Você está na página 1de 19

10

INTRODUÇÃO

Artes Visuais no ensino infantil tem demonstrado um descompasso entre


os caminhos apontados pela produção teórica e a prática pedagógica.
Pois poderíamos dizer que a arte é um produto humano que utilizando
conhecimentos, técnicas e um estilo particular transmitem experiências de vida
ou uma visão de mundo despertando emoção em quem a aprecia.
Desde muito cedo antes mesmos da criança entrar na escola, já tem sua
infância marcada pelas expressões artísticas muito fortes, ela já desenha,
pinta, constrói escultura com areia, canta e dança, quando esta vendo um
desenho animado na TV, toca instrumentos (bate panelas, palmas, colher
quando está comendo), imagina e cria suas potencialidades de expressões
artísticas que não ocorre na escola, e sim, no seu dia-a-dia.
A criança também pode ter acesso a manifestações artísticas de
diferentes naturezas, seja por meio da mídia, da arte produzida pela
comunidade, da arte das ruas, dos grifes nos muros, das placas de sinais de
trânsito, nos cartazes de propaganda e etc.
Embora as visões da arte foram-se transformando no decorrer do tempo,
é comum ver os adultos fazerem uma boa parte dos trabalhos das crianças
considerando as incapazes de produzir seu próprio produto. Em muitas escolas
as atividades de arte são propostas sem aproveitamento de construção.
Sendo assim, cabe às escolas buscar fontes inovadoras, que ampliem
contato com as expressões artísticas promovendo: passeios em museus
históricos, exposições com obras de artes, teatros e cinemas, assistindo peças
infantis adequadas à sua idade, para que assim a criança possa ser melhor
produtora, conhecedora, pois nesse possesso ela interioriza seu mundo
interno, sua personalidade e seu modo de ver e sentir as coisas.
Ela traça um percurso de criação e construção individual que envolve
escolhas, experiências pessoais, aprendizagens, relação com matérias e
sentimentos. Embora a relação seja exclusividade das crianças, cabe ao
professor alimentar esse percurso de forma intencional, oferecendo propostas
e experiências variadas.
11

CAPITULO 1: A ARTE DE APRECIAR NA APRENDIZAGEM

A maioria dos seres humanos habituou-se a pensar e agir de acordo


com o protótipo cartesiano, deixando de lado suas emoções, a intuição, a
criatividade.
A visão do homem como um todo, é a linha pra o desenvolvimento
absoluto do indivíduo. Ao utilizar mais o hemisfério esquerdo, a imaginação, a
criatividade, a visão global, a facilidade de memorizar, fica comprometidas, pois
se situam no hemisfério direito.
Ao estimular o aluno a desenhar de forma não convencional, de modo
que o hemisfério esquerdo ache a tarefa tediosa e desista de exercer o controle
total, entregando o cargo ao hemisfério direito, a criatividade, a imaginação e a
memória também serão estimuladas.

“Existem sete tipos de inteligência no ser humano que


são estimuladas e expressas de formas diferentes, de
acordo com cada pessoa. São elas: Verbal – lingüística -
lógica – matemática -; Musical; Corporal – sinestésica;
Visual – espacial; Interpessoal e Intrapessoal”.
(GARDNER, 1996,p.102)

Outros indivíduos, com um pequeno estímulo, descobrem o potencial


artístico que têm e se lançam no mundo das artes, criando obras. A partir disto,
muitos professores vêem seus alunos conseguindo.
Concentrar-se para fazer as suas atividades escolares e encontrando
mais facilidade na aprendizagem das matérias.
O conhecimento é o resultado das ações e influência mútua entre
professores e alunos, ou seja, é uma construção organizada desde a infância.
Desse modo o ensino da arte deve estar inserido na educação infantil.

