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EDUFRR
Boa Vista - RR
2020
Copyright © 2020
Editora da Universidade Federal de Roraima
Pag. 35
PREFÁCIO
Pag. 36
A GOVERNANÇA DAS ÁGUAS E O IMPACTOS AMBIENTAIS NA BACIA
HIDROGRÁFICA DO MESTRE CHICO: INDICADORES DE
VULNERABILIDADE SOCIOAMBIENTAL
Edgard Soares da Silva
Adorea Rebello da Cunha Albuquerque
Pag. 48
UMA ANÁLISE COMPARATIVA DAS EXPERIÊNCIAS DE GERENCIAMENTO
DOS RECURSOS HÍDRICOS NOS ESTADOS DO CEARÁ E PARÁ COM BASE
NAS METAS DO PROGRAMA DE CONSOLIDAÇÃO DO PACTO NACIONAL
PELA GESTÃO DAS ÁGUAS – PROGESTÃO
Carlos Alexandre Leão Bordalo
Edson Vicente da Silva
Pag. 59
PROJEÇÃO DE CENÁRIOS PARA A REDUÇÃO DE EROSÃO LAMINAR
NA UNIDADE DE GESTÃO DE RECURSOS HÍDRICOS PONTAL
DO PARANAPANEMA (UGRHI 22) – SP
Isabel Cristina Moroz-Caccia Gouveia
José Mariano Caccia Gouveia
Pag. 72
PLANO ESTRATÉGICO DE RECURSOS HÍDRICOS DOS AFLUENTES DA
MARGEM DIREITA DO RIO AMAZONAS COMO SUBSÍDIO PARA A
ELABORAÇÃO DOS PLANOS DE BACIAS EM RONDÔNIA
Fabrícia Martins Silva
Aline dos Santos Betiolo
Mayk da Silva Sales
Catia Eliza Zuffo
Pag. 81
INTEGRAÇÃO DOS ELEMENTOS GEOMORFOLÓGICOS E PEDOLÓGICOS
DA SUB-BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO BATOQUE, HIDROLÂNDIA/CE
Ernane Cortez Lima
Ana Mesquita Paiva
Pag. 92
ANÁLISE FÍSICA E SOCIOAMBIENTAL DA BACIA DO RIO BRANCO EM
RONDÔNIA
Aline dos Santos Betiolo
Fabrícia Martins Silva
Nara Luísa Reis de Andrade
Pag. 103
FRAGILIDADE AMBIENTAL DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO DO PEIXE
(UGRHI-21) – SÃO PAULO
Gleice Santana Pereira
Isabel Cristina Moroz Caccia Gouveia
Pag. 114
DINÂMICA FLUVIAL NA TRANSIÇÃO DO CICLO DE ESTIAGEM-CHEIA DO
RIO CAUAMÉ, EM BOA VISTA/RR, COM BASE EM DADOS DE UMA ESTAÇÃO
TELEMÉTRICA HIDROMETEOROLÓGICA
Rômulo Ferreira de Magalhães
Jean Flávio Cavalcante de Oliveira
Fábio Luiz Wankler
Carlos Sander
Pag. 122
INTERFERÊNCIA E RELAÇÕES ENTRE AS MORFOLOGIAS DAS VERTENTES,
ÍNDICES DE DISSECAÇÃO E OS PERFIS LONGITUDINAIS DOS RIOS AGUAPÉÍ
E PEIXE
Jhonatan Laszlo ManoeL
Paulo Cesar Rocha
Pag. 130
GEOTECNOLOGIAS NO LEVANTAMENTO DO USO E COBERTURA DA
TERRA DA MICROBACIA DO IGARAPÉ AMBÉ-BAIXO RIO XINGU
Alexandre Augusto Cardoso Lobato
Carlos Alexandre Leão Bordalo
Éder Mileno da Sila de Paula
Pag. 140
ESTUDO DAS CARACTERÍSTICAS LIMNOLÓGICAS DA ÁGUA NA BACIA
HIDROGRÁFICA DO CÓRREGO VOLTA GRANDE, GUARAÇAÍ-SP
Amanda Rodrigues Correa
Paulo Cesar Rocha
Pag. 154
ANÁLISE E PROPOSTA DE ZONEAMENTO AMBIENTAL NA SUB-BACIA
HIDROGRÁFICA DO RIACHO CONTENDAS MASSAPÊ/MERUOCA-CE
Cleciane Rodrigues Martins
Ernane Cortez Lima
Pag. 165
ANÁLISE BACTERIOLÓGICA DAS ÁGUAS DAS NASCENTES DO IGARAPÉ
DO MINDU EM MANAUS – AMAZONAS
Matheus Silveira de Queiroz
Clarice Virgínia Santos Goiabeira
Selma Paula Maciel Batista
Neliane de Sousa Alves
Pag. 177
GESTÃO DE RECURSOS HÍDRICOS NO ESTADO DO AMAZONAS: O COMITÊ
DE BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO TARUMÃ-AÇÚ
Françoan de Oliveira Dias
Wallace de Sousa Santos
Jucineudo Matos de Souza
Leopoldo Ferreira de Souza Neto
Lucas Luiz Castro de Souza
Flávio Wachholz
Pag. 190
ANÁLISE HIDROLÓGICA DA UNIDADE DE GERENCIAMENTO DE RECURSOS
HÍDRICOS (UGRHI) 5 – PIRACICABA/SÃO PAULO
Beatriz de Azevedo do Carmo
Beatriz Alves Umbelino
Paulo Cesar Rocha
Pag. 201
GEOMORFOLOGIA URBANA E BACIA HIDROGRÁFICA: APONTAMENTOS
PARA BOA VISTA – RR
Antônio Carlos Ribeiro Araújo Júnior
Flávio Rodrigues do Nascimento
Pag. 213
POLÍTICA MUNICIPAL DE MEIO AMBIENTE E PROTEÇÃO DE MANANCIAL
DE ABASTECIMENTO URBANO: estudo aplicado na bacia hidrográfica
do manancial do alto curso do rio Santo Anastácio São Paulo –
Brasil
Matheus Naoto Archangelo Okado
Antonio Cezar Leal
Renata Ribeiro de Araújo
Pag. 221
OS FRAGMENTOS FLORESTAIS REMANESCENTES NA UNIDADE DE
GERENCIAMENTO DE RECURSOS HÍDRICOS DO PONTAL DO PARANAPANEMA
(UGRHI 22): CARACTERÍSTICAS E RELEVÂNCIA NA PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS
ECOSSISTÊMICOS AOS RECURSOS HÍDRICOS
Breno Vasconcelos de Oliveira
José Mariano Caccia Gouveia
Pag. 232
ESTIMATIVA DA DISPONIBILIDADE HÍDRICA ATRAVÉS DA CURVA DE
PERMANÊNCIA DO RIO AMAZONAS
Carolina Damasceno da Cruz Vieira
Gustavo de Albuquerque Soares
Isabel Priscila Chaves da Silva Rebello
Álvaro Ramos Menezes Santos
Joecila Santos da Silva
Pag. 241
GESTÃO DOS RECURSOS HÍDRICOS NO ESTADO DO PARÁ / BRASIL: UMA
ANÁLISE DE QUINZE ANOS DE PROMULGAÇÃO DA
LEI Nº 6.381/2001 – (2001/2016)
Francisco Emerson Vale Costa
Antonio Cezar Leal
Carlos Alexandre Leão Bordalo
Pag. 253
QUALIDADE ECOLÓGICA DA ÁGUA DE UMA BACIA HIDROGRÁFICA URBANA E
A RELAÇÃO COM O USO E OCUPAÇÃO DA TERRA
Sarah Couto de Freitas
Maria Helena da Silva Andrade
Alan dos Santos Eleutério
Augusto Ricardo Verginelli Mazzo
Pag. 263
ANÁLISE HIDROLÓGICA DO RIO JAPURÁ PARA FINS DE OUTORGA
Breno Felipe Dos Santos Mestrinho Cavalcanti1
Luís Felipe Gomes Da Silva
Rafael Mateus Alves Marinho
Álvaro Ramos Menezes Santos
Joecila Santos Da Silva
Pag. 271
CÓRREGO BONS OLHOS: CONTRIBUIÇÕES PARA MITIGAÇÃO DOS IMPACTOS
AMBIENTAIS NEGATIVOS
Vânia Santos Figueiredo
Ângela Maria Soares
Ludmagna Pereira de Araújo
Pag. 283
ANÁLISE DA HIERARQUIZAÇÃO DE DRENAGENS NA BACIA HIDROGRÁFICA
DA GROTA CRIMINOSA, MARABÁ/PA
José do Carmo Dias Neto
Bruna de Fátima Corrêa Lima
Pag. 295
ANÁLISE DO USO E OCUPAÇÃO DA TERRA DA MICROBACIA HIDROGRÁFICA
DA LARANJEIRAS, MARABÁ/PA
José do Carmo Dias Neto
Bruna de Fátima Corrêa Lima
Ilciléia dos Santos Silva
Pag. 303
PLANEJAMENTO E GESTÃO DE RECURSOS HÍDRICOS: A APLICABILIDADE
DAS LEIS NA GROTA DA LARANJEIRAS EM MARABÁ/PA
Bruna de Fátima Corrêa Lima
José do Carmo Dias Neto
Ilciléia dos Santos Silva
Pag. 314
CARACTERÍSTICAS GEOAMBIENTAIS DA BACIA HIDROGRÁFICA DO IGARAPÉ
ÁGUA BOA DO BOM INTENTO, BOA VISTA – RR
John Eric Lemos de Amorim
Vládia Pinto Vidal de Oliveira
Pag. 325
ANÁLISE MULTITEMPORAL DO USO E OCUPAÇÃO DO SOLO NA ALTA
BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO CORRENTE (GO) COM BASE NO USO DE
GEOTECNOLOGIAS
Ludmagna Pereira de Araújo
Vânia Santos Figueiredo
Pag. 339
GESTÃO DE RECURSOS HÍDRICOS E O ZONEAMENTO ECOLÓGICO-
ECONÔMICO
Beatriz Diogo Pessoa
Carlossandro Carvalho de Albuquerque
Isaque dos Santos Sousa
Liange de Sousa Rodrigues
Mayra Rejane Moreira Mendonça
Pag. 347
OS INSTRUMENTOS DA POLITICA ESTADUAL DE RECURSOS HÍDRICOS
NO ESTADO DO AMAZONAS: PANORAMA DA SITUAÇÃO ATUAL
Samara Beatriz da Silva Mendonça Alves
Elton Alves de Souza Filho
Ieda Hortêncio Batista
Carlossandro Carvalho de Albuquerque
José Camilo Ramos de Souza
Pag. 354
CONSELHOS DE RECURSOS HÍDRICOS E ÓRGÃOS GESTORES: COMPETÊNCIAS
NA GESTÃO DAS ÁGUAS NO BRASIL
Tathyana Rodrigues Leal Rocha
Decauita Poliana Peixoto da Silva
Catia Eliza Zuffo
João Gilberto de Souza Ribeiro
Pag. 363
GESTÃO PARTICIPATIVA DAS ÁGUAS: A (IN) EFICIÊNCIA DOS COMITÊS DE
BACIA NO ESTADO DO AMAZONAS COMPARADA A GESTÃO DE ÁGUAS
INTERNACIONAL
Samara Beatriz da Silva Mendonça Alves
Elton Alves de Souza Filho
Ieda Hortêncio Batista
Carlossandro Carvalho de Albuquerque
José Camilo Ramos de Souza
Pag. 367
VARIABILIDADE DA LAMINA D’ÁGUA NA BACIA AMAZÔNICA COMO
SUBSÍDIO DE PLANEJAMENTO E GESTÃO
Maria Neide Sousa de Almeida
Ednilson da Silva Albuquerque
José Camilo Ramos de Souza
Joecila Santos da Silva
Pag. 374
AVALIAÇÃO DA PRECIPITAÇÃO NA BACIA AMAZÔNICA COMO FERRAMENTA
DE GESTÃO DE RECURSOS HÍDRICOS
Edelson Gonçalves Marques
Andrei Tavares Fernandes
Carlossandro Carvalho de Albuquerque
Ieda Hortêncio Batista
Joecila Santos da Silva
Pag. 382
INSTRUMENTOS DE GESTÃO DOS RECURSOS HÍDRICOS: ENQUADRAMENTO
UM PANORAMA ATUALIZADO
Valério Magalhães Lopes
Alan Gomes Mendonça
Catia Eliza Zuffo
Pag. 390
ESTIMATIVA DE ÁGUA VIRTUAL UTILIZADA NA PRODUÇÃO DE SOJA NO
SUDOESTE GOIANO COMO EXEMPLO DA IMPORTÂNCIA DO INSTRUMENTO DE
COBRANÇA DE ÁGUA BRUTA
Diogo Lourenço Segatti
José Alves Neto
Lucijane Monteiro de Abreu
Pag. 399
ÁREAS ÚMIDAS ANTROPOGÊNICAS E O USO E OCUPAÇÃO DA TERRA EM
UMA BACIA HIDROGRÁFICA PERIURBANA, CAMPO GRANDE, MATO GROS-
SO DO SUL
Maria Helena da Silva Andrade
Sarah Couto de Freitas
Alan dos Santos Eleutério
Pag. 405
VALIDAÇÃO DOS DADOS DO SATÉLITE ALTIMÉTRICO JASON-2 NO RIO
SOLIMÕES-AMAZONAS
Cinthia Christina da Silva Cardoso
Mateus Ferreira de Oliveira
Joecila Santos da Silva
Pag. 413
Políticas públicas aplicadas na Bacia Hidrográfica Caranã
(BHC), Boa Vista – RR
Mayk Feitosa Santos
Antônio Carlos Ribeiro Araújo Júnior
Pag. 422
CARACTERIZAÇÃO DO REGIME HIDROLÓGICO DO RIO MADEIRA POR MEIO DA
CURVA DE PERMANÊNCIA
Bruna Pinheiro Barbosa
Mateus Monteiro Campeão Rocha
Orislane Vidal Flores
Álvaro Ramos Menezes Santos
Joecila Santos Da Silva
Pag. 431
CARACTERIZAÇÃO HIDROLÓGICA DO REGIME DE CHEIAS E VAZANTES
DO RIO NEGRO
Hugo Rodrigues Miranda
Lyvia Maria Corrêa de Lima
Waleska Maria Viana da Silva
Álvaro Ramos Menezes Santos
Joecila Santos da Silva
Pag. 440
DISPONIBILIDADE HÍDRICA ATRAVÉS DA CURVA DE PERMANÊNCIA NO RIO
JURUÁ
Amanda Cristina Souza Barreto
Diego Reis Figueira
Matheus Carneiro Freire
Álvaro Ramos Menezes Santos
Joecila Santos da Silva
Pag. 449
VALIDAÇÃO DOS DADOS DO SATÉLITE ALTIMÉTRICO JASON-2 NA BACIA
DO RIO TAPAJÓS
Karllen Portela Corrêa
Mateus Ferreira de Oliveira
Kleiton Morais da Silva
Joecila Santos da Silva
Pag. 456
DIAGNÓSTICO DOS FRAGMENTOS FLORESTAIS REMANESCENTES NA ÁREA
DE PROTEÇÃO AMBIENTAL DO TIMBURI – PRESIDENTE PRUDENTE/SP, A
PARTIR DE AVALIAÇÃO QUALI-QUANTITATIVA
José Mariano Caccia Gouveia
Isabel Cristina Moroz-Caccia Gouveia
Mariano Araújo Caccia Gouveia
Raul Borges Guimarães
Pag. 468
DESAFIOS NO MODELAMENTO E AS POSSIBILIDADES DO USO DA FERRAMENTA
SWAT NO KARST: UMA REVISÃO METODOLÓGICA
Ludmagna Pereira de Araújo
Vânia Santos Figueiredo
Pag. 480
AVALIAÇÃO DA RELAÇÃO ENTRE LAMINA D’ÁGUA E PRECIPITAÇÃO NA BACIA
AMAZÔNICA COMO FERRAMENTA DE GESTÃO DE RECURSOS HÍDRICOS
Mônica Jacaúna dos Santos
Igor Gabriel de Oliveira Souza
Rafael Jovito
Joecila Santos da Silva
Pag. 487
INSTRUMENTOSDEGESTÃOEMONITORAMENTOPARAÁGUASSUBTERRÂNEAS
EM MANAUS
Liange de Sousa Rodrigues
Maria da Glória Gonçalves de Melo
Maria Astrid Rocha Liberato
Carlossandro Carvalho Alburqueque
Beatriz Diogo Pessoa
Pag. 499
VALIDAÇÃO DOS DADOS ALTIMÉTRICOS FORNECIDOS PELO SATÉLITE JASON-2
NA BACIA DO RIO NEGRO
Ana Letícia Santos Ribeiro
Mateus Ferreira de Oliveira
Joecila Santos da Silva
Pag. 508
MONITORAMENTO AMBIENTAL NA AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DE UM
IGARAPÉ POR MEIO DE PROTOCOLO DE AVALIAÇÃO RÁPIDA – ESTUDO DE
CASO RIO BRANCO, AC
Ronnilda Maria Gonçalves Araujo
João Antônio Rodrigues Santos
André Ricardo Ghidini
Leandro dos Santos
Pedro Paulo da Silva Pereira
Andressa Crystine Souza da Silva
Pag. 517
APROVEITAMENTO DE ÁGUA DA CHUVA PARA FINS NÃO POTÁVEIS EM
MANACAPURU
Katriane Monteiro da Cunha
Fernando de Farias Fernande
Joecila Santos da Silva
Pag. 526
PARTICIPAÇÃO DO PODER PÚBLICO NO COMITÊ DE GESTÃO DE RECURSOS
HÍDRICOS: O CASO DA BACIA DO PURAQUEQUARA
Mayra Rejane Moreira Mendonça
José Camilo Ramos de Souza
Marcio de Jesus Lima do Nascimento
Beatriz Diogo Pessoa
Diogo Ferreira Vaz
Pag. 536
METODOLOGIA PARTICIPATIVA PARA PROPOSIÇÃO DE METAS E HORI-
ZONTES TEMPORAIS DO PLANO DE AÇÕES DA BACIA HIDROGRÁFICA DO
RIO SÃO MATEUS, ESPÍRITO SANTO
Felipe Andrade Silva
Gisele Gavazza Lamberti
Ranielle Almeida Fraga
Fernando Mieis Caus
Daniel Gomes da Silva
Monica Amorim Gonçalves
Pag. 547
OS MÚLTIPLOS USOS E A QUALIDADE DA ÁGUA DA BACIA DO RIO URUBUÍ
EM PRESIDENTE FIGUEIREDO, AMAZONAS-BRASIL
Raimunda de Souza Farias
Ieda Hortencio Batista
Pag. 557
CARACTERIZAÇÃO DAS OUTORGAS NO POLO INDUSTRIAL DE MANAUS
Maria Inácia de Assis Laranjeira
Joecila Santos da Silva
Luana Lisboa
Cassio Nunes Gomes de Castro
Pag. 567
ANÁLISE DOS EFEITOS DO DESMATAMENTO NA BACIA DO RIO JAMARI,
NO ESTADO DE RONDÔNIA
Josilena de Jesus Laureano
Ana Cristina Strava Corrêa
Pag. 578
APLICAÇÃO DA “CURVA-CHAVE” PARA CONTRIBUIÇÃO DA GESTÃO DE RECUR-
SOS HÍDRICOS: ESTUDO DE CADO NA ESTAÇÃO FLUVIOMÉTRICA DE ÓBIDOS-
-PARÁ SITUADA NO RIO AMAZONAS
Leopoldo Ferreira de Souza Neto
Lucas Luiz Castro de Souza
Luís Coelho de Magalhães Botelho
Carlossandro Carvalho de Albuquerque
Maria Astrid Rocha Liberato
Joecila Santos da Silva
Pag. 586
DETERMINAÇÃO DA CURVA-CHAVE NO RIO JURUÁ PARA UTILIZAÇÃO NA
GESTÃO DOS RECURSOS HÍDRICOS
Jéssica Alves Gonzaga
Josué da Silva Costa
Luiz Coelho de Magalhães Botelho
Isaque dos Santos Sousa
Joecila Santos da Silva
Pag. 592
CARACTERIZAÇÃO FÍSICA E SOCIOECONÔMICA DA BACIA HIDROGRÁFICA
DO RIO TARUMÃ-AÇÚ – AMAZONAS
Flávio Wachholz
Isabela Soares Colares
João Carlos Ferreira Júnior
Samara Aquino Maia
Pag. 601
EMPREGO DA CURVA-CHAVE NA GESTÃO DOS RECURSOS HÍDRICOS NA
BACIA AMAZÔNICA
Paulo Cezar Arce da Rocha
Maurício Viana de Oliveira
Daniel José das Chagas Ferreira
Luis Coelho de Magalhães Botelho
Ieda Hortêncio Batista
Joecila Santos da Silva
Pag. 608
DESAFIOS DA IMPLEMENTACAO DO SISTEMA DE GERENCIAMENTO DE
RECURSOS HIDRICOS DO ESTADO DO AMAZONAS
Luciani Aguiar Pinto
Carlossandro Carvalho de Albuquerque
Pag. 617
IMPLANTAÇÃO DE UM SISTEMA INTEGRADO DE GESTÃO DOS RECURSOS
HÍDRICOS BASEADO NUM SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOGRÁFICA:
BACIA DO RIO ARAGUARI – MG
Sylvio Luiz Andreozzi
Adriana Maria da Silva
Pag. 624
ANÁLISE TEMPORAL DE USO E COBERTURA DA TERRA NA SUBBACIA
HIDROGRÁFICA DO RIO POTI-PIAUÍ-BRASIL
Livania Norberta de Oliveira
Eugênia Cristina Gonçalves Pereira
Maria Lúcia B. Cruz
Pag. 633
CONSTATAÇÕES INICIAIS DAS MUDANÇAS NO FUNCIONAMENTO
HIDROGEOGRÁFICO NA VOLTA GRANDE DO RIO XINGU, COM A
OPERAÇÃO DA UHE BELO MONTE
Eder Mileno Silva De Paula
Alexandre Augusto Cardoso Lobato
Pag. 642
USO E OCUPAÇÃO DO SOLO DA MICROBACIA ALTO RIO JARAUÇU, BRASIL
NOVO-PA
Nadson De Pablo Costa Silva
Welitemara Da Silva Araújo
Alexandre Augusto Cardoso Lobato
Wellington de Pinho Alvarez
Eder Mileno Silva De Paula
Pag. 649
A GESTÃO DOS PROBLEMAS AMBIENTAIS NA ZONA COSTEIRA PARAENSE:
CONSIDERAÇÕES INCIAIS SOBRE O MUNICÍPIO DE SALINÓPOLIS
Jane Carla dos Santos Sarmento
Eder Mileno Silva de Paula
Nadson de Pablo Costa Silva
Marcia Aparecida da Silva Pimentel
Pag. 660
EXPANSÃO URBANA E IMPACTOS AMBIENTAIS: CARACTERIZAÇÃO DA DEGRA-
DAÇÃO AMBIENTAL ENTRE OS ANOS DE 1990 E 2018 NO VETOR DE CRESCIMENTO
SUDOESTE DO MUNICÍPIO DE PRESIDENTE PRUDENTE, SP – BRASIL
Mônica Kurak Lombardi
Roberto Braga
Pag. 671
A BACIA HIDROGRÁFICA DO UMBELUZI E A DINÂMICA DO CARBONO DO
SOLO: PROVÍNCIA DE MAPUTO –MOÇAMBIQUE
Orlando Inácio Jalane
Edson Vicente da Silva
Carlossandro Carvalho de Alburquerque
Pag. 681
O DESAFIO DA UNIVERSALIZAÇÃO DO DIREITO HUMANO FUNDAMEN-
TAL DO ACESSO À ÁGUA E SANEAMENTO: A DESIGUALDADE SOCIOECO-
NOMICAE ISOLAMENTO ESPACIAL PERIFÉRICO URBANO COMO MECA-
NISMOS DE PERPETUAÇÃO DA DISCRIMINAÇÃO
Erivaldo Cavalcanti e Silva Filho
Kaleen Sousa Leite
Marcela Pacífico Michiles
Nilcinara Huerb de Azevedo
Ulisses Arjan Cruz dos Santos
Pag. 692
ÍNDICE DE BALNEABILIDADE NO RIO MACHADO NA ÁREA URBANA DO
MUNICÍPIO DE JI-PARANÁ – RONDÔNIA
Stephanie Jedoz Stein
Valério Magalhães Lopes
Dandara da Silva Pereira
Fernanda Bay Hurtado
Pag. 703
ASPECTOS LEGAIS SOBRE A OUTORGA DO DIREITO DE USO DOS RECURSOS
HÍDRICOS NA ESFERA FEDERAL E NO ESTADO DE RONDÔNIA
João Paulo Papaleo Costa Moreira
Alyne Foschiani Helbel
Joane Paola Papaleo Costa Moreira
Catia Eliza Zuffo
João Gilberto de Souza Ribeiro
Pag. 712
PROPOSTA METODOLÓGICA DE MAPEAMENTO DE INDICADORES
SOCIOAMBIENTAIS APLICADOS À PISCICULTURA
Thalitta Silva Cota
Marta Silvana Volpato Sccoti
Nubia Deborah Araújo Caramello
Pag. 719
TANQUE DE EVAPOTRANSPIRAÇÃO (TEvap): UMA ALTERNATIVA
SUSTENTÁVEL PARA O TRATAMENTO DE ÁGUAS NEGRAS
Mariana Ribeiro Fernandes
Jakson José Ferreira
José Mariano Caccia Gouveia
Pag. 730
DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL: TÉCNICAS DE ENGENHARIA PARA
MELHORAMENTOS NA NAVEGABILIDADE DO RIO MADEIRA
Alessandra de Jesus Lopes
José Camilo Ramos de Souza
Pag. 737
RECUPERAÇÃO DE MATAS CILIARES COMO COMPENSAÇÃO AMBIENTAL
APLICADO A INDÚSTRIA
Brenda Jaine Corteze Soares
Elaine Cristina Kapisch Cunha
Pag. 746
O VALOR DA ÁGUA PARA GERAÇÃO HIDRELÉTRICA NA UHE SOBRADINHO
DIANTE DA CRISE HÍDRICA E DO DIA DO RIO NA BACIA DO SÃO FRANCISCO
Raísa Fernanda Ribeiro de Vasconcelos
Luiz Honorato da Silva Júnior
Pag. 756
IN S T R U ME NT OS E C ONÔMICO S GEREN CIAD O RES D E RECURSO S
ESCASSOS: A BACIA HIDROGRÁFICA ALÉM DA COBRANÇA
Débora Camargo Strada
Hallison Daniel do Carmo Marques
Diogo Ferreira Vaz
Beatriz Diogo Pessoa
Friedrich Wilhelm Herms
Pag. 766
VARIAÇÃO INTRASAZONAL DOS PARÂMETROS FÍSICOS-QUÍMICOS DA
ÁGUA DO RIO MACHADO E SEUS AFLUENTES NO TRECHO DA REBIO JARU
Mayk da Silva Sales
Etienne Oliveira Silva
Elisabete Lourdes do Nascimento
Célia Ceolin Baía
Wanderley Rodrigues Bastos
Ronaldo de Almeida
Pag. 774
M O N ITOR A ME NT O HIDR O LÓ GICO N O ESTAD O D O AMAZO N AS :
DE S A FIO S E PERSPECTIVAS
Gisely Pereira de Souza Ventura
Thiago Oliveira dos Santos
Françoan Oliveira Dias
Wallace de Souza Santos
Joecila Santos da Silva
Pag. 782
ÁGUAS SUBTERRÂNEAS: (PRO) POSIÇÃO DE COBRANÇA PELO USO DO POLO
INDUSTRIAL DE MANAUS (PIM)
Izaías Nascimento dos Santos
Ieda Hortêncio Batista
Nailde Martins Andrade
Carlossandro C. De Albuquerque
Pag. 791
AGRICULTURA FAMILIAR, CONSERVAÇÃO DAS PAISAGENS – ZONAS
DE AMORTECIMENTO DO PARQUE NATURAL DE SERRA MALAGUETA,
CONCELHO DE SÃO MIGUEL
Águeda Maria de Pina Furtado da Veiga
Edson Vicente da Silva - “Cacau”
Pag. 802
PROPRIEDADES TÉRMICAS DO SOLO NA SUB-BACIA HIDROGRÁFICA DO
RIO GURGUÉIA-PIAUÍ-BRASIL
Livania Norberta de Oliveira
Cláudia Maria Sabóia de Aquino
Pag. 810
A PERCEPÇÃO SOCIOAMBIENTAL DOS MORADORES SOBRE O IGARAPÉ DO
PASSARINHO NA ZONA NORTE EM MANAUS-AM
Dâmaris de Jesus Braga
Flávio Wachholz
Pag. 819
AS PATOLOGIAS NOS RIOS DA AMAZÔNIA
Michael Guimarães de Souza
Ana Mara Cruz Lachi
Adoréa Rebello da Cunha Albuquerque
Pag. 827
O PROCESSO DE OCUPAÇÃO URBANA DO IGARAPÉ DA CACHOEIRA GRAN-
DE SÉCULOS XIX E XX
Ana Mara Cruz Lachi
Michael Guimarães de Souza
Adoréa Rebello da Cunha Albuquerque
Pag. 836
DIAGNÓSTICO PRELIMINAR DOS PRINCIPAIS IMPACTOS AMBIENTAIS
GERADOS NA LAGOA DA FONTE DOS PADRES DEVIDO AO PROCESSO DE
ANTROPIZAÇÃO EM SEUS ENTORNOS ALAGOINHAS-BA
Larissa Lorrayne de Oliveira Martins
Alarcon Matos de Oliveira
Pag. 846
ASPECTOS GEOAMBIENTAIS DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO JAMARI
RONDÔNIA
Osmair Oliveira dos Santos
Grasiela Rocha Torres Goveia
Catia Eliza Zuffo
Danstin Nascimento Lima
Vaní Sousa da Silva
Pag. 856
ANÁLISE DA CONTINUIDADE ESPACIAL DA PRECIPITAÇÃO NA BACIA HI-
DROGRÁFICA DO RIO SÃO FRANCISCO EM SUA ÁREA DE OCORRÊNCIA
NO ESTADO DE MINAS GERAIS - BRASIL, SÉRIE HISTÓRICA 2004 A 2017
Aline Andressa Bervig
Luis Antônio Oliveira
Pag. 867
INTERVENÇÕES NOS CANAIS FLUVIAIS NA BACIA HIDROGRÁFICA DO
RIO SEPOTUBA, ALTO PARAGUAI, MATO GROSSO – BRASIL
Gustavo Roberto dos Santos Leandro
Paulo Cesar Rocha
Célia Alves de Souza
Pag. 876
CARACTERIZAÇÃO FISIOGRÁFICA DA SUB-BACIA HIDROGRÁFICA DO RIACHO
GABRIEL, NA LOCALIDADE DE JUÁ, IRAUÇUBA-CE
Nayane Barros Sousa Fernandes
Ana Mesquita Paiva
Ernane Cortez Lima
Pag..887
ANÁLISE GEOAMBIENTAL DA SUB-BACIA HIDROGRÁFICA DO RIACHO
GABRIEL, JUÁ- CE
Clélia Ferreira Rodrigues
Livana Sousa Guimarães
Noélia André Diniz
Nayane Barros Sousa Fernandes
Maria Jocilene Lima da Silva
Ernane Cortez Lima
Pag. 894
A ABORDAGEM GEOAMBIENTAL COMO CATEGORIA DE ANÁLISE DA BACIA
HIDROGRÁFICA DO RIO CATU, AQUIRAZ – CEARÁ
Francisco Samuel Nobre Ramos
Camila de Oliveira Louzada
Liza Santos Oliveira
Pag. 904
USO DE FERRAMENTAS GEOTECNOLÓGICAS NA ANÁLISE DAS MUDANÇAS
NA PAISAGEM DA MICROBACIA DO IGARAPÉ DA ÁGUA BRANCA,
MANAUS-AM
Randielly Barbosa Soares
Carlos Benedito Santana da Silva Soares
Solange dos Santos Costa
Jorge Alberto Lopes da Costa
Eclair Moraes
Carlossandro Carvalho de Albuquerque
Pag. 913
LEVANTAMENTO PEDOLÓGICO E ASPECTOS DO USO E OCUPAÇÃO NA
SUB-BACIA HIDROGRÁFIACA DO RIO ITACOLOMI-CE
Livana Sousa Guimarães
Ernane Cortez lima
Pag. 922
EXPEDIÇÃO MINDU: ANÁLISE GEOGRÁFICA DO IGARAPÉ DO MINDU
Matheus Silveira de Queiroz
Selma Paula Maciel Batista
Antonio Gomes Tomaz Neto
Neliane de Sousa Alves
Pag. 931
ANÁLISE DA DEMANDA HÍDRICA DE BACIA HIDROGRÁFICA ATRAVÉS
DO ESTUDO HIDROCLIMATOLÓGICO NO MUNICÍPIO DE BARBALHA-CE
Karolayne Araújo Coelho
Ana Leticia Moreira Viana
Liza Santos Oliveira
Pag. 942
IMPACTOS PROVOCADOS PELA CONSTRUÇÃO DE HIDROELÉTRICAS.
DESTERRO, DIVISÃO E PEREGRINAÇÃO DE UM POVO INDÍGENA. OS TUXÁS
DA BAHIA / BRASIL
Nelson E. Bernal Dávalos
Carla Silveira de Arruda
Pag. 949
A IMPORTANCIA DO ESTUDO DA SUB-BACIA HIDROGRÁFICA DO RIACHO
GABRIEL PARA A ANÁLISE DO USO E OCUPAÇÃO NO DISTRITO DE JUÁ
IRAUÇUBA-CE
Maria Jocilene Lima da Silva
Livana Sousa Guimarães
Nayane Barros Sousa Fernandes
Clélia Ferreira Rodrigues
Noélia André Diniz
Ernane Cortez Lima
Pag. 956
O USO CORPORATIVO DO TERRITÓRIO DE MARABÁ-PA E OS DESEQUILÍBRIOS
NA BACIA DO RIO TOCANTINS
Érika Vivianne Nascimento Araújo
Nathalia Karoline Feitosa dos Santos
Jordanio Silva Santos
Andrea Hentz de Mello
Pag. 967
ANÁLISE DAS MUDANÇAS NO PADRÃO DE DRENAGEM NO SETOR JUSANTE DA
BACIA HIDROGRÁFICA DO QUARENTA
Wesley Rito Maia Barbosa
Adoréa Rebello da Cunha Albuquerque
Pag. 974
ANÁLISE ESPACIAL DA FRAGILIDADE AMBIENTAL NA BACIA DO CÓRREGO DO
CEDRO-PRESIDENTE PRUDENTE-SP
Beatriz Alves Umbelino
Beatriz de Azevedo do Carmo
Paulo Cesar Rocha
Pag. 986
ÁGUA EM AMBIENTE URBANO: ESCOAMENTO SUPERFICIAL E SUB-SUPERFICIAL
NA SUB-BACIA DO IGARAPÉ DOS FRANCESES
Emile Diana Mendes de Azevedo
Etianne Monteiro Braga
Pag. 997
DENSIDADE DE ESTAÇÕES FLUVIOMÉTRICAS DA UGRHI 14 - ALTO
PARANAPANEMA SEGUNDO OS CRITÉRIOS DA ORGANIZAÇÃO
MUNDIAL DE METEREOLOGIA (OMM)
Amanda Rodrigues Correa
Danilo Ribeiro Mauro
Raquel Cabrera Gondim Machado
Paulo Cesar Rocha
Pag. 1009
CARACTERÍSTICAS AMBIENTAIS E DINÂMICA FLUVIAL NA BACIA
HIDROGRÁFICA DO RIO BUGRES – MATO GROSSO
Evandro André Félix
Celia Alves de Souza
Gustavo Roberto dos Santos Leandro
Pag. 1022
COMPARAÇÃO DE PARÂMETROS FÍSICO-QUÍMICOS ENTRE ÁGUAS DA
MICROBACIA DO MINDU E IGARAPÉS SOB INFLUÊNCIA ANTRÓPICA NA
CIDADE DE MANAUS-AM
Elton Alves de Souza Filho
Samara Beatriz da Silva Mendonça Alves
Renato Kennedy Ribeiro
Neves3, Ieda Hortêncio Batista
Carlossandro Carvalho de Albuquerque
Solange Batista Damasceno
Pag. 1034
FRAGILIDADE AMBIENTAL POTENCIAL E EMERGENTE NA BACIA HIDRO-
GRÁFICA RIO ARICANDUVA, NO MUNCÍPIO DE SÃO PAULO/BR
Nayara Rodrigues da Silva
Isabel Cristina Moroz-Caccia Gouveia
Pag. 1044
CARACTERIZAÇÃO FÍSICA E MORFOMÉTRICA DA BACIA HIDROGRÁFICA
DO RIO JARU/RO
Valério Magalhães Lopes
Lucas Vazquez Sityá
Deilton Wellington Ribeiro Nogueira
Nara Luisa Reis de Andrade
Ana Cristina Strava Correa
Pag. 1055
USO MÚLTIPLO DE BACIAS HIDROGRÁFICAS: DINÂMICA TERRITORIAL NA
BACIA DO RIO PEDREIRA, NO AMAPÁ
Jodson Cardoso de Almeida
Ricardo Ângelo Pereira de Lima
Pag. 1064
PROPOSTAS MITIGADORAS PARA A RELAÇÃO DE USO E OCUPAÇÃO
DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO COCÓ E DESASTRES NATURAIS
RECORRENTES: ESTUDO DE CASO BAIRRO JANGURUSSU FORTALEZA/CE
Milena Araujo de Sousa
José Marcos do Nascimento Santos
Rosana Soares Lucas
Ernane Cortez Lima
Pag. 1073
ALTERAÇÕES NO POTENCIAL DE ESCOAMENTO SUPERFICIAL NA
BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO SANTO ANASTÁCIO/SP EM RELAÇÃO ÀS
MUDANÇAS DE COBERTURA E USO DA TERRA
Aline Aparecida dos Santos
Paulo Cesar Rocha
Mariana Ribeiro Fernandes
Renata Ribeiro de Araújo
Pag.1086
ANÁLISE DA DENSIDADE DE ESTAÇÕES FLUVIOMÉTRICAS NAS UNIDADES
DE GERENCIAMENTO DE RECURSOS HÍDRICOS (UGRHI’s) 20, 21 E 22 DO
ESTADO DE SÃO PAULO, BRASIL
Aline Aparecida dos Santos
Mariana Ribeiro Fernandes
Munique Miyoshi de Almeida
Suélen Daianne de Oliveira
Paulo César Rocha
Pag. 1099
ASPECTOS RELEVANTES NA EXPLOTAÇÃO DE AREIA EM LEITOS DE RIOS
NO BRASIL
Osmair Oliveira dos Santos
Grasiela Rocha Torres Goveia
Catia Eliza Zuffo
Benedito Sales de Aguiar
Nábila Tainã Patêz Silva
Pag. 1110
USO DO SOLO NA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO JAMARI EM RONDÔNIA
E IMPLICAÇÕES NA QUALIDADE DAS ÁGUAS SUPERFICIAIS
João Paulo Papaleo Costa Moreira
Alyne Foschiani Helbel
Nara Luísa Reis de Andrade3
Ana Cristina Santos Strava Correa
João Gilberto de Souza Ribeiro
Joane Paola Papaleo Costa Moreira
Pag. 1120
PARQUE NATURAL DOS TARRAFES DO RIO CACHEU (GUINÉ-BISSAU): DISCUSSÃO
SOBRE IMPORTÂNCIA, ESTRUTURA E PROBLEMAS AMBIENTAIS
Antonio Correia Junior
Edson Vicente da Silva
Francisco Davy Braz Rabelo
Carlos Henrique Sopchaki
Pag. 1130
PROCESSO DE OCUPAÇÃO NA PRAIA DOURADA, MARGEM ESQUERDA
DO RIO TARUMÃ-AÇÚ, CIDADE DE MANAUS/AM
José Marques da Silva
Carlossandro Carvalho de Albuquerque
Flávio Wachholz
Pag. 1139
RECURSOS HÍDRICOS NA AMAZÔNIA: USOS MULTIPLOS DAS ÁGUAS NA
MICROBACIA DO LAGO GRANDE NO MUNICÍPIO DE JURUTI/PA
Ednilson da Silva Albuquerque
Maria Neide Sousa de Almeida
José Camilo Ramos de Souza
Rafael Jovito de Souza
Pag. 1148
APORTE DE SEDIMENTOS E USO/OCUPAÇÃO DA TERRA NA SUB-BACIA
HIDROGRÁFICA DO RIO CARAPÁ NO MUNICÍPIO DE COLÍDER-MATO GROSSO
Sandra de Almeida da Silva
Gustavo Roberto dos Santos Leandro
Leila Nalis Paiva da Silva Andrade
Pag. 1160
ANÁLISE DOS IMPACTOS AMBIENTAIS CAUSADOS PELO USO E OCUPAÇÃO
NA DISPONIBILIDADE HÍDRICA DO MUNICÍPIO DE MULUNGU – CE
Liza Santos Oliveira
Karolayne Araújo Coelho
Carlos Lucas Sousa da Silva
Pag. 1167
UTILIZAÇÃO DE MODELAGEM MATEMÁTICA ASSOCIADA A SIG’s COMO
FERRAMENTA PARA PLANEJAMENTO EM BACIAS HIDROGRÁFICAS
Saulo Soares Neiva
Bruno Augusto Rezende
Tatiane Batista Damasceno
Eduardo de Aguiar do Couto
Pag. 177
AS AÇÕES DE SENSIBILIZAÇÃO NA ÁREA DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE
(APP) NA MICRO BACIA DO QUARENTA MANAUS-AM
Andreia Oliveira de Andrade
Carlossandro Carvalho de Albuquerque
Mauricélio Pereira Brasil
Pag. 1184
ESTUDO DO TRANSPORTE DE SEDIMENTOS NA SUB-BACIA HIDROGRÁFICA
RIO DO CAMPO, CAMPO MOURÃO – PR
Kelly Leiko Umeki
Halana Mara Barabacz Freitas
Eudes José Arantes
Cristiane Kreutz
Pag. 1194
AVALIAÇÃO DA REGIONALIZAÇÃO DE VAZÕES NA BACIA HIDROGRÁFICA
DO RIO MOURÃO, PARANÁ
Pauline Gottstein
Halana Mara Barabacz
Kelly Leiko Umeki
Eudes José Arantes
Pag. 1201
APLICAÇÃO DE UM ÍNDICE DE SUSTENTABILIDADE AMBIENTAL NA BACIA
HIDROGRÁFICA DO RIO DO CAMPO
Pauline Gottstein
Kelly Leiko Umeki
Eudes José Arantes
Pag. 1211
VULNERABILIDADE SOCIOAMBIENTAL EM MICROBACIAS COMO SUPORTE
À GESTÃO URBANA E DE RECURSOS HÍDRICOS EM UMA MICROBACIA
URBANA EM ITABIRA/MG
Leilane Junqueira Fraga Sokoloski
Flávia Danielle de Souza Mendes
Eliane Maria Vieira
Pag. 1221
AVALIAÇÃO DA OCORRÊNCIA DE EVENTOS EXTREMOS DE PRECIPITAÇÃO
NA AMAZÔNIA: ESTUDO DE SÃO GABRIEL DA CACHOEIRA, AMAZONAS,
BRASIL
Janderson Pena Teixeira
Valdir Soares de Andrade Filho
Rebeca Teixeira Dantas
Maria da Glória Gonçalves de Melo
Maria Astrid Rocha Liberato
Pag. 1232
CARACTERIZAÇÃO MORFOMÉTRICA DA BACIA HIDROGRÁFICA DO
TESTA – IRANDUBA (AM)
Kamila Cunha de Albuquerque
Carlossandro Carvalho Albuquerque
Adoréa Rebello da Cunha Albuquerque
Pag. 1240
ESTUDO DA CURVA CHAVE REFERENTE À ESTAÇÃO FLUVIOMÉTRICA DE
MANACAPURU-AM
Naiara Lobato da Silva
Vinicius dos Santos Albuquerque
Luis Coelho de Magalhães Botelho
Maria Astrid Rocha Liberato
Joecila Santos da Silva
Pag. 1247
ANÁLISE HIDROLÓGICA DO RIO MADEIRA COM ELABORAÇÃO DA CURVA-CHAVE
PARA FINS DE OUTORGA
Alessandra de Jesus Lopes
Andréa Cristina Santos de Moura
Luis Coelho de Magalhães Botelho
Joecila Santos da Silva
José Camilo Ramos de Souza
Ricardo Lima Serudo
Pag. 1255
DETERMINAÇÃO DA CURVA CHAVE NA BACIA DO RIO NEGRO E SUA
APLICAÇÃO NA GESTÃO DOS RECURSOS HÍDRICOS NA AMAZÔNIA
Simone Almeida de Oliveira
Nailde Martins Andrade
Luís Coelho de Magalhães Botelho
Maria da Glória Gonçalves de Melo
Joecila Santos da Silva
Pag. 1261
PROGRAMA INTERPRETATIVO PARA GESTÃO DE BACIAS HIDROGRÁFICAS
Letícia Ramires Corrêa
Eliane Maria Foleto
Francisco da Silva Costa
Pag. 1269
Avaliação hidromorfológica: uma experiência nos rios do
município de Guimarães (noroeste de Portugal)
Francisco Costa
António Vieira
António Bento-Gonçalves
Pag. 1281
ANÁLISE DA RELAÇÃO ENTRE O USO E OCUPAÇÃO DO SOLO E A QUALIDADE
DA ÁGUA NA MICROBACIA HIDROGRÁFICA DO CÓRREGO DUAS BARRAS,
ITABIRA-MG
Gisely de Assis Oliveira
Josiano Josiel Rodrigues Silva
Fernanda Paula Bicalho Pio
Eliane Maria Vieira
Daniel Crístian Ferreira Soares
Ana Carolina Vasquez Freitas
CAPÍTULO IV – SEGURANÇA HÍDRICA E LEGISLAÇÃO AMBIENTAL
Pag. 1292
UMA AVALIAÇÃO CRÍTICA COMPARATIVA DO SISTEMA DE GESTÃO DE
RECURSOS HÍDRICOS BRASILEIRO COM OS INSTRUMENTOS CORRELATOS
DAS REPÚBLICAS DO CHILE E COLÔMBIA
Gustavo Luiz Godoi de Faria Fernandes
Ana Paula Fernandes Viana Furtado
Flávia Danielle de Souza Mendes
Viviane Ramos de Carvalho
James Lacerda Maia
Pag. 1303
SEGURANÇA HÍDRICA DO AMBIENTE URBANO BRASILEIRO: ANÁLISE DO
PL N° 368/2012 DE SENADO FEDERAL QUE PROPÕE ALTERAÇÕES SOBRE APP
Zrdequias de Oliveira Júnior
Mónica Montana Martínez
Pag. 1317
QUALIDADE DA ÁGUA E FONTES SIGNIFICATIVAS DE POLUIÇÃO HÍDRICA:
UMA ANÁLISE CRÍTICA DO PLANO ESTADUAL DE RECURSOS HÍDRICOS
DE RONDÔNIA
Alyne Foschiani Helbel
João Paulo Papaleo Costa Moreira
Alan Gomes Mendonça
Lucas Vasques Sityá
Joane Paola Papaleo Costa Moreira
Ronaldo de Almeida
Pag. 1324
IMPACTOS SOCIOAMBIENTAIS URBANOS NO IGARAPÉ MIRANDINHA
Carlos Vinicius Leite de Souza
Francilene Cardoso Alves Fortes
Pag. 1337
SEGURANÇA HÍDRICA EM MOÇAMBIQUE – ÁFRICA
Samella Patricia Lima Paungartten
Pag. 1346
SEGURANÇA HÍDRICA NA CIDADE FRONTEIRIÇA DE OIAPOQUE – AMAPÁ/
BRASIL
Sâmella Patrícia Lima Paungartten
Jader de Oliveira Santos
Carlos Alexandre Bordalo
Pag. 1353
ANÁLISE DA DINÂMICA ANUAL E DA MAGNITUDE DE ENCHENTES E
VAZANTES DO RIO NEGRO NO PERÍODO DE 1902-2018
Neliane de Sousa Alves
Pag. 1363
ENQUADRAMENTO DOS CORPOS D’ÁGUACOMO INSTRUMENTO DE GES-
TÃO PARTICIPATIVA: FUNDAMENTAÇÃO NA LEGISLAÇÃO AMBIENTAL
Thalitta Silva Cota
Etienne Oliveira Silva
Catia Eliza Zuffo
Pag. 1372
PERCEPÇÃO AMBIENTAL: ANÁLISE DO EFEITO DA POLUIÇÃO EM UMA
DAS NASCENTES DO IGARAPÉ DO MINDU
Marcio de Jesus Lima do Nascimento
Sônia Albuquerque de Freitas
Mayra Rejane Moreira Mendonça
Pag. 1381
ANÁLISE CRÍTICA DE LACUNAS DO PLANO ESTADUAL DE RECURSOS
HÍDRICOS DE RONDÔNIA SOB A ÓTICA DA PISCICULTURA
Thalitta Silva Cota
Aline dos Santos Betiolo
Douglas Silvério Gomes
Priscylla Lustosa Bezerra Gomes
Ronaldo de Almeida
Pag. 1388
CARACTERIZAÇÃO DE EVENTOS EXTREMOS NO PERÍMETRO URBANO DE
JI-PARANÁ POR MEIO DAMETODOLOGIA DOS MÁXIMOS DE PRECIPITAÇÃO
Karine Luna Cavalheiro
Lídia Bruna Teles Gonzaga
Ana Cristina Strava Corrêa
Nara Luísa Reis de Andrade
Pag. 1401
PANORAMA DAS OUTORGAS DE DOMÍNIO FEDERAL EMITIDAS NO ESTADO DE
RORAIMA
Débora Strücker
Ana Cristina Mendes Ruiz Rolim
Átyles de Paiva Loura
Francisco Laurenilson Sousa Silva
Renato Izolino Manoel Prado Lima
Luiza Câmara Beserra Neta
Pag. 1408
ESTRUTURAÇÃO DO SISTEMA DE GESTÃO DE RECURSOS HÍDRICOS NOS
ESTADOS DO NORDESTE BRASILEIRO: O EMPREGO DE INDICADORES
PARA A HIERARQUIZAÇÃO
Bruno Augusto de Rezende
Tatiane Batista Damasceno
Saulo Soares Neiva
Fernanda Maria Belotti
Eliane Maria Vieira
James Lacerda Maia
Pag. 1420
OUTORGA PARA LANÇAMENTO DE EFLUENTES NO ESTADO DA BAHIA
Gisele Oliveira Mota da Silva
Yvonilde Dantas Pinto Medeiro
Andrea Sousa Fontes
Pag. 1427
ASPECTOS DA SEGURANÇA HÍDRICA E EDUCAÇÃO AMBIENTALNA
COMUNIDADE BOCA DA BARRA, EM FORTALEZA (CE), BRASIL
Carlos Lucas Sousa da Silva
Liza Santos Oliveira
Jair Bezerra dos Santos Júnior
Anna Erika Lima Ferreira
Adryane Gorayeb
Jader Santos
Pag. 1434
QUALIDADE DE ÁGUA E ENQUADRAMENTO DE RIOS: ESTUDO DE CASO
DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO DAS CONTAS
Rita de Cássia Silva Braga e Braga
Ana Paula Damasceno Souza
Marcos Birchler Redighieri
Rafaela Silva de Faria
Sandra Lima dos Santos
Vânia Palmeira Campos
Pag. 1444
MONITORAMENTO DA BARRAGEM DE REJEITOS DA MINA CÓRREGO DO
FEIJÃO, EM BRUMADINHO (MG): UMA ANÁLISE DA APLICABILIDADE DA
LEGISLAÇÃO AMBIENTAL AOS RESPONSÁVEIS PELO ROMPIMENTO
Ana Paula Damasceno Souza
Solange Aparecida Arrolho da Silva
Pag. 1452
BASES ECOLÓGICAS E QUÍMICAS PARA REGULAÇÃO DAS ÁGUAS EM
AMBIENTES ESTUARINOS: A DQA EUROPEIA E A CONAMA 357
Sandra Lima dos Santos
Izis de Oliveira Alves
Rita de Cassia Silva Braga e Braga
Doriedson Ferreira Gomes
CAPÍTULO V – TECNOLOGIAS SOCIAIS E GESTÃO DAS ÁGUAS
Pag. 1460
A SEDUC-RONDÔNIA COMO INSTRUMENTO DE GESTÃO DE RECURSOS
HÍDRICOS FRENTE ÀS DIRETRIZES INTERNACIONAIS PARA A
SUSTENTABILIDADE
Núbia Deborah Araújo Caramello
Israel Rodrigues Martins
Fabricia Martins
Maria Carolina de Oliveira dos Reis
Decauita Poliana Peixoto da Silva
Maria Madalena Ferreira
Pag. 1473
USO DO CÍRCULO DE BANANEIRAS PARA O TRATAMENTO DE ÁGUAS
CINZAS NA ZONA RURAL DO MUNICÍPIO DE PIQUET CARNEIRO – CE
Beatriz Lopes e Figueredo
Helenamara Fonseca Sobrinho de Oliveira
Pag. 1481
COMUNIDADE DE ROLIM DE MOURA DO GUAPORÉ: ESTRUTURA, PERCEPÇÕES
E DESAFIOS A PARTIR DO OLHAR DE SEUS ATORES
Danstin Nascimento Lima
Etienne Oliveira Silva
Mayk da Silva Sales
Thalitta Silva Cota
Fabrícia Martins Silva
Núbia Deborah Araújo Caramello
Pag. 1493
RIOS BRANCO E COLORADO: DA MOBILIZAÇÃO Á IMPLANTAÇÃO DO CO-
MITÊ DE BACIA HIDROGRÁFICA
Carla Silveira de Arruda
Iracylene Pinheiro da Silveira
Caio Henrique Patrício Pagani
Claudia Cleomar Ximenes
Cleber Max Vieira Gasques
Nubia Caramello
Pag. 1501
AS TECNOLOGIAS SOCIAIS NO CONTEXTO DA PAISAGEM DA SUPERFÍCIE
SERTANEJA DO MUNICÍPIO DE MUCAMBO-CE
Bruna Lima Carvalho
José Falcão Sobrinho
CAPÍTULO VI – RECURSOS HÍDRICOS E SANEAMENTO BÁSICO
Pag. 1511
AVALIAÇÃO PRELIMINAR DE CARACTERÍSTICAS FÍSICO-QUÍMICAS
E MICROBIOLÓGICAS DAS ÁGUAS DE DOIS BALNEÁRIOS EM
PARINTINS/AM
José Roberto de Souza Teixeira
Tattiany Kelen F. Pacheco de Souza
Fabiana Rocha Campelo
José Camilo Ramos de Souza
Ieda Hortêncio Batista
Pag. 1520
ANÁLISE BACTERIOLÓGICA DA ÁGUA NA CACHOEIRA DO TARUMÃ-AÇU,
MANAUS-AM
Clarice Virgínia Santos Goiabeira
Camila Rudhjá Barbosa
Gabriela Brandino Aquino de Abreu
Paula Caroline de Vasconcelos Silva
Matheus Silveira de Queiroz
Pag. 1532
TÉCNICAS ESTATÍTISCAS APLICADAS NA ANÁLISE DE VARIÁVEIS
LIMNOLÓGICAS DE ÁGUAS SUPERFICIAIS NA BACIA HIDROGRÁFICA DO
RIO DO PEIXE, SÃO PAULO, BRASIL
Mariana Ribeiro Fernandes
Renata Ribeiro de Araújo
Maria Cristina Rizk
Aline Aparecida dos Santos
Paulo César Rocha
Pag. 1542
EFETIVIDADE DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL E SANITÁRIA EM UMA ÁREA
DE INTERVENÇÃO DO PROSAMIM
Camila Fuziel Silva
Nelson Felipe de Albuquerque Lins Neto
Matheus Silveira de Queiroz
Pag. 1550
SAIS DISSOLVIDOS EM ÁGUAS DE CONSUMO HUMANO NO MUNICÍPIO
DE IRANDUBA – AM
Sâmia Dourado de Albuquerque
Nadryele Leitão Rocha
Márcio Luiz da Silva
Pag. 1557
A RELAÇÃO ENTRE O NÍVEL DO RIO NEGRO E A INCIDÊNCIA DE HEPATITE,
LEPTOSPIROSE E MENINGITE EM MANAUS – AM
Hebe Souza de Oliveira
Thiago Alexandre Petersen
Flávio Wachholz
Pag. 1567
ANÁLISE PRELIMINAR DA QUALIDADE FÍSICO-QUÍMICA DAS ÁGUAS DE
TRECHO DO RIO PURAQUEQUARA EM MANAUS-AMAZONAS
João Carlos de Queiroz Neto
Elton Alves de Souza Filho
David Robert Santos de Souza
Gisele da Silva Sarkis
Giselle Leão Lima
Carlossandro Carvalho de Albuquerque
Ieda Hortêncio Batista
Pag. 1577
CARACTERIZAÇÃO FÍSICO-QUÍMICA DAS ÁGUAS EM ÁREAS SOB INFLUÊNCIA
ANTRÓPICA E PRESERVADAS EM DIFERENTES PERÍODOS NO RIO PURAQUEQUARA,
EM MANAUS–AM
Gisele da Silva Sarkis
Elton Alves de Souza Filho
David Robert Santos de Souza
João Carlos de Queiroz Neto
Giselle Leão Lima
Ieda Hortêncio Batista
Pag. 1588
USO DE PROTOCOLO DE AVALIAÇÃO RÁPIDA (PAR) COM BASE NA VEGETAÇÃO
CILIAR COMO INDICADORA DA QUALIDADE DA ÁGUA, NA BACIA DO RIO
PURAQUEQUARA NA CIDADE DE MANAUS-AM
Karina Oliveira da Silva
David Robert Santos de Souza
Giselle Leão Lima
Ieda Hortencio Batista
Carlossandro Carvalho De Albuquerque
Elton Alves de Souza Filho
Pag. 1598
A CONTAMINAÇÃO DE ASCARIS LOMBRICOIDES TRANSMITIDAS PELA
ÁGUA NAS ILHAS PACIÊNCIA, MURATU E JACURUTU NO MUNICÍPIO DE
IRANDUBA – AM
Marcelo Gomes da Silva Junior
Francisco Augusto Tavares Pinto
Marcos Almeida de Souza
Gérsica Conceição da Silva
Pag. 1608
QUALIDADE DA ÁGUA SUBTERRÂNEA EM COMUNIDADES TRADICIONAIS:
ESTUDO DE CASO EM ROLIM DE MOURA DO GUAPORÉ, RONDÔNIA,
BRASIL
Josilena de Jesus Laureano
Decauita Poliana Peixoto da Silva
Etienne Oliveira Silva
Mayk Silva Sales
Nubia Deborah Araújo Caramello
Elisabete Lourdes do Nascimento
Pag. 1618
CARACTERIZAÇÃO DA QUALIDADE DA ÁGUA SUBTERRÂNEA CONSUMIDA
NA VILA AMAZÔNIA, MUNICÍPIO DE PARINTINS/AM
José Roberto de Souza Teixeira
Tattiany Kelen F. Pacheco de Souza
Rafael Jovito Souza
Fabiana Rocha Campelo
Ieda Hortêncio Batista
Pag. 1624
PERSPECTIVA DO PLANO ESTADUAL DE RECURSOS HÍDRICOS DO ESTADO
DE RONDÔNIA EM RELAÇÃO AO SANEAMENTO BÁSICO
Lídia Bruna Teles Gonzaga
Karine Luna Cavalheiro
Mayk da Silva Sales
Tathyana Rodrigues Leal Rocha
Ronaldo de Almeida
Pag. 1633
ASPECTOS GERAIS DA GESTÃO DOS RECURSOS HÍDRICOS E SANEAMENTO
BÁSICO NO BRASIL
Ana Paula Damasceno Souza
Rita de Cassia Silva Braga e Braga
Marcos Birchler Redighieri
Solange Aparecida Arrolho da Silva
Pag. 1640
AVALIAÇÃO QUALITATIVA E QUANTITATIVA DOS RECURSOS HÍDRICOS
DA BACIA DO RIBEIRÃO JIRAU, ITABIRA-MG
Josiano Josiel Rodrigues Silva
Gisely de Assis Oliveira
Anderson de Assis Morais
Ana Carolina Vasques Freitas
Daniel Cristian Ferreira Soares
Edison Aparecido Laurindo
Pag. 1652
O PAPEL DOS COMITÊS DE BACIA NA GESTÃO DESCENTRALIZADA E
PARTICIPATIVA DOS RECURSOS HÍDRICOS E O PROTAGONISMO DA SOCIEDADE
CIVIL
Moisés da Silva Almeida
Rosely Aparecida Liguori Imbernon
Pag. 1658
A EVOLUÇÃO DA CRIAÇÃO DOS COMITÊS DE BACIAS HIDROGRÁFICAS
NO BRASIL (1991 – 2017)
Carlos Alexandre Leão Bordalo
Edson Vicente da Silva
Francisco Emerson Vale Costa
Pag. 1669
Análise das Ações do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio
Puraquequara
Camila Fuziel Silva
Carlossandro Carvalho de Albuquerque
Pag. 1677
A PARTICIPAÇÃO DOS MUNICÍPIOS BRASILEIROS NA GESTÃO INTEGRADA
DE RECURSOS HÍDRICOS
Edmilson Silva Pinto
Raísa Fernanda Ribeiro de Vasconcelos
Daniela Nogueira Soares
Pag. 1687
MAPEAMENTO COMO ESTRATÉGIA DE COMUNICAÇÃO NA GESTÃO
PARTICIPATIVA DE RECURSOS HÍDRICOS
Analaura Vieira Santos
Pag. 1694
PLANO PLURIANUAL E GESTÃO PARTICIPATIVA: O CASO DO PLANO DE BACIA
HIDROGRÁFICA DOS AFLUENTES DO PARANAÍBA-DF E A PROTEÇÃO DE
NASCENTES DO DISTRITO FEDERAL
Gisela Coelho Naves
Karine Karen Martins Santos Campos
José Alves Neto
Daniela Nogueira Soares
Pag. 1705
A EDUCAÇÃO AMBIENTAL COMO INSTRUMENTO PARA A GESTÃO DE CONFLITOS
PELO O USO DA ÁGUA
Nataluzo da Silva Balbino
Genilson Carlos das Chagas
Daniela Nogueira Soares
Pag. 1712
ARRANJO POLÍTICO-INSTITUCIONAL DE GESTÃO DAS ÁGUAS NO ESTADO
DE RONDÔNIA
Tathyana Rodrigues Leal Rocha
Nubia Deborah Araújo Caramello
34
PREFÁCIO
35
A GOVERNANÇA DAS ÁGUAS E O IMPACTOS AMBIENTAIS NA BACIA
HIDROGRÁFICA DO MESTRE CHICO: INDICADORES DE VULNERABILIDADE
SOCIOAMBIENTAL
1. INTRODUÇÃO
2. DESENVOLVIMENTO
38
Figura 1- Mapa de localização da área de estudo:
Bacia Hidrográfica do Mestre Chico à jusante do Igarapé do Quarenta.
40
a) Elaboracão do plano das margens dos cursos d’água;
b) Preservação e revitalização das nascentes e demais cursos d`agua;
c) Adequando tratamento dos efluentes líquidos, visando presevar a
qualidade dos recursos hídricos.
Segundo Brandão (1999, p. 6), a agressão ambiental aos igarapés não parte só
da população, mas também de outros segmentos da sociedade, inclusive, do poder
público, quando libera áreas para instalação de fábricas nas proximidades de vales
fluviais ou para certos empreendimentos como aterro de canais, e, quando não faz de
forma correta, transforma-os em coletor de esgotos sem tratamento adequado.
Afirma Barbosa e Silva (2015, p. 4) que, no Brasil, grande parte das cidades
cresceu sem planejamento urbano. Atualmente, existe uma série de legislações a
serem cumpridas pelo poder público e pela sociedade civil, tais como, o Plano Diretor,
Licenciamento Ambiental e o Código Florestal para poder implantar qualquer
empreendimento no perímetro urbano de uma cidade. Embora tais medidas estejam
bem delineadas sobre estas questões, o poder público deixa a desejar, pois há pouca
fiscalização para impedir que certos desmandos continuem causando transtornos.
Segundo Fortes (2010, p. 201), dentre outras implicações, em especial na cidade
de Manaus, pode ser visualizado o fluxo superficial das águas que chegam aos bueiros
e que, durante elevadas precipitações, transbordam e alagam as cotas mais baixas do
entorno dos igarapés. Portanto, um dos indicadores de vulnerabilidade que a autora
descreve, tange ao impacto ambiental na Bacia Hidrográfica do Mestre Chico . Vale
ressaltar a importância das ações preventivas e mitigadoras no monitoramento do uso
e ocupação do solo nesta bacia.
Ressalta-se ainda que, um plenejamento de politicas ambientais nas bacias da
cidade manauara pode contribuir numa gestão dos recursos híidricos. Fortes (2010,
p. 203), descreve que a realidade ambiental da cidade de Manaus reflete as formas de
relacionamento da comunidade com os igarapés, o qual não tem valorização e/ ou
preservados recursos hidricos.
Quando falamos em Governança das Àguas citamos logo com uma visão
estratégica sobre os recursos hídricos para conter o desperdício da água, resolver
o problema de sua falta, melhorar a qualidade da mesma, dentre outros, o que nos
remete ao pensamento de que a questão ambiental, econômica e social está relacionada
a esse contexto e aos Recursos Hídricos dentro da Bacia Hidrográfica do Mestre Chico.
Para Albuquerque (2012, p. 204), a partir desta delimitação, o poder público
e a sociedade civil adquirem maior capacidade de organização e direcionamento de
esforços, reconhecimento dos diversos níveis de demandas específicas, formulação de
políticas na área de recursos hídricos, além de apoiar a operacionalização dos comitês
das bacias hidrográficas, dentre outros. Considerando que uma bacia hidrografia não
deve ser analisada apenas como um espaço no seu aspecto físico e biológico, mas,
sim, como um espaço para o qual a sociedade civil possa contribuir no planejamento e
tenha uma ação participativa na bacia.
Segundo Tales de Mileto (625 a.C. – 558 a.C.)6 a origem de todas as coisas
encontrava-se no elemento água: quando densa, transformaria-se em terra; quando
aquecida, viraria vapor que, ao se resfriar, retornaria ao estado líquido, garantindo
assim a continuidade do ciclo.
A palavra governança é originada do verbo grego pilotar, navegar e foi
utilizado metaforicamente por Platão para definir o ato de governar os homens. Do
6 Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/filosofia/tales-mileto.htm
41
latim gubernare, as raízes do termo remetem à palavra grega kybernan, que se refere
às manobras de um navio (SEYLE; KINK, 2014). Ou seja, quem dirige, quem tem a
direção de determinar os caminhos.
Por sua vez, a governança da água envolve o conjunto de sistemas políticos,
sociais, econômicos e administrativos que se estabelecem para desenvolver e manejar
os recursos hídricos e a distribuição dos serviços de água aos diferentes níveis da
sociedade (PALMA, 2017, p. 132).
No Guia de Política de Governança Pública, do Governo Federal (2018),
menciona-se que o termo Governança, na administração pública, não é utilizado com
tanta frequência e em contextos tão diferentes. Nos últimos anos, converteu-se em
verdadeiro mantra para designar uma espécie de solução definitiva dos problemas na
gestão pública e para o sucesso das políticas governamentais. Ou seja, Governança é a
competência do governo de praticar as decisões tomadas.
O reconhecimento da crise hídrica que ocorre tanto no Brasil com em outros
países faz uma reflexão de quantos encontros, seminários e convenções foram feitos
para mitigar o problema de água no planeta. Alguns exemplos podem ser citados como
eventos que foram discutidos com a presença de vários países que se comprometeram
em resolver questões ambientais desde a década de 70.
Porém, não se deve esquecer que, a Gestão de Recursos Hídricos na França
visou assegurar o recurso em longo prazo criando a “A Grande Lei das Águas” de 16
de dezembro de 1964, tornando o país pioneiro com um modelo de descentralização
através dos comitês de bacia, trazendo a participação de vários segmentos sociais,
preocupação com o uso múltiplo, quantidade e qualidade, além da cobrança pelo
uso. Esse estudo busca, então, compreender a adoção do modelo francês e analisar os
potenciais e desafios de sua implementação no Brasil.
A primeira Conferência das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento e Meio
Ambiente Humano aconteceu em Estocolmo, em 1972 na Suécia. Nesta conferência
foram abordados temas relacionados principalmente com a poluição atmosférica e de
recursos naturais. As discussões contaram com a presença de chefes de 113 países, e de
mais de 400 instituições governamentais e não governamentais.
Houve também, a Confederação Internacional sobre A água e o Meio
Ambiente na cidade de Dublin na Irlanda, realizada em 1992 e que foi organizada
pela Organização das Nações Unidas (ONU), um preparatório para a Conferência
Rio 92 onde foi apontado a situação dos recursos hídricos e cujo relatório “A Água e
o Desenvolvimento Sustentável”, conhecido como Declaração de Dublin, expressou
de forma incisiva a relação entre a água, a pobreza, as doenças, o desenvolvimento
sustentável e a produção agropecuária.
Ainda em 1992, foi realizada a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio
Ambiente e Desenvolvimento, realizada entre os dias 3 e 14 de junho, na cidade
do Rio de Janeiro, que ficou conhecida como ECO-92 ou Rio-92. No evento foi um
balanço tanto dos problemas existentes quanto dos progressos realizados. Foram
elaborados também documentos importantes que continuam sendo referência para
as discussões ambientais, incluso com um plano de ações com metas para a melhoria
das condições ambientais do planeta (AGENDA 21), com a assinatura de 179 países
que estiveram presentes.
Outro evento importante ocorreu em Québec, no Canadá onde foi apresentado
uma Política Nacional de Águas, por não possuir uma lei de recursos hídricos, apesar
de ter uma gestão de bacias muito evoluída em relação à qualidade, à quantidade e à
governança de seus recursos hídricos (HERNADEZ, 2008). Estas afirmações compõem
um estudo comparativo da gestão de bacias hidrográficas no Brasil e em Quebec,
onde o autor analisou as políticas de recursos hídricos de cada país, estudando os
instrumentos das políticas para identificar os elementos metodológicos utilizados
42
em cada país, assim como os diferentes fatores que interagem na gestão de bacias
hidrográficas, aumentando a governança local da água. Todos estes eventos citados
foram no sentido de proteger o meio ambiente e a água.
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
44
A proposta sobre a Governança de Águas na Bacia Hidrográfica do Mestre Chico,
se dá em razão das pesquisas realizadas pelo autor, durante o trabalho de campo para
a tessitura da Dissertação de Mestrado e poderá ser uma das soluções para o setor do
médio e alto curso, no que tange aos recursos hidricos e os impactos ambientais na bacia.
No baixo curso da bacia segundo Silva (2018, p. 113-114), a revitalização do espaço
já foi realizada pelo Programa de Saneamento dos Igarapés de Manaus (PROSAMIM).
O igarapé foi canalizado e novas construções de moradias foram entregues à famílias de
baixa renda que, agora, vivem em um ambiente mais salutar. Todavia, se faz necessário
ações que possam conscientizá-los da necessidade de conservação do entorno.
No médio curso, o problema maior, como dito anteriormente, é o aglomerado
de casas e a grande poluição do igarapé pelo lançamento de resíduos sólidos, o que
contribui para que a vazão do rio seja impedida pela grande quantidade de descartes,
como móveis, eletrônicos, garrafas pet, colchões e outros, resultando nas inundações,
principalmente, na estação chuvosa que, rapidamente, aumenta o volume das águas,
destruindo o que está à sua frente, devido ao desnível da cota do alto curso (70m) e da
foz (26m). Outro problema grave é a falta da mata ciliar.
O problema do alto curso, além do aglomerado subnormal e da poluição
do rio com os esgotos, é que a nascente está desprotegida e suscetível ao seu
aterramento. Como dito anteriormente, na introdução desta Dissertação, o motivo
para o processo de ocupação fez com que estas famílias criassem laços de amizades,
afinidades e companheirismos e, apesar de terem consciência de que estão habitando
inadequadamente estes espaços, elas não querem sair do lugar, principalmente, para
os mais longínquos, pois estão acostumadas à vivência na área central da cidade e
continuam construindo palafitas para as novas famílias que vão se formando. Logo, a
Governanaça seria a construção de uma gestão participativa juntamente com os atores
que nela habitam, o poder público e a sociedade civil.
Na atual conjuntura sabe-se que as bacias hidrográficas são lugares de reflexões
associado a poluição dos recursos naturais que nela existem. O que se vê sobre a Bacia
Hidrográfica do Mestre Chico é que suas águas não servem mais para o consumo
humano, mas sim para despejos de resíduos que degradam o meio ambiente.
Com as graves transformações dos rios, riachos, igarapés, que ocorrem no
Brasil, em diversas cidades como São Paulo, Pará, Amazonas, dentre outras, afirma-se
que, uma das soluções para a mudança é fazer como fizeram outros países, que com
o aporte da Governança de Águas conseguiram transformá-los através de políticas
públicas para os ambientes urbanos, com planejamento e gerenciamento de um Comitê
de Bacia.
Portanto, propor uma Governança de Água para a Bacia Hidrográfica do Mestre
Chico, deve ser entendido como uma importante ferramenta auxiliar para a gestão dos
recursos hídricos, da recuperação do meio ambiente e da redução da desigualdade
social, como foi realizada nos rios Cheonggyecheon, em Seul; com o Tâmisa, em
Londres; o Tejo em Lisboa e o Sena em Paris, que foram recuperados através da
Governança dos Recursos Hídricos. Porém, sabe-se da complexidade da temática, das
dificuldades envolvidas, não apenas no período da criação e instalação do processo de
gestão, mas que seja concebida para ser duradouro, como afirma (Palma, 2017, p. 79),
mas apresentar condições de absorver as alterações antrópicas que ocorrerem ao longo
do tempo, sem que isso cause problemas na gestão da bacia.
45
4 REFERENCIAS
BRASIL. Lei nº. 4.771, de 15 de setembro de 1965. Institui o Novo Código Florestal.
Diário Oficial da União, Brasília, DF, 16 set. 1965. Seção 1, p. 9.529. BRASIL. LEI Nº
9.433, DE 8 DE JANEIRO DE 1997. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/
ccivil_03/leis/l9433.htm>. Acesso em: 03 maio 2018.
BRASIL. Lei Federal n° 12651, de 25 de maio de 2012, que dispõe sobre a proteção
da vegetação nativa; altera as Leis nos 6.938, de 31 de agosto de 1981, 9.393, de 19 de
dezembro de 1996, e 11.428, de 22 de dezembro de 2006; revoga as Leis nos 4.771, de 15
de setembro de 1965, e 7.754, de 14 de abril de 1989, e a Medida Provisória no 2.166-67,
de 24 de agosto de 2001; e dá outras providências.
FRANCISCO, Luciano Vieira. “Tales de Mileto: Tudo Começa na Água”; Brasil Escola.
Disponível em <https://brasilescola.uol.com.br/filosofia/tales-mileto.htm>. Acesso
em 30 de maio de 2019.
46
HERNANDEZ, Artur de Oliveira. A governança da água em bacias hidrográficas:
um estudo dos modelos de gestão adotados no Brasil e no Quebec. Dissertação de
Mestrado do Programa de Pós-Graduação em Engenharia Ambiental da Universidade
Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2008.
47
UMA ANÁLISE COMPARATIVA DAS EXPERIÊNCIAS DE GERENCIAMENTO
DOS RECURSOS HÍDRICOS NOS ESTADOS DO CEARÁ E PARÁ COM BASE
NAS METAS DO PROGRAMA DE CONSOLIDAÇÃO DO PACTO NACIONAL
PELA GESTÃO DAS ÁGUAS - PROGESTÃO
1 INTRODUÇÃO
Segundo Libânio (2015) o Pacto Nacional pela Gestão das Águas é essencialmente
uma iniciativa de cooperação federativa que visa o alcance de dois grandes objetivos
correlatos: o fortalecimento dos Sistemas Estaduais de Gerenciamento dos Recursos
Hídricos (SEGREHs) e a maior articulação de suas ações com a esfera federal no âmbito
do Sistema Nacional de Gerenciamento dos Recursos Hídricos (SINGREH).
A participação no PROGESTÃO é aberta ao Distrito Federal e a todos os Estados
interessados em corroborar para o alcance dos objetivos do Pacto Nacional pela Gestão
das Águas (Art. 5). Essa adesão será voluntária e formalizada com a edição de um
Decreto específico, indicando a entidade estadual responsável, pela coordenação da
implementação do Pacto em âmbito estadual.
Para Libânio (2015) na estratégia de operacionalização do Progestão, cabe aos
CERHs a definição e aprovação das metas de estruturação e de aprimoramento dos
49
SEGREHs a partir de propostas encaminhadas pelos respectivos órgãos gestores
estaduais.
São também prerrogativas dos conselheiros o estabelecimento dos patamares
mínimos de governança a serem observados em função da complexidade de gestão
(tipologias de gestão) e a definição de todos demais elementos norteadores do processo
de certificação das metas contratuais (variáveis de gestão e níveis de exigência).
Além disso, são os próprios CERHs os responsáveis pela verificação do alcance
das metas estaduais acordadas com a ANA, as quais são aferidas a partir de um processo
de autoavaliação realizado em âmbito estadual no início de cada ano (LIBÂNIO, 2015).
As metas do PROGESTÃO foram divididas em metas de cooperação federativa,
definidas pela ANA com base em normativos legais ou de compartilhamento de
informações e metas de gerenciamento de recursos hídricos em âmbito estadual,
selecionadas pelos órgãos gestores e aprovadas pelos respectivos Conselhos Estaduais
de Recursos Hídricos – CERHs, a partir da tipologia de gestão escolhida pelo estado.
Segundo a ANA (2016) uma vez decretada a adesão ao Programa e selecionada
a tipologia de gestão do estado, com posterior aprovação pelo CERH do Quadro de
Metas, a Entidade Estadual deverá enviar à ANA, por meio de Ofício dirigido ao seu
Diretor Presidente, o respectivo ato normativo que conste a manifestação favorável
quanto ao regulamento do Programa, juntamente com o Quadro de Metas e a
documentação exigida para a celebração do Contrato Progestão, quais sejam:
As análises das ações de GRH serão feitas a partir dos quatro níveis de classificação
(tipologias) apresentados no Programa de Consolidação do Pacto Nacional pela
Gestão das Águas – PROGESTÃO, os quais procuram refletir a complexidade exigida
no processo de gestão das águas, bem como a estrutura institucional necessária para
enfrentar os desafios existentes em cada estado, da seguinte maneira (ANA, 2016)
conforme o quadro abaixo.
50
Quadro 01. Referências para definição da tipologia de gestão.
52
definidos nos planejamentos, estabelecimento de diretrizes para o funcionamento do
SIGERH, e implementação da política de águas, além de coordenar e fiscalizar seu
cumprimento. (BENEVIDES, 2011).
No estado do Pará, a Lei nº 6.381/2001, além de instituir a Política Estadual de
Recursos Hídricos, também em seu Art. 41, criou o Sistema Estadual de Gerenciamento
de Recursos Hídricos – SEGRH/PA com os objetivos de: coordenar a gestão integrada
dos recursos hídricos; arbitrar administrativamente os conflitos relacionados com os
recursos hídricos; implementar a Política Estadual de Recursos Hídricos; planejar,
regular e controlar o uso, a preservação e a recuperação dos recursos hídricos; promover
a cobrança pelo uso dos recursos hídricos.
Considerando o que está previsto na lei, o Sistema Estadual de Gerenciamento
de Recursos Hídricos, deveria apresenta uma articulação em cinco níveis institucionais
distintos, com identidade e instrumentos próprios de atuação. Segundo o Art 41,
discriminados os cinco níveis do Sistema Estadual de Gerenciamento de Recursos:
54
O Governo do estado do Ceará firmou o Decreto Estadual de Adesão ao Pacto
(Decreto nº 31.387, de 10 de janeiro de 2014). Estituindo a entidade coordenadora do
Progestão no estado a Secretaria de Recursos Hídricos – SRH/CE (Número do contrato:
075/ANA/2014). Já o Governo do estado do Pará firmou o Decreto Estadual de adesão
(Decreto noº 886, de 31 de outubro de 2013), tendo como entidade coordenadora do
Progestão no estado a Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade –SEMAS
(Número do contrato: 045/ANA/2014).
Esses estados definiram junto a ANA um “Ciclo Progestão” para avaliação das
metas de quarto anos (2014-2018) com o período de certificação em 2017. Recebendo o
estado do Ceará a Tipologia de gestão D e o Pará a Tipologia de Gestão B.
Os estados seguem a metodologias do PROGESTÃO e definem a melhor
tipologia (A, B,C ou D) que melhor exprime a visão future de gestão dos recursos
hídricos. Com base no atendimento das várias metas estabelecidas como: o
aperfeiçoamento da rede de monitoramento hidrometeorológica e de qualidade das
águas, o funcionamento adequado da sala de situação/rede de alerta do estado, o
compartilhamento dos dados de cadastro de usuários de recursos hídricos de domínio
estadual, a emissão de outorga para uso dos recursos hídricos, a elaboração de estudos
e planos de bacia, a capacitação de servidores e a implementação da cobrança pelo uso
da água nas bacias hidrográficas.
Conforme ilustrado na figura 01, verifica-se que para o conjunto das unidades da
federação, predomina na Região Norte a tipologia “A”, enquanto no Centro Oeste e Sul
prevalece a tipologia “B”, onde os conflitos pelo uso da água estão presentes somente
em áreas críticas. Na Região Nordeste coexistem as tipologias “B” e “C”, tendo o Ceará
optado pela tipologia “D”, demonstrando o alto grau de complexidade na gestão
dos recursos hídricos neste estado. Já no Sudeste, a tipologia “D” é preponderante,
comprovando a existência de conflitos e problemas generalizados de disponibilidade
hídrica, principalmente qualitativa, com graus de urbanização e industrialização mais
intensos. (ANA, 2016. p 62).
O estado do Pará se enquadra na tipologia “B” com media complexidade no
processo de gesão e uma estrutura institucional intermediária. Já o estado do Ceará se
enquadra na tipologia “D” com muito alta complexidade no processo de gesão, mas
uma estrutura institucional muito avançada.
55
Figura 01: Mapa das tipologias de gestão definidas pelos estados segundo o
PROGESTÃO
56
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
4 REFERENCIAS
COSTA, Francisco. Gestão dos recursos hídricos na bacia hidrográfica do Rio Caeté.
Pará – Brasil. Tese de Doutorado apresentada no Programa de Pós-Graduação em
Geografia – FCT/UNESP. Presidente Prudente, 2017. 308 f.
LIBÂNIO, Paulo. O Pacto Nacional pela Gestão das Águas e o Programa Progestão:
concepção, desafios e perspectivas. IN: Anais do XXI Simpósio Brasileiro de Recursos
Hídricos. Segurança Hídrica e Desenvolvimento Sustentável. ABRH. Brasília, 2015.
58
PROJEÇÃO DE CENÁRIOS PARA A REDUÇÃO DE EROSÃO LAMINAR
NA UNIDADE DE GESTÃO DE RECURSOS HÍDRICOS PONTAL DO
PARANAPANEMA (UGRHI 22) - SP
INTRODUÇÃO
A degradação dos solos nas áreas rurais vem crescendo de forma alarmante,
atingindo níveis críticos que se refletem no assoreamento e contaminação dos cursos
e corpos d’água, com prejuízos para a saúde humana e animal, na disponibilidade de
água para abastecimento e para irrigação, na geração de energia, na destruição de es-
tradas, de pontes e outras estruturas, na perda irreparável de áreas agricultáveis e n a
redução da produtividade agrícola, na diminuição da renda e, consequentemente, no
empobrecimento de setores da sociedade.
Para Guerra (1995), a erosão dos solos deve ser considerada um problema polí-
tico, econômico e social, levando o Estado a envolver-se cada vez mais no diagnóstico
e nos programas de recuperação dos solos. Entretanto, o mesmo autor considera que
as principais regiões afetadas pelos processos erosivos são aquelas com dinamismo
econômico estagnado e prejudicadas pela falta de atuação do Estado em assistência
técnica e créditos rurais aos pequenos produtores.
Pruski (2006) apontou que as perdas de solo em áreas ocupadas por lavouras
e pastagens no Brasil, provocadas por processos erosivos, são da ordem de 822,7 mi-
lhões de toneladas anuais e os prejuízos com as perdas de nutrientes associadas são
aproximadamente de 1,5 bilhões de dólares, além de quase 3 bilhões de dólares em
perdas na safra (reposição de nutrientes e queda de produtividade). Os custos dos
impactos indiretos (tratamento da água, recuperação da capacidade de reservatórios,
manutenção de estradas, recarga de aquíferos, irrigação, etc.) somam mais 1,31 bilhões
de dólares anuais. Assim, estimou-se que os prejuízos causados pela erosão no país
sejam de mais de 5 bilhões de dólares/ano (PRUSKI, 2006; COOPER, 2009 apud TO-
MINAGA et al, 2009). Segundo Tominaga et al (2009) estudos de Castro (1991, citado
por Weill & Pires Neto, 2007), estimaram as perdas de solo por erosão no Estado de
São Paulo em aproximadamente 200 milhões de toneladas anuais.
A erosão hídrica, comum no meio tropical úmido, inicia-se pela ação do impacto
das gotas d’água na superfície do terreno, sobretudo quando desprotegido de vege-
tação, promovendo o desprendimento de partículas constituintes do solo. Havendo
condições favoráveis ao escoamento superficial das águas, pode ocorrer o transporte
das partículas liberadas do solo por escoamento difuso ou concentrado.
O escoamento superficial difuso é responsável pela erosão laminar ou em lençol,
que retira a camada superficial do solo de maneira quase homogênea, lateralmente ou
em pequenos filetes (DAEE, 1990). Já o escoamento superficial concentrado provoca
erosão linear. A erosão linear pode formar: a) Sulcos: São, em geral, de profundidade
1
Universidade Estadual Paulista (UNESP), isabel.moroz@unesp.br
2
Universidade Estadual Paulista (UNESP), mariano.caccia@unesp.br
59
e largura inferiores a cinquenta centímetros, sendo que suas bordas possuem pequena
ruptura na superfície do terreno (DAEE, 1990); b) Ravinas: Além da ação do escoamento
superficial concentrado, que forma as feições erosivas lineares, devem ainda ser
considerados, no caso das ravinas, mecanismos de erosão que envolvem movimentos
de massa, representados pelos pequenos deslizamentos nos seus taludes laterais,
causados por solapamento de suas bases, que provocam seu alargamento (OLIVEIRA,
1994); e, c) Voçorocas: Formadas pelo aprofundamento das ravinas e interceptação
do lençol freático, onde se pode observar grande complexidade de processos (piping,
liquefação de areia, escorregamentos laterais, erosão superficial), devido à ação
concomitante das águas superficiais e subsuperficiais (RODRIGUES, 1982).
No âmbito dos comitês de bacias hidrográficas da porção oeste do estado de São
Paulo, um dos grandes desafios para melhoria e recuperação da qualidade das águas
relaciona-se à mitigação e prevenção de processos erosivos e recuperação de áreas
degradadas.
De acordo com IPT (2012), dentre as Unidades de Gerenciamento dos Recursos
Hídricos (UGRHIs) do estado de São Paulo, as UGRHIs 02 (Paraíba do Sul), 05
(Piracicaba/Capivari/Jundiaí), 09 (Mogi-Guaçu), 10 (Tietê/Sorocaba), 14 (Alto
Paranapanema), 20 (Aguapeí), 21 (Peixe) e 22 (Pontal do Paranapanema) apresentaram
o maior número de processos erosivos lineares rurais cadastrados, o que se justifica
tanto pelas características do meio físico quanto pela forma de uso do solo agrícola. Em
relação às erosões lineares urbanas, destacam-se as UGRHIs 15 (Turvo/Grande), 20
(Aguapeí), 21 (Peixe) e 22 (Pontal do Paranapanema), que apresentaram o maior número
de processos erosivos urbanos cadastrados, o que se justifica pelas características
do meio físico e pelo manejo inadequado das águas pluviais concentradas pela
impermeabilização do meio urbano.
Em relação aos processos erosivos laminares, são poucos os estudos efetuados
com o objetivo de estimar as perdas de solo e os impactos em relação aos recursos
hídricos. Entretanto, a ação da erosão laminar, mais comum em áreas agrícolas, embora
seja muito sutil e quase imperceptível, também contribui significativamente para o
assoreamento dos cursos d’água e reservatórios de abastecimento de áreas urbanas.
(PEREIRA & MOROZ-CACCIA GOUVEIA, 2017).
Estudo elaborado por MOROZ-CACCIA GOUVEIA et al (2018), utilizando a
Equação Universal de Perdas de Solo (EUPS) e considerando o uso e cobertura da
terra em 2014, apontou que na UGRHI 22 predominam perdas de solo consideradas
altas (entre 50 a 100 ton.ano/ha) e moderadas (10 a 50 ton.ano/ha). Para o município
de Presidente Prudente – SP, que possui parte de seu território na UGRHI 22, Gouveia
et al. (2019) estimaram que 51 % do município apresenta perdas de solo baixas (0 a 10
ton.ano/ha), 37% apresenta perdas moderadas (10 a 50 ton.ano/ha), enquanto que 4%
apresenta perdas altas (50 a 100 ton.ano/ha) e 8% apresenta perdas muito altas (> 100
ton.ano/ha).
Diante do exposto a presente pesquisa, utilizando a EUPS apresenta uma análise
comparativa de estimativa de perdas de solos por erosão laminar e exportação de
sedimentos para a UGRHI 22 no cenário atual (Cenário 1) de uso e cobertura da terra,
em um cenário com a restauração da vegetação florestal em Áreas de Preservação
Permanente (APPs) hídricas (Cenário 2), e em um cenário com a restauração da
vegetação florestal em Áreas de Preservação Permanente (APPs) hídricas somado à
adoção de sistemas agroflorestais nos assentamentos rurais (Cenário 3).
60
2 DESENVOLVIMENTO
A = R.K.L.S.C.P
62
Figura 2 – (A) Estações pluviométricas e (B) Erosividade (Fator R)
63
Figura 3 – (A) Mapa pedológico e (B) Erodibildade (Fator K)
Figura 4 – (A) Modelo Digital de Elevação (B) Gradiente de Declividade (Fator LS)
64
Para os fatores C e P, utilizou-se o Mapa de Uso e Ocupação das Terras na
escala 1:250.000, obtido da base de dados do Grupo de Pesquisa Gestão Ambiental e
Dinâmica Socioespacial da Faculdade de Ciência e Tecnologia – UNESP3, atualizado a
partir de dados sobre as áreas de cultivo de cana-de-açúcar em 2016, obtidos no banco
de dados do Coletivo CETAS de Pesquisadores da Faculdade de Ciência e Tecnologia
– UNESP4. Além do mapa de uso e cobertura da terra em formato raster, o InVEST
requer também uma tabela em formato CSV (EXCEL®) com os valores dos fatores C
e P para cada categoria de uso e cobertura da terra. Estes valores foram atribuídos de
acordo com Bertoni & Lombardi Neto (1985), Sivertun & Prange (2003) e Ribeiro &
Alves (2007).
Para os Cenários 2 e 3 foram utilizados buffers de 30m para as margens dos rios
com larguras até 10m, buffer de 50m para as margens dos rios com larguras entre 10
e 50m e nascentes, e buffer de 100m para as margens dos rios com larguras entre 50
e 200m referentes às APPs hídricas. Esses dados foram obtidos da base de dados da
Fundação Brasileira para o Desenvolvimento Sustentável (FBDS)5. O uso e cobertura
atual foram substituídos por vegetação arbórea, como se estas de fato estivessem ali
instaladas, com valor do Fator C igual a 0,001, de acordo com Bertoni e Lombardi
Neto (1985). Ainda que o atual “Código Florestal” (LEI nº 12.651 de 25 de maio de
2012) considere também normativas relativas à preservação de Reservas Legais por
propriedade, por dificuldades de identificação e mapeamento estas áreas não foram
consideradas. Da mesma forma, foram desconsideradas a variáveis relativas ao “uso
consolidado” e ao tamanho da propriedade em relação ao número de “módulos fiscais”
aplicado para os municípios.
Para o Cenário 3, utilizou-se o shape referente aos assentamentos rurais6. O
uso e cobertura atual foram substituídos por “sistemas agroflorestais” com Fator C
igual a 0,025, conforme Moster (2018). A Figura 5 apresenta o uso e cobertura da terra
atual (Cenário 1) e as áreas de intervenção propostas nos cenários 2 (APPs) e 3 (APPs
e sistemas agroflorestais nos assentamentos rurais). O módulo SRD solicita ainda
(opcionalmente) em formato shape, a rede de drenagem e a divisão da área em sub-
bacias hidrográficas, que serão analisadas quanto à produção e retenção de sedimentos
para um determinado ponto de interesse, conforme Figura 6.
3
Disponível em: http://bacias.fct.unesp.br/suidebh/ugrhi-pontal-do-paranapanema/mapas-prelimi-
nares
4
Disponível em: http://datacetas.fct.unesp.br/
5
Disponível em http://geo.fbds.org.br/SP/
6
Disponível em http://bacias.fct.unesp.br/suidebh/ugrhi-pontal-do-paranapanema/mapas-prelimi-
nares
65
Figura 5 – (A) Uso e cobertura da terra – Cenário 1; (B) Áreas de intervenção (Cenários 2 e 3)
66
2.3 Resultados e discussões
Transição Transição
Classes de Uso e Cobertura Cenário
da Cenário 1 Cenário 2 1e2 Transição Cenário Cenário 1 e 3
Terra (ha) (ha) (%) Cenário 3 (ha) 2 e 3 (%) (%)
Área Urbanizada 11.119,58 1.0748,20 -3,34% 1.0748,20 0% -3,34%
Cultura Temporária 19.703,77 17.871,83 -9,30% 16.987,86 -4,95% -13,78%
Pastagem 459.729,10 427.30 -7,05% 335.897,10 -21,39% -26,94%
Florestal 75.320,60 141.222,29 87,49% 141.222,29 0,00% 87,49%
Silvicultura 3.751,752 3.570,943 -4,82% 3.442,336 -3,60% -8,25%
Campestre 77.892,89 60.514,29 -22,31% 54.164,98 -10,49% -30,46%
Cultura Temporária - Pivôs 314,74 312,40 -0,75% 312,40 0,00% -0,75%
Cultura Temporária - Cana 53.7367,9 52.5436,6 -2,22% 52.2334,9 -0,59% -2,80%
Cultura Temporária Milho/Soja 4.897,87 4.646,468 -5,13% 4.583,332 -1,36% -6,42%
Cultura Permanente - Café 400,22 383,93 -4,07% 309,26 -19,45% -22,73%
Cultura Permanente - Citrus 236,93 223,23 -5,78% 86,28 -61,35% -63,58%
Agrofloresta --------------- ----------- ------------ 102.228,79 ---------- -----------
67
Figura 7– Gráficos de estimativa de perdas de solo por erosão laminar para os três cenários avaliados
Tabela 2 – Perdas de solo por erosão laminar nos três cenários analisados
Figura 8 – Gráficos de estimativa de perdas de solo por erosão laminar para os três
cenários avaliados nas sub-bacias hidrográficas
68
Tabela 2 – Estimativa de perdas de solo por sub-bacias nos três cenários analisados.
Transição Transição
Cenário 1 Cenário 2 Transição Cenário Cenário 3 Cenário 2 e 3 Cenário 1 e 3
Sub-bacias (ton.ano/ha) (ton.ano/ha) 1 e 2 (%) (ton.ano/ha) (%) (%)
Baixo Paranapanema M.D. 45,39 43,93 -3,22% 39,38 -10,34% -13,23%
Pirapozinho 87,44 78,10 -10,68% 72,71 -6,89% -16,84%
Laranja Doce 77,51 71,99 -7,12% 71,25 -1,02% -8,08%
Tributários Rio Paraná 71,55 67,41 -5,79% 62,83 -6,79% -12,18%
Santo Anastácio 78,35 66,38 -15,28% 65,35 -1,55% -16,60%
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
4 AGRADECIMENTOS
69
5 REFERENCIAS
70
In: PRUSKI, F. F. Conservação de solo e água: práticas mecânicas para o controle da
erosão hídrica. Editora UFV, Viçosa, 2006. p.13-23.
71
PLANO ESTRATÉGICO DE RECURSOS HÍDRICOS DOS AFLUENTES
DA MARGEM DIREITA DO RIO AMAZONAS COMO SUBSÍDIO PARA
A ELABORAÇÃO DOS PLANOS DE BACIAS EM RONDÔNIA
INTRODUÇÃO
DESENVOLVIMENTO
74
relata que por maiores que sejam avanços registrados, ainda existem enormes desafios
a serem vencidos no que se refere ao objetivo de uma gestão integrada.
O Termo de Referência e o arranjo institucional são componentes técnicos
apresentados na fase preparatória do Plano de Bacia e dão suporte para a elaboração
efetiva deste. A seguir, será apresentada uma discussão em torno das etapas de
diagnóstico, prognóstico, monitoramento e implementação dos PBH’s com ênfase no
PERH-MDA visando sua aplicação no estado de Rondônia.
1.2.1 Diagnóstico
Uma das etapas dos planos de bacia é o diagnóstico, uma etapa extremamente
importante haja vista que é nessa fase que serão levantadas todas as informações
disponíveis na bacia, tanto os dados já divulgados, quanto aos dados que serão
coletados pela equipe técnica responsável pela elaboração do plano da bacia.
Deve-se levantar o maior número de dados possíveis, para que subsidie as
etapas seguintes e que o plano seja coerente com as características da bacia em estudo,
bem como atentar aos preceitos da melhor gestão dos recursos hídricos possível.
Assim, o diagnóstico deve realizar o levantamento de dados e também o
tratamento destes direcionados para os recursos hídricos.
De acordo com ANA (2013) em seu caderno de capacitação o qual aborda o
tema de planos de recursos hídricos, o diagnóstico deve conter no mínimo os seguintes
itens:
76
1.2.2 Prognóstico: Formulação de cenários futuros
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Para as análises efetuadas, foi constatado que a Região Norte como um todo
carece da criação de planos de bacias hidrográficas. Neste sentido, apesar do estado de
Rondônia já dispor de um plano estadual de recursos hídricos, ainda não foi elaborado
nenhum plano de bacia hidrográfica, isso pode ser justificado pela recente criação do
PERH-RO, documento base para a criação dos PBHs.
Dentre os temas abordados, merecem destaque aqueles citados como fatores
críticos dos temas estratégicos como o desmatamento, saneamento básico e governança
das águas. Isso se deve ao fato de que a Região Norte sofre com o crescimento do
desmatamento, aumentando assim as áreas com solo exposto deixando desprotegidos
os corpos d’água, bem como a referida região ainda não atingiu a meta de universalização
do saneamento básico de forma que a água sofre sérios riscos de perca de qualidade.
Nesse contexto, o PERH-MDA pode ser utilizado como ferramenta norteadora
para a elaboração dos planos de bacias hidrográficas do estado de Rondônia, haja vista
que as sub-bacias do estado compõem a bacia do Rio Madeira e esta por sua vez a
margem direita da bacia do Amazonas, sendo desta maneira contemplado, na escala
de análise do referido plano. Assim, os planos de bacias hidrográficas abordariam
com um detalhamento maior os recursos hídricos da bacia e através da proposição
de metas porde-se-á atingir níves cada vez melhores tanto em qualidade quanto em
quantidade dos recursos hídricos disponíveis para os usos múltiplos, fazendo uso de
uma gestão eficiente e aplicável a realidade dos recursos hídricos regionais.
AGRADECIMENTOS
78
agradecemos também ao Programa de Mestrado Profissional em Rede Nacional em
Gestão e Regulação de Recursos Hídricos - ProfÁgua, Projeto CAPES/ANA AUXPE
Nº. 2717/2015, pelo apoio técnico científico aportado até o momento.
REFERÊNCIAS
ANA, Agência Nacional de Águas (Brasil). Plano estratégico de recursos hídricos dos
afluentes da margem direita do rio Amazonas: resumo executivo / Agência Nacional
de Águas. – Brasília: ANA, 2012. Disponível em: http://margemdireita.ana.gov.br/
default.asp. Acesso em: 15 jul.2019.
ANA, Agência Nacional de Águas. Capacitação para a Gestão das Águas. 2018.
Disponível em: https://capacitacao.ead.unesp.br/index.php/component/content/
article?id=153. Acesso em: 1 dez. 2018.
PERES, R. B.; SILVA, R. S. Análise das relações entre o plano de bacia hidrográfica
Tietê-Jacaré e os planos diretores municipais de Araraquara, Bauru e São Carlos, SP:
avanços e desafios visando a integração de instrumentos de gestão. Sociedade &
Natureza, vol. 25, n. 2, maio-agosto, 2013, p. 349-362. Disponível em: https://www.
redalyc.org/pdf/3213/321328750011.pdf. Acesso em: 16 jul. 2019.
ZUFFO, Catia Eliza; ABREU, Franciso de Assis Matos. Gestão participativa das água
em Rondônia: Ações e propostas para a formação dos comitês de bacias hidrográficas.
Revista Formação, [s. l.], v. 2, p. 43–62, 2010. Disponível em: http://revista.fct.unesp.
br/index.php/formacao/article/view/438/478. Acesso em: 1 dez. 2018.
80
INTEGRAÇÃO DOS ELEMENTOS GEOMORFOLÓGICOS E PEDOLÓGICOS
DA SUB-BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO BATOQUE, HIDROLÂNDIA/CE.
INTRODUÇÃO
DESENVOLVIMENTO
83
Figura 01 – Mapa de Geomorfologia da sub-bacia hidrográfica do rio Batoque,
Hidrolândia/CE.
84
semiáridos e abrigam as melhores condições de solos e de disponibilidades
hídricas, além disso, as planícies fluviais constituem-se como ambientes de exceção
nas depressões sertanejas semiáridas. Em relação ao seu potencial geoambiental
é necessário considerar que são áreas sujeitas a inundações periódicas, além disso,
apresentam solos revestidos por matas ciliares, com predominância de carnaúba em
sua comunidade florística característica desse sistema geoambiental (SOUZA, 2000).
De acordo com Rodrigues (2016), o processo de formação desta unidade de relevo está
relacionado ao transporte de matéria, que se dá através dos sistemas fluviais.
De acordo com Suguio e Bigarella (1990), as correntes fluviais representam
possivelmente um dos mais importantes agentes geológicos que desempenham papel
de grande relevância não só na escultura do modelado da superfície terrestre, como
também no condicionamento ambiental da própria vida do homem. Powell (1876)
apud Peulvast e Claudino Sales (2002) foi um dos primeiros a demonstrar as leis
fundamentais da ação fluvial. Esse autor estabeleceu o conceito de nível de base de
erosão fluvial, a partir do qual formulou a ideia de ciclo de erosão, que, na fase final,
conduziria à peneplanização do relevo.
Para Souza (1988), a montante apresenta vales estreitos e mais escavados,
enquanto que para jusante o canal tende a se alargar principalmente no baixo curso
onde a acumulação de sedimentos é mais intensa. Vale ressaltar que a planície fluvial
do rio Batoque faz parte da segunda bacia hidrográfica do estado do Ceará, bacia do
Acaraú, que, apesar desse ambiente estar condicionado pelos processos da semiaridez
e por possuir um regime fluvial irregular e alta taxa de evaporação, dispõe de um nível
de reserva hídrica razoável (COGERH, 1998).
E a feição geomorfológica definida como Inselbergs ou Cristas Residuais é
conceituada por Souza (2000), onde ele afirma que são feições constituídas pela
ação seletiva dos processos degradacionais, dispersam-se pelos sertões e maciços
residuais rebaixados, rompendo a continuidade das depressões sertanejas, geralmente
apresentam encosta semi-desnudas com matacões.
Segundo Ab’Saber (2003), Inselberg, é o resíduo do relevo saliente em meio
a uma paisagem de planície semiárida, oriunda de uma longa história erosiva
relacionada a processos secos. O principal interesse para essa forma de relevo, já que
a mesma aparece de forma isolada dentro da Superfície Sertaneja, será relacionada no
contexto geomorfológico local e geral, assim como discutir sobre os mais prováveis
processos de sua formação e transformação, responsáveis por sua disseminação no
sertão nordestino.
85
· Planossolos
· Neossolos Flúvicos
· Neossolos Litólicos
86
· Luvissolos
87
Figura 03 – Perfis de solo encontrados na sub-bacia hidrográfica do rio Batoque,
Hidrolândia/CE
A B
C D
A – Planossolo; B – Neossolo Flúvico; C – Neossolo Litólico; D – Luvissolos.
Fonte: Mesquita (2019).
88
1.3 Integração pedogeomorfológica da sub-bacia hidrográfica do rio Batoque
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A presente pesquisa conclui que refletir sobre a questão dos recursos hídricos
no semiárido nordestino, a partir de um estudo pedogeomorfológico da sub-bacia
hidrográfica do rio Batoque, Hidrolândia/CE, é de muita importância, pois os solos e a
geomorfologia são alguns dos elementos naturais que mais interferem na dinâmica da
natureza. Por isso, houve a ocorrência dessa pesquisa, com a finalidade de desenvolver
um planejamento ambiental e social da área.
89
Partindo desse pressuposto, ressalta-se que a sub-bacia hidrográfica do rio
Batoque constitui-se como um importante sistema hidrográfico, uma vez que é
utilizado por parte da população hidrolandense como fonte de sobrevivência, visto
que próximo aos seus afluentes tem-se a utilização de áreas para a agricultura de
subsistência, o rio principal corta a zona urbana do munícipio de Hidrolândia, além de
abastecer a Barragem do rio Acaraú (Paulo Sarasate) que fornece água para diversos
munícipios do estado do Ceará.
Os estudos em bacias hidrográficas tornam-se importantes, pois possuem
seus limites, sendo necessário propor algumas medidas para amenizar os impactos
provocados pela intensa utilização dos recursos naturais pelo homem, que resulta na
descaracterização da paisagem.
REFERENCIAS
BOTELHO, R.G.M.; SILVA, A.S. Bacia hidrográfica e qualidade ambiental. In: VITTE,
A.C.; GUERRA, A.J.T. (orgs.). Reflexões sobre a geografia física no Brasil. Cap. 6. p.
153- 188. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2004.
90
SOUZA, Marcos José Nogueira de. Contexto geoambiental do semi-árido do Ceará:
problemas e perspectiva. In: FALCÃO SOBRINHO, José e COSTA FALCÃO, Cleire
Lima da. (Org.) Semi-Árido: Diversidades, Fragilidades e Potencialidades. Sobral
Gráfica, Sobral, 2006.
THORNES, J.B. & BRUNDSDEN, D. - 1977 - Geomorphology & time. New York,
Wiley. 208p
91
ANÁLISE FÍSICA E SOCIOAMBIENTAL DA BACIA DO RIO BRANCO EM
RONDÔNIA
INTRODUÇÃO
A bacia do rio Branco é um tributário da Bacia do rio Guaporé, que por sua vez
faz parte da Bacia Amazônica, maior bacia hidrográfica do mundo, e drena o Cráton
Amazonas. O Cráton Amazonas, segundo Santos (2003), “é uma das maiores e menos
conhecidas áreas pré-cambrianas do mundo e uma das principais unidades tectônicas
da América do Sul.”
Geologicamente a bacia do rio Branco está inserida na Província de Sunsás que
abrange dois domínios: Faixa Alto Guaporé (1,37 - 1,31 Ga) formada pela orogenia
Candeias ou Rondoniano - San Ignácio; e faixa Nova Brasilândia (1,25 - 0,97 Ga) com
orogenias Sunsás - Nova Brasilândia (1,25 - 0,97 Ga) (CPRM, 2010).
O rio Guaporé e seus afluentes depositaram sedimentos durante todo o período
Cenozóico na Depressão do Guaporé, que se encontra separada pelo Planalto dos
Parecis e a Serra Ricardo Franco. As variações sazonais, entre períodos secos e úmidos,
influenciaram na carga sedimentar transportada pelos rios e propiciaram a formação
de meandros. (BRASIL, 1979). A figura 1 apresenta o perfil esquemático do relevo
da área em estudo onde notam-se as diferenças altimétricas entre os compartimentos
geomorfológicos da região.
Na bacia do rio Branco foram identificadas catorze classes de solo, havendo
predominância dos Latossolos Vermelhos Eutróficos, que ocupam grande extensão
espacial (2299,5 km²), ou seja, cerca de 33,3% da área total da sub-bacia, que se
caracterizam pela alta concentração de óxido de ferro (coloração avermelhada) e alta
fertilidade (RONDÔNIA, 2000).
93
Figura 1 - Mapa de Elevação da Bacia do Rio Branco (RO)
Quanto aos índices pluviométricos, a bacia do rio Branco possui uma precipitação
média anual de 1731,85 mm e a evapotranspiração média anual de 1398,75 mm
(RONDÔNIA, 2000).
94
O fato de Rondônia estar localizada numa área de clima Equatorial (quente
e úmido) ou, de acordo com a classificação de Köppen, de clima Tropical chuvoso
(GOMES, 2012), gera consequências para outras características naturais como os solos
e o relevo que se modificaram ao longo da história. Desta maneira as características
físicas da bacia do rio Branco são o resultado da interação de elementos naturais e
antrópicos que proporcionam as modificações da área ao longo dos anos.
A bacia do Rio Branco apresenta diversos usos, dentre eles serão descritos a
seguir os principais:
O setor de agropecuária é um dos mais abrangentes na bacia supracitada de
acordo com o IBGE (2019) e com grande importância econômica para a região, com o
desenvolvimento principalmente na pecuária a bovinocultura com a criação de gado
nelore no sistema extensivo e a criação de gado leiteiro.
No ramo da agricultura, as principais culturas desenvolvidas na região são a
lavoura de café (IBGE, 2019), com o crescente plantio de café clonal, cultura esta que
vem demandando vários processos de outorga d’água juntos aos órgãos ambientais
competentes, haja vista que necessitam de irrigação para o maior produtividade
da lavoura. Além disso, existem outras lavouras que também tem sua expressão
significativa na bacia sendo elas: a lavoura de arroz, milho, feijão e soja (IBGE, 2019).
Na figura 2 pode ser observado a grande quantidade de área da bacia do Rio
Branco com presença de pastagens, seguido pelos demais usos.
95
Analisando através de imagens de satélite, o uso da terra com agropecuária na
bacia é da ordem de 53,2%, e um total de 44,1% permanecendo sob mata. As principais
degradações observadas foram o desmatamento da mata ciliar e das nascentes para
uso agropecuário (SILVA E ZUFFO, 2003).
A piscicultura também é uma das atividades que vêm crescendo na região
em estudo, destacando-se a criação das espécies de peixes de tambaqui (Colossoma
macropomum) e de pintado (Pseudoplatystoma corruscans) no sistema semi-intensivo.
Com 90 mil toneladas de peixes produzidas em 2017 em água doce, Rondônia se destaca
no cenário nacional, com 4.200 empreendimentos distribuídos pelos 52 municípios do
estado em uma área alagada que totaliza 14 mil hectares (LIMA, 2018).
Todavia, é uma atividade que exige cuidados, principalmente na questão
ambiental, pois a instalação dos tanques de piscicultura devem seguir as diretrizes e
parâmetros estabelecidos na legislação vigente, no caso do Estado de Rondônia está
disposto na Lei nº 3437 de 09 de setembro de 2014, evitando ao máximo os impactos
ambientais.
Outra atividade presente na bacia é a silvicultura, atividade que se ocupa do
estabelecimento, do desenvolvimento e da reprodução de florestas, visando a múltiplas
aplicações, como a produção de madeira, o carvoejamento, a produção de resinas, a
proteção ambiental, entre outros usos (IBGE, 2016). Vale salientar que são regiões onde
a atividade madeireira se destaca, com foco na construção civil, produção de móveis,
etc.
Por outra via, uma das atividades mais conflituosas na área em estudo é a
geração de energia elétrica, contando com 08 Pequenas Centrais Hidrelétricas – PCHs
instaladas na bacia, o conflito se estabelece pela retirada de moradores devido ao
alagamento ocasionado pelo reservatório das PCHs e também pelos povos indígenas
que precisam modificar suas rotas fluviais para desenvolver suas atividades de pesca,
devido ao obstáculo físico causado pela instalação das PCHs nos corpos hídricos. Prado
(2013) relata que lideranças indígenas instaladas na bacia disseram que um cemitério
do povo foi destruído na etapa de construção da PCH Rio Branco.
As PCHs instaladas na Bacia do Rio Branco, são elas : PCH Alta Floresta; PCH
Santa Luzia, PCH Saldanha, PCH Monte Belo, PCH Figueira, PCH Cachoeira Cachimbo
Alto, PCH Rio Branco e PCH Ângelo Cassol, as quais juntas possuem uma potência
outorgada de 39.781 Kw (ANEEL, 2018).
No que se refere as áreas protegidas, a bacia em estudo apresenta-se em grande
parte preservada, fato este consequência direta da demarcações de áreas de terras
indígenas e reservas biológicas, como a Terra Indígena Massaco e a Reserva Biológica
do Guaporé.
De acordo com ISA (2018) a Reserva Biológica do Guaporé possui área de 600.000
hectares, a Terra Indígena Massaco com área de 422.000 hectares e a Terra Indígena Rio
Branco com área de 236.000 hectares.
O quadro 1 apresenta as informações gerais sobre a Reserva Biológica do
Guaporé, de Proteção integral, bem como também apresenta as informações gerais
sobre a Reserva Extrativista de Pedras Negras, a qual possui uso sustentável.
De acordo com a Lei nº 9985 de 2000, proteção integral é considerado como a
“manutenção dos ecossistemas livres de alterações causadas por interferência humana,
admitido apenas o uso indireto dos seus atributos naturais”, já o uso sustentável é
definido como a “exploração do ambiente de maneira a garantir a perenidade dos
recursos ambientais renováveis e dos processos ecológicos, mantendo a biodiversidade
e os demais atributos ecológicos, de forma socialmente justa e economicamente viável”.
96
Quadro 1: Informações gerais sobre a Rebio Guaporé e da Resex Pedras Negras
97
Segundo Nogueira (2017) as usinas hidrelétricas provocam alguns tipos de
degradação, como por exemplo, impacto cultural, impacto socioeconômico, inundação
de áreas florestais e agrícolas, impacto sobre a flora, fauna e ecossistemas adjacentes.
O represamento de um rio significa uma interrupção de um sistema aberto e
de transporte por um sistema mais fechado e de acumulação. Consequentemente, a
construção de uma represa representa um impacto fundamental para a geometria
hidráulica de um rio (JUNK et al., 1990).
De acordo com Souza (2000) os impactos físicos mais comuns são a diminuição
da correnteza do rio, o que acarreta em alteração do fluxo de sedimentos, havendo
assim a deposição deste no ambiente lótico, a temperatura do rio também é modificada,
sendo mais baixa no fundo do lago e mais alta na superfície do lago.
2.2.3 Principais problemas associados à exploração das áreas da bacia para os diversos
usos identificados
98
2.2.4 Proposições para mitigação dos impactos
A crise das águas tem sido um tema que desperta a preocupação de autoridades
e da população em geral, pois desse recurso natural, finito e vulnerável, depende a
sobrevivência humana (ZUFFO E ABREU, 2010).
Diante dos usos estabelecidos na Bacia do Rio Branco e com o intuito de evitar
ou minimizar os impactos ambientais na área de estudo, tem-se algumas medidas que
adotadas podem evitar a ocorrência de um impacto ambiental e quando evita-lo não
for possível, minimizar ao máximo este impacto, na sequência são descritas algumas
dessas medidas:
A preservação das APPs é de suma importância, tanto nas áreas utilizadas para atividades
rurais como a agropecuária, quanto no processo de urbanização, haja vista que possuem
um papel fundamental no equilíbrio ambiental. A vegetação protege as margens dos
cursos d’água, das nascentes e lagos, configurando-se em uma barreira natural, evitando
a deposição de sedimentos nestes ambientes, promovendo a estabilidade das margens,
evitando processos erosivos, auxiliando na retenção de materiais carreados pela chuva e o
que ajuda a evitar a poluição dos corpos hídricos.
Ainda nesse quesito, as APPs também são habitats de várias espécies da fauna e
local de desenvolvimento de espécies da flora.
Em relação à áreas desmatadas, estas necessitam de reflorestamento, para evitar
que outras áreas sejam desmatadas, e com a função de recompor a área já desmatada
introduzir espécies nativas para auxiliar no processo de regeneração. Além do mais, é
imprescindível a fiscalização eficiente para tentar coibir atividades ilegais e proteger o
ecossistema como um todo.
No que tange a agricultura, de acordo com Galharte (2010) a integração lavoura-
pecuária, que consiste na rotação entre as duas atividades, o que resulta em eficiência
produtiva, é um boa opção para otimizar a área.
Outro ponto importante na área em estudo é a irrigação, visto que os produtores
utilizam sistemas de irrigação em suas lavouras, principalmente no cultivo de café
clonal. Existem vários sistemas de irrigação, evitar o desperdício de água é fundamental,
assim a substituição de sistemas antigos que demandam volumes enormes de água
por sistemas mais modernos que minimizem o desperdício, como o sistema de
irrigação por gotejamento, que é um sistema pontual, com vazão pequena, utilizado
em horários específicos e somente nos períodos de seca, onde a planta demanda água
e essa necessidade não é suprida pela chuva.
No que tange ao fornecimento de energia pode-se adotar a energia solar como
alternativa para reduzir o consumo de energia hidroelétrica, haja vista que o estado de
Rondônia está em uma região com grande índice de radiação solar, o que propicia a
geração de energia solar.
No âmbito do saneamento básico, os sistemas de tratamento de esgoto possuem
importância crucial no desenvolvimento urbano dos municípios, tratar os esgotos
evita a poluição dos cursos d’água e do solo, evitando grandes impactos ambientais.
As Estações de Tratamento de Esgotos – ETE, ainda são raras na bacia em estudo.
Além do mais saneamento básico adequado e de qualidade reflete-se diretamente na
saúde pública, evitando inúmeras doenças relacionadas a falta deste.
No meio rural a utilização de sistemas individuais ou coletivos, como os
biodigestores são amplamente recomendados.
Outra vertente do saneamento básico é a questão dos resíduos sólidos, a prática
de inadequada de disposição dos resíduos é um grave problema que assola a população
residente na área em estudo. A disposição inadequada em lixões, gerou um grande
99
impacto com a contaminação da área utilizada para o descarte de resíduos sólidos.
Uma solução é além da disposição em aterros sanitários consorciados entre vários
municípios, é a recuperação dessas áreas que configuram-se em passivos ambientais.
Também neste âmbito dos resíduos sólidos, a criação de unidade de triagem
para separação dos materiais, reciclagem dos resíduos que podem ser reciclados
e compostagem dos resíduos orgânicos auxiliam em evitar o descarte inadequado
dos resíduos e consequentemente inúmeros impactos ambientais decorrentes deste
seguimento.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
AGRADECIMENTOS
REFERÊNCIAS
100
nº 8.001, de 13 de março de 1990, que modificou a Lei nº7.990, de 28 de dezembro de
1989. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9433.htm. Acesso
em: 06 mai. 2018.
101
LATEC. Instituto de Tecnologia para o desenvolvimento. Relatório de impacto
ambiental (RIMA) para a Pequena Central Hidrelétrica Dois Saltos. Curitiba,
2011.
102
FRAGILIDADE AMBIENTAL DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO DO PEIXE
(UGRHI-21) – SÃO PAULO
INTRODUÇÃO
1
Mestranda / Faculdade de Ciências e Tecnologia, Presidente Prudente – SP, Universidade Estadual
Paulista (UNESP), gleicesantanapereira@yahoo.com.br
2
Docente do Departamento de Geografia / Faculdade de Ciências e Tecnologia, Presidente Prudente –
SP, Universidade Estadual Paulista (UNESP), icmoroz@gmail.com
103
1.1 UGRHI-21 e a questão da erosão
Com relação ao meio físico, no que se refere à geologia, de acordo com DAEE/
UNESP (1982), prevalecem na UGRHI-21 rochas sedimentares, de composição
predominantemente arenosa, pertencentes ao Grupo Bauru, representadas pelas
Formações Adamantina, Santo Anastácio, Marília e rochas básicas do Grupo São
Bento, representadas pela Formação Serra Geral.
Destaca-se ainda a presença de sedimentos aluvionares quaternários que
correspondem às planícies e terraços fluviais.
De acordo com Ross e Moroz (1997), a UGRHI-21, situa-se na Unidade
Morfoestrutural Bacia Sedimentar do Paraná, na unidade morfoescultural denominada
Planalto Ocidental Paulista, abarcando as sub-unidades Planalto Residual de Marília
e Planalto Centro Ocidental. Essas sub-unidades morfoesculturais caracterizam-se por
modelados de colinas com topos convexos e topos aplanados, com altitudes entre 300
e 600 metros e declividades inferiores a 20%.
Em relação aos solos, predominam Argissolos e secundariamente Latossolos,
além de Neossolos, Planossolos e Gleissolos. (ROSSI, 2017).
Segundo o relatório técnico do IPT nº 131.057-205 – B1-1/189, no que diz
respeito ao uso e ocupação da terra, a classe predominante na UGRHI 21é a de campo
antrópico (pastagens) que ocupa 79% do seu território, seguida pela classe de cultura
semi-perene (cana-de-açúcar), com 7,5%. No que diz respeito às erosões, o IPT (2012)
104
cadastrou 165 erosões lineares urbanas (76 ravinas e 89 boçorocas) e 6825 rurais (1461
ravinas e 5364 boçorocas) na área de estudo.
De acordo com o Relatório de Situação dos Recursos Hídricos das Bacias dos
Rios Aguapeí e Peixe (CBH-AP, 1997):
A degradação dos terrenos das Bacias Hidrográficas dos Rios Aguapeí/Peixe, pelos
processos erosivos urbanos e rurais, do tipo laminar e de ravinas e boçorocas, atingiu
milhares de metros cúbicos de solos, destruindo terras de culturas, equipamentos urbanos
e obras civis, impactando de forma expressiva os recursos hídricos dessas bacias.
DESENVOLVIMENTO
2.1 Metodologia
105
Figura 3 - Mapa Clinográfico
106
Figura 4 – Principais Geomorphons reconhecidos na análise do Relevo
1 – Muito fraco Picos (2), cristas (3), Ressaltos (4) e cristas secundárias (5)
5 – Muito Forte Fossos (7), Bases das encostas (8), vales (9) e escavados (10)
5 – Muito Forte
Planos (1)
(Áreas sujeitas a inundações)
Fonte: Organizado pelas autoras
o Para a variável Solos foi utilizado o Mapa Pedológico do Estado de São Paulo – SP
(Figura 5), em escala 1:250.000 elaborado por Rossi (2017) e foram atribuídos pesos
para cada componente, conforme os Quadros 3.
107
Figura 5 - Mapa Pedológico
2 – Fraco Latossolos
4 – Forte Argissolos
RESTRITO
Planossolos e Gleissolos
(Áreas sujeitas a inundações)
109
Figura 4 - Mapa de Fragilidade Potencial
Vale ressaltar que este produto não leva em consideração a ação antrópica,
trazendo em si apenas as características de susceptibilidade à erosão em relação ao
meio físico, demonstrando que na área de estudo predomina a classe “Fraca”. De
acordo com os dados obtidos através do SIG, verifica-se no Gráfico 1 que 31% da área
de estudo corresponde à classe de fragilidade “Fraca”, seguida por 25% e 17% das
classes “Média” e “Forte”, respectivamente.
110
Observa-se na Figura 8 o Mapa de Fragilidade Emergente, onde se constata a
predominância do nível de fragilidade “Média”.
111
Comparativamente, houve um aumento considerável nas classes de fragilidade
mais altas no Mapa de Fragilidade Emergente em relação ao Mapa de Fragilidade
Potencial, sendo que o nível “Médio” passou de 25% para 48% e o “Forte” aumentou
de 17% para 37%.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
AGRADECIMENTOS
REFERENCIAS
CBH-AP - Comitê das Bacias Hidrográficas dos Rios Aguapeí e Peixe. Relatório de
situação dos recursos hídricos das bacias dos rios Aguapeí e Peixe. Lins: CBHAP:
CETEC, 1997.
112
______ Análise empírica da fragilidade dos ambientes naturais e antropizados. Revista
do Departamento de Geografia nº. 8. FFLCH-USP: São Paulo. 1994.
113
INÂMICA FLUVIAL NA TRANSIÇÃO DO CICLO DE ESTIAGEM-CHEIA DO
RIO CAUAMÉ, EM BOA VISTA/RR, COM BASE EM DADOS DE UMA ESTAÇÃO
TELEMÉTRICA HIDROMETEOROLÓGICA
INTRODUÇÃO
1
Pesquisador em Geociências – Serviço Geológico do Brasil / CPRM. romulo.ferreira@cprm.gov.br
2
Técnico em Geociências – Serviço Geológico do Brasil / CPRM. jean.oliveira@cprm.gov.br
3
Professor Dr – Universidade Federal de Roraima – fabio.wankler@ufrr.br
4
Professor Dr – Universidade Federal de Roraima – carlos.sander@ufrr.br
114
DESENVOLVIMENTO
O uso das séries históricas pode servir para (VESPUCCI et al., 2016):
d) abastecimento público;
e) navegação;
f) saneamento básico e;
2.1 Metodologia
116
A metodologia empregada neste trabalho de pesquisa se baseou nas seguintes
etapas:
117
2.2 Resultados preliminares encontrados
118
Gráfico 1: Cotas diárias do mês de abril 2019
119
Gráfico 3: Cotas diárias do mês de junho 2019
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O Rio Cauamé é um dos rios do estado de Roraima que ainda não possui uma
série histórica de dados hidrometeorológicos que possa auxiliar na gestão dos recursos
hídricos, como preza a lei n° 9433/97, que criou a Politica Nacional dos Recursos
Hídricos. Além disso, a sua bacia hidrográfica corta boa parte da área urbana do
município de Boa Vista, que é a capital do estado. Porém, essa bacia de drenagem
ainda não é monitorada sistemáticamente assim como outras bacias nesta unidade da
Federação, tais como as do rios Branco, Uraricoera, Tacutu e Mucajaí.
120
A estação de pesquisa desse trabalho foi instalada com o propósito de auxiliar
no estudo hidrológico dessa bacia hidrográfica, principalmente para se ter uma noção
do comportamento do Rio Cauamé durante a passagem de eventos de seca e cheia do
manancial hídrico.
Notou-se pelo estudo efetuado nesse trabalho que o Rio Cauamé durante os
meses de abril/2019 a julho/2019 mostrou uma amplitude de quase 4,00 metros de
diferença entre a cota minima (334cm) e a cota máxima(731cm). Porém, um estudo
mais prolongado e que possa continuar monitorando os futuros eventos de transição
de eventos críticos irá embasar ainda mais as informações mostradas neste trabalho de
pesquisa.
REFERENCIAS
ULIANA, E.M., SOUZA, L.G.S.; SILVA, D.D.; SOUZA, AP.; ALMEIDA, F.T.; ARAUJO,
H.B. Regionalização de vazões para o médio e alto rio Teles Pires-MT. Ver. Cien.
Agrar., v59, n4, p 333-338, out/dez 2016.
121
INTERFERÊNCIA E RELAÇÕES ENTRE AS MORFOLOGIAS DAS VERTENTES,
ÍNDICES DE DISSECAÇÃO E OS PERFIS LONGITUDINAIS DOS RIOS AGUAPÉÍ
E PEIXE.
INTRODUÇÃO
1
FCT-UNESP, campus de Presidente Prudente – jho896@hotmail.com; pcrocha@gmail.com
122
Materiais e Métodos
123
Já os perfis longitudinais, foram obtidos a partir de dados planialtimétricos
de cartas topográficas da área de estudo, através da montagem de um mosaico das
cartas topográficas, sendo assim extraídos valores de distância e variação altimétrica
ao longo do curso dos rios, da maneira que os dados de distância foram tabulados no
software Excel de posteriormente elaborados os gráficos.
Seguindo assim, com os mapas das morfologias das vertentes, juntamente com
os índices de dissecação, foi possível localizar os trechos de rupturas de declives do
perfil longitudinal e interseccionar as suas possíveis relações e influências com as
formas das vertentes na escala analisada.
As bacias hidrográficas do Rios Aguapeí e Peixe, que são os alvos deste estudo
estão situadas na região oeste do Estado de São Paulo (figura 2). A bacia hidrográfica do
Rio Aguapeí que nasce no município de Gália na localização, Latitude: 22°13’6.8009’’
Sul e Longitude: 49°30’40.5396’’ Oeste e segue para o norte até a altura da cidade de
Lins, segue para oeste passando por Luziânia onde a partir deste trecho recebe muitos
afluentes até desaguar no rio Paraná entre o município de Nova Independência e São
João do Pau d’Alho na localização, Latitude: 21°3’1.9454’’ Sul e Longitude: 51°46’8.8432’’
Oeste. Percorre mais de 300 quilômetros.
A bacia hidrográfica do Rio do Peixe, que nasce na Serra dos Agudos na
localização, Latitude: 22°12’41” Sul e Longitude: 49º39’52” Oeste e desemboca no rio
Paraná entre os municípios de Presidente Epitácio e Panorama na localização Latitude:
21°33’11” Sul e Longitude: 51º57’47” Oeste, seu curso percorre uma extensão de cerca
de 380 quilômetros.
Fonte: SigRH.
124
Conforme descrito no Relatório Zero, disponibilizado pelo Comitê das Bacias
Hidrográficas dos Rios Aguapeí e Peixe, a região do sudoeste do Estado de São Paulo
na qual estão inseridas as áreas de estudos, caracterizam-se, conforme Nimer (1977),
por um clima tropical quente e úmido (com chuvas de verão), e com 1 ou 2 meses de
estação seca (inverno). Próximo do rio Paraná a umidade relativa do ar é maior.
Já os substratos geológico que compõe as Bacias dos rios Aguapé e Peixe,
são compostos por rochas magmáticas e sedimentares da Bacia do Paraná de idade
mesozóica e depósitos aluvionares da idade cenozóica. Sua coluna estratigráfica exibe
respectivamente da base para o topo a seguinteseqüência de formação geológica:
Grupo São Bento – Formação Serra Geral, Grupo Bauru – Formações Caiuá, Santo
Anastácio, Adamantina, Marília e Depósitos Cenozóicos.
A geomorfologia das bacias dos rios do Peixe e Aguapé está inserida na
Província Geomorfologia denominada Planalto Ocidental. Quanto os principais tipos
de solos encontrados na região seguinte as associações mais expressivas são: Latossolo
Vermelho, Argissolo Vermelho-Amarelo, Litólico, Planossolo, Gleissolo, Areias
Quartzosas.
De acordo com o Relatório zero do CBH-AP (1997), um documento de suma
importância para à análise ambiental de uma bacia hidrográfica, a degradação dos
terrenos da bacia hidrográfica dos rios Aguapeí/Peixe, pelos processos erosivos
urbanos e rurais, do tipo laminar e de ravinas e voçorocas, atingiu milhares de
metros cúbicos de solos, destruindo terras de culturas, equipamentos urbanos e obras
civis, impactando de forma expressiva os recursos hídricos dessas bacias. Parte dos
sedimentos provenientes da erosão se depositam nas vertentes, destruindo solos e
terras verteis e, outra parte, pode atingir os fundos do vale, provocando assoreamentos
de cursos d’agua e de reservatórios.
Ainda segundo o Relatório zero do CBHP-AP (1997), o assoreamento constitui em
um dos mais graves impactos da erosão nos recursos hídricos, promovendo enchentes,
perdas de capacidade de armazenamento d’água nos reservatórios, incremento de
poluentes químicos, prejuízos para o abastecimento e produção de energia elétrica.
DESENVOLVIMENTO
A matriz dos indicies de dissecação do relevo criada por ROSS (1992), que diz que
a mesma dever ser utilizada como referencial morfométrico para pequenas e médias
escalas, baseadas nas relações de densidade de drenagem/dimensão interfluvial
média para a dissecação no plano horizontal e nos graus de entalhamento dos canais
de drenagem para dissecação no plano vertical, sendo classificadas categorias que
variam de muito fraca a muito forte.
Por isto, os estudos morfológicos do relevo, executados sobre o viés dos índices
de dissecação do relevo, permitem exibir as alterações e transições nos padrões de
formas de relevo, de uma determinada área em análise, revelando assim, as suas
variações de estrutura, litologia e ações externas provocadas pela ação do clima ou
mesmo humana. Ou seja, de acordo com Laszlo (2016) os estudos morfológicos através
do mapeamento geomorfológico, possibilitam compreender a dinâmica processual e
evolutiva do relevo.
Young (1972) sublinha que as vertentes tem como características, determinar de
maneira geral a fisionomia do relevo de uma determinada porção do espaço geográfico.
125
Com isto, análise da fisionomia do relevo, configura-se como um ferramenta de extrema
importância para a identificação e entendimento da estrutura e funcionamento de
compartimentos do relevo e da fisionomia da própria paisagem.
Os eventos de origem tectônica, são os fenômenos mais latentes de alteração da
paisagem, da maneira que conseguem alterar as variáveis morfométricas e morfológicas
de uma determinada bacia hidrográfica. Isto posto, os fenômenos tectônicos podem
alterar a dissecação e as morfologias do relevo, e criando rupturas de declives nos
perfis longitudinais.
Desta forma, o perfil longitudinal de um rio é um elemento importante da
morfologia da bacia de drenagem em que, juntamente com a rede de canais, fixam as
condições de contorno para os processos de inclinação (Knighton, 1984), assim também
sendo considerados como níveis de base locais, que condicionam a intensidade dos
processos direcionados pelo escoamento superficial e evolução do relevo.
O mapeamento de variáveis do relevo como altitude, declividade, curvaturas
vertical e horizontal, orientação de vertentes etc., que são combinados para identificar
elementos de terreno, que são por sua vez combinados em padrões de terreno (Dent &
Young, 1981).
Agora, partindo para a relação morfologia das vertentes, índice de disseção do
relevo (figura 3), juntamente com os perfis longitudinais das Bacias Hidrográficas dos
Rios Aguapeí e Peixe (figura 4 e 5), é possível estabelecer algumas causas que alteram
as curvas dos perfis longitudinais levantados e analisados.
Figura 3 - Mapa das morfologias do relevo das Bacias hidrográficas dos Rios Aguapeí
e Peixe em conjunto com os índices de dissecação do relevo. Laszlo (2016).
126
Figura 4 – Perfil Longitudinal do Rio Aguapeí.
Log (distância)
Altitude (m)
0 40 80 120 160 200 240 280 320 360 400 440 480
Distância (Km)
Log (distância)
Altitude (m)
127
Para a Bacia do Rio do Peixe, a primeira ruptura se encontra em área de topos
convexos, ou seja, com a declividade muito acentuada, desta forma, a declividade é o
grande fator preponderante desta ruptura de declive.
Quanto ao índice de dissecação encontrado que corresponde a matriz 41,
novamente da sustentação ao surgimento desta área anômala no perfil longitudinal
do Rio do Peixe, que se designa como um índice forte dissecação, salientando esta área
como um relevo fortemente acidentando.
Finalmente, a segunda ruptura de declive do perfil longitudinal do Rio do Peixe,
ocorre em área semelhantemente ocorrida no perfil longitudinal do Rio Aguapeí,
sendo localizada entre alternância das formas das vertentes Dt e Dc, todavia, esta
anomalia da curva do perfil longitudinal é causada por fatores antrópicos, na qual há a
existência da PCH de Quatiara, suprimindo qualquer outra possível causa, nem conter
uma variação litológica que posso exprimir as causas desta ruptura de perfil como já
salientado por Laszlo (2016), muito menos índices de dissecação, que caracterizados
pelas matrizes 23 e 31, de médio grau de dissecação.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERENCIAS
DENTT, D.; YOUNG, A. Soil Survey and Land Evaluation. Georg Allen and Unwin
Publishers, London. 278 p. 1981.
128
LASZLO, J. M. Padrões de dissecação do relevo e morfologias dominantes nas bacias
hidrográficas dos Rio Aguapeí e Peixe, Paraná, Brasil. In: Anais do XI Simpósio Nacional
de Geomorfologia, 2016, Maringá.
Relatório de Situação dos Recursos Hídricos das Bacias dos Rios Aguapeí e Peixe –
1997.
129
GEOTECNOLOGIAS NO LEVANTAMENTO DO USO E COBERTURA DA
TERRA DA MICROBACIA DO IGARAPÉ AMBÉ-BAIXO RIO XINGU
INTRODUÇÃO
131
Figura 1: Mapa de localização da microbacia hidrográfica.
2. METODOLOGIA
132
RESULTADOS E DISCUSSÃO
133
Quadro 01: Alguns empreendimentos imobiliários entre os anos de 1970 a 2007 dentro
da microbacia do igarapé Ambé.
134
Figura 02: Uso da terra e cobertura vegetal da microbacia hidrográfica do Igarapé
Ambé. Fonte: Autor.
REFERENCIAS
BERK, A. et al. MODTRAN Cloud and Multiple Scattering Upgrades with Application to
AVIRIS. Remote Sensing of Environment, [s. l.], v. 65, n. 3, p. 367375, 1998. Disponível
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Acesso em: 2 jul. 2019.
136
BRONDÍZIO, E. S. Análise intra-regional de mudanças de uso da terra na Amazônia.
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138
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desenvolvimento sustentável. Lima, S.C.; Santos, R.J. (Org.). Uberlândia, Universidade
Federal de Uberlândia/ Instituto de Geografia; Brasília; CNPq, 2004.
139
ESTUDO DAS CARACTERÍSTICAS LIMNOLÓGICAS DA ÁGUA NA BACIA
HIDROGRÁFICA DO CÓRREGO VOLTA GRANDE, GUARAÇAÍ-SP
INTRODUÇÃO
As bacias hidrográficas são áreas que tem seus limites demarcados pelos
divisores de água (topos do relevo) no qual a água da chuva vai sendo direcionada para
um mesmo corpo d’água formando um único leito, a maioria delas foram esculpidas
pela atuação de agentes naturais como a água, chuva, solo e geologia, podendo ser
consideradas como unidades físicas básicas do território, as bacias podem ter inúmeras
dimensões, elas vão sendo interligadas a partir dos córregos, ribeirões, riachos e rios
crescendo hierarquicamente até formar as grandes bacias ou regiões hidrográficas
(PIROLI, 2016).
Sobre o território da bacia hidrográfica são desenvolvidas as atividades
humanas, sendo assim, no seu exutório estarão expressados todos os processos que
fazem parte do seu sistema como consequência das formas de ocupação do território
e das características naturais das águas que para ali convergem (PORTO & PORTO,
2008).
Neste sentido, a escolha da bacia hidrográfica como unidade de estudo se
faz bastante apropriada, pois esta representa a unidade geográfica que integra as
características físicas, bióticas, humanas e econômicas, possibilitando uma visão
holística em relação aos processos que nela ocorrem (SOUZA, TUNDISI, 2000;
GONÇALVES, 2011; LEITE et al., 2013).
As propriedades físicas e químicas da água em uma bacia hidrográfica são
influenciadas por vários fatores como a climatologia, topografia, pedologia, geologia
característica da área de drenagem e também pela vegetação característica da bacia
(SOUZA; TUNDISI, 2000).
Por via de regra, as características limnológicas da água são determinadas em
função das condições naturais como também pelo uso e ocupação do solo e do estado
de conservação de uma bacia hidrográfica (PÉREZ; RESTREPO, 2008).
As características limnológicas de um ambiente aquático podem ser determinadas
por diferentes métodos, como através de medidas quantitativas de parâmetros físicos e
químicos tanto na água, no material particulado e também nos organismos ali presente,
a aplicação destes métodos é realizada no campo e no laboratório nos quais produzem
1
Mestranda do PPGG-Mestrado Profissional, FCT/UNESP, Presidente Prudente, Brasil amanda.
rodrigues.c.bio@gmail.com
2
Professor Assistente Dr. do Departamento de Geografia, FCT/UNESP, Presidente Prudente, Brasil
pcrochag@gmail.com
140
vários tipos de informações fornecendo diferentes interpretações técnicas (MEYBECK;
HELMER, 1992).
Neste sentido o monitoramento das características limnológicas em bacias
hidrográficas atua como uma forma de investigação para compreender tais impactos,
o modo ao qual se comportam as variáveis analisadas demonstram como o corpo
hídrico responde aos impactos ocorridos pelo uso e cobertura da bacia hidrográfica
(SILVA, ARAÚJO; 2014).
A resolução CONAMA 357/2005 “Dispõe sobre a classificação dos corpos de água e
diretrizes ambientais para o seu enquadramento, bem como estabelece as condições e padrões de
lançamento de efluentes, e dá outras providências’’ (BRASIL, 2005), desde a sua implantação
esta resolução vem sendo tomada como referência para diversas pesquisas acadêmicas
(CUNHA et al., 2013).
O presente estudo teve como objetivo avaliar as características limnológicas
da água superficial em duas seções amostrais no córrego Volta Grande localizado no
município de Guaraçaí-SP, como também fazer o levantamento do uso e cobertura
da terra nesta mesma bacia, os parâmetros monitorados foram fósforo total, amônia,
temperatura da água, oxigênio dissolvido, pH, condutividade elétrica, turbidez,
material em suspensão total e vazão. A avaliação destes parâmetros irá contribuir
para um maior conhecimento de suas características, contribuindo para o banco de
dados ambientais da Unidade de Gerenciamento de Recursos Hídricos a qual pertence
(UGRHI 20 – AGUAPEÍ).
DESENVOLVIMENTO
141
Figura 1- Localização da área de estudo
Fonte: Os autores
Organização: Os autores
No laboratório 500 ml das amostras de água (não filtrada) coletada nas diferentes
seções amostrais foram congeladas em freezer a (-20ºC) em frascos de polietileno para
posterior análise do fósforo total. Para análise da concentração de amônia 500 ml de
cada amostra foram filtradas em filtros GF/C Whatman com 45 µ/cm de porosidade
e depois congeladas em freezer a (-20ºC) em frascos de polietileno para posterior
análise. As análises de fósforo total foram realizadas segundo a metodologia de
Mackereth, Heron e Talling (1978) e as análises de amônia foram realizadas de acordo
143
com a metodologia de Koroleff (1976), para cada seção o procedimento foi realizado
em duplicata sendo calculado a média entre os dois valores, todo o procedimento
foi realizado no Laboratório de Tecnologia e Informação Espacial da Faculdade de
Ciências e Tecnologia – UNESP campus de Presidente Prudente.
Os resultados obtidos nas análises de qualidade da água foram comparados
com os valores referenciados pela Resolução CONAMA 357/2005, para corpos d’água
enquadrados como classe 2.
A partir das amostras de água coletadas em campo foi determinado a
concentração do material em suspensão total pelo método gravimétrico descrito por
Wetzel e Likens (1991), para a aplicação do método foram utilizados microfiltros de
fibra de vidro Whatman GF/C, com 0,47 mm de diâmetro e poros de 45 µ/cm, os filtros
foram previamente calcinados em mufla a 475 ºC por quatro horas para a eliminação
de qualquer contaminação por matéria orgânica.
Para obtenção da vazão média foi efetuada as medições para a seção 2 durante
os trabalhos de campo junto as medições das variáveis físico-químicas, foram medidos
os valores de profundidade média da seção, três medidas para a velocidade do
fluxo da água para obtenção do valor da velocidade média, cálculo da área da seção
transversal. As medições foram executadas com o auxílio de trena, régua, cronômetro
e um flutuador. A vazão foi calculada através da média das velocidades de escoamento
multiplicadas pela área da seção:
Onde,
Q = vazão líquida (m3/s)
A = área da seção transversal
Vm = velocidade média do fluxo
144
área úmida, solo exposto e limite da bacia hidrográfica. Após definição das classes
foi realizada a vetorização manual das classes definindo as áreas dentro da bacias
estudada, para avaliar a exatidão de algumas classes foram selecionadas amostras
adotadas como verdade terrestre em imagem de alta resolução espacial disponível
no Google Earth, para a validação das áreas identificadas foram realizadas saídas de
campo no qual foi escolhido um ponto de verificação para cada classe identificada, os
diversos polígonos gerados foram analisados e reclassificados quando necessário.
145
Figura 2- Resultados das médias mensais de precipitação no município de Guaraçaí-
SP entre o período de 1943-2018
146
possuir temperaturas mais baixas; com o corte da vegetação ripária, há um aumento
da temperatura da água, diminuindo a capacidade de solubilização do oxigênio, a
elevação da temperatura também aumenta a taxa em que os nutrientes aderidos aos
sólidos suspensos são convertidos em formas (solúveis) prontamente disponíveis,
como no caso do fósforo. Isto tem implicações sobre o processo de eutrofização, pois
com uma maior oferta de nutrientes para os produtores primários (algas e fitoplâncton),
maior será o seu crescimento e taxa de consumo de oxigênio (através da respiração),
provocando um aumento da matéria orgânica e a queda da concentração de oxigênio
dissolvido na água (SILVEIRA, 2004).
As concentrações de pH apresentaram pouca variação, oscilando entre 6,15 a
6,56; comparando as duas seções os menores valores foram observados na seção 1 e em
relação ao período os valores obtiveram diminuição na amostragem de abril de 2019.
O pH representa a concentração de íons hidrogênio indicando uma condição de
acidez, neutralidade ou alcalinidade da água, por origem natural os íons hidrogênio
provém da dissolução de rochas, absorção de gases da atmosfera, oxidação da matéria
orgânica e fotossíntese e por origem antropogênica por efluentes domésticos e
industriais (VON SPERLING, 2005).
A influência do pH sobre os ecossistemas aquáticos naturais dá-se diretamente
devido a seus efeitos sobre a fisiologia das diversas espécies, tanto de acordo com
a legislação federal, quanto pela legislação do Estado de São Paulo os critérios de
proteção à vida aquática fixam o pH entre 6 e 9 (CETESB, 2017).
A condutividade elétrica obteve uma variação de 114 a 136,4 µs/cm, onde a
seção 1 apresentou valores maiores em relação a seção 2 e em relação ao período da
amostragem as concentrações obtiveram um ligeiro aumento na amostragem de abril
de 2019.
Os valores expressados pela condutividade demonstram a capacidade que a
água possui para conduzir corrente elétrica, representando uma medida indireta da
concentração de poluentes, esses valores estão relacionados com as concentrações
iônicas indicando a quantidade de sais presentes na coluna d’água, os valores desta
variável conseguem indicar se há modificações na concentração mineral, porém não
indica quais minerais e nem a quantidade relativa dos componentes; conforme aumenta
a presença de sólidos dissolvidos na água, a condutividade aumenta também, níveis
superiores a 100 μs/cm demonstram ambientes impactados (CETESB, 2017).
Os valores de turbidez oscilaram entre 17,4 a 28,3 NTU, assim como a variável
condutividade elétrica os valores de turbidez mostraram a mesma modificação em
relação ao tempo e ao espaço. Em relação aos limites estabelecidos pela resolução
consultada os valores de turbidez estiveram dentro dos padrões apresentando valores
menores que 100 NTU.
De acordo com Von Sperling (2005) a turbidez é caracterizada pelo nível
de interferência da passagem de luz através da água, ocasionada pelos sólidos em
suspensão, ocorrendo de forma natural através das partículas de rocha, argila, silte,
algas e outros microrganismos.
A erosão das margens dos canais fluviais acentuada pela má conservação do
solo é um dos exemplos que justificam o aumento da turbidez na água, o despejo de
efluentes domésticos e industriais também ocasionam elevações nos níveis de turbidez
(CETESB, 2017).
A concentração do material em suspensão total variou de 0,0056 a 0,0569 mg/L,
entre a primeira e segunda amostragem a seção 1 apresentou aumento e a seção 2
apresentou queda, porém na seção 2 a diferença entre as concentrações foi pouco
significativa.
Santos (2011) ao estudar o córrego Embirí em Regente Feijó-SP encontrou valores
variando 0,000071 a 0,000195 mg/L de sólidos em suspensão; Souza, Rodrigues e Boin
147
(2014) ao estudar o córrego Anhumas em Anhumas-SP encontrou valores menores
que 0,1 mg/L; Barboza (2010) ao estudar o córrego Coqueiro na região Noroeste do
Estado de São Paulo encontrou valores variando de 0,0 a 90,3 mg/L, os canais fluviais
de menor ordem apresentam uma carga menor de sólidos em suspensão transportado
no qual é alterada devido as atividades antrópicas do entorno juntamente com a
conservação da bacia.
Os sólidos em suspensão são materiais transportados pela correnteza, são
originados a partir da matéria orgânica como detrito, ou de origem aluvial, restos de
rocha, argila, areia e semelhantes, os sólidos suspensos podem ser vistos a olho nu
como pequenas partículas ocasionando a turbidez da água, do ponto de vista ecológico,
águas com grandes quantidades de sólidos dissolvidos aumentam a condutividade
que pode ser um fator limitante para a vida de muitas espécies devido a uma pressão
osmótica, por outro lado, um alto teor de sólidos em suspensão, também é limitante
para o ecossistema aquático, já que impede a passagem de raios solares e danifica e
bloqueia o sistema de troca gasosa nos animais aquáticos (PÉREZ; RESTREPO, 2008).
As concentrações de fósforo oscilaram entre 0,0205 e 0,0338 mg/L mantendo o
mesmo valor para as duas seções, porém, a concentração teve um ligeiro aumento na
amostragem de abril.
O fósforo é um dos principais elementos para os sistemas biológicos, esta
importância deve-se à participação deste elemento em processos fundamentais do
metabolismo dos seres vivos, sendo na maioria das águas continentais o principal
fator limitante de sua produtividade, em níveis elevados este elemento é principal
responsável pela eutrofização artificial destes ecossistemas, as fontes naturais de fósforo
provém das rochas da bacia de drenagem que constituem a fonte básica de fosfato para
os ecossistemas aquáticos continentais, outros fatores naturais que permitem o aporte
de fosfato podem ser apontados, como: material particulado presente na atmosfera e
o fosfato resultante da decomposição de organismos de origem alóctone. (ESTEVES,
1998).
O aumento da carga de fósforo em águas naturais ocorre principalmente devido
as descargas de esgotos sanitários, sendo a matéria orgânica fecal e os detergentes
de uso doméstico as principais fontes, efluentes de indústrias como de fertilizantes,
pesticidas e químicas em geral, além dos frigoríficos e laticínios e também as águas
drenadas das áreas agrícolas e urbanas acarretam o aumento do fósforo em águas
naturais (CETESB, 2017).
As concentrações de amônia tiveram uma variação de 0,0478 a 0,1361 mg/L, as
maiores concentrações foram registradas na seção 2, em relação ao tempo obtiveram
um aumento na amostragem de abril de 2019 e em relação ao espaço os valores foram
maiores na seção 2 que está localizada a jusante do ponto de recebimento de efluentes.
De acordo com resolução consultada a concentração de amônia para pH ≤ 7,5 devem
estar abaixo de 3,7 mg/L, sendo assim as concentrações estão dentro dos limites
estabelecidos.
Os compostos de nitrogênio são nutrientes para processos biológicos, depois do
carbono, o nitrogênio é o elemento exigido em maior quantidade pelas células vivas.
Quando descarregados nas águas naturais, conjuntamente com o fósforo e outros
nutrientes presentes nos despejos, provocam o enriquecimento do meio, tornando-o
eutrofizado (CETESB, 2017).
A amônia é formada pela decomposição tanto aeróbia como anaeróbia da parte
nitrogenada da matéria orgânica por organismos heterotróficos, sendo o sedimento o
principal sítio de realização deste processo (ESTEVES, 1998).
Segundo a Cetesb (2017) os processos de tratamento de esgotos empregados
atualmente no Brasil não contemplam a remoção de nutrientes e os efluentes finais
tratados lançam elevadas concentrações destes compostos nos corpos d´água.
148
Vanotte et.al (1980) discorre em sua teoria que desde as cabeceiras até a jusante os
sistemas fluviais apresentam um gradiente ecológico contínuo em seu perfil longitudinal
incluindo largura, profundidade, velocidade, volume de fluxo e temperatura, essas
variações contínuas nas condições físicas do sistema fluvial provocam uma contínua
adaptação nas comunidades bióticas que resulta em diferentes padrões de transporte,
utilização e armazenamento da matéria orgânica ao longo do sistema fluvial.
Tal consideração pode ser verificada no comportamento das variáveis oxigênio
dissolvido, pH, turbidez e amônia, mostrando uma variação longitudinal ao longo do
curso do rio apresentando maiores valores no sentido da foz.
