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A bacia hidrográfica do Rio Miranda é uma das mais importantes do Mato

2
Grosso do Sul que integra a Bacia do Alto Paraguai. Sua área é de 47.000 Km e
abriga uma população de aproximadamente 1.131.000 habitantes, considerando
os 23 Municípios que possuem área física na bacia.
Atentos a importância da bacia hidrográfica, o Consórcio Intermunicipal
para o Desenvolvimento Integrado da Bacia do Rio Miranda e Apa - CIDEMA,
iniciou em 2001 estudos de caracterização da bacia em Convênio com a
Secretaria de Recursos Hídricos - SRH do Ministério do Meio Ambiente - MMA.
Em 2003, estes estudos foram complementados, divulgados e discutidos Bacia Hidrográfica do Rio Miranda
mediante parceria com o WWF - Brasil em workshop denominado “Estado da
Arte da Bacia do Rio Miranda” realizado em Bonito, apoiado pelo Projeto GEF
Pantanal Alto Paraguai, Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Hídricos do

Bacia Hidrográfica do Rio Miranda


Mato Grosso do Sul e Instituto Meio Ambiente Pantanal, e que contou com
participação representativa de todos os segmentos sociais e políticos atuantes
na bacia. Carlos André B. Mendes
A presente publicação é um registro destes estudos e debates realizados na
bacia e apresenta, de forma inédita e pioneira, informações sistematizadas sobre
Felipe Augusto Dias
os aspectos sociais, econômicos e ambientais da bacia, na expectativa de que os Maria Bernadete Ribas Lange
mesmos possam auxiliar e contribuir de maneira significativa, no aprimoramento Mauri César Barbosa Pereira
dos debates sobre o modelo gerencial desejado pela sociedade sul-mato- Michael Becker
grossense para a gestão da Bacia do Miranda.
Samuel Röiphe Barreto
Sandor Arvino Grehs

I SBN 857598047 - 5

Apoio:

PNUMA GEF OEA


Programa das Nações Unidas Fundo para o Organização dos
Agência Nacional de Águas para o Meio Ambiente Meio Ambiente Mundial Estados Americanos 9 788575 980477
Bacia Hidrográfica do Rio Miranda
Estado da Arte

1
Missão Salesiana de Mato Grosso

UNIVERSIDADE CATÓLICA DOM BOSCO


Instituição Salesiana de Educação Superior

Chanceler: Pe. Dr. Afonso de Castro


Reitor: Pe. José Marinoni
Pró-Reitor Acadêmico: Pe. Jair Marques de Araújo
Pró-Reitor Administrativo: Pe. Luilton Pouso

Catalogação na Fonte: Biblioteca “Pe. Félix Zavattaro” - UCDB

Bacia hidrográfica do rio Miranda: estado da arte / Mauri César


Barbosa Pereira...[et al.]. Campo Grande : UCDB, 2004.
177 p.

ISBN: 85-7598-047-5

1 Bacia hidrográfica do Rio Miranda I. Pereira, Mauri César


Barbosa

Clélia Takie Nakahata Bezerra


Bibliotecária - CRB n. 1/757

2
Bacia Hidrográfica do Rio Miranda
Estado da Arte

Autores:
Carlos André Bulhões Mendes
Sandor Arvino Grehs
Mauri César Barbosa Pereira
Samuel Röiphe Barreto
Michael Becker
Maria Bernardete Ribas Lange
Felipe Augusto Dias

3
© 2004 Editora UCDB
Impresso no Brasil
Printed in Brazil

1ª Edição
2004

Coordenação de Editoração
Ereni dos Santos Benvenuti
Editoração Eletrônica
Departamento de Marketing UCDB
Capa
Rosana Cambuí

É proibida a reprodução total ou parcial desta publicação, para qualquer finalidade, sem
autorização por escrito dos editores.
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(Decreto n. 1825 de 20/12/1907).
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o n. 7598.
Membro da Associação Brasileira das Editoras
Universitárias - ABEU

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CEP 79177-900 - Campo Grande-MS
Fone/fax: (67) 312-3373
e-mail:editora@ucdb.br
http://www.ucdb.br/editora

4
WWF-Brasil

Consórcio Intermunicipal para o


Desenvolvimento Integrado das Bacias dos
Rios Miranda e Apa – CIDEMA.

Bacia Hidrográfica do Rio Miranda


Estado da Arte

Autores:
Carlos André Bulhões Mendes
Sandor Arvino Grehs
Mauri César Barbosa Pereira
Samuel Röiphe Barreto
Michael Becker
Maria Bernardete Ribas Lange
Felipe Augusto Dias

Novembro 2004
5
Instituições envolvidas, coordenação e equipe técnica
CIDEMA
Presidente: Dácio Queiroz Silva
Vice-presidente: Reinaldo Azambuja
Secretário: Marcio Campos Monteiro
WWF-Brasil
Secretária Geral Interina - Sandra Lyster Charity
Superintendente de Conservação - Rosa Maria Lemos de Sá
Programa Água Para a Vida - Samuel Röiphe Barrêto e Michael Becker
Programa Pantanal Para Sempre - Bernadete Lange

Coordenação do Projeto Estado da Arte da Bacia Hidrográficas do Rio Miranda:


Mauri César Barbosa Pereira, pelo CIDEMA
Samuel Röiphe Barreto, pelo WWF – Brasil
Autores do texto do Estado da Arte:
Eng. Civil Carlos André Bulhões Mendes
Eng. Florestal Mauri Cesar Barbosa Pereira
Geólogo Sandor Arvino Grehs
Eng. Agrônomo Felipe Augusto Dias
Biólogo Samuel Röiphe Barreto
Eng. Ambiental Michael Becker
Bióloga: Maria Bernardete Ribas Lange
Colaboração:
Arquiteto Agenor Martins Júnior (levantamento de campo)
Turismóloga Áurea da Silva Garcia
Bióloga Terezinha da Silva Martins
Editoração e Revisão
Eng. Sanitarista e Ambiental Daniela de Almeida Nantes
Jornalista Moema Vilela
Biólogo Angelo José Rodrigues Lima

6
Sumário

Apresentação ........................................................................................................................................................................................ 11

Abrangência da Bacia Hidrográfica do Rio Miranda ......................................................................................................................... 13

Aspectos físicos e biológicos .............................................................................................................................................................. 19

Aspectos sociais e econômicos ........................................................................................................................................................... 37

Usos dos recursos hídricos ................................................................................................................................................................. 47

Aspectos de conservação ..................................................................................................................................................................... 57

Aspectos de gestão .............................................................................................................................................................................. 65

Desafios para a gestãoda bacia hidrográfica ....................................................................................................................................... 85

Proposições de critérios de outorga e cobrança para a Bacia ............................................................................................................ 89

Contribuição ao Processo de Discussão sobre a Gestão da Bacia do Rio Miranda: O Workshop ............................................. 95

Referências bibliográficas ................................................................................................................................................................... 118

7
LISTA DE TABELAS
enfatizando-se a Bacia do Rio Miran-
da.
Tabela 1: Áreas dos municípios Figura 3: Localização da Bacia Hi-
constituintes da Bacia do Rio Miran- drográfica do Rio Miranda no MS.
da em participação (%) na bacia em Figura 4: Municípios que possuem
ordem decrescente. área física no MS.
Tabela 2: Municípios com mais de Figura 5: Percentuais da área da
50% e entre 10 a 50% de sua área BHRM em relação à área do Estado.
física na BHRM Figura 6: Percentuais da área dos
Tabela 3: Composição de áreas da Municípios na Bacia do Rio Miran-
sub-bacia do Miranda da.
Tabela 4: Composição de áreas da Figura 7: Percentuais da área dos
sub-bacia do Aquidauana Municípios na Bacia do Rio Miran-
Tabela 5: Habitantes por municípi- da.
os na BHRM Figura 8: Contribuição dos Municí-
Tabela 6: Municípios e sua relação pios na formação da Bacia do Rio
com o IDH Miranda.
Tabela 7: Numero de propriedades Figura 9: Mapa identificando os mu-
nos Municípios que integram a ba- nicípios da Bacia Hidrográfica do
cia hidrográfica do Rio Miranda. Miranda.
Tabela 8: Abastecimento de Água e Figura 10: Mapa geológico
Serviços de Esgoto – 2001 Figura 11: Mapa de solo
Tabela 9: População animal na ba- Figura 12: Localização da Bacia do
cia do Rio Miranda (número de ca- Rio Miranda em relação às outras
beças) bacias que drenam ao Pantanal no
Tabela 10: Demandas da desseden- Estado do Mato Grosso do Sul – MS
tação animal na bacia do Rio Miran- Figura 13: Rios Federais na área de
da influência do Pantanal.
Tabela 11: População urbana e po- Figura 14: Inserção da Planície
pulação rural (2000) e suas respec- Pantaneira nas bacias hidrográficas
tivas demandas. do Estado do MS.
Tabela 12: Demandas de água na Figura 15a: Estações “nos cursos
bacia do Rio Miranda, caracterizada d´água”, com especial ênfase nas 4
por segmento de uso. estações selecionadas.
Tabela 13: Classes de uso do solo e Figura 15b: curva de duração ou per-
suas áreas manência de vazões dos postos flu-
Tabela 14: População urbana e ru- viométricos da bacia do Rio Miran-
ral e taxas de crescimento de 1991 da.
a 2000 dos municípios da região de Figura 15.c: Balanço Hídrico climá-
estudo. tico simplificado.
Tabela 15: Índices de Produtividade Figura 16: Bacia do Miranda, as sub-
Tabela 16: Sugestões de Controle e bacias do Miranda e Aquidauana e
Intervenção a topografia.
Figura 16a : Mapa das Orientações
LISTA DE FOTOS das vertentes derivado do MNT.
Figura 17: Proposta de gerencia-
Foto 1: Abertura do evento mento da bacia do Miranda.
Foto 2: Parceria CIDEMA e WWF- Figura 18: Delimitação da sub-ba-
Brasil cia do Rio Miranda e dos municípios
Foto 3: Dácio Queiroz, Samuel que a integram
Barreto e Mauri Pereira Figura 19: Participação (%) dos Mu-
Foto 4: Grupo de trabalho nicípios na sub-bacia do Rio Miranda
Foto 5: Grupo de trabalho Figura 20: Delimitação da sub-ba-
cia do Rio Aquidauana e dos muni-
cípios que a integram
LISTA DE FIGURAS Figura 21: Participação (%) dos mu-
nicípios na sub-bacia do Rio Aqui-
Figura 1: Bacia do Rio Miranda no dauana
contexto da Bacia do Alto Paraguai - Figura 22: Distribuição espacial e
BAP. temporal do NDVI, na Bacia Hidro-
Figura 2: Bacia do Alto Paraguai gráfica do Rio Miranda, derivada de
8
dados do satélite AVHRR/NOAA. bacias hidrográficas
Figura 23: Participação da popula- Figura 45: Localização da região de
ção (%) dos municípios que possuem atuação do CIDEMA - bacias dos Rios
área na bacia do Rio Miranda Miranda e Apa
Figura 24: Participação da popula- Figura 46: Localização da região de
ção urbana e rural na BHRM atuação do COINTA - bacia do Rio
Figura 25: Perfil dos Municípios Taquari.
BHRM em relação ao IDH - Figura. 47: Estrutura proposta para
Longevidade adequação do CIDEMA à gestão ple-
Figura 26: Perfil dos Municípios na dos recursos hídricos
BHRM em relação ao IDH - Educa- Figura 48: Distribuição espacial da
ção população urbana e rural na bacia
Figura 27: Perfil dos Municípios do Miranda para o ano 2000.
BHRM em relação ao IDH - Renda Figura 49: Totalização das popula-
Figura 28: Perfil dos Municípios ções urbanas e rurais da bacia do
BHRM em relação ao IDH – Renda Miranda
Per Capita Figura 50: Áreas urbanas na bacia
Figura 29: Demanda para desseden- do Miranda
tação de animais por categoria ani- Figura 51: Área de pesca Profissio-
mal nal na Bacia do Miranda
Figura 30: Distribuição percentual Figura 52: Área de pesca com bar-
da demanda de água para abasteci- cos na Bacia do Miranda
mento público na bacia Figura 53: Construção na Bacia do
Figura 31: Demanda hídrica, por Miranda
segmento de uso, na bacia do Miran- Figura 54: Degradação da Mata
da. Ciliar na área da Bacia do Miranda
Figura 32: Distribuição geográfica Figura 55: Área da Bacia do Rio Mi-
da demanda urbana (l/s), na bacia randa com Falta de Saneamento
do Miranda. Tamanho do círculo re- Básico
lativo aos dados da tabela 12. Figura 56: Área com concentração
Figura 33: Distribuição geográfica Industria
da demanda rural (l/s), na bacia do Figura 57: Atividades Mineradora
Miranda. na Bacia do Miranda
Figura 34: Distribuição geográfica Figura 58: Cultivo de Arroz Irrigado
da irrigação (l/s), na bacia do Miran- na Bacia do Miranda
da. Figura 59: Uso não consumptivos na
Figura 35: Distribuição geográfica Bacia do Miranda
da dessedentação animal (l/s), na Figura 60: Assentamentos na área
bacia do Miranda. da Bacia do Miranda
Figura 36: Distribuição geográfica
da demanda hídrica, por segmento SIGLAS E ABREVIATURAS
de uso, na bacia do Miranda.
Figura 37: Síntese da qualidade de
ABES/MS - Associação Brasileira
água expressa sob a forma de IQA
de Engenharia Sanitária
Figura 38: Imagem classificada e
ABHRS - Associação de Hotéis, Ba-
georreferenciada para a região do
res e Similares
Miranda.
ABRH/MS - Associação Brasileira
Figura 39: Usos do solo na região do
de Recursos Hídricos
Miranda
ANA - Agência Nacional de Águas
Figura 40: Estrutura viária na re-
APAI/MS - Associação de Produto-
gião do Miranda
res de Arroz Irrigado
Figura 41: Mapa esquemático das
ASSOMASUL - Associação dos Mu-
Unidades de Conservação da Bacia
nicípios de Mato Grosso do Sul
do Miranda
ATRATUR - Associação de Atrativos
Figura 42: Mapa esquemático do
Turísticos de Bonito e Região
Aqüífero Guarani
BHRM - Bacia Hidrográfica do Rio
Figura 43: Mapa do Aqüífero
Miranda
Guarani no estado de Mato Grosso
CECA - Conselho Estadual de Con-
do Sul
trole Ambiental
Figura 44: Estrutura convencional
CI - Conservation International
de consórcios intermunicipais de
9
CIDEMA - Consórcio UVEMS - União dos Vereadores de
Intermunicipal para o Desenvolvi- Mato Grosso do Sul
mento Integrado das Bacias dos Rios
Miranda e Apa
EMBRAPA - -Empresa Brasileira de
Pesquisa Agropecuária
FAMASUL - Federação de Agricultu-
ra de Mato Grosso do Sul
FIEMS - Federação de Indústrias de
Mato Grosso do Sul
FUNAI - Fundação Nacional do Índio
GEF - Global Environmental Facility
IBAMA - Instituto Brasileiro de Meio
Ambiente e dos Recursos Naturais
Renováveis
IBGE - Instituto Brasileiro de Geo-
grafia e Estatística
IDATERRA - Instituto de Desenvol-
vimento da Terra
IMAP - Instituto de Meio Ambiente
Pantanal
IPE - Iniciativa Pantanal Everglades
IPRH - Instituto de Pesquisas em
Recursos Hídricos
MMA - Ministério do Meio Ambien-
te
MPE - Ministério Publico Estadual
MUPAN - Mulheres em Ação no Pan-
tanal
OEA - Organização dos Estados Ame-
ricanos
PMA/MS - Polícia Militar do Meio
Ambiente
SANESUL - Empresa de Saneamen-
to de Mato Grosso do Sul
SEMA/MS - Secretaria de Estado
do Meio Ambiente
SEMACT - Secretaria Estadual de
Meio Ambiente, Cultura e Turismo
SEPLANCT - Secretaria de Estado de
Ciência, Tecnologia e Planejamen-
to
SEPROTUR - Secretaria de Estado
de Produção e Turismo
SODEPAN - Sociedade de Defesa do
Pantanal
SRH - Secretaria de Recursos Hí-
dricos
TNC - The Nature Conservancy
UCDB - Universidade Católica Dom
Bosco
UEMS - Universidade Estadual de
Mato Grosso do Sul
UFMS - Universidade Federal de
Mato Grosso do Sul
UNIDERP - Universidade para o De-
senvolvimento do Estado e Região do
Pantanal
10
Apresentação

O
presente livro é resultado dos trabalhos desenvolvidos con-
juntamente entre o WWF-Brasil e o Consórcio Intermunicipal
para o Desenvolvimento Integrado das Bacias dos Rios Mi-
randa e Apa (CIDEMA), mediante contrato CPS n0 563-2002
para a execução de levantamentos sócio-ambientais na ba-
cia hidrográfica do Rio Miranda, Mato Grosso do Sul.
As informações resultantes desse levantamento ser-
viram para a formatação do “Estado da Arte” da bacia hidrográfica do Rio
Miranda, que foi base da discussão realizada durante o workshop “Estado
da Arte da Bacia do Rio Miranda”, realizado nos dias 13 a 15 de agosto de
2003, em Bonito, MS. Os resultados deste workshop estão incluídos no
capítulo 9.
Neste documento estão inseridas informações referentes à caracte-
rização da bacia hidrográfica do Rio Miranda (aspectos físicos, biológicos,
sociais, institucionais e econômicos); à legislação e gestão dos recursos
hídricos; à análise das tendências do uso do solo e usos dos recursos hídri-
cos na bacia do Rio Miranda e aos cenários e perspectivas para a gestão da
bacia hidrográfica do Rio Miranda – aspectos legais e institucionais.
As informações referentes à análise das tendências do uso do solo e
usos dos recursos hídricos na bacia do Rio Miranda e os cenários e pers-
pectivas para a gestão da bacia hidrográfica foram objeto de discussão con-
junta entre o CIDEMA, municípios, WWF-Brasil e atores que participaram
do workshop realizado nos dias 13 a 15 de agosto de 2003. Essas informa-
ções devem ser entendidas de forma introdutória, pois serão objeto de apro-
fundamento no Grupo de Trabalho formado a partir de sugestão do workshop
realizado em Bonito, integrando os principais atores da gestão da bacia do
Miranda.
A maioria das informações aqui apresentadas tem como origem o
projeto que foi executado mediante convênio (nº 017/2000) entre o CIDEMA
- Consórcio Intermunicipal para o Desenvolvimento Integrado das Bacias
dos Rios Miranda e Apa, e a Secretaria de Recursos Hídricos (SRH) do Mi-

11
nistério do Meio Ambiente. O projeto contou ainda com o apoio da Secreta-
ria de Estado do Meio Ambiente (SEMA) e da Empresa de Saneamento de
Mato Grosso do Sul (SANESUL). A entidade responsável por esse projeto foi
o Consórcio Intermunicipal para o Desenvolvimento Integrado das Bacias
dos Rios Miranda e Apa (CIDEMA).
Este documento visa subsidiar as discussões sobre a gestão da bacia
hidrográfica do Rio Miranda, apresentando um conjunto de informações
inéditas e que serão progressivamente aperfeiçoadas e complementadas
pelo CIDEMA e organizações envolvidas com o tema.

Dácio Queiroz Silva Denise Hamú


Presidente do CIDEMA Secretária Geral do WWF-Brasil

Mauri César Barbosa Pereira


Coordenador do Projeto Miranda

12
1
Abrangência da
Bacia Hidrográfica do Rio
Miranda

13
1.1. Localização 1.2. Área física e municípios que
integram a Bacia
A Bacia do Rio Paraguai, onde
se insere a Bacia Hidrográfica do A Bacia Hidrográfica do Rio
Rio Miranda (BHRM) conforme figu- Miranda tem uma área física de
ra 2, possui uma área de 1.095.000 44.740.50 km2, envolvendo o terri-
km2. Esta bacia é tributária da ba- tório de 23 municípios do Estado de
cia do Rio Paraná (1.510.000 km2) Mato Grosso do Sul (figura 4), com
que, somada à Bacia do Rio Uru- diferentes percentuais de participa-
guai (365.000 km2), constitui o sis- ção, como mostram os dados apre-
tema fluvial do Rio da Prata (figura sentados na tabela 1.
1). Com aproximadamente
3.190.000 km2, a Bacia do Rio da
Prata se estende por territórios do
Brasil, da Bolívia, do Paraguai, do
Uruguai e da Argentina.

Figura 1: Bacia do Rio Miranda no contexto da


Bacia do Alto Paraguai - BAP.
Fonte: CIDEMA – SRH/2002.

Figura 2: Bacia do Alto Paraguai enfatizando-se


a Bacia do Rio Miranda.
Fonte: CIDEMA – SRH/2002.

14
Nome Área Área na % da área % da área Núcleo
Municipal bacia (km2) da Bacia do urbano na
(km2) no Município bacia
Município na Bacia

Anastácio 2948.8 2948.8 6.6 100.0 Sim


Guia Lopes da 1210.4 1210.4 2.7 100.0 Sim
Laguna
Nioaque 3923.8 3923.8 8.8 100.0 Sim
Rochedo 1560.8 1560.8 3.5 100.0 Sim
Terenos 2841.0 2841.0 6.3 100.0 Sim
Bodoquena 2507.2 2486.3 5.6 99.2 Sim
Dois Irmãos do 2344.2 2214.5 4.9 94.5 Sim
Buriti
Bonito 4933.9 4624.4 10.3 93.7 Sim
Miranda 5478.6 5096.0 11.4 93.0 Sim
Jardim 2202.0 1988.8 4.4 90.3 Sim
Corguinho 2640.6 1175.3 2.6 44.5 Sim
Bandeirantes 3115.5 1344.7 3.0 43.2 Sim
Aquidauana 16957.7 5475.5 12.2 32.3 Sim
Jaraguari 2912.7 935.1 2.1 32.1 Não
Maracaju 5298.8 1644.0 3.7 31.0 Não
Sidrolândia 5286.2 1281.4 2.9 24.2 Sim
Ponta Porã 5344.3 873.3 2.0 16.3 Não
Campo Grande 8095.9 991.3 2.2 12.2 Sim
(parte)
São Gabriel do 3854.0 409.0 0.9 10.6 Não
Oeste
Rio Negro 1817.8 53.0 0.1 2.9 Não
Corumbá 64960.2 1472.4 3.3 2.3 Não
Bela Vista 4895.8 54.5 0.1 1.1 Não
Porto 17734.0 136.1 0.3 0.8 Não
Murtinho
Total 172.864,10 44.740,50 100
Tabela 1: Áreas dos municípios constituintes da Bacia do Rio Miranda em participação (%) na bacia
em ordem decrescente.
Fonte: CIDEMA – SRH/2002 / IBGE.

Figura 3: Localização da Bacia Hidrográfica do


Rio Miranda em MS.
Fonte: CIDEMA – SRH/2002.

15
Figura 4: Municípios que possuem área física em MS.
Fonte: CIDEMA – SRH/2002.

A Bacia Hidrográfica do Rio


Miranda representa cerca de 12%
da área física do Estado (figura 5),
que possui 358.158,7 km² e 77 mu-
nicípios.
Os municípios participam de
forma diferenciada na BHRM, como
pode ser visualizado nas figuras 4,
6 e 7. É possível identificar que 10
municípios (Anastácio, Guia Lopes
da Laguna, Nioaque, Rochedo,
Terenos, Bodoquena, Dois Irmãos do
Buriti, Bonito, Miranda e Jardim)
possuem mais de 90% de sua área
na BHRM e 9 municípios possuem
entre 10 a 50%, de acordo com a ta-
bela 2.

12%

88%

Bacia do Miranda Outras

Figura 5: Percentuais da área da BHRM em relação à área do Estado.


Fonte: CIDEMA – SRH/2002.

16
Áreas dos municípios constituintes da Bacia do Rio Miranda Aquidauana
% da área do Município na Bacia Bandeirantes
Bela Vista
24,20 Bodoquena
10,60 Bonito
43,20
100,00
Campo Grande
1,10 Corguinho
2,90 100,00 32,30
99,20 Corumbá
0,80 Dois Irmãos do Buriti
93,70
16,30 Guia Lopes da Laguna
12,20
Jaraguari
Jardim
Maracaju
100,00 44,50
Miranda
2,30 Nioaque
93,00
31,00 90,30 32,10 100,00 94,50 Ponta Porã
Porto Murtinho
Rio Negro
Rochedo
São Gabriel do Oeste
Sidrolândia
Terenos

Figura 6: Percentuais da área dos


Municípios na Bacia do Rio Miranda.
Fonte: CIDEMA – SRH/2002.

Municípios com mais de 50% Municípios com 10 a 50%


Anastácio 100,.0 Corguinho 44,50
Guia Lopes da Laguna 100,00 Bandeirantes 43,20
Nioaque 100,00 Aquidauana 32,30
Rochedo 100,00 Jaraguari 32,10
Terenos 100,00 Maracaju 31,00
Bodoquena 99,20 Sidrolândia 24,20
Dois Irmãos do Buriti 94,50 Ponta Porã 16,30
Bonito 93,70 Campo Grande 12,20
Miranda 93,00 São Gabriel do Oeste 10,60
Jardim 90,30
Tabela 2: Municípios com mais de 50% e entre 10 a 50% de sua área física na BHRM.

00
90
80
70
60
50
40
30
20
10
0
Dois Irmãos do Burit i

J araguari
T erenos
A nastác io

S ão G abriel do O es te
Corguinho

M arac aju

Rio Negro
Rochedo

M iranda

Campo G rande
B odoquena

Aquidauana

S idrolândia

Pont a Porã

Bela V ist a
J ardim
Guia Lopes da Laguna

Nioaque

Corum bá
Bonit o

Bandei rantes

Porto M urtinho

Figura 7: Percentuais da área dos Municípios na Bacia do Rio Miranda.


Fonte: CIDEMA – SRH/2002.

17
A figura 8 mostra os municí- A delimitação da bacia do Rio
pios que mais contribuem em área Miranda efetuada pelo CIDEMA, com
física com a BHRM, de acordo com base em projeto realizado mediante
os dados da tabela 1. Nesta perspec- convênio com a SRH, deve ser ajusta-
tiva, é possível identificar que a da com outras bases, a exemplo da
maior parte dos municípios tem de Agência Nacional de Água (ANA). Pe-
90 a 100% de sua área na bacia. quenas diferenças são esperadas, já
1 4,0 0
1 2, 2
que a avaliação depende da base de
1 2,0 0
1 1,4
10 ,3
dados utilizada e escala adotada, como
1 0,0 0 8 ,8
é o caso desta primeira aproximação
realizada pela SEMA (figura 9).
8,0 0
6, 6 6, 3
5,6
6,0 0 4,9
4 ,4

Dos 23 municípios formadores


3 ,7 3 ,5
4,0 0 3 ,3 3, 0 2, 9 2,7 2 ,6
2 ,2 2 ,1 2 ,0
2,0 0 0, 9
0, 3 0, 1 0,1 da bacia do Miranda, 15 possuem os

G u ia L o p e s d a L a g u n a
D o i s I rm ã o s d o B u ri t i

S ã o G a b rie l d o O e s t e
C a m p o G ra n d e

P o rt o M u rt i n h o
núcleos urbanos inseridos na bacia,
0,0 0
B a n d e ira n t e s

P o n ta P o r ã
A q uida ua na

J a r a g u a ri
B o d oq ue na

S i d r o lâ n d ia

B e l a V is t a
A n a s t á c io

Rio Ne gro
R oc h ed o
M a ra c a ju

C o rg u i n h o
T e re n o s

C or um bá
M i ra n d a

N io a q u e
B o n it o

J a rd i m

ou seja: Aquidauana (55°78’W;


20°46’S); Anastácio (55°80’W;
20°48’S); Bandeirantes (54°36’W;
19°92’S); Bodoquena (56° 67’W;
Figura 8: Contribuição dos Municípios na formação da 20°56’S); Bonito (56°49’W; 21°13S);
Bacia do Rio Miranda.
Fonte: CIDEMA – SRH/2002.
Corguinho (54°84’W; 19°83’S); Dois
Irmãos do Buriti (55°28’W; 20°69’S);
Guia Lopes da Laguna (56°11’W;
Cabe salientar que em um pri- 21°46’S); Jardim (56°15’W; 21°48’S);
meiro estudo realizado pela Miranda (56°38W; 20°24’S); Nioaque
SEMACT, atual SEMA, em trabalho (55°83’W; 21°16’S); Rochedo
não publicado, a bacia hidrográfica (54°89’W; 19°96S) Sidrolândia
do Rio Miranda compreendia a área (54°96’W; 20°94’S) e Terenos
física de 20 municípios (figura 9). En- (54°87’W; 20°44’S) estão totalmente
tretanto, levantamento efetuado inseridos na bacia; além da parte
pelo CIDEMA identificou que peque- oeste do núcleo urbano de Campo
nas áreas de mais 3 (três) municí- Grande (54º63W; 20°48’S) (ver tabe-
pios possuem território na bacia hi- la 1).
drográfica (Ponta Porã, Bela Vista e
Rio Negro).

Figura 9: Mapa identificando os municípios da Bacia


Hidrográfica do Rio Miranda.
Fonte: SEMACT/2001

18
2
Aspectos físicos
e biológicos

19
2. Aspectos físicos e biológicos Os seis domínios geológicos
explicitados no Mapa Geológico uti-
Os aspectos físicos e biológicos lizado pela ANEEL, figura 10, consti-
da Bacia Hidrográfica do Rio Miranda tuem abordagens genéricas e insu-
estão organizados nos seguintes ficientes para uma adequada contri-
itens: buição à distribuição dos recursos
hídricos da Bacia do Rio Miranda.
• Geologia
Em face de enorme variabili-
• Geomorfologia dade do meio físico, condicionada es-
• Solos pecialmente por diferenciações lito-
lógicas e de geologia estrutural, a
• Clima Bacia do Rio Miranda revela uma
• Vegetação complexidade de distribuição dos re-
cursos hídricos, destacando-se a im-
• Fauna
portância da água subterrânea como
• Hidrologia elemento polarizador de atividades
de ecoturismo na região de Bonito,
2.1. Geologia em razão das características espe-
leológicas envolvidas.
O arcabouço geológico de Mato Ao mesmo tempo em que re-
Grosso do Sul está constituído por presentam condições hidrogeológicas
três unidades geotectônicas distin- muito favoráveis ao desenvolvimen-
tas: Plataforma (Craton) Amazônica, to do ecoturismo, as feições cársticas,
Cinturão Metamórfico Paraguai- associadas à ocorrência de rochas
Araguai e Bacia Sedimentar do calcárias calcíticas e dolomíticas,
Paraná. Sobre essas unidades geo- também constituem ambiente mui-
tectônicas são visualizados dois con- to frágil ao impacto negativo de ações
juntos estruturais, sendo o primei- antrópicas, no que diz respeito à
ro referente às estruturas localiza- suscetibilidade aos efeitos de polui-
das em estruturas pré-cambrianas, ção dos recursos hídricos.
e o segundo disposto em terrenos
Em suas cabeceiras e trechos
fanerozóicos.
médios, os cursos d’água que for-
O rio Miranda se insere na mam a Bacia Hidrográfica do Rio
Unidade Geotectônica denominada Miranda, ocorrem atividades agrope-
Cinturão Metamórfico Paraguai- cuárias com potencial de degradação
Araguai, sobre estruturas pré- de solos, considerando as caracterís-
cambrianas do conjunto mais anti- ticas agrogeológicas associadas es-
go dessas estruturas. pecialmente aos arenitos da Forma-
ção Botucatu.
Essa formação geológica tem
sido considerada a unidade hidroes-
tratigráfica de maior importância no
que se denominou Sistema Aqüífero
Guarani, exercendo, em face de sua
posição geomorfológica, importante
contribuição na alimentação dos flu-
xos de água superficial.
A distribuição da rede de dre-
nagem superficial sofre marcantes
influências dos lineamentos tectô-
nicos, representados por falhas e fra-
turas, que constituem zonas polari-
zadoras do fluxo e armazenamento
de água subterrânea, caracterizan-
do equilíbrios dinâmicos nas rela-
ções rio-aqüífero.

Figura 10: Mapa geológico


Fonte: CIDEMA – SRH/2002

20
Tais feições geológicas, por re- acima da camada basáltica, com
presentarem situações de maior po- aproximadamente 1 metro de espes-
rosidade e permeabilidade do subso- sura, matriz areno-argilosa, decom-
lo, facilitam a percolação da água posta, de coloração avermelhada,
subterrânea e polarizam os proces- granulação fina, agregando, grosso
sos de dissolução e precipitação de modo, rudáceos bem arredondados.
carbonatos de cálcio e carbonatos de Sobreposta ao conglomerado, detec-
magnésio na formação de estalag- ta-se camada de 2 metros de espes-
mites e estalactites, que represen- sura, de argilito cinza-prateado, al-
tam relevantes atrações de ecotu- terando-se para cores amarronzadas
rismo na região de Bonito e e amareladas (laterização – inicio).
adjacências.
Condicionadas ao argilito,
Fenômenos de erosão subter- ocorrem intercalações de subordi-
rânea (piping) em rochas areníticas nadas de lâminas sílticas com colo-
que evoluem no sentido da superfí- ração amarelo-ocre, devido a
cie, caracterizando a erosão em sul- ferruginização. Níveis bastantes
cos e voçorocas, também são influ- laterizados (siltitos) de lenticular
enciados pela incidência de fratu- ocorrem sob forma sinuosa, entre o
ras e falhas geológicas. argilito e o arenito superior. Sobre-
posta à camada de 2 metros de
A abordagem da caracteriza- argilito intercalado com nódulos e
ção agrogeológica e hidrogeológica níveis orgânicos – cor preta, já atin-
preliminar da Bacia Hidrográfica do gindo o grau de turfa - ocorre uma
Rio Miranda está alicerçada na re- camada de arenito avermelhado,
avaliação e integração de informa- granulação fina, algo argilosa, mos-
ções básicas disponíveis (RADAM trando intenso grau de pedogeniza-
BRASIL, PCBAP, SANESUL, COINTA ção com desenvolvimento de níveis
e outros), em interpretação expedi- ondulares de “cascalho”.
ta, em posições estratégicas, de pro-
dutos de sensoriamento remoto, re- A espessura do arenito descri-
presentados por imagens digitais de to, que ocorre entre 3 a 4 metros,
Satélite do Sistema LANDSAT. sugere o desenvolvimento de solo
que serve de matriz para o pavimen-
A Bacia Hidrográfica do Rio to rudáceo. O pavimento rudáceo que
Miranda apresenta diversas for- constitui a porção superior da For-
mações: mação Ponta Porã traduz-se sob for-
• Formação Ponta Porã; ma de cascalheira de até 10 metros
de espessura, com matriz areno-ar-
• Formação Serra Geral; gilosa, representado por um paleo-
• Formação Botucatu; solo com resquícios de uma pretéri-
ta estratificação, agregando, grosso
• Formação Aquidauana; modo, grânulos, seixo e matacões
• Formação Pantanal; sub a bem arredondados de quartzo
(90%) e quartzito.
• Formação Cerradinho;
Seguindo o eixo principal da
• Formação Bocaina.
bacia - o leito do Rio Miranda que
A Formação Ponta Porã ocorre corta as várias formações com acu-
em áreas contínuas de 50 a 70 Km mulações de depósitos de sedimen-
em parte dos municípios de Antônio tos recentes, caracterizados pela pre-
João e Ponta Porã, no sul do Estado. sença de cascalho, areias e argilas,
O modelo morfológico desenvolvido se
predominando as frações arenosas
traduz em um mar de colinas conve-
encontra-se a Formação Serra Ge-
xas alinhadas, truncadas por vales
pouco profundos, geralmente ocor- ral, que é composta de derrames
rendo sobre um substrato basáltico. basálticos e lentes de arenitos
No ponto mais alto da bacia, a espes- eólicos intertrapeados em sua por-
sura não ultrapassa 30 metros. ção basal.
Litologicamente há presença São basaltos cinza-escuros e
de conglomerados de monomicto, esverdeados, finos a afaníticos com

