a ação, sendo-lhe facultado assumir a defesa
de ato que eventualmente seja impugnado.
Estão certos apenas os itens
a) I e II.
b) I e IV.
c) II e III.
d) III e IV.

Defensor

10. (FCC / DPE-SC / 2021) Sob a ótica do controle administrativo, da tutela, autotutela e hierarquia nas
entidades da Administração Indireta,
(A) a autotutela se exerce por uma pessoa jurídica sobre outra, no caso da modalidade repressiva.
(B) a tutela se exerce dentro da mesma pessoa jurídica, desde que na modalidade preventiva.
(C) há hierarquia entre as entidades da Administração Indireta e a Administração Direta.
(D) a hierarquia, ao contrário da tutela, depende de previsão em lei.
(E) o controle administrativo é exercido pelos órgãos centrais e nos limites definidos em lei.
11. (FCC / DPE-RR / 2021) No campo do controle da Administração Pública, quanto aos recursos
administrativos a
(A) solicitação de perdão administrativo é aquele dirigido à autoridade de outro órgão não integrado na
mesma hierarquia daquele que proferiu o ato, com a finalidade de tornar sem efeito penalidade
anteriormente aplicada ao administrado.
(B) retificação hierárquica é aquela apresentada pelo interessado, atingido pelo ato administrativo, para que
o superior hierárquico do departamento que o emitiu faça cessar os efeitos por ele causados ao
administrado.

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(C) revisão é o recurso pelo qual o interessado requer o reexame do ato à própria autoridade que o emitiu.
(D) pedido de reconsideração é o pedido de reexame do ato administrativo dirigido à autoridade superior a
que proferiu o ato, visando sua alteração e restabelecimento do status quo.
(E) reclamação administrativa é o ato pelo qual o administrado, seja particular ou servidor público, deduz
uma pretensão perante a Administração Pública, visando obter o reconhecimento de um direito ou a
correção de um ato que lhe cause lesão ou ameaça de lesão.
12. (FCC / DPE-AM / 2018) O controle legislativo da Administração pública, exercido com o auxílio dos
Tribunais de Contas, autoriza
a) a anulação de contratos que envolvam despesas de custeio e investimentos, quando atingido o limite
máximo de comprometimento fixado pela Lei de Responsabilidade Fiscal.
b) a aplicação de sanções a agentes públicos que incorrerem em atos de improbidade, incluindo o
afastamento de suas funções.
c) a decretação de inidoneidade de Municípios que tenham praticado atos tendentes a fraudar procedimento
licitatório, impedindo abertura de novos certames.
d) o exame prévio de editais, com a suspensão do certame até que sejam sanadas eventuais irregularidades
identificadas.
e) o controle dos provimentos de cargos e funções em comissão, impedindo novas nomeações quando
extrapolada a proporção de 30% em relação aos cargos efetivos.
13. (CESPE / DPE-AL / 2017) À luz da jurisprudência dos tribunais superiores, assinale a opção correta
acerca das formas de ressarcimento do erário.
a) Fiscalização contábil e conclusão de procedimento junto ao tribunal de contas, com formação de título
executivo extrajudicial, impedirão a propositura de ação de improbidade administrativa.
b) O ressarcimento ao erário não depende da formação de título executivo de nenhuma natureza.
c) O ressarcimento do erário dá-se somente com a formação de um título executivo judicial, por intermédio
de ações coletivas.
d) Tanto o título executivo judicial quanto o extrajudicial formado no âmbito do tribunal de contas são
instrumentos hábeis para o ressarcimento ao erário, podendo os dois coexistir.
e) A fiscalização do tribunal de contas será obstada caso se ajuíze ação de improbidade administrativa com
o intuito de formar título executivo judicial para o ressarcimento do erário.
14. (CESPE / DPU / 2017) Com referência à organização administrativa, ao controle dos atos da
administração pública e ao entendimento jurisprudencial acerca da responsabilidade civil do Estado,
julgue o item a seguir.
O controle judicial dos atos administrativos discricionários restringe-se ao aspecto da legalidade, estando,
portanto, impedido o Poder Judiciário de apreciar motivação declinada expressamente pela autoridade
administrativa.