“O processo de democratização política do país acirrou o


preconceito, contra as artes na escola, não somente
porque seu ensino é fraco, mas porque sua
obrigatoriedade nasceu de uma exigência da lei
educacional imposta pela ditadura militar”. (BARBOSA,
1996, p.93).
12

Diante disso, nota-se que a maioria dos professores de arte, trabalha


com uma mistura de concepções.
Na década de 1970, o currículo da escola relativo ao ensino de arte,
mantinha ainda o ideal tradicional da “escola nova”, priorizando a prática
pedagógica imitativa dentro do ponto de vista da reprodução, que inclui o
comando dos conteúdos de maneira obstrutiva, apreciando a técnica de tramar
o material na capacidade expressiva.
Dessa forma, os professores nesta época, eram obrigados a atuar em
todas as linguagens artísticas, independentemente de sua formação ou
habilitação, com o objetivo de acatar as exigências da LDB 1 vigente, que
determinava que a educação artística fosse uma disciplina polivalente.
Na década de 1980, os professores de arte passaram a promover
discussões sobre as tendências modernas no ensino de arte, avaliando a
situação deste ensino e da produção cultural nas diversas instâncias do ensino
a partir de referências genéricas,
Discutindo o espaço da arte no ensino oficial, tendo em vista a nova LDB,
promovendo uma atualização na pauta de exigências proposta pelos
professores de arte, em função do momento político e educacional, discutindo
alternativas de trabalho nas diferentes linguagens da arte, como a música, o
teatro as artes visuais e a dança.
Ocorreu por volta de 1988 o início das discussões da nova LDB, quando
os professores de arte mobilizam-se com o objetivo de aprovar o ensino da arte
como sendo obrigatório no currículo escolar e a garantia do direito de
desenvolvimento cultural e, dever do Estado na garantia deste direito.
Na década de 1990, mais precisamente em 20 de dezembro de 1996, a
nova LDB é aprovada e o movimento de união dos professores sai vencedor,
pois de acordo com o artigo 26 o ensino da arte passa a ser obrigatório12no
currículo escolar.

“O ensino de arte constituirá componente


curricular obrigatório, nos diversos níveis da educação
básica, de forma a promover o desenvolvimento cultural
dos alunos”. (LDB,9394/96,art.26,§2).

1
13

Entende que o ensino de arte deve ser praticado, como uma obra
solícita, uma vez, que esta área de ensino mira o preparo da linguagem
artística, através da chegada da tecnologia, aumentando o leque da paisagem
considerada estética, reocupando-se em fazer com que o aluno, seja capaz de
escolher os elementos que sejam relevantes no sentido de informar-se, sem a
mínima, interferência de um adulto.
14

CAPITULO 2: OBSERVAÇÃO NAS ARTES VISUAIS NA EDUCAÇÃO


INFANTIL.

As artes visuais oferecem às crianças um modo para explorarem e


expressarem entendimentos do mundo, devendo ser integradas às atividades
escolares como linguagens adicionais disponíveis dentro da disciplina “Arte”.
Os alunos devem ter atividades como pintura, colagem e trabalhos com
argila, estão disponíveis as crianças diariamente, cabendo ao professor as
providências para que todos se envolvam num longo projeto durante todo o
período da aula.
Os professores devem anotar metodicamente o processo e os
resultados de seu trabalho com os alunos, com o objetivo de oferecer aos
mesmos uma memória concreta e visível do que disseram e fizeram, a fim de
servir como ponto de partida para os próximos passos na aprendizagem, sendo
que tais anotações servirão de instrumento para pesquisas e análise visando à
melhoria das aulas, além de oferecer aos pais informações detalhadas sobre o
desenvolvimento das crianças na sala de aula.
É preciso que o professor de arte não se prenda a rotinas e a tarefas
acadêmicas, sendo necessário que prime pelo incentivo à criatividade dos
alunos, buscando para isso aulas onde o desenho livre seja uma constante. Os
alunos devem ser mira de ensino e de elogios.
É preciso ainda um esforço dos professores para o desenvolvimento do
gosto pelas artes visuais nos alunos, o que pode se dar através da provocação
do potencial imaginativo dos alunos, ao se fazer a releituras de obras de alguns
artistas famosos, promovendo a observação, o estudo e a compreensão das
obras de arte, percebendo as imagens e experimentando técnicas artísticas.