21
amígdalas no topo. Essa unidade está silicificados, com alguns níveis apre-
posicionada estratigraficamente sentando oólitos e calcarenitos
como de Idade Juracretácea. dolomíticos.
A Formação Botucatu é cons- No Terciário, falhamentos an-
tituída de arenitos eólicos, com es- tigos foram reativados, alinhados às
tratificações cruzadas de grande por- fases orogênicas que atuaram nos
te, localmente com fácies flúvio- Andes e que originaram abatimen-
lacustres. Estratigraficamente, essa tos representados pela Bacia do Pa-
unidade situa-se no Triássico, es- raguai, da qual a Bacia do Rio Mi-
tendendo-se para o Jurássico. randa faz parte. Esses abatimentos
O Grupo Itararé, representado são cobertos pelos sedimentos
pela Formação Aquidauana, é com- quaternários das Coberturas
posto essencialmente por uma se- Dendríticas e Lateríticas Pleistocê-
qüência sedimentar com intensa nicas, pelos sedimentos arenosos,
variação faciológica, predominante- síltico-argilosos, argilo-arenosos e
mente arenosa de coloração verme- areno-conglomeráticos, semiconso-
lho-arroxeada, em que se distin- lidados e inconsolidados da Forma-
guem três níveis: ção Pantanal.
• superior, formado por
arenitos com estratificação cruzada 2.2. Geomorfologia
e siltitos;
• médio, com arenitos de finos Observando o mapa geomorfo-
a muito finos, estratificação plano- lógico de Mato Grosso do Sul, perce-
paralela e intercalações de siltitos, be-se quatro fisionomias distintas
folhelhos e diamictitos; de relevo. A parte oriental compre-
ende o relevo alçado constituído por
• inferior, composto por
planaltos, patamares e chapadões
arenitos avermelhados com lentes
inseridos na Bacia Sedimentar do
de diamictitos, intercalações de
Paraná. De sua borda ocidental em
argilitos, arenitos, arcóseos e con-
direção oeste estende-se vasta su-
glomerados basais. A sedimentação
perfície rebaixada, recoberta por se-
ocorreu em ambiente flúvio-
dimentos quaternários – a região do
lacustre.
Pantanal mato-grossense – e a de-
No Pré-Cambriano Superior, pressão do Alto Paraguai.
tem o Grupo Cuiabá, que apresenta
Em meio a essas regiões re-
duas fases de sedimentação, uma
baixadas, erguem-se relevos eleva-
de ambiente marinho e outra glaci-
dos da Bodoquena e as Morrarias do
omarinho. O Grupo Cuiabá é com-
Urucum-Amolar. O rio Miranda está
posto por filitos, grafitosos ou não,
inserido nas depressões situadas no
xistos, metarenitos, metarcóseos,
extremo sudoeste do Estado, a região
metassililtitos, metaparaconglome-
abrange as Depressões de Bonito,
rados, quartzitos, meta grauvacas,
Miranda, Aquidauana-Bela Vista,
mármores, calcários, dolomiticos e
Apa, os Piemontes da Serra de
milonitos.
Maracaju, as Elevações Residuais do
Duas formações do Grupo Mato Grosso do Sul e as Planícies
Corumbá também estão presentes na Coluviais Pré-Pantanal.
Bacia do Rio Miranda, a Formação
Ou seja: o relevo da Bacia Hi-
Cerradinho e a Formação Bocaina.
drográfica do Rio Miranda é marca-
A Formação Cerradinho é cons- do por contrastes significativos en-
tituída por arcóseos, arenitos siltitos, tre as terras baixas e periodicamen-
argilitos, calcários e dolomiticos, te inundáveis da planície do Panta-
margas, ardósisa, metargiltos, meta- nal mato-grossense e as terras do
conglomerados polimíticos, folhelhos, entorno, não inundáveis, individu-
brechas dolomíticas e camadas irre- alizadas pelos planaltos, serras e
gulares de chert. depressões.
Do mesmo grupo, a Formação Com a utilização dos Sistemas
Bocaina é constituída por calcários de Informações Geográficas (SIG),
dolomíticos e dolomitos com vênulas aprofundou-se a descrição e utiliza-
de calcita e quartzo localmente ção numérica do terreno através de
22
modelos, que possibilitam compre- Botucatu, a leste. Não há diferen-
ender melhor as funções múltiplas ças estruturais marcantes. A gêne-
do relevo na natureza, especial- se está ligada a atividades tectônicas
mente no que se refere aos ciclos que favoreceram a ação erosiva, pro-
de matéria, à energia dos processos movendo a sua escavação.
físicos, químicos e biológicos numa Em meio a altitudes que vari-
bacia hidrográfica. am de 200 a 350 metros emergem
O modelo numérico do terre- as Elevações Residuais, cujas altitu-
no e produtos derivados da Bacia des atingem de 600 a 750 metros e
Hidrográfica do Rio Miranda reve- que são testemunhas da evolução
lou características de relevo dife- das escarpas ocidentais da Serra da
renciadas nas sub-bacias Aquidau- Bodoquena, que em seu recuo vêm
ana e Miranda (propriamente dito). abandonando relevos residuais man-
Na porção superior do trecho do tidos por rochas mais resistentes.
Aquidauana, a topografia revela su- São corpos graníticos do Complexo Rio
cessivos patamares e escarpas as- Apa, que se encontram dissecados
sociados aos diversos derrames de em formas convexas em algumas
rocha vulcânica basáltica, pouco serras e em formas aguçadas em ou-
expressivos nas cabeceiras do Rio tras. Em todas essas elevações, evi-
Miranda. No entanto, na bacia do dencia-se a atuação de uma
rio Miranda a incidência da planí- tectônica de falhas de direção
cie pantaneira é maior do que na NNE-SSO e NNO-SSE, que inter-
bacia do rio Aquidauana. cepta as formas de relevo dando-
lhe um nítido aspecto erosivo-es-
Situados em posição interme- trutural, evidenciado pela peque-
diária entre o Planalto de Maracaju na dimensão dos interflúvios e pelo
e a Depressão Aquidauana/Bela Vis- grande aprofundamento da rede de
ta, os Piemontes da Serra de drenagem.
Maracaju configuram uma superfí-
cie inclinada em direção à depres- A depressão do Miranda, lo-
são. As altitudes situam-se em tor- calizada entre a Depressão de Bo-
no de 400 a 500 metros junto à nito e a Depressão de Aquidauana/
escarpa do planalto, chegando a 350 Bela Vista, configura uma superfí-
metros junto à depressão, quando cie baixa, com altimetria varian-
então coalesce em alguns trechos. do de 100 a 300 metros e disseca-
O relevo é esculpido em rochas ba- ção incipiente originando modela-
sálticas da Formação Serra Geral, dos do tipo convexo e tabular. Como
originando modelados de dissecação superfície topográfica, coalesce
do tipo tabular com drenagem inci- com as depressões vizinhas, mas
piente. Junto às escarpas do planal- difere das mesmas por suas carac-
to, verifica-se a acumulação de blo- terísticas litológicas.
cos e seixos, oriundos do recuo das Esculpida sobre rochas pré-
escarpas do Planalto de Maracaju, cambrianas do Grupo Cuiabá, a de-
possivelmente ligados a processos pressão não reflete a estrutura fa-
abrangentes de circundesnudação lhada, fraturada e dobrada comum
periférica à bacia. àquele grupo, devido a intensos pro-
Situada entre os Piemontes da cessos erosivos que a rebaixaram,
Serra de Maracaju e a Depressão de obliterando as influências estrutu-
Miranda a leste e Depressão de Boni- rais. A drenagem, de padrão
to a oeste, a Depressão de Aqui- dendrítico, é comandada pelo Rio
dauana/Bela Vista apresenta conti- Miranda e seus afluentes.
nuidade altimétrica com relação às Outra forma de relevo presen-
unidades vizinhas e semelhanças de te na Bacia do Rio Miranda são as Pla-
formas, que se afiguram como mode-
nícies Coluviais Pré-Pantanal. Con-
lados planos ou de dissecação do tipo
forme a denominação caracteriza,
tabular com drenagem incipiente.
são planícies coluviais que margeiam
O relevo é esculpido em rochas ou se insinuam por entre os diversos
areníticas permo-carboníferas da pantanais. Geograficamente é des-
Formação Aquidauana, a oeste, e contínua, apresentando-se em três
rocha jura-cretácicas da Formação partes individualizadas.
23
A parte localizada a sudoeste do O Mapa de Solos utilizado pela
Estado é entremeada pela presença ANEEL (figura 11) define sete gran-
descontínua do Pantanal do Apa- des grupos de solo, contemplando
Amonguijá-Aquidabã, pelo Pantanal aspectos agronômicos, sem todavia
do Nabileque e pelo Pantanal do Aqui- envolver importantes aspectos de
dauana/Miranda. O Pantanal do textura e espessura, que são rele-
Aquidauana/Miranda, posicionado vantes no ciclo hidrológico e na dis-
entre os rios Paraguai e Nabileque a tribuição dos recursos hídricos.
ocidente, e o rio Taboco a oriente, li-
A presença de rochas basálti-
mita-se ao norte com o Pantanal do
cas nos Piemontes da Serra de
rio Negro/Miranda. Ao sul, é balizado
Maracaju proporciona grandes exten-
pela Depressão de Miranda e pelas
sões de Latossolo Roxo eutrófico e
Planícies Coluviais Pré-Pantanal.
Terra Roxa Estruturada eutrófica.
O setor oriental tem alaga- Também é encontrada, na Depres-
mento periódico, por meio da junção são de Bonito, Terra Roxa Estrutu-
das águas dos rios Negro e Taboco, rada Similar eutrófica latossólica.
que é aumentado pelas águas do
Já na Depressão de Aquidau-
Aquidauana. A ligação entre as
ana-Bela Vista, as litologias permo-
“baias” em período de estiagem é fei-
carboníferas desenvolveram Latos-
ta através da água do subsolo.
solos Vermelho-Escuro álicos. Na
Na parte central e ocidental, Depressão do Rio Miranda, a predo-
os aluviões da margem direita do rio minância é de Regossolos álicos,
Miranda expandem para a zona in- mas ao longo do Rio Miranda esten-
terposta entre eles, ocasionando a de-se larga faixa de solo Glei Pouco
norte uma coalescência de sedi- Húmicos eutróficos.
mentos aluviais, carreados pelos “co-
Nas Planícies Coluviais Pré-
rixos”, em demanda do rio principal.
Pantanal predominam os Solonetz
Solodizados, que possuem concen-
2.3 Solos tração de sais no horizonte B. Entre-
tanto, próximo à Serra de
Os diferentes tipos de solo Bodoquena, tem-se novamente Ter-
identificados em Mato Grosso do ra Roxa Estruturada Similar eutró-
Sul foram caracterizados em vin- fica latossólica.
te cinco classes com diferentes va- Terra Roxa Estruturada são
riações de fertilidade natural, en- solos minerais, não hidromórficos,
contradas em diferentes condições bem desenvolvidos, profundos, bem
de relevo, erosão, drenagem, vege- drenados, com seqüência A,
tação e uso. Btextural (Bt) e C. Diferenciam-se
dos demais solos que apresentam Bt
pelo conteúdo de óxido de ferro, que
é sempre superior a 15%, além de
elevado teor de concreções manga-
nosas e abundância de minerais
magnéticos.
Os Latossolos são solos mine-
rais, não hidromórficos, bem desen-
volvidos, muito profundos, bem dre-
nados, porosos e permeáveis, que
apresentam como característica
principal a presença do Btextural
bastante evidente.
Os Podzólicos, presentes entre
Anastácio e Miranda, apresentam as
mesmas características dos latosso-
los, porém são profundos e se carac-
terizam pela diferença da textura
Figura 11: Mapa de solo. entre os horizontes A e Bt (Btextural).
Fonte: CIDEMA – SRH/2002.

24
Os Regossolos são solos bem ção arbórea, a Cerrado e até flores-
desenvolvidos, pouco profundos, não tas exuberantes.
hidromórficos e mal drenados, en-
A Bacia Hidrográfica do Rio
quanto os solos classificados como
Miranda apresenta diversas fisiono-
Rendzina são solos não hidromórfi-
mias. A área da bacia próxima às
cos, pouco desenvolvidos e pouco
nascentes do Rio Miranda, na Ser-
profundos.
ra de Maracaju, era recoberta por
Já os Solonetz Solodizados são Savana Densa (Cerradão), pela ve-
solos halomórficos, pouco porosos. getação original de Savana (Cerra-
Glei Pouco Húmico são solos mine- do) ou por áreas de Tensão Ecológi-
rais, hidromórficos, medianamente ca (Contato Savana-Floresta Estaci-
desenvolvidos, profundos, caracte- onal), que recobriam as depressões
rizados por possuírem um glei den- de Miranda e Aquidauana-Bela Vis-
tro de 60 centímetros, a partir da ta. Já nas áreas das planícies pan-
superfície. taneiras, havia presença de
Savana-Gramíneo-Lenhosa (Campo
Limpo), que em sua maioria foi
2.4. Clima substituída por pastagens, com a
instalação de gramíneas exóticas.
Entre a Serra de Bodoquena e
a Serra de Maracaju – abrangendo A vegetação denominada Sa-
cidades como Guia Lopes da Lagu- vana Arbórea Densa (Cerradão) está
na, Jardim, Bonito, Bela Vista e presente em manchas isoladas na
Antônio João, de altitudes que vari- bacia. É uma formação de estrato
am de 250 a 550 metros, o clima se denso de árvores baixas, xeromórfi-
apresenta úmido, com índice hídri- cas, de esgalhamento profuso, pro-
co de 20 a 40 e moderada deficiên- vidas de grandes folhas coriáceas,
cia de água no inverno. A variação perenes e casca corticosa. Existe
de temperatura é pequena e a eva- um dossel superior mais ou menos
potranspiração anual é superior a uniforme, com indivíduos com altu-
1.140mm. ra média de 8 a 10 metros, por ve-
zes atingindo de 15 a 18 metros de
Na Planície do Pantanal e em altura.
quase todas as depressões no seu
entorno, o clima presente é o subú- No estrato inferior, por vezes,
mido seco com índice hídrico de -33,3 há uma grande quantidade de ar-
a 0,0. Há pequeno ou nenhum ex- bustos. Normalmente não há estra-
cedente de água no verão e defici- to herbáceo contínuo, mas somente
ência de água no inverno (figura 14). gramíneas em tufos, entremeados
Também há pequena variação de de plantas lenhosas raquíticas mu-
temperatura e evapotranspiração nidas de xilopódios e palmeiras
anual superior a 1.140mm. anãs.
Dentro da fitofisionomia do
Cerrado, a Savana Arbórea Aberta
2.5. Vegetação
também recobre a bacia de forma
descontínua, apresentando como
Mato Grosso do Sul localiza-se principal característica um estrato
na zona neotropical, com caracterís- graminóide que reveste o solo e que
ticas transacionais, com diferentes seca durante o período de estiagem.
climas e precipitações, proporcio- A esse estrato sobrepõe-se outro que
nando diferentes ambientes. Como apresenta árvores mais ou menos
conseqüência, as espécies ali exis- espaçadas, baixas, xeromórfas, com
tentes refletem sua adaptação ge- grandes folhas, sempre verdes. O
nética aos diferentes ecotipos. tronco é tortuoso, esgalhado e de
A vegetação do Estado reflete casca corticosa.
o contato de três províncias florísti- A formação denominada
cas: a Amazônica, a Chaquenha e a savânica se caracteriza por apresen-
da Bacia do Paraná, resultando em tar uma grande variação fisionômica,
paisagens fitogeográficas muito di- incluindo desde o Cerrado propria-
versificadas, indo desde Campo Lim- mente dito, com árvores que vari-
po, paisagem desprovida de vegeta- am de 4 a 8 metros de altura, for-
25
mando às vezes um estrato lenhoso 2.7. Hidrologia
denso de arbustos, cipós e taboquinha,
até fisionomias arbóreas mais aber- Em documentos anteriores,
tas, baixas e limpas. entre os quais o Plano de Conserva-
ção da Bacia do Alto Paraguai
(PCBAP), foram feitas abordagens
2.6. Fauna
relativas à Bacia Hidrográfica do Rio
Miranda que contribuíram de modo
A fauna presente na Bacia do significativo ao Pantanal (figura 14).
Rio Miranda está representada por vá-
rias espécies ameaçadas de extinção, Como vimos, a Bacia Hidrográ-
como a onça-pintada e a onça-parda, fica do Rio Miranda faz fronteira, ao
a jaguatirica, os gatos-do-mato, o norte, com a bacia do Rio Negro, a oes-
tamanduá-bandeira, o veado- te com a bacia do Rio Nabileque, ao
campeiro, a lontra e a ariranha. sul e a sudoeste com a bacia do Rio
Apa. Ela também encontra, a noroes-
Nas matas de galeria que se es- te, um trecho da bacia do Rio Taquari
tendem na beira dos rios, encontramos (figura 12). Não há rios federais ou de
o maior mamífero do Brasil, a anta, bem domínio da União na área da Bacia,
como dois roedores: a paca, de hábitos sendo os mais próximos o Rio Para-
noturnos, e a cutia, de hábitos diurnos guai, na desembocadura da Bacia, e o
e por isso mesmo mais freqüentemente Rio Apa, na porção sul (figura 13).
observada. Também nas matas de ga-
leria vivem pequenas comunidades de Encontram-se cadastradas, no
macacos-prego e de quatis. Inventário das estações fluviométri-
cas do DNAEE/MME, 12 estações flu-
Nas áreas de cerrado encontra- viométricas. A totalidade dessas es-
se a ema, a maior ave do continente tações (12) possui observação de nível
americano, e a seriema, bem como d’água, 7 apresentam medidas de des-
répteis como os jacarés e as cobras. carga líquida, 3 apresentam medidas
Dentre as aves destacam-se o de qualidade da água e 2 são telemé-
tuiuiú ou jaburu, as pequenas tricas. Ressalte-se que se observou
jaçanãs e muitas garças, além dos ausência de medições de descargas
colhereiros, martins-pescadores, ca- sólidas. Com base nas durações dos
beças-secas, patos e marrecas. Ao lado registros de medições, período e da-
dessas aves aquáticas, há grande tas de coincidência de falhas, foram
quantidade de gaviões, papagaios, selecionadas apenas 4 estações apre-
araras, maracanãs e tucanos, dentre sentadas, na figura 15.a.
outros. A figura 15.b apresenta a cur-
va de duração ou permanência de va-
zões para as quatro estações
selecionadas com os quartis 25%,
50% e 75% (isto é, a vazão excedida
em 75% do tempo).
Um exemplo de interpretação
dos dados apresentados, relativos à es-
tação 66900000, fornece as seguintes
permanências de vazões descritas na
tabela a seguir. Uma leitura desta ta-
bela informa que existem vazões Q ≥
181 m3/s em apenas 10% do tempo.
A figura 15.c utiliza-se do mes-
mo raciocínio para expressar a per-
manência de vazões médias mensais
para as quatro estações selecionadas.

Figura 12: Localização da Bacia do Rio Miranda em


relação a outras bacias que drenam o Pantanal no
Estado de Mato Grosso do Sul, MS.
Fonte: CIDEMA – SRH/2002.

26
Figura 13: Rios Federais na área de influência do Pantanal.
Fonte: CIDEMA – SRH/2002.

Figura 14: Inserção da Planície Pantaneira nas bacias


hidrográficas do Estado de MS.
Fonte CIDEMA – SRH/2002.

Em ambos os vales dos rios


Miranda e Aquidauana, observou-se
a mesma sazonalidade de vazões,
isto é, os máximos observados no
mês de Janeiro e os mínimos no
mês de Agosto. Também deve ser sa-
lientado o interessante comporta-
mento das vazões com o aumento da
área de drenagem. À medida que os
rios convergem para a planície
pantaneira observam-se menores
vazões, apesar das áreas de drena-
gem serem maiores.
3
Durações (%) Vazões (m /s)
5 264
10 181
30 99.8
50 76.7
70 53.5
90 30.4
95 24.6 Figura 15a: Estações “nos cursos d´água”, com especial
ênfase nas 4 estações selecionadas.
100 19.2 Fonte: CIDEMA – SRH/2002.

27
Figura 15b: curva de duração ou permanência de vazões
dos postos fluviométricos da Bacia Hidrográfica do Rio
Miranda.
Fonte: CIDEMA – SRH/2002

28
Neste quadro, deve ser salien- cia do rio Paraguai, que juntamente
tado que o rio Miranda, no curso su- com os rios Miranda e Aquidauana
perior, juntamente com os rios Aqui- produz cheias anuais diferenciadas,
dauana, Nioaque e Santo Antônio, mais freqüentes no mês de janeiro,
drenam áreas do planalto de determinando importantes flutua-
Maracaju-Campo Grande, com predo- ções das comunidades. Como conse-
mínio de basaltos, e do planalto do qüência desse comportamento hidro-
Taquari-Itiquira com predomínio de lógico nessa porção da bacia, o rio
arenitos, em altitudes de 200 a 700m. Miranda sofre transbordamento de
Os afluentes da margem esquerda do seu leito, inundando uma extensa
rio Miranda (rios Formoso e Salobra) área com grande diversidade de
drenam áreas do planalto da Bodoque- habitats.
na, com predomínio de rochas
A figura 15.c ilustra um balan-
carbonáticas. Associado a tais carac-
ço hídrico climático simplificado,
terísticas define-se um comporta-
oriundo de medições de precipitação
mento relativamente impermeável
e estimativas da evapotranspiração,
(reduzida capacidade de infiltração),
podendo-se visualizar a localização dos
o que favorece o escoamento superfi-
excessos hídricos e os déficits. Quan-
cial. Tal observação é relevante prin-
do a precipitação é superior à eva-
cipalmente nas estações 66900000
potranspiração, tem-se que o quoci-
no rio Miranda, com área de drena-
ente P/E > 1, ou seja, há excesso hí-
gem de 11.800 km2, e na estação
drico. Caso contrário, quando P/E <=
66945000 no rio Aquidauana, com
1, tem-se o déficit. Neste contexto, a
área de drenagem de 15.200 km2. Adi-
figura 15.c espacializa esta relação,
cionando-se as áreas das duas esta-
sendo o tamanho do círculo proporci-
ções tem-se 27.000 km2 (aproxima-
onal à intensidade do déficit. As to-
damente 60% da área da Bacia), que
nalidades avermelhadas indicam zo-
correspondem ao trecho superior da
nas de déficit e as tonalidades
Bacia, sem influência da planície
azuladas indicam a situação de ex-
pantaneira, e que contribuem com
cesso. Observa-se que a única região
grande percentagem (> 80%) da des-
de excesso hídrico da bacia em sua
carga líquida que alimenta a bacia.
porção leste é próxima ao divisor de
Já as estações 66910000, no águas localizado na cidade de Campo
rio Miranda, e 66950000, no rio Aqui- Grande. O restante da bacia apresen-
dauana, ambas localizadas na planí- ta situações de déficit, sendo esse
cie pantaneira, mais a jusante do que mais intenso ao longo do vale do rio
as estações 66900000 e 66945000, Miranda.
experimentam marcadas variações
A partir de todas as informa-
em relação ao regime hidrológico.
Nesse trecho inferior da Bacia, onde ções apresentadas nos estudos rea-
predominam substratos arenosos re- lizados, constata-se que na Bacia do
centes, a drenagem é realizada atra- Rio Miranda existem três comporta-
vés dos rios Abobral e Vermelho e de mentos hidrológicos bem diferenci-
canais temporários (corixos e vazan- ados, ao longo dos rios Aquidauana e
tes) que conectam toda a planície de Miranda:
inundação. Neste quadro, as estações • A área das cabeceiras, onde o
66910000 e 66950000 apresentam balanço hídrico climático (P/E) é po-
menores vazões de pico e uma maior sitivo (P> E), que se constitui também
regularização se comparadas com as em área de recarga de aqüíferos que
estações a montante. Isso se deve à regularizam as vazões da bacia;
presença de solos essencialmente
• A parte central da bacia, onde
arenosos na planície pantaneira, mui-
o balanço hídrico climático é negati-
to permeáveis, com elevada capaci-
vo (P<E);
dade de infiltração e reduzido poten-
cial de escoamento superficial. Acres- • O terço inferior da bacia, já
cente-se a esse fato a enorme planí- adentrando dentro da planície
cie de inundação onde pequenas di- pantaneira, onde se nota a diminui-
ferenças de contas permitem a saída ção das vazões.
do rio de sua calha natural. A constatação destes três
Associada a essas característi- comportamentos hidrológicos consti-
cas naturais, existe ainda a influên- tui importante subsídio quando da for-
29
mulação de regiões hidrológicas na
abordagem do balanço hídrico. As ca-
racterísticas da bacia do rio Aquidau-
ana diferem muito da bacia do rio
Miranda. Isso se reflete no cenário
atual e certamente causará impac-
tos diferenciados no futuro, o que jus-
tifica uma abordagem diferenciada
relacionada às duas bacias. Sugere-
se inicialmente, para fins de geren-
ciamento da bacia, a subdivisão em
uma sub-bacia do rio Miranda e outra
do rio Aquidauana. Em cada uma de-
las, apresentam-se regiões homogê-
neas sob o ponto de vista hidrológico.
A figura 16 ilustra esta proposta.

Figura 15c: Balanço Hídrico climático simplificado.


Fonte: CIDEMA – SRH/2002.

Figura 16: Bacia Hidrográfica do Rio Miranda, as


sub-bacias do Miranda e Aquidauana e a topografia.
Fonte: CIDEMA – SRH/2002.

Figura 16a : Mapa das Orientações das vertentes


derivado do MNT.
Fonte: CIDEMA – SRH/2002.

30
2.7.1. Sub-bacia do rio Miranda de preocupação no sentido de
minimizar os efeitos decorrentes tan-
A sub-bacia do rio Miranda tem to de impactos relacionados à quanti-
área de 19045.3 km2, o que represen- dade de água utilizada como de im-
ta 42,56% de toda a Bacia Hidrográfi- pactos qualitativos decorrentes do uso
ca do Rio Miranda. De um total de 23 de agrotóxicos, especialmente se for
municípios que integram o conjunto utilizada a aviação agrícola.
da Bacia, 11 (onze) participam desta Existe marcante probabilidade
sub-bacia, como se pode verificar na de ocorrer processos de salinização do
tabela 3 e figura 18 e 19.
solo como decorrência da irrigação,
A região mais sensível, em ter- pois os solos da planície pantaneira
mos qualitativos, corresponde aos têm uma suscetibilidade natural in-
domínios hidrogeológicos das rochas trínseca aos condicionamentos
calcárias, que estão sendo explora- agrogeológicos.
das por atividades de mineração como
suprimento de matéria-prima para a
produção de cimento, próximas à ci-
dade de Bodoquena, assim como por
atividades de ecoturismo nos muni-
cípios de Bonito e Jardim.
A enorme expansão do ecotu-
rismo exige cuidados especiais, em
face da fragilidade dos ecossistemas
cársticos, onde a água subterrânea
adquire importância preponderan-
te nas relações rio-aqüífero. Há ne-
cessidade de harmonizar os impac-
tos do uso do solo e das demais ações
antrópicas de modo a assegurar a
perenidade das feições que consti-
tuem os principais atrativos do eco-
turismo.
Nesse sentido, é urgente um
programa de monitoramento dos recur-
sos hídricos superficiais e subterrâne- Figura 17: Proposta de gerenciamento da Bacia
Hidrográfica do Rio Miranda
os, em face de dinâmica de modifica- Fonte: CIDEMA – SRH/2002.
ção do uso do solo, com o intuito de
avaliar a incidência de impactos que
já se fazem sentir na Bacia Hidrográ-
fica do Rio Miranda propriamente dita
(figura 17). Há necessidade de uma
abordagem prioritária relacionada à
captação de água subterrânea para
abastecimento do sítio urbano de Bo-
nito e adequação do sistema de sane-
amento a peculiaridades hidrogeológi-
cas e ambientais envolvidas.
Os critérios de outorga e cobran-
ça pelo uso da água no contexto da Ba-
cia do Rio Miranda devem contemplar
as singulares condições decorrentes de
uma situação geológico-ambiental, que
tem funcionado como motivadora de
atividades econômicas em franco de-
senvolvimento. Maiores detalhes so-
bre critérios de cobrança e outorga são
apresentados no capítulo 8.
Figura 18: Delimitação da sub-bacia do Rio Miranda
e dos municípios que a integram.
A cultura de arroz irrigado, em Fonte: CIDEMA/2001.
fase inicial, deve constituir um foco
31
Nome do Município Área (km2)
Área na bacia
% do município % na bacia
As maiores preocupações re-
(km2)
ANASTACIO 2957.5 620.6 21.0 3.3
lacionadas à Bacia do Rio Aquidau-
AQUIDAUANA 17008.5 55.7 0.3 0.3 ana, no que tange aos aspectos
BODOQUENA 2514.3 1814.8 72.2 9.5 qualitativos, se referem ao impac-
BONITO 4947.9 4748.6 96.0 24.9
GUIA LOPES DA LAGUNA 1213.7 1213.7 100.0 6.4
to da suinocultura e aos processos
JARDIM 2207.6 1983.2 89.8 10.4 erosivos na região de São Gabriel
MARACAJU 5312.9 974.9 18.3 5.1 do Oeste, que, pela cidade estar si-
MIRANDA 5494.5 3330.8 60.6 17.5
NIOAQUE 3934.5 3256.3 82.8 17.1
tuada nas cabeceiras, se propagam
PONTA PORA 5359.3 733.9 13.7 3.9 a jusante, podendo afetar a inten-
PORTO MURTINHO 17782.9 257.2 1.4 1.4 sa atividade de ecoturismo rela-
TOTAL - 19045.3 - 100.0
Tabela 3: Composição de áreas da sub bacia do Miranda.
cionada à pesca. Trata-se de uma
importante atividade econômica,
em franco desenvolvimento, que
B O D O Q U E N A ; 7 2 ,2 0
N IO A Q U E ; 8 2 , 8 0

M IR A N D A ; 6 0 , 6 0
poderá ser prejudicada pelos eflu-
entes dos suínos.
B O N IT O ; 96 ,00 As atividades agrícolas, prin-
M A R A C A J U ; 1 8 ,3 0
cipalmente em solos suscetíveis à
J A R D IM ; 8 9 ,8 0 G U IA L O P E S D A LA G UN A ;
1 0 0 ,0 0
erosão, podem, pelo assoreamento,
ocasionar problemas de maior inci-
Figura 19: Participação (%) dos municípios na sub-bacia
do Rio Miranda.
dência de cheias em áreas ribeiri-
Fonte: CIDEMA/2001. nhas. Não foram ainda caracteriza-
dos maiores problemas quantitativos
2.7.2. Sub-bacia do rio Aquidaua- relacionados às demandas atuais,
na mas se ocorrer a implementação de
sistemas de irrigação (como a cul-
A sub-bacia do Rio Aquidaua- tura do arroz irrigado ou uso de pivô
na possui uma área física de 20955.6 central no cultivo da soja), poderá
km2, conforme delimitação da figu- haver problemas localizados.
ra 20, o que representa 46,83 % da A outorga e cobrança pelo uso
área total da bacia hidrográfica do Rio da água devem contemplar essen-
Miranda. A tabela 4 e figura 20 e 21 cialmente os impactos qualitativos
demonstram a participação de 14 relacionados aos efluentes de ori-
municípios que possuem área física gem agrícola e urbana que conflitam
na sub-bacia do rio Aquidauana. com as atividades pesqueiras, bas-
tante desenvolvidas no ecoturismo.
Incentivos no sentido de propiciar
a regeneração espontânea da vege-
tação caracterizada como mata
ciliar poderão constituir um enfo-
que importante.

2.7.3. Erosão

Um dos processos físicos mais


preocupantes dentro do Pantanal é
a erosão de várias cabeceiras de ba-
cias, sendo o depósito de sedimen-
tos dentro da planície pantaneira fato
de repercussão corriqueira na mídia
impressa e televisionada em Mato
Grosso do Sul.
A erosão é um processo que
envolve o destacamento e o trans-
porte de sedimentos e/ou frag-
mentos de rochas, que se sedi-
mentam onde os gradientes topo-
Figura 20: Delimitação da sub-bacia do Rio gráficos e hidráulicos são meno-
Aquidauana e dos municípios que a integram.
Fonte: CIDEMA/2001.
res. Esse processo é acionado e
propagado através de mecanismos
32
intrínsecos da natureza no espa- Área na bacia
Nome do Município Área (km2)
% do município % na bacia
ço em que ocorre. (km2)
ANASTACIO 2957.5 2333.9 78.9 11.1
Nas regiões tropicais úmidas, AQUIDAUANA 17008.5 4545.0 26.7 21.7
BANDEIRANTES 3124.6 1163.8 37.2 5.6
a erosão é um fenômeno de nature- CAMPO GRANDE 8118.4 623.2 7.7 3.0
za fundamentalmente hidrológica, CORGUINHO 2648.5 1192.8 45.0 5.7
DOIS IRMAOS DO BURITI 2351.2 2228.9 94.8 10.6
desencadeado pela conjugação da JARAGUARI 2921.3 874.3 29.9 4.2
ação de precipitações pluviais, de MARACAJU 5312.9 354.5 6.7 1.7
MIRANDA 5494.5 966.7 17.6 4.6
escoamentos superficiais (em len- NIOAQUE 3934.5 678.2 17.2 3.2
çol ou canalizados), subsuperficiais ROCHEDO 1565.1 1565.2 100.0 7.5
SAO GABRIEL DO OESTE 3866.1 576.0 14.9 2.7
e subterrâneos (em dutos e túneis SIDROLANDIA 5300.9 988.1 18.6 4.7
ou por excesso de poro-pressão em TERENOS 2849.3 2835.3 99.5 13.5
TOTAL - 20955.6 - 100.0
faces de exfiltração) ou ainda pela Tabela 4: Composição de áreas da sub-bacia do Aquidauana.
ação gravitacional diante do decrés-
cimo de resistência dos materiais
sob saturação ou próximo à satura- TE R E NO S ; 99 ,5 0
A N A S TA C IO; 7 8,90

ção de água (movimentos de mas- S IDR O LA N DIA ; 18 ,60 A QU ID A UA N A ; 26,7 0

S A O GA B R IE L D O O E S TE ; B A N DE IR A NT E S ; 3 7,20

sas). Trata-se, em síntese, de uma 14 ,90 C A M P O GR A N DE ; 7,7 0

resultante do comportamento das


águas pluviais frente à resistência R O CH E DO ; 10 0,00
C O RG U IN H O; 45 ,00

dos materiais disponíveis nos domí- N IOA Q U E ; 1 7,20


DO IS IRM A OS D O B U RIT I;

nios de encostas e rios bem como M IR A N DA ; 17 ,60

M A RA C A JU ; 6 ,7 0
9 4,80

de mecanismos hidrogeológicos. J A R A GU A R I; 2 9,90

A amplitude do processo
erosivo pode ultrapassar valores crí- Figura 21: Participação (%) dos municípios na sub-
ticos, ou seja, estar acima da capa- bacia do rio Aquidauana.
Fonte: CIDEMA/2001.
cidade do sistema ambiental de ab-
sorver os efeitos instantâneos e
acumulados, gerando um problema ção do solo, pelo impacto de drena-
à preservação ambiental e à manu- gem de estradas vicinais, pelo
tenção da qualidade de vida huma- desmatamento, por práticas agríco-
na. Configura-se portanto um fenô- las predatórias, gerando instabilida-
meno de risco ambiental, podendo de nas nascentes microbacias
constituir-se num impedimento ao hidrográficas ou nos próprios cursos
processo de desenvolvimento sus- d’água, ocasionando processos
tentável de regiões como a Bacia do erosivos laminares, em sulcos e
Rio Miranda, que vem sendo inten- voçorocas.
samente alterada pela substituição
da vegetação nativa (matas e cerra- No leito dos cursos d’água, a
do) pela agropecuária. ação antrópica está presente atra-
vés da retirada de material de cons-
Em partes da bacia do Miran- trução por dragagens, da ação
da, como conseqüência do impacto garimpeira, da retificação do leito e
de ações antrópicas que provocaram das obras hidráulicas, influencian-
a extensiva remoção da cobertura do dessa forma a capacidade de
vegetal original, houve aceleração transporte do escoamento e provo-
dos processos erosivos. São efeito do cando erosão concentrada.
uso de fertilizantes e agrotóxicos
pelo setor agropecuário e da degra- A erosão laminar é um dos pro-
dação ambiental por resíduos sóli- cessos erosivos que se manifestam
dos e efluentes de esgotos sanitári- pela desagregação do solo superfici-
os e industriais, cujas conseqüên- al, pela incidência do impacto da
cias se propagam através do ciclo chuva e posterior transporte pelo es-
hidrológico, com comprometimento coamento superficial. Os sedimen-
ou potencial comprometimento da tos são depositados no leito dos rios
ou são carreados pela correnteza rio
qualidade dos recursos hídricos.
abaixo. Já solapamentos da superfí-
Os problemas de erosão são cie do terreno e voçorocas são efei-
mais graves quando o homem afeta tos de outro processo erosivo, que se
as condições naturais — por ativi- relaciona à ação da água subterrâ-
dades de mineração, pela urbaniza- nea em condições hidrogeológicas
ção que provoca a impermeabiliza- peculiares, tais como aqüíferos
33
cársticos e arenitos com cimen- água subterrânea se não houver um
tação e matriz fina, afetados por controle adequado das atividades
fraturas. agropecuárias do entorno.
Nesses condicionamentos ma- Lineamentos tectônicos, re-
nifestam-se mecanismos de polari- presentados por falhas e fraturas,
zação de fluxos de água subterrânea constituem zonas polarizadoras do
agravados, com desestabilização do fluxo e armazenamento de água sub-
subsolo pela aceleração de gradien- terrânea, exercendo marcantes con-
tes hidráulicos subterrâneos (alte- troles da rede de drenagem superfi-
rações do comportamento do nível cial e caracterizando equilíbrios di-
d’água subterrânea), que têm sido nâmicos nas relações rio-aqüífero.
provocados também por ação Tais feições geológicas, por repre-
antrópica. sentarem situações de maior poro-
sidade e permeabilidade do subsolo,
Os sedimentos podem se com-
polarizam os processos de dissolução
portar como vetores de transmissão
e precipitação de carbonatos de cál-
de poluentes químicos até o curso
cio e carbonatos de magnésio na for-
d’água, em função da utilização des-
mação de estalagmites e estalacti-
controlada de fertilizantes, pestici-
tes, que representam importantes
das, herbicidas e outros, que estão
atrações de ecoturismo na região de
comprometendo a qualidade dos re-
Bonito e adjacências.
cursos hídricos superficiais e sub-
terrâneos. Tal poluição dos recursos Na porção oeste e sudoeste da
hídricos representa o efeito cumu- bacia hidrográfica, as maiores po-
lativo de procedimentos predatórios, tencialidades hídricas subterrâneas
só sendo detectável quando a situa- correspondem às zonas de ocorrên-
ção se torna crítica, a exemplo dos cia de lineamentos tectônicos, com
Estados Unidos e da Europa. comprimento superior a 10 km, em
mármores, podendo fornecer vazões
No caso específico da Bacia do
superiores a 50.000 litros/hora, pela
Rio Miranda, tem-se:
captação por poços tubulares profun-
• Médio e Alto Miranda – zonas dos, adequadamente construídos.
de erosão, decorrentes principal-
Em litologias representadas
mente de mecanismos de solapa-
por metassiltitos, filitos, xistos e
mento e erosão laminar.
quartzitos as potencialidades aqüí-
• Baixo Miranda – zonas de feras são muito limitadas, caracte-
depósito de sedimentos e assorea- rizando vazões inferiores a 5.000 li-
mento dos cursos d’água, causando tros/hora para poços tubulares pro-
prejuízos de diversas ordens para a fundos, podendo locações em zonas
pecuária extensiva na época das de fraturas abertas evidenciar va-
águas altas. zões superiores. As características
químicas das águas subterrâneas
devem atender os padrões normais
2.7.4. Águas Subterrâneas de potabilidade, podendo ocorrer te-
ores mais elevados de ferro (xistos e
Na bacia do Rio Miranda, a metarenitos) e de carbonato de cál-
enorme variabilidade do meio físico, cio (mármores).
controlada por feições litológicas e de
Nos trechos médios da bacia,
geologia estrutural, exerce uma
o potencial hidrogeológico depende
grande influência na distribuição
da litologia envolvida, ocorrendo bai-
dos recursos hídricos, destacando-se
xas vazões em poços locados sobre
a importância da água subterrânea
como indutora de atividades de eco- siltitos (menos de 5.000 litros/hora)
turismo na região de Bonito, em face e vazões superiores a 15.000 litros/
das características espeleológicas hora em arenitos. Entretanto, poços
envolvidas. Tal potencial de desen- locados sobre fraturas podem supe-
volvimento econômico vinculado ao rar a cifra de 100.000 litros/hora, de-
turismo está diretamente relacio- pendendo da envergadura dos linea-
nado aos recursos hídricos, consti- mentos tectônicos envolvidos.
tuindo todavia um ambiente susce- As características litológicas
tível à alteração da qualidade da sugerem que não ocorre nenhum pro-

34
blema de qualidade no que se refere tectônica for de envergadura supe-
à potabilidade da água subterrânea. rior a 5 km. Em termos qualitati-
vos, a água pode eventualmente
A Bacia Hidrográfica do Rio
ser carbonatada, sem maiores limi-
Miranda evidencia representativi-
tações nos que se refere aos parâ-
dade para o que se convencionou
metros de potabilidade.
denominar Sistema Aqüífero
Guarani1, uma vez que é caracteri- O domínio geomorfológico ca-
zada por: racterizado por planície inundável
implica em condições favoráveis de
a) condições de aqüífero con-
recarga através da infiltração das
finado e semiconfinado no subsolo
águas de chuva e do sistema de dre-
abaixo das rochas basálticas, onde
nagem superficial afluente. Entre-
ocorrem zonas de recarga através
tanto, em face da pouca profundida-
das zonas fraturadas dos lineamen-
de dos níveis de água subterrânea,
tos tectônicos;
durante os períodos de ascensão de
b) condicionamentos de des- tais níveis se manifesta um com-
carga e de aqüífero não confinado portamento de descarga no sentido
nas zonas próximas ao contato das dos cursos d’água.
litologias sobrepostas;
A potencialidade aqüífera va-
c) situações de recarga local ria em função da maior ou menor
nas zonas aflorantes e de descarga incidência das frações síltico-argi-
nas zonas de contato com litologias losas e areno-conglomeráticas. Para
menos permeáveis sotopostas. a situação das frações finas estima-
Nas zonas escarpadas, que se potencial na faixa de 2.000 a
constituem zonas de descarga de 5.000 litros/hora, e para as frações
água subterrânea, existe alimenta- mais grosseiras, a potencialidade
ção do fluxo básico dos cursos d’água, pode superar 30.000 litros/hora,
podendo ocorrer um potencial através da adequada construção de
aqüífero médio da ordem de 30.000 poços tubulares profundos.
a 40.000 litros/hora. Tal potencial
pode superar a cifra de 100.000 li- 2.7.5. Biomassa
tros/hora, quando os poços são lo-
cados em zonas de fratura.
Uma análise comparativa da
As potencialidades hídricas distribuição da biomassa, ao longo
subterrâneas são maiores, superi- de 12 meses, através dos dados do
ores a 200.000 litros/hora, quando Sistema de Satélite AVHRR/NOAA,
o Arenito Botucatu é atingido por sugere a possível correlação da
poços tubulares profundos abaixo maior persistência de conteúdos
das rochas basálticas, como é o médios e altos, mesmo nos perío-
caso da cidade de Campo Grande. A dos de estiagem, com a incidência
qualidade da água deve atender to- de condicionamentos geológicos
dos os padrões de potabilidade, po- que influenciam na descarga de
dendo eventualmente ocorrer teo- água subterrânea, como está indi-
res mais elevados de ferro nas zo- cado na figura 22.
nas de aqüífero livre próximo a zo-
nas escarpadas. Essa relação parece ocorrer
nos afluentes das cabeceiras do Rio
As potencialidades aqüíferas Aquidauana, onde afloram arenitos
das rochas basálticas são limitadas da Formação Botucatu sotopostos às
a potencial inferior a 5.000 litros/ rochas basálticas e sobrepostos a
hora, podendo ocorrer vazões em po- mesclas de arenito e siltito. Este 1
O aqüífero Guarani é
ços tubulares profundos superiores posicionamento geomorfológico oca- talvez o maior manancial
transfronteiriço de água
a 10.000 litros/hora, quando não for siona uma maior perenidade de re- doce subterrânea no
atingido o Arenito Botucatu sotoposto cursos hídricos no solo para o desen- planeta. Veja mais no
capítulo 7.
e houver contribuição de arenitos volvimento da biomassa.
intertrápicos.
As características hidrológi-
Em zonas de fratura de ori- cas do Rio Aquidauana, revelando
gem tectônica, é viável a obtenção maiores vazões em postos fluviomé-
de vazões superiores a 30.000 li- tricos, com menor área de drena-
tros/hora, quando a lineação gem, em relação a posicionamentos
35
a jusante com maior área de capta-
ção, em parte podem ser explicadas
pela marcante contribuição da água
subterrânea.
Nas cabeceiras do Rio Miran-
da, na porção sul, é evidenciada si-
tuação similar. No entanto, existe
persistência de biomassa, durante
todo o ano, na porção mais oeste, que
nesse caso se deve à presença de
rochas calcárias, que induzem con-
dições edáficas favoráveis na região
da Serra da Bodoquena, onde existe
mata nativa protegida por lei.

