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Recursos Hídricos

1. Capítulo 01 – Desenvolvimento dos Recursos Hídricos 5


Apresentação 5
1.1.Introdução 6
1.2.Água nas Civilizações 8
1.3.Água e Recursos Hídricos 12
Capitulo 02 - Energia Hidráulica 16

2. Unidade 02 - Sistemas de Irrigação e Hidrologia 22


Capítulo 03 – Sistemas de Abastecimento e Irrigação 22
3.1.Tipos de Irrigação 26
3.1.1.Irrigação por Superfície 26
3.1.2.Irrigação por Aspersão 27
3.1.3.Irrigação Localizada 28
3.1.4.Irrigação de Subsuperfície 29
Capítulo 4 - Hidrologia e Ciclo Hidrológico 30
3.2.Hidrologia 30
3.3.Ciclo Hidrológico 32
3.3.1.Precipitação 33
3.3.2.Evaporação e Evapotranspiração 36
3.3.3.Escoamento Superficial 38
3.3.4. Infiltração 39

3. Unidade 03 - Águas Superficiais (Bacias Hidrográficas,


Sistemas Lóticos E Lênticos) 42
Capitulo 05 – Hidrologia das Aguas Superficiais – Bacias
Hidrográficas 42
5.1.Bacias Hidrográficas 44
5.2.Características Físicas das Bacias Hidrográficas 52
Capitulo 06 – Hidrologia das Aguas Superficiais – Rios,
Lagos e Outros Eventos Hidrológicos 53
5.3.Ecossistemas Lóticos – Rios 55
5.4.Ecossistemas Lênticos – Lagos e Lagoas 59

02
4. Unidade 04 - Águas Subterrâneas, Barragens e Legislação
Hídrica 63
Capítulo 07 – Hidrologia de Águas Subterrâneas –
Aquíferos 63
Capítulo 08 – Barragens 67
Capítulo 08 – Legislação Hídrica 72
7.1.Fundamento I 73
7.2.Fundamento II 74
7.3.Fundamento III 75
7.4.Fundamento IV 76
7.5.Fundamento V 76
7.6.Fundamento VI 77

5. Referências Bibliográficas 81

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04
RECURSOS HÍDRICOS

1. Capítulo 01 – Desenvolvimento dos Recursos Hí-


dricos

Fonte: licenciadorambiental.com.br1

Apresentação A Unidade 02 apresentará o


contexto histórico relacionado à irri-

P rezado aluno,
Nesta obra apresentaremos os
aspectos mais usuais referentes aos
gação e os seus principais tipos (su-
perfície, aspersão, irrigação locali-
zada e irrigação de subsuperfície).
Recursos Hídricos, envolvendo a Em seguida, verificaremos as princi-
compreensão dos principais parâ- pais áreas de atuação da Hidrologia
metros, conceitos, concepções, fun- e uma fundamentação do ciclo hi-
cionamentos, classificação e funcio- drológico (precipitação, evapora-
nalidades utilizados nos mesmos. O ção/evapotranspiração, escoamento
livro é dividido em nove Capítulos, superficial e infiltração). Na Uni-
os quais estão distribuídos em qua- dade 03, verificaremos a concepção
tro Unidades. Na Unidade 01 abor- e os principais aspectos relaciona-
daremos os principais contextos his- dos às Bacias Hidrográficas, a carac-
tóricos, aspectos e desenvolvimento terização das 12 principais bacias e
projetados aos Recursos Hídricos e o suas características físicas. Aborda-
estado da arte sobre água doce. Ve- remos, também, as principais carac-
rificaremos também o conceito de terísticas dos sistemas lóticos (rios)
Energia Hidráulica, suas principais e lênticos (lagos e lagoas). Na última
variantes e contextualização apli- unidade (Unidade 04) há uma fina-
cada à hidrelétricas. lização do assunto, abordando as

1 Retirado em icenciadorambiental.com.br

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RECURSOS HÍDRICOS

questões hidrológicas aplicadas às e à necessidade de comunicação com


águas subterrâneas, formação e tipi- o sobrenatural.
ficação dos aquíferos, recargas dos No século atual, o modelo de
aquíferos, conceituação e caracteri- desenvolvimento vigente vem dando
zação dos principais aspectos pre- aos cursos de água um cenário bas-
sentes nas barragens, juntamente tante diverso. De fato, a prosperi-
com as legislações envolvidas e seus dade de cada cidade ou aglomeração
impactos frente ao entorno e os humana tem gerado a decadência de
abordagem sobre a fundamentação seus recursos ambientais, a começar
da Política Nacional de Recursos Hí- pela destruição de valores funda-
dricos. Para melhor localização no mentais das águas, em benefício da
estudo, os capítulos do livro são otimização de determinados usos
apresentados de forma sequencial parciais setorizados.
para melhor aprendizagem. A água é um dos recursos na-
turais de uso mais intensivo e diver-
1.1. Introdução sificado pelo homem. Embora tenha
a característica de satisfazer necessi-
Durante cerca de 400 anos, dades básicas de seres humanos e de
após a chegada dos portugueses ao animais, isto não é suficiente para
Brasil, os cursos de água tiveram lhe conferir o atributo de bem eco-
cinco usos fundamentais: a água nômico.
para abastecimento, a pesca forne- As diferentes formas de uso da
cedora de alimento, o ouro e as pe- água diferem na qualidade e na
dras preciosas extraídas dos álveos, quantidade de fluxos devolvidos ao
o transporte hidroviário e a beleza meio hídrico e, portanto, condicio-
cênica das comunidades implanta- nam de diferentes modos, o uso pos-
das junto aos estuários, enseadas e terior da quantidade não consumida
praias ou às margens de rios navegá- pelos diversos usuários. Cada uma
veis. Coincidentemente, para a po- das formas de utilização da água de-
pulação indígena predecessora, es- manda um padrão de qualidade di-
ses eram também os valores básicos ferenciado, que normalmente não é
das águas, excluída a exploração compatível com a qualidade que é
econômica predatória. Além disso, a devolvida após seu uso para um de-
pureza e a placidez das massas hídri- terminado fim.
cas tinham valor sentimental ou A degradação dos recursos hí-
místico, associado à essência da vida dricos dá-se de duas formas distin-

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RECURSOS HÍDRICOS

tas, as quais estão fortemente corre- água para abastecimento e de-


lacionadas: por processos de polui- senvolvimento econômico e
ção e pela apropriação não plane- social;
jada e indevida do recurso natural.  Estresse e escassez de água em
muitas regiões do planeta em
Os índices de contaminação das
razão das alterações na dispo-
águas pelos setores urbano, indus- nibilidade e aumento de de-
trial e agrícola chegam a manda;
 Infraestrutura pobre e em es-
ser alarmantes em muitos rios tado crítico, em muitas áreas
e centenas de riachos que cortam as urbanas com até 30% de per-
grandes e pequenas cidades do país. das na rede após o tratamento
das águas;
Ao longo da história, o homem
 Problemas de estresse e escas-
tem passado por profundas mudan- sez em razão de mudanças glo-
ças na sua forma de ver o mundo. De bais com eventos hidrológicos
uma abordagem mecanicista e carte- extremos, aumentando a vul-
siana da realidade, vem evoluindo nerabilidade da população hu-
gradativamente para uma visão sis- mana e comprometendo a se-
têmica e holística do mundo que ha- gurança alimentar (chuvas in-
tensas e período intensos de
bita. O modelo de pensamento que
seca);
ao longo dos séculos manteve o ho-
 Problemas na falta de articula-
mem em relação a natureza como o ção e falta de ações consisten-
ente predador e dominador vem tes na governabilidade de re-
sendo substituído por uma visão que cursos hídricos e na sustenta-
considera de forma interligada os fe- bilidade ambiental.
nômenos biológicos, sociais, econô-
Os relatórios sobre recursos
micos e ambientais.
hídricos da Organização das Nações
De acordo com TUNDISI
Unidas (2014) destacam a impor-
(2008), no amplo contexto social,
tância da água para o desenvolvi-
econômico e ambiental do século
mento econômico e social dos paí-
XXI, os seguintes principais proble-
ses. Destaca-se que, por exemplo, as
mas e processos são as causas prin-
secas, que em algumas regiões têm
cipais da “crise da água”:
provocado a quebra de safra de mui-
 Intensa urbanização, aumen-
tos produtos agrícolas, o que reduz a
tando a demanda pela água,
ampliando a descarga de re- oferta de alimentos e encarece a
cursos hídricos contaminados venda no varejo. Como a agricultura
e com grandes demandas de é responsável por 70% da demanda

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de água no mundo, o restante é divi- maiores volumes demandados, con-


dido entre a produção de energia, a figura- se uma situação de falta de
indústria e o consumo humano. Os equidade. A alocação não apropri-
relatórios acrescentam que a redu- ada de água e serviços a ela associa-
ção nos níveis de água deve diminuir dos potencializa riscos de afetar o
em 70% a produção agrícola, cau- consumo dos setores mais excluídos
sando crises de abastecimento de da população.
alimentos no mundo inteiro, princi- O acesso à água tem, em mui-
palmente se essa redução for agra- tos casos, um custo elevado para os
vada pelas alterações climáticas, pobres urbanos, graças aos preços
que, como são imprevisíveis, impe- muito elevados dos caminhões-pipa.
dem a previsão do impacto real que Quando não se dispõem de condi-
poderiam ter na oferta de água. Den- ções razoavelmente adequadas, au-
tro dessa perspectiva, observa-se mentam os riscos de doenças de vei-
que a forma de alocação da água em culação hídrica e outras doenças as-
muitos países é problemática. sociadas a precárias condições de
A elevada demanda de água e acesso à água. Isso representa im-
a baixa disponibilidade deste re- pactos nas condições de vida e a ne-
curso em algumas regiões têm pro- cessidade de arcar com despesas ele-
vocado intensa disputa pela sua uti- vadas para se ter acesso à água, im-
lização. plicando precarização do cotidiano
Essa disputa, por sua vez, ge- quanto à compra de alimentos, sa-
rou uma série de conflitos de inte- úde e educação e aos custos a isso as-
resse, os quais em muitos casos se sociados.
tornaram o centro das discussões
acerca da questão ambiental. Exem- 1.2. Água nas Civilizações
plos não faltam: lançamento de eflu-
entes urbanos e industriais a mon- As significações simbólicas da
tante de captações urbanas, grandes água estão presentes em todas as
captações industriais a montante de culturas, desde as mais antigas tra-
captações urbanas, reversões dos re- dições permeadas de conteúdos má-
cursos hídricos de uma bacia para gicos. Através dos mitos e religiões,
outra etc. estas alegorias sobre a água eram re-
Na medida em que a destina- lacionadas com símbolo e a origem
ção para diversas finalidades, como de vida, meio de purificação e cerne
agricultura e indústria, concentra os de regenerescência. Assim, a água

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RECURSOS HÍDRICOS

compõe o imaginário dos povos e O homem também aprendeu


também é um elemento fundamen- que a água, quando inapropriada,
tal na formação e organização das podia causar doenças. A preocupa-
sociedades desde a pré-história. ção com a água imprópria, potencial
As civilizações antigas, desde transmissora de doenças, levou os
os tempos remotos, através de expe- egípcios, em 2.000 a.C., a utilizarem
riências, construíram suas formas o sulfato de alumínio na clarificação
de organização em torno das bacias da água. Existem relatos, escritos
hidrográficas e costas marítimas. A em sânscrito, sobre os cuidados que
água era um elemento vital para to- deviam ter com a água de consumo,
das as culturas, onde foi objeto de tais como seu armazenamento em
veneração e temor. Assim criaram vasos de cobre, sua exposição ao sol
seus mitos e símbolos para explicar e sua filtração através do carvão.
as forças da natureza. O domínio Tais escritos descrevem a purifica-
deste elemento sempre foi um alvo a ção da água pela fervura ao fogo,
ser atingido, pois disto dependia sua aquecimento ao sol ou a introdução
sobrevivência. Com o tempo, adqui- de uma barra de ferro aquecida na
riam técnicas de irrigação, de cana- massa líquida, seguida por filtração
lizações, construção de diques e ou- através de areia e cascalho grosso. A
tros. primeira represa para armazenar
A irrigação começa a ser utili- água foi construída no Egito em
zada em 5.000 a.C., na Mesopotâ- 2.900 a.C., pelo faraó Menes, para
mia e no Egito, juntamente com os abastecer a capital, Memphis.
canais de drenagem que recupera- Durante os primeiros quatro
vam áreas pantanosas do delta do séculos da cidade de Roma, os habi-
Nilo e dos Rios Tigre e Eufrates. tantes se satisfaziam com as águas
Os sumérios (5.000- 4.00 que tiravam do rio Tibre, de poços
a.C.) relacionavam a água às mais ou de fontes.
importantes divindades, tendo cons- Mas, com o crescimento da po-
truído, nesse período, canais de irri- pulação e a consequente poluição da
gação, galerias, recalques, cisternas, água, fez- se necessária a construção
reservatórios, poços, túneis e aque- de aquedutos que trouxessem água
dutos. Na Índia, existem evidências de regiões distantes. No final desses
de que algumas cidades já possuíam aquedutos, construíam reservató-
redes de esgotos e sistemas de dre- rios de sedimentação e de distribui-
nagem por volta de 3.200 a.C. ção. A água era, então, conduzida

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RECURSOS HÍDRICOS

para diversas estruturas, como fon- mais do que fontanários públicos. As


tes públicas e particulares, banhos e primeiras tentativas para entubar a
lagos artificiais onde se realizavam água foram realizadas no século
batalhas. Nesses lagos artificiais, co- XVII. Nas povoações mais peque-
nhecidos como naumachia, aconte- nas, os habitantes bebiam águas dos
ciam grandiosos espetáculos públi- poços, mal protegidos de infiltra-
cos, nos quais escravos e gladiadores ções, o que fazia com que as doenças
combatiam-se até a morte. A propri- intestinais fossem muito comuns,
edade sobre os recursos hídricos na verificando-se este caso nas pessoas
península italiana modificou-se ra- que saíam das cidades ou que chega-
dicalmente entre o período do Impé- vam depois de longas viagens.
rio Romano e o início da Idade Mé- Após a Idade Média, novas
dia. ” descobertas foram feitas, buscando
Na lei romana, as águas eram o melhor aproveitamento da água. A
consideradas públicas no grosso dos Idade Moderna é marcada por me-
casos e, nesse sentido, cabia ao Es- lhorias nas obras de engenharia, hi-
tado garantir que o uso dos recursos dráulica e, principalmente, pela pre-
hídricos estivesse à disposição de to- ocupação em se buscar e desenvol-
dos os seus cidadãos. Mas, na Itália ver técnicas para o tratamento dos
Medieval, as águas passaram a ser recursos hídricos. O Quadro 01
vistas como patrimônio do detentor apresenta alguns dos principais fa-
das terras pelas quais passava, o que tos ocorridos desde o século XVI até
abriu caminho para a intensificação meados do século XX.
do uso desregulado da água.
Poucas cidades europeias do
séc. XVI possuíam sistemas de abas-
tecimento de água, existindo pouco

Quadro 01 - Acontecimentos importantes no mundo relacionados ao uso da água na


Idade Moderna. (Fonte: PONTES, 2010).

Ano Acontecimento

1577 Descoberto o princípio do sifão pelo escocês William Welwood

O holandês Peter Morice executou a primeira elevatória do Rio Tamisa,


1582
acionada por força hidráulica e com tubos de troncos de madeira

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RECURSOS HÍDRICOS

Emprego de tubos de ferro fundidos, fabricados por Johan Jordan no


1664
sistema de abastecimento de Versales

Início do sistema de limpeza de privadas e latrinas com o emprego de


1680
água

1726 Invenção da máquina de Newcomen para elevação de água

Emprego do sulfato de alumínio pela população inglesa para melhorar


1764
a qualidade das águas nos domicílios

1804 Construção do primeiro filtro lento em Paisley, Escócia, por John Gibb

1806 Primeira grande estação de tratamento em Quai de Celestins, Paris

Aplicação de compostos de cloro para oxidação da matéria orgânica da


1830
água

1849 Invenção do hidrante

Primeira fórmula de escoamento aplicável ao estudo de poços, por


1863
Dupuit

1865 John Blake fabrica o primeiro carneiro hidráulico

Abertura do grande canal de drenagem de Chicago, concebido para


1900
a proteção do manancial de águas

Primeira tentativa de abrandamento de água, concebida por


1908
Charles Hoover, em Columbus, Ohio.

1916 Aplicação de raios ultravioleta para desinfecção da água, na França

1920 Emprego pioneiro de canais Venturi, na Índia

Introdução experimental do processo de fluoretação das águas nos EUA


1945
e Canadá

Entraram em vigor os padrões internacionais para água potável, da


1963
Organização Mundial de Saúde - OMS

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RECURSOS HÍDRICOS

A necessidade de se estabele- aproximadamente. Estudos apon-


cerem regulações amplas sobre o tam que, atualmente, mais de um bi-
uso da água emergiria com força no lhão de pessoas não tem acesso à
início do século XX, a partir da con- água potável e a serviços de sanea-
vergência de fatores como a urbani- mento básico. A degradação do meio
zação acelerada e o impressionante ambiente é um dos aspectos mais
crescimento populacional, assim críticos do processo de deterioração
como o início do aproveitamento hi- causado direta e indiretamente pelo
drelétrico e o incremento da ativi- homem. Regiões que antes tinham
dade industrial. A emergência des- quantidades em recursos hídricos,
ses fatores levaria a conflitos de na- hoje começam a dar sinais de escas-
tureza econômica e política de sez, e a explicação é o desperdício
grande monta, exporia a carência re- com a exploração excessiva, o asso-
gulatória no país e ensejaria, na dé- reamento dos rios e a poluição das
cada de 1930, a intervenção do go- fontes.
verno central para organizar a ges-
tão da água com procedimentos re- 1.3. Água e Recursos Hídricos
gulatórios e reordenamento admi-
nistrativo. Dentre os conflitos mais A água é recurso renovável es-
significativos, destacam-se (i) os de- sencial à vida no planeta Terra; seu
senvolvidos entre entes federativos ciclo tem continuado por séculos e
pela competência em regular o apro- milênios, sustentando a biodiversi-
veitamento hidrelétrico; (ii) o con- dade e mantendo em funcionamento
flito econômico entre grandes trus- ciclos nos ecossistemas, comunida-
tes internacionais e o capital nacio- des e populações. O ciclo hidrológico
nal para usufruir dos aproveitamen- no planeta tem componentes bem
tos hidrelétricos e serviços urbanos conhecidos e integrados: águas su-
correlatos; (iii) entre o setor elétrico, perficiais, águas subterrâneas e
seus associados da incorporação águas atmosféricas. O permanente
imobiliária e indústria de um lado, e movimento entre esses componen-
o setor de abastecimento público de tes é uma característica fundamen-
outro. tal do ciclo da água e uma conse-
Neste mesmo século, a popu- quência de suas propriedades e de
lação mundial aumentou mais de seus estados sólido, líquido e gasoso.
três vezes, enquanto o consumo de Primeiro é importante um dis-
água aumentou em nove vezes, cernimento fundamental: água e re-

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RECURSOS HÍDRICOS

cursos hídricos são conceitos indis- é doce e se encontra distribuída nos


sociáveis, mas não idênticos. Água é polos glaciais (2,15 %); no subsolo
um elemento da natureza anterior à (0,63 %); na forma de vapor (0,005
todas as formas de vida, ambiente %) e nos rios e lagos (0,01 %). Com
onde surgiu a vida e elemento cons- base nestes dados, conclui-se que os
titutivo de todos os seres vivos que recursos hídricos utilizados pelo ho-
se conhece. Popularmente falamos mem correspondem a uma pequena
que água é vida. De fato, um dos va- fração de toda a hidrosfera.
lores fundamentais da água é o bio- A ameaça da falta de água, em
lógico. Onde não existe água, não níveis que podem até mesmo invia-
existe possibilidade de vida. bilizar a nossa existência, pode pare-
Portanto, a água é anterior ao cer exagero, mas não é. Os efeitos na
ser humano e constitutiva do ser hu- qualidade e na quantidade da água
mano. Nós também não existimos disponível, relacionados com o rá-
sem água. Recurso hídrico é aquela pido crescimento da população
parcela de água utilizada pelos seres mundial e com a concentração dessa
humanos para alguma atividade população em megalópoles, já são
econômica, ou como dizem outros, a evidentes em várias partes do
parcela manejável da água pelos se- mundo. Dados do Fundo das Nações
res humanos. Na verdade, essa dis- Unidas para a Infância (Unicef) e da
tinção é meramente didática. Não é Organização Mundial da Saúde
possível separar a parcela manejável (OMS) revelam que quase metade
de água pelo ser humano do con- da população mundial (2,6 bilhões
junto das águas do planeta. Utili- de pessoas) não conta com serviço
zando, captando e devolvendo água de saneamento básico e que uma em
aos mananciais, o ser humano inter- cada seis pessoas (cerca de 1,1 bilhão
fere no conjunto do ciclo das águas. de pessoas) ainda não possui sis-
Na verdade, a eliminação de manan- tema de abastecimento de água ade-
ciais e todas as formas de contami- quado.
nação da água constituem num dos As projeções da Organização
maiores problemas ambientais do das Nações Unidas indicam que, se a
mundo contemporâneo. tendência continuar, em 2050 mais
A água ocupa 70% da superfí- de 45% da população mundial estará
cie da Terra. Dentre este espectro, vivendo em países que não poderão
cerca de 97,2 % constitui-se de água garantir a cota diária mínima de 50
salgada e o restante (cerca de 2,8 %) litros de água por pessoa.

