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Educação Brasileira

na

Contemporaneidade

Profª. Ms Denise Severo

1
A constituição do direito à
educação, na era dos direitos
 Para que hoje tenhamos o direito à educação
declarado em nossa legislação, houve um percurso
histórico. Primeiro tivemos que conquistar o direito
de ter direitos para que assim deixássemos de ser
súditos para sermos cidadãos, depois tivemos que
construir um Estado democrático para que estes
direitos pudessem ser garantidos, e, por fim, com as
transformações sociais, políticas e econômicas que
ocorreram em nossa sociedade, tivemos a evolução
dos direitos sociais ocorrendo de acordo com as
necessidades da população, originando o direito à
educação e, mais recentemente, o direito ao
ensino médio.

2
A conquista dos direitos
 Os cidadãos passaram a ter direitos, de acordo
com a doutrina filosófica jusnaturalista, a partir da
modificação na ótica de análise da sociedade,
que passou a ser vista do ponto de vista individual
e não mais de um grupo. Nesta concepção,
primeiro vem o indivíduo e depois o Estado, pois
esse é constituído pelos indivíduos. Do ponto de
vista dos indivíduos, primeiro vêm direitos e depois
deveres; do ponto de vista do Estado, primeiro
vêm os deveres e depois os direitos.

3
Para que tivéssemos o direito de ter
direitos, várias transformações na
sociedade tiveram que ocorrer. Segundo
Norberto Bobbio (1992) os direitos são
históricos e nascem devido a certas
circunstâncias e não nascem todos de
uma vez só e nem para sempre.

4
Norberto Bobbio (1992) cita exemplos de conquista de direitos:
[...] a liberdade religiosa é um feito das guerras de religião; as
liberdades civis, da luta dos parlamentares contra os soberanos
absolutos; a liberdade política e as liberdades sociais, do
nascimento, crescimento e amadurecimento do movimento dos
trabalhadores assalariados, dos camponeses com pouca ou
nenhuma terra, dos pobres que exigem dos poderes públicos não
só o reconhecimento da liberdade pessoal e das liberdades
negativas, mas também a proteção do trabalho contra o
desemprego, os primeiros rudimentos de instrução contra o
analfabetismo, depois a assistência para a invalidez e a velhice,
todas elas carecimentos que os ricos proprietários podiam satisfazer
por si mesmos. (..) (BOBBIO, 1992, p.5)

5
O direito à
educação

6
O direito à educação
 A educação é considerada por muitos intelectuais,
como Marshall e Bobbio, imprescindível para a
cidadania e para o exercício profissional, que é tão
importantes para uma sociedade cada vez mais
capitalista como a nossa.
 O direito à educação é primordial para a garantia de
que todos os cidadãos participem de todos os
ambientes sociais e políticos de um país, pois possibilita
o crescimento social e intelectual, entre outros fatores.
A maioria das Constituições dos países
contemporâneos declaram e reconhecem em seus
textos o direito à educação. Como veremos no
decorrer desta dissertação, as constituições brasileiras
sempre afirmaram o direito à educação, por vezes de
forma mais fraca e outras de forma mais forte.

7
Para Norberto Bobbio: [...] a relação entre o nascimento e
crescimento dos direitos sociais, por um lado, e a
transformação da sociedade, por outro, é inteiramente
evidente.
Prova disso é que as exigências de direitos sociais tornaram-
se tanto mais numerosas quanto mais rápida e profunda foi a
transformação da sociedade. Cabe considerar, de resto,
que as exigências que se concretizam na demanda de uma
intervenção pública e de uma prestação de serviços sociais
por parte do Estado só podem ser satisfeitas num
determinado nível de desenvolvimento econômico e
tecnológico;

8
E que, com relação à própria teoria, são
precisamente certas transformações sociais e
certas inovações técnicas que fazem surgir novas
exigências, imprevisíveis e inexequíveis antes que
essas transformações e inovações tivessem
ocorrido. Isso nos traz uma ulterior confirmação
da socialidade, ou da não-naturalidade, desses
direitos (BOBBIO, 1992, p. 76).