“A Arte no sentido tradicional e a Arte das


obras de Arte, voltam à ordem do dia, por outro lado a
sede da experiência estética explode na sociedade: não
sob a forma do design generalizado e de uma higiene
social universal das formas, nem da libertação estético –
revolucionária da existência, mas sob pressão do
15
15

desenvolvimento do produto estético - não se dirá obra


de Arte – para fazer mundo, para operar uma criação de
comunidade, ou de comunidades. Essa onipresença da
cultura vem levantar uma série de questões, sobretudo
relativamente à centralidade da Arte no seio da cultura
contemporânea.” (PESSI: 1994 p.34).

Os professores que demonstram interesse, no ensino de artes


preocupam-se com a situação de paralisação nas práticas pedagógicas do
ensino de artes visuais, uma vez que não se propõem alternativas novas com
vistas a este aprendizado, sendo que um programa só será adequado se os
alunos aprenderem, planejarem e refletirem sobre suas atividades, analisando
com criticidade as produções realizadas por si e seus colegas.
16

CAPITULO 3: SÍNTESE DOS SÍMBOLOS USADOS NAS IMAGENS EM


ARTES VISUAIS.

Crê-se que, a título de esclarecimento, se faz necessário um apanhado,


elucidando as divisões das artes visuais, com o intuito de que o professor
possa entender mais a respeito da mesma e, assim aplicá-la em sala de aula
adequadamente.

3.1 Alfabeto Visual

Todas as linguagens têm um sistema próprio de organização. A


linguagem visual também possui seu código, ou seja, os elementos que servem
para formar suas mensagens. Compreende-se e usufrui-se melhor destas
mensagens quando se conhecem seus elementos constituintes, as estratégias
utilizadas e o funcionamento desses recursos sobre a sensibilidade, ou seja, o
“alfabeto” visual.

3.2 Signo Marca Sinal.

Ao caminhar pela areia, são deixados rastros, marcas dos pés, sinais.
Quando o corpo, ou um instrumento entra em contato com uma superfície são
produzidas marcas que podem ser voluntárias ou involuntárias. Quando se tem
a intenção de transmitir idéias, essas marcas são chamadas de signos que são
formas associadas a uma idéia. Pelos signos as pessoas comunicam-se umas
com as outras, transmitindo mensagens.
Quando são produzidos sinais voluntários, não espontâneos, com o
intuito de comunicar idéias, de acordo com a superfície, podem ser escolhidos
instrumentos como lápis, pincel, giz, caneta, etc., que produzirão as chamadas
marcas gráficas, que têm várias configurações.
17
17

3.3 Ponto

Um ponto numa página em branco parece pouco, mas é muito


diferenciador de uma página totalmente em branco. A utilização do ponto como
marca gráfica é indefinida.
O ponto é o sinal gráfico mínimo e elementar, caracterizado por uma
localização em um espaço.
Quando os pontos são multiplicados, seu poder de expressão e de
comunicação amplia-se, sendo certo que o distanciamento, disposição,
quantidade e cor também influenciam no efeito dos pontos sobre a superfície.
Eles podem criar idéias, comunicar sensações, dar idéia de movimento, ritmo,
luz, sombra, volume, atmosfera. Quando colocados em fila, por exemplo, criam
à idéia de linha.

3.4 Linha

No universo escolar, podem ser citados vários exemplos de linhas: linha


do horizonte, linha divisória entre estados, linha definida pela margem de um
rio, linha de contorno dos objetos, etc.
A linha é uma marca contínua ou com aparência contínua. Quando
traçada com o auxílio de qualquer instrumento sobre uma superfície, chama-se
linha gráfica e é sinal mais instável, pois pode sugerir movimento e ritmo,
comunicar sentimentos e sensações.
Os artistas plásticos exploram as possibilidades expressivas das linhas,
principalmente pela maneira como realizam o contorno das figuras,
transmitindo dinamismo, velocidade, arrojo, harmonia, musicalidade, violência,
agressividade, medo, dor, etc.
As linhas definem as figuras e as formas. As figuras que têm dois lados
idênticos são chamadas de simétricas. Há diversas maneiras de utilizar a linha
com fins artísticos e decorativos.
1818

3.5 Proporção

Ao observar com atenção as dimensões (altura e largura) de uma


árvore, vê-se que há relações entre esses dois dados. Se, deseja desenhá-la,
há que se observarem essas relações, que nada mais são do que as
proporções, ou seja, as relações matemáticas existentes entre as medidas.
Essas dimensões continuam as mesmas mesmo quando o desenho é reduzido
ou ampliado.
Quando as proporções não são respeitadas os desenhos ou trabalhos
podem apresentar problemas, porém há artistas que exploram justamente a
falta de proporção ou a quebra das proporções para darem aos seus trabalhos
um clima estranho e inquietante.

3.6 Superfície e Textura

Quando se desenha ou pinta, coloca marcas sobre uma superfície:


papel, tela, cartolina, tecido, madeira, parede, etc.
Quando uma superfície é atentamente observada, percebe-se que suas
características podem ser diferentes da impressão dada à primeira vista. Uma
superfície aparentemente lisa pode se mostrar, vista por meio de uma lente,
com outra personalidade: enrugada, esponjosa, crespada, aveludada,
acetinada, felpuda, granulada, ondulada. Estes aspectos da trama e do
entrelaçamento das fibras constituem a superfície chamada de textura.
Cada tipo de textura pode provocar um tipo de sensação. Seja por trazer
alguma lembrança ou por estimular alguma forma de impressão sensorial. A
combinação de texturas diferentes num desenho ou numa pintura produz
efeitos interessantes e surpreendentes.

3.7 Cores

Embora os efeitos estéticos alcançados pelo preto e pelo branco sejam


muito apreciados, as cores fazem parte da vida, e não é possível imaginar o
mundo sem elas.
1919

Algumas pessoas gostam de cores espalhafatosas em tudo que usam


ou possuem, outras preferem cores mais suaves e discretas, donde se conclui
que as cores auxiliam na composição e na definição da personalidade.
As cores exercem efeito sobre as pessoas, sendo correto afirmar que
não é possível ficar durante muito tempo num ambiente exageradamente
colorido e, que um ambiente com cores claras e suaves que predispõem á
calma e à paz.
São cores quentes aquelas em que prevalecem os tons de vermelho e
laranja e, cores frias aquelas em que prevalecem os tons de azuis e verdes.
As cores também podem transmitir idéias e conceitos, tendo uma função
simbólica muito importante no dia-a-dia das pessoas. Quando associada a uma
idéia, numa determinada circunstância, a cor funciona como um símbolo, por
exemplo: Branco = paz, pureza, alegria; Vermelho = perigo, paixão, revolução;
Preto = luto; Amarelo = atenção; Rosa = sexo feminino (para os bebês); Azul =
sexo masculino; Violeta = quaresma, paixão de Cristo.
As cores são organizadas de acordo com a relação com as três cores
principais, chamadas de primárias (vermelho, amarelo e azul), sendo que
destas derivam as cores secundárias. Entre si as cores se complementam por
oposição. Cada uma das cores primárias tem sua cor complementar. Por
exemplo: ao olhar fixamente para a cor vermelha, por cerca de trinta segundos
e, olhar imediatamente para uma superfície branca, vê-se a cor verde, assim à
cor complementar do verde é o vermelho, sendo que o mesmo se dá ao
contrário.
Quando são misturadas, as cores complementares produzem o cinza
neutro. Os efeitos das cores podem interferir em todas as criações visuais e as
fotografias, desenhos, pinturas, cartazes, filmes, desenhos animados e
qualquer tipo de trabalho que utilize de cores pode explorar esses efeitos.