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Procurador

15. (FUNDATEC / PGE-RS / 2021) Quanto ao controle judicial dos atos administrativos, assinale a
alternativa correta.
A) Os atos administrativos discricionários devem ser motivados e ficam vinculados aos motivos de fato e de
direito expostos, que integram o juízo de validade do ato.
B) Os atos administrativos discricionários são insuscetíveis de controle por parte do Poder Judiciário.
C) Como a discricionariedade envolve a edição da melhor decisão possível para o caso concreto, o Poder
Judiciário pode se substituir à Administração e proferir decisão de controle positivo, que melhore o ato
administrativo.
D) Controvérsia sobre matéria de direito em atos discricionários impede a concessão de mandado de
segurança pela ausência de direito líquido e certo comprovável independentemente de prova pré-
constituída.
E) Na medida em que a sanção administrativa é um ato vinculado e que este aplica preceito legal expresso,
ela dispensa fundamentação.
16. (FUNDEP / PGM-CONTAGEM-MG / 2019) Analise as afirmativas a seguir.
I. Segundo a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, a apreciação da legalidade do ato de concessão
inicial de aposentadoria, reforma e pensão pelo Tribunal de Contas dispensa a observância do contraditório
e ampla defesa em relação ao beneficiário do ato.
PORQUE
II. A decisão proferida não faz coisa julgada.
A respeito das afirmativas, assinale a alternativa correta.
a) As afirmativas I e II são verdadeiras e a II é uma justificativa da I.
b) As afirmativas I e II são verdadeiras, mas a II não é uma justificativa da I.
c) A afirmativa I é verdadeira e a II é falsa.
d) As afirmativas I e II são falsas.
17. (CESPE / MPC-RO – Procurador do MPC / 2019) No âmbito do controle na administração pública, o
controle administrativo pode ser corretamente entendido como
a) o preceito de accountability que os administradores públicos devem observar ao elaborar a prestação de
contas, a tempo de informar ao Poder Legislativo que a aplicação dos recursos está em conformidade com a
legislação vigente.
b) o preceito legal que compulsa o administrador a aplicar com eficiência e eficácia os recursos monetários
no atendimento das necessidades da população.
c) a emissão de juízo de valor proferida por agente público após fiscalizar determinado projeto executado
com recursos públicos.
d) a participação do cidadão em ato público reivindicando maior eficiência no combate à corrupção, pois
consubstancia exercício de controle social, que é uma forma de controle incidente sobre a gestão pública.

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e) a multiplicidade de controles, desde que devidamente aplicados, o que garante efetividade na gestão
pública.
18. (CESPE / MPC-RO – Procurador do MPC / 2019) Julgue os itens a seguir, acerca do controle da
administração pública.
I O responsável pela administração de recursos de terceiros é, obrigatoriamente, o titular da prestação de
contas.
II A pessoa física estará desobrigada da prestação de contas em caso de pacto de natureza pecuniária
assumido em nome da União.
III As pessoas naturais que guardem recursos monetários colocados a sua disposição, independentemente
da personalidade, se pública ou privada, têm a responsabilidade e o dever de prestar contas.
Assinale a opção correta.
a) Apenas o item I está certo.
b) Apenas o item II está certo.
c) Apenas os itens I e III estão certos.
d) Apenas os itens II e III estão certos.
e) Todos os itens estão certos.
19. (CESPE / MPC-PA – Procurador do MPC / 2019) A respeito do controle da administração pública,
assinale a opção correta.
a) Os Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário manterão sistemas de controle, de forma independente,
com a finalidade de avaliar a execução dos programas de governo e dos orçamentos da União.
b) O sistema de controle deve ser mantido pelos três poderes de forma integrada, tendo como um dos seus
principais objetivos elaborar e executar a programação financeira da União.
c) Ao Tribunal de Contas da União (TCU) cabe apreciar a legalidade não só das nomeações para os cargos de
provimento em comissão, mas também das concessões de aposentadorias, reformas e pensões.
d) A competência do Congresso Nacional para sustar atos normativos do Poder Executivo que exorbitem do
poder regulamentar ou dos limites de delegação legislativa é uma hipótese de controle de legalidade.
e) Os tribunais de contas atuam de forma independente, exercendo o controle externo e o produto dessa
ação destina-se a auxiliar o Poder Legislativo em sua incumbência constitucional.
20. (DÉDALUS CONCURSOS / PGM-PIRATININGA-SP / 2018) A Administração Pública se sujeita a
controle com a finalidade de assegurar que atue em consonância com os princípios que lhe são impostos
pelo ordenamento jurídico, como os da legalidade, moralidade, finalidade pública, publicidade,
motivação, impessoalidade; em determinadas circunstâncias, abrange também o controle chamado de
mérito e que diz respeito aos aspectos discricionários da atuação administrativa. Sobre o controle
administrativo, assinale a alternativa correta:
a) A Administração Pública somente se sujeita a controle administrativo e judicial.
b) O controle da Administração Pública pode ser apenas para apreciação de legalidade e não de mérito.