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RECURSOS HÍDRICOS

Em regiões em que há falta de da população mundial, possui so-


água, há níveis baixos de supri- mente 32% de recurso hídrico; a Eu-
mento em relação ao mínimo indis- ropa tem 13% da população do pla-
pensável às necessidades básicas de neta e 7% de água. A Índia dispõe so-
vida. Além disso, escassez, estresse e mente de 4% de todas as águas. Já os
falta de água estão relacionados com países árabes, que ocupam 10,3% da
a segurança coletiva da população superfície terrestre com uma por-
humana: segurança para a produção centagem de 4,5% de toda a popula-
de alimentos, segurança para o ção do mundo, não possuem mais do
abastecimento público com água po- que 0,43% dos recursos de água e
tável, e segurança contra a contami- são beneficiados em 2% de chuvas
nação dos suprimentos de água e do planeta. Na África, vive 13% da
ameaças à saúde pública. Há tam- humanidade e a disponibilidade de
bém uma dependência da biodiver- água é de apenas 9%; já nas Améri-
sidade e dos ciclos dos organismos cas do Norte e Central, vivem 8% de
com a disponibilidade, estresse e es- toda a população mundial e desfru-
cassez hídricos. A degradação do tam de 44% do recurso hídrico. A
ambiente, os desequilíbrios ecológi- América do Sul, com somente 6% da
cos junto ao modo de produção exis- população mundial, desfruta de 60%
tente e a crescente intervenção que a dos recursos hídricos. Os 60 por
sociedade faz sobre a natureza são cento das reservas de água potável
assuntos discutidos pela sociedade e útil do planeta encontram-se em dez
nos mais diversos órgãos. Estados, principalmente nos EUA,
Teoricamente, se estima que na Rússia, no Brasil (28% do total da
exista água doce para satisfazer às A. do Sul) e na Indonésia. Estados
necessidades de uma população dez como a Jordânia, a Cingapura e a Lí-
vezes superior à atual. bia não possuem reserva própria ne-
Estimativas do Banco Mundial nhuma.
atestam que mais de um milhão de Continuando com a má distri-
habitantes no mundo não possuem buição encontramos a Islândia, que
torneiras para suas moradias, e mais anualmente distribui, a cada habi-
de 1.700.000 carecem de sanea- tante, 600mil m³ de água doce, en-
mento adequado. Por outro lado, a quanto que no Kuwait a população
disponibilidade dos recursos hídri- vive com apenas 75m³.
cos, hoje em dia, nos apresenta situ- No Brasil, as distribuições de
ações como essas: A Ásia, com 60% recursos hídricos entre as regiões

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RECURSOS HÍDRICOS

são notavelmente desiguais e pode- giões metropolitanas do Brasil.


se afirmar que, em algumas delas, O desenvolvimento da huma-
chega a ser desproporcional ao nú- nidade está diretamente associado
mero de habitantes. De acordo com aos usos da água e durante milênios
dados da Secretaria de Recursos Hí- a consideramos como um recurso
dricos do Ministério do Meio Ambi- infinito. Apenas há algumas décadas
ente, a região Norte contém 68,5% o mundo despertou para a realidade
de água doce e 6,98% da população de que os recursos naturais estão se
do país; a região Centro-Oeste de- tornando escassos e, em particular,
tém 15,7% de água doce e 6,41% da que é preciso acabar com a falsa
população; a região Sul possui 6,5% ideia de que a água é inesgotável. A
de água doce e 15,5% da população questão ambiental passou a ser dis-
brasileira; o Sudeste, por sua vez, cutida em vários países, o que levou
dispõe de 6% de água doce e 42,65% a realização da primeira Conferência
população; e o Nordeste, 3,3% de das Nações Unidas sobre Meio Am-
água doce e 28,91 da população biente, em Estocolmo, no ano de
(MMA, 2011). O Brasil, com 14% da 1972.
água do planeta, possui, uma distri- Um dos grandes desafios do
buição desigual do volume e dispo- século XXI será produzir energia em
nibilidade de recursos hídricos: en- consonância com os pressupostos do
quanto um habitante do Amazonas desenvolvimento sustentável, ou
tem 700.000 m3 de água por ano seja, priorizar o atendimento à ener-
disponíveis, um habitante da Região gia para a maioria da população
Metropolitana de São Paulo tem 280 mundial com sustentabilidade.
m3 por anos disponíveis. Essa distri- Entretanto, a geração, a trans-
buição desigual de recursos hídricos missão, a distribuição e o uso de
no país impõe à sociedade e ao Po- qualquer forma de energia causam
der Público um grande desafio de impactos em todas essas etapas,
equacionar os problemas decorren- portanto, produzir energia de forma
tes da falta de água nas suas unida- economicamente viável e fazer com
des territoriais. que a mesma seja menos impactante
Paralelamente traz inúmeros ambientalmente e distribuída com
problemas econômicos e sociais, es- mais equidade passa pela necessi-
pecialmente levando-se em conta a dade de gerar bens e serviços, utili-
disponibilidade/demanda e saúde zando menos quantidades de ener-
humana na periferia das grandes re- gia e recursos naturais.

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RECURSOS HÍDRICOS

Capitulo 02 - Energia Hidráu- de 17% de toda a eletricidade gerada


lica no mundo.
A fonte hidráulica é conside-
Define-se como energia hidráulica
rada uma fonte renovável de energia
aquela que obtida a partir da energia
elétrica, mas já houve exemplos de
potencial da água. Esta energia pode
que seu índice de confiabilidade não
ser convertida de diversas formas,
é 100%. A crise elétrica de 2001, co-
uma das conversões que até hoje é
nhecida como "Apagão de 2001", de-
utilizada, é a conversão da energia
correu da escassez de chuvas na-
potencial da água em energia mecâ-
quele ano, além da falta de planeja-
nica através da utilização de rodas
mento e investimentos na infraes-
d’água, que através de um meca-
trutura.
nismo de pás, gira um eixo, conver-
A queda no nível dos reserva-
tendo esta energia da diferença de
tórios de hidrelétricas contribuiu
altura, para movimentos mecânicos
para o racionamento que teve de ser
na saída do processo. As usinas hi-
imposto a parte da população brasi-
drelétricas têm a capacidade de
leira. A primeira hidrelétrica do
transformar energia cinética em
mundo foi construída no final do sé-
energia elétrica a partir do aprovei-
culo XIX – quando o carvão era o
tamento do movimento das águas.
principal combustível e as pesquisas
O uso da energia hidráulica foi
sobre petróleo ainda engatinhavam
uma das primeiras formas de substi-
– junto às quedas d’água das Catara-
tuição do trabalho animal pelo me-
tas do Niágara. Até então, a energia
cânico, particularmente para bom-
hidráulica da região tinha sido utili-
beamento de água e moagem de
zada apenas para a produção de
grãos. Tinha a seu favor, para tanto,
energia mecânica.
as seguintes características: disponi-
Na mesma época, e ainda no
bilidade de recursos, facilidade de
reinado de D. Pedro II, o Brasil cons-
aproveitamento e, principalmente,
truiu a primeira hidrelétrica, no mu-
seu caráter renovável. Ao contrário
nicípio de Diamantina, utilizando as
das demais fontes renováveis, repre-
águas do Ribeirão do Inferno, aflu-
senta uma parcela significativa da
ente do rio Jequitinhonha, com 0,5
matriz energética mundial e possui
MW (megawatt) de potência e linha
tecnologias de aproveitamento devi-
de transmissão de dois quilômetros.
damente consolidadas.
As usinas hidrelétricas são compos-
Atualmente, é a principal fonte
tas, basicamente, por barragem,
geradora de energia elétrica para di-
casa de força, vertedouro e sistema
versos países e responde por cerca

16
RECURSOS HÍDRICOS

de captação e adução de água, sendo assim, a transformação da


que funcionam em conjunto e de energia hidráulica em mecâ-
maneira integrada. A barragem in- nica;
terrompe o curso normal do rio e  Gerador - equipamento aco-
plado à turbina que trans-
desvia para um determinado local,
forma a energia mecânica dis-
formando grandes reservatórios, ponível no eixo da mesma em
que estocam a água e permitem a energia elétrica;
formação de grandes quedas. Estas  Canal de fuga - canal por onde
produzem força, que é utilizada para sai a água após ser turbinada;
movimentar turbinas e acionar o ge-  Subestação - local onde a ener-
rador elétrico. Em geral, uma usina gia elétrica é transformada em
hidrelétrica possui basicamente os alta tensão através de um
transformador, para que possa
seguintes componentes: ser transmitida a grandes dis-
 Reservatório ou lago - lugar tâncias pelas linhas de distri-
onde a água do rio é represada buição.
pela barragem;
 Barragem- barreira física A Figura 01 apresenta um per-
construída com a finalidade de fil esquemático de uma usina hidre-
acumular água; létrica:
 Vertedouro - permite contro-
lar o nível de água no reserva- Figura 01 – Perfil esquemático de uma
tório em períodos de cheia, po- usina hidrelétrica.
dendo ter ou não comportas.
 Tomada d’agua - estrutura que
permite a condução da água do
reservatório para a adução nas
turbinas. É equipada com
comportas de fechamento e
grade de proteção;
 Conduto forçado - canal que Fonte: ofrioquevemdosol.com
conduz a água sobre pressão
para as turbinas, podendo ser O Balanço Energético Nacio-
externos ou subterrâneos; nal de 2017 apresenta que o Brasil
 Casa de força - Local onde está dispõe de uma matriz elétrica de ori-
localizado o grupo gerador- gem predominantemente renovável,
turbina e outros equipamentos com destaque para a geração hidráu-
auxiliares, e também onde se lica que responde por 68,1% da
opera a usina; oferta interna. As fontes renováveis
 Turbina- a água ao atingir a
representam 81,7% da oferta interna
turbina a faz girar, ocorrendo

17
RECURSOS HÍDRICOS

de eletricidade no Brasil, que é a re- tos na geração de energia hidroelé-


sultante dos somados montantes re- trica e, já na primeira década do sé-
ferentes à produção nacional mais as culo XX, esse tipo de energia supe-
importações, que são essencial- rou a produção das usinas termelé-
mente de origem renovável. tricas. Cabe ressaltar que os investi-
As principais usinas hidrelé- mentos tanto para a geração, como
tricas brasileiras: na transmissão e na utilização de
 Usina Binacional de Itaipu energia elétrica tiveram a participa-
(parceria com o Paraguai) – ção de grupos estrangeiros através
localizada no rio Paraná tem dos recursos financeiros e tecnológi-
capacidade 7.000 MW (parte cos em virtude de impasses existen-
brasileira);
tes entre as duas empresas LIGHT,
 Usina de Tucuruí – localizada
no rio Tocantins, tem capaci- AMFORP, assim como o custo do
dade de 8.360 MW; kwh (quilowatt/hora) e da ruptura
 Usina de Ilha Solteira - locali- nas importações de materiais elétri-
zada no rio Paraná, tem capa- cos na década de 1940, inviabiliza-
cidade de 3.450 MW; ram-se as iniciativas de aumento da
 Usina de Xingó - localizada no produção de energia.
rio São Francisco, tem capaci- Como solução para esse con-
dade de 3.160 MW;
flito, as empresas estatais de produ-
 Usina de Paulo Afonso – loca-
lizada no rio São Francisco, ção de energia elétrica receberam fi-
tem capacidade de 3.980 MW; nanciamentos do governo federal.
 Usina de Jirau – localizada no Desse modo, o Estado ficou com a
rio Madeira, tem capacidade função de ampliar a produção de
de 3.750 MW; energia e as empresas privadas, com
 Usina de Belo Monte - locali- a distribuição. Esse período de tran-
zada no município de Altamira sição vai até 1962, com a criação da
(região norte do Pará), na ba-
ELETROBRÁS (Centrais Elétricas
cia do rio Xingu, tem capaci-
dade de 11.233 MW. Brasileiras S.A.). As medidas inter-
vencionistas do Estado, a partir da
No Brasil, os primeiros apro- década de 1930, culminaram com a
veitamentos hidráulicos ocorreram assinatura em julho de 1934, do Có-
nos estados de Minas Gerais e São digo das Águas como norteador das
Paulo, desde o final do século XIX. concessões de água e energia elé-
Em seguida, algumas tentativas fo- trica. Normalmente, as usinas hidre-
ram feitas no sentido de investimen- létricas exigem altos investimentos,

18
RECURSOS HÍDRICOS

que envolvem tanto a construção e deve considerar fatores como a va-


os equipamentos, quanto o desvio zão do rio, os desníveis do relevo,
do rio, a formação do reservatório e que podem ser naturais ou criados
a instalação do sistema de transmis- artificialmente, a altura desses des-
são. Além disso, outras decisões im- níveis e a localização, como pode ser
pactam diretamente no custo e na observado na Figura 02.
produtividade da usina: potência ou
Figura 02 – Esquema de funciona-
capacidade instalada, tipo de tur- mento de uma turbina a partir de
bina empregada, tipo de barragem e quedas d’água.
tamanho do reservatório. Todas as
variáveis são interdependentes. As-
sim, a altura da queda d’água e a va-
zão dependem do local de constru-
ção, que determina a dimensão do
Fonte: infosverdes.wordpress.com
sistema de transmissão, a partir da
distância entre a usina e os centros A determinação do potencial
de consumo. Por sua vez, o potencial hidráulico gerado por um empreen-
hidráulico do rio somado ao tipo de dimento hidrelétrico pode ser obtido
turbina, barragem e reservatório de- através da equação de Daniel Ber-
terminam a capacidade instalada da noulli (1700- 1782), que lançou os
usina. O potencial hidráulico de um fundamentos da hidrodinâmica e es-
rio está relacionado com a força da tabeleceu a sua famosa equação de
gravidade, que por definição, de- conservação de energia para líqui-
pende do volume de água (massa) e dos. Dessa forma, tem- se a seguinte
da altura da queda. O processo de equação, onde v é a velocidade, P é a
conversão é dado a partir da energia pressão, g é a gravidade, h a altura
potencial gravitacional da água, que relativa e ρ é a densidade do fluído.
movimenta as turbinas na passagem
do fluxo de massa, produzindo ener-
gia mecânica. Por fim, o gerador Para um reservatório sujeito a
transforma a energia mecânica em uma entrada e uma saída de água
energia elétrica. Então, a princípio, a com escoamento permanente2, de
produção de energia hidrelétrica forma que seu desnível H no ponto
de montante e jusante da usina se

2 1 é aquele em que os elementos que o de- tempo. Todas as partículas que passam por um de-
finem (força, velocidade, pressão) em uma mesma terminado ponto no interior da massa líquida te-
seção permanecem inalterados com o passar do rão, neste ponto, a qualquer tempo, velocidade
constante

19
RECURSOS HÍDRICOS

mantenha constante e levando em


consideração as pressões nos referi-
dos pontos iguais à pressão atmosfé-
No que concerne aos ganhos
rica, tem-se:
de eficiência, é fundamental elimi-
nar desperdícios e aumentar a pro-
dutividade do sistema como um
todo, da geração à distribuição de
energia. Aproveitamentos hidrelé-
tricos utilizam grandes quantidades
Sendo a energia cinética (E = de recursos hídricos, de forma não-
½ mv2) de uma massa m de água a consuntiva. Por isso, são sujeitos à
jusante (EC2) maior que a energia outorga de direito de uso da água e à
cinética a montante (EC1) e conside- fiscalização por parte da Agência
rando a densidade do líquido (ρ = Nacional de Águas (ANA) ou dos ór-
m/V), a energia aproveitável para gãos gestores de recursos hídricos
esse caso será dada por: estaduais, conforme o domínio do
rio. Inicialmente, é preciso compre-
O que se pode de fato eviden- ender que o processo de implanta-
ciar na definição do potencial hi- ção de hidrelétricas envolve a con-
dráulico gerado por uma turbina é cessão de dois bens públicos: a água
que a energia cinética total não será e o potencial de energia hidráulica.
usada na sua totalidade. Parte será Antes de licitar a concessão ou a au-
pedida pela eficiência do conjunto torização do uso do potencial de
turbina-gerador e parte por atrito energia hidráulica em rios federais,
com as tubulações. Desse modo a a Agência Nacional de Energia Elé-
energia útil e a potência gerada por trica (Aneel) deve obter uma decla-
uma turbina em um empreendi- ração de reserva de disponibilidade
mento serão dados, respectivamente hídrica (DRDH) junto à ANA. Além
por: Onde η equivale à eficiência3 disso, o empreendedor deve obter a
total do sistema e φ à vazão volu- licença prévia do Ibama ou do órgão
ambiental estadual, conforme a
métrica (m3/s)
abrangência do impacto ambiental.

3 A eficiência é composta pelos rendimen-

tos da turbina (entre 0,88 e 0,94 para grandes má-


quinas) e do gerador (entre 0,90 e 0,97 para gran-
des alternadores).