3.8 Luz, Sombra e Volume.

Quando há luz, há também sombra, e essa conjugação dos dois


elementos permite a percepção do volume. Luz e sombra são inseparáveis.
Sempre que ocorrer uma mudança na fonte luminosa, haverá uma mudança na
2020

sombra. Um mesmo objeto exposto à luz do meio-dia, ou à luz do fim da tarde,


ou ainda à luz de uma vela pode ser percebido com aspectos diferentes.
O contraste entre luz e sombra é chamado de efeito claro-escuro. Os
artistas da Renascença utilizaram esses efeitos por meio da técnica do
esfumado, que dá à pintura as gradações estabelecidas pela luz. Um objeto
exposto à luz tem partes iluminadas e partes que ficam à sombra. Além disso,
esse mesmo objeto projeta uma sombra sobre a superfície em que está
colocado.
Ao observar-se a realidade, pode perceber esses efeitos de luz e
sombra, mas eles são bem fáceis de serem observados quando um objeto
simples e sólido é sob a luz direta do sol. Há uma sombra no objeto e uma que
é correspondente de onde provem os raios de luz. À medida que a luz se
modifica, a sombra também se transforma.
Entretanto um objeto pode estar numa situação em que diversas fontes
de luz atuem sobre ele, ou que a fonte de luz seja artificial e tenha
características próprias, criando diferentes efeitos.
Vale lembrar alguns princípios fundamentais:
A sombra projetada é sempre mais intensa que a sombra do próprio
objeto;
A luz direta produz uma sombra mais contrastante que a luz difusa;
A sombra própria nas diversas faces de um sólido com vários lados tem
intensidade diferente em cada uma das faces;
A sombra projetada sobre uma superfície curva apresenta uma
gradação.

3.9 Espaço

Quando uma figura plana é colocada sobre um fundo chapado, não se


tem a idéia de espaço, uma vez que a figura fica colocada no fundo. Mas se a
mesma figura é atingida pela luz, surgem sombras. Essa impressão de
profundidade é muito importante na criação artística.
A relação do observador com o espaço é muito variável. Quando se está
a certa distância de um objeto, tem-se uma idéia de suas dimensões, e ao
aproximar-se dele essa idéia se transforma. A dimensão dos objetos é
21

proporcional à distância que se está em relação a eles. Isso é levado em


consideração quando um pintor planeja um quadro.
Além desse efeito, o pintor pode criar a idéia de distância utilizando as
cores, ou seja, colocando cores intensas, em objetos mais próximos e um véu
azulado ou esfumaçado, que intensifica a idéia de afastamento, nos objetos de
fundo.
O efeito de espaço pode ser definido também pelo desenho, com maior
detalhamento dos objetos mais próximos e menor detalhamento dos objetos
mais distantes.

3.10 Perspectiva

Ao observar-se uma linha de trem, tem-se a impressão que as duas


linhas do trilho se unem no final e se tocam. A esse efeito dá-se o nome de
perspectiva: a percepção visual de um espaço por meio de linhas paralelas que
convergem a um ponto, o ponto de fuga. A representação desse fenômeno no
desenho, ou seja, aquela estratégia que dá efeito de profundidade, também é
chamada de perspectiva.
O estudo sistemático da perspectiva apenas passou a ter importância no
século XV, quando os artistas deixaram de trabalhar intuitivamente,
espontaneamente, para procurarem base na geometria científica.
De um ponto de vista mais simples, a perspectiva é uma técnica que
permite transferir para o desenho a impressão que os olhos têm quando
observam um espaço em que há objetos mais distantes.
Uma imagem desenhada em perspectiva não será jamais igual à
imagem vista por um olho só, pois apenas com a visão dos dois olhos é que se
percebem as três dimensões dos objetos.

3.11 Composição

A combinação de elementos do alfabeto visual é a composição: escolhe-


se, seleciona-se e organiza os componentes do trabalho de acordo com uma
idéia inicial, um projeto que busca um resultado estético.
22
22

A partir da primeira idéia, constroem-se rascunhos, esboços, estudos,


esquemas, que analisa os rascunhos e reflete-se acerca desses estudos,
transformando, ajustando-os e reformulando-os até que satisfaçam e
correspondam ao desejado. Esse trabalho exige concentração, disciplina,
paciência e tempo. Ao se fazer isso de qualquer maneira, o resultado não será
bom.
Ao observar-se uma obra visual pode-se compreender que a mesma é
resultado de um projeto inicial e de um trabalho de pesquisa de composição em
que os vários elementos que se compõe o alfabeto visual.