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c) Quanto ao momento o controle pode ser prévio, concomitante ou posterior. O controle concomitante tem
por objetivo rever os atos já praticados, para corrigi-los, desfazê-los ou apenas confirmá-los; abrange atos
como os de aprovação, homologação, anulação, revogação, convalidação.
d) O controle interno é feito, normalmente, pelo sistema de auditoria, que acompanha a execução do
orçamento, verifica a legalidade na aplicação do dinheiro público e auxilia o Tribunal de Contas no exercício
de sua missão institucional.
21. (VUNESP / PGM-SÃO JOSÉ DO RIO PRETO / 2019) O controle jurisdicional dos atos administrativos:
a) pode recair sobre atos administrativos vinculados e discricionários, relativamente ao mérito e a quaisquer
de seus elementos.
b) pode incidir sobre atos administrativos vinculados, mas não sobre atos administrativos discricionários.
c) tendo em vista o princípio da deferência, limita-se à verificação da autoridade competente, da adoção da
forma prescrita em lei e do trâmite regular do respectivo procedimento administrativo, não podendo recair
sobre o mérito administrativo ou a finalidade do ato.
d) pode recair sobre atos administrativos vinculados e discricionários, desde que, em qualquer caso,
esgotadas as instâncias de controle administrativo.
e) pode recair sobre atos administrativos vinculados e discricionários, não cabendo ao Poder Judiciário,
entretanto, o controle do juízo de oportunidade e conveniência exercido com razoabilidade e motivação pela
Administração Pública dentro dos parâmetros legais.
22. (VUNESP / PGM-SÃO JOSÉ DO RIO PRETO / 2019) Acerca do controle externo da Administração
Pública, é correto afirmar:
a) dentre outras atribuições, o Tribunal de Contas da União poderá, se verificar ilegalidade, assinar prazo
para que o órgão ou entidade fiscalizada adote as providências necessárias ao exato cumprimento da lei;
não atendido o referido prazo, poderá desde logo sustar contrato impugnado, comunicando a decisão à
Câmara dos Deputados e ao Senado Federal.
b) dentre outras atribuições, compete ao Tribunal de Contas da União aplicar aos responsáveis, em caso de
ilegalidade de despesa ou irregularidade de contas, as sanções previstas em lei, que estabelecerá, entre
outras cominações, multa proporcional ao dano causado ao erário, a ser ratificada no Poder Judiciário, após
assegurados, às partes assim apenadas, a ampla defesa e o direito ao contraditório.
c) o controle externo da União e das entidades da Administração direta e indireta, quanto à legalidade,
legitimidade, economicidade, aplicação das subvenções e renúncia de receitas, será exercido pelo Tribunal
de Contas da União e supletivamente pelo Congresso Nacional.
d) dentre outras atribuições, compete ao Tribunal de Contas da União, em auxílio ao controle externo a cargo
do Congresso Nacional, apreciar as contas prestadas anualmente pelo Presidente, julgar as contas dos
administradores e demais responsáveis por dinheiros, bens e valores públicos da Administração direta e
indireta, e realizar inspeções e auditorias de diversas naturezas nas unidades administrativas de quaisquer
dos poderes da União.
e) a organização, composição e fiscalização dos Tribunais de Contas dos Estados e do Distrito Federal serão
estabelecidas pelas Constituições estaduais, podendo ou não, conforme opção do constituinte estadual,
orientar-se pelas normas aplicáveis ao Tribunal de Contas da União.

