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ROTEIRO

Escola Nova e a Nacionalização do Ensino na Era Varga

Escola Nova
Após a Primeira Guerra, com o desenvolvimento industrial, a urbanização o povo despertou a
necessidade do acesso à educação. Enquanto a Escola Nova teve por ideal educar para a liberdade, no
sentido de possibilitar a autogestão do educando e a construção da sociedade democrática, as escolas
nos governos totalitários representaram um desvio e um retrocesso, além de evidente violência
simbólica.
Escola Nova é um movimento de renovação do ensino, inspirado por intelectuais da Europa e
da América. As várias teorias se assemelhavam, pelo menos em tese, no princípio de que se aprende,
fazendo”, e que “a criança aprende brincando”. Os conceitos do americano John Dewey (1859-1952)
influenciaram significativamente o pensamento escolanovista brasileiro. Temos diversos intelectuais
do país que eram chamados de “escolanovistas brasileiros”, porque apresentavam ideias defendidas
em vários países pelo movimento da Escola Nova. Esse movimento em prol da educação propiciou a
criação, em 1924, da ABE – Associação Brasileira de Educação.

As discussões dos escolanovistas despertaram o entusiasmo pela educação, para ampliar o


número de vagas nas escolas da rede pública, e o otimismo pedagógico, que tinha a intenção de
reorganizar os procedimentos didáticos e pedagógicos.
O Manifesto dos Pioneiros foi o auge do movimento ideológico da Escola Nova no Brasil,
constituindo-se em uma forma de protesto ao descaso do governo com a educação como um todo e
defendendo uma escola igualitária, democrática, laica e custeada pelo sistema público. Seus maiores
representantes foram: Fernando de Azevedo, Anísio Teixeira e Lourenço Filho. Eles não acreditavam no
sistema dual de ensino(ensino prático e teórico), sendo essa uma de suas bandeiras mais defendidas.
O grupo católico tinha ideias diferentes, e acreditavam que o ensino laico e gratuito levaria o
Estado a excluir a família e a igreja do sistema educacional tanto de crianças quanto de jovens. Dessa
forma eles saem da ABE e criam outra associação denominada Conferência Católica Brasileira de
Educação (CCBE).

A reforma Francisco Campos intensificou os debates em torno da política educacional do país,


delineando-se então duas grandes correntes:

» A dos reformadores, que lutavam por uma crescente democratização da escola – a chamada
“escola nova”;

» A da igreja, que combatia o laicismo das novas teorias pedagógicas.

Dussel e Caruso (2003) informam que para Dewey a educação se daria pela “reconstrução
contínua da experiência”, modelo das ciências naturais baseados em hipóteses e provas. Com base nas
necessidades advindas do próprio momento econômico e social, ler e escrever deveria ser uma
capacidade fundamental do indivíduo.

Nacionalização Do Ensino Na Era Varga


A década de 30 ficou marcada pelo fim da chamada República Velha e a ascensão de Getúlio
Vargas. Ele estabeleceu o Ministério de Educação e Saúde (Decreto nº 19.402, de 14/11/1930), com o
objetivo de ampliar sua faixa de participação no desenvolvimento da educação nacional; órgão
necessário para o planejamento e implantação de reformas educacionais no país. Francisco Campos
foi escolhido para atuar como ministro da educação e estabeleceu a Reforma do Ensino (1931/1932),
contendo vários decretos para reorganizar o ensino secundário e universitário

No ano de 1934, a Constituição estabelecendo a obrigatoriedade da escola primária, a


gratuidade do ensino primário e assistência aos estudantes necessitados, ficou sob responsabilidade
governamental a integração e o planejamento global da educação brasileira; o controle, supervisão e
fiscalização do cumprimento das normas federais.
Em 1937 Vargas estabeleceu o regime autoritário através de um Golpe Militar. Era o início do
“Estado Novo” que perdurou até 1945. O direito de todos à educação, defendido pelos representantes
da Escola Nova não havia direcionamento. O dever de educar os filhos deslocou-se do Estado para a
família. O ensino privado foi incentivado. A escola pública atenderia à demanda não contemplada
pelas instituições privadas. A Nacionalização do Ensino tinha cunho elitista e conservador, propostas
essas para a escola primária.
Quanto ao ensino secundário visava à preparação de homens que deveriam assumir as
maiores responsabilidades dentro da sociedade e da nação. Para as classes populares estavam
reservados os diversos cursos profissionalizantes, que só permitiam acesso a um curso superior da
mesma área.

Em 1942 o governa cria o SENAI (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial). Em 1946,


surgiu o SENAC (Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial). As escolas profissionalizantes
evidenciou o dualismo educacional. As elites cursavam o ensino secundário nas escolas públicas
enquanto às classes populares foi destinado o ensino profissionalizante. A classe média, que via na
escolaridade a oportunidade de ascender socialmente, preferia os cursos de formação propedêutica
(se refere à aprendizagem prévia de uma matéria ou disciplina).

