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Índice

1. Introdução ................................................................................................................................... 3

1.1. Objectivos ................................................................................................................................ 3

1.2. Metodologias............................................................................................................................ 3

2. Educação pós-colonial ou pós-independência ............................................................................ 4

2.1. Objectivos ou Finalidades da Educação no Período Pôs Colonial .......................................... 5

2.2. Estruturação do sistema de educação ....................................................................................... 6

2.3. A implementação do Sistema Nacional da Educação (SNE) num contexto de conflito (1981-
1992) ............................................................................................................................................... 6

2.4. Educação após os Acordos da Paz (1992) ............................................................................... 8

2.5. Educação e género ................................................................................................................. 10

2.6. Desafios actuais ..................................................................................................................... 11

2.7. Comparação da Lei n.o 4/83 e Lei n.o 6/96 do Sistema Nacional de Educação ..................... 12

2.7.1. Lei n.o 4/83 de 23 de Março ................................................................................................ 12

2.7.1.1. Princípios gerais da Lei n.o 4/83....................................................................................... 12

2.7.1.2. Princípios que regem a estrutura da Lei n.o 4/83 ............................................................. 13

2.7.1.3. Objectivos da lei n.o 4/83 ................................................................................................. 14

2.7.2. Lei n.o 6/92 de 6 de Maio .................................................................................................... 15

2.7.2.1. Princípios gerais da Lei n.o 6/92 ...................................................................................... 15

2.7.2.2. Objectivos da lei n.o 6/92 ................................................................................................. 16

2.7.2.3. Sistemas da lei n.o 6/92 .................................................................................................... 17

2.8. Quadro comparativo entre as leis n.o 4/83 e lei n.o 6/92 ........................................................ 17

3. Conclusão.................................................................................................................................. 19

4. Referências bibliográficas ......................................................................................................... 20


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1. Introdução
O presente trabalho surge no âmbito da cadeira de Fundamentos de Pedagogia e tem como tema,
educação pós-colonial ou pós-independência, onde poderemos abordar da comparação entre a da
Lei n.o 4/83 e Lei n.o 6/96 do Sistema Nacional de Educação.

Portanto, o trabalho traz nos aqui aquilo que foram e são até hoje os passos da educação depois
de o nosso país tomar a independência e/ou depois da colonização portuguesa, ora, segundo a lei
nr. 6/92 sobre o ensino em Moçambique idade de ingresso passa a ser 6 e não 7 assim o número
de crianças necessariamente irá duplicar nos próximos anos, a situação será mais complexa com
o regresso das crianças em idade escolar em Moçambique.

Contudo, a política defendida pelo governo de abertura de ensino para todos enquanto por um
lado herdamos do sistema colonial, um sistema de educação e de carácter elitista sem infra-
estruturas escolares suficientes capazes de responder a demanda, concorre para a existência de
turmas numerosas sem necessariamente o acesso de todos ao ensino.

1.1. Objectivos
Geral

 Compreender a educação pós-colonial ou pós-independência

Específicos

 Identificar os objectivos ou finalidades da educação no período pós-colonial;


 Descrever a estruturação do sistema de educação no período pós-colonial;
 Explicar a educação após os Acordos da Paz (1992);
 Comparar a Lei n.o 4/83 da Lei n.o 6/96 do Sistema Nacional de Educação.

1.2. Metodologias
Para a materialização do presente trabalho recorreu-se ao uso de algumas obras literárias cujas
suas citações constam ao desenrolar do mesmo e sua bibliografia final nas referencias
bibliográficas.
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2. Educação pós-colonial ou pós-independência


Após a independência nacional em 1975 a educação tornou-se socialmente um direito e dever de
cada cidadão. Em 1978 frequentava na escola pública mais de 1419207 cidadãos dos quais
47.2% eram mulheres contra os 586868 em 1973 (ISAACM, 1984 citado por CASTIANO,
2005).

Segundo UACIQUETE (2010), no sector educacional, por meio do Governo de transição, muitas
acções foram levadas a cabo para discutir o sistema educacional, tais como:

 Seminário de Beira (Dezembro de 1974 a 1975);


 Reunião de Mocuba (Abril de 1975);
 Seminário Nacional de Alfabetização (Abril de 1975);
 IIIª Reunião do MEC (Julho de 1979);
 Seminário Nacional da Língua Portuguesa (Outubro de 1979);
 Seminário Nacional de Ensino de Matemática (Maio de 1980).