Figura 22: Distribuição espacial e temporal do NDVI, na


Bacia Hidrográfica do Rio Miranda, derivada de dados do
satélite AVHRR/NOAA.
Fonte CIDEMA – SRH/2002.

36
3
Aspectos sociais
e econômicos

37
3.1. Perfil dos Municípios sua importância individual e cole-
tiva em Mato Grosso do Sul.
Os 23 municípios que possu- Alguns aspectos socioeconô-
em área na bacia do Rio Miranda micos particulares destes municí-
têm características sociais e cul- pios são apresentados a seguir:
turais singulares, que marcaram

ANASTÁCIO
Anastácio foi o primeiro núcleo da cidade de Aquidauana, implantado à margem esquerda do
rio – o rio ganhou o nome do município, Anastácio – em terras da fazenda Santa Maria, se
tornando distrito em 1958. Em 1964 emancipou-se, tornando-se município.
Com área de 2.957,50 km2 e uma população em torno de 22.477 habitantes, apresenta
densidade demográfica de 7,68 hab/km² (IBGE/2000), sendo 13° em população e 50º em
arrecadação de ICMS. Como principais atividades econômicas, o comércio e a pecuária se
destacam. Na agricultura o destaque é na produção de frutas, sendo o maior produtor de
abacaxi no Estado, o 3º na produção de laranja e o 5º na produção de banana. Segundo o IPLAN-
MS, a pecuária apresenta uma média de população bovina (2000) de 241.587 cabeças, tendo
como principais produtos gerados o leite, a lã e ovos de galinha. Anastácio apresenta-se também
como pólo turístico, principalmente do turismo de pesca. A região possui os minerais areia e
argila.

AQUIDAUANA
Aquidauana foi fundada em 1892, às margens do Rio Moboteteu, atual Rio Aquidauana. Tornou-
se município em 1918.
O município de Aquidauana, com 17.008,50 km2 de área e 43.440 habitantes (Censo 2000),
tem uma densidade demográfica de 2,41 hab/km². Sendo classificado como o 6º município
em população, Aquidauana é o 26º em arrecadação de ICMS no Estado.
A pecuária se destaca como principal atividade econômica do município, sendo o 6º rebanho
bovino do Estado, com 615.161 cabeças (2000). O comércio é sua principal atividade urbana, e
no meio rural o destaque é a cana-de-açúcar. Aquidauana também produz abacaxi, arroz,
banana, feijão, laranja, mandioca e milho. O turismo da pesca é outra fonte de renda do
município. Os minerais ocorrentes na região são de diamante, areia e argila.

BANDEIRANTES
O município de Bandeirantes foi criado em 1947. Atualmente, segundo dados do IBGE, possui
6.425 habitantes, e praticamente um terço desses moram na zona rural.
O destaque da economia é a pecuária, principalmente de gado de leite, sendo o 5º produtor do
Estado. A área do município é de 3.124,60 km2, com baixa densidade demográfica (2,01 hab/
km²). A agricultura desenvolvida no município produz arroz, banana, café, laranja, mandioca,
milho, soja e principalmente tomate. As reservas minerais do município são de argila, areia,
cascalho e basalto de brita.

BELA VISTA
Somente 5 anos após a Guerra do Paraguai, Bela Vista recebeu uma população que se
fixou na região. Para lá retornaram os Lopes, Barbosa, Leite, Ferreira, Pedra, Loureiro,
Escobar, Melo e outros pioneiros. A atual Bela Vista conserva edificada a residência de
José Lemes Bugre, que foi seu primeiro morador. Com uma população de 21.764 habitantes
e uma área de 4.908,20 km2, o município de Bela Vista tem como principal atividade
econômica o comércio. Por fazer divisa com o Paraguai, a ponte da amizade que liga os
dois países é considerada atração turística na região. A economia do município é baseada
na pecuária, principalmente na criação de animais de pequeno porte, como ovelhas. A
agricultura é basicamente a cultura de soja.

38
BODOQUENA
Com uma população de 8.367 habitantes (IBGE 2.000), Bodoquena, foi elevado à categoria de
município em 1980. Sua área é de 2.514,30 km2, com 2,83 hab/km2.
A indústria é a principal atividade econômica do município – os destaques são produção de
cimento, calcário, minerais não-metálicos e produtos alimentícios. Bodoquena tem rebanho
de 130.000 bovinos em criação extensiva, sendo o 4º em número de bubalinos do Estado. Na
agricultura, produz algodão herbáceo, arroz, banana, café, cana-de-açúcar, feijão, laranja,
mandioca, melancia e milho. O município também apresenta reservas minerais de calcários,
areia, fosfato, quartzo, mármore e calcita industrial.

BONITO
Segundo dados do IBGE, Bonito possui uma população de 16.956 habitantes. Tem no turismo
sua principal atividade econômica, com atrativos como as grutas, rios e lagos de águas cris-
talinas. Outro fator gerador de renda é a mineração, principalmente de calcário – há também
mármore, cobre, dolomita, areia, ouro e calcita industrial, entre outros. A agricultura desen-
volvida em Bonito produz soja e cana-de-açúcar. Na pecuária, o rebanho ovino torna o muni-
cípio o 3º produtor de lã do Estado.

CAMPO GRANDE
O município de Campo Grande foi criado em 1889, tornando-se capital do Estado em 1977,
quando ocorreu a divisão do Mato Grosso em dois. Campo Grande possui a maior população de
Mato Grosso do Sul, 663.621 habitantes (32,33% da população do Estado), e maior arrecadação
de ICMS (56,61%). As principais atividades econômicas do município são serviços e comércio.
Na área rural, tem como produtos agrícolas o abacaxi, o arroz, a batata-doce, a banana, o
feijão, a laranja, o limão, a mandioca, o milho, a soja, o tomate, o trigo, a manga e a uva; na
pecuária se destaca por ser o 2º produtor de leite do Estado. Os minerais presentes na capital
são areia, basalto para brita e água mineral.

CORGUINHO
O município de Corguinho surgiu com o garimpo, se emancipando em 1934. Atualmente
conta com pouco mais que 3.500 habitantes, em sua maioria na zona rural. A pecuária é a
principal atividade econômica atual, se destacando tanto na quantidade de bovinos criados a
campo (193.134 em 2000), como na produção de aproximadamente 5.000 litros de leite.

CORUMBÁ
Corumbá é um dos municípios mais velhos do Mato Grosso do Sul, tendo sido elevado a essa
categoria no ano de 1850. A população é de 95.701 habitantes (IBGE 2000). O município também
é o de maior área no Estado, totalizando mais de 18% da área total de MS.
Corumbá tem os maiores rebanhos bovinos, ovino e eqüino do Estado, sendo o terceiro município
em arrecadação de ICMS. Também produz lã e mel-de-abelhas. A extração de ferro e manganês
e a fábrica de cimento são empreendimentos instalados no município. Com o maior porto
fluvial do Estado, o município também desenvolve o turismo, principalmente de pesca. A
principal atividade econômica da cidade de Corumbá é o comércio.

DOIS IRMÃOS DO BURITI


Dois Irmãos do Buriti foi criado há pouco mais de quatorze anos. Tem uma população de quase 9.335
habitantes, mais da metade dessa residindo na zona rural (cerca de 5.000 pessoas). As principais ativida-
des econômicas do município são a pecuária e o comércio.

GUIA LOPES DA LAGUNA


O município de Guia Lopes da Laguna foi criado em 1953. Atualmente possui uma população
com pouco mais de 10.000 habitantes, tendo como atividade principal a pecuária (rebanho de
126.208 cabeças em 2000, segundo o IPLAN – MS).

39
JARAGUARI
Também o município de Jaraguari foi criado em 1953. Sua população de 5.389 habitantes
reside em sua maioria na zona rural - na cidade, mora menos de um quarto da população
local. Jaraguari tem a pecuária como atividade econômica mais importante, com um reba-
nho de 198.000 cabeças. É o 4º produtor de tomate, 5º produtor de abacaxi, 9º produtor de
laranja e 10º produtor de ovos de galinha.

JARDIM
A produção de arroz é a atividade agrícola do município de Jardim, que tem como atividade
principal o comércio, para atender a população de 22.542 habitantes do município. A pecuária
possui um rebanho em torno de 176.000 cabeças. Possui reservas minerais de cobre, areia,
calcário calcítico e dolomito.

MARACAJU
Maracaju foi elevada a categoria de município em 1928 e atualmente possui 26.219 habitan-
tes (IBGE/2000). O município de Maracaju é um grande produtor de grãos do Estado. A econo-
mia local é baseada principalmente na agricultura e comércio. No município há ocorrência
de areia, basalto para brita e cascalho.

MIRANDA
Miranda, assim como Corumbá, é um dos municípios mais antigos do Estado, tendo sido cri-
ado em 1857. A principal atividade econômica é o comércio, principalmente devido à vinda de
turistas para pescar na região. É também um grande produtor de arroz, principalmente irri-
gado. São encontrados no município minerais como calcário, argila, mármore e areia.

NIOAQUE
O município de Nioaque foi criado no ano de 1890 e atualmente possui pouco mais de 15.000
habitantes. A população local esta distribuída igualmente nas zonas rural e urbana. A pecuá-
ria é a principal atividade econômica do município.

PONTA PORÃ
Em 1892, a guarnição da colônia militar de Dourados foi levada para as nascentes dos córregos:
Jovai, São Tomaz, Carambola, São Vicente, Ponta Porã, Teguajho e do Rio São João. Local
preferido pelos carreteiros que faziam o transporte de erva-mate, iniciou-se ali uma povoação
denominada Punta Porã. A guarnição transferida teve a finalidade de proteger os carreteiros
dos “quatreros” paraguaios. O primeiro ponta-poranense registrado foi Boaventura Nazaré,
nascido em 1895. O município foi criado pela Lei N.º 617, de 18 de julho de 1912.
A agricultura é a principal atividade econômica do município, sendo o primeiro em produção
de trigo e o terceiro na produção de soja e algodão herbáceo. Na área urbana o comércio é a
atividade principal.

PORTO MURTINHO
O município de Porto Murtinho possui 13.316 habitantes (Censo 2000), tendo o comércio como
principal atividade econômica urbana. Na zona rural, a mais importante atividade é a pecu-
ária, principalmente de bovinos. Destaca-se também a criação de ovinos, com produção de lã.
A atividade pecuária da região é extensiva, apresentando-se como principal cobertura às
pastagens.

40
RIO NEGRO
No final de 1952, vieram para a região algumas famílias originárias do Japão. Dentre vários
colonizadores, o que mais se destacou foi Massato Matsubara. Com a abertura de uma estra-
da ligando a região de Campo Grande, iniciou-se o povoamento denominado “Faca de Pau”,
onde Matsubara projetou e implantou um loteamento, dando origem à cidade de Rio Negro.

ROCHEDO
Rochedo, que teve sua origem na extração de diamantes, foi elevado à município em 1.948.
Atualmente habitam no município 4.358 pessoas. Ainda hoje há ocorrência de diamantes na
região, além de cascalho e argila, mas a principal atividade econômica é a pecuária.

SÃO GABRIEL DO OESTE


O município de São Gabriel do Oeste, criado em 1980, possui 16.821 habitantes (Censo 2000).
A região é a maior produtora de soja do Estado e possui também o maior número de suínos. A
agricultura e o comércio são as principais atividades econômicas do município. Como em
Rochedo, em São Gabriel do Oeste há ocorrência de diamantes e cascalho, além da areia.

SIDROLÂNDIA
Em 1926, ao lotear parte da Fazenda São Bento visando à criação de um povoado, Sidrônio
Antunes Andrade deu inicio ao município criado em 1953 com o nome de Sidrolândia.
A principal atividade econômica de Sidrolândia é a agropecuária. A população local mora em
sua grande maioria no núcleo urbano, totalizando 23.483 habitantes (Censo 2000).

TERENOS
Em 1914, com a chegada da estrada de ferro Noroeste e do telégrafo numa região habitada
anteriormente por índios terenas, foi se desenvolvendo a região de Terenos, elevado a município
em 1953.
A população de Terenos é de 11.662 habitantes (IBGE 2000), igualmente divididos entre zona
rural e zona urbana. O município é o maior produtor de ovos de galinha do Estado, porém as
principais atividades econômicas são a industria e a pecuária.

41
3.2. População
46%

O Censo de 2000 contabilizou


2.078.001 habitantes em Mato Gros- 54%

so do Sul. Os municípios contribu-


intes da BHRM possuem 1.131.024
habitantes, ou seja, 54% de toda a
população do Estado (figura 23), mas Dem ai s M unic íp ios M u nic ípios da B acia do M i ran da

há que se considerar que municí-


Figura 23: Participação da população (%) dos
pios populosos, como Campo Gran- municípios que possuem área na Bacia Hidrográfica
do Rio Miranda.
de, não têm seu núcleo urbano to- Fonte: CIDEMA/2001.
talmente inserido (no caso da Capi-
tal, só 15% do núcleo urbano está
na Bacia).
Os habitantes se encontram
instalados principalmente na zona
urbana, com aproximadamente 90% 10%

do total. Entretanto, há casos como


o do município de Miranda, que apre-
senta seus habitantes quase que
igualmente distribuídos entre as zo-
nas rural e urbana, e casos como o
de Terenos e Nioaque, onde a popu-
lação está instalada sobretudo na 90%

zona rural (tabela 5 e figura 24).

Urbana Rural

Figura 24: Participação da população urbana e rural


na BHRM.
Fonte: CIDEMA/2001.

Municípios Total Homens Mulheres Urbana Rural


Anastácio 22.477 11.398 11.079 17.266 5.211
Aquidauana 43.440 21.774 21.666 33.816 9.624
Bandeirantes 6.425 3.412 3.013 4.533 1.892
Bela Vista 21.764 11.111 10.653 18.023 3.741
Bodoquena 8.367 4.428 3.939 5.223 3.144
Bonito 16.956 8.754 8.202 12.928 4.028
Campo Grande 663.621 322.703 340.918 655.914 7.707
Corguinho 3.592 1.935 1.657 1.489 2.103
Corumbá 95.701 48.060 47.641 86.144 9.557
Dois Irmãos do Buriti 9.335 4.912 4.423 4.363 4.972
Guia Lopes da Laguna 11.115 5.675 5.440 9.061 2.054
Jaraguari 5.389 2.945 2.444 1.415 3.974
Jardim 22.542 11.289 11.253 20.953 1.589
Maracaju 26.219 13.288 12.931 21.190 5.029
Miranda 23.007 11.951 11.056 12.059 10.948
Nioaque 15.086 7.978 7.108 6.081 9.005
Ponta Porã 60.916 30.207 30.709 54.383 6.533
Porto Murtinho 13.316 7.083 6.233 8.339 4.977
Rio Negro 5.432 2.866 2.566 3.739 1.693
Rochedo 4.358 2.344 2.014 2.497 1.861
São Gabriel do Oeste 16.821 8.660 8.161 13.631 3.190
Sidrolândia 23.483 12.162 11.321 15.862 7.621
Terenos 11.662 6.141 5.521 5.682 5.980

Tabela 5: Habitantes por municípios na BHRM.

42
3.3. Índice de Desenvolvimento Índice de
Índice de educação Índice de renda
MUNICÍPIO longevidade
Humano - IDH (IDHM-L)
(IDHM-E) (IDHM-R)

Anastácio 0,718 0,830 0,626


Aquidauana 0,720 0,861 0,690
O IDH é avaliado pela ONU des- Bandeirantes 0,737 0,814 0,649
de 1960, como uma tentativa de Bela Vista 0,746 0,843 0,675
Bodoquena 0,673 0,822 0,628
mensurar a qualidade de vida nos pa- Bonito 0,788 0,830 0,682
íses-membros, com base em renda, Campo Grande 0,757 0,915 0,771
educação, expectativa de vida. Hoje, Corguinho 0,710 0,829 0,630
Corumbá 0,773 0,862 0,678
é medido também o IDH de estados, Dois Irmãos do Buriti 0,668 0,803 0,588
regiões e municípios brasileiros. Guia Lopes da Laguna 0,768 0,810 0,688
Jaraguari 0,737 0,830 0,635
As notas são de zero a 1. Abai- Jardim 0,732 0,866 0,720
xo de 0,499 indicam baixo desenvol- Maracaju 0,792 0,859 0,692
Miranda 0,668 0,811 0,693
vimento humano; de 0,500 a 0,799 Nioaque 0,746 0,799 0,601
marcam estágio intermediário e de Ponta Porá 0,774 0,872 0,694
0,8 em diante, alto desenvolvimen- Porto Murtinho 0,679 0,789 0,626
Rio Negro 0,727 0,811 0,630
to humano. Rochedo 0,710 0,844 0,638
São Gabriel do Oeste 0,774 0,867 0,783
O Índice de Desenvolvimento Sidrolândia 0,754 0,845 0,678
Humano Municipal (IDHM) no Esta- Terenos 0,721 0,829 0,642
Tabela 6: Municípios e sua relação com o IDH.
do de Mato Grosso do Sul no ano Fonte: PNUD/2002.
2000 foi de 0,769, apresentando-se
dentro do nível intermediário e co-
locando-se em 8º lugar no ranking
Lo n g ev id a de
nacional. Em 1991, Mato Grosso do 0,8 50
Ín dice

Sul ocupava a 7º posição. Foram con- 0,8 00

siderados os aspectos longevidade, 0,7 50

educação e renda. A tabela 6 apre- 0,7 00

senta o perfil dos municípios na 0,6 50

BHRM em relação ao IDH. 0,6 00


D oi s Irm ão s do B uri ti Mi ran da 1 B od oq ue na
P orto M urt in ho Co rg uin ho R oc he do
A na st ác io Aq uid a ua na Te re no s
Observando os índices dos R io N eg ro
Jarag ua ri
Ja rdi m
Be la Vista
B an de ira nt es
N ioa qu e
municípios inseridos na BHRM, per- S id rol ân dia
C orum b á
Ca m po G ran de
Po nt a P o rã
G uia L op es d a L ag u na
S ão G ab rie l d o Oe st e

cebe-se que o IDHM - Longevidade B on ito Ma ra ca ju

tem uma pequena variação, fican- Figura 25: Perfil dos Municípios BHRM em relação ao
IDH – Longevidade.
do em torno de 0,750, com exceção Fonte: PNUD/2002.
dos municípios de Bodoquena, Dois
Irmãos do Buriti, Miranda e Porto
Ín d ice
Murtinho, que apresentam índices 0,95 0
E d u c a çã o

intermediários, em torno de 0,670. 0,90 0


As figuras de 25 a 28 apresentam o 0,85 0
perfil dos municípios da BHRM por
0,80 0
dimensão do IDH.
0,75 0
O IDHM de Educação demons- 0,70 0
tra que os municípios da BHRM apre-
Po rto M u rtinho N ioa que D ois Irm ãos do B uriti
Guia Lo pes da L ag una M irand a 1 R io N eg ro
Ba ndeiran tes B odoq ue na Teren os
sentam-se em sua maioria no nível Co rg uinho
Jarag ua ri
A nastá c io
B ela V is ta
B onit o
R och ed o
alto, na faixa de 0,830. Em Campo Si drolândia
Co ru mb á
M arac aju
Jard im
A quidau an a
S ão G a briel do O es te
Grande, esse índice chega a 0,915, Po nt a P orã C am po G ra nd e

superando os demais. A exceção é o Figura 26: Perfil dos Municípios BHRM em relação ao
município de Nioaque, que se en- IDH – Educação.
Fonte: PNUD/2002.
contra no nível intermediário.
No que tange à renda, apesar 1,00 0
Ín d ic e R en da

do IDHM estar dentro do nível inter- 0,80 0


mediário, a média é de 0,620, com 0,60 0

Dois Irmãos do Buriti atingindo o 0,40 0

nível mais baixo dos municípios in- 0,20 0

seridos na BHRM, com o IDHM - 0,00 0


Do is Irmãos do Bur iti Nio aqu e A na stá cio Por to Mu rtin ho

Renda de 0,588. Já os municípios de Bo do qu en a Cor gu inh o 1 Rio Neg ro Jar ag uar i


Ro ch ed o Ter en os Band eir an tes Bela V ista

Campo Grande (0,771), Jardim


Sidro lân dia Cor umbá Bonito Gu ia L op es da La gu na
A quidau an a Ma rac aju Mira nda Pon ta Po rã
Ja rdim Campo Gran de São Ga briel d o Oe ste
(0,720) e São Gabriel do Oeste (0,783)
Figura 27: Perfil dos Municípios BHRM em relação ao IDH
superam a média. – Renda.
Fonte: PNUD/2002.

43
A renda per capita dos habi- 3.5. Produção Econômica Regio-
tantes dos municípios da BHRM gira nal
em torno de 2 salários mínimos por
mês, compreendendo em torno de O processo de ocupação do ter-
45% da população economicamen- ritório de Mato Grosso do Sul sem-
te ativa. Campo Grande e São pre acompanhou os ciclos econômi-
Gabriel do Oeste são dois municípi- cos do país, com a expansão de ativi-
os que se destacam, como pode ser dades econômicas como a minera-
visto na figura 28. ção e a pecuária. A ocupação das
fronteiras agrícolas em áreas de
R$ Re n d a P e r C a p ita - 2 0 0 0
5 00 ,0 0 matas e, recentemente, em áreas
4 00 ,0 0
de cerrado provocou atração de con-
tinentes populacionais advindos de
3 00 ,0 0
outras regiões.
2 00 ,0 0
A pecuária representa a ativi-
1 00 ,0 0
dade tradicional da economia sul-
0 ,0 0 Do is Ir mãos do Buriti Nioa qu e 1 An as tác io
mato-grossense, constituída princi-
Por to Mu rtinho
Rio Negr o
Bodoqu en a
Jara gu ari
Co rgu inho
Ro ch edo palmente pela criação de bovinos,
Ter enos Bandeiran tes Be la Vis ta
Sidrolândia
Gu ia Lopes da Laguna
Corumb á
A quidauana
Bo nito
Ma racaju
aves, suínos, eqüinos, ovinos, mua-
Mir anda
Ca mpo Gra nde
Ponta Por ã
São Gabr iel do Oeste
Jardim
res, asininos, caprinos e bubalinos.
Figura 28: Perfil dos Municípios da BHRM em relação Destacam-se os rebanhos de
ao IDH – Renda Per Capita.
Fonte: PNUD/2002.
bovinos, com 19,7 milhões de cabe-
ças, e aves, com 10,9 milhões de
animais; juntos, esses dois segmen-
3.4. Estrutura Fundiária
tos da pecuária desempenham ex-
pressivo papel na ocupação econômi-
Ainda faltam estudos que es- ca, incluindo produção de carnes e
tabeleçam a estrutura fundiária es- outros produtos de origem animal,
pecífica da região da Bacia Hidrográ- como lácteos, couro e ovos.
fica do Rio Miranda. O alistamento
do número de propriedades rurais A área total ocupada com pas-
dos municípios com território total tagem no Estado é de 21.810.708 ha,
ou parcial na bacia, realizado pelo com a pecuária bovina apresentan-
Censo Agropecuário 1996-96 (IBGE), do densidade média de 0,9 cabeças/
oferece um diagnóstico parcial, que ha em todo Mato Grosso do Sul. Essa
pode ser conferido na tabela 7. densidade chega a 1,04 quando se
Municípios Número de propriedades por módulo (ha)
exclui a planície pantaneira, e a 1,25
Menos De 10 De 100 De De Sem Total quando se considera somente pas-
de 10 a a 1.000 a 10.000 Declaração:
menos menos menos em
tagem plantada (15.727.934 ha).
de 100 de de diante
1.000 10.000 Isoladamente, o Pantanal,
Anastácio 25 523 129 56 2 - 735
Aquidauana 376 144 131 128 29 - 808
constituído pelas microrregiões
Bandeirantes 8 115 203 77 - 1 404 (MRGs) de Aquidauana e Baixo Pan-
Bela Vista 106 182 193 99 3 - 583
Bodoquena 35 417 76 67 1 - 596
tanal, possui 5.985.667 ha de pasta-
Bonito 46 226 337 122 3 3 737 gem, sendo 72,8% natural contra
Campo 158 361 440 212 1 7 1.179
Grande 10,9% no Planalto. A região de pla-
Corguinho 9 75 193 79 - - 356 nície apresenta uma densidade de
Corumbá 102 353 141 440 173 3 1.212
Dois Irmãos 169 211 136 54 1 - 571 0,54 animais por ha, resultado de
do Buriti uma pecuária desenvolvida em con-
Guia Lopes 54 236 142 24 - - 456
da Laguna dições muito mais extensivas em
Jaraguari 65 277 205 74 1 - 622 pastejo natural - com propriedades,
Jardim 40 58 109 57 2 1 267
Maracaju 26 71 326 148 2 - 573 na sua maioria, de grandes áreas,
Miranda
Nioaque
603
632
140
594
86
199
64
118
9
-
-
-
902
1.543
enfrentando condições adversas de
Ponta Porã 2 168 316 104 7 - 597 clima e manejo, como enchentes,
Porto
Murtinho
53 74 107 212 29 5 480 por exemplo.
Rio Negro 43 145 110 41 - 1 340
Rochedo 9 125 190 30 - - 354 Em nível regional, a pecuária
São Gabriel 25 75 320 115 1 - 536 bovina não apresenta concentração
do Oeste
Sidrolândia 32 194 310 118 2 1 657 expressiva de rebanhos. A microrre-
Terenos 58 364 272 70 1 - 765 gião com maior participação não
Total 15.273
supera 17,3% do rebanho, o que de-
Tabela 7: Propriedades nos municípios que integram a Bacia Hidrográfica do Rio Miranda.
Fonte: IPLAN-MS 2002/IBGE. monstra a importância dessa ativi-
44
dade em todo o Estado. Além deste hiato entre a co-
bertura dos serviços e a demanda
Apenas a microrregião de Cas-
integral, observa-se também declí-
silândia apresentou, em 1996, um
nio na qualidade desses serviços em
plantel inferior a um milhão de ca-
razão principalmente da deteriora-
beças. As microrregiões com maior
ção da infra-estrutura . Conjugados,
expressão na pecuária sul-mato-
esses fatores impactam a população
grossense, segundo dados do Censo como um todo, mas particularmen-
Agropecuário de 1996, são a MRG de te a população com mais baixos ní-
Dourados, com 2.422.789 cabeças, a veis de rendimento.
MRG de Três Lagoas, com 3.279.927
cabeças e a MGR Alto Taquari, com Com efeito, conquanto se te-
2.250.232 cabeças. Também desta- nha observado incremento na ofer-
camos a região de planície que com- ta dos serviços nas últimas décadas,
preende o Pantanal, constituído pe- persiste uma demanda não atendi-
las MRGs de Aquidauana e Baixo da especialmente nas camadas so-
Pantanal, que concentram um re- ciais de baixa renda (tabela 8).
banho bovino de 3.231.074 cabeças Dos 520.947 domicílios exis-
dentro do Estado. tentes em 1996, 62.442, ou 12%, não
Mato Grosso do Sul se desta- dispunham de água canalizada e
ca também entre os maiores pro- apenas 17,1% estavam ligados à
dutores de grãos do Brasil, apre- rede de esgotos ou contavam com
sentando elevada produção e pro- fossa séptica. Cerca de 412.301 do-
dutividade principalmente nas cul- micílios utilizavam outras modali-
turas de soja, com a qual contri- dades desse serviço e 19.750 sim-
buiu, em 1998, com 7,4% da pro- plesmente não dispunham de ne-
nhuma modalidade de esgotamento
dução nacional, tendo alcançado
sanitário.
rendimento de 2.091 kg/ha.
A distribuição do atendimen-
Na lavoura de milho, com uma
to revela claramente iniqüidade so-
produção de 1.694.753t em 1998,
cial, com os déficits de atendimen-
Mato Grosso do Sul participou com
to se concentrando nos estratos
5,9% da safra nacional. O rendimen-
populacionais de menores rendi-
to alcançado foi de 3.570 kg/ha, su-
mentos. Do total de domicílios sem
perando a produtividade nacional, de
água canalizada, 72% correspondi-
2.764 kg/ha.
am às famílias com renda mensal
Aparecem ainda as culturas de até três salários mínimos e 23%
de arroz, trigo, algodão, feijão, soja, às famílias com renda mensal de até
cana-de-açúcar e mandioca, que um salário mínimo.
estão presentes nas principais re-
A realidade é similar no que
giões agrícolas. concerne ao esgotamento sanitário:
os domicílios das famílias com ren-
3.6. Saneamento ambiental da de até três salários mínimos
mensais significavam 42% do total
desassistido. A essa mesma classe
O Estado de Mato Grosso do de renda correspondiam quase 80%
Sul tem, conforme assinalado, área dos domicílios sem qualquer meio de
territorial de 357.139,9 km 2, dis- esgotamento sanitário.
tribuídos em 77 municípios que
abrigam população total estimada Segundo o último Censo
em 2.074.877 habitantes, dos IBGE/PNAD, 79,6% dos domicílios
quais 1.744.520 (84%) vivem nos urbanos não estavam ligados à rede
de esgotos ou fossa séptica e 9,5%
centros urbanos.
não estavam conectados à rede de
A elevada concentração da po- água. Também nestes casos, o mai-
pulação nas áreas urbanas, fenô- or percentual dos domicílios não
meno crescente e registrado no país atendidos continuava sendo das fa-
como um todo, implica acentuada mílias com renda média mensal de
pressão sobre os equipamentos ur- até três salários mínimos: água 70%
banos e serviços básicos, cuja ofer- e esgotos 36,6%. Esses números di-
ta nem sempre é capaz de acompa- vergem dos números apresentados
nhar a demanda. pela Sanesul em mais ou menos 3

45
pontos percentuais. sentar uma redução de morbidade de
até 80% dos casos de febre tifóide e
Além da insuficiência de co-
paratifóide; de 60% a 70% dos casos
bertura, com seus reflexos sobre a
de tracoma e esquistossomose e de
população como um todo, mas parti-
40% a 50% dos casos de disenteria
cularmente sobre as condições sa-
bacilar, amebíase, gastroenterites e
nitárias e de qualidade de vida dos
infecções cutâneas.
estratos mais carentes, cumpre as-
sinalar a inadequação de parcela Impõe-se esforço suplementar
considerável dos sistemas de sane- para ampliar a cobertura dos servi-
amento básico, seja em decorrência ços de saneamento básico no Estado
da antigüidade desses sistemas ou de Mato Grosso do Sul, no sentido da
da impropriedade de parte do mate- universalização do atendimento e da
rial utilizado em sua construção. melhoria dos serviços. Assim se es-
tará contribuindo para diminuir as
Um projeto para ampliação e
desigualdades socioeconômicas no
melhorias do sistema de abasteci-
Estado, reduzir a pobreza, preservar
mento de água e esgotamento sani-
o meio ambiente natural, enfim:
tário dos municípios de Dourados,
melhorar a qualidade de vida da po-
Ponta Porã e Três Lagoas permeia o
pulação, sobretudo dos estratos mais
Programa “Água Limpa, Natureza
carentes.
Viva”, contemplando 3 (três) dos prin-
cipais sistemas operados pela Em-
presa de Saneamento de MS – Sa- 3.7. Quem é quem na Bacia
nesul S.A.
A incidência de enfermidades A identificação dos atores so-
de veiculação hídrica, de um modo ciais com influência direta e indi-
geral, ainda é considerável no Mato reta na gestão da bacia hidrográfica
Grosso do Sul. Nos anos de 1999 e foi realizada mediante consultas a
2000, foram registrados, respectiva- organizações governamentais e
mente, 994 e 977 casos de hepatite não-governamentais e ao banco de
e informados, na mesma ordem, dados do CIDEMA (anexo 10.1).
47.698 e 48.942 casos de doenças Em Mato Grosso do Sul, com
diarréicas agudas. Estas últimas vi- exceção das iniciativas dos Consór-
timam principalmente as crianças cios Intermunicipais dos Rios Mi-
da faixa etária de 1 a 4 anos (cerca randa, Apa e Taquari mediante o
de 40% dos casos). CIDEMA e o COINTA, não existem
A mortalidade infantil é ainda experiências concretas de gestão
muito elevada no Estado. De acordo de bacias hidrográficas na sua ple-
com dados do DATASUS, registrou-se, nitude, que possibilitem avaliar
em 1998, 26,73 óbitos por mil nasci- com precisão as organizações que
dos vivos, ao passo que em países em efetivamente possuam perfil insti-
desenvolvimento que investem for- tucional para participar do proces-
temente no saneamento básico essa so de gestão.
taxa não supera 10 por mil. Desta forma, as listas apresen-
A influência das ações de sa- tadas nos anexos finais têm caráter
neamento na redução da incidência preliminar e devem ser objeto de ava-
e da prevalência de enfermidades liação e complementações. Foram in-
pode ser aferida a partir de estudos corporadas características-chave de
conduzidos pela OPAS/OMS. Estes cada organização, de forma a facili-
revelam que melhorias nos siste- tar a futura discussão a respeito do
mas de abastecimento de água e de envolvimento das citadas organiza-
esgotamento sanitário podem repre- ções no momento de aprofundamento
dos debates sobre a gestão da respec-
Especificação ÁGUA(1) ESGOTO tiva bacia hidrográfica.
Número de Ligações 508.511 44.697
Número de Economias 556.721 65.549
Extensão da Rede (m) 8.033.996 1.110.188(2)
Volume Produzido (m3) 158.216.909 -
Volume Faturado 85.249.375 12.273.889(2)
Tabela 8: Abastecimento de Água e Serviços de Esgoto – 2001.
Fonte: Sanesul.

46
4
Usos dos recursos
hídricos

47
Os principais usos dos recur- Atualmente, existem 5.290 ha
sos hídricos considerados no estudo de arroz irrigado, concentrados na
realizado pelo CIDEMA em 2002 são sub-bacia do Miranda, sendo o mu-
a irrigação industrial, a desseden- nicípio de Miranda o ponto de mais
tação animal e o abastecimento hu- expressiva demanda. O consumo é
mano (urbano e rural)2. estimado em 5.290 ha x 12.000 m3/
ha/safra de arroz irrigado, totalizan-
do 63.480,000 m3/safra. Ou seja: ao
4.1. Irrigação longo dos municípios da sub-bacia do
rio Miranda, o consumo é da ordem
Quase metade da demanda to- de 2.041 l/s/ano.
tal de água na bacia hidrográfica
(49%) é para irrigação (2241.8 l/s),
sendo que 58% deste valor (1.299,80 4.2. Dessedentação de animais
l/s) corresponde à demanda para ir-
2
A presença do turismo rigação no município de Miranda. A segunda maior demanda é
na área é importante, e para a dessedentação de animais,
grande a relação da As equipes de campo do
atividade com a qualidade considerando bovinos, suínos e
dos recursos hídricos. CIDEMA, em levantamento de cam-
Entretanto, os dados para aves. A dessedentação ocorre em
a avaliação das atividades
po, detectaram a presença de arroz
toda a extensão territorial da ba-
turísticas não foram irrigado nas proximidades das cida-
incorporados ao presente cia, sendo que a demanda dos bo-
estudo. des de Miranda e Bodoquena, sendo
A produtividade do arroz vinos representa 98% do total. Su-
os pontos de captação localizados no
3

de sequeiro é inferior a do
arroz irrigado. Conforme rio Miranda. Ressalta-se a concen- ínos e aves representam, cada um,
informações das equipes
tração do plantio de arroz na sub-ba- 1% da demanda de dessedentação.
de campo, em muitas
áreas destes municípios
existe a intenção de
cia do Rio Miranda: em seu vale, A figura 29 apresenta o con-
converter o plantio de além dos municípios de Miranda, Bo- sumo para dessedentação de ani-
arroz de sequeiro para
arroz irrigado, em um doquena e Bonito (com arroz irriga- mais dos rebanhos de bovinos, suí-
futuro próximo.
do), existe plantio expressivo de ar- nos e aves existentes na Bacia Hi-
roz de sequeiro3 nos municípios de drográfica do Rio Miranda.
Jardim, Nioaque e Guia Lopes da
Laguna.
Embora as informações 1% 1%

coletadas pelo CIDEMA demons-


tram que existem 5.290 ha de ar-
roz irrigado, o censo do IBGE de
1996 registra que existem somen-
te 201.1 ha de áreas irrigadas. Es- Água Bovinos (l/s)
98%

Água Suínos (l/s) Água Aves (mil) (l/s)

tes dados estão incorretos, pois, em


consulta a vários setores em Mato Figura 29: Demanda para dessedentação de animais
por categoria animal.
Grosso do Sul, levantou-se inclusi-
ve que a área irrigada deve extra-
polar 6.000 ha. Na tabela 9 tem-se, por muni-
O consumo de água requerido cípio da bacia, a população dos ani-
pelo arroz depende de um grande mais existentes na região de estu-
número de fatores, entre os quais do atualizada através de procedi-
os mais importantes são permeabi- mentos de progressão geométrica
lidade do solo, clima, cultivo, condi- para o ano 2000. Na tabela 10 são
ções de irrigação e profundidade da apresentadas as estimativas de con-
camada impermeável. No projeto sumo para a dessedentação de bovi-
executado pelo CIDEMA, em 2002, nos, suínos e aves tendo como base
adotou-se como consumo de água o os consumos “per capita” e a propor-
valor de 12.000 m3/ha/safra para o ção das áreas municipais dentro da
arroz irrigado. Neste contexto, con- Bacia Hidrográfica do rio Miranda.
forme os levantamentos de campo
efetuados pelo CIDEMA, temos os
municípios de Miranda com 3350
ha, Bodoquena com 1100 ha, Boni-
to com 150 ha, Jardim com 400 ha,
Nioaque com 100 ha e Guia Lopes
da Laguna com 190 ha.

48
Nome Bovinos 2000 Suínos 2000 Aves 2000(mil)

Anastácio 223,112 3,724 71


Aquidauana 197,045 1,318 22
Bandeirantes 97,052 975 102
Bela Vista 4,160 44 1
Bodoquena 150,695 2,569 59
Bonito 350,054 5,557 84
Campo Grande 78,972 3,139 72
Corguinho 96,334 1,034 26
Corumbá 44,263 322 2
Dois Irmãos do 219,215 3,766 366
Buriti
Guia Lopes da 116,435 4,967 92
Laguna
Jaraguari 78,846 1,585 247
Jardim 168,999 2,374 26
Maracaju 111,463 4,983 188
Miranda 301,435 1,776 47
Nioaque 385,550 8,323 206
Ponta Porã 66,698 2,322 19
Porto Murtinho 4,717 24 0
Rio Negro 3,539 61 1
Rochedo 124,651 2,143 41
São Gabriel do 23,301 7,710 13
Oeste
Sidrolândia 103,773 1,988 548
Terenos 287,319 7,309 2,926
Total 3,237,626 68,014 5,158
Tabela 9: População animal na Bacia Hidrográfica do Rio Miranda (número de cabeças).

Nome Bovinos 2000 Suínos 2000 Aves (mil) Total animais


(l/s) (l/s) 2000 (l/s) 2000 (l/s)
Anastácio 116.2 1.3 0.3 117.8
Aquidauana 102.6 0.5 0.1 103.2
Bandeirantes 50.5 0.3 0.4 51.3
Bela Vista 2.2 0.0 0.0 2.2
Bodoquena 78.5 0.9 0.2 79.6
Bonito 182.3 1.9 0.3 184.6
Campo Grande 41.1 1.1 0.3 42.5
Corguinho 50.2 0.4 0.1 50.6
Corumbá 23.1 0.1 0.0 23.2
Dois Irmãos do 114.2 1.3 1.5 117.0
Buriti
Guia Lopes da 60.6 1.7 0.4 62.7
Laguna
Jaraguari 41.1 0.6 1.0 42.6
Jardim 88.0 0.8 0.1 88.9
Maracaju 58.1 1.7 0.8 60.5
Miranda 157.0 0.6 0.2 157.8
Nioaque 200.8 2.9 0.8 204.5
Ponta Porã 34.7 0.8 0.1 35.6
Porto Murtinho 2.5 0.0 0.0 2.5
Rio Negro 1.8 0.0 0.0 1.9
Rochedo 64.9 0.7 0.2 65.8
São Gabriel do 12.1 2.7 0.1 14.9
Oeste
Sidrolândia 54.0 0.7 2.2 57.0
Terenos 149.6 2.5 11.9 164.0
Total 1686.3 23.6 20.9 1730.8
Tabela 10: Demandas da dessedentação animal na Bacia Hidrográfica do Rio Miranda.