20
RECURSOS HÍDRICOS

2. Unidade 02 - Sistemas de Irrigação e Hidrologia

Fonte: boaspraticasagronomicas.com.br4

Capítulo 03 – Sistemas de dos da série histórica de vazões aflu-


Abastecimento e Irrigação entes. Do ponto de vista teórico, a
maior vazão que pode ser regulari-

O s reservatórios são capazes de


armazenar água nos períodos
zada é a vazão natural média. Entre-
tanto, a vazão regularizada também
é função das condições de operação
úmidos e liberar parte do volume ar-
mazenado nos períodos de estiagem, dos reservatórios, que depende dire-
tornando disponível uma maior tamente dos seus usos múltiplos,
quantidade de água, quando esta se- que podem incluir a geração de
ria naturalmente menor. A vazão re- energia, abastecimento humano, ir-
gularizada é a quantidade de água rigação e o amortecimento de
que pode ser fornecida por um reser- cheias, entre outros.
vatório com uma determinada segu- A extração excessiva da água,
rança, considerado o período de da- principalmente subterrânea, de uma
bacia hidrográfica poderá engendrar

4 Retirado em boaspraticasagronomicas.com.br

22
RECURSOS HÍDRICOS

o desaparecimento de nascentes ou modelares do Direito Positivo Brasi-


fontes, secagem de lagoas, panta- leiro, somente o livro III referente às
nais, redução das descargas de base forças hidráulicas e indústrias hidre-
dos rios, deslocamento da interface létricas, recebeu a necessária regula-
marinha e o aparecimento de pro- mentação. Em virtude da carência
blemas de recalques diferenciais dos de legislação referente aos domínios
terrenos principalmente. Outra das águas, livros I e II do Código de
forma de impacto da extração desor- 1934, houve pouco desenvolvimento
denada das águas subterrâneas de doutrinário no setor.
uma bacia hidrográfica diz respeito Tal código é caracterizado
à redução da umidade dos solos, que como o primeiro mecanismo que
dá suporte ao desenvolvimento da tratou do assunto no país de forma
cobertura vegetal natural ou culti- objetiva, enfatizando que o seu viés
vada. não é de cunho ambientalista ou
Os dados históricos indicam preservacionista, mas voltado para o
que, pelo menos, desde os primór- uso econômico da água, com fins in-
dios do Período Colonial (1500 - dustriais, o que é bem característico
1822), a água subterrânea era utili- do período em que o Brasil dava seus
zada, no Brasil, de forma empírica e primeiros passos rumo à industriali-
improvisada, principalmente para zação.
abastecimento do consumo hu- A Lei Nacional de Recursos
mano. Durante o Primeiro Reinado Hídricos, que viria 63 anos depois,
(1822 - 1831), a Regência Trina em 1997, teve um viés eminente-
(1831 - 1840) e o Segundo Reinado mente diferente do Código de Águas,
(1840 - 1889), sua utilização depen- adotando uma postura mais conser-
dia de uma autorização Central. Du- vacionista, inspirada em toda a dis-
rante a Primeira República (1889 - cussão sobre o desenvolvimento
1930), o uso da água subterrânea fi- sustentável que marcara o mundo
cou sem controle, tanto Federal nas duas décadas anteriores e tivera,
quanto estadual. Somente no Estado no Brasil, grande foro de debates
Getulista (1930 - 1945) foi promul- cinco anos antes, na CNUMAD, tam-
gada a Lei de Direito de Água no bém conhecida como Eco-92 ou Rio-
Brasil, o Código de Águas, de 10 de 92.
julho de 1934, composto de três li- Com isso, a sociedade passou a
vros. Apesar de seus quase 90 anos, contar com instrumentos e formas
e ainda ser considerado pela Dou- de organização que possibilitam a
trina Jurídica como um dos textos

23
RECURSOS HÍDRICOS

gestão participativa e, portanto, de- Direito dos Aquíferos Transfrontei-


mocrática, das águas do território riços (Resolu-ção 63/124 pela As-
nacional. Uma destas formas de or- sembleia Geral das Nações Unidas).
ganização é o Comitê de Bacia Hi- Os aquíferos e os reservatórios
drográfica. Os Comitês de Bacia Hi- de água superficial funcionam de
drográfica são organizações estabe- forma similar em relação a apresen-
lecidas por Legislação Federal e Es- tarem uma determinada geometria,
tadual, compostos por três segmen- bem como fluxos de entrada e de sa-
tos principais: represen-tantes de ída de água, que dependem da re-
usuários da água, representantes da carga propiciada por chuvas. As di-
sociedade civil e representantes do mensões e as características de fluxo
poder público. O Comitê é o fórum de água do reservatório subterrâneo
de decisão no âmbito de cada Bacia, são definidas pelo tipo e continui-
é o parlamento das águas. dade das rochas em subsuperfície,
Nas últimas décadas, percebe- assim como pelas suas propriedades
se uma maior preocupação interna- de porosidade e permeabilidade.
cional a respeito das águas subterrâ- Pelo fato de a água subterrâ-
neas. O incremento do seu uso em nea ocorrer sob uma camada de ma-
várias partes do mundo chama a terial filtrante não-saturado ou rela-
atenção para as questões transfron- tivamente menos permeável (confi-
teiriças e a falta de experiências de nante), este manancial encontra-se,
gestão dos aquíferos. comparativamente, melhor prote-
Nesse contexto, surgem vários gido dos agentes de poluição que
centros internacionais dedicados a afetam rapidamente a qualidade da
melhorar o conhecimento e gestão água dos rios.
das águas subterrâneas como o In- Como resultado, a água sub-
ternationally Shared Aquifer Resou- terrânea é, regra geral, natural-
rces Management (ISARM) e o In- mente potável, característica funda-
ternational Groundwater Resources mental que possibilita a sua utiliza-
Assessment Centre (IGRAC). Des- ção pelas empresas de água engarra-
taca-se ainda a inclusão das águas fada. Além disso, a água subterrânea
subterrâneas na Convenção das Na- pode ser captada no próprio terreno
ções Unidas sobre o direito relativo do condomínio residencial, da in-
à utilização dos cursos de água para dústria ou do perímetro irrigado.
fins diversos dos de navegação Assim, o seu uso para abastecimento
(1997) e a os esforços para consoli- humano torna-se mais barato, se
dar o Projeto de convenção sobre o

24
RECURSOS HÍDRICOS

comparado com a captação e trata- ocorreu a partir das décadas de 1970


mento das águas de um rio ou de ou- e 1980. Com crescimento forte e per-
tro manancial de superfície. Não sistente, novos polos surgiram nas
obstante, a sua utilização não pode últimas décadas. Diversos fatores
ser vista como panaceia5, ou seja, contribuem para a necessidade de
uma solução para todos os proble- irrigação. Em regiões afetadas pela
mas de abastecimento. escassez contínua de água, como no
A utilização dos recursos hí- Semiárido brasileiro, a irrigação é
dricos para fins de irrigação, é de ca- fundamental, ou seja, uma parte im-
ráter essencial, visto que, é uma prá- portante da agricultura só se viabi-
tica da agricultura adotada para su- liza mediante a aplicação artificial
prir a deficiência total ou parcial da de água. Em regiões afetadas por es-
água utilizada para a produção. A cassez em períodos específicos do
agricultura irrigada é o uso que mais ano, como na região central do País
consome água no Brasil e no mundo. (entre maio e setembro), diversas
A prática da irrigação no culturas viabilizam-se apenas com a
mundo ocorre desde as antigas civi- aplicação suplementar de água nes-
lizações, notadamente nas que que ses meses, embora a produção possa
se desenvolveram em regiões secas ser realizada normalmente no perí-
como no Egito e na Mesopotâmia. odo chuvoso.
Em regiões de características físico- O interesse pela irrigação, no
climáticas mais favoráveis, a agricul- Brasil, emerge nas mais variadas
tura tendeu a se desenvolver inicial- condições de clima, solo, cultura e
mente em regiões onde a quantidade socioeconomia. Não existe um sis-
e a distribuição espacial e temporal tema de irrigação ideal, capaz de
das chuvas são capazes de suprir a atender satisfatoriamente todas es-
necessidade das culturas, de forma sas condições e interesses envolvi-
que a irrigação passou a emergir em dos. Em consequência, deve-se sele-
períodos mais recentes. Esse é o caso cionar o sistema de irrigação mais
do Brasil, onde a irrigação teve início adequado para uma certa condição e
na década de 1900 para a produção para atender os objetivos desejados.
de arroz no Rio Grande do Sul. O processo de seleção requer a aná-
A expressiva intensificação da lise detalhada das condições apre-
atividade em outras regiões do país sentadas, em função das exigências

5 Indica uma substância que cura todas as

doenças. Na mitologia grega, Panaceia era a deusa


da cura, irmã de Hígia, deusa da saúde e higiene.

25
RECURSOS HÍDRICOS

de cada sistema de irrigação, de incluir uma diversidade de sistemas,


forma a permitir a identificação das optar-se-á por classificá-los de uma
melhores alternativas. Com a rápida forma geral em: sistemas de irriga-
expansão da agricultura irrigada, no ção por inundação e sistemas de ir-
Brasil, muitos problemas têm sur- rigação por sulcos.
gido, em consequência do desconhe-  Sistemas de irrigação por
cimento das diversas alternativas de inundação: a água é aplicada
sistemas de irrigação, conduzindo a sobre toda a área de Cultivo e
uma seleção inadequada do melhor se acumula na superfície do
solo. Nesse caso, além da água
sistema para uma determinada con-
se infiltrar durante a sua movi-
dição. Esse problema tem causado o mentação na área, ela pode
insucesso de muitos empreendi- permanecer acumulada ou re-
mentos, ocasionando a frustração de presada na superfície de forma
agricultores com a irrigação e, mui- permanente, no caso da cul-
tas vezes, a degradação dos recursos tura do arroz, ou de forma
naturais, principalmente hídricos. temporária, no caso de cultu-
ras não tolerantes à saturação
de suas raízes.
3.1. Tipos de Irrigação
 Sistemas de irrigação por sul-
cos: a água é aplicada pela
3.1.1. Irrigação por Superfície inundação parcial da área a ser
irrigada, escoando por sulcos
É o método mais antigo e o ou pequenos canais construí-
mais utilizado em todo o mundo. dos na Superfície do solo e que
Nesse método de irrigação a água é acompanham as linhas da cul-
distribuída diretamente sobre a su- tura. Nesse caso, a água se in-
perfície do solo. filtra durante a sua movimen-
tação e também durante o
Sob a definição de irrigação
tempo em que permanecer
por superfície estão incluídos os sis- acumulada na superfície do
temas de irrigação que distribuem a solo após atingir o final do
água diretamente sobre a superfície sulco. O melhor exemplo de
do solo, a partir de uma extremidade cultura que utiliza esse sis-
da área ocupada pela cultura e co- tema no Brasil, principal-
brindo-a de forma gradual. Como mente no estado de São Paulo
é a do tomate de mesa. Entre-
existem diferentes formas de classi-
tanto, culturas anuais e per-
ficação desses sistemas na literatura manentes podem também ser
técnica, um mesmo sistema pode ser irrigadas por esse sistema.
referenciado por diferentes nomes.
Apesar da irrigação por superfície

26
RECURSOS HÍDRICOS

Este tipo de irrigação apre- pequenas gotas no ar, que caem so-
senta vantagens e desvantagens bre o solo na forma de uma chuva ar-
como: tificial.
Vantagens: A passagem de água sob pres-
 Menor custo fixo e operacional são através de orifícios de pequena
anual; dimensão é o que causa o fraciona-
 Potencialidade para minimi- mento do jato. Com o auxílio, via de
zar o consumo de energia para regra, de um sistema de bombea-
irrigação;
mento, a água percorre um conjunto
 Podem utilizar águas de baixa
de tubulações gerando a pressão ne-
qualidade física e química;
 Não interferem na aplicação cessária para acionar os aspersores.
de defensivos na parte aérea As principais vantagens dos
da cultura; sistemas de irrigação por aspersão
 O vento não interfere na distri- são:
buição de água.  Facilidade de adaptação às di-
versas condições de solo e to-
Desvantagens: pografia;
 Alto custo de preparo do ter-  Apresenta potencialmente
reno, caso precise; maior eficiência de distribui-
 Inadequados para solos rasos ção de água, quando compa-
ou arenosos; rado com o método de superfí-
 Dificuldade de encontrar téc- cie;
nicos especializados para um  Pode ser totalmente automa-
dimensionamento e manejo tizado;
adequados;  Pode ser transportado para
 Caso necessite, o preparo do outras áreas;
terreno é trabalhoso, com-  As tubulações podem ser des-
plexo e de custo mais elevado. montadas e removidas da
Um dos principais problemas área, o que facilita o tráfego de
da irrigação por superfície é a máquinas.
baixa eficiência de aplicação.
As principais limitações são:
3.1.2. Irrigação por Aspersão  Os custos de instalação e ope-
ração são mais elevados que os
A aplicação de água nos siste- do método por superfície;
mas de irrigação por aspersão se faz  Pode sofrer influência das con-
pela divisão de um ou mais jatos de dições climáticas, como vento
e umidade relativa;
água em uma grande quantidade de
 A irrigação com água salina,

27
RECURSOS HÍDRICOS

ou sujeita a precipitação de se-  Gotejamento – Com relação


dimentos, pode reduzir a vida aos sistemas de baixa vazão, a
útil do equipamento e causar terminologia atual é pouco
danos a algumas culturas; clara e, por isso, muitos auto-
 Pode favorecer o apareci- res englobam as diferentes va-
mento de doenças em algumas riações sob a denominação ge-
culturas e interferir com trata- ral de irrigação por goteja-
mentos fitossanitários; mento, incluindo os sistemas
 Pode favorecer a disseminação que utilizam tubos gotejadores
de doenças cujo veículo é a (com gotejadores integrados
água ou formados no tubo), micro-
tubos, cintas de exsudação e os
3.1.3. Irrigação Localizada gotejadores conectados sobre
o tubo. Os gotejadores são dis-
positivos projetados para dis-
Os sistemas de irrigação loca-
sipar a energia de pressão da
lizada são de grande importância no água e aplicar uniformemente
cenário agrícola brasileiro, com apli- pequenas vazões na forma de
cações voltadas principalmente para gotas (geralmente inferior a 12
a fruticultura, horticultura e fertirri- L.h-1 por unidade ou, para li-
gação6. nha emissora, com vazão não
Geralmente, esses sistemas superior a 12 L.h-1 por metro
de linha lateral).
são mais utilizados em culturas pe-
 Microaspersão – os emissores
renes que apresentam maior espaça- de água (microsapersores)
mento entre plantas e entre fileiras. possuem algum tipo de ele-
E, caracterizam-se por aplicar água mento giratório que distribui a
somente na zona radicular das cul- água, acionado pela própria
turas, em pequenas intensidades, pressão desta, ou algum tipo
porém com alta frequência (turno de de placa difusora fixa (difuso-
res) para pulverizar e distri-
rega de um a quatro dias), de modo
buir a água. Os sistemas de mi-
que se mantenha a umidade do solo croaspersão surgiram como
ao nível da capacidade de campo ou uma alternativa aos de goteja-
próximo dele. mento, com o objetivo de au-
Incluem-se na categoria da ir- mentar a área molhada por um
rigação localizada ou microirriga- emissor, o que é desejável para
ção, os sistemas por gotejo (ou gote- solos muito permeáveis. Em
solos arenosos e na irrigação
jamento) e microaspersão.

6 4 Técnica de aplicar fertilizantes via água via solo, em especial por acelerar o ciclo dos nutri-
de irrigação, difere significativamente da aplicação entes utilizados.

28
RECURSOS HÍDRICOS

de cultivos arbóreos a utiliza- nimizando os gastos com her-


ção microaspersores é, em ge- bicidas, inseticidas e fungici-
ral, mais vantajosa que a de das. Quando comparada com
gotejadores, além do que são outros métodos, a irrigação lo-
menos susceptíveis à obstru- calizada tem a vantagem de
ção e menos exigentes em fil- operar sob baixas pressões de
tragem da água. Entretanto serviço e, consequentemente,
operam a pressões e vazões com menor conjunto moto-
maiores (100 kPa a 250 kPa; bomba e consumo de energia.
30 L.h-1 a 300 L.h-1) e, por-
tanto, aumentam o consumo Como desvantagens, os siste-
de energia em relação aos go-
mas localizados têm como principal
tejadores.
limitação o entupimento de emisso-
Dentre as inúmeras vantagens res, afetando significativamente a
desses sistemas, destacam-se: uniformidade de distribuição de
 Maior eficiência no uso da água.
água, defensivos agrícolas e
fertilizantes, quando adotada 3.1.4. Irrigação de Subsuperfí-
a técnica da quimigação7, de- cie
vido esses sistemas não mo-
lhar toda a superfície do solo; Na irrigação de subsuperfície,
 Economia de mão-de-obra, a aplicação de água é realizada
por se tratar de sistemas fixos, abaixo da superfície do solo, direta-
quando comparados com os mente nas raízes das culturas, apro-
sistemas convencionais de ir- veitando a ocorrência do fenômeno
rigação por aspersão e por su- de ascensão capilar, onde a água se
perfície;
eleva ao longo do perfil do solo por
 Adaptam-se a diferentes tipos
diferença de potencial total. Este
de solos e topografia;
 Maior eficiência no controle fi- tipo de aplicação é atingido com a
tossanitário, por não irrigar utilização dos seguintes sistemas:
ervas daninhas e não molhar a
parte aérea dos vegetais, o que  Gotejamento Subterrâneo ou
reduz a incidência de patóge- subsuperficial: Neste caso, as
nos nas folhagens e frutos, mi- linhas de gotejamento são en-

7 A quimigação consiste em aplicar uma so- de irrigação: gravitacional, aspersão ou localizado.


lução, ou calda, de agroquímicos (fertilizante, inse- Porém, a aplicação de produtos com atividade fo-
ticida, fungicida, herbicida ou nematicida) por liar somente é viável nos sistemas de irrigação por
meio do sistema de irrigação. Quando se trata de aspersão: laterais portáteis (convencional), pivô
produtos que atuam no solo, a aplicação, em prin- central, rolão e outros.
cípio, pode ser feita por meio de qualquer método

29
RECURSOS HÍDRICOS

terradas no solo às profundi- ambiental gerou uma patologia am-


dades que permitam que a biental emergente, e doenças como a
água aplicada atinja o volume cólera, e a dengue, tornaram a apa-
explorado pelas raízes;
recer com mais força, ocasionadas
 Elevação do lençol freático:
pela contaminação do ar, da água e
Esse sistema é empregado em
áreas onde existe a ocorrência dos solos, como também pelo uso de
de camadas de impedimento substâncias tóxicas e perigosas,
subsuperficiais, que permite como pesticidas e outros produtos
saturar o perfil do solo e con- de cuidados especiais. A escassez de
trolar a profundidade do nível recursos hídricos, que já é caracte-
do lençol freático, deixando-o rística de algumas bacias hidrográfi-
próximo às raízes das plantas.
Esta condição é típica de locais cas brasileiras, vai requer a explora-
com problemas de encharca- ção de novas fontes hídricas ou a uti-
mento. A elevação do nível lização eficiente dos recursos dispo-
freático pode ser atingida me- níveis na propriedade, tornando os
diante o uso de estruturas de sistemas de reuso uma alternativa
drenagem ou de linhas de irri- para permitir o uso racional dos re-
gação enterradas;
cursos hídricos envolvidos no pro-
 Sistemas de subirrigação em
cesso de produção agrícola. A iden-
ambientes protegidos: Além
dos sistemas de campo, exis- tificação das partes que constituem
tem os sistemas utilizados em um sistema de irrigação permite
ambiente protegido que utili- avaliar o grau de conhecimento e ex-
zam do princípio de aplicação periência que deve ter o projetista
de água diretamente nas raízes responsável por planejar e dimensi-
das culturas. Como exemplo se onar cada uma dessas unidades para
tem a mesas capilares, calhas
de hidroponia, etc. produzir um sistema que opere cor-
retamente aplicando o volume de
Medidas de manejo conjunto água demandado pela cultura no
do uso da terra e dos recursos hídri- momento que ela necessite.
cos devem se dar com mais frequên-
Capítulo 4 - Hidrologia e Ciclo
cia para que seja aumentada a efici- Hidrológico
ência do uso da água de irrigação
evitando assim a erosão do solo, os 3.2. Hidrologia
alagamentos, a sedimentação, a sali-
nização e os efeitos nocivos dos A Hidrologia é a ciência que
agrotóxicos e fertilizantes nos orga- trata da água na Terra, sua ocorrên-
nismos. Além do que, a degradação cia, circulação e distribuição, suas