9
O primeiro grupo a fazer tal reivindicação ao
Estado foi o segmento dos trabalhadores que viam
neste direito a possibilidade de participar da vida
econômica, social e política de seus respectivos
países. Assim, nos últimos séculos, devido a estas
transformações, a educação passou a ser
concebida como um dos meios para que os
indivíduos tenham acesso aos bens e serviços
disponíveis na sociedade capitalista em que
vivemos.

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Veremos nos capítulos seguintes que a partir
do momento que a sociedade brasileira sofreu
modificações econômicas com o modelo de
substituição das importações, acarretando,
assim, transformações na sociedade e na
política, a população passou a reivindicar
para si também o direito à instrução, antes
reservado quase que exclusivamente para as
elites.

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Pelo fato dos direitos não serem imutáveis
durante a trajetória da humanidade, deles se
modificarem conforme as transformações
históricas, ou seja, se modificarem de acordo
com as necessidades e interesses dos grupos
sociais, dos meios disponíveis para a
realização dos direitos, das transformações
técnicas, etc, o que é fundamental em
determinada época não o é em outra.

12
Atualmente temos garantido em nossa
Constituição Federal que a educação é
direito de todos. As raízes da compreensão
de novas funções sociais conferidas à
educação podem ser encontradas na obra
de Anísio Teixeira:

13
[...] a educação já não é um processo de
especialização de alguns para certas
funções na sociedade, mas a formação de
cada um e de todos para a sua contribuição
à sociedade integrada e nacional, que se
está constituindo com as modificações do
tipo de trabalho e do tipo de relações
humanos (TEIXEIRA, 1996, p.60).

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No início da história do Estado brasileiro, a legislação
declarava de forma sucinta o direito à educação e
quase que exclusivamente a primária; num segundo
momento, passou-se a declarar o direito à educação
fundamental e, de alguma forma, algum tipo de direito
ao ensino médio para, num terceiro momento,
declarar o direito ao ensino médio, porém ainda sem
enunciar a imediata universalização, mas isso poderá
ser efetivado no futuro, já que a legislação atual
declara este direito se remetendo para o futuro.

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O direito à educação, por se tratar de
um direito que deve ser garantido, deve
estar presente no ordenamento
constitucional-legal de um país. É na
legislação que ficam estabelecidos os
deveres, as proibições, os limites de
atuação, etc.

16
Para Vicente Martins:
A legislação educacional possui duas naturezas: uma
reguladora e uma regulamentadora. A partir de seu
caráter, podemos derivar sua tipologia. Dizemos que a
legislação é reguladora, quando se manifesta através
de leis, sejam federais, estaduais, ou municipais. As
normas constitucionais que tratam da educação são as
fontes primárias da regulação e organização da
educação nacional, pois, por elas, definem-se as
competências constitucionais e atribuições
administrativas da União, dos Estados, do Distrito Federal
e dos Municípios.

17
Abaixo das normas constitucionais, temos as leis
federais, ordinárias ou complementares, que regulam o
sistema nacional de educação. A legislação
regulamentadora, ao contrário da legislação
reguladora não é descritiva, mas prescritiva, volta-se à
própria práxis da educação.[...] A regulamentação não
cria direito porque se limita a instituir normas sobre a
execução da lei, tomando as providências
indispensáveis para o funcionamento dos serviços
educacionais (MARTINS, 2004, p.3).

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Há no mundo muitos documentos que reconhecem e
garantem direitos a todos os cidadãos. Entre estes
documentos temos: a Declaração Universal dos Direitos
do Homem, de 1948; a Convenção relativa à Luta
contra a Discriminação no Campo do Ensino, de 1960;
o Pacto Internacional dos Direitos Econômicos, Sociais e
Culturais, de 1966; e o documento de Jomtien
(Conferência Mundial sobre a “Educação para Todos”),
de 1990. No quadro abaixo apresento de que forma foi
declarado o direito à educação nestes documentos.

