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A era inicial pós-independência foi marcada por entusiasmo e apoio popular, mas surgiram desafios com
a contestação das igrejas devido à nacionalização de suas instituições educacionais. A criação do
Ministério de Educação e Cultura em 1976 refletiu a necessidade de lidar com a expansão escolar.
A abolição dos livros coloniais e a introdução de novos programas foram iniciativas para criar um
sistema educacional capaz de reduzir o analfabetismo. A dinâmica política adotou uma abordagem
"socialista moderna", buscando romper com as práticas coloniais, mas não dando destaque às práticas
locais.
No entanto, entre 1982 e 1992, persistiram desafios como a diminuição da rede escolar e a falta de
articulação entre níveis de ensino. O PPI refletiu o modelo de desenvolvimento socialista, buscando um
rápido desenvolvimento econômico para superar o subdesenvolvimento.
O período entre 1983 e 1995 marca o início do segundo período do Sistema Nacional de Educação em
Moçambique.
O SNE, estruturado em cinco subsistemas, visava formar cidadãos politicamente conscientes, erradicar o
analfabetismo, introduzir a escolaridade obrigatória, garantir acesso à educação profissional, formar
educadores e profissionais qualificados, promover a pesquisa científica, difundir o uso da língua
portuguesa e desenvolver sensibilidade estética nas crianças.
Introduzido em condições precárias, o SNE enfrentou desafios, como a falta de recursos materiais e
professores. A ênfase na formação do "Homem Novo" refletiu uma orientação política para a criação de
uma base revolucionária nas instituições de ensino.
Entre 1987 e 1992, Moçambique passou por uma "crise geral" na educação, atribuída à falta de recursos
financeiros e à guerra civil de 16 anos (1977-1992) entre a RENAMO e a FRELIMO. Em 1987, o país
adotou uma economia de mercado, substituindo o Plano Prospectivo Indicativo (PPI) por um Programa
de Reabilitação Econômica (PRE).
A Constituição de 1990 estabeleceu a educação como direito e dever de todos os cidadãos, permitindo a
participação de entidades privadas no processo educativo. O colapso do sistema educacional levou à
abertura de escolas privadas e comunitárias em 1990, aliviando o governo dos encargos financeiros.
A nova Lei 6/92, aprovada em um contexto de mudanças internas e internacionais, substituiu a antiga
Lei 4/83, adaptando-se às novas condições sociais, econômicas e políticas. O período foi marcado por
negociações para encerrar a guerra civil, acordos de paz e reformas na legislação educacional para
melhor atender às necessidades do país
Durante o terceiro período (1992-2003), a Lei 6/92 substituiu a Lei 4/83, marcando mudanças
significativas no sistema educacional moçambicano. A nova lei reiterou a educação como um direito e
dever de todos os moçambicanos, introduzindo a participação do setor privado no processo educativo.
A abertura para o setor privado resultou no surgimento de escolas particulares, inicialmente em Maputo
e posteriormente nas outras províncias. Essa mudança foi impulsionada pela necessidade de lidar com o
crescimento populacional e reduzir os encargos financeiros do Estado, alinhando-se também às políticas
neoliberais capitalistas.
O período testemunhou o desmembramento do Ministério de Educação e Cultura, criando o Ministério
de Educação (MINED), que posteriormente se tornou o Ministério de Educação e Desenvolvimento
Humano (MINEDH). A revisão do Sistema Nacional de Ensino (SNE) em 1992 dividiu-o em pré-escolar,
escolar e extra-escolar.
O ensino primário público, gratuito e dividido em dois graus, foi estruturado em três ciclos de
aprendizagem. O ensino secundário geral, composto por dois ciclos, não era gratuito, exigindo taxas de
matrícula simbólicas. A descentralização e privatização foram marcos importantes nas políticas
educacionais, refletindo uma transição para uma gestão mais plural e territorialmente distribuída.
A descentralização nas décadas de 1990 e 2000 resultou na gestão estatal das escolas públicas e
particulares geridas pelo setor privado. A cobrança de taxas no ensino secundário geral, juntamente
com a introdução de escolas privadas, trouxe novas dinâmicas ao sistema educacional.
No entanto, a revisão da lei, promovida pela Lei nº 18/2018, redefine o ensino primário, agora composto
por seis classes, subdivididas em dois ciclos. O primeiro ciclo abrange as classes de 1ª a 3ª, enquanto o
segundo ciclo engloba as classes de 4ª a 6ª.
