Você está na página 1de 294

Física

Luz e Som

Organizadores
Maurício Pietrocola
Nobuko Ueta

Elaboradores
Ivã Gurgel
Jonny Nelson Teixeira
Mikiya Muramatsu
1
módulo

Nome do Aluno
GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO

Governador: Geraldo Alckmin

Secretaria de Estado da Educação de São Paulo

Secretário: Gabriel Benedito Issac Chalita

Coordenadoria de Estudos e Normas Pedagógicas – CENP

Coordenadora: Sonia Maria Silva

UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

Reitor: Adolpho José Melfi

Pró-Reitora de Graduação: Sonia Teresinha de Sousa Penin

Pró-Reitor de Cultura e Extensão Universitária: Adilson Avansi Abreu

FUNDAÇÃO DE APOIO À FACULDADE DE EDUCAÇÃO – FAFE

Presidente do Conselho Curador: Selma Garrido Pimenta

Diretoria Administrativa: Anna Maria Pessoa de Carvalho

Diretoria Financeira: Sílvia Luzia Frateschi Trivelato

PROGRAMA PRÓ-UNIVERSITÁRIO

Coordenadora Geral: Eleny Mitrulis

Coordenadora Pedagógica: Helena Coharik Chamlian

Coordenadores de Área

Biologia:

Paulo Takeo Sano – Lyria Mori

Física:

Maurício Pietrocola – Nobuko Ueta

Geografia:

Sônia Maria Vanzella Castellar – Elvio Rodrigues Martins

História:

Kátia Maria Abud – Raquel Glezer

Língua Inglesa:

Anna Maria Carmagnani – Walkyria Monte Mór

Língua Portuguesa:

Maria Lúcia Victório de Oliveira Andrade – Neide L. Rezende – Valdir Heitor Barzotto
Matemática:

Antônio Carlos Brolezzi – Elvia Mureb Sallum – Martha S. Monteiro

Química:

Maria Eunice Ribeiro Marcondes – Marcelo Giordan


Cartas ao
Aluno
Carta da
Pró-Reitoria de Graduação

Caros alunos
Com muita alegria, a Universidade de São Paulo, através de seus estudan-
tes e de seus professores, participa dessa parceria com a Secretaria de Estado
da Educação, oferecendo a você, o que temos de melhor: conhecimento.
Conhecimento é a chave para o desenvolvimento das pessoas e das na-
ções e freqüentar o ensino superior é a maneira mais efetiva de ampliar co-
nhecimentos de forma sistemática e de se preparar para uma profissão.
Ingressar numa universidade de reconhecida qualidade e gratuita é o de-
sejo de tantos jovens como você. Por isso, a USP, assim como outras univer-
sidades públicas, possui um vestibular tão concorrido. Para enfrentar tal con-
corrência, muitos alunos do ensino médio, inclusive os que estudam em esco-
las particulares de reconhecida qualidade, fazem cursinhos preparatórios, em
geral de alto custo e inacessíveis à maioria dos alunos da escola pública.
O presente programa oferece a você a possibilidade de se preparar para
enfrentar com melhores condições um vestibular, retomando aspectos funda-
mentais da programação do ensino médio. Espera-se, também, que essa revi-
são, orientada por objetivos educacionais, os auxiliem a perceber com clare-
za o desenvolvimento pessoal que adquiriu ao longo da educação básica.
Tomar posse da própria formação certamente lhe dará a segurança necessária
para enfrentar qualquer situação de vida e de trabalho.
Ataque de frente esse programa. Os próximos meses, até os exames em
novembro, exigirão de sua parte muita disciplina e estudo diário. Os monitores
e os professores da USP, em parceria com os professores de sua escola, estão
se dedicando muito para ajudá-lo nessa travessia.
Em nome da comunidade USP, desejo-lhe, caros alunos, minha cara alu-
na, disposição e vigor para o presente desafio.

Sonia Teresinha de Sousa Penin.


Pró-Reitora de Graduação.
Carta da
Secretaria de Estado da Educação

Caro aluno,
Com a efetiva expansão e crescente melhoria do ensino médio estadual a
intensidade dos desafios vivenciados por todos os jovens matriculados nas
escolas da rede estadual de ensino no momento de acessar e, sobretudo, in-
gressar nas universidades públicas, vem apresentando, ao longo dos anos,
um contexto aparentemente contraditório.
Isto porque, se de um lado nota-se um gradual aumento no percentual dos
jovens aprovados nos exames vestibulares da Fuvest, — que, indubitavelmente,
comprova a qualidade dos estudos públicos oferecidos —, de outro aponta
quão desiguais têm sido as condições apresentadas pelos alunos, ao concluí-
rem a última etapa da educação básica.
É frente a essa realidade e com o objetivo de assegurar a esses alunos o
patamar de formação básica necessário ao restabelecimento da igualdade de
direitos demandados pela continuidade de estudos em nível superior, que a
Secretaria de Estado da Educação assumiu, em 2004, o compromisso de abrir,
no Programa denominado Pró-Universitário, 5.000 vagas para alunos matricu-
lados na terceira série de curso regular do ensino médio. É uma proposta de
trabalho que busca ampliar e diversificar junto a cada aluno, as oportunidades
de aprendizagem de novos conhecimentos e conteúdos, com vistas a instrumentá-
lo para sua efetiva inserção no mundo acadêmico.
É uma proposta pedagógica que estará contemplando as diferentes disci-
plinas do currículo do ensino médio, a ser desenvolvida com material didático
especialmente construído para esse fim, que não só estará encorajando, você
aluno da escola pública, a participar do exame seletivo de ingresso no ensino
público superior, como estará se constituindo em um efetivo canal interativo
entre a escola de ensino médio e a universidade, num processo de contribui-
ções mútuas, rico e diversificado em subsídios que poderão, no caso da esta-
dual paulista , contribuir para o aperfeiçoamento de seu currículo, organiza-
ção e formação de docentes.

Profa. Sonia Maria Silva


Coordenadora da Coordenadoria de Estudos e Normas Pedagógicas
Apresentação
da área
A Física é tida pelos estudantes como uma área de conhecimento de difícil
entendimento. Por exigir nível de raciocínio elevado e grande poder de abs-
tração para entender seus conceitos, acaba-se acreditando que o conhecimen-
to físico está distante do cotidiano das pessoas. No entanto, se olharmos para
o mundo que nos cerca com um pouco de cuidado, é possível perceber que a
Física está muito perto: a imagem no tubo de televisão só existe porque a
tecnologia moderna é capaz de lidar com elétrons e ondas eletromagnéticas.
Nossos veículos automotores são máquinas térmicas que funcionam em ci-
clos, os quais conhecemos e a partir deles produzimos energia mecânica ne-
cessária para nos locomovermos. O Sol é na verdade uma grande fonte de
emissão de radiação eletromagnética de diferentes freqüências, algumas visí-
veis e outras não, sendo que muitas delas podem fazer mal à nossa saúde.
Assim, o que pretendemos neste curso de Física é despertar em vocês a
sensibilidade para re-visitar o mundo com um “olhar” físico, de forma a ser
capaz entendê-lo através de suas teorias.
Serão seis módulos, cada qual tratando de um tema pertencente às seguin-
tes áreas da Física: Luz e Som; Calor; Eletromagnetismo, Mecânica, Energia e
Física Moderna. Esses módulos abordarão os conteúdos físicos, tratando as-
pectos teóricos, experimentais, históricos e suas relações com a tecnologia e
sociedade.
A Física pode ser interessante e prazerosa quando se consegue utilizar
seus conceitos para estabelecer uma nova relação com a realidade.
Bom estudo para todos!
A coordenação
Apresentação
do módulo
Temos a percepção do mundo através dos nossos sentidos (olfato, paladar,
tato, visão e audição) e com eles construímos uma serie de representações e
impressões que guiam as nossas atitudes no dia-a-dia. Neste modulo iremos
estudar os fenômenos relacionados à luz e ao som, suas propriedades e algu-
mas aplicações tecnológicas ligadas ao nosso cotidiano. Na Unidade 1 vamos
discutir a interação da luz com a matéria, definir alguns parâmetros para ca-
racterizar a luz e como temos a percepção das cores. Na Unidade 2 discutire-
mos o processo de formação de imagens nos espelhos e lentes e algumas
aplicações como: a óptica do olho humano, seus defeitos e as correções, a
imagem formada pela lupa, o funcionamento de uma maquina fotográfica, a
física do arco-íris etc. E na Unidade 3 vamos apresentar as propriedades e
características do som e exemplificar através de alguns instrumentos musicais
de sopro e cordas.
Unidade 1

Interação da luz
com a matéria
Organizadores
Maurício
Pietrocola
Nossa percepção do mundo depende fundamentalmente da nossa capaci- Nobuko Ueta
dade de perceber a luz. Se não houvesse luz o mundo perderia parte de sua Elaborador
beleza. Não poderíamos mais observar as belas cores de um arco-íris ou ob-
Ivã Gurgel
servar os traços do rosto de uma pessoa.
Podemos dizer que a única coisa que enxergamos é a luz. É somente atra-
vés dela que podemos construir imagens do mundo. A primeira pergunta que
poderia surgir para nós é a seguinte: como a luz faz tudo isso? Como ela
interage com a matéria?
Para começar a responder a essa pergunta iremos falar um pouco sobre a
natureza da luz. Discutir esse assunto sempre foi algo complicado para os
cientistas. Durante a história ela foi adquirindo diversas propriedades e ca-
racterísticas muitas vezes controversas (ver seção “Um pouco de história”).
Conforme formos estudando os fenômenos óticos, iremos apresentando cada
propriedade e característica importante da luz para torná-los compreensíveis.
Para iniciarmos nosso estudo é necessário afirmar que a luz é uma onda ele-
tromagnética. Esse tipo de onda é gerado através de oscilações de natureza
elétrica e magnética, como seu nome indica. Se você não conhece esses ele-
mentos, não se preocupe, pois eles serão estudados no módulo eletricidade e
magnetismo.
Quando um raio de luz é emitido, ele pode “caminhar” para qualquer
região do espaço, carregando consigo informações que são levadas através de

SAIBA MAIS
Um pouco de história
Entender o que é a luz nunca foi uma tarefa fácil para o homem. Durante muito tempo
houve um grande debate entre os que defendiam a idéia que a luz era uma pequena
partícula que se propagava no espaço e os que defendiam que a luz era uma forma de
onda. Newton (1642-1727) era um dos ilustres cientistas que defendiam a idéia de partícu-
la, Huygens (1629-1695) e Hooke (1635-1705) defendiam a idéia de onda. No início do
século XIX a descoberta de novos efeitos (interferência e difração), tipicamente ondulatórios,
foram determinantes na consolidação da concepção da luz como onda. Huygens acabou
ganhando a briga? Na verdade esse foi apenas o primeiro round. No século XX surgiria a
idéia de fóton de luz que traria de volta uma concepção de luz como “corpúsculo”. Será que
essa foi a revanche de Newton? Na verdade não. Atualmente a física quântica atribui
características ondulatórias e corpusculares à luz. Esse tema será estudado no módulo
sobre física moderna.


suas características ondulatórias. Com isso, para entendermos as diferentes


informações que a luz carrega e conseqüentemente as diferentes imagens que
podemos formar é necessário discutir algumas propriedades das ondas, como
velocidade de propagação, amplitude, freqüência e comprimento de onda.
Qualquer elemento que realiza uma trajetória, isto é, faz um determinado
caminho, tem uma velocidade associada a cada instante desse percurso, como
quando andamos de carro e o velocímetro indica nossa velocidade. A luz tem
uma velocidade característica que independe de quem a observa e que tem o
valor extremamente alto de 300.000 km/s no vácuo. Essa velocidade, caracte-
rística da luz, é representada pela letra c.
Nas ondas, a cada ciclo o elemento responsável pela onda, neste caso os
campos elétricos e magnéticos, ao se propagarem, variam de um valor máxi-
mo do campo até um valor mínimo. A amplitude da onda pode ser determina-
da pela diferença entre esses valores. O comprimento de onda é o compri-
mento do espaço percorrido por ela durante uma oscilação completa, por exem-
plo, de um ponto de máximo até outro. A freqüência é o número de oscilações
que uma onda realiza por segundo.

Figura 1

Estes elementos são relacionados matematicamente da seguinte forma:


c = λ.f
Em que c é a velocidade da luz, l o comprimento de onda e f a freqüência.
Além desses elementos podemos definir o período de uma onda, que é o
tempo que ela demora para completar cada ciclo. O período da onda é relaci-
onado com a freqüência da seguinte forma.
T = 1/f
SAIBA MAIS
As ondas eletromagnéticas
Você sabia que convivemos com diversos tipos de ondas eletromagnéticas em nosso
cotidiano. O conjunto de todas as ondas eletromagnéticas é denominado de espectro
eletromagnético. Esse espectro é constituído por ondas que podem ter freqüências muito
baixas, próximas a zero, até freqüências extremamente altas, por exemplo, 1030 Hz (você
consegue imaginar esse valor?). Como vimos, a luz é composta por uma pequena parcela
desse total de possibilidades, sendo que a maior parte delas é invisível a nós. Mas o que
muitas vezes não sabemos é que utilizamos muitas dessas outras ondas em nosso dia-dia.
Entre elas estão as microondas, de freqüência próxima a 1010 Hz que você utiliza em seu
aparelho de mesmo nome; as ondas de transmissão de rádio com freqüência próxima a
106 Hz; as ondas para fazer um diagnóstico de raio X de uma parte interna de seu corpo
com freqüência próxima a 1018 Hz. Todas elas têm em comum serem da mesma natureza,
isto é, são ondas eletromagnéticas.


  - 
  

Esses elementos são importantes, pois são a principal forma de se carac-


terizar as ondas eletromagnéticas (ver seção “as ondas eletromagnéticas”).
A luz visível, nosso objeto de estudo, é composta pelas ondas eletromagné-
ticas de freqüência de 4,0x1014 Hz até 7,5x1014 Hz aproximadamente (essas
freqüências têm os comprimentos de ondas de 7,5x10-7 m e 4x10-7 m respec-
tivamente).

(Fuvest 98) Uma bóia pode se deslocar livremente ao longo de uma haste
vertical, fixada no fundo do mar. Na figura, a curva cheia representa uma
onda no instante t = 0 s e a curva tracejada a mesma onda no instante t = 0,2 s.
Com a passagem dessa onda, a bóia oscila.

Figura 2

Nesta situação, o menor valor possível da velocidade da onda e o correspon-


dente período de oscilação da bóia, valem:
a) 2,5 m/s e 0,2 s; b) 5,0 m/s e 0,4 s; c) 0,5 m/s e 0,2 s;
d) 5,0 m/s e 0,8 s; e) 2,5 m/s e 0,8 s.

(Fuvest 2002) Radiações como raios X, luz verde, luz ultravioleta, microon-
das ou ondas de rádio são caracterizadas por seu comprimento de onda (l) e
por sua freqüência (f). Quando essas radiações propagam-se no vácuo, todas
apresentam o mesmo valor para:
a) λ; b) f; c) λ.f; d) λ/f; e) λ2/f.

Você poderia se perguntar: o que essas estranhas propriedades da luz têm


a ver com as imagens dos objetos que enxergamos? Essa é uma pergunta
importante, que guiará todo nosso estudo.
Para vermos qualquer coisa é necessário que luz chegue aos nossos olhos.
Suas propriedades indicam o que vemos. A freqüência da onda de luz que
chega aos nossos olhos nos indica qual é sua cor. Cada cor que enxergamos é
caracterizada por uma freqüência determinada. O amarelo, por exemplo, é
caracterizado por uma freqüência próxima de 5,1x10 14 Hz e por um compri-
mento de onda próximo de 5,8x107 m. (ver quadro características das cores).
SAIBA MAIS
Características das cores
cor λ (10-7m) f (1014 m)
violeta 4,0 – 4,5 6,7 – 7,5
anil 4,5 – 5,0 6,0 – 6,7
azul 5,0 – 5,3 5,7 – 6,0
verde 5,3 – 5,7 5,3 – 5,7
amarelo 5,7 – 5,9 5,0 – 5,3
laranja 5,9 – 6,2 4,8 – 5,0
vermelho 6,2 – 7,5 4,0 – 4,8




Talvez você esteja espantado e neste momento esteja pensando: mas as


cores não são propriedades dos objetos! Eu não vejo, por exemplo, uma maça
vermelha simplesmente por que ela é vermelha? Qual o papel da luz nesse
processo?
Como quem nos indica o que vemos é a luz, as características visuais
dos objetos dependerão da forma como ela interage com eles. Por exemplo,
você apenas consegue ver e ler esse texto porque a luz do lugar onde você
está interage com esta folha de papel. Quando a luz “bate” nessa folha, parte
dela é absorvida pela tinta e parte dela e refletida para seus olhos, fazendo
com que você possa distinguir onde está escrito da parte “em branco” da
folha, possibilitando que você leia e aprenda sobre cores. Assim, entender
como a luz interage com a matéria é algo importante para que possamos en-
tender as diversas imagens que formamos dos objetos.

Interação da luz com


Quando a luz incide sobre qualquer material três processos podem ocor-
diferentes materiais rer: absorção, reflexão e transmissão. Iremos agora analisar cada um destes
processos.
Tente observar como a
luz interage com dife-
(Fuvest) – Admita que o Sol subitamente “morresse”, ou seja, sua luz deixas-
rentes materiais e quais
efeitos são produzidos.
se de ser emitida. Vinte e quatro horas após esse evento, um eventual sobrevi-
Para isso use filtros co- vente, olhando para o céu, sem nuvens, veria.
loridos, materiais trans- a) a Lua e estrelas;
parentes, opacos e trans-
lúcidos. b) somente a Lua;
c) somente estrelas;
d) uma completa escuridão;
Insulfilm
e) somenteos planetas do sistema solar.
Atualmente é muito nor-
mal a utilização de
insulfilm nos carros. Esses Absorção da luz
materiais são absorve-
dores de luz, permitindo Muitos materiais conseguem absorver a luz, isto é, tomá-la para si. Quan-
que somente uma fra- do isso ocorre o material tem um ganho de energia, pois ele adquire a energia
ção de sua intensidade da luz incidente. A capacidade de absorver a luz varia para diferentes materi-
seja transmitida. Alguns ais. Em geral, eles absorvem as ondas de algumas determinadas cores e refle-
deles ainda são cobertos tem outras.
por uma fina camada
metálica que reflete mui-
tos dos raios incidentes. Seleção de cores por reflexão da luz
Com isso o ambiente re-
cebe menos energia em A luz ao incidir sobre um material, isto é, ao atingir sua superfície pode ser
forma de radiação eletro- refletida. Quando isso ocorre, a luz que incidiu no material é re-emitida po-
magnética nas faixas de dendo chegar aos nossos olhos, fazendo-nos enxergar o objeto que a refletiu.
freqüências da luz visí- Já dissemos que sempre precisamos que a luz chegue nos nossos olhos para
vel e do infravermelho, vermos qualquer objeto. Como poucos objetos têm luz própria, como as es-
tornando o ambiente trelas, a reflexão é um processo importante, pois permite que um material que
menos iluminado e não emite luz naturalmente possa ser visto. Alguns objetos somente refletem
quente. Agora responda: determinadas cores. Por exemplo, uma camiseta azul somente pode ser vista
por que não consegui-
dessa forma, pois ao receber luz ela apenas reflete a luz azul, sendo que as
mos ver uma pessoa que
outras cores ela absorve. A luz azul refletida chega aos nossos olhos e nos
está dentro de um carro
com insulfilm?
permite perceber a cor da sua camiseta. Note que sua camiseta somente pôde
refletir a cor azul porque a luz que incidiu sobre ela era azul ou era composta
por diversas cores, entre elas, o azul (ver seção “combinação de cores”). Pen-


  - 
  

se agora o que acontece se incidirmos uma luz vermelha sobre sua camiseta
azul. Qual destas cores você veria? Certamente nenhuma delas, pois você
perceberia uma região escura. Isso se deve ao fato da camiseta azul absorver
a luz vermelha, impossibilitando que os raios de luz cheguem aos nossos
olhos. Essa ausência de luz faz com que o objeto fique preto.

(ITA) Dos objetos citados a seguir, assinale aquele que seria visível em uma
sala perfeitamente escura:
a) um espelho;
b) qualquer superfície de cor clara;
c) um fio aquecido ao rubro;
d) uma lâmpada desligada;
e) um gato preto.

SAIBA MAIS
Transmissão da luz
Hoje em dia tornou-se moda o uso de óculos coloridos. Eles possuem lentes coloridas,
amarelas, vermelhas ou azuis, por exemplo. Ao olharmos por uma lente amarela, tudo ao
nosso redor fica amarelado. Por que isso acontece? A luz ao incidir sobre um material pode
ser transmitida por ele, isto é, este material permite que a luz se propague por ele. Em
muitos casos um material somente permite a passagem de uma determinada cor. É isso
que ocorre com seus óculos amarelos. A luz que vem para seus olhos incidiu nas suas
lentes permitindo que somente o amarelo fosse transmitido. Como somente a luz amarela
chega aos seus olhos tudo que você vê ficará amarelo. Algumas regiões poderão ficar
escurecidas pois se um objeto emite alguma cor que não é composta pelo amarelo,
nenhuma luz passará, fazendo com que nenhuma luz chegue aos seus olhos, sobrando
apenas uma região escura.

Combinação de cores
Nossos olhos são formados por células receptoras de luz. Essas células são capazes de
identificar três cores: vermelho, verde e azul. Todas as cores que vemos são interpretadas
por essas células como combinações destas três cores. O interessante é notar que isso
possibilita que possamos obter determinadas cores através da superposição de cores
diferentes. Vejamos um exemplo simples: A cor amarela pode ser obtida através da combi-
nação de duas cores, o vermelho e o verde. E muitas outras cores podem ser obtidas assim.
Quando sobrepomos todas as cores, que é equivalente a dizer que sobrepomos as cores
primárias, obtemos a cor branca. O branco, diferentemente da outras cores não tem uma
faixa de freqüência característica. Essa cor só pode ser definida como a união de todas as
cores. Com o preto ocorre o processo inverso, ele é definido como a ausência de cor.

Entendendo melhor a interação da luz com a matéria.


O que determina se um material irá absorver ou refletir uma onda eletromagnética como Escolhendo uma roupa!
a luz são suas propriedades atômicas. Você já deve ter aprendido que os materiais são
Você nunca pensou que
compostos por átomos. Quando uma onda incide sobre um material, ela faz as partículas
a física pudesse te aju-
atômicas, principalmente os elétrons que possuem carga elétrica e uma massa extrema-
dar a escolher como se
mente pequena, vibrarem. Ao vibrar, o elétron pode re-emitir a onda incidente com mesma
vestir. De acordo com o
freqüência. Em alguns casos, a amplitude de vibração do elétron pode ser tão alta, que ele
que discutimos, você sa-
se choca com outras partículas transferindo energia a elas fazendo com que a onda
beria dizer qual é a cor
incidente seja absorvida.
mais apropriada para
uma roupa em um dia
de muito calor. Por que?




REFRAÇÃO DA LUZ

No exemplo anterior pudemos perceber que a luz pode ser transmitida por
diversos materiais. Muitos deles são transparentes, isto é, a luz passa por eles
sem que sua cor seja afetada. Podemos facilmente observar isso quando olha-
mos através da água. As cores que percebemos os objetos não são alteradas
nesse caso. Contudo, muitas vezes percebemos efeitos estranhos em relação
ao que vemos. Por que isso acontece? Isso ocorre devido a um fenômeno
chamado refração. A refração é caracterizada por uma mudança de velocida-
de e direção da luz quando ela muda de meio de propagação.
Quando a luz deixa de se propagar no ar e passa a se propagar na água,
por exemplo, sua velocidade passa a ser menor nesse segundo meio. Cada
material que transmite a luz tem um índice de refração que é obtido relacio-
nando a velocidade da luz no vácuo com a velocidade da luz no próprio
material através da seguinte formulação:
n=c/v
Sendo que n indica o índice de refração do material, c a velocidade da luz
no vácuo e v a velocidade da luz no material.
A mudança de velocidade provoca uma mudança na direção de propaga-
ção da luz. Essa mudança depende do índice de refração e do ângulo de inci-
dência da luz no material, medido sempre em relação à reta perpendicular à
superfície de incidência. Matematicamente esses elementos se relacionam da
seguinte forma:
n1.senθ1= n2.senθ2
Determinando cores!
Essa relação é conhecida como lei de Snell-Descartes, sendo que n1 e n2
Você ganhou três novos indicam os índices de refração do meio incidente e do meio de refração, res-
óculos e cada um deles pectivamente e θ1 e θ2 indicam o ângulo de incidência e o ângulo de refração.
tem o par de lentes de SAIBA MAIS
uma cor diferente, sen-
do um azul, um verde e Código de barra
um vermelho. Agora que Talvez você já tenha utilizado o código de barra para obter informações sobre um deter-
você aprendeu sobre minado produto. Como essas informações são lidas? Quando você aproxima o código de
cores pense na seguinte barra de uma base que emite um feixe de luz laser, parte desse feixe é absorvida pelas
situação: você seleciona linhas pretas do código e parte é refletida pelas linhas brancas;associa-se os números 0
um objeto que nunca (absorção) e 1 (reflexão), criando assim um código binário para “ler” a seqüência de linhas
viu. Primeiro você coloca que um aparelho decodifica dando as informações que você deseja saber.
seus óculos vermelhos e
percebe que esse objeto (Unesp 2003) Um feixe de luz composto pelas cores vermelha (V) e azul (A),
ficou desta mesma cor. propagando-se no ar, incide num prisma de vidro perpendicularmente a uma
Em seguida você coloca de suas faces. Após atravessar o prisma, o feixe impressiona um filme colori-
seus óculos verdes e per- do, orientado conforme a figura. A direção inicial do feixe incidente é identi-
cebe que o mesmo ob- ficada pela posição O no filme.
jeto, agora, parece verde.
Finalmente você coloca
seus óculos azuis e per-
cebe, para seu espanto,
que o objeto ficou pre-
to. Você saberia dizer
qual a cor do objeto caso
não estivesse com ne-
nhum dos óculos?
Figura 3


  - 
  

Sabendo-se que o índice de refração do vidro é maior para a luz azul do que
para a vermelha, a figura que melhor representa o filme depois de revelado é:

Figura 4

a) 1; b) 2; c) 3; d) 4; e) 5.

(Fuvest 99) Um raio monocromático de luz incide no ponto A de uma das


faces de um prisma feito de vidro e imerso no ar. A figura a representa apenas
o raio incidente I e o raio refratado R num plano normal às faces do prisma,
cujas arestas são representadas pelos pontos P, S e T, formando um triângulo
eqüilátero. Os pontos A, B e C também formam um triângulo eqüilátero e são,
respectivamente, eqüidistantes de P e S, S e T, e T e P. Considere os raios E1,
E2, E3, E4 e E5, que se afastam do prisma representado na figura b.

Figura 5

Podemos afirmar que os raios compatíveis com as reflexões e refrações sofri-


das pelo raio incidente I, no prisma, são:
a) somente E3;
b) somente E1 e E3;
c) somente E2 e E5;
d) somente E1, E3 e E4;
e) todos (E1, E2, E3, E4 e E5).

Difusão da luz e reflexão especular


O que faz com que uma imagem seja nítida? Para vermos algo é necessá-
ria uma organização dos raios de luz que possibilite interpretarmos cada pon-
Construindo espelhos !
to do objeto que será visto. Muitas vezes quando um feixe de luz incide sobre
um material, ao ser refletido ou transmitido esse feixe de luz, que inicialmente Para se tornarem bons
tinha todos seus raios paralelos, se torna difuso, isto é, os raios passam a espelhos os materiais
percorrer caminhos em direções diferentes. O resultado desse processo é uma precisam ser muito bem
polidos. Você saberia ex-
imagem sem nitidez, pois a “confusão” gerada nos raios de luz impossibilita
plicar isso?
interpretarmos o que cada raio poderia nos informar.




Uma superfície espelhada é uma superfície que reflete os raios de luz


organizadamente. Muitos materiais apesar de refletirem praticamente toda luz
que recebem, não se tornam espelhos, pois sua reflexão é difusa. Na próxima
unidade iremos discutir em detalhe o processo de formação de imagens em
espelhos e lentes.

Síntese
- Luz é uma onda eletromagnética, todavia quando ela é emitida ou absorvida
apresenta características corpusculares. A velocidade da luz no vácuo é uma
constante fundamental da Física e vale aproximadamente c = 300.000 km/s
- Quando a luz é transmitida de um material para outro a sua freqüência (f)
não muda, porém o comprimento de onda (λ) e a sua velocidade (v) alteram.
O índice de refração de um material é definido pela relação: n=c/v.
- Para ver um objeto é preciso que ele seja iluminado, reflita a luz e que a
mesma chegue ate o nosso olho. A cor de um objeto, de um modo geral,
depende do tipo de iluminação e da cor (freqüência) que ele emite.
- Ocorre a reflexão (especular) quando a luz incide numa superfície polida,
como o espelho.São iguais os ângulos formados pela perpendicular à super-
fície com os raios incidentes e refletidos (Lei da reflexão). Quando a luz
incide numa superfície rugosa ocorre a reflexão difusa, isto é, os raios refle-
tem em varias direções. Quando a luz passa de um meio para outro de índi-
ces de refração diferentes há a mudança de velocidade e geralmente de dire-
ção (Lei da refração)
- Dispersão da luz é a sua decomposição em cores dispostas segundo a sua
freqüência, pela interação com um prisma, por exemplo.


Unidade 2

Formação de
imagens
Organizadores
Maurício
INTRODUÇÃO Pietrocola
Nobuko Ueta
Sem dúvida nenhuma vivemos hoje numa sociedade de imagens: cinema, Elaborador
televisão, revistas, painéis, internet etc. Tomamos conhecimentos dos fatos
Mikiya Muramatsu
em tempo quase real, através de conexões via satélite ou fibras ópticas e com
velocidade e volume de informações cada vez maiores. Nessa unidade va-
mos discutir como as imagens se formam, usando sempre a luz como porta-
dora de informações. E para isso, vamos discutir com mais detalhe os fenô-
menos já citados na Unidade 1: a reflexão e a refração da luz, que aparecem
quando usamos espelhos e lentes. Iremos também exemplificar com alguns
fatos da natureza como o arco-íris, a miragem, etc e dispositivos que se utili-
zam desses princípios como o olho, a máquina fotográfica, a lupa etc.

REFLEXÃO
A grande maioria dos objetos que vemos não emite luz própria. Eles são
vistos porque reemitem a luz de uma fonte primaria como o sol ou uma lâm-
pada. A luz incidindo sobre a superfície, volta para o mesmo meio, sem alte-
rar a sua freqüência; a esse processo chamamos de reflexão da luz. Por outro
lado existem materiais que absorvem uma pequena quantidade de radiação e
emitem numa freqüência diferente e esse fenômeno é denominado de lumi-
nescência; você observa isso quando apaga a luz de seu quarto e o interruptor
apresenta o brilho característico.

Lei da reflexão: princípio do tempo mínimo


Um fato experimental importante é que a luz, num meio homogêneo, pro-
paga em linha reta. A natureza nos mostra que para ir de um ponto a outro a
luz escolhe uma trajetória de modo a gastar menos energia e tempo, e para ser
eficiente, a trajetória é uma linha reta, caso não haja nenhum obstáculo à sua
passagem. Se a luz é refletida por um espelho ou quando passa de um meio
para outro, como, por exemplo, do ar para a água, (refração) o seu comporta-
mento é governado por esse principio geral da natureza,que foi formulado
pelo cientista francês Pierre Fermat, por volta de 1650, que é conhecido como
o Princípio do Tempo Mínimo. Esse princípio estabelece que “de todas as
trajetórias possíveis que vão de um ponto para outro a luz escolhe aquela que
requer o menor tempo possível”.


Na figura 1a temos 2 pontos A e B e um espelho plano. Como a luz pode


ir de A até B gastando o menor tempo possível? A resposta óbvia é numa linha
reta que liga A com B! Mas se acrescentarmos a condição que a luz deve
passar pelo espelho, a resposta não é tão direta.

Figura 1

Na figura 1b estão indicadas três possíveis trajetórias; em qual delas o


tempo gasto seria mínimo? Para responder a essa questão vamos obter o pon-
to A’, simétrico de A em relação ao espelho e com isso o percurso da luz de A
até B seria equivalente, por construção geométrica, à distância de A’ a B. Ve-
mos, então que o percurso 2 é aquele em que é mínimo o tempo gasto pela
luz, pelo fato de ser uma trajetória retilínea, como ilustrado na figura 1c.
É fácil verificar geometricamente nessa figura que o ângulo de incidên-
cia do raio NA com o espelho é igual ao ângulo de reflexão NB. Todavia, ao
invés de medir esses ângulos com o espelho é costume medir com a linha
perpendicular à superfície refletora, indicando que o ângulo de incidência é
sempre igual ao ângulo de reflexão, valido para qualquer valor do ângulo.
Esse fato é conhecido como a Lei da Reflexão. Além disso, o raio incidente, a
normal e o raio refletido todos pertencem ao mesmo plano, como indicado na
figura 1d.

ESPELHOS PLANOS: IMAGENS VIRTUAIS

Utilizando a lei da reflexão podemos obter a imagens de pontos ou obje-


tos num espelho plano. Observe na figura 2 a imagem de uma vela, traçando
4 raios quaisquer. A imagem da vela está atrás do espelho, mas os raios de luz
não provem realmente desse ponto, daí a imagem é denominada de virtual.
Não há nenhuma energia radiante atrás do espelho e não se pode projetar ou
registrar essa imagem! Além disso a imagem tem o mesmo tamanho, a mesma
orientação que o objeto e a distância dessa imagem ao espelho é igual a dis-
tância do objeto ao espelho.
Questão 1. a imagem formada por um espelho plano pode ser vista, mas
não registrada ou projetada numa tela. É possível fotografar essa imagem?
Explique.


  - 
  

Figura 2

Questão 2. A figura anexa representa esquematicamente uma mesa de sinuca


retangular de dimensões d e 2d vista de cima, onde B representa a bola e C D e
E as caçapas. Usando a lei da reflexão trace as trajetórias da bola B para encaixa-
la nas caçapas atraves de uma ou mais reflexões. Indique claramente os pontos
onde a bola deve incidir.

Figura 3

ESPELHOS CURVOS
O tipo de imagem que você obteve foi para espelhos planos, comuns em
nossas casas, retrovisores de carros etc. Para superfícies curvas a lei da refle-
xão continua valendo, todavia podemos obter outros tipos de imagens, além
de ser diferente a distância da imagem ao espelho. Você pode fazer essa expe-
riência facilmente pegando uma colher e olhar diretamente para as duas su-
perfícies: nas costas da colher a sua imagem será sempre menor e direita (esse
tipo de espelho é denominado de convexo – figura 4a) ao passo que na parte
de dentro (onde vai a sopa!) a sua imagem é maior e a medida que você se
afasta da colher verá que a sua imagem fica invertida (esse tipo de espelho é
denominado de côncavo – figuras 4b e 4c)

Figura 4




E se você utilizar um objeto luminoso como uma vela, verá que é possível
projetar essa imagem na parede! Esse tipo de imagem é denominado de real e
vamos discutir isso em detalhe quando estudarmos as lentes. Você irá perce-
ber também que a sua imagem fica deformada, pelo fato da superfície não ser
perfeitamente esférica. Além da propriedade de aumentar a imagem e projeta-
la qual a outra vantagem que apresenta esse tipo de espelho? Resposta: au-
mento do campo visual, isto é, aumento da região em que um determinado
observador pode ver através do espelho. Esse campo depende da posição do
observador em relação ao espelho (quanto mais próximo ao espelho, maior o
campo), do tamanho do espelho e do formato. Utilizando a lei da reflexão é
fácil de perceber que espelhos convexos têm o campo visual maior que os
côncavos, daí serem utilizados em elevadores, portarias e como retrovisores
de carro. Mas qual a principal desvantagem desse tipo de espelho? (Pense no
tamanho da imagem e como o nosso cérebro interpreta essa imagem!).

REFLEXÃO DIFUSA

Os raios solares que chegam à Terra são paralelos e quando atingem os


objetos rugosos ao nosso redor eles são refletidos em várias direções. Isso é
chamado de reflexão difusa e é graças a isso que podemos ver os objetos de
diferentes pontos (como por exemplo, as paginas deste texto) como mostrado
na figura 5. Em cada ponto continua valendo a lei da reflexão, isto é, a onda
luminosa encontra milhares de minúsculas superfícies planas refletindo a luz
em todas as direções. O grau de rugosidade (distância entre as sucessivas
elevações e depressões) de uma determinada superfície depende da radiação
incidente: essa folha de papel é considerada rugosa para a luz visível inciden-
te, cujo comprimento de onda médio é da ordem de 0,5 micrometro (1 micro-
metro =0,001 mm), já as antenas parabólicas, cujas superfícies são grades
metálicas podem ser consideradas como superfícies polidas para ondas de
radio de centenas de metros de comprimento de onda, daí serem utilizadas
nas telecomunicações a grandes distâncias.

Refletindo
Retomar todos os textos
escritos até o momento,
verificar o que foi apren- Figura 5
dido e escrever um texto
explicando o seu pro-
gresso e apontando os Questão: Você pode enxergar a rodovia à noite graças à reflexão difusa
aspectos que você ainda que ocorre no asfalto. Por que torna mais difícil de vê-la quando ela esta mo-
precisa melhorar. lhada?
Escolher um dos textos
escritos até o momento
em sala ou fora dela e REFRAÇÃO
fazer mais uma reescrita
com a ajuda de um cole- Na primeira unidade desse modulo já tínhamos conceituado o fenômeno
ga e de seu professor. da refração, que consiste basicamente na mudança de velocidade da luz ao


  - 
  

passar de um meio de propagação para outro. A luz propaga com velocidades


diferentes para diferentes meios:
No vácuo ela se propaga a 300.000 km/s (representada geralmente pela
letra c), que é considerada a velocidade-limite da natureza, na água é 3/4c, no
vidro a 2/3 c. no ar é ligeiramente menor que c. Uma grandeza óptica importan-
te para caracterizar a facilidade ou dificuldade da luz propagar em determinado
meio é o índice de refração, representado pela letra n, e que é a relação entre
a velocidade da luz no vácuo c e a velocidade da luz nesse meio: n=c/v. Ob-
serve que esse número é sempre maior que a unidade e é adimensional. Assim
usando a definição acima temos nágua=4/3; n vidro=1,5; nar≅1,0.
Quando a luz incide obliquamente na superfície de separação de dois meios
(por exemplo, ar-água, ou ar-vidro) ela sofre um desvio percorrendo um ca-
minho mais longo. Apesar do caminho ser mais longo, o tempo gasto para
percorrê-lo é o mínimo possível, como requer o Principio de Fermat. Utilizan-
do esse principio podemos obter a lei que governa o percurso do raio de luz
ao passar de um meio para outro, como:

n1 sen θ1 = n2 sen θ2

Figura 6

Onde n1 e n2, são os índices de refração do 1o e 2o meio e θ1 e θ2 são os


ângulos de incidência e refração, medidos em relação a perpendicular à su-
perfície, como indicado na figura 6, ao passar do ar para a água. Essa expres-
são é conhecida como Lei de Snell-Descartes. Como o índice de refração da
água é maior do que do ar, o ângulo de refração será menor. Portanto, uma
outra maneira de entender essa lei é que a luz ao passar de um meio para outro
deve manter o produto n. sen θ sempre constante, isto é, se o índice de refra-
ção aumenta, então o seno do ângulo deve diminuir, ou seja, o raio aproxima
da normal à superfície e inversamente, se o índice diminui, então o ângulo
aumenta e a luz se afasta da normal.
Questão: complete a trajetória do raio de luz nos esquemas abaixo. (n1<n2<n3)




É graças ao fenômeno da refração é que o fundo de uma piscina aparenta


ser mais rasa. Da mesma forma se o índio quiser fisgar o peixe deve atirar a
lança abaixo da imagem que ele vê, pois o objeto (peixe) se encontra abaixo
de sua imagem, como mostrado na figura 7.

Figura 7

Outro exemplo interessante de refração é quando a luz atravessa um pris-


ma como mostra na figura 8. Se incidirmos um feixe estreito da luz do sol ,
que pode ser considerada de raios paralelos ou colimada, pois o Sol se encon-
tra a 150 milhões de quilômetros da Terra, haverá a separação das cores, pois
como vimos na Unidade 1, a velocidade da luz depende da freqüência, e
conseqüentemente o índice de refração é ligeiramente diferente para cada cor,
como mostra a tabela anexa. A luz vermelha desvia menos que a violeta. Essa
separação das cores é denominada de Dispersão da luz.
Índice de refração vidro “Crown” para diversas cores

cor n
vermelho 1,513
amarelo 1,517
verde 1,519
azul 1,528
violeta 1,532

Figura 8

A dispersão da luz explica também o fenômeno do arco-íris, que você


observa logo após a chuva ou você utiliza uma mangueira num dia ensolarado,
aparecendo as faixas coloridas, indo do vermelho ao violeta. Como esta indicada
na figura 8b ocorrem essencialmente 3 fenômenos: 2 refrações (na entrada e
saída da gota de água), uma reflexão e a dispersão das cores. Há vários aspec-
tos interessantes desse fenômeno que sempre desperta a curiosidade das pes-
soas, como o formato, o duplo arco-íris etc. Para saber mais acesse sites indi-
cados na bibliografia dessa unidade.


  - 
  

REFLEXÃO INTERNA TOTAL

Na figura 6 imaginamos a luz propagando do ar para a água; imagine


agora se a luz propagasse no sentido inverso, isto é, da água para o ar, como
indicado na figura 9. Nesse caso, ao emergir para o ar o ângulo aumenta, pois
o índice de refração do ar é menor do que o da água, como indicado pelo raio
2; aumentando o ângulo de incidência aumenta também o de refração (raio
3), havendo uma valor tal que o raio emergente sai rasante à superfície (raio
4), esse ângulo é denominado de ângulo limite, a partir do qual não ocorre
mais a refração e toda a luz volta para a própria água, caracterizando assim a
reflexão (interna) da luz (raio 5). Você pode mostrar facilmente, usando a lei
da refração, que para um determinado material, imersos no ar, o ângulo limite
L só depende do índice de refração n do mesmo, isto é, sen L= 1/n. Por exem-
plo, para o vidro é aproximadamente 42 graus, para a água 48 graus, e assim
sucessivamente.

Figura 9

Existem varias aplicações interessantes usando a reflexão total: desvio da


luz nos prismas, aumento do percurso da luz nos binóculos, através da combi-
nação de dois prismas, mas principalmente nas fibras ópticas como condutoras
de luz para iluminar e captar imagens em regiões de difícil acesso, como na
medicina e industria e a sua utilização nas telecomunicações, como uma alter-
nativa aos fios de cobre e cabos.

LENTES
Uma das aplicações mais interessantes da refração é a lente, um dos
componentes ópticos mais utilizados. Em nosso olho temos duas lentes, como
veremos adiante. Para entender a função de uma lente comecemos aplican-
do o princípio do tempo mínimo no percurso da luz de um ponto A ate B num
prisma (fig. 10a). Veremos que o percurso da luz não é a linha tracejada que
liga A com B, mas a indicada pela linha sólida, a luz aumenta o percurso no
ar, onde a velocidade é maior, mas atravessa num ponto do prisma mais
estreito, onde a velocidade é menor, minimizando o tempo de percurso da luz
para ir de A até B. Com esse raciocínio poderíamos pensar que a luz deveria
tomar o caminho mais próximo do vértice superior, procurando a parte mais
estreita, mas nesse caso a distância no ar seria maior, aumentando o tempo de
percurso.




Utilizando um prisma curvado, como mostra a figura 10b, veremos que


esse encurvamento da superfície do vidro compensa a distância extra que a
luz precisa percorrer para pontos mais altos desse prisma, de modo que tere-
mos diversos pontos de mesmo tempo para a luz ir de A até B. Com isso
obtemos uma propriedade importante de uma lente, ou seja, um dispositivo
que liga o ponto A ao ponto B. Em outras palavras, através da lente podemos
“ligar”o ponto A ao ponto B, isto é, a luz saindo do ponto A, atravessa a lente
e chega ao ponto B !

Figura 10

Para entender o funcionamento de uma lente podemos supor que ela seja
constituída de uma superposição de vários blocos e prismas de vidro, como
indicado nas figuras 11a e 11b. Incidindo raios paralelos, os raios refratados
irão convergir (ou divergir) num ponto. No caso da figura 11a teremos uma
lente convergente, que é caracterizada pelo fato da borda ser mais fina que o
centro, ao passo que na divergente a borda é mais espessa que o centro.

Figura 11

O ponto onde a luz converge é denominado de foco da lente e como é o


cruzamento efetivo dos raios de luz esse foco é dito de real, ao passo que na
lente divergente os raios parecem divergir de um ponto, denominado de foco
virtual. A distância do foco ao centro da lente é denominada de distância focal
e, por convenção ela é positiva para lente convergente e negativa para diver-
gente. Como temos duas superfícies teremos também dois focos e geralmente
dois centros de curvatura. A linha que passa pelos centros de curvatura é o
eixo principal da lente. Todos esses elementos estão indicados na figura 12.

Figura 12


  - 
  

Observe também que para qualquer tipo de lente as superfícies na parte


central são paralelas e finas, de modo que a luz não sofre desvio significativo.
Dessa maneira podemos usar essa propriedade e do foco para traçar grafica-
mente as imagens formadas pelas lentes, como estão mostradas nos exemplos
abaixo:

Figura 13
Utilizando o diagrama de raios mostrado nos exemplos anteriores é fácil
demonstrar a relação:

1/f = 1/p + 1/p’

Onde f é a distância focal e p e p’, a distância da lente ao objeto e imagem,


respectivamente. Para uma distância focal dada, só existe um par de pontos
que satisfaz a equação acima. A grandeza 1/f é a potência da lente, às vezes
também denominada de convergência ou potência dióptrica. Quando a dis-
tância focal f é expressa em metros a unidade m-1 é denominada de dioptria ou
“grau”da lente. Ela representa a capacidade da lente em encurvar a luz: quan-
to maior a sua potência (portanto, de maior grau ou dioptria) há mais desvio
da luz (convergindo ou divergindo) e, portanto, menor a sua distância focal.
Por exemplo, uma pessoa que usa uma lente de grau –0,5, significa que a
lente é divergente e de distância focal –0.5=1/f, portanto, f=–2m, se o grau for
+1,0, a f=1m e a lente é convergente, e assim por diante. Mais adiante vamos
discutir os principais defeitos do olho e voltaremos a discutir esse assunto.
Por outro lado, a distância focal de uma lente depende do material de que
é constituída e da geometria da superfície (raios de curvaturas). Quando você
faz óculos numa óptica, escolhe o material da lente que pode ser de vidro,
cristal ou mesmo acrílico e o grau é definido pelos raios de curvaturas das
superfícies.
Quando você usa uma lente convergente para aumentar a imagem de um
objeto colocado próximo da lente ela funciona como uma lupa ou microscó-
pio simples. Através da refração da luz que parte das extremidades do objeto,
por exemplo, a seta y mostrada na figura 14, tudo se passa como se a luz




viesse da imagem atrás da lente, mas se uma tela for colocada na posição da
imagem nenhuma imagem ira aparecer, pois nenhuma luz é dirigida para ela.
É uma imagem dita virtual, é direita e maior que o objeto.

Figura 14

OLHO COMO SENSOR


Os olhos, na realidade, funcionam como um dos vários sensores que nós
temos no corpo. Funcionam como uma máquina fotográfica, como veremos
adiante, onde a luz é focalizada na retina por um conjunto de lentes, forman-
do uma imagem real que é captada por células fotossensíveis, transformada
em impulsos elétricos por reações químicas e enviada para o cérebro, grande
CPU do corpo humano, onde lá é decodificada.
O olho humano como instrumento óptico, é composto de vários compo-
nentes, mostrado esquematicamente na figura 15.

Figura 15

Iremos detalhar apenas alguns componentes e suas funções mais impor-


tantes. O sistema de lentes do olho é composto por duas lentes denominadas
de córnea e cristalino.
A córnea é a parte responsável por 2/3 da focalização da imagem na reti-
na, onde estão dispostas as células fotossensíveis que captam a luz provinda


  - 
  

do objeto. Tem cerca de 11 mm de diâmetro, 0,5 mm de espessura nas bordas


e 1,0 mm de espessura no centro. Ela é formada por uma estrutura lamelar,
feita com fibras de colágeno justapostas uma a uma, de modo a formar uma
estrutura transparente.
É a primeira interface refrativa por onde a luz atravessa antes de chegar à
retina. Hemisférica, a córnea funciona como uma lente de distância focal fixa.
Ao passar pela córnea, os raios de luz são refratados, passando por dentro de
sua fina espessura. Logo após a córnea a luz encontra um outro líquido: o
humor aquoso, sofrendo um pequeno desvio, pois os dois componentes têm
índice de refração ligeiramente diferentes.
O cristalino é a segunda lente do sistema de focalização do olho huma-
no, responsável por 1/3 restante da focalização total da imagem. Sua estru-
tura é parecida com a de uma cebola, é avascular, formada por uma membra-
na elástica (cápsula) e por uma infinidade complexa de fibras transparentes.
Ele é responsável pelo sistema de acomodação visual, focalizando imagens
de objetos próximos e distantes do olho, através da tensão e distensão dos
músculos ciliares, alterando assim o formato do cristalino e, portanto, de
sua distância focal. A capacidade de acomodação do olho depende da ida-
de: os bebês, que possuem estruturas bem flexíveis, conseguem focalizam
objetos a alguns centímetros dos olhos, os jovens, de 10 a 15 centímetros.
Para um olho perfeito (emetrope) utiliza-se a distância de 25 cm, como pa-
drão na óptica oftálmica, essa distância é denominada de ponto próximo.
Após os 40 anos, com a perda de elasticidade dos músculos responsáveis pela
acomodação (os músculos ciliares ou do próprio cristalino), há dificuldade de
focalizar objetos próximos, defeito conhecido como presbiopia ou popular-
mente “vista cansada”
Após a passagem da luz pelo cristalino, esta encontra um outro líquido
coloidal, o humor vítreo, até atingir a retina.
A retina é a parte do olho que funciona como o sensor propriamente dito.
Nela encontramos as células fotossensíveis, responsáveis por transformar os
fótons de luz que chegam em impulsos elétricos, transportados por um feixe
de nervos ópticos ao cérebro, que decodifica estas imagens.
Na realidade, os fótons de luz são os principais responsáveis pela produ-
ção dos impulsos elétricos que vão ao cérebro, pois eles quebram ligações
químicas de substâncias presentes nas células da retina, provocando as rea-
ções de Sódio (Na) e potássio (K), responsáveis pela propagação dos estímu-
los elétricos pelos neurônios.

SAIBA MAIS
Desde a antiguidade o ser humano vinha tentando descobrir como funcionava o sistema
da visão. Classificado pela literatura como a “janela da alma”, cientificamente também
podemos chamá-lo assim, pois este sentido do corpo humano é o responsável pelo nosso
primeiro contato com o mundo.
Os filósofos da escola atomista, iniciada por Leucipo e Demócrito e idealizada por Lucrécio
(~50 a.C.), acreditavam que dos objetos emanavam “partículas”, as quais se introduziam nos
corpos, causando algum tipo de sensação como odor e, neste caso, visão. Outra interpre-
tação foi dada pelos Pitagóricos e, mais tarde, adotada por Euclides, era que a luz provinha
de emanações dos próprios olhos, chamado de quid. O quid era tratado como raios de luz
que saíam dos olhos e iam de encontro aos objetos, os quais se queria enxergar.




CONES E BASTONETES
Na retina, como dissemos acima, estão localizadas as células que são res-
ponsáveis pela transformação da luz em estímulo elétrico. Existem aproxima-
damente 125 milhões destas células distribuídas na retina e são de dois tipos:
Os cones, responsáveis pela visão das cores, captam luzes coloridas, pois
temos distribuído na retina cones que captam as três cores principais da luz:
verde, azul e vermelho. Porém, isso só acontece desde que a intensidade des-
tas luzes seja significativa, pois sua sensibilidade diminui à medida que a
intensidade as luz diminui. Por este motivo, não conseguimos enxergar cores
quando estamos à noite, sem iluminação, ou em ambientes escuros.
Os bastonetes, mais sensíveis, pois cobrem uma parte maior da retina, são
responsáveis pelo que chamamos de “visão em preto-e-branco”. Na verdade,
são células que captam apenas a intensidade da luz que chega até a retina. A
visão noturna ou em locais com pouca luminosidade é feita por estas células.

DEFEITOS E CORREÇÕES
Para um olho normal (emetrope) o plano imagem se encontra sobre a reti-
na, porém muitas vezes acontecem anomalias fazendo com que a visão das
pessoas apareça borrada ou distorcida, e neste caso o olho se diz amétrope.
Essas ametropias são causadas geralmente por problemas de refração (na
córnea ou cristalino), ou a alterações no tamanho do globo ocular, isto é, a
variação na distância entre o cristalino e a retina. Apresentaremos as três mais
freqüentes:

Miopia
A pessoa não enxerga de longe. Ocorre quando a imagem que deveria ser
formada na retina é formada antes dela. Neste caso, quando os raios de luz
chegam na retina, não há o respectivo ponto conjugado, ficando apenas um
borrão, interpretado como tal pelo cérebro.
Isso acontece porque o globo ocular, que deveria ser esférico, se torna
elipsoidal (ovalado). Com isso, o globo ocular fica mais comprido, o que faz
com que o cruzamento dos raios de luz focalize antes da retina. Sua correção se
faz com uma lente esférica divergente, que diverge os raios de luz antes deles
chegarem à córnea, para serem convergidos pelo sistema óptico até a retina.

Hipermetropia
A pessoa não enxerga de perto. Ao contrário da miopia, neste caso os
raios de luz se cruzam depois da retina, também formando um pequeno bor-
rão, que é decodificado pelo cérebro como tal. Assim, podemos ver que neste
caso, o globo ocular é “achatado”, o que faz com que o globo ocular fique
mais curto, não focalizando os raios de luz na retina.A correção desta anoma-
lia se faz com uma lente esférica convergente, que converge os raios de luz
antes que eles cheguem à córnea, cruzando-os na retina.

Astigmatismo
Esse defeito é causado por uma assimetria na curvatura da córnea. E essa
assimetria faz com que a imagem seja distorcida por causa do desvio dos raios


  - 
  

de luz que entram no olho. Para corrigir este tipo de anomalia, faz-se um
mapeamento da esfericidade da córnea, medindo em que quadrante está a
diferença. Diagnosticada a diferença, é feita uma lente esfero-cilíndrica, com
o eixo cilíndrico na direção do defeito.

Atividade:
Utilizando a equação de lentes delgadas, estime a variação da potência do olho, ao foca-
lizar um objeto distante (infinito) ate o ponto próximo (25 cm), considerando um olho
emetrope de tamanho aproximadamente 2 cm( distância da retina ao cristalino). Discuta
como o olho realiza essa variação na sua potência dióptrica.

MÁQUINA FOTOGRÁFICA

Podemos observar imagens ou mesmo tirar fotos com uma câmera escura
de orifício, mas ela tem algumas limitações, como a nitidez das imagens, o
tempo de exposição para se obter fotos, etc. Se variarmos o diâmetro do orifí-
cio, aumentando ou diminuindo, haverá problemas na definição da imagem.
Você sabe por que? Uma maneira de contornar esse problema é substituir o
orifício por uma lente; teremos então uma máquina fotográfica.

Figura 16

Para entendermos o funcionamento de uma máquina fotográfica clássica va-


mos comparar seus componentes principais e funções com as do olho humano:

Controle da intensidade luminosa: pupila e abertura


A Íris possui em seu centro uma pequena abertura denominada de pupila,
cujo diâmetro varia de 2 a 8 mm, dependendo da intensidade luminosa e isto
pode ser verificado facilmente aproximando ou afastando uma pequena lan-




terna do olho e verificar a variação desse diâmetro. Da mesma maneira, para


se obter uma boa imagem num filme fotográfico, é preciso controlar a quan-
tidade de luz, que incide no mesmo e isto é feito por um diafragma, que con-
trola o diâmetro do orifício, denominado de abertura.

Sistema de focalização
No olho, como vimos isso é feito através do processo de acomodação do
cristalino; na máquina fotográfica clássica isto é feito movimentando a lente
ou conjunto de lentes para frente ou para trás. Nas câmaras autofoco, isto é
feito através do diafragma, controlando a profundidade de campo, isto é, per-
mitindo obter imagens nítidas em planos diferentes. O controle da abertura é
feito através de um microprocessador e sensor de infravermelho.

Sistema de registro
Já vimos que na retina é que estão localizados os fotossensores do olho
(cones e bastonetes). Na câmara fotográfica usamos o filme ou papel fotográ-
fico, que são recobertos por pequenos grãos de sais de prata, cloreto ou brometo
de prata (AgBr). Estes sais são colocados em uma emulsão que, dependendo
do número e do tamanho dos grãos dos sais, o filme pode ser mais sensível ou
menos sensível.
Algumas reações químicas são aceleradas pela ação da luz. No caso dos
sais de brometo de prata, a luz quebra a ligação química, liberando um elétron
que é capturado por íons de prata presentes na emulsão. A prata metálica é
tanto mais escura quanto maior for a energia incidente, desse modo temos no
filme uma imagem latente, que aparece no processo da revelação.Essa ima-
gem negativa, por contato direto é transformada em imagem positiva
A sensibilidade do filme é classificada geralmente pelo sistema ASA (American
Standard Association), por exemplo, ASA 100, ASA 400, etc. Nestes casos,
quanto maior for a numeração ASA, maior a sensibilidade do filme. Para am-
bientes de pouca luminosidade (à noite por exemplo), usamos de preferência
filmes de maior sensibilidade (ASA maior) Nesse tipo de película, os grãos
de sais de prata são maiores, isto é, maior é a área de absorção de energia.
Todavia, a resolução desses filmes é menor. Em outras palavras, os parâmetros
sensibilidade e resolução são grandezas inversamente proporcionais.
Podemos também fazer uma comparação do filme da câmara com a reti-
na do olho, no que diz respeito à sensibilidade. No olho temos um maior
número de bastonetes e um menor número de cones. Isso significa que a
resolução da retina é maior para a visão em “preto-e-branco” e menor para a
visão em cores.

Faça você mesmo: a câmara escura


Quando estudamos as propriedades da luz, vemos que ela se propaga sempre em
linha reta, nos meios homogêneos. A existência de sombras, eclipses solares e lunares
podem ser explicados baseados nessa propriedade. Utilizando ainda essa propriedade
podemos construir uma câmera escura de orifício, que é um instrumento óptico bem
rudimentar para se obter uma imagem, e, até mesmo obter um bela fotos! Pode-se
utilizar uma lata de leite em pó, fazendo um pequeno orifício, de aproximadamente 1
mm e, no lado oposto desse orifício, colocar um papel translúcido, que pode ser papel
vegetal ou plástico fosco. Aponte o orifício na direção de um objeto bem iluminado,
como uma vela, e verá a sua imagem projetada.


  - 
  

SAIBA MAIS
Câmara digital
Funciona exatamente como uma câmara comum, com apenas uma diferença: o filme é
substituído por uma placa contendo milhares de sensores dispostos geralmente em li-
nhas e colunas, os quais chamamos de pixels, que captam a luz e a transformam em
impulsos elétricos que são gravados em um disquete.
A placa que compõe a parte de captação da luz e a sua transformação em impulsos
elétricos é chamada de CCD (sigla em inglês para Charge Coupled Device), composta de
milhares de sensores extremamente pequenos feito de materiais semicondutores. Na ver-
dade, estes materiais são pequenas células que transformam energia luminosa (fótons) em
energia elétrica.
Cada câmara digital tem uma resolução, que depende do número de pixels existentes num
CCD. Quanto maior for este número, mais perfeita será a imagem da foto. Já em relação à
sensibilidade, todos os sensores (fotodiodos semicondutores) são igualmente sensíveis.
As cores são colocadas nos sensores por um dispositivo que divide o feixe de luz incidente
e separa as cores da luz deste feixe passando-o por filtros. Por rotação destes filtros (verde,
azul e vermelho), são focalizadas no CCD três imagens (uma de cada cor). A superposição
destas imagens é muito rápida, o que faz com que a imagem seja gravada com as cores
originais do objeto.

Atividade:
- Faça uma correlação entre os principais componentes do olho e da câmara fotográfica.
- Se uma determinada cena ficou escura, o que deveria ser feito para corrigir esse defeito,
na próxima foto?

Questões de vestibulares
1. (Fuvest 2000) Um espelho plano, em posição inclinada, forma um ângulo
de 45° com o chão. Uma pessoa observa-se no espelho, conforme a figura.
A flecha que melhor representa a direção para a qual ela deve dirigir seu
olhar, a fim de ver os sapatos que está calçando, é:
a) A
b) B
c) C
d) D
e) E

2. (Unesp 2002) Dois objetos, A e B, encontram-se em frente de um espelho


plano E, como mostra a figura. Um observador tenta ver as imagens desses
objetos formadas pelo espelho, colocando-se em diferentes posições, 1, 2, 3,
4 e 5, como mostrado na figura.
O observador verá as imagens de A e B superpondo-se uma à outra quando se
colocar na posição




a) 1.
b) 2.
c) 3.
d) 4.
e) 5.

3. (Fuvest 97) Um holofote é constituído por dois espelhos esféricos cônca-


vos E1 e E2, de modo que a quase totalidade da luz proveniente da lâmpada L
seja projetada pelo espelho maior E1, formando um feixe de raios quase para-
lelos. Neste arranjo, os espelhos devem ser posicionados de forma que a lâm-
pada esteja aproximadamente:

a) nos focos dos espelhos E1 e E2.


b) no centro de curvatura de E‚ e no vértice de E1.
c) no foco de E2 e no centro de curvatura de E1.
d) nos centros de curvatura de E1 e E2.
e) no foco de E1 e no centro de curvatura de E2.

4. (Unesp 2001) Uma pessoa observa a imagem de seu rosto refletida numa
concha de cozinha semi-esférica perfeitamente polida em ambas as faces.
Enquanto na face côncava a imagem do rosto dessa pessoa aparece:
a) invertida e situada na superfície da concha, na face convexa ela aparecerá
direita, também situada na superfície.
b) invertida e à frente da superfície da concha, na face convexa ela aparecerá
direita e atrás da superfície.
c) direita e situada na superfície da concha, na face convexa ela aparecerá
invertida e atrás da superfície.
d) direita e atrás da superfície da concha, na face convexa ela aparecerá tam-
bém direita, mas à frente da superfície.
e) invertida e atrás na superfície da concha, na face convexa ela aparecerá
direita e à frente da superfície.

5. (Unesp 2003) Uma onda plana de freqüência f = 20Hz, propagando-se com


velocidade v1=340 m/s no meio 1, refrata-se ao incidir na superfície de sepa-
ração entre o meio 1 e o meio 2, como indicado na figura.


  - 
  

Sabendo-se que as frentes de onda plana incidente e refratada formam, com a


superfície de separação, ângulos de 30° e 45° respectivamente, determine,
utilizando a tabela acima:
a) a velocidade v‚ da onda refratada no meio 2.
b) o comprimento de onda l‚ da onda refratada no meio 2.

6. (Fuvest 97) Um raio de luz I, no plano da folha, incide no ponto C do eixo


de um semi-cilindro de plástico transparente, segundo um ângulo de 45° com
a normal OC à face plana. O raio emerge pela superfície cilíndrica segundo
um ângulo de 30° com a direção de OC. Um raio II incide perpendicularmen-
te à superfície cilíndrica formando um ângulo q com a direção OC e emerge
com direção praticamente paralela à face plana. Podemos concluir que

a) q = 0°
b) q = 30°
c) q = 45°
d) q = 60°
e) a situação proposta no enunciado não pode ocorrer

7. (Unesp 2001) Nas fotos da prova de nado sincronizado, tiradas com câma-
ras submersas na piscina, quase sempre aparece apenas a parte do corpo das
nadadoras que está sob a água, a parte superior dificilmente se vê. Se essas
fotos são tiradas exclusivamente com iluminação natural, isso acontece por-
que a luz que:
a) vem da parte submersa do corpo das nadadoras atinge a câmara, mas a luz
que vem de fora da água não atravessa a água, devido à reflexão total.
b) vem da parte submersa do corpo das nadadoras atinge a câmara, mas a luz
que vem de fora da água é absorvida pela água.
c) vem da parte do corpo das nadadoras que está fora da água é desviada ao
atravessar a água e não converge para a câmara, ao contrário da luz que vem
da parte submersa.
d) emerge da câmara ilumina a parte submersa do corpo das nadadoras, mas a
parte de fora da água não, devido ao desvio sofrido pela luz na travessia da
superfície.
e) emerge da câmara ilumina a parte submersa do corpo das nadadoras, mas a
parte de fora da água não é iluminada devido à reflexão total ocorrida na
superfície.




8. (Unesp 2002) Um raio de luz monocromática, I, propagando-se no ar, incide


perpendicularmente à face AB de um prisma de vidro, visto em corte na figu-
ra, e sai pela face AC. A figura mostra cinco trajetórias desenhadas por estu-
dantes, tentando representar o percurso seguido por esse raio luminoso ao
atravessar o prisma.
O percurso que melhor representa a trajetória do raio é
a) 1.
b) 2.
c) 3.
d) 4
e) 5.

9. (Unesp) A figura a seguir mostra um objeto AB, uma lente convergente L,


sendo utilizada como lupa (lente de aumento), e as posições de seus focos F e F’.
a) Copie esta figura em seu caderno de
respostas. Em seguida, localize a imagem
A’B’ do objeto, fornecida pela lente, tra-
çando a trajetória de, pelo menos, dois
raios incidentes, provenientes de A.
b) A imagem obtida é real ou virtual?
Justifique sua resposta.

10. (Unicamp) A figura a seguir representa um feixe de luz paralelo, vindo da


esquerda, de 5,0cm de diâmetro, que passa pela lente A, por um pequeno furo
no anteparo P, pela lente B e, finalmente, sai paralelo, com um diâmetro de
10cm. A distância do anteparo à lente A é de 10cm.
a) Calcule a distância entre a lente B e o
anteparo.
b) Determine a distância focal de cada lente
(incluindo o sinal negativo no caso de a lente
ser divergente).

11. (Fuvest 2002) Uma pessoa idosa que tem hipermetropia e presbiopia foi a
um oculista que lhe receitou dois pares de óculos, um para que enxergasse
bem os objetos distantes e outro para que pudesse ler um livro a uma distância
confortável de sua vista.
- Hipermetropia: a imagem de um objeto distante se forma atrás da retina.
- Presbiopia: o cristalino perde, por envelhecimento, a capacidade de acomo-
dação e objetos próximos não são vistos com nitidez.
- Dioptria: a convergência de uma lente, medida em dioptrias, é o inverso da
distância focal (em metros) da lente.
Considerando que receitas fornecidas por oculistas utilizam o sinal mais (+)
para lentes convergentes e menos (–) para divergentes, a receita do oculista
para um dos olhos dessa pessoa idosa poderia ser,


  - 
  

a) para longe: - 1,5 dioptrias; para perto: + 4,5 dioptrias


b) para longe: - 1,5 dioptrias; para perto: – 4,5 dioptrias
c) para longe: + 4,5 dioptrias; para perto: + 1,5 dioptrias
d) para longe: + 1,5 dioptrias; para perto: – 4,5 dioptrias
e) para longe: + 1,5 dioptrias; para perto: + 4,5 dioptrias
12. (Unesp 1997) Assinale a alternativa correta.
a) Quando alguém se vê diante de um espelho plano, a imagem que observa é
real e direita.
b) A imagem formada sobre o filme, nas máquinas fotográficas, é virtual e
invertida.
c) A imagem que se vê quando se usa uma lente convergente como “lente de
aumento” (lupa) é virtual e direita.
d) A imagem projetada sobre uma tela por um projetor de slides é virtual e
direita.
e) A imagem de uma vela formada na retina de um olho humano é virtual e
invertida.
13. (Fuvest 93) Uma lente L é colocada sob uma lâmpada fluorescente AB
cujo comprimento é AB = 120cm. A imagem é focalizada na superfície de
uma mesa a 36 cm da lente. A lente situa-se a 180 cm da lâmpada e o seu eixo
principal é perpendicular à face cilíndrica da lâmpada e à superfície plana da
mesa. A figura a seguir ilustra a situação.

Pede-se:
a) a distância focal da lente.
b) o comprimento da imagem da lâmpada e a sua representação geométrica.
Utilize os símbolos A’ e B’ para indicar as extremidades da imagem da lâmpada.
14. (Unesp 98) A figura mostra um objeto O, uma lente delgada convergente
L, seus focos F e F’ e o trajeto de três raios luminosos, 1, 2 e 3, que partem da
extremidade superior de O.
Dentre os raios traçados,
a) está correto o raio 1, apenas.
b) está correto o raio 3, apenas.
c) estão corretos os raios 1 e 2, apenas.
d) estão corretos os raios 1 e 3, apenas.
e) estão corretos os raios 1, 2 e 3.




15. (Unesp 2003) Um objeto de 2 cm de altura é colocado a certa distância de


uma lente convergente. Sabendo-se que a distância focal da lente é 20 cm e
que a imagem se forma a 50 cm da lente, do mesmo lado que o objeto, pode-
se afirmar que o tamanho da imagem é
a) 0,07 cm.
b) 0,6 cm.
c) 7,0 cm.
d) 33,3 cm.
e) 60,0 cm

Síntese
- Principio do tempo mínimo estabelece que “quando a luz propaga de um
ponto a outro, num mesmo meio ou em meios diferentes, escolhe uma traje-
tória de tal modo que o tempo gasto é mínimo”. Usando esse principio pode-
se mostrar que na reflexão da luz numa superfície lisa é tal que o ângulo de
incidência é igual ao ângulo de reflexão, medido em relação à perpendicular
à superfície. Quando a luz propaga num meio de índice de refração n 1
incidindo com ângulo θ1, o raio refratado no meio de índice de refração n2
formara um ângulo θ2 tal que :
n1 sen θ1 = n2 sen θ2 (Lei de Snell-Descartes). Os ângulos são sempre medi-
dos em relação à perpendicular à superfície. Além disso o raio incidente,
refletido (ou refratado) e a perpendicular pertencem ao mesmo plano.
- As imagens formadas pelo espelho plano são sempre virtuais, de mesmo
tamanho que o objeto e direita. Nos espelhos curvos convexos são sempre
virtuais direitas e menor que objeto; nos côncavos podem ser reais ou virtu-
ais ,dependendo da posição do objeto em relação ao espelho. O campo visu-
al de um espelho (plano ou curvo) depende do seu tamanho, formato e da
posição do observador em relação ao mesmo. Uma imagem é real quando é
os raios de luz passam efetivamente por ela e virtual quando os raios de luz
parecem provir da mesma. Uma imagem real pode ser registrada ou projeta-
da numa tela, a imagem virtual só pode ser vista, mas não projetada.
- Quando a luz propaga de um meio de índice de refração maior para o menor
para determinado ângulo ocorre a reflexão interna total, isto é, a luz é total-
mente refletida para o primeiro meio.
- No arco-íris ocorrem três fenômenos básicos: a refração, a reflexão e a dis-
persão da luz.
- Equação das lentes delgadas: 1/f = 1/p + 1/p’, onde f é a distância focal,
sendo positiva para lente convergente e negativa para lente divergente, p e
p’, são distâncias do objeto e imagem à lente, respectivamente.
P=1/f, sendo f medido em metros, representa a potencia da lente ou conver-
gência, e a unidade é expressa em dioptria ou “grau”.
- Uma lente convergente aumenta a imagem de um objeto colocado próximo
da mesma, atuando como lente de aumento ou lupa; a imagem formada é
maior, virtual e direita.

  - 
  

- No olho, uma imagem real e menor é projetada sobre a retina. A focalização


da imagem para diversas distâncias do objeto é feito pelo músculo ciliar
que estica e comprime o cristalino, fazendo variar a sua distância focal. Um
olho míope tem a forma alongada de modo que a imagem é formada antes
da retina, ao passo que o hipermetrope tem o globo ocular pequeno e a
imagem forma atrás da retina. O astigmatismo é causando geralmente pela
assimetria da córnea, resultando na não coincidência dos planos imagens
sobre a retina.
- Na máquina fotográfica a imagem formada é real, invertida e geralmente
menor que o objeto. A quantidade de luz que atinge o filme depende do
tempo de exposição e da abertura. A sensibilidade do filme padronizado
por unidades de ASA: quanto maior esse número mais sensível é o filme. As
câmeras digitais substituem emulsões químicas por detecção eletrônica. São
detectores que transformam a luz em sinais elétricos, sendo gravados em
disquetes ou CD e podem ser vistos diretamente no microcomputador.


Unidade 3

Som
Organizadores
Maurício
ALÔ, ALÔ, MARCIANO... AQUI QUEM FALA É DA Pietrocola
TERRA! Nobuko Ueta

Assim como alguns outros animais, os seres humanos emitem ruídos para Elaborador
se comunicarem. Apesar das diferenças entre estes ruídos, todos esses ani- Jonny Nelson
mais têm em comum um órgão emissor e um captador de sons. Teixeira

Alguns desses sons são agradáveis e podem até provocar uma certa sensa-
ção de bem-estar, outros não. Geralmente os que causam este tipo de sensa-
ção são sons musicais, emitidos por vozes ou por instrumentos de diferentes
constituições. Mas, o que é o som afinal? Quem começou a estudar o som e
como a música pôde ser organizada da forma que é? Como instrumentos
musicais diferentes podem gerar sons tanto de maneiras diferentes como de
sonoridades diferentes? É isso que nós iremos ver neste módulo.