Estes momentos foram considerados como momentos de esforço por parte da FRELIMO (Frente
de Libertação de Moçambique), nos quais o povo foi mobilizado para a construção das escolas e
onde a FRELIMO retirou todas as matérias de ensino que não estavam ligadas às ideologias da
Frente e introduziu outras matérias de ensino, destacando-se a história e a geografia de
Moçambique. Outras mudanças que foram vistas na área da educação foram às mudanças dos
mecanismos de gestão e administração de funcionamento das escolas, alterações dos currículos
escolares e uma participação activa da população na escola.

Muito embora, apesar de todos os esforços feitos para garantir uma boa educação que o país
necessitava tanto, o país se deparava com vários problemas no que refere à cobertura da rede
escolar, falta de materiais didácticos, péssima condição da educação e outros problemas que
afectavam o sector (CASTIANO, 2005).

Neste contexto, algumas ideias foram consideradas como prioridades de um momento recente
que necessita de uma árdua batalha para conquistá-las. Essas prioridades foram ilustradas da
seguinte maneira:

 Criar uma sociedade nova e um „homem novo‟ com a capacidade e mentalidade livre;
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 Capaz de ser independente da ajuda estrangeira;


 Organizar uma nova nação com o sistema do Estado novo equiparada às nações
modernas;
 Desenvolver uma economia com a base na agricultura e indústria.

Chegar a estas metas levaria Moçambique a se tornar um país moderno com uma sociedade
moderna.

De acordo com o Relatório publicado pela ÁfriMAP (2012), após a independência em Junho de
1975, na área da educação, o padrão que a FRELIMO adoptou se baseava no padrão utilizado
nas zonas libertadas na época da guerra da libertação. O referido padrão de ensino se coloca nos
seguintes parâmetros:

 O ensino tem que funcionar com os seus próprios recursos;


 Todas as pessoas devem aprender e ensinar;
 Fazer uma conexão entre a teoria e a prática;
 Lutar contra o tribalismo, racismo e nepotismo;
 Fazer uma ligação entre a educação, produção e a comunidade;
 Tornar a escola um meio democrático.

2.1. Objectivos ou Finalidades da Educação no Período Pôs Colonial


Segundo BOLACHA (2013), no início do período pôs colonial, os problemas mais pertinentes
que o moçambicano necessita de ajuda para desenvolver os seus recursos naturais, proporcionar
e melhorar níveis de vida. Enfrentavam ainda ameaças de golpe de estado militares e alianças
entre os estados e com potências externas. Imediatamente criaram depois da independência os
chamados grupos dinamizadores com a intenção de mobilizar as populações em torno as
políticas do novo governo e desenvolver as actividades. No período pois independência a
educação teve uma definição ampla que consistia a formação de um homem novo capaz de
enfrentar desafios cinéticos.

Uma das maiores finalidades da educação pôs a independência consistiam na erradicação do


analfabetismo, implementação da educação para todos neste contexto o governo moçambicano
introduz a escolaridade obrigatório e a formação de um homem novo capaz de dominar natureza,
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um homem para as necessidades dos desenvolvimentos económico e social e da investigação


científica, tecnológica e cultural. A educação em Moçambique pôs o período colonial também
tem em vista a preservação dos valores culturais morais e costumes dos povos moçambicanos e
das línguas locais.

2.2. Estruturação do sistema de educação


Segundo MACHAVA (2015), hoje em Moçambique, o sistema de ensino está estruturado da
seguinte forma:

a) Escolas pré-primárias, que abarcam as crianças com menos ou igual a seis anos de idade.
Essas escolas são jardins infantis e creches;
b) A educação escolar, abrange o ensino geral, ensino técnico profissional e educação
superior. A educação escolar inclui as formas especiais de ensino, que são: educação
especial, educação vocacional, alfabetização e formação de professores.

Os dois níveis da educação compõem o ensino geral, englobando o ensino geral e o ensino
secundário.

O ensino primário corresponde a sete anos de escolaridade com subdivisão em duas partes, EP1
(Primeiro nível de ensino primário) da 1ª a 5ª classe e EP2 (Segundo nível do ensino primário)
da 6ª a 7ª classe.

O ensino secundário corresponde a cinco anos de escolaridade com subdivisão em dois períodos,
o primeiro período, ESG1, da 8ª a 10ª classe e o segundo, ESG2, que vai da 11ª a 12ª classe. Por
outro lado, o ensino técnico profissional correspondente ao EP2, ESG1 e ESG2 do ensino geral,
relacionado ao nível elementar básico e médio.

2.3. A implementação do Sistema Nacional da Educação (SNE) num contexto de conflito


(1981-1992)
Segundo GOLIAS (1993), os primeiros momentos depois da independência foram considerados
como momentos de voluntarismo e de pouca planificação, que abrangiam vários sectores do país,
e devido às dificuldades ou falta de pessoas qualificadas e falta de reorganização do aparelho
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do Estado, cada área funcionava quase sem depender das demais áreas, embora dando
seguimento à política básica da FRELIMO.

De acordo com BOLACHA (2013), o governo tinha conhecimento de que era importante fazer
um planeamento para o desenvolvimento das suas próprias políticas da governação, donde, em
1977, foi instalada a Comissão Nacional de Planeamento (CNP) que coordenaria os trabalhos dos
diferentes ministérios.

De acordo com AfriMAP (2012), na área da educação, em 1981 ocorreram às primeiras


iniciativas tomadas para uma planificação a nível nacional, isto aconteceu devido à aprovação
dos princípios e objectivos gerais de sistema nacional de educação. As normas da política da
educação concentravam-se na democratização do ensino e na sua articulação com as
políticas do desenvolvimento nacional e foi reafirmada a importância da educação para o
progresso económico e social, onde alguns objectivos foram estabelecidos, tais como:

 Acabar com o analfabetismo e oferecer acesso ao conhecimento científico à toda a


população;
 Inserir a obrigatoriedade da escola consoante o desenvolvimento do país, como sendo o
factor de garantir a educação básica para os jovens de Moçambique;
 Formar os professores profissionalmente conscientes e educadores, com uma nova e vasta
organização política, ideológica, pedagógica e científica com capacidade de educar outras
pessoas através dos conceitos socialistas;
 Formar cientistas e especialistas bem qualificados para possibilitar o desenvolvimento da
pesquisa científica consoante o que o país necessita.

As normas pedagógicas estabelecidas tinham como objectivo o desenvolvimento dos alunos


através da educação, incluindo a modificação do país, estas normas eram para orientar a futura
organização do Sistema Nacional da Educação em nível do país, que foi aprovado pela
Assembleia Nacional Popular (ANP) através da lei quadro em 1983 (GOLIAS, 1993).

A área da educação teria uma estrutura de cinco subsistemas de acordo com as normas do
Sistema Nacional da Educação, que são:

 Educação geral;
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 Educação de adultos;
 Educação técnico-profissional;
 Formação de professores;
 Educação superior.

Segundo GOLIAS (1993), existiam quatro níveis, que são: Primário; Secundário; Médio e
Superior.

O subsistema da educação geral foi estruturado em Ensino Primário (EP) que tem duração de
sete classes, ou com a duração mínima de sete anos, cinco anos para 1º grau (EP1) e dois anos
para 2º grau (EP2), e Ensino Secundário Geral (ESG) com a duração de cinco anos e com
subdivisão de dois períodos, o primeiro período que vai da 8ª à 10ª classe (ESG1), o segundo
período que vai da 11ª à 12ª classe (ESG2) (MACHAVA, 2015).

Muitas normas administrativas e regulamentares foram adoptadas com o estabelecimento do


Sistema Nacional da Educação, no qual a escola passou a ser obrigatória até 7ª classe.

