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SÍNTESE BLOCO II

BREVE HISTÓRICO DO MODERNO SISTEMA EDUCACIONAL NO BRASIL

Período getulista

Tanto a industrialização como a urbanização foram processo combinados que impulsionaram o


desenvolvimento do sistema escolar brasileiro, a partir da década de 1930. No caso da
industrialização, isso ocorreu por dois motivos principais: a necessidade de uma força de
trabalho disciplina pelo Estado, e a necessidade da formação de uma mão de obra que
assimilasse conhecimentos elementares do mundo moderno, tais como a leitura, a escrita e o
cálculo simples.

Quando à urbanização, ligada ao surgimento de um consumo proveniente do trabalho


assalariado, alavancou não apenas o êxodo rural, como também promoveu o crescimento de
setores ligados ao serviço, ao comércio e à administração pública e privada. A partir disso, então,
indiretamente gerou uma classe média e uma pequena burguesia que demandaram procura por
escolarização como forma de qualificação profissional para ocupar esses espaços de trabalho.

A ascensão de Getúlio Vargas e a criação do chamado Estado Novo trouxeram para o bloco de
poder do Estado a burguesia industrial que, ao lado do setor ruralista, assumiu o comando do
país. Nesse sentido, todas as políticas que o Estado Brasileiro adotou daquele período até o final
da década de 1964 foram alicerçadas para atender os interesses desses dois grandes setores do
capital. Baseada no trinômio: substituição dos produtos manufaturas importados, intervenção
do Estado para garantir o desenvolvimento da indústria nacional e nacionalismo como ideologia,
o conjunto dessas políticas ficou conhecido como nacional-desenvolvimentismo.

Em termos educacionais, o nacional-desenvolvimentismo teve como centro formar uma força


de trabalho minimamente escolarizada nas áreas mais urbanas e garantir a disciplina dessa força
de trabalho por meio da ideologia nacionalista, formulada mediante uma concepção de
“brasilidade”.

As principais reformas educacionais no período getulistas foram Reforma Francisco Campos e


Reforma Gustavo Capanema. Em linhas gerais, a combinação dessas reformas constituiu a
seguinte estrutura: educação primária obrigatória: dos 7 aos 10 anos, exame admissional para
acessar a educação secundária, e educação secundária dividida em duas sub-etapas ensino
ginasial (11 aos 14 anos) e o ensino clássico/científico (15 aos 17 anos).

Lei nº 4.064 - Lei de Diretrizes e Bases – LDB 1961

A LDB de1961 foi a primeira Lei de Diretrizes e Bases da história da educação no Brasil. Sua
constituição teve início no ano de 1946, no entanto as disputas de grupos religiosos e de uma
intelectualidade laica que representava os setores industriais e urbanos, provocaram uma
demora de 13 anos para sua aprovação.

Em linhas gerais, a LBD de 1961 pouco inovou a respeito da estrutura educacional do país. Sua
principal inovação foi a flexibilidade curricular, de acordo com a região e instituição. Todavia,
um dos pontos mais sensíveis da educação básica brasileira – o exame admissional como meio
de acesso ao ensino secundário (médio) foi mantido. E em alguns aspectos é possível afirmar
que a LBD/1961 apresentou retrocessos, como por exemplo em relativizar a obrigatoriedade do
ensino primário.

O caráter da educação no período da ditadura militar

A legislação educacional datada do período da ditadura militar tinha dois sentidos combinados:
1) controle ideológico; 2) garantir que a demanda pela expansão da educação básica não
ultrapassasse a ordem vigente e os limites estabelecidos pelas necessidades produtivas do
capital.

Quanto ao sentido ideológico da educação, esse pode ser conferido no Decreto-Lei nº 477/1968
que previu perseguições contra membros da comunidade escolar que supostamente estivessem
envolvidos em atividades consideradas subversivas, bem como no Decreto-Lei nº 869/1969 que
instituiu a chamada Educação Moral e Cívica, baseada no sentimento chauvinista e da chamada
“moral e bons costumes”.