O QUE É O SOM?

O som se propaga como uma onda, mas, diferente da luz, o som precisa
de um meio para se propagar. Quando tocamos na água com um objeto ou
com o dedo, vemos a formação de ondas. Então, o som é uma perturbação
que se propaga em um meio material, como mostrado na figura 1:

Figura 1

Se o som se propaga como uma onda, ele tem todas as características


que as ondas que vimos na primeira parte: comprimento de onda, amplitu-
de, freqüência e velocidade. Neste caso, iremos aplicar todas as teorias da
luz agora para o som que, ao contrário da luz, que é uma onda eletromagné-
tica, o som é uma onda mecânica, precisa de um meio material para se propa-
gar. Então, veremos como as grandezas que colocamos acima são aplicadas
ao som.


A COR DO SOM

O som é uma onda do tipo longitudinal, ou seja, formada por compres-


sões e rarefações entre as moléculas de um certo material (Figura 2). Como na
maioria das vezes o som é emitido em um meio gasoso (ar) ou líquido (água),
devemos ver como estas moléculas estão colocadas nesses meios, quando o
som passa através deles.

Figura 2

O intervalo entre duas rarefações sucessivas ou duas compressões suces-


sivas é o que determina o comprimento da onda (l). Este comprimento varia
para cada som e está relacionado com a velocidade de propagação (V) da
onda, grandeza que estudaremos mais adiante, e com a sua freqüência (f),
pela expressão:

(I) v=λ.f
Assim como na luz visível, onde o comprimento de onda e a freqüência
denotam a cor da luz que podemos enxergar, no som que nós podemos ouvir
(já que existem sons que não conseguimos ouvir) estas grandezas causam
sensações diferentes nos nossos ouvidos. No caso do som, a freqüência ou
comprimento de onda nos mostra qual é a nota musical que podemos tocar
em um instrumento ou cantar com as nossas cordas vocais.
Assim, para notas musicais mais agudas, a freqüência do som é maior e
para notas mais graves, a freqüência é menor.
SAIBA MAIS
Vários pensadores já citaram algumas de suas considerações sobre o som, mas nenhum
deles foi tão conhecido como Pitágoras. Este pensador grego viveu por volta do séc VI a.C.
e criou uma das maiores escolas de disseminação do pensamento grego da época.
Pitágoras foi um dos filósofos gregos que mais teve atuações em áreas diferentes. Uma
delas é a descoberta de uma relação matemática entre escalas musicais gregas e compri-
mentos de uma corda ou de uma coluna de ar que vibra. Pitágoras afirmou que todas as
coisas do Universo eram números inteiros. O movimento dos planetas formava, segundo
ele, uma fantástica música universal, chamada de Música das Esferas.
Milênios mais tarde, um astrônomo chamado Johannes Kepler retomou as teorias de Pitágoras
e afirmou que os planetas do Sistema Solar vibrariam de acordo com a escala musical em
freqüências diferentes, formando uma sinfonia cósmica, tocada para louvor do Criador.


  - 
  

Freqüências das notas musicais (em hertz)


Dó Dó# Ré Ré Mi Fá Fá# Sol Sol# Lá Lá# Si Dó
261,6 277,2 293,7 311,1 329,6 349,2 370,0 392,0 415,3 440,0 466,2 493,9 523,3

(Fuvest-SP-modificado) O ouvido humano é capaz de ouvir sons entre 20 Hz


e 20.000 Hz aproximadamente. A velocidade do som no ar é de aproximada-
mente 340 m/s. Qual é o comprimento de onda do som mais grave que o
ouvido humano é capaz de ouvir? E o comprimento do mais agudo?
Na música, utilizamos uma outra palavra para nomear notas agudas ou
graves: as agudas são notas altas e as graves são baixas, o que ao contrário do
que se pensa, não tem a ver com o volume do som (Fig 3).

Figura 3

Mas, porque numa corrida de fórmula 1 o som do motor dos carros quan-
do estão em movimento parecem mudar a freqüência? Com certeza, você já
deve ter ouvido uma sirene quando uma ambulância está se aproximando e
quando ela está se afastando. Se não prestou atenção, então escute e perceba
que o som da sirene é mais agudo quando ela esta se aproximando e mais
grave quando está se afastando.
Até mesmo uma música em um carro parece que está mais rápida quando
o carro está se aproximando e mais devagar quando ele esta se afastando. Este
fenômeno ocorre porque a fonte sonora está em movimento em relação a
você. A esse fenômeno damos o nome de efeito Doppler.
SAIBA MAIS
Para calcular o efeito Doppler, precisaremos utilizar esta equação:

(II)

Onde Vs é a velocidade do som no meio em que ocorre o efeito Doppler, Vo é a velocidade


do observador e Vf é a velocidade da fonte sonora. O sinal +/- se deve ao observador ou à
fonte estarem em movimento um em relação ao outro e f é a freqüência do som que está
sendo emitido pela fonte.
Se o observador estiver em movimento, indo na direção da fonte sonora, o sinal da sua
velocidade é positivo e negativo se o sentido da sua velocidade estiver voltando em
relação à fonte.
Para os sinais da velocidade da fonte o mesmo: se a fonte estiver indo na direção do
observador, sua velocidade é negativa e este sinal é positivo se a fonte estiver indo no
sentido contrario ao observador. Se o observador estiver parado, a sua velocidade é zero.




(Fuvest-SP) Considere uma onda sonora com comprimento de 1 m, emitida


por uma fonte em movimento. Esta onda se propaga no ar com velocidade de
340 m/s e a fonte se move com velocidade de 50 m/s, em relação ao observa-
dor, que está parado. Com estas afirmações, determine:
a) A freqüência do som emitido.
b) A freqüência detectada pelo observador, quando a fonte está se aproximan-
do dele.
c) A freqüência detectada pelo observador quando a fonte está se afastando
dele.

ALÔ... ALÔ... ALÔ... ALÔ... ALÔ...


Quem fala junto com você quando você ouve um eco? Na verdade, assim
como a luz, o som também pode ser refletido. Esta reflexão nós chamamos de
eco e acontece quando as ondas sonoras encontram um obstáculo em sua
frente, bate e volta.
Assim como o som tem reflexão, ele também sofre refração e difração,
pois se propaga como uma onda. O fato de o som sofrer refração faz com que
ele tenha sua velocidade diminuída quando passa de um meio mais denso
para um meio menos denso. Isso faz com que o comprimento de onda do som
aumente. Já a difração permite que você escute um carro buzinando, mesmo
que ele esteja numa rua e você esteja em uma esquina da rua, o que pode ser
visto na figura 4, onde as ondas se curvam ao passar por um obstáculo.

Figura 4

(Fuvest-SP) Uma onda sonora propaga-se no ar com freqüência f, compri-


mento de onda l e velocidade v, atinge a superfície de uma piscina e continua
a se propagar na água. Neste processo, pode-se afirmar que:
a) Apenas f varia;
b) Apenas v varia;
c) f e l variam;
d) l e v variam;
e) f e v variam


  - 
  

Sua voz, minha voz...


Mas, como é que conseguimos distinguir o som da voz de duas pessoas
ou distinguir de qual instrumento musical vem uma certa nota? Como você já
deve ter ouvido muitos sons vindos de vários lugares, pode ser que já tenha
reparado que estes sons nos causam sensações diferentes. É o que nos faz
saber, por exemplo, se a voz que estamos escutando ao telefone é da sua mãe
ou da sua irmã, ou o som provém de um piano ou de uma guitarra.
A grandeza que nos mostra este tipo de sensação é chamada timbre do
som, e é dado por uma superposição de sons de diversas freqüências, coloca-
dos em uma única onda. Ou seja, a onda que provém de fontes diferentes tem
formas diferentes, como mostradas na figura 5.
Para cada instrumento musical, existe uma forma de onda diferente. Se
analisarmos, todas as ondas têm a mesma freqüência, mas as formas delas são
diferentes.

Figura 5
Saiba Mais
Você já observou que
numa tempestade nós
enxergamos primeiro o
Velocidade do som relâmpago e depois de
algum tempo ouvimos o
Depende de onde o som está se propagando, sua velocidade será dife- trovão? Por que isso
rente. Cada material apresenta propriedades físicas diferentes (densidade, acontece? Você pode
calor específico, propriedades ópticas etc.), e tem suas moléculas ligadas de estar pensando nas ve-
formas diferentes, com ligações químicas mais fracas ou mais fortes. Então, locidades de propaga-
ção da luz e do som para
por cada um destes materiais o som se propagará com velocidades diferentes.
responder a esta per-
Sendo assim, a velocidade do som geralmente é maior nos materiais sólidos,
gunta, e certamente já
dependendo da sua ligação química, menor nos líquidos e menor ainda nos chegou a uma resposta:
gases. a luz é mais rápida do
Todos estes materiais ainda têm um outro problema: a temperatura influi que o som. Na verdade,
muito na velocidade do som. Como num aumento de temperatura todas as a velocidade da luz é de
cerca de 300.000 km/s e
substâncias aumentam de volume, o que chamamos de dilatação térmica. Com
a do som no ar é de 331
esta dilatação a densidade do material diminui, aumentando a velocidade do
m/s. Já no ferro, por
som nestes materiais. Podemos dizer que para um mesmo material, se a sua exemplo, é de 5.940 m/s.
densidade diminui, sua velocidade aumenta.




Energia do som
Quando escutamos um som com volume muito alto, podemos ver que ele
faz estremecer o chão, ou alguns objetos que estão próximos à fonte sonora.
Isso acontece porque ele carrega uma certa energia, que está diretamente liga-
da à potência da fonte e à distância que o objeto (ou o ouvido) está da fonte.
Ou seja, quanto maior a distância, menor é a intensidade do som.
Fisicamente, podemos colocar a intensidade sonora como a energia por
unidade de tempo que chega a uma certa área esférica, situada a uma distân-
cia d da fonte sonora, medida em W/m2. Isso também pode ser aplicado à luz,
uma vez que ela também se comporta como uma onda.
Há um limite de intensidade sonora a qual podemos ouvir e um o qual
podemos suportar. Nosso ouvido é um dos sensores do corpo humano que
nos faz ter uma interação com o mundo em que vivemos, tão importante quanto
os olhos ou o sistema nervoso, que nos faz sentir dor ou calor.
Mas, como é o ouvido por dentro? O que acontece nele para que nós
possamos ouvir? Nosso ouvido é formado por três partes: o ouvido exter-
no, onde temos o canal auditivo, que vai desde o orifício da orelha até o
tímpano, uma membrana fina que reveste a entrada do ouvido médio, parte
do ouvido que faz uma amplificação mecânica do som por meio dos três
menores ossos do corpo humano: o martelo, ligado diretamente ao tímpano,
seguido da bigorna e do estribo, que está diretamente ligado à janela oval,
outra membrana que faz a ligação entre o ouvido intermediário e o ouvido
interno, onde existe um órgão que faz a tradução do som para o nervo audi-
tivo, a cóclea, que transporta o som para o cérebro que faz a tradução desse
som para o que sentimos (Figura 6).Como a membrana do tímpano é extrema-
mente fina e flexível, existe uma intensidade sonora mínima para a sua vibra-
ção e, se a intensidade for muito grande, a energia da onda pode “rasgar” o
tímpano, causando uma surdez, que pode ser permanente. Abaixo vai uma
tabela que indica qual é a menor e a maior intensidade sonora que nosso
ouvido pode captar:

Saiba Mais
Para calcular a intensida-
de do som que chega
em uma determinada
distância, utilizamos a
Potência (P) da fonte so-
nora, medida em Watts
(W) e a área total de uma
esfera, cujo raio é a dis-
tância que se tem entre
a fonte sonora e quem
escuta o som, que cha-
mamos de d. Assim:

Figura 6
(III)
Mas, onde entram os tais “decibéis” que as casas noturnas não podem
ultrapassar? Esta medida foi dada em homenagem ao inventor do telefone,


  - 
  

Alexander Graham Bell, e é chamada de Nível de Intensidade, denotada


pela letra grega b. Podemos ver que o menor nível de intensidade que nós
podemos ouvir é de 0 dB e o máximo, sem que nossos ouvidos doam é de 150
dB. Esta medida depende da intensidade mínima que podemos ouvir (I0 = Saiba Mais
10 -12W/m 2) e da intensidade do som no lugar que você está que, como já
Para calcular em uma
vimos, depende da distância da fonte sonora. corda a velocidade do
som, devemos levar em
Intensidades e níveis de intensidades audíveis consideração a da ten-
são na corda (T), que é a
Tipo de som Intensidade Nível de força com a qual a corda
(W/m2) Intensidade (dB) é esticada, e a densidade
Mínimo de Audição 10-12 0 linear de massa (m), que
se obtém dividindo a
Respiração normal 10-11 10
massa total da corda
-9
Cochicho 10 30 pelo seu comprimento
-6 total. Assim, sua veloci-
Conversação normal (a 1 m) 10 60
-5 dade será dada por:
Tráfego pesado 10 70
-3
Dentro do metrô 10 90
-0
Show de Rock (Dor ao ouvir) 10 120 (IV)
-3
Decolagem de avião a jato 10 150

UM BANQUINHO, UM VIOLÃO... Em um instrumento de


corda, a freqüência do
som (nota musical) pode
Quando escutamos uma pessoa tocando violão, muitas vezes ficamos abis- ser determinada em ter-
mados com a beleza do timbre do som que as cordas do violão têm. Veremos mos das propriedades
como as cordas do violão conseguem emitir estas notas musicais. Uma nota físicas da corda.
musical se difere da outra pelas freqüências com que as cordas vibram. Ou
Estas propriedades são o
seja, dependendo do número de vezes que a corda vibra por segundo, o ar
comprimento da corda
que está em volta da corda entra também em vibração e esta se propaga por (L), a velocidade que a
ele, chegando até os nossos ouvidos. onda se propaga na cor-
As cordas de um instrumento musical têm da (V) e o modo de vi-
espessuras diferentes, o que nos dá freqüên- bração da onda (n), que
cias diferentes ao tocá-las. As cordas mais indica a altura do som.
Ou seja, quanto maior o
grossas emitem um som mais grave, enquan-
n, maior é a freqüência
to que as mais finas, um som mais agudo (Fi-
da nota musical (mais
gura 7). Isso acontece porque, para um mes- aguda ela é), o que, na
mo comprimento estas cordas têm massas música, chamamos de
diferentes, o que influi na velocidade do som oitavas. Assim:
na corda, como vimos acima.

(Fuvest-SP) Considere uma corda de violão (V)


com 50 cm de comprimento que está afinada
para vibrar com uma freqüência fundamen-
tal (n =1) de 500 Hz. Substituindo V pela
equação IV, temos :
a) Qual é a velocidad de propagação da onda
nesta corda?
b) Se o comprimento da corda for reduzido à
metade, qual será a nova freqüência do som
produzido? Figura 7




Além disso, podemos ver também que todo o instrumento de cordas acús-
tico (violão, piano, harpa, cavaquinho, etc) tem uma caixa ligada no seu cor-
po. Esta caixa chama-se caixa de ressonância e, sem ela, não conseguiríamos
escutar as notas do violão no volume que as escutamos. Esta caixa amplifica
o som que sai das cordas por meio de um fenômeno que se chama ressonân-
cia, onde a corda faz vibrar o ar dentro da caixa, aumentando assim o contato
com a caixa de ressonância, aumentando a vibração transmitida para o ar

Instrumentos de sopro
Flautas, trompetes e sax são exemplos de instrumentos de sopro. Estes
instrumentos têm como particularidade ondas sonoras em tubos, onde o seu
comprimento influi na mudança da freqüência.

Figura 8

Saiba Mais
Nos instrumentos de so- Nas flautas de Pã podemos ver que os tubos têm tamanhos diferentes,
pro, podemos calcular a onde cada tubo emite uma nota (freqüência) diferente.
freqüência da nota emi-
tida pelo tubo, depen- (Fuvest-SP) Um músico sopra a extremidade aberta de um tubo de 25 cm,
dendo se o tubo é aber-
fechado na outra extremidade, emitindo um som com freqüência f = 1700 Hz.
to dos dois lados (flauta
A velocidade do som no ar nas condições deste experimento é de 340 m/s.
doce) ou apenas de um
lado (flauta de Pã). Para
Nestas condições, calcule quantos modos de vibração n tem este som.
um tubo aberto dos dois
lados:
Síntese
- O som é um tipo de energia que se propaga como uma onda longitudinal e
precisa de um meio para se propagar, o que lhe dá a caracterização de onda
mecânica.
Quando aberto apenas
de um dos lados: - Como uma onda de luz, ele possui amplitude, que determina o volume do
som, freqüência, que determina a nota musical e a altura do som e velocida-
de, que depende do tipo de material no qual o som está se propagando.
(IV)
- O timbre do som determina as diferenças entre sons de vozes ou instrumen-
tos musicais diferentes.
Onde Vs é a velocidade - Quando a fonte sonora está em movimento em relação a um observador, sua
do som no ar. Para sons freqüência muda dependendo da velocidade relativa entre fonte e observa-
mais agudos da mesma dor.
nota, basta multiplicar a
freqüência dada na ta- - O ouvido humano pode detectar freqüências de som entre 20 e 20.000 Hz,
bela por um número in- dependendo da intensidade e da freqüência do som. Se a energia do som for
teiro n. muito grande, o som pode até romper o tímpano do ouvido, causando danos
irreversíveis.


  - 
  

- Um instrumento musical de cordas pode emitir sons de diferentes freqüênci-


as, desde que se mude a tensão nas suas cordas, a sua espessura ou o seu
comprimento. Sons mais graves são emitidos por cordas mais grossas ou
mais compridas, enquanto sons mais agudos, por cordas mais finas ou mais
curtas.
- Os instrumentos de corda geralmente precisam de uma caixa de ressonância
para que seu som seja amplificado por ressonância, o que facilita a audição
deste som.
- Um instrumento musical de sopro pode emitir sons de diferentes freqüênci-
as, desde que se mude o comprimento do tubo com o qual é feito o instru-
mento. Sons mais graves são emitidos por tubos mais compridos enquanto
sons mais agudos são emitidos por tubos mais curtos.

Guia de estudos
- Releia com cuidado a síntese apresentada no final de cada unidade e veja se
estão claros para você todos os conceitos e definições apresentadas.
- Procure resolver as questões e atividades propostas, e principalmente as ques-
tões de vestibulares. Você vai perceber que para esse módulo, as ferramen-
tas matemáticas necessárias para resolução dos problemas se resume em
conhecimento básico de geometria plana e domínio de trigonometria. Ha-
vendo dificuldade procure o monitor.

A seguir, listamos alguns livros que você pode consultar para comple-
mentar o seu estudo. Os sites indicados também são interessantes, para apro-
fundar um pouco mais em temas de seu interesse ou que foram abordados de
forma superficial no curso, por falta de tempo.Você poderá também ter acesso
as questões dos últimos vestibulares; tente resolver as questões para verificar
o aproveitamento de sua aprendizagem.

Bibliografia
- FIGUEIREDO, Aníbal, PIETROCOLA, Mauricio; Física um outro lado. Luz
e cores. São Paulo: FTD, 2000.
- GREF (Grupo de Reelaboração do Ensino de Física.); Física térmica e óptica.
Física 2. São Paulo: Edusp, 1991.
- PROJETO ESCOLA E CIDADANIA. Física. São Paulo: Editora do Brasil,
2000.
- GASPAR, Alberto. Física: Ondas, Óptica e Termodinâmica. São Paulo: Ática,
2000
- ALVARENGA, Beatriz, MAXIMO, Antonio: FÍSICA, vol. Único São Paulo:
Ed. Scipione, 1999.
- HECHT, Eugene. Óptica. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 1991.
- HEWITT, Paul G. Física Conceitual, 9.ed. Porto Alegre: Bookman, 2002.




- HOROWICZ, Ricardo J. Luz, Cores e Ação: a Óptica e suas aplicações


tecnológicas. São Paulo: Ed. Moderna, 1999.
- MONTANARI, Valdir; CUNHA, Paulo. Nas ondas do som. São Paulo: Ed.
Moderna, 1996.
- CASH, Terry; TAYLOR, Bárbara. Ciência Divertida: Som. São Paulo: Ed.
Melhoramentos, 1991.

Sites
http://www.educar.sc.usp.br
http://www.feiradeciencias.com.br/sala09/index9.asp
http://www.fisicanet.terra.com.br/optica

Sobre os autores
Ivã Gurgel
Licenciado em Física pela USP. É atualmente professor de Física do Colé-
gio Fênix, onde leciona conteúdos desta disciplina para o curso de Técnico
em Radiologia. Também participa de projetos de pesquisa vinculados ao La-
boratório de Pesquisa em Ensino de Física da Faculdade de Educação de USP.

Jonny Nelson Teixeira


Licenciado em Física pela USP, tendo sido monitor da Estação Ciência da
USP. Professor efetivo de Física da E.E. Brigadeiro Gavião Peixoto. Atualmen-
te é mestrando na área de Ensino de Ciências, no Instituto de Física da USP.

Mikiya Muramatsu
Licenciado e bacharel em Física pela USP, mestre em Ensino de Ciências e
doutor em Física pela USP. Atua nas áreas de óptica básica e aplicada e de
ensino de óptica, produzindo materiais instrucionais e ministrando cursos de
atualização para professores de Física do ensino médio.


Física
Transformações
de energia

Organizadores
Maurício Pietrocola
Nobuko Ueta
Elaboradores
João Freita da Silva
Luis Augusto Alves
Vera Bohomoletz Henriques
2
módulo

Nome do Aluno
GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO
Governador: Geraldo Alckmin
Secretaria de Estado da Educação de São Paulo
Secretário: Gabriel Benedito Issac Chalita
Coordenadoria de Estudos e Normas Pedagógicas – CENP
Coordenadora: Sonia Maria Silva

UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO


Reitor: Adolpho José Melfi
Pró-Reitora de Graduação
Sonia Teresinha de Sousa Penin
Pró-Reitor de Cultura e Extensão Universitária
Adilson Avansi Abreu

FUNDAÇÃO DE APOIO À FACULDADE DE EDUCAÇÃO – FAFE


Presidente do Conselho Curador: Selma Garrido Pimenta
Diretoria Administrativa: Anna Maria Pessoa de Carvalho
Diretoria Financeira: Sílvia Luzia Frateschi Trivelato

PROGRAMA PRÓ-UNIVERSITÁRIO
Coordenadora Geral: Eleny Mitrulis
Coordenadora Pedagógica: Helena Coharik Chamlian

Coordenadores de Área
Biologia:
Paulo Takeo Sano – Lyria Mori
Física:
Maurício Pietrocola – Nobuko Ueta
Geografia:
Sonia Maria Vanzella Castellar – Elvio Rodrigues Martins
História:
Kátia Maria Abud – Raquel Glezer
Língua Inglesa:
Anna Maria Carmagnani – Walkyria Monte Mór
Língua Portuguesa:
Maria Lúcia Victório de Oliveira Andrade – Neide L. Rezende – Valdir Heitor Barzotto
Matemática:
Antônio Carlos Brolezzi – Elvia Mureb Sallum – Martha S. Monteiro
Química:
Maria Eunice Ribeiro Marcondes – Marcelo Giordan

Produção Editorial
Dreampix Comunicação
Revisão, diagramação, capa e projeto gráfico: André Jun Nishizawa, Eduardo Higa Sokei,
Mariana Pimenta Coan, Mario Guimarães Mucida e Wagner Shimabukuro
Cartas ao
Aluno
Carta da
Pró-Reitoria de Graduação

Caro aluno,
Com muita alegria, a Universidade de São Paulo, por meio de seus estudantes
e de seus professores, participa dessa parceria com a Secretaria de Estado da
Educação, oferecendo a você o que temos de melhor: conhecimento.
Conhecimento é a chave para o desenvolvimento das pessoas e das nações
e freqüentar o ensino superior é a maneira mais efetiva de ampliar conhecimentos
de forma sistemática e de se preparar para uma profissão.
Ingressar numa universidade de reconhecida qualidade e gratuita é o desejo
de tantos jovens como você. Por isso, a USP, assim como outras universidades
públicas, possui um vestibular tão concorrido. Para enfrentar tal concorrência,
muitos alunos do ensino médio, inclusive os que estudam em escolas particulares
de reconhecida qualidade, fazem cursinhos preparatórios, em geral de alto
custo e inacessíveis à maioria dos alunos da escola pública.
O presente programa oferece a você a possibilidade de se preparar para enfrentar
com melhores condições um vestibular, retomando aspectos fundamentais da
programação do ensino médio. Espera-se, também, que essa revisão, orientada
por objetivos educacionais, o auxilie a perceber com clareza o desenvolvimento
pessoal que adquiriu ao longo da educação básica. Tomar posse da própria
formação certamente lhe dará a segurança necessária para enfrentar qualquer
situação de vida e de trabalho.
Enfrente com garra esse programa. Os próximos meses, até os exames em
novembro, exigirão de sua parte muita disciplina e estudo diário. Os monitores
e os professores da USP, em parceria com os professores de sua escola, estão
se dedicando muito para ajudá-lo nessa travessia.
Em nome da comunidade USP, desejo-lhe, meu caro aluno, disposição e vigor
para o presente desafio.

Sonia Teresinha de Sousa Penin.


Pró-Reitora de Graduação.
Carta da
Secretaria de Estado da Educação

Caro aluno,
Com a efetiva expansão e a crescente melhoria do ensino médio estadual,
os desafios vivenciados por todos os jovens matriculados nas escolas da rede
estadual de ensino, no momento de ingressar nas universidades públicas, vêm se
inserindo, ao longo dos anos, num contexto aparentemente contraditório.
Se de um lado nota-se um gradual aumento no percentual dos jovens aprovados
nos exames vestibulares da Fuvest — o que, indubitavelmente, comprova a
qualidade dos estudos públicos oferecidos —, de outro mostra quão desiguais
têm sido as condições apresentadas pelos alunos ao concluírem a última etapa
da educação básica.
Diante dessa realidade, e com o objetivo de assegurar a esses alunos o patamar
de formação básica necessário ao restabelecimento da igualdade de direitos
demandados pela continuidade de estudos em nível superior, a Secretaria de
Estado da Educação assumiu, em 2004, o compromisso de abrir, no programa
denominado Pró-Universitário, 5.000 vagas para alunos matriculados na terceira
série do curso regular do ensino médio. É uma proposta de trabalho que busca
ampliar e diversificar as oportunidades de aprendizagem de novos conhecimentos
e conteúdos de modo a instrumentalizar o aluno para uma efetiva inserção no
mundo acadêmico. Tal proposta pedagógica buscará contemplar as diferentes
disciplinas do currículo do ensino médio mediante material didático especialmente
construído para esse fim.
O Programa não só quer encorajar você, aluno da escola pública, a participar
do exame seletivo de ingresso no ensino público superior, como espera se
constituir em um efetivo canal interativo entre a escola de ensino médio e
a universidade, num processo de contribuições mútuas, rico e diversificado
em subsídios que poderão, no caso da estadual paulista, contribuir para o
aperfeiçoamento de seu currículo, organização e formação de docentes.

Prof. Sonia Maria Silva


Coordenadora da Coordenadoria de Estudos e Normas Pedagógicas
Apresentação
da área
A Física é tida pelos estudantes como uma área de conhecimento de difícil
entendimento. Por exigir nível de raciocínio elevado e grande poder de abs-
tração para entender seus conceitos, acaba-se acreditando que o conhecimen-
to físico está distante do cotidiano das pessoas. No entanto, se olharmos para
o mundo que nos cerca com um pouco de cuidado, é possível perceber que a
Física está muito perto: a imagem no tubo de televisão só existe porque a
tecnologia moderna é capaz de lidar com elétrons e ondas eletromagnéticas.
Nossos veículos automotores são máquinas térmicas que funcionam em ci-
clos, os quais conhecemos e a partir deles produzimos energia mecânica ne-
cessária para nos locomovermos. O Sol é na verdade uma grande fonte de
emissão de radiação eletromagnética de diferentes freqüências, algumas visí-
veis e outras não, sendo que muitas delas podem fazer mal à nossa saúde.
Assim, o que pretendemos neste curso de Física é despertar em vocês a
sensibilidade para re-visitar o mundo com um “olhar” físico, de forma a ser
capaz entendê-lo através de suas teorias.
Serão seis módulos, cada qual tratando de um tema pertencente às seguin-
tes áreas da Física: Luz e Som; Calor; Eletromagnetismo, Mecânica, Energia e
Física Moderna. Esses módulos abordarão os conteúdos físicos, tratando as-
pectos teóricos, experimentais, históricos e suas relações com a tecnologia e
sociedade.
A Física pode ser interessante e prazerosa quando se consegue utilizar
seus conceitos para estabelecer uma nova relação com a realidade.
Bom estudo para todos!
A coordenação
Apresentação
do módulo
Talvez você nunca tenha pensado nisso, mas é o mesmo calor que move
os carros e os ventos. A maior parte da tecnologia ao nosso redor parece ser
movida a eletricidade. Mas não é verdade: ainda há muita coisa movida com
energia térmica. Ao mesmo tempo, o homem simplificou (e também compli-
cou!) muito sua vida com a invenção de máquinas desde as puramente mecâ-
nicas, como a alavanca ou a roldana, até as térmicas, passando, ainda mais
tarde pelas elétricas e eletrônicas. Muitas vezes, em seu caminho de inven-
ções, inspirou-se na natureza. O ciclo hidrológico, os ventos e as correntes
marítimas, os vulcões e os tufões, são todos “movidos” a calor e podem ser
considerados máquinas térmicas naturais, se entendemos máquinas como ins-
trumentos de produzir ou transformar movimento a partir do fluxo de calor.
Por trás de todas essas máquinas, naturais ou não, reinam a energia e a entropia.
A energia, transformando-se continuamente, e a entropia, comandando as
formas possíveis dessas transformações.
Unidade 1

Calor e temperatura
Organizadores
Maurício
Pietrocola
ESTÁ CALOR OU ESTÁ QUENTE? Nobuko Ueta
Um copo de água da geladeira deixado sobre a mesa acaba se aquecendo Elaboradores
e, depois de algum tempo, não muda mais. Da mesma forma, a água que Vera Bohomoletz
ferveu na chaleira para o café se resfria e depois de algum tempo fica “está- Henriques
vel”. Note que, nos dois casos, durante algum tempo ocorre mudança da água
e depois essa mudança cessa. Chamamos de equilíbrio térmico a situação em
que não há mais mudança: a água nem esquenta, nem esfria.
Mas o que provoca a mudança? No primeiro caso, a água da geladeira
estava mais fria que o ambiente e esquentou. No segundo caso, a água da Questão
chaleira estava mais quente que o ambiente e esfriou. É necessário haver uma Um motor em funciona-
diferença de temperatura entre a água e o meio para que haja mudança. mento esquenta tanto
Quando a diferença desaparece, as duas temperaturas, da água e do meio, que pode derreter. Por
igualaram-se, e a água pára de “mudar”. isso, é necessário resfriá-
lo. Os motores mais anti-
E no que consiste essa mudança? Há duas coisas acontecendo simultane- gos podiam ser resfria-
amente: se olhamos só para o copo, vemos que a água está sofrendo variação dos a ar, os de hoje, mais
de temperatura. Mas se olhamos “em volta”, percebemos que essa variação potentes, são resfriados
de temperatura é decorrência da troca de energia com o meio: o ar, mais quen- a água. Considere o pro-
te, cede um pouco de sua energia para a água do copo. cesso de resfriamento de
um motor de carro e dis-
Mas que tipo de energia é esta? Chamamos essa energia de energia térmica cuta-o em termos de
ou calor. É um pouco parecido com a energia potencial gravitacional. Em uma temperatura e de troca
bola parada no topo de um barranco, não se “vê” energia gravitacional, mas se de calor.
colocarmos a bola na beira do barranco, essa energia logo “aparece” no movi-
mento barranco abaixo. Da mesma forma, não “vemos” a energia do ambiente Experimente
(em um dia ameno, sem muito calor nem vento), mas se tiramos um copo de Prepare três copos
água da geladeira, essa energia logo “aparece”, esquentando a água do copo. d’água, um mais quente,
outro morno e o terceiro
Em resumo, a temperatura é uma propriedade do corpo, enquanto o calor frio. Mergulhe um dedo
está associado a uma troca entre dois corpos. Na linguagem cotidiana dize- no copo de água quente
mos que está calor quando o ambiente está quente. Na linguagem da física, dirí- e outro no copo de água
amos que a temperatura está alta. Mas como percebemos se está quente ou frio? fria durante alguns mi-
Na verdade, é o nosso corpo que nos diz se está quente ou frio. Claro que nutos. Depois, mergulhe
os dois no copo de água
em um dia quente, as trocas de calor são diferentes das trocas de calor de um
morna. O que você sen-
dia frio. A uma temperatura de 30º C, nosso corpo está a uma temperatura
te? Seu dedo percebe a
muito mais próxima da temperatura ambiente, enquanto que a uma tempera- temperatura ou a troca
tura de 15º C, a diferença é muito maior. Nosso corpo percebe a diferença das de calor?
trocas de calor, nos dois casos.


O CALOR NO “MICROSCÓPIO”
Quando o calor vai de um corpo para outro, o que acontece com os áto-
mos? Você já deve ter percebido que o calor, ou a presença de energia térmi-
ca, é capaz de produzir movimento: o leite que “levanta fervura”, as bolhas da
água em ebulição, a válvula da panela de pressão não tirar os d’s. Pois é, o
calor pode às vezes provocar movimento “visível”, que nossos olhos detec-
tam, mas sempre, sempre mesmo, provoca movimento invisível aos nossos
olhos. Os átomos de qualquer corpo nunca estão parados, brincam numa dan-
ça permanente e se empurram uns aos outros. E quanto mais alta a temperatu-
ra, mais rápido dançam. Então, se no copo de água da geladeira os átomos
dançam mais lentamente, como em uma valsa, na água da chaleira os átomos
balançam como em um frevo “lascado”. Quando os dois corpos – as duas
águas – se encontram, o movimento mais rápido do frevo vai “passando” para
os átomos mais lentos, até que o ritmo fique parecido para todos os átomos.
Na verdade, os átomos não dançam todos no mesmo ritmo, é como em uma
discoteca, onde cada um faz o seu movimento, mas o ritmo geral pode ser
mais rápido ou mais lento.

ESFRIA OU CONGELA?
Se colocarmos uma vasilha com água na geladeira, o líquido pode apenas
esfriar, colocando-se na parte de baixo, mas, se a vasilha for colocada no
congelador, transforma-se em gelo, torna-se sólido. Qual a diferença entre
essas duas situações?
Ocorre que os materiais podem ser encontrados em diferentes fases, ou es-
tados, que correspondem a diferentes graus de ordem do arranjo molecular. No
sólido, as moléculas que compõem o material estão
muito bem organizadas, em posições bem defini-
das. Podemos notar a perfeição desse arranjo nas
faces lisas dos cristais. No estado líquido, as molé-
culas encontram-se bem “apertadas” ainda, mas já
possuem bastante movimento, o que pode ser nota-
do pela característica de fluir dos líquidos. Já no es-
tado gasoso, as moléculas encontram-se muito mais
afastadas umas das outras, e passeiam passeando ra-
pidamente pelo ambiente inteiro. Acontece assim
com o no ar, em que rapidamente nos chega ao olfa-
to o perfume de um vidro aberto do outro lado da
Figura 1 sala (Figura 1).
Como é que uma substância (a água, de novo, por exemplo) passa de uma
fase para outra? É preciso que as moléculas ganhem energia para se “liberta-
rem” umas das outras (tanto na passagem sólido–líquido, quanto na passagem
líquido–gás). Então, quando aquecemos a água, por exemplo, o calor produz
aumento da “dança” molecular, ou seja, de sua temperatura. As moléculas de
água só vão começar a se “soltar” umas das outras, quanto atingirem um certo
ritmo de “dança”, ou seja, quando a água atingir uma certa temperatura. Quan-
do atingir esse ponto, toda energia térmica fornecida às moléculas (a chama do
fogão, por exemplo manter o d) passa a ser utilizada, não para aumentar o ritmo
da dança, mas para que elas se soltem umas das outras. E, se encontrarmos um
jeito de continuar a fornecer calor ao vapor, somente quando todas se soltarem
(ou seja, toda a água tiver fervido) é que o ritmo continua a aumentar.


 -   

O gráfico ao lado (Figura 2) ilustra o que acabamos de descrever:


durante o aquecimento e vaporização de um litro de água levado ao
fogo em um grande caldeirão com tampa, nos primeiros minutos, a
água permanece líquida, apenas esquentando. Ao atingir a tempe-
ratura de 100o C, a água passa a evaporar, sem que a temperatura se
altere. Finalmente, terminada a ebulição, o vapor de água passa a se
aquecer. Cuidado! Não espere muito que a tampa pode voar!
Podemos agora responder à pergunta inicial sobre a água colo- Figura 2
cada na geladeira ou no congelador: ao colocarmos a água na gela-
deira, suas moléculas, que já dançam bem juntinhas, perdem um pouco mais
de seu movimento. Mas se colocarmos no congelador, elas vão perdendo seu Atividade
movimento até o ponto certo, no qual começam a se prender umas às outras Consulte uma tabela de
de um jeito muito especial, em que seu movimento fica bem mais restrito. temperaturas de fusão e
Assim, há dois efeitos diferentes que o calor pode produzir nos materiais: represente gráficos es-
seu aquecimento ou sua mudança de fase. Esses dois efeitos nunca aconte- quemáticos de tempera-
tura em função do tem-
cem ao mesmo tempo: ou ocorre um ou o outro. A mudança de fase só pode
po para pelo menos três
acontecer numa temperatura específica. O aquecimento pode ocorrer em qual-
dos materiais da tabela.
quer temperatura, exceto na temperatura de transição de fase.

TEMPERATURA E TERMÔMETRO
Como identificar a temperatura de um material? O que é um termômetro?
O aumento da energia térmica de um corpo significa um aumento da agi-
tação de suas moléculas. Quase sempre, com algumas exceções, o aumento
de movimento acarreta um afastamento das moléculas, como se o movimento
maior requeresse mais espaço (no vapor, as moléculas ficam quase mil vezes
mais distantes entre si do que na água). Chamamos a esse aumento da distân-
cia entre as moléculas de dilatação.
Experimente
Os termômetros comuns, para medir a temperatura corporal (35o C a 40o
C) utilizam como material de dilatação o mercúrio. Termômetros para medir a Arranje um vidro de
temperatura ambiente, que varia numa escala maior (0 o C a 50o C) normal- “rinossoro”. Corte a pon-
mente utilizam álcool. Isso porque também na dilatação materiais diferentes ta da borracha do con-
ta-gotas e atravesse o
se comportam de maneira diferente.
tubinho. Encha o vidri-
A dilatação não é o único efeito causado pela temperatura. Várias outras nho de água e coloque
propriedades se modificam, como a viscosidade (óleo aquecido), a capacidade sobre uma vela (você
de emitir luz (filamento da lâmpada). No entanto, a variação de volume é fácil pode usar um alicate ou
de se ver e, assim, a forma que o homem inventou de medir temperatura ba- um trançado de arame
seou-se na dilatação. Portanto, as unidades de temperatura são diretamente pro- para segurar o vidro sem
se queimar). Espere al-
porcionais à variação de volume. Mas diferentes materiais têm diferentes dilata-
guns minutos e obser-
ções: de novo, os vilões da história são os átomos – dependendo do arranjo se
ve a dilatação da água.
afastam mais (como é o o caso do ar) ou se afastam menos (como é o caso da
água), sob o mesmo aumento de temperatura. Para diferenciar os materiais quanto
a essa propriedade de dilatação, utilizamos o coeficiente de dilatação térmica.
Matematicamente, escrevemos:
Sob aquecimento, quanto maior o aumento de volume, maior o aumento
de temperatura, ou, na linguagem matemática:
Variação de volume = coeficiente de dilatação térmica x volume x varia-
ção de temperatura ou
∆V = α ⋅V ⋅ ∆t




A TEMPERATURA NO MUNDO
Nos nossos carros brasileiros, a velocidade é medida em quilômetros por
hora. Na Inglaterra, a velocidade do carro é medida em milhas por hora, por-
que lá há uma preferência, que vem da sua história, de medir a distância em
milhas e não em quilômetros. Da mesma forma, por aqui medimos a tempera-
tura em graus Celsius. Já nos Estados Unidos, mede-se a temperatura em graus
Farenheit. Às vezes, para que possamos entender uma notícia, por exemplo,
precisamos saber qual a “tradução” de uma unidade em outra.

Figura 3

ATIVIDADE
A figura ilustra as três escalas mais utilizadas no planeta. A escala Kelvin é a escala mais
importante na Física, como você verá na próxima unidade. Uma das características dessa
escala é que ela não possue valores negativos de temperatura. Não existem na natureza
temperaturas abaixo de 0 Kelvin. Observe a figura e faça a“tradução” de grau Fahrenheit
para grau Celsius; de grau Kelvin em grau Celsius. Falta uma temperatura na escala
Fahrenheit, complete-a.

CALOR
ALOR ESPECÍFICO OU CAPACID
CAPACIDADE TÉRMICA
ACIDADE
Com a mesma quantidade de calor não conseguimos provocar a mesma
variação de temperatura em qualquer corpo. Um pedaço de metal é aquecido
rapidamente se colocado no fogo (por isso as panelas não possuem cabos metá-
licos), já a água se aquece muito mais lentamente. Só podemos comparar, é
claro, se utilizarmos o mesmo processo de aquecimento (por exemplo, a chama
do fogão).
ATIVIDADE
Faça uma caixinha de papel sulfite e leve à chama de uma vela. Repita com a caixinha
cheia de água. Por que a diferença de comportamento?

Para caracterizar os materiais em termos dessa propriedade de resistência ao


aquecimento, utilizamos uma grandeza que chamamos de calor específico. Para
aquecer 100 gramas de água, gasta-se 100 calorias. Para aquecer 100 gramas
de cobre, gasta-se 9 calorias. Dizemos que o calor específico da água é de 1
caloria/grama/ grau Celsius e que o calor específico do cobre é de 0,09 calo-
rias//grama/grau Celsius. O calor específico é definido da seguinte maneira:
quanto maior o calor necessário para aquecer 1 grama de um material, de
1º C, tanto maior seu calor específico ou, matematicamente,


 -   

Calor = massa x calor específico x diferença de temperatura ou


Q = m ⋅ c ⋅ ∆t

Na expressão matemática, o calor Q é normalmente expresso em calorias,


a massa m em gramas e a temperatura t em graus Celsius.
ATIVIDADE
Quando aquecemos a água para o chá, isso é feito com o calor fornecido pela chama
durante algum tempo. Isso quer dizer que o calor não passa para a água de uma vez só,
mas vai passando aos poucos, durante um certo tempo. Para levar à temperatura de
fervura 1 litro de água da torneira a 20o C, em São Paulo, precisamos de aproximadamente
77.000 calorias (você saberia justificar este número? Ou você acha que seriam 80.000
calorias? Ver a seção Saiba mais: transições de fase e pressão). Se a chama fornece energia
a uma taxa de 200 calorias por segundo, qual o tempo necessário para que a água
comece a ferver?

Qual a razão da diferença de comportamento dos diversos materiais? No-


vamente, a questão está na organização microscópica dos átomos. Dependen-
do do arranjo dos átomos, e de como estão interligados no material, o aumen-
to de temperatura requer maior ou menor energia, pois o aquecimento signifi-
ca aumentar o movimento dos átomos no material.

CALOR LATENTE E TEMPERATURA DE TRANSIÇÃO


Derreter uma pedra de gelo ou um bloco de cobre de mesmo volume
requer quantidades diferentes de calor. Novamente, a explicação está nas di-
ferentes organizações e energias das moléculas da água e do cobre. Para der-
reter 100 gramas de chumbo precisamos atingir a temperatura de 327o C e de
597 calorias de energia térmica; já para derreter 100 gramas de gelo, são ne-
cessárias 7.980 calorias. A quantidade de calor necessária para derreter um
grama de determinado material é chamada de calor latente de fusão.
Analogamente, a quantidade de calor necessária para colocar em ebulição um
grama de determinado material é chamada de calor latente de ebulição ou
vaporização.
Escrevemos na forma matemática:

Calor = massa x calor latente, ou


Q = m⋅ L

ATIVIDADE
Volte ao gráfico e calcule as quantidades de calor necessárias para efetuar as três
transformações (dois aquecimentos e uma transição de fases) nele apresentadas.

(Fuvest 2000) Em um copo grande, termicamente isolado, contendo água à


temperatura ambiente (25o C), são colocados 2 cubos de gelo a 0o C. A tempe-
ratura da água passa a ser, aproximadamente, de 1o C. Nas mesmas condi-
ções, se em vez de 2, fossem colocados 4 cubos de gelo iguais aos anteriores,
ao ser atingido o equilíbrio, haveria no copo




a) apenas água acima de 0o C;


b) apenas água a 0o C;
c) gelo a 0o C e água acima de 0o C;
d) gelo e água a 0o C;
e) apenas gelo a 0o C.
SAIBA MAIS E EXPERIMENTE
Pressão e transição de fase
A transição de fase líquido-gás ou líquido-sólido ocorre com a conversão de energia cinética
em energia potencial: o movimento molecular faz com que as moléculas se soltem e se
afastem umas das outras (o acréscimo de energia potencial é semelhante ao de quando
jogamos uma bola para o alto contra a força gravitacional). Mas a energia necessária para
quebrar as amarras depende da pressão local: no nível do mar, onde a pressão atmosférica
é mais alta, a água realmente ferve a 100o C, mas em São Paulo, a 800 metros acima do
nível do mar, a pressão é menor e a água ferve em torno de 97o C! Por que? Onde a
pressão do ar é maior, suas moléculas estão mais juntas e ajudam a empurrar as moléculas
de água umas contra as outras, soltando-se estas com mais dificuldade!
Arranje uma seringa de plástico e encha-a até a metade com água em torno de 50o C.
Tampe a ponta com o dedo e puxe o êmbolo. Você verá a água ferver! Explique.

O TEMPO E O FLUXO DE CAL


FLUXO OR OU DE MA
CALOR TÉRIA
MATÉRIA
Na construção de máquinas que utilizam calor – como fogões, aquecedo-
res e refrigeradores –, nos processos industriais que utilizam motores – ou que
fazem a esterilização de alimentos, ou ainda, nas usinas termoelétricas –, ou
mesmo em nossa máquina corporal é muito importante, além de considerar
propriedades como a do calor específico dos materiais ou seu coeficiente de
dilatação, levar em conta o tempo que leva o aquecimento ou resfriamento.
Não há o menor interesse em um fogão que seja capaz de levar um litro de
água à fervura em cinco horas! Assim, a potência, isto é, a taxa na qual a
energia é fornecida por unidade de tempo, é fundamental.
Calor nem sempre foi entendido como uma forma de energia. Por isso, até
hoje utilizamos duas unidades diferentes para energia, o Joule (J) e a caloria
(cal). No caso da energia térmica, como também da energia química, é fre-
quente a preferência pela caloria.

1 cal = 4,18 J

(Fuvest 1998) Num forno de microondas, é colocado um vasilhame contendo


3 Kg d’água a 10o C. Após manter o forno ligado por 14 minutos, verifica-se
que a água atinge a temperatura de 50o C. O forno é então desligado e dentro
do vasilhame d’água é colocado um corpo de massa 1 Kg e calor específico c
= 0,2 cal/g.C, à temperatura inicial de 0o C. Despreze o calor necessário para
aquecer o vasilhame e considere que a potência fornecida pelo forno é conti-
nuamente absorvida pelos corpos dentro dele. O tempo a mais que será neces-
sário manter o forno ligado na mesma potência, para que a temperatura de
equilíbrio final do conjunto retorne a 50o C é:
a) 56 s; b) 60 s; c) 70 s; d) 280 s; e) 350 s.


 -   

Questões de vestibulares
Dilatação
1. (Unesp 2002) Duas lâminas metálicas, a primeira de latão e a segunda de
aço, de mesmo comprimento à temperatura ambiente, são soldadas rigida-
mente uma à outra, formando uma lâmina bimetálica, conforme a figura a
seguir.
O coeficiente de dilatação térmica linear do la-
tão é maior que o do aço. A lâmina bimetálica é
aquecida a uma temperatura acima da ambiente
e depois resfriada até uma temperatura abaixo
da ambiente. A figura que melhor representa as
formas assumidas pela lâmina bimetálica, quan-
do aquecida (forma à esquerda) e quando resfri-
ada (forma à direita), é

2. (Fuvest 97) Dois termômetros de vidro idênticos, um contendo mercúrio


(M) e outro água (A), foram calibrados em 0°C e 37°C, obtendo-se as curvas
M e A, da altura da coluna do líquido em função da temperatura. A dilatação
do vidro pode ser desprezada. Considere as
seguintes afirmações:
I - O coeficiente de dilatação do mercúrio
é aproximadamente constante entre 0°C
e 37°C.
II - Se as alturas das duas colunas forem
iguais a 10mm, o valor da temperatura
indicada pelo termômetro de água vale
o dobro da indicada pelo de mercúrio.
III - No entorno de 18°C o coeficiente de
dilatação do mercúrio e o da água são
praticamente iguais.
Podemos afirmar que só são corretas as afirmações
a) I, II e III; d) II e III;
b) I e II; e) I.
c) I e III;

Escalas termométricas
3. (Fatec 2000) Construiu-se um alarme de temperatura baseado em uma co-
luna de mercúrio e em um sensor de passagem, como sugere a figura ao lado.
A altura do sensor óptico (par laser/detetor) em relação ao nível, H, pode ser
regulada de modo que, à temperatura desejada, o mercúrio, subindo pela co-
luna, impeça a chegada de luz ao detetor, disparando o alarme. Calibrou-se o
termômetro usando os pontos principais da água e um termômetro auxiliar,
graduado na escala centígrada, de modo que a 0°C a altura da coluna de




mercúrio é igual a 8cm, enquanto a 100°C a altura é de 28cm. A temperatura


do ambiente monitorado não deve exceder 60°C.
O sensor óptico (par laser/detetor) deve, portanto estar a uma altura de
a) H= 20 cm;
b) H= 10 cm;
c) H= 12 cm;
d) H= 6 cm;
e) H= 4 cm.

4. (Unifesp 2003) O texto a seguir foi extraído de uma matéria sobre congela-
mento de cadáveres para sua preservação por muitos anos, publicada no jor-
nal “O Estado de S.Paulo” de 21.07.2002.
Após a morte clínica, o corpo é resfriado com gelo. Uma injeção de anticoa-
gulantes é aplicada e um fluido especial é bombeado para o coração, espa-
lhando-se pelo corpo e empurrando para fora os fluidos naturais. O corpo é
colocado numa câmara com gás nitrogênio, onde os fluidos endurecem em
vez de congelar. Assim que atinge a temperatura de -321°, o corpo é levado
para um tanque de nitrogênio líquido, onde fica de cabeça para baixo.
Na matéria, não consta a unidade de temperatura usada. Considerando que o
valor indicado de -321° esteja correto e que pertença a uma das escalas, Kelvin,
Celsius ou Fahrenheit, pode-se concluir que foi usada a escala
a) Kelvin, pois trata-se de um trabalho científico e esta é a unidade adotada
pelo Sistema Internacional.
b) Fahrenheit, por ser um valor inferior ao zero absoluto e, portanto, só pode
ser medido nessa escala.
c) Fahrenheit, pois as escalas Celsius e Kelvin não admitem esse valor numé-
rico de temperatura.
d) Celsius, pois só ela tem valores numéricos negativos para a indicação de
temperaturas.
e) Celsius, por tratar-se de uma matéria publicada em língua portuguesa e
essa ser a unidade adotada oficialmente no Brasil.

CALOR ESPECÍFICO
5. (Unicamp 2004) As temperaturas nas grandes cidades são mais altas do
que nas regiões vizinhas não povoadas, formando “ilhas urbanas de calor”.
Uma das causas desse efeito é o calor absorvido pelas superfícies escuras,
como as ruas asfaltadas e as coberturas de prédios. A substituição de materiais
escuros por materiais alternativos claros reduziria esse efeito. A figura mostra
a temperatura do pavimento de dois estacionamentos, um recoberto com as-
falto e o outro com um material alternativo, ao longo de um dia ensolarado.
a) Qual curva corresponde ao asfalto?
b) Qual é a diferença máxima de temperatura entre os dois pavimentos duran-
te o período apresentado?
c) O asfalto aumenta de temperatura entre 8h00 e 13h00.


 -   

Em um pavimento asfaltado de 10.000 m2 e


com uma espessura de 0,1 m, qual a quanti-
dade de calor necessária para aquecer o as-
falto nesse período? Despreze as perdas de
calor. A densidade do asfalto é 2.300 kg/m 3
e seu calor específico é C = 0,75 kJ/kg °C.

6. (Fuvest 2002) Uma caixa d’água C, com capacidade de 100 litros, é ali-
mentada, através do registro R1, com água fria a 15°C, tendo uma vazão regu-
lada para manter sempre constante o nível de água na caixa. Uma bomba B
retira 3l/min de água da caixa e os faz passar por um aquecedor elétrico A
(inicialmente desligado). Ao ligar-se o aquecedor, a água é fornecida, à razão
de 2l/min, através do registro R2, para uso externo, enquanto o restante da
água aquecida retorna à caixa para não desperdiçar energia.
No momento em que o aquecedor, que fornece uma potência constante, come-
ça a funcionar, a água, que entra nele a 15°C, sai a 25°C. A partir desse momen-
to, a temperatura da água na caixa passa então a aumentar, estabilizando-se
depois de algumas horas. Desprezando perdas térmicas, determine, após o siste-
ma passar a ter temperaturas estáveis na caixa e na saída para o usuário externo:
Dado: 1 cal = 4 J
a) A quantidade de calor Q, em J, fornecida a cada minuto pelo aquecedor.
b) A temperatura final T2, em °C, da água que sai pelo registro R‚ para uso
externo.
c) A temperatura final TC, em °C, da água na caixa.

7. (Fuvest 2001) O processo de pasteurização do leite consiste em aquecê-lo


a altas temperaturas, por alguns segundos, e resfriá-lo em seguida. Para isso, o
leite percorre um sistema, em fluxo constante, passando por três etapas:
I) O leite entra no sistema (através de A),
a 5°C, sendo aquecido (no trocador de
calor B) pelo leite que já foi pasteuri-
zado e está saindo do sistema.
II) Em seguida, completa-se o aqueci-
mento do leite, através da resistência R, até que ele atinja 80°C.
Com essa temperatura, o leite retorna a B.
III) Novamente, em B, o leite quente é resfriado pelo leite frio que entra por A,
saindo do sistema (através de C), a 20°C.
Em condições de funcionamento estáveis, e supondo que o sistema seja bem
isolado termicamente, pode-se afirmar que a temperatura indicada pelo termô-
metro T, que monitora a temperatura do leite na saída de B, é aproximadamente de
a) 20°C; b) 25°C; c) 60°C; d) 65°C; e) 75°C.

8. (Fuvest 2001) Em uma panela aberta, aquece-se água, observando-se uma


variação da temperatura da água com o tempo, como indica o gráfico.




Desprezando-se a evaporação antes da fervura, em quanto tempo, a partir do


começo da ebulição, toda a água terá se esgotado? (Considere que o calor de
vaporização da água é cerca de 540cal/g)

a) 18 minutos
b) 27 minutos
c) 36 minutos
d) 45 minutos
e) 54 minutos

TRANSIÇÃO DE FASE
9. (Fuvest 2004) Um recipiente de isopor, que é um bom isolante térmico, tem
em seu interior água e gelo em equilíbrio térmico. Num dia quente, a passa-
gem de calor por suas paredes pode ser estimada, medindo-se a massa de gelo
Q presente no interior do isopor, ao longo de algumas horas, como represen-
tado no gráfico.
Esses dados permitem estimar a transferência de calor pelo isopor, como sen-
do, aproximadamente, de
a) 0,5 KJ/h
b) 5 KJ/h
c) 120 KJ/h
d) 160 KJ/h
e) 320 KJ/h

10. (Unesp 2004) A figura mostra os gráficos das temperaturas em função do


tempo de aquecimento, em dois experimentos separados, de dois sólidos, A e
B, de massas iguais, que se liqüefazem durante o processo. A taxa com que o
calor é transferido no aquecimento é constante e igual nos dois casos.
Se T A e T B forem as temperaturas de fusão e L A e L B os calores latentes de
fusão de A e B, respectivamente, então
a) T A >T B e L A >L B .
b) T A >T B e L A =L B .
c) T A >T B e L A <L B .
d) T A <T B e L A >L B .
e) T A <T B e L A =L B .

11. (Unicamp 96) No Rio de Janeiro (ao nível do mar), uma certa quantidade
de feijão demora 40 minutos em água fervente para ficar pronta. A tabela
adiante fornece o valor da temperatura da fervura da água em função da pres-
são atmosférica, enquanto a gráfico fornece o tempo de cozimento dessa quan-
tidade de feijão em função da temperatura. A pressão atmosférica ao nível do
mar vale 760 mm de mercúrio e ela diminui 10 mm de mercúrio para cada
100 m de altitude.


 -   

Temperatura de fervura da água em função da pressão

Pressão Temperatura
(mmHg) (°C)
600 94
640 95
680 97
720 98
760 100
800 102
840 103
880 105
920 106
960 108
1000 109
1040 110
a) Se o feijão fosse colocado em uma panela de pressão a 880 mm de mercú-
rio, em quanto tempo ele ficaria pronto?
b) Em uma panela aberta, em quanto tempo o feijão ficará pronto na cidade de
gramado (RS) na altitude de 800 m ?
c) Em que altitude o tempo de cozimento do feijão (em uma panela aberta)
será o dobro do tempo de cozimento ao nível do mar?

12. (Unesp 98) A respeito da informação “O calor específico de uma substân-


cia pode ser considerado constante e vale 3J/(g°C)”.
Três estudantes, I, II e III, forneceram as explicações seguintes.
I- Se não ocorrer mudança de estado, a transferência de 3 joules de energia
para 1 grama dessa substância provoca elevação de 1 grau Celsius na
sua temperatura.
II - Qualquer massa em gramas de um corpo construído com essa substância
necessita de 3 joules de energia térmica para que sua temperatura se
eleve de 1 grau Celsius.
III - Se não ocorrer mudança de estado, a transferência de 1 joule de energia
térmica para 3 gramas dessa substância provoca elevação de 1 grau
Celsius na sua temperatura.
Dentre as explicações apresentadas,
a) apenas I está correta;
b) apenas II está correta;
c) apenas III está correta;
d) apenas I e II estão corretas;
f) apenas II e III estão corretas.




13. (Fuvest 95) Um bloco de gelo que inicialmente está a uma temperatura
inferior a 0°C recebe energia a uma razão constante, distribuída uniforme-
mente por toda sua massa. Sabe-se que o valor específico do gelo vale apro-
ximadamente metade do calor específico da água. Dentre as alternativas a
seguir o gráfico que melhor representa a variação de temperatura T(em °C) do
sistema em função do tempo T(em s) é:

14. (Fuvest 2000) Em um copo grande, termicamente isolado, contendo água


à temperatura ambiente (25°C), são colocados 2 cubos de gelo a 0°C. A tem-
peratura da água passa a ser, aproximadamente, de 1°C. Nas mesmas condi-
ções se, em vez de 2, fossem colocados 4 cubos de gelo iguais aos anteriores,
ao ser atingido o equilíbrio, haveria no copo
a) apenas água acima de 0°C;
b) apenas água a 0°C;
c) gelo a 0°C e água acima de 0°C;
d) gelo e água a 0°C;
e) apenas gelo a 0°C.

Síntese
O calor produz aquecimento (aumento de temperatura), dilatação e mu-
dança de fase. A quantidade de calor necessária para produzir esses efeitos
em uma certa quantidade de massa depende das propriedades do material:
calor específico, coeficiente de dilatação térmica e calor latente da transição.
Do ponto de vista microscópico, a temperatura é proporcional à energia
cinética das moléculas, ao passo que calor é o fluxo dessa energia, das regiões
quentes para as regiões frias. Um aumento de energia cinética promove o
afastamento das moléculas e dilatação, ou, se suficientemente grande, seu
desligamento e a transição de fase.


Unidade 2

A energia se conserva e se transforma


(as máquinas térmicas)
Organizadores
O estudo das propriedades dos gases, por um lado, e o do calor, por outro, Maurício
nos séculos XVII e XVIII, possibilitou o desenvolvimento da máquina térmi- Pietrocola
ca, isto é, da máquina que transforma calor em movimento a partir da queima
Nobuko Ueta
de combustível e de seu efeito sobre os gases. Em meio ao desenvolvimento
científico e tecnológico da época, emergiram dois grandes princípios da físi- Elaboradores
ca, o da conservação de energia, ampliado para incluir o calor, e o do cresci- João Freitas da
mento perene da entropia (a ser tratado na unidade final). Silva

OS GASES E A PRESSÃO
Já vimos que o aumento da energia térmica, ou da temperatura, produz
dilatação, ou seja, aumento do volume. No caso dos gases, variações grandes
de volume podem ser obtidas também com o aumento da pressão, o que não
ocorre com líquidos e sólidos. Por isso, e por sua importância na operação das
máquinas térmicas, vamos estudar as propriedades dos gases e suas transfor-
mações em termos de temperatura, volume e pressão.
Lembre-se que o volume do gás é todo o espaço disponível. A temperatu-
ra, como vimos, está relacionada com a agitação térmica das moléculas da
matéria. Mas o que é a pressão?
Quando enchemos uma bexiga, uma bola ou um pneu, o ar da atmosfera
é comprimido dentro da bexiga, bola ou pneu e exerce uma resistência cada
vez maior à tentativa de colocarmos mais ar. Essa resistência está relacionada
com a pressão do ar. Definimos a pressão P como a força F aplicada em uma
unidade de área A (P = F/A). A unidade de pressão é dada em newtons (N) por
metro quadrado (m²), que pode ser representado pela unidade Pascal (Pa).
Do ponto de vista microscópico, a pressão resulta das colisões das molé-
culas do gás nas paredes do recipiente onde se encontram. As moléculas de
um gás estão em movimento desordenado e, ao baterem numa das paredes do
vasilhame, retornam para bater em outra. A pressão depende, portanto, da
velocidade de suas moléculas, pois, quanto mais velozes, maior será a inten-
sidade das colisões com as paredes do recipiente; depende, também, do ta-
manho do espaço onde se encontram, pois, com menos espaço (menor volu-
me), maior será a freqüência das colisões.

OS ESTADOS DE UM GÁS E SUAS TRANSFORMAÇÕES


Definimos o estado de um gás através dos valores das grandezas físicas
que o caracterizam: pressão, volume e temperatura. Quando um gás recebe


calor, ou é comprimido, ou ainda quando cede calor ou sofre uma expansão e


ocorre alteração de algum desses valores, dizemos que ele sofreu uma trans-
formação ou mudança de estado (sem deixar de estar no estado gasoso). As
transformações mais conhecidas são as que seguem:

Transformação isotérmica
É aquela que ocorre a uma mesma temperatura.

Para um gás de determinada massa, com temperatura constante, seu volume e sua
pressão variam inversamente.

Para um gás de determinada massa, com temperatura constante, seu volu-


me e sua pressão variam inversamente.
Consideremos por exemplo uma seringa de injeção em temperatura ambi-
ente, com seu bico obstruído, com um certo volume V de ar e à pressão P. Se
o volume for triplicado, teremos a pressão reduzida três vezes também. Se
aumentamos o volume e a velocidade das moléculas continua a mesma (pois
a temperatura é constante), a freqüência de choques diminui proporcional-
mente, pois a distância entre elas e a parede será maior. Já que a pressão está
relacionada com os choques das moléculas do ar com as paredes da seringa, a
pressão diminui.

P1
P1 ⋅V1 = ⋅ 3V1 ⇒ P1 ⋅V =1 P2 ⋅V2 = constante
3

Em um diagrama cartesiano, a dependência entre pressão e volume, na


APLICAÇÃO transformação isotérmica, é representada por uma curva (hipérbole eqüilátera)
Balões denominada isoterma do gás.
meteorológicos
Levam um pequeno
aparelho que transmite
informações sobre umi-
dade relativa do ar, tem-
peratura e altitude. Numa
P ⋅V = constante
altitude de aproximada-
mente 30 km, eles explo-
dem e o aparelho cai
com auxílio de um pára-
quedas com as informa-
ções obtidas. Entre 10 e Com o aumento da temperatura, o produto P.V torna-se mais alto e a
20 km acima da superfí- isoterma se afasta da origem dos eixos:
cie, a temperatura é pra-
ticamente constante. A UNIDADES
explosão ocorre, pois a Nas transformações de gases, para temperatura deve-se utilizar apenas a escala Kelvin.
pressão do ar em volta do Já a pressão pode ser dada em Pascal (N/m2) ou em atmosferas (1 atm corresponde a
balão diminui, com a al-
aproximadamente 10 N/m2). Quanto ao volume, pode-se usar o litro ou qualquer unidade
titude e seu volume au-
menta. Como você deno-
do sistema métrico decimal (m3, cm3, etc). É importante lembrar que as unidades de
minaria a transformação pressão e volume podem ser arbitrárias, mas uma vez adotada uma escolha, esta tem
que ocorre no gás? que ser mantida nas relações matemáticas.


 -   

Transformação isobárica
É aquela que ocorre a uma mesma pressão.

Se mantivermos a pressão de uma massa de gás constante, seu volume varia diretamente
com a temperatura.

Quando elevamos a temperatura de um gás, a velocidade média de suas


moléculas aumenta, aumentando assim a intensidade das colisões com as pa-
redes, ocasionando um acréscimo da pressão interna. Com a diminuição da
temperatura, ocorre o contrário. Para mantermos a pressão constante, se a
temperatura aumentar, devemos aumentar também o volume do recipiente,
pois dessa forma as moléculas terão mais espaço para percorrer, o que dimi-
nuirá a freqüência das colisões na parede, podendo ser compensado o efeito
do aumento de agitação das moléculas sobre a pressão. Experimentalmente,
verifica-se a existência da seguinte relação matemática:

V1 V2
= = constante
T1 T2

Em um diagrama cartesiano, a relação entre V e T é representada por uma


reta. Saiba mais
A temperatura absoluta
e a escala Kelvin
V
= constante Observe que na escala
T
Kelvin o volume de um
gás seria nulo à tempe-
ratura de 0 K. É claro que
nesta temperatura, em
pressão atmosférica, não
teríamos um gás. Mas
esta é a origem da esca-
la Kelvin! Ela tornou-se
(Fuvest 1995) O cilindro da figura a seguir é fechado por um êmbolo que pode ainda mais importante
deslizar sem atrito e está preenchido por uma certa quantidade de um gás que desde o desenvolvimen-
pode ser considerado como ideal. À temperatura de 30° C, a altura h na qual o to da teoria molecular do
êmbolo se encontra em equilíbrio é de 20 cm (ver figura; h refere-se à super- gás, pois a energia
fície inferior do êmbolo). Se mantidas as demais características do sistema, a cinética das moléculas é
temperatura passar a ser 60° C, o valor de h variará de aproximadamente: diretamente proporcio-
nal à temperatura na es-
a) 5%; cala Kelvin, também cha-
b) 10%; mada, por esta razão, de
temperatura absoluta. A
c) 20%; 0 K a velocidade das mo-
d) 50%; léculas seria nula e elas
ficariam todas juntas: o
e) 100%. volume seria decorrência
apenas do movimento
das moléculas! Nesse
Transformação isocórica, isométrica, ou caso, a pressão também
isovolumétrica iria a zero! Isso se este
gás existisse, claro.
É aquela que ocorre com o volume constante.




Aplicações Em toda transformação isométrica, a pressão do gás varia linearmente com


a sua temperatura.
Na panela de pressão, os
gases da parte interna
Se aumentamos a temperatura de um gás, aumentam tanto o número de
são aquecidos e isso faz
colisões de suas moléculas com as paredes internas do recipiente quanto a in-
com que suas moléculas
se agitem mais, aumen-
tensidade dessas colisões, portanto, a pressão aumenta se não variamos o volu-
tando a temperatura e me. Se diminuímos a temperatura, o número e a intensidade das colisões di-
também a intensidade e minuem e também a pressão. Experimentalmente, verifica-se a seguinte rela-
a freqüência das colisões ção matemática entre pressão e temperatura se o volume é mantido constante:
com a parede, ou seja, a
pressão do gás... P1 P2
= = constante
T1 T2

Em um diagrama cartesiano, a relação entre P e T também é representada


por uma reta.

Lei geral dos gases


Como descrever a situação em que as três quantidades, volume, tempera-
tura e pressão, variam simultaneamente? Por exemplo, se colocamos um ba-
lão de aniversário na geladeira, todas as três grandezas diminuem. As três
relações que estudamos podem ser combinadas em uma só, expressa da se-
guinte forma:

P1 ⋅V1 P2 ⋅V2
= = constante
T1 T2
(Fuvest 2001) Um gás contido em um cilindro, à pressão atmosférica, ocupa
um volume V0 à temperatura ambiente T0 (em Kelvin). O cilindro contém um
pistão, de massa desprezível, que pode mover-se sem atrito e que pode até,
em seu limite máximo, duplicar o volume inicial do gás. Esse gás é aquecido,
fazendo com que o pistão seja empurrado ao máximo e também com que a
temperatura do gás atinja quatro vezes T0. Na situação final, a pressão do gás
no cilindro deverá ser
a) metade da pressão atmosférica;
b) igual à pressão atmosférica;
c) duas vezes a pressão atmosférica;
d) três vezes a pressão atmosférica;
e) quatro vezes a pressão atmosférica.


 -   

Para uma quantidade fixa de gás, temos que P.V/T = constante. Para um
mol, que é a quantidade de gás correspondente a sua massa molecular em
gramas, esta constante é chamada de constante dos gases e é representada
pela letra R, isto é, P . V1/T = R. Se dobramos o número de mols, temos, se não
forem alteradas a pressão e a temperatura, um volume V2 que será o dobro de
V1, pois há o dobro de moléculas. A constante será duas vezes maior e pode-
mos escrever: P.V2/T = 2.R. Para um número n de mols, teremos n vezes o
número de moléculas de um mol, o volume será n vezes maior, portanto,
P.Vn/T=n.R ⇒ P.Vn=n.R.T, ou simplesmente,

P.V = n.R.T,
equação conhecida como Lei geral dos gases perfeitos ou Lei de Clapeyron

SAIBA MAIS
Como o número de moléculas em qualquer objeto visível é muito grande, a unidade
que utilizamos para medir quantidades de átomos é o mol, que corresponde a 6x1023
moléculas. Na realidade este é o número de moléculas que vamos encontrar, se tomamos
a massa molecular de qualquer substância em gramas.
A quantos mols correspondem 96 gramas de gás carbônico (CO2)? Nas chamadas
condições normais de temperatura e pressão (CNTP), nas quais P = 1 atm e T = 273K, 1
mol de moléculas de qualquer gás ocupa o volume de 22,4L. A partir desses números
Saiba mais
podemos determinar o valor da constante universal R:
O gás cujos volume, tem-
P ⋅V 1atm ⋅ 22, 4 L peratura e pressão obe-
= = 0, 082atm ⋅ L/mol ⋅ K
n ⋅T 273K ⋅1mol decem a equação de
Clapeyron recebe o no-
Como fica a constante R em unidades de Pascal.m3/K.mol? O que se alteraria nessa me de gás perfeito ou
dedução do valor de R, se fosse aplicada aos 96 gramas de gás carbônico? ideal. O estudo experi-
mental do hidrogênio,
do hélio, do oxigênio, do
(Fuvest 1999) A figura mostra uma bomba de encher pneu de bicicleta. Quando nitrogênio e do ar, em
o êmbolo está todo puxado, a uma distância de 30cm da base, a pressão den- pressões mais baixas e
tro da bomba é igual à pressão atmosférica normal. A área da seção transver- temperaturas mais altas
sal do pistão da bomba é de 24 cm2. Um ciclista quer encher ainda mais o apresentam este com-
pneu da bicicleta, o qual tem volume de 2,4 litros e já está com uma pressão portamento. Em tempe-
interna de 3 atm. Ele empurra o êmbolo da bomba até o final de seu curso. raturas mais baixas e
Suponha que o volume do pneu permaneça constante, que o processo possa pressões mais altas, o
ser considerado isotérmico e que o volume do tubo que liga a bomba ao pneu comportamento é mais
seja desprezível. A pressão final do pneu será, então, de aproximadamente: complexo, ocorrendo in-
clusive a condensação.
a) 1,0 atm;
Criou-se o conceito de
b) 3,0 atm; gás ideal, um gás teórico
que obedece a essas re-
c) 3,3 atm;
lações simples em qual-
d) 3,9 atm; quer condição de pres-
são e temperatura, e que
e) 4,0 atm. possibilitou o desenvol-
vimento dos estudos re-
lacionados às máquinas
Transformações de energia: o trabalho térmicas e a definição da
escala absoluta de tem-
Uma máquina térmica é um sistema que converte calor em movimento. peraturas.
Devido à grande expansão dos gases, sob a ação do calor, este é o efeito




utilizado para obter o movimento das peças da máquina. A conversão é feita


Trabalho positivo
de forma cíclica, ou seja, o estado inicial do gás sempre se repete após uma
e negativo
sucessão de transformações (como ocorre no movimento do pistão do motor
Quando um gás é aque- do carro). Durante sua expansão, dizemos que o gás efetua um trabalho. Mas
cido (recebe calor), suas o que vem a ser trabalho?
moléculas vão se agitar
mais e, assim, ocupar um Podemos definir trabalho como a força aplicada em um determinado cor-
volume maior, ou seja, o po multiplicada pelo deslocamento deste na direção da força. O trabalho será
gás sofre uma expansão. máximo para uma dada força se esta for paralela ao deslocamento do corpo, e
Na expressão será nula se esta força for perpendicular ao deslocamento. Matematicamente,
W = P. ∆V, podemos expressar o trabalho da seguinte forma: W = F. ∆S, onde W represen-
ta trabalho, F a força aplicada sobre o corpo, e ∆ S o deslocamento que o corpo
teremos o volume final realiza em função dessa força.
maior que o inicial, por-
tanto, a variação de vo- Na panela fechada com água a ferver, o vapor levanta a tampa da panela:
lume será positiva e o a força aplicada pelo vapor resulta num deslocamento da tampa, portanto,
trabalho realizado pelo temos a realização de um trabalho. Neste caso, o trabalho resulta também em
gás também; neste caso uma variação de volume do vapor, ∆V. Podemos então relacionar trabalho com
o gás realiza trabalho variação de volume e para isso basta lembrarmos que a força que aplicamos em
sobre o meio e W é posi- uma área unitária é chamada de pressão. Na expressão W = F. ∆S podemos
tivo. Quando um gás é
substituir F por P.A (que vem de P=F.A), onde A é a área da tampa. Então W =
resfriado (dizemos que
P.A. ∆S, e como área vezes deslocamento (comprimento) é igual a volume,
cede calor), suas molécu-
las vão se agitar menos
temos W = P. ∆V, isto é, o trabalho como função da pressão e do volume.
e o gás sofre uma com- Quando a pressão é constante (isobárica), tere-
pressão, pois a pressão mos o seguinte gráfico no espaço pressão-volume:
externa se torna maior
que a interna. Logo o vo- O trabalho é numericamente igual a área sob
lume final será menor a curva de pressão no diagrama p x V. Essa re-
que o inicial e a variação lação é válida também para casos em que a pres-
de volume será negati- são não é constante, ou seja, basta calcular a área
va. O trabalho realizado sob a curva do gráfico.
pelo gás será negativo,
pois é o meio que realiza Transformações de energia: a energia interna
trabalho sobre o gás.
Qual a relação entre calor e trabalho? Já vimos que as moléculas de gás
estão em permanente movimento, tanto maior quanto maior a temperatura.
Isso quer dizer que em um litro de ar (dentro de uma garrafa “vazia”) há
energia cinética (invisível aos nossos sentidos), a essa energia chamamos ener-
gia interna, que designaremos pela letra U. Voltemos ao pneu da bicicleta, ao
enchermos o pneu, o trabalho que realizamos sobre o gás requer um dispên-
dio de energia. Gastamos energia enquanto o ar esquenta. Há, portanto, au-
mento da energia interna do gás às custas da energia que dispendemos ao
comprimir o ar no interior do pneu, realizando um trabalho sobre o ar. Pode-
mos dizer que: trabalho realizado sobre o gás implica no aumento de ener-
gia interna.
Por outro lado, se levamos a bicicleta para muito perto de uma fogueira
(talvez não seja uma boa idéia!), o ar do pneu se aquecerá também devido ao
calor recebido da fogueira. Portanto, calor recebido pelo gás implica no
aumento da energia interna.
Reunindo as duas relações para a energia interna de um gás em uma só,
temos que:
variação da energia interna = calor recebido pelo gás-trabalho realizado
pelo gás.


