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Luz e Som
Organizadores
Maurício Pietrocola
Nobuko Ueta
Elaboradores
Ivã Gurgel
Jonny Nelson Teixeira
Mikiya Muramatsu
1
módulo
Nome do Aluno
GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO
PROGRAMA PRÓ-UNIVERSITÁRIO
Coordenadores de Área
Biologia:
Física:
Geografia:
História:
Língua Inglesa:
Língua Portuguesa:
Maria Lúcia Victório de Oliveira Andrade – Neide L. Rezende – Valdir Heitor Barzotto
Matemática:
Química:
Caros alunos
Com muita alegria, a Universidade de São Paulo, através de seus estudan-
tes e de seus professores, participa dessa parceria com a Secretaria de Estado
da Educação, oferecendo a você, o que temos de melhor: conhecimento.
Conhecimento é a chave para o desenvolvimento das pessoas e das na-
ções e freqüentar o ensino superior é a maneira mais efetiva de ampliar co-
nhecimentos de forma sistemática e de se preparar para uma profissão.
Ingressar numa universidade de reconhecida qualidade e gratuita é o de-
sejo de tantos jovens como você. Por isso, a USP, assim como outras univer-
sidades públicas, possui um vestibular tão concorrido. Para enfrentar tal con-
corrência, muitos alunos do ensino médio, inclusive os que estudam em esco-
las particulares de reconhecida qualidade, fazem cursinhos preparatórios, em
geral de alto custo e inacessíveis à maioria dos alunos da escola pública.
O presente programa oferece a você a possibilidade de se preparar para
enfrentar com melhores condições um vestibular, retomando aspectos funda-
mentais da programação do ensino médio. Espera-se, também, que essa revi-
são, orientada por objetivos educacionais, os auxiliem a perceber com clare-
za o desenvolvimento pessoal que adquiriu ao longo da educação básica.
Tomar posse da própria formação certamente lhe dará a segurança necessária
para enfrentar qualquer situação de vida e de trabalho.
Ataque de frente esse programa. Os próximos meses, até os exames em
novembro, exigirão de sua parte muita disciplina e estudo diário. Os monitores
e os professores da USP, em parceria com os professores de sua escola, estão
se dedicando muito para ajudá-lo nessa travessia.
Em nome da comunidade USP, desejo-lhe, caros alunos, minha cara alu-
na, disposição e vigor para o presente desafio.
Caro aluno,
Com a efetiva expansão e crescente melhoria do ensino médio estadual a
intensidade dos desafios vivenciados por todos os jovens matriculados nas
escolas da rede estadual de ensino no momento de acessar e, sobretudo, in-
gressar nas universidades públicas, vem apresentando, ao longo dos anos,
um contexto aparentemente contraditório.
Isto porque, se de um lado nota-se um gradual aumento no percentual dos
jovens aprovados nos exames vestibulares da Fuvest, — que, indubitavelmente,
comprova a qualidade dos estudos públicos oferecidos —, de outro aponta
quão desiguais têm sido as condições apresentadas pelos alunos, ao concluí-
rem a última etapa da educação básica.
É frente a essa realidade e com o objetivo de assegurar a esses alunos o
patamar de formação básica necessário ao restabelecimento da igualdade de
direitos demandados pela continuidade de estudos em nível superior, que a
Secretaria de Estado da Educação assumiu, em 2004, o compromisso de abrir,
no Programa denominado Pró-Universitário, 5.000 vagas para alunos matricu-
lados na terceira série de curso regular do ensino médio. É uma proposta de
trabalho que busca ampliar e diversificar junto a cada aluno, as oportunidades
de aprendizagem de novos conhecimentos e conteúdos, com vistas a instrumentá-
lo para sua efetiva inserção no mundo acadêmico.
É uma proposta pedagógica que estará contemplando as diferentes disci-
plinas do currículo do ensino médio, a ser desenvolvida com material didático
especialmente construído para esse fim, que não só estará encorajando, você
aluno da escola pública, a participar do exame seletivo de ingresso no ensino
público superior, como estará se constituindo em um efetivo canal interativo
entre a escola de ensino médio e a universidade, num processo de contribui-
ções mútuas, rico e diversificado em subsídios que poderão, no caso da esta-
dual paulista , contribuir para o aperfeiçoamento de seu currículo, organiza-
ção e formação de docentes.
Interação da luz
com a matéria
Organizadores
Maurício
Pietrocola
Nossa percepção do mundo depende fundamentalmente da nossa capaci- Nobuko Ueta
dade de perceber a luz. Se não houvesse luz o mundo perderia parte de sua Elaborador
beleza. Não poderíamos mais observar as belas cores de um arco-íris ou ob-
Ivã Gurgel
servar os traços do rosto de uma pessoa.
Podemos dizer que a única coisa que enxergamos é a luz. É somente atra-
vés dela que podemos construir imagens do mundo. A primeira pergunta que
poderia surgir para nós é a seguinte: como a luz faz tudo isso? Como ela
interage com a matéria?
Para começar a responder a essa pergunta iremos falar um pouco sobre a
natureza da luz. Discutir esse assunto sempre foi algo complicado para os
cientistas. Durante a história ela foi adquirindo diversas propriedades e ca-
racterísticas muitas vezes controversas (ver seção “Um pouco de história”).
Conforme formos estudando os fenômenos óticos, iremos apresentando cada
propriedade e característica importante da luz para torná-los compreensíveis.
Para iniciarmos nosso estudo é necessário afirmar que a luz é uma onda ele-
tromagnética. Esse tipo de onda é gerado através de oscilações de natureza
elétrica e magnética, como seu nome indica. Se você não conhece esses ele-
mentos, não se preocupe, pois eles serão estudados no módulo eletricidade e
magnetismo.
Quando um raio de luz é emitido, ele pode “caminhar” para qualquer
região do espaço, carregando consigo informações que são levadas através de
SAIBA MAIS
Um pouco de história
Entender o que é a luz nunca foi uma tarefa fácil para o homem. Durante muito tempo
houve um grande debate entre os que defendiam a idéia que a luz era uma pequena
partícula que se propagava no espaço e os que defendiam que a luz era uma forma de
onda. Newton (1642-1727) era um dos ilustres cientistas que defendiam a idéia de partícu-
la, Huygens (1629-1695) e Hooke (1635-1705) defendiam a idéia de onda. No início do
século XIX a descoberta de novos efeitos (interferência e difração), tipicamente ondulatórios,
foram determinantes na consolidação da concepção da luz como onda. Huygens acabou
ganhando a briga? Na verdade esse foi apenas o primeiro round. No século XX surgiria a
idéia de fóton de luz que traria de volta uma concepção de luz como “corpúsculo”. Será que
essa foi a revanche de Newton? Na verdade não. Atualmente a física quântica atribui
características ondulatórias e corpusculares à luz. Esse tema será estudado no módulo
sobre física moderna.
Figura 1
-
(Fuvest 98) Uma bóia pode se deslocar livremente ao longo de uma haste
vertical, fixada no fundo do mar. Na figura, a curva cheia representa uma
onda no instante t = 0 s e a curva tracejada a mesma onda no instante t = 0,2 s.
Com a passagem dessa onda, a bóia oscila.
Figura 2
(Fuvest 2002) Radiações como raios X, luz verde, luz ultravioleta, microon-
das ou ondas de rádio são caracterizadas por seu comprimento de onda (l) e
por sua freqüência (f). Quando essas radiações propagam-se no vácuo, todas
apresentam o mesmo valor para:
a) λ; b) f; c) λ.f; d) λ/f; e) λ2/f.
-
se agora o que acontece se incidirmos uma luz vermelha sobre sua camiseta
azul. Qual destas cores você veria? Certamente nenhuma delas, pois você
perceberia uma região escura. Isso se deve ao fato da camiseta azul absorver
a luz vermelha, impossibilitando que os raios de luz cheguem aos nossos
olhos. Essa ausência de luz faz com que o objeto fique preto.
(ITA) Dos objetos citados a seguir, assinale aquele que seria visível em uma
sala perfeitamente escura:
a) um espelho;
b) qualquer superfície de cor clara;
c) um fio aquecido ao rubro;
d) uma lâmpada desligada;
e) um gato preto.
SAIBA MAIS
Transmissão da luz
Hoje em dia tornou-se moda o uso de óculos coloridos. Eles possuem lentes coloridas,
amarelas, vermelhas ou azuis, por exemplo. Ao olharmos por uma lente amarela, tudo ao
nosso redor fica amarelado. Por que isso acontece? A luz ao incidir sobre um material pode
ser transmitida por ele, isto é, este material permite que a luz se propague por ele. Em
muitos casos um material somente permite a passagem de uma determinada cor. É isso
que ocorre com seus óculos amarelos. A luz que vem para seus olhos incidiu nas suas
lentes permitindo que somente o amarelo fosse transmitido. Como somente a luz amarela
chega aos seus olhos tudo que você vê ficará amarelo. Algumas regiões poderão ficar
escurecidas pois se um objeto emite alguma cor que não é composta pelo amarelo,
nenhuma luz passará, fazendo com que nenhuma luz chegue aos seus olhos, sobrando
apenas uma região escura.
Combinação de cores
Nossos olhos são formados por células receptoras de luz. Essas células são capazes de
identificar três cores: vermelho, verde e azul. Todas as cores que vemos são interpretadas
por essas células como combinações destas três cores. O interessante é notar que isso
possibilita que possamos obter determinadas cores através da superposição de cores
diferentes. Vejamos um exemplo simples: A cor amarela pode ser obtida através da combi-
nação de duas cores, o vermelho e o verde. E muitas outras cores podem ser obtidas assim.
Quando sobrepomos todas as cores, que é equivalente a dizer que sobrepomos as cores
primárias, obtemos a cor branca. O branco, diferentemente da outras cores não tem uma
faixa de freqüência característica. Essa cor só pode ser definida como a união de todas as
cores. Com o preto ocorre o processo inverso, ele é definido como a ausência de cor.
REFRAÇÃO DA LUZ
No exemplo anterior pudemos perceber que a luz pode ser transmitida por
diversos materiais. Muitos deles são transparentes, isto é, a luz passa por eles
sem que sua cor seja afetada. Podemos facilmente observar isso quando olha-
mos através da água. As cores que percebemos os objetos não são alteradas
nesse caso. Contudo, muitas vezes percebemos efeitos estranhos em relação
ao que vemos. Por que isso acontece? Isso ocorre devido a um fenômeno
chamado refração. A refração é caracterizada por uma mudança de velocida-
de e direção da luz quando ela muda de meio de propagação.
Quando a luz deixa de se propagar no ar e passa a se propagar na água,
por exemplo, sua velocidade passa a ser menor nesse segundo meio. Cada
material que transmite a luz tem um índice de refração que é obtido relacio-
nando a velocidade da luz no vácuo com a velocidade da luz no próprio
material através da seguinte formulação:
n=c/v
Sendo que n indica o índice de refração do material, c a velocidade da luz
no vácuo e v a velocidade da luz no material.
A mudança de velocidade provoca uma mudança na direção de propaga-
ção da luz. Essa mudança depende do índice de refração e do ângulo de inci-
dência da luz no material, medido sempre em relação à reta perpendicular à
superfície de incidência. Matematicamente esses elementos se relacionam da
seguinte forma:
n1.senθ1= n2.senθ2
Determinando cores!
Essa relação é conhecida como lei de Snell-Descartes, sendo que n1 e n2
Você ganhou três novos indicam os índices de refração do meio incidente e do meio de refração, res-
óculos e cada um deles pectivamente e θ1 e θ2 indicam o ângulo de incidência e o ângulo de refração.
tem o par de lentes de SAIBA MAIS
uma cor diferente, sen-
do um azul, um verde e Código de barra
um vermelho. Agora que Talvez você já tenha utilizado o código de barra para obter informações sobre um deter-
você aprendeu sobre minado produto. Como essas informações são lidas? Quando você aproxima o código de
cores pense na seguinte barra de uma base que emite um feixe de luz laser, parte desse feixe é absorvida pelas
situação: você seleciona linhas pretas do código e parte é refletida pelas linhas brancas;associa-se os números 0
um objeto que nunca (absorção) e 1 (reflexão), criando assim um código binário para “ler” a seqüência de linhas
viu. Primeiro você coloca que um aparelho decodifica dando as informações que você deseja saber.
seus óculos vermelhos e
percebe que esse objeto (Unesp 2003) Um feixe de luz composto pelas cores vermelha (V) e azul (A),
ficou desta mesma cor. propagando-se no ar, incide num prisma de vidro perpendicularmente a uma
Em seguida você coloca de suas faces. Após atravessar o prisma, o feixe impressiona um filme colori-
seus óculos verdes e per- do, orientado conforme a figura. A direção inicial do feixe incidente é identi-
cebe que o mesmo ob- ficada pela posição O no filme.
jeto, agora, parece verde.
Finalmente você coloca
seus óculos azuis e per-
cebe, para seu espanto,
que o objeto ficou pre-
to. Você saberia dizer
qual a cor do objeto caso
não estivesse com ne-
nhum dos óculos?
Figura 3
-
Sabendo-se que o índice de refração do vidro é maior para a luz azul do que
para a vermelha, a figura que melhor representa o filme depois de revelado é:
Figura 4
a) 1; b) 2; c) 3; d) 4; e) 5.
Figura 5
Síntese
- Luz é uma onda eletromagnética, todavia quando ela é emitida ou absorvida
apresenta características corpusculares. A velocidade da luz no vácuo é uma
constante fundamental da Física e vale aproximadamente c = 300.000 km/s
- Quando a luz é transmitida de um material para outro a sua freqüência (f)
não muda, porém o comprimento de onda (λ) e a sua velocidade (v) alteram.
O índice de refração de um material é definido pela relação: n=c/v.
- Para ver um objeto é preciso que ele seja iluminado, reflita a luz e que a
mesma chegue ate o nosso olho. A cor de um objeto, de um modo geral,
depende do tipo de iluminação e da cor (freqüência) que ele emite.
- Ocorre a reflexão (especular) quando a luz incide numa superfície polida,
como o espelho.São iguais os ângulos formados pela perpendicular à super-
fície com os raios incidentes e refletidos (Lei da reflexão). Quando a luz
incide numa superfície rugosa ocorre a reflexão difusa, isto é, os raios refle-
tem em varias direções. Quando a luz passa de um meio para outro de índi-
ces de refração diferentes há a mudança de velocidade e geralmente de dire-
ção (Lei da refração)
- Dispersão da luz é a sua decomposição em cores dispostas segundo a sua
freqüência, pela interação com um prisma, por exemplo.
Unidade 2
Formação de
imagens
Organizadores
Maurício
INTRODUÇÃO Pietrocola
Nobuko Ueta
Sem dúvida nenhuma vivemos hoje numa sociedade de imagens: cinema, Elaborador
televisão, revistas, painéis, internet etc. Tomamos conhecimentos dos fatos
Mikiya Muramatsu
em tempo quase real, através de conexões via satélite ou fibras ópticas e com
velocidade e volume de informações cada vez maiores. Nessa unidade va-
mos discutir como as imagens se formam, usando sempre a luz como porta-
dora de informações. E para isso, vamos discutir com mais detalhe os fenô-
menos já citados na Unidade 1: a reflexão e a refração da luz, que aparecem
quando usamos espelhos e lentes. Iremos também exemplificar com alguns
fatos da natureza como o arco-íris, a miragem, etc e dispositivos que se utili-
zam desses princípios como o olho, a máquina fotográfica, a lupa etc.
REFLEXÃO
A grande maioria dos objetos que vemos não emite luz própria. Eles são
vistos porque reemitem a luz de uma fonte primaria como o sol ou uma lâm-
pada. A luz incidindo sobre a superfície, volta para o mesmo meio, sem alte-
rar a sua freqüência; a esse processo chamamos de reflexão da luz. Por outro
lado existem materiais que absorvem uma pequena quantidade de radiação e
emitem numa freqüência diferente e esse fenômeno é denominado de lumi-
nescência; você observa isso quando apaga a luz de seu quarto e o interruptor
apresenta o brilho característico.
Figura 1
-
Figura 2
Figura 3
ESPELHOS CURVOS
O tipo de imagem que você obteve foi para espelhos planos, comuns em
nossas casas, retrovisores de carros etc. Para superfícies curvas a lei da refle-
xão continua valendo, todavia podemos obter outros tipos de imagens, além
de ser diferente a distância da imagem ao espelho. Você pode fazer essa expe-
riência facilmente pegando uma colher e olhar diretamente para as duas su-
perfícies: nas costas da colher a sua imagem será sempre menor e direita (esse
tipo de espelho é denominado de convexo – figura 4a) ao passo que na parte
de dentro (onde vai a sopa!) a sua imagem é maior e a medida que você se
afasta da colher verá que a sua imagem fica invertida (esse tipo de espelho é
denominado de côncavo – figuras 4b e 4c)
Figura 4
E se você utilizar um objeto luminoso como uma vela, verá que é possível
projetar essa imagem na parede! Esse tipo de imagem é denominado de real e
vamos discutir isso em detalhe quando estudarmos as lentes. Você irá perce-
ber também que a sua imagem fica deformada, pelo fato da superfície não ser
perfeitamente esférica. Além da propriedade de aumentar a imagem e projeta-
la qual a outra vantagem que apresenta esse tipo de espelho? Resposta: au-
mento do campo visual, isto é, aumento da região em que um determinado
observador pode ver através do espelho. Esse campo depende da posição do
observador em relação ao espelho (quanto mais próximo ao espelho, maior o
campo), do tamanho do espelho e do formato. Utilizando a lei da reflexão é
fácil de perceber que espelhos convexos têm o campo visual maior que os
côncavos, daí serem utilizados em elevadores, portarias e como retrovisores
de carro. Mas qual a principal desvantagem desse tipo de espelho? (Pense no
tamanho da imagem e como o nosso cérebro interpreta essa imagem!).
REFLEXÃO DIFUSA
Refletindo
Retomar todos os textos
escritos até o momento,
verificar o que foi apren- Figura 5
dido e escrever um texto
explicando o seu pro-
gresso e apontando os Questão: Você pode enxergar a rodovia à noite graças à reflexão difusa
aspectos que você ainda que ocorre no asfalto. Por que torna mais difícil de vê-la quando ela esta mo-
precisa melhorar. lhada?
Escolher um dos textos
escritos até o momento
em sala ou fora dela e REFRAÇÃO
fazer mais uma reescrita
com a ajuda de um cole- Na primeira unidade desse modulo já tínhamos conceituado o fenômeno
ga e de seu professor. da refração, que consiste basicamente na mudança de velocidade da luz ao
-
n1 sen θ1 = n2 sen θ2
Figura 6
Figura 7
cor n
vermelho 1,513
amarelo 1,517
verde 1,519
azul 1,528
violeta 1,532
Figura 8
-
Figura 9
LENTES
Uma das aplicações mais interessantes da refração é a lente, um dos
componentes ópticos mais utilizados. Em nosso olho temos duas lentes, como
veremos adiante. Para entender a função de uma lente comecemos aplican-
do o princípio do tempo mínimo no percurso da luz de um ponto A ate B num
prisma (fig. 10a). Veremos que o percurso da luz não é a linha tracejada que
liga A com B, mas a indicada pela linha sólida, a luz aumenta o percurso no
ar, onde a velocidade é maior, mas atravessa num ponto do prisma mais
estreito, onde a velocidade é menor, minimizando o tempo de percurso da luz
para ir de A até B. Com esse raciocínio poderíamos pensar que a luz deveria
tomar o caminho mais próximo do vértice superior, procurando a parte mais
estreita, mas nesse caso a distância no ar seria maior, aumentando o tempo de
percurso.
Figura 10
Para entender o funcionamento de uma lente podemos supor que ela seja
constituída de uma superposição de vários blocos e prismas de vidro, como
indicado nas figuras 11a e 11b. Incidindo raios paralelos, os raios refratados
irão convergir (ou divergir) num ponto. No caso da figura 11a teremos uma
lente convergente, que é caracterizada pelo fato da borda ser mais fina que o
centro, ao passo que na divergente a borda é mais espessa que o centro.
Figura 11
Figura 12
-
Figura 13
Utilizando o diagrama de raios mostrado nos exemplos anteriores é fácil
demonstrar a relação:
viesse da imagem atrás da lente, mas se uma tela for colocada na posição da
imagem nenhuma imagem ira aparecer, pois nenhuma luz é dirigida para ela.
É uma imagem dita virtual, é direita e maior que o objeto.
Figura 14
Figura 15
-
SAIBA MAIS
Desde a antiguidade o ser humano vinha tentando descobrir como funcionava o sistema
da visão. Classificado pela literatura como a “janela da alma”, cientificamente também
podemos chamá-lo assim, pois este sentido do corpo humano é o responsável pelo nosso
primeiro contato com o mundo.
Os filósofos da escola atomista, iniciada por Leucipo e Demócrito e idealizada por Lucrécio
(~50 a.C.), acreditavam que dos objetos emanavam “partículas”, as quais se introduziam nos
corpos, causando algum tipo de sensação como odor e, neste caso, visão. Outra interpre-
tação foi dada pelos Pitagóricos e, mais tarde, adotada por Euclides, era que a luz provinha
de emanações dos próprios olhos, chamado de quid. O quid era tratado como raios de luz
que saíam dos olhos e iam de encontro aos objetos, os quais se queria enxergar.
CONES E BASTONETES
Na retina, como dissemos acima, estão localizadas as células que são res-
ponsáveis pela transformação da luz em estímulo elétrico. Existem aproxima-
damente 125 milhões destas células distribuídas na retina e são de dois tipos:
Os cones, responsáveis pela visão das cores, captam luzes coloridas, pois
temos distribuído na retina cones que captam as três cores principais da luz:
verde, azul e vermelho. Porém, isso só acontece desde que a intensidade des-
tas luzes seja significativa, pois sua sensibilidade diminui à medida que a
intensidade as luz diminui. Por este motivo, não conseguimos enxergar cores
quando estamos à noite, sem iluminação, ou em ambientes escuros.
Os bastonetes, mais sensíveis, pois cobrem uma parte maior da retina, são
responsáveis pelo que chamamos de “visão em preto-e-branco”. Na verdade,
são células que captam apenas a intensidade da luz que chega até a retina. A
visão noturna ou em locais com pouca luminosidade é feita por estas células.
DEFEITOS E CORREÇÕES
Para um olho normal (emetrope) o plano imagem se encontra sobre a reti-
na, porém muitas vezes acontecem anomalias fazendo com que a visão das
pessoas apareça borrada ou distorcida, e neste caso o olho se diz amétrope.
Essas ametropias são causadas geralmente por problemas de refração (na
córnea ou cristalino), ou a alterações no tamanho do globo ocular, isto é, a
variação na distância entre o cristalino e a retina. Apresentaremos as três mais
freqüentes:
Miopia
A pessoa não enxerga de longe. Ocorre quando a imagem que deveria ser
formada na retina é formada antes dela. Neste caso, quando os raios de luz
chegam na retina, não há o respectivo ponto conjugado, ficando apenas um
borrão, interpretado como tal pelo cérebro.
Isso acontece porque o globo ocular, que deveria ser esférico, se torna
elipsoidal (ovalado). Com isso, o globo ocular fica mais comprido, o que faz
com que o cruzamento dos raios de luz focalize antes da retina. Sua correção se
faz com uma lente esférica divergente, que diverge os raios de luz antes deles
chegarem à córnea, para serem convergidos pelo sistema óptico até a retina.
Hipermetropia
A pessoa não enxerga de perto. Ao contrário da miopia, neste caso os
raios de luz se cruzam depois da retina, também formando um pequeno bor-
rão, que é decodificado pelo cérebro como tal. Assim, podemos ver que neste
caso, o globo ocular é “achatado”, o que faz com que o globo ocular fique
mais curto, não focalizando os raios de luz na retina.A correção desta anoma-
lia se faz com uma lente esférica convergente, que converge os raios de luz
antes que eles cheguem à córnea, cruzando-os na retina.
Astigmatismo
Esse defeito é causado por uma assimetria na curvatura da córnea. E essa
assimetria faz com que a imagem seja distorcida por causa do desvio dos raios
-
de luz que entram no olho. Para corrigir este tipo de anomalia, faz-se um
mapeamento da esfericidade da córnea, medindo em que quadrante está a
diferença. Diagnosticada a diferença, é feita uma lente esfero-cilíndrica, com
o eixo cilíndrico na direção do defeito.
Atividade:
Utilizando a equação de lentes delgadas, estime a variação da potência do olho, ao foca-
lizar um objeto distante (infinito) ate o ponto próximo (25 cm), considerando um olho
emetrope de tamanho aproximadamente 2 cm( distância da retina ao cristalino). Discuta
como o olho realiza essa variação na sua potência dióptrica.
MÁQUINA FOTOGRÁFICA
Podemos observar imagens ou mesmo tirar fotos com uma câmera escura
de orifício, mas ela tem algumas limitações, como a nitidez das imagens, o
tempo de exposição para se obter fotos, etc. Se variarmos o diâmetro do orifí-
cio, aumentando ou diminuindo, haverá problemas na definição da imagem.
Você sabe por que? Uma maneira de contornar esse problema é substituir o
orifício por uma lente; teremos então uma máquina fotográfica.
Figura 16
Sistema de focalização
No olho, como vimos isso é feito através do processo de acomodação do
cristalino; na máquina fotográfica clássica isto é feito movimentando a lente
ou conjunto de lentes para frente ou para trás. Nas câmaras autofoco, isto é
feito através do diafragma, controlando a profundidade de campo, isto é, per-
mitindo obter imagens nítidas em planos diferentes. O controle da abertura é
feito através de um microprocessador e sensor de infravermelho.
Sistema de registro
Já vimos que na retina é que estão localizados os fotossensores do olho
(cones e bastonetes). Na câmara fotográfica usamos o filme ou papel fotográ-
fico, que são recobertos por pequenos grãos de sais de prata, cloreto ou brometo
de prata (AgBr). Estes sais são colocados em uma emulsão que, dependendo
do número e do tamanho dos grãos dos sais, o filme pode ser mais sensível ou
menos sensível.
Algumas reações químicas são aceleradas pela ação da luz. No caso dos
sais de brometo de prata, a luz quebra a ligação química, liberando um elétron
que é capturado por íons de prata presentes na emulsão. A prata metálica é
tanto mais escura quanto maior for a energia incidente, desse modo temos no
filme uma imagem latente, que aparece no processo da revelação.Essa ima-
gem negativa, por contato direto é transformada em imagem positiva
A sensibilidade do filme é classificada geralmente pelo sistema ASA (American
Standard Association), por exemplo, ASA 100, ASA 400, etc. Nestes casos,
quanto maior for a numeração ASA, maior a sensibilidade do filme. Para am-
bientes de pouca luminosidade (à noite por exemplo), usamos de preferência
filmes de maior sensibilidade (ASA maior) Nesse tipo de película, os grãos
de sais de prata são maiores, isto é, maior é a área de absorção de energia.
Todavia, a resolução desses filmes é menor. Em outras palavras, os parâmetros
sensibilidade e resolução são grandezas inversamente proporcionais.
Podemos também fazer uma comparação do filme da câmara com a reti-
na do olho, no que diz respeito à sensibilidade. No olho temos um maior
número de bastonetes e um menor número de cones. Isso significa que a
resolução da retina é maior para a visão em “preto-e-branco” e menor para a
visão em cores.
-
SAIBA MAIS
Câmara digital
Funciona exatamente como uma câmara comum, com apenas uma diferença: o filme é
substituído por uma placa contendo milhares de sensores dispostos geralmente em li-
nhas e colunas, os quais chamamos de pixels, que captam a luz e a transformam em
impulsos elétricos que são gravados em um disquete.
A placa que compõe a parte de captação da luz e a sua transformação em impulsos
elétricos é chamada de CCD (sigla em inglês para Charge Coupled Device), composta de
milhares de sensores extremamente pequenos feito de materiais semicondutores. Na ver-
dade, estes materiais são pequenas células que transformam energia luminosa (fótons) em
energia elétrica.
Cada câmara digital tem uma resolução, que depende do número de pixels existentes num
CCD. Quanto maior for este número, mais perfeita será a imagem da foto. Já em relação à
sensibilidade, todos os sensores (fotodiodos semicondutores) são igualmente sensíveis.
As cores são colocadas nos sensores por um dispositivo que divide o feixe de luz incidente
e separa as cores da luz deste feixe passando-o por filtros. Por rotação destes filtros (verde,
azul e vermelho), são focalizadas no CCD três imagens (uma de cada cor). A superposição
destas imagens é muito rápida, o que faz com que a imagem seja gravada com as cores
originais do objeto.
Atividade:
- Faça uma correlação entre os principais componentes do olho e da câmara fotográfica.
- Se uma determinada cena ficou escura, o que deveria ser feito para corrigir esse defeito,
na próxima foto?
Questões de vestibulares
1. (Fuvest 2000) Um espelho plano, em posição inclinada, forma um ângulo
de 45° com o chão. Uma pessoa observa-se no espelho, conforme a figura.
A flecha que melhor representa a direção para a qual ela deve dirigir seu
olhar, a fim de ver os sapatos que está calçando, é:
a) A
b) B
c) C
d) D
e) E
a) 1.
b) 2.
c) 3.
d) 4.
e) 5.
4. (Unesp 2001) Uma pessoa observa a imagem de seu rosto refletida numa
concha de cozinha semi-esférica perfeitamente polida em ambas as faces.
Enquanto na face côncava a imagem do rosto dessa pessoa aparece:
a) invertida e situada na superfície da concha, na face convexa ela aparecerá
direita, também situada na superfície.
b) invertida e à frente da superfície da concha, na face convexa ela aparecerá
direita e atrás da superfície.
c) direita e situada na superfície da concha, na face convexa ela aparecerá
invertida e atrás da superfície.
d) direita e atrás da superfície da concha, na face convexa ela aparecerá tam-
bém direita, mas à frente da superfície.
e) invertida e atrás na superfície da concha, na face convexa ela aparecerá
direita e à frente da superfície.
-
a) q = 0°
b) q = 30°
c) q = 45°
d) q = 60°
e) a situação proposta no enunciado não pode ocorrer
7. (Unesp 2001) Nas fotos da prova de nado sincronizado, tiradas com câma-
ras submersas na piscina, quase sempre aparece apenas a parte do corpo das
nadadoras que está sob a água, a parte superior dificilmente se vê. Se essas
fotos são tiradas exclusivamente com iluminação natural, isso acontece por-
que a luz que:
a) vem da parte submersa do corpo das nadadoras atinge a câmara, mas a luz
que vem de fora da água não atravessa a água, devido à reflexão total.
b) vem da parte submersa do corpo das nadadoras atinge a câmara, mas a luz
que vem de fora da água é absorvida pela água.
c) vem da parte do corpo das nadadoras que está fora da água é desviada ao
atravessar a água e não converge para a câmara, ao contrário da luz que vem
da parte submersa.
d) emerge da câmara ilumina a parte submersa do corpo das nadadoras, mas a
parte de fora da água não, devido ao desvio sofrido pela luz na travessia da
superfície.
e) emerge da câmara ilumina a parte submersa do corpo das nadadoras, mas a
parte de fora da água não é iluminada devido à reflexão total ocorrida na
superfície.
11. (Fuvest 2002) Uma pessoa idosa que tem hipermetropia e presbiopia foi a
um oculista que lhe receitou dois pares de óculos, um para que enxergasse
bem os objetos distantes e outro para que pudesse ler um livro a uma distância
confortável de sua vista.
- Hipermetropia: a imagem de um objeto distante se forma atrás da retina.
- Presbiopia: o cristalino perde, por envelhecimento, a capacidade de acomo-
dação e objetos próximos não são vistos com nitidez.
- Dioptria: a convergência de uma lente, medida em dioptrias, é o inverso da
distância focal (em metros) da lente.
Considerando que receitas fornecidas por oculistas utilizam o sinal mais (+)
para lentes convergentes e menos (–) para divergentes, a receita do oculista
para um dos olhos dessa pessoa idosa poderia ser,
-
Pede-se:
a) a distância focal da lente.
b) o comprimento da imagem da lâmpada e a sua representação geométrica.
Utilize os símbolos A’ e B’ para indicar as extremidades da imagem da lâmpada.
14. (Unesp 98) A figura mostra um objeto O, uma lente delgada convergente
L, seus focos F e F’ e o trajeto de três raios luminosos, 1, 2 e 3, que partem da
extremidade superior de O.
Dentre os raios traçados,
a) está correto o raio 1, apenas.
b) está correto o raio 3, apenas.
c) estão corretos os raios 1 e 2, apenas.
d) estão corretos os raios 1 e 3, apenas.
e) estão corretos os raios 1, 2 e 3.
Síntese
- Principio do tempo mínimo estabelece que “quando a luz propaga de um
ponto a outro, num mesmo meio ou em meios diferentes, escolhe uma traje-
tória de tal modo que o tempo gasto é mínimo”. Usando esse principio pode-
se mostrar que na reflexão da luz numa superfície lisa é tal que o ângulo de
incidência é igual ao ângulo de reflexão, medido em relação à perpendicular
à superfície. Quando a luz propaga num meio de índice de refração n 1
incidindo com ângulo θ1, o raio refratado no meio de índice de refração n2
formara um ângulo θ2 tal que :
n1 sen θ1 = n2 sen θ2 (Lei de Snell-Descartes). Os ângulos são sempre medi-
dos em relação à perpendicular à superfície. Além disso o raio incidente,
refletido (ou refratado) e a perpendicular pertencem ao mesmo plano.
