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FACULDADE PEDRO II

Curso: Pedagogia/ 6º período


Disciplina: Planejamento e Currículo
Profª; Valeska Melo Pincer
Aluna: Adriana T. Miranda Oliveira

CAPÍTULO 16- O Ensino Médio ao longo do Século XX: Um projeto inacabado


Marise Nogueira Ramos

Este capítulo aborda as principais mudanças pelas quais passaram a educação


secundária e oensino médio no século XX, especialmente a partir da década de 1930,
mediante uma aproximaçãocom as leis da educação brasileira. Existiu uma disputa
orientada por interesses de classes emediada pelas características do desenvolvimento da
economia capitalista do país.

O ensino médio na década de 1930: a pretensão de uma organicidade


Antes da reforma educacional implementada por Francisco Campos em 1931,
cujanormatividade é consagrada pela Constituição de 1934, a política de ensino secundário
voltava-separa as escolas públicas.
A partir da reforma Campos o governo federal definitivamente compromete-se com
essegrau de ensino, dando-lhe conteúdo e seriação própria. O rompimento do monopólio
estatal deacesso ao ensino superior deu amplitude à política de oficialização das escolas
privadas. Criou-se,dessa forma, uma política educacional especialmente voltada para o
ensino secundário como um todo.
Com esta reforma o ensino secundário adquiriu organicidade, caracterizando-se por
umcurrículo seriado e pela frequência obrigatória, com dois ciclos, um fundamental e
outrocomplementar.Ainda que se tenha regulamentado o ensino profissional comercial,
nenhumarelação foi estabelecida entre eles.

Da Lei Orgânica à primeira Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional:


conciliações conservadoras.

Em 1964, período em que se inicia o golpe civil-militar, predomina a preocupação com o


atendimento, pelo ensino, das demandas criadas pelas transformações do sistema
econômico.
Com a promulgação da Lei Orgânica do Ensino Secundário 1942, durante o Estado
Novo, nagestão do ministro Gustavo Capanema, acentuou-se a velha tradição do ensino
secundárioacadêmico, propedêutico (ensino restrito, controlado, fragmentado) e
aristocrático. O conjunto deleis orgânicas que regulamentou o ensino profissional nos
diversos ramos da economia, bem comoo ensino normal, significou um importante marco
na política educacional do Estado Novo, masainda não existia nenhuma relação entre eles,
mantendo-se duas estruturas educacionais paralelas eindependentes.
Somente a constituição de 1946 apontou para a necessidade de uma
regulamentaçãoeducacional abrangente, mediante a elaboração de uma Lei de Diretrizes e
Bases da EducaçãoNacional, mas, esta só veio a ser aprovada treze anos depois.
As discussões travadas em torno do projeto foram marcadas pelo conflito entre
escolapública e particular. O crescimento da procura pelo ensino secundário entre
significativoscontingentes da população urbana que não tinham condições de arcar com os
custos do ensinoprivado fez com que as pressões se concentrassem sobre os governos dos
Estados da Federação. Oatendimento a essas reivindicações provocou intenso processo de
criação de escolas secundáriaspúblicas estaduais.
Outro fato também orientou as discussões, consideravam insuficientes todas as
propostas atéentão formuladas, pois não davam atenção a vinculação da educação ao
desenvolvimento brasileiro.Para o ensino médio, o fato mais relevante foi à equivalência
entre este e o ensino profissional.Organizado em dois ciclos – o ginasial de 4 anos e o
colegial de 3 anos. Esta equivalência veio, então, conferir maior homogeneidade escolar a
este campo e, ainda, um caráter mais universal ao
ensino médio.

