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Temas para a prova:

1. Direito educacional como disciplina autônoma


Com as turbulências e significativas mudanças do século passado, é inegável a
afirmação de que a partir da metade do século XX, principalmente pensando no marco da 2ª
guerra, passou a existir um maior interesse e preocupação em assegurar os direitos humanos
fundamentais. Com isso, houve uma verticalização de normas internacionais e
consequentemente uma forte proteção à educação.
Dentro de um macrossistema gigante, que seria a Constituição, é possível dizer que
existe o microssistema próprio, de linhas tracejadas, ou seja, aberto, que seria o direito
educacional. Por ser aberto, ele se influencia e se relaciona com outros microssistemas que
também não são fechados e juntos todos vão se relacionar com princípios estruturantes de
cada fase.
Entender o direito educacional como disciplina autônoma é identificar que nele há
uma gama de princípios e regras constitucionais próprias que servem como um escudo de
defesa capaz de fornecer proteção. São diversas as normas assecuratórias do mesmo, afinal,
nenhum direito é tão citado na Constituição Federal quanto à educação. Tudo isso reforça a
ideia de que não há direito sem garantias, assim como não há garantia se não souber como
utilizá-las. Esse arcabouço de proteção é o que constrói a autonomia e segue avançando ao
longo do tempo.

2. Evolução histórica da proteção da educação antes da independência e nas


constituições brasileiras
Antes mesmo da independência e surgimento da primeira Constituição Federal
brasileira, surgiu o início da proteção à educação, sendo que nessa época se subdividiu em
três períodos marcantes:
● Jesuítico: O período jesuítico, chamado assim por ser liderado pela
Companhia de Jesus, foi o pontapé inicial para a educação brasileira. A
educação era tida como um instrumento de catequizar e recrutar indígenas,
além de letrar os filhos de lusitanos que estavam por aqui.
● Pombalino: Liderado por Marquês de Pombal foi adotado o secularismo,
afastando o máximo possível a religião do ensino. Além disso, é relevante
ressaltar que foi ali que surgiu o ensino tutorial que conhecemos hoje, no
entanto, na época ele não tinha nenhum caráter emancipatório, apenas visava
formar pessoas para atender os interesses da metrópole.
● Joanino: Recebeu esse nome pois foi marcado pela fuga de D. João VI para a
colônia brasileira, o que deu início às primeiras instituições de nível superior
da história brasileira, afinal, a família real precisava de pessoas capacitadas
para atender seus caprichos.
Passando dessa fase e seguindo para a pós-independência, é possível identificar
algumas mudanças significativas ao longo das Constituições Brasileiras:
● 1824: Tratava da educação de maneira bastante tímida, garantindo instrução
primária a todos os cidadãos, que na época eram menos de 1% da população.
● 1891: Adoção do estado laico; sem garantia a proteção e acesso à educação;
retirada da gratuidade e obrigatoriedade do ensino; o ensino primário passou a
ser competência do Estado e o secundário e superior de competência
concorrente entre a União e dos Estado
● 1934: Foi a chamada Constituição do Bem-Estar social e sem dúvida um
marco para a educação brasileira, que obteve grande avanço. Teve uma página
sobre educação, além de se preocupar em erradicar o analfabetismo.Tomada a
noção de que os direitos sociais deveriam possuir recursos próprios e
surgimento um sistema tributário destinado à educação.
● 1937: Marcada pelo golpe de Vargas e grande retrocesso nos avanços de 1934.
Se iniciou um processo de “domesticação dos estudantes” para adequá-los às
expectativas do governo totalitário.
● 1946: Constituição da redemocratização. Retomou os avanços da Constituição
de 34 e se preocupou em difundir o ensino. Marcada pela imunidade de
tributos para instituições educacionais filantrópicas e direito de greve.
● 1967: Confirmou os avanços da Constituição de 46, mas seu maior destaque
foi alargar a afetação de carga tributária para a educação.
● 1988: É a partir dela, nossa atual Constituição, que passa a debater acerca da
qualidade da educação.

3. Natureza jurídica da educação - Direito individual, social, difuso?


Segundo o art. 205 da Constituição federal a educação é direito de todos e dever do
Estado e da família, sendo promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando
ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua
qualificação para o trabalho. Isso mostra que além de ser um direito fundamental de todos,
também é um dever do Estado, família e sociedade.
É importante ter uma noção de que apesar de a primeiro momento poder ser visto
como um direito eminentemente social, ele também é individual e difuso.
● Social: Em grande parte exige uma obrigação de fazer, com uma prestação
positiva do Estado;
● Individual: É direito individual quando pensamos que em determinados
pontos exige um "não fazer” do Estado e uma certa liberdade negativa;
● Difuso: Se trata de direito que transcende o interesse individual, já que a falta
de ensino prejudica relações jurídicos-políticos de toda uma comunidade;
É correto dizer que a natureza jurídica do direito à educação é composta por diversas
espécies de direitos fundamentais, ou seja, é um tanto quanto fluida, tendo assim um caráter
totalmente transdimensional.

4. Princípios constitucionais que regem o ensino brasileiro / Art 206


O direito educacional, como disciplina autônoma, possui regras e princípios próprios
I - igualdade de condições para o acesso e permanência na escola;
II - liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a arte e o
saber;
III - pluralismo de idéias e de concepções pedagógicas, e coexistência de instituições
públicas e privadas de ensino;
IV - gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais;
V - valorização dos profissionais da educação escolar, garantidos, na forma da lei,
planos de carreira, com ingresso exclusivamente por concurso público de provas e
títulos, aos das redes públicas;
VI - gestão democrática do ensino público, na forma da lei;
VII - garantia de padrão de qualidade.
VIII - piso salarial profissional nacional para os profissionais da educação escolar
pública, nos termos de lei federal.
IX - garantia do direito à educação e à aprendizagem ao longo da vida.

5. Existe hierarquia entre as etapas educacionais? Art 208, I, da CF/88


O ensino brasileiro se divide em básico (subdividido em infantil, fundamental e
ensino médio) e superior (graduação e pós graduação). No texto original da Constituição
Federal de 1988 era possível extrair uma interpretação de que o ensino fundamental era “mais
importante” do que as outras etapas, devido ao fato de que, inicialmente, somente ele possuía
caráter obrigatório.
Com a emenda constitucional de 2009 o Art 208, I da CF/88 foi alterado e a
gratuidade e obrigatoriedade foi alargada para todo o ensino básico brasileiro, deixando de
lado essa antiga interpretação errônea atualmente. A partir daí essa ideia de hierarquia entre
etapas educacionais foi totalmente negada, gerando o entendimento de que o que existe são
princípios e regras que integram cada etapa e devem ser observadas pela família e restante da
sociedade.

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