30
RECURSOS HÍDRICOS

propriedades físicas e químicas, e área contribuinte ao reservatório,


sua reação com o meio ambiente, in- estimando a vazão afluente e dimen-
cluindo sua relação com as formas sionando a barragem; ao especia-
vivas. É uma ciência interdisciplinar lista em hidráulica caberia projetar o
e tem evoluído expressivamente de- sistema de captação, bombeamento
vido aos problemas crescentes ob- e distribuição da água; o biólogo
servados nas bacias hidrográficas, analisaria o impacto do barramento
como a ocupação inadequada, o au- do rio sobre o ecossistema, em par-
mento significativo da utilização da ticular sobre a biota aquática, bem
água para diversos fins e principal- como no levantamento das espécies
mente em face aos resultados dos que habitam a região a ser alagada;
impactos sobre o meio ambiente. O o sociólogo (e psicólogo) estaria en-
estudo da água era uma ciência basi- volvido com a remoção da população
camente descritiva e qualitativa, po- residente na área alagada pela bar-
rém, se transformou em uma área de ragem, a qual seria realocada; a ve-
conhecimento onde os métodos getação que ficaria submersa com o
quantitativos têm sido explorados enchimento do lago iria se degradar,
através de metodologias matemáti- merecendo o devido monitoramento
cas e estatísticas, melhorando, de da qualidade da água, que poderia
um lado, os resultados e, do outro ser realizado por um especialista na
explorando melhor as informações área de saneamento/química; o
existentes, incluindo-se os proble- agrônomo iria definir as condições
mas relacionados à agua. de irrigação das culturas agrícolas
Tais problemas geralmente re- atendidas, e assim por diante.
querem um enfoque multidiscipli- Dentre as áreas de atuação da
nar, segundo o qual diversos especi- Hidrologia, destacam-se:
alistas contribuem em suas áreas  Planejamento e Gerencia-
para entender a situação e alcançar mento da Bacia Hidrográfica:
a melhor alternativa, sob determina- planejamento e controle do
dos critérios. Um exemplo disso é uso dos recursos naturais;
 Abastecimento de Água: limi-
um projeto que vise o barramento de
tação nas regiões áridas e se-
um rio para formação de um reser- miáridas do país;
vatório, com o objetivo de captar  Drenagem Urbana: cerca de
água para abastecimento humano e 75% da população vive em área
irrigação. Simplificadamente, po- urbana. Enchentes, produção
der-se-ia dizer que o hidrólogo seria de sedimentos e problemas de
responsável pela caracterização da qualidade da água;

31
RECURSOS HÍDRICOS

 Aproveitamento Hidrelétrico: Tal ciclo pode ser descrito


Depende da disponibilidade como a constante variação dos esta-
de água, da sua regularização dos físicos da água, permitindo que
por obras hidráulicas e o im- a mesma se movimente entre o
pacto das mesmas sobre o
globo terrestre e a atmosfera, e vice-
meio ambiente;
 Uso do Solo Rural: produção versa, garantindo, assim, sua reno-
de sedimentos e nutrientes, re- vação contínua. A Figura 03 apre-
sultando em perda do solo fér- senta o ciclo hidrológico da água.
til e assoreamento dos rios;
 Controle de Erosão: medidas Figura 03 – Esquema do ciclo hidro-
de combate à erosão do solo; lógico.
 Controle da Poluição e Quali-
dade da Água: tratamento dos
despejos domésticos e indus-
triais e de cargas de pesticidas
de uso agrícola;
 Irrigação: a produção agrícola
em algumas áreas depende es-
sencialmente da disponibili-
dade de água;
 Navegação;
 Recreação e Preservação do
Meio Ambiente;
 Preservação dos Ecossistemas
Aquáticos. Fonte: docplayer.com.br

Anualmente, cerca de 5,5.105


km3 de água é evaporada, utilizando
3.3. Ciclo Hidrológico 36% de toda a energia solar absor-
vida pela Terra, cerca de 1,4.1024
O ciclo hidrológico é um sis- Joules por ano (IGBP, 1993). Essa
tema físico quase estável e auto re- água entra no sistema de circulação
gulável da qualidade da água, no geral da atmosfera, que depende das
qual a água é constantemente trans- diferenças de absorção de energia
portada de um reservatório para ou- (transformação em calor) e da refle-
tro, reservatórios esses compostos tância entre os trópicos e as regiões
pelos oceanos, rios, lagos, lençóis de maior latitude, como as áreas po-
freáticos, dentre outros. lares. Em média, cerca de 5.109 MW

32
RECURSOS HÍDRICOS

é transportado dos trópicos para as bacia: vertical e o longitudinal. O


regiões polares em cada hemisfério. vertical é representado pelos proces-
O sistema de circulação da at- sos de precipitação, evapotranspira-
mosfera é extremamente dinâmico e ção, umidade e fluxo no solo, en-
não- linear, dificultando sua previ- quanto que o longitudinal pelo esco-
são quantitativa. Esse sistema cria amento na direção dos gradientes da
condições de precipitação pelo res- superfície (escoamento superficial e
friamento do ar úmido que formam rios) e do subsolo (escoamento sub-
as nuvens, gerando precipitação na terrâneo).
forma de chuva e neve (entre outros)
sobre os mares e superfície terrestre. 3.3.1. Precipitação
A água evaporada se mantém na at-
mosfera, em média, apenas 10 dias. Entende-se por precipitação a
O fluxo sobre a superfície terrestre é água proveniente do vapor de água
positivo (precipitação menos evapo- da atmosfera depositada na superfí-
ração), resultando nas vazões dos cie terrestre sob qualquer forma:
rios em direção aos oceanos. O fluxo chuva, granizo, neblina, neve, orva-
vertical dos oceanos é negativo, com lho ou geada. Representa o elo de li-
maior evaporação que precipitação. gação entre os demais fenômenos
O volume evaporado adicional se hidrológicos e fenômeno do escoa-
desloca para os continentes pelo sis- mento superficial.
tema de circulação da atmosfera e Quando se faz um estudo de
precipita, fechando o ciclo. Em mé- planejamento de longo prazo do uso
dia, a água importada dos oceanos é de uma ou mais bacias hidrográfi-
reciclada cerca de 2,7 vezes sobre a cas, a precipitação é um dado básico,
terra através do processo precipita- pois não sofre influências diretas de
ção- evaporação, antes de escoar de alterações antrópicas provocadas no
volta para os oceanos. Esse ciclo uti- meio. As alterações do uso do solo,
liza a dinâmica da atmosfera e os por exemplo, sobre as vazões escoa-
grandes reservatórios de água, que das, poderão ser avaliadas por mo-
são os oceanos, as geleiras e os aquí- delos matemáticos que transfor-
feros. Os rios e lagos, biosfera e at- mam as chuvas em vazões e que con-
mosfera possuem volumes insignifi- sideram as variações de infiltração
cantes se comparados com os acima. em função da área impermeável da
Os processos hidrológicos em bacia. Nos projetos de drenagem, de
bacias hidrográficas possuem duas construção de reservatórios de regu-
direções predominantes de fluxo na larização (barragens) e outros, os

33
RECURSOS HÍDRICOS

dados de precipitação serão muitas A taxa de decréscimo da tem-


vezes necessários para o dimensio- peratura do ar com a elevação é de-
namento das obras e conduzirão a nominada de GRADIENTE ADIA-
resultados mais seguros quanto me- BÁTICO (Γ):
lhor for sua definição. Γ ar seco = -0,98ºC / 100m
Para que haja condensação na Γ ar saturado = -0,4ºC / 100m
atmosfera, há necessidade da pre- Γ ar úmido = -0,6ºC / 100m
sença de núcleos de condensação, A ascensão de uma parcela de
em torno dos quais se formam os ar irá depender das condições at-
elementos de nuvem (pequenas go- mosféricas. Isso explica por que em
tículas de água que permanecem em alguns dias ocorre formação intensa
suspensão no ar). de nuvens pelo processo convectivo
O principal núcleo de conden- e em outros dias não. Quando as
sação é o NaCl. No entanto, em algu- condições atmosféricas favorecem a
mas regiões específicas, outras subs- formação os movimentos convecti-
tâncias podem atuar como núcleos vos e, consequentemente, a forma-
de condensação, como é o caso do 2- ção de nuvens, a atmosfera é dita
metiltreitol, álcool proveniente da “instável”, ao passo que sob condi-
reação do isopreno emitido pela flo- ções desfavoráveis à formação de
resta com a radiação solar, conside- nuvens, a atmosfera é dita “estável”.
rado o principal núcleo de conden- Dentre as formas de precipita-
sação para formação das chuvas ção, existem:
convectivas na região Amazônica.  Chuvisco (neblina ou garoa):
Além dos núcleos de conden- precipitação muito fina e de
sação, há necessidade de que o ar fi- baixa intensidade.
que saturado de vapor, o que ocorre  Chuva: gotas de água que des-
cem das nuvens para a super-
por duas vias: aumento da pressão
fície. É medida em milímetros.
de vapor d´água no ar e resfria-
 Neve: precipitação em forma
mento do ar (mais eficiente e co- de cristais de gelo que, durante
mum). a queda, coalescem formando
Esse resfriamento do ar se dá flocos de dimensões variáveis.
normalmente por processo adiabá-  Saraiva: precipitação em
tico, ou seja, a parcela de ar sobe e se forma de pequenas pedras de
resfria devido à expansão interna, gelo arredondadas, com diâ-
metro de cerca de 5mm.
que se deve à redução de pressão.

34
RECURSOS HÍDRICOS

 Granizo: quando as pedras, re- grande intensidade e de pe-


dondas ou de formato irregu- quena duração, restritas a
lar, atingem diâmetro superior áreas pequenas. São precipita-
a 5mm. ções que podem provocar im-
 Orvalho: objetos expostos ao portantes inundações em pe-
ar a noite, amanhecem cober- quenas bacias:
tos por gotículas d'água. Isto  Orográficas: quando os ventos
se dá devido ao resfriamento quentes e úmidos, soprando
noturno, que baixa a tempera- geralmente do oceano para o
tura até o ponto de orvalho. continente, encontram uma
 Geada: é uma camada, geral- barreira montanhosa, elevam-
mente fina, de cristais de gelo se e se resfriam adiabatica-
formada no solo ou na superfí- mente, havendo condensação
cie vegetal. Processo seme- do vapor, formação de nuvens
lhante ao do orvalho, só que e ocorrência de chuvas. São
temperaturas inferiores a 0° C. chuvas de pequena intensi-
dade e grande duração, que co-
Conforme o mecanismo fun- brem pequenas áreas. Quando
damental pelo qual se produz a as- os ventos conseguem ultrapas-
censão do ar úmido, as precipitações sar a barreira montanhosa, do
podem ser classificadas em: lado oposto projeta-se uma
sombra pluviométrica, dando
 Convectivas: quando em
lugar a áreas secas ou semiári-
tempo calmo, o ar úmido for
das causadas pelo ar seco, já
aquecido na vizinhança do
que a umidade foi descarre-
solo, podem-se criar camadas
gada na encosta oposta;
de ar que se mantêm em equi-
líbrio instável. Perturbado o  Frontais ou ciclônicas: provêm
equilíbrio, forma-se uma da interação de massas de ar
brusca ascensão local do ar quentes e frias. Nas regiões de
menos denso que atingirá seu convergência na atmosfera, o
nível de condensação com for- ar quente e úmido é violenta-
mação de nuvens, e, muitas mente impulsionado para
vezes, precipitações. São as cima, resultando no seu resfri-
chuvas convectivas, caracte- amento e na condensação do
rísticas das regiões equatori- vapor de água, de forma a pro-
ais, onde os ventos são fracos e duzir chuvas. São chuvas de
os movimentos de ar são es- grande duração, atingindo
sencialmente verticais, po- grandes áreas com intensi-
dendo ocorrer nas regiões dade média. Essas precipita-
temperadas por ocasião do ve- ções podem vir acompanhadas
rão (tempestades violentas). por ventos fortes com circula-
São, geralmente, chuvas de ção ciclônica. Podem produzir

35
RECURSOS HÍDRICOS

cheias em grandes bacias. Em termos continentais, as


massas de água constituintes dos la-
3.3.2. Evaporação e Evapo- gos (naturais e artificiais) garantem
transpiração o abastecimento contínuo de umi-
dade ao processo evaporativo, pelo
Cerca de 70% da quantidade que as perdas reais acabam por, em
de água precipitada sobre a superfí- última análise, depender direta-
cie terrestre retorna à atmosfera pe- mente dos fatores climáticos e mete-
los efeitos da evaporação e transpi- orológicos de cada região.
ração. A quantificação do volume de
Devido a isso, a mensuração água evaporado pode ser relevante
desses dois processos é fundamental para, diversas situações, como:
para a elaboração de projetos, visto  Balanço hídrico das bacias hi-
que afetam diretamente o rendi- drográficas, possibilitando es-
mento de bacias hidrográficas, a de- timar escoamentos e recargas;
terminação da capacidade do reser-  Gestão dos aproveitamentos
vatório, projetos de irrigação e dis- hidráulicos, permitindo a mo-
ponibilidade para o abastecimento bilização do recurso água de
de cidades, entre outros. modo mais eficiente em fun-
ção de cada uso;
Em zonas áridas, como o Ira-
 Planejamento e projeção de
que, em que a evaporação anual futuros aproveitamentos hí-
pode atingir valores superiores a 2 dricos;
m, a desconsideração do fenômeno
implicaria numa superestimava das  Regulamentação de disputas
disponibilidades hídricas. relativas à locação dos recur-
A evaporação e a evapotrans- sos hídricos partilhados por
piração, fisicamente, dizem respeito regiões e países;
ao mesmo fenômeno, que é a mu-  Implementação de projetos
ambientais e de “usufruto lú-
dança de fase da água, da fase
dico” das massas de água.
líquida para a vapor. Entretanto, no
estudo da evaporação, considera-se Considera-se que, a evapora-
apenas a água perdida pelo solo e ção é um processo de arrefecimento
por superfícies de água livre (p. ex. que envolve transferências de massa
açudes), enquanto que na evapo- e calor na interface água-ar. Pode,
transpiração leva-se em conta a por isso, ser avaliado tanto por equa-
perda conjunta de água pelo solo e ções de transferência de massa,
pela planta. como de troca de energia. Para além

36
RECURSOS HÍDRICOS

dos fenómenos radiativos e da trans- somente das condições meteorológi-


ferência de calor sensível, a evapora- cas, mas também do sistema radicu-
ção é uma das causas das diferenças lar das plantas, bem como de outras
entre as temperaturas superficiais e características, como o estado fitos-
subsuperficiais da água nos lagos. sanitário das mesmas. Esta condi-
Por outro lado, a própria evaporação ção permite distinguir entre evapo-
é condicionada pela temperatura da transpiração potencial e real.
água; a perda de água por evapora-  Evapotranspiração potencial
ção não só contribui para a redução (ETP): quantidade de água
da disponibilidade de um recurso transferida para a atmosfera
essencial ao desenvolvimento das por evaporação e transpira-
ção8, na unidade de tempo, de
sociedades, como contribui direta-
uma superfície extensa com-
mente para a degradação da sua pletamente coberta de vegeta-
qualidade, ao promover o aumento ção de porte baixo e bem su-
da concentração de impurezas, pois prida de água.
só a água pura muda de estado.  Evapotranspiração real (ETR):
Já no processo de evapotrans- quantidade de água transfe-
piração pode se envolver situações rida para a atmosfera por eva-
poração e transpiração, nas
como a transferência de água de
condições reais (exis-tentes)
uma área cultivada, onde a umidade de fatores atmosféricos e umi-
do solo não é um fator limitante, dade do solo. A evapotranspi-
ocorre segundo sua intensidade po- ração real é igual ou menor
tencial e qualquer variação será de- que a evapotranspiração po-
vida somente a diferenças de condi- tencial (ETR < ETP).
ções meteorológicas, incluindo os
efeitos de advecção. Informações confiáveis sobre
O controle exercido pela vege- evapotranspiração real são escassas
tação seria através da sua estrutura, e de difícil obtenção, pois deman-
afetando o albedo, a rugosidade e o dam um longo tempo de observação
sistema radicular. e custam muito caro. Já a evapo-
Na medida em que diminui a transpiração potencial, pode ser ob-
umidade do solo, ocorrem restrições tida a partir de modelos baseados
à transferência de água para a at- em leis físicas e relações empíricas
mosfera, que passa a depender não de forma rápida e suficientemente

8 Transmissão do calor pelo deslocamento

de massa atmosférica no sentido horizontal.

37
RECURSOS HÍDRICOS

precisas. Várias teorias relacionam a  Na fase 2, começa a precipita-


ETR e ETP em função da disponibi- ção e acontece a infiltração e o
lidade de água no solo. Apesar des- escoamento superficial;
tas tentativas não existe, ainda hoje,  Na 3ª fase, depois da precipi-
tação o sistema volta ao estado
nenhuma teoria que seja aceita uni-
normal.
versalmente.
Os fatores ambientais que in-
3.3.3. Escoamento Superficial terferem no escoamento são:
Das fases básicas do ciclo hi-  Características da precipita-
drológico, o escoamento superficial ção, especialmente sua inten-
é a fase que trata da ocorrência e sidade. Deve-se mencionar
que uma precipitação de ori-
transporte da água na superfície ter-
gem convectiva (alta intensi-
restre, pois a maioria dos estudos hi- dade e curta duração) é impor-
drológicos está ligada ao aproveita- tante para estudos de cheias
mento desta água e à proteção con- em pequenas bacias e precipi-
tra os fenômenos provocados pelo tações de origem ciclônica são
seu deslocamento. importantes para o manejo de
grandes bacias.
O escoamento superficial
 Atributos do solo: normal-
abrange desde o excesso de precipi-
mente solos de maior permea-
tação que ocorre logo após uma bilidade podem proporciona-
chuva intensa e se desloca livre- hidrógrafas9 com menores va-
mente pela superfície do terreno, até lores máximos, uma vez que
o escoamento de um rio, que pode haverá menor escoamento so-
ser alimentado tanto pelo excesso de bre a superfície. De modo
precipitação como pelas águas sub- oposto, solos pesados, com
baixa permeabilidade, têm
terrâneas. tendência a gerar maior escoa-
Quando a água da chuva mento sobre a superfície, pro-
atinge o solo, parte infiltra e quando vocando valores mais elevados
a taxa de infiltração é excedida, tem de vazões máximas.
início o escoamento superficial.  Manejo do solo: este aspecto é
Pode- se definir 3 fases no escoa- especialmente importante,
mento superficial: uma vez que o emprego de téc-
nicas de manejo sem preocu-
 Na fase 1 o solo está seco e es- pação com o destino da água
tão baixas as reservas de água; da chuva pode ser danoso para

9 Denomina-se hidrógrafa ou hidrograma a

representação gráfica da vazão que passa por uma


seção, ou ponto de controle, em função do tempo.

38
RECURSOS HÍDRICOS

o ambiente e para a cultura fície do solo, passando pelos poros e


instalada. Deve-se estudar e atingindo o interior, ou perfil, do
aplicar técnicas que visem solo. A infiltração de água no solo é
manter a água no solo, redu-
importante para o crescimento da
zindo o escoamento superficial
direto. Bom exemplo de ma- vegetação, para o abastecimento dos
nejo da superfície do solo é a aquíferos (reservatórios de água
manutenção de palhada, pro- subterrânea), para armazenar a
vocando redução de impacto água que mantém o fluxo nos rios
de gotas e energia do deflúvio durante as estiagens, para reduzir o
pelo aumento de rugosidade escoamento superficial, reduzir as
superficial. Além disto, há ma-
cheias e diminuir a erosão.
nutenção de umidade no solo,
reduzindo o efeito de secas se- A capacidade de infiltração
veras sobre as plantas. acaba reduzindo o escoamento su-
perficial. No caso de ocorrer um
O relevo influencia fortemente
evento de chuva, no qual a água es-
nos fatores meteorológicos e hidro-
coa rapidamente sobre a superfície
lógicos, sendo a velocidade do esco-
do solo, espera-se um aumento do
amento superficial determinada
risco de inundação em terrenos mais
pela declividade do terreno, en-
baixos ou planos. Ela também con-
quanto que a temperatura, a precipi-
tribui para a recarga de aquíferos,
tação e a evaporação são funções da
garantindo um maior volume de
altitude da bacia.
água disponível no subsolo para
A declividade da bacia tem in-
usos futuros.
fluência na velocidade do escoa-
A infiltração é influenciada
mento superficial, o que interfere no
pelo tipo de solo, selamento superfi-
tempo de concentração da mesma,
cial, umidade do solo e duração e in-
interferindo também nos picos de
tensidade da chuva, sendo também,
enchentes, infiltração e erosão do
influenciada pelo tipo de solo, que
solo. Baixa declividade média re-
determina a velocidade de infiltra-
sulta em aumento do tempo de con-
ção.
centração e redução dos picos de en-
O mecanismo da infiltração
chente.
ocorre de cima para baixo, ou seja, a
3.3.4. Infiltração água satura inicialmente a superfície
e vai alterando posteriormente o
A infiltração é definida como a perfil de umidade nas camadas mais
passagem da água através da super- profundas.