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23. (CS-UFG / PGM-JATAÍ / 2018) As licitações públicas vinculam-se ao princípio da legalidade, porém
os Tribunais Superiores têm permitido flexibilizações hermenêuticas. É da lavra destes tribunais o seguinte
entendimento:
a) a administração pública pode declarar nulidade dos seus próprios atos desde que autorizada pelo Poder
Judiciário.
b) a administração pública pode anular seus próprios atos, quando eivados de vícios que os tornam ilegais,
porque deles não se originam direitos.
c) o Tribunal de Contas, no exercício de suas atribuições, pode apreciar a constitucionalidade das leis, mas
não a dos atos normativos.
d) o descabimento de mandado de segurança contra ato praticado em licitação promovida por sociedade de
economia mista ou empresa pública.
24. (COPS-UEL / PGM-LONDRINA / 2019) Em matéria de controle judicial dos atos administrativos,
assinale a alternativa correta.
a) O poder judiciário, em hipótese alguma, poderá adentrar na zona inerente à conveniência e à
oportunidade.
b) O poder judiciário não poderá adentrar no mérito dos atos administrativos discricionários.
c) O poder judiciário não poderá adentrar no mérito dos atos administrativos vinculados.
d) O poder judiciário poderá adentrar no mérito do ato administrativo, inclusive em relação à zona de
conveniência e oportunidade.
e) O poder judiciário poderá adentrar no mérito do ato administrativo em relação ao controle da legalidade.
25. (VUNESP / CM-MONTE ALTO-Procurador- SP / 2019) Sobre os mecanismos legais de controle sobre
licitações e contratos, assinale a alternativa correta.
a) Os licitantes e o contratado têm competência exclusiva para representar ao Tribunal de Contas ou aos
órgãos integrantes do sistema de controle interno contra irregularidades na aplicação da Lei nº 8.666/93.
b) O controle das despesas decorrentes dos contratos administrativos regidos pela Lei n| 8.666/93 é de
competência privativa do Tribunal de Contas, na forma da legislação pertinente.
c) Os Tribunais de Contas poderão solicitar para exame, até o 5º (quinto) dia útil anterior à data de
recebimento das propostas, cópia de edital de licitação devidamente publicado.
d) Os órgãos interessados da Administração ficam dispensados da demonstração da legalidade e da
regularidade das despesas em razão da presunção de legitimidade dos atos administrativos submetidos a
controle.
e) A decisão dos Tribunais de Contas sobre o edital examinado obriga os órgãos ou as entidades da
Administração interessada à adoção de medidas corretivas pertinentes que lhes forem determinadas.
26. (IADES / AL-GO-Procurador / 2019) Controlar a administração pública é averiguar se a respectiva
atuação, sobremaneira, atende aos requisitos da legitimidade e da legalidade. Nesse sentido, vários
agentes são definidos para exercitar o controle das atividades administrativas, de que se pode elencar o
controle administrativo, o legislativo, o judicial e o da própria sociedade como um todo. Em relação a esse
cenário de controle, assinale a alternativa correta.

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a) O controle administrativo visa, simultaneamente, ao controle da legitimidade e da legalidade, não