19
Quadro 1.1 – A declaração do direito à
educação em alguns documentos
Documentosinternacionais
Artigos referentes à declaração do
direito à educação
Internacionais
Declaração Universal Art. XXVI - Toda pessoa tem direito
dos Direitos do Homem à instrução. A instrução será
gratuita, pelo menos nos graus
elementares e fundamentais. A
instrução elementar será
obrigatória. A instrução técnico-
profissional será acessível a todos,
bem como a instrução superior,
esta
baseada no mérito.
[...] Os pais têm prioridade de
direito na escolha do gênero de
instrução que será ministrada a
seus filhos.

20
Documentos Artigos referentes à declaração do
direito à educação
Internacionais
Convenção Art. 4.º - Os Estados partes
na presente Convenção
relativa à comprometem-se ainda a
Luta contra a formular, desenvolver e
Discriminação aplicar uma política
nacional visando a
no promoção, pelos métodos
Campo do adequados às
Ensino circunstancias e práticas
nacionais, da igualdade
de possibilidades e de
tratamento no domínio do
ensino e, em especial, a:

21
Continuação
a) Tornar gratuito e obrigatório o
ensino primário; generalizar e
tornar acessível a todos
o ensino secundário nas suas
diversas formas; tornar acessível
a todos, em condições de
igualdade total e segundo a
capacidade de cada um, o
ensino superior, e assegurar o
cumprimento por todos da
obrigação escolar prescrita
.pela lei;
b) Assegurar em todos os
estabelecimentos públicos do
mesmo grau um ensino do
mesmo nível e condições
equivalentes no que se refere à
qualidade do ensino
proporcionado;

22
c) Fomentar e intensificar,
por métodos adequados,
a educação das pessoas
que não tenham
recebido instrução
primária ou que não a
tenham recebido na sua
totalidade e permitir que
continuem os seus estudos
em função das suas
aptidões;
d) Assegurar, sem
discriminação, a
preparação para a
profissão docente.

23
Art. 10 - Os Estados-partes no
Pacto presente Pacto reconhecem
Internacional que:
1. Deve-se conceder à
dos família, que é o núcleo
natural e fundamental da
Direitos sociedade, a mais
ampla proteção e assistência
Econômicos, possíveis, especialmente para
a sua constituição e
Sociais e enquanto ela for responsável
Culturais pela criação e educação
dos filhos. O matrimônio deve
ser contraído com o livre
consentimento dos futuros
cônjuges

24
Art. 13 - 1. Os Estados-partes no
presente Pacto reconhecem o
direito de toda pessoa à
educação. Concordam em que
a educação deverá visar ao
pleno desenvolvimento da
personalidade humana e do
sentido de sua dignidade e a
fortalecer o respeito pelos direitos
humanos e liberdades
fundamentais. Concordam ainda
que a educação deverá
capacitar todas as pessoas a
participar efetivamente de uma
sociedade livre, favorecer a

25
compreensão, a tolerância e a amizade
entre todas as nações e entre todos os
grupos raciais, étnicos ou religiosos e
promover as atividades das Nações Unidas
em prol da
manutenção da paz.
2. Os Estados-partes no presente Pacto
reconhecem que, com o objetivo de
assegurar o pleno exercício desse direito:
a) A educação primária deverá ser
obrigatória e acessível gratuitamente a
todos.
b) A educação secundária em suas
diferentes formas, inclusive a educação
secundária técnica e profissional, deverá ser
generalizada e tornar-se acessível a todos,
por todos os
meios apropriados e, principalmente, pela
implementação progressiva do ensino
gratuito.

26
c)A educação de nível superior deverá
igualmente tornar-se acessível a todos, com
base na capacidade de cada um, por todos
os meios apropriados e, principalmente, pela
implementação progressiva do ensino
gratuito.

d) Dever-se-á fomentar e intensificar, na


medida do possível, a educação de base
para aquelas pessoas que não receberam
educação primária ou não concluíram o
ciclo completo de educação primária.

e) Será preciso prosseguir ativamente o


desenvolvimento de uma rede escolar em
todos os níveis de ensino, implementar-se um
sistema adequado de bolsas de estudo e
melhorar continuamente as condições
materiais do corpo docente.