39
RECURSOS HÍDRICOS

meio natural, o homem acaba inter-


ferindo nos processos do ciclo hidro-
lógico.

Fonte: brasilescola.uol.com.br

O comportamento hidrológico
de uma bacia hidrográfica é função
de suas características geomorfoló-
gicas (forma, relevo, área, geologia,
rede de drenagem, solo, etc.) e do
tipo da cobertura vegetal existente.
Assim, as características físicas e bi-
óticas de uma bacia possuem impor-
tante papel nos processos do ciclo
hidrológico, influenciando, dentre
outros, a infiltração e quantidade de
água produzida como deflúvio10, a
evapotranspiração, o escoamento
superficial e subsuperficial.
Além disso, o comportamento
hidrológico de uma bacia hidrográ-
fica também é afetado por ações an-
trópicas, uma vez que, ao intervir no

10 volume total de água que passa, em de-

terminado período, pela secção transversal de um


curso d’água.

40
RECURSOS HÍDRICOS

3. Unidade 03 - Águas Superficiais (Bacias Hidrográ-


ficas, Sistemas Lóticos E Lênticos)

Fonte: www.terranalises.com.br

Capitulo 05 – Hidrologia A composição natural das


das Aguas Superficiais – águas superficiais é controlada por
Bacias Hidrográficas inúmeros processos naturais, os
quais incluem: geológicos e pedoló-

A s águas superficiais não pene-


tram no solo, acumulam-se na
superfície, escoam e dão origem a
gicos (espécies minerais, tipos de so-
los); químicos (solubilidade dos mi-
nerais); geomorfológicos (variações
rios, riachos, lagoas e córregos. Por de relevo), climáticos (temperatura,
esta razão, elas são consideradas precipitação, evaporação) e biológi-
uma das principais fontes de abaste- cos (cobertura vegetal, presença de
cimento de água potável do planeta. organismos).

42
RECURSOS HÍDRICOS

As características naturais das que nelas é lançado. As populações


águas podem ser alteradas em fun- microbianas variam em número e
ção do uso e ocupação do meio fí- em diversidade, de acordo com a
sico. A disposição inadequada de re- fonte hídrica, com os nutrientes pre-
síduos domésticos, industriais, de sentes na água e, ainda, conforme as
mineração, a utilização de pesticidas condições geográficas, biológicas e
e fertilizantes constituem as princi- climáticas. As nascentes são coloni-
pais fontes de poluição ou contami- zadas quase que exclusivamente por
nação dos recursos hídricos. microrganismos, predominando as
Tais águas são em grande algas e bactérias. Por outro lado, a
parte poluídas por causa de esgotos água dos rios, lagos e mar podem
não tratados e lixos que são jogados apresentar uma flora e fauna diver-
todos os dias em seus leitos, ficando sas, incluindo, além das bactérias e
a água, em alguns casos, tão conta- fungos, gêneros representativos de
minada que não serve nem para ser plantas e animais necessários à ma-
tratada novamente. nutenção dos ecossistemas.
De acordo com a Pesquisa Na- Dentre os usos múltiplos da
cional de Saneamento Básico do água, em relação à captação das
IBGE (2008), apenas 55% dos mu- águas superficiais para fins de abas-
nicípios brasileiros possuem sistema tecimento, geralmente ocorrem de
de coleta de esgotos, sendo o maior um curso de água natural. O con-
número de municípios localizados sumo de água no mundo, para aten-
na região Sudeste (95%) e o menor, der às necessidades do homem (do-
na região Norte (13%). Já em relação méstico, industrial, agricultura,
ao tratamento dos esgotos domésti- etc.), além de ser altamente mal dis-
cos, a situação é ainda pior: apenas tribuído, ele vem aumentando gran-
27% dos municípios brasileiros tra- demente devido ao crescimento de-
tam seus esgotos, a maior parte des- mográfico da população humana,
tes municípios está situada na região havendo a previsão de uma elevação
Sudeste do país (47%) e a menor, na para em torno de 11 bilhões de habi-
região Norte (8%). tantes até 2100. Isto pode acarretar
As águas superficiais são sus- num problema de escassez e dimi-
cetíveis, em maior ou menor grau, nuição da qualidade da água útil dis-
de sofrerem contaminações periódi- ponível em nosso planeta, colocando
cas por microrganismos provenien- em risco a sobrevivência dos seres
tes da atmosfera (preci-pitação), do vivos, tornando- se um item maior
solo ou de qualquer tipo de dejeto de preocupação.

43
RECURSOS HÍDRICOS

As condições de escoamento, a Uma bacia hidrográfica é com-


variação do nível d’água, a estabili- posta por um conjunto de superfí-
dade do local de captação, etc. é que cies vertentes constituídas pela su-
vão implicar em que sejam efetuadas perfície do solo e de uma rede de
obras preliminares a sua captação e drenagem formada pelos cursos da
a dimensão destas obras. Basica- água que confluem até chegar a um
mente as condições a serem analisa- leito único no ponto de saída. A Fi-
das são: gura 04 apresenta um exemplo de
 Quantidade de água - De- bacia hidrográfica.
vendo-se avaliar se a vazão
será suficiente na estiagem ou
Figura 04 – Exemplo de caracteriza-
suas relações com o consumo;
ção de uma bacia hidrográfica.
 Qualidade da água - Partindo-
se do princípio sanitário que é
uma água sempre suspeita,
pois está naturalmente sujeita
a possíveis processos de polui-
ção e contaminação.

Além dos estudos em relação


às condições das águas, é impor-
tante o monitoramento frequente
das mesmas, a fim de conhecer a
quantidade e a qualidade disponí- Fonte: www.matanativa.com.br
veis e gerar insumos para o planeja-
mento e a gestão de recursos hídri- A água superficial escoa até
cos, que devem garantir o acesso aos um curso d’água (rio principal) ou
diferentes usos da água. um sistema conectado de cursos
d’água afluentes; essas águas, nor-
5.1. Bacias Hidrográficas malmente, são descarregadas por
meio de uma única foz (ou exutório)
A bacia hidrográfica é uma localizada no ponto mais baixo da
área de captação natural da água de região.
precipitação da chuva que converge Da parte infiltrada, uma par-
os escoamentos para um único cela escoa para os leitos dos rios, ou-
ponto de saída, denominado exutó- tra parcela é evaporada por meio da
rio. transpiração da vegetação e outra é

44
RECURSOS HÍDRICOS

armazenada no subsolo compondo geologia especial. Raramente as


os aquíferos subterrâneos. duas delimitações coincidem.
A delimitação de cada bacia hi- A Resolução do CNRH (Conse-
drográfica é feita numa carta topo- lho Nacional de Recursos Hídricos)
gráfica, seguindo as linhas das cris- no 32, de 15 de outubro de 2003, ins-
tas das elevações circundantes da se- tituiu a nova divisão hidrográfica
ção do curso d’água em estudo. brasileira, definindo as Regiões Hi-
Cada bacia é, sob o ponto de drográficas, que podem ser constitu-
vista topográfico, separada das res- ídas por uma única bacia (por exem-
tantes bacias vizinhas (Figura 09). plo, RH São Francisco) ou um con-
Esta delimitação que atende apenas junto de bacias hidrográficas. A Fi-
a fatores de ordem topográfica “de- gura 5 apresenta as bacias hidrográ-
fine uma linha de cumeada a que po- ficas brasileiras.
deríamos chamar linha de divisão
das águas”, pois ela é que divide as Figura 5 – Bacias hidrográficas bra-
precipitações que caem e, que, por sileiras.
escoamento superficial, seguindo as
linhas de maior declive, contribuem
para a vazão que passa na seção em
estudo.
No entanto, as águas que atin-
gem a seção do curso d’água em es-
tudo poderão provir não só do esco-
amento superficial como também do
escoamento subterrâneo, que po-
derá ter origem em bacias vizinhas.
E, inversamente, parte do escoa-
mento superficial poderá concen- Fonte: geobrasil.com
trar-se em lagos ou lençóis subterrâ-
neos que não tem comunicação com Com referência à esta base fí-
o curso de água em estudo, não con- sico-territorial adotada pelo PNRH,
tribuindo para a sua vazão. apresenta-se a seguir uma breve ca-
Concluiu-se que, além da deli- racterização de cada uma das 12 Ba-
mitação topográfica, deve-se obser- cias Hidrográficas (ou Regiões Hi-
var a delimitação da bacia sob o drográficas), conforme BRASIL –
ponto de vista geológico e em forma- MINISTÉRIO DO MEIO AMBI-
ções características, calcárias ou de ENTE (2018).

45
RECURSOS HÍDRICOS

 Amazônica: É a mais extensa aquáticos determinam um alto


rede hidrográfica do globo ter- potencial de impacto sobre os
restre, ocupa uma área total de recursos hídricos para grande
7.008.370 km2, desde as nas- parte das ações desencadeadas
centes nos Andes Peruanos até no espaço geográfico da re-
sua foz no oceano Atlântico, gião.
sendo 64,88% inserida no ter-  Tocantins Araguaia – Possui
ritório brasileiro. Compõem uma área de 967.059 km² (11%
também a Região a Colômbia do território nacional) e
(16,14%), Bolívia (15,61%), abrange os estados de Goiás
Equador (2,31%), Guiana (26,8%), Tocantins (34,2%),
(1,35%), Peru (0,60%) e Vene- Pará (20,8%), Maranhão
zuela (0,11%). Na porção bra- (3,8%), Mato Grosso (14,3%) e
sileira, os principais formado- o Distrito Federal (0,1%).
res do rio Amazonas pela mar- Grande parte situa-se na re-
gem direita são os rios Javari, gião Centro-Oeste, desde as
Purus, Madeira, Tapajós e nascentes dos rios Araguaia e
Xingú. Pela margem esquerda Tocantins até a sua confluên-
contribuem o Iça, Japurá, Ne- cia, daí para jusante adentra
gro, Trombetas, Paru e o Jarí. na Região Norte até a sua foz.
A porção brasileira apresenta O rio Tocantins nasce no Pla-
uma área da ordem de nalto de Goiás, a cerca de 1000
3.843.402 km2, comparti- m de altitude, sendo formado
lhada por sete estados (100% pelos rios das Almas e Mara-
do Acre, Amazonas, Amapá, nhão. Entre seus principais
Rondônia e Roraima, 76,2% afluentes, até a confluência
do Pará e 67,8% do Mato com o rio Araguaia, destacam-
Grosso). A vazão média de se, na margem direita os rios
longo período estimada do rio Bagagem, Tocantinzinho, Pa-
Amazonas é da ordem de raná, dos Sonos, Manoel Alves
108.982 m3/s (68 % do total Grande e Farinha e, na mar-
do País). A baixa densidade gem esquerda, o rio Santa Te-
demográfica associada a um resa. Seu principal tributário é
desenvolvimento econômico o rio Araguaia, com 2.600 km
ainda incipiente e a alta dispo- de extensão, onde se encontra
nibilidade hídrica fazem com a Ilha do Bananal, a maior ilha
que a região não apresente fluvial do mundo (350 km de
problemas de disponibilidade comprimento e 80 km de lar-
hídrica em grande escala. No gura). Após a confluência com
entanto, a riqueza do bioma o rio Araguaia destaca-se o rio
amazônico, sua fragilidade e Itacaúnas pela margem es-
interação com os ecossistemas querda. A extensão total do rio

46
RECURSOS HÍDRICOS

Tocantins é de 1.960 km, ou integralmente, 223 municí-


sendo sua foz na Baía de Ma- pios. A Região tem uma área
rajó, onde também desaguam de 254.100 km2, sendo que 9%
os rios Pará e Guamá. A Região dessa área pertencem ao es-
Hidrográfica do Tocantins- tado do Pará e os 91% restan-
Araguaia apresenta uma vazão tes ao estado do Maranhão. A
média de 15.432,54 m ³/s, que Região Hidrográfica Atlântico
corresponde a Nordeste Ocidental apresenta
 9,6% do total do País. O uma vazão média de 2.514
grande potencial hidrelétrico m3/s, cerca de 1% da vazão
da região e sua localização média observada no País. A
frente aos consumidores da demanda total de água é de
Região Nordeste tornam a Re- 16,2 m3/s, sendo 35% para uso
gião Hidrográfica do Tocan- rural e 29% para uso urbano
tins-Araguaia prioritária para concentrados nas unidades hi-
a implantação de aproveita- drográficas do Mearim e Ita-
mentos hidrelétricos. Entre as pecuru. A irrigação é inexpres-
28 centrais hidrelétricas insta- siva e corresponde a 0,2% do
ladas, destaca-se a UHE Tucu- total da área irrigada do País;
ruí, localizada no baixo Tocan- sua demanda é estimada em
tins, que é responsável pelo 17% do total da região. A de-
abastecimento de energia elé- manda para dessedentação de
trica de 96 % do estado do Pará animais representa 15% do to-
e 99 % do Maranhão. Além da tal da região e concentra-se
agricultura e geração de ener- principalmente na unidade hi-
gia, a região apresenta expres- drográfica do Mearim. A de-
siva reserva de minérios, me- manda para uso industrial re-
recendo destaque o Complexo presenta 4% do total, embora
Mineral de Carajás, que atual- apresente uma reduzida de-
mente representa o maior manda, o setor industrial tem
complexo de exploração mine- alguma importância, princi-
ral do País. palmente no que se refere ao
 Atlântico Nordeste Ocidental complexo siderúrgico de Ita-
– Contempla, basicamente, o qui (MA) e segmentos de in-
Estado do Maranhão e uma dústrias leves agrupados em
pequena porção oriental do distritos industriais. Algumas
Estado do Pará, abrangendo as das principais tipologias
bacias hidrográficas dos rios agroindustriais presentes na
Gurupi, Turiaçu, Pericumã, bacia são frigoríficos, sucos e
Mearim, Itapecuru, Munim e a conservas, abatedouros e fecu-
região do litoral do Maranhão. larias.
Nela estão inseridos, parciais  Parnaíba – É hidrologica-

47
RECURSOS HÍDRICOS

mente a segunda mais impor- km2, equivalente a 3% do ter-


tante da Região Nordeste do ritório brasileiro, contempla 5
Brasil, após a bacia do rio São importantes capitais do Nor-
Francisco. Essa região hidro- deste, dezenas de grandes nú-
gráfica é a mais extensa, den- cleos urbanos e um significa-
tre as vinte e cinco bacias da tivo parque industrial. Nesse
Vertente Nordeste. A região cenário, destaca-se o fato da
ocupa uma área de 344.112 região circunscrever mais de
km2 (3,9% do território nacio- uma dezena de pequenas ba-
nal) e drena quase a totalidade cias costeiras, caracterizadas
do estado do Piauí (99%), pela pouca extensão e vazão de
parte do Maranhão (19%) e seus corpos d’água. A vazão
Ceará (10%). O rio Parnaíba média do conjunto das unida-
possui aproximadamente des hidrográficas é da ordem
1.400 Km de extensão e a mai- de 813 m3/s, ou aproximada-
oria dos afluentes localizados à mente 0,5% da vazão do País.
jusante de Teresina são pere- As demandas para uso urbano
nes e supridos por águas pluvi- e rural são respectivamente
ais e subterrâneas. A demanda 15% e 7% do total da região. A
de irrigação representa 64% demanda para irrigação res-
do total da região, a área irri- ponde por 70% do total da re-
gada estimada corresponde a gião e área irrigada corres-
1% da área irrigada do País. A ponde a 13% da área irrigada
utilização média de água por do País, sendo quase na sua to-
hectare é superior à média na- talidade composta por proje-
cional e pode ser parcialmente tos privados (97%). A relação
atribuída à elevada evapo- entre a disponibilidade e a de-
transpiração existente na re- manda configura um quadro
gião, mas se deve também ao de baixa segurança hídrica, so-
emprego de métodos de baixa bretudo nos períodos de estia-
eficiência como a irrigação por gem sazonal. São Francisco –
inundação praticada na área Assume grande expressão,
litorânea e do baixo rio Parna- uma vez que seu rio principal,
íba onde existe boa disponibi- o rio São Francisco, tem sido
lidade hídrica. As demandas cenário de importantes acon-
rural e urbana correspondem tecimentos históricos de di-
respectivamente a 12% e 13% mensões regional e nacional,
do total. A demanda para des- sendo conhecido como rio de
sedentação animal representa integração regional, concen-
10% do total e o uso industrial trando um grande potencial
responde por 1%. hidro energético e em suas
 Atlântico Nordeste Oriental – margens desenvolvem-se al-
Tem uma área de 287.348 guns projetos governamentais

48
RECURSOS HÍDRICOS

de agricultura irrigada. O rio ponde por 6 % da demanda to-


São Francisco tem aproxima- tal e concentra no Alto São
damente 2.700 km de exten- Francisco. As principais ativi-
são, sendo sua nascente histó- dades industriais são siderur-
rica na Serra da Canastra em gia, mineração, química, têxtil
Minas Gerais, escoando no agroindústria, papel e equipa-
sentido sul-norte pela Bahia e mentos industriais.
Pernambuco, quando altera  Atlântico Leste – A Região Hi-
seu curso para sudeste, che- drográfica Atlântico Leste con-
gando ao Oceano Atlântico en- templa as capitais dos estados
tre Alagoas e Sergipe. Entre de Sergipe e da Bahia, alguns
rios, riachos, ribeirões, córre- grandes núcleos urbanos e um
gos e veredas, são ao todo 168 parque industrial significativo,
afluentes, dos quais 99 são pe- estando nela inseridos, parcial
renes e 69 são intermitentes. A ou integralmente, 526 municí-
região hidrográfica abrange pios. A área abrangida por esta
sete unidades da federação: região hidrográfica corres-
Minas Gerais (36,8% da área ponde a 8% do País, incluindo
da bacia), Distrito Federal porções dos estados do Ser-
(0,2%), Goiás (0,5%), Bahia gipe (4%), Bahia (69%); Minas
(48,2%), Pernambuco Gerais (26%) e Espírito Santo
(10,9%), Alagoas (2,3%), Ser- (1%). A demanda urbana res-
gipe (1,1%). A demanda para ponde por 35% do total da re-
irrigação responde por 69% do gião, estando concentrada na
total da região e área irrigada bacia do rio Paraguaçu, onde
corresponde a 11% da área irri- está localizada a cidade de Sal-
gada nacional. A agricultura é vador. A demanda rural cor-
o uso atual preponderante dos responde a 15 % do total e a de-
recursos hídricos da região. manda para uso animal apro-
Levantamentos indicam a ximadamente 8 %. A área irri-
existência de 35,5 milhões de gada estimada representa
hectares aptos à agricultura de cerca de 3% da área irrigada do
sequeiro e excessivo montante País, quase a totalidade dos
de terras aptas à irrigação em projetos tem caráter privado
relação à quantidade de água (97%) e a demanda representa
disponível para a atividade. As 37 % do total da região. A rela-
demandas urbana e rural re- ção entre a demanda e a dispo-
presentam respectivamente a nibilidade evidencia um certo
17% e 4% da demanda total. A comprometimento dos recur-
demanda animal representa sos hídricos da região, onde a
apenas 4% da demanda total. demanda alcança mais de
A demanda industrial res- 100% da disponibilidade nas