- As imagens formadas pelo espelho plano são sempre virtuais, de mesmo
tamanho que o objeto e direita. Nos espelhos curvos convexos são sempre
virtuais direitas e menor que objeto; nos côncavos podem ser reais ou virtu-
ais ,dependendo da posição do objeto em relação ao espelho. O campo visu-
al de um espelho (plano ou curvo) depende do seu tamanho, formato e da
posição do observador em relação ao mesmo. Uma imagem é real quando é
os raios de luz passam efetivamente por ela e virtual quando os raios de luz
parecem provir da mesma. Uma imagem real pode ser registrada ou projeta-
da numa tela, a imagem virtual só pode ser vista, mas não projetada.
- Quando a luz propaga de um meio de índice de refração maior para o menor
para determinado ângulo ocorre a reflexão interna total, isto é, a luz é total-
mente refletida para o primeiro meio.
- No arco-íris ocorrem três fenômenos básicos: a refração, a reflexão e a dis-
persão da luz.
- Equação das lentes delgadas: 1/f = 1/p + 1/p’, onde f é a distância focal,
sendo positiva para lente convergente e negativa para lente divergente, p e
p’, são distâncias do objeto e imagem à lente, respectivamente.
P=1/f, sendo f medido em metros, representa a potencia da lente ou conver-
gência, e a unidade é expressa em dioptria ou “grau”.
- Uma lente convergente aumenta a imagem de um objeto colocado próximo
da mesma, atuando como lente de aumento ou lupa; a imagem formada é
maior, virtual e direita.
-
Unidade 3
Som
Organizadores
Maurício
ALÔ, ALÔ, MARCIANO... AQUI QUEM FALA É DA Pietrocola
TERRA! Nobuko Ueta
Assim como alguns outros animais, os seres humanos emitem ruídos para Elaborador
se comunicarem. Apesar das diferenças entre estes ruídos, todos esses ani- Jonny Nelson
mais têm em comum um órgão emissor e um captador de sons. Teixeira
Alguns desses sons são agradáveis e podem até provocar uma certa sensa-
ção de bem-estar, outros não. Geralmente os que causam este tipo de sensa-
ção são sons musicais, emitidos por vozes ou por instrumentos de diferentes
constituições. Mas, o que é o som afinal? Quem começou a estudar o som e
como a música pôde ser organizada da forma que é? Como instrumentos
musicais diferentes podem gerar sons tanto de maneiras diferentes como de
sonoridades diferentes? É isso que nós iremos ver neste módulo.
O QUE É O SOM?
O som se propaga como uma onda, mas, diferente da luz, o som precisa
de um meio para se propagar. Quando tocamos na água com um objeto ou
com o dedo, vemos a formação de ondas. Então, o som é uma perturbação
que se propaga em um meio material, como mostrado na figura 1:
Figura 1
A COR DO SOM
Figura 2
(I) v=λ.f
Assim como na luz visível, onde o comprimento de onda e a freqüência
denotam a cor da luz que podemos enxergar, no som que nós podemos ouvir
(já que existem sons que não conseguimos ouvir) estas grandezas causam
sensações diferentes nos nossos ouvidos. No caso do som, a freqüência ou
comprimento de onda nos mostra qual é a nota musical que podemos tocar
em um instrumento ou cantar com as nossas cordas vocais.
Assim, para notas musicais mais agudas, a freqüência do som é maior e
para notas mais graves, a freqüência é menor.
SAIBA MAIS
Vários pensadores já citaram algumas de suas considerações sobre o som, mas nenhum
deles foi tão conhecido como Pitágoras. Este pensador grego viveu por volta do séc VI a.C.
e criou uma das maiores escolas de disseminação do pensamento grego da época.
Pitágoras foi um dos filósofos gregos que mais teve atuações em áreas diferentes. Uma
delas é a descoberta de uma relação matemática entre escalas musicais gregas e compri-
mentos de uma corda ou de uma coluna de ar que vibra. Pitágoras afirmou que todas as
coisas do Universo eram números inteiros. O movimento dos planetas formava, segundo
ele, uma fantástica música universal, chamada de Música das Esferas.
Milênios mais tarde, um astrônomo chamado Johannes Kepler retomou as teorias de Pitágoras
e afirmou que os planetas do Sistema Solar vibrariam de acordo com a escala musical em
freqüências diferentes, formando uma sinfonia cósmica, tocada para louvor do Criador.
-
Figura 3
Mas, porque numa corrida de fórmula 1 o som do motor dos carros quan-
do estão em movimento parecem mudar a freqüência? Com certeza, você já
deve ter ouvido uma sirene quando uma ambulância está se aproximando e
quando ela está se afastando. Se não prestou atenção, então escute e perceba
que o som da sirene é mais agudo quando ela esta se aproximando e mais
grave quando está se afastando.
Até mesmo uma música em um carro parece que está mais rápida quando
o carro está se aproximando e mais devagar quando ele esta se afastando. Este
fenômeno ocorre porque a fonte sonora está em movimento em relação a
você. A esse fenômeno damos o nome de efeito Doppler.
SAIBA MAIS
Para calcular o efeito Doppler, precisaremos utilizar esta equação:
(II)
Figura 4
-
Figura 5
Saiba Mais
Você já observou que
numa tempestade nós
enxergamos primeiro o
Velocidade do som relâmpago e depois de
algum tempo ouvimos o
Depende de onde o som está se propagando, sua velocidade será dife- trovão? Por que isso
rente. Cada material apresenta propriedades físicas diferentes (densidade, acontece? Você pode
calor específico, propriedades ópticas etc.), e tem suas moléculas ligadas de estar pensando nas ve-
formas diferentes, com ligações químicas mais fracas ou mais fortes. Então, locidades de propaga-
ção da luz e do som para
por cada um destes materiais o som se propagará com velocidades diferentes.
responder a esta per-
Sendo assim, a velocidade do som geralmente é maior nos materiais sólidos,
gunta, e certamente já
dependendo da sua ligação química, menor nos líquidos e menor ainda nos chegou a uma resposta:
gases. a luz é mais rápida do
Todos estes materiais ainda têm um outro problema: a temperatura influi que o som. Na verdade,
muito na velocidade do som. Como num aumento de temperatura todas as a velocidade da luz é de
cerca de 300.000 km/s e
substâncias aumentam de volume, o que chamamos de dilatação térmica. Com
a do som no ar é de 331
esta dilatação a densidade do material diminui, aumentando a velocidade do
m/s. Já no ferro, por
som nestes materiais. Podemos dizer que para um mesmo material, se a sua exemplo, é de 5.940 m/s.
densidade diminui, sua velocidade aumenta.
Energia do som
Quando escutamos um som com volume muito alto, podemos ver que ele
faz estremecer o chão, ou alguns objetos que estão próximos à fonte sonora.
Isso acontece porque ele carrega uma certa energia, que está diretamente liga-
da à potência da fonte e à distância que o objeto (ou o ouvido) está da fonte.
Ou seja, quanto maior a distância, menor é a intensidade do som.
Fisicamente, podemos colocar a intensidade sonora como a energia por
unidade de tempo que chega a uma certa área esférica, situada a uma distân-
cia d da fonte sonora, medida em W/m2. Isso também pode ser aplicado à luz,
uma vez que ela também se comporta como uma onda.
Há um limite de intensidade sonora a qual podemos ouvir e um o qual
podemos suportar. Nosso ouvido é um dos sensores do corpo humano que
nos faz ter uma interação com o mundo em que vivemos, tão importante quanto
os olhos ou o sistema nervoso, que nos faz sentir dor ou calor.
Mas, como é o ouvido por dentro? O que acontece nele para que nós
possamos ouvir? Nosso ouvido é formado por três partes: o ouvido exter-
no, onde temos o canal auditivo, que vai desde o orifício da orelha até o
tímpano, uma membrana fina que reveste a entrada do ouvido médio, parte
do ouvido que faz uma amplificação mecânica do som por meio dos três
menores ossos do corpo humano: o martelo, ligado diretamente ao tímpano,
seguido da bigorna e do estribo, que está diretamente ligado à janela oval,
outra membrana que faz a ligação entre o ouvido intermediário e o ouvido
interno, onde existe um órgão que faz a tradução do som para o nervo audi-
tivo, a cóclea, que transporta o som para o cérebro que faz a tradução desse
som para o que sentimos (Figura 6).Como a membrana do tímpano é extrema-
mente fina e flexível, existe uma intensidade sonora mínima para a sua vibra-
ção e, se a intensidade for muito grande, a energia da onda pode “rasgar” o
tímpano, causando uma surdez, que pode ser permanente. Abaixo vai uma
tabela que indica qual é a menor e a maior intensidade sonora que nosso
ouvido pode captar:
Saiba Mais
Para calcular a intensida-
de do som que chega
em uma determinada
distância, utilizamos a
Potência (P) da fonte so-
nora, medida em Watts
(W) e a área total de uma
esfera, cujo raio é a dis-
tância que se tem entre
a fonte sonora e quem
escuta o som, que cha-
mamos de d. Assim:
Figura 6
(III)
Mas, onde entram os tais “decibéis” que as casas noturnas não podem
ultrapassar? Esta medida foi dada em homenagem ao inventor do telefone,
-
Além disso, podemos ver também que todo o instrumento de cordas acús-
tico (violão, piano, harpa, cavaquinho, etc) tem uma caixa ligada no seu cor-
po. Esta caixa chama-se caixa de ressonância e, sem ela, não conseguiríamos
escutar as notas do violão no volume que as escutamos. Esta caixa amplifica
o som que sai das cordas por meio de um fenômeno que se chama ressonân-
cia, onde a corda faz vibrar o ar dentro da caixa, aumentando assim o contato
com a caixa de ressonância, aumentando a vibração transmitida para o ar
Instrumentos de sopro
Flautas, trompetes e sax são exemplos de instrumentos de sopro. Estes
instrumentos têm como particularidade ondas sonoras em tubos, onde o seu
comprimento influi na mudança da freqüência.
Figura 8
Saiba Mais
Nos instrumentos de so- Nas flautas de Pã podemos ver que os tubos têm tamanhos diferentes,
pro, podemos calcular a onde cada tubo emite uma nota (freqüência) diferente.
freqüência da nota emi-
tida pelo tubo, depen- (Fuvest-SP) Um músico sopra a extremidade aberta de um tubo de 25 cm,
dendo se o tubo é aber-
fechado na outra extremidade, emitindo um som com freqüência f = 1700 Hz.
to dos dois lados (flauta
A velocidade do som no ar nas condições deste experimento é de 340 m/s.
doce) ou apenas de um
lado (flauta de Pã). Para
Nestas condições, calcule quantos modos de vibração n tem este som.
um tubo aberto dos dois
lados:
Síntese
- O som é um tipo de energia que se propaga como uma onda longitudinal e
precisa de um meio para se propagar, o que lhe dá a caracterização de onda
mecânica.
Quando aberto apenas
de um dos lados: - Como uma onda de luz, ele possui amplitude, que determina o volume do
som, freqüência, que determina a nota musical e a altura do som e velocida-
de, que depende do tipo de material no qual o som está se propagando.
(IV)
- O timbre do som determina as diferenças entre sons de vozes ou instrumen-
tos musicais diferentes.
Onde Vs é a velocidade - Quando a fonte sonora está em movimento em relação a um observador, sua
do som no ar. Para sons freqüência muda dependendo da velocidade relativa entre fonte e observa-
mais agudos da mesma dor.
nota, basta multiplicar a
freqüência dada na ta- - O ouvido humano pode detectar freqüências de som entre 20 e 20.000 Hz,
bela por um número in- dependendo da intensidade e da freqüência do som. Se a energia do som for
teiro n. muito grande, o som pode até romper o tímpano do ouvido, causando danos
irreversíveis.
-
Guia de estudos
- Releia com cuidado a síntese apresentada no final de cada unidade e veja se
estão claros para você todos os conceitos e definições apresentadas.
- Procure resolver as questões e atividades propostas, e principalmente as ques-
tões de vestibulares. Você vai perceber que para esse módulo, as ferramen-
tas matemáticas necessárias para resolução dos problemas se resume em
conhecimento básico de geometria plana e domínio de trigonometria. Ha-
vendo dificuldade procure o monitor.
A seguir, listamos alguns livros que você pode consultar para comple-
mentar o seu estudo. Os sites indicados também são interessantes, para apro-
fundar um pouco mais em temas de seu interesse ou que foram abordados de
forma superficial no curso, por falta de tempo.Você poderá também ter acesso
as questões dos últimos vestibulares; tente resolver as questões para verificar
o aproveitamento de sua aprendizagem.
Bibliografia
- FIGUEIREDO, Aníbal, PIETROCOLA, Mauricio; Física um outro lado. Luz
e cores. São Paulo: FTD, 2000.
- GREF (Grupo de Reelaboração do Ensino de Física.); Física térmica e óptica.
Física 2. São Paulo: Edusp, 1991.
- PROJETO ESCOLA E CIDADANIA. Física. São Paulo: Editora do Brasil,
2000.
- GASPAR, Alberto. Física: Ondas, Óptica e Termodinâmica. São Paulo: Ática,
2000
- ALVARENGA, Beatriz, MAXIMO, Antonio: FÍSICA, vol. Único São Paulo:
Ed. Scipione, 1999.
- HECHT, Eugene. Óptica. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 1991.
- HEWITT, Paul G. Física Conceitual, 9.ed. Porto Alegre: Bookman, 2002.
Sites
http://www.educar.sc.usp.br
http://www.feiradeciencias.com.br/sala09/index9.asp
http://www.fisicanet.terra.com.br/optica
Sobre os autores
Ivã Gurgel
Licenciado em Física pela USP. É atualmente professor de Física do Colé-
gio Fênix, onde leciona conteúdos desta disciplina para o curso de Técnico
em Radiologia. Também participa de projetos de pesquisa vinculados ao La-
boratório de Pesquisa em Ensino de Física da Faculdade de Educação de USP.
Mikiya Muramatsu
Licenciado e bacharel em Física pela USP, mestre em Ensino de Ciências e
doutor em Física pela USP. Atua nas áreas de óptica básica e aplicada e de
ensino de óptica, produzindo materiais instrucionais e ministrando cursos de
atualização para professores de Física do ensino médio.
Física
Transformações
de energia
Organizadores
Maurício Pietrocola
Nobuko Ueta
Elaboradores
João Freita da Silva
Luis Augusto Alves
Vera Bohomoletz Henriques
2
módulo
Nome do Aluno
GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO
Governador: Geraldo Alckmin
Secretaria de Estado da Educação de São Paulo
Secretário: Gabriel Benedito Issac Chalita
Coordenadoria de Estudos e Normas Pedagógicas – CENP
Coordenadora: Sonia Maria Silva
PROGRAMA PRÓ-UNIVERSITÁRIO
Coordenadora Geral: Eleny Mitrulis
Coordenadora Pedagógica: Helena Coharik Chamlian
Coordenadores de Área
Biologia:
Paulo Takeo Sano – Lyria Mori
Física:
Maurício Pietrocola – Nobuko Ueta
Geografia:
Sonia Maria Vanzella Castellar – Elvio Rodrigues Martins
História:
Kátia Maria Abud – Raquel Glezer
Língua Inglesa:
Anna Maria Carmagnani – Walkyria Monte Mór
Língua Portuguesa:
Maria Lúcia Victório de Oliveira Andrade – Neide L. Rezende – Valdir Heitor Barzotto
Matemática:
Antônio Carlos Brolezzi – Elvia Mureb Sallum – Martha S. Monteiro
Química:
Maria Eunice Ribeiro Marcondes – Marcelo Giordan
Produção Editorial
Dreampix Comunicação
Revisão, diagramação, capa e projeto gráfico: André Jun Nishizawa, Eduardo Higa Sokei,
Mariana Pimenta Coan, Mario Guimarães Mucida e Wagner Shimabukuro
Cartas ao
Aluno
Carta da
Pró-Reitoria de Graduação
Caro aluno,
Com muita alegria, a Universidade de São Paulo, por meio de seus estudantes
e de seus professores, participa dessa parceria com a Secretaria de Estado da
Educação, oferecendo a você o que temos de melhor: conhecimento.
Conhecimento é a chave para o desenvolvimento das pessoas e das nações
e freqüentar o ensino superior é a maneira mais efetiva de ampliar conhecimentos
de forma sistemática e de se preparar para uma profissão.
Ingressar numa universidade de reconhecida qualidade e gratuita é o desejo
de tantos jovens como você. Por isso, a USP, assim como outras universidades
públicas, possui um vestibular tão concorrido. Para enfrentar tal concorrência,
muitos alunos do ensino médio, inclusive os que estudam em escolas particulares
de reconhecida qualidade, fazem cursinhos preparatórios, em geral de alto
custo e inacessíveis à maioria dos alunos da escola pública.
O presente programa oferece a você a possibilidade de se preparar para enfrentar
com melhores condições um vestibular, retomando aspectos fundamentais da
programação do ensino médio. Espera-se, também, que essa revisão, orientada
por objetivos educacionais, o auxilie a perceber com clareza o desenvolvimento
pessoal que adquiriu ao longo da educação básica. Tomar posse da própria
formação certamente lhe dará a segurança necessária para enfrentar qualquer
situação de vida e de trabalho.
Enfrente com garra esse programa. Os próximos meses, até os exames em
novembro, exigirão de sua parte muita disciplina e estudo diário. Os monitores
e os professores da USP, em parceria com os professores de sua escola, estão
se dedicando muito para ajudá-lo nessa travessia.
Em nome da comunidade USP, desejo-lhe, meu caro aluno, disposição e vigor
para o presente desafio.
Caro aluno,
Com a efetiva expansão e a crescente melhoria do ensino médio estadual,
os desafios vivenciados por todos os jovens matriculados nas escolas da rede
estadual de ensino, no momento de ingressar nas universidades públicas, vêm se
inserindo, ao longo dos anos, num contexto aparentemente contraditório.
Se de um lado nota-se um gradual aumento no percentual dos jovens aprovados
nos exames vestibulares da Fuvest — o que, indubitavelmente, comprova a
qualidade dos estudos públicos oferecidos —, de outro mostra quão desiguais
têm sido as condições apresentadas pelos alunos ao concluírem a última etapa
da educação básica.
Diante dessa realidade, e com o objetivo de assegurar a esses alunos o patamar
de formação básica necessário ao restabelecimento da igualdade de direitos
demandados pela continuidade de estudos em nível superior, a Secretaria de
Estado da Educação assumiu, em 2004, o compromisso de abrir, no programa
denominado Pró-Universitário, 5.000 vagas para alunos matriculados na terceira
série do curso regular do ensino médio. É uma proposta de trabalho que busca
ampliar e diversificar as oportunidades de aprendizagem de novos conhecimentos
e conteúdos de modo a instrumentalizar o aluno para uma efetiva inserção no
mundo acadêmico. Tal proposta pedagógica buscará contemplar as diferentes
disciplinas do currículo do ensino médio mediante material didático especialmente
construído para esse fim.
O Programa não só quer encorajar você, aluno da escola pública, a participar
do exame seletivo de ingresso no ensino público superior, como espera se
constituir em um efetivo canal interativo entre a escola de ensino médio e
a universidade, num processo de contribuições mútuas, rico e diversificado
em subsídios que poderão, no caso da estadual paulista, contribuir para o
aperfeiçoamento de seu currículo, organização e formação de docentes.
Calor e temperatura
Organizadores
Maurício
Pietrocola
ESTÁ CALOR OU ESTÁ QUENTE? Nobuko Ueta
Um copo de água da geladeira deixado sobre a mesa acaba se aquecendo Elaboradores
e, depois de algum tempo, não muda mais. Da mesma forma, a água que Vera Bohomoletz
ferveu na chaleira para o café se resfria e depois de algum tempo fica “está- Henriques
vel”. Note que, nos dois casos, durante algum tempo ocorre mudança da água
e depois essa mudança cessa. Chamamos de equilíbrio térmico a situação em
que não há mais mudança: a água nem esquenta, nem esfria.
Mas o que provoca a mudança? No primeiro caso, a água da geladeira
estava mais fria que o ambiente e esquentou. No segundo caso, a água da Questão
chaleira estava mais quente que o ambiente e esfriou. É necessário haver uma Um motor em funciona-
diferença de temperatura entre a água e o meio para que haja mudança. mento esquenta tanto
Quando a diferença desaparece, as duas temperaturas, da água e do meio, que pode derreter. Por
igualaram-se, e a água pára de “mudar”. isso, é necessário resfriá-
lo. Os motores mais anti-
E no que consiste essa mudança? Há duas coisas acontecendo simultane- gos podiam ser resfria-
amente: se olhamos só para o copo, vemos que a água está sofrendo variação dos a ar, os de hoje, mais
de temperatura. Mas se olhamos “em volta”, percebemos que essa variação potentes, são resfriados
de temperatura é decorrência da troca de energia com o meio: o ar, mais quen- a água. Considere o pro-
te, cede um pouco de sua energia para a água do copo. cesso de resfriamento de
um motor de carro e dis-
Mas que tipo de energia é esta? Chamamos essa energia de energia térmica cuta-o em termos de
ou calor. É um pouco parecido com a energia potencial gravitacional. Em uma temperatura e de troca
bola parada no topo de um barranco, não se “vê” energia gravitacional, mas se de calor.
colocarmos a bola na beira do barranco, essa energia logo “aparece” no movi-
mento barranco abaixo. Da mesma forma, não “vemos” a energia do ambiente Experimente
(em um dia ameno, sem muito calor nem vento), mas se tiramos um copo de Prepare três copos
água da geladeira, essa energia logo “aparece”, esquentando a água do copo. d’água, um mais quente,
outro morno e o terceiro
Em resumo, a temperatura é uma propriedade do corpo, enquanto o calor frio. Mergulhe um dedo
está associado a uma troca entre dois corpos. Na linguagem cotidiana dize- no copo de água quente
mos que está calor quando o ambiente está quente. Na linguagem da física, dirí- e outro no copo de água
amos que a temperatura está alta. Mas como percebemos se está quente ou frio? fria durante alguns mi-
Na verdade, é o nosso corpo que nos diz se está quente ou frio. Claro que nutos. Depois, mergulhe
os dois no copo de água
em um dia quente, as trocas de calor são diferentes das trocas de calor de um
morna. O que você sen-
dia frio. A uma temperatura de 30º C, nosso corpo está a uma temperatura
te? Seu dedo percebe a
muito mais próxima da temperatura ambiente, enquanto que a uma tempera- temperatura ou a troca
tura de 15º C, a diferença é muito maior. Nosso corpo percebe a diferença das de calor?
trocas de calor, nos dois casos.
O CALOR NO “MICROSCÓPIO”
Quando o calor vai de um corpo para outro, o que acontece com os áto-
mos? Você já deve ter percebido que o calor, ou a presença de energia térmi-
ca, é capaz de produzir movimento: o leite que “levanta fervura”, as bolhas da
água em ebulição, a válvula da panela de pressão não tirar os d’s. Pois é, o
calor pode às vezes provocar movimento “visível”, que nossos olhos detec-
tam, mas sempre, sempre mesmo, provoca movimento invisível aos nossos
olhos. Os átomos de qualquer corpo nunca estão parados, brincam numa dan-
ça permanente e se empurram uns aos outros. E quanto mais alta a temperatu-
ra, mais rápido dançam. Então, se no copo de água da geladeira os átomos
dançam mais lentamente, como em uma valsa, na água da chaleira os átomos
balançam como em um frevo “lascado”. Quando os dois corpos – as duas
águas – se encontram, o movimento mais rápido do frevo vai “passando” para
os átomos mais lentos, até que o ritmo fique parecido para todos os átomos.
Na verdade, os átomos não dançam todos no mesmo ritmo, é como em uma
discoteca, onde cada um faz o seu movimento, mas o ritmo geral pode ser
mais rápido ou mais lento.
ESFRIA OU CONGELA?
Se colocarmos uma vasilha com água na geladeira, o líquido pode apenas
esfriar, colocando-se na parte de baixo, mas, se a vasilha for colocada no
congelador, transforma-se em gelo, torna-se sólido. Qual a diferença entre
essas duas situações?
Ocorre que os materiais podem ser encontrados em diferentes fases, ou es-
tados, que correspondem a diferentes graus de ordem do arranjo molecular. No
sólido, as moléculas que compõem o material estão
muito bem organizadas, em posições bem defini-
das. Podemos notar a perfeição desse arranjo nas
faces lisas dos cristais. No estado líquido, as molé-
culas encontram-se bem “apertadas” ainda, mas já
possuem bastante movimento, o que pode ser nota-
do pela característica de fluir dos líquidos. Já no es-
tado gasoso, as moléculas encontram-se muito mais
afastadas umas das outras, e passeiam passeando ra-
pidamente pelo ambiente inteiro. Acontece assim
com o no ar, em que rapidamente nos chega ao olfa-
to o perfume de um vidro aberto do outro lado da
Figura 1 sala (Figura 1).
Como é que uma substância (a água, de novo, por exemplo) passa de uma
fase para outra? É preciso que as moléculas ganhem energia para se “liberta-
rem” umas das outras (tanto na passagem sólido–líquido, quanto na passagem
líquido–gás). Então, quando aquecemos a água, por exemplo, o calor produz
aumento da “dança” molecular, ou seja, de sua temperatura. As moléculas de
água só vão começar a se “soltar” umas das outras, quanto atingirem um certo
ritmo de “dança”, ou seja, quando a água atingir uma certa temperatura. Quan-
do atingir esse ponto, toda energia térmica fornecida às moléculas (a chama do
fogão, por exemplo manter o d) passa a ser utilizada, não para aumentar o ritmo
da dança, mas para que elas se soltem umas das outras. E, se encontrarmos um
jeito de continuar a fornecer calor ao vapor, somente quando todas se soltarem
(ou seja, toda a água tiver fervido) é que o ritmo continua a aumentar.
-
TEMPERATURA E TERMÔMETRO
Como identificar a temperatura de um material? O que é um termômetro?
O aumento da energia térmica de um corpo significa um aumento da agi-
tação de suas moléculas. Quase sempre, com algumas exceções, o aumento
de movimento acarreta um afastamento das moléculas, como se o movimento
maior requeresse mais espaço (no vapor, as moléculas ficam quase mil vezes
mais distantes entre si do que na água). Chamamos a esse aumento da distân-
cia entre as moléculas de dilatação.
Experimente
Os termômetros comuns, para medir a temperatura corporal (35o C a 40o
C) utilizam como material de dilatação o mercúrio. Termômetros para medir a Arranje um vidro de
temperatura ambiente, que varia numa escala maior (0 o C a 50o C) normal- “rinossoro”. Corte a pon-
mente utilizam álcool. Isso porque também na dilatação materiais diferentes ta da borracha do con-
ta-gotas e atravesse o
se comportam de maneira diferente.
tubinho. Encha o vidri-
A dilatação não é o único efeito causado pela temperatura. Várias outras nho de água e coloque
propriedades se modificam, como a viscosidade (óleo aquecido), a capacidade sobre uma vela (você
de emitir luz (filamento da lâmpada). No entanto, a variação de volume é fácil pode usar um alicate ou
de se ver e, assim, a forma que o homem inventou de medir temperatura ba- um trançado de arame
seou-se na dilatação. Portanto, as unidades de temperatura são diretamente pro- para segurar o vidro sem
se queimar). Espere al-
porcionais à variação de volume. Mas diferentes materiais têm diferentes dilata-
guns minutos e obser-
ções: de novo, os vilões da história são os átomos – dependendo do arranjo se
ve a dilatação da água.
afastam mais (como é o o caso do ar) ou se afastam menos (como é o caso da
água), sob o mesmo aumento de temperatura. Para diferenciar os materiais quanto
a essa propriedade de dilatação, utilizamos o coeficiente de dilatação térmica.
Matematicamente, escrevemos:
Sob aquecimento, quanto maior o aumento de volume, maior o aumento
de temperatura, ou, na linguagem matemática:
Variação de volume = coeficiente de dilatação térmica x volume x varia-
ção de temperatura ou
∆V = α ⋅V ⋅ ∆t
A TEMPERATURA NO MUNDO
Nos nossos carros brasileiros, a velocidade é medida em quilômetros por
hora. Na Inglaterra, a velocidade do carro é medida em milhas por hora, por-
que lá há uma preferência, que vem da sua história, de medir a distância em
milhas e não em quilômetros. Da mesma forma, por aqui medimos a tempera-
tura em graus Celsius. Já nos Estados Unidos, mede-se a temperatura em graus
Farenheit. Às vezes, para que possamos entender uma notícia, por exemplo,
precisamos saber qual a “tradução” de uma unidade em outra.
Figura 3
ATIVIDADE
A figura ilustra as três escalas mais utilizadas no planeta. A escala Kelvin é a escala mais
importante na Física, como você verá na próxima unidade. Uma das características dessa
escala é que ela não possue valores negativos de temperatura. Não existem na natureza
temperaturas abaixo de 0 Kelvin. Observe a figura e faça a“tradução” de grau Fahrenheit
para grau Celsius; de grau Kelvin em grau Celsius. Falta uma temperatura na escala
Fahrenheit, complete-a.
CALOR
ALOR ESPECÍFICO OU CAPACID
CAPACIDADE TÉRMICA
ACIDADE
Com a mesma quantidade de calor não conseguimos provocar a mesma
variação de temperatura em qualquer corpo. Um pedaço de metal é aquecido
rapidamente se colocado no fogo (por isso as panelas não possuem cabos metá-
licos), já a água se aquece muito mais lentamente. Só podemos comparar, é
claro, se utilizarmos o mesmo processo de aquecimento (por exemplo, a chama
do fogão).
ATIVIDADE
Faça uma caixinha de papel sulfite e leve à chama de uma vela. Repita com a caixinha
cheia de água. Por que a diferença de comportamento?
-
ATIVIDADE
Volte ao gráfico e calcule as quantidades de calor necessárias para efetuar as três
transformações (dois aquecimentos e uma transição de fases) nele apresentadas.
1 cal = 4,18 J
-
Questões de vestibulares
Dilatação
1. (Unesp 2002) Duas lâminas metálicas, a primeira de latão e a segunda de
aço, de mesmo comprimento à temperatura ambiente, são soldadas rigida-
mente uma à outra, formando uma lâmina bimetálica, conforme a figura a
seguir.
O coeficiente de dilatação térmica linear do la-
tão é maior que o do aço. A lâmina bimetálica é
aquecida a uma temperatura acima da ambiente
e depois resfriada até uma temperatura abaixo
da ambiente. A figura que melhor representa as
formas assumidas pela lâmina bimetálica, quan-
do aquecida (forma à esquerda) e quando resfri-
ada (forma à direita), é
Escalas termométricas
3. (Fatec 2000) Construiu-se um alarme de temperatura baseado em uma co-
luna de mercúrio e em um sensor de passagem, como sugere a figura ao lado.
A altura do sensor óptico (par laser/detetor) em relação ao nível, H, pode ser
regulada de modo que, à temperatura desejada, o mercúrio, subindo pela co-
luna, impeça a chegada de luz ao detetor, disparando o alarme. Calibrou-se o
termômetro usando os pontos principais da água e um termômetro auxiliar,
graduado na escala centígrada, de modo que a 0°C a altura da coluna de
4. (Unifesp 2003) O texto a seguir foi extraído de uma matéria sobre congela-
mento de cadáveres para sua preservação por muitos anos, publicada no jor-
nal “O Estado de S.Paulo” de 21.07.2002.
Após a morte clínica, o corpo é resfriado com gelo. Uma injeção de anticoa-
gulantes é aplicada e um fluido especial é bombeado para o coração, espa-
lhando-se pelo corpo e empurrando para fora os fluidos naturais. O corpo é
colocado numa câmara com gás nitrogênio, onde os fluidos endurecem em
vez de congelar. Assim que atinge a temperatura de -321°, o corpo é levado
para um tanque de nitrogênio líquido, onde fica de cabeça para baixo.
Na matéria, não consta a unidade de temperatura usada. Considerando que o
valor indicado de -321° esteja correto e que pertença a uma das escalas, Kelvin,
Celsius ou Fahrenheit, pode-se concluir que foi usada a escala
a) Kelvin, pois trata-se de um trabalho científico e esta é a unidade adotada
pelo Sistema Internacional.
b) Fahrenheit, por ser um valor inferior ao zero absoluto e, portanto, só pode
ser medido nessa escala.
c) Fahrenheit, pois as escalas Celsius e Kelvin não admitem esse valor numé-
rico de temperatura.
d) Celsius, pois só ela tem valores numéricos negativos para a indicação de
temperaturas.
e) Celsius, por tratar-se de uma matéria publicada em língua portuguesa e
essa ser a unidade adotada oficialmente no Brasil.
CALOR ESPECÍFICO
5. (Unicamp 2004) As temperaturas nas grandes cidades são mais altas do
que nas regiões vizinhas não povoadas, formando “ilhas urbanas de calor”.
Uma das causas desse efeito é o calor absorvido pelas superfícies escuras,
como as ruas asfaltadas e as coberturas de prédios. A substituição de materiais
escuros por materiais alternativos claros reduziria esse efeito. A figura mostra
a temperatura do pavimento de dois estacionamentos, um recoberto com as-
falto e o outro com um material alternativo, ao longo de um dia ensolarado.
a) Qual curva corresponde ao asfalto?
b) Qual é a diferença máxima de temperatura entre os dois pavimentos duran-
te o período apresentado?
c) O asfalto aumenta de temperatura entre 8h00 e 13h00.