 -   

O gás aumenta sua energia se receber calor ou quando é realizado traba-


lho sobre ele, porém perde energia ao realizar trabalho ou quando cede calor.
Matematicamente,

∆U = Q − W

Observe cuidadosamente os sinais adotados para calor e trabalho. Essa


relação, que representa uma generalização do princípio de conservação de
energia, pois inclui o calor como energia em trânsito, ficou conhecida como a
Primeira lei da termodinâmica.
Analisando de um ponto de vista microscópico, dizemos que, ao compri-
mir o ar, estamos “empurrando” as moléculas, que assim têm sua energia
cinética aumentada. Em contato com um meio de temperatura mais alta, rece-
bem parte da energia cinética das moléculas do meio (através de pequenos
“empurrões” desordenados).

Transformações do gás sob a ótica das trocas de


energia
Na transformação isotérmica, como a temperatura não muda, a energia
interna não varia ( ∆U = 0). Temos Q – W = 0, ou seja, todo calor que o gás
absorve durante uma expansão (Q > 0) é igual ao trabalho que ele realiza (W
> 0), ou então, todo o calor que ele cede (Q < 0) numa compressão é igual ao Aplicações
trabalho realizado sobre ele (W < 0). Um exemplo de transfor-
Na transformação isobárica, parte do calor recebido (Q > 0) aumenta a mação adiabática é o
energia interna ( ∆ U = 0) e a outra parte é utilizada pelo gás para realizar que ocorre com a bom-
trabalho (W > 0) numa expansão. Na compressão, como a temperatura dimi- ba de encher pneu de
nui junto com o volume, a energia interna diminui (∆ U < 0). Embora o traba- bicicleta. A compressão e
descompressão do ar
lho seja realizado sobre o gás (W < 0), pois seu volume diminui, ele deve
são tão rápidas, que não
perder calor (Q < 0) em maior proporção.
há tempo para a bomba
Na transformação isométrica, como não há variação de volume não há trocar calor com o ambi-
realização de trabalho. W= P .V = 0, portanto, Q = U, ou seja, o calor recebido ente, porém, notamos
(Q > 0) aumenta a energia interna do sistema (∆U > 0). Se o gás perde calor (Q que ela esquenta muito!
< 0), sua energia interna diminui (∆U < 0). De onde veio essa ener-
gia térmica? Do trabalho
Além dessas transformações, definidas em termos das variáveis do gás realizado sobre o gás,
(temperatura, pressão e volume) e do ponto de vista das trocas de energia, é pois, nesse caso, o traba-
importante a transformação que ocorre sem trânsito de energia entre o gás e o lho produziu aumento
meio onde se encontra. Essa transformação recebe o nome de adiabática. de energia interna.

Na transformação adiabática, o gás passa de um estado para o outro sem Do ponto de vista das
troca de calor com o meio exterior, Q = 0, logo 0 = W + U e W = -U. O trabalho moléculas, estas vão ga-
nhando energia interna
é realizado pelo gás (W > 0) às custas de uma perda de energia interna (U < 0).
enquanto o volume ocu-
Ou, se o gás é comprimido (W < 0), sua energia interna aumenta (U > 0).
pado diminui e enquan-
to são empurradas às
(Unesp 2003) Um gás que se comporta como gás ideal sofre expansão sem custas do trabalho reali-
alteração de temperatura quando recebe uma quantidade de calor Q = 6 J. zado sobre o ar.

a) Determine o valor DE da variação da energia interna do gás. Discuta essas variações


no caso da expansão do
b) Determine o valor do trabalho T realizado pelo gás durante esse processo. gás.




Duas máquinas térmicas do cotidiano: o motor e


a geladeira
A expansão do gás sob o efeito do calor é o que produz o movimento nas
máquinas térmicas. A conversão é feita de uma forma cíclica, ou seja, o estado
inicial do gás sempre se repete após uma sucessão de transformações (como
ocorre no movimento do pistão do motor do carro).

O motor
O motor é o que faz um veículo se movimentar. Nessa época, de constan-
tes avanços tecnológicos, os motores estão ficando cada vez mais complexos
e exigem que a sua manipulação seja feita por profissionais especializados
com instrumentos específicos, pois apresentam cada vez mais componentes
eletrônicos. Porém, os conceitos básicos e os princípios de funcionamento são
os mesmos.
A produção de movimento nesses motores se dá através da queima de
combustível em seu interior. A energia liberada por essa combustão movi-
menta o motor. O motor funciona em ciclos de oscilação do pistão (cujo mo-
vimento oscilatório é transmitido ao eixo da roda). O ciclo de um motor a
gasolina pode ser dividido aproximadamente em quatro transformações de
pressão e volume do gás:

Admissão: a válvula se abre para a entrada de ar e gaso-


lina, o volume aumenta enquanto a pressão (atmosférica)
permanece praticamente constante (de A para B). Proces-
so isobárico. Essa etapa é conhecida como primeiro tem-
po do motor.

Compressão: o pistão comprime o gás: o volume dimi-


nui, a pressão e a temperatura aumentam (primeira trans-
formação: de B para C). É o segundo tempo do motor.

Explosão: a mistura ar-combustível explode, ocorrendo


grande aumento de temperatura e pressão (segunda trans-
formação: C para D), com o volume praticamente cons-
tante (isométrico); em seguida, o pistão volta, o volume
aumenta e a temperatura e a pressão diminuem (terceira
transformação: D para E). É o 3º tempo do motor.


 -   

Escape: aqui os gases escapam pela válvula de escape.


O volume permanece constante (isométrico) e a pressão
diminui (quarta transformação: E para B), em seguida, o
volume diminui, a pressão praticamente constante
(isobárico) (B para A).

A representação das etapas do motor em termos das trans-


formações pressão-volume é idealizada e esquemática
(você pode apontar alguns furos nesta representação?).
No entanto, ela é muito útil para que se possa calcular
aproximadamente a eficiência da máquina. Podemos re-
presentar esse ciclo num único gráfico, chamado ciclo
de Otto (ver figura). Note que a entrada e a saída de ar
não fazem propriamente parte do ciclo.
ATIVIDADE
Pesquise em livros, revistas, internet e, se possível, com um mecânico, o funcionamento
de um motor a diesel e descreva seu ciclo. Pesquise também o funcionamento de uma
turbina a vapor. Compare com o funcionamento do motor a gasolina.

SAIBA MAIS
Motor a gasolina ou a diesel
De forma geral, os motores trabalham com vários cilindros articulados a um eixo de
manivelas, ou virabrequim, que são acionadas pelo movimento dos pistões o qual é
provocado pela explosão dos gases. Como pedalam um mesmo eixo, enquanto está
ocorrendo a explosão do combustível e sua expansão em um dos pistões, outro pode
estar expelindo a mistura queimada, outro recebendo o combustível, e outro sendo
comprimido. No caso do motor a gasolina, o que de fato ocorre é: na admissão, o pistão
baixa, puxando para dentro do cilindro a mistura ar-combustível por uma válvula de
admissão que se abre; na compressão, o pistão sobe e comprime a mistura na chamada
câmara do cabeçote, no topo do cilindro; na explosão, a mistura ar-combustível compri-
mida recebe uma centelha elétrica proveniente da vela de ignição, e explode instanta-
neamente, de forma que os gases quentes se expandem, forçando o pistão a baixar,
realizando trabalho; finalmente, na exaustão, os gases da explosão são eliminados atra-
vés do pistão que sobe e são expelidos pela válvula de exaustão, que se abre no momen-
to adequado, e o ciclo recomeça. A mistura ar-combustível na proporção correta é feita,
nos carros antigos, pelo carburador, e nos mais modernos, pela injeção eletrônica.
No caso do motor a diesel, não se utiliza uma vela de ignição, mas uma bomba e agulhas
injetoras. No ciclo de admissão, o diesel aspira ar filtrado, que é fortemente comprimido
até ficar incandescente, e o óleo diesel, quando injetado, vai explodindo espon-
taneamente, dando início à expansão.

A geladeira
Podemos considerá-la uma máquina térmica? Sim, mas opera em sentido
contrário, ou seja, usa trabalho (do motor elétrico), em vez de produzi-lo e o
fluxo de calor é de um meio de baixa temperatura (interior da geladeira) para
outro de maior temperatura (meio ambiente onde se encontra). Você pode
perguntar: -Mas não foi dito que o trânsito de calor ocorre sempre do corpo de




maior temperatura (fonte quente) para o de menor temperatura (fonte fria)? E


a resposta é sim, espontaneamente, mas nesse caso, para termos o trânsito no
sentido oposto precisamos do refrigerador. Utiliza-se uma substância que se
vaporiza a baixa pressão e que tem alto calor latente de vaporização (como o
freon). O freon líquido chega ao congelador através de serpentinas internas,
de onde ele retira calor de tudo que se encontra em contato com ele para se
evaporar. Após a evaporação, é comprimido por um motor compressor, tor-
nando-se muito quente. Passa em seguida pela serpentina do radiador (exter-
na), onde cede calor para o meio ambiente, esfriando-se e condensando-se
parcialmente. Após passar pela válvula de descompressão, torna-se completa-
mente líquido e é direcionado para o evaporador no congelador, reiniciando o
ciclo. Devemos observar que o calor fornecido ao ambiente é maior que o
retirado do interior da geladeira, graças à parte do calor fornecido pelo motor
que também é dissipada no ambiente.
Questão: analise os sinais do calor Q, trabalho W e variação de energia
interna U para o freon nas quatro etapas descritas acima.

Compressor: aqui o gás é comprimido muito rapida-


mente (adiabática) e a temperatura e a pressão se ele-
vam. Não temos trocas de calor e o trabalho realizado
pelo compressor é igual à variação de energia interna
(1 para 2):

Radiador: aqui temos a temperatura diminuindo à


pressão constante (2 para 3) e depois uma diminuição
do volume com temperatura constante (isotérmica) e
pressão também constante (isobárica) (3 para 4). A
troca de calor é dada pelo calor de esfriamento e de
condensação.

Válvula descompressora: aqui temos a descompres-


são do gás que ocorre muito rápido (adiabática) e a
pressão diminui e o volume aumenta (4 para 5):


 -   

Congelador: aqui o freon recebe calor do interior da


geladeira com pressão e temperatura constantes, au-
mentando o volume à medida que se vaporiza (5 para
1):

ATIVIDADE
Pesquise o funcionamento de um congelador e do ar condicionado em livros, revistas,
internet e com técnicos de manutenção. Tente identificar na geladeira de sua casa as
partes indicadas no funcionamento da geladeira.

RENDIMENTO DAS MÁQUINAS TÉRMICAS


Vamos agora pensar na seguinte questão: todo calor (da caldeira, ou da
combustão) pode ser transformado em trabalho numa máquina térmica? Já
vimos que isso ocorre em uma transformação isotérmica, em que todo calor
absorvido é convertido em expansão, mas, considerando o ciclo completo e
necessário para o funcionamento de uma máquina, isto é impossível
Uma máquina dessas seria um sonho, pois teríamos toda a energia térmica
produzindo trabalho e operando em ciclos, isto é, retornando ao estado inicial
infinitamente. Vamos tentar entender por que isso não ocorre.
Para qualquer máquina térmica funcionar, é necessária uma fonte contí-
nua de energia. Esta vai ser responsável pelo aumento de temperatura e rece-
be o nome de fonte quente. No entanto, esta máquina está inserida em algum
meio (ar ou água) que por sua vez está numa temperatura mais baixa, rece-
bendo o nome de “fonte fria”. Então, uma máquina térmica, além de realizar
trabalho, devolve energia térmica ao ambiente onde se encontra. É impossível
evitar este efeito, pois quando temos diferença de temperatura entre dois cor-
pos, o calor transita espontaneamente do corpo de maior temperatura para o
de menor temperatura, procurando o equilíbrio térmico. Dessa forma, sempre
teremos uma parte de energia térmica que será utilizada para a realização de
trabalho útil e outra que será dissipada no ambiente.
Mas se não tivéssemos diferença de temperatura entre as fontes, também
não teríamos trânsito de energia (tudo estaria em equilíbrio térmico) e não
teríamos movimento algum e, portanto, nenhum trabalho seria realizado!
A idéia de eficiência de uma máquina nos dará a informação de quanto foi
aproveitado da energia consumida na realização de trabalho útil. Definimos
rendimento η por ciclo:

Rendimento = (trabalho realizado/calor absorvido)no ciclo ou,


W
η=
Qd

Em ciclo completo, a variação de energia interna do gás é nula, pois este


volta à temperatura inicial. Se no ciclo é absorvido calor Qr, devolvido ao
meio calor Qd e realizado um trabalho W, temos:




variação de energia interna = 0, portanto,


calor recebido – calor absorvido – trabalho realizado = 0 ou,
Qr − Qd − W = 0

Então o rendimento do ciclo será dado por:


W ( Qr − Qd ) Q
η= = = 1− r < 1
Qr Qr Qd
Nenhuma máquina, portanto, consegue um aproveitamento de 100%.
Observação: na geladeira, o aproveitamento é definido em termos de eficiência e dada por e = calor retirado/
trabalho do motor e é normalmente maior do que 1.
SAIBA MAIS
Ciclo de Carnot
A necessidade de melhorar o rendimento das máquinas térmicas reais exigiu a criação
de ciclos ideais. Este ciclo foi elaborado por Nicolas L. Sadi Carnot que mostrou que o
melhor rendimento poderia ser conseguido se as trocas de calor fossem isotérmicas,
garantindo que, nestsas etapas, todo calor fosse transformado em trabalho, e as outras
duas etapas fossem adiabáticas. Assim, o ciclo se daria através da transição do gás entre
apenas duas temperaturas, a da fonte quente e a da fonte fria. O rendimento seria
função destsas duas temperaturas: η = 1 − Qd = 1 − T2 , onde T2 é a temperatura abso-
Qr T1
luta da fonte fria e T1 a temperatura absoluta da fonte quente. O ciclo, na verdade, é
apenas teórico, pois uma transformação isotérmica requer que o gás troque calor com
a fonte estando na mesma temperatura que ela! Porém, serve como limite teórico para
a eficiência real.

(Unicamp 2001) Com a instalação do gasoduto Brasil-Bolívia, a quota de


participação do gás natural na geração de energia elétrica no Brasil será signi-
ficativamente ampliada. Ao se queimar 1,0 kg de gás natural obtém-se 5,0×1077
J de calor, parte do qual pode ser convertido em trabalho em uma usina
termoelétrica. Considere uma usina queimando 7.200 quilogramas de gás
natural por hora, a uma temperatura de 1.227° C. O calor não aproveitado na
produção de trabalho é cedido para um rio de vazão 5.000 l/s, cujas águas
estão inicialmente a 27° C. A maior eficiência teórica da conversão de calor
em trabalho é dada por h = 1 – (Tmin/Tmáx), sendo T(mín.) e T(máx.) as
temperaturas absolutas das fontes quente e fria, respectivamente, ambas ex-
pressas em Kelvin. Considere o calor específico da água c = 4000 J/kg° C.
a) Determine a potência gerada por uma usina cuja eficiência é metade da
máxima teórica.
b) Determine o aumento de temperatura da água do rio ao passar pela usina.

FAÇA VOCÊ MESMO


Faça um furo de aproximadamente 2 mm de diâmetro na tampa de uma lata de leite em
pó vazia, (ou alguma outra latinha de metal) em seguida coloque um pouco de água na
lata e feche bem com a tampa. A lata pode ser aquecida por uma lamparina ou seme-
lhante. Com o aquecimento a água ferve e o vapor vai sair pelo furo com forte pressão.
Construa uma turbina com folha fina de papel alumínio (pode ser com lata de refrigeran-


 -   

FAÇA VOCÊ MESMO (CONTINUAÇÃO)


te) recortando-a em forma de círculo e construindo aletas onde o vapor irá colidir (como
um cata-vento). O eixo da turbina pode ser feito com arame ou fio de cobre, fixando-o
no alumínio com resina epóxi. A lata e a turbina podem ser sustentadas por arame ou fio
grosso. Ao sair da lata, o vapor d’água terá pressão suficiente para movimentar a turbina,
fazendo-a girar. Se amarrarmos, com uma linha de costura, um pequeno pedaço de
algodão na turbina que gira, o movimento desta irá fazer o algodão movimentar-se,
sendo arrastado pelo fio. Temos um exemplo de energia térmica produzindo trabalho
mecânico.

Questões de vestibulares
LEI DOS GASES
1. (Fuvest 2000) Um bujão de gás de cozinha contém 13kg de gás liquefeito,
à alta pressão. Um mol desse gás tem massa de, aproximadamente, 52g. Se
todo o conteúdo do bujão fosse utilizado para encher um balão, à pressão
atmosférica e à temperatura de 300K, o volume final do balão seria aproxima-
damente de:
Constante dos gases R
R = 8,3 J/(mol.K) ou
R = 0,082 atm.l / (mol.K)
P(atmosférica) = 1atm » 1×105 Pa (1Pa = 1N/m2)
1m3 = 1000l
a) 13 m3 b) 6,2 m3 c) 3,1 m3 d) 0,98 m3 e) 0,27 m3

2. (Fuvest 1996) Um congelador doméstico (“freezer”) está regulado para


manter a temperatura de seu interior a -18°C. Sendo a temperatura ambiente
igual a 27°C (ou seja, 300K), o congelador é aberto e, pouco depois, fechado
novamente. Suponha que o “freezer” tenha boa vedação e que tenha ficado
aberto o tempo necessário para o ar em seu interior ser trocado por ar ambien-
te. Quando a temperatura do ar no “freezer” voltar a atingir -18°C, a pressão
em seu interior será:
a) cerca de 150% da pressão atmosférica.
b) cerca de 118% da pressão atmosférica.
c) igual a pressão atmosférica.
d) cerca de 85% da pressão atmosférica.
e) cerca de 67% da pressão atmosférica.

3. (Fuvest 1998) Deseja-se medir a pressão interna P em um grande tanque de


gás. Para isto, utiliza-se como manômetro um sistema formado por um cilin-
dro e um pistão de área A, preso a uma mola de constante elástica k. A mola
está no seu estado natural (sem tensão) quando o pistão encosta na base do
cilindro, e tem comprimento L0 (fig1 - registro R fechado).
Abrindo-se o registro R, o gás empurra o pistão, comprimindo a mola, que
fica com comprimento L (fig 2 - registro R aberto).




A pressão ambiente vale P0 e é aplicada no lado externo do pistão. O sistema


é mantido á temperatura ambiente durante todo o processo. O valor da pres-
são absoluta P no tanque vale:
a) k . (L0 - L) / A + P0
b) k . (L0 - L) / A - P0
c) k . (L0 - L ) / A . A
d) k . L . A + P0
e) k . L / A - P0

4. (Fuvest 1997) Um mol de gás ideal é levado lentamente do estado inicial A


ao estado final C, passando pelo estado intermediário B. A Figura l representa
a variação do volume, V do gás, em litros (l), em função da temperatura abso-
luta T, para a transformação em questão.
A constante universal dos gases vale R=0,082atm.l/(mol.K).
a) Dentre as grandezas pressão, volume e temperatura, quais permanecem
constantes no trecho AB? E no trecho BC?
b) Construa na Figura 2 o gráfico
da pressão P em função da tempe-
ratura absoluta T. Indique claramen-
te os pontos correspondentes aos
estados A, B e C. Marque os valo-
res da escala utilizada no eixo da
pressão P.
c) Escreva a função P (T) que re-
presenta a pressão P do gás em fun-
ção da temperatura absoluta T, no
intervalo de 300K a 600K, com seus coeficientes dados numericamente.

TRABALHO, ENERGIA, MÁQUINAS


5. (Unesp 2001) Uma bexiga vazia tem volume desprezível; cheia, o seu vo-
lume pode atingir 4,0.10-3 m3. O trabalho realizado pelo ar para encher essa
bexiga, à temperatura ambiente, realizado contra a pressão atmosférica, num
lugar onde o seu valor é constante e vale 1,0.105 Pa, é no mínimo de
a) 4 J; b) 40 J; c) 400 J; d) 4000 J; e) 40000 J..

6. (Unesp 2003) A energia interna U de uma certa quantidade de gás, que se


comporta como gás ideal, contida em um recipiente, é proporcional à tempe-
ratura T, e seu valor pode ser calculado utilizando a expressão U=12,5T. A
temperatura deve ser expressa em kelvins e a energia, em joules. Se inicial-
mente o gás está à temperatura T=300 K e, em uma transformação a volume
constante, recebe 1 250 J de uma fonte de calor, sua temperatura final será

a) 200 K; b) 300 K; c) 400 K; d) 600 K; e) 800 K.

7. (Fuvest 1997) Uma certa massa de gás ideal sofre uma compressão isotérmica
muito lenta passando de um estado A para um estado B. As figuras represen-


 -   

tam diagramas TP e TV, sendo T a temperatura absoluta, V o volume e P a


pressão do gás. Nesses diagramas, a transformação descrita anteriormente só
pode corresponder às curvas
a) I e IV
b) II e V
c) III e IV
d) I e VI
e) III e VI

8. (Unicamp 1998) Uma máquina térmica industrial utiliza um gás ideal, cujo
ciclo de trabalho é mostrado na figura a seguir. A temperatura no ponto A é 400K.
Utilizando 1atm = 10 5 N/m 2, responda os
itens a e b.
a) Qual é a temperatura no ponto C?
b) Calcule a quantidade de calor trocada pelo
gás com o ambiente ao longo de um ciclo

9. (Fuvest 1998) Considere uma máquina térmica em que n moles de um gás


ideal executam o ciclo indicado no gráfico pressão P versus volume V.
Sendo T a temperatura do gás, considere as relações:
I) Ta = 4Tc e Tb = Td
II) Ta = Tc e Tb = 4Td
Sendo W o trabalho realizado pelo gás no trecho
correspondente, considere as relações
III) | Wab | = | Wcd |
IV) | Wab | > | Wcd |
Estão corretas as relações:

a) I e III; b) I e IV; c) II e III; d) II e IV; e) somente III.

Síntese
- A mudança de estado de um gás está relacionada com a mudança em uma
das três grandezas: pressão, volume ou temperatura.
- São importantes as transformações isotérmica (temperatura constante);
isobárica (pressão constante); isocórica, isométrica ou isovolumétrica (com
volume constante).
- A relação matemática entre as três grandezas para n mols de gás é P.V/T =
nR, conhecida como Equação geral dos gases perfeitos ou Equação de
Clapeyron.
- Máquina térmica é um sistema que converte calor em movimento de forma
cíclica, operando entre uma fonte quente e uma fonte fria.




- A Primeira lei da termodinâmica, baseada no princípio da conservação de


energia, diz que a variação da energia interna é igual ao calor fornecido ao
gás menos o trabalho realizado pelo mesmo (∆ U = Q - W ).
- Numa máquina (operando em ciclos) uma parte da energia fornecida ao
sistema (pela fonte quente) realiza trabalho e outra é dissipada para o ambi-
ente (fonte fria).
- O rendimento de uma máquina térmica nos dá a informação de quanto real-
mente foi aproveitado da energia da fonte quente para realização de traba-
lho e pode ser calculado por:
Qd
η = 1−
Qr


Unidade 3

A entropia e as
máquina naturais
Organizadores
Maurício
Pietrocola
A conservação da energia não impede que o calor seja integralmente trans- Nobuko Ueta
formado em trabalho mecânico. Mas isso não ocorre. Será esta uma limitação Elaboradores
tecnológica? Algum dia poderemos obter uma máquina que converta integral-
Luis Augusto Alves
mente calor em trabalho? A resposta é não! Embora não haja qualquer impe-
dimento por parte da conservação da energia, isso não ocorre devido a uma
tendência da energia em se transformar, desordenando-se a cada transforma-
ção. Não se trata, portanto, de uma limitação técnica, mas de um comporta-
mento natural das transformações de energia. Parte da energia fornecida a
uma máquina térmica aquece a máquina e o ambiente, incorporando-se ao
grande ciclo da máquina térmica natural, que é a Terra como um todo. Mas o
que é esse processo de desorganização da energia?

O MUNDO NÃO É ASSIM!


Imagine que você presenciasse as seguintes situações:
- Uma pessoa deixa cair um copo no chão, quebrando-se, em seguida, cada
uma de suas partes recobra a posição original e o copo regressa às mãos da
pessoa.
- Um jogador abre um baralho novo e embaralha as cartas que antes encon-
travam-se devidamente ordenadas. O jogador volta a embaralhar o conjun-
to de cartas desordenadas, sem qualquer critério, e o conjunto retoma a
ordem original.
- Você coloca gelo em uma bebida, o gelo se resfria mais ainda, enquanto a
bebida se aquece.

Certamente isso não ocorreria nem em nossos sonhos. Mas por que não
ocorre? Qual é o grande impedimento? Do ponto de vista da conservação da
energia, não há qualquer impedimento para que o copo recobre sua integrida-
de. Mas o fato é que isso não ocorre. Também é altamente improvável que,
depois de se embaralhar as cartas ao acaso, o conjunto retome a configuração
inicial se apenas continuarmos a embaralhar ao acaso. Também não vemos o
fluxo de calor ocorrer do frio (menor temperatura) para o quente (maior tempe-
ratura), como no caso do gelo e da bebida.
O quebrar do ovo, o embaralhar das cartas e o fluxo de calor do quente
para o frio são exemplos de processos irreversíveis. Eles acontecem muito


naturalmente, mas nem o mais engenhoso dos artefatos poderá desfazer um


processo natural sem gasto de energia! Mas como explicamos a irreversibilidade
de todos esses processos? A resposta está na entropia!

ENTROPIA
Entropia é a medida da “quantidade de desordem” de um sistema. Muita de-
sordem implica uma entropia elevada, ao passo que a ordem implica uma baixa
entropia. Dizemos que a entropia de uma substância no estado gasoso é superior
à entropia da mesma substância no estado líquido, que é maior que no estado
sólido... As moléculas estão mais ordenadas no estado sólido e mais desorganiza-
das no estado gasoso, sendo o estado líquido um estado intermediário.
Do mesmo modo, o ovo quebrado e espalhado pelo chão tem entropia
superior à do ovo inteiro sobre a mesa. Ou as cartas arrumadinhas no baralho
novo recém-aberto possuem uma entropia menor do que quando embaralhadas
ao acaso. Esta é a associação entropia/desordem.
Em processos naturais, a entropia tende a aumentar. É o que diz o Segun-
do princípio da termodinâmica...

SEGUNDO PRINCÍPIO DA TERMODINÂMICA


Este princípio diz precisamente que um sistema isolado termicamente ten-
de a evoluir no sentido de aumentar sua entropia. Esta é a explicação para o
fato de as coisas acontecerem de um jeito e não ao contrário. É que a entropia
do universo aumenta sempre, e os acontecimentos inversos implicariam a di-
minuição de entropia!
Mas o que eu estou dizendo? Se a entropia nunca diminui, como é possí-
vel a formação de gelo? A entropia da água diminui quando ela passa para o
estado sólido! Será esta uma incompatibilidade da teoria?
A chave aqui é a palavra “universo”. A entropia pode diminuir em algu-
mas coisas, se aumentar em outras. Assim se explica a formação de gelo! Se
se colocar água a 20º C no congelador, cuja temperatura está a -5ºC, o calor
flui da água para o congelador. Para manter a temperatura do congelador é
necessária a adição de energia elétrica no compressor, o qual, ao funcionar,
produz uma quantidade ainda maior de calor, aquecendo todos os componen-
tes da máquina e do ambiente. Ou seja, para se obter uma diminuição da
entropia na água, é necessário aumentar a entropia do sistema de refrigeração
e, na verdade, a entropia total do universo aumenta. Se a formação do gelo em
um sistema fechado fosse um processo natural, o Segundo princípio da ter-
modinâmica seria violado.
E na formação de gelo em ambientes abertos, como é comum ocorrer no
sul do Brasil nas geadas? Em primeiro lugar, vamos lembrar que é necessário
que a água perca calor para que esta passe do estado líquido para o sólido: em
uma noite fria, a energia que está na água do sereno que molha as superfícies,
é cedida ao ambiente quando o sereno “gela”. A energia torna-se ainda mais
desordenada ao se espalhar pelo meio ambiente, a entropia do universo assim
é maior, apesar da ordem local criada no ordenamento das moléculas no gelo.
A Segunda lei está a salvo!
Quando usamos uma bomba manual para encher um pneu de bicicleta ou
uma bola, deslocamos o ar de uma região em que ele está relativamente “es-


 -   

palhada” para um local onde é muito mais denso. Isso representa uma dimi- Saiba mais
nuição de entropia, porém, tal como no frigorífico, este processo não aconte- Calor no corpo
ce sozinho: implica um trabalho de sua parte. E esse trabalho exige consumo humano
de energia. O produto total desse processo é o aquecimento que acaba por
As formas de perda do
aumentar a entropia do universo (aumentando sua temperatura e a da bomba).
calor corporal são a
O Segundo princípio da termodinâmica não impede que a entropia não
condução térmica, a
possa diminuir num determinado local, ela tem é de aumentar em outro! Esta convecção e a radiação
é uma boa explicação para quem se desleixa na arrumação do quarto! De térmica, mas a mais im-
acordo com a lei da entropia, a diminuição da entropia num espaço equivale, portante de todas é a
no mínimo, a um aumento igual da entropia na pessoa que gasta energia ao evaporação-sudação. A
arrumar o quarto! (Ufa!! Isso cansa, mas é necessário). evaporação é a forma
mais eficiente que o cor-
Interessante, não? A energia e a matéria estão sempre se desorganizando.
po humano tem de per-
Como vimos anteriormente, sempre que ocorre uma transformação irreversível der calor para o meio
ocorre um aumento da entropia do universo, mas por outro lado perdemos a ambiente: quando a
oportunidade de obter energia sob forma utilizável. A energia convertida em água evapora através da
trabalho para que o processo se desenrole, embora não tenha sido “destruída”, pele e elimina calor (fa-
encontra-se transformada em formas que não podem mais ser utilizadas para cilitada pelo vento e di-
obtermos trabalho útil! Essas formas aquecem as máquinas e o ambiente, in- ficultada pela alta umi-
corporando-se ao grande ciclo de energia do planeta. É o mesmo ciclo que dade relativa do ar), o
move os geradores eólicos, quando transformamos a energia do vento em corpo humano pode eli-
energia elétrica. minar a cada 1 g de suor,
aproximadamente, uma
quantidade de energia
O CALOR EM TRÂNSITO: RADIAÇÃO, CONDUÇÃO E de 0,6 kcal (quilocalorias).
CONVECÇÃO
Todos os ciclos de energia no planeta envolvem o fluxo de calor e de
matéria. A propagação do calor ocorre sob três formas distintas: radiação,
condução econvecção.

A radiação: fluxo de calor na ausência de


átomos
A radiação é a propagação de calor na forma de ondas de energia eletro-
magnética, como ocorre com a luz. Dispensa a necessidade de um meio con-
dutor de energia radiante, pois não precisa de matéria para ocorrer. Todo cor-
po irradia calor na forma de ondas eletromagnéticas. O aquecimento em um
forno elétrico, ou de um coletor solar, ocorre predominantemente por radia-
ção de calor.
Da mesma forma que uma onda de rádio se propaga, e ao interagir com as
cargas elétricas livres de uma antena põem estas a oscilar; existem muitas
outras ondas eletromagnéticas que se distinguem entre si por sua frequência
(número de oscilações por segundo): a luz visível, as microondas, os raios
ultravioleta e os raios X. As ondas de calor ficam numa faixa de frequências a
que chamamos infravermelho (radiação térmica). Assim como as ondas de rá-
dio, o calor também promove a oscilação das cargas constituintes da matéria, e
dessa forma toda molécula irradiada tem sua energia cinética aumentada..
QUESTÃO
Recentemente, os jornais anunciaram a utilização de caixas de leite (tetra- pak) abertas
sob o telhado das casas para melhor conforto térmico. Você saberia explicar por que?




Atividade A condução e a convecção: fluxo de calor na


Procure uma tabela de presença de átomos
condutividade e compa- A condução e a convecção ocorrem na presença de matéria. Na condu-
re as condutividades dos ção, a energia viaja sem deslocamento global das moléculas, enquanto que na
metais e do concreto, de convecção a energia e as moléculas viajam juntos.
gases e líquidos.
Na condução, as moléculas com movimento mais rápido vão transmitindo
seu movimento às suas vizinhas mais lentas através de choques (tanto em
sólidos, cujas moléculas não podem se afastar muito de seu lugar, quanto em
gases ou líquidos). Assim, a energia cinética molecular, mais concentrada do
lado quente, vai se redistribuindo, tornando-se maior no lado inicialmente frio
e menor no lado inicialmente quente.
A convecção é uma forma de transmissão de calor que só ocorre em líqui-
dos e gases, pois acompanha o movimento da matéria, o que não ocorre em
sólidos, uma vez que os átomos estão “presos” a posições fixas, em torno das
quais podem apenas oscilar. Nessa modalidade, o fluxo de calor se dá conco-
mitantemente com o fluxo de matéria.

A convecção: o papel da gravidade


Quando aquecemos água para fazer café, fornecemos calor à caneca. Esse
calor alcança primeiro a camada em contato com o fundo da caneca. O aque-
cimento aumenta a agitação das moléculas, promovendo um aumento de seu
distanciamento médio, ou seja, ocorre dilatação. Assim, a densidade da cama-
da aquecida é menor que a densidade das camadas não aquecidas, que estão
mais acima. Na camada mais quente, cada unidade de volume de água tem um
número menor de partículas, se comparado a um volume igual na camada de
menor temperatura. O volume unitário de gás aquecido tem menos partículas
(massa menor) e é, portanto, menos denso que o volume unitário não aqueci-
do (massa maior), mais denso. Com a diferença de densidade, a camada mais
fria desce ao fundo da caneca pela ação gravitacional, e a camada aquecida
sobe. Esse ciclo se repete, enquanto mais calor é adicionado ao sistema.
Se não houvesse a ação gravitacional, os movimentos convectivos não
ocorreriam e a transmissão de calor em líquidos e gases se daria apenas por
condução.

(PUC-SP 2002) Analise as afirmações referentes à condução térmica


I - Para que um pedaço de carne cozinhe mais rapidamente, pode-se introdu-
zir nele um espeto metálico. Isso se justifica pelo fato de o metal ser um bom
condutor de calor.
II - Os agasalhos de lã dificultam a perda de energia (na forma de calor) do
corpo humano para o ambiente, devido ao fato de o ar aprisionado entre suas
fibras ser um bom isolante térmico.
III - Devido à condução térmica, uma barra de metal mantém-se a uma tempe-
ratura inferior à de uma barra de madeira colocada no mesmo ambiente.
Podemos afirmar que:
a) I, II e III estão corretas; d) Apenas II está correta;
b) I, II e III estão erradas; e) Apenas I e II estão corretas.
c) Apenas I está correta;


 -   

A difusão: o fluxo de massa


Quando colocamos um gás em um recipiente, esse gás se espalha para
ocupar o maior volume possível (todo o volume do recipiente). Essa disper-
são espontânea de uma substância é chamada difusão. Pode-se constatar facil-
mente a ocorrência de difusão se abrirmos um vidro de perfume em uma sala,
pois logo se percebe o cheiro do perfume em qualquer ponto da sala, mos-
trando que ele se espalhou por todo o aposento.
Quando o ar escapa de uma câmara de ar de automóvel, move-se de uma
região de maior pressão e densidade para outra de menor pressão e densida-
de. Assim como a diferença de temperatura determina a direção do fluxo de
calor, a diferença de pressão determina a direção do fluxo de massa. A matéria
tende a se mover de um lugar onde está submetida a uma pressão mais eleva-
da, e mais densa, para um lugar de menor pressão, e também menos denso, a
não ser que algo a impeça de fazê-lo.

AS MÁQUINAS NATURAIS
As máquinas naturais, como os ciclos do ar e da água, têm como fonte
quente principal o Sol. As regiões por ele aquecidas funcionam como fontes
quentes, enquanto que as não aquecidas funcionam como fontes frias. É co-
nhecido que cerca de 30% da energia radiante que provém do Sol é refletida
de volta ao espaço, e os 70% restantes promovem o aquecimento do planeta
(crosta, águas e atmosfera). Isso ocorre durante o dia, claro! Durante a noite,
essa energia é devolvida ao espaço, caso contrário, a Terra estaria cada dia
mais quente!

Ciclo do ar Saiba mais


Nosso planeta recebe o calor do sol, que viaja pelo espaço vazio até o Fontes alternativas de
topo da atmosfera, no qual se inicia a absorção de calor pelos gases que a energia limpa
compõem. (Figuras 1 e 2) · Turbinas Eólicas são enor-
mes cata-ventos: conver-
tem energia dos ventos
em energia elétrica.
· Painéis solares são célu-
las fotoelétricas que
convertem luz solar em
energia elétrica.
· Geradores flutuantes são
movidos pelas ondas e
convertem a energia dos
mares em elétrica.
Figura 1 Figura 2
· Energia geotérmica é
conduzida às turbinas
Ao tocar a superfície da Terra, o calor solar é absorvido pela crosta terres- que geram energia elé-
tre (sólida), aumentando a vibração das partículas que a constituem e, como trica.
uma partícula transmite à outra parte do calor absorvido, ocorre transporte de
Pesquise sobre os
calor por condução na própria superfície sólida. Devido ao contato entre a
conversores e a geração
atmosfera gasosa e a superfície sólida, o calor é transmitido às partículas ga-
dessas energias no Bra-
sosas que estão em contato direto com a superfície por condução, aumentan- sil e no mundo.
do assim sua agitação. Dessa forma, as partículas do gás atmosférico adqui-




rem maior velocidade média e se afastam mutuamente, diminuindo a densida-


de atmosférica local. Estabelece-se um gradiente (uma diferença) de tempera-
tura e densidade entre as regiões que rece-
bem maior e menor insolação. A região que
recebe mais calor tem maior temperatura e
menor densidade, enquanto que a região que
recebe menos calor tem menor temperatura e
maior densidade.
A diferença de densidade significa uma
diferença de pressão, e assim surge um des-
locamento de massa de ar da região mais fria
e mais densa em direção à região mais quen-
te e menos densa, em um processo de difu-
são. Note que, nesse caso, os fluxos de ma-
téria e de calor ocorrem em direções opostas.
Esses deslocamentos de massa de gás atmos-
férico constituem o que chamamos “vento”.
Isso é o que acontece nos ventos alíseos, por
exemplo. Além do vento horizontal em rela-
ção à superfície da Terra, há o deslocamento
vertical: o ar aquecido, menos denso, sobe,
levando consigo a energia térmica - nesse
caso, massa e calor deslocam-se no mesmo
sentido, por convecção.

Ciclo da água
A água tem um ciclo muito importante para o equilíbrio dos ecossistemas
na Terra, visto que 2/3 do planeta é coberto de água. O calor proveniente do
Sol é absorvido pelas moléculas da água (dos varais, plantas, lagos, rios e
oceanos) até que elas se soltam, passando para a fase gasosa. A água em fase
gasosa, na evaporação, sobe, e ao subir resfria-se e condensa-se, formando
pequenas gotículas que, agrupadas, formam neblina,
névoa, ou nuvens. Estas, por sua vez, são arrastadas
pelos ventos e acabam retomando ao solo na forma lí-
quida (nas chuvas, por exemplo) e se infiltram no solo,
retornando às nascentes dos rios, os quais escorrem em
direção ao mar e não param de evaporar...
Nessa máquina, a fonte quente, o Sol, e a fonte fria,
a Terra, movimentam a água em ciclos que se repetem
eternamente, ou pelo menos, no próximo milhão de anos!
(Figura 4)
Figura 4

Máquinas naturais e a entropia


Nas máquinas naturais, dois processos sob comando da entropia são fun-
damentais: o fluxo de calor (ou seja, de energia) e o fluxo de matéria. No
fluxo de calor, a energia flui da região de temperatura alta para a região de
temperatura baixa. A tendência tanto da matéria quanto da energia é a de se
“espalhar”, ocupando todo o espaço. No fluxo de matéria, esta flui da região
mais densa para a região menos densa.


 -   

Nos dois casos, a entropia, a “desorganização”, está aumentando. Como?


Na região quente, as moléculas estão mais agitadas, há mais energia. Na
região fria, há menos energia. O fluxo de calor representa um fluxo de “agita-
ção”, ou de energia. Mas nesse caso, as moléculas “frias” e “quentes”, ou
regiões de alta e baixa energia se misturam! É como a mistura das camisas e
calças que estavam em gavetas separadas.
Na região densa, as moléculas estão mais “arrumadas”, com menos espa-
ço disponível. Na região menos densa, cada molécula tem muito mais espaço
para percorrer. É como na escola, na sala de aula e no pátio. Ao se misturarem
com o fluxo de matéria, a desordem aumenta, pois misturou-se a “turma da
sala” com a “turma do pátio”.
Assim, as máquinas (naturais ou não) transformam energia de um tipo em
outro, mas todas obedecem às ordens da entropia!

Questões de vestibulares
1. (Enem 2000) Uma garrafa de vidro e uma lata de alumínio, cada uma con-
tendo 330mL de refrigerante, são mantidas em um refrigerador pelo mesmo
longo período de tempo. Ao retirá-las do refrigerador com as mãos desprote-
gidas, tem-se a sensação de que a lata está mais fria que a garrafa. É correto
afirmar que:
a) a lata está realmente mais fria, pois a cidade calorífica da garrafa é maior
que a da lata.
b) a lata está de fato menos fria que a garrafa, pois o vidro possui condutividade
menor que o alumínio.
c) a garrafa e a lata estão à mesma temperatura, possuem a mesma condutivi-
dade térmica, e a sensação deve-se à diferença nos calores específicos.
d) a garrafa e a lata estão à mesma temperatura, e a sensação é devida ao fato
de a condutividade térmica do alumínio ser maior que a do vidro.
e) a garrafa e a lata estão à mesma temperatura, e a sensação é devida ao fato
de a condutividade térmica do vidro ser maior que a do alumínio.

2. (PUC-PR 2003) Para produzir uma panela de cozinha que esquenta rápida
e uniformemente, o fabricante deve escolher, como matéria-prima, um metal
que tenha:
a) baixo calor específico e alta condutividade térmica.
b) alto calor específico e baixa condutividade térmica.
c) alto calor específico e alta condutividade térmica.
d) baixo calor específico e baixa condutividade térmica.
e) a característica desejada não é relacionada ao calor específico e nem à
condutividade térmica.
3. (Ufv 2003) Um resistor R é colocado dentro de um recipiente de parede
metálica, no qual é feito vácuo e que possui um termômetro incrustado em sua
parede externa. Para ligar o resistor a uma fonte externa ao recipiente foi utili-
zado um fio, com isolamento térmico que impede transferência de calor para
as paredes do recipiente. Essa situação encontra-se ilustrada na figura a seguir.




Ligando o resistor, nota-se que a temperatura indicada pelo termômetro au-


menta, mostrando que há transferência de calor entre o resistor e o termôme-
tro. Pode-se afirmar que os processos responsáveis por essa transferência de
calor, na ordem correta, são:
a) primeiro convecção e depois radiação.
b) primeiro convecção e depois condução.
c) primeiro radiação e depois convecção.
d) primeiro radiação e depois condução.
e) primeiro condução e depois convecção.

4. (Unirio 2000) A figura ao lado represen-


ta um corte transversal numa garrafa térmi-
ca hermeticamente fechada. Ela é constitu-
ída por duas paredes. A parede interna é es-
palhada em suas duas faces e entre ela e a
parede externa existe uma região com vá-
cuo. Como se explica o fato que a tempera-
tura de um fluido no interior da garrafa man-
tém-se quase que inalterada durante um
longo período de tempo?
a) A temperatura só permanecerá inalterada, se o líquido estiver com uma
baixa temperatura.
b) As faces espelhadas da parede interna impedem totalmente a propagação
do calor por condução.
c) Como a parede interna é duplamente espelhada, ela reflete o calor que
chega por irradiação, e a região de vácuo evita a propagação do calor através
da condução e convecção.
d) Devido à existência de vácuo entre as paredes, o líquido não perde calor
para o ambiente através de radiação eletromagnética.
e) Qualquer material plástico é um isolante térmico perfeito, impedindo, por-
tanto, toda e qualquer propagação de calor através dele.

5. (Enem 2002) Numa área de praia, a brisa marítima é uma conseqüência da


diferença no tempo de aquecimento do solo e da água, apesar de ambos esta-
rem submetidos às mesmas condições de irradiação solar. No local (solo) que
se aquece mais rapidamente, o ar fica mais quente e sobe, deixando uma área
de baixa pressão, provocando o deslocamento
do ar da superfície que está mais fria (mar).
À noite, ocorre um processo inverso ao que se
verifica durante o dia.
Como a água leva mais tempo para esquentar
(de dia), mas também leva mais tempo para es-
friar (à noite), o fenômeno noturno (brisa ter-
restre) pode ser explicado da seguinte maneira:
a) O ar que está sobre a água se aquece mais; ao subir, deixa uma área de
baixa pressão, causando um deslocamento de ar do continente para o mar.


 -   

b) O ar mais quente desce e se desloca do continente para a água, a qual não


conseguiu reter calor durante o dia.
c) O ar que está sobre o mar se esfria e dissolve-se na água; forma-se, assim,
um centro de baixa pressão, que atrai o ar quente do continente.
d) O ar que está sobre a água se esfria, criando um centro de alta pressão que
atrai massas de ar continental.
e) O ar sobre o solo, mais quente, é deslocado para o mar, equilibrando a
baixa temperatura do ar que está sobre o mar.

Síntese
A energia se transforma, e nessa transformação, se desorganiza. A tendên-
cia à desordem, tanto da matéria quanto da energia, são descritas através da
entropia. A variação da entropia tem um sentido único, a do aumento, se olha-
do o universo inteiro. Esta é a Segunda lei da termodinâmica.
Máquinas térmicas operam através do fluxo de calor entre duas fontes. O
fluxo de calor pode transcorrer sob diferentes formas - condução, convecção
ou radiação. Esses processos governam as máquinas térmicas naturais. Sua
natureza, assim como a da difusão de matéria, obedece à lei de crescimento
da desordem, ou da tendência à homogeneidade (equilíbrio).

Guia de estudos
- Leia atentamente o texto desta apostila, anote os pontos principais, procu-
rando traduzir para um entendimento próprio. E, principalmente, anote suas
dúvidas e não deixe de esclarecê-las, conversando com seu professor e
com seus colegas até saber que realmente compreendeu.
- Resolva o maior número de exercícios possível, buscando-os nos livros de
Física do ensino médio e nas páginas da internet que citamos na bibliografia.
- Junte-se com amigos e faça um grupo de estudos, pois trocar dúvidas e
certezas em um ambiente de amizade poderá otimizar os desempenhos e
vencer as dificuldades.
- Quanto à matemática, é importante o conhecimento das funções e gráficos
(leitura e construção). Fique atento às unidades, que, neste tema, são bas-
tante variadas.

Bibliografia
GREF (Grupo de Reelaboração do Ensino de Física). Física térmica e óptica.
Física 2. 4. edição. São Paulo: Edusp, 1998.
AMALDI, Ugo. Imagens da Ffísica. Scipione, 1997.
MÁXIMO, A.; ALVARENGA, B. Física. Scipione, 1999.LUIZ, Air Moysés ; GOUVEIA,
Sérgio Lins. Física - elementos da termodinâmica. Francisco Alves Editora
S.A., 1989.
DAMPIER, William C. História a ciência .2. edição. São Paulo: Instituição bra-
sileira de difusão cultural ltda (Ibrasa).
Construindo sempre - aperfeiçoamento de professores - PEB II - Física - módulo
I - PEC (Programa de Educação Continuada) - 2003.




C ARVALHO , Anna Maria Pessoa de (coord.). Termodinâmica um ensino por


investigação.Laboratório de Pesquisa em Ensino de Física da Faculdade de
Educação da USP.
QUADROS, Sérgio. A termodinâmica e a invenção das máquinas térmicas. 1.
edição. São Paulo: Scipione, 2001.
FIGUEIREDO, Aníbal; PIETROCOLA; Maurício. Física um outro lado - calor e tem-
peratura. São Paulo: FTD, 2000.
FEYNMAN, R. P.. Física em seis lições. Ediouro, 1999, cap. 1.
UENO, Paulo T. Física no cotidiano. Vol. 2. Editora Didacta.
Física - Paraná - Editora Ática.
PENTEADO, Nicolau; TORRES, Toledo. Física - Ciência e tecnologia. São Paulo:
Editora Moderna.
BONJORNO e CLINTON. Física Hhistória e cotidiano. São Paulo: FTD.
CARRON, Wilson; GUIMARÃES, Osvaldo. Física. São Paulo: Editora Moderna.
GASPAR, Alberto. Física. São Paulo: Editora Ática.

SITES
http://www.feiradeciencias.com.br
http://www.fisicanet.terra.com.br
http://www.scite.pro.br

Sobre os autores
João Freitas da Silva
Licenciado em Física pela USP. Professor efetivo de Física da E. E. Esli
Garcia Diniz. Participou do projeto de pesquisa vinculado ao Laboratório de
Pesquisa em Ensino de Física da Faculdade de Educação da USP: “Termodi-
nâmica um ensino por investigação” e atualmente participa do projeto “Atua-
lização dos currículos de física no ensino médio das escolas estaduais: a trans-
posição das teorias modernas e contemporâneas para sala de aula”.

Luis Augusto Alves


Licenciado em Física pela USP, mestre em ensino de ciências pela USP.
Professor (substituto) na licenciatura em Física do CEFET-SP e professor na
rede pública há onze anos, efetivado no cargo de professor de Física em 16/
06/04 na E. E. Brigadeiro Gavião Peixoto.

Vera Bohomoletz Henriques


Bacharel em Física pela Universidade de Edimburgo e doutora em Física
pela USP. Trabalha em pesquisa básica na área de Física Estatística. Coordena-
dora do grupo “Experimentando” do Profis (espaço de atividades da licenci-
atura em Física) do Instituto de Física da USP.


Física
Mecânica

Organizadores
Maurício Pietrocola
Nobuko Ueta

Elaboradores
Anibal Figueiredo
Glauco S. F. da Silva
Viviane S. M. Piassi
3
módulo

Nome do Aluno
GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO
Governador: Geraldo Alckmin
Secretaria de Estado da Educação de São Paulo
Secretário: Gabriel Benedito Issac Chalita
Coordenadoria de Estudos e Normas Pedagógicas – CENP
Coordenadora: Sonia Maria Silva

UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO


Reitor: Adolpho José Melfi
Pró-Reitora de Graduação
Sonia Teresinha de Sousa Penin
Pró-Reitor de Cultura e Extensão Universitária
Adilson Avansi Abreu

FUNDAÇÃO DE APOIO À FACULDADE DE EDUCAÇÃO – FAFE


Presidente do Conselho Curador: Selma Garrido Pimenta
Diretoria Administrativa: Anna Maria Pessoa de Carvalho
Diretoria Financeira: Sílvia Luzia Frateschi Trivelato

PROGRAMA PRÓ-UNIVERSITÁRIO
Coordenadora Geral: Eleny Mitrulis
Vice-coordenadora Geral: Sonia Maria Vanzella Castellar
Coordenadora Pedagógica: Helena Coharik Chamlian

Coordenadores de Área
Biologia:
Paulo Takeo Sano – Lyria Mori
Física:
Maurício Pietrocola – Nobuko Ueta
Geografia:
Sonia Maria Vanzella Castellar – Elvio Rodrigues Martins
História:
Kátia Maria Abud – Raquel Glezer
Língua Inglesa:
Anna Maria Carmagnani – Walkyria Monte Mór
Língua Portuguesa:
Maria Lúcia Victório de Oliveira Andrade – Neide Luzia de Rezende – Valdir Heitor Barzotto
Matemática:
Antônio Carlos Brolezzi – Elvia Mureb Sallum – Martha S. Monteiro
Química:
Maria Eunice Ribeiro Marcondes – Marcelo Giordan
Produção Editorial
Dreampix Comunicação
Revisão, diagramação, capa e projeto gráfico: André Jun Nishizawa, Eduardo Higa Sokei, José Muniz Jr.
Mariana Pimenta Coan, Mario Guimarães Mucida e Wagner Shimabukuro
Cartas ao
Aluno
Carta da
Pró-Reitoria de Graduação

Caro aluno,
Com muita alegria, a Universidade de São Paulo, por meio de seus estudantes
e de seus professores, participa dessa parceria com a Secretaria de Estado da
Educação, oferecendo a você o que temos de melhor: conhecimento.
Conhecimento é a chave para o desenvolvimento das pessoas e das nações
e freqüentar o ensino superior é a maneira mais efetiva de ampliar conhecimentos
de forma sistemática e de se preparar para uma profissão.
Ingressar numa universidade de reconhecida qualidade e gratuita é o desejo
de tantos jovens como você. Por isso, a USP, assim como outras universidades
públicas, possui um vestibular tão concorrido. Para enfrentar tal concorrência,
muitos alunos do ensino médio, inclusive os que estudam em escolas particulares
de reconhecida qualidade, fazem cursinhos preparatórios, em geral de alto
custo e inacessíveis à maioria dos alunos da escola pública.
O presente programa oferece a você a possibilidade de se preparar para enfrentar
com melhores condições um vestibular, retomando aspectos fundamentais da
programação do ensino médio. Espera-se, também, que essa revisão, orientada
por objetivos educacionais, o auxilie a perceber com clareza o desenvolvimento
pessoal que adquiriu ao longo da educação básica. Tomar posse da própria
formação certamente lhe dará a segurança necessária para enfrentar qualquer
situação de vida e de trabalho.
Enfrente com garra esse programa. Os próximos meses, até os exames em
novembro, exigirão de sua parte muita disciplina e estudo diário. Os monitores
e os professores da USP, em parceria com os professores de sua escola, estão
se dedicando muito para ajudá-lo nessa travessia.
Em nome da comunidade USP, desejo-lhe, meu caro aluno, disposição e vigor
para o presente desafio.

Sonia Teresinha de Sousa Penin.


Pró-Reitora de Graduação.
Carta da
Secretaria de Estado da Educação

Caro aluno,
Com a efetiva expansão e a crescente melhoria do ensino médio estadual,
os desafios vivenciados por todos os jovens matriculados nas escolas da rede
estadual de ensino, no momento de ingressar nas universidades públicas, vêm se
inserindo, ao longo dos anos, num contexto aparentemente contraditório.
Se de um lado nota-se um gradual aumento no percentual dos jovens aprovados
nos exames vestibulares da Fuvest — o que, indubitavelmente, comprova a
qualidade dos estudos públicos oferecidos —, de outro mostra quão desiguais
têm sido as condições apresentadas pelos alunos ao concluírem a última etapa
da educação básica.
Diante dessa realidade, e com o objetivo de assegurar a esses alunos o patamar
de formação básica necessário ao restabelecimento da igualdade de direitos
demandados pela continuidade de estudos em nível superior, a Secretaria de
Estado da Educação assumiu, em 2004, o compromisso de abrir, no programa
denominado Pró-Universitário, 5.000 vagas para alunos matriculados na terceira
série do curso regular do ensino médio. É uma proposta de trabalho que busca
ampliar e diversificar as oportunidades de aprendizagem de novos conhecimentos
e conteúdos de modo a instrumentalizar o aluno para uma efetiva inserção no
mundo acadêmico. Tal proposta pedagógica buscará contemplar as diferentes
disciplinas do currículo do ensino médio mediante material didático especialmente
construído para esse fim.
O Programa não só quer encorajar você, aluno da escola pública, a participar
do exame seletivo de ingresso no ensino público superior, como espera se
constituir em um efetivo canal interativo entre a escola de ensino médio e
a universidade. Num processo de contribuições mútuas, rico e diversificado
em subsídios, essa parceria poderá, no caso da estadual paulista, contribuir
para o aperfeiçoamento de seu currículo, organização e formação de docentes.

Prof. Sonia Maria Silva


Coordenadora da Coordenadoria de Estudos e Normas Pedagógicas
Apresentação
da área
A Física é tida pelos estudantes como uma área de conhecimento de difícil
entendimento. Por exigir nível de raciocínio elevado e grande poder de abs-
tração para entender seus conceitos, acaba-se acreditando que o conhecimen-
to físico está distante do cotidiano das pessoas. No entanto, se olharmos para
o mundo que nos cerca com um pouco de cuidado, é possível perceber que a
Física está muito perto: a imagem no tubo de televisão só existe porque a
tecnologia moderna é capaz de lidar com elétrons e ondas eletromagnéticas.
Nossos veículos automotores são máquinas térmicas que funcionam em ci-
clos, os quais conhecemos e a partir deles produzimos energia mecânica ne-
cessária para nos locomovermos. O Sol é na verdade uma grande fonte de
emissão de radiação eletromagnética de diferentes freqüências, algumas visí-
veis e outras não, sendo que muitas delas podem fazer mal à nossa saúde.
Assim, o que pretendemos neste curso de Física é despertar em vocês a
sensibilidade para re-visitar o mundo com um “olhar” físico, de forma a ser
capaz entendê-lo através de suas teorias.
Serão seis módulos, cada qual tratando de um tema pertencente às seguin-
tes áreas da Física: Luz e Som; Calor; Eletromagnetismo, Mecânica, Energia e
Física Moderna. Esses módulos abordarão os conteúdos físicos, tratando as-
pectos teóricos, experimentais, históricos e suas relações com a tecnologia e
sociedade.
A Física pode ser interessante e prazerosa quando se consegue utilizar
seus conceitos para estabelecer uma nova relação com a realidade.
Bom estudo para todos!
A coordenação
Apresentação
do módulo
Neste texto você encontrará alguns dos temas mais importantes da mecâ-
nica. Iniciando pelo estudo do movimento dos corpos celestes e estudando a
razão desses movimentos, você entrará em contato com uma nova forma de
olhar para o mundo. O estudo das leis de Newton permitirá a sistematização
desse novo olhar. Por fim, você será capaz de identificar situações em que
existe ou não a aplicação de forças e se isso levará a algum tipo de movimen-
to. Leia com atenção o texto e as seções Para você pensar!: isso será funda-
mental para sua aprendizagem. Procure sempre discutir estas seções com
o professor e colegas.
Mas para que você possa realmente compreender a mecânica clássica,
você precisará se aprofundar ainda mais nesse assunto, lendo outros livros
presentes na bibliografia selecionada no final deste texto. Nesses livros você
também encontrará um grande número de exercícios resolvidos e outros pro-
postos para você melhorar seus conhecimentos. Bons estudos!
Unidade 1

Gravitação:
conceitos e efeitos
Organizadores
Maurício Pietrocola
Nobuko Ueta
PROCESSO HISTÓRICO Elaboradores
Como sabemos, a ciência não é feita de um dia para o outro, é fruto de um Anibal Figueiredo
processo de construção que acontece ao longo da História. No caso da Gravi-
tação, não foi diferente. Os fenômenos celestes sempre chamaram a atenção Glauco S. F. da
Silva
do homem, e de certa forma sempre marcaram o ritmo de sua vida. Havia uma
relação das épocas de plantio e colheitas com as posições dos astros celestes. Viviane S. M. Piassi
O processo de construção da Astronomia e da Gravitação teve grande impul-
so durante o século IV a.C. com os gregos. No modelo de mundo que eles
criaram, a Terra estaria situada no centro do Universo (geocentrismo). Dentro
dessa concepção do Universo, os planetas, o Sol, a Lua e as estrelas estariam
situados em cascas esféricas que giravam em torno da Terra. Isso mostra a idéia
que os gregos tinham de tentar explicar o Universo em termos de figuras “perfei-
tas” como círculos e esferas. Porém, com o grande número de esferas, este mode-
lo tornou-se incompatível com alguns movimentos que eram observados.

Figura 1.1- Esquema do modelo geocêntrico de Ptolomeu.

Em uma tentativa de melhorar e simplificar o modelo dos gregos, o astrô-


nomo Cláudio Ptolomeu de Alexandria (século II d.C.) supunha que os plane-
tas se moviam em círculos que tinham a Terra como centro. Esta suposição de
Ptolomeu se encaixava ainda dentro da idéia dos gregos de usar somente figu-
ras “perfeitas”, no caso os círculos. Este modelo perdurou praticamente por
15 séculos, pois permitiu reproduzir com uma boa aproximação os aspectos
mais complicados do movimento planetário. Esta obra de Ptolomeu represen-
ta o apogeu da Astronomia antiga. O conjunto de seus escritos é conhecido
entre os árabes como o Almagesto, que significa “o maior dos livros”.


Mesmo apresentando uma boa precisão, o sistema de Ptolomeu ainda era


muito complicado. Para tentar simplificar este modelo, Nicolau Copérnico,
polonês que viveu entre 1473 e 1543, propôs um modelo em que Sol estaria
em repouso e os planetas, incluindo a Terra, estariam girando em torno dele.
Este é o chamado modelo heliocêntrico. A precisão do modelo copernicano
era tão boa quanto ao de Ptolomeu, porém simplificou o modelo de Universo,
permitindo deduzir pela primeira vez a escala relativa das distâncias dentro do
sistema solar e calcular o tempo que os planetas levam para girar em torno do
Sol. Copérnico escreveu sua teoria no tratado Revolutionibus Orbitum
Celestium (Sobre as Revoluções das Esferas Celestes) que foi publicada em
1543, ano de sua morte.

AS LEIS DE KEPLER
A obra de Copérnico foi baseada em dados obtidos na antigüidade. So-
mente no final do século XVI o dinamarquês Tycho Brahe (1546- 1601) teve
uma idéia diferente: em vez de retirar dados baseados em argumentos filosó-
ficos, resolveu fazer medidas precisas das posições dos corpos celestes. Tycho
Brahe estudou a posição dos planetas durante muitos anos em seu observató-
rio na Ilha de Hven, perto de Copenhague. Ele montou tabelas volumosas e
percebeu que o modelo de Copérnico não se adaptava de forma tão satisfatória
a esses dados.
Essas tabelas e dados que Tycho Brahe obteve constituíram a base do traba-
lho de seu assistente no observatório, o alemão Johannes Kepler (1571-1630).
Kepler acreditava que era possível fazer alguns ajustes ao modelo de Tycho
Brahe. Com sua grande habilidade matemática, Kepler conseguiu chegar a
três leis do movimento planetário, trabalho que lhe tomou cerca de 17 anos.
A correção ao sistema de Copérnico é expressa na primeira lei que Kepler
escreveu onde ele afirma que as órbitas dos planetas são elípticas. Com o enun-
ciado da primeira lei, Kepler rompe com a idéia que universo é configurado por
figuras perfeitas, conforme os filósofos da Grécia antiga o idealizavam.

1a Lei de Kepler
“As órbitas descritas pelos planetas ao redor do Sol são elípticas, com o Sol em
um dos seus focos.”

Figura 1.2: Órbita de um planeta em torno do Sol com o


formato elíptico. O Sol está em um dos focos.
Seguindo em seu trabalho, Kepler verificou que os planetas não giravam
ao redor do Sol com a mesma velocidade. Os planetas se movem mais rápido
quando estão mais próximos do Sol e mais devagar quando estão mais longe.
Conforme mostra a Figura 1.3, o planeta tem uma velocidade maior entre os
pontos A e B do que em C e D. Porém a reta que une o planeta ao Sol, chama-
da de raio vetor, percorre a área A1 com a mesma velocidade que área A2 em
um mesmo intervalo de tempo.


  - 

ELIPSE, O QUE É ISSO?


“Uma elipse não é apenas uma oval, mas uma
curva que pode ser obtida usando-se duas tachi-
nhas, uma em cada foco, um pedaço de barban-
te e um lápis. Matematicamente, uma elipse é o
lugar geométrico de todos os pontos cuja soma
das distâncias de dois pontos fixos (os focos) é
uma constante. Ou de maneira mais direta, é um
circulo achatado.” (Feynman, R., Física em seis
lições Ediouro, Rio,2001)
Figura 1.3: Desenho de uma elipse mostrando os semi eixo maior
a e o semi eixo menor b.

2a Lei de Kepler
“O raio vetor que liga um planeta ao Sol percorre áreas iguais em tempos
iguais.”

Figura 1.4: r é o raio vetor que une o planeta ao Sol. Entre A e B, área A1 e entre D e C, área A2.
Nessas áreas a velocidade do raio vetor é sempre a mesma.
Em sua última lei Kepler apresentou uma relação diferente das outras duas,
pois não lida com um planeta de forma individual, mas relaciona um com
outro. Kepler estabeleceu relações entre os períodos de revolução dos plane-
tas e os raios de suas órbitas. Para chegar a isso, ele fez uma aproximação,
considerando as órbitas dos planetas circulares (isto é possível, pois o “acha-
tamento” das órbitas é pequeno).

3a lei de Kepler
“Os quadrados dos períodos de revolução são proporcionais aos cubos dos
raios de suas órbitas.”

Matematicamente essa lei pode ser escrita como:

T 2 = kr3

Sendo T o período de revolução do planeta, r o raio da órbita de um plane-


ta (raio-vetor) e k uma constante de proporcionalidade.




P ARA VOCÊ PENSAR!


Vamos supor que a trajetória de Júpiter em torno do Sol seja representada pela elipse da
Figura 1.5. As áreas sombreadas são todas iguais. Responda: a) Se Júpiter leva 1 ano para
percorrer o arco AB, quanto tempo levaria para percorrer os outros arcos? Lembre-se de
justificar sua resposta. b) Quanto à velocidade do planeta, onde seria maior, onde seria
menor? Faça uma pequena lista das velocidades em ordem decrescente.

Figura 1.5: Representação da trajetória de um planeta.

GRAVITAÇÃO UNIVERSAL
Foi o grande cientista Isaac Newton quem, em seus estudos, chegou à causa
do movimento dos planetas em torno do Sol. Para Newton, se uma maçã cai da
árvore em direção ao solo, é porque deve existir uma força atrativa entre a maçã
e a Terra. Da mesma forma, a Lua não “foge” porque existe uma força de atração
entre a Terra e a Lua. O mesmo raciocínio vale ainda para o Sol e os planetas.
Começava, desse modo, a construção da Gravitação Universal, que diz
que dois corpos quaisquer se atraem com uma força de intensidade F, chama-
da força gravitacional, cujo valor é proporcional ao produto das massas des-
ses corpos e inversamente proporcional ao quadrado da distância entre eles.
Matematicamente temos:

onde m1 e m2 são as massas dos corpos envolvidos, r é a distância entre os


centros de massa desses corpos e G é a constante da gravitação universal cujo
valor é
G = 6,67.10 -11Nm2/kg2

Figura 1.6: A força - que a Lua faz sobre a Terra possui o mesmo
valor e direção que a força que a Terra faz sobre a Lua.

Vamos fazer uma aplicação da lei de Gravitação para o caso da Terra e da


Lua. Para calcularmos o valor da força de atração entre elas, mostrada na
Figura 6, precisamos saber a massa da Terra (M), a massa da Lua (m) e a
distância entre elas (r), além do valor de G.


  - 

Sendo M = 6,0 x 1024kg, m = 7,4 x 1022kg e r = 3,8 x 108m, vamos apenas


substituir todos o dados:

⇒ F = 6,67 x 10-11

⇒ F = 2,05.1018N

O valor da Força F pode ser escrito como


F = 2050000000000000000 N.
Vamos considerar o exemplo da maçã de Newton que caiu, supostamente,
da árvore. Como já sabemos, ela cai porque existe uma força atrativa entre a
Terra e a maçã, de tal modo que a Terra exerce uma força sobre a maçã puxan-
do-a para o seu centro e da mesma forma a maçã atrai a Terra com a mesma
intensidade com que é atraída. E por que a Terra não se “mexe” em direção a
maçã? Tente calcular a força atrativa entre a Terra e a maçã!

CAMPO GRAVITACIONAL
Acabamos de ver que os objetos são atraídos uns pelos os outros. No caso
de objetos de massas pequenas este efeito não é perceptível. Porém, no caso
dos corpos celestes o efeito gravitacional é fortemente percebido. Entre a Ter-
ra e a Lua, há uma força atrativa, isto é, a Terra exerce uma força sobre a Lua
puxando para si, e a Lua exerce da mesma forma uma força de mesma inten-
sidade e direção (com o sentido oposto). Esta situação é muito semelhante à
que ocorre quando você empurra uma cadeira com uma força F; a cadeira
também exerce sobre você uma força de mesma intensidade, mesma direção
e sentido oposto. Porém há uma diferença essencial entre os dois casos: a
Terra e a Lua não estão em contato, como estava a sua mão e a cadeira. Como
explicar o fato de que uma exerce força sobre a outra?
Em uma região onde um objeto (desde a maçã até a Lua, por exemplo) é
atraído pela força gravitacional dizemos que existe um campo gravitacional.
Desta maneira, a força de atração entre a Terra e a Lua, conforme vimos no
exemplo da Figura 5, é o resultado da interação entre o campo gravitacional
gerado pela Terra e pela Lua. Simultaneamente a Lua sente a força que a Terra
exerce sobre ela e vice-versa.

Quanto vale o campo gravitacional de um planeta?

Vamos retomar a expressão da força gravitacional , sendo m1 a


massa da Terra e m2 é a massa de um outro corpo. O valor de r será o raio da
Terra, uma vez que qualquer distância entre um objeto e a superfície da Terra
é desprezível se comparada ao raio da Terra.
Se quisermos calcular a força de atração entre a Terra e um urubu, apenas
o valor de m é que muda na expressão anterior. Em ambos os casos, a força F
é o que chamamos de peso do objeto (da maçã no primeiro caso e do urubu
no segundo). Para facilitar nossos cálculos agruparemos os valores que não
variam na expressão acima e chamaremos o agrupamento de g.
, assim teremos F = m.g




A relação que chamamos de g mede a intensidade do campo gravitacional


do planeta. Perceba que g é tanto maior quanto maior a massa do planeta e
quanto menor seu raio. Se formos avaliar o valor do campo gravitacional ter-
restre próximo à Lua, em lugar de r usaremos a distância entre a Lua e o
centro da Terra. Queremos dizer com isso que quando estamos falando de
grandes distâncias, o valor de g é tanto menor quanto mais longe do planeta
estiver o ponto em questão.
É importante você perceber que a intensidade do campo gravitacional g
num determinado ponto do espaço é dado pela relação entre a força gravitacional
que atua neste ponto sobre o objeto e sua massa.. Se quisermos saber com que
força uma maçã colocada naquele ponto é atraída pelo planeta em questão,
devemos apenas multiplicar o valor de g naquele ponto pela massa da maçã.
P ARA VOCÊ PENSAR!
Se a Lei da Gravitação diz que todos os corpos são atraídos uns pelos outros, por que, por
exemplo, dois carros parados, um de frente para o outro, não colidem? Estime valores
para a massa de cada carro e para a distância entre eles e calcule a atração entre eles.