Os ensinos médio e técnico no contexto do Brasil como potencia mundial emergente

Em 1965 é criada a Equipe de Planejamento do Ensino Médio no âmbito do


Ministério daEducação destinado a assessorar os estados na formulação de planos para o
ensino médio e paraleloa este foi criado também o Programa Intensivo de Formação de
mão-de-obra desenvolvido peloMinistério do Trabalho, voltado para a preocupação de
operários qualificados.
Era grande a influencia norte-americana nesse programa, a intenção era ampliar ao
Maximoas matriculas nos cursos técnicos e promover uma formação de mão-de-obra
acelerada e nos moldesexigidos pela divisão internacional do trabalho.
O ensino secundário sofre maior impacto na reforma de 1971. A lei n. 5.692, de
11/08/1971,colocou com compulsório a profissionalização em todo o ensino de 2° grau.
Essa medida foi umvinculo linear entre educação e produção capitalista. O ensino técnico
assumiu uma funçãomanifesta de formar técnicos outra não manifesta de formar candidatos
para os cursos superiores.Portanto, na etapa de industrialização acelerada e de concentração
de renda esse curso passou a sercondição necessária para a possibilidade de ascensão social.
No âmbito do Departamento de ensino médio do MEC foram instituídos os
Programas deDesenvolvimento do Ensino Médio, objetos de contratos e empréstimos com
o Banco Mundial,tendo por finalidade tratar dos aspectos mais complicados da reforma
promovida em 1971.
O primeiro projeto foi a semente germinadora dos Centros Federais de
EducaçãoTecnológica, o segundo foi desenvolvido com o objetivo de implantar colégios
agrícolas, centrosinterescolares, colégio integrado, além de escolas técnicas do Serviço
Nacional de AprendizagemComercial. Essas circunstâncias levaram a uma política ainda
mais contundente de formação rerecursos humanos e qualificação acelerada de
trabalhadores. A entrada das multinacionais no país era significativa e as principais fontes
de financiamento eram o Banco Mundial e o Banco Interamericano de Desenvolvimento
(BID).

A luta progressista dos anos 80 e a vitória conservadora dos anos 90: da nova LDB à
reforma curricular no ensino médio e técnico

Fechando-se o ciclo da ditadura civil-militar, a mobilização nacional para a


transiçãodemocrática levou, ainda que lentamente, a instalação do Congresso Nacional
Constituinte em 1987.
Do lado da estrutura governamental, a preocupação com o ensino secundário
voltava-se,mais uma vez, para contornar a pressão por vagas no ensino superior e para
ajuste da formação àsnecessidades educativas trazidas pela incipiente modernização das
bases técnica e de gestão dotrabalho, do lado da sociedade civil, a comunidade educacional
organizada se mobilizavafortemente em face do tratamento a ser dado à educação na
Constituição, antes mesmo da instalaçãoda Assembléia Constituinte.
Em relação ao ensino médio, um importante avanço era sinalizado no sentido de
umtratamento unitário à educação básica que abrangesse desde a educação infantil até o
ensino médio,este como a ultima etapa.
O papel do ensino médio deveria ser o de propiciar aos alunos o domínio dos
fundamentosdas técnicas diversificadas utilizadas na produção, e não o mero adestramento
em técnicasprodutivas deveria, então, propor que o ensino médio formasse politécnicos. O
ideário dapolitécnica buscava romper com a dicotomia entre educação básica e técnica,
resgatando o principioda formação humana em sua totalidade.
Em síntese, a reforma do ensino médio promoveu mudanças de ordem estrutural
econceitual. No primeiro caso, as formulações estiveram em sintonia com as orientações
dasagencias internacionais, especialmente o BID, tendo como espinha dorsal a separação
entre ensinomédio e educação profissional.

Conclusões: a tendência pendular do ensino médio e as perspectivas de superação


dialética

Na primeira metade do século XX, o ensino médio foi fortemente marcado pela
dualidade deum sistema que se voltava para as elites e outro para as classes populares. A
não equivalência entreos cursos secundários e os técnicos, associada aos currículos
enciclopédicos dos primeiros, era aexpressão concreta de uma distinção social mediada pela
educação.
Enquanto vigorou o projeto nacional desenvolvimentista e a certeza do pleno
emprego,preparar para o mercado de trabalho foi realmente a principal finalidade do ensino
médio, ainda queo acesso ao ensino superior fosse facultativo e altamente demandado. Com
a crise dos empregosnão se faz possível preparar para o mercado de trabalho, dada a sua
instabilidade, dever-se-iapreparar para a vida.
Diante disto, concluímos que a discussão sobe as finalidades do ensino médio não
seesgotou juntamente com a transição para o novo século. Também ainda não se
compreenderamplenamente os fundamentos que lhe dão sentido: sujeitos e conhecimento.

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