A bacia do córrego Volta Grande possui área total de 179 km2 e canais fluviais
com extensão total de 55,7 km, a tabela 3 mostra o cálculo da área referente as classes
da bacia e a figura 2 representa a classificação do uso e cobertura da terra do córrego
Volta Grande para o ano de 2019.
149
pequenas áreas com plantio de eucalipto, urucum e hortaliças ocupando uma pequena
parte da bacia representando 0,9% da área, a classe solo exposto representa 11,1% da
área, algumas destas áreas são destinadas ao cultivo da cana-de-açúcar, porém, no
período analisado de abril a julho de 2019 não houve plantio, estando então o solo
desnudo, assim sendo, as categorias antrópicas representam 79,5% da área da bacia.
Fonte: Os autores
150
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O presente trabalho permitiu verificar o comportamento espacial e temporal
das variáveis limnológicas permitindo a compreensão da dinâmica do corpo d’água.
Em relação as seções, houve aumento das variáveis oxigênio dissolvido, pH, turbidez,
material em suspensão total e amônia ao longo do perfil longitudinal nas duas
amostragens, a temperatura foi maior na seção 1 devido à falta de cobertura vegetal
nesta seção, as concentrações de fósforo se mantiveram iguais nas duas seções, em
relação aos períodos amostrados em abril quando diminuiu a precipitação e a vazão as
variáveis condutividade elétrica, turbidez, fósforo total e amônia obtiveram aumento.
Este comportamento mostrou que no período em que ocorre o maior volume de
chuva, aumento da vazão e consequentemente o maior aporte de carga suspensa no
canal as variáveis oxigênio dissolvido, temperatura e pH obtiveram aumento, porém
com a diminuição da vazão as variáveis condutividade elétrica, turbidez, material em
suspensão, fósforo total e amônia obtiveram aumento, mostrando que o aumento da
chuva-vazão promoveu um efeito diluidor para estas variáveis.
Em relação ao uso e cobertura da terra da bacia estudada as categorias antrópicas
se mostraram predominantes tendo destaque a cultura da cana-de-açúcar que ocupa
mais da metade da área da bacia.
REFERENCIAS
151
______. Apêndice D: significado ambiental e sanitário das variáveis de qualidade
das águas. São Paulo: CETESB, 2017. Disponível em: http://aguasinteriores.cetesb.
sp.gov.br/wpcontent/uploads/sites/12/2018/03/Ap%C3%AAndice-E-Significado-
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152
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1991.
153
ANÁLISE E PROPOSTA DE ZONEAMENTO AMBIENTAL NA SUB-BACIA
HIDROGRÁFICA DO RIACHO CONTENDAS MASSAPÊ/MERUOCA-CE
INTRODUÇÃO
1
Universidade Estadual Vale do Acaraú
2
Falta a instituição
154
DESENVOLVIMENTO
155
1.2 RESULTADOS E DISCUSSÃO
1.2.1 Geofácies
Platô Sub-Úmido
156
O Platô sub-úmido foi classificado como um ambiente fortemente instável, pois
apresenta relevos dissecados e vertentes íngremes, presença de processos morfoge-
néticos e clima de semiaridez, além disso, a vegetação encontra-se descaracterizada e
solos erodidos verificando clara deterioração.
Vertente Norte
157
Vertente Sul
São áreas de encostas entre 100 à 500m de altitude, com caimento topográfico
ao fundo do vale (Figura 2A). Esse geofácie corresponde à margem direita do riacho
Contendas compreendida entre a superfície de platô sub-úmido e da superfície de alto
vale.
Dentre os solos desse geofácie tem-se os argissolos vermelho-amarelo, propi-
ciando uma vegetação exuberante, devido aos solos profundos. A precipitação pluvio-
métrica chega a atingir 280 mm nos meses mais chuvosos de janeiro a abril.
O uso e ocupação são menos intensos, devido à elevada declividade, o que dificulta
o uso do solo, ainda assim é bem diversificado apesar de ser em pequena escala apre-
sentando áreas de plantação de banana, mangueira, mandioca, café de sombra e casas
pontuadas de baixa infraestrutura. Na área, observamos ainda, grandes afloramentos
rochosos. Nas áreas mais rebaixadas, precisamente nos flancos mais retilíneos, temos
uma vegetação de floresta mais preservada.
Esses geofácies possuem níveis de erosão pouco acentuados, a vegetação bem
preservada em quase toda a sua extensão, com o predomínio da floresta subcaducifó-
lia tropical pluvial (Figura 2B), apresenta ainda maior grau de preservação da mata ci-
liar ao redor dos riachos, contribuindo para uma boa permanência de água e umidade
dessasáreas.
Desta forma, essas condições de maior grau de preservação possibilitam enqua-
drá-lo como um ambiente mais equilibrado, com dinâmica mais estável, mas que ao
mesmo tempo passa por processos de uso e ocupação, geradores de instabilidade de
sua dinâmica, sendo assim, um ambiente instável.
2A-Áreas com caimento topográfico ao fundo do vale. 2B-Predomínio da floresta subcaducifólia tropical
pluvial;
Fonte: Martins, 2015 Alto Vale
Superfície de Aplainamento
159
Mapa 01- Compartimentação geoambiental
• Zona de PreservaçãoAmbiental
• Zona de ConservaçãoAmbiental
160
• Zona de RecuperaçãoAmbiental
• Zona de UsoDisciplinado
São áreas que apresentam declividade entre 20 a45% e formam a zona onde é
possível a convivência do homem com o ecossistema, apresenta características natu-
rais, culturais e paisagísticas que são relevantes para preservação. Nessa área pode
apresentar densidade populacional e construtiva consolidada, que necessita de res-
trições especificas e controle da ocupação. Nesse caso, refere-se às áreas da sub-bacia
hidrográfica onde o homem já se introduziu, mas que ainda não sofreram grandes
agressões, o que possibilita atividades para o turismo ecológico, desde que obedeça ao
plano de controleambiental.
As áreas agrícolas já existentes podem ser mantidas, ficando impedido a sua
expansão, pois essas áreas necessitam de um manejo agrícola adequado que evite os
processos erosivos. Recomenda-se um programa de cultivo agroflorestal, pois irá con-
tribuir com a melhoria do microclima. Os sistemas agroflorestais, implicam no manejo
sustentável da terra, aumentando a produção total, combinando a agricultura, fruti-
cultura e silvicultura ou pecuária, simultaneamente. Na sub-bacia a área que compre-
ende essa zona é a vertente norte.
A zona de conservação não é protegida por lei, por isso as formas de uso e
ocupação são mais intensas, recomenda-se para as áreas de encosta, plantio em nível e
mecânico através do cultivo em terraços, pois cria obstáculos na descida da enxurrada,
diminuindo a velocidade de arraste e aumentando a infiltração de água no solo. É im-
portante ressaltar, que haja uma mudança de postura, em relação à queima realizada
pelos agricultores, para técnicas menos nocivas ao ambiente, assegurando a capacida-
de produtiva do solo. É importante um acompanhamento técnico com os agricultores,
que recebam cursos de capacitação para melhor uso dosolo.
161
1.1.1.3 Zona de RecuperaçãoAmbiental
Essa zona compreende as áreas de declive entre 0 a 8%. É destinada ao uso dis-
ciplinado das variáveis naturais, levando em conta as condições naturais do ambiente,
incluem-se nessa zona as áreas de várzea do riacho Contendas, seus tributários, os ar-
redores do açude Acaraú Mirim e a depressão sertaneja de Massapê, todas essas áreas
devem obedecer a restrições devido à vulnerabilidade em que se encontram.
O processo de ocupação dessa zona deve ocorrer respeitando a legislação am-
biental para que não haja processos de ocupação irregular que tragam danos futuros, a
exemplo,as áreas de APP que ao sofrer impacto é necessário adotar políticas públicas
que envolvam a sua recuperação, monitoramento e fiscalização, ou seja, a ocupação
urbana dessa zona deve assegurar o uso sustentável que garanta a qualidade de vida
da população e dos recursos hídricos.
162
Mapa 02- Zoneamento ambiental
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Por meio dessa pesquisa foi possível fazer uma análise e proposta geoambiental
da sub-bacia hidrográfica do riacho Contendas. Seguindo os procedimentos técnicos-
-metodológicos foi identificado o estado de conservação das unidades geoambientais,
ficando evidente que no geossistema em questão há níveis diversificados de degrada-
ção ambiental, sendo mais acelerada na vegetação, erosão do solo, na ocupação rela-
tiva aos cultivos inadequados, principalmente nas encostas da Serra da Meruoca e na
descaracterização das áreas de nascentes dos riachos. Portanto, ao analisar a sub-bacia
hidrográfica do riacho Contendas, verifica-se um contexto de apropriação inadequada
ao longo dos anos.
Com a compartimentação geoambiental foi possível destacar as potencialida-
des e limitações de cada área, sendo assim, mais fácil realizar a classificação da ecodi-
nâmica dos ambientes. Nesse panorama, verificou-se que a sub-bacia apresenta forte
grau de instabilidade na vertente norte e superfície de aplainamento, decorrentes dos
impactos e da alta vulnerabilidade dos componentes naturais, ou seja, consta de uma
área rica nos fatores socioeconômicos e naturais, o que acarreta um ambiente com uma
alta capacidade de carga, tornando a mesma insustentável.
A degradação ocasionada pelas atividades econômicas pode trazer uma série
de problemas, visto que no topo das chapadas, ocorre a infiltração da água que podem
alimentar mananciais em suas vertentes. A erosão nessas áreas é pequena, mas podem
aumentar à medida que essas atividadessedesenvolvamnasvertentes.Nessesentido,es
sapesquisabuscoucontribuirpormeio de uma proposta de zoneamento ambiental que
apresentasse os impactos das zonas, a fim de solucioná-los ou minimizá-los.
163
REFERENCIAS
BRASIL. Lei nº 6.938de 1981: Dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente.
164
ANÁLISE BACTERIOLÓGICA DAS ÁGUAS DAS NASCENTES DO IGARAPÉ
DO MINDU EM MANAUS - AMAZONAS
INTRODUÇÃO
1
Universidade do Estado do Amazonas - UEA,matheussilveiradequeiroz@gmail.com
2
Faculdade Estácio do Amazonas
3
clah_vsg@outlook.com³, Universidade do Estado do Amazonas – UEA, sbatista@uea.edu.br
4
Universidade do Estado do Amazonas – UEA, nsalves@uea.edu.br
165
2. METODOLOGIA
166
que a partir da década de 1980, se adensa para as zonas norte e leste, onde o parque
se localiza. Portanto, a interferência humana já ocorria nas nascentes antes da criação
do parque, tanto que se notam estruturas de residências desapropriadas dentro das
dependências do parque.
Foi coletada uma amostra de água cada uma das três nascentes do Mindu, sendo
nomeada nascentes 1, 2 e 3. Para evitar possíveis alterações nas amostras, as coletas
foram realizadas após 24 horas de evento de precipitação. A coleta foi realizada de
acordo com o Manual de Análise de Água da Fundação Nacional de Saúde - FUNASA
(BRASIL, 2010), com o auxílio de luvas, a fim de evitar possíveis contaminações. No
laboratório da faculdade Estácio do Amazonas foi realizado a semeadura das amostras
de água em placas de Petri descartáveis com aproximadamente 15 ml de Ágar
Nutriente, para evidenciar a maior quantidade de espécies bacteriológicas possíveis.
Foi coletada uma gota de água do frasco e então semeada na placa com meio de cultura,
no formato de estria. Posteriormente, as placas foram armazenadas em estufa própria
para crescimento bacteriano (37,5°C) por 24 horas.
Para o cultivo em caldo TSB (Trypic Soy Broth), utilizou-se uma pipeta automática
de 1000 microlitros com ponteira estéril. Desse modo, foi adicionado 1 ml (equivalente
a 1000 microlitros) da água coletada das nascentes em cada tubo de ensaio com 2ml
do caldo. Terminado este processo, foram colocados na estufa bacteriana (37,5°C) por
24 – 48 horas, para seu crescimento, o crescimento de microrganismos é indicado pela
turbidez na amostra.
Após o período de incubação, foi feita a semeadura por esgotamento das
bactérias, a fim de obter culturas puras e identificá-las em nível de gênero. Após a
devida esterilização da alça de platina, ela foi mergulhada no caldo nutritivo com
cultura mista (que contém mais de um microrganismo) e semeada em estrias na
superfície de um meio nutritivo, como o Ágar Nutriente (TORTORA, 2012).
Com as culturas crescidas no meio, pegou-se um esfregaço da colônia mais
pura e isolada (verificou-se as colônias na lupa) e fez-se o esgotamento em meio E.M.B.
(Eosina Azul de Metileno), Cetrimide e Ágar Manitol. O meio Cetrimide é utilizado
para a identificação de Pseudomonasaeruginosa e suas cepas (PISANI et al., 2007). O
meio E.M.B indica bactérias da família Enterobacteriaceae, que podem causar problemas
gastrointestinais (ABREU e CABRAL, 2003).
168
Figura 2 – Relação entre curvatura de perfil, vertical, e curvatura tangencial (Tangential
Curvature), horizontal
RESULTADOS E DISCUSSÕES
171
Figura 5 – Curvatura tangencial (Tangential Curvature) do relevo no entorno do
Parque Municipal Nascentes do Mindu
173
O material removido pela erosão é transportado para as áreas mais baixas
do relevo (plano e levemente ondulado) onde se localiza as nascentes do Mindu. O
material removido das voçorocas e das encostas pode vir a afetar a rede de drenagem
e as nascentes, pois além dos sedimentos, são transportados resíduos sólidos que
comprometem a qualidade da água.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERENCIAS
174
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de Solos. Brasília: EMBRAPA Produção de Informação; Rio de Janeiro: EMBRAPA
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175
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Artmed, 2010.
176
GESTÃO DE RECURSOS HÍDRICOS NO ESTADO DO AMAZONAS: O COMITÊ
DE BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO TARUMÃ-AÇÚ
INTRODUÇÃO
2 METODOLOGIA
3 REFERENCIAL TEÓRICO
178
3.1 A Política Estadual de Recursos Hídricos e outros dispositivos legais
Tais instrumentos tem como finalidade estimular o uso racional da água e gerar
recursos financeiros para investimentos na recuperação e preservação dos mananciais
das bacias.
É importante esclarecer que a Secretaria de Estado do Meio Ambiente – SEMA
é o órgão gestor dos recursos hídricos no Estado do Amazonas, conforme estabelece a
Lei Estadual n.º 4.193, de 22 de julho de 2015, e o Instituto de Proteção Ambiental do
Amazonas – IPAAM é o órgão executor da Política Estadual de Recursos Hídricos.
Vale destacar também que o Estado do Amazonas possui atualmente os
seguintes dispositivos legais que dão suporte à Gestão de Recursos Hídricos, conforme
detalhamento na
179
Tabela 1. Legislações aplicadas à Gestão de Recursos Hídricos no Estado do Amazonas.
Leis
Lei n.º 2.712, de 28 de de- Disciplina a Política Estadual de Recursos ídricos, estabelece o Sistema Estadual
zembro de 2001. de Gerenciamento de Recursos Hídricos e dá outras providências.
Lei n° 3.167, de 28 de agos- Reformula as normas disciplinadoras da Política Estadual de Recursos Hídricos e
to de 2007. do Sistema Estadual de Gerenciamento de Recursos Hídricos, e estabelece outras
providências.
Decretos
Decreto n.º 25.037, de 1º de Disciplina a composição do Conselho Estadual de Recursos Hídricos - CERH,
junho de 2005. instituído pelo artigo 64, da Lei n.º 2.712, de 28 de dezembro de 2.001, com as
modificações promovidas pela Lei n.º 2.940, de 30 de dezembro de 2.004, e dá
outras providências.
Decreto n.º 28.678, de 16 de Regulamenta a Lei n.º 3.167, de 27 de agosto de 2007, que reformula as normas
junho de 2009. disciplinadoras da Política Estadual de Recursos Hídricos e do Sistema Estadual
de Gerenciamento de Recursos Hídricos, e dá outras providências.
Decreto n.º 29.249, de 19 de Dispõe sobre a criação do Comitê de Bacia Hidrográfica do Rio Tarumã-Açu,
outubro de 2009. aprova o seu regime interno e dá outras providências.
Decreto n.º 37.412, de 25 de Institui o Comitê de Bacia Hidrográfica do Rio Puraquequara e dá outras provi-
novembro de 2016. dências.
Resoluções
Resolução CERH-AM n.º Estabelece critérios técnicos a serem utilizados pelo Instituto de Proteção Am-
01, de 19 de julho de 2016. biental do Amazonas – IPAAM para o processo de análise de pedido de outorga do
direito de uso de recursos hídricos de domínio do Estado do Amazonas.
Resolução CERH-AM n.º Estabelece critérios e classifica os usos insignificantes de derivação, captação,
02, de 19 de julho de 2016. acúmulo e lançamento de recursos hídricos de domínio do Estado do Amazonas,
que são dispensados de outorga.
Portarias
Portaria Normativa/SEMA/ Dispõe sobre os procedimentos administrativos e documentação necessária para
IPAAM n.º 001, de 30 de emissão de outorga de direito de uso de recursos hídricos, no âmbito do Estado do
novembro de 2016. Amazonas, bem como sua respectiva dispensa.
Portaria Normativa/SEMA/ Dispõe sobre os procedimentos administrativos e documentação necessária para
IPAAM n.º 012, de 20 de instrumentalização do processo de solicitação ou dispensa de outorga.
janeiro de 2017.
Fonte: Amazonas (2001, 2005, 2007, 2009, 2016); CERH (2016); SEMA/IPAAM (2016, 2017).
No Art. 64º da Lei 3.167, as atribuições previstas para os CBH’s, dentre outras,
são:
Outro ponto importante previsto no Art. 84º, estabelece que caso inexista os
CBH’s e as Agências de Água no Estado, ou por solicitação destes, e enquanto não
estiver aprovado o Plano Estadual de Recursos Hídricos, caberá à SEMA o exercício
das competências estabelecidas para os referidos organismos e, por meio da Secretaria
Executiva de Recursos Hídricos o exercício das funções de Secretaria Executiva dos
Comitês de Bacia Hidrográfica.
Dessa forma, os CBH’s possuem poder de decisão e cumprem papel fundamental
na elaboração das políticas para gestão das bacias, sobretudo em regiões com problemas
de escassez hídrica ou na qualidade da água.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
182
À vista disso, faz se necessário o fortalecimento do SEGRH, composto pelo:
Plano Estadual de Recursos Hídricos; legislação correlatada; CERH-AM; CBH’s ou
órgãos colegiados similares; órgãos dos poderes federal, estadual e municipal, cujas
competências se relacionem com a questão dos recursos hídricos; Fundo Estadual de
Recursos Hídricos e agências de Bacias Hidrográficas.
E para que haja a consolidação do SEGRH, faz se necessário a implementação
de CBH’s. Vale destacar que no Estado do Amazonas, possui dois CBH’s constituídos,
sendo que somente um está operacionalizando – o CBH do Rio Tarumã-Açu, criado
no ano de 2006 e instituído por meio do Decreto n. º 28.678, de 16 de junho de 2009. O
segundo, o CBH do Rio Puraquequara, foi constituído em 2014 e implementado através
do Decreto n.º 37.412, de 25 de novembro de 2016, porém encontra-se em processo de
organização para que ocorra seu funcionamento.
No que se refere a Bacia Hidrográfica do Rio Tarumã-Açu, a mesma constitui
uma importante unidade de paisagem que tem no seu baixo curso forte proximidade
com a zona urbana de Manaus, onde as modificações da paisagem estão diretamente
relacionadas com forte tendência de ocupação humana e de expansão de suas
atividades. Essas modificações estão essencialmente vinculadas à velocidade e ao seu
grau de ocupação do espaço (COSTA & BORDALO, 2010).
Quanto a caracterização física da bacia, Costa, Silva & Silva (2013), apontam
como resultado, uma área de drenagem de 1.353,271 km2, classificada como de
tamanho grande, pois apresenta área superior a 1.000 km2. Seu perímetro é de 229.122
km, comprimento do canal principal de 42.105 km, comprimento vetorial do canal
principal de 37.612 km e comprimento total dos canais da bacia de 1.065,387 km.
Considera-se também que essa bacia tem pouca tendência a enchentes, devido a sua
forma mais alongada e maior área, conforme mostra a figura 1.
183
Figura 1. Bacia Hidrográfica do Rio Tarumã-Açu localizada no município de Manaus-AM.
184
d’água, causado pelos desmatamentos ilegais na área do Assentamento do Tarumã
Mirim, que foi criado pelo INCRA através da Resolução n.º 184, de 20 de março de
1992, em domínio de terras da União (COSTA & BORDALO, 2010).
De acordo com Quadros (2015), o que ocorre com a BH do Rio Tarumã não é
muito diferente de outras regiões de Manaus em que as políticas públicas quanto à
distribuição de água tratada e saneamento básico não acompanharam o crescimento
demográfico.
A partir desse cenário o CBH do Rio Tarumã-Açu foi implementado por meio
do Decreto n.º 29.249, de 19 de outubro de 2009, que também aprovou seu regimento
interno. Todavia, vale destacar que o mesmo foi constituído no dia 6 de junho de 2006
na VI Reunião Ordinária do Conselho Estadual de Recursos Hídricos – CERH, sendo
o primeiro Comitê da Região Norte. Tal iniciativa para criação do Comitê partiu do
Governo do Estado no intuito de gerenciar e acompanhar tensões sociais e problemas
quanto ao desordenado crescimento demográfico e a consequente degradação de suas
águas.
De acordo com seu regimento interno, o CBH do Rio Tarumã-Açu atuará na
Bacia Hidrográfica do Rio Tarumã-Açu, sendo definida como uma unidade físico-
territorial de planejamento e gerenciamento, que reconhece o recurso hídrico como
um bem público de valor econômico, cuja utilização deve ser submetida à cobrança,
mediante outorga, observados os aspectos de quantidade, qualidade e peculiaridades.
O CBH do Rio Tarumã-Açu será composto pelo Poder Público, usuários da
água e sociedade civil, atendendo o que preconiza as legislações federal e estadual.
Vale considerar que no regimento interno fica determinado que cada composição
do Comitê deverá indicar um representante titular e um suplente, escolhidos por cada
instituição dos segmentos, que terão direito a voz e voto durante as reuniões do Comitê,
na ausência do titular. Ressalta-se também que o mandato de cada representante será
de dois anos, com direito a uma recondução, por determinação expressa e formal do
segmento representado.
A partir de então o Comitê iniciou seu funcionamento no ano de 2009 onde o
Estado tomou frente para articular estratégias de gestão hídrica na bacia. Mas, como
a iniciativa surgiu do Poder Público que na medida que passou a se distanciar do
Comitê, deixou de intervir nas articulações políticas e na estruturação da gestão,
enfraquecendo o grau de interesse entre os seus membros.
Outro ponto a ser observado por Quadros (2015) está relacionado aos conflitos
de interesses entre seus membros e apesar de muitas instituições de destaque fazerem
parte do Comitê, seus representantes não internalizavam os problemas existentes na
BH do Rio Tarumã-Açu, exercendo assim apenas um papel formal. Dessa forma, essas
situações ocasionaram a inoperância do Comitê, sendo que no ano de 2011 todos os
gestores do Comitê entregaram os seus cargos, ficando o mesmo sem representação.
Isso ocasionou a continuidade dos problemas existentes na BH do Rio Tarumã-
Açu, assim como o surgimento de novos. E somente no dia 24 de novembro de 2016,
o CBH do Rio Tarumã-Açu foi reativado pela SEMA com o objetivo de reestruturar o
colegiado, levantar demandas pendentes e estabelecer um calendário de pautas com
os temas prioritários para o plano de gestão da nova diretoria para o biênio 2017/2018,
e no dia 21 de dezembro de 2016 foi empossada a nova presidência do Comitê.
A reativação foi fundamental para que se buscasse intervenções que
possibilitassem a conservação e recuperação de nascentes e a preservação de
ecossistemas naturais da BH do Rio Tarumã-Açu.
Nesse período em que o Comitê estava inoperante, o Estado aderiu ao Programa
de Consolidação do Pacto Nacional pela Gestão das Águas – PROGESTÃO, por
meio do Decreto nº 34.059, de 9 de outubro de 2013, o qual definiu como entidade
coordenadora do Programa a SEMA. De acordo com a Agência Nacional de Águas
185
(2016), o PROGESTÃO é um programa de incentivo financeiro aos sistemas estaduais
para aplicação exclusiva em ações de fortalecimento institucional e de gerenciamento
de recursos hídricos, mediante o alcance de metas definidas a partir da complexidade
de gestão (tipologias A, B, C e D) escolhida pela unidade da federação.
À vista disso, o Estado selecionou a tipologia A de gestão pelo fato de haver
baixa incidência de conflitos pelo uso da água, aprovou o Quadro de Metas junto ao
CERH e assinou o contrato PROGESTÃO com a ANA em 31 de dezembro de 2013,
definindo para a certificação o período de 2014 a 2017. Durante esse período foram
repassados a SEMA até o ano de 2017, o montante de R$ 2.648.475,00, equivalente a
3,6% do total repassado aos Estados brasileiros e Distrito Federal.
Essas iniciativas da ANA são importantes para o fortalecimento da gestão
hídrica no Estado, que passa por contínuas mudanças, tanto de caráter institucional
como político.
A partir desse panorama do CBH do Rio Tarumã-Açu, a presidência atual
desenvolveu no ano de 2017 seus trabalhos com poucos aportes financeiros, sendo esta
a maior dificuldade em reestabelecer as atividades do comitê. Entre as dificuldades
encontradas, destacam-se as deficiências com instalações físicas e quadro de pessoal,
além da falta de equipamentos.
No ano de 2018, com a realização da 4ª Reunião do CBH-TA, realizada 14 de
maio, foi eleita a nova diretoria para o biênio 2018/2020, sendo que sua primeira ação
foi reativar as Câmaras Técnicas (CT’s) de Projetos e de Educação Ambiental.
Ainda no mesmo ano, segundo informações do portal eletrônico da ANA, o
Estado do Amazonas aderiu ao Programa Nacional de Fortalecimento dos Comitês de
Bacias Hidrográficas – PROCOMITÊS. Tal iniciativa da ANA previu o repasse de até
R$ 300 mil para o fortalecimento do CBH do Rio Tarumã-Açu, único do Estado apto a
participar do Programa. Deste modo, pela assinatura do contrato, publicado no Diário
Oficial da União – DOU, de 2 de janeiro de 2018, a ANA repassará até R$ 300 mil para
a SEMA.
Por consequência, por meio da assinatura do contrato, foram repassados
inicialmente o valor de R$ 50 mil e as demais cinco transferências de até R$ 50 mil
cada serão realizadas em cinco ciclos anuais, sendo que o valor será proporcional ao
cumprimento de metas definidas em contrato. A parceria entre a ANA e o Estado do
Amazonas tem vigência até 30 de setembro de 2023, sendo que as metas definidas em
contrato são pactuadas entre a SEMA, o CERH-AM e o CBH do Rio Tarumã-Açu, que
optou por participar do PROCOMITÊS.
Dessa forma, com a participação do CBH-TA no PROCOMITÊS será possível
capacitar seus membros visando reduzir assimetrias de conhecimento e organização
entre os diferentes setores e segmentos representados nos colegiados. Além disso, será
possível estimular ações de comunicação para que a sociedade reconheça o comitê
como capaz de exercer suas funções no SEGRH. Desta maneira contribuirá para
implementação e efetividade dos instrumentos de gestão da água em prol da melhoria
da qualidade e disponibilidade dos recursos hídricos da bacia.
Consequentemente, o CBH-TA passou a desempenhar papel de significativa
relevância no processo de implementação da Política Estadual de Recursos Hídricos,
exercendo a gestão dos recursos hídricos, no âmbito da sua área de atuação, de forma
democrática e participativa, ao possibilitar o debate sobre as questões que atingem a
bacia hidrográfica do Rio Tarumã-Açu.
Sendo assim, a desativação do comitê constituiu um processo de interrupção
das demandas existentes na bacia hidrográfica, onde os fóruns de negociação dos
conflitos existentes deixaram de ser realizados. Ao mesmo tempo que com sua
ativação, surge uma nova oportunidade de reestruturar o comitê e principalmente
preservar os recursos hídricos da BH do Rio Tarumã-Açu que passam por processo
186
de degradação ambiental. Além do mais, o comitê precisa construir um corpo técnico,
social e financeiro que represente todos os múltiplos interesses e usos da bacia.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
187
______. Política Nacional de Recursos Hídricos. Disponível em: <https://goo.gl/
mjdbsi> Acesso em: 17 de julho de 2019.
______. Lei n.º 4.193, de 22 de julho de 2015. Altera, na forma que especifica a Lei n.º
4.163, de 9 de março de 2015, e dá outras providências. Disponível em: <https://goo.
gl/iziize>. Acesso em: 17 de julho de 2019.
188
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1 9 8 8 .
Disponível em: <https://goo.gl/PohdHG>. Acesso em: 17 de julho de 2019.
189
ANÁLISE HIDROLÓGICA DA UNIDADE DE GERENCIAMENTO DE RECURSOS
HÍDRICOS (UGRHI) 5 – PIRACICABA/SÃO PAULO
191
Figura 1 – Mapa de localização da Unidade de Gerenciamento de Recursos Hídricos
5 - Piracicaba
192
Conforme escrito no Relatório de Situação dos Recursos Hídricos da UGRHI 5,
as características naturais elencadas, especialmente à disposição do relevo e dos cursos
d’água, explicam a localização dos primeiros caminhos integrando núcleos urbanos
desde o século XVIII. A implantação de outras vias, e das rodovias de forma particular,
seguiram em parte os primeiros traçados, posteriormente, acompanhando quase como
rotas paralelas as vias férreas instaladas no século XIX que, com a concorrência das
rodovias, foram perdendo competitividade sem que recebessem investimentos para
seu aprimoramento.
Os processos históricos de ocupação e formação do território que, grosso modo,
corresponde à Região Administrativa de Campinas vinculam-se à produção do espaço
brasileiro e paulista especialmente a partir do século XVIII, destaca-se neste primeiro
período a presença de atividades de subsistência, apoio às atividades mineradoras
e de ação dos bandeirantes que serão aos poucos substituídas pela implantação da
produção de cana-de-açúcar, que, de fato, fincará os marcos constitutivos da região,
pelo acréscimo populacional, estruturas de produção e comercialização, viabilizando
conexões com outras áreas. Outra importante consequência do ciclo do açúcar foi o
crescimento, a melhoria e diversificação do sistema viário.
O processo de desconcentração industrial da Região Metropolitana de São
Paulo, transformou a região que abrange a bacia do Piracicaba/Capivari/Jundiaí em
uma das frentes mais avançadas da economia paulista, com destaque para a elevada
diversificação de sua base produtiva e para a importância da presença de plantas
industriais intensivas em capital e tecnologia, concentradas principalmente nos
municípios de Sumaré, Indaiatuba e Paulínia. A localização dessa região, junto a eixos
viários de ligação entre a RMSP e vasta porção do interior do Estado e o Triângulo
Mineiro, tem sido um forte fator de atração para as empresas que buscam localizar-se
fora da metrópole.
2 DESENVOLVIMENTO
2.1. Metodologia
193
Os dados analisados foram adquiridos pelo site do SIGHR, onde por meio da
opção “banco de dados hidrometeorológicos” e após “banco de dados fluviométricos”
teve-se acesso aos dados fluviométricos e pluviométricos. Na opção de busca foi
escolhido por curso d’água (Rio Piracicaba) e na opção de dados foram escolhidos
os dados mensais e anuais, onde primeiro tivemos acesso às médias mensais e
posteriormente calculada a média anual, e a média mensal da série, assim como os
períodos hidrológicos identificados.
Feito isso, conseguiu-se o acesso aos dados da estação com a série histórica
disponível, em tabela. Essa tabela foi copiada para o Excel, onde se pôde produzir
novas planilhas e tabelas. Assim, no Excel, foi produzida uma tabela com os dados
anuais de média (vazão ou cota), onde na primeira coluna colocou-se os anos da série
avaliada e na segunda coluna, os dados de média anual. Após, foi elaborado um gráfico
do tipo “dispersão” em linhas ou do tipo “x/y” conforme o modelo do Excel.
Para a série de dados mensais calculou-se a média mensal da série histórica
com os dados da planilha da estação de interesse, Piracicaba. Foi elaborada uma tabela
com os meses (janeiro a dezembro) e com os valores médios dos anos para cada mês,
devidamente calculados e um gráfico de linhas baseado na tabela. Elaborou-se também
uma tabela contendo o desvio padrão, coeficiente de variação e a média mensal de
cada mês.
No que se refere ao uso de geotecnologias, fez-se uso do software ArcGIS 10.5,
para a elaboração do mapa de localização, contendo, a localização nacional e regional
da área, bem como os cursos d’água e as represas presentes na UGRHI 5, as quais
foram vetorizadas visualmente, a partir da análise de imagens orbitais provenientes
do satélite Landsat 8.
194
Figura 1 – Gráfico com os períodos de vazão identificados (m³/s) do rio Piracicaba
195
É válido lembrar que para o gráfico pluviométrico utilizou-se de locais de
amostragem como: Monte alegre do Sul, Nazaré Paulista, Campinas e Artur Nogueira.
O fenômeno do El Niño representa o aquecimento anormal das águas
superficiais e sub-superficiais do Oceano Pacífico Equatorial. Na atualidade, as
anomalias do sistema climático que são mundialmente conhecidas como El Niño e
La Niña representam uma alteração do sistema oceano-atmosfera no Oceano Pacífico
tropical, e que tem consequências no tempo e no clima em todo o planeta (CPTEC/
INPE).
Como consequência de tal fenômeno, a região Sudeste do Brasil apresenta
características com elevação da temperatura e maior quantidade de chuva, o que pôde
ser constatado através do gráfico pluviométrico, identificado no terceiro período de
vazão e analisado na tabela adquirida pelo CPTEC-INPE, onde se vê que em tais anos
ocorreu o El Niño com alta intensidade. Na tabela 1, é possível constatar os anos de
maiores incidências do fenômeno El Niño.
Fonte: CPTEC/INPE
196
Sobre os dados de vazão a Figura 4 confirma a caracterização climatológica da
área como tropical típica, mostrando que há uma maior vazão nos meses de setembro
à fevereiro e um declínio de vazão de março a agosto.
Tabela 2 – Dados de média, desvio padrão e coeficiente de variação (m³/s) do rio Piracicaba
197
O coeficiente de variação é um parâmetro adimensional que mede a variabilidade
da amostra, quanto maior o coeficiente de variação, maior será o desvio padrão em
relação à média, isto é, mais dispersos estão os dados em torno da média.
Isso pôde ser observado através da tabela que contém os valores das médias,
desvio padrão e coeficiente de variação, ou seja, a variabilidade da amostra possui um
alto coeficiente de variação, resultando na alteração do desvio padrão também.
198
Figura 6 – Desvio Padrão (m³/s) do rio Piracicaba
CONSIDERAÇÕES FINAIS
200
GEOMORFOLOGIA URBANA E BACIA HIDROGRÁFICA: APONTAMENTOS
PARA BOA VISTA - RR
INTRODUÇÃO
202
O termo Geomorfologia Ambiental é apresentado por Coates (1971, apud,
PANIZZA, 1996), e trata do “[...] uso prático da geomorfologia para a solução de
problemas onde o homem intenta transformar ou usar e mudar processos superficiais”.
Seu objeto de estudo implica a consideração das questões ambientais (relações
sociedade/ambiente) na transformação e produção do relevo do presente e do passado,
com especial atenção para os impactos das ações humanas no meio biofísico e nas
formas que compõem a paisagem.
Felds (1958) no âmbito da Geomorfologia Antropogenética considera que
o homem exerce numerosos efeitos diretos ao executar grandes deslocamentos de
massas nos lugares de habitação, na exploração de minas, na agricultura. Ele age mais
ainda pela sua ação sobre o regime das águas, construindo as barragens e os diques;
criando novos cursos d’água e lagos de barragem.
Desta feita, o autor supracitado diz que se deve desejar que a Geomorfologia
se preocupe energicamente com os problemas antropogenéticos, pois se torna análise
complementar aos estudos de Geomorfologia que do seu início, até hoje, tem a noção
de ciência da ação e da eficácia das forças da natureza inanimada modelando a
multiplicidade das forças da superfície da terra.
No campo da Geomorfologia Urbana Bathrellos (2007) a define como o estudo
do homem, o qual age como um processo físico de mudança, onde ele metamorfoseia
um terreno mais natural para uma paisagem urbana antropogênica. A geomorfologia
urbana está relacionada com o gerenciamento de riscos naturais e o planejamento
espacial, havendo a necessidade de geologia de engenharia e planejamento urbano se
relacionar com a geomorfologia em áreas perigosas.
Para Bathrelos (2007) e Gyekye (2011) a Geomorfologia Urbana combina a
geologia ambiental, as formas de relevo e os processos geomorfológicos com a avaliação
dos impactos trazidos para estes pela urbanização. Os praticantes de geomorfologia
urbana tendem a se concentrar na alteração, utilizando o ambiente físico como uma
linha de base. O quadro 1 abaixo mostra semelhanças e diferenças entre estas tipologias
geomorfológicas.
204
municipal e estadual no concernente as inundações e alagamentos, pois, apesar de
muitas áreas não se localizarem nas proximidades dos cursos d’água, o lençol freático
pouco profundo favorece o afloramento das águas em lagos intermitentes que surgem
no período chuvoso.
A figura 3 mostra a imagem de lagos aflorados em ampla planície, entre os
municípios de Boa Vista e Mucajaí, em Roraima, mês de maio, início do período
chuvoso.
206
uma ocorrência de 14.000 km2. Aespessura média deste sistema, na área urbana e nas
suas proximidades, é de 40m.
Cabe destacar que o SABV, no Estado de Roraima, é um aquífero composto
pelaFormação Serra do Tucano (Cretáceo), Formação Boa Vista (Terciário), Formação
AreiasBrancas (Quaternário), além de depósitos coluvionares e aluvionares do
Quaternário (MELLO, 2009).
Na área de pesquisa domina a Formação Boa Vista, de origem flúvio-aluvionar,
constituída por intercalações de sedimentos argilosos, siltosos e arenosos de granulação
fina a grossa. A formação Boa Vista com sua área de abrangência e suas características
geológicas é o principal aquífero que abastece o município de Boa Vista (CPRM, 2002).
Este aspecto do meio físico para a implantação e expansão urbana é primordial,
pois pode conduzir ou não todo um conjunto de pessoas a áreas com alto potencial de
risco à inundação e alagamento, em razão da profundidade do lençol freático, devido
a aspectos de formação geológica recente que tornam os terrenos “rasos”.
Ávila (2007) mostrou que o nível do lençol freático é em geral pouco profundo,
em média 6,3metros de profundidade durante o período de estiagem. O nível freático
mais profundo, em torno de10 metros, foi observado no bairro Cidade Satélite (zona
noroeste da cidade). Por outro lado, o nívelmais raso foi observado, nas zonas sudoeste
e sul da cidade (figura 5), onde variou de 1,35 a 4,00 metros de profundidade.
207
Desta feita, chama atenção o fato de a cidade de Boa Vista estar assentada em terrenos
holocênicos com uma geomorfologia pouco acidentada, com predominância de relevo
plano a plano suave ondulado (figura 6).
208
estar daqueles que ocupam e ocuparão áreas de planícies de inundação ou nascentes
aterradas. Estas áreas em períodos chuvosos e devido a pouca profundidade do lençol
freático, passarão por inundações e alagamentos (destaque que no período sem chuvas,
tais áreas não aparentam consistência alagadiça, o que dá a falsa impressão que são
possíveis de serem ocupadas).
Percebe-se, assim, que a expansão de Boa Vista, vem sendo condicionada por
fatores que não consideram os aspectos geomorfológicos do sitio ao qual a cidade
esta assentada, como o fato desta estar sobre relevos planos, e também a pouca
profundidade do lençol freático que associado ao primeiro elemento potencializa
inundações e alagamentos, ou seja, potencializa áreas de risco.
As bacias hidrográficas aparecem neste contexto como um importante
indicador de como a expansão urbana vem suprimindo seus cursos d’água, por meio
de infraestruturas necessárias para ampliação do sítio de Boa Vista. No entanto, esta
supressão ao não considerar a geomorfologia plana do terreno, potencializam a geração
de áreas de risco, principalmente a inundações e alagamentos, tendo como principais
impactados as populações que se instalam nestas áreas.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A cidade de Boa Vista, com 30 anos de criação teve seu processo de expansão
urbana potencializado a partir do ano de 1988, ou seja, trata-se de uma expansão
recente a qual assume contornos nocivos para os recursos hídricos presentes no espaço
citadino.
Por meio de análise prévia, observa-se que a consideração dos aspectos
geomorfológicos do espaço citadino boa vistense, o qual apresenta terreno plano,
viabilizam a ocupação urbana, desde que considerem que determinados setores são
impossíveis de ser ocupados, pois podem gerar áreas de risco a inundação e alagamento,
devido a conformação a planura do terreno.
Mesmo intervenções infraestruturais não possam vir a dar conta da dinâmica
hidrogeomorfológica da área em períodos de alta pluviosidade, uma vez que tais áreas
estão propensas a fenômenos retentivos e estagnantes das águas, ou seja, seu acumulo,
gerando inundações e alagamentos.
A associação entre geomorfologia aportada nas delimitações físico-naturais das
bacias hidrográficas, tendo por base seus divisores de águas em cartas planialtimétricas
viabilizam um ordenamento ótimo para Boa Vista, deste que aspectos político-
econômicos sejam aasociados de forma a considerar o relevo da cidade, visto que, o
percebido hoje é que o espaço deve ser ocupado ao custo de geração de áreas de risco,
geralmente atreladas a populações em vulnerabilidade socioeconômica.
Uma proposta seria utilizar os dados geomorfológicos da cidade, associados
aos limites de bacias hidrográficas, com a inúmeras nascentes já mapeadas e muitas
presentes no mapa da figura 4 (página 9), as quais ainda não foram ocupadas, para
planejar e ordenar o espaço urbano a ser ocupado, minorando ou mesmo promovendo
um uso e ocupação do solo urbano livre de riscos para a população que futuramente
irá habitar tais áreas.
Conclui-se que a associação não planejada entre demandas sociais e dinâmicas
biofísicas expõe a população urbana a riscos ambientais diversos e medidas preventivas
deveriam ser melhor exploradas pela administração pública para diminuir os
efeitos de enchentes, inundações, alagamentos, etc., sobre a população, em sua
maioria, carente de recursos financeiros e sócio-pedagógicos, a fim de dotá-la de poder
de resiliência para lidar com tais fenômenos nocivos, bem como considerar elementos
209
endógenos e exógenos da Terra nos processos de apropriação e transformação de sua
superfície pelo agente antrópico.
REFERENCIAS
______. Apropriação do espaço e risco à inundação na cidade de Boa Vista – RR. In:
HOLANDA,
EMÍDIO, T. Meio ambiente & paisagem. São Paulo: Editora Senac São Paulo, (Série
Meio Ambiente, 7/ coordenação José de Ávila Aguiar Coimbra), 2006. 176 p.
VERAS, A. T. R.A produção do espaço urbano de Boa Vista – Roraima. 2009. 235 p.
Tese (Doutorado em Geografia Humana) Departamento de Geografia da Faculdade de
Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo, São Paulo, 2009.
212
POLÍTICA MUNICIPAL DE MEIO AMBIENTE E PROTEÇÃO DE MANANCIAL
DE ABASTECIMENTO URBANO: estudo aplicado na bacia hidro-
gráfica do manancial do alto curso do rio Santo Anastácio
São Paulo – Brasil
INTRODUÇÃO
DESENVOLVIMENTO
1.1. Bacia hidrográfica do manancial do alto curso do rio Santo Anastácio: uso e
cobertura da terra, Área de Preservação Permanente e conflitos de uso
213
mil habitantes, segundo censo do IBGE de 2010. Sua bacia hidrográfica possui área
de 197,70 km², abrangendo parte dos municípios de Presidente Prudente (65,29 km² -
33,02%), Pirapozinho (57,09 km² - 28,88%), Regente Feijó (27,01 km² - 13,66%), Anhumas
(35,39 km² - 17,90%) e Álvares Machado (12,92 km² - 6,54%) – Figura 1.
214
Figura 3. Uso e Cobertura da terra da bacia hidrográfica do manancial do alto curso do
rio Santo Anastácio – 2018.
215
Figura 5. Conflitos de Uso da Terra nas Áreas de Preservação Permanente da bacia
hidrográfica do Manancial do Alto curso do Rio Santo Anastácio.
216
Figura 6. Imóveis Rurais na bacia hidrográfica do manancial do Alto Curso do Rio
Santo Anastácio.
218
Ainda, no Plano Diretor do município de Pirapozinho, especificamente no
Art. 65, são definidas como diretrizes básicas da política para os recursos hídricos a
recuperação da qualidade ambiental dos córregos inseridos no município, bem como
suas matas ciliares, sendo eles o córrego Pirapozinho, córrego do Peru, ribeirão das
Laranjeiras e o córrego do Lajeado.
Os municípios têm promovido ações em prol dos recursos hídricos, como a
realização de eventos temáticos em datas comemorativas e o plantio de mudas em áreas
públicas e em áreas de preservação permanente urbanas, especialmente em nascentes.
Por sua vez, os municípios de Anhumas e Regente Feijó, além de ações específicas de
apoio e mobilização de proprietários rurais, tem desenvolvido ações em conjunto com
instituições públicas e privadas e proprietários rurais, para a restauração ecológica
da nascente principal e primeiros afluentes do Rio Santo Anastácio. Neste contexto,
pode-se citar as instituições parceiras Comitê de Bacias Hidrográficas do Pontal do
Paranapanema (CBH-PP), Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”
(UNESP), Concessionária Auto Raposo Tavares (CART), Companhia de Saneamento
Básico do Estado de São Paulo (SABESP) e Companhia de Desenvolvimento Agrícola
de São Paulo (CODASP) e dentre outras. Procedimento semelhante tem sido realizado
pela Prefeitura Municipal de Presidente Prudente em relação aos córregos que drenam
o município na bacia hidrográfica do manancial, especialmente nos córregos Cedro e
Cedrinho.
Todavia, no Programa Município Verde e Azul, da Secretaria Estadual do Meio
Ambiente há o critério Gestão das Águas, no qual consta a avaliação dos municípios em
relação às ações voltadas à proteção e recuperação das nascentes, incluindo: definição
de nascente modelo (o município de Anhumas tem como nascente modelo a nascente
do rio Santo Anastácio, que foi recuperada em ação envolvendo várias parcerias, e no
local há placa e visita monitorada de alunos, professores e comunidade); promoção
do uso racional da água, informações sobre estação de tratamento de água e seu
monitoramento; inserção de dados em sistema nacional de vigilância e qualidade da
água; recuperação de nascentes e seu entorno; e educação ambiental para proteção
das nascentes. Nesse critério, com até 10 pontos, os municípios obtiveram, em 2017,
as seguintes pontuações: Álvares Machado: 3,48; Anhumas: 5,46; Pirapozinho: 1,59;
Presidente Prudente:4,74; e Regente Feijó: 1,59. Os dados evidenciam a necessidade
de fortalecer os trabalhos municipais na gestão das águas, especialmente para a
recuperação das nascentes na bacia hidrográfica do manancial. Uma alternativa será
maior articulação para desenvolvimento do Programa Nascentes, da Secretaria de
Infraestrutura e Meio Ambiente do Estado de São Paulo, na bacia hidrográfica do
manancial.
Ressalta-se que os municípios tem plano municipal de gestão integrada de
resíduos sólidos e, exceto Pirapozinho, tem coleta seletiva implantada nas cidades,
apoiando organizações de catadores(as) de materiais recicláveis. A gestão dos
resíduos sólidos contribui para a diminuição de problemas relacionados à deposição
inadequada de resíduos sólidos em nascentes, margens e leitos fluviais, embora
permaneçam alguns problemas na bacia hidrográfica do manancial, em estradas rurais
e periferias de bairros, onde tem ocorrido deposição de resíduos sólidos ilegalmente.
Dessa forma, é importante aprimorar o gerenciamento municipal de resíduos sólidos
na bacia hidrográfica do manancial.
Como propostas para políticas públicas municipais de meio ambiente voltadas
ao manancial, sugere-se:
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERENCIAS
LEAL, A.C., BEZERRA, J.P.P., GONÇALVES, D.L., RAMOS, A.P.M. e OSCO, L.P. Áreas
de Preservação Permanente no Manancial do Alto Curso do Rio Santo Anastácio –
Pontal do Paranapanema (UGRHI-22) São Paulo – Brasil. Relatório Técnico. Presidente
Prudente, 2015.
220
OS FRAGMENTOS FLORESTAIS REMANESCENTES NA UNIDADE
DE GERENCIAMENTO DE RECURSOS HÍDRICOS DO PONTAL DO
PARANAPANEMA (UGRHI 22): CARACTERÍSTICAS E RELEVÂNCIA NA
PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS ECOSSISTÊMICOS AOS RECURSOS HÍDRICOS
INTRODUÇÃO
Inserida no território do Pontal do Paranapanema, no extremo oeste do Estado
de São Paulo, a UGRHI 22 abrange 26 municípios desse território, possuindo como
principais rios o Rio Santo Anastácio e afluentes, Rio Paranapanema (Baixo curso
- Margem direita e afluentes), e Rio Paraná e afluentes, totalizando uma área de
drenagem de 12.395 km². A vegetação natural da UGRHI 22 ocupa hoje 1.000 km², que
correspondem a aproximadamente 8% de sua área total, majoritariamente referentes
as unidades de conservação (UCs), a saber, Parque Estadual Morro do Diabo, Estação
Ecológica Mico Leão Preto, Reserva Particular de Patrimônio Natural Mosquito e
Reserva Particular de Patrimônio Natural Vista Bonita. (SIGRH, 2019).
Com o avanço de invasores humanos sobre as matas virgens do novo mundo,
que apenas pouco mais de um século após o início do processo de exploração das
riquezas vegetais já se demonstrara aos próprios colonizadores como uma atividade
de inexorável finitude, o processo de galopante desflorestamento, iniciado pela costa
continental e que adentrou o interior do território, se constituiu como premente
desdobramento que determinou o atual estado do bioma Mata Atlântica. DEAN (1996)
Em meados da década de 1910, acarretada pelo avanço das estradas de ferro e a
necessidade de escoamento da produção agrícola, a instalação de aglomerados urbanos
deu início ao episódio mais intensivo do processo de desflorestamento da região do
hoje conhecido Pontal do Paranapanema. Inicialmente a partir das cidades fundadas às
margens das ferrovias, e décadas depois a partir do estabelecimento de propriedades
rurais mais distanciadas desses núcleos urbanos, os latifúndios produtores de grãos e
de cabeças de gado usurparam o espaço da floresta nativa da região. BITTENCOURT
(1988).
1
Universidade Estadual Paulista (UNESP), brenomtcba@hotmail.com
221
Nesse contexto, o presente trabalho tem por objetivo, avaliar a qualidade
ambiental e funções ecológicas dos fragmentos florestais remanescentes e, a partir dessas
análises, estabelecer sua importância quanto aos serviços ecossistêmicos prestados no
que concerne à qualidade e disponibilidade de recursos hídricos existentes na área de
estudo.
DESENVOLVIMENTO
RESULTADOS E DISCUSSÃO
222
área, a reconstituição natural da floresta em moldes basicamente idênticos aos que
ocorreriam por qualquer processo natural de supressão. (DEAN, 1996).
As capoeiras - áreas de regeneração de vegetação secundária antes utilizadas
para a agricultura - representavam algum nível de equilíbrio existente entre o processo
de exploração do solo pelo homem e o alívio temporal para que este se recompusesse (ao
menos parcialmente). Nas costas do continente, a agricultura também foi empregada,
o que pressupõe algum nível de desequilíbrio perante a condição original da vegetação
ao longo dos milhares de anos de assentamento humano. (DEAN, 1996).
Inevitavelmente com a chegada de um novo personagem às matas do Novo
Mundo, o homem europeu, um capítulo de devastação de cunho deliberadamente mais
utilitarista fora escrito na longínqua história do bioma Mata Atlântica. Inicialmente com
teor puramente extrativista, através da espécie vegetal Paubrasilia echinata (Pau-brasil),
valorizada pela capacidade de prover um tingimento de cor avermelhada, e contando
com o ingênuo auxílio (se assim pudessem o futuro prever) dos nativos dessas terras,
o homem europeu iniciou o processo de expatriação da floresta que, atualmente, se
encontra fragilmente cercada por nocivos vestígios de atividades humanas.
A primeira metade do século XX testemunhara o cerco final da Mata Atlântica. A
expropriação privada de todo o território estava concluída. Povos tribais e sertanejos que
haviam vivido, se não exatamente como protetores da floresta, pelo menos em equilíbrio
temporário com ela, estavam reduzidos a trabalhar para aqueles cuja intenção era eliminá-
la. A civilização urbana e industrial havia triunfado - seus tentáculos se espalhavam por
toda parte, sua ânsia por combustível, madeira e outros recursos florestais se estendia por
toda a Mata Atlântica. (DEAN, 1996, p.278).
224
Tabela 1: Área dos fragmentos florestais da UGRHI-22 – 2013.
225
Tabela 2: Índice de circularidade dos fragmentos florestais da UGRHI-22 – 2013.
226
Outro produto cartográfico confeccionado buscou evidenciar o tipo de uso e
ocupação da terra nos 500 m tangentes aos fragmentos florestais (Figura 2), dados
oportunamente também organizados em forma de tabela (Tabela 3).
Figura 2: Uso e ocupação da terra utilizando buffer de 500m em torno dos fragmentos
florestais da UGRHI-22 – 2013.
Tabela 3: Uso da terra nos 500m em torno dos fragmentos florestais da UGRHI-22 –
2013.
228
sua conservação e uso sustentável. No entanto, enquanto a procura de serviços de
ecossistema, tais como alimento e água potável estão aumentando, ao mesmo tempo, as
atividades humanas diminuem a capacidade de muitos ecossistemas de responder a esta
procura. Políticas apropriadas e intervenções de gestão podem, frequentemente, reverter
a degradação e melhorar a contribuição dos ecossistemas para o bem-estar humano, mas
saber quando e como intervir requer uma grande compreensão dos sistemas ecológicos e
sociais envolvidos. (MEA, 2003, p.10).
Agradecimentos
REFERENCIAS
BRASIL, LEI Nº 12.651, DE 25 DE MAIO DE 2012, Casa Civil. Brasília, 2012. Disponível
em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2012/Lei/L12651.htm.
Acesso em: 05 ago. 2019.
COSTANZA, R., D’ARGE, R., DE GROOT, R.S., FARBER, S., GRASSO, M., HANNON,
B., LIMBURG, K., NAEEM, S., O’NEILL, R.V., PARUELO, J., RASKIN, R.G., SUTTON,
230
P., VAN DEN BELT, M., 1997. The value of the world’s ecosystem services and
natural capital. Nature 387, 253-260.
MINISTÉRIO PÚBLICO. PGJ 870/2002. São Paulo. 2002. Disponível em: http://
www.mpsp.mp.br/portal/page/portal/diario_oficial/publicacao_diario_oficial/
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PINTO, L.P.; BEDÊ, L.C.; et al. “Vivem na Mata Atlântica”. Disponível em: https://
www.sosma.org.br/nossas-causas/mata-atlantica/. Acesso em 05 ago. 2019. In:
SCARANO, F.R (org). Biomas brasileiros: retratos de um país plural. Rio de Janeiro:
Casa da Palavra, 2012.
231
ESTIMATIVA DA DISPONIBILIDADE HÍDRICA ATRAVÉS DA CURVA DE
PERMANÊNCIA DO RIO AMAZONAS
INTRODUÇÃO
1
Acadêmicos de Engenharia Civil da Universidade do Estado do Amazonas UEA, Escola Superior de
Tecnologia EST, Avenida Darcy Vargas, 1200, Parque 10 de Novembro, CEP: 69050-020, Manaus/AM,
Brasil, cddcv.eng16@uea.edu.br, gas.eng17@uea.edu.br, ipcsr.eng16@uea.edu.br, arms.eng@uea.edu.br
2
Professora da Universidade do Estado do Amazonas-UEA, Escola Superior de Tecnologia - EST, Ave-
nida Darcy Vargas, 1200, Parque 10 de Novembro, CEP: 69050-020, Manaus/AM, Brasil, jsdsilva@uea.
edu.br
232
Como premissa para a determinação da vazão de outorga na gestão de
recursos hídricos, estuda-se neste trabalho a determinação da disponibilidade hídrica
no rio Amazonas através da curva de permanência, além da caracterização de seu
comportamento hidrológico relativo às cheias e vazantes anuais, fazendo-se o uso dos
dados de monitoramento realizados na estação fluviométrica instalada no município
de Óbidos (PA).
MATERIAL E MÉTODOS
O estudo trata do principal rio da bacia Amazônica (figura 1), o rio Amazonas,
e tem como área focal a estação de Óbidos, no interior do Pará, na região norte do
Brasil. A Bacia Amazônica possui uma área de aproximadamente 7.000.000 km²,
segundo Guyot et al. (1999) abrange a quase totalidade dos estados da região Norte
do país, além de países vizinhos: Brasil (63%), Peru (16%), Bolívia (12%), Colômbia
(5,6%), Equador (2,4%), Venezuela (0,7%) e Guiana (0,2%). Trata-se de uma bacia do
tipo sedimentar, possuindo vazão média de 200.000 m³/s, variando de 100.000 m³/s
na estiagem e chega até 300.000 m³/s no período de enchente (Ronchail et al., 2006).
O rio Amazonas é o mais extenso do planeta, com aproximadamente 7.000 km.
Sua nascente ocorre na Cordilheira dos Andes (Peru) e deságua no Oceano Atlântico,
na fronteira entre o Pará e o Amapá. Ao cruzar a fronteira entre o Peru e o Brasil, recebe
o nome de Rio Solimões, só vindo a ser denominado Rio Amazonas após o Encontro
das Águas, onde o Rio Negro mistura suas águas pretas com as águas brancas do
Solimões e segue seu percurso em direção ao Atlântico. Neste longo percurso, recebe as
contribuições de vários rios, dentre eles o Javari, Jutaí, Juruá, Madeira, Purus, Tapajós
e Xingu, na sua margem direita, e, na margem esquerda, dos rios Iça, Negro, Japurá,
Nhamundá e Urube (Silva, 2010).
Figura 1 - Bacia Amazônica, com destaque para o rio Amazonas e seus principais
contribuintes.
233
1.2 Dados
1.3 Métodos
1.3.1 Hidrograma
234
Assim, obteve-se um gráfico onde o eixo horizontal contém os dias do ano de 1
de janeiro a 31 de dezembro e o eixo vertical, as médias das vazões.
235
1.3.3 Curva de Permanência
f = No
nr
facm = f +fa
P = 1 - facm
Onde:
236
fa: frequência da vazão analisada;
P: permanência da vazão.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Fonte: autores
237
A figura 3 apresenta a magnitude dos eventos de máximas e mínimas anuais,
observadas ao longo da série histórica, na estação de Óbidos. Em azul escuro
apresentam-se os valores de vazões máximas e em verde escuro os valores de mínimas.
As linhas em azul claro e verde claro representam as vazões médias das máximas e das
mínimas, respectivamente.
A vazão máxima histórica no valor de 280.566,40 m³/s, ocorreu em 2009 e a
mínima dentre as vazões máximas, do período histórico, tem o registro de 190.150,00
m³/s, em 1980. A média das vazões máximas equivale a 243.687,40 m³/s. A mínima
histórica apresentada na série temporal é de 72.380,00 m³/s, em 1997 e a máxima dentre
as vazões mínimas é de 131.620,00 m³/s.
A média das vazões mínimas corresponde a 98.030,20 m³/s. A amplitude entre a vazão
máxima e mínima, na série histórica, de 208.186,40 m³/s, mostra quão extremo é o
regime de cheias e vazantes do rio Amazonas, correspondendo a aproximadamente
15% da descarga de todas as águas doces nos oceanos (Molinier et al., 1997) e provando
seu comportamento considerado perene ou constante. O ano de 2018 foi excluído desse
gráfico, pois não apresentava dados de novembro e dezembro, os quais são meses
importantes (meses de vazantes), conforme se constatou no hidrograma da figura 2.
Fonte: autores
238
A figura 4 apresenta a curva com escala completa de 0 a 100% de permanência das
vazões para o período da série histórica. A vazão de referência Q95 corresponde a
94.491,50 m³/s. O Conselho Estadual de Recursos Hídricos do Amazonas estabelece
a vazão outorgável para uso das águas superficiais em 75% da Q95, de acordo com
CERH-AM (2016). Sendo assim, no rio Amazonas, pode ser explorada uma vazão de
até 70.868,6 m³/s, valor restritivo. Observou-se, também, que em 50% do período da
série histórica (Q50), as vazões anuais são iguais ou maiores que 173.978,50 m³/s.
Fonte: autores
CONSIDERAÇÕES FINAIS
239
REFERENCIAS
BRASIL (1997). Lei n° 9.433, de 8 de janeiro de 1997, que institui a Política Nacional de
Recursos Hídricos, cria o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos e
dá outras providências.
GUYOT, J.L.; CALLÈDE, J.; COCHONNEAU, G.; FILIZOLA, N.; GUIMARÃES, V.;
KOSUTH, P.; MOLINIER, M.; DE OLIVEIRA, E.; SEYLER, F.; SEYLER, P. (1999).
“Caractéristiques hydrologiques du bassin amazonien”, in Proceedings of International
Symposium on hydrological and geochemical processes in large scale river basins,
Manaus, AM: Brazil.
MOLINIER, M., GUYOT, J.L., CALLÈDE DE, J., GUIMARÃES, V., OLIVEIRA E,
FILIZOLA, N. (1997). “Hydrologie du bassin amazonien”, In: THÉRY, H. (ed.),
Environnement et développement en Amazonie brésilienne, Paris, FR: Editions Belin,
p. 24-41.
REBOUÇAS, A.C.; BRAGA, B.; TUNDISI, J.G. (2006). Águas Doces no Brasil: Capital
Ecológico, Uso e Conservação. 3. ed. São Paulo, Escrituras.
240
GESTÃO DOS RECURSOS HÍDRICOS NO ESTADO DO PARÁ / BRASIL: UMA
ANÁLISE DE QUINZE ANOS DE PROMULGAÇÃO DA LEI Nº 6.381/2001 – (2001/2016)
INTRODUÇÃO
DESENVOLVIMENTO
II – o enquadramento dos corpos de água em classes, II- o enquadramento dos corpos de água em classes,
segundo os usos preponderantes da água; segundo os usos preponderantes da água;
III – a outorga dos direitos de uso de recursos hídricos; III – a outorga dos direitos de uso de recursos hídricos;
IV – a cobrança pelo uso de recursos hídricos; IV- a cobrança pelo uso dos recursos hídricos.
VI – o Sistema de Informações sobre Recursos Hídricos V- a compensação aos municípios;
_________________ VI- sistema Estadual de Informações sobre Recursos
Hídricos;
_________________ VII - a capacitação, desenvolvimento tecnológico e
educação ambiental.
Fonte: BRASIL (1997) e PARÁ (2001
A tualmente o Estado do Pará não possui nenhum rio enquadrado, sendo desta
forma todas as águas enquadradas como classe 2 (resolução 357/ 2005 do CONAMA).
242
De acordo com SEMAS (2016) se encontra em fase de elaboração um projeto que visa
implementar ou enquadrar alguns corpos de água, com o foco em mananciais de
abastecimento de água.
È importante registar que a Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade
(SEMAS) através da Gerência de Planos e Enquadramentos (GEPLEN) realiza testes
periódicos de balneabilidade nas praias mais frequentadas por banhistas no Estado do
Pará. As informações sobre a balneabilidade têm o objetivo de alertar os frequentadores
das praias sobre a qualidade da água, que deve se ajustar às exigências da resolução nº
274/2000 do Conselho Nacional de Meio Ambiente (CONAMA).
Modalidade
TIPOLOGIA N° de Outorga Outorga de Declaração de Outorga me
processos Prévia Direito de Reserva de Manutenção
Uso Disponibilidade
Hídrica
Subterrânea 345 ---
Superficial 39 14 24 01 ---
Lançamentos de 10 ---
efluentes
243
e concentrado principalmente em três áreas do Estado, conforme (Figura 1): a) Belém
e Nordeste Paraense, região de maior densidade demográfica; b) o Sudeste Paraense,
que concentra os grandes empreendimentos minero-metalúrgicos do Estado do Pará;
e, c) Santarém, terceiro município mais populoso do Estado.
A Lei nº 6.381/2001, além de instituir a PERH, também em seu art. 41, cria o
Sistema Estadual de Gerenciamento de Recursos Hídricos – SEGRH/PA, considerando
o que está previsto na Lei, o SEGRH deveria apresenta uma articulação em cinco níveis
institucionais distintos, com identidade e instrumentos próprios de atuação.
245
Tabela 2 – Calendário anual de reuniões do CERH 2007 a 2014.
2014 04 --- 04
2013 02 --- 02
2012 04 --- 04
2011 03 --- 03
2010 04 01 05
2009 02 01 03
2008 04 02 06
2007 02 01 03
TOTAL 03 05 30
246
d) Agência de Bacia Hidrográfica
247
Quadro 3 – Implementação dos Instrumentos de Gestão – Lei nº 6.381/2001
INSTRUMENTOS DA PERH
(Lei N° 6.381/2001) IMPLEMENTAÇÃO CONDIÇÕES EXISTENTES
Fonte: Elaborado pelo autor com base em ANA (2013) em SEMAS (2016).
Assim podemos observar que a política de gestão dos recursos hídricos no
Estado do Pará, Lei nº 6.381/2001, apesar de representar avanços do ponto de vista do
esboço legal, não teve rebatimento no aspecto institucional, ou seja, o Estado ainda não
possui estrutura capaz de implementar de forma efetiva os instrumentos de gestão dos
recursos hídricos. Desse modo, se visualiza que o Estado do Pará, através de sua PERH
não conseguiu cumprir os seus objetivos elencados na art. 2º da Lei nº 6.381/2001,
supracitados anteriormente.
O Estado do Pará enfrenta inúmeros desafios voltados para a gestão dos
recursos hídricos, como a falta de recursos financeiros associados à falta de prioridade
do Estado na tomada de decisões que efetivamente contribuam para a implementação
da PERH. É importante ressaltar que no Estado do Pará as agendas Verde4 e Marrom5
ocupam mais espaço na agenda política do Estado, tendo consequentemente mais
4
Uma classificação adotada para os problemas ambientais é a divisão segundo “Agendas”. Assim, de-
finiu-se Agenda Verde (aquela que se refere à assuntos como preservação de florestas e biodiversidade
5
Agenda Marrom (aquela que se refere às questões ambientais relacionadas à urbanização, a industria-
lização, ao crescimento econômico e ao desenvolvimento social, tais como poluição do ar, da água e do
solo, a coleta e reciclagem de lixo, o ordenamento urbano, a segurança química, etc.
248
recursos tanto financeiros quanto humanos, com isso a agenda Azul6 não constitui
uma pauta com demandas que assuma um caráter prioritário.
Também outro desafio na gestão dos recursos hídricos diz respeito à questão
cultural. Para a maioria da população do Estado do Pará, a água não se configura como
um problema, pelo menos do ponto de vista de escassez. A abundância de água na
região e no Estado impede aos seus habitantes a percepção sobre a escassez do bem
fundamental e isso contribui para que não haja uma pressão social sobre o Estado,
tal realidade contribui também ao desperdício e ao uso sem controle, não prevendo
as consequências em termos de quantidade e qualidade. Portanto, nesse aspecto se
faz necessário uma mudança de pensamento em relação à necessidade de gestão e
preservação dos recursos hídricos, em todos os níveis, do institucional, passando
pelo setor usuário, até a sociedade civil. Nesse sentido, para o Coordenador7 de
Planejamento, Informação e Apoio a Gestão de Recursos Hídricos (CIP) da SEMAS
(2016), o papel da SEMAS é tentar sensibilizar um maior número de pessoas para que
o debate vá sendo gerado e contribua para formação de uma massa crítica. Ressalta
ainda que o papel das universidades também é importante neste processo. E acrescenta
que a visão externa à realidade amazônica, se dá em uma escala na qual não se percebe
nem a escassez e nem os conflitos, portanto, um olhar bem distante da realidade. No
entanto, com uma análise sobre a gestão dos recursos hídricos a partir de uma escala
local é possível perceber a existência de problemas relacionados a escassez quantitativa
em decorrência do grau de comprometimento da qualidade das águas superficiais,
conflitos e a problemática ambiental. Constituindo assim um problema relacionado
diretamente à gestão dos recursos hídricos, que tanto no âmbito do Estado, quanto ao
nível de bacia hidrográfica, o debate em torno dessa necessidade é muito incipiente.
Assim é um fator desafiador relacionar a gestão dos recursos hídricos no Estado
do Pará com a grande disponibilidade. Podemos mencionar que os Estados brasileiros
das Regiões Nordeste e Sudeste, com a gestão dos recursos hídricos mais avançados
são aqueles que enfrentam problemas relacionados principalmente a disponibilidade
hídrica, ou seja, motivados pela escassez quantitativa, contrastando com a realidade
dos Estados da região amazônica, principalmente ao nível de implementação das
políticas estaduais de recursos hídricos.
Nesse contexto, podemos questionar o modelo de gestão dos recursos hídricos
que pauta tanto a Política Nacional como as Políticas Estaduais de Recursos Hídricos.
Ao se considerar os seis fundamentos da PNRH, percebe-se que em dois deles se
enfatiza a água como recurso limitado e se impõem usos prioritários em situações
de escassez para dirimir conflitos. E com relação aos cinco instrumentos de gestão
de recursos hídricos preconizados pela PNRH, podemos destacar que dois deles se
baseiam em um contexto de escassez. É o caso da outorga dos direitos de usos dos
recursos hídricos e da cobrança pelo uso dos recursos hídricos.
A outorga é um instrumento cuja aplicação de forma racional remete à escassez
uma vez que o controle das autorizações e concessões, em suas diversas fases, é mais
urgente onde a água está escassa. Um indicador importante disso é o fato de que a
própria ANA não possui nenhuma outorga no Estado do Amazonas, e apenas sete
outorgas no Estado do Pará, conforme apresentado no Capítulo III.
A cobrança é um instrumento alicerçado principalmente para a condição de
escassez, em que a compreensão dos usuários e da sociedade civil em geral acerca
da necessidade de gerenciar os recursos em prol de sua preservação (e combate ao
desperdício) avança como resposta a uma crise de imediata percepção que os atinge
6
E a Agenda Azul (aquela que se refere à gestão de recursos hídricos (disponível www.ibama.gov.br
acesso em 15/11/2016).
7
Entrevista concedida pelo Coordenador da CIP, em 23 de setembro de 2016, em Belém na sede da SE-
MAS/PA para o autor desta pesquisa.
249
diretamente. O próprio objetivo de reconhecer a água como bem econômico dotado de
valor só é factível, principalmente, em uma situação de escassez, onde o uso comum da
água está ameaçado. Além disso, a cobrança só pode ser estabelecida de forma eficiente
a partir da concessão de outorgas, o que não vem sendo implementada efetivamente
na Região Norte.
Os instrumentos elencados acima enfatizam a essência do modelo de gestão
preconizado pela PNRH (e reproduzidos pelas PERH’s), baseado na gestão da
escassez. No entanto, é importante destacar que a gestão eficiente dos recursos hídricos
depende da implementação de todos os instrumentos previstos, considerando sua
interdependência. Sendo que o Plano de Recursos Hídricos é o instrumento responsável
por nortear os demais instrumentos tanto no âmbito nacional, como no âmbito do
Estados e das bacias, conforme discutido no capítulo III.
No caso das PERH’s, o Plano Estadual de Recursos Hídricos deveria atender
às diretrizes da PNRH, porém, considerando em seu conteúdo as particularidades de
cada Estado e cada bacia, conforme a segunda diretriz da PNRH. Particularmente, no
caso do Estado do Pará, o plano previsto na Lei nº 6381/2001 reproduz como exigência
de conteúdo mínimo o item da legislação nacional para os planos (elencados nos itens
III a X do Art. 7º da legislação estadual, que são os mesmos itens do art. 7º da legislação
nacional) e avançou no sentido de incluir outros itens no conteúdo mínimo previsto,
apresentados a seguir, os quais são voltadas para questões particulares ao Estado:
Esses itens particulares previstos como conteúdo mínimo pela Lei estadual que
regula a PERH, portanto, avançam no sentido de contemplar as particularidades do
Estado Pará, reforçando, porém, o paradigma da escassez. Os itens previstos, afinal,
não mencionam como o Plano deve orientar os demais instrumentos no sentido da
gestão de águas em um contexto de abundância. Um elemento que reforça esta análise
8
O equivalente deste item na Legislação Nacional foi vetado. Conforme conta na Mensagem nº 870,
de 6 de agosto de 1997: “Razões do veto: ‘A redação do artigo é falha. É impositiva em relação aos
beneficiários para que estes participem do rateio dos custos das obras, obrigação a que estes não estão
necessariamente sujeitos. Não parece razoável, na tarefa de legislar, a inclusão de situações que possam,
eventualmente, não ocorrer na prática [...]”.
250
é o fato de que quinze anos após a promulgação da lei, o órgão gestor da PERH ainda
não possui, de fato, o Plano Estadual de Recursos Hídricos, bem como nenhuma das
bacias hidrográficas do Estado do Pará possui qualquer Plano de Recursos Hídricos.
Ou seja, as ações práticas dos órgãos envolvidos na gestão dos recursos hídricos no
Estado do Pará, a exemplo da SEMAS-PA, responsável pela implementação da política,
não são pautadas conforme as prioridades previstas pela PERH.
CONCLUSÕES
REFERÊNCIAS
251
IBGE - (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Base de informações do Censo
Demográfico 2010: Resultados do universo por setor censitário – Documentação do
arquivo. Rio de Janeiro: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, 2011.
252
QUALIDADE ECOLÓGICA DA ÁGUA DE UMA BACIA HIDROGRÁFICA
URBANA E A RELAÇÃO COM O USO E OCUPAÇÃO DA TERRA
INTRODUÇÃO
1
Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, sarahhcouto17@gmail.com, mhelena.pantanal@hotmail.
com, alaneleuteriocg@gmail.com, gutaomazzo@gmail.com
253
DESENVOLVIMENTO
254
Com relação aos solos, a classe dominante é o Latossolo Vermelho-Escuro
(CAMPO GRANDE, 2017). O clima é predominantemente tropical, quente e úmido no
verão e menos chuvoso e mais ameno no inverno (BARBOSA e SILVA, 2015).
A população foi estimada em 855.711 no ano de 2018, com uma unidade
territorial de 8.092,951 km² e densidade demográfica de 97,22 hab./km² (IBGE, 2018;
IBGE, 2010). Na cidade, há 33 córregos distribuídos pelas 10 bacias (BARBOSA e SILVA,
2015). A BHCS possui 5 córregos, sendo o principal o córrego Segredo, com 7 áreas de
nascentes, seguido do Seminário, Cascudo, Furtuoso e Maracajú (CAMPO GRANDE).
O córrego Segredo deságua no córrego Anhanduí, que fora do limite urbano deságua
no rio Anhanduí, considerado o principal rio do município.
255
Neste índice, há uma ordenação das Famílias encontradas, dividindo-as em 10
grupos, com valores numéricos pré-estabelecidos designados a cada grupo. O valor
está de acordo com a capacidade de tolerância à poluição, sendo apenas um exemplar
de cada Família considerado, separados por classe (Tabela 1). Quanto mais próximo
o táxon estiver de 0, mais tolerante a poluição será; quanto mais próximo de 10, mais
sensível.
Tabela 1. Valores atribuídos às classes de águas com método BMWP modificado por
Junqueira et al. (2000)
256
Tabela 2. Resultados dos grupos taxonômicos encontrados nos pontos de coleta na
Bacia Hidrográfica do Córrego Segredo
Erosão, assoreamento,
Chironomidae, Oligochaeta,
ocupação irregular,
SEG 01 BOM PÉSSIMO 13 Ceratopogonidae,
presença de mata ciliar,
Planorbidae, Glossiphonidae
muitos resíduos sólidos
À jusante da produção
Chironomidae, Oligochaeta,
hortifrutigranjeira,
Ceratopogonidae, Elmidae,
SEG 06 BOM PÉSSIMO 21 erosão, assoreamento,
Thiaridae, Ostracoda,
grande quantidade de
Gomphidae
macrófitas aquáticas
Erosão, assoreamento,
resíduos sólidos, mata
ciliar de espécies
SEG 09 BOM PÉSSIMO 7
Chironomidae, Oligochaeta, exóticas, à jusante da
Ceratopogonidae confluência dos braços
principais
257
Figura 2. Bacia Hidrográfica do Córrego Segredo e sua Rede de Monitoramento do
Índice de Qualidade das Águas (IQA)
258
Resíduos sólidos, erosão, assoreamento, aporte de sedimentos, ausência de
mata ciliar em diversos trechos, uso do solo em APPs, desvio do leito, captação de
água por meio de bombas para fins de irrigação, despejo clandestino de esgoto são
alguns dos problemas observados durante os trabalhos de campo realizados. Essas
poluições, boa parte provocadas pelo homem, causam prejuízos aos seres vivos e às
diversas atividades ligadas aos recursos hídricos (MEYBECK & HELMER, 1996). Ao
mesmo tempo, foi possível constatar que parte dos moradores de ocupações irregulares
ao longo da bacia dependem exclusivamente da água desses córregos sem qualquer
tratamento prévio, inclusive, para beber, cozinhar e garantir a higienização básica.
No que diz respeito a composição da fauna aquática dos corpos hídricos,
observou-se uma diminuição da riqueza de famílias conforme a água percorre a bacia
no sentido nascente-foz, à exceção do córrego Cascudo, onde a riqueza aumentou
discretamente. Riqueza de espécies é o número de espécie/família que se tem em uma
certa comunidade ou área (WILSEY et al., 2005).
Sandin & Johnson (2000) afirmam que, quanto à ocupação do espaço, modificações na
composição das populações de macroinvertebrados bentônicos têm sido empregadas
eficientemente como ferramenta de monitoramento de poluição hídrica.
A Figura 4 compartimentaliza a bacia em 3 setores, possibilitando uma análise
de cada enquadramento conforme seu tipo de uso e ocupação. Os setores foram
divididos seguindo o nível de urbanização da bacia, ou seja, Setor A - baixo índice
de urbanização, com dinâmicas rurais, Setor B-área de transição, com alto índice de
vazios urbanos, porém, já mais urbanizada que o Setor C - alto índice de urbanização.
Essas diferenciações podem ser visualizadas por imagens de satélite ou ortofoto.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Com base nos resultados obtidos, evidencia-se a importância da inclusão de
ferramentas bióticas em redes de monitoramento da qualidade de água urbana, sendo
que estas têm baixo custo e fácil aplicabilidade. Apenas dados físicos e químicos
podem não refletir a realidade da bacia. A bacia estudada urge de intervenções da
gestão pública já que os problemas identificados interferem diretamente na qualidade
da água.
Desta forma, entende-se necessária a continuação deste trabalho, amostrando
outras estações do ano, para que se possa inferir com maior confiabilidade sobre as
águas urbanas de Campo Grande/MS.
REFERÊNCIAS
BARBOSA, E.; SILVA, P., Análise ambiental das bacias hidrográficas do espaço urbano
de Campo Grande/MS, in: XXI Simpósio Brasileiro de Recursos Hídricos, nov. 2015.
260
CIDADES, IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. 2018. Disponível
em: <https://cidades.ibge.gov.br/> Acesso em: jun./2019.
LEAL, A. C. et al. Gestão das Águas no Pontal do Paranapanema-São Paulo. 2000. Tese
de Doutorado.
SADIN, L. JOHSON, R.K. The statistical power of selected indicator metrics using
macroinvertebrates for assessing acidification and eutrophication of running waters.
In: Assessing the Ecological Integrity of Running Waters. Springer, Dordrecht, 2000.
p. 233-243.
261
TUNDISI, J. G.; MATSUMURA-TUNDISI, T. Recursos hídricos no século XXI. Oficina
de Textos, 2011.
WILSEY, B.J.; CHALCRAFT, D.R.; BOWLES, C.M.; WILLIG, M.R. 2005. Relationships
among indices suggest that richness is an incomplete surrogate for grassland
biodiversity. Ecology, v. 86, n. 5, p. 1178-1184, 2005.
262
ANÁLISE HIDROLÓGICA DO RIO JAPURÁ PARA FINS DE OUTORGA
INTRODUÇÃO
DESENVOLVIMENTO
A bacia do rio Japurá possui área da 255.700 km², pertencente a bacia amazônica.
Seu curso principal, o rio Japurá é um rio que nasce na Colômbia e banha o estado
do Amazonas, sendo afluente da margem esquerda do rio Solimões, com extensão
estimada em 2.100 km, com 1.367 km em território colombiano, onde é chamado de rio
Caquetá, e 733 km em território brasileiro. Tem sua foz em delta, com oito ramificações.
264
1.2 Dados
1.3 Métodos
1.3.1 Hidrograma
Por meio da aplicação das funções de máximo (Eq. 05) e mínimo (Eq. 06) em
cada ano monitorado, e a função média (Eq. 07) desses limites superiores e inferiores
anuais. Assim permitindo a construção do gráfico de Vazões máximas e mínimas para
o período de 1973 a 2007, expressando os extremos e a comparação com as linhas
regulares de tais limites.
265
Para a obtenção das vazões máximas e mínimas dos dados registrados foi
utilizado a mesma configuração da planilha do hidrograma, porém, diferentemente,
nela cada ano foi tratado separadamente. Após isso, para melhorar e facilitar a análise
dessas informações acrescentou-se curvas obtidas através das equações 2, 3 e 4:
f = No
n
r
facum = f + fa
P = 1 - facum
266
1.4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
267
Figura 3 - Vazões máximas e mínimas do Rio Japurá, no período de 1973 a 2007.
268
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERENCIAS
a) Livro
RODIER, J. (1964). Régimes hydrologique de l’Afrique noire à l’Ouest Du Congo. Paris, FR:
ORSTOM, 137 p.
TUNDISI, J.G. & SAIJO, Y. (eds.). Limnological Studies in the Rio Doce GLEICK, P. H,
(2000). The world’s water. 2000-2001. Report on Freshwater Resources. Island Press, 315p.
b) Capítulo de Livro
MOLINIER, M., GUYOT, J.L., CALLÈDE DE, J., GUIMARÃES, V., OLIVEIRA
E, FILIZOLA, N. (1997). “Hydrologie du bassin amazonien”, In: THÉRY, H. (ed.),
Environnement et développement en Amazonie brésilienne, Paris, FR: Editions Belin,
p. 24-41.
Righetto, A.M. (1998). “Hidrologia e Recursos Hídricos”. São Paulo: EESC/USP, p. 731 -
813.
c) Artigo em revista
Veiga da Cunha, L. et alii. (1981). “A gestão da água - princípios fundamentais e sua aplicação
em Portugal”. Lisboa, Fundação C. Gulbenkian, Yassuda, Eduardo R. O gerenciamento
de bacias hidrográficas. Cadern.
d) Artigos de Legislação
BRASIL (1997). Lei n° 9.433, de 8 de janeiro de 1997, que institui a Política Nacional de
Recursos Hídricos, cria o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos e
dá outras providências.
IPAAM. (2016). Processo de análise de pedido de outorga do direito de uso de recursos hídricos
de domínio do Estado do Amazonas. RESOLUÇÃO CERH Nº 01, Instituto de Proteção
Ambiental do Amazonas.
270
CÓRREGO BONS OLHOS: CONTRIBUIÇÕES PARA MITIGAÇÃO DOS IMPACTOS
AMBIENTAIS NEGATIVOS
INTRODUÇÃO
272
DESENVOLVIMENTO
1.1 Metodologia
273
Figura 2: Cobertura dendrítico laterítica. Figura 3: Basalto da formação Serra Geral.
274
Figura 4: Hipsometria do córrego Bons Olhos.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
Com base nos estudos de Bertrand (1972) na área em estudo pode-se classificar
as três unidades inferiores: Geossistema a microbacia do córrego Bons Olhos; geofácies
- As Áreas de Preservação Permanente (APPs) – fundos de vale em vereda; as APPs
com mata ciliar; as vertentes levemente convexas; geótopos – os buritís, as nascentes.
Uma nascente do córrego está localizada em anfiteatro, levemente dissecado,
próximo ao antigo clube recreativo dos servidores públicos municipais, é cortada pela
BR 455 – Uberlândia – em direção ao município de Campo Florido passando pelo
bairro Jardim das Palmeiras.
Na nascente encontram-se processos erosivos e um grande acúmulo de restos
de materiais de construção civil utilizados pela Prefeitura de Uberlândia para controle
de voçorocas.
A outra nascente está localizada no bairro Cidade Jardim, próximo à Rua Dos
Jasmins em uma área parcialmente isolada com cercas, sob forte influência antrópica,
desde edificações até a grande quantidade de resíduos que são jogados no local,
proveniente tanto das residências quanto dos carroceiros que despejam entulhos. Na
pequena área que encontra-se conservada percebe-se uma fitofisionomia identificada
como vereda.
Nessa parte da microbacia o fluxo do escoamento superficial é concentrado, e
por isso é mais susceptível aos processos erosivos. As vertentes convexas são pouco
susceptíveis aos processos erosivos, pois divergem o fluxo do escoamento superficial.
275
Rumo à jusante o córrego é represado numa lagoa, a área já foi denominada
Bosque Bons Olhos. Ao lado existe uma ciclofaixa, que foi interrompida pelo muro do
Condomínio Jardim Barcelona.
A lagoa já foi adequada para banho (Figura 5) e havia inclusive uma população
de peixes, que com a contaminação tiveram sua mortandade registradas no mês de
maio de 2012, devido ao despejo clandestino de efluentes domésticos (Figura 6) e da
quantidade da espécie vegetal taboa - Typha Domingensis que se proliferou rapidamente.
276
praças, parques, bosques e outras áreas similares de interesse público, de preservação
obrigatória.
As matas ciliares das duas nascentes estão sendo depredadas ao longo do
processo de ocupação da bacia do córrego Bons Olhos. A intervenção humana em área
de mata ciliar, além de ser proibida pela legislação federal, causa uma série de danos
ambientais. As matas ciliares atuam como barreira física, regulando os processos de
troca entre os ecossistemas terrestres e aquáticos e desenvolvendo condições propícias
à infiltração (KAGEYAMA, 1986; LIMA, 1989). Sua presença reduz significativamente a
possibilidade de contaminação dos cursos d’água por sedimentos, resíduos de adubos
e defensivos agrícolas, conduzidos pelo escoamento superficial da água no terreno.
No ambiente onde se fez o presente estudo possível visualizar uma paisagem em
transformação, geradas através da força do escoamento superficial, causando graves
conflitos existentes devido a dinâmica das águas pluviais que escoam até córrego Bons
Olhos, provocando processos erosivos e o transporte de resíduos sólidos urbanos,
entulhos e restos de materiais de construção para o leito do córrego.
Verifica-se o descaso dos órgãos competentes frente a dinâmica da falta de uma
rede eficaz de drenagem, capazes de contribuir com o equilíbrio das forças naturais.
Conforme Sampaio e Silva (2009), os principais impactos causados pela
ocupação urbana no ciclo da água são o aumento da sua velocidade, devido à
impermeabilização de uma parte significativa da bacia e a canalização dos leitos dos
rios e córregos. Além disso, a redução de áreas de infiltração, também pelo excesso de
impermeabilização, gera distorções no movimento por gravidade da água, o que tem
provocado o voçoramento na APP do córrego Bons Olhos e o rebaixamento de seu
leito, juntamente com processos de poluição.
A ocupação da área em estudo é formada por residência e pequenos comércios
pouco significativos e áreas institucionais, antigo clube dos servidores municipais, um
centro espírita, escola de música de Uberlândia, antigo Centro Estadual de Educação
Especial e o antigo clube dos aposentados. No mapa de conflitos (Figura 7) é possível
perceber a problemática existente nas figuras 8 e 9. são aparentes as erosões próxima
a área residencial e tem causado preocupação aos moradores, já que a cada período
chuvoso as erosões se acentuam.
277
As erosões ocorrem, pois não há um sistema de drenagem no bairro, nem “bocas
de lobo” nas ruas adjacentes, nenhuma medida para conter a velocidade da água foi
providenciada, o que se percebe são resíduos da construção civil jogados nas margens
ao longo no córrego, na tentativa equivocada de conter a erosão.
Figura 8: Erosão na APP na rua Das Papoulas. Figura 9: Erosão na APP na rua Dos
Jamins.
278
não estruturais e estruturais. As medidas estruturais dizem respeito a intervenções de
pequeno e médio porte, como é o caso das obras pontuais ou lineares, até intervenções que
podem controlar o escoamento de grandes áreas, no caso as bacias de detenção, retenção e
infiltração. As medidas não estruturais são basicamente regulamentações voltadas para o
gerenciamento do uso do solo e o manejo sustentável das águas pluviais.
279
Intervenção 4 - Construção de poços de infiltração entre as ruas
das Juritis com Azaleias;
AGRADECIMENTO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
280
* Dissipadores para diminuir a energia cinética das águas pluviais que são
direcionadas ao córrego;
*
Desassoreamento e retirada da vegetação invasora na lagoa localizada na
vertente da primeira nascente, ao lado do bairro Nova Uberlândia;
*
Controle das espécies invasoras e recomposição da flora nativa e plantio
de espécie frutíferas tropicais para fins de atrair espécies da fauna silvestre;
*
Consolidação do parque linear do córrego Bons Olhos que foi pauta de
discussão desde o ano de 2008 e quase nada foi feito em prol de melhorias
ambientais na área;
*
Estabelecimento de leis mais severas para as áreas de nascentes urbanas a
fim de se preservar o bem mais precioso da humanidade, a água.
REFERÊNCIAS
GISP. 2007. Invasive alien species and protected areas a scoping report, part I. The
global invasive species programme. 93p. Disponível em: <http:www.issg.org/pdf/
publications/gisp/resources/ias_protectedareas_scoping_i.pdf>. Acesso em 05 de
jun de 2017.
281
KAGEYAMA, P. Y.; LIMA, W. de P.; RANZINI, M.; MANTOVANI, M. CATHARINO,
L. E. M.; BORGES, H. B. N.; BAPTISTON, I.C. Estudo para a implantação de matas
ciliares de proteção na bacia hidrográfica do Passa Cinco visando a utilização para
abastecimento edificações sustentáveis, 28 e 30, 2009, Recife. Anais. Recife: ELECS,
2009.
282
ANÁLISE DA HIERARQUIZAÇÃO DE DRENAGENS NA BACIA HIDROGRÁFICA
DA GROTA CRIMINOSA, MARABÁ/PA
INTRODUÇÃO
284
DESENVOLVIMENTO
1.1 – Metodologia
O trabalho teve seu início através das leituras de Christofolleti (1980), no livro
Geomorfologia, capítulo de geomorfologia fluvial, no qual, utilizou-se a hierarquização
dos autores Arthur N. Strahler (1952) e Robert E. Horton (1945), ordenando as drenagens
através da confluência de cada canal, sendo importante ressaltar que a hierarquização
serve, essencialmente, para comparar o nível de importância de drenagens para
estudos posteriores através da análise morfométrica da bacia.
O desenvolvimento da pesquisa só foi possível através dos dados recolhidos
em campo e, das informações secundárias obtidas da planta cadastral de Marabá, que
auxiliaram o desenvolvimento do limite da bacia hidrográfica e a possibilidade de
comparação entre o real e digital, por meio da atividade de campo, permitindo uma
melhor noção da realidade e, propiciando uma análise e construção de informações
mais apuradas.
A análise obtida dos resultados permitiu-se ter noção da espacialização de
drenagens da grota criminosa dentro da cidade de Marabá, através do laboratório, desta
forma, teve-se a hierarquização fluvial, possibilitando o entendimento sobre a relação
de drenagens de maior ordem e menor, assim como, sua influência e interferência no
seu meio.
285
O laboratório foi utilizado de forma inicial para análise das informações obtidas
através da planta cadastral de Marabá. No primeiro momento, deu-se a limpeza
do arquivo para a facilidade do manejo através do software CAD, possibilitando
a verificação de elevações através de pontos cotados e curvas de nível, os quais
permitiram a criação do limite da bacia hidrográfica.
Seguindo adiante, após a criação do limite da bacia hidrográfica, teve-se a
criação dos canais efêmeros através dos pontos cotados, com isso, o laboratório
permitiu desenvolver uma prévia de como seria a distribuição geográfica da microbacia
hidrográfica da grota criminosa, sendo essa prévia levada a campo para análise de
comprovação, após a comprovação, apresentou-se as alterações no limite da bacia,
resultando no perímetro legítimo que só pode criar-se através da análise de campo e
informações da planta cadastral, gerando o mapa base do estudo.
No Qgis, as informações foram espacializadas e reprojetadas do sistema World
Geodetic System (WGS84) para o sistema de coordenada SIRGAS 2000 / Zona 22 Sul
(SIRGAS2000/ Z22S), correspondente ao sistema de projeção cartográfica nacional
para todos os projetos de mapeamento no território brasileiro, após a transformação
de projeções, teve-se a transformação do formato DxF para Shapefile (SHP), permitido
a edição no software QGIS, resultando no mapeamento e construção do produto final.
Para a melhor divisão das informações teve-se a delimitação do alto, médio e
baixo curso da bacia, no qual foram representados pelas letras “A – B” que indica o
limite entre o alto e o médio curso e, “C – D” indicando a divisão entre o médio e o
baixo curso.
Por fim, teve-se a aplicação da metodologia de Arthur N. Strahler (1952) e
Robert E. Horton (1945). Seguindo a metodologia apresentada pelo primeiro autor,
as drenagens foram divididas em ordens, variando da 1ª ordem a 5ª ordem, sendo
que, a 1ª ordem não possui nenhum tributário, a 2ª ordem possui tributários somente
de 1ª ordem e, seriam originados após a confluência de duas drenagens de ordem
anterior, no caso, drenagens de 1ª ordem, a 3ª ordem pode possuir tributários tanto de
1ª quanto de 2ª ordem e, seriam originadas após a confluência de duas drenagens de
ordem anterior, a 4ª ordem possui tributários de todas as ordens anteriores a ela, sendo
somente originada após a confluência de duas drenagens de 3ª ordem, por último, a
5ª ordem, que classifica o canal principal da bacia trabalhada, pode conter drenagens
ordens inferiores a ela, sendo formada após a confluência de duas drenagens de 4ª
ordem.
A metodologia de Robert E. Horton (1980) possui a mesma forma de
ordenamento, mudando somente a composição da extensão de suas drenagens, desta
forma a 1ª Ordem não possui tributários, no momento em que ocorrer a confluência de
uma drenagem de 1ª Ordem, resultaria na geração de uma drenagem de 2ª Ordem que
se estenderia do início da confluência até que ocorra a geração de outra drenagem de 2ª
Ordem, resultando na geração da 3ª Ordem, que se estenderia do início da drenagem,
até encontrar uma ordem igual, que resultaria no aumento da ordem, seguiu esse
modelo até a 5ª Ordem que classificou o canal principal do seu início ao fim.
Com isso, foi-se classificando as ordens de drenagens através de cores, e
distinguindo a quantidade de drenagem de cada metodologia através da divisão
da área da bacia entre Alto Curso, Médio Curso e Baixo Curso, possibilitando uma
comparação mais apurada dos dados.
286
por cor, sendo que a drenagem de 5ª representa o maior canal da bacia hidrográfica, o
canal principal (Figura 1).
Por meio da divisão dos cursos da bacia, deu-se a soma de todas as drenagens dos
três cursos distintos, obteve-se um quociente de 330 drenagens contidas no alto curso
da bacia, 507 no médio curso e, 106 drenagens no decorrer do baixo curso, totalizando
941 drenagens (Quadro 1). As drenagens da microbacia hidrográfica, divididas em
ordens, contabilizaram cerca de 758 drenagens de 1ª ordem, 149 drenagens de 2ª, 28 de
3ª, 5 de 4ª e, 1 de 5ª ordem (Quadro 1).
Sendo assim, teve-se no alto curso um total de 262 drenagens de 1ª ordem, que
geraram 54 de 2ª ordem, as drenagens de 2ª ordem geraram 11 de 3ª ordem, as de 3ª
ordem criaram 2 de 4ª ordem e, por fim, ocorreu a criação de 1 drenagem de 5ª ordem
(Quadro 1).
No médio curso da bacia, totalizou-se cerca de 413 drenagens de 1ª ordem,
resultando em 76 de 2ª ordem, a de 2ª gerou 14 de 3ª ordem, a de 3ª ordem possibilitou
a criação de 3 de 4ª ordem e, todos esses arranjos fluviais, permitiram a formação 1 de
5ª ordem (Quadro 1).
Por último, o baixo curso obteve um total de 83 de drenagens de 1ª ordem,
criando 19 de 2ª ordem, o desenvolvimento das drenagens de 2ª ordem propiciaram a
criação de 3 de 3ª ordem, que não geraram nenhuma drenagem de 4ª ordem. No baixo
curso da bacia, tem-se o canal principal de 5ª ordem, sendo este a maior ordem de
todos os cursos (Quadro 1).
A microbacia conta com uma extensão de 87,254 km de drenagens de 1ª ordem,
21,302 km de 2ª ordem, 5,696 km de 3ª ordem, 2,034 km de 4ª e 11,107 km de 5ª ordem,
sendo a última ordem a maior. O alto curso possui um total de 44,148 km de extensão
de drenagens, o médio 61,983 km e o baixo 19,254 km com o total de 127,4 km (Quadro
1).
287
Quadro 1 – Somatório, Extensão (km) e Média de Comprimento de Drenagens de
Arthur N. Strahler (1952).
Alto Curso Somatório Comprimento Média
262 32,873km 125m
1ª Ordem
11 2,901km 263m
3ª Ordem
2 1,218km 609m
4ª Ordem
1 0,099km 99m
5ª Ordem
330 44,961km
Total
76 140m
2ª Ordem 10,698km
14 174m
3ª Ordem 2,438km
3 272m
4ª Ordem 0,816km
1 5.081m
5ª Ordem 5,081km
507 63,527km
Total
19 2,734km 143m
2ª Ordem
3 0,347km 782m
3ª Ordem
0 -----------
4ª Ordem
1 5,927km 5.927m
5ª Ordem
106 18,895km
Total
Total de Drenagens
288
de comprimento para a 5ª ordem. O médio curso da microbacia apresentou uma média
de drenagens na 1ª ordem de 107m até 5.080m para as drenagens de 5ª ordem. O baixo
curso obteve-se uma média de 119m na 1ª ordem até 5.927m para a 5ª ordem (Quadro
1)
Total 90 19,253km
290
1.4 – Comparação entre Resultados de Hierarquização
54 7,870km 145m
2ª Ordem
11 2,901km 263m
3ª Ordem
2 1,218km 609m
4ª Ordem
1 0,099km 99m
5ª Ordem
Somatório Comprimento
Médio Curso Média
76 10,698km 140m
2ª Ordem
14 2,438km 174m
3ª Ordem
3 0,816km 272m
4ª Ordem
1 5,081km 5.081m
5ª Ordem
O relevo nesse curso é mais trabalhado comparado com o alto e baixo, possuindo
drenagens mais longas e em maior quantidade, a formação de drenagens é influenciada
pela geomorfologia da área, desta forma, tem-se a presença de 415 drenagens de acordo
com Strahler (1952) ou 415 de acordo com Horton (1952).
292
O comprimento de drenagens no alto curso possui cerca de 63,527km ou
61,783km de comprimento de drenagem, esse valor de comprimento varia de acordo
com o método de hierarquização, porém, ambos representam o grau de ramificação
do curso, no qual as ordens de 1ª e 2ª apresentam o maior índice de comprimento.
Comparado com o alto curso, tem-se a uma maior quantidade de drenagem que
consequentemente aumenta o valor de comprimento no curso.
A média das drenagens varia entre 1.154m no primeiro método (Strahler) e
1.209m no segundo (Horton), essa variação média ocorre principalmente pela forma de
hierarquização e pela geomorfologia mais trabalhada, que permite o desenvolvimento
de drenagens com maior comprimento.
3. CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERENCIAS
TUCCI, C. E. M. Água no meio urbano: Livro da água doce - cap 14. Instituto de
pesquisa hidráulica. UFGRS – Porto Alegre- RS: 1997. 10.
294
ANÁLISE DO USO E OCUPAÇÃO DA TERRA DA MICROBACIA
HIDROGRÁFICA DA LARANJEIRAS, MARABÁ/PA
INTRODUÇÃO
296
DESENVOLVIMENTO
298
Solo Exposto: Área onde a vegetação
foi retirada para uso antrópico. Em
alguns lugares, pode-se observar um
avançado estágio de degradação.
Fonte: http://laboratoriocartografia.blogspot.com/
Fonte: https://www.em.com.br/
299
Figura 2 – Carta de Uso e Ocupação da Terra da microbacia hidrográfica da Laranjeiras,
Marabá/ PA
300
mas, em que se encontram pequenas vegetações, resumindo-se, de maneira geral, em
gramíneas e arbustos, na classe de vegetação densa são identificadas árvores de grande
porte localizadas na área do aeroporto municipal João Correa da Rocha, no qual, o
acesso é restrito.
Por fim, o desenvolvimento do uso e ocupação da terra permitiu a quantificação
das 4 classes (Tabela 1), assim como a formação de mais duas classes de análise (Tabela
2), possibilitando a criação de uma base dados sobre a distribuição da ocupação da
microbacia hidrográfica, expondo a situação na qual encontra-se a mesma.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERENCIAS
ELIAS, M. 2005. GIS and Remote Sensing for Natural Resource Survey and gement.
Global Scan Technologies. Dubai, 2005.
301
LEFF, E. Epistemologia ambiental. São Paulo, Cortez, 2007.
PIRES, J.S.R & SANTOS, J.E. Bacias Hidrográficas, Integração entre meio ambiente e
desenvolvimento. Ciência Hoje. 1995.
302
PLANEJAMENTO E GESTÃO DE RECURSOS HÍDRICOS: A APLICABILIDADE
DAS LEIS NA GROTA DA LARANJEIRAS EM MARABÁ/PA.
INTRODUÇÃO
304
A característica principal do município de Marabá dá-se pela grande produção
de pecuária extensiva e produção de minério, sendo este último responsável pela
tentativa de implantação de um grande projeto de siderurgia com a Aços Laminados
do Pará – ALPA, em 2009, em um momento que o país não se encontrava estável
financeiramente. Assim, com a proposta deste grande empreendimento, que geraria
muitos empregos, a cidade cresceu exponencialmente e a especulação imobiliária deu
um enorme salto.
Todo esse crescimento exponencial e aumento da especulação imobiliária fez
com que a cidade se expandisse e começassem a surgir ocupações desordenadas em
alguns pontos. A situação piorou quando a implantação do empreendimento não saiu
do papel, o número populacional ainda era exorbitante e não havia emprego para
todos, nem moradias. Deste modo, o processo de ocupação intensificou-se, tornando
mais acelerado e desordenado o modo com o qual a cidade urbanizava-se, sem que a
gestão pública conseguisse fazer algo.
Dividida por dois caudalosos rios, Itacaiúnas e Tocantins, a cidade contém
diversos tributários dispostos nos núcleos urbanos que desaguam nestes dois corpos
hídricos maiores, sendo eles os principais destinos para as ocupações por serem
áreas rebaixadas e de menor valor monetário para os grandes investidores, devido ao
aumento do nível das águas no período de maior precipitação amazônica.
Logo, tem-se um processo desenfreado de ocupações ao longo dos leitos das
microbacias urbanas, presentes dentro limite territorial municipal, desta forma, o autor
Souza Júnior (2004) afirma que os recursos hídricos são o destino final dos efluentes
líquidos e sólidos gerados por ações antrópicas que visam o desenvolvimento da
sociedade, refletindo os problemas ambientais.
Conforme afirma Beltrame (1994), a análise da real situação dos recursos
naturais, em um recorte espacial, é um instrumento essencial para realizar ações que
possam efetivar as políticas de preservação e conservação deste dado recurso. Partindo
desse pressuposto, o presente trabalho busca elaborar um diagnóstico da Grota da
Laranjeiras, abrindo uma discussão sobre as atividades de gestão nas microbacias, no
âmbito da cidade, discorrendo principalmente sobre as leis que regem sua preservação
e conservação, indo de encontro com a real situação dos corpos hídricos.
Assim, este estudo foi realizado na microbacia urbana, presente no Núcleo
Cidade Nova, visando compreender suas dinâmicas naturais e, com a ação antrópica,
depreender de como os cursos hídricos respondem a este contato, apurando a real
situação do curso hídrico e verificando quais medidas de proteção, conservação e
qualificação são aplicadas pelo Poder Público, visando a melhor qualidade da água,
da vegetação e da população do entorno.
305
Mapa 2 – Carta Hidrográfica da Microbacia
DESENVOLVIMENTO
A água sempre foi um bem essencial para a vida, desde os primórdios até
chegar-se no momento atual, onde a proteção deste bem é de vital importância para
a sobrevivência das gerações atuais e futuras. Tem-se, deste modo, a necessidade
proteger estes recursos afim de, além de protegê-los, efetivar seu uso de modo
controlado, beneficiando a todos.
A região Norte do país é a mais privilegiada em termos hídricos, sendo sua
extensão territorial cortada por rios e igarapés. Entretanto, mesmo com essa vasta
quantidade hídrica, são poucos os que possuem suas áreas preservadas e suas águas
tratadas. A falta de informações e de ações federais, estaduais e municipais, colocam a
qualidade destes corpos hídricos em discussão.
306
Art. 2º São objetivos da Política Nacional de Recursos Hídricos:
I - assegurar à atual e às futuras gerações a necessária disponibilidade de
água, em padrões de qualidade adequados aos respectivos usos;
I - a utilização racional e integrada dos recursos hídricos, incluindo o
transporte aquaviário, com vistas ao desenvolvimento sustentável;
III - a prevenção e a defesa contra eventos hidrológicos críticos de origem
natural ou decorrentes do uso inadequado dos recursos naturais.
IV - incentivar e promover a captação, a preservação e o aproveitamento de
águas pluviais.
307
Art. 114. A política municipal para o uso dos recursos hídricos do
município de Marabá, caracteriza-se pelo conjunto de princípios, objetivos
e instrumentos de ação fixados nesta Lei e em concordância com a
legislação municipal específica, destinados a garantir o uso ecologicamente
adequado dos recursos hídricos, compatibilizando tal uso com as políticas
de desenvolvimento sustentável, buscando valorizar o conhecimento local
acerca do manejo desses recursos. (BRASIL, 2018)
Assim, o Plano Diretor destaca objetivos, dispostos em lei, para gerir o proteger
os recursos hídricos municipais. Suas normativas dispõem sobre a compatibilização
do desenvolvimento socioeconômico nas bacias hidrográficas, de domínio municipal,
usando os recursos hídricos de modo sustentável, visando o bem comum; a determinação
critérios de qualidade para uso e manejo, utilizando-se de inovações tecnológicas, com
o intuito de amenizar os impactos ambientais antrópicos, em consenso com o Plano
Nacional de Recursos Hídricos (PNRH); a viabilidade de capacitação para gestores e
agentes, recorrendo a programas de educação ambiental, essencialmente aqueles que
tratam do uso sustentável da água; a identificação das bacias hidrográficas municipais,
constituindo comitês de bacias hidrográficas; a garantia de recuperação, conservação e
manutenção das bacias hidrográficas dos rios Itacaiúnas e Tocantins; a constituição de
um programa de proteção dos corpos hídricos com instituições e sociedade civil, com
o propósito de preservar os cursos e suas margens, conscientizando a população para
conservação e fiscalização.
Considerando que o Plano Diretor é o arcabouço de leis que deve reger e
estabelecer parâmetros, definindo políticas e diretrizes específicas para elaboração de
normas e planos especiais que possam discutir, de forma mais aprofundada, sobre
pontos necessários para que se efetive a melhor gestão do município, estabeleceu-se,
na lei, a constituição de um plano e formação de um comitê que discuta sobre os cursos
hídricos.
O gerenciamento dos recursos hídricos, utilizando-se dos Comitês de Bacias
Hidrográficas é, segundo Nascimento & Vilaça (2008), um método de unir, em torno
de um mesmo fim, todos os domínios governamentais, para solucionar os problemas,
executando parcerias de múltiplas instituições interessadas, de modo que sejam
comitês multidisciplinares.
Desta forma, ter-se-ia a construção do Plano de Proteção das Margens de Cursos
Hídricos, disposto no Plano Diretor de Marabá, sendo assim, uma junção de leis que
buscariam, principalmente, a preservação e revitalização das nascentes e demais
corpos hídricos, adequando os efluentes líquidos lançados nos cursos, estruturando
ambientalmente as margens de acordo com a legislação vigente, impermeabilizando
as margens, optando, principalmente, pela vegetação nativa e matas ciliares, coibindo
o lançamento de dejetos poluentes sólidos nos cursos hídricos e áreas de proteção,
inteirando e incluindo a população nas ações executadas.
309
Imagem 1 – Ponto A do canal (-5.376831,-49.128683)
310
Imagem 3 – Ponto C do canal (-5.377116, -49.127821)
311
Imagem 5 – Ponto E do canal (-5.377570, -49.124723)
CONSIDERAÇÕES FINAIS
312
quediscutam sobre a qualidade da água, a preservação e conservação das matas ciliares.
Faz-se importante um convênio com as Universidades e/ou grupos que atuem na
área, para a elaboração de projetos sustentáveis nos cursos hídricos.
Com o término deste trabalho, podemos pensar em como a gestão municipal
vem lidando com suas bacias hidrográficas urbanas, desde sua proteção com atividades
de gestão, até sua recuperação e revitalização com planos de manejo.
Podemos refletir sobre as prioridades que a gestão municipal atribui como
prioritárias, deixando sempre o menos importante para depois. As microbacias
hidrográficas, presentes com fervor dentro do ambiente urbano de Marabá, sofrem
com o descaso tanto da gestão, com a ineficiência na aplicabilidade de suas políticas
públicas estabelecidas para corpos d’água, quanto da população, que diariamente
polui nosso bem mais precioso.
REFERENCIAS
BRASIL. Lei 9.433/1997. Plano Nacional dos Recursos Hídricos [on line] https://
www.ana.gov.br/todos-os-documentos-do-portal/documentos-sre/alocacao-de-
agua/oficina-escassez-hidrica/legislacao-sobre-escassez-hidrica/uniao/lei-no-9433-
1997-pnrh/@@download/file/LEI_9433_97_PNRH%20SNGRH.pdf
BRASIL. Lei 17.846/2018. Plano Diretor Participativo de Marabá [on line] http://www.
governotransparente.com.br/transparencia/documentos/4466490/download/29/Pl
ano_Diretor_Participativo_%2017.846_Mar%C3%A7o_2018.pdf
SILVA, M. A. R.. Economia dos recursos naturais. In: Economia do meio ambiente:
Teoria e prática. Rio de Janeiro: Editora Campos, 2003.
INTRODUÇÃO
MATERIAL E MÉTODOS
315
Figura 1 – Mapa de localização geográfica da microbacia do igarapé Água Boa do Bom
Intento, Boa Vista - RR
A área limite da bacia foi elaborada seguindo a delimitação mais usual e correta,
que a de topos de curva de nível, ou seja, divisores de águas. A partir daí constituiu-se
o limite da área da bacia em estudo.
As altitudes e declividades máximas médias e mínimas foram obtidas
automaticamente pelo software através do modelo digital de elevação. O perímetro
também foi obtido automaticamente pelo software quando se gerou a bacia de estudo.
Para classificação das declividades na bacia foram utilizados seis intervalos distintos
de classes, de acordo com o Sistema Brasileiro de Classificação de Solos (EMBRAPA,
2009). O ordenamento dos cursos d’água foi realizado considerando a metodologia de
hierarquização
fluvial estabelecida por Strahler (1957). Neste trabalho, utilizou-se o formato de
arquivo shapefile (shp), que é amplamente utilizado em ferramentas de SIG.
316
segunda ordem surgem da confluência de dois canais de primeira ordem, e só recebem
afluentes de primeira ordem; os canais de terceira ordem surgem da confluência de
dois canais de segunda ordem, podendo receber afluentes de segunda e primeira
ordens; os canais de quarta ordem surgem da confluência de dois canais de terceira
ordem, podendo receber tributários das ordens inferiores e assim sucessivamente.
Área da bacia (A): A área da bacia será medida em quilômetros quadrados
(km2).
Comprimento do canal principal (Ccp): Distância da foz até a nascente mais
distante da mesma em quilômetros (km).
Comprimento do eixo da bacia (Cb): É a maior distância em linha reta de
determinado ponto situado ao longo do perímetro da bacia a desembocadura. O
comprimento é medido em quilômetros (km).
Gradiente dos canais (Gc): É dado pela relação entre a altitude máxima da
bacia e o comprimento do canal principal. Gc = Amax/Ccp, onde: Gc = gradiente de
canais em m/km; Amax = altitude máxima da bacia (m); Ccp = comprimento do canal
principal (km).
Fator de forma (Ff): Relaciona a forma da bacia com a de um retângulo,
correspondendo à razão entre a largura média e o comprimento axial (eixo) da bacia
(linha reta da foz ao ponto mais longínquo do espigão). Ff = A/Cb2, onde: Ff = fator
de forma (adimensional); A = área total da bacia (km2); Cb = comprimento do eixo da
bacia (km).
Índice de circularidade (Ic): Assim como o coeficiente de compacidade, relaciona
a forma da bacia com um círculo. Ic = (12,57 x A)/P2 onde: Ic = índice de circularidade
(adimensional); A = área total da bacia (km2); P = perímetro da bacia (km).
Coeficiente de compacidade (kc): Relaciona a forma da bacia com um círculo.
É um número adimensional que varia com a forma da bacia, independentemente de
seu tamanho. Constitui a relação entre o perímetro da bacia e a circunferência de um
círculo de área igual à da bacia. Kc = 0,28xP/√A, onde: Kc = coeficiente de compacidade
(adimensional); P = perímetro (km); A = área total da bacia (km2).
Densidade hidrográfica (Dh): Relaciona o número de rios ou canais com a área
da bacia. Dh = N/A, onde: Dh = densidade hidrográfica; N = número total de rios ou
canais;A = área total da bacia (km2).
Amplitude altimétrica máxima da bacia (Hm): Diferença altimétrica entre a
altitude da foz (m) e a altitude do ponto mais alto do divisor topográfico (m).
Índice de sinuosidade (Is) segundo Strahler, (1952 apud Christofoletti, 1980): É a
relação entre o comprimento do canal principal e a distância vetorial do canal principal.
Is = L/Ceb, onde: Is = índice de sinuosidade (adimensional); L = comprimento do
canal principal (km); Ceb = comprimento do eixo bacia (km).
Índice de sinuosidade (Is) segundo Pissara (2004 apud Lira, Nascimento e
Almeida, 2012): O índice de sinuosidade é a relação entre a distância da desembocadura
do rio e a nascente (equivalente vetorial), medida em linha reta (Ceb), e o comprimento
do canal principal (L). Is = 100(L – Ceb)/L, onde: Is = índice de sinuosidade
(adimensional); L = comprimento do canal principal (km); Ceb = comprimento do eixo
bacia (km).
Relação de relevo (Rr): É a relação entre a amplitude altimétrica da bacia e
o comprimento do canal principal. Rr = Hm/Cb, onde: Rr = Relação de relevo (m/
km); Hm = amplitude altimétrica máxima da bacia (m); Ccp = comprimento do canal
principal (km).
317
Densidade de drenagem (Dd): É a relação entre o comprimento total de canais
e a área da bacia e para seu cálculo, devem-se considerar todos os rios tanto os
perenes como os temporários. Dd = Lt/A, onde: Dd = densidade de drenagem; Lt =
comprimento total dos canais (km); A= área total da bacia (km2).
C oeficiente de manutenção (Cm): Representa a área necessária que a bacia deve ter
para manter perene cada metro quadrado, para sustentar um metro linear de canal de
drenagem. Cm = 1/Dd*1000, onde: Cm = coeficiente de manutenção; Dd = coeficiente
de densidade de drenagem (km).
Índice de rugosidade (Ir): O índice de rugosidade combina as variáveis,
declividade e comprimento das vertentes com a densidade de drenagem, expressando-
se como número adimensional que resulta do produto entre a amplitude altimétrica
(Hm) e a densidade de drenagem (Dd). Ir = HmxDd; onde: Ir = índice de rugosidade
Hm= amplitude altimétrica (m); Dd= densidade de drenagem (m).
Comprimento médio dos canais (Lm): Lm =Lu/Nu, onde: Lm = comprimento
médio dos canais; Lu = extensão total dos cursos d’água; Nu = número total de cursos
d’água.
Relação de bifurcação (Rb): Relação entre o número total de segmentos de
determinada ordem e o número total dos segmentos da ordem imediatamente superior.
Rb = Nw/Nw+1, onde: Rb = Relação de bifurcação; Nw = número de seguimentos
de determinada ordem; Nw+1 = número de seguimentos da ordem imediatamente
superior.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Figura 2 - Ordem dos canais da micro bacia hidrográfica do igarapé Água Boa do Bom
Intento, Boa Vista – RR.
318
O total é de 36 canais, dos quais 75,00% são de primeira ordem, 22,23% de
segunda ordem e 2,77% de terceira ordem. Os canais de 1º ordem são a maior parte dos
canais, com comprimento médio de 3,26 km, indicando grande área de captação com
baixa declividade e pequena grande extensão a ser percorrida pela água até os canais
de ordens superiores.
319
A classificação e denominação da bacia de estudo será a proposta apresentada
por Calil et al (2012) e Teodoro et al. (2007), onde microbacia é formada por canais de
1ª, 2ª e até 3ª ordem. Tonello et al (2006) também corrobora com essa definição, onde
sistemas de drenagem que apresentam ordenamento inferior a ou igual a quatro são
comuns em pequenas bacias hidrográficas.
O coeficiente de compacidade (Kc) é um coeficiente adimensional que varia de
acordo com a forma da bacia, independente do seu tamanho. Quanto mais irregular
(Kc> 1) for a forma da bacia, maior será o coeficiente de compacidade. Um coeficiente
maior ou igual a 1 (Kc≤ 1), corresponderia a uma bacia circular. Quanto mais próximo
da unidade maior a possibilidade de uma bacia ser susceptível a enchentes. O
coeficiente de compacidade da bacia em estudo é de 1,84, sendo considerada esta bacia
como alongada e menos sujeitas a eventos de enchentes, em condições normais de
precipitação.
De acordo com o Fator de forma (Ff) a microbacia apresentou um valor de 0,32 ou
seja, próximo de 0, sendo assim, pode-se classificá-la como uma rede de drenagem com
tendência a ser alongada. Valores próximos a 1,0, indicam bacias circulares. Segundo
Cardoso et al, (2006) quanto menor o fator de forma, menos sujeitas a enchentes estão
a bacias em condições normais de precipitação.
Outro fator que reforça que a bacia é menos sujeita a enchentes é o índice de
circularidade (Ic), uma vez que índices próximos de 1, tende a forma circular e quanto
menor a medida, mais próxima de se tornar alongada. O índice de circularidade
encontrado foi de 0,28, caracterizando-se assim a bacia como alongada/retangular,
possuindo menor concentração de deflúvio.
Com o mapeamento das áreas propensas a inundações (planície de inundação) é
possível a orientação quanto ao planejamento territorial e ambiental, contraindicando
o estabelecimento destes espaços com construções de residências, benfeitorias rurais e
plantações.
O gradiente dos canais é de 2,79%, classificando o relevo como “plano” de acordo
com as classes de declividades e tipos de relevo do Sistema Brasileiro de Classificação
de Solos da EMBRAPA (1999). O igarapé apresenta calhas rasas, de leito arenoso e de
pouca turbulência de fluxo. Estas alterações refletem em alternância de processos de
transporte e deposição de sedimentos.
Em termos de características de relevo, a microbacia do igarapé Água Boa do
Bom Intento apresenta altitude máxima do ponto mais alto do divisor topográfico de
89,99 metros de altura e altitude na foz de 63,05 metros de altura ao nível do mar, sendo
a amplitude altimétrica (Hm) da bacia de 26,94 metros, indicando um relevo plano a
suave ondulado, o que influencia em uma maior radiação, maior evapotranspiração e
maior temperatura, menores velocidades de escoamento superficial sobre os terrenos,
resultando em uma rede de drenagem pouco ramificada, de pequeno comprimento e
de menor ordem.
Pelo valor encontrado de 0,92 m/m em Relação de relevo (Rr), verifica-se que, a
bacia em estudo, apresenta menor escoamento superficial de suas águas, devido o relevo
mais plano e pouco susceptível a enchentes em condições normais de precipitação.
As redes de drenagem das ramificações de 1ª e 2ª ordem apresentam um padrão
paralelo ao igarapé principal, presentes em Argissolos Acinzentados em relevos planos
a suavemente ondulados. Nos Latossolos Amarelos há menor presença de canais de
dissecação do relevo, predominando os de 2ª ordem.
Nos Latossolos, o intemperismo é mais avançado, sendo a superfície
desenvolvida sob condição de maior permeabilidade, manifestando-se, portanto, uma
drenagem menos dissecada nas partes mais baixas da bacia hidrográfica.
O índice de rugosidade (Ir) apresentou coeficiente baixo, com 0,01 o qual pode
confirmar o reflexo da amplitude altimétrica e densidade de drenagem, indicando
vertentes de baixa declividade e de pouca extensão.
320
O índice de sinuosidade (Is) de 1,11, caracteriza redes de drenagem retilíneas,
onde a o arraste de sedimentos está em constante movimento, com poucos pontos
de acumulação, podendo ser agravado pela ação antrópica. Valores de Is próximos a
unidade indicam canais retilíneos, valores de Is superiores a 2 indicam canais sinuosos
e os valores intermediários indicam formas transicionais. O índice de sinuosidade nos
mostra também que o canal do igarapé favorece um maior transporte de sedimentos
e tem pouca capacidade de retenção de água em sua calha, reduzindo o pico de cheia
na bacia, principalmente quando os períodos de chuvas diminuem, o qual se inicia em
outubro.
Sistemas de drenagem com canais de tendência retilínea tendem a apresentar
fluxo de água mais rápido (NARDINI et al., 2013) e maior transporte de sedimentos.
Na microbacia do igarapé Água Boa do Bom Intento, apesar da tendência retilínea dos
canais de drenagem, a velocidade do escoamento e seu potencial erosivo são atenuados
devido à baixa declividade, porém os tipos de solos apresentados na área da bacia,
contribuem para a possibilidade do desencadeamento de processos erosivos.
A densidade da drenagem (Dd) tem várias atuações na dinâmica de uma bacia
hidrográfica, pois resulta da inter-relação entre o clima, a vegetação e a sua litologia.
O cálculo da densidade de drenagem (Dd) considerou toda a rede de drenagem,
correlacionando-a com a área total da bacia. Na bacia em estudo, o valor da densidade
de drenagem é de 0,48 km de canais/km2. Valores menores que 0,5 km/km2 são bacias
que apresentam baixa densidade de drenagem, indicando que na bacia de estudo,
possui baixa capacidade de escoamento superficial e maior infiltração (permeabilidade),
devido provavelmente, ao relevo plano da área. O estudo da densidade de drenagem
por curso confirma esta tendência de baixa capacidade de drenagem, sendo os valores
para alto, médio e baixo curso 0,45, 0,41 e 0,48 km/km2 respectivamente.
A densidade hidrográfica (Dh) é de 0,10 canal/km2, índice considerado muito
baixo, ou seja, um valor bem abaixo de 1 canal/km2 caracterizando que na bacia em
estudo, os canais estão em processo de formação e expansão. O baixo índice de canais
informa que grande parte das gotas de chuva que cai na superfície do solo da bacia,
tem dificuldade de encontrar um canal e escoar.
O coeficiente de manutenção (Cm) representa a área mínima necessária, em
metros quadrados para a manutenção de um metro de canal de escoamento, e aumenta
na medida em que o relevo se torna mais plano. Como a bacia é de tipologia plana,
menor a quantidade de canais de drenagem, principalmente onde se encontram os
Argissolos Amarelo. Em solos planos quando ocorrem chuvas de grande intensidade,
concentrando as águas superficiais, forma fluxos preferenciais, gerando desta forma,
os canais que compõem a rede de drenagem, diferente do que ocorre em relevos
acidentados, onde o escoamento superficial tende a seguir a declividades natural
do terreno, escavando o solo nos pontos de menor resistência ao cisalhamento,
proporcionando uma concentração maior de canais naturais e, por sua vez, maior
densidade de drenagem.
Em termos de balanço hidrodinâmico, o resultado obtido do coeficiente de
manutenção (Cm) é de 2.080 m2/m de área para manter perene cada metro de canal da
microbacia do igarapé Água Boa do Bom Intento.
O padrão de drenagem da microbacia do igarapé Água Boa do Bom Intento
é enquadrado como dentrítico ou arborescente. De acordo com Christofoletti (1980),
esse padrão é tipicamente desenvolvido sobre rochas de resistência uniforme, ou em
estruturas sedimentares horizontais, como ocorre na área de estudo, com presença de
fração argila, ou seja, com a dominância de caulinitas seguidas de oxihidróxidos de
ferro e alumínio.
Quanto a relação de bifurcação (Rb) os maiores valores foram os de drenagem
de segunda ordem em relação a de terceira ordem, devido à grande quantidade de
321
seguimentos de baixa hierarquia fluvial. Os valores para segunda ordem são de 3,37 e a
de terceira ordem 8,00. Esses valores de bifurcação indicam que nas áreas de nascentes
o relevo é medianamente dissecado, presente em um relevo bastante plano, enquanto
no médio ao baixo curso as áreas são fortemente dissecadas, com colinas suaves e
relevos planos a levemente ondulados.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS
322
CARDOSO, C. A.; DIAS, H. C. T.; SOARES, C. P. B.; MARTINS, S. V. Caracterização
morfológica da bacia hidrográfica do rio Debossan, RJ. Revista Árvore, Viçosa-MG,
v.30, n.2, p.241-248, 2006.
NARDINI, R. C.; POLLO, R. A.; CAMPOS, S.; BARROS, Z. X.; CARDOSO, L. G.;
GOMES, L. N. Análise morfométrica e simulação das áreas de preservação permanente
de uma microbacia hidrográfica. IN: Irriga, Botucatu, v. 18, n. 4, p. 687-699, 2013
323
TRAJANO, S. R. R. S.; SPADOTTO, C. A.; HOLLER, W. A.; DALTIO J.; MARTINHO,
P. R. R.; FOIS, N. S.; SANTOS, B. B. O.; TOSCHI, H. H.; LISBOA, F. S. Análise
morfométrica de bacia hidrográfica: subsídios para gestão territorial, estudo de caso
no alto e médio Mamanguape. Campinas – SP: Boletim de pesquisa e desenvolvimento
2. EMBRAPA Gestão Territorial. 2012.
324
ANÁLISE MULTITEMPORAL DO USO E OCUPAÇÃO DO SOLO NA ALTA
BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO CORRENTE (GO) COM BASE NO USO DE
GEOTECNOLOGIAS
INTRODUÇÃO
Conforme Santos (2016) a distribuição hídrica, a perda de sedimentos e os
processos erosivos estão intimamente ligados aos padrões de ocupação do solo. A
geração de um banco de dados multitemporal é importante para saber onde estão
acontecendo os agravos, a partir dos dados da dinâmica do uso e ocupação do solo.
Ao metrificar e mapear a superfície terrestre por meio de monitoramento detecta-se
facilmente onde estão acontecendo os agravos no ecossistema, ponderar sua evolução
com base primária na análise para planejamento em prol do desenvolvimento
sustentável. Ao examinar os dados de uso e ocupação do solo no período investigado,
fica fácil prever quais são os serviços necessários para a melhoria hídrica, a mitigação
referente à perda de sedimento, as medidas de proteção às cavernas e quais locais são
de potencial risco ambiental, quando se sabe onde estão acontecendo os impactos.
A plataforma do Sistema de Informação Geográfica (SIG) é ideal para inclusão
de ferramentas, elaboradas a partir de algoritmos, sendo que tudo depende do tipo e
entrada de dados e do produto que desejamos obter (VIGIAK et al., 2017). A Soil and Water
Assessment Tool (SWAT) uma solução geotecnológica que opera em base física, semi e/
ou distribuída, com interface vinculada a plataforma ArcMap da Enviromental Systems
Research Institute (ESRI®), que ampliam o leque dos problemas a serem processados,
permitindo maior agilidade no tratamento de dados espaciais e multitemporais. A
ferramenta SWAT emprega grande quantidade de dados geoespaciais para a entrada,
são computacionalmente eficazes para quantificação, metrificação e espacialização dos
processos que assolam trechos do karst da Alta Bacia Hidrográfica do Rio Corrente
(ABRC) (Figura 1).
É adequado para planejar, monitorar e avaliar na escala de bacia hidrográfica.
Propiciam ações essenciais à reorientação das práticas envolvendo as cavernas, os
recursos hídricos e uso do solo, beneficiadas por uma visão que incorpora a análise
da dinâmica espacial e ambiental. De acordo com Bressiani et al. (2015), com o avanço
tecnológico e o aumento da capacidade no processamento dos modelos e/ou simulação
de fontes, beneficiou ao emprego da ferramenta SWAT.
1
UnB - Universidade de Brasília. E-mail: ludmagna@hotmail.com
2
Universidade Federal de Uberlândia. E-mail: vaniasfigueiredo@gmail.com
325
Figura 1 - Municípios contidos na ABRC e na APA Nascentes do Rio Vermelho (ANRV).
DESENVOLVIMENTO
1.1 Metodologia
Figura 2 - Curvas extraídas da SRTM gerada a partir da imagem ALOS PALSAR (12m).
327
ASPECTOS FISIOGRÁFICOS DA ÁREA
328
do script disponibilizado pelo próprio @Mapbiomas. Os resultados visualmente já
demonstram aumento significativo da agropecuária enquanto às espécies florestais,
naturais ou não florestais, vem diminuindo progressivamente.
DELIMITAÇÃO DE BACIAS
329
Figura 4 - Representação gráfica das sub-bacias da área estudada.
330
transformadas em NODATA. Esta é a questão lógica: o velho IF > ELSE. O próximo
passo consistiu em redigir essa informação na linguagem do computador (expressão
matemática).
PS:. O comando Stream Definition, não é executado por outros meios de pesquisa.
Deve ser rodado uma rotina em ambiente SQL Server, através do comando no ArcMap
> raster calculation. No manual da ESRI explica melhor o procedimento.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
332
Os resultados gráficos do uso e cobertura do solo entre 1980 a 2017 (Figura
7) demonstraram uma redução significativa do cerrado entre 1980 a 2000, uma
estabilização em 2010, aumento de 2010 a 2016, seguida novamente de uma queda
agressiva entre 2016 a 2017, atingindo seu menor pico em 2000 com apenas 29,45%
da área da bacia, refletindo um comportamento inverso com relação ao Mosaico da
Agropecuária, que atingiu seu maior pico em 2000, com 11,38%. A Formação Florestal
apresentou estabilidade em sua perda ao longo das décadas, mantendo uma média de
11,13%. Já a área urbana, que apresentou valores inexpressivos, igual a 0% entre 1970
a 2010, demonstrou aumento apenas em 2015, igual 0,15%. Quanto à representação
espacial da área, do meio natural o destaque identificou-se a feição savana e campestre.
Quanto ao meio artificial, a pastagem apresentou crescimento. A Figura 8 apresenta
os mosaicos com maior e menor destaque, sobressaindo visualmente o meio natural
sobre o artificial.
Figura 8 - Área (km2) dos dados da cobertura do solo elaborado pelo @MapBiomas
2019.
333
O cerrado (Formação Savânica) obteve o maior percentual de perda e o maior percentual
de aumento foi à agropecuária. A partir desta classificação, foi possível comparar o
grau de preservação e degradação, acompanhando a evolução das áreas por classes.
Nº UniClass Classe R G B
None
1 Área Urbana 244 204 204
Infraestrutura
Formação Florestal
2 Floresta 150 255 100
Outra formação
334
Tabela 3 - Percentual/ano da reclassificação da cobertura do solo @MapBiomas 2019.
Nº UniClass 1980% 1990% 2000% 2010% 2015% 2016% 2017%
1 Área Urbana 0,04 0,08 0,09 0,12 0,15 0,13 0,14
2 Floresta 9,92 12,40 13,03 9,56 11,51 10,77 9,51
3 Formação Savânica 38,02 35,76 29,45 31,44 33,00 37,43 34,01
4 Formação Campestre 27,24 30,89 31,46 30,12 25,03 22,93 23,43
5 Agropecuária 24,74 20,82 25,94 28,49 30,03 28,44 32,60
6 Reservatórios 0,04 0,05 0,03 0,27 0,29 0,30 0,31
Fonte: Org.; ARAÚJO, L. P de (2019).
Com intuito de analisar o percentual de degradação ambiental de cada classe entre 1980
a 2017, os valores das classes: Classe Indefinida foi somada a Infraestrutura Urbana.
Na Tabela 4 temos a distinção às classes dos recursos naturais e antrópicos e na Tabela
5 estão enumeradas e ordenadas às classes que não e as que foram unidas conforme
essa distinção e a balança do equilíbrio ambiental.
Tabela 5 - Classes dos recursos naturais as que sofreram alteração pelo homem
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
ALMEIDA, L.; RESENDE, L.; RODRIGUES, A. P.; CAMPOS, G. J. E. In: GOIÁS (Estado).
Secretaria de Indústria e Comércio. Superintendência de Geologia e Mineração.
Hidrogeologia do Estado de Goiás. Por. 232 p.: il. (Série Geologia e Mineração, n. 1).
Goiânia, 2006.
ALOS PALSAR Global Radar Imagery, 2006-2011. Alaska Satellite Facility. Disponível
em: Site: https://www.asf.alaska.edu/sar-data/palsar/> Acesso em: 16 de Jul de 2019.
ArcSWAT | SWAT | Soil & Water Assessment Tool. Manual, download Software e
extensões. Site TAMU. Disponível em: https://swat.tamu.edu/software/archive/.
Acesso em: 15 de junho de 2019.
336
BRASIL. Ministério das Minas e Energia. Projeto Radambrasil. Folha SD. 22 Goiás.
Rio de Janeiro, 1981. (Levantamento de Recursos Naturais, 25).
TAMU. SWAT | Soil & Water Assessment Tool. Manual, Download Software e
extensões.Disponível em: <https://swat.tamu.edu/software/archive/> Acesso em:
15 de jun. de 2019.
337
VIGIAK, O.; MALAGO, A.; BOURAOUI, F. Modelling sediment fluxes in the Danube
River Basin with SWAT. Science of the Total Environment. Volume: 599. Páginas:
992-1012. Publicado: Dec 1 2017.
338
GESTÃO DE RECURSOS HÍDRICOS E O ZONEAMENTO ECOLÓGICO-ECONÔMICO
INTRODUÇÃO
340
político que por sua vez envolvem relações de processos produtivos com interesse nos
entes federativos nacional, regional e local.
Montaño e Souza (2016, p. 491), entende que o ZEE exerce o papel de visão geral
e clara de um determinado território, identificando seus potenciais naturais ou não
para implantar atividades, levando em consideração a aptidão das áreas designadas
para tal.
341
O Zoneamento Ecológico-Econômico do Estado do Amazonas é um instrumento de apoio
à elaboração, revisão e alteração dos Planos de Bacia Hidrográfica e do Plano Estadual de
Recursos Hídricos, ensejando sua organização a observância das seguintes regras (PERH,
2007).
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A crise hídrica é causada pelo uso desordenado em diferentes meios sociais, tais
usos, carecem de um controle ambiental para que o recurso assegure as presentes e
futuras gerações. A gestão integrada busca assegurar a preservação e a conservação dos
recursos hídricos, que sejam compatíveis com os usos de forma eficiente e equilibrado,
garantindo a sustentabilidade da região.
343
A metodologia usada para avaliar o panorama do zoneamento ecológico-
econômico como instrumento da Política Estadual de Recursos Hídricos do Amazonas
e a relação com a gestão, possibilitou entender as relações entre as formas de gestão e os
objetivos proposto nas legislações vigentes. Os critérios abordados deixam explícitos a
função do ZEE enquanto instrumento de planejamento, como método de análise para
elaboração de programas e governanças para diferentes usos, a fim de fortalecer as
discussões políticas.
A proposta do ZEE para a gestão hídrica é um paradigma para a administração,
mesmo tendo um ponto de partida para implementação o resultado final não é fixo,
pois, o meio ambiente está em constante alterações e a gestão dos recursos hídricos
deve se adaptar e corresponder a essas mudanças.
A PERH que assegura o ZEE como instrumento e outras legislações, permitiram
visualizar a carência de decisões públicas para a implantação, e muito ainda pode
ser feito para sua concretização, preferencialmente no que tangue a participação da
sociedade civil e setores públicos e privados.
4 REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BARROS, Marcio Vinicius Araújo. Ecological and economic zoning system as a tool
for environmental planning: references the national policy on environment and its
instruments – PNMA. Review Of Research, v. 4, n. 7, p. 1-12, 2015.
BRASIL. Lei 9.433 de 8 de janeiro de 1997. Dispõe sobre a Política Nacional de Recursos
Hídricos e o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos. Regulamenta
o inciso XIX do art. 21 da Constituição Federal, e altera o art. 1º da Lei nº 8.001, de 13 de
março de 1990, que modificou a Lei nº 7.990, de 28 de dezembro de 1989. Diário Oficial
da União, Brasília, 1997.
_______. Lei. Complementar 140 de 8 de dezembro de 2011. Fixa normas, nos termos
dos incisos III, VI e VII do caput e do parágrafo único do art. 23 da Constituição Federal,
para a cooperação entre a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios nas
ações administrativas decorrentes do exercício da competência comum relativas à
proteção das paisagens naturais notáveis, à proteção do meio ambiente, ao combate à
poluição em qualquer de suas formas e à preservação das florestas, da fauna e da flora;
e altera a Lei no 6.938, de 31 de agosto de 1981. Diário Oficial da União, Brasília, 2011.
344
_______. Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981. Dispõe sobre a Política Nacional
do Meio Ambiente, seus fins e mecanismos de formulação e aplicação, e dá outras
providências. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L6938.
htm>. Acesso em: 30 abr. 2019.
_______. Decreto nº 4.297, de 10 de julho de 2002. Regulamenta o art. 9º, inciso II,
da Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981, estabelecendo critérios para o Zoneamento
Ecológico-Econômico do Brasil-ZEE, e da outras providências. Disponível: <http://
www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/2002/D4297.htm.>. Acesso em: 01 mai. 2019.
MILLIKAN, B.; DEL PRETTE, M. E. Documento base para discussão sobre metodologia
de Zoneamento Ecológico-Econômico na Amazônia. In: Seminário de Avaliação da
metodologia do Zoneamento Ecológico-Econômico para a Amazônia Legal. Programa
Piloto de Proteção das Florestas Tropicais Brasileiras. Manaus, AM, 2000. 1 CD-ROM.
345
MONTAÑO, M; SOUZA, M. Integração entre planejamento do uso do solo e de
recursos hídricos: a disponibilidade hídrica como critério para a localização de
empreendimentos. Eng. Sanitária e Ambiental. v.21, n.3, p. 489-495, 2016.
346
OS INSTRUMENTOS DA POLITICA ESTADUAL DE RECURSOS HÍDRICOS
NO ESTADO DO AMAZONAS: PANORAMA DA SITUAÇÃO ATUAL
1. INTRODUÇÃO
A Constituição Federal de 1988 ao instituir as águas como bem de uso comum e alterar o
domínio das águas do território nacional, antes disposto no Código das águas (Decreto
2.463/34), em seu art. 20, inciso III dispõe que os lagos, rios e quaisquer corrente
de água em terrenos do seu domínio, ou que banhem mais de um Estado, sirvam de
limites com outros países, se estendam a território estrangeiro, ou dele provenham,
bem como terrenos marginais e as praias fluviais” são bens da União, assim como,
definiu as competências cabíveis a cada ente federativo. Insta mencionar que em seu
artigo 21, inciso XIX, também dispôs que o Sistema Nacional de Gerenciamento de
Recursos Hídricos, os critérios de outorga e direito de uso, são de responsabilidade da
União. Deste modo, fundamentado no dispositivo Constitucional, a Lei 9.433/97 foi
instituída. O Estado do Amazonas, baseado em norma Federal, instituiu a sua Politica
Estadual de Recursos Hídricos, a Lei n° 3.167/07, com a finalidade de atender o previsto
na Legislação Federal. Dentre os objetivos deste artigo, destaca-se a importância na
Compreensão do que vem a representar a Lei Estadual 3.167/2007, para a Gestão de
Recursos Hídricos no Estado do Amazonas, de modo que se tenha o panorama da
sua aplicação nos dias atuais, ressaltando-se as suas características, seus principais
instrumentos e atores envolvidos.
2. DESENVOLVIMENTO
“Em 27 de agosto de 2007, foi aprovada Lei n°3.167, trazendo uma nova versão da Política
Estadual de Recursos Hídricos e o Sistema Estadual de Gerenciamento de Recursos
Hídricos, a sua regulamentação tem sido objeto de discursão encaminhada ao Conselho
Estadual de Recursos Hídricos”.
“Promover na bacia os usos múltiplos dos recursos hídricos, estabelecer diretrizes para
utilização dos recursos hídricos sem dissociação dos aspectos de quantidade e qualidade,
atribuir valor econômico a água, desenvolver tecnologias para monitoramento da
quantidade e qualidade das águas visando sua preservação e disponibilidade para esta
geração e futuras, ou seja, estes instrumentos fincam as bases para um desenvolvimento
alicerçado no eixo básico da vida; a essencialidade social, ambiental e econômica que a
água tem para a sobrevivência humana e o equilíbrio dos ecossistemas”.
348
(conforme organização na Figura 1), são eles: Fundo Estadual de Recursos Hídricos,
Sistema Estadual de Informações sobre os Recursos Hídricos, Zoneamento Ecológico-
Econômico do Estado do Amazonas e o Plano Ambiental do Estado do Amazonas.
2.2.3 Enquadramento
Deste modo faz se imperioso salientar o que diz Ferreira (2008) já foram
feitas algumas pesquisas que apresentaram resultados diferentes daqueles previstos
pela Resolução CONAMA nº 357/2005. A Resolução define o sistema de classes de
qualidade como sendo “o conjunto de condições e padrões de qualidade de água
necessários ao atendimento dos usos preponderantes, atuais e futuros”, e como
enquadramento o “estabelecimento da meta ou objetivo de qualidade da água (classe)
a ser, obrigatoriamente, alcançado ou mantido em um de corpo d’água, de acordo com
os usos preponderantes pretendidos, ao longo do tempo”, conceitos esses também
aplicáveis às águas subterrâneas.
Insta salientar, que a desídia do Poder Público, em instituir o enquadramento,
vem causando apenas mais atrasos, na efetiva implementação da PERH, visto que o
Estado, atualmente encontra-se desprovido de enquadramento em seus corpos d’água.
O Art. 15 da Lei 3.167, dispõe que a outorga, tem como objetivo assegurar o
controle quantitativo e qualitativo dos usos da água e o efetivo exercício dos direitos
de acesso à água, bem como garantir a sobrevivência de espécies da fauna e flora
estaduais.
De acordo com o Governo do Estado do Amazonas, a partir de novembro de
2016, o IPAAM, passou a emitir outorgas, regulamentado pela portaria normativa
SEMA/IPAAM n° 01/ 2016, que descreveu os procedimentos administrativos e
requisitos para a emissão.
Segundo o IPAAM (2018), destacam-se os seguintes seguimentos para a
concessão da outorga:
350
Face ao exposto, compreende-se que tal instrumento, vem sendo aplicado no
Estado do Amazonas, nos critérios estabelecidos na legislação vigente.
3. CONSIDERAÇÕES FINAIS
4. REFERENCIAS
352
regulamenta o inciso XIX do art. 21 da Constituição Federal, e altera o art. 1º da Lei
nº 8.001, de 13 de março de 1990, que modificou a Lei nº 7.990, de 28 de dezembro de
1989.
353
CONSELHOS DE RECURSOS HÍDRICOS E ÓRGÃOS GESTORES: COMPETÊNCIAS
NA GESTÃO DAS ÁGUAS NO BRASIL
1. INTRODUÇÃO
2 DESENVOLVIMENTO
2.1 Metodologia
1
Mestranda do ProfÁgua - UNIR e Coordenadora de Recursos Hídricos - SEDAM, tathyleal.10@gmail.
com,
2
Mestranda do ProfÁgua - UNIR, decauita@gmail.com
3
Docente do ProfÁgua - UNIR e do Departamento de Geografia - UNIR, catiazuffo@unir.br,
4
Docente do ProfÁgua - UNIR e do Departamento de Engenharia Ambiental - UNIR,
jotagil@gmail.com
354
O levantamento de dados bibliográficos e, principalmente o documental, foi
realizado junto à Secretaria de Recursos Hídricos e Qualidade Ambiental (SRQA)
vinculada ao Ministério do Meio Ambiente (MMA), mas que atualmente, por força
do Decreto 9.666/19, foi sucedida pela Secretaria Nacional de Segurança Hídrica
vinculada ao Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR). Da mesma forma,
dados foram obtidos junto à Agência Nacional de Águas (ANA) e junto ao Conselho
Nacional de Recursos Hídricos (CNRH), também vinculados ao MDR.
Além disso, foram consultadas as memórias de reuniões, ordinárias e
extraordinárias, que contém a pauta e as principais deliberações de cada plenária
do CNRH, bem como foram levantados relatórios de atividades. Também foram
analisadas as resoluções instituídas pelo CNRH destinadas a disciplinar assuntos de
competência da plenária (BRASIL, 2013). Após o levantamento de todas as informações
foi realizada a análise por meio do confronto com o material bibliográfico.
Para executar ou fazer executar as funções hídricas, são organizadas instituições, que
podem ser agrupadas em forma de sistemas (CAMPOS e STUDART, 2003). Ainda
segundo Lanna (2013), o poder público deve estruturar um Sistema de Gerenciamento
de Recursos Hídricos para coordenar e articular seus diferentes usos e controles. Nesta
perspectiva, foi instituído SINGREH (Figura 1), que é composto por um conjunto de
órgãos e colegiados que concebe e implementa a Política Nacional das Águas. Instituído
pela Lei das Águas (Lei nº 9.433/97), o papel principal do SINGREH é fazer a gestão
dos usos da água de forma democrática e participativa (BRASIL, 1997).
Fonte: http://www.cnrh.gov.br/2013-10-27-00-11-7
Lanna (2013) afirma que todas as entidades que compõem o sistema são
responsáveis pela implementação da função gerencial, mas em geral, é atribuída a
uma entidade a promoção, a orientação, o estímulo e a coordenação de tais integrações
interinstitucionais. O autor ressalta que tal entidade deverá ser o órgão superior do
sistema mencionado, como por exemplo, um Conselho Interministerial. No Brasil
esse órgão superior do sistema é representado pelo Conselho Nacional de Recursos
Hídricos (CNRH), constitui-se no órgão colegiado integrante da estrutura regimental
355
do MDR, criado pela Lei nº 9.433, de 8 de janeiro de 1997, integrante do SINGREH na
qualidade de órgão consultivo e deliberativo e tem por competência essencial formular
a Política Nacional de Recursos Hídricos, bem como o papel do controle social das
ações conduzidas pelos órgãos públicos. No Quadro 1 estão dispostas as competências
do CNRH.
COMPETÊNCIAS
Promover articulação entre o planejamento Aprovar propostas de instituição de
de recursos hídricos e os setores usuários; comitês;
Arbitrar em última instância sobre conflitos Acompanhar e aprovar o Plano Nacional de
que envolvam os CERH; Recursos Hídricos;
Deliberar sobre projetos de aproveitamento Estabelecer critérios gerais para outorga e
de recursos hídricos em mais de um estado; cobrança;
Zelar pela implementação da Política
Deliberar sobre questões encaminhadas
Nacional de Segurança de Barragens
pelos CERH ou comitês interestaduais;
(PNSB);
Propor diretrizes complementares para a
Analisar propostas de alteração da PNRH; implementação da PNSB e seus
instrumentos;
Propor diretrizes complementares para a Apreciar e fazer recomendações no
implementação da PNRH e seus Relatório de Segurança de Barragens.
instrumentos;
Fonte: Lei n° 9433/97.
358
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
4 AGRADECIMENTOS
5 REFERENCIAS
359
_________. Agência Nacional de Águas. Lista dos órgãos gestores estaduais. Disponível
em: http://www3.ana.gov.br/portal/ANA/textos-das-paginas-do-portal/lista-de-
orgaos-gestores-estaduais. Acesso em: 28 de novembro de 2018.
__________. Lei Federal 9.984, de 17 de julho de 2000. Dispõe sobre a criação da Agência
Nacional de Águas. Diário Oficial da União, Brasília-DF, 18 de julho de 2000.
LANNA, A.E. L. Gestão de Recursos Hídricos. In: TUCCI, C.E.M. (Org.). Hidrologia:
ciência e aplicação. Porto Alegre: ABRH - EDUSP, 2013.
SENRA, J.B.; e NASCIMENTO, N.O. Após 20 anos da lei das águas como anda a
gestão integrada de recursos hídricos do Brasil, no âmbito das políticas e planos
nacionais setoriais? 6ª ed., Porto Alegre: REGA, 2007.
360
GESTÃO PARTICIPATIVA DAS ÁGUAS: A (IN) EFICIÊNCIA DOS COMITÊS
DE BACIA NO ESTADO DO AMAZONAS COMPARADA A GESTÃO DE
ÁGUAS INTERNACIONAL
1. INTRODUÇÃO
1
Universidade do Estado do Amazonas – (sbeatriz.mendonca@gmail.com);
2
Universidade do Estado do Amazonas – (easf891@gmail.com);
3
Universidade do Estado do Amazonas – (iedahbatista@gmail.com);
4
Universidade do Estado do Amazonas (carlossandro.albuquerque@gmail.com);
5
Universidade do Estado do Amazonas – jcamilodesouza@gmail.com.
361
2. DESENVOLVIMENTO
362
2.3 As competências dos Comitês de Bacia.
Parágrafo único. Das decisões dos Comitês de Bacia Hidrográfica caberá recurso
ao Conselho Nacional ou aos Conselhos Estaduais de Recursos Hídricos, de acordo
com sua esfera de competência.” (BRASIL, 1997).
Deste modo, é importante ressaltar que todas as atribuições do comitê
pressupõem ampla discussão e acordos entre as partes envolvidas. No entanto, as
discussões não podem ser um fim em si mesmo, e o comitê só tem sentido quando
consegue exercitar de forma plena suas atribuições legais. (ANA, 2011). Sendo assim,
torna-se primordial o fortalecimento da atuação dos comitês para que se tenha a
efetiva aplicação das Politicas de Recursos Hídricos, tanto no âmbito Federal, quanto
no âmbito Estadual.
O comitê do Tarumã Açu foi criado em 2006, por uma iniciativa do Poder Publico,
por meio da Extinta Secretaria de Desenvolvimento Sustentável – SDS, e teve suas
atividades paralisadas entre os anos de 2010 a 2015, sendo reativado em 2016. Torna-
se valido citar que em 2018, o comitê assinou contrato para participação no Programa
Nacional de Fortalecimento dos Comitês de Bacias Hidrográficas (PROCOMITÊS), o
que reforça a expectativa em uma atuação ativa nos próximos anos.
364
em sua Constituição de 1978, art.9.2 defende a atuação e a participação cidadã em
diversos assuntos públicos, dentre eles os Recursos Hídricos, ratificada pela Directiva
Marco de Aguas, é importante salientar a ênfase que a legislação traz referente ao acesso
a informação, adequada, que vão de medidas previstas, progressos realizados, dentre
outras visando facilitar a contribuição publica.
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
4 REFERÊNCIAS
365
BARLOW, Maude. Água – Futuro Azul. Como Proteger a água potável para o futuro
das pessoas e do planeta para sempre. M. Books do Brasil Editora Ltda. 2015.
WMO. The Dublin Statement and Report of the Conference. International Conference
on Water and the Environment: Development
Issues
for the 21st Century.
26-31 January 1992. Dublin, Ireland.