O SNE proibia a discriminação e exigia a garantia de acesso à formação sem considerar a cor da
pele, sexo, religião ou raça, exigia também a existência da igualdade de oportunidade para toda a
população de Moçambique. O Sistema Nacional de Educação procurava estabelecer uma nova
fase da educação no país, possibilitando a diminuição do analfabetismo e dando ao povo o acesso
ao conhecimento científico, para possibilitar o seu desenvolvimento, mas como já foi dito, o
governo enfrentava várias dificuldades para estabelecer o seu programa na área da educação, no
que diz respeito à democratização do ensino e suas estruturas, como por exemplo, aconteceu nos
primeiros momentos da independência em que o governo tinha objectivos ambiciosos, mas por
outro lado existiam muitas dificuldades de carácter financeiro, as escolas em si e a
disponibilidade de professores de qualidade.

2.4. Educação após os Acordos da Paz (1992)


Segundo GOLIAS (1993), no ano de 1990 com o fim da guerra civil, uma nova constituição
foi anunciada, a Constituição da República de Moçambique, onde o monopartidarismo deu o
espaço ao multipartidarismo, no qual os valores do socialismo democrático foram trocados e o
país adoptou os valores da democracia liberal. Os acordos da paz foram assinados em Roma,
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capital da Itália em 1992 e em 1994 foram organizadas as primeiras eleições multipartidárias. A


mudança do sistema foi seguida do processo de modernização e reforma das áreas públicas e
subsequentemente demudanças na área da educação.

Na óptica de BOLACHA (2013), o Ministério da Educação em diálogo com os seus parceiros


internacionais, que estavam ajudando bastante o país, lançou um plano-director para o ensino
técnico e geral em 1994 e neste plano, alguns pontos foram estabelecidos como prioridades:

 Descentralizar as escolas e suas gestões, os governos das províncias devem passar a


tomar decisões em gestão e controle das escolas;
 Inserir as línguas locais ou línguas maternas nos materiais escolares;
 Apropriar os métodos do ensino com a realidade dos professores;
 Dar incentivo ao sector privado da área da educação.

Foi publicada pelo governo a sua Política de Educação em 1995, que estabelecia os objectivos da
área da educação, suas prioridades, a sua organização e seu modo de funcionar. Em seguida o
governo estabeleceu um plano estratégico para a área da educação focado na prioridade,
constituindo então a Política Nacional da Educação (PNE).

Depois de novas discussões com os parceiros internacionais, em 1997, o governo


apresentou o seu Plano Nacional para o Sector da Educação, este plano além de ajudar a
coordenar e planejar a médio-prazo as actividades, ajudou também por ser um meio tão benéfico
para o encaminhamento da ajuda externa, no sentido de apoiar a área de educação do país
(BOLACHA, 2013). Em 1997 foi apresentado o Plano Estratégico para o Sector da Educação
(PEE-I), que abarcou o período de 1999-2005, neste plano, o Ministério da Educação reforçou
sua concordância com os pontos prioritário estabelecidos no Plano Nacional da Educação, que
destacavam o aumento do acesso à educação para o povo moçambicano, a melhoria da qualidade
da educação e o desenvolvimento das instituições educacionais. Com o fim da guerra civil, a
área da educação se desenvolveu principalmente com o esforço que foi dado na reabilitação
das infra-estruturas e instituições educacionais, as escolas afectadas pela guerra,
principalmente as escolas primárias e secundárias, foram reabilitadas, houve aumento de
professores qualificados em nível das escolas primárias e secundárias em todo o país, o índice
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da desistência baixou e o número das meninas aumentou nas escolas e foi reorganizado o
sistema de alfabetização e educação de adultos.

2.5. Educação e género


Segundo BOLACHA (2013), desde muito tempo o governo de Moçambique colocou na sua
agenda a igualdade de género, o governo rectificou vários acordos internacionais e africanos de
direitos humanos enfatizando o género, o governo também unificou a questão do género e da
promoção da igualdade de direitos e oportunidades entre homens e mulheres nas principais
acções de planeamento da política e planos estratégicos.

Segundo MACHAVA (2015), o Programa Quinquenal do Governo para 2010-2014 confere a


prioridade à protecção da mulher e da família, em 2009, foi aprovada pelo governo a
Estratégia do Género na Função Pública para 2009-2013 onde foram ressaltados alguns pontos
principais:

 Princípio de integração de género, que estabelece a igualdade de género orientando todas


as acções estratégicas e políticas do governo;
 Princípio de igualdade, realçando a igualdade de direitos e mesma oportunidade;
 Princípio de não descriminação, que estabelece que nenhum funcionário deve ser
prejudicado ou beneficiado de qualquer direito por causa do seu género;
 Princípio da equidade de género, que trata da distribuição justa dos benefícios por
funcionários e funcionárias;
 Princípio de dignidade, onde o assédio de qualquer forma deve ser evitado no local de
trabalho tendo em vista a garantia de um bom ambiente de trabalho;
 Princípio da conciliação de trabalho-família, a ligação do direito humano ao trabalho e do
direito humano à formação da família.