P ARA VOCÊ PENSAR AINDA!

Exercício
1.1 (Fuvest 1995) A melhor explicação para o fato de a Lua não cair sobre
a Terra é que:
a) a gravidade da Terra não chega até a Lua.
b) A Lua gira em torno da Terra.
c) A Terra gira em torno de seu eixo.
d) A Lua também é atraída pelo Sol.
e) A gravidade da Lua é menor que a da Terra.

Para tentar exemplificar, vamos imaginar duas pessoas de 100 kg cada


uma e separadas por uma distância de 100 m. Então temos:

⇒ F = 6,67x10-11N

O valor da força F pode ser escrito como


F= 0,000000000667 N
Este resultado mostra que a intensidade da força gravitacional entre dois
corpos é desprezível quando os valores das massas são muito pequenos –
comparados à massa da Terra. Agora você é capaz de explicar o problema dos
dois carros acima?
O campo gravitacional pode ser representado como na Figura 7: Quando
falamos de atração gravitacional, podemos também falar de aceleração da
gravidade. Estes são conceitos equivalentes. Pensando na Terra, quando sol-
tamos um objeto de massa m de uma certa altura, este objeto vai ser atraído
pelo campo da Terra. Esta atração provoca nele uma aceleração durante a
queda. Esta é aceleração da gravidade (vamos discutir este assunto com mais
detalhes mais adiante).


  - 

Figura 1.7: As setas representam a direção e o sentido do campo


gravitacional e também da força sobre os objetos naquelas posições.

Na superfície da Terra o valor de g muda dependendo do local. Como a


Terra não é uma esfera perfeita (ela é levemente achatada nos pólos), o valor
de seu raio é ligeiramente menor nos pólos do que no equador. Como g é
proporcional a 1/r2, isto nos leva a dizer que para r menor g, será maior.

r(equador) > r(nos pólos) ⇒ g(equador) < g(nos pólos)

Por exemplo, o valor de g no equador é 9,780 N/Kg enquanto nos pólos é


9,832 N/Kg, ambos os valores ao nível do mar. Porém, vamos considerar um
valor médio de 9,8N/Kg. A definição da unidade de g no Sistema Internacio-
nal (S.I.) é dada pela unidade de força, dividida pela unidade de massa Kg.
Esta unidade é equivalente a unidade de aceleração, m/s2.
O valor de g também muda quando varia a altitude. A uma altura de 1000
Km, por exemplo, g =7,33 N/Kg. E a uma altura de 10000 Km, g =1,49 N/Kg.
Em outros lugares também é possível calcular o valor de g. No caso de
uma massa maior que a massa da Terra o valor do campo neste local será
maior. E no caso de uma massa menor que a da Terra, o campo será menor. Na internet há muitos
sites interessantes sobre
Júpiter possui uma massa 300 vezes maior que a da Terra e g é aproximada-
a astronomia, visite o site
mente 3 vezes maior que o g do nosso planeta. A Lua possui uma massa 81
da Universidade Federal
vezes menor que a massa da Terra, e por isso, o seu campo é em torno de 1/6 do Rio Grande do Sul
do campo da Terra. http://astro.if.ufrgs.br

Exercício
1.2 (Fuvest) No sistema solar, o planeta Saturno tem massa cerca de 100 vezes
maior que a Terra e descreve uma órbita, em torno do Sol, a uma distância média
10 vezes maior do que a distância média da Terra ao Sol (valores aproximados).
Qual é a razão (Fsat / FT) entre a força gravitacional com que o Sol atrai a Terra.
PARA VOCÊ PENSAR!
Imagine aquela maçã de Newton. No campo gravitacional da Terra ela é atraída com 10
N/Kg, que é também o valor aproximado de aceleração da gravidade. Vamos supor que
da árvore de onde ela se desprendeu até o chão ela levou um tempo de t (em segundos)
qualquer. Se a mesma maçã caísse da mesma altura em Júpiter e na Lua, o tempo de
queda seria maior, menor ou igual em cada um deles, comparado com o tempo de
queda na Terra? Explique o porquê de sua resposta.

RESUMO
Nesta unidade você estudou um pouco sobre a gravitação universal. Apren-
deu sobre a passagem do modelo de mundo geocêntrico para o heliocêntrico
e sobre as Leis de Kepler que descrevem os movimentos dos planetas. Na
seqüência, aprendeu também sobre a força e o campo gravitacional e como
ele influi no peso dos objetos.


Unidade 2

Leis de Newton
e aplicações
Organizadores
Maurício Pietrocola
Nobuko Ueta
Elaboradores LEIS DE NEWTON
Anibal Figueiredo Galileu já dizia que os movimentos podem se manter sem a ação de forças,
mas foi Isaac Newton quem refinou e divulgou esse conceito, com a tão conhe-
Glauco S. F. da Silva
cida Lei da Inércia. Nessa lei, também chamada de Primeira Lei de Newton, ele
Viviane S. M. Piassi afirma que um objeto permanece parado ou em movimento uniforme, e sem
fazer curvas, a não ser que uma força altere esse estado.
Mas o que é essa tal de força? Um empurrão ou um puxão, simplesmente.
Podem vir de esforço muscular ou do sistema de freios de um automóvel, por
exemplo. Mas podem ter outras origens, como a gravidade que origina a força
entre os planetas ou que nos mantém presos aqui na Terra, conforme já vimos
anteriormente. Podem ser elétricas ou magnéticas, como as forças que provo-
cam o movimento nos motores.
Muitas vezes existe mais de uma força agindo em um objeto ao mesmo tem-
po. Quando empurramos uma caixa, por exemplo, a força que precisamos fazer
para movimentá-la depende do tipo de piso sobre o qual ela está. Se for um assoalho
lisinho, com uma pequena força podemos movimentar a caixa facilmente, mas
se ela estiver sobre um cimentado rústico, teremos maior dificuldade.

Figura 2.1 Empurrando caixas.

Isso acontece porque, além da força que fazemos para empurrar a caixa,
há também uma força sobre ela, que depende da superfície, tentando segurá-
la. Quanto mais áspero o chão, mais força é feita sobre a caixa. Então ela vai
continuar em seu estado de repouso, parada, até que a combinação entre a
força do empurrão e a outra força consiga mudar esse estado de repouso. A
essa combinação de forças daremos o nome de resultante.
  - 

Assim, para alterar o estado de repouso ou de movimento de um corpo,


não basta que existam forças agindo nele, e sim que a combinação delas seja
a favor dessa alteração.
Vejamos o exemplo de você sentado(a) em sua cadeira. Existe a força
gravitacional agindo em você, a força peso – aquilo que te segura preso à
Terra. Se só ela estivesse agindo em você o que aconteceria? Provavelmente
você estaria caindo e não aí, sentadinho(a) lendo tranqüilamente. Você está
em repouso, o que quer dizer que existe outra força que, combinada com a
força peso, não permite a alteração em seu estado de repouso. Assim, a resul-
tante das forças é zero!
Qual será essa força? Se a força peso o faria cair, então a outra força deve ser
para cima, certo? Sim, é algo que está te segurando. Com certeza uma força
exercida pela cadeira em você. Chamamos essa força de força normal: aquela
que a cadeira ou o próprio chão faz em você para que você não caia.
Na verdade, essa força aparece toda vez que um corpo se apóia em algo.
Um tijolo apoiado no carrinho de mão do pedreiro tem agindo sobre ele a
força normal que o carrinho exerce sobre ele para segurá-lo.
Quando nos encostamos em uma parede para descansar um pouco, a força
normal também aparece. Só que nesse caso a força normal não está para cima.
A força normal é sempre perpendicular à superfície de apoio de um corpo.
Uma outra lei enunciada pelo Isaac Newton foi a Lei da Ação e Reação,
ou Terceira Lei de Newton. Essa lei explica que a reação que um corpo produz
em reposta a uma força exercida sobre ele tem a mesma intensidade e está na
mesma direção dessa força, mas em sentido contrário.
PARA VOCÊ PENSAR!
Vamos imaginar uma situação em que um caminhão colide com um fusca. Durante a
colisão, quem exerce uma força maior sobre o outro, o caminhão ou o fusca?

Se você resolver bater em uma parede com a mão, estará exercendo sobre
a parede uma certa força. Em reação, a parede exerce uma força em você,
com mesma intensidade, com mesma direção e em sentido oposto, provavel-
mente fazendo sua mão doer um pouco.
Toda vez que dois objetos interagem entre si, podemos perceber a valida-
de dessa lei. Por exemplo, se um cavalo puxa uma carroça para frente, tam-
bém a carroça puxa o cavalo para trás. com a mesma intensidade. Como então
o cavalo consegue puxar a carroça?
Vamos então imaginar um pneu pendurado em uma árvore por uma cor-
da, como um balanço. Porque o pneu não cai?
Ele não cai porque a corda o está segurando, certo? O pneu exerce uma
força sobre a corda, puxando-a para baixo, mas a corda reage, exercendo
sobre o pneu uma força para cima, que o segura. A essa força que a corda
exerce sobre o pneu damos o nome de força de tração (T).
Mas até agora só tratamos de situações onde os corpos permanecem para-
dos. E as situações onde as forças não se compensam e a resultante não é
nula? Para estudar esses casos, temos que entender qual o efeito que uma
força pode provocar em um objeto.




P RA VOCÊ PENSAR
O cavalo consegue puxar a carroça?

2.2 – Fonte: apostila do GREF de mecânica

Não podemos esquecer que, além de puxar a carroça, o cavalo também empurra o chão
para trás e, portanto, tem sobre ele a reação do chão que o empurra para frente. Com
isso, a resultante sobre o cavalo é a combinação entre essas forças: a que o chão faz
sobre ele e a que a carroça faz sobre ele. Você saberia desenhar qual a resultante sobre
o cavalo? E sobre a carroça?

Se colocarmos um objeto para deslizar sobre uma superfície, o que acon-


tece com ele? Se a resultante das forças fosse nula ele continuaria deslizando,
como nos diz a lei da Inércia. Mas quem já viu isso acontecer? Não acontece
porque no mundo em que vivemos existe algo que é fundamental para nossas
vidas: o atrito.
O atrito oferece uma resistência a esse objeto que está deslizando, fazen-
do-o parar. Mas ele não pára instantaneamente, mas gradativamente. O efeito
da força de atrito nesse objeto que desliza é uma aceleração, ou melhor, uma
desaceleração, que vai reduzindo sua velocidade ao longo do tempo. Medin-
do o valor da aceleração, é possível descobrir o valor da força de atrito.
A força normal é igual ao valor do peso quando o objeto se encontra em
uma superfície plana, sem nenhuma inclinação. Isto não significa que a força
peso e a força normal sejam pares ação e reação.
Mas se o objeto é empurrado com uma força maior que a força de atrito, então
a resultante será diferente de zero, e ela estará a favor do movimento. Acontece
então um aumento da velocidade do objeto, devido a uma aceleração.
Estamos falando de uma outra lei tão famosa Segunda Lei de Newton.
Essa lei nos diz que a resultante que age sobre um corpo provoca nele uma
aceleração de acordo com a massa que esse corpo tem, ou matematicamente:

No S.I., a unidade de força é o Newton (N), a unidade de massa é o kg e a


aceleração é dada em m/s2.
Veja que se a força tem direção, sentido e intensidade, também a acelera-
ção precisa ter direção, sentido e intensidade. É importante saber se ela se dá
contra ou a favor do movimento e, é claro, se está na mesma direção.


  - 

Só existe força de atrito com o corpo em movimento?


Se uma pessoa empurra um piano e este não sai do lugar, é porque a força de atrito
equilibra a força que está sendo feita pela pessoa; sendo assim, a força de atrito é igual
à força exercida pela pessoa.Você poderia pensar que o piano não sai do lugar porque a
força de atrito é maior do que a força que a pessoa faz empurrando; entretanto, se isto
fosse verdade, a resultante das forças teria o sentido da força de atrito, devendo assim o
piano empurrar a pessoa!
Se por ventura uma segunda pessoa resolve ajudar a primeira empurrando o piano, e
este permanece parado, isto quer dizer que a força de atrito agora é igual à soma das
forças exercidas pelas duas pessoas. Mas e se de repente o piano é arrastado, isto é, entra
em movimento? Se o movimento se dá com velocidade constante, isto indica que o
movimento não possui aceleração, entretanto, nesta situação, a força de atrito assume
seu valor máximo. Nestes casos a força de atrito pode ser calculada pela expressão
Fatrito = µ.N , onde µ é o coeficiente de atrito, característico das superfícies em questão,
e N é a força normal, N é igual ao valor peso do mesmo.

Atenção: nos exercícios sobre leis de Newton, antes de iniciar a sua resolu-
ção, tente escrever para cada objeto do problema os pares ação e reação!

Leis de Newton
1a Lei
Todo corpo permanece em seu estado de repouso ou de movimento uniforme numa
linha reta, a menos que seja obrigado a mudar aquele estado por forças imprimidas
sobre ele.

2ª Lei
A ação de uma força (resultante) em um corpo provoca nele uma mudança em seu
estado de movimento. Matematicamente F = m.a.

3ª Lei
Se um corpo A exerce uma força sobre um corpo B, o corpo B exerce sobre o corpo A
uma força de mesma intensidade e direção, mas em sentido contrario.

Exercício
2.1 (Vunesp-2004) Um bloco de massa 2,0 kg repousa sobre outro de massa
3,0 kg, que pode deslizar sem atrito sobre uma superfície plana e horizontal.
Quando uma força de intensidade 2,0 N, agindo na direção horizontal, é apli-
cada ao bloco inferior, como mostra a figura, o conjunto passa a se movimen-
tar sem que o bloco superior escorregue sobre o inferior. Nessas condições,
determine (a) a aceleração do conjunto e (b) a intensidade da força de atrito
entre os dois blocos.




QUEDA LIVRE
Lembrando da maçã de Newton, durante a sua queda a resultante das
forças que agem sobre ela tem direção vertical e sentido para baixo.
As forças envolvidas são a força peso e a força de resistência exercida
pelo ar, que surge sempre na direção oposta ao movimento, como o atrito.
Entretanto, para as situações que abordaremos aqui podemos considerá-la des-
prezível.
Chamamos de queda livre um caso especial de corpo em queda onde des-
prezamos a força de resistência do ar, analisando a queda como se ela aconte-
cesse no vácuo, ou em uma região onde não existe ar. Assim, a única força
que age sobre o objeto em queda é a força peso.
A aceleração de um corpo em queda livre é chamada de aceleração da
gravidade (g). Quando um objeto está nas proximidades da superfície da Terra
a força gravitacional é praticamente constante .Então, neste caso especial cha-
mamos de força peso. A aceleração da gravidade (ou o campo gravitacional) e
expresso por:

⇒ P = m.g

Como a força peso tem direção vertical e sentido para baixo, também a
aceleração da gravidade tem essa mesma direção e esse mesmo sentido. Mas
vamos tratar um pouco dela analisando apenas sua intensidade. Para simplifi-
car nossas contas iremos utilizar sempre o valor aproximado de 10 m/s2.
Vamos imaginar que você suba no telhado de um prédio ,desprezando a
resistência do ar, e lá de cima solte uma bola de gude. O movimento da bola
começa então com uma velocidade inicial (v0) que depende de como você
soltou a bola. A velocidade da bola vai, então, aumentando em função do
tempo de acordo com a função horária da velocidade:

v = v0 – g.t

O sinal de menos aparece aí porque consideramos a direção para cima


positiva. Lembre-se que a aceleração da gravidade tem direção para baixo.
A altura da bola (h) vai diminuindo em função do tempo de acordo com
outra função horária da posição:

h = h0 + v0.t – (1/2).g.t2

Nessa relação a altura de onde você solta a bola está representada por h0.

P ARA VOCÊ PENSAR!


Como varia a velocidade de um objeto quando ele está caindo em queda livre? E o que
acontece quando ele é lançado para cima?

Exercício
2.2 Suponha que um corpo é abandonado (parte do repouso) do alto de um
penhasco e gasta 3,0 s para tocar o chão, desprezando a resistência do ar e
considerando g=10m/s2. diga qual é altura do penhasco e com que velocidade
o corpo chega ao solo.


  - 

LANÇAMENTOS
Podemos ter diversas situações de lançamentos. Se em lugar de largar a
bola de gude do alto do telhado, você atirá-la para baixo, na direção vertical,
teremos aí um caso de lançamento vertical. Na verdade o que caracteriza o
lançamento é o fato do objeto possuir uma certa velocidade inicial.
Existe uma outra categoria de lançamentos; aqueles em que os corpos
lançados têm velocidade inicial em uma direção outra que não a vertical. En-
tre estes destacamos dois: Os lançamentos horizontais e os oblíquos. Vejamos.
Se você ao invés de soltar a bola do alto do prédio na vertical a jogasse
para frente, então poderemos tratar esse movimento como um lançamento.
A direção da velocidade nesse movimento vai mudando em função do
tempo fazendo com que a trajetória do objeto (no caso a bola) seja parabólica.
Para estudar esse movimento, no entanto, é mais fácil separa-lo em dois. A
bola terá um movimento de queda, na vertical, e terá um movimento horizon-
tal a medida em que ela se afasta do prédio.
O movimento vertical pode ser tratado da mesma forma que tratamos a
queda livre. Lembrando agora que a velocidade inicial a ser considerada é
apenas a componente vertical que chamaremos de vy0. Apenas a componente
vertical da velocidade será alterada de acordo com a queda livre.
Mas na horizontal o movimento é ainda mais simples. Depois que você
empurrou a bola, e já que desprezamos a força de resistência do ar, não existe
nenhuma força agindo sobre ela na direção horizontal. Lembrando novamen-
te de Newton, a lei da inércia nos diz que nesses casos o movimento do objeto
não muda, ou seja é uniforme.
Sendo assim a componente horizontal da velocidade não muda e a bola se
afasta segundo a função horária

x = x0 + vx.t

A velocidade total do objeto em um lançamento é dada pela combinação


das duas componentes de velocidade da seguinte forma:

2.3: Uma bala de canhão possui tanto movimento na vertical como na horizontal.

Exercício Resolvido
(Unicamp 2002) Até os experimentos de Galileu Galilei, pensava-se que quando
um projétil era arremessado, o seu movimento devia-se ao ímpetus, o qual
mantinha o projétil em linha reta e com velocidade constante. Quando o ímpetus
acabasse, o projétil cairia verticalmente até atingir o chão. Galileu demons-
trou que a noção de ímpetus era equivocada. Consideremos que um canhão




dispara projéteis com uma velocidade inicial de 100 m/s, fazendo um ângulo
de 30° com a horizontal. Dois artilheiros calcularam a trajetória de um projé-
til: um deles, Simplício, utilizou a noção de ímpetus, o outro, Salviati, as idéi-
as de Galileu. Os dois artilheiros concordavam apenas em uma coisa: o alcan-
ce do projétil. Considere ≅ 1,8. Despreze o atrito com o ar. a) Qual o alcan-
ce do projétil? b) Qual a altura máxima alcançada pelo projétil, segundo os
cálculos de Salviati? c) Qual a altura máxima calculada por Simplício?
Resolução
a) A componente da velocidade inicial importante para sabermos o alcance do
projétil é a vertical dada por:

V0y = V0 sen θ = 100.sen (30o) = 100 = 50 m/s

Para encontrarmos o tempo de


subida utilizamos a relação horária
da velocidade lembrando que o pro-
jétil sobe diminuindo sua velocida-
de até que ela seja zero e está sujeito
a aceleração da gravidade. É claro
que ele leva para cair o mesmo tem-
po que leva para subir.

Vy = V0y + g.t ⇒ 0 = 50 – 10 ts ⇒ ts = 5 s

A velocidade horizontal do projétil é dado por:

V0x = V0 cos θ = 100. ≅ 90 m/s

O tempo de vôo é dado por:


T = ts + tq = 2ts = 10 s
e o alcance é dado pela relação horária
D = V0x . T que nos dá D = 900 m.
b) A altura máxima, segundo Salviati pode ser encontrada pela relação a se-
guir, também conhecida como equação de Torricelli.
Vy2 = V0y2 – 2gH
Então
0 = (50)2 – 2.10.H ⇒ 20H = 2500 ⇒ H = 125 m.
c) De acordo com Simplício, o projétil sobe em linha reta e, em seguida, cai
verticalmente, porém com o mesmo alcance de Salviati.

Da figura tg 30° =

H’ = D . tg 30° = 900 . ⇒ H’ = 540 m


  - 

Exercícios
2.3 (Fuvest 1999) Um sistema mecânico é formado por duas polias ideais que
suportam três grupos A, B e C de mesma massa m, suspensos por fios ideais
como representado na figura O corpo B está suspenso simultaneamente por
dois fios, um ligado a A e outro a C. Podemos afirmar que a aceleração do
corpo B será:
a) zero;
b) g/3 para baixo;
c) g/3 para cima;
d) 2g/3 para baixo;
e) 2g/3 para cima.

2.4 (Vunesp 2004) A figura mostra um bloco de massa m subindo uma rampa
sem atrito, inclinada de um ângulo θ depois de ter sido lançado com uma certa
velocidade inicial. Desprezando a resistência do ar,
a) faça um diagrama vetorial das forças que atuam no bloco e especifique a
natureza de cada uma delas.
b) determine o módulo da força resultante no bloco, em termos da massa m, da
aceleração g da gravidade e do ângulo θ. Dê a direção e o sentido dessa força.

2.5 (Fuvest 2002) Em decorrência de fortes chuvas, uma cidade do interior


paulista ficou isolada. Um avião sobrevoou a cidade, com velocidade hori-
zontal constante, largando 4 pacotes de alimentos, em intervalos de tempos
iguais. No caso ideal, em que a resistência do ar pode ser desprezada a figura
que melhor poderia representar as posições aproximadas do avião e dos paco-
tes, em um mesmo instante, é

2.6 (Fuvest 2004) Durante um jogo de futebol, um chute forte, a partir do


chão, lança a bola contra uma parede próxima. Com auxílio de uma câmera
digital, foi possível reconstituir a trajetória da bola, desde o ponto em que ela
atingiu sua altura máxima (ponto A) até o ponto em que bateu na parede
(ponto B). As posições de A e B estão representadas na figura. Após o cho-
que, que é elástico, a bola retorna ao chão e o jogo prossegue.
a) Estime o intervalo de tempo t1, em segundos, que a bola levou para ir do
ponto A ao ponto B.
b) Estime o intervalo de tempo t2, em segundos, durante o qual a bola perma-
neceu no ar, do instante do chute até atingir o chão após o choque.




c) Represente, no sistema de eixos da folha de resposta, em função do tempo,


as velocidades horizontal VX e vertical VY da bola em sua trajetória, do instan-
te do chute inicial até o instante em que atinge o chão, identificando por VX e
VY, respectivamente, cada uma das curvas.

RESUMO
Nesta unidade você estudou as leis de Newton e algumas aplicações. Apren-
deu sobre a força normal e sobre a força de atrito. E ainda estudou os movi-
mentos de queda livre e de lançamentos.


Unidade 3

Equilíbrio e fluidos
Organizadores
Maurício Pietrocola
Nobuko Ueta
CORPOS RÍGIDOS Elaboradores
Você já deve ter ouvido o termo equilíbrio em muitas situações. Com cer- Anibal Figueiredo
teza, todas elas se referem a situações em que a soma das forças se dá de
forma que a resultante seja nula e, assim, o objeto não altera seu estado de Glauco S. F. da
Silva
repouso. Vamos analisar um pouco melhor essas situações.
Viviane S. M. Piassi
Vejamos um balanço, por exemplo. Quais são as forças que agem sobre o
balanço parado? Temos aí a força peso e as forças de tração exercidas pelas
correntes que prendem o balanço ao teto ou à trave. As forças de tração com-
pensam a força peso, fazendo com que o balanço não caia. Quando uma
pessoa senta no balanço, a força peso da pessoa também empurra o balanço
para baixo. Para que o equilíbrio permaneça, as forças de tração também pre-
cisam dar conta desse peso extra.

Figura 3.1

Se as correntes que prendem o balanço são idênticas, então as duas exer-


cem uma força de tração com a mesma intensidade, dividindo igualmente a
tarefa de compensar as forças que agem no sentido contrário. Mas atenção: só
há equilíbrio entre as forças que estão na mesma direção. Se alguém empurrar
o balanço na direção perpendicular a essas forças, está desfeita a situação de
equilíbrio; teremos, então, uma resultante na direção desta última força, o que
se percebe pela oscilação adquirida pelo balanço.
Vamos imaginar que a criança sentada no balanço e o próprio balanço têm
300 N de peso. Considerando que as correntes são verticais, elas dividem essa
carga igualmente, ou seja, cada corrente exerce uma força de tração de 150 N.
Mas o que acontece se as correntes estiverem inclinadas? Ainda assim elas
dividem a tarefa igualmente, mas 150 N passa a ser apenas a componente
vertical da força de tração.


P ARA VOCÊ PENSAR!


Imagine uma placa de massa 14 kg sustentada por dois cabos verticais. Sendo g = 10 m/
s2 (a) desenhe a placa e as forças que agem sobre ela; (b) determine o valor dessas forças
e (c) encontre o valor da resultante.

CONDIÇÕES DE EQUILÍBRIO DE UM CORPO RÍGIDO


Normalmente pensamos que, se duas forças de mesma intensidade e sen-
tidos contrários atuam sobre um determinado corpo, ele ficará em equilíbrio e
imóvel. Entretanto, isto não é sempre verdade. Imagine a situação em que
você e um amigo empurram uma mesa, sendo que você faz a força no canto
direito da mesa e seu amigo no canto esquerdo e em sentido contrário. Supon-
do que as forças sejam de mesma intensidade, o que você acha que acontece-
rá com a mesa. Ela ficará parada?
Submetida a esta situação, a mesa certamente irá girar. Ou seja, o conjunto
de forças opostas de mesma intensidade e direção, atuando em sentidos con-
trários, não é condição suficiente para manter um corpo em equilíbrio. De-
pendendo do ponto de aplicação das forças, elas podem provocar um torque
no corpo.
Para entendermos melhor o que é torque, vamos a uma situação mais sim-
ples: tente abrir a porta empurrando-a por um ponto próximo da dobradiça.
Será que você consegue? Tente abrir agora empurrando-a o mais distante pos-
sível da dobradiça; será que agora fica mais fácil? Você saberia responder
porque a maçaneta de uma porta é colocada distante da dobradiça? É porque
quanto mais distante do eixo de rotação (no caso representado pelas dobradi-
ças) se aplica a força, mais facilmente se consegue uma rotação.
Vamos melhorar isso? A distância entre o ponto de aplicação da força e o
eixo de rotação é chamado braço da força (usaremos para representá-lo a letra
b). O produto entre o braço de uma força e a própria força (perpendicular ao
braço) é chamado de momento de uma força ou torque (T).

Torque = F.b

Esse torque também tem direção e sentido. Para saber qual é, você vai
precisar de sua mão direita. Estique o polegar e mova os outros dedos
acompanhando a força aplicada (em torno do eixo de rotação). Seu polegar
está apontando na direção e no sentido do torque.

Figura 3.2

Objetos como estes de que tratamos até aqui são chamados também de
corpos rígidos. Isso porque eles mantém sua forma e volume, ou seja, não se
deformam. Para que um corpo rígido esteja realmente em equilíbrio estático,


  - 

além da resultante das forças ser zero, também precisa ser zero a resultante
dos torques.
A última condição que um corpo rígido tem que satisfazer para ficar em
equilíbrio estático diz respeito ao centro de massa do corpo. Para entender-
mos o que é o centro de massa de um corpo, faremos a seguinte experiência:
tente deixar uma raquete equilibrada na ponta do dedo. Será mais fácil conse-
guir isto apoiando-a por um ponto mais próximo ao cabo ou mais próximo à
parte circular? Centro de massa de um corpo é o ponto em torno do qual a
massa do corpo fica igualmente distribuída. Uma das condições de equilíbrio
de um corpo é que o centro de massa do corpo fique abaixo do ponto de
apoio desse corpo.
EXPERIMENTE!
Para você entender melhor esta condição, faça a seguinte experiência: construa um
triângulo de cartolina e faça três orifícios, conforme mostra a figura a seguir.

Experimente deixar o triângulo equilibrado apoiado por um alfinete. Ao ficar equilibra-


do, em qualquer que seja o orifício usado, a parte maior do triângulo fica abaixo do ponto
de apoio.

Exercício
3.1 Determine o módulo dos torques para cada uma das forças aplicadas na
ferramenta ilustrada na figura, em relação ao eixo que passa pelo ponto O.
Todas as forças têm módulo igual a 20 N.

FLUIDOS
Chamamos de fluido todo material que possui a capacidade de escoar; são
eles líquidos, como a água ou o óleo, ou gases, como o próprio ar. Uma das
propriedades dos fluidos que mais usaremos é sua densidade. Você já reparou
que quando colocamos óleo numa panela com água o óleo fica flutuando na
água? Isto acontece porque a densidade do óleo é inferior à densidade da água.
A densidade de um corpo é a concentração de massa em um determinado volu-
me. Por exemplo; um litro de água tem 1,0 kg de massa. Já um litro de óleo tem
em média 0,8 kg de massa. A densidade é definida matematicamente como:




Embora estejamos definindo densidade para o caso de fluidos, ela é uma


importante característica de todos os materiais existentes.
Outra característica muito importante é que, quando exercemos uma força
sobre um fluido contido em uma garrafa, por exemplo, essa força se distribui
por toda a superfície de contato, ou seja, a superfície interior da garrafa. Para
tratar dessa interação, introduzimos o conceito de pressão:

Quando você mergulha em uma piscina, pode sentir a pressão da água em


seus ouvidos. Quanto mais fundo você mergulhar, maior será a pressão a que
ficará submetido(a). A origem dessa pressão é o peso do fluido que está acima
de você, ou seja, a água mais o ar. É claro que o efeito do ar age sobre você
mesmo fora da água, então a pressão que você sente apenas relativa à coluna
de água. A pressão também depende, é claro, de qual é o fluido. Qual seria a
diferença se a piscina estivesse cheia de óleo, ao invés de água?
Material Densidade (kg/l)
Água 1,00
Óleo 0,80
Ferro 7,85
Cortiça 0,22

Para calcular a pressão em um líquido, podemos utilizar a relação a seguir,


conhecida como equação fundamental da hidrostática.

p = h.d.g

onde h representa a profundidade (ou altura da coluna de fluido) e g a gravi-


dade. Note que a pressão no líquido não depende da quantidade, apenas da
altura da coluna de líquido!

Figura 3.3. Vasos comunicantes


EMPUXO
Todos nós sabemos pela experiência do dia-a-dia que, quando mergulha-
mos um objeto na água, seu peso parece diminuir. Isso acontece porque parte
do peso do corpo é equilibrada pela força que a água exerce sobre ele. Esta
força é igual ao peso de líquido deslocado, e recebe o nome de empuxo.
Definimos então o Princípio de Arquimedes: todo corpo imerso em um
fluido sofre a ação de uma força de empuxo que é numericamente igual ao
peso do fluido deslocado. Isto pode ser traduzido matematicamente como:

E = dfluido . Vdeslocado.g


  - 

Para você pensar!


Se você mergulha na
água um objeto com
densidade menor que a
água, ele vai afundar?
Figura 3.4 Por quê? Dê exemplos
de materiais que você
PRINCÍPIO DE PASCAL sabe que não afundam
na água. Quais afun-
Um outro fato muito importante sobre os fluidos foi enunciado por Pascal dam?
já no século XVII: uma variação de pressão em qualquer ponto de um fluido
em repouso em um vasilhame se transmite integralmente a todos os pontos do
fluido.
Imagine que a tubulação de água de sua casa de repente receba um au-
mento de pressão, por algum erro na distribuição de água da cidade. Se a
pressão de entrada da tubulação aumentar em cinco vezes, também a pressão
em todos os pontos da tubulação, incluindo chuveiro, torneiras etc., aumenta-
rá em cinco vezes.
Esse princípio é que permite a utilização de prensas hidráulicas. Imagine
um tubo em U com as duas extremidades iguais. Se você aplicar uma pressão
no lado direito do tubo, uma pressão igual poderá ser sentida do lado esquer-
do do tubo. O cálculo da pressão pode ser feito através da expressão:

onde F é a intensidade da força exercida e A a área sobre a qual atua a força.


PARA VOCÊ PENSAR!
Imagine agora que escolhamos um tubo onde a área transversal do lado direito é o
dobro da área transversal do lado esquerdo. Se aplicarmos uma força de 100 N do lado
esquerdo, qual será a força sentida do lado direito? Lembre-se de que a pressão será a
mesma.

Figura 3.5: Princípio da prensa hidráulica

Exercícios
3.2 (Fuvest 2003) Considere dois objetos cilíndricos maciços A
e B, de mesma altura e mesma massa e com seções transversais
de áreas, respectivamente, SA e SB = 2.SA. Os blocos, suspensos
verticalmente por fios que passam por uma polia sem atrito, es-
tão em equilíbrio acima do nível da água de uma piscina, con-
forme mostra a figura ao lado. A seguir, o nível da água da pis-
cina sobe até que os cilindros, cujas densidades têm valor supe-
rior à da água, fiquem em nova posição de equilíbrio, parcial-
mente imersos. A figura que melhor representa esta nova posi-
ção de equilíbrio é




3.3(Fuvest 2000) Um objeto menos denso que a água está preso por um fio
fino, fixado no fundo de um aquário cheio de água, conforme a figura. Sobre
esse objeto atuam as forças peso, empuxo e tensão no fio. Imagine que tal
aquário seja transportado para a superfície de Marte, onde a aceleração
gravitacional é de aproximadamente g/3, sendo g a aceleração da gravidade
na Terra. Em relação aos valores das forças observadas na Terra, pode-se con-
cluir que, em Marte,
a) o empuxo é igual e a tensão é igual
b) o empuxo é igual e a tensão aumenta
c) o empuxo diminui e a tensão é igual
d) o empuxo diminui e a tensão diminui
e) o empuxo diminui e a tensão aumenta.

RESUMO
Nesta unidade você aprendeu duas partes muito importantes da Mecânica
relacionadas com equilíbrio. Para entender o equilíbrio de corpos rígidos, você
estudou sobre o centro de massa e o torque (ou momento) de uma força. Para
aprender sobre o equilíbrio em fluidos, você entrou em contato com o concei-
to de pressão e conheceu a força de empuxo.


Unidade 4

Movimento circular
Organizadores
CINEMÁTICA ANGULAR Maurício Pietrocola
O estudo do movimento na Física é de importância fundamental, pois é Nobuko Ueta
difícil imaginar um mundo em que nada se mova. Os tipos de movimentos Elaboradores
estudados são variados: vão desde movimentos de partículas microscópicas
Anibal Figueiredo
até movimentos planetários, conforme já estudamos. A partir de agora, vamos
iniciar o estudo de objetos que têm uma trajetória circular. Glauco S. F. da
Silva
Viviane S. M. Piassi

Figura 4.1; Trajetória circular de uma partícula, onde R é o raio da


circunferência, s é o comprimento de arco, ∆θ variação angular.
Chamamos de movimento circular uniforme (MCU) um tipo de movimen-
to em que a trajetória de um objeto é um circulo e o módulo (valor) de sua
velocidade é constante. Deste modo, o objeto descreve arcos de círculo iguais
em intervalos de tempo iguais.
Na figura anterior, o ponto A indica a posição inicial da partícula. Após
um intervalo de tempo ∆t, ela se encontra no ponto descrevendo um compri-
mento de arco s.
Vamos chamar de deslocamento angular a variação do ângulo entre o
local em que a partícula se encontrava inicialmente e o local em que se encon-
tra após um intervalo de tempo ∆t. Isto pode ser escrito como ∆θ = θ – θ0,
onde θ é a posição angular final e θ0 é a posição angular inicial. Na figura,
θ0 = 0 representa a partícula em A e θ a representa a partícula em B. Podemos
obter uma relação entre o comprimento de arco s e a variação angular ∆s = r∆θ,
onde, s é o comprimento de arco e r é raio da circunferência.

Figura 4.2: Arco de circunferência.




A Figura 4.2 mostra uma partícula que descreve um ângulo ∆ θ em um


intervalo de tempo ∆t. A relação entre o ângulo descrito pela partícula e o
intervalo de tempo é chamada de velocidade angular. Esta relação é expressa
matematicamente por:
∆θ
ω=
∆t
onde ω é a velocidade angular.
A velocidade angular nos dá informações da rapidez com que um corpo
está girando. Isto significa que quanto maior for o ângulo que a partícula
descreve por unidade de tempo, mais rapidamente estará girando. A unidade
de ω no Sistema Internacional é expressa em rad/s, onde rad radiano é a uni-
dade angular e s (segundo) é a unidade de tempo.
Se quisermos contar o número de vezes que o objeto em trajetória circular
passa por um ponto em uma determinado ∆t, temos que calcular a sua fre-
qüência. Assim, a freqüência f deste objeto é definida como:

f=

Por exemplo, um objeto efetua em seu movimento circular 30 voltas em


10 segundos. Sua freqüência f será:

f= = 3 voltas/s

A unidade de f é 1 volta/s ⇒ 1Hz (Hertz).


Assim, no exemplo anterior, a freqüência do objeto é de 3Hz. É o mesmo
que dizer que ele efetua três voltas a cada 1 s.
O tempo que um objeto gasta para efetuar uma volta completa é chamado
de período, e é representado por T. Há uma relação entre o período e a fre-
qüência da seguinte forma:

f=

Quando um objeto percorre uma trajetória circular, além da velocidade


angular ω, ele possui uma velocidade linear, que durante o MCU tem módulo
constante; sua direção muda a cada instante. O seu modulo é dado por

v = ωr

Figura 4.3 - A cada instante a direção de muda, mas seu módulo permanece constante (MCU).


  - 

PARA VOCÊ PENSAR!


Vamos usar como exemplo algo a que estamos acostumados no cotidiano.Tente calcu-
lar a velocidade angular dos ponteiros (das horas, dos minutos e dos segundos) de um
relógio. Lembre-se de que você precisa saber o período de cada um deles.

ACELERAÇÃO CENTRÍPETA
Quando o módulo da velocidade linear muda a cada instante, o movimen-
to deixa de ser uniforme (MCU). Surge devido a esta variação uma acelera-
ção linear. No entanto, em todo movimento circular, sempre há uma variação
da direção da velocidade linear. Devido a esta variação, surge a aceleração
centrípeta ac. Esta aceleração tem uma direção que é perpendicular à direção
da velocidade .

Figura 4.4 (a) No caso do MCU, a aceleração linear é nula e o objeto tem a aceleração centrípeta.
(b) Quando a velocidade linear não é constante no tempo, surge também a aceleração linear.

O módulo da aceleração centrípeta é dado por:

ac = = ωr2

FORÇAS NO MOVIMENTO CIRCULAR


No movimento circular, vimos que há dois tipos de aceleração: a linear
(quando a velocidade linear não é constante) e centrípeta (devido à mudança
de direção de ). Vamos estudar as forças no segundo caso, quando temos o
MCU. Aplicando a segunda Lei de Newton, temos: Fr = m.a. No caso do nos-
so estudo, a aceleração que temos é a aceleração centrípeta. Então, neste caso,
dizemos que um objeto que realiza um MCU sente uma força centrípeta, Fc,
que é expressa da seguinte forma:

Fc = m.ac ⇒ Fc = m.

Concluindo: Sempre que um objeto descreve um MCU, atua sobre ele uma
força centrípeta Fc fazendo com que a direção da velocidade seja alterada.

MOVIMENTO DE SATÉLITES
Existem cerca de 750 satélites artificiais em operação em torno da Terra.
Como é que estes satélites orbitam em torno da Terra?
Um satélite é levado até uma certa altura h que costuma ser cerca de 150
km da superfície da Terra, onde a atmosfera é muito rarefeita e a resistência do




Você pode encontrar in- ar não atrapalha o movimento do satélite. Devido à ação do campo gravitacional
formações interesantes da Terra, o satélite sente uma força atrativa . Esta força gravitacional é res-
sobre satélites no site da ponsável pela mudança na direção da velocidade linear do satélite. Uma vez
Agência Espacial Brasi- colocado no espaço, ele permanece girando em torno da Terra indefinida-
leira www.aeb.gov.br. mente, não havendo nenhuma perturbação.
Exemplo: satélite de massa m em uma órbita circular. R é o raio da Terra,
r=R+h, r é a distância do satélite ao centro da Terra.
Como estamos considerando este movimento de satélite um MCU, a única
força que atua sobre ele é a força gravitacional. Assim, podemos escrever:

Fc = F ⇒ Fc = G ⇒ =G

= GM ⇒ v =

A velocidade v é a velocidade linear do satélite para que ele permaneça


em órbita.
É possível calcularmos o período de um satélite, lembrando que o compri-
mento de um circulo é 2πr, temos que :

2πr 2πr
v= ⇒ T=
T v

Exercícios
4.1 (Fuvest 2002) Satélites utilizados para telecomunicações são colocados
em órbitas geoestacionárias ao redor da Terra, ou seja, de tal forma que per-
maneçam sempre acima de um mesmo ponto da superfície da Terra. Conside-
re algumas condições que poderiam corresponder a esses satélites:
I – ter o mesmo período, de cerca de 24 horas
II – ter aproximadamente a mesma massa
III – estar aproximadamente à mesma altitude
IV – manter-se num plano que contenha o circulo do equador terrestre.
O conjunto de todas as condições que satélites em órbitas geoestacionárias
devem necessariamente obedecer corresponde a:
a) I e III
b) I, II, III
c) I, III, IV
d) II e III
e)II e IV

4.2 (Fuvest 2002) Em uma estrada, dois carros, A e B, entram simultaneamen-


te em curvas paralelas, com raios RA e RB. Os velocímetros de ambos os carros
indicam, ao longo de todo o trecho curvo, valores constantes VA e VB. Se os
carros saem das curvas ao mesmo tempo, a relação entre VA e VB é:


  - 

a) VA = VB
b) VA/VB = RA/RB
c) VA/VB = (RA/RB)2
d) VA/VB = RB/RA
e) VA/VB = (RB/RA)2

Resumo
Nesta última unidade, você estudou os movimentos circulares. Tomou con-
tato com o conceito de frequência e aprendeu a diferenciar velocidade angu-
lar e tangencial no movimento circular. Também estudou as forças nos movi-
mentos circulares e a presença da aceleração centrípeta. Por fim, conheceu
um pouco sobre os movimentos dos satélites.


Unidade 5

Seção de exercícios
Organizadores
5.1. (Mackenzie 2004) Um paralelepípedo homogêneo, de massa 4,00 kg,
Maurício Pietrocola
tem volume igual a 5,00 litros. Quando colocado num tanque com água de
Nobuko Ueta massa específica igual a 10 g/cm3, esse paralelepípedo:
Elaboradores a) afunda.
Anibal Figueiredo
b) flutua, ficando totalmente imerso.
Glauco S. F. da Silva
c) flutua, e a massa da parte imersa é de 3,20 kg.
Viviane S. M. Piassi
d) flutua, e a massa da parte imersa é de 3,00 kg.
e) flutua, e a massa da parte imersa é de 1,00 kg.

5.2. (Vunesp 2003) O volume de líquido deslocado pela porção submersa de


um bloco que nele está flutuando é V0. A seguir, ata-se ao bloco uma esfera
mais densa que o líquido, por meio de um fio muito fino, como mostra a
figura. Verifica-se que o bloco continua flutuando, mas o volume total de
líquido deslocado passa a ser V0 + 2V. Sabendo-se que a massa específica do
líquido é rL, que o volume da esfera é V, e representando a aceleração da
gravidade por g, encontre, em função dos dados apresentados,
a) a massa específica r da esfera;
b) a tensão T no fio.

5.3. (Mackenzie 2004) Por uma superfície horizontal, um menino empurra um


caixote de massa 15 kg, aplicando-lhe uma força constante e paralela à superfí-
cie de apoio; dessa forma, o caixote adquire uma velocidade constante. Se o
coeficiente de atrito dinâmico entre o caixote e a superfície de apoio é igual a
0,4, a força aplicada pelo menino tem intensidade de: (Adote: g = 10 m/s2)
a) 45 N
b) 50 N
c) 58 N
d) 60 N
e) 3 N
  - 

5.4. (Mackenzie 2004) No conjunto da figura, os fios e as polias são conside-


rados ideais e o bloco B encontra-se apoiado sobre uma mesa plana e hori-
zontal. Adotando-se g = 10 m/s2, a força de reação normal, imposta pela mesa
ao bloco B, tem intensidade:
a) nula
b) 2,50 N
c) 5,00 N
d) 25,0 N
e) 50,0 N

5.5. (Mackenzie 2004) Um menino prende, na extremidade A de uma barra


rígida AB, um corpo de massa 4 kg e, na extremidade B, outro corpo, de
massa 6 kg. A barra AB tem peso desprezível e comprimento de 1,2 m. O
ponto da barra pelo qual nós a levantamos, mantendo o seu equilíbrio hori-
zontal, está distante da extremidade A:
a) 64 cm b) 66 cm c) 68 cm d) 70 cm e) 72 cm

5.6. (Unicamp 2004) Uma das modalidades de ginástica olímpica é a das


argolas. Nessa modalidade, os músculos mais solicitados são os dos braços,
que suportam as cargas horizontais, e os da
região dorsal, que suportam os esforços verti-
cais. Considerando um atleta cuja massa é de
60 kg e sendo os comprimentos indicados na
figura H = 3,0 m; L = 1,5 m e d = 0,5 m, res-
ponda:
a) Qual a tensão em cada corda quando o atle-
ta se encontra pendurado no início do exercí-
cio com os braços na vertical?
(b) Quando o atleta abre os braços na hori-
zontal, qual a componente horizontal da ten-
são em cada corda?

5.7. (Vunesp 2003) Considere dois blocos A e B, com massas mA e mB res-


pectivamente, em um plano inclinado, como apresentado na figura. Despre-
zando forças de atrito, representando a aceleração da gravidade por g e utili-
zando dados da tabela
a) determine a razão mA/mB para que os blocos A e B permaneçam em equilí-
brio estático.
b) determine a razão mA/mB para que o bloco A desça o plano com aceleração
g/4.




θ cos θ sen θ

30º

60º

5.8. (Vunesp 2004) Em um levantador de carros, utilizado em postos de gaso-


lina, o ar comprimido exerce uma força sobre um pequeno pistão cilíndrico
circular de raio 5 cm. Essa pressão é transmitida a um segundo pistão de
mesmo formato, mas de raio 15 cm, que levanta o carro. Dado π = 3,14,
calcule:
a) a pressão de ar capaz de produzir a força mínima suficiente para elevar um
carro com peso de 1300 N;
b) a intensidade mínima da força aplicada no primeiro pistão para elevar o
carro citado no item (a).

5.9. (Vunesp 2004) Grande parte dos satélites de comunicação estão localiza-
dos em órbitas circulares que estão no mesmo plano do equador terrestre.
Geralmente esses satélites são geoestacionários, isto é, possuem período orbital
igual ao período de rotação da Terra, 24 horas. Considerando-se que a órbita
de um satélite geoestacionário possui raio orbital de 42 000 km, um satélite
em órbita circular no plano do equador terrestre, com raio orbital de 10 500 km,
tem período orbital de
a) 3 horas
b) 4 horas
c) 5 horas
d) 6 horas
e) 8 horas

5.10. (Unicamp 2004) Uma bola de tênis rebatida numa das extremidades da
quadra descreve a trajetória representada na figura abaixo, atingindo o chão
na outra extremidade da quadra. O comprimento da quadra é de 24 m.

a) Calcule o tempo de vôo da bola, antes de atingir o chão. Desconsidere a


resistência do ar nesse caso.
b) Qual é a velocidade horizontal da bola no caso acima?
c) Quando a bola é rebatida com efeito, aparece uma força, FE, vertical, de cima
para baixo e igual a 3 vezes o peso da bola. Qual será a velocidade horizontal
da bola, rebatida com efeito para uma trajetória idêntica à da figura?


  - 

5.11. (UFMG 1998) Um guindaste é composto de um braço, apoiado em uma


base vertical, e um contrapeso pendurado em uma de suas extremidades. A
figura mostra esse guindaste ao sustentar um bloco na extremidade oposta.

O braço do guindaste é homogêneo, tem uma massa Mbr = 400 kg e compri-


mento L = 15,0 m. O contrapeso tem massa de Mcp = 2,0.103 kg e está pendu-
rado a uma distância D = 5,0 m da base. Nessas condições, o sistema se en-
contra em equilíbrio.
Considere g = 10 m/s2.
1. Calcule a massa Mbl do bloco.
2. Calcule a força exercida pela base sobre o braço do guindaste.

5.12. (UFMG 1997) Uma bola desliza inicialmente sobre um plano inclinado
(trecho 1), depois, sobre um plano horizontal (trecho 2) e, finalmente, cai
livremente (trecho 3) como mostra a figura. Desconsidere as forças de atrito
durante todo o movimento. Considere os módulos das acelerações da bola nos
trechos 1, 2 e 3 como sendo a1, a2 e a3 respectivamente. Sobre os módulos
dessas acelerações nos três trechos do movimento da bola, pode-se afirmar que
a) a1 < a2 < a3.
b) a1 < a3 e a2 = 0.
c) a1 = a2 e a3 = 0.
d) a1 = a3 e a2 = 0

5.13. (UFMG 1997) A figura mostra três vasos V1, V2 e V3 cujas bases têm a
mesma área. Os vasos estão cheios de líquidos l1, l2 e I3 até uma mesma
altura. As pressões no fundo dos vasos são P1, P2 e P3, respectivamente.

Com relação a essa situação, é correto afirmar que




a) P1 = P2 = P3 somente se os líquidos l1, l2 e l3 forem idênticos.


b) P1 = P2 = P3 quaisquer que sejam os líquidos l1, l2 e l3.
c) P1 > P2 > P3 somente se os líquidos l1, l2 e l3 forem idênticos.
d) P1 > P2 > P3 quaisquer que sejam os líquidos l1, l2 e l3.

5.14. (UFMG-2000) A figura I mostra uma vasilha, cheia


de água até a borda, sobre uma balança. Nessa situação,
a balança registra um peso P1. Um objeto de peso P2 é
colocado nessa vasilha e flutua, ficando parcialmente
submerso, como mostra a figura II. Um volume de água
igual o volume da parte submersa do objeto cai para
fora da vasilha. Com base nessas informações, é COR-
RETO afirmar que, na figura II, a leitura da balança é
a) igual a P1.
b) igual a P1 + P2.
c) maior que P1 e menor que P1 + P2.
d) menor que P1.

5.15. (Vunesp 2003) Um motociclista deseja saltar um fosso de largura d =


4,0 m, que separa duas plataformas horizontais. As plataformas estão em ní-
veis diferentes, sendo que a primeira encontra-se a uma altura h = 1,25 m
acima do nível da segunda, como mostra a figura. O motociclista salta o vão
com certa velocidade u0 e alcança a plataforma inferior, tocando-a com as
duas rodas da motocicleta ao mesmo tempo. Sabendo-se que a distância entre
os eixos das rodas é 1,0 m e admitindo g = 10 m/s2, determine:
a) o tempo gasto entre os instantes em
que ele deixa a plataforma superior e atin-
ge a inferior.
b) qual é a menor velocidade com que o
motociclista deve deixar a plataforma
superior, para que não caia no fosso.

5.16. (UFMG 2001) Durante uma apresen-


tação da Esquadrilha da Fumaça, um dos
aviões descreve a trajetória circular repre-
sentada nesta figura. Ao passar pelo ponto
mais baixo da trajetória, a força que o as-
sento do avião exerce sobre o piloto é
a) igual ao peso do piloto.
b) maior que o peso do piloto.
c) menor que o peso do piloto.
d) nula.


  - 

5.17. (UFSCar 2004) Uma pessoa larga uma bola de tênis da sacada de um
prédio. Compare as cinco figuras verticais seguintes, de 1 a 5. A figura que
melhor reproduz as posições sucessivas da bola em intervalos de tempo su-
cessivos iguais, antes de atingir o solo, é:
a) 1.
b) 2.
c) 3.
d) 4.
e) 5.

RESPOSTAS DOS EXERCÍCIOS


1.1) alternativa b
1.2) 1
2.1) (a) 0,40m/s2, direção horizontal, sentido para direita. (b) 0,80 N
2.2) alternativa c.
2.3) (b) R=mgsen θ
2.4) alternativa b
2.5) (a) t1= 0,40 s (b) t2 = 2,0 s
3.1) devido a F1, Torque = 0; devido a F2, Torque = 2 N.m; devido a F3, Torque
= 4 N.m
3.2) alternativa b
3.3) alternativa d
4.1) alternativa c
4.2) alternativa b
5.1) alternativa c
5.2) (a) r = rL , (b) T = 2 rLVg
5.3) alternativa d
5.4) alternativa d
5.5) alternativa e
5.6) (a) Em cada corda T = 300 N para cima, (b) em cada corda Thor = 50 N.
5.7) (a) mA/mB = 2 (b) mA/mB = 5.
5.8) (a) p = 188252 N/m2, (b) F = 1478 N
5.9) alternativa a
5.10) (a) t = 0,75 s, (b) vx = 32 m/s, (c) v’x = 64 m/s




5.11) (a) 900 kg, (b) 3,3.104 N para cima.


5.12) alternativa B.
5.13) alternativa A.
5.14) alternativa D.
5.15) (a) t = 0,50 s, (b) v = 10 m/s
5.16) alternativa B
5.17) alternativa A

Bibliografia
Alvarenga, B., Máximo A., Curso de Física, Volume 1, Editora Scipione, 4a
edição, São Paulo, 1997.
Blackwood, O. H., Herron, W. B., Kelly, W. C., Física na escola secundária,
INEP, São Paulo, 2ª edição, 1962. Disponível em http://
www4.prossiga.br/Lopes/index2.html , ver “produção científica” –
“tradução”.
Feynmam, R. P, Física em seis lições,p139-167, Ediouro, Rio de Janeiro, 6a
edição 2001.
Gaspar, A., Física volume 1 Mecânica, Editora Ática, São Paulo, 2001.
Gonçalves Filho, A., Toscano, C. Física e Realidade volume 1: Mecânica,
Editora Scipione, São Paulo, 1997.
GREF, Física 1 mecânica, Edusp, São Paulo, 1990.
Hewitt, Paul G., Física Conceitual, Editora Bookman, Porto Alegre, 2002.
Nussenzveig, H. M., Curso de Física Básica 1-Mecânica, Ed. Edgard
Blücher ltda, 3a edição, São Paulo,1996
www.fuvest.br e www.unicamp.br – Nesses sites você encontra as provas de
anos anteriores, além das informações sobre o vestibular.
www.scite.pro.br – Nesse site você vai encontrar dicas de outros sites, textos,
atividades práticas e exercícios para se aprofundar no conteúdo de Mecânica
e também em outras partes da Física.

Sobre os autores
Anibal Figueiredo
Licenciado em Física e mestre em Ensino de Ciências pela USP. É professor
de Ciências e Física desde 1982. Participou de vários projetos de formação de
professores, de exposições científicas e de assessoria na área de educação
científica. Autor de livros didáticos e paradidáticos de Ciências e Física; é
diretor do Atelier de Brinquedos Científicos e do Espaço Ciência Prima.

Glauco S. F. da Silva
Bacharel e licenciado em Física pela UFJF, participa de projetos de pesquisa
em ensino de Física desde a graduação. É professor da rede estadual de Minas
Gerais desde 2002. É aluno de mestrado em Ensino de Ciências na USP e


  - 

desenvolve atividades didáticas junto a disciplinas de Mecânica do primeiro


ano do curso de licenciatura em Física nessa universidade.

Viviane S. M. Piassi
Licenciada em Física pela USP. Foi professora da rede estadual de São Paulo
de 1994 a 2000. Trabalhou junto ao projeto de formação continuada de pro-
fessores (PEC) da rede pública de São Paulo. No Instituto de Física da USP
vem desenvolvendo atividades didáticas junto a disciplinas práticas e teóricas
do curso de licenciatura em Física. Mestre em Ciências pela USP, faz atual-
mente Doutorado em Física na mesma universidade.


Anotações
Física
Eletricidade e Magnetismo

Organizadores
Maurício Pietrocola
Nobuko Ueta

Elaboradores
Luis Paulo Piassi
Maxwell Roger da P. Siqueira
Maurício Pietrocola
4
módulo

Nome do Aluno
GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO
Governador: Geraldo Alckmin
Secretaria de Estado da Educação de São Paulo
Secretário: Gabriel Benedito Issac Chalita
Coordenadoria de Estudos e Normas Pedagógicas – CENP
Coordenadora: Sonia Maria Silva

UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO


Reitor: Adolpho José Melfi
Pró-Reitora de Graduação
Sonia Teresinha de Sousa Penin
Pró-Reitor de Cultura e Extensão Universitária
Adilson Avansi Abreu

FUNDAÇÃO DE APOIO À FACULDADE DE EDUCAÇÃO – FAFE


Presidente do Conselho Curador: Selma Garrido Pimenta
Diretoria Administrativa: Anna Maria Pessoa de Carvalho
Diretoria Financeira: Sílvia Luzia Frateschi Trivelato

PROGRAMA PRÓ-UNIVERSITÁRIO
Coordenadora Geral: Eleny Mitrulis
Vice-coordenadora Geral: Sonia Maria Vanzella Castellar
Coordenadora Pedagógica: Helena Coharik Chamlian

Coordenadores de Área
Biologia:
Paulo Takeo Sano – Lyria Mori
Física:
Maurício Pietrocola – Nobuko Ueta
Geografia:
Sonia Maria Vanzella Castellar – Elvio Rodrigues Martins
História:
Kátia Maria Abud – Raquel Glezer
Língua Inglesa:
Anna Maria Carmagnani – Walkyria Monte Mór
Língua Portuguesa:
Maria Lúcia Victório de Oliveira Andrade – Neide Luzia de Rezende – Valdir Heitor Barzotto
Matemática:
Antônio Carlos Brolezzi – Elvia Mureb Sallum – Martha S. Monteiro
Química:
Maria Eunice Ribeiro Marcondes – Marcelo Giordan
Produção Editorial
Dreampix Comunicação
Revisão, diagramação, capa e projeto gráfico: André Jun Nishizawa, Eduardo Higa Sokei, José Muniz Jr.
Mariana Pimenta Coan, Mario Guimarães Mucida e Wagner Shimabukuro
Cartas ao
Aluno
Carta da
Pró-Reitoria de Graduação

Caro aluno,
Com muita alegria, a Universidade de São Paulo, por meio de seus estudantes
e de seus professores, participa dessa parceria com a Secretaria de Estado da
Educação, oferecendo a você o que temos de melhor: conhecimento.
Conhecimento é a chave para o desenvolvimento das pessoas e das nações
e freqüentar o ensino superior é a maneira mais efetiva de ampliar conhecimentos
de forma sistemática e de se preparar para uma profissão.
Ingressar numa universidade de reconhecida qualidade e gratuita é o desejo
de tantos jovens como você. Por isso, a USP, assim como outras universidades
públicas, possui um vestibular tão concorrido. Para enfrentar tal concorrência,
muitos alunos do ensino médio, inclusive os que estudam em escolas particulares
de reconhecida qualidade, fazem cursinhos preparatórios, em geral de alto
custo e inacessíveis à maioria dos alunos da escola pública.
O presente programa oferece a você a possibilidade de se preparar para enfrentar
com melhores condições um vestibular, retomando aspectos fundamentais da
programação do ensino médio. Espera-se, também, que essa revisão, orientada
por objetivos educacionais, o auxilie a perceber com clareza o desenvolvimento
pessoal que adquiriu ao longo da educação básica. Tomar posse da própria
formação certamente lhe dará a segurança necessária para enfrentar qualquer
situação de vida e de trabalho.
Enfrente com garra esse programa. Os próximos meses, até os exames em
novembro, exigirão de sua parte muita disciplina e estudo diário. Os monitores
e os professores da USP, em parceria com os professores de sua escola, estão
se dedicando muito para ajudá-lo nessa travessia.
Em nome da comunidade USP, desejo-lhe, meu caro aluno, disposição e vigor
para o presente desafio.

Sonia Teresinha de Sousa Penin.


Pró-Reitora de Graduação.
Carta da
Secretaria de Estado da Educação

Caro aluno,
Com a efetiva expansão e a crescente melhoria do ensino médio estadual,
os desafios vivenciados por todos os jovens matriculados nas escolas da rede
estadual de ensino, no momento de ingressar nas universidades públicas, vêm se
inserindo, ao longo dos anos, num contexto aparentemente contraditório.
Se de um lado nota-se um gradual aumento no percentual dos jovens aprovados
nos exames vestibulares da Fuvest — o que, indubitavelmente, comprova a
qualidade dos estudos públicos oferecidos —, de outro mostra quão desiguais
têm sido as condições apresentadas pelos alunos ao concluírem a última etapa
da educação básica.
Diante dessa realidade, e com o objetivo de assegurar a esses alunos o patamar
de formação básica necessário ao restabelecimento da igualdade de direitos
demandados pela continuidade de estudos em nível superior, a Secretaria de
Estado da Educação assumiu, em 2004, o compromisso de abrir, no programa
denominado Pró-Universitário, 5.000 vagas para alunos matriculados na terceira
série do curso regular do ensino médio. É uma proposta de trabalho que busca
ampliar e diversificar as oportunidades de aprendizagem de novos conhecimentos
e conteúdos de modo a instrumentalizar o aluno para uma efetiva inserção no
mundo acadêmico. Tal proposta pedagógica buscará contemplar as diferentes
disciplinas do currículo do ensino médio mediante material didático especialmente
construído para esse fim.
O Programa não só quer encorajar você, aluno da escola pública, a participar
do exame seletivo de ingresso no ensino público superior, como espera se
constituir em um efetivo canal interativo entre a escola de ensino médio e
a universidade. Num processo de contribuições mútuas, rico e diversificado
em subsídios, essa parceria poderá, no caso da estadual paulista, contribuir
para o aperfeiçoamento de seu currículo, organização e formação de docentes.

Prof. Sonia Maria Silva


Coordenadora da Coordenadoria de Estudos e Normas Pedagógicas
Apresentação
da área
A Física é tida pelos estudantes como uma área de conhecimento de difícil
entendimento. Por exigir nível de raciocínio elevado e grande poder de abs-
tração para entender seus conceitos, acaba-se acreditando que o conhecimen-
to físico está distante do cotidiano das pessoas. No entanto, se olharmos para
o mundo que nos cerca com um pouco de cuidado, é possível perceber que a
Física está muito perto: a imagem no tubo de televisão só existe porque a
tecnologia moderna é capaz de lidar com elétrons e ondas eletromagnéticas.
Nossos veículos automotores são máquinas térmicas que funcionam em ci-
clos, os quais conhecemos e a partir deles produzimos energia mecânica ne-
cessária para nos locomovermos. O Sol é na verdade uma grande fonte de
emissão de radiação eletromagnética de diferentes freqüências, algumas visí-
veis e outras não, sendo que muitas delas podem fazer mal à nossa saúde.
Assim, o que pretendemos neste curso de Física é despertar em vocês a
sensibilidade para re-visitar o mundo com um “olhar” físico, de forma a ser
capaz entendê-lo através de suas teorias.
Serão seis módulos, cada qual tratando de um tema pertencente às seguin-
tes áreas da Física: Luz e Som; Calor; Eletromagnetismo, Mecânica, Energia e
Física Moderna. Esses módulos abordarão os conteúdos físicos, tratando as-
pectos teóricos, experimentais, históricos e suas relações com a tecnologia e
sociedade.
A Física pode ser interessante e prazerosa quando se consegue utilizar
seus conceitos para estabelecer uma nova relação com a realidade.
Bom estudo para todos!
A coordenação
Apresentação
do módulo
É incontestável o fato de que os fenômenos eletromagnéticos são necessá-
rios em nosso dia-a-dia. Basta pensar como seria sua vida sem o aparelho de
celular, o computador, a internet, o microondas, o DVD, a TV, o vídeocassete,
o chuveiro, a geladeira, o rádio e o telefone. Como imaginar um mundo sem
esses aparelhos, que nos trazem tanto conforto e praticidade?
Apesar disso, não nos questionamos sobre como todas essas máquinas
funcionam. Como a energia elétrica chega até nossas casas? Como, em um
aparelho de celular ou um telefone fixo, uma pessoa escuta a minha voz a
quilômetros de distância? Ou como o chuveiro esquenta a água do banho que
tomo todos os dias?
A resposta para essas questões irá motivar a discussão desse módulo. Nele,
vamos tentar explicar de forma simples e prática os fenômenos eletromagné-
ticos para assim poderemos ter uma visão melhor dos objetos ao nosso redor
que fazem parte de nosso cotidiano.
Unidade 1

Circuitos elétricos e
instalações
Organizadores
Maurício Pietrocola
Nobuko Ueta
O QUE SÃO CIRCUITOS ELÉTRICOS?
Elaboradores
Se você observar em sua residência, perceberá que aparelhos como TV,
calculadora, rádio, geladeira, walkman e outros, só funcionam enquanto es- Luis Paulo Piassi
tão sendo conectados a uma fonte de energia elétrica, que pode ser uma Maxwell Roger da P.
pilha, uma bateria ou uma tomada. Siqueira
No caso do walkman, temos um interruptor, que tem a função de ligar e Maurício Pietrocola
desligar o aparelho, e uma placa com molas (conexões metálicas), que conecta
as pilhas ao motor que gira a fita para leitura da música. Esses são os compo-
nentes que formam um circuito elétrico.
Quando o walkman está funcionando (ligado), dizemos que o circuito
está fechado, pois forma um caminho por onde a energia elétrica pode “fluir”,
estabelecendo uma corrente elétrica. No caso do aparelho se apresentar des-
ligado, temos um circuito aberto.
Tanto para a TV como para o rádio temos o mesmo esquema: a tomada
liga a TV ou o rádio à fonte de energia e o botão liga/desliga faz com que o
circuito se feche ou se abra.
Desta forma, podemos concluir que em um circuito elétrico simples sem-
pre temos uma fonte de energia elétrica, um aparelho elétrico, fios ou pla-
cas de ligação e um interruptor para abrir e fechar (liga/desliga) o circuito.

Figura representando um circuito FECHADO Figura representando um circuito ABERTO

O QUE DIFERENCIA UM APARELHO ELÉTRICO DE


OUTRO? TODOS OS APARELHOS SÃO IGUAIS?
Todos os dias, utilizamos diversos aparelhos elétricos como o chuveiro, a
TV, o ferro de passar roupas, o liquidificador, o telefone, a batedeira, o rádio,
entre outros. O que faz um aparelho ser diferente do outro é o modo como ele
converte (transforma) a energia elétrica em outra forma de energia.
Por exemplo, aparelhos como chuveiro, ferro de passar e torradeira trans-
formam a energia elétrica que recebem da fonte em energia térmica (aqueci-


mento). Para isso, esses aparelhos possuem um elemento (compo-


nente) chamado resistor, responsável pelo aquecimento. Por isso,
esses aparelhos são chamados resistivos. Para representar os apare-
lhos resistivos utilizamos o símbolo ao lado para o resistor:
Representação do resistor No caso da TV, do liquidificador, da batedeira, do rádio e de outros apare-
lhos que, além de aquecerem, produzem outros tipos de energia, como a ener-
gia mecânica (rotação do motor), a sonora, a luminosa, tendo assim funções
diferentes dos resistivos. Por isso são denominados receptores.
Tensão elétrica: a tensão Na lâmpada incandescente a maior parte da energia elétrica é transforma-
elétrica está associada a
da em energia térmica, apesar de também haver transformação em energia
outro conceito físico, a
luminosa. A lâmpada é, portanto, além de receptor, também é considerada
ddp (diferença de poten-
cial). Em muitas situações
também um aparelho resistivo. Todo receptor elétrico acaba sendo também
podemos usar tensão e resistivo, pois ele é constituído por fios e conectores.
ddp de forma indiscrimi-
nada; na eletricidade COMO MEDIR A ENERGIA ELÉTRICA CONSUMIDA PELO
residencial, o termo ten- APARELHO?
são é mais adequado. É
comum ouvirmos tam- Quando fazemos essa pergunta, estamos querendo saber a quantidade de
bém o termo voltagem, energia elétrica que o aparelho transforma em outras formas de energia. Isso
que equivale a tensão. A está ligado diretamente ao tempo em que o aparelho permanece ligado e à ca-
unidade da tensão é o racterística denominada potência, que geralmente é fornecida pelo fabricante.
volt (V), criado em ho-
A potência mede a quantidade de energia elétrica transformada pelo apa-
menagem ao cientista
italiano Alessandro Vol-
relho elétrico por unidade de tempo. Assim, para um chuveiro de 4 400 Watts
ta, inventor da pilha. (W), temos uma transformação de 4 400 Joules (J) de energia elétrica a cada
segundo (s)
Fonte: PEC- Módulo2,
UNIDADE DE MEDIDA
p.14, 2003
A potência é dada em Watt (W), que é definida como:

Atividade
Compare o consumo de
energia do chuveiro de Desta forma, quanto maior a potência de um aparelho, maior será a “capa-
sua casa com o consu- cidade” dele em transformar energia elétrica a cada segundo.
mo das lâmpadas duran-
te um dia. Veja qual irá
consumir mais. Depois [W] [J]
faça essas comparações
com os outros aparelhos
elétricos como TV, gela- Como a quantidade de energia elétrica consumida em nossas residências é
deira, ferro de passar e muito grande, é comum medi-la em quilowatt-hora (kWh) e não em Joule
rádio. Por fim, faça uma (J). Assim, temos a seguinte relação:
classificação dos apare-
lhos pelo consumo de 1 kWh = 3,6 x 106 J
energia elétrica.
É por esse motivo que aparelhos como chuveiro, ferro de passar, torradei-
Não se esqueça: para
ra, secador de cabelo, que possuem potências elevadas, muitas vezes conso-
medir o consumo do
aparelho você deve pe-
mem a maior parte da energia elétrica de uma residência.
gar sua potência e mul- Mas não é somente a potência que caracteriza um aparelho elétrico, existe
tiplicar pelo tempo (em também a tensão elétrica ou voltagem (U). Para que o aparelho funcione
horas) que ele permane- bem, a tensão que vem indicada nele deve ser respeitada.
ce em funcionamento.
Bom trabalho! Por exemplo, uma lâmpada de 127 V/60 W, para que possa funcionar cor-
retamente, deverá ser alimentada com uma tensão de 127 V. Caso essa tensão


  -   

seja maior, como 220 V, a lâmpada irá queimar; por outro lado, se for menor,
como 12 V, ela irá iluminar (brilhar) pouco, podendo até não acender. Por esse
motivo, é importante que, além do aparelho, as fontes tenham suas tensões
muito bem especificadas para que assim possamos ligar os parelhos em fon-
tes corretas.
ENTENDENDO A CONTA DE ENERGIA
Muitas vezes, as contas de luz são difíceis de entender. Nelas aparecem valores medidos, médias mensais e siglas
diferentes, como o kWh. É interessante analisarmos e decifrarmos um pouco isso.
O consumo representa a quantidade de energia consumida ou utilizada por sua residência no período de um mês. Ela
é medida em kWh (quilowatt-hora). O quilo é o mesmo do quilograma, quilômetro, e significa 1 000 vezes. Já watt-hora
representa a medida de energia elétrica. Embora possa parecer estranho que watt-hora seja uma unidade de energia,
lembre-se que o produto da potência (watt) pelo tempo (hora) resulta em energia (watt-hora). Assim, 1 kWh é igual a
1 000 watts-hora.
Essa unidade é a medida da quantidade de energia elétrica utilizada pelas casas porque a potência dos aparelhos é
medida em watts e o tempo de funcionamento em horas.
O valor pago por cada kWh normalmente vem descrito na conta, mas algumas companhias de energia adotam valores
diferenciados para algumas faixas de consumo. Assim, para saber o valor médio de cada kWh, basta pegar o valor a ser
pago e dividir pelo consumo do mês, e então você terá esse valor.
A quantidade de energia que você utiliza em casa depende de dois fatores básicos: a potência dos aparelhos e o tempo
de funcionamento. Os dois fatores, ao contrário do que se imagina, são igualmente importantes quando se pensa no
custo a pagar pela energia elétrica utilizada. Um aparelho de baixa potência mas que funcione durante muito tempo
pode gastar tanto ou mais energia que um aparelho de maior potência que funciona durante pouco tempo.
O valor indicado na conta como consumo de energia elétrica representa a soma do produto da potência de cada
aparelho elétrico pelo tempo de funcionamento entre uma medida e outra.