366
VARIABILIDADE DA LAMINA D’ÁGUA NA BACIA AMAZÔNICA COMO
SUBSÍDIO DE PLANEJAMENTO E GESTÃO
1 INTRODUÇÃO
Villela e Mattos (1975) afirmam que a vazão é a principal grandeza que caracteriza
um rio. Nesse sentido, esse conhecimento é extremamente relevante para a gestão
dos recursos hídricos, com os planos de manejo sustentáveis e liberação de outorgas,
além de solução de conflitos hídricos entre os diversos usuários da água (agricultura,
consumo humano, dessedentação de animais) sendo que depende diretamente das
medidas e observações coletadas em campo.
A administração da Rede Hidrometeriológica Nacional– RHN vem sendo
realizada pela Superintendência de Gestão da Rede Hidrometeorológica– SGH, da
Agência Nacional de Águas–ANA. Conta atualmente com aproximadamente 28.230
estações em parceria com órgãos federais, setoriais, estaduais e particulares, dentre
as quais 7.008 são fluviométricas (ANA, 2019), cujos dados de vazão e nível da
água (cota) estão disponíveis no site oficial da ANA. Na bacia Amazônica, em
conformidade com o restante do país, essa variável pode ser observada através da
coleta de dados em estações fluviométricas, sendo o Serviço Geológico do Brasil–
CPRM responsável pela instalação e manutenção em algumas sub-bacias, incluindo a
estação fluviométrica do rio Amazonas na cidade de Parintins/AM, na qual os dados
são observados desde o ano de 1967.
Com base em Santos (2006, p.219), entende-se que “graças à sua configuração
geográfica, a cidade aparece como diversidade socioespacial [...]”, isso se manifesta
“pela produção da materialidade em bairros e sítios tão contrastantes, quanto pelas
formas de trabalho e de vida”. Esse controle é de extrema relevância para a sede
do município de Parintins, haja vista que a mesma é formada por pequenas ilhas
das quais se entrelaçam igarapés, córregos e rios com margens ocupadas por
palafitas. Lima (2016) narra que a cidade de Parintins no período da cheia é afetada
com a subida das águas, que incidem sobre as ruas dos seus bairros e como advento
de cheias extremas, cotada durante os últimos 20 anos na região, Parintins já decretou
calamidade pública por algumas vezes na área urbana e suburbana.
1
Acadêmico do Mestrado em Gestão e Regulação de Recursos Hídricos (PROFÁGUA) da Universidade
do Estado do Amazonas, Centro de Estudos Superiores de Parintins- CESP: Estr. Odovaldo Novo, 979
- Djard Vieira, CEP: 69152-510, Parintins/AM, Brasil, edsa.mgr18@uea.edu.br
2
Acadêmica do Mestrado em Gestão e Regulação de Recursos Hídricos (PROFÁGUA) da Universidade
do Estado do Amazonas, Centro de Estudos Superiores de Parintins- CESP: Estr. Odovaldo Novo, 979
- Djard Vieira, CEP: 69152-510, Parintins/AM, Brasil, mnsda.mgr18@uea.edu.br
3
Professor Adjunto Universidade do Estado do Amazonas, Centro de Estudos Superiores de Parintins-
CESP: Estr. Odovaldo Novo, 979 - Dejard Vieira, CEP: 69152-510, Parintins/AM, Brasil, jcamilodesou-
za@gmail.com
4
Professora Adjunta Universidade do Estado do Amazonas – UEA, Escola Superior de Tecnologia –
EST, Avenida Darcy Vargas, 1200, Parque 10, CEP: 69050-020, Manaus/AM, Brasil, jsdsilva@uea.edu.br
367
O presente estudo está fundamentado na demonstração da variabilidade do
nível da água do rio Amazonas, na cidade de Parintins/AM, com série temporal
dos últimos 51anos entre os anos de 1967 a 2018. O objetivo é caracterizar o regime
hidrológico do rio Amazonas, dessa forma, apresentar as variabilidades das cotas
associadas aos eventos hidrológicos extremos como seca e enchente.
2 BACIA AMAZÔNICA
368
No período de cheia muitas áreas são afetadas com as subidas das águas,
consequentemente, as mesmas atingem diversos bairros, suas moradias e comércios,
alterando o cotidiano das famílias moradoras.
Segundo Santos et al. (2001) mede-se o nível da água por meio de linímetros,
mais comumente chamados de réguas linimétricas. Uma régua linimétrica nada mais
é do que uma escala graduada, de madeira, de metal ou mesmo pintada sobre uma
superfície vertical de concreto, onde os registros, nas estações da ANA, são efetuados
duas vezes ao dia, às 7 horas e às 17 horas, sendo contínuo no tempo. Para análise
dos dados foi utilizando a média diária dos registros de nível da água da estação
linimétrica Parintins da RHN, instalada na margem direita do rio Amazonas, obtidos
no site Hidroweb. Utilizou- se as cotas dos anos de 1967 a 2018, com apenas um mês
registrado, o ano de 1992 não foi tabulado, por não apresentar dados suficientes,
optou- se, então, por retirá-lo da série histórica. Ressalta-se que as cotas registradas são
valores associados a uma referência de nível (RN) local e arbitrária, válida para a régua
linimétrica específica da estação. A Tabela 1mostra algumas informações importantes
sobre a estação.
2.3 Métodos
369
2.4 Cotas máximas e mínimas
Figura 2– Cotas máximas e mínimas anuais do rio Amazonas em Parintins (1967 – 2018)
370
Figura 3– Cotagrama do rio Amazonas, em Parintins (1967 – 2018)
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERENCIAS
CARVALHO, José Alberto Lima de. (2012). Terras caídas e consequências sociais: costa
do Micarauera - Paraná da Trindade, município de Itacoatiara - AM, Brasil. In: FARIAS,
Eliana Marinho Branches; CARNEIRO, Deize de Souza. Alterações Geomorfológicas
no rio Amazonas - Santarém/PA. Revista Geonorte, edição especial, v.2, n.2, p.72-79.
CPRM, Rede Hidrometeorológica Nacional- RHN.Disponível em: www.cprm.gov.br
Acesso em; 05 março 2019.
372
RODIER, J. (1964). Régimes hydrologique de l-Alfrique noire à l-Ouest Du Cong. Paris
FR: ORSTOM, 137p.
SANTOS, I. Fill, H. D. Sugai, M. R., Buba, H., KIshi, R. T., Marone, E. Lautert, L. F. (2001).
Hidrometria Aplicada. Curitiba: Instituto de Tecnologia para o Desenvolvimento,
-p.372.
UNEP, (2004). Barthem, R. B. et al. Amazon Basin, GIWA Regionals sessment 40b.
Universityof Kalmar, Kalmar, Sweden.
373
AVALIAÇÃO DA PRECIPITAÇÃO NA BACIA AMAZÔNICA COMO
FERRAMENTA DE GESTÃO DE RECURSOS HÍDRICOS
1 INTRODUÇÃO
2 CARACTERIZAÇÃO DA PLUVIOSIDADE
375
Figura 1 – Mapa - área de estudo e localização da estação pluviométrica.
2.2 Dados
Além dos dados pluviométricos, foi utilizado uma imagem do satélite CBERS-4,
do sensor Pan, de 10 m de resolução por pixel, nas bandas 4 e 2, para a composição da
RGB (4,2,4), processadas no soft ArcMap Desktop versão 10.5, da ESRI, para elaboração
do mapa de localização da estação.
376
2.3 Índice diário pluviométrico
377
2.4 Máximas e mínimas anuais
378
A Figura 5 expressa o acumulado anual de precipitação durante o período
de estudo. Nesse caso, o ano que com maior precipitação, ou seja, mais úmido dos
registros do posto pluviométrico, foi 1989, com 3.387,90 mm. Por outro lado, o ano
mais seco foi 1983, com 1.282,30 mm.
2.6 Discussões
Esses regimes são notadamente descrito por Stemberg (1998) que relata o
período sazonal na Região Amazônica de forma diferenciada na cabeceira e na sua foz
de acordo com a pluviosidade, que apresenta inicio da enchente a partir de março na
bacia rio negrina e uma diminuição pluviométrica no regime boreal, também há uma
diminuição da precipitação nas bacias tributarias meridionais, seguindo no mês de
junho na bacia na bacia do rio Purus, entretanto o índice de chuvas cresce no alto Rio
Branco.
À medida que, diminui a precipitação no hemisfério norte, no hemisfério sul
atinge o regime mínimo, ressaltando a existência de um período de enchente e um
período de vazante que contribuem com a sazonalidade bem distinta nos rios da Bacia
Amazônica.
A bacia amazônica tem como rio principal o Amazonas que recebi descargas de
inúmeros afluentes como destaca Soares (1989), “os perfis longitudinais dos grandes
rios da Bacia Amazônica revelam dois tipos de cursos de águas: rio de planície e
rios de planaltos”. Diferenciando por sua geologia e relevo com seus tributários de
águas claras advindo das planalto brasileiro, águas brancas originário da planície e
águas pretas tendo suas nascentes no planalto das Guianas. De forma que, o regime
pluviométrico acontece em diferentes meses e a intensidade de suas chuvas na região.
379
O cenário hidrológico está relativamente intrínseco com as condições
pluviométricas em seus períodos sazonais, é de extrema importância para a região o
monitoramento das chuvas que tem em seu bojo as relações com as variações climáticas
e com os fenômenos climáticos (El Niño e La Niña), assim também, como as ações
antrópicas identificados pelos desmatamentos e assoreamento dos rios. Trazendo
possibilidades de um melhor gerenciamento dos recursos naturais na gestão hídrica e
alternativas de melhor desenvolvimento sustentável nas bacias hidrográficas da região
amazônicas.
Esses períodos predefinidos naturalmente estabelece uma ligação do homem
ribeirinho e suas culturas pela inundação de suas várzeas e a modificação da paisagem
nos rios amazônicos. Portanto o sistema de informações que é um instrumento da
política nacional e estadual de gerenciamento dos recursos hídricos, podem identificar
os períodos extremos e facilitar as informações da Bacia hidrográfica para melhor
gestão e planejamento.
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
AGRADECIMENTOS
380
4 REFERENCIAS
CHOW, V. T.; MAIDM, D. R.; MAYS, L. W. (2000). “El ciclo hidrológico”, In: Hidrologia
Aplicada. Org. por CHOW, V. T.; MAIDM, D. R.; MAYS, L. W. McGraw-Hill, ed.,
Santafé de Bogotá, Colômbia, pp. 2 – 4.
ESPINOZA, J. C.; et. al. “Spatio-temporal rainfall variability in the Amazon basin
countries (Brasil, Peru, Bolivia, Colombia and Equador)”. Internacional Journal of
Climatology 29. pp. 1574-1594.
SILVA, J.S. (2010). Altimetria Espacial Aplicada aos Estudos de processos Hídricos em
Zonas Úmidas da Bacia Amazônica. Tese (Doutorado em Engenharia Civil) – UFRJ/
COPPE. Rio de Janeiro, 14 p.
VALE, R.; FILIZOLA, N.; SOUZA, R. (2011). “A cheia de 2009 na Amazônia Brasileira”.
Revista Brasileira de Geociências 577-586 41 (4), pp. 57.
381
INSTRUMENTOS DE GESTÃO DOS RECURSOS HÍDRICOS: ENQUADRAMENTO
UM PANORAMA ATUALIZADO
1 INTRODUÇÃO
2 DESENVOLVIMENTO
384
sobre a homologação do enquadramento dos corpos de água apresentado pelo Comitê
de Bacia Hidrográfica do rio Benevente (ANA, 2016b).
O relatório pleno do Conjuntura dos Recursos Hídricos no Brasil de 2017 diz
que no ano de 2016 apenas 12 Unidades da Federação possuíam atos normativos que
enquadram total ou parcialmente seus corpos d’água e ainda apenas 125 bacias com
enquadramento (ANA, 2017).
Ao analisarmos o Conjuntura 2018, poucos avanços são percebidos, tal
documento apresenta que apenas 13 Unidades da Federação possuíam atos normativos
que enquadram total ou parcialmente seus corpos d’água, que para rios de domínio
federal não foram aprovados propostas de enquadramento e no âmbito estadual
apenas os estados do Paraná e São Paulo aprovaram normativos relacionados a
enquadramento:
Porém o que é ainda mais alarmante é que diversos corpos d’água brasileiros
não apresentam qualidade compatível com a classe em que foram enquadrados,
predominando os pontos com índice de conformidade ao enquadramento (ICE)
péssimo conforme figura 1 (ANA, 2017).
385
Dos 2340 pontos analisados, 1143 apresentam ICE péssimo e 831 ICE ruim, 2038
pontos são classificados como classe 2, as desconformidades se tornam regra em águas
já impactadas, e 86% dos pontos dessa classe apresentam ICE péssimo ou ruim para a
classe 2, os resultados mostram uma distância entre realidade do enquadramento dos
corpos d’ água em classes de usos preponderantes conforme padrões de qualidade das
águas superficiais do Brasil e os padrões adotados no instrumento legal (ANA, 2017).
É impossível observar através das análises documentais, que de todas as
regiões do país, a Norte é única que não apresenta nenhum corpo hídrico devidamente
enquadrado, o que pode ser prejudicial para as águas da região amazônica, tendo em
vista que o enquadramento é uma ferramenta fundamental para a gestão adequada
desse recurso.
Se levarmos em consideração que a região Norte possui a maior reserva de água
doce superficial do país (ANA, 2010), o processo de enquadramento é extremamente
necessário para que se evite a degradação desse recurso, já que um dos principais
problemas da região é a falta de serviços de tratamento de esgoto com menos de 10%
da população atendida (TUNDISI, 2014), que afeta diretamente a qualidade das águas.
A aplicação deste importante instrumento para gestão dos recursos hídricos
depende de algumas evoluções como: I - capacitação técnica, pois atualmente há
poucos técnicos na área de qualidade da água e menos ainda na área de gestão, aliado
a falta de entendimento do sistema de gestão dos recursos hídricos; II - modernização
institucional, as instituições têm dificuldade de trabalhar com os novos instrumentos
e a integração entre eles não é bem compreendida; III - mudanças normativas, pois a
resolução 357/2005 tem sérios defeitos conceituais, é incompleta , antiga e de difícil
aplicação (PORTO, 2008).
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
4 AGRADECIMENTOS
5 REFERENCIAS
ANA. Agência Nacional de Águas (Brasil). Conjuntura dos recursos hídricos no Brasil
2017: relatório pleno. Brasília: ANA, 2017. 169 p. : iI. Disponível em: <http://www.
snirh.gov.br/portal/snirh/centrais-de-conteudos/conjuntura-dos-recursoshidricos/
conj2017_rel-1.pdf>. Acesso em: 02 Dez 2018.
ANA. Agência Nacional de Águas (Brasil). Pesquisa on line. 2018a. Disponível em:
<http://pnqa.ana.gov.br/enquadramento-bases-legais.aspx>. Acesso em: 02 Dez
2018.
ANA. Agência Nacional de Águas (Brasil). Conjuntura dos recursos hídricos no Brasil
2018: informe anual. Brasília: ANA, 2018b. 72p. : iI. Disponível em: < http://arquivos.
ana.gov.br/portal/publicacao/Conjuntura2018.pdf>. Acesso em: 19 Ago 2019.
387
AVELLAR, R. G. Rio Paraíba do Sul - Sua importância como recurso hídrico e os
impactos de sua exploração em relação aos usos múltiplos. Projeto final (Tecnólogo
em Gestão Ambiental), Centro Federal de educação Tecnológica Celso Suckow da
Fonseca. Rio de Janeiro. 2015. 70f. Disponível em: < http://www.ceivap.org.br/
downloads/TCC-RobertoGomes-Avellar.pdf>. Acesso em: 02 Dez 2018.
388
PORTO, M.F. do A. Enquadramento de corpos hídricos: Um novo desafio! Vamos
enfrentá-lo?. São Paulo: Sistema Integrado de Gerenciamento de Recursos Hídricos
do estado de São Paulo.
SPÍNOLA et al. A lei das águas e o São Francisco: os limites da gestão descentralizada
dos recursos hídricos no Brasil. Revista de Desenvolvimento Econômico – RDE - Ano
XVIII - V.1 - N. 33 - Abril de 2016 - Salvador, BA – p. 70 – 90. Disponível em: <https://
revistas.unifacs.br/index.php/rde/article/view/4176/2911>. Acesso em: 02 Dez
2018.
389
ESTIMATIVA DE ÁGUA VIRTUAL UTILIZADA NA PRODUÇÃO DE SOJA NO
SUDOESTE GOIANO COMO EXEMPLO DA IMPORTÂNCIA DO INSTRUMENTO DE
COBRANÇA DE ÁGUA BRUTA.
1 INTRODUÇÃO
2 DESENVOLVIMENTO
No início do século XIX, quando Goiás era constituído ainda por muitos
latifúndios improdutivos, José Rodrigues de Mendonça e sua família mudaram de
São Paulo, para terras às margens do rio São Tomás, onde tomaram posse delas e,
assim, começaram a escrever a história de Rio Verde e este desbravamento tornou-se
o embrião do município hoje.
O Grande marco de arrancada para o desenvolvimento aconteceu em 1970 com
a abertura dos cerrados. A agricultura começou a florescer e atraiu agricultores de São
Paulo e da região Sul, que trouxeram maquinários, tecnologias, recursos e experiências
que transformaram o município no maior produtor de grãos de Goiás e um dos
destaques do país. (IBGE 2018).
Tanto a atual cidade de Rio Verde como a região são conhecidas por serem um
dos cinturões de produtividade agrícola do Estado de Goiás e do Centro-Oeste Brasileiro
e suas águas, além de destinada a irrigação, são utilizadas para abastecimento público
e no processo produtivo do setor industrial principalmente do ramo alimentício.
Dessa forma a disputa pela água na região é um traço marcante. Considerando
os usos de água no município de Rio Verde, por exemplo, outorgados e não outorgados,
constata-se um comprometimento da vazão outorgável em mais de 100% no manancial
que abastece a cidade e as grandes indústrias locais evidenciando um conflito pelo uso
das águas (SEMAD GOIÁS).
Como soluções destes impasses alguns trabalhos vêm sendo realizados dentro
das entidades colegiadas com atribuição de deliberação sobre assuntos afetos aos
recursos hídricos, mas as discussões se estendem pelos planos da companhia de
Saneamento de Goiás – SANEAGO, que pretende buscar águas mais distantes, pelas
pautas do ministério público estadual que requer soluções e pela própria demanda
populacional.
391
Retomando a questão da produção agrícola que tem elevada expressividade,
esse tipo de produção exprime tanta relevância regional que foi fundada em Rio
Verde-Goiás, no ano de 1975, a Cooperativa Agroindustrial dos Produtores Rurais do
Sudoeste Goiano – COMIGO, exclusivamente para tratar os assuntos afetos a este tipo
de produção.
Foi criada inicialmente por produtores rurais do Sudoeste goiano que estavam
dispostos a mudar o perfil da agropecuária regional, instituindo novos conceitos de
produção, comercialização e incentivo ao uso de insumos modernos, de tecnologias
inovadoras. Para tanto-se instalou um grande sistema armazenador e partiu para a
transformação de matérias-primas, espalhando-se inclusive por outros municípios.
O referido termo sudeste goiano se refere aos 18 municípios desta região do
estado (figura 1) (Aparecida do Rio Doce, Aporé, Caiapônia, Castelândia, Chapadão
do Céu, Doverlândia, Jataí, Maurilândia, Mineiros, Montividiu, Palestina de Goiás,
Perolândia, Portelândia, Rio Verde, Santa Helena de Goiás e Santa Rita do Araguaia,
Santo Antônio da Barra e Serranópolis) que direcionam sua produção à cooperativa,
funcionando como entrepostos de recebimento enquanto no município de Rio verde
funciona e sede e matriz da empresa sendo onde ocorre todo o processo produtivo.
392
De acordo com a COMIGO que realiza o beneficiamento, industrialização e
comercialização de produtos agropecuários dos associados desta região, no que se
refere ao complexo da soja (grão, farelo, óleos bruto, refinado e degomado), na safra
2017/2018 a empresa recebeu em 2.040.000 toneladas de soja (ou 34.000.000 sacas de
soja).
Desse volume de grãos, 78% vira farelo, 19,8% vira óleo bruto e o restante se
perda no próprio processo produtivo e de transporte. São processadas em torno de
1.500.000 toneladas (27.000.000 de sacas) e o restante 420.000 toneladas (07 milhões de
sacas) da soja em grão são destinadas à exportação principalmente para Europa, China
e Índia.
Para se ter ideia, a cada 24 horas, são processadas 5.500 toneladas de soja e
para realização desse processo utiliza-se a quantidade aproximada de 120 m³/h na
caldeira e resfriamento, porém 80% da água circula em circuito fechado o que reduz o
consumo.
Apesar destes números, não consideraremos no neste trabalho a água gasta
no processo produtivo de subprodutos da soja ou outros consumos que porventura
possam ser considerados como usos consuntivos do processo de produção de seus
derivados.
Para exemplificação da importância da cobrança de Recursos Hídricos, nesse
trabalho levaremos em consideração somente a quantidade de grãos exportados
referentes a esta safra de 2017/2018 que perfaz o total de 420 mil toneladas.
Demonstraremos a quantidade de água é necessária para a produção deste volume de
grãos e o valor de cobrança passível de ser atribuído a este recurso.
Fonte: O autor.
394
Se considerarmos o valor cobrado na Bacia Hidrográfica do Rio Paranaíba do
qual os rios da região do sudeste goiano são afluentes, que é de R$ 0,01 (1 centavo de
real) por metro cúbico, o valor correspondente em reais, necessário a produção aferida
seria na ordem de R$ 8.400.000,00 (oito milhões e quatrocentos mil reais).
A história da cobrança pelo uso das águas no Brasil tem como primeira iniciativa a
promulgação do Decreto 26.643 de 10 de julho de 1934, porém de forma completamente
inócua.
Em 1997 com a formalização da “Lei das Águas”, 9433 de 08 de janeiro de 1997,
a água passa a ser considerada um recurso natural, limitado, esgotável e dotada de
valor econômico (BRASIL, 1997).
Esta “lei das águas” cria os instrumentos de Gestão de Recursos Hídricos, dentro
os quais a cobrança pelo uso das águas seria o instrumento econômico de sustentação,
mas não impõe sua implementação e muito menos cria um plano de aplicação desta
cobrança.
No ano de 2005, por meio da Resolução nº 48 de 21 de março de 2005, o Conselho
Nacional de recursos Hídricos – CNRH estabelece, entre outros, em seu Artigo 2º os
critérios e objetivos da cobrança, bem como em seu Artigo 5º dá a definição de quem
deve realizar a cobrança e em seu art. 7º os aspectos que devem ser observados para a
fixação dos valores a serem cobrados pelo uso dos recursos hídricos.
Contudo a esta cobrança pelo uso dos recursos hídricos tem se mostrado
incipiente em quase todos os estados brasileiros e quando ocorre geralmente não
leva em consideração todos os critérios aos quais deveria atribuir importância para o
estabelecimento de valores apresentando um valor muitas vezes irrisório.
A Agência Nacional de Águas – ANA, criada no ano 2000 pela 9.984 de 17 de
julho de 2000, através de políticas de incentivo aos estados, procura incrementar a
Gestão de Recursos Hídricos conferindo autonomia a estas unidades da federação,
mas esta independência caminha vagarosamente no país.
Muitos são os exemplos de intervenção da ANA, porém os esforços muitas
vezes se demonstram infrutíferos o que não é diferente para a cobrança.
Apesar deste fato, a ANA apresenta uma metodologia de cobrança relativamente
simples, que corrobora com a metodologia de valoração utilizado como metodologia
neste presente trabalho, a partir da equação:
VALORcap=QcapxPe
Onde:
R$/ano;
Pe : é o preço cobrado pelo uso dos recursos hídricos por estado (unidade de
gestão).
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
396
o qual é outorgado aos usuários, teoricamente, na medida de suas necessidades, a
impossibilidade do excesso em primeira análise impossibilitaria a comercialização da
água bruta e a existência desse mercado.
Porém, a ineficiência do estado em gerir toda as concessões, a burocracia e
a morosidade em atender os usuários aliadas a certeza do valor comercial da água
podem certamente embasar os embates sobre a necessidade deste mercado, seja
no contemplando toda a dinâmica de utilização da água no país, seja em pequenos
sistemas locais.
Por fim, evidencia-se a necessidade do conhecimento da quantidade de água
esta inserida nos processos produtivos para que se visualize as transferências dos
recursos hídricos, sejam elas entre municípios, estados ou países uma vez que na
atualidade a água entendida como recurso hídrico, sendo transposta de um lugar para
outro na forma de produtos pode ter uma importância maior que os próprios produtos
exportados em virtude de sua escassez.
4 REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALLAN, J. A. Virtual water: the water, food and trade nexus, useful concept or
misleading metaphor. In: IWRA – Water International, v. 28, n. 1, mar. 2003.
Disponível em: <http:// www.soas.ac.uk>. Acesso em 01 de julho 2019.
GELAIN, Jaquelini Gisele; LICKS, Elis Braga; ALMEIDA, Alexandre Nunes; ISTAKE,
Márcia. VOLUME E VALOR DA ÁGUA VIRTUAL EXPORTADA POR MEIO DA
SOJA NA REGIÃO DE MATOPIBA. Rev. Econ. NE, Fortaleza, v. 49, n. 3, p. 93-112,
jul./set., 2018
SITES:
398
ÁREAS ÚMIDAS ANTROPOGÊNICAS E O USO E OCUPAÇÃO DA TERRA EM UMA
BACIA HIDROGRÁFICA PERIURBANA, CAMPO GRANDE, MATO GROSSO DO SUL
1 INTRODUÇÃO
1
Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, mhelena.pantanal@hotmail.com;
2
Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, sarahhcouto17@gmail.com;
3
Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, alaneleuteriocg@gmail.com
399
Em Mato Grosso do Sul, estado majoritariamente rural, a capital, Campo
Grande, apresenta dinâmicas rurais no perímetro urbano e periurbano. A cidade está
muito próxima das atividades econômicas pecuária e agricultura. Dito isso, é claro
que as mesmas podem afetar as dinâmicas das bacias urbanas, considerando o ciclo
hidrológico.
A Bacia Hidrográfica do Córrego Coqueiro (BHCC) foi escolhida, pois, além de
possuir uma pequena parcela urbanizada, é umas das que cerceiam a cidade e recebe,
a cada ano, mais infraestrutura urbana para atender a expansão imobiliária. Logo, é
possível visualizar o início da permeabilização da sua parte sudoeste, assim como os
efeitos da pastagem na paisagem e na qualidade ecológica da bacia.
Para observar essas transformações e atividades que estão acontecendo nessa
unidade de planejamento (bacia hidrográfica), identificar os usos dados a ela é
fundamental. As bacias hidrográficas já são tratadas como unidades de planejamento
e gestão por muitos autores, pois nelas há a integração dos fenômenos e dinâmicas
sociais (TUNDISI, 1986). As AUAs podem ser utilizadas como indicadoras desses
usos e, ainda, fazer levantamentos das AUs existentes contribui para um dos objetivos
do CNZU, que é identificar e mapear as mesmas em todos os estados, a fim que se
alimente um banco de dados Brasil afora.
Além disso, as pastagens são conhecidas pelos efeitos que causam ao solo. O
pisoteio constante do gado, a supressão da vegetação, o contato direto de dejetos e
excretas nitrogenados com os rios e riachos, tudo isso em grandes áreas e por um
longo período temporal, desgastando e retirando nutrientes do solo. Caso não haja
um manejo adequado, a erosão e o carregamento de sedimentos chega a níveis
irreversíveis, tornando uma área inutilizável e provocando assoreamento nos corpos
hídricos, principalmente os pobres de mata ciliar.
Monitorar a dinâmica das AUAs em uma bacia hidrográfica pode ser feito
através de imagens de satélite gratuitas, que são de fácil acesso por meio de softwares
livres e acessíveis (Google Earth Pro).
O intuito desta análise não é trabalhar com o mito da natureza intocada
(DIEGUES, 1994), no qual as atividades humanas exercidas em áreas pouco modificadas,
geralmente na área rural, são indevidas. Mas, sim, entender até qual ponto a qualidade
dos corpos de água é modificada pelos usos dados à Bacia, e indicar mudanças
necessárias para a recuperação e fortalecimento de recursos naturais essenciais, como
a água e o solo. Assim, é possível trabalhar a relação sociedade e natureza, no qual os
atores sociais usufruem dos recursos por meio da sustentabilidade. Além disso, com
o devido monitoramento e sensibilização, os próprios residentes locais podem fazer o
manejo adequado da BHCC.
De acordo com o IPCC (2013), áreas úmidas antropogênicas são fontes
importantes de emissão de CH4 na atmosfera, representando 12% do total de emissões
advindas de áreas úmidas não naturais, como, por exemplo, os campos de arroz
irrigado. Apesar de sua importância, números exatos de AUs para todas as regiões
brasileiras ainda são inexistentes (CUNHA, 2015).
As bacias hidrográficas, de forma geral e em graus diferenciados, apresentam
processos bem adiantados de degradação ambiental, como: erosão, assoreamento,
solapamento de margens, pontos de estrangulamentos provocando enchentes,
inundações e insuficiência no sistema de captação de águas pluviais (OLIVEIRA,
1999). Na Bacia Hidrográfica do Córrego Coqueiro, não sendo diferente:
400
Objetiva-se realizar levantamento e classificação das AUs Antropogênicas na
Bacia do Córrego Coqueiro, analisando a relação existente entre suas categorias e o
uso da terra e, também, subsidiar os gestores públicos, através de fornecimento de
dados, para a construção e elaboração de planos e projetos (políticas públicas) para os
recursos hídricos que estejam baseados nos conceitos de sustentabilidade ecológica,
social e econômica.
2 DESENVOLVIMENTO
4 Ambiente artificial criado a partir da retirada de sedimento para fins de construção de estrada.
402
Tabela 2. Classificação e quantificação das Áreas Úmidas Antropogênicas (AUAs)
localizadas na Bacia Hidrográfica do Córrego Coqueiro (BHCC), Campo Grande/MS,
2018.
CATEGORIAS QUANTIDADE - 2018
TANQUES PARA AQUACULTURA 58
AÇUDES 45
RESERVATÓRIOS
BARRAGENS 49
CAIXAS DE EMPRÉSTIMO 2
TOTAL 154
As AUAs podem servir como indicadoras dos usos dados a uma unidade de
planejamento, no caso, a bacia hidrográfica. A partir do conhecimento desses usos, é
possível identificar as fragilidades e potencialidades de uma área. No caso da BHCC,
foram identificados alguns graves impactos ambientais derivados do mau ou falta de
manejo do solo, que resultou em seu empobrecimento. Uma das consequências foi o
surgimento de voçorocas (Figura 2) próximas aos cursos hídricos.
403
Apesar de haver diversos reservatórios criados com a função de atender o
manejo do gado, foram identificadas inúmeras áreas sem a presença de mata ciliar onde
não há impedimento físico para os bovinos terem acesso a água, abrindo caminhos de
passagem e pisoteando o solo.
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
4 REFERENCIAS
STOCKER, Thomas (Ed.). Climate change 2013: the physical science basis: Working
Group I contribution to the Fifth assessment report of the Intergovernmental Panel on
Climate Change. Cambridge University Press, 2014.
404
VALIDAÇÃO DOS DADOS DO SATÉLITE ALTIMÉTRICO JASON-2 NO RIO
SOLIMÕES-AMAZONAS
1 INTRODUÇÃO
2 DESENVOLVIMENTO
A bacia do rio Amazonas, com cerca de 6∙106 km², é a maior bacia de drenagem
do mundo (CALLE’DE et al., 2008). Sendo o rio Amazonas o mais importante dos rios
do planeta Terra em condições de área de drenagem e vazão, descarrega no Atlântico
aproximadamente 15% das águas do oceano (MOLINIER et al.,1995).
O rio Amazonas, denominação geral, tem sua origem na nascente do rio
Apurímac ao sul do Peru, mais especificamente na Cordilheira oriental dos Andes
peruanos, percorre as regiões do Peru até chegar à fronteira com o Brasil. A partir da
fronteira com o Brasil, o rio Amazonas passa a se chamar Solimões, tendo a margem
esquerda os rios Putumayo-Içá e o Caqueta-Japurá, e a sua margem direita os rios
Javari, Jutaí, Juruá e Purus. Nas proximidades da cidade de Manaus, o rio Solimões
se encontra com o Rio Negro formando o Rio Amazonas, sua denominação definitiva
(GUYOT et al. 1999; MARTINI et al., 2008; SILVA, 2010).
406
de água (SILVA, 2010). A elaboração das estações virtuais será realiza de acordo com
método descrito em Silva et al. (2010), e consistem no resultado da seleção dos dados
correspondentes ao cruzamento com o plano de água, adequadas às variações no
tempo e no espaço por meio dos programas Google Earth 7.3.2.5776 (Google Earth,
2019) e Multimission Altimetry Processing Software – MAPS (MAPS, 2018).
A metodologia obedece as seguintes etapas: (i) os dados altimétricos
são transpostos juntamente com a imagem do programa Google Earth, ambos
correspondentes ao corpo de água. Uma seleção inicial dos dados é executada através
de um polígono delimitado pelas latitudes e longitudes máximas e mínimas; (ii) com o
programa MAPS os dados selecionados na primeira etapa são visualizados, obtendo-se
o perfil hidrológico altimétrico ao longo do traço (i.e, gráfico altura do nível da água vs
posição), onde cada linha corresponde a uma passagem do satélite. Essa configuração
permite tratar a seleção dos dados excluindo as medidas indesejáveis; (iii) na terceira
e última etapa o programa MAPS, emite informações a cerca de cada passagem de
satélite, sendo possível por meio destas estimar as séries temporais de altura do nível
da água, calculando-se a média e a mediana para cada ciclo.
Complementarmente, as alturas elipsoidais de nível de água das séries
temporais serão convertidas em alturas geodais, a partir do modelo de ondulação
geoidal EGM2018, implementado por Pavlis et al. (2012).
Onde H1,i são as estimativas de nível do rio pelos dados altimétricos, H2,i são as
leituras do nível do rio nas estações linimétricas, e N é o número de medições acatadas.
3 RESULTADOS
407
Figura 1 - Localização das estações linimétricas (pontos vermelhos) e das estações
hidrológicas virtuais (pontos verdes) no rio Solimões-Amazonas com cobertura do
satélite Jason-2 (traços verdes)
Estação RMS
Latitude (º) Longitude (º) Régua Latitude (º) Longitude (º)
Virtual (m)
SOLIMÕES Laranjal
254 3°15’10.43”S (12873000) 64°46’3.00”O 0,71
SOLIMÕES Coari
4° 3’4.91”S 63° 6’9.30”O 4° 5’8.00”S 63° 4’60.00”O 0,43
241 (13150003)
AMAZONAS Parintins
2°34’9.44”S 56°54’8.51”O 56°54’9.52”O 0,69
139 (16350002)
AMAZONAS Parintins
228 2°29’31.61”S (16350002) 0,49
409
Figura 2 - Gráficos das validações das séries temporais de cotas altimétricas. Pontos
em azul e pontos em preto correspondem aos dados altimétricos e linimétricos,
respectivamente, entre o período de 2008 e 2016.
(a) Validação da série temporal da EV 139 do rio Amazonas e da estação
linimétrica de Parintins; (b) Validação da série temporal da EV 228 do rio Amazonas
e da estação linimétrica de Parintins; (c) Validação
da série temporal da EV 241 do rio Solimões e da estação linimétrica de Coari; (d)
Validação da série temporal da EV 254 do rio Solimões e da estação linimétrica de
Laranjal.
410
Entre a régua em Coari e a estação altimétrica do traço 241 do satélite Jason-2,
as séries temporais obtidas são observadas na Figura 2c., durante um período de 2008
a 2016 foram utilizados 245 ciclos. O RMS obtido foi de 0,43m sendo este o menor
valor estimado de erro entre as quatro estações. Este resultado pode ser justificado na
visualização do gráfico que mostra a coincidência dos dados entre a régua e o satélite.
Para este cálculo foi realizado uma regressão linear entre os dois pares de dados para
obter o zero da régua, com o valor de 15,93m.
O quarto e último gráfico representa as séries temporais da paridade entre
a régua em Laranjal e os dados da estação virtual de traço 254 do satélite Jason-2,
entre as datas de julho de 2008 a setembro de 2016. O cálculo da estimativa do erro
médio quadrático foi de 0,71m resultado de 234 ciclos aproveitáveis. De acordo com os
demais valores este RMS foi o maior e assim como é observado na Figura 2d. os dados
em algumas datas não harmonizam, gerando um valor ligeiramente alto, que pode ser
justificado devido a irregularidade no nível da régua linimétrica na estação linimétrica
de Laranjal.
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
5 REFERENCIAS
411
COSTA, M. H.; FOLEY, J. A. A comparison of precipitation datasets for the Amazon
Basin. Geophysical Research Letters, v. 25, p. 155, 1998.
MOLINIER, M.; GUYOT, J.L.; OLIVEIRA, E.; GUIMARÃES, V.; CHAVES, A. (1995).
Hydrologie du bassin del’Amazone, 335-344. In Grands Bassins Fluviaux, INSU-
CNRS,ORSTOM, Paris, Novembre 1993.
SEYLER, C.; HUTJES, W.R.; KABAT, P. Climate variability and trends in Bolivia.
Journal of Applied Meteorology and Climatology, v. 52, p. 130–146, 2013.
SILVA, J. S. et al. Water levels in the Amazon basin derived from the ERS 2 and
ENVISAT radar altimetry missions. Remote sensing of environment, v. 114, n. 10, p.
2160-2181, 2010.
TUCCI, C.E.M. Modelos hidrológicos. Porto Alegre, Ed. Universidade UFRGS, 1998.
412
Políticas públicas aplicadas na Bacia Hidrográfica Caranã
(BHC), Boa Vista - RR
1 INTRODUÇÃO
As políticas públicas são uma base para o diálogo de vários agentes sociais,
cada um com seus interesses, com a finalidade de encontrar meios para beneficiar a
sociedade.
Numa compreensão mais ampla, as políticas públicas são instituídas por
decisões e ações revestidas pela autoridade do poder público, ocorrendo por uma
dinâmica “simultânea e permanentemente, estão entrelaçadas, inter-relacionadas e são
interdependentes, influenciando-se de forma mútua” (MELLO-THÉRY, 2011, p.12), ou
seja, as políticas públicas são tomadas de decisões em prol de uma necessidade social
que envolve vários atores sociais que formulam decisões regidas pelo Estado.
O presente estudo parte do princípio que as políticas públicas no âmbito federal,
estadual e municipal influenciam a dinâmica de produção do espaço em uma bacia
hidrográfica, além de determinar como o processo de ocupação incidirá nessa bacia
hidrográfica, para tanto, a análise em Boa Vista foi feita na Bacia Hidrográfica Caranã,
qual recebe essa classificação em termos locais para fins de ordenamento segundo o
Plano Diretor de Boa Vista de 2006.
A bacia hidrográfica Caranã (BHC) fica localizada na zona oeste da Cidade de
Boa Vista, com área de aproximadamente 10km2 compreendendo os bairros Caranã,
Santa Tereza, Jardim Primavera, Murilo Teixeira Cidade, Equatorial, Alvorada, Dr.
Silvio Leite, Tancredo Neves, Piscicultura, Cruviana, Santa Luzia, Pintolândia, Nova
Canaã, Cidade Satélite, Senador Hélio Campos, Laura Moreira e União. A BHC possui
um total de 91.562 de habitantes de acordo com IBGE (2010), caracterizando uma bacia
hidrográfica densamente populosa em ralação a cidade (figura 1).
Para o desenvolvimento da pesquisa foram utilizadas referências com base no
assunto políticas públicas, buscando demonstrar quais foram as medidas aplicadas
durante um período de 33 anos na Bacia Hidrográfica Caranã. Também foi necessário
utilizar a técnica de classificação supervisionada aplicada por meio do software ArcGis
10.3, para gerar mapas de uso e cobertura da BHC, usando os períodos de 1985, 1995,
2005 e 2018 para entender como a dinâmica da bacia foi sendo alterada em decorrência
das políticas públicas adotadas em cada período.
1
Universidade Federal de Roraima, Kingmayk@hotmail.com
2
Universidade Federal de Roraima, aj_geo@hotmail.com
413
Figura 1 - Mapa de localização da área de estudo
2 DESENVOLVIMENTO
414
principais cursos d’água da área urbana como o igarapé Grande e Caranã não podem
ser ocupados.
O processo de degradação da Bacia Hidrográfica Caranã foi estimulado por
políticas públicas voltadas para o interesse eleitoral, isso fica evidente pelo processo
histórico de ocupação da cidade de Boa Vista.
Em 1988, com a abertura dos garimpos no estado de Roraima, ocorreu superávit
no crescimento populacional. Por conta disso, as políticas públicas foram planejadas
com o intuito de “ocupar para depois estruturar” e assim surgiram bairros com
diferentes objetivos, mas com uma possível consequência, as ocupações em áreas
vulneráveis ambientalmente.
A forma do ordenamento espacial da BHC mostrou-se semordenamento
definido, e isso é demostrado já no primeiro ano após a criação do estado de Roraima,
onde a gestão do primeiro prefeito de Boa Vista (Barac Bento 1989-1992) provocou a
ocupação de áreas vuneráveis, por meio da política de doação de lotes e criação de
conjuntos habitacionais.
Batista (2013) menciona que durante esse processo, surgiram os bairros:
Caranã, fruto de doações do governo municipal; Jardim Primavera, áreas invadidas
e doadas por políticos; Santa Tereza, doação de lotes; Alvorada I, Equatorial, Caimbé,
Piscicultura, Santa Luzia e Cauamé.
Nessa questão pode-se destacar a criação do bairro Cauamé, criado para abrigar
a população desabrigada devido as enchentes, demonstrando um cenário oriundo de
áreas ocupadas irregulamente.
Comparando a imagem de 1985 com 1995 da figura 02, observa-se que anos
antes do boom populacional, existiam vários lagos que formavam o sistema lacustre
na zona oeste da cidade. Contudo, com a política de ocupação implantada na gestão
do prefeito Barac Bento, citado por Batista (2013), alguns lagos localizados nos bairros
Jardim Primavera e Santa Tereza foram ocupados e consequentimente aterrados.
Figura 2 - Croqui do uso e cobertura do solo de Boa Vista dos anos de 1985, 1995, 2005
e 2018 considerando a área de expansão do Plano Diretor de 2006 e a área da BHC.
415
A imagem de 1985 demonstra que a Bacia Hidrográfica Caranã possuía pouca
interação com o processo de ocupação urbana, isso devido ao desenvolvimento
tímido do até então Ex-Território Federal. Sendo assim, na área da BHC existia uma
porcentagem de 81% de savana com uma pequena área urbanizada computando 12%
do total da bacia, contudo, o processo de ocupação já estava em seu estágio inicial,
como demonstra a variável solo exposto, demonstrando 3% do total, ou seja, áreas
próximas a lagos importantes para o igarapé Caranã (nascentes), sendo loteadas para
fins eleitorais.
Entretanto, esse cenário mudou drasticamente durante o período de 1988 a
1995, como demonstra a figura 3.
Figura 3 - Gráfico da porcentagem das variáveis do uso e cobertura da bacia hidrográfica
Car anã/1995.
416
Outro fator que condicio nou esse aumento na porcentagem da variáv el urbana
na BHC foi durante a gestão da prefeita Tereza Surita de 1993 - 1996, que incen tivou
a produção de loteamentos, bem como a prática adotada de distribuição de lotes para
pessoas de baixa renda. E nessa dinâmica surgiram vários bairros na BHC, como
exemplo o bairro Jardim Caranã e o bairro União.
O Conjunto Alvorada II f oi criado a partir de doações feitas pelo estado. Em
1993, o bairro Dr. Silvio Leite surgiu pelo pro cesso de ocupação por partes dos grupos
excluídos oriundos de outros bairros, o bairro Equatorial II com o mesmo intuito do Dr.
Silvo Lei te, no ano de 1995 foi criado o bairro Senador Hélio Campos com o objetivo
de doar para a populaç ão de baixa renda.
Pode-se destacar que o ordenamento da bacia hidrográfica Caranã, durante o
período de 1985 a 1995, foi feito por polí ticas de doação de lotes e conjuntos habit
acionais voltados para campanhas eleitorais, ocupando locais de planície de inundação
que pos teriormente causaram transtornos a esses indivíduos.
Outro fator importante a ser citado é a aplicação de políticas públicas na
contramão dos interesses dos demais agentes so ciais. Esse fato foi afirmado por Veras
(2009), o qual destaca que a elaboração do Plano Diretor fo i feita sem consultar a
população além d e negligenciar a real necessidade da população.
No ano 2000, durante a g estão do prefeito Ottomar Pinto, foi criado o bairro
Cidade Satélite, neste caso, os promotores imobiliários iniciaram a comercialização da
marge m esquerda do igarapé Caranã corpo hídrico da BHC, es se fenômeno não se
preocupava com o meio ambiente e esse fato é confirmado pela diminuição de 2% para
1% da variável vegetação ao longo de 15 anos dentro da área da bacia hidrográfica
Caranã.
A dinâmica de ocupação e a forma que o espaço vem sendo molda do estava
estritamente ligado às ações exercidas pelos agentes sociais, e isso é observado na
classifi cação supervisionada e no gráfico da BHC em 2005, figu ra 4.
417
Dentro da BHC, pode-se observar que as áreas de savana tiveram um
recuo de 33% em relação ao ano de 1995. Por outr o lado, o tecido urbano avançou
consideravelmente, atingindo um ganho de 42% da área da bacia hidrografica caranã,
além de monstrar um aumento na vairável urbano sobre solo exposto. O gráfico aponta
que a variavel solo exposto obtev e 3%.
Esses números foram con dicionados pelas políticas de doações de lotes
administrados pela gestão da prefeita Tereza Surita. Diante disso, surgiu mais um
bairro na BHC , o Conjunto Cidadão, originado em 2001 por doações de lotes para
famílias de baixa renda. Es se conjunto tem uma importância no ordenamento da
BHC, pelo fato do mesmo estar localizado próximo às principais nascentes do igarapé
Caranã.
Em um primeiro momento, esse sistema lacustre é composto por vário s lagos
que variam de 1,0 a 1,5 metros de diâmetros e m média (SIMÕES FILHO et al., 1997), a
lguns sazonais outros permanentes, isso levanta a questão das problemáticas causadas
pelas cheias em planícies de lagos. Mesmo aterrando essas áreas, n os períodos
chuvosos, as águas oriundas do lençol freático pouco profundo (em média 6,3 metros
de profundidade durante o período de estia gem em alguns pontos podem chegar a
1,35 metros) afloram, podendo ocasionar aumento no es coamento superficial, criando
pontos de alagamento.
A análise das mudanças espaciais no ordenamento da BHC é o in ício para
entender as alterações físicas da área da bacia, bem como, as ações dos agentes so ciais
no processo de ordenamento. Para demonstrar es ses eventos, a figura 5 esboça esses
dados pa ra análise.
418
de 4% devido a existência de vários loteamentos na BHC oriundos da especulação
imobiliária, a variável hidrografia se manteve abaixo de 1%, mesmo com os dados
melhorados pela resolução de 15m oferecido pelo satélite Landsat 8 sensor OLI.
Observou-se o aumento de 1% da variável Vegetação em relação à classificação
supervisionada de 2005. Isso é remetido ao fato que grandes áreas de matas ciliar
ao longo da BHC foram retiradas pelas ocupações irregulares, estimulando uma
proliferação da vegetação secundária de pequeno, médio e grande porte, confirmando
a tese de que uma grande porcentagem das matas ciliares foi substituída, como
afirmado por Araújo Junior (2016). Por outro lado, o mais importante a ser analisado é
sua localização pelo motivo de ser densamente povoado próximo ao sistema lacustre
da zona oeste de Boa Vista, figura 6.
Figura 6 - Imagem da zona oeste de Boa Vista onde fica localizado as nascentes do
corpo hídrico principal da BHC.
419
Figura 7 - Imagem panorâmica loteamento privado da margem esquerda do corpo
hídrico principal da BHC,
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
420
4 REFERENCIAS
421
CARACTERIZAÇÃO DO REGIME HIDROLÓGICO DO RIO MADEIRA POR
MEIO DA CURVA DE PERMANÊNCIA
1 INTRODUÇÃO
1
Universidade do Estado do Amazonas, bpb.eng17@uea.edu.br, 1 Universidade do Estado do Ama-
zonas mmcr.eng17@uea.edu.br, 1 Universidade do Estado do Amazonas, Universidade do Estado do
Amazonas ovf.eng17@uea.edu.br, 1 Universidade do Estado do Amazonas, arms.eng@uea.edu.br
422
2 DESENVOLVIMENTO
A bacia do Rio Madeira está situada na fração sudoeste da bacia Amazônica (veja
figura 1). Seus afluentes principais, na margem direita, são Mutum-Paraná, Ribeira,
Jamari, Machado e JacyParaná; na margem esquerda Ferreiros, Abuna, São Simão
e José Alves. Sua nascente ocorre na Bolívia, na região da Cordilheiras dos Andes,
seguindo ao norte, pela fronteira com o Brasil, atravessando o estado de Rondônia
até adentrar o estado do Amazonas, desaguando no rio que dá nome ao estado e se
configurando num dos seus principais afluentes pela margem direita.
O rio Madeira possui uma área de drenagem de aproximadamente 1.420.000 km²,
distribuídas na Bolívia (51%), no Brasil (42%) e Peru (7%) (Filizola et al, 2002). Ocupa,
ainda, a 17ª posição em extensão do mundo com 3.240 km de distância e é conhecido
por suas águas caudalosas, movimentando grandes quantidades de sedimentos por
sua calha, o que explica sua coloração barrenta. Quanto à sua importância, o rio
favorece aos municípios pelos quais transcorre, oferecendo oportunidade de pesca,
transporte e fonte de água para agricultura, tornando-se essencial na economia dessas
regiões, além de contribuir para o equilíbrio ecológico da região amazônica.
423
2.2 Dados
Tabela 1 – Estações disponíveis mais próximas da foz do rio Madeira Distância à foz
2.3 Métodos
2.3.1 Hidrograma
424
Em seguida, para a construção da curva do gráfico, determinou-se no eixo das
ordenadas as vazões médias diárias considerando todos os anos. No eixo das abscissas
foi distribuído o período de um ano inteiro, do dia 01/jan ao dia 31/dez, no entanto,
optou-se por representar apenas o mês, afim de facilitar a interpretação do gráfico.
Onde,
426
2.4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Fonte: Autores
427
Figura 3 – Vazões máximas e mínimas anuais do Rio Madeira, em Manicoré (1968 a
2016).
Fonte: Autores
Fonte: Autores
428
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
4 REFERENCIAS
BRASIL (1997). Lei n° 9.433, de 8 de janeiro de 1997, que institui a Política Nacional de
Recursos Hídricos, cria o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos e
dá outras providências.
MUNIZ, L.S. (2013). Análise dos padrões fluviométricos da bacia do rio Madeira - Brasil. Tese
(Mestrado em Geografia) - Universidade Federal do Amazonas (UFAM), Manaus,
2013. p 26.
VAUCHEL, P. (2014). Estudo da cheia de 2014 na bacia do rio Madeira. Institut de Recherche
pour Développement - IRD, Estudo do programa Hybam, abril 2014. 26 p.
430
CARACTERIZAÇÃO HIDROLÓGICA DO REGIME DE CHEIAS E VAZANTES
DO RIO NEGRO
1 INTRODUÇÃO
1
Universidade do Estado do Amazonas, hrm.eng16@uea.edu.br, Universidade do Estado do Amazo-
nas, lmcl.eng16@uea.edu.br; Universidade do Estado do Amazonas, wmvds.eng16@uea.edu.br; Uni-
versidade do Estado do Amazonas, arms.eng@uea.edu.br
2
Universidade do Estado do Amazonas, jsdsilva@uea.edu.br.
431
Em termos de influência social e econômica, uma das bacias que se destaca é a
Bacia do rio Amazonas. Com área de 720.114 quilômetros, descarrega no Atlântico um
volume de água que representa aproximadamente 15% das contribuições hídricas aos
oceanos e se estende por 7 países: Brasil, Peru, Bolívia, Colômbia, Equador, Venezuela
e Guiana.
Socialmente, os rios da Bacia Amazônica influem diretamente na vida
das populações ribeirinhas, que dependem do rio para alimentação, trabalho e
abastecimento de água. Economicamente, o transporte fluvial é um dos mais utilizados
na região, inclusive para exportação, desde os produtos do extrativismo até os da Zona
Franca da região. É, ainda, de extrema importância para regulação do clima no planeta.
A evapotranspiração em sua área é responsável pela formação dos chamados “rios
voadores”, que levam umidade da Bacia Amazônica para o Centro-Oeste, Sudeste e Sul
do Brasil. Esses “rios voadores” influenciam, também, chuvas na Bolívia, no Paraguai,
na Argentina, no Uruguai e até no extremo sul do Chile.
Devido a sua grande influência, este trabalho objetiva o conhecimento e análise
da vazão de um dos rios mais importantes da Bacia do Rio Amazonas: o Rio Negro,
rio este que nasce no departamento de Guainia, na Colômbia e entra no Brasil por
Cucuí, um distrito do munícipio de São Gabriel da Cachoeira, no Amazonas. Sendo
o segundo maior rio do mundo em volume de água, apresenta grande influência no
âmbito nacional e percebe-se a necessidade de avaliação das suas descargas hídricas.
2 DESENVOLVIMENTO
Possuindo cerca de 11% da área total da Bacia Amazônica, a sub bacia hidrográfica
do rio Negro apresenta área de drenagem cerca de 732.595,71 km², abrangendo países
como: Brasil, Colômbia, Venezuela e Guiana. (MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE,
2006). Tendo sua nascente na Colômbia, é conhecido primeiramente como rio Guiania,
após receber as águas do Canal de Cassiquiare, adota o nome rio Negro, circula mais de
1700 km, possuindo condições adequadas para navegação, até sua foz no rio Amazonas.
No território brasileiro, a sub bacia possui uma população de aproximadamente
1.821.000 habitantes e área total de 607.248 km², abrangendo os Estados do Amazonas
e Roraima. Tendo sua importância devido as populações indígenas que vivem nos
arredores, transporte fluvial e destino turístico. (NEVES, 2017; MELO, 2012).
432
Figura 1 – Localização Sub Bacia do Rio Negro
2.2 Dados
A elaboração deste trabalho teve como bases dos dados de vazão da estação
Serrinha, cadastrada no banco de dados da Agência Nacional de Águas (ANA) sob
o código 14420000, obtida a partir do Portal Hidroweb (http://www.snirh.gov.br/
hidroweb/publico/ medicoes_historicas_abas.jsf), relacionado ao Sistema Nacional
de Informações sobre Recursos Hídricos (SNIRH), que viabiliza uma variedade de
dados hidrológicos apurados pela Rede Hidrometeorológica Nacional (RHN).
Para a escolha da estação foram analisados dois critérios principais: proximidade
da foz do rio a ser analisado e variedade de dados de vazão disponibilizados pela
estação. Assim, optou-se pela estação Serrinha, por estar mais próxima da foz com uma
quantidade relevante de dados para o estudo (adotou-se 30 anos como quantidade
mínima de dados disponíveis). O intervalo dos anos vai de 1978 até 2016, com exceção
do ano 2000 por não possuir dados suficientes para coleta e 2017 e 2018 foram retirados
pelos mesmos motivos.
Como consequência dos dados coletados da estação, elaborou-se três ferramentas
gráficas: curva de permanência, hidrograma e gráfico de máximos e mínimos. Para a
construção destas foi utilizado o software Excel, desenvolvido pela Microsoft, como
auxílio na organização dos dados e produção de curvas.
2.3 Hidrograma
Este gráfico foi obtido a partir da ordenação, no Excel, dos dados de vazão de
forma que cada coluna representasse um ano e cada linha dessa coluna, um dia. Sendo
assim, uma matriz de 366 linhas (considerando o dia 29/fev) e Na (número de anos)
433
colunas foi formada. De cada linha foi retirado seu valor médio, representando, assim,
a vazão média daquele dia considerando todos os anos registrados, conforme equação
1.
Onde:
Onde:
434
2.3 Curva de Permanência
Onde:
435
Onde:
3 RESULTADOS
Fonte: Autores
436
Por meio do hidrograma é possível descobrir de forma rápida o escoamento
do rio em um determinado período do ano e até mesmo prever o comportamento do
mesmo, permitindo um planejamento eficiente para qualquer finalidade, a figura 3
mostra as vazões médias diárias, da estação da Serrinha, para o período de 1978 a 2016.
As cheias ocorres entre os meses de fevereiro a julho, onde a vazão máxima é 27722,35
m3/s, em junho. O período em que as águas começam a recuar estende-se durante os
meses de agosto a janeiro, quando a vazão média mínima foi de 11164,51 m3/s no mês
de janeiro.
Fonte: Autores
437
Figura 4: Curva de Permanência do Rio Negro (1978 a 2016)
Fonte: Autores
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Com altas vazões de referência durante todo o tempo de análise, o rio Negro
apresenta alto potencial hidrológico. Sendo sua bacia situada em três tipos distintos
de relevo, apresenta as vantagens desses tipos de curso: onde abrange as regiões do
Planalto Amazonas-Orenoco e Planalto Negro-Jari conta com algumas rupturas de
declive, o que atrai certa atenção no que diz respeito a potencial de geração de energia;
onde se situa nas Depressões da Amazônica Setentrional, que se destaca especialmente
na Depressão Rio Branco – Rio Negro, apresenta excelente navegabilidade, característica
comum para os rios amazônicos e ao mesmo tempo rara num contexto nacional.
É a navegabilidade que torna o rio Negro uma das importantes influências
econômicas na região, desde o abastecimento de moradores de suas margens, que
encontram facilidade em atividades pesqueiras, até o fluxo contínuo de mercadorias
que chegam e partem do Porto de Manaus.
Os resultados obtidos classificam o Rio Negro como um rio perene, já que há
vazão permanente ao longo do período de um ano. Também condicionam a descargas
de água médias máximas e mínimas distantes, de 27722,35 m³/s e 11164,51 m³/s,
respectivamente, o que conduz a um regime de cheias e vazantes bem distinto. A
curva de permanência se mostra um recurso propício para o estudo de escoamento em
cursos d’água cuja vazão de referência outorgável para uso das águas superficiais 75%
da Q95 equivale a 5286 m³/s.
Não foi identificado algum valor fora do padrão esperado, isso pode ser
atribuído à frequência de medições e consequente manutenção de dados. Há, ainda, a
percepção de que o rio não apresentou comportamento atípico no período analisado,
apesar de alto índice de precipitação.
Uma vez obtidos os dados de vazão, é possível determinar um comportamento
do rio Negro, bem como prever regimes de cheias e secas. Relembra-se que essa análise
nos leva a uma compreensão de como devem ser geridos os recursos hídricos da bacia
438
desse rio em função dele próprio. Tal entendimento orienta, de forma estratégica, o
desenvolvimento de projetos com dependência fluvial em diversos segmentos sociais
e econômicos, bem como planejamento de recuperação ambiental.
5 REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS
MELO, E.C. (2012). “Fatores de Controle dos Fluxos Fluviais de Material em Suspensão
em Diferentes Cenários Climáticos na Bacia do Rio Solimões”. 241 f. Tese (Doutorado
em Meteorologia, Climatologia, Hidrologia e Interação Biosfera-Atmosfera) - Instituto
Nacional de Pesquisas da Amazônia, Manaus.
ROLIM, A.P. (2004). Hidrologia Aplicada. UERGS, Caxias do Sul - RS, 138 p.
439
DISPONIBILIDADE HÍDRICA ATRAVÉS DA CURVA DE PERMANÊNCIA NO
RIO JURUÁ
1 INTRODUÇÃO
2 MATERIAL E MÉTODOS
A área de estudo escolhida foi a bacia hidrográfica do rio Juruá, umas das 13
sub-bacias que compõem a bacia hidrográfica do rio Amazonas. A nascente do rio
Juruá está localizada nas escarpas da cordilheira dos Andes, na vertente oriental da
serra da Contamana, no Peru. Sua extensão aproximada é de 3.350 km (Souza, 2010)
e percorre todo o noroeste do Estado do Acre, desaguando no rio Solimões, no estado
do Amazonas, no sentido sudoeste-nordeste.
441
2.2 Dados
Fonte: Autores
2.3 Métodos
2.3.1 Hidrograma
442
2.3.2 Máximas e mínimas
Durante essa etapa foram selecionadas as vazões máxima e mínima de cada ano, de
1973 a 2015. Selecionando-se apenas os valores máximos de cada ano registrado na
estação Gavião, é obtida a série de vazões máximas deste local. A análise de vazões
mínimas é semelhante à análise anterior, exceto pelo fato de que nesse caso o interesse
é a análise das vazões mínimas ocorridas. Assim sendo, foram retirados os valores
máximos e mínimos anuais e, para fins de melhoria do potencial de análise, foram
inseridas as linhas representativas das médias máximas e mínimas de cada grupo
conforme as equações 2 e 3:
443
Na sequência, com o suporte de uma das ferramentas do software Excel, ordenou-se
as vazões obtidas de forma crescente através dos anos, e atribuindo a cada vazão uma
discriminação relativa à sua posição na sequência, sendo 1 para a menor registrada e
nr para a maior. Dessa forma, calculou-se a frequência acumulada de cada classe de
vazão pelas equações 6 e 7:
444
Por fim, os dados de permanência foram, então, dispostos no eixo das abscissas,
enquanto que no eixo das ordenadas foram dispostas as vazões, obtendo-se assim, o
gráfico da curva de permanência.
3 RESULTADOS
Fonte: Autores
Fonte: Autores
Por fim, o último gráfico elaborado foi a curva de permanência (figura 4).
A curva de permanência é uma ferramenta bastante utilizada na hidrologia, pois
relaciona a vazão ou o nível do rio e a permanência no tempo em que a vazão é maior
ou igual ao valor especificado, ou seja, esse artifício expressa a relação entre a vazão
e a frequência com que esta vazão é superada ou igualada (Pinto, 2006). Dessa forma,
o conhecimento desse método é de fundamental importância para o planejamento e a
gestão dos recursos hídricos (Costa et al., 2011).
446
Figura 4 – Curva de permanência do Rio Juruá, em Gavião (1973-2015).
Fonte: Autores
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
5 REFERENCIAS
MOLINIER, M.; GUYOT, J.L.; CALLÈDE DE, J.; GUIMARÃES, V.; OLIVEIRA, E.;
FILIZOLA, N. (1997). “Hydrologie du bassin amazonien”, In: THÉRY, H. (ed.),
Environnement et développement en Amazonie brésilienne, Paris, FR: Editions Belin,
p. 24-41.
448
VALIDAÇÃO DOS DADOS DO SATÉLITE ALTIMÉTRICO JASON-2 NA BACIA
DO RIO TAPAJÓS
1 INTRODUÇÃO
1
kpc.eng@uea.edu.br,
2
oliveirafmateus@hotmail.com,
3
kleitonmorais.km@gmail.com,
4
jsdsilva@uea.edu.br
449
2. MATERIAL E MÉTODOS
2.2 Dados
2.3 Métodos
Conforme Calmant e Seyler (2006) uma estação virtual (EV) é definida por
um conjunto de dados altimétricos obtidos pela intercepção do satélite com corpos
de água na superfície terrestre, com o qual é adquirir uma série temporal da altura
do plano da água. Contudo, elementos como ilhas, vegetação, bancos de areia, entre
outros são exemplos de algumas medidas obtidas pelo satélite dispensáveis para o
estudo ocasionado uma apuração de dados para resultados mais exatos.
Com base na metodologia descrita em com Silva et al. (2010), a concepção
da EV se inicia a partir da identificação do corpo d’água assim como da linha de
450
dados altimétricos desejados no programa Google Earth. Um polígono foi criado com
finalidade de delimitar a região facilitando a seleção dos pontos correspondentes à
lâmina d’água. A área do polígono é importada para o programa Multimission Altimetry
Processing Software (MAPS, 2018) utilizando em segundo plano a imagem do satélite,
possibilitando maior visibilidade do curso de água conforme mostra a Figura 1. Por
meio dessa configuração é possível refinar a seleção dos dados abstraindo as medidas
indesejáveis.
Figura 1 - Tela do programa MAPS com imagem do Google Earth em segundo plano
no traço 228
451
Em face do objetivo de comprovar a eficácia do uso de satélites para validação
da medida hidrométrica, é necessário utilizar-se da equação que computa a raiz do
erro quadrático médio ou valor eficaz (RMS), observada na Equação 1, onde H1,i são
as estimativas de nível do rio pelos dados altimétricos; H2,i são as leituras do nível do
rio nas estações fluviométricas; e N é o número de medições acatadas.
3. RESULTADOS
Para este estudo foi realizada a criação de 3 EVs na bacia do rio Tapajós através
do programa MAPS com os dados altimétricos provenientes do satélite Jason-2
conforme a Figura 2. A distribuição das EVs ao longo da bacia é listada na Tabela 1,
assim como as respectivas latitudes e longitudes.
Figura 2 - Distribuição das estações virtuais na bacia do rio Tapajós (pontos em verde)
e com cobertura espacial da missão Jason-2 (traços verdes). Mosaico de imagens Google
Earth em segundo plano.
452
3.2 Validação externa
Para a validação houve apenas uma estação de rede fluviométrica com os pré-
requisitos para este estudo, no caso, a estação Itaituba (17730000) que se encontrava
distante 9,48 km à montante da EV TAPAJÓS _J2_ICE1_228_01, representada na tabela
2. Na Figura 3 estão apresentadas a localização do traço 228 juntamente com a estação
fluviométrica de Itaituba.
Com base nos dados verificou-se que o RMS encontrado foi de 0,33 m, resultado
da comparação entre os dados de nível de água do traço 228 e a estação fluviométrica
Itaituba.
TAPAJÓS 17730000
_J2_ICE1_228_01 4°13’46.28”S 55°53’25.35”O Itaituba 4°16’32.00”S 55°58’56.00”O 0,33
453
Figura 4 - Séries temporais da régua instalada em Itaituba e da estação altimétrica do
traço 228, entre o período de 2008 e 2016 para o satélite Jason-2.
Como podem ser observadas, entre o período de 2012 a 2013, mesmo que o
regime hídrico seja similar, as séries temporais obtidas através dos dados de satélite
não coincidem com os valores identificados pela régua. Tal situação decorre do
déficit de dados fornecidos pela régua (devido imprecisão por ausência de perícia ou
negligências de observância), os quais ocasionam divergências de medição durante o
período apontado. Pode ser por erros in situ ou mesmo pela demora de sua atualização
de dados se comparadas ao do satélite.
Desta forma, é importante considerar a utilização do satélite sendo mais que
um complemento dos dados, considerando que não teve perda de dados em nenhum
período e assim havendo uma leitura correta da oscilação dos níveis do rio. Em termos
gerais, os erros não foram de muito impacto em razão do baixo valor do RMS de 0,33
metros entre os dados altimétricos e os dados da régua, que corresponde a 3,85 % da
amplitude de 8,55 metros.
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este estudo objetivou a validação dos dados altimétricos do satélite Jason-2 na bacia do
Rio Juruá. A análise da variabilidade altimétrica do regime hidrológico do Rio Tapajós
foi validada com o auxílio do programa MAPS (Multimission Altimetry Processing
Software).
454
5 REFERENCIAS
CALMANT, S.; SEYLER, F. (2006). Continental surface water from satellite altimetry,
Comptes Rendus Geosciences, 338 (14-15): 1113-1122. doi: 10.1029/2001JD000609. CHOW,
V. T. (1964). Handbook of applied hydrology. New York: MacGraw-Hill Book Co,
1495p.
PAVLIS, Nikolaos. K.; HOLMES, Simon. A.; KENYON, Steve. C.; FACTOR, John. K.
2012. An Earth Gravitational Model to Degree 2160: EGM2008, 2008.
SILVA, J. S.; CALMANT, S.; SEYLER, F.; ROTUNNO FILHO, O. C.; COCHONNEAU,
G.; MANSUR, W. J. (2010). Water levels in the Amazon basin derived from the ERS 2 and
ENVISAT radar altimetry missions. Remote Sensing of Environment, v. 114, p. 2160-
2181.
455
DIAGNÓSTICO DOS FRAGMENTOS FLORESTAIS REMANESCENTES NA
ÁREA DE PROTEÇÃO AMBIENTAL DO TIMBURI – PRESIDENTE PRUDENTE/
SP, A PARTIR DE AVALIAÇÃO QUALI-QUANTITATIVA.
1 INTRODUÇÃO
2 MATERIAL E MÉTODOS
457
Figura 1: Localização da área de estudo. Área de Proteção Ambiental do Timburi
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
5
A Convenção Sobre Diversidade Biológica é um tratado internacional multilateral da Organização das
Nações Unidas
459
3.1 Análise quantitativa dos Fragmentos Florestais Remanescentes
460
primeira, segunda e terceira ordem. Estas primeiras constatações já evidenciam a
importância de propostas de restauração em benefício dos recursos hídricos.
O tamanho dos fragmentos está diretamente relacionado com sua capacidade de
suporte às populações, à sua riqueza genética, e sua possibilidade de manter saudáveis
as relações ecológicas e processos biogeoquímicos. Assim, configura-se em importante
elemento para avaliar as condições ecológicas e ambientais de um determinado espaço.
Neste sentido, a partir da quantificação dos fragmentos identificados, elaborou-se a
Tabela 1, na qual se organizam os fragmentos em relação às suas dimensões:
462
isolamento que áreas de cultivo intensivo de cana de açúcar, de plantio homogêneo
de eucaliptos ou de ocupação urbana de alta densidade, como exemplos. Todavia, a
adoção dos buffers mencionados permite definir locais onde, com pouca intervenção
e, portanto, poucos investimentos, podem ser implantados projetos de restauração
ecológica. Assim, pode-se melhorar o potencial ecológico dessas áreas e retardar o
processo de deterioração desses fragmentos.
Essas avaliações além de apontarem o grau de fragilidade dos fragmentos,
permitem a identificação de áreas prioritárias para a conservação e a necessidade de
adoção de políticas públicas de orientação no uso da terra. Desta forma, foi elaborado
o Mapa de Distâncias entre os Fragmentos Florestais Remanescentes na APA Timburi
(Figura 4).
Como se pode perceber na Figura 4, boa parte das conexões entre os fragmentos
remanescentes pode ser restabelecida a partir da implantação de projetos de restauração
ecológica em extensões de até 100 metros. Se, conjuntamente com tal iniciativa, forem
restauradas as vegetações nas APPs no entorno de nascentes, hoje inexistente na maior
parte delas, o ganho ambiental e ecológico e, certamente, os recursos hídricos locais,
seriam fortemente beneficiados.
464
Fragmentos de mata nativa relevantes: Foram identificados três fragmentos de
mata nativa com maior extensão em área. Em visita a dois desses locais (Figuras 07- A
e B), observaram-se algumas características consideradas relevantes para a inclusão
deles como áreas prioritárias para conexão aos corredores ecológicos, tais como:
bosque e sub-bosque consolidados; dossel e sombreamento; maior porte e diversidade
arbórea do que as APPs do entorno e, espécies significativas.
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Agradecimentos
5 REFERENCIAS
RAWLS, W.J.; DAVID, G.; Van MULLEN, J.A.; WARD, T.J. Infiltration. In: ASCE.
Hydrology Handbook. 2.ed. New York. (ASCE Manuals and Report on Engineering
Practice, 28), 1996. p.75-124.
466
RODRIGUES, R. R.; BONONI, V. L. R., orgs. Diretrizes para Conservação e Restauração
da Biodiversidade no Estado de São Paulo. São Paulo: Instituto de Botânica, 2008.
467
DESAFIOS NO MODELAMENTO E AS POSSIBILIDADES DO USO DA
FERRAMENTA SWAT NO KARST: UMA REVISÃO METODOLÓGICA
1. INTRODUÇÃO
2. METODOLOGIA
470
global. Por fim, utilizou-se os mesmos segmentos no tópico e no mesmo período de
tempo para a pesquisa no ‘Web of Science’, supondo que os artigos com esses termos
em seus títulos exibam trabalhos com foco explícito, para conhecimento da região
estudada, das palavras-chaves envolvidas, entre outras partes específicas que abordam
a temática.
Após a leitura, houve a classificação pela contribuição do autor dos trabalhos
que foram examinados e criticados objetivamente. Deste pondo em diante, iniciou-
se a discussão sobre as teorias, métodos e materiais até os resultados alcançados. A
classificação serviu para esboçar a evolução do pensamento cientifico sobre os tópicos
da pesquisa abordada.
a) Dados de Entrada
b) Metodologia Adotada
Como acima citado, para tratamento dos dados na SWAT, o ponto base é a
geração do DEM para criar a hidrografia (rios, riachos), as bacias e subbacias. A base
primária consiste no DEM para confecção dos dados de declividade, pedológicos, da
cobertura do solo, para elaboração das HRU’s. Para poder obter os parâmetros iniciais,
é necessária a efetuação do tratamento das séries climáticas e, fluviais. A classificação
dos mapas de cobertura do solo foram os mais diversos, desde o modo de classificação
supervisionada, ao NDVI (Índice de Vegetação por Diferença Normalizada) (HOU &
GAO, 2019).
Da análise de sensibilidade para a calibração, modelagem do fluxo, vazão,
manchas de contaminação, a validação ao produto final (testes estatísticos, gráficos,
resultados finais, mapas estatísticos, uso dos histogramas para visualização das
compatibilidades, comparação das análises sequenciais, e das variáveis multitemporais
dos dados). Também houve estimativas dos dados e impactos ambientais em área
montanhosa, áreas rurais próximas a áreas urbanas, áreas com e sem manejo, áreas
agrícolas, com criação de rebanhos, processos erosivos, carreamento de sedimento,
contaminação dos recursos hídricos pelo fosforo, nitrato, entre outros.
As modelagens variaram bastante, passaram para modelamento do fluxo,
escoamento de base, sumidouros, vazão, recarga e descarga, simulação de reservatórios
(dois reservatórios de Mailet), manchas de contaminação por fósforo, nitrato, coliformes
fecais, em sedimento, com destaque nos trabalhos de Tian et al., 2016 a mancha de NPP
(Produtividade Primária Líquida), modelamento da influencia de espécies exóticas no
ecossistema, avaliar o rendimento dos sedimentos de encostas, entre outros.
Referente ao uso dos módulos da ferramenta utilizados pelos autores permeou
entre as plataformas dos SIG’s GRASS (Geographic Resources Analysis Support System)
com predominância da ESRI®. ArcGIS 9.3, 10.1, 10.2 1. Para tratamento da imagem
e segmentação - Cognition9. E os módulos da ferramenta: SWAT 2000, SWAT SSC,
SWAT2003 modificado iSWAT, SWAT 2005 (SWAT- B & B), SWAT-VSA, Modflow,
DHSVM, SWAT2009 (versão 93.6), Regular-SWAT e Topo-SWAT (KarstSWAT, ArcSWAT
(Versão 2012.10_1.9 lançado em 7/8/13), KSWAT, SWATCUP (SWAT Calibration Uncertainty
Procedures) e o algoritmo SUFI-2 (Abbaspour, 2008), SWAT2012 v 622, ArcSWAT2012
(v.622), ISWAT-PEST (Hidrogramas de ISWAT-L e ISWAT-N).
c) Dados de Saída
A pesquisa foi dada por encerrada, porém continua as aplicações dos modelos
nos próximos capítulos, foi assim que foram encerradas as considerações finais,
poucos dados foram encerrados definitivamente, apresentou o que produziram até ali.
Geralmente as aplicações do modelo, a maioria modificados, previu satisfatoriamente
a modelagem dos eventos (das manchas de contaminação dos fluxos, sedimentos,
entre outros).
Em muitos casos abriu o leque de novos métodos e foram acrescentados, como
é o caso da amostragem do fluxo com base no doppler, levantamento batimétrico,
dados radiométricos e das especificações de destaque para determinados tipos de
monitoramento do fluxo. Um dos dados de saída bastante discutidos foi o da simulação
do período de mal tempo de alguns valores no pico do fluxo e taxas de recessão,
do retrabalhamento das imagens, simulação de nitrato que sugeriram um impacto
significativo em área de pastagem de gado na qualidade das águas superficiais e nas
472
águas subterrâneas cársticas. Muito utilizado foi de topografia DEM, das imagens
comparativas da série dos anos do uso do solo.
Houve dado referente à composição dos depósitos nas camadas do subsolo.
Os estudos de Spruill et al. (2000), Baffaut & Benson (2009), Salerno & Tartari (2009),
Vigiak et al. (2017) utilizaram das equações USLE (Equação Universal de Perda do
Solo) e MUSLE (Equação Universal de Perda de Solo Modificada) (VIGIAK et al. 2017). A
evapotranspiração foi calculada pela equação do modelo desenvolvido por Penman-
Monteith conforme Vale & Holman (2019), que avançou para elaboração do algoritmo
próprio, da mesma forma aconteceram com os métodos estatísticos. Destes, a análise
wavelet foi utilizada nos estudos de Baffaut & Benson (2009), Salerno Tartari (2009),
Vale & Holman (2019). Para evitar a propagação dos mesmos resultados, foi feito um
esboço simplificado da disposição dos estudos pesquisados, obedecendo à questão
sequencial e estrutural, mas a alternância do tema é bem diversificada, assim como os
equipamentos, as técnicas de manuseio de cada um deles até ao alcance do resultado.
A manipulação dos dados está calcada nos produtos vetoriais e alfanuméricos.
As principais equações suplementares para composição da solução ambiental estão
enumeradas na Tabela 4, contudo, a maioria já foi absorvida pela ferramenta da TAMU,
contudo foram as últimas evoluções da ferramenta e como os autores desenvolveram a
problemática para fins da modelagem.
473
Tabela 2 - Ajustes na ferramenta e suas aplicações. Localização dos arquivos na
ferramenta.
Fonte: PALAZON & NAVAS 2014, WANG & BRUBAKER 2014, AFINOWICZ et al. 2005
Tabela 4 - Algumas equações utilizadas pelos autores nos estudos para calibração
474
rchrg (t) é a recarga do aqüífero no dia t Esta modificação da ferramenta, calculou o fluxo de
base (Qgw,i em mm H2O) do fluxo de base do dia
gw_delay é o atraso do lençol freático (um anterior (Qgw, i-1 em mm H2O), a constante de recessão
parâmetro de entrada definido pelo usuário) do fluxo de base (αgw), o intervalo de tempo (t em
dias), a quantidade de água percolada além da zona
Escoamento (t) é a quantidade de água que sai do radicular (wrchrg em mm H2O)
fundo do perfil do solo no dia t
Para indicar alguma outra contribuição de água SC = banco de canais e conteúdo de leito em silte e
existe além do PREC argila, e C CH é a cobertura de vegetação do canal,
que varia de 1 para nenhuma vegetação a 19,20 para
Q é o fluxo de corrente cobertura densa de árvores
Representar o movimento rápido da água da Calculo da recarga total = Soma da recarga por
superfície do solo para o aquífero infiltrações + perdas de sumidouros + perda de
córregos
rchrg_seep (t) é a recarga de infiltrações pelo solo rchrg_krst (t) é a recarga de sumidouros e perda de
(solo_seep (t)) córregos via condutos diretos para o aqüífero, krst_seep
(t) representa todas as perdas de sumidouros e perda
gw_delay é o tempo necessário para a água atingir de córregos, e krst_delay é o tempo necessário para a
o aqüífero a partir do fundo do perfil do solo água atingir o aqüífero a partir do fundo de buracos ou
através da matriz porosa do substrato rochoso. córregos através de um conduto direto
O balanço hídrico volumétrico por unidade de Cálculo do Fluxo de Retorno
área
PREC - Eact - SS - WS = Q
PREC é a precipitação
E age a evaporação atual Qgw (t) é o fluxo de retorno para o dia, rchrg (t) é a
recarga do aqüífero e gw é a constante de recessão do
SS o armazenamento de solo fluxo de base.
Q é o fluxo de corrente
Carga de sedimento Carga de sedimento
475
t é o tempo em dias, SW t e SW 0 são o fi conteúdo de
sed é a carga de sedimentos (toneladas métricas água no solo nal e inicial, respectivamente (mm), o dia
dia - 1) de R é quantidade de precipitação no dia i (mm), E surf
é a quantidade de escoamento superficial no dia i (mm),
Q surf é o volume de escoamento superficial (mm W profunda é a quantidade de percolação e derivação de
dia - 1) fluxo que sai do perfil do solo inferior no
q pico é a taxa de pico de escoamento superficial
(m3 s 1)
A área HRU é a área do hru (ha) dia i (mm), e Q gw é a quantidade de fluxo de retorno
no dia i (mm)
Fonte: PALAZON & NAVAS 2014, WANG & BRUBAKER 2014, MALAGO et al. 2016.
3. RESULTADOS E DISCUSSÕES
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
476
Esta pesquisa mostrou evolução e o quadro atual dos trabalhos envolvendo o
termo “SWAT, Karst” no mundo, pelo qual ainda não foi introduzido ainda em artigo
publicado em revista acadêmica com indexação de citações científicas.
Os primeiros esforços remetem ao emprego da ferramenta SWAT, quando
surgiram os primeiros estudos sobre o uso no Karst para estimar medições com base
em modelos ambientais e técnicas de sustentabilidade, porém não em forma de review,
refletindo a análise dos termos aqui elencados. O indexador informou as principais:
área da pesquisa, ano de publicação, categorias do ‘Web Of Sciences’, categorias gerais,
tópicos da pesquisa, títulos da fonte, países/regiões, tipo de documento, autores entre
outros, com estatística de dados, informações conexas referentes a materiais e técnicas
produzidas, principais fontes de aquisição de dados, equações manuais ou algoritmos,
principais objetivos e resultados alcançados nos seus paper’s.
No entanto, foram desenvolvidas poucas pesquisas e estudos voltados para a
compreensão da dinâmica dos processos erosivos relacionados a recursos hídricos em
ambiente karst. Para tanto, foram identificadas as principais metodologias utilizadas,
seja através de técnicas visuais/manuais, como análise de mapas topográficos,
batimétricos, pedológico e campo, ou através de técnicas automatizadas via DEM,
classificação supervisionada de série multitemporal de mapas da cobertura, até
tratamento de dados alfanuméricos das estações climatológicas, meteorológicas
e fluviométricas. Identificaram-se nos trabalhos analisados três tipologias básicas
na aplicabilidade da ferramenta SWAT, quando na análise de sensibilidade dos
parâmetros, os primeiros autores fazem uso das equações complementares que, com
o passar dos anos, evoluíram bastante e, estão acoplados usualmente no sistema de
informações por meio de algoritmos, seja quando na calibração e quando justaposto
na validação.
O uso de técnicas tradicionais (interpretação de foto aérea, imagens, mapas
topográficos, batimétricos e campo) permanecem necessárias mesmo com os avanços
tecnológicos. Também, foi possível sistematizar algumas práticas usuais destes
trabalhos para o modelamento mais adequado dos eventos, como: o uso dos softwares
indicados, das soluções das equações, tipos de modelos adequados para cada tipo de
caso, a sequência dos mapeamentos de solo, cobertura e da topografia, os principais
sensores e os passos seguidos para efetuação de uma modelagem das cargas, fluxos e
nutrientes.
Com base nos dados sistematizados nesta pesquisa é possível acessar de forma
mais imediata às possibilidades de uso e alternativas encontradas na literatura diante
problemas reais, o que é útil para eventual aplicação em futuros trabalhos.
A aplicação da ferramenta SWAT nos sistemas cársticos a que se pretende
realizar em trabalhos futuros, deverá ser precedida de interpretações quanto à tipologia
do uso do solo no karst, do tipo de solo e aquisição de dados teste para estabelecer
os parâmetros mais adequados para a extração automatizada via DEM, associados
com trabalhos de campo. A utilização de algoritmos e parâmetros reais para cada
solução elencado no ambiente karst, auxiliará nas fases seguintes, ajuste na calibração
e validação final.
5. REFERENCIAS
477
AMATYA, D. M.; JHA, M.; EDWARDS, A. E. SWAT-based streamflow and embayment
modeling of karst-affected chapel branch watershed, South Carolina. Transactions of
the Asabe. Volume: 54. Edição: 4. Páginas: 1311-1323. Publicado: Jul-Aug 2011.
ArcSWAT | SWAT | Soil & Water Assessment Tool. Manual, Download Software
e extensões. Site TAMU. Disponível em: https://swat.tamu.edu/software/archive/.
Acesso em: 15 de junho de 2019.
HOU W.; GAO J. Simulating runoff generation and its spatial correlation with
environmental factors in Sancha River Basin: The southern source of the Wujiang
River. Journal of Geographical Sciences. Volume: 29. Edição: 3. Páginas: 432-448.
Publicado: Mar 2019.
JAIN, S.; ALE, S.; MUNSTER, C. L. Simulating the Hydrologic Impact of Arundo
donax Invasion on the Headwaters of the Nueces River in Texas. Hydrology. Volume:
2. Edição: 3. Páginas: 134-147. Publicado: Sep 2015.
SPRUILL, C.A.; WORKMAN, S.R.; TARABA, J.L. Simulation of daily and monthly
stream discharge from small watersheds using the SWAT model. Transactions of the
Asae. Volume: 43. Edição: 6. Páginas: 1431-1439. Publicado: Nov-Dec 2000.
TAMU. SWAT | Soil & Water Assessment Tool. Manual, Download Software e
extensões. Site TAMU. Disponível em: https://swat.tamu.edu/software/archive/.
Acesso em: 15 de junho de 2019.
TIAN, Y.; WANG, S.; BAI, X. Trade-offs among ecosystem services in a typical Karst
watershed, SW China. Science of the Total Environment. Volume: 566. Páginas: 1297-
1308. Publicado: Oct 1 2016.
VIGIAK, O.; MALAGO, A.; BOURAOUI, F. Modelling sediment fluxes in the Danube
River Basin with SWAT. Science of the Total Environment. Volume: 599. Páginas:
992-1012. Publicado: Dec 1 2017.
WILLIAMS, J.D.; KOLPIN, D.W. Current topics in agricultural hydrology and water
quality: Introduction. Journal of the American Water Resources Association. Volume:
41. Edição: 2. Páginas: 243-244. Publicado: Apr 2005.
1 INTRODUÇÃO
482
Quadro 1 – Estação hidrometeorológica do Rio Amazonas na cidade de Parintins – AM
Estação linimétrica
Código da ANA Nº 16350002
Nome da Estação Parintins
Bacia Amazônica
Município Parintins/AM
Latitude -2,630556
Longitude -56,751944
Período de observação Ano: 1967-2018
Estação Pluviométrica
Código da ANA Nº 25600
Nome da Estação Parintins
Bacia Amazônica
Município Parintins/AM
Latitude -2,633333
Longitude -56,733333
Período de Observação Ano: 1961-1998
483
Figura 2 – Gráfico de cota (linhas continuas) e precipitação (barras) para o rio Amazonas
na cidade de Parintins - AM
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
484
ponto de vista econômico, como também social, permitindo o uso de informações
como estas por instituições como Comitês de Bacias Hidrográficas e a Defesa Civil,
na mitigação e melhoria na gestão dos recursos hídricos e no planejamento de áreas
de riscos tendo esses dados como base na elaboração de planos de contingência e
prevenção de eventos extremos na região.
AGRADECIMENTOS
4 REFERENCIAS
ADAMS DK, SOUZA EP, COSTA AA. (2009). “Convecção úmida na Amazônia: implicações
para modelagem numérica”. Revista Brasileira de Meteorologia 24 (2), pp. 168-178.
Agência Nacional de Águas (ANA). (2007). “GEO Brasil recursos hídricos: componente da
série de relatórios sobre o estado e perspectivas do meio ambiente no Brasil: resumo executivo”.
Brasilia: ANA; PNUMA, 2007. 59 p. (GEO Brasil Série Temática: GEO Brasil Recursos
Hídricos).
BRASIL. (1997). “Lei das Águas. Lei nº 4.433, de 8 de janeiro de 1997. Institui a Política
Nacional de Recursos Hídricos”. 1997.
BRAGA, B. P. F.; FLECHA, R.; PENA, D. S.; KELMAN, J. (2008) “Pacto federativo e
gestão de águas”. Estudos Avançados. USP São Paulo – SP, v. 22, n. 63, p. 17-42.
FILIZOLA, N.; GUYOT, J. L.; GUIMARÃES, V. (2009) “Measuring the discharge of the
Amazon River using Doppler technology”. Hydrological Processes, p. n/a-n/a,.
FISCH, Gilberto; MARENGO, José A.; NOBRE, Carlos A. (1998). Uma revisão geral sobre
o clima da Amazônia. Acta Amazônica, pp. 101-126.
485
GUYOT, J. L., CALLÈD J., COCHONNEAU, G., FILIZOLA, N., GUIMARAES, V.,
KOSUTH, P., MOLINIER, M., DE OLIVEIRA, E., SEYLER, F., SEYLER, P. (1999).
“Característiques hydrologiques du bassin amazonien” in anais do International Symposium
on hydrological and geochemical processes in large scale rivers basins, Manaus, 1999,
15-19.
MOLINIER, M., GUYOT, J. L., OLIVEIRA, E., GUIMARAES, V., CHAVES, A.. (1995);
“Hydrologie du Bassin de 1’Amazone”. In: BOULEGUE, J. e OLIVRY, J. C. (eds.), Grands
Bassins fluviaux périatlantiques: Congo, Niger, Amazone,. Actes du Colloque PEGI/
INSU/CNRS, 22-24/ 11 / 1993. Paris, France: ORSTON, IRD Editions. pp.335-344.
SALES, N. et al. (2010). “As maiores cheias e secas no Amazonas e as influências dos fenômenos
El niño, La niña, ODP e OMA” in anais XVI Congresso Brasileiro de Meteorologia -
CBMET, Belém, Setem. 2010, pp. 4-5.
486
INSTRUMENTOSDEGESTÃOEMONITORAMENTOPARAÁGUASSUBTERRÂNEAS
EM MANAUS
1. INTRODUÇÃO
2. DESENVOLVIMENTO
488
assegurar o controle quantitativo e qualitativo dos usos da água e o efetivo exercício
dos direitos de acesso à água, e garantir a sobrevivência de espécies da fauna e flora
estaduais.
O Conselho Estadual de Recursos Hídricos do Amazonas (CERH/AM)
estabelece Resoluções direcionadas ao instrumento de Outorga: a Resolução CERH/
AM Nº 01 de 19 de Julho de 2016 que estabelece critério técnicos a serem utilizados pelo
Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (IPAAM), para o processo de análise de
outorga do direito de uso de recursos hídricos de domínio do estado do Amazonas; e a
Resolução CERH/AM Nº 02 de 19 de julho de 2016, que estabelece critérios e classifica
os usos insignificantes de derivação, captação, acúmulos e lançamentos de recursos
hídricos de domínio do Estado do Amazonas, que são dispensados de outorga.
A cobrança pelo uso de recursos hídricos visa reconhecer a água como bem
público, obter recursos financeiros para financiamento de programas contemplados nos
planos de recursos hídricos, promover o gerenciamento dos recursos nas unidades em
que forem gerados, e manter e melhorar as condições de qualidade dos corpos hídricos
da bacia. Segundo o Art. 16 da Lei 3167/2007, devem ser observados parâmetros,
quanto aos usos como a disponibilidade hídrica, volume, consumo, sazonalidade,
classe e risco de contaminação, assim como nos lançamentos de efluentes de qualquer
espécie, que devem se atentar para as características físicas, químicas e biológicas do
efluente a ser lançado.
Embora previsto no art.24 da Lei nº 3.167/2007, não existe cobrança pelo
uso da água no Estado, salientando que a cobrança existente pelo uso da água nos
centros urbanos diz respeito aos serviços de tratamento e distribuição. Nem mesmo
as indústrias que constituem os polos industriais, as quais utilizam quantidades
expressivas de água para execução dos seus processos industriais, seja por meio da
captação, seja pelos lançamentos de efluentes, são cobradas por usarem tais recursos
hídricos (QUADROS, 2015).
O fundo Estadual de Recursos hídricos foi criado para dar suporte financeiro
para a Política Estadual de Recursos Hídricos, sendo gerido pela Secretaria Estadual de
Meio Ambiente (SEMA) (FERREIRA, 2008). De acordo com o Art. 35 da Lei 3167/2007,
os recursos do fundo serão utilizados para apoio financeiros às instituições públicas
e, sob a modalidade de empréstimo, a pessoa jurídica de direito privado, usuária de
recursos hídricos, para a realização e serviços e obras com vistas à utilidade pública,
ao desenvolvimento, conservação, usos racional, controle e proteção dos recursos
superficiais e subterrâneos, em condições a serem previamente estabelecidas. Além
disso, programas de estudos e pesquisa, desenvolvimento tecnológico e capacitação
de recursos humanos de interesse do gerenciamento de recursos hídricos.
Atualmente, os recursos financeiros para a viabilização das atividades de
gestão de recursos hídricos no Estado do Amazonas são fomentados pela Agência
Nacional de Águas (ANA), a qual repassa recursos federais que são condicionados ao
cumprimento de metas. Esta é a principal fonte de receitas para o manejo da gestão de
recursos hídricos no Estado do Amazonas (QUADROS, 2017).
489
Sistema Estadual de Informações sobre Recursos Hídricos
490
Para os usos de extração de água do aquífero subterrâneo para consumo final
ou insumo de processo produtivo, a outorga para este tipo de uso fica a encargo
do IPAAM. A Portaria Normativa/SEMA/IPAAM, nº 012/2017, dispões sobre os
procedimentos administrativos e documentação necessária para emissão de outorga
de direito de uso de recursos hídricos, no âmbito do Estado do Amazonas, bem
como sua respectiva dispensa. A portaria normativa dispõe sobre os procedimentos
administrativos, da classificação da outorga, o cadastro, da renovação e alteração de
outorga, transferências ou desistências da outorga, prazos bem como os documentos
necessários para obtenção da outorga.
As solicitações de outorga são realizadas através do Portal do Instituto de
Proteção Ambiental do Amazonas (IPAAM) na gerência de recursos Hídricos que
dispões todos os usos sujeitos à outorga (captação de água subterrânea, captação de
água superficial, lançamento de efluentes e obras de interferência hídrica). É preciso a
inserção de dados (Formulário para Solicitação de Outorga formulário para Registro no
CNARH, relatório de testes, requerimentos de regulamentação de pedido de Outorga
de Uso de Recursos Hídricos, e Requisitos para a os usos). Mesmo que ocorra dispensa
de outorgas, os usuários devem estar registrados no Cadastro Nacional de Usuários de
Recursos Hídricos (CNARH).
O Cadastro Nacional de Usuários de Recursos de Recursos Hídricos (CNARH)
foi criado para conter os registros dos usuários de recursos hídricos (superficiais e
subterrâneos) que captam água, lançam efluentes ou realizam demais interferências
diretas em corpos hídricos. A Agência Nacional de Águas (ANA) é a responsável por
manter o CNARH e armazenar informações dos usuários. Com o cadastro dos usuários
é possível conhecer a real demanda pelo uso da água, o que é de fundamental para o
planejamento das ações a ANA e para implementação dos instrumentos das políticas
de recursos hídricos (Agência Nacional de Águas, 2018).
Conforme o Art. 9º da Resolução 01 de 19 de julho de 2016, as construções
de poços tubulares devem ser avaliadas, com vistas à capacidade e produção dos
aquíferos atravessados e dos poços já existentes nas proximidades, a fim de evitar-
se o bombeamento excessivo, almejando o uso sustentável dos aquíferos, adequados
aos contexto social, legal e econômico, sem impactar a qualidade natural da água
subterrâneo ou gerar efeitos indesejáveis, como danos ambientais .
491
Figura 02: Sistema de Informação de águas subterrâneas.
492
por Saraiva (2017), os bairros das zonas oeste, sul e centro-sul, há a entrada de água
proveniente do Rio Negro, em um fluxo direcionado para a região onde a coluna
hidrostática é mais baixa.
494
de recursos hídricos, levando-se em conta que cabe a ela a manutenção de alguns poços
tubulares de grande profundidade, que abastecem algumas zonas da cidade, como a
zona leste, onde o abastecimento é precário (LIMA, 2016).
Além das três estações de tratamento que funcionam para o abastecimento da
cidade, a Manaus Ambiental conta ainda com 165 unidades de Centro de Produção
de Águas Subterrâneas – CPAS – localizadas na zona Norte e Leste de Manaus. As
CPAS são responsáveis pela produção média de 3.930.000 m³de água tratada. As CPAS
possuem em média 200 m de profundidade, que é o padrão exigido pela legislação
ambiental (Manaus Ambiental, 2018).
Grande parte dos poços abertos que fazem a distribuição de água não possuem
outorga. Os poços tubulares (artesianos) que dispõe de água subterrânea são os
principais alvos da regularização proposta com as resoluções do CERH/AM. O
principal objetivo, com a resolução, é fazer a gestão de recursos hídricos do Estado do
Amazonas, estabelecendo critérios de uso. Visa-se, portanto, a maior responsabilidade
de não desperdício e não contaminação das águas subterrâneas (IPAAM, 2016). A
qualidade das águas subterrâneas pode ser modificada direta ou indiretamente por
atividades antrópicas, onde se inclui a construção de obras de captação inadequada
(poços tubulares) (AZEVEDO, 2006).
De acordo com estudo publicado pela Assembleia Legislativa do Estado do
Amazonas (ALEAM), do Grupo de Trabalho (GT) do Saneamento Básico no Estado
do Amazonas, o Estado tem sido ineficiente na fiscalização e controle da utilização de
suas águas subterrâneas, o que não permite mensurar com exatidão a quantidade de
poços construídos irregularmente na cidade de Manaus. Conforme a avaliação, um dos
principais problemas desses poços referem-se à profundidade, pois são poços rasos e
como a coleta de esgoto não existe, pode haver contaminação dessa água consumida
pela população. Outros problemas referem-se ao rebaixamento e contaminação do
lençol freático.
Fica então reconhecida, que diante da necessidade de perfuração de poços,
é imprescindível a busca por informações técnicas e exigências par regularização
junto ao órgão estadual de recursos hídricos, que direciona os trâmites para as ações
devidas, envolvendo a parte técnica e documental necessárias para a emissão de
licenças e outorgas. Mesmo que ocorra dispensa de outorga, o inciso VII, do Art. 18 da
Lei nº 3.167/2007, destaca que o cadastramento do poço deve ser realizado, conforme
definido em regulamento, não implicando a inexistência de controle e fiscalização no
interesse público e para conciliação de conflitos.
Em relação ao processo de emissão de outorgas, o IPAAM disponibiliza acesso
aos pedidos de uso de recursos hídricos no estado do Amazonas. De acordo com
os registros, desde o ano de 2017 e 2018 ocorrem as solicitações de outorgas para
captação de águas subterrâneas, os quais foram concedidos no início do ano de 2019.
As outorgas possuem validade de 05 (cinco) anos e são direcionadas a diversas formas
de abastecimento (figura 05).
495
Figura 05: Outorgas concedidas pelo IPAAM.
Fonte: Elaborado pelos autores (dados IPAAM dos anos de 2018 e janeiro de 2019).
De acordo com os dados do ano de 2018 e início de 2019, observa-se que para
Manaus foram emitidas outorgas direcionadas ao abastecimento industrial, seguido
pelos usos condominial e domésticos, sendo o restante distribuído para diversos usos
(posto de combustível, comércio e serviços, aquicultura, irrigação. parque aquático,
shopping center, uso e consumo humano, banheiro e cozinha, uso geral e serviços
hospitalares).
Essas informações repassadas ao poder público são preciosas para a correta
gestão de recursos hídricos. O controle feito a partir de outorgas permite evitar conflitos
entre usuários de recursos hídricos e assegurar o efetivo direito de acesso à água. Por
isso a outorga é valioso instrumento de gestão e sua efetiva implementação depende
do compromisso de todo usuário (Agência Nacional de Águas, 2011).
Nesse sentido, a fiscalização se torna uma ferramenta necessária, principalmente
referente aos poços abandonados ou em funcionamento que estejam acarretando
poluição ou representem risco ao aquífero subterrâneo, bem como as perfurações
realizadas para outros fins que não a captação de água deverá ser adequadamente
tamponada, de forma a evitar acidentes, contaminação ou poluição do aquífero
(AMAZONAS, 2007).
O instrumento de outorga direciona um controle maior sobre os recursos
hídricos, e que juntamente com a cobrança pelos usos desses recursos tem objetivo
de reconhecer a água como bem econômico, seu valor e principalmente incentivar a
racionalização, configurando-se assim fatores importantes para uma melhor gestão
dos recursos Hídricos e integração com os outros instrumentos que fazem parte da
Política Estadual de Recursos Hídricos no Amazonas.
3. REFERÊNCIAS
LIMA, W.A. O impacto dos poço artesianos na qualidade dos lençóis freáticos na
cidade de Manaus e legislação vigente. Dissertação (Dissertação Mestrado). Programa
de Pós Graduação em Direito Ambiental. Universidade do Estado do Amazonas.
Manaus, 2016.
TUNDISI, J.G. Governança da água. Rev. UFMG, Belo Horizonte, v.20, N. 2. P. 222-
235, Jul./Dez. 2013.
498
VALIDAÇÃO DOS DADOS ALTIMÉTRICOS FORNECIDOS PELO SATÉLITE
JASON-2 NA BACIA DO RIO NEGRO
1 INTRODUÇÃO
2 DESENVOLVIMENTO
Para esse estudo, foram aplicadas as medidas de nível de água das seções de
réguas linimétricas situadas no rio Negro, uma próxima ao município de Serrinha
(14420000) e outra localizada no município de Manaus (14990000), que foram obtidas
na Rede Hidrometeorológica Nacional, da Agência Nacional de Águas (ANA), com
acesso no site Hidroweb. O período dos dados coletados está compreendido entre
julho de 2008 a junho de 2014 para a régua Manaus e julho de 2008 a julho de 2016
para a régua de Serrinha. As réguas linimétricas foram niveladas conforme valores
fornecidos por Moreira et al. (2016).
500
Figura 1 – Tela do software MAPS com imagem do Google Earth em segundo plano
A validação dos dados altimétricos foi realizada sob condição de que haja uma
estação hidrometeorológica próxima à órbita de passagem do satélite, não necessita, no
entanto, estar rigorosamente logo abaixo do traço, porém, deve estar a uma distância
máxima de 30 km, considerando que nenhuma mudança hidrológica significativa
seja evidenciada entre o traço do satélite e a posição da estação hidrometeorológica,
conforme Silva (2010). A qualidade das séries temporais altimétricas de nível de água
foi avaliada computando-se a raiz do valor quadrático médio ou valor eficaz (RMS),
definido pela Equação 1.
Figura 2 – Estação virtual (ponto em verde) sobre o traço 063 (traço em verde) e régua
linimétrica Manaus (ponto em vermelho) com mosaico de imagens do Google Earth
em segundo plano.
502
Figura 3 – Estação virtual sobre o traço 165 (ponto em verde) e régua linimétrica
Serrinha (ponto em vermelho) com mosaico de imagens do Google Earth em segundo
plano
2.6.2 Validação
Distância
Estação virtual Régua Latitude Longitude RMS (m)
(km)
Manaus
NEGRO_J2_ICE1_063 3°8’17.88”S 60°1’37.92”O 10 0,47
(14990000)
Serrinha
NEGRO_J2_ICE1_165 0°28’54.84”S 64° 49’44.04”O 19,82 0,35
(14420000)
504
Figura 4 – Séries temporais da régua da estação de Manaus e da estação altimétrica
do traço 063 do satélite Jason-2, no rio Negro, onde os pontos em azul representam os
dados da estação virtual e os pontos em preto os dados da régua, entre os anos de 2008
e 2014
505
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este trabalho teve como objetivo a validação dos dados altimétricos do satélite
Jason-2, no rio Negro. Foi realizada a validação através da comparações entre os dados
altimétricos e os dados in situ, adotando-se a metodologia utilizada por Silva et al.
(2010) para as missões ERS-2 e ENVISAT. Devido a pouca quantidade de estações
linimétricas com menos de 30 km do ponto de interseção entre traços do satélite e o
corpos d’água, foram realizados somente dois estudo em toda a bacia, com RMS de
0,35 m e 0,47 m para as estação de Serrinha e Manaus, respectivamente.
Portanto, a partir deste estudo demonstrou-se a utilidade da altimetria espacial na
obtenção de informações hidrológicas, além de complementar e otimizar a rede básica
hidrológica da bacia Amazônica.
4 REFERENCIAS
CALMANT, S.; SEYLER, F. (2006) “Continental surface water from satellite altimetry”.
Comptes Rendus Geosciences, v. 338, p. 3.
JENSEN, J.R. Introductary digital image processing. New Jersey: Prentice Hall, 1986.
PAVLIS, N. K. et al. (2012). “The development and evaluation of the Earth Gravitational
Model 2008 EGM2008)”. Journal of geophysical research: solid earth, v. 117, n. B4.
506
SANTOS, I.; FILL, H. D.; SUGAI, M. R. V. B.; BUBA, H.; KISHI, T.; MARONE, E.;
LAUTERT, L. F., 2001, Hidrometria Aplicada. Curitiba: LACTEC, 372p.
SILVA, J. S.; CALMANT, S.; SEYLER, F. (2013). “Satellite Altimetry for Hidrology – A
review” in Anais XVI Simpósio Brasileiro de Sensoriamento Remoto. SBSR, Foz do
Iguaçu, PR, Brasil, 13 a 18 de abril de 2013, INPE.
SILVA, J. S. et al. (2010). “Water level in the Amazon basin derived from the ERS-2 and
ENVISAT radar altimetry missions”. Remote sensing of environment, v. 114, n. 10, p.
2160-2181.
VILLAR, J. C. E., RONCHAIL, J., GUYOT, J. L., COCHONNEAU, G., NAZIANO, F.,
LAVADO, W., OLIVEIRA, E., POMBOSA, R., VAUCHEL, P. (2009). Spatio-temporal
rainfall variability in the Amazon basin countries (Brazil, Peru, Bolivia, Colombia, and
Ecuador). International Journal of Climatology, 29(11), pp. 1574-159.
507
MONITORAMENTO AMBIENTAL NA AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DE UM
IGARAPÉ POR MEIO DE PROTOCOLO DE AVALIAÇÃO RÁPIDA – ESTUDO
DE CASO RIO BRANCO, AC
1 INTRODUÇÃO
Rio Branco é uma cidade recortada por vários igarapés situada na região norte
do Brasil, a cidade é delimitada pelo Rio Acre e seus afluentes. Nas últimas décadas a
cidade experimentou um grande crescimento populacional, com a ocupação do entorno
dos rios, igarapés e nascentes, com consequentes danos a estes recursos hídricos (LIMA
et al., 2012). O igarapé São Francisco e outros afluentes formam um dos principais
sistemas fluviais do sudoeste da Amazônia, região caracterizada pela predominância
de rios, lagos e igarapés, padrões climáticos complexos, abundante precipitação,
temperaturas elevadas e baixa amplitude térmica (COUTINHO et al., 2018). Como
resultado, muitos dos afluentes do igarapé São Francisco possuem características que
vão desde inundações extremas até baixas vazões de água, o que contribui para um
alto grau de variação espacial e heterogeneidade dos habitats (ORTEGA et al., 2018).
Igarapés são ecossistemas que vêm sofrendo intervenções ambientais e
alterações em suas paisagens decorrentes de ações antropogênicas, principalmente
devido aos processos de urbanização e atividades agropecuárias. A ocupação das bacias
hidrográficas e o consequente uso dos recursos hídricos modificam as características
físico-químicas e ambientais dos corpos d’água propriamente ditos, e das margens
1
Ms. Ecologia e Manejo de Recursos Naturais, Universidade Federal do Acre/UFAC, Caixa postal 500,
69920-900, Rio Branco, AC, Brasil; Docente da Secretaria de Educação do Estado de Rondônia. CEP:
76929000-Urupá, RO-Brasil; E-mail: ronnilda_bio@yahoo.com.br (*) Autor para correspondência
2
Ms. Ecologia e Manejo de Recursos Naturais, Universidade Federal do Acre/UFAC, Caixa postal 500,
69920-900, Rio Branco, AC, Brasil; E-mail: jo89ro@gmail.com
3
Dr. Ciências Biológicas, Instituto Nacional de Pesquisa da Amazônia, INPA, AM, Brasil; Docente da
Universidade Federal do Acre/Centro de Ciências Biológicas e da Natureza, UFAC, Caixa postal 500,
69920-900, Rio Branco, AC, Brasil; E-mail: andrericardo83@gmail.com
4
Ms. Educação; Universidade Federal de Rondônia, UNIR, RO, Brasil; Analista Ambiental – Biólogo na
Secretaria de Desenvolvimento Ambiental de Rondônia (SEDAM) – Email: leandrobiosantos7@gmail.
com
5
Graduando Ciências Biológicas, Universidade Federal do Acre/UFAC, Caixa postal 500, 69920-900,
Rio Branco, AC, Brasil; E-mail: pedrop2803@gmail.com
6
Graduandoa Ciências Biológicas, Universidade Federal do Acre/UFAC, Caixa postal 500, 69920-900,
Rio Branco, AC, Brasil; E-mail: andressacrysstine@gmail.com
508
ao longo de seus cursos, sendo poucos os corpos d’água que mantêm preservadas e
íntegras suas condições naturais (ALLAN, 1995).
Os protocolos de avaliação rápida de corpos d’água são ferramentas utilizadas
para caracterizar corpos d’água qualitativamente, ou seja, para estabelecer uma
pontuação para o estado em que o ambiente se encontra (FREITAS et al., 2015). É
estabelecido, a princípio, um limite considerado normal baseado em valores obtidos
de locais minimamente perturbados. Estes locais são tomados como “referência”
(PLAFKIN et al., 1989) partindo da premissa de que os cursos d’água pouco afetados
pela ação humana exibem condições biológicas mais favoráveis (MINATTI-FERREIRA;
BEAUMORD, 2004).
De acordo com Callisto et al. (2002), métodos de avaliação que englobam
aspectos de integridade ambiental dos recursos hídricos e o conhecimento das
variáveis físicas dos sistemas aquáticos são de grande importância para a definição das
características gerais dos ecossistemas fluviais. No caso de ecossistemas de rios, não
só o corpo d’água deve ser caracterizado, mas também o ambiente adjacente ao longo
de seu curso, devido principalmente à intensa interação entre os mesmos (MINATTI-
FERREIRA; BEAUMORD, 2004). Os protocolos, longe de apresentar caráter universal,
estão sujeitos a complementações e adequações de acordo com as especificidades
regionais e locais. Sua construção é um processo contínuo de ajustes e aprimoramentos
à medida que o seu emprego visa cobrir uma gama mais diversificada de tipologias
fluviais, bacias hidrográficas e corregiões (FERREIRA, 2003).
O estudo teve por objetivo a aplicação de um protocolo de avaliação rápida a
ser utilizado em um igarapé da bacia do Rio Acre como uma ferramenta que pode ser
usada na Educação Ambiental na formação de agentes promotores ambientais.
2. DESENVOLVIMENTO
510
O material utilizado para avaliar as condições físicas e biológicas do igarapé, foi
o protocolo de avaliação rápida de diversidade de habitats proposto por (MINATTI-
FERREIRA; BEAUMORD, 2004). Esses métodos fundamentaram-se essencialmente na
problemática encontrada quanto à gestão dos recursos hídricos.
O protocolo aplicado é uma simplificação do modelo de Barbour e Stribling
(1991, 1994) e avaliou os parâmetros: substrato de fundo, complexidade do habitat
submerso, qualidade dos remansos, estabilidade e proteção dos barrancos e grau de
proteção fornecido ao ambiente pela cobertura vegetal das margens.
511
Figura 2 - Estações de coletas (E1 à E6) para a aplicação do PAR no igarapé São
Francisco, agosto/2018.
512
respostas dos avaliadores poucas vezes apresentou distorções ou divergências entre
os itens nos locais avaliados, indicando assim que o protocolo utilizado apresenta
a confiabilidade necessária para aplicações dessa natureza. Apesar de sua grande
utilidade, são poucos os métodos de avaliação desenvolvidos para aplicação em
problemas regionais ou mesmo locais (ARAUJO et al., 2018). Para um melhor resultado
no diagnóstico é necessário considerar os parâmetros de caracterização dos habitats de
forma individual.
Situação Pontuação E1 E2 E3 E4 E5 E6
Ótimo (120-110) - - - - - -
Bom (105-90) 100 90 - - - -
Razoável (85-70) - - - - - -
Ruim (65-50) - - 55 - - -
Péssimo (45-30) - - - 30 30 30
Tabela 3 - Média e desvio padrão das variáveis físicas e químicas no igarapé São
Francisco, entre julho e setembro de 2018 nas estações de coletas.
Variáveis E1 E2 E3 E4 E5 E6
513
pelos microrganismos aeróbios. Estes valores, próximos da anoxia, foram similares
àqueles observados em alguns períodos nos rios da bacia amazônica e da sub-bacia
do Purus, a qual pertence o igarapé avaliado (SILVA et al., 2009) e para estudos já
realizados no igarapé São Francisco (SANTI et al., 2012). Logo, a redução do O2
decorreu da grande concentração de bactérias e matéria orgânica, oriundas dos esgotos
domésticos (PINTO et al., 2009), bem como os demais valores para o tipo de despejo
que recebem no período do estudo.
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
4 REFERENCIAS
ACRE. Peça de criação Área de Proteção Ambiental - APA: Igarapé São Francisco -
Unidade de Conservação de uso sustentável: Rio Branco. SEMA, 35 p. 2005.
514
ALLAN, J. D. Stream ecology structure and function of running waters. New
York: Chapman & Hall, 1995.
PLAFKIN, J. L.; BARBOUR M. T.; PORTER K. D.; GROSS S. K.; HUGHES R. M. Rapid
bioassessment protocols for use in streams and rivers: Benthic macroinvertebrates and
fish. Washington, EPA. v. 001, N 5, p.440-489, 1989.
516
APROVEITAMENTO DE ÁGUA DA CHUVA PARA FINS NÃO POTÁVEIS EM
MANACAPURU
1. INTRODUÇÃO
2. MATERIAL E MÉTODOS
518
2.2 Dados Pluviométricos
Sendo:
519
2.6 Volume Médio Mensal Gasto nas Bacias Sanitárias
Onde:
520
Na coluna 8 utilizou-se letras para definir o comportamento do reservatório
mensalmente,
sendo:
Onde:
V = 0,042 x P x A x T (9)
521
Onde:
3 RESULTADOS E DISCURSÃO
522
O cálculo de volume da água de chuva da área de captação da UEA que é 396,78 m2,
com a precipitação mensal do mês de novembro de 2013, de 424,80 mm, obteve-se,
utilizando-se a Equação 1, o volume de água de chuva que pode ser aproveitado de
121,35 litros. A vazão da calha então resulta em 2809,20 L/mim.
524
3.7 Economia do consumo água fornecida pelo SAAE.
4. CONCLUSÃO
5. REFERÊNCIAS
TOMAZ, PLÍNIO. Água pague menos: 4 atitudes básicas para economizar água. Ed:
Plínio Tomaz. Dezembro, 2010.
525
PARTICIPAÇÃO DO PODER PÚBLICO NO COMITÊ DE GESTÃO DE RECURSOS
HÍDRICOS: O CASO DA BACIA DO PURAQUEQUARA
1 INTRODUÇÃO
De acordo com Lanna (1995) a gestão das águas é uma atividade analítica e
criativa voltada à formulação de princípios e diretrizes, ao preparo de documentos
orientadores e normativos, à estruturação de sistemas gerenciais e à tomada de decisão
que têm por objetivo final promover o inventário, uso, controle e proteção dos recursos
hídricos. Ademais, a importância estratégica da água e a sua escassez para atender às
demandas humanas e dos ecossistemas têm levado vários países, como o Brasil que é
um deles, a promoverem uma reforma em seus sistemas de gestão de recursos hídricos
(FLORES, 2008), o que fez surgir o Direito das águas, ratificado pela constituição
federal do Brasil de 1988. Com fulcro no art. 21, inciso XIX, da Constituição Federal
de 1988, foi concebida a Lei Federal nº 9.433/97, a qual foi inspirada no modelo da
sistemática francesa, resultando na instituição do Sistema Nacional de Gerenciamento
dos Recursos Hídricos (SINGREH) cujo objetivo principal consiste em coordenar
a gestão das águas e programar a Política Nacional de Recursos Hídricos (PNRH).
Para efeito de composição do SINGREH, a aludida norma federal, em observância
às premissas participativas de gestão democrática e integrada das águas, concebeu
a criação dos Comitês de Bacias Hidrográficas (CBH´s) como um dos integrantes do
referido sistema (QUADROS, 2015).
Mas, a formatação jurídico-administrativa preconizada pela norma federal, a Lei
Estadual nº 3.167/07, do Estado do Amazonas, promoveu a constituição de um Sistema
Estadual de Recursos Hídricos (SERH), bem como estabeleceu a criação de Comitês de
Bacia Hidrográficas (CBH´s) para figurarem como integrantes do SERH, tendo como
instrumentos os planos de recursos hídricos, o enquadramento dos corpos de água em
classes, a outorga dos direitos de uso, a cobrança pelo uso, a compensação a municípios
e o sistema de informações; associada ao Sistema Nacional de Gerenciamento de
Recursos Hídricos (SINGREH) que abrange um conjunto de mecanismos jurídicos
administrativos, de suporte técnico e institucional para o gerenciamento em questão.
A atuação dos comitês são os principais mecanismos de gestão participativa
dos recursos hídricos implantados pela lei nº9.433/1997. Os mesmos são compostos
por três segmentos representados, que são: os usuários da água, o poder público e a
1
Universidade do Estado do Amazonas – mayrarejane@hotmail.com,
2
Universidade do Estado do Amazonas – jcamilodesouza@gmail.com,
3
Centro Universitário do Norte – marciosavatage@gmail.com,
4
Universidade do Estado do Amazonas – beatrizdiogopessoa@hotmail.com,
5
Universidade do Estado do Rio de Janeiro – diogovaz@id.uff.br
526
sociedade civil, os quais atuam como órgão colegiado dotado de atribuição consultiva e
deliberativa. Como uma das respostas ao ordenamento legal, dentre inúmeros comitês
criados no Brasil, foi criado em 2014 o Comitê da Bacia do Puraquequara, instituído
pelo decreto nº37.412/2016, visto que é considerado um importante manancial
de abastecimento público, pois alberga significativo mosaico ambiental que atua
diretamente sobre a qualidade de vida da sociedade manauara, bem como de outras
comunidades tradicionais ribeirinhas, indígenas e quilombolas que ocupam o seu
entorno, restando contudo comprometida devido a ameaça do avanço demográfico na
zona urbana de Manaus.
A história desse comitê já é objeto de estudo de outros pesquisadores (DA
ROCHA, 2014; QUADROS, 2015). Contudo, pouco se sabe sobre o papel do poder
público no comitê da Bacia do Puraquequara, visto que a localização desta bacia
abarca perímetros urbano, rural e industrial, levantando-se questionamentos sobre a
importância da delimitação de atuação dos órgãos governamentais, especificamente
do município de Manaus, de acordo com ordenamento jurídico vigente, objeto então
de estudo do presente trabalho.
529
1:1000.000 (ROCHA, 2014). O Conselho Estadual de Recursos Hídricos (CERH-AM) foi
criado em 2005 e assegurou o princípio da paridade, é constituído por 49 instituições
entre representantes do setor público, privado e sociedade civil organizada. Conforme
Ferreira (2008) a responsabilidade de implementar os instrumentos de outorga,
cobrança, plano de bacia e enquadramento; juntamente com a obrigatoriedade de
cadastro e a fiscalização, foi transferida da ANA para a SEMA e o IPAAM. A elaboração
do PERH-AM como um instrumento de planejamento estratégico requer que sejam
realizados estudos de qualidade da água em todo o Estado para que o enquadramento
seja efetuado de acordo com o seu uso preponderante; além disso, é preciso identificar
as necessidades dos usuários da bacia hidrográfica.
A legislação estadual prevê a outorga para abastecimento industrial, urbano
e rural; irrigação; piscicultura (em tanques escavados, em tanques rede, em canal de
igarapé e em barragem); lançamento de efluentes, tratados ou não, com fim de diluição
ou disposição final; aproveitamento dos potenciais hidrelétricos; obras hidráulicas;
balneários; uso da hidrovia para transporte do tipo navegação fluvial, compreendendo
a manutenção de calados mínimos, eclusa e similares; usos não consuntivos que
impliquem a exploração dos recursos hídricos por particulares, com a finalidade
comercial, incluindo a recreação e balneabilidade. Os usuários de águas superficiais
são cadastrados no Cadastro Nacional de Recursos Hídricos e os usuários das águas
subterrâneas são cadastrados no Sistema de Informações de Águas Subterrâneas
(SIAGAS), desenvolvido pelo Serviço Geológico do Brasil (CPRM). Segundo Costa
(2011) a falta de implementação dos referidos instrumentos é consequência da
desarticulação institucional e informacional, fato que causa uma incoerência entre o
que está escrito e o que foi executado.
O Sistema Estadual de Gerenciamento de Recursos Hídricos foi estabelecido
pela Política Estadual de Recursos Hídricos, Lei nº 2.712/2001 e reformulado pela
Lei no. 3.167⁄2007, é estruturado pelo Conselho Estadual de Recursos Hídricos do
Amazonas (CERH-AM) que tem quatro Câmaras Técnicas de assuntos específicos,
denominadas Câmara Técnica de Tratamento de Efluentes (CTTE), Câmara Técnica de
Água Subterrânea (CTAS), Câmara Técnica de Água Potável (CTAP) e Câmara Técnica
de Educação Ambiental (CTEA); juntamente com o Comitê da Bacia do Rio Tarumã-
Açu, criado em 2006 e regulamentado em 2009, com o Comitê da Bacia Hidrográfica
do Puraquequara, criado em 2014, com a SEMA, IPAAM e os demais órgãos cujas
competências se relacionam com a gestão de recursos hídricos.
530
Figura 1 – Sub-bacias hidrográficas de Manaus
531
Figura 2 - Modelo digital de elevação e rede de Drenagem da Bacia do Puraquequara
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
532
gestão do uso deste corpo hídrico, visando a utilização racional e a garantia da existência
deste no futuro, preservando o princípio Inter geracional dos recursos hídricos.
Logo, foi analisado que o processo participativo do poder público é complexo,
visto que à existência do Comitê da bacia do Puraquequara, que até pouco tempo
encontrava-se inativo, (recentemente houve um seminário para instalação do comitê),
necessita de integração de seus membros, incluindo a participação ativa do município,
que no arcabouço jurídico, tem competência legislativa para tal, já que trata-se de
anseio local, na tomada de interesses relacionados à efetiva gestão do uso da bacia
atrelados aos seus múltiplos usos.
4 REFERÊNCIAS
_______. Lei nº. 1.532, de 06 de julho de 1982. Estabelece a Política Estadual da Prevenção
e Controle da Poluição, Melhoria e Recuperação do Meio Ambiente e da Proteção aos
Recursos Naturais, e dá outras providências. Diário Oficial do Estado de 06/07/1982.
Disponível em: < https://www.mpam.mp.br/attachments/article/4063/Lei%20%20
1.532-82.pdf>. Acesso em:14/05/2019.
_______. Lei nº. 2.713 de 28 de dezembro de 2001. Política de proteção à fauna aquática
e de desenvolvimento e aquicultura sustentável no Estado do Amazonas. Disponível
em: <https://sapl.al.am.leg.br/media/sapl/public/normajuridica/2001/7168/7168_
texto_integral.pdf>. Acesso em: 16/05/2019.
533
AGÊNCIA NACIONAL DE ÁGUAS – ANA. Relatório de Gestão 2004. Brasília: ANA,
2005. 85 p.
BRASIL. Lei nº. 9.433, de 8 de janeiro de 1997. Dispõe sobre a Política Nacional de
Recursos Hídricos, cria o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos.
Diário Oficial da República Federativa do Brasil. Brasília: D.O.U., 1997.
534
LANNA, A. E. L. Gerenciamento de bacia hidrográfica: Aspectos conceituais e
metodológicos. Brasília: IBAMA, 1995. 171p.
535
METODOLOGIA PARTICIPATIVA PARA PROPOSIÇÃO DE METAS E HORIZONTES
TEMPORAIS DO PLANO DE AÇÕES DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO SÃO
MATEUS, ESPÍRITO SANTO
1 INTRODUÇÃO
2 METODOLOGIA
A segunda etapa tratou da proposição dos Eixos de Ação, a partir dos quais
foram desenvolvidos os Programas. Os Eixos de Ação foram compatibilizados com
os Eixos de Ação do Plano Estadual de Recursos Hídricos do Espírito Santo – PERH/
ES, uma vez que o mesmo diz respeito apenas à porção capixaba da bacia (AGERH,
2018a).
Na terceira etapa foi realizada uma avaliação dos problemas da bacia a serem
enfrentados no Plano de Ações de forma a serem mitigados ou solucionados ao longo
dos horizontes temporais de planejamento. Cada problema está correlacionado a
um Eixo de Ação e dá origem a um Programa com um objetivo específico. Alguns
Programas, pela abordagem, tratam de mais de um problema. Dentro dos programas
537
foram estabelecidas metas e prazos para os seus cumprimentos, tendo como base
os horizontes temporais de planejamento. As metas foram detalhadas em ações que
devem ser executadas de modo que as metas sejam alcançadas. Na descrição das ações
foi incluída a indicação dos atores responsáveis, as estimativas de custos para a sua
execução e as possíveis fontes de recursos.
A definição dos programas, metas e horizontes temporais de cumprimento incluiu
a participação social e foi realizada em 4 etapas metodológicas de desenvolvimento:
elaboração de proposta técnica; oficina participativa; consolidação das contribuições
dos atores da bacia; e oficina de validação.
538
Figura 2 – Estrutura da oficina participativa
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
540
27
Estudo de alternativas para minimização dos efeitos da salinização das águas doces n o abast
ecim ento público.
28
Estudo de alternativas para minimização dos efeitos da intensificação da salinização das águas salo
Salinização das águas br as nos ecossistemas estuarinos e manguezal.
29 Implementar uma rede de monitoramento da salinização da água superficial.
541
Quadro 2 – Produto da oficina, segunda proposta de metas e horizontes temporais
HORIZONTE
PROG RAMAS METAS TEMPORAL
C M L
1 Cursos de boas práticas agrícolas para proprietários rurais.
Educação e Elaboração de informe anual do CBH com as ações desenvolvidas e resultados obtidos na
2
conscientização bacia e divulgação.
ambiental Projetos de conscientização ambiental nas escolas voltado para os principais problemas da
3
Bacia.
Reunião ordinária anual no CBH para monitoramento das metas e resultados obtidos no
4 Plano.
Fortalecimento Sistematizar e organizar os documentos gerados nas reuniões do CBH e disponibilizar no site da
institucional do CBH 5
AGERH e do CBH.
6 Curso de capacitação sobre o Plano de Bacia para os membros do CBH.
Cobrança pelo uso da 7 Definir os mecanismos de Cobrança a serem adotados.
água
8
Implementar um sistema de gestão e um grupo de acompanhamento para monitorar as ações
Acompanhamento da do Plano.
implementação do 9 Revisar/atualizar o manual operativo do Plano.
plano e sua revisão
10 Aprovar/revisar enquadramento dos cursos d´água de domínio estadual.
Implementar o Programa de efetivação do Enquadramento e elaboração de relatório anual
Enquadramento 11
de monitoramento das metas progressivas.
Alocação negociada 12
Implementar ACCs e alocações negociadas quando da ocorrência de situações de escassez
de água hídrica.
13 Implementar novas estações fluviométricas e pluviométricas.
14
Ajustar rede de monitoramento de qualidade da água visando subsidiar o
acompanhamento do enquadramento.
Monitoramento quali- 15
Estudos para avaliar a implementação de uma rede de monitoramento de águas
quantitativo subterrâneas.
16 Implementar rede de monitoramento das águas subterrâneas.
17
Relatório bienal de monitoramento das vazões de entrega e qualidade das águas co m base n a
r ede de monitoramento hidrometeorológico.
HORIZONTE
PROG RAMAS METAS TEMPORAL
C M L
18 Estabelecer e aplicar índices de uso racional da água na agricultura (por cultura e método de
irrigação).
Uso racional da água
19 Estabelecer índices de uso racional para as indústrias e adequar os usos na bacia.
20 Implantar reservatórios do programa da SEAG (médios e pequenos).
Incremento da
disponibilidade Incentivar a implantação e a manutenção de estruturas de retenção de água no solo e em
hídrica e eventos 21 reserv ação de
pequeno porte.
Implantar reservatórios de grande porte para incremento no potencial de regularização de
extremos de estiagem 22 Meta excluída
vazões.
23 Executar serviços e obras visando à redução das cargas difusas do meio rural.
Elaborar e finalizar os Planos Municipais de Saneamento Básico (PMSB) dos municípios co
24 m sede na
bacia.
Melhoria na Implantar novas ETEs e adequar as existentes de acordo com o previsto nos PMSBs de forma a
qualidade das águas 25 atender às
classes de enquadramento.
Adequar os sistemas de tratamento de efluentes e esgotamento sanitário da bacia aos índices
26 aco r dado s
junto ao PERH/ES.
Estudo de alternativas para minimização dos efeitos da salinização das águas doces n o abast
27 ecim ento
público.
Estudo de alternativas para minimização dos efeitos da intensificação da salinização das águas
Salinização das águas 28 salo br as
nos ecossistemas estuarinos e manguezal.
29 Implementar uma rede de monitoramento da salinização da água superficial.
Implementar as medidas apontadas nos relatórios dos estudos técnicos de salinização
30
desenvolvidos.
Estudo para avaliação de áreas com vulnerabilidade à contaminação dos aquíferos onde o
31 abastecimento
Proteção de áreas de público depende de águas subterrâneas.
recarga de aquíferos Desenvolver e implantar um projeto para recomposição da cobertura florestal nas ár eas de r
32 ecar ga de
aquíferos para abastecimento público e com vulnerabilidade à contaminação.
33 Desenvolver e implementar projetos de proteção e revitalização de APPs.
Aprovar pelo menos uma área de restrição de uso, com vistas à proteção de recursos
34 hídricos e de
Recuperação e ecossistemas aquáticos.
conservação dos Contratar projetos de pagamento por serviços ambientais (PSA) na bacia e incluir
35 ações de
recursos hídricos monitoramento dos resultados.
Monitoramento dos resultados das ações de conservação e recuperação ambiental e elaborar
36 relató rio de
eficiência das ações.
Controle de Curso de capacitação para técnicos de prefeituras e outros atores sobre conservação e m anut
processos erosivos e 37 en ção das
de desertificação estradas rurais vicinais de terra.
Desenvolver e implementar ações de programas de conservação de água e solo por meio da
38 implantação
de caixas secas, construção de terraços, faixas de retenção, cordões de contorno, etc.
542
39 Sistematizar todas as informações de barramentos existentes na bacia hidrográfica.
40 Sistematizar a base de dados sobre lançamentos de efluentes industriais.
Sistematizar o banco de dados atual de solicitações de outorgas e disponibilizar no site da AGE
41 RH e d o
Outorga CBH.
42 Emitir outorgas coletivas para a sub-bacias com maior comprometimento hídrico e regular os
usos.
43 Implantar a outorga de águas subterrâneas e regularizar usos já existentes do cadastro atual.
Deliberar os processos de outorga para os usos da água existentes e com processos já
44
protocolados.
45
Sistematizar a base de dados do plano de bacia e disponibilizar no site da AGERH, do CBH e
no SEIRH.
Sistema de Atualizar o site da AGERH com todos documentos gerados pelo plano de bacia e pelo
Informações 46
CBH.
47 Disponibilizar relatórios bienais de conjuntura dos recursos hídricos da bacia.
48 Implantar a arrecadação da cobrança pelo uso da água
Novas metas 49 Criar agência de bacia
50 Implantar sistema de gestão integrada de barramentos na bacia
Fonte: Elaborado pelos autores.
543
Figura 3 – Resultados da avaliação da oficina participativa
“Satisfeito com a iniciativa. Me senti valorizado no evento. Torço que dê tudo certo e que esta
iniciativa produza frutos e não seja mais um projeto de valor engavetado ou perdido”.
“Estão caminhando bem, porém não tropecem nas próprias pernas como percebi que estava quase
começando”.
“Precisamos de uma maior interação com as comunidades que estão em toda extensão do rio, sabemos
que isso é difícil, porém para um bom resultado é preciso ter trabalho”.
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
5 AGRADECIMENTOS
6 REFERENCIAS
VEIGA, B. G. A. da. Participação social e políticas públicas de gestão das águas: olhares
sobre as experiências do Brasil, Portugal e França. 2007. 320f., il. Tese (Doutorado em
Desenvolvimento Sustentável) - Universidade de Brasília, Brasília, 2007.
546
OS MÚLTIPLOS USOS E A QUALIDADE DA ÁGUA DA BACIA DO RIO URUBUÍ
EM PRESIDENTE FIGUEIREDO, AMAZONAS-BRASIL
1 INTRODUÇÃO
2 DESENVOLVIMENTO
• Qualidade da Água
A água doce presente no planeta terra representa 2,5%, sendo que destes
68,9% estão congelados nas calotas polares, 29,9% são águas subterrâneas e apenas
1,2% encontra-se em forma de rios e lagos. A América do Sul concentra 25% da água
doce existente no mundo, o emprego da água pelo homem é realizado para diversas
finalidades dentre elas, agricultura, abastecimento público, geração de energia,
transporte e mineração (EMBRAPA, 2013).
A importância da água para a manutenção da natureza e da sociedade é de
fundamental importância, no entanto o processo de urbanização acarreta processos de
degradação que demandam medidas técnicas e científicas para avaliação da qualidade
das águas, principalmente para o consumo humano (NEVES, 2018).
Para a determinação da qualidade da água em uma bacia hidrográfica deve se
considerar o processo de uso e ocupação do solo, e avaliar as condições naturais do
recurso e a interferência do homem (KIMURA, 2016).
A interferência antrópica ocasiona variações consideráveis nos parâmetros
físico-químicos da água, um dos parâmetros que sofre mudanças consideráveis é o
Oxigênio Dissolvido (OD), observa-se que as maiores taxas ocorrem nas áreas menos
urbanizadas, geralmente nas cabeceiras da bacia hidrográfica trecho geralmente
mais preservado, em contraste com a Demanda Bioquímica de Oxigênio(DBO) que
apresenta elevação na foz por apresentar comumente certas perturbações, oriundas
de lançamentos de efluentes e fontes de poluição. Devido a diminuição da vazão no
período do verão, comumente a diluição é prejudicada elevando as concentrações de
efluentes, podendo ocasionar eutrofização e elevação da acidez nos corpos hídricos
(MENEZES et.al, 2016).
Área de Estudo
548
Bacia hidrográfica do Rio Urubuí
549
Tabela. 1- Descrição e Localização dos pontos para coleta de amostra da água
superficial da bacia do Urubuí
550
Resolução CONAMA 274/2000, que determina os padrões de qualidade da água para
a prática da recreação de contato primário
Ao longo da bacia foram observados diversos usos no trecho estudado que são
diferenciados nos cinco pontos de coletas de água para análise.
551
Nesse trecho da bacia a montante da área do balneário (Figura. 4) há presença
de mata ciliar, solo coberto com a vegetação nativa, mínima presença de banhistas e
empreendimentos comerciais ou afins.
552
Figura 6. Confluência do Igarapé dos Veados com o Rio Urubuí
553
PO4-3 Fosfato 0,0 0,0 0,0 0,0 0,05
Bactérias
heter.(UFC/ml
33 100.000 9.500 30.000 10.000 2.500
Escherichia coli
554
NMP/100mL
Ausente 91.000 7.200 27.000 7.300 2.000
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A preocupação com a gestão dos recursos hídricos na Bacia do Urubuí ainda não
é uma realidade no municipío de Presidente Figueiredo, este fato deve-se às condições
favoráveis na utilização do recurso na atualidade, uma vez que não apresenta conflitos
visíveis em relação aos seus mais diversificados usos. No entanto a qualidade da água
da bacia na área urbana da cidade a partir do estudo apresentado já indica condições
alteradas em alguns pontos. Há necessidade de ações governamentais, da sociedade
civil e dos usuários para proteção desse recurso que apresenta importância nos aspectos
economico, social e ambiental para a população residente.
4 REFERENCIAS
555
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. IBGE. 2017.
Disponívelem:<https://cidades.ibge.gov.br/brasil/am/presidentefigueiredo/pano
ama>Acesso em : 09 de Março de 2019.
MENEZES, J.P.C. et al. Relação entre padrões de uso e ocupação do solo e qualidade
da água em uma bacia hidrográfica urbana.v.21 n.3. jul/set 2016.
556
CARACTERIZAÇÃO DAS OUTORGAS NO POLO INDUSTRIAL DE MANAUS
1 INTRODUÇÃO
2 DESENVOLVIMENTO
558
• Consumo humano: água utilizada em ambientes sanitários, vestiários,
cozinhas, refeitórios, bebedouros, equipamentos de segurança (lava-olhos,
por exemplo) ou em qualquer atividade doméstica com contato humano
direto;
• Matéria Prima: água é incorporada ao produto final, a exemplo do que
ocorre nas indústrias de cervejas e refrigerantes, de produtos de higiene
pessoal e limpeza doméstica, de cosméticos, de alimentos e conservas e de
fármacos. Ou então, a água é utilizada para a obtenção de outros produtos,
por exemplo, o hidrogênio por meio da eletrólise da água.
Seção Divisão
10 – Fabricação de Produtos Alimentícios
11 – Fabricação de Bebidas
12 – Fabricação de Produtos do Fumo
559
13 – Fabricação de Produtos Têxteis
14 – Confecção de Artigos de Vestuário e Acessórios
15 – Preparação de Couros e Fabricação de Artefatos de Couro,
16 – Fabricação de Produtos de Madeira
17 – Fabricação de Celulose, Papel e Produtos de Papel
C - Indústria de
18 – Impressão e Reprodução de Gravações
Transformação
19 – Fabricação de Coque, de Produtos Derivados de Petróleo e de
20 – Fabricação de Produtos Químicos
21 – Fabricação de Produtos Farmoquímicos e Farmacêuticos
22 – Fabricação de Produtos de Borracha e Materiais Plásticos
23 – Fabricação de Produtos de Minerais Não - Metálicos
24 – Metalurgia
25 – Fabricação de Produtos de Metal,exceto Máquinas.
26 – Fabricação de Equipamentos de Informática
– Fabricação de Maquinas, Aparelhos e Materiais
27 Elétricos
28 – Fabricação de Máquinas e Equipamentos
29 – Fabricação de Veículos Automotores, Reboques...
30 – Fabricação de Móveis
31 – Fabricação de Produtos Diversos
32 – Manutenção, Reparação e Instalação de Máquinas ...
Fonte: IBGE, 2019.
560
insumos) e saídas (bens e serviços produzidos) do processo produtivo, bem como
o uso como consumo final ou intermediário, para a formação de capital ou para o
mercado externo (IBGE, 2010).
De acordo com a ANA (2017) uma limitação observada na classificação diz
respeito à rigidez das tipologias industriais da CNAE para a realização desse tipo de
estudo, tendo em vista que em diversas situações as unidades industriais produzem
diferentes produtos com distintas unidades de medida, impossibilitando constituir
uma base de referência. Além disso, foram apontadas limitações envolvendo as
informações apresentadas para os setores de papel e celulose, devido à necessidade
de agregar as informações sobre unidades integradas, uso de água do mar para
refrigeração na indústria siderúrgica e compatibilização de informações setoriais das
indústrias químicas com a CNAE.
561
O estudo foi apresentado na publicação: “Uso da água no setor industrial
Brasileiro: matriz de coeficientes técnicos de recursos – Brasília: CNI, 2013.” Tal obra
teve como objetivo incentivar e divulgar o uso racional e eficiente da água no setor
industrial, esse estudo pode ainda ser utilizado como ferramenta de gestão dos recursos
hídricos pelos órgãos públicos. Além dos objetivos já apresentados foi enfatizado a
importância da parceria entre o poder público e setor privado no aprimoramento da
governança dos recursos hídricos (CNI, 2013).
3 MATERIAL E MÉTODOS
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES
562
Figura 1 - Cadastro de usuários de água do IPAAM em Manaus, de acordo o tipo de uso.
563
Figura 3 - Volume anual de água (m3.ano-1) utilizado pelas indústrias de Manaus,
presentes no cadastro de outorgas do IPAAM, de acordo com a tipologia de atividade
econômica, em percentual (%).
564
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
AGRADECIMENTOS
6 REFERENCIAS
NORDELL, E Water Trearment for industrial and Other Uses, Second Edition Reinhold
Publishing Corporation : New York ,1961,598p.
566
ANÁLISE DOS EFEITOS DO DESMATAMENTO NA BACIA DO RIO JAMARI,
NO ESTADO DE RONDÔNIA
1 INTRODUÇÃO
2 DESENVOLVIMENTO
1
bosista Sistema de Proteção da Amazônia, josilena.bolsista@sipam.gov.br
2
Sistema de Proteção da Amazônia, ana.strava@sipam.gov.br
567
2. 1 Metodologia
A área de estudo é a bacia hidrográfica do Rio Jamari (Figura 1), essa bacia
ocupa uma área de 29.102,7 km2, sendo constituída pelas sub-bacias hidrográficas do
Alto Rio Candeias (5.169,95 km2), Baixo Rio Candeias (7.960,83 km2), Alto Rio Jamari
(8.116 km2) e baixo Rio Jamari (7.854,93 km2). A área é composta por 12 municípios,
incluindo parcialmente os municípios de Porto Velho, Candeias do Jamari, Buritis,
Campo Novo de Rondônia, Governador Jorge Teixeira, Cacaulândia, Ariquemes, Rio
Crespo, Cujubim e Itapuã do Oeste, e a área total dos municípios de Alto Paraíso e
Monte Negro (RONDÔNIA, 2014).
Fonte: dados vetoriais IBGE 2010, ANA. Organizado por Josilena J. Laureano.
568
(ANA, 2015). Nesse sentido, a bacia do rio Jamari tem grande significado econômico
para Rondônia devido o represamento para a implantação da Usina Hidrelétrica-UHE
de Samuel (Figura 2a), primeira do estado em funcionamento desde 1989 (NÓBREGA,
2008b).
Além da UHE de Samuel com potência de 216.750 kW, a bacia ainda comporta
empreendimentos hidrelétricos como o Complexo do Jamari composto pelas três
Pequenas Centrais Hidrelétricas-PCH , sendo elas a PCH Jamari no Rio Jamari com
potência de (20.000 kW) (Figura 2b), PCH Canaã no Rio Canaã (17.000 kW) (Figura
2c), PCH Santa Cruz de Monte Negro no Rio Jamari (17.010 kW) (Figura 2d), e o ponto
de localização da PCH Cachoeira Formosa no Rio Candeias (12.300 kW) ainda não
implantada (ANA, 2019).
Fonte: dados vetoriais ANA, ANM 2019. Imagem: Google Earth. Organizado por Josilena J. Laureano.
T=1/P
O tempo de retorno de 10 anos, por exemplo, significa que em média a cheia pode
se repetir a cada 10 anos ou, em cada ano tem-se 10% de chance de ocorrência desse
evento (TUCCI & MENDES, 2006).
570
Para o cálculo da probabilidade (P) aplicou-se o método estatístico de Gumbel, obtido
pela equação (CORRÊA et al., 2015):
P=1-e^(-e^-y)
y= (X-Xm+0,45.Sq)/(0,7797.Sq)
X=evento a ser superado; Xm=média das máximas anuais; Sq=desvio padrão das máximas.
Fonte: PRODES/INPE.
Fonte: PRODES/INPE.
Segundo Almeida et al. (2013) a vegetação tem estreita relação com os processos
do ciclo hidrológico, modificando-as em função das suas condições. A vegetação é
fundamental em todo o processo, principalmente através da interceptação reduzindo
a ocorrência de inundações, conserva e aumenta a capacidade de infiltração; contém e
reduz a erosão e o depósito de sedimentos e favorece a eliminação da água armazenada
no solo através da evapotranspiração.
Com a retirada da vegetação as funções da bacia hidrográfica são perdidas,
normalmente 50% da água da chuva é reciclada, entretanto nas áreas desmatadas
a água escoa rapidamente, formando as cheias, seguidas por períodos de grande
redução ou interrupção do fluxo dos cursos d’água (FEARNSIDE, 2005; LAMY &
DISSENHA, 2006). Afetando dessa forma os usos múltiplos dos recursos hídricos
como abastecimento de água, irrigação ou geração de energia elétrica.
Na bacia do rio Jamari, observou-se que as vazões mínimas sofreram um forte
declínio a partir de 2008. A figura 5 apresenta a tendência da série histórica completa
com coeficiente angular de -0,93. Por outro lado os últimos dez anos a tendência
de queda apresentou um coeficiente angular de -4,4. Uma aceleração na queda das
vazões mínimas da ordem de quatro vezes maior, que pode ser associada às taxas
de desmatamento registradas até 2006. A exceção ao ano de 2012 cuja vazão mínima
esteve acima dos patamares recentes.
572
Figura 5- Cotas mínimas anuais do Rio Jamari (na estação 15450000). a) Série de 1971
a 2017. b) Série 2007-2017.
Figura 6- Cotas Máximas anuais do Rio Jamari (na estação 15450000). Série de 1971 a
2017 e precipitação acumulada anual.
573
Tabela 02: Dados de precipitação para a série histórica da estação pluviométrica de
Ariquemes (00963000) e para os anos de maiores cotas no rio Jamari.
574
Tabela 03- Parâmetros aplicados à série histórica da estação 15430000
Períodos avaliados Série completa (1971-2017) Série sem os anos com falhas
Máximas das máximas anuais (cm) 1233 1233
Média das máximas anuais (cm) 987,5 973,4
Desvio padrão das máximas 110,96 122,8
anuais (cm)
R2 0,92 0,95
Fonte: (Série histórica: ANA/CPRM)
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
575
efeito do desmatamento uma vez que, este favorece o escoamento superficial. A curva
de Gumbel apresentou tempo de recorrência de 27 anos pra maior cheia registrada na
bacia.
Entender o que está causando alterações no regime hidrológico dessa importante
bacia do estado e criar ações preventivas de controle se torna imprescindível uma
vez que estas alterações refletem nos usos múltiplos dos recursos hídricos, como
abastecimento de água, irrigação e geração de energia elétrica afetando diretamente a
vida da população local.
4 REFERÊNCIAS
576
INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS ESPACIAIS-INPE. PRODES.
Monitoramento da Floresta Amazônica Brasileira por Satélite. Ministério da Ciência,
Tecnologia, Inovações e Comunicações. Disponível em: <http://www.obt.inpe.br/
OBT/assuntos/programas/amazonia/prodes>. Acesso em: 26 de maio de 2019.
1 INTRODUÇÃO
2 METODOLOGIA
2. 1 Área de estudo
2.2 Pesquisa
Q = a . (h - h0)^b
3 RESULTADOS
580
Tabela 1: Planilha demonstrativa das cotas x vazões.
581
Tabela 2: Gráfico Curva-Chave
582
O caso do município de Óbidos (muito forte na pecuária, agricultura familiar), isto
influência também os demais municípios que estão ligados direto ou indiretamente a
essa cidade.
Além das dificuldades naturais, há fatores alheios que também dificultam as
medições nos períodos ideais. Há alguns anos atrás o fluxo financeiro e os períodos
de liberação de verba para execução das atividades interferiram na execução das
medições, (BARROS et al., 2015). Levando em consideração a região amazônica, os
períodos chuvosos podem acontecer tanto no verão como no inverno amazônico,
dificultando o acesso às medições do rio.
Imagina-se a dificuldade que foi quando foi feita a primeira medição em
01/03/1968, fatores financeiros, logisticos e técnico, na qual naquele ano houve
variações de cotas de profundidades, a primeira foi 4,36 metros e terminando o ano
com uma cota de 2,53m; passando-se 10 anos depois em 01/01/1978 a variação de
cota começa na faixa de 4 metros, havendo uma elevação para a metade do ano e
terminando na faixa dos 2 metros de profundidade, nesses altos e baixos a curva-chave
nos proporciona ter uma variante para saber como fluxo de vazões pode acontecer nos
anos futuros, sabendo que é sempre um dado incerto, podendo haver variantes tanto
para seca quanto para a cheia e que possa dificultar a gestão de determinado setor que
necessite diretamente do recurso hídrico.
Em 01/01/1988 a medição de cota iniciou-se com 3,30m, tendo um índice alto
em 01/06/1988 com uma medida de 6,87m, declinando com a menor cota do ano em
01/10/1988 com 1,27m, finalizando o ano com 2,77m de cota, analisando os dados
podemos ter a ciência que acontece nos meios dos anos uma enchente com maior
proporção, na qual corresponde aos períodos chuvosos da amazônia e terminando
com uma seca nos finais de anos. Com esse conhecimento podemos salientar como
pode ser feito o escoamento da agricultura familiar na qual tem grande valor na região,
podendo assim trabalhar com eficácia na gestão dos recursos hídricos.
No ano de 1998 começou a medição na média dos anos anteriores com 2,39 m,
havendo a cheia no meio do ano, porém havendo um declínio alto nos meses de outubro
e novembro, 0,59 e 0,67 respectivamente, terminando o ano em 2,23m na medição,
sabendo que de acordo com a cota varia a vazão, o ano de 98 houve uma queda brusca
no fim do ano conseguiu bater a média, como havia mencionado no trabalho acima,
no Rio Amazonas é incerto os números e precipitações, podendo haver variantes altas
tanto para mais quanto para menos, influenciando direto no ano vigente.
Em 2008, com o implemento de recursos financeiros, por meio da ANA regendo
os recursos hídricos no Brasil, as estações puderam trabalhar com mais eficácia nas
suas medições, iniciou-se com a faixa de 4m a cota inicial, tendo uma grande elevação
conforme a subida das águas e findando com a baixa nos meses de novembro a
dezembro, mesmo diante de grandes mudanças na natureza amazônica, a estação de
Óbidos conseguiu suprir a demanda de medições.
No ano de 2018, a região com uma crescente na economia em todos os setores,
e com a chegada de pequenas indústrias no local, a necessidade de recursos hídricos
seria de grande proporção, não podendo haver grandes alterações em suas medições,
com a inicial de 3,54m de cota e sua menor no ano em novembro 1,12m, fechando o ano
em 3,12m.
Vale ressaltar que nesses 51 anos de medições de cota e vazão, houve épocas de
alto e menor número, nunca estabelecendo um termo padrão, podemos ter a maior em
01/05/1986 com uma cota de 14,04m e a menor em 01/11/1997 atingindo um dado
negativo de -0,09m de profundidade.
583
CONSIDERAÇÕES FINAIS
AGRADECIMENTOS
4 REFERÊNCIAS
584
ANÁLISE DOS EFEITOS DA REDUÇÃO DE MEDIÇÕES DE DESCARGA LÍQUIDA
SOBRE A QUALIDADE DAS CURVAS-CHAVE NO RIO TRACUNHAÉM: UM
ESTUDO DE CASO/ Mercília Maria Farias de Barros; Cristiane Ribeiro de Melo;
Solange Cavalcanti de Melo; Fabio Araújo da Costa & Paulo Abadie Guedes. – Recife,
2014.
Estudo do INPE indica que o rio Amazonas é 140 km mais extenso do que o Nilo
Disponível em: http://www.inpe.br/noticias/noticia.php?Cod_Noticia=1501 Acesso
em: 03/09/2019 às 9:58h.
585
DETERMINAÇÃO DA CURVA-CHAVE NO RIO JURUÁ PARA UTILIZAÇÃO
NA GESTÃO DOS RECURSOS HÍDRICOS.
1 INTRODUÇÃO
2 MATERIAL E MÉTODOS
Bacia do Rio Juruá nasce no Peru, com o nome de Paxiúba a cerca de 453 metros
de altitude e é compartilhada entre o Brasil e o Peru (Figura 1), especificamente com o
Departamento peruano de Ucayali e com os estados brasileiros do Acre e Amazonas
(ZEE, 2010).
O Rio Juruá tem, em toda a sua extensão de 3.280 km, um desnível de 410 m.
Atravessa a parte noroeste do Estado do Acre, no sentido S-N, entra no Estado do
Amazonas e despeja suas águas no Rio Solimões. O Juruá é um rio de planície e seus
principais afluentes ficam dispostos na margem direita onde a configuração geral é
mais plana, sendo poucos os contribuintes de vulto da margem esquerda. Correndo
a princípio na direção N-NE, lança-se depois para L-NE e, finalmente, é NE a direção
geral de seu curso até a foz (ZEE, 2006).
