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NOTA DE AULA 5

A EDUCAÇÃO BRASILEIRA NA REPÚBLICA (1930-1964)

Após a Revolução de 1930, Getúlio Vargas ascende ao poder, representando o


setor ligado à industrialização, voltada principalmente ao consumo interno, daí
originando-se a sua ideologia – nacional-desenvolvimentista – em oposição ao
modelo anterior pautado na agricultura voltada ao mercado externo.

1930 - É criado o Ministério da Educação e Saúde Pública.

1931 - Reforma de Francisco Campos, destinada ao ensino superior,


secundário e comercial.

1932 - É lançado o Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova, cujos


educadores, por entenderem que a Educação Tradicional incentivava o
individualismo, próprio de uma concepção burguesa, defendiam uma Escola
Nova com os seguintes princípios:

i) ensino laico, gratuito e obrigatório;

ii) escola única e comum, não atendendo a privilégios de uma minoria;

iii) professores com formação universitária.

O Manifesto dos Pioneiros se constituiu, portanto, num marco da luta por melhores
condições de ensino no Brasil, aprofundando ainda mais a discussão de dois grupos de
educadores sobre os rumos da educação nacional.

Por um lado, havia quem defendia a ideia de que a Educação deveria ser
subordinada à doutrina religiosa, em separado (no que se refere ao sexo dos estudantes),
diferenciada para os sexos, particular e atribuindo à família a responsabilidade pela
atividade educacional.

Por outro lado, defendia-se a laicidade, a coeducação, a gratuidade e a


responsabilidade pública pela Educação. Todos concordavam com a extinção do
monopólio do Estado sobre a Educação, para que essa ficasse livre das ideologias de
esquerda e de direita.

EXIBIÇÃO DE VÍDEOS

Gustavo Capanema, que foi ministro da Educação e Saúde Pública, no


período de 1934 a 1945, formulou várias Leis Orgânicas do Ensino,
que foram promulgadas em 1942 e 1943.

A Reforma Capanema estruturou o ensino industrial e o ensino


secundário (ciclos ginasial e colegial), reformou o ensino comercial e
criou o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial – SENAI.

Com o fim do Estado Novo, Raul Leitão assumiu o Ministério da


Educação, que implementou, em 1946, novas medidas: organização
do ensino primário do País, do ensino normal e do ensino agrícola,
bem como criação do Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial –
SENAC.

As Constituições de 1934, 1937, 1946, 1967 e 1988 dedicaram


capítulos inteiros à Educação, manifestando a crescente preocupação
dos legisladores sobre o tema. Porém, se percebe que a Lei não tem
força para transformar a realidade, embora permita que se lute pela
sua implementação.

É importante, por exemplo, que exista um comando constitucional


determinando um limite mínimo para aplicação dos recursos dos
entes federados e da União na Educação. A gratuidade e a
obrigatoriedade da Educação devem ser buscadas paralelamente à
sua qualidade.
Um fato importante na Educação Nacional foi que a Constituição
de 1946, em seu artigo 5º, inciso XV, alínea d, determinou a
competência da União para elaborar a Lei das Diretrizes e Bases da
Educação Nacional (LDB), inaugurando uma fase de intensos debates
sobre os caminhos educacionais. Nesse sentido, dois anos depois, o
Ministro da Educação e Saúde, Clemente Mariani, enviou ao
Congresso Nacional um projeto de lei, o qual só foi aprovado em
1961 (Lei nº 4.024). Em 1953, Getúlio Vargas criou o Ministério da
Saúde e alterou a denominação de Ministério da Educação e Saúde
para Ministério da Educação e Cultura.

Os temas centrais dos debates que ocorreram durante a


elaboração desta LDB foram:

 A CENTRALIZAÇÃO OU DESCENTRALIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO

 OS PRINCÍPIOS DA ESCOLA PÚBLICA E DA PARTICULAR

 O FINANCIAMENTO

Dois grupos polarizaram o acirrado debate: estatista e liberalista.

Estatista - Defendia que o Estado tem a responsabilidade de


educar, formando o indivíduo (cidadão) para o bem da sociedade,
sendo a escola particular uma concessão do poder público.