havendo diferença entre os agentes desse controle, haja vista ambas as formas dirigirem-se indistintamente
a todo e qualquer ente, órgão ou agente da administração pública, quer extroversa, quer introversamente,
com predominância, contudo, desse último modo.
b) O controle administrativo é o de mais ampla abrangência de atuação entre as formas de controle
apresentadas.
c) O controle legislativo está restrito às autorizações constitucionais de admissibilidade, exteriorizando-se,
de forma corrente, como um controle fiscalizador, suspensivo, anulatório e sancionatório.
d) Salvo nos âmbitos legislativo e judicial, é vedado que, com base em mudança posterior de orientação
geral, declarem-se inválidas situações plenamente constituídas.
e) Enquanto, precipuamente, o controle interno e o controle externo visam à fiscalização e à correção dos
atos administrativos, ao controle judicial incumbe, sobremaneira, a respectiva correção e,
excepcionalmente, fiscalização.
27. (VUNESP / PGM-SOROCABA-SP / 2018) Assinale a alternativa que corretamente discorre sobre o
controle da Administração Pública.
a) O controle da legitimidade enseja a verificação, pelo órgão controlador, da existência, ou não, dos
princípios da adequação e da compatibilidade, referentes às despesas públicas.
b) O controle financeiro é aquele exercido pelo Poder Executivo sobre o Legislativo e o próprio Executivo,
sobre sua própria administração no que se refere à receita, à despesa e à gestão dos recursos públicos.
c) Compete ao Tribunal de Contas da União fiscalizar a aplicação de quaisquer recursos repassados pela
União mediante convênio, acordo, ajuste ou outros instrumentos congêneres, a Estado, ao Distrito Federal
ou a Município.
d) O controle judicial incide especificamente sobre a atividade administrativa do Estado, seja onde for que
esteja sendo desempenhada, alcançados os atos administrativos do Executivo, sem, contudo, examinar os
atos do Legislativo.
e) O Poder Judiciário pode controlar os atos internos e exclusivos do Poder Legislativo, também chamados
de interna corporis, quando contiverem vícios de ilegalidade ou de constitucionalidade, ou vulnerarem
direitos individuais.
28. (VUNESP / FAPESP – Procurador / 2018) O controle administrativo
a) é exercido por todos os Poderes sobre suas próprias atividades tanto sob o aspecto de legalidade quanto
em relação ao mérito.
b) deriva do poder-dever de polícia que a Administração Pública tem sobre os seus agentes.
c) permite que a Administração Pública anule os atos ineficientes ou inoportunos, revogue os atos ilegais ou
altere os seus próprios atos, mas não permite a aplicação de penalidades administrativas aos seus agentes.
d) é eminentemente político e é exercido pelos órgãos legislativos ou por comissões parlamentares sobre
atos do Poder Executivo.
e) é exercido pelo Tribunal de Contas e se refere fundamentalmente à prestação de contas de todo aquele
que administra bens, valores ou dinheiros públicos.

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29. (FMP CONCURSOS / PGE-AC / 2017) Sobre a doutrina da discricionariedade administrativa e do


controle jurisdicional, considere as seguintes assertivas:
I - A discrição administrativa pode decorrer da hipótese da norma, no caso da ausência de indicação explícita
do pressuposto de fato, ou no caso de o pressuposto de fato ter sido descrito através de termos ou
expressões que ilustram conceitos vagos, fluidos ou imprecisos.
II - A noção de discricionariedade não se prende somente ao campo das opções administrativas disponíveis
efetuadas com base em critérios de conveniência e oportunidade, no chamado campo do mérito do ato
administrativo.
III - A hipótese de discricionariedade administrativa sempre corresponderá uma situação concreta em que
se identifica que a decisão do administrador é tida como intangível, pois corresponderá a uma opção de
mérito cuja escolha se sintoniza com o espectro de possibilidades antevisto pela norma jurídica aplicável.
IV - A abstrata liberdade de atuação conferida no âmbito textual da norma jurídica aplicável define de
antemão o espaço da discricionariedade administrativa a ser concretizado pelo agente público.
São CORRETAS
a) apenas a I, II e III.
b) apenas a II, III e IV.
c) apenas a I e II.
d) apenas a I, III e IV.
e) apenas a I e IV.
30. (QUADRIX / CFO-DF – Procurador / 2017) No que se refere ao controle da Administração Pública e
à improbidade administrativa, julgue o item a seguir.
De acordo com a CF, compete ao Tribunal de Contas da União sustar diretamente os contratos
administrativos que possam ter alguma irregularidade.
31. (CESPE / PGM-FORTALEZA-CE / 2017) Um servidor da Procuradoria-Geral do Município de
Fortaleza, ocupante exclusivamente de cargo em comissão, foi preso em flagrante, em operação da Polícia
Federal, por fraudar licitação para favorecer determinada empresa. Com referência a essa situação
hipotética, julgue o item subsequente tendo como fundamento o controle da administração pública e as
disposições da Lei de Improbidade Administrativa e da Lei Municipal n.| 6.794/1990, que dispõe sobre o
Estatuto dos Servidores do Município de Fortaleza.
Caso o referido servidor seja demitido por decisão de processo administrativo disciplinar, poderá o Poder
Judiciário revogar esse ato administrativo se ficar comprovado o cerceamento de defesa, ainda que exista
recurso administrativo pendente de decisão.
32. (FGV / ALE-RJ – Procurador / 2017) Determinada agência de fomento estadual, enquadrada como
instituição financeira, é instada pelo competente Tribunal de Contas a apresentar dados relativos aos
financiamentos públicos por ela concedidos. Diante da requisição, deve a agência:
a) se recusar a fornecer os dados relativos ao financiamento público, considerando que estão protegidos
pelo sigilo bancário;
b) se recusar a fornecer os dados relativos ao financiamento público, porquanto apenas o Poder Judiciário
poderia requisitar essas informações;