49
RECURSOS HÍDRICOS

bacias Paraguaçu e Itapicuru, pressivas nas unidades hidro-


mais de 80% na bacia do rio gráficas do Paraíba do Sul,
Pardo e mais de 50% nas ba- Doce e Litoral do Rio de Ja-
cias dos rios de Contas e Itaú- neiro. As principais atividades
nas. industriais são a siderurgia,
 Atlântico Sudeste - Possui ex- alimentícia e aeronáutica. A
pressiva relevância nacional área irrigada estimada repre-
devido ao elevado contingente senta cerca de 8,1% da área ir-
populacional e importância rigada do País e a demanda é
econômica, atrelados ao estimada em 33% do total da
grande e diversificado parque Região Hidrográfica. Em fun-
industrial ali instalado. Essa ção das características demo-
região localiza-se, em uma das gráficas e econômicas, a região
mais complexas e desenvolvi- apresenta elevada demanda de
das áreas do País, com grande água (10% do total nacional).
potencial de conflitos pelo uso As principais demandas na re-
da água, pois ao mesmo tempo gião são a urbana/rural e in-
em que apresenta uma das dustrial, que representam, res-
maiores demandas hídricas pectivamente, 18,8% e 12,5%
nacionais, possui, também da demanda nacional. A rela-
uma das menores disponibili- ção entre a demanda e a dispo-
dades relativas. A Região Hi- nibilidade evidencia o com-
drográfica Atlântico Sudeste prometimento dos recursos
tem área de 229.972 km2, hídricos das unidades hidro-
equivalente 2,7% do território gráficas do Litoral de São
brasileiro. Os seus principais Paulo e do Rio de Janeiro,
rios, em extensão, são o Para- onde a relação demanda/dis-
íba do Sul e Doce, com respec- ponibilidade alcança 102% e
tivamente 1.150 e 853 km. 109%, respectivamente.
Além desses, essa região hi-  Atlântico Sul – Tem grande
drográfica é formada por di- importância para o País pelo
versos e pouco extensos rios seu desenvolvimento econô-
que formam as seguintes ba- mico e sua e por abrigar ex-
cias: São Mateus, Santa Maria, pressiva densidade demográ-
Reis Magos, Benevente, Itaba- fica. A Região Hidrográfica
poana, Itapemirim, Jacu, Ri- Atlântico Sul se inicia ao norte
beira e litorais do Rio de Ja- próximo à divisa dos estados
neiro e de São Paulo. A deman- de São Paulo e Paraná e se es-
das urbana e industrial res- tende até o arroio Chuí, ao sul.
pondem respectivamente por Possui uma área total de
41% e 15% do total da Região 185.856 km2 (2% do País) e
Hidrográfica, sendo mais ex- vazão média de 4.129 m³/s

50
RECURSOS HÍDRICOS

(3% da produção hídrica do Peperi-Guaçu, apresenta dire-


País). A região abrange por- ção sudoeste, servindo de
ções dos estados do Paraná fronteira entre o Brasil e a Ar-
(3,6%), Santa Catarina gentina. Após receber a aflu-
(20,2%) e Rio Grande do Sul ência do rio Quaraí, que limita
(76,2%). A demanda para irri- o Brasil e o Uruguai, na região
gação representa 78% da de- sudoeste do estado do Rio
manda total, para uma área ir- Grande do Sul, toma a direção
rigada de 614.072 ha (20% do sul, passando a dividir a Ar-
total do País). A maior parte gentina e o Uruguai até sua
do consumo de água vem do foz. A região hidrográfica
cultivo do arroz (rizicultura) abrange porções dos estados
por inundação, que ocupa 84% do Rio Grande do Sul (73%) e
da área irrigada na região. É Santa Catarina (27%). A área
importante ressaltar que o total da bacia do rio Uruguai é
cultivo do arroz, responsável de 385.000 km2, sendo que
pela elevada demanda de 45% está situada em território
água, se concentra em um pe- nacional (2% do País). A vazão
ríodo de três meses do ano. As média anual da Região Hidro-
demandas urbana e rural cor- gráfica do Uruguai corres-
respondem respectivamente a ponde a 2,6% da disponibili-
9% e 7,9% do total na região. A dade hídrica do País. A maior
demanda animal representa parte do consumo de água vem
cerca de 2% e a industrial de do cultivo do arroz (rizicul-
cerca de 9% do total da região tura) por inundação, que se
 Uruguai – A Região Hidrográ- concentra no oeste do Rio
fica do Uruguai apresenta Grande do Sul (95% da área ir-
grande importância para o rigada na região). A demanda
País em função das atividades de irrigação representa 91% da
agroindustriais desenvolvidas demanda total da região para
e do seu potencial hidrelétrico. uma área irrigada que corres-
Juntamente com as regiões hi- ponde a 14% da área irrigada
drográficas do Paraná e Para- do País. É importante ressaltar
guai ela forma a grande região que o cultivo do arroz, respon-
hidrográfica do Prata. O rio sável pela elevada demanda de
Uruguai possui 2.200 km de água, se concentra em um pe-
extensão e se origina da con- ríodo de três meses do ano. Os
fluência dos rios Pelotas e do consumos para abastecimento
Peixe e assume, nesse trecho, a urbano, rural, industrial e des-
direção leste-oeste, dividindo sedentação de animais são
os estados do Rio Grande do pouco significativos dentro da
Sul e Santa Catarina. Após a relação demanda/disponibili-
sua confluência com o rio dade da região.

51
RECURSOS HÍDRICOS

 Paraná – Apresenta grande de 1988 e Reserva da Biosfera


importância no contexto naci- pela UNESCO no ano de 2000.
onal, pois possui o maior de- O rio Paraguai nasce em terri-
senvolvimento econômico do tório brasileiro e sua bacia hi-
País e 32% da população brasi- drográfica abrange uma área
leira. A Região possui uma de 1.095.000 km², sendo 33%
área de 879.860 km² (10% do no Brasil e o restante na Ar-
território nacional) e abrange gentina, Bolívia e Paraguai. No
os estados de São Paulo (25% Brasil a Região abrange por-
da região), Paraná (21%), ções dos estados de Mato
Mato Grosso do Sul (20%), Grosso do Sul (51,8%) e Mato
Minas Gerais (18%), Goiás Grosso (48,2%), ocupando
(14%), Santa Catarina (1,5%) e uma área de 363.445km²
Distrito Federal (0,5%). A va- (4,6% do território nacional).
zão média da região corres- A demanda total de água na re-
ponde a 6,4% do total do País. gião hidrográfica corresponde
A demanda total de água cor- a 1,04% do País, sendo do total
responde a 27,1% da demanda regional destinados 39% para
do País, sendo do total regio- dessedentação de animais,
nal destinados 33% para irri- 35% para irrigação, 16% para
gação, 32% para abasteci- abastecimento urbano, 5%
mento urbano, 25% para in- para abastecimento rural e 5%
dústrias, 6% para dessedenta- para uso industrial.
ção de animais e 4% para abas-
tecimento rural. A unidade hi- 5.2. Características Físicas
drográfica do Tietê apresenta das Bacias Hidrográficas
as maiores demandas para
consumo urbano, rural e in- As características físicas de
dustrial e o maior comprome- uma bacia são elementos de grande
timento em termos da relação importância em seu comportamento
demanda/disponibilidade
hidrológico, devido à existência de
(119,63 %). A maior demanda
de irrigação ocorre na unidade uma estreita correspondência entre
hidrográfica do rio Grande. o regime hidrológico e estes elemen-
 Paraguai – A Região Hidrográ- tos.
fica do Paraguai apresenta im-  Área de drenagem – É a área,
portância no contexto nacio- em projeção horizontal, limi-
nal, pois inclui o Pantanal, tada pela linha de contorno. É
uma das maiores extensões determinada por planimetria
úmidas contínuas do planeta, ou recorrendo a Sistemas de
considerado Patrimônio Naci- Informação Geográfica (SIG)
onal pela Constituição Federal e, usualmente exprime-se em

52
RECURSOS HÍDRICOS

km2 ou hectares. A área de Mede-se o comprimento da


uma bacia é o elemento básico bacia
para o cálculo das restantes ca- (L) quando se segue o curso
racterísticas fisiográficas.
d’água mais longo desde a de-
 Forma da Bacia – A forma su-
sembocadura até a cabeceira
perficial de uma bacia hidro-
gráfica é importante devido ao mais distante na bacia. A lar-
tempo de concentração a par- gura média (Lm) é obtida
tir do início da precipitação, quando se divide a área pelo
necessário para que toda a ba- comprimento da bacia, logo:
cia contribua na seção em es-
tudo, ou seja, tempo que leva a
água dos limites da bacia para
chegar à saída da mesma. Em
geral, as bacias hidrográficas
dos grandes rios apresentam a o O fator de forma é um ín-
forma de uma pêra ou de um
dice indicativo da tendência
leque, mas as pequenas bacias
variam muito no formato, de- para enchentes de uma bacia.
pendendo da estrutura geo- Uma bacia com um fator de
lógica do terreno. forma baixo é menos sujeita a
o Coeficiente de Compaci- enchentes que outra de mesmo
dade (Kc): É a relação entre o tamanho, porém com maior
perímetro da bacia e a circun- fator de forma. Isso se deve ao
ferência de um círculo de área
fato de que numa bacia estreita
igual à da bacia. A tendência à
enchente de uma bacia será e longa, com fator de forma
tanto maior quanto mais pró- baixo, há menos possibilidade
ximo da unidade for este coefi- de ocorrência de chuvas inten-
ciente. Um coeficiente igual à sas cobrindo simultaneamente
unidade corresponderia a uma toda sua extensão;
bacia circular.
Capitulo 06 – Hidrologia das
Aguas Superficiais – Rios, La-
gos e Outros Eventos Hidroló-
gicos

o Fator de Forma (Kf): É a rela- Parte das águas, que não é in-
ção entre a largura média e o filtrada no solo e nem é evaporada
comprimento axial da bacia. para a atmosfera, sofre escoamento

53
RECURSOS HÍDRICOS

em função da gravidade. Inicial- de Janeiro (normalmente pró-


mente a água corre em finos filetes, ximo à fronteira com Minas
que progressivamente aumentam de Gerais), São Paulo (interior),
Goiás e Mato Grosso, e que se
volume, desenvolvendo finalmente
traduz num curso de água ou
os córregos até os rios de grandes di- corrente de água, que flui ou
mensões. desemboca no oceano, num
Existem diversas denomina- lago ou noutro curso de água.
ções para os diferentes cursos d'á-  Córrego – Curso de água cor-
gua. No Brasil, o que chamamos co- rente de pequeno porte.
mumente de rio pode receber nomes Ocorre em todas as regiões fi-
distintos de acordo com a região do siográficas brasileiras, na mai-
oria das Unidades da Federa-
país, o fluxo de água e o local onde ção.
deságua. Entretanto, essas diversas
denominações não obedecem a um As principais diferenças entre
critério científico ou oficial. Essas os ecossistemas lóticos (definidos
nomenclaturas dadas aos cursos d'á- pela presença de água em movi-
gua resultam da regionalização das mento – como rios e riachos) e os
denominações, e não de um critério lênticos (definidos pela água apre-
científico específico. De acordo com sentar pouco ou nenhum movi-
IBGE (2015), adota-se a seguinte de- mento como lagos e lagoas) são que
finição: no primeiro a corrente tende a ser
 Rio – Corrente líquida resul- um fator limitante e de controle
tante da concentração do len- muito mais importante do no se-
çol de água num vale. Um
gundo. Outro aspecto diz respeito as
curso de água pode, em toda
sua extensão, ser dividido em trocas entre terra e água, que são
três partes: a) curso superior; mais intensas nos ambientes lóticos,
b) curso médio; e c) curso infe- e que acabam por gerar um ecossis-
rior. tema muito mais aberto com comu-
 Riacho – Termo regional de nidades de metabolismo heterotró-
ocorrência na Região Nordeste fico, especialmente em riachos de
e que se traduz num curso de
reduzida ordem. Além disso, as es-
água ou corrente de água, que
flui ou desemboca no oceano, tratificações térmica e química são
num lago ou noutro curso de extremamente raras em ecossiste-
água. mas lóticos (exceto em rios lentos de
 Ribeirão – Termo regional de grande ordem), sendo que a tensão
ocorrência nos Estados do Rio de oxigênio é mais alta e mais uni-

54
RECURSOS HÍDRICOS

forme em rios. É importante ressal- enciaram culturas diferentes e a his-


tar que todas estas diferenças vão tória de nações inteiras. A origem de
proporcionar características especí- muitos centros urbanos na Europa
ficas e diferenciadas na dinâmica e Ocidental está intimamente ligada
na estrutura das comunidades que ao estabelecimento de uma classe
estão adaptadas a estes ecossiste- burguesa que fugia da servidão cam-
mas. Os reservatórios, por sua vez, pesina. Essa nova classe social,
podem ser considerados ecossiste- ainda na Idade Média, estabeleceu-
mas híbridos rios/lagos. Esta peculi- se e desenvolveu novos centros co-
aridade se deve as características tí- merciais ao longo de rios, tais como
picas que estes ambientes possuem, o Reno, Danúbio, Sena, Tejo, Tâ-
ou sejam, intensa influência ex- misa e muitos outros. Pode-se
terna; morfologia e hidrologia dis- mesmo dizer que os rios da Europa
tintas de lagos e rios; e fontes exter- foram os condutores do progresso e,
nas e internas de matéria orgânica. mais do que isso, os cursos d’água
foram os agentes libertadores que
5.3. Ecossistemas Lóticos – possibilitaram o desenvolvimento
Rios do comércio, libertando milhões de
pessoas do regime feudal e da servi-
Os ecossistemas lóticos são de- dão.
finidos pela presença de água em
movimento. Deste modo, o melhor
exemplo de ambiente lótico são os
rios, riachos e córregos, nos quais a
correnteza permanentemente des-
loca a água de montante (nascente)
a jusante (foz de desague). Tantos ri- Fonte: revistagalileu.globo.com
achos pequenos com baixíssimo vo-
lume d’água quanto o Nilo ou o Em outras partes do mundo,
Amazonas, os maiores rios do os rios foram importantes não só
mundo, são considerados ambientes para o desenvolvimento regional,
lóticos. Os rios, apesar de contribuí- mas também foram usados pelo ho-
rem muito pouco para os estoques mem para conquistar outros povos e
totais de água doce existentes na bi- terras. Nas Américas, foram os rios
osfera, são extremamente importan- que possibilitaram aos europeus a
tes para a civilização humana. Influ- conquista de novas terras. Na Ásia,

55
RECURSOS HÍDRICOS

várias culturas e religiões estão inti- intermitentes ou temporários. Por-


mamente ligadas aos rios. E na tanto, na maioria das vezes, no mo-
África, até o tráfico de escravos era mento da classificação, dependendo
feito seguindo a geografia fluvial. da época das imagens, alguns rios
Define-se como rios os cursos não são cadastrados, consequente-
d'água ou redes de drenagem com- mente o cadastro não será compatí-
postos por correntes de água doce vel com a realidade.
formadas a partir da obtenção de re- O clima, a geologia, a geomor-
cursos hídricos das chuvas, do der- fologia, dentre outros, mudam entre
retimento da neve ou, principal- os diferentes locais e criam diferen-
mente, das nascentes onde a água tes paisagens. Os cursos d’água tam-
brota do subsolo. bém sofrem diferenciações com base
nessas condicionantes climáticas,
geológicas e morfológicas. Além
disso, diferenças em nível local,
como presença e extensão de corre-
deiras e deposição de sedimento,
modificam as formas dos rios (o se-
dimento é constantemente lavado
reduzindo a concentração neste
Fonte: www.gov.br
compartimento e contaminando a
coluna de água). Estas e outras mé-
Quanto à forma de escoa-
tricas de paisagem, que variam entre
mento da água, os rios podem ser in-
os cursos d’água, podem ser utiliza-
termitentes, perenes ou efêmeros.
das para agrupá-los em ecorregiões.
Os rios efêmeros existem somente
As ecorregiões (regiões com
quando fortes chuvas acontecem,
relativa homogeneidade ambiental)
que são as chamadas torrentes.
delimitam grandes áreas em que
Os rios intermitentes são
cada nível local do ecossistema re-
aqueles cujos leitos secam ou conge-
presenta mais ou menos uma região
lam durante algum período do ano,
com um padrão previsível. Assim, é
já os perenes, são os que correm du-
possível prever o mesmo padrão em
rante o ano todo.
locais não observados, desde que
Como exemplo, no Nordeste, a
possuam condições semelhantes
maioria dos rios correm em apenas
àquelas encontradas nos locais
um período do ano, ou seja, secam
amostrados.
nas épocas de estiagem, são os rios

56
RECURSOS HÍDRICOS

Quanto à forma de relevo, hídricos, tanto do ponto de vista da


existem dois tipos de rios: os de pla- hidráulica e do controle da erosão,
nalto e os de planície. como também do ponto de vista se-
 Rios de planalto – são rios que dimentológico, geomorfológico e do
costumam apresentar-se em planejamento regional.
áreas de relevo mais acentu- A erosão fluvial é realizada
ado, possuindo um fluxo mais através dos processos de corrosão,
forte em razão dos muitos aci-
corrasão e cavitação.
dentes geográficos ao longo de
seu percurso. Por apresenta-  A corrosão compreende todo e
rem uma grande diferença de qualquer processo de reação
nível altimétrico entre sua química que se verifica entre a
nascente e a sua foz, esses rios água e as rochas que estão em
são considerados ideais para a contato.
geração de eletricidade, porém  A corrasão ou abrasão é o des-
pouco recomendados para a gaste pelo atrito mecânico, ge-
navegação na maior parte de ralmente através do impacto
suas áreas. das partículas carregadas pe-
 Rios de planície – são rios que las águas. A evorsão repre-
apresentam um curso mais re- senta um tipo especial de cor-
gular, haja vista o relevo me- rasão originada pelo movi-
nos acentuado. Por isso, o mento turbilhonar das águas
fluxo de suas áreas não é rá- sobre as rochas do leito. De-
pido e a instalação de hidroe- pressões de vários tamanhos
létricas, embora seja possível, podem ser escavadas, em ge-
é pouco recomendada, pois ral, de forma circular, tais
demanda a construção de bar- como as marmitas ou caldei-
ragens muito grandes para um rões.
baixo aproveitamento energé-  A cavitação ocorre somente
tico, o que gera duros impac- sob condições de velocidades
tos ambientais. Os rios de pla- da água, quando as variações
nície mais antigos costumam de pressão sobre as paredes do
apresentar canais cheios de canal fluvial facilitam a frag-
meandros, ou seja, com “cur- mentação das rochas. Os ca-
vas” muito frequentes e acen- nais aumentam os seus com-
tuadas, a exemplo do Rio primentos por erosão remon-
Amazonas tante ou regressiva, desde que
haja suficiente área abastece-
O conhecimento das caracte- dora para alimentar as cabe-
rísticas fluviais é importante não so- ceiras. Resulta, geralmente, de
mente no que concerne aos recursos solapamento da base, sobre-

57
RECURSOS HÍDRICOS

tudo, onde a superfície é pro- modo, com o mergulho das ca-


tegida por uma camada resis- madas geológicas. Estes rios
tente, solo ou vegetação (Fi- formam cursos retilíneos e pa-
gura 2.10). ralelos, fluindo rumo às partes
 Em relação à sua geomorfolo- baixas. Na Bacia do Paraná,
gia, os rios podem ser classifi- como exemplos de rios conse-
cados como: quentes tem-se o Tietê, Para-
 Antecedentes e/ou superim- napanema e Iguaçu.
postos – Rios antecedentes  Subsequentes ou ortoclinais –
são aqueles que contrabalan- são rios cujo sentido do fluxo é
cearam os efeitos dos levanta- controlado pela estrutura ro-
mentos tectônicos, entalhando chosa, sempre acompanhados
seus cursos de maneira sufici- de zonas de fraqueza das ro-
entemente rápida. Eles são chas, tais como falhas, diacla-
contemporâneos do episódio samento, rochas menos resis-
tectônico, pois existia antes do tentes, etc. Aprofundando as
atual relevo ter sido modelado rochas tenras põem em res-
e manteve seu curso original, salto as duras, as quais dão
apesar das mudanças nas ro- origem às cuestas11.
chas subjacentes e no relevo.  Obsequentes ou anaclinais –
Já em outra situação geoló- correm em sentido inverso ao
gica, o rio superimposto pode mergulho das camadas geoló-
fluir num padrão de drenagem gicas, isto é, em sentido oposto
dendrítico sobre as rochas se- ao dos rios consequentes. Es-
dimentares com acamamento tes rios, geralmente, possuem
horizontal que se superpõem a pequena extensão e descem
rochas dobradas e falhadas, das escarpas, terminando nos
com diferentes resistências à rios subsequentes. São res-
erosão. Com o tempo, o rio en- ponsáveis pelo retrabalha-
talha uma garganta ou desfila- mento do front da cuesta,
deiro através das camadas re- como afluentes de 2a ordem.
sistentes de um anticlinal so-  Ressequentes ou cataclinais de
terrado reverso – fluem no mesmo
 Consequentes ou cataclinais – rumo dos rios consequentes.
são aqueles cujo curso foi de- Nascem em nível topográfico
terminado pela declividade do mais baixo no reverso de cu-
terreno coincidindo, grosso esta, e desaguam num rio sub-

11 relevo dissimétrico formado por uma ca- lado por um perfil côncavo em declive íngreme e do
mada resistente, fracamente inclinada (declive in- outro por um planalto suavemente inclinado (re-
ferior a 30ᵒ) e interrompida pela erosão, tendo na verso).
base uma camada tenra. Está constituída de um

58
RECURSOS HÍDRICOS

sequente, tributário do rio circundados pelo sistema terrestre


consequente principal. com origens e tempo de vida variá-
 Insequentes – são aqueles que veis. Do ponto de visto geológico,
não apresentam qualquer con- eles são, com poucas exceções, rela-
trole geológico visível na dis-
tivamente jovens, de pouca duração,
posição espacial da drenagem.
Devido à falta do controle es- visto que apresentam caráter acu-
trutural, tais rios tendem a de- mulativo (sistemas mais ou menos
senvolver-se sobre rochas ho- fechados).
mogêneas representadas tanto A maioria dos lagos naturais
por camadas horizontais, foi formado por forças tectônicas,
como por rochas ígneas. vulcânicas ou glaciais. Os demais re-
sultaram de deslizamentos de terra,
5.4. Ecossistemas Lênticos –
ação de um rio, vento, meteoritos,
Lagos e Lagoas
atividades de animais e pela ação
Os ecossistemas lênticos são humana. Eles nascem através de
definidos pela presença de água pa- eventos geológicos catastróficos ou
rada ou com pouco movimento. Eles graduais e vão usualmente sendo re-
são representados por lagos, lagoas, juvenescidos ou tornam-se extintos
reservatórios ou charcos, nos quais o em processos similares.
tempo de residência (tempo que a A origem de lagos pode se dar
água permanece no sistema) cos- sob duas formas. Uma ligada aos
tuma ser alto pois o seu fluxo é processos geológicos superficiais
baixo. Os lagos geralmente são mais classificados como gênese exógena,
extensos e profundos que as lagoas. os quais no território brasileiro re-
sultam daqueles formados nas pla-
nícies aluviais e costeiras; os de bar-
ramentos gerados por fluxos de de-
tritos, os de origem cárstica e os de
origem antrópica. Já a outra forma
está associada à origem endógena,
Fonte: www.iguiecologia.com ou tectônica, ambas oriundas de
tensões na crosta terrestre ou na
Eles contêm cerca de 100 vezes parte superior do manto.
mais água que os rios. Os lagos po- Para compreender a origem e
dem ser considerados como corpos a evolução dos lagos, faz-se necessá-
de água doce ou salina, continental rio analisar características morfoló-
ou costeiro, total ou parcialmente gicas como profundidade, tipo do

59
RECURSOS HÍDRICOS

substrato, distribuição, tipo de sedi- ções climáticas áridas e semiá-


mento encontrado e a relação com as ridas, ou que foram escorrega-
feições geológicas locais e regionais das pela movimentação das fa-
lhas. O material transportado
entre as áreas de entorno.
(lama e blocos rochosos) pode
A seguir, é apresentada uma obstruir ravinas e drenagens
breve síntese de cada tipo de lago de barrando o caminho natural
ocorrência brasileira, apresentado da água gerando lagos barra-
por FARIA (2013). dos. Tais lagos geralmente são
Lagos de origem exógena encontrados junto a encostas
Lagos formados em planícies montanhosas e íngremes;
aluviais – Os lagos formados em pla-  Lagos de origem cárstica –
Esse tipo de lago é originado
nícies aluviais podem ocorrer sob dos processos de entulha-
duas formas mais comuns: mento e colapso do teto das ca-
 Através do transbordamento vernas gerando as dolinas nas
do canal do rio na época da regiões onde os substratos ro-
cheia sob a depressão topográ- chosos são solúveis em ácidos
fica da planície de inundação, fracos, principalmente em ro-
cuja duração não passa de de- chas calcáreas. Assume carac-
zenas de anos e possui caracte- terística arredondada e com
rística irregular ovalada com profundidade que não passa
pouca profundidade; de algumas dezenas de met-
 Por meio do corte e/ou do iso- ros;
lamento de canais meandran-  Lagos de origem antrópica –
tes do leito do rio. Esse tipo de São construídos pelo homem,
lago assume uma morfologia destacam-se represas forma-
em meia lua como herança da das por barramentos de rios e
forma do leito do rio aban- barragens de rejeitos origina-
donado. Possui profundidade dos nas cavas das minas. Pos-
semelhante a do rio que o suem profundidades e formas
originou, e o período de sua variadas.
existência costuma ser maior
do que o da origem descrita Lagos de origem endógena
acima;  Lagos tectônicos – Constituem
 Lagos de barramento – São la- lagos cuja origem está direta-
gos originados pelo acúmulo mente associada às movimen-
de fluxos de detrito transpor- tações da crosta terrestre e
tados pelas chuvas intensas e surgem a partir de dobramen-
concentradas em períodos tos e falhas no relevo. Geral-
curtos, geralmente sob condi- mente são profundos não

60
RECURSOS HÍDRICOS

apresentando escoamento  Interface água-ar – os organis-


para os níveis de base global. mos que permanecem nesta
interface, são conhecidos
como nêuston (microrganis-
mos) e o plêuston (macrorga-
nismos que nadam na superfí-
cie ou andam na mesma, tais
como plantas flutuantes, lar-
vas de insetos, entre outras).

Fonte: marilianoticia.com.br

Em lagos e lagoas, podem ser


diferenciadas, também, pelas se-
guintes zonas:
 Zona litorânea – águas rasas,
próximas às margens, geral-
mente rica em oxigênio, lumi-
nosidade, onde se desenvol-
vem macrófitas enraizadas,
com grande número de nichos
ecológicos e cadeias alimenta-
res tanto de herbivoria quanto
de detritos. Nesta zona ocor-
rem diversos organismos, tais
como oligoquetas, moluscos,
crustáceos, insetos;
 Zona limnética ou pelágica –
água aberta, onde as comuni-
dades características são o
plâncton e o nécton;
 Região profunda - contém
apenas organismos heterótro-
fos, dependência da produção
da matéria orgânica nas regi-
ões anteriores. Sua comuni-
dade é a bentônica formada
principalmente por oligoque-
tos, crustáceos, moluscos, lar-
vas de insetos, etc.;

61
62
RECURSOS HÍDRICOS

4. Unidade 04 - Águas Subterrâneas, Barragens e


Legislação Hídrica

Fonte: mundogeo.com12

Capítulo 07 – Hidrologia de na zona saturada, isto é, na zona


Águas Subterrâneas – situada abaixo da superfície freática.
Aquíferos O nível freático é uma superfície
teórica que separa a zona saturada

C onsiderando-se a disponibi- da zona não saturada (zona


lidade de água doce, as águas intermediária). Acima da zona
subterrâneas representam cerca de intermediária ocorrem as águas
97% deste perfil disponível na Terra. armazenadas nos solos.
Embora toda a água situada abaixo A água subterrânea, como um
da superfície da Terra seja componente do ciclo hidrológico,
evidentemente subterrânea, a está em constante circulação e flui,
denominação água subterrânea é de modo geral, lentamente, pelos
atribuída apenas à água que circula poros da rocha. Os aquíferos

12 Retirado em mundogeo.com

63
RECURSOS HÍDRICOS

contêm, ao mesmo tempo, rochas armazenada nos espaços entre


com características porosas e os grãos criados durante a
permeáveis e impermeáveis que formação da rocha; é o caso
das rochas sedimentares,
formam estruturas geológicas
como os arenitos do Sistema
capazes de armazenar e ceder água. Aqüífero Guarani. Os
Um dos parâmetros que influenciam aqüíferos porosos funcionam
o fluxo da água subterrânea é a com esponjas onde os espaços
permeabilidade. Já a porosidade é a vazios são ocupados por água.
propriedade que determina a  Fissural
quantidade de água que pode ser (cristalino/embasamento
armazenada em uma rocha. A cristalino) – a água circula
pelas fissuras resultantes do
porosidade é determinada pelo fraturamento das rochas
volume de poros vazios em relação relativamente impermeáveis
ao volume total da rocha. (ígneas ou metamórficas),
Os aquíferos são formações como os basaltos, que estão
geológicas constituídas por rochas sobre arenitos do Guarani.
capazes de armazenar e transmitir  Cársticos – São os aqüíferos
quantidades significativas de água. formados em rochas
carbonáticas (sedimentares,
São efetivamente reservatórios
ígneas ou metamórficas).
naturais subterrâneos que podem Constituem um tipo peculiar
ser de variados tamanhos, de poucos de aqüífero fraturado, onde as
km2 a milhares de km2, ou também, fraturas, devido à dissolução
podem apresentar espessuras de do carbonato pela água,
poucos metros a centenas de metros podem atingir aberturas muito
de profundidade. A Resolução grandes, criando, neste caso,
verdadeiros rios subterrâneos.
396/08 do CONAMA define São exemplos destes, as
aquífero como um corpo regiões da Gruta de Maquiné,
hidrogeológico com capacidade de São Domingos, Vale do
acumular e transmitir água através Ribeira e Bonito.
dos seus poros, fissuras ou espaços
resultantes da dissolução e Considerando-se sua posição e
carreamento de materiais rochosos. estrutura, podemos classificar 2
Existem diferentes tipos de tipos de aquíferos:
aquíferos, dentre os quais pode-se  Aquífero livre - Formação
destacar quanto aos tipos de espaços geológica permeável e
vazios em: parcialmente saturada de
água. É limitado na base por
 Poroso – com água uma camada impermeável. O

64
RECURSOS HÍDRICOS

nível da água no aquífero está É a quantidade de água


à pressão atmosférica. adicionada ao reservatório de
 Aquífero confinado – Forma- água subterrânea, resultante
ção geológica permeável e da percolação vertical da
completamente saturada de precipitação através da zona
água. É limitado no topo e na não saturada, descontando-se
base por camadas imper- os déficits de umidade do solo
meáveis. A pressão da água no e da evapotranspiração.
aquífero é superior à pressão  Recarga Indireta - Quantidade
atmosférica. de água que infiltra e atinge o
lençol freático, proveniente de
Se as formações geológicas poças, em áreas de topografia
não são aquíferas então podem ser rebaixada, também referida
como recarga localizada, e a
definidas como:
infiltração que ocorre como
 Aquitardo – Formação geo- conseqüência do escoamento
lógica que pode armazenar superficial, a partir dos cursos
água, mas que a transmite d’água, através dos
lentamente, não sendo sedimentos de fundo de canais
rentável o seu aproveitamento e lagos. Existem, portanto,
a partir de poços. duas categorias de recarga
 Aquicludo – Formação geo- indireta, sendo uma associada
lógica que pode armazenar a cursos d’água superficiais e
água, mas não a transmite (a outra resultante de
água não circula). concentrações de água em
 Aquífugo – Formação geo- superfícies planas, onde
lógica impermeável que não inexistem corpos d’água bem
armazena nem transmite definidos (recarga localizada).
água.
Nas últimas décadas, em
A recarga do aquífero pode diversos países, tem-se tornado
ocorrer naturalmente através da evidente a importância das águas
precipitação ou infiltração em leitos subterrâneas, tanto para o
de rios, canais e lagos, ou induzida abastecimento das populações,
por atividades antrópicas como como para outros usos. A Tabela 01
irrigação e urbanização. São procura apresenta os principais
reconhecidos dois tipos principais aquíferos mundiais.
de recarga:
 Recarga Direta – Também
referida como recarga difusa.

65
RECURSOS HÍDRICOS

Tabela 01 – Principais aquíferos mundiais (Fonte: BRASIL, MMA, 2007)

Área Volume
Nome Países (Milhões Estimado
Km2) (Bilhões m3)

Sistema Aquífero
1 Amazonas Bolívia, Brasil, Colômbia, 3,95 ---
Equador, Peru e Venezuela
(Solimões, Iça, Alter do
Chão)
2 Núbia Líbia, Egito, Chade, Sudão 2 75

3 Norte Sahara Algéria, Líbia e Tunísia 1,03 60

4 Sistema Aquífero Argentina, Brasil, Paraguai, 1,2 37


Guarani Uruguai
5 Grande Bacia Austrália 1,7 20
Artesiana
High Plain
6 Estados Unidos 0,45 15
(Aquífero Ogallala)

7 North China Plain China 0,14 5

8 Vecht Alemanha e Holanda 0,38 ---

9 Kalahari / Karoo Namíbia, Botswana, Africa do 0,144 ---


Basin Sul
10 Índia River Plain Índia e Paquistão 0,560 ---

11 Leste Prússia Rússia, Polônia e Lituânia --- ---

12 Aquífero Rio Estados Unidos e México 0,108 ---


Grande

O Aquífero Guarani é um dos constituído por rochas areníticas


maiores reservatórios de água doce friáveis, com espessuras de até 300
do Planeta e localiza-se na Bacia metros e que foram depositadas
Geológica do Paraná, ocupando num ambiente predominantemente
cerca de 1.200.000 Km2, desértico há cerca de 150 milhões de
abrangendo quatro países do anos.
Mercosul: Uruguai, Argentina, No Brasil, também é
Paraguai e Brasil. Este aquífero é conhecido como “Formação Botu-

66
RECURSOS HÍDRICOS

catu” e é encontrado desde a altamente fragmentados, já que os


superfície, na cidade de Ribeirão escassos suprimentos de água têm
Preto até a profundidade de 1.800 sido frequentemente gerenciados
metros na região do Pontal do por meio do uso de represas e
Paranapanema. Estima-se que as reservatórios. Os rios correm mais
reservas hídricas do Aqüífero livremente nas zonas menos
Guarani poderiam sozinhas povoadas do Alasca, Canadá e
abastecer o Planeta até o ano de Rússia, e em pequenas bacias
2.300 e o Brasil por 2.500 anos, costeiras na África e Ásia. Essa
desde que sejam utilizadas de fragmentação tem um efeito
maneira racional e controlada. importante porque grande parte da
variedade de vida da água doce
Figura 6 – Aquífero Guarani. depende das conexões entre as
diferentes partes de uma bacia
hidrográfica, já que a água, os
sedimentos e os nutrientes fluem em
ritmos dinâmicos de enchentes, e na
costa, pela interação com zonas de
maré. Mais de 40% da vazão
mundial dos rios são agora
interceptados por grandes
barragens e um terço dos
sedimentos destinados às zonas
Fonte: www.ofitexto.com.br
costeiras já não as alcançam. Essas
interrupções em larga escala têm
Capítulo 08 – Barragens
tido graves impactos na migração de
Os rios estão se tornando cada peixes, na biodiversidade de água
vez mais fragmentados, muitas doce em geral e nos serviços que ela
vezes com graves interrupções em presta. As barragens têm sido
seus fluxos. Os rios mais construídas desde o século XIX. Elas
fragmentados encontram-se em são erguidas para os mais diferentes
regiões industrializadas, como interesses, dentre eles podemos
grande parte dos Estados Unidos e destacar: projetos de irrigação,
da Europa, e em países abastecimento humano, lazer,
excessivamente povoados, como a navegação, paisagismo, pesca,
China e a Índia. Os rios em regiões proteção contra enchentes, regula-
áridas também tendem a ser rização de vazões para diversas

67
RECURSOS HÍDRICOS

atividades econômicas, valorização As barragens construídas para


de terras, geração de empregos, armazenar e controlar especifica-
surgimento de novas atividades mente água se destinam geralmente
econômicas, geração de energia ao abastecimento doméstico e
hidrelétrica. industrial, à irrigação, à navegação,
Segundo o relatório da à recreação, ao controle de
Comissão Mundial de Barragens, as sedimentação, ao controle de cheias
barragens provocaram, entre outros e à produção de energia elétrica.
danos, o deslocamento de 40 a 80 Algumas barragens têm apenas uma
milhões de pessoas em todo o função e são assim conhecidas como
mundo, sendo que algumas delas "barragens de função única".
ainda não foram cadastradas nem Outras, são construídas para servir a
indenizadas; os efeitos das diversas funções e são, por isso,
barragens sobre o patrimônio conhecidas como "barragens de usos
histórico e cultural também são múltiplos".
relevantes. Acrescente-se a esses O Registro Mundial de
conflitos a necessidade de utilização Barragens, da Comissão
dos recursos hídricos das barragens Internacional de Grandes Barragens
para outros usos. (CIGB/ICOLD), considera uma
Segundo o Comitê Brasileiro grande barragem aquela que possua
de Barragens, elas podem ser altura de 15 metros (independen-
definidas como: temente do volume de água
armazenável em seu reservatório)
“...Obstáculos artificiais com a
ou também a que possua altura
capacidade de reter água,
qualquer outro líquido, rejeitos, entre 10 e 15 metros desde que tenha
detritos, para fins de capacidade de armazenar mais de
armazenamento ou controle,
podem variar em tamanho
três milhões de metros cúbicos de
desde pequenos maciços de água em seu reservatório. De acordo
terra, usados frequentemente com esse critério, a altura de uma
em fazendas, a enormes
estruturas de concreto ou de
barragem é determinada pela
aterro, geralmente usadas para diferença da elevação de sua crista
fornecimento de água, de até o ponto mais baixo da sua
energia hidrelétrica, para
controle de cheias e para
fundação. A Figura 7 apresenta um
irrigação, além de diversas exemplo de barragem.
outras finalidades...”

68
RECURSOS HÍDRICOS

Figura 7 – Exemplo de barragem ecologia humana pela intensi-


(Barragem Mauá). ficação do fluxo migratório de
pessoas; serviços de saúde
sobrecarregados;
 Falta de adaptação de
populações removidas aos
novos locais de moradia, a
novas atividades de trabalho,
ou dificuldades para conseguir
trabalho, resultando em
efeitos psicológicos;
 Contaminação do reservatório
Fonte: www.aen.pr.gov.br
devido ao acúmulo ou maior
carga de afluentes sanitários,
As barragens, como ícones de por insumos das atividades
uma determinada concepção agrícolas, como fertilizantes e
hegemônica de desenvolvimento e agrotóxicos, e por resíduos da
progresso, símbolos de atitude e criação de animais, podendo
política empreendedora, foram gerar eutrofização;
responsáveis por desalojar mais de  Alterações na produção,
200 mil famílias. Um dos maiores transporte e acúmulo de
sedimentos a montante e a
problemas sociais causados pela jusante, cujos processos de
construção de barragens é a erosão e sedimentação podem
desapropriação e remoção de causar alterações no leito do
populações rurais e urbanas, e rio;
mesmo comunidades indígenas e  Alterações nos estoques
quilombolas de seus territórios pesqueiros e fenômenos
originais. ecológicos, como a piracema,
podendo levar à redução de
As condições de vida podem espécies.
ser pressionadas, entre outros
fatores, por: A existência de um número
 Possibilidades de aumento de cada vez maior de reservatórios de
doenças devido à formação do grandes dimensões, formando
reservatório (deslocamentos e
novos ecossistemas artificiais, tem
expansão da distribuição
geográfica de vetores de produzido inúmeras alterações nos
doenças como esquistos- sistemas hidrológico, atmosférico,
somose, malária, leishma- biológico e social nas regiões em que
niose, etc.); são construídos e nas áreas que são
 Riscos epidemiológicos e de atingidas pelos lagos artificiais. A

69
RECURSOS HÍDRICOS

construção de uma barragem colapso, com consequências


interfere nas três principais catastróficas para as estruturas das
interfaces do sistema aquático próprias barragens, ao meio
formado pela bacia hidrográfica: a ambiente, com destruição da fauna
interface ar-água, a interface e da flora, e, principalmente, pela
sedimento-água, e a interface perda de vidas humanas.
organismo-água, acarretando em O acúmulo de água para
alterações sobre o ecossistema irrigação é a principal finalidade das
natural. Geologicamente, a barragens no mundo, sejam elas
construção de barragens impõe destinadas a um só uso ou para usos
diversas solicitações aos maciços múltiplos. Dentre as barragens para
geológicos. A principal solicitação é um só uso, cerca de 49% são para
o empuxo hidráulico, resistido pelo irrigação, 20% são hidroelétricas,
peso da barragem e pela fundação. A 13% são para abastecimento de
estanqueidade do reservatório, a água, 9% são para controle de
sismicidade natural ou induzida e a cheias, 5% são para recreação e 4%,
percolação de água são exemplos de para outros usos. O tipo mais
solicitações, que podem interferir na comum de barragem são as de terra
estabilidade da barragem. Outros (63%), cuja fundação pode ter uma
fatores que também podem gama de variações. A ruptura em
comprometer uma barragem são a barragens ocorre, muitas vezes, em
qualidade e o comportamento período de cheia, sendo as principais
mecânico-hidráulico dos materiais causas de ruptura de barragens de
naturais: de acordo com a estrutura aterro: galgamento e erosão
atingida, pode haver desde regressiva.
pequenos atrasos na construção até  Galgamento é o transbor-
a inviabilização da obra. damento da água do
As ações do intemperismo reservatório através do
sobre os materiais naturais, coroamento, ocasionando rup-
tura do maciço de terra. Os
associadas a falhas, fraturas, zonas
principais fatores relacio-
de cisalhamento e ocorrência de nados ao galgamento são:
sismos são fatores identificados insuficiência do vertedouro ou
como risco geológico. sua obstrução; vazão não
As barragens são obras prevista a montante.
geralmente associadas a um elevado  Erosão regressiva consiste na
potencial de risco devido à desagregação de partículas de
solo que compõem o corpo da
possibilidade de um eventual
barragem, provocada pela

70
RECURSOS HÍDRICOS

ação da água que percola no desocupação compulsória de áreas


interior do maciço ou da sendo as vítimas, geralmente,
fundação. A erosão regressiva parcelas mais vulneráveis da
também pode ocorrer a
população e com menos condições
jusante do vertedouro. Os
principais fatores que podem legais de se defenderem. Observa-se
provocar a erosão regressiva então a desterritorialização indireta,
são: camadas mal compa- ou seja, a perda territorial de uma
ctadas; problemas na parcela da população cujas raízes no
tubulação da tomada d’água; lugar podem ser seculares, em
deficiência no sistema de função da construção de uma usina
drenagem interno; camadas
hidrelétrica.
permeáveis ou fraturas na
fundação.

Tendo como base esta relação


entre as barragens e o risco,
MENESCAL (2007), apenas
considerando o período de cinco
anos, afirma que ocorreram mais de
400 acidentes com barragens no
Brasil. Ainda de acordo com o
mesmo autor, estima-se que, apenas
para o ano de 2004, mais de 300
barragens, de vários tamanhos,
Fonte: blog.brkambiental.com.br
tenham se rompido no país.
Existem, no Brasil, várias represas A produção de barragens,
que não recebem a manutenção através da artificialização de um
necessária, ou se encontram meio biofísico, gera todo um risco
totalmente abandonadas, inclusive para uma população que mora a
como reflexo da inoperância e jusante. Esta população, regra geral,
desprovimento das instituições que fundou suas casas em função de
as administram. certa regularidade de vazão num
Destaca-se que a construção recorte histórico muito maior do que
de barragens, principalmente, as obras desta construção civil
considerando as de grande porte, já específica. Desta forma, antes não
representam risco para determi- havia risco para estas populações,
nadas populações mesmo antes de pois se baseavam na vazão pretérita
suas construções. Trata-se da a barragem. Mas, o empreendi-

71
RECURSOS HÍDRICOS

mento, feito a posteriori, a tivas e emergenciais; o


transforma em área de risco e, empreendedor e o responsável legal
assim, induz a população local a pela segurança da barragem,
refazer a concepção de segurança cabendo-lhe o desenvolvimento de
que regia sua vida cotidiana, suas ações para garanti-la; a promoção de
aspirações no lugar e para o lugar. mecanismos de participação e
Iniciativas setoriais e pontuais controle social e, que a segurança de
já vinham sendo tomadas quanto à uma barragem influi diretamente na
segurança de barragens no Brasil. sua sustentabilidade e no alcance de
Com o crescente número de seus potenciais efeitos sociais e
ocorrências de acidentes e ambientais.
incidentes, o tema foi objeto de
iniciativa parlamentar, com a Capítulo 08 – Legislação
apresentação, em 2003, de projeto Hídrica
de lei ao Congresso Nacional, do
qual resultou, em 2010, a A Constituição Federal de
promulgação da Lei nº 12.334/2010 1988 estabeleceu que a água é um
que estabelece a Política Nacional de bem de domínio público
Segurança de Barragens (PNSB), pertencendo aos estados e à União.
conhecida também como Lei de No caso das águas superficiais elas
Segurança de Barragens. Desde podem ser de domínio do Estado ou
então, a lei vem sendo da União quando forem rios de
regulamentada tanto pelo conselho divisa ou que atravessam mais de
Nacional de Recursos Hídricos um estado. No caso das águas
(CNRH) como pelas entidades subterrâneas elas pertencem
fiscalizadoras. exclusivamente aos estados. A Lei
São fundamentos da Política Federal no 9.433 / 1997 – Lei das
Nacional de Segurança de Barragens Águas instituiu a Política Nacional
(PNSB): a segurança de uma de Recursos Hídricos cujos
barragem deve ser considerada nas fundamentos são:
suas fases de planejamento, projeto, I. A água é um bem de domínio
construção, primeiro enchimento e público;
primeiro vertimento, operação, II. A água é um recurso natural
desativação e de usos futuros; a limitado, dotado de valor
população deve ser informada e econômico;
estimulada a participar, direta ou III. Em situações de escassez, o
indiretamente, das ações preven- uso prioritário dos recursos

72
RECURSOS HÍDRICOS

hídricos é o consumo humano 7.1. Fundamento I


e a dessedentação de animais;
IV. A gestão dos recursos hídricos A água é um bem que pertence
deve sempre proporcionar o a um sistema maior, integrado, que
uso múltiplo das águas; é um ciclo dinâmico sujeito às
V. A bacia hidrográfica é a interferências humanas. Compre-
unidade territorial para ender a origem da água, o ciclo
implemen-tação da política hidrológico, a dinâmica fluvial e o
nacional de recursos hídricos e fenômeno das cheias, os aqüíferos,
atuação do sistema nacional de bem como os riscos geológicos
gerenciamento de recursos associados aos processos naturais
hídricos; (assoreamento, enchentes) é
VI. A gestão dos recursos hídricos essencial para que possamos
deve ser descentralizada e entender a dinâmica da hidrosfera e
contar com a participação do suas relações com as demais esferas
poder público, dos usuários e terrestres.
das comunidades. Hoje a importância da água
para o homem continua sendo
O sistema introduzido pela imensa. É fundamental para a
Política Nacional de Recursos sobrevivência física, visto que os
Hídricos, procura organizar este indivíduos humanos são carentes de
setor no âmbito nacional, água para que suas necessidades
consolidando o conceito de gestão fisiológicas sejam satisfeitas; assim
integrada e de visão sistêmica da como para que ocorra o incremento
água, definindo papéis, funções e de atividades que são necessárias
competências de cada um de seus para o desenvolvimento humano,
componentes, além de constituir tais como para geração de energia
diretrizes que procuram promover a hidroelétrica, utilização em
articulação do planejamento dos processos nas indústrias, desenvol-
recursos hídricos com os dos setores vimento da agricultura, recreação,
usuários, Poder Público e a harmonia paisagística, além de
sociedade como um todo, buscando outros.
também a sua interação com o Isso aponta para a crucial
planejamento regional, estadual e importância, tanto na história
nacional, bem como, sua integração humana como para ela, de que se
com a gestão ambiental. deve fazer esforços para que na-

73
RECURSOS HÍDRICOS

nossa sociedade atual os direitos à continuidade do modo de produção


vida sejam acessíveis a todos, capitalista. Assim, considerando
principalmente o direito à água, que, em relação a água, o que varia é
visto que a necessidade da mesma sua qualidade, aumentos na
para a vida humana é de caráter demanda conduzem a custos mais
vital. elevados, pois torna-se cada vez
Dessa forma, para que se mais difícil captar água doce na
possa promover uma gestão quantidade e qualidade necessária
eficiente desse recurso, em primeiro ao consumo humano, após
lugar é preciso entender que, em adequação de suas características
tese a água é considerado como um físicas, químicas e biológicas. Isso
bem comum ao qual todos tem faz com que se perceba que é preciso
acesso, ou seja, de modo geral, é adaptar a demanda e a oferta desse
entendida como um patrimônio recurso, onde se verifica que a água
comum, um recurso de toda Nação é um bem que se apresenta em
que dele dispõe, e que tem que ser quantidade limitada e a custos
acessível a todos conforme crescentes.
declaração do Comitê das Nações Face aos problemas causados
Unidas para os Direitos aos recursos hídricos, por essa
Econômicos, Culturais e Sociais forma de abordagem, a cada dia
torna-se mais evidente a
7.2. Fundamento II necessidade de entender a água
como um bem econômico, cuja
O uso descontrolado da água gestão deverá orientar-se por
causa a diminuição da sua princípios de eficiência econômica,
disponibilidade efetiva para o satisfazendo a procura sob uma
consumo humano. E, entre as ótica de sustentabilidade. Prova
principais formas de mau uso e disso é que o princípio 4, da
degradação, pode-se citar a retirada Declaração de Dublin, da
excessiva e seu consequente Conferência Internacional da Água e
desperdício; a poluição e do Ambiente, ocorrida em 1992,
contaminação; o desmatamento; e a declara que “a água tem valor
urbanização. econômico em todos os seus usos,
É o conjunto desses fatores devendo ser reconhecida como um
que determinam a escassez e fazem bem econômico”.
da segurança hídrica um dos A cobrança pelo recurso
problemas centrais para a hídrico objetiva reconhecer a água

74
RECURSOS HÍDRICOS

como bem econômico e dar ao mais preocupante, em relação à


usuário uma indicação de seu real demanda futura.
valor, incentivar a racionalização do Os recursos hídricos são
uso da água, bem como, obter renováveis, porém, finitos. Assim,
recursos financeiros para o sua preservação é de extrema
financiamento dos programas de importância.
intervenções contemplados nos O consumo de água é
planos de recursos hídricos. crescente para os diversos fins e sua
Portanto, a cobrança se disponibilidade com boa qualidade
justifica pela autorização da está-se tornando cada vez menor. A
utilização do recurso hídrico, não escassez de água é um problema
sendo ela uma sanção ou multa pelo ambiental, cujos impactos tendem a
uso, mas simplesmente uma ser cada vez mais graves caso o
contraprestação para a efetivação de manejo dos recursos hídricos não
seus objetivos. Consigna-se que tal seja revisto pelos países.
cobrança está intrinsecamente Tem-se, assim, que antes da
relacionada com os princípios do utilização mercantil e industrial, o
poluidor-pagador e usuário- acesso à água, antes de qualquer
pagador. coisa, é primordial e imprescindível
às necessidades básicas da
7.3. Fundamento III sociedade.
O Brasil, por dispor de grandes
A preservação do meio reservas de água doce poderá vir a
ambiente e, conseqüentemente, dos ser um dos países a comercializar
recursos hídricos é uma necessidade seus recursos hídricos com o
atual em todo o mundo. objetivo de evitar um colapso de
Evidências, constatadas e suprimento, diante de possível
mensuradas, do grau de escassez.
deterioração que vem sofrendo os Por esta razão, é necessário
recursos naturais (em conseqüência que o país esteja preparado para se
de exploração irracional e de integrar a esta nova realidade por
escassez de grande parte desses meio de legislações e políticas
recursos), já são sentidas em administrativas que possam
algumas regiões do planeta. garantir que não falte água para o
A situação é alarmante no que povo brasileiro e que este recurso
se refere à demanda existente e, possa ser subsídio do

75
RECURSOS HÍDRICOS

desenvolvimento econômico e constituir-se em sistema aberto de


social. fluxo hídrico a montante do ponto
onde a vazão do curso principal é
7.4. Fundamento IV medida. Portanto, o comportamento
hidrológico da bacia hidrográfica
Economias regionais e nacio- pode ser avaliado através dos
nais dependem da disponibilidade atributos fisiográficos inerentes à
adequada de água para geração de sua área e aferido através dos
energia, abastecimento público, registros fluviométricos.
irrigação e produção de alimentos É na escala da bacia
(agricultura, aqüicultura e pesca, hidrográfica que se torna possível
por exemplo). colocar em prática a gestão
Melhorar a gestão dos descentralizada e participava de
recursos hídricos integrando e recursos hídricos. O SINGREH foi
otimizando os usos múltiplos, criado para coordenar a gestão
alocando de forma flexível a água integrada das águas; arbitrar os
para os diferentes usuários e conflitos relacionados com os
investindo em saneamento público recursos hídricos; implementar a
(coleta de esgotos, tratamento de PNRH; promover a cobrança; e
esgotos, resolvendo problemas planejar, regular e controlar o uso, a
sanitários de doenças de veiculação preservação e a recuperação dos
hídrica) é uma das formas mais recursos hídricos.
relevantes de desenvolvimento Para atingir seus objetivos, o
econômico e social, pois melhora a Sistema conta com instrumentos de
qualidade de vida, promove a gestão adequados às três escalas de
geração de empregos e renda e execução da PNRH: (i) o Conselho
amplia a capacidade de Nacional de Recursos Hídricos
abastecimento de água para usos (CNRH), órgão máximo do Sistema
múltiplos e estímulo à economia de caráter normativo e deliberativo,
que atua em âmbito nacional e
7.5. Fundamento V regional interagindo com os outros
instrumentos de gestão a seguir; (ii)
A bacia hidrográfica é os Conselhos Estaduais de Recursos
tradicionalmente considerada como Hídricos (CERH), que se
a unidade fisiográfica mais assemelham ao Conselho Nacional,
conveniente para o planejamento mas possuem atuação limitada pelos
dos recursos hídricos, por limites estaduais; (iii) os Comitês de

76
RECURSOS HÍDRICOS

Bacias Hidrográficas (CBH), que dos ribeirinhos, pequenos


promovem o debate sobre os agricultores, metropolitanos sem
recursos hídricos, arbitram os água encanada e outros cidadãos
conflitos entre os atores envolvidos normalmente excluídos dos proces-
em primeira instância, estabelecem sos políticos (as comuni-dades). A
os mecanismos de cobrança e gestão dos recursos hídricos
sugerem os valores a serem pagos depende, portanto, do entrosamento
pelo uso dos recursos hídricos, entre e da consciência de cada um desses
outras competências; e as Agências personagens.
de Água, que atuam por bacia A outorga de direitos de uso de
hidrográfica e exercem a função de recursos hídricos é, talvez, o
secretaria executiva do(s) instrumento mais importante para o
respectivo(s) CBH(s). Esses sucesso da Política Nacional de
organismos dialogam entre si para Recursos Hídricos.
cumprir as metas da PNRH, mas, Como a água, pela Consti-
entre todos, os Comitês merecem tuição, é considerada um bem
destaque, pois são neles que os público, de domínio dos Estados ou
representantes do poder público, da da União, conforme o caso, a Política
sociedade civil e dos usuários Nacional de Recursos Hídricos
decidem em escala local, ou “de estabelece que, para dela fazer uso é
baixo para cima”, a gestão das águas necessária a outorga de direito pelo
no Brasil. respectivo Poder Público.
Os Planos de Bacia servem de Estão sujeitos a outorga pelo
elementos motivadores e indutores Poder Público: a derivação ou
da gestão descentralizada e captação de parcela de água de
participativa. Indicam metas e qualquer corpo hídrico e a extração
soluções de curto, médio e longo de água de aqüífero subterrâneo
prazo para os problemas da bacia para consumo final, incluindo o
relacionados à água. abastecimento público, e para
insumo de processo produtivo (para
7.6. Fundamento VI uso industrial, como matéria-prima
ou para processos auxiliares, como
Ela afirma a importância dos lavagem, resfriamento, produção de
representantes eleitos e da vapor, etc.); o lançamento em corpo
administração pública (o poder de água de esgotos e de outros
público), dos grandes consumidores resíduos líquidos ou gasosos,
de água (os usuários), mas também tratados ou não, para diluição,

77
RECURSOS HÍDRICOS

transporte ou disposição final; o socioeconômicas, políticas e


aproveitamento de potenciais culturais.
hidrelétricos; e outros usos que
alterem o regime, a quantidade ou a Para águas de bacias de
qualidade da água existente na domínio federal e estadual, os
natureza. Note-se que a “Lei das Estados terão que se articular com o
Águas” considera como uso da água, Poder Federal. Para supervisionar,
para efeito de outorga, o lançamento controlar e avaliar as atividades e
de esgotos sanitários e industriais, correntes da implementação da
pois estes “consomem” certa Política Nacional de Recursos
quantidade de água do corpo hídrico Hídricos.
em que são lançados, ao reduzir a
qualidade dessa água e torná-la
imprópria para outros usos. São
também considerados como usos da
água os aproveitamentos de
potenciais hidráulicos (usinas
hidrelétricas), pois, para manter um
determinado potencial de geração Fonte:www.siiidengenharia.com.br
(de acordo com concessão para
produzir energia), faz-se necessário A Agência Nacional de Águas
manter uma vazão mínima de água foi criada pela lei nº 9.984 de 2000,
disponível para acionar as turbinas, e é a agência reguladora vinculada
vazão esta que fica indisponível para ao Ministério do Meio Ambiente
outros usos consumptivos (como (MMA) dedicada a fazer cumprir os
irrigação e industrial) a montante da objetivos e diretrizes da Lei das
usina. Águas do Brasil, a lei nº 9.433 de
Quanto aos aspectos jurídico- 1997. Para isso ela segue
institucionais, a gestão dos recursos basicamente quatro linhas de ação:
precisa atender às seguintes  Regulação - Regula o acesso e
características: o uso dos recursos hídricos de
 Ser integrado, considerando o domínio da União, que são os
ciclo hidrológico; que fazem fronteiras com
 Adotar a bacia como unidade; outros países ou passam por
 Considerar os usos múltiplos mais de um estado, como, por
da água; exemplo, o rio São Francisco.
 Levar em conta as A ANA também regula os
características serviços públicos de irrigação

78
RECURSOS HÍDRICOS

(se em regime de concessão) e governos, usuários e das


adução de água bruta. Além comunidades, em uma gestão
disso, emite e fiscaliza o participativa e democrática.
cumprimento de normas, em  Planejamento - Elabora ou
especial as outorgas, e participa de estudos
também é a responsável pela estratégicos, como os Planos
fiscalização da segurança de de Bacias Hidrográficas,
barragens outorgadas por ela. Relatórios de Conjuntura dos
 Monitoramento - É Recursos Hídricos, entres
responsável por acompanhar a outros, em parceria com
situação dos recursos hídricos instituições e órgãos do poder
do Brasil. Coordena a Rede público.
Hidrometeorológica Nacional
que capta, com o apoio dos
estados e outros parceiros,
informações como nível, vazão
e sedimentos dos rios ou
quantidade de chuvas. Essas
informações servem para
planejar o uso da água e
prevenir eventos críticos,
como secas e
 inundações. Além de, em
colaboração com o Operador
Nacional do Sistema Elétrico
(ONS), definir as regras de
operação dos reservatórios das
usinas hidrelétricas, para
garantir que todos os setores
que dividem o reservatório
tenham acesso à água
represada.
 Aplicação da lei - Coordena a
implementação da Política
Nacional de Recursos
Hídricos, realizando e dando
apoio a programas e projetos,
órgãos gestores estaduais e à
instalação de comitês e
agências de bacias. Assim, a
ANA estimula a participação
de representantes dos

79
80
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