587
O município de Carauari tem uma população estimada em 28.076 (IBGE, 2018)
e está situada na margem esquerda do rio Juruá, este possui cerca de 3.283 Km, a maior
parte em território brasileiro é um rio pouco estudado na sua totalidade. Porém, além
da importância social, política e econômica, a drenagem e seus padrões apresentam
informações relevantes sobre o meio físico tanto geológico quanto geomorfológico.
2.2 Dados
2.3 Métodos
Q = a (h – h0)b (1)
Onde:
• Q é vazão em m3/s;
• h é o nível d’água em m (leitura na régua);
• a, b e h0 são constantes para a estação, a serem determinados;
• h0 corresponde ao valor de h para vazão Q = 0.
3 RESULTADOS
CONSIDERAÇÕES FINAIS
AGRADECIMENTOS
4 REFERENCIAS
591
CARACTERIZAÇÃO FÍSICA E SOCIOECONÔMICA DA BACIA HIDROGRÁFICA
DO RIO TARUMÃ-AÇU - AMAZONAS
Flávio Wachholz1
Isabela Soares Colares1
João Carlos Ferreira Júnior1
Samara Aquino Maia1
1 INTRODUÇÃO
2.METODOLOGIA
3. RESULTADOS
594
Figura 2: Mapa geológico e geomorfológico da BHTA
A Formação Alter do Chão faz parte do grupo Javari, este grupo possui os
“clásticos [deltaico]-fluviolacustre que integram a Sequência Cretácea – Terciaria cuja
evolução encontra-se vinculada às atividades orogenéticas Andina” durante a neo-
cretácea (REIS, et al, 2006, p. 82).
Esta formação é resultante de “um ambiente flúvio-deltaico-lacustre em sistema
de rios entrelaçados depositada no Cretáceo Superior” (SOUZA, NOGUEIRA, 2009,
p. 19), momento que a Bacia Sedimentar do Amazonas teve um processo abatimento
ocasionando a sedimentação clástica fluviolacustre oriundo de um ambiente continental
(IGREJA, 1998).
A Formação Alter do Chão possui a existência de arenitos argilosos, argilitos
arcósios, quartzo-arenitos e brechas intraformacionais com uma coloração avermelhada
(SIMAS, 2008). Souza e Nogueira apontam que os arenitos e argilitos que possuem a
coloração vermelha, pela presença de óxido de ferro, possuem a sua origem atrelada
aos depósitos em fluviolacustre a fluvial (2009). Em um pequeno trecho do médio curso
do canal principal destaca-se a unidade litológica de Aluviões Holocênicos, formação
recente.
As unidades sedimentares possuem um relevo residual com o entalhamento da
rede de drenagem com vales amplos e interflúvios tabulares com altitudes de 60 a 80
m, com a exposição de depósitos aluvionares, variações litológicas, além de apresentar
“registros da tectônica cenozoica na Formação Alter do Chão” (SOUZA, NOGUEIRA,
2009, p. 19).
Conforme o mapa da Figura 2 (B) a BHTA está inserida na Unidade
Geomorfológica do Planalto Dissecado dos Rios Negro/Uatumã, e tal denominação
595
refere-se ao estudo do RADAMBRASIL (BRASIL, 1978), esse estudo aponta que
às características geomorfológicas dessa unidade é constituída de um relevo com
interflúvios tabulares que se predominam na unidade e dando a característica de um
relevo dissecado. Nesse mesmo aspecto, Reis et al (2006, p. 83), destaca que a “unidade
apresenta uma morfologia de superfícies tabulares e colinosas”.
Nesse contexto, Silva (2005, p. 102) destaca a presença de colinas com “topos
horizontais, encostas abruptas, e vales abertos de fundo chato”. A BHTA encontra-se
em uma área entrecortada por diversos cursos d’água denominados regionalmente de
igarapés que estão situados nos fundos dos vales do relevo dissecado apresentando
direcionamento para o rio Tarumã-Açu, os interflúvios dessa bacia com “tendência
principal NW-SE” e ainda se inclui as colinas orientados nas direções NW-SE e NE-SW
(SILVA, 2005, p. 109).
Ao tratar sobre o clima predominante na BHTA, deve-se remontar aos fatores de
controle climático que atuam sobre a Amazônia Central Brasileira, onde está inserida
a bacia. Na região Amazônica predomina a atuação dos sistemas atmosféricos como a
ZCIT e Alta da Bolívia (AB), além da Zona de Convergência do Atlântico Sul (ZCAS)
que também atua do período de novembro a abril, contribuindo com o aumento dos
totais pluviométricos (MARENGO e NOBRE, 2009).
Aleixo e Silva Neto (2019) apontam que os sistemas frontais de junho a outubro,
organizados com os movimentos convectivos contribuem para as chuvas da região,
além das linhas de instabilidades formadas no período seco da Amazônia Central.
Quanto aos tipos de solo existentes na área da BHTA, esta está quase
completamente coberta por Latossolo Amarelo (BRASIL, 1978) (Figura 3 A). O solo
predominante encontrado na BHTA são dois tipos de Latossolo Amarelo: o Latossolo
Amarelo Distrófico típico e o Latossolo Amarelo Ácrico típico. O primeiro recobre
as áreas marginais aos canais fluviais, em terreno baixo, plano ou suave ondulado,
possui textura argilosa a média argiloso. Enquanto o segundo, ocorre somente na parte
superior da bacia, em relevo suave ondulado e com característica textural argilosa a
muito argilosa (BRASIL, 1978).
596
Quanto ao seu uso, apresentam baixa fertilidade natural, com teores muito
reduzidos de bases trocáveis e fósforo. Contudo possuem potencial de uso para a
agricultura e a pecuária, face às boas propriedades físicas e ao relevo plano e suave
ondulado, o que facilita seu manejo e mecanização. As limitações decorrentes da baixa
fertilidade e acidez elevada os tornam exigentes em corretivos e adubos químicos e
orgânicos (TEIXEIRA et al., 2014, p. 79).
O mapa de vegetação (Figura 3 B) expõe a predominância da unidade
vegetacional de Floresta Ombrófila Densa em Terras Baixas. Contudo, significativas
áreas da BHTA encontram-se antropizadas, sobretudo associadas ao entorno das
rodovias BR-174 e AM-010, além da porção sudeste da bacia onde parte da zona
urbana de Manaus ocupa. Na bacia também ocorrem áreas destinadas à agropecuária,
ao turismo e a mineração.
597
Figura 4: Mapas do Sistema Socioeconômico: Densidade demográfica (A) Renda Per
Capita (B).
598
Santa Etelvina 26.209 6,78 3.865,63 321,53 Totalmente
Santo Augustinho 3.311 0,06 55.183,33 522,60 Parcialmente
Tarumã 27.763 38,25 725,83 384,18 Totalmente
Tarumã-Açu 12.003 48,72 246,37 401,52 Totalmente
Fonte: IBGE, 2010.
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
4 AGRADECIMENTOS
5 REFERENCIAS
599
GUERRA, Antônio José Teixeira; CUNHA, Sandra Baptista. Geomorfologia uma
atualização de bases e conceitos. 11ª. ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2012.
REIS, Nelson Joaquim et al. Geologia e recursos minerais do Estado do Amazonas. In:
Manaus - CPRM – Serviço Geológico do Brasil, 2006.
TEIXEIRA, Wenceslau Geraldes; et al. Solos. In: MAIA, Maria Adelaide Mansini;
MARMOS, José Luiz (Org.). Geodiversidade do estado do Amazonas. Manaus:
CPRM, 2010. cap. 6, p. 71-86.
600
EMPREGO DA CURVA-CHAVE NA GESTÃO DOS RECURSOS HÍDRICOS NA
BACIA AMAZÔNICA
1 INTRODUÇÃO
2 MATERIAL E MÉTODOS
2.2 Dados
2.3 Métodos
Q = a (h – h0)n (1),
603
No campo PARA, marcado o valor MÍN. No campo ALTERANDO CÉLULAS
VARIÁVEIS, as células correspondentes ao a, h0 e b foram selecionadas. Em SUJEITO
ÀS RESTRIÇÕES, a condição h0 <= hmín foi inserida, ou seja, a célula correspondente
à cota base não poderia ser menor ou igual à célula correspondente à cota mínima.
A caixa de função TORNAR VARIÁVEIS IRRESTRITAS NÃO NEGATIVAS não
foi preenchida. Na opção SELECIONAR UM MÉTODO DE SOLUÇÃO, portanto, a
escolha restou em GRG NÃO LINEAR. Por fim, a função RESOLVER efetuou todos os
cálculos de aproximação.
3 RESULTADOS
A análise de uma curva-chave traz, em seu bojo, uma preocupação latente com a
hidrologia e curso de água. Afinal, os usos múltiplos de água são, atualmente, alvos de
constantes debates e normas que intentam lograr êxito pela preservação, conservação
e sustentabilidade ambiental. Além da análise hidrológica da curva-chave, portanto,
há outras ferramentas que fazem uso de outras variáveis que, em conjunto, fornecem
um arcabouço significativo de compreensões sobre a conjuntura complexa do meio
ambiente dos recursos hídricos. Essas informações, mesmo que muito técnicas, devem
ser trabalhadas e tratadas para que sejam expostas de forma a serem entendidas, tanto
pela comunidade científica quanto pela sociedade e tomadores de decisão.
Com a análise da curva-chave é possível obter-se as vazões para análises de
outorgas de uso dos recursos hídricos prevista na Lei Federal nº 9.433/1997, nas
atividades tais como, derivação ou captação de parcela da água existente em um corpo
d’água para consumo final, inclusive abastecimento público, ou insumo de processo
produtivo; extração de água subterrânea de aquífero para consumo final ou insumo de
processo produtivo; lançamento em corpo d’água de esgotos e demais resíduos líquidos
ou gasosos, tratados ou não, com o fim de sua diluição, transporte ou disposição final;
aproveitamento dos potenciais hidrelétricos; e outros usos que alterem o regime, a
quantidade ou a qualidade da água existente em um corpo d’água.
Segundo Pereira Filho (2003), a interpretação e análise das curvas chave devem
considerar todas as informações disponíveis, pesquisando-se históricos e relatórios
de inspeção, alterações da posição das réguas e das seções transversais, e possíveis
mudanças das condições de escoamento nas proximidades das estações. De acordo com
o que cita Sefione (2002), as principais dificuldades apresentadas na geração de uma
curva-chave são: (i) a relação cota x vazão não é perfeitamente estável principalmente
por causa dos processos cíclicos de erosão e assoreamento dos leitos dos rios que altera
o traçado e o comportamento da curva-chave; (ii) a maioria das estações apresenta
mais de um controle hidráulico em especial as que tem formato irregular, localizam
próximos a pontes, ou ainda as que estão sujeitas a extravasamento o que tem como
consequência uma descontinuidade da curva-chave e terá um ajuste menos preciso;
(iii) na maioria das estações há uma carência de medições principalmente de cotas altas
e uma má distribuição das medições ao longo do tempo o que dificulta a identificação
do período válido para a curva-chave.
No presente estudo a variável a da vazão calculada resultou em 206,8430624;
a variável b em 1,313710916; e a cota base h0 em 0,84. Dessa forma, a análise, via
SOLVER, encontrou a aproximação de todas as variáveis com os respectivos cálculos,
conforme o gráfico da Curva-Chave do Rio Purus. A função da linha de tendência,
estilo potência, gerada foi y = 83,019x1,5996 , com coeficiente de determinação R2 =
0,9778, ou 98%, caracterizando uma correlação muito forte entre as variáveis, onde
aproximadamente 2% da variabilidade da vazão não pode ser descrita (ou explicada)
pela variabilidade na cota e vice-versa, constante do gráfico.
604
Verifica-se que:
4 CONCLUSÃO
AGRADECIMENTOS
REFERÊNCIAS
606
BARTELS, G. K. et al. Avaliação dos dados de vazão gerados pela curva-chave no
Arroio Pelotas (Ponte Cordeiro de Farias). Anais. In: XIX Congresso de Iniciação
Científica, XII Encontro de Pós-Graduação, II Mostra Acadêmica. Pelotas: 2010.
FILHO, D. P.; SANTOS, I. dos; FILL, H. D.; Sistema de Ajuste e Extrapolação de Curva
de Descarga - Stevens. In: Anais do XV Simpósio Brasileiro de Recursos Hídricos,
Curitiba - Paraná, 23 a 27 de novembro de 2003.
MICROSOFT Project for Windows 10. Solver (Planilha eletrônica Excel) Versão 2010:
[S.I.] Microsoft Corporation, 2010.
607
DESAFIOS DA IMPLEMENTACAO DO SISTEMA DE GERENCIAMENTO DE
RECURSOS HIDRICOS DO ESTADO DO AMAZONAS
1. Introdução
2. Desenvolvimento
609
Na Figura 1, destaca-se a representação do SEGREH como estabelecido na Lei
3.167/2007. Porém, Agências de Bacias, apesar de constarem nesse arranjo institucional,
não foram criadas, tornando o sistema incompleto.
610
Quadro 1 – Produtividade do Conselho Estadual de Recursos Hídricos (CERH)
De acordo com a Lei das Águas, os comitês de bacias são organismos de caráter
consultivo, propositivo e deliberativo. Seu objetivo precípuo é gerenciar os diversos
conflitos relacionados aos recursos hídricos no âmbito da bacia hidrográfica, numa
abordagem participativa. Não possui personalidade jurídica, podendo contar com
apoio técnico e financeiro de outros órgãos, como a Agência de Bacia e, na ausência
dessa, do órgão gestor de recursos hídricos.
O estado do Amazonas foi pioneiro na implantação de comitês de bacias na
Região Norte quando decidiu implantar o Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Taruma
Açu (CBHTA), no ano de 2006. Em 2014, novamente o estado investiu na criação do
segundo comitê, o CBH do Rio Puraquequara (CBHP).
Na busca de cumprir o sistema proposto em lei, o Amazonas está há mais de
10 anos persistindo em um modelo de gestão baseado nos comitês de bacias, sem,
no entanto, ter apresentado avanço. A lei é clara quanto ao importante papel da
descentralização e participação social por meio desses colegiados, porém uma análise
suscinta da produtividade de ambos os comitês, por meio das informações existentes
nos orgãos oficiais, entre o periodo de 2006 e 2017, mostra precária atuação. À exceção
de algumas discussões registradas em atas de reuniões plenárias, estes não produziram
instrumentos ou ações capazes de contribuir com a gestão das referidas bacias de
atuação. Pois, como destaca ANA (2011),
611
“Os comitês após ampla discussão, aprovam em reuniões plenárias dois tipos de
instrumentos: Deliberação, quando se tratar de decisão relacionada às suas competências
legais e Moção, quando se tratar de manifestação de qualquer outra natureza, relacionada
às finalidades do comitê”.
Além disso, verifica-se que os “comitês de bacia têm poder de decisão sobre uma
série de questões importantes na sua bacia, como priorização de ações para aplicação
de recursos e definições sobre valores a serem adotados por ocasião do processo da
cobrança” (CARDOSO, 2003, apud MALHEIROS, PROTA e RINCON, 2013). Ademais,
tem a atribuição de acompanhar a elaboração e execução do plano da bacia e dirimir os
conflitos relacionados aos recursos hídricos, no contexto da bacia.
Com respeito ao CBHTA, as ações que constam em documentos oficiais estão
limitadas a uma “campanha de educação ambiental”, no mês de outubro de 2006,
que entrou na pauta da IV Reunião do comitê e também um documentário da bacia,
produzido com apoio de algumas instituições. Nota-se, também, que as pautas foram
superficiais, onde os temas tratados se referiam ao estabelecimento de calendário
das reuniões, aprovação das atas anteriores e informes. Outra questão observada é a
descontinuidade dos assuntos abordados. Em um dado momento houve menção ao
plano da bacia, mas na reunião seguinte, esse tema já não entrou em pauta.
Apesar disso, em 2014, foi instalado o segundo comitê no estado, o CBH do Rio
Puraquequara (CBHP), regulamentado pelo Decreto nº 37.412, de 25 de novembro de
2016, o qual ainda se encontra sem registro ou produção de qualquer de atividade.
Foram empenhados alguns esforços no sentido de buscar soluções para
inefetividade desses espaços. Em setembro de 2016, foi proposta pelo CERH a instalação
da Câmara Técnica de Comitês de Bacias e Regiões Hidrográficas (CTCOBRH), com a
missão de resgatar e reestruturar, não só o CBHTA, como também o CBHP. O trabalho
culminou com a eleição de uma nova diretoria para o CBHTA e a recondução dos
membros do CBHP aos cargos, pois já havia expirado o primeiro mandato desse.
Com as novas diretorias de ambos os CBH’s, esperava-se melhor desempenho
desses colegiados. Contudo, até o fim de 2017 o cenário permanecia semelhante aos
anos anteriores, sem atividades.
Diferentemente do protagonismo desses colegiados em alguns estados do sul
e sudeste do Brasil, o Amazonas não evoluiu com esse tão importante ente do sistema
de gerenciamento das águas. Isso reflete tanto na descentralização da gestão, quanto
na participação social junto ao SEGREH, pois o comitê é a base e o elo que garante
a participação das comunidades na política pública de recursos hídricos. Uma vez
que tais entes não se desenvolvem fica prejudicada a participação e representação dos
segmentos no sistema.
613
Quadro 2 – Instrumentos de Gestão de Recursos Hídricos do Estado do Amazonas
Órgão
Instrumento Âmbito Responsável/ Status
Gestor/Executor
Plano Estadual de
Estadual SEMA/IPAAM Em elaboração
Recursos Hídricos
Planos de Bacia SEMA/IPAAM/
Bacia Não elaborado
Hidrográfica CBH
Enquadramento Estadual/Bacia SEMA/IPAAM Não implantado
Outorga Estadual SEMA/IPAAM Em implementação
Cobrança Bacia SEMA/IPAAM Não implantada
Fundo Estadual de
Estadual SEMA/CERH Implantado parcialmente
Recursos Hídricos
Sistema Estadual de
Estadual SEMA/IPAAM Implantado parcialmente
Informações
Zoneamento Ecológico- Estadual SEMA/IPAAM/
Elaborado parcialmente
Econômico /Região/Bacia SEPLANCTI
Plano Ambiental do
Estadual SEMA/IPAAM Não implantado
Estado do Amazonas
Fonte: SEMA, organização: Pinto, 2018.
3 Considerações Finais
614
no processo de cogestão desse recurso natural, bem como o escasso aporte financeiro
por parte do estado, são fatores relevantes para o insucesso desses organismos e do
próprio SEGREH.
Vale destacar que a incompletude do sistema, com a inexistência de Agências
de Bacias, recai imediatamente no funcionamento dos CBH’s, visto que o suporte
financeiro para manutenção desses colegiados e para as ações necessárias no âmbito
da bacia está condicionado ao recurso advindo da implementação do instrumento de
cobrança, o qual não foi implantado no estado e nem há previsão de ocorrer. Isso já
obriga o estado a buscar alternativa para preencher essa lacuna existente no SEGREH.
Por outro lado, percebendo a dificuldade de alguns estados na implantação
e desenvolvimento desses colegiados, a Agência Nacional de Águas elaborou um
estudo denominado “Legado - 20 Propostas Para Aperfeiçoamento dos Marcos
Constitucional, Legal e Infralegal da Gestão de Águas no Brasil, Preparação para o
8º Fórum Mundial da Água’. Esse documento foi elaborado com a colaboração de
diversos atores do SINGREH, que apontaram pontos positivos e negativos da Política
Nacional de Recursos Hídricos, e produziram-se propostas para superar as lacunas
legais e institucionais, com o intuito de fortalecer e aperfeiçoar o mesmo. Dentre essas
propostas, está o reconhecimento de que existe dificuldade na adoção desse modelo
de comitês de bacias hidrográficas na Amazônia, corroborando, talvez, com um dos
motivos da inoperância dos CBH’s do estado.
O mencionado documento traz como proposta de resolução a implantação de
comitês de bacia feita “em recortes geográficos diferentes da totalidade da área de uma
bacia hidrográfica, e de forma incremental, se necessário, contemplando-se, assim, as
especificidades regionais, em especial as do Centro-Oeste, Norte e Nordeste do país”.
Esse reconhecimento pelo órgão executor da política no âmbito nacional muito
contribui para que o estado do Amazonas reconheça também essa deficiência no
SEGREH, especialmente em relação ao modelo de comitê implantado e adote outras
formas de viabilizar a descentralização e, ao mesmo tempo, a participação social de
uma maneira mais adaptada à realidade local.
4. Referências
___. Projeto Legado Preparação Para O 8º Fórum Mundial da Água. Disponível em:
http://www3.Ana.Gov.Br/Portal/Ana/Programas-E-Projetos/Projeto-Legado-1.
Acesso em: 20 mar de 2018.
NETO, Francisco Fabbro; SOUZA Marcelo Pereira de. Leitura integrada da gestão dos
recursos hídricos com o uso do solo em Caraguatatuba (SP). Disponível em http://
www.scielo.br/pdf/esa/v22n5/1809-4457-esa-22-05-00853.pdf. Acesso em 11 de maio
de 2017.
616
IMPLANTAÇÃO DE UM SISTEMA INTEGRADO DE GESTÃO DOS RECURSOS
HÍDRICOS BASEADO NUM SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOGRÁFICA:
BACIA DO RIO ARAGUARI - MG.
1 INTRODUÇÃO
Sabendo da relevância dos recursos hídricos para a existência da vida no planeta e
cujas relações estabelecidas são interdependentes, a gestão de recursos hídricos precisa
dispor, constantemente, de ferramentas modernas e ágeis que permitam a manipulação
e o processamento da grande quantidade de dados envolvidos. E considerando que
grande parte das informações processadas depende direta ou indiretamente de sua
localização no espaço, a utilização da tecnologia e recursos dos Sistemas de Informações
Geográficas (SIG) torna-se praticamente obrigatória (POLIDORI et al., 2010).
Um SIG para gestão dos recursos hídricos no âmbito de um Comitê de Bacia
Hidrográfica, além de ser um dos instrumentos de gestão de recursos hídricos
previstos pela legislação, também se apresenta como uma ferramenta eficaz de
disseminação das informações já disponíveis, através de uma base de dados capaz
de subsidiar a elaboração e atualização do Plano de Recursos Hídricos, otimizando
seu funcionamento e qualificando os resultados, assim como a tomada de decisão em
processos de planejamento.
2 DESENVOLVIMENTO
“Até o final de 2017 haviam sido elaborados 158 planos de bacias hidrográficas estaduais
em 16 UFs e 32 planos encontravam-se em elaboração em 10 UFs (Acre, Bahia, Espírito
Santo, Minas Gerais, Mato Grosso, Pernambuco, Paraná, Rio Pág. 4 Grande do Sul, Santa
Catarina e São Paulo). Os planos são coordenados e supervisionados pelos respectivos
CBHs.”
618
de Informação Geográfica, que proverá a comunicação entre os módulos específicos
ao mesmo tempo em que o enlace de dados se constituirá em um facilitador, através
do estabelecimento em tempo real de adequações às relações estabelecidas entre os
elementos da plataforma (inclusive os instrumentos da politica de recursos hídricos).
619
Observa-se uma tendência de integração dos Sistemas de Informações
Geográficas (SIG) com os chamados Sistemas de Suporte à Decisão (SSD) devido à
facilidade de inserção de informações (espaciais e não espaciais) e na aplicação em
diversas bacias hidrográficas sem necessidade de modificação na estrutura interna
do modelo. Existem uma série de softwares SIG com interface gráfica, a exemplo
do ArcGIS, da empresa Environmental Systems Research Institute (ESRI), um dos mais
reconhecidos na área, porém, com custos de aquisição e renovação bastante elevados.
Em contrapartida, existem iniciativas de implementação de tecnologias de caráter
gratuito e de código aberto, a fim de se possa permitir trocas de informações entre
programadores do mundo inteiro, como o QGIS, um SIG que suporta a manipulação,
análise e visualização de dados geoespaciais e da tabela de atributos associada
(KAYSER; COLLISCHONN, 2013)..
Nesse sentido, no âmbito da gestão de recursos hídricos, essa ferramenta pode
ir além da visualização, organização de dados e modelagem espacial, podendo realizar
um diagnóstico capaz de orientar qualquer processo decisório de forma mais objetiva
e eficiente.
620
de vários estados da Federação e de algumas bacias hidrográficas, a exemplo o projeto
SIGA Rio das Velhas, da Bacia Hidrográfica do Rio das Velhas, e o projeto SIGA
CEIVAP - Sistema de Informações Geográficas e Geoambientais da Bacia Hidrográfica
do Rio Paraíba do Sul, todos atuando na coleta, processamento, análise e oferta de
informações com referência geográfica, cujos recursos se apresentam como poderosas
ferramentas para tomadas de decisões.
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
4 REFERENCIAS
622
KAYSER, R. H. B.; COLLISCHONN, W. Integrando sistema de suporte à decisão
genérico para gerenciamento de recursos hídricos a um SIG de código aberto.
XX Simpósio Brasileiro de Recursos Hídricos (SBRH). Anais...Bento Gonçalves, RS:
Associação Brasileira de Recursos Hídricos (ABRH), 2013Disponível em: <http://
anais.abrh.org.br/works/1604>
623
ANÁLISE TEMPORAL DE USO E COBERTURA DA TERRA NA SUB-BACIA
HIDROGRÁFICA DO RIO POTI-PIAUÍ-BRASIL
1 INTRODUÇÃO
1
Universidade Federal do Piauí, livaniageo@gmail.com
2
Universidade Federal de Pernambuco. verticillaris@gmail.com
3
Universidade Estadual do Ceará, mlbcruz@gmail.com
624
2 METODOLOGIA
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
625
Figura 1 – Drenagem da bacia hidrográfica do rio Poti e localização do baixo curso
626
Figura 2: Mapa de uso e cobertura da terra do baixo curso do rio Poti em 1985 e 2015
627
Destaca-se que a produção do cajueiro na área em pesquisa está relacionada
ao tipo de solo, desenvolvendo-se bem em solos profundos, férteis e areno-argilosos,
podendo ser cultivado em solos de textura média (EMBRAPA, 2010).
Já o arroz, considerado o produto de maior importância econômica em muitos
países em desenvolvimento, é uma cultura que apresenta grande capacidade de se
adaptar a diferentes condições de solo e clima. Os principais sistemas de cultivo no
baixo curso da bacia do Poti é o irrigado por inundação e o de sequeiro (EMBRAPA,
2010).
A cana de açúcar produzida na área de estudo é cultivada, principalmente,
próximo à Teresina, tendo em vista as particularidades do clima. O plantio acontece
entre os meses de agosto e fevereiro, considerada a época mais seca do ano na bacia. Para
tanto, os produtores fazem a aplicação de herbicidas, para um bom desenvolvimento
do plantio da cana, podendo comprometer o solo e sua resiliência.
O feijão pode ser cultivado em quase todos os tipos de solos. De um modo
geral, desenvolve-se em solos com regular teor de matéria orgânica, soltos, leves e
profundos, arejados e dotados de média a alta fertilidade (EMBRAPA, 2010). No baixo
curso é cultivado principalmente nas áreas ribeirinhas, cujo manejo inadequado do
solo e a retirada da vegetação natural comprometem a capacidade de resiliência desse
ecossistema.
A mandioca se adapta melhor em solos arenosos ou de textura média, onde se
tem melhor condição para produção de raízes uniformes e com boa estrutura, o que
facilita a colheita. Já em solos argilosos devem ser usados com restrições, pois podem
prejudicar o crescimento, causar o apodrecimento e dificultar a colheita das raízes. A
mandioca possui brotação e desenvolvimento lentos na fase inicial da cultura, o que
acarreta pouca proteção ao solo e, consequentemente, deixa os mandiocais sujeitos a
acentuadas perdas de solo e água por erosão (FIALHO e VIEIRA, 2011).
Cabe destacar que culturas como o feijão e mandioca perdem mais solo e
água por erosão do que o arroz, que por sua vez perde mais que o milho e a cana-de-
açúcar. Para tanto, o parcelamento do solo para o cultivo dessas culturas pode reduzir
as perdas do solo por erosão, devendo considerar a largura das faixas determinadas
conforme o declive do terreno, o tipo de solo e cultura (BERTONI e LOMBARDI, 2010).
Quanto à fertilidade do solo, além do controle da erosão, são necessárias outras
práticas que reponham os elementos nutritivos, controlem a combustão de matéria
orgânica, diminuam a lixiviação, controlando, em parte, as causas de depauperamento
do solo (ANSELMO, 2011).
Destaca-se que a maneira sustentável de manejo do solo com o propósito
de manter sua capacidade de resiliência, deve ocorrer de forma que a demanda de
insumos não exceda a capacidade natural de regeneração do solo, mesmo com o uso
de técnicas rudimentares. Por isso, torna-se um dos grandes desafios da atualidade
aumentar a produção da terra sem provocar sua exaustão. Para tanto, é necessário
o controle do uso e ocupação do solo, por meio da restrição e da fiscalização das
atividades antrópicas, como forma de proteger os mananciais, sobretudo identificando
as áreas mais vulneráveis à contaminação, de forma a promover um controle do uso
do solo, mantendo sua capacidade de resiliência frente aos usos existentes.
Apesar das medidas preventivas de uso do solo já desenvolvidas por diversas
pesquisas (VOLLMER et al., 2015; ANSELMO, 2011), ainda se observa o manejo
inadequado, com o uso indiscriminado do fogo, do pastoreio esgotante e desmatamento
descontrolado, o que provoca desequilíbrio ecológico, alterando o ciclo hidrológico,
sendo comum tais práticas na área em pesquisa.
As atividades desenvolvidas na área em estudo, com exceção da cidade de
Teresina, em sua maior parte são para a manutenção de pequenos produtores agrícolas,
que utilizam técnicas rudimentares. Nota-se em geral que estes produtores realizam a
628
queimada da vegetação, sem qualquer preocupação conservacionista. De modo geral,
os morros são muito procurados para o plantio de milho, feijão, mandioca e arroz,
expondo o solo ao processo erosivo.
Observou-se em visita de campo que a técnica de roçados feitos pelos agricultores
na área do baixo curso do rio Poti, muitas vezes não levam em conta a inclinação do
terreno, bem como as culturas em geral não cobrem e não protegem suficientemente
os solos. A ausência do traçado de curvas de nível amplia o potencial erosivo, havendo
assim excepcionais condições para o processo de degradação do solo.
No baixo curso do rio Poti, devido à sazonalidade da vazão do rio, é comum no
período de baixa vazão suas margens serem utilizadas para o cultivo de feijão, milho
e melancia pela população. Tal atividade é desenvolvida a partir do desmatamento
da margem, com posterior queimada para o plantio (Figura 3), ocasionando o
comprometimento do solo e consequentemente do rio, deixando-o vulnerável ao
assoreamento pelo carreamento de material mineral, bem como outros processos
erosivos.
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Diante dos resultados observa-se no período analisado que o baixo curso do rio
Poti passou por alterações no ambiente, tendo uma redução da vegetação de maior
porte em função principalmente das formas de uso e cobertura da terra. Constatou-se
também ser comum o uso das áreas ribeirinhas pela população rural para o cultivo de
vazante, de produtos como: feijão, milho, arroz, melancia, dentre outras. Tal atividade
630
ocorre em detrimento destas áreas apresentarem solos propícios para desenvolvimento
da agricultura de ciclo curto. Contudo, o manejo inadequado dos recursos naturais,
nas margens do rio, oferece riscos e implica na sustentabilidade e manutenção do
ambiente.
O desenvolvimento sustentável, como é bem conhecido, deve considerar de
modo transversal e equilibrado as dimensões ambiental, social e econômica recorrendo
sempre à melhor tecnologia disponível para atingir os objetivos preconizados.
Dessa forma, a partir do estudo das formas de uso e cobertura do baixo curso do rio
Poti, verifica-se a relevância de um planejamento das formas de manejo dos recursos
naturais da bacia, a qual deve adotar uma abordagem de integração dos aspectos
ambientais, sociais, econômicos e políticos, buscando aumentar a produtividade de
forma a não comprometer a bacia de drenagem.
Agradecimentos:
5 REFERÊNCIAS
BERTONI, J. & LOMBARDI NETO, F. Conservação do solo. 7ª.ed. São Paulo, Ícone, 2010.
355p.
LEPSCH, I.G. formação e conservação dos solos. São Paulo. Oficina de textos, 2002
LIANG, C. et al.. Identifying areas susceptible to high risk of riverbank collapse along
the Lower River Murray. Computers and Geotechnics. Volume 69, September, 2015,
Pages 236–246
631
SIMON, A.L.H. a dinâmica do uso da terra e sua interferência na morfohidrografia da
bacia do arroio santa bárbara - Pelotas (RS). Dissertação de Mestrado do Programa de Pós-
Graduação em Geografia. Rio Claro (SP). 2007. 187f
TELLES, T.S. The costs of soil erosion. Revista Brasileira de Ciencia do Solo, March
2011, Vol.35(2), pp.287-298
632
CONSTATAÇÕES INICIAIS DAS MUDANÇAS NO FUNCIONAMENTO
HIDROGEOGRÁFICO NA VOLTA GRANDE DO RIO XINGU, COM A
OPERAÇÃO DA UHE BELO MONTE
1 INTRODUÇÃO
Método
634
Resultados e Discussão
635
Figura 1. Mapa do Funcionamento Hidrogeográfico da Volta Grande do Rio Xingu -
Amazônia Centro-Oriental
Foram construídos dois barramentos para UHE Belo Monte: Pimental e Belo
Monte, que proporcionam diversas respostas de fluxos de água e sedimento a jusante
dos barramentos. A relação entre a capacidade de transporte e a carga de sedimentos
liberada do reservatório, em conjunto com a relação entre erosividade do escoamento
e erodibilidade das margens do rio, deve determinar mudanças que a longo prazo
produzirá um novo estado de equilíbrio fluvial (Brandt, 2000; Cunha; 2008).
Todos os barramentos afetam as descargas naturais de água de alguma forma,
ou seja, há redução de fluxo para a maioria dos barramentos fluviais com consequente
redução da potência de fluxo e da capacidade de transporte de sedimentos, resultado
do armazenamento e da evaporação da água (Higgs e Petts, 1988; Brandt, 2000). A
jusante do barramento Belo Monte e a jusante do barramento Pimental o fluxo fluvial
tem restrição de sedimentos, pois entre 90 e 99% dos sedimentos serão capturados
pelos barramentos construídos (Grimshaw e Lewin, 1980; Cunha, 2008; Williams e
Wolman, 1984).
Com a restrição de sedimentos a jusante dos barramentos da UHE Belo Monte,
tem-se o início da erosão da calha fluvial para se restabelecer o equilíbrio com a
capacidade de transporte. E, de acordo com Cunha (2008), a erosão avança alguns
quilômetros por ano.
A construção do barramento Pimental repartiu a vazão da água do Rio Xingu
e inibiu o fluxo normal de sedimentos, modificando a relação entre a capacidade de
transporte e de erosividade do escoamento na Volta Grande do Xingu. Assim, a água
que flui por ela não tem a mesma disponibilidade de sedimentos para transportar, o
que implicará na ampliação da erosão lateral e vertical desse trecho do rio, modificando
a planície fluvial.
636
A vazão não é igual ao longo do rio (Christopherson, 2012), e pode ser observado
na Volta Grande do Xingu na comparação das medições de vazão realizadas na estação
fluviométrica UHE Belo Monte Mangueiras, localizada logo após o barramento
Pimental, e da estação Ilha da Fazenda, cerca de 15km desse barramento (Gráfico
1), por existir a diferença de forma do canal fluvial nos trechos mensurados e pela
ampliação da velocidade da água devido a pressão exercida pela massa d’água do
reservatório sobre o barramento Pimental.
Os dados da estação UHE Belo Monte Mangueiras (Gráfico 2) também
demonstram que a vazão é irregular durante o dia, aumentando e diminuindo seu
valor, diferentemente da vazão natural que aumenta progressivamente até o máximo
normal do período, para depois começar o processo de redução, provocando impactos
na rotina de vida da fauna, dos ribeirinhos e indígenas.
637
Gráfico 2. Medições da Cota Fluviométrica por horas dos dias 22/02 à 21/05/2019
entre 22 das Estações UHEBM Mangueiras e Altamira.
Com o término da construção da UHE Belo Monte, previsto para 2019, serão
implementadas duas rotinas de vazões mínima para VGX (Gráfico 3), com objetivo de
garantir a continuação da navegação e do modo de vida dos ribeirinhos e indígenas
(Brasil, 2009), denominadas de Hidrograma de Consenso A e B. A quantidade de água
que flui pela Volta Grande do Xingu ainda é maior do que o proposto pelos Hidrogramas,
mesmo assim, esta quantidade não permite que os igapós sejam inundados e não
consegue transpor adequadamente o conjunto de cachoeiras do Jericoá, restringindo
a dispersão de espécies que sobem e descem o rio, comprometendo a sua alimentação
e reprodução e, consequentemente, modificando o modo de vida das comunidades
ribeirinhas e indígenas.
638
A redução da quantidade de água que passa na Volta Grande do Xingu impacta
na navegação, obrigando os ribeirinhos e indígenas (por vezes) realizar trajetos
maiores, pois as embarcações não conseguem mais passar por determinados trechos.
O Rio Bacajá, que deságua na VGX, por não ser mais influenciado pela subida das
águas do Rio Xingu, teve sua velocidade aumentada no período de chuva (Jan-Mar),
o que tornou impraticável a navegação por propulsão humana, conforme relatado por
morador da TI Arara.
Conclusões
Agradecimentos
Referências
Christofoletti, A., 1999. Modelagem de sistemas ambientais. São Paulo: Editora Blucher.
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Washington, DC, 83 p.
641
USO E OCUPAÇÃO DO SOLO DA MICROBACIA ALTO RIO JARAUÇU, BRASIL
NOVO-PA
1 INTRODUÇÃO
2 MÉTODO
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Fonte: Autor.
A poluição causada pela agropecuária pode ocorrer de forma pontual ou difusa. A pontual
refere-se, por exemplo, à contaminação causada pela criação de animais em sistemas
de confinamento, onde grandes quantidades de dejetos são produzidas e lançadas
644
diretamente no ambiente ou aplicados nas lavouras. Já a poluição difusa é aquela causada
principalmente pelo deflúvio superficial, a lixiviação e o fluxo de macroporos que, por
sua vez, estão relacionados com as propriedades do solo como a infiltração e a porosidade
(MERTEN; GUSTAVO; MINELLA, 2002, p. 35).
645
Na área de estudo, percebemos que a voçoroca chega a medir até 783 metros de
perímetro na área de colapso, podemos interpretar através de relatos de pesquisadores
da UFPA, que ocorreu uma vasta mudança na paisagem, antes sendo uma grande
área de pastagem e hoje se encontra com solo desnudo, de acordo com relatos de
moradores e alunos da UFPA e moradores da Agrovila Princesa do Xingu-PA, o rio
que antes era possível tomar banho nele foi assoreado deixando de existir a cada ano,
como podemos ver na figura 3.
Figura 3: Rio intermitente construído pela Voçoroca, com nascentes de água no entorno.
646
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
5 REFERENCIAS
GUERRA, A. J. T. Processos erosivos nas encostas. In. GUERRA, A.J. T; CUNHA, S.B
(org.) Geomorfologia: uma atualização de bases e conceitos. Rio de Janeiro: Bertand
Brasil. (p.149-207) 1994. 345 p.
648
A GESTÃO DOS PROBLEMAS AMBIENTAIS NA ZONA COSTEIRA PARAENSE:
CONSIDERAÇÕES INCIAIS SOBRE O MUNICÍPIO DE SALINÓPOLIS.
1 INTRODUÇÃO
1
Universidade Federal do Pará, jane-sarmento@bol.com.br
2
Universidade Federal do Pará, edermileno@ufpa.br
3
Universidade Federal do Pará, pablosilvafilho22@gmail.com
4
Universidade Federal do Pará, mapimentel@ufpa.br
649
Diante disso, observa-se a necessidade de criação e implantação do sistema de
gestão ambiental que funcione, através da inserção e aplicação do planejamento, por
ser um instrumento que possibilita a minimização dos impactos negativos e o alcance
do desenvolvimento da espécie humana e dos recursos naturais de forma sustentável.
A ausência de estudos sobre a caracterização, potencialidades e limitações dos
componentes físicos e bióticos da paisagem, e a especulação dos setores imobiliários,
turístico, comercial e pesqueiro, sem um planejamento ambiental e estratégico
adequado vem implicando a problemas socioambientais, dificultando a atuação mais
eficaz do poder público e diminuindo a qualidade de vida local (ALMEIDA, 2008, p.
05).
Este trabalho, tem como objetivo realizar uma revisão de literatura sobre o tema
da gestão dos problemas ambientais no Municipio de Salinópolis - PA.
2 METODOLOGIA
650
3 GESTÃO AMBIENTAL EM ÁREAS COSTEIRAS
652
6 PROBLEMAS AMBIENTAIS E A GESTÃO NA ILHA DO ATALAIA
Figura 01: Ocupações próximas as dunas. Figura 02: Casas próximas ao limite da praia.
A ilha do Atalaia, de acordo com o modelo de Wright E Short (1984, apud Souza,
2012, p. apresenta características típicas de praias dissipativas, sendo, então composta
por areias finas, apresenta baixo gradiente, ondas com quebra do tipo deslizante ou
progressiva, uma larga e bem desenvolvida zona de surfe e vários sistemas crista-e-
calha paralelos à linha de costa. A dinâmica e os padrões geomorfológicos da praia da
Atalaia apresentam falésias ativas e dunas fixas e móveis (SOUZA, 2012, p. 42).
653
Com a breve observação do ambiente na ilha do Atalaia, foi possível evidenciar
que está ocorrendo a descaracterização da paisagem, através de um processo de erosão
em toda área costeira da praia do Atalaia (figura 03). De acordo com Ranieri E El-
Robrini (2016,p. 141) dunas foram devastadas e aterradas para ocupação de imóveis,
ruas, inclusive com pavimentação asfáltica, e para loteamentos causando, entre outras
coisas, alteração do regime de fluxo das águas subterrâneas. Ainda segundo esses
autores a excessiva água retirada dos poços construídos em residências, barracas
de praia, hotéis e pontos comerciais está comprometendo o aquífero superior pelo
processo de cunha salina, causando a salinização da água, além de sua contaminação
(Figura 04).
Figura 03: Erosão na Praia Figura 04: Esgoto construídos na areia da praia
654
canalização pública de esgoto e de águas pluviais, com largura mínima de dois metros nos
fundos dos lotes, cujo desnível seja superior a um metro da frente ao fundo (Pará, 2011,
p.5).
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS
8 REFERENCIAS
BRASIL. Ministério do Meio Ambiente dos Recursos Hídricos e Amazônia Legal- MMA.
Macrodiagnóstico da Zona Costeira do Brasil na escala da União, Brasília,1996. 277p.
656
BRITO, F. M. O. de. Salinópolis-Pa: (re) organização sócio-espacial de um lugar
atlântico-amazônico. Florianópolis: UFSC (Dissertação de Mestrado), 2004. 121p.
657
MACHADO, C. J. S. e KLEIN, Helena Espellet (2003). “Descrição e análise do
ordenamento jurídico dos recursos hídricos no Estado do Rio de Janeiro”. Revista
Forense [Suplemento Eletrônico], v. 369, p. 454-476.
SCHERER, M. (2013) – Gestão de Praias no Brasil: Subsídios para uma Reflexão. Revista
da Gestão Costeira Integrada / Journal of Integrated Coastal Zone Management,
13(1):3-13. DOI: 10.5894/rgci358.
658
VOIVODIC, R. A; ROSA. H. C. M; GOMES. M. T; NUNES. F.S.B. planejamento e gestão
ambiental na zona costeira brasileira – uma defesa da escala local. In: II Congresso
sobre Planejamento e Gestão das Zonas Costeiras dos Países de Expressão. Recife,
2003.20p.
659
EXPANSÃO URBANA E IMPACTOS AMBIENTAIS: CARACTERIZAÇÃO DA
DEGRADAÇÃO AMBIENTAL ENTRE OS ANOS DE 1990 E 2018 NO VETOR DE
CRESCIMENTO SUDOESTE DO MUNICÍPIO DE PRESIDENTE PRUDENTE, SP
- BRASIL
1 INTRODUÇÃO
1
Doutoranda, Programa de Pós-Graduação em Geografia (PPGG-UNESP) monikakurak@gmail.com
2
Prof. Dr.º Universidade Estadual do Paulista, Departamento de Geografia rbraga@rc.unesp.br
660
Mapa 01 – Fragilidade Ambiental da UGRHI – 22.
Nos fundos de vales e locais por onde correm águas pluviais, sem prejuízo ao exigido
pela Lei Federal nº 12.651 de 2012, do Código Florestal Brasileiro e Lei de Zoneamento do
Uso e Ocupação do Solo, será obrigatório, para cada lado, a reserva de uma área pública,
de no mínimo: I – 60 metros do leito para: Córrego do Cedro e Córrego Cedrinho; II – 30
metros do leito para os afluentes do Córrego do Cedro e Córrego Cedrinho; III – 150 metros
661
do espelho d’água do Balneário da Amizade e da Lagoa de captação do Ribeirão Santo
Anastácio; IV – 50 metros de raio para as nascentes.
Parágrafo único. será obrigatória a reserva de área pública para proteção de mananciais
maiores do que as medidas exigidas neste artigo nos locais onde, para além dos limites
estabelecidos, existirem áreas com declividade superior a 20% (O IMPARCIAL, 2018, p.9/c)
Tal lei prevê, ainda, que “os cursos d’água não poderão ser modificados ou
canalizados sem a anuência da Prefeitura Municipal”, do DAEE e do DPRN, e ainda
afirma que “a Prefeitura Municipal poderá decretar normas ou especificações adicionais
para execução dos serviços e obras” exigidos pela lei 232/2018.
Para identificação dos problemas ambientais verificados anteriormente nas
imagens de satélite obtidas através do Google Earth, nas imagens de satélite ALOS,
de maio de 2011, com resolução de 25m, e no mapeamento planialtimétrico, elaborado
pela BASE Aerolevantamento e suas respectivas fotografias aéreas de 1995, foram
realizadas visitas de campo à área de estudo, para que pudéssemos constatar as ações
antrópicas e seus efeitos sobre o meio ambiente. Assim sendo, verifica-se uma relação
direta entre os impactos e os problemas decorrentes ou associados ao uso e ocupação do
solo, tais como: erosão, assoreamento dos rios, deposição irregular de resíduos sólidos
e líquidos, ausência ou supressão de mata nativa em alguns casos, parcelamentos de
solo irregulares, entre outros.
Vários autores tais como FENDRICH, et al. (1984), BERTONI & LOMBARDI
NETO, (1985), citados no relatório do IPT, classificam a erosão atual das terras para
além de um processo meramente geológico, natural, mas reconhecida como Erosão
Acelerada ou Antrópica.
Embora a erosão acelerada seja basicamente determinada pela ação antrópica,
não deixa de ser condicionada pelas características naturais do meio físico, conhecidas
como fatores naturais da erosão (erosividade das chuvas, erodibilidade dos solos,
declividade dos terrenos, comportamento dos substratos, entre outros. É um fenômeno
mais expressivo nas regiões das bacias sedimentares, no caso paulista, a Bacia do
Paraná, em especial onde ocorrem os arenitos do Grupo Bauru (área de estudo) arenitos
das formações Botucatu e Pirambóia (IWASA e FENDRICH, 1998 apud IPT, 2012).
Sucintamente afirmando, a evolução das erosões nas áreas afetadas normalmente
apresenta, numa primeira fase, característica de erosão laminar a qual vai sendo
intensificada pelas águas das chuvas, levando a formação de sulcos rasos e profundos.
A erosão laminar (superficial) atua geralmente em loteamentos em fase de implantação,
com terrenos desmatados e não ocupados e em ruas não pavimentadas.
No estado de São Paulo, quanto a indução do processo, as erosões foram
classificadas em duas categorias: urbanas e rurais.
O surgimento de muitas erosões de grande porte dos tipos ravinas e voçorocas
se devem ao modo quase sempre desordenado e sem planejamento de longo prazo
com que ocorrem a ocupação e o uso do solo urbano. Tais tipos de erosões, geralmente
oriundas juntamente com os centros urbanos, destacam-se pela rapidez como ocorrem
e evoluem, pelas dimensões que atingem e pelos problemas que geram.
2 DESENVOLVIMENTO
663
Fotos 02 – Lançamento inadequado das águas pluviais
Foto 03 – Córrego do Cedro e seu afluente à margem direita assoreado - Vila Nova
Prudente
664
Foto 04 – Córrego do Cedro no trecho próximo à Av. Miguel Damha, vetor Sul
Foto 05 – Trecho do Rio Santo Anastácio, trecho localizado aos fundos das Chácaras
Arilena III.
Ainda dentro do perímetro da bacia hidrográfica do Rio Santo Anastácio pode ser
visto mais outro processo de impacto ambiental durante a implantação do loteamento
fechado Bourbon Parc (Foto 08), com sinais de turbidez na água, assoreamento e restos
de materiais de construção no afluente do Córrego do Cedro (Córrego da Represa)
margens esquerda e direita, na avenida de acesso ao empreendimento.
Foto 08 - Afluente do Córrego do Cedro no loteamento Bourbon Parc.
666
Foto 9 – Local de depósito de restos de materiais de construção pelos moradores.
Outro ponto de impacto ambiental provocado por ações antrópicas pode ser
constatado nos empreendimentos Rotta do Sol e Royal Park, onde a movimentação de
terra para implantação dos loteamentos e a retirada da vegetação deram início a um
processo de erosão laminar (Fotos 10 e 11).
667
advinda da construção civil (implantação dos empreendimentos), alterações essas que
aceleram o carreamento das matérias (sedimentos) para os cursos d’agua.
O Conjunto Habitacional Ana Jacinta e o Conjunto Habitacional Mário Amato
datados do início da década de 1990 foram os empreendimentos que primeiramente
causaram impactos ambientais na área de estudo, observe (Figura 01):
668
Segundo CRISTOFOLETTI (1999, p. 158), “O conceito de recursos naturais
é sensível ao contexto no qual é utilizado” por isso o uso do solo está diretamente
interligado à degradação do ambiente, direta ou indiretamente promovido pelas ações
antrópicas.
Analisando o cenário encontrado na expansão urbana do vetor sudoeste
pode-se verificar como consequência uma série de impactos ambientais, desde
impermeabilização do solo, modificações na topografia da área estudada, aumento do
escoamento superficial, entre outros provocados pela implantação de áreas urbanas
provocando assoreamento dos córregos.
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
4 REFERÊNCIAS
SILVA, R. L. L. da; et al. Incremento da variável uso do solo na análise relativa à erosão
da metodologia MMA. In: SIMPÓSIO BRASILEIRO DE RECURSOS HÍDRICOS, 19.,
2011. Maceió, AL. Livro de Resumos... Porto Alegre: ABRH, 2011. p. 251. CD-ROM.
670
A BACIA HIDROGRÁFICA DO UMBELUZI E A DINÂMICA DO CARBONO DO
SOLO: PROVÍNCIA DE MAPUTO -MOÇAMBIQUE
Introdução
Matérias e métodos
A B
4
DNATF – Direção Nacional de Terra e Florestas
672
Dinâmica do carbono dos solos florestais
673
Tabela 1 – Densidades relativas do carbono na vegetação e do solo em florestas de
diferentes ecossistema.
A província de Maputo é a que tem a menor área territorial do país com cerca
de 26.404 Km2, essa área diminuída é também partilhada pela sua área florestal,
porem apresenta uma das maiores concentrações populacional para o tamanho
do seu território. A elevada concentração populacional somada a uma taxa de uso
elevada e de dependência dos recursos florestais apresentou níveis bastantes altos de
desmatamentos e consequentemente elevados níveis de liberação de carbono para
atmosfera isso se comparado a outras províncias com territórios cinco vezes maior. No
inventário levando acabo por Saket (1994), Maputo desmatava cerca de 17600 hectares
ano e esse processo foi responsável pela liberação de cerca de 20763.2 Gg de carbono,
isso usando a densidade média das florestas tropicais.
Quanto as perdas nos solos motivados pelo desmatamento foram estimados
em cerca de 2763.2 Gg ano de carbono de 1972 – 1990. De salientar que esse valor
não será estático pois a dinâmica do carbono nos solos varia com dependência dos
outros fatores, podendo atingir a sua perda máxima no intervalo de 20 anos, com
possibilidade de retoma a sua capacidade inicial.
No estudo de Marzoli (2007), existe um recuo do desmatamento na província
de Maputo, passado dos 17.600 ha ano para 16.000 fato que pode ser confundido com
uma mudança na forma de olhar as floresta, porém esse recuo é explicado pelo termino
da guerra civil (1976 – 1992) que liberou as áreas outrora inacessíveis por motivos de
segurança, mas também houve um outro facto relacionado que levou a essa ligeira
diminuição a crescente escassez desse recurso nas regiões próximas da província. Esse
recuo do desmatamento implicou na diminuição das liberações de carbono tanto nos
solos como na vegetação que ligeira baixa.
A diminuição de áreas florestais em Maputo, associado as novas politicas
florestais por parte do estado com vista ao uso mais sustentável permitiu uma baixa
nos níveis de desmatamento, não implicando que os grandes centros consumidores de
Maputo tenham reduzido os seus apetites florestais, mas sim passaram a recorrer as
províncias vizinhas como os casos de Gaza que duplicou as suas ações no intervalo de
1990 – 2007. Vinde a tabela 4.
676
Tabela 4 - Áreas desmatadas em Moçambique e carbono liberado
CONCLUSÃO
Referências
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258. Carbon Management and Sequestration Center. OARDC/FAES. The Ohio State
University, Columbus, OH 43210, USA. 2005.
680
O DESAFIO DA UNIVERSALIZAÇÃO DO DIREITO HUMANO FUNDAMENTAL
DO ACESSO À ÁGUA E SANEAMENTO: A DESIGUALDADE SOCIOECONOMICAE
ISOLAMENTO ESPACIAL PERIFÉRICO URBANO COMO MECANISMOS DE
PERPETUAÇÃO DA DISCRIMINAÇÃO
1. INTRODUÇÃO
682
2. DESENVOLVIMENTO
6
Disponibilidade: cada pessoa deve ter acesso à água para seu uso pessoal ou doméstico de forma sufi-
ciente e contínua (Comitê de Direito Econômico, Social e Cultural, 2011).
7
Qualidade: a água para uso pessoal ou doméstico não pode constituir ameaça à saúde, devendo ser li-
vre de microrganismos, substâncias químicas e de riscos radiológicos, ou seja, segura(Comitê de Direito
Econômico, Social e Cultural, 2011).
8
Acessibilidade física: A água suficiente e segura deve estar acessível nas imediações dos agregados
familiares, sem discriminação (Comitê de Direito Econômico, Social e Cultural, 2011).
9
Igualdade: Obrigação juridicamente vinculativa para garantir que todos gozem de seus direitos, inde-
pendentemente de status, raça, sexo, classe, casta, ou outros fatores. No contexto da água, a igualdade
exige uma melhoria progressiva para acabar com as diferenças de abastecimento de água entre grupos
mais favorecidos e marginalizados (Comitê de Direito Econômico, Social e Cultural, 2011).
683
2.1.DISCRIMINAÇÃO NO ACESSO À ÁGUA E POBREZA
684
Os dados apresentados de diferentes regiões do Brasil e do mundo retratam
a influência da renda no acesso à água potável. Entretanto, a localização espacial da
população mais pobre está intimamente ligada a questão da renda familiar e que impacta
no acesso a esse serviço essencial. Segundo Albuquerque (2012), na maioria dos países,
a maior parte dos pobres está aglomerada em assentamentos informais e favelas, o que
dificulta a inserção dessa parcela da população nas estatísticas oficiais dos países em
razão da ilegalidade dos assentamentos e acaba promovendo a discriminação e falta
de acesso aos serviços de saneamento básico.
Albuquerque (2012) indica que apesar de haver razões técnicas para não
promover acesso formal aos serviços de água tais como a falta de planejamento,
ruas estreitas e ambiente perigoso, a verdadeira razão para as pessoas que vivem em
assentamentos informais não terem esse acesso é o estado de posse de suas terras, a falta
de aceitação das favelas e de reconhecimento dos direitos humanos das pessoas que
vivem dentro delas, uma vez que as prestadoras de serviços e autoridades municipais
usam o status de ilegalidade dos assentamentos para negar a prestação adequada de
serviços de abastecimento.
Realmente para alguns assentamentos informais há impedimentos legais para o
atendimento, porém os Estados Membros da Organização das Nações Unidas (ONU),
conforme arrazoa Albuquerque (2012, p. 125), “devem enfrentar seus problemas de
posse de terra, pois não são isentos de sua obrigação de implementar progressivamente
o direito a água e ao esgotamento sanitário para todas as pessoas, começando com os
marginalizados e mais vulneráveis”.
3. CONSIDERAÇÕES FINAIS
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International jornal of Hygiene and Environmental Health, v. 216, n. 1, p. 662-671, 2013.
Disponível em: <https://www.researchgate.net/publication/234699178_Equity_in_
water_and_sanitation_Developin g_an_index_to_measure_progressive_realization_
of_the_human_right_International_Journal_of_Hygiene_and_Environmental_
Health_2166_662-671>. Acesso em: 15 jul. 2019.
690
SATTERTHWAITE, Mark. Background note on MDGs, non-discrimination and
indicators in water and sanitation.2012. Disponível em <https://washdata.org/
fileadmin/user_upload/resources/END-Background-Paper_1.pdf>. Acesso em: 15
jul. 2019.
FIGURAS E TABELAS
691
ÍNDICE DE BALNEABILIDADE NO RIO MACHADO NA ÁREA URBANA DO
MUNICÍPIO DE JI-PARANÁ - RONDÔNIA
1 INTRODUÇÃO
1
Instituto Federal de Rondônia - IFRO, Graduanda em Licenciatura em Química (stephaniejstein@
gmail.com)
2
Instituto Federal de Rondônia-IFRO e Mestrando em Gestão e Regulação de Recursos Hídricos - Pro-
fÁgua - UNIR (valerio.lopes@ifro.edu.br)
3
Instituto Federal de Rondônia - IFRO, Graduanda em Licenciatura em Química (dandarah.pereira@
gmail.com),
4
Docente Universidade Federal de Rondônia, UNIR (fernandabay@unir.br)
692
2 DESENVOLVIMENTO
2. 1 Material e Métodos
Fonte: Autor.
Fonte: Autor.
693
2.1.2 Caracterização e escolha dos pontos amostrais
Fonte: Autor.
694
2.1.4 Análises microbiológicas
Constata-se que no inicio das coletas o nível do rio estava em 894 cm, com vazão
igual a 1360 m3/s, e no final o rio já apresenta nível igual 725 cm, e a vazão muito baixa
695
comparada com o inicio, 491 m3/s, estes dados evidenciam claramente o período de
transição no ciclo hidrológico, passando do período chuvoso, para o de seca.
Fonte: Autor
696
Figura 5 - Resultado da análise de condutividade durante o período de estudo.
Fonte: Autor.
697
Figura 6 - Resultados da análise de turbidez para o período de estudo.
Fonte: Autor.
698
Figura 7 - Resultados das análises de coliformes totais para o período de estudo.
Fonte: Autor.
De acordo com Rocha (2016), a alta carga de coliformes totais pode estar
correlacionada com os altos índices pluviométricos do período, fato que provoca o
carreamento de contaminantes de origem difusa, e que além disso, o rio esta inserido
em uma bacia hidrográfica de intensa atividade agropecuária.
Diversos outros autores seguem a mesma correlação dos altos índices
hidrométricos (período chuvoso) com a elevada concentração de coliformes totais nos
rios (Emiliani e Gonzalez,1998; Vasconcelos et al.,2002).
Os coliformes termotolerantes são microrganismos representados
principalmente pela Escherichia coli, de origem exclusivamente fecal, estando sempre
presente nas fezes de humanos, mamíferos e animais de sangue quente em geral. A
figura 8 expressa os resultados obtidos nas análises.
Fonte: Autor.
699
Os valores não estão de acordo com a legislação, pois a água própria para
balneabilidade deve apresentar entre 250 a 1000 UFC/100 mL, em 80% ou mais do
tempo, porém ela estará imprópria se apresentar valor de UFC/ 100 mL superior a
1.000 em mais de 20% do tempo ou maior que 2.500 na última medição, e conforme
a figura 8, as amostras na última medição apresentaram valores superiores a 2.500
UFC/100 mL, caracterizando todos os pontos impróprios para fins recreativos.
Segundo Amaral e Silva (2017) a presença dos coliformes termotolerantes
indicam que a água foi contaminada por fezes humanas ou de animais de sangue
quente, já que não se reproduzem nem sobrevivem fora destes organismos por muito
tempo, assim sua presença indica contaminação recente, destacando para possível
presença de esgoto doméstico ou carreamento de poluição difusa, devido o rio
Machado esta inserido em uma região com forte atividade agropecuária.
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
4 AGRADECIMENTOS
5 REFERENCIAS
AMARAL, Cristiano Torres do; SILVA, Francisco Solon Almeida da. Qualidade
da água em um igarapé balneário na amazônia: estudo de caso em Porto Velho.
Interespaço: Revista de Geografia e Interdisciplinaridade, Grajaú, v. 3, n. 8, p.251-267,
14 ago. 2017. Universidade Federal do Maranhao. http://dx.doi.org/10.18764/2446-
6549.v3n8p251-267.
700
AMERICAN PUBLIC HEALTH ASSOCIATION (APHA). Standard Methods for
the examination of water and wastewater. SM-1060: Collection and Preservation of
Samples. American Public Health Association, American Water Work Association,
Water Environmental Federation, 21. ed. Washington, 2005.
Júnior FBF, Silva MA, Sampaio JPS, Reis AS, Duarte LHS. Avaliação dos parâmetros da
balneabilidade no rio Mearim no município de Bacabal-MA.In: V Congresso Brasileiro
de Gestão Ambiental. Belo Horizonte:IBEAS, 2014.
701
ROCHA, Victor Nathan Lima da. Relação entre a densidade demográfica dasimétrica
e a qualidade dos corpos hídricos na cidade de Ji-paraná, Rondônia. 2014. 107 f. TCC
(Graduação) - Curso de Engenharia Ambiental, Universidade Federal de Rondônia,
2014.
ROCHA, VinÍcius Gotardi. Aspectos sanitários das águas do rio Machado e igarapés
na região de Presidente Médici, Rondônia - influência da ação antrópica. 2016. 44 f.
TCC (Graduação) - Curso de Engenharia de Pesca, Universidade Federal de Rondônia,
Presidente Médici, 2016.
702
ASPECTOS LEGAIS SOBRE A OUTORGA DO DIREITO DE USO DOS RECURSOS
HÍDRICOS NA ESFERA FEDERAL E NO ESTADO DE RONDÔNIA
1 INTRODUÇÃO
No Brasil, o regime jurídico das águas interiores (rios, lagos, mares internos,
portos, canais, baías, estuários, ancoradouros e golfos), nos termos da 1ª Conferência
de Direito Internacional de Haia, 1930, é estabelecido pelo Código de Águas Decreto
Federal n.º 24.643, de 10.07.34 (BRASIL, 1934) e posteriores alterações, com especial
importância para o Decreto-lei n.º 852, de 11/11/38 (SILVA & MONTEIRO, 2004).
Contudo o seu objetivo principal foi regulamentar a apropriação da água como fonte
geradora de energia elétrica (COSTA, 2012).
Com a promulgação da Constituição Federal (CF) de 1988, o meio ambiente
passou a ser tratado segundo a visão holística, como um sistema integrado e com
autonomia valorativa (ALMEIDA, 2003). Além disso, a CF de 1988 acabou com o
conceito de água de domínio privado, gerando a necessidade de uma legislação que
explicitasse uma forma de autorização para que terceiros pudessem ter acesso a estes
recursos hídricos de domínio do poder público (COSTA & TYBUSCH, 2015).
Esta lacuna foi preenchida com a edição da Lei Federal nº 9.433, de 08 de janeiro
de 1997 (BRASIL, 1997), que instituiu da Política Nacional de Recursos Hídricos (PNRH)
e criou o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos (SINGREH), com
vistas a preservar e conservar para as presentes e futuras gerações e vem ao encontro da
aspiração social, mas, por outro lado, encontra fortes resistências em ser implementada
(ALMEIDA, 2003).
Por esse motivo, cabe ao Poder Público, estadual ou federal, a responsabilidade
pela sua administração. Em outras palavras, qualquer intervenção que se deseje fazer
em um corpo de água é passível de autorização por parte do Poder Público competente.
À luz da legislação vigente Lei n.º 9.433, de 08 de janeiro de 1997 (BRASIL, 1997), esse
instrumento tem como objetivos assegurar o controle quantitativo e qualitativo da água
e o efetivo exercício dos direitos de acesso a este recurso, disciplinando a sua utilização
e compatibilizando demanda e disponibilidade hídrica (SILVA & MONTEIRO, 2004;
COSTA & TYBUSCH, 2015).
1
Discente do ProfÁgua – Univ. Federal de Rondônia. Sec. Estado do Desenvolvimento Ambiental de
Rondônia. Email: eng.ambjoaopaulo@gmail.com
2
Discente do ProfÁgua – Univ. Federal de Rondônia. Ministério Público do Estado de Rondônia. Email:
eng.alynefh@gmail.com
3
Docente Instituto Federal do Amazonas – Campus Parintins. E-mail: joane.moreira@ifam.edu.br
4
Docente do ProfÁgua – Univ. Federal de Rondônia. Email: catiazuffo@unir.br
5
Docente do ProfÁgua – Univ. Federal de Rondônia. Email: jotagil@gmail.com
703
A sua efetivação possibilita o controle de todos os usos pelo Poder Público,
visando a garantir o cumprimento dos objetivos da política com base nos seus
fundamentos e respeitando-se as diretrizes gerais de ação para a implementação.
Constitui ainda um meio de cognição dos usuários poluidores ou daqueles que, de
qualquer forma, degradam os corpos d’água, possibilitando a aplicação das sanções
criminais, administrativas, bem como a responsabilização civil pelo dano causado
(ALMEIDA, 2003).
Com a proteção das águas pelo instrumento de outorga, não se vislumbra
qualquer prestação de serviço público ou de utilidade pública pelo outorgado, bem
como (e a principal diferença), não se transfere a titularidade do volume de água
outorgado pelo Poder Público, pois o beneficiário não tem direito adquirido ao recurso
hídrico – que é um bem de domínio público, não passível de apropriação (ALMEIDA,
2003).
Nesse mesmo sentido, Schütz (2017) menciona que a outorga não implica
alienação total ou parcial das águas, que são inalienáveis, mas o simples direito de
uso, sendo que ela ainda confere o direito de uso de recursos hídricos condicionado
à disponibilidade hídrica e ao regime de racionamento, sujeitando o outorgado à
suspensão da outorga.
Ante ao exposto, a outorga do direito ao uso dos recursos hídricos foi
regulamentada por legislações federais e estaduais, assim, este estudo tem o objetivo
de apresentar as legislações e principais aspectos legais inerentes à outorga do direito
de uso dos recursos hídricos no âmbito federal e no estado de Rondônia.
2 DESENVOLVIMENTO
2.1 Metodologia
704
assegurar o controle qualitativo e quantitativo dos usos da água e o efetivo exercício dos
direitos de acesso. Conforme Almeida (2003), “esta norma vincula a ação do governo,
que se vê impedido de autorizar os usos que agridam a qualidade e a quantidade das
águas e impossibilitado de agir sem equidade ao possibilitar acesso ao recurso. ”
Com finalidade de regulamentar procedimentos, critérios técnicos e
administrativos e obrigações referentes à outorga do uso da água, existem, ainda,
resoluções da Agência Nacional de Águas e do Conselho Nacional de Recursos
Hídricos que tratam sobre a outorga quando da competência da União em conceder
tal instrumento, como, por exemplo:
Figura 01. Evolução cronológica das legislações relacionadas a outorga do uso da água.
Fonte: Autores
Ainda como forma de orientar os procedimentos técnicos e administrativos
de outorga de direito de uso de recursos hídricos, a ANA publicou um manual que
tem como objetivo sistematizar os procedimentos de pedido e análise dos processos
de outorga, servindo como documento normativo para os Especialistas da ANA e os
usuários de recursos hídricos (ANA, 2013).
Na esfera estadual de Rondônia, o instrumento outorga do uso da água foi
previsto na Lei Complementar nº 255, de 25 de janeiro de 2002, que institui a Política, cria
705
o Sistema de Gerenciamento e o Fundo de Recursos Hídricos do Estado de Rondônia,
e dá outras providências, que foi regulamentada por meio do Decreto Estadual nº
10.114/2002.
No que compreende a regulamentação específica deste instrumento em âmbito
estadual, o principal dispositivo que regula a outorga do direito de uso da água é a
Portaria da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Ambiental - SEDAM nº 081/GAB/
SEDAM/2017, a qual dispõe sobre os procedimentos administrativos e documentação
necessária para emissão da outorga de uso dos recursos hídricos. Contudo, não
estabelece critérios técnicos referentes aos procedimentos para solicitações e critérios
de avaliação das outorgas, o que impossibilita o controle quantitativo das vazões
outorgadas.
Conforme o referido documento, as águas públicas estaduais apenas poderão
sofrer intervenções após emissão da concessão, autorização ou dispensa de outorga
(RONDÔNIA, 2018) pelo órgão gestor dos recursos hídricos de competência do estado,
no caso a SEDAM.
Outrossim, dependem de outorga no estado de Rondônia os usos e interferências
que alterem o curso natural dos corpos de água ou suas condições quantitativas
ou qualitativas, tais como: derivações ou captações de água superficial ou aquífero
subterrâneo para consumo final; lançamento de resíduos líquidos, sólidos ou gasosos;
aproveitamentos hidrelétricos; e outros usos que alterem o regime, qualidade ou
quantidade da água (RONDÔNIA, 2002).
Por sua vez, estão dispensados da outorga o uso de recursos hídricos para
satisfação das necessidades de pequenos núcleos populacionais, bem como as
acumulações, as derivações, as captações e os lançamentos considerados insignificantes,
assim estabelecidos pela Resolução nº 04/2014 do CRH/RO as vazões de captação
máximas instantâneas inferiores a 1,0 L/s (CRH/RO, 2014).
Desta feita, as principais normas do estado de Rondônia que regulam a questão
da outorga do direito de uso das águas são:
706
documentação necessária para emissão de autorização de uso de recursos
hídricos no âmbito do Estado de Rondônia;
* Resolução CRH/RO n° 004/2014, que dispõe sobre critérios para definição
de derivações, captações, lançamentos de efluentes, acumulações e outras
interferências em corpos de água de domínio do Estado de Rondônia que
independem de outorga, que não estão sujeitos à outorga.
Figura 02. Evolução cronológica das legislações relacionadas a outorga do uso da água
em Rondônia.
Fonte: Autores
Assim como na esfera federal, o órgão gestor das águas do estado de Rondônia
(SEDAM) desenvolveu um manual que orienta e esclarece todos os critérios
estipulados pela legislação vigente e pela Política Estadual de Recursos Hídricos sobre
os procedimentos para obtenção da outorga direito de uso de recursos hídricos de
competência estadual (SEDAM, 2017).
Nesse diapasão, devido aos usos múltiplos em uma bacia, diversos conflitos
podem surgir. Assim, a outorga é um instrumento que pode ser utilizado para
minimizar estes conflitos, visto que garante ao usuário outorgado o direito de acesso à
água, uma vez que controla o seu uso em uma bacia hidrográfica.
Dessa maneira, no que tange a aspectos legais, tanto em âmbito nacional
(PNRH), quanto estadual (PERH), há normas gerais relacionadas aos recursos hídricos
que trazem como instrumento de controle quantitativo e qualitativo a outorga de uso
da água.
Dessa forma, todos os usuários devem solicitar outorga ao Poder Público (União
ou Estado), pois qualquer interferência que se pretenda realizar na quantidade ou na
707
qualidade das águas necessita de autorização do poder público. Cabe ao órgão público
avaliar o pedido de outorga, incluindo os impactos que podem ser gerados, aprovando
ou não o pedido. Quando aprovado cabe a este órgão fiscalizar o uso (COUCEIRO &
HAMADA, 2011).
No entanto, quando observada as normas que regulamentam os critérios técnicos
e administrativos referentes a outorga e os seus respectivos manuais orientativos,
verifica-se que na esfera federal há a definição objetiva dos procedimentos técnicos
estabelecidos, tais como, balanço hídrico que representa o cotejo entre disponibilidade
e demanda hídrica; e análise de demanda hídrica, a qual se verifica se a vazão solicitada
está coerente com o porte e a finalidade do empreendimento. Por sua vez, estes critérios
não foram identificados em âmbito estadual, visto que nas normas estaduais somente
são estabelecidos critérios administrativos dos procedimentos de solicitação e análise
de outorga.
Assim, o estabelecimento da respectiva vazão outorgável (quantidade de água
a ser disponibilizada para os diversos usos) e dos critérios hidrológicos para emissão
da outorga constituem elementos essenciais para a garantia dos usos múltiplos e
da capacidade de suporte do ambiente, viabilizando o gerenciamento de possíveis
conflitos pelo uso da água.
Posto isto, nota-se a necessidade do órgão gestor de recursos hídricos estadual
realizar estudos que viabilizem a formulação de normas que estabeleçam critérios
técnicos a fim de aprimorar este instrumento. Deste exame, ressalta-se a importância
da utilização de procedimentos adequados na análise dos pedidos, na emissão
das outorgas e no controle e fiscalização do cumprimento das condições dos usos
outorgados para o atendimento dos usos múltiplos da água.
Dessa forma, a outorga do uso da água é um instrumento essencial ao
gerenciamento dos recursos hídricos, pois ela pode possuir aspectos técnicos, legais e
econômicos que, se bem articulados, colaboram para o sucesso da implementação de
um sistema racionalizado de uso das águas (SILVA & MONTEIRO, 2004).
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
708
4 AGRADECIMENTOS
5 REFERÊNCIAS
ANA. Agência Nacional de Águas. Resolução ANA nº 1940/2017. Dispõe sobre critérios
para definição de derivações, captações e lançamentos de efluentes insignificantes,
bem como serviços e outras interferências em corpos d’água de domínio da União
não sujeitos a outorga, Brasília, DF, 2017. Disponível em: http://arquivos.ana.gov.br/
resolucoes/2017/1940-2017.pdf. Acesso em: 30 jul. 2019.
GIL, A. C. Métodos e técnicas de pesquisa social. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2008.
710
SEDAM. Portaria SEDAM n° 091/2010. Dispõe sobre procedimentos e define as
atividades de fiscalização de recursos hídricos estaduais, que estabelece as normas
para apuração de infrações e penalidades aplicáveis nos termos da Lei Complementar
nº 255, de 25 de janeiro de 2002, Porto Velho, RO, 2010. Disponível em: http://coreh.
sedam.ro.gov.br/wp-content/uploads/2019/03/Portaria_n%C2%BA_091-GAB-
SEDAM-2010.pdf. Acesso em: 28 nov. 2018.
ZUFFO, C. E. Gestão integrada das águas em Rondônia. Belém: UFPA, 2010. Tese
(Doutorado em Geologia). Instituto de Geociências, Universidade Federal do Pará,
2010. Disponível em: http://www.livrosgratis.com.br/livros_de_catia_eliza_zuffo_
para_download/1. Acesso em: 01. dez. 2018.
711
PROPOSTA METODOLÓGICA DE MAPEAMENTO DE INDICADORES SOCIOAMBIENTAIS
APLICADOS À PISCICULTURA
1 INTRODUÇÃO
2 DESENVOLVIMENTO
714
Figura 1. Mapa de localização da área de estudo. Fonte: Adaptado de CARAMELLO (2016).
De acordo com PNUMA (2002) as dimensões da metodologia PEIR são definidas como:
715
Para a realização da oficina será proposto uma abordagem participativa pelo
aspecto do estado do meio ambiente. Assim, será possível montar um cenário de como
a piscicultura vêm sendo organizada; entender como o uso dos recursos hídricos vêm
sendo gerenciado em uma área de gestão territorial de uso múltiplos desse recurso;
compreender quais aspectos são importantes para relacionar o desenvolvimento
social da atividade com sustentabilidade ambiental; identificar a percepção das
causas e consequências dos impactos propostos pelos atores envolvidos, bem como a
direção quanto a política de licenciamento ambiental empregado na implantação dos
empreendimentos aquícolas.
Para tal, os atores serão divididos em grupos para aplicação da metodologia
PEIR, essa abordagem será embasada a partir das perguntas:
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
716
Assim, finaliza-se na execução de forma efetiva da proposta metodológica, que
poderá servir como subsídios para novos estudos do eixo.
4 REFERENCIAS
717
MAGALHAES JUNIOR, Antônio Pereira; NETO, Oscar de Moraes Cordeiro;
NASCIMENTO, Nilo De Oliveira. Os Indicadores como Instrumentos Potenciais de
Gestão das Águas no Atual Contexto Legal-Institucional do Brasil - Resultados de um
painel de especialistas. - 2003 RBRH Revista Brasileira de Recursos Hídricos Brazilian
of Water Resources VOLUME. 8 -ISSN 2318-0331. Disponível em: https://abrh.
s3.sa-east-1.amazonaws.com/Sumarios /34/2be0 022c5 9106b9332babdb 235e977
4c9c841a0c8064b850e2e6bf357813bae0.pdf. Acesso em 12 de julho de 2018.
SICHE, R.; AGOSTINHO, F.; ORTEGA, E..; ROMEIRO, A., 2007. Índices versus
indicadores: precisões conceituais na discussão da sustentabilidade de países.
Ambient. soc. [online]. vol.10, n.2, pp.137- 148. Disponível em: doi:10.1590/S1414-
753X2007000200009. Acesso em: 04 jan. 2019. ISSN 1414-753X.
Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente - PNUMA. Metodologia para
elaboração de Informes GEO Cidades: manual de aplicação. Rio de Janeiro: Pnuma /
IBAM / ISER / REDEH; 2002. (Disponível em http://www.redeh.org.br/. Acesso em:
10. Jul. 2019.
718
TANQUE DE EVAPOTRANSPIRAÇÃO (TEvap): UMA ALTERNATIVA SUSTENTÁVEL
PARA O TRATAMENTO DE ÁGUAS NEGRAS
1 INTRODUÇÃO
2 DESENVOLVIMENTO
Rebêlo (2011) enfatiza que para cada tipo de água residuária gerada (negras e
cinzas) existem métodos diferenciados para o seu tratamento, portanto a segregação
que ocorre na fonte geradora é decisiva para que haja a otimização do tratamento bem
como do reaproveitamento dessas águas de acordo com as suas singularidades.
Dentro deste contexto, é possível observar na Tabela 3 as características químicas
das águas cinzas, demonstrando a inviabilidade do reuso direto ou com tratamento
simplificado (filtração) das águas na bacia sanitária. Devido ao seu potencial químico,
a mesma alteraria a eficiência do TEvap que possui características químicas e biológicas
diferentes, pois sua constituição fundamental é voltada para as águas negras. Nesse
caso, recomenda-se outras técnicas para o reaproveitamento dessa água cinza, como
por exemplo, os jardins filtrantes.
722
Tabela 3. Águas cinzas e seus possíveis constituintes.
Fonte das águas cinzas Possíveis conteúdos
Sólidos suspensos (sujeira, fiapos), matéria
orgânica, óleos e graxas, sódio, nitratos e fosfatos
Máquinas de lavar roupa
(detergente), aumento da salinidade e do pH,
alvejantes;
Matéria orgânica e sólidos suspensos (fragmentos
Máquinas de lavar louça de alimento), bactérias, aumento da salinidade e
pH, gordura, óleos e graxas, detergentes;
Bactérias, cabelos, matéria orgânica e sólida
Banheira e chuveiro suspensos (pele, partículas, fiapos), óleos e graxas,
sabão e resíduos de detergente;
Bactérias, matéria orgânica e sólidos suspensos
Pias, inclusive de cozinhas (partículas de alimentos), resíduo de gordura, óleos
e graxas, sabão e detergente.
723
Existe uma diversidade de espécies que se adaptam a esse sistema de
tratamento de águas residuais, especialmente aquelas que possuem níveis elevados de
evapotranspiração. Pamplona e Venturi (2004, p.19) citam:
Algumas espécies de plantas que se adaptam bem ao sistema são comestíveis como
banana (Musa sp.), mamão (Caricapapaya L.), inhame e taioba (Colocasia sp.). Outras
são ornamentais como o copo-de-leite (Zantedeschia aethiopica), a maria-sem-vergonha
(lmpatiens walleriana), o lírio-do-brejo (Hedychium coronarium), o caeté banana (Heliconia
spp.) e o junco (Zizanopsis bonariensis) (PAMPLONA e VENTURI 2004, p.19).
Pela forma com que o TEvap absorve os nutrientes e reaproveita a água, esta
enquadra-se dentro de uma das possibilidades para a queda nas emissões de carbono,
além de estar elencada nos princípios norteadores de desenvolvimento e incluídos nas
Metas do Milênio das Nações Unidas, que contém alguns dos princípios diretamente
voltados à essa questão que foram previstos para ser cumpridos até o ano de 2015, são
eles: erradicar a extrema pobreza e a fome, reduzir a mortalidade infantil e garantir a
sustentabilidade ambiental (SIWI, 2005).
724
uma pessoa dentro do TEvap. Portanto, recomenda-se essa capacidade volumétrica
por pessoa na implementação do sistema de modo a ter uma folga para eventuais
ocorrências (COSTA, 2014).
Fonte:https://eficienciaenergtica.blogspot.com/2014/02/bet-bacia-de-evapotranspiracao-2.html
725
Figura 3. Plantio de plantas de folha larga.
726
Conforme é possível observar na tabela acima, a eficiência do TEvap se comprova
nas análises físico-químicas e biológicas realizadas em amostras de água presentes
no interior no tanque e na água de saída onde se destacam, por exemplo, a redução
da DBO5 (Demanda Bioquímica de Oxigênio) de 360,88 no interior do tanque para
72,74 mg-L, a turbidez de 481,04 para 88,04 NTU (Unidade Nefelométrica de Turbidez),
amônia NH3 326,85 para 46,21 mg-L e a DQO (Demanda Química de Oxigênio) de
723,46 para 406,05 mg-L.. Sendo assim, por meio destes parâmetros é possível observar
a dinâmica do TEvap no tratamento do efluente doméstico e constatar a eficiência do
mesmo na redução da carga orgânica acumulada, apresentando resultados satisfatórios
na qualidade da água residuária.
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
727
AGRADECIMENTOS
REFERÊNCIAS
728
FUNASA (Fundação Nacional de Saúde). Ministério da Saúde. “Cada real gasto em
saneamento economiza nove em saúde” disse ministro da Saúde. 2017. Disponível
em:http://www.funasa.gov.br/todas-as-noticias/-/asset_publisher/lpnzx3bJYv7G/
content/-cada-real-gasto-em-saneamento-economiza-nove-em-saude-disse-ministro-
da-saude?inheritRedirect=false. Acesso em: 20 jun de 2019.
729
DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL: TÉCNICAS DE ENGENHARIA PARA
MELHORAMENTOS NA NAVEGABILIDADE DO RIO MADEIRA
1 INTRODUÇÃO
Fonte: AHIMOC
1
Aluna do Mestrado Profissional em Rede do Programa de Pós-Graduação em Gestão e Regulação
de Recursos Hídricos/Universidade do Estado do Amazonas-UEA-Polo Manaus; alessandrajesus70@
hotmail.com
2
Professor do Mestrado Profissional em Rede do Programa de Pós-Graduação em Gestão e Regulação
de Recursos Hídricos/Universidade do Estado do Amazonas-UEA-Polo Manaus; jramos@uea.edu.br
730
Os primeiros serviços de engenharia utilizados para o melhoramento da
navegabilidade do rio Madeira (dragagens, balizamento do rio e sinalização de
margem) foram promovidos pelo governo federal, conforme figuras 2, 3 e 4. O referido
governo, foi o grande responsável pela criação de órgãos que tinham e tem por finalidade
promover, orientar e instruir todas as questões relativas à construção, melhoramento,
manutenção e exploração dos portos e vias navegáveis do país, enfrentando o desafio
de administrar os setores portuários e hidroviários (Brasil, 2019).
Entre as características principais do rio Madeira está a quantidade de sedimentos
em suspensão, que transporta no seu leito. Os sedimentos se alteram dependendo da
estação do ano e mudam o canal de navegação.
O mesmo apresenta alteração em seu curso em decorrência do uso barcos e
lanchas rápidas que produzem ondas contribuindo para o aumento do fenômeno de
terras caídas, quanto pela exploração de ouro. É perceptível o surgimento de bancos de
areia, barras de sedimentos e alterações do canal. Essas mudanças naturais e acelerada
pela ação antrópica prejudica a navegação.
Em busca de soluções para o problema que se agrava foi necessário recorrer
aos conhecimentos de engenharia civil, apresentando como solução a dragagem para
liberação do canal assoreado.
Fonte: AHIMOC
731
Figura 03 – Sinalização de margem com placas no rio Madeira.
Fonte: AHIMOC
Fonte: AHIMOC
732
Segundo Moura (2016 p. 01) “a política ambiental brasileira iniciou sua trajetória
a partir da década de 1930, quando foram dados os primeiros passos na elaboração
de normativos pioneiros afetos à gestão dos recursos naturais, tais como o Código
de Águas e o Código Florestal, ambos instituídos em 1934”. Desde então, o país tem
avançando gradualmente tanto no estabelecimento de importantes marcos legais
na temática, como no processo de institucionalização das políticas públicas de meio
ambiente.
Nos últimos anos tem sido evidente a necessidade de a engenharia marchar
junto com as ações que prezem a sustentabilidade. Com isso, é perceptível que o ato
tem contribuído para que os serviços de engenharia combinados com a preocupação
de minimizar os efeitos negativos dos impactos ambientais sobre os empreendimentos
de engenharia avancem quanto ao desenvolvimento sustentável.
O rio faz diferença para a economia do norte do país, sendo corredor de
exportação e com o intuito de manter a navegabilidade do rio, o governo federal
através do Departamento Nacional de Infraestrutura e Transporte – DNIT, promove
intervenções periódicas, utilizando a técnica da Dragagem, principalmente no período
de águas baixas (vazante).
As estradas fluviais amazônicas se traduzem em um bem natural/social que
requerem os cuidados devidos para beneficiarem as gerações atuais e futuras e para
tanto se objetivou analisar a navegabilidade do rio Madeira e o uso de técnicas de
engenharia para manter o equilíbrio ambiental/hídrico de uso sustentável. Os
procedimentos metodológicos adotados foi seleção de análise de documentos sobre os
serviços realizados no rio Madeira pelo governo federal.
É preciso cuidar do rio porque diretamente se cuida da vida.
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
4 REFERÊNCIAS
735
AMBIENGER ENGENHARIA AMBIENTAL. 2014. Monitoramento e Educação
ambiental durante a dragagem da hidrovia do Rio Madeira, no trecho entre Porto
Velho/RO e a Foz do Madeira/AM. Relatório anual de atividades: monitoramento
ambiental – volume II – Qualidade biológica dos bancos de areia e da água.
736
RECUPERAÇÃO DE MATAS CILIARES COMO COMPENSAÇÃO AMBIENTAL
APLICADO A INDÚSTRIA
1 INTRODUÇÃO
O Projeto São Pedrinho teve início através de um passivo ambiental causado por
uma indústria frigorífica no município de Rolim de Moura, Rondônia. Para compensar
o dano ambiental, o Ministério Público do Estado de Rondônia juntamente com a
Secretaria de Estado e Desenvolvimento Ambiental (SEDAM) impetraram um acordo
jurídico (TAC - Termo de Ajustamento de Conduta) onde entre as condicionantes
estava a recuperação de 50,0 hectares de matas ciliares nas nascentes e curso do igarapé
São Pedrinho.
Em 2010 foi realizada a contratação de 08 (oito) estagiários do 5º (quinto) período
do Curso Superior de Tecnologia em Gestão Ambiental da Universidade Norte do
Paraná com o intuito de realizar o levantamento dos dados da área total do Igarapé
São Pedrinho, esse deveria ser realizado em 05(cinco) meses e deveria obter o maior
número possível de informações dos produtores rurais e da bacia em questão.
Diariamente as equipes dividiam-se em 02 (duas)uma realizava a entrevista
com o proprietário do lote, por meio de um questionário com 30 questões de múltiplas
escolhas e outra realizava o trabalho de campo, onde deveriam avaliar a extensão
do Igarapé na propriedade, obter no mínimo 02 (duas) coordenadas na extensão do
igarapé, avaliar como estava a vegetação ciliar deste, bem como de forma simples
verificar quais as espécies de maior predominância na região e realizar o registro
fotográfico da área.
Após a realização desta etapa, deu-se início a tabulação dos dados levantados e
então foi elaborado o Diagnóstico da Microbacia do Igarapé São Pedrinho, sendo então
apresentado a (SEDAM) e o Ministério Público para que pudessem ser convocados os
produtores rurais para assinatura do novo TAC e iniciar a recuperação.
738
Contudo, a recuperação das áreas foi executada com as orientações descritas no
Projeto de Recuperação de Áreas Degradadas (PRAD), porém seguindo medidas ainda
mais cautelosas, como o espaçamento entre espécies e o plantio de sementes a lance,
que foi sugerido pelo engenheiro florestal da SEDAM e confirmada sua efetividade
pelo engenheiro agrônomo responsável pela execução do PRAD.
As espécies identificadas nas áreas de vegetação que ainda estavam preservadas
foram escolhidas inicialmente como as que teriam maior adaptação. Deste modo nas
áreas mais alagadas deu-se preferência para espécies como o buriti (Mauritia flexuosa
L.f.), açai touceira (Euterpe oleracea) e jequitibá (Cariniana legalis. As espécies mais
solicitadas pelos produtores eram as que haviam sido quase eliminadas na região como
o mogno (Swietenia macrophylla King), aroeira (Astronium graveolens Jacq) e a bandarra
(Schizolobium parahyba var. Amazonicum).
O projeto apresentou a orientação das espécies apropriadas para cada tipo de
área, conforme apontado no quadro 1.
Grupo
Tipo de solo Nome Comum Nome cientifico
Ecológico
Ipê Branco Tabebuia roseoalba (Ridl.) Sandwith Secundária
739
Timburi Enterolobium contortisiliquum (Vell.) Morong Pioneira
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
740
Foram realizadas 70 entrevistas em 59 propriedades rurais com questionamentos
diversos, quanto as propriedades, questões sociais, econômicas e ambientais, algumas
de múltiplas escolhas e outras com respostas objetivas. Nesta entrevista teve-se o
cuidado de levantar os dados que seriam interessantes para o correto desenvolvimento
do projeto. O levantamento social proporcionou o diagnóstico de educação e
conscientização ambiental dos produtores rurais o que foi possível observar os pontos
que mais os levaram a desmatar as áreas de matas ciliares.
O levantamento dos dados proporcionou a identificação dos fatores que
propiciaram o desmatamento da vegetação ripária, como a utilização das áreas das
propriedades entrevistas, os produtos mias utilizados e os defensivos de maior
consumo. Assim também foi possível identificar as fontes de economia, fator importante
de diagnosticar como deveria proceder a recuperação, como o isolamento das áreas a
serem reconstituídas.
A tabulação dos dados proporcionou a identificação da quantidade de área
em cada propriedade, como seria a instalação das cercas, espaçamento entre estacas e
quantidade de arame a ser utilizada. Auxiliou ainda a equipe de trabalho estabelecer
os critérios para o recebimento dos materiais a serem utilizadas na cerca e em quais
propriedades seria necessária a utilização de defensivos e inseticidas antes do plantio.
3.1 Recuperação
741
Desta forma, após o conhecimento da vegetação, deu-se início ao isolamento
das áreas com cercas, preparo do solo e limpeza da área que em grande parte era
ocupada por pastagem. As mudas foram produzidas em viveiro, as espécies foram
devidamente cadastradas a no RENASEM e as matrizes identificadas para coleta
sementes as espécies que estivessem a partir do terceiro de produção de frutos. A
relação das espécies utilizadas pode ser verificada na Tabela 1. As figuras 3 e 4, mostram
a estrutura que o viveiro foi montado para atendimento do projeto São Pedrinho.
O plantio das mudas foi realizado a partir do ano de 2012, após a assinatura
do acordo jurídico com os produtores rurais seguindo o código florestal de 1965. O
espaçamento utilizado foi de 1mx1m, e as espécies foram introduzidas no solo de
acordo com o tipo de área encontrada (brejoso, úmido, arenoso, etc.). Houve também
o plantio a lance das espécies pioneiras e das leguminosas, que apresentaram bastante
efetividade.
Um dos maiores problemas encontrados na recuperação foram as formigas que
danificavam as mudas. Ao serem observadas, imediatamente deu-se inicio ao controle
com utilização de formicidas e inseticidas para que não se perdessem as mudas já
inseridas em campo. Observou-se que a espécie mais atingida pelas formigas foi o Ingá
de metro (Inga edulis Mart) e intensificou-se o cuidado nesse espécie.
A figura 5 aponta a comparação entre os anos de 2008-2019 da vegetação ciliar
do Igarapé São Pedrinho e pode-se observar que as áreas onde foram trabalhadas a
recomposição das matas apresentaram resultados positivos para a recuperação.
742
Figura 5 – Nascente em 2008/2019
743
Outro ponto a ser ressaltado foi o comprometimento com os envolvidos,
em muitas propriedades o primeiro contato foi de rejeição as áreas estavam sendo
utilizadas de forma econômica nas propriedades e os produtores rurais sempre
alegaram a insistência em desmatar todas as propriedades no período de colonização
do estado.
Por fim, os resultados apontados nesse projeto são informações suficientes para
base de incentivos de reconstituição de vegetação ripária como forma de compensação
ambiental em regiões que apresentam características semelhantes. Para a microrregião
que utiliza essa água observou-se que os animais voltaram a consumi-la o que após
analises laboratoriais poderiam ser avaliados os parâmetros se apresentaram alterações,
porém este não é foco deste trabalho, que aborda os benefícios da compensação
ambiental.
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
4 REFERENCIAS
744
IBGE, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Pesquisa Cidades Brasileiras.
2013. Disponível em: < https://cidades.ibge.gov.br/brasil/ro/rolim-de-moura/
panorama. Acesso em abril 2019.
745
O VALOR DA ÁGUA PARA GERAÇÃO HIDRELÉTRICA NA UHE SOBRADINHO
DIANTE DA CRISE HÍDRICA E DO DIA DO RIO NA BACIA DO SÃO FRANCISCO
1 INTRODUÇÃO
2 DESENVOLVIMENTO
747
2.1 O Dia do Rio
748
2.3 O Sistema Interligado Nacional (SIN) , Custo Marginal de Operação (CMO) e
Energia Natural Afluente (ENA)
2.4 Metodologia
749
A regressão é técnica que tem como objetivo descrever o relacionamento entre
variáveis por meio de uma equação matemática. No trabalho de Machado (2009) utilizou-
se o modelo de função exponencial de formato y = Ce-kx, em que C e k são parâmetros
estimados na análise de regressão. Motivado pelo fato desse tipo de função ter caráter
decrescente, em todo o seu domínio de validade, e assintótico ao eixo das abscissas, ou
seja, não apresenta valores negativos para a variável y. Contudo, tendo em vista que
podemos aproximar qualquer função como um polinômio e que em alguns momentos
o CMO foi zero para o subsistema em estudo, o que implica em função que toca o eixo
das abscissas, neste trabalho adotou-se a regressão polinomial de grau 2 no formato
y = ax² + bx +c, em que a,b e c são parâmetros estimados na análise de regressão. De
forma, que a função matemática ajustada à dispersão dos pontos mantivesse o caráter
assintótico e decrescente esperado de uma curva de demanda clássica.
O coeficiente de correlação, também conhecido como coeficiente de Pearson
mede o grau da correlação linear entre duas variáveis quantitativas. É um índice
adimensional com valores situados ente -1,0 e 1.0 inclusive, que reflete a intensidade
de uma relação linear entre dois conjuntos de dados. No entanto, pode existir uma
outra dependência que seja “não linear”. Assim, o resultado r=0 deve ser investigado
por outros meios. (UFSC, 2019). Já o coeficiente de determinação indica o quanto a
variável Y pode ser explicada por variações em X. De forma descritiva, quanto mais
próximo de 1 estiver, melhor é o grau de explicação do modelo. (UFPB, 2019)
2.4 Resultados
Para cada um dos casos, fez-se a correlação entre o CMO (R$/MWh) e a ENA
(MWméd) do subsistema Nordeste, obtendo-se os resultados abaixo. Estabeleceu-se
uma escala padrão para cada um dos eixos, de forma que possibilitasse a comparação
da variação dos parâmetros. O caso 1 é referente ao período em que não havia uma
crise hídrica estabelecida na bacia, nele verifica-se que há uma relação indireta entre
a ENA do subsistema nordeste e o seu respectivo CMO, por meio do coeficiente de
correlação (r) igual a -0,31388, indicando uma correlação fraca entre as variáveis.
Contudo, observa-se que os pontos se apresentam dispersos dentro da faixa de 200
R$/MWh, indicando valores baixíssimos para o preço da energia, que pelo fato
haver disponibilidade hídrica para a geração hidráulica, reduziram a necessidade de
despacho de usinar térmicas e barateou a energia.
O caso 2 por sua vez apresenta uma dispersão por uma faixa maior de preço
de energia, chegando próximo aos 1600 R$/MWh. Resultado auferido no período
de crise hídrica da bacia, em que a pequena disponibilidade hídrica e a necessidade
de estabelecer-se uma segurança hídrica e energética do sistema, fez com que o ONS
despachasse mais usinas termelétricas e encarecesse o CMO. Contudo, os parâmetros
nesse caso apresentam uma correlação ainda menor que no caso anterior, com
coeficiente igual a -0,0294, apensar de ainda se caracterizar a relação indireta. Justifica-
se pela maior dispersão presente para ENAs menores, que provocaram uma variação
maior do CMO.
O caso 3 configura o período em que o Dia do Rio foi implantado e em que já
havia um período de crise hídrica bem caracterizado, o que fez com que a dispersão
das ENAs e do CMO fosse mais bem correlacionada, com coeficiente de -0,63702. O
CMO do período apresentou valores menores que 1000 R$/MWh e mais concentrados,
indicando que talvez possa ter havido compensação em outro subsistema do SIN no
mesmo período e que a energia possa ter sido barateada por conta do intercâmbio
energético entre os subsistemas. Visto que a ENA foi a menor dentre os casos anteriores,
o que indicaria uma gestão melhor do recurso.
750
Figura 2 – Curvas de correlação entre ENA nordeste e CMO nordeste para cada um
dos casos de estudo
751
Figura 3 – Curvas de correlação entre ENA nordeste e Vazões afluentes natural para a
UHE Sobradinho para cada um dos casos de estudo
Produtibilidade
Hidrelétrica
(MWmédio/m³/s)
Sobradinho 0,2235
Itaparica 0,4406
Complexo Paulo
1,0202
Afonso/Moxotó
Xingó 1,0846
Fonte: ONS, 2008.
A produtibilidade agregada significa que 1 m³/s que passa pela turbinada dessa
sequência de usinas produz 2,7689 MWh de energia durante 1 hora, o mesmo que
752
1300,1553 m³/MWh de vazão turbinada no mesmo intervalo de tempo. Por fim, o valor
da água foi obtido por meio da divisão do CMO em R$/MWh pela vazão turbinada
em 1 hora em m³/MWh. Os valores da água obtidos foram bastante diferenciados em
cada caso, tendo em vista que o CMO em situações de escassez é bem maior do que
fora delas.
O caso 1 por exemplo apresentou valor médio da água de 0,034 R$/m³,
concentrando-se 100% na faixa de preços de 0-0,12 R$/m³. O caso 2, representativo da
escassez hídrica, obteve valores de água para geração elétrica mais distribuídos, com
valor médio de 0,232917 R$/m³, ou seja, aproximadamente 7 vezes maior que no caso
1. Fato que evidencia a lógica econômica de que quando um bem é escasso o mesmo
valoriza-se e diante de uma oferta menor tem-se um preço maior recurso. Quanto a
distribuição, 24% dos valores estão concentrados na faixa de valor de 0,47-0,59 R$/m³
e 17% na faixa de 0,59 – 0,71 R$/m³, o que justifica o valor maior do desvio padrão. O
caso 3 por sua vez apresenta um desvio padrão intermediário ao ser comparado com os
outros casos, com uma distribuição de valores somente até a faixa de 0,59 -071 R$/m³.
Tem-se valores de água menores nesse período de tempo em que houve a interferência
do Dia do Rio na gestão operativa do recurso hídrico, do que no primeiro momento
da escassez hídrica representado pelo caso 2. O valor médio do valor da água foi de
0,175105 R$/m³ e o desvio padrão de 0,23154, com 64% das amostras situando-se nas
duas primeiras classes.
Figura 4 – Distribuição do valor da água para geração de energia elétrica para cada um
dos casos de estudo
753
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
4 REFERENCIAS
ALMEIDA, M., CURI,W. Gestão do uso da água na bacia do Rio Paraíba,PB, Brasil
com base em modelos de outorga e cobrança/Management of water use in the Paraíba
River, PB, Brazil basin based on water grants and charge models, Revista Ambiente &
Água,Oct-Dec2016, Vol.11(4), pp. 989-1005, 2016
754
em <https://www.ana.gov.br/sala-de-situacao/sao-francisco/sao-francisco-saiba-
mais>, Acesso: em 06 de Junho de 2019b
McKinney, D.C.; Cai, X.; Rosegrant, M.; Ringler, C.; Scott, A. ModelingWater
ResourcesManagement at the Basin Level: Review and Future directions, SWIM Paper,
1999.
755
INSTRUMENTOS ECONÔMICOS GERENCIADORES DE RECURSOS ESCASSOS: A
BACIA HIDROGRÁFICA ALÉM DA COBRANÇA.
1 INTRODUÇÃO
2 DESENVOLVIMENTO
Dos instrumentos de gestão ambiental previstos por lei são utilizados no país
principalmente os instrumentos de comando e controle. São chamados de instrumentos
de comando e controle aqueles com a finalidade de assegurar o cumprimento da política
em questão através da fixação de normas, regras, procedimentos e padrões determinados
para as atividades econômicas correlatas podendo o gerar sanções de cunho penal ou
administrativo em caso de não cumprimento das determinações (LUSTOSA E YOUNG,
2002 apud MARTORELLI, 2015). Estes podem ser padrões de qualidade ambiental,
avaliação de impacto ambiental, licenciamentos ambientais, zoneamentos ambientais,
punições disciplinares ou compensatórias, entre outros. Entretanto, considerados
pouco flexíveis, podendo impor penalidades que desconsideram os custos individuais
dos infratores além de exigirem alto grau de fiscalização e conhecimento técnico.
Tendo em vista que a eficácia destes instrumentos depende da capacidade reguladora
e policial do Estado (MARTORELLI, 2015).
Desta forma, os instrumentos econômicos passaram a ser propostos para
complementar as lacunas dos instrumentos tradicionais (ANA, 2019b). Sendo que
estes possuem como principal argumento o custo-eficiência (MOTTA, 1998), visto
que não exige altos custos como os instrumentos de comando e controle para chegar
aos resultados. Enquanto os controles são de natureza estritamente governamental,
os instrumentos econômicos possuem natura descentralizada partindo do fato que o
consumo ou despoluição passam a ser definidos pelos próprios usuários de recursos
naturais baseados em suas próprias curvas de custos, diminuindo-se, em tese, a
ocorrência de contestações judiciais e a necessidade de ações de fiscalização em
comparação ao de comando e controle (ANA, 2019a).
757
Segundo, MENDES & MOTA (1997) os instrumentos econômicos objetivam
induzir determinado comportamento social por intermédio de incentivos ou
desincentivos, via sistema de preços ou de prêmios. São chamados de incentivos
econômicos via preços todos os mecanismos de mercado que orientam os agentes
econômicos a valorizarem os bens e serviços ambientais de acordo com sua escassez e
seu custo de oportunidade social. Já na forma de prêmios, são basicamente o crédito
subsidiado, as isenções de imposto e outras facilidades contábeis para efeito de
redução da carga fiscal, adotando-se o “princípio do poluidor/usuário pagador” e a
internalização dos custos ambientais nos custos privados.
758
(MOTTA, 1998). Baseados na teoria econômica, que surge a partir das ideias de
Pigou (1920), as falhas de mercado podem ser corrigidas por meio da internalização
dos custos sociais/ambientais via preços. No caso se externalidades negativas, a
não-internalização dos seus custos induz um nível de utilização acima daquele que
ocorreria caso as externalidades fossem consideradas. A cobrança da água, que um dos
principais objetivos racionalizar o uso dos recursos hídricos, atua de forma a reduzir
as externalidades negativas. Entretanto, existem ainda as externalidades positivas,
benefícios externos, que segundo Motta (1997), deveriam ter preços positivos por
representarem benefícios não apropriadamente pagos.
A valoração do custo ambiental não internalizado tem por finalidade
compensar financeiramente a externalidade positiva que o serviço ecossistêmico
correlacionado presta. Os pagamentos por serviços ambientais (PSA) surgem de
forma a remunerar direta ou indiretamente, por meio de algum incentivo fiscal, o
agente de conduta ambientalmente positiva. Existem outras formas de compensação
internalização das externalidades positivas, porém este exercício tem como desafio
contabilizar financeira e adequadamente, a contribuição de um determinado serviço
ecossistêmico para a sociedade (bem-estar humano) (GVCES, 2015). Incluindo o
conceito de desenvolvimento sustentável, considera a necessidade não só das gerações
atuais, mas também das gerações futuras, surge ainda o desafio adicional de valorar as
necessidades das gerações que virão (STAHEL, 1994 apud GVCES, 2015).
760
representariam os processos pelos quais o meio ambiente produz recursos, tais como
água limpa, madeira, hábitat para peixes e polinização de plantas nativas ou agrícolas.
Muitos autores consideram os termos serviços ecossistêmicos equivalente aos serviços
ambientais, porém considera-se que os serviços ambientais estariam mais focados nos
benefícios percebidos pelo homem, enquanto os serviços ecossistêmicos estariam mais
focados nos processos que os produzem (RUDOLF, 2002 apud ANA, 2019a). Com
forma de remunerar os serviços ambientais prestados surge um instrumento econômico
chamado Pagamento por Serviços Ambientais (PSA). Wunder (2005) apud ANA
(2019a) define PSA como: “Uma transação voluntária, na qual, um serviço ambiental
bem definido ou um uso da terra que possa assegurar este serviço é comprado por,
pelo menos, um comprador de, pelo menos, um provedor, sob a condição de que o
provedor garanta a provisão deste serviço (condicionalidade)”.
Pagamento por Serviços Ambientais pode ser considerado como um mecanismo
de estímulo conservação e à manutenção da provisão de recursos naturais, que
trabalha com o mesmo princípio usuário pagador, ou seja, usuário-pagador quando
a ação produz externalidades negativas e provedor-recebedor quando produz
externalidades positivas. Aconselha-se a utilização quando os benefícios gerados
por meio da sua implementação são maiores do que os seus custos de implantação
(ANA, 2019a). Utilizado para incentivar os fluxos dos serviços ambientais, o PSA
possui foco específico: sequestro de carbono, proteção da biodiversidade, manutenção
da quantidade e da qualidade da água e beleza cênica, todos, mediante a adoção de
práticas agrícolas sustentáveis ou no meio urbano (LINO, 2009; ENGEL et al, 2008
apud SIMÕES, 2014 apud CAETANO; MELO; BRAGA, 2016).
Entretanto, considera-se que a presença de cobertura vegetal exerce influência na
redução dos processos de sedimentação, regulação do ciclo hídrico causando benefícios
como a redução do risco de enchentes ou de escassez de água, além de melhorar a
qualidade da água disponível. Portanto, o PSA em recursos hídricos valoriza o uso
do solo como gerador de serviços de água (PAGIOLA; BISHOP; LANDER-MILLS,
2005; WENDLAND et al., 2010 apud JARDIM; BRUSZTYN, 2015). Quando ocorre
uma carência de água a jusante da bacia hidrográfica por uma inadequação do manejo
do solo a montante, pode ocorrer negociação para propor pagamento aos usuários a
montante para suprir a necessidade de água dos demais usuários. A introdução do
mercado na bacia hidrográfica ocorre, portanto, por incentivo da demanda, não da oferta
(JARDIM; BRUSZTYN, 2015). No Brasil, a Agência Nacional de Águas foi responsável
por desenvolver os principais programas neste sentido: Programa de Despoluição de
Bacias Hidrográficas (PRODES) o qual consiste na concessão de estímulo financeiro,
pela União, na forma de pagamento pelo esgoto tratado, aos Prestadores de Serviço
de Saneamento que investem na implantação e operação de Estações de Tratamento
de Esgotos (ETEs); Programa Produtor de Água o qual apresenta objetivo de proteger
o recursos hídricos e reduzir a erosão e assoreamento dos mananciais nas áreas rurais
(ANA, 2019c).
761
A primeira experiência de PSA hídrico do Brasil, realizada no município
de Extrema/MG, por meio do projeto denominado Conservador das Águas, cujo
pagamento pelos serviços ambientais é realizado pela prefeitura municipal, sendo que
os repasses foram aprovados em lei, bem como a criação de um Fundo Municipal
para Pagamento de Serviços Ambientais (KFOURI; FAVERO, 2011). O Programa
Produtor de Água possibilitou a aplicação do PSA em várias bacias do país: nas bacias
dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí, conhecido como o Produtor de Água-PCJ,
buscando remuneração para práticas que resultem na restauração florestal de APP,
conservação de florestas existentes e práticas de conservação do solo; E no estado do
Espírito Santo, o ProdutorES de Água implementou em 2009 o mecanismo de PSA de
melhoria de qualidade da água por meio do abatimento dos processos erosivos nas
bacias hidrográficas (ANA, 2019a). Em 2014 foi criado o Programa de PSA Hídrico do
CEIVAP que tem como objetivo a conservação e restauração dos serviços ecossistêmicos
que contribuam para a manutenção da qualidade e regulação da disponibilidade dos
recursos hídricos na bacia hidrográfica do rio Paraíba do Sul (AGEVAP, 2015). O
principal desafio é a valoração dos serviços ambientais. Motta (1998) define valoração
ambiental como a determinação do valor econômico de um recurso ambiental,
estimando o valor monetário deste em relação aos outros bens e serviços disponíveis
na economia. Ao mensurar os valores econômicos dos serviços ambientais, é possível
compararmos estes com outros bens produzidos ou com recursos financeiros, trazendo
mais clareza sobre os ganhos e as perdas que cada alternativa envolve, os chamados
conflitos de escolha (trade-offs) (GUEDES; SEEHUSEN, 2012).
Os projetos de pagamentos por serviços ambientais proveniente de políticas
públicas de incentivo à manutenção dos serviços ambientais são fundamentais para
o processo de implementação em escala de esquemas de PSA em todo o país, normas
legais específicas vêm sendo desenvolvidas e propostas em todos os níveis de governo.
A partir de 2001, quando a Agência Nacional das Águas (ANA) desenvolveu o
Programa Produtor de Água, diversos Projetos de Lei (PL) sobre o assunto passaram a
ser propostos no Congresso Nacional e algumas leis federais já o mencionaram, apesar
de não ter sido criado um regime nacional especial de PSA. Em nível federal, está
sendo discutido o Projeto de Lei 3.507/2019 que visa instituir a Política Nacional de
Pagamento por Serviços Ambientais e Ecossistêmicos (PNSAE), o Programa Federal
de Pagamento por Serviços Ambientais (ProPSA), o Fundo Federal de Pagamentos
por Serviços Ambientais (FunPSA), o Cadastro Nacional de Pagamentos por Serviços
Ambientais, além de dispor sobre contratos de PSA. Já nos estados é possível observar
a publicação de algumas leis tratando do tema, porém não inferindo diretamente
sobre o mesmo, sendo encontrado o assunto também, em leis sobre recursos hídricos e
mudanças do clima.
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
762
exerce a integração entre os instrumentos de gestão através da vinculação formal entre
o instrumento econômico (Cobrança pelo Uso) e o instrumento de regulação ou de
comando (Outorga). Problemas de implementação da cobrança por interesse político
motivado por pressões de alguns setores que se beneficiam com a falha de mercado.
Há ainda alguns usuários que se consideram prejudicados com a cobrança por seus
serviços beneficiarem de alguma forma a sociedade como um todo.
Diante de tantos impedimentos para que a gestão de recursos hídricos seja feita
com eficácia, é fundamental o fortalecimento das ações de governança motivando
a participação dos diversos atores envolvidos de forma a focar nos resultados. Os
instrumentos econômicos que visam incentivos positivos não devem ser vistos como
substitutos da cobrança pelo uso dos recursos hídricos, mas sim, como instrumentos
complementares na gestão de recursos hídricos. É preciso identificar quando
utilizar cada instrumento de forma eficaz, sendo que a cobrança visa internalizar as
externalidades negativas e outros instrumentos baseados em pagamentos por serviços
ambientais tem a finalidade de internalizar externalidades positivas relacionadas ao
meio ambiente.
Os instrumentos positivos podem, inclusive, serem aliados na implementação
da cobrança, visto que a correção das falhas de mercado se torna mais justas quando
corrige tanto as externalidades negativas quanto as positivas. Os setores que utilizam
os recursos hídricos e, ao mesmo tempo, realizam boas práticas ambientais não
serão prejudicados com a cobrança, pois poderão ser compensados através de outros
instrumentos econômicos. A exemplo do setor de esgotamento sanitário, que através
de programas como o PRODES pode ser compensado por seu serviço ambiental
através da remuneração por esgoto tratado. O pagamento por serviços ambientais,
ao valorizar as boas práticas ambientais, modifica o modelo de gestão incentivando
um desenvolvimento mais sustentável visto que modifica o padrão de crescimento
econômico proveniente apenas da exploração dos recursos naturais, sendo que a não
alteração dos ecossistemas deixa de ser considerado improdutivo. Na última década,
o mercado de serviços ambientais tem ganhado relevância no mundo todo, sendo
apontado como instrumento promissor para a gestão ambiental. Entretanto, existem
alguns desafios a serem encarados para efetivação do instrumento, como a utilização
de metodologias para mensurar os valores econômicos dos serviços ambientais
e questões de ordem técnica associadas à elaboração e implementação de sistemas
de monitoramento. Além disso, é necessária a criação de uma base legal no âmbito
federal para o desenvolvimento da PSA no país. Desta forma, os instrumentos poderão
cumprir seus papéis de racionalizar o uso dos recursos e incentivar a proteção do meio
ambiente.
4 REFERENCIAS
763
AGÊNCIA NACIONAL DE ÁGUAS. Cobrança pelo Uso dos Recursos Hídricos.
Disponível em: <http://capacitacao.ana.gov.br/conhecerh/handle/ana/10> Acesso
em:23/05/2019b.
ARMADA, Charles Alexandre Souza; LIMA, Raphael Leal Roldão. A cobrança pelo
uso da água como importante instrumento jurídico-econômico da gestão hídrica no
contexto da região nordeste. Revista Eletrônica Direito e Política, Programa de Pós-
Graduação Stricto Sensu em Ciência Jurídica da UNIVALI, Itajaí, v.12, n.3, 2017.
CAETANO, P.P.; MELO, M.G.S; BRAGA, C.F.C. Pagamento por Serviços Ambientais
(PSA) – análise de conceitos e marco regulatório. Divulgação Científica e Tecnológica
do IFPB. João Pessoa,2016.
764
KFOURI, A.; FAVERO, F. Projeto Conservador das Águas Passo a Passo: Uma Descrição
Didática sobre o Desenvolvimento da Primeira Experiência de Pagamento por uma
Prefeitura Municipal no Brasil. Brasília, DF: The Nature Conservancy do Brasil, 2011.
SANTIN, J. R.; GOELLNER, E. A Gestão dos Recursos Hídricos e a Cobrança pelo seu
Uso. Universidade de Passo Fundo. Passo Fundo, RS, 2013.
765
VARIAÇÃO INTRASAZONAL DOS PARÂMETROS FÍSICOS-QUÍMICOS DA
ÁGUA DO RIO MACHADO E SEUS AFLUENTES NO TRECHO DA REBIO JARU
1 INTRODUÇÃO
2 DESENVOLVIMENTO
1
Fundação Universidade Federal de Rondônia, mayksales@outlook.com;
2
Fundação Universidade Federal de Rondônia, etienne.icmbio@gmail.com;
3
Fundação Universidade Federal de Rondônia, elisabetenascimento@unir.br;
4
Fundação Universidade Federal de Rondônia, celia.ceolin@gmail.com,
5
Fundação Universidade Federal de Rondônia, bastoswr@unir.br;
6
Fundação Universidade Federal de Rondônia, ronaldoalmeida@unir.br
766
2.1ÁREA DE ESTUDO
767
Figura 1 - Mapa de localização da área de estudo.
768
2.2 MATERIAL E MÉTODOS
3 RESULTADOS E DISCUSSÕES
769
variações observadas podem estar relacionadas a variação sazonal da vazão e também
a precipitação. Segundo a Agência Nacional de Águas (ANA, 2019) a estação de
monitoramento de qualidade da água 15571110 apresentou resultados de temperatura
(27,44 °C), pH (6,91) e OD (6,79 mg/l) no mês de fevereiro de 2018 muito próximo
aos valores encontrado nos pontos do Rio Machado. Já a turbidez (41,2 NTU) nesta
mesma estação de monitoramento apresentou-se menos elevada do que os valores
encontrados neste estudo.
Tabela 3 - Resultados das análises para água altas (mês de março de 2019).
Rio Machado m 6,91 6,12 30,00 5,29 5,07 0,28 36,6 34,8 ND
Ig. dos Milagres 6,90 7,14 26,80 7,44 6,62 0,95 9,34 34,8 2,29
Ig. Monte Cristo 6,83 7,96 25,10 < 5,00 < 5,00 1,00 7,15 14,5 2,80
Ig. Cajueiro 6,78 5,51 27,00 5,12 6,97 0,49 25,4 33,3 0,24
Rio Anari 6,57 7,14 25,80 36,90 9,03 0,33 46,4 14,2 0,50
Rio Machado me 6,78 6,53 27,30 5,21 9,38 0,38 34,8 33,6 0,47
Ig. Tarifa 6,69 6,94 27,50 < 5,00 5,93 0,46 30,4 30,5 0,46
Rio Machado j 6,81 6,94 27,70 7,71 < 5,00 0,48 32,4 32,4 0,93
Ig. Buenos Aires 6,94 6,53 27,90 5,65 < 5,00 0,36 25,5 31,3 1,63
Ig. Pascana 6,87 8,89 28,00 129,31 < 5,00 0,32 33,9 31,7 1,19
Rio Tarumã 6,55 5,31 25,30 < 5,00 < 5,00 1,09 10,3 8,1 0,71
Rio Jaru 7,13 5,71 28,00 < 5,00 < 5,00 0,59 23,5 44,4 ND
CONAMA 6- > - - <1000,0 40,00 < 10
357/05 9 6,0 0
Observações: ¹ mg/L; ² °C; ³μg/L; 4
m; 5
NTU; 6
μSm/cm; m
montante; me
médio; j jusante; ND: Não
detectado.
Fonte: (CONAMA, 2005)
Ig. Monte Cristo 6,65 4,29 25,1 6,46 < 5,00 0,82 4,00 17,7 16,09
Ig. Cajueiro 5,69 6,53 25,1 8,33 < 5,00 0,86 16,50 5,5 9,85
Rio Anari 6,60 5,10 25,8 8,87 < 5,00 0,63 28,50 14,4 ND
Rio Machado me 7,20 6,33 28,3 13,60 < 5,00 0,69 23,50 34,2 5,18
Ig. Tarifa 6,45 6,33 25,5 9,13 < 5,00 0,72 25,50 13,1 ND
Rio Machado j 7,08 4,90 27,2 5,56 < 5,00 0,54 26,50 32,6 9,99
Ig. Buenos Aires 4,07 4,90 25,9 30,83 < 5,00 1,20 8,00 6,8 0,26
Ig. Pascana 6,05 4,69 26,2 5,47 < 5,00 0,80 14,00 22,1 5,13
770
Rio Tarumã 6,12 2,86 25,4 9,04 < 5,00 1,09 10,50 8,6 ND
Rio Jaru 5,94 4,49 27,8 13,78 5,76 0,66 5,00 49,9 ND
CONAMA 6-9 > - - <1000,0 40,00 < 10
357/05 6,0 0
Observações: ¹ mg/L; ² °C; ³μg/L; 4
m; 5
NTU; 6
μSm/cm; m
montante; me
médio; j jusante; ND: Não
detectado.
Fonte: (CONAMA, 2005)
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
5 AGRADECIMENTOS
6 REFERÊNCIAS
772
CONAMA, C. N. D. M. A. Resolução n° 357, de 17 de março de 2005. Disponível em:
<http://www.mma.gov.br/port/conama/res/res05/res35705.pdf>. Acesso em: 2
fev. 2018.
773
MONITORAMENTO HIDROLÓGICO NO ESTADO DO AMAZONAS: DESAFIOS E
PERSPECTIVAS.
1 INTRODUÇÃO
2 DESENVOLVIMENTO
776
Figura 2 – Plataforma de Coleta de Dados – Agência Nacional de Águas
777
Altimetria Espacial - surgiu no início dos anos 1970 para determinar a topografia
e a superfície dos oceanos (Silva et al., 2013), sendo uma técnica de sensoriamento
remoto, que tem como objetivo obter o nível de água de um corpo hídrico, através de
radares embarcados a bordo de satélites (Fu e Cazenave, 2001). Tornou-se uma técnica
relevante no acompanhamento do nível d’água em grandes bacias, em função de sua
cobertura vegetal densa e homogênea.
São instrumentos que medem o nadir do satélite, a distância que o separa da
superfície terrestre. Consiste na emissão de uma onda eletromagnética à vertical e pela
medida do intervalo de tempo, que separa a emissão da onda da recepção a um eco,
operam na faixa de micro-ondas em diversas frequências. Acoplados em satélites, os
radares altímetros emitem um pulso em micro-ondas na direção nadir do satélite e
são instrumentos que medem a distância que separa o satélite da superfície terrestre
(Paris, 2015).
778
função de sua posição equatorial, que tem nos meses de setembro/outubro seus picos
máximos e dezembro/janeiro os mínimos influenciando diretamente nas variáveis
que interferem diretamente na bacia. Dentre as quais podemos destacar a precipitação
que incidem na região durante os meses de novembro a abril, quando apresentam
alta pluviosidade, e nos meses de maio a agosto apresentam baixa pluviosidade,
influenciado diretamente no ciclo hidrológico tendo como consequências inundações
e estiagens.
Naziano (2002), destaca que a forte amplitude de variação do nível d’água
ao curso de um ciclo hidrológico de na bacia Amazônica, gera inundações regulares
de vastas zonas, denominadas localmente de várzeas que compreendem cerca de
300.000 km, localizadas margens dos principais grandes rios da bacia, que aumentam
proporcionalmente à medida que também aumenta a área da bacia.
Segundo Tucci(2002) , quando a precipitação é intensa a quantidade de água
que chega ao rio superior a sua capacidade de drenagem da calha normal, provocando
o transbordamento, ou seja inundações das áreas ribeirinhas, comumente ocupadas
pelos povos da amazonia por se utiliza do rio para locomoção, recreação, uso agrícola,
escoamento da produção.
Podemos destacar ainda que nos últimos anos estamos vivenciando momentos
impares no ambiente amazônico, em função da constante mudanças ou variabilidade
Climáticas. A região tem sido afetada por eventos críticos de enchentes e estiagem mais
frequentes. Na capital, por exemplo, a última grande enchente do século foi registrada
no ano de 1953, após 56 anos foi superada no ano de 2009 e 2012, diminuindo o tempo
de retorno da mesma.
Os eventos extremos constituem-se fatos incontestáveis, alterando os modos
de vida das populações ribeirinhas do Estado do Amazonas, sendo necessário
as mesmas criarem mecanismos de adaptação a esta nova realidade, para que isso
ocorra há necessidade da realização de estudos que promovam o conhecimento do
comportamento deste novo quadro que se delineia.
A pesquisa aqui realizada de cunho exploratória qualitativo, consiste nos
levantamentos de informações por meio digital através do no site da Agência Nacional
de Águas – ANA onde foram coletados os seguintes dados:
779
- Mapeamento dos municípios que não possuem instrumento de
Monitoramento, através do contato direto com coordenadores municipais de
Defesas Civis.
CÍ
UEM
Dos dados levantados podemos inferir que das 131 estações pluviométricas
identificada nos metadados via formato shapfile, que cobrem o Estado do Amazonas, apenas
08 estações podem ser acessadas diariamente via Gestor PCD, sendo as demais estações estão
ativas, contudo não possuem dados que possam subsidiara as análises necessárias para se
efetuar o gerenciamento dos recursos hídricos. Considerando que o Estado do Amazonas
possui 62 municípios os dados mostram que em apenas 12%, podemos acompanhar a
subida ou descida das águas diariamente, o que dificulta as instituições que dependem de
informações do comportamento deste recurso planejar suas atividades ou tomar decisões.
Foram identificadas que em 20 municípios não possuem nenhum instrumento de
monitoramento, o que representa cerca de 30% do Estado sem cobertura informacional.
Os demais municípios que possuem instrumento de monitoramento utilizam as réguas
liminimétricas, contudo as informações coletadas só serão disponibilizadas no período de
03 a 06 meses.
780
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
AGRADECIMENTOS
REFERENCIAS
Gilberto FISCH1, José A. MARENGO2, Carlos A. NOBRE2. Uma Revisão Geral Sobre
Clima na Amazônia. In: climanalise.cptec.inpe.br/~rclimanl/boletim/cliesp10a/fish.
html Lei nº 9433 de 08 de janeiro de 1997. Institui a Política Nacional de Recursos
Hídricos, cria o sistema nacional de gerenciamento de recursos hídricos, regulamenta
o Inciso XIX do art. 21 da Constituição Federal, e altera o Art. 1º da Lei nº 8.001, de 13
de março de 1990, que modificou a Lei nº 7.990, de 28 de dezembro de 1989.
Naziano Filizola (1), Jean Loup Guyot(2), Michel Molinier(3), Valdemar Guimarães(4),
Eurides de Oliveira(4), Marcos Aurélio de Freitas(4). Caracterização Hidrológica
da Bacia Amazônica. In: Rivas, A. & Freitas, C.E. de C. Amazônia uma perspectiva
interdisciplinar. 2002. Ed. EDUA, pp.33-53, Manaus, Brasil.
PINTO, Nelson L. de Souza. et al. Hidrologia Básica. São Paulo: Edgar Blucher,1976.
781
ÁGUAS SUBTERRÂNEAS: (PRO) POSIÇÃO DE COBRANÇA PELO USO DO
POLO INDUSTRIAL DE MANAUS (PIM)
1 INTRODUÇÃO
2 DESENVOLVIMENTO
Será apresentado de maneira simplificada, o valor total a ser cobrados pelo uso
da água subterrânea no PIM, que foi organizado em critérios técnicos com base no
volume de água retirado e lançado em determinado período de sazonalidade amazônica
(chuvosos/verão), bem como, os seus respectivos preços públicos unitários (PPU1-
captado/PPU2-diluição) e os coeficientes de ponderações técnicas para a captação e
lançamento de efluente.
O ordenamento do valor total a ser cobrado foi estabelecido pela fórmula
básica da cobrança por critérios de Base de Cálculo, Preço Público Unitário (PPU)
e Coeficiente de ponderação (CP), sendo utilizada a seguinte fórmula: (C= Vazão x
Preço x Coeficiente de Ponderação).
A base de cálculo foram para duas vazões de captação (volume de água retirado
do aquífero) lançamento de carga de Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO5,20)5.
Não estão inclusas as vazões de consumos (volume de água que não retorna ao corpo
hídrico), ou seja, o consumo não está inserido no valor da cobrança na presente
proposta.
Postuladas todas essas informações e considerando os mecanismos de cobrança
tanto para a captação e o lançamento, é proposta a seguinte Fórmula Final:
VTC=Qcap x (K1 xK2 xK3 xK4 x K5 x K6 xK7) x PPU1 + Q.Ef x (K1 xK7 xK8 x K9) x PPU2
Onde:
5
DBO- é a quantidade oxigênio consumido durante 5 dias em uma temperatura de 20°C.
784
Explicitando os valores de K, temos as seguintes definições:
K2 uso= 1,6
K3 = 1,2
K5 = 1,6
K6 = 1,3
FER CP Valores
> 95% de remoção KEfDBO 1 0,70
Eficiência de Redução
> 90 a ≤95 % de remoção KEfDBO 2 0,80
da Carga Orgânica Relativa
> 85 a ≤90 % de remoção KEfDBO 3 0,90
DBO5,20.
> 80 a ≤85 % de remoção KEfDBO 4 0,95
=80 % de remoção KEfDBO 5 1,00
FER = Fator de eficiência de remoção (dado fornecido)
Enquadramento do corpo de
Valores Valores
água superficial onde se faz o
estabelecidos DBO)5,20 (KClas Rep)
lançamento
Concentração natural Menor que1 mg/L O2 -
Classe 1 Até 3 mg/L O2 -
Classe 2 Até 5 mg/L O2 1,0
Classe 3 Até 10 mg/L O2 0,95
Classe 4 Acima de 10 mg/L O2 0,90
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
4 REFERENCIAS
FREIRE, C.C. (2005). Metodologia de cobrança pelo uso de água subterrânea. Gama
Engenheira de Recursos Hídrico. Consultoria prestada ao Governo do Estrado de
Meio Ambiente, Recursos Hídricos e Naturais- SEMARHM. Maceió - AL.
789
SÃO PAULO. Deliberação CBH-AP/166/2012, de 12-12-2012. Aprova a proposta para
implantação da cobrança pelo uso dos recursos hídricos de domínio do Estado de São
Paulo, no âmbito das Unidades de Gerenciamento de Recursos Hídricos Aguapeí e
(UGRHI-20) e Peixe (UGRHI) São Paulo: Diário Oficial do Estado de São Paulo. Seção
1, p. 50. Dia 06/02/213.
790
AGRICULTURA FAMILIAR, CONSERVAÇÃO DAS PAISAGENS – ZONAS DE
AMORTECIMENTO DO PARQUE NATURAL DE SERRA MALAGUETA, CONCELHO
DE SÃO MIGUEL
1. INTRODUÇÃO
792
2 DESENVOLVIMENTO
2.2. METODOLOGIA
2.3. RESULTADOS/DISCUSSÃO
795
Nas ZAPNSMCM o rendimento e a produtividade da agricultura é relativamente
baixo, as explorações são pequenas, do tipo familiar, a produção é destinada ao
consumo familiar (Figura 2).
796
Figura 3 - Média dos Indicadores Socioculturais
797
Fonte: Elaboração da autora. (VEIGA, 2018).
798
O índice da sustentabilidade económica regular, pois a produção e a
transformação de produtos locais e a diversificação dos produtos cultivados, com
maior rentabilidade tanto na agricultura de sequeiro e regadio são os aspetos que
carateriza a sustentabilidade económica, uma vez que a maioria das famílias vivem da
agricultura e criação de gado, tendo um rendimento baixo, destinado essencialmente
ao consumo, pois os gastos da produção não são contabilizados, destaca -se ausência
de politicas de gestão do processo.
O índice da sustentabilidade sociocultural é regular, a disponibilidade de água,
material de construção, sexo do chefe do agregado e material de cobertura são os que
mais contribuem para a sustentabilidade nesta dimensão, a água consumida de forma
livre e incalculável pelas famílias, provenientes dos nascentes, de boa qualidade.
Considerando a paisagem das zonas de amortecimento do PNSMCSM como um
conjunto inter-relacionado de formações naturais e antroponaturais, um sistema que
produz e reproduz recursos, um meio de vida e da atividade humana (RODRIGUEZ
et al., 2013), a análise da sua conservação (Figura 6) é importante para as gerações
futuras. Para a sua compreensão é preciso compreender a sua complexidade, que é
dada pela sua forma, estrutura e funcionalidade (MARTINELLI; PEDROTTI, 2001).
A área mapeada das ZAPNSMCM destaca - se os valores não adequados na
conservação das paisagens que, diversificam no cenário I e I (Figura 6), pois, integram
indicadores com variáveis que dependem das condições geoambientais das zonas, que
são muito particulares e específicas. No caso das zonas de Cutelo Gomes e Varanda as
condições bioclimáticas diferem de Principal, Xaxa e Gongon.
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
4 REFERENCIAS
COSTA, J. C.; CAPELO, J.; ARSÉNIO, P.; NETO, C.; NASCIMENTO, J. Quercetea -
PHYTOS. Revista da Associação Portuguesa de Ciência da Vegetação, v. 11, 2017.
GOMES, I.; SEMEDO, J. M. ; GOMES, S. ; RENDALL , A.; GOMINHO, M. Livro Branco
sobre o Estado do Ambiente em Cabo VerdePraia Cabo Verde Direcção Geral do
Ambiente ; Ministério do Ambiente, Ordenamento do Território, 2013.
800
LAL, R.; STEWART, B. A. Need for land restoration. Advances in Soil Science, v. 17,
1990. LANDIM, J. J. V. M. Serra Malagueta ( Santiago de Cabo Verde ): Estratégias de
Conservação e Valorização do Património. Dissertação de Mestre em Gestão e
Valorização do Património Histórico e Cultural Especialidade Património Artístico e
História da Arte - Universidade de Évora, 2013.
MAA. Plano de Gestão do Parque Natural de Serra Malagueta. Praia Cabo Verde,
2008.
801
PROPRIEDADES TÉRMICAS DO SOLO NA SUB-BACIA HIDROGRÁFICA DO
RIO GURGUÉIA-PIAUÍ-BRASIL
1 INTRODUÇÃO
2 METODOLOGIA
3 RESULTADOS
804
A tipologia dos solos predominantes na área, quando combinadas com a
declividade dos terrenos, além de favorecerem a susceptibilidade aos processos
erosivos laminares, também pode provocar o assoreamento do rio e outros cursos
d’agua na região.
A BHRG apresenta predomínio de vegetação do tipo cerrado. Também estão
presentes extensas áreas de caatinga, especialmente na região do Alto Gurguéia, há
também pequenas áreas de contato caatinga/cerrado (PIAUÍ, s/d).
Quanto ao aspecto econômico da BHRG, além da pecuária bovina, em especial
de corte, destaca-se na bacia a produção de grãos, especialmente soja e arroz, ambos de
sequeiro, decorrente principalmente da ocupação das áreas de chapadas por grandes
proprietários, em sua maioria, oriundos das regiões Centro-Oeste e Sul do país.
Desta forma, o polo de desenvolvimento do Gurguéia, que engloba a microrregião
do Alto-Médio Gurguéia, vivência o crescimento econômico através da exploração dos
cerrados para atender a demanda de exportação, sem planejamento sócio ambiental
adequado para manter a sustentabilidade ambiental (BANDEIRA et al., 2010).
805
Figura 2: Estimativa da temperatura do solo na sub-bacia hidrográfica do rio Gurguéia
em 1987 e 2017
806
Gasparim et al. (2005), observa que a temperatura do solo é de maior significação
ecológica para a vida vegetal do que a temperatura do ar. Consideram a temperatura
ideal do solo em torno de 17ºC, pois os tubérculos não crescem em temperaturas de
solos superiores a 29ºC. Uma temperatura do solo desfavorável durante a estação de
crescimento pode retardar ou mesmo arruinar as colheitas.
A BHRG apresenta alguns dos municípios maiores produtores de soja do Estado.
Conforme a Embrapa (2002) a semeadura da soja não deve ser realizada quando a
temperatura do solo estiver abaixo de 20ºC, porque isso prejudica a germinação e a
emergência. A faixa de temperatura do solo adequada para semeadura desse grão
varia de 20ºC a 30ºC, sendo 25ºC a temperatura ideal para uma emergência rápida e
uniforme. Desta forma, conforme observado na Figura 2 para o ano de 2017 42% da
área da bacia apresentou temperatura do solo acima de 30 ºC, podendo comprometer
com o passar do tempo a manutenção do cultivo, caso não seja feito um plano de
manejo adequado do solo para sua recuperação e sustentabilidade.
Destaca-se que a maneira sustentável de manejo do solo com o propósito de
manter sua sustentabilidade, deve ocorrer de forma que a demanda de insumos não
exceda a capacidade natural de regeneração do solo. Por isso, torna-se um dos grandes
desafios da atualidade aumentar a produção da terra sem provocar sua exaustão.
Para tanto, é necessário o controle do uso e ocupação do solo, por meio da restrição
e da fiscalização das atividades antrópicas, como forma de proteger os mananciais,
sobretudo identificando as áreas mais vulneráveis à contaminação, de forma a
promover um controle do uso do solo, mantendo sua sustentabilidade frente aos usos
existentes.
Dessa forma, ao explorar o solo, o ser humano retira a vegetação, rompe
com o arado a superfície do terreno para semear as espécies vegetais úteis às suas
necessidades, então o processo erosivo adquire velocidade e intensidade. Enquanto a
natureza transforma a rocha em solo de forma lenta, o desgaste do solo pelo mau uso
acontece de forma acelerada.
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A bacia hidrográfica tem sido cada vez mais utilizada como unidade de gestão
na área de planejamento ambiental, numa perspectiva da conservação dos recursos
naturais. Desta forma, diante do exposto verifica-se a relevância do conhecimento
das temperaturas e propriedades térmicas do solo para o entendimento dos vários
processos físicos existentes num ambiente, assim como sua variação espaço-temporal
para subsidiar ações de manejo e conservação do solo e da água para o desenvolvimento
das atividades agrícolas em diferentes escalas.
Neste contexto, constatou-se nesta pesquisa que a BHRG apresentou variação
térmica do solo entre 1987 e 2017, em decorrência principalmente do avanço da fronteira
agrícola de grãos no Estado do Piauí. Em 2017 a bacia apresentou em aproximadamente
42% da área temperatura do solo acima de 30ºC, podendo comprometer a manutenção
das atividades agrícolas atuais no decorrer do tempo.
Dessa forma, o planejamento e gerenciamento de bacias hidrográficas devem
incorporar todos os recursos ambientais da área de drenagem, adotar uma abordagem
de integração dos aspectos ambientais, sociais, econômicos e políticos, bem como
incluir os objetivos de qualidade ambiental para utilização dos recursos naturais.
807
4 REFERENCIAS
BANDEIRA, E. G.; ALVES, C. M. D.; MELO, L. F. de S.. Análise temporal por imagens
landsat da expansão da fronteira agrícola no município Bom Jesus-PI. III Simpósio
Brasileiro de Ciências Geodésicas e Tecnologias da Geoinformação. Recife - p. 001-006. PE,
2010.
DINIZ, J. M. T.; SOUZA, E.P de; ARANHA, T.; MARACAJA, P.B. Avaliação da
difusividade térmica do solo de Campina Grande-PB-Brasil. Agropecuária Científica no
Semiárido. v. 9, p. 55-60, 2013
GODOY, V.N de, CRUZ, R.C. self-management of water resources - case study of river
basin Santa Maria- RS. Ciência e Natura, Santa Maria v.38 n.2, , Mai.- Ago. p. 980 –997,
2016
IORIS, A.A.R.; HUNTER, C.; WALKER, S. The development and application of water
management sustainability indicators in Brazil and Scotland. Journal of Environmental
Management, vol. 88, p. 1190-1201, 2008.
808
LEPSCH, I.G. formação e conservação dos solos. São Paulo. Oficina de textos, 2002
OLIVEIRA, L.N; SILVA, C.E. qualidade da água do rio Poti e suas implicações para
atividade de lazer em Teresina-PI. Revista Equador (UFPI), Vol.3, nº1, p. 128 – 147. jan./
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TONY, A. C. A.; GREEN, O. O.; DECARO, D.; CHASE, A.; EWA, Jennifer-Grace.
The Social-Ecological Resilience of an Eastern Urban-Suburban Watershed: The Anacostia
River Basin. 67 p., 2015. Disponível em: <https://papers.ssrn.com/sol3/papers.
cfm?abstract_id=2584968>. Acesso em: março de 2017.
809
A PERCEPÇÃO SOCIOAMBIENTAL DOS MORADORES SOBRE O IGARAPÉ
DO PASSARINHO NA ZONA NORTE EM MANAUS-AM
1. INTRODUÇÃO
percepção é tanto a resposta dos sentidos aos estímulos externos como atividade proposital,
na qual certos fenômenos são claramente registrados, enquanto outros retrocedem
para a sombra ou são bloqueados. Muito do que percebemos tem valor para nós, para
a sobrevivência biológica, e para propiciar algumas satisfações que estão enraizadas na
cultura”. (TUAN, 2012, p. 18).
A justificativa por esse recurso se dá por serem estes a parte diretamente afetada
no processo de intervenção do Prosamim, uma vez que, há significativamente uma
construção social e também um maior vínculo com o lugar e o habitante local, e por
questões adversas, permaneceram e constituíram suas famílias, às margens do igarapé
do Passarinho. O número de informantes aos quais participaram da coleta dos dados,
que foram registrados na pesquisa, revelaram informações em algumas questões muito
similares, o que nos permitiu a obtenção de dados primários que viabilizam a análise
do contexto social vivido.
812
A figura 02 ilustra a área de localização da aplicação das entrevistas no bairro Colônia
Terra Nova, Manaus-AM. A entrevista ocorreu com 30 moradores.
813
Gráficos 01: Qualidades dos Serviços de Coleta de Lixo, Tratamento de Esgoto, Ener-
gia Elétrica, Número de inundações, qualidade das novas moradias e Arborização da
Área.
Figura 03: Ação do Prosamim com a retirada dos resíduos sólidos do leito e das margens do
Igarapé do Passarinho: (a) Gari sinalizando para o motorista do veículo em que estão retirando
os resíduos sólidos das margens do Igarapé; (b)Trator despejando o lixo dentro do caminhão;
(c) Laranjinhas e azulzinhos fazendo a limpeza e retirada dos resíduos sólidos da avenida
Passarinho; (d) Caminhão levando os resíduos sólidos até ao local de despejo.
815
No entanto no mosaico da figura 04, pode-se observar novamente a disposição
de resíduos sólidos nas margens e dentro do igarapé do Passarinho. Ocorre a presença
de lixeira viciada, queimadas de resíduos sólidos em suas margens e acúmulo de
sedimentos formando barras laterais no ambiente fluvial. A presença de cadáveres
de animais e resíduos de dimensões elevadas são encontradas leito do Igarapé, que
demonstram a forma mais grave da falta de conscientização da população.
Neste contexto Cunha (2012), ressalta que no território brasileiro são inúmeros
os exemplos de formas de degradação ambiental que ocorrem nos ambientes fluviais,
rios e canais de drenagens, e cita como principais: alterações nas dimensões da calha,
proveniente de erosão das margens, assoreamento, provocados pela chegada de
maior volume de sedimentos. Nas áreas urbanas, o volume de sedimentos é acrescido
pela contribuição de lixo, dando origem à formação de bancos laterais, reduzindo a
capacidade de vazão do canal e favorecendo as inundações e degradação da qualidade
da água.
Essa realidade poderá ser minimizada com a ação estatal e a sensibilização dos
moradores no entorno. Além disso as escolas podem promover projetos que envolvam
as questões ambientais junto aos alunos e moradores da área, isso poderá ajudar na
preservação do igarapé do Passarinho.
Para SANTOS (1991) p. 15, “o exame do que significa, em nossos dias, o espaço
habitado, deixa entrever, claramente, que atingimos uma situação-limite, além da qual
o processo destrutivo da espécie humana pode tornar-se irreversível.” A paisagem
que vislumbramos no Igarapé do Passarinho, é a materialização de um instante da
sociedade que ali habitou.
3. CONSIDERAÇÕES FINAIS
816
As consequências foram a retirada da cobertura vegetal que aceleram processos erosivos
e aumentam carga de sedimentos nos canais e perda de profundidade; lançamento
indiscriminado de esgoto causando a poluição dos cursos d’água; ocupações
espontâneas em áreas de encostas com o risco de desmoronamento ou nas margens
dos canais urbanos expostos ao transbordamento do canal; impermeabilização do solo
além do limite permitido em bacias hidrográficas, diminuído a infiltração; obras de
engenharias inadequadas nos canais e a perda do índice de sinuosidade; lançamento
de resíduos sólidos completam o cenário de destruição.
A pesquisa demonstra que as pessoas contempladas com as paisagens urbanas
transformadas pelo poder estatal, através do Prosamim, têm valorizado o seu domicílio
pelas melhores condições de infraestrutura. Do ponto de vista urbanístico, a cidade
fica mais aprazível; para aqueles que nada têm dá-se a esperança da inclusão.
O programa (Prosamim) apresenta uma boa alternativa como política pública
habitacional e qualidade de vida para os habitantes às margens do Igarapé do
Passarinho. As estratégias do governo para conter as formas sub-humana de moradia
como as palafitas, o mesmo tornou a vida dos ribeirinhos mais dignas e, na questão de
infraestrutura e a própria organização dos espaços urbanos.
A questão ambiental é pouco contemplada, onde o grande problema é a falta do
sistema de tratamento de esgoto, além da disposição adequada dos resíduos sólidos.
Portanto esta deve ser tratada com mais constância pelo Prosamim, que, em tese, se
propõe a cuidá-la.
O processo de sensibilização, de conscientização e conhecimento envolve todo
o processo de percepção ambiental presente na Educação Ambiental, despertando na
sociedade ações positivas que sensibilizem os indivíduos e educandos da importância
de se preservar o meio ambiente, contribuindo para um menor nível de impacto
ambiental e uma melhor qualidade de vida para as comunidades urbanas. As questões
ambientais não podem ser pensadas e estudadas de forma isolada, portanto, a natureza
não pode ser mais vista como algo externo ao homem ou da interação homem e meio,
pois é preciso inserir o homem dentro desta natureza, do qual faz parte.
4. REFERÊNCIAS
817
MELLAZO, G. C. A percepção ambiental e educação ambiental: uma reflexão sobre as
relações interpessoais e ambientais no espaço urbano. Olhares & Trilhas, Uberlândia,
ano VI, n. 6, p. 45-51, 2005.
818
AS PATOLOGIAS NOS RIOS DA AMAZÔNIA
1. INTRODUÇÃO
Todo esse novo mundo, chamemo-lo assim, é habitado por bárbaros de distintas províncias
e nações. Essas nações ficam tão aproximas umas das outras, que, em muitas delas, dois
últimos povoados de uma se pode ouvir o lavrar da madeira das outras, sem que tal
vizinhança as obrigue a fazer as pazes, de vez que mantêm permanentes guerras entre si,
nas quais cada dia se mata e aprisiona um sem-número de almas (ACUÑA, 1994, p.20. 21).
A verdade é que, tudo que se conhecer sobre a Amazônia, está sobre justificada
desconfiança, principalmente do que diz respeito a números. Torna-se evidente que
essa imensidão amazônica, passa a falsa impressão de um vazio demográfico, em que
muitos autores escrevem sem conhecimento, sobre o real número das populações
indígenas no inicio da colonização (GALVÃO, 2003).
Na medida em que avança o processo de ocupação, há um declínio na população
indígena não só da região, mas, em todo o país. Segundo Blank (2000), em 1500 a
população indígena no Brasil era estimada em cerca de quatro milhões de pessoas. Em
1970 seus descendentes diretos não chegavam a cem mil (RASI, 2001). No último censo
oficial do IBGE em 2010, esta população foi estimada em 800 mil, destacando-se que
0,4% da população brasileira é formada por índios.
Algumas doenças até então desconhecidas pelas tribos indignas foras encaradas
pelos chefes tribais como castigos dos deuses. Esse massacre patológico se torna
inevitável à medida que avança o processo civilizatório sobre Amazônia. O fator
determinante para a colonização européia não seria basicamente o uso da força ou
uma possível domesticação dos índios, mas, sim uma imunodeficiência às doenças do
homem branco (GALVÃO, 2003).
820
migratórios. Essa possível falha contribuiu para o fortalecimento de uma discussão que
perdura até hoje sobre o grau de mortalidade atribuída aos rios amazônicos. Segundo
Galvão (2003) Oswaldo Cruz falou da relação da malária e do processo produtivo, mas
logo abandonou para insistir na calúnia da insalubridade.
O professor Robin Wright da Universidade de Campinas que conheceu a tribo
Baniwa, no alto rio Negro, diz que há muitos anos ocorreram as primeiras interpretações
do ponto de vista dos índios sobre os tipos de doenças e os mitos, que explicam como
tais doenças apareceram no mundo e nos rios da região, a insalubridade no contexto
da simbologia sagrada recebe o nome de panelas4.
As primeiras doenças reconhecidas pelos tradutores foram gripe, diarréia,
malária, coqueluche, sarampo, varíola e catapora. A malária na língua baniwa quer
dizer Koonami e segundo a tribo as doenças se originariam no início da vazante, em
espécies de panelas encontradas ao longo dos rios.
Verificando o passado amazônico pode-se observar que a proliferação de
algumas doenças não atinge unicamente as tribos indígenas, o processo de urbanização
e o intenso fluxo migratório contribuem para fixação de certas moléstias, distribuídas
na rede fluvial e urbana que a região apresenta (BATISTA, 1976).
A organização política e territorial na Amazônia brasileira é atribuída ao
conturbado processo de colonização, que fez com que sua configuração espacial
urbana adquirisse uma forma dendrítica com temporalidade desigual ao longo do
tempo (CORRÊA, 2006).
Entretanto no período que se estabelece entre 1850 a 1900 a região amazônica
se expressa por meio do processo de dinâmica espacial e econômica atribuída ao boom
extrativista da borracha, que contribuiu para o desenvolvimento da cidade de Manaus.
Segundo Corrêa (2006), a expansão urbana de Manaus iria ocorrer devido uma
competitividade comercial com Belém, que com o passar dos anos aumentaria o fluxo
de capital e também o número de estrangeiros, que desembarcariam na cidade, várias
dessas pessoas adoeciam e morriam aqui pelas denominadas patologias da borracha
(Tabela 1).
821
para as patologias que se instalam na Amazônia.
“Nos trópicos se extremam os fatores climáticos que, por toda a parte, regulam, modificam
e, de um modo geral mais estimulam os fenômenos vitais; e aí, portanto, melhor se
caracterizam modalidades geográficas da patologia cosmopolita” (CARLOS CHAGAS
1953, p 63).
Varíola, sarampo e a malária foram às doenças mais comuns da região que estavam
diretamente ligadas à entrada de migrante nordestinos, que viajavam em condições
sanitárias precárias nas terceiras classes das embarcações, muitas vezes já doentes
desde suas regiões de origens, espalhando-as pelos seringais para onde eram enviados
(LOUREIRO, 2004, p.50).
822
No livro “O complexo da Amazônia” Batista (1976) esclarece que o clima não
se constitui como fator predominante “Na verdade, as doenças na Amazônia não
decorrem diretamente do clima: algumas pragas sim, e nelas se incluem conhecidos
transmissores que se desenvolvem preferencialmente nas regiões quentes e úmidas”.
O que temos por desmistificar, é que o processo de formação das doenças
na Amazônia não pode ter como base inicial unicamente o clima na formação e
disseminação de determinadas moléstias. Muitas patologias na região são atribuídas
ao próprio fluxo de migração oriundo de vários outros estados, o que acabou por
atribuir a região uma complexa relação de fatores na caracterização e proliferação de
determinada doença.
Dentre as doenças que prevaleceram em Manaus, no início do século XX, a
tuberculose foi o motivo de maior preocupação dos sanitaristas. Com o passar dos
anos os casos de tuberculose tendem a se manter em patamares elevados com um alto
nível de letalidade, pode-se destacar o período histórico caracterizado como tempos de
crise, as doenças se proliferam pela cidade em virtude do colapso de serviços básicos
para a população (BATISTA, 1984; OLIVEIRA, 2003).
A vocação exportadora da borracha e as formas de financiamento chegaram
ao ponto de converter a libra esterlina em moeda nacional. Mas a crise da borracha
ocasionada pela expressiva produtividade dos seringais asiáticos fez a cidade de
Manaus perde aos poucos o título de Paris dos Trópicos uma vez que, o vultuoso fluxo
de capital e os impostos muitas vezes, pagos em libras esterlinas já não corriam mais
pela cidade (OLIVEIRA, 2003).
Com isso, em Manaus se apresentou o período de “trevas”, onde a decadência
da borracha trouxe consigo não só a estagnação das relações econômicas como
também, o agravamento das doenças em uma população carente, por infraestrutura,
sem condições de manter as necessidades mais básicas.