De acordo com MACHAVA (2015), o Programa Quinquenal estabeleceu ainda que para o
desenvolvimento da área da educação o governo procurará:

 Priorizar o género no ensino primário;


 Promover o acesso das meninas na educação e formação técnico-profissional;
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 Autorizar a Política de Acesso ao Ensino Superior levando em consideração a


questão do género.

2.6. Desafios actuais


Muito embora se verifique o desenvolvimento no sector da educação nos últimos anos, pode-
se reconhecer que o referido sector ainda enfrenta vários problemas, até então existe baixa taxas
de escolaridade no ensino secundário e superior, o país enfrenta ainda as baixas taxas de
conclusão, a desigualdade de género, as deficiências nas infra-estruturas, a baixa qualidade de
educação, falta de recursos humanos, estes e outros pontos não citados aqui são os problemas
que a área da educação enfrenta em Moçambique (MACHAVA, 2015). Entre outras dificuldades
urgentes que a educação enfrenta podemos citar algumas mais urgentes, que são: a questão de
qualidade de ensino primário e a questão da expansão do ensino pós-primário. Os investimentos
para a construção das infra-estruturas, contratação dos professores e de funcionários para
actuarem nas escolas não têm êxito no sentido de atender as demandas do sector, principalmente
com as novas exigências. Foram criticadas as medidas políticas tomadas para acelerar o avanço
da área da educação por causa das suas condições precárias, ainda existe pouco acesso ao
ensino pós-primário e não existe um acompanhamento básico para o ensino primário, onde
vários estudantes, ao terminarem o ensino básico, não acham um meio ou condições necessárias
para dar continuidade a seus estudos.

Segundo MACHAVA (2015), entre muitas razões, que levaram à baixa qualidade do ensino em
Moçambique, além das dificuldades existentes na educação, o que é assinalado pelos altos níveis
de pobreza e de desnutrição das crianças, alguns problemas relacionados à educação foram
destacados, tais como:

 Alto rácio entre alunos e professores na turma;


 A pouca motivação e formação pedagógica dos professores;
 Falta de manual de orientação de professor organizado e com detalhes;
 Carência de material e equipamentos didácticos;
 A falta de muitas escolas pré-primárias;
 Uma introdução tão lenta do ensino da língua materna o que ajudaria na facilidade de
aprender os conteúdos escritos em língua portuguesa;
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 Curto período lectivo.

Para finalizar, os custos da educação directa ou indirectamente fazem surgir os efeitos no acesso
e fixação das crianças nas escolas, na maioria das vezes, são os familiares que custeiam a fixação
das crianças nas escolas, os custos directos correspondem às propinas pagas para o ensino
secundário, gastos nas compras de materiais escolares e indirectamente estes custos incluem
refeições, uniformes escolares, entre outros.

2.7. Comparação da Lei n.o 4/83 e Lei n.o 6/96 do Sistema Nacional de Educação
A lei do SNE é o instrumento jurídico onde se estabelecem os fundamentos, princípios e
objectivos da educação.

O Sistema Nacional de Educação garante o acesso dos operários, dos camponeses e dos seus
filhos a todos os níveis de ensino, e permite a apropriação da ciência, da técnica e da cultura
pelas classes trabalhadoras. Neste contexto, o SNE responde fundamentalmente aos seguintes
grandes objectivos:

 A erradicação do analfabetismo;
 A introdução da escolaridade obrigatória;
 A formação de quadros para as necessidades do desenvolvimento económico e social e da
investigação científica, tecnológica e cultural.

