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RIO POTI:
caminhos de suas águas
2020
Reitor
Prof. Dr. José Arimatéia Dantas Lopes
Vice-Reitora
Profª. Drª. Nadir do Nascimento Nogueira
Superintendente de Comunicação
Profª. Drª. Jacqueline Lima Dourado
RIO POTI:
caminhos de suas águas
1ª edição: 2020
Editoração
Francisco Antonio Machado Araujo
Diagramação
Wellington Silva
Capa
Mediação Acadêmica
Editor
Ricardo Alaggio Ribeiro
R585 Rio Poti: caminhos de suas águas / Iracilde Maria de Moura Fé Lima, 53 módulos
Emanuel Lindemberg Silva Albuquerque, organizadores. – Teresina:
EDUFPI, 2020.
E-book.
ISBN: 978-85-509-0570-9
CDD: 551.483
Bibliotecária Responsável:
Nayla Kedma de Carvalho Santos CRB 3ª Região/1188
SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO 7
PREFÁCIO 9
CAPÍTULO I - BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO POTI:
AMBIENTES E PAISAGENS DE TRANSIÇÃO
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POTI RIVER WATER BASIN: TRANSITION
ENVIRONMENTS AND LANDSCAPES
Iracilde Maria de Moura Fé Lima
O
livro “RIO POTI: caminhos de suas águas” reúne
uma coletânea de sete capítulos produzidos por
professores e pesquisadores que se dedicam aos
estudos em bacias hidrográficas e, particularmente, a do Rio Poti. A
iniciativa para elaborar esta obra partiu da necessidade de ampliar
e atualizar a pesquisa iniciada com a dissertação de Mestrado
intitulada “Caracterização Geomorfológica da Bacia Hidrográfica
do Rio Poti” (Profa. Iracilde), defendida na Universidade Federal do
Rio de Janeiro, tendo como orientador o Prof. Jorge Xavier da Silva,
dessa Instituição.
Representa, assim, um esforço científico e tecnológico para
ampliar o conhecimento desta importante bacia hidrográfica do
Nordeste brasileiro, contando com a contribuição de diversos
estudiosos ao contemplar os principais dados, informações e
mapeamento do alto, médio e baixo cursos do Rio Poti, abrangendo
áreas dos Estados do Piauí e do Ceará.
Ao considerar que a bacia hidrográfica corresponde a uma
importante unidade espacial para os estudos geográficos e áreas
afins, área considerada pela legislação brasileira como unidade de
gestão, esta mantém estreita relação com os seus componentes
físico-biológicos e antrópicos, tendo em vista que o meio ambiente é
um todo integrado.
APRESENTAÇÃO 7
O Rio Poti é um dos grandes afluentes do Rio Parnaíba, cuja
bacia hidrográfica atualmente é classificada como uma das doze
regiões hidrográficas brasileiras, pela Agência Nacional de Águas
(ANA). Nessa área ocorre uma grande diversidade de condições
ambientais, porque corresponde a uma área de transição formada por
diferentes estruturas geológicas e condições climáticas, refletindo-
se em cobertura vegetal e regimes hídricos variados, dando-lhe
paisagens singulares. Nela ocorrem também vestígios de ocupação
humana desde tempos remotos da história do homem, além do fato
de encontrar-se atualmente sob intenso processo de uso e ocupação
da terra, notadamente em seu baixo curso, onde se localiza Teresina,
a capital do estado do Piauí.
A partir desta compreensão, foram selecionados temas
relativos às diferentes paisagens e olhares sobre a bacia hidrográfica
do Rio Poti, destacando os ambientes de transição, a caracterização
geoambiental, os vestígios de ocupações humanas pré-coloniais e as
unidades de conservação no contexto da preservação ambiental. São
abordados, ainda, aspectos da dinâmica atual do ambiente e sua
capacidade de resiliência, o processo de urbanização de Teresina/PI e
as vulnerabilidades associadas, contemplando a relação dos parques
urbanos com o rio Poti.
Esperamos que as análises e informações proporcionadas pelo
presente livro possam subsidiar políticas de planejamento urbano e
regional relativas aos recursos hídricos do Rio Poti e, por extensão,
do Piauí e do Ceará. Pretendemos, assim, que se constitua em fonte
de informação relevante para qualificar as tomadas de decisões
dos gestores públicos e, ainda, potencializar novos estudos e novas
abordagens na bacia hidrográfica em epígrafe.
Finalmente, agradecemos a todos os autores que possibilitaram
a concretização do livro “Rio Poti: caminhos de suas águas”, com suas
análises sobre as temáticas selecionadas, colocando-as à disposição
da sociedade.
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CAPÍTULO I
INTRODUÇÃO
O
rio Poti tem um expressivo papel na história do Piauí,
por se encontrar numa região que teve seu povoamento
iniciado no período da colonização do Brasil, quando
seu vale serviu das rotas de idas e vindas de viajantes em caravanas.
Estes se deslocavam entre as províncias da Bahia, Pernambuco, Ceará
e Maranhão, enquanto outros grupos iam se fixando em núcleos
populacionais (CHAVES, 2013; COSTA, 2015).