Segundo Batista (1984) seguiu-se na cidade em Manaus de 1914 até a década
de 30, uma depressão econômica tamanha que a “terra da promissão” passou a ser a
“terra da precisão”.
A partir desta recessão econômica as indústrias extrativistas e o comércio
entraram em vertiginosa decadência; escassearam-se as rendas públicas, o padrão
de vida baixou tanto, que nivelou ricos e pobres, sob um colapso econômico que se
estendeu até meados de 1938, em um cenário de extrema pobreza da época, descrito
por Batista ao observar as condições de moradia.
“Se traduzem essas péssimas condições atuais de vida, em habitações malsã, casa, ou
cubículos sem luz nem ar, de uma, duas, peças onde se alojam, promiscuamente, cinco,
seis, dez pessoas, crianças e adultos doentes, não precisamos ir longe: os bairros do Giráu,
Matinha e Educandos ficam a dois paços da cidade. Atentai, senhores no panorama mal
conhecido da miséria que campeia nessa cidade, cujo o nome paradoxalmente, que dizer
cidade do ouro”(BATISTA1984).
Por volta de 1920 estimava-se para Manaus uma população de cerca de 75 mil
habitantes. Com o declínio extrativista da borracha, a cidade teve que se adaptar aos
novos tempos e os investimentos foram direcionados a outros produtos extrativistas,
como madeira, castanha do Pará, peles de animais, sementes oleaginosas, essência de
pau-rosa, fibras tropicais, juta e malva (LOUREIRO, 2004).
824
se referem apenas aos casos notificados, deixando por imaginar os números de casos
não registrados e os óbitos.
A aceleração desse processo de concentração populacional em Manaus prossegue
pelas quatro décadas seguintes, o que vai refletir numa desorganização do espaço
urbano, e 40 anos depois Manaus ainda apresenta enormes desafios relacionados à
melhoria da qualidade de vida de seus habitantes.
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
825
MARIO, L. M. Migrações para Manaus. FUNDAJ. Ed. Masssangana. p.31.1990.
826
O PROCESSO DE OCUPAÇÃO URBANA DO IGARAPÉ DA CACHOEIRA GRANDE
SÉCULOS XIX E XX
1. INTRODUÇÃO
2 DESENVOLVIMENTO
828
para fora do Brasil, foram exploradas por outros países, favorecendo a decadência da
economia manauara. Assim, os fluxos migratórios manifestam-se a partir das áreas de
extração de borracha em direção à cidade, aumentando os problemas habitacionais,
pelo grande número de moradias precárias, localizadas às margens de igarapés.
Ainda segundo Azevedo (2008), no segundo grande ciclo econômico —
Zona Franca de Manaus (ZFM) — mais uma vez os igarapés tornaram-se obstáculo,
não por impor limites físicos à cidade, mas pela forma de ocupação, destoante da
imagem da cidade concebida pelo poder público. A Zona Franca consiste no projeto
político/econômico direcionado para atrair investimentos externos e promover o
desenvolvimento regional. Durante a implantação desse projeto na cidade de Manaus,
ocorreu súbito crescimento demográfico, desenvolveu-se o comércio de importados e
foi construído o polo industrial, que sustenta o desenvolvimento do Estado.
Os programas de arquitetura urbana projetados para Manaus continuaram a
proporcionar mudanças na paisagem local, e o governo estadual, na primeira década
do novo milênio, 2000, criou o Programa Social e Ambiental dos Igarapés de Manaus
(PROSAMIM), através do qual a implementação previa a remoção dos moradores
dessas áreas e seu reassentamento em áreas periféricas e/ou apartamentos construídos
em solo criado nos entornos dos igarapés, que seriam revitalizados.
Segundo Bentes (2005), por sua vez, salienta que a ocupação das áreas dos
igarapés/canais passou a constituir-se não só um estilo de vida, mas sobretudo a
única alternativa que a população pobre encontrou para a garantia do direito à cidade,
ocupando também terrenos públicos e particulares e transformando essas áreas em
espaços de reprodução social à margem do sistema legal de propriedade e da legislação
urbana, edificando áreas de visibilidade da pobreza.
829
Figura 1 – Mapa de localização da área de estudo
830
seca é de oito milhões de litros diários, elevando se a dezessete milhões de litros por
ocasião das chuvas.
Pensava o engenheiro encarregado dos estudos, Dr. Lauro Baptista Bittancourt,
que a quantidade d’água necessária para o abastecimento da cidade, naquela época,
podia ser fixada em quinhentos mil litros diários, calculando-se a população de Manaus
em dez mil habitantes e dando-se a cada um cinquenta litros diários, o que se reputava
suficiente para os usos domésticos.
Em 1952, no mandato do Governador Álvaro Maia, foi inaugurada a primeira
ponte do São Jorge, denominada “Engenheiro Lopes Braga”, ligando o bairro à cidade.
Em julho de 1893, realizou-se a cerimônia da colocação da primeira pedra da represa
do Igarapé da Cachoeira Grande, junto à queda de água, inaugurada em 1888, (Fig. 2),
totalizando a obra cerca de 105 metros de comprimento, sendo as características da água
descritas como cristalinas e potáveis, diante de vários igarapés que ali desaguavam
como Mindú e Franceses.
832
No caso do Igarapé da Cachoeira Grande, a população, que ali habita de modo
irregular, enxerga o igarapé como “problema”, sem valor ambiental. Neste contexto,
Ana Fani Carlos, (2001-p. 16), ao estudar a cidade, descreve-a enquanto locus e produto
da existência humana. Para a autora, enquanto a sociedade produtora e criadora do
espaço urbano o vivencia, o “valor de uso” é atrelado à dominação do capital, que passa
a redefinir por completo as relações sociais e seus espaços estruturantes, dominada
pelo poder e intenção do capital, revelando-se pela perspectiva da troca. Assim, a
mobilização do espaço tornou frenético o fluxo do capital, produzindo a destruição
dos antigos lugares em função da realização de interesses imediatos em nome de um
presente programado e lucrativo, trazendo como consequência a mudança de usos e
funções de áreas que passam a fazer parte do fluxo do valor de troca.
As construções em palafitas são ainda, para essa população atual, adaptáveis
tanto aos períodos das cheias, em épocas de inverno, quanto nos períodos das secas, a
exemplo da foto registrada no período da vazante e cheias (Fig. 3).
Figura 3. Igarapé da cachoeira grande. (a) período de seca Jan/2019. (b) período de
cheia Jun/2019.
(a) (b)
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
4 REFERÊNCIAS
ARANHA, Bento. Um olhar pelo passado. Ao Dr. Fileto Pires. Manáos, Imprensa
Official, 1897. Disponível em <http://bv.cultura.am.gov.br/?m=arquivo-livros-
ebooks&id=92# >. Acesso em 24/06/2019.
GROBE, Cristiana Maria Petersen. Um olhar sobre a cidade de Manaus. Achegas. net
– Revista de Ciência Política. Editorial número 33. Rio de Janeiro - RJ, 2007, p.82 – 84.
Disponível em <http://www.achegas.net> Acesso em 12/05/2019.
834
MARREIRO, P. História e ação social: moradia e ameaça urbana. In. Canoa do Tempo:
Revista do Programa de Pós – Graduação em História da Universidade Federal do
Amazonas. V.1 – n.1 – jan./dez.2007. Manaus: Editora da Universidade Federal do
Amazonas, 238 p, 2007. Disponível em.<http://www.periodicos.ufam.edu.br/
Canoa_do_Tempo/issue/view/209/36>.Acesso 19/05/2019.
Ministério do Meio Ambiente dos Recursos Hídricos e da Amazônia Legal. Lei n. 9.433:
Política Nacional de Recursos Hídricos. Brasília: Secretaria de Recursos Hídricos, 1997.
72p. Disponível em< https://www2.camara.leg.br/legin/fed/lei/1997/lei-9433-8-
janeiro-1997-374778-publicacaooriginal-1-pl.html >. Acesso em 12/06/2019.
OLIVEIRA, José Aldemir de. Manaus de 1920 a 1967: cidade doce e dura em excesso.
Manaus: EDUA; Valer, 2003.
835
DIAGNÓSTICO PRELIMINAR DOS PRINCIPAIS IMPACTOS AMBIENTAIS
GERADOS NA LAGOA DA FONTE DOS PADRES DEVIDO AO PROCESSO DE
ANTROPIZAÇÃO EM SEUS ENTORNOS ALAGOINHAS-BA.
1. INTRODUÇÃO
1
Instituição e e-mail: Bacharelando em Engenharia Sanitária e Ambiental pela Universidade do Estado
da Bahia- UNEB Campus II Alagoinhas-BA / e-mail: larissa_lorrayne_16@hotmail.com
2
Departamento de Geoprocessamento/Secretária Municipal de Planejamento, Prefeitura Municipal de
Feira de Santana. alarconmatos@gmail.com
836
Figura 01. Mapa de Localização da região da Lagoa Fonte dos Padres
2. METODOLOGIA
3. CARACTERIZAÇÕES GEOAMBIENTAL
Geologia Geomorfologia
838
Solos Vegetação
839
Figura 03 despejo incorreto de esgotamento sanitário na Lagoa dos Padres – Lima
Consultoria (2018).
A B
A B
840
458 considerados alto de acordo a Resolução de nº430 do CONAMA. Além disso, o
elemento fosfato e nitrato foram encontrados, corroborando a problemática do despejo
de esgoto doméstico e outros tipos de contaminação que originam esse elemento. O
contaminante inorgânico de maior preocupação em águas subterrâneas é o íon nitrato,
NO3-, que normalmente ocorre em aquíferos de zonas rurais e suburbanas. O nitrato
em águas subterrâneas origina-se principalmente de quatro fontes: aplicação de
fertilizantes com nitrogênio, bem como inorgânicos e de esterco animal, em plantações;
cultivo do solo; esgoto humano depositado em sistemas sépticos e deposição atmosférica
(BAIRD; CANN, 2011). Em relação ao odor e cor da água escura é devido ao processo
de hipereutrofizado que a lagoa se encontra, as bactérias anaeróbicas se proliferam e
produzem gases como o metano e o ácido sulfídrico que resultam no mau cheiro.
As amostras foram coletadas em 2016, todavia, não houve intervenção
significativa em saneamento, mas crescimento populacional implicando no possível
incremento dos índices de contaminação no corpo hídrico.
Contudo, de acordo os resultados obtidos em laboratório, pode-se concluir
que, a mesma encontra-se contaminada, explicando o nível elevado e o oxigênio
baixo. A ocorrência da queda do oxigênio dissolvido na água deixa o corpo aquático
inapropriado para reprodução e consequentemente para a vida dos animais, levando
morte de espécies ali encontradas há anos atrás quando a Lagoa era limpa e não existia
contaminação, o que infelizmente não acontece nos dias atuais.
841
3.3 ANÁLISE PRELIMINAR DOS IMPACTOS AMBIENTAIS
842
A tabela 3 abaixo apresenta o levantamento dos aspectos e impactos ambientais
encontrados na Fonte dos Padres durante o estudo Geoambiental realizado em 2018
Tabela 3: Aspectos x Impactos no entorno da Lagoa Fonte dos Padres. Lima Consultoria,
2018.
4. RESULTADOS
843
5. CONCLUSÃO
Contudo, podemos afirmar que a Lagoa da Fonte dos Padres está totalmente
degradada devido às ações antrópicas além de não apresentar indícios de vegetação
expressiva nas zonas de APP’S o que corrobora a problemática da contaminação do
solo. Durante o estudo Goeoambiental realizado em 2018, concluiu-se que a categoria
da Lagoa seria considerada área de relevante interesse ecológico (ARIE), além de ser
considerada zona de amortecimento. Dessa forma, é imprescindível o desenvolvimento
de políticas públicas bem como aplicação da fiscalização, junto a isso se faz necessário
colocar em prática os projetos desenvolvidos para a Lagoa, tendo em vista a
recuperação desse recurso hídrico e seus entornos, oferecendo uma maior qualidade
de vida aos habitantes em consonância preservação ecológica. Além disso, à aplicação
de projetos de educação ambiental com as comunidades é de grande importância para
o desenvolvimento da consciência ambiental voltada para os recursos naturais, isso
devido ao alto índice de resíduos sólidos descartado de forma incorreta pelos próprios,
sem a menor consciência de que esse ato pode trazer graves consequências à saúde dos
mesmos.
6. REFERÊNCIAS
BRASIL. Lei nº 12.651 de maio de 2012. Dispõe sobre a proteção da vegetação nativa;
altera as Leis números 6.938, de 31 de agosto de 1981, 9.393, de 19 de dezembro de
1996, e 11.428, de 22 de dezembro de 2006; revoga as Leis números 4.771, de 15 de
setembro de 1965, e 7.754, de 14 de abril de 1989, e a Medida Provisória nº 2.166-67, de
24 de agosto de 2001; e dá outras providências. Brasília, 2012. Acesso em 07 de jul de
2019. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2012/
Lei/L12651.htm
844
BRASIL. Lei nº 2012.651 de 25 de maio de 2012. Dispõe sobre a proteção da vegetação
nativa; altera as Leis nos 6.938, de 31 de agosto de 1981, 9.393, de 19 de dezembro de
1996, e 11.428, de 22 de dezembro de 2006; revoga as Leis nos 4.771, de 15 de setembro
de 1965, e 7.754, de 14 de abril de 1989, e a Medida Provisória no 2.166-67, de 24 de
agosto de 2001; e dá outras providências. Acesso em 13 jul de 2019. Disponível em: <
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011- 2014/2012/lei/l12651.htm.
845
A S P E C T OS GE OAMBIE NT AIS D A BACIA H ID RO GRÁFICA D O RI O
JAMARI- RO N D Ô N IA
1. INTRODUÇÃO
847
O Jamari tem suas nascentes na chapada dos Pacaás Novos, aproximadamente
a 500m de altitude, com extensão total de 560 Km até a foz no rio Madeira. Seus
principais formadores são os rios Branco, Preto do Crespo, Massangana, Preto e
Candeias. A bacia do rio Jamari banha 13 municípios rondonienses (Figura 2), dos
quais 09 possuem sua sede dentro da bacia: Campo Novo de Rondônia, Buritis, Monte
Negro, Cacaulândia, Ariquemes, Rio Crespo, Alto Paraíso, Itapuã do Oeste e Candeias
do Jamari (ZUFFO, 2014), enquanto que nos municípios de Governador Jorge Teixeira,
Jaru, Cujubim e Porto Velho as respectivas sedes municipais localizam-se em outras
bacias hidrográficas. A principal via de acesso é a BR 364, seguida pela BR 421 e outras
vias secundárias.
2. MATERIAIS E MÉTODOS
3. RESULTADO E DISCUSSÕES
849
Figura 3: Geodiversidade - Bacia do rio Jamari-RO
850
Figura 4: Mapa de Geomorfologia - Bacia do rio Jamari-RO
852
A vegetação segue critérios de classificação do Projeto RADAMBRASIL e do
IBGE que segundo Tecnosolo (1998) indica a predominância da Floresta Tropical
Ombrófila Densa, com fasciações de Floresta Ombrófila Aberta. Veloso et al. (1991),
enfatizam também o seu aspecto estrutural como referência para a determinação da
nomenclatura das treze classes de formações vegetais constantes na bacia do rio Jamari
(Figura 6).
853
A partir das informações divulgadas pela SEDAM (2000) sobre a área (km²) e do
perímetro (km) da bacia hidrográfica e suas sub-bacias foi possível também determinar
o índice de compacidade (Tabela 1), que é a relação entre o perímetro da bacia e o
perímetro de um círculo de mesma área que a bacia, onde verificou-se que a sua forma
se enquadra no coeficiente de bacias não sujeitas a grandes enchentes.
Tabela 1 - Dados da Bacia e Sub-bacias do Rio Jamari –RO, com Índice de Compacidade
Perímetro Índice de
Sub-bacia Área (Km²)
(Km) Compacidade
Alto Rio Candeias 5.169,9516 442,57 1,72344
Baixo Rio Candeias 7.960,8272 564,72 1,77219
Alto Rio Jamari 8.116,9990 492,94 1,53198
Baixo Rio Jamari 7.854,9300 775,54 2,45014
Total 29.102,7078 2.275,77 7,47775
Fonte: Complementado de SEDAM (2000).
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
5. AGRADECIMENTOS
854
6. REFERÊNCIAS
ZUFFO, C. E. Mapa das áreas aprovadas em fevereiro de 2014 dos comitês de bacias
hidrográficas no estado de Rondônia. Porto Velho, 2014. Disponível em: <http://
www.sedam.ro.gov.br/images/Recursos_H%C3%ADdricos/anexo-I-resolucoes_
CRH_05-06-07-08-09.pdf>. Acesso em 18 out. de 2018.
855
ANÁLISE DA CONTINUIDADE ESPACIAL DA PRECIPITAÇÃO NA BACIA
HIDROGRÁFICA DO RIO SÃO FRANCISCO EM SUA ÁREA DE OCORRÊNCIA
NO ESTADO DE MINAS GERAIS - BRASIL, SÉRIE HISTÓRICA 2004 A 2017.
1 INTRODUÇÃO
Ainda com base ao exposto por Mello (2016), quando se realiza o mapeamento
de uma variável climática a partir de estações de superfície tem-se a problemática de
generalizar o resultado para uma área a partir de amostras pontuais.
A precipitação apresenta certo grau de dependência espacial, desta forma
a geoestatística ou teoria das variáveis regionalizadas é uma alternativa na análise
amostral, pois permite definir o raio de dependência entre os exemplares. No conceito
fundamental da geoestatística tem-se que as amostras mais próximas no tempo e no
espaço sejam mais similares entre si (Baú et al., 2006; Caram, 2007).
No Brasil, uma das principais fontes de dados meteorológicos disponíveis para
consulta pública, principalmente dados de precipitação, provém da Agência Nacional
de Águas – ANA, Esta instituição disponibiliza séries históricas de precipitação
obtidas de 650 estações meteorológicas/climatológicas distribuídas ao longo do
território nacional, tendo como atribuição o fornecimento de dados meteorológicos e
configurando-se como base de dados indispensável das pesquisas na área meteorológica
1
Universidade Federal de Uberlândia – UFU, alinebervig@gmail.com, luiz.oliveira@ufu.br
856
ou climatológica. Contudo, os dados de precipitação das estações são pontuais e sua
distribuição ao longo do território é irregular, sendo mais densa nas regiões de maior
ocupação populacional: Nordeste, Sudeste e Sul. Sob a condição de que a manifestação
deste fenômeno meteorológico não é homogênea ao longo do espaço, algumas regiões
dependem diretamente de estimativas para determinação dos valores de precipitação
locais.
Dentre as técnicas estatísticas de estimativa, a krigagem é um método univariado
de inferência espacial que usa a dependência no espaço expressa no semivariograma/
variograma entre amostras vizinhas para estimar valores em qualquer posição da área
de estudo, sem tendência e com variância mínima, tornando-se um ótimo estimador. A
utilização da krigagem possibilita o cálculo de uma medida do erro de estimação para
cada valor e de um intervalo de confiança (Mello, 2004; Moulin, 2005; Baú et al., 2006;
Carvalho et al., 2004).
Assim, diante do que foi exposto, o objetivo desta pesquisa foi analisar a
continuidade espacial da precipitação na Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco,
utilizando os dados da ANA, em seu trecho no estado de Minas Gerais, utilizando,
também, de técnicas geoestatisticas que incluem semivariograma/variograma,
Krigagem e validação.
2 DESENVOLVIMENTO
Figura 1 – Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco dentro do Estado de Minas Gerais
857
2.1.2 Sobre a obtenção dos dados de precipitação
858
859
Fonte: Hidroweb (2019)
Elaboração: os autores (2019)
860
Onde:
Onde:
861
2.2 Resultados
862
Quadro 3 – Parâmetros dos modelos dos semivariogramas e resultados da Validação
Cruzada
Figura 3 – Mapa da Precipitação Anual Média da área de estudo obtido pela técnica
da Krigagem.
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
864
Ressalta-se finalmente a importância de estudos que objetivam melhorar os
processos de estimativa, visto que sua aplicação de forma eficiente vêm a suprir os
“vazios” de informações resultantes do número reduzido de estações pluviométricas
no Brasil.
4 REFERENCIAS
BAÚ, A.L.; GOMES, B.M.; QUEIROZ, M.M.F. de.; OPAZO, M.A.U.; SAMPAIO, S.C.
Comportamento espacial da precipitação pluvial mensal provável da mesorregião
oeste do Estado do Paraná. Irriga, Botucatu, v. 11, n .2, p. 150-168, abril-junho, 2006.
KIM, K.R. et. al. Kriging interpolation method for laser induced breakdown spectroscopy
(LIBS) analysis of Zn in various soils. Journal of Analytical Atomic Spectrometry. 01
January 2014, Issue 1
TUCCI, C.E.M. Hidrologia: ciência e aplicação. 2. ed.; 2. reimpr. – Porto Alegre: Ed.
Universidade/UFRGS: ABRH, 2001.
866
INTERVENÇÕES NOS CANAIS FLUVIAIS NA BACIA HIDROGRÁFICA DO
RIO SEPOTUBA, ALTO PARAGUAI, MATO GROSSO – BRASIL1
1 INTRODUÇÃO
868
e em teses, dissertações. Nesse sentido, considerou-se os usos e ocupação da terra
atuais. Ainda considerou-se a delimitação de terras indígenas na área de estudo por
suas funções relacionadas a preservação e conservação dos recursos ambientais. Os
shapes atualizados por Unidade da Federação ou Por Fase do Processo Administrativo,
encontram-se disponíveis em http://www.funai.gov.br/index.php/shape
Com auxílio do software Google Earth, foram analisadas as imagens disponíveis
a fim de identificar as principais intervenções nos canais fluviais ao considerar o
setor agropecuário como uso e ocupação da terra predominante na área de estudo.
Associado as mudanças no canal, os processos-resposta também foram categorizados:
reservação de água, feições erosivas e assoreamento do canal.
3 - RESULTADOS E DISCUSSÃO
869
Conforme Abdon et al. (2007) o desmatamento em Mato Grosso apresenta
números e recorrência alarmantes, sobretudo quando se trata do Pantanal. Fato
corroborado pelos estudos de Silva et al. (2011) que verificou o avanço agropecuário
em vários dos seus ambientes, sobretudo nas áreas de Planalto como um arco de
desmatamento avançando sobre a planície. Miranda et al. (2018) verificaram ainda, a
utilização de queimadas em áreas da planície pantaneira, técnica adota para facilitar a
ocupação das terras na região.
Nesse contexto, historicamente a bacia hidrográfica do rio Sepotuba tem
sido explorada pelos setores relacionados a monoculturas, e atividade pecuária.
Principalmente, pelos modelos adotados na região em meados do século XX, ou seja,
grandes propriedades com prática extensiva. Nesse sentido, a Pecuária e Agricultura
(monoculturas) são os “carros chefe” regionais com destaque para os pólos de Tangará
da Serra e Cáceres, Mato Grosso sediados na área de estudo.
Na figura 3 estão espacializadas as principais intervenções relacionadas
a apropriação dos recursos naturais por sub-bacia hidrográfica (mais de 880
pontos identificados). Sobre isso, associado as atividades econômicas, destacamos
os impactos negativos dos setores agropecuários nos canais fluviais. Em relação
a hidrodinâmica, as influências na dinâmica fluvial ocorrem devido à obras por
barramento ao longo dos cursos d’água, com destaque para os de primeira ordem. A
maioria das barragens tem por objetivo reservação de água, com a finalidade de uso
para irrigação ou dessedentação animal.
870
os processos erosivos são expressivos em vários setores de sua unidade hidrográfica.
Sobre isso, Faria (2012) ao analisar as relações entre as classes de solo e erosão verificou
que, 76% da área do afluente é constituída por Neossolos Quartzarênicos, e que, as
feições erosivas lineares se sobrepõem a essas coberturas pedológicas. Outra questão
extremamente importante, trata-se da construção da PCH do Sapo, a jusante da sub-
bacia próximo a foz. Isso porque, a carga de sedimentos produzida a montante pode
comprometer a utilidade do reservatório (Figura 4).
4
A Terra Indígena encontra-se regularizada, sendo tradicionalmente ocupada pela etnia Paresí. Está
inserida no município de Tangará da Serra, Coordenadoria Regional de Cuiabá.
871
Nesse contexto, é de fundamental importância considerar que os rios
pertencentes a sub-bacia do rio Juba tem sido utilizados como recurso hidrelétrico.
Os afluentes desaguam no chamado Complexo Juba, constituído por duas Usinas
Hidrelétricas e duas Pequenas Centrais Hidrelétricas (Figura 5). Nesse sistema ainda
estão previstos novos barramentos em diferentes fases, que ampliarão os efeitos no
rio Juba (COELHO, 2008; CUNHA, 2011). E consequentemente no rio Sepotuba, ao
considerarmos que o mesmo é o último afluentes a desaguar no mesmo (unidade 8 –
Interbacia do rio Sepotuba).
872
para a questão ambiental (RITELA, 2014). Conforme o autor, no rio Jauru, afluente
vizinho ao rio Sepotuba, verifica-se importantes mudanças de ordem geomorfológica
e hidrossedimentológica. Considerar, e realizar estudos prévios sobre a dinâmica
e interações hidromorfodinâmica dos afluentes do rio Paraguai é fundamental,
necessário. Ritela (2014)
A expansão das PCHs foi uma forma de mitigação dos impactos destas centrais hidrelétricas,
tendo em vista a grande estrutura demandada para sua construção com alterações na
dinâmica ambiental local. Assim, as Pequenas Centrais Hidrelétricas – PCHs constituem
novo potencial de geração de energia, pois carrega o título de “produção limpa de energia”
(RITELA, 2014, p. 63).
4 - CONSIDERAÇÕES FINAIS
5 AGRADECIMENTOS
873
REFERÊNCIAS
ABDON, M. M.; SILVA, J. S. V.; SOUZA, I. M.; ROMON, V. T.; TAMPAZZO, J.;
FERRARI, D. L. Desmatamento no bioma Pantanal até o ano 2002: relações com a
fitofisionomia e limites municipais. Revista Brasileira de Cartografia, v. 1, n. 59, p.
17-24, 2007.
BRACKEN, L. J.; CROKE, J. The concept of hydrological connectivity and its contribution
to understanding runoff-dominated geomorphic systems. Hydrol. Process. 2007, 21,
1749–1763 p.
CASSETI, Valter. Ambiente e apropriação do relevo. São Paulo: Contexto, 1991. 147p.
874
ROCHA, P. C. Sistemas rio-planície de inundação: geomorfologia e conectividade
hidrodinâmica. Caderno Prudentino de Geografia, Presidente Prudente, v. 1, n. 33, p.
50-67, 2011.
875
CARACTERIZAÇÃO FISIOGRÁFICA DA SUB-BACIA HIDROGRÁFICA DO
RIACHO GABRIEL, NA LOCALIDADE DE JUÁ, IRAUÇUBA-CE.
1 INTRODUÇÃO
1
Graduanda na Universidade Estadual vale do Acaraú (UVA) – nayanebsousa@gmail.com;
2
Mestranda na Universidade Estadual Vale do Acaraú (UVA) - ampaiva20@gmail.com;
3
Orientador e Professor na Universidade Estadual Vale do Acaraú (UVA) – ernanecortez@hotmail.com.
876
Figura 1: Mapa de Localização da sub-bacia hidrográfica do riacho Gabriel
2. DESENVOLVIMENTO
878
2.4 Desenvolvimento na produção dos mapas
Geologia
Geomorfologia
880
Figura 2: Mapa as unidades geomorfológicas da sub-bacia do riacho Gabriel
Características Climáticas
Solos
Vegetação
882
nordestino. Aliando-se a esse pensamento, Souza (2006) e Ceará (2010) ressaltam que o
uso e a ocupação da terra vem contribuindo para profundas transformações no cenário
das caatingas, exibindo, dessa forma marcas de degradação ambiental nas paisagens
do semiárido cearense.
Para a classificação da vegetação, optou-se pelo sistema de classificação de
Fernandes (1990). Este classifica o conjunto vegetacional do Ceará sob dois aspectos: O
Fitogeográfico e Fisiográfico. Com relação à classificação sob o aspecto fitogeográfico,
Fernandes (1990), baseado em Rizzing (1963), classifica a flora brasileira em Províncias,
Sub-províncias, Setores e Sub-Setores, estando a região semiárida do nordeste incluída
na Província Nordestina ou das caatingas, no setor dos sertões. Fernandes (1990), “A
província das Caatingas ocupa grande espaço no Nordeste semi-árido, principalmente
na depressão sertaneja”. A distribuição da vegetação na área da pesquisa possuí as
seguintes feições (Figura 3).
A Caatinga alta com estrato arbóreo, arbustivo/subarbustivo e estrato
herbáceo, com predominância em Jurema-preta (Mimosa hostilis), Mandacaru (Cereus
jamacaru), Sabiá (Mimosa caesalpiniaefolia), e Mulungu (Erythia verna). A caatinga
baixa se constitui em arbustivo/subarbustivo e herbáceo, com espécies como Pereiro
(Aspidosperma pirifolium), Mofumbo (Cobretum leprosum), Marmeleiro (Cydonia oblonga),
com predominância de afloramentos rochosos.
O carnaubal (mata de várzea), na área da pesquisa pôde-se observar outros
tipos de vegetação, denominada vegetação ribeirinha como a Carnaubeira (Copernicia
prunifera) e o Jucazeiro (Caesalpinia érrea).
883
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
4 REFERÊNCIAS
BERTALANFFY, L. VON. Teoria Geral dos Sistemas. Rio de Janeiro: Vozes, 1975.
CÂMARA, G.; DAVIS, C. Introdução. In: CÂMARA, G.; DAVIS, C.; MONTEIRO, A.
M.V. Introdução à Ciência da Geoinformação. São José dos Campos: INPE 2001.
884
CUNHA, Sandra Baptista da; GUERRA, Antônio José Teixeira. Degradação ambiental.
In: GUERRA, A.J.T; CUNHA, S. B. (Org.) Geomorfologia e meio ambiente, 3ª ed. Rio
de Janeiro: Bertrand Brasil, 2000. Cap.7. pp.337-379.
LIMA, E.C. Planejamento ambiental como subsídio para gestão ambiental de bacia
de drenagem do açude Paulo Sarasate, Varjota – Ceará. Fortaleza, 2012. 201f. Tese
(Doutorado em Geografia) – Universidade Federal do Ceará, UFC, 2012.
885
SILVEIRA, C. T. Da paisagem do Vale Três Forquilhas. Trabalho de Graduação. Porto
Alegre: Departamento de Geografia/IG/UFRGS, 2005.
886
ANÁLISE GEOAMBIENTAL DA SUB-BACIA HIDROGRÁFICA DO RIACHO
GABRIEL, JUÁ- CE
1 INTRODUÇÃO
Nos últimos anos, o meio ambiente vem sendo destaque nos estudos de diversas
áreas do conhecimento científico, principalmente pela a necessidade de compreender a
dinâmica físico-natural, além disso, sugere inovações na maneira de utilizar a natureza.
Várias pesquisas estão sendo realizadas, a exemplo da geofísica, morfologia,
entre outras, no entanto, a análise geoambiental ganhou grande destaque e passou
a ser um dos principais temas de discussão de trabalho. Segundo Souza (2005), a
análise geoambiental de bacias hidrográficas é fundamental para o reconhecimento
das transformações decorrentes do processo histórico de uso e ocupação da terra.
Os sistemas ambientais são integrados por diversos elementos, mantendo
relações mútuas entre si, dotados de potencialidades e limitações especificas.
(FUNCEME, 2009). Em muitos lugares, pode-se identificar fortemente a degradação
devido ao uso desordenado dos recursos naturais, principalmente a partir das práticas
agrícolas e de extrativismo vegetal.
Bertrand (1972) analisa o geossistema como fundamento para os estudos
ambientais, este resulta da combinação do potencial ecológico (clima - hidrologia -
geomorfologia), da exploração biológica (vegetação - solo - fauna) e da ação antrópica.
Além disso, considera a paisagem como “resultado da combinação dinâmica, portanto
instável, de elementos físicos, biológicos e antrópicos que reagindo dialeticamente
uns sobre os outros, fazem da paisagem um conjunto único e indissociável, em
constante evolução” (BERTRAND, 1972, p.141-152).
Lima (2004), destaca que a intensa utilização dos recursos naturais pelo homem
pode acarretar impactos no meio ambiente, por isso, que em decorrência dessa
exploração acentuada dos recursos naturais, tornam-se importantes os estudos nessas
áreas. Tais recursos possuem seus limites, sendo necessário propor algumas medidas
para amenizar ou diminuir os impactos provocados pela ação antrópica que resultou
na descaracterização da paisagem.
1
UEVA cleliarodrigues2015@gmail.com ,
2
UEVA livanasg10@gmail.com ,
3
UEVA noelia5dinniz@gmail.com
4
UEVA nayanebsousa@gmail.com ,
5
UEVA jocilenelimma.16@gmail.com ,
6
UEVA ernanecortez@hotmail.com
887
De acordo com Lima (2012), o uso e a ocupação do solo em bacias hidrográficas
também se configuram como uma preocupação antiga, principalmente quando estão
relacionadas ao semiárido nordestino, onde o uso para agricultura de forma inadequada
provoca a destruição dos solos ocasionando a erosão, o desmatamento da mata ciliar,
dentre outros impactos.
No que se refere ao planejamento e gestão ambiental de bacias hidrográficas,
ele apresenta-se como uma ferramenta de Política Ambiental, um exercício técnico
intelectual, voltado para traçar as diretrizes e programar o uso do território, dos
espaços, das paisagens e das características da gestão ambiental (LIMA, 2012).
Assim, nesse trabalho destacou-se uma caracterização das unidades
geoambientais verificadas na sub-bacia do riacho Gabriel, com suporte metodológico
na teoria geossistêmica, referenciada as obras de Bertrand (1972) e Souza (2000).
2 DESENVOLVIMENTO
888
Em geral, a área é caracterizada por apresentar solos expostos, devido a
ocupação antrópica, e exibe uma vegetação de caatinga bem descaracterizada.
Em termos geológicos, a sub-bacia do riacho Gabriel é formado por grandes
variedades de formação litológicas. Foi identificado as seguintes unidades geológicas:
Depósitos Aluviais, Suíte Intrusiva, Tamboril-Santa Quitéria, Granitóides Diversos,
Unidade Canindé e Unidade Independência.
O objetivo geral da pesquisa é apresentar uma análise geoambiental da sub-bacia
hidrográfica do Riacho Gabriel. Diante disso, visando obter um melhor entendimento
sobre as características geoambientais da sub-bacia, foi desenvolvido levantamento de
campo, considerando o estado de conservação em que a bacia de drenagem se encontra,
compreendendo uma análise em torno dos seus aspectos geológicos e geomorfológicos.
889
Conforme Souza (2000), a unidade geoambiental da depressão sertaneja é
caracterizada como sendo uma planície aplainada moderadamente dissecada, tendo
um ambiente de transição com tendência à instabilidade e vulnerabilidade moderada
a alta. A depressão sertaneja se representa como formas deprimidas, com superfícies
em processo erosivo, apresentada em superfície aplainada ou levemente onduladas,
revestida de vegetação da caatinga de porte herbáceo-arbustivo e arbóreo, são
caracterizadas pelo rebaixamento repentino do relevo correspondendo, a uma área
mais baixa do que as demais, como já mencionado a depressão sertaneja corresponde
a unidade geomorfológica predominante na área delimitada como sub-bacia do riacho
Gabriel.
Nas áreas delimitadas a unidade geoambiental que apresenta maior
expressividade é a depressão sertaneja, onde as características do semiárido são
ressaltadas a partir da irregularidade de chuva durante o ano, definidas em dois
períodos, um seco, predominante de 8 a 9 meses e um chuvoso, que se caracteriza pela
a irregularidade na precipitação, que ocorre nos meses de fevereiro e abril.
A dinâmica morfogenética da depressão sertaneja está estreitamente
correlacionada com os condicionantes climáticos e com caráter caducifólio do
revestimento florístico, e na maior parte desse sistema a incisão linear da drenagem
é incipiente justificando-se pela pequena amplitude entre os interflúvios e fundos de
vales (SOUZA, 1979)
No Juá, distrito de Irauçuba, inserida na depressão sertaneja, as margens do
Riacho Gabriel apresentam-se parcialmente degradadas com presença de vegetação
não nativa. Verifica-se também, uma produção agrícola de feijão e milho bastante
avançada nas proximidades do leito fluvial, além disso, foi observado a criação de
gado, o que provoca a compactação do solo e a retirada da cobertura vegetal.
A planície fluvial segundo Souza (2000) é ambiente de transição com tendência
a instabilidade e vulnerabilidade moderada, áreas propícias a prática de lavouras
irrigadas, limitações periódicas e sustentabilidade moderada a alta. A planície fluvial é
delimitada por aclives e os processos de deposição superam os de desgaste, apresentam
características de acumulação e decomposição de sedimentos dos rios até que se forme
uma superfície uniforme, na sub-bacia em questão a planície fluvial vai se encontrar
nas adjacências do riacho Gabriel.
De acordo com Guimarães (2016), a planície fluvial é a forma mais característica
de acumulação decorrente da ação fluvial, ou seja, são áreas de diferenciação regional
nos sertões semiáridos e abrigam as melhores condições de solos e de disponibilidades
hídricas, além disso, as planícies fluviais constituem-se como ambientes de exceção
nas depressões sertanejas semiáridas. Em relação ao seu potencial geoambiental
é necessário considerar que são áreas sujeitas a inundações periódicas, além disso,
apresentam solos revestidos por matas ciliares, com predominância de carnaúba em
sua comunidade florística característica desse sistema geoambiental.
De acordo com Souza (2000), os inselbergues geralmente apresentam áreas
retidas de vegetação e a presença de solos rasos, sendo recoberto por uma caatinga
de porte arbustivo, inseridos na unidade depressão sertaneja os mesmos destacam
os efeitos processuais da erosão durante os períodos geológicos recentes da região,
compreendendo assim que os inselbergs irão se localizar a noroeste da sub-bacia em
uma pequena extensão.
Em relação ao seu potencial geoambiental, é necessário considerar que se trata
de áreas que foram submetidas a processos de erosão diferencial que ocasionaram
o desenvolvimento de relevos rochosos ou com solos muito rasos, e forte limitação
ao uso agrícola, ou seja, é um ambiente fortemente instável e vulnerável a ocupação.
(SOUZA, 2000).
890
Na figura 3, 4 e 5, podemos complementar estas características com uma visão
representativa destas unidades geoambientais da sub-bacia do riacho Gabriel.
(A) (B)
(C)
3. CONSIDERAÇÕES FINAIS
4 REFERENCIAS
LIMA, E. C. Análise e manejo geoambiental das nascentes do alto rio Acaraú: Serra
das Matas – CE. Fortaleza, 2004. 178 f. Dissertação (Mestrado Acadêmico em Geografia)
- Centro de Ciências e Tecnologia da Universidade Estadual do Ceará, UECE.
892
SOUZA, M. J. N. Compartimentação Topográfica do Estado do Ceará. Ciên. Agron. (9)
Fortaleza, 1979, p.77-85.
893
A ABORDAGEM GEOAMBIENTAL COMO CATEGORIA DE ANÁLISE DA
BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO CATU, AQUIRAZ - CEARÁ.
1 INTRODUÇÃO
A localização de cursos de água, sejam mares, oceanos e rios, sempre se
configurou, na história humana, como um importante aspecto na escolha dos locais
mais adequados para fixação de residências em diferentes civilizações ao redor do
mundo. A respeito dessa temática, Louzada (2014) destaca que as civilizações mais
antigas do mundo estão diretamente ligadas a cursos d’água, a começar por Jericó na
Palestina, considerada a civilização mais antiga do mundo, com nove mil anos a.C, que
está diretamente conectada ao Rio Jordão, assim como: Mumbai, na Índia, banhada
pelo oceano Índico e Xangai, na China, banhada pelo mar da China Meridional.
Ainda hoje, a água tem importância vital como modeladora dos espaços físico
e social, configurando-se também como impulsionadora de ações de desenvolvimento
econômico e científico. Partindo-se deste princípio, denota-se a relevância de um maior
conhecimento acerca dos processos naturais e antrópicos que influem, de alguma
forma, nos corpos hídricos positiva e negativamente.
Em uma sociedade crescentemente mais globalizada em que os processos se dão
cada vez mais rápidos e integrados, nota-se uma maior demanda dos recursos naturais.
Dentre estes, englobam-se os recursos hídricos, que sofrem com a pressão exercida a
partir de uma necessidade exacerbada de desenvolvimento econômico. Além disso,
a expansão urbana e espraiamento das grandes cidades, cada vez mais populosas e
povoadas também representam ameaças. Assim, tornam-se primordiais ações de
planejamento e gestão ambiental que visem a conservação dos corpos hídricos. Nesse
contexto, um dos modelos mais utilizados de unidade de análise e gerenciamento é o
de bacias hidrográficas.
Instituídas pela Lei nº 9.433, de 8 de janeiro de 1997 (BRASIL, 1997), as bacias
hidrográficas constam na Política Nacional de Recursos Hídricos, estas, por sua vez,
de forma simplificada, resumem-se ao conjunto de terras drenadas por um corpo
d’água principal e seus afluentes. Desta forma, áreas territoriais de tamanhos variados
encontram-se incluídas em bacias hidrográficas ou sub-bacias distintas, constituindo
um verdadeiro mosaico natural delimitado pelo relevo e que drena e direciona as águas.
Assim, impactos ambientais causados em um ponto, mesmo que isolado da bacia,
ocasionam a desestabilidade de processos naturais em todo o conjunto, agravando-se,
ainda mais, quando se dão à montante.
Tendo como enfoque os impactos ambientais amplamente observados nas bacias
hidrográficas, percebe-se, particularmente, que às atividades não sustentáveis com fins
1
Universidade Federal do Ceará samuelnobre@alu.ufc.br,
2
Universidade Federal do Ceará camilalouzada@alu.ufc.br,
3
Universidade Federal do Ceará lizasantosufc@gmail.com.
894
de lucro imediato, as quais não computam os custos ambientais e sociais, repassando-
os a terceiros, são as principais ameaças da qualidade e equilíbrio ambiental em uma
bacia hidrográfica (PIRES e t al. 2002).
Muitos dos problemas supracitados, são observados ao longo do Rio Catu, o qual
apresenta pouco mais de 30 km de extensão e faz parte de uma pequena sub-bacia de
mesmo nome. Esta última, por sua vez, integra a Bacia Metropolitana, assim chamada
por se localizar, quase que em sua totalidade, na Região Metropolitana de Fortaleza
e aglutinar diversos rios pouco extensos. O Rio Catu se espacializa apenas em dois
municípios cearenses, tendo sua nascente em Horizonte e foz no Oceano Atlântico, em
Aquiraz. Apesar de sua pequena extensão, este rio desempenha papel fundamental na
região, no entanto, muitos impactos e degradação ambientais, bem como negligência
governamental, são observadas ao longo de seu leito, principalmente em sua faixa de
maior adensamento populacional, compreendida entre a Rodovia Estadual CE-040 e
sua foz (Figura 1).
2 DESENVOLVIMENTO
Por outro lado, a geomorfologia local é caracterizada pela presença dos tabuleiros
pré-litorâneos, planície litorânea e das planícies fluviais. Com relação aos tabuleiros pré
litorâneos, onde a maior parte da bacia está inserida, em Aquiraz, estes se estendem por
até 30 km adentro do continente. Acerca dos tabuleiros Claudino Sales (2016) destaca
que, estes são responsáveis por fazer a transição entre as superfícies aplainadas da
depressão sertaneja no interior e a zona marítima. Claudino Sales, destaca ainda que
a principal característica morfoestrutural dos tabuleiros é a presença dos depósitos
sedimentares azóicos de origem continental e também litorânea. Já na planície litorânea
Claudino Sales (2016) observa que estas ocorrem a partir da incorporação da faixa de
praia de cordões litorâneos e de ambientes de barreiras (lagunas, braços internos de
rios e segmentos de estuários). Por fim, as planícies fluviais, principal área de análise
deste estudo, estas são formada a partir da deposição de sedimentos recentes e aluviais,
carreados pelo rio e depositadas em suas margens de acordo com sua competência.
896
O primeiro é um barramento artificial na comunidade de Cinzenta, dando origem
ao Açude Catucinzenta, que é de responsabilidade do órgão estadual COGERH
(Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos) e gerida regionalmente pelo Comitê das
Bacias Hidrográficas Metropolitanas em conjunto com a Comissão Gestora do Açude
Catucinzenta, responsável por gerir localmente toda a bacia do Rio Catu, desde sua
nascente até sua foz. Este açude faz parte do programa de “açudagem” promovido pelo
Governo do Estado do Ceará, com o intuito de promover desenvolvimento e diminuir
os impactos ocasionados pelas frequentes secas que atingem o estado, garantindo de
certa forma, segurança hídricas aos municípios.
O segundo barramento, onde se dá o enfoque principal deste estudo, é
popularmente conhecido como “Lagoa do Catu”. Trata-se do resultado natural da
obstrução do curso do rio pelas dunas (Foto 1), já nas proximidades de sua foz. Em
consequência desta represa natural forma-se um grande espelho d’água entre a Rodovia
CE-040 e as dunas na comunidade de Prainha, constituindo-se assim um manancial de
relevante importância, designado para múltiplos fins e usos.
898
“Qualquer alteração das propriedades físicas, químicas ou biológicas do meio ambiente,
causada por qualquer forma de matéria ou energia resultante das atividades humanas, que
direta ou indiretamente afetem:
I - a saúde, a segurança e o bem-estar da população;
II - as atividades sociais e econômicas;
III - as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente;
IV - a qualidade dos recursos ambientais.”
899
As ocupações irregulares que descaracterizam as margens do rio Catu, não
atendem as necessidades básicas do morar, mas sim, às carência materiais, os anseios e
os desejos dispensáveis, o de consumir uma paisagem e incorporar esta a uma forma de
status social. A intervenção humana, na área de estudo é resultado indiscriminado da
ocupação das margens do rio, que de forma descomedida interrompe os fluxos naturais
e saudáveis de matéria e energia presentes naquele geossistema. Corroborando com
esta afirmação, Rodriguez e Silva (2019) postulam que:
900
Figura 2 - Mapa de comparação da distribuição vegetacional
901
Envolvidos nestas ocupações foram alvo de ações e denúncias do Ministério
Público Federal (MPF) no ano de 2014, dentre os quais o próprio prefeito do município
à época, o mesmo foi acusado de realizar dragagem, construção de aterros e muros
em sua propriedade privada instalada em Área de Preservação Permanente do rio de
acordo com o Código Florestal vigente.
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
4 REFERÊNCIAS
902
BRASIL. Resolução CONAMA nº 001 de 1986. Disponível em: <http://bit.ly/2yvtlu0>.
Acesso em: 11 jun. 2019.
BRASIL. Lei nº. 9.433. de 8 de janeiro de 1997. Institui a Política Nacional de Recursos
Hídricos, cria o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos, Brasília,
DF.
LOUZADA, Camila. As grandes obras para reabertura da BR-319 e seus impactos
nas localidades ribeirinhas do rio Solimões: Bela Vista e Manaquiri, no Amazonas.
Dissertação de Mestrado em Geografia, pela Universidade Federal do Amazonas.
221p. 2014. Disponível em: <http://bit.ly/2LTeYZ1>. Acesso em: 25 jun. 2019.
PIRES, José Salatiel Rodrigues; SANTOS, José Eduardo dos. A Utilização do Conceito
de Bacia Hidrográfica para a Conservação dos Recursos Naturais. In: SCHIAVETTI,
Alexandre; CAMARGO, Antonio Fernando Monteiro (Ed.). Conceitos de bacias
hidrográficas: teorias e aplicações. Ilhéus: Editus, 2002. Cap. 1. p. 17-36. Disponível
em: <http://bit.ly/2YpwOd3>. Acesso em: 22 jun. 2019.
RODRÍGUEZ, José Manuel Mateo; SILVA, Edson Vicente da. Teoria dos Geossistemas:
o legado de V.B Sochava: Volume I Fundamentos Teórico-Metodológico. Fortaleza:
Edições UFC, 2019. 176 p.
903
USO DE FERRAMENTAS GEOTECNOLÓGICAS NA ANÁLISE DAS MUDANÇAS
NA PAISAGEM DA MICROBACIA DO IGARAPÉ DA ÁGUA BRANCA,
MANAUS-AM
1 INTRODUÇÃO
2 DESENVOLVIMENTO
2. 1 Área de estudo
906
do menu Camada>Criar nova camada, utilizando imagens Landsat/TM5 e Landsat8/
OLI com resolução espacial de 30 metros para as cenas Landsat/TM5 e resolução
espacial de 15 metros para a cena do Landsat8/OLI.
A escala de mapeamento foi de 1:30.000. Para o cálculo das áreas utilizou-se as
ferramentas “Editor” e “XTools Pro” do ArcGis 10.1. As imagens de alta resolução do
sensor aerotransportado ADS-80 e do satélite IKONOS-2 foram usadas para verificação
visual dos alvos mapeados.
Cabe salientar que no uso da técnica de interpretação visual de imagens as
informações extraídas de alvos da superfície terrestre têm como base as suas respostas
espectrais, e que de acordo com Matavelli (2011, apud. Moreira 2005), utiliza-se alguns
dos elementos foto interpretativos empregados na técnica de fotografias aéreas, como
textura, forma, tamanho, tonalidade ou cor.
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Com a ajuda dos mapas de ocupação e uso do solo e altimetria da área, realizou-
se a compartimentação da microbacia hidrográfica do igarapé da Água Branca em alto,
médio e baixo curso para melhor análise das mudanças na sua paisagem.
O mapa altimétrico da microbacia (Figura 2) caracterizou o relevo da área,
evidenciando evidenciando o formato da microbacia a partir de seu divisor de água,
permitindo a identificação das nascentes que contribuem com igarapé e que não foram
catalogadas em campo.
907
A topografia da microbacia apresenta variações de desnível de 5 metros em
cada curvatura, deixando claro suas altitudes que variam de 25 a 90 metros, não
apresentando nenhum tipo de barreira física para sua ocupação. Esse é o primeiro
passo para a análise ambiental da microbacia.
A microbacia do igarapé da Água Branca possui uma área total de 583,84
ha, sendo que 31,48% correspondem às áreas antropizadas (infraestrutura, mancha
urbana, solo exposto) isso implica num total de 183,83 ha de área afetada por atividades
antrópicas e que acarretaram na perda da cobertura florestal existente (Figura 3).
908
Tabela 1 - Antropização e seus percentuais por ano
O ano de 1986 apresentou uma dinâmica de ocupação e uso do solo bem intensa
na área da microbacia, sendo que a cobertura florestal nesse período correspondia
uma área de 479,89 ha um percentual de 82,19% da área total da microbacia, já as
áreas antropizadas foram de 103,95 ha o equivalente a 17,80 %, isso se deve ao intenso
processo de ocupação pelo qual a cidade de Manaus estava passando.
Tal processo de ocupação segundo Nogueira et al., (2007) vinha ocorrendo
desde a década de 70, cujo quadro de ocupação apresentava as zonas administrativas
Sul, Centro Sul, Oeste e Centro Oeste como sendo as áreas de maior aglomerado
populacional. Intensificando-se ainda mais com a implantação da Zona Franca de
Manaus.
Ao longo dos anos de 1996 e 2006 as áreas antropizadas tiveram aumento
significativo, sendo que o acréscimo de antropização para o ano de 1996 foi de 21,28 ha
o equivalente a 3,64% da área total, essa tendência de crescimento se manteve também
para o ano de 2006 em que o acréscimo dessas áreas chegara a 22,17 ha e porcentagem
de 3,79%.
Os dados de antropização do ano de 2016 revelaram que o processo de ocupação
e uso do solo dentro da área da microbacia aumentou subitamente num intervalo
de dez anos, onde em 2006 o acréscimo era de 3,79% saltou para 6,25% em 2016 um
quantitativo de 36,53 ha afetados pela ação do homem, 14 hectares a mais, comparados
ao ano de 2006.
As áreas de preservação permanente representam 17,28% da área da microbacia
o que corresponde a 100,87 ha de área, sendo que ao longo dos trinta anos estudados,
as áreas afetadas pela ação antrópica chegaram a 54,87% (Tabela 2).
A compartimentação da microbacia apontou que o baixo curso situado ao norte
da área foi o que mais sofreu alterações ao longo dos anos e onde está concentrado o
maior número de áreas impactadas pela ação antrópica (Figura 4).
909
Figura 4 - Passivos ambientais dentro da área da microbacia.
910
da Água Branca, contribuindo com a delimitação de unidades de uso de acordo com a
compatibilidade e as condições geoecológicas dos sistemas ambientais.
Analisar de forma integrada os sistemas ambientais permite evidenciar segundo
Bertrand (1972), a relevância da ação e dinâmica antrópica na modificação da paisagem
já que a mesma não é uma simples adição de elementos geográficos despropositados,
mas que envolvem combinações e interações dinâmicas e instáveis entre elementos
físicos, biológicos e antrópicos, além de ser uma grande ferramenta para a delimitação
e representação cartográfica dos fenômenos.
Proporcionando assim diretrizes metodológicas para subsidiar a realização de
planejamento e sistemas de gestão ambiental da área.
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
911
5 REFERENCIAS
VIEIRA, E. M.; ALMEIDA, F. T.; ALVES, M. G.; Uso do MDT e Bacias de contribuição
(Watershed) na seleção de pontos para o monitoramento da contaminação agrícola;
In: SIMPÓSIO BRASILEIRO DE SENSORIAMENTO REMOTO, 12, 2005, Goiânia.
Anais... São José dos Campos: INPE, 2005. Artigo, p. 3427-3432.
912
LEVANTAMENTO PEDOLÓGICO E ASPECTOS DO USO E OCUPAÇÃO NA
SUB-BACIA HIDROGRÁFIACA DO RIO ITACOLOMI-CE
1 INTRODUÇÃO
1
Mestranda em Geografia, Universidade Estadual Vale do Acaraú-UVA, livanasg10@gmail.com
2
Professor Dr. do Curso de Geografia, Universidade Estadual Vale do Acaraú-UVA, ernanecortez@
hotmail.com
913
Figura 1 - Mapa de localização da sub-bacia hidrográfica do rio Itacolomi
2 DESENVOLVIMENTO
916
Quadro 1 - Características dos solos presentes na área da pesquisa.
Nesse sentido, no riacho Lajes próximo a Serra Dom Simão foi observado a mata
ciliar parcialmente preservada nota-se a presença de carnaúba, oiticica e mofumbo.
Tem-se um transporte de cascalho bastante significativo com 20 – 30 cm de diâmetro
no fundo do leito do riacho, sugerindo vazão mais efetiva do riacho.
Na sub-bacia hidrográfica do rio Itacolomi podemos ressaltar a utilização de áreas
para a prática da agricultura de subsistência, com o uso de técnicas bem rudimentares
como a retirada da vegetação logo após ocorre a queima e posteriormente, utiliza-se
esse local para a cultura do milho, feijão ou mandioca. Outro problema que merece
destaque é o desmatamento indiscriminado, de acordo com Souza (2000), compromete
seriamente a capacidade produtiva dos solos, visto que estão associados por queimadas
que conduzem ao empobrecimento do solo. De acordo com Pereira e Silva (2005), as
queimadas constituem um dos principais agentes agressores do solo. (Figura 5)
918
Destaca-se também que no riacho frecheirinha, tem-se uma descaracterização
total da mata ciliar, visto que foi construída uma estrada com a retirada total da
vegetação, onde observa-se nas suas proximidades a plantação de cana-de-açúcar
(Figura 6)
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
5. Agradecimentos
919
6 REFERENCIAS
LIMA, E. C. Análise e Manejo Geoambiental das Nascentes do Alto rio Acaraú: Serra
das Matas Ceará. Dissertação de Mestrado UECE, Fortaleza- 2004.
920
SOUZA, M. J. N. Compartimentação geoambiental do Ceará.
921
EXPEDIÇÃO MINDU: ANÁLISE GEOGRÁFICA DO IGARAPÉ DO MINDU
1 INTRODUÇÃO
1
Universidade do Estado do Amazonas - UEA,matheussilveiradequeiroz@gmail.com,
2
Universidade do Estado do Amazonas – UEA, sbatista@uea.edu.br,
3
Universidade do Estado do Amazonas – UEA, antoniogomestomazneto@gmail.com,
4
Universidade do Estado do Amazonas – UEA, nsalves@uea.edu.br
922
Figura 01 - Mapa de localização da bacia hidrográfica do igarapé do Mindu
2 MATERIAIS E MÉTODOS
924
3 RESULTADOS E DISCUSSÕES
925
Gráfico 2 - Cotas médias anuais da estação fluviométrica do igarapé do Mindu
926
Figura 2 - Planície de inundação do igarapé do Mindu após evento extremo de
precipitação no seu alto curso
Com base nos dados levantados e análise empírica, acredita-se que, no alto curso,
a água alcança essa extensão, em parte, devido a dois principais fatores: interferência
antrópica e ausência de uma política de infraestrutura urbanística adequada às
características geomorfológicas da área. Fatores relacionados às lacunas de uma
política urbana eficaz, que conforme observado em campo, em toda a extensão do
Mindu, apresenta áreas que se caracterizam pelo adensamento populacional seguido
da autoconstrução; ausência de macro e micro galerias, com lançamento direto de
esgoto e águas pluviais nos cursos d’água; e a ineficaz limpeza dos rios urbanos que,
no médio e alto Mindu, comprometem a mata ciliar com o uso inadequado das dragas.
O conjunto destes fatores durante a cheia do igarapé e o maior volume de precipitações
provoca diretamente o aumento do escoamento superficial da água com aumento da
vazão do rio e a velocidade do seu fluxo. Com a capacidade excedida do canal de
escoar água dentro do próprio leito, a planície é inundada e causa danos ao ambiente
e a população de entorno (BOTELHO, 2011).
Goerl et al. (2012) consideram que o risco à inundação está intimamente
relacionado às condições socioeconômicas da população que reside às margens e a
características de habitação como a densidade populacional e o acesso a condições
básicas de saneamento. Em campo identificou-se problemas urbanos em toda a extensão
do Mindu, mas, concorda-se com Alves et al. (2016) que os riscos se concentram nos
alto e médio curso da bacia devido a maior densidade populacional e situação de
vulnerabilidade das populações, enquanto no baixo curso apesar da ocorrência de
ocupações informais, há um ordenamento territorial caracterizado por edificações
destinadas à população com maior poder aquisitivo.
PROSAMIM (2004) afirma que a Prefeitura de Manaus promove a dragagem de
igarapés urbanos para evitar o assoreamento dos cursos d’água e promover a limpeza
dos mesmos. Brasil (2009, p. 07) coloca que a ação da prefeitura consiste em “dragar
os cursos d’água, despejando o material retirado (principalmente areia) sobre a mata
ciliar nas margens dos igarapés, e remover a vegetação nas áreas de preservação
permanente protetoras dos igarapés” sob a justificativa de “limpeza” dos mesmos.
927
O processo de dragagem realizado pelo poder público no igarapé do Mindu
(Figura 3) tem por objetivo aprofundar e alargar o seu canal visando diminuir o risco
à inundação. Porém, os sedimentos retirados do leito são depositados na planície
de inundação, e ficam sujeitos as ações dos ventos e da precipitação que promovem
a inserção destes sedimentos novamente no canal, assoreando-o e alterando sua
sinuosidade.
Outro fator está relacionado ao descarte incorreto dos resíduos sólidos que ao
obstruírem o canal fluvial, favorece as inundações e ampliam os riscos socioambientais
agravando a contaminação do solo e dos recursos hídricos (BOTELHO, 2011). Estes
resíduos, em geral, são lançados diretamente pela população local no curso d’água ou
descartados incorretamente nos logradouros; as fortes chuvas da região juntamente
com a declividade do terreno promovem o transporte destes resíduos para o igarapé,
e deste para o exutório da bacia. Nesta área ocorre a deposição dos mesmos, junto com
a carga de sedimentos também transportados, ou seguem para o igarapé da Cachoeira
Grande, no bairro do São Raimundo, e deste para o rio Negro.
Com destaque para as margens no trecho do médio Mindu foram identificados
o descarte incorreto de lixo orgânico, domiciliar, e resíduos sólidos classificados em
plásticos, papel, tecido, madeira, embalagens plásticas em geral, além da disposição de
resíduos de construção civil, mobiliário, entre outros.
928
Figura 4 a, b - Resíduos sólidos encontrados em um trecho do médio Mindu
(A) (B)
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
5 REFERENCIAS
FILIZOLA, N.; SPINOLA, N.; ARRUDA, W.; SEYLER, F.; CALMANT, S.; SILVA, J.
The Rio Negro and Rio Solimões confluence point – hydrometric observations during
the 2006/2007 cycle. River, Coastal and Estuarine Morphodynamics: RCEM, 2009.
SCHUMM, S.A. A sinuosity of alluvial rivers on the great plans. Geol.Soc. America
Bull. 74 (9), 1963.
VEYRET, Y. Os riscos: o homem como agressor e vítima do meio ambiente. São Paulo.
Contexto, 2007. 319 p.
930
ANÁLISE DA DEMANDA HÍDRICA DE BACIA HIDROGRÁFICA ATRAVÉS
DO ESTUDO HIDROCLIMATOLÓGICO NO MUNICÍPIO DE BARBALHA-CE
1 INTRODUÇÃO
1
Universidade Federal do Ceará, karolayneacoelho@gmail.com,
2
Universidade Federal do Ceará, leticia.anaiv04@gmail.com,
3
Universidade Federal do Ceará lizasantosufc@gmail.com
931
Figura 1 – Mapa do município de Barbalha.
Para fins de organização, esse artigo será dividido da seguinte forma: uma
sub-seção de materiais e métodos, onde serão explicados metodologia utilizada e
procedimentos metodológicos; uma explicação sobre a divisão de bacias hidrográficas
no estado do Ceará, com enfoque na bacia do Jaguaribe e na sub-bacia do rio Salgado; a
apresentação dos resultados obtidos e discussão acerca dos mesmos; as considerações
finais e por último as referências utilizadas ao longo dessa pesquisa.
2 DESENVOLVIMENTO
932
O balanço hídrico é um método da Climatologia que utiliza os dados de
precipitação – P – e evapotranspiração potencial – ETP –, ambas as variáveis em mm.
Através desse método, representa-se o input e output dos recursos hídricos em um
determinado sistema. Para o input, levam-se em consideração todas as formas de
entrada de água, sendo a principal a precipitação. Em relação ao output, a principal
variável é a evapotranspiração potencial – maneira com que a água passa da superfície
para a atmosfera em forma de vapor.
Para o desenvolvimento dos gráficos de balanço hídrico foi utilizado um
modelo de planilha desenvolvida por Rolim, Sentelhas e Barbieri (1998). Através
do uso dos dados de precipitação e temperatura, foi possível a obtenção de gráficos
que apresentam os dados de excedente, deficiência, retirada e reposição hídrica do
solo, o extrato do balanço hídrico e a criação de um gráfico com a Capacidade de
Armazenamento (CAD) e Armazenamento Mensal (ARM) de água no solo, o que
demonstrou a importância de sua análise para entender outros aspectos de Barbalha.
Levando-se em consideração as características dos solos locais, utilizou-se uma CAD
média de 60 mm.
Já o climograma (BARBOSA, 2005 apud OLIVEIRA NETO; CARMO &
PERETTO) é um gráfico que possibilita a observação e análise do clima e distribuição
de precipitação anual em um determinado lugar. Utilizam-se, para sua elaboração, os
dados de precipitação e temperaturas médias mensais.
933
Figura 2 – Mapa da sub-bacia do rio Salgado.
934
2.3 Resultados e discussões
936
Figura 4 – Gráfico do extrato do balanço hídrico.
937
O gráfico do Balanço Hídrico Normal (Figura 5) demonstra dados da
precipitação (Prec), evapotranspiração potencial (ETP) e evapotranspiração real (ETR)
ao longo do ano no município de Barbalha. Comparando o gráfico anterior com esse,
torna-se visível que o período de excedente de água é o de maior precipitação na
região. A evapotranspiração potencial se mantém praticamente a mesma, isso por
Barbalha se localizar no estado do Ceará, próximo a Linha do Equador e, portanto,
sem apresentar muita variação em seu fotoperíodo. Já a evapotranspiração real, até
o mês de abril, apresenta praticamente os mesmos valores que a evapotranspiração
potencial, decaindo a partir de maio, mês em que se inicia o período de deficiência.
E importante ressaltar o papel da evapotranspiração nas atividades
desenvolvidas, como, por exemplo, a agricultura. Isso porque, consoante Ferreira
(1988), é através dela que podemos entender e determinar as necessidades e demandas
hídricas das plantas.
938
Figura 7 – Gráfico de capacidade de armazenamento e armazenamento mensal.
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
4 REFERÊNCIAS
RIBEIRO, Simone Cardoso; LIMA, Flavia Jorge de; MARÇAL, Mônica dos Santos.
O enquadramento paisagístico como contribuição aos estudos da sub-bacia do rio
Salgado/CE: do domínio morfoestrutural aos geossistemas. Revista de Geografia.
Recife: UFPE - DCG/NAPA, v. especial VIII SINAGEO, n. 2, set. 2010. Disponível
em: <https://periodicos.ufpe.br/revistas/revistageografia/article/view/228887>.
Acesso em: 10 jul. 2019.
940
ROLIM, G.S.; SENTELHAS, P.C.; BARBIERI, V. Planilhas no ambiente EXCEL TM para
os cálculos de balanços hídricos: normal, sequencial, de cultura e de produtividade
real e potencial. Revista Brasileira de Agrometeorologia, Santa Maria, v. 6, n.1, p. 133-
137, 1998.
941
IMPACTOS PROVOCADOS PELA CONSTRUÇÃO DE HIDROELÉTRICAS.
DESTERRO, DIVISÃO E PEREGRINAÇÃO DE UM POVO INDÍGENA. OS
TUXÁS DA BAHIA / BRASIL.
1. INTRODUÇÃO
2. DESENVOLVIMENTO
O povo Tuxá a mais de 35 anos habitou 30 ilhas que existiam pelo Sub-médio
São Francisco, entre Chorrochó (Barra do Tarrachil) e o Rio Pajeú. Após a construção da
Barragem de Itaparica (1988), atualmente chamada de UHE Luiz Gonzaga, estas foram
submersas pelas águas do Rio São Francisco. A construção da barragem iniciou-se por
943
volta de 1977 reassentando os indígenas em 1985 e 1986 principalmente à margem das
cidades baianas (Rodelas e Ibotirama) (SANTOS, 2014).
A inundação do território Tuxá, afirma-se, provocou a perda das seguintes
Ilhas: ilha do Peixinho, ilha do Sabonete, ilha Cambaingá, ilha do Cupim, ilha Tucun,
ilha da Porta, ilha da Cobra, ilha do Rodrigues, ilha do Coité, ilha de Surubabel, ilha do
Coitezinho, ilha do Fubá, ilha do Serrote, ilha do Urubu e a mais importante a Viúva.
Segundo estudos, afirma-se que o território que compunha a terra original dos índios
Tuxá correspondia a uma área aproximada de 1.600 hectares (OB. CIT.).
A construção da Hidrelétrica de Itaparica é um acontecimento crucial para
entender a atual conjuntura dos Tuxá. A obra empreendida pela Companhia
Hidroelétrica do São Francisco (CHESF), modificou drasticamente a paisagem local
e o modo de vida daquele povo, que se dedicaram inicialmente à pesca e agricultura,
atividade que segundo eles hoje diminuiu consideravelmente, provocando fome e
miséria em algumas famílias indígenas. No entanto, afirma-se que este fato provocou
algo ainda muito mais importante, o afastamento de seus ancestrais e território
religioso, valores étnicos e simbólicos que se encontravam na sua principal ilha, a
Viúva, também chamada como a ilha mãe.
2.3. Impactos causados sobre a população indígena Tuxá pela perda de território
após a construção de Itaparica e a relocação forçada
“...Olha o povo Tuxá ele sofreu um primeiro impacto da contusão da barragem de Itaparica no ano
86, quando metade do povo foi removido de Rodelas, que era sua terra de origem, para Ibotirama, lá
no Oeste da Bahia (...) Tudo deixamos lá, tudo, casas, as casas foram demolidas, o cemitério os restos
mortais foram tirados e colocados aqui. Ai tudo o que tinha lá ficou atrás, tudo, as lembranças, as
saudades... tudo ficou lá. (...) Ave Maria eram muito boa aquela terra, eu vou chorar de saudade...,
até hoje choro, ninguém passava fome, a safra era muito boa, tinha tanta coisa lá que você ficava
doido, manga, acerola, tudo que você imaginar. Eram carradas e carradas de produtos para Salvador,
Aracajú, Ibotirama e outras cidades, agora aqui que temos, só um pé de manga na Praça (...) A gente
precisa da terra para sobreviver, índio sem-terra não é índio, as crianças precisam disso, hoje não
temos espaço para produzir ne para nós reproduzir ou as crianças consolidar suas moradias quando
casarem…”
944
século XX, mostraram a importante vinculação entre memória, identidade e espaço,
sendo que a imagem do meio exterior e as relações estáveis que mantem com este
entorno passam ao primeiro plano nas ideias que o grupo formula de si mesmo. Esta
imagem impregnaria todos os elementos de sua consciência, tornando-se fundamental
na moderação e regulação da sua evolução.
O povo Tuxá após ter sofrido o desterro total, afastou-se completamente de
seu território provocando a divisão étnica, perda de história e tradição que o valor
simbólico do território lhes brindava, mas fundamentalmente, afastaram-se de seu
espaço de interação cotidiana, fazendo que se mantenha dentro da comunidade um
sentimento de perda, pobreza e limitação de desenvolvimento. Estes aspectos podem
ser percebidos conversando com a população mais idosa da comunidade, pois eles
afirmam que até hoje, a mais de 30 anos da saída da sua terra, os sentimentos de
saudade e falta dela são comumente percebidos.
Outro aspecto que a perda do território provocou no povo foi a redução da
produção de alimentos, colocando em risco a sua segurança alimentar e de saúde.
Moradores da comunidade afirmam que devido à falta de território, o povo Tuxá,
em sua grande maioria, deixou de lado as práticas ancestrais de cultivo, caça e pesca
que lhes permitia manter uma alimentação adequada e saudável, obrigando-os na
atualidade a consumirem alimentos enlatados e serem dependentes das políticas de
subsídio que existem na região (cestas básicas).
Membros indígenas afirmam que antigamente sua dieta ou alimentação dependia
da produção que se tinha nas ilhas perdidas, onde adicionava-se proteínas através da
caça e pesca, atividades que hoje não são mais praticadas devido à abrupta redução
de animais no território, assim como à drástica diminuição de peixes antigamente
abundantes no Rio São Francisco.
“...Então eu lembro que minha avó falava que meu avô quando voltava do trabalho ia pescar a
janta, ia pescar e sempre pegava. Então tinha-se certeza que a janta ia chegar, que ia comer algo.
Nunca se passou fome naqueles tempos, você tinha a mandioca, batata, tinha aqueles estoques para
se alimentar e só pegava o peixe, ai tinha o refeitório completo. Hoje você sai para pegar algo no rio
e não consegue, já não tem mais como você confiar no que o rio pode lhe brindar, tem que sair para
trabalhar e comprar (...). A gente vive ainda de pesca (...) hoje você vai para o rio para tentar pescar
e não pega nada, isso é preocupante, o rio não dá mais o que antigamente ele nos dava. Meu Marido
saiu três, quatro vezes já para tentar pescar, pegou 2/3 peixes ficando lá o dia todo. O peixe tem gosto
diferente e fede também, é diferente, tem peixe ainda, quando chove mais, só quando chove e também
a água sai preta ou os peixes morrem...”
945
“... tem crianças que dá dor de barriga, passa mal quando consome água sim, e quando muitas
vezes vão tomar banho no rio, lá, quem toma banho lá, depois fica doente…. Muita diarreia, muita
hepatite, muitas coisas acontecem por conta da água...”
Esta problemática agrava-se ainda mais em época de seca, pois o volume das
águas nos reservatórios da cidade diminui consideravelmente aumentando a toxicida-
de da água. Os moradores de Rodelas, afirmam que devido as secas prolongadas que
vem sentindo já há sete anos, os casos das doenças e déficit hídrico, em relação à qua-
lidade da água, vem afetando ano após ano a saúde indígena e da população urbana,
agravando-se a problemática gradualmente.
Neste sentido, tendo visto a situação pela qual atravessa o povo indígena Tuxá,
por um lado temos que pensar em ações que diminuam a vulnerabilidade da população
indígena frente aos efeitos das mudanças climáticas que, segundo estudos, se prevê
uma redução ainda maior na disponibilidade hídrica da região, comprometendo ainda
mais a produtividade e saúde da população. Por outro lado, precisamos repensar
nos procedimentos de deslocamento e reassentamento populacional ao momento de
impulsar e estabelecer a construção de hidrelétricas, devido que os efeitos, como foram
observados, em muitos casos são devastadores, pois colocam em risco a historicidade,
a identidade, mas sobre tudo, a saúde física e mental dos afetados.
3. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O povo Tuxá após sair de suas terras testemunhou uma quebra sociocultural
devido à miscigenação de seus membros com população não indígena das cidades
próximas, assim como pelo afastamento das práticas culturais ancestrais como, por
exemplo, a realização de seus rituais isolados, onde os cantos e o fumo do cachimbo os
aproximavam a suas divindades, assim como do cultivo, a caça e a pesca, levando-os
a assumir gastos que antigamente não tinham ao momento de se alimentar.
Nas terras perdidas por conta da construção da Usina Hidroelétrica de Luiz
Gonzaga, podiam ser cultivados aproximadamente 100 hectares férteis, produzindo
ano após ano, arroz, cebola, árvores frutíferas e hortaliças, como também, consumir a
carne de pecuária doméstica ou dispor de peixe diretamente extraído do São Francisco.
Na atualidade, segundo dados da Coordenação Técnica Local da FUNAI em Rodelas-
BA, das 490 famílias que moram na cidade, mais de 70% (424 famílias especificamente)
recebem benefícios do programa Bolsa Família e uma cesta básica trimestralmente
subministrada pela Companhia Nacional de Abastecimento - CONAB (FUNAI,
2018), evidenciando-se a existência de famílias em situação de pobreza pelas baixas
oportunidades de geração de renda e falta de terra para produção.
A falta de território ou consequentemente sua perda leva, como foi observado,
à diminuição de oportunidades e desenvolvimento social, pois se anula opções de
oferecer aos moradores ou habitantes de uma determinada região a contarem com
as condições apropriadas de “estabilidade” necessárias para avançar de maneira
efetiva no aproveitamento integral de suas capacidades.
Portanto, observa-se em Rodelas uma almejada delimitação do território Tuxá,
situação que, segundo eles, permitiria reconstruir parte de sua história e promover o
retorno àqueles tempos em que o cultivo no território lhes trazia abundância e lhes
permitia ter assegurada uma boa alimentação.
946
4. Agradecimentos
5. REFERENCIAS
HALBWACHS, M. (1979). La mémoire collective. Paris; Albin Michel, 1979 [ed. original
1950].
SIMMEL, G. (1979). A metrópole e a vida mental. In: VELHO, Otávio Guilherme. (org.).
O fenômeno urbano. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 1979. p. 13-28.
WEIST, K. M. (1995). Development refugees: Africans, Indians and the big dams.
Journal of Refugee Studies, 8 (2), pp. 163-184. Cited 6 times.DOI: 10.1093/jrs/8.2.163
948
A IMPORTANCIA DO ESTUDO DA SUB-BACIA HIDROGRÁFICA DO RIACHO
GABRIEL PARA A ANÁLISE DO USO E OCUPAÇÃO NO DISTRITO DE JUÁ
IRAUÇUBA-CE
1 INTRODUÇÃO
O presente artigo trata-se de uma análise do uso e ocupação partindo dos estudos
sistêmicos da sub-bacia hidrográfica do riacho Gabriel. Entendendo a magnitude do
estudo sistêmico a partir da bacia hidrográfica como unidade principal de análise
integrando assim os componentes geoambientais tais como clima, vegetação e solo
com o intuito de apontar as potencialidades e limitações diante do uso e ocupação
históricos do solo.
Frequentemente as bacias hidrográficas destacam-se como unidades
físicoterritorias onde viabilizam ações de planejamento e gestão ambiental, priorizando
sobretudo a preservação de recursos naturais e o desenvolvimento econômico. Nas
regiões semiáridas, as bacias hidrográficas se destacam como ferramentas que visam
a implementação de ações com o intuito de amenizar a convivência com a seca,
exatamente como é o caso da área em estudo pois devido se tratar de uma sub-bacia
é uma área ocupada pela população que residem nas adjacências ,devido possuir
uma boa frequência de umidade torna-se propicio dentre outras tarefas a exploração
agrícola de subsistência.
Levando em consideração a ação antrópica predominante nessas áreas as
mesmas vem contribuindo para uma intensa fragilidade ambiental em todas as suas
unidades geossitêmicas acarretando uma aceleração do processo erosivo. Para Guerra
e Cunha (1996), as bacias hidrográficas integram uma visão conjunta das condições
naturais e das atividades humanas nelas desenvolvidas.
Priego e Cotler (2006) destacam que bacias hidrográficas proporcionam um
perfil adequado para a análise dos processos ambientais e requerem por sua vez uma
investigação detalhada, considerando as unidades geomorfológicas como: água, solo e
vegetação no qual devem ser abordados através de ferramentas e conceitos interativos.
1
UEVA jocilenelimma.16@gmail.com,
2
UEVA livanag10@gmail.com,
3
UEVA nayanebsousa@gmail.com
4
UEVA cleliarodrigues2015@gmail.com,
5
UEVA noelia5dinniz@gmail.com,
6
UEVA ernanecortez@hotmail.com.
949
Objetivando a colaboração e o planejamento de áreas tão degradadas este
estudo foi desenvolvido com o intuito de obter conhecimento sobre o uso e ocupação
da área em análise que se encontra tão degradada, isso devido principalmente a
pecuária extensiva, agricultura praticada com tecnologias muito rudimentares além
do extrativismo vegetal. Fatores esses que vem contribuindo gradativamente pelo mal
uso das áreas próximas a sub-bacia do riacho Gabriel.
Em todo caso o estudo a partir de uma análise da bacia hidrográfica, possibilita
entre outros aspectos identificar o estado que se encontra a bacia identificando as
unidades espaciais que a compõe além de verificar os principais uso e ocupação nos
diferentes espaços em torno da bacia, analisando o estado ambiental em que a mesma
se encontra. Na pesquisa em questão observa-se que não há compatibilidade entre o
uso e ocupação da terra com as condições de solos e da biodiversidade presentes na
área em torno da sub-bacia do riacho Gabriel no distrito de Juá em Irauçuba-ce.
2 DESENVOLVIMENTO
950
Figura 1: Mapa de Localização da sub-bacia hidrográfica do riacho Gabriel
(A) (B)
952
chuvas bastantes irregulares com antecipações, retardamento ou até mesmo ausências
total delas apresentando assim condições de seca. Lima (2012) propõe que o principal
sistema atmosférico atuante nas condições climáticas do Ceará é a zona de convergência
intertropical (ZCIT), nesta zona acontecem chuvas que correspondem ao verão-outono
do hemisfério sul.
No distrito de Júa ( Irauçuba) onde a sub- bacia do riacho Gabriel está inserida,
com base nas unidades geológicas encontradas verifica-se áreas com cobertura vegetal
não ativa isso devido a dois principais fatores : a agricultura de subsistência sem
técnicas de manejo e a criação de gado na qual se alimentam da vegetação mais alta e
os caprinos da vegetação mais baixa retirando a raiz o que vai acarretar a compactação
do solo impossibilitando a filtração de água no solo, tornando-o um solo infértil
desenvolvendo assim, um relevo rochoso com solos rasos ou seja vai se tornando um
ambiente vulnerável ao uso e ocupação.
Outro aspecto plausível partindo do estudo dos sistemas ambientais presentes
na sub-bacia é o desmatamento desordenado o que vem acarretando sérios danos
a região, chegando até a possuir áreas nas proximidades do Riacho Gabriel que se
encontram em processo de desertificação sendo caracterizado por um processo de
degradação dos solos, infelizmente é um grave problema que assola todo o semiárido
do Nordeste Brasileiro. Vale lembrar que regiões que sofre com a retirada da cobertura
vegetal e a criação de animais acima do permitido estão mais propicias a sofrerem
com esse processo de desertificação o que mais uma vez salienta-se a importância
do estudo dos sistemas ambientais partindo da análise das bacias hidrográficas para
evitar processos como este citado acima.
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
954
naturais com destaque aos biológicos :água, solo e vegetação. Conservar a vegetação
local e propor a reposição da mata desmatada, associada a projetos de educação
ambiental que vise diminuir o desmatamento ocasionado pela prática agrícola
inadequada auxiliando na proteção e uso dos recursos hídricos. Dentre esses e outros
fatores que se torna indispensável o estudo sistêmico com base nas bacias hidrográficas.
4. REFERENCIAS
LIMA.E.C Análise e manejo geoambiental das nascentes do alto rio Acaraú: Serra
das Matas-CE. Fortaleza, 2004. 178 f. Dissertação (Mestrado Acadêmico em Geografia)
- Centro de Ciências e Tecnologia da Universidade Estadual do Ceará. UECE
955
O USO CORPORATIVO DO TERRITÓRIO DE MARABÁ-PA E OS DESEQUILÍBRIOS
NA BACIA DO RIO TOCANTINS
1 INTRODUÇÃO
2 DESENVOLVIMENTO
958
Historicamente, a ocupação ribeirinha e a fundação de cidades foram
progressivas, e acompanhou os ciclos econômicos. Em meados do século 17, o padre
Antônio Vieira, Visitador-Geral das Missões dos Estados do Pará e Maranhão,
explorou o rio Tocantins, estabeleceu núcleos missionários e criou a entidade “região
amazônica” (DROULERS, 2017). Esse contexto evidencia o fato de que grande parte
desses aglomerados, vilas, povoados e cidades amazônicas apresentarem íntima
relação e interação funcional e simbólico-cultural com a floresta e com os rios (LIMA,
2016), conforme representado pela Figura 1.
959
2.3 Políticas ambientais e gestão dos recursos hídricos no Estado do Pará e em
Marabá
960
ocorridas na região amazônica revelam que não se trata mais de ocupar o território,
pois este já está ocupado, deseja-se que as florestas existentes sejam mantidas com
suas relativas populações e as políticas públicas sejam voltadas para a consolidação do
desenvolvimento esperado atualmente por todos os grupos sociais.
A legitimidade de escolhas de políticas públicas ocorre pela pactuação entre
as partes: o governo como produtor de políticas e a sociedade civil, como receptora e
questionadora (AYRES, TONELLA, 2018). Para os autores, a legitimidade das decisões
políticas decorre de procedimentos dos quais participam aqueles que possivelmente
serão afetados por elas. Uma boa deliberação caminha em direção ao consenso,
minimizando ou suprimindo os elementos de conflitos existentes.
961
Figura 2: Registro da apreensão e incineração de 530m de redes de pesca no Rio
Tocantins.
962
Figura 3: Apreensão de 280kg de peixes na Feira da 28 e Feira da Laranjeira.
963
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERENCIAS
964
BORGO, J. D. H. Diagnóstico do uso socioeconômico e ambiental do Rio Tocantins
em Marabá – Pará. Trabalho de Conclusão de Curso apresentado a Faculdade de
Ciências Agrárias de Marabá, da Universidade Federal do Pará – Campus Universitário
de Marabá. Marabá – PA. 2011. 144p.
966
ANÁLISE DAS MUDANÇAS NO PADRÃO DE DRENAGEM NO SETOR JUSANTE DA
BACIA HIDROGRÁFICA DO QUARENTA
1 INTRODUÇÃO
1
Universidade Federal do Amazonas (UFAM) - wm.wesleymaia.13@gmail.com
2
Universidade Federal do Amazonas (UFAM) - adorea27@yahoo.com
967
Para as mudanças do padrão de drenagem, o estudo consistiu em análise
temporal de imagens de satélite do Google Earth e o uso de suas ferramentas. A fim
de aplicar estudos e retratar as mudanças, fez-se o uso de programas, como Qgis 3.6.0.
Para a interpretação das análises, a pesquisa baseou em levantamento biográfico,
especificamente em estudos de Christofoletti (1980; 1981).
2 ÁREA DE ESTUDO
A área de estudo está localizada na foz da bacia do Quarenta, sendo esse trecho
também conhecido como bacia do Educandos (Fig. 1), situa-se na Zona Sul da cidade
de Manaus, sendo afluente esquerdo do Rio Negro.
968
Figura 02: Mudanças no baixo setor do percurso do canal principal.
Figura 4: Análise do Meandro em 2011 e 2018. (A) Análise em 2011; Figura. (B)
Análise em 2018.
970
Diante disso, se definiu conhecer o grau de sinuosidade especifico desse percurso,
para isso, foram aplicadas medidas no leito de vazante do canal, utilizando como
base estudos de Christofoletti (1981). Para a análise de sinuosidade foi estabelecido o
intervalo entre os anos de 2011 e 2018 (Fig. 5).
Figura 5: Análise de sinuosidade do baixo setor nos anos de 2011 e 2018. (A) Índice
de sinuosidade em 2011. (B) Índice de sinuosidade em 2018.
971
Ao longo dos anos estudados, verificou-se o fluxo das águas das águas, que ao
entrar em atrito com as estruturas edificadas para construção da avenida Lourenço
Braga, provocou movimento de massa nas margens. As fundações da avenida estão
expostas e vulneráveis a desmoronamentos, o que pode causar abalo ao monumento
histórico local. No período de vazante, foi possível perceber que a faixa do point bar
inflexiona no sentido da margem oposta (Fig. 5).
Vale ressaltar que, assim como a margem da avenida está sendo desmoronada
e erodida, a ponte do Educandos também evidencia resultados de impactos, como
fissuras e desgastes nas estruturas de fundação. Em maio de 2018, esta ponte foi
interditada por apresentar riscos, porém no mesmo mês o Tribunal de Justiça do
Amazonas (TJAM), voltou atrás com a decisão, liberando a ponte novamente para o
tráfego.
Os meandros formados pelos rios não são, por assim dizer, “caprichos” da natureza. Eles se
formam porque o rio precisa dissipar a energia acumulada nos trechos de maior declive, a
montante. Quando adentra áreas de baixa declividade, suas águas meandram ou divagam,
sendo o processo de deposição o predominante (BOTELHO, 2011 p. 77).
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
972
6 REFERENCIAS
973
ANÁLISE ESPACIAL DA FRAGILIDADE AMBIENTAL NA BACIA DO CÓRREGO
DO CEDRO-PRESIDENTE PRUDENTE-SP
1 INTRODUÇÃO
1
Graduanda em Geografia pela faculdade de Ciências e Tecnologia – Universidade Estadual Paulista
“Júlio de Mesquita Filho”, campus de Presidente Prudente/São Paulo. E-mail: bia-umbelino@hotmail.
com
2
Graduanda em Geografia pela faculdade de Ciências e Tecnologia – Universidade Estadual Paulista
“Júlio de Mesquita Filho”, campus de Presidente Prudente/São Paulo. E-mail: beatrizacarmo@gmail.
com
3
Professor Doutor do departamento de Geografia da Faculdade de Ciências e Tecnologia – Universi-
dade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, campus de Presidente Prudente/São Paulo. E-mail:
paulo-cesar.rocha@unesp.br
974
Dessa maneira, pode-se ter uma noção de que com a devastação do meio
ambiente pelo homem e o uso das bacias hidrográficas altera também os fluxos de
matéria e energia entre os organismos e o meio, que obedecem às leis termodinâmicas.
A história do processo de ocupação do território brasileiro tem demonstrado
que a terra sempre foi utilizada de modo intensivo e numa visão imediatista, até o
limite de sua potencialidade (CASSETI, 1991). Desse modo, a apropriação do relevo
e rede de drenagem de bacia hidrográfica possui como consequências negativas
para a sociedade assim como para o ambiente o desmatamento seguido do manejo
inadequado do solo, fazendo com que dificilmente sua biodiversidade seja recuperada
sozinha, aumentando a possibilidade de ocorrer poluição das águas, solos, atmosférica
e do lençol freático.
Segundo Ross,
Dessa forma, pode-se destacar que os impactos das atividades humanas sobre a
degradação da qualidade e no ciclo da água é resultado de muito tempo, principalmente
o grande avanço nesse sentido após a Revolução Industrial. Na área correspondente à
bacia do córrego do Cedro, município de Presidente Prudente, não foi diferente.
Partindo da preocupação com o meio ambiente, este estudo tem como principal
foco a análise do estado de fragilidade ambiental da bacia hidrográfica do Córrego do
Cedro.
2. DESENVOLVIMENTO
976
No trabalho de gabinete foram levantados dados através do software ArcGIS 10.5,
onde foi possível a obtenção de dados referentes aos tipos de solo presentes na bacia,
como também os tipos de uso e ocupação do solo, até mesmo dados de declividade e
curvatura (estes referentes exclusivamente ao relevo). Zanella et al. (2013) explana que
a utilização das geotecnologias, com ênfase nos SIG’s, tem demonstrado eficácia em
análises referentes às relações humanas sobre o meio físico e biológico, possibilitando
a aquisição de informações complementares sobre as influências mútuas.
978
Figura 3 – Mapa de declividade
Por meio da figura 3, é possível observar que as classes de vertente com maior
expressividade são as de 6 – 12 e posteriormente as de 3 – 6. É válido lembrar que
quanto maior a classe, maior é o índice de escoamento e dependendo da cobertura
vegetal ou de sua inexistência o índice irá aumentar ou até mesmo diminuir. Desta
forma a análise do uso e cobertura da terra possui grande relevância, como também
influência significativa na hora de estabelecer os índices de fragilidade ambiental.
A figura 4 é fruto da correlação entre os dados de declividade e curvatura. A
partir deste foi possível chegar aos dados referentes à fragilidade do relevo, que é
fundamental para a geração do mapa síntese de fragilidade ambiental. Para tanto, no
mapa apresentado a seguir, é possível ver a espacialização dos índices de fragilidade
do relevo na área. O índice para a fragilidade do relevo se divide em quatro; Fraco,
Médio, Alta e Muito Alta (a muito baixa não foi encontrada).
979
Na figura acima, referente a fragilidade do relevo, é possível observar que há
áreas com índice mediano à fragilidade, como também áreas com alta fragilidade. Essa
situação vai de encontro especificamente com a fragilidade dos solos, as áreas com
esses índices (médio e alto), possuem solos rasos desenvolvidos e solos desenvolvidos
já curvatura do terreno são de convexas a côncavas, em decorrência da declividade que
é relativamente alta nesses locais. Assim, pode-se dizer que esse quadro ocorre pelas
características do relevo e solo, desconsiderando, neste caso, os diferentes usos do solo
que influenciam diretamente no cenário e que podem ou não serem encontrados no
local.
O gráfico 1 representa os dados quantitativos extraídos por meio do software,
ArcGIS 10.5. Tais dados são referentes a expressividade dos índices encontrados na
área e ajudam a melhor visualizar o panorama em que se encontra a bacia hidrográfica
estudada.
980
Figura 5 – Mapa com os tipos de solo
981
Figura 6 – Mapa de fragilidade ambiental
Neste mapa, figura 6, houve uma pequena diferenciação quanto ao que foi
exposto no mapa de fragilidade do relevo, áreas que possuíam locais com índices muito
alto, passou a ser alta, como também áreas onde se tinham índices muito alto, passou a
ser fraco. Além disso, os níveis encontrados com maior expressividade são os médios
e altos. As áreas onde esses estão o uso do solo predominante é a pastagem, o que
deixa o solo mais exposto e favorece no escoamento superficial e consequentemente o
surgimento de erosões.
982
Como observado no gráfico, o índice de maior incidência é o médio seguido
pelo alto, desta forma tornando a análise do mapa mais precisa.
A figura 7 traz representado e espacializado os diferentes tipos de uso do solo, os
quais foram divididos em: área urbanizada, cultura temporária, pastagem, silvicultura,
campestre, corpos d’água e florestal. É imprescindível destacar a importância da figura
7, uso e ocupação do solo, que fornece uma melhor análise da área estudada.
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
4 REFERÊNCIAS
CASSETI, V., 1991. Ambiente e Apropriação do Relevo. São Paulo: Editora Contexto.
CERVO, A.; BERVIAN, P. Metodologia científica: para uso dos estudantes universitários.
São Paulo: Editora McGraw-Hill, 1974.
LEONIDIO, A., 2009. Violências fundadoras: o Pontal do Paranapanema entre 1850 e 1930.
Ambient. soc. vol.12 no.1 Campinas Jan./June.
984
ROSS, J. L. S. Ecogeografia do Brasil: Subsídios para Planejamento Ambiental. São Paulo:
Oficina de Textos, 2009
985
ÁGUA EM AMBIENTE URBANO: ESCOAMENTO SUPERFICIAL E SUB-SUPERFICIAL
NA SUB-BACIA DO IGARAPÉ DOS FRANCESES
1 INTRODUÇÃO
987
Figura 2 - Mapa de delimitação da área de estudo por bairros
988
Tabela 1 – Aumento de área imperméavel
P = Es + In (1)
989
Onde:
P = precipitação;
Es = escoamento superficial;
In = infiltração.
Vin = Vp – Ve (2)
Onde:
990
Devido à disponibilidade de dados no ano de estudo de 2008, adaptou-se esse
ano de estudo para o ano de 2010, visto que a preferência era utilizar dados da mesma
estação meteorológica em que saíram os resultados de escoamento superficial.
Os volumes precipitado e escoado na sub-bacia foram determinados através
das Equações 3 e 4.
Vp = Pma . A (3)
Ve = C . Vp (4)
Onde:
991
Tabela 5 – Quantitativo de poços na sub-bacia Igarapé dos Franceses
Quantitativo de poços
Total nos Total na Bombeando (sub-bacia) Sem dados de
Bairros Sub-bacia 2010 2016 vazão
410 134 44 83 32
992
Gráfico 1 - Vazões de poços bombeando após estabilização por tipo de uso nos anos
de estudos
993
Gráfico 3 - Porcentagem de poços dentro da sub-bacia por tipos de uso
de água em 2016 (83 poços)
994
infiltrada em unidade de tempo (hora), para ser comparado com a vazão explotada. O
resultado encontra-se na Tabela 6.
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
4 REFERENCIAS
995
BARBOSA, C.; MATTOS, A. Conceitos E Diretrizes Para Recarga Artificial De
Aquíferos. In: XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ÁGUAS SUBTERRÂNEAS, 15.,
2008, São Paulo.
FREEZE, C. Águas Subterrâneas. Instituto Água Sustentável. 698 p. São Paulo (SP),
Everton de Oliveira, 2017.
G1. Obras em cratera na Av. Torquato Tapajós terminam nesta sexta (6), em Manaus.
Disponível em:<https://g1.globo.com/am/amazonas/noticia/obras-em-cratera-na-
av-torquato-tapajos-terminam-nesta-sexta-6-em-manaus.ghtml>. Acesso em: 20 abril,
2018.
996
DENSIDADE DE ESTAÇÕES FLUVIOMÉTRICAS DA UGRHI 14 - ALTO
PARANAPANEMA SEGUNDO OS CRITÉRIOS DA ORGANIZAÇÃO MUNDIAL
DE METEREOLOGIA (OMM)
1 INTRODUÇÃO
1
Mestranda do PPGG-Mestrado Profissional, FCT/UNESP campus de Presidente Prudente, amanda.
rodrigues.c.bio@gmail.com
2
Mestrando do PPGG-Mestrado Profissional, FCT/UNESP campus de Presidente Prudente, danilo-
mauro@outlook.com
3
Mestranda do PPGG-Mestrado Profissional, FCT/UNESP, Presidente Prudente, Brasil, raquelcabrera-
gondim@gmail.com
4
Professor Assistente Dr. do Departamento de Geografia, FCT/UNESP, Presidente Prudente, Brasil,
pcrochag@gmail.com
997
Nesse sentido, o objetivo deste trabalho é avaliar a densidade de estações
fluviométricas existentes na UGRHI 14 - Alto Paranapanema (UGRHI-ALPA), de acordo
com a área de drenagem das UPH’s (Unidade de Planejamento Hídrico) presente na
UGH levando-se em conta a declividade predominante do local, segundo orientação
da OMM, bem como recomendar, conforme o resultado da análise, a instalação de
novas estações.
2 DESENVOLVIMENTO
2. 1 Área de estudo
998
Figura 1 - Localização da área de estudo
Fonte: Os autores
Para aplicar a classificação foi necessário utilizar a função ‘r. Reclass’, definindo-
se as regras necessárias para tanto, para isso, criou-se um arquivo de texto denominado
(classes declividade embrapa.txt), como o mostrado na figura 2, que serviu de parâmetro
para a reclassificação.
5
QGIS - Um Sistema de Informação Geográfica livre e aberto. Disponível em https://www.qgis.org/
pt_BR/site/
1000
Figura 2 - Arquivo de texto contendo as regras de reclassificação
Fonte: Os autores
1001
2.3 Resultados e Discussões
Fonte: Os autores
1002
Quadro 1- Estações fluviométricas cadastradas na UGRHI-14
Fonte: Os autores
1004
Figura 5 - Carta de Declividade
Fonte: Os autores
Quantidade Quantidade
UPH Área (em km²)
Recomendada Implantada
Sub-bacia 1 4091,10 ~3 4
Sub-bacia 2 3381,80 ~2 1
Sub-bacia 3 5881,70 ~4 5
Sub-bacia 4 9382,80 ~5 9
Total 14 19
Fonte: Os autores
1005
Observa-se que o número de estações fluviométricas implantadas na UGRHI
14 suplanta a quantidade mínima recomendada para a área total das sub-bacias que
compõem o Alto Paranapanema (quatorze estações), entretanto, a maior parte delas
está construída dentro dos limites das sub-bacia 4, sendo que a sub-bacia 2 não atinge
a quantidade sugerida.
Essa diferença pode ser atribuída, entre outros fatores, à classe e à importância
dos cursos d’água presentes ns Sub-bacia 4.
Outro problema encontrado se refere à confiabilidade dos dados apresentados
pelos órgãos públicos que detém a operação/supervisão das estações fluviométricas.
Mesmo após minuciosa pesquisa, não se pode apontar, ao menos com o mínimo
de confiança, quais estações estão operando normalmente e aquelas que já foram
desativadas, pois os dados são bastante inconsistentes e sem uma periódica atualização.
Dessa forma, é possível recomendar a implantação de novas estações
fluviométricas, na sub-bacia 2 no qual apresenta deficiência em relação as quantidades
mínimas recomendadas e em relação as outras bacias é possível recomendar uma
melhor distribuição destas ao longo da área de drenagem.
Além disso, faz-se extremamente importante a atualização dos dados
divulgados pela ANA e pelo DAEE, com relação ao funcionamento e operação das
estações fluviométricas e disponibilização dos dados coletados diariamente por elas.
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Agradecimentos
1006
de Pós-Graduação em Geografia, Mestrado Profissional, da Faculdade de Ciências e
Tecnologia/UNESP campus de Presidente Prudente.
4 REFERENCIAS
POFF, H.L., ALLAN, D., BAIN, M.B., KARR, J.R., PRESTEGAARD, K.L., RICHTER,
B.D., SPARKS, R.E., & STROMBERG, J.C. The natural flow regime: a paradigm for
river conservation and restoration. Bioscience, 1997, vol. 47, n. 11. p. 769-784.
1007
ROCHA, P.C.; ARAUJO, A. P de. O regime Hidrológico na Unidade de Gerenciamento
de Recursos Hídricos Paranapanema: variabilidade interanual e espacial. In DIAS,
L.C. BENINI, S.M. (Orgs). Estudos ambientais aplicados em bacias hidrográficas. 2ª
ed. Tupã-SP: ANAP, 2016. cap. 11, p. 205-218.
1008
CARACTERÍSTICAS AMBIENTAIS E DINÂMICA FLUVIAL NA BACIA HIDROGRÁFICA
DO RIO BUGRES – MATO GROSSO
1 INTRODUÇÃO
1
Rede publica estadual- eafeliks@gmail.com
2
Curso de Geografia, Universidade do Estado de Mato Grosso – celiaalvesgeo@globo.com
3
Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” – UNESP – gustavogeociencias@hotmail.
com
1009
Na região sudoeste de Mato Grosso, a bacia hidrográfica do Alto rio Paraguai
configura importante sistema hidrográfico (SOUZA, 2004; AVELINO-MIRANDOLA,
2006). Sobretudo, do ponto de vista ambiental pois, contribui diretamente para a
dinâmica do Pantanal mato-grossense. Desse modo, o conhecimento sobre seus
rios, e respectivas bacias hidrográficas, torna-se fundamental para o planejamento e
gerenciamento, o que inclui as características ambientais em suas interações. Nesse
sentido, o presente estudo teve por objetivo analisar aspectos físicos e morfológicos,
bem como a morfometria e dinâmica fluvial, na bacia hidrográfica do rio Bugres,
afluente pela margem direita do sistema Cabaçal-Paraguai.
2 DESENVOLVIMENTO
A aquisição das bases de dados e MDE (Modelo Digital de Elevação) foi por
meio de dados oficiais em arquivos shapefile do Serviço Geológico Nacional (CPRM),
Secretaria Estadual de Planejamento (SEPLAN-MT), Instituto de Manejo e Certificação
Florestal e Agrícola (Imaflora), Instituto SOS Pantanal, WWF- Brasil e INPE - Instituto
Nacional de Pesquisas Espaciais.
A base de dados do Serviço Geológico Nacional (CPRM) na escala 1:1.000.000
(CPRM) compôs os Mapas das Unidades geológicas, geomorfológicas e sistema de
aquíferos. Os dados da Secretaria Estadual de Planejamento – SEPLAN-MT (2001)
compuseram os Mapas das Unidades pedológicas na escala de 1:250.000. As bases
cartográficas de Unidades Geomorfológicas (CPRM), Hipsometria (MDE- Modelo
Digital de Elevação) e Unidades Climáticas (SEPLAN-MT). A comparação das bases de
dados foi realizada com auxílio do software ArcGIS® versão 10.3. O mapa da sub-bacia
hidrográfica do rio Bugres foi gerado automaticamente na ferramenta “ArcHydro” do
ArcGIS®. Uma vez delimitada, foram definidas 3 seções transversais para a análise da
dinâmica fluvial.
2.1.1.1. Morfometria
1010
comprimento total dos canais, número total de canais, comprimento do canal principal
(Km); A hierarquia fluvial foi obtida conforme os critérios estabelecidos por Strahler
(1957).
Para processo de quantificação das frações de areia, silte e argila, foi utilizado o
processo da pipetagem (dispersão total) (EMBRAPA, 1997), utilizando-se amostras de
20 g de sedimentos, mantidas por 12 horas em contato com a solução do dispersante
químico (NaOH 0,1 M.L-1), seguido de agitadas em alta rotação (12.000 rpm) por 15
minutos. A obtenção da fração de argila usou o método da pipeta, que consiste em
pipetar um volume da suspensão seguida de secagem em estufa.
1011
2.2. RESULTADOS E DISCUSSÕES
1013
O domínio das colinas amplas e suaves ocorre de NO a SE e compreende uma
área de 620,95 km². Estendendo-se de alto a baixo curso da bacia, compõe o divisor
topográfico da bacia hidrográfica do rio Cabaçal e Jauru. Integra também as sequências
vulcânicas komatiítica, associadas a talco-xistos, anfibolitos, cherts, formações ferríferas
e metaultrabasitos.
1014
Figura 3. Sub-bacia do rio Bugres: subunidades do clima.
1015
Figura 4. Sub-bacia do rio Bugres: unidades pedológicas.
1016
A análise linear mostra que a sub-bacia dispõe de gradiente de canais de 5,60% de
declive, com índice de sinuosidade de 1,66. Este valor próximo a padrão retilíneo pode
estar relacionado ao substrato geológico de origem ígnea com sistema de faturamento
variável, entre zonas de cisalhamento e formações intensamente fraturadas (batólitos
e tonaliços) que influenciam a orientação da drenagem nos vales.
Os dados de área representados pelo fator de forma de 0,26, índice de
circularidade de 0,12 e índice de compacidade de 2,37 revelam uma sub-bacia não
propensa a inundação, por apresentar formato alongado que, associado ao gradiente
de canais, lhe confere um sistema de escoamento eficiente, reduzindo o tempo de
concentração das águas superficiais em condições normais e anormais de precipitação.
1017
Figura 6. Sub-bacia do rio Bugre: declividade e elevação.
1018
por pastagem, em que o gado acessa a água do rio. Aspecto comum nos domínios da
sub-bacia, uma vez que a pecuária ocupa quase que a totalidade das áreas (83,052%),
elementos de uso que potencializa o escoamento superficial, comprometendo ainda
mais as taxas de recarga do sistema de aquífero naturalmente de baixa disponibilidade
hídrica.
Na seção II no médio curso, o rio Bugres apresentou vazão de 96,03 m³/s
no período de cheia e de 21,00 m³/s na vazante, uma queda de 78% na vazão. A
Concentração de Sólido Suspenso de 160 mg/l¹ nos dois períodos. A carga suspensa
foi de 1.327,52 ton/dia no período chuvoso e 290,30 ton/dia na estiagem. Entre os
sedimentos de fundo nos dois períodos, predominou areia fina, acima de 80 %.
A seção III apresentou vazão de 61,64 m³/s no período de cheia, enquanto que,
na vazante, decresceu para 13 m³/s, uma queda de 79 % da vazão entre os períodos. As
concentrações de Cssi foram de 230 mg/l¹ no período chuvoso e 70 mg/l¹ na vazante,
com descarga sólida suspensa de 1.224,30 ton/dia, e 78,62 ton/dia respectivamente. Os
sedimentos de fundo no período chuvoso apresentaram oscilação de areia média, fina
e silte. Na estiagem houve aumento da concentração de sedimentos mais grosseiros,
com distribuição entre areia média e fina. No trecho representado pela seção III, o rio
possui áreas de preservação permanente em ambas as margens, com predomínio de
vegetação nativa.
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
4 REFERENCIAS
1020
MENONCELLO, K. D. Proveniência e exumação da formação jauru: evidências
com base em dados u-pb em zircões detríticos e traços de fissão em zircão. 2016.
Dissertação (Mestrado) - Universidade Federal de Mato Grosso. Cuiabá, p. 62. 2016.
1021
COMPARAÇÃO DE PARÂMETROS FÍSICO-QUÍMICOS ENTRE ÁGUAS DA
MICROBACIA DO MINDU E IGARAPÉS SOB INFLUÊNCIA ANTRÓPICA NA
CIDADE DE MANAUS-AM
1. INTRODUÇÃO
2. DESENVOLVIMENTO
2. 1 Metodologia
1024
As amostras foram coletadas em 3 períodos, em julho e outubro de 2017 no
período seco ou de poucas chuvas em Manaus-AM, e janeiro de 2018 no período
chuvoso. Foram coletadas amostras em garrafas de polietileno de 0,5 L para análise
de nitrogênio amoniacal com metodologia descrita em APHA 4500-NH3 D/1997 -
Ammonia-Selective Electrode Method, e realizada em laboratório no equipamento
Metrohm 781 pH/Ion meter. As análises de pH, condutividade elétrica e oxigênio
dissolvido foram realizadas em campo com o auxílio do equipamento Multiparâmetro
HANNA HI 98194 conforme Figura 3.
1025
Tabela 1 - Representação dos parâmetros físico-químicos e respectivas metodologias.
1026
Figura 5 – Derrubada de árvores e assoreamento foram identificados na coleta do mês
de janeiro de 2018 no ponto de amostragem do conjunto Petros.
Verificou-se através dos resultados obtidos por Melo et al. (2005) que o pH
nas nascentes apresentou características ácidas com média de 3,2 a 5,6. Na avaliação
de Melo et al. (2005) de áreas impactadas por fontes antrópicas no conjunto Petros e
Parque Municipal do Mindu, o pH apresentou oscilação para valores de até 7,2. Nas
1027
médias da condutividade elétrica de Melo et al. (2005) as faixas obtidas foram de até
267 uS.cm-1.
O parâmetro condutividade elétrica para este estudo conforme gráfico na Figura
6 (à direita), os menores valores foram encontrados no ponto de amostragem saída
nascentes do Mindu, todavia os resultados de 50 até 100 uS.cm-1 já é um indicativo que
os resíduos sólidos e esgoto lançados nas águas já denota caso não haja preservação, o
inicio de comprometimento do trecho.
1028
Figura 7 – À esquerda gráfico do teor de oxigênio dissolvido e a direita gráfico do
parâmetro de nitrogênio amoniacal.
*características naturais (1); **moderada influência antrópica (2); ***forte influência antrópica (3).
Fonte: Autor, 2019.
Sob a ótica da classificação levantada por Pinto et al. (2009), vemos que os
menores resultados de pH foram obtidos para áreas de nascentes, principalmente as
localizadas em zona rural, em áreas de fragmentos florestais e de preservação por
decretos municipais como as Áreas de Preservação Permanente (APP). Os resultados
indicaram acidez das águas (pH<7,0), reforçado por Melo et al (2005) com pH entre
3,2 a 5,6, por Pinto et al (2009) com pH oscilando entre 4,8 a 6,9, por Elias e Silva (2001)
com pH entre 5,7 a 6,5, e também por este trabalho cujo pH obtido foi de até 6,7 para às
águas da saída das nascentes, o que condiz com a característica dos rios amazônicos e
tributários que possuem coloração de águas escuras, possuindo características ácidas
conforme descreve Walker (1995). Os resultados para a microbacia do Tarumã obtidos
por Melo et al. (2005) e por Souza Filho (2017), verificou-se que as águas apresentaram
pH de características ácidas (pH<7,0), baixa condutividade elétrica e altos teores de
oxigênio dissolvido, o que indica que as águas apresentam suas características naturais.
Em análise dos pontos que se encontram na zona urbana de Manaus e sob forte
influencia antrópica, haja visto problemas decorrentes de ausência de tratamento e
coleta de esgoto em diversos trechos, ocupação das margens dos igarapés, crescimento
populacional desordenado, lançamento de efluentes industriais sem fiscalização, além
da falta de sensibilização ambiental da população que lança seus resíduos sólidos
sobre as águas, vem a agravar o problema da poluição e contaminação destes trechos
urbanos. Os resultados indicam que houve alteração do pH para a faixa básica (pH>7,0),
alta condutividade elétrica, com Pinto et al. (2009) e Melo et al. (2005) constatando
respectivamente valores de até 593,0 uS.cm-1 e 267,0 uS.cm-1, além de verificar-se neste
trabalho valores médios de 250 uS.cm-1 até 423 uS.cm-1 obtidos em diversos pontos de
coleta e em meses distintos.
Avaliando os resultados para o parâmetro nitrogênio amoniacal verifica-se que
os resultados obtidos neste trabalho entre 1,14 mg.L-1 até 10,9 mg.L-1 assemelham-se
1030
aos obtidos por Pinto et al. (2009) que oscilaram entre 1,12 mg.L-1 até 9,25 mg.L-1, além
de estarem próximos aos de Elias e Silva (2001) cuja variação esteve 0,1 mg.L-1 até 8,0
mg.L-1.
3. CONSIDERAÇÕES FINAIS
4. REFERENCIAS
APHA. American Public Health Association. Standard methods for the examination of
water and wastewater, 21st ed. Washington, 2005.
EMERSON, K., R.C. RUSSO, R.E. LUND, AND R.V, THURSTON. Aqueous ammonia
equilibrium calculations: effect of pH and temperature. Journal of the Fisheries
Research Board of Canada. v.32, p.2379-2383, 1975.
FERREIRA, S.J.F.; MIRANDA, S.A.F.; SILVA, C.C; MARQUES FILHO, A.O. Efeito da
pressão antrópica sobre igarapés na Reserva Florestal Adolpho Ducke, área de floresta
na Amazônia Central. Acta Amazônica, v.42, n.4, p.533-540, 2012.
1032
SPERLING, M. V. Introdução à qualidade da água e ao tratamento de esgoto. Belo
Horizonte. Ed. DESA/UFMG, p. 452, 2005.
WALKER, I. Amazonian streams and small rivers. In:Tundisi, J. G., Bicudo, C. E. M.,
Matsumura-Tundisi, T.(Eds). Limnology in Brazil. Sociedade Brasileira de Limnologia/
Academia Brasileira de Ciência. p.167-193, 1995.
1033
FRAGILIDADEAMBIENTALPOTENCIALEEMERGENTENABACIAHIDROGRÁFICA
RIO ARICANDUVA, NO MUNCÍPIO DE SÃO PAULO/BR
1. INTRODUÇÃO
1035
2.1 FRAGILIDADE AMBIENTAL EMERGENTE E POTENCIAL
MAPA PEDOLÓGICO
1036
MAPA DE USO E COBERTURA DA TERRA
MAPA DE DECLIVIDADES
1037
MAPA DE ELEMENTOS DAS FORMAS DE RELEVO
Moroz-Caccia Gouveia & Ross (2019), nos alertam que a morfologia do relevo é
fator determinante para a identificação de Unidades de paisagem e para a análise das
dinâmicas relacionadas à erosão e demais processos naturais.
Seguindo a proposta apresentada pelos autores, o mapa de elementos de
rmas do relevo (Figura 5) foi elaborado a partir dos dados de provenientes do radar
SRTM através do aplicativo on-line (http://sil.uc.edu/geom/app) que s baseia na
metodologia dos geomorphons de Jasiewicz& Stepinski (2013).
FRAGILIDADE AMBIENTAL
1038
Figura 6: Produção de mapas de fragilidade
1039
A Figura 8 apresenta o gráfico de distribuição dos níveis de Fragilidade do
Relevo.
Observa-se que predominam o nível Médio e Alto, o que indica que o relevo
por si só já apresenta susceptibilidade à erosão. Observa-se também que 10% da bacia
hidrográfica apresenta áreas susceptíveis à inundação.
O Mapa de Fragilidade Potencial (Figura 9) é o resultado da correlação entre a
variável relevo (Mapa de Fragilidade do Relevo, e a variável solos, que representa o
diagnostico ambiental sem intervenção da ação antrópica, levando em consideração
somente os aspectos do meio físico.
O Mapa de Fragilidade Emergente (Figura 10) é o resultado da correlação entre
o Mapa de Fragilidade Potencial (com peso de 50%) e a variável uso e cobertura da
terra (com peso de 50%), representando assim o diagnóstico ambiental levando em
consideração diversos usos e cobertura da terra.
A Figura 11 apresenta uma comparação entre os níveis de Fragilidade Potencial
e Emergente.
1040
Figura 10: Mapa de Fragilidade Emergente
1041
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
4 REFERENCIAS
1042
IPT – INSTITUTO DE PESQUISAS TECNOLÓGICAS DO ESTADO DE SÃO PAULO.
Cadastramento de pontos de erosão e inundação no Estado de São Paulo, Relatório
Técnico 131.057– 205 Departamento de Águas e Energia Elétrica – DAEE, São Paulo,
2012.
1043
CARACTERIZAÇÃO FÍSICA E MORFOMÉTRICA DA BACIA HIDROGRÁFICA
DO RIO JARU/RO
1 INTRODUÇÃO
2. 1 Material e Métodos
O estudo foi realizado na bacia hidrográfica do rio Jaru (Figura 1), localizada na
região central do estado de Rondônia, entre os paralelos de 10° a 11°15’ de latitude sul
e os meridianos de 62° a 63°15’ de longitude oeste de Greenwich, tendo a nascente de
seu rio principal (JARU), dentro da terra indígena dos Uru-Eu-Waw-Waw, no Parque
Nacional Pacaás Novos, e seu exutório no encontro do rio Jaru com o rio Ji-Paraná/
Machado, perfazendo delimitações com as seguintes bacias hidrográficas: Alto rio
Jamari, Rio Machadinho, rio Urupá, Médio e Alto rio Machado.
A bacia do rio Jaru abrange uma área total de 7.257,54 km² e ocupa o território
de nove municípios: Jaru, Theobroma, Vale do Paraíso, Governador Jorge Teixeira,
estas com sede localizada dentro da bacia. Ainda com representatividade na bacia,
porém apenas com parcelas da área rural, fazem parte Mirante da Serra, Nova União,
Ouro Preto do Oeste, e ainda Cacaulândia e Ariquemes, porém estes dois últimos com
área inexpressível.
1045
Tabela 1. Temas dos mapas com suas respectivas fontes e datas de informação.
1046
A bacia do rio Jaru apresenta fator de forma de 0,33, coeficiente de compacidade
de 7,38 e índice de circularidade de 0,29, indicando que a mesma tem forma alongada
e não está sujeita a enchentes em condições normais de pluviosidade.
Resultados semelhantes foram encontrados nas microbacias dos rios D’Alincourt
(Rolim de Moura - RO), Bananeiras (Seringueiras - RO) e Conceição (São Francisco do
Guaporé - RO) (SILVA, 2017; JOHEM et al., 2017; SIQUEIRA et al., 2017), demonstrando
que essa é uma característica da região, influenciada pelo tipo de relevo predominante
no estado de Rondônia (CPRM, 2010).
A bacia do rio Jaru possui uma densidade de drenagem pobre, pois o índice
encontrado foi de 0,68 Km/Km2, bem semelhante aos índices encontrados de 0,79 km/
km2 para a bacia do Tarumã-Açu e 0,78 km/km2 e para a do Puraquequara, na região
de Manaus (COSTA et al, 2013).
Na figura 4 pode ser observado que na bacia do rio Jaru existem os seguintes tipos de
solos: Argissolos Vermelhos Amarelos distróficos, Argissolos Vermelhos eutróficos,
Latossolos Vermelho-Amarelo distróficos, Neossolos litólicos eutróficos, Neossolos
Quartzarenicos Orticos. De acordo com o Relatório final do Plano Estadual de Recursos
Hídricos do Estado de Rondônia (SEDAM, 2018), revela-se que estes tipos de solo tem
alta aptidão para produção agrícola e pastagens.
1048
2.2.5 Caracterização dos aquíferos
Assim como é importante ter dados dos recursos hídricos superficiais, com os
subterrâneos não é diferente, pois são importantes reservas, imprescindível para o
desenvolvimento de qualquer região. Conforme pode ser observado na figura 5, na
bacia do rio Jaru ocorre a predominância do Domínio Fraturado Norte, região com
rochas cristalinas / metamórficas (SEDAM, 2018).
O aproveitamento desses recursos hídricos ocorre a partir de poços tubulares de
até 150 m de profundidade; porém Morais (1998) recomenda que se faça a perfuração,
a uma profundidade máxima de 100 m, já que a grande maioria das “entradas” de
água está situada até essa profundidade.
Há dois poços cadastrados na bacia do rio Jaru (figura 5). Um localizado no
limite geográfico do município de Governador Jorge Teixeira, do tipo tubular, com 100
m de profundidade e vazão de 8,8m3/s, destinado para fins industriais, de propriedade
da empresa Laticínios Canaã LTDA. O segundo localizado no limite geográfico do
município de Vale do Paraíso do tipo tubular equipado, com 97 m de profundidade e
vazão de 36 m3/s, destinado para fins industriais, de propriedade da empresa Yolat
Indústria e Comércio de Laticínios LTDA. Figura 5 - Aquíferos e poços cadastrados no
SIAGAS dentro do limite geográfico da bacia rio Jaru.
1049
Figura 6 - Mapa dos principais uso e ocupação do solo na bacia do rio Jaru.
1050
Tabela 4 - Censo demográfico dos municípios localizados na bacia do rio Jaru.
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
4 AGRADECIMENTOS
5 REFERENCIAS
BOSSIO, D.; Geheb, K.; Critchley, W., Managing water by managing land: Addressing
land degradation to improve water productivity and rural livelihoods. Agricultural
Water Management, 2011. 97: 536-542
1052
CAZULA, L.P.; MIRANDOLA, P.H. Bacia hidrográfica - conceito e importância como
unidade de planejamento: um exemplo aplicado na bacia hidrográfica do Ribeirão
Lajeado/ SP - Brasil. Revista Eletrônica da Associação dos Geógrafos Brasileiros -
Seção Três Lagoas - MS, n.2, v.12, 2010. Disponível em: <http://seer.ufms.br/index.
php/RevAGB/article/viewFile/638/438>. Acesso em: 28 de setembro 2018.
ELESBON, A. A. A.; GUEDES, H.A.S.; SILVA, D.D.D.; OLIVEIRA, I.D.C. Uso de dados
SRTM e plataforma SIG na caracterização morfométrica da bacia hidrográfica do Braço
Norte do Rio São Mateus – Brasil. Revista Escola de Minas, Ouro Preto, v. 64, n.3,
p.281288, jul./set. 2011.
SEDAM, Relatório Final (RF) para a elaboração do Plano Estadual de Recusos Hídricos
(PERH) do Estado de Rondônia. 1. ed. Curitiba - PR: 1, 2018.
SIQUEIRA, A. S.; LA TORRE, J. J.; PARREIRA, C. F.; VENDRUSCOLO, J.; ROSA, D. M.;
CAVALHEIRO, W. C. S. Caracterização morfométrica na microbacia do rio Conceição,
Rondônia. I Encontro de Geotecnologia. 2017. 8 p.
1054
USO MÚLTIPLO DE BACIAS HIDROGRÁFICAS: DINÂMICA TERRITORIAL NA
BACIA DO RIO PEDREIRA, NO AMAPÁ
1 INTRODUÇÃO
6
Documento cartográfico disponível, para consulta, na mapoteca no Núcleo de Ordenamento Territo-
rial – NOT/IEPA.
7
Informação adquirida a partir de análises de dados espaciais (geodados), confeccionados em escala
cartográfica de 1:1000000, obtidos no NOT/IEAPA.
8
O Conceito de Amazônia Legal foi criado pela Lei 1.806, de 06 de janeiro de 1953 (criação da Superin-
tendência do Plano de Valorização Econômica da Amazônia – SPVEA), que incorporou, à Amazônia
Brasileira, partes dos Estados do Maranhão, Goiás e Mato Grosso. Com a criação desta lei, a Amazônia
Brasileira passou a ser chamada de Amazônia Legal. De 1953 a 2018 já surgiram vários dispositivos
legais que alteraram a circunscrição da Amazônia Legal. Hoje os estados brasileiros que a compõe são:
Acre, Amapá, Amazonas, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima, Tocantins e parte do Maranhão (oeste
do meridiano de 44º).
1057
Figura 1 – Mapa de localização da bacia hidrográfica do rio Pedreira
Fonte: Os autores (2019), elaborado com geodados do IBGE e do Projeto Base Cartográfica Digital
Contínua do Amapá, de autoria do Governo do Estado do Amapá e Exército Brasileiro. Todos os direitos
reservados (2015).
1059
Estas classes estão associadas às alterações sistemáticas promovidas por
diferentes formas de uso, na porção de cerrado remanescente da bacia hidrográfica do
rio Pedreira e sua adjacência com as bacias vizinhas.
No conjunto das alterações extensivas estabelecidas até o ano de 2018 (figura
3), na porção de cerrado com maior dinâmica de uso múltiplo da BHRP, encontram-
se áreas com talhões florestais de pinos ou eucaliptos (FLP), pertencentes à empresa
Amapá Celulose Ltda - AMCEL10, bem como áreas em que a referida empresa deixou
de plantar, onde ocorrem processos naturais de sucessão fitofisionômicas, no qual as
espécies herbáceas e lenhosas do cerrado competem com os eucaliptos que rebrotaram
dos tocos e raízes não retirados das áreas de antigos plantios (SNT).
Além desses, foram identificadas áreas de cerrado convertidas em pastagem
formada ou plantada (PFD), algumas já absorvidas pelo agronegócio de grãos (CGR).
Outras possuem alterações que não são possíveis ser identificadas por imagens de
satélites (ANI), das quais, algumas foram classificadas como áreas de solos expostos
(SXP).
Neste rol de alterações da bacia do rio Pedreira, existem também áreas que foram
preparadas para roçados (APR), sendo que algumas foram inicialmente trabalhadas e
posteriormente abandonadas, enquanto que outras nem chegaram a ser cultivadas,
10
A empresa Caemi fundou, em agosto de 1976, o Projeto Amapá Florestal e Celulose Ltda – AMCEL
(LIMA, 2003).
1060
pois o preparo da área não chegou a ser finalizado. Tais alterações foram realizadas
principalmente durante a vigência, do PROTAF (2012-2014).
Há ainda áreas onde a flora lenhosa do cerrado encontra-se quebrada (FLQ),
com indicativo de provável conversão em lavoura de grãos (CGR), por causa do
contexto socioespacial de vizinhança com áreas já plantadas. Também existem áreas
com ocorrência de desmatamento em bordas de mata (DBM), localizadas em zonas de
transição entre o cerrado e a floresta, isto é, áreas com tensões fitoecológicas, também
conhecidas como zonas de ecótono.
Além desses registros, encontram-se marcas de alterações por extração mineral
(EXM), como areia e cascalhos, utilizados em serviços de construção civil de prédios
ou residências e em grandes obras, como terraplanagem de estradas e vicinais. E, por
fim, alterações não recorrentes (ANR), isto é, modificações no meio do cerrado que não
possuem ocorrências repetitivas, como aeródromo, projeto residencial, escavação para
aterro de rejeitos minerais e área de produção industrial de carvão vegetal.
Dentre as alterações processadas no cerrado remanescente da BHRP, as
relacionadas com atividades de cultivo de soja e milho (CGR) foram as que mais se
estenderam, totalizando até o final de 2018, uma área de 9.802,8533 ha plantados, o que
corresponde a 24,58% do cerrado aplainado existente na porção de maior dinâmica de
uso múltiplo da bacia (gráfico 1).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
GEA; IEPA. Avaliação das limitações naturais das bacias hidrográficas do Estado do
Amapá. IEPA. Macapá, p. 1. 1997.
1062
OJEDA, A. O. Hidrogeomorfología y geodiversidad: el patrimonio fluvial. Zaragoza:
Centro de Documentación del Agua y del Medio Ambiente, Ayuntamiento de
Zaragoza, 2017. ISBN 978-84-697-6952-2.
1063
PROPOSTAS MITIGADORAS PARA A RELAÇÃO DE USO E OCUPAÇÃO
DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO COCÓ E DESASTRES NATURAIS
RECORRENTES: ESTUDO DE CASO BAIRRO JANGURUSSU FORTALEZA/CE
1 INTRODUÇÃO
2 DESENVOLVIMENTO
1066
Figura 03: Gráfico de Uso/Ocupação do Solo
Figura 04: Moradores do bairro Jangurussu retirando móveis de residência após enchente
1067
Esse desastre ambiental alcança proporções ainda maiores quando observa-se
outros fatores que contribuem para o mesmo. O descarte de resíduos sólidos permanece
como problemática urbana pela crescente expansão das áreas urbanas. No caso do
bairro Jangurussu, a população tem na coleta seletiva uma fonte de renda, levando
alguns moradores a frequentar o lixão desativado em busca de materiais recicláveis
(Unicef Brasil,2016)
No contexto atual, no avanço técnico científico, percebem-se diversas inovações
de produtos como por exemplos industrializados. Da forma que estes produtos vão
sendo consumidos, há um descarte da embalagem. O ciclo de vida de um produto
engloba as etapas que vão desde a extração da matéria-prima para a sua produção, até
o descarte pós-uso. Em cada estágio deste processo, verifica-se o consumo de recursos
e energia que causam, em maior ou menor grau, impactos ao meio ambiente.
De acordo com Maia (2011):
A sociedade moderna esta subordinada a demostrar seu poder de consumo como forma
de ser escolhido e ganha uma identidade no mundo capitalista. E na aliança entre o
capitalismo e as inovações tecnológicas os mais variados produtos são projetados para
durar pouco tempo gerando assim a necessidade da substituição por um novo produto ou
ainda o avanço tecnológico impõe que o velho objeto seja imediatamente trocado pela de
última geração. Sendo assim, isso resulta em uma maior produção de lixo pois nem todo
produto descartado é alvo de nova reutilização..
1068
Desta forma, o processo de monitoramento se faz necessário para implantação
de políticas públicas que visem à recuperação e proteção destes mananciais, pois,
segundo Magalhães Jr. (2000), o monitoramento deve ser visto como um processo
essencial à implementação dos instrumentos de gestão das águas, já que permite a
obtenção de informações estratégicas, acompanhamento das medidas efetivadas,
atualização dos bancos de dados e o direcionamento das decisões.
Embora desativado oficialmente há 20 anos, o lixão do bairro Jangurussu
concentra uma estação de transbordo e um centro de tratamento de resíduos perigosos
( Nascimento,2018). Condições essas que provocam danos ao meio ambiente como
contaminação dos solos e danos à população que convive com insetos, mau cheiro
ademais do fato de que durante as inundações esse material tóxico pode ser levado
para as ruas da comunidade. Ver Figura 05.
Proposta de idéia/solução
A coleta seletiva é cada vez mais difundida no país, o qual se esforça para
se adequar a reciclagem. Segundo IBGE (2017) aproximadamente apenas 10% das
cidades brasileiras aderiram á esse tipo de coleta de resíduos. Estudos apontam que
apenas 22 milhões dos brasileiros têm acesso aos programas locais de coleta seletiva,
representando apenas 18% da população local (IBGE, 2017).
O antigo lixão do bairro Jangurussu, atualmente pode ser observado com uma
cobertura vegetal que cresceu desde sua desativação. Embora desativado o local
ainda é fonte de renda de moradores da comunidade. Esses moradores integram a
Associação dos Catadores do Jangurussu (Ascajan) que se desenvolveu desde sua
fundação. Atualmente a associação de catadores conta com a estrutura de um galpão,
uso de luvas e intervalos de descanso e para refeições.
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
1070
4 REFERENCIAS
DIÁRIO DO NORDESTE. Águas dos rios Ceará e Cocó são condenadas. Disponível
em: <https://diariodonordeste.verdesmares.com.br/editorias/metro/aguas-dos-
rios-ceara-e-coco-sao-condenadas-1.66487>. Acesso em 14 de Maio de 2019.
PEREIRA, Danielle. Bia viu na educação uma forma de quebrar o ciclo da pobreza
e agora quer transformar o mundo. Disponível em: <https://medium.com/@
UNICEFBrasil/bia-viu-na-educa%C3%A7%C3%A3o-uma-forma-de-quebrar-o-ciclo-
da-pobreza-e-agora-quer-transformar-o-mundo-f98ad54a95ea>. Acesso em 14 de
Maio de 2019.
1071
PREFEITURA DE FORTALEZA. Fortaleza em Mapas. Disponível em:< http://mapas.
fortaleza.ce.gov.br/#/> Acesso em 15 de Maio de 2019.
1072
ALTERAÇÕES NO POTENCIAL DE ESCOAMENTO SUPERFICIAL NA BACIA
HIDROGRÁFICA DO RIO SANTO ANASTÁCIO/SP EM RELAÇÃO ÀS MUDANÇAS
DE COBERTURA E USO DA TERRA.
1 INTRODUÇÃO
1
Doutoranda no Programa de Pós-Graduação em Geografia. Faculdade de Ciências e Tecnologia, Uni-
versidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, Campus de Presidente Prudente - FCT/UNESP.
2
Professor Doutor do Departamento de Geografia. Faculdade de Ciências e Tecnologia, Universidade
Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, Campus de Presidente Prudente - FCT/UNESP.
3
Mestranda no Programa de Pós-Graduação em Geografia – Mestrado Profissional. Faculdade de Ci-
ências e Tecnologia, Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, Campus de Presidente
Prudente - FCT/UNESP.
4
Professora Doutora do Departamento de Planejamento, Urbanismo e Ambiente. Faculdade de Ciências
e Tecnologia, Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, Campus de Presidente Pruden-
te - FCT/UNESP. E-mail: renata.r.araujo@unesp.br
1073
Segundo Carvalho (2009), associado ao escoamento superficial, acontece
o transporte das partículas do solo. Além das partículas de solo desagregado, o
escoamento pode transportar compostos químicos, agrotóxicos, matéria orgânica,
e outros materiais de acordo com o tipo de cobertura e uso da terra da área. Em
complemento, Schwarzbold (2000), destaca que o rio recebe todo o material que é
drenado pela sua bacia hidrográfica. Sendo assim, a água escoada leva nutrientes,
poluentes, restos vegetais, sedimentos disponíveis sobre a superfície até o rio.
Tendo em vista que o rio Santo Anastácio é um dos principais afluentes do rio
Paraná, bem como um importante manancial para as cidades pelas quais percorre, o
presente trabalho teve o objetivo de estimar o potencial de escoamento superficial de
sua bacia hidrográfica, em dois períodos: 1962 e 2014, de maneira a compreender sua
dinâmica diante de diferentes coberturas e usos da terra. E, desta maneira, diagnosticar
através da modelagem, a situação da bacia hidrográfica do rio Santo Anastácio,
identificando as áreas com alto potencial de escoamento.
A bacia hidrográfica do rio Santo Anastácio localiza-se no oeste do estado de
São Paulo, inserida na Unidade de Gerenciamento de Recursos Hídricos do Pontal do
Paranapanema (UGRHI 22), situando-se entre as coordenadas 21° 48’ 49’’ a 22° 16’ 59’’
S e 51° 22’ 05’’ a 52° 11’ 15’’ W (figura 1).
Elaboração: os autores.
1074
regional, a Massa Polar Continental, a Massa Polar Atlântica e a Massa Tropical
continental (GONÇALVES, 2011). O clima da região é caracterizado pela presença de
um período seco no inverno e um período chuvoso durante o verão.
No que se refere à geologia, a bacia hidrográfica está disposta sobre rochas
do Grupo Bauru, abrangendo as formações Caiuá, Santo Anastácio e Adamantina.
A Formação Caiuá e a Formação Santo Anastácio são constituídas por arenitos finos
e médios. Já a Formação Adamantina é constituída por arenitos de granulação fina
a muito fina (CPTI, 1999). Geomorfologicamente, a bacia hidrográfica do Rio Santo
Anastácio situa-se no Planalto Ocidental Paulista, morfoescultura que abrange, no
geral, formas de relevo definidas por colinas amplas e baixas, com topos aplanados
convexos e tabulares, e presença de terraços e planícies fluviais (ROSS & MOROZ,
1996).
Segundo Leite (1998), os solos da região do Pontal do Paranapanema são
fortemente arenosos, devido a origem de rochas areníticas. Predominam na bacia
hidrográfica do rio Santo Anastácio os argissolos vermelho-amarelos e os latossolos
vermelhos (SÃO PAULO, 2017).
2 DESENVOLVIMENTO
1075
Quadro 1 - Grupos hidrológicos de solos
Grupos Hidrológicos de Solo (GHS) Características
Grupo A Compreende os solos com baixo potencial de escoamento
e alta taxa de infiltração
Grupo B Compreende solos menos permeáveis do que o A, com
média taxa de infiltração.
Grupo C Compreende solos que geram escoamento superficial
acima da média, contendo baixa taxa de infiltração.
Grupo D Compreende os solos que possuem alto potencial de
escoamento, tendo uma taxa de infiltração muito baixa.
Fonte: adaptado de TUCCI (2004, p. 404).
O mapa temático dos grupos hidrológicos de solos para a bacia foi elaborado no
SIG ArcGis, para posteriormente ser utilizado na elaboração do modelo de escoamento.
O mapa de cobertura e uso da terra de 1962 foi elaborado a partir de cartas
topográficas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 1979; 1980).
As cartas foram georreferenciadas no ArcGis e as classes de cobertura e uso foram
vetorizadas baseadas na classificação do IBGE (2013). Quanto aos dados da cobertura
e uso da terra de 2014, estes foram extraídos do mapeamento realizado por Criado
(2016), disponibilizado pelo banco de dados do Grupo de Pesquisa Gestão Ambiental
e Dinâmica Socioespacial da FCT/UNESP (GADIS).
A associação das informações dos grupos hidrológicos de solos e os tipos de
cobertura e uso da terra gera o complexo hidrológico solo-vegetação (MOCKUS, 2004).
Esta relação é utilizada para a obtenção dos valores de CN. Segundo Pereira (2009), o
valor de CN é adimensional, podendo variar de 1 a 100, estando diretamente associado
com a impermeabilidade do solo.
A atribuição dos valores de CN para a bacia do rio Santo Anastácio foi baseada
na tabela de valores padrão do SCS. O quadro 2 apresenta os valores atribuídos as
classes de cobertura e uso associadas aos solos para o ano de 1962:
1076
Posterior a atribuição dos valores, foram elaborados os mapas com a distribuição
espacial do CN na bacia para os anos de 1962 e 2014. Para tanto, foi utilizado o ArcGis
e a extensão HEC-GeoHMS.
O escoamento superficial definido pelo método CN (Tucci, 2004), é obtido a
partir da equação Q = (P-0,2xS)² / (P+0,8xS), onde, Q se refere escoamento superficial
(mm); P corresponde a precipitação total (mm); S corresponde a capacidade máxima
de infiltração após o início do escoamento superficial.
Os mapas da capacidade máxima de infiltração (S) da bacia hidrográfica foram
elaborados por meio de álgebra de mapas no SIG ArcGis, a partir da ferramenta raster
calculator. O S foi obtido a partir da equação S = (25400/CN) - 254 (TUCCI, 2004), na
qual CN foi substituído pelos mapas gerados anteriormente para os dois períodos.
O mapeamento da estimativa de escoamento foi realizado no ArcGis, a partir
da ferramenta raster calculator. Por meio da álgebra de mapas calculou-se o escoamento
para os anos de 1962 e 2014, associando os mapas de capacidade de infiltração e a
média da série histórica de precipitação da bacia hidrográfica do rio Santo Anastácio.
Utilizou-se o software Excel para organização e tratamento dos dados quantitativos
extraídos dos mapas temáticos.
1077
Figura 2 – Grupos hidrológicos de solo na bacia hidrográfica do rio Santo Anastácio
Organização: os autores.
Elaboração: os autores.
A segunda classe com maior ocorrência na bacia hidrográfica eram as culturas
temporárias, ocupando 13,8 % da área em 2014. No caso do Pontal do Paranapanema,
a cultura com predominância nesta classe é a cana-de-açúcar. Segundo Barreto (2012),
a partir de 2005, há a expansão da produção de cana-de-açúcar na região por meio de
incentivos estatais e impulsionada pela produção de automóveis, os carros flex fuel.
1079
Verificou-se que as culturas temporárias concentravam-se na porção oeste da
bacia hidrográfica, conforme apresenta a figura 4. As áreas ocupadas por culturas
permanentes reduziram-se drasticamente, passando a ocupar menos que 0,1% da
bacia hidrográfica.
Quanto às áreas florestais, estas ocupavam 1,6% da bacia hidrográfica no ano
de 2014. As áreas de úmidas e campos, por sua vez, abrangiam cerca de 7% da área no
período.
Figura 4 – Cobertura e uso da terra na bacia hidrográfica do rio Santo Anastácio em 2014.
Elaboração: os autores
1080
Em análise ao mapeamento (figura 5), observou-se que as áreas com
potencial muito alto de escoamento encontram-se predominantemente nas porções
leste e sudoeste da bacia hidrográfica, sendo ocupadas por pastagem ou culturas
temporárias, em solos de classe hidrológica C. Assim como aponta Carvalho (2009),
a baixa capacidade de infiltração em um solo torna-o mais propenso ao escoamento
superficial.
Verificou-se que 540,6 km² da bacia hidrográfica apresentava potencial médio
ao escoamento superficial, estando estas áreas associadas, em geral, com solos de classe
A e uso por pastagem. Por outro lado, observou-se que áreas com solos de classe A
ocupadas por culturas temporárias apresentaram alto potencial de escoamento.
Neste sentido, verificaram-se também áreas com baixo e muito baixo potencial
ao escoamento superficial em áreas com solos de classe A e B na qual a cobertura
é a vegetação de cerrado ou florestas. Assim como menciona Coelho Netto (2015),
solos cobertos por florestas geralmente apresentam maior capacidade de infiltração,
especialmente em função da serapilheira.
Elaboração: os autores
No ano de 2014 verificou-se que 1417,9 km² da área da bacia hidrográfica do rio
Santo Anastácio possuía potencial muito alto a processos de escoamento superficial,
conforme o quadro 6. Tais áreas localizam-se nas porções leste e sudoeste da bacia
hidrográfica, que abrangem solos de classe C.
1081
Quadro 6 - Potencial de escoamento superficial na bacia hidrográfica do rio Santo
Anastácio em 2014
Elaboração: os autores.
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
AGRADECIMENTOS
4 REFERENCIAS
LOMBARDI NETO, F.; BELLINAZZI JÚNIOR, R.; GALETI, P. A.; BERTOLINI, D.;
LEPSCH, I. F.; OLIVEIRA, J.B. Nova abordagem para cálculo de espaçamento entre
terraços. Simpósio sobre terraceamento agrícola. Campinas, 1989. Fundação Cargill. p.
99-124.
1084
Geografia) – Faculdade de Ciências e Tecnologia, Universidade Estadual Paulista
“Júlio de Mesquisa Filho”, Presidente Prudente. 120 f.
PRUSKI, F. F.; GRIEBELER, N. P.; SILVA, D. D. Comparação entre dois métodos para
a determinação do volume de escoamento superficial. Revista Brasileira de Ciência
do Solo, v 25, n 2, Viçosa, p. 403-410, 2001.
TUCCI, C. E. M. Hidrologia: ciência e aplicação. 3.ed. Porto Alegre: ABRH, 2004. 943 p.
1085
ANÁLISE DA DENSIDADE DE ESTAÇÕES FLUVIOMÉTRICAS NAS UNIDADES
DE GERENCIAMENTO DE RECURSOS HÍDRICOS (UGRHI’s) 20, 21 E 22 DO
ESTADO DE SÃO PAULO, BRASIL.
1 INTRODUÇÃO
[...] subdivisões das bacias hidrográficas estudadas, caracterizadas por uma homogeneidade
de fatores geomorfológicos, hidrográficos e hidrológicos que permitem a organização do
planejamento e do aproveitamento dos recursos hídricos ali existentes. As UPH’s são
formadas por bacias ou sub-bacias hidrográficas de rios afluentes ou segmentos das bacias
dos rios principais, com continuidade espacial (BRASIL, 2019).
É válido ressaltar que essas unidades permitem analisar de forma mais precisa
as bacias hidrográficas, facilitando e otimizando a gestão dos recursos hídricos a curto
e a longo prazo.
Diante do exposto, esse trabalho teve como objetivo analisar a atual densidade
das estações fluviométricas das Unidades de Gerenciamento de Recursos Hídricos 20
(Aguapeí), 21 (Peixe) e 22 (Pontal do Paranapanema), levando em consideração os
limites das UPH’s de cada Unidade, a densidade de distribuição das mesmas ao longo
da rede hidrográfica e se estas se encontram em conformidade com as recomendações
da OMM. Além disso, foi verificado se estas estações se encontravam ativas, inativas
ou se são telemétricas, levando em consideração os aspectos geomorfológicos e da
rede hidrográfica nas UGRHI´s.
2 DESENVOLVIMENTO
1087
Figura 1. Limite das Unidades de Planejamento Hídrico da UGRHI 20 e 21.
1088
que predominam nas três Unidades se resumem em atividades de serviço e
comércio nas áreas urbanas, ao passo que nas áreas rurais consolida-se a pecuária,
pastagem e o monocultivo de café, cana-de-açúcar e o milho. Também destacam-se
as agroindústrias, usinas de açúcar e álcool, agropecuárias, indústrias alimentícias,
frigoríficos, abatedouro, a extração mineral de areia e as olarias (CBH-AP, 2017; CBH-
PP, 2019; SIGRH, 2019; Relatório de Situação de Recursos Hídricos de Bacias (2018).
1090
Figura 4. Distribuição das estações fluviométricas na UGRHI 20.
De acordo com o mapa exposto acima, observa-se que existem 6 estações inativas,
1 ativa de responsabilidade do DAEE e 1 telemétrica ativa da CESP e o detalhamento
das informações acerca dessas estações ativas estão representadas na Tabela 3. Diante
desse cenário, recomenda-se que sejam instaladas 5 novas estações por toda a UGRHI,
sendo 1 no baixo curso, 2 no médio curso e outras 2 no alto curso, conforme a Tabela
abaixo:
Nome da estação Curso d’Água Município Prefixo Latitude (S) Longitude (O) Responsável
21° 27’ 50° 55’
UHE Porto PrimaveraRio Aguapeí ou Feio Lucélia 63170100
33.12’’ 15.96’’
CESP
Salto Carlos Botelho
21° 19’
Fazenda Retiro Ribeirão Claro 63183000 51° 12’ 0.00’’ DAEE
0.00’’
Fonte: DAEE / Hidroweb (2019)
1091
2.3.2.Unidade de Gerenciamento de Recursos Hídricos do Rio do Peixe (UGRHI-21)
1092
Figura 6. Distribuição das estações fluviométricas na UGRHI 21.
Dos treze postos encontrados dentro dos limites da UGRHI, apenas seis estão em
funcionamento, sendo quatro de responsabilidade do DAEE, uma de responsabilidade
da CESP e um de responsabilidade da Pequena Central Hidrelétrica (PCH) Quatiara.
Verificou-se que uma estação ativa convencional encontra-se sobreposta a uma estação
inativa, dessa forma só conseguimos visualizar seis dos sete postos inativos, conforme
tabelados abaixo:
Latitude Longitude
Nome da estação Curso d’Água Município Prefixo Responsável
(S) (O)
Ribeirão do Presidente 21° 52’
Fazenda São Luis 8C-007 51° 15’ 56’’ DAEE
Mandaguari Prudente 44’’
Rio do Peixe/
Bairro São 22° 18’
Ribeirão da Marília 7D-010 50° 01’ 38’’ DAEE
Geraldo 25’’
Garça
Fazenda Santa Ribeirão do 22° 20’
Marília 7D-004 50° 01’ 19’’ DAEE
Emilia Arrependido 20’’
UHE Porto
21º 43’
Primavera Flórida Rio do Peixe Flórida Paulista 63805000 51º 16’ 35” CESP
Paulista 28”
PCH Quatiara Rio do Peixe Bastos 63749900 22° 0’ 50° 46’ QUATIARA
Montante 1 10.08’’ 5.16’’
PCH Rio do Peixe Rancharia 63750000 21° 57’ 50° 55’ DAEE
QuatiaraJusante 6.12’’ 59.16’’
1093
Diante desse cenário, foi elaborada uma tabela com a atual densidade das
estações fluviométricas com medições de vazão na UGRHI 21 juntamente com a
quantidade de estações necessárias para atender as recomendações da OMM.
0.681 Ondulado 1 1 -
Alto curso
Fonte: Os autores (2019).
Pela tabela exposta acima, constatou-se que apenas na UPH Baixo Curso existe
a necessidade de mais um posto. No entanto, a UPH Médio curso possui uma estação a
mais do que a recomendação da OMM, dessa forma, poderia haver um remanejamento
para atender a UPH que se encontra deficitária.
1094
Após o levantamento realizado sobre as estações fluviométricas inseridas da
UGRHI 22, foram localizados três postos na área e, deste total apenas um encontra-
se em operação e trata-se de uma estação convencional, em operação desde o ano
2001, localizada no município de Martinópolis, denominada CGH (Central Geradora
Hidrelétrica) Laranja Doce, conforme pode ser analisado na Tabela a seguir:
Nome da Curso d’Água Município Prefixo Latitude (S) Longitude (O) Responsável
estação
CGH Laranja Ribeirão Laranja Martinópolis 64516000 22° 14’ 51° 10’ QUATIARA
Doce Doce 48.84’’ 21.00’’
Fonte: Os autores (2019).
Analisando o mapa exposto acima e levando em consideração os critérios de
densidade definidos pela OMM, constata-se que essa Unidade necessita da implantação
de 5 estações. Nesse caso, somente a UPH Laranja Doce apresenta a quantidade
recomendada pela OMM, que é de uma estação para essa área tendo em vista o perfil de
relevo. Já na UPH Santo Anastácio foram encontrados dois postos inativos, um destes
postos poderia ser reativado e suprir a recomendação da OMM, realizando assim as
1095
medições dos dados fluviométricos. Por meio da elaboração da Tabela 7, podem-se
averiguar essas informações e verificar o cenário critico e alarmante na UGRHI 22.
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Diante da análise obtida, notou-se que existe uma baixa densidade de estações
fluviométricas em todas as UGHRI’s estudadas. As UGRHI’s 20 e 22 são as que
apresentam as maiores necessidades de instalação de estações. Ao todo, são necessários
cinco novos postos em cada uma, enquanto que na UGRHI 21 é preciso instalar apenas
uma estação. Portanto, se faz necessária a implantação de novas estações fluviométricas
nas UGRHI’s analisadas, bem como de obter um bom funcionamento daquelas que
estão operando, já que em muitas delas nem todos os dados estão disponíveis. Ademais,
é preciso verificar aquelas que estão inativas, se existe a possibilidade de reativá-las e
dessa forma, otimizar melhorar o banco de dados hidrológico.
Durante a busca pelos dados das estações, observou-se que os mesmos
apresentam diversas informações que divergem entre o que está sendo divulgado no
banco de dados da ANA e do DAEE, dificultando o acesso e a compreensão da real
situação dessas estações.
Ressalta-se ainda, que por meio das medições é possível obter melhorias
na gestão dos recursos hídricos, atendendo as legislações vigentes e ampliando o
conhecimento das bacias hidrográficas em larga escala. Tomar conhecimento sobre a
vazão permite adequar os usos da água às mudanças ocorridas nas séries históricas de
vazões do curso d’água analisado. Dessa forma, ressalta-se a importância de manter
estações em qualidade e quantidade suficientes para realizar o monitoramento nas
bacias hidrográficas.
REFERÊNCIAS
1096
Agência Nacional de Águas (ANA). Sistema Nacional de Informações sobre Recursos
Hídricos. Disponível em: http://www3.ana.gov.br/portal/ANA/acesso-a-sistemas/
sistema-nacional-de-informacoes-sobre-recursos-hidricos-snirh. Acesso em: 15 jun
2019.
UGRHI’s 20 e 21. Relatório de Situação dos Recursos Hídricos. 2018 (Ano-Base 2017).
Maríia/SP. Disponível em http://cbhap.org/publicacoes/relatorios/. Acesso em 22
de jun. 2019.
1097
HIRUMA, S.T.; PONÇANO, W. L. Densidade de drenagem e sua relação com fatores
geomorfopedológicos na área do alto Rio Pardo, SP e MG. Revista do Instituto
Geológico. São Paulo, v. 15, n. 1-2, p. 49-57, 1994.
SÃO PAULO (Estado). Lei Estadual Nº 9.034, 27 de dezembro de 1994. Dispõe sobre o
Plano Estadual de Recursos Hídricos - PERH, a ser implantado no período 1994 e 1995,
em conformidade com a Lei 7663, de 30/12/91, que instituiu normas de orientação à
Política Estadual de Recursos Hídricos.
1098
ASPECTOS RELEVANTES NA EXPLOTAÇÃO DE AREIA EM LEITOS DE RIOS
NO BRASIL
1 INTRODUÇÃO
2 DESENVOLVIMENTO
2.1.1 Dragagem
1100
Figura 1: Esquema de lavra por dragagem em leito de rio.
1101
2.1.3 Desmonte hidráulico
1102
Quadro 1: Métodos de lavra de areia e tipos de depósitos minerais
De acordo com Obata & Sintoni (2003) por meio do alvará de pesquisa, está
assegurada apenas a pesquisa ao seu titular, e não a lavra, cuja concessão somente
pode ser solicitada após o cumprimento técnico, administrativo e legal das disposições
contidas neste regime. Em virtude do atendimento a todas as disposições anteriores,
relativas ao regime de autorização, faculta-se as disposições da Portaria de Lavra
(NOGUEIRA, 2016).
Os trabalhos de lavra podem ser desenvolvidos sem a execução prévia de trabalho
de pesquisa mineral e sem um Plano de Aproveitamento Econômico prévio. Porém, é
obrigatória a apresentação do Plano de Lavra, que é um relatório técnico constituído
pelas operações coordenadas de lavra objetivando o aproveitamento racional do bem
mineral e que destaca os aspectos mais relevantes relacionados à atividade, sendo
utilizado tanto para o licenciamento ambiental no âmbito das entidades municipais
e estaduais quanto para o minerário, de competência do órgão nacional (OBATA &
SINTONI, 2003).
O enquadramento em uma destas formas de regime é estabelecido de acordo com
o tipo de substância mineral, do modo de sua ocorrência e/ou como será sua utilização
(OBATA & SINTONI, 2003). No caso dos minerais de classe II, seu aproveitamento fica
restrito a uma área máxima de 50 (cinquenta) hectares. No que se refere a areia, a sua
extração ocorre nos leitos dos rios, onde a atividade é realizada em ciclos sazonais de
deslocamento continuo de exploração de deposições que se renovam por processos
naturais (SOUZA, 2012).