Segundo Romanelli (2008, p. 168), a população que buscava o ensino profissionalizante era a que
necessitava de um trabalho, geralmente os pré-adolescentes, que não podiam entrar de forma oficial
no mercado de trabalho.
É nesse sentido que Aranha (2008, p. 202) critica o ensino secundário (ensino ministrado aos
adolescentes, com idade entre 12 e 18anos) derivado dessas reformas, por oferecer, aos filhos da
elite, cultura geral e humanística que alimentava uma ideologia política nacionalista e patriótica de
caráter fascista (muito em voga no período) para proporcionar condições para o ingresso no curso
superior e formar líderes.
Veja que através da educação, de forma sutil, o governo evitava a mobilidade social,
garantindo a manutenção do status quo dos grupos dirigentes, além de atenderem às necessidades
das empresas particulares, disponibilizando uma quantidade elevada de mão de obra. Estabeleceu
também a criação da União Nacional dos Estudantes – UNE e o Instituto Nacional de Estudos
Pedagógicos – INEP
(REFORMA) Francisco Campos, Ministro de Vargas, que oficializava a dualidade do ensino –
secundário e profissionalizante – para a classe dirigente e a proletária, respectivamente. A justificativa
residia na necessidade de preparação de mão de obra qualificada para o trabalho nas indústrias.

A educação precisava ser diferenciada para a formação de patrões e empregados.

(REFORMA) O Ministro Gustavo Capanema criou vários decretos-lei visando organizar a


educação, denominadas de Leis Orgânicas do Ensino. As propostas centralizaram-se na
reestruturação do currículo do ensino industrial (Decreto no. 4.073/1942), secundário (Decreto no.
4.244/1942), comercial (Decreto no. 6.141/1943), normal (Decreto no. 8.530/1946) e agrícola
(Decreto no. 9.613/1946). Houve modificação também nos ciclos de estudo (Decreto no.
4.244/1942). Observe no quadro a seguir a organização do ensino nesta época:

A Reforma Capanema permaneceu em 52 História da Educação no Brasil vigor até a


aprovação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDB – Lei no. 4.024, de 20 de
dezembro de 1961.

O modelo educacional proposto no governo de Getúlio Vargas tinha a pretensão de


apaziguar a relação conflitante entre as classes empresarial e operária, através da oferta de dois tipos
de ensino: um para a formação de condutores do povo e outro para transformar os trabalhadores em
seres passivos.

Apesar do sistema dual de ensino, conseguiu uma significativa expansão no sistema educacional. Em
1945 o número de escolas técnicas e industriais subiu para 1.368.O número de alunos, quase 15 mil
em 1933, ultrapassou 65 mil em 1945.

O Estado assumiu o papel de construtor da Nação. Isso significava dizer ao povo quem era ele,
isto é, formá-lo, incorporando-o à realidade nacional, identificando-o com a imagem do cidadão
trabalhador.
Segundo Schwartzman (2000), esta ação compreendia três aspectos:
a) O estabelecimento de um “conteúdo nacional” a educação transmitida nas escolas
relacionadas ao UFANISMO(patriotismo excessivo, orgulho), ao VERDE-AMARELISMO(nacionalismo
puro, sem interferência europeia) e a história mitificada dos heróis e das instituições nacionais, bem
como o culto às autoridades.
b) Padronização do ensino em todo o país.
c) Erradicação das minorias étnicas, linguísticas e culturais, cuja assimilação passou a
ser vista como questão de segurança nacional. A assimilação das minorias, se referia às populações
imigrantes que aportaram no Brasil antes do Estado Novo. Santa Catarina tornou-se um epicentro
dessas ações, devido o grande número de imigrantes que habitavam nesse estado. O aprendizado
dos hinos e canções patrióticas era efetivo e dinâmico. Esteve integrado em quase todas as
programações curriculares e através da mente infantil era levado aos lares.

VÍDEOS

https://www.youtube.com/watch?v=1szXBBXM-oI&t=115s 21/11/2022

REFERÊNCIAS

LIVRO 1 – HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO (Unglaub, Tânia Regina da Rocha) Capítulo 3;

LIVRO 2 – HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO / LICENCIATURA EM MATEMÁTICA (Melo, Josimeire Medeiros


Silveira de) AULA 4;

LIVRO 3 – HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO E DA PEDAGOGIA (Aranha, Maria Lúcia de Arruda)


Educação.4.Escolanovismo; 8.Reforma Capanema;

https://www.camara.leg.br/deputados/1567/biografia
http://memorialdademocracia.com.br/card/getulio-anuncia-pelo-radio-agora-e-estado-novo

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