Tem destaque nessa bacia a beleza de suas paisagens naturais,
exibindo canyons e grandes blocos de rochas dissecadas em formas
de relevo singulares (LIMA, 1982), onde se encontram também ricos
patrimônios arqueológico e paleontológico. Estes se compõem,
principalmente, de pinturas rupestres (LAGE, 2018) e de uma
floresta fóssil com troncos fossilizados que afloram no seu leito
(VASCONCELOS et al, 2016).
Estes aspectos têm motivado mais recentemente a busca de
sua revalorização, a partir do desenvolvimento de novas atividades
ASPECTOS TEÓRICOS
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Parnaíba
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Base de dados: ANA (2017); CPRM (2003); IBGE (2015;2018). Org.: Lima, 2019.
Os elevados níveis de dissecação do relevo, refletidos nas
paisagens sub-regionais, indica no entanto que a área desta bacia
hidrográfica esteve submetida a processos associados à atuação
de climas pretéritos nessas diferentes estruturas geológicas da
região nordeste do Brasil, individualizando os compartimentos
morfoclimáticos regionais (AB’SABER, 1969).
Estes processos pretéritos realçaram os níveis topográficos que
continuam a ser retrabalhados sob atuação de climas mais recentes,
encontrando-se na bacia hidrográfica do rio Poti altitudes que variam
entre 1.008 a cerca de 53 metros.
Observando-se o mapa da Figura 3 pode-se perceber que as
maiores altitudes encontram-se localizadas na borda soerguida da
bacia Sedimentar do Parnaíba, no limite dos Estados do Piauí e Ceará.
É classificada por Lima (2016) como pertencente ao compartimento
regional de relevo denominado Planalto Oriental da Bacia Sedimentar
do Maranhão-Piauí, representado pela cuesta da Ibiapaba.
Base de dados: ANA (2017); IBGE (2015;2018); TOPODATA (INPE, 2010). Org.:
LIMA, 2019.
Org. Lima (2019). Base de dados: ANA (2017); IBGE (2015; 2018)
Fonte: www.snirh.gov.br/hidroweb
A B
Legenda
Foto A - Leito seco do rio Poti, C
formando um rio de areia, num trecho
da localidade Cana Brava, logo depois
da saída do canyon da Ibiapaba (Foto
Lima, set. 1981);
Foto B – Foto aérea do leito do rio Poti
(canyon) profundamente encaixado
numa falha NE-SW, com vale coberto
por vegetação arbórea e as rochas do
entorno fortemente fraturadas. Na
superfície elevada se observa cobertura
vegetal bastante rarefeita e queda de
blocos de rochas que vão alargando
o vale (ECB Rochas Ornamentais do
Brasil Ltda. In: Albino, 2005).
Foto C – Trecho de outro canyon do
rio Poti de média profundidade,
mostrando vertentes fraturadas e
queda de grandes blocos de rochas, em
Buriti dos Montes (Lima, mar.2000).
Fonte: www.snirh.gov.br/hidroweb
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porção central mais elevada do divisor topográfico: o graben de Agricolândia, localmente conhecido por
Serra do Grajaú.
Imagem do leito do rio Poti “cortando” Foto do leito do rio Poti em trecho a
extenso afloramento rochoso, com jusante da travessia por pontão do rio
carga de fundo arenosa, a montante Poti, mostrando seu encaixamento em
da travessia do rio Poti, por pontão, rochas conservadas, e a consequente
entre os municípios de Demerval inexistência de terraços e planícies
Lobão e Beneditinos (Google Earth, 25 fluviais (SANTOS, mar.2013).
set.2012).
Rio Parnaíba
Rio Poti
Foto:Muller, set.2010.
Fonte: www.snirh.gov.br/hidroweb
Nº no População (hab)
Município Área (Km2) DD IDH
mapa Total Urbana Rural
1 Agricolândia 112,392 5.098 3.602 1.496 45,35 0,599
2 Água Branca 97,041 16.451 14.539 1.912 169,53 0,639
3 Barra D’Alcântara 263,382 3.852 2.032 1.820 14,63 0,577
4 Alto Longá 1.737,836 13.646 6.714 6.932 7,85 0,585
5 Barro Duro 159,429 6.607 4.789 1.818 50,39 0,612
6 Beneditinos 934,843 9.911 6.261 3.650 12,57 0,557
7 Demerval Lobão 216,807 13.278 10.873 2.405 61,24 0,618
8 Francinópolis 268,702 5.235 3.275 1.960 19,48 0,564
9 Lagoa do Piauí 427,325 3.863 1.672 2.191 9,05 0,583
10 Lagoinha do Piauí 67,617 2.656 1.582 1.074 39,35 0,597
11 Monsenhor Gil 567,545 10.333 5.309 5.024 18,17 0,615
Olho D’Água do
12 183,121 2.626 1.064 1.562 11,96 0,576
Piauí
13 Passagem Franca 643,438 4.546 2.482 2.064 5,35 0,561
Pau D’Arco do
14 430,817 3.757 556 3.201 8,72 0,514
Piauí
São Gonçalo do 150,070
15 4.754 3.308 1.446 31,65 0,616
Piauí
São Pedro do
16 518,288 13.639 8.195 5.444 26,32 0,595
Piauí
17 Teresina 1.391,046 814.230 767.557 46.673 584,94 0,751
18 Várzea Grande 237,013 4.336 2.581 1.755 18,29 0,571
Total do baixo curso 6.595,532 938.818 846.391 92.427 142,35 -
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS