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NOTA DE AULA 4

A EDUCAÇÃO BRASILEIRA NA REPÚBLICA (1889-1930)

 A Proclamação da República trouxe pequenas mudanças na prática, assim


como no Período Imperial.

 O discurso sobre “educação formal” e a necessidade de maiores investimentos


era recorrente;

 Conforme Faria Filho (2000, p. 27-28) estima-se que, na primeira década do


século passado, cerca de 5% da população em idade escolar era atendida pela
instrução pública, conforme estimativa do próprio Estado.

 A baixa qualidade da escola era denunciada por inúmeros diagnósticos que


relatavam a desorganização do sistema de instrução e o despreparo da maioria
dos professores.

 A produtividade da escola era baixíssima: a freqüência estava perto de 50%


dos matriculados e o aproveitamento oscilava entre 30 e 40% dos freqüentes.
Conclui-se, com esses dados, que apenas 1% da população nacional obtinha
sucesso na escola.

A escola isolada é uma resposta muito precária, do Estado


brasileiro, durante o século XIX, diante da necessidade de um
espaço adequado para fomentar a socialização das crianças. O
processo era simples: um professor, ou quem as suas vezes
quisesse fazer, devia encontrar na sua região um número
mínimo de crianças e, assim, requeria a criação de uma
cadeira de instrução primária no local. Essa costumava agregar
estudantes de níveis diferentes. A pressão social, manifestada
via de regra por abaixo-assinados, contribuía para que a
demanda fosse atendida pelo governo, estabelecendo, dessa
forma, uma proximidade da comunidade com o professor, o
qual precisaria, mediante uma conduta moral e pedagógica,
fazer jus à confiança nele depositada. Ao mesmo tempo, o
professor vinculava-se ao Estado, numa relação de mão dupla:
esse pagava o salário daquele que se submetia à fiscalização
empreendida pelo poder público, uma vez que as estatísticas
escolares efetuadas pelos próprios educadores, por vezes,
eram eivadas de fraudes... (FARIA FILHO, 2000, p. 28-29).
 ...Esse panorama se perpetuava em virtude de um precário
sistema de inspeção do trabalho escolar e das péssimas
condições de trabalho: i) tradicional baixos salários e ii)
inadequados locais e materiais didáticos, dentre outros.

(...) Muitas dessas escolas funcionavam na casa do próprio


professor, não somente nas salas, tendo caixotes servindo
como mesas e cadeiras, desprovidas, ainda, de um mínimo de
higiene, ensejando críticas de que essa educação pública
jamais realizaria a tarefa salvacionista, própria do ideário
republicano, pois pouco contribuía para a "[...] integração do
povo à nação e ao mercado de trabalho assalariado.". Diante
desse quadro, é que surge um movimento para "[...] refundar a
escola pública." (FARIA FILHO, 2000, p. 30).

VOCÊ JÁ OUVIU A EXPRESSÃO: “GRUPO


ESCOLAR” se referindo a uma ESCOLA?

É nesse contexto que a concepção do grupo escolar é adotada como a


solução dos crônicos problemas da Educação Nacional, possibilitando a
transição "[...] do arcaico para o moderno, do velho para o novo, dos
pardieiros aos palácios." (FARIA FILHO, 2000, p. 21). Para tanto, ele deveria
propiciar novos ritos e símbolos escolares, elaborar outra identidade para os
profissionais envolvidos na missão, o que ocorreria dentro de uma mudança
mais profunda que contemplava a organização do ensino, das suas
metodologias e conteúdos, a construção de espaço e tempo escolares, uma
nova identidade, baseada numa divisão racional do trabalho, além da
possibilidade de maior controle dos agentes pedagógicos (FARIA FILHO, 2000,
p. 31/34-35).

 Os ideais positivistas, que inspiraram a proclamação da


República, ganham espaço no cenário nacional, inclusive na
Educação.
 O governo provisório criou o Ministério da Instrução, Correios e
Telégrafos, sendo Benjamin Constant o seu primeiro titular;
 Benjamin Constant formulou a Reforma da Instrução Pública
Primária e Secundária do Distrito Federal, que foi aprovada pela
Assembleia Constituinte: Decreto nº 981, de 08 de novembro de
1890.
 Essa Reforma tinha como princípios a liberdade e a laicidade do
ensino, além da gratuidade do ensino primário.

Freire (1993, p. 184-190) afirma que a Reforma de Benjamim Constant –


que parece ter contemplado algumas propostas do projeto de Rui Barbosa,
apesar de conter alguns pontos que sugeriam revelar o esforço para se
descentralizar a Educação, bem como para empreender uma ampla
alfabetização no Território Nacional – está permeada de aspectos em favor da
centralização e de uma concepção elitista de Educação.

A CONSTUTUIÇÃO DE 1891

A Constituição de 1891 determinava a descentralização do ensino,


cabendo à União legislar sobre o ensino superior na Capital Federal, delegando
aos estados a responsabilidade de organizar todo o seu sistema escolar. A
Educação na República é marcada desde o início por três características:
A tendência de se querer modificar a realidade através da implantação de reformas, de
a)
leis – a de Epitácio Pessoa (1901), a de Rivadávia Corrêa (1911), a de Carlos Maximiliano
(1915) e a de Luís Alves/Rocha Vaz (1925), que refletiam a tendência de ora valorizar
mais o lado literário, ora o lado científico.

A inconstância política do governo federal em assumi-la, expressa na oscilação entre


b)
centralização x descentralização
A preocupação com o analfabetismo.
c)

Quando da Proclamação da República, para os nacionalistas, o Brasil


tinha “[...] dois grandes 'inimigos': o externo, os estrangeiros que poderiam nos
invadir contaminados pela prática das guerras na Europa; e o interno, a 'chaga
nacional', o analfabetismo.” (FREIRE, 1993, p. 180).

 É preciso destacar que a Alfabetização deveria tanto formar os jovens


para o serviço à Pátria, como para eliminar aquela praga que nos
assolava.

CONTEXTO SOCIAL DAS PRIMEIRAS DÉCADAS DO SÉCULO XX

As décadas de 10 e 20 foram marcadas por uma série de acontecimentos


sociais:

1. Anarquismo – tendo inclusive fundado algumas escolas, que em razão


da falta de apoio oficial não prosperaram (FREIRE, 1993, p. 207)

2. Modernismo – caracteriza-se pela busca de imprimir às diversas


manifestações culturais um estilo nacional, cuja expressão maior se deu com
a Semana de Arte Moderna de São Paulo (1922)

3.Tenentismo – representando a insatisfação de segmentos da classe


média e de militares de patente superior com as decisões políticas do governo
central, notadamente no que se refere ao apoio à oligarquia cafeeira, cujo
marco foi O Levante do Forte de Copacabana, também conhecido como os 18
do Forte, em 1922

4. Revolução Paulista de 1924 e a Coluna Prestes, que percorreu o


interior do País de 1924 a 1927, propagando ideias contra o governo federal.

Os anos 20 assisti
ram a um fenômeno semelhante ao que havia ocorrido no final da
Monarquia – quando o poder dos produtores ligados ao açúcar foi transferido
aos produtores de café – pois esses, paulatinamente, em consequência das
sucessivas crises do café no cenário internacional, foram perdendo a sua força
econômica, bem como a política, para os emergentes burgueses ligados à
nascente indústria nacional. Para atender a demanda por mão de obra
qualificada, reformas educacionais foram implementadas no nível primário em
vários estados – Ceará (1922), Bahia (1925), Minas Gerais (1927) e
Pernambuco (1928) – bem como no Distrito Federal (1928), todas sob a
influência da Escola Nova.

A Educação na Primeira República é marcada por dois movimentos


ideológicos: Entusiasmo da Educação e Otimismo Pedagógico. Enquanto o
primeiro tinha um caráter mais quantitativo, enfatizando a expansão da rede
escolar e a alfabetização do povo, o segundo, com uma perspectiva qualitativa,
visava à otimização do ensino, com a melhora das condições didáticas e
pedagógicas da rede.

Do ponto de vista pedagógico, três correntes/concepções pedagógicas


compuseram o cenário da Educação, cada uma delas associada a um setor
social: Tradicional, Nova e a Libertária. Nas décadas seguintes, as ideias das
duas primeiras continuaram a polarizar a discussão sobre os rumos da
Educação Nacional.

Atividade para verificar a Aprendizagem

1. Apresente e comente algumas mudanças (legais e factuais) que


aconteceram na Educação após a proclamação da República.

2. Contextualize e explique a criação do grupo escolar no cenário da


Educação Brasileira.

3. Cite e comente alguns movimentos sociais da Primeira República.

4. Que movimentos ideológicos caracterizam a Primeira República?


Explique cada um deles.

5. Comente sobre as principais Reformas Educacionais que


marcaram a Primeira República?

Referências
BARGUIL, Paulo Meireles. Há sempre algo novo! – Algumas considerações
filosóficas e psicológicas sobre a Avaliação Educacional. Fortaleza: ABC Fortaleza,
2000.

______. O Homem e a conquista dos espaços – o que os alunos e os professores


fazem, sentem e aprendem na escola. Fortaleza: Gráfica e Editora LCR, 2006.

FARIA FILHO, Luciano Mendes de. Dos Pardieiros aos palácios: cultura escolar e
urbana em Belo Horizonte na Primeira República. Passo Fundo: Universidade de
Passo Fundo, 2000.

FREIRE, Ana Maria Araújo. Analfabetismo no Brasil. 2. ed. São Paulo: Cortez, 1993.

WOLFF, Silvia Ferreira Santos. Espaço e Educação: os primeiros passos da


arquitetura das escolas públicas paulistas. 1992. Dissertação (Mestrado em
Arquitetura). USP, São Paulo.

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