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c) fornecer os dados requisitados pelo Tribunal de Contas, considerando o fato de que operações financeiras
que envolvam recursos públicos não estão submetidas ao sigilo bancário;
d) fornecer os dados requisitados pelo Tribunal de Contas, considerando o fato de que a Constituição Federal
ressalva expressamente o direito ao sigilo nos casos de requisições efetivadas pelas Cortes de Contas;
e) se recusar a fornecer os dados relativos ao financiamento público, porquanto restaria violado o direito à
intimidade dos beneficiários dos financiamentos públicos.

Delegado

33. (FUMARC / PC-MG – Delegado / 2021) O controle da administração, quanto à natureza do


controlador, classifica-se em legislativo, judicial ou administrativo. No que se refere ao controle judicial
sobre os atos administrativos, é INCORRETO afirmar:
(A) Segundo orientação doutrinária e jurisprudencial mais moderna, tem-se admitido que o Poder Judiciário
promova o controle do ato administrativo que, embora com aparência de legalidade, se mostre na
contramão dos princípios jurídicos, notadamente os da razoabilidade e proporcionalidade.
(B) Os atos administrativos vinculados se submetem ao controle judicial em relação a todos os seus
elementos.
(C) O controle judicial alcançará todos os aspectos de legalidade do ato administrativo vinculado, sendo, no
entanto, vedado ao judiciário adentrar aos critérios de conveniência e oportunidade que deram ensejo à
conduta do administrador.
(D) Compete ao Poder Judiciário, no desempenho de sua atividade típica jurisdicional, revogar um ato
administrativo ilegal, editado pelo Poder Executivo, pelo Poder Legislativo e, ainda, no exercício de suas
funções administrativas, anular os seus próprios atos administrativos.
34. (FAPEC / PC-MS – Delegado / 2021) Quanto aos controles administrativo, legislativo e jurisdicional,
levando-se em consideração as afirmações abaixo, analise as afirmações a seguir.
I - O controle interno é aquele exercido por órgãos de um poder sobre condutas administrativas produzidas
dentro de sua esfera, ao passo que o controle externo ocorre quando o órgão fiscalizador se situa em
Administração diversa daquela de onde a conduta administrativa se originou.
II - A atuação do Tribunal de Contas e dos Ministérios Públicos é de extrema importância, uma vez que o
efetivo controle das ações executadas pelo Executivo está intimamente relacionado à legitimidade
democrática, haja vista que a proteção dos direitos e das garantias fundamentais depende do controle do
Estado e dos atos praticados por seus agentes, motivo pelo qual o ordenamento jurídico os apresenta como
instituições essencialmente democráticas, inerentes ao Estado Democrático de Direito.
III - A incidência da teoria da encampação exige os seguintes requisitos: (i) existência de vínculo hierárquico
entre a autoridade coatora indicada equivocadamente e aquela efetivamente ordenou a prática do ato
impugnado; (ii) ausência de modificação de competência definida no texto constitucional; e (iii) defesa da
legalidade do ato impugnado, com o ingresso no mérito do mandado de segurança.
IV - Recentemente, em sede de MS n. 35.410/DF, o Supremo Tribunal Federal reconheceu que a Súmula n.
347, do STF, em razão do novo modelo constitucional inaugurado com a Carta da República de 1988,
encontra-se superada, hipótese em que deixou expressamente consignado não caber à Corte de Contas, que
não tem função jurisdicional, exercer o controle de constitucionalidade nos processos sob sua análise, com
fundamento nesse enunciado.