2.7.1. Lei n.o 4/83 de 23 de Março


A presente lei, começou a produzir efeitos à 1 de Fevereiro de 1983, aprovada pela Assembleia
Popular, e promulgada pelo antigo Presidente da República, Samora Moisés Machel. A mesma
possui 5 capítulos, 6 secções e 50 artigos que por sua vez possuem números e alíneas. A presente
lei, é síntese das Linhas Gerais do SNE aprovadas pela Assembleia Popular e das contribuições
recolhidas no debate popular que se realizou em todo país.

2.7.1.1. Princípios gerais da Lei n.o 4/83


O SNE orienta-se pelos seguintes princípios:
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A educação é um direito e dever de todo o cidadão, o que se pode notar na igualdade de


oportunidades de acesso a todos níveis de ensino e na educação permanente e sistemática de todo
povo, garante a apropriação da ciência, da técnica e da cultura, e constitui um factor
impulsionador do desenvolvimento económico, social e cultural do País. É o instrumento
principal da criação de Homem Novo, liberto de toda a carga ideológica e política da formação
tradicional capaz de assimilar e utilizar a ciência e a técnica ao serviço da revolução;

2.7.1.2. Princípios que regem a estrutura da Lei n.o 4/83


Princípio de unidade

O SNE composto por vários subsistemas e níveis de ensino, esta unidade constitui uma estrutura
orgânica, objectivos, conteúdos e metodologias de educação e formação.

Princípio da correspondência de objectivos

Os objectivos, Conteúdos e estrutura do SNE estão em relação com o desenvolvimento


socioeconómico do país, o que implica uma permanente e sistemática actualização e
aperfeiçoamento.

Princípio da Articulação e Integração do Sistema

Garante a articulação horizontal e vertical de todos os níveis de ensino dentro de cada subsistema
e entre estes, de forma a ser sempre possível a passagem ao grau ou nível imediato e completa a
articulação interna com a integração e vinculação com os sectores laborais de modo a impedir
vias de formação sem continuidade.

Princípios Pedagógicos

Desenvolvimento das capacidades e personalidades de uma forma harmoniosa, equilibrada e


constante, dando uma formação integral nas áreas político-ideológica e moral, da comunicação
das ciências matemáticas, das ciências naturais e sociais, politécnica e laboral, estética, cultural e
da educação física;

Unidade dialéctica entre a educação científica, educação ideológica, devendo os próprios


conteúdos de ensino reflectir a orientação ética e ideológica do Partido Frelimo;
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Ligação do estudo ao trabalho produtivo socialmente útil como forma de identificação com as
classes trabalhadoras, aplicação de conhecimentos científicos à produção e de participação no
esforço do desenvolvimento económico e social do País.

2.7.1.3. Objectivos da lei n.o 4/83

O SNE tem como objectivo principal, a formação do Homem Novo, livre do obscuro da
superstição, e da mentalidade colonial, um Homem que assume os valores como a unidade
nacional, o amor à pátria, o gosto pelo estudo, o espírito de iniciativa e criatividade, o gosto pelo
trabalho e pela vida colectiva, e dentre os demais valores societais;

Formar cidadãos com sólida preparação política, ideológica, científica, técnica, cultural e física e
uma elevada educação patriótica e cívica, bem como a erradicação do analfabetismo de modo a
proporcionar a todo povo o acesso ao conhecimento científico e o desenvolvimento pleno das
suas capacidades;

Introduzir a escolaridade obrigatória e universal de acordo com o desenvolvimento do País,


garantindo a educação básica e assegurar a todos os moçambicanos o acesso à formação
profissional;

Formar professores, cientistas e especialistas altamente qualificados que permitam o


desenvolvimento profissional e da investigação científica respectivamente;

Difundir, através do ensino, a utilização da língua portuguesa contribuindo para a consolidação


da unidade nacional.

Subsistemas da lei n.o 4/83

O Sistema Nacional de Educação é constituído pelos seguintes subsistemas:

 Subsistema de Educação Geral;


 Subsistema de Educação de Adultos;
 Subsistema de Educação Técnico-Profissional;
 Subsistema de Formação de Professores;
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 Subsistema de Educação Superior.


Níveis da Lei n.o 4/83

O Sistema Nacional de Educação está estruturado em quatro níveis:

 Primário;
 Secundário;
 Médio;
 Superior.