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Declaração Art. 1º – Satisfazer as necessidades básicas de
aprendizagem
Mundial 1. Cada pessoa – criança, jovem ou adulto –
sobre deve estar em condições de aproveitar as
Educação para oportunidades educativas voltadas para
satisfazer suas necessidades básicas de
Todos: aprendizagem. Essas necessidades
satisfação das compreendem tanto instrumentos essenciais
necessidades para a aprendizagem (como a leitura e a escrita,
expressão oral, cálculo e solução de problemas)
básicas de quanto aos conteúdos básicos da aprendizagem
aprendizagem (como conhecimentos, habilidade, valores e
atitudes), necessários para que os seres humanos
possam sobreviver, desenvolver plenamente suas
potencialidades, melhorar a qualidade de vida,
tomar decisões fundamentais e continuar
aprendendo. A amplitude das necessidades
básicas de aprendizagem e de satisfazê-las
variam de acordo com cada país e cada
cultura, e, inevitavelmente, mudam com o
decorrer do tempo.[...]

28
Art. 3º. – Universalizar o acesso à
educação e promover a equidade.
1. A educação básica deve ser
proporcionada a todas as crianças.
Jovens e adultos. Para tanto, é
necessário universalizá-la e melhorar
sua qualidade, bem como tomar
medidas efetivas para reduzir as
desigualdades. [...]

29
No Brasil o direito à educação está
garantido no ordenamento
constitucional-legal, podendo-se situar
como centrais nesse ordenamento a
Constituição Federal de 1988, a LDB
de 1996 e o Estatuto da Criança e do
Adolescente de 1990.

30
Bom
Intervalo

31
Direito
Educacional
e Educação
do Século

32
Educação Mundial
A Educação, Direito de Todos, vem garantir ao

indivíduo a possibilidade de estar vinculado a

uma sociedade sustentável, em que se promova

a erradicação da pobreza e melhoria da

relação humana. Esta proposta de Educação

tem o objetivo de aperfeiçoar o cidadão nos

aspectos: pessoal e profissional.

33
O Relatório Mundial de Educação
da UNESCO

 O tema “Educação para todos” é consequência das


discussões ocorridas na Conferência Mundial realizada
pela UNESCO, na Tailândia, no ano de 1990. Este tema
trouxe a proposta de ampliar a melhoria no âmbito
educacional até o final da década de 90.
 A ideia de melhorar a educação mundial tinha, como
objetivo principal, proporcionar a educação básica para
todas as crianças, de todos os países, reduzindo o
analfabetismo até o final do século XX. Muitas ações foram
realizadas para melhorar esta situação.

34
A UNESCO, em conjunto com os dirigentes de vários países e
seus ministérios da educação, envolveu-se no propósito de
oferecer ás populações uma educação básica de qualidade.
Em função desta campanha surgiu, no ano de 2000, o
relatório mundial para a educação no século XXI. Este
Relatório foi consequência da Conferência de Educação
para Todos, realizada em Dacar, no Senegal, no mesmo ano,
no Fórum Mundial de Educação.
Uma comissão de membros de vários países organizou esse
documento, sob a regência de Jacques Delors, com o título
“Educação um Tesouro a Descobrir – Relatório para UNESCO
da Comissão Internacional sobre Educação para o século
XXI”.

35
O relatório Educação um Tesouro a
Descobrir determina como prioridade o
acesso à educação para todas as
crianças, até o ano de 2015, educação
básica gratuita e de boa qualidade. A fim
de atingir esta meta, foram relacionados
seis objetivos para o programa de
Educação Para Todos.

36
Consta ainda, neste documento, a necessidade de levar a
sociedade a se tornar o principal agente para estas mudanças. Para
isto, os autores apresentaram três atores que contribuiram para o
sucesso destas reformas educacionais: em primeiro lugar, a
comunidade local, os pais, os órgãos diretivos das escolas e os
professores; em segundo lugar, as autoridades oficiais; e, em terceiro
lugar, a comunidade internacional.
Os autores visam, com a elaboração deste relatório, mover a própria
comunidade a se sentir responsável por uma sociedade sustentável,
priorizando a paz e o desenvolvimento humano na sua diversidade
cultural; erradicando a pobreza e buscando qualidade de vida.
A Comissão que desenvolveu este relatório chama a atenção ainda
para uma perspectiva inovadora dos espaços educativos,
instaurando os quatro pilares para a educação do século XXI.

37
Os quatro pilares fundamentais para a
Educação, são: aprender a conhecer,
aprender a fazer, aprender a conviver
e aprender a ser. Estes pilares
constituem princípios educacionais
para melhoria e transformação da
sociedade.

38
Os Pilares da Educação Mundial

A Comissão Internacional sobre Educação para


o Século XXI determina os conceitos de
fundamento da Educação: Os quatro pilares da
Educação.

 Estes pilares são baseados no relatório da


UNESCO. São eles: aprender a conhecer,
aprender a fazer, aprender a conviver e
aprender a ser.

39
Aprender a conhecer
 Este pilar tem o objetivo de desenvolver no educando os
instrumentos do conhecimento, no que diz respeito aos
domínios dos aspectos cognitivos, ampliando as
habilidades na linguagem e na tecnologia. Fazer do
conhecimento um processo dinâmico integrado à
realidade, onde o interesse em aprender seja objeto da
curiosidade constante e cada vez melhor. A proposta é
aprender a exercitar o pensamento crítico, embasado
em argumentos e fundamentos científicos,
desenvolvendo a intelectualidade e o espírito criativo.

40
Aprender a fazer
 Esta aprendizagem está relacionada à aprendizagem anterior, onde

aprender a conhecer é ter a competência para utilizar-se do

conhecimento para a atuação e a qualificação profissional, com a qual

o aluno possa enfrentar as situações do cotidiano com sabedoria e

excelência. Esta competência leva a evidenciar as experiências, como

aprendizagens significativas e de relevância comprometida na relação

do trabalho, contribuindo para a uma sociedade melhor. Aprender a

fazer está interligado, quando os conhecimentos se constituem em

habilidades para interagir com a realidade, na relação com as pessoas,

na resolução de problemas; aplicando estes conhecimentos na prática.

É utilizar-se de técnicas para atuar no desenvolvimento social e

tecnológico.

41
Aprender a Conviver
 No mundo em que nos situamos. Para isto, é necessário aprender a conviver

com as diferenças; com a diversidade. Esta aprendizagem tem uma grande

relevância em função de uma nova educação, propondo uma melhoria da

humanidade em busca da paz. Aprender a viver com o outro é um dos

maiores desafios que o ser humano enfrenta. Este pilar traz como desafio o

resgate da compreensão, da compaixão, da cooperação, para a

sobrevivência da espécie num mundo onde os conflitos são constantes;

onde a interferência do poder econômico impera e a destruição é

avassaladora. Há uma necessidade emergente de resgatar valores, de

cada indivíduo aprender a relacionar-se, de superar preconceitos; de

reconhecer o outro como ser integrante do seu viver. Saber conviver é

compreender o indivíduo numa relação de coletividade.

42
Aprender a Ser
 Este pilar demonstra que o ser humano tem
necessidade de evoluir nas questões de
responsabilidade pessoal, na espiritualidade, na
percepção estética, buscando o
desenvolvimento total do indivíduo, unindo
“espírito e corpo”. Aprender a compreender e
elaborar valores e atitudes, ampliando sua
autonomia, para ser capaz de estabelecer
relações de convivência na sociedade.

43
Indicamos a leitura do

texto: Os Quatro Pilares

da Educação: O seu

Papel no

Desenvolvimento

Humano - São Paulo - SP,

13 de junho de 2003.

Disponível em:

http://pt.scribd.com.br/d

oc/33640083/pilares_da_

educacao

44
Educação, Direito de Todos
 A educação vem ocupando uma discussão permanente
na sociedade moderna. As pessoas, diante dos obstáculos
estabelecidos e das exigências para o mercado de
trabalho, têm a necessidade constante de
aperfeiçoamento pessoal e profissional.

 O espaço educativo não poderia limitar-se a oferecer


educação para uma minoria da população, diante do
novo paradigma onde a sociedade do conhecimento
emerge, exigindo uma atualização contínua dos saberes.

45
A democratização do ensino vem sendo discutida
como prioridade para a sustentabilidade do planeta,
para uma melhoria da convivência humana. Diante
deste quadro, no decorrer da história, houve a
necessidade de proporcionar à população a garantia
da escolarização, bem como a permanência de todo
indivíduo nos espaços educacionais.
A missão da UNESCO é assegurar e promover a
melhoria da qualidade da educação. Este órgão,
desde a sua instituição, vem estabelecendo como
tarefa essencial da sociedade o tema “Educação
para Todos”.

46
O Fórum Mundial da Educação (UNESCO –
Senegal -2000) determinou seis objetivos, para
serem estabelecidos como metas de trabalho, a
serem alcançados até 2015 (UNESCO, 2009):
1) Desenvolver e melhorar a proteção e a
educação da primeira infância, nomeadamente
das crianças mais vulneráveis e desfavorecidas;
2) Proceder de forma que, até 2015, todas as
crianças tenham acesso a um ensino primário
obrigatório gratuito e de boa qualidade;

47
3) Responder às necessidades educativas de
todos os jovens e adultos, tendo por objetivo a
aquisição de competências necessárias;
4) Melhorar em 50% os níveis de alfabetização dos
adultos, até 2015;
5) Eliminar a disparidade do gênero no acesso à
educação primária e secundária até 2005 e
instaurar a igualdade nesse domínio em 2015;
6) Melhorar a qualidade da educação.

48
A educação “como direito de todos” está
assegurada na Constituição Federal Brasileira
de 1988, artigo 205: “A educação, direito de
todos e dever do Estado e da família, será
promovida e incentivada com a colaboração
da sociedade, visando ao pleno
desenvolvimento da pessoa, seu preparo para
o exercício da cidadania e sua qualificação
para o trabalho” (BRASIL, 2009).

49
Na LDBEN, promulgada em 1996, o 2° artigo determina:
“A educação, dever da família e do Estado, inspirada
nos princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade
humana, tem por finalidade o pleno desenvolvimento do
educando, seu preparo para o exercício da cidadania e
sua qualificação para o trabalho” (BRASIL, 1996).
A LDBEN acrescenta, no Título III, “Do direito à Educação
e do Dever de Educar”, o 4°, 5° e 6° (?), estabelecendo
assim não apenas a seguridade do direito, mas do dever
daqueles a quem compete assegurar este direito
(BRASIL, 1996).

50
Toda pessoa — criança, adolescente ou adulto — deve poder
beneficiar-se de uma formação concebida para responder as suas
necessidades educativas fundamentais. Estas necessidades dizem
respeito tanto aos instrumentos essenciais de aprendizagem (leitura,
escrita, expressão oral, cálculo, resolução de problemas), como aos
conteúdos educativos fundamentais (conhecimentos, aptidões,
valores e atitudes) de que o ser humano tem necessidade para
sobreviver, desenvolver todas as suas faculdades, viver e trabalhar
com dignidade, participar plenamente no desenvolvimento,
melhorar a qualidade de sua existência, tomar decisões esclarecidas
e continuar a aprender. (Declaração Mundial sobre Educação para
Todos e Quadro de Ação para Responder às Necessidades
Educativas Fundamentais, 1990).

51
A Declaração Mundial sobre Educação para Todos,
transforma-se então em um documento para efetivar
um compromisso da sociedade e de grupos, em
cooperação com os órgaos normativos e formativos,
objetivando o cumprimento do direito do cidadão,
articulando uma formação alicerçada sobre os pilares
da educação.
A proposta é traduzir esta educação em
transformação social, definindo assim a erradicação
da pobreza e uma sociedade consciente para a
evolução da paz.

52
Consulte o livro indicado na sequência, para
conhecer o relatório organizado pelos membros
da UNESCO, como proposta educativa para o
século XXI:
DELORS, Jacques. Educação: Um Tesouro a
Descobrir. Relatório para a UNESCO da
Comissão Internacional sobre educação para o
século XXI – 6. Edição. - São Paulo: UNESCO,
MEC, Editora Cortez, Brasília, DF, 2001.