-
6. (Fuvest 2002) Uma caixa d’água C, com capacidade de 100 litros, é ali-
mentada, através do registro R1, com água fria a 15°C, tendo uma vazão regu-
lada para manter sempre constante o nível de água na caixa. Uma bomba B
retira 3l/min de água da caixa e os faz passar por um aquecedor elétrico A
(inicialmente desligado). Ao ligar-se o aquecedor, a água é fornecida, à razão
de 2l/min, através do registro R2, para uso externo, enquanto o restante da
água aquecida retorna à caixa para não desperdiçar energia.
No momento em que o aquecedor, que fornece uma potência constante, come-
ça a funcionar, a água, que entra nele a 15°C, sai a 25°C. A partir desse momen-
to, a temperatura da água na caixa passa então a aumentar, estabilizando-se
depois de algumas horas. Desprezando perdas térmicas, determine, após o siste-
ma passar a ter temperaturas estáveis na caixa e na saída para o usuário externo:
Dado: 1 cal = 4 J
a) A quantidade de calor Q, em J, fornecida a cada minuto pelo aquecedor.
b) A temperatura final T2, em °C, da água que sai pelo registro R‚ para uso
externo.
c) A temperatura final TC, em °C, da água na caixa.
a) 18 minutos
b) 27 minutos
c) 36 minutos
d) 45 minutos
e) 54 minutos
TRANSIÇÃO DE FASE
9. (Fuvest 2004) Um recipiente de isopor, que é um bom isolante térmico, tem
em seu interior água e gelo em equilíbrio térmico. Num dia quente, a passa-
gem de calor por suas paredes pode ser estimada, medindo-se a massa de gelo
Q presente no interior do isopor, ao longo de algumas horas, como represen-
tado no gráfico.
Esses dados permitem estimar a transferência de calor pelo isopor, como sen-
do, aproximadamente, de
a) 0,5 KJ/h
b) 5 KJ/h
c) 120 KJ/h
d) 160 KJ/h
e) 320 KJ/h
11. (Unicamp 96) No Rio de Janeiro (ao nível do mar), uma certa quantidade
de feijão demora 40 minutos em água fervente para ficar pronta. A tabela
adiante fornece o valor da temperatura da fervura da água em função da pres-
são atmosférica, enquanto a gráfico fornece o tempo de cozimento dessa quan-
tidade de feijão em função da temperatura. A pressão atmosférica ao nível do
mar vale 760 mm de mercúrio e ela diminui 10 mm de mercúrio para cada
100 m de altitude.
-
Pressão Temperatura
(mmHg) (°C)
600 94
640 95
680 97
720 98
760 100
800 102
840 103
880 105
920 106
960 108
1000 109
1040 110
a) Se o feijão fosse colocado em uma panela de pressão a 880 mm de mercú-
rio, em quanto tempo ele ficaria pronto?
b) Em uma panela aberta, em quanto tempo o feijão ficará pronto na cidade de
gramado (RS) na altitude de 800 m ?
c) Em que altitude o tempo de cozimento do feijão (em uma panela aberta)
será o dobro do tempo de cozimento ao nível do mar?
13. (Fuvest 95) Um bloco de gelo que inicialmente está a uma temperatura
inferior a 0°C recebe energia a uma razão constante, distribuída uniforme-
mente por toda sua massa. Sabe-se que o valor específico do gelo vale apro-
ximadamente metade do calor específico da água. Dentre as alternativas a
seguir o gráfico que melhor representa a variação de temperatura T(em °C) do
sistema em função do tempo T(em s) é:
Síntese
O calor produz aquecimento (aumento de temperatura), dilatação e mu-
dança de fase. A quantidade de calor necessária para produzir esses efeitos
em uma certa quantidade de massa depende das propriedades do material:
calor específico, coeficiente de dilatação térmica e calor latente da transição.
Do ponto de vista microscópico, a temperatura é proporcional à energia
cinética das moléculas, ao passo que calor é o fluxo dessa energia, das regiões
quentes para as regiões frias. Um aumento de energia cinética promove o
afastamento das moléculas e dilatação, ou, se suficientemente grande, seu
desligamento e a transição de fase.
Unidade 2
OS GASES E A PRESSÃO
Já vimos que o aumento da energia térmica, ou da temperatura, produz
dilatação, ou seja, aumento do volume. No caso dos gases, variações grandes
de volume podem ser obtidas também com o aumento da pressão, o que não
ocorre com líquidos e sólidos. Por isso, e por sua importância na operação das
máquinas térmicas, vamos estudar as propriedades dos gases e suas transfor-
mações em termos de temperatura, volume e pressão.
Lembre-se que o volume do gás é todo o espaço disponível. A temperatu-
ra, como vimos, está relacionada com a agitação térmica das moléculas da
matéria. Mas o que é a pressão?
Quando enchemos uma bexiga, uma bola ou um pneu, o ar da atmosfera
é comprimido dentro da bexiga, bola ou pneu e exerce uma resistência cada
vez maior à tentativa de colocarmos mais ar. Essa resistência está relacionada
com a pressão do ar. Definimos a pressão P como a força F aplicada em uma
unidade de área A (P = F/A). A unidade de pressão é dada em newtons (N) por
metro quadrado (m²), que pode ser representado pela unidade Pascal (Pa).
Do ponto de vista microscópico, a pressão resulta das colisões das molé-
culas do gás nas paredes do recipiente onde se encontram. As moléculas de
um gás estão em movimento desordenado e, ao baterem numa das paredes do
vasilhame, retornam para bater em outra. A pressão depende, portanto, da
velocidade de suas moléculas, pois, quanto mais velozes, maior será a inten-
sidade das colisões com as paredes do recipiente; depende, também, do ta-
manho do espaço onde se encontram, pois, com menos espaço (menor volu-
me), maior será a freqüência das colisões.
Transformação isotérmica
É aquela que ocorre a uma mesma temperatura.
Para um gás de determinada massa, com temperatura constante, seu volume e sua
pressão variam inversamente.
P1
P1 ⋅V1 = ⋅ 3V1 ⇒ P1 ⋅V =1 P2 ⋅V2 = constante
3
-
Transformação isobárica
É aquela que ocorre a uma mesma pressão.
Se mantivermos a pressão de uma massa de gás constante, seu volume varia diretamente
com a temperatura.
V1 V2
= = constante
T1 T2
P1 ⋅V1 P2 ⋅V2
= = constante
T1 T2
(Fuvest 2001) Um gás contido em um cilindro, à pressão atmosférica, ocupa
um volume V0 à temperatura ambiente T0 (em Kelvin). O cilindro contém um
pistão, de massa desprezível, que pode mover-se sem atrito e que pode até,
em seu limite máximo, duplicar o volume inicial do gás. Esse gás é aquecido,
fazendo com que o pistão seja empurrado ao máximo e também com que a
temperatura do gás atinja quatro vezes T0. Na situação final, a pressão do gás
no cilindro deverá ser
a) metade da pressão atmosférica;
b) igual à pressão atmosférica;
c) duas vezes a pressão atmosférica;
d) três vezes a pressão atmosférica;
e) quatro vezes a pressão atmosférica.
-
Para uma quantidade fixa de gás, temos que P.V/T = constante. Para um
mol, que é a quantidade de gás correspondente a sua massa molecular em
gramas, esta constante é chamada de constante dos gases e é representada
pela letra R, isto é, P . V1/T = R. Se dobramos o número de mols, temos, se não
forem alteradas a pressão e a temperatura, um volume V2 que será o dobro de
V1, pois há o dobro de moléculas. A constante será duas vezes maior e pode-
mos escrever: P.V2/T = 2.R. Para um número n de mols, teremos n vezes o
número de moléculas de um mol, o volume será n vezes maior, portanto,
P.Vn/T=n.R ⇒ P.Vn=n.R.T, ou simplesmente,
P.V = n.R.T,
equação conhecida como Lei geral dos gases perfeitos ou Lei de Clapeyron
SAIBA MAIS
Como o número de moléculas em qualquer objeto visível é muito grande, a unidade
que utilizamos para medir quantidades de átomos é o mol, que corresponde a 6x1023
moléculas. Na realidade este é o número de moléculas que vamos encontrar, se tomamos
a massa molecular de qualquer substância em gramas.
A quantos mols correspondem 96 gramas de gás carbônico (CO2)? Nas chamadas
condições normais de temperatura e pressão (CNTP), nas quais P = 1 atm e T = 273K, 1
mol de moléculas de qualquer gás ocupa o volume de 22,4L. A partir desses números
Saiba mais
podemos determinar o valor da constante universal R:
O gás cujos volume, tem-
P ⋅V 1atm ⋅ 22, 4 L peratura e pressão obe-
= = 0, 082atm ⋅ L/mol ⋅ K
n ⋅T 273K ⋅1mol decem a equação de
Clapeyron recebe o no-
Como fica a constante R em unidades de Pascal.m3/K.mol? O que se alteraria nessa me de gás perfeito ou
dedução do valor de R, se fosse aplicada aos 96 gramas de gás carbônico? ideal. O estudo experi-
mental do hidrogênio,
do hélio, do oxigênio, do
(Fuvest 1999) A figura mostra uma bomba de encher pneu de bicicleta. Quando nitrogênio e do ar, em
o êmbolo está todo puxado, a uma distância de 30cm da base, a pressão den- pressões mais baixas e
tro da bomba é igual à pressão atmosférica normal. A área da seção transver- temperaturas mais altas
sal do pistão da bomba é de 24 cm2. Um ciclista quer encher ainda mais o apresentam este com-
pneu da bicicleta, o qual tem volume de 2,4 litros e já está com uma pressão portamento. Em tempe-
interna de 3 atm. Ele empurra o êmbolo da bomba até o final de seu curso. raturas mais baixas e
Suponha que o volume do pneu permaneça constante, que o processo possa pressões mais altas, o
ser considerado isotérmico e que o volume do tubo que liga a bomba ao pneu comportamento é mais
seja desprezível. A pressão final do pneu será, então, de aproximadamente: complexo, ocorrendo in-
clusive a condensação.
a) 1,0 atm;
Criou-se o conceito de
b) 3,0 atm; gás ideal, um gás teórico
que obedece a essas re-
c) 3,3 atm;
lações simples em qual-
d) 3,9 atm; quer condição de pres-
são e temperatura, e que
e) 4,0 atm. possibilitou o desenvol-
vimento dos estudos re-
lacionados às máquinas
Transformações de energia: o trabalho térmicas e a definição da
escala absoluta de tem-
Uma máquina térmica é um sistema que converte calor em movimento. peraturas.
Devido à grande expansão dos gases, sob a ação do calor, este é o efeito
-
∆U = Q − W
Na transformação adiabática, o gás passa de um estado para o outro sem Do ponto de vista das
troca de calor com o meio exterior, Q = 0, logo 0 = W + U e W = -U. O trabalho moléculas, estas vão ga-
nhando energia interna
é realizado pelo gás (W > 0) às custas de uma perda de energia interna (U < 0).
enquanto o volume ocu-
Ou, se o gás é comprimido (W < 0), sua energia interna aumenta (U > 0).
pado diminui e enquan-
to são empurradas às
(Unesp 2003) Um gás que se comporta como gás ideal sofre expansão sem custas do trabalho reali-
alteração de temperatura quando recebe uma quantidade de calor Q = 6 J. zado sobre o ar.
O motor
O motor é o que faz um veículo se movimentar. Nessa época, de constan-
tes avanços tecnológicos, os motores estão ficando cada vez mais complexos
e exigem que a sua manipulação seja feita por profissionais especializados
com instrumentos específicos, pois apresentam cada vez mais componentes
eletrônicos. Porém, os conceitos básicos e os princípios de funcionamento são
os mesmos.
A produção de movimento nesses motores se dá através da queima de
combustível em seu interior. A energia liberada por essa combustão movi-
menta o motor. O motor funciona em ciclos de oscilação do pistão (cujo mo-
vimento oscilatório é transmitido ao eixo da roda). O ciclo de um motor a
gasolina pode ser dividido aproximadamente em quatro transformações de
pressão e volume do gás:
-
SAIBA MAIS
Motor a gasolina ou a diesel
De forma geral, os motores trabalham com vários cilindros articulados a um eixo de
manivelas, ou virabrequim, que são acionadas pelo movimento dos pistões o qual é
provocado pela explosão dos gases. Como pedalam um mesmo eixo, enquanto está
ocorrendo a explosão do combustível e sua expansão em um dos pistões, outro pode
estar expelindo a mistura queimada, outro recebendo o combustível, e outro sendo
comprimido. No caso do motor a gasolina, o que de fato ocorre é: na admissão, o pistão
baixa, puxando para dentro do cilindro a mistura ar-combustível por uma válvula de
admissão que se abre; na compressão, o pistão sobe e comprime a mistura na chamada
câmara do cabeçote, no topo do cilindro; na explosão, a mistura ar-combustível compri-
mida recebe uma centelha elétrica proveniente da vela de ignição, e explode instanta-
neamente, de forma que os gases quentes se expandem, forçando o pistão a baixar,
realizando trabalho; finalmente, na exaustão, os gases da explosão são eliminados atra-
vés do pistão que sobe e são expelidos pela válvula de exaustão, que se abre no momen-
to adequado, e o ciclo recomeça. A mistura ar-combustível na proporção correta é feita,
nos carros antigos, pelo carburador, e nos mais modernos, pela injeção eletrônica.
No caso do motor a diesel, não se utiliza uma vela de ignição, mas uma bomba e agulhas
injetoras. No ciclo de admissão, o diesel aspira ar filtrado, que é fortemente comprimido
até ficar incandescente, e o óleo diesel, quando injetado, vai explodindo espon-
taneamente, dando início à expansão.
A geladeira
Podemos considerá-la uma máquina térmica? Sim, mas opera em sentido
contrário, ou seja, usa trabalho (do motor elétrico), em vez de produzi-lo e o
fluxo de calor é de um meio de baixa temperatura (interior da geladeira) para
outro de maior temperatura (meio ambiente onde se encontra). Você pode
perguntar: -Mas não foi dito que o trânsito de calor ocorre sempre do corpo de
-
ATIVIDADE
Pesquise o funcionamento de um congelador e do ar condicionado em livros, revistas,
internet e com técnicos de manutenção. Tente identificar na geladeira de sua casa as
partes indicadas no funcionamento da geladeira.
-
Questões de vestibulares
LEI DOS GASES
1. (Fuvest 2000) Um bujão de gás de cozinha contém 13kg de gás liquefeito,
à alta pressão. Um mol desse gás tem massa de, aproximadamente, 52g. Se
todo o conteúdo do bujão fosse utilizado para encher um balão, à pressão
atmosférica e à temperatura de 300K, o volume final do balão seria aproxima-
damente de:
Constante dos gases R
R = 8,3 J/(mol.K) ou
R = 0,082 atm.l / (mol.K)
P(atmosférica) = 1atm » 1×105 Pa (1Pa = 1N/m2)
1m3 = 1000l
a) 13 m3 b) 6,2 m3 c) 3,1 m3 d) 0,98 m3 e) 0,27 m3
7. (Fuvest 1997) Uma certa massa de gás ideal sofre uma compressão isotérmica
muito lenta passando de um estado A para um estado B. As figuras represen-
-
8. (Unicamp 1998) Uma máquina térmica industrial utiliza um gás ideal, cujo
ciclo de trabalho é mostrado na figura a seguir. A temperatura no ponto A é 400K.
Utilizando 1atm = 10 5 N/m 2, responda os
itens a e b.
a) Qual é a temperatura no ponto C?
b) Calcule a quantidade de calor trocada pelo
gás com o ambiente ao longo de um ciclo
Síntese
- A mudança de estado de um gás está relacionada com a mudança em uma
das três grandezas: pressão, volume ou temperatura.
- São importantes as transformações isotérmica (temperatura constante);
isobárica (pressão constante); isocórica, isométrica ou isovolumétrica (com
volume constante).
- A relação matemática entre as três grandezas para n mols de gás é P.V/T =
nR, conhecida como Equação geral dos gases perfeitos ou Equação de
Clapeyron.
- Máquina térmica é um sistema que converte calor em movimento de forma
cíclica, operando entre uma fonte quente e uma fonte fria.
Unidade 3
A entropia e as
máquina naturais
Organizadores
Maurício
Pietrocola
A conservação da energia não impede que o calor seja integralmente trans- Nobuko Ueta
formado em trabalho mecânico. Mas isso não ocorre. Será esta uma limitação Elaboradores
tecnológica? Algum dia poderemos obter uma máquina que converta integral-
Luis Augusto Alves
mente calor em trabalho? A resposta é não! Embora não haja qualquer impe-
dimento por parte da conservação da energia, isso não ocorre devido a uma
tendência da energia em se transformar, desordenando-se a cada transforma-
ção. Não se trata, portanto, de uma limitação técnica, mas de um comporta-
mento natural das transformações de energia. Parte da energia fornecida a
uma máquina térmica aquece a máquina e o ambiente, incorporando-se ao
grande ciclo da máquina térmica natural, que é a Terra como um todo. Mas o
que é esse processo de desorganização da energia?
Certamente isso não ocorreria nem em nossos sonhos. Mas por que não
ocorre? Qual é o grande impedimento? Do ponto de vista da conservação da
energia, não há qualquer impedimento para que o copo recobre sua integrida-
de. Mas o fato é que isso não ocorre. Também é altamente improvável que,
depois de se embaralhar as cartas ao acaso, o conjunto retome a configuração
inicial se apenas continuarmos a embaralhar ao acaso. Também não vemos o
fluxo de calor ocorrer do frio (menor temperatura) para o quente (maior tempe-
ratura), como no caso do gelo e da bebida.
O quebrar do ovo, o embaralhar das cartas e o fluxo de calor do quente
para o frio são exemplos de processos irreversíveis. Eles acontecem muito
ENTROPIA
Entropia é a medida da “quantidade de desordem” de um sistema. Muita de-
sordem implica uma entropia elevada, ao passo que a ordem implica uma baixa
entropia. Dizemos que a entropia de uma substância no estado gasoso é superior
à entropia da mesma substância no estado líquido, que é maior que no estado
sólido... As moléculas estão mais ordenadas no estado sólido e mais desorganiza-
das no estado gasoso, sendo o estado líquido um estado intermediário.
Do mesmo modo, o ovo quebrado e espalhado pelo chão tem entropia
superior à do ovo inteiro sobre a mesa. Ou as cartas arrumadinhas no baralho
novo recém-aberto possuem uma entropia menor do que quando embaralhadas
ao acaso. Esta é a associação entropia/desordem.
Em processos naturais, a entropia tende a aumentar. É o que diz o Segun-
do princípio da termodinâmica...
-
palhada” para um local onde é muito mais denso. Isso representa uma dimi- Saiba mais
nuição de entropia, porém, tal como no frigorífico, este processo não aconte- Calor no corpo
ce sozinho: implica um trabalho de sua parte. E esse trabalho exige consumo humano
de energia. O produto total desse processo é o aquecimento que acaba por
As formas de perda do
aumentar a entropia do universo (aumentando sua temperatura e a da bomba).
calor corporal são a
O Segundo princípio da termodinâmica não impede que a entropia não
condução térmica, a
possa diminuir num determinado local, ela tem é de aumentar em outro! Esta convecção e a radiação
é uma boa explicação para quem se desleixa na arrumação do quarto! De térmica, mas a mais im-
acordo com a lei da entropia, a diminuição da entropia num espaço equivale, portante de todas é a
no mínimo, a um aumento igual da entropia na pessoa que gasta energia ao evaporação-sudação. A
arrumar o quarto! (Ufa!! Isso cansa, mas é necessário). evaporação é a forma
mais eficiente que o cor-
Interessante, não? A energia e a matéria estão sempre se desorganizando.
po humano tem de per-
Como vimos anteriormente, sempre que ocorre uma transformação irreversível der calor para o meio
ocorre um aumento da entropia do universo, mas por outro lado perdemos a ambiente: quando a
oportunidade de obter energia sob forma utilizável. A energia convertida em água evapora através da
trabalho para que o processo se desenrole, embora não tenha sido “destruída”, pele e elimina calor (fa-
encontra-se transformada em formas que não podem mais ser utilizadas para cilitada pelo vento e di-
obtermos trabalho útil! Essas formas aquecem as máquinas e o ambiente, in- ficultada pela alta umi-
corporando-se ao grande ciclo de energia do planeta. É o mesmo ciclo que dade relativa do ar), o
move os geradores eólicos, quando transformamos a energia do vento em corpo humano pode eli-
energia elétrica. minar a cada 1 g de suor,
aproximadamente, uma
quantidade de energia
O CALOR EM TRÂNSITO: RADIAÇÃO, CONDUÇÃO E de 0,6 kcal (quilocalorias).
CONVECÇÃO
Todos os ciclos de energia no planeta envolvem o fluxo de calor e de
matéria. A propagação do calor ocorre sob três formas distintas: radiação,
condução econvecção.
-
AS MÁQUINAS NATURAIS
As máquinas naturais, como os ciclos do ar e da água, têm como fonte
quente principal o Sol. As regiões por ele aquecidas funcionam como fontes
quentes, enquanto que as não aquecidas funcionam como fontes frias. É co-
nhecido que cerca de 30% da energia radiante que provém do Sol é refletida
de volta ao espaço, e os 70% restantes promovem o aquecimento do planeta
(crosta, águas e atmosfera). Isso ocorre durante o dia, claro! Durante a noite,
essa energia é devolvida ao espaço, caso contrário, a Terra estaria cada dia
mais quente!
Ciclo da água
A água tem um ciclo muito importante para o equilíbrio dos ecossistemas
na Terra, visto que 2/3 do planeta é coberto de água. O calor proveniente do
Sol é absorvido pelas moléculas da água (dos varais, plantas, lagos, rios e
oceanos) até que elas se soltam, passando para a fase gasosa. A água em fase
gasosa, na evaporação, sobe, e ao subir resfria-se e condensa-se, formando
pequenas gotículas que, agrupadas, formam neblina,
névoa, ou nuvens. Estas, por sua vez, são arrastadas
pelos ventos e acabam retomando ao solo na forma lí-
quida (nas chuvas, por exemplo) e se infiltram no solo,
retornando às nascentes dos rios, os quais escorrem em
direção ao mar e não param de evaporar...
Nessa máquina, a fonte quente, o Sol, e a fonte fria,
a Terra, movimentam a água em ciclos que se repetem
eternamente, ou pelo menos, no próximo milhão de anos!
(Figura 4)
Figura 4
-
Questões de vestibulares
1. (Enem 2000) Uma garrafa de vidro e uma lata de alumínio, cada uma con-
tendo 330mL de refrigerante, são mantidas em um refrigerador pelo mesmo
longo período de tempo. Ao retirá-las do refrigerador com as mãos desprote-
gidas, tem-se a sensação de que a lata está mais fria que a garrafa. É correto
afirmar que:
a) a lata está realmente mais fria, pois a cidade calorífica da garrafa é maior
que a da lata.
b) a lata está de fato menos fria que a garrafa, pois o vidro possui condutividade
menor que o alumínio.
c) a garrafa e a lata estão à mesma temperatura, possuem a mesma condutivi-
dade térmica, e a sensação deve-se à diferença nos calores específicos.
d) a garrafa e a lata estão à mesma temperatura, e a sensação é devida ao fato
de a condutividade térmica do alumínio ser maior que a do vidro.
e) a garrafa e a lata estão à mesma temperatura, e a sensação é devida ao fato
de a condutividade térmica do vidro ser maior que a do alumínio.
2. (PUC-PR 2003) Para produzir uma panela de cozinha que esquenta rápida
e uniformemente, o fabricante deve escolher, como matéria-prima, um metal
que tenha:
a) baixo calor específico e alta condutividade térmica.
b) alto calor específico e baixa condutividade térmica.
c) alto calor específico e alta condutividade térmica.
d) baixo calor específico e baixa condutividade térmica.
e) a característica desejada não é relacionada ao calor específico e nem à
condutividade térmica.
3. (Ufv 2003) Um resistor R é colocado dentro de um recipiente de parede
metálica, no qual é feito vácuo e que possui um termômetro incrustado em sua
parede externa. Para ligar o resistor a uma fonte externa ao recipiente foi utili-
zado um fio, com isolamento térmico que impede transferência de calor para
as paredes do recipiente. Essa situação encontra-se ilustrada na figura a seguir.
-
Síntese
A energia se transforma, e nessa transformação, se desorganiza. A tendên-
cia à desordem, tanto da matéria quanto da energia, são descritas através da
entropia. A variação da entropia tem um sentido único, a do aumento, se olha-
do o universo inteiro. Esta é a Segunda lei da termodinâmica.
Máquinas térmicas operam através do fluxo de calor entre duas fontes. O
fluxo de calor pode transcorrer sob diferentes formas - condução, convecção
ou radiação. Esses processos governam as máquinas térmicas naturais. Sua
natureza, assim como a da difusão de matéria, obedece à lei de crescimento
da desordem, ou da tendência à homogeneidade (equilíbrio).
Guia de estudos
- Leia atentamente o texto desta apostila, anote os pontos principais, procu-
rando traduzir para um entendimento próprio. E, principalmente, anote suas
dúvidas e não deixe de esclarecê-las, conversando com seu professor e
com seus colegas até saber que realmente compreendeu.
- Resolva o maior número de exercícios possível, buscando-os nos livros de
Física do ensino médio e nas páginas da internet que citamos na bibliografia.
- Junte-se com amigos e faça um grupo de estudos, pois trocar dúvidas e
certezas em um ambiente de amizade poderá otimizar os desempenhos e
vencer as dificuldades.
- Quanto à matemática, é importante o conhecimento das funções e gráficos
(leitura e construção). Fique atento às unidades, que, neste tema, são bas-
tante variadas.
Bibliografia
GREF (Grupo de Reelaboração do Ensino de Física). Física térmica e óptica.
Física 2. 4. edição. São Paulo: Edusp, 1998.
AMALDI, Ugo. Imagens da Ffísica. Scipione, 1997.
MÁXIMO, A.; ALVARENGA, B. Física. Scipione, 1999.LUIZ, Air Moysés ; GOUVEIA,
Sérgio Lins. Física - elementos da termodinâmica. Francisco Alves Editora
S.A., 1989.
DAMPIER, William C. História a ciência .2. edição. São Paulo: Instituição bra-
sileira de difusão cultural ltda (Ibrasa).
Construindo sempre - aperfeiçoamento de professores - PEB II - Física - módulo
I - PEC (Programa de Educação Continuada) - 2003.
SITES
http://www.feiradeciencias.com.br
http://www.fisicanet.terra.com.br
http://www.scite.pro.br
Sobre os autores
João Freitas da Silva
Licenciado em Física pela USP. Professor efetivo de Física da E. E. Esli
Garcia Diniz. Participou do projeto de pesquisa vinculado ao Laboratório de
Pesquisa em Ensino de Física da Faculdade de Educação da USP: “Termodi-
nâmica um ensino por investigação” e atualmente participa do projeto “Atua-
lização dos currículos de física no ensino médio das escolas estaduais: a trans-
posição das teorias modernas e contemporâneas para sala de aula”.
Física
Mecânica
Organizadores
Maurício Pietrocola
Nobuko Ueta
Elaboradores
Anibal Figueiredo
Glauco S. F. da Silva
Viviane S. M. Piassi
3
módulo
Nome do Aluno
GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO
Governador: Geraldo Alckmin
Secretaria de Estado da Educação de São Paulo
Secretário: Gabriel Benedito Issac Chalita
Coordenadoria de Estudos e Normas Pedagógicas – CENP
Coordenadora: Sonia Maria Silva
PROGRAMA PRÓ-UNIVERSITÁRIO
Coordenadora Geral: Eleny Mitrulis
Vice-coordenadora Geral: Sonia Maria Vanzella Castellar
Coordenadora Pedagógica: Helena Coharik Chamlian
Coordenadores de Área
Biologia:
Paulo Takeo Sano – Lyria Mori
Física:
Maurício Pietrocola – Nobuko Ueta
Geografia:
Sonia Maria Vanzella Castellar – Elvio Rodrigues Martins
História:
Kátia Maria Abud – Raquel Glezer
Língua Inglesa:
Anna Maria Carmagnani – Walkyria Monte Mór
Língua Portuguesa:
Maria Lúcia Victório de Oliveira Andrade – Neide Luzia de Rezende – Valdir Heitor Barzotto
Matemática:
Antônio Carlos Brolezzi – Elvia Mureb Sallum – Martha S. Monteiro
Química:
Maria Eunice Ribeiro Marcondes – Marcelo Giordan
Produção Editorial
Dreampix Comunicação
Revisão, diagramação, capa e projeto gráfico: André Jun Nishizawa, Eduardo Higa Sokei, José Muniz Jr.
Mariana Pimenta Coan, Mario Guimarães Mucida e Wagner Shimabukuro
Cartas ao
Aluno
Carta da
Pró-Reitoria de Graduação
Caro aluno,
Com muita alegria, a Universidade de São Paulo, por meio de seus estudantes
e de seus professores, participa dessa parceria com a Secretaria de Estado da
Educação, oferecendo a você o que temos de melhor: conhecimento.
Conhecimento é a chave para o desenvolvimento das pessoas e das nações
e freqüentar o ensino superior é a maneira mais efetiva de ampliar conhecimentos
de forma sistemática e de se preparar para uma profissão.
Ingressar numa universidade de reconhecida qualidade e gratuita é o desejo
de tantos jovens como você. Por isso, a USP, assim como outras universidades
públicas, possui um vestibular tão concorrido. Para enfrentar tal concorrência,
muitos alunos do ensino médio, inclusive os que estudam em escolas particulares
de reconhecida qualidade, fazem cursinhos preparatórios, em geral de alto
custo e inacessíveis à maioria dos alunos da escola pública.
O presente programa oferece a você a possibilidade de se preparar para enfrentar
com melhores condições um vestibular, retomando aspectos fundamentais da
programação do ensino médio. Espera-se, também, que essa revisão, orientada
por objetivos educacionais, o auxilie a perceber com clareza o desenvolvimento
pessoal que adquiriu ao longo da educação básica. Tomar posse da própria
formação certamente lhe dará a segurança necessária para enfrentar qualquer
situação de vida e de trabalho.
Enfrente com garra esse programa. Os próximos meses, até os exames em
novembro, exigirão de sua parte muita disciplina e estudo diário. Os monitores
e os professores da USP, em parceria com os professores de sua escola, estão
se dedicando muito para ajudá-lo nessa travessia.
Em nome da comunidade USP, desejo-lhe, meu caro aluno, disposição e vigor
para o presente desafio.
Caro aluno,
Com a efetiva expansão e a crescente melhoria do ensino médio estadual,
os desafios vivenciados por todos os jovens matriculados nas escolas da rede
estadual de ensino, no momento de ingressar nas universidades públicas, vêm se
inserindo, ao longo dos anos, num contexto aparentemente contraditório.
Se de um lado nota-se um gradual aumento no percentual dos jovens aprovados
nos exames vestibulares da Fuvest — o que, indubitavelmente, comprova a
qualidade dos estudos públicos oferecidos —, de outro mostra quão desiguais
têm sido as condições apresentadas pelos alunos ao concluírem a última etapa
da educação básica.
Diante dessa realidade, e com o objetivo de assegurar a esses alunos o patamar
de formação básica necessário ao restabelecimento da igualdade de direitos
demandados pela continuidade de estudos em nível superior, a Secretaria de
Estado da Educação assumiu, em 2004, o compromisso de abrir, no programa
denominado Pró-Universitário, 5.000 vagas para alunos matriculados na terceira
série do curso regular do ensino médio. É uma proposta de trabalho que busca
ampliar e diversificar as oportunidades de aprendizagem de novos conhecimentos
e conteúdos de modo a instrumentalizar o aluno para uma efetiva inserção no
mundo acadêmico. Tal proposta pedagógica buscará contemplar as diferentes
disciplinas do currículo do ensino médio mediante material didático especialmente
construído para esse fim.
O Programa não só quer encorajar você, aluno da escola pública, a participar
do exame seletivo de ingresso no ensino público superior, como espera se
constituir em um efetivo canal interativo entre a escola de ensino médio e
a universidade. Num processo de contribuições mútuas, rico e diversificado
em subsídios, essa parceria poderá, no caso da estadual paulista, contribuir
para o aperfeiçoamento de seu currículo, organização e formação de docentes.
Gravitação:
conceitos e efeitos
Organizadores
Maurício Pietrocola
Nobuko Ueta
PROCESSO HISTÓRICO Elaboradores
Como sabemos, a ciência não é feita de um dia para o outro, é fruto de um Anibal Figueiredo
processo de construção que acontece ao longo da História. No caso da Gravi-
tação, não foi diferente. Os fenômenos celestes sempre chamaram a atenção Glauco S. F. da
Silva
do homem, e de certa forma sempre marcaram o ritmo de sua vida. Havia uma
relação das épocas de plantio e colheitas com as posições dos astros celestes. Viviane S. M. Piassi
O processo de construção da Astronomia e da Gravitação teve grande impul-
so durante o século IV a.C. com os gregos. No modelo de mundo que eles
criaram, a Terra estaria situada no centro do Universo (geocentrismo). Dentro
dessa concepção do Universo, os planetas, o Sol, a Lua e as estrelas estariam
situados em cascas esféricas que giravam em torno da Terra. Isso mostra a idéia
que os gregos tinham de tentar explicar o Universo em termos de figuras “perfei-
tas” como círculos e esferas. Porém, com o grande número de esferas, este mode-
lo tornou-se incompatível com alguns movimentos que eram observados.