2.7.2. Lei n.o 6/92 de 6 de Maio

A presente lei foi aprovada pela Assembleia da República, presidida por Marcelino dos Santos
que começou a causar efeitos à 6 de Maio de 1992. Na altura, o País era dirigido pelo antigo
Presidente da República Joaquim Alberto Chissano. Possui na sua estrutura 8 capítulos, 40
artigos que por sua vez, possuem números e alíneas.

2.7.2.1. Princípios gerais da Lei n.o 6/92

O Sistema Nacional de Educação (SNE) orienta-se pelos seguintes princípios gerais:

 A educação é direito e dever de todos os cidadãos;


 O Estado no quadro da lei, permite a participação de outras entidades incluindo
comunitárias, cooperativas, empresariais privadas no processo educativo;
 O Estado organiza e promove o ensino, como parte integrante da acção educativa, nos
termos definidos na constituição da República;
 O ensino público é laico.
Princípios Pedagógicos

O processo educativo orienta-se pelos seguintes princípios pedagógicos:

 Desenvolvimento das capacidades e da personalidade de uma forma harmoniosa,


equilibrada e constante, que confira uma formação integral;
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 Desenvolvimento de iniciativa criadora, da capacidade de estudo individual e de


assimilação crítica dos conhecimentos;
 Ligação entre a teoria e a prática, que se traduz no conteúdo e método do ensino das
várias disciplinas, no carácter do ensino conferido na ligação entre a escola e
comunidade;
 Ligação do estudo ao trabalho produtivo socialmente útil como forma de aplicação dos
conhecimentos científicos à produção e de participação no esforço de desenvolvimento
económico e social do País;
 Ligação entre a escola e a comunidade, o desenvolvimento socioeconómico e cultural da
comunidade e recebe desta a orientação necessária para a realização de um ensino e
formação que responda as exigências do desenvolvimento do País.

2.7.2.2. Objectivos da lei n.o 6/92

São objectivos do Sistema Nacional de Educação:

 Erradicar o analfabetismo de modo a proporcionar a todo povo o acesso ao conhecimento


científico e o desenvolvimento pleno das suas capacidades;
 Garantir o ensino básico a todos os cidadãos de acordo com o desenvolvimento do país
através da introdução progressiva da escolaridade obrigatória;
 Assegurar a todos os moçambicanos o acesso à formação profissional;
 Formar cidadãos com uma sólida preparação científica, técnica, cultural e física e uma
elevada educação moral cívica e patriótica;
 Formar o professor como educador profissional e consciente com profunda preparação
científica e pedagógica, capa de educar os jovens e adultos;
 Formar cientistas e especialistas devidamente qualificados que permitam o
desenvolvimento da produção e da investigação científica;
 Desenvolver a sensibilidade estética e capacidade artística das crianças, jovens e adultos,
educando-os no amor pelas artes e no gosto pelo belo.
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2.7.2.3. Sistemas da lei n.o 6/92

O Sistema Nacional de Educação estrutura-se em: Ensino Pré-escolar; Ensino Escolar e Ensino
Extra-escolar.

Subsistemas da lei n.o 6/92

O Ensino Escolar compreende aos seguintes subsistemas de ensino: Ensino Geral; Ensino
Técnico-profissional e Ensino Superior.

Níveis da Lei n.o 6/92

O Ensino Geral corresponde dois níveis: Primário; Secundário.


O Ensino Técnico-profissional compreende os seguintes níveis: Elementar; Básico e Médio.