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Assinale a alternativa correta.


A) Apenas I, II e III estão corretas.
B) Apenas I, III e IV estão corretas.
C) Todas estão corretas.
D) Apenas I e III estão corretas.
E) Apenas I e IV estão corretas.
35. (FAPEC / PC-MS – Delegado / 2021) A respeito do controle judicial da atividade administrativa,
assinale a alternativa correta.
A) O Poder Judiciário não pode controlar os limites do mérito do ato administrativo discricionário, pois estes
são impostos pela lei, e o administrador, ao fazer sua escolha, o faz com base nos critérios de conveniência
e oportunidade.
B) A discricionariedade pode estar presente tanto no momento da prática quanto no da revogação do ato
administrativo.
C) A submissão total à lei está presente apenas nos atos administrativos vinculados, pois, nos discricionários,
há ampla margem de atuação do administrador público.
D) Na atuação discricionária, o agente público não está subordinado aos limites impostos pela lei, pois lhe é
conferida ampla margem de atuação, sempre em busca da solução que melhor atenda ao interesse público.
E) No exercício do Poder Vinculado, o administrador está subordinado à lei, porém, esta lhe confere margem
de opção, e o administrador terá, então, o encargo de identificar, diante do caso concreto, a solução mais
adequada.
36. (CESPE / POLÍCIA FEDERAL - DELEGADO/ 2021) No que concerne a controle da administração
pública, julgue os itens subsequentes.
Embora as comissões parlamentares de inquérito estejam, como uma modalidade de controle legislativo,
aptas a investigar fatos determinados em prazos determinados, elas são desprovidas de poder condenatório.
37. (CESPE / POLÍCIA FEDERAL - DELEGADO/ 2021) No que concerne a controle da administração
pública, julgue os itens subsequentes.
A reclamação para anular ato administrativo que confronte súmula vinculante é uma modalidade de controle
externo da atividade administrativa.
38. (CESPE / POLÍCIA FEDERAL - DELEGADO/ 2021) No que concerne a controle da administração
pública, julgue os itens subsequentes.
O Poder Judiciário pode revogar atos praticados pelo Poder Executivo eivados de ilegalidade.
39. (CESPE / POLÍCIA FEDERAL - DELEGADO/ 2021) No que concerne a controle da administração
pública, julgue os itens subsequentes.

Apenas a Constituição Federal de 1988 pode prever modalidades de controle externo.

40. CESPE / POLÍCIA FEDERAL – Delegado / 2018) Julgue o seguinte item, relativos ao controle da
administração pública.

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A fiscalização contábil, orçamentária, operacional e patrimonial da administração pública federal sob os