AS LEIS DE KEPLER
A obra de Copérnico foi baseada em dados obtidos na antigüidade. So-
mente no final do século XVI o dinamarquês Tycho Brahe (1546- 1601) teve
uma idéia diferente: em vez de retirar dados baseados em argumentos filosó-
ficos, resolveu fazer medidas precisas das posições dos corpos celestes. Tycho
Brahe estudou a posição dos planetas durante muitos anos em seu observató-
rio na Ilha de Hven, perto de Copenhague. Ele montou tabelas volumosas e
percebeu que o modelo de Copérnico não se adaptava de forma tão satisfatória
a esses dados.
Essas tabelas e dados que Tycho Brahe obteve constituíram a base do traba-
lho de seu assistente no observatório, o alemão Johannes Kepler (1571-1630).
Kepler acreditava que era possível fazer alguns ajustes ao modelo de Tycho
Brahe. Com sua grande habilidade matemática, Kepler conseguiu chegar a
três leis do movimento planetário, trabalho que lhe tomou cerca de 17 anos.
A correção ao sistema de Copérnico é expressa na primeira lei que Kepler
escreveu onde ele afirma que as órbitas dos planetas são elípticas. Com o enun-
ciado da primeira lei, Kepler rompe com a idéia que universo é configurado por
figuras perfeitas, conforme os filósofos da Grécia antiga o idealizavam.
1a Lei de Kepler
“As órbitas descritas pelos planetas ao redor do Sol são elípticas, com o Sol em
um dos seus focos.”
-
2a Lei de Kepler
“O raio vetor que liga um planeta ao Sol percorre áreas iguais em tempos
iguais.”
Figura 1.4: r é o raio vetor que une o planeta ao Sol. Entre A e B, área A1 e entre D e C, área A2.
Nessas áreas a velocidade do raio vetor é sempre a mesma.
Em sua última lei Kepler apresentou uma relação diferente das outras duas,
pois não lida com um planeta de forma individual, mas relaciona um com
outro. Kepler estabeleceu relações entre os períodos de revolução dos plane-
tas e os raios de suas órbitas. Para chegar a isso, ele fez uma aproximação,
considerando as órbitas dos planetas circulares (isto é possível, pois o “acha-
tamento” das órbitas é pequeno).
3a lei de Kepler
“Os quadrados dos períodos de revolução são proporcionais aos cubos dos
raios de suas órbitas.”
T 2 = kr3
GRAVITAÇÃO UNIVERSAL
Foi o grande cientista Isaac Newton quem, em seus estudos, chegou à causa
do movimento dos planetas em torno do Sol. Para Newton, se uma maçã cai da
árvore em direção ao solo, é porque deve existir uma força atrativa entre a maçã
e a Terra. Da mesma forma, a Lua não “foge” porque existe uma força de atração
entre a Terra e a Lua. O mesmo raciocínio vale ainda para o Sol e os planetas.
Começava, desse modo, a construção da Gravitação Universal, que diz
que dois corpos quaisquer se atraem com uma força de intensidade F, chama-
da força gravitacional, cujo valor é proporcional ao produto das massas des-
ses corpos e inversamente proporcional ao quadrado da distância entre eles.
Matematicamente temos:
Figura 1.6: A força - que a Lua faz sobre a Terra possui o mesmo
valor e direção que a força que a Terra faz sobre a Lua.
-
⇒ F = 6,67 x 10-11
⇒ F = 2,05.1018N
CAMPO GRAVITACIONAL
Acabamos de ver que os objetos são atraídos uns pelos os outros. No caso
de objetos de massas pequenas este efeito não é perceptível. Porém, no caso
dos corpos celestes o efeito gravitacional é fortemente percebido. Entre a Ter-
ra e a Lua, há uma força atrativa, isto é, a Terra exerce uma força sobre a Lua
puxando para si, e a Lua exerce da mesma forma uma força de mesma inten-
sidade e direção (com o sentido oposto). Esta situação é muito semelhante à
que ocorre quando você empurra uma cadeira com uma força F; a cadeira
também exerce sobre você uma força de mesma intensidade, mesma direção
e sentido oposto. Porém há uma diferença essencial entre os dois casos: a
Terra e a Lua não estão em contato, como estava a sua mão e a cadeira. Como
explicar o fato de que uma exerce força sobre a outra?
Em uma região onde um objeto (desde a maçã até a Lua, por exemplo) é
atraído pela força gravitacional dizemos que existe um campo gravitacional.
Desta maneira, a força de atração entre a Terra e a Lua, conforme vimos no
exemplo da Figura 5, é o resultado da interação entre o campo gravitacional
gerado pela Terra e pela Lua. Simultaneamente a Lua sente a força que a Terra
exerce sobre ela e vice-versa.
Exercício
1.1 (Fuvest 1995) A melhor explicação para o fato de a Lua não cair sobre
a Terra é que:
a) a gravidade da Terra não chega até a Lua.
b) A Lua gira em torno da Terra.
c) A Terra gira em torno de seu eixo.
d) A Lua também é atraída pelo Sol.
e) A gravidade da Lua é menor que a da Terra.
⇒ F = 6,67x10-11N
-
Exercício
1.2 (Fuvest) No sistema solar, o planeta Saturno tem massa cerca de 100 vezes
maior que a Terra e descreve uma órbita, em torno do Sol, a uma distância média
10 vezes maior do que a distância média da Terra ao Sol (valores aproximados).
Qual é a razão (Fsat / FT) entre a força gravitacional com que o Sol atrai a Terra.
PARA VOCÊ PENSAR!
Imagine aquela maçã de Newton. No campo gravitacional da Terra ela é atraída com 10
N/Kg, que é também o valor aproximado de aceleração da gravidade. Vamos supor que
da árvore de onde ela se desprendeu até o chão ela levou um tempo de t (em segundos)
qualquer. Se a mesma maçã caísse da mesma altura em Júpiter e na Lua, o tempo de
queda seria maior, menor ou igual em cada um deles, comparado com o tempo de
queda na Terra? Explique o porquê de sua resposta.
RESUMO
Nesta unidade você estudou um pouco sobre a gravitação universal. Apren-
deu sobre a passagem do modelo de mundo geocêntrico para o heliocêntrico
e sobre as Leis de Kepler que descrevem os movimentos dos planetas. Na
seqüência, aprendeu também sobre a força e o campo gravitacional e como
ele influi no peso dos objetos.
Unidade 2
Leis de Newton
e aplicações
Organizadores
Maurício Pietrocola
Nobuko Ueta
Elaboradores LEIS DE NEWTON
Anibal Figueiredo Galileu já dizia que os movimentos podem se manter sem a ação de forças,
mas foi Isaac Newton quem refinou e divulgou esse conceito, com a tão conhe-
Glauco S. F. da Silva
cida Lei da Inércia. Nessa lei, também chamada de Primeira Lei de Newton, ele
Viviane S. M. Piassi afirma que um objeto permanece parado ou em movimento uniforme, e sem
fazer curvas, a não ser que uma força altere esse estado.
Mas o que é essa tal de força? Um empurrão ou um puxão, simplesmente.
Podem vir de esforço muscular ou do sistema de freios de um automóvel, por
exemplo. Mas podem ter outras origens, como a gravidade que origina a força
entre os planetas ou que nos mantém presos aqui na Terra, conforme já vimos
anteriormente. Podem ser elétricas ou magnéticas, como as forças que provo-
cam o movimento nos motores.
Muitas vezes existe mais de uma força agindo em um objeto ao mesmo tem-
po. Quando empurramos uma caixa, por exemplo, a força que precisamos fazer
para movimentá-la depende do tipo de piso sobre o qual ela está. Se for um assoalho
lisinho, com uma pequena força podemos movimentar a caixa facilmente, mas
se ela estiver sobre um cimentado rústico, teremos maior dificuldade.
Isso acontece porque, além da força que fazemos para empurrar a caixa,
há também uma força sobre ela, que depende da superfície, tentando segurá-
la. Quanto mais áspero o chão, mais força é feita sobre a caixa. Então ela vai
continuar em seu estado de repouso, parada, até que a combinação entre a
força do empurrão e a outra força consiga mudar esse estado de repouso. A
essa combinação de forças daremos o nome de resultante.
-
Se você resolver bater em uma parede com a mão, estará exercendo sobre
a parede uma certa força. Em reação, a parede exerce uma força em você,
com mesma intensidade, com mesma direção e em sentido oposto, provavel-
mente fazendo sua mão doer um pouco.
Toda vez que dois objetos interagem entre si, podemos perceber a valida-
de dessa lei. Por exemplo, se um cavalo puxa uma carroça para frente, tam-
bém a carroça puxa o cavalo para trás. com a mesma intensidade. Como então
o cavalo consegue puxar a carroça?
Vamos então imaginar um pneu pendurado em uma árvore por uma cor-
da, como um balanço. Porque o pneu não cai?
Ele não cai porque a corda o está segurando, certo? O pneu exerce uma
força sobre a corda, puxando-a para baixo, mas a corda reage, exercendo
sobre o pneu uma força para cima, que o segura. A essa força que a corda
exerce sobre o pneu damos o nome de força de tração (T).
Mas até agora só tratamos de situações onde os corpos permanecem para-
dos. E as situações onde as forças não se compensam e a resultante não é
nula? Para estudar esses casos, temos que entender qual o efeito que uma
força pode provocar em um objeto.
P RA VOCÊ PENSAR
O cavalo consegue puxar a carroça?
Não podemos esquecer que, além de puxar a carroça, o cavalo também empurra o chão
para trás e, portanto, tem sobre ele a reação do chão que o empurra para frente. Com
isso, a resultante sobre o cavalo é a combinação entre essas forças: a que o chão faz
sobre ele e a que a carroça faz sobre ele. Você saberia desenhar qual a resultante sobre
o cavalo? E sobre a carroça?
-
Atenção: nos exercícios sobre leis de Newton, antes de iniciar a sua resolu-
ção, tente escrever para cada objeto do problema os pares ação e reação!
Leis de Newton
1a Lei
Todo corpo permanece em seu estado de repouso ou de movimento uniforme numa
linha reta, a menos que seja obrigado a mudar aquele estado por forças imprimidas
sobre ele.
2ª Lei
A ação de uma força (resultante) em um corpo provoca nele uma mudança em seu
estado de movimento. Matematicamente F = m.a.
3ª Lei
Se um corpo A exerce uma força sobre um corpo B, o corpo B exerce sobre o corpo A
uma força de mesma intensidade e direção, mas em sentido contrario.
Exercício
2.1 (Vunesp-2004) Um bloco de massa 2,0 kg repousa sobre outro de massa
3,0 kg, que pode deslizar sem atrito sobre uma superfície plana e horizontal.
Quando uma força de intensidade 2,0 N, agindo na direção horizontal, é apli-
cada ao bloco inferior, como mostra a figura, o conjunto passa a se movimen-
tar sem que o bloco superior escorregue sobre o inferior. Nessas condições,
determine (a) a aceleração do conjunto e (b) a intensidade da força de atrito
entre os dois blocos.
QUEDA LIVRE
Lembrando da maçã de Newton, durante a sua queda a resultante das
forças que agem sobre ela tem direção vertical e sentido para baixo.
As forças envolvidas são a força peso e a força de resistência exercida
pelo ar, que surge sempre na direção oposta ao movimento, como o atrito.
Entretanto, para as situações que abordaremos aqui podemos considerá-la des-
prezível.
Chamamos de queda livre um caso especial de corpo em queda onde des-
prezamos a força de resistência do ar, analisando a queda como se ela aconte-
cesse no vácuo, ou em uma região onde não existe ar. Assim, a única força
que age sobre o objeto em queda é a força peso.
A aceleração de um corpo em queda livre é chamada de aceleração da
gravidade (g). Quando um objeto está nas proximidades da superfície da Terra
a força gravitacional é praticamente constante .Então, neste caso especial cha-
mamos de força peso. A aceleração da gravidade (ou o campo gravitacional) e
expresso por:
⇒ P = m.g
Como a força peso tem direção vertical e sentido para baixo, também a
aceleração da gravidade tem essa mesma direção e esse mesmo sentido. Mas
vamos tratar um pouco dela analisando apenas sua intensidade. Para simplifi-
car nossas contas iremos utilizar sempre o valor aproximado de 10 m/s2.
Vamos imaginar que você suba no telhado de um prédio ,desprezando a
resistência do ar, e lá de cima solte uma bola de gude. O movimento da bola
começa então com uma velocidade inicial (v0) que depende de como você
soltou a bola. A velocidade da bola vai, então, aumentando em função do
tempo de acordo com a função horária da velocidade:
v = v0 – g.t
h = h0 + v0.t – (1/2).g.t2
Nessa relação a altura de onde você solta a bola está representada por h0.
Exercício
2.2 Suponha que um corpo é abandonado (parte do repouso) do alto de um
penhasco e gasta 3,0 s para tocar o chão, desprezando a resistência do ar e
considerando g=10m/s2. diga qual é altura do penhasco e com que velocidade
o corpo chega ao solo.
-
LANÇAMENTOS
Podemos ter diversas situações de lançamentos. Se em lugar de largar a
bola de gude do alto do telhado, você atirá-la para baixo, na direção vertical,
teremos aí um caso de lançamento vertical. Na verdade o que caracteriza o
lançamento é o fato do objeto possuir uma certa velocidade inicial.
Existe uma outra categoria de lançamentos; aqueles em que os corpos
lançados têm velocidade inicial em uma direção outra que não a vertical. En-
tre estes destacamos dois: Os lançamentos horizontais e os oblíquos. Vejamos.
Se você ao invés de soltar a bola do alto do prédio na vertical a jogasse
para frente, então poderemos tratar esse movimento como um lançamento.
A direção da velocidade nesse movimento vai mudando em função do
tempo fazendo com que a trajetória do objeto (no caso a bola) seja parabólica.
Para estudar esse movimento, no entanto, é mais fácil separa-lo em dois. A
bola terá um movimento de queda, na vertical, e terá um movimento horizon-
tal a medida em que ela se afasta do prédio.
O movimento vertical pode ser tratado da mesma forma que tratamos a
queda livre. Lembrando agora que a velocidade inicial a ser considerada é
apenas a componente vertical que chamaremos de vy0. Apenas a componente
vertical da velocidade será alterada de acordo com a queda livre.
Mas na horizontal o movimento é ainda mais simples. Depois que você
empurrou a bola, e já que desprezamos a força de resistência do ar, não existe
nenhuma força agindo sobre ela na direção horizontal. Lembrando novamen-
te de Newton, a lei da inércia nos diz que nesses casos o movimento do objeto
não muda, ou seja é uniforme.
Sendo assim a componente horizontal da velocidade não muda e a bola se
afasta segundo a função horária
x = x0 + vx.t
2.3: Uma bala de canhão possui tanto movimento na vertical como na horizontal.
Exercício Resolvido
(Unicamp 2002) Até os experimentos de Galileu Galilei, pensava-se que quando
um projétil era arremessado, o seu movimento devia-se ao ímpetus, o qual
mantinha o projétil em linha reta e com velocidade constante. Quando o ímpetus
acabasse, o projétil cairia verticalmente até atingir o chão. Galileu demons-
trou que a noção de ímpetus era equivocada. Consideremos que um canhão
dispara projéteis com uma velocidade inicial de 100 m/s, fazendo um ângulo
de 30° com a horizontal. Dois artilheiros calcularam a trajetória de um projé-
til: um deles, Simplício, utilizou a noção de ímpetus, o outro, Salviati, as idéi-
as de Galileu. Os dois artilheiros concordavam apenas em uma coisa: o alcan-
ce do projétil. Considere ≅ 1,8. Despreze o atrito com o ar. a) Qual o alcan-
ce do projétil? b) Qual a altura máxima alcançada pelo projétil, segundo os
cálculos de Salviati? c) Qual a altura máxima calculada por Simplício?
Resolução
a) A componente da velocidade inicial importante para sabermos o alcance do
projétil é a vertical dada por:
Vy = V0y + g.t ⇒ 0 = 50 – 10 ts ⇒ ts = 5 s
Da figura tg 30° =
-
Exercícios
2.3 (Fuvest 1999) Um sistema mecânico é formado por duas polias ideais que
suportam três grupos A, B e C de mesma massa m, suspensos por fios ideais
como representado na figura O corpo B está suspenso simultaneamente por
dois fios, um ligado a A e outro a C. Podemos afirmar que a aceleração do
corpo B será:
a) zero;
b) g/3 para baixo;
c) g/3 para cima;
d) 2g/3 para baixo;
e) 2g/3 para cima.
2.4 (Vunesp 2004) A figura mostra um bloco de massa m subindo uma rampa
sem atrito, inclinada de um ângulo θ depois de ter sido lançado com uma certa
velocidade inicial. Desprezando a resistência do ar,
a) faça um diagrama vetorial das forças que atuam no bloco e especifique a
natureza de cada uma delas.
b) determine o módulo da força resultante no bloco, em termos da massa m, da
aceleração g da gravidade e do ângulo θ. Dê a direção e o sentido dessa força.
RESUMO
Nesta unidade você estudou as leis de Newton e algumas aplicações. Apren-
deu sobre a força normal e sobre a força de atrito. E ainda estudou os movi-
mentos de queda livre e de lançamentos.
Unidade 3
Equilíbrio e fluidos
Organizadores
Maurício Pietrocola
Nobuko Ueta
CORPOS RÍGIDOS Elaboradores
Você já deve ter ouvido o termo equilíbrio em muitas situações. Com cer- Anibal Figueiredo
teza, todas elas se referem a situações em que a soma das forças se dá de
forma que a resultante seja nula e, assim, o objeto não altera seu estado de Glauco S. F. da
Silva
repouso. Vamos analisar um pouco melhor essas situações.
Viviane S. M. Piassi
Vejamos um balanço, por exemplo. Quais são as forças que agem sobre o
balanço parado? Temos aí a força peso e as forças de tração exercidas pelas
correntes que prendem o balanço ao teto ou à trave. As forças de tração com-
pensam a força peso, fazendo com que o balanço não caia. Quando uma
pessoa senta no balanço, a força peso da pessoa também empurra o balanço
para baixo. Para que o equilíbrio permaneça, as forças de tração também pre-
cisam dar conta desse peso extra.
Figura 3.1
Torque = F.b
Esse torque também tem direção e sentido. Para saber qual é, você vai
precisar de sua mão direita. Estique o polegar e mova os outros dedos
acompanhando a força aplicada (em torno do eixo de rotação). Seu polegar
está apontando na direção e no sentido do torque.
Figura 3.2
Objetos como estes de que tratamos até aqui são chamados também de
corpos rígidos. Isso porque eles mantém sua forma e volume, ou seja, não se
deformam. Para que um corpo rígido esteja realmente em equilíbrio estático,
-
além da resultante das forças ser zero, também precisa ser zero a resultante
dos torques.
A última condição que um corpo rígido tem que satisfazer para ficar em
equilíbrio estático diz respeito ao centro de massa do corpo. Para entender-
mos o que é o centro de massa de um corpo, faremos a seguinte experiência:
tente deixar uma raquete equilibrada na ponta do dedo. Será mais fácil conse-
guir isto apoiando-a por um ponto mais próximo ao cabo ou mais próximo à
parte circular? Centro de massa de um corpo é o ponto em torno do qual a
massa do corpo fica igualmente distribuída. Uma das condições de equilíbrio
de um corpo é que o centro de massa do corpo fique abaixo do ponto de
apoio desse corpo.
EXPERIMENTE!
Para você entender melhor esta condição, faça a seguinte experiência: construa um
triângulo de cartolina e faça três orifícios, conforme mostra a figura a seguir.
Exercício
3.1 Determine o módulo dos torques para cada uma das forças aplicadas na
ferramenta ilustrada na figura, em relação ao eixo que passa pelo ponto O.
Todas as forças têm módulo igual a 20 N.
FLUIDOS
Chamamos de fluido todo material que possui a capacidade de escoar; são
eles líquidos, como a água ou o óleo, ou gases, como o próprio ar. Uma das
propriedades dos fluidos que mais usaremos é sua densidade. Você já reparou
que quando colocamos óleo numa panela com água o óleo fica flutuando na
água? Isto acontece porque a densidade do óleo é inferior à densidade da água.
A densidade de um corpo é a concentração de massa em um determinado volu-
me. Por exemplo; um litro de água tem 1,0 kg de massa. Já um litro de óleo tem
em média 0,8 kg de massa. A densidade é definida matematicamente como:
p = h.d.g
E = dfluido . Vdeslocado.g
-
Exercícios
3.2 (Fuvest 2003) Considere dois objetos cilíndricos maciços A
e B, de mesma altura e mesma massa e com seções transversais
de áreas, respectivamente, SA e SB = 2.SA. Os blocos, suspensos
verticalmente por fios que passam por uma polia sem atrito, es-
tão em equilíbrio acima do nível da água de uma piscina, con-
forme mostra a figura ao lado. A seguir, o nível da água da pis-
cina sobe até que os cilindros, cujas densidades têm valor supe-
rior à da água, fiquem em nova posição de equilíbrio, parcial-
mente imersos. A figura que melhor representa esta nova posi-
ção de equilíbrio é
3.3(Fuvest 2000) Um objeto menos denso que a água está preso por um fio
fino, fixado no fundo de um aquário cheio de água, conforme a figura. Sobre
esse objeto atuam as forças peso, empuxo e tensão no fio. Imagine que tal
aquário seja transportado para a superfície de Marte, onde a aceleração
gravitacional é de aproximadamente g/3, sendo g a aceleração da gravidade
na Terra. Em relação aos valores das forças observadas na Terra, pode-se con-
cluir que, em Marte,
a) o empuxo é igual e a tensão é igual
b) o empuxo é igual e a tensão aumenta
c) o empuxo diminui e a tensão é igual
d) o empuxo diminui e a tensão diminui
e) o empuxo diminui e a tensão aumenta.
RESUMO
Nesta unidade você aprendeu duas partes muito importantes da Mecânica
relacionadas com equilíbrio. Para entender o equilíbrio de corpos rígidos, você
estudou sobre o centro de massa e o torque (ou momento) de uma força. Para
aprender sobre o equilíbrio em fluidos, você entrou em contato com o concei-
to de pressão e conheceu a força de empuxo.
Unidade 4
Movimento circular
Organizadores
CINEMÁTICA ANGULAR Maurício Pietrocola
O estudo do movimento na Física é de importância fundamental, pois é Nobuko Ueta
difícil imaginar um mundo em que nada se mova. Os tipos de movimentos Elaboradores
estudados são variados: vão desde movimentos de partículas microscópicas
Anibal Figueiredo
até movimentos planetários, conforme já estudamos. A partir de agora, vamos
iniciar o estudo de objetos que têm uma trajetória circular. Glauco S. F. da
Silva
Viviane S. M. Piassi
f=
f= = 3 voltas/s
f=
v = ωr
Figura 4.3 - A cada instante a direção de muda, mas seu módulo permanece constante (MCU).
-
ACELERAÇÃO CENTRÍPETA
Quando o módulo da velocidade linear muda a cada instante, o movimen-
to deixa de ser uniforme (MCU). Surge devido a esta variação uma acelera-
ção linear. No entanto, em todo movimento circular, sempre há uma variação
da direção da velocidade linear. Devido a esta variação, surge a aceleração
centrípeta ac. Esta aceleração tem uma direção que é perpendicular à direção
da velocidade .
Figura 4.4 (a) No caso do MCU, a aceleração linear é nula e o objeto tem a aceleração centrípeta.
(b) Quando a velocidade linear não é constante no tempo, surge também a aceleração linear.
ac = = ωr2
Fc = m.ac ⇒ Fc = m.
Concluindo: Sempre que um objeto descreve um MCU, atua sobre ele uma
força centrípeta Fc fazendo com que a direção da velocidade seja alterada.
MOVIMENTO DE SATÉLITES
Existem cerca de 750 satélites artificiais em operação em torno da Terra.
Como é que estes satélites orbitam em torno da Terra?
Um satélite é levado até uma certa altura h que costuma ser cerca de 150
km da superfície da Terra, onde a atmosfera é muito rarefeita e a resistência do
Você pode encontrar in- ar não atrapalha o movimento do satélite. Devido à ação do campo gravitacional
formações interesantes da Terra, o satélite sente uma força atrativa . Esta força gravitacional é res-
sobre satélites no site da ponsável pela mudança na direção da velocidade linear do satélite. Uma vez
Agência Espacial Brasi- colocado no espaço, ele permanece girando em torno da Terra indefinida-
leira www.aeb.gov.br. mente, não havendo nenhuma perturbação.
Exemplo: satélite de massa m em uma órbita circular. R é o raio da Terra,
r=R+h, r é a distância do satélite ao centro da Terra.
Como estamos considerando este movimento de satélite um MCU, a única
força que atua sobre ele é a força gravitacional. Assim, podemos escrever:
Fc = F ⇒ Fc = G ⇒ =G
= GM ⇒ v =
2πr 2πr
v= ⇒ T=
T v
Exercícios
4.1 (Fuvest 2002) Satélites utilizados para telecomunicações são colocados
em órbitas geoestacionárias ao redor da Terra, ou seja, de tal forma que per-
maneçam sempre acima de um mesmo ponto da superfície da Terra. Conside-
re algumas condições que poderiam corresponder a esses satélites:
I – ter o mesmo período, de cerca de 24 horas
II – ter aproximadamente a mesma massa
III – estar aproximadamente à mesma altitude
IV – manter-se num plano que contenha o circulo do equador terrestre.
O conjunto de todas as condições que satélites em órbitas geoestacionárias
devem necessariamente obedecer corresponde a:
a) I e III
b) I, II, III
c) I, III, IV
d) II e III
e)II e IV
-
a) VA = VB
b) VA/VB = RA/RB
c) VA/VB = (RA/RB)2
d) VA/VB = RB/RA
e) VA/VB = (RB/RA)2
Resumo
Nesta última unidade, você estudou os movimentos circulares. Tomou con-
tato com o conceito de frequência e aprendeu a diferenciar velocidade angu-
lar e tangencial no movimento circular. Também estudou as forças nos movi-
mentos circulares e a presença da aceleração centrípeta. Por fim, conheceu
um pouco sobre os movimentos dos satélites.
Unidade 5
Seção de exercícios
Organizadores
5.1. (Mackenzie 2004) Um paralelepípedo homogêneo, de massa 4,00 kg,
Maurício Pietrocola
tem volume igual a 5,00 litros. Quando colocado num tanque com água de
Nobuko Ueta massa específica igual a 10 g/cm3, esse paralelepípedo:
Elaboradores a) afunda.
Anibal Figueiredo
b) flutua, ficando totalmente imerso.
Glauco S. F. da Silva
c) flutua, e a massa da parte imersa é de 3,20 kg.
Viviane S. M. Piassi
d) flutua, e a massa da parte imersa é de 3,00 kg.
e) flutua, e a massa da parte imersa é de 1,00 kg.
θ cos θ sen θ
30º
60º
5.9. (Vunesp 2004) Grande parte dos satélites de comunicação estão localiza-
dos em órbitas circulares que estão no mesmo plano do equador terrestre.
Geralmente esses satélites são geoestacionários, isto é, possuem período orbital
igual ao período de rotação da Terra, 24 horas. Considerando-se que a órbita
de um satélite geoestacionário possui raio orbital de 42 000 km, um satélite
em órbita circular no plano do equador terrestre, com raio orbital de 10 500 km,
tem período orbital de
a) 3 horas
b) 4 horas
c) 5 horas
d) 6 horas
e) 8 horas
5.10. (Unicamp 2004) Uma bola de tênis rebatida numa das extremidades da
quadra descreve a trajetória representada na figura abaixo, atingindo o chão
na outra extremidade da quadra. O comprimento da quadra é de 24 m.
-
5.12. (UFMG 1997) Uma bola desliza inicialmente sobre um plano inclinado
(trecho 1), depois, sobre um plano horizontal (trecho 2) e, finalmente, cai
livremente (trecho 3) como mostra a figura. Desconsidere as forças de atrito
durante todo o movimento. Considere os módulos das acelerações da bola nos
trechos 1, 2 e 3 como sendo a1, a2 e a3 respectivamente. Sobre os módulos
dessas acelerações nos três trechos do movimento da bola, pode-se afirmar que
a) a1 < a2 < a3.
b) a1 < a3 e a2 = 0.
c) a1 = a2 e a3 = 0.
d) a1 = a3 e a2 = 0
5.13. (UFMG 1997) A figura mostra três vasos V1, V2 e V3 cujas bases têm a
mesma área. Os vasos estão cheios de líquidos l1, l2 e I3 até uma mesma
altura. As pressões no fundo dos vasos são P1, P2 e P3, respectivamente.
-
5.17. (UFSCar 2004) Uma pessoa larga uma bola de tênis da sacada de um
prédio. Compare as cinco figuras verticais seguintes, de 1 a 5. A figura que
melhor reproduz as posições sucessivas da bola em intervalos de tempo su-
cessivos iguais, antes de atingir o solo, é:
a) 1.
b) 2.
c) 3.
d) 4.
e) 5.
Bibliografia
Alvarenga, B., Máximo A., Curso de Física, Volume 1, Editora Scipione, 4a
edição, São Paulo, 1997.
Blackwood, O. H., Herron, W. B., Kelly, W. C., Física na escola secundária,
INEP, São Paulo, 2ª edição, 1962. Disponível em http://
www4.prossiga.br/Lopes/index2.html , ver “produção científica” –
“tradução”.
Feynmam, R. P, Física em seis lições,p139-167, Ediouro, Rio de Janeiro, 6a
edição 2001.
Gaspar, A., Física volume 1 Mecânica, Editora Ática, São Paulo, 2001.
Gonçalves Filho, A., Toscano, C. Física e Realidade volume 1: Mecânica,
Editora Scipione, São Paulo, 1997.
GREF, Física 1 mecânica, Edusp, São Paulo, 1990.
Hewitt, Paul G., Física Conceitual, Editora Bookman, Porto Alegre, 2002.
Nussenzveig, H. M., Curso de Física Básica 1-Mecânica, Ed. Edgard
Blücher ltda, 3a edição, São Paulo,1996
www.fuvest.br e www.unicamp.br – Nesses sites você encontra as provas de
anos anteriores, além das informações sobre o vestibular.
www.scite.pro.br – Nesse site você vai encontrar dicas de outros sites, textos,
atividades práticas e exercícios para se aprofundar no conteúdo de Mecânica
e também em outras partes da Física.
Sobre os autores
Anibal Figueiredo
Licenciado em Física e mestre em Ensino de Ciências pela USP. É professor
de Ciências e Física desde 1982. Participou de vários projetos de formação de
professores, de exposições científicas e de assessoria na área de educação
científica. Autor de livros didáticos e paradidáticos de Ciências e Física; é
diretor do Atelier de Brinquedos Científicos e do Espaço Ciência Prima.
Glauco S. F. da Silva
Bacharel e licenciado em Física pela UFJF, participa de projetos de pesquisa
em ensino de Física desde a graduação. É professor da rede estadual de Minas
Gerais desde 2002. É aluno de mestrado em Ensino de Ciências na USP e
-
Viviane S. M. Piassi
Licenciada em Física pela USP. Foi professora da rede estadual de São Paulo
de 1994 a 2000. Trabalhou junto ao projeto de formação continuada de pro-
fessores (PEC) da rede pública de São Paulo. No Instituto de Física da USP
vem desenvolvendo atividades didáticas junto a disciplinas práticas e teóricas
do curso de licenciatura em Física. Mestre em Ciências pela USP, faz atual-
mente Doutorado em Física na mesma universidade.
Anotações
Física
Eletricidade e Magnetismo
Organizadores
Maurício Pietrocola
Nobuko Ueta
Elaboradores
Luis Paulo Piassi
Maxwell Roger da P. Siqueira
Maurício Pietrocola
4
módulo
Nome do Aluno
GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO
Governador: Geraldo Alckmin
Secretaria de Estado da Educação de São Paulo
Secretário: Gabriel Benedito Issac Chalita
Coordenadoria de Estudos e Normas Pedagógicas – CENP
Coordenadora: Sonia Maria Silva
PROGRAMA PRÓ-UNIVERSITÁRIO
Coordenadora Geral: Eleny Mitrulis
Vice-coordenadora Geral: Sonia Maria Vanzella Castellar
Coordenadora Pedagógica: Helena Coharik Chamlian
Coordenadores de Área
Biologia:
Paulo Takeo Sano – Lyria Mori
Física:
Maurício Pietrocola – Nobuko Ueta
Geografia:
Sonia Maria Vanzella Castellar – Elvio Rodrigues Martins
História:
Kátia Maria Abud – Raquel Glezer
Língua Inglesa:
Anna Maria Carmagnani – Walkyria Monte Mór
Língua Portuguesa:
Maria Lúcia Victório de Oliveira Andrade – Neide Luzia de Rezende – Valdir Heitor Barzotto
Matemática:
Antônio Carlos Brolezzi – Elvia Mureb Sallum – Martha S. Monteiro
Química:
Maria Eunice Ribeiro Marcondes – Marcelo Giordan
Produção Editorial
Dreampix Comunicação
Revisão, diagramação, capa e projeto gráfico: André Jun Nishizawa, Eduardo Higa Sokei, José Muniz Jr.
Mariana Pimenta Coan, Mario Guimarães Mucida e Wagner Shimabukuro
Cartas ao
Aluno
Carta da
Pró-Reitoria de Graduação
Caro aluno,
Com muita alegria, a Universidade de São Paulo, por meio de seus estudantes
e de seus professores, participa dessa parceria com a Secretaria de Estado da
Educação, oferecendo a você o que temos de melhor: conhecimento.
Conhecimento é a chave para o desenvolvimento das pessoas e das nações
e freqüentar o ensino superior é a maneira mais efetiva de ampliar conhecimentos
de forma sistemática e de se preparar para uma profissão.
Ingressar numa universidade de reconhecida qualidade e gratuita é o desejo
de tantos jovens como você. Por isso, a USP, assim como outras universidades
públicas, possui um vestibular tão concorrido. Para enfrentar tal concorrência,
muitos alunos do ensino médio, inclusive os que estudam em escolas particulares
de reconhecida qualidade, fazem cursinhos preparatórios, em geral de alto
custo e inacessíveis à maioria dos alunos da escola pública.
O presente programa oferece a você a possibilidade de se preparar para enfrentar
com melhores condições um vestibular, retomando aspectos fundamentais da
programação do ensino médio. Espera-se, também, que essa revisão, orientada
por objetivos educacionais, o auxilie a perceber com clareza o desenvolvimento
pessoal que adquiriu ao longo da educação básica. Tomar posse da própria
formação certamente lhe dará a segurança necessária para enfrentar qualquer
situação de vida e de trabalho.
Enfrente com garra esse programa. Os próximos meses, até os exames em
novembro, exigirão de sua parte muita disciplina e estudo diário. Os monitores
e os professores da USP, em parceria com os professores de sua escola, estão
se dedicando muito para ajudá-lo nessa travessia.
Em nome da comunidade USP, desejo-lhe, meu caro aluno, disposição e vigor
para o presente desafio.
Caro aluno,
Com a efetiva expansão e a crescente melhoria do ensino médio estadual,
os desafios vivenciados por todos os jovens matriculados nas escolas da rede
estadual de ensino, no momento de ingressar nas universidades públicas, vêm se
inserindo, ao longo dos anos, num contexto aparentemente contraditório.
Se de um lado nota-se um gradual aumento no percentual dos jovens aprovados
nos exames vestibulares da Fuvest — o que, indubitavelmente, comprova a
qualidade dos estudos públicos oferecidos —, de outro mostra quão desiguais
têm sido as condições apresentadas pelos alunos ao concluírem a última etapa
da educação básica.
Diante dessa realidade, e com o objetivo de assegurar a esses alunos o patamar
de formação básica necessário ao restabelecimento da igualdade de direitos
demandados pela continuidade de estudos em nível superior, a Secretaria de
Estado da Educação assumiu, em 2004, o compromisso de abrir, no programa
denominado Pró-Universitário, 5.000 vagas para alunos matriculados na terceira
série do curso regular do ensino médio. É uma proposta de trabalho que busca
ampliar e diversificar as oportunidades de aprendizagem de novos conhecimentos
e conteúdos de modo a instrumentalizar o aluno para uma efetiva inserção no
mundo acadêmico. Tal proposta pedagógica buscará contemplar as diferentes
disciplinas do currículo do ensino médio mediante material didático especialmente
construído para esse fim.
O Programa não só quer encorajar você, aluno da escola pública, a participar
do exame seletivo de ingresso no ensino público superior, como espera se
constituir em um efetivo canal interativo entre a escola de ensino médio e
a universidade. Num processo de contribuições mútuas, rico e diversificado
em subsídios, essa parceria poderá, no caso da estadual paulista, contribuir
para o aperfeiçoamento de seu currículo, organização e formação de docentes.
Circuitos elétricos e
instalações
Organizadores
Maurício Pietrocola
Nobuko Ueta
O QUE SÃO CIRCUITOS ELÉTRICOS?
Elaboradores
Se você observar em sua residência, perceberá que aparelhos como TV,
calculadora, rádio, geladeira, walkman e outros, só funcionam enquanto es- Luis Paulo Piassi
tão sendo conectados a uma fonte de energia elétrica, que pode ser uma Maxwell Roger da P.
pilha, uma bateria ou uma tomada. Siqueira
No caso do walkman, temos um interruptor, que tem a função de ligar e Maurício Pietrocola
desligar o aparelho, e uma placa com molas (conexões metálicas), que conecta
as pilhas ao motor que gira a fita para leitura da música. Esses são os compo-
nentes que formam um circuito elétrico.
Quando o walkman está funcionando (ligado), dizemos que o circuito
está fechado, pois forma um caminho por onde a energia elétrica pode “fluir”,
estabelecendo uma corrente elétrica. No caso do aparelho se apresentar des-
ligado, temos um circuito aberto.
Tanto para a TV como para o rádio temos o mesmo esquema: a tomada
liga a TV ou o rádio à fonte de energia e o botão liga/desliga faz com que o
circuito se feche ou se abra.
Desta forma, podemos concluir que em um circuito elétrico simples sem-
pre temos uma fonte de energia elétrica, um aparelho elétrico, fios ou pla-
cas de ligação e um interruptor para abrir e fechar (liga/desliga) o circuito.
Atividade
Compare o consumo de
energia do chuveiro de Desta forma, quanto maior a potência de um aparelho, maior será a “capa-
sua casa com o consu- cidade” dele em transformar energia elétrica a cada segundo.
mo das lâmpadas duran-
te um dia. Veja qual irá
consumir mais. Depois [W] [J]
faça essas comparações
com os outros aparelhos
elétricos como TV, gela- Como a quantidade de energia elétrica consumida em nossas residências é
deira, ferro de passar e muito grande, é comum medi-la em quilowatt-hora (kWh) e não em Joule
rádio. Por fim, faça uma (J). Assim, temos a seguinte relação:
classificação dos apare-
lhos pelo consumo de 1 kWh = 3,6 x 106 J
energia elétrica.
É por esse motivo que aparelhos como chuveiro, ferro de passar, torradei-
Não se esqueça: para
ra, secador de cabelo, que possuem potências elevadas, muitas vezes conso-
medir o consumo do
aparelho você deve pe-
mem a maior parte da energia elétrica de uma residência.
gar sua potência e mul- Mas não é somente a potência que caracteriza um aparelho elétrico, existe
tiplicar pelo tempo (em também a tensão elétrica ou voltagem (U). Para que o aparelho funcione
horas) que ele permane- bem, a tensão que vem indicada nele deve ser respeitada.
ce em funcionamento.
Bom trabalho! Por exemplo, uma lâmpada de 127 V/60 W, para que possa funcionar cor-
retamente, deverá ser alimentada com uma tensão de 127 V. Caso essa tensão
-
seja maior, como 220 V, a lâmpada irá queimar; por outro lado, se for menor,
como 12 V, ela irá iluminar (brilhar) pouco, podendo até não acender. Por esse
motivo, é importante que, além do aparelho, as fontes tenham suas tensões
muito bem especificadas para que assim possamos ligar os parelhos em fon-
tes corretas.
ENTENDENDO A CONTA DE ENERGIA
Muitas vezes, as contas de luz são difíceis de entender. Nelas aparecem valores medidos, médias mensais e siglas
diferentes, como o kWh. É interessante analisarmos e decifrarmos um pouco isso.
O consumo representa a quantidade de energia consumida ou utilizada por sua residência no período de um mês. Ela
é medida em kWh (quilowatt-hora). O quilo é o mesmo do quilograma, quilômetro, e significa 1 000 vezes. Já watt-hora
representa a medida de energia elétrica. Embora possa parecer estranho que watt-hora seja uma unidade de energia,
lembre-se que o produto da potência (watt) pelo tempo (hora) resulta em energia (watt-hora). Assim, 1 kWh é igual a
1 000 watts-hora.
Essa unidade é a medida da quantidade de energia elétrica utilizada pelas casas porque a potência dos aparelhos é
medida em watts e o tempo de funcionamento em horas.
O valor pago por cada kWh normalmente vem descrito na conta, mas algumas companhias de energia adotam valores
diferenciados para algumas faixas de consumo. Assim, para saber o valor médio de cada kWh, basta pegar o valor a ser
pago e dividir pelo consumo do mês, e então você terá esse valor.
A quantidade de energia que você utiliza em casa depende de dois fatores básicos: a potência dos aparelhos e o tempo
de funcionamento. Os dois fatores, ao contrário do que se imagina, são igualmente importantes quando se pensa no
custo a pagar pela energia elétrica utilizada. Um aparelho de baixa potência mas que funcione durante muito tempo
pode gastar tanto ou mais energia que um aparelho de maior potência que funciona durante pouco tempo.
O valor indicado na conta como consumo de energia elétrica representa a soma do produto da potência de cada
aparelho elétrico pelo tempo de funcionamento entre uma medida e outra.
-
Exercícios
4) (Unesp) Uma lâmpada incandescente (de filamento) apresenta em seu ró-
tulo as seguintes especificações: 60 W e 120 V. Determine:
a) a corrente elétrica I que deverá circular pela lâmpada, se ela for conectada
a uma fonte de 120 V.
b) a resistência elétrica R apresentada pela Lâmpada, supondo que ela esteja
funcionando de acordo com as especificações.
CHOQUE ELÉTRICO E SUAS CONSEQÜÊNCIAS
O choque elétrico, como provavelmente é de seu conhecimento, é causado por uma
corrente elétrica que passa através do corpo humano ou de um animal qualquer. Vários
efeitos do choque podem ser observados, dependendo de fatores como, por exemplo,
a região do corpo que é atravessada pela corrente.
Entretanto, a intensidade da corrente é o fator mais relevante nas sensações e conseqü-
ências do choque. Estudos cuidadosos desse fenômeno permitiram chegar aos seguin-
tes valores:
- entre 1 mA e 10 mA: provoca apenas sensação de formigamento;
- entre 10 mA e 20 mA: já causa sensação dolorosa;
- entre 20 mA e 100 mA: causam, em geral, grandes dificuldades respiratórias;
- superiores a 100 mA: são extremamente perigosas, podendo causar a morte da pessoa
por provocar contrações rápidas e irregulares do coração (fibrilação cardíaca);
- superiores a 200 mA: não causam fibrilação, porém dão origem a graves queimaduras
e conduzem á parada cardíaca.
Por outro lado, a voltagem não é determinante nesse fenômeno. Por exemplo, em
situações de eletricidade estática, embora ocorram voltagens muito elevadas, as cargas
elétricas envolvidas são, em geral, muito pequenas e os choques produzidos não apre-
sentam, normalmente, nenhum risco.
Entretanto, voltagens relativamente pequenas podem causar graves danos, dependen-
do da resistência do corpo humano. O valor dessa resistência pode variar entre, aproxi-
madamente, 100 000 W para a pele seca e cerca de 1 000 W para a pele molhada. Assim,
se uma pessoa com a pele seca tocar os dois pólos de uma tomada de 120 V, seu corpo
será atravessado por uma corrente bem menor do que com a pele molhada.
Fonte: ALVARENGA & MÁXIMO, Curso de Física, V.3, p. 135.
-
mc∆T = P∆t
Ou seja, todo calor (em Joule) recebido pela água foi cedido pelo ebulidor.
A potência dissipada no efeito Joule, pode ser calculada das seguintes
formas:
P = U.i P = R. i2 P=
Associação em série
Neste tipo de associação, temos um único caminho para a passagem da
corrente elétrica. Por isso, quando temos lâmpadas associadas em série (pisca-
pisca) e uma delas se queima ou é retirada, as outras se apagam, pois teremos
um circuito aberto, ou seja, o caminho é interrompido.
Como temos somente um caminho para a corrente elétrica percorrer, todas
as lâmpadas são percorridas pela mesma corrente, ou seja: i = i1 = i2 = i3
Já a tensão (U) será dividida entre elas e essa divisão dependerá das resis-
tências de cada lâmpada, quem tiver maior resistência terá maior tensão. As-
sim, podemos escrever: U = U1 + U2 + U3.
Podemos ainda substituir o circuito de lâmpadas por um mais simples,
com uma única lâmpada, ou seja, vamos substituir as resistências do circuito
por uma única, que irá fazer com que o circuito tenha as mesmas característi-
cas. Esse único resistor é denominado resistor equivalente e é dado por:
Req = R1 + R2 + R3
Associação em paralelo
Ao contrário da anterior, aqui a corrente elétrica terá mais de um caminho
para percorrer, ou seja, teremos pequenos circuitos dentro de um maior. Por
isso, quando uma lâmpada queima ou é retirada em uma residência, nada
acontece com as outras, pois estão associadas em paralelo.
Assim como as lâmpadas, os aparelhos em uma residência estão ligados a
uma mesma tensão, ou seja, todos os resistores associados estarão submetidos
à mesma tensão. Então, temos: U = U1 = U2 = U3.
Já a corrente será dividida nos diversos caminhos, ou seja: i = i1 + i2 + i3
De tal modo como na associação em série, na associação em paralelo
podemos substituir os resistores do circuito por um só (resistor equivalente),
sem o circuito perder suas características. Na associação em paralelo o resistor
equivalente é dado por:
-
Exercício
6) (Fuvest) Um circuito é formado por duas lâm-
padas L1 e L2, uma fonte de 6 V e uma resistên-
cia R, conforme desenhado na figura. As lâmpa-
das estão acesas e funcionando em seus valores
nominais (L1= 0,6 W e 3 V e L2= 0,3 W e 3 V).
Determine o valor da resistência R.
O QUE É CURTO-CIRCUITO?
O nome já é bem sugestivo, significa um circuito mais curto, fazendo com
que a corrente que passa por ele seja elevada, pois há pouca resistência nele.
Dessa forma, quando temos um curto-circuito em um trecho, a corrente
elétrica fica restrita a esse trecho, ficando o restante do circuito sem ser per-
corrido por ela, ou seja, os aparelhos localizados após o curto não serão per-
corridos pela corrente elétrica.
Na prática, o curto circuito pode causar incêndios em residências ou até
mesmo na própria fiação devido ao grande aquecimento produzido pelo efeito
Joule, causado pelo aumento da corrente elétrico no trecho do curto circuito.
U = ε – ri (equação do Gerador)
U = ε + ri (equação do Receptor)
Tendo U como a tensão fornecida pela fonte; ε’, a tensão no gerador; r’, a
resistência interna do receptor; e i, a corrente estabelecida no circuito.
Na prática, um gerador e um receptor apare-
cem no mesmo circuito:
Sendo possível calcular a corrente no circuito
utilizando a conservação de energia:
ε− ε
ε1 = r1i + r2i + ε2 + Ri ou i = r +1 r +2 R
1 2
-
Exercícios
7) (Fatec-SP) Por um resistor faz-se passar uma corrente elétrica i e mede-se a
diferença de potencial U. Sua representação gráfica está esquamatizada ao
lado. A resistência elétrica, em ohms, do resistor é:
a) 0,8
b) 1,25
c) 800
d) 1 250
e) 80
13) Seis pilhas iguais, cada uma com diferença de potencial V, estão ligadas a
uma aparelho de resistência R na forma esquematizada na figura. Nessas con-
dições a corrente medida no amperímetro A, colocado na posição indicada é
igual a:
a) V/R
b) 2V/R
c) 2V/3R
d) 3V/R
e) 6V/R
-
Unidade 2
Campos, cargas e
seus fenômenos
Organizadores
Maurício Pietrocola
Nobuko Ueta
Elaboradores
ENTENDENDO OS CHOQUES
Luis Paulo Piassi Um dia você estava passeando ou brincando sossegadamente e de repente
tomou um belo choque, não sabe como nem por quê. Isso já aconteceu com
Maxwell Roger da P. você? Se não aconteceu, parabéns, porque a maioria de nós já teve esses
Siqueira
momentos “chocantes” em escorregadores, camas elásticas, carrinhos de su-
Maurício Pietrocola permercado, no ônibus, na porta do carro e em inúmeras outras situações. O
problema é: por quê?
Você pode pensar de onde vem a eletricidade nesses casos. Talvez um fio
escondido ou algo do gênero. Mas não é nada disso. A eletricidade não veio
de lugar algum: ela já estava lá, no escorregador, no carro e em todo o resto.
Isso porque a eletricidade está em tudo, em mim, em você, neste papel que
você está lendo, no chão onde você está. Ela está em toda a matéria que você
possa imaginar.
Aí você me pergunta: Por que então não estou tomando um choque ago-
ra? E como é possível a eletricidade estar em tudo? Se fosse assim as tomadas
e os fios não seriam necessários... Colamos a lâmpada no teto e ela acende,
afinal a eletricidade está na lâmpada também, não é? Calma, calma... Não é
tão simples assim!
Você já deve ter visto uma experiência muito simples que consiste em
esfregar nos cabelos um objeto de plástico – uma régua, por exemplo – e
aproximá-lo de pedacinhos de papel. Os papeizinhos grudam na régua, como
se uma força de atração mágica estivesse atuando. Mas não é uma força de
atração mágica e sim uma força de atração elétrica.
Acontece que a régua, seu cabelo e toda a matéria que existe possuem
dois tipos de eletricidade: a positiva e a negativa. Toda a matéria é formada
por partículas muito pequenas, realmente pequenas, inacreditavelmente pe-
quenas, pequenas mesmo. Essas partículas formam os famosos átomos e suas
queridas moléculas, os quais serão explicados com detalhes no último volu-
me desta série. Por enquanto, basta saber que algumas dessas partículas co-
nhecidas como elétrons são dotadas de eletricidade negativa. E que outras,
dotadas de eletricidade positiva, são chamadas de prótons. Os átomos têm
prótons e elétrons, além dos (só) aparentemente inúteis nêutrons que, vistos
de fora, não possuem eletricidade. Os nêutrons e prótons ficam no centro do
átomo em uma região chamada núcleo. Os elétrons preferem ficar por fora,
dando voltas incríveis ao redor do núcleo.
-
Dizemos que sua régua e seu cabelo foram eletrizados através do atrito. Se
a régua ficar com excesso de prótons estará com carga positiva. Neste caso, o
cabelo estará negativamente carregado. O que acontece então quando aproxi-
mamos a régua dos pedacinhos de papel? Muito simples: o papel também tem
suas cargas positivas e negativas. Claro que as negativas serão atraídas pela
régua, que está positiva. E as cargas positivas do papel serão repelidas. A
princípio teríamos uma atração e uma repulsão, uma espécie de “braço de
ferro” ou “cabo de guerra” sem vencedores: um puxa de cá, outro empurra de
lá e tudo fica por isso mesmo. Mas não é assim. Os elétrons são relativamente
móveis e, ao serem atraídos, se concentram na região mais próxima à régua.
O lado oposto, por sua vez, com falta de elétrons, fica positivo. Assim fica-
mos com a situação mostrada na figura:
Repare na figura que a região negativa que se forma no papel está próxima
da régua e a positiva, que se forma no lado oposto, está mais afastada. Isso faz
com que a atração seja superior à repulsão, e assim o papelzinho como um todo
é atraído pela régua. Muito bem, se você entendeu isso, vamos aos choques.
-
eixo. Nessas condições, os pólos do ímã apontarão na direção dos pólos geo-
gráficos da Terra.
O pólo de um ímã que aponta para o norte geográfico da Terra é chamado
de pólo norte do ímã, o mesmo valendo para o pólo sul. Essa denominação foi
dada antes de se imaginar que a própria Terra se comportava como um ímã e
assim ficou. Mas, considerando que a própria Terra tem um efeito magnético
similar ao de um ímã, o pólo da Terra que atrai o pólo norte do ímã deveria ser
chamado de pólo sul. Isso parece muito confuso... Mas na verdade é simples:
os pólos magnéticos da Terra têm os nomes invertidos em relação aos pólos
geográficos. Observe o esquema:
Uma pergunta interessante é: afinal, que tipo de metais são atraídos por
ímãs? Na verdade são bem poucos. O mais comum de todos e o de maior
poder de atração é o ferro e provavelmente todos os objetos que você já viu
serem atraídos por ímãs contém ferro em sua composição. Dependendo da
condição do material, ele pode ficar inclusive magnetizado (imantado) após
permanecer um certo tempo em contato com ímãs. Isso pode ser observado às
vezes em tesouras e chaves de fenda que atraem alfinetes e parafusos. Você
pode magnetizar um clipe de aço com um ímã e usá-lo para atrair outros
objetos pequenos ou mesmo pendurá-lo com uma linha e usá-lo como bússo-
la. Esse fenômeno é utilizado para se gravar som e imagem em fitas magnéti-
cas de vídeo cassete, números e códigos em cartões de banco, bilhetes de
ônibus e programas em disquetes e disco rígidos de computador. Se você
gosta de usar a internet saiba que praticamente todo o seu conteúdo está gra-
vado magneticamente em milhões de computadores espalhados pelo mundo
através do mesmo processo que faz um alfinete ficar imantado.
CONHECENDO OS CAMPOS
Agora que já falamos um pouco sobre choques e ímãs, ou seja, sobre
eletricidade e magnetismo, podemos parar um pouquinho e pensar: será que
esses dois fenômenos estão relacionados? Na verdade, desde a antiguidade se
imaginava que sim, mas somente no século XIX se conseguiu comprovar essa
relação. Vejamos algumas semelhanças e diferenças:
Eletricidade Magnetismo
Atração de objetos a uma certa distância SIM SIM
Apresenta situações de atração e de repulsão SIM SIM
Precisa de atrito para ocorrer SIM NÃO
Pode causar choques SIM NÃO
Atrai apenas um reduzido número de metais NÃO SIM
Pode ser usado como bússolaEletricidade NÃO SIM
Para responder isso, podemos começar de uma questão mais simples: como é
que você sabe quando o seu vizinho está fazendo churrasco? Há várias ma-
neiras, é claro: ele pode contar a você, você pode ver, ouvir ou sentir o chei-
rinho... De qualquer modo a informação chega até você de alguma maneira.
Se você não sentir o cheiro, não ouvir nem ver nada e seu vizinho ficar “na
moita”, não ficará sabendo do churrasco, o que pode ser uma tragédia. Mas o
que isso tem a ver com o ímã e todo o resto? Será que o ímã sente o cheiro do
ferro? É claro que não. Mas de alguma forma a presença do ferro é sentida
pelo ímã e vice-versa. É aí que entra a idéia de campo.
O campo seria algo invisível e imperceptível para nós, mas que está real-
mente ao redor de um ímã. Não seria um cheiro, pois os odores são provoca-
dos por substâncias e o campo não é uma substância. Se fosse um cheiro,
possivelmente nós sentiríamos. Mas há algumas semelhanças com a idéia de
cheiro. Ao observar um jogador tirar a chuteira após 90 minutos de partida,
você certamente ficará aliviado por estar distante da cena, pois você sabe que
os odores não muito agradáveis produzidos nessa situação serão muito mais
intensos nas proximidades de sua origem: o pé do jogador. Da mesma forma,
um pedaço de ferro é atraído com facilidade apenas nas proximidades dos
ímãs. Um ímã muito forte talvez possa ser sentido mais longe, da mesma
forma que um cheiro forte.
Na semelhança entre campos e cheiros, outro fator também tem que ser
levado em conta: o “olfato”. Imagine que seu vizinho esteja fazendo aquele
churrasco e você está sentindo o cheirinho. Você sente o cheiro porque a
distância de sua casa até a do vizinho é pequena. Se você morasse dois quar-
teirões adiante talvez não ficasse sabendo do churrasco. Mas agora imagine o
que sente o Rex, seu cãozinho querido. Com seu olfato canino, ele sentiria o
cheiro do churrasco até mais longe do que dois quarteirões. O mesmo ocorre
com os campos. Um ímã tem ao seu redor um campo que influi em outros
ímãs e em objetos contendo ferro. Mas um segundo ímã será mais influencia-
do à distância quanto maior for sua intensidade. Por exemplo, se você mover
um ímã a 20 centímetros de uma mesa com vários objetos sobre ela, verá que
alguns objetos são mais influenciados do que outros. Suas capacidades de
sentir os campos são diferentes, assim como nosso olfato e o olfato dos cães.
O campo de um ímã é chamado de campo magnético e embora nós não
possamos senti-lo diretamente, trata-se de algo bem real. O planeta Terra pos-
sui um campo magnético. Este campo faz com que as bússolas apontem todas
na mesma direção e nos proteje de partículas nocivas provenientes do Sol.
Esse campo também auxilia animais migratórios, como aves e lagostas, a en-
contrar seu caminho.Ao contrário de nós, esses animais possuem órgãos sen-
soriais capazes de detectar os campos magnéticos. Um ímã colocado na pro-
ximidade deles pode desorientá-los.
Mas há outros tipos de campo além do magnético. Como vimos, o fenô-
meno da atração à distância não se restringe aos ímãs, mas está também asso-
ciado à eletricidade. Uma pergunta similar à que fizemos antes pode ser for-
mulada: como os pedacinhos de papel “sabem” que uma régua eletrizada está
por perto e saem voando em sua direção? A resposta é que a régua, com seu
excesso de cargas positivas ou negativas, apresenta em torno de si um campo
elétrico. As cargas existentes no papel “sentem” este campo e a partir disso
sofrem uma força que as arrasta de encontro à régua. Assim, existem pelo
menos dois campos diferentes: o campo magnético, relacionado aos ímãs, e o
campo elétrico, associado à eletricidade.
-
Campos elétricos
Os campos elétricos e os campos magnéticos provocam o surgimento de
forças que, por sua vez, provocam outros efeitos, como o início de um movi-
mento. As cargas elétricas, por exemplo, quando imersas em um campo elétri-
co, são puxadas na direção deste campo e é isso que faz o papelzinho grudar
na régua eletrizada. Há uma forma matemática muito simpática de se expres-
sar essa idéia. Vamos indicar pela letra E a intensidade do campo elétrico e por
q a quantidade de carga. Quando a quantidade de carga q for colocada no
campo E, surgirá uma força, que podemos indicar pela letra F. A equação
matemática é assim:
Essa fórmula mostra os fatos: se uma carga forte está num campo forte
aparece uma grande força. Se o campo ou a carga são muito fraquinhos, o
resultado será uma força menor. Se não houver o campo ou não houver a
carga, não há força. Retomando nosso exemplo canino, o campo seria o chei-
ro, a carga seria o olfato do cão. Se o olfato for bom e o cheiro de churrasco
for forte o cãozinho ficará muito faminto e latirá desvairadamente. Se não
houver cheiro, ou se o cão estiver sem olfato, nada demais acontecerá: o
cãozinho continuará nas suas cachorradas costumeiras de sempre.
A fórmula F = q. E é vetorial, o que significa que existe uma informação
sobre direções envolvida. Quando você ouve um som é possível saber de que
direção está vindo porque temos dois ouvidos. Já a carga elétrica “percebe” a
direção do campo, pois o campo é uma grandeza vetorial e provocará uma
força em sua direção. Vale lembrar que uma direção tem dois sentidos. Nosso
amigo Rex, sendo um canino normal, ao sentir o cheiro da carne irá se mover
no sentido de se aproximar da carne. Eu conheço um cão “do contra”, vege-
tariano, chamado Xer e que detesta carne. Nessa situação, ele seguiria no
Campo magnético
O campo magnético, assim como o elétrico, pode ser representados por
linhas. Em um ímã comum as linhas adquirem o seguinte aspecto:
Note que as linhas de campo saem do pólo norte e entram no pólo sul. Um
bússola, colocada em um campo magnético, apontará na direção do campo.
O pólo norte da bússola, que aponta para o norte geográfico (sul magnético)
da Terra, sempre aponta no sentido do campo.
Os campos magnéticos também agem sobre as cargas, mas para isso elas
devem estar em um movimento perpendicular a ele. Os campos magnéticos
não fazem nada com cargas paradas, nem com cargas em movimento que
acompanhem a sua direção, mas quando uma carga tem ao menos parte de
seu movimento perpendicular ao campo, estranhos desvios em seu movimen-
to começam a acontecer, podendo provocar movimentos circulares ou até mais
complicados. Ao contrário do campo elétrico, o campo magnético não desvia
a carga no sentido do campo, mas numa direção perpendicular a ele. Imagine
a seguinte situação: um ímã grande, muito forte, com o pólo norte colocado
sob a mesa. Se você coloca uma bolinha com carga positiva sobre a mesa,
nada acontece, porque o campo magnético não atua em carga paradas. Mas se
você a coloca em movimento ela irá sempre se desviar para a direita. Como o
desvio é contínuo a bolinha acaba realizando um movimento circular.
-
CAMPOS E CARGAS
Até este ponto, vimos o significado de três idéias:
- Campo Elétrico.
- Campo Magnético.
- Cargas Elétricas.
Essas três idéias formam a base do que chamamos de Eletromagnetismo.
Este é o ramo da Física que explica todos os fenômenos elétricos e magné-
ticos e que permitiu a invenção de inúmeros aparelhos elétricos e a compre-
ensão do comportamento da matéria de uma forma muito profunda. Após
muitas experiências e teorias, os físicos descobriram que apenas com essas
três idéias é possível formular algumas regras que, transformadas em equa-
ções matemáticas, nos tornam capazes de prever uma inúmera quantidade
de fenômenos interessantes. Essas equações são chamadas de “Equações de
Maxwell” em homenagem ao cientista que as colocou em sua forma final.
Os cálculos com as equações de Maxwell são complexos demais para o
nível de ensino médio, mas podemos compreender seu significado sem en-
trar diretamente nesses cálculos, colocando-as em formas de leis e discutin-
do suas conseqüências:
Nas cargas positivas o sentido do campo é para fora e nas negativas, para
dentro. Lembrando que os campo provocam forças nas cargas e que o sentido
da força depende do sinal da carga, podemos entender a repulsão e a atração
de cargas de mesmo sinal e sinais opostos:
-
tal faz com que esses elétrons comecem um percurso, produzindo uma corrente. Assim,
se conseguirmos produzir um campo elétrico contínuo dentro de um metal, produzire-
mos corrente elétrica. As pilhas e baterias fazem justamente isso. Por um processo
químico, as baterias e as pilhas fazem com que cargas positivas fiquem acumuladas em
uma região e negativas em outra. Essas regiões são chamadas pólos. Isso cria um campo
elétrico permanente enquanto a pilha estiver carregada. Ao colocar um fio unindo os
pólos positivo e negativo da pilha, você terá uma corrente elétrica e seu aparelho irá
funcionar.
CAMPOS NO INTERIOR DA TV
Televisores. A imagem da sua TV é formada pelo impacto de elétrons no vidro. Os
elétrons são empurrados violentamente contra a tela através do tubo da TV utilizando-se
um fortíssimo campo elétrico. Ao atingir uma substância colocada sob a tela de vidro os
elétrons provocam a emissão de luz. As lâmpadas fluorescentes e os aparelhos de raios
X seguem um princípio semelhante. Nas lâmpadas, os elétrons atingem átomos no
interior das lâmpadas que produzem raios ultravioleta. Estes ao atingir o vidro recoberto
de substâncias similares aos da tela da TV, produzem luz. Já os raios X são gerados
quando os elétrons atingem uma anteparo de metal. O que muda de um aparelho para
outro é a energia com que os elétrons são lançados. Essa energia está ligada à tensão
elétrica, que estudamos no primeiro capítulo. Um televisor pode trabalhar com 10.000 V,
o que significa que ele fornece 10.000 J de energia para cada coulomb de carga que o
atravessa. Podemos resumir isso em uma fórmula simples: E = q.V, ou seja, a energia é o
produto da quantidade de carga pela tensão elétrica.
-
Lei de Ampère
Essa lei diz que quando cargas elétricas estão em movimento surgem cam-
pos magnéticos ao seu redor. Esse fato incrível foi descoberto no século XIX
por um professor de física dinamarquês chamado Oersted, que percebeu que
um fio ligado em uma pilha desviava a agulha de uma bússola.
Uma corrente elétrica, portanto, é uma fonte de campo magnético. Isso se
traduz em várias aplicações práticas interessantes.
Se você esticar um fio em linha reta e fizer uma corrente elétrica passar Saiba mais
por ele, o campo magnético será representado por linhas circulares ao redor Com os fenômenos liga-
do fio, como na figura a seguir. dos à lei de Ampère,
muitas invenções pude-
O sentido do campo será dado pela chamada regra da mão direita. Imagi-
ram ser realizadas, como
ne-se segurando o fio e fazendo o sinal de “positivo” com o dedão no sentido o telégrafo, o telefone, os
da corrente. Os demais dedos indicarão automaticamente o sentido do campo alto-falantes, as campai-
magnético. Observe a figura: nhas, as fitas de grava-
ção magnética (como as
fitas de vídeo), os moto-
res elétricos usados em
inúmeros aparelhos do-
mésticos e em meios de
transporte como os trens
e o metrô.
Lei de Faraday
Essa foi uma descoberta revolucionária. A idéia é simples: um campo
magnético, quando é alterado, produz um campo elétrico. Por exemplo: se
LEI DE MAXWELL
Essa foi a última das leis a serem descobertas, mas foi uma das mais fundamentais. Vimos
que um campo magnético, ao se alterar, produz um campo elétrico. Mas o inverso
também ocorre: um campo elétrico se alterando também produz um campo magnéti-
co. Isso é incrível, porque se você começa de um campo magnético variando e obtiver
um campo elétrico que também varia, esse campo elétrico novo irá produzir um novo
campo magnético que, ao variar, produz outro elétrico e assim por diante. Isso gera uma
sucessão de campos elétricos e magnéticos que se propagam pelo espaço e que cha-
mamos de ondas eletromagnéticas. São essas ondas que permitem a transmissão de
informações através de antenas e são a base do funcionamento dos rádios, televisores,
telefones celulares e muitas outras coisas. Você estudará as ondas eletromagnéticas
com mais detalhes no capítulo de Física Moderna.