49
4.3. Abastecimento Público A média do atendimento glo-
bal dos municípios estudados foi de
A demanda para abastecimen- 88%, um índice de atendimento con-
to público4 (urbano e rural) represen- siderado bom pelo Ministério da Saú-
ta 13% da demanda total. Desse to- de, o índice de atendimento é consi-
tal, 88% (figura 30) é para abasteci- derado bom quando é igual ou supe-
mento da população urbana. rior a 80%, razoável de 50 a 80% e
crítico quando abaixo de 50%.
O abastecimento da população
urbana dos municípios dá-se a par- Não há, porém, atendimento
tir de captações subterrâneas e em com água potabilizada para a popu-
mananciais de água superficial. lação rural a partir de sistemas pú-
Quando a fonte de abastecimento é blicos. Também a coleta e o afasta-
poço tubular profundo, a água é po- mento dos esgotos sanitários, a dre-
tabilizada através de simples desin- nagem urbana, a coleta e disposição
de lixo são precários no Estado, só
fecção. Faz-se tratamento conven-
existindo na capital e em algumas
cional (completo) quando a água bru-
cidades de porte médio.
ta é captada através de rio.
A tabela 11 mostra as popula-
A responsabilidade pelos ser-
ções urbanas e rurais com suas res-
viços de saneamento básico da po-
pectivas demandas. Apresenta-se a
pulação do Estado de Mato Grosso
população rural total na bacia e as
do Sul é feita pela Empresa de Sa-
vazões utilizadas para abasteci-
neamento de Mato Grosso do Sul
mento da população rural dentro da
(Sanesul), que atende a 70 municí-
bacia, por município, bem como a
pios, e pela Fundação Nacional de
população urbana e o consumo de
Saúde (Funasa), que atende a 7
água para o abastecimento da po-
(sete) municípios.
pulação residente na área urbana
dos municípios.

12%

88%
Pop. Urbana Bacia Pop. Rural Bacia

Figura 30: Distribuição percentual da demanda de água


para abastecimento público na Bacia.

4
A demanda de água para abaste-
cimento populacional é função do
consumo “per capita”. Para fins de
quantificação da utilização da água
para abastecimento da população
rural, considerou-se um “per
capita” de 100 l/hab.dia. A popu-
lação abastecida foi adotada como
a parcela da população rural do
município localizada na bacia, ob-
tida da percentagem de área rural
do município na bacia, através de
técnicas de geoprocessamento.

50
Nome Pop. Pop. Rural Pop. Total Demanda Demanda Demanda
Urbana Bacia Bacia urbana rural água total água
Bacia água (l/s) (l/s) (l/s)

Anastácio 17,261 5,199 22,460 57.9 6.0 64.0


Aquidauana 33,773 3,101 36,874 113.4 3.6 116.9
Bandeirantes 4,536 811 5,347 15.2 0.9 16.2
Bela Vista 0 42 42 0.0 0.0 0.0
Bodoquena 5,217 3,109 8,326 17.5 3.6 21.1
Bonito 12,796 3,778 16,574 42.9 4.4 47.3
Campo Grande 0 943 943 0.0 1.1 1.1

Corguinho 1,473 932 2,405 4.9 1.1 6.0


Corumbá 0 216 216 0.0 0.3 0.3
Dois Irmãos do 4,365 4,684 9,049 14.7 5.4 20.1
Buriti
Guia Lopes da 9,012 2,054 11,066 30.2 2.4 32.6
Laguna
Jaraguari 1,412 1,258 2,670 4.7 1.5 6.2
Jardim 20,911 1,435 22,346 70.2 1.7 71.8
Maracaju 0 1,559 1,559 0.0 1.8 1.8
Miranda 12,054 10,175 22,229 40.5 11.8 52.2
Nioaque 5,985 8,985 14,970 20.1 10.4 30.5
Ponta Porã 0 1,068 1,068 0.0 1.2 1.2
Porto Murtinho 0 38 38 0.0 0.0 0.0
Rio Negro 0 49 49 0.0 0.1 0.1
Rochedo 2,486 1,859 4,345 8.3 2.2 10.5
São Gabriel do 0 339 339 0.0 0.4 0.4
Oeste
Sidrolândia 15,557 1,848 17,405 52.2 2.1 54.4
Terenos 5,640 5,946 11,586 18.9 6.9 25.8
Total 152,478 59,428 211,906 511.8 68.8 580.6
Tabela 11: População urbana e população rural (2000) e suas respectivas demandas.

Nome Demanda Demanda Demanda Dessedentação Total


urbana (l/s) rural (l/s) irrigação animais (l/s) (l/s)
(l/s)
Anastácio 57.9 6.0 2.0 117.8 183.7
Aquidauana 113.4 3.6 6.1 103.2 226.3
Bandeirantes 15.2 0.9 5.6 51.3 73.0
Bela Vista 0.0 0.0 0.1 2.2 2.3
Bodoquena 17.5 3.6 427.3 79.6 528.0
Bonito 42.9 4.4 69.0 184.6 300.9
Campo G rande 0.0 1.1 40.3 42.5 83.9
Corguinho 4.9 1.1 1.8 50.6 58.4
Corumbá 0.0 0.3 0.3 23.2 23.8
Dois Irmãos do 14.7 5.4 3.8 117.0 140.9
Buriti
Guia Lopes da 30.2 2.4 82.3 62.7 177.6
Laguna
Jaraguari 4.7 1.5 28.3 42.6 77.1
Jardim 70.2 1.7 162.4 88.9 323.2
Maracaju 0.0 1.8 8.7 60.5 71.0
Miranda 40.5 11.8 1299.8 157.8 1509.9
Nioaque 20.1 10.4 43.6 204.5 278.6
Ponta Porã 0.0 1.2 4.4 35.6 41.2
Porto Murtinho 0.0 0.0 0.0 2.5 2.5
Rio Negro 0.0 0.1 0.3 1.9 2.3
Rochedo 8.3 2.2 5.0 65.8 81.3
São Gabriel do 0.0 0.4 1.4 14.9 16.7
Oeste
Sidrolândia 52.2 2.1 6.3 57.0 117.6
Terenos 18.9 6.9 43.0 164.0 232.8
Total 511.6 68.9 2241.8 1730.7 4553.0
Tabela 12: Demandas de água na Bacia Hidrográfica do Rio Miranda, caracterizada por segmento de uso.

51
4.4. Síntese das demandas de água

As tabelas e figuras apresen-


tadas em continuidade apresentam
os resultados, obtidos a partir da apli-
cação da metodologia adotada pelo
CIDEMA, relativos à demanda dos
recursos hídricos de caráter consun-
tivo geradas pelos segmentos anali-
sados na Bacia Hidrográfica do Rio
Miranda (abastecimento urbano e
rural, dessedentação de animais e
irrigação-figura 31).

11%
2%
38%

49%

Demanda urbana (l/s) Demanda rural (l/s)


Demanda irrigação (l/s) Dessedentação animais (l/s)

Figura 31: Demanda hídrica, por segmento de uso, na


Bacia Hidrográfica do Rio Miranda.

As figuras de 32 a 36 apresen-
tam a distribuição geográfica por
segmento de uso, na Bacia Hidro-
gráfica do Rio Miranda. Estas figu-
ras espacializam os dados indicados
na tabela 12. O tamanho do círculo
nestas figuras indica a demanda
total do município, por segmento de
uso. Observa-se uma homogênea
distribuição espacial dos dados de
demanda (com exceção para irriga-
ção), isto é, todos os municípios
apresentam valores de demanda por
segmento de uso.

Figura 32: Distribuição geográfica da demanda urbana (l/s),


na Bacia Hidrográfica do Rio Miranda. Tamanho do círculo
relativo aos dados da tabela 12.

52
Figura 33: Distribuição geográfica da demanda rural (l/s), Figura 34: Distribuição geográfica da irrigação (l/s), na
na Bacia Hidrográfica do Rio Miranda. Bacia Hidrográfica do Rio Miranda.

Figura 35: Distribuição geográfica da dessedentação Figura 36: Distribuição geográfica da demanda hídrica,
animal (l/s), na Bacia Hidrográfica do Rio Miranda. por segmento de uso, na Bacia Hidrográfica do Rio
Miranda.

53
4.5. Qualidade da água onde:
IQA - Índice de Qualidade das Águas,
Com relação a estações “nos um número entre 0 e 100.
cursos d´água”, ainda podem ser ci-
tados os dados de qualidade de água. qi - qualidade do i-ésimo parâmetro,
Uma iniciativa de avaliação da qua- um número entre 0 e 100, obtido da
lidade de água no Pantanal é a Rede respectiva “curva média da variação
Básica de Monitoramento da Qualida- de qualidade”, em função de sua con-
de das Águas dos Rios da Bacia do Alto centração ou medida.
Paraguai. Implantada em 1992, hoje wi - peso correspondente do i-ésimo
é operacionalizada pelo Centro de parâmetro, um número entre 0 e 1,
Controle Ambiental (CCA), unidade atribuído em função da sua impor-
integrada à estrutura da Coordena- tância para a conformação global da
doria de Recursos Hídricos e Quali- qualidade, portanto:
dade Ambiental da Fundação Estadu-
al de Meio Ambiente Pantanal n
(FEMAP), atual Instituto de Meio Am-
biente Pantanal (IMAP).
∑W
i =1
i =1
Atualmente, a rede básica onde: n - número de parâmetros que
soma 74 estações de amostragem es- entram no cálculo.
trategicamente distribuídas nas seis
sub-bacias da Bacia do Alto Paraguai, A qualidade das águas brutas,
no Estado do Mato Grosso do Sul. indicada pelo IQA numa escala de 0
Seus objetivos são: representar as a 100, pode ser classificada segundo
condições atuais e as tendências de a graduação a seguir:
evolução da qualidade das águas, ao • 80 - 100 = qualidade ótima
longo do tempo, coligindo dados que
permitam ter uma perspectiva das • 52 - 79 = qualidade boa
áreas prioritárias para o controle da • 37 - 51 = qualidade aceitável
poluição; promover o reenquadramen-
to dos cursos de água; subsidiar a ela- • 20 - 36 = qualidade ruim
boração de estudos e projetos e • 0 - 19 = qualidade péssima
direcionar as ações preventivas e/
De acordo com esta metodo-
ou corretivas, visando sustar ou cor-
logia, no ano de 2002, seguindo os
rigir os processos de degradação e
valores do IQA, o rio Miranda apre-
recuperar a qualidade da água.
sentou, de uma maneira geral,
O CCA adaptou o Índice de qualidade de água variando entre
Qualidade das Águas (IQA), criado ruim e a ótima, com valores varian-
pela National Sanitation do entre 36 e 81. No seu trecho de
Foundation (NSF), dos Estados Uni- classe especial, a quantidade da
dos da América, incorporando nove água monitorada no local MI0602,
parâmetros relevantes para a ava- qualidade boa, já sente a expansão
liação da qualidade das águas. São urbana da cidade de Jardim: alguns
eles: coliformes fecais; pH; DBO; ni- parâmetros — como a demanda bi-
trogênio total; fosfato total; tempe- oquímica de oxigênio (uma em três
ratura; turbidez; resíduo total e oxi- amostras), coliformes fecais (duas
gênio dissolvido. em três amostras), fosfato total (na
totalidade das amostras) e turbidez
O IQA é determinado pelo (em três amostras) — não atende-
produtório ponderado das qualidades ram aos padrões comparativos à
da água correspondentes aos parâ- classe.
metros mencionados, sendo a se-
guinte fórmula para esse fim: Para os trechos pertencente à
classe 2, no local MI2601, Rio Mi-
n randa, próximo à Jardim, qualidade
aceitável, os parâmetros coliformes
IQA= ∏qWi (4.5) fecais (quatro em sete amostras),
i fosfato total e óleos e graxas (na sua
i=1 totalidade), estiveram em desacor-
do com o padrão da classe. Para o
local MI2000, próximo ao Passo da

54
Lontra, no Rio Miranda, qualidade O rio Formoso, em todos os lo-
aceitável, os parâmetros oxigênio cais monitorados, apresentou qua-
dissolvido (oito em oito amostras), lidade boa em 2002, apesar de al-
demanda bioquímica de oxigênio guns parâmetros não estarem aten-
(uma em oito amostras) e fosfato dendo aos limites de sua classe. No
total (na totalidade das amostras) trecho enquadrado como classe es-
estiveram em desacordo aos pa- pecial, comparativamente, alguns
drões de sua classe. parâmetros estiveram em desacor-
do com padrões da classe 1. No local
O rio Aquidauana, pratica-
de amostragem FO2073, os parâme-
mente em todo o período monitorado,
tros fosfato total (cinco em sete amos-
apresentou qualidade boa e aceitá-
tras), coliformes fecais (seis em sete
vel, com valores de IQA entre 43 e
amostras) e oxigênio dissolvido (uma
74. No seu trecho inicial, a qualida-
em sete amostras) e, no local
de da água monitorada no local
FO2065, os parâmetros fosfato total
AQ0575, Rio Aquidauana, próximo ao
(uma em sete amostras) e colifor-
Distrito de Fala Verdade, qualidade
mes fecais (duas em sete amostras)
boa, já sente a presença da poluição
não atenderam a esta classe. No tre-
doméstica: os parâmetros de oxigê-
cho enquadrado como classe 2, nos
nio dissolvido (na totalidade das
locais FO2047 e FO2000, respectiva-
amostras) e coliformes fecais (duas
mente, os parâmetros fosfato total
em três amostras) não atenderam
(três em sete amostras e seis em oito
aos padrões comparativos à classe
amostras) e coliformes fecais (uma
1. Para os locais AQ2424, Rio Aqui-
em sete amostras e três em oito
dauana, próximo a Ponte do Grego,
amostras) não atenderam aos pa-
qualidade aceitável e AQ2476, Rio
drões dessa classe.
Aquidauana, em Rochedo, qualida-
de aceitável, pertencentes à classe Ressalte-se a qualidade ruim
1, no trecho superior do rio, os parâ- no trecho próximo ao município de
metros coliformes fecais e fosfato Anastácio. Apesar da figura 37 não
total na totalidade das amostras e indicar, deve ser enfatizado que tal
turbidez em algumas amostras apre- padrão deve ser observado ao redor
sentaram concentrações acima de da maioria dos núcleos urbanizados,
sua classe. No trecho médio do rio, pois na totalidade deles o tratamen-
pertencente à classe 2, o local de to de esgotos é irregular.
amostragem AQ2291, localizado a
Já no caso das estações “fora
montante da cidade de Aquidauana,
do curso d´água” do tipo pluviomé-
apresentou qualidade aceitável, pois
trica ou climatológica, o código de
observou-se que os parâmetros de-
identificação é feito considerando
manda bioquímica de oxigênio (uma
sua especificidade e sua localização
em três amostras), coliformes fecais
geográfica. Neste contexto é repre-
(duas em três amostras), fosfato to-
sentado por 8 dígitos, e o código de
tal (na totalidade das amostras) e
identificação definirá:
turbidez (duas entre três amostras)
não atenderam aos padrões de sua • 1º digito - indica o valor (0)
classe. de qualificação da estação, qual
No local AQ2284, localizado a seja, estação “fora do curso d’água”.
jusante da cidade de Aquidauana, a • 2º e 3º dígitos - indicam a la-
qualidade esteve aceitável, pois os titude, em graus, da quadrícula, na
parâmetros coliformes fecais (cinco qual a estação está situada.
em nove amostras) e fosfato total
• 4º e 5º dígitos - indicam a lon-
(na totalidade das amostras) não
atenderam aos padrões de sua clas- gitude, em graus, da quadrícula, na
se. Para o trecho inferior, próximo à qual a estação está situada.
sua foz, no local AQ2000, foz do Aqui- • As estações localizadas ao
dauana, qualidade boa, os parâme- norte da linha do equador têm a sua
tros que estiveram em desacordo latitude acrescida do valor 80. Por
com sua classe foram: oxigênio dis- exemplo, uma estação na quadrícu-
solvido na metade das amostras, la cuja latitude seja um grau (1º)
fosfato total em todas as amostras norte, terá o 2º e 3º dígitos definidos
e, em raras vezes, a turbidez. pelo nº (81).
55
• Quando a estação estiver lo-
calizada sobre a linha do equador5,
os dígitos correspondentes à latitu-
de serão preenchidos com zeros (00).
• 6º, 7º e 8º dígitos - indicam o
número da estação, o qual será dado
por ordem de entrada no Microssis-
tema de Dados Hidrometeorológicos
(MSDHD), seqüencialmente, para
estações situadas dentro de uma
mesma quadrícula, independente-
mente da entidade operadora.

Figura 37: Síntese da qualidade de água expressa sob a


forma de IQA
Fonte: SEMA/IMAP-MS

5
Convém lembrar que
uma quadrícula situada
abaixo da linha do
equador tem seu ponto de
referência no vértice
superior direito, enquanto,
para uma situada acima, a
referência é o vértice
inferior direito.

56
5
Aspectos de
conservação

57
5.1. Uso da terra • Terras impróprias para ati-
vidades agropecuárias, podendo ser-
As investigações relativas ao vir para abrigo da vida silvestre, caça,
uso do solo, através de sensoria- pesca ou recreação, as quais são
mento remoto com produtos digi- enquadradas na classe VIII.
tais do Sistema LANDSAT, bandas Os critérios adotados para
3, 4 e 5, realizadas pelo CIDEMA, essa classificação do potencial de uso
indicaram que mais de 80% da ex- da terra são:
tensão da bacia está ocupada por
áreas de agricultura, campos e pas- 1. Produtividade do solo;
tagens. No terço superior da bacia 2. Controle da erosão;
do Aquidauana está localizada a
zona agrícola de atividade mais in- 3. Facilidade para as operações me-
tensa, mais especificamente em cânicas;
suas cabeceiras, onde se observam 4. Necessidade de adubação;
processos erosivos no terreno.
5. Problemas de ordem climática.
Nas proximidades da cidade de
Não foi constatada a presença
Miranda, foi detectada uma intensa
de terras da Classe I no contexto da
retirada de água para plantio de ar-
Bacia Hidrográfica do Rio Miranda.
roz nos domínios da planície
pantaneira, onde existe evidência de A intensa ação antrópica pro-
salinização natural de solos, que vocada pelo uso do solo, que ocasi-
pode ser agravada com a irrigação onou a maciça retirada da cober-
por inundação. Na Serra da Bodoque- tura vegetal original para a forma-
na e em zonas de transição com a ção de pastagens e atividades agrí-
planície pantaneira existe a maior colas, constitui um processo agres-
concentração de mata nativa. sivo em ecossistemas intrinseca-
mente frágeis.
A crescente atividade turísti-
ca, principalmente na bacia do Rio A conseqüência do impacto do
Miranda, é um importante indutor uso do solo é um aumento signifi-
de aumento da malha viária com os cativo do escoamento superficial
impactos inerentes a tal ação antró- das águas das chuvas, pois a cober-
pica. Outra característica marcante tura vegetal original exercia um
nesta região corresponde aos assen- atrito, amortecendo e retardando o
tamentos indígenas, muitas vezes volume e a velocidade das águas
com ausência total de infra-estru- pluviais, ocorrendo simultanea-
tura relacionada aos recursos hídri- mente uma apreciável diminuição
cos (tratamento de águas e esgota- do vetor infiltração.
mento sanitário). As matas ciliares das cabecei-
Deve ser enfatizada a inserção ras do rio Aquidauana foram total-
do Parque Nacional da Serra da mente degradadas pela implantação
Bodoquena, que é nascente de al- de pastagens até as margens dos
guns dos afluentes do Miranda. cursos d’água, o que vem causando
As unidades de mapeamento problemas à qualidade dos recursos
agrogeológico e hidrogeológico foram hídricos, com incidências de desbar-
agrupadas de modo a configurar oito rancamentos e assoreamentos, exi-
classes de capacidade de uso das ter- bindo todavia outros tipos de vegeta-
ras, gerando um mapa de aptidão ção vinculados aos cursos d’água,
agrícola, de conformidade com suas como é o caso das veredas.
potencialidades e limitações, ou Constata-se que no município
seja: de São Gabriel do Oeste ocorrem os
• Terras próprias para cultu- maiores impactos da agricultura e
ras, bem como para pastagens e flo- da suinocultura, configurando uma
restas, contempladas por quatro prioridade de investigações relati-
classes, designadas por I, II, III e IV; vas aos impactos da poluição do solo
e da água.
• Terras impróprias para cul-
turas, mas adequadas para pasta- Os resultados parciais e preli-
gens e florestas, abrangendo três minares de estudos recentes reali-
classes, identificadas por V, VI e VII; zados pelo CIDEMA sobre as classes
58
de uso do solo para a Bacia Hidro- Classes de uso Área (km2) %
gráfica do Rio Miranda podem ser Urbano 38 0.09
observados nas figuras 38 e 39 e Agricultura 9614 22.04
tabela 13. Campos e Pastagens 25803 59.17
Matas 8064 18.49
Com relação ao uso do solo, Águas 64 0.15
deve ser indicado ainda que a ma- Banhados 28 0.06
lha viária da região (figura 40), ten- Solo exposto 0 0.00
de a aumentar com o crescimento Total 43611 100.00
da atividade turística, principal- Tabela 13: Classes de uso do solo e suas áreas.

mente na bacia do Rio Miranda.

Figura 38: Imagem classificada e georreferenciada para a Figura 39: Usos do solo na região do Miranda.
região da Bacia do Miranda.

Figura 40: Estrutura viária na região do Miranda.

59
5.2. Unidades de conservação Reserva Particular do
Patrimônio Natural (RPPN) é área
de domínio privado a ser especial-
5.2.1. Unidades de Conservação mente protegida, por iniciativa de
no Estado de Mato Grosso do Sul seu proprietário mediante reconhe-
cimento do Poder Público, por ser
considerada de relevante importân-
Unidade de Conservação é o
cia pela sua biodiversidade, ou pelo
estabelecimento de um espaço
seu aspecto paisagístico, ou ainda por
territorial com limites definidos vi-
características ambientais que jus-
sando proteger os recursos ambien-
tifiquem ações de recuperação
tais deste espaço. Elas são gerenci-
(SNUC, 2000).
adas pelo Sistema Nacional de Uni-
dades de Conservação, que unifor- No Estado de Mato Grosso do
mizam e consolidam critérios para Sul existem 26 RPPNs, sendo 14 re-
o estabelecimento das Unidades de conhecidas pelo IBAMA e o restante
Conservação. pela Secretaria Especial de Meio
Ambiente do Estado de Mato Grosso
Mato Grosso do Sul apresenta
do Sul (SEMA), por meio do Instituto
um número reduzido de Unidades de
de Meio Ambiente Pantanal (IMAP).
Conservação no âmbito governa-
mental, sendo três parques em ní- As Reservas Particulares do
vel federal: Patrimônio Natural instituídas pelo
IBAMA são:
• Parque Nacional da Ilha
Grande com área no Paraná e Mato • Fazendinha – Aquidauana
Grosso do Sul, criado em 1997; • Margarida – Bela Vista
• Parque Nacional das Emas, • América – Bonito
localizado no extremo sudoeste de
Goiás, pertencendo em maior parte • Boqueirão – Bonito
ao município de Mineiros (GO) e o • Singapura – Bonito
restante aos municípios de Chapa-
dão do Céu (GO), Costa Rica (MS) e • Acurizal – Corumbá
Alto Taquari (MT); • Penha – Corumbá
• Parque Nacional da Serra da • Lageado – Dois Irmãos do
Bodoquena, criado em setembro de Buriti
2000.
• Capão Bonito – Maracaju
No âmbito estadual, Mato
Grosso do Sul possui seis parques, • Floresta Negra – Sete Quedas
todos criados recentemente: • Santa Helena – Corumbá
• Parque Estadual das Nascen- • Santa Inês – Campo Grande
tes do Taquari, com 30.601 ha, cria-
do em 09/10/99 através da Lei • Trevo – Bonito
9662; • Reserva Ecológica da Fazen-
• Parque Estadual da Mata do da Arara Azul – Corumbá
Segredo, com 177.58 ha criado em E as instituídas pelo Estado, por
05/06/00, através do decreto Esta- meio do Instituto de Meio Ambiente
dual 9.935, em Campo Grande-MS; Pantanal, são:
• Parque Estadual das Várzeas • Reserva Sabiá - Aparecida
do Rio Ivinhema, com 12.000 ha, cri- do Taboado
ado pelo Decreto Estadual 9.278, de
• Fazenda Rio Negro – Aqui-
17/12/00;
dauana
• Parque Estadual do Prosa;
• Serra Alta Piraputanga –
• Parque Estadual da Serra de Aquidauana
Sonora, criado através do Decreto
• Santa Sofia – Aquidauana
Estadual 10.513, de 08/11/2001;
• São Geraldo - Bonito
• Parque Estadual do Pantanal
de Rio Negro. • Fazenda Nhumirim –

60
Corumbá doquena. Havendo problema de jus-
taposição de Unidade de Conserva-
• Santa Cecília – Corumbá
ção, acredita-se que deverá preva-
• Poleiro Grande – Corumbá lecer o manejo da Unidade de Con-
• Cabeceira do Prata – Jardim servação de uso mais restritivo, que
é o Parque Nacional.
• Portal do Pantanal Sul I –
Miranda O Parque Estadual do Panta-
nal de Rio Negro se destaca por ter
• Portal do Pantanal Sul II – aproximadamente 40% de sua área
Miranda na Bacia. O parque possui uma área
• Nova Querência - Terenos de 78.330 hectares, que somada às
RPPN’s situadas no seu entorno, re-
presenta a maior área protegida do
5.2.2. Unidades de Conservação Estado – 102.930 hectares.
na Bacia Hidrográfica do Rio Mi-
A criação do Parque Estadual
randa
do Rio Negro objetiva a proteção do
Brejão do Rio Negro, das lagoas e cor-
Desde os anos 80 existe a in- dões de Mata, que são refúgios e ali-
dicação para que fosse criada uma mentam a fauna silvestre. O local é
Unidade de Conservação na área. também considerado berçário de
Essa indicação tornou-se realidade engorda dos peixes no Pantanal.
somente em 2000, com a criação do
Parque Nacional da Bodoquena. O Dentre as Unidades de Con-
objetivo é o de preservar o ecossis- servação que fazem parte da zona
tema natural existente na região, tampão para o Parque Estadual do
que é de grande relevância ecológi- Pantanal de Rio Negro, destaca-se a
ca e beleza cênica. A Serra da Bodo- RPPN da Fazenda Fazendinha, a
quena apresenta relevo com encos- RPPN da Fazenda Santa Sofia e a
tas mais suaves a leste e com mor- RPPN da Fazenda Bonfim. Todas es-
ros residuais de rochas carbonáticas sas reservas são utilizadas para o
(essa área já não pertence à bacia ecoturismo, oferecendo passeios de
do Miranda). Na borda oeste, área barco no Rio Negro, principalmen-
pertencente à bacia, as encostas são te, e passeios a cavalo para visuali-
mais escarpadas e íngremes, com zação da fauna e flora local.
inúmeras feições cársticas – sumi- A RPPN da Fazenda Fazendi-
douros, ressurgências e colinas – e nha possui 9.619 hectares. Criada
presença de cavernas. pela portaria 065/94 do IBAMA, se
Além do relevo, que contribuiu insere no Pantanal do Rio Negro,
para preservação da área que foi pertencente ao município de Aqui-
utilizada para a criação do parque, dauana. Apenas uma pequena par-
a vegetação foi outro fator relevan- cela da área é contribuinte da Ba-
te, tendo em vista a área apresen- cia Hidrográfica do Rio Miranda, em
tar remanescentes da Mata Atlân- torno de 10%.
tica, de transição do Cerrado e de Com 8.000 hectares, a RPPN
Floresta Estacional Residual. da Fazenda Santa Sofia também pos-
A criação do Parque Nacional sui apenas uma pequena parcela
da Bodoquena possibilita a realiza- dessa área na Bacia do Miranda.
ção de pesquisas científicas e o de- A RPPN da Fazenda Rio Negro
senvolvimento de atividades de edu- possui 7.000 hectares. Ela foi cria-
cação ambiental, de recreação em da em 1999, como parte de um pro-
contato com a natureza e de turis- grama de formação do corredor Cer-
mo ecológico. A sua criação baseou- rado-Pantanal que a Conservation
se fundamentalmente em estudos International do Brasil (CI) vem in-
técnicos desenvolvidos pelas Univer- centivando no Pantanal do Mato
sidades e pelo Instituto Brasileiro do Grosso do Sul. Segundo a CI, a pro-
Meio Ambiente e dos Recursos priedade utiliza-se do ecoturismo
Renováveis (IBAMA). para arrecadar recursos que são in-
As RPPN´s Singapura, Améri- vestidos em pesquisas para a con-
ca e Boqueirão estão dentro da área servação do Pantanal. Porém, so-
do Parque Nacional da Serra da Bo- mente um pedaço mínimo desta RPPN
61
está inserido na área da Bacia. sua totalidade na Bacia do Miranda,
que além de visar a preservação da
A RPPN Serra Alta de
biodiversidade, é utilizada para a
Piraputanga foi reconhecida pelo
prática do ecoturismo. Ainda
IMAP/MS, tendo sido criada por seu
inserida totalmente na Bacia do
aspecto paisagístico de rara beleza
Miranda encontra-se, mais a sudo-
e também para servir de zona tam-
este da bacia, a RPPN América, pró-
pão para a Estrada Parque de
xima ao Parque Nacional da Serra
Piraputanga.
da Bodoquena.
Criada pelo Decreto nº 9.937
Inserida nos municípios de
de 05/06/00, a Estrada Parque de
Ladário e Corumbá, a área de Pro-
Piraputanga também está presente
teção Ambiental denominada Estra-
na Bacia. Com uma extensão de 42,5
da Parque do Pantanal foi a primei-
km e inserida nos municípios de
ra unidade de conservação criada na
Aquidauana e Dois Irmãos do Buriti,
planície pantaneira. Segundo o
esta estrada parque tem no seu en-
IMAP, a Estrada Parque do Pantanal
torno duas RPPN’s, Serra Alta de
possui 111km de extensão. Contu-
Piraputanga e Lajeado. Devido à pai-
do, a AGESUL – Agência Estadual de
sagem, a região está se tornando um
Gestão de Empreendimentos afirma
pólo do ecoturismo, compreendendo
ser de 120km a extensão. Ainda se-
em sua extensão inúmeras pousa-
gundo o IMAP, a Estrada Parque
das e atrativos naturais de beleza
abrange uma área de 6.000 ha, e ela
cênica singular.
tem como objetivo a promoção do
A RPPN do Lajeado possui área ecoturismo e a conservação da bio-
de 12.550 hectares, totalmente inse- diversidade. Apenas parte desta es-
ridos na Bacia do Miranda, tendo sido trada se insere na Bacia.
reconhecida pelo IBAMA mediante a
No ano de 2002, o município de
Portaria 393/90. A área pertence a
Campo Grande criou a Área de Pre-
The Lancashire Gen Invest, no mu-
servação Ambiental do Ceroula. Esta
nicípio de Dois Irmãos do Buriti.
área ocupa praticamente toda área
No município de Sidrolândia, do município de Campo Grande per-
foi reconhecida pelo IMAP a RPPN tencente à Bacia Hidrográfica do Pa-
Nova Querência, que tem sua área raguai e visa principalmente à pro-
totalmente inserida na Bacia Hidro- teção das nascentes do Córrego
gráfica do Rio Miranda. Ceroula, importante afluente do rio
A noroeste da bacia encontra- Aquidauana, formador da Bacia Hi-
se a RPPN Paculândia. Inserida no drográfica do Rio Miranda. A área
Pantanal, apenas uma parcela apro- apresenta uma paisagem exuberan-
ximada de 50% de sua área perten- te, com relevo que propicia a presen-
ce à Bacia do Miranda. Outra RPPN ça de quedas de água – cachoeiras.
é a da Fazenda Caiman, inserida em
5.3. Áreas e povos indígenas

Mato Grosso do Sul possui a


segunda maior população indígena
do Brasil. Segundo levantamento da
Secretaria de Estado de Meio Ambi-
ente em parceria com a Fundação
Nacional de Saúde, são em torno de
60.000 índios no Estado, com cinco
etnias presentes: Guarani (Kayowá
e Ñandeva); Guató; Kadiwéu; Ofayé-
Xavante e Terena.
Na Bacia Hidrográfica do Rio
Miranda estão presentes as etnias
Kadiwéu e Terena.
Os Kadiwéus são remanes-
Figura 41: Mapa esquemático das Unidades de centes dos Guaikuru, os chamados
Conservação da Bacia do Miranda
“índios cavaleiros”, que habitavam
62
terras distribuídas em doze municí- do conta ainda com a atração das
pios de Mato Grosso do Sul. Atual- fronteiras internacionais com Para-
mente, sua população na região da guai e Bolívia, onde é possível fazer
Bacia é de aproximadamente 2.000 compras de produtos importados nas
pessoas, distribuídas em 3 aldeias cidades de Ponta Porã e Corumbá.
no entorno da Serra da Bodoquena,
Nos últimos anos, tem-se ob-
no município de Porto Murtinho
servado o crescimento significativo
(56°96’W; 20°33’S). Os Kadiwéus são
da atividade turística dentro do Es-
também denominados Mbaya-Guai-
tado, principalmente para o turismo
kuru, Caduvéo e Ediu-Adig. A clas-
de pesca e lazer. O fluxo anual de
sificação lingüística deste povo é
turistas vêm aumentando a taxas
Mataco-Guaicuru.
superiores a 20% ao ano, passando
O povo Terena, também cha- de 315.000 pessoas, em 1994, para
mados como Teleno ou Etelena, são mais de 613.000, em 1997.
classificados lingüisticamente
As atividades voltadas para a
como Arawak, com uma população
movimentação turística em Mato
de aproximadamente 20.000 índios
Grosso do Sul renderam ao Estado,
distribuídos em 20 aldeias e 2 ci-
em 1997, uma receita estimada em
dades de Mato Grosso do Sul. Na
US$ 302 milhões, gerando mais de
Bacia do Miranda encontram-se em
17.500 empregos diretos e indiretos
duas aldeias no município de Aqui-
e envolvendo, principalmente, os
dauana, as aldeias Ipegue (56°07’W;
serviços de hotelaria, agências de
20°23’S) e Limão Verde (55°36’W;
turismo, transportadoras e locadoras
20°32’S). No município de Miranda
de veículos. Em 1998, segundo in-
são três, as aldeias Cachoeirinha
formações da Casa do Turismo –
(56°27’W; 20°20’S); Pilad Rebuá
CODEMS, o Estado contava com uma
(56°36’W; 20°26’S) e Lalima
rede hoteleira de 367 hotéis com
(56°27’W; 20° 58’S). As duas últimas
18.502 leitos cadastrados junto às
ficam no município de Dois Irmãos
agências de turismo localizadas nos
do Buriti, sendo elas as aldeias
principais pólos turísticos, destacan-
Água Azul (55°24’W; 20°89’S) e
do-se as cidades de Corumbá, Ponta
Buriti (55°74’W; 20°86’S).
Porã, Bonito, Aquidauana, Porto
A cultura Terena é formada Murtinho, Rio Verde e Coxim.
por hábitos essencialmente agríco-
Há fluxo de turistas para os
las, tendo como meio de subsistên-
principais pólos de Mato Grosso do
cia o cultivo de mandioca, milho, fei-
Sul durante o ano todo, sobressain-
jão e arroz. A produção excedente é
do-se nos meses de dezembro a fe-
comercializada em feiras nas cida-
vereiro e junho e julho (meses que
des próximas, constituindo a prin-
concentram 50% do movimento). A
cipal fonte de renda dos índios nas
maior parte dos turistas vem de ou-
aldeias rurais. Outra fonte de ren-
tros estados (57,74%); 40,69% vem
da é a comercialização do artesana-
de Mato Grosso do Sul e 1,57% são
to, objetos de cerâmica, cestos de
estrangeiros.
palha, colares de sementes e penas,
produzidos na aldeia e vendidos na Ressaltamos o potencial turís-
cidade. tico de alguns municípios da BHRM.
Campo Grande, capital de
5.4. Empreendimentos turísticos Mato Grosso do Sul, desponta no se-
tor turístico oferecendo aos visitan-
tes o Turismo de Negócios, Turis-
Mato Grosso do Sul tem um
mo Desportivo, Rural, Cultural,
excelente potencial turístico, onde
Ecoturismo, Turismo Religioso,
se destacam a Planície Pantaneira
Gastronômico e de Eventos. A ci-
e áreas de entorno, de grandes atra-
dade é dotada de diversas atrações
tivos — inúmeros rios de alta pisco-
naturais como a reserva florestal
sidade, grutas e uma fauna e flora
do Parque dos Poderes, o Centro de
consideradas como das mais ricas
Reabilitação de Animais Silves-
e variadas do mundo, além da infra-
tres, o Parque das Nações Indíge-
estrutura montada, com hotéis-fa-
nas e o Horto Florestal.
zenda e áreas de pousadas. O Esta-

63
Considerada a Capital do Pan-
tanal, Corumbá fica às margens do
rio Paraguai e na fronteira com a
Bolívia. A cidade dispõe de uma sé-
rie de hotéis-fazendas e oferece o
Turismo Rural, Cultural, Ecoturis-
mo, Turismo Religioso, Turismo
Náutico, de Pesca Amadora e Turis-
mo de Lazer. No município, os visi-
tantes podem conhecer locais de
importância histórica e cultural
como o Mirante do Morro do Azeite,
o Mirante do Pantanal, o Museu do
Pantanal - Instituto Luiz de Albuquer-
que e o Casario do Porto. O artesa-
nato local pode ser conferido na Casa
Massabarro e na Casa do Artesão.
O turismo rural, de aventura
e ecológico acontece em Jardim,
onde o visitante pode desfrutar de
passeios contemplativos em hotéis-
fazenda e com muita adrenalina em
trilhas, rapel e mergulhos. Entre os
principais atrativos estão o Recanto
Ecológico Rio da Prata, o balneário
municipal e o Buraco das Araras,
onde se encontram fósseis de
mamute, preguiças gigantes, cava-
lo pré-histórico (Macranquênia),
sucuri gigante e peixes albinos.
Na fronteira com o Paraguai,
Ponta Porã oferece turismo de negó-
cios. O município recebe diariamen-
te turistas em busca de compras em
Pedro Juan Caballero, cidade
paraguaia que fica do outro lado da
Avenida Brasil.
Porto Murtinho oferece ao vi-
sitante turismo de lazer, de pesca,
rural e desportivo. O município é
banhado pelos rios Paraguai e Apa,
que fazem fronteira com o Paraguai.
O turista pode atravessar o rio Para-
guai para fazer compras de linha
internacional na Isla Margarita, lo-
calidade paraguaia. A cidade também
fica bem próxima da Reserva Indí-
gena Kadiwéu.
Com economia voltada para a
agricultura e a indústria frigorífica,
o município de São Gabriel do Oes-
te tem inúmeras belezas naturais
a serem exploradas, como grutas,
nascentes, saltos e cachoeiras em
diversas fazendas. A cidade tam-
bém é bastante conhecida por rea-
lizar anualmente a tradicional Fes-
ta do Leitão no Rolete, que além da
degustação envolve palestras do
setor agropecuário.
64
6
Aspectos de
gestão

