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A questão do direito à educação no Brasil está presente nos marcos legais desde a
formação do Estado nacional independente. As discussões sobre o tema foram
permeadas ao longo dos anos por dois aspectos de grande importância: quem é o
cidadão sujeito do direito e qual o papel do Estado para a garantia da oferta educacional.
Uma análise geral apenas sobre as principais legislações (Constituições e leis federais)
já se mostra suficiente para revelar o quanto nossa história é marcada por avanços
graduais e retrocessos abruptos decorrentes de mudanças na conjuntura política.
1824
A falta de capacidade financeira e técnica das províncias impediu que a educação fosse
suficientemente garantida. Soma-se a isso o fato de que eram considerados cidadãos
brasileiros apenas aqueles nascidos no Brasil, libertos ainda que de pai estrangeiro,
filhos de pai brasileiro, portugueses residentes no Brasil durante a proclamação da
Independência e estrangeiros naturalizados que cumprissem os parâmetros legais
exigidos. Desse modo, boa parte da população brasileira permaneceu excluída do acesso
à educação.
1891
A Constituição de 1891, a segunda brasileira e primeira do regime republicano, tratou
da educação apenas no artigo 72, parágrafo 6º, ao afirmar que “será leigo o ensino
ministrado nos estabelecimentos públicos”. O artigo 35 incumbiu ao Congresso
Nacional a tarefa de “criar instituições de ensino superior e secundário nos Estados”,
mas, mais uma vez, não houve suporte para a organização de um sistema nacional, e
com isso a educação permaneceu estagnada. A principal preocupação do texto, dado o
contexto de fixação da República, era especificar a competência de legislação da União
e dos estados. Pouco avançou em termos de oferta e menos ainda na questão do acesso à
educação.
1934
1937
Outro ponto importante diz respeito ao reforço da centralização dos poderes da União,
uma vez que a competência de determinar as diretrizes da educação no país ficou
restrita ao governo central. Com isso, retrocedemos no que diz respeito à organização
federativa da educação e dificultamos o acesso à escola.
1946
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação (lei n. 4.024) teve como objetivo especificar as
responsabilidades dos entes federativos em relação à oferta educacional, garantir a
aplicação de orçamento da União e dos municípios com a educação, tornar obrigatória a
matrícula nos quatro anos iniciais de ensino e regulamentar a base curricular do sistema
educacional. A lei havia sido prevista pela Constituição de 1946, mas sua tramitação na
Câmara dos Deputados e no Senado Federal durou 15 anos devido a divergências
políticas (Montalvão, 2010) entre os grupos que participavam de sua formulação.
Apesar das amplas discussões e disputas, a LDB deu preferência à manutenção e ao
desenvolvimento do sistema público de ensino, ainda que previsse a cooperação com
instituições privadas.
Apesar de o movimento negro ter estado presente nas discussões sobre o acesso à
educação desde 1920 e de inúmeros intelectuais negros terem militado desde 1889 pelos
direitos dessa população, apenas em 1961, com a LDB, uma legislação oficial fez
referência ao preconceito racial nos sistemas de ensino, condenando “qualquer
tratamento desigual por motivo de convicção filosófica, política ou religiosa, bem como
a quaisquer preconceitos de classe ou de raça”.
1967
1969
1971
Em decorrência do contexto da ditadura militar, o ensino era visto como uma condição
para o desenvolvimento econômico. Por isso, as mudanças feitas na nova LDB tinham o
objetivo de preparar os jovens para o mercado de trabalho, buscando eliminar as
diferenças existentes entre os ramos (clássico e científico) do antigo ensino secundário.
Além disso, outras duas mudanças importantes da lei foram: (1) a inclusão da educação
moral e cívica, além do ensino religioso facultativo – uma forma de divulgar valores
desejáveis ao regime; (2) a progressiva substituição do ensino do segundo grau gratuito
por um sistema de bolsas com restituição – algo já indicado nas constituições de 1967 e
1969.
1983
1988
1989
Apesar de ter versado sobre diversos direitos básicos, no que tange à educação a lei
estabeleceu: a educação especial como modalidade educativa; a inserção de escolas
especiais (públicas e privadas) no sistema educacional; a oferta obrigatória da educação
especial em estabelecimentos públicos de ensino; o acesso de alunos com deficiência
aos benefícios conferidos aos demais educandos; e a matrícula compulsória de pessoas
com deficiência em cursos regulares de instituições públicas e particulares de ensino –
quando verificada a possibilidade de integração dessas pessoas.