Exercícios
5) (Fuvest - 1996) A figura I representa
um ímã permanente em forma de barra,
onde N e S indicam, respectivamente, pó-
los norte e sul. Suponha que a barra esteja
dividida em três pedaços, como mostra a
figura II. Colocando lado a lado os dois
pedaços extremos, como indicado na fi-
gura III, é correto afirmar que eles
a) se atrairão, pois A é pólo norte e B é pólo sul
-
8) (Fuvest - 2001) Duas pequenas esferas, com cargas elétricas iguais, ligadas
por uma barra isolante, são inicialmente colocadas como descrito na situação
I. Em seguida, aproxima-se uma das esferas de P, reduzindo-se à metade sua
distância até esse ponto, ao mesmo tempo em que se duplica a distância entre
a outra esfera e P, como na situação II. O campo elétrico em P, no plano que
contém o centro das duas esferas, possui, nas duas situações indicadas,
-
a) A A’
b) B B’
c) C C’
d) D D’
e) perpendicular ao plano do papel.
12) (Fuvest - 2004) Pequenas esferas, carregadas com cargas elétricas negati-
vas de mesmo módulo Q, estão dispostas sobre um anel isolante e circular,
como indicado na figura I. Nessa configuração, a intensidade da força elétri-
ca que age sobre uma carga de prova negativa, colocada no centro do anel
(ponto P), é F1. Se forem acrescentadas sobre o anel três outras cargas de
mesmo módulo Q, mas positivas, como na figura II, a intensidade da força
elétrica no ponto P passará a ser:
a) zero b) (1/2)F1 c) (3/4)F1 d) F1 e) 2 F1
13) (Fuvest - 2003) Um feixe de elétrons, todos com mesma velocidade, pe-
netra em uma região do espaço onde há um campo elétrico uniforme entre
duas placas condutoras, planas e paralelas, uma delas carregada positivamen-
te e a outra, negativamente. Durante todo o percurso, na região entre as pla-
cas, os elétrons têm trajetória retilínea, perpendicular ao campo elétrico. Igno-
rando efeitos gravitacionais, esse movimento é possível se entre as placas hou-
ver, além do campo elétrico, também um campo magnético, com intensidade
adequada e:
a) perpendicular ao campo elétrico e à trajetória dos elétrons.
b) paralelo e de sentido oposto ao do campo elétrico.
c) paralelo e de mesmo sentido que o do campo elétrico.
d) paralelo e de sentido oposto ao da velocidade dos elétrons.
e) paralelo e de mesmo sentido que o da velocidade dos elétrons.
a) b) c) d) e)
16) (Fuvest - 1998) Três pequenas esferas carregadas com cargas de mesmo
módulo, sendo A positiva e B e C negativas, estão presas nos vértices de um
triângulo equilátero. No instante em que el as são soltas, simultaneamente, a
direção e o sentido de suas acelerações serão melhor representados pelo es-
quema:
-
18) (UFRJ - 2001) Um ímã permanente cai por ação da gravidade através de
uma espira condutora circular fixa, mantida na posição horizontal, como mostra
a figura. O pólo norte do ímã esta dirigido para baixo e a trajetória do ímã é
vertical e passa pelo centro da espira. Use a lei de Faraday e mostre por meio
de diagramas:
a) o sentido da corrente induzida na espira no momento ilustrado na figura;
b) a direção e o sentido da força resultante exercida sobre o ímã.
JUSTIFIQUE SUAS RESPOSTAS.
19) (UFMG - 1997) Atrita-se um bastão com lã de modo que ele adquire carga
positiva. Aproxima-se então o bastão de uma esfera metálica com o objetivo
de induzir nela uma separação de cargas. Essa situação é mostrada na figura.
-
22) (UFMG - 1997) Uma pessoa gira uma espira metálica, com velocidade
angular constante, na presença de um campo magnético, como mostra a figu-
ra. A espira tem resistência elétrica R e seu movimento é sem atrito.
1 - EXPLIQUE por que, nessa situação, aparece
uma corrente elétrica na espira.
2 - Em um determinado momento, a pessoa pára
de atuar sobre a espira.
RESPONDA se, após esse momento, a velocida-
de angular da espira aumenta, diminui ou per-
manece constante. JUSTIFIQUE sua resposta.
UNIDADE 2
1 (Fuvest) - A 3 (Unicamp) -
2 (Unifesp) - a) 3 x 10 2
a) As cargas acumuladas nas esferas b)Vx = 6,0 m/s
têm a tendência de ser neutralizadas Vy = 4,0 m/s
pelo contato com o ar. A tendência na- 4 (UFMG) -
tural é a de os ângulos continuarem
iguais pois as forças gravitacionais a) E = 3,2 . 10-15 J
(pesos) e interação com a /terra não b) 6,2. 10-11 m
se alteram e as elétricas constituem 5 (Fuvest) - E
um par de ação e reação, tendo, por- 6 (Fuvest 2000) - E
tanto, a mesma intensidade.
7 (Fuvest 2000) - E
b) 2,16 x 10-7 C
8 (Fuvest 2001) - B
-
Bibliografias
ALVARENGA, Beatriz; MÁXIMO, Antônio. Curso de Física. Vol. 3, 5. ed.,
São Paulo: Scipione, 2000.
BONJORNO, CLINTON. Física História e Cotidiano. Vol. 3, FTD.
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SBPC.
GASPAR, Alberto. Física-Eletromagnetismo e Física Moderna. Vol.3, 1. ed.,
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GONÇALVES FILHO, Aurélio; TOSCANO, Carlos. Física para o ensino
médio. São Paulo: Scipione, 2002. (Série Parâmetros).
GREF (Grupo de Reelaboração do Ensino de Física). MENEZES, Luís
Carlos de; HOSOUME, Yassuko; ZANETIC, João. (Coord.). Física 3 –
eletromagnetismo. 3. ed. São Paulo: Edusp, 1998.
PEC (programa de eduacação continuada). PEB II – Física, Módulo 2. São
Paulo, 2003. Aperfeiçoamento de professores.
SITES
www.feiradeciencias.com.br
www.fisicanet.terra.com.br
www.if.usp.br/gref
Sobre os autores
Luis Paulo Piassi
Aluno de doutoramento na Faculdade de Educação da USP, bacharel e li-
cenciado em Física e mestre em ensino de ciências pelo Instituto de Física da
USP e pela Faculdade de Educação da USP. Trabalhou por oito anos no Grupo
de Reelaboração do Ensino de Física (GREF), onde ministrou diversos cursos
de aperfeiçoamento para professores de ensino fundamental e médio. Junto ao
GREF produziu diversos textos e materiais didáticos voltados ao ensino mé-
dio. Atuou no Programa de Educação Continuada do Governo do Estado de
São Paulo e em cursos do programa Prociencias. É professor de física, astro-
nomia e tecnologia no ensino fundamental e médio no Colégio Waldorf Micael
de São Paulo. Criou e administra a página da internet Scite – recursos de
ensino de ciências (www.scite.pro.br) e desenvolve software educacional para
o ensino de ciências. É colaborador da Experimentoteca-Ludoteca do IF-USP.
Maurício Pietrocola
Licenciado em Física pela USP, mestre em ensino de ciências (modalidade
Física) pela mesma Universidade e doutor em História e Epistemologia das
Ciências da Universidade de Paris 7 – Denis Diderot. Foi professor secundário
de Física e professor do Departamento de Física da UFSC. Secretário de Ensi-
no da Sociedade Brasileira de Física nas gestões 1999-2001 e 2001-2003.
Membro dos conselhos editorias do Caderno Brasileiro de Ensino de Física e
da Revista da Sociedade Brasileira de História da Ciência. É co-autor de li-
vros paradidáticos de Física, da coleção Física, um outro olhar, da editora
FTD. É atualmente professor doutor da Faculdade de Educação da USP.
Física
Energia e quantidade
de movimento
Organizadores
Maurício Pietrocola
Nobuko Ueta
Elaboradores
Rogério Vogt Cardoso dos Santos
José Alves da Silva
Maurício Pietrocola
5
módulo
Nome do Aluno
GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO
Governador: Geraldo Alckmin
Secretaria de Estado da Educação de São Paulo
Secretário: Gabriel Benedito Issac Chalita
Coordenadoria de Estudos e Normas Pedagógicas – CENP
Coordenadora: Sonia Maria Silva
PROGRAMA PRÓ-UNIVERSITÁRIO
Coordenadora Geral: Eleny Mitrulis
Vice-coordenadora Geral: Sonia Maria Vanzella Castellar
Coordenadora Pedagógica: Helena Coharik Chamlian
Coordenadores de Área
Biologia:
Paulo Takeo Sano – Lyria Mori
Física:
Maurício Pietrocola – Nobuko Ueta
Geografia:
Sonia Maria Vanzella Castellar – Elvio Rodrigues Martins
História:
Kátia Maria Abud – Raquel Glezer
Língua Inglesa:
Anna Maria Carmagnani – Walkyria Monte Mór
Língua Portuguesa:
Maria Lúcia Victório de Oliveira Andrade – Neide Luzia de Rezende – Valdir Heitor Barzotto
Matemática:
Antônio Carlos Brolezzi – Elvia Mureb Sallum – Martha S. Monteiro
Química:
Maria Eunice Ribeiro Marcondes – Marcelo Giordan
Produção Editorial
Dreampix Comunicação
Revisão, diagramação, capa e projeto gráfico: André Jun Nishizawa, Eduardo Higa Sokei, José Muniz Jr.
Mariana Pimenta Coan, Mario Guimarães Mucida e Wagner Shimabukuro
Cartas ao
Aluno
Carta da
Pró-Reitoria de Graduação
Caro aluno,
Com muita alegria, a Universidade de São Paulo, por meio de seus estudantes
e de seus professores, participa dessa parceria com a Secretaria de Estado da
Educação, oferecendo a você o que temos de melhor: conhecimento.
Conhecimento é a chave para o desenvolvimento das pessoas e das nações
e freqüentar o ensino superior é a maneira mais efetiva de ampliar conhecimentos
de forma sistemática e de se preparar para uma profissão.
Ingressar numa universidade de reconhecida qualidade e gratuita é o desejo
de tantos jovens como você. Por isso, a USP, assim como outras universidades
públicas, possui um vestibular tão concorrido. Para enfrentar tal concorrência,
muitos alunos do ensino médio, inclusive os que estudam em escolas particulares
de reconhecida qualidade, fazem cursinhos preparatórios, em geral de alto
custo e inacessíveis à maioria dos alunos da escola pública.
O presente programa oferece a você a possibilidade de se preparar para enfrentar
com melhores condições um vestibular, retomando aspectos fundamentais da
programação do ensino médio. Espera-se, também, que essa revisão, orientada
por objetivos educacionais, o auxilie a perceber com clareza o desenvolvimento
pessoal que adquiriu ao longo da educação básica. Tomar posse da própria
formação certamente lhe dará a segurança necessária para enfrentar qualquer
situação de vida e de trabalho.
Enfrente com garra esse programa. Os próximos meses, até os exames em
novembro, exigirão de sua parte muita disciplina e estudo diário. Os monitores
e os professores da USP, em parceria com os professores de sua escola, estão
se dedicando muito para ajudá-lo nessa travessia.
Em nome da comunidade USP, desejo-lhe, meu caro aluno, disposição e vigor
para o presente desafio.
Caro aluno,
Com a efetiva expansão e a crescente melhoria do ensino médio estadual,
os desafios vivenciados por todos os jovens matriculados nas escolas da rede
estadual de ensino, no momento de ingressar nas universidades públicas, vêm se
inserindo, ao longo dos anos, num contexto aparentemente contraditório.
Se de um lado nota-se um gradual aumento no percentual dos jovens aprovados
nos exames vestibulares da Fuvest — o que, indubitavelmente, comprova a
qualidade dos estudos públicos oferecidos —, de outro mostra quão desiguais
têm sido as condições apresentadas pelos alunos ao concluírem a última etapa
da educação básica.
Diante dessa realidade, e com o objetivo de assegurar a esses alunos o patamar
de formação básica necessário ao restabelecimento da igualdade de direitos
demandados pela continuidade de estudos em nível superior, a Secretaria de
Estado da Educação assumiu, em 2004, o compromisso de abrir, no programa
denominado Pró-Universitário, 5.000 vagas para alunos matriculados na terceira
série do curso regular do ensino médio. É uma proposta de trabalho que busca
ampliar e diversificar as oportunidades de aprendizagem de novos conhecimentos
e conteúdos de modo a instrumentalizar o aluno para uma efetiva inserção no
mundo acadêmico. Tal proposta pedagógica buscará contemplar as diferentes
disciplinas do currículo do ensino médio mediante material didático especialmente
construído para esse fim.
O Programa não só quer encorajar você, aluno da escola pública, a participar
do exame seletivo de ingresso no ensino público superior, como espera se
constituir em um efetivo canal interativo entre a escola de ensino médio e
a universidade. Num processo de contribuições mútuas, rico e diversificado
em subsídios, essa parceria poderá, no caso da estadual paulista, contribuir
para o aperfeiçoamento de seu currículo, organização e formação de docentes.
Energia
Organizadores
Maurício Pietrocola
Nobuko Ueta
Em sua vida, você certamente já ouviu a palavra “energia” em várias situa-
Elaboradores
ções. Leia, imagine as situações a seguir e reflita sobre o sentido da palavra
“energia” em cada contexto: Rogério Vogt
Cardoso dos Santos
1) Depois de um “blecaute”: José Alves da Silva
“ – Acordei tarde porque faltou ener- Maurício Pietrocola
gia ontem à noite e o rádio despertador
não tocou.”
3) Sobre combustível:
“Um avião, para alçar vôo, precisa de muita energia.”
4) Sobre desânimo:
“– Ando sem ânimo. Falta-me energia.”
5) Na alimentação:
“– Um iogurte achocolatado tem mais energia do que outro iogurte de
outro sabor.”
6) Em uma estufa:
“– Esta estufa tem capacidade de armazenar energia solar.”
Assim, por exemplo, um carro em movimento pode “empurrar” alguns objetos que
estejam à sua frente. Portanto, podemos dizer que ele é dotado de energia.
CONSERVAÇÃO DA ENERGIA
A energia, na natureza, nunca se perde, sempre se transforma. Este é um
dos princípios mais fundamentais da ciência: o Princípio da Conservação da
Energia.
Quando você põe um par de pilhas novas em um “walkman”, depois de
um certo tempo, percebe que ela fica “velha” e, por isso, você sabe que ne-
cessita comprar um novo par. Será que neste caso a energia se conservou?
-
TIPOS DE ENERGIA
Quando você leu anteriormente que a expressão “energia” pode estar re-
lacionada a vários contextos e que devemos associá-la à capacidade de pro-
duzir movimentos, talvez você já tenha percebido que não há somente um
tipo de energia.
Afinal, quando ouvimos falar de situações aparentemente tão distintas
quanto a energia armazenada no combustível de um carro, a energia associa-
da a um trem em alta velocidade, ou uma pessoa que precisa repor uma quan-
tidade de energia que gastou, ou mesmo que o Sol armazena energia, todas
estas situações parecem lidar com tipos diferentes de energia.
Vejamos a seguir os principais tipos de energia:
Sol é responsável por uma série de fenômenos, como a fotossíntese nas plantas, o
aquecimento da Terra, a movimentação dos ventos, entre outros.
Em muitos lugares, a energia solar é por uma célula fotovoltaica que a armazena e a
transforma em outros tipos de energia, sobretudo elétrica e térmica.
-
Luminosa: É a energia obtida através da luz. Algumas reações químicas, por exemplo,
ocorrem mediante a presença de luz.
Sonora: É a energia devida ao som. Se você já teve a oportuni-
dade de colocar o seu aparelho de som em volume muito alto,
deve ter notado que alguns objetos próximos a ele, muitas
vezes, vibram. Então, o som tem energia. Na verdade, somente
o ato de escutar já se deve à energia sonora: captamos e dife-
renciamos o som por meio do nosso tímpano, órgão que “vi-
bra” ao perceber um som.
TRABALHO
Quando definimos energia, a relacionamos ao conceito de trabalho. Você
estudará agora um pouco mais profundamente este conceito.
No nosso dia a dia, a expressão “trabalho” pode estar relacionada a uma
tarefa (“Faça este trabalho para mim”), a uma profissão (“Você trabalha em
quê?”), a uma vida conturbada (“Estou com excesso de trabalho”), entre ou-
tras possibilidades. Em Física, no entanto, o conceito de “trabalho” é bem
mais específico.
Em Física, por um lado o trabalho está associado a uma força aplicada a
um corpo, e ao conseqüente deslocamento deste corpo. Por outro lado, o tra-
balho mede a transformação da energia.
SAIBA MAIS
Observe que a definição anterior gera algumas implicações que devem ser bem obser-
vadas. A primeira delas é que mesmo que estejamos, por exemplo, empurrando uma
parede, estaremos gastando energia, mas não estaremos realizando trabalho, pois não
conseguiremos deslocá-la. Para que haja trabalho, deve haver deslocamento.
Outra constatação importante é que, para haver trabalho, é preciso que haja energia
sendo transformada.
τ = F.d
Caso haja algum ângulo entre a força e o deslocamento (veja figura), de-
vemos considerá-lo através do uso da componente da força, de acordo com a
expressão:
τ = F.d.cos θ
-
τ = m.g.h
onde m = massa;
g = gravidade;
h = altura.
A unidade de medida para o trabalho é o N.m (newton.metro), que é o mesmo que joule
(J). Um joule de trabalho é realizado quando uma força de 1 N é exercida num corpo ao
longo de um deslocamento de 1 metro. Todas as outras medidas de energia também
podem ser utilizadas para cálculos de trabalhos.
Exercícios
1. Identifique as transformações de energia que ocorrem nas seguintes situa-
ções:
a) pessoa andando; f) secador de cabelo;
b) elevador subindo; g) metrô circulando;
c) aparelho de som funcionando; h) computador;
d) cata-vento girando; i) televisão;
e) chuveiro; j) lâmpada incandescente.
Há muito tempo sabemos que “é preciso economizar energia” a fim de que não haja
desperdício. Segundo algumas campanhas de conscientização, que muitas vezes falam
em “conservar energia”, isto pode ser feito apagando-se as lâmpadas desnecessárias,
desligando aquecedores de água que não estejam sendo usados, entre outras medidas.
Diferencie o termo “conservar a energia” utilizado nessas campanhas do Princípio de
Conservação da Energia que estudamos.
ENERGIA MECÂNICA
Um dos principais tipos de energia é aquele ligado à posição de um objeto
em relação a outro ou aquele devido aos movimentos. Nestas situações, temos
a energia mecânica que pode ser de dois tipos:
1) Energia mecânica do tipo cinética (ou simplesmente energia cinética):
quando empurramos um objeto, podemos colocá-lo em movimento e, sendo
assim, por estar em movimento, o mesmo será capaz também de empurrar
outros, ou seja, ele também será capaz de realizar trabalho. Chamamos esta
“energia devido ao movimento” de energia cinética.
A energia cinética (Ec) depende da massa de um objeto e de sua velocida-
de. Assim, se um carro e um caminhão estiverem com a mesma velocidade, o
caminhão, por ter mais massa do que o carro, terá maior energia cinética. Por
outro lado, caso o caminhão esteja com uma baixíssima velocidade e o carro
com uma velocidade bem maior, então será necessário calcularmos mais pre-
cisamente a energia de ambos para sabermos quem terá maior capacidade de
realizar trabalho.
Podemos calcular a energia cinética (Ec) através da expressão:
SAIBA MAIS
Observe que a expressão anterior revela que a energia cinética possui uma grande
variação ao mudarmos o valor da velocidade. Se dobrarmos o valor de v, a energia
cinética terá seu valor quadruplicado. Por outro lado, se reduzirmos v pela metade, o
valor da energia cinética será reduzido à quarta parte de seu valor inicial.Você consegue
demonstrar estas observações? Tente e verá que não é difícil.
-
Epg = m. g. h
-
τ = Ecf – Eci
Respostas:
a) O trabalho realizado para elevar o martelo do bate-estacas fornece-lhe energia
potencial gravitacional. Quando solto, o martelo adquire energia cinética e a
transfere para a estaca que, por sua vez, realizará um trabalho ao empurrar a
camada superficial da Terra para o chão à medida que o penetra. Parte desta
energia recebida pela estaca ao penetrar na Terra será transformada em ener-
gia sonora (haverá um considerável barulho) e energia térmica (tanto a estaca
quanto o chão terão um sensível aquecimento).
b) Não há, portanto, conservação da energia mecânica, pois nem toda a ener-
gia potencial do martelo foi transformada totalmente em energia cinética, ha-
vendo perda na forma de energia sonora e térmica.
-
m.g.h1 =
h1 =
h1 = 18 m
Segue, também, que:
h2 =
h2 = 72 m
⇔ L2 = ⇔ L2 = 4L1
Exercícios
1. Escreva se são falsas (F) ou verdadeiras (V) as seguintes afirmações:
a) Em uma usina hidrelétrica, no ponto em que se inicia a queda d’água, há
energia potencial gravitacional e energia cinética. No ponto mais baixo,
em que não há altura, só há energia cinética.
b) O trabalho realizado pela força peso só depende da altura, independendo
da sua trajetória.
c) O Princípio da Conservação da Energia só vale para situações em que não
ocorram forças dissipativas (atrito, resistência do ar etc.).
d) Trabalho é a energia sendo gasta. Então, se não há energia, não há trabalho.
e) Energia é a capacidade de realizar trabalho. Então, sempre que não há
trabalho, não há energia.
2.(Fuvest) No rótulo de uma lata de leite em pó lê-se : “Valor energético 1 509 kJ
por 100 g (361 kcal)”. Se toda energia armazenada em uma lata que contém
400 g de leite fosse utilizada para levantar um objeto de 20 kg, a altura atingi-
da seria de aproximadamente:
6. Uma bala de revólver, cuja massa é de 10 g (ou 0,001 Kg), tem uma velo-
cidade de 400 m/s ao atingir um bloco, no qual penetra, até parar.
a) Calcule a energia cinética inicial da bola.
b) Determine a energia cinética final da bala.
c) Determine a variação da energia cinética neste trecho.
7. Um garoto em um carrinho de rolimã desce uma ladeira com forte vento
contrário a seu movimento. A sua velocidade se mantém constante durante a
descida. Responda o que acontece com
a) a energia potencial gravitacional do sistema.
b) a energia cinética do sistema.
c) a energia mecânica do sistema.
8. Uma criança, ao subir em um elevador, apresenta em média 900 J de ener-
gia potencial. À medida que chegou no chão, com altura nula, sua energia
baixou para 850 J, sendo que este valor corresponde somente à energia ciné-
tica. Responda:
a) Houve conservação da energia mecânica?
b) Houve conservação da energia? Por quê?
9. Imagine que você pudesse optar em colidir com dois garotos, cada um em
cima de um skate. Um deles é leve, enquanto o outro é duas vezes mais pesa-
do, mas com a metade da rapidez do outro. Considerando-se apenas massa e
velocidade, com qual dos dois a colisão seria menos danosa? Justifique usan-
do a expressão da energia cinética.
-
DEGRADAÇÃO DA ENERGIA
Considerando que a energia nunca se perde, sempre se transforma, você
pode se perguntar qual seria, então, a importância do Sol para a manutenção
da energia na Terra: afinal, bastaria então fornecer uma determinada quanti-
dade de energia (que jamais se perderia) para a Terra e, com isso, o Sol não
precisaria continuar enviando.
Para resolver este aparente “paradoxo”, você precisa saber que a Terra
não consegue manter a sua energia interna constante. Ela recebe energia e a
reemite, na forma de ondas eletromagnéticas, através do processo de irradia-
ção (leia mais sobre este assunto no módulo sobre calor), o que a faz depen-
der sempre do Sol para manter a sua energia.
Além disso, há um outro fato: à medida que a energia vai se transforman-
do em diversos tipos, há uma certa quantidade que se degrada, ou seja, há
uma parte que não conseguirá ser totalmente transformada em determinado
tipo de energia. Em síntese, qualquer energia pode ser transformada, mas a
eficiência desta transformação não é a mesma. Daí vem a constatação de que
é possível transformar 100% da energia cinética em energia térmica (calor),
mas o contrário não é verdadeiro. Para cada transformação de energia, temos
um determinado percentual de degradação.
A grandeza que mede esta degradação é chamada de entropia. Quanto
menor for a entropia de uma forma de energia, menor será a sua degradação
e, assim, ela poderá ser transformada com mais eficiência em outros tipos de
energia (observe a tabela).
Compreendida esta idéia, você pode perceber, então, porque o Sol é tão ne-
cessário para a manutenção da energia na Terra. Se acaso ele parasse de fornecer,
à medida que forem ocorrendo as transformações de energia, a entropia aumenta-
rá e, com isso, depois de um certo tempo, haverá na Terra somente aquela energia
degradada e que não poderia ser reaproveitada para a vida na Terra.
Observe, então, que há uma regra geral: Num sistema fechado (A Terra
sem o Sol, por exemplo) a entropia nunca diminuirá: ou ela permanece cons-
tante ou aumenta.
SAIBA MAIS
Compreenda mais sobre eficiência da transformação de energia numa máquina térmica
estudando novamente o módulo sobre calor, procurando o tópico rendimento. Ao lê-lo,
tente estabelecer uma relação entre transformações e o conceito de degradação
(entropia) de energia.
POTÊNCIA
Ao tratarmos os temas de trabalho e energia, não mencionamos o tempo
que gastamos para realizar um determinado movimento, ou seja, o quanto uma
máquina demora para realizar um trabalho. Você deve ter percebido também
que o trabalho realizado para subir uma escada é o mesmo andando ou cor-
rendo, já que, neste caso, depende somente da altura, da gravidade e da massa
do corpo que sobe. Mas, então, você pode perguntar: por que razão ficamos
mais cansados quando subimos correndo (ou seja, mais rapidamente)?
Para responder à pergunta anterior, você precisa compreender o conceito
de potência.
Podemos definir potência como sendo a variação da quantidade de ener-
gia ∆E (trabalho realizado) dividido pelo intervalo de tempo (∆t) em que essa
variação ocorreu. Matematicamente:
CONVERSÕES DE U NIDADES
Podemos converter um sistema de unidade em outro. Para isso podemos fazer as se-
guintes relações:
1 cv = 736 W
1 HP = 746 W
Uma máquina com grande potência é, portanto, aquela que consegue rea-
lizar um trabalho rapidamente.
Perceba que um motor de automóvel que fornece duas vezes mais potência
que outro nem sempre realiza duas vezes mais trabalho que este último ou faz o
carro ir duas vezes mais rápido do que aquele com motor menos potente. Pode
significar, por exemplo, que o motor pode realizar a mesma quantidade de
trabalho na metade do tempo, ou duas vezes mais trabalho no mesmo tempo.
É importante ressaltar que quando estamos falando de potência, referimo-
nos a qualquer gasto de energia dentro de um intervalo de tempo, seja qual for
o tipo de energia (não somente energia mecânica). Podemos nos referir, por
exemplo, à energia química (consumo de combustíveis), energia elétrica (você
já reparou na potência do seu aparelho de som?), entre outras possibilidades.
Observe também que um litro de combustível, dotado de energia química,
pode realizar uma mesma quantidade de trabalho, embora possua potências
diferentes dependendo do tempo gasto para ser consumido. Um litro de com-
-
bustível pode ser utilizado para operar um carrinho aparador de gramas por
20 minutos ou pode ser gasto por um avião em apenas um único segundo.
Veja agora um exemplo no qual estas idéias podem ser aplicadas:
Resolução:
Para resolver esta questão, você deve perceber a necessidade de utilizar-
mos o conceito de potência: Na questão, há uma relação entre energia
consumida (kJ) e tempo gasto para consumi-la (minutos).
Em seguida, observe o gráfico: o jovem passa a precisar de mais O 2 a
partir do instante 3 min e prossegue assim até o instante 13 min, num total de
10 minutos correndo.
O gráfico também diz que, ao correr, ele gasta 2 litros de O2 por minuto, o
que implica numa potência que corresponde ao dobro daquela que ele conso-
me quando caminha. Portanto, P = 40 kJ/min.
Substituindo o tempo gasto ao correr na expressão da potência, temos:
⇔ 40 = ⇔ ∆E = 400 kJ.
Resolução:
Exercícios
1. (Fuvest) Um pai de 70 kg e seu filho de 50 kg pedalam lado a lado em
bicicletas idênticas, mantendo sempre velocidade uniforme. Se ambos sobem
uma rampa e atingem um patamar plano, o filho em relação ao pai:
a) realizou mais trabalho;
b) realizou a mesma quantidade de trabalho;
c) possuía mais energia cinética;
d) possuía a mesma quantidade de energia cinética;
e) desenvolve potência mecânica maior.
2. (Vunesp/SP) Um motor de potência útil igual a 125 W, funcionando como
elevador, eleva a 10 m de altura, com velocidade constante, um corpo de peso
igual a 50 N, no tempo de:
a) 0,4 s b) 2,5 s c) 12,5 s d) 5,0 s e) 4,0 s.
3. (Unicamp/SP) Um carro recentemente lançado pela indústria brasileira tem
aproximadamente 1.500 kg e pode acelerar, do repouso até a velocidade de
108 km/h, em 10 s. (Fonte: Revista Quatro Rodas, ago.92). Adote 1 cv = 750 W.
a) Qual o trabalho realizado nesta aceleração?
b) Qual a potência do carro em cv?
Exercícios do 4 ao 8
-
Filme
1. K19 – The Widowmaker
Direção: Kathryn Bigelow
Ano: 2002
Neste filme, você poderá perceber boa parte dos processos de transforma-
ções de energia sendo aplicados no mundo tecnológico, de uma maneira
envolvente e surpreendente.
Sites
1. Ministério das Minas e Energia
www.minasenergia.org.br
2. Petrobras
www.petrobras.com.br
Unidade 2
Impulso e quantidade
de movimento
Organizadores
Maurício Pietrocola
Nobuko Ueta
Elaboradores INTRODUÇÃO
Rogério Vogt
Cardoso dos Santos
José Alves da Silva
Maurício Pietrocola
Fonte: www.bigfoto.com
Você já parou para pensar como alguns acontecimentos despertam nossa
curiosidade? Ficamos maravilhados durante a festa de reveillon ao observar-
mos as figuras formadas no céu devido à queima dos fogos. Um outro acon-
tecimento que mexe com as nossas emoções e de particular beleza é o lança-
mento de uma missão espacial. O foguete lança gases em um sentido e é
impulsionado no sentido oposto. Mas o que estes eventos distintos têm em
comum?
A resposta está nas leis físicas que regem estes movimentos. Bem, nesta uni-
dade vamos falar de um tópico que é muito comum nos principais vestibulares do
país: impulso, quantidade de movimento e sua conservação. Bons estudos!
MOVIMENTO
Que tal uma partida de bilhar? Uma bola de
bilhar, atingida pelo taco, é posta em movimen-
to. Esse é apenas um exemplo de como um cor-
po pode entrar em movimento por ação de ou-
tro corpo. Vemos outros exemplos disso em um
jogo de futebol quando um jogador, ao cobrar
um pênalti, chuta a bola que se encontra parada
na marca da cal; no trânsito caótico de São Pau-
lo, quando um carro parado no sinal vermelho Fonte: www.fcsnooker.co.uk
é atingido por trás por outro carro.
-
QUANTIDADE DE MOVIMENTO
O produto da massa do corpo pela sua velocidade é denominado quantida-
de de movimento, uma grandeza vetorial que caracteriza, num dado instante, o
movimento de um corpo. Considere uma partícula de massa m se deslocando
com uma velocidade vetorial v. A quantidade de movimento desta partícula é
dada por:
Q = m.v
LEMBRE-SE
Quando a grandeza for vetorial, para defini-la é necessário, além do valor que você obtém
através da fórmula, indicar a direção e o sentido (se possível faça o desenho da seta).
IMPULSO
Lembra quando você, ainda criança, estava numa balança em um parque
e não conseguia balançar? Você pedia para que sua mãe lhe desse um “impul-
so”. Ela atendia prontamente exercendo uma “força” em suas costas “durante
um intervalo de tempo”.
-
I = F. ∆t
LEMBRE-SE
Quando a grandeza for vetorial, para defini-la é necessário, além do valor que você obtém
através da fórmula, indicar a direção e o sentido (se possível faça o desenho da seta).
TEOREMA DO IMPULSO
Já vimos que, quando em um corpo atua uma força, durante um intervalo
de tempo, ele recebe um impulso. Mas o que ocorre com a velocidade do
corpo? Se essa força for a resultante, é natural de se esperar que a velocidade
deste corpo se altere. Como a velocidade sofre uma mudança, a quantidade
de movimento do corpo também varia. Podemos entender a relação entre for-
ça resultante, intervalo de tempo e variação de velocidade pelo Teorema do
Impulso.
Veja abaixo:
OBSERVAÇÕES
Pela segunda lei de Newton:
∆v O teorema do impulso permite perceber
FR = m . a onde a= ,
∆t que a unidades de impulso (N.s) e quan-
tidade de movimento (kg.m/s) são equi-
Logo
valentes:
FR = m . ∆v ou FR . ∆t = m . ∆v
∆t N.s = kg.m/s
Portanto
IR = Qf – Qi
IR = ∆Q
vetorialmente temos:
SAIBA MAIS
Isaac Newton, em sua obra Princípia, publicada em 1687, propôs a segunda lei em
termos da quantidade de movimento:
∆v ∆Q
FR = m.a ⇒ FR = m. ⇒ FR = ,
∆t ∆t
A taxa de variação da quantidade de movimento de um corpo pelo tempo é igual à força
resultante que age sobre o corpo e tem a direção e o sentido desta força.
IR = ∆Q
FR . ∆t = ∆Q
Fonte: www.nhtsa.dot.gov
Air Bags: de acordo com o princípio da inércia, o motorista tende a manter a
mesma velocidade do veículo, ficando sujeito a uma força muito intensa para
-
ESPORTES
Quando um atleta ou nós mesmos saltamos, o impacto com o chão pode trazer riscos à
saúde. Instintivamente flexionamos nossas pernas ao tocar o solo novamente. Ao fazer-
mos isso, aumentamos o tempo de contato com o chão, durante a queda, minimizando
assim a força a que o corpo ficará sujeito. O mesmo princípio se aplica no rolamento feito
pelo lutador de judô durante a queda e pelos fabricantes de tênis com a intenção de
desenvolver um solado que absorva melhor o impacto. O mesmo raciocínio vale para o
uso de luvas no beisebol e no boxe, a utilização de espumas dentro de um capacete de
motociclismo, o uso de um piso especial colocado em provas de ginástica olímpica e nos
tatames de judô, e em muitos outros casos.
SISTEMA DE CORPOS
Vamos chamar de um sistema de corpos o conjunto de corpos que interagem
de alguma forma. Podemos citar, como exemplo, um pescador que anda em
cima de um barco, dois blocos interligados por uma mola comprimida, uma
raquete golpeando uma bola e assim por diante.
Fonte 1: www.delcancer.
com
Fonte 2: www.playtenis.
com.br
2
Exemplos de sistemas de corpos.
-
Qsistema = Q1 + Q2 + ... + Qn
Uma força é dita interna se sua ação ocorrer entre os corpos que perten-
cem ao mesmo sistema. Será dita externa se sua ação ocorrer entre um corpo
que pertence ao sistema e um outro que está fora deste sistema.
Se o pescador andar em cima do barco, a força que o pescador exerce no
barco (e conseqüentemente a reação do barco no pescador) é interna ao siste-
ma barco-pescador.
Um outro exemplo é o de duas bolinhas de bilhar que colidem: a força que
a bolinha A exerce na bolinha B (e conseqüentemente a força que a bolinha B
exerce na bolinha A – par ação e reação) são internas se considerarmos as
duas bolinhas como sendo um sistema.
Mas, além dessas forças, atuam sobre cada uma das bolinhas a força que o
planeta Terra exerce em cada uma delas, o peso, e a força que a mesa exerce
em cada uma delas, a normal. Tanto a força peso como a força normal são
forças externas ao sistema.
SISTEMA ISOLADO
Um sistema é considerado isolado se:
Fonte: www.nasa.gov
Aplicando o teorema do impulso, temos:
IR = ∆Q
ou seja
IR = Qf – Qi
Mas
IR = 0 (sistema isolado)
0 = Qf – Qi
Portanto
Qfsistema = Q isistema
-
Fonte: www.users.
pipeline. com.au
Os casos mais comuns de sistemas isolados são bombas explodindo, um Fonte: www.stockphotos.
canhão atirando uma bala, corpos se chocando, lançamento de foguetes, pati- com.br
nadores se empurrando no gelo, etc.
Vejamos dois exemplos:
QA + QB = QfA + QfB
-
Direção x
Qi x = Qfx
Direção y
Qi y = Qfy
VCy = 0
PROJEÇÕES DE UM VETOR
Freqüentemente, na Física aparecem exercícios
em que os vetores não estão na mesma direção.
Para facilitar a resolução desses exercícios, geral-
mente precisamos achar as projeções dos vetores
nos eixos x e y:
Da trigonometria temos:
Vy
sen θ = ⇒ Vy = v sen θ
V
Vx
cos θ = ⇒ Vx = V cos θ
V
VOCÊ SABIA...
Durante uma competição de remo,
os atletas sentados num “carrinho
sobre trilhos” dentro do barco inici-
am cada remada aplicando uma for-
ça ao remo, primeiro com as pernas,
depois com o tronco e, finalmente,
com os braços. Ao término de cada
ciclo, o remador volta para a posição inicial (ir à proa) para o início de uma nova remada.
Para atingir o máximo de velocidade do barco, é necessário maximizar a aplicação
horizontal de força durante a fase propulsiva da remada e minimizar o efeito do movi-
mento dos remadores na ida à proa. A velocidade do carrinho em direção à proa deve ser
controlada e proporcional à velocidade de deslocamento do barco. Se o remador retornar
à proa muito rápido irá impor uma desaceleração à embarcação.
Trocando em miúdos: se o remador avança rapidamente, o barco tende a recuar!
É a conservação da quantidade de movimento mais uma vez.
Fonte: www.cbr-remo.com.br
Exercícios
1. (Fuvest) Núcleos atômicos instáveis, existentes na natureza e denominados
isótopos radioativos, emitem radiação espontaneamente. Este é o caso do
Carbono-14 (14C), um emissor de partículas beta (b-). Neste processo, o nú-
cleo de 14C deixa de existir e se transforma em um núcleo de Nitrogênio-14
(14N), com a emissão de um anti-neutrino e uma partícula b.
14 14
C N + b– +
Os vetores quantidade de movimento das partículas, em uma mesma esca-
la, resultantes do decaimento beta de um núcleo de 14C, em repouso, poderi-
am ser melhor representados, no plano do papel, pela figura
-
COLISÕES
As colisões podem ser classificadas de acordo com considerações a res-
peito da energia do sistema. Uma colisão na qual a energia cinética se conser-
va é chamada de colisão perfeitamente elástica ou simplesmente elástica. Uma
colisão na qual a energia cinética do sistema diminui e os dois corpos têm a
mesma velocidade final é chamada de colisão perfeitamente inelástica ou sim-
plesmente inelástica. Há casos intermediários em que parte da energia cinéti-
ca do sistema é dissipada, mas não o bastante para manter os corpos unidos
após o choque (ou seja, para que eles tenham a mesma velocidade final).
Estas colisões são chamadas de parcialmente elásticas. Observe que em qual-
quer que seja a colisão, as forças internas são muito maiores que as externas
(que, portanto, podem ser desprezadas) e o sistema pode ser considerado iso-
lado (a quantidade de movimento total do sistema é conservada).
Na maioria das vezes temos colisões entre dois corpos:
Sistema Isolado
Qi sistema = Qf sistema
Colisão frontal
Choque em apenas uma direção (unidimensional). Quando isso ocorrer,
não há necessidade de se tratar o problema com vetores, uma vez que a dire-
ção se mantém constante. Basta adotar uma orientação: corpos que vão para a
direita têm velocidades positivas e os que vão para esquerda têm velocidades
negativas.
IMPORTANTE
Dois corpos de mesma massa, em choque frontal perfeitamente elástico, trocam de velo-
cidades entre si. Veja o exemplo a seguir:
Colisão inelástica
Os corpos saem unidos após o choque (ambos têm mesma velocidade
final). Neste tipo de choque, a dissipação de energia é máxima e a energia
cinética final do sistema é menor que a inicial.
Sistema isolado:
Qi sistema = Qf sistema
v = 4,2 m/s
Colisão oblíqua
O movimento se dá no plano (bidimensional). Quando isso ocorrer, nem
todas as velocidades estarão na mesma linha reta, e a natureza vetorial da
-
1. (UFSC - adaptado) Em uma partida de sinuca, resta apenas a bola oito a ser
colocada na caçapa. O jogador da vez percebe que, com a disposição em que
estão as bolas na mesa, para ganhar a partida ele deve desviar a bola oito de
30 graus, e a bola branca de pelo menos 60 graus, para que a mesma não entre
na caçapa oposta, invalidando sua jogada. Então, ele impulsiona a bola bran-
ca, que colide elasticamente com a bola oito, com uma velocidade de 5 m/s,
conseguindo realizar a jogada com sucesso, como previra, vencendo a parti-
da. A situação está esquematizada na figura a seguir. Considere as massas das
bolas como sendo iguais e despreze qualquer atrito. Calcule a velocidade da
bola branca e da bola oito, após a colisão.
Resposta:
Direção y
Qi y = Qfy
0 = m A VfAy – m B VfBy
VfA = VfB .
VfB = 2,5 m/s (bola branca) e VfA = 2,5 m/s (bola oito)
PÊNDULO BALÍSTICO
Os princípios de conservação são muito importantes na Física. Por meio destes princípi-
os, é possível estudar e prever a evolução no tempo de muitos sistemas. No caso espe-
cífico da mecânica, são de grande importância os princípios de conservação de energia
e conservação da quantidade de movimento.
Utilizaremos estes dois princípios para estudar o funcionamento do pêndulo balístico.
Um pêndulo balístico é um dispositivo utilizado para determinação de velocidade de
projéteis por meio de colisões perfeitamente inelásticas, com um corpo de massa muito
maior. O pêndulo consiste num grande bloco de madeira de massa M, pendurado por
duas cordas.
Dispara-se horizontalmente uma bala contra o bloco. O projétil penetra no bloco ficando
incrustado nele, fazendo o pendulo balístico (bloco + projétil) se elevar uma certa altura
Dh, que pode ser medida.
FUNDAMENTOS FÍSICOS
Podemos estudar o pêndulo balístico em duas fases distintas:
1. Colisão entre a bala e o bloco de madeira (há conservação da quantidade de movi-
mento do sistema mas não há conservação da energia pois o choque é inelástico):
-
vi = (equação 1)
2. Subida do conjunto bloco + bala (há conservação da energia mecânica, mas não há
conservação da quantidade de movimento):
O pêndulo oscilará para a direita, se elevando de uma altura ∆h, até que sua energia
cinética seja transformada em energia potencial gravitacional. Como os atritos podem
ser desprezados, o sistema será conservativo e poderemos aplicar o princípio da conser-
vação de energia mecânica ao sistema formado por bloco + projétil para obter a veloci-
dade desse conjunto imediatamente após a colisão:
Ei mec = Ef mec
(m+M). vf 2 = (m+M).g. ∆h
Então
vf =
Substituindo na equação 1 obtemos v:
v=
Exercícios
1. (Fuvest) Dois patinadores de mesma massa deslocam-se numa mesma tra-
jetória retilínea, com velocidades respectivamente iguais a 1,5 m/s e 3,5 m/s.
O patinador mais rápido persegue o outro. Ao alcançá-lo, salta verticalmente
e agarra-se às suas costas, passando os dois a deslocar-se com velocidade v.
Desprezando o atrito, calcule o valor de v.
a) 1,5 m/s. b) 2,0 m/s. c) 2,5 m/s. d) 3,5 m/s. e) 5,0 m/s.
2. (Unesp) A figura mostra o gráfico das velocidades de dois carrinhos que se
movem sem atrito sobre um mesmo par de trilhos horizontais e retilíneos. Em
torno do instante 3 segundos, os carrinhos colidem.
Se as massas dos carrinhos 1 e 2 são, respectivamente, m1 e m2, então
a) m1 = 3m2
b) 3m1 = m2
c) 3m1 = 5m2
d) 3m1 = 7m2
e) 5m1 = 3m2
-
SUGESTÃO DE FILME
Apollo 13
Durante uma missão espacial da NASA, após três dias no es-
paço, os astronautas da Apollo XIII – Jim Lovell (Tom Hanks),
Fred Haise (Bill Paxton) e Jack Swigert (Kevin Bacon) estavam
finalmente chegando ao seu destino: a Lua!
De repente, a força e os sistemas de controle se apagaram e a
reserva de oxigênio começou rapidamente a baixar... Não bas-
tando isso, a temperatura no módulo lunar ficou muito baixa e o
combustível poderia não ser suficiente para retornar. Os astro-
nautas estavam diante de uma realidade dramática: presos numa
cápsula espacial a 300.000 km de distância da Terra com a possi-
bilidade de jamais voltarem!
Assista ao filme... Baseado em fatos verídicos.
Título Original: Apollo 13
Gênero: Drama
Tempo de Duração: 138 minutos
Ano de Lançamento (EUA): 1995
Estúdio: Universal Pictures / Imagine Entertainment
Direção: Ron Howard
Vencedor de dois Oscars.
Curiosidade:
Para gravar as cenas da nave no espaço, o elenco fez uma série de viagens
no avião de testes da NASA chamado KC-135. Estas viagens eram para simu-
lar a ausência de gravidade: o avião subia até uma certa altitude e depois
entrava num “mergulho” de aproximadamente 20 segundos. O efeito aparen-
te para todos os ocupantes do avião é de imponderabilidade (“gravidade zero”),
embora, na realidade, tanto o avião quanto seus ocupantes permanecessem
em plena queda.
Maurício Pietrocola
Licenciado em Física pela USP, mestre em ensino de ciências (modalidade
Física) pela mesma Universidade e doutor em História e Epistemologia das
Ciências da Universidade de Paris 7 – Denis Diderot. Foi professor secundário
de Física e professor do Departamento de Física da UFSC. Secretário de Ensi-
no da Sociedade Brasileira de Física nas gestões 1999-2001 e 2001-2003.
Membro dos conselhos editorias do Caderno Brasileiro de Ensino de Física e
da Revista da Sociedade Brasileira de História da Ciência. É co-autor de li-
vros paradidáticos de Física, da coleção Física, um outro olhar, da editora
FTD. É atualmente professor doutor da Faculdade de Educação da USP.
Física
Física moderna e
contemporânea
Organizadores
Maurício Pietrocola
Nobuko Ueta
Elaboradores
Guilherme Brockington
Wellington Batista de Sousa
Nobuko Ueta
6
módulo
Nome do Aluno
GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO
Governador: Geraldo Alckmin
Secretaria de Estado da Educação de São Paulo
Secretário: Gabriel Benedito Issac Chalita
Coordenadoria de Estudos e Normas Pedagógicas – CENP
Coordenadora: Sonia Maria Silva
PROGRAMA PRÓ-UNIVERSITÁRIO
Coordenadora Geral: Eleny Mitrulis
Vice-coordenadora Geral: Sonia Maria Vanzella Castellar
Coordenadora Pedagógica: Helena Coharik Chamlian
Coordenadores de Área
Biologia:
Paulo Takeo Sano – Lyria Mori
Física:
Maurício Pietrocola – Nobuko Ueta
Geografia:
Sonia Maria Vanzella Castellar – Elvio Rodrigues Martins
História:
Kátia Maria Abud – Raquel Glezer
Língua Inglesa:
Anna Maria Carmagnani – Walkyria Monte Mór
Língua Portuguesa:
Maria Lúcia Victório de Oliveira Andrade – Neide Luzia de Rezende – Valdir Heitor Barzotto
Matemática:
Antônio Carlos Brolezzi – Elvia Mureb Sallum – Martha S. Monteiro
Química:
Maria Eunice Ribeiro Marcondes – Marcelo Giordan
Produção Editorial
Dreampix Comunicação
Revisão, diagramação, capa e projeto gráfico: André Jun Nishizawa, Eduardo Higa Sokei, José Muniz Jr.
Mariana Pimenta Coan, Mario Guimarães Mucida e Wagner Shimabukuro
Cartas ao
Aluno
Carta da
Pró-Reitoria de Graduação
Caro aluno,
Com muita alegria, a Universidade de São Paulo, por meio de seus estudantes
e de seus professores, participa dessa parceria com a Secretaria de Estado da
Educação, oferecendo a você o que temos de melhor: conhecimento.
Conhecimento é a chave para o desenvolvimento das pessoas e das nações
e freqüentar o ensino superior é a maneira mais efetiva de ampliar conhecimentos
de forma sistemática e de se preparar para uma profissão.
Ingressar numa universidade de reconhecida qualidade e gratuita é o desejo
de tantos jovens como você. Por isso, a USP, assim como outras universidades
públicas, possui um vestibular tão concorrido. Para enfrentar tal concorrência,
muitos alunos do ensino médio, inclusive os que estudam em escolas particulares
de reconhecida qualidade, fazem cursinhos preparatórios, em geral de alto
custo e inacessíveis à maioria dos alunos da escola pública.
O presente programa oferece a você a possibilidade de se preparar para enfrentar
com melhores condições um vestibular, retomando aspectos fundamentais da
programação do ensino médio. Espera-se, também, que essa revisão, orientada
por objetivos educacionais, o auxilie a perceber com clareza o desenvolvimento
pessoal que adquiriu ao longo da educação básica. Tomar posse da própria
formação certamente lhe dará a segurança necessária para enfrentar qualquer
situação de vida e de trabalho.
Enfrente com garra esse programa. Os próximos meses, até os exames em
novembro, exigirão de sua parte muita disciplina e estudo diário. Os monitores
e os professores da USP, em parceria com os professores de sua escola, estão
se dedicando muito para ajudá-lo nessa travessia.
Em nome da comunidade USP, desejo-lhe, meu caro aluno, disposição e vigor
para o presente desafio.
Caro aluno,
Com a efetiva expansão e a crescente melhoria do ensino médio estadual,
os desafios vivenciados por todos os jovens matriculados nas escolas da rede
estadual de ensino, no momento de ingressar nas universidades públicas, vêm se
inserindo, ao longo dos anos, num contexto aparentemente contraditório.
Se de um lado nota-se um gradual aumento no percentual dos jovens aprovados
nos exames vestibulares da Fuvest — o que, indubitavelmente, comprova a
qualidade dos estudos públicos oferecidos —, de outro mostra quão desiguais
têm sido as condições apresentadas pelos alunos ao concluírem a última etapa
da educação básica.
Diante dessa realidade, e com o objetivo de assegurar a esses alunos o patamar
de formação básica necessário ao restabelecimento da igualdade de direitos
demandados pela continuidade de estudos em nível superior, a Secretaria de
Estado da Educação assumiu, em 2004, o compromisso de abrir, no programa
denominado Pró-Universitário, 5.000 vagas para alunos matriculados na terceira
série do curso regular do ensino médio. É uma proposta de trabalho que busca
ampliar e diversificar as oportunidades de aprendizagem de novos conhecimentos
e conteúdos de modo a instrumentalizar o aluno para uma efetiva inserção no
mundo acadêmico. Tal proposta pedagógica buscará contemplar as diferentes
disciplinas do currículo do ensino médio mediante material didático especialmente
construído para esse fim.
O Programa não só quer encorajar você, aluno da escola pública, a participar
do exame seletivo de ingresso no ensino público superior, como espera se
constituir em um efetivo canal interativo entre a escola de ensino médio e
a universidade. Num processo de contribuições mútuas, rico e diversificado
em subsídios, essa parceria poderá, no caso da estadual paulista, contribuir
para o aperfeiçoamento de seu currículo, organização e formação de docentes.
Estrutura da matéria
Organizadores
INTRODUÇÃO Maurício Pietrocola
-
Pare para pensar nos avanços nos modelos atômicos desde os gregos até este
de Rutherford. Quantos estudos independentes tiveram de ser feitos para que
chegássemos a essas conclusões: estudo das massas, leis de conservação da ener-
gia, radioatividade, muita matemática e cálculos avançados. Os cálculos foram
muitas vezes o alicerce que os cientistas tinham para que essas informações fos-
sem divulgadas para o meio científico. Aliás, foi esta matemática associada aos
estudos sobre a natureza da luz e da radiação dos corpos incandescentes que deu
suporte para o desenvolvimento da teoria quântica da matéria.
Você já deve ter entendido que o átomo não foi descoberto por uma pessoa
em especial. Você viu que Dalton propôs um modelo que tinha falhas, as quais
foram cobertas por outras teorias, e outras, e outras, etc... Todas tentando expli-
car a velha indagação dos antigos gregos: a matéria é contínua ou descontínua?
O átomo foi sendo descoberto aos poucos através de inúmeras teorias pro-
vadas cientificamente desde 1803, com Dalton. Mas mesmo no modelo atô-
mico proposto por Rutherford, em 1911, havia ainda certas perguntas que
Em 1733, Charles François esse modelo não explicava, por exemplo: como explicar que partículas com
Du Fay (1698-1739), um cargas de mesmo sinal se concentravam no núcleo do átomo? Não deveriam
químico francês, mos-
os prótons repelirem-se, obedecendo à lei de Du Fay? Outro detalhe é que,
trou que duas porções
segundo os trabalhos de James Clerck Maxwell (1831-1879) sobre eletro-
do mesmo material (por
exemplo âmbar) eletriza-
magnetismo, partículas carregadas e em movimento acelerado irradiam ener-
das por atrito com um gia (ondas eletromagnéticas) e, portanto, “gastam” energia. Sendo assim, os
tecido, repeliam-se, mas elétrons não poderiam ter órbita circular estável e estariam sofrendo perda
o vidro eletrizado atraia constante de energia durante seu giro em torno do núcleo , caindo rapidamen-
o âmbar eletrizado. A par- te no núcleo! Contudo, isso não ocorre. Como explicar esse fenômeno?
tir dessa experiência Du
Apesar dessas indagações não respondidas pela estrutura de Rutherford,
Fay propôs que deveriam
existir duas espécies de
isso não significa que tenhamos que abandoná-la por completo. O átomo de
eletricidade, que mais tar- Rutherford provou a existência do núcleo, mas falhou na explicação da esta-
de seriam chamados de bilidade do átomo. Esse problema só seria resolvido com a criação de um
fluidos elétricos. Esses novo modelo proposto por Niels Bohr (1885-1965), como uma correção do
fluidos estariam em modelo de Rutherford e que será vista a seguir.
quantidades iguais, o
que tornaria os corpos RELEMBRANDO
neutros. A partir dessa Número atômico (Z) corresponde a quantidade de prótons presentes no núcleo do
idéia e do amadureci-
átomo; número de massa (A) é a soma do número de prótons (Z) e o de nêutrons (n). Por
mento de outras chegou-
convenção indica-se o número de massa da seguinte maneira (utilizando como exem-
se ao Princípio da Atra-
ção e Repulsão, o qual plo o oxigênio): 16O. O número atômico é indicado dessa maneria: 8O.
pode ser enunciado da
seguinte forma: cargas (Exercício Proposto) Leia novamente e com muita atenção o texto sobre os
de mesmo sinal se repe- modelos atômicos de Dalton, Thomson e Rutherford e escreva em poucas
lem e cargas de sinais palavras as idéias centrais sobre cada modelo. Procure notar a partir de qual
opostos se atraem. modelo introduz-se as cargas elétricas no interior do átomo e a forma como
elas estão distribuídas.
-
Pela expressão do raio rn, descobre-se que o raio para a órbita no nível n = 1,
chamado de raio de Bohr, é de r1 ≅ 0,52.10-10 m ou 0,52 Å, e que os raios para
as demais órbitas podem ser generalizadas pela expressão: rn = n2 . r1.
A energia no estado fundamental chamada de E1 tem o valor –13,60 eV,
calculada pela expressão:
f= ⇒ f= ⇒ f = 2,92 . 1015 Hz
-
Para converter os 12,10 eV em J (Joule) , o valor 12,10 foi multiplicado por 1,6.10-19 J,
que por definição 1 eV (elétron-volt) é a energia que um elétron recebe ao ser acelera-
do por meio de uma diferença de potencial U = 1 V.
ESPECTROS ATÔMICOS
Se fizermos a luz de uma lâmpada comum (de filamento incandescente)
passar através de um prisma, ela será decomposta em várias cores, que são
popularmente conhecidas como arco-íris. Cientificamente, o que se obtém é
chamado de espectro da luz visível.
Espectro de emissão
∆E = h . f ⇒ f= =
f= ⇒ f = 4,6 . 1014 Hz
-
Espectro de absorção
∆E = h . f ⇒ f= =
f= ⇒ f = 6,2 . 1014 Hz
Mais uma vez, utilizando uma chapa fotográfica podemos registrar esse
espectro. Só que agora teremos um espectro diferente do espectro de emissão,
pois aparecerão linhas escuras, relativas à luz de certas freqüências conveni-
entes e que foram absorvidas do feixe incidente. Como houve absorção de
energia, esse espectro recebe o nome de espectro de absorção.
Assim, os espectros de emissão e absorção ocupam a mesma posição,
pois estão associados a uma mesma freqüência, sendo que a diferença funda-
mental é que as linhas de emissão correspondem a fótons emitidos num salto
quântico ao passo que as linhas escuras de absorção correspondem a fótons
absorvidos durante um salto quântico.
RESUMO
- Os gregos deram a “idéia” de que tudo o que existe era formado por áto-
mos (a = negação; tomos = partes, isto é, algo não divisível).
- Para Dalton, o átomo é uma esfera maciça e neutra, onde cada átomo
possui um tamanho próprio, que permite caracterizá-lo (modelo atômico
da bola de bilhar).
- Para Thomson, o átomo é uma esfera positiva com cargas negativas in-
crustadas, semelhante a um pudim de passas (modelo atômico do pudim
de passas).
- Para Rutherford, o átomo possui partículas positivas e neutras em sua re-
gião central (núcleo) e ao seu redor, em sua periferia (eletrosfera), estari-
am girando partículas negativas (modelo planetário).
- Para Bohr, o átomo possui níveis de energia bem determinados, no qual o
elétron podem realizar saltos “quânticos” entre esses níveis. A energia
absorvida ou liberada na forma de radiação eletromagnética, quando o
elétron realiza uma transição de níveis, é dada pela expressão: ∆E = h.f.
- Para o átomo de hidrogênio, a energia em um determinado nível energético
Unidade 2
Mecânica quântica
Organizadores
Maurício Pietrocola
A equação que resolveria esse problema só foi obtida em 1900, por Planck,
que, para obtê-la, teve de fazer uma hipótese ousada. Vale ressaltar que, se-
gundo Planck, essa hipótese foi feita por “puro desespero”, pois nem ele mes-
mo acreditava nela.
Ele considerou que a radiação emitida por um corpo não ocorria de maneira
contínua, mas sim na forma de pequenos “pacotes” de energia, que poderia
ser expresso pela equação: E = h . f, onde E é a energia do quantum, f é a
freqüência da radiação emitida e h é uma constante chamada constante de
Planck. Assim, qualquer que fosse a quantidade de energia emitida por um
corpo, ela deveria ser sempre um múltiplo de E.
Verificou-se, logo depois, que, incidindo luz ultravioleta ou luz visível so-
bre determinados metais, estes perdem elétrons. Coube ao alemão naturalizado
americano Albert Einstein (1879-1955), em 1905, a explicação e a medida quan-
titativa do fenômeno, utilizando a teoria dos quanta, que veio também a ser
aplicada aos fenômenos luminosos, concluindo que o quantum é uma determi-
nada quantidade de energia associada ao fóton da luz. A cada radiação e a cada
onda eletromagnética está associada uma freqüência e, segundo Planck, a cada
freqüência está associado um pacote de energia: o quantum.
Daí começaram a surgir perguntas: por que o espectro de elementos no
estado gasoso é sempre descontínuo? Por que o espectro do hidrogênio, ele-
mento de um só elétron, é o mais simples? Por que a complexidade do espec-
tro aumenta à medida que aumenta o número de elétrons de um elemento?
As respostas para tais perguntas e muitas outras foram dadas pelas idéias
criadas por Planck, Einstein, De Broglie e outros cientistas que se debruçaram
sobre essas questões. O estudo dessas idéias, a quantização da matéria e a
explicação de muitos problemas que atormentaram os físicos até o final do
século XIX serão dados na continuação desta intrigante parte da Física, deno-
minada de Mecânica Quântica.
VOCABULÁRIO
quanta = pacotes de energia (plural) quantum = pacote de energia (singular)
h = constante de Planck = 6,63.10-34 J.s fóton = é o outro nome dado ao quantum
f = a freqüência é medida em Hertz (Hz) E = a energia é em Joule (J)
SAIBA MAIS
Absorção de fótons
Você sabe por que as folhas são verdes? Quando ocorre a fotossíntese nas folhas, parte
da luz branca do Sol é usada na reação química que usa o gás carbônico do ar e a água
para produzir oxigênio, na forma de gás O2, e alimento para a planta. Parte da luz (desde
vermelha até amarela e desde azul até violeta) é usada pela planta. Fótons dessas cores
são absorvidas, sobrando então a luz verde! Dependendo da planta, a luz pode ser usada
de forma um pouco diferente. Somos premiados, então, com diferentes nuances de
verde, dependendo das intensidades das luzes que sobram!
O EFEITO FOTOELÉTRICO
Um importante passo no desenvolvimento das concepções sobre a nature-
za da luz foi dado no estudo de um fenômeno muito interessante, que recebeu
o nome de efeito fotoelétrico. O efeito fotoelétrico consiste na emissão de
elétrons pela matéria sob a ação da luz visível ou ultravioleta. À primeira vista
o efeito fotoelétrico tem uma explicação simples. A onda eletromagnética (luz)
ao incidir sobre o material, transfere aos seus elétrons certa energia. Uma
parte dessa energia é usada para realizar o trabalho de “arrancar” o elétron do
material, o restante é transformado em energia de movimento para o elétron
(energia cinética). Esse fenômeno pode acontecer com vários materiais, mas é
mais facilmente observado em metais.
O real esclarecimento do efeito fotoelétrico foi realizado em 1905 por
Albert Einstein, que desenvolveu a idéia de Planck. Nas leis experimentais do
efeito fotoelétrico, Einstein viu uma prova evidente de que a luz tem uma
estrutura descontínua e é absorvida em porções independentes. Assim, Einstein
disse que a radiação é formada por quanta (fótons). Cada elétron do material
sobre o qual incide a luz absorve apenas um fóton. Se a energia desse fóton
-
for menor do que a necessária para “arrancar” o elétron, este não será emitido,
por mais tempo que a radiação incida sobre o corpo.
Considerando E a energia do fóton, E cin(max) a energia cinética máxima
adquirida pelo elétron, W o trabalho realizado para “arrancar” o elétron do
material e h, a constante de Planck, obtemos daí a denominada equação
fotoelétrica de Einstein:
E = W + Ecin(max) ⇒ h.f = W +
Fótons são partículas que não possuem massa, mas não existem fótons em repouso. Eles
têm apenas energia (E) e quantidade de movimento (Q) e só existem com a velocidade
da luz (c = 300.000 Km/s ou 3.108 m/s).
Outra unidade muito utilizada para energia, principalmente quando se fala de energia
do elétron é o elétron-volt (eV), onde: 1 eV = 1,6.10-19 J ou 1 J = 6,25.1018 eV e podemos
obter a constante de Planck em eV.s: h = 6,63.10-34 . 6,25.1018 eV.s = 4,1.10-15 eV.s .
PENSANDO
Assim como a luz foi “quantizada”,convém lembrar que a chuva também cai na Terra sob
a forma de gotas, ou seja, em quantidades pequenas e independentes. Assim, podemos
dizer que a água da chuva também é “quantizada”! Você já parou para pensar que
geralmente os sorvetes são vendidos em sorveterias de forma quantizada (1 bola, 2
bolas, 3 bolas, 4 bolas, etc.)? Valores como 2,34 bolas ou 4,98 bolas não são oferecidos
pelo vendedor.
⇒ f= ⇒ f = 2,1.1015 Hz
SAIBA MAIS
Espalhamento de fótons
Por que o céu é azul? A luz emitida pelo Sol é branca, isto é, existem fótons de várias
energias. Os fótons com energia correspondente à luz azul têm maior probabilidade de
serem espalhados que os de outras cores. O Sol emite luz para todos os lados, uma parte
vem direto para o observador, que enxerga quase branco, e o resto vai para diferentes
lados.Todos os fótons (azuis, vermelhos e verdes) são emitidos mas os correspondentes
à luz azul podem ser espalhados com maior probabilidade e chegar no olho do observa-
dor. Se a atmosfera estiver muito carregada (de partículas de poluição, por exemplo),
pode haver absorção dos fótons da luz azul e não os vemos. A cor que vemos depende
da energia do fóton que chega na nossa retina.
-
HIPÓTESE DE DE BROGLIE
Em 1924, o físico francês Louis de Broglie (1892-1987), mostrou que
uma partícula, por exemplo, o elétron, tem um comportamento análogo à luz,
ou seja, tem um caráter partícula-onda (dual). Em certos momentos nos inte-
ressa o seu comportamento ondulatório, e em outras ocasiões, o seu compor-
tamento de partícula.
Considerando que as ondas eletromagnéticas podem ser interpretadas de
forma matemática através das equações, as quais já haviam sido desenvolvi-
das pelo físicos ao tratar do movimento ondulatório em geral, podemos calcu-
lar a quantidade de movimento de um elétron (ou qualquer outra entidade)
(Exercício Resolvido) Imagine um elétron que tem massa de 9,1.10 -31 kg,
viajando a uma velocidade de 3.106 m/s. Agora, imagine uma pessoa adulta
de massa 70 kg e que anda a uma velocidade de 1 m/s. Determine o compri-
mento de onda (λ) de De Broglie para o elétron e para a pessoa.
Resolução:
Da expressão da quantidade de movimento Q = , podemos escrever:
Partículas fundamentais
Hoje, os físicos dividem as partículas atômicas fundamentais em duas cate-
gorias: léptons e hádrons. Os léptons são partículas leves e que possuem o spin
(número quântico magnético) fracionário. Um exemplo de lépton é o elétron.
Os hádrons são partículas mais pesadas que os léptons e se subdividem em
bárions e mésons, e podem possuir tanto spin inteiro ou fracionário. Prótons e
nêutrons são exemplos de hádrons.