53
A Função Social da
Escola e a Garantia de
Direito à Educação de
Qualidade
A Escola tem uma missão
promissora para o novo

54
A Escola tem uma missão promissora para o novo século, que
é garantir uma educação de direito e de qualidade.
A Educação “como direito de todos” está assegurada na
Constituição Brasileira de 1988, artigo 205. Nesta perspectiva, a
escola vem necessitando de mudanças expressivas nas suas
ações.
Sua finalidade no decorrer dos últimos séculos foi assegurar a
transmissão do conhecimento; e mesmo assim, esta não foi
uma realidade oportunizada para toda população; deixando
uma grande parte da população excluída, desintegrando os
interesses do indivíduo. Historicamente a escola contribuiu
para a promoção de educação para as classes privilegiadas,
servindo aos interesses destas classes.

55
O princípio de vinculação da escola com o meio social é um
espaço favorável ao intercâmbio de experiências para o
trabalho. A escola se torna, então, um campo de
socialização, cultura e integração do indivíduo na sociedade
humana. Para dar respostas às necessidades do contexto, a
escola tem a missão de organizar-se e preparar-se em torno
das aprendizagens significativas, elementos estes trazidos
pelo relatório da UNESCO (os quatro pilares da educação), já
apresentado anteriormente.
A Educação, portanto, estará voltada para o
aperfeiçoamento do ser humano. Já não é possível adequar
uma educação apenas voltada para a repetição do
conhecimento.

56
A Educação precisa oferecer aos indivíduos a oportunidade
de se atualizarem, aprofundando e enriquecendo seus
conhecimentos. Necessitamos de uma educação que
prepare os indivíduos para enfrentar os desafios do terceiro
milênio, para adequar-se a um mundo em mudanças.
Por isso, a educação deveria mostrar e ilustrar o Destino
multifacetado do humano: o destino da espécie humana,
o destino individual, o destino social, o destino histórico, todos
entrelaçados e inseparáveis. Assim uma das vocações
essenciais da educação do futuro será o exame e o estudo da
complexidade humana. Conduziria à tomada de
conhecimento, por conseguinte, de consciência, da
condição comum a todos os humanos e da muito rica e
necessária diversidade dos indivíduos, dos povos, das
culturas, sobre nosso enraizamento como cidadãos da Terra.
(MORIN, 2001a, p. 61).

57
A Escola precisa dar acesso aos diversos aspectos
da qualificação dos indivíduos e favorecer o
desenvolvimento da capacidade de
discernimento e autonomia.
Pensando na melhoria e na qualidade da
educação, no Brasil, foi criada a CONAE –
Conferência Nacional de Educação. É uma
proposta do MEC, em conjunto com a sociedade,
com as instituições educativas, para discutir a
qualidade da educação para os próximos anos.

58
CONAE -
Apresentação

59
A Conferência Nacional de Educação – CONAE - é um
espaço democrático, aberto pelo Poder Público, para
que todos possam participar do desenvolvimento da
Educação Nacional. Está sendo organizada para
tematizar a educação escolar, da Educação Infantil à
Pós-Graduação, e realizada, em diferentes territórios e
espaços institucionais, nas escolas, municípios, Distrito
Federal, estados e país. Estudantes, Pais, Profissionais da
Educação, Gestores, Agentes Públicos e sociedade
civil organizada de modo geral, terão em suas mãos, a
partir de janeiro de 2009, a oportunidade de conferir os
rumos da educação brasileira.

60
O tema da CONAE, definido por sua Comissão Organizadora
Nacional, será: Construindo um Sistema Nacional Articulado
de Educação: Plano Nacional de Educação, suas Diretrizes e
Estratégias de Ação. A CONAE acontecerá em Brasília, de 28
de março a 1º de abril de 2010. Será precedida de
Conferências Municipais, previstas para o primeiro semestre
de 2009 e de Conferências Estaduais e do Distrito Federal,
programadas para o segundo semestre do mesmo ano. uma
das vocações essenciais da educação do futuro será o
exame e o estudo da complexidade humana.