A respeito da expansão do ensino, esse foi garantido por meio do fim do exame admissional
para ingresso no ensino secundário, previsto na Lei nº 5.692/1971. No entanto, ao mesmo
tempo em que a referida lei extinguiu o exame admissional na educação básica, ela não apenas
tornou todo o ensino médio profissionalizante, como criou a vestibular como meio de acesso ao
ensino superior, assegurando assim que as camadas populares se mantivessem no máximo no
ensino básico.

Referência: ROMANELI, Otaíza de Oliveira. Petrópolis: Vozes, 1999.

Legislação educacional contemporânea: Constituição de 1988 e LDB de 1996

A Constituição de 1988 e a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) de 1996 são os

dois pilares jurídicos que regem a educação básica brasileira. Ambas as leis foram

formuladas em um período marcados pela seguinte contradição política e econômica: fim

da ditadura militar no Brasil e o aparecimento do ultra liberalismo (neoliberalismo) como

política de Estado. Por esse motivo, tanto a Constituição de 1988 como a LBD de 1996

carregam em si fortes apelos democráticos, mas ao mesmo tempo trazem aberturas para

a mercantilização da educação.

Princípios da Educação Básica

Como parte da Educação Ocidental os princípios que acompanham a educação básica no

Brasil são inspirações diretas dos pressupostos republicanos inaugurados pela Revolução

Francesa. Tais princípios são:


1) Gratuidade: o Estado deve garantir o acesso e permanência de crianças e jovens na escola,
assegurando a esses as condições básicas para exercer esse direito;

2) Obrigatoriedade: a educação dos 04 aos 17 anos no Brasil é obrigatória. Além disso, trata-se
de um direito público subjetivo, ou seja, um direito que não pode ser renunciado por quem
recebe, nem negado por quem tem o dever de garanti-lo;

3) Laicidade: assegurada como um espaço de socialização do conhecimento científico, a


educação escolar pública não pode adotar nenhuma crença religiosa, seja por meio de
conteúdo, símbolos ou práticas em prédios, tampouco os profissionais de educação pública
podem impor sua crença aos demais membros da comunidade escolar;

Organização da Educação Básica

Por lei a educação brasileira está organizada da seguinte maneira: Níveis, Etapas e Modalidades.

NÍVEL

Trata-se do grau de aprofundamento e especialização dos conhecimentos sistematizados e


socializados pelas instituições de ensino. A educação formal brasileira possui dois níveis de
ensino: nível do ensino básico e nível do ensino superior.

Etapas do Ensino Básico

Trata-se das fases de quando ocorre a sistematização e a socialização do ensino básico.

Etapas da Educação Básica: ensino infantil (0 a 5 anos); ensino fundamental (06 aos 14 anos) e
ensino médio (15 anos aos 17 anos).

Modalidades

As modalidades presentes na educação básica tratam-se da maneira como ocorrerá as etapas.


No caso brasileiro, a legislação salvaguarda sete modalidades. Modalidades: 1) Educação de
Jovens e Adultos, 2) Educação Escolar Indígena, 3) Educação do Campo, 4) Educação Escolar
Quilombola, 5) Educação Especial, 6) Educação à Distância e 7) Educação Profissional e
Tecnológica.