65
6.1. Legislação e história da ges- processo de gestão dos recursos hí-
tão das águas no Brasil dricos adquiriu intensidade a partir
da segunda metade da década de 70,
O processo de gestão de recur- quando as discussões sobre geren-
sos hídricos no Brasil teve como ciamento de recursos hídricos extra-
marco inicial a data de 10 de julho polaram os meios acadêmicos e as
de 1934, com a edição do Decreto entidades de classe.
Federal nº 24.634, que promulgou o
CÓDIGO DE ÁGUAS. A edição do Có-
6.1.1. Evolução dos Comitês
digo foi decorrência de um lento pro-
cesso de discussões travadas prin-
Em 29 de março de 1978, atra-
cipalmente no Congresso Nacional,
vés da Portaria Interministerial nº
face ao crescente estabelecimento
90, foi criado o Comitê Especial de
de conflitos de uso da água decorren-
Estudos Integrados de Bacias Hidro-
tes do processo de industrialização
gráficas (CEEIBH). O CEEIBH era com-
iniciado no país.
posto por representantes de órgãos e
O Código de Águas ainda se entidades federais e estaduais que
constitui em legislação básica brasi- mantinham atribuições na área de
leira de águas, naquilo que não vai recursos hídricos e meio ambiente.
de encontro à Constituição de 1988
O Comitê Especial tinha como
ou com a lei 9.433/97 do Sistema Na-
atribuições básicas:
cional de Recursos Hídricos. Ele sis-
tematiza o direito das águas e esta- • incentivar a melhoria das
belece o regime jurídico das mesmas, condições sanitárias das bacias
visando a sua proteção contra práti- hidrográficas dos rios federais;
cas e procedimentos comprometedo- • aumentar a eficiência e a
res da sua qualidade e quantidade. atuação harmônica de órgãos e en-
A legislação brasileira referen- tidades responsáveis pela prevenção
te aos recursos hídricos, até a Cons- e controle de situações críticas;
tituição de 1988, possuía enfoque • realizar estudos integrados e
principal no controle do uso das de maneira coordenada (com a par-
águas, exercido através de outorga de ticipação das entidades públicas);
uso (derivação) e do licenciamento
para o lançamento de efluentes. Um • planejar a execução de obras
dos “considerandos” do Código de de intervenção nas bacias hidro-
Águas diz que “se torna necessário gráficas e fornecer subsídios para o
modificar este estado de coisas, do- licenciamento de atividades;
tando o país de uma legislação ade- • permitir a conjugação e o
quada que, de acordo com a tendên- entrosamento dos esforços das enti-
cia atual, permita ao poder público dades públicas e privadas que exer-
controlar e incentivar o aproveita- cem atividades nas referidas bacias
mento industrial das águas”, deixan- (aquisição de dados hidrológicos, de
do claro que o enfoque dado visava qualidade das águas etc.).
tratar a água mais como um insumo
industrial e fonte geradora de ener- Em decorrência da criação do
gia do que como bem de uso múltiplo. CEEIBH, foram implantados comitês
executivos em várias bacias
A visão integrada dos múlti-
hidrográficas, dentre os quais des-
plos usos da água, a necessidade do
tacaram-se os Comitês do rio Paraíba
estabelecimento de uma estrutura
do Sul (CEEIVAP), do rio Paranapa-
gerencial e, principalmente, a ne-
cessidade de um processo nema (CEEIPEMA) e do Guaíba
participativo de planejamento inte- (CEEIG).
grado dos vários usos setoriais da Esses comitês tiveram o mé-
água restringiam-se a discussões e rito de iniciar um processo de coor-
debates realizados por um pequeno denação, ainda que incipiente, das
número de técnicos mais diretamen- várias ações setoriais dos usuários
te envolvidos com a questão. da água, trazendo para o processo
A conscientização sobre a ne- decisório também a participação dos
cessidade do estabelecimento de um representantes da sociedade, espe-
66
cialmente das entidades de proteção meteorológica nacional e no siste-
ambiental, então em processo de ma nacional de meio ambiente.
consolidação. Com relação aos recursos destina-
dos aos Estados e Municípios, a lei
Apesar desses comitês execu-
nº 7.990 não estabelece nenhum
tivos terem realizado trabalhos de
tipo de destinação específica, vedan-
excelente nível técnico, como o en-
do apenas a sua aplicação no paga-
quadramento dos mananciais nas
mento de pessoal e na quitação de
classes de uso da SEMA (hoje
dívidas.
CONAMA), as sugestões e propostas
contidas nos mesmos, na maioria Do artigo 21, XIX, da Consti-
dos casos, não se tornaram realida- tuição Federal, resultou o projeto
de - quer pelo fato de as entidades de lei nº 2.249/91, encaminhado
públicas que o representavam não ao Congresso Nacional pelo Presi-
internalizarem tais recomendações dente da República. O projeto de
como prioridades de suas ações, lei foi elaborado por grupo de tra-
quer por terem definido outras prio- balho interministerial criado pelo
ridades ou mesmo por falta de re- Executivo com o objetivo de propor
cursos financeiros. as bases para uma política nacio-
nal sobre recursos hídricos e es-
Como exemplo, pode-se citar
tabelecer os fundamentos para o
a proposta do CEEIG6 para tratamen-
seu gerenciamento.
to dos esgotos sanitários da bacia;
através do Projeto Gerencial CEEIG
001/89 – Enquadramento dos Ma- 6.1.2. Política Nacional de Irrigação
nanciais. Foi proposto, como priori-
dade, o tratamento dos esgotos sa- Outro instrumento legal rele-
nitários da Região Metropolitana de vante, e mais moderno que o Códi-
Porto Alegre e Caxias do Sul, entre- go de Águas, é a Política Nacional
tanto até o momento pouca coisa foi de Irrigação. Ela foi instituída pela
realizada neste sentido. Lei número 6.662, de 25 de junho
O parágrafo primeiro do artigo de 1979, e regulamentada pelo De-
20 da Constituição Federal estabe- creto número 89.496, de 29 de mar-
lece uma primeira forma de agre- ço de 1984.
gar à água um atributo econômico, O interessante dessas nor-
que é a compensação financeira mas é que, apesar de se dirigirem a
pelo uso dos recursos hídricos para um dos usos setoriais da água, re-
fins de geração de energia elétrica. conhecem, em vários dispositivos,
A lei nº 7.990, de 28 de dezembro de a necessidade do uso múltiplo inte-
1989, institui para os Estados, Dis- grado desses recursos. Diante dis-
trito Federal e Municípios compen- so, invariavelmente, propõem uma
sação financeira pelo resultado da articulação intra-setorial e
exploração de recursos hídricos para intrajurisdicional (União, Estados e
fins de geração de energia elétrica. Municípios) para a execução dos pro-
A lei nº 8.001, de 13 de março de gramas e projetos de irrigação. Elas
1990, define os percentuais de dis- também tratam em detalhes das
tribuição da compensação financei- questões de outorga e cobrança pelo 6
O Comitê Executivo de
ra de que trata a lei nº 7.990. uso da água, antecipando-se, portan- Estudos Integrados da Ba-
cia do Guaíba (CEEIG), no
A compensação financeira to, à preocupação de instituir esses Rio Grande do Sul, foi
composto por represen-
paga aos Estados e Municípios é de- instrumentos de gerenciamento de tantes de órgãos federais
e estaduais responsáveis
finida em função das áreas alagadas recursos hídricos. pelo licenciamento de ati-
pelos reservatórios de geração de Com a reforma ministerial de
vidades que envolvessem
o uso da água, por repre-
energia e da energia gerada pelas janeiro de 1995, o Ministério do sentantes de usuários da
água (abastecimento pú-
diferentes usinas hidrelétricas, ca- Meio Ambiente, dos Recursos Hídri- blico, indústria, navega-
bendo, do total arrecadado, 45% aos cos e da Amazônia Legal assumiu
ção) e por representantes
da sociedade civil (entida-
Municípios atingidos pelos reserva- as atribuições do Ministério do In- des de classe e entidades
de proteção ambiental).
tórios, 45% aos Estados e 10% para terior relativas a esta política.
a União.
Entre as atribuições do MMA
Os recursos destinados à estão:
União devem ser aplicados na ma-
nutenção e operação da rede hidro- • elaborar o Plano Nacional de
67
Irrigação; • medidas a serem tomadas,
programas a serem desenvolvidos e
• baixar normas, objetivando o
projetos a serem implantados, para
aproveitamento dos recursos hídri-
o atendimento das metas previstas;
cos destinados à irrigação;
• responsabilidades para exe-
• incentivar o desenvolvimen-
cução das medidas, programas e pro-
to de programas estaduais e muni-
jetos;
cipais de irrigação e a implantação
de projetos particulares; • prioridades para a outorga de
direito de uso dos recursos hídricos;
• estabelecer normas e crité-
rios para a fixação das tarifas de água • diretrizes e critérios para
e para o controle de sua aplicação. a cobrança pelo uso dos recursos
hídricos;

6.1.3. Lei das Águas • propostas para a criação de


áreas sujeitas à restrição de uso,
com vistas à proteção dos recursos
O instrumento mais recente
hídricos (aspectos esses em conso-
de gestão dos recursos hídricos é a
nância aos objetivos e metas do pre-
Lei 9.433, de 08 de janeiro de 1997,
sente estudo).
que instituiu a Política Nacional de
Recursos Hídricos e criou o Sistema O enquadramento de corpos
Nacional de Gerenciamento de Re- d’água em classes de uso preponde-
cursos Hídricos. rante visa assegurar às águas qua-
lidade compatível com os usos mais
Esta política contém uma sé-
exigentes a que forem destinadas e
rie de elementos do processo de
a diminuir os custos de combate à
gerenciamento dos recursos hídricos
poluição, mediante ações preventi-
do país, como, por exemplo, o plane-
vas. A norma legal que trata deste
jamento dos recursos hídricos, o en-
processo de enquadramento é a lei
quadramento de corpos d’água, a
6.938/81 da Política Nacional de
outorga do uso da água e a cobrança
Meio Ambiente, que prevê instru-
pelo uso da água.
mentos de estabelecimento de pa-
O processo de planejamento drões de qualidade ambiental.
dos recursos hídricos prevê a exis-
A Resolução 20/86 do
tência de um Plano Nacional, de pla-
CONAMA especifica as classes e os
nos estaduais de recursos hídricos
padrões de qualidade de água a que
e de planos de bacias hidrográficas.
os corpos de água devem atender
Os planos setoriais se orientarão
para que possam ser inseridos em
para horizontes de longo prazo, com-
cada uma.
patíveis com o período de implanta-
ção de seus programas e projetos, O instrumento de outorga do
devendo conter, no mínimo: uso da água tem por objetivo especí-
fico “assegurar o controle quantita-
• diagnóstico da situação atual tivo e qualitativo dos usos da água e
dos recursos hídricos; o efetivo exercício dos direitos” ao
• análise de alternativas de seu acesso. Estão sujeitos à outor-
crescimento demográfico; ga derivações e captações de águas
superficiais e subterrâneas, para
• análise de evolução de ativi-
consumo final ou para uso em ati-
dades produtivas e de modificações vidades produtivas, lançamento de
dos padrões de ocupação do solo;
resíduos em corpos d’água, aprovei-
• balanço entre disponibilida- tamento hidrelétrico e qualquer ou-
des e demandas futuras dos recur- tro uso que altere o regime, a quan-
sos hídricos, em quantidade e quali- tidade ou a qualidade da água.
dade, com identificação de conflitos A outorga de direito de uso
potenciais;
será feita em duas modalidades –
• metas de racionalização de concessão (serviço público) e auto-
uso, aumento da quantidade e me- rização (setor privado) estando pre-
lhoria da qualidade dos recursos hí- vista sua validade por, no máximo,
dricos disponíveis; 20 anos.

68
A outorga só será dada nos onados com os recursos hídricos;
casos em que houver disponibili- implementar a Política Nacional de
dade hídrica outorgável, manten- Recursos Hídricos; planejar, regular
do-se um nível de garantia míni- e controlar o uso, a preservação e a
mo, para cada usuário, de 85%, e recuperação dos recursos hídricos e
um máximo de 95%, mês a mês. A promover a cobrança pelo uso da
unidade de medida para cobrança água.
do volume outorgado será metros
cúbicos, sendo a ordem de priori- O Sistema é integrado pelo
dade para a emissão da outorga os Conselho Nacional de Recursos Hí-
seguintes usos: dricos, que tem, entre outras atri-
buições, a de promover a articula-
1º - Abastecimento Público; ção do planejamento dos recursos
2º - Dessedentação de Animais; hídricos com o planejamento nacio-
nal, regional, estadual e dos setores
3º - Preservação da Fauna. dos usuários, arbitrando, como últi-
São dispensados de outorga os ma instância administrativa, os con-
usos para satisfação das necessida- flitos entre os conselhos estaduais
des de pequenos núcleos populacio- de recursos hídricos.
nais, distribuídos no meio rural, e Além do conselho nacional e
derivações, captações, lançamentos dos conselhos estaduais, formam
e acumulações de volumes de água também o Sistema os comitês de
considerados insignificantes. O po- bacia hidrográfica e as agências
der outorgante será a União, os Es- das águas.
tados ou o Distrito Federal, depen-
dendo a quem o domínio da água Os comitês de bacia hidrográfi-
outorgada esteja adstrito, conforme ca são formados por representantes
os artigos 20 e 26 da Constituição. da União, dos Estados e dos Municípi-
os cujos territórios pertencem, pelo
Todos os usos da água que se- menos em parte, à bacia, pelos usuá-
jam objeto de outorga devem ser rios das águas da bacia e pelas orga-
também objeto de cobrança, tendo nizações civis de recursos hídricos
por objetivo reconhecer a água como com atuação comprovada na bacia.
bem econômico e dar ao usuário
uma indicação de seu real valor, A estes comitês cabe, entre
incentivar a racionalização do uso outras atribuições:
e obter recursos financeiros para • promover o debate das ques-
financiamento de programas e in- tões relacionadas a recursos hídri-
tervenções contemplados nos planos cos e articular a atuação das ativi-
de recursos hídricos. dades intervenientes;
Os valores arrecadados serão • arbitrar, em primeira ins-
aplicados no financiamento de es- tância administrativa, os conflitos
tudos, programas, projetos e obras, de uso das águas;
prioritariamente na bacia em que
foram gerados. • aprovar o Plano de Recursos
Hídricos da Bacia e acompanhar sua
Esses recursos deverão ser execução;
incluídos nos Planos de Recursos
Hídricos e no pagamento das despe- • estabelecer os mecanismos
sas de implantação e custeio admi- e valores de cobrança pelo uso da
nistrativo de órgãos e entidades in- água.
tegrantes do Sistema Nacional de Os comitês de bacia devem
Gerenciamento de Recursos Hídri- ser assistidos tecnicamente pela
cos, limitadas estas últimas a 7,5% Agência de Água, cuja criação de-
do total arrecadado. verá ser autorizada pelo Conselho
O Sistema Nacional de Geren- Nacional de Recursos Hídricos ou
ciamento de Recursos Hídricos pelos comitês estaduais de recur-
(SINGREH) é o órgão que tem por ob- sos hídricos, dependendo da domi-
jetivos: coordenar a gestão integra- nialidade dos rios cujas bacias com-
da dos usos da água; arbitrar admi- põem o comitê.
nistrativamente os conflitos relaci- A criação destas agências deve-
69
rá ser condicionada à prévia existên- servados aos Estados as competên-
cia do(s) comitê(s) e à sua viabilidade cias que não lhes sejam vedadas por
financeira, que deve ser assegurada esta Constituição”.
pela cobrança pelo uso da água. Ao atribuir-lhes o poder de ges-
Pertencem ao sistema, tam- tão, concede também o poder de le-
bém, as organizações civis de recur- gislar sobre o que foi assegurado, não
sos hídricos, que são consórcios ou sobre as águas em si (competência
associações intermunicipais de privativa da União), mas sim sobre
bacias hidrográficas; associações re- a gestão das águas que pertencem
gionais, locais ou setoriais de usuá- ao seu domínio.
rios de recursos hídricos; organiza- Além destes dispositivos, o ar-
ções não-governamentais com obje- tigo 24, inciso IV, define que compe-
tivos na defesa de interesses difusos te concorrentemente aos Estados
e coletivos da sociedade e outras or- Federados legislar sobre “florestas,
ganizações reconhecidas pelo Con- caça, pesca, fauna, conservação da
selho Nacional e pelos conselhos es- natureza, defesa do solo e dos recur-
taduais de recursos hídricos. sos naturais, proteção do meio am-
Após a promulgação da Lei biente e controle da poluição”.
9.433/97, foi editado o Decreto nº Entre os recursos naturais in-
2.612, de 03 de junho de 1998, que cluem-se obviamente as águas. Por
regulamenta o Conselho Nacional de defesa, entende-se também normas
Recursos Hídricos. e procedimentos que conduzam ao
uso e aproveitamento adequado dos
6.1.4. Domínio das águas recursos naturais, ou seja, através
da sua adequada gestão.
A Constituição Federal pro- O Código de Águas (Art. 29)
mulgada em 5 de outubro de 1988 estabeleceu o domínio da União, dos
estabelece nos artigos 20 e 26 o do- Estados e dos municípios, definindo
mínio das águas, dividindo-as em que são de domínio da União as
águas de domínio da União e águas águas marítimas, quando situadas
de domínio dos Estados. em territórios, quando sirvam de li-
mites da República com nações vi-
O artigo 21 define, no inciso XIX,
zinhas ou se estendam a território
que compete à União “instituir siste-
estrangeiro, quando situadas na
ma nacional de gerenciamento de
zona de 100 km contígua aos limi-
recursos hídricos e definir critérios de
tes da República com estas nações,
outorga de direitos de seu uso”.
quando sirvam de limites entre dois
O inciso IV do artigo 22 esta- ou mais estados e quando percor-
belece que compete privativamente ram parte dos territórios de dois ou
à União legislar sobre “águas, ener- mais Estados.
gia, informática, telecomunicações
e radiodifusão”. O parágrafo único De domínio dos Estados são as
deste artigo diz que “lei complemen- águas que servem de limites entre
tar poderá autorizar os Estados a le- dois ou mais municípios e quando
gislar sobre questões específicas das percorrem parte dos territórios de
matérias relacionadas neste artigo”. dois ou mais municípios. De domí-
nio dos municípios seriam as águas
Uma vez que a Constituição situadas exclusivamente em seus
Federal lhes assegura o domínio so-
territórios e que sejam navegáveis
bre determinadas águas (art. 26,
ou flutuáveis ou façam outros nave-
inciso I), atribui-lhes também o po-
der de gestão sobre as mesmas, sob gáveis e flutuáveis, respeitando as
pena de tornar sem efeito o texto do restrições que possam ser impostas
artigo 26, I, ou seja, dar-se-ia aos pela legislação dos Estados. A Cons-
Estados o domínio dos bens, mas se- tituição promulgada em 1967 elimi-
riam deles retirado o uso e o poder nou a figura das águas de domínio
de disposição. dos municípios, mantendo águas de
domínio da União e dos Estados.
Da mesma forma, seria afron-
tado o parágrafo primeiro do artigo O Código também classifica-
25 da Constituição Federal: “São re- va, por exclusão, as “águas particu-

70
lares” como sendo “as nascentes e A Lei 9.433/97 incorporou a
todas as águas situadas em terre- dominialidade das águas subterrâ-
nos que também o sejam, quando neas, entendida pela Constituição
as mesmas não estiverem classifi- de 1988, como sendo obra de enge-
cadas entre as águas comuns de nharia e necessitando portanto de
todos, as águas públicas ou as autorização para sua instalação e
águas comuns” (art. 8º). A partir da operação.
Constituição Federal de 1988, não
existem mais águas particulares. A Resolução nº 15/2001 do
Conselho Nacional de Recursos Hí-
O Art. 20, inciso III, define dricos (CNRH) reconhece a interação
como bens da União, “os lagos, rios e entre água superficial e subterrâ-
quaisquer correntes de água em ter- nea e a indissociabilidade da ges-
renos de seu domínio, ou que ba- tão das águas, reconhecendo tam-
nhem mais de um Estado, sirvam de bém que os limites de um aqüífero
limites com outros países, ou se es- não necessariamente coincidem
tendam a território estrangeiro ou com os de bacias hidrográficas.
dele provenham, bem como os terre-
nos marginais e as praias fluviais”. A Resolução CNRH Nº 17/
2001, no Art. 8º, determina que os
O Art. 26, inciso I, define como Planos de Recursos Hídricos, no seu
bens dos Estados Federados “as águas conteúdo mínimo, deverão ser cons-
superficiais ou subterrâneas, fluen- tituídos por diagnósticos e prognós-
tes, emergentes e em depósito, res- ticos, alternativas de compatibiliza-
salvadas, neste caso, na forma da lei, ção, metas, estratégias, programas
as decorrentes de obras da União”. e projetos, contemplando os recur-
sos hídricos superficiais e subterrâ-
6.2. Águas subterrâneas neos, de acordo com o art. 7º da Lei
9.433, de 1997.
As águas subterrâneas são de Institucionalmente, as disper-
dominialidade dos estados e do dis- sões no tratamento das águas sub-
trito federal. Conforme mencionado terrâneas são enormes, pois o domí-
no item anterior, a Constituição de nio, segundo a Constituição Federal,
1988 as determina como bem públi- é dos Estados, mas os aqüíferos
co dos Estados, sejam elas superfi- transcendem os limites estaduais.
ciais ou subterrâneas, fluentes, Também deve ser considerado que
emergentes ou em depósito. as águas subterrâneas são conside-
radas minerais e, portanto, de Res-
Contudo, não há distinção cla-
ponsabilidade da União, com outor-
ra entre águas subterrâneas e re-
ga emitida pelo Departamento Naci-
cursos minerais do subsolo, que são
onal da Produção Mineral (DNPM).
de competência da União, águas
subterrâneas para consumo são di- Deve haver uma articulação
ferentes de águas subterrâneas para que os aqüíferos sejam inte-
para aproveitamento mineral (água grados à gestão. O primeiro marco
mineral, água potável de mesa, desta articulação foi a Resolução
águas termais). 15/2001 do CNRH, estabelecendo
A Lei 9.433/97, que institui as diretrizes para a gestão integra-
a Política Nacional de Recursos Hí- da das águas.
dricos e cria o Sistema Nacional de Considerando que o Brasil é
Gerenciamento de Recursos Hídri- imenso territorialmente e de gran-
cos, tendo a bacia hidrográfica como de diversidade hídrica, e principal-
unidade de aplicação da política de mente devido à importância pelo vo-
recursos hídricos, estabelece tam- lume de água reservada em diferen-
bém os instrumentos de gestão, os tes países e no Brasil mais especifi-
planos de recursos hídricos, o
camente, distribuído em 8 Estados,
enquadramento dos corpos d’água
foi elaborado um projeto piloto para
em classes de uso, a outorga de di-
avaliar um sistema de aqüíferos, atu-
reito de uso, a cobrança pelo uso e
almente denominado de Guarani.
a compensação a municípios, bem
como o sistema de informações so- O aqüífero Guarani é talvez o
bre recursos hídricos. maior manancial transfronteiriço
71
de água-doce subterrânea no pla- do, o divisor das bacias do Paraná e do
neta, estendendo-se desde a Bacia Paraguai é a Serra de Maracaju, local
Sedimentar do Paraná até a Bacia onde se encontra a maioria das nas-
do Chaco–Paraná. Está localizado centes dos rios contribuintes da BHRM.
no centro-leste da América do Sul,
entre 12º e 35º de latitude Sul e 47º
e 65º de longitude Oeste, 6.2.1. Disciplinamento do uso das
subjacente a quatro países: Argen- águas superficiais e subterrâ-
tina, Brasil, Paraguai e Uruguai. neas

Tem extensão total aproxima-


Devido às dificuldades dos ór-
da de 1,2 milhões de km², sendo 840
gãos responsáveis em controlar as
mil km² no Brasil, 225.500 mil km²
condições de uso e proteção das
na Argentina, 71.700 mil km² no
águas subterrâneas, nos níveis fe-
Paraguai e 58.500 km² no Uruguai
deral, estadual ou municipal, torna-
— a população atual do domínio de
se necessário o desenvolvimento de
ocorrência do aqüífero é estimada
estudos e avaliações das disponibi-
em 15 milhões de habitantes. A por-
lidades hídricas subterrâneas, bem
ção brasileira integra os territórios
como a atualização dos trabalhos já
de oito Estados: MS (213.200 km²),
realizados, com o objetivo de orien-
RS (157.600 km²), SP (155.800 km²),
tar a elaboração de planos de utili-
PR (131.300 km²), GO (55.000 km²),
zação racional e sustentável deste
MG (51.300 km²), SC (49.200 km²) e
recurso hídrico na Bacia do Alto Pa-
MT (26.400 km²).
raguai.
O nome de “Aqüífero Guarani”
O aprofundamento desses es-
foi dado em memória do grande povo
tudos deve orientar a outorga de di-
indígena que ocupou grande parte da
reitos de uso das águas subterrâ-
região do aqüífero, por sugestão do
neas, assim como o licenciamento
geólogo uruguaio Danilo Anton. É
de atividades potencialmente
uma reserva de água muito valiosa
poluidoras. A ausência deste co-
e fundamental para o desenvolvi-
nhecimento pode levar a danos
mento sustentável dos países que a
irreversíveis tanto para a qualida-
abrigam. Em muitas regiões ele está
de como para a quantidade dos ma-
sob risco, pois suas águas podem ser
contaminadas por agrotóxicos e ou- nanciais subterrâneos da região.
tras substâncias químicas e já se A dissociação da gestão de qua-
sabe praticamente impossível recu- lidade da gestão de quantidade de
perar a qualidade dessas águas água tem causado preocupações, pois
contaminadas. se trata de gestões interdependentes,
Em curto prazo, a principal assim como a compatibilização da
preocupação é com as chamadas “zo- gestão das águas superficiais e das
nas de recarga”, ou zonas onde as águas subterrâneas da Bacia do Alto
águas da chuva penetram no solo e Paraguai.
abastecem o aqüífero. Essas regiões A gestão dos recursos hídricos
de reabastecimento têm uma área é parte indissociável da gestão dos
de 150.000 km². demais recursos naturais e, por ex-
O Aqüífero Guarani (figuras 42 tensão, da gestão ambiental como
e 43) constitui-se em uma importan- um todo. Pode-se inclusive conside-
te reserva estratégica para o abas- rar que o sistema de gerenciamen-
tecimento da população, para o de- to de recursos hídricos se constitui
senvolvimento das atividades econô- num subsistema do sistema amplo
micas e de lazer. Sua recarga natu- de gerenciamento ambiental.
ral anual, feita principalmente pe-
A complexa interconexão exis-
las chuvas, é de 160 bilhões de li-
tente entre os diferentes usos da
tros por ano. Destes, se poderia usar
água (abastecimento público, abas-
40 bilhões por ano sem colocá-lo em
tecimento industrial, irrigação de
risco.
cultivos, dessedentação de animais,
Em Mato Grosso do Sul, o pesca, geração de energia, diluição
Aqüífero Guarani está inserido basi- e afastamento de efluentes, lazer,
camente na Bacia do Paraná. Contu- manutenção da vida aquática etc.)
72
exige que o seu planejamento seja
baseado em uma avaliação equili-
brada entre demandas e disponibi-
lidades, considerando fundamen-
talmente a sua variação no tempo
e no espaço.
Os projetos de desenvolvimen-
to devem reconhecer e avaliar as
repercussões na qualidade e na
quantidade de água disponível. Os
ecossistemas aquáticos são forte-
mente afetados por projetos agríco-
las (principalmente barragens de
acumulação), pela urbanização, ge-
ração de energia, industrialização.

Figura 42: Mapa esquemático do Aqüífero Guarani.

Figura 43. Mapa do Aqüífero Guarani no Estado de Mato


Grosso do Sul.

73
A percepção global dos impac- Posteriormente, através da Lei
tos resultantes de intervenções nos Estadual n° 1.829, de 16/01/98, foi
sistemas hídricos superficiais e criada a Fundação Estadual de Meio
subterrâneos e a adoção de medi- Ambiente Pantanal (FEMAP), uma
das mitigadoras somente podem entidade integrante da administra-
ocorrer dentro de um coerente pro- ção pública indireta, vinculada à Se-
cesso de gerenciamento que consi- cretaria de Estado de Meio Ambiente
dere as variáveis ambientais e suas (SEMA/MS), que atuava como “braço
condicionantes. executivo” da mesma, conforme as
disposições contidas em seu estatu-
O Sistema Estadual de Recur-
to, instituído pelo Decreto Estadual
sos Hídricos, ao estabelecer o plane-
n°9.052, de 26/02/98.
jamento descentralizado e participa-
tivo do uso dos recursos hídricos de Em seguida, foi criada a Se-
domínio do Estado, impôs alguns con- cretaria de Estado de Meio Ambien-
dicionantes que devem ser observa- te, Cultura e Turismo (SEMACT),
dos quando da realização de planos através da Lei Estadual 2.152 de 26
de uso da água. de outubro de 2000, que define a
reorganização da estrutura básica do
Um deles estabelece que a uni-
Poder Executivo. O Decreto 10.752 de
dade de planejamento é a bacia hi-
29 de abril de 2002 dispõe sobre a
drográfica e que, portanto, as inter-
estrutura básica e a competência da
venções previstas, sejam elas de ca-
SEMACT, conferindo-lhe as seguin-
ráter estrutural ou não, devem ser
tes atribuições:
projetadas considerando não somen-
te a sua influência no local, mas tam- • Proposição e gestão da polí-
bém devem ser verificadas e avalia- tica de proteção do meio ambien-
das as interferências provocadas tan- te, visando a compatibilização do
to a jusante como a montante do pon- desenvolvimento econômico e so-
to previsto de implantação, definindo cial com a preservação da qualida-
também que essas intervenções de- de e do equilíbrio ecológico, garan-
vem estar inseridas nos objetivos e tindo a participação da comunida-
diretrizes do plano estadual de recur- de em sua execução;
sos hídricos. • Integração com entidades
A melhoria dos aspectos qua- para a coordenação e articulação dos
litativos e quantitativos da água, os interesses do Estado e Municípios,
valores a serem cobrados pelo uso na obtenção de recursos necessári-
da água e o rateio do custo dos in- os e apoio técnico especializado, re-
lativos à preservação e à conserva-
vestimentos de uso comum serão
ção do meio ambiente;
previamente negociados e aprova-
dos pelo comitê de gerenciamento • Incentivo à coleta seletiva
da bacia, a quem caberá também a dos resíduos sólidos, a ações de
definição dos objetivos de qualida- reciclagem e ao desenvolvimento de
de a serem atingidos. tecnologias que visem reduzir a po-
luição, bem como a adoção de produ-
tos e materiais recicláveis, como
6.3. Estágio atual do sistema de forma de preservar o meio ambien-
gestão em Mato Grosso do Sul te e melhorar a qualidade de vida da
população;
O inicio do processo de gestão • Planejamento e fiscalização
ambiental em Mato Grosso do Sul se dos serviços técnicos e administra-
deu em 01 de janeiro de 1979, com a tivos concernentes aos problemas de
criação do Instituto de Preservação erosão, recuperação de solos, con-
Ambiental e Controle Ambiental de servação e recuperação da cobertu-
Mato Grosso do Sul (INAMB), quando ra florestal, proteção de nascentes e
foram instaladas diversas instituições matas ciliares e de saneamento
públicas para a efetiva implantação do ambiental, bem como à proteção, à
Estado de Mato Grosso do Sul. Ao lon- melhoria e à recuperação da quali-
go de sua existência, sofreu uma sé- dade ambiental do Estado;
rie de mudanças institucionais de • Estímulo à adoção de postu-
caráter político e econômico. ras que otimizem a utilização dos

74
recursos ambientais e que viabili- e conservação com o desenvolvi-
zem o desenvolvimento econômico mento econômico-social e a melho-
compatível com a sua conservação ria da qualidade de vida;
e a realização de ações consorcia-
• Promover e incentivar estu-
das em parceria com a iniciativa pri-
dos e levantamentos técnicos e pro-
vada e a sociedade civil organizada;
por normas, critérios e padrões de
• Apoio aos municípios no seu controle, monitoramento e manu-
desenvolvimento institucional, for- tenção da qualidade ambiental;
talecendo-os para a administração
• Desenvolver atividades de
dos próprios recursos ambientais,
educação ambiental para formar
buscando propiciar alternativas eco-
consciência coletiva conservacio-
nômicas para as comunidades en-
nista e de valorização da natureza e
volvidas nas ações de preservação e
da qualidade de vida;
conservação;
• Proceder ao licenciamento
• Promoção da integração har-
ambiental de obras, empreendi-
mônica entre o meio ambiente e as
mentos e atividades efetiva ou po-
áreas de proteção ambiental desti-
tencialmente causadoras de impac-
nadas ou utilizadas para o turismo e
lazer, preservando o equilíbrio ecoló- tos ambientais;
gico e promovendo sua manutenção; • Proceder à análise laborato-
• Elaboração do plano estadual rial sobre recursos ambientais,
de manutenção e preservação dos principalmente os hídricos;
recursos hídricos, em articulação • Propor a criação, extinção,
com os órgãos e entidades do Estado modificação de limites das unida-
responsáveis pela exploração, admi- des de conservação e dos espaços
nistração do uso e comercialização territoriais especialmente prote-
desses recursos; gidos pelo Poder Público, e promo-
• Articulação com a Secreta- ver a instalação e administração
ria de Estado de Educação e as Se- desses espaços por si ou median-
cretarias Municipais de Educação te convênio;
para a promoção da educação • Promover diretamente ou
ambiental destinada a alunos da em convênio com órgãos ou entida-
rede pública de ensino. des afins a fiscalização do cumpri-
A instituição com capacidade mento das normas e padrões ambi-
operacional para a gestão ambiental entais, aplicando aos infratores as
e de recursos hídricos é o Instituto penalidades definidas em lei;
de Meio Ambiente Pantanal (IMAP),
• Estimular e promover o de-
vinculado à SEMA. O IMAP encontra-
senvolvimento de programas de for-
se em fase de regulamentação, per-
mação e treinamento de técnicos e
manecendo entretanto com as prin-
especialistas sobre assuntos de
cipais funções técnicas anterior-
meio ambiente, em todos os níveis;
mente designadas à sua antecesso-
ra, a Fundação Estadual de Meio • Firmar convênios e contra-
Ambiente - Pantanal, de acordo ao tos de cooperação técnico-científica;
Decreto 9.052 de 26 de fevereiro de • Manter banco de dados com
1998, que aprova o estatuto da refe- as informações essenciais à execu-
rida Fundação. O Instituto perma- ção de suas atribuições;
nece com as seguintes atribuições
básicas: • Supervisionar, administrar
e desenvolver programas e ativida-
• Promover, coordenar e exe- des sociais, educativas e culturais
cutar projetos e atividades, inclusi- em parques estaduais ou em parce-
ve as de fiscalização, por si ou em ria com prefeituras municipais e
convênio com órgãos e entidades entidades não-governamentais.
voltadas à proteção ambiental no
O regimento interno da Funda-
meio urbano e rural;
ção Estadual de Meio Ambiente - Pan-
• Analisar as potencialidades tanal, atual SEMA, aprovado median-
dos recursos naturais com vistas à te Resolução da SEMADES n0 342 de
compatibilização de sua preservação 04 de agosto de 1998, fixa a estrutu-

75
ra organizacional da Fundação. A Di- Certamente, o que seria considera-
retoria Técnica é integrada pelas do insignificante, em termos do uso
seguintes coordenadorias: da água, nos Estados da região Nor-
te ou Centro-Oeste, certamente não
• Coordenadoria de Conserva-
seria nos Estados da região Nordes-
ção da Biodiversidade;
te, por exemplo.
• Coordenadoria de Recursos
A União não especificou, em
Hídricos e Qualidade Ambiental;
lei, o que é considerado insignifi-
• Coordenadoria de Licencia- cante, apesar de caber tão somen-
mento e Fiscalização. te a ela legislar sobre a matéria,
Conforme preconizado na de acordo com o que dispõe o art.
Agenda 21 e valorizado pela Lei Fe- 22, inciso IV, da Constituição Fe-
deral n° 9.433 de 08 de janeiro de deral. Apesar disso, alguns Estados
1997, o novo modelo de gestão é vol- do país, tais como São Paulo, Cea-
tado a uma perspectiva de descen- rá e Mato Grosso do Sul, estão a
tralização e participação ativa dos discutir e emitir leis visando en-
atores envolvidos. quadrar a matéria. Além da maté-
ria não ser de suas competências,
Mato Grosso do Sul encontra- de acordo com o que dispõe o inciso
se, atualmente, empenhado em de- XIX do art. 21 da Constituição Fe-
finir e implementar a Política Esta- deral, em nenhum momento exis-
dual dos Recursos Hídricos, de ma- te a palavra ‘cobrar’ o uso da água,
neira a compatibilizá-la com a Polí- mas, somente, ‘definir critérios de
tica Nacional dos Recursos Hídricos outorga de direitos de uso’.
e com os interesses do desenvolvi-
Ninguém discute a necessida-
mento do Estado e a sustentabilidade
de de se regulamentar a matéria,
de seus recursos naturais.
posto que atualmente o campo vem
Em novembro de 1998 foi pro- demandando, cada vez mais, gastos
posto, em caráter de urgência, um com a utilização da água. O que não
projeto de lei instituindo a Política se pode admitir é que, por exemplo,
Estadual de Recursos Hídricos. Nes- os pivôs, vorazes consumidores de
sa ocasião, houve uma audiência recursos hídricos (dependendo de
pública tratando sobre os dispositi- suas capacidades, podem utilizar até
vos constantes no referido projeto 300.000 litros de água por hora), se-
de lei. jam isentos de cobrança pelo uso da
água. Estudos científicos provam, por
A audiência pública foi confu- exemplo, que em regiões como Bar-
sa, polêmica, e as informações re- reiras, na Bahia, o limite de insta-
ferentes à gestão dos recursos hí- lação desses aparelhos está muito
dricos estaduais foram insuficien- próximo do intolerável.
tes. Vários interesses da iniciativa
Após reavaliação do projeto de
privada e pública foram engendra-
lei arquivado, através de amplo tra-
dos no processo da discussão do pro-
balho técnico e contratação de
jeto de lei, gerando várias contra- consultoria especializada, a Secreta-
posições, principalmente por parte ria de Estado do Meio Ambiente for-
do setor agropecuário do Estado, que mulou uma nova proposta de projeto
se opôs radicalmente à “cobrança de lei que estabelece a Política Esta-
da água”. dual de Recursos Hídricos e o Siste-
Nessa ocasião, o argumento ma Estadual de Gerenciamento de
principal levantado contra a “co- Recursos Hídricos.
brança da água” foi de que a lei que A minuta do novo projeto de
criou a outorga não a exigiu para a lei está em processo de divulgação,
satisfação de necessidades de peque- discussão e avaliação com todos
nos núcleos populacionais existen- setores envolvidos e sociedade em
tes no meio rural, para derivações, geral.
captações, lançamentos e acumula- No inicio de 2002, a Assem-
ções de volumes de água considera- bléia Legislativa aprovou e o Gover-
dos insignificantes. A dúvida paira no do Estado promulgou, em 28 de
justamente na questão do que pode- janeiro, a Lei 2.406, que institui a
ria ser considerado insignificante. Política Estadual dos Recursos Hídri-
76
cos e cria o Sistema Estadual de pois, de acordo com levantamento re-
Gerenciamento dos Recursos Hídri- alizado pela Assessoria Especial para
cos. Esta lei encontra-se em fase de Assuntos Indígenas da Secretaria de
regulamentação. Ela traduz os de- Estado de Meio Ambiente, em parce-
mais instrumentos e mecanismos ria com a Fundação Nacional de Saú-
previstos na Lei 9.433/97 — entre- de, a população indígena de Mato
tanto, com as constantes negocia- Grosso do Sul, incluindo os
ções do setor agropecuário, o mes- desaldeados, é de aproximadamente
mo ficou isento do instrumento de 60.000 índios, com aldeias localizadas
cobrança pelo uso da água. em vários municípios do Estado, prin-
cipalmente na Bacia do Alto Paraguai.
Outra iniciativa no âmbito de
gestão dos Recursos Hídricos é o Co-
mitê de Integração da Bacia Hidro- 6.4. Gestão dos recursos hídricos
gráfica do Alto Paraguai – Pantanal – legislação recente
(CIBHAPP), instituído pela Portaria
Interministerial n° 01, de 19/12/96. Os instrumentos de gestão dos
O CIBHAPP tem como finalidade, na recursos hídricos estão previstos no
gestão dos recursos hídricos, a artigo 6 da Lei Estadual 2.406/2002
viabilização técnica e econômico-fi- e são os mesmos da Política Nacio-
nanceira de programas de investi- nal de Recursos Hídricos. A única
mento e a consolidação de políticas diferença existente, comentada no
de estruturação urbana e regional, item anterior, é a isenção do setor
visando o desenvolvimento susten- agropecuário da cobrança pelo uso
tável da Bacia Hidrográfica do Alto da água. Os demais instrumentos
Paraguai-Pantanal e a articulação são abaixo descritos:
interestadual de modo a garantir que
as iniciativas de estudos, projetos, • Plano Estadual dos Recursos
programas e planos de ação sejam Hídricos;
complementares, integradas e con- • Enquadramento dos corpos
soantes para a Bacia Hidrográfica do d’água em classes segundo os usos
Alto Paraguai – Pantanal. preponderantes da água;
Outro fator importante da re- • Outorga de direito do uso dos
gião foi a criação de dois consórcios recursos hídricos;
intermunicipais de bacias
• Cobrança pelo uso dos recur-
hidrográficas, o COINTA – Consór- sos hídricos;
cio Intermunicipal para o Desenvol-
vimento Sustentável da Bacia do Rio • Sistema Estadual de Infor-
Taquari, em 1997, e o CIDEMA – mações dos Recursos Hídricos.
Consórcio Intermunicipal para o De- Mato Grosso do Sul já possui
senvolvimento Integrado das Baci- uma proposta de enquadramento de
as dos Rios Miranda e Apa. corpos d’água para a Bacia do rio Pa-
Esses consórcios proporciona- raguai e, desde de 1994, a Fundação
ram inovações na região da Bacia do Estadual de Meio Ambiente Pantanal
Alto Paraguai, mediante motivação (SEMA/FEMAP), hoje sema/IMAP, re-
aliza o monitoramento da qualidade
do envolvimento de municípios e
das águas na Bacia Hidrográfica do
suas equipes técnicas e proposição
Alto Paraguai, por meio do Índice de
e implementação de projetos pionei-
Qualidade da Água (IQA) da National
ros que possibilitaram a construção
Sanitation Foundation (NSF).
de uma gestão ambiental e de recur-
sos hídricos integrada. Foram O Sistema Estadual de Geren-
implementados por estas organiza- ciamento de Recursos Hídricos
ções os primeiros projetos no Estado (SEGRH) está em fase de regula-
relacionados à avaliação dos recur- mentação, sendo, conforme prevê o
sos hídricos das bacias dos rios artigo 29 da Lei 2.406/2002, inte-
Taquari, Miranda e Apa, essa últi- grado pelas seguintes instâncias:
ma transfronteiriça com o Paraguai. • Conselho Estadual dos Re-
A participação da comunidade cursos Hídricos;
indígena na gestão das águas do Es- • Comitês das Bacias Hidrográ-
tado é uma peculiaridade regional, ficas;