“Cada um lê com os olhos que tem. E


interpreta a partir de onde os pés pisam.
Todo ponto de vista é à vista de um ponto.”
(Boff, 2006, p.25).
23

CAPITULO 4: O ENSINO DA ARTE NA EDUCAÇÃO INFANTIL.

A apreciação da arte no espaço artístico, que baseia a pedagogia,


configura-se atualmente, numa solução de coincidências, que dão conta da
produção, circulação e distribuição das idéias artísticas, bem como da
formação de artistas.
Nas escolas, as habilidades manuais são valorizadas pelos professores
e o ensino é voltado para a produção livre e criativa. As atividades que
compõem o ensino da arte devem levar em consideração os aspectos
funcionais e aplicação.
A psicologia não deve, estar contida no aprendizado da arte, pois,
fragmentam o processo de ensino, porque ao ser, aplicada ao ensino artístico,
ocorre a não compreensão da área como trabalho de investimento de um tipo
específico de conhecimento e como trabalho criativo, portanto, atribui-se a esse
fator, o desvio da função da arte na escola, que passa a ser entendida como,
terapia e não, como área de conhecimento.

“A concepção estética escolanovista” é


proveniente de: a) estruturação de experiências
individuais de percepção, de integração, de um
entendimento sensível do meio ambiente (estética de
orientação pragmática com base na Psicologia
Cognitiva); b) expressão, revelação de emoções, de
insights, de desejos, de motivações experimentadas
interiormente pelos indivíduos (estética de orientação
expressiva apoiada na Psicanálise)¨. (FUSARI, M. &
FERRAZ, M.H. 1993, p.76).

As aulas de artes concentram-se em objetivos que visam o


desenvolvimento da criatividade dos alunos com atividades motivadoras e que
os sensibilizem, fazendo com que aprenda a disciplina sem a intervenção direta
do professor que é apenas o facilitador da aprendizagem.
2424

O ensino de artes nas escolas vem incomodando, professores e


pedagogo devido á sua má qualidade, por isso estes profissionais têm se
dedicado à construção de uma mentalidade crítica, com o objetivo de aumentar
a valorização do Ensino de Arte.
É preciso entender que o trabalho criador é decorrência das
intercessões ocorridas no dever das necessidades dos alunos, determinadas
pelas suas relações sociais, ligadas ao seu tempo e espaço. Os alunos, com
sua criatividade, organizam seu modo de ver, ouvir, representar e movimentar-
se através da crítica, que é constituída por composições artísticas e que grava
a interferência no espaço e no tempo como uma ação.
25

CAPÍTULO 5: SUGESTÕES DE ATIVIDADES.

5.1 Colagem:

Na colagem, o aluno usará a arte da reciclagem para recortar e


reaproveitar figuras, pinturas, desenhos e colar em superfícies para dar um
novo sentido à obra reciclada. O professor também pode incentivar a
criatividade dos alunos, fazendo com que a colagem siga de qualquer maneira,
pedindo para que depois analisem e visualizem o que foi feito, podendo
aparecer nos trabalhos paisagens, seres estranhos, formas.
É importante a compreensão do professor no sentido de incentivar a
comunicação visual, a espontaneidade e a expressividade dos alunos.

5.2 Desenhos

O professor deve mostrar aos alunos algumas figuras pré-selecionadas


e, posteriormente pedir a eles que escolham uma para desenharem a lápis.
Feito isto, pede-se aos alunos que redesenhem a figura escolhida com
canetinha, fazendo o contorno, para criarem opções de posições e feições.
Depois é só escolher a técnica utilizada para a pintura, se lápis de cor,
giz de cera ou mesmo a caneta hidrocor.