1106
o aumento do número de obras caracteriza essa atividade como impulsionadora de
desenvolvimento socioeconômico, mesmo desencadeando questões de cunho social e
ambiental que podem ser sanadas com a elaboração prévia de estudos nessas áreas.
A produção de areia para a construção civil está disseminada por todo território
brasileiro. Todos os estados do país possuem alguma mina de areia para construção.
No levantamento “Universo da Mineração Brasileira”, de 2007, feita com base nos
Relatórios Anuais de Lavra, publicado pelo Departamento Nacional de Produção
Mineral – DNPM, somente no Estado de Roraima não consta lavra de areia com
produção de “run-off-mine” acima de 10.000 toneladas por ano. Este levantamento listou
742 lavras e enfatiza que chega na ordem de 2000 o número de empresas produtoras
de areia (NEVES & SILVA, 2007).
Conforme já constatado, a areia é um recurso mineral de expressivo valor social
e econômico, já que é permeado por substâncias que lhe conferem com uma vasta
aplicação no mercado. Da mesma for forma, dependendo do depósito que pode estar
em local seco ou leitos de rios se faz necessário a análise criteriosa da sua extração, para
que a melhor técnica seja aplicada, visando sempre a sustentabilidade da atividade e
do meio ambiente no entorno.
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
4 REFERÊNCIAS
ANNIBELLI, Mariana Baggio; SOUZA FILHO, Carlos Frederico Marés de. Mineração
de areia e seus impactos socioeconômico e ambientais. In: Congresso Nacional do
CONPEDI. 2006. p. 4205-4217. <http://www.publicadireito.com.br/conpedi/
manaus/arquivos/anais/bh/carlos_frederico_mares_de_s ouza_filho2.pdf. Acesso
em 13 ago. 2016.
COSTA Solange Maria Santos; AMORIM, Lauro Ângelo Dias de. Mineração e espações
territoriais especialmente protegidos. In: Direito minerário: Estudos. GANDARA,
Leonardo et al. (coord.). Belo Horizonte: Del Rey, 2011.
1108
LELLES, Leandro Camillo de et al. Perfil ambiental qualitativo da extração de areia
em cursos d’água. Revista Árvore, Viçosa, v. 29, n. 003, p. 439-444, maio/jun. 2005.
Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S010067622005000300011&sc
ript=sci_abstract&tlng=pt>. Acesso em: 18 de agosto de 2019.
MATOS, Silvio Costa; LOBO, Luiz de Morais. Areia para Construção Civil em Goiás:
perfil da produção, danos ambientais e propostas de mitigação. In: Anais do 5°
Simpósio e Geologia do Centro-Oeste. Goiânia: 1995, p. 2-3.
NEVES, Carlos Augusto Ramos; SILVA, Luciano Ribeiro da. (Org). Universo da
mineração brasileira. Brasília, DNPM, 2007.
OBATA, O. R.; SINTONI, A. O papel dos agentes públicos e legislação. In: TANNO, L.
C.; SINTONI, A. (Coord.). Mineração e município: bases para planejamento e gestão
dos recursos minerais. São Paulo: Instituto de Pesquisas Tecnológicas, 2003, p. 21-36.
(Publicações IPT, 2850). SANTOS, A. dos. Extração mineral de areias e seus impactos
na territorialidade socioambiental: o caso de Feira de Santana – BA; VII Seminário
Internacional Dinâmica Territorial e Desenvolvimento Socioambiental. UCSAL-
Universidade Católica de Salvador. 2015. Disponível em: <http://noosfero.ucsal.br/
articles/0009/2488/> Acesso em: 18 ago. 2019.
SMITH, M. R.; COLLIS, L. Extraction. In: Agreggates-Sand, gravel and crushed rock
aggregates for construction purposes, M. R, Smith and L. Collis (Editors), published
by Geological Society, 3th Edition, London, 2001. p. 73-105.
VIEIRA, Eriton Geraldo; REZENDE, Elcio Nacur. Exploração Mineral de Areia e Meio
Ambiente Ecologicamente Equilibrado: É possível conciliar? - Sustentabilidade em
Debate, v. 6, n. 2. 2015, p. 171-192.
1109
USO DO SOLO NA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO JAMARI EM RONDÔNIA
E IMPLICAÇÕES NA QUALIDADE DAS ÁGUAS SUPERFICIAIS
1 INTRODUÇÃO
2 DESENVOLVIMENTO
1111
Figura 1. Principais usos e ocupação do solo na Bacia Hidrográfica do Rio Jamari.
1112
mil toneladas), Mirante da Serra (5,4 mil toneladas) e Porto Velho (5,2 mil toneladas)
(RONDÔNIA, 2017), municípios estes inseridos na Bacia do Rio Jamari, com exceção
apenas de Urupá.
Os cadastros de outorgas da Secretaria Estadual de Desenvolvimento Ambiental
- SEDAM, entre os anos de 2010 a 2016, contabilizam aproximadamente 600 emissões
para piscicultura com captação superficial, totalizando uma vazão de 300m³/s
(RONDÔNIA, 2018).
Dentre os seus diversos usos do solo, na Bacia do Rio Jamari está a Usina
Hidrelétrica de Samuel, a qual possui uma potência instalada de 217 MW e área
alagada de 584km² (ANEEL, 2018), o que corresponde a aproximadamente 2,82% da
área total da bacia. Existem também 03 (três) pequenas centrais hidrelétricas (PCH’s)
na Bacia do Rio Jamari, sendo duas instaladas no Rio Jamari (PCH Jamari e PCH Santa
Cruz do Monte Negro) e uma no Rio Canaã (PCH Canaã), conforme dados da ANEEL
(2018).
Também são encontrados outros usos do solo voltados ao beneficiamento de
matéria-prima nas dependências da Bacia do Rio Jamari, como indústrias alimentícias,
frigoríficos e laticínios. Os usos industriais, em geral, tem sua vazão média de retirada
de água apenas na UHG na Margem Direita do Rio Jamari, equivalendo a 0,09m³/s
(RONDÔNIA, 2018).
Por meio da Figura 1 é possível notar outras formas de cobertura do solo,
como unidades de conservação (UC’s) de proteção integral que ocupam uma área de
aproximadamente 7,07% da Bacia do Rio Jamari, e as de uso sustentável que totalizam
7,17%.
Os remanescentes florestais prolongam-se por uma área de 28,7% em relação
à bacia em comento, estendendo-se longitudinalmente pela Bacia do Rio Jamari.
Observa-se que a distribuição espacial dos remanescentes florestais está entremeada
com áreas ocupadas por atividades agropecuárias (39,14% da área da bacia). Esta
configuração provavelmente ocorre devido às áreas legalmente protegidas, tais como
as reservas legais e áreas de preservação permanente inseridas nas propriedades
rurais. As terras indígenas (TI) ocupam 12,71% da área estudada, prolongando-se por
quase a totalidade do território do município de Governador Jorge Teixeira, na porção
sul da Bacia do Rio Jamari.
As zonas urbanizadas na Bacia do Rio Jamari correspondem a 0,29% da sua área
total. Os municípios de Ariquemes, Itapuã d’Oeste, Rio Crespo, Cacaulândia possuem
sua sede totalmente dentro da Bacia do Rio Jamari e, Porto Velho e Candeias do Jamari
detêm parte da sede inserida na bacia estudada. Nestas áreas, o uso consuntivo
da água preponderantemente está ligado ao abastecimento humano urbano.
Dados do PERH/RO apontam a vazão de retirada média de 0,39m³/s para a Unidade
Hidrográfica de Gestão (UHG) da Margem Direita do Rio Jamari, 0,02m³/s para a UHG
do Baixo Rio Jamari e nenhuma vazão para a região do Alto Rio Jamari (RONDÔNIA,
2018). Outros usos e ocupações do solo na Bacia do Rio Jamari estão associados a usos
diversificados (2,82% da área da bacia), bem como cerealíferas/graníferas (0,96%),
extração de minerais metálicos (0,01%) e usos não identificados (0,31%), com base em
dados vetoriais disponibilizados pelo IBGE (2013) e espacializados na Figura 1.
1115
1116
No que tange aos impactos que correspondem ao meio urbano, para sua
mitigação recomenda-se a aplicação efetiva dos elementos vinculados ao saneamento
básico (esgotamento sanitário, manejo e drenagem de águas pluviais, limpeza urbana
e gestão dos resíduos sólidos e, abastecimento de água).
Para o elemento drenagem, sugere-se medidas não-estruturais, tais como:
legislação, que instituem uma política eficiente e menos impactante de uso e ocupação
do solo, e a exigência de áreas permeáveis; educação ambiental, para efeitos de
sensibilização da população, principalmente para não lançarem resíduos no sistema
de drenagem e não despejarem clandestinamente os esgotos domésticos nestes locais.
E ainda algumas medidas estruturais, a saber: execução nos limites da área urbana de
uma drenagem eficiente; e o estabelecimento de áreas de infiltração.
O componente esgotamento sanitário também deverá atender a todos os
moradores da bacia. Assim, sugere-se para o meio urbano um sistema coletivo de
coleta e tratamento de todo o esgoto gerado. Já no meio rural, as soluções individuais
são as mais recomendadas, possibilitando a universalização do atendimento.
1117
No item resíduos sólidos, o seu gerenciamento ambientalmente adequado é
fundamental para mitigação dos impactos vinculados. Este gerenciamento corresponde
ao conjunto de ações exercidas nas etapas de coleta, transporte, transbordo, tratamento
e destinação final ambientalmente correta dos resíduos sólidos e disposição final
ambientalmente adequada dos rejeitos em aterros sanitários.
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
4 AGRADECIMENTOS
5 REFERÊNCIAS
1118
BRASIL. Lei n. 9.433, de 8 de janeiro de 1997. Disponível em: http://www.planalto.
gov.br/ccivil_03/leis/l9433.htm. Acesso em: 29 jul. 2019.
GIL, A. C. Métodos e técnicas de pesquisa social. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2008.
LIMA, G. A., et al. Bacia hidrográfica como unidade de planejamento e gestão: estudo
de caso Ribeirão Isidoro. In: VII CONGEA, Campina Grande. Anais... Campina Grande,
2016. Disponível em: https://www.ibeas.org.br/congresso/Trabalhos2016/VIII-074.
pdf . Acesso em: 29 jul. 2019.
MARTINS, A., S. Avaliação das águas superficiais sob uso e ocupação na sub-bacia do
Rio Candeias/RO – Amazônia Ocidental. Dissertação (Mestrado em Desenvolvimento
Regional e Meio Ambiente) – Universidade Federal de Rondônia. Porto Velho, 123p.,
2009. Disponível em: http://www.ri.unir.br/jspui/bitstream/123456789/2227/1/
DISSERTA%C3%87%C3%83O%20ALE SSANDRA%20MARTINS.pdf. Acesso em: 08
set. 2018.
1119
PARQUE NATURAL DOS TARRAFES DO RIO CACHEU (GUINÉ-BISSAU):
DISCUSSÃO SOBRE IMPORTÂNCIA, ESTRUTURA E PROBLEMAS
AMBIENTAIS
1 INTRODUÇÃO
2 DESENVOLVIMENTO
1122
que provisoriamente, criando regras que sejam possíveis de implementação, tal como
um zoneamento participativo, com apenas duas categorias, e com limites facilmente
identificáveis.
O município de Cacheu está entre os seis territórios escolhidos para criação
de parques, localmente recebeu o nome de “Parque Natural dos Tarrafes do Rio
Cacheu” devido aos seus ecossistemas, que visa a conservação de manguezais, matas
de palmeiras e uma elevada biodiversidade. O objetivo principal da criação da Área
Protegida do Parque citado está voltado a manutenção da produtividade dos recursos
naturais e a proteção da costa contra os processos de erosão. Em dezembro de 2000,
criou-se o Parque Natural dos Tarrafes do Rio Cacheu, através do Conselho dos
Ministros da Guiné-Bissau (CMGB), pelas das leis nº 11, 12, e 13/2000 e publicados no
Boletim Oficial nº 49 de 04 de dezembro de 2000. O Parque Natural dos Tarrafes do Rio
Cacheu (PNTC) é composta essencialmente por dois setores: Setor Sul, localizado ao
sul do Rio Cacheu e setor Norte, localizado ao norte do mesmo município. Salienta-se
que dentro do PNTC existem mais de 50 tabancas (pequenos vilarejos), conforme pode
ser observado na Figura 2.
A maioria das atividades da gestão deste parque concentra-se na parte sul,
a qual apresenta um área bem conservada de manguezal. Neste setor (sul) há uma
relação harmoniosa de extrativismo da população, o que reflete no viver bem e na
melhor conservação dos ecossistemas de manguezais; contudo a população do setor
norte é formada, essencialmente, por agricultores da zona baixa e pescadores, causando
maiores impactos no ecossistema. A superfície total do PNTC, incluindo os espaços
aquáticos, corresponde a cerca de 94.824 ha, sendo considerado o quinto maior parque
com área contínua do ecossistema de manguezais na África Ocidental. Destes cerca de
19% são propostos como núcleos de preservação, com objetivo de proteger e promover
o uso sustentável dos recursos naturais (IBAP, 2008).
Segundo Biai (2000), na área do PNTC, há uma superfície aproximada de cerca de
50.000 ha de manguezais, estima-se segundo o autor que o manguezal tenha diminuído
a sua área de cobertura em 29% nos últimos 40 anos. Atualmente a exploração dos
manguezais se intensificou muito na região devido ao corte de árvores para obtenção
de lenha para defumação do pescado, para construções de casas, assim como vedação
de casas, há a exploração de combé (molusco bivalve), ostras, produção de sal, assim
como a pesca. Essas práticas quando não controlados poderão provocar a erosão nas
terras baixas e, consequentemente causar efeitos secundários.
A maioria dos recursos referidos, distribuem-se de forma ampla por todo o
PNTC, no que diz respeito aos recursos marinhos, no entanto, há uma clara concentração
das atividades extrativas na zona sul parque.
1123
Figura 02: Localização do Parque Natural dos Tarrafes do Rio Cacheu e distribuição
das Tabancas
1124
os incêndios acidentais. Essas práticas são detectadas todos os anos, com um grande
número de ocorrência de queimadas de florestas. (ii)-Exploração das palmeiras (Figura
3): a prática é efetivada para extração do óleo de dendê, e da seiva, que irá caracterizar
o chamado “vinho palmo”, utilizado para consumo. O óleo além de ser utilizado como
combustível para a iluminação, também é aproveitado na alimentação, havendo ainda
a retirada da palha para a confecção de vassouras. A extração de vinho palma, muitas
vezes origina a morte da própria palmeira, porque alguns exploradores que utilizam
pregos e alguns utensílios, para poder impulsioná-lo a uma maior saída das seivas
(vinho palma). iii)-Cortes de cibes: retirada de madeiras para construção de casas e
cercas. (iv)-Exploração de manguezais: voltado para obtenção de lenha para defumação
do pescado, vedação de casas, assim como abertura de campos para agricultura,
retirada de madeira para fora do parque com finalidades de comercialização. (v)-
Cortes de árvores: para exportar madeiras, construção naval, fabricação de pequenas
embarcações canoas (pirogas), utilizadas na região principalmente na área que faz
parte do parque. Todas essas embarcações são fabricadas nas comunidades locais a
partir do corte de grandes árvores. (vi)-Agricultura itinerante: grande parte de arroz
consumido anualmente no município de Cacheu, provém de lalas (áreas alagadas) ou
arroz de sequeiro (pampam). Essas práticas destroem as zonas onde as matas são mais
densas e desenvolvidas, levando-as a uma degradação progressiva. Após sucessivas
colheitas de arroz, atualmente começam-se a fazer plantações de caju, impedindo a
regeneração natural da vegetação original.
1125
2.2 Bacia Hidrográfica do Rio Cacheu
1126
Priego e Cotler (2006) destacam que as bacias hidrográficas proporcionam um
enquadramento adequado para a análise dos processos ambientais e requerem uma
investigação detalhada considerando aspectos como solo, água e vegetação, os quais
devem ser abordados por meio de ferramentas e conceitos integrativos.
Para Santos (2004), o conceito de bacia hidrográfica está associado à noção de
sistema, nascentes, divisores de águas, cursos de águas hierarquizados e foz, onde
toda ocorrência de eventos interfere na dinâmica desses sistemas, na quantidade dos
cursos de água e sua qualidade.
Carvalho e Nascimento (2004) enfatizam que, estudar os recursos hídricos como
fator básico de melhoria da qualidade ambiental, é conceber as bacias hidrográficas
como unidades de manejo geoambiental para fins de gestão e conservação, pois
uma bacia hidrográfica deve ser estudada não só do ponto de vista de sua rede de
drenagem, mas sim de forma mais holística conforme sua complexidade fisiográfica,
socioeconômica e cultural.
Na medida em que se considera a atuação de outros ambientes na dinâmica no
funcionamento da bacia hidrográfica fica mais fácil descobrir e solucionar problemas
decorrentes do uso e ocupação desenfreados dos recursos naturais que constituem as
bacias.
Tucci (2008) destaca alguns problemas relacionados com a infra-estrutura
e a urbanização que afetam a qualidade do ambiente, como: a grande concentração
populacional em áreas reduzidas, aumento da periferia nas cidades, urbanização
espontânea, falta de tratamento de esgoto, ocupação dos leitos dos rios,
impermeabilização, canalização e deterioração da qualidade da água.
Com base nas análises de Fritzen e Binda (2011), é possível identificar dois
estágios característicos da ocupação desordenada em bacia hidrográfica e alteração na
hidrologia local:
Esses exemplos realçam a realidade de uma série de cidades, as quais não levam
em consideração a importância do equilíbrio dos sistemas ambientais que compõem as
bacias hidrográficas, gerando vários problemas estruturais no setor urbano.
Na Bacia Hidrográfica do Rio Cacheu, os impactos oriundos do uso e ocupação
desordenados em algumas localidades, ou setores da bacia, e em especificamente no
baixo curso, exigem a elaboração de propostas de planejamento ambiental, objetivando
minimizar os problemas locais. Também essas ações devem ser realizadas em setores
com baixo nível de degradação, sendo caracterizadas como práticas preventivas.
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
4 REFERÊNCIAS
BIAI, J. C. M. Análise das alterações das manchas de coberto vegetal nos Parques de Cacheu e
Orango/Guiné-Biassau. Centro Nacional de Informação Geográfica, Lisboa, 2000.
GUINÉ-BISSAU. Lei das Áreas Protegidas. Decreto Lei A-5/11. Boletim Oficial 22,
República da Guiné-Bissau,2011.
1128
IBAP-Instituto de Biodiversidade e das Áreas Protegidas. Planode Gestão Parque Natural
dos Tarrafes do Rio Cacheu– PNTC.1ª edição: Junho de 2008.
PRIEGO, A.; COTLER, H. El análisis Del paisaje como base para El manejo integrado
de cuencas: El caso de La cuenca Lerma-CH. Consultado em: http://www.agua.org.
mx, 2006.
1129
PROCESSO DE OCUPAÇÃO NA PRAIA DOURADA, MARGEM ESQUERDA DO
RIO TARUMÃ-AÇÚ, CIDADE DE MANAUS/AM
1 INTRODUÇÃO
A bacia Amazônica ocupa uma boa parte dos divisores que está no Planalto das
Guianas na Cordilheira dos Andes e no planalto brasileiro e esse espaço compostos
pelos estados do Amazonas, Acre, Rondônia, Roraima, Pará, Mato Grosso e Amapá.
A nascente do rio Amazonas se inicia na Cordilheira dos Andes e sua foz deságua no
Oceanos Atlântico. Compõem cerca de 60% do território nacional com vasta vegetação
e extensão territorial alagada. Seu aspecto Geomorfológico possui rochas cristalinas do
pré-cambriano e baixo platôs de sedimentação quaternária (CUNHA, 2009).
O destaque da bacia se encontra na divisão de suas margens com os principais
tributário a direita com os rios, Javari, Juruá, Purus, Madeira, Tapajós e Xingu e na
margem esquerda com os rios Iça, Japurá, Negro, Uatumã, Nhamundá, Trombeta e
Jari (MMA, 2006). Entre esses rios tem-se em destaque como o Rio Madeira com uma
coloração branca barrenta por transporta sedimentos e apresenta uma rápida fluidez
e o Rio Negro com coloração preta devido a composição ácida e matérias orgânicas
decomposta presentes em sua água o seu fluxo é mais lento diferente do Madeira.
A bacia do rio Tarumã Açu está localizada no município de Manaus (AM) e
compreende na zona Oeste e Norte da cidade, sendo afluente da margem esquerda do
Rio Negro. O Tarumã-Açu tem sua nascente situada BR174 e Am-010. A composição
geológica na bacia é siliclástica avermelhada que contém argilitos, folhelhos, siltitos,
arenitos e conglomerados é constituída por sedimentos de canal fluvial como areia e
siltes, pedologia predominante é os Latossolos vermelho e amarelo. (COSTA, 2013).
Sua pedologia é de Alter do Chão que se encontra-se o maior aquífero de
água subterrânea do mundo estendido pelo estado do Pará, Amapá e Amazonas que
superou o aquífero Guarani onde sua extensão é por países da América Latina como
o Paraguai, Argentina e Uruguai esse aquífero está coberto por estrutura geológica
rochosa ao contrário do Alter do Chão que seu terreno é Arenoso, onde facilita a
infiltração da água da chuva que abastece o reservatório (ANA, 2019).
A Praia Dourada está em baixo curso do Bacia Tarumã-Açu que se localiza na
zona Oeste da cidade de Manaus foi ocupada para a prática de recreação, moradias
fluviais e esportes aquáticos, causando impactos ambientais e modificando a paisagem.
Desse modo o objetivo do trabalho foi de identificar o processo de ocupação antrópica
presente no entorno da Praia Dourada e os impactos resultantes na margem esquerda
do rio Tarumã-Açú.
1
Universidade do Estado do Amazonas jms.geo@uea.edu.br,
2
cscarvalho@uea.edu.br,
3
fwachholz@uea.edu.br
1130
2 DESENVOLVIMENTO
Parque Estadual Rio Negro (APA) LEI N.º 2.646, DE 22 DE MAIO DE 2001.
Decreto n.º 16.498, de 2 de abril de 1995.
Reserva Sustentável de Tupé Decreto nº 8.044 de 25 de Agosto de 2005
Inclusão do Tarumã-Açu e Ponta Negra na (APA) Decreto Nº 9.556, de 22 de Abril de 2008
Parque Rio Negro
Corredor Ecológico Urbano das Cachoeiras do
Decreto nº022 de 04 de Fevereiro de 2009
Tarumã
APA Parque Linear Bínda Decreto nº1499 27, de março de 2012
APA Parque Linear do igarapé do Gigante Decreto nº1500, de 27 de março de 2012
Fonte: SILVA, José, 2019
1132
clubes e sítios familiares no percurso da estrada de acesso e no rio Tarumã-Açu com
diversos flutuantes. O trecho ainda contem áreas preservadas com vegetação, mas que
vem sendo ocupado por moradias.
1133
A atividade turística se torna um escape para a economia local que muitas das
vezes está defasada e trará uma perspectiva a sociedade como na oportunidade de
empregos possivelmente recuperará a economia local (LIMA e FONSECA, 2004).
O solo é ocupado na área do Tarumã Açu para diversos seguimentos, mas
principalmente pela expansão urbana de Manaus com ocupações irregulares e a
abertura de rodovias e ramais secundários que facilitam acesso ao rio. Porém isso vem
trazendo impactos ambientais na área do Tarumã e contribuindo com má qualidade
da água (BUHRING, 2010).
A presença de cobertura vegetal tem uma grande importância para ecossistema
tanto biótico como abiótico como na interceptação de radiação solar que distribui essa
energia forma de aquecimento, interceptação das precipitações amenizando o impacto
das gotas de chuva e também favorece o processo de infiltração da água beneficia
a pedogênese, isso impede o processo de erosão tanto linear quanto laminares. A
ausência da cobertura vegetal, ocorre os processos maléficos como má infiltração
pluvial, ressecamento do solo facilitando o escoamento superficial do solo que se
desenvolverá os processos erosivos (ROSS, 2009).
Nesse caso esse processo de ocupação ocorreu pela posição geográfica a
facilidade de acesso a área para a prática de recreação devido encontra-se em umas
das principais vias da cidade muita frequentada por pessoas que procuram atrativos
nos finais de semana, com vista a essa procura e fácil acesso ocorreu a expansão de
flutuantes na praia.
1134
C) Imagem de 08/2016 D) Imagem de 07/2018
1135
Essa área está em intenso processo de apropriação com residências de alto
padrão, embarcações e flutuantes. Em relação aos flutuantes tem-se bares, restaurantes
e moradias (Flutuante Amazônico foi instalado em 2019). Com a instalação de bares
e restaurantes ocorre uma intensa atividade econômica no local, porém são alvos de
reclamação pela poluição sonora. Costa (2011) ressalta que bacia do Tarumã é afetada
pela apropriação desordenada principalmente a margem esquerda que se encontra a
Praia Dourada.
O crescimento residencial e atividades econômicas de bares e restaurantes
acarreta o maior movimento de embarcações. Essas atividades são responsáveis por
lançamentos de resíduos sólidos e efluentes no rio, trazendo contaminação do recurso
hídrico.
Na entrada da praia dourada (Figura 4; S03º00’56” e W060º05’19,5’’), nota-se
que a paisagem já está bastante modificada, continua sendo alterada devido a procura
pelo local, o qual tornou-se ponto de lazer para a população da cidade de Manaus.
É percebido a predominância de vegetação secundária e os solos removidos com
característica de Latossolo e Arenito.
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
1136
Portanto a Praia Dourada possui um impasse para a questões ambientais
principalmente o descrédito com a água, mas o ponto positivo é estimulo da atividade
econômica local, incentivo do transporte fluvial, atividade náuticas, turismo local e
prática de recreação no decorrer do tempo vem ganhando força e crescendo no local
devido essa procura por balneabilidade.
Diante do estudo realizado, pode-se afirmar que apesar da importância do rio
Tarumã-Açu para diversos fins e principalmente econômico, nota-se que o aumento
da ocupação ao entorno tem contribuído ao longo dos anos para o desmatamento
da vegetação nativa, mudando o aspecto físico dessa vegetação tornando-se por vez
secundaria e a bacia do Tarumã-açu se encontra ameaçada pela poluição de dejetos
devido crescimento urbano diante dessas problemáticas possíveis solução seria a
intensificação do Comitê Tarumã atua na área e investir na educação ambiental.
4 REFERENCIAS
BRASIL. Agência Nacional das Águas. Aquífero Alter do Chão. Disponível em:
<https://www.ana.gov.br/noticias-antigas/estudo-avalia-aquafero-de-alter-do-
chapso.2019-03-15.3341746279> Acesso em: 10 de Jun. 2019.
COSTA, Eduardo Bulcão da Silva, SILVA, Clauzionor Lima e SILVA, Clauzionor Lima.
Caracterização Física de Bacias Hidrográficas na Região de Manaus – Am. Caminhos de
geografia. Uberlândia. INPA. 2013.
COSTA, F.E.V. Uma experiência amazônica de gestão dos recursos hídricos: a criação do comitê
de bacia hidrográfica do rio Tarumã-açu, Manaus – Am – Brasil. 2011. 132 f. Dissertação de
Mestrado), Universidade do Federal do Pará-UFPA, Belém, 2011.
CUNHA, S.B.C e GUERRA, A.J.T. Geomorfologia do Brasil. 5ª ed. Rio Janeiro: Bertrand
Brasil,2009.
SOUSA, Isaque dos Santos. A ponte rio negro e a restruturação do espaço na região
metropolitana de Manaus: olhar a parte de Iranduba e Manacapuru. Manaus: Reggo/
UEA edições, 2015.
1138
RECURSOS HÍDRICOS NA AMAZÔNIA: USOS MULTIPLOS DAS ÁGUAS NA
MICROBACIA DO LAGO GRANDE NO MUNICÍPIO DE JURUTI/PA
1 INTRODUÇÃO
A falta de políticas públicas locais para apoiar a gestão dos recursos hídricos
e do uso dos recursos hídricos na grande maioria dos municípios da Amazônia
brasileira tem refletido negativamente para a qualidade e quantidade desse bem
precioso. Para Granziera (2000) que devido à ausência no Código de Águas Brasileiro
de proteção específica aos aspectos qualitativos e quantitativos da água e à inexistência
de regulamentação dos seus demais usos surgidos com o desenvolvimento de
novas atividades econômicas, o país começou a sentir os efeitos negativos do uso
indiscriminado da água na metade do século XX: a escassez e a poluição.
Os usos dos recursos hídricos em bacias hidrográficas devem ter concordância
entre os usuários para que não afete os usos múltiplos. A Lei 9.433 de 1997 (Lei das
águas) tem como um de seus fundamentos “a gestão dos recursos hídricos deve sempre
proporcionar o uso múltiplo das águas.” Usos múltiplos desse recurso de atividades
que os usuários dos mais diversos âmbitos sem afetar a quantidade e a qualidade
disponível. Mota e Aquino (2001 ) “A visão atual é de que a qualidade dos recursos
hídricos depende das atividades desenvolvidas nas regiões das bacias hidrográficas.”
O uso inadequado da água tem afetado muito mais qualidade do que a
disponibilidade. Para Rogers et al., (2006), “alguns especialistas, a crise da água
no século XXI é muito mais de gerenciamento do que uma crise de escassez.”As
atividades desenvolvidas pelo uso dos recursos hídricos podem causar conflitos se
não gerenciadas de forma adequada.” Tucci; Hespanhol; Cordeiro Netto (2003). “No
entanto, grande parte dos conflitos pela água envolvem, também, questões ambientais
e necessitam de soluções específicas que contemplem os interesses dos envolvidos.”
Os debates sobre os conflitos de uso devem levar sempre em consideração
os interesses individuais de cada usuário, como também o meio ambiente. Yassuda
(1993) “A gestão hídrica deve assegurar a conservação, uso e recuperação da água em
condições satisfatórias para os seus múltiplos usuários e de formacompatível com a
eficiência e o desenvolvimento equilibrado e sustentável da região.
Para uma gestão hídrica adequada, a Lei das águas em seu fundamento VI,
ressalva que “a gestão dos recursos hídricos deve ser descentralizada e contar com a
participação do Poder Público e das comunidades” De acordo com os autores Jacobi,
Günthe e Giatti (2012) os governantes, os usuários e, especialmente, a comunidade às
proximidades de determinado corpo hídrico têm o direito de participar dos processos
decisórios de forma democrática e equânime, emitindo opiniões e, principalmente,
tendo os seus valores e demandas sociais refletidos nos marcos normativos aos quais
estarão sujeitos.
1140
2.2 Compreendendo a Localidade
No período de cheia muitas áreas são afetadas com as subidas das águas,
consequentemente, as mesmas atingem diversos bairros, suas moradias e comércios,
alterando o cotidiano das famílias moradoras da localidade. Aproximadamente 26
mil habitantes vivem na zona rural do município de Juruti, distribuídos nas glebas
Juruti Velho (arrecadada pela União/INCRA), Curumucuri (arrecadada pelo Estado
do Pará/ITERPA), Mamuru (arrecadada pelo Estado do Pará/ITERPA) e Nova Olinda
III (não arrecadada e em disputa judicial), sendo que deste total em torno de 10 mil
habitantes são descendentes do povo Munduruku, os quais vivem ao redor do Lago
Grande de Juruti Velho, distribuídos em mais de 40 comunidades. Movimento Juruti
Em Ação (2011) citado por Puty (2011).
As comunidades ribeirinhas dessa localidade vivem no modo tradicional
Amazônida. Para Silvano e Begssi, (2017);
“Vivem ao longo dos rios amazônicos, incluindo o ecossistema das matas de várzea,
bastante produtivas. As principais atividades econômicas e de subsistência (produção
de alimentos) consiste principalmente na pesca artesanal, agricultura de pequena escala,
complementadas por criação de animais e extrativismo vegetal”
A) B)
1142
empreendimento situa-se na margem direita do rio Amazonas, extremo oeste do
estado do Pará. Na área da sede municipal de Juruti, localiza-se o porto, às margens
do rio Amazonas.
A)
1143
Potencial Hidrogênionico (pH)
Temperatura
Condutividade elétrica
CONSIDERAÇÕES FINAIS
1144
20 anos, e identificam as transformações que ocorrerem na água durante o passar dos
anos. Acoloração da água, enchente e vazante diferenciada, retirada de matas ciliares,
criação de animal pequeno porte, pesca, captação da água em pequena e grande escala,
trafego de embarcações motorizadas de médio porte (viagens intermunicipais), barcos
depequeno porte (viagem local), canoas movidas a remos, lazer, afazeres domésticos
são usos recorrentes na localidade, desse modo, precisam de planejamento adequada
para que o recurso hídrico não seja afetado para nenhum de seus usuários.
Apesar das análises da água ter mostrado pouca alteração, se faz necessário a
prevenção a catástrofes naturais ou antrópicas, oplanejamento de gestão hídrica no
território da microbacia do Igarapé do Rio Grande, Juruti/PA, ajudará na conservaçãodos
recursos hídricos com qualidade e quantidade necessária para os mais diversos usos.
A preservação do bioma mantém o equilíbrio ambiental, haja vista, não diferente de
outros lugares na Amazônia, as famílias residentes da localidade necessitam, utilizam
água da microbacia para todos seus afazeres domésticos, retirando o pescado para
subsistência e/ou comercialização.
Utilizar a microbacia de forma planejada, além de gerar lucros ambiental, social e
financeiro, pode servir como um plano piloto para outras microbacias, podendo assim,
contribuindo no desenvolvimento do município de Juruti/PA. Portanto, necessita de
um plano ambiental que contemple:
O estudo foi feito visando servir de base para futuras propostas de planejamento
de gestão ambiental, considerando o caráter coletivo e participativo da comunidade em
geral juntamente com poder público. Dessa forma restabelecendo o ambiente natural,
para que possa ser “devolvido” um ambiente equilibrado, saudável, sem degradação
para a comunidade jurutiense.
AGRADECIMENTOS
1145
REFERÊNCIAS
1146
MOTA, S.; AQUINO, M. D. Gestão ambiental. In: CAMPOS, J. N.; STUDART, T.
(Orgs.). Gestão de águas: princípios e práticas. Porto Alegre: ABRH, 2001.
1147
APORTE DE SEDIMENTOS E USO/OCUPAÇÃO DA TERRA NA SUB-BACIA
HIDROGRÁFICA DO RIO CARAPÁ NO MUNICÍPIO DE COLÍDER-MATO
GROSSO
1 INTRODUÇÃO
2 METODOLOGIA
A área de estudo está localizada entre as coordenadas 10° 50’ 43,35” a 10°
46’ 29,5” latitude Sul e 55° 27’ 04,5” a 55° 28’ 06,9” longitude Oeste no município de
1
Curso de Geografia da Universidade do Estado de Mato Grosso. Email: sandradealmeida64@gmail,
2
Doutorando em Geografia pela Faculdade de Ciências e Tecnologia – FCT Campus de Presidente
Prudente Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” - UNESP,
3
Doutoranda em Ciências. Área de Concentração: Ecologia e Recursos Naturais pela Universidade Fe-
deral de São Carlos/UFSCar. Professora Assistente do Curso de Geografia da Universidade do Estado
de Mato Grosso, Campus de Cáceres. Email: leilaandrade@unemat.br
1148
Colíder, Mato Grosso. O trecho em estudo corresponde ao médio curso da sub-bacia
hidrográfica do rio Carapá com aproximadamente 14,5 km de extensão (Figura 1).
1150
2.2.3.1 Confecção dos croquis dos perfis transversais
Para obter o cálculo da vazão foi utilizada a Equação 1 adotada por Cunha
(2013):
Q= V x A (Equação 1)
Onde:
Q= vazão;
V= Velocidade das águas;
A= Área
3 RESULTADO E DISCUSSÃO
1151
Figura 2. Uso e ocupação da terra na sub-bacia hidrográfica do rio Carapá
1152
Tabela 1. Tipos de uso e ocupação da terra na sub-bacia hidrográfica do rio Carapá
Variáveis Hidrodinâmicas
Ponto Profundidade Velocidade Média Largura (m) Área (m²) Vazão
Média (m) (m/s) (m³/s)
1 2,3 0,51 6,90 15,87 8,09
2 7,9 0,31 9,82 77,57 24,04
3 7,1 0,55 8,72 61,91 34,05
4 3,9 0,35 10,92 42,58 14,90
5 4,5 0,22 9,76 43,92 9,66
Org.: Sandra de Almeida da Silva
1154
o transporte de materiais grossos, principalmente nesse período de cheia, pois a
partícula foi movida com o auxílio da hidráulica da água. Registra-se ainda 0,062
mg/L de sedimentos em suspensão, considerando valores baixos seguindo os padrões
da resolução do CONAMA 357/2005 visto que o valor máximo permitido para sólidos
totais é de 500 mg/L. O índice da carga suspensa associa-se principalmente com o tipo
de uso local, mesmo em pequena escala (Tabela 3).
No P2 a vegetação foi retirada para atividades voltadas a pecuária, o pastoreio
alcança as margens do rio. Observou grande quantidade de lixo. Dejetos que são lançados
pelo moradores e deixados pelas pessoas que usam área para pescar. Machado e Torres
(2012) ressaltam que o crescimento da população e do consumo exacerbado, contribui
para o aumento da poluição e a supressão de Áreas de Preservação Permanente. Essas
atividades humanas contribuem com mudanças nos recursos hídricos (Figura 4).
1156
Registra no período chuvoso 7,70% de areia grossa, 2,04% areia média e 66,40%
areia fina. Tendenciado assim, o predomínio de partículas grossas transportadas
no fundo do canal no rio Carapá. No entanto, nesse ponto apresentou aumento
considerável da fração de silte 20,67% e a argila com 3,19%. Esses dados revelam que
ocorre processo erosivo nas margens. Os sedimentos suspensos em comparação ao
ponto anterior a quantidade quase duplicou com 0,080 mg/L, afirmando os dados
sobre índice gradativo de materiais finos (Tabela 3).
O P5 registrou dentre os outros pontos grande parte da mata ciliar preservada.
No entanto, com registro de atividades agropecuária na margem esquerda. Pode-
se observar lixos e restos de animais a margem do rio Carapá. Na seção transversal
mensurou 4,5 m de profundidade média, velocidade 0,22 m/s, com largura de 9,76 m.
A área corresponde a 43,92 m², com vazão de 9,66 m³/s. Esse ponto registrou menor
velocidade se comparado com os outros (Tabela 2 e Figura 6).
No P5 os dados hidrossedimentológicos registram menor velocidade,
consequentemente maior sedimentos finos depositados no fundo do canal, ou seja, com
a diminuição da velocidade as partículas finas (silte e argila) se depositam. Nesse caso
com grande porcentagem de silte 80,44%, sendo o maior índice registrado em todos
os pontos. Com maior índice de erosão das margens. Registrou ainda a quantidade de
0,65% areia grossa, 0,32% areia media e 14,52% areia. A concentração dos sedimentos
suspensos foi de 0,062 mg/L (Tabela 3). Durante esses anos de uso e ocupação da sub
bacia-hidrográfica do rio Carapá suas transformações foram irreparável causadas pela
ação antrópica, sendo que se transforma cada dia suas margens e o percurso do leito.
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
5 REFERENCIAS
1158
TUNDISI, J. G.; TUNDISI, T. M.; CIMINELLI, V. S. T. Água doce no Brasil: Capital
ecológico uso e conservação. 4º São Paulo: Escrituras Editora, 2015.
1159
ANÁLISE DOS IMPACTOS AMBIENTAIS CAUSADOS PELO USO E OCUPAÇÃO
NA DISPONIBILIDADE HÍDRICA DO MUNICÍPIO DE MULUNGU - CE
1 INTRODUÇÃO
1
Universidade Federal do Ceará lizasantosufc@gmail.com,
2
Universidade Federal do Ceará karolayneacoelho@gmail.com,
3
Universidade Federal do Ceará carlos.lucas.ufc@gmail.com
1160
De acordo com o mapa de Bacias Hidrográficas do Ceará, do Instituto de
Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará (IPECE, 2012), o município em questão tem
maior parte do seu território na Bacia Metropolitana e, uma menor porção, na Bacia
do Curu. No que diz respeito à Bacia Metropolitana, têm-se um conjunto de 16 bacias
independentes. Destaca-se, para Mulungu, a Bacia do Rio Choró, uma vez que tem
como um de seus afluentes, a drenagem superficial mais importante do município, o
Riacho Nilo. De acordo com Carvalho, Filho & Medeiros (1993), o Riacho Nilo constitui-
se como um dos principais tributários da sub-bacia do Rio Aracoiaba.
O clima do município se configura como úmido, à barlavento, exibindo
temperaturas mais amenas, e semiárido, à sotavento, com irregularidades nos níveis
de precipitação. Corrobora com tais assertivas, Freire (2007), e, ainda segundo a
autora, há a presença de rochas antigas e de estruturas sedimentares do Quaternário,
em decorrência das vertentes mais íngremes, dando destaque às formas dissecadas do
relevo.
Observa-se, ainda, o entalhamento dos vales pela rede de drenagem e a
formação rochosa que apresenta certa impermeabilidade, fazendo com que o índice de
infiltração seja mais baixo e o de escoamento superficial mais alto. A respeito dos solos,
a maior expressividade está nos Argissolos Vermelho-Amarelo. Entretanto, segundo
Freire (2007), encontram-se também, mesmo que em menor quantidade, os Neossolos
Litólicos (com menor armazenamento de água e maior susceptibilidade à erosão) e os
Neossolos Flúvicos (com drenagem deficiente e, nos períodos de chuva, excesso de
água).
Para além das características físicas do município, é importante ressaltar que
o mesmo tem grande parte do seu território inserido na Área de Proteção Ambiental
(APA) da Serra de Baturité, ou seja, em teoria, é um ambiente de conciliação entre
a ocupação humana e a utilização sustentável dos recursos naturais. Entretanto,
muitas atividades antrópicas têm grande potencial de gerar problemas no ambiente,
a exemplo do desmatamento que pode ser visto como foco de risco para a diminuição
da disponibilidade hídrica da região.
A retirada da vegetação é feita, ainda, na “limpeza” do terreno, dando lugar à
plantação, pastagem e construções imobiliárias. Assim, faz-se importante compreender
as demandas e atividades antrópicas que podem causar interferências nos recursos
hídricos de Mulungu, gerando impactos na disponibilidade hídrica da região.
2 DESENVOLVIMENTO
1162
Figura 2 - Mapa da hierarquia fluvial da sub-bacia do Rio Aracoiaba - CE
1164
agravam-se, ainda mais, em decorrência da grande quantidade de sedimentos que
podem vir a ser depositados nos corpos d’água. Em áreas mais acidentadas, com fortes
declives, em decorrência principalmente da gravidade e da degradação humana, o
desenvolvimento dos solos torna-se mais difícil. Além disso, essa característica faz
com que Mulungu possa ser considerado um ambiente instável, de acordo com Tricart
(1977). Vale ressaltar, também, que grande parte da água que chega a superfície escoa
e transporta os sedimentos para áreas mais aplainadas, indo em direção ao nível de
base local.
Nesse contexto, leva-se em consideração as potencialidades e limitações
presentes em Mulungu, uma vez que ao se avaliar o uso e ocupação do solo obtêm-se,
aproximadamente, as condições de escoamento superficial, infiltração, interceptação
e evapotranspiração da área, sendo, essas informações, muito importantes para
compreensão da disponibilidade hídrica do município.
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
4 REFERÊNCIAS
TRICART, J. Ecodinâmica. Rio de Janeiro: IBGE. In: Série recursos naturais e meio
ambiente. SUPREN/IBGE, 1977.
1166
UTILIZAÇÃO DE MODELAGEM MATEMÁTICA ASSOCIADA A SIG’s COMO
FERRAMENTA PARA PLANEJAMENTO EM BACIAS HIDROGRÁFICAS
1 INTRODUÇÃO
2 DESENVOLVIMENTO
1168
antrópicas provocam alterações no meio, afetando diretamente na disponibilidade
hídrica em quantidade e qualidade adequada dentro de uma bacia hidrográfica.
(CARVALHO, 2014).
A gestão de recursos hídricos brasileira conta com um forte amparo legal, seja
em nível federal ou estadual. Já na esfera de governo municipal, particularmente nas
microbacias que formam os territórios municipais, seria fundamental a existência de
uma base legal consolidada para estabelecimento de limites e parâmetros de utilização
sustentável de recursos ambientais, representando as legislações federais e estaduais e
incluindo as peculiaridades locais. No entanto, as legislações municipais relacionadas
ao tema, quando existem, ainda trabalham de forma separada o uso e ocupação do
solo e o gerenciamento dos recursos hídricos. (PASTORELLI JUNIOR; ARGOLLO
FERRÃO, 2018)
Conforme Guerra e Cunha (1998) citado por Araujo e Prates (2018), o processo
de planejamento do território pode reduzir e até mesmo evitar a ocorrência de
impactos ambientais causados por ações antrópicas dentro das bacias hidrográficas. O
planejamento, se bem realizado, pode orientar a ocupação humana, protegendo áreas
destinadas a preservação ambiental e evitando que sejam ocupadas áreas instáveis,
com fragilidades ambientais e alta susceptibilidade erosiva.
O planejamento ambiental nas bacias hidrográficas deve ser realizado como uma
política pública de enfoque integral, trabalhando o ordenamento do território de modo
sustentável, considerando não só o desenvolvimento econômico, mas incorporando as
questões ambientais e de uso e ocupação do solo. (CARVALHO, 2014)
1169
A complexidade dos fenômenos ambientais tem exigido cada vez mais uma visão
sistêmica, relacionando o uso do espaço com áreas remanescentes de vegetação, com
a qualidade da água e a antropização, mensuradas dentro de uma bacia hidrográfica.
Neste contexto, o mapeamento de uso do solo surgiu como uma ferramenta de análise
ambiental, que auxilia a identificação de perdas de vegetação nativa, muitas vezes
provenientes de desmatamentos, alterações climáticas e reincidência de doenças, além
do impacto social causado pela urbanização do espaço. (CORNELLI et al. 2016)
Medeiros et al. (2016) analisou a redução da área dos reservatórios em um
período de estiagem no semiárido utilizando o ambiente SIG, em seu estudo foi
possível constatar que além das altas taxas de evaporação características da região,
os usos múltiplos das águas no período de estiagem estavam contribuindo para
o desaparecimento de diversos reservatórios, sendo necessária melhor gestão
para atendimento aos usos prioritários. Já Pinheiro et al. (2009) estudou o uso do
geoprocessamento como ferramenta de integração e análise das informações da
qualidade das águas, dos usos preponderantes e das fontes poluidoras na bacia
hidrográfica do rio Macaé. O estudo levou ao comitê de bacias hidrográficas um olhar
integrado da qualidade, e principalmente sua relação com a fonte poluidora pontual e
difusa e com o uso e cobertura do solo, subsidiando o processo de enquadramento.
Nesse contexto, a utilização das geotecnologias permite não só a elaboração de
diagnósticos, mas também o estudo de cenários futuros relacionados às problemáticas
ambientais, podendo inclusive ajudar a preveni-las. Do mesmo modo, pode direcionar
as melhores áreas para o uso, reduzindo assim a utilização de ambientes possivelmente
frágeis e sensíveis a determinado tipo de intervenção. (ARAUJO; PRATES, 2018)
1170
Segundo Fleck, Tavares e Eyng et al. (2013), existem situações que devem ser
observadas e consideradas na utilização da modelagem matemática. Os modelos
matemáticos de qualidade da água precisam ser ajustados para que os parâmetros
de entrada forneçam resultados mais próximos aos resultados observados nos cursos
d’água, deste modo se torna necessário estudar e prever métodos de calibração e
validação que tornem o modelo apto a representar a realidade local.
Fleck, Tavares e Eyng et al. (2013), afirmam ainda que no decorrer dos anos
vários protocolos de calibração foram estudados, todos enfatizando a necessidade
de verificar a qualidade dos dados utilizados e importância de uma definição clara
dos objetivos da calibração. Mesmo os modelos e parâmetros possuindo estrutura
conhecida, alguns parâmetros exigem um processo de investigação específica.
Como todo método de pesquisa, a modelagem também possui uma orientação
metodológica a ser seguida. Logo, existem diversos esquemas que objetivam descrever
as etapas de uma modelagem matemática. Entretanto, o importante é que o método
em estudo contemple os objetivos específicos de cada problema, que pode conter
distintas escalas espaciais e temporais. Um esquema geral pode ter diferentes etapas,
que podem ser formadas por etapas padrões e outras mais genéricas que podem ser
tratadas de forma particular por cada pesquisador (figura 1).
1171
• não se pode identificar o ponto de origem;
• o monitoramento deve possuir caráter extensivo (em nível de bacia
hidrográfica) e preventivo;
• dificuldade de se estabelecer padrões de lançamento para o efluente
pois a carga caria de acordo com a intensidade e duração de eventos
meteorológicos.
A principal contribuição da poluição difusa aos recursos hídricos ocorre
através do escoamento superficial, uma vez que as partículas de poluentes se
depositam no solo e posteriormente acabam sendo transportadas sobre a superfície da
bacia. (SCHNEIDER, 2017)
Conforme Rodrigues, Junior e Pessanha et al. (2012), os modelos matemáticos
aplicados ao tema recursos hídricos podem abordar os aspectos quantitativos e
qualitativos. Os quantitativos podem estudar dados como vazão de cursos, campos
de velocidade, disponibilidade hídrica. Os modelos qualitativos podem estudar
temas como carga máxima de diluição de poluentes, comportamento de plumas
de lançamento e taxas de remoção. Percebe-se que o aspecto qualitativo irá sempre
depender do quantitativo, uma vez que a avaliação da qualidade de um corpo hídrico
passa pela concentração presente de certos compostos químicos, que é definida apenas
pela taxa de renovação do volume do próprio corpo receptor.
(i) somatório das cargas difusas resultantes dos produtos das áreas de cada
categoria de uso do solo pelos respectivos coeficientes de exportação;
(ii) somatório das cargas pontuais resultantes dos produtos das categorias
de população pelos respectivos coeficientes de exportação;
(iii) somatório de cargas pontuais como lançamentos de estações de tratamento
de esgoto ou lançamentos específicos como indústrias, contribuições de
transposições etc.
1172
Carga Média = ft x [ Σi ( Ai x ci ) + Σj (Pj x ej ) + Σk Bk ] Equação (1)
Em que:
1173
2.2.4 Integração entre modelos matemáticos de simulação e os SIG’s
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A Gestão de recursos hídricos brasileira conta com uma base legal fortalecida,
mas ainda desvinculada a gestão ambiental. Percebe-se que os Planos de Recursos
Hídricos -PRH’s são desenvolvidos sem a preocupação de integração com o
planejamento de uso e ocupação do solo, ou seja, mesmo a bacia hidrográfica sendo a
unidade de planejamento, a visão ainda é centralizada apenas nos recursos hídricos
sem se preocupar com os impactos negativos causados pela má gestão e ordenamento
do território. A modelagem matemática surge neste contexto como uma ferramenta
extremamente importante no processo de gestão de recursos hídricos, uma vez
que pode contribuir desde o diagnóstico até a escolha de alternativas de manejo e
intervenção.
Em todos os estudos analisados a modelagem matemática da qualidade da
água mostrou-se uma ótima ferramenta para avaliar o comportamento dos parâmetros
estudados em um curso d’água ao longo do espaço e tempo.
A integração dos modelos matemáticos com os SIG’s fez com que fosse criada
uma importante ferramenta para estudo da poluição hídrica e identificação de suas
causas nas bacias hidrográficas. Através dessa modelagem é possível trabalhar a
simulação de diferentes cenários e assim identificar quais intervenções serão mais
eficazes para redução da geração de carga poluidora na bacia, levando em conta tanto
as fontes pontuais como difusas de poluição.
A aplicação de modelos matemáticos deve ser realizada com muita cautela,
uma vez que cada bacia hidrográfica possui suas peculiaridades locais e características
distintas, mesmo que os modelos passaram por diversos estudos e desenvolvimento,
é extremamente necessário a realização da calibração e validação de determinado
modelo para que o mesmo se aproxime o máximo das condições reais, fornecendo
dados confiáveis e mais precisos.
O modelo MQUAL se constitui uma ferramenta de grande relevância
nas instancias de planejamento, podendo por sua simplicidade e facilidade de
compreensão fornecer subsídios para a tomada de decisão dentro dos comitês de bacias
de hidrográficas, que ainda carecem muito de estudos técnicos que deem suporte ao
planejamento e processo decisório.
1174
4 AGRADECIMENTOS
5 REFERENCIAS
ARAUJO, P.L.; HAMBURGUER, D.S.; JESUS, T. A.; BENASSI, R.F.; CICCO, V. Relação
entre a qualidade da água e o uso do solo em microbacias do reservatório Billings, na
Região Metropolitana de São Paulo – SP. REGA, Porto Alegre, v. 15, e2, 2018.
CORNELLI, R.; SCHNEIDER, V.E.; BORTOLIN, T.A.; CEMIN, G.; SANTOS, G.M.
Análise da influência do uso e ocupação do solo na qualidade da água de duas sub-
bacias hidrográficas do município de Caxias do Sul. Scientia Cum Industria, V.4, N.
1, 2016.
FABBRO NETO, F.; SOUZA, M.P. Water basin management plan integrated in spatial
plans in Scotland. Eng. Sanit. Ambient. [online]. 2017, vol.22, n.6, pp.1215-1223. Epub
03-Ago-2017. ISSN 1413-4152. http://dx.doi.org/10.1590/s1413-41522017155286.
MEDEIROS, L., GUEDES, J., OLIVEIRA, A., e COSTA, D. (2016). USO DE SIG
NA ANÁLISE DOS RECURSOS HÍDRICOS NO MUNICÍPIO DE CAICÓ (RN).
Geoambiente On-Line, (27). https://doi.org/10.5216/revgeoamb.v0i27.38604
PINHEIRO, M.R.C.; WERNECK, B.R.; OLIVEIRA, A.F.; MOTÉ, F.; MARÇAL, M.S.;
J.A.F.; FERREIRA, M.I.P. Geoprocessamento aplicado à gestão dos recursos hídricos na
bacia hidrográfica do Rio Macaé-RJ. Anais... XIV Simpósio Brasileiro de Sensoriamento
Remoto, Natal, Brasil, INPE, 2009, p. 4247-4254.RODRIGUES, P.P.G.W.; JUNIOR, J.L.;
PESSANHA, C. Uso de modelos matemáticos na gestão de recursos hídricos, In: Uso
de modelos matemáticos na gestão de recursos hídricos/ Organizador por Pedro
Paulo Gomes Watts Rodrigues e Jader Lugon Junior. Campos dos Goytacazes (RJ):
Essentia Editora, 2012.
SMA, Secretaria de Estado do Meio Ambiente Estado de São Paulo. Elaboração do Plano
de Desenvolvimento e Proteção Ambiental da Bacia Hidrográfica do Reservatório
Billings. São Paulo: [s.n.], 2010. 274 p.
1176
AS AÇÕES DE SENSIBILIZAÇÃO NA ÁREA DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE
(APP) NA MICRO BACIA DO QUARENTA MANAUS-AM
1. INTRODUÇÃO
2. DESENVOLVIMENTO
1178
2.2. RESULTADOS E DISCUSSÕES
Figura. 2: Parte do Igarapé do 40, acomoda lixo com ambiente poluído e mau cheiro.
Apesar destas intervenções os períodos de chuva, e as cheias dos rios, que eleva
o leito dos igarapés, estrangulado as tubulações que dão vazão às águas pluviais e
fazendo com que a corrente do igarapé fique parada, nota-se substancial subida
no nível das águas, além disso, verifica-se o acúmulo de lixo, o odor resultante da
decomposição de resíduos a retirada da cobertura vegetal,por indivíduos que
vandalizam e desrespeitam o meio ambiente e as ações que é promovida nesta área.
Observou-se também que há uma fixação de tufos de gramas se mostrando ineficiente,
visto o surgimento de feições erosivas como sulcos e marmitas torrenciais, conforme
1179
atestam Andrade Filho e Molinari (2011). Por fim, a retilinearização dos canais tem
modificado a paisagem local.
Para o efeito do desenvolvimento do estudo. O trecho revitalizado, é um
cenário e instrumento de previsão da evolução de conscientização da comunidade que
moram entorno dessa área de APP da Micro Bacia do Quarenta, apesar de apresentar
algumas deficiências de planejamento ambiental e de recursos hídricos alcançar a
sustentabilidade para a preservação dessa bacia hidrográfica e a questão ambiental,
deve observar dois conceitos fundamentais: a cultura e o território (Santos 1993). O que
observamos na ótica em relação à sustentabilidade, há uma ação por parte de alguns
moradores que voluntariamente se mostram sensibilizados em relação à preservação
desse curso d´água ou área de APP s, quais são tão mencionadas nas principais leis
ambientais e gestão hídricas nas três esferas de poder, municipal, estadual e federais,
mas simplesmente ainda são desrespeitadas.
Para intensificar essas ações de sensibilização o poder publico junto com a
comunidade, que moram entorno dessa área de APP da Micro Bacia do Quarenta
buscam amenizar com projetos,que evite, mais sujeiras que vá parar nos igarapés.
Sendo assim, alguns moradores se comprometem em ajudar a diminuir este problemas
ambiental e cultural nos te recurso hídrico, através de plantios de mudas que são doadas
pelo Horto Municipal de Manaus,em parceria com o UGPE Unidade de Gestora de
Projetos Especiais dos Igarapés.Do programa social ambiental dos igarapés de Manaus
(Prosamim) para o processo de revegetação da área degradada. Para preservar a mata
ciliar e as margens desse curso d´água. E a cada morador voluntario que se comprometi
em ajudar nas plantações e conservar essa área de APP da Micro Bacia do Quarenta
são doadas cinco mudas a cada três meses de diferentes espécies de plantas que existia
nesta área de preservação antes de sua ocupação e degradação desse recurso Hídrico.
1180
que moram entorno dessa área, o qual busca como forma de trabalho, mas também,
ajuda na preservação. Pois retira diariamente desse curso d´água uma quantia
significativa de resíduos sólidos, uma iniciativa muito precisa, para a permanência
da dinâmica fluvial dos igarapés, O proprietário desta coleta seletiva objetiva fazer
com que moradores do entorno de igarapés guardem materiais de grande porte como
geladeiras e fogões, além dos resíduos menores para que seja levada à reciclagem a
valorização e respeito ao modo de vida das pessoas, contra a ausência de políticas
públicas reais e ambientais.
Com uma maior percepção dos resultados. Na (figura 4) as ações dos moradores
em parceria com o poder público dessa área de preservação permanente (APP) da
Micro Bacia do Quarenta, e as iniciativas para sensibilizar a comunidade a conservarem
esse curso D´água, é uma missão longa, mas não impossíveis porque, exige uma
necessidade de desenvolver e promover ações para mitigar os danos ambientais nos
igarapés e fragmentos florestais que ainda estar presente em uma certa parte do trecho
dessa área de preservação permanente,próxima a Universidade Federal do Amazonas,
especificamente no Bairro japim II,zona sul da cidade der Manaus.
De acordo com ROSSIM, (2008). O Prosamim tem um enfoco mestre que é
articular os esforços em busca da melhoria da qualidade de vida para a população de
Manaus. Cada projeto engloba dimensões sociais, ambientais, institucionais, financeiras,
legais nas sub-bacias dos igarapés. Viabilizar a degradação e o ordenamento ambiental
desse curso d´água que garanta efetivamente a resolução dos problemas de despejo
de efluentes domésticos e sanitários, resíduos sólidos descartados no igarapé, e os
conflitos existentes. Para a melhoria da qualidade de vida da sociedade envolvida, E a
complexidade do processo, de conservação exige conhecimentos técnicos, ambientais,
sociais, históricos, econômicos e culturais para o seu desenvolvimento e preservação
desses cursos D´água. Os igarapés, que cortam a Cidade de Manaus e que sempre
marcaram a paisagem da capital e hoje. SOMBRA (1996). Esses canais fluviais quando
não aterrados, canalizados e transformados em ruas, avenidas e praças, se encontram
poluídos e degradados.
1181
Em geral a interações voluntária de alguns moradores que se envolve nesta
ação de sensibilização para conservação dessa área de preservação permanente (APP)
da Micro Bacia do Quarenta é apenas um começo de um grade trabalho.na analise
das observações,que identificamos na visita em campo, apesar das modificação do
paisagismo E com a reurbanização proposta pelo Prosamim, o canal teve seu curso
modificado com a retirada de palafitas .Mas, na realidade o que se observou é que,
ainda não existe um tratamento rigoroso de saneamento básico não desse efluente, De
fato, FROTA Filho e PACHECO (2011) possuem razão quando asseveram que as áreas
de preservação permanente em Manaus não são respeitadas.No entanto o modelo
de sustentabilidade ainda se mantém desnecessária e descumpridas, por parte da
população que moram entorno dessa área de APP,Assim como as industrias próximas
a esse trecho, são as que também, contribuir com impactos adversos e negativos
dificultando o equilíbrio do meio ambiente e a conservação dos recursos Hídricos
A partir dessas observações e analise documental que tange as leis ambientais A
vantagem de preservar as APP´s urbanas. O estudo da área revitalizada pelo programa
social e ambiental dos igarapés de Manaus (Prosamim) em uma extensão de mais
24,5 km recuperados da Micro Bacia do Quarenta, está relacionada a proteção dos
direitos difusos,em planejamento ambiental e de bacias hidrográficas para garantir
as encostas, as margens dos igarapés, agrega imediatamente ações de sensibilização
junto a comunidade e o poder publico para garantir valor às propriedades situadas
no seu entorno em virtude do bem-estar e da qualidade de vida proporcionadas as
presentes e futuras gerações,mas para isso é importante que todos colaborem com a
limpeza e conservação dos igarapés da cidade de Manaus, e especificamente a área de
preservação permanente (APP) da micro Bacia do Quarenta.
3. CONSIDERAÇÕES FINAIS
OLIVEIRA, Jose Aldemir de. Crônicas da minha cidade – I Ed Rio de Janeiro: Letra
Capital, 2017.
1183
ESTUDO DO TRANSPORTE DE SEDIMENTOS NA SUB-BACIA HIDROGRÁFICA
RIO DO CAMPO, CAMPO MOURÃO - PR
1 INTRODUÇÃO
2. DESENVOLVIMENTO
Figura 1 (a) Uso e ocupação do solo do município de Campo Mourão. (b) Uso e
ocupação do solo da sub-bacia hidrográfica do rio do Campo.
(a) (b)
2.1.3 Declividade
1186
Einstein et al., (1950) expressou a carga de fundo por unidade de largura de
leito, q s podendo ser expressa por:
Segundo Stevens e Yang (1989, apud CARVALHO et al., 2000a, p. 34) o modelo
matemático de Yang (1973) foi selecionado como um dos modelos mais recomendados
para areia. A equação de Yang para a areia pode ser visualizada abaixo e é recomendada
para descargas de sedimentos em suspensão.
1188
A seção em estudo do rio Água das Barras (seção 1) se caracteriza por possuir
maior cobertura vegetal quando comparada à seção do rio do Campo (seção 2). Em
relação à seção da junção dos rios (seção 3), sua montante possui áreas de banhado.
Dentro do reservatório foram realizadas três campanhas de amostras: três
na margem direita, três na margem esquerda e duas no meio, devido à quebra do
equipamento desta coleta (amostrador de fundo US-D-59).
Para a obtenção dos dados hidrométricos, foram descartados os pontos do
reservatório, devido à dificuldade de obtenção dos mesmos.
Através dos trabalhos de campo, foi possível a obtenção de dados, tais como a
vazão, raio hidráulico, perímetro molhado e velocidade, apresentado na tabela 1 para
o rio Água das Barras, rio do Campo e para a junção dos rios. A declividade foi obtida
teoricamente pela fórmula de Manning. Com esses dados foi possível a realização de
cálculos para os métodos de Duboys e Zeller (1963), Einstein (1942) com Peter-Meyer
e Yang (1973).
1189
Foi possível verificar uma semelhança entre as vazões do rio Água das Barras e
do rio do Campo. A soma dessas duas vazões se aproxima com a vazão da junção dos
rios, estabelecendo a relação de continuidade. Entretanto, esta ainda é maior, devido
à formação de nascentes que existem entre as seções estudadas, as quais puderam ser
observadas em idas a campo. Quanto à declividade, a maior observada foi no rio Água
das Barras e a menor na junção dos rios, com valor próximo à seção do rio do Campo.
1190
Tabela 2. Estimativas das descargas de sedimento para as seções de coleta.
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
4 AGRADECIMENTOS
1192
5 REFERÊNCIAS
DUBOYS, S. P. Le Rohne et les rivieres a lit affoillable. Annales des Ponts et Chaussees,
Serie 5, Vol. 18, p. 141-195. 1879.
EINSTEIN, H. A. Formulas for the Transportation of Bed-Load, Trans. Am. Soc. Civil
Engrs., vol. 107. 1942.
LELI, Isabel T. Variação espacial e temporal da carga suspensa do rio Ivaí. 2010. 66
f. Dissertação (Mestrado) - Programa de Pós Graduação em Geografia, Universidade
Estadual de Maringá. Maringá, 2010.
1193
AVALIAÇÃO DA REGIONALIZAÇÃO DE VAZÕES NA BACIA HIDROGRÁFICA
DO RIO MOURÃO, PARANÁ
Pauline Gottstein1
Halana Mara Barabacz2
Kelly Leiko Umeki3
Eudes José Arantes4
1 INTRODUÇÃO
2 MATERIAL E MÉTODOS
1195
2.3 Áreas de drenagem e declividades médias
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
1196
Figura 1 – Curvas de permanência obtidas para as três estações fluviométricas em estudo.
Estação / Vazão Q95 real Vazão Q50 real Área de Drenagem Declividade média
Código (m³/s) (m³/s) (km²) (%)
Salto Natal / 5,75 19,44 850,82 9,55
64671000
ETA Sanepar / 0,60 1,40 76,42 8,13
64671950
Quinta do Sol / 12 30,48 1543,88 9,03
64673000
Fonte: Autoria própria.
1197
Através da utilização dos mínimos quadrados e da equação (1), com auxílio do
programa Solver, foram obtidos os coeficientes a, b e c, o que permitiu a formulação
das equações (2) e (3) de estimativa de vazões Q50 e Q95, respectivamente, para a bacia
hidrográfica do rio Mourão.
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
1198
Conclui-se que o método utilizando dados de declividade média apresentou
resultados adequados e, portanto, passíveis de aplicação na bacia em estudo. No
entanto, para uma maior confiabilidade dos dados, outros fatores climáticos e físicos
devem ser considerados, além da utilização de todas as estações fluviométricas
disponíveis, o que permite uma melhor análise.
Nesse contexto, os modelos de regionalização de vazão são ferramentas
promissoras para auxiliar na solução da escassez de dados de vazão na região em
estudo, podendo dar suporte ao planejamento e à gestão dos recursos hídricos. Os
métodos empregados nesse estudo também podem ser aplicados em outras regiões
que sofram com a falta de monitoramento hidrológico.
5 AGRADECIMENTOS
6 REFERENCIAS
OKA-FIORI, C.; SANTOS, L. J. C.; CANALI, N. E.; FIORI, A. P.; SILVEIRA, C. T.;
SILVA, J. M. F.; ROSS, J. L. S. Atlas Geomorfológico do Estado do Paraná. Escala base
1:250.000, modelos reduzidos 1:500.000. Curitiba: MINEROPAR. 59 p. 2006.
TUCCI, C.E.M. Hidrologia: Ciência e aplicação. Porto Alegre, Ed. ABRH/UFRGS, 944
p. 2012.
1200
APLICAÇÃO DE UM ÍNDICE DE SUSTENTABILIDADE AMBIENTAL NA BACIA
HIDROGRÁFICA DO RIO DO CAMPO
Pauline Gottstein1
Kelly Leiko Umeki2
Eudes José Arantes3
1 INTRODUÇÃO
1
Discente do Programa de Pós-graduação em Gestão e Regulação de Recursos Hídricos (PROFÁGUA),
Universidade Tecnológica Federal do Paraná – Campo Mourão, paulinegottstein@gmail.com
2
Discente do Programa de Pós-graduação em Gestão e Regulação de Recursos Hídricos (PROFÁGUA),
Universidade Tecnológica Federal do Paraná – Campo Mourão, kellyumeki@hotmail.com
3
Docente do Programa de Pós-graduação em Gestão e Regulação de Recursos Hídricos (PROFÁGUA),
Universidade Tecnológica Federal do Paraná – Campo Mourão, eudesarantes@gmail.com
1201
2 MATERIAIS E MÉTODOS
A bacia hidrográfica do Rio do Campo ocupa área de 384 km², sendo 247 km² no
município de Campo Mourão e 137 km² no município de Peabiru, no estado do Paraná
compondo a bacia do Rio Mourão, que por sua vez integra a bacia hidrográfica do Rio
Ivaí (CRISPIM et al., 2012).
A área de estudo está sobre o Terceiro Planalto Paranaense, entre as coordenadas
23° 53’ e 24° 10’ de latitude Sul e 52° 15’ e 52° 31’ de longitude Oeste, na porção média
entre os rios Ivaí e Piquiri (MAACK, 2002).
A bacia hidrográfica do rio do Campo apresenta relevante importância para
a região, visto que contribui com o abastecimento de água e recebe efluentes do
tratamento de esgoto.
1202
isso é possível identificar o uso predominante do solo em termos de área para cada
uma das classes presentes na bacia do Rio do Campo, com o auxílio da ferramenta
Análise de Terreno, também do software livre Qgis 2.14.3.
Os dados de uso do solo consideraram o grau de proteção e a susceptibilidade
aos processos erosivos em cada classe. Em função disso atribuiu-se peso maior para
áreas que sofreram menor interferência antrópica e receberam pesos menores as áreas
de ocupação urbana ou onde sua pressão é mais intensa (COUTO, 2007).
Assim, o FUS é determinado da seguinte forma:
FUS S (2)
Tabela 1: Peso atribuído por Classes de Uso do Solo, adaptado de Couto (2007).
FFP= R (3)
1203
As faixas de rugosidade relacionadas aos pesos foram adaptadas de Couto
(2007), sendo classificados em cinco grupos (Tabela 2).
onde IDHR é a dimensão renda; rdpp = renda per capita dos responsáveis por
domicílios particulares permanentes; VRMin é o valor de referência mínimo; VRMáx é
o valor de referência máximo.
O logaritmo é usado para expressar melhor o fato de que um acréscimo de
renda para os mais pobres é proporcionalmente mais relevante do que para os mais
ricos (COUTO, 2007).
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
A partir da obtenção dos valores referentes a cada variável que compõe os três
fatores em estudo é possível agregar os resultados, visando a obtenção do índice de
sustentabilidade ambiental da bacia do Rio do Campo.
A classificação do uso e ocupação do solo na bacia em estudo foi dividida em
cinco grupos, sendo observado a predominância de lavouras temporárias (61,32%),
atribuindo-se ao fator de uso do solo o peso 0,4 (Tabela 3).
Tabela 3: Valores das áreas obtidas para as classes de uso e ocupação do solo observadas
na bacia do Rio do Campo.
1205
A obtenção do FFP está relacionada ao índice de rugosidade da bacia em estudo,
que foi calculado em função da densidade de drenagem e da amplitude altimétrica.
Para o cálculo da densidade de drenagem considerou-se a razão entre o comprimento
total dos canais da bacia, totalizando 281,04 km e a área total da bacia de 384 km²,
resultando em 0,732 km/km². Para a obtenção da amplitude altimétrica considerou-se
a diferença entre 723 m e 326 m, sendo a maior e a menor altitude respectivamente,
resultando na amplitude de 397 m.
Assim, com o produto destes resultados é obtido o valor de 0,29 para o índice
de rugosidade da bacia, que se enquadra na classe média, correspondente ao peso 0,6
para o fator de fragilidade potencial (Tabela 4).
1206
Tabela 5: Resultados obtidos para as dimensões do FDH relacionadas a classificação
quanto as faixas de desenvolvimento humano de acordo com PNUD/IPEA/FJP (2013).
Tabela 6: Resultados dos fatores que compõe a equação (1) para determinação do IS da
bacia do Rio do Campo.
Fatores Resultados IS
FUS 0,4
FFP 0,6 0,573
FDH 0,72
Fonte: Autoria própria.
Segundo estudo realizado por Silva (2014), a área em estudo possui 74% da
área ocupada pela agricultura, com cultivos como soja, milho e trigo com um manejo
do solo em sua maioria adequado ao plantio direto, que é mantido pela maioria dos
agricultores, desde que os programas de conservação do solo foram desenvolvidos na
bacia, na década de 80.
No entanto, segundo Costa et al. (2006), grande parte dos agricultores tem
ignorado técnicas importantes de conservação, como a distância correta entre terraços,
ou até a não construção dos mesmos, que devem ser realizadas junto as técnicas de
plantio direto, para garantir uma maior proteção do solo. A remoção parcial ou total
de terraços compromete a conservação do solo mesmo com a utilização do plantio
direto, e os espaçamentos adequados dos terraços são eficientes e devem ser mantidos,
por ser uma prática eficiente no controle da erosão, conferindo assim, maior proteção
aos recursos hídricos (CAVIGLIONE et al., 2010).
De acordo com Villela e Mattos (1975), a densidade de drenagem pode variar
de 0,5 a 3,5 km/km² ou mais, sendo os valores menores correspondentes a uma
drenagem pobre e os valores mais altos relacionados a bacias bem drenadas. O índice
de densidade de drenagem encontrado na bacia do Rio do Campo, de 0,732 km/km²,
mostra que esta possui baixa capacidade de drenagem, indicando terrenos com pouca
declividade, contribuindo para uma alta taxa de infiltração.
O nível de fragilidade da bacia, dado pela rugosidade, se mostrou como um
valor médio. Conforme Castro e Carvalho (2009), o aumento desse índice implica
em maiores declividades e canais mais entalhados. Considerando que a maior área
da bacia é de lavouras temporárias e área urbanizada, 61% e 25% respectivamente,
evidencia-se a preocupação com a conservação do solo e com um planejamento da
drenagem urbana.
Com os valores dos fatores semelhantes a Couto (2007), este mesmo autor
ressalta que mesmo com alto FDH, este é minimizado em relação aos outros dois fatores
do IS, devido a sua forma de apuração que considera uma diversidade de dados, e
que dificilmente é atingido de forma plena. Destaca-se ainda a importância do fator
fragilidade potencial no IS, onde bacias com FFP entre alto e médio registraram um
índice mais baixo.
1207
O índice de sustentabilidade mostrou-se com um valor médio, de 0,573,
evidenciando que o fator uso do solo é o mais preocupante na bacia, que em sua
maior parte é coberta por áreas agrícolas. A rugosidade da bacia apresentou valor
médio, correspondendo a um fator de fragilidade de 0,6. Por outro lado, o fator de
desenvolvimento humano do município variou de alto a muito alto, nos quesitos
longevidade, renda e saneamento, com o destaque negativo apenas para a educação,
que teve um valor baixo.
Dessa forma o emprego do índice de sustentabilidade, tal como foi desenvolvido
nesse trabalho, permite auxiliar na comunicação e na visualização de elementos
importantes relativos à qualidade ambiental e de vida da população no âmbito da
bacia hidrográfica analisada.
É certo que essa proposta de obtenção de um índice de sustentabilidade ambiental,
elaborada a partir de um número determinado de indicadores, não pretende refletir de
forma isolada toda a realidade envolvida na questão da sustentabilidade ambiental.
No entanto, busca-se refletir uma tendência, capaz de subsidiar a identificação de
áreas e/ou parâmetros que requerem planejamento e gestão por parte das entidades
interessadas em promover o desenvolvimento de forma sustentável.
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
5 AGRADECIMENTOS
1208
6 REFERENCIAS
KEMERICH, P.D.C., MARTINS, S.R., KOBIYAMA, M., BURIOL, G.A., BORBA, W.F.,
RITTER, L.G. Avaliação da Sustentabilidade Ambiental em Bacias Hidrográficas
mediante a aplicação do modelo P-E-R. Revista Eletrônica em Gestão, Educação e
Tecnologia Ambiental, v. 10, n. 10, p. 2140-2150. 2013.
MAYNARD, I.F.N., CRUZ, M.A.S., GOMES, L.J. Metodologias de índices para análise
da sustentabilidade em bacias hidrográficas. In: VII Encontro de Recursos Hídricos
em Sergipe, Aracaju, 19-20 mar. 2014. Disponível em: https://www.alice.cnptia.
embrapa.br/alice/bitstream/doc/1001722/1/Metodologiasdeindices.pdf.Acesso em
13 abr. 2018.
CRISPIM, J.Q., MALYSZ, S.T., CARDOSO, O., PAGLIARINI JUNIOR, S.N. Conservação
e proteção de nascentes por meio do solo cimento em pequenas propriedades agrícolas
na bacia hidrográfica Rio do Campo no município de Campo Mourão – PR. Revista
Geonorte, Campo Mourão, v. 3, n. 4, p. 781-790. 2012.
1209
MAACK, R. Geografia física do Estado do Paraná, 3ed. Curitiba: Imprensa Oficial,
526p. 2002.
GRAÇA, C.H., PASSIG, F.H., KELNIAR, A.R., PIZA, M.A., CARVALHO, K.Q.,
ARANTES E.J.
Multitemporal analysis of estimated soil loss for the river Mourão watershed, Paraná
– Brazil. Braz. J. Biol., São Carlos, v. 75, n. 4, p. 120-130. 2015.
SILVA, V.B. A qualidade da água no alto curso do rio do campo, município de Campo
Mourão – PR. Dissertação de Mestrado, Pós-Graduação em Geografia. UEM, Maringá,
78f. 2014.
COSTA, A., VIEIRA, M.J., BRAGAGNOLO, N., MUZILLI, O., PAN, W. Programas de
Conservação do Solo e da Água em Microbacias: o caso do Paraná, resultados obtidos
e novos desafios. In: II Simpósio Nacional sobre o uso da água na Agricultura. Anais...
Passo Fundo. 2006.
1210
VULNERABILIDADE SOCIOAMBIENTAL EM MICROBACIAS COMO SUPORTE
À GESTÃO URBANA E DE RECURSOS HÍDRICOS EM UMA MICROBACIA
URBANA EM ITABIRA/MG.
1 INTRODUÇÃO
1
Universidade Federal de Itajubá (UNIFEI) – Campus Itabira/MG. Mestrado Profissional em Rede Na-
cional em Gestão e Regulação de Recursos Hídricos (ProfÁgua). E-mail: leilanejf@yahoo.com.br; fds-
mendes@gmail.com; elianevvv@yahoo.com.br
1211
De acordo com Tucci (2004) vários problemas são gerados pela falta de gestão
integrada da ocupação do solo urbano e dos recursos hídricos urbanos. A expansão
irregular das periferias, que ocorre muitas vezes sobre as áreas de mananciais de
abastecimento humano, comprometendo a sustentabilidade hídrica nas cidades é um
exemplo. O aumento da população urbana também afeta a disponibilidade hídrica,
mesmo em regiões com grande disponibilidade de água existe um permanente
racionamento, já que após o uso ela retorna aos rios contaminada, inviabilizando os
mananciais próximos.
Percebe-se que a intervenção no processo de crescimento das cidades para que se
garanta um desenvolvimento socioambiental mais equilibrado do espaço urbano tem
sido uma preocupação corrente de diversos pesquisadores. Neste contexto verifica-
se a importância da sistematização do termo vulnerabilidade socioambiental, já que
reflete a interação entre os problemas sociais e ambientais, sendo um viés importante
para a análise destas situações em relação a problemas de gestão urbana e de recursos
hídricos.
Torres (2003) afirma que o nível dos problemas sociais e ambientais em
determinadas áreas é crítico, já que sobrepõe em termos espaciais os piores indicadores
socioeconômicos com riscos de enchentes e deslizamentos de terra, o que reflete em
um ambiente poluído e com serviços sociais extremamente ineficientes.
No que tange à vulnerabilidade ambiental, uma questão bastante discutida é a
vulnerabilidade relacionada aos recursos hídricos, como a escassez de água potável e a
falta de saneamento, tais privações expõe a população a doenças de veiculação hídrica,
que representam séria ameaça à saúde humana, principalmente para crianças e idosos,
que são mais susceptíveis a tais doenças.
O conceito de vulnerabilidade social é entendido como uma combinação de
fatores que possam produzir uma deterioração do nível de bem-estar da população,
em consequência de sua exposição a determinados tipos de risco (ALVES, 2006).
Juntamente à problemática ambiental no meio urbano, torna-se importante
analisar a vulnerabilidade social da população. Tal análise pode ser feita através da
vulnerabilidade socioambiental que incorpora a vulnerabilidade ambiental com a
vulnerabilidade social.
Esta análise pode ser desenvolvida tendo por território de estudo a bacia
hidrográfica, considerada como uma unidade em que as variáveis naturais e humanas
estão presentes. Sua importância como unidade de planejamento e gestão territorial
está na possibilidade de visualização da inter-relação entre os seus componentes,
capaz de subsidiar o ordenamento territorial. Corroborando com o que afirma a
Política Nacional de Recursos Hídricos (BRASIL, 1997), que tem como algumas de
suas diretrizes gerais: a articulação do planejamento de recursos hídricos com o dos
setores usuários e com os planejamentos regional, estadual e nacional; e a articulação
da gestão de recursos hídricos com a do uso do solo. Assim, o presente trabalho
tem como objetivo a aplicação de uma metodologia de análise da vulnerabilidade
socioambiental na microbacia urbana do Córrego Abóboras, no município de Itabira
– MG, através da comparação dos dados sóciodemográficos e ambientais dos setores
censitários delimitados nesta microbacia, para subsidiar a gestão urbana e de recursos
hídricos.
2 MATERIAL E MÉTODOS
1212
(IBGE, 2018). Com uma área de aproximadamente 1.254 Km², o território do município
se divide entre as bacias hidrográficas do rio Santo Antônio (cerca de 60% do território)
e do rio Piracicaba (cerca de 40% do território), ambas contribuintes da bacia do rio
Doce e, possui como principais cursos d’água o rio do Tanque, o rio do Peixe e o rio
Santa Bárbara, sendo a sub-bacia do Rio do Peixe a segunda maior do município.
1213
Figura 2 - Localização Microbacia do Córrego Abóboras.
1214
com baixa cobertura da rede de esgoto, que muitas vezes é jogado in natura nos corpos
d’água ou no solo, contaminando-os.
No que tange à exposição ao risco, este foi considerado alto para os setores
censitários que possuíam cursos d’água ou áreas no seu interior com até 30 metros de
distância dos cursos d’água e, baixo para os que não possuíam esta situação. Quanto
à degradação ambiental foi considerada alta para os setores com cobertura de esgoto
menor que 50% dos domicílios e baixa para os com cobertura superior a 50%, dados
obtidos no Censo IBGE 2010. Foram considerados como cobertura de esgoto, conforme
variáveis do Censo, os domicílios com esgotamento sanitário via rede geral de esgoto
ou pluvial e os domicílios com esgotamento sanitário via fossa séptica. Dessa forma
foram geradas quatro classes de vulnerabilidade ambiental:
1215
Figura 3 – Vulnerabilidade ambiental na Microbacia do Córrego Abóboras.
1216
Figura 4 - Vulnerabilidade social na Microbacia do Córrego Abóboras.
1217
A maioria dos setores com situação de vulnerabilidade ambiental média está
relacionada com setores de vulnerabilidade social alta. Constatou-se que os setores de
vulnerabilidade social alta estão localizados, de acordo com o zoneamento urbano do
município (ITABIRA, 2016), em Zonas de Interesse Social (ZEIS) que correspondem
às áreas destinadas à instalação e à manutenção de moradias de interesse social, com
programas de regularização urbanística e fundiária, onde exista necessidade até
mesmo de recuperação ou remanejamento de assentamentos de interesse social.
A vulnerabilidade socioambiental nessas áreas é uma variável que expressa
satisfatoriamente a associação entre pobreza e exposição ao risco ambiental, já que os
setores que apresentaram vulnerabilidade ambiental média (a maioria na microbacia),
ou seja, residências próximas ao curso d’água, representando riscos de enchente e
doenças de veiculação hídrica, também apresentaram vulnerabilidade social alta
que indica piores condições econômicas. Este resultado confirma o estudo de Alves
(2013), que demonstra que os grupos sociais com maiores níveis de pobreza e privação
social (e, portanto, com menor capacidade de reação às situações de risco) residem em
áreas com maior exposição ao risco, configurando situações de alta vulnerabilidade
socioambiental. Vasconcelos (2019) também afirma que, no processo de expansão
urbana, os espaços territoriais menos afetados por problemas de ordem social e com
menores níveis de vulnerabilidade social e ambiental detém a população com maior
poder aquisitivo.
De acordo com a autora a pobreza é resultante não só do modelo socioeconômico,
mas também da estrutura espacial da cidade que faz com que determinadas regiões
sejam mais suscetíveis a um processo de vulnerabilidade (VASCONCELOS, 2019).
Nesta linha, Deschamps (2004) afirma que espaços de risco ou vulnerabilidade
ambiental concentram populações socialmente vulneráveis vinculadas a processos de
segregação espacial, resultando numa distribuição desigual do dano ambiental.
A análise da vulnerabilidade socioambiental pode direcionar a tomada de
decisão priorizando as regiões com maior vulnerabilidade e permitindo a definição de
ações para minimizar problemas ambientais e sociais e, consequentemente, diminuir
as pressões sobre os recursos hídricos. O planejamento urbano pode amenizar
efeitos danosos tanto para o meio ambiente, quanto para a sociedade. A análise da
vulnerabilidade socioambiental, segundo Vasconcelos (2019) deve servir como suporte
aos interesses do poder público, avaliando a eficiência das políticas adotadas e servindo
aos interesses dos cidadãos, para isso, os indicadores devem ser de fácil entendimento
e fornecer informações adequadas para a tomada de decisão.
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
1218
políticas ambientais, urbanísticas, sociais, de uso do solo e de recursos hídricos para
que possam buscar soluções considerando a distribuição desigual destas situações no
espaço urbano.
Neste contexto, foi verificado que a utilização da bacia hidrográfica como uni-
dade de estudo, planejamento e gestão atende satisfatoriamente às demandas desta
integração entre as políticas setoriais, com o objetivo de fornecer subsídios para o or-
denamento territorial. Com a identificação das vulnerabilidades socioambientais é
possível subsidiar e direcionar ações para regiões prioritárias, contribuindo para uma
gestão urbana e hídrica mais eficiente.
4 AGRADECIMENTOS
5 REFERÊNCIAS
1219
NASCIMENTO, L. P. Análise ambiental da Bacia Hidrográfica do Rio do Peixe,
Quadrilátero Ferrífero. 2016. Dissertação (Mestrado em Engenharia Ambiental/
Recursos Hídricos) –Universidade Federal de Ouro Preto. Disponível em: https://
www.repositorio.ufop.br/handle/123456789/6985 Acesso em: Junho/2019.
PHILIPPI JR., A.; MARCON, G.; GRISOTO, L. E. G. Desafios para a gestão de recursos
hídricos e o desenvolvimento urbano. REGA - Revista de Gestão de Água da América
Latina, v. 11, n. 02 – jul/dez, 2009.
TORRES, H. G.; MARQUES, E.; FERREIRA, M. P.; BITA, S. Pobreza e espaço: padrões
de segregação em São Paulo. Revista do Instituto de Estudos Avançados, v.17, n.47.
SP, p. 97 – 128, 2003.
1220
AVALIAÇÃO DA OCORRÊNCIA DE EVENTOS EXTREMOS DE PRECIPITAÇÃO
NA AMAZÔNIA: ESTUDO DE SÃO GABRIEL DA CACHOEIRA, AMAZONAS,
BRASIL
1 INTRODUÇÃO
1222
O posicionamento climatológico latitudinal da ZCIT no continente Sul-
Americano em função da estação do ano à medida que aumenta o aquecimento solar
sobre a superfície, associados a uma cadeia de processos de interação entre o oceano
e a atmosfera, modulando assim a intensidade das nuvens de chuva e a estação
chuvosa na região noroeste da Amazônia. Se estiver posicionada mais ao Sul da bacia
Amazônica, a intensidade de chuvas é maior e se estiver mais ao Norte a intensidade
de chuvas é menor, influenciadas por anomalias de TSM no Pacífico e no Atlântico
Tropical (NOBRE, 1996; FISCH et al., 1998).
O presente estudo utiliza-se do método hipotético-dedutivo qualitativo com
objetivo de deduzir a partir dos resultados obtidos hipóteses da ocorrência dos
fenômenos, que possam ter uma confirmação ou descartá-las. O desenvolvimento do
estudo seguiu algumas etapas pré-definidas, começando com a coleta e tabulação dos
dados. Em seguida com a análise de acordo com a exigência do trabalho, permitindo
organizá-los de uma forma que se consiga responder às questões relativas ao conteúdo
a ser analisado, demostradas no organograma (Vide Figura 2) abaixo:
2 DESENVOLVIMENTO
1224
AM, que definem a estação chuvosa, estação de transição chuvosa para menos chuvosa,
menos chuvosa, menos chuvosa para chuvosa, buscando analisar, os aspectos sinóticos
que atuam nas estações.
Figura 3 – Precipitação média de São Gabriel da Cachoeira/AM (1961 a 1990 e 1993 a 2016)
1225
Essa variabilidade sazonal das chuvas ao longo do ano, em que na estação
chuvosa teve aumento da precipitação do período de 1993 - 2016, em comparação
ao da Normal climatológica; houve redução das chuvas nas estações de transição da
chuvosa para menos chuvosa e na estação menos chuvosa; ocorreu aumento na estação
menos chuvosa para chuvosa. Estes resultados podem estar associados à atuação dos
fenômenos El Niño e La Niña no período em estudo, influenciando na atuação dos
mecanismos atmosféricos. Destaca-se a atuação dos ventos alísios associados à Zona da
Convergência Intertropical (ZCIT), influenciadas pelas anomalias de TSM do Pacífico
e Atlântico Tropical, transportando umidade do leste da Amazônia, favorecendo
a acumulação de chuvas; a atuação de fatores locais, como a atuação do relevo na
ocorrência de chuvas em São Gabriel da Cachoeira.
A caracterização da precipitação nas duas áreas de estudo e período, na escala
mensal e anual, foi importante para a observação da distribuição das chuvas e a sua
sazonalidade. No entanto, não foi possível identificar a ocorrência de eventos extremos
de precipitação. Pois esta análise é mais bem avaliada na escala diária. Sendo necessário
estudar os dados diários de precipitação eidentificar a ocorrência desses eventos
extremos de precipitação nas áreas e período de estudo, como será apresentado na
sequência do trabalho.
1226
Tabela 2 – Eventos Extremos de Precipitação em São Gabriel da Cachoeira/AM (1993 a 2016)
1227
Na Figura 5 serão apresentadas as quantidades de dias que ocorreram eventos
extremos na cidade de São Gabriel da Cachoeira no período de estudo e identificar com
o auxílio da linha de tendências as oscilações que ocorreram com bastante variação.
Observa-se bastante variação dos dias de eventos extremos, apresentando assim uma
tendência de aumento ao longo do período analisado. Na cidade de São Gabriel da
Cachoeira, teve em 2006, como o ano que mais houve eventos extremos além de o
município apresentar os índices mais elevados encontrados que foram de 150 mm (no
dia 12 de fevereiro de 1993).
1228
2.3 Avaliação da ocorrência dos eventos extremos de precipitação
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
4 REFERENCIAS
FIGUEROA, S. N., and C. A. NOBRE, 1990: Precipitations distribution over Central and
Wetern Tropical South America. Climanálise – Boletim de Monitoramento e Análise
Climática, 28, 36-45.
FISCH, G.; MARENGO, J.A. e NOBRE, C.A. 1996. Clima da Amazônia. Climanálise,
edição comemorativa de 10 anos, seção 3. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE). Disponível em: <https://cidades.ibge.gov.br/xtras/uf.php?lang=&coduf=13
&search=amazonas>. Acessado em 27/11/2017
1230
MARENGO, J.A et al. Impactos de extremos relacionados com o tempo e o clima
– Impactos sociais e econômicos. Boletim do Grupo de Pesquisa em Mudanças
Climáticas. Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais – INPE. Centro de Ciências do
Sistema Terrestre - Edição Especial. 2009.
1231
CARACTERIZAÇÃO MORFOMÉTRICA DA BACIA HIDROGRÁFICA DO TESTA –
IRANDUBA (AM)
INTRODUÇÃO
1233
Figura 2. Mapa de hipsometria – Bacia hidrográfica do Testa.
1234
3. Resultados e Discussão
1236
No caso da bacia do Testa, os valores encontrados indicaram um intervalo entre
3,1 e 3,0. Estes valores indicam que a área de nascentes é bem dissecada. Os sedimentos
moles da Formação Alter do Chão favorecem a dissecação do relevo, tornando a área
mais elevadas bem drenadas.
No que se refere a densidade hidrográfica ou frequência dos rios, primeiramente
realizou-se a hierarquização de acordo com a classificação de Horton (1945, pud
MACHADO e SOUZA, 2005). Seguidamente, o somatório do quantitativo de nascentes,
foi dividido pela área total da bacia conforme se expressa:
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
1237
4 REFERENCIAS
MELO, Edileuza Carlos de. Fatores de controle dos fluxos fluviais de material em
suspensão em diferentes cenáRios climáticos na bacia do Rio Solimões. 2012.
PORTO, R.L.L;FILHO, K.Z; SILVA, M.R. PHD 307 – Apostila de Hidrologia Aplicada.
Depto. de Engenharia Hidráulica e Sanitária. Escola Politécnica da USP. São Paulo,
1999. PALARETTI, L. F. Notas de Aula – Manejo de Bacias Hidrográficas. FCAV/
UNESP.
1238
SOARES, Leonardo Silva; Lopes, W.G.R; Castro, A.C.L; ARAUJO, G.M.C. analise
morfometrica e priorização de bacias hidrograficas como instrumento de planejamento
ambiental integrado. Revista Do Departamento De Geografia. V.31, p-82-100, 2016.
1239
ESTUDO DA CURVA CHAVE REFERENTE À ESTAÇÃO FLUVIOMÉTRICA DE
MANACAPURU-AM
1 INTRODUÇÃO
2 MATERIAIS E METODOS
Fonte: os autores
1241
2.2 Dados
2.3 Métodos
Neste trabalho será apresentada a forma gráfica gerada a partir da Equação 1 que
descreve a curva-chave em caráter polinomial.
Q = a (H – H0)b (1)
Onde:
Q = vazão (m³/s);
H = nível da água (m); e
H0, a e b: são parâmetros de ajuste da curva-chave.
1242
Tabela 1: Amostra da disposição dos dados iniciais
3 RESULTADOS
Fonte: os autores
1243
Figura 2: Gráfico de curva-chave da estação 14100000 – Manacapuru.
Fonte: os autores
1244
Alguns pontos ditos “fora da reta” também podem ser justificados por incertezas
naturais, as quais resultam da variabilidade aleatória dos fenômenos hidrológicos. Vale
ressaltar que são dados sujeitos ao controle humano, passíveis da falha na obtenção
das medidas em campo, transcrição dos valores, ou mesmo desatenção no cuidado
com as réguas limnimétricas, por exemplo.
No entanto, para Melati e Marcuzzo (2014), as inconsistências nos resultados de
medição de descarga líquida, se bem executadas não devem ser superiores a 5%. Os
erros associados a distâncias determinadas as margens e as verticais, representam 2%,
outros 2% estão relacionadas as medições de cotas fluviométricas e da calha do rio e
as medições de velocidade do fluxo refletem 1%T al reflexão se coaduna com os dados
deste trabalho, visto que se obteve um coeficiente de determinação de 97%.
O presente estudo pode ser considerado um aparato confiável para as tomadas
de decisões políticas, administrativas e técnicas, para a correta distribuição quantitativa
e qualitativa da água. Tal correlação dispõe-se de forma mais nítida ao debruçar-se
sobre a Lei 9433/97, conhecida como a Lei das Águas, cujo objetivo é desenvolver uma
gestão democrática, descentralizada e participativa de nossas águas.
Nela tem-se o destaque para, um dos instrumentos de gestão previsto, o
Sistema Nacional de Gerenciamento e Regulação dos Recursos Hídricos (SINGREH).
Trata-se de um amplo sistema de coleta, tratamento, armazenamento e recuperação de
informações sobre recursos hídricos, bem como fatores intervenientes para sua gestão,
no qual o presente trabalho está inserido tanto pela obtenção dos dados utilizados,
quanto para o entendimento das características e disponibilidade hídrica da área em
apontamento.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
AGRADECIMENTOS
1245
REFERENCIAS
JACCON, G.; CUDO, K.J. (1989). Curva-chave: análise e traçado. Brasília, DNAEE.
1246
ANÁLISE HIDROLÓGICA DO RIO MADEIRA COM ELABORAÇÃO DA
CURVA-CHAVE PARA FINS DE OUTORGA
1 INTRODUÇÃO
2 MATERIAL E METÓDOS
1248
Figura 01 – Mapa da localização da bacia do rio Madeira
2.2 Dados
1250
curva-chave, os valores de cota e vazão foram ajustados segundo o modelo da equação
potencial, conforme equação 1.
Q = a(h-h0) n (1)
h0 ≤ hmin (3)
1251
3 RESULTADOS
Fonte: os autores
A curva-chave ou curva de descarga pode ser definida como o estudo da relação
cota-vazão, observado no rio, por um período de validade e uma faixa de amplitude
entre as cotas mínimas e máximas observadas (JACCON E CUDO, 1989). É possível
determinar a curva-chave a partir de medições diretas de vazão que são realizadas
em caráter eventual. Geralmente a faixa de vazões medidas é inferior à amplitude dos
níveis atingidos pelo rio, exigindo a extrapolação da curva de descarga na faixa sem
medições.
De acordo com Tucci (1993), para a definição e elaboração da curva-chave de
um rio é essencial o conhecimento da forma geométrica e rugosidade do canal, o que
pode ser complicado, já que essas duas características variam no tempo e espaço. A
curva-chave é importante em diversos aspectos para a uma boa gestão e planejamento
dos recursos hídricos.
Os ajustes de curva de calibragem são necessários para que as vazões geradas
sejam mais próximas das vazões reais e com isso, possa refletir o comportamento da
bacia. Porém, para que isso ocorra é importante a obtenção de dados consistentes.
Outro aspecto necessário e importante é ter medições em eventos extremos de secas
e cheias para uma melhor calibragem das extrapolações. Sendo a curva-chave uma
1252
ferramenta importante de geração de dados de vazão. Ressalta-se que o valor de vazão
alto e sem consistência, pode alterar de forma significativa os valores da vazão de
referência. Daí a importância do conhecimento sobre o comportamento das vazões de
um corpo hídrico, sendo primordial para os estudos hidrológicos, necessários para a
adequada gestão dos recursos hídricos, auxiliando nas tomadas de decisões quanto a
outorga e enquadramento.
Esses resultados, irão contribuir para estudos hidrológicos, de gestão e
planejamento dos recursos hídricos na bacia do rio Madeira. Assim como subsidiar
definições de vazões de referência, necessárias para implantação dos instrumentos da
Política Nacional de Recursos Hídricos, quanto ao enquadramento, outorga e para o
Plano Nacional de Recursos Hídricos do Estado do Amazonas.
3 CONCLUSÃO
AGRADECIMENTOS
REFERÊNCIAS
SILVA, J. A. Direito ambiental constitucional. 5a. Edição. São Paulo: Malheiros, 2010.
1254
DETERMINAÇÃO DA CURVA CHAVE NA BACIA DO RIO NEGRO E SUA
APLICAÇÃO NA GESTÃO DOS RECURSOS HÍDRICOS NA AMAZÔNIA.
1 INTRODUÇÃO
2 MATERIAL E MÉTODOS
2.2 Dados
1256
Figura 1- Bacia Hidrográfica do Rio Negro.
2.3 Métodos
Equação 1: Q= a.(h-h0)b
Onde:
Q é a vazão em m3/s;
h é o nível da água em metros (leitura na régua);
a, b e h0 são constantes para a estação fluviométrica, a serem determinados; h0
corresponde ao valor de h para vazão Q = 0.
Utilizou-se a ferramenta Solver do programa Excel para encontrar os parâmetros
de ajuste a partir dos pares (Q, h) determinando-se a e b e adaptando-se h0 até que se
tenha o melhor ajuste possível, com resultados satisfatórios para o h0=0,20, onde a
variância do ajuste do modelo é determinada pelo coeficiente de determinação R² que
ao se aproximar de 1, representa uma correlação positiva entre as variáveis.
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
A equação da curva chave encontrada foi Q=444,54. (h-ho)1,8483 conforme (Figura 2),
podendo-se achar os valores de vazão estimados para qualquer dia do mês apenas
com os valores de cota.
1257
Figura 2 – Curva chave da vazão para a estação fluviométrica Serrinha (14420000), Rio Negro.
Fonte: os autores.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
1258
da vazão é explicado pelo modelo. No entanto é necessário realizar regulares medições
de vazão, mesmo após a definição da curva, pois com o passar do tempo podem ocorrer
modificações no leito do rio que podem levar a alteração da área da seção estudada
para coleta de dados e divergindo os valores medidos da descarga líquida com o valor
relacionado entre cota e a vazão.
Para bacias hidrográficas de grandes dimensões, de acesso difícil e com
carência de dados como na bacia do rio Negro, esse tipo de abordagem se constitui
em uma ferramenta essencial para a compreensão não só dos fenômenos hidrológicos,
mas também da sua evolução dinâmica ao longo do tempo, mesmo após a definição
da curva chave é necessário realizar medições de vazões regulares para garantir a
seguridade do plano de gestão da bacia.
AGRADECIMENTOS
REFERÊNCIAS
1259
OLIVEIRA, F. A. et al. Uso de modelo hidrodinâmico para determinação da vazão
a partir de medições de nível. Porto Alegre: RBRH, vol.21, n. 4, P. 707-718, dez.2016.
Disponível em: http://www.scielo.br>pdf>rbrh>2318-0331-rbrh-2318-0331011616007.
Acesso em: 23 de ago. 2019.
1260
PROGRAMA INTERPRETATIVO PARA GESTÃO DE BACIAS HIDROGRÁFICAS
1 INTRODUÇÃO
2 DESENVOLVIMENTO
Fonte: autora,2018
1262
O Arroio Manuel Alves em época de chuva intensa (como foi o caso
excecional de novembro de 2013 com cerca de 336 mm), mostra-se com grande vazão
(KORMANN,2010) (Figura 18). Em 2014 uma maior concentração de chuvas impediu
a entrada na RPPN Estadual MO’Ã, em função da derrocada de uma ponte construída
pela Prefeitura Municipal de Itaara (FERRARESE, 2016). Moradores do entorno da
propriedade ficaram ilhados depois do rompimento da ponte sobre um canal que
desagua no Arroio Manuel Alves, sendo noticiado em jornais locais (LAMAS,2014)). A
dinâmica fluvial desta bacia hidrográfica é bem peculiar por possuir canais de grande
energia de transporte nas porções de maior inclinação da vertente, o que facilita a
ocorrência de enxurradas em períodos chuvosos (KORMANN et al., 2009). Estas
condições são verificadas nas porções a montante do canal fluvial, que margeiam a
RPPN, onde os vales são encaixadas, em função da declividade, a extensão e os tipos
de usos da área de captação.
2.3 Metodologia
5
Interpretando nosso patrimônio
1263
2.4 Resultados
1264
Figura 3 – Organograma do Programa Interpretativo da RPPN Estadual MO´Ã.
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
4 REFERENCIAS
Bacci, D.C; Pataca, E.M. (2008). Educação para a água. 2008. Disponível em: http://
www.journals.usp.br/eav/article/view/10302. Acesso em 12 de maio de 2018.
<http://www.biodiversidade.rs.gov.br/arquivos/14601366082014_Portaria_
SEMA_n__143_Corred or_Ecologico_4__Colonia._nota_COM_MAPA.pdf>. Acesso
em: 8 de janeiro de 2018.
LAMAS, J.P. Itaara libera acesso à localidade de Rincão dos Minellos. GAÚCHA ZH,
2014. Disponível em: https://gauchazh.clicrbs.com.br/geral/noticia/2014/12/pelo-
menos-25-familias-estao-isoladas-em-itaara-apos-chuva-cj5vtjlpn0u8oxbj0yck1e9tq.
html. Acesso em 16 de junho de 2019.
1267
KORMANN, T. C.THOMAS, B.L; NASCIMENTO, D.B.FOLETO, E.M Contribuição
Geográfica na Criação de uma Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) em
Itaara- RS. Revista Geografar, Curitiba, v. 5, n. 2, p. 13-31, jul./dez. 2010. Disponível
em: <http://revistas.ufpr.br/geografar/article/view/20138>. Acesso em 22 de jul. de
2016.
TILDEN, F. Interpreting Our Heritage. The University of North Carolina Press, Chapel
Hill. North Carolina, 1957.
1268
Avaliação hidromorfológica: uma experiência nos rios do
município de Guimarães (noroeste de Portugal)
Francisco Costa1
António Vieira2
António Bento-Gonçalves3
1. INTRODUÇÃO
1
Centro de Estudos de Geografia e Ordemaneto do Território, Universidade do Minho, costafs@geo-
grafia.uminho.pt
2
Centro de Estudos de Geografia e Ordemaneto do Território, Universidade do Minho, vieira@geogra-
fia.uminho.pt
3
Centro de Estudos de Geografia e Ordemaneto do Território, Universidade do Minho, bentof@geogra-
fia.uminho.pt
1269
2 DESENVOLVIMENTO
Este complexo de objetivos implica que as intervenções nas linhas de água sejam
pensadas e conduzidas considerando a diversidade das situações ocorrentes ao longo
do traçado, em particular a diferente sensibilidade dos usos marginais, assim como o
imperativo de preservação da diversidade morfológica, ecológica e hidráulica de cada
local (Fernandes e Cruz, 2011).
1270
Figura 1 - Sub-bacias do Ave no concelho de Guimarães. Fonte: Instituto Geográfico
Português.
1271
- identificação: de forma a permitir uma identificação inequívoca do curso
de água, o código é único;
- localização topológica: a posição relativa de cada afluente relativamente
ao curso de água ao qual aflui é dada pela utilização de números pares aos
que se desenvolvem á direita e de números impares aos que se desenvolvem
à esquerda;
- classificação: a estrutura hierárquica do código decimal permite avaliar a
importância relativa de cada curso de água.
Após ser definida a tipologia dos cursos de água, procedemos à avaliação das
influências antrópicas sobre os elementos hidrológicos através do levantamento e
sistematização das infraestruturas e transformações implementadas, nas margens do
leito principal do rio Ave, do rio Selho e do rio Vizela e da ribeira de Couros, apesar da
sua implantação na área urbanizada da cidade de Guimarães. O trabalho desenvolvido
compreendeu um reconhecimento inicial das tipologias de margens e infraestruturas
antrópicas a partir de análise de cartografia, fotografia aérea e ortofotografia, ao qual se
sucedeu um levantamento de campo pormenorizado. Definimos a seguinte tipologia
(Figura 2):
1272
- canalizada: leito totalmente canalizado, com manilhas ou com estrutura
construída para o efeito, ou com o fundo e margens impermeabilizadas;
- canal artificial: canal construído.
1273
No caso do rio Selho identificamos vários elementos capazes de interferir na
dinâmica fluvial através da perturbação do escoamento normal e eficaz das águas
que drena. Registámos 67 ocorrências, correspondentes a: 22 diques, com dimensões
variáveis e diferente grau de interferência na dinâmica fluvial. Estes aproveitamentos
hidráulicos apresentam infraestruturas simples, de pedra ou cimento; com utilizações
associadas à rega e à laboração de moinhos e aproveitamento hidroelétrico. 42
pontes, algumas sem interferência direta sobre o leito, outras constituindo barreiras
à dinâmica fluvial, pela edificação dos pilares no próprio leito; 2 viadutos, relativos à
passagem de autoestrada e via de acesso sobre o rio; 1 edifício edificado no próprio
leito, correspondente a instalação de produção de energia.
1274
Figura 4 – Esquema das dimensões de análise a considerar nos pontos de amostragem.
1275
Figura 5 – Localização dos transectos avaliados.
1276
Tabela II – Resultados obtidos nos índices HQA e HMS.
1277
Os resultados obtidos refletem nos indicadores HSM e HQA, anteriormente
referidos. A identificação e localização dos problemas detetados, bem como as medidas
de intervenção propostas, foram elaborados para cada segmento e representados na
cartografia de pormenor e tabelas associadas. Apresentamos o exemplo do transecto 4
no rio Selho (Figura 6 e Tabela IV).
1278
Depois dos trabalhos desta segunda fase que terminaram em final de
2018, começámos um novo projeto com o Laboratório da Paisagem de Guimarães,
denominado “Inventariação e avaliação ambiental de obstáculos no rio Selho para a
decisão de remoção e valorização da linha de água”. A realização deste projeto de
investigação envolve a identificação, caracterização e avaliação ambiental de estruturas
físicas constituídos como obstáculos nas linhas de água e é encarado como uma das
soluções primordiais para a reabilitação hidromorfológica, nomeadamente por via da
diminuição do assoreamento e por sua vez o incremento da boa continuidade fluvial
que a remoção de obstáculos possa provocar.
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
4 REFERENCIAS
1279
DGRAH (1981). Índice Hidrográfico e Classificação Decimal dos Cursos de Água de
Portugal, Ministério da Habitação e Obras Públicas, Lisboa.FERNANDES, J., CRUZ, C.
(2011). Limpeza e gestão de linhas de água – Volume III. EPAL, Empresa Portuguesa
das Águas Livres, S.A., 88 p
ENVIRONMENT AGENCY, 2003. River Habitat Survey in Britain and Ireland. Field
Survey Guidance Manual: 2003 version. 74 p.
FERNANDES, J., CRUZ, C. (2011). Limpeza e gestão de linhas de água – Volume III.
EPAL, Empresa Portuguesa das Águas Livres, S.A., 88 p.
JEFFERS, J.N.R., 1998. The statistical basis of sampling strategies for rivers: na example
using River Habitat Survey. Aquatic conserve: Mar. Freshw. Ecosyst. 8, p. 447-454.
RAVEN, P.J., N.T.H. HOLMES, P. CHARRIER, F.H. DAWSON, M. NAURA & P.J.
BOON, 2002. Towards a harmonized approach for hydromorphological assessment of
rivers in Europe: a qualitative comparison of three survey methods. Aquatic Conserv:
Mar. Freshw. Ecosyst. 12: 405-424
1280
ANÁLISE DA RELAÇÃO ENTRE O USO E OCUPAÇÃO DO SOLO E A
QUALIDADE DA ÁGUA NA MICROBACIA HIDROGRÁFICA DO CÓRREGO
DUAS BARRAS, ITABIRA-MG
1 INTRODUÇÃO
2 DESENVOLVIMENTO
Os recursos hídricos são utilizados pelo homem para fins diversos, como
abastecimento de água, esgotamento sanitário, produção de energia, agricultura,
pecuária, indústrias, entre outros. Porém, a ocupação desordenada do solo e o uso
inadequado da água tem gerado complexos problemas ambientais como movimentações
de massa (erosões, deslizamentos, assoreamento), enchentes e contaminações, por
exemplo, contribuindo para a degradação do recurso.
1
Mestrandos ProfÁgua - Universidade Federal de Itajubá campus Itabira - giselyassis25@gmail.com
2
Universidade Federal de Itajubá campus Itabira
1281
A qualidade da água de uma determinada região dependerá diretamente do
tipo de uso e ocupação da bacia hidrográfica e também do cumprimento das legislações
ambientais relacionadas ao restabelecimento e proteção de áreas de vegetação nativa.
Na década de 1960, por meio da Lei Federal nº 4.771, de 15 de setembro de
1965, o governo brasileiro instituiu o Código Florestal Brasileiro que prevaleceu até
ser substituído pela Lei Federal n° 12.651, de 25 de maio de 2012, uma vez que ele
não atendia as novas realidades vividas pelo país. Esta legislação estabelece as faixas
territoriais a serem protegidas para conservação dos recursos naturais, preservação da
biodiversidade e minimização dos impactos decorrentes do uso inadequado dessas
áreas (BELLINI et al., 2014).
No Código Florestal, as Áreas de Preservação Ambiental são áreas protegidas
que possuem funções ambientais, como, preservar os recursos hídricos, o solo, assegurar
o bem-estar das populações, entre outras. Esta legislação contempla diferentes tipos de
áreas de preservação permanente, por exemplo: faixas marginais de qualquer curso
d’água natural, perene ou não; áreas no entorno de lagos ou lagoas naturais; nascentes
e olhos d’água, entre outras (BRASIL, 2012).
No Código Florestal são estabelecidas as faixas mínimas que devem ser
preservadas nas áreas adjacentes aos cursos d’água, conforme apresentado no Quadro1.
Já para as nascentes, a determinação é diferente, sendo empregado um raio mínimo de
proteção de 50 metros.
3 METODOLOGIA
Localizado na região centro-sul do estado de Minas Gerais, latitude 19º 37’ 09”
S, longitude: 43º 13’ 37” W, o município de Itabira está distante 100 km da capital
Belo Horizonte (Figura 1). Itabira apresenta 1.253,704 km² de área e uma população
estimada em 119.186 habitantes (IBGE, 2019). Situa-se em uma região de transição entre
os biomas do Cerrado e Mata Atlântica, o que favorece a riqueza de biodiversidade na
região. E, em relação ao clima, enquadra-se no tipo Cwa, pois apresenta duas estações
bem definidas, uma fria e seca e outra quente e chuvosa (FIP, 2015).
O município está localizado na área de contribuição das bacias hidrográficas
do Rio Piracicaba e Santo Antônio que compõem a Bacia Hidrográfica do Rio Doce.
Itabira integra as Unidades de Planejamento e Gestão de Recursos Hídricos (UPGRH)
DO2 e DO3 e ambas possuem comitês de bacia (CONSÓRCIO ECOPLAN - LUME,
2010).
A captação de água bruta para abastecimento público municipal ocorre nos
sistemas Pureza (Córrego do Candidópolis e Rio do Peixe), Gatos (Córrego Pai João
e Duas Barras) e Pará (Córrego Água Santa). O Sistema Gatos é responsável por
aproximadamente 25% do abastecimento de água do município (ENGECORPS, 2015).
1283
3.2 Metodologia
1284
foram inseridos os seguintes parâmetros: OD, temperatura, altitude, coliformes
termotolerantes, pH, DBO, nitrato, fósforo total, turbidez e ST que foram obtidos no
estudo “Avaliação qualitativa e quantitativa dos recursos hídricos da microbacia do
Córrego Duas Barras”.
Em seguida, os resultados obtidos foram organizados em uma tabela (tabela
6) ea classificação da qualidade da água foi realizada de acordo as informações
disponibilizadas pelo Portal da Qualidade das Águas, da Agência Nacional das Águas
(ANA) (BRASIL, 2018), seguindo as faixas adotadas no estado de Minas Gerais (Tabela
2).
Por fim, a partir dos dados obtidos foram gerados mapas temáticos, gráficos e
tabelas da região da microbacia Córrego Duas Barras e de sua APP, além de mapas de
IQA, conforme será apresentado na próxima seção.
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
A partir do tratamento dos dados foi possível a geração mapas temáticos que
representam a distribuição das diferentes classes de uso do solo na região da microbacia
Córrego Duas Barras como apresentado na Figura 3.
A microbacia apresenta 56,4 Km2 de área. Deste total, 7,3 Km2 são consideradas
áreas de APP ao longo dos cursos d’água e no entorno das nascentes, representando
12,93 % do total. A Tabela 3 apresenta as áreas de cada classe de uso da microbacia e
das APP.
Foi observado que as regiões classificadas como solo exposto são possivelmente
resultantes de atividades antrópicas como a supressão da vegetação (que gera erosões),
escavação mecânica e movimentação de solo.
Já as áreas de pastagem não necessariamente representam áreas de pecuária,
mas também vegetação rasteira (gramíneas) e campo sujo, que não se enquadrariam
na classe vegetação. Elas ocupam aproximadamente 20% da área total, e comumente
são utilizadas para atividades de pecuária, situação que provoca a compactação do
solo, favorecendo também o surgimento e desenvolvimento de erosões, diminuição da
infiltração da água e conseqüente redução da fertilidade.
1285
Figura 3: Mapa de Uso e Ocupação do Solo da Microbacia Córrego Duas Barras
1286
água no solo e uma redução do escoamento superficial e conseqüentemente do aporte
de sedimentos nos rios da bacia.
A classe silvicultura é a segunda de maior representatividade dentro da
microbacia, visto que ela ocupa aproximadamente 21% do local. As vegetações
conhecidas desta classe são pinus e eucaliptos, sendo estas monoculturas comumente
encontradas na região.
Itabira possui como principal fonte de receita a atividade mineradora, que ocupa
uma grande extensão territorial do município. Na região de estudo, esta atividade
representa cerca de 8% do seu território e está localizada em um de seus extremos,
conforme ilustrado na figura 4.
4.2 Uso e ocupação do solo nas APP da microbacia do Córrego Duas Barras
1287
Mesmo em pequena concentração (0,64%) as áreas antropizadas encontram-se
dentro das APP, o que não deveria ocorrer, pois existem legislações específicas que
asseguram as distâncias mínimas que devem ser respeitadas para a implantação destes
empreendimentos.
Por meio dos dados obtidos e das análises realizadas verificou-se que a ocupação
da microbacia apresenta a maior parte das regiões de APP ocupada por algum tipo
de vegetação. Entretanto é fato que na região de APP existem usos e a ocupações
irregulares que podem prejudicar a proteção dos solos, águas e matas ciliares.
A supressão da vegetação nativa para a implantação de pastagens, silvicultura
e demais atividades antrópicas diminuem a capacidade de infiltração do solo e
prejudicam sua fertilidade; favorecem o desenvolvimento de processos erosivos,
contribuindo para o assoreamento dos corpos hídricos devido ao carreamento de
material particulado; prejudicam o equilíbrio dos ecossistemas, comprometendo
a disponibilidade e qualidade da água captada para abastecimento. É importante
salientar que a pressão antrópica nesta região é preocupante dada a relevância da área
para o abastecimento público municipal.
1288
O ponto 4 apresentou oscilações no IQA ao longo das 5 coletas, variando de boa
qualidade da água até ruim (coleta 4). No ponto 5, apresentou boa qualidade da água
nas coletas 1 e 2, nas restantes os resultados foram considerados razoáveis. O ponto
6 apresentou os melhores resultados de IQA, sendo a água classificada como de boa
qualidade em 80% das coletas. O resultado do IQA médio das coletas é apresentado
na Figura 5:
1289
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
6 AGRADECIMENTOS
7 REFERENCIAS
1290
BRASIL. Lei 12.651 de 25 de maio de 2012. Disponível em: <https://www.aracaju.se.gov.
br/userfiles/plano-diretor-vpreliminiar-jul2015/REFERENCIAS-BIBLIOGRAFICAS.
pdf >. Acesso em: 17 ago. 2019.
FIP, Fundação Israel Pinheiro. Plano Diretor Participativo do Município de Itabira: Lei-
tura Técnica Físico Territorial. 2015. 1ª EDIÇÃO. 301p Disponível em: <http://www.
itabira.mg.gov.br/portal/?p=7038/PDM_ITA_leituratecnica_R00.compressed>.
Acesso em 21 nov. 2017.
1291
UMA AVALIAÇÃO CRÍTICA COMPARATIVA DO SISTEMA DE GES TÃO DE
RECURSOS HÍDRICOS BRASILEIRO COM OS INSTRUMENTOS CORRELATOS
DAS REPÚBLICAS DO CHILE E COLÔMBIA
1 INTRODUÇÃO
1
UNIFEI: godoynet_br@yahoo.com.br; anapaula.fvf@pbh.gov.br; fdsmendes@gmail.com; vivianerc.
amb@gmail.com; jamesmaia@unifei.edu.br
1292
2 DESENVOLVIMENTO
O Chile é uma república democrática, cujo Estado unitário é com seu território
dividido em 13 regiões, 51 províncias e 342 comunas. A constituição Chilena de
1980 determinou a instituição de um regime político cuja participação do Estado,
especialmente na organização econômica, possui um papel subsidiário, com uma forte
proteção às garantias individuais e do direito de propriedade.
A gestão dos recursos hídricos do Chile é pautada na propriedade privada da
água, que está definida no Código das Águas chileno, estruturado e m 1981. Um dos
princípios que norteia este formato de gestão é que todo uso tem a característica de ser
não consuntivo, ou seja, não deve ter perdas e esta responsabilidade é do usuário do
recurso hídrico.
Na estrutura governamental do Governo Chileno a Direcciõn General de Aguas
é o órgão responsável pela promoção da gestão e administração dos recursos hídricos,
num quadro de sustentabilidade, de interesse público e de alocação eficiente, além
de divulgar as informações geradas pela rede hidrométrica e o conteúdo do Registro
Público de Águas, a fim de contribuir para a competitividade do país e melhorar a
qualidade de vida das pessoas.
Após uma severa escassez de água o país promulgou, em 1981, um revolucionário
Código de Águas. No novo contexto o Estado abdicou das tarefas de desenvolvimento
e planejamento dos destinos e usos da água, deixando ao livre mercadoas decisões. Isto
foi alcançado pela eliminação de todas as funções do Estado voltadas à racionalização
do uso de água, tais como: a formação de reservas, a promoção de seu uso racional,
o estabelecimento de prioridades de alocação da água disponível, a caducidade dos
direitos de água não exercidos, podendo portanto o outorgado não utilizar os seus
direitos de uso da água, indefinidamente. Foram também eliminados os requisitos de
associar a água a uma determinada finalidade e de ers justificado o volume de água
solicitado para outorga (PEÑA, 1998).
Apesar das águas serem consideradas bens nacionais de uso público, os direitos
de uso são outorgados aos particulares. Isto concede-lhes um direito real mediante o
qual o titular pode usar, gozar e dispor da água, como qualquer outro bem suscetível
de apropriação privada e com uma proteção jurídica similar. Em sintonia com a visão
de mercado, o direito de uso de água é um bem principal e não acessório à terra ou ao
1294
uso para qual ele tenha sido originalmente destinado. Sendo assim, pode ser livremente
transferido. Não existem prioridades entre os diversos usos. Existindo disponibilidade
de água e a outorga desta disponibilidade não afetando negativamente a terceiros,
a autoridade pública poderá concedê-los a quem os solicitar. Havendo mais de um
interessado, é realizado um leilão. Em resumo, esta reforma é fundamentada na criação
de um mercado de direitos de uso de água, sem distorções impostas pelo poder público,
ao qual são entregues as decisões sobre investimento e desenvolvimento dos setores
usuários da água. Concebe um Estado que orienta sua atuação às tarefas normativas e
regulatórias, e ao fomento e desenvolvimento daquelas áreas que o setor privado não
pode, ou não se interessa, em assumir. Cabe ao Estado, por meio da Direção Geral de
Águas:
Estes organismos, que têm grande tradição no Chile, existem na forma de Juntas
de Vigilância, de Associações de Canais e de Comunidades de Água, sendo organismos
autônomos de usuários que têm atribuições para organizar e fazer efetiva a operação
dos sistemas, incluindo a cobrança de tarifas. Aspectos importantes da organização
são a centralização em uma única instituição das tarefas de medição, investigação e
administração de recursos hídricos e a separação das tarefas de regulação da água e do
meio ambiente, das de regulação dos usos setoriais.
1295
2.4 Gestão dos Recursos Hídricos na Colômbia
2.5.1 Governança
1297
Quadro 1 - Organização político-administrativa do t erritório no Brasil, Chile e Colômbia.
1298
2.5.2 Instrumentos de Gestão de Recursos Hídricos
1299
Quadro 2 - Instrumentos de gestão de recursos hídri cos do Brasil, Chile e Colômbia
1300
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Face ao exposto, somados aos objetivos aventados, é possível afirmar que a política de
privatização implementada no Chile evidencia partic ularidades relevantes. A garantia
e a aceitação de direitos privados são especialmente importantes para a comercialização
e a tributação da posse sobre a água, e concessões vigentes podem ser consideradas
fonte recorrente de financiamento para as atividades de gestão e monitoramento,
garantindo ainda investimentos futuros nas atividades de preservação e conservação.
Entretanto, ao tratar a questão meramente como um negócio, esse modelo abdica do
caráter essencial de acesso à águae ao saneamento como direito humano, conforme
reconhecido pelas Nações Unidas. Já na Colômbia, apesar dos avanços nas regras,
instrumentos e legislação, a gestão hídrica, na prá tica, carece de mecanismos formais
participativos e integradores com outros setores, além de estar vulnerável à assimetria
de poderes. Pela contiguidade e semelhança física e administrativa a o Brasil,
experiências, exitosas ou não, poderiam facilmente ser compartilhadas entre os dois
países, mas até então não há registro de tal sinergia.
Uma análise crítica dos modelos de gestão analisados conduz à percepção
de que a redução da presença do Estado no setor de gestão das águas tem como
consequência a diminuição do controle social, aumentando os riscos de impactos
ambientais e sociais. Cabe ressaltar ainda que o setor de gestão dos recursos hídricos é
estratégico para o governo de uma nação, já que pode regular e gerenciar os impactos
em termos de saúde pública eo controle na utilização dos aquíferos e corpos hídricos
superficiais, num contexto de superexploração das fontes hídricas e de aumentos de
conflitos devido à escassez de água em várias regiões do mundo.
Pode-se considerar que o Brasil apresenta uma gestã o eficiente de seus recursos
hídricos, quando comparado aos seus dois vizinhos aqui abordados. A experiência
de modelos distintos adotados por esses dois países sugere ao Brasil que a gestão de
seus recursos hídricos, frente às enormes pressões e exigências sofridas, passa pelo
fortalecimento dos instrumentos já existentes. Para tanto, convém aos órgãos gestores
competentes priorizar o aperfeiçoamento do arcabouço jurídico-institucional sobre os
recursos hídricos da nação.
AGRADECIMENTOS
4 REFERÊNCIAS
ANA. Agência Nacional de Águas. (2013). Brasil. Conjuntura dos Recursos Hídricos no
Brasil: 2013. Brasília: ANA, 432p. BRASIL. (1997).
FURTADO, C. Formação econômica do Brasil. 34ª ed. Companhia das Letras, São
Paulo, 2007.
1302
SEGURANÇA HÍDRICA DO AMBIENTE URBANO BRASILEIRO: Análise do PL
nº 368/2012 do Senado Federal que propõe alterações sobre APP
1 INTRODUÇÃO
1303
Reforma Agrária (CRA) do Senado Federal e está, desde o dia 28 de março de 2019, na
Comissão de Meio Ambiente (CMA), tendo como relator o Senador Eduardo Braga do
MDB/AM.
É, sob este enfoque, que o propósito do presente estudo busca demonstrar o risco
do retrocesso da aprovação desta proposta em termos de segurança hídrica nacional,
bem como da importância do poder público, constituído pelos entes federados (União,
Estados, Distrito Federal e Municípios) e poderes executivo, judiciário e legislativo,
de adotar medida efetiva de cunho protetivo, em caráter nacional, para o acesso e
uso, com responsabilidade e competência, das águas, pautado em critérios técnicos e
científicos.
Para tanto, fundado nesta premissa, utilizou-se do método científico dedutivo e
descritivo que, por meio de recursos lógico-discursivos realizados com levantamento,
revisão e pesquisa bibliográfica e normativa, possibilitaram uma abalizada compreensão
do cenário, das nefastas implicações deletérias e, ademais, quais medidas podem ser
alavancadas para o enfrentamento.
Diante desta realidade, admitir-se que os mais de 5.561 municípios brasileiros
possam legislar, da forma e modo que julgarem pertinentes, sobre APP´s dos cursos
d´água urbanas, se mostra plenamente irresponsável com potencial de causar danos
irreversíveis para a já tão frágil vegetação que cobre as margens ciliares e, via de
consequência, com prejuízos sobre a quantidade e qualidade da água.
[...] a) Nível mais alto em faixa marginal; e b) Largura mínima imposta pelo legislador.
Ao se fazer um cálculo básico destes critérios, isto numa análise objetiva e sem tecnicismo
aprofundado, o parâmetro justificável era simplesmente o cômputo de onde o curso
1304
d´água atingiu a sua maior cheia e, assim, seria possível saber a partir de que medida e
local poderia ser constatada qual a APP.
10 a 50 metros 50 metros
1305
É, por conta disto, que não se poderia discutir a possibilidade de o município
legislar, exclusivamente, sobre este tema sem, antes, buscar amparo em normativa
estadual e, especialmente, em nível federal como norma geral que tivesse aplicabilidade
no Brasil como um todo, cujo tema foi pacificado pelo Supremo Tribunal Federal.
1306
Amparada ou não por alguma previsão legal, o que se constata são ocupações
desordenadas nas áreas ciliares e várzeas inundáveis em face da “crescente
aglomeração humana e da expansão dos espaços urbanos” (CRIVELLARI, 2016, p.
37), comportamento este que deve ser controlado e acompanhado pelo Poder Público,
via de todos os entes federados (União, Estados, Distrito Federal e municípios) como
forma de bem proteger os relevantes recursos hídricos em prol da coletividade presente
e futura, conforme artigo 225 da Constituição de 1988.
[...] aumento das tarifas de energia elétrica em até 25% (vinte e cinco por cento); campanhas
realizadas pelas concessionárias de saneamento para que os usuários reduzissem em
pelo menos 20% o consumo de água; estimativas da FIESP de que 60 (sessenta) mil
estabelecimentos, que representam quase 60% (sessenta por cento) do PIB industrial do
estado, tivessem sido afetados pela falta d´água; o encarecimento (em até trinta por cento),
em razão dos impactos na agricultura, de produtos como tomate, alface, cana-de-açúcar,
laranja e feijão.
1308
Neste caminho, de acordo com Montana Martínez (2012, p. 128), o exercício da
hidropolítica, representada pelo “conjunto de dinâmicas multisetoriais, cooperativas
e/ou conflitivas oriundas das relações de interdependência que se estabelecem entre
aqueles atores que, em alguma medida, impactam ou são impactados pelos usos de
fontes hídricas”, pode auxiliar na construção de soluções sustentáveis.
Defronte este quadro, não pode se vislumbrar outra medida que não cumprir
a própria determinação constitucional exarada nos artigos 1º, 18 e 24, enfatizando a
responsabilidade da União no trato de matérias, dentre as quais o ambiente hídrico, em
nível nacional, impedindo que se admita qualquer forma de divergência, confrontos,
conflitos ou regulamentações diversas em nível de estados, Distrito Federal e,
principalmente, os Municípios.
§9º Em áreas urbanas, assim entendidas as áreas compreendidas nos perímetros urbanos
definidos por lei municipal, e nas regiões metropolitanas e aglomerações urbanas, as faixas
marginais de qualquer curso d’água natural que delimitem as áreas da faixa de passagem
de inundação terão sua largura determinada pelos respectivos Planos Diretores e Leis de
Uso do Solo, ouvidos os Conselhos Estaduais e Municipais de Meio Ambiente, e respeitado,
no que couber, o plano de defesa civil.
§10. No caso de áreas urbanas, assim entendidas as compreendidas nos
perímetros urbanos definidos por lei municipal, e nas regiões metropolitanas
e aglomerações urbanas, observar-se-á o disposto nos respectivos Planos
Diretores e Leis Municipais de Uso do Solo, respeitado, no que couber, o
plano de defesa civil.
1309
[...] funções ecológicas e de suporte aos serviços ambientais, além de prevenir desastres
naturais tais como enchentes e deslizamentos, já que a manutenção da vegetação aumenta a
estabilidade do solo. Entretanto, é importante destacar também que nas cidades, é inegável
a existência de conflitos entre o crescimento e desenvolvimento urbanos e a proteção do
meio ambiente. Assim, quando se trata das APPs em áreas urbanas, é imprescindível
disciplinar o uso de solo de forma a atender a aspectos sociais e econômicos de ordenamento
territorial, e não apenas os ambientais.
§ 10. Nas áreas urbanas, a largura das faixas de Áreas de Preservação Permanente
marginais a corpos d’água poderá ser definida nos planos diretores e nas leis de uso do solo
municipais, ouvidos os respectivos conselhos municipais de meio ambiente e respeitado,
no que couber, o Plano de Contingência de Proteção e Defesa Civil.
1310
real de insegurança jurídica e não pacificação normativa acerca da matéria, situação
esta extremamente prejudicial à nação. No entanto, se houver aprovação pelo Senado
Federal do aludido projeto de lei, o mesmo deve ser encaminhado obrigatoriamente
para análise e votação pela Câmara dos Deputados.
O assunto, portanto, não está esgotado no âmbito do Poder Legislativo e muito
menos finalizado; todavia, açambarca conteúdo por demais espinhoso e complexo
com implicações diretas em todos os atuais 5.561 municípios brasileiros (IBGE, 2019),
os quais poderiam, se aprovado o PLS nº368/2012, perigosamente, diminuir os
limites de proteção das APP´s ripárias, cada um a seu modo, gosto e peculiaridade.
Um município, por exemplo, teria poderes para normatizar uma faixa de proteção
inferior a previsão do atual Código Florestal e absolutamente diversa da que outro
município contíguo, separados por algum curso d´água, e dentro de uma mesma bacia
hidrográfica, poderia legislar.
Ora, ainda que se submeta a prévio posicionamento técnico, aval dos Conselhos
Municipal e Estadual do Meio Ambiente e até regras de Defesa Civil, o mais provável
é que os superiores interesses ambientais e da coletividade, conforme determinado
pelo artigo 225 da Carta Constitucional vigente (BRASIL, 1988), possam não estar
resguardados devidamente e o caos urbano e ambiental, com repercussão negativa para
as águas, se agrave de modo nocivamente irreversível. A resposta a tantas hipóteses
negativas envolvendo os 5.561 municípios não pode esperar o pronunciamento do
Poder Judiciário que, como exemplo do julgamento da Lei nº 12.651/2012, ocorreu em
quase 6(seis) anos (BRASIL, 2018a).
O que se verifica do projeto, sua pretensão e, o pior, o provável resultado,
desta forma, prejudicarão sobremodo a tutela dos recursos hídricos no Brasil, além
da própria sociedade mais pobre, minorias, mulheres, crianças e idosos, como afirma
Correa e Silva (2017, p. 131) em virtude da exposição a perigos naturais decorrentes
do “crescimento demográfico, mudanças socioeconômicas e aumento de populações
urbanas”.
É preciso, para se mudar este cenário, incorporar a responsabilidade pública e
defesa do interesse macro da sociedade, vez que, conforme Ferreira e Mota (2015, p.
371), o “ecossistema, o desenvolvimento econômico e, em especial, a qualidade de vida
de nós seres humanos, dependem do volume e disponibilidade de água, em escala
local e global, possibilitando a implementação de políticas, públicas e privadas, de sua
gestão e governança em futuro nem tão distante”.
Neste sentido, para Montana Martínez (2012, p. 136) que aborda uma perspectiva
transnacional capaz de ser replicada na esfera nacional, o equacionamento dessas
questões revela a dificuldade do gerenciamento do potencial hídrico, “exigindo por
suas dinâmicas e interconexões físicas, uma abordagem política e jurídica diferenciada,
que aponta para a urgência de gerenciar de maneira mais apropriada as águas”.
Por ser, conforme Brandão (2012, p. 90), “um recurso natural limitado, sob a gestão
e tutela do Estado e de toda a coletividade”, não pode se esperar do poder público
qualquer outra medida que não a rejeição por completo do malfadado projeto que em
muito afetará, no ambiente urbano, a incondicional e necessária segurança hídrica.
Apesar da constatação de Correa e Silva (2017, p. 126-127) das cidades brasileiras
serem consolidadas com uso e retirada da cobertura vegetal dos solos marginais de
cursos d´água associados a “inúmeros eventos de enchentes e inundações”, não se pode
admitir que o problema só piore pela irresponsabilidade governamental, mormente
do poder legislativo.
Por seu turno, o Plano Nacional de Segurança Hídrica (ANA, 2019, p. 106), ao
sugerir “soluções específicas de caráter regional capazes de minimizar a vulnerabilidade
a inundações em bacias consideradas críticas”, não tem o condão de autorizar os
1311
demais entes federados a legislarem de forma menos rigorosa sobre recursos hídricos
e até recursos florestais; pelo contrário, permite sim é o aumento da rigidez normativa
voltado para a proteção mais efetiva.
A tratativa do tema, por conseguinte, jamais pode ser exclusivamente em nível
local municipal, pois, afora os argumentos já colacionados, a matéria hídrica compõe
um intrincado panorama natural que não respeita fronteiras humanas ou políticas,
fazendo com que os corpos hídricos se interliguem para áreas além dos conceitos
legais de municípios, estados e mesmo de países.
Adicionalmente, sabe-se que as águas estão associadas a vários sistemas naturais
(o ciclo hidrológico e climático, o solo, a vegetação (MONTANA MARTÍNEZ, 2012).
Então como poder-se-ia autorizar ou permitir que o município pudesse, diretamente,
regulamentar matéria de gestão do uso do solo da bacia que afetaria ou poderia afetar
concretamente a forma com que outro ente federado pudesse estar lidando com as
compartilhadas águas e os processos naturais do ciclo hidrológico? A resposta, com
apoio da Constituição de 1988, é não ser admissível.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O tema segurança hídrica cobra, segundo Ferreira e Mota (2015, p. 388), o apelo
mundial, isto porque a “escassez da água não é utopia, mas é determinante para a
manutenção das relações democráticas e o desenvolvimento das nações futuras” com
garantia de recursos básicos de saneamento e da fonte primária da vida que é a água.
Neste contexto entra as implicações e obrigações protetivas dentro do ambiente
urbano brasileiro que congrega 5.561 municípios, 26 estados-membros e o Distrito
Federal (IBGE, 2019), mormente quando se contempla o instituto das Áreas de
Preservação Permanente ripárias ou ribeirinhas, previstas no artigo 4º, inciso I, da
Lei nº 12.651/2012, novo Código Florestal, que detém, como uma de suas finalidades
exatamente a proteção dos recursos hídricos.
Contudo, o Projeto de Lei nº 368/2012, em trâmite no Senado Federal, vai
de encontro às principais regras normativas sobre a matéria, isto porque mitiga,
severamente, o grau de proteção sobre a vegetação ciliar dos cursos d’ água quando
autoriza os municípios a legislarem de modo menos restritivo sobre as faixas marginais
que deveriam ser observadas, o que não será mitigado pela intervenção dos conselhos
ambientais do estado e mesmo dos municípios e muito menos por parâmetros da
Defesa Civil.
O retrocesso é patente nesta proposta e causa uma indelével insegurança
jurídica e ambiental por permitir, em nível nacional, que cada município possa vir a
normatizar o julgar pertinente para atender a sua realidade, com expressivo prejuízo
socioambiental e econômico. Ao contrário, deveria sim o poder público exigir o efetivo
cumprimento no ambiente urbano dos patamares que indicam, formalmente, os limites
atualmente em vigor que devem ser respeitados como de APP, afinal de contas sua
relação com a segurança hídrica é direta.
Por conta destas considerações, em vista da localização das águas não respeitarem
fronteiras, limites físicos e políticos e muito menos a lógica humana, é possível
depreender que a abordagem mais consentânea em termos de regulamentação e
proteção hídrica a partir das margens dos cursos d´água urbanos deve, necessariamente,
começar do maior ente federado que é a União e deste ser admitida a imposição de
maiores restrições pelos estados e, em último grau, dos municípios.
1312
6 REFERÊNCIAS
BRANDÃO, Júlio Cezar Lima. Novo Código Florestal Brasileiro: anotações à Lei
12.651/12. Curitiba: Juruá, 2012.
______. Lei nº 11.977, de 7 de julho de 2009. Dispõe sobre o Programa Minha Casa,
Minha Vida – PMCMV e a regularização fundiária de assentamentos localizados em
áreas urbanas. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-
2010/2009/lei/l11977.htm>. Acesso em: 2 jun. 2019.
1314
ipea.gov.br/desafios/index.php?option=com_content&view=article&id=2834:cat
id=28 &Itemid=23>.Acesso em: 13 maio 2019.
MELO, Marilia Carvalho de; ROSA, Maria Formiga Johnsson. O conceito emergente de
segurança hídrica. Sustentare. Sustentare, Três Corações, v. 1, n. 1, p.72-92, ago./dez. 2017.
p. 72-92. Disponível em: <https://www.researchgate.net/publication/322649192_O_
CONCEITO_EMERGENTE_DE_SEGU RANCA_HIDRICA>. Acesso em: 01 jul. 2019.
1315
SOCIEDADE BRASILEIRA PARA O PROGRESSO DA CIÊNCIA; ACADEMIA
BRASILEIRA DE CIÊNCIAS. O Código Florestal e a Ciência: Contribuições para o
diálogo. São Paulo: SBPC, 2011.
1316
QUALIDADE DA ÁGUA E FONTES SIGNIFICATIVAS DE POLUIÇÃO HÍDRICA:
UMA ANÁLISE CRÍTICA DO PLANO ESTADUAL DE RECURSOS HÍDRICOS
DE RONDÔNIA
1 INTRODUÇÃO
O uso dos recursos hídricos vem se intensificando cada vez mais ao longo do
tempo. Um dos maiores utilizadores desse recurso é a indústria de transformação
e minério, sendo o terceiro maior uso desse recurso no país (ANA, 2017). Segundo
Connor e Koncagül (2015), existe uma perspectiva de crescimento de 400% em demanda
de água no mundo nesse setor, o que gera uma preocupação com a disponibilidade
e a qualidade desse recurso já que com o crescimento do uso da água em indústrias,
também ocorre o aumento na geração de efluentes, o que provoca um grande risco
para a qualidade da água dos corpos receptores.
A geração de efluentes no setor industrial traz consigo diversos riscos para
os corpos hídricos já que deles se originam diversos tipos de poluentes orgânicos e
inorgânicos, principalmente os metais pesados, que são um dos maiores problemas
quando se trata de poluição hídrica, tendo em vista que os sistemas de tratamentos
industriais não são eficientes na sua remoção (ARCHELA et al., 2003).
Em Rondônia, o crescimento de indústrias gera preocupação, tendo em vista os
graves problemas sanitários que ocorrem na região, visto que apenas 9% da população
é atendida com coleta de esgoto, sendo que apenas 4% é tratado (ANA, 2017), além
das grandes quantidades de indústrias frigoríficas e laticínios, bem como diversas
empresas mineradoras instaladas no estado, observando a grande quantidade de
efluentes gerados por essas indústrias e seus riscos proeminentes (CIRILO, 2015).
Assim sendo, visando à melhor gestão dos recursos hídricos no Estado, o
Governo Estadual elaborou, por meio de contratação de empresa privada, o Plano
Estadual de Recursos Hídricos (PERH), que intenta melhorar a gestão e administração
dos recursos hídricos do estado (RONDÔNIA, 2018).
1
Discente ProfÁgua – Univ. Federal de Rondônia. Ministério Público do Estado de Rondônia. E-mail:
eng.alynefh@gmail.com
2
Discente ProfÁgua – Univ. Federal de Rondônia. Sec. Estado do Desenvolvimento Ambiental de Ron-
dônia. E-mail: eng.ambjoaopaulo@gmail.com
3
Discente ProfÁgua – Univ. Federal de Rondônia. E-mail:agm.engambiental@gmail.com
4
Discente ProfÁgua – Univ. Federal de Rondônia. E-mail: lucas_sitya@hotmail.com
5
Docente Instituto Federal do Amazonas – Campus Parintins. E-mail: joane.moreira@ifam.edu.br
6
Docente ProfÁgua – Univ. Federal de Rondônia. E-mail: ronaldoalmeida@unir.br
1317
Nesse contexto, foi realizado o levantamento dos diversos usos da água em
Rondônia, entre eles o industrial e extrativismo mineral, com a finalidade de ter um
maior conhecimento e estabelecimento de diretrizes para a melhor gestão de consumo
e despejo de efluentes.
Dessa forma, observando os riscos e impactos decorrentes da área industrial e
de extrativismo mineral à qualidade das águas, este estudo teve por objetivo analisar
o PERH do estado de Rondônia identificando sua abordagem a respeito dos impactos
adversos provenientes dos poluentes advindos de tais atividades no estado.
2 DESENVOLVIMENTO
Fonte: Autores.
1318
Com relação aos nutrientes e metais, há poucos registros de medições de sulfato,
nitrato e ferro total nas estações de monitoramento. Tais nutrientes podem ser tanto de
origem doméstica quanto industrial (fontes pontuais), destacando-se, ainda, o uso de
fertilizantes químicos (fonte difusa).
O aporte excessivo de nutrientes ocasiona a eutrofização dos corpos d’água
e provoca o crescimento exagerado de algas e cianobactérias. Estas, por sua vez,
interferem nos processos fotossintéticos fazendo com que haja certo desequilíbrio da
biota aquática devido à ausência de oxigênio dissolvido no meio, podendo até mesmo
ocorrer a mortandade de peixes.
Os valores citados no Plano se restringiram aos registros existentes para as
concentrações de sulfato e nitrato, não tendo sido ultrapassados os valores limites
estabelecidos pela legislação (Resolução CONAMA 357/05), que são respectivamente
iguais a 250 e 10 mg/L (RONDÔNIA, 2018).
Já o excesso de ferro nos corpos hídricos está, em geral, associado a efluentes
industriais, não especificados no PERH, e pode ocasionar principalmente alterações
na cor, sabor e odor da água. Nas três estações em que há dados monitorados desse
parâmetro, as concentrações foram superiores ao valor limite de 0,3 mg/L (RONDÔNIA,
2018).
Para o parâmetro oxigênio dissolvido (OD), a Resolução CONAMA nº 357/2005
estabelece que as concentrações devem ser superiores a 5 mg/L em qualquer amostra;
portanto, valores baixos de OD são indicativos da presença de matéria orgânica.
Em relação aos dados de OD, apenas as estações 15135000 (Rio Corumbiara
Antigo), 15558200 (Rio Pirarara), 15562000 (Rio Boa Vista) e 15564000 (Rio Jaru)
apresentaram concentrações superiores a 5 mg/L, ressaltando-se, entretanto, o número
reduzido de registros nestas estações (RONDÔNIA, 2018).
Valores críticos de concentração de OD foram observados para as estações
15130000 (rio Guaporé), 15200000 (rio Guaporé), 15250000 (rio Mamoré), 15320002 (rio
Madeira), 15326000 (rio Abunã), 15430000 (rio Jamari), 15558000 (rio Apediá/Pimenta
Bueno) e 155565000 (rio Jaru), com valores inferiores a 2 mg/L, caracterizando situação
de mortandade para peixes (RONDÔNIA, 2018).
Ainda no que se refere à presença de matéria orgânica em corpos d’água, outros
parâmetros comumente analisados são demanda bioquímica de oxigênio (DBO)
e demanda química de oxigênio (DQO). As concentrações de DBO e DQO medem
o consumo de oxigênio, quantificando, de maneira indireta, a matéria orgânica ou
seu potencial poluidor. Apenas a DBO possui valor limite estipulado pela Resolução
CONAMA nº 357/2005, o qual deve ser inferior a 5 mg/L. Das estações analisadas,
apenas as estações 15400000, 15490500, 15550000, 15558000, 15556500 e 15590000
apresentaram medições de DBO, tratando-se de apenas 1 registro em cada estação
(RONDÔNIA, 2018).
Mineração
De acordo com Mechi e Sanches (2010), a qualidade das águas dos rios
diretamente afetados pela atividade de mineração pode ser prejudicada em razão da
turbidez provocada pelos sedimentos finos em suspensão, assim como pela poluição
causada por substâncias lixiviadas e carreadas ou contidas nos efluentes das áreas de
mineração, tais como óleos, graxa, metais pesados.
O PERH no que corresponde ao extrativismo mineral não aborda explicitamente
aspectos qualitativos relacionados à atividade. A análise realizada foi concernente a
critérios quantitativos, relativos à demanda hídrica com estimativas atuais e futuras.
Com relação à poluição de águas superficiais, no plano há citação da exploração
do ouro no Estado no final dos anos de 1980, principalmente ao longo de um trecho de
300 km do rio Madeira, entre Porto Velho e a fronteira com a Bolívia e Guajará-Mirim,
que foi uma potencial fonte de poluição das águas superficiais (RONDÔNIA, 2018). A
estimativa é que no período entre 1979 e 1990, cerca de 87 toneladas de mercúrio foram
emitidas, sendo cerca de 65% para a atmosfera e 45% diretamente nos rios (PFEIFFER
et al., 1989).
1320
Ainda foram identificadas situações críticas relativas à atividade ilegal de
garimpo, uma na bacia hidrográfica do Rio Roosevelt, com extração ilegal de diamante
e na região centro norte do Estado, onde ocorre garimpagem intensa de cassiterita, o
que tem grande potencial de afetar negativamente a qualidade e disponibilidade de
água nos corpos hídricos (RONDÔNIA, 2018).
Dessa maneira, foram identificadas no PERH/RO duas proposições de ações
para minimização dos impactos decorrentes da contaminação hídrica proveniente da
atividade de mineração:
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
4 AGRADECIMENTOS
5 REFERÊNCIAS
CIRILO, J. A. Crise hídrica: desafios e superação. Revista USP, São Paulo, 2015, 45-58.
Disponível em: https://doi.org/10.11606/issn.2316-9036.v0i106p45-58. Acesso em: 13
dez. 2018.
1322
FEISTEL, J. C. Tratamento e destinação de resíduos e efluentes de matadouros
e abatedouros. Dissertação (Mestrado em Ciência Animal). Escola de Veterinária
e Zootecnia. Universidade Federal de Goiás. Goiânia: UFG, 2011. Disponível em:
https://portais.ufg.br/up/67/o/semi2011_Janaina_Costa_2c.pdf. Acesso em: 13 dez.
2018.
GIL, A. C. Métodos e técnicas de pesquisa social. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2008.
PFEIFFER, W. C.; LACERDA, L. D.; MALM, O.; SOUZA, C. M. M.; SILVEIRA, E. G. &
BASTOS, W. R., 1989. Mercury concentrations in inland waters of Rondonia, Amazon,
Brazil. Science Total Environmental, 87/88: 233-240.
1323
IMPACTOS SOCIOAMBIENTAIS URBANOS NO IGARAPÉ MIRANDINHA
1 INTRODUÇÃO
1
Bacharel em direito e Cursando em Especialização Legislação, Perícia e Auditoria Ambiental do Cen-
tro Universitário da Amazônia do Estado de Roraima - e-mail: carlos.vinicius.leite@gmail.com
2
Doutora em Agronomia – UNESP e orientadora - e-mail: francilene.fortes@estacio.br;
1324
O trabalho despertou o interesse devido visita in loco, onde se observou que
falta pouco para o Mirandinha ficar completamente canalizado. Felizmente, uma parte
dele está preservada dentro do condomínio Alfavile, no bairro Aparecida, onde a água
é limpa e tem muitos peixes, sendo importante preservar a mata ciliar. Por isso, torna-
se essencial o entendimento dessas ações antrópicas e dispositivos da legislação, para
abordar como eles se complementam no âmbito da sociedade.
Segundo Sousa (2011) os igarapés são abastecidos por pequenas lagoas que
formam nascentes, e hoje mais de 90% das lagoas desapareceram, pois foram aterradas,
e os bairros que têm grandes problemas de alagamento são em locais que tiveram as
lagoas aterradas. Em mapas pode-se confirmar essa degradação, explicou ao apontar
o igarapé Mirandinha no Atlas.
Diante da problemática de quais fatores determinam os impactos negativos
às margens e leito do Igarapé Mirandinha, buscou-se discorrer acerca dos impactos
ambientais ocasionados por ações antrópicas e os riscos ao meio ambiente e a
comunidade, correlacionando aos princípios orientadores da legislação ambiental
pertinentes ao tema. Além de identificar os impactos ambientais às margens do Igarapé
Mirandinha; buscar legislações ambientais pertinentes à problemática, conceitos e
aplicabilidade; e demonstrar a importância da mata ciliar para proteção dos recursos
hídricos.
Buscando propor melhorias, é de suma importância à mobilização das pessoas
para a conservação de do Igarapé Mirandinha, para que se tenha êxito deve-se explanar
sobre o meio ambiente a fim de buscar a participação e a conscientização da população.
Afinal todas as pessoas são partes integrantes do meio ambiente ou do espaço onde
estão inseridos.
Espera-se que outros profissionais ou autoridades competentes realizem
trabalhos científicos com maior aprofundamento sobre assunto no sentido de contribuir
na construção de políticas publicas que atendam as necessidades da população em
geral.