77
• Secretaria de Estado de Meio naturais indicados dentre os seguin-
Ambiente, Cultura e Turismo, hoje, tes setores: agricultura familiar;
Secretaria de Estado de Meio Ambi- prestação de serviço público de abas-
ente e Recursos Hídricos, e a Secre- tecimento de água e de esgotamen-
taria de Estado da Produção; to sanitário; geração hidrelétrica;
hidroviário; indústria; pesca e aqui-
• Agências de Águas.
cultura; agropecuário; irrigação; tu-
O Conselho Estadual de Recur- rismo, esporte e lazer.
sos Hídricos (CERH) foi regulamen-
O Artigo 45 da lei 2.406/2002
tado pelo Decreto N0 11.621 em 01
cria o fundo e o Artigo 46 dispõe sobre
de julho de 2004. Ele é integrado por
os recursos que integrarão o fundo
24 (vinte e quatro) membros dos se-
estadual de recursos hídricos, que são:
guintes segmentos:
• Receitas decorrentes da co-
- Poder Público
brança pelo uso dos recursos hídricos;
• Secretaria de Estado da Pro-
• Resultados da cobrança de
dução e do Turismo;
infrações à legislação dos recursos
• Secretaria de Estado de hídricos e de controle da poluição das
Infra-Estrutura e Habitação; águas;
• Secretaria de Estado de De- • Oriundos do Estado e dos
senvolvimento Agrário; Municípios por disposição legal;
• Secretaria de Estado de • Transferências da União,
Saúde; de Estados ou de países, destina-
dos à execução de planos e progra-
• Secretaria de Estado de Pla-
mas dos recursos hídricos de in-
nejamento e de Ciência e
teresse comum;
Tecnologia;
• Compensação financeira que
• Secretaria de Estado de Co-
o Estado recebe em decorrência da
ordenação-Geral do Governo;
exploração hidroenergética, em con-
• Secretaria de Estado de Edu- formidade com o que estabelece o
cação; art. 20, § 10 da Constituição Federal
- Organizações Civis e legislação específica;

• Dois membros de Consórci- • Recursos provenientes de: a)


os e Associações Intermunicipais de apoio de organizações civis dos re-
Bacias Hidrográficas; cursos hídricos, nacionais e inter-
nacionais; b) organizações governa-
• Dois de organizações técnicas mentais e não-governamentais, na-
e de ensino e pesquisa, com interes- cionais ou internacionais;
se e atuação comprovados na área de
recursos hídricos e, no mínimo, cin- • Doações de pessoas físicas ou
co anos de existência legal; jurídicas, de direito público ou pri-
vado, nacionais, estrangeiras ou
• Dois de organizações não-go- multinacionais;
vernamentais com objetivo, interes-
• Empréstimos nacionais ou in-
se e atuação comprovados na área
ternacionais e recursos provenientes
de recursos hídricos e, no mínimo,
de ajuda e cooperação internacionais
cinco anos de existência legal; e de acordos intergovernamentais;
• Um de organizações reco- • Retorno de operações de cré-
nhecidas pelo Conselho Nacional de dito com os órgãos e entidades esta-
Recursos Hídricos; duais, municipais e privadas;
• Um de organizações reco- • Produto das operações de cré-
nhecidas pelo próprio Conselho Es- dito e das rendas procedentes das
tadual de Recursos Hídricos; dos seus recursos;
- Usuários • Contribuições de melhorias
• Um representante de cada de beneficiados por serviços e obras
uma das entidades legalmente cons- de aproveitamento e controle dos
tituídas dos usuários de recursos recursos hídricos;

78
• Parte da compensação finan- no 9.433/97 ter sido sancionada,
ceira que o Estado receber pela ex- existe o Comitê para Integração da
ploração de petróleo, gás natural e Bacia Hidrográfica do Rio Paraíba do
recursos minerais; Sul que tem a participação dos es-
tados de São Paulo, Minas Gerais,
• Outras receitas a ele
Rio de Janeiro e também existe o
destinadas.
Comitê das Bacias Hidrográficas do
Paraíba do Sul na vertente paulista.
6.5. Comitês e consórcios Também pertencem ao siste-
ma: as organizações civis de recur-
sos hídricos, que são consórcios ou
6.5.1 Comitês de bacias associações intermunicipais de ba-
cias hidrográficas; associações regi-
Os comitês de bacia hidrográ- onais, locais ou setoriais de usuári-
fica são formados por representan- os de recursos hídricos; organizações
tes da União, dos Estados e dos Mu- não-governamentais com objetivos
nicípios cujos territórios pertencem na defesa de interesses difusos e
pelo menos em parte à bacia, pelos coletivos da sociedade e outras orga-
usuários das águas da bacia e das nizações reconhecidas pelo Conse-
organizações civis de recursos hídri- lho Nacional e pelos Conselhos Es-
cos com atuação comprovada na ba- taduais de Recursos Hídricos.
cia. A esses comitês cabe, entre ou-
tras atribuições, promover o debate
das questões relacionadas a recur- 6.5.2. Consórcios Intermunicipais
sos hídricos e articular a atuação das de Bacias
atividades intervenientes; arbitrar,
em primeira instância administra- Os consórcios intermu-
tiva, os conflitos de uso das águas; nicipais de bacias hidrográficas
aprovar o Plano de Recursos Hídricos são uma inovação ocorrida a par-
da bacia acompanhando sua execu- tir dos anos 80 nos tradicionais
ção e estabelecer os mecanismos e consórcios intermunicipais forma-
valores de cobrança pelo uso da água. dos com a finalidade de prestação
de serviços integrados aos muni-
Os comitês de bacia em rios de cípios. A figura jurídica dos consór-
domínio da União devem ser articu-
cios intermunicipais é de associ-
lados conjuntamente entre a Secre-
ação civil sem fins lucrativos, ten-
taria de Recursos Hídricos e a Agên-
do a bacia hidrográfica como ele-
cia Nacional de Águas, sendo que a
mento básico para o planejamen-
sua criação deverá ser autorizada
to. A estrutura organizacional tra-
pelo Conselho Nacional de Recursos
dicional dos consórcios é bastante
Hídricos ou pelos Conselhos Estadu-
simples, o que possibilita uma agi-
ais de Recursos Hídricos, dependen-
lidade na tomada de decisões. Veja
do da dominialidade dos rios cujas
o exemplo da figura 44:
bacias compõem o comitê.
A Agência de Bacia, que tem
caráter operativo e que poderá ser
criada, deve ter sua viabilidade fi-
nanceira assegurada com a cobran-
ça pelo uso da água. Até o presente
momento, foi aprovada a formação
de 5 (cinco) Comitês em Bacias Hi-
drográficas em rios de domínio da
União. Ao mesmo tempo, foi reali-
zada a adequação do Comitê para a
Integração da Bacia do Rio Paraíba
do Sul (CEIVAP) à Lei 9.433 e à Re- Figura 44: Estrutura convencional de consórcios
intermunicipais de bacias hidrográficas.
solução nº 05 do CNRH, que estabe- Fonte: CIDEMA.
lecem diretrizes para a criação e
funcionamento de Comitês. Geralmente a área de atua-
Criado em 1996, antes da Lei ção corresponde aos territórios dos

79
municípios que possuem área físi- mento de unidades de conservação
ca na(s) bacia(s) hidrográfica(s) e a articulação para fortalecer o ge-
correspondente(s) aos objetivos do renciamento das reservas indígenas;
consórcio. o gerenciamento ambiental de ativi-
dades de extração e processamento
As funções tradicionalmente
mineral; o desenvolvimento das ati-
utilizadas para os consórcios, respei-
vidades turísticas; a conservação dos
tadas as particularidades de cada
recursos pesqueiros e o gerencia-
região, podem ser definidas como:
mento das atividades portuárias.
• Representar o conjunto dos
• Promover formas articuladas
municípios que os integram, em as-
de planejamento e desenvolvimen-
suntos de interesse comum, peran-
to regional, criando mecanismos
te quaisquer outras entidades de di-
reito público ou privado, nacionais conjuntos para consultas, estudos,
ou internacionais; execução e fiscalização e estabele-
cendo normas e procedimentos
• Planejar, adotar e execu- ambientais para controlar ativida-
tar planos, programas, projetos e des que interfiram na qualidade e
medidas conjuntas, visando o de- quantidade das águas na área com-
senvolvimento sustentável que preendida no território dos municí-
promova a melhoria das condições pios consorciados;
de vida das populações da(s)
Bacia(s) Hidrográfica(s), pleitean- • Desenvolver serviços e ati-
do recursos financeiros e coope- vidades de interesse dos municípi-
ração técnica junto aos organis- os consorciados, de acordo com o pro-
mos nacionais e internacionais grama de trabalho aprovado pelo Con-
para a sustentabilidade das ações selho de Municípios.
propostas; As finalidades dos consórcios
• Propor, coordenar e executar têm evoluído nos últimos anos, em
serviços e ações integradas, tendo função da adequação à Política Na-
como prioridade, entre outras, a con- cional de Recursos Hídricos ou mes-
servação e recuperação dos recur- mo se adequando e/ou se transfor-
sos naturais, o atendimento à saú- mando em associações de usuários
de, a melhoria de infra-estrutura e das águas. Os consórcios poderão
transporte, o sistema educacional e assumir o papel de agências de ba-
esportivo, o resgate e a conservação cias, de acordo com as
dos valores culturais, o desenvolvi- especificidades de cada legislação de
mento tecnológico, científico e in- recursos hídricos estaduais.
dustrial, a qualificação profissional,
o desenvolvimento institucional e a
agropecuária; 6.3. O CIDEMA – histórico e situa-
ção atual
• Promover a melhoria da qua-
lidade e quantidade dos recursos hí- Um fato importante na região
dricos; executar o manejo do solo e da Bacia do Alto Paraguai foi o incen-
da água; promover a recuperação de tivo e a motivação para a organização
áreas degradadas, a conservação e dos municípios em consórcios inter-
a recuperação das matas ciliares e municipais de bacias hidrográficas.
demais florestas de proteção; promo- Em 1996, iniciou-se em Mato Grosso
ver campanhas de educação do Sul o processo de formação do pri-
ambiental; programas visando ao meiro organismo de bacia, com forte
correto uso agroquímico e o controle possibilidade de atuar e influenciar na
da disposição e/ou reciclagem das
gestão dos recursos hídricos.
embalagens de agrotóxicos, progra-
mas visando à proteção da flora e da O primeiro consórcio foi o
7
A bacia do rio Apa possui fauna na região; atividades de sane- COINTA (Consórcio Intermunicipal
17.000 km2 de área física. amento básico urbano e rural; o tra- para o Desenvolvimento Sustentá-
Localiza-se no limite
inferior da bacia do Alto tamento integrado dos resíduos só- vel da Bacia do Rio Taquari), criado
Paraguai e é o ultimo
contato do Brasil com o lidos urbanos compreendidos no ter- em 1997, e posteriormente nasceu
rio Paraguai, reunindo ritório dos municípios consorciados; o CIDEMA (Consórcio Intermunicipal
municípios próximos em
ambos os lados da o reflorestamento e a reposição flo- para o Desenvolvimento Integrado
fronteira.
restal; a implantação e o gerencia- das Bacias dos Rios Miranda e Apa7).
80
A região de atuação de ambos os
consórcios pode ser verificada nas
figuras 45 e 46.
Estes consórcios proporcio-
naram inovações na região da Ba-
cia do Alto Paraguai, em Mato
Grosso do Sul, promovendo moti-
vação e envolvimento de municí-
pios e de sua equipe técnica e pro-
pondo e implementando projetos
pioneiros de gestão ambiental e de
recursos hídricos integrados. Os
primeiros projetos no Estado rela-
cionados com a avaliação dos re-
cursos hídricos para as bacias do
rio Taquari, do rio Miranda e do
rio Apa foram implementados por
estas organizações.
A esse respeito, o CIDEMA é o Figura 45: Localização da região de atuação do CIDEMA
- bacias dos rios Miranda e Apa.
único organismo de bacia hidrográ-
fica da região das bacias dos rios Mi-
randa e Apa que, sendo um
catalisador dos aspectos técnicos di-
retamente envolvidos nas bacias
hidrográficas e realizando ações es-
tratégicas, cria um ambiente favo-
rável à edificação da filosofia de ges-
tão dos recursos hídricos transfron-
teiriços. Uma evidência deste fato é
que a proposta deste subprojeto sur-
giu de reuniões técnicas organiza-
das pelo CIDEMA, bem como a sua
coordenação técnica no âmbito do
Projeto Alto Paraguai.
É de conhecimento público o
fato de que, na região da bacia hidro-
gráfica do rio Apa, a diretoria e equi-
pe técnica do CIDEMA vêm cotidia-
namente, desde o ano de 1998, pro-
movendo o intercâmbio técnico en-
Figura 46: Localização da região de atuação do COINTA
tre os municípios, instituições gover- - bacia do rio Taquari.
namentais e não-governamentais
para conceber a gestão da bacia hi- contando inclusive com a participa-
drográfica. Esse esforço também é ção de representantes de organiza-
visível mediante o intercâmbio téc- ções paraguaias.
nico que o CIDEMA tem efetuado com
organizações paraguaias sediadas Em 1998, foi firmado o primei-
nos departamentos e municípios da- ro Protocolo de Intenções com a
queles países que possuem área fí- Altervida – Centro de Estúdios y
sica na bacia do rio Apa. Formación para el Ecodesarrollo do
Paraguai, para mobilizar os depar-
Com a finalidade de proporci- tamentos e municípios do Paraguai
onar a difusão de informações e de para conhecer a bacia e proporcio-
conhecimento técnico, o CIDEMA nar intercâmbio entre as institui-
realizou e continua realizando ati- ções. Na seqüência, 3 encontros téc-
vidades relacionadas à gestão dos nicos foram realizados, 2 no Brasil
recursos hídricos, mediante pales- e 1 em Concepción – Paraguai, que
tras, campanhas de educação reuniu 120 pessoas e mais de 30 or-
ambiental, conferências sobre ges- ganizações técnicas e da comunida-
tão de recursos hídricos e cursos de de, possibilitando o aprofundamen-
capacitação em parceria com a SRH, to do conhecimento da bacia do rio
81
Apa. Os resultados desses eventos Recursos Hídricos, Agência Nacional
técnicos contribuíram significativa- de Águas e Instituto Brasileiro de
mente para o levantamento dos as- Meio Ambiente e Recursos Naturais
pectos relevantes da bacia e temas Renováveis, Ministério da Justiça
potenciais para a gestão transfron- (Fundação Nacional do Índio), Minis-
teiriça. Ao mesmo tempo, o CIDEMA tério da Ciência e Tecnologia, Se-
coordenou um subprojeto no âmbito cretaria de Estado do Meio Ambien-
do projeto GEF Pantanal Alto Para- te de Mato Grosso do Sul, Consórcio
guai (GEF/OEA/ANA/PNUMA) no Intermunicipal para o Desenvolvi-
sentido de avaliar os recursos hídri- mento Integrado das Bacias dos Rios
cos da bacia do rio Apa, que foi con- Apa e Miranda (CIDEMA), Fórum de
cluído no final de 2003. Organizações Não-Governamentais
de Mato Grosso do Sul e instituições
Em 2001, o CIDEMA passou a
de ensino e pesquisa. No Paraguai:
introduzir o tema do Apa na Câmara
Ministério de Relaciones Exteriores
Técnica de Gestão de Recursos Hí-
(MRE), Secretaria Técnica de
dricos Transfronteiriços (CTGRHT),
Planificación (STP), Secretaria del
do Conselho Nacional de Recursos
Ambiente (SEAM), Ministério de
Hídricos (CNRH), mostrando-o como
Obras Publicas y Comunicaciones
uma bacia importante para a imple-
(MOPC), Unidad de Gestión Ambien-
mentação de gestão transfronteiri-
tal Paso Bravo, Gobernaciones de
ça. No final de 2002, a CTGRHT en-
Amambay e Concepción, ALTERVI-
viou uma proposta de moção ao
DA e Instituições de Ensino e Pes-
CNRH, que aprovou com o número
quisa. Os grupos seriam coordena-
14, recomendando várias ações para
dos, no Brasil, pelo MMA e no Para-
a região. Em 2003, a CTGRHT, jun-
guai pela SEAM.
tamente com o CIDEMA e Rede Bra-
sil de Organismos de Bacias Hidro- Posteriormente, nas reuniões
gráficas (REBOB), realizou o Semi- 19ª, 20ª e 21ª da CTGRHT, sugeriu-
nário Internacional para a Gestão se outras organizações a serem in-
Integrada da Bacia Transfronteiriça cluídas no GT do lado brasileiro, além
do rio Apa, nos dias de 10, 11 e 12 de das nominadas anteriormente: Mi-
setembro, em Bela Vista, Mato Gros- nistério das Cidades; Federação da
so do Sul, em conjunto com a 180 reu- Agricultura de Mato Grosso do Sul;
nião da CTGRHT. Setor do Saneamento (SANESUL e
SAAE de Bela Vista); Federação dos
No seminário e na reunião da
Pescadores; Mulheres em Ação no
Câmara participaram organizações
Pantanal (MUPAN); Iniciativa Panta-
paraguaias governamentais (nacio-
nal – Everglades; Coalizão Rios Vi-
nal e dos departamentos) e não-go-
vos; Administração da Hidrovia.
vernamentais. Uma série de reco-
mendações foram feitas no seminá- Visando avaliar e melhorar a
rio e aprovadas pela CTGRHT, que capacidade técnica e institucional
estão no documento conclusivo do dos municípios, o CIDEMA desenvol-
evento. Um dos pontos fundamen- ve ainda no âmbito do Projeto Alto
tais foi a sugestão de estabelecer um Paraguai o subprojeto 7.5. – Desen-
acordo entre o Brasil e o Paraguai volvimento e Fortalecimento das Or-
para a gestão da bacia do rio Apa, ganizações para a Gestão Integrada
atualmente em elaboração pela das Bacias dos Rios Miranda e Apa.
CTGRHT (proposta técnica) e a cria- No âmbito desse projeto, foi proposto
ção de um Grupo de Trabalho em o aperfeiçoamento do organograma
cada país que facilitasse a imple- do CIDEMA, de forma que possibili-
mentação da gestão. tasse inserir decididamente a variá-
vel do planejamento regional, tendo
De acordo a sugestão do Semi-
como base a bacia hidrográfica.
nário Internacional realizado em
Bela Vista, os Grupos de Trabalho Como pode ser acompanhado
para a promoção da gestão transfron- na figura 47, esses estudos resulta-
teiriça seriam formados em ambos ram em uma alteração na estrutu-
os lados da fronteira. No Brasil: Mi- ra institucional do consórcio, na qual
nistério das Relações Exteriores a instância deliberativa será o Con-
(MRE), Ministério do Meio Ambiente selho de Bacia (antes Conselho de
(MMA) —através da Secretaria de Municípios) e com a designação de
82
outras duas instâncias, a primeira
de assessoramento aos integrantes
do consórcio, composto pelos Con-
selhos Municipais de Recursos Hí-
dricos e Meio Ambiente (antes de-
nominado Conselho de Entidades)
e uma outra de assessoramento
técnico à Diretoria Executiva, in-
tegrada pelos representantes dos
organismos municipais de meio
ambiente e recursos hídricos (an-
tes denominado Conselho Técnico).
Este modelo é uma tentativa
de suprir as deficiências decor- Figura. 47: Estrutura proposta para adequação do
CIDEMA à gestão plena dos recursos hídricos.
rentes da inexistência de organis-
mos de bacias em MS (comitês).
Ressalte-se que, mesmo com a fu-
tura estruturação dos comitês, os
consórcios poderão continuar fun-
cionando pois, nesse caso, a repre-
sentação dos municípios é mais
expressiva.

83
84
7
Desafios para a gestão
da bacia hidrográfica

85
7.1. Tendências do uso da terra e contrário ocorreu em relação à po-
usos dos recursos hídricos na Ba- pulação da área urbana dos muni-
cia Hidrográfica do Rio Miranda - cípios, que cresceu, na média,
Cenários 2,93% no período considerado.
A figura 48 apresenta distri-
Comparado a outros Estados buição espacial da população urba-
8
Apenas como elemento
comparativo, pode-se da Federação, Mato Grosso do Sul na e rural na BHRM para o ano
citar como exemplo a
microrregião do Baixo
possui uma densidade demográfica 2000, dos dados apresentados na
Pantanal, que possui baixa, de apenas 5,25 hab/km2. tabela 14. Na figura, o tamanho do
somente 1,37 hab/km2
A Bacia Hidrográfica do Rio círculo indica a população total, a
Miranda apresenta uma ocupação cor marrom a população urbana e
ainda mais rarefeita8, com apenas a cor verde a população rural dos
4,73 hab/km2. Enfatize-se que nes- municípios.
ta estimativa não foi considerada A Bacia Hidrográfica do Rio
a população de Campo Grande, que Miranda apresenta 72% da sua po-
está localizada no divisor da bacia. pulação em áreas urbanas e 28%
A tabela 14 apresenta a evo- em áreas rurais, conforme ilustra-
lução da população urbana e rural do na figura 49. A figura 50 apre-
dos municípios da Bacia entre os senta a localização das áreas urba-
anos de 1991 a 2000, bem como as nas consideradas neste projeto. Sa-
taxas de crescimento. liente-se que em tais estimativas
foi desconsiderada a população de
Municípios Urbano Rural Total Urbano Rural Total Taxa Taxa Taxa
1991 1991 1991 2000 2000 2000 anual anual anual Campo Grande, pois esse municí-
Urbana
(%)
Rural
(%)
Municipal
(%)
pio se encontra no divisor da bacia.
Anastácio 14376 5564 19940 17261 5199 22460 2.23 -0.73 1.40
Aquidauana 29294 1004 39342 33773 9605 43378 1.70 -0.49 1.14
8 7.2. Atividades impactantes
Bandeirantes 4088 2081 6169 4536 1879 6415 1.22 -1.08 0.44
Bela Vista 16121 3014 19135 18017 3741 21758 1.31 2.68 1.52
Bodoquena 4125 3995 8120 5217 3135 8352 2.94 -2.39 0.32 Muitas atividades interferem
Bonito 10322 5221 15543 12796 4031 16827 2.66 -2.53 0.92 na qualidade ambiental da Bacia
Campo 518687 7439 52612 65483 7702 66253 2.92 0.39 2.88
Grande 6 2 4 Hidrográfica do Rio Miranda, como
Corguinho 1055 2624 3679 1473 2093 3566 4.40 -2.25 -0.34 as relacionadas à circulação de ve-
Corumbá 76660 1175 88411 86153 9551
1
95704 1.38 -2.08 0.92
ículos leves e pesados na malha vi-
Dois Irmãos 3931 4818 8749 4365 4958 9323 1.23 0.32 0.73 ária da bacia e o impacto dessa ati-
Guia Lopes 7058 2109 9167 9012 2054 11066 3.08 -0.29 2.30 vidade na fauna.
Jaraguari 911 3585 4496 1412 3918 5330 6.11 1.03 2.06
Jardim 17601 1724 19325 20911 1589 22500 2.09 -0.87 1.83 Outros aspectos estão relaci-
Maracaju 17356 5643 22999 21175 5025 26200 2.44 -1.22 1.55 onados com os empreendimentos
Miranda 10677 9499 20176 12054 10939 22993 1.43 1.68 1.55 turísticos, tipo pesqueiro. Median-
Nioaque 4769 6288 11057 5985 8985 14970 2.83 4.77 3.93
te estudo preliminar realizado pelo
Ponta Porã 47040 8501 55541 54430 6536 60966 1.75 -2.57 1.09
Porto 6184 6624 12808 8310 4920 13230 3.82 -2.86 0.37
projeto Alto Paraguai, identificou-
Murtinho se que a grande maioria desses em-
Rio Negro 3598 2006 5604 3708 1691 5399 0.34 -1.74 -0.41
Rochedo 1402 2120 3522 2486 1859 4345 8.59 -1.37 2.60
preendimentos não possui o licen-
São Gabriel 8861 3173 12034 13630 3190 16820 5.98 0.06 4.42 ciamento ambiental regularizado.
Sidrolândia 10794 5546 16340 15557 7625 23182 4.90 4.17 4.65 Conseqüentemente, pode-se afir-
Terenos 4695 5303 9998 5640 5946 11586 2.24 1.35 1.76 mar que o uso dos recursos natu-
Tabela 14: População urbana e rural e taxas de crescimento dos municípios da região de rais não foi dimensionado, não ha-
estudo, de 1991 a 2000.
vendo controle sobre os mesmos.
Observe-se que a maioria da
população rural dos municípios
(com exceção de Bela Vista, Cam- 7.2.1. Problemas de acidentes
po Grande, Dois Irmãos, Jaraguari, com a fauna
Miranda, Nioaque, São Gabriel,
Sidrolândia e Terenos) sofreu pe- A malha viária presente na ba-
queno decréscimo no período, in- cia do rio Miranda é bastante
dicando uma estabilização da popu- diversificada, possuindo desde Áreas
lação rural na área. de Proteção Ambiental, denominadas
“estradas parque” até rodovias fede-
Na média da região, a perda
rais como a BR262, que liga Campo
de população rural foi de, aproxima-
Grande a Corumbá.
damente, 0,26%, no período com-
preendido entre 1991 a 2000. O Um problema grave relacio-

86
nado às vias de acesso entre os nú-
cleos urbanos dos municípios in-
seridos na bacia é a quantidade de
animais que morrem atropelados.
A dissertação de mestrado ela-
borada por Wagner Augusto Fischer,
sob orientação do Prof. Dr. Eliezer
José Marques, denominada “Efeitos
da BR-262 na mortalidade de verte-
brados silvestres: síntese natura-
lística para conservação da região
do Pantanal, MS”, nos dá uma di-
mensão dessas ocorrências.
Segundo dados levantados
nessa dissertação, apurados por
meio de registros sistemáticos nos
vários tipos de ambiente e de pai-
sagens da estrada entre maio de
Figura 48: Distribuição espacial da população urbana e
1996 e novembro de 1997, os índi- rural na bacia do Miranda para o ano 2000.
ces eram preocupantes. Nesse pe-
ríodo, 1.402 animais foram mortos
por veículos, entre mamíferos,
aves, répteis e anfíbios.
Dentre os 1402 animais mor-
tos por atropelamento foram
identificadas 84 espécies, algumas
ameaçadas de extinção:
• lobo-guará (Chrysocyon
brachyurus);
• jaguatirica (Felis pardalis);
• onça-pintada (Panthera onça);
• lontra (Lontra longicaudis);
• tamanduá-bandeira (Myrme-
cophaga tridactyla).
Ainda segundo Fischer
(1997), a taxa de mortalidade era
Figura 49: Totalização das populações urbanas e rurais
de 16,8 atropelamentos/mês em da BHRM.
1990, passando para 30 em 1992 e
atingindo 105 atropelamentos/
mês em 1997.

7.2.2. Empreendimentos
28%
turísticos para a prática da pes-
ca desportiva

Na Bacia do Alto Paraguai,


estabelecimentos turísticos, espe-
cialmente os denominados pes-
queiros, são mais expressivos em 72%
Corumbá, Miranda, Bonito e Aqui-
dauana. Poucos empreendimentos
Pop. Urbana Bacia Pop. Rural Bacia
(hotéis, pesqueiros, hotéis-fazen-
das) direcionados a receber turis-
tas com interesse na prática da Figura 50: Áreas urbanas na BHRM.
pesca possuem licença prévia ou
licença de operação. Um levanta-
87
mento preliminar indica que cer-
ca de 91,5% desse tipo de empre-
endimento encontra-se funcionan-
do de forma irregular.
Em artigo publicado na Revis-
ta de Geografia da UFMS, em 1999,
o professor de geografia Edvaldo
Cesar Moretti relatou o resultado
de um levantamento que demons-
tra a concentração de turistas em
apenas dois rios, o Paraguai e o Mi-
randa – sendo que das regiões ele-
vadas ao redor do Pantanal descem
175 rios. Além disso, demonstrou
a concentração no tipo de peixe
pescado (Pacu, Pintado e Jaú, es-
pécies consideradas nobres para o
consumo), questionando se essa
pressão tem promovido a diminui-
ção da quantidade de peixes nos
rios pantaneiros.

88
8
Proposições de critérios
de outorga e cobrança
para a Bacia

89
8.1. Critérios de outorga mandas atuais e que já está em vi-
gor legislação federal, regula-
Ao longo dos trabalhos, ficou mentadora da outorga do direito de
demonstrado que a bacia não apre- uso de recursos hídricos e da cobran-
senta conflitos entre oferta e deman- ça pelo seu uso, sugere-se a adoção
da de água, mas sim um enorme dos critérios propostos pela mesma.
desperdício. Isto equivale a uma O primeiro critério digno de
analogia: a bacia é como uma cida- menção são as definições prévias
de com uma quantidade enorme de inseridas na legislação. Dentre
perdas no seu sistema de distribui- elas, a de disponibilidade hídrica,
ção de água, apesar de ter volumes que consiste na diferença entre o
suficientes para o abastecimento. volume aleatório (volume disponí-
Com vistas a minimizar os desper- vel ao longo do mês em um corpo
dícios e desta forma propiciar um uso hídrico, assumindo um valor dife-
mais racional da água, sugere-se: rente a cada mês) e o volume já
outorgado, acrescida dos volumes
• Monitorar o uso de água sub-
dos usos considerados insignifican-
terrânea disponível na porção W da
tes, mais a quantidade mínima de
bacia, especialmente na região de
água para a preservação e manu-
Bonito, no sentido de minimizar os
tenção dos ecossistemas aquáticos
impactos nas feições cársticas, face
e para a prevenção da degradação
à fragilidade do ecossistema associ-
ambiental (sugere-se para o caso
ada às condições hidrogeológicas.
do Miranda a adoção do Q7,10) e mais
Nesse sentido, há também que se
a quantidade mínima para manu-
considerar a necessidade de estabe- tenção das características de
lecer critérios restritivos de uso do navegabilidade caso o plano de re-
solo e mensurar as conseqüências cursos hídricos da bacia inclua
do ecoturismo, com especial atenção essa modalidade de transporte.
no destino final de resíduos sólidos
urbanos, esgotamento sanitário e A outorga de direito de uso
uso de agrotóxicos na agricultura. sugerida será feita em duas modali-
dades – concessão (serviço público)
• Induzir, na totalidade da ba- e autorização (setor privado), estan-
cia, à utilização de tecnologias de do prevista sua validade por, no má-
produção agrícola mais avançadas, ximo, 20 anos. A outorga só será
como por exemplo o plantio direto dada nos casos em que houver dis-
com sistematização do solo, que ponibilidade hídrica outorgável,
além de aumentar a disponibilidade mantendo-se um nível de garantia
hídrica para as plantas, de modo mínimo, para cada usuário, de 85%
mais perene, contempla o aumento e um máximo de 95% mês a mês. A
da produtividade agrícola com a unidade de medida para cobrança do
minimização de impactos ambien- volume outorgado deverá ser metros
tais (redução dos processos erosivos
cúbicos, sendo a ordem de priorida-
e lixiviação de macro e micro-
de para a emissão da outorga os se-
nutrientes do solo).
guintes usos:
• Monitorar os efeitos de irri-
1º - Abastecimento Público;
gação de arroz no contexto da planí-
cie pantaneira, em razão da sensi- 2º - Dessedentação de Animais;
bilidade do ecossistema, bem como 3º - Preservação da Fauna Sil-
pelo fato das condições agrogeológi- vestre;
cas evidenciarem suscetibilidade
intrínseca dos solos para agrava- 4° - Irrigação de Cultivos (su-
mento de processos naturais de gestão da Consultora);
salinização. A outorga do uso da 5° - Abastecimento Industrial
água para irrigação por inundação (sugestão da Consultora).
deverá obedecer a critérios mais
restritivos em relação ao restante da
bacia. 8.2. Critérios de cobrança
Tendo em vista que a Bacia
Hidrográfica do Rio Miranda não No que concerne à cobrança,
apresenta problemas relacionados a verifica-se que os exemplos estran-
conflitos de uso nos moldes das de- geiros e brasileiros, apesar de serem
90
eficientes economicamente, não Também é importante levar
consideram a variável ambiental. em conta as atividades econômi-
Em geral, é visada a viabilidade fi- cas exercidas no local, discrimi-
nanceira, permitindo a arrecadação nando aquelas mais compatíveis
de recursos para os investimentos com a produção de água.
previstos no sistema de geren-
É vital favorecer maior poder
ciamento de recursos hídricos. Con-
de infiltração de água no solo e isto
tribuições à eficiência econômica e
se relaciona com a cobertura ve-
ambiental poderá haver, mas ape-
getal. No caso de coberturas den-
nas como efeito colateral.
sas, como matas, a infiltração de
Tendo em vista essas consi- água no solo é maior, aumentando
derações, propõe-se uma formulação sua retenção no solo e conseqüen-
de cobrança de água que, além de temente proporcionando maior
ser eficiente economicamente, pro- oferta e disponibilidade de água
cure reduzir os desperdícios obser- para o manancial.
vados e, ao mesmo tempo, induza ao
Por outro lado, para propiciar
desenvolvimento sustentado na
um maior poder de infiltração das
medida em que inclui a preserva-
águas das chuvas, torna-se neces-
ção dos recursos ambientais.
sário evitar práticas que provoquem
A proposta referente aos cri- a compactação do solo e a conse-
térios de cobrança que será explici- qüente impermeabilização da su-
tada a seguir visa atender, princi- perfície, às vezes pelo próprio ma-
palmente, à otimização do uso dos nejo inadequado do solo. Diversos
recursos hídricos em termos quan- processos como infiltração, redistri-
titativos e à manutenção das condi- buição, evaporação, absorção pelas
ções de qualidade locais. plantas e conservação da estrutura
do solo se interligam, todos relacio-
Partindo da legislação referi-
nados com a manutenção da cober-
da à cobrança pelo uso da água, in-
tura vegetal.
troduz-se o conceito de “remune-
ração (ou abatimento da cobrança) Para fins de ordenamento
pela “produção do recurso hídrico” quanto ao modelo que está sendo
(em termos quantitativos e quali- proposto, toma-se como exemplo a
tativos), como um mecanismo de diferença de comportamento dos so-
incentivo à preservação ambiental los frente a infiltração de água se-
de “áreas produtoras de água” e, gundo a cobertura vegetal existen-
portanto, alvo de restrições quan- te, subdividindo-as em matas, pas-
to a formas de exploração econômi- tagens e culturas.
ca incompatíveis.
Nas matas, ocorre vegetação
A proposta de remuneração (ou de porte arbóreo, às vezes de grande
abatimento na cobrança pelo uso da porte e com raízes profundas. Na
água) ao produtor de água poderá mata densa, o solo contém muito
seguir as mesmas etapas citadas na material em decomposição, que o
lei, incluindo-se, juntamente com a torna permeável, facilitando a pene-
cobrança pelo uso da água, a remu- tração da água das chuvas. Isso co-
neração ao responsável pela manu- labora também para a preservação
tenção da quantidade e da qualida- da própria estrutura do solo. O
de da água em sua propriedade. As- sombreamento reduz a evaporação
sim, se definiriam os instrumentos da água, mantendo a umidade e a
técnicos e jurídicos para a implan- temperatura constantes.
tação do sistema de remuneração.
Os campos antrópicos (pasta-
Para que se possa calcular o gens) e os campos naturais possu-
valor da compensação financeira das em características semelhantes
propriedades privadas, é preciso con- quanto à conservação da água. Po-
siderar diversos fatores, entre eles o dem ocorrer solos compactados e/ou
tipo de cobertura vegetal existente na arenosos e vegetação rasteira com
área de estudo, principalmente pelo raízes superficiais. A maior exposi-
fato desta estar intimamente relaci- ção do solo aumenta a evaporação e
onada com a retenção de água do solo o solo sofre maior impacto da chu-
e com a proteção a processos erosivos. va, com maior perda relativa de ter-
91
ra por erosão do que nas matas. taxa de cobrança do que aquela que
“produza” menos água e não tenha
Nas regiões de cultivo, muitas
os mesmos cuidados com a preser-
vezes representadas por monocultu-
vação dos recursos ambientais. Por
ras, existe maior perda da fertilida-
isso, neste índice entram todos os
de, empobrecimento, desagregação
parâmetros ligados à produtividade
e erosão do solo (maior evaporação
da água, com pesos relativos. Como
da água e maior perda de solo).
a mata propicia uma produção de
Levando em conta esta con- água maior e mais regular do que
ceituação, é possível fazer uma si- outros tipos de cobertura vegetal,
mulação e a sistematização do aba- seu índice relativo deve ser maior,
timento por proprietário através de enquanto que a pastagem terá um
um cálculo, que pode ser expresso índice menor e as diferentes áreas
através de fórmula: cultivadas terão índice menor ain-
onde: da. Fica aberta portanto a possibili-
dade de manipulação dos índices,
R = rateio do custo de produ- conforme a intenção de adequação
ção de água, preservação ambiental e interesse de incentivo do aumen-
e conservação do solo to da produtividade de água. Uma
afb = área de floresta e/ou ba- escala de proporção relativa
nhados do proprietário em questão sugerida do índice poderia ser como
a apresentada na tabela 15.
ifb = índice de produtividade de
água de floresta e/ou banhados do Um outro elemento compo-
proprietário em questão nente da fórmula de cobrança pro-
posta diz respeito ao tipo de mane-
ax = área de cada um dos usos jo do solo agrícola. Sabe-se, de uma
do solo x do proprietário em questão maneira geral, que a tecnologia de
ix = índice de produtividade de produção agrícola usualmente pra-
cada um dos usos do solo x do propri- ticada no Estado é uma das grandes
etário em questão responsáveis pela introdução de só-
lidos nos corpos hídricos e com eles
n = os vários usos do solo que todos os elementos químicos pre-
compõem a propriedade sentes nos solos (alumínio, ferro,
O valor individual do Rateio é manganês etc.), bem como aqueles
o coeficiente que, multiplicado pelo utilizados nas lavouras (fertilizan-
valor total da cobrança da água ou- tes, pesticidas, herbicidas), poden-
torgada, definirá o abatimento de do também, em casos mais críticos,
cada proprietário, em função da área determinar o assoreamento das co-
de florestas e/ou banhados em rela- leções hídricas.
ção à área total da propriedade e seus O manejo inadequado do solo
diversos usos. agricultável, que não utiliza práti-
O índice “i”, que é o cas conservacionistas, culmina
multiplicador da fórmula, tem a fun- com o processo de compactação e
ção de fazer com que a propriedade baixa infiltrabilidade, tendendo a
que “produza” mais água e tenha produzir grande volume de escoa-
maiores cuidados com a preservação mento superficial pelo incremento
dos recursos naturais seja benefici- do “run-off”, podendo chegar a 70%
do volume precipitado (equivalente
ada com maiores abatimentos da
a um coeficiente de escoamento de
TIPO DE ÍNDICE DE áreas urbanas). Como conseqüên-
cia tem-se enxurradas que, além de
COBERTURA PRODUTIVIDADE causarem erosões e degradarem o
Floresta e/ou 1,0 solo, geralmente aumentam o po-
Banhados tencial de enchentes nos rios a par-
Pastagem 0,5 tir do assoreamento das calhas.
Lavoura de 4 anos 0,3 Exemplificando, estima-se
Lavoura de 8 anos 0,2 que a perda média das propriedades
brasileiras onde predominam os sis-
Lavoura de 14 anos 0,1 temas convencionais de manejo é
Tabela 15: Índices de Produtividade. da ordem de 25 ton/ha.ano, ao pas-
92
so que manejos conservacionistas Este último critério servirá
comprovadamente eficientes, como também para cobrança da taxa de
o plantio mínimo e o plantio direto, consumo de água para o abasteci-
são responsáveis pela redução des- mento público, ou seja, a taxa bási-
sas perdas no solo em até 90% (re- ca deverá ser multiplicada por um
sultando aproximadamente 3 ton/ índice que será o resultado da divi-
ha.ano) e também pela menor perda são das perdas ocorridas no siste-
de água na medida em que permite ma de abastecimento (em %) por
maior infiltração. um percentual básico considerado
razoável, de 35%. Da mesma forma
Além dos benefícios na propri-
que em relação ao uso para irriga-
edade (aumento da produtividade da
ção do arroz ter-se-á uma indução
cultura), os benefícios gerados por
na redução das perdas do sistema
manejos menos agressivos aos re-
de abastecimento público. Propõe-
cursos ambientais variam desde a
se que, tendo em vista ser um uso
redução de enchentes dos cursos
prioritário em todos os sistemas
d’água até a diminuição do assore-
mundiais de cobrança instituídos,
amento e da poluição de rios e la-
na taxa básica do consumo para
gos em função do menor aporte de
abastecimento público seja aplica-
sedimentos, nutrientes e agrotóxi-
do um deflator de 10% (TB x 0,9).
cos. Desta forma, qualquer tecnolo-
gia que implique em tais benefíci- No que concerne aos demais
os é desejável, devendo receber in- usos, propõe-se que o uso industrial
centivos institucionais e legais con- seja taxado em 10% a mais do que o
forme preconiza a legislação de re- valor da taxa básica e o consumo para
cursos hídricos. dessedentação de animais seja a
taxa básica sem qualquer redução ou
Assim, no intuito de incen-
incremento de custo.
tivar o uso das mesmas, propõe-
se uma redução das tarifas a se- Levando-se em conta os as-
rem cobradas pelo uso da água, de pectos acima mencionados, a fór-
forma análoga à preservação de mula proposta para cobrança da
florestas e banhados. Desta for- água pelos diferentes usuários da
ma, pode-se introduzir um índice Bacia Hidrográfica do Rio Miranda
de abatimento na fórmula de co- é apresentada abaixo.
brança segundo o uso das seguin-
tes técnicas, no caso do plantio do
8.2.1. Síntese das formulações de
arroz na BHRM:
cobrança de água:
- Sistematização do solo e
plantio direto – 0.80; • Cobrança = Volume x Cus-
- Plantio direto sem sistema- to (taxa básica) = (m3/mês) (R$/
tização do solo – 0.90; m3)

- Sistema convencional – 1.0 Sendo que:

Com vistas a minimizar o A taxa básica, a ser defini-


uso intensivo da água pelas ativi- da, é igual tanto se a tomada de
dades orizícolas, propõe-se que o água for de água superficial como
valor a ser cobrado seja uma taxa subterrânea;
básica unitária por m3 a ser outor- Consumo médio da lavoura do
gado, multiplicada por um índice de arroz na bacia = m3/ha/safra, a ser
consumo que será a divisão do con- definido;
sumo efetivo que o usuário preten-
de (m3/ha/safra) e o consumo mé- Índice de consumo para irri-
dio dessa atividade. gação do arroz = consumo efetivo
m3/ha/safra, a ser definido.
Desta forma, o usuário pagará
mais se consumir um volume de • Custo (R$/mês) irrigação =
água superior à média da bacia e, ao TB x [( consumo efetivo/cons. mé-
contrário, desembolsará menos se dio bacia) x (1-R) x Tec]
esse consumo for menor, induzindo, Onde:
desta forma, a adoção de técnicas de
cultivos que usem menos água. TB = taxa básica a ser defini-

93
da pelo comitê; Os estudos brasileiros forne-
cem, apenas, uma ordem de gran-
R = rateio do custo de produ-
deza para os valores a serem adota-
ção de água, preservação ambiental
dos. Eles são semelhantes aos pra-
e conservação do solo;
ticados no exterior. A definição final
Tec = índice em função da tec- do valor a cobrar exige negociações
nologia de plantio utilizada. no âmbito do Comitê da Bacia do Mi-
• Custo abastecimento públi- randa. Há também necessidade de
co = TBx 0,9 x índice de perdas estudos sobre a elasticidade-preço da
demanda por água no Brasil e da dis-
Onde: posição a pagar dos usuários, para
Índice de perdas para abaste- uma análise mais acurada dos im-
cimento público = índice de perda pactos da cobrança, no que se refere
efetivo do sistema /35%. à arrecadação promovida, às
retrações de uso, aos impactos nas
• Custo do consumo indus- atividades econômicas e nos dife-
trial = TB x 1,1 rentes segmentos sociais, permitin-
• Custo consumo desse- do a definição de mecanismos de
dentação de animais = TB x consu- proteção àqueles com menor poder
mo aquisitivo. Estes estudos estão
concentrados na cobrança da água
Em suma, o modelo de cobran- superficial, sendo importante
ça proposto objetiva criar condições estendê-los para a água subterrânea,
de sustentabilidade dos recursos que tem preço mais alto no exterior
ambientais da área, em especial dos sob a justificativa de ter melhor qua-
seus recursos hídricos, facilitando lidade, devendo ser, por isto, reser-
também o gerenciamento dos mes- vada a usos mais nobres. Há outros
mos, na medida que os usuários se- usos da água que não foram contem-
rão co-responsáveis e participarão, plados nos exemplos deste texto,
diretamente, na otimização do uso como recreação, transporte fluvial e
dos recursos hídricos pelo fato de vis- geração de energia elétrica, onde
lumbrarem, concretamente, benefí- métodos específicos deverão ser ado-
cios financeiros em função da me- tados.
nor cobrança dos volumes de água
consumidos.
Para tanto, propôs-se o abati-
mento da cobrança pelo uso da
água aos proprietários do local de
acordo com o uso e ocupação do solo
e as técnicas de produção agríco-
las utilizadas, como meio de com-
pensação financeira por conservar
os ecossistemas naturais e adotar
práticas agrícolas conserva-
cionistas do solo.
A chance de sucesso desta pro-
posta está diretamente ligada ao tra-
balho de inserção sócioambiental da
população residente ou proprietária
de terras na bacia. Esse instrumen-
to de gestão baseado na valoração
econômica da água visa, em última
análise, que cada habitante da ba-
cia tenha consciência da situação e
atue na conservação dos recursos
hídricos como co-responsável neste
processo, atuando inclusive no au-
xílio técnico e como agente
fiscalizador das atividades desenvol-
vidas no uso do solo na bacia.

94
9
Contribuição ao Processo
de Discussão sobre a
Gestão da Bacia do Rio
Miranda: O Workshop

95
Nos dias 13, 14 e 15 de agos- bios com o WWF para elaborar o do-
to de 2003, em Bonito (MS), foi rea- cumento “Caracterização da Bacia
lizado um workshop reunindo todos Hidrográfica do Rio Miranda”, que
os atores representativos da ges- foi objeto de convênio entre ambas
tão da bacia do Rio Miranda. O instituições, firmado em novembro
evento foi realizado pelo Consórcio de 2002. No escopo do convênio es-
Intermunicipal para o Desenvolvi- tava prevista a realização de um
mento Integrado das Bacias dos evento para apresentação e discus-
Rios Miranda e Apa – CIDEMA em são dos resultados.
parceria com o WWF-Brasil, e con-
A primeira reunião de plane-
tou com o apoio do Instituto Meio
jamento para realização do work-
Ambiente Pantanal, da Secretaria
shop ocorreu em 3 de abril de 2003.
de Estado do Meio Ambiente de
Nessa ocasião, foram estabelecidos
Mato Grosso do Sul – SEMA/IMAP,
os objetivos do evento e uma lista
do Projeto GEF Pantanal Alto Para-
inicial de atores a serem convida-
guai e da Rede Brasil de Organis-
dos. No mês de julho de 2003, uma
mos de Bacias Hidrográficas –
segunda reunião foi realizada para
REBOB.
determinar os ajustes finais, apro-
Os objetivos eram conhecer veitando o evento promovido pelo
ações e projetos desenvolvidos na WWF no âmbito do Programa Água
região; divulgar para as organiza- para a Vida – Água para Todos.
ções envolvidas o documento “Es-
O programa do evento foi es-
tado da Arte da Bacia Hidrográfica
tabelecido de acordo com a dinâ-
do Rio Miranda”, produzido pelo
mica e a metodologia estabeleci-
CIDEMA e WWF; identificar lacunas
das, compreendendo a seguinte
e oportunidades para a gestão da
estrutura:
Bacia do rio Miranda e reunir ele-
mentos para o planejamento, a cur- • Apresentações dos partici-
to e médio prazo, da gestão das ba- pantes
cias hidrográficas.
• Apresentação dos objetivos,
Ao final do workshop, além metodologia e produtos do workshop
das contribuições provenientes dos
• Apresentação “Gestão dos
03 (três) grupos de trabalho –
Recursos Hídricos no Brasil” (MMA/
mobilização para a gestão; plane-
ANA/SRH)
jamento da gestão e seus instru-
mentos e demandas e usos dos re- • Apresentação “Gestão dos RH
cursos — foi possível elaborar o do- no MS” (SEMA/IMAP)
cumento “Agenda de Compromisso
• Apresentação “RH na BAP”
para a Gestão Integrada da Bacia
(GEF Pantanal Alto Paraguai e Pro-
Hidrográfica do Rio Miranda”, que
jeto Pantanal)
reuniu as principais contribuições
do evento. • Subsídios para a Gestão da
Bacia do Miranda (CIDEMA/WWF/
Estado da Arte)
9.1 Preparação do evento
• Estruturação dos Grupos de
O workshop tem sua origem Trabalho
no 1º Encontro de Intercâmbio para • Grupos de Trabalho
o Fortalecimento de Organismos de
• Plenária de Socialização dos
Bacias, evento realizado pela
Trabalhos dos Grupos
REBOB em 01 e 02 abril de 2002,
na cidade de Bonito. Nessa ocasião, • Conclusões, Recomendações
estabeleceu-se um contato entre o e Avaliação
CIDEMA, o WWF-Brasil e o Projeto
Alto Paraguai, com o interesse de
estabelecer parceria para organi- 9.1.1 Objetivos
zar um processo de gestão da Ba-
cia Hidrográfica do Rio Miranda. Geral
Posteriormente, em setembro • Identificar ferramentas e meca-
de 2002, iniciaram-se os intercâm- nismos que, proporcionando a im-
96
plementação de ações adequadas, Empresa Brasileira de Pesquisa
viabilizem a gestão da Bacia Hidro- Agropecuária - EMBRAPA/Pantanal.
gráfica do Rio Miranda, mediante
Federação de Agricultura de Mato
apresentação e discussão das in-
formações disponíveis pelas orga- Grosso do Sul - FAMASUL.
nizações convidadas. Federação de Indústrias de Mato
Específicos: Grosso do Sul - FIEMS.

• Apresentar o documento “Estado Fórum das Organizações Não-Gover-


da Arte da Bacia Hidrográfica do Rio namentais de Mato Grosso do Sul.
Miranda”, elaborado pelo CIDEMA Universidade Federal de Mato Gros-
em convênio com o WWF; so do Sul - UFMS.
• Conhecer as informações Universidade Católica Dom Bosco -
disponibilizadas pelas demais insti- UCDB.
tuições que atuam na região (MMA/
Universidade para o Desenvolvi-
SRH/ANA, SEMA/IMAP, CPAP/
mento do Estado e Região do Panta-
EMPRAPA, Programa Pantanal, Pro-
nal -UNIDERP.
jeto GEF Pantanal Alto Paraguai,
entre outros); Universidade Estadual de Mato
Grosso do Sul - UEMS.
• Identificar parceiros potenciais
para a implementação da gestão da Secretaria de Estado de Produção e
Bacia Hidrográfica do Rio Miranda, Turismo - SEPROTUR/MS.
através da participação de represen-
Empresa de Saneamento de Mato
tantes de todos os atores sociais
Grosso do Sul - SANESUL
envolvidos direta e indiretamente
na região; Sociedade de Defesa do Pantanal -
SODEPAN.
• Identificar lacunas e desafios para
a efetivação da gestão; Associação de Atrativos Turístico de
Bonito e Região - ATRATUR.
• Identificar prioridades para a ges-
tão da Bacia do Miranda e elemen- Associação de Hotéis Bares e Si-
tos que permitam a continuidade milares - ABHRS.
dessa gestão.
Instituto de Desenvolvimento da
Terra - IDATERRA.
9.1.2. Instituições convidadas Fundação Nacional do Índio - FUNAI.

Durante as reuniões prepara- Policia Militar do Meio Ambiente -


tórias, organizou-se uma lista de PMA/MS.
instituições a serem convidadas, Ministério Publico Estadual - MPE.
procurando contemplar todos os ato-
Fórum Nacional de Comitês.
res direta e indiretamente envolvi-
dos na gestão da Bacia Hidrográfica Conselho Estadual de Controle
do Rio Miranda. Foram elencadas 40 Ambiental - CECA.
organizações:
Projeto GEF Pantanal Alto Paraguai.
Ministério do Meio Ambiente - MMA.
Municípios com área na Bacia Hi-
Agência Nacional de Águas - ANA. drográfica do Rio Miranda:
Secretaria de Recursos Hídricos - Anastácio; Guia Lopes da Laguna;
SRH. Nioaque; Rochedo; Terenos;
Bodoquena; Dois Irmãos do Buriti;
Instituto Brasileiro de Meio Ambi- Bonito; Miranda; Jardim; Corgui-
ente e dos Recursos Naturais nho; Bandeirantes; Aquidauana;
Renováveis - IBAMA. Jaraguari; Maracaju; Sidrolândia;
Programa BID/Pantanal. Ponta Porã; Campo Grande; São
Gabriel do Oeste; Rio Negro;
Secretaria de Estado do Meio Am- Corumbá; Bela Vista e Porto
biente – SEMA/MS.
Murtinho.
Instituto de Meio Ambiente Panta-
Federação dos Pescadores de Mato
nal - IMAP.
Grosso do Sul.
97
Associação de Produtores de Arroz • Projeto GEF Pantanal Alto
Irrigado - APAI/MS. Paraguai
Associação Brasileira de Engenha- • SRH
ria Sanitária - ABES/MS. • ANA
Associação Brasileira de Recursos
Hídricos - ABRH/MS.
9.2.3 Material visual
Secretaria de Estado de Ciência,
Tecnologia e Planejamento - Para facilitar a visualização da
SEPLANCT/MS. região e de aspectos técnicos do uso
dos recursos das bacias, foram con-
Instituto de Pesquisas em Recursos
feccionados 5 (cinco) painéis com a
Hídricos - IPRH. síntese de mapas e gráficos que re-
Associação dos Municípios de Mato sumem os aspectos relacionados aos
Grosso do Sul - ASSOMASUL. recursos hídricos da bacia do rio
Miranda. Além disso, outros mapas
União dos Vereadores de Mato Gros- sobre a rede hidroclimatológica da
so do Sul. bacia foram fornecidos pela ANA.
Mulheres em Ação no Pantanal -
MUPAN. 9.2.4 Processo e dinâmica das ex-
Conservation International - CI. posições

Iniciativa Pantanal Everglades - IPE. Na abertura do evento (fotos 1


The Nature Conservancy - TNC. a 3), houve apresentação dos objeti-
vos e da metodologia de trabalho.
Cada instituição teve o tempo máxi-
9.2. Realização do Workshop mo de 30 minutos para realizar sua
exposição. Após cada conjunto de 3
(três) apresentações, foram realiza-
9.2.1. Dinâmica das discussões dos debates.

Com a finalidade de subsidiar


as discussões e orientar os trabalhos
dos participantes do workshop, uma
série de estratégias foi concebida,
entre as quais a seleção de institui-
ções expositoras, a disponibilização
de materiais e a estruturação dos
grupos de trabalho.

9.2.2. Disponibilização de
informações

Para harmonizar conceitos, ni- Foto 1: Abertura do evento


velar informações a respeito da atua-
ção dos organismos na bacia e subsi-
diar as discussões nos grupos de tra-
balho, foram disponibilizadas algumas
informações prévias aos participan-
tes, mediante envio de documentos
apresentados pelos expositores:
• Resumo do Estado da Arte da Bacia
Hidrográfica do Rio Miranda
• Resumo de palestras:
• CPAP - EMBRAPA
• SEMA - IMAP
Foto 2: Parceria CIDEMA e WWF-Brasil
• Programa Pantanal
98
GRUPO 1 – Tema: Atores e Fun-
ção da Gestão
Perguntas-chave:
- Identificação dos Atores para a
Gestão da Bacia
- Definição das Funções dos Atores
- Composição do Conselho de Baci-
as – Quem participa? Como os 23
municípios participam da Gestão?
- Quais são os valores fundamen-
Foto 3: Dácio Queiroz, Samuel Barreto e Mauri Pereira tais que devem ser considerados na
gestão da Bacia Hidrográfica do Rio
Miranda?
- Dinâmica, Processo e Instrumen-
tos Contínuos de Mobilização (o que
já existe e o que precisa ser definido
9.2.5. Montagem e dinâmica dos
ou feito) – sustentabilidade da ges-
Grupos de Trabalho
tão – mudanças dos quadros políticos

Com a finalidade de propor- - Sugestões para a Continuidade


cionar uma discussão sobre os te- deste tema e para a Agenda de ges-
mas centrais do workshop, foram tão deste processo
organizados 3 (três) grupos de tra- Conclusões e recomendações
balho com temas diferenciados. do Grupo de Trabalho 1 - Atores e
Para cada tema do grupo de traba- função da gestão
lho, um facilitador incentivou a O Grupo 1 definiu algumas
discussão mediante colocação de preocupações-chave, como o
algumas perguntas-chave, que se mapeamento das áreas de risco e
encontram listadas abaixo. Os gru- vulnerabilidade da Bacia, de forma
pos apresentaram suas avaliações a ter um cuidado especial em rela-
aos outros participantes do ção ao Aqüífero Guarani. Outras de-
workshop, que contribuíram para finições foram estabelecidas:
o aperfeiçoamento das propostas.
• A gestão do uso do solo deve obede-
O funcionamento dos grupos cer aos índices IQA e aos enquadra-
e uma amostragem dos participan- mentos dos corpos de água;
tes podem ser visualizados nas fo-
tos 4 e 5. • É preciso compatibilizar o desen-
volvimento das atividades econômi-
cas de maneira a não interferir na
dinâmica do ecossistema do Panta-
nal. A proposta: estabelecer princí-
pios que vão dar diretrizes para ges-
tão dos recursos hídricos na bacia;
• O Conselho Estadual de Recursos
Hídricos deve ser implementado en-
tre dezembro de 2003 e março de
2004;
• É preciso garantir que os mecanis-
mos de retorno e não-contingencia-
mento dos recursos financeiros di-
Foto 4: Grupo de trabalho
recionados para o Fundo Estadual de
Recursos Hídricos sejam aplicados
nas bacias hidrográficas;
• Considerando que a SEMA está se
estruturando para a implementação
dos Comitês, uma das propostas é
desenvolver o processo de gestão dos
recursos hídricos em áreas piloto
99
utilizando a Bacia do Miranda como GRUPO 2 – Tema: Ferramentas e
modelo na Bacia do Alto Paraguai. Instrumentos de Gestão
O Grupo apontou também para Perguntas-chave:
a necessidade de revisar o documen-
- Plano da bacia - zoneamento
to Estado da Arte da Bacia Hidrográ-
fica do Rio Miranda, especialmente - Instrumentos existentes - informa-
o item de uso do solo com relação à ções necessárias (zoneamento - li-
mineração. cenciamento)
- Instrumentos necessários - preci-
sam ser desenvolvidos ou mobilizados
- Ações prioritárias para mobilizar o
processo de gestão
- Sugestões para a continuidade des-
te processo - no tocante às ferramen-
tas e aos instrumentos de Gestão.
Assuntos a serem discutidos no
Grupo
- Aspectos legais
- Demandas e disponibilização de
Foto 5: Grupo de trabalho recursos
- Aspectos legais e estágio da gestão
- Instrumento de outorga
Sugestões do Grupo 1: - Enquadramento e cobrança
• Formar um Grupo de Trabalho que - Regulamentação da Política Es-
seja interinstitucional e multidisci- tadual
plinar, que possa acompanhar e par-
- Quais as ações prioritárias neces-
ticipar do processo de implementa-
sárias para promover a Gestão (de
ção da lei e do Sistema Estadual de
preferência apontando as atividades
Recursos Hídricos, assim como acom-
no mapa)?
panhar os processos legais já em
andamento. Definir cronograma e - Identificação do Mapa de Especial
priorização de ações (A Secretaria Atenção
Nacional de Recursos Hídricos -SRH
Conclusões e recomendações
e o Programa BID Pantanal do Minis-
do Grupo de Trabalho 2 - Ferramen-
tério do Meio Ambiente - MMA ma- tas e Instrumentos de Gestão
nifestaram disposição de contribuir
para esse processo); O grupo adotou o método de
identificar os instrumentos existen-
• Estabelecer os indicadores de fun-
tes e a sua efetividade. A esse respei-
cionamento para a gestão dos recur-
to, identificou-se que os instrumen-
sos hídricos enquanto o Estado não
tos existentes para a gestão da bacia
tem os instrumentos necessários
não são suficientes, pois não existe a
para a sua implementação;
relação causa-efeito entre o uso do
• Propor uma estratégia de solo e o trecho do rio. Também se con-
envolvimento e mobilização dos cluiu que existe um desconhecimen-
municípios nos seus diversos seg- to do enquadramento existente, fal-
mentos, independente da sua área tando enquadrar as bacias hidrográfi-
física na Bacia; cas que drenam para o Rio Paraná.
• Estabelecer uma parceria entre o Outro aspecto discutido foi em
CIDEMA, a SEMA, ONGs, a ANA e ou- relação ao arranjo institucional com-
tras instituições que tenham inte- preendendo Outorga/Cobrança/Pla-
resse na mobilização e capacitação no. Neste sentido, o grupo concluiu que
dos atores-chave para gestão da Ba- não existe um arranjo e que esse pre-
cia Hidrográfica do Rio Miranda. cisa ser implementado. Também se

100
identificou que o Sistema de Infor- GRUPOS 3 – Tema: Demandas e
mação de Recursos Hídricos está Usos dos recursos da Bacia Hidro-
em processo de implementação, gráfica do Rio Miranda
faltando operacionalizar-se e tor-
Perguntas-chave:
nar-se público.
- Questões Visíveis - usos atuais e
Sugestões do Grupo 2:
futuros
• Democratização das informações;
- Problemas evidentes e implícitos
• Monitoramento das atividades li-
- Prioridades - ações prioritárias
cenciadas;
- Sugestão de ações de continuida-
• Elaboração de bases cartográficas;
de do processo para tratar desse as-
• Realização do zoneamento ambi- sunto
ental;
- Identificação do Mapa de Especial
• Fortalecimento institucional públi- Atenção
co, privado e não-governamental; Assuntos a serem discutidos no
• Atrelar os instrumentos de gestão Grupo
de recursos hídricos existentes a um - Planejamento das Cidades
ordenamento territorial da bacia
através de mecanismos econômicos; - Resíduos sólidos

• Rediscutir o enquadramento; - Saneamento

• Compatibilizar o uso do solo com a - Agropecuária


classe do trecho do rio; - Turismo
• Produzir mecanismos econômicos Conclusões e recomendações
e financeiros que incentivem o cum- do Grupo de Trabalho 3 – Deman-
primento de ocupação e uso do solo das e usos dos recursos da Bacia
compatível com enquadramento; Hidrográfica do Rio Miranda
• Considerar a gestão da Bacia do O grupo de trabalho estabele-
Rio Miranda e não somente a ges- ceu uma lista de temas associados
tão dos recursos hídricos da bacia; aos principais usos e demandas dos
• Avaliar os instrumentos de gestão recursos na BHRM e, de acordo com
- participação social, controle, trans- cada uso, sugestões de controle e
intervenção (veja tabela 16).
parência - não só com enfoque na
cobrança; Uma importante contribuição
desse grupo foi também que cada
• Disponibilizar as informações dos
um dos usos apontados acima foi
órgãos envolvidos: reunir materiais
identificado em um mapa da Bacia,
e criar uma base de dados;
acrescentando informações rele-
• Identificar e organizar informações vantes ao estudo já realizado. Nas
para divulgar com atores envolvidos figuras 51 e 52 está em destaque a
na gestão da bacia. região de influência da pesca pro-
Sugestões do Grupo para a continui- fissional sem e com barco respecti-
dade do workshop: vamente; na figura 53 está assina-
lada a região de área de construção
• Ampla divulgação dos resultados e sua influência. De acordo com o
desse processo, para fortalecer o pro- conhecimento dos participantes do
cesso de gestão; grupo, foram assinaladas as regi-
• Implementação e acompanha- ões onde ocorrem maiores degra-
mento dos resultados discutidos no dações das matas ciliares na bacia,
Workshop; conforme figura 54. Nas figuras 55
a 60, foram indicadas as regiões onde
• Trabalho de sensibilização dos existem problemas de saneamento
tomadores de decisão. básico, atividades industriais, mine-
radoras, irrigação, usos não-
consumptivos da água e áreas de as-
sentamentos. Essas informações são
indicativas da necessidade de apro-
101
Principais usos Sugestões de intervenção
Pesca Profissional Licença (critérios, cotas) delimitação de área de pesca,
regulamentação, estudo do impacto (acordos de pesca).
Pesca turística Chumbadas, estudos e avaliação dos impactos (óleo
motor, dispersão do mexilhão).
Construção Fiscalização, áreas de preservação, mapeamento, propor
soluções, identificação de áreas prioritárias
recuperação, manutenção e obras.
Embarcação motorizada Estudo de impacto, monotorização.
(local da pesca)
Dessedentação do gado Fórum, pesquisa, agricultura, educação ambiental,
(em toda bacia / extensão rural (foco ambiental).
principalmente em solos
arenosos / acesso)
Desmatamento da mata Reativação de viveiros, recuperação das matas ciliares.
ciliar
Saneamento (descarga de Controle de poços, manutenção de esgotos, tratamentos
esgotos urbano domiciliar - adequados, adequar tratamento carga.
todos os municípios)
Indústria (destilarias, Fortalecimento institucional da Secretaria,
frigoríficos) acompanhamento do processo.
Mineração (implosão, Cerâmica, cascalho, dragagem, controle, localização,
dragagem, dados mapeamento, impactos, monitoramento.
desatualizados na
Secretaria, busca de novos
dados)
Arroz irrigado (agricultura Controle de vazão, monitoramento (SEMA - dados)
irrigada) efeitos cumulativos, vazão mínima.
Uso não consumptivos Atender o enquadramento zoneamento ecológico.
(balneários/piscinas)
Assentamentos (águas Efetuar Zoneamento.
subterrâneas)
Diluição de efluentes
(esgotos domésticos e
industria)
Poços (hotéis,
restaurantes, postos - todo
território mais urbano,
fiscalização)
Tabela 16: Sugestões de controle e intervenção.

fundamento a respeito dos proces-


sos que ocorrem nas distintas sub-
bacias do Rio Miranda.
Foi de suma importância a
composição heterogênia do grupo,
dando espaço às mais diversas ques-
tões de uso no território. Os mapas
a seguir têm como pano de fundo o
índice de qualidade de água dos rios
Miranda e Aquidauana. As áreas
destacadas representam os vários
usos identificados.

Figura 51: Áreas de pesca profissional na Bacia


Hidrográfica do Rio Miranda.
Fonte: WWF-Brasil

102
Figura 52: Áreas de Pesca com barcos no rio Miranda.
Fonte: WWF-Brasil

Figura 53: Construção na Bacia do Rio Miranda.


Fonte: WWF-Brasil

Figura 54: Degradação da Mata Ciliar na área da Bacia


do Rio Miranda.
Fonte: WWF-Brasil

103
Figura 55: Áreas da Bacia do Rio Miranda com falta de
saneamento básico.
Fonte: WWF-Brasil

Figura 56: Área da Bacia do Rio Miranda com


concentração de indústria.
Fonte: WWF-Brasil

Figura 57: Atividade mineradora na Bacia do Rio


Miranda.
Fonte: WWF-Brasil

104
Figura 58: Cultivo de arroz irrigado na Bacia do Rio
Miranda.
Fonte: WWF-Brasil

Figura 59: Usos não Consumptivos na Bacia do Rio


Miranda.
Fonte: WWF-Brasil

Figura 60: Concentração de assentamentos na área da


Bacia do Rio Miranda.
Fonte: WWF-Brasil

Vale ressaltar que estes ma-


pas não pretendem ser exatos em
sua localização, muito menos apon-
tar os grandes vilões da bacia. Esta
foi uma primeira tentativa de iden-
tificar grandes usuários de água,
que têm um impacto sobre os recur-
sos hídricos. Um refinamento é sem
dúvida necessário.
105
9.3. Documentos de finalização do 9.4. Conclusões – Agenda de Com-
Workshop promissos

Como síntese das principais As principais conclusões para


discussões e recomendações do efetivar a progressiva gestão da Ba-
workshop, foi proposta aos partici- cia Hidrográfica do Rio Miranda cons-
pantes a elaboração de um docu- tam do documento denominado
mento denominado “Agenda de Com- Agenda de Compromissos para a
promissos para a Gestão Integrada da Gestão Integrada da Bacia Hidrográ-
Bacia Hidrográfica do Rio Miranda”. fica do Rio Miranda.
Este documento teve a finalidade de
sintetizar as próximas fases dos tra-
balhos e oferecer estratégias para a
continuidade dos trabalhos.

AGENDA DE COMPROMISSOS PARA A GESTÃO INTEGRADA


DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO MIRANDA

Considerando que:
- A bacia hidrográfica é um importante espaço de planejamento e de gestão ambiental
integrada, mantenedora dos ecossistemas naturais, da sustentabilidade dos processos
produtivos e da qualidade de vida;
- A implementação de políticas de conservação e gestão integrada dos recursos hídricos se
efetiva nos compromissos do poder público e privado, na produção do conhecimento técni-
co-científico e em ações pró-ativas e complementares;
- Na gestão ambiental brasileira ainda há forte compartimentação, poucas articulações
setoriais, dificultando a integração das políticas e sistemas de gestão dos recursos hídri-
cos e florestais reduzindo, em conseqüência, o alcance das iniciativas de desenvolvimen-
to sustentável nas bacias hidrográficas;
- É prioritária a implementação de ações de conservação e manejo do uso do solo;
- Se faz necessário integrar o conjunto de programas, projetos, ações e informações exis-
tentes e disponíveis sobre a Bacia Hidrográfica do Rio Miranda, com a finalidade de cons-
truir uma ferramenta para sua gestão;
- Deve-se atuar de forma pró-ativa para mobilizar todos os atores da gestão da Bacia do Rio
Miranda, envolvendo-os em todas as etapas preparatórias desse processo subsidiando na
proposta de criação de seu Comitê;
- É preciso estabelecer um processo de construção progressiva e continuada para a Gestão
da Bacia Hidrográfica, como uma das principais prioridades da Bacia do Alto Paraguai no
Estado de Mato Grosso do Sul.
As organizações reunidas no workshop “Estado da Arte da Bacia Hidrográfica do Rio
Miranda”, realizado nos dias 13, 14 e 15 de agosto de 2003 em Bonito, Mato Grosso do Sul,
com a finalidade de apresentar os resultados do levantamento dos aspectos físicos, biológi-
cos, sociais e institucionais da bacia hidrográfica,

Reconhecem:
- A iniciativa pioneira dos organizadores e apoiadores do referido Workshop como marco
inicial para implementar a gestão desta Bacia Hidrográfica;
- O documento “Estado da Arte” que trata da Bacia Hidrográfica do Rio Miranda de forma
integrada e inovadora e, que após revisão, complementações e incorporação das informa-
ções geradas a partir do presente workshop, apresentará o perfil atual dos aspectos relacio-
nados à gestão desta Bacia;

106
- A participação expressiva e ativa de todos os segmentos representados no workshop e
que demonstram o interesse em eleger a Bacia do Rio Miranda como propulsora na gestão
dos recursos hídricos no Estado de Mato Grosso do Sul;
- Como fundamentais a política de conservação e gestão integradas dos recursos hídricos,
a informação, a participação social, a capacitação técnica - científica e da Administração
Pública em todas as suas instâncias;
- A necessidade da integração dos aspectos sociais, culturais, econômicos, ambientais,
éticos e políticos na gestão ambiental e de recursos hídricos, por meio de ações
interdisciplinares;
- A importância de integrar, estimular e apoiar pesquisas para o aprimoramento do co-
nhecimento dos recursos hídricos existentes na Bacia Hidrográfica do Rio Miranda, assim
como mecanismos mais eficazes de conservação integrada e de valoração dos serviços
ambientais;
- As informações sobre a Bacia Hidrográfica do Rio Miranda, produzidas por entidades de
pesquisa, ensino, organizações governamentais e não-governamentais, ainda que frag-
mentadas, são de extrema importância para a conservação e gestão da Bacia;
- Acelerar a efetivação e regulamentação das normas legais sobre a Política Estadual de
Recursos Hídricos de forma integrada com as de gestão ambiental.

Manifestam interesse em:


- Intensificar os trabalhos iniciados de forma a apoiar a implementação do processo de
gestão e manejo na Bacia do Rio Miranda;
- Desenvolver ações para complementar e sistematizar as informações existentes sobre a
Bacia do Rio Miranda;
- Identificar mecanismos para a gestão da Bacia Hidrográfica de forma inovadora e de
acordo com as características específicas da Bacia do Rio Miranda e da Bacia do Alto
Paraguai;
- Dar continuidade à mobilização dos atores da gestão da Bacia, especialmente no compro-
metimento dos municípios;
- Apoiar o Governo do Estado (SEMA/IMAP) para a regulamentação da Lei 2406/2002, es-
pecialmente na constituição e funcionamento do Conselho Estadual de Recursos Hídri-
cos.

Comprometem-se em:
- Criar um Grupo de Trabalho integrado pela SEMA, IMAP, SANESUL, FAMASUL, Universi-
dade Federal (UFMS) e Estadual (UEMS), Rede Pantanal de ONG’s e Movimentos Sociais,
pelo CIDEMA e pelo WWF, com a finalidade de organizar um Plano de Trabalho no prazo de
60 dias, em conformidade aos resultados dos grupos de trabalho, que ora é anexado a este
documento, podendo vir a compor a este outras instituições, conforme interesse e rele-
vância;
- Definir um plano de metas, um cronograma de atividades e priorizações de ações volta-
das à implementação da Lei e do Sistema Estadual de Recursos Hídricos assim como os
mecanismos regulamentares que já estão em andamento. Para tanto, as organizações
definiram pela criação do Grupo de Trabalho integrado pela SEMA, IMAP, PGE, Comissão
de Meio Ambiente da Assembléia Legislativa, CIDEMA, Rede Pantanal de ONG’s, IBAMA,
FAMASUL SANESUL, FIEMS, Fórum de Turismo, EMBRAPA Pantanal, UFMS, UEMS, União
de Vereadores de Mato Grosso do Sul – UVEMS, com a finalidade de dar apoio ao Governo do
Estado para a regulamentação da Lei 2406/2002;
- Estabelecer os indicadores de funcionamento para a gestão dos recursos hídricos en-

107
quanto o Estado não instituir os instrumentos necessários para a sua implementação;
- Realizar no prazo máximo de 12 meses um Workshop de acompanhamento e avaliação
dos resultados obtidos neste período em relação à evolução da Gestão da Bacia Hidrográ-
fica do Rio Miranda.
Bonito, Mato Grosso do Sul, 15 de agosto de 2003.
D Á C IO Q U E IR O Z S IL V A M IC H A E L B E C K E R
P re fe ito d e A n tô n i o J o ã o - M S W W F - B r a s il
P re s id e n te d o C I D E M A e R E B O B
M Á R C IO P O R TO C A R R E R O ED U ARD O M O NG ELI
S e c r e t á r io d e E s ta d o d e M e io A m b i e n t e – W W F - B r a s il
SEM A/M S.
G ERALD O M ARQ U ES M I L T O N M A R IA N I
P re fe ito M u n i c i p a l d e B o n ito – M S UCDB
M A N U E L V ITÓ R IO LIL IA M D E A R R U D A H A Y D R E G O
D i re to r P r e s i d e n te d o I M A P U EM S
R I T A T E R E Z I N H A F IG U E I R E D O D E H U M B ERTO C A R D O S O G O N Ç A LVES
Q U E IR O Z P ro g r a m a G E F P a n ta n a l A lt o P a r a g u a i
D i re to r a d a S A N E S U L
M A U R I C E S A R B A R B O S A P E R EIR A RO B ERTO FO LLEY C O ELH O
C o o r d e n a ç ã o G e r a l d o W o rk s h o p A s s o c ia ç ã o d o s P r o d u to r e s d e A rr o z
A s s e s s o r d o C ID E M A , S e c r e tá ri o I r ri g a d o A P A I / M S
E x e c u ti v o d a R E B O B
M A R IA M A N U E L A M O R E IR A L U I Z A IR T O N G O M E S
S e c r e t a r ia d e R e c u r s o s H í d r ic o s - S R H U FM T
E U R ID E S D E O L I V E IR A M A R IS A E LIZ A B E TH A B R Ã O
A g ê n cia N a cio n a l d e Á g u a s - A N A SEM A/M S
J O R G E N L E E U W E S TEIN P A U L O C ÉS A R B A R B O S A P E R E IR A
P ro g r a m a B ID P a n ta n a l S e c r e t á r io E x e c u t iv o A B E S / M S
J Â N IO F A G U N D E S B O R G E S M Á R C I A D I V IN A D E O L I V E I R A
G e r e n t e d e R e c u r s o s H íd r ic o s – I M A P E M B R A P A P an tan a l
S A M U E L R O IP H E B A R R E TO G IA N C A R L O L A S T Ó R I A
C o o r d e n a ç ã o G e ra l d o W o r k s h o p U FM S
C o o r d e n a d o r d o P r o g ra m a Á g u a p a r a a
V id a W W F B r a s il
B ERN A D ETE LA N G E A N T O N I O C L Á U D I O L A N Z A D E A L M E ID A
C o o r d e n a d o r a d o P r o g r a m a P a n ta n a l SANESUL
W W F - B r a s il
C A R L O S S E B A S TIÃ O M A TO S O B R A G A ED U A R D O FO LLEY C O ELH O
P o lic ia M ili ta r A m b ie n t a l A TRA TU R e FA M A S U L
P A T R ÍC IA H O N O R A T O V E R L O T T I SYNARA O LEND ZKI BRO CH
R e p r e s e n ta n te d o F ó r u m d a s O N G ’S M S ABRH /M S
LO R EN A FERRA R O D E S O U ZA M A R I A E U L Á L IA G IM E N E S
R e p r e s e n ta n te d o M in is té r io P ú b l ic o F U N A I/M S
M E R C ED ES A B ID M ER C A N TE R O B E R TO W IN TE R S S TE IL
R e p r e s e n ta n te d o U N ID E R P P o n ta P o r ã - M S
N EREU FO N TES A IR T O N G A R C E Z G O M E S
D i re to r E x e c u t iv o d o I B A M A / M S I D A T E R R A / B o n ito
S A R A D E S O U Z A M A C IE L V IV I A N B A R B O S A D A C R U Z
R e p r e s e n ta n te d a S A N E S U L F u n d a ç ã o d e T u rism o
C A R IN A S O U Z A C A R D O S O P O M P EU L U IZ A U G U S TO C A N D ID O B EN A TTI
R e p r e s e n ta n te d o C E C A I B A M A - P a r q u e N a c io n a l d a S e r r a d a
B odoqu en a
F E L IP E A U G U S TO D IA S P A U L O H EN R IQ U E M A L A C R ID A
P re s id e n te d a A S P A D A M A C o n s e lh o Té cn ico d o C ID E M A
M a r a c a ju – M S
W A N D I M A R A F R E D IA N I T I R E L L I R IC A R D O R O D R IG U ES LE ITE F IL H O
C o n s e lh o Té cn ico d o C ID E M A C o n s e lh o Té cn ico d o C ID E M A
P o n ta P o r á - M S C o r u m b á (S E M A C T U R )
Á U R E A S IL V A G A R C IA J A D E R L I N S F IL H O
D i re to r a P r e s i d e n te d a M U P A N C o n s e l h o T é c n ic o d o C I D E M A
S e c r e t á r ia E x e c u t iv a d o C ID E M A A q u id a u a n a - M S
F A B R ÍC IO D E S O U Z A M A R I A H E L E N A M A R IA D E A M O R IM TO M C Z A K
A s s o c ia ç ã o d o s A m i g o s d o M im o s o C o n s e lh o Té cn ico d o C ID E M A
B e la V is t a - M S
E N I G A R C IA D E F R E I T A S E D G A R P E IX O TO
IM A P C o n s e lh o Té cn ico d o C ID E M A
A n to n i o J o ã o – M S
E M IK O K A W A K A M I D E R E S E N D E J O S É L U IZ P IN T O C Y R I N O
C h e fe G e r a l d a E M B R A P A P a n t a n a l C o n s e lh o Té cn ico d o C ID E M A
B o n i to
W A G N E R F IL I P P E T T I D A N IE L A D E A LM E ID A N A N TE S
S E M A / M S - P ro g ra m a P a n ta n a l C o n s e lh o Té cn ico d o C ID E M A
J a rd im
L O R IV A L D O A N T O N I O D E P A U L A B IA N C A M O N TE IR O D IA S G A R C IA L IM A
C o o r d e n a d o r d e I n fr a - e s t ru t u r a d o C o n s e lh o Té cn ico d o C ID E M A
W o rk s h o p , A s se s so r d o C ID E M A J a rd im
L U IZ M Á R IO F E R R E IR A
IM A P