Em 1964, Murray Gell-Man (1929-) e George Zweig (1937-), em traba-
lhos independentes, propuseram uma teoria segundo a qual:
- os léptons seriam partículas elementares, isto é, sem estrutura;
- os hádrons (bárions e mésons) seriam formados por partículas ainda me-
nores, batizadas de quarks, por Gell-Man.
-
RESUMO
- A energia emitida por um corpo não é contínua, mas é emitida na forma
de pacotes de energia (quanta).
- Um quantum possui uma energia dada pela expressão: E = h . f, onde E é
a energia do quantum, f é a freqüência da radiação emitida e h é uma
constante chamada constante de Planck.
- A constante de Planck é igual a 6,63.10-34 J.s, no Sistema Internacional de
Medidas.
- A natureza quântica da luz se manifesta através do efeito fotoelétrico, no
qual um fóton é absorvido por um átomo de um metal, por exemplo, com
a emissão de um elétron.
- A equação de Einstein para o efeito fotoelétrico é a seguinte: E = W + Ecin(max),
onde E é a energia do fóton, W é o trabalho necessário para arrancar o
elétron do material (função trabalho) e Ecin(max) corresponde a energia ciné-
tica máxima do elétron arrancado.
- A freqüência de corte (fc) para que ocorra o efeito fotoelétrico é dada pela
expressão:
Unidade 3
Radioatividade e
medicina nuclear
Organizadores
Maurício Pietrocola
Nobuko Ueta INTRODUÇÃO
Imagine se fosse possível acompanhar todo o funcionamento interno de
Elaboradores
nosso organismo em tempo real. Poderíamos ver, por exemplo, como o san-
Guilherme Brockington gue flui através de nossas veias, irrigando nossos órgãos. Assim, seríamos
Wellington Batista de capazes de perceber qualquer problema ou mau funcionamento em nosso
Sousa corpo. Há alguns anos isso seria possível somente em filmes de ficção cientí-
Nobuko Ueta fica, no qual cientistas deveriam ser encolhidos a um tamanho suficientemen-
te pequeno para que fossem injetados na corrente sanguínea de algum corajo-
so voluntário.
Não está tão longe o tempo em que as doenças só podiam ser diagnostica-
das quando se manifestavam fisicamente no homem. Um simples osso que-
brado não pode ser distinguido de um osso saudável apenas pelo olhar, exceto
em caso de fratura.
Isso ocorre porque nossa pele envolve todo nosso corpo, protegendo-
o do atrito, da perda excessiva de água, além de ser um bom protetor dos
raios ultravioleta do sol. Além disso, a pele também colabora para regular
nossa temperatura através da transpiração, facilitando a troca de calor com
o meio ambiente.
Divirta-se um pouco Porém, para os médicos, nosso invólucro protetor apresenta um problema:
Num momento de folga a pele é opaca, ou seja, não somos capazes de ver através dela. Logo, olhar o
entre os estudos relaxe que está envolvido por ela é geralmente muito doloroso.
assistindo a um bom fil- No passado, a única forma de se fazer essas incursões no interior do corpo
me de ficção que trata humano era por meio de cirurgias exploratórias, assim só depois de aberta
do que dissemos aqui.
uma parte do corpo é que se podia constatar o que de errado estava aconte-
Este filme chama-se Via-
cendo lá dentro. Imagine isso levando em conta que a anestesia só foi desen-
gem insólita e conta a his-
tória de dois pilotos que
volvida em 1846...
são encolhidos e injeta- Hoje, com o uso de tecnologias surgidas com desenvolvimento da Física
dos acidentalmente na atômica e molecular é possível fazer uso de uma série de técnicas chamadas
corrente sanguínea de não-invasivas, ou seja, técnicas que não necessitam invadir, perfurar o paciente.
um ser humano.
Algumas dessas técnicas são muito conhecidas, como as imagens forma-
Outra excelente pedida
das por raios X ou através de ressonância magnética (MRI). Outras técnicas
é uma obra clássica de
ficção: o livro de Isaac
poderosas não são muito comuns no Brasil, como o PET e SPECT.
Asimov, A viagem fantás-
tica. Não deixe de ler este
Iremos aqui conhecer velhas e novas técnicas e saber como todas elas
livro. funcionam, aprendendo sobre os processos físicos que regem a criação e o
funcionamento dessas tecnologias. Conhecer esses processos, entendê-los bem
-
SAIBA MAIS
A viagem fantástica: uma pílula que fotografa
Não se engane: a cápsula na foto ao lado não é de um remédio, mas uma câmera capaz de
registrar imagens do intestino. A Cápsula M2A vem equipada com microfaróis que ilumi-
nam as paredes do sistema digestivo e pode tirar mais de 50 mil fotografias digitais colori-
das durante oito horas, tempo que leva para terminar seu caminho pelo trato gastrintestinal.
Pacientes engolem a pílula, que é do tamanho de um multivitamínico, e passam as oito horas usando um
cinto que possui um gravador de imagens digital sem fio que recebe imagens que a câmera envia. Ao fim
do dia, eles devolvem o gravador ao hospital e as imagens são baixadas para um computador para serem
analisadas.
Uma melhor visão do intestino delgado de pacientes pode permitir com que os médicos diagnostiquem
melhor várias doenças, inclusive o câncer. A pílula descartável deixa o corpo por si só entre um e três dias.
Todas essas palavras estão ligadas aos elementos químicos radioativos, se-
jam naturais ou criados pelo homem. Mas por que um elemento é radioativo?
Por que a radiação pode ser perigosa? Vamos voltar um pouco no tempo para
entendermos o que se encontra por trás das palavras nuclear e radioatividade.
RADIOATIVIDADE
Na noite de 8 de novembro de 1895, o físico alemão Wilhelm Röntgen fez
uma descoberta que mudaria para sempre os rumos da Física e, principalmen-
te, da humanidade. Com seu laboratório totalmente escurecido, ele trabalhava
com uma válvula que gerava altas descargas elétricas. Distante da válvula
havia uma folha de papel tratada com uma substância química, a qual ele
usava como tela. Para sua surpresa, de repente ele percebeu que a folha bri-
lhava. Alguma coisa deveria estar saindo da válvula e chegando até a tela.
Entretanto, a válvula estava totalmente coberta! Nenhuma luz, raio catódico,
nada parecia sair dela. Surpreso, Röntgen resolveu então colocar vários obje-
tos sólidos entre a tela e a válvula, porém, tudo o que colocava parecia ser
transparente. De repente, sua mão escorregou para frente da válvula e ele
então viu seus ossos na tela! Assim, foi descoberto, por acaso, um tipo dife-
Radiografia tirada pelo rente de raio. Devido a essa natureza desconhecida ele chamou esses raios de
próprio Röntgen raios X. Ao aprofundar seus estudos sobre esses raios, ele descobriu que eles
podiam atravessar materiais sólidos, podiam ionizar o ar e não sofriam refle-
xão no vidro, nem eram desviados por campos magnéticos. Talvez o que tor-
nasse sua descoberta inacreditável era o fato de a pele ser transparente para
esses raios. A publicação de seu trabalho provocou uma imensa agitação na
comunidade científica e se espalhou rapidamente para toda a sociedade. No
ano seguinte sua descoberta já agitava todo o mundo.
Imagine no final do século XIX como as pessoas reagiriam aos raios que
podiam fazer com que seus ossos pudessem ser vistos sem ter que cortar a pele!
Podia-se ver os ossos de cada um dos dedos de suas mãos, juntamente com seus
anéis! O deslumbramento foi tanto que os raios tornaram-se inicialmente uma
espécie de espetáculo, sendo quase obrigatória a sua demonstração para reis e
rainhas de toda a Europa. Todos queriam ver os famosos raios X.
Não era preciso ser um cientista para que se enxergasse a grandiosidade
dessa descoberta, de modo que sua utilização na medicina foi imediatamente
consagrada.
O trabalho de Röntgen foi fantástico, perfeito para o conhecimento da
época. Tanto que ele recebeu o prêmio Nobel de Física em 1902. O interessante
é que ele mesmo não havia compreendido bem a natureza desses raios.
SAIBA MAIS
Câmeras de vigilância que podem enxergar através de paredes
Uma câmera fantástica parece fazer algo que só era possível para o Super-Homem:
enxergar através das paredes. Os últimos instrumentos de scanning emitem ondas que
podem atravessar uma série de materiais opacos – de roupas até o aço ou concreto. Uma
empresa americana inventou um aparato chamado BodySearch, que capta os raios refle-
tidos por objetos sólidos. Uma imagem transparente do corpo de uma pessoa é gerada
em um monitor após ela ser exposta aos raios X. Como materiais diferentes absorvem os
raios de maneira diferente, objetos metálicos, como facas e armas de fogo, armas de
plástico ou de cerâmica podem ser claramente vistos através das roupas.
-
DECAIMENTOS RADIOATIVOS
Vimos que muitos núcleos são radioativos, ou seja, transformam-se em
outros núcleos emitindo partículas e radiação. Esse processo de transmutação
é chamado de decaimento.
O decaimento α (alfa)
Como vimos, Rutherford e sua equipe estudavam substâncias radioativas
que emitiam certas partículas. Essas partículas receberam o nome de partícu-
las alfa. Inicialmente, pensava-se que elas fossem um gás ionizado, porém as
experiências que foram feitas não confirmavam essa hipótese.
Becquerel e Rutherford verificaram que essas partículas eram carregadas
positivamente e que sua carga elétrica era idêntica à do Hélio ionizado. Em
1908, provou-se que as partículas a são, de fato, íons de Hélio (constituído de
dois prótons e dois nêutrons).
Desse modo, o U-238, ao emitir uma partícula alfa (dois prótons e dois nêu-
trons), transforma-se em Tório, já que agora só possui 90 prótons e 144 nêutrons.
238
92
U → 234
90
Th + 42He
Exercício
Quando um núcleo 226
88
Ra decai emitindo uma partícula alfa, qual será o
número atômico do elemento resultante? E a massa atômica resultante?
O decaimento b (beta)
O decaimento beta ocorre quando um núcleo atômico tem um número
insuficiente ou excessivo de nêutrons para se manter estável. O exemplo mais
simples de decaimento beta é o de um nêutron livre, que decai em um próton
e um elétron.
-
n → p + β– + νe
Logo, as partículas b são elétrons (e–) e pósitrons (e+), que são partículas
idênticas ao elétron exceto pelo sinal de sua carga.
Exercício
Quando um núcleo de 218
84
Po emite uma partícula beta, ele se transforma no
núcleo de outro elemento. Quais serão os números atômico e de massa desse
novo elemento? Qual seriam eles se o núcleo de Polônio emitisse uma partícula
alfa em vez de uma partícula beta?
SAIBA MAIS
O misterioso neutrino
Essa partícula teve uma existência somente teórica! Para manter válido o sagrado princípio da conservação de energia,
deveria aparecer uma partícula com energia suficiente para equilibrar as energias no decaimento beta. Como essa
partícula não era detectada, ela era tida como uma solução desesperada para salvar as leis da conservação. Essa partícula
deveria ser neutra e ter um tamanho muito menor que o nêutron. Assim, o físico italiano Enrico Fermi a chamou de
neutrino, “neutronzinho”, em seu idioma natal. A teoria de Fermi era tão bem formulada que mesmo não sendo
detectado, a partir de 1933, os físicos não duvidavam mais de sua existência. Como não tem carga, o neutrino não deixa
rastro. Para se chocar com outra partícula ele deve atravessar uma parede de chumbo com cerca de 50 anos-luz de
espessura!! Com toda essa dificuldade em se mostrar, ele só foi detectado, de maneira indireta, em 1956, comprovando
23 anos depois a teoria de Fermi.
O decaimento γ (gama)
No decaimento gama, um núcleo em um estado excitado decai para um
estado de menor energia, emitindo um fóton. Ao contrário do que ocorre nos
decaimentos a e b, o núcleo atômico continua a ser o mesmo depois de sofrer
um decaimento γ.
SAIBA MAIS
Raios gama operam o cérebro sem cortes
Em um trabalho em parceria com uma universidade americana, pesquisadores brasileiros estão conduzindo no país as
primeiras cirurgias de cérebro feitas com radiação gama, dispensando abrir a cabeça do paciente. O objetivo é oferecer
uma nova arma no combate a casos de transtorno obsessivo-compulsivo (TOC) que não respondam aos tratamentos
convencionais, com medicamentos.
A operação é bem mais simples do que as neurocirurgias tradicionais. Os pesquisadores usam tomografias para identi-
ficar o ponto exato do cérebro que deve ser atingido pelos raios gama. Uma vez determinado o alvo no cérebro, o
paciente fica em uma câmara de cobalto radioativo, parecida com uma câmara de ressonância magnética, onde sua
cabeça fica envolvida por uma espécie de redoma com 201 pequenos furos. Na região do cérebro em que os raios
gama vindos dos furos se cruzam acontece uma pequena lesão que mata os neurônios causadores do transtorno.
Essa técnica não é livre de efeitos colaterais. O mais comum são dores de cabeça, mas outros efeitos podem aparecer.
No caso de cirurgias com abertura do crânio, os danos são mais freqüentes, podendo ocorrer infecções ou até inchaço
do cérebro.
PODER DE PENETRAÇÃO
A distância que uma partícula percorre até parar é denominada alcance.
O alcance das partículas alfa é muito pequeno, ou seja, as partículas alfa
possuem um pequeno poder de penetração. Elas podem ser detidas por uma
camada de 7 cm de ar, uma folha de papel ou uma chapa de alumínio de 0,06
milímetros de espessura. Ao incidir sobre o corpo humano, são detidas pela
camada de células mortas da pele, podendo, no máximo, causar queimaduras.
As partículas beta têm poder médio de penetração, porém, muito maior
que o das partículas alfa, de 50 e 100 vezes mais penetrantes. Atravessam
alguns metros de ar e até 16 mm de madeira. Podem ser detidas por lâminas de
alumínio com 1 cm de espessura ou por lâminas de chumbo com espessura
maior que 2 mm. Ao passar por um meio material, a radiação beta perde ener-
gia, ionizando os átomos que encontra no caminho. Ao incidirem sobre o
corpo humano, podem penetrar até 2 cm e causar sérios danos.
Os raios gama têm alto poder de penetração. São mais penetrantes que os
raios X, pois possuem comprimentos de onda bem menores, variando entre
0,1e 0,001 angstrons. Podem atravessar milhares de metros de ar,
até 25 cm de madeira ou 15 cm de espessura de aço. São detidos
por placas de chumbo com mais de 5 cm de espessura ou por
grossas paredes de concreto. Um fóton de radiação γ pode perder
toda (ou quase toda) energia numa única interação e a distância
que ele percorre até interagir não pode ser prevista. Podem atra-
vessar completamente o corpo humano, causando danos irrepa-
ráveis.
-
O que não se entendia 100 anos atrás era que alguns elementos que não
possuíam características radioativas originavam isótopos que eram radioativos.
O hidrogênio é um bom exemplo. Ele possui vários isótopos e um deles é
radioativo: o trítio, ou hidrogênio-3. O trítio possui um próton e dois nêu-
trons, o que o torna um isótopo instável. Isso quer dizer que se uma caixa é
lacrada cheia de trítio e é aberta um milhão de anos depois, não haverá lá
dentro mais nenhum trítio, somente se encontrará o hélio-3 (dois prótons e
um nêutron) que é estável. O trítio “virou” hélio-3, ou seja, um elemento se
transmuta em outro! Ocorreu, assim, o decaimento radioativo.
Alguns elementos são naturalmente radioativos e todos os seus isótopos
também o serão. O urânio é o melhor exemplo desse tipo de elemento, e é o
elemento radioativo mais pesado encontrado na natureza.
Existem outros oito elementos que são radioativos naturalmente: polônio, astato,
radônio, frâncio, radio, actínio, tório e o protactínio. Todos os outros elementos
feitos pelo homem e que são mais pesados que o urânio são radioativos.
Assim, emissão desses raios evidenciou que existiam processos atômicos
muito mais complexos do que se imaginava e, principalmente, que esses raios
eram resultado de mudanças que ocorriam no interior do átomo, ou seja, no
núcleo atômico.
Hoje sabe-se que todos os elementos com números atômicos maiores que
82 (chumbo) são radioativos. A grande questão é por que isso ocorre?
-
FORÇAS NUCLEARES
Tudo é feito de átomos, que se juntam em moléculas e passam a construir
tudo o que nos cerca. Na natureza, qualquer átomo que encontrarmos estará
entre os 92 tipos diferentes de átomos, também chamados de elementos. Qual-
quer substância terrestre (metais, plástico, roupas, cabelos...) é uma combina-
ção de vários desses 92 elementos encontrados na natureza. Como dissemos,
a tabela periódica, tão conhecida quando se estuda química, organiza esses
92 elementos naturais mais alguns criados pelo homem.
Dentro de cada átomo existem as chamadas partículas subatômicas, tais
como prótons, elétrons e nêutrons, entre outras. A cada ano, quanto mais avan-
çam os estudos em Física de Partículas, mais se conhece a estrutura atômica,
surgindo sempre novas partículas.
As partículas constituintes do núcleo atômico são chamadas de nucleons. Os
nucleons carregados são os conhecidos prótons e os sem carga são os nêutrons.
Os prótons e nêutrons ficam unidos formando o núcleo atômico. Como
você já viu no Módulo 4, cargas de sinal oposto se atraem e de mesmo sinal se
repelem, de forma que um próton e um elétron se atraem e dois elétrons ou
dois prótons se repelem.
Assim, surge uma pergunta: por que os prótons, que são carregados posi-
tivamente, podem ficar próximos um dos outros no interior do núcleo? Ou
melhor, por que os prótons no interior do núcleo não se repelem devido às
intensas forças elétricas de repulsão que atuam em cargas de mesmo sinal?
O que ocorre é que existe no interior do núcleo atômico a presença de
uma força muito mais intensa que a força elétrica, a força nuclear. Tanto os
prótons quanto os nêutrons se ligam através dessa extraordinária força atrati-
va. Essa força é muito mais complexa que a força elétrica e os físicos ainda
não a compreendem totalmente. A força nuclear que faz com que o núcleo
A força nuclear decresce muito mais rapidamente que e isso tem uma
importante conseqüência: se um núcleo tem muitos prótons ele deverá ser
grande. Como a força nuclear decresce com a distância, esse núcleo grande
não se mantém unido facilmente, sendo assim um núcleo instável.
A força de repulsão elétrica tem um alcance maior, de modo que quanto
maior a quantidade de prótons no núcleo, maior será a intensidade da força de
repulsão elétrica, fazendo com que haja um equilíbrio muito frágil. Assim, se
bombardearmos um núcleo grande com um nêutron, este núcleo poderá se
romper, e essas partes, ao se dividirem, se distanciam de modo que a força de
repulsão elétrica supera a nuclear e afasta ainda mais as partes rompidas do
núcleo. A energia liberada nesse processo (bombas atômicas ou usinas nucle-
ares) é chamada de nuclear, mas na verdade é energia de origem elétrica, que
é liberada quando as forças elétricas superam as forças de atração nuclear.
Quando os prótons estão muito próximos, como em núcleos pequenos, a
intensidade da força nuclear supera com facilidade a força elétrica de repulsão,
mantendo assim o núcleo unido.
O próton A atrai, devido à força nuclear, o próton B, ao mesmo tempo que o repele
devido à força elétrica. E a relação entre os prótons A e C? Como a força nuclear é fraca
para grandes distâncias, o próton C sente muito a repulsão devido à força elétrica. Assim,
quanto maior for a distância entre os prótons A e C, mais importante será o papel da força
elétrica, tornando o núcleo mais instável. Isso mostra que os núcleos maiores são mais
instáveis que os menores.
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Por outro lado, toda emissão radioativa é perigosa para os seres vivos. Alfa,
beta, gama etc. são chamadas de radiação ionizante. Isso significa que, quan-
do esses raios interagem com a matéria, são capazes de retirar um elétron do
átomo que a constitui. A perda de um elétron pode causar sérios danos, desde
a morte da célula até mutações genéticas, como o câncer.
Como vimos, a radioatividade é natural, e todos nós temos elementos ra-
dioativos, como o carbono 14. Em nosso ambiente, há também um número
grande de elementos feitos pelo homem que são perigosos. A radiação nucle-
ar trouxe, e traz, enormes benefícios para a humanidade. É o caso da energia
nuclear, que é uma excelente fonte de geração de energia elétrica, e da medi-
cina nuclear, capaz de detectar e tratar doenças. A ignorância acerca dos me-
canismos que regem os processos atômicos gera medo e pavor. Só o conheci-
mento pode fazer com que esse medo seja compreendido e dissipado.
Materiais nucleares são usados para criar esses traçadores radioativos,
que podem ser ingeridos ou injetados na corrente sangüínea. Eles fluem atra-
-
vés do sangue e se alojam nas estruturas dos vasos sangüíneos que se deseja
observar. Por meio desses traçadores, qualquer anormalidade no sistema cir-
culatório pode ser facilmente detectada.
Também alguns órgãos do corpo têm a capacidade de concentrar algumas
substâncias químicas. Por exemplo, a glândula tireóide concentra o iodo. As-
sim, pela ingestão de iodo radioativo, seja por um líquido ou por uma pílula, os
principais tipos de tumores na tireóide podem ser identificados e tratados. Da
mesma forma, alguns tumores cancerígenos concentram fosfato. Assim, através
da injeção do isótopo radioativo fósforo-32 na corrente sangüínea, os tumo-
res podem ser detectados devido ao aumento de sua atividade radioativa.
Na medicina nuclear, seja na produção de imagem ou no tratamento, a
ingestão ou injeção de substâncias radioativas não causam dano ao corpo
humano. Isso porque os radioisótopos utilizados decaem rapidamente, em
minutos ou horas, tendo assim níveis de radiação muito menores que o raio X,
e são eliminados na urina ou pelo próprio corpo.
As terapias com radiação diferem muito do que dissemos até agora. As células
dos organismos vivos se reproduzem com velocidades diferentes, de maneira que
uma se multiplica muito mais rápido que outras. Acontece que algumas células
são severamente afetadas pela radiação ionizante – alfa, beta, gama e raios X – e
as células que se reproduzem mais rapidamente são mais fortemente afetadas que
outras devido a duas propriedades fundamentais das células:
1) As células têm um mecanismo que as possibilita reparar o DNA danifica-
do. Se a célula detecta que o DNA está danificado até ela se dividir, então
ela se auto-destrói.
2) As células que se multiplicam rapidamente têm menos tempo para que o
mecanismo de reparo detecte e fixe o DNA danificado antes de se dividir;
então, é muito mais provável que elas se autodestruam quando já bombar-
deadas pela radiação nuclear.
Muitas formas de câncer são caracterizadas justamente por células que se
dividem em uma velocidade muito grande, de forma que se pode fazer uso da
terapia com radiação para o tratamento dessa doença.
Geralmente, frascos com material radioativo são colocados próximos ou
ao redor do tumor. Para tumores mais profundos, ou que se situam em lugares
impossíveis de serem operados, se faz o uso de raios X de alta intensidade,
que são focalizados no tumor. O problema que surge com esses tipos de trata-
mento é que as células normais, que também se reproduzem rapidamente,
podem ser afetadas juntamente com as células anormais.
As células do cabelo, do estômago, do intestino, da pele e sangüíneas
também se reproduzem rapidamente, sendo então fortemente afetadas pela
radiação ionizante. Isso explica porque as pessoas que fazem radioterapia
sofrem de náuseas e perda de cabelo.
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SAIBA MAIS
Auto-retrato de Rembrandt é vendido por US$ 11,3 milhões
Séculos depois de ficar coberto por uma pintura de um de seus discípulos, um auto-retrato de Rembrandt foi vendido
por US$ 11,3 milhões pela casa de leilões Sotheby’s. Durante trezentos anos, o quadro teve vários donos. Um deles,
suspeitando de que a pintura tratava-se de um Rembrandt, submeteu-a a uma investigação no Rijksmuseum de
Amsterdam. Lá, testes com raios-X mostraram que havia outra figura por baixo, revelando assim a milionária obra de arte.
Cintilografia
A radiação gama, por ter um poder de penetração ainda maior que o dos
raios X, é utilizada em uma técnica chamada cintilografia. Nesse caso, o paci-
ente recebe uma dose de substâncias radioativas que se concentra nos tecidos
lesionados. Ali alojada, essa substância decai, emitindo raios gama detectados
por uma câmera especial que transforma os pulsos eletrônicos em uma ima-
gem digitalizada.
A cintilografia revela como funciona determinada estrutura. A sensibili-
dade avançada dessa técnica permite detectar alterações na função de órgãos,
muitas vezes superior a de outros exames, pois identifica alterações muito
antes do problema se tornar aparente para outros métodos investigativos.
Os raios gama são emitidos do núcleo atômico, enquanto os raios X se
originam da nuvem eletrônica mais externa. Assim, os raios gama fornecem
preciosas informações acerca da estrutura do núcleo, da mesma maneira que
os raios X, ou mesmo a luz visível, trazem informações sobre a estrutura ele-
trônica do átomo.
SAIBA MAIS
A gamagrafia
A radiação gama também é muito usada na indústria. No automobilismo, por exemplo, é comum o uso da gamagrafia,
que consiste em usar os raios gama para se obter radiografias das peças metálicas de um motor, checando as falhas
estruturais e os resíduos metálicos que podem prejudicar seu desempenho.
-
me, tirando fotos altamente detalhadas que podem posteriormente ser exibi-
das em imagens de três dimensões. Deste modo, a TC pode cobrir extensas
seções do corpo num só exame. Normalmente, uma ou duas áreas de um
órgão são examinadas, como o pulmão e a região abdominal, a cabeça e o
pescoço etc. Os parâmetros adquiridos através das medições podem ser tradu-
zidos em fotografias, que são imagens transversais de planos extremamente
finos do interior do corpo. Portanto, em muitos casos, mesmo o mais minús-
culo processo patológico pode ser identificado.
SAIBA MAIS
Dinossauro tinha cérebro de passarinho
Uma tomografia feita em um dos fósseis mais famosos do mundo revela que o elo perdido entre aves e répteis tinha um
cérebro surpreendentemente desenvolvido e adaptado para o vôo. O exame também sugere que as aves modernas
são mesmo descendentes dos dinossauros. O fóssil em questão é um dos sete únicos exemplares de Archaeopteryx,
um dinossauro alado também classificado como a ave mais antiga do mundo. O animal viveu na Europa no final do
Período Jurássico (205 milhões a 144 milhões de anos atrás). Cientistas resolveram buscar a identidade do elo perdido
num lugar insuspeito: dentro da sua cabeça. E descobriram que o bicho tinha literalmente um cérebro de passarinho. O
cérebro em si decompôs e desapareceu há milhões de anos. Mas o exemplar preservado no museu britânico tem um
crânio intacto, que o grupo submeteu a uma tomografia computadorizada. O exame montou uma imagem tridimensional
do sistema nervoso do dinopássaro, mostrando que ele possuía um sistema neural extremamente adaptado para o vôo.
Imagens cardiovasculares
Essa técnica consiste em fazer com que substâncias radioativas sejam car-
regadas pela corrente sanguínea, através do coração, veias e artérias. É co-
mum injetar no paciente um composto de tálio e fazer com que ele pratique
algum exercício físico durante o tempo em que um detector capta os raios
gama que são emitidos pelo decaimento radioativo. Depois de um período de
descanso, o paciente passa novamente pelo detector de raios gama só que sem
fazer qualquer tipo de exercício. Assim, pode-se comparar as mudanças que
ocorrem no fluxo sanguíneo quando o coração está trabalhando. Essa técnica
é muito eficiente para detectar artérias bloqueadas ou disfunções no coração e
outros tecidos.
São usados detectores chamados de contadores de cintilações: um con-
tador de cintilações faz uso de substâncias que funcionam como minúsculos
flashes de uma máquina fotográfica. Essas substâncias são facilmente excita-
das e emitem luz quando é atravessada por partículas carregadas ou raios
gama. Essas cintilações são transformadas em sinais elétricos através de um
aparelho que amplifica essa luz emitida.
SAIBA MAIS
Relógio que brilha no escuro
Alguns relógios de pulso, ou pequenos relógios despertadores, possuem ponteiros que brilham constantemente.
Pegue um destes relógios e leve-o para um quarto bem escuro. Fique ali um tempinho para que seus olhos se
acostumem com a escuridão. Com uma lente de aumento, olhe atentamente para os ponteiros do relógio. Você poderá
perceber que aquela luz contínua que se enxerga sem a lente, ou seja, a olho nu, é na verdade constituída de uma série
de minúsculos flashes individuais, as cintilações. Cada um desses flashes ocorre quando uma partícula alfa, ejetada por
um núcleo de rádio colide com uma molécula de sulfeto de zinco.
Por questões de segurança, hoje é mais comum encontrar relógios que, ao invés de utilizarem o decaimento radioativo,
utilizam a própria luz como forma de excitação. Estes relógios têm seu brilho cada vez mais fraco, sendo necessário
sempre expô-los a uma fonte de luz, como uma lâmpada, para que ele volte a brilhar.
Exercícios
1. (Ufrn 2002) No Brasil, a preocupação com a demanda crescente de ener-
gia elétrica vem gerando estudos sobre formas de otimizar sua utilização. Um
dos mecanismos de redução de consumo de energia é a mudança dos tipos de
lâmpadas usados nas residências. Dentre esses vários tipos, destacam-se dois:
-
-
ção. A estrutura de átomo proposta por Niels Bohr apresenta níveis discretos de
energia, estando o elétron com movimento restrito a certas órbitas compatíveis
com uma regra de quantização do momento angular orbital, L, (L=n.h/2π, em
que n é um número inteiro e h é a constante de Planck).
No entendimento de Bohr, quando o elétron sai de um nível de maior
energia para outro menos energético, a diferença de energia é emitida na for-
ma de fótons (partícula cujo momento linear, P, pode ser calculado pela ex-
pressão P = E/c, em que E é a energia do fóton e c é a velocidade da luz no
vácuo). A análise de tal emissão de fótons constitui parte relevante na verifi-
cação da confiabilidade do modelo atômico proposto.
Considerando o texto acima como um dos elementos para suas conclusões,
a) complete a tabela, apresentada a seguir, registrando dois aspectos da Físi-
ca Clássica que foram mantidos no modelo de Bohr e dois aspectos inova-
dores que foram introduzidos por Bohr.
tículas emitidas por uma fonte radioativa. Essas partículas, cuja carga elétrica
é ............................, são conhecidas como partículas ........................... .
a) positiva - alfa
b) positiva - beta
c) nula - gama
d) negativa - alfa
e) negativa - beta
9. (Ufrs 2001) A experiência de Rutherford (1911-1913), na qual uma lâmina
delgada de ouro foi bombardeada com um feixe de partículas, levou à conclu-
são de que
a) a carga positiva do átomo está uniformemente distribuída no seu volume.
b) a massa do átomo está uniformemente distribuída no seu volume.
c) a carga negativa do átomo está concentrada em um núcleo muito pequeno.
d) a carga positiva e quase toda a massa do átomo estão concentradas em um
núcleo muito pequeno.
e) os elétrons, dentro do átomo, movem-se somente em certas órbitas, cor-
respondentes a valores bem definidos de energia.
10. (Ufrs 2001) Considere as seguintes afirmações sobre o efeito fotoelétrico.
I - O efeito fotoelétrico consiste na emissão de elétrons por uma superfície
metálica atingida por radiação eletromagnética.
II - O efeito fotoelétrico pode ser explicado satisfatoriamente com a adoção
de um modelo corpuscular para a luz.
III- Uma superfície metálica fotossensível somente emite fotoelétrons quando
a freqüência da luz incidente nessa superfície excede um certo valor míni-
mo, que depende do metal.
Quais estão corretas?
a) Apenas I.
b) Apenas II.
c) Apenas I e II.
d) Apenas I e III.
e) I, II e III.
11. (Ufrs 2002) Selecione a alternativa que preenche corretamente as lacunas
no parágrafo a seguir, na ordem em que elas aparecem.
Na partícula alfa - que é simplesmente um núcleo de Hélio - existem dois
..................., que exercem um sobre o outro uma força ................. de origem
eletromagnética e que são mantidos unidos pela ação de forças ................. .
a) nêutrons - atrativa - elétricas
b) elétrons - repulsiva - nucleares
c) prótons - repulsiva - nucleares
d) prótons - repulsiva - gravitacionais
e) nêutrons - atrativa - gravitacionais
12. (Ufrs 2002) Os modelos atômicos anteriores ao modelo de Bohr, baseados
em conceitos da física clássica, não explicavam o espectro de raias observado
-
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Referências Bibliográficas
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Sobre os autores
Guilherme Brockington
Licenciado em Física desde 2000 pela UFJF. Foi professor de Física do
Ensino Médio da rede pública. Atualmente faz Mestrado em Ensino de Ciên-
cias no Instituto de Física e na Faculdade de Educação da USP, além de parti-
cipar de outras atividades voltadas para o ensino sendo professor em cursos
de formação continuada de professores. Dedica-se também à produção de
material didático sobre Física Moderna para alunos do Ensino Médio.
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Nobuko Ueta
Docente do IFUSP e doutora em Física Nuclear . Desenvolve pesquisa em
Física Nuclear Experimental. Participou de atividades didáticas no bacharela-
do e na licenciatura em Física .
Anotações
Anotações
Anotações