Liberalista - Entendia que a Educação é um dever da família (e


não do Estado), a qual deve escolher entre as escolas particulares
aquela que lhe agrada, cabendo ao Estado conceder, a quem
necessitasse, bolsas de estudo para permitir o acesso àquelas.

É importante destacar que esses grupos já vinham lutando pela


implantação das suas ideias desde o início dos anos 1930. Em 1959,
um grupo de mais de 150 intelectuais lança um novo documento
– Manifesto dos Educadores: mais uma vez convocados – no qual, em
prol de uma educação democrática, reafirmam os princípios do
Manifesto de 1932: a igualdade de oportunidades para todos, a
liberdade de pensamento, a escola democrática e progressista.
No governo de Juscelino Kubitschek, houve uma crescente
participação do capital estrangeiro na economia nacional, o que já
havia sido uma das causas que levaram o presidente Getúlio Vargas
ao suicídio – pois ele defendia o fortalecimento da economia brasileira
a partir de empresas nacionais. Se por um lado a maior participação
das divisas internacionais permitiu o enriquecimento do País,
inspirando um movimento conhecido como nacional-
desenvolvimentismo, por outro manteve e aprofundou certas
estruturas sociais injustas, como, por exemplo, o isolamento da
região nordestina e a política agrária.

Lei nº 4.024/61 organizou a Educação nacional da seguinte forma:

Quadro: Organização da Educação Brasileira

GRAU CICLO DURAÇÃO (em anos)

Educação
Pré_Primário
7
Primário

Ensino Primário de 4 a 6

Ginasial 4
Médio
Colegial pelos menos 3

Cursos de
Graduação,
Superior Variável
Pós-graduação e
Especialização

Características da primeira LDB nacional:

• Apenas o Ensino Primário era obrigatório


• O ingresso no ciclo Ginasial do Ensino Médio dependia de aprovação no Exame
de Admissão (art. 36).
• O Ensino Médio tinha os cursos secundário, técnico (agrícola, comercial e
industrial), normal e outros.

• Os Ensinos Médio e Superior tinham como limites mínimos de duração 180 dias.

Os anos 60 foram marcados por uma profunda inquietação social,


merecendo destaque os movimentos de educação popular: os centros
populares de cultura (CPC), os movimentos de cultura popular (MCP) e o
Movimento de Educação de Base (MEB).

A contribuição de Paulo Freire para esta efervescência cultural, com forte


preocupação social e política, é intensa, não somente por ter formulado um
método de alfabetização, num país com grande contingente de pessoas
iletradas, mas devido à concepção de conhecimento, de Educação a ela
vinculada.

No entendimento de Paulo Freire, para compreender e atuar no mundo, o


Homem precisa ler a palavra e ler a realidade. A sua proposta educacional se
contrapõe à educação bancária, a qual não vislumbra os estudantes como
sujeitos, que interpretam e criam significado, mas, tão-só, gavetas para guardar
informações que poderão ser úteis no futuro...
O sucessor de Juscelino foi Jânio Quadros, que renunciou ao
governo em 25 de agosto de 1961. Os ministros militares impediram
a posse do vice de Jânio, João Goulart (Jango), a qual só se efetivou,
após duas semanas, com a implantação do Parlamentarismo. Com a
restauração do Presidencialismo, no início de 1963, Jango propôs
realizar as mudanças que julgava necessárias para corrigir a
economia nacional. O embate social a que se assistiu entre os que
eram a favor e contrários a essa proposta foi grande e culminou com
o movimento militar de 1964.
Verificação da Aprendizagem

1. Em relação ao Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova, responda:


i) Em que ano foi lançado?
ii) Que movimento o influenciou?
iii) Quais eram os seus princípios?
iv) A que tipo de Educação ele se opunha?
v) Suas ideias ainda são atuais? Justifique.

2. O que foram as Leis Orgânicas do Ensino?

3. Em relação à primeira Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, responda:


i) Em que ano ela foi aprovada?
ii) Quais eram os temas centrais dos debates que antecederam a sua aprovação?
iii) Nomeie e explique as ideias dos grupos que polarizam as discussões sobre essa Lei.
4. Tendo em vista a Lei nº 4.024/61, responda:
i)Quais eram os grau de Educação, como eles se dividiam e sua duração?
ii) quais são as suas principais características?

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