aspectos de legalidade, legitimidade e economicidade integra o controle externo exercido pelo Poder
Legislativo Federal com o auxílio do
41. (CESPE / POLÍCIA FEDERAL – Delegado / 2018) Julgue o seguinte item, relativos ao controle da
administração pública.
O exercício do controle judicial sobre os atos da administração pública abrange os exames de legalidade e
de mérito desses atos, cabendo ao juiz anulá-los ou revogá-los.
42. (VUNESP / PC-SP – Delegado / 2018) Os princípios administrativos podem ser utilizados para fins
de controle de constitucionalidade dos atos administrativos pelo Poder Judiciário, sendo o que se observa
na alternativa a seguir:
a) a nomeação de cônjuge da autoridade nomeante para o exercício de cargo em comissão ou de confiança
na Administração Pública do Estado viola a Constituição Federal.
b) o ato administrativo eivado de ilegalidade deverá ser revogado pelo administrador público, em obediência
ao princípio administrativo da discricionariedade.
c) ao titular do cargo de procurador de autarquia exige-se a apresentação de instrumento de mandato para
representá-la em juízo.
d) não é possível a autotutela sobre os atos administrativos após a sua impugnação no Poder Judiciário.
e) o princípio da pessoalidade é corolário da isonomia e da legalidade, sendo centrais à ação administrativa.
43. (VUNESP / PC-MG – Delegado / 2018) Sobre o controle administrativo da Administração Pública,
NÃO é correto afirmar:
a) É um controle de legalidade e de mérito.
b) Pode ocorrer por iniciativa da própria administração, mas não pode ser deflagrado mediante provocação
dos administrados.
c) Quanto à natureza do órgão controlador, se divide em legislativo, judicial e administrativo.
d) Tem por finalidade confirmar, alterar ou corrigir condutas internas, segundo aspectos de legalidade ou de
conveniência para a Administração.
44. (CESPE / PC-MT – Delegado / 2017) A fiscalização exercida pelo TCU na prestação de contas de
convênio celebrado entre a União e determinado município, com o objetivo de apoiar projeto de educação
sexual voltada para o adolescente, insere-se no âmbito do controle
a) provocado.
b) meritório.
c) subordinado.
d) prévio.
e) vinculado.
45. (IBADE / PC-AC – Delegado / 2017) Quanto ao Controle da Administração Pública, é correto afirmar:
a) Quanto aos sistemas de controle da Administração Pública, o ordenamento brasileiro filiou-se ao sistema
francês ou de dualidade de jurisdição, na medida em que vários órgãos colegiados administrativos possuem
a função atípica de julgamento de recursos administrativos.

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b) A Administração pode anular seus próprios atos, quando eivados de vícios que os tornam ilegais, porque
deles não se originam direitos; ou revogá-los, por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os
direitos adquiridos, e ressalvada, em todos os casos, a apreciação judicial.
c) Por inexistir hierarquia entre a administração direta e a administração indireta, veda-se o controle
administrativo desta por aquela. Neste norte de ideias, caso a administração direta discorde da atuação da
administração indireta, o caso controvertido deve ser judicializado.
d) Como regra, para que um ato da Administração Pública seja controlado pelo Poder Judiciário, deve o
interessado esgotar a via administrativa percorrendo todas as suas instâncias.
e) Os Tribunais de Contas dos Estados integram o Poder Judiciário estadual e exercem controle externo da
Administração Pública.

Outros

46. (IESES / TJ-SC – Titular de serviços de notas e de registros – Remoção / 2019) A Súmula 346 do
Supremo Tribunal Federal ao estabelecer que “A Administração Pública pode declarar a nulidade dos seus
próprios atos”, trata:
a) Do controle jurisdicional da Administração Pública.
b) Do controle judicial da Administração Pública.
c) Do controle administrativo da Administração Pública.
d) Do controle legislativo da Administração Pública.
47. (VUNESP / TJ-SP – Titular de serviços de notas e de registros - Provimento / 2018) Quanto ao
controle da Administração Pública, é correto afirmar:
a) ao Poder Legislativo é vedado o controle sobre atos normativos do Poder Executivo que exorbitem do
poder regulamentar ou dos limites de delegação legislativa.
b) o recurso administrativo não integra o controle administrativo da Administração.
c) não há previsão legal de controle administrativo financeiro do Poder Judiciário pelo Poder Legislativo.
d) o mandado de segurança e a ação popular são meios de controle judicial da Administração.

GABARITO
Magistratura

1. A
2. A
3. A
4. A

Promotor

5. C

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6. B
7. C
8. A
9. A

Defensor

10. E
11. E
12. D
13. D
14. INCORRETA

Procurador

15. A
16. B
17. C
18. A
19. E
20. D
21. E
22. D
23. B
24. E
25. E
26. B
27. C
28. A
29. C
30. INCORRETA
31. INCORRETA
32. C

Delegado

33. D
34. C
35. B
36. CORRETA
37. CORRETA
38. ERRADA
39. CORRETA
40. CORRETA
41. INCORRETA
42. A

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43. B
44. E
45. B

Outros

46. C
47. D

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