2 DESENVOLVIMENTO
Este inchamento urbano gera uma série de difíceis problemas para as administrações
públicas estadual e municipal, como os de caráter ambiental, através dos impactos
produzidos por atividades construtivas, demanda energética, uso de recursos hídricos e
disposição inadequada de esgotos e lixo doméstico (AGOSTINHO, 2010, p. 224).
1325
A Região Oeste da Cidade, apesar de concentrar a maioria das nascentes de
igarapés que cortam o perímetro urbano e que são tributários ou afluentes do rio
Branco, sofreu o avanço do perímetro urbano, o que levou ao comprometimento e/
ou extinção de várias nascentes e leitos de igarapés pela retirada da cobertura vegetal,
quer por aterro para dar lugar a lotes residenciais (STAEVIE, 2011).
Com a ocupação humana no decorrer dos anos, a cidade presencia atualmente
um quadro quanto à preservação de seus recursos hídricos, em que muitos deles
desapareceram e outros deixaram de ter regime perene e passaram a ser intermitentes
(ex. igarapés Mirandinha e Pricumã), outros ainda se tornaram valas negras para
escoamento de esgotos e depósitos de resíduos e entulho (FARIAS et al. 2012).
Neste sentido ausência de planos estratégicos de urbanização no passado
contribuiu com o desmatamento das matas ciliares, desparecimento de lagoas e
edificações às margens dos igarapés de Boa Vista. A Poluição atual em volta dos cursos
d’água retrata uma interação negativa entre o processo de urbanização irregular no que
diz respeito ao uso e ocupação do solo, fatores que contribuem para a desigualdade
na distribuição geográfica em razão do crescimento concentrado e desordenado no
Município de Boa Vista.
1326
2.3 Legislação Ambiental
3. METODOLOGIA
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
1328
das enchentes, do esgoto e do excesso de lixo. A canalização é, na verdade, uma
máscara para os problemas urbanos. Afinal, é o esgoto que deve ser canalizado, e não
os córregos e rios (UFMG, 2006).
Conforme a Figura 02 se constatou o histórico de atividades antrópicas as
margens de lagos e igarapés ao longo das décadas no município de Boa Vista, por
meio do processo de ocupação desordenada os bairros foram ocupados nas margens
do Igarapé Mirandinha, causando diversos problemas ambientais em sua extensão ao
longo do tempo em vários espaços distintos no trecho do igarapé, que vem contribuindo
para a degradação do igarapé e da sua mata ciliar.
Figura 02: A - Boa Vista 1943. Fonte: MEPA - UFRR; B - Boa Vista - Final da Década
1940; C - Boa Vista – Década de 1970; D -- Boa Vista – 2017.
Tabela 01: Meio Físico – Matriz Causa Efeito dos Impactos Ambientais
1329
Na Tabela 01, pode observar que devido à ocupação humana, esse corpo d’água,
pela falta de infraestrutura urbana para a coleta e adequado tratamento de esgotos
sanitários e pluviais e ainda dado à proximidade de muitas casas, acaba por receber
dejetos de toda espécie, devido ocorrência imediata, podendo ser reversível ao local, o
qual altera de forma crítica as características físico-químicas deforma direta, algumas
com duração permanente, cíclica para a microflora e para os próprios moradores de
seu entorno que dele se utilizam, porém de fácil mitigação.
A partir do bairro Aparecida entre os cruzamentos das Av. Brigadeiro Eduardo
e Capitão Júlio Bezerra e início da Rua Vitor Hugo constatou-se conforme a Figura
3 (A) um grande acúmulo de resíduos sólidos e esgoto no leito do igarapé, redução
da mata ciliar, a água se apresenta com aspecto mais parado e com o desmatamento
da mata ciliar tem-se como consequência o assoreamento que provoca a redução da
profundidade e do volume de água do igarapé. Como se pode notar a partir do exposto
acima, há muito tempo a área percorrida pelo igarapé Mirandinha, vem sofrendo com
a influência antrópica. O crescimento urbano trouxe vários problemas para o igarapé,
como o acúmulo do lixo, a poluição do mesmo por esgotos, o seu assoreamento, além
de outros problemas Figura 3 (B).
A B
Estes resultados estão acordo Franco (2011) o qual relata que no lago existe
uma pequena comporta que tem como objetivo controlar a saída de água para o
Igarapé Mirandinha, evitando o transbordamento do lago no período de inverno. E
há canalização, vem sendo modificada sua morfologia do leito do canal corrigindo as
suas irregularidades (rugosidades).
Neste sentido, são destruídas formas denominadas de sequências de depressão
e soleiras (que promovem uma variedade de condições de fluxo satisfatórias a
reprodução de organismos que servem de alimento para peixes), e as depressões
representam também áreas de abrigo, onde os peixes se protegem dos trechos com
alta velocidade, essas condições são ausentes em rios canalizados (SANDER, 2003).
Na Tabela 02, observou que havia perda da biodiversidade, de forma moderada
com duração temporária, porém reversível, mas difícil mitigação devida alteração na
dinâmica dos ecossistemas (Fauna e flora), com a diminuição dos abrigos para animais
de natureza. Estes resultados estão acordo com Oliva Júnior, (2012) e Rabelo (2014) que
a degradação ambiental, cada vez mais presente nos dias atuais, leva-nos a procurar
formas de diminuir ou tentar estabilizar os processos degradatórios, que causa danos
as vezes irreparáveis ao meio ambiente.
1330
Tabela 02: Meio Biótico – Matriz Causa Efeito dos Impactos Ambientais
Figura 04: A - Trecho do Igarapé em forma natural; B –Resíduos Rua Plantão -Bairro
Aparecida.
A B
1331
Verifica-se na Figura 4 (B) que ao longo do percurso da área de estudo apenas
uma parte da mata ciliar foi preservada, no entanto, foram encontrados vários sacos
de lixos e rejeitos sólidos as margens e no seu interior. Entretanto as principais
consequências nesse trecho foram à retirada da mata ciliar, impermeabilização das
superfícies no seu leito e entorno do igarapé, bem como a construção de uma calçada
próxima as margens do igarapé e alteração das características paisagísticas da área.
Verificou-se que o sistema de água fluviais do igarapé encontra-se com
aspectos hidrográficos diferentes ao longo do seu percurso em decorrência dos
impactos antrópicos, dessa forma, é possível classificar o igarapé Mirandinha em duas
classificações: perene e intermitente. O primeiro, Figura 5 (A) corresponde ao fluxo de
água constante no leito do curso d’água, mesmo no período de estiagem, em relação ao
curso d’água não denominando observa-se um leito fluvial constante e perene, agindo
como principal fonte de descarga de águas fluviais no leito igarapé.
Por isso o Código Florestal Brasileiro surgiu com objetivo estabelecer critérios
acerca da ocupação, uso do solo, direito de propriedade e seus limites, destacando
que as Áreas de Preservação Permanente, seja ela de domínio público ou particular.
Havendo diversos dispositivos para regular a preservação dos leitos dos rios e mata
ciliar em zonas urbanas e rurais através da regulamentação federal, estadual, municipal,
planos diretores e leis orgânicas (ALVES, 2017)
Em virtude disso, o Art. 4º, inciso I, considera-se Área de Preservação Permanente,
em zonas rurais ou urbanas, “as faixas marginais de qualquer curso d’água natural
perene e intermitente, excluídos os efêmeros, desde a borda da calha do leito regular”.
No bairro Canarinho os feitos da urbanização são mais abrangentes, com
residências em áreas de risco, lançamentos de esgotos e resíduos domésticos as
margens e leito do Igarapé. Verifica-se que bem próximo ao igarapé Mirandinha passa
um pequeno curso d’água não denominado, ambos são interligados, a partir dele o
igarapé recebe uma grande descarga de esgoto in natura e resíduos Figura 5 (B). Já a
partir do trecho do curso d’água não denominado constata-se deferentes aspectos de
degradação, decorrente de atividades antrópicas com residências próximas as margens
e ausência de vegetação no seu entono, bem como em alguns pontos totalmente
obstruído por entulhos e árvores caídas no seu leito, resultado da erosão do solo e
poluição ao longo do tempo naquele local, conforme Figura 5 (C).
Figura 05: A - Trecho de ligação: curso d’água não denominado e Igarapé Mirandinha
- Período de estiagem: fevereiro/2017 - Bairro Canarinho; B - Canalização irregular
nas margens do curso d’água não denominado – Bairro Canarinho - Bairro Aparecida;
C – Assoreamento no leito do curso d’água não denominado – Bairro Canarinho.
A B C
1332
contou também às dificuldades que teve quando colocou as máquinas para limpar
o igarapé, pois alguns moradores exigiram que não derrubassem as bananeiras que
tinha no local. Isso está em concomitância aos resultados aqui encontrados, pois os
lixos observados em visita in loco que são jogados nos canais pluviais constituem
problemas muito sérios, que pode trazer consequências gravíssimas, que vão desde o
surgimento de diversos tipos de doenças a grandes enchentes atingindo os próprios
moradores.
No período de inverno, no trecho de Av. Getúlio Vargas, ambos os cursos d’água
transbordam, atingindo as residências naquela área, caracterizando o local como área
de risco. Conforme a Figura 6 (A) registrada no período de 2011 e Figura 6 (B) em
2017 percebe-se um grande volume de água neste trecho, no canto esquerdo que os
resíduos da área acumulam no leito do igarapé Mirandinha através do efeito cascata e
posteriormente atingindo o restante do curso do igarapé até sua foz no Rio Branco.
Figura 06: A - Área de inundação no período de inverno 2011 - Av. Getúlio Vargas –
Bairro Canarinho; B- Área de inundação no inverno 2017 - Av. Getúlio Vargas – Bairro
Canarinho -
A B
Percebe-se, portanto, que a degradação dos cursos d’água e sua mata ciliar deve-
se ao aumento do crescimento desordenado das áreas urbanas próximo as margens
desses recursos naturais por meio de instalação de infraestrutura visando a moradia
e vias de acesso para transporte, afetando os espaços naturais de ambiente urbano e
contribuindo negativamente para perda de suas funções ambientais.
Ressalta-se que não foi apenas ocupação irregular no passado que contribuiu
para a degradação do Igarapé Mirandinha, mas por meio de políticas públicas de
canalização da extensão do curso d’água iniciada na década de 1990 com a falsa
premissa de melhorar a qualidade de vida no ambiente urbano (LIMA, 2011). Percebe-
se, dessa forma, que a canalização do igarapé favoreceu o acúmulo de resíduos
sólidos e líquidos, bem como a alteração seu fluxo hidrológico com trechos perenes e
intermitentes.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
6 REFERENCIAS
1334
Interinstitucional em Direito Ambiental). Programa Interinstitucional em Direito
Ambiental, Universidade federal de Roraima; Universidade do Estado do Amazonas
– UEA, Boa Vista, 2012.
VERAS, A.T.R. A produção do espaço urbano de Boa Vista – Roraima. 235f. Tese
(Doutorado em Geografia Humana) Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas,
Universidade de São Paulo, São Paulo, 2009.
1335
SEGURANÇA HÍDRICA EM MOÇAMBIQUE - ÁFRICA
1 INTRODUÇÃO
Este artigo tem por ogjetivo realizar uma greve avaliação das condições de segurança
hídrica de Moçamgique mediante as dimensões naturais, sociais e de governança da
água.
2. DESENVOLVIMENTO
2.2 Moçambique
1338
é um país localizado a jusante dessas gacias, partilhando nove das quinze gacias
hidrográficas internacionais da região. Esta condição tem desencadeado uma série
de limitações ao uso dos recursos hídricos do país por consequentemente, depender
dos usos dos países de fronteira muitas das vezes influenciando na diminuição e no
comprometimento qualitativos das águas a jusante (FIPAG, 2011).
As significativas variações climáticas e a condição de uma região hidrográfica
localizada a jusante, concorrem para um quadro de vulneragilidade hídrica em
Moçamgique.
1339
Gráfico 1 - Avaliação da Pogreza Multidimensional de Moçamgique
Os baixos índices de educação, acesso a fontes seguras de água potáve l gem como de
saneamento gásico, configuram fr equentes indicadores retratados nos relatórios de
programas internacionais de assistência a Moça mgique indo ao encontro dos dados
apresentados.
1340
Segundo o relatório do Ban co mundial de 2007, mais de 70% da população
rural e cerca de 30% da população urgana não têm a cesso a uma fonte de fornecimento
de água adequada.
Na análise da UNICEF para o ano de 2015, a cogertura total do saneamento
aumentou desde 1990 para 21%, todavia a disparidade entre a cogertura nas zonas
urganas e rurais continuam significativas: 44% nas zonas urganas contra 11% nas
zonas rurais. Quanto ao a gastecimento de água potável, esta é considerada ga ixa,
situando-se em 49%, com uma grande di sparidade entre a cogertura urgana (80%) e a
cogertur a rural (35%).
O desaf io de melhorar as condições de ASH nas pequenas cida des/vilas é enorme; elas
re presentam cerca de 15% da população urgana de Mo çamgique, quase 2 milhões de
pessoas. Emgora estas vilas sejam estratégicas para o desenvolvimento, os serviços de
agastecimento de água potável e saneamento ficaram muito para trás nos in vestimentos
em grandes cidades, ou até nas zonas rurais circundantes (UNIC EF, 2015).
1342
Gráfico 2 - Consumo de água por setores em Moçambique até 2020
3. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Moçamgique, assim como muitos países africanos estão sog pressão para reduzir
a vulneragilidade social e garantir o agastecimento de água para a sua população.
Com gase no quadro exposto, evidencia-se que o cenário de insegurança hídrica no
país não está só na diminuição da disponigilidade agsoluta de água (oferta menor que
a demanda) devido ao intenso crescimento demográfico, ou pelas condições climáticas
que leva à escassez hídrica, mas sim, na crise do desigual acesso à água díspares no
país em meio a um conjunto de políticas que tem negligenciado a realidade do país
(vulneragilidade hídrica e social).
O Estado de Moçamgique gem como as cooperações internacionais precisam
reconhecer o alto grau de dependência do gem-estar social da população à água, de
maneira a dar maior prioridade a um desenvolvimento, considerando a água como
um gem acima de um valor meramente econômico.
1343
4. REFERENCIAS
GREY, David; SADOFF, Claudia W. Sink or swim? Water security for growth and
development. Water policy, v. 9, n. 6, p. 545-571, 2007.
HAIA. Conferência sobre segurança hídrica no século 21. Disponível em: http://
www.clickagua.com. gr/noticias/docs/haia.asp. Acesso em: 05 out. 2018.
ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS (ONU). Programa das Nações Unidas para
o Desenvolvimento (PNUD). A água para lá da escassez: poder, pogreza e a crise
mundial da água: relatório do desenvolvimento humano, 2006. Nova Iorque: PNUD:
Lisgoa: Trivona, 2006.
1344
RAIMUNDO, Ines; PENDLETON, Wade. The state of food insecurity in Maputo,
Mozambique. Southern African Migration Programme, 2016.
RECKIEN, Diana et al. Climate change, equity and the Sustainagle Development Goals:
an urgan perspective. Environment and urbanization, v. 29, n. 1, p. 159-182, 2017.
TVEDTEN, Inge; CANDIRACCI, Sara. “Flooding our eyes with ruggish”: urgan
waste management in Maputo, Mozamgique. Environment and Urbanization, p.
0956247818780090, 2018.
UNICEF (2015). Quase 750 milhões de pessoas ainda não têm acesso à água potável.
Disponível em: www. http://nacoesunidas.org. Acesso em: 25 de nov. de 2018
1345
SEGURANÇA HÍDRICA NA CIDADE FRONTEIRIÇA DE OIAPOQUE – AMAPÁ/
BRASIL
1. INTRODUÇÃO
2. DESENVOLVIMENTO
1347
Figura 1- Localização geográfica do município de Oiapoque - AP
1348
Gráfico 1 - População urbana atendida por sistema de esgotamento sanitário (1996 - 2017)
1349
Gráfico 2 - População urbana atendida por sistema de esgotamento sanitário (1996 - 2017)
1350
O interesse em solucionar problemas relacionados à gestão e gerenciamento de
resíduos sólidos, surgiu em 2010, a Política Nacional de Resíduos Sólidos, PNRS - Lei
nº 12.305/2010. Desde sua aprovação, a política tem cobrado a instalação de aterros
sanitários em substituição aos lixões, ainda presente em muitos municípios do Brasil.
No estado do Amapá, dos 16 município que o compõem, somente a capital, Macapá,
possui destinação de seus resíduos em aterro sanitário do tipo controlado (ABRELPE,
2017)
Desse modo, no município de Oiapoque o serviço de coleta, transporte e
disposição dos resíduos sólidos não estão submetidos a nenhum tipo de tratamento e
são lançados na lixeira pública, localizada a cerca de 700 metros do perímetro urbano
do município, o local possui características lixão e se instalou em uma área particular de
cerca de 4 hectares aproximadamente. O terreno é fortemente acidentado, e está muito
próximo ao rio Pantanarri, um dos principais afluentes do rio Oiapoque, manancial da
cidade.
O Oiapoque enfrenta dificuldades para o cumprimento das determinações da
PNRS, principalmente em virtude de sua condição ambiental e social. Pois mais de
80% de seu território já está institucionalizada por áreas protegidas, uma condição que
restringi às áreas destinadas à implantação de aterros.
A provisão de infraestrutura de saneamento no município, sistema de
abastecimento de água, sistema de esgotamento sanitário, coleta e disposição adequada
de resíduos sólidos, refletem positivamente na melhoria da qualidade de vida e bem-
estar da população, ao minimizar os riscos a contaminação das águas superficiais e
subterrâneas.
3. CONSIDERAÇÕES FINAIS
4. REFERÊNCIAS
1352
ANÁLISE DA DINÂMICA ANUAL E DA MAGNITUDE DE ENCHENTES E
VAZANTES DO RIO NEGRO NO PERÍODO DE 1902-2018
1 INTRODUÇÃO
1354
As cinco maiores cotas de vazante aconteceram em: 31/10/1963 (13,65 m),
13/11/1906 (14,20 m), 04/11/1997 (14,34 m), 07/10/1916 (14,42 m) e 13/10/1926
(14,54m).
Os cinco menores valores de cotas máximas foram: 07/07/1926 (21,77 m),
22/06/1912 (24,84 m), 24/05/1992 (25,42 m), 14/07/1964 (25,91 m) e 03/07/1980
(26,00 m).
As cinco maiores amplitudes anuais das cotas fluviais no período analisado
pelos autores foram: 1997 (14,62 m), 1909 (14,13 m), 1953 (12,62 m), 1952 (12,44 m) e
1916 (12,21 m) e as cinco menores amplitudes: 1912 (05,45 m), 1968 (06,10 m), 1985
(06,53 m), 1974 (06,62 m) e 1986 (06,74 m).
De acordo com dados da CPRM (2014) a média histórica das cotas fluviométricas
máximas do rio Negro em Manaus (média das máximas) é de 27,86 m, com desvio
padrão de 1,15 m. A máxima absoluta (maio de 2012) foi de 29,97 m, a mínima absoluta
(outubro de 2010) foi de 13,63 m e a média das mínimas de 17,55 m.
O histórico das cheias do sistema Negro/Solimões obtidos em Manaus, para o
período de 1902-2018 apresenta o seguinte quadro das cinco maiores cheias registradas:
29/05/2012 (29,97 m), 01/07/2009 (29,77 m), 09/06/1953 (29,69 m), 29/06/2015 (29,66
m), 14/06/1976 (29,61 m) (Quadro 01).
No Porto de Manaus em 2010, a CPRM registrou a vazante histórica do Rio
Negro. As cinco maiores vazantes registradas para o período de 1902-2018 são:
24/10/2010 (13,63 m), 30/10/1963 (13,64 m), 13/11/1906 (14,20 m), 04/11/1997 (14,34
m), 07/10/1916 (14,42 m) (Quadro 01).
1355
Figura 02 - Frequência dos eventos segundo amplitudes anuais das cotas medidas no
Porto de Manaus no período de 1902-2018
Quadro 02: Dados das cotas nas Estações de Monitoramento Hidrológico na bacia do
Rio Negro no período de 1902-2018
1356
Gabriel da Cachoeira apresenta comportamento completamente distinto das estações
localizadas nos cursos médio e inferior do rio Negro.
O período de enchente no rio Negro inicia em out/novembro, com um pico no
primeiro trimestre do ano, e segue até jun/julho quando normalmente ocorre o pico
máximo da cheia. A partir de julho o rio começa a vazar com pico em outubro, onde
chega a vazar cerca de 25 cm/dia.
Alves (2013) realizou análise do processo de evolução das cheias e vazantes do
rio Negro, utilizando dados de cotas máximas e mínimas mensais medidas no Porto
de Manaus, para o ano hidrológico 2010-2011, e o quanto, em metros, o rio encheu e
vazou (Tabela 01).
1357
Figura 03 - Variação mensal, em metros, do N.A. referente ao ano hidrológico 2010-2011.
Em 2012 (29/05) foi registrada a maior cheia histórica do rio Negro que atingiu a cota
de 29,97 m, evento ocorrido no mês de maio que apresenta menor frequência de cheias
observado na série histórica das cotas medidas no Porto de Manaus (Figura 04).
1358
Figura 04 - Dados de cotas máximas e mínimas anuais observadas em Manaus no
período de 1903 a 2018
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
1360
4 REFERENCIAS
FILIZOLA, N.; GUYOT, J. L.; MOLINIER, M.; GUIMARÃES, V.; OLIVEIRA, E.;
FREITAS, M. A. Caracterização hidrológica da Bacia Amazônica. In: RIVAS, A.;
FREITAS, C. E de C. Amazônia uma perspectiva interdisciplinar. Manaus: EDUA, p.
33-53, 2002.
JUNK, W. J. Flood tolerance and tree distribution in Central Amazonian floodplains. In:
Tropical forests: Botanical dynamics, speciation and diversity. Eds. L.B. NIELSEN;
I.C. NIELSEN; H.
1361
NUNES DE MELLO, J.A.; BARROS, W. G. Enchentes e vazantes do rio Negro medidas
no porto de Manaus, Amazonas, Brasil. Acta Amazonica 31(2): 331-337, 2001.
MERTES, L. A.; DUNNE, T. Effects of tectonism, climate change and sea-level change
on the form and behavior of the modern Amazon River and its floodplain. In: GUPTA,
A. (ed) Larger Rivers: Geomorphology and management. Chichester: Wiley, 114-144.
2007.
1362
ENQUADRAMENTO DOS CORPOS D’ÁGUA COMO INSTRUMENTO DE GESTÃO
PARTICIPATIVA: FUNDAMENTAÇÃO NA LEGISLAÇÃO AMBIENTAL
1 INTRODUÇÃO
2 DESENVOLVIMENTO
1364
Figura 1- Evolução da Legislação Federal relativa ao enquadramento dos corpos d’água.
1366
monitoramento constante e a definição das necessidades dos múltiplos usuários que
fazem parte da bacia hidrográfica.
Durante a etapa de elaboração das alternativas de enquadramento são
avaliadas todas as estratégias necessárias para satisfazer os critérios para a mudança
de classe. Nesta, também são avaliados os custos para a adequação dos parâmetros,
em função dos requisitos definidos nas metas e objetivos do Plano de Manejo de Bacia
Hidrográfica para o enquadramento de classes de qualidade da água. No entanto, os
pontos críticos estão relacionados com o planejamento das ações, planos e programas, e
o levantamento dos custos para o desenvolvimento das atividades que visam alcançar
os objetivos e metas traçados para o enquadramento da bacia hidrográfica em curto,
médio e longo prazo.
As consultas públicas são a forma democrática de avaliar as necessidades de
cada usuário da bacia hidrográfica. A etapa de análise e deliberações do Comitê da
Bacia hidrográfica e do respectivoConselho de Recursos Hídricos é a oportunidade de
selecionar as melhores opções para a tomada de decisão entre as diversas alternativas
avaliadas, são tomadas as decisões que possam resultar nos melhores benefícios
em nível de bacia hidrográfica. Por fim, a Etapa de implementação do programa de
efetivação é o momento de concretizar todas as estratégias imprescindíveis para a
mudança e definição de classe do enquadramento de qualidade da água.
Durante a implementação, os fundos para o desenvolvimento das ações são
alcançados, com a cobrança pelo uso da água bruta, para incentivar as melhorias e os
cenários propostos durante as etapas iniciais do enquadramento. Vale lembrar que
todo o processo de enquadramento passa por revisões em todas as etapas descritas.
Com relação aos corpos de água de domínio estadual, segundo a ANA (2017)
apenas 10 das 27 Unidades da Federação (Alagoas, Bahia, Mato Grosso do Sul, Minas
Gerais, Paraíba, Paraná, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e
São Paulo) possuíam instrumentos legais que enquadram total ou parcialmente seus
corpos d’água. Salientando que para nem todos os estados, o enquadramento dos
corpos d’água é considerado um instrumento como na Política Nacional de Recursos
Hídricos, embora a outorga e a cobrança devam ser subsidiadas pelo enquadramento.
Os estados mencionados possuem bacias com corpos de águas estaduais
enquadradas, seguindo as seguintes legislações: os estados da Bahia, Paraíba, Mato
Grosso do Sul, Paraná e Minas Gerais seguiram a Resolução CONAMA nº 20/86
para enquadramento, os estados de Alagoas, Rio Grande do Norte, Rio Grande do
Sul, Santa Catarina, São Paulo, seguiram a Portaria Interministerial nº 13 de 1976 que
define a classificação das águas doces de acordo com os usos preponderante a nível
federal (ANA, 2017) dos corpos d’água federais enquadrados destaca a Bacia do Rio
São Francisco seguindo a Resolução CONAMA nº 20/86, com a necessária atualização
com base na Resolução n° 357/05, e as bacias Paraíba do Sul e Paranapanema seguindo
a Portaria Interministerial nº 13/76, essas últimas necessitando de atualização de seus
enquadramentos (ANA, 2017).
No país, os problemas para implantação e aplicação do enquadramento dos
corpos d’água são diversos, os mais observados são falta de capacidade técnica, ações
de gestão e metodologia, além de falta de recursos e coordenações das ações. Para
MACIEL Jr. (2000) prioridades devem ser estabelecidas para ampliar o enquadramento,
como identificação de usos proponentes e a qualidade da água.
A Bacia do Rio São Francisco é um exemplo pioneiro de modelo de implementação
dos instrumentos de gestão dos recursos hídricos, em especial o enquadramento dos
corpos d’água, por ser uma Região Hidrográfica complexa, constituída de um curso
de água principal, de domínio da União e de seus afluentes, em geral sob domínio
Estadual. Um dos grandes desafios, nesse caso, é estabelecer um ambiente de harmonia
mínima de leis, normas e procedimentos que venha a permitir a implantação.
1367
Na bacia foi aplicada a Portaria nº 715/MINTER/IBAMA, de 20 de setembro de
1989, que estabelece o enquadramento e nível de qualidade de água (classe) do rio São
Francisco e tributários (IBAMA, 1989). Estabelecendo as classes de enquadramento
para os cursos d’água federais, bem como recomenda aos órgãos Estaduais de Meio
Ambiente, que estabeleçam o enquadramento dos cursos d’água estaduais da Bacia
Hidrográfica do rio São Francisco em suas classes, já descrevendo na Portaria os rios e
suas classes.
No estado de Rondônia, visando atender a Política Nacional de Recursos
Hídricos, bem como, maximizar o bem-estar social e garantir o uso múltiplo da água
e a sustentabilidade das várias formas de vida (ZUFFO, 2010), foi instituída a Política
Estadual de Recursos Hídricos, pela Lei complementar n° 255 de22 de janeiro de 2002,
que traz em seus instrumentos o enquadramento dos corpos d’água, segundo os seus
usos preponderantes (RONDÔNIA, 2002).
Para tal processo, faz-se necessário seguir suas etapas, sendo a instituição dos
Comitê de Bacia Hidrográficas um dos pontos de partida, pois o mesmo, tem entre
suas atribuições, propor ao Conselho Estadual de Recursos Hídricos – CRH/RO o
enquadramento doscorpos de água, em classes de uso preponderante, conforme
disposto na legislação federal. No entanto, a instituiçãodos comitês de bacias
hidrográficas em Rondônia, desde o processo de mobilização e discussões para as
propostas de implementação dos comitês, seguiu um longo caminho até 2014, com a
publicação dos Decretos que instituíramos comitês de bacia hidrográficas, sendo cinco
no estado (ZUFFO, 2014).
Outro ponto importante no processo de enquadramento dos corpos de água
seguindo a legislação dos recursos hídricos é a criação da Agência de Bacia Hidrográfica
(ABH), conforme o Artigo 16º da lei 255/02 de Rondônia que faz parte da atuação da
ABH:
III – propor ao Comitê ou Comitês de Bacia, a que estiverem vinculadas, com fundamento
em estudos técnicos, econômicos e financeiros: c) o enquadramento dos corpos de água
nas classes de uso preponderante, para aprovaçãodo Conselho Estadual de Recursos
Hídricos – CRH/RO;
1368
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
4 AGRADECIMENTOS
5 REFERENCIAS
ANA. Agência Nacional das Águas (Brasil). Conjuntura dos Recursos Hídricos
no Brasil 2013. Brasilia/DF, 2013. Disponível em: http://arquivos.ana.gov.br/
institucional/spr/conjuntura/ANA_Conjuntura_Recursos_Hidricos_Brasil/ANA_
Conjuntura_Recursos_Hidricos_Brasil_2013_Final.pdf. Acesso em: 30 Jul. 2019.
PORTO, M.F.A. Sistemas de gestão da qualidade das águas: uma proposta para o caso
brasileiro. Tese de Livre Docência. Escola Politécnica da Universidade de São Paulo.
2002.
1370
Revista Scientia Amazonia, v. 6, n.2, 83-90, 2016.ISSN:2238.1910. Disponível wm:
http://scientia-amazonia.org/wp-content/uploads/2017/01/v6-n2-83-90-2017.pdf.
Acesso em: 05 de ago. 2019.
ZUFFO, C. E. Mapa das áreas aprovadas em fevereiro de 2014 dos comitês de bacias
hidrográficas no estado de Rondônia. Porto Velho, 2014. Disponível em: <http://
www.sedam.ro.gov.br/images/Recursos_H%C3%ADdricos/anexo-I-resolucoes_
CRH_05-06-07-08-09.pdf>. Acesso em 18 de jul. 2019.
1371
PERCEPÇÃO AMBIENTAL: ANÁLISE DO EFEITO DA POLUIÇÃO EM UMA DAS
NASCENTES DO IGARAPÉ DO MINDU
1 INTRODUÇÃO
1
Centro Universitário do Norte -UNINORTE - marciosavatage@gmail.com
2
Ciesa /Itegam - safreitas85@yahoo.com
3
Centro Universitário do Norte –UNINORTE - mayrarejane@hotmail.com
1372
2 CARACTERIZAÇÃO DE PERCEPÇÃO AMBIENTAL
Figura 1: Encontro de duas nascentes - uma em processo de poluição causada pela erosão.
Nesse sentido, Valle & Oliveira (2003), destacam que, entender o espaço urbano
construído a partir dos aterros dos igarapés do centro histórico de Manaus, constituiu
na pavimentação das confusas e tortuosas ruas que iam surgindo durante o período,
além de problemas causados pelos projetos arquitetônicos europeus, que iam sendo
implantados na cidade, e, como ressaltam os autores, numa tentativa constante de excluir
da cidade os igarapés, sendo estes obstáculos ao crescimento e ao acesso as novas áreas
a serem ocupadas. Logo, as matas ciliares têm papel fundamental no funcionamento
hidrológico das bacias e no equilíbrio ambiental, pois elas permitem a infiltração
da água no solo, fixam as margens dos rios, protegendo contra desbarrancamento,
abrigam a fauna terrestre e aquática específica, através da disponibilidade de nutrientes
1374
e sombreamento sobre as águas e servem como grandes filtros retendo sedimentos e
poluentes (BOTELHO, 2011, p.100). O igarapé foi de fundamental importância para a
ocupação indígena da Amazônia, a invenção da canoa possibilitou a organização dos
indígenas no mundo amazônico, por isso o significado de igarapé os “caminhos da
canoa”. A igara é uma embarcação elementar, escavada no tronco de uma só árvore:
apé ou pé é o designativo para caminho, tendo uma de suas funções de serem estradas
líquidas para circulação de curta distância. O igarapé também é lugar onde se retira o
peixe, onde se retira água para beber, cozinhar, tomar banho, e lugar de lazer para os
amazonenses. Mas este não é o cenário presente na área urbana de Manaus, onde os
igarapés perderam esta funcionalidade com o passar dos anos, devido ao crescimento
urbano acelerado e sem acompanhamento de infraestrutura e política pública que
resguardasse este ecossistema urbano peculiar da região Amazônica (SANTOS &
ALVES, 2013).
3 MATERIAIS E MÉTODOS
1375
Figura 2: Vista parcial do Parque Municipal das Nascentes do Mindu
O trabalho foi realizado com ida a campo para coleta de dados, que compreendeu
com Sistema de Informações Geográficas (SIG) em campo foi utilizado, sensor MAP 78
para captação de satélite GPS na identificação das coordenadas geográficas, notebook
para tratamento de dados de imagens de satélite. Georeferenciamento utilizando
sistema de coordenadas geográficas do google Earth. Trata-se de uma Unidade de
Conservação de Proteção Integral e foi criado para proteger e preservar três das
principais nascentes que dão origem ao Igarapé do Mindu, as quais apresentam água
cristalina, própria ao consumo humano.
Conforme Brito & Vieira (2012), Professores e estudantes precisam trabalhar
em torno de projetos, agregando novos costumes e práticas à sua cultura ambiental,
não implica na extinção dos saberes, apenas aceitar as modificações que a atualidade
requer, criando uma nova tendência de cultura e preservação, onde surgem novas
perspectivas de transformação social através da formação ambiental A preservação
dos igarapés, nascentes e mananciais, depende da forma de trabalhar uma educação
ambiental voltada a levar o estudante de encontro a novos conhecimentos, mostrando
a situação de degradação causada pela sociedade.
1376
O igarapé do Mindu está inserido na Bacia do São Raimundo, tendo sua nascente
principal localizada no Bairro Cidade de Deus – Manaus/Amazonas, próximo a
Reserva Florestal Adolpho Ducke. Sua foz está localizada no encontro deste com o
Igarapé dos Franceses formando, a partir daí o Igarapé da Cachoeira Grande (Borges
& Santos,2012).
Este igarapé deságua no São Raimundo que deságua no Rio Negro. As
coordenadas geográficas de sua Nascente e Foz são apresentadas a seguir: Foz do
Mindu: 3° 07’44.74”S 60° 02’05.04”W nascente: 3° 01’07.31”S 59°5’29.84”W (SEMMAS,
2017).
O esgoto doméstico é uma mistura de várias substâncias orgânicas com elementos
inorgânicos, provenientes de diversos materiais de consumo. O material de limpeza
(sabões e detergentes) utilizado para lavar louças e roupas contém o elemento fósforo
que é lançado diretamente no corpo hídrico, como cita, Merten & Minella (2002), esse
elemento químico na forma solúvel na água causa poluição, uma vez, que o fósforo
promove o desenvolvimento em excesso de algas que por sua vez utilizam grande parte
do oxigênio da água, prejudicando os demais organismos vivos. A propósito dessas
colocações, os resíduos sólidos que cresce em Manaus, também têm sido apontados
como causadores da degradação dos igarapés. “Hoje os igarapés estão poluídos com
uma densa camada de resíduos sólidos provenientes dos moradores do seu contorno
e demais pessoas que costumam despejar seus dejetos em corpos d’água”, ARAÚJO &
SCHOR (2018, p. 3). [...] os igarapés que eram vida, passaram a ser sinônimo de morte.
[...] A natureza triste, monótona, insalubre, mistura-se com a gente que a povoava,
formando uma paisagem indomável, deixando o colonizador deslocado no espaço e
no tempo. Para domá-la se utilizam os prodígios da engenharia sanitária europeia,
que transformam a rudeza topográfica dos lugares novos, formando-se uma geografia
artística (VALLE & OLIVEIRA, 2003: 161).
Apesar de o art. 225, caput, da Constituição Federal impor ao Estado (lato
sensu) o dever de defender e preservar o meio ambiente, isso não impede que uma
pessoa jurídica de direito público e as de direito privado prestadoras de serviços
públicos (construtoras, na hipótese) no exercício de suas atribuições, eventualmente
causando dano a tal bem de interesse difuso, o sentido de doação, de integração, de
pertencimento a natureza.
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES
1377
Figura 4: Erosão montante para jusante com resíduos sólidos na encosta das nascentes
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
1378
sustentação constante por parte do homem. Para realizar o monitoramento do controle
deste impacto, é necessário desenvolver uma série de ações coordenada de forma
planejada para controle do perímetro, buscando manter-se o desenvolvimento com as
circunstâncias ambientais da área.
6 REFERÊNCIAS
ANTUNES, Paulo de Bessa. Direito Ambiental. Rio de Janeiro: Lumem Juris, 1996.
ARAÚJO, Maria Elizete de; SCHOR, Tatiana. Um enfoque nos resíduos urbanos e a
rede fluvial em Manaus. Disponível em: http://www.interfacehs.sp.senac.br. Acesso
em 19.12.2018.
CANIVATTO, Vilma Maria. Saneamento Básico: fonte de saúde e bem estar. 2. ed.
São Paulo: Moderna, 2003.
CUNHA, Sandra Baptista da.; GUERRA, Antonio José Teixeira. A questão ambiental:
diferentes abordagens.– 4ª ed. – Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2008. 248p.
NOGUEIRA, Ana Claudia Fernandes et. al. A expansão urbana e demográfica da cidade
de Manaus e seus impactos ambientais. Pós-Graduação em Ciência do Ambiente e
Sustentabilidade na Amazônia. Universidade Federal do Amazonas – UFAM, 2007.
1380
ANÁLISE CRÍTICA DE LACUNAS DO PLANO ESTADUAL DE RECURSOS HÍDRICOS
DE RONDÔNIA SOB A ÓTICA DA PISCICULTURA
1 INTRODUÇÃO
2 DESENVOLVIMENTO
2. 1. Levantamento de Dados
1382
Figura 1- Mapa de distribuição dos reservatórios e barragens cadastradas na ANA.
1384
rios e lagos, constituem dois nutrientes básicos que dão suporte à cadeia alimentar.
Os problemas advindos do aumento dessas concentrações refletem na proliferação de
algas, no efeito tóxico da amônia nos peixes e nos déficits de oxigênio consumido no
processo (LIMA, 2001).
A outorga, um dos instrumentos de gestão dos recursos hídricos presente
na Lei nº 9.433/97 representa um componente legal de grande importância para o
desenvolvimento de qualquer empreendimento, especialmente o aquícola, implantado
em ambientes hídricos (NETO, 2016).
No Estado de Rondônia, entre 2006 e 2018, foram emitidas 600 outorgas de
direito de uso para a atividades aquícolas (Figura 2), número inferior aos 4.200
empreendimentos aquícolas licenciados pela SEDAM (Rondônia, 2018).
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
AGRADECIMENTOS
4 REFERENCIAS
1386
BASTOS, R. K. X. Utilização de Esgotos Tratados em Fertirrigação, Hidroponia e
Piscicultura. Rio de Janeiro/RJ: PROSAB, 267 p., 2003.
GUO, L.; LI, Z. Effects of nitrogen and phosphorus from fish cage-culture on the
communities of a shallow lake in middle Yangtze River basin of China. Aquaculture,
v.226, p.201-212, 2003.
NETO, J. R. D. S. Outorgas dos direitos de uso dos recursos hídricos: concessões para
piscicultura no estado da Paraíba. 2016. Dissertação (Mestrado em Engenharia Civil e
Ambiental) Universidade Federal de Campina Grande - UFCG, 2016.
1 INTRODUÇÃO
2MATERIAL E MÉTODOS
1389
Este estudo além de identificar os eventos críticos de precipitação, visa avaliar eventos
que desencadearam transtornos no espaço urbano da cidade de Ji-Paraná, no recorte
temporal de 2006 a 2018. Para tanto, avaliou-se também o crescimento populacional da
cidade, no período de 1996 a 2018, apresentado na Figura 2, observando que entre anos
de 2007 e 2018, houve um aumento populacional de 19%.
1390
Para a compilação dos dados, foram calculados os acumulados diários de
chuva, sendo retirados os acumulados dos dias em que se apresentaram incoerentes
com a série de histórica. No total foram retirados 7 dias do ano de 2010 e 1 dia do ano
de 2014.
Para definição do número de dias com chuva, adotou-se a metodologia do INMET
(2019) que define “dia sem chuva” (dia seco) o acumulado diário inferior a 1mm.
A metodologia dos máximos de precipitação foi utilizada com o objetivo de estimar
valores de chuva de grande magnitude, metodologia esta utilizada por Monteiro e
Zanella (2017) no estado do Ceará, onde o autor cita a utilização desta metodologia por
Silva (2012), Gao, Jeremy e Fillipo (2006) e Frich, Alexander, Dellamarta et. al. (2002).
Mesmo sem unanimidade na comunidade científica quanto a definição de evento
extremo, sabe-se que são aqueles que se apresentam com raridade, nesse sentido, para
determinar a chuva mínima foi utilizado a metodologia da curva de permanência,
onde se pode observar com que frequência um determinado evento de precipitação foi
igualado ou superado.
Para a determinação da curva adota-se o seguinte procedimento, segundo
Holtoz (1976):
Desta forma, foi determinado que eventos que correspondam a frequência igual
ou inferior a 10% são eventos raros, em consonância com a definição das cotas extremas
adotada pela Agência Nacional de Águas (ANA, 2019).
A partir da execução de cálculos estatísticos, em conformidade com Monteiro
e Zanella (2017), foi definida a classificação dos eventos extremos em cinco faixas. A
primeira faixa se caracteriza pela normalidade, enquanto as demais classificam em
níveis os eventos extremos.
O procedimento realizado consistiu em selecionar os acumulados de 24h com
a frequência de 10% e inferiores na série. Em seguida, foi calculada a média aritmética
dos valores e o desvio padrão, para utilização nas fórmulas que definem os níveis de
intensidade, conforme a Figura 3.
Figura 3 – Fórmulas para classificação dos níveis dos eventos extremos de precipitação.
1391
Por sua vez, a análise qualitativa da precipitação na área urbana foi por meio da
investigação de notícias, a partir de eventos extremos classificados, que ocasionaram
impactos no município.
Ao avaliar os acumulados anuais e os dias com chuvas nos anos de 2006 a 2018
(Figura 5), chegou-se à média 2.170,44 mm acumulados e 143 dias com chuvas no ano.
1392
A análise preliminar dos dados, indica que os meses que apresentam maior pluviosidade
média da série histórica no município é dezembro, com 331,81 mm, e janeiro, com
331,36 mm. Os demais resultados de médias mensais, desvios-padrões, coeficientes de
variação e os valores extremos máximo e mínimo da precipitação pluviométrica são
apresentados na Tabela 1.
Fonte: Autores.
Assim, observa-se que o maior acumulado mensal registrado foi de 508 mm,
ocorrido em outubro do ano de 2017, que julho é o mês com menor média mensal
(13,62mm) e que já ocorreu estiagens tão longas quanto 1 mês inteiro sem precipitação
(junho, julho, agosto).
A Figura 6 apresenta a variação sazonal da região com períodos de seis meses
com altos índices pluviométricos e os demais, com baixos acumulados de chuvas,
compatível com outros estudos realizados na região amazônica. Por exemplo, Furlan
(2009) que descreve que a região de Rondônia apresenta um período seco bem definido,
durante a estação de inverno, sendo a estação chuvosa compreendida entre os meses
de outubro a abril e a estação seca de maio a setembro. Pode-se citar ainda Silva et
at. (2004) que define o regime chuvoso para a região de Porto Velho, descrevendo ser
os meses compreendidos entre novembro e abril, e o período mais seco, de maio a
setembro.
Para o município de Ji-Paraná a estação chuvosa ocorre de outubro a março,
com índices pluviométricos médios que oscilam de 211,82 a 331,81 mm, enquanto a
estação seca apresentou as precipitações de 13,12 mm a 168,02 mm, entre os meses de
abril e setembro (Figura 6).
5
No período de 2006 a 2018, exceto os anos de 2007, 2011, 2013 e os meses de agosto e setembro de 2006.
1393
Figura 6 - Distribuição da precipitação pluviométrica média mensal de Ji-Paraná/RO.
Fonte: Autores.
Fonte: Autores
Fonte: Autores
1394
Tabela 3 – Classificação dos eventos de precipitação acumuladas em 24h e o número
dos respectivos eventos ocorridos na série histórica.
Fonte: Autores.
6
O ano de 2006 apresentou 297 dias normais ao invés de 360 devido a falha de 63 dias nesse ano que
não foram classificados.
7
O ano de 2010 há 7 dias excluídos da série que não foram classificados.
8
O ano de 2014 há 1 dia excluído da série que não foi classificado.
9
Exceto os anos de 2007, 2008, 2011 e 2013.
1395
Figura 8 – Distribuição do evento do dia 31 de março de 2014 com acumulados em
15 minutos.
Este evento fica classificado como extremo de nível II, que segundo fontes da
mídia, deixou famílias desalojadas, sendo os bairros mais atingidos: Primavera, Duque
de Caxias e São Francisco. Outros pontos de grande fluxo de pessoas, também foram
tomados pela água, deixando inviável o tráfego de veículos, entre eles, as marginais
da BR-364, o trevo do viaduto e a Avenida Brasil, onde se encontra a maior parte do
centro comercial de Ji-Paraná (G1 RONDÔNIA, 2014).
O evento do dia 15 de janeiro de 2016, com 97,8 mm acumulados no dia, evento
extremo classificado como nível II, se distribuiu ao longo do dia com duração de
09h30min (Figura 9), apresentando a intensidade máxima de 15,2 mm/h as 13h15min.
Em virtude dos transtornos advindos deste evento, foi mencionado na matéria em
mídia eletrônica que “Todas as famílias que vivem próximas aos córregos e igarapés
que cortam a cidade de Ji-Paraná, em especial, o Dois de Abril, foram vítimas dessa
alagação”. A reportagem ainda relata que muitas casas sem histórico de enchente
foram atingidas, e que além dos setores próximos ao igarapé Dois de Abril os bairros
mais afetados foram: Parque São Pedro, Primavera, São Francisco, Santiago, Duque de
Caxias, parte do bairro Casa Preta. (FOLHA DE RONDÔNIA NEWS, 2016).
1396
Em 17 de março de 2018, ocorreu a terceira maior precipitação da série
classificada como nível IV, com acumulado diário de 128,8 mm. Este evento foi
noticiado na mídia, informando que o igarapé Dois de Abril, localizado no 1º Distrito,
transbordou e casas ficaram alagadas na região central da cidade, acarretando três
chamados atendidos pelo Corpo de Bombeiros, para a retirada de mobílias e resgate
de animais (G1 RONDÔNIA, 2018).
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
4 REFERÊNCIAS
Chuva forte faz igarapé 2 de Abril transbordar em Ji-Paraná, RO. G1 Rondônia, Ji-
Paraná, 17 mar. 2018. Disponível em: https://g1.globo.com/ro/ji-parana-regiao-
central/noticia/chuva-forte-faz-igarape-2-de-abril-transbordar-em-ji-parana-ro.
ghtml. Acesso em: 03 ago. 2019.
1398
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Portal Cidades. Rio
de Janeiro: IBGE, 2019. Disponível em: https://cidades.ibge.gov.br/brasil/ro/
ji-parana/panorama. Acesso em: 02 ago. 2019. Forte chuva deixa ruas alagadas e
famílias desalojadas, em Ji-Paraná. G1 Rondônia, Ji-Paraná, 31 Mar. 2014. Disponível
em: http://g1.globo.com/ro/rondonia/noticia/2014/03/forte-chuva-deixa-ruas-
alagadas-e-familias-desalojadas-em-ji-parana.html. Acesso em: 18 ago. 2019.
GAO, Xuejie.; JEREMY S. Pal; FILIPPO Giorgi. Projected changes in mean and extreme
precipitation over the Mediterranean region from a high resolution Double nested
RCM simulation. Geophysical Research Letters, Washington, v. 33, p. 1-4, 2006.
GARCEZ, L.N.; ALVAREZ, G.A. Hidrologia. 2.ed. São Paulo: Edgar Blücher, 1988. 291 p.
SILVA, D. D.; PEREIRA, S. B.; PRUSKI, F. F.; GOMES FILHO, R. R.; LANA, A. M. Q.;
BAENA, L. G. N. Equações de intensidade-duração-frequência da precipitação pluvial
para o Estado de Tocantins. Engenharia na Agricultura, v. 11, n. 1-4, 2003.
1399
SILVA, M. J. G; SARAIVA, F.A. M; ARAÚJO, M.L.T. (2004). Aspectos climáticos de
Porto Velho – Rondônia. In: XIII Congresso Brasileiro de Meteorologia, 2004, Fortaleza,
Anais [...].
1400
PANORAMA DAS OUTORGAS DE DOMÍNIO FEDERAL EMITIDAS NO ESTADO
DE RORAIMA
Débora Strücker1
Ana Cristina Mendes Ruiz Rolim1
Átyles de Paiva Loura1
Francisco Laurenilson Sousa Silva1
Renato Izolino Manoel Prado Lima1
Luiza Câmara Beserra Neta1
1. INTRODUÇÃO
No país 68,5% dos recursos hídricos se localizam na região Norte, onde habitam
apenas 7% da população brasileira; já na estão na região Sudeste estão presentes apenas
6% destes recursos, contando com 65% da população. Há também a região Nordeste
que computa 29% da população e possui escassos 3% destes recursos (PHILIPPI JR et
al. 2004).
A responsabilidade com o uso dos recursos hídricos é um anseio muito recente
da sociedade devido ao término da percepção de que a água é um recurso ilimitado
e infinito. A sociedade a cada dia deve se preocupar mais com o desperdício e a
contaminação dos cursos d’agua.
Os recursos hídricos são geralmente utilizados para diferentes fins, não apenas
para a dessedentação humana que é a primeira coisa lembrada por todos, estes, são
usados no setor industrial, mineração, agricultura, balneabilidade e lazer, recursos
pesqueiros,etc.
Os diversos usos da água (abastecimento humano, dessedentação animal,
irrigação, indústria, geração de energia elétrica, aqüicultura, preservação ambiental,
paisagismo, lazer, navegação, etc.) podem ser concorrentes, gerando conflitos entre
setores usuários e impactos ambientais. Nesse sentido, gerir recursos hídricos é uma
necessidade premente e que tem o objetivo de ajustar as demandas econômicas, sociais
e ambientais por água em níveis sustentáveis, de modo a permitir, sem conflitos, a
convivência dos usos atuais e futuros da água.
2. DESENVOLVIMENTO
2.2. Metodologia
1402
Os dados pesquisados abrangem: tipo de interferência da outorga (barragem,
captação, lançamento, ponto de referência), a finalidade da outorga (abastecimento
público, aproveitamento hidroelétrico, aquicultura em tanque escavado, aquicultura
em tanque rede, barramento, consumo humano, criação animal, esgotamento sanitário,
indústria, irrigação, mineração-extração de areia/cascalho em leito de rio, mineração-
outros processos extrativos, obras hidráulicas, reservatório/barramento/regularização
de vazões para usos múltiplos, sem finalidade, serviços, termoelétrica, transposição),
tipo de corpo hídrico (espelho d’água, poço, rio ou curso d’água), tipo de outorga
(uso de pouca expressão, suspensão, revogação, preventiva, licença ou autorização
para perfuração de poços, direito de uso, cancelamento/anulação, cadastro, anuência
prévia), pertencente a comitê federal e comitê estadual.
Foi realizada a análise e agrupamento de dados e posteriormente a elaboração
de gráficos para um melhor entendimento das informações obtidas na pesquisa. Para
elaboração do primeiro gráfico, foi calculada a porcentagem da quantidade de outorgas
emitidas a cada ano no estado. Na construção do segundo gráfico, foram contabilizadas
as outorgas emitidas em sua distribuição por municípios do estado. O terceiro gráfico
preparado dividiu as outorgas emitidas de acordo com a sua localização por rios.
Posteriormente, foi apurada a porcentagem das outorgas emitidas por sua finalidade.
1404
Como finalidade de uso, as outorgas federais emitidas foram utilizadas para
criação animal, irrigação, aquicultura em tanque escavado e mineração (Gráfico 4).
Esses dados de maior uso da água (66% para irrigação) para fins de agricultura. A
finalidade de uso observada em maior número para a irrigação pode ser compreendida
devido uma grande parte do setor agrícola do estado ser composta de lavoura de arroz
irrigado.
1405
Levando em consideração a situação das outorgas solicitadas pelos usuários á
ANA visualizou-se que foram outorgadas do 57% do total, 23% foram consideradas
de uso insignificante, 14% inválidas, 6% indeferidas e nenhuma considerada arquivo
morto.
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
4 REFERÊNCIAS
1406
BRASIL. Lei n. 9.433 de 08 de janeiro de 1997. Dispõe sobre a Política Nacional de
Recursos Hídricos e dá outras providências. Diário Oficial da República Federativa
do Brasil. Poder Executivo, Brasília, DF, 09 jan. 1997. Disponível em: <http://www.
senado.gov.br>. Acesso em: 25 jan. 2019.
POMPEU, C. T. Direito de águas no Brasil. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2006.
1407
ESTRUTURAÇÃO DO SISTEMA DE GESTÃO DE RECURSOS HÍDRICOS NOS
ESTADOS DO NORDESTE BRASILEIRO: O EMPREGO DE INDICADORES
PARA A HIERARQUIZAÇÃO
1 INTRODUÇÃO
2 METODOLOGIA
1409
2.2 Situação atual do sistema de gerenciamento de recursos hídricos dos estados
De posse destas informações, obtidas nos sites oficiais (Alagoas, 2019; Bahia,
2019; Ceará, 2019; Maranhão, 2019; Paraíba, 2019; Pernambuco, 2019; Piauí, 219, Rio
Grande Do Norte, 2019; Sergipe, 2019) e relatórios do Programa PROGESTÃO (Brasil
2016a; Brasil, 2016b; Brasil, 2016c; Brasil, 2016d; Brasil, 2016e; Brasil, 2016f; Brasil,
2016g; Brasil, 2016h; Brasil, 2016i), foi realizada uma análise comparativa entre os
SEGREHs dos estados do Nordeste, bem como o Sistema Nacional de Gerenciamento
de Recursos Hídricos (SINGREH), considerando os parâmetros supracitados.
3 RESULTADOS E DISCUSSÕES
1411
Quadro 3 – Situação dos SEGREHs dos estados do Nordeste
Fonte: Brasil (2016a); Brasil, (2016b); Brasil, (2016c); Brasil, (2016d); Brasil, (2016e); Brasil, (2016f); Brasil,
(2016g); Brasil, (2016h); Brasil, (2016i); Alagoas, 2019; Bahia, 2019; Ceará, 2019; Maranhão, 2019; Paraíba,
2019; Pernambuco, 2019; Piauí, 219, Rio Grande Do Norte, 2019; Sergipe, 2019.
1412
Pernambuco possuem um número maior de planos diretores de recursos hídricos em
comparação ao número de CBHs.
A respeito do enquadramento, apenas, Paraíba, Bahia e Sergipe os possuem
no âmbito da região hidrográfica. Observa-se que Paraíba possui enquadramento
implementado em todas as bacias, enquanto essa realidade não ocorre para os planos
diretores de recursos hídricos.
Apenas a Bahia possui diretrizes de outorga implementadas no âmbito da bacia
hidrográfica, realidade que ocorre apenas em uma região do estado. Vale salientar que
todos os estados já instituíram a outorga de direito de recursos hídricos, no entanto, as
diretrizes para este instrumento especificamente para cada região hidrográfica ainda
não foram implementadas em toda a área de estudo, apesar de Foleto (2018) apresentar
que todos os estados brasileiros já possuírem outorga implementada.
Fonte: Brasil (2016a); Brasil, (2016b); Brasil, (2016c); Brasil, (2016d); Brasil, (2016e); Brasil, (2016f); Brasil,
(2016g); Brasil, (2016h); Brasil, (2016i); Alagoas, 2019; Bahia, 2019; Ceará, 2019; Maranhão, 2019; Paraíba,
2019; Pernambuco, 2019; Piauí, 219, Rio Grande Do Norte, 2019; Sergipe, 2019.
1413
Quadro 5 – Indicadores do Gerenciamento de Recursos Hídricos nos Estados do
Nordeste
1414
Figura 3 – Espacialização dos Resultados da hierarquização da gestão de recursos
hídricos no Nordeste.
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
5 AGRADECIMENTOS
1416
6 REFERENCIAS
BARBOSA, F.D., HANAI, F.Y. Os Rumos da Gestão das Águas após 20 anos
da Política Nacional de Recursos Hídricos, In: Oliveira, C.M. Novos Direitos: a
Interdisciplinaridade do Direito na Sociedade Contemporânea. São Carlos: CPOI/
UFSCar. 2017. 255 p. Disponível em: <http://www.novosdireitos.ufscar.br/congresso/
copy2_of_NovosDireitos_ainterdisciplinaridadedoD ireitonasociedadecontempornea.
pdf >. Acesso em 26 abr. 2019.
1417
_______. Agência Nacional de águas - Ana. Ministério do Desenvolvimento Regional.
A gestão de recursos hídricos em Sergipe. 2016f. Disponível em: <http://progestao.
ana.gov.br/portal/progestao/panorama-dos-estados/se>. Acesso em: 02 abr. 2019.
1418
PERNAMBUCO. Secretaria de Recursos Hídricos e Energéticos. Competências. 2019.
Disponível em: <http://www.sirh.srh.pe.gov.br/site/index.php?option=com_conte
nt&view=article&id=47&Itemid= 54>. Acesso em: 5 abr. 2019.
1419
OUTORGA PARA LANÇAMENTO DE EFLUENTES NO ESTADO DA BAHIA
1 INTRODUÇÃO
2 DESENVOLVIMENTO
2.1 Metodologia
1421
históricas da área de interesse. Para cada campanha de amostragem deverão ser
realizadas 4 coletas com espaçamento mínimo de 7 dias entre elas.
Para efluentes que não sejam sanitários, como oriundos de processos industriais
ou de serviços, por exemplo, solicita-se a apresentação de Memorial Descritivo com
justificativa técnica do empreendimento, contendo: a) balanço hídrico com as etapas
de utilização da água, destacando a vazão do efluente gerado em cada etapa e sua
composição identificando a concentração dos parâmetros físico-químicos e biológicos
apresentados (INEMA, 2016).
A análise técnica de um processo de outorga para lançamento de efluentes
segue as diretrizes da Portaria INEMA Nº 17.280 de 2018 a partir da comparação
entre a disponibilidade hídrica no rio para um usuário (20% da Q90) com a demanda
do requerente (vazão de diluição necessária calculada a partir das características do
efluente a ser lançado: vazão de lançamento, concentração de DBO5,20 e concentração
de coliformes termotolerantes no efluente final).
Também é realizada a comparação entre a disponibilidade hídrica no rio para
todos os usuários (50% da Q90) com a demanda de todos os usuários do rio. Esta
vazão, disponibilizada para diluição não é considerada para novos usuários, não
havendo cálculo de depuração de DBO5,20 e Coliformes Termotolerantes nos trechos
de rios (SILVA et al. 2017).
Esta análise é realizada em um sistema de apoio a decisão (Sistema Integrado
de Gestão de Outorgas - SIGO) que tem o registro de todos os usuários por bacia. O
SIGO utilizado para avaliações de outorgas para lançamento de efluentes é diferente
do SIGO utilizado para avaliar outorgas para captações superficiais, dessa forma, não
há integração das análises (SILVA et al. 2017).
A falta de integração entre captação superficial e lançamento de efluentes é
prejudicial para análise dos processos de ambos os tipos, visto que, em se tratando
de um mesmo corpo hídrico a quantificação da disponibilidade hídrica pode estar
sendo subestimada ou superestimada quando não se considera a integração quali-
quantitativa.
Além do SIGO, utiliza-se como ferramenta para análises também, o shape de
banco de dados que é atualizado diariamente com todos os usuários de lançamento
de efluentes. Além disso, o SEIA está em processo de aperfeiçoamento e já permite
o registro das informações sobre as vazões outorgadas. Os sistemas utilizados
anteriormente permitiam o registro somente das vazões requeridas. Está em fase de
elaboração o módulo de Balanço Hídrico no SEIA, que substituirá os SIGOs (PAULO
e SILVA, 2016).
Onde:
Qef: vazão do efluente;
Cef: concentração do parâmetro avaliado no efluente;
Cperm: concentração permitida do poluente avaliado (definida pelo enquadramento do
respectivo trecho de curso de água, ou, para rios sem enquadramento, a concentração
de DBO5,20 poderá ser no máximo 35mg/L, conforme Art. 12 Portaria INEMA Nº 17.280
de 2018, e a concentração de Coliformes Termotolerantes poderá ser no, no máximo
1422
1,0 x 10³UFC/100mL, conforme Art. 13); Cnat: concentração natural do poluente
no manancial (considerada 1mg/L para DBO5,20 e 200UFC/100mL para Coliformes
Termotolerantes).
De acordo com o Art. 6º da Portaria INEMA Nº 17.280 de 2018, os parâmetros
avaliados na análise técnica para emissão de outorga de lançamento de efluentes
para fins de diluição são: Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO5,20) e Coliformes
Termotolerantes. Dessa forma, para o lançamento de efluentes em rios, são calculadas
as vazões de diluição para os parâmetros DBO5,20 e Coliformes Termotolerantes.
Para os demais parâmetros não outorgáveis no estado da Bahia, as concentrações
finais devem ser iguais ou inferiores às permitidas para a classe de enquadramento do
rio, ou seja, não pode ser outorgada vazão de diluição para estes parâmetros.
Para avaliação de pleitos de outorga para lançamento de efluentes em rios
não enquadrados, é possível realizar o cálculo da vazão de diluição considerando a
concentração observada de DBO5,20 (INEMA, 2018), seguindo os intervalos apresentados
no Quadro 1.
a) Meta de curto prazo (4 anos): alcance de 25% (vinte e cinco por cento) do
valor de redução da concentração de DBO5,20 necessário para que o limite
máximo individual da vazão reservada para a diluição de efluentes seja
atendido.
b) Meta de médio prazo (4 anos): alcance de 50% (cinquenta por cento) do
valor de redução da concentração de DBO5,20 necessário para que o limite
máximo individual da vazão reservada para a diluição de efluentes seja
atendido e, para os sistemas que já efetuem o tratamento em nível terciário,
o alcance de 100% (cem por cento) do valor de redução de concentração de
Coliformes Termotolerantes necessário para que o limite máximo individual
da vazão reservada para a diluição de efluentes seja atendido.
1423
c) Meta de longo prazo (4 anos): alcance de 100% (cem por cento) do valor
de redução da concentração de DBO5,20 necessário para que o limite máximo
individual da vazão reservada para a diluição de efluentes seja atendido e,
o alcance de 100% (cem por cento) do valor de redução de concentração de
Coliformes Termotolerantes necessário para que o limite máximo individual
da vazão reservada para a diluição de efluentes seja atendido.
Para que um empreendimento possa ser outorgado com base nas metas
progressivas deverá atender critérios iniciais, conforme consta no Art. 20 da Portaria
INEMA Nº 17.280 de 2018 e conforme sistematização proposta por Silva e Silva (2018)
apresentada no Quadro 2.
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
AGRADECIMENTOS
4 REFERENCIAS
1426
ASPECTOS DA SEGURANÇA HÍDRICA E EDUCAÇÃO AMBIENTAL NA COMUNIDADE
BOCA DA BARRA, EM FORTALEZA (CE), BRASIL
Eixo 4: Segurança hídrica e legislação ambiental
1 INTRODUÇÃO
Elaboração: Liza Santos Oliveira e Jair Bezerra dos Santos Júnior (2019).
2 DESENVOLVIMENTO
1428
A atividade foi realizada no dia 29 de setembro de 2018, onde estavam presentes
cerca de 10 crianças, entre 5 e 12 anos, além de 3 estudantes extensionistas para
mediação. Para facilitar o entendimento das crianças, foram utilizados apenas dois
parâmetros de análise: o potencial Hidrogeniônico (pH) e o Oxigênio Dissolvido (OD).
A atividade em questão funcionou obedecendo as seguintes etapas descritas na
sequência: Etapa 1: Apresentação do projeto, dos facilitadores e da intervenção (figura
2). Houve uma aula expositiva abordando a temática da segurança hídrica, com foco
em conteúdos chave: recursos hídricos, acesso e qualidade da água.
Nas as aulas expositivas foram apresentados informações gerais sobre a
segurança hídrica tendo foco na qualidade da água. Por meio de indagações feitas pelos
facilitadores as crianças iam identificando e associando os aspectos hídricos locais, as
problemáticas e as potencialidades com as terminologias e definições apresentadas.
1429
Figura 3 – Componentes do ECOKIT da ALPHAKIT.
Etapa 3: Ida a campo para coleta e análise da água (figura 4). Foi feita uma
trilha com as crianças no próprio território analisando a água em diversos pontos,
buscando-se diversidade de ambientes e condições físico-químicas diferenciadas: água
do mangue, do mar e de poço artesanal. Neste momento, o vinagre foi utilizado para
realizar uma comparação nas amostras em relação à discrepância do pH, devido seu
alto nível de acidez.
Durante a realização dessa etapa, explicou-se as diferenças existentes entre a
água do rio, do mar e do lençol freático que alimenta o poço local. Nesse contexto, faz-
se importante ressaltar que a comunidade está localizada em área de expansão a qual,
em uma conjuntura geral de benefícios, não recebe muita atenção do poder público se
comparado às áreas mais abastadas da cidade.
Observa-se então que o assistencialismo público, principalmente no que se
refere ao fornecimento de água à comunidade, aparece de forma precária. Além disso,
de acordo com o que foi relatado pelos moradores da Boca da Barra, a água dos poços
artesanais apresentam uma melhor qualidade e, em decorrência disso, grande parcela
das pessoas preferem utilizá-la.
1430
Figura 4 – Momento de utilização de ECOKIT para a demonstração de acidez da água.
Figura 5 – Mapa dos pontos de coleta de água na comunidade Boca da Barra, Bairro
Sabiaguaba/Fortaleza-CE
Elaboração: Liza Santos Oliveira e Jair Bezerra dos Santos Júnior (2019).
1431
Etapa 4: Debate coletivo abordando as principais questões e problemáticas
sobre o consumo da água local, a importância do monitoramento da qualidade da
água e possíveis soluções que promovam a sustentabilidade ambiental.
Os resultados obtidos, no presente trabalho, constataram que os dados coletados
referentes ao Hidrogeniônico (pH) e o Oxigênio Dissolvido (OD), a partir da análise
nos pontos determinados, seguem os parâmetros estabelecidos pela CONAMA.
Na análise do vinagre, houve uma disparidade esperada pelos índices devido às
qualidades físico-químicas intrínsecas ao produto. Entretanto, é relevante colocar que
os resultados obtidos, por si só, não são suficientes para determinar a qualidade da
água local, isso se deve ao fato do Ecokit ser um material exclusivo para a educação
ambiental no controle da qualidade da água.
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
AGRADECIMENTOS
4 REFERÊNCIAS
BERNARDELI, Millena Adrianna Formiga Dias. Bacia do córrego São João & segurança
hídrica do abastecimento urbano do município de Porto Nacional-TO.2017. 142f.
Dissertação (Mestrado em Geografia) – Universidade Federal do Tocantins, Programa
de Pós-Graduação em Geografia, Porto Nacional, 2017.
1432
BRASIL. Ministério do Meio Ambiente.LEI Nº 9.985, DE 18 DE JULHO DE 2000
.Institui o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza e dá outras
providências. Brasília-DF, 2000. Disponível em: <http://bit.ly/2OZstJg>. Acesso em
17 de nov. 2018.
1433
QUALIDADE DE ÁGUA E ENQUADRAMENTO DE RIOS: ESTUDO DE CASO
DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO DAS CONTAS
1. INTRODUÇÃO
De todos os recursos naturais, a água tornou-se o mais precioso, uma vez que a
maior parte da superfície da Terra é coberta por mares que a envolvem e, no entanto,
em meio a toda essa fartura, ainda queremos mais (CARSON, 2010, p. 47).
Ainda há muitos representantes de sociedades modernas que consideram que a
água seja um recurso infinito, mas o crescimento da população e o crescente processo
de urbanização aliados aos múltiplos usos dos corpos hídricos afetam a quantidade
e a qualidade da água que é ofertada, trazendo à tona a escassez hídrica em diversas
localidades.
A função da água e seu papel no desenvolvimento das sociedades mostra a ne-
cessidade de mudanças no gerenciamento e planejamento dos recursos hídricos, além
da implementação dos instrumentos preconizados na Política Nacional de Recursos
Hídricos.
A Lei nº 9.433/1997, que institui a Política Nacional de Recursos Hídricos, criou
o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos e trouxe como um dos
seus instrumentos o enquadramento dos corpos de água em classes, segundo seus
usos preponderantes.
Como forma de atender o que preconiza a Lei nº 9.433/1997, o Conselho Nacional
de Meio Ambiente publicou a Resolução CONAMA nº 357/2005 complementada
e alterada pela Resolução nº 430/2011, que dispõe sobre a classificação dos corpos
1
Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Gestão e Regulação de Recursos Hídricos Polo Univer-
sidade Federal da Bahia (UFBA), e-mail: rita.braga@hotmail.com;
2
Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Gestão e Regulação de Recursos Hídricos Polo Uni-
versidade do Estado de Mato Grosso, Campus Cuiabá-MT (UNEMAT), e-mail: annapauladamasceno@
hotmail.com
3
Mestrando do Programa de Pós-Graduação em Gestão e Regulação de Recursos Hídricos Polo Univer-
sidade Federal do Espírito Santo (UFES), e-mail: marcoscbio@yahoo.com.br
4
Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Gestão e Regulação de Recursos Hídricos Polo Univer-
sidade de Brasília (UNB), e-mail: rafaela_fariia@hotmail.com
5
Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Gestão e Regulação de Recursos Hídricos Polo Univer-
sidade Federal da Bahia (UFBA), e-mail: sandraamils@yahoo.com.br
6
Professora Doutora do Programa de Pós-Graduação em Gestão e Regulação de Recursos Hídricos Polo
Universidade Federal da Bahia (UFBA), e-mail: vpalmeiracampos@gmail.com
1434
de água e diretrizes ambientais para o seu enquadramento e estabele as condições e
padrões de lançamento de efluentes (BRASIL, 2005).
O enquadramento é um dos instrumentos de planejamento da política de recursos
hídricos mais importantes na prevenção e na solução dos problemas relacionados à
gestão da qualidade das águas de uma Bacia Hidrográfica. Para efetivar a proposta,
os planos de Recursos Hídricos devem ser elaborados levando em conta os interesses
sociais, econômicos, políticos e ambientais (ANA, 2013).
Assim, o presente trabalho tem como objetivo analisar a proposta de
enquadramento dos corpos hídricos da Bacia Hidrográfica do Rio das Contas, bem
como as medidas efetivas de acompanhamento das metas progressivas.
2. ÁREA DO ESTUDO
A Bacia do rio das Contas abrange mais de 70 municípios baianos, de forma total
ou parcial, sendo que o rio principal margeia aproximadamente 30 municípios, entre os
quais, nove sedes são banhadas por ele (Jussiape (Cerrado), Jequié (Caatinga), Jitaúna,
Ipiaú, Barra do Rocha, Ubatã, Aurelino Leal, Ubaitaba e Itacaré (Mata Atlântica). A
população residente em toda a área da bacia é de aproximadamente dois milhões de
habitantes (PRHBHRC, 2019).
A Região de Planejamento e Gestão das Águas (RPGA) da Bacia do Rio das
Contas está inserida entre as bacias do Rio Pardo e Leste (ao sul) e do Rio Paraguaçu e
do Recôncavo Sul (ao norte) (CONERH, 2012). Tem as partes superior e média contidas
no eixo de desenvolvimento do Planalto e a parte inferior no eixo Mata Atlântica. O
rio das Contas nasce no município de Piatã, no Estado da Bahia, e deságua no oceano
Atlântico, no município de Itacaré.
Os principais afluentes do rio das Contas são os rios Ourives, do Laço, Jequiezinho
e Oricó, pela sua margem esquerda, e pelos rios Brumado, Gavião e Gongogi pela
sua margem direita. A região possui grande extensão longitudinal, de forma que sua
gestão é estadual (MACHADO, 2009 apud (PRHBHRC, 2019).
A discussão em torno dos impactos ambientais nos mananciais tem sido cada
vez mais presente, a despeito de não ter sido sempre assim. Não havia uma percepção
aguçada de que a água de qualidade poderia ficar cada vez mais escassa, e justo
por isto, as organizações não se preocupavam com a questão da escassez hídrica e
sustentabilidade para as presentes e futuras gerações.
É fundamentalmente importante que os órgãos públicos estabeleçam critérios
e programas de preservação, sobretudo programas de controle da poluição dos
mananciais, uma vez que o lançamento diário de efluentes domésticos e industriais
representem considerável impacto nos recursos hídricos, o que compromete os usos em
todas as suas formas, sobremaneira, a qualidade de vida da população e a integridade
dos ecossistemas.
As fontes que levam à degradação da qualidade da água podem ser classificadas
em pontuais: efluentes domésticos e industriais; difusas (como as provenientes de
resíduos da agricultura ou outra fonte (fertilizantes, herbicidas, inseticidas, fungicidas,
entre outros), que chegam aos corpos d´água principalmente por escoamento
superficial, tanto de origem urbana quanto rural (CETESB, 2009).
Nesse contexto, diante do acelerado processo de urbanização e do aumento
do contingente populacional nas cidades, é de extrema importância abordar os
1435
instrumentos da política de recursos hídricos, preconizados na Lei nº 9.433/1997, de
modo a assegurar à atual e às futuras gerações a necessária disponibilidade de água,
em padrões de qualidade adequados aos respectivos usos.
Pode-se definir um sistema para monitorar a qualidade de água como um
conjunto de informações sobre características físicas, químicas e microbiológicas da
água. Com isso, é possível avaliar de que forma as condições de desenvolvimento
socioeconômico de uma determinada região impactam na qualidade da água dos
corpos hídricos (LIU et al., 2014 apud GARCIA et al. 2014).
A qualidade das águas tem sido objeto de estudo para vários pesquisadores,
principalmente quando se discute os seus usos múltiplos. Variações associadas à fatores
climáticos e aportes antropogênicos, como por exemplo o uso da terra, têm afetado
significativamente a qualidade das águas (CARPENTER et al. 2011 apud FERREIRA et
al. 2015).
Para a Agência Nacional de Águas (ANA, 2012), conhecer a qualidade das águas
é essencial para a gestão, sobretudo, pelo fato de que os vários usos da água possuem
requisitos de qualidade que, quando não atendidos, representam um fator limitante
para o seu aproveitamento.
Com isso, faz-se necessário conhecer a qualidade das águas no presente e
garantir que as futuras gerações tenham assegurados seus diversos usos a partir do
rio que querem ter e das ações que devem ser implementadas para garantir água em
quantidade e qualidade adequada para todos.
1436
5. A PROPOSTA EXISTENTE PARA O ENQUADRAMENTO DA BACIA DOS
RIO DAS CONTAS
1437
Quadro 1- Classificação atual dos trechos de enquadramento na Bacia Hidrográfica do
Rio das Contas
1438
Continuação Quadro 1
Figura 1 – Mapa com a classificação atual dos trechos de rio da Bacia do rio das
Contas.
1439
Notadamente o rio das Contas, da nascente à foz, é impactado de diversas formas,
desde impactos provenientes de atividades específicas, ocasionados pela expansão
da agricultura, desmatamento, mineração, construções irregulares, barramento e
agropecuária, o que pode eutrofizá-lo.
Sobre essa pauta, Fernandes (2015) aponta que a poluição por matéria orgânica
devido à falta de tratamento dos esgotos domésticos influencia o equilíbrio dinâmico
da massa d’água, o que pode ser evidenciado pela redução de oxigênio e aumento das
concentrações de fósforo e nitrogênio.
Todos esses impactos, sobretudo o lançamento de esgoto in natura, provocam
sérias alterações na qualidade da água e compromete toda a cadeia alimentar, que
depende direta e indiretamente de água em quantidade e qualidade, além da
sobrevivência de sua vasta biodiversidade.
Além dos impactos na biodiversidade, há de se ressaltar que o lançamento de
esgotos nos recursos hídricos causa uma série de doenças que comprometem ações
que devem ser adotadas para o alcance do rio desejado.
1440
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS
8. AGRADECIMENTOS
9. REFERÊNCIAS
1441
BRITES, A. P. Z. (2010). Enquadramento dos corpos de água através de metas progressivas:
probabilidade de ocorrência e custos de despoluição hídrica. 177 f. Tese (Doutorado) — Escola
Politécnica da Universidade de São Paulo, Universidade de São Paulo, São Paulo.
Carpenter SR, Stanley EH, Zanden MJV. State of the World’s Freshwater Ecosystems:
Physical, Chemical, and Biological Changes. Annual Review Environment Resources.
2011;36:75-99, doi:org/10.1146/annurev-environ-021810-094524 in LIMA R. S e ALVES
J. P. H. Avaliação da qualidade da água dos reservatórios localizados nas bacias hidrográficas
dos rios Piauí – Real, utilizando o índice de qualidade da água (IQA).
CARSON, Rachel, 1907 – 1964. Primavera Silenciosa. 1 ed. São Paulo. Gaia, 2010.
Ferreira KCD, Lopes FB, De Andrade EM, Meireles ACM, Da Silva GS. Adaptação do
índice de qualidade de água da National Sanitation Foundation ao semiárido brasileiro. Revista
Ciência Agronômica. 2015;46(2):277-286, doi:10.5935/1806-6690.20150007. Disponivel
em file:///C:/Users/Work/Downloads/3128-19666-1-PB.pdf. Acesso em 20 de agoso
de 2019
Helenice Leite Garcia, Carlos Alexandre Borges Garcia, Anairam Piedade de Souza Melo,
Valdinete Lins da Silva. Índices De Qualidade da Água dos Reservatórios de Sergipe. DOI
10.14684/SHEWC.14.2014.105-108 © 2014 COPEC July 20 - 23, 2014, Cubatão, BRAZIL
XIV Safety, Health and Environment World Congress. Disponivel em:http://copec.
eu/congresses/shewc2014/proc/works/22.pdf. Acesso em 20 de agoso de 2019.
LIU, Y., WANG, Y., SHENG, H., DONG, F., ZOU, R., ZHAO, L., GUO, H., ZHU,
X., HE, B. Lake eutrophication has long been recognized as a threat to the health of aquatic
ecosystems wo. In Ferreira KCD, Lopes FB, De Andrade EM, Meireles ACM, Da Silva
1442
GS. Adaptação do índice de qualidade de água da National Sanitation Foundation
ao semiárido brasileiro. Disponivel em file:///C:/Users/Work/Downloads/3128-
19666-1-PB.pdf. Acesso em 20 de agoso de 2019.
1443
MONITORAMENTO DA BARRAGEM DE REJEITOS DA MINA CÓRREGO DO
FEIJÃO, EM BRUMADINHO (MG): UMA ANÁLISE DA APLICABILIDADE DA
LEGISLAÇÃO AMBIENTAL AOS RESPONSÁVEIS PELO ROMPIMENTO.
1. INTRODUÇÃO
1
UNEMAT - Universidade do Estado de Mato Grosso, Campus Cuiabá-MT, e-mail: annapauladamas-
ceno@hotmail.com
2
UNEMAT - Universidade do Estado de Mato Grosso, Campus Alta Floresta-MT, e-mail: solange.arro-
lho@unemat.br
1444
1.2 OBJETIVO
2. DESENVOLVIMENTO
1445
2.2 Rompimento da Barragem de Brumadinho (MG)
1446
Segurança de Barragens (PNSB) designada à acumulação de água para quaisquer usos,
à disposição final ou temporária de rejeitos e à acumulação de resíduos industriais
(BRASIL, 2010b).
A PNSB define segurança de barragem como “condição que vise manter a sua
integridade estrutural e operacional e a preservação da vida, da saúde, da propriedade
e do meio ambiente”. (BRASIL, 2010b).
A Portaria nº 70. 389, de 17 de maio de 2017, do então Departamento Nacional de
Produção Mineral (DNPM), que no uso de suas atribuições, no tocante à segurança, é
responsável pela fiscalização no que se refere às barragens, hoje a Agência Nacional de
Mineração - alterado pela Lei Nacional nº 13.575 de 26 de dezembro de 2017 (BRASIL,
2017b) - considera como barragens de mineração:
Art. 2º Para efeito desta Portaria consideram-se:
Art. 7º As barragens serão classificadas pelos agentes fiscalizadores, por categoria de risco,
por dano potencial associado e pelo seu volume, com base em critérios gerais estabelecidos
pelo Conselho Nacional de Recursos Hídricos (CNRH). § 1º A classificação por categoria de
risco em alto, médio ou baixo será feita em função das características técnicas, do estado de
conservação do empreendimento e do atendimento ao Plano de Segurança da Barragem.
§ 2º A classificação por categoria de dano potencial associado à barragem em alto, médio
ou baixo será feita em função do potencial de perdas de vidas humanas e dos impactos
econômicos, sociais e ambientais decorrentes da ruptura da barragem. (BRASIL, 2010b)
1447
Quadro 1 – Classificação de categoria de risco e dano potencial associado
Ainda que a segurança de barragens seja uma Lei, o que se observa cada vez mais
é um total desrespeito aos recursos naturais, que costumeiramente são impactados por
ações antrópicas.
Em meio aos efeitos oriundos do rompimento de uma barragem de rejeitos,
destacam-se os danos ambientais, que englobam desde a vertente ecológica à cultural,
incluindo o meio ambiente do trabalho e artificial. Dada à amplitude, esse tipo de evento
de tamanha proporção é tido como um crime ambiental, tendo como consequências as
questões socioambientais tão graves, sem que ninguém fosse incriminado pelo crime e
tampouco pelos danos causados à natureza.
Em função do dano ambiental, o infrator pode ser penalizado nas instâncias
esferas penal, administrativa e civil, e impossibilitado de executar a atividade, além de
reparar o dano causado. Nessa concepção, Rezende destaca que:
[...] pode-se afirmar que o estudo percuciente da responsabilidade civil por danos ao Meio
Ambiente é, quer pelo caráter pedagógico ou mesmo por ser o instrumento mais comum
de constranger o degradador a responder pelo ilícito ambiental, uma das abordagens mais
importantes dentro do Direito Ambiental. (REZENDE, 2017, p. 305).
No que tange a esse aspecto, Milanez et al. (2016), demonstra que a época em
que mais se registra o número de rompimento de barragens de rejeitos de mineração
decorre da alta no preço das commodities, o que significa uma elevada baixa nos
valores do minério, após a temporada em que as mineradoras estavam trabalhando a
todo vapor, resultando nos custos para manter os lucros.
1448
Mediante a essa situação, a redução atinge os investimentos elencados para a
segurança das barragens, que por sua vez se encontram com um volume elevado de
rejeitos em seus reservatórios, em decorrência do período de grande produtividade.
Dessa maneira, a mineradora assume os riscos da redução dos níveis de
segurança, para alcançar o lucro pretendido, o que pode ocasionar a ruptura da
barragem de rejeitos.
Um dos fundamentos estabelecido pela PNSB no inciso III do artigo 4º da Lei
Nacional nº 12.334/2010: “o empreendedor é o responsável legal pela segurança da
barragem, cabendo-lhe o desenvolvimento de ações para garanti-la”. (BRASIL, 2010b).
Outro elemento da PNSB, instituída pela Lei Nacional nº 12.334/2010 é que “a
população deve ser informada e estimulada a participar, direta ou indiretamente, das
ações preventivas e emergenciais” (BRASIL, 2010b).
É obrigação da empresa mineradora realizar a comunicação de alerta a
população que estar a mercê da ruptura de barragem, através de um sistema de sirenes
e autofalantes distribuídos pela cidade.
A Empresa Vale está respondendo ao processo na justiça, pela falta de reparação
aos danos ocasionados ao meio ambiente e as vítimas que residiam às margens da
Barragem de Brumadinho. Sabe-se que a empresa teve mais de 13 milhões bloqueados
por ordem judicial e recebeu uma multa no valor de R$250 milhões, valor máximo
pedido pela lei de crimes ambientais.
Os danos ocasionados ao meio ambiente, provenientes do rompimento de
barragens, resultaram em cinco autos de infração no valor correspondente à R$ 50
milhões cada, sendo este, o valor máximo previsto na legislação de crimes ambientais.
Os autos foram aplicados com base no Decreto 6514/2008:
- Artigo 61: Causar poluição que possa resultar em danos à saúde humana;
- Artigo 62, I: Tornar área urbana ou rural imprópria para a ocupação
humana;
- Artigo 62, III: Causar poluição hídrica que torne necessária a interrupção
do abastecimento de água;
- Artigo 62, VIII: Provocar, pela emissão de efluentes ou carregamento dos
materiais, o aparecimento de espécimes da biodiversidade;
- Artigo 62, IX: Lançar rejeitos de mineração em recursos hídricos.
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
4 REFERENCIAS
1450
INSTITUTO BRASILEIRO DE MINERAÇÃO – IBRAM. Gestão e Manejo de Rejeitos
da Mineração. Brasília: IBRAM, 2016. 128 p. Disponível em: Acesso em: 10 mai. 2018.
1451
BASES ECOLÓGICAS E QUÍMICAS PARA REGULAÇÃO DAS ÁGUAS EM
AMBIENTES ESTUARINOS: A DQA EUROPEIA E A CONAMA 357
1 INTRODUÇÃO
1
Mestrado do ProfÁgua, Universidade Federal da Bahia (UFBA), sandraamils@yahoo.com.br;
2
Mestrado do ProfÁgua, Universidade Federal da Bahia (UFBA), izisalves@gmail.com;
3
Mestrado do ProfÁgua, Universidade Federal da Bahia (UFBA), rita.braga@hotmail.com;
4
Prof. Dr. do Mestrado ProfÁgua, Universidade Federal da Bahia (UFBA), dfgomes@ufba.br
1452
2 OS AMBIENTES ESTUARINOS
Quadro 1: Definição do bom estado das águas de superfície de acordo com a Diretiva
2000/60/CE.
1454
a concepção da monitorização de vigilância operacional e investigação do estado
ecológico e químico das águas, com frequência de monitoramento para os elementos
biológicos, hidromorfológicos, químicos/físico-químicos e poluentes específicos
em cada categoria de corpos d’água. Os resultados são então apresentados através
do plano de gestão de bacia hidrográfica por meio de mapas que mostram a rede
de monitorização das águas de superfície, constando estimativas dos níveis de
confiabilidade e precisão dos resultados fornecidos.
A DQA é um documento de natureza técnica que faz referência a múltiplos
instrumentos jurídicos pertinente a proteção das águas. Mas apesar de ser um
documento integrado e global, ainda é necessário uma aplicação mais rigorosa da
legislação existente, posto que critérios legais mínimos ainda não foram cumpridos
pela maioria dos Estados (SALDIVAR, 2013; ANA, 2012).
1455
Quadro 3: Classes de enquadramento de acordo com a Resolução CONAMA nº
357/2005.
1456
A Diretiva-Quadro da Água (DQA) apresenta-se como um documento integrado
e global em termos de proteção e gestão sustentável, equilibrada e equitativa da água,
que faz referência às águas de transição, na qual estão contemplados os ambientes
estuarinos. A DQA estabeleceu um prazo para implementação das ações que seria
encerrado em 2015, o qual não foi viável para o alcance de um bom estado das
águas em toda a Europa, demonstrando a necessidade de adoção de novas medidas
e desenvolvimento de novos métodos visando a verificação de sua aplicabilidade e
o seu aprimoramento. A definição prática do conceito de “estado não perturbado”,
é um exemplo de demanda de melhoria nesta normativa, haja vista a dificuldade
de encontrar corpos hídricos em seus estados originais considerando as pressões
antrópicas existentes nas bacias hidrográficas (SOBRAL et al., 2008).
A Resolução CONAMA nº 357 de 2005, por sua vez, dá ênfase à classificação
dos corpos de águas superficiais doces, salobras e salinas, visando o estabelecimento
de metas para seu enquadramento e atendimento dos seus níveis de qualidade, sem
contudo estabelecer um prazo para o alcance de seus objetivos. Além disso, e mais
importante, não considera na avaliação a integridade dos ecossistemas, representado
pelas suas comunidades e ambiente físico e químico. Outro aspecto falho é não tratar
especificamente de sistemas estuarinos, vindo o termo a ser mencionado brevemente
em seu complemento: a Resolução CONAMA nº 430 de 2011. Considerando a
variação da salinidade destes ambientes do ponto de vista local e sazonal, os estuários
brasileiros podem estar contemplados nas variadas classes de águas estabelecidas por
esta resolução (BRASIL, 2005; BRASIL, 2011).
Certamente a introdução na DQA do conceito de bom estado das águas,
que considera os estados ecológico e químico seja o grande diferencial em relação à
normativa brasileira. Depreende-se da análise da RC 357 uma regulamentação voltada
para usos das águas, especialmente abastecimento humano, enquanto a Diretiva
Europeia não ignora a necessidade de melhoria da qualidade dos ecossistemas
aquáticos associados às águas de superfície. Nesse sentido a DQA apresenta elementos
(biológicos, hidromorfológicos) que viabilizam a avaliação do estado ecológico das
águas superficiais, enquanto a resolução brasileira aparentemente faculta a realização
de estudos da qualidade aquática, por meio de indicadores biológicos, haja vista
constar em uma das suas diretrizes: “a qualidade dos ambientes aquáticos poderá
ser avaliada por indicadores biológicos, utilizando-se organismos e/ou comunidades
aquáticas” (BRASIL, 2005).
O estudo da qualidade dos ambientes aquáticos por meio de parâmetros
biológicos, utilizando-se organismos e/ou comunidades aquáticas, refletem o
potencial da tentativa de resolução dos problemas encontrados nestes ambientes
fortemente afetados pelo crescimento populacional. Neste aspecto existe uma lacuna
na legislação brasileira, a qual se utiliza, para classificação e enquadramento dos seus
corpos hídricos, somente parâmetros físico-químicos e bacteriológicos.
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
7 AGRADECIMENTOS
8 REFERÊNCIAS
ANA (2012). Ministério do Meio Ambiente. Governança del água em América Latina.
Cadernos de capacitação em Recursos Hídricos. Agência Nacional de Águas, ANA,
2012, Brasília. Disponível em: < http://capacitacao.ana.gov.br/conhecerh/bitstream/
ana/79/2/Unidade_1.pdf>.
1458
BRASIL (2011). Conselho Nacional do Meio Ambiente. “ Resolução n° 430 de 13 de
maio de 2011. Dispõe sobre as condições e padrões de lançamento de efluentes, complementa e
altera a Resolução no 357, de 17 de março de 2005, do Conselho Nacional do Meio Ambiente-
CONAMA. ”. Diário Oficial da República Federativa do Brasil. Brasília, DF; 18 março
2019.
POTTER, I. C.; CHUWEN, B. M.; HOEKSEMA, S. D.; ELLIOT, M. (2010). The concept
of an estuary: A definition that incorporates systems which can become closed to the ocean and
hypersaline. Elsevier, n. 87, pp. 497-500.
SOBRAL, M. C.; GUNKEL, G.; BARROS, A. M.; PAES, R.; FIGUEIREDO, R. C. (2008).
“Classificação de corpos d´água segundo a Diretiva-Quadro da Água da União Européia
2000/60/CE”. Revista Brasileira de Ciências Ambientais, n. 11, dez. 2008, pp. 30-39.
WHANG, C.; ZHOU, B.; HUANG, B. (2015). “A continuing 30-year decline in water
quality of Jiaojiang Estuary, China”. Water Science and Engineering, v. 8, n. 1, pp.
20-29. Disponível em: < https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/
S1674237015000095>. Acesso em: 14 mar. 2019.
1459
A SEDUC-RONDÔNIA COMO INSTRUMENTO DE GESTÃO DE RECURSOS
HÍDRICOS FRENTE ÀS DIRETRIZES INTERNACIONAIS PARA A
SUSTENTABILIDADE
1 INTRODUÇÃO
2 DESENVOLVIMENTO
Porém entre a sua criação e implantação, observa-se que ela não foi colocada
em prática da forma que se esperava, ficando lacunas significativas nos acordos
estabelecidos, fato que pode ser comprovado pelo desabafo do Secretário Geral da
ONU, Kofi (2002).
Realmente, já é tarde para a Cúpula negar a existência do grande vazio entre os objetivos
e promessas estabelecidas no Rio, e a realidade cotidiana tanto nos países ricos quanto dos
pobres. Mas, ainda não é tarde para que se dê início à transformação de uma maneira mais
convincente do desenvolvimento sustentável (apud TOZONI-REIS, 2004 p. 7).
1462
Figura 1. Objetivos da Agenda 2030. Fonte: ONU.
Para dar uma resposta eficiente e com qualidade a essas demandas, uma
educação de qualidade (ODS 4), é necessário articular ações de uma Educação
Ambiental interconectadas em uma rede de efeito, seja para estimular o consumo
consciente conforme os ODS (6, 7, 11, 12, 15, 17); a tolerância e respeito a biodiversidade
ODS (5, 6, 7.10, 12, 13, 14, 15, 17); produção dentro das normas de resiliência do planeta
ODS (7, 8. 9, 10, 11, 12, 13, 12, 15); o reconhecimento do indivíduo como integrante do
ambiente, fortalecendo a qualidade de vida na biosfera ODS (1, 2, 5, 10, 11, 13, 14, 15,
16, 17) e outras tantas a serem construídas a partir dessa reflexão.
E a partir dessa compreensão será possível apontar novas estruturas para a
vivência da terceira diretriz que evidencia a preocupação com a saúde e o bem-estar.
A apropriação dessas diretrizes deve ser uma preocupação institucional, porque já se
passaram quase quatro anos da elaboração da Agenda 2030 e até o presente momento ela
encontra-se ausente dos espaços de diálogos no Estado de Rondônia e sequer inseridas
no curricular oficial. Dos 267 participantes no IV Simpósio de Recursos Hídricos em
Rondônia, entrevistados, aproximadamente 80% desconheciam a existência da Agenda
2030.
Considerando que o currículo executado no espaço escolar precisa ser vivo e
conter também realidades do espaço vivido, explorando novas metodologias para
se alcançar os objetivos propostos (TONINI et al, 2011), é preciso aproximar a pauta
sobre a sustentabilidade ao currículo escolar para torná-lo dinâmico de forma que
ajude os estudantes a compreenderem os fenômenos que ocorrem na natureza e que
estão provocando mudanças climáticas, que afetará a vida na Terra. Essa iniciativa já
está presente na agenda do Ministério do Meio Ambiente e do Ministério da Educação
do Brasil, porém elas acontecem somente por meio das Conferências Ambientais
envolvendo as escolas de cada Estado.
1463
para a criação das Comissões de Meio Ambiente e Qualidade de Vidas nas Escolas – COM-
VIDAs, dos Coletivos Jovens de Meio Ambiente (CJs)2 e da Rede da Juventude pelo Meio
Ambiente e Sustentabilidade (REJUMA) (2006, p.10).
O desafio ambiental que surge tanto no espaço urbano quanto rural é enorme
e preocupante, a velha frase “os jovens são o futuro do amanhã” deposita tanto nas
escolas quanto nos jovens a responsabilidade da cura pelos malefícios construídos dia
a dia pela sociedade, como a corrupção, a violência, a solidariedade ou as poluições
ambientais. A resposta a esse convite ao diálogo governamental demonstra um
comprometimento já presente no país, porém de forma ainda muito tímida. Tem-se
como exemplo a Conferência Nacional Infanto-Juvenil pelo Meio Ambiente realizada
em 2009. Foi apontado que das 27 regiões que receberam o material para participar,
somente 50% delas desenvolveram algum trabalho com esse material. Das que
se destacaram no envolvimento das escolas estão os Estados de Ceará, Rondônia e
Tocantins, os demais apresentam menos de 35% da participação.
É inegável o papel da escola nesse processo de construção do conhecimento
sobre os parâmetros necessário sobre a sustentabilidade, porém a realidade fora da
educação formal precisa ser levada em consideração quando se pensa em um currículo
escolar, porque senão a angústia por resultados envolvendo EA continuará se as duas
realidades não convergirem para um mesmo propósito.
Enquanto seres sociais, os profissionais da educação atuam em vários papéis,
ora atuam como coadjuvantes na construção do saber, ora são integrantes da sociedade
e dela participa com todos os seus problemas, fato que reflete a importância de sua
participação das reuniões dos comitês hidrográficos das bacias em que esteja inserido,
em um processo de formação continuada. Em ambos os casos o conhecimento
construído não pode estar desvinculado, mas integradores.
A responsabilidade deve ser compartilhada com a sociedade, pois o amanhã
é muito distante para se discutir problemas como aquecimento global, efeito estufa,
escassez de água potável entre outros intermináveis temas que exigem soluções
urgentes. Falar em sustentabilidade exige falar em mudança de postura, não em
partes, mas como um todo, tanto dentro de uma educação ambiental formal e informal,
como na sociedade civil, com ações comunitárias, políticas públicas, ONGs e órgãos
governamentais.
O desconhecimento da legislação hídrica no Estado (CARAMELLO Et al 2012;
2015), pode ser usado como um indicador de alerta e instigador para o envolvimento
da SEDUC-RO, como atores participativos e mobilizadores, tanto na formação de
professores na rede de ensino, como também atuando como colaboradores técnico-
pedagógico junto a sociedade civil organizada. Como os usuários hídricos, sociedade
tradicional e povos indígenas da Amazônia.
Mesmo que desafiador, Tozoni-Reis evidencia que é necessário reorientar o
ensino formal e informal, nesse aspecto, para o resgate dos três eixos internacional
da EA propostos no capitulo 36 da Agenda 21. De forma que contemplem as ações
do ensino para o desenvolvimento sustentável, aumento da consciência pública e
promoção do treinamento (TOZONI-REIS, 2004 p.6), que instrumentalize a ação
didática e as práticas de ensino nesta modalidade.
É importante incluir no planejamento da Secretaria ações sobre a divulgação,
discussão e implementação das Leis 9433/1997 e 255/2002 de forma que a sociedade
compreenda que a lei por si só não garante a conservação e preservação dos mananciais.
Mas é por meio das reflexões e debates que se pode contribuir com a formação de um
indivíduo mais comprometido e consciente. E na educação formal propor um currículo
alicerçado no exercício da vivência no ato de pesquisar, produzir e, o contato com o
objeto de pesquisa proporcionar, um constante repensar sobre as ações e o papel de
cada indivíduo como sujeito social.
1464
Segundo a Agenda 21 da ONU a educação básica tem um papel importante nesse
processo.
Toda forma de intervenção no espaço natural, traz impactos que na maioria das
vezes só são percebidos tempos mais tarde, quando analisado por cientistas de diversas
áreas e percebido o nível de comprometimento da sociedade com seu espaço geográfico.
Percebe-se que é importante o diálogo entre as várias áreas do conhecimento, para
compreender as causas das transformações ambientais. Essas percepções a partir de
seus atores inseridos diretamente no espaço em análise são bem vindas para se buscar
a compreensão ainda tão complexa das inter-relações socioambientais.
Seabra reporta uma preocupação ainda que contemporânea, também faz parte
do século XIX, quando Marx e Engels já refletiam sobre o perigo da exploração do
meio em busca de fortalecer o capitalismo.
1465
Quando a sociedade atingir uma formação social superior, a propriedade privada de certos
indivíduos sobre parcelas do globo terrestre parecera tão monstruosa como a propriedade
de um ser humano sobre o outro. Mesmo uma sociedade inteira não é uma proprietária
da Terra, nem uma nação, nem todas as sociedades de uma época reunidas. São apenas
possuidoras, usufrutuárias dela, e como boni patres famílias (bons pais de famílias), tem de
legá-las, melhoradas a gerações futuras.” (MARX apud WALDAMAN, p. 49-50)
A partir de meados dos séculos XX e início do XXI essa exploração dos recursos
naturais teve um aumento considerável, graças ao avanço das descobertas industriais,
tecnológicas e mecanização aplicada à produção. Porém o que parecia inesgotável está
chegando ao fim, várias matérias primas chegaram ao nível de exaurimento. Portanto
é preciso repensar os usos dos recursos naturais e construir um novo modelo de
exploração. A partir dessa demanda é que surge as Conferências Mundiais, como a
Conferência de Estocolmo em 1972 e as que se seguiram.
No caso do Brasil, algumas medidas foram tomadas a partir da década de 80 e,
finalmente, na década de 1990 com realização da Conferência para o Meio Ambiente
e Desenvolvimento (ECO 92) nasce a necessidade de uma legislação voltada para
as questões ambientais. Desde 1986 e de forma mais contundente na Constituição
Federal editada em outubro de 1988, regulariza que toda atividade que produza danos
ambientais deve arcar com as medidas de mitigação dos impactos e de recuperação
ambiental. Nesse contexto, a Constituição Federal de 1988 significou um avanço no
estabelecimento de limites de desenvolvimento que atuam desregradamente no meio
ambiente como um bem de toda população, atribuindo tanto ao Estado quanto a
sociedade civil, novas responsabilidades, no sentido de proteger os ambientes.
O artigo que 225 encabeça as disposições sobre o meio ambiente e o que
considera Desenvolvimento Sustentável afirma que “Todos têm direito ao meio
ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo essencialmente
sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e a coletividade o dever
de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações” (C.F. Titulo VIII,
Capitulo VI).
Assim, o termo Desenvolvimento Sustentável é comum em diálogos
estabelecidos por diversos autores, porém Rodrigues (2001) adverte que se não atender
as necessidades atuais, ouvindo as demandas, não se pode pensar nas gerações futuras.
Nesse aspecto a Política Nacional de Educação Ambiental, Lei 9.795/99, dispõe
como um de seus objetivos “o incentivo à participação social e coletiva, permanente e
responsável, na preservação do equilíbrio do meio ambiente, entendendo-se a defesa da
qualidade ambiental como um valor inseparável do exercício da cidadania” (BRASIL,
1999).
Ainda que a legislação pertinente aos recursos hídricos do Estado de Rondônia,
tenha sido criada em 2002, somente uma década depois os espaços de diálogos
integrados e participativos passam a existir oficialmente, por meio da criação de cinco
comitês de bacia hidrográfica (Fig.2).
1466
Figura 2. Distribuição espacial dos comitês de bacia hidrográfica do Estado de Rondônia
Fonte: http://progestao.ana.gov.br/portal/progestao/
panorama-dos-estados/ro
1467
uma prática da educação ambiental, voltada para a mudança do comportamento das
comunidades e, até mesmo, para a atuação da escola como agente transformador da cultura
e da conscientização das pessoas para os problemas ambientais. (2013, p.17)
1468
espera de uma educação ambiental. Para tornar realidade o que se aponta em lei,
é preciso que a Secretaria de Estado da Educação insira em seu currículo as bacias
hidrográficas e com ela a participação de professores de seu quadro, lotados em sala
de aula nos diálogos dos comitês de bacia hidrográfica.
Tonso (2013), Bacci e Pataca (2008) frisam a importância da educação ambiental
para a transformação da relação entre a comunidade e os recursos hídricos, que
na maioria das vezes são vistos puramente como recurso comercial ou de uso nas
atividades cotidianas, não obstante ao seu papel principal de manutenção do
ecossistema. A racionalização do que está acontecendo a sua volta, tomando como
base as bacias hidrográficas locais, pode fazer com que o indivíduo se concretize como
parte integrante e modificador do ambiente em que está inserido. Conforme Berlinck
et al. (2003) esse processo de instrumentalização social é essencial para estimular a
autonomia das decisões das comunidades.
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
4 AGRADECIMENTO
5 REFERENCIAS
BACCI, D.C. e PATACA, E.M. Educação para a água. Estudos Avançados, v. 22, n.63,
2008.
BRASIL, Lei 9.795, de 27 de abril de 1999, Dispõe sobre a educação ambiental, institui a
Política Nacional de Educação Ambiental. Diário Oficial da União, Brasília-DF, Poder
Legislativo, 28 de abril de 1999.
CARAMELLO, N., MARCAL, M., y LIMA, L. F. M. (2012). Desafios para uma Gestão
Ambiental dos Recursos Hídricos do Estado de Rondônia. Revista Geo Nordeste, 23
(01), 49-65. Disponível em: http://200.17.141.110/pos/geografia/geonordeste/index.
php/GeoNordeste/ article/view/94. Acesso em: 20 jul. 2019.
1470
IV (2), 66-88. Acesso en 30 de Abril de 2015 de http://www.monfragueresiliente.com.
Acesso em: 20 jul. 2019.
MCNEILL, John R. Algo Nuevo bajo el sol: historia medioambiental del mundo em el
siglo XX.
1471
TONSO, S. Diálogo e Educação Ambiental no campo das águas. In: PAULA JÚNIOR, F.
de.; MODAELLI, S. (Org.). Política de águas e educação ambiental: processos dialógicos
e formativos em planejamento e gestão de recursos hídricos. Brasília: MMA/SRHU,
2013. 288 p.
VEIGA, José Eli da. Do global al local. Armazém do Ipê (Editores Associados),
Campinas, 2015.
1472
USO DO CÍRCULO DE BANANEIRAS PARA O TRATAMENTO DE ÁGUAS
CINZAS NA ZONA RURAL DO MUNICÍPIO DE PIQUET CARNEIRO – CE
1 INTRODUÇÃO
2 METODOLOGIA
A maior parte do território faz parte das depressões sertanejas com maciços
residuais, onde predominam os solos litólicos, planossolo solódico e podzólico
vermelho-amarelo e vegetação do tipo caatinga arbustiva densa, caatinga arbustiva
aberta e floresta caducifólia espinhosa. Os solos são poucos profundos em sua maior
1474
parte e tem como principal características encharcar na estação chuvosa e ressecar
facilmente nos períodos de estiagem. Os lençóis de água são geralmente salinizados
devido às características geológicas da região (IBGE, 2010).
O Município possui um PIB de 51.314, com PIB Per Capita de 3.274. Tem sua
economia baseada na atividade de agropecuária, indústria e serviços. Piquet Carneiro
conta com uma população total estimada em 15.467 habitantes, sendo que 51,90%
(8.027) deste contingente situado na chamada zona rural do município e 48,10% (7.440)
na sede municipal (Figura 1). Ainda segundo esta pesquisa, a taxa de crescimento
anual, e de 1,65% (IBGE, 2010).
Em Piquet Carneiro, cerca de 2.434 domicílios são atendidos pela coleta
sistemática de resíduos sólidos e a sede municipal em sua totalidade, é atendida pela
coleta seletiva de resíduos. No município, a taxa de cobertura d’água atinge cerca de
99,59% da população urbana. No entanto, não existem serviços referentes à coleta e
tratamento de esgotos (Tabela 1). Cerca de 200 domicílios possuem fossas sépticas,
enquanto 3.703 possuem outros tipos de esgotamento sanitário. Dos 4.437 domicílios
do muicípio, 502 não possuem banheiros (IPECE, 2017).
3 DESENVOLVIMENTO
1476
Figura 2 - (A) e (B) Disposição do esgoto da residência antes da implantação do sistema.
A) B)
1477
Figura 4 – Ligação de águas cinzas da residência com abertura da vala (A),
posicionamento do cano (B) e aterramento do cano (C).
A) B) C)
1478
Figura 6 - Aspecto do quintal após a implantação do círculo de bananeiras.
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
4 REFERENCIAS
BRASIL. Presidência da República. Casa Civil. Subchefia para Assuntos Jurídicos. Lei
Nº 11.445, de 5 de Jandeiro de 2007. Disponível em http://www.planalto.gov.br/
ccivil_03/_ato2007-2010/2007/lei/l11445.htm.
SOUZA, N. G. M., SILVA, J. A., MAIA, J. M., SILVA, J. B., JÚNIOR, E. S. N., MENESES,
C. H. S. G. Tecnologias sociais voltadas para o desenvolvimento do semiárido brasileiro.
Biofarm, v. 12, n. 03, 2016.
OLIVEIRA, J. P. M., OLIVEIRA, J. M., BARRETO, E. S., SILVA, S. S., SILVA, S. S.,
MARACAJÁ, P. B. Saúde/doença: as consequências da falta de saneamento básico.
Informativo Técnico do Semiárido, v. 9, n. 2, p. 23-29, 2015.
Fundação Getúlio Vargas – FGV. Saúde. 2014. Disponível em: < http://portal.fgv.
br/>.
1480
COMUNIDADE DE ROLIM DE MOURA DO GUAPORÉ: ESTRUTURA,
PERCEPÇÕES E DESAFIOS A PARTIR DO OLHAR DE SEUS ATORES
1 INTRODUÇÃO
2 DESENVOLVIMENTO
1482
O estudo em epígrafe, metodologicamente, buscou evidenciar as características
socioambientais da comunidade e direcionou a realização do mapeamento de um
escasso material disponível virtualmente. Com análises de documentos e informações
públicas do distrito de Rolim de Moura do Guaporé, avaliados como conteúdo
disponível, a expedição se subsidiou para o trabalho de campo onde pode qualificar as
informações e torna-la disponível.
A percepção de atores da comunidade foi obtida por meio da aplicação da
entrevista semiestruturada há 29 residências dos moradores da comunidade de Rolim
de Moura do Guaporé, considerando que a comunidade conta com aproximadamente
50 residências de acordo com os colaboradores da pesquisa, visto que muitos são
usados somente em períodos da liberação de pesca. A escolha dos entrevistados foi
aleatória levando em consideração se o morador estava em sua residência e se aceitava
fazer parte da pesquisa assinando o documento de livre consentimento. Foram
considerados aspectos: migratórios, econômicos, tempo de ocupação na ilha, grupo
étnico a qual pertence. Todos os dados foram tratados qualitativamente através da
estatística descritiva.
A estrutura da organização do uso e ocupação do território foi obtida através da
coleta de coordenadas geográficas e posterior confecção de mapas temáticos, nos quais
foram utilizados técnicas do geoprocessamento, produtos do sensoriamento remoto
como também os Sistemas de Informações Geográficas (SIGs). A figura 1 demonstra
o fluxograma da metodologia aplicada para a elaboração dos mapas fazendo-se o uso
das imagens de satélite.
A caracterização e localização:
3
http://www.altaflorestadoeste.ro.gov.br/a-cidade/historia/
1484
Figura 2. Mapa de localização do Distrito de Rolim de Moura do Guaporé.
Fonte: (Cota et al, 2019). Elaborado por Mayk da Silva Sales com base em IBGE (2019b), para o presente
estudo.
O transporte fluvial é, se não o único, o principal uso dos atores hidrográficos que
vivem na comunidade e nas margens do Mequéns (Figura 3).
Figura 3. Principal meio de transporte dos moradores que vivem as margens do Rio
Mequéns.
Sendo uma ilha fluvial, Rolim de Moura do Guaporé está contornada por um
complexo hídrico composto pelo corpo hidrológico de curso natural (rio Mequéns)
que tributa o rio Guaporé e por um grande alagado formado pelo acúmulo de águas
subterrâneas que extrapolam o limite do solo pelo seu nível de saturação, impedindo
qualquer possibilidade de acesso pela região norte, noroeste e nordeste da ilha,
conforme demonstra a figura 4, parte denominada como pantanal rondoniense,
fazendo fronteira com a Bolívia (NUNES, 2016).
1485
Figura 4. Mapa da ínsula do Distrito de Rolim de Moura do Guaporé.
Fonte: Elaborado por Mayk da Silva Sales com base em IBGE (2019b), para o presente estudo.
Rolim de Moura do Guaporé foi criado pela Lei municipal n° 687 de 29 de junho
de 2004 da Prefeitura Municipal de alta Floresta d’Oeste (Silva, 2015). Tendo como
referência a capital do Estado de Rondônia, Porto Velho, o acesso ao Distrito de Rolim
de Moura do Guaporé é pela BR 364 com um total aproximado 500 km acessando
outras rodovias estaduais até as margens do rio Mequéns, onde fica o porto e o
estacionamento para os veículos (Rondônia, 2009, p. 38;40).
Faz mister salientar que, utilizando dados mais específicos extraídos da
ferramenta de geoprocessamento no manuseio do Sistema de Informações Geográficas
(SIGs), a distância mais aproximada do Porto Rolim (Coordenadas: O 62°14’8,638”
/S 13°2’38,079”), onde fica o estacionamento de veículos e o ponto de embarque para
o tráfego fluvial sobre o rio Mequéns, até o distrito de Rolim de Moura do Guaporé
(Coordenadas: O 62°16’27,799” /S 13°4’58,253”) é de 8,51 Km. Essa distância permite
uma variação no tempo de navegação, dependendo do período do ano que determina
o volume de água do rio, e do tipo de embarcação utilizada.
1486
pessoas. O mesmo plano destacou que a composição da população de Rolim de Moura
do Guaporé “inclui moradores tradicionais, ribeirinhos, remanescentes quilombolas,
antigos seringueiros, indígenas e outras pessoas que vieram de fora, como paulistas,
mineiros, paranaenses, etc.” (RONDÔNIA, 2009, p. 499).
Silva (2015) afirma: “De acordo com a oralidade da Cacique Valda Wajuru,
vivem na ilha cerca de 1.200 (mil e duzentas) pessoas. A formação da população da
ilha pode ser considerada multiétnica, [...].” (SILVA, 2015, p. 36). Silva (2015) disserta
que: “Segundo dados da prefeitura de Alta Floresta do Oeste/RO, a ilha de Rolim de
Moura do Guaporé possui uma dimensão territorial aproximadamente de cerca de
1500 hectares” (SILVA, 2015, p. 31).
Contudo é notório que a população de Rolim de Moura do Guaporé está
crescendo, e que há uma expansão do território urbano, diminuindo a área de floresta
da ilha (Figura 5) e que o número de habitantes é maior que os registros elencados.
No ensejo este trabalho registra informações de moradores da ilha que verbalizam ter
mais de 1.000 habitantes em todo Distrito de Rolim de Moura do Guaporé.
Trata-se de uma comunidade de composição étnica mista, contendo
representatividade da estrutura populacional da região Amazônica. Nunes (2016)
informa que em razão de o distrito ser constituído pelos remanescentes de quilombolas
o “Distrito de Rolim de Moura do Guaporé foi certificado em 20 de janeiro de 2006,
como remanescente de quilombolas, pelo Processo nº 01420.002954/2005-91” (NUNES,
2016, p. 32).
Nunes (2016) completa que a comunidade é composta também, por indígenas
da etnia Wajuru, por descendentes de bolivianos e pessoas que vieram atraídas pelo
turismo de pesca do local (Nunes, 2016) e são moradores sazonais. Fator que justifica
a presença de um grande número de residências fechadas no período da expedição,
quando o período de pesca havia sido fechado.
Fonte: Elaborado por Mayk da Silva Sales com base em dados do IBGE (2019b)
e dados coletados em campo, para o presente estudo.
1488
de enviar para os frigoríficos, por meio do método de aluguel de pasto onde o gado
chega à comunidade através de balsas planejadas para esse transporte de carga viva.
Os entrevistados relatam como principal preocupação a ausência de destino
do lixo. Cerca de 80%, apontaram esse problema como de responsabilidade do poder
público, porque não possuem condições de retirar esse resíduo da ilha. Os professores
da escola alegam ter desenvolvido projetos de educação ambiental para ampliar a
consciência do destino adequado, porém, segundo os entrevistados, o maior gerador
do lixo são os próprios turistas (Cota et al, 2019).
Na visita ao local onde os resíduos sólidos foram dispensados foi possível
entender esse posicionamento, sendo garrafas plásticas de água mineral e garrafas de
vidros de bebidas diversas os resíduos predominantes no local (Figura 8).
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
4 AGRADECIMENTOS
1490
Agradecemos, em nome das Lideranças, à Comunidade de Rolim de Moura do
Guaporé pela recepção e confiança neste estudo.
4 REFERENCIAS
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. (2018). Alta Floresta d’Oeste - RO,
Disponível em https://cidades.ibge.gov.br/brasil/ro/alta-floresta-doeste/historico.
(( acessado em: 30/12/2018).
Prefeitura Municipal de Alta Floresta d’Oeste – PMAFO. (2018). sítio eletrônico (site)
oficial. Disponível em: www.altaflorestadoeste.ro.gov.br. (acessado em: 30/12/2018).
SILVA, José Willians Simplício da. (2015). Nos caminhos do divino do Guaporé:
um estudo das vivências na festa do Divino Espírito Santo, em Rolim de Moura do
Guaporé/RO. Dissertação (Mestrado em História e Estudos culturais) – Fundação
Universidade Federal de Rondônia, Porto Velho.
TEIXEIRA, Reginilson dos Santos & PINTO, Auxiliadora dos Santos. (2013). Metáforas
na fala de remanescentes de quilombos do Vale do Guaporé: um estudo semântico-
lexical-Revista Eletrônica - ISSN 2238-7587. Disponível em: http://www.periodicos
.unir.br/index.php/igarape. ( acessado em 29/12/2018).
ZUFFO, C. E. (2014). Mapa das áreas aprovadas em fevereiro de 2014 dos comitês de
bacias hidrográficas no estado de Rondônia. Trabalho técnico apresentado na CTPIG e
aprovado pelo CRH/RO. Porto Velho.
1492
RIOS BRANCO E COLORADO: DA MOBILIZAÇÃO Á IMPLANTAÇÃO DO
COMITÊ DE BACIA HIDROGRÁFICA
1. INTRODUÇÃO
1494
uma vez que precisam ter ciência sobre as competências que os órgãos integrantes
ao Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos e Sistema Estadual de
Gerenciamento de Recursos Hídricos, visto que estes apresentam mecanismos que
viabilizam o estabelecimento de diálogos democráticos, em prol da gestão de águas.
Figura 1 – Mapa de localização das bacias hidrográficas dos Rios Rio Branco e Colorado.
1496
um dos casos por tratar-se de Bacia Hidrográfica de domínio da União (Fig. 2). No
mapa a seguir verificamos as áreas aprovadas para a implementação dos CBHs/RO.
1497
Figura 3 – Estrutura do Comitê do Rio Branco e Colorado Gestão 2016-2019
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
1498
e vem articulando o necessário processo de manutenção deste diálogo e decisões
compartilhadas e, ao fazer-se necessário com consultorias de técnicos e pesquisadores
convidados. Setores governamentais, usuários, setor da sociedade civil organizada e
da sociedade indígena e comunidades tradicionais da Amazônia unidos em sinergia
da manutenção dos recursos hídricos da Amazônia.
4 REFERÊNCIAS
CARAMELLO, N., MARCAL, M., y LIMA, L. F. M. (2012). Desafios para uma Gestão
Ambiental dos Recursos Hídricos do Estado de Rondônia. Revista Geo Nordeste, 23
(01), 49-65. Recuperado en agosto de 2012 de http://200.17.141.110/pos/geografia/
geonordeste/index.php/GeoNordeste/ article/view/94. Acesso em: 20 jul. 2019.
OAB, Ordem dos Advogados do Brasil (OAB/RO). OAB/RO informa inscrições para o
curso Gestão de Recursos Hídricos: Metodologias de Participação Social. Disponível
em: < http://www.oab-ro.org.br/oabro-informa-inscricoes-para-o-curso-gestao-de-
recursos-hidricos-metodologias-de-participacao-social/>. Acesso em: 20 jul. 2019.
SILVA CARVALHO, M., & Andrade Moreira, O. (2017). Reflexões Sobre a Participação
Social na Gestão Hídrica no Brasil. Geoambiente On-Line, (28). Disponível em: <
https://revistas.ufg.br/geoambiente/article/view/44957>. Acesso em: 19 jul. 2019.
1499
IPEA. Instituto Pesquisa Econômica Aplicada. Relatório de Institucional. Avaliação do
Progestão: Programa de Consolidação do Pacto Nacional pela Gestão de Águas (1º
Ciclo), Estado de Rondônia. Rio de Janeiro, 2017. Disponível em: < http://repositorio.
ipea.gov.br/handle/ 11058/8193>. Acesso em: 16 ago. 2019.
1500
AS TECNOLOGIAS SOCIAIS NO CONTEXTO DA PAISAGEM DA SUPERFÍCIE
SERTANEJA DO MUNICÍPIO DE MUCAMBO-CE
1 INTRODUÇÃO
METODOLOGIA
2 DESENVOLVIMENTO
1504
enxurrada recebe água do carro pipa, este pega água no açude mucambo localizado
próximo à sede do município, por conta de não durar o ano inteiro, visto que á água é
direcionada para vários fins. Constatou-se ainda a boa qualidade da água segundo os
entrevistados, logo diminuiu os casos de diarreia e desidratação principalmente nas
crianças.
A escassez de água no nordeste brasileiro é uma questão histórica, em meio
a esta situação as politicas públicas como a açudagem, cisternas, poços profundos
entre outras, implementadas ao longo do tempo amenizam os problemas decorrentes
da falta de água nesta região. Por conta dos anos consecutivos (2012/2015) de baixa
precipitação na região, o último ano acima da média foi 2011. De acordo a figura 01 a
seguir, a mesma mostra as precipitações do município de Mucambo nos intervalos de
2010 a 2017, de acordo com os dados fornecidos pela FUNCEME (Fundação Cearense
de Meteorologia e Recursos Hídricos).
Observa-se que o último ano com o maior índice foi 2011 e nos anos seguintes
foi menor a precipitação. A acumulação de chuvas nos últimos sete anos se encaixa na
quantidade proposta do clima semiárido, essas esses volumes são possíveis devido
à posição geográfica do município e a proximidade do planalto da Ibiapaba, uma
vez que a mesmo funciona como barlavento para a região, interceptando as nuvens e
proporcionando as Precipitações para a região.
1505
Figura 2: Cisterna de placa na localidade de Pedra de Fogo
1506
A figura 3 é uma plantação de legumes que é irrigada com água da cisterna
de enxurrada figura 4, esta tecnologia serve para armazenar água de chuva, que será
utilizada em sistemas de produção, principalmente no entorno da casa, como: quintais
produtivos, cultivo de hortaliças e fruteiras, plantas medicinais e criação de pequenos
animais como pode ser observado nas figuras a seguir. Estas práticas se constituem
como sustentáveis, visto que não agridem o meio ambiente.
1507
Na bacia Hidrográfica do rio Coreaú muitos açudes já foram construídos, dentre
eles o açude Mucambo que é de estrema relevância para o Município de Mucambo,
pois é o principal reservatório de abastecimento , quando as cisternas de enxurrada
secam, os carros pipa abastecem com a água deste açude. O açude de acordo com
Almeida (2017) representa um escoamento superficial cuja peculiaridade é controlada
de modo artificial, através de um barramento de um rio. Este açude possui um papel
fundamental como fonte de água, quando sendo para as comunidades uma alternativa
associada a outras fontes de acesso ao recurso hídrico como (poços, cisternas e
cacimbãos). Na figura acima é possível observar no ano de 2017 o açude se encontra
seco e isso acarretou uma intensa carência hídrica no município, já na figura 8, no ano
de 2018 observa-se um volume de água considerável.
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
1508
4 REFERENCIAS
Falcão Sobrinho, J. Relevo e Paisagem: proposta metodológica. Sobral: Sobral Gráfica, 2009.
1510
AVALIAÇÃO PRELIMINAR DE CARACTERÍSTICAS FÍSICO-QUÍMICAS E
MICROBIOLÓGICAS DAS ÁGUAS DE DOIS BALNEÁRIOS EM
PARINTINS/AM
1 INTRODUÇÃO
2 DESENVOLVIMENTO
1512
pelo Lago do Parananema. O acesso ao local pode ser realizado por via terrestre ou
fluvial no período da cheia através do lago Parananema. O balneário por ser de uso
público, conta com o apoio da prefeitura e assim tem uma boa infraestrutura composta
de quadra de esporte, bar, restaurante e píer; sendo bastante frequentado em finais de
semana pela população local e visitantes principalmente no mês de junho, período em
que acontece o Festival Folclórico de Parintins.
Figura 3 - Foto aérea da área de várzea do lago Macurany e balneário Regaço Ecológico,
Ponto 2.
1514
Os materiais utilizados nas coletas de água foram: bolsa térmica; luvas e
máscaras descartáveis; saco estéril de 100ml e 500ml.
Os equipamentos empregados nas análises foram DR/890 Colorimeter
HACH modelo P/N 4847060 para Oxigênio Dissolvido, Turbidez e Nitrato; Sonda
Multiparâmetro HANNA modelo HI 98130 para pH, Temperatura, Condutividade
Elétrica e Sólidos Dissolvidos Totais; Estufa e lâmpada ultravioleta de 365 nm para os
parâmetros microbiológicos.
3 RESULTADOS E DISCUSSÕES
1515
Quadro 1: Resultado das análises físico-químicos.
1516
onda da luz branca), devido à presença de sólidos em suspensão, tais como partículas
inorgânicas (areia, silte, argila) e detritos orgânicos, tais como algas e bactérias, plâncton
em geral (CETESB, 2014).
A Condutividade Elétrica se refere a capacidade que uma solução possui
em conduzir corrente elétrica pela presença de sais dissolvidos. A faixa encontrada
no Ponto 1 foi de 0,04 – 0,06 mS/cm, enquanto o Ponto 2 foi de 0,01 – 0,02 mS/cm.
Embora a Resolução CONAMA nº 357/2005, não faça referência a este parâmetro
para classificar as águas, mas seus valores são influenciados por outros parâmetros
como turbidez, sólidos totais e temperatura. Segundo Esteves (2011) em ambientes
aquáticos de regiões tropicais, a condutividade elétrica relaciona-se mais à composição
geoquímica e às condições de seca e chuva do que com o estado trófico.
O parâmetro Sólidos Totais Dissolvidos encontrado no Ponto 1 foi de 0,04 –
0,06 mg/L e no Ponto 2 de 0,01 – 0,02 mg/L. Os sólidos totais são constituídos por
partículas de diâmetro inferior a 10-3μm e que permanecem em solução mesmo após
a filtração. A entrada de sólidos na água pode ocorrer de forma natural (processos
erosivos, organismos e detritos orgânicos) ou antropogênica (lançamento de lixo e
esgotos). Nas águas naturais os sólidos dissolvidos estão constituídos principalmente
por carbonatos, bicarbonatos, cloretos, sulfatos, fosfatos, nitratos de cálcio, magnésio e
potássio (GASPAROTTO, 2011).
Com referência ao Nitrato no Ponto 1 a variação foi de 6,5 - 7,7 mg/L e no Ponto
2 de 4,0 – 15,4 mg/l. Dos dois pontos analisados a maior concentração foi do Ponto 2, o
que pode estar associado ao período chuvoso na região e o carreamento de sedimentos
das fazendas localizadas próximas aos balneários. O Nitrato, geralmente ocorre em
baixos teores em águas superficiais, mas pode atingir altas concentrações em água
profundas, Freitas et al., (2001).
O resultado das análises microbiológicas nos dois pontos coletados, apresentaram
presença para Coliformes Totais e Escherichia coli. A presença desses grupo de bactérias
pode indicar a presença de contaminação fecal nesses locais pois a E. coli está presentes
nas fezes de humanos e animais de sangue quente, assim mantem-se o alerta pois estas
são bactérias que podem causar infecções graves a saúde humana, bem como deixa a
dúvida para a presença de bactérias patogênicas na água, estas que podem acarretar
doenças de veiculação hídrica como as gastroenterites.
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
5 AGRADECIMENTOS
6 REFERÊNCIAS
_____. Agência Nacional de Águas. Conjuntura dos recursos hídricos no Brasil 2017:
relatório pleno. Brasília. 2017. 169 p.
1518
GASPAROTTO, F. A. Avaliação Ecotoxicológica e Microbiológica da água de
nascentes urbanas no município de Piracicaba-SP. Universidade de São Paulo.
Piracicaba, p. 90. 2011
1519
ANÁLISE BACTERIOLÓGICA DA ÁGUA NA CACHOEIRA DO TARUMÃ-AÇU,
MANAUS-AM
1 INTRODUÇÃO
1
Faculdade Estácio do Amazonas, clah_vsg@outlook.com,
2
Faculdade Estácio do Amazonas, camilarudhja@gmail.com,
3
Faculdade Estácio do Amazonas, gabriela.abreu@outlook.com,
4
Faculdade Estácio do Amazonas, paulacvsilva@outlook.com,
5
Universidade do Estado do Amazonas – UEA, matheussilveiradequeiroz@gmail.com
1520
Além disso, há presença de resíduos sólidos despejados pelos próprios
moradores. Tais efluentes e a constante poluição ocasionaram o aumento da turbidez,
promovendo águas de coloração branca similares ao Rio Solimões. Portanto, é
necessária a realização de uma análise de qualidade da água a nível microbiológico
deste igarapé, localizado na região oeste de Manaus – AM. Logo, o objetivo desse
trabalho são realizar a análise bacteriológica (identificação, Número Mais Provável e
características físico-química) e avaliar quais antibióticos são mais eficazes contra as
bactérias isoladas da Cachoeira do Tarumã-Açu.
2 MATERIAIS E MÉDODOS
1521
Ainda em campo, com o auxílio de equipamentos especializados, foi realizada a
análise do corpo d’água e verificação de características físico-químicas, como: Potencial
Hidrogênio Iônico (pH), temperatura, condutividade elétrica, presença de resíduos
sólidos ou odor, cor aparente da água e presença ou ausência de eutrofização.
2.1.3 Semeadura
1522
álcool 70%. Após essa etapa, os frascos foram abertos, um por um, para que o substrato
cromogênico fosse colocado nas amostras de 100ml. Tudo ocorreu próximo ao bico de
Bunsen ligado, para a permanência da zona estéril.
Depois da homogeneização do substrato nas amostras, a água do frasco foi
colocada na cartela estéril com 97 cavidades, indo para a seladora em seguida, onde
houve a distribuição do líquido entre os espaços. Por fim, incubaram-se as cartelas na
estufa a 35°C por 24 horas.
Este método tem como princípio a identificação dos micro-organismos pela
análise de suas enzimas típicas, sendo o tempo estimado 24 horas (FERNANDES;
GOIS, 2015). O método é baseado nas atividades enzimáticas específicas dos coliformes
(ß-galactosidase) e E. coli (ß-glucoronidase). Os meios de cultura contêm nutrientes
indicadores (substrato cromogênico) que, hidrolisados pelas enzimas específicas dos
coliformes e/ou E. coli, provocam uma mudança de cor no meio. Após o período
de incubação, se a cor amarela é observada, coliformes totais estão presentes. Se a
fluorescência azul é observada sob luz ultravioleta (UV) 365 nm, Escherichia coli está
presente.
2.1.9 Antibiograma
Fez-se o teste para verificar quais antibióticos seriam mais eficazes contra as
bactérias evidenciadas (gram-negativas potencialmente patogênicas) no método de
difusão em disco de Kirby e Bauer (1966). Foram testados cloranfenicol, estreptomicina,
eritromicina, tetraciclina e vancomicina contra as bactérias que foram encontradas na
análise de água da Cachoeira do Tarumã-Açu (Escherichia coli, Staphylococcus aureus,
entre outros).
Para o Antibiograma, foi feita a homogeneização da bactéria em um tubo de
ensaio contendo 10 ml de água destilada, com o auxílio de um swab estéril. Foi alcançada
a escala 1 de MacFarland. Após a homogeneização do inóculo, o swab dentro do tubo
foi pressionado contra a parede para a remoção do excesso de líquido. A inoculação
foi feita em forma de estrias na superfície do ágar Mueller-Hinton em três direções,
girando a placa em ângulo de 60° após cada estria. Antes da aplicação dos discos, as
placas semeadas foram deixadas em cima da bancada por aproximadamente cinco
minutos, para permitir que o excesso de umidade da superfície do ágar fosse absorvido.
Osdiscos de antibiótico foram retirados do freezer uma hora antes de sua aplicação
e deixados em temperatura ambiente. A aplicação destes foi feita com o auxílio de
uma pinça estéril para evitar contaminação. Todos os discos foram pressionados
suavemente para o contato total com a superfície do ágar.
Terminado o processo, incubaram-se as placas de Petri em estufa bacteriana
a 37,5°C por 24 – 48 horas. No dia seguinte, foi feita a medição dos halos (em mm)
formados pelos antibióticos com o auxílio de uma régua. Através dessa medição, foi
avaliado o(s) melhor (es) antibiótico(s) para o tratamento de patologias desencadeadas
pelas bactérias identificadas.
3 RESULTADOS E DISCUSSÕES
1524
Gráficos 1 a, b - Cotas médias anuais e precipitações da estação de Manaus
O rio Negro possui sua enchente entre janeiro e abril, quando começa a cheia
e estabiliza o nível das águas até julho quando começa a vazar. A precipitação tem
seu pico entre janeiro e abril, quando começa a descer em maio e mantém os menores
níveis até agosto, voltando a subir em setembro.
Silva (2009) considera que nos meses de enchente e cheia as doenças de
veiculação hídrica ocorrem com maior incidência, assim como nos meses de maior
1525
índice pluviométrico, facilita as inundações e expõe as populações que habitam a
planície de inundação de igarapés a riscos. Portanto, entre janeiro e agosto os riscos a
contrair doenças são levados.
1526
Segundo a Resolução do Conselho Nacional do Meio Ambiente, CONAMA
274/2000 (BRASIL, 2000), as águas consideradas próprias para balneabilidade humana
são subdivididas em: excelente (máximo de 250 coliformes fecais ou 200 Escherichia
coli por 100ml), muito boa (máximo de 500 coliformes fecais ou 400 Escherichia coli)
e satisfatória (máximo de 1.000 coliformes fecais ou 800 Escherichia coli). Porém, se o
valor obtido para esta variável for superior a 2.500 coliformes fecais ou 2.000 Escherichia
coli as águas serão consideradas impróprias (BUZELLI; CUNHA-SANTINO, 2013).
Desta forma, a água da Cachoeira do Tarumã-Açu encontra-se imprópria para
balneabilidade e consumo humano, visto que o Número Mais Provável de Escherichia
coli, para um dos pontos de coleta, ultrapassou 2.000NMP/100ml, valor estipulado
pelo CONAMA. Além disso, a classificação de coliformes totais também se aproximou
do valor, determinando assim 2419,6NMP/100ml.
Os resultados do Número Mais Provável (NMP/100ml) de coliformes totais
da Cachoeira do Tarumã Açu assemelham-se a Decker et. al (2018) e Mendonça
et. al. (2017) na análise da água na Lagoa dos Patos – MG, com média de 470 a
1700NMP/100ml e na Análise Bacteriológica na Água para Consumo em Recife, os
quais obtiveram 1600NMP/100 ml. Identificou-se também com o trabalho de Almeida
(2013), que obteve em sua análise de coliformes totais na Lagoa dos Patos, uma média
de 1600NMP/100 ml de amostra.
Parte do corpo d’água sofre com a eutrofização artificial, definido como um
processo de enriquecimento das águas com nutrientes, especialmente fósforo e
nitrogênio. (RAST et. al.; 1989), provenientes dos efluentes domésticos despejados na
cachoeira sem o devido tratamento. Tais efluentes são repletos de detergentes, sabões
em pó e excrementos humanos. O lançamento em ambientes límnicos é importante
fator de intensificação da eutrofização artificial, uma vez que em sua composição
existem consideráveis concentrações de fósforo e nitrogênio. Além do aporte de
nutrientes, os excrementos humanos, assim como o de animais domésticos, resultam
em potencial risco sanitário por carrearem microrganismos diversos, como bactérias
e vírus relevantes para ocasionar alterações clínicas diversas em humanos e animais.
(ESTEVES, 2011).
Miranda et. al. (2009) obtiveram uma média de 6,6 a 7,8 para pH realizado no
rio Tapajós em Santarém – PA. No entanto, os resultados obtidos de pH da Cachoeira
do Tarumã-Açu diferem-se de Horbe e Oliveira (2008) com pH mais ácido, de valor 5,0
1527
para o rio Tarumã-Açu. De acordo com a tabela, o pH do corpo d’água analisado ficou,
em média, 6,6. Tal diferença pode ter sido causada por fatores antrópicos como esgotos
domésticos e industriais, ou até mesmo fatores naturais como fotossíntese e dissolução
de rochas (VON SPERLING, 2007). O pH pode ser considerado uma das variáveis
ambientais de maior importância e pode estar relacionado a pontos de poluição difusa
ou pontual.
Quanto ao parâmetro temperatura, os resultados obtidos estão de acordo com
Nogueira et. al. (2015) com temperatura 26,72°Cno ponto 7 de coleta na sub-bacia do
Córrego da Água Branca – GO. Entretanto, divergem de Silva et. al. (2014) os quais
adquiriram uma média de 29 a 30,8°C para os rios Guamá, Aurá, Lago Água Preta
e Bolonha, localizados em Belém – PA. Para o parâmetro de condutividade, medido
preferencialmente em μs/cm, Nogueira et. al. (2015) descreveram condutividade de
53 μs/cm no Córrego da Água Branca – Goiás, diferenciando-se aos dados obtidos na
Cachoeira do Tarumã-Açu.
1528
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
5 REFERENCIAS
RIBEIRO, J. W.; ROOKE, J. M.; Saneamento básico e sua relação com o meio ambiente
e a saúde pública. 2010. 36f. Trabalho de Conclusão de Curso – Universidade Federal
de Juiz de Fora, Juiz de Fora, 2010.
SILVA, L.M. et al. Avaliação da qualidade das águas superficiais dos mananciais da
Utinga e dos rios Guamá e Aurá, Belém, Pará. 2014. Universidade Federal do Pará,
Belém, 2014.
1530
TORTORA, G.J.; FUNKE, B.R.; CASE, CL. Microbiologia. 10. ed., Porto Alegre:
Artmed, 2010. VON SPERLING, M. Estudos de modelagem da qualidade da água de
rios. Belo Horizonte: UFMG, 2007. Vol. 7. 452 p.
1531
TÉCNICAS ESTATÍTISCAS APLICADAS NA ANÁLISE DE VARIÁVEIS
LIMNOLÓGICAS DE ÁGUAS SUPERFICIAIS NA BACIA HIDROGRÁFICA DO
RIO DO PEIXE, SÃO PAULO, BRASIL
1 INTRODUÇÃO
Nesse sentido, a Análise de Componentes Principais pode ser considerada como uma
ferramenta de compressão, que permite diminuir a dimensionalidade da matriz de dados,
facilitando, consequentemente, a sua visualização. Em geral, espera-se que um menor
número de componentes principais possa explicar a maior parte da variância dos dados
originais, sem relevante perda de informação (PINTO, 2011, p. 71).
2 DESENVOLVIMENTO
1533
Figura 1. Representação da distribuição espacial das seções de monitoramento.
1534
Os valores dos parâmetros limnológicos, exceto os de pH, foram log
transformados (base dez), para linearizar as relações e reduzir o efeito de valores
elevados. Para avaliar os eixos a serem retidos para interpretação foi utilizado o
modelo de broken-stick (JACKSON, 1993) e todos os dados foram processados no
software Statistica 7.0.
Para o entendimento de possíveis correlações dos resultados obtidos na seção 1
com o lançamento de efluentes, foi elaborado um gráfico com os níveis de concentração
dos coliformes termotolerantes no software Excel na versão 2007. Os valores de
coliformes foram confrontados com os valores de referência da Resolução CONAMA
357/05, por se tratar de uma legislação que “dispõe sobre a classificação dos corpos
de água e diretrizes ambientais para o seu enquadramento, bem como estabelece as
condições e padrões de lançamento de efluentes, e dá outras providências (CONAMA,
2005, p. 1)”.
1535
A Análise de Componente Principal apontou que as seções ficaram bem
distribuídas com comportamentos distintos entre si. A seção 1 apresentou maiores
concentrações de carbono orgânico total, sólido dissolvido total, sólido total, turbidez
e condutividade elétrica em comparação com as seções 2 e 3, enquanto que essas,
obtiveram maiores concentrações de oxigênio dissolvido que a seção 1.
Em relação às variáveis relacionadas à seção 1 (CE, COT, SDT, ST e turbidez), os
resultados obtidos estão possivelmente correlacionados com a ausência de tratamento
de esgoto doméstico do município de Marília. No que tange ao sistema de esgotamento
sanitário, o município de Marília executa a sua coleta em boa parte da malha urbana,
porém não realiza o tratamento dos esgotos; em função disso, esses efluentes acabam
sendo despejados em córregos e galerias de águas pluviais existentes (DAEM, 2015).
De acordo com dados disponibilizados pela CETESB (2017) referentes ao
saneamento básico dos municípios paulistas, Marília coleta 80% do esgoto gerado e o
percentual de tratamento desses efluentes corresponde a 0%. Esse cenário colocou o
município em um dos piores rankings de saneamento básico de acordo com o relatório
da Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental que avaliou 241 cidades
brasileiras, recebendo uma nota de 2,33 (escala de 0-100), na categoria de “primeiros
passos para a universalização” (ABES, 2017).
O lançamento de esgotos que não foram tratados compromete a dinâmica
dos rios que podem ser atingidos e modificados significativamente (TUNDISI;
MATSUMURA-TUNDISI, 2008), dessa forma pode-se afirmar que uma das principais
fontes de poluição nos corpos d’água se dá por meio do despejo dos esgotos domésticos
e industriais, bem como, pelo escoamento superficial nas áreas urbanas e rurais (VON
SPERLING, 2005).
A condutividade elétrica é uma variável limnológica que consiste na capacidade
da água transportar a corrente elétrica e, por essa variável estar intrinsecamente
relacionada às concentrações iônicas presentes, quanto maior forem as concentrações
de cátions e ânions, maiores valores de condutividade serão obtidos (ESTEVES, 2011;
CETESB 2017).
Esteves (2011) relata que em limnologia, essa variável pode funcionar como um
indicador indireto de que um ambiente aquático se encontra com níveis elevados de
poluição. O mesmo autor complementa ainda, que o despejo de efluentes de origem
industrial pode incrementar significativamente os valores de condutividade elétrica,
independentemente do período do ano, seja em época de chuvas ou de seca. Desse
modo, acredita-se que os resultados adquiridos de condutividade elétrica na seção 1,
possivelmente estejam vinculados à presença de esgoto que podem ter sido lançados
nas proximidades da área de amostragem.
A concentração da condutividade elétrica se eleva em função dos níveis de sólidos
dissolvidos presentes na água (CETESB, 2017) e, diante desta correlação, constata-se
que existe uma ligação direta dos SDTs em relação à condutividade (ESTEVES, 2011;
TUNDISI E MATSUMURA-TUNDISI, 2008), já que esses sólidos abrangem cargas de
elementos não iônicos e dos sais (PIRATOBA et al., 2017).
A dispersão da luz no ambiente aquático se eleva em relação à presença de
material particulado em suspensão, nesse caso, quanto maior for o acúmulo de
sedimento suspenso, maiores concentrações de turbidez serão estimadas (TEIXEIRA;
SENHORELO, 2017). A turbidez é um parâmetro que está relacionado com a presença
de material em suspensão promovendo a redução da transparência da água (CHAGAS,
2015; RAPOSO; BARROS; JUNIOR, 2009), atenuando os processos fotossintetizantes
de algas e outras plantas aquáticas devido à dificuldade de penetração de luz e calor
ao longo da coluna d’água (WETZEL, 2001).
Nas análises dos cursos d’água em bacia hidrográfica, a turbidez também pode
apresentar comportamentos diferentes em função do uso e cobertura da terra, tendo
1536
em vista que em solos expostos, os processos erosivos se intensificam principalmente
nos períodos chuvosos proporcionando um maior arraste de sedimentos para os cursos
d’água.
Provavelmente os comportamentos distintos para os valores de turbidez,
comparando-se as três seções de amostragem, estejam relacionados aos diferentes
usos nas áreas de drenagem que influenciam as seções. Possivelmente na seção 1 o
esgoto in natura tenha influenciado nos altos valores deturbidez, enquanto que nas
demais seções outros usos podem ter reduzidos os níveis de materiais em suspensão
nos cursos d’água, apresentando menores valores de turbidez.
Corroborando com estes resultados, o Relatório de Situação dos Recursos
Hídricos (2018) relaciona as modificações da qualidade da água no Rio do Peixe
com o lançamento de esgotos de Marília especialmente no Alto Peixe, bem como
pela contribuição de sedimentos que são conduzidos por toda a extensão da bacia
hidrográfica.
Com relação às frações de carbono, essas podem representar as concentrações
de diversos materiais de origem orgânica, inclusive nos efluentes, indicando que
a seção do município de Marília possa responder a esta degradação ambiental. Os
autores Thomas et al. (1999) corroboram e elencam que o carbono orgânico total (COT)
pode ser considerado como uma variável limnológica primordial para a determinação
global da poluição da água e dos efluentes em relação a carga orgânica.
Os pesquisadores Galvão Junior e Paganini (2009) alegam que em termos de
saneamento básico, o cenário brasileiro é bastante escasso e apresenta índices reduzidos
especialmente ao esgotamento sanitário. Para identificar a poluição em ambientes
aquáticos, os pesquisadores Almeida e Almeida (2005), constatam que existe uma
grande diversidade de organismos que podem servir como indicadores biológicos que
manifestam os níveis de poluição de um manancial hídrico. Ainda segundo os mesmos
autores, o grupo dos coliformes são os que melhor representam a existência ou não de
atividades poluidoras.
Esse grupo de bactérias é facilmente detectado em fezes de animais de sangue
quente, até mesmo nas dos seres humanos e, a sua existência na água indica uma
ligação direta com os níveis de contaminação fecal (FUNASA, 2006). “Um dos principais
parâmetros que indica a presença de esgotos domésticos sem tratamento é o aumento
da presença do coliforme termotolerante Escherichia coli na água” (CETESB, 2016, p.
19).
Levando em consideração que as concentrações desses microorganismos atuam
como uma variável resposta aos possíveis lançamentos de efluentes e tendo em vista
as informações apresentadas e discutidas anteriormente referente à seção 1, a Figura 3
apresenta os valores de coliformes termotolerantes na seção 1.
1537
De acordo com a Resolução CONAMA no. 357/05, o curso d’água onde a seção
se encontra classificado como classe 2 e o limite máximo permitido da presença de
coliformes termotolerantes de 600 UFC/100 ml. Nesse caso, observa-se que esses
valores não se encontram em consonância com a legislação em nenhum mês/ano de
coleta, intensificando os indícios de que possa ter ocorrido lançamentos de esgoto
doméstico no curso d’água.
Em relação ao oxigênio dissolvido, esse pode ser considerado um dos gases
mais importantes para os ecossistemas aquáticos, tendo em vista que a sua presença
é fundamental nos processos metabólicos dos organismos que dele necessitam. “Os
esgotos sanitários representam a maior fonte de matéria orgânica nos corpos d’água
superficiais” (ARNESEN et al., 2018, p. 01) e, os níveis elevados de matéria orgânica
diminuem as concentrações de oxigênio dissolvido ao longo da coluna d’água
(ESTEVES, 2011).
A redução da disponibilidade do oxigênio dissolvido ocorre devido ao aumento
no consumo desse gás pelos microrganismos para a manutenção dos seus processos
metabólicos e na utilização dessa variável limnológica para manter os níveis de matéria
orgânica estáveis no meio aquoso (VON SPERLING, 2005). As baixas taxas dessa
variável no ambiente aquático podem implicar no comprometimento desses processos
acarretando em inúmeros desequilíbrios.
É provável que as taxas de oxigênio dissolvido no meio aquático tenham sido
atenuadas devido aos índices elevados de material em suspensão e consequentemente
de turbidez, impossibilitando a passagem de luz e dificultando os processos
fotossintetizantes. Além disso, por ser um composto orgânico, o carbono orgânico
total também influencia na redução desse gás no ecossistema.
Segundo Archela et al. (2003) os altos valores de carga orgânica, provenientes
de lançamentos de esgotos, levam a um aumento dos microorganismos aeróbios,
consumidores desta matéria orgânica, e portanto o aumento do consumo de oxigênio
dissolvido, levando a depleção do mesmo na coluna d’água. Os autores revelam:
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
1538
causadoras de poluição nos sistemas hídricos e muda significativamente os processos
metabólicos no sistema aquático.
Ressalta-se que o uso de técnicas estatísticas exprime em uma exímia ferramenta
capaz de auxiliar na interpretação dos dados referente à qualidade da água de um
curso d’água, podendo aplicar essa técnica em outros estudos que sejam relacionados
às análises ambientais.
Em se tratando de saneamento básico, é de grande importância que se tenha a
participação de gestores públicos das esferas municipais, estaduais e federais, atuando
e investindo nessas questões, especificamente no esgotamento sanitário por se tratar
de uma questão que ainda acarreta prejuízos e efeitos adversos aos recursos hídricos,
especialmente para o município de Marília que ainda não possui tratamento de esgoto,
comprometendo a qualidade e a quantidade de suas águas, restringindo os seus usos
múltiplos.
Ademais, é válido lembrar que a ausência da coleta e do tratamento de esgoto
pode acarretar em riscos à saúde pública e comprometer o bem-estar da população por
permitir que essas práticas irregulares tornem as pessoas vulneráveis às doenças de
veiculação hídrica, tanto pelo contato direto quanto pela ingestão da água contaminada.
A análise apresentada pode servir como um instrumento para as tomadas de
decisões dos órgãos públicos e do setor privado na intenção de se contribuir para
o planejamento ambiental voltado à gestão dos recursos hídricos, atendendo às
legislações vigentes.
AGRADECIMENTOS
REFERENCIAS
ARCHELA, E.; CARRARO, A.; FERNANDES, F.; BARROS, O.N.F.; ARCHELA, R.S.
Considerações sobre a geração de efluentes líquidos em centros urbanos. Revista
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ARNESEN, A. S.; LIMA, F.A.S.; LOTITO, D.M.R.; SILVA, P.L.; ROVERI, F. Avaliação
da adoção do parâmetro carbono orgânico total em substituição à demanda bioquímica
de oxigênio para monitoramento da qualidade de corpos d’água superficiais. .In:
1539
Encontro Técnico AESABESP 29º CONGRESSO NACIONAL DE SANEAMENTO E
MEIO AMBIENTE, 2018, São Paulo.
BENETTI, A.; BIDONE, F. O meio ambiente e os recursos hídricos. In: TUCCI, C.E.M.
Hidrologia: ciência e aplicação. 4. Ed. Porto Alegre: Editora da UFRGS/ABRH, 2009.
Capítulo 22.
1540
GALVÃO JUNIOR, A.C.; PAGANINI, W.S. Aspectos conceituais da regulação dos
serviços de água e esgoto no Brasil. Revista Engenharia Sanitária e Ambiental. v. 14,
n.1, p. 79-88, 2009.
RAPOSO, A. A.; BARROS, L. F. P.; JUNIOR, A.P.M. O parâmetro de turbidez das águas
como indicador de impactos humanos na dinâmica fluvial da bacia do rio maracujá
– Quadrilátero Ferrífero/MG. In: XIII SIMPÓSIO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA
FÍSICA APLICADA, 2009, Viçosa. Anais do XIII Simpósio Brasileiro de Geografia
Física Aplicada. Viçosa, 2009, p. 01-17.
TRIVELLATO, F.T.; FILHO, A.P. Bacia do Rio do Peixe - Planalto Ocidental Paulista:
90 anos de transformações do uso e ocupações das terras. Revista Geonorte, Edição
Especial, v.3, n.4, p. 656-666, 2012.
1 INTRODUÇÃO
2 METODOLOGIA
Este estudo foi realizado no bairro de São Raimundo na zona oeste da cidade de
Manaus, em uma área de intervenção do PROSAMIM – Quadra Bairro 6 (QB6) (Mapa
1), situada nas proximidades do Estádio Ismael Benigno, conhecido pela população
manauara como Estádio da Colina.
1543
Mapa 1: Localização do Prosamim Quadra 6
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
1544
inferior a 20 e de 20 a 30 anos, e apenas 6% representam 30 a 40 anos, sugerindo uma
predominância de uma população adulta residente no local.
Resultados diferentes foram expressos por SEGUNDO (2014) também em uma
área de intervenção do PROSAMIM (Igarapé do Quarenta), onde 70% dos moradores
tinham idade superior aos 30 anos de idade.
1546
Acerca de possíveis mudanças, 34% da população residente na QB6 propuseram
a melhoria nas condições dos esgotos sanitários, seguido por 24% que propôs a
implantação de área de lazer, no entanto, foi possível identificar que havia um espaço
de lazer no local, mas os equipamentos encontram-se danificados. Além disso, em
frente à área de estudo, mais precisamente do outro lado da rua existe um parque
(Parque Igarapé das Cacimbas), que dispõe que quadra poliesportiva, playground,
dentre outros entretenimentos. Já 24% não mudariam nada no local, dizendo-se
satisfeitos com a moradia. Por outro lado, 14% dos moradores, reclamaram da ausência
da educação ambiental por parte da vizinhança, que aparentemente não possuem o
conhecimento sobre o descarte adequado dos resíduos, permitindo que estes sejam
despejados pelo local, causando a poluição do ambiente.