61
A Portaria Ministerial nº 10/2008 constituiu uma comissão de 35
membros, a quem atribuiu as tarefas de coordenar, promover e
monitorar o desenvolvimento da CONAE em todas as etapas. Na
mesma portaria foi designado o Secretário Executivo Adjunto,
Francisco das Chagas, para coordenar a Comissão Organizadora
Nacional.
A Comissão Organizadora Nacional é integrada por representantes
das secretarias do Ministério da Educação, da Câmara e do
Senado, do Conselho Nacional de Educação, dirigentes de
entidades estaduais, municipais e federais da educação e de
todas as entidades que atuam direta ou indiretamente na área da
educação.
Fonte: BRASIL. Mec. Ministério da Educação. CONAE: Apresentação.
Disponívelem:<http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_content&vi
ew=article&id=12422:conaeapresentacao& catid=325:conae-conferencia-
nacional-de-educacao>. Acesso em: 15 set. 2009.

62
Educação Nacional
e Formação do
Cidadão:
Inclusão,
Diversidade e
Igualdade

63
A Educação Nacional é responsável pelas atribuições
legislativas dos espaços educativos, sendo o Estado o
interventor dos sistemas de ensino. Cabe a este estabelecer
as novas relações entre a política educativa e a política de
desenvolvimento, bem como discernir a política financeira
para promoção de uma educação que garanta a
qualidade de ensino.
A LDBEN apresenta as regras e normativas para esta garantia
e vigência da Educação Nacional.
A Educação ocupa um lugar na sociedade como
contribuinte da formação do indivíduo, caracterizando
transformações que o definem como um ser integrante da
sociedade, em que é chamado de cidadão.

64
A educação deve contribuir para a
autoformação da pessoa (ensinar a assumir
a condição humana, ensinar a viver) e
ensinar a como se tornar cidadão. Um
cidadão é definido, em uma democracia,
por sua solidariedade e responsabilidade
em relação a sua pátria. O que supõe nele
o enraizamento de sua identidade
nacional. (MORIN. 2001, p. 65).

65
Nesse novo século será necessário preparar o ser humano
numa perspectiva de liberdade de pensamento, novos
talentos, discernimento, criatividade e responsabilidade.
A sociedade do conhecimento se destitui, como
protagonista. A nova era tecnológica e digital exige um
cidadão com características diferenciadas e com
referencias intelectuais que lhe permitam agir em função
da melhoria da sociedade e da sobrevivência humana.
A lógica do cooperar e do aprender a conviver
começam a definir uma postura de solidariedade e
inclusão num espaço verdadeiramente democrático.

66
A democracia não pode ser definida de modo
simples. A soberania do povo cidadão comporta
ao mesmo tempo a autolimitação desta
soberania pela obediência às leis e a
transferência da soberania aos eleitos. A
democracia comporta ao mesmo tempo a
autolimitação do poder do Estado pela
separação dos poderes, a garantia dos direitos
individuais e a proteção da vida privada.
(MORIN, 2001a, p. 107).

67
Educação
para
o Século XXI

68
É polêmico, pois existe a necessidade de novos
conhecimentos e comportamentos na sociedade. Há
uma exigência constante das pessoas serem melhores
em vários aspectos.
Falamos da importância das escolas e instituições
educativas conhecerem os pilares de educação para
o novo século.
A sociedade vive um momento muito especial diante
das dificuldades que ocorrem no dia-a-dia. É
necessário aprender a compartilhar, a se relacionar,
economizar recursos, a buscar qualidade de vida.

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Aprender a conhecer já não é mais suficiente; é
preciso aprender a fazer, a conviver e a ser.
Estas são as novas exigências para uma nova
evolução do ser humano, numa sociedade em que
imperam a fome, as guerras, a exclusão, a
violência, as catástrofes, as doenças.
Precisamos compreender que a educação tem um
papel primordial para mudar esta realidade.

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Referências
 DELORS, Jacques. Educação: Um Tesouro a
Descobrir. Relatório para a UNESCO da Comissão
Internacional sobre educação para o século XXI. 6
ed. São Paulo: UNESCO, MEC, Editora Cortez, Brasília,
DF, 2001.
 MORIN, Edgar. A Cabeça Bem-Feita: repensar a
reforma, reformar o pensamento. 5 ed. Rio de
Janeiro: Bertrand Brasil, 2001.
 _____. Os Sete Saberes necessários à Educação do
Futuro. 3 ed. São Paulo: Cortez; Brasília, DF: UNESCO,
2001a.

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