Corrente elétrica: é a quantifi- Exercícios


cação do fluxo ordenado de 1) (Fuvest) No medidor de energia elétrica usado na medição do consumo de
cargas elétricas. Ela é simboliza- residências, há um disco, visível externamente, que pode girar. Cada rotação
da pela letra i e seu valor é ob- completa do disco corresponde a um consumo de energia elétrica de 3,6 watt-
tido pela proporção entre a hora. Mantendo-se, em uma residência, apenas um equipamento ligado, ob-
quantidade de carga efetiva serva-se que o disco executa uma volta a cada 40 segundos. Nesse caso, a
deslocada e o tempo gasto para potência “consumida” por esse equipamento é de, aproximadamente: (A quan-
que isso ocorra:
tidade de energia elétrica de 3,6 watt-hora é definida como aquela que um
∆Q equipamento de 3,6W consumiria se permanecesse ligado durante 1 hora)
i=
∆t a) 36 W b) 90 W c) 144 W d) 324 W e) 1000 W
A unidade resultante dessa pro-
porção é o Coulomb/segundo, PORQUE O BRILHO DA LÂMPADA SE MODIFICA
batizado de ampère (A), em ho- QUANDO MODIFICAMOS A TENSÃO?
menagem ao cientista francês
André Marie Ampère (1775-
Vimos que a potência elétrica mede a quantidade de energia elétrica trans-
1836), por seus estudos relacio- formada pelo aparelho a cada segundo e que essa transformação só é feita
nados à área. quando o circuito estiver fechado.
Fonte: PEC – Módulo 2, p.13, 2003. Nos aparelhos resistivos, essa transformação é feita no resistor o qual é per-
corrido por uma corrente elétrica i. Nesse caso, a potência do aparelho é deno-
minada potência dissipada, que é praticamente a mesma fornecida pela fonte.
Saiba mais A corrente elétrica serve para diferenciar os aparelhos que possuem po-
tências diferentes mas que são ligados à mesma tensão, como é o caso dos
Fusível e Disjuntor
aparelhos que temos em casa. Todos eles são ligados na mesma tensão (110 V),
Fusível é um dispositivo de se- mas transformam quantidades de energia diferentes. Assim, podemos deter-
gurança usado em circuitos elé- minar a potência como:
tricos. Sem ele a sobrecarga no
circuito pode danificar os apa-
relhos. [A]
Seu funcionamento é baseado
na passagem da corrente elé- Exercícios
trica por um fio de baixo ponto 2) (Fuvest) Um circuito doméstico simples, ligado à rede de 110 V e protegido
de fusão. Quando a corrente ex- por um fusível F de 15 A, está esquematizado adiante.
cede o valor estabelecido, o fio
se aquece e se funde, abrindo o A potência máxima de um ferro de passar roupa que pode ser ligado, simulta-
circuito e deixando de funcio- neamente, a uma lâmpada de 150 W, sem que o fusível interrompa o circuito,
nar. Nesse caso, ele deve ser é aproximadamente de
substituído depois que o defei-
a) 1100 W
to for reparado.
b) 1500 W
Em residências é muito comum
o uso de disjuntores, que são c) 1650 W
protetores de rede elétrica fei- d) 2250 W
tos, em geral, de barras e) 2500 W
bimetálicas, que se dilatam, in-
terrompendo a passagem da 3) (Fuvest) No circuito elétrico residencial esquematizado a seguir, estão
corrente, quando esta ultrapas-
indicadas, em watts, as potências dissi-
sa o valor estabelecido.
padas pelos seus diversos equipamentos.
O valor máximo da corrente su- O circuito está protegido por um fusível
portada pelo disjuntor ou fusí- F, que se funde quando a corrente ultra-
vel é sempre menor do que o passa 30 A, interrompendo o circuito.
valor da corrente máxima su- Que outros aparelhos podem estar liga-
portada pelos fios da instala-
dos ao mesmo tempo que o chuveiro elé-
ção ou circuito elétrico.
trico sem “queimar” o fusível?


  -   

a) Geladeira, lâmpada e TV.


b) Geladeira e TV.
c) Geladeira e lâmpada.
d) Geladeira.
e) Lâmpada e TV.

COMO OS APARELHOS RESISTIVOS PODEM TER


DIFERENTES CORRENTES ?
No inverno, para se obter um aquecimento maior da água, você muda de
posição uma chave do chuveiro. Pelo que dissemos anteriormente, é o aumen-
to da corrente elétrica o responsável pelo maior aquecimento. Mas por que
isso acontece?
Ao mudar a chave para a posição “inverno”, você diminui a resis-
tência elétrica. É ela que limita a passagem da corrente elétrica no cir-
cuito. Essa limitação, que depende do tipo de material utilizado no fio,
das dimensões (espessura e comprimento) e da temperatura, é denomi-
nada resistência elétrica (R). No caso do chuveiro, a regulagem au-
menta ou diminui o comprimento do fio enrolado, o qual é percorrido
pela corrente elétrica.
Assim, podemos concluir que tanto a variação da tensão elétrica
(U) como a variação da resistência elétrica (R) podem alterar a inten-
sidade da corrente elétrica (i). Resistência elétrica: está
Normalmente, a resistência elétrica dos aparelhos é constante, mas pode associada à dificuldade
ser alterada modificando-se uma das características mencionadas acima. que as cargas elétricas
encontram para se des-
Para alguns resistores podemos traçar um gráfico da tensão em função da locar no interior dos con-
corrente (U x i). Notaremos que os pontos estão praticamente alinhados, o que dutores devido aos su-
resulta numa resistência constante para de- cessivos choques entre
terminado intervalo de tensão. Nesse caso, os elétrons de condução
a intensidade da corrente é diretamente pro- (responsáveis pelo fluxo
porcional a tensão. Quando isso ocorre, de cargas) com as demais
dizemos que se trata de uma resistência cargas elétricas presen-
tes nas substâncias (elé-
ôhmica. A resistência elétrica é dada pela
trons fixos, núcleos atô-
razão entre a tensão aplicada no aparelho
micos etc.). A resistência
e a intensidade da corrente elétrica percor- elétrica é medida em
rida no circuito. Essa relação é chamada ohm (Ω Ω ), em homena-
Curva característica de uma resistência 1ª Lei de Ohm. gem ao cientista alemão
ôhmica
Georg Simon Ohm.
[Ω] Fonte: PEC- Módulo2,
p.14, 2003.
Pode-se alterar a resistência mudando a espessura do fio. Um fio grosso
oferece menor resistência a passagem de corrente elétrica do que um fio mais
fino. Isso quer dizer que quanto maior a área da secção transversal (A)
menor será a resistência.
Além desses dois fatores, temos também a influência do material que cons-
titui o fio. Existem materiais que oferecem maior resistência a passagem da
corrente elétrica do que outros, essa caracterísitica é traduzida pela grandeza
denominada resistividade (ρ ρ ). A tabela a seguir apresenta a resistividade de
alguns materiais.




Essa expressão é denominada 2a Lei de Ohm (a resistência elétrica é dada


pelo produto da resistividade pelo comprimento do fio, dividido por sua área
da secção transversal). ρ(Ω
Ω×m)
Material ρΩ
borracha 1,0 x 1015
vidro 1,0 x 1012
R=ρ [Ω] Níquel-cromo 1,1 x 10-6
chumbo 2,1 x 10-7
ferro 1,0 x 10-7
tungstênio 5,6 x 10-8
alumínio 2,7 x 10-8
ouro 2,4 x 10-8
cobre 1,7 x 10-8
prata 1,6 x 10-8

Exercícios
4) (Unesp) Uma lâmpada incandescente (de filamento) apresenta em seu ró-
tulo as seguintes especificações: 60 W e 120 V. Determine:
a) a corrente elétrica I que deverá circular pela lâmpada, se ela for conectada
a uma fonte de 120 V.
b) a resistência elétrica R apresentada pela Lâmpada, supondo que ela esteja
funcionando de acordo com as especificações.
CHOQUE ELÉTRICO E SUAS CONSEQÜÊNCIAS
O choque elétrico, como provavelmente é de seu conhecimento, é causado por uma
corrente elétrica que passa através do corpo humano ou de um animal qualquer. Vários
efeitos do choque podem ser observados, dependendo de fatores como, por exemplo,
a região do corpo que é atravessada pela corrente.
Entretanto, a intensidade da corrente é o fator mais relevante nas sensações e conseqü-
ências do choque. Estudos cuidadosos desse fenômeno permitiram chegar aos seguin-
tes valores:
- entre 1 mA e 10 mA: provoca apenas sensação de formigamento;
- entre 10 mA e 20 mA: já causa sensação dolorosa;
- entre 20 mA e 100 mA: causam, em geral, grandes dificuldades respiratórias;
- superiores a 100 mA: são extremamente perigosas, podendo causar a morte da pessoa
por provocar contrações rápidas e irregulares do coração (fibrilação cardíaca);
- superiores a 200 mA: não causam fibrilação, porém dão origem a graves queimaduras
e conduzem á parada cardíaca.
Por outro lado, a voltagem não é determinante nesse fenômeno. Por exemplo, em
situações de eletricidade estática, embora ocorram voltagens muito elevadas, as cargas
elétricas envolvidas são, em geral, muito pequenas e os choques produzidos não apre-
sentam, normalmente, nenhum risco.
Entretanto, voltagens relativamente pequenas podem causar graves danos, dependen-
do da resistência do corpo humano. O valor dessa resistência pode variar entre, aproxi-
madamente, 100 000 W para a pele seca e cerca de 1 000 W para a pele molhada. Assim,
se uma pessoa com a pele seca tocar os dois pólos de uma tomada de 120 V, seu corpo
será atravessado por uma corrente bem menor do que com a pele molhada.
Fonte: ALVARENGA & MÁXIMO, Curso de Física, V.3, p. 135.


  -   

5) (Unicamp) O tamanho dos componentes eletrônicos vem diminuindo


de forma impressionante. Hoje podemos imaginar componentes formados
por apenas alguns átomos. Seria esta a última fronteira? A imagem a seguir
mostra dois pedaços microscópicos de ouro (manchas escuras) conectados
por um fio formado somente por três átomos de ouro. Esta imagem, obtida
recentemente em um microscópio eletrônico por pesquisadores do Labo-
ratório Nacional de Luz Síncrotron, localizado em Campinas, demonstra
que é possível atingir essa fronteira.
a) Calcule a resistência R desse fio microscópico, considerando-o como
um cilindro com três diâmetros atômicos de comprimento. Lembre-se que, na
Física tradicional, a resistência de um cilindro é dada por R = ρ(L/A), onde ρ
é a resistividade, L é o comprimento do cilindro e A é a área da sua secção
transversal. Considere a resistividade do ouro ρ =1,6×10-8 Ωm, o raio de um
átomo de ouro 2,0×10-10 m e aproxime π = 3,2.
b) Quando se aplica uma diferença de potencial de 0,1V nas extremidades
desse fio microscópico, mede-se uma corrente de 8,0×10-6 A. Determine o
valor experimental da resistência do fio. A discrepância entre esse valor e
aquele determinado anteriormente deve-se ao fato de que as leis da Física do
mundo macroscópico precisam ser modificadas para descrever corretamente
objetos de dimensão atômica.

COMO PODEMOS MEDIR A TRANSFORMAÇÃO DE


ENERGIA EM UM RESISTOR?
Vimos que em um circuito que possui um resistor, quando se estabelece
uma corrente elétrica a energia elétrica é transformada em energia térmica (ener-
gia dissipada). Essa transformação é denominada efeito Joule. Esse efeito pode
ser visto no aquecimento da água no chuveiro, do ar no secador de cabelo, do
pão na torradeira e outros aparelhos que são utilizados para aquecimento.
Se colocarmos um ebulidor em um recipiente contendo uma certa massa
de água m de calor específico c, depois de um certo tempo haverá uma varia-
ção de temperatura ∆T. Considerando o sistema isolado e que toda a energia
elétrica transformada em energia térmica (calor) serviu para aquecer a água,
logo, pela conservação de energia, temos:

mc∆T = P∆t

Ou seja, todo calor (em Joule) recebido pela água foi cedido pelo ebulidor.
A potência dissipada no efeito Joule, pode ser calculada das seguintes
formas:

P = U.i P = R. i2 P=

A maneira que será calculada dependerá das informações e dos dados


disponíveis.




POR QUE QUANDO UMA LÂMPADA DO PISCA-PISCA


DE UMA ÁRVORE DE NATAL SE QUEIMA AS OUTRAS NÃO FUNCIONAM
E COM AS LÂMPADAS DAS RESIDÊNCIAS ISSO NÃO ACONTECE?
Como vimos no item O que diferencia um aparelho elétrico do outro?, as
lâmpadas são aparelhos resistivos, assim como outros encontrados em nossas
casas, podemos então representar apenas seus resistores. O que diferencia um
esquema do outro é a maneira como eles estão ligados.
Basicamente, existem duas maneiras de fazermos essas ligações: em série
ou em paralelo. Essas ligações servem tanto para aparelhos quanto para fon-
tes elétricas. Mas aqui iremos discutir somente os aparelhos resistivos.

Associação em série
Neste tipo de associação, temos um único caminho para a passagem da
corrente elétrica. Por isso, quando temos lâmpadas associadas em série (pisca-
pisca) e uma delas se queima ou é retirada, as outras se apagam, pois teremos
um circuito aberto, ou seja, o caminho é interrompido.
Como temos somente um caminho para a corrente elétrica percorrer, todas
as lâmpadas são percorridas pela mesma corrente, ou seja: i = i1 = i2 = i3
Já a tensão (U) será dividida entre elas e essa divisão dependerá das resis-
tências de cada lâmpada, quem tiver maior resistência terá maior tensão. As-
sim, podemos escrever: U = U1 + U2 + U3.
Podemos ainda substituir o circuito de lâmpadas por um mais simples,
com uma única lâmpada, ou seja, vamos substituir as resistências do circuito
por uma única, que irá fazer com que o circuito tenha as mesmas característi-
cas. Esse único resistor é denominado resistor equivalente e é dado por:

Req = R1 + R2 + R3

Associação em paralelo
Ao contrário da anterior, aqui a corrente elétrica terá mais de um caminho
para percorrer, ou seja, teremos pequenos circuitos dentro de um maior. Por
isso, quando uma lâmpada queima ou é retirada em uma residência, nada
acontece com as outras, pois estão associadas em paralelo.
Assim como as lâmpadas, os aparelhos em uma residência estão ligados a
uma mesma tensão, ou seja, todos os resistores associados estarão submetidos
à mesma tensão. Então, temos: U = U1 = U2 = U3.
Já a corrente será dividida nos diversos caminhos, ou seja: i = i1 + i2 + i3
De tal modo como na associação em série, na associação em paralelo
podemos substituir os resistores do circuito por um só (resistor equivalente),
sem o circuito perder suas características. Na associação em paralelo o resistor
equivalente é dado por:


  -   

Exercício
6) (Fuvest) Um circuito é formado por duas lâm-
padas L1 e L2, uma fonte de 6 V e uma resistên-
cia R, conforme desenhado na figura. As lâmpa-
das estão acesas e funcionando em seus valores
nominais (L1= 0,6 W e 3 V e L2= 0,3 W e 3 V).
Determine o valor da resistência R.

COMO PODEMOS MEDIR A CORRENTE E A TENSÃO


ELÉTRICA EM UM RESISTOR?
Para medir essas grandezas necessitamos de instrumen-
tos especificos. Para medir a tensão usamos o voltímetro e
para medir a corrente utilizamos o amperímetro. É muito
comum encontrarmos um aparelho de medição que pode
ser utilizado como voltímetro e amperímetro, além de po-
der ser também um ohmímetro, que mede a resistência do
circuito. Esse instrumento é o multímetro.

Medindo a corrente elétrica


Para medir a corrente elétrica, o amperímetro deve
ser colocado em série ao circuito (ou resistor).
O amperímetro, por ser um instrumento de medida,
não deve influenciar a corrente do circuito, por isso a
resistência interna dele deve ser a menor possível, assim
terá um desempenho melhor pois irá produzir uma que-
da de tensão insignificante.

Medindo a tensão elétrica


Para medir a tensão elétrica em um circuito (ou resistor), o voltímetro deve
ser colocado em paralelo a ele.
Da mesma forma que o amperímetro, o
voltímetro não deve influenciar no circuito, as-
sim, deve possuir a maior resistência possível,
fazendo com que a corrente seja insignifican-
te, alterando em praticamente nada a corrente
do circuito.




O QUE É CURTO-CIRCUITO?
O nome já é bem sugestivo, significa um circuito mais curto, fazendo com
que a corrente que passa por ele seja elevada, pois há pouca resistência nele.
Dessa forma, quando temos um curto-circuito em um trecho, a corrente
elétrica fica restrita a esse trecho, ficando o restante do circuito sem ser per-
corrido por ela, ou seja, os aparelhos localizados após o curto não serão per-
corridos pela corrente elétrica.
Na prática, o curto circuito pode causar incêndios em residências ou até
mesmo na própria fiação devido ao grande aquecimento produzido pelo efeito
Joule, causado pelo aumento da corrente elétrico no trecho do curto circuito.

COMO DIFERENCIAMOS UM GERADOR DE UM


RECEPTOR NUM CIRCUITO?
Vimos que o funcionamento de um aparelho elétrico só é possível quando
este é alimentado por uma fonte de energia elétrica, denominada de gerador
de energia elétrica. Os aparelhos que estão recebendo são os receptores (como
vimos antes) de energia elétrica.
Todos os geradores possuem uma resistência interna (r), que faz com que
a energia fornecida pelo gerador seja menor do que a nominal (que vem
Esquema do GERADOR
especificada nele).
Por exemplo, uma pilha pequena tem tensão nominal de 1,5 V, mas por
possuir resistência interna r, a tensão aplicada U ao circuito será menor. Dessa
forma podemos escrever:

U = ε – ri (equação do Gerador)

Quando o circuito está aberto não há corrente no circuito, assim U = ε. No


curto circuito a corrente é máxima e a tensão da fonte é igual a zero (U = 0),
ε
então: imax= r
Esquema do RECEPTOR
Obs: A tensão gerada (ε) também é chamada força eletromotriz (fem), ape-
sar de não ser uma força.
Como o receptor desempenha papel contrário ao do gerador, ele será de-
nominado de força contra-eletromotriz (fcem). A tensão em seus terminais é
dada pela expressão:

U = ε + ri (equação do Receptor)

Tendo U como a tensão fornecida pela fonte; ε’, a tensão no gerador; r’, a
resistência interna do receptor; e i, a corrente estabelecida no circuito.
Na prática, um gerador e um receptor apare-
cem no mesmo circuito:
Sendo possível calcular a corrente no circuito
utilizando a conservação de energia:

ε− ε
ε1 = r1i + r2i + ε2 + Ri ou i = r +1 r +2 R
1 2


  -   

Exercícios
7) (Fatec-SP) Por um resistor faz-se passar uma corrente elétrica i e mede-se a
diferença de potencial U. Sua representação gráfica está esquamatizada ao
lado. A resistência elétrica, em ohms, do resistor é:
a) 0,8
b) 1,25
c) 800
d) 1 250
e) 80

8) (PUC-SP) No circuito da figura abaixo, A é um amperímetro e V um


voltímetro, supostos ideais, cujas leituras são, respectivamente:
a) 6,0 A e 0,5 V
b) 3,0 A e 1,0 V
c) 2,0 A e 1,5 V
d) 1,0 A e 2,0 V
e) 0,5 A e 2,5 V

9) No circuito, determine o valor de R a fim de que a corrente total tenha


intensidade 2,0 A.

10) (Fuvest) No circuito a seguir, quando se fecha a chave S, provoca-se:


a) aumento da corrente que passa por R2.
b) diminuição do valor da resistência R3.
c) aumento da corrente em R3.
d) aumento da voltagem em R2.
e) aumento da resistência total do circuito.

11) (Fuvest) O circuito elétrico do enfeite de uma árvore de Natal é constituí-


do de 60 lâmpadas idênticas (cada uma com 6 V de tensão e resistência de
30 Ω) e uma fonte de tensão de 6 V e potência de 18 W, que liga uma conjunto
de lâmpadas de cada vez, para produzir o efeito pisca-pisca. Considere que as
lâmpadas e a fonte funcionam de acordo com as especificações fornecidas,
calcule:
a) a corrente que circula através de cada lâmpada quando acesa.
b) o número máximo de lâmpadas que podem ser acesas simultaneamente.




12) (PUC-SP) Encontram-se a disposição os seguin-


tes elementos:
De posse desses elementos, monte um circuito de
tal forma que:
a) a lâmpada funcione de acordo com suas especi-
ficações;
b) o amperímetro ideal registre a corrente que pas-
sa pela lâmpada;
c) o voltímetro ideal indique a queda de potencial
na resistência equivalente à associação de R.
É importante que você comente e justifique a
montagem de uma circuito através de uma seqüên-
cia de idéias. Desenvolva todos os cálculos neces-
sários. Não se esqueça de justificar o posicionamento
dos aparelhos, bem como suas leituras.

13) Seis pilhas iguais, cada uma com diferença de potencial V, estão ligadas a
uma aparelho de resistência R na forma esquematizada na figura. Nessas con-
dições a corrente medida no amperímetro A, colocado na posição indicada é
igual a:
a) V/R
b) 2V/R
c) 2V/3R
d) 3V/R
e) 6V/R

14) (Fatec/2004) No circuito esquematizado, o amperímetro A e o voltímetro


V são ideais, e a resistência R é igual a 10Ω.
Se a marcação em A é de 2,0 A, a marcação em V é igual a
a) 2,0 V.
b) 4,0 V.
c) 10 V.
d) 20 V.
e) 40 V.
15) (Fatec/2004) Um fio de extensão está ligado numa tomada de 110V. Esse
fio de extensão tem três saídas, nas quais estão ligados um aquecedor de
500 W, uma lâmpada de 100 W e um secador de cabelos de 200 W. Esses
aparelhos estão ligados em paralelo e permanecem funcionando por 5,0 mi-
nutos. O valor aproximado da corrente elétrica que passa pelo fio e o gasto de
energia com esses três aparelhos, quando funcionando simultaneamente, após
5,0 minutos, são, respectivamente:
a) 1A e 8,3.105J
b) 2A e 7,2.105J
c) 4A e 5,4.105J
d) 7A e 2,4.105J
e) 10A e 1,2.105J


  -   

16) (Fatec/2002) No circuito representado no esquema, F é uma fonte de ten-


são que fornece uma diferença de potencial constante de 9,0 V.
De acordo com as indicações do esquema, os resistores R1 e R2 valem, respec-
tivamente, em ohms,
a) 3,0 e 6,0
b) 3,0 e 9,0
c) 6,0 e 3,0
d) 6,0 e 6,0
e) 6,0 e 12

17) (Fatec/2003) No circuito abaixo os aparelhos de medida são ideais. O


voltímetro V1 indica 24V.
As indicações do amperímetro A e do voltímetro V2 são, respectivamente:
a) 1,0 A e 24 V
b) 1,2 A e 36 V
c) 1,2 A e 24 V
d) 2,4 A e 36 V
e) 1,0 A e 36 V

18) (Fatec/2003) Um chuveiro elétrico não está aquecendo satisfatoriamente a


água. Para resolver esse problema, fecha-se um pouco a torneira. Com esse
procedimento estamos
a) aumentando a corrente elétrica que atravessa o chuveiro.
b) aumentando a diferença de potencial nos terminais do chuveiro.
c) diminuindo a resistência elétrica do chuveiro.
d) diminuindo a massa de água que será aquecida por unidade de tempo.
e) economizando energia elétrica.


Unidade 2

Campos, cargas e
seus fenômenos
Organizadores
Maurício Pietrocola
Nobuko Ueta
Elaboradores
ENTENDENDO OS CHOQUES
Luis Paulo Piassi Um dia você estava passeando ou brincando sossegadamente e de repente
tomou um belo choque, não sabe como nem por quê. Isso já aconteceu com
Maxwell Roger da P. você? Se não aconteceu, parabéns, porque a maioria de nós já teve esses
Siqueira
momentos “chocantes” em escorregadores, camas elásticas, carrinhos de su-
Maurício Pietrocola permercado, no ônibus, na porta do carro e em inúmeras outras situações. O
problema é: por quê?
Você pode pensar de onde vem a eletricidade nesses casos. Talvez um fio
escondido ou algo do gênero. Mas não é nada disso. A eletricidade não veio
de lugar algum: ela já estava lá, no escorregador, no carro e em todo o resto.
Isso porque a eletricidade está em tudo, em mim, em você, neste papel que
você está lendo, no chão onde você está. Ela está em toda a matéria que você
possa imaginar.
Aí você me pergunta: Por que então não estou tomando um choque ago-
ra? E como é possível a eletricidade estar em tudo? Se fosse assim as tomadas
e os fios não seriam necessários... Colamos a lâmpada no teto e ela acende,
afinal a eletricidade está na lâmpada também, não é? Calma, calma... Não é
tão simples assim!
Você já deve ter visto uma experiência muito simples que consiste em
esfregar nos cabelos um objeto de plástico – uma régua, por exemplo – e
aproximá-lo de pedacinhos de papel. Os papeizinhos grudam na régua, como
se uma força de atração mágica estivesse atuando. Mas não é uma força de
atração mágica e sim uma força de atração elétrica.
Acontece que a régua, seu cabelo e toda a matéria que existe possuem
dois tipos de eletricidade: a positiva e a negativa. Toda a matéria é formada
por partículas muito pequenas, realmente pequenas, inacreditavelmente pe-
quenas, pequenas mesmo. Essas partículas formam os famosos átomos e suas
queridas moléculas, os quais serão explicados com detalhes no último volu-
me desta série. Por enquanto, basta saber que algumas dessas partículas co-
nhecidas como elétrons são dotadas de eletricidade negativa. E que outras,
dotadas de eletricidade positiva, são chamadas de prótons. Os átomos têm
prótons e elétrons, além dos (só) aparentemente inúteis nêutrons que, vistos
de fora, não possuem eletricidade. Os nêutrons e prótons ficam no centro do
átomo em uma região chamada núcleo. Os elétrons preferem ficar por fora,
dando voltas incríveis ao redor do núcleo.
  -   

Bom, agora que já complicamos, que tal começar a explicar? Primeiro o


fato que explica tudo: eletricidade positiva atrai negativa e a negativa atrai a
positiva. E eletricidades de mesmo tipo se repelem, ou seja, se afastam uma da
outra. Normalmente, as cargas negativas, elétrons, vão se agrupar perto das
positivas, pela forte atração que há entre elas. Quando há um equilíbrio, ou
seja, quantidades iguais de carga positiva e negativa, o corpo está neutro. Ele
pode ter, e certamente tem, muita, muita carga, mas quando o total de positi-
vas e negativas se compensam, nada acontece.
Muito bem. Com essa idéia, você já imagina o que acontece à régua e ao
cabelo? Vamos lá. No início régua e cabelo estão neutros, com quantidades
iguais de cargas positivas e negativas. Depois você esfrega a régua no cabelo.
Nesse esfrega-esfrega, muitos elétrons são violentamente arrancados da ré-
gua, por exemplo. Assim sua régua fica com mais prótons do que elétrons, e
o seu cabelo com mais elétrons do que prótons.

Dizemos que sua régua e seu cabelo foram eletrizados através do atrito. Se
a régua ficar com excesso de prótons estará com carga positiva. Neste caso, o
cabelo estará negativamente carregado. O que acontece então quando aproxi-
mamos a régua dos pedacinhos de papel? Muito simples: o papel também tem
suas cargas positivas e negativas. Claro que as negativas serão atraídas pela
régua, que está positiva. E as cargas positivas do papel serão repelidas. A
princípio teríamos uma atração e uma repulsão, uma espécie de “braço de
ferro” ou “cabo de guerra” sem vencedores: um puxa de cá, outro empurra de
lá e tudo fica por isso mesmo. Mas não é assim. Os elétrons são relativamente
móveis e, ao serem atraídos, se concentram na região mais próxima à régua.
O lado oposto, por sua vez, com falta de elétrons, fica positivo. Assim fica-
mos com a situação mostrada na figura:

Repare na figura que a região negativa que se forma no papel está próxima
da régua e a positiva, que se forma no lado oposto, está mais afastada. Isso faz
com que a atração seja superior à repulsão, e assim o papelzinho como um todo
é atraído pela régua. Muito bem, se você entendeu isso, vamos aos choques.




Você sabe que ao se colocar o dedo na tomada a chance de se levar um


choque é bem grande. Mas o que é o choque? Na verdade, a sensação é
provocada pela passagem de cargas elétricas em nosso organismo, ou seja,
quando uma corrente elétrica nos percorre. Como você já sabe, a corrente
elétrica também produz calor e assim o choque, dependendo de sua intensida-
de, pode provocar queimaduras graves. E por que às vezes tomamos choques
inesperados, em objetos que não estão ligados à rede elétrica? Isso acontece
porque de alguma forma esses objetos se eletrizaram ao entrar em atrito com
outros, da mesma forma que o cabelo e a régua do nosso exemplo. Uma
criança, ao escorregar em um escorregador de plástico, está provocando atrito
entre sua calça e o plástico do escorregador. Ambos ficam carregados, um
deles com excesso de cargas negativas, outro com excesso de cargas positi-
vas. Na primeira oportunidade, as cargas em excesso do corpo da criança irão
gerar uma corrente que é sentida como choque. Muitos objetos só não ficam
permanentemente eletrizados porque estão em contato com o ar, que também
contém átomos com excesso e falta de elétrons (íons) que ao atingir objetos
eletrizados vai aos poucos os levando novamente à neutralidade.

CONVERSANDO SOBRE ÍMÃS


Agora vamos mudar um pouco de assunto, vamos falar de ímãs e bússo-
las. Até hoje não conheci ninguém que não goste de brincar com ímãs e bús-
solas. São objetos realmente muito curiosos que têm um comportamento apa-
rentemente mágico. O ímã atrai diversos objetos metálicos e gruda na porta da
geladeira. A bússola aponta sempre na direção norte-sul, não deixando você
se perder. Mas um ímã interfere muito na bússola. Quando aproximamos um
ímã de uma bússola, ela pára de apontar para o norte da Terra e passa a apon-
tar para um pólo do ímã. E por falar em pólo, aí está mais uma coisa engraça-
da: o ímã tem dois pólos, que são as regiões do ímã que possuem maior poder
de atração.
EXPERIMENTE VOCÊ MESMO
Para identificar os pólos de um ímã você pode fazer uma experiência simples. Coloque
um ímã sobre a mesa e sobre ele coloque uma folha de papel. Pegue duas esponjas de
aço (bombril, assolan, etc) e esfregue uma na outra, sobre a folha de papel. Irão se formar
inúmeros “pelinhos” de aço. Se você observar bem irá notar que as fibras de aço formam
um padrão curioso sobre o papel e que na região dos pólos dos ímãs haverá um acúmulo
maior dessas fibras.

Os pólos dos ímãs têm propriedades interessantes. Uma delas é o fato de


que se você aproximar os pólos iguais de dois ímãs terá muita dificuldade em
uni-los pois uma forte repulsão aparece. Por outro lado, se você aproximar os
pólos opostos, os ímãs têm uma forte atração. Uma bússola nada mais é do
que um pequeno ímã em forma de agulha que pode girar livremente em um


  -   

eixo. Nessas condições, os pólos do ímã apontarão na direção dos pólos geo-
gráficos da Terra.
O pólo de um ímã que aponta para o norte geográfico da Terra é chamado
de pólo norte do ímã, o mesmo valendo para o pólo sul. Essa denominação foi
dada antes de se imaginar que a própria Terra se comportava como um ímã e
assim ficou. Mas, considerando que a própria Terra tem um efeito magnético
similar ao de um ímã, o pólo da Terra que atrai o pólo norte do ímã deveria ser
chamado de pólo sul. Isso parece muito confuso... Mas na verdade é simples:
os pólos magnéticos da Terra têm os nomes invertidos em relação aos pólos
geográficos. Observe o esquema:
Uma pergunta interessante é: afinal, que tipo de metais são atraídos por
ímãs? Na verdade são bem poucos. O mais comum de todos e o de maior
poder de atração é o ferro e provavelmente todos os objetos que você já viu
serem atraídos por ímãs contém ferro em sua composição. Dependendo da
condição do material, ele pode ficar inclusive magnetizado (imantado) após
permanecer um certo tempo em contato com ímãs. Isso pode ser observado às
vezes em tesouras e chaves de fenda que atraem alfinetes e parafusos. Você
pode magnetizar um clipe de aço com um ímã e usá-lo para atrair outros
objetos pequenos ou mesmo pendurá-lo com uma linha e usá-lo como bússo-
la. Esse fenômeno é utilizado para se gravar som e imagem em fitas magnéti-
cas de vídeo cassete, números e códigos em cartões de banco, bilhetes de
ônibus e programas em disquetes e disco rígidos de computador. Se você
gosta de usar a internet saiba que praticamente todo o seu conteúdo está gra-
vado magneticamente em milhões de computadores espalhados pelo mundo
através do mesmo processo que faz um alfinete ficar imantado.

CONHECENDO OS CAMPOS
Agora que já falamos um pouco sobre choques e ímãs, ou seja, sobre
eletricidade e magnetismo, podemos parar um pouquinho e pensar: será que
esses dois fenômenos estão relacionados? Na verdade, desde a antiguidade se
imaginava que sim, mas somente no século XIX se conseguiu comprovar essa
relação. Vejamos algumas semelhanças e diferenças:

Eletricidade Magnetismo
Atração de objetos a uma certa distância SIM SIM
Apresenta situações de atração e de repulsão SIM SIM
Precisa de atrito para ocorrer SIM NÃO
Pode causar choques SIM NÃO
Atrai apenas um reduzido número de metais NÃO SIM
Pode ser usado como bússolaEletricidade NÃO SIM

Embora algumas similaridades possam ser encontradas, podemos ver que


há mais diferenças do que semelhanças. Então por que muita gente achava (e
agora tem certeza) de que esses fenômenos têm uma origem em comum?
Provavelmente porque em suas semelhanças estejam fatos dos mais incríveis:
atrair coisas de uma certa distância e repelir objetos em certas condições. Di-
ante desses curiosos fatos, as diferenças parecem meros detalhes.
Alguém pode pensar o seguinte: como o ímã “sabe” que o alfinete está
perto dele para atrai-lo? E como a bússola “sabe” para que lado é o norte?




Para responder isso, podemos começar de uma questão mais simples: como é
que você sabe quando o seu vizinho está fazendo churrasco? Há várias ma-
neiras, é claro: ele pode contar a você, você pode ver, ouvir ou sentir o chei-
rinho... De qualquer modo a informação chega até você de alguma maneira.
Se você não sentir o cheiro, não ouvir nem ver nada e seu vizinho ficar “na
moita”, não ficará sabendo do churrasco, o que pode ser uma tragédia. Mas o
que isso tem a ver com o ímã e todo o resto? Será que o ímã sente o cheiro do
ferro? É claro que não. Mas de alguma forma a presença do ferro é sentida
pelo ímã e vice-versa. É aí que entra a idéia de campo.
O campo seria algo invisível e imperceptível para nós, mas que está real-
mente ao redor de um ímã. Não seria um cheiro, pois os odores são provoca-
dos por substâncias e o campo não é uma substância. Se fosse um cheiro,
possivelmente nós sentiríamos. Mas há algumas semelhanças com a idéia de
cheiro. Ao observar um jogador tirar a chuteira após 90 minutos de partida,
você certamente ficará aliviado por estar distante da cena, pois você sabe que
os odores não muito agradáveis produzidos nessa situação serão muito mais
intensos nas proximidades de sua origem: o pé do jogador. Da mesma forma,
um pedaço de ferro é atraído com facilidade apenas nas proximidades dos
ímãs. Um ímã muito forte talvez possa ser sentido mais longe, da mesma
forma que um cheiro forte.
Na semelhança entre campos e cheiros, outro fator também tem que ser
levado em conta: o “olfato”. Imagine que seu vizinho esteja fazendo aquele
churrasco e você está sentindo o cheirinho. Você sente o cheiro porque a
distância de sua casa até a do vizinho é pequena. Se você morasse dois quar-
teirões adiante talvez não ficasse sabendo do churrasco. Mas agora imagine o
que sente o Rex, seu cãozinho querido. Com seu olfato canino, ele sentiria o
cheiro do churrasco até mais longe do que dois quarteirões. O mesmo ocorre
com os campos. Um ímã tem ao seu redor um campo que influi em outros
ímãs e em objetos contendo ferro. Mas um segundo ímã será mais influencia-
do à distância quanto maior for sua intensidade. Por exemplo, se você mover
um ímã a 20 centímetros de uma mesa com vários objetos sobre ela, verá que
alguns objetos são mais influenciados do que outros. Suas capacidades de
sentir os campos são diferentes, assim como nosso olfato e o olfato dos cães.
O campo de um ímã é chamado de campo magnético e embora nós não
possamos senti-lo diretamente, trata-se de algo bem real. O planeta Terra pos-
sui um campo magnético. Este campo faz com que as bússolas apontem todas
na mesma direção e nos proteje de partículas nocivas provenientes do Sol.
Esse campo também auxilia animais migratórios, como aves e lagostas, a en-
contrar seu caminho.Ao contrário de nós, esses animais possuem órgãos sen-
soriais capazes de detectar os campos magnéticos. Um ímã colocado na pro-
ximidade deles pode desorientá-los.
Mas há outros tipos de campo além do magnético. Como vimos, o fenô-
meno da atração à distância não se restringe aos ímãs, mas está também asso-
ciado à eletricidade. Uma pergunta similar à que fizemos antes pode ser for-
mulada: como os pedacinhos de papel “sabem” que uma régua eletrizada está
por perto e saem voando em sua direção? A resposta é que a régua, com seu
excesso de cargas positivas ou negativas, apresenta em torno de si um campo
elétrico. As cargas existentes no papel “sentem” este campo e a partir disso
sofrem uma força que as arrasta de encontro à régua. Assim, existem pelo
menos dois campos diferentes: o campo magnético, relacionado aos ímãs, e o
campo elétrico, associado à eletricidade.


  -   

O fato mais interessante sobre os campos é que eles provocam efeitos em


locais onde aparentemente não há nada. Isso pode parecer surpreendente,
mas não é tão mágico assim. Se o ser humano não fosse dotado de tato, por
exemplo, não sentiria o vento. Mesmo assim, perceberíamos seus efeitos onde
aparentemente não há nada: folhas de árvore voando, cabelos esvoaçados e
muitas outras coisas. Para os campos elétrico e magnético não temos “tato” ou
outro sentido, mas podemos observar seus efeitos. E esses efeitos são muito
parecidos com o efeito do vento: mover e empurrar coisas. Ou seja, os cam-
pos produzem forças e essas forças provocam movimentos ou alterações de
movimentos.
Imagine que sobre uma mesa horizontal há um carrinho de metal parado
que começa a se mover sozinho, de repente. Você pode pensar: será que foi o
vento? Ou então é um carrinho a pilha, movido por controle remoto? Ou quem
sabe há alguém com um ímã por baixo da mesa. Em todos os casos, é uma
força que está agindo.

Campos elétricos
Os campos elétricos e os campos magnéticos provocam o surgimento de
forças que, por sua vez, provocam outros efeitos, como o início de um movi-
mento. As cargas elétricas, por exemplo, quando imersas em um campo elétri-
co, são puxadas na direção deste campo e é isso que faz o papelzinho grudar
na régua eletrizada. Há uma forma matemática muito simpática de se expres-
sar essa idéia. Vamos indicar pela letra E a intensidade do campo elétrico e por
q a quantidade de carga. Quando a quantidade de carga q for colocada no
campo E, surgirá uma força, que podemos indicar pela letra F. A equação
matemática é assim:

Essa fórmula mostra os fatos: se uma carga forte está num campo forte
aparece uma grande força. Se o campo ou a carga são muito fraquinhos, o
resultado será uma força menor. Se não houver o campo ou não houver a
carga, não há força. Retomando nosso exemplo canino, o campo seria o chei-
ro, a carga seria o olfato do cão. Se o olfato for bom e o cheiro de churrasco
for forte o cãozinho ficará muito faminto e latirá desvairadamente. Se não
houver cheiro, ou se o cão estiver sem olfato, nada demais acontecerá: o
cãozinho continuará nas suas cachorradas costumeiras de sempre.
A fórmula F = q. E é vetorial, o que significa que existe uma informação
sobre direções envolvida. Quando você ouve um som é possível saber de que
direção está vindo porque temos dois ouvidos. Já a carga elétrica “percebe” a
direção do campo, pois o campo é uma grandeza vetorial e provocará uma
força em sua direção. Vale lembrar que uma direção tem dois sentidos. Nosso
amigo Rex, sendo um canino normal, ao sentir o cheiro da carne irá se mover
no sentido de se aproximar da carne. Eu conheço um cão “do contra”, vege-
tariano, chamado Xer e que detesta carne. Nessa situação, ele seguiria no




sentido oposto, procurando se afastar. É um cão “negativo”. O mesmo acon-


tece com as cargas. As positivas vão no sentido que o campo elétrico aponta.
As negativas seguem a mesma linha, mas no sentido oposto.

Campo magnético
O campo magnético, assim como o elétrico, pode ser representados por
linhas. Em um ímã comum as linhas adquirem o seguinte aspecto:
Note que as linhas de campo saem do pólo norte e entram no pólo sul. Um
bússola, colocada em um campo magnético, apontará na direção do campo.
O pólo norte da bússola, que aponta para o norte geográfico (sul magnético)
da Terra, sempre aponta no sentido do campo.

Os campos magnéticos também agem sobre as cargas, mas para isso elas
devem estar em um movimento perpendicular a ele. Os campos magnéticos
não fazem nada com cargas paradas, nem com cargas em movimento que
acompanhem a sua direção, mas quando uma carga tem ao menos parte de
seu movimento perpendicular ao campo, estranhos desvios em seu movimen-
to começam a acontecer, podendo provocar movimentos circulares ou até mais
complicados. Ao contrário do campo elétrico, o campo magnético não desvia
a carga no sentido do campo, mas numa direção perpendicular a ele. Imagine
a seguinte situação: um ímã grande, muito forte, com o pólo norte colocado
sob a mesa. Se você coloca uma bolinha com carga positiva sobre a mesa,
nada acontece, porque o campo magnético não atua em carga paradas. Mas se
você a coloca em movimento ela irá sempre se desviar para a direita. Como o
desvio é contínuo a bolinha acaba realizando um movimento circular.


  -   

O desvio sofrido por cargas em um campo magnético segue uma regra


simples. Imagine o exemplo anterior. O campo magnético estava apontando
para cima, saindo do tampo da mesa. Coloque sua mão direita aberta sobre
a mesa, com a palma apontando para o sentido do campo, isto é, para cima.
Seus dedos estarão apontando para a frente: este é o sentido do movimento
da carga. Mas o seu dedão estará apontando para a direita! É para lá que a
carga será desviada. Agora vá até a parede mais próxima e coloque sua mão
com a palma voltada para a parede. Isso é um campo magnético “entrando”
na parede. Seus dedos estão apontando para cima e o dedão para a esquer-
da? Isso quer dizer que se você moves-
se uma carga positiva para cima nesse
campo ele seria desviada para a esquer-
da. No caso de cargas negativas, use a
mão esquerda, ao invés da direita. Veja
a figura:

CAMPOS E CARGAS
Até este ponto, vimos o significado de três idéias:
- Campo Elétrico.
- Campo Magnético.
- Cargas Elétricas.
Essas três idéias formam a base do que chamamos de Eletromagnetismo.
Este é o ramo da Física que explica todos os fenômenos elétricos e magné-
ticos e que permitiu a invenção de inúmeros aparelhos elétricos e a compre-
ensão do comportamento da matéria de uma forma muito profunda. Após
muitas experiências e teorias, os físicos descobriram que apenas com essas
três idéias é possível formular algumas regras que, transformadas em equa-
ções matemáticas, nos tornam capazes de prever uma inúmera quantidade
de fenômenos interessantes. Essas equações são chamadas de “Equações de
Maxwell” em homenagem ao cientista que as colocou em sua forma final.
Os cálculos com as equações de Maxwell são complexos demais para o
nível de ensino médio, mas podemos compreender seu significado sem en-
trar diretamente nesses cálculos, colocando-as em formas de leis e discutin-
do suas conseqüências:

Lei de Gauss da Eletricidade


Basicamente esta lei diz que cargas elétricas têm campos elétricos ao seu
redor. Uma representação muito usada para os campos elétricos é através de
linhas “saindo” ou entrando nas “cargas”, como na figura:




Nas cargas positivas o sentido do campo é para fora e nas negativas, para
dentro. Lembrando que os campo provocam forças nas cargas e que o sentido
da força depende do sinal da carga, podemos entender a repulsão e a atração
de cargas de mesmo sinal e sinais opostos:

A intensidade do campo de uma carga vai diminuindo conforme nos afas-


tamos dela. A equação da lei de Gauss da eletricidade nos dá uma fórmula
para isso, que é a seguinte:

Nessa fórmula, E representa a intensidade do campo, q é quantidade de


carga e d é a distância. O valor K é chamado de constante dielétrica do vácuo
e representa a intensidade da força elétrica existente na natureza. Seu valor é
sempre o mesmo K= 9.109 N.m²/C². A quantidade de carga é medida em uma
unidade chamada coulomb, abreviada por C, em homenagem a um cientista
francês do século XIX. O elétron que possui a menor carga livre conhecida no
universo possui uma carga de
- 1,6 . 10–19 C
Note que é um valor negativo, pois a carga do elétron é negativa.
Se você colocar uma carga no campo de uma outra carga, ela sofrerá uma
força que, como já dissemos, será calculada pela fórmula F = q.E. Combinan-
do as duas fórmulas teremos o seguinte resultado:

Essa fórmula também é conhecida como lei de Coulomb e mostra que a


atração ou a repulsão entre duas cargas depende dos seus valores e vai dimi-
nuindo com o quadrado da distância entre elas.
O fato de as cargas elétricas possuirem campo elétricos e de os campos
elétricos provocarem o surgimento de forças é que faz com que ocorra a repulsão
e a atração. Vejamos alguns fenômenos ligados a esse fato.
CAMPOS NOS CIRCUITOS
Pilhas e baterias produzem corrente elétrica. Quando você
liga uma lanterna ou um brinquedo a pilha, ele funciona
graças à corrente elétrica que passa nos seus fios internos.
Como essa corrente é produzida? A corrente elétrica nada
mais é do que o movimento de cargas elétricas em um
material. Nos metais, há muitos elétrons que podem se
mover livremente. Um campo elétrico dentro de um me-


  -   

tal faz com que esses elétrons comecem um percurso, produzindo uma corrente. Assim,
se conseguirmos produzir um campo elétrico contínuo dentro de um metal, produzire-
mos corrente elétrica. As pilhas e baterias fazem justamente isso. Por um processo
químico, as baterias e as pilhas fazem com que cargas positivas fiquem acumuladas em
uma região e negativas em outra. Essas regiões são chamadas pólos. Isso cria um campo
elétrico permanente enquanto a pilha estiver carregada. Ao colocar um fio unindo os
pólos positivo e negativo da pilha, você terá uma corrente elétrica e seu aparelho irá
funcionar.

CAMPOS NOS PROCESSOS DE IMPRESSÃO


Impressoras. Nas impressoras a jato de tinta usadas na maior parte dos computadores,
minúsculas gotinhas de tinta são carregadas com cargas elétricas e repelidas por um
campo elétrico em direção ao papel. Nas impressoras laser e nas fotocopiadoras, uma
tinta em pó chamada toner é atraída ao papel por um campo elétrico.

CAMPOS NO INTERIOR DA TV
Televisores. A imagem da sua TV é formada pelo impacto de elétrons no vidro. Os
elétrons são empurrados violentamente contra a tela através do tubo da TV utilizando-se
um fortíssimo campo elétrico. Ao atingir uma substância colocada sob a tela de vidro os
elétrons provocam a emissão de luz. As lâmpadas fluorescentes e os aparelhos de raios
X seguem um princípio semelhante. Nas lâmpadas, os elétrons atingem átomos no
interior das lâmpadas que produzem raios ultravioleta. Estes ao atingir o vidro recoberto
de substâncias similares aos da tela da TV, produzem luz. Já os raios X são gerados
quando os elétrons atingem uma anteparo de metal. O que muda de um aparelho para
outro é a energia com que os elétrons são lançados. Essa energia está ligada à tensão
elétrica, que estudamos no primeiro capítulo. Um televisor pode trabalhar com 10.000 V,
o que significa que ele fornece 10.000 J de energia para cada coulomb de carga que o
atravessa. Podemos resumir isso em uma fórmula simples: E = q.V, ou seja, a energia é o
produto da quantidade de carga pela tensão elétrica.

1) (Fuvest - 2002) Quatro ímãs iguais em forma de


barra, com as polaridades indicadas, estão apoiados
sobre uma mesa horizontal, como na figura, vistos
de cima. Uma pequena bússola é também colocada
na mesa, no ponto central P, eqüidistante dos ímãs,
indicando a direção e o sentido do campo magnético
dos ímãs em P. Não levando em conta o efeito do
campo magnético terrestre, a figura que melhor re-
presenta a orientação da agulha da bússola é

2) (Unifesp - 2002) Na figura, estão representadas duas pequenas esferas de


mesma massa, m = 0,0048 kg, eletrizadas com cargas de mesmo sinal, repe-
lindo-se, no ar. Elas estão penduradas por fios isolantes muito leves, inexten-




síveis, de mesmo comprimento, L = 0,090 m. Observa-


se que, com o tempo, essas esferas se aproximam e os
fios tendem a tornar-se verticais.
a) O que causa a aproximação dessas esferas? Durante
essa aproximação, os ângulos que os fios formam com
a vertical são sempre iguais ou podem tornar-se dife-
rentes um do outro? Justifique.
b) Suponha que, na situação da figura, o ângulo α é tal que sen α= 0,60;
cos α = 0,80; tg α = 0,75 e as esferas têm cargas iguais. Qual é, nesse caso, a
carga elétrica de cada esfera? (Admitir g = 10 m/s² e k = 9,0.109 N.m²/C².)

3) (Unicamp - 2001) Nas impressoras a jato de tinta, os caracteres são feitos a


partir de minúsculas gotas de tinta que são arremessadas contra a folha de
papel. O ponto no qual as gotas atingem o papel é determinado eletrostatica-
mente. As gotas são inicialmente formadas, e depois carregadas eletricamen-
te. Em seguida, elas são lançadas com velocidade constante v em uma região
onde existe um campo elétrico uniforme entre duas pequenas placas metáli-
cas. O campo deflete as gotas conforme a figura abaixo. O controle da trajetó-
ria é feito escolhendo-se convenientemente a carga de cada gota. Considere
uma gota típica com massa m = 1,0 x 10–10 kg, carga elétrica q = -2,0 x 10–13
C, velocidade horizontal v = 6,0 m/s atravessando uma região de comprimen-
to L = 8,0 x 10–3 m onde há um campo elétrico E = 1,5 x 106 N/C.

a) Determine a razão FE/FP entre os módulos da força elétrica e da força peso


que atuam sobre a gota de tinta.
b) Calcule a componente vertical da velocidade da gota após atravessar a
região com campo elétrico.

4) (UFMG - 2001) Em um tipo de tubo de raios X, elétrons acelerados por


uma diferença de potencial de 2,0 x 104V atingem um alvo de metal, onde são
violentamente desacelerados. Ao atingir o metal, toda a energia cinética dos
elétrons é transformada em raios X.
1. CALCULE a energia cinética que um elétron adquire ao ser acelerado pela
diferença de potencial.
2. CALCULE o menor comprimento de onda possível para raios X produzi-
dos por esse tubo.

Lei de Gauss do Magnetismo


Essa lei diz que não podemos separar os pólos de um ímã. Se pudéssemos
fazer isso existiria uma espécie diferente de carga: a carga magnética. Mas só
existem cargas elétricas. Duas perguntas então se colocam:
Como não podemos separar os pólos do ímã? Não é só quebrá-lo ao meio?
A resposta é não. Se você quebra um ímã ao meio, cada pedaço passará a ter


  -   

um pólo norte e um pólo sul. A outra pergunta é a seguinte: se não existem


cargas magnéticas, de onde vêm os campos magnéticos? Essa é uma boa
pergunta: já que os campos elétricos vêm das cargas elétricas, seria razoável
esperar que os campos magnéticos viessem de cargas magnéticas. Mas não é
bem assim. A resposta está na lei de Ampère, que vem a seguir.

Lei de Ampère
Essa lei diz que quando cargas elétricas estão em movimento surgem cam-
pos magnéticos ao seu redor. Esse fato incrível foi descoberto no século XIX
por um professor de física dinamarquês chamado Oersted, que percebeu que
um fio ligado em uma pilha desviava a agulha de uma bússola.
Uma corrente elétrica, portanto, é uma fonte de campo magnético. Isso se
traduz em várias aplicações práticas interessantes.

EXPERIMENTE VOCÊ MESMO


Você pode criar um ímã que pode ser ligado e desligado. Se quiser, faça a experiência.
Pegue um prego e enrole um fio encapado em volta dele dando pelo menos 20 voltas
e deixando sobra nas duas pontas do fio. Desencape apenas as pontas do fio e ligue cada
uma delas a um pólo de uma pilha comum (não use pilhas alcalinas ou irá queimar seu
dedo). Aproxime o prego do alfinete ou dos clipes e ele os atrairá exatamente como um
ímã. Solte os fios e a atração irá cessar.

Se você esticar um fio em linha reta e fizer uma corrente elétrica passar Saiba mais
por ele, o campo magnético será representado por linhas circulares ao redor Com os fenômenos liga-
do fio, como na figura a seguir. dos à lei de Ampère,
muitas invenções pude-
O sentido do campo será dado pela chamada regra da mão direita. Imagi-
ram ser realizadas, como
ne-se segurando o fio e fazendo o sinal de “positivo” com o dedão no sentido o telégrafo, o telefone, os
da corrente. Os demais dedos indicarão automaticamente o sentido do campo alto-falantes, as campai-
magnético. Observe a figura: nhas, as fitas de grava-
ção magnética (como as
fitas de vídeo), os moto-
res elétricos usados em
inúmeros aparelhos do-
mésticos e em meios de
transporte como os trens
e o metrô.

Lei de Faraday
Essa foi uma descoberta revolucionária. A idéia é simples: um campo
magnético, quando é alterado, produz um campo elétrico. Por exemplo: se




você tem um ímã em sua mão e aproxima-o de um objeto qualquer, o campo


magnético que atua neste objeto estará se alterando e isso provocará o surgimento
de um campo elétrico. Esse fenômeno se chama indução eletromagnética.
Essa foi uma descoberta revolucionária porque possibilitou a obtenção da
eletricidade a partir do movimento. Você movimenta um ímã nas proximida-
des de um metal e surge um campo elétrico, que por sua vez produz uma
corrente elétrica. É assim que funcionam todas as usinas geradoras de eletrici-
dade. Nas usinas hidrelétricas, a água é usada para movimentar enormes ele-
troímãs perto de fios. Isso produz a eletricidade que vem até a nossa casa.
Outras maneiras de produzir movimento, como o calor e o vento, podem ser
usadas, mas o princípio é sempre o mesmo.
Quanto mais rápida for a variação do campo magnético, maior será o campo
elétrico gerado, assim as usinas geradoras de eletricidade devem colocar seus
ímãs para girar muito rapidamente nas proximidades de enrolamentos de fios
enrolados. Quando o pólo sul de um ímã se aproxima do enrolamento, ele
produz corrente no sentido horário; quando o pólo norte se aproxima, a cor-
rente gerada é no sentido anti-horário. Quando o ímã está se afastando o sen-
tido da corrente se inverte. A figura abaixo ajuda a memorizar este fato:

LEI DE MAXWELL
Essa foi a última das leis a serem descobertas, mas foi uma das mais fundamentais. Vimos
que um campo magnético, ao se alterar, produz um campo elétrico. Mas o inverso
também ocorre: um campo elétrico se alterando também produz um campo magnéti-
co. Isso é incrível, porque se você começa de um campo magnético variando e obtiver
um campo elétrico que também varia, esse campo elétrico novo irá produzir um novo
campo magnético que, ao variar, produz outro elétrico e assim por diante. Isso gera uma
sucessão de campos elétricos e magnéticos que se propagam pelo espaço e que cha-
mamos de ondas eletromagnéticas. São essas ondas que permitem a transmissão de
informações através de antenas e são a base do funcionamento dos rádios, televisores,
telefones celulares e muitas outras coisas. Você estudará as ondas eletromagnéticas
com mais detalhes no capítulo de Física Moderna.

Exercícios
5) (Fuvest - 1996) A figura I representa
um ímã permanente em forma de barra,
onde N e S indicam, respectivamente, pó-
los norte e sul. Suponha que a barra esteja
dividida em três pedaços, como mostra a
figura II. Colocando lado a lado os dois
pedaços extremos, como indicado na fi-
gura III, é correto afirmar que eles
a) se atrairão, pois A é pólo norte e B é pólo sul


  -   

b) se atrairão, pois A é pólo sul e B é pólo norte


c) não serão atraídos nem repelidos
d) se repelirão, pois A é pólo norte e B é pólo sul.
e) se repelirão, pois A é pólo sul e B é pólo norte .

6) (Fuvest - 2000) Um ímã é colocado próximo a um arranjo, composto por


um fio longo enrolado em um carretel e ligado a uma pequena lâmpada, con-
forme a figura. O ímã é movimentado para a direita e para a esquerda, de tal
forma que a posição x de seu ponto médio descreve o movimento indicado
pelo gráfico, entre –x0 e +x0. Durante o movimento do ímã, a lâmpada apre-
senta luminosidade variável, acendendo e apagando. Observa-se que a lumi-
nosidade da lâmpada

a) é máxima quando o ímã está mais próximo do carretel (x = +x0)


b) é máxima quando o ímã está mais distante do carretel (x = –x0)
c) independe da velocidade do ímã e aumenta à medida que ele se aproxima
do carretel
d) independe da velocidade do ímã e aumenta à medida que ele se afasta do
carretel
e) depende da velocidade do ímã e é máxima quando seu ponto médio passa
próximo a x = 0
Está correto apenas o que se afirma em
a) I b) II c) III d) I e III e) II e III

7) (Fuvest - 2000) Apoiado sobre uma mesa, observa-se o trecho de um fio


longo, ligado a uma bateria. Cinco bússolas são colocadas próximas ao fio,
na horizontal, nas seguintes posições: 1 e 5 sobre a mesa; 2, 3 e 4 a alguns
centímetros acima da mesa. As agulhas das bússolas só podem mover-se no
plano horizontal. Quando não há corrente no fio, todas as agulhas das bússo-
las permanecem paralelas ao fio. Se passar corrente no fio, será observada
deflexão, no plano horizontal, das agulhas das bússolas colocadas somente
a) na posição 3
b) nas posições 1 e 5
c) nas posições 2 e 4
d) nas posições 1, 3 e 5
e) nas posições 2, 3 e 4




8) (Fuvest - 2001) Duas pequenas esferas, com cargas elétricas iguais, ligadas
por uma barra isolante, são inicialmente colocadas como descrito na situação
I. Em seguida, aproxima-se uma das esferas de P, reduzindo-se à metade sua
distância até esse ponto, ao mesmo tempo em que se duplica a distância entre
a outra esfera e P, como na situação II. O campo elétrico em P, no plano que
contém o centro das duas esferas, possui, nas duas situações indicadas,

a) mesma direção e intensidade.


b) direções diferentes e mesma intensidade.
c) mesma direção e maior intensidade em I.
d) direções diferentes e maior intensidade em I.
e) direções diferentes e maior intensidade em II.

9) (Fuvest - 2001) Um ímã cilíndrico A, com um pequeno orifício ao longo de


seu eixo, pode deslocar-se sem atrito sobre uma fina barra de plástico hori-
zontal. Próximo à barra e fixo verticalmente, encontra-se um longo ímã B,
cujo pólo S encontra-se muito longe e não está representado na figura. Inici-
almente o ímã A está longe do B e move-se com velocidade V, da esquerda
para a direita. Desprezando efeitos dissipativos, o conjunto de todos os gráfi-
cos que podem representar a velocidade V do ímã A, em função da posição x
de seu centro P, é constituído por:

a) II b) I e II c) II e III d) I e III e) I, II e III

10) (Fuvest - 2001) Três fios verticais e


muito longos atravessam uma superfície
plana e horizontal nos vértices de um tri-
ângulo isósceles, como na figura abaixo
desenhada no plano. Por dois deles ( · ),
passa uma mesma corrente que sai do pla-
no do papel e pelo terceiro (X) passa uma
corrente que entra nesse plano. Desprezan-
do-se os efeitos do campo magnético ter-
restre, a direção da agulha de uma bússo-
la, colocada eqüidistante deles, seria me-
lhor representada pela reta


  -   

a) A A’
b) B B’
c) C C’
d) D D’
e) perpendicular ao plano do papel.

11) (Fuvest - 2002) Três esferas metálicas iguais, A, B e C, estão apoiadas em


suportes isolantes, tendo a esfera A carga elétrica negativa. Próximas a ela, as
esferas B e C estão em contato entre si, sendo que C está ligada à terra por um
fio condutor, como na figura. A partir dessa configuração, o fio é retirado e,
em seguida, a esfera A é levada para muito longe. Finalmente, as esferas B e C
são afastadas uma da outra. Após esses procedimentos, as cargas das três
esferas satisfazem as relações:
a) QA < 0, QB > 0, QC > 0
b) QA < 0, QB = 0, QC = 0
c) QA = 0, QB < 0, QC < 0
d) QA > 0, QB > 0, QC = 0
e) QA > 0, QB < 0, QC > 0

12) (Fuvest - 2004) Pequenas esferas, carregadas com cargas elétricas negati-
vas de mesmo módulo Q, estão dispostas sobre um anel isolante e circular,
como indicado na figura I. Nessa configuração, a intensidade da força elétri-
ca que age sobre uma carga de prova negativa, colocada no centro do anel
(ponto P), é F1. Se forem acrescentadas sobre o anel três outras cargas de
mesmo módulo Q, mas positivas, como na figura II, a intensidade da força
elétrica no ponto P passará a ser:
a) zero b) (1/2)F1 c) (3/4)F1 d) F1 e) 2 F1

13) (Fuvest - 2003) Um feixe de elétrons, todos com mesma velocidade, pe-
netra em uma região do espaço onde há um campo elétrico uniforme entre
duas placas condutoras, planas e paralelas, uma delas carregada positivamen-
te e a outra, negativamente. Durante todo o percurso, na região entre as pla-
cas, os elétrons têm trajetória retilínea, perpendicular ao campo elétrico. Igno-
rando efeitos gravitacionais, esse movimento é possível se entre as placas hou-
ver, além do campo elétrico, também um campo magnético, com intensidade
adequada e:
a) perpendicular ao campo elétrico e à trajetória dos elétrons.
b) paralelo e de sentido oposto ao do campo elétrico.
c) paralelo e de mesmo sentido que o do campo elétrico.
d) paralelo e de sentido oposto ao da velocidade dos elétrons.
e) paralelo e de mesmo sentido que o da velocidade dos elétrons.

14) (Fuvest - 2004) Dois anéis circulares iguais, A e


B, construídos com fio condutor, estão frente a fren-
te. O anel A está ligado a um gerador, que pode lhe
fornecer uma corrente variável. Quando a corrente
i que percorre A varia como no Gráfico I, uma cor-
rente é induzida em B e surge, entre os anéis, uma




força repulsiva, (representada como positiva), indicada no Gráfico II.

Considere agora a situação em que o gerador fornece ao anel A uma corrente


como indicada no Gráfico III. Nesse caso, a força entre os anéis pode ser
representada por:

a) b) c) d) e)

15) (Fuvest - 1998) Considere os dois ímãs perma-


nentes mostrados na figura. O externo tem forma
de anel, com quatro polos. O interno, em forma de
cruz, pode girar livremente em torno do eixo O,
fixo e coincidente com o eixo do anel. As polari-
dades N (Norte) e S (Sul) dos polos (de igual inten-
sidade em módulo) estão representadas na figura.
A posição do ímã móvel em relação ao anel é dada
pelo ângulo. Podemos afirmar que o gráfico que
melhor pode representar o valor do torque (mo-
mento de força) total t, que age sobre o ímã móvel,
em função de j, é:

16) (Fuvest - 1998) Três pequenas esferas carregadas com cargas de mesmo
módulo, sendo A positiva e B e C negativas, estão presas nos vértices de um
triângulo equilátero. No instante em que el as são soltas, simultaneamente, a
direção e o sentido de suas acelerações serão melhor representados pelo es-
quema:


  -   

17) (Fuvest - 1999) Um ímã, em forma de barra, de polaridade N(norte) e


S(sul), é fixado numa mesa horizontal. Um outro ímã semelhante, de polari-
dade desconhecida, indicada por A e T, quando colocado na posição mostra-
da na figura 1, é repelido para a direita. Quebra-se esse ímã ao meio e, utili-
zando as duas metades, fazem-se quatro experiências,
representadas nas figuras I, II, III e IV, em que as meta-
des são colocadas, uma de cada vez, nas proximidades
do ímã fixo.

Indicando por “nada” a ausência de atração ou repulsão da parte testada, os


resultados das quatro experiências são, respectivamente,
I II III IV
a) repulsão atração repulsão atração
b) repulsão repulsão repulsão repulsão
c) repulsão repulsão atração atração
d) repulsão nada nada atração
e) atração nada nada repulsão

18) (UFRJ - 2001) Um ímã permanente cai por ação da gravidade através de
uma espira condutora circular fixa, mantida na posição horizontal, como mostra
a figura. O pólo norte do ímã esta dirigido para baixo e a trajetória do ímã é
vertical e passa pelo centro da espira. Use a lei de Faraday e mostre por meio
de diagramas:
a) o sentido da corrente induzida na espira no momento ilustrado na figura;
b) a direção e o sentido da força resultante exercida sobre o ímã.
JUSTIFIQUE SUAS RESPOSTAS.




19) (UFMG - 1997) Atrita-se um bastão com lã de modo que ele adquire carga
positiva. Aproxima-se então o bastão de uma esfera metálica com o objetivo
de induzir nela uma separação de cargas. Essa situação é mostrada na figura.

Pode-se então afirmar que o campo elétrico no interior da esfera é


a) diferente de zero, horizontal, com sentido da direita para a esquerda.
b) diferente de zero, horizontal, com sentido da esquerda para a direita.
c) nulo apenas no centro.
d) nulo em todos os lugares.

20) (UFMG - 1997) A figura mostra, esquematicamente, as partes principais


de uma impressora a jato de tinta. Durante o processo de impressão, um cam-
po elétrico é aplicado nas placas defletoras de modo a desviar as gotas
eletrizadas.

Dessa maneira as gotas incidem exatamente no lugar programado da folha de


papel onde se formará, por exemplo, parte de uma letra. Considere que as
gotas são eletrizadas negativamente. Para que elas atinjam o ponto P da figu-
ra, o vetor campo elétrico entre as placas defletoras é melhor representado
por:


  -   

21) (UFMG - 1997) Duas esferas metálicas de diâmetros diferentes, apoiadas


em bases isolantes, estão inicialmente em contato. Aproxima-se delas, sem
tocá-las, um bastão carregado positivamente, como mostra a figura. Com o
bastão ainda próximo das esferas, a esfera B é afastada da esfera A.

Considerando a situação final, responda às questões abaixo.


1 - CITE os sinais das cargas que as esferas A e B irão adquirir. JUSTIFIQUE
sua resposta.
2 - COMPARE o módulo das cargas das esferas. JUSTIFIQUE sua resposta.

22) (UFMG - 1997) Uma pessoa gira uma espira metálica, com velocidade
angular constante, na presença de um campo magnético, como mostra a figu-
ra. A espira tem resistência elétrica R e seu movimento é sem atrito.
1 - EXPLIQUE por que, nessa situação, aparece
uma corrente elétrica na espira.
2 - Em um determinado momento, a pessoa pára
de atuar sobre a espira.
RESPONDA se, após esse momento, a velocida-
de angular da espira aumenta, diminui ou per-
manece constante. JUSTIFIQUE sua resposta.

23) Aproximando-se uma barra eletrizada de duas esfe-


ras condutoras, inicialmente descarregadas e encosta-
das uma na outra, observa-se a distribuição de cargas
esquematizada na figura ao lado.
Em seguida, sem tirar do lugar a barra eletrizada, afasta-se um pouco uma
esfera da outra. Finalmente, sem mexer mais nas esferas, remove-se a barra,
levando-a para muito longe das esferas. Nessa situação final, a figura que
melhor representa a distribuição de cargas nas duas esferas é:




24) Quatro cargas pontuais estão colocadas nos vértices de um quadrado. As


duas cargas +q e -q têm mesmo valor absoluto e as outras duas, q1 e q2, são
desconhecidas. Afim de determinar a natureza destas cargas, coloca-se uma
carga de prova positiva no centro do quadrado e verifica-se que a força sobre
ela é * mostrada na figura. Podemos afirmar que
a) q1 > q2 > 0
b) q2 > q1 >0
c) q1 + q2 > 0
d) q1 + q2 < 0
e) q1 = q2 > 0

Respostas dos exercícios


UNIDADE 1
1-D 12 (PUC) -
2-B Os resistores de 160 (devem ser inse-
3-E ridos emparalelo, oferecendo uma re-
sistência de 80 Ω que associada em
4 - a) 0,5 A
série com a lâmpada de 24 Ω resulta
b) 240 Ω em uma equivalente de 104 Ω. A ten-
5 - a) 1,5 X 102 Ω são da fonte (26V) no circuito assim
b) 1,25 X 104 Ω constituído faz passar uma corrente de
6 (Fuvest) - 30 Ω 0,25 A que é a ideal para o funciona-
mento da lâmpada.
7 (Fatec) - A
13 - B
8 (PUC) - E
14 (Fatec) - D
9 - 3,3 Ω
15 (Fatec) - D
10 (Fuvest) - C
16 (Fatec) - E
11 (Fuvest)
17 (Fatec) - C
a) i = 0,2 A
18 (Fatec) - D
b) 15 lâmpadas

UNIDADE 2
1 (Fuvest) - A 3 (Unicamp) -
2 (Unifesp) - a) 3 x 10 2
a) As cargas acumuladas nas esferas b)Vx = 6,0 m/s
têm a tendência de ser neutralizadas Vy = 4,0 m/s
pelo contato com o ar. A tendência na- 4 (UFMG) -
tural é a de os ângulos continuarem
iguais pois as forças gravitacionais a) E = 3,2 . 10-15 J
(pesos) e interação com a /terra não b) 6,2. 10-11 m
se alteram e as elétricas constituem 5 (Fuvest) - E
um par de ação e reação, tendo, por- 6 (Fuvest 2000) - E
tanto, a mesma intensidade.
7 (Fuvest 2000) - E
b) 2,16 x 10-7 C
8 (Fuvest 2001) - B


  -   

9 (Fuvest 2001) - D 19 (UFMG-97) - D


10 (Fuvest-01) - A 20 (UFMG-97) - B
11 (Fuvest-02) - A 21 (UFMG-97) -
12 (Fuvest-04) - E 1- Por indução A adquire cargas ne-
13 (Fuvest-03) - A gativas e B positivas.
14 (Fuvest-04) - C 2- As cargas serão iguais, pois são
advindas de um sistema inicialmente
15 (Fuvest-98) - E
neutro. A densidade superficial des-
16 (Fuvest-98) - B tas cargas é que será diferente pois B
17 (Fuvest-99) - A possui área maior que A.
18 (UFRJ-01) - 22 (UFMG-97)
a) A oposição a uma aproximação se a) Ocorre indução eletromagnética.
dá por meio de uma repulsão, o que b) Depende da posição em que a for-
leva a uma polaridade induzida no ça deixar de atuar.
centro da espira com o norte para
23 - A
cima, indicado pelo polegar da mão
direita. Com isto, o sentido da corrente 24 - D
induzida é o anti-horário para quem
olha de cima.
b) Fres = P – Fm

Bibliografias
ALVARENGA, Beatriz; MÁXIMO, Antônio. Curso de Física. Vol. 3, 5. ed.,
São Paulo: Scipione, 2000.
BONJORNO, CLINTON. Física História e Cotidiano. Vol. 3, FTD.
Ciência Hoje na Escola. Eletricidade. Vol. 12, São Paulo: Global, 2001,
SBPC.
GASPAR, Alberto. Física-Eletromagnetismo e Física Moderna. Vol.3, 1. ed.,
São Paulo: Ática, 2001.
GONÇALVES FILHO, Aurélio; TOSCANO, Carlos. Física para o ensino
médio. São Paulo: Scipione, 2002. (Série Parâmetros).
GREF (Grupo de Reelaboração do Ensino de Física). MENEZES, Luís
Carlos de; HOSOUME, Yassuko; ZANETIC, João. (Coord.). Física 3 –
eletromagnetismo. 3. ed. São Paulo: Edusp, 1998.
PEC (programa de eduacação continuada). PEB II – Física, Módulo 2. São
Paulo, 2003. Aperfeiçoamento de professores.

SITES
www.feiradeciencias.com.br
www.fisicanet.terra.com.br
www.if.usp.br/gref




Sobre os autores
Luis Paulo Piassi
Aluno de doutoramento na Faculdade de Educação da USP, bacharel e li-
cenciado em Física e mestre em ensino de ciências pelo Instituto de Física da
USP e pela Faculdade de Educação da USP. Trabalhou por oito anos no Grupo
de Reelaboração do Ensino de Física (GREF), onde ministrou diversos cursos
de aperfeiçoamento para professores de ensino fundamental e médio. Junto ao
GREF produziu diversos textos e materiais didáticos voltados ao ensino mé-
dio. Atuou no Programa de Educação Continuada do Governo do Estado de
São Paulo e em cursos do programa Prociencias. É professor de física, astro-
nomia e tecnologia no ensino fundamental e médio no Colégio Waldorf Micael
de São Paulo. Criou e administra a página da internet Scite – recursos de
ensino de ciências (www.scite.pro.br) e desenvolve software educacional para
o ensino de ciências. É colaborador da Experimentoteca-Ludoteca do IF-USP.

Maxwell Roger da P. Siqueira


Licenciado em Física pela Universidade Federal de Juiz de Fora – MG
(UFJF). Lenciona desde 1997 na rede pública e Minas Gerais e atualmente é
docente da rede particular de São Paulo. Mestrando na área de ensino de Ci-
ências, no Instituto de Física da USP. Participa também de projetos e pesquisas
vinculados ao laborátorio de pesquisa em Ensino de Física da Faculdade de
Educação da USP.

Maurício Pietrocola
Licenciado em Física pela USP, mestre em ensino de ciências (modalidade
Física) pela mesma Universidade e doutor em História e Epistemologia das
Ciências da Universidade de Paris 7 – Denis Diderot. Foi professor secundário
de Física e professor do Departamento de Física da UFSC. Secretário de Ensi-
no da Sociedade Brasileira de Física nas gestões 1999-2001 e 2001-2003.
Membro dos conselhos editorias do Caderno Brasileiro de Ensino de Física e
da Revista da Sociedade Brasileira de História da Ciência. É co-autor de li-
vros paradidáticos de Física, da coleção Física, um outro olhar, da editora
FTD. É atualmente professor doutor da Faculdade de Educação da USP.


Física
Energia e quantidade
de movimento

Organizadores
Maurício Pietrocola
Nobuko Ueta

Elaboradores
Rogério Vogt Cardoso dos Santos
José Alves da Silva
Maurício Pietrocola
5
módulo

Nome do Aluno
GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO
Governador: Geraldo Alckmin
Secretaria de Estado da Educação de São Paulo
Secretário: Gabriel Benedito Issac Chalita
Coordenadoria de Estudos e Normas Pedagógicas – CENP
Coordenadora: Sonia Maria Silva

UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO


Reitor: Adolpho José Melfi
Pró-Reitora de Graduação
Sonia Teresinha de Sousa Penin
Pró-Reitor de Cultura e Extensão Universitária
Adilson Avansi Abreu

FUNDAÇÃO DE APOIO À FACULDADE DE EDUCAÇÃO – FAFE


Presidente do Conselho Curador: Selma Garrido Pimenta
Diretoria Administrativa: Anna Maria Pessoa de Carvalho
Diretoria Financeira: Sílvia Luzia Frateschi Trivelato

PROGRAMA PRÓ-UNIVERSITÁRIO
Coordenadora Geral: Eleny Mitrulis
Vice-coordenadora Geral: Sonia Maria Vanzella Castellar
Coordenadora Pedagógica: Helena Coharik Chamlian

Coordenadores de Área
Biologia:
Paulo Takeo Sano – Lyria Mori
Física:
Maurício Pietrocola – Nobuko Ueta
Geografia:
Sonia Maria Vanzella Castellar – Elvio Rodrigues Martins
História:
Kátia Maria Abud – Raquel Glezer
Língua Inglesa:
Anna Maria Carmagnani – Walkyria Monte Mór
Língua Portuguesa:
Maria Lúcia Victório de Oliveira Andrade – Neide Luzia de Rezende – Valdir Heitor Barzotto
Matemática:
Antônio Carlos Brolezzi – Elvia Mureb Sallum – Martha S. Monteiro
Química:
Maria Eunice Ribeiro Marcondes – Marcelo Giordan
Produção Editorial
Dreampix Comunicação
Revisão, diagramação, capa e projeto gráfico: André Jun Nishizawa, Eduardo Higa Sokei, José Muniz Jr.
Mariana Pimenta Coan, Mario Guimarães Mucida e Wagner Shimabukuro
Cartas ao
Aluno
Carta da
Pró-Reitoria de Graduação

Caro aluno,
Com muita alegria, a Universidade de São Paulo, por meio de seus estudantes
e de seus professores, participa dessa parceria com a Secretaria de Estado da
Educação, oferecendo a você o que temos de melhor: conhecimento.
Conhecimento é a chave para o desenvolvimento das pessoas e das nações
e freqüentar o ensino superior é a maneira mais efetiva de ampliar conhecimentos
de forma sistemática e de se preparar para uma profissão.
Ingressar numa universidade de reconhecida qualidade e gratuita é o desejo
de tantos jovens como você. Por isso, a USP, assim como outras universidades
públicas, possui um vestibular tão concorrido. Para enfrentar tal concorrência,
muitos alunos do ensino médio, inclusive os que estudam em escolas particulares
de reconhecida qualidade, fazem cursinhos preparatórios, em geral de alto
custo e inacessíveis à maioria dos alunos da escola pública.
O presente programa oferece a você a possibilidade de se preparar para enfrentar
com melhores condições um vestibular, retomando aspectos fundamentais da
programação do ensino médio. Espera-se, também, que essa revisão, orientada
por objetivos educacionais, o auxilie a perceber com clareza o desenvolvimento
pessoal que adquiriu ao longo da educação básica. Tomar posse da própria
formação certamente lhe dará a segurança necessária para enfrentar qualquer
situação de vida e de trabalho.
Enfrente com garra esse programa. Os próximos meses, até os exames em
novembro, exigirão de sua parte muita disciplina e estudo diário. Os monitores
e os professores da USP, em parceria com os professores de sua escola, estão
se dedicando muito para ajudá-lo nessa travessia.
Em nome da comunidade USP, desejo-lhe, meu caro aluno, disposição e vigor
para o presente desafio.

Sonia Teresinha de Sousa Penin.


Pró-Reitora de Graduação.
Carta da
Secretaria de Estado da Educação

Caro aluno,
Com a efetiva expansão e a crescente melhoria do ensino médio estadual,
os desafios vivenciados por todos os jovens matriculados nas escolas da rede
estadual de ensino, no momento de ingressar nas universidades públicas, vêm se
inserindo, ao longo dos anos, num contexto aparentemente contraditório.
Se de um lado nota-se um gradual aumento no percentual dos jovens aprovados
nos exames vestibulares da Fuvest — o que, indubitavelmente, comprova a
qualidade dos estudos públicos oferecidos —, de outro mostra quão desiguais
têm sido as condições apresentadas pelos alunos ao concluírem a última etapa
da educação básica.
Diante dessa realidade, e com o objetivo de assegurar a esses alunos o patamar
de formação básica necessário ao restabelecimento da igualdade de direitos
demandados pela continuidade de estudos em nível superior, a Secretaria de
Estado da Educação assumiu, em 2004, o compromisso de abrir, no programa
denominado Pró-Universitário, 5.000 vagas para alunos matriculados na terceira
série do curso regular do ensino médio. É uma proposta de trabalho que busca
ampliar e diversificar as oportunidades de aprendizagem de novos conhecimentos
e conteúdos de modo a instrumentalizar o aluno para uma efetiva inserção no
mundo acadêmico. Tal proposta pedagógica buscará contemplar as diferentes
disciplinas do currículo do ensino médio mediante material didático especialmente
construído para esse fim.
O Programa não só quer encorajar você, aluno da escola pública, a participar
do exame seletivo de ingresso no ensino público superior, como espera se
constituir em um efetivo canal interativo entre a escola de ensino médio e
a universidade. Num processo de contribuições mútuas, rico e diversificado
em subsídios, essa parceria poderá, no caso da estadual paulista, contribuir
para o aperfeiçoamento de seu currículo, organização e formação de docentes.

Prof. Sonia Maria Silva


Coordenadora da Coordenadoria de Estudos e Normas Pedagógicas
Apresentação
da área
A Física é tida pelos estudantes como uma área de conhecimento de difícil
entendimento. Por exigir nível de raciocínio elevado e grande poder de abs-
tração para entender seus conceitos, acaba-se acreditando que o conhecimen-
to físico está distante do cotidiano das pessoas. No entanto, se olharmos para
o mundo que nos cerca com um pouco de cuidado, é possível perceber que a
Física está muito perto: a imagem no tubo de televisão só existe porque a
tecnologia moderna é capaz de lidar com elétrons e ondas eletromagnéticas.
Nossos veículos automotores são máquinas térmicas que funcionam em ci-
clos, os quais conhecemos e a partir deles produzimos energia mecânica ne-
cessária para nos locomovermos. O Sol é na verdade uma grande fonte de
emissão de radiação eletromagnética de diferentes freqüências, algumas visí-
veis e outras não, sendo que muitas delas podem fazer mal à nossa saúde.
Assim, o que pretendemos neste curso de Física é despertar em vocês a
sensibilidade para re-visitar o mundo com um “olhar” físico, de forma a ser
capaz entendê-lo através de suas teorias.
Serão seis módulos, cada qual tratando de um tema pertencente às seguin-
tes áreas da Física: Luz e Som; Calor; Eletromagnetismo, Mecânica, Energia e
Física Moderna. Esses módulos abordarão os conteúdos físicos, tratando as-
pectos teóricos, experimentais, históricos e suas relações com a tecnologia e
sociedade.
A Física pode ser interessante e prazerosa quando se consegue utilizar
seus conceitos para estabelecer uma nova relação com a realidade.
Bom estudo para todos!
A coordenação
Apresentação
do módulo
Nesta unidade, você estudará os conceitos de Energia e Quantidade de
Movimento.
Ambos os conceitos são de fundamental importância para a Física, princi-
palmente porque estão relacionados a dois dos princípios mais importantes da
natureza: o Princípio da Conservação da Energia e o Princípio da Conserva-
ção da Quantidade de Movimento. Muitos dos fenômenos naturais podem ser
explicados a partir destes princípios.
Além de compreender bem os conceitos, esperamos que, ao final, você
identifique, de imediato, qual dos dois princípios é o mais adequado para que
determinados problemas sejam resolvidos. Por exemplo, se você perceber
quaisquer alusões à massa e à velocidade num problema, associando-as ao
caráter vetorial do movimento executado, muito provavelmente você deverá
utilizar o Princípio da Conservação da Quantidade de Movimento. Se, no en-
tanto, você identificar elementos envolvendo movimentos sem que o caráter
vetorial seja um elemento importante, provavelmente você deverá utilizar o
Princípio da Conservação da Energia, e assim por diante.
Comecemos, então, pelo estudo de energia.
Unidade 1

Energia
Organizadores
Maurício Pietrocola
Nobuko Ueta
Em sua vida, você certamente já ouviu a palavra “energia” em várias situa-
Elaboradores
ções. Leia, imagine as situações a seguir e reflita sobre o sentido da palavra
“energia” em cada contexto: Rogério Vogt
Cardoso dos Santos
1) Depois de um “blecaute”: José Alves da Silva
“ – Acordei tarde porque faltou ener- Maurício Pietrocola
gia ontem à noite e o rádio despertador
não tocou.”

2) Sobre gasto de energia:


“– Esta geladeira velha gasta mais
energia do que o necessário.”

3) Sobre combustível:
“Um avião, para alçar vôo, precisa de muita energia.”

4) Sobre desânimo:
“– Ando sem ânimo. Falta-me energia.”

5) Na alimentação:
“– Um iogurte achocolatado tem mais energia do que outro iogurte de
outro sabor.”

6) Em uma estufa:
“– Esta estufa tem capacidade de armazenar energia solar.”

Conforme você deve ter observado,“energia” está em muitos contextos. Considerando


que esta expressão está em quase todos os lugares e situações de sua vida, é importante
que você saiba o que há de comum entre todos eles. Para tanto, compreender o concei-
to de energia em Física certamente irá ajudá-lo na tarefa de identificar algumas unifor-
midades entre todos estes contextos.

Em Física, embora não haja uma definição absolutamente precisa do ter-


mo, energia pode ser compreendida como sendo a capacidade que um objeto
ou um corpo tem de realizar trabalho ao imprimirem uma determinada força.


Podemos interpretá-la, também, como a capacidade que uma força tem de


produzir deslocamento (movimento) em quaisquer corpos. Esta última idéia é
útil para percebermos a sua existência na natureza.

Assim, por exemplo, um carro em movimento pode “empurrar” alguns objetos que
estejam à sua frente. Portanto, podemos dizer que ele é dotado de energia.

O mesmo pode ser dito de nós mesmos. Se temos a capacidade de empur-


rar um determinado objeto, fazendo-o adquirir movimento, ou se temos capa-
cidade de levantá-lo, então somos dotados de energia.
Esta mesma energia é responsável por todos os movimentos que você
exerce no seu corpo: piscar o olho, bater o coração, respirar, transmitir infor-
mações cerebrais, andar etc. Note que em todas essas atividades, há movi-
mento (ainda que muitas vezes sejam imperceptíveis a olho nu) e, portanto,
há energia.
Você pode perceber a existência de energia em outras situações. Ao es-
quentar uma panela com água, o calor fornecido à panela e desta para a água,
aquecendo-a e evaporando-a, fará com que os vapores de água adquiram
movimento e acabem por deslocar (movimentar), por exemplo, a tampa da
panela. Em síntese, há energia nestas situações.
Ao ligarmos um liquidificador, por sua vez, fazemos com que o mesmo
adquira movimento. Você deve concluir que esta energia provém, a princípio,
da tomada (mais precisamente da usina elétrica) que, fornecendo energia ao
aparelho, faz com que ele se movimente.
Percebeu como sempre há algo relacionado à capacidade de movimentar-
se quando falamos de energia? Percebeu também como energia é um conceito
bem abstrato? Não podemos vê-la, senti-la, tocá-la em quase nenhuma de
suas formas.
Atente que lugares, pessoas, células, astros espaciais, enfim, em geral to-
dos têm energia, mas somente notamos sua presença quando ela está sendo
transferida ou transformada (veremos mais adiante o que significam estas trans-
formações).
No entanto, ela toma parte em todos os movimentos que existem no uni-
verso, sendo talvez o conceito mais central das ciências.
A unidade de energia no Sistema Internacional (SI) é o joule (J) com seus múltiplos e
submúltiplos: 1 kJ (lê-se quilo-joule) = 1.000 J, 1 MJ (mega-joule) = 1.000.000 J. Outra
medida bastante usual é a caloria (cal) e seus múltiplos : 1 kcal (lê-se uma quilo-caloria)
= 1.000 cal.
Você pode converter joule em calorias e vice-versa, por meio da relação entre os valores:
1 cal = 4,18 J.

CONSERVAÇÃO DA ENERGIA
A energia, na natureza, nunca se perde, sempre se transforma. Este é um
dos princípios mais fundamentais da ciência: o Princípio da Conservação da
Energia.
Quando você põe um par de pilhas novas em um “walkman”, depois de
um certo tempo, percebe que ela fica “velha” e, por isso, você sabe que ne-
cessita comprar um novo par. Será que neste caso a energia se conservou?


  -     

A resposta é sim: a energia se conservou. Explica-se: toda a energia arma-


zenada pela pilha foi convertida em energia sonora (para ouvir as músicas),
em energia cinética (para movimentar os CDs ou as fitas cassetes), em energia
térmica (sempre há um aquecimento quando um aparelho está ligado) e assim
por diante. Na verdade, o tipo de energia que havia na pilha acabou-se porque
se transformou em outros tipos de energia que, por sua vez, transformaram-se
em outros tipos e assim por diante.
O Princípio da Conservação da Energia, entretanto, não dá legitimidade a
aqueles que desperdiçam energia elétrica. Embora, na natureza, a energia sem-
pre se conserve, a energia elétrica ou nuclear proveniente das usinas é conver-
tida em outros tipos de energia e nem sempre é reposta a curto prazo. Lembre-
se que a água (elemento fundamental para as hidrelétricas) é um recurso natu-
ral precioso e limitado.
O mesmo podemos dizer do petróleo que, para se formar, demora milhões de
anos e cujas reservas também são limitadas. Se gastarmos toda a energia produzi-
da a partir do petróleo, demoraremos milhões de anos para obtê-la de volta.
Ou seja, precisamos evitar o desperdício de energia proveniente de recur-
sos não-renováveis ou em escassez.

TIPOS DE ENERGIA
Quando você leu anteriormente que a expressão “energia” pode estar re-
lacionada a vários contextos e que devemos associá-la à capacidade de pro-
duzir movimentos, talvez você já tenha percebido que não há somente um
tipo de energia.
Afinal, quando ouvimos falar de situações aparentemente tão distintas
quanto a energia armazenada no combustível de um carro, a energia associa-
da a um trem em alta velocidade, ou uma pessoa que precisa repor uma quan-
tidade de energia que gastou, ou mesmo que o Sol armazena energia, todas
estas situações parecem lidar com tipos diferentes de energia.
Vejamos a seguir os principais tipos de energia:

1) Energia mecânica: é o tipo de energia ligado


aos corpos no nosso cotidiano. Pode ser devida aos
movimentos de um corpo (energia mecânica do tipo
cinética) ou à sua posição em relação a outro ob-
jeto com o qual o mesmo interage (energia mecâ-
nica do tipo potencial gravitacional ou elástica).
Estudaremos especificamente este tipo de energia
mais adiante

2) Energia solar: é a energia emitida e produzida pelo Sol. É considerada um


tipo de energia primária, ou seja, provêm dela quase todas as outras formas de
energia presentes na Terra.

PROCESSO DE FUSÃO NAS ESTRELAS


O Sol, desde quando surgiu, realiza um processo chamado fusão nuclear, no qual trans-
forma quatro núcleos de átomos de hidrogênio em um núcleo de átomo de hélio,
liberando, nesta transformação, uma grande quantidade de energia que, por sua vez, é
transportada até à Terra por meio de ondas eletromagnéticas. Esta energia emitida pelo




Sol é responsável por uma série de fenômenos, como a fotossíntese nas plantas, o
aquecimento da Terra, a movimentação dos ventos, entre outros.
Em muitos lugares, a energia solar é por uma célula fotovoltaica que a armazena e a
transforma em outros tipos de energia, sobretudo elétrica e térmica.

3) Energia térmica: é aquela energia associada à vibração das moléculas ou


átomos no interior de um objeto ou substância e que, portanto, depende do
calor. A energia térmica pode ser detectada quando vemos a água fervendo
movimentando a tampa de uma panela (você estudou este fenômeno no módulo
sobre calor).

4) Energia química: é a energia proveniente dos materiais orgânicos como ali-


mentos, fósseis (petróleo), entre outros. Quando você se alimenta, está armaze-
nando a energia química que será responsável pela manutenção de todas as
atividades do seu corpo. Isso ocorre porque, depois do processo de digestão,
em que o alimento transforma-se em glicose, dentro da célula ocorrerá a transfor-
mação dessa substância que se converterá em energia térmica, aquecendo o
corpo (mantendo-o na temperatura desejada); em energia cinética (a fim de que
você possa realizar todos os seus movimentos) e outras formas de energia.
De maneira semelhante, um carro, para andar, queima a energia química
proveniente do combustível e a transforma em movimento (energia cinética).
As plantas, por meio da fotossíntese, utilizam a energia solar juntamente
com a água e a clorofila para assimilar gás carbônico. Elas estão na base da
cadeia alimentar, servindo de alimentação para os demais seres vivos na Ter-
ra. Em outras palavras, é devido à transformação da energia solar em energia
química pelas plantas que se obtém a base da energia que utilizamos na nossa
alimentação.

5) Energia elétrica: é a energia que se deve ao movimento e à organização


dos elétrons ou de íons (você pode estudar mais sobre este tipo de energia em
“Eletricidade e Eletromagnetismo”).
Note que, embora haja todos estes tipos de energia (e outros que não cita-
mos agora), não podemos dizer nunca que a energia não se conserva ou que
ela se perdeu definitivamente. Um dos princípios fundamentais da natureza
diz que a energia jamais se perde, apenas se transforma. Mas esta informação
merece um estudo especial, conforme você lerá a seguir.

OUTRAS FORMAS DE ENERGIA


Nuclear: É a energia utilizada pela humanidade em usinas e bombas nucleares. É tam-
bém a energia liberada pelas estrelas.
É produzida devido à fusão nuclear (releia a
definição de energia solar) ou à fissão nucle-
ar, cuja técnica, dominada pela humanidade,
consiste na “quebra” de átomos bom-
bardeados por nêutrons, transformando-os
em núcleos de elementos radioativos, gera-
dores de altas quantidades de energia.
Exemplo de fissão nuclear


  -     

Eólica: É aquela obtida através do vento.

Luminosa: É a energia obtida através da luz. Algumas reações químicas, por exemplo,
ocorrem mediante a presença de luz.
Sonora: É a energia devida ao som. Se você já teve a oportuni-
dade de colocar o seu aparelho de som em volume muito alto,
deve ter notado que alguns objetos próximos a ele, muitas
vezes, vibram. Então, o som tem energia. Na verdade, somente
o ato de escutar já se deve à energia sonora: captamos e dife-
renciamos o som por meio do nosso tímpano, órgão que “vi-
bra” ao perceber um som.

TIPOS DE USINAS E TRANSFORMAÇÕES DE ENERGIA


1. Usina hidrelétrica
Uma usina hidrelétrica realiza basicamen-
te a transformação de energia gravitacional
(queda d’água) e cinética (correnteza) em
energia elétrica (nos geradores). A queda
d’água faz rodar, em geral, grandes imãs,
presos a uma turbina (veja figura abaixo),
que ficam bem na parte de baixo das re-
presas. Estes imãs movem-se em torno de
fios metálicos em forma de espiral cuja es-
trutura forma o que chamamos de bobinas. Quando os imãs estão em movimento,
geram uma força magnética que movimenta os elétrons presentes nas bobinas, geran-
do energia elétrica.

2. Numa usina termoelétrica


Utiliza-se combustível (em geral carvão mineral) para aquecer a água que fica numa
caldeira (veja figura); ou seja, neste tipo de usina há transformação de energia química
(queima do carvão) em energia térmica (aquecimento da água na caldeira). O vapor de
água, por sua vez, fará movimentarem-se as hélices (energia cinética), as quais estão
atreladas aos imãs ligados às bobinas, que transformarão esta energia cinética em ener-
gia elétrica.

3. Numa usina nuclear


O processo de aquecimento da água na caldeira deve-se à emissão de elementos radi-
oativos com altíssima energia. Os vapores de água movimentarão as hélices e, daí em
diante, o processo de repete como nas usinas anteriores.




TRABALHO
Quando definimos energia, a relacionamos ao conceito de trabalho. Você
estudará agora um pouco mais profundamente este conceito.
No nosso dia a dia, a expressão “trabalho” pode estar relacionada a uma
tarefa (“Faça este trabalho para mim”), a uma profissão (“Você trabalha em
quê?”), a uma vida conturbada (“Estou com excesso de trabalho”), entre ou-
tras possibilidades. Em Física, no entanto, o conceito de “trabalho” é bem
mais específico.
Em Física, por um lado o trabalho está associado a uma força aplicada a
um corpo, e ao conseqüente deslocamento deste corpo. Por outro lado, o tra-
balho mede a transformação da energia.

SAIBA MAIS
Observe que a definição anterior gera algumas implicações que devem ser bem obser-
vadas. A primeira delas é que mesmo que estejamos, por exemplo, empurrando uma
parede, estaremos gastando energia, mas não estaremos realizando trabalho, pois não
conseguiremos deslocá-la. Para que haja trabalho, deve haver deslocamento.
Outra constatação importante é que, para haver trabalho, é preciso que haja energia
sendo transformada.

Observe que trabalho sempre está associado a um deslocamento (d) e a


uma força (F) responsável por esse deslocamento. No caso mais simples, em
que a força aplicada sobre um objeto não varia e o movimento é retilíneo e na
mesma direção e sentido da força (veja figura), o trabalho pode ser dado pela
expressão:

τ = F.d

Caso haja algum ângulo entre a força e o deslocamento (veja figura), de-
vemos considerá-lo através do uso da componente da força, de acordo com a
expressão:

τ = F.d.cos θ

onde θ = ângulo entre F e d.

Perceba que ambas as expressões envolvem força e distância. Assim, caso


você esteja numa academia sustentando um haltere que pesa 1.000 N acima
de sua cabeça, você não estará realizando trabalho algum sobre o haltere. No
entanto, você se cansará: isso porque o trabalho estará sendo feito sobre os
seus músculos, esticando-os e contraindo-os.
Mas até aí você pode perguntar: Quando um objeto cai, quem executa este
trabalho?
A resposta é: a força peso exercida pela Terra. Numa situação em queda
livre, a força exercida sobre o objeto que cai é o peso P = m.g e o desloca-
mento d equivale à altura da qual o objeto está caindo. Portanto, neste caso, o
trabalho da força peso será dado por:


  -     

τ = m.g.h
onde m = massa;
g = gravidade;
h = altura.
A unidade de medida para o trabalho é o N.m (newton.metro), que é o mesmo que joule
(J). Um joule de trabalho é realizado quando uma força de 1 N é exercida num corpo ao
longo de um deslocamento de 1 metro. Todas as outras medidas de energia também
podem ser utilizadas para cálculos de trabalhos.

Exercícios
1. Identifique as transformações de energia que ocorrem nas seguintes situa-
ções:
a) pessoa andando; f) secador de cabelo;
b) elevador subindo; g) metrô circulando;
c) aparelho de som funcionando; h) computador;
d) cata-vento girando; i) televisão;
e) chuveiro; j) lâmpada incandescente.
Há muito tempo sabemos que “é preciso economizar energia” a fim de que não haja
desperdício. Segundo algumas campanhas de conscientização, que muitas vezes falam
em “conservar energia”, isto pode ser feito apagando-se as lâmpadas desnecessárias,
desligando aquecedores de água que não estejam sendo usados, entre outras medidas.
Diferencie o termo “conservar a energia” utilizado nessas campanhas do Princípio de
Conservação da Energia que estudamos.

2. Uma criança puxa uma caixa de massa 2 kg, através de um barbante,


conforme mostra a figura, aplicando uma força F = 10 N. Ao deslocar-se
3,0 m, a caixa sofre a ação de uma força de atrito no valor de 2 N, contrária ao
movimento. Considerando g = 10 m/s2 e cos 60o = 0,5:
a) desenhe as forças que agem na caixa;
b) determine o trabalho realizado pela força F no deslocamento;
c) determine o trabalho realizado pela força normal;
d) determine o trabalho realizado pela força peso;
e) determine o trabalho realizado pela força de atrito;
f) determine o trabalho realizado pela força resultante.

3. (ENEM-2003) Na figura abaixo está esquematizado um tipo de usina utili-


zada na geração de eletricidade.

Analisando o esquema, é possível identificar que se trata de uma usina:




a) hidrelétrica, porque a água corrente baixa a temperatura da turbina.


b) hidrelétrica, porque a usina faz uso da energia cinética da água.
c) termoelétrica, porque no movimento das turbinas ocorre aquecimento.
d) eólica, porque a turbina é movida pelo movimento da água.
e) nuclear, porque a energia é obtida do núcleo das moléculas de água.

4. (ENEM-2001) No processo de obtenção de eletricidade na usina hidrelétri-


ca anterior, ocorrem várias transformações de energia. Considere duas delas:

I. transformação de energia cinética em energia elétrica


II. transformação de energia potencial gravitacional em energia cinética.

Analisando o esquema, é possível identificar que estas transformações se


encontram, respectivamente, entre:
a) I - a água no nível h e a turbina, II - o gerador e a torre de distribuição.
b) I - a água no nível h e a turbina, II - a turbina e o gerador.
c) I - a turbina e o gerador, II - a turbina e o gerador.
d) I - a turbina e o gerador, II - a água no nível h e a turbina.
e) I - o gerador e a torre de distribuição, II - a água no nível h e a turbina.

ENERGIA MECÂNICA
Um dos principais tipos de energia é aquele ligado à posição de um objeto
em relação a outro ou aquele devido aos movimentos. Nestas situações, temos
a energia mecânica que pode ser de dois tipos:
1) Energia mecânica do tipo cinética (ou simplesmente energia cinética):
quando empurramos um objeto, podemos colocá-lo em movimento e, sendo
assim, por estar em movimento, o mesmo será capaz também de empurrar
outros, ou seja, ele também será capaz de realizar trabalho. Chamamos esta
“energia devido ao movimento” de energia cinética.
A energia cinética (Ec) depende da massa de um objeto e de sua velocida-
de. Assim, se um carro e um caminhão estiverem com a mesma velocidade, o
caminhão, por ter mais massa do que o carro, terá maior energia cinética. Por
outro lado, caso o caminhão esteja com uma baixíssima velocidade e o carro
com uma velocidade bem maior, então será necessário calcularmos mais pre-
cisamente a energia de ambos para sabermos quem terá maior capacidade de
realizar trabalho.
Podemos calcular a energia cinética (Ec) através da expressão:

SAIBA MAIS
Observe que a expressão anterior revela que a energia cinética possui uma grande
variação ao mudarmos o valor da velocidade. Se dobrarmos o valor de v, a energia
cinética terá seu valor quadruplicado. Por outro lado, se reduzirmos v pela metade, o
valor da energia cinética será reduzido à quarta parte de seu valor inicial.Você consegue
demonstrar estas observações? Tente e verá que não é difícil.


  -     

2) Energia mecânica do tipo potencial gravitacional (ou simplesmente ener-


gia potencial gravitacional): um objeto qualquer que esteja amarrado a um
fio, suspenso em uma determinada altura da Terra, adquirirá movimento caso
este fio se rompa, ou seja, ele ganhará energia cinética após o rompimento do
fio. Você, que já sabe que a energia se conserva, deve estar se perguntando
agora: “Nesta situação, de onde vem esta energia que virou energia cinética?”
A resposta a esta pergunta está no conceito de energia potencial. Um ob-
jeto, suspenso a uma determinada altura, possui um potencial de realizar tra-
balho que se deve essencialmente à ação da gravidade (que o atrairá para
baixo). Dizemos, pois, que tal objeto possui uma energia armazenada chama-
da de energia potencial gravitacional.
Este tipo de energia não ocorre somente em objetos suspensos em fios,
mas também por todo e qualquer corpo que esteja a uma determinada altura
de uma certa referência.
Observe que esta “referência” é fundamental. Por exemplo, um livro que
esteja em cima de uma mesa possui energia potencial em relação ao chão (se
tirarmos a mesa, adquirirá movimento), mas não possui energia potencial em
relação à própria mesa (não há altura entre ele e a mesa, pois o mesmo se
encontra em sua superfície). É por esta razão que dizemos que a energia
potencial depende de um referencial.

Além deste referencial, a energia potencial gravitacional (Epg) também


depende:
a) da altura (h): quanto maior for a altura de um objeto em relação ao seu
referencial, maior será a sua Epg. O contrário também é verdadeiro: quanto
menor for h, menor será Epg;
b) da massa (m) do corpo: quanto maior for m, maior será a energia (e o
contrário também é verdadeiro). É fácil verificar isso: uma barra de ferro cain-
do tem maior capacidade de realizar trabalho do que uma folha de papel caso
ambos estejam caindo de uma mesma altura;
c) da gravidade (g): Quanto maior for a gravidade exercida por um planeta ou
quaisquer outros astros espaciais sobre um determinado corpo maciço, maior
será a sua Epg. Por outro lado, quanto menor a gravidade, menor será a energia
potencial gravitacional. Assim, um corpo que estiver a uma determinada altura
da superfície da Terra, cuja gravidade em média vale 9,8 m/s2, terá maior ener-
gia potencial do que quando estiver na Lua, à mesma altura da superfície lunar,
já que a aceleração da gravidade da Lua é bem menor (cerca de 1,6 m/s2).




Assim, a energia potencial gravitacional pode ser obtida através da ex-


pressão:

Epg = m. g. h

A expressão acima implica também que a energia potencial gravitacional


não depende da trajetória que um objeto realiza ao cair ou ao ser suspenso.
Assim, a energia potencial adquirida por uma pessoa que subiu em um prédio
por um elevador será a mesma adquirida por esta mesma pessoa, à mesma
altura, caso tenha subido pelas escadas. No entanto, a que a pessoa que subiu
pelas escadas ficará mais “cansada” do que aquela que subiu pelo elevador.
Isso se deve porque esta última transformou a sua energia química (dos ali-
mentos) em energia potencial gravitacional para subir o prédio, enquanto que,
com a primeira, foi o elevador quem converteu energia elétrica em energia
potencial gravitacional.

3) Energia potencial elástica: uma mola que esteja esticada ou comprimida,


ao ser solta, adquire movimento, ou seja, terá energia cinética. Considerando
a conservação da energia, podemos dizer que, tanto no caso da compressão
quanto no ato de esticar, a mola possui uma energia armazenada que se con-
verterá em energia cinética. Esta energia armazenada pela mola é chamada
de energia potencial elástica.
A exemplo da energia potencial gravitacional, a energia potencial elástica
também depende de um referencial. Quanto mais a mola for comprimida ou
esticada, afastando-se de seu ponto de equilíbrio (veja figura), maior será a
sua energia potencial elástica.

Além disso, é preciso observar o tipo de mola em questão: há algumas que


possuem maior elasticidade que outras e, portanto, são capazes de armazenar
mais energia do que aquelas com menor elasticidade. A grandeza que con-
templa a elasticidade e, portanto, o tipo de mola, é chamada de constante
elástica, a qual representamos por K.

ELASTICIDADE DOS CORPOS


A grandeza que mede o caráter elástico da mola, representada por K, chamada de

constante de Hooke, é dada por ,

onde F = força que comprime ou estica a mola;


x = deslocamento sofrido pela mola ao ser comprimida ou esticada em relação a
uma determinada referência.
É importante ressaltar que a energia potencial elástica não ocorre somente em molas,
mas em todo objeto dotado de elasticidade (elásticos, estilingues, entre outros).


  -     

Assim, a energia potencial elástica (Epel) é dada por:

CONSERVAÇÃO DA ENERGIA MECÂNICA


Já vimos que, na natureza, a energia sempre se conserva, mudando ape-
nas a sua forma (ou os seus tipos). Assim, a energia mecânica pode se conver-
ter em química, em sonora, elétrica etc.
No que se refere aos tipos exclusivos de energia mecânica, pode haver
também a conservação entre eles. Por exemplo: toda a energia potencial gra-
vitacional pode se transformar totalmente em energia cinética, sem que haja
transformação em qualquer outro tipo de energia não-mecânica. O mesmo
pode ser dito em relação a uma mola: toda a sua energia potencial elástica
pode ser transformada em energia cinética.
Em todas as situações em que um determinado tipo de energia mecânica
se transforma em outro tipo de energia mecânica (e somente mecânica), então
dizemos que há conservação da energia mecânica.
Esta conservação somente ocorre na ausência de forças dissipativas (como
a força de atrito e a força de resistência do ar), cuja ação transforma energia
cinética em outro tipo de energia (sobretudo sonora e térmica), não havendo,
portanto, conservação da energia mecânica.
Há conservação da energia mecânica na presença de forças conservativas
(como o peso), dentro de um sistema fechado (você verá mais detalhadamente
a noção de sistema quando estudar o conceito de quantidade de movimento
mais adiante).
Podemos relacionar diretamente trabalho com energia cinética através do
Teorema da Energia Cinética, que afirma que “o trabalho de uma força resul-
tante pode ser obtido através da variação da energia cinética de um corpo
qualquer”. Matematicamente:

τ = Ecf – Eci

onde Ecf = energia cinética final;


Eci = energia cinética inicial;
τ = trabalho da força resultante.

O teorema acima nos garante que, se um objeto muda a sua velocidade,


mudando a sua energia cinética, o trabalho gasto para propiciar esta mudança
pode ser obtido por meio da subtração da energia cinética inicial pela energia
cinética final.
Você verá agora alguns exemplos, a fim de se familiarizar com estas trans-
formações de energia.

Exemplo 1: Imagine uma máquina trabalhando numa bate-estaca (veja a fi-


gura). Responda:
a) Quais são as transformações de energia que estão ocorrendo na situação?
b) Há conservação da energia mecânica?




Respostas:
a) O trabalho realizado para elevar o martelo do bate-estacas fornece-lhe energia
potencial gravitacional. Quando solto, o martelo adquire energia cinética e a
transfere para a estaca que, por sua vez, realizará um trabalho ao empurrar a
camada superficial da Terra para o chão à medida que o penetra. Parte desta
energia recebida pela estaca ao penetrar na Terra será transformada em ener-
gia sonora (haverá um considerável barulho) e energia térmica (tanto a estaca
quanto o chão terão um sensível aquecimento).
b) Não há, portanto, conservação da energia mecânica, pois nem toda a ener-
gia potencial do martelo foi transformada totalmente em energia cinética, ha-
vendo perda na forma de energia sonora e térmica.

Exemplo 2: Agora imagine uma montanha russa realizando um famoso loop


(conforme podemos ver na figura). Podemos dizer que há conservação de
energia mecânica?
Resposta:
O correto seria dizer que somente há conservação de energia mecânica
caso não haja atrito nos trilhos. Nesse caso, toda a energia potencial gravita-
cional do carrinho alcançada no ponto mais alto do círculo será transformada
em energia cinética no ponto mais baixo que, por sua vez, o remeterá para
cima novamente, num processo indefinido (caso não haja atrito).

Exemplo 3: Leia bem o problema a seguir e tente identificar porque você


deve utilizar o princípio da conservação da energia mecânica para resolvê-lo:

Um jovem escorrega por um tobogã aquático, com


uma rampa retilínea, de comprimento L, como na
figura, sem impulso, ele chega ao final da rampa
com uma velocidade de cerca de 6 m/s. Para que
essa velocidade passe a ser de 12 m/s, mantendo-
se a inclinação da rampa, será necessário que o
comprimento dessa rampa passe a ser aproxima-
damente de
a) L/2 b) L c) 1,4 L d) 2 L e) 4 L
Resposta:
Observe que há alguns elementos presentes no problema que apontam
para o uso da conservação da energia mecânica como a melhor forma de
resolvê-lo. Perceba alguns elementos:

1) Os dados do problema envolvem velocidade e altura, relacionando variá-


veis presentes na energia cinética e na energia potencial gravitacional:
Situação 1: Vf1= 6 m/s;
g
h1 = ?

Situação 2: Vf2= 12 m/s


g
h 2=?


  -     

2) Não há forças dissipativas (não há atrito), o que nos garante a conservação


da energia mecânica.

3) Portanto, pela conservação da energia mecânica:


EMec no alto = EMec no ponto mais baixo
E p g = Ec

m.g.h1 =

Substituindo os dados do problema e cancelando-se as massas m, temos:

h1 =

h1 = 18 m
Segue, também, que:

h2 =

h2 = 72 m

4) Utilizando-se uma proporção simples, temos:

⇔ L2 = ⇔ L2 = 4L1

Portanto, a alternativa correta é (e).

Exercícios
1. Escreva se são falsas (F) ou verdadeiras (V) as seguintes afirmações:
a) Em uma usina hidrelétrica, no ponto em que se inicia a queda d’água, há
energia potencial gravitacional e energia cinética. No ponto mais baixo,
em que não há altura, só há energia cinética.
b) O trabalho realizado pela força peso só depende da altura, independendo
da sua trajetória.
c) O Princípio da Conservação da Energia só vale para situações em que não
ocorram forças dissipativas (atrito, resistência do ar etc.).
d) Trabalho é a energia sendo gasta. Então, se não há energia, não há trabalho.
e) Energia é a capacidade de realizar trabalho. Então, sempre que não há
trabalho, não há energia.
2.(Fuvest) No rótulo de uma lata de leite em pó lê-se : “Valor energético 1 509 kJ
por 100 g (361 kcal)”. Se toda energia armazenada em uma lata que contém
400 g de leite fosse utilizada para levantar um objeto de 20 kg, a altura atingi-
da seria de aproximadamente:

a) 25 cm; b) 15 m; c) 400 m; d) 2 km; e) 60 km.




3. (Vunesp/SP) Uma esfera de aço de 3.10-2 Kg, abandonada de uma altura de


2,0 m, cai em uma superfície plana, horizontal e rígida, e volta atingindo a
altura máxima de 0,75 m. Despreze a resistência do ar e admita g = 10 m/s2.
a) Qual a energia dissipada no choque da esfera contra a superfície?
b) Qual deveria ser o valor da velocidade vertical inicial da esfera para que
ela, na volta, atingisse a posição inicial?
4. (PUC/MG) Assinale a alternativa correta: Quando um corpo é elevado a
uma certa altura do solo, a energia despendida para se conseguir tal intuito:
a) acumula-se, no corpo, sob a forma de energia interna.
b) é igual à variação da energia cinética do corpo.
c) é nula, pois a resultante média das forças de elevação é nula.
d) fica armazenada, no corpo, sob a forma de energia potencial gravitacional.
e) transforma-se em calor durante a subida.
5. Qual é a energia cinética de um carro com massa de 1.500Kg que viaja a
72 km/h (ou 20 m/s)? Se a velocidade do carro dobrar, o que acontecerá
com a sua energia cinética?

6. Uma bala de revólver, cuja massa é de 10 g (ou 0,001 Kg), tem uma velo-
cidade de 400 m/s ao atingir um bloco, no qual penetra, até parar.
a) Calcule a energia cinética inicial da bola.
b) Determine a energia cinética final da bala.
c) Determine a variação da energia cinética neste trecho.
7. Um garoto em um carrinho de rolimã desce uma ladeira com forte vento
contrário a seu movimento. A sua velocidade se mantém constante durante a
descida. Responda o que acontece com
a) a energia potencial gravitacional do sistema.
b) a energia cinética do sistema.
c) a energia mecânica do sistema.
8. Uma criança, ao subir em um elevador, apresenta em média 900 J de ener-
gia potencial. À medida que chegou no chão, com altura nula, sua energia
baixou para 850 J, sendo que este valor corresponde somente à energia ciné-
tica. Responda:
a) Houve conservação da energia mecânica?
b) Houve conservação da energia? Por quê?
9. Imagine que você pudesse optar em colidir com dois garotos, cada um em
cima de um skate. Um deles é leve, enquanto o outro é duas vezes mais pesa-
do, mas com a metade da rapidez do outro. Considerando-se apenas massa e
velocidade, com qual dos dois a colisão seria menos danosa? Justifique usan-
do a expressão da energia cinética.

10. Um trabalhador ergue um saco de cimento de 50 Kg a uma altura de dois


metros. Em seguida, ergue meio saco de cimento (25 Kg) a uma altura de 4m.
Em qual destas duas situações ele gastou mais energia? (Considere g = 9,8 m/s2;
lembre-se que t = m.g.h)


  -     

DEGRADAÇÃO DA ENERGIA
Considerando que a energia nunca se perde, sempre se transforma, você
pode se perguntar qual seria, então, a importância do Sol para a manutenção
da energia na Terra: afinal, bastaria então fornecer uma determinada quanti-
dade de energia (que jamais se perderia) para a Terra e, com isso, o Sol não
precisaria continuar enviando.
Para resolver este aparente “paradoxo”, você precisa saber que a Terra
não consegue manter a sua energia interna constante. Ela recebe energia e a
reemite, na forma de ondas eletromagnéticas, através do processo de irradia-
ção (leia mais sobre este assunto no módulo sobre calor), o que a faz depen-
der sempre do Sol para manter a sua energia.
Além disso, há um outro fato: à medida que a energia vai se transforman-
do em diversos tipos, há uma certa quantidade que se degrada, ou seja, há
uma parte que não conseguirá ser totalmente transformada em determinado
tipo de energia. Em síntese, qualquer energia pode ser transformada, mas a
eficiência desta transformação não é a mesma. Daí vem a constatação de que
é possível transformar 100% da energia cinética em energia térmica (calor),
mas o contrário não é verdadeiro. Para cada transformação de energia, temos
um determinado percentual de degradação.
A grandeza que mede esta degradação é chamada de entropia. Quanto
menor for a entropia de uma forma de energia, menor será a sua degradação
e, assim, ela poderá ser transformada com mais eficiência em outros tipos de
energia (observe a tabela).

Fontes de energia x entropia


Formas de energia Entropia por unidade de energia
Gravitacional 0
Cinética 0
Luz solar 1
Calor terrestre perdido 10 - 100
Reações nucleares 10-6
Fonte: Faces da Energia – M. Pietrocola e A. Figueiredo – Ed. FTD, São Paulo, 1998.

A entropia pode também ser compreendida como a medida da desordem de uma


determinada forma de energia num sistema. Assim, quanto menor é a entropia de uma
determinada forma de energia, mais “ordenada” ela está dentro de um determinado
sistema. Observe na tabela “Formas de energia x Entropia” que a energia cinética e a
gravitacional são as formas de energia mais organizadas no universo, podendo ser facil-
mente transformadas em outros tipos de energia.

Compreendida esta idéia, você pode perceber, então, porque o Sol é tão ne-
cessário para a manutenção da energia na Terra. Se acaso ele parasse de fornecer,
à medida que forem ocorrendo as transformações de energia, a entropia aumenta-
rá e, com isso, depois de um certo tempo, haverá na Terra somente aquela energia
degradada e que não poderia ser reaproveitada para a vida na Terra.
Observe, então, que há uma regra geral: Num sistema fechado (A Terra
sem o Sol, por exemplo) a entropia nunca diminuirá: ou ela permanece cons-
tante ou aumenta.




SAIBA MAIS
Compreenda mais sobre eficiência da transformação de energia numa máquina térmica
estudando novamente o módulo sobre calor, procurando o tópico rendimento. Ao lê-lo,
tente estabelecer uma relação entre transformações e o conceito de degradação
(entropia) de energia.

POTÊNCIA
Ao tratarmos os temas de trabalho e energia, não mencionamos o tempo
que gastamos para realizar um determinado movimento, ou seja, o quanto uma
máquina demora para realizar um trabalho. Você deve ter percebido também
que o trabalho realizado para subir uma escada é o mesmo andando ou cor-
rendo, já que, neste caso, depende somente da altura, da gravidade e da massa
do corpo que sobe. Mas, então, você pode perguntar: por que razão ficamos
mais cansados quando subimos correndo (ou seja, mais rapidamente)?
Para responder à pergunta anterior, você precisa compreender o conceito
de potência.
Podemos definir potência como sendo a variação da quantidade de ener-
gia ∆E (trabalho realizado) dividido pelo intervalo de tempo (∆t) em que essa
variação ocorreu. Matematicamente:

A unidade de potência é o joule por segundo (J/s), também chamado de


watt (W). Um watt de potência é gasto quando um joule de trabalho é realiza-
do em um segundo. No Brasil, também utilizamos a medida cavalo-vapor (cv)
que corresponde à quantidade de potência necessária para elevar em um metro
um corpo de 75 quilogramas em um segundo. Outra unidade bastante conhe-
cida é o HP (horse-power), muito utilizado para medir a potência de motores
a combustão.

CONVERSÕES DE U NIDADES
Podemos converter um sistema de unidade em outro. Para isso podemos fazer as se-
guintes relações:
1 cv = 736 W
1 HP = 746 W
Uma máquina com grande potência é, portanto, aquela que consegue rea-
lizar um trabalho rapidamente.
Perceba que um motor de automóvel que fornece duas vezes mais potência
que outro nem sempre realiza duas vezes mais trabalho que este último ou faz o
carro ir duas vezes mais rápido do que aquele com motor menos potente. Pode
significar, por exemplo, que o motor pode realizar a mesma quantidade de
trabalho na metade do tempo, ou duas vezes mais trabalho no mesmo tempo.
É importante ressaltar que quando estamos falando de potência, referimo-
nos a qualquer gasto de energia dentro de um intervalo de tempo, seja qual for
o tipo de energia (não somente energia mecânica). Podemos nos referir, por
exemplo, à energia química (consumo de combustíveis), energia elétrica (você
já reparou na potência do seu aparelho de som?), entre outras possibilidades.
Observe também que um litro de combustível, dotado de energia química,
pode realizar uma mesma quantidade de trabalho, embora possua potências
diferentes dependendo do tempo gasto para ser consumido. Um litro de com-


  -     

bustível pode ser utilizado para operar um carrinho aparador de gramas por
20 minutos ou pode ser gasto por um avião em apenas um único segundo.
Veja agora um exemplo no qual estas idéias podem ser aplicadas:

Exemplo 1: Em uma caminhada, um jovem consome 1 litro de O2 por minuto,


quantidade exigida por reações que fornecem a seu organismo 20 kJ/minuto
(ou 5 “calorias dietéticas”/minuto). Em dado momento, o jovem passa a cor-
rer, voltando depois a caminhar. O gráfico representa seu consumo de oxigê-
nio em função do tempo.

a) 10 kJ b) 21 kJ c) 200 kJ d) 420 kJ e) 480 kJ

Resolução:
Para resolver esta questão, você deve perceber a necessidade de utilizar-
mos o conceito de potência: Na questão, há uma relação entre energia
consumida (kJ) e tempo gasto para consumi-la (minutos).
Em seguida, observe o gráfico: o jovem passa a precisar de mais O 2 a
partir do instante 3 min e prossegue assim até o instante 13 min, num total de
10 minutos correndo.
O gráfico também diz que, ao correr, ele gasta 2 litros de O2 por minuto, o
que implica numa potência que corresponde ao dobro daquela que ele conso-
me quando caminha. Portanto, P = 40 kJ/min.
Substituindo o tempo gasto ao correr na expressão da potência, temos:

⇔ 40 = ⇔ ∆E = 400 kJ.

Observe que, se estivesse apenas caminhando (com P = 20 kJ), por um


cálculo análogo ao que fizemos anteriormente, teríamos ∆E = 200 kJ.
Então, o gasto que ele teve a mais por correr em vez de caminhar, será
igual a G = 400 – 200 ⇒ G = 200 kJ.
A resposta correta é a alternativa c.

Vamos fazer um outro problema envolvendo potência:

Exemplo 2: Um alterofilista levanta 200 kg até uma altura de 2,0 m em 1,0 s.


a) Qual a potência desenvolvida pelo halterofilista?
b) Se a energia consumida neste movimento fosse utilizada para aquecer 50
litros de água inicialmente a 20°C, qual seria a temperatura final da água?
(use a aproximação 1 cal = 4,0 J).

Resolução:

a) Lembremo-nos que e que ∆E = τ = m.g.h = 200.10.2 = 4000 J

Dividindo-se o valor do trabalho por 1 s, temos P = 4000 W




b) Lembrando que a expressão da energia térmica é dada por: Q = m.c.(Tf – Ti),


então:
4000 = 50.1.(Tf – 20)
Tf = 60o C.
Agora, a partir destes exemplos, tente resolver os problemas a seguir:

Exercícios
1. (Fuvest) Um pai de 70 kg e seu filho de 50 kg pedalam lado a lado em
bicicletas idênticas, mantendo sempre velocidade uniforme. Se ambos sobem
uma rampa e atingem um patamar plano, o filho em relação ao pai:
a) realizou mais trabalho;
b) realizou a mesma quantidade de trabalho;
c) possuía mais energia cinética;
d) possuía a mesma quantidade de energia cinética;
e) desenvolve potência mecânica maior.
2. (Vunesp/SP) Um motor de potência útil igual a 125 W, funcionando como
elevador, eleva a 10 m de altura, com velocidade constante, um corpo de peso
igual a 50 N, no tempo de:
a) 0,4 s b) 2,5 s c) 12,5 s d) 5,0 s e) 4,0 s.
3. (Unicamp/SP) Um carro recentemente lançado pela indústria brasileira tem
aproximadamente 1.500 kg e pode acelerar, do repouso até a velocidade de
108 km/h, em 10 s. (Fonte: Revista Quatro Rodas, ago.92). Adote 1 cv = 750 W.
a) Qual o trabalho realizado nesta aceleração?
b) Qual a potência do carro em cv?
Exercícios do 4 ao 8

4. Um automóvel com massa de 1000 kg percorre, com velocidade constate


v = 20 m/s (ou 72 km/h), uma estrada (ver figura) com dois trechos horizon-
tais (I e III), um em subida (II) e um em descida (IV). Nos trechos horizontais
o motor do automóvel desenvolve uma potência de 30 kW para vencer a
resistência do ar, que pode ser considerada constante ao longo de todo o traje-
to percorrido. Suponha que não há outras perdas por atrito. Use g = 10 m/s2.
São dados: sen a = 0,10 e sen b = 0,15.
Determine:
a) o valor, em newtons, da componente paralela a cada trecho da estrada das
forças FI, FII, e FIV, aplicadas pela estrada ao automóvel nos trechos I, II e
IV, respectivamente.
b) o valor, em kW, da potência FII que o motor desenvolve no trecho II.


  -     

2. Um cartaz de uma campanha de segurança nas estradas apresenta um carro


acidentado com a legenda “de 100 km/h a 0 km/h em 1 segundo”, como
forma de alertar os motoristas para o risco de acidentes.
a) Qual é razão entre a desaceleração média e a aceleração da gravidade, ac/g?
b) De que altura o carro deveria cair para provocar uma variação de energia
potencial igual à sua variação de energia cinética no acidente?
c) A propaganda de um carro recentemente lançado no mercado apregoa
uma “aceleração de 0 km/h a 100 km/h em 14 segundos”. Qual é a potên-
cia mecânica necessária para isso, considerando que essa aceleração seja
constante? Despreze as perdas por atrito e considere a massa do carro
igual a 1000 kg.

DICAS PARA ESTUDAR MAIS


Livros
1. Faces da energia – série “Física, um outro lado”
Maurício Pietrocola e Aníbal Figueiredo
Ed. FTD, São Paulo, 1998.
2. Ligado na Energia – série “Saber Mais”
Inácio Bajo, António Roy e Jordi Serra
Consultor: Luiz Carlos de Menezes
Ed. Ática, São Paulo, 2002.
3. Energia – Projeto Escola e Cidadania
José Alves da Silva, Alexandre Custódio, Cristina Leite.
Ed. Do Brasil, São Paulo, 2000.

Filme
1. K19 – The Widowmaker
Direção: Kathryn Bigelow
Ano: 2002
Neste filme, você poderá perceber boa parte dos processos de transforma-
ções de energia sendo aplicados no mundo tecnológico, de uma maneira
envolvente e surpreendente.

Sites
1. Ministério das Minas e Energia
www.minasenergia.org.br
2. Petrobras
www.petrobras.com.br


Unidade 2

Impulso e quantidade
de movimento
Organizadores
Maurício Pietrocola
Nobuko Ueta
Elaboradores INTRODUÇÃO
Rogério Vogt
Cardoso dos Santos
José Alves da Silva
Maurício Pietrocola

Fonte: www.bigfoto.com
Você já parou para pensar como alguns acontecimentos despertam nossa
curiosidade? Ficamos maravilhados durante a festa de reveillon ao observar-
mos as figuras formadas no céu devido à queima dos fogos. Um outro acon-
tecimento que mexe com as nossas emoções e de particular beleza é o lança-
mento de uma missão espacial. O foguete lança gases em um sentido e é
impulsionado no sentido oposto. Mas o que estes eventos distintos têm em
comum?
A resposta está nas leis físicas que regem estes movimentos. Bem, nesta uni-
dade vamos falar de um tópico que é muito comum nos principais vestibulares do
país: impulso, quantidade de movimento e sua conservação. Bons estudos!

MOVIMENTO
Que tal uma partida de bilhar? Uma bola de
bilhar, atingida pelo taco, é posta em movimen-
to. Esse é apenas um exemplo de como um cor-
po pode entrar em movimento por ação de ou-
tro corpo. Vemos outros exemplos disso em um
jogo de futebol quando um jogador, ao cobrar
um pênalti, chuta a bola que se encontra parada
na marca da cal; no trânsito caótico de São Pau-
lo, quando um carro parado no sinal vermelho Fonte: www.fcsnooker.co.uk
é atingido por trás por outro carro.
  -     

Mas há uma outra maneira de corpos entrarem em movimento. Repare no


exemplo abaixo:

Antes da explosão Depois da explosão

Antes da explosão, a bomba estava parada. Depois da explosão, partes da


bomba entram em movimento para um lado e partes entram em movimento
para outro lado.
Um outro exemplo em que isso ocorre é o de um canhão que, ao atirar uma
bala para frente, irá recuar. Vamos olhar mais de perto esse exemplo.

Antes do disparo Depois do disparo

Se considerarmos o canhão e a bala em seu interior, antes do disparo não


há movimento. Após o disparo porém, a bala avança e o canhão recua, tentan-
do “compensar” o movimento da bala! Essa “compensação” não nos remete a
uma idéia de que algo se conserva?
Você já reparou que a bala, que é “mais leve”, adquire maior velocidade e
o canhão, que é “mais pesado”, menor velocidade? Não parece que o excesso
de massa compensa a falta de velocidade? E se multiplicarmos a massa da bala
por sua velocidade após o disparo? Será que obteremos o mesmo valor se
multiplicarmos a massa do canhão por sua velocidade após o disparo? Bem,
vamos estudar um pouco mais...

QUANTIDADE DE MOVIMENTO
O produto da massa do corpo pela sua velocidade é denominado quantida-
de de movimento, uma grandeza vetorial que caracteriza, num dado instante, o
movimento de um corpo. Considere uma partícula de massa m se deslocando
com uma velocidade vetorial v. A quantidade de movimento desta partícula é
dada por:

Q = m.v

onde Q = quantidade de movimento;


m = massa
v = velocidade instantânea.




ATENÇÃO: QUANTIDADE DE MOVIMENTO É UMA GRANDEZA VETORIAL

Direção: mesma da velocidade (tangente à trajetória)


Sentido: mesmo da velocidade
Intensidade ou módulo: Q = m.v

LEMBRE-SE
Quando a grandeza for vetorial, para defini-la é necessário, além do valor que você obtém
através da fórmula, indicar a direção e o sentido (se possível faça o desenho da seta).

No sistema internacional de unidades (SI) a massa é dada em quilograma


(kg) e a velocidade é dada em metros por segundo (m/s). Logo, a unidade de
Quantidade de movimento no SI é quilograma metro por segundo (kg.m/s).
A quantidade de movimento é uma grandeza instantânea (definida em um
certo instante).

IMPULSO
Lembra quando você, ainda criança, estava numa balança em um parque
e não conseguia balançar? Você pedia para que sua mãe lhe desse um “impul-
so”. Ela atendia prontamente exercendo uma “força” em suas costas “durante
um intervalo de tempo”.

O tenista exerce um impulso na bola com


sua raquete.

Fonte: Niels Shipper (www.guga.com.br)


Podemos dizer, então, que sempre que em um corpo agir uma força duran-
te um intervalo de tempo, este recebeu um impulso.

IMPULSO DE UMA FORÇA CONSTANTE


Uma força que atue sobre um corpo durante um intervalo de tempo bem
determinado é chamada de força impulsiva.
Considere uma partícula sob ação de uma força constante F, durante um
intervalo de tempo ∆t. O impulso desta força é dado por:


  -     

I = F. ∆t

onde I = impulso da força constante


F = força constante
∆t = intervalo de tempo

ATENÇÃO: O IMPULSO É UMA GRANDEZA VETORIAL


Direção: mesma da força F
Sentido: mesmo da força F
Módulo ou intensidade: I = F. ∆t

LEMBRE-SE
Quando a grandeza for vetorial, para defini-la é necessário, além do valor que você obtém
através da fórmula, indicar a direção e o sentido (se possível faça o desenho da seta).

No sistema internacional de unidades (SI) a força é dada em newtons (N)


e o intervalo de tempo é dado em segundos (s). Logo a unidade de impulso da
forças no SI é newton segundo (N.s).

TEOREMA DO IMPULSO
Já vimos que, quando em um corpo atua uma força, durante um intervalo
de tempo, ele recebe um impulso. Mas o que ocorre com a velocidade do
corpo? Se essa força for a resultante, é natural de se esperar que a velocidade
deste corpo se altere. Como a velocidade sofre uma mudança, a quantidade
de movimento do corpo também varia. Podemos entender a relação entre for-
ça resultante, intervalo de tempo e variação de velocidade pelo Teorema do
Impulso.
Veja abaixo:

OBSERVAÇÕES
Pela segunda lei de Newton:
∆v O teorema do impulso permite perceber
FR = m . a onde a= ,
∆t que a unidades de impulso (N.s) e quan-
tidade de movimento (kg.m/s) são equi-
Logo
valentes:
FR = m . ∆v ou FR . ∆t = m . ∆v
∆t N.s = kg.m/s
Portanto
IR = Qf – Qi

IR = ∆Q

O impulso da resultante das forças sobre uma partícula é igual à variação


da quantidade de movimento.




IMPULSO EM TRAJETÓRIAS NÃO RETILÍNEAS


A trajetória do corpo durante o impulso pode não ser retilínea. Nesse caso, as direções
das quantidades de movimento final e inicial podem ser diferentes. Então o módulo do
impulso deve ser calculado fazendo-se a operação com vetores. Em particular, se o
ângulo entre as quantidades de movimento final e inicial for 90o:

pelo Teorema do impulso:

vetorialmente temos:

O módulo do impulso, representado na figura, é dado pelo teorema de Pitágoras:


IR2 = Qf2 + Qi2

SAIBA MAIS
Isaac Newton, em sua obra Princípia, publicada em 1687, propôs a segunda lei em
termos da quantidade de movimento:
∆v ∆Q
FR = m.a ⇒ FR = m. ⇒ FR = ,
∆t ∆t
A taxa de variação da quantidade de movimento de um corpo pelo tempo é igual à força
resultante que age sobre o corpo e tem a direção e o sentido desta força.

ALGUMAS APLICAÇÕES PRÁTICAS


Em uma colisão, os corpos ficam submetidos a um impulso, ou seja, a
uma força resultante aplicada durante um intervalo de tempo, que resulta numa
variação da quantidade de movimento do corpo.

IR = ∆Q

FR . ∆t = ∆Q

Para um dado impulso, ou uma dada variação da quantidade de movimen-


to, a força é inversamente proporcional ao seu tempo de aplicação, o que
significa dizer que quanto maior o tempo de aplicação da força menor será a
intensidade desta força. Então, para minimizar o efeito da força durante uma
colisão, o tempo de duração da colisão deve ser o maior possível. A conseqü-
ência está em uma série de aplicações no nosso cotidiano, conforme veremos
nos exemplos a seguir:

Nos carros, o uso de air bags e zo-


nas de amortecimento:

Fonte: www.nhtsa.dot.gov
Air Bags: de acordo com o princípio da inércia, o motorista tende a manter a
mesma velocidade do veículo, ficando sujeito a uma força muito intensa para


  -     

freá-lo (variar sua quantidade de movimento) durante uma batida. Quando


isso ocorre, um sensor elétrico aciona o air bag, que infla rapidamente. Com-
pletamente cheio, este pode esvaziar-se através de orifícios que permitem que
o gás em seu interior saia vagarosamente, formando uma espécie de colchão,
protegendo o motorista de um choque contra o painel e o pára-brisa do auto-
móvel. Além disso, ele também distribui esse impacto em uma superfície mai-
or, evitando a concentração da força em uma pequena área do corpo do con-
dutor. Sem o air bag, esse impacto ocorreria em um intervalo de tempo muito
curto. Com o seu uso, esse tempo é consideravelmente maior, diminuindo
drasticamente a intensidade da força aplicada sobre o motorista, muitas vezes
salvando sua vida.

Zonas de amortecimento: são regiões do carro, geralmente na frente e na tra-


seira, projetadas para absorver energia durante uma colisão. Com isso, quan-
do o carro sofre um impacto, estas regiões deformam, aumentando o tempo
que leva para o carro parar e minimizando a intensidade da força da batida.
Além disso, a deformação das zonas de amortecimento diminui a variação da
quantidade de movimento sofrida pelo carro, uma vez que atenua o efeito do
recuo sofrido pelo mesmo após a colisão. Antigamente, os veículos eram muito
mais rígidos e difíceis de serem amassados. Atualmente os carros têm essas
zonas de amortecimento que, se por um lado o deformam mais facilmente
(danificando o veículo), por outro diminuem o risco de lesões sofridas pelos
seus ocupantes.

ESPORTES
Quando um atleta ou nós mesmos saltamos, o impacto com o chão pode trazer riscos à
saúde. Instintivamente flexionamos nossas pernas ao tocar o solo novamente. Ao fazer-
mos isso, aumentamos o tempo de contato com o chão, durante a queda, minimizando
assim a força a que o corpo ficará sujeito. O mesmo princípio se aplica no rolamento feito
pelo lutador de judô durante a queda e pelos fabricantes de tênis com a intenção de
desenvolver um solado que absorva melhor o impacto. O mesmo raciocínio vale para o
uso de luvas no beisebol e no boxe, a utilização de espumas dentro de um capacete de
motociclismo, o uso de um piso especial colocado em provas de ginástica olímpica e nos
tatames de judô, e em muitos outros casos.

RESPONDA AGORA Neste site você pode en-


contrar um texto in-
Curiosamente, o rei do futebol Edson Arantes de Nascimento, o Pelé, ensina que ao teressante sobre a ciên-
“matar” a bola no peito você deve esvaziar o ar dos pulmões durante a “matada”.Tente cia por trás da “bicicleta”
explicar o porquê. de Pelé. www.usp.br/
agen/bols/2002/rede
Exercícios 1008.htm

1. (Unesp) Num jogo de futebol, a


bola bate na trave superior do gol. Su-
ponha que isso ocorra numa das qua-
tro situações representadas esquema-
ticamente a seguir, I, II, III e IV. A
trajetória da bola está contida no pla-
no das figuras, que é o plano vertical
perpendicular à trave superior do gol.




Sabendo que o módulo da velocidade com que a bola atinge e é rebatida


pela trave é o mesmo em todas situações, pode-se se afirmar que o impulso
exercido pela trave sobre a bola é
a) maior em I.
b) maior em II.
c) maior em III.
d) maior em IV.
e) igual nas quatro situações.
2. (ITA) Uma metralhadora dispara 200 balas por minuto. Cada bala tem mas-
sa de 28g e uma velocidade escalar de 60 m/s. Neste caso a metralhadora
ficará sujeita a uma força média, resultante dos tiros, de intensidade:
a) 0,14N b) 5,6N c) 55N d) 336N e) diferente dos valores citados.
3.Em um teste de colisão, um automóvel de 1500 kg colide frontalmente com uma
parede de tijolos. A velocidade do automóvel anterior ao impacto era de 15 m/s.
Imediatamente após o impacto, o veículo é jogado no sentido contrário ao do mo-
vimento inicial com velocidade de 3 m/s. Se a colisão teve duração de 0,15
s, a força média exercida sobre o automóvel durante a colisão foi de
a) 0,5 x 104N
b) 1 x 104N
c) 3 x 104N
d) 15 x 104N
e) 18 x 104N
4. (CESGRANRIO) Em uma partida de futebol, a bola é lançada em linha reta
na grande área e desviada por um jogador da defesa. Nesse desvio, a bola
passa a se mover perpendicularmente à trajetória na qual foi lançada. Sabe-se
que as quantidades de movimentos imediatamente antes e imediatamente de-
pois do desvio têm o mesmo módulo p.
O impulso exercido sobre a bola durante o desvio referido no enunciado
será igual a:
a) zero b) p c) p / 2 d) p / 3 e) 2p

SISTEMA DE CORPOS
Vamos chamar de um sistema de corpos o conjunto de corpos que interagem
de alguma forma. Podemos citar, como exemplo, um pescador que anda em
cima de um barco, dois blocos interligados por uma mola comprimida, uma
raquete golpeando uma bola e assim por diante.
Fonte 1: www.delcancer.
com
Fonte 2: www.playtenis.
com.br

2
Exemplos de sistemas de corpos.


  -     

A quantidade de movimento total do sistema é a soma vetorial das quanti-


dades de movimento de cada um dos corpos que constitui o sistema:

Qsistema = Q1 + Q2 + ... + Qn

Uma força é dita interna se sua ação ocorrer entre os corpos que perten-
cem ao mesmo sistema. Será dita externa se sua ação ocorrer entre um corpo
que pertence ao sistema e um outro que está fora deste sistema.
Se o pescador andar em cima do barco, a força que o pescador exerce no
barco (e conseqüentemente a reação do barco no pescador) é interna ao siste-
ma barco-pescador.
Um outro exemplo é o de duas bolinhas de bilhar que colidem: a força que
a bolinha A exerce na bolinha B (e conseqüentemente a força que a bolinha B
exerce na bolinha A – par ação e reação) são internas se considerarmos as
duas bolinhas como sendo um sistema.

Mas, além dessas forças, atuam sobre cada uma das bolinhas a força que o
planeta Terra exerce em cada uma delas, o peso, e a força que a mesa exerce
em cada uma delas, a normal. Tanto a força peso como a força normal são
forças externas ao sistema.

SISTEMA ISOLADO
Um sistema é considerado isolado se:

a) Nenhuma força externa age sobre ele:


É difícil ocorrer na prática. Um exemplo seria o de um foguete se movi-
mentando no vácuo em um lugar distante de qualquer corpo celeste, para não
ficar sob a ação de forças gravitacionais.

b) As forças externas que agem sobre o sistema se equilibram ou são despre-


zíveis em comparação com as forças internas:
Como exemplo temos colisões entre corpos, explosões, lançamentos de
foguetes, disparo de armas.




Sistema isolado: o impulso de forças externas é nulo.

Fonte: www.nasa.gov
Aplicando o teorema do impulso, temos:

IR = ∆Q
ou seja

IR = Qf – Qi
Mas

IR = 0 (sistema isolado)

Então temos que

0 = Qf – Qi
Portanto

Qfsistema = Q isistema

No sistema isolado, a quantidade de movimento total do sistema se conserva.

O princípio da conservação da quantidade de movimento é um mais fun-


damentais e importantes da mecânica. Note que ele é mais geral que o princí-
pio da conservação da energia mecânica, pois este só ocorre quando as forças
internas são conservativas. Já o princípio da conservação da quantidade de
movimento vale para qualquer que seja a natureza das forças internas. Ele
pode, por exemplo, ser usado para estudar as colisões de objetos desde a
escala de partículas subatômicas até a escala das galáxias.
Na física de partículas, por exemplo, tema do próximo módulo, a colisão
entre partículas atômicas e nucleares é de fundamental importância para o
entendimento da estrutura da matéria. Uma maneira de estudar o núcleo do
átomo é acelerá-lo até atingir altas velocidades e colidi-lo com outro núcleo e
observar o que acontece. Este tipo de experiência é feita em grandes acelera-
dores de partículas, onde prótons colidem com outros prótons. As partículas
resultantes da colisão deixam finos traços de sua trajetória em uma câmara de
nuvens. Com essa trajetória, pode-se determinar a quantidade de movimento
da partícula e, conseqüentemente, a própria partícula pode ser identificada.


  -     

Fonte: www.users.
pipeline. com.au

Figura 1. Fotografia de uma câmara de Figura 2. Interpretação das observações da


nuvens mostrando a trajetória de partículas Figura 1. Uma partícula elementar, chamada
subatômicas. Píon (p-) entra pela parte inferior da câmara,
interagindo com um próton, dando origem a
duas partículas Ko e Lo. Estas, sendo neutras,
não deixam rastros visíveis até decaírem. O
resultado do decaimento de cada uma destas
partículas é uma partícula positiva e uma
negativa (p+e p-, p e p-). Essa interpretação é
possível graças às leis da física, entre elas o
princípio da conservação da quantidade de
movimento.

No nosso dia a dia, em acidentes de trânsi-


to, colisões ocorridas em cruzamentos podem
ser esclarecidas com aplicações diretas de prin-
cípios como o da conservação da quantidade
de movimento, sendo possível determinar as
velocidades dos veículos imediatamente antes
da colisão. Isso é de fundamental importância,
do ponto de vista judiciário, para determinar
se há algum culpado no caso de acidentes de
trânsito que envolvam excesso de velocidade.

Os casos mais comuns de sistemas isolados são bombas explodindo, um Fonte: www.stockphotos.
canhão atirando uma bala, corpos se chocando, lançamento de foguetes, pati- com.br
nadores se empurrando no gelo, etc.
Vejamos dois exemplos:

Exemplo 1: Um canhão de 500 kg, inicialmente em repouso, dispara uma bala


de 2 kg com uma velocidade de 100 m/s. Determine a velocidade de recuo do
canhão.
Resposta:
O movimento se dá em apenas uma direção:
Quando isso ocorrer, não há necessidade de se tratar o problema com
vetores, uma vez que a direção se mantém constante. Basta adotar uma orien-
tação: por exemplo, corpos que vão para a direita têm velocidades positivas e
os que vão para esquerda têm velocidades negativas.




Dados: Massa do canhão mA = 500 kg


Massa da bala mB = 2 kg
Velocidade da bala após o disparo vf B = 100 m/s
Sistema isolado:

QA + QB = QfA + QfB

mA.vA + mB.vB = mA.vfA + mB.vfB

500.(0) + 2.(0) = 500. vfA + 2.(100)

500. vfA = – 200

vfA = – 0,4 m/s

O canhão recua com velocidade de 0,4 m/s.

O enunciado abaixo se refere aos exemplos 2 e 3:


(FUVEST) Uma bomba logo antes de explodir em 3 pedaços A, B e C de igual
massa, tem velocidade v0 = 200 m/s. Logo após a explosão, os fragmentos A
e B têm velocidades vA = vB = 200 m/s, sendo que vA e vB fazem um ângulo
de 45º com a horizontal.
Exemplo 2: A velocidade vC do fragmento C terá, logo após a explosão, módulo
igual a:
a) 0 m/s
b) 400 m/s
c) 200 m/s
d) 200 ( 3 - 2 ) m/s
e) 200 m/s
Exemplo 3: A velocidade vC forma com a direção de v0 um ângulo:
a) 0º
b) 180º
c) 90º
d) 90º normal ao plano da figura.
e) indefinido pois o vetor nulo não tem direção.
Resolução:
O movimento se dá no plano:
O sistema é isolado de forças externas e a quantidade de movimento do
sistema é a mesma antes e depois da explosão. Neste exemplo, nem todas as
velocidades estão na mesma linha reta, e a natureza vetorial da quantidade de
movimento tem que ser utilizada. Conseguimos resolver o problema obtendo-
se as componentes de cada quantidade de movimento nas direções x e y.


  -     

Então, o princípio de conservação impõe que a soma das componentes x,


antes da explosão, seja igual àquela após a explosão; analogamente, vale o
mesmo para as componentes em y.

Direção x

Qi x = Qfx

M .Vo = mA.VAx + mB.VBx + mC.VCx

3m. Vo = m. VA cos 45o + m. VB cos 45o + m.VCx

3m. 200 = m. 200 + m. 200 + m.VCx

600 = 400 + VCx

VCx = 200 m/s


(como esta velocidade é positiva, pela orientação adotada a velocidade
tem sentido da esquerda para direita)

Direção y

Qi y = Qfy

0 = mA.VAy – mB .VBy + mC.VCy

0 = m .VA sen 45o – m VB..sen 45o + m.VCy

0 = 200 – 200 +VCy

VCy = 0

(a velocidade do fragmento C na vertical é nula. Portanto, ele desloca-se


apenas na direção horizontal).
Logo, exercício 2 alternativa E e exercício 3 alternativa A.

PROJEÇÕES DE UM VETOR
Freqüentemente, na Física aparecem exercícios
em que os vetores não estão na mesma direção.
Para facilitar a resolução desses exercícios, geral-
mente precisamos achar as projeções dos vetores
nos eixos x e y:




Da trigonometria temos:
Vy
sen θ = ⇒ Vy = v sen θ
V
Vx
cos θ = ⇒ Vx = V cos θ
V

Onde Vx e Vy são denominados componentes ou projeções do vetor V.

VOCÊ SABIA...
Durante uma competição de remo,
os atletas sentados num “carrinho
sobre trilhos” dentro do barco inici-
am cada remada aplicando uma for-
ça ao remo, primeiro com as pernas,
depois com o tronco e, finalmente,
com os braços. Ao término de cada
ciclo, o remador volta para a posição inicial (ir à proa) para o início de uma nova remada.
Para atingir o máximo de velocidade do barco, é necessário maximizar a aplicação
horizontal de força durante a fase propulsiva da remada e minimizar o efeito do movi-
mento dos remadores na ida à proa. A velocidade do carrinho em direção à proa deve ser
controlada e proporcional à velocidade de deslocamento do barco. Se o remador retornar
à proa muito rápido irá impor uma desaceleração à embarcação.
Trocando em miúdos: se o remador avança rapidamente, o barco tende a recuar!
É a conservação da quantidade de movimento mais uma vez.
Fonte: www.cbr-remo.com.br

Exercícios
1. (Fuvest) Núcleos atômicos instáveis, existentes na natureza e denominados
isótopos radioativos, emitem radiação espontaneamente. Este é o caso do
Carbono-14 (14C), um emissor de partículas beta (b-). Neste processo, o nú-
cleo de 14C deixa de existir e se transforma em um núcleo de Nitrogênio-14
(14N), com a emissão de um anti-neutrino e uma partícula b.
14 14
C N + b– +
Os vetores quantidade de movimento das partículas, em uma mesma esca-
la, resultantes do decaimento beta de um núcleo de 14C, em repouso, poderi-
am ser melhor representados, no plano do papel, pela figura


  -     

2. (Unicamp) Um canhão de massa M = 300 kg dispara na horizontal uma


bala de massa m = 15 kg com uma velocidade de 60 m/s em relação ao chão.
a) Qual a velocidade de recuo do canhão em relação ao chão?
b) Qual a velocidade de recuo do canhão em relação à bala?
c) Qual a variação da energia cinética no disparo?
3. (Unicamp) Uma bomba explode em três fragmentos na forma mostrada na
figura a seguir.
a) Ache v1 em termos de vo.
b) Ache v2 em termos de vo.
c) A energia mecânica aumenta, diminui ou permanece a mesma? Justifique.

COLISÕES
As colisões podem ser classificadas de acordo com considerações a res-
peito da energia do sistema. Uma colisão na qual a energia cinética se conser-
va é chamada de colisão perfeitamente elástica ou simplesmente elástica. Uma
colisão na qual a energia cinética do sistema diminui e os dois corpos têm a
mesma velocidade final é chamada de colisão perfeitamente inelástica ou sim-
plesmente inelástica. Há casos intermediários em que parte da energia cinéti-
ca do sistema é dissipada, mas não o bastante para manter os corpos unidos
após o choque (ou seja, para que eles tenham a mesma velocidade final).
Estas colisões são chamadas de parcialmente elásticas. Observe que em qual-
quer que seja a colisão, as forças internas são muito maiores que as externas
(que, portanto, podem ser desprezadas) e o sistema pode ser considerado iso-
lado (a quantidade de movimento total do sistema é conservada).
Na maioria das vezes temos colisões entre dois corpos:

Sistema Isolado
Qi sistema = Qf sistema

mA.viA + mB.viB = mA.vfA + mB.vfB




Colisão frontal
Choque em apenas uma direção (unidimensional). Quando isso ocorrer,
não há necessidade de se tratar o problema com vetores, uma vez que a dire-
ção se mantém constante. Basta adotar uma orientação: corpos que vão para a
direita têm velocidades positivas e os que vão para esquerda têm velocidades
negativas.

Colisão perfeitamente elástica


Os corpos saem com velocidades diferentes após o choque. Neste tipo de
choque, não há dissipação e a energia é conservada (a energia cinética final
do sistema é igual a inicial).

IMPORTANTE
Dois corpos de mesma massa, em choque frontal perfeitamente elástico, trocam de velo-
cidades entre si. Veja o exemplo a seguir:

Colisão inelástica
Os corpos saem unidos após o choque (ambos têm mesma velocidade
final). Neste tipo de choque, a dissipação de energia é máxima e a energia
cinética final do sistema é menor que a inicial.

Sistema isolado:
Qi sistema = Qf sistema

mA.viA + mB.viB = mA.vfA + mB.vfB

70.(6) + 30.(0) = (70+30).v

v = 4,2 m/s

Colisão oblíqua
O movimento se dá no plano (bidimensional). Quando isso ocorrer, nem
todas as velocidades estarão na mesma linha reta, e a natureza vetorial da


  -     

quantidade de movimento tem que ser utilizada. Para resolver o problema,


proceda da seguinte maneira:
1. Obtenha as componentes da quantidade de movimento nas direções x e y;
2. plique o princípio de conservação: a soma das componentes da quantida-
de de movimento na direção x, antes da colisão, deve ser igual àquela
após a colisão; analogamente, vale o mesmo para as componentes na dire-
ção y. Veja o exercício resolvido abaixo:

1. (UFSC - adaptado) Em uma partida de sinuca, resta apenas a bola oito a ser
colocada na caçapa. O jogador da vez percebe que, com a disposição em que
estão as bolas na mesa, para ganhar a partida ele deve desviar a bola oito de
30 graus, e a bola branca de pelo menos 60 graus, para que a mesma não entre
na caçapa oposta, invalidando sua jogada. Então, ele impulsiona a bola bran-
ca, que colide elasticamente com a bola oito, com uma velocidade de 5 m/s,
conseguindo realizar a jogada com sucesso, como previra, vencendo a parti-
da. A situação está esquematizada na figura a seguir. Considere as massas das
bolas como sendo iguais e despreze qualquer atrito. Calcule a velocidade da
bola branca e da bola oito, após a colisão.

Resposta:

Chamando de B a bola branca e A a bola oito, aplicando o princípio da


conservação da quantidade de movimento temos:
Direção x
Qix = Qfx

mA .ViAx = mA.VfAx + mB.VfBx

mA .ViAx = mA. VfA cos 30o + mB. VfB cos 60o




m . 5 = m. VfA . + m. VfB . 1/2

5 = VfA . + VfB . 1/2 (equação 1)

Direção y

Qi y = Qfy

0 = m A VfAy – m B VfBy

0 = m A VfA sen 30o – m B VfB sen 60o

0 = m. VfA .1/2 – m. VfB.

m. VfA .1/2 = m. VfB .

VfA = VfB .

substituindo na equação 1 temos:

5 = VfB . . + VfB . 1/2


Portanto

VfB = 2,5 m/s (bola branca) e VfA = 2,5 m/s (bola oito)

PÊNDULO BALÍSTICO

Os princípios de conservação são muito importantes na Física. Por meio destes princípi-
os, é possível estudar e prever a evolução no tempo de muitos sistemas. No caso espe-
cífico da mecânica, são de grande importância os princípios de conservação de energia
e conservação da quantidade de movimento.
Utilizaremos estes dois princípios para estudar o funcionamento do pêndulo balístico.
Um pêndulo balístico é um dispositivo utilizado para determinação de velocidade de
projéteis por meio de colisões perfeitamente inelásticas, com um corpo de massa muito
maior. O pêndulo consiste num grande bloco de madeira de massa M, pendurado por
duas cordas.
Dispara-se horizontalmente uma bala contra o bloco. O projétil penetra no bloco ficando
incrustado nele, fazendo o pendulo balístico (bloco + projétil) se elevar uma certa altura
Dh, que pode ser medida.

FUNDAMENTOS FÍSICOS
Podemos estudar o pêndulo balístico em duas fases distintas:
1. Colisão entre a bala e o bloco de madeira (há conservação da quantidade de movi-
mento do sistema mas não há conservação da energia pois o choque é inelástico):


  -     

Como o tempo de colisão é muito pequeno se comparado ao tempo de oscilação do


pêndulo, as cordas ficarão praticamente verticais durante a colisão. Logo, não haverá
forças externas horizontais aplicadas ao sistema durante o choque, e a quantidade de
movimento é conservada:

Qi sistema = Qf sistema (sistema isolado)


QiA + QiB = QfA + QfB
mA.viA + mB.viB = mA.vfA + mB.vfB
m.v i + M.(0) = (m + M).vf
m.vi = (m + M).vf
(m + M).vf

vi = (equação 1)

2. Subida do conjunto bloco + bala (há conservação da energia mecânica, mas não há
conservação da quantidade de movimento):
O pêndulo oscilará para a direita, se elevando de uma altura ∆h, até que sua energia
cinética seja transformada em energia potencial gravitacional. Como os atritos podem
ser desprezados, o sistema será conservativo e poderemos aplicar o princípio da conser-
vação de energia mecânica ao sistema formado por bloco + projétil para obter a veloci-
dade desse conjunto imediatamente após a colisão:
Ei mec = Ef mec
(m+M). vf 2 = (m+M).g. ∆h
Então
vf =
Substituindo na equação 1 obtemos v:

v=

que é a velocidade inicial de disparo do projétil.


É importante lembrar que a energia não é conservada na colisão (em geral, mais de 99%
da energia é dissipada nessa colisão).
Apesar do pêndulo balístico já estar superado por outros aparelhos, ele ainda continua a
ser um equipamento importante no laboratório para ilustrar os conceitos de conserva-
ção da quantidade de movimento e energia.




Exercícios
1. (Fuvest) Dois patinadores de mesma massa deslocam-se numa mesma tra-
jetória retilínea, com velocidades respectivamente iguais a 1,5 m/s e 3,5 m/s.
O patinador mais rápido persegue o outro. Ao alcançá-lo, salta verticalmente
e agarra-se às suas costas, passando os dois a deslocar-se com velocidade v.
Desprezando o atrito, calcule o valor de v.
a) 1,5 m/s. b) 2,0 m/s. c) 2,5 m/s. d) 3,5 m/s. e) 5,0 m/s.
2. (Unesp) A figura mostra o gráfico das velocidades de dois carrinhos que se
movem sem atrito sobre um mesmo par de trilhos horizontais e retilíneos. Em
torno do instante 3 segundos, os carrinhos colidem.
Se as massas dos carrinhos 1 e 2 são, respectivamente, m1 e m2, então
a) m1 = 3m2
b) 3m1 = m2
c) 3m1 = 5m2
d) 3m1 = 7m2
e) 5m1 = 3m2

3. (Unesp) Uma esfera, A, de massa mA, movendo-se com velocidade de 2,0


m/s ao longo de uma direção x, colide frontalmente com outra esfera B, de
massa mB, em repouso, livres da ação de quaisquer forças externas. Depois da
colisão, cada uma das esferas passa a se deslocar com velocidade de 1,0 m/s
na direção do eixo x, nos sentidos indicados na figura.
Nestas condições, pode-se afirmar que a razão entre as massas é:
a) (mA/mB) = 1/3
b) (mA/mB) = 1/2
c) (mA/mB) = 1
d) (mA/mB) = 2
e) (mA/mB) = 3
4. (UFES) Uma partícula de massa m1, inicialmente com velocidade horizon-
tal v1, choca-se com outra partícula de massa m2, inicialmente em repouso,
como mostra a figura. Os vetores que podem representar corretamente as ve-
locidades das partículas imediatamente após o choque são:


  -     

SUGESTÃO DE FILME
Apollo 13
Durante uma missão espacial da NASA, após três dias no es-
paço, os astronautas da Apollo XIII – Jim Lovell (Tom Hanks),
Fred Haise (Bill Paxton) e Jack Swigert (Kevin Bacon) estavam
finalmente chegando ao seu destino: a Lua!
De repente, a força e os sistemas de controle se apagaram e a
reserva de oxigênio começou rapidamente a baixar... Não bas-
tando isso, a temperatura no módulo lunar ficou muito baixa e o
combustível poderia não ser suficiente para retornar. Os astro-
nautas estavam diante de uma realidade dramática: presos numa
cápsula espacial a 300.000 km de distância da Terra com a possi-
bilidade de jamais voltarem!
Assista ao filme... Baseado em fatos verídicos.
Título Original: Apollo 13
Gênero: Drama
Tempo de Duração: 138 minutos
Ano de Lançamento (EUA): 1995
Estúdio: Universal Pictures / Imagine Entertainment
Direção: Ron Howard
Vencedor de dois Oscars.

O que observar no filme:


Como o filme é baseado em fatos verídicos, ele tenta reproduzir não ape-
nas as condições reais do ponto de vista físico, mas também dos fatos. Repare
que, em certo momento da missão, após ter ocorrido o acidente, os astronau-
tas não puderam mais jogar no espaço os detritos, pois isso fazia com que o
foguete desviasse da sua trajetória. Você consegue explicar isso em termos da
conservação da quantidade de movimento?




Curiosidade:
Para gravar as cenas da nave no espaço, o elenco fez uma série de viagens
no avião de testes da NASA chamado KC-135. Estas viagens eram para simu-
lar a ausência de gravidade: o avião subia até uma certa altitude e depois
entrava num “mergulho” de aproximadamente 20 segundos. O efeito aparen-
te para todos os ocupantes do avião é de imponderabilidade (“gravidade zero”),
embora, na realidade, tanto o avião quanto seus ocupantes permanecessem
em plena queda.

Biografia dos autores


Rogério Vogt Cardoso dos Santos
Licenciado em Física pelo Instituto de Física da Universidade de São Pau-
lo e mestrando em Ensino de Física pela mesma instituição. Trabalhou em
projetos de pesquisa vinculados ao Laboratório de Pesquisa em Ensino de
Física da Faculdade de Educação da USP e foi professor da rede estadual e
particular de ensino. É autor de materiais didáticos e atualmente trabalha em
um grande curso pré-vestibular da cidade de São Paulo.

José Alves da Silva


Licenciado em Física e mestre em Ensino de Física pelo Instituto de Física
e Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo, ex-consultor para o
Ensino Médio no Ministério da Educação, ex-diretor da área pedagógica da
Secretaria Municipal de Educação de São Paulo, autor de livros didáticos e
professor da rede pública paulista.

Maurício Pietrocola
Licenciado em Física pela USP, mestre em ensino de ciências (modalidade
Física) pela mesma Universidade e doutor em História e Epistemologia das
Ciências da Universidade de Paris 7 – Denis Diderot. Foi professor secundário
de Física e professor do Departamento de Física da UFSC. Secretário de Ensi-
no da Sociedade Brasileira de Física nas gestões 1999-2001 e 2001-2003.
Membro dos conselhos editorias do Caderno Brasileiro de Ensino de Física e
da Revista da Sociedade Brasileira de História da Ciência. É co-autor de li-
vros paradidáticos de Física, da coleção Física, um outro olhar, da editora
FTD. É atualmente professor doutor da Faculdade de Educação da USP.


Física
Física moderna e
contemporânea

Organizadores
Maurício Pietrocola
Nobuko Ueta
Elaboradores
Guilherme Brockington
Wellington Batista de Sousa
Nobuko Ueta
6
módulo

Nome do Aluno
GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO
Governador: Geraldo Alckmin
Secretaria de Estado da Educação de São Paulo
Secretário: Gabriel Benedito Issac Chalita
Coordenadoria de Estudos e Normas Pedagógicas – CENP
Coordenadora: Sonia Maria Silva

UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO


Reitor: Adolpho José Melfi
Pró-Reitora de Graduação
Sonia Teresinha de Sousa Penin
Pró-Reitor de Cultura e Extensão Universitária
Adilson Avansi Abreu

FUNDAÇÃO DE APOIO À FACULDADE DE EDUCAÇÃO – FAFE


Presidente do Conselho Curador: Selma Garrido Pimenta
Diretoria Administrativa: Anna Maria Pessoa de Carvalho
Diretoria Financeira: Sílvia Luzia Frateschi Trivelato

PROGRAMA PRÓ-UNIVERSITÁRIO
Coordenadora Geral: Eleny Mitrulis
Vice-coordenadora Geral: Sonia Maria Vanzella Castellar
Coordenadora Pedagógica: Helena Coharik Chamlian

Coordenadores de Área
Biologia:
Paulo Takeo Sano – Lyria Mori
Física:
Maurício Pietrocola – Nobuko Ueta
Geografia:
Sonia Maria Vanzella Castellar – Elvio Rodrigues Martins
História:
Kátia Maria Abud – Raquel Glezer
Língua Inglesa:
Anna Maria Carmagnani – Walkyria Monte Mór
Língua Portuguesa:
Maria Lúcia Victório de Oliveira Andrade – Neide Luzia de Rezende – Valdir Heitor Barzotto
Matemática:
Antônio Carlos Brolezzi – Elvia Mureb Sallum – Martha S. Monteiro
Química:
Maria Eunice Ribeiro Marcondes – Marcelo Giordan
Produção Editorial
Dreampix Comunicação
Revisão, diagramação, capa e projeto gráfico: André Jun Nishizawa, Eduardo Higa Sokei, José Muniz Jr.
Mariana Pimenta Coan, Mario Guimarães Mucida e Wagner Shimabukuro
Cartas ao
Aluno
Carta da
Pró-Reitoria de Graduação

Caro aluno,
Com muita alegria, a Universidade de São Paulo, por meio de seus estudantes
e de seus professores, participa dessa parceria com a Secretaria de Estado da
Educação, oferecendo a você o que temos de melhor: conhecimento.
Conhecimento é a chave para o desenvolvimento das pessoas e das nações
e freqüentar o ensino superior é a maneira mais efetiva de ampliar conhecimentos
de forma sistemática e de se preparar para uma profissão.
Ingressar numa universidade de reconhecida qualidade e gratuita é o desejo
de tantos jovens como você. Por isso, a USP, assim como outras universidades
públicas, possui um vestibular tão concorrido. Para enfrentar tal concorrência,
muitos alunos do ensino médio, inclusive os que estudam em escolas particulares
de reconhecida qualidade, fazem cursinhos preparatórios, em geral de alto
custo e inacessíveis à maioria dos alunos da escola pública.
O presente programa oferece a você a possibilidade de se preparar para enfrentar
com melhores condições um vestibular, retomando aspectos fundamentais da
programação do ensino médio. Espera-se, também, que essa revisão, orientada
por objetivos educacionais, o auxilie a perceber com clareza o desenvolvimento
pessoal que adquiriu ao longo da educação básica. Tomar posse da própria
formação certamente lhe dará a segurança necessária para enfrentar qualquer
situação de vida e de trabalho.
Enfrente com garra esse programa. Os próximos meses, até os exames em
novembro, exigirão de sua parte muita disciplina e estudo diário. Os monitores
e os professores da USP, em parceria com os professores de sua escola, estão
se dedicando muito para ajudá-lo nessa travessia.
Em nome da comunidade USP, desejo-lhe, meu caro aluno, disposição e vigor
para o presente desafio.

Sonia Teresinha de Sousa Penin.


Pró-Reitora de Graduação.
Carta da
Secretaria de Estado da Educação

Caro aluno,
Com a efetiva expansão e a crescente melhoria do ensino médio estadual,
os desafios vivenciados por todos os jovens matriculados nas escolas da rede
estadual de ensino, no momento de ingressar nas universidades públicas, vêm se
inserindo, ao longo dos anos, num contexto aparentemente contraditório.
Se de um lado nota-se um gradual aumento no percentual dos jovens aprovados
nos exames vestibulares da Fuvest — o que, indubitavelmente, comprova a
qualidade dos estudos públicos oferecidos —, de outro mostra quão desiguais
têm sido as condições apresentadas pelos alunos ao concluírem a última etapa
da educação básica.
Diante dessa realidade, e com o objetivo de assegurar a esses alunos o patamar
de formação básica necessário ao restabelecimento da igualdade de direitos
demandados pela continuidade de estudos em nível superior, a Secretaria de
Estado da Educação assumiu, em 2004, o compromisso de abrir, no programa
denominado Pró-Universitário, 5.000 vagas para alunos matriculados na terceira
série do curso regular do ensino médio. É uma proposta de trabalho que busca
ampliar e diversificar as oportunidades de aprendizagem de novos conhecimentos
e conteúdos de modo a instrumentalizar o aluno para uma efetiva inserção no
mundo acadêmico. Tal proposta pedagógica buscará contemplar as diferentes
disciplinas do currículo do ensino médio mediante material didático especialmente
construído para esse fim.
O Programa não só quer encorajar você, aluno da escola pública, a participar
do exame seletivo de ingresso no ensino público superior, como espera se
constituir em um efetivo canal interativo entre a escola de ensino médio e
a universidade. Num processo de contribuições mútuas, rico e diversificado
em subsídios, essa parceria poderá, no caso da estadual paulista, contribuir
para o aperfeiçoamento de seu currículo, organização e formação de docentes.

Prof. Sonia Maria Silva


Coordenadora da Coordenadoria de Estudos e Normas Pedagógicas
Apresentação
da área
A Física é tida pelos estudantes como uma área de conhecimento de difícil
entendimento. Por exigir nível de raciocínio elevado e grande poder de abs-
tração para entender seus conceitos, acaba-se acreditando que o conhecimen-
to físico está distante do cotidiano das pessoas. No entanto, se olharmos para
o mundo que nos cerca com um pouco de cuidado, é possível perceber que a
Física está muito perto: a imagem no tubo de televisão só existe porque a
tecnologia moderna é capaz de lidar com elétrons e ondas eletromagnéticas.
Nossos veículos automotores são máquinas térmicas que funcionam em ci-
clos, os quais conhecemos e a partir deles produzimos energia mecânica ne-
cessária para nos locomovermos. O Sol é na verdade uma grande fonte de
emissão de radiação eletromagnética de diferentes freqüências, algumas visí-
veis e outras não, sendo que muitas delas podem fazer mal à nossa saúde.
Assim, o que pretendemos neste curso de Física é despertar em vocês a
sensibilidade para re-visitar o mundo com um “olhar” físico, de forma a ser
capaz entendê-lo através de suas teorias.
Serão seis módulos, cada qual tratando de um tema pertencente às seguin-
tes áreas da Física: Luz e Som; Calor; Eletromagnetismo, Mecânica, Energia e
Física Moderna. Esses módulos abordarão os conteúdos físicos, tratando as-
pectos teóricos, experimentais, históricos e suas relações com a tecnologia e
sociedade.
A Física pode ser interessante e prazerosa quando se consegue utilizar
seus conceitos para estabelecer uma nova relação com a realidade.
Bom estudo para todos!
A coordenação
Apresentação
do módulo
A vida do adolescente hoje é diferente daquela que levava um adolescente há 30
ou 40 anos. Para ter certeza disso, basta perguntar como era telefonar para o Rio de
janeiro na década de 1950. Horas aguardando uma linha, sem falar no trabalho de
discar para uma telefonista, ditar o número desejado e falar como se a outra pessoa se
estivesse num outro mundo devido aos ruídos e chiados. A ciência e a tecnologia
transformaram essa realidade: com um pequeno telefone celular temos o mundo ao
alcance de nossos dedos. Porém, você já imaginou como seria um telefone celular sem
os dispositivos disponíveis pelo advento de técnicas sofisticadas, que utilizam semi-
condutores e novos materiais de alta tecnologia? Você certamente já viu como era um
rádio antigo: enorme, pois funcionava com válvulas eletrônicas. O uso de semicondu-
tores trouxe inúmeras vantagens na vida cotidiana. Os telefones celulares, os micro-
computadores, as câmeras digitais, a transmissão em tempo real de notícias via satéli-
tes artificiais, são alguns dos muitos equipamentos do cotidiano de uma pessoa dos
nossos dias.
As mudanças podem ser percebidas em outras áreas de nossas vidas. Por exemplo,
hoje em dia, dificilmente um diagnóstico é feito sem o auxílio de imagens feitas com
o uso de raios X ou de ultra–som, seja no dentista ou no médico. Quando se trata de
problemas cardíacos e vasculares muitas vezes diagnósticos e terapias são feitos com
o uso de radio isótopos ou por uma associação destes com raios X . As descobertas
tanto da medicina como da física atômica e nuclear estão sendo usadas para o bem-
estar da humanidade.
Talvez você não saiba que toda essa modernidade está ligada às pesquisas nas
áreas de física. Muitos pesquisadores, tanto na área de pesquisa pura como na área
tecnológica, têm se dedicado ao estudo do átomo e das partículas elementares. Muitos
trabalhos desenvolvidos para a pesquisa acabam beneficiando a todos no cotidiano.
Até mesmo facilidades existentes, como o uso de aparelhos cada vez menores, não
seriam possíveis sem o desenvolvimento da pesquisa científica envolvendo o mundo
atômico. Os microcomputadores de hoje são muito mais eficientes que os primeiros
computadores que surgiram. Apesar do seu custo ainda alto, não se pode comparar ao
custo dos primeiros computadores, caríssimos e que ocupavam salas enormes refrige-
radas a 20ºC.
O desenvolvimento científico vem sendo feito desde o tempo dos gregos. Embora
os métodos tenham variado muito, a pergunta fundamental de como é o nosso univer-
so permanece fascinando a humanidade.
Neste módulo veremos resumidamente como a teoria atômica foi desenvolvida
com a introdução de conceitos inteiramente novos, que deram origem à teoria quântica.
Veremos algumas aplicações de física atômica e nuclear na medicina, ilustrando a
vasta área do conhecimento envolvendo o mundo microscópico.
Unidade 1

Estrutura da matéria
Organizadores
INTRODUÇÃO Maurício Pietrocola

Vivemos em um mundo onde as “coisas” são macroscópicas, porém o Nobuko Ueta


homem sempre se preocupou em desvendar um outro mundo, o chamado Elaboradores
mundo microscópico. Para isso, teve que fazer investigações e experimenta- Guilherme Brockington
ções, além de criar novas idéias e modelos.
Wellington Batista de
Entre as muitas idéias que surgiram, havia a de que se dividirmos uma Sousa
porção qualquer de matéria, poderíamos chegar à sua unidade fundamental,
Nobuko Ueta
ou seja, até uma partícula que não poderia ser mais dividida. Essa idéia, muito
antiga, é a da matéria descontínua. Há também a idéia da matéria contínua, no
qual podemos dividir a matéria o quanto quisermos e pudermos, sem jamais
encontrar sua unidade fundamental.
Essas idéias foram especuladas há 2 500 anos atrás, na Grécia antiga, ge-
rando muita polêmica, como ainda hoje acontece com as novas teorias. Foram
os gregos que inventaram o termo átomo (a = negação; tomo = partes, assim
não há partes, e portanto, não é divisível). Essas duas escolas filosóficas gre-
gas incitaram o homem à pesquisar a matéria, mas havia um pequeno proble-
ma de época: tudo era feito filosoficamente, sem provas experimentais, ape-
nas na retórica.
Como você já dever estar imaginando, as idéias destes filósofos não fo-
ram universalmente aceitas. Aliás, até mais ou menos 1600, as idéias sobre a
continuidade da matéria eram as mais aceitas. Após essa data, com o advento
do estudo dos gases e, principalmente, com as idéias do inglês Robert Boyle
(1627-1691), o estudo da natureza corpuscular da matéria evoluiu, sendo aban-
donada a idéia de continuidade. A nova concepção estabeleceu-se definitiva-
mente por volta de 1803, depois da divulgação da teoria atômica de Dalton.
Da idéia inicial dos gregos até os nossos dias atuais, o átomo passou por
muitas reconstruções e modelos, e a evolução desses modelos bem como as
suas características estaremos vendo nos próximos capítulos. Procure apro-
veitar e desfrutar das idéias que esses grandes cientistas tiveram em momen-
tos ímpares de suas vidas e que ajudaram a revolucionar e mudar os pensa-
mentos das suas respectivas épocas.

O MODELO ATÔMICO DE DALTON (1803)


Com base em estudos de outros cientistas anteriores a ele (isso
é muito comum em qualquer área do conhecimento humano), o
cientista inglês John Dalton (1766-1844) desenvolveu uma teo-


ria denominada Teoria Atômica de Dalton que propunha um modelo de átomo


que pregava as seguintes idéias:
- Toda matéria é constituída por átomos;
- Os átomos são esferas maciças, indivisíveis e neutras;
- Os átomos não podem ser criados nem destruídos;
- Os elementos químicos são formados por átomos simples;
- Os átomos de determinado elemento são idênticos entre si em tamanho,
forma, massa e demais propriedades;
- Um composto é formado pela combinação de átomos de dois ou mais
elementos que se unem entre si em várias proporções simples. Cada áto-
mo guarda sua identidade química.
A partir da divulgação das idéias de Dalton, seguiu-se um período de in-
tensa aplicação e comprovação da sua teoria. Apesar de começarem a ser
evidenciadas várias falhas, Dalton recusava sistematicamente tudo o que con-
trariasse suas afirmações. Graças ao seu prestígio, suas idéias mantiveram-se
inalteradas por algumas décadas.

O MODELO ATÔMICO DE THOMSON (1897)


Vale ressaltar como nota Joseph John Thomson (1856-1940) derrubou a
histórica que as leis de idéia de que o átomo era indivisível. Com os dados
Michael Faraday (1834) disponíveis na época, propôs um modelo mais coe-
sobre a eletrólise leva- rente que o de Dalton.
ram G. J. Stoney a sugerir
que a eletricidade deve-
Primeiramente ele considerou que toda matéria era constituída de átomos.
ria ser formada por cor- Estes átomos continham partículas de carga negativa, denominadas elétrons.
púsculos, aos quais ele Eletricamente neutros, os átomos apresentavam uma distribuição uniforme, con-
chamou de “elétrons”. tínua e esférica de carga positiva, no qual os elétrons distribuiam-se uniforme-
Muitos anos mais tarde, mente, conforme a figura. Essa distribuição garante o equilíbrio elétrico, evitan-
explicando a natureza do o colapso da estrutura. O diâmetro do átomo seria da ordem de 10-10 m.
dos raios catódicos,
O átomo de Thomson também ficou conhecido como o Modelo do Pudim
Thomson (1897) concre-
tizou a existência dos
de Passas, no qual as passas representam os elétrons e a massa do pudim, a
elétrons. carga elétrica positiva.

O MODELO ATÔMICO DE RUTHERFORD (1911)


Em 1911 o físico neozelandês Ernest Rutherford (1871-1937), ganhador
do prêmio Nobel em 1908, fez sua “experiência de espalhamento de partícu-
las alfa” para suas novas descobertas sobre a estrutura do átomo, surgindo daí
a base para o modelo de átomo que estudamos até os dias de hoje.
Em sua experiência, Rutherford bombardeou uma fina folha
de ouro com partículas alfa (pequenas partículas radioativas por-
tadoras de carga elétrica positiva emitidas por alguns átomos ra-
dioativos, como o polônio). Observou que a maioria atravessou a
lâmina, outras mudaram ligeiramente de direção e algumas rico-
chetearam. Este acontecimento foi evidenciado por uma tela com
material fluorescente apropriado, usado na identificação de par-
tículas alfa. Mas o que Rutherford esperava com isso? Ele espe-
rava que, segundo o modelo de Thomson, as partículas alfa atra-
vessassem a folha de ouro quase sem sofrer desvios.


  -    

Entretanto, os desvios foram muito mais intensos do que


se poderia supor (algumas partículas até ricochetearam). Foi a
partir dessa experiência que Rutherford levou suas idéias para
o meio científico. A idéia de Thomson para o átomo foi mantida
em parte, mas com modificações estruturais importantes.
Rutherford propôs que os átomos seriam constituídos por
um núcleo muito denso, carregado positivamente, onde se
concentraria praticamente toda a massa. Ao redor desse nú-
cleo positivo ficariam os elétrons, distribuídos espaçadamente
numa região denominada de eletrosfera. Comparou seu mo-
delo ao do sistema solar, onde o Sol seria o núcleo, e os pla-
netas, os elétrons. Surge então o célebre modelo planetário
do átomo.
De sua experiência Rutherford também pode concluir, fazendo medidas
quantitativas, que o átomo teria um núcleo com diâmetro da ordem de 10-13
cm e que o diâmetro do átomo seria da ordem de 10-8 cm. Isso significa que o
núcleo é aproximadamente cem mil vezes menor que o átomo. A medida 10-
8
cm passou a ser chamada por uma unidade de medida conhecida por angstrom
(1Å = 10-8 cm).
Portanto, as principais características do átomo de Rutherford são as se-
guintes:
- O átomo não é maciço, mas formado por uma região central, denominada
núcleo, muito pequeno em relação ao diâmetro atômico;
- Esse núcleo concentra toda a massa do átomo e é dotado de carga elétrica
positiva, onde estão os prótons;
- Na região ao redor do núcleo, denominada de eletrosfera, estão girando
em órbitas circulares os elétrons (partículas muito mais leves que os prótons,
cerca de 1836 vezes), neutralizando a carga nuclear.

As partículas alfa (α) são constituídas por


núcleos de Hélio (dois prótons e dois nêu-
trons) com carga +2 (+2α) e massa 4u (4α).

Os prótons foram descobertos em 1904 pelo pró-


Partícula Massa relativa (u) Carga Relativa (u.c.e)
prio Rutherford. Os nêutrons só seriam descobertos
Nêutron 1 0
mais tarde pelo inglês James Chadwick em 1932. A
Próton 1 +1
partir da descoberta dos nêutrons, o modelo atômi-
Elétron -1
co teve de incorporar os prótons, elétrons e nêu-
trons. Os prótons e os nêutrons estariam no núcleo
atômico e os elétrons giravam em torno deste. u = unidade de massa atômica = 1,66.10-24 gramas
u.c.e = unidade de carga elétrica = 1,6.10-19 Coulomb




Pare para pensar nos avanços nos modelos atômicos desde os gregos até este
de Rutherford. Quantos estudos independentes tiveram de ser feitos para que
chegássemos a essas conclusões: estudo das massas, leis de conservação da ener-
gia, radioatividade, muita matemática e cálculos avançados. Os cálculos foram
muitas vezes o alicerce que os cientistas tinham para que essas informações fos-
sem divulgadas para o meio científico. Aliás, foi esta matemática associada aos
estudos sobre a natureza da luz e da radiação dos corpos incandescentes que deu
suporte para o desenvolvimento da teoria quântica da matéria.
Você já deve ter entendido que o átomo não foi descoberto por uma pessoa
em especial. Você viu que Dalton propôs um modelo que tinha falhas, as quais
foram cobertas por outras teorias, e outras, e outras, etc... Todas tentando expli-
car a velha indagação dos antigos gregos: a matéria é contínua ou descontínua?
O átomo foi sendo descoberto aos poucos através de inúmeras teorias pro-
vadas cientificamente desde 1803, com Dalton. Mas mesmo no modelo atô-
mico proposto por Rutherford, em 1911, havia ainda certas perguntas que
Em 1733, Charles François esse modelo não explicava, por exemplo: como explicar que partículas com
Du Fay (1698-1739), um cargas de mesmo sinal se concentravam no núcleo do átomo? Não deveriam
químico francês, mos-
os prótons repelirem-se, obedecendo à lei de Du Fay? Outro detalhe é que,
trou que duas porções
segundo os trabalhos de James Clerck Maxwell (1831-1879) sobre eletro-
do mesmo material (por
exemplo âmbar) eletriza-
magnetismo, partículas carregadas e em movimento acelerado irradiam ener-
das por atrito com um gia (ondas eletromagnéticas) e, portanto, “gastam” energia. Sendo assim, os
tecido, repeliam-se, mas elétrons não poderiam ter órbita circular estável e estariam sofrendo perda
o vidro eletrizado atraia constante de energia durante seu giro em torno do núcleo , caindo rapidamen-
o âmbar eletrizado. A par- te no núcleo! Contudo, isso não ocorre. Como explicar esse fenômeno?
tir dessa experiência Du
Apesar dessas indagações não respondidas pela estrutura de Rutherford,
Fay propôs que deveriam
existir duas espécies de
isso não significa que tenhamos que abandoná-la por completo. O átomo de
eletricidade, que mais tar- Rutherford provou a existência do núcleo, mas falhou na explicação da esta-
de seriam chamados de bilidade do átomo. Esse problema só seria resolvido com a criação de um
fluidos elétricos. Esses novo modelo proposto por Niels Bohr (1885-1965), como uma correção do
fluidos estariam em modelo de Rutherford e que será vista a seguir.
quantidades iguais, o
que tornaria os corpos RELEMBRANDO
neutros. A partir dessa Número atômico (Z) corresponde a quantidade de prótons presentes no núcleo do
idéia e do amadureci-
átomo; número de massa (A) é a soma do número de prótons (Z) e o de nêutrons (n). Por
mento de outras chegou-
convenção indica-se o número de massa da seguinte maneira (utilizando como exem-
se ao Princípio da Atra-
ção e Repulsão, o qual plo o oxigênio): 16O. O número atômico é indicado dessa maneria: 8O.
pode ser enunciado da
seguinte forma: cargas (Exercício Proposto) Leia novamente e com muita atenção o texto sobre os
de mesmo sinal se repe- modelos atômicos de Dalton, Thomson e Rutherford e escreva em poucas
lem e cargas de sinais palavras as idéias centrais sobre cada modelo. Procure notar a partir de qual
opostos se atraem. modelo introduz-se as cargas elétricas no interior do átomo e a forma como
elas estão distribuídas.

O MODELO ATÔMICO DE BOHR (1913)


Em 1913, o físico dinamarquês Niels Bohr (1885-1962), ganhador do prê-
mio Nobel em 1922, propôs um modelo atômico explicando a estabilidade do
átomo. Para isso, Bohr baseou-se na Teoria Quântica, do alemão Max Planck
(1858-1947), obtendo, desse modo, um excelente resultado. Após um deta-
lhado estudo do espectro descontínuo do átomo de hidrogênio, que possui
apenas um elétron movendo-se em torno do núcleo, Bohr propõe um modelo
atômico por meio dos seguintes postulados:


  -    

- O elétron descreve órbitas circulares ao redor do núcleo, cujos raios rn


dessas órbitas são dados pela expressão: rn = n2. .
- As órbitas foram chamadas por Bohr de estados estacionários. Portanto,
diz-se que o elétron está em um estado estacionário ou em um nível de
energia, no qual cada órbita é caracterizada por um número quântico (n),
que pode assumir valores inteiros entre 1, 2, 3...
- Um elétron que permanece em um dado estado estacionário não emite
energia, apresentando assim energia constante;
- A passagem de um elétron de uma órbita para outra supõe absorção ou
emissão de determinada quantidade de energia, conforme o elétron se move
de uma posição menos energética para outra mais energética e vice-versa;
- a energia é absorvida ou liberada na forma de radiação eletromagnética e
é calculada pela expressão ∆E = h.f? ou E i – E f = h.f, onde E i e E f
correspondem, respectivamente, à energia do elétron nos estados de ener-
gia n i e n f e f corresponde à freqüência da onda eletromagnética (luz)
emitida ou absorvida.

Quando o próprio Bohr


e outros cientistas ten-
taram aplicar esse mode-
lo a outros átomos com
mais de um elétron, veri-
NÃO SE ESQUEÇA
ficaram que este falhava
A freqüência f da onda eletromagnética absorvida ou liberada é medida em Hertz (Hz) totalmente. A conclusão
e h corresponde a constante de Planck, que equivale a 6,63.10-34 J.s. é que deveria haver ou-
tros fatores a influenciar
CUIDADO em átomos com mais de
Unidades de medida um elétron. De qualquer
forma, esse modelo teve
A unidade de energia, ao fazer o cálculo pela expressão ∆E = h.f, é expressa em Joule (J), no grande importância, pois
Sistema Internacional de Medidas. Não se esqueça que também podemos usar como unida- introduziu a idéia de
de de energia o elétron-volt (eV), onde: 1 eV = 1,6.10-19 J ou 1 J = 6,25.1018 eV; e podemos “quantização de energia”
no estudo do átomo.
obter a constante de Planck em eV . s: h = 6,63 . 10-34 . 6,25 . 1018 eV . s = 4,1 . 10-15 eV . s.

O modelo atômico de Bohr para o átomo de


hidrogênio
Analisando o modelo de Bohr para o átomo de hidrogênio, concluímos
que o estado de menor nível de energia corresponde a n = 1, chamado de
estado fundamental.




Pela expressão do raio rn, descobre-se que o raio para a órbita no nível n = 1,
chamado de raio de Bohr, é de r1 ≅ 0,52.10-10 m ou 0,52 Å, e que os raios para
as demais órbitas podem ser generalizadas pela expressão: rn = n2 . r1.
A energia no estado fundamental chamada de E1 tem o valor –13,60 eV,
calculada pela expressão:

Nas expressões do raio rn e da energia En considera-se n = 1,


2, 3... para cada órbita permitida. Além disso, ε0 é a permissivi-
dade elétrica do vácuo (8,85.10 -12), h é a constante de Planck
(6,63.10-34 J.s), π é o conhecido número pi (3,14), m é a massa
do elétron (9,1.10-31 kg) bem como e é o valor de sua carga elétri-
ca em módulo (carga elementar = 1,6.10-19 C). Z é o número atô-
mico (número de prótons no núcleo do átomo) do elemento con-
siderado, no caso para o hidrogênio Z = 1.
No modelo de Bohr, se um elétron receber a energia adequa-
da, ele passará para um estado de maior energia, chamado de
estado excitado, mas ficará nesse estado por um curtíssimo inter-
valo de tempo; rapidamente ele emitirá um fóton (onda eletro-
magnética) e voltará para o estado fundamental. Na figura ao
lado, temos o diagrama de níveis de energia para o átomo de
hidrogênio.

(Exercício Resolvido) Considere que o elétron no átomo de hidrogênio “sal-


te” do nível de energia n = 3 para o estado fundamental (nível n = 1). Basean-
do-se no diagrama de níveis para o átomo de hidrogênio, responda:
a) Ao realizar esse “salto”, o elétron absorveu ou emitiu energia? Qual o
valor, em elétron=volt, dessa energia, envolvida?
b) Qual o valor da energia, em Joule, e da freqüência do fóton ao realizar
essa transição de níveis?
Resolução:
a) Realizando a transição do nível de maior energia (n = 3) para o de menor
energia (n = 1), pelo modelo de Bohr deve ocorrer a liberação de energia na
forma de luz (radiação eletromagnética, isto é, emissão de um fóton). A ener-
gia irradiada (∆E) é calculada pela diferença entre as energias de cada nível da
transição. Pelo diagrama de níveis de energia para o hidrogênio, temos:
E3 = – 1,50 eV e E1= – 13,60 eV
∆E = E3 – E1
∆E = – 1,50 – (– 13,60)
∆E = + 12,10 eV

b) Como a energia do fóton emitido é igual a diferença de energia entre os


níveis ∆E, temos que a energia do fóton é de E = 12,10 eV, e pela expressão
E = h . f podemos calcular a freqüência do fóton emitido:

f= ⇒ f= ⇒ f = 2,92 . 1015 Hz


  -    

NÃO FIQUE COM DÚVIDAS

Para converter os 12,10 eV em J (Joule) , o valor 12,10 foi multiplicado por 1,6.10-19 J,
que por definição 1 eV (elétron-volt) é a energia que um elétron recebe ao ser acelera-
do por meio de uma diferença de potencial U = 1 V.

(Exercício Proposto) Suponha que no átomo de hidrogênio, um elétron do


nível de energia n = 2, volte para o estado fundamental. Baseando-se no dia-
grama de níveis para o átomo de hidrogênio, responda:
a) Ao realizar essa transição, o elétron absorveu ou emitiu energia? Qual o
valor, em elétron-volt, dessa energia envolvida?
b) Qual o valor da energia, em Joule, e da freqüência do fóton ao realizar
essa transição de níveis?

ESPECTROS ATÔMICOS
Se fizermos a luz de uma lâmpada comum (de filamento incandescente)
passar através de um prisma, ela será decomposta em várias cores, que são
popularmente conhecidas como arco-íris. Cientificamente, o que se obtém é
chamado de espectro da luz visível.

Contudo se repetirmos essa experiência utilizando a luz proveniente de uma


lâmpada de gás, não obteremos o espectro completo. Apenas algumas linhas
estarão presentes, correspondendo somente a algumas freqüências das ondas
de luz visível. Essas linhas formam o espectro de linhas ou espectro atômico.

Alguns exemplos de espectros atômicos aparecem na figura abaixo. Como


você pode perceber, as linhas obtidas dependem do elemento utilizado e são
descontínuas. É extremamente intrigante a razão pelo qual isso acontece. Utili-
zando o modelo atômico de Bohr pode-se explicar o mistério dos espectros
atômicos. Conforme seus postulados, os elétrons, ao serem excitados por uma
fonte externa de energia, saltam para um nível de maior energia e, ao retornarem
aos níveis de menor energia, liberam energia na forma de luz (fótons). Como
a cor da luz emitida depende da energia entre os níveis envolvidos na transi-
ção e como essa diferença varia de elemento para elemento, a luz apresentará
cor característica para cada elemento químico.




Dentre os espectros atômicos, vale ressaltar que o espectro de emissão


existe quando o elétron perde energia emitindo um fóton e o espectro de ab-
sorção existe quando o elétron ganha energia absorvendo um fóton.

Espectro Atômico de alguns elementos [legenda]


NÚMERO DE MASSA (A) E NÚMERO ATÔMICO(Z) DOS ELEMENTOS:
Sódio (Na: A=23 e Z=11); Cálcio (Ca: A=40 e Z=20);
Mercúrio (Hg: A=201 e Z=80); Lítio (Li: A=7 e Z=3);
Hélio (He: A=4 e Z=2); Estrônio (Sr: A=88 e Z=38).
Hidrogênio (H: A=1 e Z=1);

Espectro de emissão

Supondo que acima temos uma amostra de hidrogênio que de alguma


forma foi excitada, podemos observar que um elétron saltou do nível 2 para o
nível 3. Em seguida, ele retorna para seu estado inicial n = 2, emitindo um fóton.
No estado n = 3 a energia é E3 = – 1,51 eV e no estado n = 2, a energia é E2 = –
3,4 eV. Dessa forma, podemos calcular a freqüência do fóton emitido:

∆E = h . f ⇒ f= =

f= ⇒ f = 4,6 . 1014 Hz


  -    

Utilizando uma chapa fotográfica podemos registrar essa linha e outras


que sejam emitidas. Como houve emissão de energia pelo átomo, esse espec-
tro recebe o nome de espectro de emissão.

Espectro de absorção

Supondo que agora a amostra de hidrogênio é atravessada por um feixe de


luz, os elétrons do gás podem absorver a energia da luz incidente, ou melhor,
os fótons. Entretanto não é qualquer fóton que interessa para os elétrons, mas
apenas aqueles cuja energia for suficiente para proporcionar um salto quântico
entre os níveis de energia permitidos. Assim, alguns fótons de certa energia
(freqüência) serão absorvidos, enquanto outros passarão e não serão absorvi-
dos pelo gás.
Imaginando que um elétron que esteja ocupando o nível n = 2, com ener-
gia E2 = – 3,4 eV, absorva um determinado fóton do feixe incidente, saltando
para uma órbita mais afastada, por exemplo n = 4, com energia E4 = – 0,85 eV,
a freqüência do fóton absorvido será:

∆E = h . f ⇒ f= =

f= ⇒ f = 6,2 . 1014 Hz

Mais uma vez, utilizando uma chapa fotográfica podemos registrar esse
espectro. Só que agora teremos um espectro diferente do espectro de emissão,
pois aparecerão linhas escuras, relativas à luz de certas freqüências conveni-
entes e que foram absorvidas do feixe incidente. Como houve absorção de
energia, esse espectro recebe o nome de espectro de absorção.
Assim, os espectros de emissão e absorção ocupam a mesma posição,
pois estão associados a uma mesma freqüência, sendo que a diferença funda-
mental é que as linhas de emissão correspondem a fótons emitidos num salto
quântico ao passo que as linhas escuras de absorção correspondem a fótons
absorvidos durante um salto quântico.

(Exercício Proposto) Com base no modelo atômico de Bohr, seus postulados


e espectros atômicos, procure justificar por que no espectro de emissão do
hidrogênio existem cinco raias visíveis (ver figura do espectro atômico de
alguns elementos), se ele é um elemento que possui apenas um elétron em seu
estado fundamental.




RESUMO
- Os gregos deram a “idéia” de que tudo o que existe era formado por áto-
mos (a = negação; tomos = partes, isto é, algo não divisível).
- Para Dalton, o átomo é uma esfera maciça e neutra, onde cada átomo
possui um tamanho próprio, que permite caracterizá-lo (modelo atômico
da bola de bilhar).
- Para Thomson, o átomo é uma esfera positiva com cargas negativas in-
crustadas, semelhante a um pudim de passas (modelo atômico do pudim
de passas).
- Para Rutherford, o átomo possui partículas positivas e neutras em sua re-
gião central (núcleo) e ao seu redor, em sua periferia (eletrosfera), estari-
am girando partículas negativas (modelo planetário).
- Para Bohr, o átomo possui níveis de energia bem determinados, no qual o
elétron podem realizar saltos “quânticos” entre esses níveis. A energia
absorvida ou liberada na forma de radiação eletromagnética, quando o
elétron realiza uma transição de níveis, é dada pela expressão: ∆E = h.f.
- Para o átomo de hidrogênio, a energia em um determinado nível energético

(n) é dada pela expressão: E = – , onde a energia é medida em eV


(elétron-volt).
- Cada elemento possui um espectro atômico característico. Os espectros
podem ser de emissão ou absorção.


Unidade 2

Mecânica quântica
Organizadores
Maurício Pietrocola

INTRODUÇÃO Nobuko Ueta

A história da Mecânica Quântica surgiu em 1900 com o físico alemão Elaboradores


Max Planck (1858-1957) como tentativa de explicar os resultados experimen- Guilherme Brockington
tais obtidos na emissão de energia por um corpo incandescente. Este proble- Wellington Batista de
ma conhecido como a Radiação do Corpo Negro atormentava os físicos do Sousa
final do século XIX, que tentavam resolvê-lo utilizando as leis do Eletromag-
netismo, porém sem obter nenhum sucesso. Nobuko Ueta

A equação que resolveria esse problema só foi obtida em 1900, por Planck,
que, para obtê-la, teve de fazer uma hipótese ousada. Vale ressaltar que, se-
gundo Planck, essa hipótese foi feita por “puro desespero”, pois nem ele mes-
mo acreditava nela.
Ele considerou que a radiação emitida por um corpo não ocorria de maneira
contínua, mas sim na forma de pequenos “pacotes” de energia, que poderia
ser expresso pela equação: E = h . f, onde E é a energia do quantum, f é a
freqüência da radiação emitida e h é uma constante chamada constante de
Planck. Assim, qualquer que fosse a quantidade de energia emitida por um
corpo, ela deveria ser sempre um múltiplo de E.
Verificou-se, logo depois, que, incidindo luz ultravioleta ou luz visível so-
bre determinados metais, estes perdem elétrons. Coube ao alemão naturalizado
americano Albert Einstein (1879-1955), em 1905, a explicação e a medida quan-
titativa do fenômeno, utilizando a teoria dos quanta, que veio também a ser
aplicada aos fenômenos luminosos, concluindo que o quantum é uma determi-
nada quantidade de energia associada ao fóton da luz. A cada radiação e a cada
onda eletromagnética está associada uma freqüência e, segundo Planck, a cada
freqüência está associado um pacote de energia: o quantum.
Daí começaram a surgir perguntas: por que o espectro de elementos no
estado gasoso é sempre descontínuo? Por que o espectro do hidrogênio, ele-
mento de um só elétron, é o mais simples? Por que a complexidade do espec-
tro aumenta à medida que aumenta o número de elétrons de um elemento?
As respostas para tais perguntas e muitas outras foram dadas pelas idéias
criadas por Planck, Einstein, De Broglie e outros cientistas que se debruçaram
sobre essas questões. O estudo dessas idéias, a quantização da matéria e a
explicação de muitos problemas que atormentaram os físicos até o final do
século XIX serão dados na continuação desta intrigante parte da Física, deno-
minada de Mecânica Quântica.


VOCABULÁRIO
quanta = pacotes de energia (plural) quantum = pacote de energia (singular)
h = constante de Planck = 6,63.10-34 J.s fóton = é o outro nome dado ao quantum
f = a freqüência é medida em Hertz (Hz) E = a energia é em Joule (J)

(Exercício Resolvido) A freqüência da onda da radiação eletromagnética ver-


de (luz verde) é de 6.1014 Hz. Qual o valor de um quantum (energia) dessa
radiação? (Considere a constante de Planck como 6,63.10-34 J.s)
Resolução:
São dados no problema
f = 6.1014 Hz (luz verde) e h = 6,63.10-34 J.s (constante de Planck)
Pela expressão da energia transportada por um pacote de energia (um
quantum), temos:
E = h . f = 6,63 . 10-34 . 6.10 14 ⇒ E = 3,978.10-19 J

(Exercício Proposto) Uma fonte de radiação consegue emitir ondas eletro-


magnéticas de freqüência igual a 2,0.1015 Hz. Calcule, em joules, a energia
transportada por um quantum dessa radiação. Considere a constante de Planck
como igual a 6,63.10-34 J.s.

SAIBA MAIS
Absorção de fótons
Você sabe por que as folhas são verdes? Quando ocorre a fotossíntese nas folhas, parte
da luz branca do Sol é usada na reação química que usa o gás carbônico do ar e a água
para produzir oxigênio, na forma de gás O2, e alimento para a planta. Parte da luz (desde
vermelha até amarela e desde azul até violeta) é usada pela planta. Fótons dessas cores
são absorvidas, sobrando então a luz verde! Dependendo da planta, a luz pode ser usada
de forma um pouco diferente. Somos premiados, então, com diferentes nuances de
verde, dependendo das intensidades das luzes que sobram!

O EFEITO FOTOELÉTRICO
Um importante passo no desenvolvimento das concepções sobre a nature-
za da luz foi dado no estudo de um fenômeno muito interessante, que recebeu
o nome de efeito fotoelétrico. O efeito fotoelétrico consiste na emissão de
elétrons pela matéria sob a ação da luz visível ou ultravioleta. À primeira vista
o efeito fotoelétrico tem uma explicação simples. A onda eletromagnética (luz)
ao incidir sobre o material, transfere aos seus elétrons certa energia. Uma
parte dessa energia é usada para realizar o trabalho de “arrancar” o elétron do
material, o restante é transformado em energia de movimento para o elétron
(energia cinética). Esse fenômeno pode acontecer com vários materiais, mas é
mais facilmente observado em metais.
O real esclarecimento do efeito fotoelétrico foi realizado em 1905 por
Albert Einstein, que desenvolveu a idéia de Planck. Nas leis experimentais do
efeito fotoelétrico, Einstein viu uma prova evidente de que a luz tem uma
estrutura descontínua e é absorvida em porções independentes. Assim, Einstein
disse que a radiação é formada por quanta (fótons). Cada elétron do material
sobre o qual incide a luz absorve apenas um fóton. Se a energia desse fóton


  -    

for menor do que a necessária para “arrancar” o elétron, este não será emitido,
por mais tempo que a radiação incida sobre o corpo.
Considerando E a energia do fóton, E cin(max) a energia cinética máxima
adquirida pelo elétron, W o trabalho realizado para “arrancar” o elétron do
material e h, a constante de Planck, obtemos daí a denominada equação
fotoelétrica de Einstein:

E = W + Ecin(max) ⇒ h.f = W +

Esta equação permite esclarecer todos os fatos fundamentais relacionados


com o efeito fotoelétrico. A intensidade da luz, segundo Einstein, é proporci-
onal ao número de porções de energia contido no feixe luminoso e, por con-
seguinte, determina o número de elétrons arrancados da superfície metálica.
A velocidade dos elétrons, conforme a equação acima, é dada apenas pela
freqüência da luz (f) e pelo trabalho (W). O trabalho necessário para arrancar
o elétron, depende da natureza do metal e da qualidade da sua superfície, e é
chamado de função trabalho. Observa-se ainda que a velocidade dos elétrons
não depende da intensidade da luz.
Para uma dada substância, o efeito fotoelétrico pode observar-se apenas
no caso de a freqüência f da luz ser superior ao valor mínimo, chamado de
freqüência de corte (fc). Convém reparar que para se poder arrancar um elé-
tron do metal, mesmo sem lhe comunicar energia cinética, é necessário reali-
zar a função trabalho W. Portanto, a energia de um quanta deve ser superior a
esse trabalho (h.f > W). A freqüência de corte (fc) tem o nome de limite verme-

lho do efeito fotoelétrico e calcula-se pela seguinte relação: fc = .

Como W depende de cada substância, a freqüência de corte (fc) do efeito


fotoelétrico, também varia de substância para substância. Podemos citar como
exemplo o limite vermelho do zinco, que corresponde ao comprimento de
onda λ = 3,7.10-7 m (radiação ultravioleta).

Fótons são partículas que não possuem massa, mas não existem fótons em repouso. Eles
têm apenas energia (E) e quantidade de movimento (Q) e só existem com a velocidade
da luz (c = 300.000 Km/s ou 3.108 m/s).

A massa de um elétron vale 9,109.10-31 Kg, de um próton 1,672.10-27 Kg e de um nêutron


1,674.10-27Kg.

Outra unidade muito utilizada para energia, principalmente quando se fala de energia
do elétron é o elétron-volt (eV), onde: 1 eV = 1,6.10-19 J ou 1 J = 6,25.1018 eV e podemos
obter a constante de Planck em eV.s: h = 6,63.10-34 . 6,25.1018 eV.s = 4,1.10-15 eV.s .

PENSANDO
Assim como a luz foi “quantizada”,convém lembrar que a chuva também cai na Terra sob
a forma de gotas, ou seja, em quantidades pequenas e independentes. Assim, podemos
dizer que a água da chuva também é “quantizada”! Você já parou para pensar que
geralmente os sorvetes são vendidos em sorveterias de forma quantizada (1 bola, 2
bolas, 3 bolas, 4 bolas, etc.)? Valores como 2,34 bolas ou 4,98 bolas não são oferecidos
pelo vendedor.




(Exercício Resolvido) Um fotoelétron do cobre é retirado com uma energia


cinética máxima de 4,2 eV. Qual a freqüência do fóton que retirou esse elé-
tron, sabendo-se que a função trabalho (W) do cobre é de 4,3 eV? (Considere
1 eV = 1,6.10-19 J)
Resolução:
Utilizando a equação fotoelétrica de Einstein, temos:
Ecin(max) = 4,2 eV e W = 4,3 eV
E = W + Ecin(max) ⇒ E = 4,3 eV + 4,2 eV ⇒ E = 8,5 eV
E = h.f ⇒ 8,5 . 1,6.10-19 J = 6,63.10-34 Js . f

⇒ f= ⇒ f = 2,1.1015 Hz

(Exercício Proposto) Para que a prata exiba o efeito fotoelétrico é necessário


que ela tenha uma freqüência de corte de 1,14.1015 Hz. Determine:
a) função trabalho (W), em J e em eV, para “arrancar” um elétron de uma
placa de prata.
b) quando uma radiação de freqüência de f = 4.10 15 Hz atinge a placa de
prata, qual a energia cinética máxima dos elétrons emitidos? (massa do elé-
tron = 9,1.10-31 Kg)

SAIBA MAIS
Espalhamento de fótons
Por que o céu é azul? A luz emitida pelo Sol é branca, isto é, existem fótons de várias
energias. Os fótons com energia correspondente à luz azul têm maior probabilidade de
serem espalhados que os de outras cores. O Sol emite luz para todos os lados, uma parte
vem direto para o observador, que enxerga quase branco, e o resto vai para diferentes
lados.Todos os fótons (azuis, vermelhos e verdes) são emitidos mas os correspondentes
à luz azul podem ser espalhados com maior probabilidade e chegar no olho do observa-
dor. Se a atmosfera estiver muito carregada (de partículas de poluição, por exemplo),
pode haver absorção dos fótons da luz azul e não os vemos. A cor que vemos depende
da energia do fóton que chega na nossa retina.

A natureza “dual” da luz


Para explicar o efeito fotoelétrico, Einstein estabeleceu que a luz, ou qual-
quer outra forma de radiação eletromagnética, é composta de “partículas” de
energia ou fótons. Essa concepção literalmente entra em contradição com a
teoria ondulatória da luz que, como já sabemos, é perfeita na explicação de
uma série de fenômenos físicos como a reflexão, a refração, a interferência e
a difração, apesar de falhar na explicação do efeito fotoelétrico.
Para conciliar tais fatos contraditórios, os físicos propuseram a natureza
“dual” da luz, ou seja, “em determinados fenômenos ela se comporta como
uma onda (natureza ondulatória) e, em outros, como se fosse uma partícula
(natureza corpuscular)”.
Desse modo, uma mesma radiação pode tanto difratar ao passar por um
orifício, evidenciando seu caráter ondulatório, como pode, ao incidir em uma
superfície, provocar a emissão de elétrons, exibindo seu caráter corpuscular.
Mas, afinal, o que é a luz? Hoje aceitamos a dupla natureza da luz, fato cha-


  -    

mado de dualidade onda-partícula. Para entender essa situação, o físico dina-


marquês Niels Bohr (1855-1962) propôs o Princípio de Complementaridade:
“Em cada evento a luz comporta-se como partícula ou onda, mas nunca como
ambas simultaneamente”.

HIPÓTESE DE DE BROGLIE
Em 1924, o físico francês Louis de Broglie (1892-1987), mostrou que
uma partícula, por exemplo, o elétron, tem um comportamento análogo à luz,
ou seja, tem um caráter partícula-onda (dual). Em certos momentos nos inte-
ressa o seu comportamento ondulatório, e em outras ocasiões, o seu compor-
tamento de partícula.
Considerando que as ondas eletromagnéticas podem ser interpretadas de
forma matemática através das equações, as quais já haviam sido desenvolvi-
das pelo físicos ao tratar do movimento ondulatório em geral, podemos calcu-
lar a quantidade de movimento de um elétron (ou qualquer outra entidade)

quando ele tem um comportamento ondulatório, pela expressão: Q = .

Para um fóton que se move na velocidade da luz (c = 300.000 km/s ou


3.108 m/s), a direção dessa quantidade de movimento coincide com a do raio
luminoso. Quanto maior for a freqüência, maior será a energia e a quantidade
de movimento do fóton e mais evidentes se tornam as propriedades corpuscu-
lares da luz. Dado o fato de a constante de Planck ser muito pequena, é muito
pequena também a energia dos fótons da luz visível. Os fótons corresponden-
tes à luz verde, por exemplo, possuem a energia de 4.10-19J. Contudo, exis-
tem experiências em que o olho humano é capaz de reagir e distinguir dife-
renças de intensidade luminosa da ordem de alguns quanta.

(Exercício Proposto -UFMG) A natureza da luz é uma questão que preocupa


os físicos há muito tempo. No decorrer da história da Física, houve o predo-
mínio ora da teoria corpuscular – a luz seria constituída de partículas – ora da
teoria ondulatória – a luz seria uma onda.
a) Descreva a concepção atual sobre a natureza da luz.
b) Descreva, resumidamente, uma observação experimental que sirva de evi-
dência para a concepção descrita no item anterior.

(Exercício Resolvido) Imagine um elétron que tem massa de 9,1.10 -31 kg,
viajando a uma velocidade de 3.106 m/s. Agora, imagine uma pessoa adulta
de massa 70 kg e que anda a uma velocidade de 1 m/s. Determine o compri-
mento de onda (λ) de De Broglie para o elétron e para a pessoa.
Resolução:
Da expressão da quantidade de movimento Q = , podemos escrever:

Para o elétron: λ = = = = 2,4.10–10 m

Para a pessoa: λ = = = = 9,4.10–36 m

Observação: note que os valores são minúsculos, pois a constante de Planck


(h) é muito pequena.




(Exercício Proposto) Um elétron, ao retornar de uma órbita mais afastada do


núcleo para uma órbita mais próxima do núcleo, emite uma luz visível de
freqüência igual a 4,0.1014 Hz. Qual o valor da energia dessa luz emitida?

(Exercício Proposto) Qual o comprimento de onda de De Broglie para um próton


movendo-se na velocidade da luz (3.108 m/s) e cuja massa vale 1,6.10-21 Kg?

FÍSICA DAS PARTÍCULAS


Com as novas tecnologias, novos equipamentos foram construídos e for-
neceram condições para que a estrutura da matéria fosse cada vez mais estu-
dada. Novas partículas foram descobertas e as partículas, até então ditas fun-
damentais, foram sendo substituídas pelas recém-descobertas.
Dessa forma, podemos dizer que tudo que conhecemos consiste em mi-
núsculos átomos, formados por partículas ainda menores, e que a Física de
Partículas é a parte da Física que estuda essas últimas, que constituem os mais
básicos blocos formadores da matéria no universo.
O estudo das partículas dá aos cientistas o conhecimento amplo do Uni-
verso e da natureza da matéria. A maioria deles concorda que o universo se
formou numa grande explosão, chamada de Big Bang (existem outras teorias!).
Segundos após o Big Bang, acredita-se que as partículas atômicas e a radiação
eletromagnética foram as primeiras coisas que passaram a existir no Universo
e que deram origem a tudo que existe hoje.

Partículas fundamentais
Hoje, os físicos dividem as partículas atômicas fundamentais em duas cate-
gorias: léptons e hádrons. Os léptons são partículas leves e que possuem o spin
(número quântico magnético) fracionário. Um exemplo de lépton é o elétron.
Os hádrons são partículas mais pesadas que os léptons e se subdividem em
bárions e mésons, e podem possuir tanto spin inteiro ou fracionário. Prótons e
nêutrons são exemplos de hádrons.
Em 1964, Murray Gell-Man (1929-) e George Zweig (1937-), em traba-
lhos independentes, propuseram uma teoria segundo a qual:
- os léptons seriam partículas elementares, isto é, sem estrutura;
- os hádrons (bárions e mésons) seriam formados por partículas ainda me-
nores, batizadas de quarks, por Gell-Man.

Existem também as chamadas partículas mediadoras das interações fun-


damentais, chamadas de bósons. O glúon, por exemplo, é um bóson que une
os quarks e estes formam os prótons e os nêutrons no núcleo atômico.
Os quarks se combinam para for-
mar as partículas pesadas, como o
próton e o nêutron. As partículas for-
madas pelos quarks são chamadas
hádrons. Tal como outras partículas têm
cargas diferentes, tipos diferentes de
quarks tem propriedades distintas, cha-
madas “sabores” e “cores”, que afetam
a forma como eles se combinam.


  -    

RESUMO
- A energia emitida por um corpo não é contínua, mas é emitida na forma
de pacotes de energia (quanta).
- Um quantum possui uma energia dada pela expressão: E = h . f, onde E é
a energia do quantum, f é a freqüência da radiação emitida e h é uma
constante chamada constante de Planck.
- A constante de Planck é igual a 6,63.10-34 J.s, no Sistema Internacional de
Medidas.
- A natureza quântica da luz se manifesta através do efeito fotoelétrico, no
qual um fóton é absorvido por um átomo de um metal, por exemplo, com
a emissão de um elétron.
- A equação de Einstein para o efeito fotoelétrico é a seguinte: E = W + Ecin(max),
onde E é a energia do fóton, W é o trabalho necessário para arrancar o
elétron do material (função trabalho) e Ecin(max) corresponde a energia ciné-
tica máxima do elétron arrancado.
- A freqüência de corte (fc) para que ocorra o efeito fotoelétrico é dada pela
expressão:

fc = , onde W é a função trabalho do material e h é a constante de Planck.

- A luz possui uma natureza “dual”, ou seja, em determinados fenômenos


ela se comporta como uma onda (natureza ondulatória) e, em outros, como
se fosse uma partícula (natureza corpuscular).
- A natureza ondulatória dos elétrons foi sugerida pela primeira vez por De

Broglie, que propôs a seguinte expressão: Q = , onde Q é a quantidade


de movimento do elétron, h é a constante de Planck e ë é comprimento de
onda associado ao elétron em movimento.
- Prótons, elétrons e nêutrons não são mais as partículas fundamentais (ele-
mentares) da natureza. Atualmente as partículas fundamentais são os
léptons e hádrons. Os quarks que são as partículas que constituem os prótons
e nêutrons são exemplos de hádrons. As partículas mediadoras das inte-
rações fundamentais são os bósons. O glúon é um exemplo de bóson.


Unidade 3

Radioatividade e
medicina nuclear
Organizadores
Maurício Pietrocola
Nobuko Ueta INTRODUÇÃO
Imagine se fosse possível acompanhar todo o funcionamento interno de
Elaboradores
nosso organismo em tempo real. Poderíamos ver, por exemplo, como o san-
Guilherme Brockington gue flui através de nossas veias, irrigando nossos órgãos. Assim, seríamos
Wellington Batista de capazes de perceber qualquer problema ou mau funcionamento em nosso
Sousa corpo. Há alguns anos isso seria possível somente em filmes de ficção cientí-
Nobuko Ueta fica, no qual cientistas deveriam ser encolhidos a um tamanho suficientemen-
te pequeno para que fossem injetados na corrente sanguínea de algum corajo-
so voluntário.
Não está tão longe o tempo em que as doenças só podiam ser diagnostica-
das quando se manifestavam fisicamente no homem. Um simples osso que-
brado não pode ser distinguido de um osso saudável apenas pelo olhar, exceto
em caso de fratura.
Isso ocorre porque nossa pele envolve todo nosso corpo, protegendo-
o do atrito, da perda excessiva de água, além de ser um bom protetor dos
raios ultravioleta do sol. Além disso, a pele também colabora para regular
nossa temperatura através da transpiração, facilitando a troca de calor com
o meio ambiente.
Divirta-se um pouco Porém, para os médicos, nosso invólucro protetor apresenta um problema:
Num momento de folga a pele é opaca, ou seja, não somos capazes de ver através dela. Logo, olhar o
entre os estudos relaxe que está envolvido por ela é geralmente muito doloroso.
assistindo a um bom fil- No passado, a única forma de se fazer essas incursões no interior do corpo
me de ficção que trata humano era por meio de cirurgias exploratórias, assim só depois de aberta
do que dissemos aqui.
uma parte do corpo é que se podia constatar o que de errado estava aconte-
Este filme chama-se Via-
cendo lá dentro. Imagine isso levando em conta que a anestesia só foi desen-
gem insólita e conta a his-
tória de dois pilotos que
volvida em 1846...
são encolhidos e injeta- Hoje, com o uso de tecnologias surgidas com desenvolvimento da Física
dos acidentalmente na atômica e molecular é possível fazer uso de uma série de técnicas chamadas
corrente sanguínea de não-invasivas, ou seja, técnicas que não necessitam invadir, perfurar o paciente.
um ser humano.
Algumas dessas técnicas são muito conhecidas, como as imagens forma-
Outra excelente pedida
das por raios X ou através de ressonância magnética (MRI). Outras técnicas
é uma obra clássica de
ficção: o livro de Isaac
poderosas não são muito comuns no Brasil, como o PET e SPECT.
Asimov, A viagem fantás-
tica. Não deixe de ler este
Iremos aqui conhecer velhas e novas técnicas e saber como todas elas
livro. funcionam, aprendendo sobre os processos físicos que regem a criação e o
funcionamento dessas tecnologias. Conhecer esses processos, entendê-los bem
  -    

SAIBA MAIS
A viagem fantástica: uma pílula que fotografa
Não se engane: a cápsula na foto ao lado não é de um remédio, mas uma câmera capaz de
registrar imagens do intestino. A Cápsula M2A vem equipada com microfaróis que ilumi-
nam as paredes do sistema digestivo e pode tirar mais de 50 mil fotografias digitais colori-
das durante oito horas, tempo que leva para terminar seu caminho pelo trato gastrintestinal.
Pacientes engolem a pílula, que é do tamanho de um multivitamínico, e passam as oito horas usando um
cinto que possui um gravador de imagens digital sem fio que recebe imagens que a câmera envia. Ao fim
do dia, eles devolvem o gravador ao hospital e as imagens são baixadas para um computador para serem
analisadas.
Uma melhor visão do intestino delgado de pacientes pode permitir com que os médicos diagnostiquem
melhor várias doenças, inclusive o câncer. A pílula descartável deixa o corpo por si só entre um e três dias.

e reconhecer suas vantagens e desvantagens são condições necessárias para


sermos capazes de medir as relações custo-benefício ao utilizar essas tecnolo-
gias, livrando-nos da posição de simples consumidores.
De alguns anos para cá a pesquisa científica se desenvolveu tanto que
hoje é possível diagnosticar com boa precisão doenças que ainda nem se ma-
nifestaram! O uso da radiação, por exemplo, é comum para o tratamento do
câncer e outras doenças degenerativas. O controle da utilização de radioativi-
dade para o tratamento de doenças e criação de imagens do interior do corpo
é parte de uma especialidade médica denominada medicina nuclear. Ela leva
em conta a fisiologia (funcionamento) e a anatomia do corpo para estabelecer
diagnósticos e tratamentos mais adequados.
Existem técnicas muito eficientes para detectar tumores, aneurismas, de-
sordens em células sanguíneas e funcionamento inadequado de órgãos como
a tireóide e disfunções pulmonares.
A criação de imagens do corpo através das técnicas da medicina nuclear faz
uso de uma combinação de computadores, detectores e substâncias radioativas.
Muitas dessas técnicas utilizam diferentes propriedades dos elementos radioati-
vos, que começaram a ser conhecidos pelos cientistas no final do século XIX.
Você provavelmente já ouviu falar sobre radiação, seja na ficção (filmes,
livros ou novelas) ou na vida real. É um tema que sempre está envolvido em
uma aura de medo, pois sempre se associa a palavra radiação com algo devas-
tador, como bombas nucleares, acidentes de Goiânia, ocorrido em 1987, e de
Chernobyl, em 1986.
Porém, a radiação é extremamente útil para o homem e sua face mais bela
normalmente fica escondida, deixando a impressão de ser sempre algo malé-
fico. Todos os temores que surgem são baseados na falta de conhecimento
dos processos que ocorrem. Por isso é extremamente necessário que se com-
preenda melhor como são os átomos, como os processos radioativos aconte-
cem. Só depois disso, conhecendo as vantagens e desvantagens da radiação,
seremos capazes de dizer se devemos temê-la tanto.
Certamente você já ouviu em filmes ou noticiários da TV termos como:
Radioatividade Energia nuclear Plutônio Urânio
Raios x Raios alfa Raios beta Raios gama
Fissão nuclear Carbono 14 Fusão nuclear




Todas essas palavras estão ligadas aos elementos químicos radioativos, se-
jam naturais ou criados pelo homem. Mas por que um elemento é radioativo?
Por que a radiação pode ser perigosa? Vamos voltar um pouco no tempo para
entendermos o que se encontra por trás das palavras nuclear e radioatividade.