Responsabilidades do Estado quanto à garantia do acesso e permanência

Por lei a educação é um dever do Estado e da Família em colaboração com a sociedade. Quanto
à responsabilidade do Estado, esta se divide da seguinte forma entre os entes da federação:
a) União: Cabe a União organizar o sistema federal de ensino e o dos Territórios, financiará as
instituições de ensino públicas federais, tais como as universidades, institutos e colégios de
aplicação. Ademais, exercerá, em matéria educacional, função redistributiva e supletiva
(suplementar), de forma a garantir equalização de oportunidades educacionais e padrão mínimo
de qualidade do ensino mediante assistência técnica e financeira aos Estados e aos Municípios.
De acordo com a Constituição, deverá investir em educação não menos que 18% da receita
resultante de impostos. Quanto ao caráter redistributivo e suplementar da União, esses são
possíveis de verificar respectivamente nas ações ligadas ao FUNDEB (Fundo de Manutenção e
Desenvolvimento da Educação Básica) e FNDE (Fundo Nacional de Desenvolvimento da
Educação)

b) Estados: Os Estados deverão assumir a atuação prioritária no ensino fundamental e médio,


bem como deverão investir em educação não menos que 25% da receita resultante de impostos.

c) Municípios: Os municípios deverão cuidar prioritariamente do ensino infantil e do ensino


fundamental, bem como deverão investir em educação não menos que 25% da receita
resultantes de impostos.

Fonte: BRASIL. Constituição de 1988

______. LBD de 1996

FUNDO NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO

O FNDE é uma autarquia vinculada ao Ministério da Educação, criada pela lei 5.537 de 1968 e
pelo Decreto de no872 de 1969. Seu objeto é financiar em caráter suplementar a educação nos
Estados e Municípios, em especial para a educação fundamental por meio do salário-educação.

Composição do FNDE: Presidência; Gabinete; Procuradoria Federal; Auditoria Interna; Diretoria


de Administração e Tecnologia; Diretoria Financeira; Diretoria de Planejamento e Orçamento;
Diretoria de ações educacionais; Diretoria de Programas e Projetos Educacionais; Diretoria de
Programas Especiais; Conselho Deliberativo

O Conselho Deliberativo do FNDE

Pode ser considerado o principal órgão do FNDE porque é ele quem decide a respeito do
financiamento dos programas e projetos educacionais e sobre a assistência financeira aos
estados, Distrito Federal e municípios e organizações sem fins lucrativos que atendam a
educação básica (ONGs).

Composição: Ministro da Educação (presidente do Conselho); representante dos Secretários da


Educação Básica (SEB); Secretários da Educação Profissional e Tecnológica (SETEC);
representante dos Secretários da Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade (SECAD);
representante dos Secretários da Educação Especial (SEESP); Presidente Geral do FNDE;
Procurador Federal do FNDE e o Presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas
Educacionais Anísio Teixeira (INEP).

Os tipos de programas e projetos financiados pelo FNDE

1) Programas de repasses de assistência direta;

2) Programas de repasses automáticos;

3) Programas de repasses voluntários

Programas de assistência (repasse) direta

A assistência direta é aquela que o próprio FNDE executa a aquisição e a distribuição do produto
aos estados e municípios. Exemplo: Programa Nacional do Livro Didático (PNLD) e o Programa
Nacional Biblioteca na Escola (PNBE). Nesse tipo de programa não existe transferência
monetária.

Programas de repasses automáticos

Os programas de repasses automáticos são aqueles que são financiados diretamente pela
transferência bancária entre a União para os estados e municípios, a partir do recurso do salário-
educação que é destinado a esses entes da federação. Exemplo: Programa Nacional de
Alimentação Escolar (PNAE); Programa Dinheiro Direto na Escola (PDDE); Programa de
Alfabetização de Jovens e Adultos (Fazendo Escola ou Recomeço) e Programa Nacional de Apoio
ao Transporte Escolar (PNTE).

Programas de repasses voluntários

Os programas de repasses voluntários são aqueles financiados pelo FNDE, mas que decorrem da
existência de convênios estabelecidos entre a União, os estados e os municípios.

BIBLIOGRAFIA

DA CRUZ, Rosana Evangelista. Pacto Federativo e financiamento da educação: a função

supletiva e redistributiva da União – FNDE em destaque. Tese de doutorado.

Universidade de São Paulo, 2009.

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