Os objetivos do ensino primário incluem proporcionar uma formação inicial nas áreas de Comunicação e
Ciências Sociais, Ciências Naturais e Matemática, e Atividades Práticas e Tecnológicas. Além disso, busca
desenvolver conhecimentos socialmente relevantes, técnicas básicas e aptidões de trabalho manual,
preparando os alunos para uma participação mais significativa na vida produtiva.
O ensino primário pode ser ministrado em duas modalidades: monolingue, em Língua Portuguesa, e
bilingue, em Línguas Moçambicanas, incluindo a língua de sinais, além do Português.
As disciplinas variam de acordo com a classe e modalidade. Por exemplo, no ensino monolingue, na 1ª e
2ª classe, há três disciplinas, enquanto na 6ª classe, são sete disciplinas. Já no ensino bilingue, na 1ª e 2ª
classe, são quatro disciplinas, aumentando para sete na 6ª classe. Essa diversidade visa adaptar o ensino
às necessidades linguísticas e culturais dos estudantes
- **Progressão Dentro do Ciclo:** A progressão dos alunos ocorre normalmente de uma classe para
outra dentro de cada ciclo.
- **Transição do Primeiro para o Segundo Ciclo:** Na 3ª classe, os alunos enfrentam uma avaliação
interna para verificar o desenvolvimento das competências necessárias neste ciclo. Essa avaliação é
realizada na escola sob supervisão da ZIP.
- **Conclusão do Ensino Primário:** Ao concluir a 6ª classe, os alunos passam por exames em Língua
Portuguesa e Matemática para aferir o desenvolvimento de competências necessárias.
*Nota:* A Lei nº 18/2018, que estabelece essas diretrizes, está em vigor e sendo implementada
gradualmente.
- **Definição de Subsistema:** É um sistema que faz parte de outro sistema, sendo o sistema de
educação o processo organizado por cada sociedade para transmitir conhecimentos, valores e
habilidades às novas gerações.
- **Componentes e Estrutura:**
- **Subsistemas:**
- Educação Geral
- Educação de Adultos
- Educação Técnico-Profissional
- Formação de Professores
- Educação Superior
- **Níveis de Ensino:**
- Primário
- Secundário
- Médio
- Superior
Essa estrutura visa cobrir diversos aspectos educacionais, desde a educação básica até o ensino
superior, abrangendo diferentes necessidades e públicos-alvo.**Subsistema de Educação Geral em
Moçambique: Características e Objetivos**
2. Proporcionar uma formação integral, unificada, baseada no conhecimento das ciências e técnicas,
desenvolvendo capacidades intelectuais, físicas, manuais, e promovendo uma educação político-
ideológica, politécnica, estética e ética.
3. Desenvolver nas jovens qualidades básicas do "homem novo" com uma personalidade personalista.
2. Objetivos incluem consolidar, ampliar e aprofundar conhecimentos nas áreas naturais e sociais,
político-ideológica, histórico-cultural e educação física. Prepara os alunos para o ingresso no nível
superior.
- **Ensino Superior:**
1. Responsável por fornecer formação de alto nível em técnicos e especialistas nas diversas áreas do
conhecimento científico essenciais ao desenvolvimento do país.
- Educação de crianças e jovens com deficiências físicas, mentais ou difícil enquadramento social,
realizada em escolas especiais.
- Objetiva proporcionar uma formação que permita a integração dessas crianças e jovens na sociedade
e no mercado de trabalho.
- Educação de jovens com talentos e aptidões particulares nas artes, ciências, educação física, entre
outros, realizada em escolas vocacionais.
- Compete à educação de adultos formar a população com mais de 15 anos, garantindo uma formação
geral e o acesso aos diferentes níveis de educação técnico-profissional, ensino superior e formação de
professores.
- Compreende Ensino Primário, Ensino Secundário e Ensino Pré-Universitário.
4. **Ensino a Distância:**
- Utiliza novas tecnologias de informação como forma complementar e alternativa ao ensino regular.
- Particular ênfase na formação de professores, sendo uma modalidade alternativa que se destaca no
cenário educacional.
Este sistema diversificado abrange desde a educação especializada para necessidades específicas até a
oferta flexível de educação de adultos, utilizando métodos contemporâneos de ensino à distância.