2.8. Quadro comparativo entre as leis n.o 4/83 e lei n.o 6/92
Aspectos convergentes Aspectos divergentes
Lei n.o 4/83 Lei no 6/92
Princípios Ligação do estudo ao trabalho produtivo Há uma unidade dialéctica entre A educação é multipartidária,
Pedagógicos socialmente útil como forma de a educação científica e isto é, a educação não depende
identificação com as classes educação ideológica, os de nenhum poder político e nem
trabalhadoras; conteúdos e programas de de qualquer crença religiosa.
Ligação estreita entre a escola e ensino reflectiam-se na
comunidade; orientação política do partido
Ligação entre a teoria e prática. Frelimo.
Objectivos Erradicar o analfabetismo de modo a Formar o professor como Formar o professor como
proporcionar a todo o povo o acesso ao educador e profissional educador e profissional
conhecimento científico e o consciente com profunda consciente com profunda
desenvolvimento pleno das suas preparação política e preparação científica e
capacidades. ideológica. pedagógica.
Assegurar a todos os moçambicanos o
acesso à formação profissional.
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Escolaridade Os pais, a família, as instituições A frequência e conclusão das Neste aspecto, a educação é
obrigatória económicas e sociais e os órgãos do sete primeiras classes do ensino tido como obrigatória, mas os
Poder Popular a nível local contribuem primário são obrigatórias. As encarregados não são
para o sucesso da escolaridade crianças moçambicanas devem determinados nenhuma
obrigatória, promovendo as inscrições ser obrigatoriamente penalização devido o atraso ou
das crianças em idade escolar, apoiando matriculadas na 1.a classe no não aderência ao ambiente
as nos estudos, evitando as desistências ano em que completem sete escolar.
antes de completar as sete classes do anos de idade. O conselho de
ensino primário. Ministros fixa os limites do
atraso escolar e determina as
penalizações a aplicar aos
encarregados.
Idade São estabelecidas e desenvolvidas As crianças moçambicanas As crianças moçambicanas que
Escolar actividades e medidas de apoio e devem ser obrigatoriamente completem seis anos de idade
complementos educativos visando matriculadas na 1a classe no ano serão matriculadas na 1a classe.
contribuir para a igualdade de em que completem sete anos de
oportunidades de acesso e sucesso idade.
escolar.
SNE O SNE garante o acesso dos operários, Antigo Sistema de Educação. Actual Sistema de Educação.
dos camponeses e seus filhos a todos os Chamava-se “Assembleia Chamava-se “Assembleia da
níveis de ensino. Popular” e o País era dirigido República” e o País era dirigido
por Samora Moisés Machel por Joaquim Alberto Chissano.
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3. Conclusão

Terminada a pesquisa pode se concluir que a educação é um processo progressivo que vem desde
os tempos mais remotos e que esta a sofrer diversas transformações e aperfeiçoamentos de
acordo as características de cada época.

Contudo, a lei educação 6/92 alterou a lei 4/83, nela e afirmado que estado moçambicano apenas
se organizava e promove o ensino “como parte integrante da acção educativa nos termos
definidos da república, a constituição referida no que diz respeito a educação nesta constituição
sustentado que” Na República de Moçambique a educação constitui o direito e um dever o
cidadão.

Na lei educacional 6/92 ainda em vigor de se verificar que nela existe uma mudança de conceito
educação para ensino. Com base na nova lei 6/92educacional é mencionado que assegurar e
garantir o ensino básico a todos os cidadãos com base no introduzido da escolaridade obrigatória
progressiva de acordo com o desenvolvimento do país constitui um dos objectivos do SNE. O
condicionamento do acesso ao ensino básico ao desenvolvimento do país e a introdução a
escolaridade básica. Progressiva parece ser proposicional, uma vez que legalmente conforme as
duas constituições a oferta da educação ou ensino básico não consta como dever do estudo mais
do cidadão e da família o que na consta na lei 4/83.
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4. Referências bibliográficas

ÁFRICA DO SUL. Moçambique, a prestação efectiva de serviços públicos no sector da


educação. Rosebank: AfriMAP & Open Society Foundation, 2012.

BOLACHA, Natália Helena da Fonseca. A mulher moçambicana na ocupação de cargos de


decisão: um estudo de caso no âmbito das direcções provinciais de Nampula. Lisboa, 2013.

CASTIANO, José. A longa marcha de uma educação para todos em Moçambique: impressa
universitária. 2005.

GOLIAS, Manuel. Sistemas de ensino em Moçambique. Maputo.1993.

MACHAVA, Paulino Albino. Educação, cultura e gestão do currículo local um estudo de caso.
Lisboa, 2015.

POPULAR, Assembleia. Boletim da República – Lei n.o4/8. 3o Suplemento, Maputo, 1983.

REPÚBLICA, Assembleia. Boletim da República – Lei n.o6/92, Maputo, 1992.

UACIQUETE, Adriano Simão. Modelo da administração da educação em Moçambique 1983-


2009. Aveiro, 2010.

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