1990
1994
1995
A lei n. 9.131 alterou os artigos 6, 7, 8 e 9 da Lei de Diretrizes e Bases, estabelecendo a
existência do Conselho Nacional de Educação, suas atribuições e a composição de suas
Câmaras de Educação Básica e Educação Superior.
1996
A nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (lei n. 9.394) foi aprovada e
adicionou os seguintes princípios ao funcionamento dos sistemas educacionais: respeito
à liberdade e apreço à tolerância; valorização da experiência extraescolar; vinculação
entre a educação escolar, o trabalho e as práticas sociais; e consideração com a
diversidade étnico-racial. Essa legislação também garantiu aos povos indígenas o direito
de estabelecer formas particulares de organização escolar e lhes assegurou autonomia
em relação a proposição de conteúdo. O novo texto baseou-se no princípio do direito
universal à educação, e, assim como observado em outras políticas, valorizava a gestão
democrática e a descentralização operacional. Entre as alterações que ele trouxe para o
sistema educacional, destaca-se a inclusão das creches e pré-escolas como etapas da
educação básica, sendo sua oferta obrigatória e gratuita para crianças a partir dos 4 anos
de idade.
Por fim, a lei n. 9.424 dispôs sobre a criação do antigo Fundef (Fundo de Manutenção e
Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério). O fundo foi
criado com o objetivo de reunir recursos dos três níveis da administração pública
(governo federal, estados e municípios) para promover o financiamento do ensino
fundamental (primeira à oitava série), promovendo a redistribuição de recursos
provenientes de impostos municipais e estaduais proporcionalmente ao número de
matrículas em cada rede.
2001
Foi aprovado o Plano Nacional de Educação (lei n. 10.172), com duração de dez anos,
buscando conferir estabilidade às iniciativas governamentais na área da educação.
2002
2003
Com vistas a preencher uma lacuna deixada pela Lei de Diretrizes e Bases em sua
versão promulgada em 1996, a lei n. 10.639, de 9 de janeiro, estabeleceu diretrizes para
incluir no currículo oficial da rede de ensino a obrigatoriedade da temática da história e
cultura afro-brasileira, resgatando os direitos educacionais das comunidades
quilombolas e de toda a população de origem africana.
2005
2006
Nesse mesmo ano foi feita a Emenda Constitucional 53, a maior já feita na Constituição
no que tange à questão educacional. Ao todo foram oito alterações em matérias como:
I – ampliação da exigência de cooperação técnica e financeira da União com estados em
programas de educação infantil e ensino fundamental;
2007
2008
2009
2013
Foi aprovado o Estatuto da Juventude (lei n. 12.852), que promoveu uma trajetória de
inclusão, liberdade e participação das juventudes na sociedade. Em seus artigos 7 a 13 e
também no artigo 18, o texto reforçou o compromisso com programas que garantam a
democratização do acesso e da permanência dos jovens nas escolas em todas as
modalidades e também o acesso ao ensino superior, fazendo respeitar as ações
afirmativas de acordo com a legislação vigente.
O estatuto trouxe ainda uma forte preocupação com a educação inclusiva e com a
diversidade, requerendo ações efetivas para enfrentar as desigualdades e discriminações
étnico-raciais, de orientação sexual e de gênero. Além disso, estabeleceu a participação
dos jovens nos processos de gestão democrática nas escolas e universidades.
2014
O novo PNE definiu 10 diretrizes e 20 metas que deverão guiar as ações educacionais
brasileiras do período de 2014 a 2024. Entre as dez diretrizes apresentadas, destacam-se:
I – a erradicação do analfabetismo;
IV – uma meta de aplicação dos recursos públicos com vistas a assegurar a expansão do
ensino com qualidade e equidade;
2015
2017
A lei n. 13.415 alterou a Lei de Diretrizes e Bases, estabelecendo carga mínima anual de
800 horas para o ensino fundamental e ensino médio, distribuídas em 200 dias letivos.
O texto definiu que o aumento da carga horária se daria de forma gradativa, de forma
que no prazo de cinco anos o ensino médio passasse a ser composto por 1.400 horas.
Também instituiu, no âmbito do Ministério da Educação, a política de fomento às
escolas de ensino médio em tempo integral.
2018
2019
2020
BIBLIOGRAFIA