Não foram notadas ações por parte dos residentes para melhoria da qualidade
ambiental do local, foi possível identificar diversos resíduos de origem doméstica
dispostos de maneira inadequada (Figura 1). Apesar de todos os entrevistados
afirmarem que houve trabalhos de educação ambiental realizado por parte da gestão
socioambiental do PROSAMIM em concordância com o estipulado no PSSA com a
comunidade da QB6.
Ressalta-se ainda, que na QB6 existe um local denominado Elo, onde o serviço
social do Programa utiliza para realizar trabalhos com a comunidade. De acordo com os
moradores é neste local que são concebidas as atividades socioambientais educativas.
Figura 1: Local onde são realizados os trabalhos socioambientais com os moradores da QB6
1547
Figura 2: Resíduos dispostos no condutor responsável pela coleta de águas pluviais da QB6
É evidente a quantidade de resíduos sólidos dispersos dentro dos condutores
de águas pluviais, o que contribui para o entupimento do sistema de esgoto da QB6,
um dos problemas apontados pelos moradores (Figura 3). Sabendo que a drenagem
de águas pluviais é conduzida para rede coletora de esgoto, o carreamento desses
resíduos pode ser considerado a causa dos transbordamentos que acontecem no local.
Para Carvalho e Oliveira (2003) os resíduos sólidos contribuem direita e indiretamente
para a poluição ambiental, causando contaminação do solo e dos recursos hídricos.
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
1548
Pala observação dos aspectos analisados, as ações propostas no Plano de
Sustentabilidade Socioambiental – PSSA do Programa Social e Ambiental dos Igarapés
de Manaus – PROSAMIM vem sendo executadas junto a população residente na
Quadra Bairro 6. Contudo, os moradores aparentam não terem assimilado as questões
referentes a qualidade ambiental abordadas durante as atividades.
4 REFERENCIAS
1549
SAIS DISSOLVIDOS EM ÁGUAS DE CONSUMO HUMANO NO MUNICÍPIO
DE IRANDUBA – AM
1. INTRODUÇÃO
2. DESENVOLVIMENTO
1551
Todos os pontos foram identificados e geoposicionados (tabela 1) entre períodos
hidrológicos distintos. As amostras coletadas foram de 04 poços tubulares pertencentes
ao SAAE e 02 de propriedade particular (tabela 1).
1552
(SILVA 1999; SILVA 2001; SILVA 2005). O que pode estar indicando que esses poços
estão explotando água de formações geológicas distintas.
As elevadas concentrações de sais dissolvidos nas águas de Iranduba também
ocasionam intensa oxidação nas estruturas metálicas (figura 2) de manutenção dos
poços tubulares, podendo, inclusive, causar acidentes com pessoas e às obras civis.
Figura 2. Oxidação oriunda da exposição aos sais da água explotada sobre estrutura
metálica em poço tubular, no município de Iranduba – AM – Brasil.
Cl- foram de 126,52 mg.L-1 e 110,49 mg.L-1 (tabela 2). Em ambos os períodos amostrados,
as águas do poço PT_02 apresentaram concentrações de cloreto acima do valor máximo
permitido na Portaria nº 2914 de dezembro de 2011 do Ministério da Saúde, que é
igual a 250 mg.L-1. Silva (2016), encontrou valor médio para o cloreto de 84,33 mg.L-1.
Durante todas as fases de desenvolvimento desta pesquisa, os proprietários dos poços
tubulares receberam os resultados analíticos e foram alertados sobre esta concentração
de cloreto acima do recomendado pela legislação vigente.
As concentrações médias de nitrato foram de 1,720 mg.L-1 e de 1,340 mg.L-1
(tabela 2). Os teores de nitrato superiores a 10 mg.L-1 são indesejáveis na água de uso
doméstico, por causar cianose em crianças (SILVA, 2016).
Os valores médios de sílica foram de 5,920 mg.L-1 e de 5,290 mg.L-1 para as águas
amostradas (tabela 2). O teor relativamente reduzido de sílica dissolvida nessas águas
confirma a proveniência típica de águas com pouco tempo de residência, uma vez
que nesse tipo de rocha a sílica praticamente se encontra de forma livre nos minerais
1553
essenciais silicáticos, como quartzo e acessórios, sendo muito menos solúvel do que na
forma de sílica combinada (SILVA, 2016).
Tabela 2. Valores de variáveis das águas dos poços tubulares amostrados em dois
períodos distintos na cidade de Iranduba – AM - Brasil.
Silva (2005) e Ramos e Silva (2003) verificaram que a sequência dominante para
cátions em águas subterrâneas em cidades da calha do rio Solimões e Amazonas era de
K++Na+>Mg2+>Ca2+. Sequencias semelhantes às dos poços PT_04 e PT_05 de Iranduba.
No período B, houve diminuição de concentração de cálcio nos nas águas dos poços
PT_01, PT_02 e PT_03. Já o cloreto, sua concentração foi maior para quase todas as
amostras analisadas (tabela 3).
O que corrobora com a tese de que provavelmente os poços PT_01, PT_02, PT03
e PT_06 estão explotando água de aquífero distinto do Alter do Chão. Andrade et al.
(2004) em estudo comparativo com as águas de superfícies de Manaus e Iranduba,
verificaram águas mineralizadas com altos teores de cálcio, magnésio e potássio na
cidade de Iranduba, relacionando-as à Formação Nova Olinda. Silva (2016) identificou
como sendo a região sudeste da área urbana de Iranduba apresentando águas
mineralizadas com altos valores de cálcio, magnésio, sódio, potássio e cloreto e às
classificou como clorosulfatadas magnesiana e clorosulfatadas sódica.
1554
3. CONSIDERAÇÕES FINAIS
4. REFERÊNCIAS
GOLTERMAN, H.L.; CLYMON, R.S. Methods for chemical analysis of fresh Water.
Oxford: Backwell Scientific Publications, 1971.
REBOUÇAS, A.C. 2006. Águas subterrâneas. 241p. In Giampá, C.E.Q.; Gonçales, V.G.
Águas subterrâneas e poços tubulares profundos (Eds.). São Paulo: Signus Editora.
502p.
RAMOS, A.M.; SILVA, M.S.R. 2003. Avaliação e quantificação de metais pesados nas
águas subterrâneas de Manaus-AM. In: XII Jornada de Iniciação Científica do PIBIC/
INPA/CNPq, 2003, Manaus. Anais... Manaus: INPA, p. 207-08.
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subterrâneas em cidades do estado do Amazonas (AM). Tese de Doutorado,
Universidade Estadual Paulista, Rio Claro, São Paulo. 178p.
SILVA, 2016. Água mineral: Região Metropolitana de Manaus. Manaus: Valer. 202p.
1556
ANÁLISE DA RELAÇÃO ENTRE AS CHEIAS DO RIO NEGRO E A INCIDÊNCIA
DE HEPATITE, MENINGITE E LEPTOSPIROSE EM MANAUS - AM
1 INTRODUÇÃO
1
Universidade do Estado do Amazonas - UEA, hebesol1@gmail.com
2
Instituto de Pesquisa da Amazônia - INPA, petersenthiago@gmail.com
3
Universidade do Estado do Amazonas - UEA, fwalemao@gmail.com.
1557
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Manaus tem o Rio Negro como sua principal porta de acesso, por ele é feito o
transporte de pessoas e também de escoamento da produção econômica local (PORTO
DE MANAUS, 2019). No município, a série histórica de medição do Rio Negro
iniciou em 1902 com o nível mínimo da vazante e em 1903 com o nível máximo das
cheias. O nível máximo das águas registrado em todo o período foi em 2012, com a
cota de 29,97m, e o menor nível foi a cota registrada em 2010, com 13,63m (PORTO
DE MANAUS, 2019). Devido às cheias que ocasionaram inundações, o município
de Manaus decretou Situação de Emergência em 2009, 2012, 2013, 2014, 2015 e 2019
(DEFESA CIVIL, 2019). Quando declarada a Situação de Emergência, o município é
dispensado de fazer licitações para as despesas relacionadas ao evento crítico, além
de poder receber recursos federais para ações relacionadas ao socorro e assistência às
vítimas, restabelecimento de serviços essenciais e reconstrução (LEI nº 8.666, 1933, Art.
24, IV; DECRETO FEDERAL nº 7.257, 2010, Art. 8º).
A partir da criação da Zona Franca de Manaus, a cidade passou a crescer de
forma acelerada e sua área urbana se expandiu de maneira desordenada, sendo que
muitas moradias estão em locais impróprios para construção, onde a infraestrutura
é precária, pois são locais carentes de saneamento básico, coleta de lixo e água de
qualidade (ASSAD, 2006). Uma parcela da população de baixa renda vive em
aglomerados de palafitas, habitações que geralmente são feitas de madeira, de forma
improvisada, localizadas ao redor do Rio Negro, de lagos e de igarapés que cortam a
cidade (PEREIRA; SILVA; BARROS, 2011), esses locais que formam territórios críticos
e bastante vulneráveis a desastres naturais, como as inundações (FREITAS et al, 2014).
A população do município exposta às inundações também pode ter sua saúde
afetada por esse evento crítico, principalmente as que residem em locais carentes de
saneamento básico e próximos aos cursos d’água. Apesar de serem escassos os estudos
publicados em literatura científica sobre a ocorrência de doenças e agravos associados
ao ciclo hidrológico no Amazonas (SOUZA e NASCIMENTO, 2017), estudos similares
em outras regiões do Brasil mostram que esta correlação é perceptível (FREITAS e
XIMENES, 2012; FREITAS et al., 2014; GUIMARÃES et al., 2014).
Dentre as doenças de veiculação hídrica, uma das mais comuns é a hepatite A, uma
doença contagiosa, também chamada de “hepatite infecciosa”, causada pelo vírus A
(HAV), que tem transmissão fecal-oral, por meio de água, alimentos contaminados
pelo vírus e por contato entre indivíduos (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2019), dessa
forma, locais com saneamento básico precário e inundados pelas cheias podem criar
ambientes favoráveis à propagação dessa doença.
A leptospirose é uma doença infecciosa sistêmica, de ocorrência global, causada
por espiroquetas patogênicas do gênero Leptospira (LUCHEIS, 2006). A incidência
de leptospirose está fortemente relacionada a fatores socioambientais, sua ocorrência
está tradicionalmente relacionada à exposição aos fatores de risco como precárias
condições de infraestrutura sanitária, crescimento desordenado, áreas de segregação
socioeconômica, alta infestação de roedores infectados e a ocorrência de enchentes. As
inundações são o principal fator de risco para a ocorrência de surtos da doença porque
a urina dos ratos, presentes em esgotos e bueiros, mistura-se à enxurrada e à lama das
enchentes (GUIMARÃES et al., 2014).
A meningite é o processo inflamatório das meninges, membranas que envolvem
o cérebro e a medula espinhal, sendo que no Brasil o principal agente etiológico é a
1558
bactéria Neisseria meningitidis (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2019). Estudos científicos
demonstram que a meningite pode ter uma forte correlação entre a sua incidência
e as variáveis climáticas como temperatura média do ar, precipitação pluviométrica
e umidade relativa do ar. Além disso, essa doença pode ter relação com locais que
apresentaram alto índice de domicílios sem abastecimento de água, o que demonstra
que a distribuição dos casos também pode estar associada com fatores socioeconômicos
(STOCCO et. al., 2010).
Manaus tem 37,6% de sua área urbana sem esgotamento sanitário adequado e
parte da população de menor renda vive em locais com infraestrutura urbana precária
(ASSAD, 2006; IBGE, 2019) e também às margens de cursos d’água (PEREIRA; SILVA;
BARROS, 2011), tais fatores deixam essa população mais vulnerável a inundações
(FREITAS et al, 2014). Doenças como a hepatite, leptospirose e meningite além de
veiculação hídrica e fatores climáticos, podem ter relação com a precariedade do
saneamento básico associado com fatores socioeconômicos (GUIMARÃES et al., 2014;
STOCCO et. al., 2010).
2.2 Resultados
1560
Tabela 2. Cota média, desvio padrão, cota máxima e mínima do Rio Negro por ano.
Nota: As cotas são medidas em metros e se referem à medição aferida em Manaus, AM. A cota média
é do ano inteiro.
Fonte: PORTO DE MANAUS, 2019.
Nota: Hepatite (A), Leptospirose (B) e Meningite (C). Cotas do Rio Negro aferidas em Manaus, AM.
Fonte: elaborado pelos autores.
1561
Complementando os resultados anteriores, o teste de Kruskal-Wallis demonstrou
que os anos apresentaram diferenças significativas em relação ao número de casos de
Hepatite (X2 = 56,98 GL = 8 p<0.01) e não significativa em Leptospirose (X2 = 8,12 GL
= 8 p>0.05) e Meningite (X2=10,06 GL = 8 p>0.05)). Apesar deste último teste ter sido
significativo apenas para uma das doenças, o pós teste de Bonferroni-Dunn evidenciou
que as diferenças nos números de casos de Hepatite foram significativas quando
comparados os anos que apresentaram menores níveis de cota do Rio Negro com os
demais (2009 e 2010 com 2013 e 2014, p<0.05). Desta forma, considerando apenas casos
confirmados de Hepatite, os anos de 2013 e 2014 (3399 casos) apresentaram 2090 casos
a mais que 2009 e 2010 (1309 casos), o que representa 160 % de aumento.
2.3 Discussão
Este estudo demonstrou que existe uma relação quantitativa entre o número de
casos de hepatite viral, leptospirose, meningite e os níveis de água do Rio Negro em
Manaus entre os anos de 2009 e 2017. Os resultados indicaram que as cheias (níveis de
cota altos) tem um importante papel em aumentar a ocorrência de todas as doenças
analisadas.
No Brasil, a taxa de incidência média da leptospirose é de 1,02 casos para cada
100 habitantes (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2018). No período dos 9 anos analisados
nesta pesquisa, a taxa de incidência média de leptospirose em Manaus é o trilo da
média nacional, 3,06 casos para cada 100 mil habitantes. Conforme pode ser observado
na Figura 2, os anos de menor incidência de leptospirose, cuja incidência ficou em 1,94
e 1,90 casos para cada 100 mil habitantes, 2010 e 2016 respectivamente, foram os anos
em que as cotas médias não atingiram 22,5m. Todos os anos em que as cotas médias
ultrapassaram 23m, a incidência ficou acima de 3 casos para cada 100 mil habitantes.
Nota: Hepatite (A), Leptospirose (B) e Meningite (C). Cotas do Rio Negro aferidas em Manaus, AM.
Fonte: elaborado pelos autores.
1562
A taxa de incidência de hepatites virais na região norte é de 25,6 casos para
cada 100 mil habitantes (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2018), mas em Manaus, no período
analisado de 2009 a 2017, a taxa de incidência teve média de 54,98 casos para cada
100 mil habitantes. Dessa forma, percebe-se que a taxa de incidência de hepatite em
Manaus é mais que o dobro da taxa de incidência da região norte. No ano de 2010,
houve a menor incidência de hepatite em Manaus, com taxa de incidência de 28,19
para cada 100 mil habitantes, também nesse ano, houve a menor cota do nível do Rio
Negro, com 16,63m, cota máxima em 27,90m e a cota média do rio ficou em 22,30m, ou
seja, durante esse ano, as águas do Rio Negro ficaram em um nível baixo para o padrão
do rio. Em compensação, nos anos de 2013 e 2014, foram os anos de maior incidência
de hepatite, com 80,37 e 89,39 casos para cada 100 mil habitantes, nesses anos o nível
do Rio Negro foi alto o ano inteiro, com cota mínima de 18,33m e 19,90m e máxima de
29,33m e 29,50m respectivamente, além disso a cota média do rio durante o ano ficou
próxima aos 25m. Dessa forma, percebe-se que a incidência de hepatite aumenta ou
diminui acompanhando o nível do Rio Negro (Figura 2).
No período de 2009 a 2017, Manaus tem uma taxa de incidência média de
meningite 8,25 casos para cada 100 mil habitantes, enquanto a incidência da doença no
território nacional é de 7,60 casos para cada grupo de 100 mil habitantes (MINISTÉRIO
DA SAÚDE, 2018). Além disso, verifica-se que as 3 maiores taxa de incidência de
meningites em Manaus ocorrem nos anos em que houve as 3 maiores taxas de cotas
mínimas, 2013, 2014 e 2017, com cotas de 18,33m, 19,90m, 17,34m respectivamente,
com de taxas de incidência acima de 9 casos para cada 100 mil habitantes (Figura 2).
Muitas doenças, como hepatite A, leptospirose, febre tifóide, cólera e outras gastro-
intestinais são transmitidas por água contaminada, seja por urina ou fezes, transmitida
de humanos para humanos ou outros animais para humanos, como no caso da
leptospirose (Cabral, 2010). Durante a enchente, precipitações e a falta de saneamento
básico (por exemplo, esgoto não tratado) podem mover os patógenos para o ambiente
e, assim aumentar a quantidade de agentes microbiológicos nas águas de superfície
(Cann et al. 2013). As enchentes ainda tem um potencial de afetar fontes de água e
sistemas de armazenamento de água, além de sistemas de esgoto. A contaminação
pode ser levada para as fontes de água e comprometer a qualidade delas, o que pode
levar a um aumento na transmissão de agentes patógenos durante as cheias (Parker e
Thompson, 2000).
A forte correlação com o nível de água e os números de casos de hepatite e
leptospirose obtidos neste estudo sugere um efeito da falta de saneamento básico na
população estudada. Esta associação da água na veiculação de diversas doenças ao
homem em áreas com problemas de saneamento básico foi estudada por vários autores
(Lippy e Waltrip, 1984; Freitas et al 2014). Lippy & Waltrip (1984) concluíram que
mais de 80% das epidemias (de doenças de veiculação hídrica) que ocorreram entre
1946 e 1980 nos Estados Unidos foram associadas com deficiências no tratamento ou
distribuição de água. O Instituto Trata Brasil, com base em dados do IBGE e do Sistema
Nacional sobre Informações de Saneamento (SNIS), fez um ranking de saneamento
básico entre as 100 maiores cidades do Brasil em 2018 e identificou o município de
Manaus como sendo a quinta pior cidade no quesito de esgoto coletado (10,18%) e
tratado (23,80%) (Trata Brasil, 2018).
Apesar da meningite não ser uma doença de veiculação hídrica, estudos vêm
relacionando o aumento do número de casos e a ocorrência de desastres naturais
(Watson et al. 2007; Kouadio et al. 2012). Esta doença é facilmente transmitida de
pessoa pra pessoa, particularmente em situações de aglomeração de pessoas (Watson
et al. 2007). Campos de refugiados, assim como abrigos improvisados onde existe
falta de higiene e falta de atendimento médico adequado são os principais fatores
de risco associados à propagação da doença (Kouadio et al. 2012). Desta forma, as
1563
aglomerações de pessoas em abrigos provisórios para as populações afetadas pela
cheia, podem estar sendo os principais fatores para o aumento do número de casos de
Meningite observados neste estudo.
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Esta pesquisa demonstrou que existe uma correlação significativa entre o nível
das águas do Rio Negro com a incidência de hepatite viral, meningite e leptospirose
em Manaus, no período de 2009 a 2017. A capital amazonense tem mais que o dobro
da taxa de incidência média de hepatite da região norte, o triplo da taxa incidência
média de leptospirose no país e está acima da taxa de incidência média de meningite
do Brasil para o grupo de 100 mil habitantes. Consorciado ao nível das águas do Rio
Negro, fatores socioeconômicos e a deficiência do saneamento básico da cidade podem
ainda ter grande influência sobre a disseminação dessas doenças. Manaus tem quase
um quarto da área urbana sem saneamento básico adequado (IBGE, 2019), além disso,
a cidade foi considerada a quinta pior cidade do Brasil em saneamento básico, dentre
as 100 maiores cidades do país (TRATA BRASIL, 2018). A alta incidência de hepatite
viral, leptospirose e meningite no município em comparação com o restante do país
poderia ser enfrentada como questão de saúde pública. Diante disso, esta pesquisa
espera ter gerado informações úteis à sociedade, alertando sobre os problemas
relacionados à saúde da população causados pelas cheias do rio, pela precariedade do
saneamento básico e por fatores socioeconômicos, fornecendo subsídios que possam
contribuir para o planejamento estratégico do município de Manaus.
4 REFERÊNCIAS
BRASIL. Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993. Regulamenta o art. 37, inciso XXI, da
Constituição Federal, institui normas para licitações e contratos da Administração
Pública. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8666cons.htm
> Acesso em 19/07/2019.
1564
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Epidemiol%C3%B3gica-da-Secretaria-de-Vigil%C3%A2ncia-em-Sa%C3%BAde-
7%C2%AA-edi%C3%A7%C3%A3o.pdf> Acesso em 14/08/2019.
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M.; OLIVEIRA, M.L.C.; CORVALÁN, C. Desastres Naturais e Saúde no Brasil. 1. ed.
Brasília: Organização Paa-America da Saúde / Ministério da Saúde. p. 3645-3656, 2014.
SOUZA, S.C.; COSTA, J.A.L.. Uso de imagens R99B/SAR para delimitação de área
de inundação no município de Manaus-AM. Anais XVI Simpósio Brasileiro de
Sensoriamento Remoto - SBSR - INPE. Foz do Iguaçu, PR. p. 8507-8514, 2013.
WATSON, R.T.; ZINYOWERA, M.C.; MOSS, R.H.; BASHER, R.E.; BENISTON, M.;
CANZIANI, O.F.; DIAZ, S.M.; DOKKEN, D.J. The Regional Impacts of Climate
Change: An Assessment of Vulnerability. In: Watson, R.T., Zinyowera, M., Moss,
R.H., Dokken, D.J. (Eds.), A Spe-cial Report of IPCC Working Group II Published for
the Intergovernmental Panel on Climate Change: Intergovernmental Panel on Climate
Change.
1566
ANÁLISE PRELIMINAR DA QUALIDADE FÍSICO-QUÍMICA DAS ÁGUAS DE
TRECHO DO RIO PURAQUEQUARA EM MANAUS-AMAZONAS
1 INTRODUÇÃO
Segundo a constituição Federal de 1988, no seu artigo 225, “Todos têm direito ao
meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum e do povo e essencial
à sadia qualidade de vida, impondo- se ao poder público e à coletividade o dever de
defendê-lo e preservá- lo para as presentes e futuras gerações.” Neste contexto, insere-
se a água quesegundo a lei n° 9.433 de 8 de janeiro de 1997 que instituiu a Política
Nacional dos Recursos Hidricos, é um bem de domínio público e um recurso natural
limitado.
O acesso à água pelos moradores do bairro Puraquequara é em alguns
casos através da perfuração de poços e o custo quando há um problema técnico no
equipamento é dividido entre os moradores que podem pagar. Só tem acesso a esse
tipo de fornecimento de água quem possui recurso financeiro suficiente e, quem não
possui procura meios alternativos de abastecimento de água. Esta utilizada para
desenvolvimento de atividades industriais e comerciais, atividades de práticas de
lazer, recreação aquática e flutuantes queservem como “bares dançantes” (MIRANDA,
2017; ROCHA,2014).
Os parâmetros físico-químicos são utilizados como basepara classificar e
enquadrar os corpos hídricos em diferentes classes, que correspondem ao seu tipo
de uso, correspondentes ao seu nível de qualidade. A classificação dos corpos d’água
segundo a resolução n° 357 de 17 de março de 2005 do CONAMA classifica as águas
doces em classe especial, classe 1, classe 2, classe 3 e classe 4. Comparando os extremos;
águas de classe especial são destinadas ao abastecimento para consumo humano, após
a desinfecção, e as águas enquadradas na classe 4 só podem ser destinadas à navegação
e a harmoniapaisagística.
1
Universidade do Estado do Amazonas, jcdqn.bio@uea.edu.br
2
Universidade Federal do Amazonas, easf891@gmail.com
3
Universidade do Estado do Amazonas, david_robert_dessouza@hotmail.com
4
Universidade do Estado do Amazonas, gdssr.bio@uea.edu.br
5
Universidade do Estado do Amazonas, gisellelima66@hotmail.com
6
Universidade do Estado do Amazonas, carlossandro.albuquerque@gmail.com
7
Universidade do Estado do Amazonas, ibatista@uea.edu.br
1567
Além dos fatores naturais que interferem na composição físico-química dos
rios, a influência antrópica exercidas de diferentes formas (atividades industriais
e comerciais) também corroboram para possíveis alterações destes parâmetros
(BERNARDI et al. 2009).
As agroindústrias estão entre as maiores fontes poluidoras no Brasil,
particularmente, em função das grandes quantidades de resíduos ricos em substâncias
orgânicas, nutrientes (sobretudo nitrogênio e fósforo) sólidos, óleos e graxas. Nesta
categoria, matadouros e indústrias de processamento de carne são conhecidos pelo
alto potencial poluidor (THEBALDI et al, 2011).
O efluente dos matadouros possui uma elevada vazão e grande carga de sólidos
em suspensão, nitrogênio orgânico, além de uma demanda bioquímica de oxigênio -
DBO de 4.200 mg.L-1 em média dependendo do reaproveitamento ou do tratamento
do efluente. Devido à sua constituição, esses despejos são altamente putrescíveis,
iniciando sua decomposição em poucas horas (THEBALDI et al., 2011).
Sendo assim, este trabalho tem como objetivo analisar os possíveis impactos na
qualidade físico-química da água em trecho do rio Puraquequara sob influência de
atividades de abatedouro bovino.
2DESENVOLVIMENTO
1568
confluência do braço de rio, em que está localizado o matadouro com o rio Puraquequara
(P3, P4 e P5) e 2 pontos no sentido mais a jusante (P6 e P7) conforme consta na Figura
1.
Fonte:Queiroz (2019).
A frequência das coletas foi mensal e realizada nos meses de setembro, outubro
e novembro de 2018 correspondendo ao período de vazantedo rio. Todos os sete pontos
de coletas foram georreferenciados (Tabela1).
Fonte:Queiroz (2019)
1570
Tabela 2. Valores médios dos parâmetros obtidos no rio Puraquequara em 2018.
Obs:Médias seguidas da mesma letra, na linha, nao diferem estatisticamente entre si pelo teste de
ANOVA, seguido pelo teste de Tukey a nível de 5% de probabilidade. *N/D = Não Detectado ou abaixo
do limite de detecção do método.
1571
Os valores médios do oxigênio dissolvido na água oscilaram de 4,38±0,75a
6,14±0,37 mg.L-1. Apesar de se ter obtido valores de oxigênio dissolvido abaixo de 5
mg.L-1, a maioria (85,71%) apresentaram valores superiores a 5 mg.L-1. Comparando
os pontos analisados, embora a análise estatística revele diferença significativa entre
os pontos, não se pode afirmar que o abatedouro esteja causando alteração neste
parâmetro para que o mesmo se encontre em estado crítico, que pode ser menos de 2
mg.L-1, de acordo com Sardinha et al. (2008), pois, valores de oxigênio dissolvido em
P3 no mês de outubro foi o maior obtido no estudo em comparação com os demais.
Souza Filho (2018) obteve em uma área antropizada de um igarapé que passa
por dentro da área urbana de Manaus, valores de oxigênio dissolvido menores que 2
mg.L-1. Pinto et al. (2009) analisaram parâmetros físico-químicos na orla do rio Negro,
na confluência com os tributários São Raimundo e Educandos, local de despejo de
grande cargas de poluentes, em Manaus, e encontraram valores de oxigênio dissolvido
próximos de zero, com valor máximo de 0,7 mg.L-1 de oxigênio dissolvido. Resultados
obtidos com estas características por estes autores revelam o que a poluição dos corpos
hídricos por esgotos domésticos e industriais podem influenciar no valor do oxigênio
dissolvido.
Pereira et al. (2013), Horbe et al. (2005) e Pinheiro e Borges (2013) obtiveram
valores de oxigênio dissolvido em áreas livres de impacto antrópico, que variaram de
3,7 a 8,9 mg. L-1. Portanto, os valores obtidos nesta pesquisa estão dentro do intervalo
de valores obtidos por estes autores e pode supostamente revelar que este parâmetro
supostamente não encontra-se em níveis críticos para estes trechos analisados na
superfície das águas.
Os valores médios do pH oscilaram de 4,83±0,02 a 6,32±0,06. Os valores de
pH obtidos em P1 e P2 foram os menores e estatisticamente diferentes dos demais
pontos analisados, com exceção do mês de setembro onde o ponto P2 nao diferiu
estatisticamente de P3 e P4 (p>0,05). Sendo assim, observa- se um aumento do pH em
P3 e novamente sua diminuição até P7.
Os rios de águas pretas, possuem, em condições naturais, valores de pH
considerados ácidos. Foram encontrados valores, nestas condições, que oscilaram entre
4,4 a 5,80 (NASCIMENTO e SILVA, 2010; PINTO et al., 2009; HORBE e OLIVEIRA,
2008; HORBE et al., 2005). Os valores médios de pH acima de 6,0 obtidos em P3 neste
estudo podem ser possivelmente resultantes da ação antrópica na margem, pois estes
valores foram reportados por outros autores em rios de águas pretas sob influência
antrópica (NASCIMENTO e SILVA, 2010; PINTO et al., 2009; SOUZAFILHO, 2018).
Os valores médios da condutividade oscilaram de 4,67±1,53 a 82,67±9,02 µS.cm-1.
Os valores de condutividade em P1 e P2 nao ultrapassaram 8,33 µS.cm-1 e diferiram
estatisticamente (p<0,05) de P3 a P6 em outubro e novembro.
Estudos no rio Puraquequara e em outros rios amazônicos com baixo valor de
condutividade não ultrapassaram o valor de 28,2 µS.cm-1 (NASCIMENTO e SILVA,
2010; PINTO et al., 2009; HORBE e OLIVEIRA, 2008; HORBE et al., 2005). Logo observa-
se a alteração deste parâmetro na área de estudo, porém o maior valor encontrado,
82,67 µS.cm-1, difere do encontrado em outras áreas antropizadas nos estudos de
Nascimento e Silva (2010) e Pinto et al. (2009), que foi de 214 a 593 µS.cm-1.
Os valores médios dos sólidos totais dissolvidos (STD) oscilaram de 2,67±0,58 a
41,33±4,51 mg.L-1. Em setembro, P3 foi o único ponto em que a média do STD diferiu
significativamente (p<0,05) dos demais pontos, embora o valor encontrado em P3, 7,67
mg.L-1, esteja de acordo com o relatado na literatura para águas pretas em condições
naturais (PEREIRA et al., 2013; PINHEIRO e BORGES, 2013).
Já nos demais meses é possível observar o aumento dos valores de STD em P3
e significativamente diferentes (p<0,05) de P1 e P2, cujos valores não ultrapassaram 4
mg.L-1 nas 3 (três) coletas realizadas. Sendo assim, pode-se observar estatisticamente a
1572
alteração deste parâmetro no ponto mais próximo ao abatedouro em comparação com
os demais analisados, com valores superiores aos encontrados pelos outros autores
em condições naturais. Souza Filho (2018) corrobora com esta análise, pois encontrou
valores de STD, em sua maioria,acima de 100 mg.L-1 em áreas antropizadas.
Os valores médios da turbidez oscilaram de 2,78±0,11 a 48,26±0,48FTU. Do total
de amostras, 66,66% (n=16) diferiram estatisticamente (p<0,05) dos pontos P1 e P2,
sendo os maiores valores foram registrados de P3 a P7.
Horbe et al. (2005) em pontos mais a jusante no rio Puraquequara, não encontrou
valor de turbidez maior do que 8,6 FTU em 82,35% das 17 análises realizadas. Já
Nascimento e Silva (2010) obtiveram valores de turbidez variando entre 14 a 15 FTU
no igarapé da Bolívia, em pontos localizados dentro da Reserva Florestal Adolpho
Ducke em Manaus, e entre 72 a 143 FTU em área antropizada fora da reserva florestal.
Percebe-se então uma alteração deste parâmetro a partir de P3 em função da análise
estatística utilizada e também da comparação com as outras pesquisas citadas.
Os valores médios do fósforo total oscilaram de não detectado pelo método
utilizado (N/D) a 0,48 mg.L-1. Na pesquisa feita no rio Negro não foi encontrado
valores superiores a 0,039 mg.L-1 em três pontos analisados em quatro campanhas,
representando um total de 12 amostras (PINHEIRO e BORGES, 2013).
Pereira et al. (2013) no rio Juma, em avaliação da influência de um lixão na
qualidade da água, não foram encontrados valores superiores a 0,022 mg.L-1por estes
autores. Porém não pode- se afirmar que a influência antrópica é a única capaz de
alterar este parâmetro. A influência do ambiente natural não foi descartada por Alves
et al. (2012) que citaram as características naturais como possível fator que contribuiu
para que fossem obtidos valores de fósforo total por volta de 0,23 mg.L-1.
Os valores médios do fosfato oscilaram de não detectado pelo método utilizado
(N/D) a 1,48 mg.L-1. Horbe e Oliveira (2008) analisaram 17 pontos em rios de águas
negras no estado do Amazonas e obtiveram valores de fosfato variando de 0,001 a
0,006 mg.L-1. O maior valor encontrado, 0,006 mg.L-1,é aproximadamente 246% menor
do que o maior valor encontrado nesta pesquisa. Mesmo assim, observa-se que nos
pontos P1, P2 e P7, no total de 5 amostras (23,8%), não foi detectado pelo método
utilizado a presença do fosfato (N/D). Isto reforça que a presença do fosfato na água é
supostamente proveniente da influência do ambiente ao redor do corpo hídrico.
Os valores médios do nitrogênio total oscilaram de não detectado pelo método
utilizado (N/D) a 10 mg.L-1. Alves et al. (2012) encontraram valores que oscilaram
entre 2,01 e 6,36 mg.L-1 em estudos no rio Arari, Pará, e Siqueira et al. (2012) obtiveram
valores que não chegaram a 0,4 mg.L-1 no rio Parauapeba. Comparando estes dois
estudos observa-se que cada corpo hídrico possui suas características intrínsecas,
dependendo dos fatores ambientais que possam alterar o valor do parâmetro.
Do total de 21 amostras, 16 (76,19%) não ultrapassaram o valor de 1 mg.L-
1
. O restante, 5 amostras (23,81%), se concentraram a partir de P3 até P7 no mês de
novembro, mês de início do período das chuvas na região (SILVA et al., 2008). Logo
esses valores obtidos de P3 a P7 refletem a entrada do nitrogênio no corpor hídrico,
pois P1 e P2, como nos demais meses, não ultrapassaram o valor de 1 mg.L-1.
Silva et al. (2008) obtiveram correlação sigfinicativamente positiva entre a
precipitação e a temperatura, condutividade, oxigênio dissolvido, sólidos suspensos
totais e pH em seus estudos no rio Purus e também relatam o uso do solo como fatores
que determinam a concentração de substâncias dissolvidas que alteram os parâmetros
físico- químicos. Este estudo corrobora para a explicação da alteração dos parâmetros
no mês de novembro na área de estudo.
O oxigênio dissolvido e o pH estavam de acordo com a resolução CONAMA
357/05 (Tabela 3) somente em 9,5% e 19% do total de amostras, respectivamente. Silva
et al. (2013) em estudos no rio Amazonas, rio Negro e tributários, entre outubro de
1573
2008 a novembro de 2011, obtiveram valores de oxigênio dissolvido variando de 1,85 a
8,94 mg.L-1 em condições naturais. Isto pode explicar em parte o porquê que a maioria
dos pontos encontram-se fora do limite da resolução.
O mesmo raciocínio aplica-se para o pH, pois o rio Puraquequara, em condições
naturais, é um rio de águas ácidas, com pH <6,0 (HORBE et al., 2005). Silva et al. (2008)
também relataram o mesmo fato em seus estudos no rio Purus, localizado na Bacia
Amazônica. Sendo assim, as características naturias dos rios amazônicos apresentam
valores que diferenciam do que está na resolução, o que não representa alteração na
qualidade da água desses corpos hídricos.
Tabela 3. Valores limites da Resolução CONAMA 357/05 para águas doces de classe 1
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
1574
4 REFERENCIAS
FRITZSONS, E.; MANTOVANI, L. E.; WREGE, M. S.Os biomas e os climas das capitais
do Brasil. Revista Brasileira de Geografia Física, v. 10, n. 4,p. 1152- 1160, 2017.
Lei n° 9.433 dde 8 de Janeiro de 1997. Institui a Política Nacional de Recursos Hídricos,
cria o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos, regulamenta o inciso
XIX do art. 21 da Constituição Federal, e altera o art. 1º da Lei nº 8.001, de 13 de março
de 1990, que modificou a Lei nº 7.990, de 28 de dezembro de 1989.
SARDINHA, D. S.; CONCEIÇÃO, F. T.; SOUZA, A. D G.; SILVEIRA, A.; JULIO , M.;
GONÇALVES, J. C. S. I. Avaliação da qualidade da água e autodepuração do ribeirão
do meio, leme (SP). Engenharia sanitária e ambiental, v. 13, n. 3,p. 329- 338, 2008.
1 INTRODUÇÃO
2 DESENVOLVIMENTO
Fonte:http://g1.globo.com/am/amazonas/jam/videos/v/
amazonas-ganha-comite-de-bacia-hidrografica/3554218/
1578
Na margem oposta à vila do Puraquequara encontra-se uma das áreas de
instrução do Centro de Instruções de Guerra na Selva (CIGS), cedida pelo Governo
do Amazonas à União e respaldada através da Lei nº 939 de 8 de julho de 1970. Suas
confrontações e limites estão devidamente definidos (VARGAS & FRAXE, 2014).
Algumas comunidades como Jatuarana, São Francisco do Mainã e Santa Luzia do
Tiririca residem na região há pelo menos 50 anos.
Foram realizadas seis coletas, sendo três entre os meses de setembro a novembro
(compreendendo o período de vazante) e três entre fevereiro e julho (compreendendo o
período de cheia na região). Conforme a Tabela 1, foram feitas amostragens em quatro
pontos: dois na margem direita (área com influência antrópica) e dois na margem
esquerda (área preservada), considerando o curso do rio. As análises foram realizadas
no período diurno, entre 8 h e 30 min a 11 h e 30 min.
O acesso aos pontos de coleta se deu por meio de uma embarcação a motor,
com saída pela Vila do Puraquequara. Para precisar as referências das coordenadas
geográficas, foi utilizado o equipamento Garmin eTrex Vista H – GPS. As etapas de
coletas estão explícitas no Quadro 1.
1579
Os parâmetros físico-químicos analisados foram: oxigênio dissolvido (OD –
mg/L), temperatura da água (ºC), pH (N/A), sólidos totais dissolvidos (STD – mg/L),
condutividade elétrica (μS/cm) – mensurados in situ por meio da utilização de sonda
multiparamétrica (Figura 2A) – e turbidez (NTU), obtido através do turbidímetro
(Figura 2B).
1580
Tabela 2: Dados compilados para os parâmetros temperatura e sólidos totais dissolvidos.
1581
Souza et al. (2018), ao analisarem uma amostra de água coletada no mês de junho
no igarapé do Parque Municipal do Mindu, em Manaus-AM, observaram níveis como
4,25 mg/L O2. Avaliaram que os impactos apresentaram característica como presença
de resíduos sólidos e dissolvidos lançados no meio. Segundo os autores, a concentração
inferior de oxigênio dissolvido (<5,0 mg/L) está diretamente associado a entrada de
matéria orgânica no igarapé (SOUZA et al., 2018). A partir da 4ª coleta, nota-se um
declínio no nível de oxigênio molecular dissolvido. Para classificar um ambiente em
hipóxia – condição na qual o teor de oxigênio se encontra muito abaixo dos níveis de
saturação do ar – os níveis de O2 devem estar abaixo de 2 mg.L-1 (BALDISSEROTTO,
2002). Neste caso, configurou-se como um ambiente em hipóxia o ponto 2 para o mês
e abril e pontos 1 e 2 para o mês de julho, mesmo após a desativação do abatedouro
bovino.
A turbidez é determinada pelo grau de interferência à passagem da luz através
do líquido. Em regiões com solos erosivos, os níveis de turbidez são particularmente
elevados, onde a precipitação pluviométrica pode carrear partículas de argila, silte,
areia, fragmentos de rocha e óxidos metálicos do solo (BRASIL, 2014). Segundo
Medeiros et al. (2011) a concentração de susbstâncias em suspensão de um rio reflete
condições naturais da bacia hidrográfica, como: a geologia, geomorfologia, pedologia,
cobertura vegetal natural, uso do solo, fatores climáticos, dentre outros. Entretanto,
pressões antrópicas têm cada mais influênciado este parâmetro chegando ao ponto
que os sistemas de drenagem não podem ser mais definidos somente pelas relações
climáticas e morfológicas naturais.
Em concordância com a Figura 4, os pontos 1, 3 e 4 reportaram nível próximos
ou abaixo de 5 NTU nos meses de setembro, abril e julho. Souza Filho et al. (2018)
obtiveram resultados semelhantes para os pontos do abatedouro e estaleiro – 5,5 NTU
e 6,1 NTU. Notou-se um pico deste parâmetro no ponto 2, mês de novembro, atingindo
44,3 NTU. Em seu estudo, Nascimento e Silva (2010) constataram um crescimento nos
valores deste parâmetro para os pontos estudados fora da Reserva Florestal Adolpho
Ducke, que recebem influência antrópica direta.
1582
Por se tratar de substâncias em suspensão, qualquer precipitação horas antes da
análise pode ter implicado no efetivo valor deste parâmetro para o rio Puraquequara.
Nogueira et al. (2012) também obtiveram concentrações de substâncias em suspensão
elevadas devido a influência de chuva que ocorreu nos dias das coletas e nos dias
anteriores a elas. Da mesma forma, encontraram teores reduzidos em coletas feitas
em período menos chuvoso. Desta forma, pode-se avaliar que os valores obtidos
neste estudo para este parâmetro não superam o máximo permitido pela resolução
CONAMA 357/2005 – 40 NTU para rios de água doce de classe I.
A condutividade elétrica da água reflete sua capacidade de conduzir a corrente
elétrica conforme a presença de substâncias dissolvidas, que se dissociam em ânions e
cátions. Comumente, águas naturais apresentam teores de condutividade entre 10 a 100
μS/cm, enquanto que em ambientes poluídos por esgotos domésticos ou industriais
os valores podem chegar a 1.000 (mil) μS/cm (BRASIL, 2014). Horbe e Oliveira (2008)
caracterizam as águas do rio Negro como levemente ácidas e de baixa condutividade
elétrica, o que reflete a pobreza em elementos alcalinos e alcalino-terrosos e nutrientes.
A carga iônica das nossas amostras manteve-se entre 6,0 e 10 μS/cm ao longo das três
coletas para os pontos 1, 3 e 4 (Figura 5).
1584
características ácidas e básicas: 3,89 (rio Tea) a 6,99 (rio Solimões) de pH. É certo
que águas escuras apresentam características ácidas, sendo inviável enquadrá-la no
intervalo permitido pela Resolução CONAMA 357/2005, baseado em rios que não
apresentam tal característica.
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
4 REFERENCIAS
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Souza, D.N.S.; Silva, F.K.R.; Nascimento, R.J.; Guedes, A.E.D.S. Análise da qualidade
das águas do igarapé do Parque do Mindu da cidade de Manaus com base nas condições
físico-quimicas. Revista Científica Semana Acadêmica, Edição 142, 2018. v.1.
Souza Filho, E.A.S; Neves, R.K.R.; Batista, I.H.; Mendonça, S.B.S.; Albuquerque, C.A.
Estudo preliminar da qualidade da água da bacia hidrográfica do Puraquequara-AM
na área de confluência de usuários de Recursos Hídricos. 6º Congresso Internacional
de Tecnologias para o Meio Ambiente. Bento Gonçalves – RS. 2018.
Tucci, C.E.M. (org.). Hidrologia: Ciência e Aplicação. 2ª ed. Porto Alegre – RS. Editora
UFRGS: ABRH. 2001.
1587
USO DE PROTOCOLO DE AVALIAÇÃO RÁPIDA (PAR) COM BASE NA
VEGETAÇÃO CILIAR COMO INDICADORA DA QUALIDADE DA ÁGUA, NA
BACIA DO RIO PURAQUEQUARA NA CIDADE DE MANAUS-AM
1 INTRODUÇÃO
1
Universidade do Estado do Amazonas
1588
A avaliação qualidade da água da bacia do Puraquequara, usando a análise
vegetação, dá-se por meio do método denominado de Protocolo de Avaliação Rápida
de rios (PAR) que tem como característica sua rapidez para se obter os dados. O PAR
é um método que consiste em perguntas sobre a vegetação de um determinado local
que vem ser respondidas baseadas em visualizações a olho nu. Os dados obtidos são
de nível qualitativo da qualidade da água (BERSOT et al., 2015, p.278).
A questão das invasões as margens do rio é o maior desses problemas devido
ao nível de urbanização que é levado até a área, tornando-a propícia a altos níveis de
degradação.
O dejeto de resíduos sólidos no rio tem consequências em aspectos como
destruição da vegetação na borda d’água, dos habitats para a os animais do rio. A
análise da qualidade de água da bacia do rio Puraquequara é capaz de mostrar se
esta água é viável e como está sua condição em questões físico-química para possíveis
criações de soluções que evitem a maior degradação e formas de melhoria da qualidade
da água.
Assim o projeto visou avaliar a qualidade da água da bacia do Puraquequara
com base na análise da vegetação ciliar pelo Protocolo de Avaliação Rápida do rio
(PAR).
2 DESENVOLVIMENTO
Para elaboração da pesquisa foram delimitados quatro pontos (Figura 1), sendo
duas áreas de vegetação ripária com influência antrópica e outras duas sem influência
antrópica (controle).
1589
Figura 1: Distribuição dos 4 pontos de aplicação do PAR ao longo da bacia do
Puraquequara.
1590
CALLISTO et al., 2002
OLIVEIRA, 2019
OLIVEIRA, 2019
1592
O terceiro ponto (Figura 5) localizava-se próximo a uma área de estaleiro. Pela
influência antrópica houve alterações no ambiente, pois a presença de mata ciliar é
baixa, não havia presença de mata primária, prevalência de mata secundária, óleo
presente na água durante alguns meses da aplicação do PAR devido às atividades
realizadas no local, construção e reparo de embarcações. Por isso, o estado da qualidade
da água deste local foi classificado como Impactado nos meses da pesquisa.
OLIVEIRA, 2019
O quarto ponto (Figura 6), assim como o primeiro, mostrou-se bem conservado
com forte presença de mata ciliar e longe de influencia antrópica, por isso foi classificado
como Natural durante todos os meses de aplicação.
OLIVEIRA, 2019
OLIVEIRA, 2019
OLIVEIRA, 2019
OLIVEIRA, 2019
1594
Tabela 4: Nível de perturbação dos pontos de coleta pelos quatro observadores
(Fevereiro)
OLIVEIRA, 2019
Tabela 5: Nível de perturbação dos pontos de coleta pelos quatro observadores (Abril)
OLIVEIRA, 2019
Tabela 6: Nível de perturbação dos pontos de coleta pelos quatro observadores (Julho)
OLIVEIRA, 2019
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
4 REFERENCIAS
1596
TUNDISI, J.G; TUNDISI, T.M. Impactos potenciais das alterações do código florestal
nos recursos hídricos. Biota Neotrop, v.10, n. 4, p. 67-76, 2010.
1597
A CONTAMINAÇÃO DE ASCARIS LOMBRICOIDES TRANSMITIDAS PELA
ÁGUA NAS ILHAS PACIÊNCIA, MURATU E JACURUTU NO MUNICÍPIO DE
IRANDUBA – AM
1. INTRODUÇÃO
A bacia do Rio Solimões é uma macro bacia de grande extensão totalizando 1700
km desde seu nascimento no Peru até a cidade de Manaus no estado do Amazonas
onde se encontra com o Rio Negro e recebe o nome de Rio Amazonas, é observado
que esse rio tem grande poder de recebimento de resíduos sólidos, porem não se vê
a poluição desse rio na área próxima a Iranduba, mais precisamente na área das três
ilhas, Paciência, Muratu e Jacurutu; entretanto existem inúmeros problemas em relação
a utilização dos recursos hídricos, um deles e a não conscientização (falta de educação
ambiental) dos mesmos em ferver, filtrar ou ao menos clorar a água antes de consumir,
bebendo diretamente dos rios a água natural, fazendo com que o grande parte dos
habitantes daquelas ilhas sofram por verminoses.
Foi realizado um curso de educação ambiental, tendo como instrutores agentes
do governo municipal juntamente com a secretária de meio ambiente do município;
o curso tinha como objetivo a conscientização dos habitantes das três ilhas. Durante
o curso as secretarias de saúde, meio ambiente, Agência de Defesa Agropecuária e
Florestal do Estado do Amazonas (ADAF) e órgãos parceiros fizeram um levantamento
de pessoas com doenças de verminoses por ingerirem a água sem um prévio tratamento
básico.
Aponta-se que este trabalho tem o objetivo apresentar o número de pessoas
que estavam contaminadas com Ascaris lombricoides transmitidas pela água nas ilhas
Paciência, Muratu e Jacurutu no ano de 2018, assim como as ações tomadas por parte
de órgãos governamentais para resolver esse problema.
2. RESULTADOS E DISCUSSÕES
2.1 Metodologia
No trecho entre Manaus e Manacapuru, com cerca de 100 km de extensão, o Rio Solimões
apresenta um padrão de multicanais (estilo fluvial anabranching) com ilhas formadas
pela divisão do fluxo hídrico. Neste trecho o rio apresenta cerca de 3 a 15 km de largura
e profundidade de até 52. O alargamento do canal coincide com as mudanças na
orientação do fluxo hídrico, as quais são atribuídas a um controle estrutural por zonas de
cisalhamento com atitude NW-SE, associados a rombo-grabens e rombo-horstes (Igreja et
al., 1990). No trecho analisado do Rio Solimões, no sentido W - E, foram observadas três
curvas principais que caracterizam o canal do rio. As curvaturas dos rios são marcadas por
lineamentos estruturais regionais que modificam o fluxo hídrico. Em Manacapuru, o fluxo
1599
hídrico muda de N20°E para E, o rio sofre alargamento induzindo o desenvolvimento de
depósitos acrecionários nas ilhas e barras marginais. Em Iranduba, a mudança na direção
do canal de E para S50ºE gera o alargamento do rio formando as ilhas da Paciência, Marutu
e Jacurutu. Atualmente, o coalescência destas ilhas por depósitos sedimentares levaram a
formação de uma única ilha de forma sigmoidal com cerca de 6 km de largura e 17 km de
comprimento, contendo lagos e canais internos, onde predominam os processos de erosão
na porção norte e deposição na porção sul. No segmento entre Iranduba e Manaus, o canal
do rio muda de direção, de E para N70°E, sofre alargamento que propiciou a formação da
Ilha da Marchantaria. Na parte sul desta ilha predominam os processos de deposição, com
a formação de barras acrecionárias. (PASSOS, SOARES e SALAZAR, 2013, p. 3629).
1600
Ilha Jacurutu está a 14,5 km da sede de Iranduba, a sudoeste de Ilha J. Venancio,
a noroeste de Salgada e a leste da Ilha Muratu. Sua economia gira em torno da
agropecuária e possui uma altitude de 14 metros.
Uma das principais doenças parasitárias de veiculação hídrica que mais aflige
os moradores da área de estudo são as lombrigas, ou no nome científico, Ascaris
lombricoides.
1601
parasita de su- ínos, cerca de um milhão por dia. Existe controvérsia se a ascaridíase é uma
zoonose ou não. Entretanto, trabalhos mencionam que pode haver infecções cruzadas,
isto é, a espécie do suíno pode infectar humanos e vice-versa, com duração normal do
parasitismo. O A. lumbricoides é encontrado em quase todos os países do mundo e ocorre
com frequência variada em virtude das condições climáticas, ambientais e, principalmente,
do grau de desenvolvimento socioeconômico da população. Os dados de prevalência são
muito antigos, pontuais e todos com base em estimativas. Stoll(1947) baseando-se em
dados obtidos através da literatura estimou em 644 milhões o nú- mero de indivíduos
parasitados por A. lumbricoides em todo o mundo. Dados de 1984 da Organização Mundial
de Saúde relataram que 1 bilhão de pessoas apresentavam-se infectadas. Chan e cols., em
1994 estimaram em 1,s bilhão o número de pessoas que albergavam o parasito. No Brasil,
utilizando os resultados do inquérito helmintológico realizado por Pellon & Teixeira
em 1950, Pessoa (1967) calculou a prevalência da ascaridíase em 7 1,4%. Vinha (1 97 l),
analisando os dados fornecidos pelo antigo Departamento de Nacional de Endemias
Rurais, estimou a prevalência para população brasileira em 60%. Atualmente, apesar das
campanhas realizadas nas escolas, sabe-se que os níveis de parasitismo. (NEVES, 2016, p.
253).
Na área de estudo observamos que 90% das pessoas que se encontram nas ilhas
Paciência, Jacurutu e Muratu estão contaminadas, e que esse tipo de parasita tem sua
veiculação de forma hídrica, e como as mesmas não tem um sistema de saneamento
básico, doenças de veiculação hídrica como verminoses são facilmente distribuídas.
A Transmissão ocorre através da ingestão de água ou alimentos conta- i minados com ovos
contendo a L,. A literatura registra grande número de artigos que avaliam a contaminação
das águas de córregos que são utilizadas para irrigação de hortas levando a contaminação
de verduras com ovos viáveis. Poeira, aves e insetos (moscas e baratas) são capazes de
veicular mecanicamente ovos de A. lumbricoides. Pesquisas revelaram que além destes
mecanismos a transmissão pode ocorrer pela contaminação do depósito subungueal com
ovos viáveis, principalmente em crianças, verificando-se níveis de contaminação que
variavam de 20 a 52%. (NEVES, 2016, p. 255).
1602
Gráfico de pessoas com contaminação por Ascaris lombricoides que moram nas três Ilhas.
1603
Filtro de água de barro foi uma das formas indicadas para se melhorar a
qualidade da água para ser consumida pela população das três ilhas, porém a técnica
não foi bem aceita por ser pesado e caro de acordo com os moradores da ilha.
A segunda sugestão foi fervura da água antes de beber, essa sugestão mais aceita
pelos moradores das comunidades das três ilhas, pois além de ser mais econômico é
uma opção que todos podem fazer já que os moradores possuem panelas e gás para
fazer, tornando o método mais prático.
1604
Fig. 9 – Hipoclorito entregue pela SEMSAI.
A água para consumo humano deve ser filtrada (com filtro doméstico, coador de papel
ou pano limpo), e, posteriormente, fervida. A fervura da água elimina bactérias, vírus e
parasitas; por isso, é o método preferencial para tratamento da água de consumo humano.
Caso não seja possível ferver, obter água de uma fonte que não tenha sido contaminada
por esgoto e realizar a filtração (com filtro doméstico, coador de papel ou pano limpo) e
posterior tratamento com hipoclorito de sódio (2,5%). (SUS, 2002).
A água sanitária também foi abordada como uma das formas de purificar a
água para evitar doenças parasitárias, entretanto não é própria para consumo humano,
mesmo possuindo a mesma composição química do hipoclorito (NaClO); por ser mais
concentrada se torna impróprio para consumo humano.
1605
A última sugestão apresentada no curso e essa a mais trabalhosa para se realizar,
porém com maior benefício tanto para o ambiente como para os agropecuarista e
agricultores foi à construção de fossas anti sépticas em substituição das fossas negras
encontradas nas ilhas.
3. CONSIDERAÇÕES FINAIS
1606
4. REFERÊNCIAS
NEVES, David Pereira. PARASITOLOGIA HUMANA. 13. ed. São Paulo: Atheneu,
2016.
1607
QUALIDADE DA ÁGUA SUBTERRÂNEA EM COMUNIDADES TRADICIONAIS:
ESTUDO DE CASO EM ROLIM DE MOURA DO GUAPORÉ, RONDÔNIA,
BRASIL
1 INTRODUÇÃO
2 MATERIAL E MÉTODOS
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
1610
Tabela 1 - Resultados das análises microbiológicas, sólidos totais dissolvidos e
condutividade elétrica nas amostras de água subterrânea, e os valores preconizados
pelas legislações.
1612
Figura 2 - Valores de pH obtidos nas amostras de água subterrânea e limite estabelecido
pela legislação.
Figura 3 - Valores de turbidez (uT) obtidos nas amostras de água subterrânea e limite
estabelecido pela legislação.
1613
Nas águas o fósforo pode estar presente devido a dissolução do solo e rochas,
decomposição da matéria orgânica, despejos domésticos, industriais, excrementos
de animais, fertilizantes e pesticidas (SPERLING, 2014). É o principal fator limitante
de sua produtividade, sendo o responsável pela eutrofização artificial (TUNDISI e
TUNDISI, 2008). Os resultados das concentrações de fósforo encontram-se na Tabela 2.
1614
vigentes. A Portaria n°5/2017 estabelece uma valor máximo de 1,5 mg.L-1 para a
amônia. E para o nitrito tanto a Portaria quanto a Resolução CONAMA estabelece
valor de 1 mg.L-1.
Os valores mínimo e máximo encontrados para nitrogênio na forma de nitrato
(Tabela 2) foram de 0,20 mg.L-1 (P6) a 5,98 mg.L-1 (P4), e média geral de 2,55 mg.L-1, a
Portaria n°5/2017 do MS e a CONAMA 396/2008 estabelece valor máximo permitido
de 10 mg.L-1, portanto todos os poços encontram-se dentro do limite estabelecido.
Nunes et al. (2012) encontraram valores de nitrito entre 0,020 a 0,081 mg.L-1,
Silva et al. (2009) também analisaram amônia, nitrito e fósforo todos assim como no
presente estudo abaixo do valor estabelecido.
Com relação às concentrações de nitrato, Oliveira et al. (2015) na cidade de
Vilhena, encontraram contaminação em poços tubulares e poços amazonas com valor
máximo de 13,88 mg.L-1. Nunes et al. (2012) em Ji-Paraná encontraram valor máximo
de 26,2 mg.L-1, e destacam a influência da horta na contaminação da água visto que
poços próximos a horta apresentarem maiores concentrações.
Lauthartte et al. (2016) encontraram valores de nitrato de 142,6 mg.L-1 em Jaci-
Paraná, já na cidade de Ji-Paraná, Silva et al. (2009) encontraram níveis de nitrato
em poços amazonas superiores a 200 mgL-1, segundo os autores a possível causa
da contaminação assim como no estudo de Oliveira et al. (2015) está associada a
decomposição bacteriológica devido à utilização de fossas.
Apesar de na presente pesquisa os valores estarem dentro do limite estabelecido
pela legislação, a presença de nitrato na água utilizada no consumo humano é
preocupante devido a sua associação a doenças como o câncer e, segundo autores
(BIGUELINI e GUMY, 2012; CORTECCI, 2007), valores acima de 3 mg.L-1 já servem de
alerta de inicio de contaminação.
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
4 AGRADECIMENTOS
APHA, AWWA, WEF. Standard methods for the examination of water and
wastewater. Edition 19a. Washington, 1995.
FRANCO, A.O.; ARCOS, F.O.; PEREIRA, J.S. Uso do solo e a qualidade da água
subterrânea: estudo de caso do aquífero Rio Branco, Acre, Brasil. Águas Subterrâneas,
Seção Estudos de Caso e Notas Técnicas, 2018. DOI: https://doi.org/10.14295/ras.
v32i3.29178.
GROTT, S.L., FAÇANHA, E.B. ; FURTADO, R.N. ; CUNHA, H.F.A.; CUNHA, A.C.
Variação espaço-sazonal de parâmetros da qualidade da água subterrânea usada
em consumo humano em Macapá, Amapá, Brasil. Revista Engenharia Sanitária e
Ambiental, v. 23, n.4, p. 645-654, 2018. DOI: 10.1590/S1413-41522018162018.
LAUTHARTTE, L.C.; HOLANDA, I.B.B.; LUZ, C.C.; MUSSY, M.H.; PANSINI, S.;
MANZATTO, A.G.; YAMASHITA, M.; BASTOS, W.R. Avaliação da qualidade da
1616
água subterrânea para consumo humano: estudo de caso no Distrito de Jaci-Paraná,
Porto Velho– RO. Revista de Águas Subterrâneas, v. 30, n. 2, p. 246-260, 2016. DOI:
https://doi.org/10.14295/ras.v30i2.28547.
LI, D.; LIU, S. Water Quality Monitoring and Management. Academic Press, 2019.
DOI: https://doi.org/10.1016/C2016-0-00573-9.
SILVA, A.C.; DOURADO, J.C.; KRUSCHE, A.V.; GOMES, B.M. Impacto físico-químico
da deposição de esgotos em fossas sobre as águas de aquífero freático em Ji-Paraná –
RO. Revista de Estudos Ambientais, v. 11, n.2, p. 101-112, 2009.
TORTORA, G.J.; CASE, C.L.; FUNKE, B.R. Microbiologia, 10ª Ed., Artmed Editora,
2012.
TUNDISI, J.G. e TUNDISI, T.M. Limnologia. São Paulo: Oficina de Textos, 2008.
VARNIER, C.; IRITANI, M.A.; VIOTTI, M.; ODA, G.H.; FERREIRA, L.M.R. Nitrato nas
águas subterrâneas do sistema aquífero Bauru, área urbana do município de Marília
(SP). Revista do Instituto Geológico, São Paulo. v.31, n°1/2, p.1-21, 2010. DOI: http://
dx.doi.org/10.5935/0100-929X.20100001.
1617
CARACTERIZAÇÃO DA QUALIDADE DA ÁGUA SUBTERRÂNEA CONSUMIDA
NA VILA AMAZÔNIA, MUNICÍPIO DE PARINTINS/AM
1 INTRODUÇÃO
3 RESULTADOS E DISCUSSÕES
1620
Quadro 2: Resultado das análises físico-químicos
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
1622
5 AGRADECIMENTOS
4 REFERÊNCIAS
BRASIL. Lei Federal nº. 9.433, de 08 de janeiro de 1997. Institui a Política Nacional de
Recursos Hídricos, cria o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos,
1997.
MMA. Ministério do Meio Ambiente do Brasil. Avaliação das águas do Brasil. Brasília:
MMA, 2002.
1623
PERSPECTIVA DO PLANO ESTADUAL DE RECURSOS HÍDRICOS DO ESTADO
DE RONDÔNIA EM RELAÇÃO AO SANEAMENTO BÁSICO
1 INTRODUÇÃO
O desenvolvimento das cidades traz como consequência uma maior demanda por
recursos naturais e espaço físico, que podem originar o desequilíbrio nos ecossistemas,
dependendo do grau de interferência humana que o meio sofre a intensidade dessa
desestabilização pode variar (ALMEIDA et al., 2010).
A água é um recurso utilizado para diversos fins, entre eles o consumo humano
para alimentação, higiene pessoal e domiciliar; além de atividades produtivas como
irrigação, transporte, lazer entre outros. Para que seja utilizada, devemos recebê-la com
níveis de qualidade satisfatórios para o uso específico. Após seu uso, a água deve ser
escoada e tratada para que o meio ambiente ao qual receberá o efluente não apresente
alterações prejudiciais em sua composição (SOUZA; SILVA JÚNIOR, 2004).
Um dos efeitos da ação antrópica nos recursos hídricos está relacionado ao uso da
água e seu lançamento sem tratamento nos rios, desenvolve uma situação de poluição
por meio principalmente dos efluentes sanitários, que podem inviabilizar a utilização
do recurso nos canais fluviais nos centros urbanos. Além disso, a urbanização amplia
as áreas impermeáveis e canaliza os igarapé e rios, gerando picos de cheia (TUCCI,
1997).
Tal questão está diretamente relacionada a saneamento básico, que segundo
Guimarães e Carvalho e Silva (2007), as condições inadequadas de saneamento são
fatores importantes na ocorrência da maioria dos problemas sanitários como a diarreia,
sendo esta a uma das doenças que mais atinge a humanidade causando 30% das mortes
de crianças com menos de um ano de idade. Neste sentido, deve-se levar em conta que
a utilização de água oriunda de mananciais que não apresentam níveis aceitáveis de
qualidade da água, podem acarretar doenças à população, tornando-se um problema
de saúde pública.
1
IFRO CampusPorto Velho - Calama e PROFÁGUA – Polo Universidade Federal de Rondônia - UNIR
Campus Ji-Paraná, lidia.bruna@ifro.edu.br
2
PROFÁGUA – Polo Universidade Federal de Rondônia - UNIR Campus Ji-Paraná, karinelunaeng@
outlook.com,
3
Departamento de Engenharia Ambiental da Universidade Federal de Rondônia – UNIR Campus Ji-
Paraná e PROFÁGUA – Polo UNIR Campus Ji-Paraná, mayksales@outlook.com,
4
PROFÁGUA – Polo Universidade Federal de Rondônia - UNIR Campus Ji-Paraná, tathyleal.10@gmail.
com,
5
Departamento de Ciências Sociais e Ambientais - UNIR Campus de Guajará-Mirim e PROFÁGUA –
Polo UNIR Campus Ji-Paraná, ronaldoalmeida@unir.br.
1624
O saneamento básico tem uma grande vinculação com a gestão hídrica, pois há
uma ligação direta nas intervenções voltadas ao controle da poluição hídrica difusa,
com relação a saúde pública, caso dos serviços públicos de abastecimento de água e
de esgotamento sanitário. Um dos principais riscos à saúde pública está inteiramente
ligado com a contaminação das águas naturais, pois já é amplamente conhecida a
estreita relação entre a qualidade de água e as inúmeras enfermidades que atingem as
populações, especialmente aquelas com ausência de serviços de saneamento (LIBÂNIO
et. al., 2005).
A gestão das águas teve sua ascensão com a Lei 9.433/1997, em que estabelece
os instrumentos de gestão de recursos hídricos, esses são ferramentas que possibilitam
o alcance das metas em garantir a disponibilidade de água, tanto em quantidade,
mas principalmente nos padrões de qualidade adequados aos múltiplos usos. Neste
sentido, a Lei 9.433/1997 determina a elaboração dos Planos de Recursos Hídricos
(PHR) compreendido como um instrumento de planejamento e gestão da Política
Nacional de Recursos Hídricos (BRASIL, 1997). Os PRHs exercem a função de orientar
a respeito do uso, recuperação, proteção, conservação e desenvolvimento dos recursos
hídricos, porém devem ser elaborados em três escalas diferentes: nacional, estadual e
de bacia hidrográfica (ANA, 2013).
Neste sentido, a função do Plano Estadual de Recursos Hídricos (PERH), de
modo geral, constitui-se em um instrumento de planejamento que orienta a sociedade
e os gestores (ANA, 2013). Segundo a ANA (2013) o plano também “funciona como
peça de compatibilização, articulação e de estruturação dos demais instrumentos de
gestão, previstos no Sistema Estadual de Gerenciamento de Recursos Hídricos”. Nesse
sentido o PERH deve apresentar um alinhamento entre a Lei das Águas e a Política de
Saneamento.
De acordo com a Lei nº. 11.445/2007 que estabelece a Política Nacional de
Saneamento (PNSB) , o saneamento básico é o conjunto de serviços, infraestruturas
e instalações operacionais de abastecimento de água potável, esgotamento sanitário,
limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos, drenagem e manejo das águas pluviais
urbanas, sendo estes os principais sistemas de infraestrutura no ambiente urbano, que
tem como objetivo a qualidade de vida da população e o meio ambiente (BRASIL,
2007).
O principal instrumento de planejamento para a prestação dos serviços
públicos de saneamento básico, é considerado pela PNSB como os Planos Municipais
de Saneamento Básico (PMSB), os quais devem ser elaborados pelos municípios, em
consonância com os planos de bacia hidrográfica (BRASIL, 2007).
Considerando que a meta do Plano Nacional de Saneamento Básico (PLANSAB)
para o ano 2018 era de alcançar 32% dos municípios com seus respectivos PMSB
elaborados, um levantamento dos dados do Ministério das Cidades (2017), revelou
que de todos os municípios brasileiros, 30% declararam possuir o PMSB em outubro
de 2016 e 38% declararam que estão em fase de elaboração.
Esta ausência tem repercutido em graves problemas de saúde pública e de
poluição do meio ambiente, principalmente nas regiões com vulnerabilidade social
(PHILIPPI Jr; GALVÃO Jr, 2012). Devido às considerações anteriormente levantadas,
sobre a importância do saneamento básico para a gestão dos recursos hídricos, o
presente estudo tem como objetivo identificar as lacunas do Plano Estadual de Recursos
Hídricos de Rondônia (PERH/RO) em relação ao esgotamento sanitário.
2. MATERIAL E MÉTODOS
3. RESULTADOS E DISCUSSÕES
1626
no esgotamento sanitário. O assunto torna-se urgente em virtude da sua carência no
Estado, já que nessa conjuntura se caracteriza com um grande potencial de poluição
para o sistema hídrico.
1627
Na estimativa da poluição por efluente doméstico calculou-se a carga diária total
de DBO produzida em cada município de Rondônia, a partir do número de habitantes
(Figura 1). No diagnóstico da qualidade da água superficial, pode-se observar que
Porto Velho possui a maior carga de DBO gerada, de aproximadamente 14 t DBO/dia.
1628
Somando a isso, segundo o SNIS os municípios atendidos pela rede de coleta de
esgoto sanitário até o ano de 2016 são apresentados na Tabela 2 a seguir:
A Tabela 2 evidencia a ausência de um sistema de saneamento para as principais
cidades de Rondônia, como pode ser percebido para a cidade de Porto Velho,
capital do Estado, população estimada em 519.531 habitantes, porém apenas 17.560
habitantes são atendidos com saneamento básico. Esse fato dificulta ou inviabiliza
o gerenciamento eficaz dos recursos hídricos no Estado, ainda mais um estado com
grande disponibilidade hídrica, torna-se complexo o seu administração.
Tais informações não são amplamente apresentadas no plano, dificultando
as análises de real interesse para a discussão do tema. Uma vez que, o PERH cita a
ampliação da rede conforme SEDAM (2018, p. 388): “O Plano Estratégico 2016-2020
- Rondônia de Oportunidades definiu como meta atender 70% dos domicílios de
Porto Velho com saneamento básico (água e esgoto) e parte dos recursos deverá vir
do Programa Integrado de Desenvolvimento e Inclusão Socioeconômica do Estado
de Rondônia (PEDISE).” Esse plano estratégico está longe de ser atingido dentro do
prazo, pois como apresentado na Tabela 2 os índices de atendimento são muito baixos.
Sendo assim, há impactos ocasionados pela ausência de rede coletora, ela pode
apresentar poluição difusa, assim como somente a coleta sem tratamento pode ser
uma fonte de poluição pontual, com potencial efeito nocivo as águas subterrâneas e
superficiais (HELLER; NASCIMENTO, 2005; SOUZA et al., 2014).
O Plano prevê na Ação 4.1.1 o apoio aos municípios na implantação e ampliação
dos sistemas de saneamento básico de responsabilidade dos órgãos gestores locais,
em consonância com o Art. 31. da PNRH que estabelece que “os Poderes Executivos
do Distrito Federal e dos municípios promoverão a integração das políticas locais de
saneamento básico, de uso, ocupação e conservação do solo e de meio ambiente com
1629
as políticas federal e estaduais de recursos hídricos”. Logo, o Plano Estadual fortalece
essa integração entre o saneamento e as políticas estaduais de recursos hídricos.
Santos (2007), ressalta que a gestão das águas representa um movimento
inicial para formulação de políticas que atendam à qualidade de vida. No entanto,
o autor afirma que as instituições públicas vinculadas aos recursos hídricos têm
implementado suas ações de forma desarticuladas, sem qualquer interface com
as políticas de abastecimento de água e gestão de efluentes urbanos. O que indica
a imprescindibilidade da gestão pública das águas ultrapassar a barreira da atuação
fragmentada das políticas vinculadas à qualidade da água.
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
5. AGRADECIMENTOS
6. REFERÊNCIAS
1630
BRASIL. Lei nº 11.445 de 05 de janeiro 2007. Estabelece diretrizes nacionais para o
saneamento básico; altera as Leis nos 6.766, de 19 de dezembro de 1979, 8.036, de 11 de
maio de 1990, 8.666, de 21 de junho de 1993, 8.987, de 13 de fevereiro de 1995; revoga a
Lei no 6.528, de 11 de maio de 1978; e dá outras providências. Disponível em: http://
www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2007/Lei/L11445.htm. Acesso em:
16 jul. 2019.
BRASIL. Lei nº 9.795 de 27 de abril de 1999. Dispõe sobre a educação ambiental, institui
a Política Nacional de Educação Ambiental e dá outras providências. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9795.htm. Acesso em: 30 jul. 2019.
http://web.unifoa.edu.br/cadernos/edicao/04/cadernos_n04_online.pdf. Acesso
em: 13 agos. 2019. SECRETARIA DE ESTADO DO DESENVOLVIMENTO AMBIENTAL.
(SEDAM). Plano Estadual de Recursos Hídricos do Estado de Rondônia: Relatório
final. Rondônia, 2018. p. 579.
1631
SOUZA, J. R.; MORAES, M. E. B.; SONODA, S. L.; SANTOS, H. C. R. G. A Importância
da Qualidade da Água e os seus Múltiplos Usos: Caso Rio Almada, Sul da Bahia,
Brasil. In: REDE - Revista Eletrônica Prodema. v.8, n.1, p. 26-45, abr. 2014. Disponível
em: http://www.periodicos.ufc.br/rede/article/view/1115/1074. Acesso em: 13
agos. 2019.
1632
ASPECTOS GERAIS DA GESTÃO DOS RECURSOS HÍDRICOS E SANEAMENTO
BÁSICO NO BRASIL.
1. INTRODUÇÃO
2. DESENVOLVIMENTO
1634
2.3 Saneamento Básico no Brasil – Uma perspectiva histórica da Lei nº11.445/2007
A Organização Mundial da Saúde (OMS, 2018) aponta que cerca de 2,2 bilhões
de pessoas não tem acesso aos serviços de água potável gerenciados de forma segura,
4,2 bilhões carecem de serviços de esgotamento sanitário gerenciados de forma segura
e 3 bilhões não possuem instalações básicas para higienização das mãos. Fatores agra-
1635
vantes para à saúde humana, associada à pobreza, prejudicando principalmente as
famílias de baixa renda e vulneráveis.
1636
em tese, só são contabilizados pelo SNIS os usuários efetivamente atendidos pela rede
de esgoto do prestador (SNIS, 2015).
É importante salientar que, para que a universalização dos serviços de água e
esgoto no Brasil ocorra até em 2025, será necessário um investimento de em média 11
bilhões anualmente, a contar do ano de 2006 até o ano de 2024 (AESBE, 2006).
Esses resultados apresentados indicam que é indispensável os cidadãos terem
acesso aos serviços de saneamento básico, a fim de garantir uma boa qualidade de
vida. No entanto a prestação desse atendimento à população de baixa renda é cada vez
mais escasso, o que tem sido um grande desafio da gestão dos recursos hídricos nos
grandes centros urbanos.
Segundo AESBE (2006), para que os desafios postos à universalização dos servi-
ços relacionados ao esgotamento sanitário sejam alcançados em 2025, seria necessário
um investimento, em média de R$ 11 bilhões anualmente para financiar projetos em
prol a melhoria do saneamento.
Um relatório elaborado pelo Sistema Nacional de Informações sobre o Sanea-
mento (SNIS) apresentou o diagnóstico da coleta de dados de 2016 para água e esgo-
tos. Nestedocumento, observa-se que 93% da população urbana do país é atendida
por redes de distribuição de água e 83,3% recebem água tratada, enquanto 51,9% dos
brasileiros são atendidos por redes coletora de esgotamento sanitário (sendo 59,7% em
área urbana) e 44,9% do esgoto gerado é tratado (Ministério das Cidades,2016).
A Tabela 1 demonstra o resultado da evolução dos níveis de atendimento e acesso á
água e esgotamento sanitário nas regiões geográficas e Brasil.
Tabela 1 – Níveis de atendimento com água e esgotos dos municípios cujos prestado-
res de serviços são participantes do SNIS em 2016, segundo região geográfica e Brasil.
Verifica-se, que, apesar dos índices de abastecimento de água e coleta de esgoto
serem razoáveis na área urbana, a parcela do esgotamento sanitário que é efetivamen-
te tratada se mostra insuficiente: mais de 100 milhões de brasileiros não tem acesso a
este serviço. A maioria ainda é lançada diretamente nos corpos d’agua e não recebe o
devido tratamento, fato que traz consequências ambientais incalculáveis e que aponta
que a situação carece de muita atenção e, principalmente, de investimentos para que
1637
o Brasil avance com maior rapidez a meta do PLANSAB, que é de 93% até o ano 2033
(Ministério das Cidades,2016).
Ao descrevermos a situação das regiões brasileiras com relação ao acesso de sis-
temas de esgotamento sanitário (urbano), é possível perceber que há desafios a serem
enfrentados.
3 CONSIDERAÇÕESFINAIS
A Lei Federal 9.433/1997 atua como marco legal da gestão dos recursos hídricos
no Brasil, a água é um bem de domínio público e recurso natural limitado, dotado de
valor econômico, e uma de suas prioridades está elencado ao atendimento do consu-
mo humano e a garantia de disponibilidade hídrica às gerações atuais e futuras.
Já a Lei Federal 11.445/2007, atual na regulação dos serviços de saneamento básico,
entre os quais se encontra o serviço de abastecimento de água, tem como princípio
fundamental dos serviços a universalização de acesso à água e sua integralidade.
A crescente demanda pelos recursos naturais e a importância que a água ocupa nesse
contexto, além do que tem sido feito com os nossos mananciais, associado à ocupação
desordenada do solo e no entorno dos nossos recursos hídricos tem causado cada dia
mais impactos na biodiversidade aquática.
Assim sendo, é preciso que as diversas leis que tratam dessa temática sejam efetivadas
na prática, e que toda a sociedade entenda a importância da gestão integrada dos re-
cursos hídricos.
A partir dos inúmeros impactos e a falta de saneamento causa nos mananciais,
conclui-se que é de fundamental importância que os municípios se apropriem da ques-
tão ambiental com investimento em saneamento básico e políticas de proteção e recu-
peração de matas ciliares e nascentes, além de investimento emreflorestamento.
A garantia do acesso à água de qualidade e saneamento básico é, portanto, uma atri-
buição do Estado, se consubstanciando em serviço público essencial destinado a sa-
tisfação de necessidades essenciais e condição para implementação da saúde pública.
4 REFERENCIAS
1638
BRASIL. Lei Federal n. 9433/97. Institui a Política Nacional de Recursos Hídricos. 1997.
1639
AVALIAÇÃO QUALITATIVA E QUANTITATIVA DOS RECURSOS HÍDRICOS
DA BACIA DO RIBEIRÃO JIRAU, ITABIRA-MG
1 INTRODUÇÃO
2 MATERIAIS E MÉTODOS
1642
A partir das leituras das lâminas d’água (que vertem do curso d’água) mais as
dimensões do vertedouro foram realizados os cálculos para a obtenção da vazão. A
equação 01 foi utilizada para o cálculo e a Figura 4 ilustra a disposição das variáveis.
As coletas foram realizadas em cinco datas distintas assim foi possível realizar o estudo
em diversas condições ambientais (estação seca e chuvosa).
1644
com que toda a água drenada de sua microbacia contribua diretamente com o curso
d’água que passa pelo ponto 5 aumentando assim significamente a vazão neste ponto.
O ponto 6 encontra-se a jusante de uma barragem de acúmulo de água, assim
é possível constatar que o vazão que passou pelo ponto 5 não foi totalmente liberada
pela barragem, ou seja não verteu para o ponto 6, comprovando assim que parte da
água que chega nas barragens são retidas.
3.2 Temperatura
3.5 Turbidez
1646
solar penetra na águaprovocando uma diminuição da taxa de produção de fotossíntese
dos organismos fotossintetizantes ali presente. Além disso, ocasiona um aumento da
temperatura superficial da água desencadeando assim diversas outras reações.
Em relação à turbidez, nota-se que os pontos 1 e 6 foram os que apresentaram
os menores resultados durante todas as coletas (Figura 11). Um fator que pode explicar
esse fato é a existência de barramentos à montante dos pontos de coleta. Os demais
pontos apresentaram turbidez elevada em pelo menos uma das coletas.
No dia da coleta 4 todos os pontos apresentaram elevações nos resultados de turbidez
devido ao período chuvoso, pois na semana de realização da coleta houve um elevado
volume de chuvas na região. No ponto 3, o principal fator responsável pela elevação da
turbidez no decorrer das coletas é o lançamento de esgoto doméstico no curso d’água
pelas residências do entorno. Já nos pontos 4 e 5 o aumento da turbidez foi provocado
pelo carreamento de sólidos pelas águas de chuva.
De acordo com a Resolução CONAMA 357/2005, os corpos d’água para se
enquadrarem como classe 2 devem possuir turbidez com um valor máximo de 100
UNT. Os valores obtidos mantiveram-se abaixo do estabelecido pela legislação.
Os resultados obtidos nos pontos 1,2 e 6 apresentaram as menores concentrações
de fósforo (Figura 12). O ponto 3, apesar de baixos valores de fósforo, é o ponto que
apresenta a menor vazão, desta forma o resultado indica a presença de matéria orgânica
no local.
Já o ponto 4 localiza a jusante do matadouro municipal apresentou uma
grande carga de fósforo total acredita-se que a grande concentração encontrada em
quase todas as coletas é resultante de substâncias utilizadas nos processos industriais
(sabões, detergentes, sangue de animais, entre outros) do mesmo. O ponto 5 recebeu
1647
contribuição dos pontos 3 e 4, por isso sofreu influência direta dos resultados destes
locais.
De acordo com a Resolução CONAMA 357/2005, os limites de fósforo total
em ambiente lóticos e tributários de ambientes intermediários é de 0,1 mg/L. Assim,
os valores aferidos durante as coletas mostram que todos os pontos atenderam a
legislação.
1648
Figura 5: Resultados da Demanda Bioquímica de Oxigênio
1649
aumento da concentração dos contaminantes na água fazendo com que a qualidade da
água seja reduzida.
O ponto 1 apresentou resultado razoável em três coletas (1,4 e 5) e resultado
bom em duas coletas (2 e 3), quando houve a transição do período seco para o chuvoso.
O ponto2 apresentou comportamento similar ao ponto 1.
O ponto 3 apresentou resultados de IQA que confirmam as análises realizadas,
principalmente em relação à contaminação do ambiente por efluentes domésticos
fazendo com que seu IQA caísse a partir da coleta 3. A coleta 4 apresentou qualidade
ruim da água e na coleta 5, por uma pequena diferença, não foi enquadrado na mesma
categoria.
O ponto 4 apresentou oscilações no IQA ao longo das 5 coletas, variando de boa
qualidade da água até ruim (coleta 4). No ponto 5, apresentou boa qualidade da água
nas coletas 1 e 2, nas
restantes os resultados foram considerados razoáveis. O ponto 6 apresentou os
melhores resultados de IQA, sendo a água classificada como de boa qualidade em 80%
das coletas.
6 CONCLUSÕES
Com a realização deste estudo pode-se efetuar uma avaliação temporal e espacial
da qualidade da água da microbacia do Ribeirão Jirau. Os resultados obtidos foram
comparados com a Resolução CONAMA 357/2005 e apresentaram satisfatórios, com
exceção daqueles obtidos no ponto 3, referentes à Demanda Bioquímica de Oxigênio
(DBO) e alguns resultados de coliformes termotolerantes.
Os pontos 1 e 2 são os mais impactados pela atividade de mineração, pois eles
se encontram no entorno da área operacional da mineradora. O ponto 3 foi o que
apresentou maior degradação da qualidade da água entre os pontos avaliados, pois
sofre a interferência direta e constante das atividades antrópicas, como lançamentos de
esgotos, supressão vegetal, pisoteio de animais. Há indícios que existe interferência do
aterro sanitário na qualidade da água deste ponto, entretanto são necessários estudos
para a confirmação desta informação.
O ponto 4 sofre interferência das atividades realizadas no matadouro municipal,
porém, o curso d’água apresenta condições que favorecem a autodepuração natural
dos poluentes. No ponto 5, a qualidade da água sofre interferência direta o carreamento
de material particulado proveniente das margens que se encontram desprovidas de
mata ciliar.
O ponto 6 apresentou os melhores resultados de IQA, sendo a água classificada
como de boa qualidade em 80% das coletas. Essa informação é muito relevante, visto
que o local vem
contribuindo para o abastecimento público municipal. No geral, em relação aos
parâmetros analisados, as barragens contribuem para a retenção de poluentes na água,
contribuindo para a qualidade da água nos pontos à jusante destas.
Diante da importância da microbacia para a captação de água bruta para o
abastecimento municipal de Itabira, é muito importante que sejam realizadas ações
de monitoramento contínuo da qualidade da água, incluindo análises relacionadas
à contaminação por elementos tóxicos provenientes de atividades antrópicas (aterro
sanitário, matadouro municipal, entre outros).
1650
REFERENCIAS
Disponível em:<http://www.funasa.gov.br/site/wp-ontent/files_mf/manualcont_
quali_agua_tecnicos_trab_emetas.pdf>. Acesso em: 02 jan. 2018.
1651
O PAPEL DOS COMITÊS DE BACIA NA GESTÃO DESCENTRALIZADA E
PARTICIPATIVA DOS RECURSOS HÍDRICOS E O PROTAGONISMO DA
SOCIEDADE CIVIL
1. INTRODUÇÃO
2. DESENVOLVIMENTO
Figura 1. Localização das Bacias hidrográficas dos rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí,
no estado de estado, de São Paulo, Brasil.
1654
Figura 2. Municípios pertencentes à Bacia dos afluentes mineiros dos rios Mogi
Guaçu e Pardo.
1655
3. CONSIDERAÇÕES FINAIS
1656
4. REFERÊNCIAS
ABERS, R. N. et. al. Inclusão, deliberação e controle: três dimensões de democracia nos
comitês e consórcios de bacias hidrográficas no Brasil. Ambiente e Sociedade. Volume
XII, nº 1, 2009.
SEMAD/IGAM. Plano diretor da bacia hidrográfica dos afluentes mineiros dos rios
Mogi Guaçu e Pardo – GD6: Diagnóstico da bacia – Relatório Parcial – SEMAD/
IGAM/Fundação Educacional de Ensino de Técnicas Agrícolas, Veterinárias e de
Turismo Rural, 2009.
1657
A EVOLUÇÃO DA CRIAÇÃO DOS COMITÊS DE BACIAS HIDROGRÁFICAS
NO BRASIL (1991 – 2017)
1 INTRODUÇÃO
2 DESENVOLVIMENTO
A bacia hidrográfica tem certas características essenciais que a torna uma unidade
bem caracterizada e permite a integração multidisciplinar entre diferentes sistemas de
gerenciamento, estudo e atividade ambiental. [...] A bacia hidrográfica, como unidade de
planejamento e gerenciamento dos recursos hídricos, representa um avanço conceitual
muito importante e integrado de ação. (TUNDISI, 2003, p. 207)
1660
anos de 1990, que essas ações foram legalmente regulamentadas com a criação em 1992
da Política Estadual de Recursos Hídricos (Lei Estadual nº 11.996/1992) que instituiu
o Sistema Integrado de Gestão dos Recursos Hídricos, cinco anos da criação da nossa
Política Nacional de Recursos Hídricos (Lei Federal nº 9.433/1997). Sendo substituído
posteriormente pela Lei nº 14.844, de 28 de dezembro de 2010.
Mas para Bordalo e Costa (2013) em nível federal, o uso da bacia hidrográfica,
como unidade físico-territorial de gestão dos recursos hídricos, foi oficializado somente
em 1997, através da Lei Federal n°9.433, que instituiu a Política Nacional de Recursos
Hídricos, na qual o Art. 1o define a bacia hidrográfica como a unidade territorial para
implantação desta política, que deve ser descentralizada e contar com a participação
do poder público, dos usuários e das comunidades.
Como fundamentos da “Lei das Águas” como ficou conhecida a Política
Nacional de Recursos Hídricos, o Art. 1o define claramente que a água é um bem
de domínio público, bem como um recurso natural limitado, e dotado de valor
econômico. O artigo destaca ainda que a bacia hidrográfica é a unidade territorial
para implementação da Política Nacional de Recursos Hídricos e atuação do Sistema
Nacional de Gerenciamento dos Recursos Hídricos (SINGREH), e que a sua gestão
deve ser descentralizada e contar com a participação do poder público, dos usuários e
das comunidades.
Quanto aos objetivos, o Artigo 2o diz que a lei deve assegurar à atual e às futuras
gerações a necessária disponibilidade de água, em padrões de qualidade adequados
aos respectivos usos, bem como, a utilização racional e integrada dos recursos hídricos,
incluindo o transporte aquaviário com vistas ao desenvolvimento sustentável. Dentre
as diretrizes gerais dessa política, destaca-se no Art. 3o a integração da gestão dos
recursos hídricos com a gestão ambiental e sua articulação com o uso do solo. Já no Art.
4o a União articular-se-á com os estados tendo em vista o gerenciamento dos recursos
hídricos de interesse comum.
No Art. 33º foi instituído o Conselho Nacional de Recursos Hídricos (CNRH),
nos estados e Distrito Federal, os Conselhos Estaduais de Recursos Hídricos (CERH)
e os Comitês de Bacias Hidrográficas dos rios federais e estaduais (CBHE), dirigidos
e gerenciados por órgãos setoriais, criando como um de seus princípios a adoção da
bacia hidrográfica como unidade de planejamento.
Entre 1991 e 1997, surgiram novos CBHs no país, de forma mais discreta,
começando a aumentar de forma mais acentuada nos anos seguintes, fruto do processo
de estruturação legal e institucional das demais unidades da federação nessa área. A
partir de 2000, com a criação da ANA, o processo de criação dos CBHs passou a sofrer
novo impulso, notadamente em bacias de rios interestaduais: salta de 1 para 7 CBHs
no período de 2000 a 2003. (ANA, 2009).
Segundo Bordalo e Costa (2013) os estudos sobre a Conjuntura dos Recursos
Hídricos no Brasil (ANA, 2009), mostram que até 2007 foram criados 149 CBHs, sendo
a maioria, 141 (94,6%) em rios estaduais e apenas 08 (5,4%) nos rios interestaduais.
Porém, o que mais chama a atenção é a forte concentração dos comitês estaduais
localizadas nas regiões: Sudeste, com 63 (44,7%); Sul, com 41 (29,1%); e Nordeste, com
33 (23,4%), contrastando enormemente com as regiões Centro-Oeste com 03 (2,10%) e
a Norte com apenas 01 comitê (0,7%).
1662
Esse contraste é ainda maior, quando se analisam os dados referentes ao número
de CNHs por estados, onde Minas Gerais estava em primeiro lugar, com 28 (19,8%);
seguido por São Paulo e Rio Grande do Sul, ambos com 21 (14,9%); Santa Catarina,
com 16 (11,3%) e o Ceará, com 10 (7,1%). E na outra extremidade, com apenas 01 (0,7%)
comitê cada, os estados de: Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Amazonas. (ver
figura 02).
O Brasil vivência um novo impulso na criação dos CBHs na segunda década
do século XXI, com a criação de três CBHs de rios interestaduais: Rio Grande, Rio
Paranapanema e o Rio Parnaíba. Mas foi em relação à criação dos CBHs em rios
estaduais, que e esse novo impulso se destaca. Aproveitando um período de maior
amadurecimento na criação e consolidação do SINGREH, dos Conselhos Estaduais
de Recursos Hídricos e dos seus instrumentos de gestão, indispensáveis na criação e
funcionamento dos CBHs.
Figura 02: Número de comitês de bacias hidrográficas CBHs por unidades da federação até 2007.
Figura 03: Número de comitês de bacias hidrográficas CBHs por unidades da federação até 2012.
1663
Já o segundo estudo sobre a Conjuntura dos Recursos Hídricos no Brasil (ANA,
2013), mostra que até 2012 foram criados 184 comitês de bacias hidrográficas, sendo 34
a mais que em 2007, mas continuando a maioria, 174 (94,5%) em rios estaduais e apenas
10 (5,5%) nos rios interestaduais. Porém, o que continua a chamar a atenção é a forte
concentração dos comitês estaduais localizadas nas regiões: Sudeste, com 77 (41,8%);
Sul, com 46 (25%); e Nordeste, com 40 (21,7%), ainda contrastando enormemente com
as regiões Centro-Oeste com 08 (4,3%) e a Norte com apenas 04 comitês (2,17%). Esse
contraste continua ainda maior, quando se analisam os dados referentes ao número de
comitês por estados: Minas Gerais continua em primeiro lugar, com 36 (19,5%); seguido
por Rio Grande do Sul com 24 (13%); São Paulo, com 21 (11,4%); Santa Catarina, ainda
com 16 (8,7%); o Espirito Santo, com 11 (6%) e Ceará e Bahia, com 10 comitês cada um
(5,4%). E na outra extremidade, com 02 comitês, os estados de: Goiás, Mato Grosso
do Sul e Rio Grande do Norte (1,2%) e apenas 01 (0,5%) comitê cada, os estados de:
Amazonas, Mato Grosso e Piaui. (ver figura 03).
Com relação à instalação dos CDBs estaduais em 2012, em Goiás foi instalado o CBH
Rio Vermelho, criado pelo Decreto nº 7.337, de 15 de maio de 2011; no Rio de Janeiro, foi
instalado o CBH Baía da Ilha Grande, criado pelo Decreto nº 43.226, de 7 de outubro de 2011;
e, em Tocantins, foram instalados os seguintes CBHs: Rio Manuel Alves da Natividade,
Decreto nº 4.252, de 22 de março de 2011; Rio Formoso do Araguaia, Decreto nº 4.253, de
22 de março de 2011; e Entorno do Lago de Palmas, Decreto nº 24.434, de 7 de novembro
de 2011. Quanto aos Comitês Interestaduais, havia apenas um comitê instalado em 1997 e
atualmente são dez. Em 2012, houve a instalação do CBH do Rio Grande, ocorrida em 10
de agosto, e a criação, pelo decreto presidencial s/n de 5 de junho, e instalação, em 6 de
dezembro, do CBH do Rio Paranapanema. (ANA, 2013. p 232).
Figura 04: Evolução da instalação dos comitês de bacias hidrográficas CBHs no Brasil.
1665
Figura 05: Comitês de bacias hidrográficas CBHs no Brasil em 2017.
E 2017 a Região Norte já estava com 8 CBHs criados. Sendo um no Amazonas
o CBH Rio Tarumã o primeiro da região criado em 2009. 05 CBHs criados em 2014 em
Rondônia, mas desses apenas três em funcionamento. Todos localizados na Região
Hidrográfica do Rio Amazonas. E quatro CBHs criados a partir de 2011 no Tocantins,
estando localizados na Região Hidrográfica dos Rios Tocantins – Araguaia.
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
1666
no Brasil, onde ocorre uma concentração, principalmente, nas Regiões Sul, Sudeste
e Nordeste, podendo este fato estar relacionado à existência de conflitos e de
indisponibilidade de água, causados por restrições quantitativas e/ou qualitativas
nestas regiões.
Porém, mesmo com a Lei Federal nº 9.433/1997 e as leis estaduais de recursos
hídricos, definindo o uso da bacia hidrográfica como unidade físico-territorial para
a gestão dos recursos hídricos, onde todos os instrumentos de gestão criados devem
atuar de forma descentralizada e participativa. Em muitos estados brasileiros,
principalmente na região Norte ainda não foram implantados todos os instrumentos
de gerenciamento dos recursos hídricos, em destaque para os Planos de Bacias
Hidrográficas e os Comitês de Bacias Hidrográficas.
Corroborando com os argumentos da ANA (2009) e importante destacar que o
simples fato de criar um CBH não significa que ele está funcionando e/ou cumprindo
seu papel de organismo descentralizador e participativo. Muitos comitês, inclusive
em bacias interestaduais, foram criados há mais de quatro anos e ainda não foram
instalados. Outros, mesmo instalados, não possuem o reconhecimento de governos
para seu pleno funcionamento, ficando muitas vezes esvaziados pelo não cumprimento
de suas deliberações. Para que os CBHs se tornem efetivos, os órgãos gestores federais
e estaduais necessitam reconhecer a sua autoridade e implementar suas decisões.
Logo, mesmo que a criação dos primeiros CBHs no Brasil, de forma mais discreta
entre 1991 e 1997. A partir de 2000, com a criação da ANA, o processo de criação dos
CBHs sofreu novo impulso, notadamente em bacias de rios interestaduais, saltando de
1 para 7 CBHs no período de 2000 a 2003. Chegando em 2007 com 149 criados, 184 até
2012 e 233 no total até 2017. Essa quantidade de CBHs criados ainda é muito pequena
e bastante concentrada nas regiões Sudeste, Sul e Nordeste. Mas ainda de forma muito
recente e reduzida nas regiões Centro Oeste e Norte do país. Merecendo uma maior
investigação em relação à gestão participativa e descentralizada dos recursos hídricos,
atuando no fomento à implementação dos instrumentos de gestão, da negociação de
conflitos pelo uso da água e da promoção dos diferentes usos da água na bacia.
4 REFERENCIAS
COSTA, Francisco. Gestão dos recursos hídricos na bacia hidrográfica do Rio Caeté.
Pará –Brasil. Tese de Doutorado apresentada no Programa de Pós-Graduação em
Geografia–FCT/UNESP. Presidente Prudente, 2017. 308 f.
TOZI, Shirley. Bacia hidrográfica: aspectos teóricos e conceituais. In: MOTA, G. SILVA,
C. N;
TUNDISI, José. Água no século XXI. Enfrentando a escassez. Ed Rima. São Carlos,
2003.
1668
Análise das Ações do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio
Puraquequara
1 INTRODUÇÃO
Os recursos hídricos têm sido alvo das intervenções humanas ao longo do tem-
po, aumentando a preocupação em relação ao seu uso pelas presentes e futuras ge-
rações (CHRISTORPHERSON e BIRKELAND, 2017). Buscou-se criar mecanismos
para mitigar os impactos adversos causados, através de políticas públicas, que visam
à preservação das águas, a fim de garantir seu uso sustentável.
No Brasil, instituiu-se a Política Nacional de Recursos Hídricos – PNRH, Lei
9.433/1997 com a função de realizar o gerenciamento eficiente dos recursos hídricos,
por meio da gestãocompartilhada e participativa, para garantir não só a quantidade,
mas principalmente a qualidadedas águas (BRASIL, 1997).
A PNRH por meio de suas disposições legais em seu capítulo III institucionalizou
o Comitê de Bacias Hidrográficas – CBH, que possui papel importante na governança de
corpos hídricos, designado a garantir a gestão participativa, integrada e descentralizada
da água, em conjunto com representantes do setor público, da sociedade civil e dos
usuários de água (BRASIL, 1997).
Guerra (2015), define bacia hidrográfica como conjunto de terras drenadas por
um rio principal e seus afluentes. Torres et al (2012), denomina bacia hidrográfica como
bacia fluvial que carrega sedimentos e materiais dissolvidos para uma saída comum,
em um determinado ponto do canal fluvial.
Christopherson e Birkeland (2017), dizem que os cursos d’água reúnem-se e
formam sistemas fluviais. Por sua vez, estes sistemas encontram-se dentro das bacias
de drenagem ou bacias hidrográficas. As bacias de drenagem podem variar de muito
pequenas a enormes em termos de tamanho. Um sistema complexo é composto por
bacias de menores que coletam e levam sedimentos a uma bacia maior, concentrando
o volume de águas em um curso principal.
De acordo com a Agência Nacional de Águas – ANA, os Comitês de Bacias
Hidrográficas possuem poder deliberativo, propositivo e consultivo. A participação
social e a representação no âmbito do comitê possibilitam negociações sobre os
diversos usos da água em uma esfera pública, até então atípica na gestão de águas no
Brasil (ANA, 2011).
Uma das atribuições do Comitê é a aprovação do Plano de Recursos Hídricos
da Bacia Hidrográfica – PRHBH, sendo este um instrumento norteador na gestão
de águas na bacia, realizado por meio de estudos e ações que visam a conservação
dos recursos hídricos, considerando as peculiaridades de cada região hidrográfica. O
plano contempla as metas a serem atingidas pelos CBH, estabelecendo as prioridades
e diretrizes necessárias para que haja uma gestão eficaz (CASARIN, 2011).
1
Universidade do Estado do Amazonas, camilafuzielsilva@gmail.com
2
Universidade do Estado do Amazonas, carlossandro.albuquerque@gmail.com
1669
Contudo, a criação de um CBH conjectura uma série de procedimentos legais,
que por vezes são incapazes de serem produzidos em determinadas realidades
socioeconômicas, pelo fato de envolver inúmeras diretrizes a serem seguidas, no que
tange a estrutura da administração pública do país (ANA, 2013).
O Estado do Amazonas, a partir da PNRH criou a Política Estadual de Recursos
Hídricos – PERH, Lei 3.167 / 2007 e estabeleceu o Comitê de Bacia Hidrográfica do
Rio Puraquequara – CBHR Puraquequara por meio do Decreto Nº 37.412 / 2016
(AMAZONAS, 2007).
O presente trabalho tem como objetivo analisar as ações do Comitê de Bacia
Hidrográfica do Rio Puraquequara, através da caracterização dos marcos legais de
constituição do CBHR Puraquequara e avaliação do desempenho da atual gestão do
Comitê.
2 METODOLOGIA
1670
Visitas ao local de estudo foram feitas, para conhecimento da realidade da
área de influência da Bacia, que por sua vez, abrange diversos empreendimentos em
seu entorno. Como estaleiros, abatedouro, indústrias, bares flutuantes, distribuidora,
posto de gasolina, dentre outros (Figura 2 e 3).
Neves (2018), ao realizar estudos na Bacia do Rio Puraquequara, dá ênfase a
existência de abatedouros no local, visto que tal atividade demanda um consumo
significativo de água e pode resultar em impactos negativos aos recursos hídricos.
A quantidade e a qualidade das águas dos rios que compõem uma determinada
Bacia Hidrográfica, relacionam-se diretamente com o tipo de uso do solo e com o grau
de controle sobre possíveis fontes poluidoras existentes nas proximidades da bacia.
Empreendimentos dessa natureza podem exercer influência sobre as águas da bacia,
favorecendo a degradação dos corpos hídricos, senão houver medidas de controle e
preservação ambiental (SILVA e BOTELHO, 2008 apud GUERRA, 2011).
Botelho (2011) ressalta que as fontes poluidoras dos recursos hídricos podem
ser pontuais ou difusas. Sendo classificados como pontuais os lançamentos de esgotos
domésticos ou rejeitos industriais, que podem ser de fácil identificação e por esse
motivo mais fácil de serem fiscalizados e combatidos. Já as fontes difusas, refere-se
aos materiais que podem atingir os corpos d’água ao longo de toda sua margem,
conduzidas pelo escoamento superficial.
1671
Figura 3 – Abatedouro localizado às Margens do Rio Puraquequara
1672
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Diante dos documentos levantados nesta pesquisa é possível mensurar os marcos
legais que contribuíram para a oficialização e legalização do CBHR Puraquequara.
Em consulta ao Diário Oficial do Estado do Amazonas referente ao dia 08 do
mês de abril, do ano de 2013, pode-se constatar a publicação da portaria Nº 009/2013
vinculado à Secretaria de Estado da Mineração, Geodiversidade e Recursos Hídricos
– SEMGRH, extinta no ano de 2015, que propôs a institucionalização do Comitê de
Bacia Hidrográfica do Rio Puraquequara e nomeou representantes do poder público,
da comunidade do Bairro Puraquequara e intitulou o Presidente e Vice-Presidente, 1º
e 2º secretário eleitos em reunião, com objetivo de formular propostas para a criação
do CBHR Puraquequara.
No dia 14 de julho de 2014, publica-se no Diário Oficial do Estado do Amazonas
o edital de convocação Nº 001/2014 – SEMGRH, visando processo eleitoral para
composição do CBHR Puraquequara. Em seguida, no mês de agosto, representantes
do poder público, da sociedade civil e dos usuários, considerados habilitados,
compuseram uma comissão eleitoral, conforme prevê a Agência Nacional de Águas –
ANA para eleger os membros do CBHR Puraquequara. O mesmo Presidente escolhido
em reunião no ano de 2013 continuou na gestão do Comitê.
Conforme ATA obtida na SEMA referente a 31º Reunião Ordinária do Conselho
Estadual de Recursos Hídricos do Amazonas – CERH-AM, realizada em 21 de setembro
de 2016. O Presidente da SEMA na ocasião, colocou em pauta a aprovação da minuta
do Decreto que instituiu o CBHR Puraquequara, ressaltando que o Comitê existia de
fato, contudo, não existia de direito, alegando a inexistência até aquele momento do
seu Decreto de criação que o tornava oficial. O documento ainda menciona que o então
Presidente do CBHR Puraquequara esteve no gabinete da SEMA para tratativas acerca
da regulamentação do Decreto.
Portanto, no dia 28 de novembro de 2016, é publicado no Diário Oficial do
Estado do Amazonas o Decreto de criação Nº 37.412 de 25 de novembro de 2016 que
institui legalmente o Comitê de Bacia Hidrográfica do Rio Puraquequara, assinado
pelo Governador. Por meio de informações adquiridas na SEMA, apurou-se que após
o Decreto de criação do CBHR Puraquequara nunca houve nenhuma reunião do
Comitê.
Visto que não havia reuniões do colegiado dos representantes do CBHR
Puraquequara, conforme prediz a ANA, foi elaborado um Relatório pela Câmara
Técnica de Comitês de Bacias Hidrográficas e Regiões Hidrográficas – CTCOBRH, com
o objetivo de regularizar a situação do Comitê do Rio Puraquequara. O documento foi
produzido a partir das reuniões que ocorreram nos dias 06 e 11 de abril de 2017. Na
oportunidade, realizou-se um levantamento histórico acerca do CBHR Puraquequara
e da sua constituição.
No Relatório Técnico cedido pela SEMA, é possível verificar o parecer emitido
pela CTCOBRH, onde observou-se que houve a instalação do CBHR Puraquequara e
a posse dos membros eleitos para o exercício 2014-2016, assim, para a regularização
do Comitê seria necessário a realização de novas eleições, porém, o Decreto de criação
do CBHR Puraquequara só foi publicado em 28 de novembro de 2016, o que levou aos
membros da antiga gestão solicitarem a recondução do mandato sem a promoção de
novas eleições.
Mediante a situação a CTCOBRH inferiu que durante o interregno, o CBHR
Puraquequara funcionou sem aparo legal, devido a inexistência do Decreto oficial de
criação, atuando de maneira não convencional, o que ocasionou prejuízos a gestão
do Comitê. Mesmo sem o Decreto, o Comitê foi instalado e a os membros eleitos
1673
empossados, observando os aspectos legais de uma eleição. Por esses motivos, todos
foram reconduzidos ao biênio 2017-2019 sem a possibilidade de concorrerem a novas
eleições.
A urgência na regularização do CBHR Puraquequara visava a participação
no Programa Nacional de Fortalecimento do Comitês de Bacias Hidrográficas –
PROCOMITÊS, criado pela ANA para contribuir com o aperfeiçoamento e capacidade
operacional dos Comitês de Bacias Hidrográficas, com incentivos financeiros recebido
em parcelas anuais. Um dos motivos para recondução da gestão, pois novas eleições
demandariam tempo hábil, o que impossibilitaria essa participação, causando perdas
irreparáveis na qualificação de pessoas para desenvolvimento das atividades ligadas a
gestão do CBHR Puraquequara.
De acordo com a 7ª ATA de Reunião Ordinária do Conselho Estadual de Recursos
Hídricos do Amazonas – CERH-AM, realizada em 30 de maio de 2017, foi colocado
em pauta a recondução do CBHR Puraquequara, enfatizando a impossibilidade de
reeleição pela então gestão, presidida pelo Presidente do CBHR Puraquequara.
Apesar de terem sidos reconduzidos pela CTCOBRH para um atuarem em um
novo biênio, o CBHR Puraquequara não participou do PROCOMITÊS, e, com base em
visitas à comunidade do Bairro Puraquequara é notório a ineficácia da gestão frente as
situações evidenciadas ao longo da Bacia, destacadas por diversos empreendimento
com grandes impactos adversos aos recursos hídricos, e do seu uso sem quaisquer
precauções. De acordo com a Assessoria de Recursos Hídricos, durante os último dois
anos não é de conhecimento da SEMA reuniões do CBHR Puraquequara.
Segundo a ANA o processo de condução de reuniões é uma atribuição do
presidente do Comitê, mas que pode ser delegado a outro membro. Outrossim, o
plenário do Comitê deve reunir-se conforma definido em seu regimento interno. A
maioria dos comitês adotam reuniões ordinárias duas vezes ao ano, além de reuniões
extraordinárias quando necessárias, as quais são convocadas pelo presidente do
Comitê (ANA, 2011).
À vista disso, com o término do mandato concernente aos membros do CBHR
Puraquequara, ocorrido no mês de maio do ano de 2019, a CTCOBRH decidiu reunir-
se para tratar da regularização da atual gestão do Comitê. A reunião ocorreu no dia
18 de junho de 2019, na Assessoria de Recursos Hídricos da SEMA. Na ocasião, foi
colocado em pauta o término do mandato da gestão que estava presidindo o Comitê até
então, e, novas reuniões foram marcadas, por meio da estipulação de um cronograma
quinzenal, para estabelecer novas decisões no que se refere ao CBHR Puraquequara.
Logo, no dia 02 de julho de 2019 ocorreu na SEMA a segunda reunião da
CTCOBRH, conforme cronograma previamente definido. Na feita, enfatizou-se a
importância de convocar com urgência as instituições – entidades representantes
do poder público, sociedade civil e usuários interessados habilitados para compor o
CBHR Puraquequara, e assim, realizar novas eleições. Por meio de levantamento em
documentos já existentes, apontou-se os possíveis membros do novo colegiado.
Então, na sala da Assessoria de Recursos Hídricos no dia 22 de julho de 2019
deu-se a terceira reunião da CTCOBRH, no cenário, os membros elaboraram uma
minuta para ser encaminhada ao Secretário de Estado e Meio Ambiente, para que esta
seja aprovada, assinada e posteriormente enviada ao atual Presidente do Comitê o
notificando sobre a vacância do cargo de Presidente do Comitê de Bacia Hidrográfica
do Rio Puraquequara.
Atualmente, o CBHR Puraquequara encontra-se sob responsabilidade da
Câmara Técnica de Comitês de Bacias Hidrográficas e Regiões Hidrográficas até que
novas eleições sejam realizadas.
1674
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
4 REFERÊNCIAS
CASARIN, Fátima. Água: O Ouro Azul Usos e Abusos do Recursos Hídricos. Rio de
Janeiro: Garamond, 2011.
NEVES, Renato Kennedy Ribeiro. Subsídios para Planejamento e Gestão dos Recursos
Hídricos na Bacia do Rio Puraquequara – AM. 2018. 106f. Dissertação (Mestrado
Profissional em Gestão e Regulação de Recursos Hídricos). Universidade do Estado
do Amazonas, Manaus, 2018.
1676
A PARTICIPAÇÃO DOS MUNICÍPIOS BRASILEIROS NA GESTÃO INTEGRADA
DE RECURSOS HÍDRICOS
1 INTRODUÇÃO
2 DESENVOLVIMENTO
1678
nas últimas décadas para estimular a participação direta nos assuntos públicos. O
orçamento participativo, por exemplo, iniciado em 1989, em Porto Alegre, e em 1993,
em Belo Horizonte, permitiu a participação direta dos moradores na definição de parte
do orçamento municipal. Outro exemplo de participação direta são os Planos Diretores
Municipais. Os planos diretores são instrumentos de planejamento de uma cidade que
tratam da política de desenvolvimento, ordenamento territorial e expansão urbana
(BRASIL, 2011).
Na CF/88, os municípios ganharam competências e um significativo aumento
da receita fiscal. É atribuição do município a elaboração, aprovação e fiscalização
de instrumentos relacionados com o ordenamento territorial, tais como os planos
diretores, o zoneamento, o parcelamento do solo e o desenvolvimento de programas
habitacionais, a delimitação de zonas industriais, urbanas e de preservação ambiental,
os planos e sistemas de transporte urbanos. Também é atribuição municipal, segundo
a Lei 11.445, de 2007, a formulação dos planos municipais de saneamento básico,
que incluem abastecimento de água, esgotamento sanitário, coleta e disposição
final de resíduos sólidos e drenagem pluvial. Todas essas funções municipais têm
impacto considerável nos recursos hídricos, principalmente em bacias hidrográficas
predominantemente urbanas (CARNEIRO e BRITTO, 2009).
Os municípios brasileiros possuem um papel importante na gestão do território
(MIRANDA, 2015). No plano urbanístico não há como negar que os municípios
assumem todas as responsabilidades pela organização da cidade e na gestão dos
serviços públicos de interesse local, além de obrigar-se na proteção do meio ambiente
dentro dos limites de seu território, tendo que criar políticas que visem a organizar
a cidade com consciência social e ambiental, eis que o processo de urbanização pode
comprometer os recursos naturais. Aos municípios, resta zelar em conjunto com os
outros entes da Federação pelos patrimônios de todos os brasileiros, dentre eles os
recursos hídricos, além de deter privacidade de competência no planejamento, controle
do uso e da ocupação de seu solo urbano (SANTOS, 2011).
Pressões ambientais como urbanização irregular em áreas de mananciais,
impermeabilização do solo, alterações de canais (entre outras), e os consequentes
problemas, como aumento na frequência e proporção de enchentes, impactos à saúde
humana e poluição da água ocorrem em âmbito local e interferem diretamente nos
municípios. Por esses motivos, os municípios possuem papel fundamental durante o
processo de gestão de recursos hídricos. A gestão será efetiva se houver entendimento
entre todas as esferas de governo, sociedade pública, privada e associações. Ademais,
espera-se que os municípios possuam leis ambientais concordantes e mais restritivas
às federais e estaduais, trabalhem em parceria com os outros municípios da bacia
hidrográfica, possuam recursos humanos e financeiros e estrutura organizacional. Os
municípios mais populosos e economicamente mais desenvolvidos possuem um maior
potencial para a gestão. Isso é explicado pelo fato de que em áreas mais urbanizadas os
problemas ambientais são mais pronunciados e as autoridades locais são pressionadas
a criarem estruturas e ferramentas de gestão (MIRANDA, 2015).
O nível de participação dos municípios em órgãos colegiados varia de caso para
caso, dependendo das condições locais, da importância dada aos problemas hídricos, da
motivação dos prefeitos e colaboradores e dos interesses específicos em jogo. Em geral,
esse nível de participação é considerado baixo. Os governos locais estão muito mais
próximos das “consequências” (a população e seus problemas) do que das “causas”
(abordadas dentro das instituições de governança de bacias). Como executores,
as autoridades locais tendem a ser julgadas nas eleições pelo que elas realizaram
localmente e imediatamente, bem mais do que os outros níveis de decisão política.
Assim, o seu foco tende a se colocar principalmente nas questões de curto prazo, mais
do que nos níveis de escala nacional e de bacia hidrográfica. Como resultado, o grau
1679
de envolvimento dos municípios na tomada de decisão de médio e longo prazo é um
pouco limitada. Há uma exceção a essa regra geral, que é a participação nas decisões
relativas à gestão do uso do solo e desenvolvimento territorial, que têm impacto sobre
os recursos hídricos (OCDE, 2015).
Como pode ser observado, a gestão ambiental dos solos possui atribuição
compartilhada entre os três entes federativos, mas cabe ao poder público municipal,
e aos seus gestores, a atribuição complementar de estabelecer diretrizes sobre o uso e
à ocupação de áreas não contempladas pelos níveis federal e estadual. Cabe ainda, ao
município, executar diretamente a política urbana e, em particular, a gestão ambiental
do território urbano. Aliado a este fato, o palco do zoneamento ambiental são as
pequenas bacias hidrográficas, pois é nesta unidade territorial em que se estabelecem
as relações socioambientais. Ao mesmo tempo, as pequenas bacias geralmente estão
inseridas em grandes regiões hidrográficas cuja tutela das águas é realizada pela União
e pelos estados. Desta forma, muitas vezes as particularidades locais são ignoradas
nos estudos para elaboração e execução das políticas públicas e, consequentemente,
para a repartição da água entre os seus diversos usos. Assim, a inserção do poder
público municipal torna-se de grande importância na gestão dos recursos hídricos. Os
gestores locais necessitam atuar de forma sinérgica com os demais entes federativos.
Esta atuação poderia ser concebida, por exemplo, mediante políticas municipais que
poderiam abranger questões relacionadas ao uso e a ocupação do solo e práticas
conservacionistas (NORONHA, HORA e CASTRO, 2013).
1680
A composição de um comitê de bacia deverá refletir os múltiplos interesses
com relação às águas da bacia. Essa lógica representativa, muitas vezes, também é
bastante adequada para a escolha dos representantes de municípios. É comum estes
se associarem para realização de diversas atividades, inclusive para participarem do
processo de gestão das águas, congregando assim as demandas do segmento e unindo
forças para alcance de suas metas (BRASIL, 2011).
Em certa medida, a resistência dos governos municipais em relação aos comitês
também decorre da sua relutância em aceitar outras instâncias de poder em seus
respectivos territórios, que são vistas como oponentes a um paradigma de “progresso”
associado à expansão urbana e ao desenvolvimento das atividades econômicas,
independentemente de seus impactos ambientais. Além disso, os governos e os
CBH têm tempos diferentes (os governos podem ver os comitês como instâncias que
retardarão a tomada de decisão) e prioridades diferentes. Os CBH podem se concentrar
em questões que são menos importantes para os governos (OCDE, 2015).
2.5 Incentivos para a participação dos municípios na gestão dos recursos hídricos
1682
e competências para esperar que os municípios participem de forma mais ativa nos
colegiados do Singreh. É necessário dispor de incentivos que despertem seu interesse
em participar, tais como a disponibilidade de recursos financeiros para projetos que
sejam de interesse municipal (BRASIL, 2013).
O mecanismo de compensação a municípios, apesar de ter tido os artigos a ele
dedicados na Lei 9.433/97 vetados, não foi eliminado como instrumento de gestão.
Esse mecanismo é essencial, pois permite fazer a ligação entre os pontos críticos
para a gestão das bacias hidrográficas, que são a gestão dos recursos hídricos e a
gestão territorial. A CF/88 deixou a gestão territorial quase que integralmente para
apenas um dos entes federados, que é o município. É muito difícil, portanto, haver
interferência do setor de recursos hídricos sobre a questão da ocupação do território.
A única forma de intervir é por meio de mecanismos de incentivo. Esse instrumento
tem sido pouco utilizado, ignorado até, mas pode ser de grande valia, pois há várias
maneiras de incentivar os municípios a desenvolverem atitudes em conformidade
com a sustentabilidade da bacia. Os municípios devem ser incentivados a ter melhores
planos diretores de uso e ocupação do solo, de modo a preservar várzeas e outras áreas
sensíveis. Devem também ser incentivados a incorporar em seus códigos de edificação
práticas que induzam ao uso racional da água e ao controle de impermeabilização nas
construções e empreendimentos. Há diversos exemplos no país do ICMS ecológico,
como no estado do Paraná, o Município Verde em São Paulo, entre outros. Há também
mais uma possibilidade de integração dos instrumentos que é a aplicação dos recursos
arrecadados pela cobrança da água a esses incentivos (PORTO e PORTO, 2008).
O setor de energia contribui para a gestão dos recursos hídricos financiando
com uma taxa fixa como compensação financeira pelo uso da água para a geração de
energia hidrelétrica, distribuída de acordo com as áreas inundadas (BRASIL, 2000). No
entanto, as receitas são compartilhadas entre várias organizações, inclusive entidades
federais, governos estaduais e municípios afetados pelos reservatórios, e esses fundos
não são em geral destinados exclusivamente para o setor de recursos hídricos. Até
agora, os governos municipais e estaduais não demonstraram vontade de usar essas
receitas para melhorar o sistema de gestão de água. Em muitos casos, os municípios
relutam em participar nas estruturas estaduais e de bacia, embora eles desempenhem
um papel crucial nas questões de saneamento básico, ordenamento do uso do solo,
gestão de resíduos sólidos e licenciamento ambiental (OCDE, 2015).
Dessa forma, a descentralização administrativa preconizada pela CF/88 somente
será bem-sucedida quando ocorrer dentro de um programa intencional, no qual o
governo central cria incentivos para que os estados e municípios arquem com os novos
programas. Assim, é preciso não somente que as forças locais exijam maiores poderes,
mas, também, que o governo central aja de forma proativa, propiciando condições
para que os atores locais aceitem a descentralização. Em muitos casos, os atores locais
resistem à descentralização porque não há incentivos suficientes para à adoção de
novas responsabilidades. Na política de recursos hídricos, há um grande problema em
relação a tais incentivos. Teoricamente, o incentivo a favor da descentralização viria da
cobrança pelo uso da água.
O poder de definir preços e prioridades de investimento dos recursos da
cobrança seria a principal fonte da força política dos CBH, um grande incentivo para
que sejam criados pelo estado e para a participação da sociedade civil e dos usuários
(NORONHA, HORA e CASTRO, 2013).
1683
2.6 Desafios e recomendações à participação dos municípios na gestão dos recursos
hídricos
A ausência de uma definição clara da natureza e das funções dos governos locais,
em geral, ligadas às tarefas tradicionais de administração e fiscalização territorial e
prestação de alguns serviços locais e o fato de a maioria dos municípios terem reduzida
autonomia orçamentária, tendo em vista que dependem fortemente de transferências
financeiras dos outros níveis de governo, dificulta ou até mesmo inviabiliza uma
participação efetiva na gestão das águas (CARNEIRO e BRITTO, 2009).
A despeito de a esfera administrativa do município ser a mais próxima das
realidades sociais, sua escala de atuação não permite uma visão sistêmica do território
no qual está inserida. Muitos fatores dificultam a atuação do município na gestão da
água, sendo o principal a impossibilidade legal, por determinação constitucional,
de os municípios gerenciarem diretamente os recursos hídricos contidos em seus
territórios, a não ser por repasses de algumas atribuições por intermédio de convênios
de cooperação com estados ou a União. Outro aspecto é que a natureza essencialmente
setorial dos interesses dos governos locais faz com que atuem mais como usuários
dos recursos hídricos do que como gestores imparciais desses recursos (CARNEIRO e
BRITTO, 2009).
Cabe ressaltar as diferenças entre os municípios: enquanto nas grandes cidades
encontramos administrações eficientes, com boa capacidade de acesso à informação
e com uma legislação relativamente moderna, em outras cidades, destacando-se os
municípios periféricos em áreas metropolitanas, verifica-se uma total desatualização
da legislação agravada pela ausência de informações confiáveis sobre os processos
de estruturação urbana e mesmo o pequeno número e a baixa qualificação do corpo
técnico do setor. Essa desigualdade intermunicipal apresenta-se como um dos grandes
obstáculos para a maior efetividade das estruturas de gestão dos recursos hídricos e
para a cooperação entre as instâncias governamentais em escala metropolitana. Alguns
fatores dificultam a aplicação dos conceitos de gestão integrada das águas nas áreas
urbanas, como a falta de capacidade gerencial: os municípios não possuem estrutura
para o planejamento e gerenciamento adequado dos diferentes aspectos da água no
meio urbano (CARNEIRO e BRITTO, 2009).
Para que os municípios desempenhem com efetividade seu papel na gestão dos
recursos hídricos, necessário estarem preparados tanto do ponto de vista jurídico, como
do institucional, para serem considerados unidades credoras de investimentos, cujos
recursos poderão derivar de projetos específicos. A implantação e coordenação desses
projetos requer que sejam instalados nessas unidades federadas sistemas de dados
que englobem todos os recursos hídricos existentes na região em que se localizam e
esses sistemas deverão integrar-se aos cadastros das demais unidades da Federação,
incluindo ainda nessas parcerias a sociedade civil e a iniciativa privada, para alcance do
objetivo final que é a articulação permissiva de um melhor monitoramento preventivo
de ações que visem a precaver do desperdício e da degradação. Atores desse espetáculo
de cidadania, os municípios componentes de uma mesma bacia hidrográfica devem
agir de modo cooperativo e nunca competitivo (SANTOS, 2011).
Promover a integração das políticas públicas que interagem com os recursos
hídricos, saneamento e o ordenamento do uso do solo urbano é, provavelmente, a tarefa
mais urgente e complexa da agenda dos gestores públicos realmente comprometidos
com o futuro sustentado das metrópoles (CARNEIRO e BRITTO, 2009).
1684
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A CF/88 não atribuiu aos municípios o domínio sobre as águas, o que gera uma
dúvida frequente sobre como eles participam da gestão de recursos hídricos (BRASIL,
2013). Historicamente, a gestão de recursos hídricos no Brasil desenvolveu-se de forma
fragmentada e centralizada. A gestão era fragmentada em função de cada setor (energia
elétrica, agricultura irrigada, saneamento, etc.) realizar seu próprio planejamento e
medidas. Era centralizada em decorrência dos governos estaduais e federal definirem
a política sem que houvesse a participação dos governos municipais, dos usuários da
água e da sociedade civil (NORONHA, HORA e CASTRO, 2013). No entanto, a gestão
dos recursos hídricos envolve, obrigatoriamente, de diversas formas, os municípios.
Não há perspectivas de gerenciamento da água sem a participação dos atores locais.
Neste contexto, há que se romper com esse modelo vertical e centralizado e
inserir programas e incentivos para ampliar a participação efetiva de municípios e
demais setores locais na política nacional e estaduais de recursos hídricos.
4 REFERÊNCIAS
BRASIL. Agência Nacional de Águas (ANA). Cobrança pelo uso dos recursos hídricos
/ Agência Nacional de Águas. -- Brasília: ANA, 2014. 80 p.; il.-- (Capacitação em Gestão
de Recursos Hídricos; v.7). 2014.
OCDE (2015). Governança dos Recursos Hídricos no Brasil. OECD Publishing, Paris.
http://dx.doi.org/10.1787/9789264238169-pt. OCDE, 2015.
SANTOS, E. F.. O papel dos municípios na proteção dos recursos hídricos. Revista
Brasileira de Direito Constitucional – RBDC n. 18 – jul./dez. 2011.
1686
MAPEAMENTO COMO ESTRATÉGIA DE COMUNICAÇÃO NA GESTÃO
PARTICIPATIVA DE RECURSOS HÍDRICOS
1. INTRODUÇÃO
1
Universidade Federal do Espirito Santo-UFES e analaura.sants@hotmail.com
1687
Fig. 1 Bacia Hidrográfica do Rio Gandu. Fonte: AGERH (2006)
2. DESENVOLVIMENTO
1690
sentimento de pertencimento e empoderamento, facilitando a comunicação, e as trocas
de experiências entre os envolvidos.
Nos primeiros encontros com o comitê de bacia do Rio Guandu deve-se refinar a
identificação dos membros da comunidade, fazer levantamento de conflitos e potencia-
lidades, bem como da representatividade e do nível de capacitação para mapeamento
e tempo disponível. Cabe esclarecer que já temos algum conhecimento prévio sobre as
dinâmicas do comitê do Guandu devido à interação com pessoas com experiência com
aquele comitê, que serão aprofundados na interação com os demais membros.
Também serão verificados os meios de comunicação que existem no comitê da
bacia do Rio Guandu e analisadas as práticas desenvolvidas pelo mesmo. A partir des-
tas informações, proporemos, com os membros do comitê, a realização de oficinas para
apresentar e discutir como o mapeamento participativo pode auxiliar nas atividades
atuais e futuras do comitê, de modo a estabelecer e testar uma metodologia de mape-
amento.
3. CONSIDERAÇÕES FINAIS
4. REFERÊNCIAS
1691
CAMARGOS, Luiza; CARDOSO, Maria Lúcia. O papel do estado e da sociedade civil no
processo de criação dos comitês de bacia hidrográfica em Minas Gerais. In:MACHADO,
Carlos (Org.). Gestão de águas doces. Rio de Janeiro: Interciência, 2004. p. 291-324.
EVANS, Mark et al. Participação Social: lições aprendidas na Europa. In: ANTERO, S.
A.; SALGADO, V. A. B .(Org.). Participação Social: textos para discussão. Fundação
Instituto para o Fortalecimento das Capacidades Institucionais – IFCI / Agência Espa-
nhola de Cooperação Internacional para o Desenvolvimento – Aecid / Ministério do
Planejamento, Orçamento e Gestão – MPOG / Editora IABS, Brasília-DF, Brasil, 2013.
p. 11-105.
FONT, J.; BLANCO, I.; GOMÀ, R.; JARQUE, M. Mecanismos de participación ciuda-
dana en la toma de decisiones locales: una visión panorámica. In: XIV CONCURSO
DE ENSAYOS DEL CLAD “ADMINISTRACIÓN PÚBLICA Y CIUDADANÍA, Cara-
cas, 2000. Anais..., Caracas, 2000.
GIRARDI, Gisele. Mapeamento participativo, cartografia social e crítica: breves notas
para um debate sobre práticas cartográficas escolares. In: Lígia Maria Brochado de
Aguiar; Carla Juscélia de Oliveira Souza. (Org.). Conversações com a Cartografia Es-
colar: para quem e para que. 1ed., São João del Rei: UFSJ, 2016, v. 1, p. 46-60.
1692
REZENDE-SILVA, Simone. Comunidades Quilombolas e a política ambiental e territo-
rial na Mata Atlântica. Geografia em questão, Paraná,2012. Disponível em: <http://e-
revista.unioeste.br/index.php/geoemquestao/article/view/4967/4938>. Acesso em:
28 maio 2019.
VALENTE, Osvando. F.; DIAS, Herly. C. T. A bacia hidrográfica como unidade básica
de produção de água. Ação ambiental, Viçosa, v. 4, n. 20, p. 8-9, 2001.
1693
PLANO PLURIANUAL E GESTÃO PARTICIPATIVA: O CASO DO PLANO
DE BACIA HIDROGRÁFICA DOS AFLUENTES DO PARANAÍBA-DF E A
PROTEÇÃO DE NASCENTES DO DISTRITO FEDERAL
1 INTRODUÇÃO
1
Mestrado Profissional em Rede Nacional em Gestão e Regulação de Recursos Hídricos (ProfÁgua),
Universidade de Brasília (UnB/FUP). E-mail: giselanaves.df@gmail.com
1694
Figura 1 – Regiões Hidrográficas e os Estados brasileiros
2 REFERENCIAL TEÓRICO
1696
Para o quadriênio 2016 - 2019 foi publicada a Lei nº 5.602, de 30 de dezembro de 2015
(DISTRITO FEDERAL, 2015), que dispõe sobre o Plano Plurianual do Distrito Federal
nesse período. Esta Lei traz a contextualização do PPA no DF, algumas características
do território e demandas para a implantação de políticas públicas, além dos objetivos
e metas a serem atingidos.
Para fins de apoio à gestão, ao monitoramento e ao controle social do PPA, o
Poder Executivo deve manter disponível em sítio oficial do governo o texto atualizado
da lei e seus anexos, além de informação organizada sobre a implementação e o
acompanhamento dos programas previstos no PPA. Tais documentos são importantes
ferramentas para que a sociedade se aproprie, acompanhe e monitore o que cada ente
público está planejando e executando para o atingimento das metas propostas.
A referida Lei do PPA-DF destaca que este instrumento nasce de forma
participativa, baseada no Programa de Governo referendado pelas urnas. Ele realiza
e coloca em prática valores democráticos essenciais: transparência, controle social,
responsabilização e governança. Ressalta também que é um documento estratégico e,
nele, pode ser verificada a continuidade e a interrupção de programas,
1698
A atuação da sociedade é importante do ponto de vista da participação na
gestão dos recursos hídricos, sendo este um dos fundamentos da Política Nacional de
Recursos Hídricos instituída pela Lei 9.433 (BRASIL, 1997), no que tange à gestão dos
recursos hídricos descentralizada e conta com a participação do Poder Público, dos
usuários e das comunidades.
Em 2018, algumas ações foram realizadas pela equipe do Programa: palestras
de divulgação; Participação no 8º Fórum Mundial da Água; Realização de Workshop
com ênfase na gestão participativa visando a proteção dos recursos hídricos. Nesse
mesmo ano foi criado um Grupo de Trabalho, responsável por definir a normatização
do Programa por meio de Instrução Normativa. Como forma de abarcar as
contribuições da comunidade, durante o Workshop foram recebida as contribuições
dos participantes e posteriormente ao evento houve a divulgação no sítio eletrônico
para que a comunidade tivesse oportunidade de participar desta construção. Esta
iniciativa aconteceu no intuito de fortalecer o diálogo do Programa com a sociedade.
Como compromisso para os próximos anos, 2019 - 2022, há o plano de ação e de
metas. Dentre as ações, consta a de incentivar a adoção de medidas de preservação de
nascentes no âmbito do Distrito Federal, estimulando a participação da sociedade civil
e integrar as ações governamentais na gestão dos recursos hídricos, sendo este escopo
destinado ao órgão ambiental, Brasília Ambiental, coordenador do Programa Adote
uma Nascente, conforme Decreto Distrital nº 32.045/2010 (DISTRITO FEDERAL,
2010).
O PAN é um exemplo de que, para funcionar, depende muito mais do
colaborador e de seu apoio, que é voluntário, do que do próprio órgão, por conta
de falta de recurso e planejamento para executar as ações do Programa. Por isso a
importância de constar no PPA, a fim de que haja previsão orçamentária destinada às
ações de proteção e conservação de nascentes.
A gestão participativa tem a finalidade de reunir pessoas em uma mútua
cooperação, segundo (LEITE, 2000) para almejar os objetivos da organização e atender
às necessidades humanas, sejam elas individuais ou coletivas. Nesse sentido, é
necessário o fortalecimento da participação social nos projetos e programas existentes
que visem a preservação e a proteção dos recursos hídricos, de conscientização e
educação ambiental, uma vez que a água é um bem essencial e escasso.
A política de recursos hídricos do Distrito Federal, instituída pela Lei nº 2.725, de
13 de junho de 2001 (DISTRITO FEDERAL, 2001) tem como um dos seus fundamentos
informar continuamente a comunidade acerca da situação quantitativa e qualitativa
dos recursos hídricos, bem como promover a educação ambiental e a conscientização
sobre a importância da preservação, da conservação e do uso racional da água.
1700
subdivisões encontra-se a promoção de proteção de nascentes, como é o exemplo da
Diretriz específica (SZSE 7), que determina a implantação de programa de proteção
ambiental com vistas à garantia da integridade ecológica das áreas de nascentes dos
Córregos do Mato Seco e do Cedro.
O licenciamento ambiental, instrumento presente na Política de Meio Ambiente,
Lei nº 6.938/1981 (BRASIL, 1981), é outra ferramenta importante para integrar as
políticas, onde a construção, instalação, ampliação e funcionamento de estabelecimentos
e atividades utilizadores de recursos ambientais, efetiva ou potencialmente poluidores
ou capazes, sob qualquer forma, de causar degradação ambiental dependerão de
prévio licenciamento ambiental. A avaliação de impacto ambiental, o licenciamento
e os espaços territoriais protegidos são instrumentos que têm um impacto direto na
conformação do uso e ocupação do solo, bem como impõem restrições a essa ocupação
de forma a proteger o ambiente de usos não conformes com a sua vulnerabilidade ou
potenciais riscos.
Já a política de Saneamento Ambiental, ressalta o que dispõe o Decreto nº
7217/2010, no qual determina que suas as ações devem ser compatíveis com os planos
de recursos hídricos.
Diante de todos os desafios de integração entre as políticas, faz-se necessário que
os órgãos que compõem o Sistema de Gerenciamento de Recursos Hídricos do Distrito
Federal criem meios para também dialogar quanto ao planejamento e execução do
PPA, para que as ações possam também ser integradas visando a proteção, qualidade
e quantidade das águas do Distrito Federal.
Consta no PPA-DF 2016-2019 que a gestão ambiental e a gestão de resíduos
sólidos destacam-se como importantes vetores das atividades a serem implementadas
na proteção dos recursos hídricos do DF – quer seja na urbanização, quer seja no
fechamento do lixão do jóquei – e apoio ao plano de gestão de resíduos sólidos do DF.
Quanto aos critérios de uso e ocupação do solo, atualmente encontra-se em
revisão o Plano Diretor de Ordenamento Territorial do Distrito Federal. O PDOT é o
instrumento básico da política urbana e da orientação dos agentes públicos e privados
que atuam no DF. A participação da sociedade, por meio de movimentos sociais e
demais órgãos do governo é importante para que as decisões e ações sejam realizadas
democraticamente.
O movimento social traz para o processo, além da democratização e publicização
do Estado, a necessidade do controle social, em cinco dimensões: formulação,
deliberação, monitoramento, avaliação e financiamento das políticas públicas
(MORONI, 2005)
Especificamente em atenção à participação no processo de elaboração do novo
PDOT, é disposto em seu sítio eletrônico que a participação efetiva exige a construção
de uma rede capaz de conectar os principais atores da sociedade civil organizada,
órgãos do Governo Distrital e órgãos externos ao Governo local como, articulados
em todas as etapas de elaboração do novo PDOT, trazendo para o centro do debate a
cidade como um bem comum (DISTRITO FEDERAL, 2019c).
O incentivo à participação tem gerado possibilidades para uma efetiva
democratização nos procedimentos de gestão dos assuntos públicos. A participação
se torna um meio fundamental de institucionalizar relações mais diretas e flexíveis e
transparentes que reconheçam os direitos dos cidadãos, assim como de reforçar laços de
solidariedade num contexto de pressão social e polarização política na direção de uma
cidadania ativa que disponha dos instrumentos para o questionamento permanente
da ordem estabelecida (JACOBI, 2006).
1701
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
AGRADECIMENTOS
4 REFERENCIAS
1702
BRASIL. Presidência da República. Lei 6.938, de 31 de agosto de 1981. Dispõe sobre
a Política Nacional do Meio Ambiente.Diário Oficial da União, 1981. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L6938.htm>. Acesso em: 15 jul. 2019
1704
A EDUCAÇÃO AMBIENTAL COMO INSTRUMENTO PARA A GESTÃO DE
CONFLITOS PELO O USO DA ÁGUA
1 INTRODUÇÃO
1706
A Educação Ambiental crítica propõe fundamentos políticos, sociais, ações
políticas, ações participativas, em especial, a necessidade de superar um modelo de
ciência fundada na separação entre o saber cientifico e o saber popular. As práticas
inovadoras de pesquisa em educação ambiental têm a importância de contribuir para
a construção de instrumentos de produção e apropriação social e democrática dos
conhecimentos na construção de uma sociedade mais justa ambientalmente.
Diante desse contexto, a EA crítica é um instrumento que contribui para
a gestão participativa dos recursos hídricos. Ela proporciona o engajamento e o
empoderamento dos atores envolvidos no processo de gestão das águas. O processo
educativo-ambiental favorece a troca de um conjunto de saberes ambientais construídos
e assimilados, e promove a reflexão crítica sobre a realidade em questão. Isso habilita
os atores envolvidos nos movimentos participativos nas mais variadas instâncias de
discussão e também nos processos de tomada de decisão.
A Educação Ambiental crítica tem a capacidade de promover ações educativas,
capazes de impulsionar o debate e a participação das comunidades na gestão das
águas. Essa ferramenta educativa contribui diretamente com a implementação dos
instrumentos da Política Nacional de Recursos Hídricos nos Comitês de Bacias. Ela
vem qualificar, articular e incentivar as trocas de saberes entre os entes envolvidos. A
gestão das águas requer mediação de conflitos pelo uso da água. A Educação Ambiental
crítica contribui para a discussão e definição de acordos, buscando sempre os meios de
avançar no planejamento com a produção de conhecimentos e promove a igualdade
social nas tomadas de decisões.
1708
portanto para a gestão participativa dos recursos hídricos, que pretenda superar os
problemas ambientais é pertinente uma EA crítica.
A EA crítica teoria sobre as raízes das desigualdades sociais e dos desequilíbrios
nas relações entre sociedade e natureza. Ela pontua que os problemas ambientais
são decorrentes dos conflitos entre interesses privados e coletivos, mediados por
relações desiguais de poder que estruturam a sociedade contemporânea. Esse campo
do conhecimento tem como proposta inovadora à sociedade para despertar o senso
crítico, a cidadania, o empoderamento social para reivindicar seus direitos que estão
garantidos na CF/1988. Desse modo, ela é fundamentada em um posicionamento
crítico e vista como essencial ao uso sustentável das águas.
Dentro do contexto de gestão dos conflitos pelo uso da água, a educação
ambiental é uma ferramenta fundamental. Ela fomenta e estimula a participação ativa
dos atores envolvidos no processo de gestão dos recursos hídricos. Os conhecimentos
advindos da educação ambiental contribuem e se fazem necessários nos comitês de
bacias hídricas. Assim a educação ambiental reforça as discussões na perspectivas de
deliberação pública. Esta se concretizará principalmente pela presença crescente de
uma pluralidade de atores. Eles terão seu potencial de participação ativo e podem
intervir consistentemente e sem tutela nos processos decisórios de interesse público.
Dessa forma, este público legitima e consolida propostas de gestão baseada na garantia
do acesso à informação, e na sedimentação de canais abertos para a participação social,
requisitos básicos para a institucionalização do controle social (JACOBI, 2006).
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
CAMDESSUS. Michel (org.). (trad.: Maria Ângela Vilela). Água: oito milhões de
mortos por ano: um escândalo mundial. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2005.
DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. São Paulo: Atlas, 2005.
DUMAS, Juan e LUNA, Diego. Fondo Respuesta para a América del Su: una
experiencia para la construcción de mecanismos de respuestas temprana a conflitos
socioambientales en América Latina. Quito: FFLA, 2008.
GOMES, Gustavo & LOUREIRO, Carlos Frederico B. Gestão pública das águas e a
educação ambiental, p. 77-102. In: Carlos Frederico B. Loureiro (org.). Gestão pública
do ambiente e educação ambiental: caminhos e interfaces. São Carlos: Editora RIMA,
2012.
JACOBI, Pedro Roberto & BARBI, Fabiana. Democracia e participação na gestão dos
recursos hídricos no Brasil. Rev. Katál. Florianópolis v. 10 n. 2 p. 237-244 jul./dez.
2007.
1710
MACHADO, C.J.S. Recursos Hídricos e Cidadania no Brasil: Limites, Alternativas e
Desafios. Ambiente & Sociedade v. 6, n 2, 2003.
SILVA, José Afonso da. Direito Constitucional. São Paulo: Malheiros, 2000.
1711
ARRANJO POLÍTICO-INSTITUCIONAL DE GESTÃO DAS ÁGUAS NO ESTADO
DE RONDÔNIA
1 INTRODUÇÃO
1
Mestranda do ProfÁgua – UNIR e Coordenadora Estadual de Recursos Hídricos da Secretaria de Esta-
do do Desenvolvimento Ambiental de Rondônia - SEDAM: tathyleal.10@gmail.com
2
Docente da SEDUC-RO e do Programa de Mestrado ProfÁgua - UNIR; geocaramellofrj@gmail.com
1712
2 DESENVOLVIMENTO
1.1 Metodologia
1714
Fonte: Organização própria.
1715
Pode-se observar que cada instituição que exerce papel vinculado à gestão das
águas no estado de Rondônia, seja no âmbito federal como no âmbito estadual, dentro
das suas competências tem trabalhado de forma integrada e articulada. A princípio,
ressaltamos o recém-criado MDR que lançou o Plano Nacional de Segurança Hídrica
com um programa de investimentos levando-se em conta a prioridade e o impacto so-
bre as principais questões relacionadas ao tema água, que irá impactar positivamente
as ações em recursos hídricos no país. Desta forma, ANA (2019) explicita que o MDR
fortaleceu o arcabouço institucional para planejamento, execução, operação e manu-
tenção da infraestrutura hídrica estratégica para o Brasil, que está atuando em parceria
com a ANA. Como consequência, garantirá disponibilidade hídrica estratégica para as
necessidades humanas bem como das atividades produtivas e ainda poderá reduzir os
impactos dos eventos hidrológicos críticos, como secas e cheias.
Entre as instituições parceiras no estado de Rondônia vale destacar em especial
a ANA, instituição federal que tem atuado fortemente em parceria com os estados
brasileiros através da articulação com os órgãos gestores. O que segundo preceitua
Costa (2003), esse tipo de atuação é relevante ao levar em conta as especificidades
regionais, regime político federativo e a titularidade das águas, que faz com que os
órgãos gestores estaduais sejam parceiros fundamentais na implementação de um Sis-
tema integrado e competente. No entanto, conforme OCDE (2015), embora a ANA seja
muito reconhecida e respeitada, na sua atuação o tema água ainda recebe muito pouca
atenção na agenda política nacional em comparação com outras questões de “seguran-
ça nacional”.
Como instituição parceira da ANA, a Sedam vem desenvolvendo ações de for-
ma participativa através do CRH/RO, com a realização de debates com a sociedade
acerca da forma mais adequada de implementar a Gestão e o funcionamento do Siste-
ma Estadual de Gerenciamento de Recursos Hídricos. (ROCHA, 2016). Mesmo tendo
empreendido esforços na gestão das águas, a Sedam ainda não implantou todos os
instrumentos de gestão previstos em lei, somente a outorga foi implantada e o Plano
Estadual foi discutido e aprovado pelo CRH/RO. Por outro lado, o IPEA (2017), res-
salta a dificuldade do órgão gestor de recursos hídricos referente à instabilidade de re-
cursos humanos por falta de contratação adicional de servidores por concurso público,
o que traz muitas vezes a descontinuidade dos trabalhos por conta da rotatividade de
servidores no órgão.
Apesar da atuação com algumas lacunas de governança, a Sedam vem exercen-
do seu papel de secretaria executiva do CRH/RO com a obtenção de resultados impor-
tantes. O CRH/RO teve sua reativação no ano de 2011, culminando com a implantação
dos primeiros cinco Comitês de Bacia Hidrográfica – CBHs (Fig. 1) em 2014 (Rocha,
2016).
1716
Figura – Espacialização dos Comitês de Bacia Hidrográfica do Estado de Rondônia.
Como ponto a ser melhorado, segundo relatório do IPEA (2017), podemos citar
que o conselho ainda não dispõe de orçamento próprio, haja vista que atualmente o
Fundo Estadual de Recursos Hídricos - FRH não se encontra em operacionalização. O
que acarreta dependência orçamentária e financeira do órgão gestor de recursos hídri-
cos, que por sua vez tem a maior parte de seu recurso disponível atrelado à convênios
com a ANA que poderão ser encerrados no futuro.
Ainda no que se refere às instituições que integram o SEGREH, ressalta-se os
Comitês de bacia hidrográfica - CBHs criados no estado de Rondônia. Essas instâncias
têm grande potencial para a melhoria da gestão dos recursos hídricos, segundo IPEA
(2017), a maioria dos gestores e membros do CRH/RO entrevistados considerou que
os CBHs poderão contribuir muito, pois estão mais próximos às peculiaridades da
bacia hidrográfica, podendo desta forma apontar as demandas locais para a maior
efetividade da gestão hídrica. No entanto, os CBHs instalados no estado enfrentam
dificuldades na sua atuação principalmente com relação à disponibilidade de recursos
humanos e materiais em razão da falta de sustentabilidade financeira, devido ao
fato de ainda não possuírem agência de bacia e consequentemente dependerem ex-
clusivamente do órgão gestor para atendimento de suas demandas administrativas e
financeiras.
A auto sustentabilidade financeira é de suma importância para o desenvolvi-
mento de ações de todo o SEGREH. Neste sentido, para implementação dessas ações
no estado de Rondônia existe o Fundo Estadual de Recursos Hídricos - FRH, que foi
instituído por lei em 2002 e regulamentado no ano de 2015, no entanto encontra-se
ainda em processo de operacionalização. Segundo relatório do IPEA (2017), essa ope-
racionalização do fundo é um dos principais desafios do estado, tendo em vista que sua
regulamentação deverá fornecer grande aporte de recurso para o setor, em detrimento
1717
de outros setores que atualmente vem recebendo esse recurso, que em sua maioria é
proveniente do aproveitamento hidroelétrico no estado.
No que diz respeito às instituições que não integram o SEGREH mas que exer-
cem papel importante na gestão das águas em Rondônia, podemos destacar a Com-
panhia de Água e Esgoto – CAERD, que é responsável pela prestação de serviços pú-
blicos relacionados à água e esgoto no estado. A empresa, segundo BRASIL (2019), é
destaque entre os estados brasileiros com elevados crescimentos nos investimentos,
quando os valores de 2017 são comparados com os do ano de 2016, com o percentu-
al de 846,2%, enquanto que outros estados não alcançaram 30%, como o Maranhão
(25,2%) e Amazonas (24,3%).
No entanto, o existe déficit de saneamento básico no estado, que inclusive não
acompanhou o desenvolvimento econômico apresentado pelo estado. Ainda conforme
Brasil (2019), Rondônia está entre os estados com indicadores mais preocupantes nos
serviços de água e esgotamento sanitário, o que comprova que as autoridades não se
atentaram ainda para o grande problema que a falta de saneamento traz à saúde das
pessoas e ao meio ambiente.
Por outro lado, no estado de Rondônia existe também uma rede de instituições
que se articulam para desenvolver ações integradas para a prevenção de desastres
naturais relacionados a eventos hidrológicos críticos. Dentre as principais instituições
figuram a Defesa Civil Estadual, a CPRM e o CENSIPAM.
No caso do CENSIPAM, segundo o relatório de atividades de 2017, as reuniões pro-
movidas atingem os objetivos a medida há o encontro entre diversos setores do gover-
no e órgãos responsáveis pelas ações de defesa civil, gestão, monitoramento de recursos
hídricos, representantes de instituições de pesquisa e fiscalização do Acre e Rondônia,
para intercâmbio de experiências e elaboração de estratégias. Um ponto que merece
melhorias é no SipamHidro, constituindo-se numa ferramenta construída pelo CEN-
SIPAM que propicia às instituições públicas que atuam na região, principalmente as
defesas civis estaduais e municipais, informação em tempo real sobre ocorrências de
inundações e secas severas ocasionadas pela sazonalidade do clima da região, no en-
tanto não abrange todo os municípios que sofrem com os efeitos das inundações e
enchentes no estado. Já a Defesa Civil no âmbito estadual tem atuado nos eventos
hidrológicos críticos no período de cheia dos rios, mesmo sendo comandado pelo mes-
mo dirigente do Corpo de Bombeiros Militar, atuando com os recursos humanos e ma-
teriais da instituição militar, atende de forma eficaz quando são acionados. Segundo
o relatório da Controladoria Geral da União – CGU elaborado sobre a Cheia histórica
do Rio Madeira de 2014, todos os procedimentos que se fizeram necessários quanto ao
requerimento de reconhecimento de situação de emergência foram realizados dentro
do prazo conforme a legislação em vigor.
Enquanto que a CPRM tem atuado em parceria com o CENSIPAM e com a De-
fesa Civil em reuniões de trabalho subsidiando as estratégias de atuação para preven-
ção de desastres naturais com o fornecimento de dados das suas plataformas hidro-
metereológicas. Sendo a parceria também com a Sedam na instalação de infraestrutura
de monitoramento de recursos hídricos, na manutenção das estações automáticas e no
treinamento para os técnicos. No entanto, conforme IPEA (2017) mesmo com a van-
tagem de os dados serem disponibilizados atualmente diariamente e em tempo real,
esses dados carecem da disponibilização para as instituições de pesquisa, gestores e
para a sociedade em geral.
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
4 AGRADECIMENTOS
5 REFERÊNCIAS
1719
BRASIL, Diário Oficial da União (D.O.U.). Decreto Nº 24.643, de 10 de julho de 1934.
Código de Águas.
1720
RONDÔNIA. Lei Complementar nº 255, de 25 de janeiro de 2002. Institui a Política, cria
o Sistema de Gerenciamento e o Fundo de Recursos Hídricos do Estado de Rondônia e
dá outras providências. Diário Oficial Executivo [de] Rondônia, Porto Velho, RO, 26
jan. 2002.
RONDÔNIA. Decreto 19.057 de 31 de julho de 2014, institui o CBH Rio São Miguel –
Vale do Guaporé. Disponível em: <ditel.casacivil.ro.gov.br/COTEL/Livros/Files/DEC19057.
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RONDÔNIA. Decreto 19.061 de 31 de julho de 2014, institui o CBH Rio Branco e Colorado.
Disponível em: <ditel.casacivil.ro.gov.br/COTEL/Livros/Files/DEC19061.pdf>. Acesso em 20
de agosto de 2019.
1721
1722