RADIOATIVIDADE
Na noite de 8 de novembro de 1895, o físico alemão Wilhelm Röntgen fez
uma descoberta que mudaria para sempre os rumos da Física e, principalmen-
te, da humanidade. Com seu laboratório totalmente escurecido, ele trabalhava
com uma válvula que gerava altas descargas elétricas. Distante da válvula
havia uma folha de papel tratada com uma substância química, a qual ele
usava como tela. Para sua surpresa, de repente ele percebeu que a folha bri-
lhava. Alguma coisa deveria estar saindo da válvula e chegando até a tela.
Entretanto, a válvula estava totalmente coberta! Nenhuma luz, raio catódico,
nada parecia sair dela. Surpreso, Röntgen resolveu então colocar vários obje-
tos sólidos entre a tela e a válvula, porém, tudo o que colocava parecia ser
transparente. De repente, sua mão escorregou para frente da válvula e ele
então viu seus ossos na tela! Assim, foi descoberto, por acaso, um tipo dife-
Radiografia tirada pelo rente de raio. Devido a essa natureza desconhecida ele chamou esses raios de
próprio Röntgen raios X. Ao aprofundar seus estudos sobre esses raios, ele descobriu que eles
podiam atravessar materiais sólidos, podiam ionizar o ar e não sofriam refle-
xão no vidro, nem eram desviados por campos magnéticos. Talvez o que tor-
nasse sua descoberta inacreditável era o fato de a pele ser transparente para
esses raios. A publicação de seu trabalho provocou uma imensa agitação na
comunidade científica e se espalhou rapidamente para toda a sociedade. No
ano seguinte sua descoberta já agitava todo o mundo.
Imagine no final do século XIX como as pessoas reagiriam aos raios que
podiam fazer com que seus ossos pudessem ser vistos sem ter que cortar a pele!
Podia-se ver os ossos de cada um dos dedos de suas mãos, juntamente com seus
anéis! O deslumbramento foi tanto que os raios tornaram-se inicialmente uma
espécie de espetáculo, sendo quase obrigatória a sua demonstração para reis e
rainhas de toda a Europa. Todos queriam ver os famosos raios X.
Não era preciso ser um cientista para que se enxergasse a grandiosidade
dessa descoberta, de modo que sua utilização na medicina foi imediatamente
consagrada.
O trabalho de Röntgen foi fantástico, perfeito para o conhecimento da
época. Tanto que ele recebeu o prêmio Nobel de Física em 1902. O interessante
é que ele mesmo não havia compreendido bem a natureza desses raios.

SAIBA MAIS
Câmeras de vigilância que podem enxergar através de paredes
Uma câmera fantástica parece fazer algo que só era possível para o Super-Homem:
enxergar através das paredes. Os últimos instrumentos de scanning emitem ondas que
podem atravessar uma série de materiais opacos – de roupas até o aço ou concreto. Uma
empresa americana inventou um aparato chamado BodySearch, que capta os raios refle-
tidos por objetos sólidos. Uma imagem transparente do corpo de uma pessoa é gerada
em um monitor após ela ser exposta aos raios X. Como materiais diferentes absorvem os
raios de maneira diferente, objetos metálicos, como facas e armas de fogo, armas de
plástico ou de cerâmica podem ser claramente vistos através das roupas.


  -    

Após a publicação do trabalho de Röntgen, inúmeros físicos começaram a


estudar os raios X, e já no final de 1896 havia mais de mil trabalhos sobre o
tema. Alguns meses depois da descoberta dos raios X, o físico francês Antoine
Henri Becquerel, fascinado pelos novos raios, tentou descobrir se algum ele-
mento químico era capaz de emitir raios X de forma espontânea. Seus estudos
revelaram que a maior parte dos elementos não produzia os raios X, mas
mostrou que o sal de urânio era capaz de emiti-los.
Dois anos após o trabalho de Becquerel, entram em cena os físicos Pierre
e Marie Curie. A brilhante física polonesa constatou que a emissão dos raios
era uma propriedade atômica do urânio, de modo que não havia diferença se
a amostra examinada era um sal, um óxido ou um metal de urânio.
Impulsionada por essa descoberta, ela então resolve examinar todos os
elementos químicos conhecidos naquela época. Através de seus estudos ela
descobre que outros elementos também emitiam radiação espontânea, como
o Tório. Foi Marie Curie quem propôs a palavra radioatividade.
Seu trabalho, realizado em conjunto com o marido Pierre, rendeu a desco-
berta de dois outros elementos radioativos, chamado por eles de Rádio e Polônio.
Eles também descobriram que uma substância radioativa desaparece esponta-
neamente, reduzindo-se à metade. O intervalo de tempo que leva para que
essa redução ocorra é chamado de meia-vida.
Em 1903, o casal Curie e Henri Becquerel foi agraciado com o prêmio
Nobel. Marie Curie ainda ganharia sozinha outro Nobel em 1911.
Em 1897, após a descoberta da radioatividade, o físico neozelandês Ernest
Rutherford começou a medir a ionização pelo Urânio. Ao término de seu tra-
balho, Rutherford constata a emissão de dois tipos distintos de radiação emi-
tidos pelo Urânio. Ele chama essas radiações, também desconhecidas, de Alfa
α) e Beta (β
(α β).
Enquanto isso, na França, P.V. Villard descobriu um tipo de radiação ainda
mais penetrante que os raios X, denominada radiação Gama (γγ).
Esse resgate histórico pretende mostrar a importância que essa descoberta
teve para o desenvolvimento do conhecimento sobre o interior do átomo. Tam-
bém é preciso que se perceba como a Física é construída por pessoas comuns
como você. Trata-se de uma grande e bela construção do ser humano, fruto
exclusivo do trabalho de pessoas com uma profunda vontade de conhecer a
natureza das coisas.
Exercícios
1. Uma mostra de um isótopo radioativo possui uma meia-vida de 1 dia e
você inicia seus estudos com 2 gramas desse isótopo. Quanto da amostra resta
ao final do segundo dia? E do terceiro dia?

2. Os detectores de radiação medem a taxa de radiação em um ambiente. Qual


material radioativo produz uma contagem mais alta de radiação em um detector:
um grama de material com meia-vida curta ou um grama de material com
meia-vida longa? Explique sua resposta.

DECAIMENTOS RADIOATIVOS
Vimos que muitos núcleos são radioativos, ou seja, transformam-se em
outros núcleos emitindo partículas e radiação. Esse processo de transmutação
é chamado de decaimento.




São os prótons no núcleo que determinam o comportamento do átomo.


Assim, quando um núcleo emite uma partícula ele não é mais o mesmo ele-
mento, transmutando-se em outro. Esse é um processo natural no qual um
átomo radioativo decairá espontaneamente em outro elemento através de três
processos: decaimento α (alfa), decaimento β (beta) e fissão espontânea.
Neste processo, 4 tipos diferentes de radiação são produzidos: raios alfa,
beta, gama e nêutron.
Os termos decaimento α, decaimento β e decaimento γ (gama), que estu-
daremos agora, foram usados bem antes que se soubesse realmente do que se
tratavam. Isso quer dizer que os cientistas se debruçavam arduamente em seus
trabalhos tentando conhecer a estrutura do átomo, mas não sabiam ao certo
como era o núcleo, muito menos se existia um núcleo!!

O decaimento α (alfa)
Como vimos, Rutherford e sua equipe estudavam substâncias radioativas
que emitiam certas partículas. Essas partículas receberam o nome de partícu-
las alfa. Inicialmente, pensava-se que elas fossem um gás ionizado, porém as
experiências que foram feitas não confirmavam essa hipótese.
Becquerel e Rutherford verificaram que essas partículas eram carregadas
positivamente e que sua carga elétrica era idêntica à do Hélio ionizado. Em
1908, provou-se que as partículas a são, de fato, íons de Hélio (constituído de
dois prótons e dois nêutrons).

Desse modo, o U-238, ao emitir uma partícula alfa (dois prótons e dois nêu-
trons), transforma-se em Tório, já que agora só possui 90 prótons e 144 nêutrons.
238
92
U → 234
90
Th + 42He

A seta indica que o Urânio se transformou em dois elementos: Tório e uma


partícula alfa. Quando essa transmutação acontece, a energia é liberada de
O Tório avança ou recua?
três formas: parcialmente, como radiação gama; a maior parte como energia
Você pode explicar?
cinética da partícula alfa; e parcialmente, como energia cinética do tório.

Exercício
Quando um núcleo 226
88
Ra decai emitindo uma partícula alfa, qual será o
número atômico do elemento resultante? E a massa atômica resultante?

O decaimento b (beta)
O decaimento beta ocorre quando um núcleo atômico tem um número
insuficiente ou excessivo de nêutrons para se manter estável. O exemplo mais
simples de decaimento beta é o de um nêutron livre, que decai em um próton
e um elétron.


  -    

Experimentos mostravam que a energia cinética dos elétrons emitidos no


decaimento b não era compatível com a energia prevista pela teoria, o que
violava o sagrado princípio da conservação de energia. Para explicar essa
aparente violação, W. Pauli, em 1930, propôs a existência de uma terceira
partícula, denominada neutrino (n), que também estaria sendo emitida no
decaimento beta. Somente em 1957 o neutrino foi pela primeira vez observa-
do. Hoje sabe-se da existência de três tipos de neutrino: um associado ao
elétron (ne), um associado ao múon (nm), e um associado ao táuon (nt), sen-
do que este último ainda não foi observado experimentalmente.
O decaimento do nêutron livre pode ser representado da seguinte maneira:

n → p + β– + νe

Logo, as partículas b são elétrons (e–) e pósitrons (e+), que são partículas
idênticas ao elétron exceto pelo sinal de sua carga.

Exercício
Quando um núcleo de 218
84
Po emite uma partícula beta, ele se transforma no
núcleo de outro elemento. Quais serão os números atômico e de massa desse
novo elemento? Qual seriam eles se o núcleo de Polônio emitisse uma partícula
alfa em vez de uma partícula beta?
SAIBA MAIS
O misterioso neutrino
Essa partícula teve uma existência somente teórica! Para manter válido o sagrado princípio da conservação de energia,
deveria aparecer uma partícula com energia suficiente para equilibrar as energias no decaimento beta. Como essa
partícula não era detectada, ela era tida como uma solução desesperada para salvar as leis da conservação. Essa partícula
deveria ser neutra e ter um tamanho muito menor que o nêutron. Assim, o físico italiano Enrico Fermi a chamou de
neutrino, “neutronzinho”, em seu idioma natal. A teoria de Fermi era tão bem formulada que mesmo não sendo
detectado, a partir de 1933, os físicos não duvidavam mais de sua existência. Como não tem carga, o neutrino não deixa
rastro. Para se chocar com outra partícula ele deve atravessar uma parede de chumbo com cerca de 50 anos-luz de
espessura!! Com toda essa dificuldade em se mostrar, ele só foi detectado, de maneira indireta, em 1956, comprovando
23 anos depois a teoria de Fermi.

O decaimento γ (gama)
No decaimento gama, um núcleo em um estado excitado decai para um
estado de menor energia, emitindo um fóton. Ao contrário do que ocorre nos
decaimentos a e b, o núcleo atômico continua a ser o mesmo depois de sofrer
um decaimento γ.

Os raios gama são ondas eletromagnéticas com as freqüências mais altas


que conhecemos.

SAIBA MAIS
Raios gama operam o cérebro sem cortes
Em um trabalho em parceria com uma universidade americana, pesquisadores brasileiros estão conduzindo no país as
primeiras cirurgias de cérebro feitas com radiação gama, dispensando abrir a cabeça do paciente. O objetivo é oferecer




uma nova arma no combate a casos de transtorno obsessivo-compulsivo (TOC) que não respondam aos tratamentos
convencionais, com medicamentos.
A operação é bem mais simples do que as neurocirurgias tradicionais. Os pesquisadores usam tomografias para identi-
ficar o ponto exato do cérebro que deve ser atingido pelos raios gama. Uma vez determinado o alvo no cérebro, o
paciente fica em uma câmara de cobalto radioativo, parecida com uma câmara de ressonância magnética, onde sua
cabeça fica envolvida por uma espécie de redoma com 201 pequenos furos. Na região do cérebro em que os raios
gama vindos dos furos se cruzam acontece uma pequena lesão que mata os neurônios causadores do transtorno.
Essa técnica não é livre de efeitos colaterais. O mais comum são dores de cabeça, mas outros efeitos podem aparecer.
No caso de cirurgias com abertura do crânio, os danos são mais freqüentes, podendo ocorrer infecções ou até inchaço
do cérebro.

PODER DE PENETRAÇÃO
A distância que uma partícula percorre até parar é denominada alcance.
O alcance das partículas alfa é muito pequeno, ou seja, as partículas alfa
possuem um pequeno poder de penetração. Elas podem ser detidas por uma
camada de 7 cm de ar, uma folha de papel ou uma chapa de alumínio de 0,06
milímetros de espessura. Ao incidir sobre o corpo humano, são detidas pela
camada de células mortas da pele, podendo, no máximo, causar queimaduras.
As partículas beta têm poder médio de penetração, porém, muito maior
que o das partículas alfa, de 50 e 100 vezes mais penetrantes. Atravessam
alguns metros de ar e até 16 mm de madeira. Podem ser detidas por lâminas de
alumínio com 1 cm de espessura ou por lâminas de chumbo com espessura
maior que 2 mm. Ao passar por um meio material, a radiação beta perde ener-
gia, ionizando os átomos que encontra no caminho. Ao incidirem sobre o
corpo humano, podem penetrar até 2 cm e causar sérios danos.
Os raios gama têm alto poder de penetração. São mais penetrantes que os
raios X, pois possuem comprimentos de onda bem menores, variando entre
0,1e 0,001 angstrons. Podem atravessar milhares de metros de ar,
até 25 cm de madeira ou 15 cm de espessura de aço. São detidos
por placas de chumbo com mais de 5 cm de espessura ou por
grossas paredes de concreto. Um fóton de radiação γ pode perder
toda (ou quase toda) energia numa única interação e a distância
que ele percorre até interagir não pode ser prevista. Podem atra-
vessar completamente o corpo humano, causando danos irrepa-
ráveis.

ISÓTOPOS DOS ELEMENTOS


A existência de diferentes elementos na natureza e o estudo das possíveis
interações entre eles têm sido amplamente estudados, como vemos em aulas
de química. A divisão da ciência em diferentes ramos como química, física,
biologia etc. é artificial e arbitrária, o que pode nos levar a pensar que o átomo
que estudamos em uma aula de química não é o mesmo átomo da aula de
física. Essa fragmentação da ciência tem uma origem histórica e o mais im-
portante é percebermos os muitos pontos onde há uma convergência de inte-
resses e, principalmente, como essas partes do conhecimento se comunicam.
Na tabela periódica, os diferentes átomos existentes na natureza estão dis-
postos de modo que são facilmente agrupados por apresentarem numa reação
química características semelhantes. Cada elemento fica bem identificado pelo


  -    

número de elétrons e de prótons, que é o número atômico do elemento. Sob o


ponto de vista de cargas elétricas o átomo é neutro e parece ser estável.
O número de prótons, como já dissemos, é igual ao de elétrons e define o
número atômico do elemento, que é representado pela letra Z. O número de
nêutrons pode variar e um elemento pode aparecer na natureza com diferente
número de nêutrons, que são chamados de isótopos naturais do elemento.
Isótopo quer dizer mesmo lugar (iso = mesmo; topo = lugar, em grego) pois
ocupam a mesma posição do elemento que o origina na tabela periódica, visto
que possuem o mesmo número de prótons.
Existe uma tabela que mostra todos os elementos conhecidos classifica-
dos pelo número de prótons no eixo vertical e pelo número de nêutrons no
eixo horizontal, denominada tabela de isótopos, ou tabela de nuclídeos. Uma
pequena parte dessa tabela está mostrada abaixo.

O que não se entendia 100 anos atrás era que alguns elementos que não
possuíam características radioativas originavam isótopos que eram radioativos.
O hidrogênio é um bom exemplo. Ele possui vários isótopos e um deles é
radioativo: o trítio, ou hidrogênio-3. O trítio possui um próton e dois nêu-
trons, o que o torna um isótopo instável. Isso quer dizer que se uma caixa é
lacrada cheia de trítio e é aberta um milhão de anos depois, não haverá lá
dentro mais nenhum trítio, somente se encontrará o hélio-3 (dois prótons e
um nêutron) que é estável. O trítio “virou” hélio-3, ou seja, um elemento se
transmuta em outro! Ocorreu, assim, o decaimento radioativo.
Alguns elementos são naturalmente radioativos e todos os seus isótopos
também o serão. O urânio é o melhor exemplo desse tipo de elemento, e é o
elemento radioativo mais pesado encontrado na natureza.
Existem outros oito elementos que são radioativos naturalmente: polônio, astato,
radônio, frâncio, radio, actínio, tório e o protactínio. Todos os outros elementos
feitos pelo homem e que são mais pesados que o urânio são radioativos.
Assim, emissão desses raios evidenciou que existiam processos atômicos
muito mais complexos do que se imaginava e, principalmente, que esses raios
eram resultado de mudanças que ocorriam no interior do átomo, ou seja, no
núcleo atômico.




Hoje sabe-se que todos os elementos com números atômicos maiores que
82 (chumbo) são radioativos. A grande questão é por que isso ocorre?

DATAÇÃO POR CARBONO-14


Você certamente já ouviu histórias sobre artefatos arqueológicos de mi-
lhares de anos, como os Manuscritos do mar Morto, encontrados por acidente
em grutas do Oriente Médio, e que trazem os primeiros estudos da Bíblia,
datando do século III a.C.Você também deve ter ouvido falar sobre múmias
ou fósseis de animais e plantas com milênios de idade, ou sobre pinturas
rupestres, feitas por homens das cavernas durante a Pré-história. Você já se
perguntou como um cientista pode saber a idade desses artefatos? Iremos
agora aprender sobre uma técnica utilizada pelos cientistas para determinar a
idade de objetos antigos. Ela é chamada de datação por carbono-14.
Raios cósmicos entram na atmosfera terrestre em um número gigantesco.
Por exemplo, você agora está sendo atingido por milhares desses raios, de
modo que a cada hora cerca de um milhão deles atravessam você.
Ao colidir com um átomo da atmosfera, são liberados vários prótons e
nêutrons com uma boa quantidade de energia. A maior parte dos prótons “cap-
tura” elétrons e transforma-se em átomos de hidrogênio. Já os nêutrons, que
não possuem carga, continuam em movimento por não interagirem com a
matéria. Muitos deles acabam por colidir, então, com átomos de nitrogênio
presentes na atmosfera. Quando o nêutron colide, o nitrogênio-14 (sete prótons
e sete nêutrons) trasmutam-se em carbono-14 (seis prótons e oito nêutrons)
em um átomo de hidrogênio (um próton e nenhum nêutron).
1
0
n+ 14
7
N → 146 C + 11 H

Assim, tem-se na natureza um isótopo radioativo, o carbono-14, com meia-


vida em torno de 5.700 anos.
Tanto o isótopo comum e estável carbono-12 como o radioativo carbono-
14 combinam com o oxigênio, formando o dióxido de carbono, o qual é ab-
sorvido naturalmente pelas plantas durante a fotossíntese. Como os seres hu-
manos e animais comem plantas, ingere-se assim esse isótopo radioativo. Neste
momento, em seu corpo, há um percentual de carbono-14, e todas as plantas
e animais vivos têm essa mesma porcentagem.
Como as plantas absorvem o dióxido de carbono enquanto estão vivas,
qualquer carbono-14 perdido por decaimento é imediatamente substituído por
carbono-14 da atmosfera. Quando a planta morre, essa substituição pára de
ser feita. Dessa forma, a porcentagem de carbono-14 passa a diminuir a uma
taxa constante, que é dada pela sua meia-vida. Quanto mais tempo se deu a
morte, menor é a quantidade de carbono-14 contida. Assim, os cientistas con-
seguem calcular a idade de artefatos que contêm esse isótopo. Com esse mé-
todo é possível olhar para o passado até 50 mil anos atrás! A datação por esse
método tem uma incerteza de 15%, aceitável para muitas finalidades.
Exercício
1. Um arqueólogo extrai um grama de carbono de um osso e descobre que ele
tem um quarto da radioatividade de um grama de carbono extraído de um
osso nos dias de hoje. Considere que a razão entre a quantidade de carbono-


  -    

14 e carbono-12 permanece constante com o passar do tempo e diga


aproximadamente qual a idade do osso.
SAIBA MAIS
O sítio arqueológico do Piauí
O parque nacional Serra da Capivara está localizado no sudeste do estado do Piauí, foi criado para
proteger uma área na qual se encontra o mais importante patrimônio pré-histórico do Brasil.
Trata-se de um parque arqueológico com uma riqueza de vestígios que se conservaram durante
milênios. As pinturas encontradas na Serra da Capivara foram gravadas sobre pedras por homens
da caverna.Trata-se de imagens humanas desenhadas por paleoíndios, os índios pré-históricos
que habitavam o Brasil milhares de anos antes de os portugueses por aqui chegarem.
Há uma enorme polêmica acerca da idade desses desenhos. Arqueólogos e cientistas brasilei-
ros datam as gravuras em torno de 30 mil anos. Laboratórios americanos as dataram com cerca
de 3 mil anos. A polêmica se dá, pois até então se achava que o homem existia no continente
americano há meros 11 ou 12 mil anos, vindos da Ásia sobre o mar congelado do estreito de Bering, entre a Sibéria e o
Alasca. O maior problema surge do fato que as datações são inerentemente difíceis, em razão da possibilidade de
contaminação, ou pelo tipo de amostra coletado, de modo que as evidências sempre foram polêmicas entre os pesqui-
sadores, tanto no Brasil como no exterior.

FORÇAS NUCLEARES
Tudo é feito de átomos, que se juntam em moléculas e passam a construir
tudo o que nos cerca. Na natureza, qualquer átomo que encontrarmos estará
entre os 92 tipos diferentes de átomos, também chamados de elementos. Qual-
quer substância terrestre (metais, plástico, roupas, cabelos...) é uma combina-
ção de vários desses 92 elementos encontrados na natureza. Como dissemos,
a tabela periódica, tão conhecida quando se estuda química, organiza esses
92 elementos naturais mais alguns criados pelo homem.
Dentro de cada átomo existem as chamadas partículas subatômicas, tais
como prótons, elétrons e nêutrons, entre outras. A cada ano, quanto mais avan-
çam os estudos em Física de Partículas, mais se conhece a estrutura atômica,
surgindo sempre novas partículas.
As partículas constituintes do núcleo atômico são chamadas de nucleons. Os
nucleons carregados são os conhecidos prótons e os sem carga são os nêutrons.
Os prótons e nêutrons ficam unidos formando o núcleo atômico. Como
você já viu no Módulo 4, cargas de sinal oposto se atraem e de mesmo sinal se
repelem, de forma que um próton e um elétron se atraem e dois elétrons ou
dois prótons se repelem.
Assim, surge uma pergunta: por que os prótons, que são carregados posi-
tivamente, podem ficar próximos um dos outros no interior do núcleo? Ou
melhor, por que os prótons no interior do núcleo não se repelem devido às
intensas forças elétricas de repulsão que atuam em cargas de mesmo sinal?
O que ocorre é que existe no interior do núcleo atômico a presença de
uma força muito mais intensa que a força elétrica, a força nuclear. Tanto os
prótons quanto os nêutrons se ligam através dessa extraordinária força atrati-
va. Essa força é muito mais complexa que a força elétrica e os físicos ainda
não a compreendem totalmente. A força nuclear que faz com que o núcleo




permaneça unido é chamada de interação forte. Sua característica mais


marcante é que se trata de uma força de curto alcance, ou seja, ela só atua em
distâncias muito, muito pequenas. Ela é extremamente forte para nucleons
muito próximos ou em contato (afastados cerca de 10-15 m), mas é pratica-
mente nula para distâncias maiores que essa.
A força elétrica, que atua em corpos carregados eletricamente, tem sua
intensidade diminuída com o aumento da distância, ou seja, quanto mais dis-
tante menos intensa é a força. Na realidade, essa força diminui com o quadra-
do da distância, sendo então proporcional a .

A força nuclear decresce muito mais rapidamente que e isso tem uma
importante conseqüência: se um núcleo tem muitos prótons ele deverá ser
grande. Como a força nuclear decresce com a distância, esse núcleo grande
não se mantém unido facilmente, sendo assim um núcleo instável.
A força de repulsão elétrica tem um alcance maior, de modo que quanto
maior a quantidade de prótons no núcleo, maior será a intensidade da força de
repulsão elétrica, fazendo com que haja um equilíbrio muito frágil. Assim, se
bombardearmos um núcleo grande com um nêutron, este núcleo poderá se
romper, e essas partes, ao se dividirem, se distanciam de modo que a força de
repulsão elétrica supera a nuclear e afasta ainda mais as partes rompidas do
núcleo. A energia liberada nesse processo (bombas atômicas ou usinas nucle-
ares) é chamada de nuclear, mas na verdade é energia de origem elétrica, que
é liberada quando as forças elétricas superam as forças de atração nuclear.
Quando os prótons estão muito próximos, como em núcleos pequenos, a
intensidade da força nuclear supera com facilidade a força elétrica de repulsão,
mantendo assim o núcleo unido.

O próton A atrai, devido à força nuclear, o próton B, ao mesmo tempo que o repele
devido à força elétrica. E a relação entre os prótons A e C? Como a força nuclear é fraca
para grandes distâncias, o próton C sente muito a repulsão devido à força elétrica. Assim,
quanto maior for a distância entre os prótons A e C, mais importante será o papel da força
elétrica, tornando o núcleo mais instável. Isso mostra que os núcleos maiores são mais
instáveis que os menores.

O nêutron também desempenha um papel fundamental na estabilidade do


núcleo atômico. Um próton e um nêutron podem se ligar mais fortemente que
um par de prótons com um par de nêutrons. Assim, a maioria dos primeiros
vinte elementos da tabela periódica possui o mesmo número de prótons e de
nêutrons. Em elementos mais pesados, tudo muda, já que os nêutrons não se
repelem eletricamente, mas os prótons sim.
O balanceamento entre o número de prótons e o de nêutrons colabora
para a estabilidade nuclear. Um núcleo com menos prótons que nêutrons tor-
na-se muito mais estável.
O urânio-238 possui 92 prótons e 146 nêutrons. Esses 54 nêutrons em
excesso são necessários para aumentar a estabilidade do núcleo. Caso hou-
vesse o mesmo número de prótons e nêutrons (92), o urânio seria tão instável
que se partiria em pedaços, liberando muita energia.
É justamente com esses elementos instáveis que se dão as emissões alfa,
beta e a transmutação dos elementos.


  -    

FISSÃO E A ENERGIA NUCLEAR


Quando Einstein formulou a sua famosa teoria da relatividade, muitos
conceitos anteriormente aceitos foram revistos de forma espetacular. Uma
dessas “revoluções” ocorreu como conseqüência da formulação da equiva-
lência entre massa e energia:
E = m.c2
Logo se percebeu a energia contida nas massas dos elementos, como na
fusão de quatro átomos de hidrogênio para dar um de hélio, ou então na divi-
são ou fissão de átomos pesados.
Sabe-se que na natureza não existem átomos mais pesados que o urânio,
de forma estável. Átomos muito grandes têm o seu núcleo instável, apesar da
existência dos nêutrons que contribuem com forças nucleares atrativas. Quanto
maior o núcleo, maior é o número de massa A e a quantidade de nêutrons fica
cada vez maior. Isto é, o número de nêutrons é maior que o de prótons.
Hoje em dia, são conhecidos muitos núcleos maiores que o urânio, mas
com meia vida curta. Eles decaem sucessivamente por emissão das partículas
alfa ou beta e se transformam em outros até chegarem a algum isótopo estável
conhecido desde o século passado.
Na tentativa de se conseguir núcleos cada vez maiores, os cientistas fize-
ram tentativas bombardeando núcleos com nêutrons. Se houver a captura de
nêutrons, o número de massa aumenta cada vez mais, mas pode haver um
decaimento beta, com a transformação em outro átomo, depois sucessiva-
mente com a adição de nêutrons subir o número de massa novamente. Esse
processo poderia ser continuado, mas as vidas médias muito curtas dos pro-
dutos limitam a possibilidade de detecção.
Ao bombardear urânio com nêutrons, verifica-se a quebra em dois ele-
mentos com número de massa bem menor e a liberação de muita energia,
como previsto pela teoria da relatividade de Einstein.
Essa energia logo foi usada para fins bélicos, como no caso das bombas
atômicas lançadas sobre Hiroshima e Nagasaki, em 1945, durante a II Guerra
Mundial, relembradas em todo agosto pelos meios de comunicação. A energia
nuclear pode ser usada para geração de energia em países que não têm reservas
hídricas com quedas d’água em quantidade suficiente. A energia nuclear é usa-
da para aquecer a água em geradores de eletricidade por processos térmicos.
O grande problema com o uso da energia nuclear é o processo de enrique-
cimento do urânio, pois se usa o urânio-235. Além disso, o material radioativo
que sobra no processo deve ser cuidadosamente armazenado, para evitar con-
taminação. Existem ainda riscos de acidentes com vazamento de material ra-
dioativo, que pode contaminar extensas áreas urbanas.
Nós temos um exemplo negativo de descuido com material radioativo de
meia vida muito longa: todos devem se lembrar do caso da fonte de 137 Cs
em Goiânia. Uma fonte radioativa desativada foi descuidada e jogada num
depósito de materiais, onde ocorreu a manipulação errada que causou a de-
sastrosa contaminação.

FUSÃO NUCLEAR E O SOL


Na Antiguidade, a origem do universo foi atribuída a ordens divinas nas
mais diferentes civilizações, de formas muito interessantes. Os cientistas tam-




bém têm se dedicado a esse ramo do conhecimento ao longo da história. A


composição do Sol foi determinada pela análise dos espectros de raias emiti-
das pelo astro rei, como as que são mostradas na unidade anterior.
Estudando o espectro da luz solar, observou-se a existência do gás hélio.
E como se formou hélio no Sol? No início, havia apenas partículas separadas,
as mais simples. É razoável pensar que os elementos mais simples tenham se
formado primeiro. Vocês viram que o átomo mais simples é o hidrogênio. Um
nêutron pode ser capturado dando origem a um deutério, o hidrogênio-2. Dois
átomos de deutério podem se fundir e dar o hélio. Esse processo é chamado
fusão nuclear. Pode-se mostrar, considerando as energias inerentes à massa,
que no processo de fusão de dois nêutrons e dois prótons há uma sobra de
energia, um excesso de energia. É a energia nuclear decorrente da fusão de
núcleos ou de partículas. A existência do hélio e de alguns elementos no Sol já
era conhecida por Fraunhofer.
A energia emitida pelo Sol é composta de energia nuclear! Quanta energia à
nossa disposição! Você já pensou que o Sol é apenas uma estrela da Via Láctea?

ELEMENTOS RADIOATIVOS E SUAS APLICAÇÕES NA


MEDICINA NUCLEAR
O uso de isótopos radioativos cria uma maneira extremamente simples de
se detectar e contar os átomos em amostras de materiais (orgânico, plástico
etc.) pequenas demais para serem observadas com um microscópio. Quando
os isótopos são utilizados dessa forma, eles são chamados de traçadores. Es-
ses traçadores são amplamente utilizados na medicina para construir imagens
do corpo e diagnóstico de doenças.
SAIBA MAIS
Alimentos irradiados
A irradiação dos alimentos tem por objetivo matar insetos presentes em grãos, farinhas, frutas e vegetais. Aplicada em
pequenas doses, ela impede batatas, feijões, cebolas e alhos armazenados de brotarem, aumentando sua durabilidade.
Doses maiores matam micróbios e parasitas encontrados em carnes e aves. A radiação pode penetrar latas e pacotes
lacrados. O que a radiação certamente não faz é deixar os alimentos radioativos. Os raios gama atravessam os alimentos,
assim como a luz passa pelo vidro. Porém, ao atravessar a comida, eles destroem a maior parte das bactérias causadoras
de doenças. Como não há energia necessária para arrancar nêutrons dos núcleos atômicos, os alimentos não se tornam
radioativos após a irradiação.

Por outro lado, toda emissão radioativa é perigosa para os seres vivos. Alfa,
beta, gama etc. são chamadas de radiação ionizante. Isso significa que, quan-
do esses raios interagem com a matéria, são capazes de retirar um elétron do
átomo que a constitui. A perda de um elétron pode causar sérios danos, desde
a morte da célula até mutações genéticas, como o câncer.
Como vimos, a radioatividade é natural, e todos nós temos elementos ra-
dioativos, como o carbono 14. Em nosso ambiente, há também um número
grande de elementos feitos pelo homem que são perigosos. A radiação nucle-
ar trouxe, e traz, enormes benefícios para a humanidade. É o caso da energia
nuclear, que é uma excelente fonte de geração de energia elétrica, e da medi-
cina nuclear, capaz de detectar e tratar doenças. A ignorância acerca dos me-
canismos que regem os processos atômicos gera medo e pavor. Só o conheci-
mento pode fazer com que esse medo seja compreendido e dissipado.
Materiais nucleares são usados para criar esses traçadores radioativos,
que podem ser ingeridos ou injetados na corrente sangüínea. Eles fluem atra-


  -    

vés do sangue e se alojam nas estruturas dos vasos sangüíneos que se deseja
observar. Por meio desses traçadores, qualquer anormalidade no sistema cir-
culatório pode ser facilmente detectada.
Também alguns órgãos do corpo têm a capacidade de concentrar algumas
substâncias químicas. Por exemplo, a glândula tireóide concentra o iodo. As-
sim, pela ingestão de iodo radioativo, seja por um líquido ou por uma pílula, os
principais tipos de tumores na tireóide podem ser identificados e tratados. Da
mesma forma, alguns tumores cancerígenos concentram fosfato. Assim, através
da injeção do isótopo radioativo fósforo-32 na corrente sangüínea, os tumo-
res podem ser detectados devido ao aumento de sua atividade radioativa.
Na medicina nuclear, seja na produção de imagem ou no tratamento, a
ingestão ou injeção de substâncias radioativas não causam dano ao corpo
humano. Isso porque os radioisótopos utilizados decaem rapidamente, em
minutos ou horas, tendo assim níveis de radiação muito menores que o raio X,
e são eliminados na urina ou pelo próprio corpo.
As terapias com radiação diferem muito do que dissemos até agora. As células
dos organismos vivos se reproduzem com velocidades diferentes, de maneira que
uma se multiplica muito mais rápido que outras. Acontece que algumas células
são severamente afetadas pela radiação ionizante – alfa, beta, gama e raios X – e
as células que se reproduzem mais rapidamente são mais fortemente afetadas que
outras devido a duas propriedades fundamentais das células:
1) As células têm um mecanismo que as possibilita reparar o DNA danifica-
do. Se a célula detecta que o DNA está danificado até ela se dividir, então
ela se auto-destrói.
2) As células que se multiplicam rapidamente têm menos tempo para que o
mecanismo de reparo detecte e fixe o DNA danificado antes de se dividir;
então, é muito mais provável que elas se autodestruam quando já bombar-
deadas pela radiação nuclear.
Muitas formas de câncer são caracterizadas justamente por células que se
dividem em uma velocidade muito grande, de forma que se pode fazer uso da
terapia com radiação para o tratamento dessa doença.
Geralmente, frascos com material radioativo são colocados próximos ou
ao redor do tumor. Para tumores mais profundos, ou que se situam em lugares
impossíveis de serem operados, se faz o uso de raios X de alta intensidade,
que são focalizados no tumor. O problema que surge com esses tipos de trata-
mento é que as células normais, que também se reproduzem rapidamente,
podem ser afetadas juntamente com as células anormais.
As células do cabelo, do estômago, do intestino, da pele e sangüíneas
também se reproduzem rapidamente, sendo então fortemente afetadas pela
radiação ionizante. Isso explica porque as pessoas que fazem radioterapia
sofrem de náuseas e perda de cabelo.

AA TÉCNICAS DE CRIAÇÃO DE IMAGENS DO INTERIOR


DO CORPO HUMANO
Os raios X
Devido ao seu grande poder de penetração, os raios X logo foram utilizados
pelos médicos para poder visualizar os ossos. Ver através da pele passou a ser
uma realidade. Mais tarde, eles também começaram a ser utilizados para a
visualização de órgãos, veias e artérias.




Você agora aprenderá como eles são produzidos:


Os raios X são basicamente o mesmo que a luz, ou seja, ondas eletromag-
néticas. A diferença entre a luz e os raios X está na quantidade de energia de seus
fótons, ou pode ser expressa também pelo seu comprimento de onda
ou freqüência.
Tanto a luz visível quanto os raios X são produzidos pelos sal-
tos dos elétrons em suas órbitas atômicas. Os elétrons ocupam di-
ferentes níveis de energia (órbitas) ao redor do átomo. Ao receber
uma quantidade determinada de energia, um elétron muda de ní-
vel, levando o átomo para um estado excitado. Ao voltar para o
nível no qual se encontrava, ele deve emitir a energia que recebeu,
como foi visto na unidade 2.
Assim, usando válvulas que geram altas descargas elétricas,
é possível retirar elétrons do catodo e acelerá-los em direção ao
anodo, com altíssimas velocidades. No anodo existe um alvo
metálico, onde os elétrons colidem com os átomos desse alvo.
Neste processo, os elétrons das órbitas mais internas dos átomos
do alvo são excitados, de maneira que, ao voltarem aos seus an-
tigos níveis de energia, eles emitem os raios X.

Os raios X são absorvidos de maneira diferente por diferentes materiais.


Os átomos maiores e mais pesados, como os de cálcio, que formam nossos
ossos, absorvem muito mais os raios X que os átomos menores e mais leves,
como os que formam os tecidos de nosso corpo.
Assim, os raios X conseguem atravessar a pele e a carne, mas o osso, por
ser constituído de material de número de massa maior, não permite a trans-
missão do feixe. Então, é possível ver regiões claras e escuras numa chapa
fotográfica colocada atrás do que se quer examinar.
Em uma chapa de raio X normal, os tecidos moles de nosso corpo não
aparecem de modo muito nítido. Para examinar bem os órgãos, vasos
sangüíneos ou o sistema circulatório, é necessário que o paciente ingira ou
que nele seja injetado um tipo de substância chamada de contraste. O contras-
te é um líquido, como um composto de bário ou iodo, por exemplo, que ab-
sorve os raios X de maneira mais eficiente.
Estas substâncias têm esse nome pelo fato de serem opacas aos raios X,
formando assim um contraste na chapa radiográfica.
Temos abaixo a fotografia de uma mesa de raios X e algumas reproduções
de radiografias:


  -    

SAIBA MAIS
Auto-retrato de Rembrandt é vendido por US$ 11,3 milhões
Séculos depois de ficar coberto por uma pintura de um de seus discípulos, um auto-retrato de Rembrandt foi vendido
por US$ 11,3 milhões pela casa de leilões Sotheby’s. Durante trezentos anos, o quadro teve vários donos. Um deles,
suspeitando de que a pintura tratava-se de um Rembrandt, submeteu-a a uma investigação no Rijksmuseum de
Amsterdam. Lá, testes com raios-X mostraram que havia outra figura por baixo, revelando assim a milionária obra de arte.

Cintilografia
A radiação gama, por ter um poder de penetração ainda maior que o dos
raios X, é utilizada em uma técnica chamada cintilografia. Nesse caso, o paci-
ente recebe uma dose de substâncias radioativas que se concentra nos tecidos
lesionados. Ali alojada, essa substância decai, emitindo raios gama detectados
por uma câmera especial que transforma os pulsos eletrônicos em uma ima-
gem digitalizada.
A cintilografia revela como funciona determinada estrutura. A sensibili-
dade avançada dessa técnica permite detectar alterações na função de órgãos,
muitas vezes superior a de outros exames, pois identifica alterações muito
antes do problema se tornar aparente para outros métodos investigativos.
Os raios gama são emitidos do núcleo atômico, enquanto os raios X se
originam da nuvem eletrônica mais externa. Assim, os raios gama fornecem
preciosas informações acerca da estrutura do núcleo, da mesma maneira que
os raios X, ou mesmo a luz visível, trazem informações sobre a estrutura ele-
trônica do átomo.
SAIBA MAIS
A gamagrafia
A radiação gama também é muito usada na indústria. No automobilismo, por exemplo, é comum o uso da gamagrafia,
que consiste em usar os raios gama para se obter radiografias das peças metálicas de um motor, checando as falhas
estruturais e os resíduos metálicos que podem prejudicar seu desempenho.

Imagem por ressonância magnética – MRI


(Magnetic resonance image)
A ressonância magnética produz imagens em todos os planos do corpo, mos-
trando em detalhes o que se passa nos órgãos ou tecidos do paciente através de
um grande imã e do uso de ondas de rádio captadas por uma antena especial e
enviadas a um computador.
Os scanners de ressonância magnética varrem pequenos pontos do interi-
or do paciente, identificando o tipo de tecido daquele ponto. Este ponto pode
ter até de meio milímetro de lado! Assim, pode-se construir uma imagem em
2-D ou 3-D do interior de um organismo.
MRI gera imagens sem precedentes do interior do corpo humano. O nível
de detalhe é extraordinário, comparado com qualquer outra forma de criação de
imagens. Devido ao seu alto grau de definição, é uma técnica que auxilia muito
os radiologistas a determinarem se é normal ou não o que se vê em uma radio-
grafia.
O corpo humano é formado por bilhões de átomos. Os núcleos desses
átomos giram ao redor de um eixo, como um peão. Imagine bilhões de núcle-
os girando aleatoriamente, em todas as direções. Há vários tipos de átomos
em nosso corpo, mas para o MRI o mais relevante é o átomo de hidrogênio,




pois esse possui apenas um próton e tem um grande momento magnético. O


fato de possuir um grande momento magnético significa que, quando imerso
em um campo magnético externo, o hidrogênio tende a se alinhar com a dire-
ção desse campo.
Um intenso campo magnético é gerado dentro do
tubo onde o paciente se deita para ser examinado.
Esse campo “varre” o corpo da pessoa, de modo
que os prótons de seus átomos de hidrogênio se ali-
nham. A grande maioria desses prótons tem seus mo-
mentos magnéticos cancelados. Isso quer dizer que,
para cada momento apontando em um sentido, temos
outro próton com momento apontando no sentido
oposto, de modo que sua soma é nula (lembra-se da
soma de vetores?).
Para cada um milhão, apenas um par de prótons não se cancelam. Como o
número de átomos em nosso corpo é enorme, temos sempre bilhões de prótons
que não se alinham e que depois formarão as imagens.
O aparelho de MRI amplia a freqüência de vibração do hidrogênio. O
sistema então direciona uma onda através da área do corpo que se deseja
examinar. Este pulso faz com que os prótons desta área absorvam a energia
necessária para fazer com que eles girem em outra direção. Essa é a parte da
ressonância nessa técnica. Esta onda eletromagnética força apenas esses prótons
que não haviam se alinhado a girar em uma freqüência bem determinada, a
freqüência de ressonância. Quando o pulso é desligado, o próton retorna ao
seu alinhamento natural e emite o excesso de energia armazenada. Essa ener-
gia é então captada e convertida em imagens.
SAIBA MAIS
A água em nosso corpo fornece pistas das doenças
A água compõe cerca de 2/3 da massa corporal de um indivíduo adulto e é composta por átomos de oxigênio e
hidrogênio. O hidrogênio atua como agulha de uma bússola quando sensibilizado por um campo magnético. Em muitas
doenças, a direção para onde esses átomos migram quando submetidos ao campo muda, o que permite identificar
grande parte das alterações fisiológicas.
Por isso é que as imagens por ressonância magnética são tão eficientes na detecção de tumores cancerosos e distúrbios
cerebrais, por exemplo. Por um lado, elas são capazes de indicar o quão profunda foi a contaminação de um tecido e se os
nódulos linfáticos – responsáveis pela defesa do organismo – foram ou não afetados. Por outro lado, praticamente
qualquer disfunção no funcionamento do cérebro acarreta mudança na composição da água de suas células. Mesmo que
essa alteração seja da ordem de apenas 1%, a técnica é capaz de identificá-la. A ressonância magnética é um fenômeno
físico-químico regido pela relação entre a intensidade do campo magnético e a freqüência de ondas de rádio.

Tomografia computadorizada (TC)


Ao contrário da maioria dos exames de raios X, a TC pode detectar até as
menores alterações nos tecidos. Isto naturalmente simplifica o tratamento e
melhora as chances de recuperação. A TC também torna possível retratar as
partes do corpo em três dimensões e, deste modo, certas áreas que estão
superpostas podem ser examinadas.
O paciente se deita numa mesa de exame que, muito lenta e suavemente,
vai passando através de uma abertura na unidade de TC. Ao mesmo tempo, o
anel de raios X no interior do tomógrafo vai girando à volta da mesa de exa-


  -    

me, tirando fotos altamente detalhadas que podem posteriormente ser exibi-
das em imagens de três dimensões. Deste modo, a TC pode cobrir extensas
seções do corpo num só exame. Normalmente, uma ou duas áreas de um
órgão são examinadas, como o pulmão e a região abdominal, a cabeça e o
pescoço etc. Os parâmetros adquiridos através das medições podem ser tradu-
zidos em fotografias, que são imagens transversais de planos extremamente
finos do interior do corpo. Portanto, em muitos casos, mesmo o mais minús-
culo processo patológico pode ser identificado.
SAIBA MAIS
Dinossauro tinha cérebro de passarinho
Uma tomografia feita em um dos fósseis mais famosos do mundo revela que o elo perdido entre aves e répteis tinha um
cérebro surpreendentemente desenvolvido e adaptado para o vôo. O exame também sugere que as aves modernas
são mesmo descendentes dos dinossauros. O fóssil em questão é um dos sete únicos exemplares de Archaeopteryx,
um dinossauro alado também classificado como a ave mais antiga do mundo. O animal viveu na Europa no final do
Período Jurássico (205 milhões a 144 milhões de anos atrás). Cientistas resolveram buscar a identidade do elo perdido
num lugar insuspeito: dentro da sua cabeça. E descobriram que o bicho tinha literalmente um cérebro de passarinho. O
cérebro em si decompôs e desapareceu há milhões de anos. Mas o exemplar preservado no museu britânico tem um
crânio intacto, que o grupo submeteu a uma tomografia computadorizada. O exame montou uma imagem tridimensional
do sistema nervoso do dinopássaro, mostrando que ele possuía um sistema neural extremamente adaptado para o vôo.

Tomografia por emissão de pósitron – PET


(Positron Emission Tomography)
A PET produz imagens do corpo pela detecção da radiação emitida por
determinadas substâncias radioativas. Estas substâncias são “marcadas” com
um isótopo radioativo (como o carbono-11, o oxigênio-15 ou o nitrogênio-
13) e depois injetadas no corpo do paciente a ser examinado. Estes isótopos
têm um curtíssimo tempo de decaimento, e um aparelho detecta os raios gama
liberados do local onde um pósitron emitido pela substância radioativa colide
com um elétron do tecido do corpo do paciente. A PET fornece imagens do
fluxo sangüíneo, bem como de funções bioquímicas, como o metabolismo da
glicose no cérebro, ou as rápidas mudanças nas atividades de várias partes do
organismo humano. A desvantagem surge da necessidade de haver, nas pro-
ximidades do hospital, um acelerador de partículas, visto que os isótopos uti-
lizados possuem uma meia-vida de minutos, no máximo, poucas horas.

Tomografia por emissão de um fóton – SPECT


(Single Photon Emission Computed Tomography)
A SPECT é uma técnica semelhante à PET. Contu-
do, as substâncias radioativas utilizadas na SPECT
(xenônio-133, Iodo-123) têm um tempo de decaimento
maior que as utilizadas na PET e emitem raios gama.
SPECT produz imagens menos detalhadas que a PET,
mas o uso dessa técnica é bem mais barato que o uso
da PET.
Os aparelhos para SPECT são bem mais acessíveis e
não têm o problema de estarem localizados próximos a
aceleradores de partículas, devido ao maior tempo de
meia-vida dos isótopos utilizados.




Imagens cardiovasculares
Essa técnica consiste em fazer com que substâncias radioativas sejam car-
regadas pela corrente sanguínea, através do coração, veias e artérias. É co-
mum injetar no paciente um composto de tálio e fazer com que ele pratique
algum exercício físico durante o tempo em que um detector capta os raios
gama que são emitidos pelo decaimento radioativo. Depois de um período de
descanso, o paciente passa novamente pelo detector de raios gama só que sem
fazer qualquer tipo de exercício. Assim, pode-se comparar as mudanças que
ocorrem no fluxo sanguíneo quando o coração está trabalhando. Essa técnica
é muito eficiente para detectar artérias bloqueadas ou disfunções no coração e
outros tecidos.
São usados detectores chamados de contadores de cintilações: um con-
tador de cintilações faz uso de substâncias que funcionam como minúsculos
flashes de uma máquina fotográfica. Essas substâncias são facilmente excita-
das e emitem luz quando é atravessada por partículas carregadas ou raios
gama. Essas cintilações são transformadas em sinais elétricos através de um
aparelho que amplifica essa luz emitida.
SAIBA MAIS
Relógio que brilha no escuro
Alguns relógios de pulso, ou pequenos relógios despertadores, possuem ponteiros que brilham constantemente.
Pegue um destes relógios e leve-o para um quarto bem escuro. Fique ali um tempinho para que seus olhos se
acostumem com a escuridão. Com uma lente de aumento, olhe atentamente para os ponteiros do relógio. Você poderá
perceber que aquela luz contínua que se enxerga sem a lente, ou seja, a olho nu, é na verdade constituída de uma série
de minúsculos flashes individuais, as cintilações. Cada um desses flashes ocorre quando uma partícula alfa, ejetada por
um núcleo de rádio colide com uma molécula de sulfeto de zinco.
Por questões de segurança, hoje é mais comum encontrar relógios que, ao invés de utilizarem o decaimento radioativo,
utilizam a própria luz como forma de excitação. Estes relógios têm seu brilho cada vez mais fraco, sendo necessário
sempre expô-los a uma fonte de luz, como uma lâmpada, para que ele volte a brilhar.

QUESTÕES DE REVISÃO DA UNIDADE


1. Qual é a semelhança e a principal diferença entre um feixe de raio X e um
feixe de luz?
2. Por que os raios alfa e beta são desviados em sentidos opostos por um
campo magnético? Por que os raios gama não são desviados?
3. Qual é a origem de um feixe de raios gama? E de um feixe de raios X?
4. Explique com suas palavras por que um núcleo maior é normalmente me-
nos estável do que um núcleo menor?
5. O que significa meia-vida radioativa?
6. Por que existe mais C-14 em ossos novos do que em ossos antigos de
mesma massa?

Exercícios
1. (Ufrn 2002) No Brasil, a preocupação com a demanda crescente de ener-
gia elétrica vem gerando estudos sobre formas de otimizar sua utilização. Um
dos mecanismos de redução de consumo de energia é a mudança dos tipos de
lâmpadas usados nas residências. Dentre esses vários tipos, destacam-se dois:


  -    

a lâmpada incandescente e a fluorescente, as quais possuem características


distintas no que se refere ao processo de emissão de radiação.
- A lâmpada incandescente (lâmpada comum) possui um filamento, em ge-
ral feito de tungstênio, que emite radiação quando percorrido por uma
corrente elétrica.
- A lâmpada fluorescente em geral utiliza um tubo, com eletrodos em ambas
as extremidades, revestido internamente com uma camada de fósforo, con-
tendo um gás composto por argônio e vapor de mercúrio. Quando a lâm-
pada é ligada se estabelece um fluxo de elétrons entre os eletrodos. Esses
elétrons colidem com os átomos de mercúrio transferindo energia para
eles (átomos de mercúrio ficam excitados). Os átomos de mercúrio libe-
ram essa energia emitindo fótons ultravioleta. Tais fótons interagem com a
camada de fósforo, originando a emissão de radiação.
Considerando os processos que ocorrem na lâmpada fluorescente, pode-
mos afirmar que a explicação para a emissão de luz envolve o conceito de
a) colisão elástica entre elétrons e átomos de mercúrio.
b) efeito fotoelétrico.
c) modelo ondulatório para radiação.
d) níveis de energia dos átomos.
2. As lâmpadas incandescentes são pouco eficientes no que diz respeito ao
processo de iluminação. Com intuito de analisar o espectro de emissão de um
filamento de uma lâmpada incandescente, vamos considerá-lo como sendo
semelhante ao de um corpo negro (emissor ideal) que esteja à mesma tempera-
tura do filamento (cerca de 3000 K).
Na figura a seguir, temos o espectro de emissão de um corpo negro para
diversas temperaturas.

Intensidade da radiação emitida por um corpo negro em função da fre-


qüência para diferentes valores de temperatura.
Diante das informações e do gráfico, podemos afirmar que, tal como um
corpo negro,
a) os fótons mais energéticos emitidos por uma lâmpada incandescente ocor-
rem onde a intensidade é máxima.
b) a freqüência em que ocorre a emissão máxima independe da temperatura
da lâmpada.
c) a energia total emitida pela lâmpada diminui com o aumento da temperatura.




d) a lâmpada incandescente emite grande parte de sua radiação fora da faixa


do visível.
3. (Ufc 2002) Uma fábrica de produtos metalúrgicos do Distrito Industrial de
Fortaleza consome, por mês, cerca de 2,0×10 6 kWh de energia elétrica
(1kWh=3,6×106 J). Suponha que essa fábrica possui uma usina capaz de con-
verter diretamente massa em energia elétrica, de acordo com a relação de
Einstein, E = m 0c 2. Nesse caso, a massa necessária para suprir a energia
requerida pela fábrica, durante um mês, é, em gramas:

a) 0,08 b) 0,8 c) 8 d) 80 e) 800

4. (Fuvest 2004) Uma unidade industrial de raios-X consiste em uma fonte X


e um detector R, posicionados de forma a examinar cilindros com regiões
cilíndricas ocas (representadas pelos círculos brancos), dispostos em uma es-
teira, como vistos de cima na figura. A informação é obtida pela intensidade I
da radiação X que atinge o detector, à medida que a esteira se move com
velocidade constante. O Gráfico 1 representa a intensidade detectada em R
para um cilindro teste homogêneo.
Quando no detector R for obti-
do o Gráfico 2, é possível concluir
que o objeto em exame tem uma
forma semelhante a
a) A
b) B
c) C
d) D
e) E

5. (Ita 2002) Um átomo de hidrogênio tem níveis de energia discretos dados


pela equação EŠ = (- 13,6/n£) eV, em que {n Æ Z/ nµ1}. Sabendo que um
fóton de energia 10,19 eV excitou o átomo do estado fundamental (n = 1) até
o estado p, qual deve ser o valor de p? Justifique.

6. (Ufrn 2002) Dentre as criações da mente humana, a Física Moderna asse-


gurou um lugar de destaque, constituindo-se em um dos grandes suportes
teóricos no processo de criação tecnológica e tendo repercussão cultural na
sociedade. Uma análise histórica revela que um dos pilares do desenvolvi-
mento dessa área da Física foi o cientista dinamarquês Niels Bohr, o qual, em
1913, apresentou um modelo atômico que estava em concordância qualitativa
com vários dos experimentos associados ao espectro do átomo de hidrogênio.
Uma característica de seu modelo é que alguns conceitos clássicos são manti-
dos, outros rejeitados e, em adição, novos postulados são estabelecidos, apon-
tando, assim, para o surgimento de um novo panorama na Física.
No modelo proposto por Bohr para o átomo de hidrogênio, o átomo é for-
mado por um núcleo central e por uma carga negativa (elétron) que se move em
órbita circular em torno do núcleo devido a ação de uma força elétrica (força de
Coulomb). O núcleo, parte mais massiva, é constituído pela carga positiva
(próton). Esse modelo garante a estabilidade do átomo de hidrogênio e explica
parte significativa dos dados experimentais do seu espectro de emissão e absor-


  -    

ção. A estrutura de átomo proposta por Niels Bohr apresenta níveis discretos de
energia, estando o elétron com movimento restrito a certas órbitas compatíveis
com uma regra de quantização do momento angular orbital, L, (L=n.h/2π, em
que n é um número inteiro e h é a constante de Planck).
No entendimento de Bohr, quando o elétron sai de um nível de maior
energia para outro menos energético, a diferença de energia é emitida na for-
ma de fótons (partícula cujo momento linear, P, pode ser calculado pela ex-
pressão P = E/c, em que E é a energia do fóton e c é a velocidade da luz no
vácuo). A análise de tal emissão de fótons constitui parte relevante na verifi-
cação da confiabilidade do modelo atômico proposto.
Considerando o texto acima como um dos elementos para suas conclusões,
a) complete a tabela, apresentada a seguir, registrando dois aspectos da Físi-
ca Clássica que foram mantidos no modelo de Bohr e dois aspectos inova-
dores que foram introduzidos por Bohr.

7. (Unirio 2002) Os raios X, descobertos em 1895 pelo físico alemão Wilhelm


Rontgen, são produzidos quando elétrons são desacelerados ao atingirem um
alvo metálico de alto ponto de fusão como, por exemplo, o Tungstênio. Essa
desaceleração produz ondas eletromagnéticas de alta freqüência denomina-
das de Raios X, que atravessam a maioria dos materiais conhecidos e impres-
sionam chapas fotográficas. A imagem do corpo de uma pessoa em uma cha-
pa de Raios X representa um processo em que parte da radiação é:
a) refletida, e a imagem mostra apenas a radiação que atravessou o corpo, e
os claros e escuros da imagem devem-se aos tecidos que refletem, respec-
tivamente, menos ou mais os raios X
b) absorvida pelo corpo, e os tecidos menos e mais absorvedores de radiação
representam, respectivamente, os claros e escuros da imagem
c) absorvida pelo corpo, e os claros e escuros da imagem representam, res-
pectivamente, os tecidos mais e menos absorvedores de radiação
d) absorvida pelo corpo, e os claros e escuros na imagem são devidos à inter-
ferência dos Raios X oriundos de diversos pontos do paciente sob exame
e) refletida pelo corpo e parte absorvida, sendo que os escuros da imagem
correspondem à absorção e os claros, aos tecidos que refletem os raios X
8. (Ufrs 2001) Selecione a alternativa que preenche corretamente as lacunas
no texto abaixo.
A chamada experiência de Rutherford (1911-1913), consistiu essencial-
mente em lançar, contra uma lâmina muito delgada de ouro, um feixe de par-




tículas emitidas por uma fonte radioativa. Essas partículas, cuja carga elétrica
é ............................, são conhecidas como partículas ........................... .
a) positiva - alfa
b) positiva - beta
c) nula - gama
d) negativa - alfa
e) negativa - beta
9. (Ufrs 2001) A experiência de Rutherford (1911-1913), na qual uma lâmina
delgada de ouro foi bombardeada com um feixe de partículas, levou à conclu-
são de que
a) a carga positiva do átomo está uniformemente distribuída no seu volume.
b) a massa do átomo está uniformemente distribuída no seu volume.
c) a carga negativa do átomo está concentrada em um núcleo muito pequeno.
d) a carga positiva e quase toda a massa do átomo estão concentradas em um
núcleo muito pequeno.
e) os elétrons, dentro do átomo, movem-se somente em certas órbitas, cor-
respondentes a valores bem definidos de energia.
10. (Ufrs 2001) Considere as seguintes afirmações sobre o efeito fotoelétrico.
I - O efeito fotoelétrico consiste na emissão de elétrons por uma superfície
metálica atingida por radiação eletromagnética.
II - O efeito fotoelétrico pode ser explicado satisfatoriamente com a adoção
de um modelo corpuscular para a luz.
III- Uma superfície metálica fotossensível somente emite fotoelétrons quando
a freqüência da luz incidente nessa superfície excede um certo valor míni-
mo, que depende do metal.
Quais estão corretas?
a) Apenas I.
b) Apenas II.
c) Apenas I e II.
d) Apenas I e III.
e) I, II e III.
11. (Ufrs 2002) Selecione a alternativa que preenche corretamente as lacunas
no parágrafo a seguir, na ordem em que elas aparecem.
Na partícula alfa - que é simplesmente um núcleo de Hélio - existem dois
..................., que exercem um sobre o outro uma força ................. de origem
eletromagnética e que são mantidos unidos pela ação de forças ................. .
a) nêutrons - atrativa - elétricas
b) elétrons - repulsiva - nucleares
c) prótons - repulsiva - nucleares
d) prótons - repulsiva - gravitacionais
e) nêutrons - atrativa - gravitacionais
12. (Ufrs 2002) Os modelos atômicos anteriores ao modelo de Bohr, baseados
em conceitos da física clássica, não explicavam o espectro de raias observado


  -    

na análise espectroscópica dos elementos químicos. Por exemplo, o espectro


visível do átomo de hidrogênio - que possui apenas um elétron - consiste de
quatro raias distintas, de freqüências bem definidas.
No modelo que Bohr propôs para o átomo de hidrogênio, o espectro de
raias de diferentes freqüências é explicado
a) pelo caráter contínuo dos níveis de energia do átomo de hidrogênio.
b) pelo caráter discreto dos níveis de energia do átomo de hidrogênio.
c) pela captura de três outros elétrons pelo átomo de hidrogênio.
d) pela presença de quatro isótopos diferentes numa amostra comum de hi-
drogênio.
e) pelo movimento em espiral do elétron em direção ao núcleo do átomo de
hidrogênio.
13. (Ufrs 2002) O decaimento de um átomo, de um nível de energia excitado
para um nível de energia mais baixo, ocorre com a emissão simultânea de
radiação eletromagnética.
A esse respeito, considere as seguintes afirmações.
I - A intensidade da radiação emitida é diretamente proporcional à diferença
de energia entre os níveis inicial e final envolvidos.
II - A freqüência da radiação emitida é diretamente proporcional à diferença
de energia entre os níveis inicial e final envolvidos.
III- O comprimento de onda da radiação emitida é inversamente proporcional
à diferença de energia entre os níveis inicial e final envolvidos.
Quais estão corretas?
a) Apenas I.
b) Apenas II.
c) Apenas I e III.
d) Apenas II e III.
e) I, II e III.
14. (Puccamp 2002) Certa fonte radioativa emite 100 vezes mais que o tolerá-
vel para o ser humano e a área onde está localizada foi isolada. Sabendo-se
que a meia vida do material radioativo é de 6 meses, o tempo mínimo neces-
sário para que a emissão fique na faixa tolerável é, em anos, de
a) 4 b) 6 c) 8 d) 10 e) 12

15. (Ufc 2002) De acordo com a teoria da relatividade, de Einstein, a energia


total de uma partícula satisfaz a equação E2=p2c2+m02c4, onde p é a quantida-
de de movimento linear da partícula, m0 é sua massa de repouso e c é a velo-
cidade da luz no vácuo. Ainda de acordo com Einstein, uma luz de freqüência
v pode ser tratada como sendo constituída de fótons, partículas com massa de
repouso nula e com energia E = hv, onde h é a constante de Planck. Com base
nessas informações, você pode concluir que a quantidade de movimento li-
near p de um fóton é:
a) p = hc b) p = hc/v c) p = 1/hc d) p = hv/c e) p = cv/h

16. (Ufc 2002) O gráfico mostrado a seguir resultou de uma experiência na


qual a superfície metálica de uma célula fotoelétrica foi iluminada, separada-




mente, por duas fontes de luz monocromática distintas, de freqüências v1 =


6,0×1014 Hz e v2 = 7,5×1014 Hz, respectivamente. As energias cinéticas máxi-
mas, K1 = 2,0 eV e K2 = 3,0 eV, dos elétrons arrancados do metal, pelos dois
tipos de luz, estão indicadas no gráfico. A reta que passa pelos dois pontos
experimentais do gráfico obedece à relação estabelecida por Einstein para o
efeito fotoelétrico, ou seja,
K = hv – φ,
onde h é a constante de Planck e φ é a chamada função trabalho, característica
de cada material.
Baseando-se na relação de
Einstein, o valor calculado de φ, em
elétron-volts, é:
a) 1,3
b) 1,6
c) 1,8
d) 2,0
e) 2,3
17. (Ufc 2002) A função trabalho de um dado metal é 2,5 eV.
a) Verifique se ocorre emissão fotoelétrica quando sobre esse metal incide
luz de comprimento de onda λ=6,0×10 -7 m. A constante de Planck é
h ≈ 4,2×10-15 eV.s e a velocidade da luz no vácuo é c = 3,0×108 m/s.
b) Qual é a freqüência mais baixa da luz incidente capaz de arrancar elétrons
do metal?
18. (Ufc 2003) O urânio -238 {92U238, número de massa A = 238 e número
atômico Z = 92} é conhecido, entre outros aspectos, pela sua radioatividade
natural. Ele inicia um processo de transformações nucleares, gerando uma
série de elementos intermediários, todos radioativos, até resultar no chumbo-
206 {32Pb206} que encerra o processo por ser estável. Essas transformações
acontecem pela emissão de partículas á {núcleos de hélio 2He4} e de partícu-
las â (a carga da partícula â é a carga de um elétron). Na emissão á, o número
de massa A é modificado, e na emissão â, o número atômico Z é modificado,
enquanto A permanece o mesmo. Assim, podemos afirmar que em todo o
processo foram emitidas:
a) 32 partículas α e 10 partículas β.
b) 24 partículas α e 10 partículas β.
c) 16 partículas α e 8 partículas β.
d) 8 partículas α e 6 partículas β.
e) 4 partículas α e 8 partículas β.
19. (Ufrn 2003) A natureza do processo de geração da luz é um fenômeno
essencialmente quântico. De todo o espectro das ondas eletromagnéticas, sa-
bemos que a luz vísivel é a parte desse espectro detectada pelo olho humano.
No cotidiano vemos muitas fontes de luz BRANCA, como o Sol e as lâmpa-
das incandescentes que temos em casa. Já uma luz VERMELHA monocromá-
tica - por exemplo, de um laser - temos menos oportunidade de ver. Esse tipo
de luz laser pode ser observada tanto em consultório de dentistas quanto em


  -    

leituras de códigos de barras nos bancos e supermercados. Nos exemplos


citados, envolvendo luz branca e luz vermelha, muitos átomos participam do
processo de geração de luz.
Com base na compreensão dos processos de geração de luz, podemos
dizer que a
a) luz vermelha monocromática é gerada pelo decaimento simultâneo de vá-
rios elétrons entre um mesmo par de níveis atômicos.
b) luz branca é gerada pelo decaimento simultâneo de vários elétrons entre
um mesmo par de níveis atômicos.
c) luz vermelha monocromática é gerada pelo decaimento simultâneo de vá-
rios elétrons entre vários pares de níveis atômicos.
d) luz branca é gerada pelo decaimento sucessivo de um elétron entre vários
pares de níveis atômicos.
20. (Ufc 2004) Quanto ao número de fótons existentes em 1 joule de luz
verde, 1 joule de luz vermelha e 1 joule de luz azul, podemos afirmar, corre-
tamente, que:
a) existem mais fótons em 1 joule de luz verde que em 1 joule de luz vermelha
e existem mais fótons em 1 joule de luz verde que em 1 joule de luz azul.
b) existem mais fótons em 1 joule de luz vermelha que em 1 joule de luz verde
e existem mais fótons em 1 joule de luz verde que em 1 joule de luz azul.
c) existem mais fótons em 1 joule de luz azul que em 1 joule de verde e exis-
tem mais fótons em 1 joule de luz vermelha que em 1 joule de luz azul.
d) existem mais fótons em 1 joule de luz verde que em 1 joule de luz azul e
existem mais fótons em 1 joule de luz verde que em 1 joule de luz vermelha.
e) existem mais fótons em 1 joule de luz vermelha que em 1 joule de luz azul
e existem mais fótons em 1 joule de luz azul que em 1 joule de luz verde.

ÚLTIMAS PALAVRAS AOS ALUNOS


Caros alunos!
Neste pouco tempo de convívio com vocês, quisemos mostrar algumas
facetas do que pode ser estudado em Física.
Muitos assuntos importantes amplamente descritos em outros livros didá-
ticos foram deixados nos módulos de Física, mas de forma alguma podem ser
esquecidos. Pelo contrário, a união dos diferentes modos de abordar a Física
pode mostrar a vocês a abrangência e a importância dessa matéria no cotidia-
no. Diversos fenômenos observados na natureza podem ser explicados atra-
vés de leis e formulações elaboradas ao longo dos séculos. Percebam a liga-
ção entre a vida cotidiana e a ciência, como é tudo fabuloso!
O conteúdo dos módulos apresentados são, muitas vezes, complementa-
res aos livros textos, que devem ser também usados na recordação do que
aprenderam nos anos do segundo grau, para se prepararem para os exames de
ingresso no nível superior.
Nos diversos ramos da Física, muita coisa ainda precisa ser profundamen-
te estudada. Uma teoria só é sustentável se ela puder ser confirmada nos mais
diferentes casos existentes, considerando-se sempre os limites de validade.
A continuidade do desenvolvimento científico e tecnológico depende sem-
pre de uma nova geração, da qual hoje vocês fazem parte! Para chegar lá , é




preciso estudar muito, pois se de um lado já se tem muita coisa desvendada,


por outro lado temos um vasto conhecimento a adquirir... Não deixem nunca
de se aprimorar , de avançar nos conhecimentos , cada qual na sua área de
trabalho, qualquer que ela seja. Boa escolha, bons estudos e boa sorte! Até
breve,
Os coordenadores da Física

Referências Bibliográficas
ALONSO, M. & FINN, E. J. Física. Wilmington, Addison-Wesley
Iberoamericana, 1995.
AMALDI, E. & AMALDI, G. Corso di Fisica. Bologna, N. Zanichelli, 1956.
AMALDI, U. “ Imagens da Física” Curso Completo. Editora Scipione ,1997
EINSTEIN, A. & INFELD, L. A evolução da física. Rio de Janeiro, Ed.
Guanabara, 1988.
FEYNMAN, R. P. QED A estranha teoria da natureza da luz e da matéria.
Lisboa, Ed. Gradiva, 1992.
GASPAR, A. Eletromagnetismo e Física Moderna. São Paulo, Ed. Ática,
2000.
GREF (Grupo de Reelaboração do Ensino de Física). Física 3: Eletromagne-
tismo. São Paulo, Edusp, 1999.
HALLIDAY, D.; RESNICK, R. & WALKER, J. Fundamentals of physics. 5ª
ed. New York, JohnWiley, 1997.
JÚNIOR, D. B. Tópicos de Física Moderna. São Paulo, Ed. Companhia da
Escola, 2002.
NUSSENZVEIG, H. M. Curso de física básica 4. 1ª ed. São Paulo, Ed.
Edgar Blücher, 1998.
OLDENBERG, O. “ Introduction to Atomic Phisics “ , Mc Graw-Hill Book
Company, Inc. 1954.
SEARS, F.; YOUNG, H. D.; ZEMANSKY, M. W. Física 4 LTC. Rio de
Janeiro, Livros Técnicos e Científicos, 1995.
TIPLER, P.A. Física Moderna. Rio de Janeiro, Ed. Guanabara, 1995.
USBERCO, J. & SALVADOR, E. Química. 5ª ed. São Paulo, Ed. Saraiva,
2002.

Sobre os autores
Guilherme Brockington
Licenciado em Física desde 2000 pela UFJF. Foi professor de Física do
Ensino Médio da rede pública. Atualmente faz Mestrado em Ensino de Ciên-
cias no Instituto de Física e na Faculdade de Educação da USP, além de parti-
cipar de outras atividades voltadas para o ensino sendo professor em cursos
de formação continuada de professores. Dedica-se também à produção de
material didático sobre Física Moderna para alunos do Ensino Médio.

Wellington Batista de Sousa


  -    

Licenciado em Física pelo Instituto de Física da Universidade de São Pau-


lo, professor de Física na rede estadual e rede particular de ensino e professor
de Física no curso MED Vestibulares. É integrante do grupo de pesquisa sobre
ensino de Física Moderna no ensino médio de escolas estaduais

Nobuko Ueta
Docente do IFUSP e doutora em Física Nuclear . Desenvolve pesquisa em
Física Nuclear Experimental. Participou de atividades didáticas no bacharela-
do e na licenciatura em Física .


Anotações
Anotações
Anotações

Você também pode gostar