108
9.5. ATORES DO WORKSHOP Presidente: Dácio Queiroz Silva
Vice-Presidente: Ida Fransozo
Secretário-executivo: Mauri César
9.5.1. Entidades envolvidas
Barbosa Pereira
CIDEMA
9.5.2. Equipe de coordenação
Presidente: Dácio Queiroz Silva
Vice-presidente: Geraldo Marques Coordenação geral do workshop
Secretário: Abel Nunes Proença Estado da Arte da Bacia Hidrográ-
fica do Rio Miranda:
WWF- Brasil
Mauri César Barbosa Pereira pelo
Secretária Geral Interina - Sandra CIDEMA
Lyster Charity
Samuel Röiphe Barreto pelo WWF –
Superintendente de Conservação - Brasil
Rosa Maria Lemos de Sá
Secretaria executiva do workshop:
Programa Água Para a Vida - Samuel
Röiphe Barreto e Michael Becker Lorivaldo Antonio de Paula
Programa Pantanal Para Sempre - Áurea da Silva Garcia
Bernadete Lange Terezinha da Silva Martins
SEMA – IMAP Colaboradores:
Secretário: Marcio Portocarrerro Eng. Civil Carlos André Bulhões
Superintende de Gestão Estratégi- Mendes
ca Programa Pantanal: Mathias Geólogo Sandor Arvino Grhes
Gonsalez
Eng. Agrônomo Felipe Augusto Dias
Superintende de Pesca: Thomaz
Lipparelli
Diretor Presidente do IMAP: Manu-
el do Carmo Vitório
Gerência de Educação Ambiental:
Ana Paula Mendonça
Gerência de Controle Ambiental:
Gisele Marques
Gerência de Recursos Hídricos:
Jânio Fagundes Borges
Gerência de Conservação da Biodi-
versidade: Harold Vicente Fernando
de Brito
Gerência de Recursos Florestais:
Oswaldo A. Santos
Projeto GEF Pantanal Alto Paraguai
Diretor Nacional: Antonio Felix
Domingues
Coordenador Internacional: Nelson
da Franca
Coordenador Técnico: Humberto
Cardoso Gonçalves
Programa BID Pantanal
Coordenador: Valmir Gabriel Ortega
REBOB

109
10. Anexos

10.1. Anexo 1: Quem é quem na


Bacia

Lista de organizações com


envolvimento do processo de gestão da
Bacia Hidrográfica do Rio Miranda

GOVERNAMENTAL -
ESTADUAL
Entidade Contato Endereço Característica Importância na GRH
AGEPAN – Agência Estadual de Anízio Pereira Thiago Rua Barão do Rio Governamental Órgão regulador de todo tipo de prestação de
Regulação de Serviços Públicos 67-3025-9501 Branco,1092. serviços públicos governamentais e
de Mato Grosso do Sul 67-3025-9510 Campo Grande – MS concessionados.
CEP 79.002-175
Gerencia de Recursos Hídricos Jânio Borges Rua Desembargador Leão Governamental Responsável pelas ações e projetos envolvendo
67-318.5638 Neto do Carmo, s/n Q 03 S 03 Gerenciamento de RH no âmbito da SEMA.
Parque dos Poderes Recursos Hídricos,
Campo Grande – MS coleta, laboratório,
CEP 79.031-902 analise,
IMAP – Instituto Meio Manoel do Carmo Rua Desembargador Leão Governamental Apoio operacional da
Ambiente Pantanal Vitório Neto do Carmo, s/n Q 03 S 03 SEMA
67-318-5600 Parque dos Poderes
Campo Grande – MS
CEP 79.031-902
Programa Pantanal – Agenda Wagner Filippetti Av Mato Grosso, 3029 Governamental Segmento do Programa Pantanal responsável
Azul 67-318-5715 Bairro Santa Fé Gerencia da Agenda pela execução das ações RH no âmbito de MS.
Centro Empresarial-Loja 2 Azul
CEP. 79021-002
SEMA – Secretaria de Meio Márcio Portocarreiro 67- Rua Desembargador Leão Governamental Órgão executor da política estadual de meio
Ambiente de Mato Grosso do 318-5600 Neto do Carmo, s/n Q 03 S 03 ambiente
Sul Parque dos Poderes
Campo Grande – MS
CEP 79.031-902
SANESUL – Empresa de Antonio Carlos Rua Euclides da Cunha, 975 Empresa Pública Executora de rede de abastecimento de água
Saneamento de Mato Grosso Navarrete Bairro Jd Estados potável, coleta e tratamento de esgotamento
do Sul 67-318-7232 Campo Grande - MS sanitário nos municípios de MS, nos quais
CEP 79.020-906 detém a concessão.
GOVERNAMENTAL -
FEDERAL

IBAMA – Instituto Brasileiro de Nereu Fontes Rua 13 de maio, 2967 Governamental Órgão federal de execução, fiscalização e
Meio Ambiente 67-382-2902 Centro controle de ações ambientais no Estado MS.
Campo Grande - MS
CEP 79.002-351
EMBRAPA – CPAP Pantanal Emiko Kawakami de Rua 21 de Setembro, 1880 Governamental Pesquisa
Resende Bairro Nossa Senhora de
67-233-2430 Fátima
67-233-1011 Corumbá - MS
CEP 79.320-900
EMBRAPA – Gado de Corte Chefe Geral Araê Boock Rua 21 de Setembro, 1880 Governamental Pesquisa
67-368-2000 Bairro Nossa Senhora de
67-363-2245 Fátima
Corumbá - MS
CEP 79.320-900
Projeto GEF Pantanal / Alto Humberto Cardoso Rua Barão do Rio Branco, Parcerias Conservação da qualidade e quantidade de água
Paraguai Gonçalves 1811- Sala 30 internacional, governo para gerações futuro.
ANA/GEF/PNUMA/OEA 67-312-6430 Centro Federal e instituições
Campo Grande – MS executoras
CEP 79.002-173 Doação de fundo para
projetos ambientais
FUNASA – Fundação Nacional Jair Leite Viana Rua Belizário Lima, 263 Governamental – Executor de poços artesianos em pequenas
de Saúde 67- 325-1499 Vila Glória Federal comunidades com kits sanitários e serviços de
Campo Grande – MS coleta e tratamento de resíduos sólidos,
CEP 79-004.270 esgotamento sanitário e água.
GOVERNAMENTAL -
MUNICIPAL
PLANURB – Instituto de Inaia Nepomuceno Rua Helio de Castro Maia, 279 Governamental – Planejamento Coordena no poder público sendo
Planejamento Urbano de Meio 67-314-5160 Jardim Paulista Municipal necessário o saneamento ambiental
Ambiente de Campo Grande Campo Grande – MS Gestão ambiental e Comissão para o Conselho
CEP 79.050-020 Sistema de Agenda 21 e criação das Unidades de
Licenciamento Conservação, regulamentação, conselho gestor
Ambiental
SEMUR – Secretaria de Paulo Sérgio Nahas Av. Afonso Pena, 3297 Governamental Órgão de autorização e expedição de licenças
Controle Ambiental e 67-314-3510 Centro Municipal ambientais.
Urbanístico Campo Grande – MS
CEP 79002-949
SESOP – Secretaria Municipal Edson Girotto BR 163 km 2,5 Governamental Executa as ações demandas pela Prefeitura
de Serviços e Obras Públicas 67-314-3600 Campo Grande – MS Municipal Municipal de Campo Grande.
79063-000
UEP – Unidade Executora do Eliane Salete Detoni Rua Manoel Seco Tomé, 143 Governamental Unidade Recuperação de áreas degradadas,
Programa – Projeto Soter 67-314-3093 Jd Estados Municipal fundos de vale
Campo Grande – MS FONPLATA – Fundo
CEP 79.020-020 Financeiro para o
Desenvolvimento da
Bacia do Prata

110
CONSELHOS
CECA - Conselho Estadual de Márcio Portocarreiro Rua Desembargador Leão Conselho Conselho deliberativo sobre políticas e ações
Controle Ambiente 67-318-5635 Neto do Carmo, s/n Q 03 S 03 representantes ambientais no Estado
Parque dos Poderes governamentais e não
Campo Grande – MS governamentais,
CEP 79.031-902 entidade de ensino e
pesquisa superior e
representantes de
classe
Conselho Municipal de Meio Ramão Edson Fagundes Rua Helio de Castro Maia, 279 Conselho Conselho deliberativo sobre políticas e ações
Ambiente Jardim Bairro Jardim Paulista representantes ambientais no Município de Campo Grande
67-314-5187 Campo Grande – MS governamentais e não
CEP 79.050-030 governamentais,
entidade de ensino e
pesquisa superior e
representantes de
classe
INSTITUIÇÕES DE ENSINO
IESPAN - Instituto de Ensino Pe. Orozimbo de Paula R. Dom Aquino, 1119 Instituição de Ensino Pesquisa e extensão
Superior do Pantanal 67-234-2600 Centro Superior
Corumbá - MS Particular
CEP. 79.301-080
UCDB - Universidade Católica José Rímoli - Programa Av. Tamandaré, 6000 Instituição de Ensino Pesquisa e extensão
Dom Bosco de Mestrado e Desenv. Cx. Postal: 100 Superior
Local Bairro Jardim Seminário Particular
67-312-3302 Campo Grande-MS
67-352-4756 CEP 79117-900
67-312-3301
UCDB-ECOSUL Cezar Augusto Costa Av. Tamandaré, 6000 Cx Instituição de Ensino Pesquisa e extensão
67-312-3506 Postal: 100 - Lagoa da Superior
Cruz/UCDB Campo Grande Particular
79117-900
UEMS – Universidade Estadual Fabio Edir dos Santos Rodovia Dourados Itahum Instituição de Ensino Pesquisa e extensão
de Mato Grosso do Sul Costa km. 12, cx. Postal 351 Superior
67-422-0652 /3838 Dourados-MS Público
67-9971-7769 CEP 79804-970
67-422-3838 - R:151
UEMS - Universidade Estadual Reitora Profª Leocádia Rodovia Dourados/Ithaum Instituição de Ensino Pesquisa e extensão
de MS Aglaé Petry Leme Km 12 - Caixa Postal 351 Superior
67-422-3838 Dourados-MS Público
R-174 CEP 79.804-970
UFMS - Universidade Federal Carlos Nobuyoshi Ide Campus Universitário – Instituição de Ensino Pesquisa e extensão - transporte de agro-
de Mato Grosso do Sul - 67-345-7490 Laboratório de Qualidade Superior quimico e metais pesados na BAP
Laboratório de Qualidade Ambiental Pública
Ambiental Campo Grande-MS
CEP 79.070-900
UFMS - CEP / PROPP - Giancarlo Lastoria Campus Universitário - Pró Instituição de Ensino Pesquisa e extensão
Universidade Federal de Mato 67-345-7216 - 17 Reitoria Pesquisa e Pós Grad. Superior
Grosso do Sul 67-9985-1736 – Coord. Estudo de Base do Pública
Pantanal - C.P. Nº 549
Campo Grande-MS
CEP 79070-900
UFMS - Corumbá Reginaldo de Souza Silva Av. Rio Branco,1270 Instituição de Ensino Pesquisa e extensão
67-231- 6877 Corumbá-MS Superior
CEP 79304-020 Pública
UNIDERP – Universidade para Reitor Pedro Chaves Rua Ceará, 333 Bairro Miguel Instituição de ensino Pesquisa e extensão
o Desenvolvimento do Estado e 67-348-8000 Couto Superior
da Região do Pantanal 67-341-9210 Campo Grande Particular
CEP 79003-010
ENTIDADE DE CLASSE E
ORGANIZAÇÕES NÃO
GOVERNAMENTAIS
ABAV - Associação Brasileira Ney Gonçalves Rua Padre João Cripa,686 Associação de classe Intercâmbio com a classe representada
de Agências de Viagens de MS 67-325-1333 Campo Grande - MS
67-384-8179 CEP 79002-380
ABES – Associação Brasileira Aroldo Ferreira Galvão Rua Goiás, 718 Associação de classe Intercâmbio com a classe representada
de Engenharia Sanitária e 67-326-4860 Bairro Jardim dos Estados
Ambiental Campo Grande - MS
CEP 79020-101
ABIH - Associação Brasileira Janine Menezes Av. Calógeras, 1899 Associação de classe Intercâmbio com a classe representada
da Indústria de Hotéis de MS Tortorelli Galeria Advanced – sala 7
67-383-5559 Centro
Campo Grande - MS
CEP. 79.002-003
ABIPAN – Associação Osório Miranda dos Rua Dr. Pedro Celestino, 637 Organização não Intercâmbio com a classe representada
Binacional de Defesa ao Santos Bairro Centro governamental
Pantanal 67-287-2208 Porto Murtinho – MS
CEP 79.280-000
ACERT - Associação Abraham Rubinsztejn Rua Firmo de Matos, 275 Associação de classe Intercâmbio com a classe representada
Corumbaense de Empresas 67-231-1541 Bairro Centro
Regionais de Turismo Corumbá-MS
CEP 79.331-050
ACRISUL – Associação dos Laucídio Coelho Neto Av. Américo Carlos Costa, 320 Representante de Intercâmbio com a classe produtora
Criadores de Mato Grosso do 67-342-2201 Bairro Jardim América classe
Sul 67-342-1589 Campo Grande - MS
CEP 79080-170

AEAMS – Associação do Eng.º Wilson Roberto Rua Goiás, 718 Associação de classe Intercâmbio com a classe representada
Agrônomos de Mato Grosso do Gonçalves Jardim dos Estados
Sul 67-326-1008 Campo Grande – MS
CEP. 79.020-10
AESCA – Associação Egidio Domingos Av. Bandeirantes, 865 Agricultura Familiar Assistência técnica na área rural o Estado
Estadual de Cooperação Bruneto Bairro Amambaí
Agrícola 67-384-3840 Campo Grande - MS
79005-671
APPPEP - Associação de Isabel Zilo Rua Felipe Orro, s/n Associação de classe Intercâmbio com a classe representada
Parceiros, Pais e Professores da 67-241-6115 Bairro da Exposição
Escola Pantaneira Escola Caic
Aquidauana – MS
CEP 79.200-000
ASA - Associação Gustavo Nadeu Bijos Rua João Pedro de Souza, 45 Associação de classe Intercâmbio com a classe representada
Sulmatogrossense de 67-341-8488 Bairro Monte Líbano
Apicultores 67 9958-8558 Campo Grande – MS
67-341-8488 CEP 79.004-680
111
ASPADAMA - Associação Astúrio Ferreira dos Rua 26 de Agosto, 2317 União dos pescadores Vigilância com crimes ambientais, campanhas
Pescadores Amadores e Santos Bairro Amambaí amadores educativas.
Defensores do Meio Ambiente 67-325-0511 Campo Grande – MS sensibilizados com o
do MS CEP 79.005-060 meio ambiente
Associação Comunitária das Ananias Gonçalves Lote 36 Associação de classe Intercâmbio com a classe representada
Famílias de Produtores do Guimarães Assentamento Marcos Freire
Assentamento Marcos Freire 67 9926-2217 – Cx. 03
Dois Irmãos do Buriti - MS
CEP 79.215-000
Associação de Moradores da Francisco Anísio Corrêa Distrito Águas do Miranda Associação de classe Intercâmbio com a classe representada
Comunidade de Pescadores Ferreira Rua João 23, s/n
das Águas do Miranda 67-9602-0153 Bonito – MS
CEP 79.290-000
Associação da Comunidade Lourenço Anastácio Aldeia Alves de Barros - Associação de classe Intercâmbio com a classe representada
Indígena Kadiweu 67-938-7709 Bodoquena
Porto Murtinho - MS
CEP 79.280-000
Pousada Aguapé da Margem João Ildefonso Pinheiro Pousada Aguapé - Rua Associação de classe Intercâmbio com a classe representada
Esquerda do Rio Aquidauana Murano Marechal Mallet, 588
67-686-1036 Aquidauana - MS
CEP 79200-000
Associação de Agricultores Mauro César Paulino Distrito De Taunay Aldeia Associação de classe Intercâmbio com a classe representada
Indígenas Taunay 67-258-1042 Bananal
Aquidauana - MS
CEP 79200-000
Associação de Guias de Ronaldo Queiroz Rua Senador Felinto Muller, Associação de classe Intercâmbio com a classe representada
Turismo de Bonito –MS 67-255-1837 s/n
Bonito - MS
CEP 79290-000
Associação de Índios Guató Severo Ferreira Rua 7 de Setembro, 2970 Associação de classe Intercâmbio com a classe representada
Can. Pantanal 67-9614-6062 Bairro Cristo Redentor
Corumbá - MS
CEP 79.320-030
Associação dos Geógrafos do José Irani S. Fernandes Av. Tamandaré,6000 Associação de classe Intercâmbio com a classe representada
Brasil/MS 67-365-2040 B. São Francisco
Campo Grande - MS
CEP 79117-010
Associação dos Moradores da Nilson Sebastião da Rua Pandia Calógeras, 1495 Associação de classe Intercâmbio com a classe representada
Vila Paraiso – Aquidauana Silva Bairro Alto / Vila Paraíso
67-9905-0611 Aquidauana - MS
CEP 79.200-000
Associação dos Pequenos Hipólito Quintana Assentamento Anda Lúcia Associação de classe Intercâmbio com a classe representada
Produtores do Assentamento 67-9605-0038 Lote,144
Anda Lúcia Nioaque - MS
CEP 79.220-000

Associação dos Trabalhadores Cícero Soares Pereira


Rua 7 de setembro, 676 - Associação de classe Intercâmbio com a classe representada
Rurais do P. A. Taquaral 67-231-2947 Centro
Corumbá - MS
CEP 79.330-030
Associação Indígena Terena Zacarias Rodrigues Aldeia Babaçu Associação de classe Intercâmbio com a classe representada
Mãos Unidas 67-9956-4488 Centro Comunitário
Miranda-MS
ATRATUR - Associação dos Newton Leite Daubian Rua 24 de Fevereiro, 2.079 - Associação de classe Intercâmbio com a classe representada
Proprietários de Atrativos Filho Centro
Turísticos de Bonito e Região 67-255-2245 Bonito - MS
CEP 79.290-000
CDDH – Centro de Defesa dos Mancineide Cássia da Rua Barão do Rio Branco Organização não Intercâmbio com a classe representada
Direitos Humanos – Marçal de Silva Centro governamental
Souza 67-382-2335 Campo Grande - MS
CEP 79.002-173
CEDAMPO - Centro de Padre Pascual Rua Nicolau Fragelli, 86 Organização não Intercâmbio com a classe representada
Documentação e Apoio aos 67-382-6248 Campo Grande - MS governamental
Movimentos Populares CEP 79.008-570

CIMI – Conselho Indigenista Egon Heck Av. Afonso Pena, 1.557 – Bl. Organização não Intercâmbio com a classe representada
Missionário 67-312-3800 B, Apto 208 - Centro - C.P. governamental
2129
Campo Grande - MS
CEP 79.002-070
COAAMS – Coordenação das Antônio Baroni Rocha Rua Joana Maria de Jesus, Associação de classe Intercâmbio com a classe representada
Associações de Assentados do 67-365-1854 223
MS Bairro São Benedito
Campo Grande - MS
CEP 79.118-540
Colônia de Pescadores Ebe de Almeida Rua Cândido Mariano, 2.178 Associação de classe Intercâmbio com a classe representada
Artesanais de Aquidauana – Z Albuquerque - Bairro Guanandi
07 67-241-6652 Aquidauana - MS
67-9991-1432 CEP 79.200-000
Colônia de Pescadores de Maria de Alencar Rua Domingos Saibe, 10 A Associação de classe Intercâmbio com a classe representada
Corumbá – Z 01 Miranda Bairro Beira Rio
67-231-9987 Corumbá-MS
CEP 79.300-130
Colônia de Pescadores de Salvador de Araujo Rua Manoel do Pinho, 47 Associação de classe Intercâmbio com a classe representada
Miranda Z-05 67-242-1735 Miranda – MS
Bairro Beira Rio
CEP 79.380-000
Comissão dos Direitos Jesuir Pieta Rua Antonio Maria Coelho, Organização não Intercâmbio com a classe representada
Humanos de Corumbá - 67-231-4416 1000 governamental
Salesiano Dom Bosco Bairro Beira Rio
Corumbá - MS
CEP 79.301-002
CREA-MS – Conselho Regional Amarildo Miranda Melo Rua Sebastião Taveira, 272 Associação de classe Intercâmbio com a classe representada
de Engenharia, Arquitetura e 67-368-1000 Bairro Monte Castelo
Agronomia de MS Campo Grande - MS
CEP 7.9010-480
CRMV – Conselho Regional de Roberto Rachid Bacha Rua Brilhante, 1.989 Associação de classe Intercâmbio com a classe representada
Medicina Veterinária 67-331-1655 Vila Bandeirantes
67-331-3131 Campo Grande - MS
CEP 79.006-560

112
CUT – Central Única dos Alexandre Junior Costa Rua Dom Aquino, 405 - Vila Associação de classe Intercâmbio com a classe representada
Trabalhadores de MS 67-325-9406 Perseverança
Campo Grande - MS
CEP 79.008-070
Ecoa - Ecologia e Ação Alessandro Menezes de Rua 14 de Julho, 3.169 Organização não Preservação e conservação do meio ambiente
Souza Centro governamental
67-324-3230 Campo Grande - MS
67-9984-8667 CEP 79.002-333
FAMASUL – Leôncio de Souza Brito Rua Marcinos dos Santos, 401 Representante dos Intercâmbio com a classe produtora
Federação de Agricultura de Filho Bairro Cachoira II agricultores e
Mato Grosso do Sul 67-326-6211 Campo Grande – MS pecuaristas
CEP 79.040-902
Federação de Pescadores Estevão de Queiroz Rua Domingos Saibe, 10-A Associação de classe Intercâmbio com a classe representada
Profissionais de MS Miranda Bairro Beira Rio
67-231-9987 Corumbá - MS
67-231-1504 CEP 79.300-130
FETAGRI – Federação dos Geraldo Teixeira de Rua Eng. Roberto Mange, Associação de classe Intercâmbio com a classe representada
Trabalhadores Almeida 1217 - Bairro Taquaruçu
67-324-1827 Campo Grande - MS
67-384-1175 CEP 79.006-630

FIEMS – Federação da Alfredo Fernandes Av. Afonso Pena, 1206 – Representante da Intercâmbio com a classe
Industria de Mato Grosso do 67-389-9001 Centro classe industrial
Sul 67-324-8686 / 8695 Campo Grande - MS
CEP 79.005-901
FUCONAMS- Fundação de Francisco Anselmo Av. Tamandaré, 1808 Organização não Projetos de preservação e conservação
Conservação da Natureza de Gomes de Barros Bairro Altos do Sumaré governamental
MS 67-383-2332 Campo Grande - MS
67-321-6733 CEP 79.009-790
Fundação Biótica Jorge Pedrinho Fischer Rua Padre João Crippa, 2983 Organização não Projetos de preservação e conservação
67-384-5629 Bairro São Francisco governamental
Campo Grande - MS
CEP 79.010-180
Fundação Neotrópica Márcia Brambila Rua 2 de Outubro, 165 Organização não Projetos de preservação e conservação
67-255-3462 Bairro Recreio governamental
Bonito - MS
CEP 79.290-000
Fundação Pantanal Com Anamaria Santana da Av Rio Branco, 1.270 Organização não Intercâmbio com a classe representada
Ciência Silva Bairro Universitário governamental
67-231-5262 Sala da ADUFMS
Corumbá- MS
CEP 79304-020
GOPAN - Grupo de Operadoras Lílian Saabe Rua Padre João Cripa, 686 Associação de classe Intercâmbio com a classe representada
do Pantanal 67-325-1333 Campo Grande - MS
CEP 79.002-380
IAB – Instituto de Arquitetos Orlando Sampaio Av. Ernesto Geisel, 5.659 Associação de classe Intercâmbio com a classe representada
do Brasil 67-341-8361 Bairro Amambaí
Campo Grande - MS
CEP 79.008-410
Associação Brasil Bonito Márcio Soares Rua 24 de Fevereiro, 1515 Associação de classe Intercâmbio com a classe representada
67-255-1968 Centro
Bonito - MS
CEP 79.290-000
MUPAN – Mulheres em Ação Áurea da Silva Garcia Rua Itajaí, 2860 Organização não Atuação na discussão e difusão de gênero e
no Pantanal 67-341-5990 Campo Grande - MS governamental meio ambiente
CEP 79.003-150
NEPPI – Núcleo de Estudos e Kátia Vieira Av. Tamandaré, 6000 - Jardim Associação de classe Intercâmbio com a classe representada
Pesquisas de Populações UCDB Seminário
Indígenas Campo Grande - MS
CEP 79.117-900
OAB/MS – Ordem dos Geraldo Escobar Av. Mato Grosso, 4.700 Entidade defesa, Atuação na difusão e propagação do direito,
Advogados do Brasil de Pinheiro Bairro Carandá Bosque conservação e ambiental, efetividades das normas jurídicas.
MS/Comissão de Meio 67-318-4720 Campo Grande - MS preservação ambiental.
Ambiente CEP 79.031-001

Pratique Ecologia Zeca Rua 14 de Julho, 3169 Organização não Intercâmbio com a classe representada
3025-5305 Centro governamental
Campo Grande – MS
CEP 79.002-333
SALMINUS – Instituto Humberto José dos Rua Paz, 405 Entidade defesa, Atuação na difusão e propagação do direito,
Salminus Direito Ambiental Santos Centro conservação e ambiental, efetividades das normas jurídicas.
67-383-3558 Campo Grande - MS preservação ambiental.
CEP 79.004-540
SEAPAM – Sociedade Ecológica Isolina Gomes Chavier Rua Cuiabá, 558 – Centro Organização não Intercâmbio com a classe representada
Amigos do Pantanal 67-231-2040 Corumbá - MS governamental
CEP 79.302-060
Sindicato dos Jornalistas Mônica Ferreira de Rua Allan Kardek, 493 Associação de classe Intercâmbio com a classe representada
Souza Bairro Amambaí
67-325-5811 Campo Grande - MS
CEP 79.008-300
Sociedade Sul-mato-grossense João Vieira de Almeida Av. Mato Grosso Associação de classe Intercâmbio com a classe representada
de Medicina Veterinária Neto Centro
67-325-0092 Campo Grande - MS
67-9981-8687 CEP 79.004-423
Sindicato dos Trabalhadores Délcio Silva da Cruz Travessa do Acampamento, Associação de classe Intercâmbio com a classe representada
em Transporte Fluviais de 67-231-8401 20
Corumbá e Ladário CEP 79.302-060
Corumbá – MS
Sindicato dos Trabalhadores José Alécio de Almeida Rua dos Albuquerque, 214 Associação de classe Intercâmbio com a classe representada
Rurais de Miranda Neto Centro
67-242-1342 Miranda - MS
CEP 79.380-000
Sindicato dos Trabalhadores João Élcio Ferreira Rua 1° de Março, 256 Associação de classe Intercâmbio com a classe representada
Rurais -Nioaque 67-236-1088 Centro
Nioaque – MS
CEP 79.220-000
Sindicato Marinheiro Regional Rubens Aparecido Vieira Rua Joaquim Murtinho, 29 Associação de classe Intercâmbio com a classe representada
do Município de Porto Gomes Centro
Murtinho 67-287-1619 Porto Murtinho - MS
9951-1953 CEP 79.280-000

113
Sindicato Rural de Aquidauana Zelito Alves Ribeiro Rua Antônio Campello, s/n - Associação de classe Intercâmbio com a classe representada
67-241-2826 Bairro Parque de Exposições
Aquidauana – MS
CEP 79.200-000
Sindicato Rural de Bonito Leonel Lemos de Souza Rodovia do Turismo KM 1 Associação de classe Intercâmbio com a classe representada
Brito Bonito - MS
67-255-1615 CEP 79.290-000
Sindicato Rural de Campo Rdolfo Vaz de Carvalho Av. Raul Pires Barbosa, 116 Associação de classe Intercâmbio com a classe representada
Grande 67-341-2151 Bairro Miguel Couto
67-341-2776 Campo Grande - MS
CEP 79.040-150
Sindicato Rural de Jardim Gerson Vargas Travessa Woshington Luiz, Associação de classe Intercâmbio com a classe representada
67-251-1907 59
Centro
Jardim - MS
CEP 79.240-000
Associação Rural de Miranda Hélio Maddalena Junior BR 262 KM 259 Associação de classe Intercâmbio com a classe representada
67-242-1049 CXP 44
Fax: 242-1049 Miranda - MS
CEP 79.380-000
Sindicato Rural de Porto Francisco Souza Netto Rua Capitão Cantalíce, 435 Associação de classe Intercâmbio com a classe representada
Murtinho 67-287-1334 Bairro Florestal
Porto Murtinho - MS
CEP 79.280-000
SINGTUR - Sindicato dos Arlei Orlati R. Espírito Santo, 1596 Associação de classe Intercâmbio com a classe representada
Guias de Turismo 67-9957-4581 Vila Célia
Campo Grande – MS
CEP 79.022-230
SODEPAN - Sociedade de Luiz Carlos Ferreira Rua Américo Carlos da Organização não Intercâmbio com a classe representada
Defesa do Pantanal 67-326-6811 Costa, 320 governamental
67-9985-6819 Parque de Esposição
Campo Grande - MS
CEP 79.080-170
UNIPAN - União dos José Carlos Carrato Av. Mato Grosso, 1849 Organização não Intercâmbio com a classe representada
Pantaneiros da Nhecolândia 67-384-4426 Sala 6 governamental
Centro
Campo Grande - MS
CEP 79.020-200
WWF-Brasil Eduardo Mongelli de Rua 15 de Novembro, 310 Organização não Projetos de preservação e conservação na Bacia
Araújo 8° andar, sala 802 governamental para a do Alto Paraguai
67-325-0087 Centro preservação e
Campo Grande – MS conservação do meio
Rede Aguapé CEP 79.002-140
Paulo Robson de Souza Rua 14 de julho, 3169. ambiente.
Rede A Rede visa divulgar ações, atividades, projetos,
67-324-3230 Centro Interinstitucional de práticas sustentáveis, notícias e dados técnicos
Campo Grande-MS Educação Ambiental científicos para as populações da região da Baci
CEP 79.002-333 Alto Paraguai (BAP) e do Brasil relacionadas ao
Educação Ambiental no Pantanal.
Vida Pantaneira Cida Donatti Rua Amolquijá, casa1 ONG Gênero e meio ambiente, conservação e
67-287-1979 quadra 2 preservação do meio ambiente
67-9985-5130 Bairro: Residencial
Pantanal
Porto Murtinho/MS
CEP 79.280-000
Rede Pantanal de ONGs e Alessandro Menezes Rua 14 de julho, 3169 Rede de ONGs Os membros da Rede estão comprometidos
Movimentos Sociais 324-3230/9604-0909 Centro com a missão de promover a Vida e a Cultura
Campo Grande/MS Pantaneira
CEP 79.002-333
OCCA Shabib Haney Rua Frey Mariano, 1153 ONG Conservação e preservação do meio ambiente
231-1404 Centro
Corumbá-MS
CEP 79.300-006

114
10.2. Anexo II: Lista dos Partici-
pantes do Workshop

Nome do Participante Endereço Telefone e-mail e telefone


WWF - Brasil
SHIS EQ 6/8 conjunto E
Samuel Roiphe Barreto 70620-430 Brasília -DF 61-364-7400 panda@wwf.org.br

SHIS EQ 6/8 conjunto E


Michael Becker 70620-430 Brasília -DF 61-364-7400 michael@wwf.org.br

SHIS EQ 6/8 conjunto E


Bernadete Lange 70620-430 Brasília -DF 61-364-7455 bernadete@wwf.org.br

Eduardo Mongelli de CX Postal 206 79301970


Araújo Corumbá - MS 67 231-7755 wwfcrba@terra.com.br
R.Fernando de Noronha,
3765 Bl.05 apto 203
Dejanira Fialho de COHAMA São Luis MA
Carvalho CEP65073-280 98 9971-4731 nirafial@hotmail.com
Programa BID Jorgen Leeuwestein - SHIN C. ATIV 5 CONJ. J BL
Pantanal Gerente Agenda Azul / B SALA 210 Brasília DF CEP 61-468-6575 61-
Programa Pantanal 71.503-505 99671443 jorgenml@yawl.com.br
SEMA/MS - Av. Mato Grosso, 3049.
Programa Pantanal Bairro: Santa Fé – Centro
Empresarial - loja 2. CEP wagnerprogramapantanal@yahoo.
Wagner Filippetti 79021-002. 327-1080 com.br
SEMA/MS R. Desembargador Leão Neto
do Carmo, S 03 Q 03 Campo
Grande - MS CEP 79031- 318-5600 318-
Márcio Portocarrero 902 5626 presidencia@ocems.org.br
SEMA/MS R. Desembargador Leão Neto
Jânio Fagundes Borges do Carmo, S 03 Q 03 Campo
Gerente de Recursos Grande - MS CEP 79031-
Hídricos 902 318-5649 jfborges@net.ms.gov.br
SEMA/MS R. Desembargador Leão Neto
do Carmo, S 03 Q 03 Campo
Marisa Elizabeth de A Grande - MS CEP 79031-
S. Abraão 902 9902-8488 mariza_abrão@hotmail.com
SEMA/IMAP – MS R. Desembargador Leão Neto
do Carmo, S 03 Q 03 Campo
Grande - MS CEP 79031-
Luiz Mário Ferreira 902 318-5607 luizmarioferreira@aol.com
R. Desembargador Leão Neto
do Carmo, S 03 Q 03 Campo
Manoel do Carmo Grande - MS CEP 79031- 318-5600 318-
Vitório 902 5684 dimap@net.ms.gov.br
R. Desembargador Leão Neto
do Carmo, S 03 Q 03 Campo
Grande - MS CEP 79031-
Eni Garcia Freitas 902 351-0812 egfreitas@net.ms.gov.br
EMBRAPA R. 21 Setembro, 1880 Bairro:
Emiko Kawakami de Nossa Senhora de Fátima
Resende - Chefe Geral CPX 109 CEP 79320-900 233-2430 fax
EMBRAPA Pantanal Corumbá - MS 233-1011 chgeral@cpap.embrapa.br
Márcia Divina de R. 21 Setembro, 1880 Bairro:
Oliveira Nossa Senhora de Fátima
Pesquisadora/EMBRA CPX 109 CEP 79320-900 233-2430 9987-
PA Corumbá - MS 3382 mmarcia@cpap.embrapa.br
Rede Pantanal de Rua 14 de julho, 3169
ONG'S e Patrícia Honorato Centro Campo
Movimentos Sociais Zerlotti Grande - MS CEP.79002-333 67 324-3230 patricia@riosvivos.org.br
UFMS Cidade Universitária, Cxp Fax. 345-7190 67
Giancarlo Lastória 549 CEP 79070-900 345-7216 cep@propp.ufms.br
UCDB Av. Tamandaré, 6000 Bairro:
Jd. Seminário CEP.79.117- 67-312-3800
Milton Mariani 900 Campo Grande - MS fax.312-3301 tur@ucdb.br

115
UNIDERP Av. Ceará, 333 Bairro: 348-8121 348-
Miguel Couto Campo 8009 9984-4553
Mercedes Abid Mercante Grande-MS 79.003-010 326-5437 cmdr@uniderp.br
UEMS Norton Hayd Rego - Av. Dr. Sabino 325
Professor Engenheiro Bairro:Centro CEP.79200-
Agrônomo 000 Aquidauana-MS 67 241-4096 norton@uems.br
UEMS Av Dr. Sabino, 325 Bairro:
Prof. Liliam de Arruda Alto Dourados - MS 67 9995-4826
Hayd Rego CEP.79.200-000 422-6133 lilihand@hotmail.com
SANESUL R Euclides da Cunha, 975
Bairro: Jd. Dos Estados
Antonio Claudio Lanza de CEP.79.020-230 Campo 67 318-7743 318- antonioclaudio@sanesul.ms.gov.b
Almeida Grande-MS 7707 r
SANESUL R Euclides da Cunha, 975
Rita Terezinha de Bairro: Jd. Dos Estados
Figueiredo Queiroz CEP.79.020-230 Campo 67 318-7705 318-
Diretora técnica Grande-MS 0031 rfigueiredo@sanesul.ms.gov.br
SANESUL R Euclides da Cunha, 975
Bairro: Jd. Dos Estados
Sara de Souza Maciel CEP.79.020-230 Campo
Nogueira Grande-MS 318-7232 tunicao@terra.com.br
ATRATUR riodaprata@riodaprata.com.br
Rodovia Turismo KM1 67 255-2108 atratur@bonitonline.com.br
Bonito - MS CEP. 9984-2297 9984- repams@repams.org.br
Eduardo Folley Coelho 79.290-000 1702 321-3351
CECA Carina Souza Cardoso
Pompeu - Rua Estevão R. Desemb. Leão Neto do
Alves Correa, 594, B. Carmo, ST 03 QD 03 Campo
Eldorado 79.011-300 Grande - MS 318- 2636 cpompeu@net.ms.gov.br
GEF Pantanal R Barão do Rio Branco,
Alto Paraguai 1811 sala 30 Campo
Humberto Cardoso CEP.79.002-173 Grande -
Gonçalves MS 312-6430 humbertogef@ms.org.br
UFGRS Carlos André Bulhões
Mendes 51- 3228-1004 mendes@iph.ufrgs.br
UFGRS 51-233-7807 228-
Sandor Arvino Grehs 1004 grehs@terra.com.br
MUPAN - Av. Eduardo Elias Zarhan,
Mulheres em 3179 Bairro:Miguel Couto mupan@terra.com.br
Ação no Pantanal Áurea Silva Garcia CEP. 79.003-150 9952-4226 aureagar@terra.com.br
APAI/MS R Calarge, 349, Campo 9982-0344 325-
Roberto Folley Coelho Grande - MS 79.004-210 6606 321-3508 sanfco@terra.com.br
ABES/MS R Goiás, 418
Bairro: Jd. dos Estados
Paulo César Barbosa Campo Grande - MS 67 980-0063
Pereira Cep 79.020-100. 321-8555 paulopereira@mslink.com.br
ABRH/MS 325-8013
Campus Universitário, Cxp 9982-9011
Synara Olendzki Broch 549 DHT/CCET/UFMS 8111-1540 synarab@uol.com.br
Programa
Pantanal / Parque dos Poderes Bl 12
Gestão de Solos e Maurício Palmeira Motta. Campo Grande - MS
Agrotóxicos Gestor de Processos CEP.79.031-902 318-5179 engmpmota@hotmail.com
PMA – Polícia Rua: Taioba, 683 Bairro:
Militar Ambiental Cidade Jardim
CEP.79-640-040
Rod. Bonito/ Guia Lopes
Carlos Sebastião Matoso km 0 Bonito - Ms CEP. 9982-6056 326-
Braga (Capitão Matoso) 79.290-000 5825 255-1247 carlosmatoso_@hotmail.com
Secretaria de Rua Desembargador Leão
Meio Ambiente Neto do Carmo BL 03 St 03
(Gerência de Biodiversidade)
Bairro: Pq dos Poderes
Lorena Ferraro de Souza Cep. 79.031-902 318-5662 loferraro@hotmail.com
Ministério Público Rua Presidente Manoel
Estadual Ferraz de Campos Sales, 214
Jardim Veraneio Campo
Grande - MS CEP 79031-
Marinês Honda 902 318-2000 marines@mp.ms.gov.br
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Meio Ambiente de Donária Ed. Fórum CEP-
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Prefeitura Rua Coronel Pilad de Rebuá, 255-1850 255-
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Associação dos R. Coronel Pilad de
Amigos do Rio Rebuá,1186
Mimoso CEP.79.290-000 Bonito – 915-8519 amigosdomimoso@bonitonline.com.
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Municipal Dácio Queiroz Silva Centro Antonio João-MS 67 435-1212 p.m.a.j@terra.com.br
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Municipal Centro CEP 79.910-000
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Helena Maria de Amorim Centro 9975-8233
Tomazak Bela Vista-MS 439-1311 jrtomczak@vsp.com.br

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