5.3 Pintura

O professor deverá dividir os alunos em grupos e distribuir aos grupos


silhuetas de desenhos, de animais (cachorro, gato, pássaros, ratos, etc.), ou de
objetos (telefone, bonecas, árvores, etc.).
Feito isto, deverá disponibilizar materiais como lápis de cor, giz de cera,
canetas hidrocor, tinta guache, pincel apontadores e algodão para cada grupo,
permitindo que todos tenham acesso a todos os materiais.
Depois, pede-se a cada grupo que escolha a técnica de pintura que vai
usar e, mãos à obra!
2626

É certo que o professor deve participar com elogios e incentivo,


promovendo a criatividade e a livre forma de expressar-se do grupo, não
exigindo, por exemplo, que toda árvore seja verde, ou impondo que o cachorro
não pode ser cor-de-rosa.

“Produção de arte faz a criança pensar


inteligentemente acerca da criação de
imagens visuais, mas somente a produção
não é suficiente para a leitura e o
julgamento de qualidade das imagens
produzidas por artistas ou do mundo
cotidiano que nos cerca. Preparando-se
para o entendimento das artes visuais se
prepara à criança para o entendimento da
imagem quer seja arte ou não.”
(BARBOSA, 2006, p.141).
27 27

CONCLUSÃO.

No que diz respeito à compreensão da relação entre criatividade,


imaginação, ensino de arte e cultura, pressupõe-se o encontro de um novo
modelo para o ensino de arte.
Existem alguns conceitos que complexificam a compreensão da arte
nos últimos anos, e que dificultam uma apreciação mais delicada para o ensino
desta disciplina.
O professor deve levar em conta que o aluno não aprende uma
habilidade isolada, mas concomitantemente, aprendendo outras coisas no
gênero de gostos, aversões, desejos, inibições, inabilidades, enfim que toda a
situação é um complicado contra-senso, que não permite um comportamento
constante nem ortodoxo.
Assim, pode ser visto que o papel do professor é mais abrangente do
que toda a ciência de que se possa utilizar. É que o processo educativo se
identifica com um processo de vida, não tendo outro fim, senão o próprio
crescimento individual do aluno, entendendo esse crescimento como um
acréscimo ao seu conhecimento, uma modificação no seu comportamento
instigando sua criatividade, seu senso crítico, sua imaginação e sua
expressividade.
A participação do professor na elaboração dos objetivos do ensino da
arte é lhe dado por entender-se que ele detém maior experiência e
conhecimento da disciplina, sendo que através de atividades em sala de aula
os alunos poderão desenvolver o gosto pelas artes, em especial pelas artes
visuais.
Por fim, acredita-se que com a introdução do ensino da arte visual na
disciplina arte, o aluno passará ter maior potencial de construção, elaboração
criação e imaginação.
28
28

BIBLIOGRAFIA

BARBOSA, Ana Mãe. A imagem no ensino da arte. São Paulo:


Perspectiva, 1991.
______________Tópicos Utópicos. Belo Horizonte: C/ Arte, 1998.
BOSSA, N. A. A Piscopedagogia no Brasil: contribuições a partir da
prática. Porto Alegre: Artes Médicas, 1994.
BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Lei n° 9.394/96,
de 20 de dezembro 1996.
_______.Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação
Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais. Artes, vol.6: Brasília:
MEC/SEF, 1997.
_______. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação
Fundamental. Referenciais Curriculares Nacionais para a educação
infantil. Conhecimento de Mundo-3 v. Brasília: MEC/SEF, 1998.
De CAMILIS, Lourdes Stamato. Criação e Docência em Arte. J M Editora.
1ª ed. Araraquara, 2002.
FUSARI, Maria F. de Rezende e, FERRAZ, Maria Heloisa C. de Toledo.
Arte e Educação.
GARDNER, Howard. Mentes que Criam. Porto Alegre: Artes Médicas,

1996.

PESSI, Maria Cristina A S. Aos professores de arte: o que fundamenta


nossas ações? In: O Ensino da arte em foco. Florianópolis:
Departamento Artístico-Cultural. UFSC, 1994.
SOUZA, Aline Correia de. FERRAZ, Lucila Soares P. Música, movimento e
Artes Visuais. Coleção Novos Caminhos. Editora Difusão Cultural do
Livro 1ª ed. São Paulo, 2006.

Você também pode gostar