Você está na página 1de 3

EIN 337 – Estrutura e Funcionamento da Educação Infantil

Notas de Aula – 2014


Prof. Ângela M. S. Ferreira

UNIDADE 3 – AS LEIS DE DIRETRIZES E BASE DA EDUCAÇÃO NACIONAL

Aspectos Históricos e Constitucionais

No Brasil, as grandes transformações no campo da educação e do ensino iniciaram na década de


1930. Várias modificações estavam consubstanciadas no documento que ficou conhecido como Manifesto
dos Pioneiros que “encarava a educação como um instrumento por excelência de uma reconstrução
nacional a expressar-se na formação da hierarquia democrática pela hierarquia das capacidades
recrutadas em todos os campos sociais”. Dentre as propostas inovadoras deste documento podemos citar:
a laicidade do ensino; a coeducação dos sexos; a escola pública para todos; a revolução pedagógica de
centrar o ensino no aluno mais nos programas e/ou professor.
O Governo Provisório (Getúlio Vargas), inspirado nas ideias do Manifesto dos Pioneiros tomou
algumas medidas como: criação do Ministério da Educação; reforma do ensino secundário, comercial e
superior.
A Constituição de 1934 incorporou muita das propostas dos Pioneiros: educação como um direito
de todos; obrigatoriedade da escola primária integral e extensiva aos adultos; gratuidade do ensino da
escola pública; assistência aos alunos necessitados. Nesta mesma Constituição, e pela primeira vez em
nossa história, constou a determinação de existir uma Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional –
LDB e, também, incumbiu a União de elaborar o Plano Nacional de Educação – PNE.
Infelizmente, a Constituição de 1934 teve duração efêmera e, em 1937, o Presidente Vargas
outorga outra Constituição. Assim, a existência de uma LDB ficou comprometida e só voltaria a ser
discutida a partir de 1948, por determinação da Constituição de 1946, que foi discutida, aprovada e
promulgada pela Assembleia Nacional Constituinte de 1945.
Durante o período Ditatorial (1937-1945), extinguiram-se os sistemas de ensino, fecharam-se os
Conselhos de Educação e, não mais se destinou recursos públicos para o ensino, além de estabelecer a
dicotomia ensino para “pobres” e ensino para “ricos”.

A Primeira LDB

A LDB é a lei que determina os fins da educação, os caminhos a serem percorridos e os meios
adequados para atingi-los, enfim, regulamenta a Educação Escolar Nacional.
A fixação da LDB é uma competência exclusiva da União, não podendo haver diretrizes e bases
da educação por leis estaduais e/ou municipais. A LDB é indispensável uma vez que a maioria dos
Artigos da Constituição que trata da educação e do ensino não é autoaplicável, portanto, tais artigos
precisam ser regulamentados por Lei Federal que explicará o sentido dos princípios filosóficos, políticos,
administrativos, financeiros, pedagógicos, etc.
A primeira LDB nasceu por determinação da Constituição de 1946 e, passou 13 anos para ser
aprovada no Congresso Nacional.
Em 20 de dezembro de 1961, é sancionada, promulgada e publicada a nossa primeira LDB, a lei
de nº. 4.024, cuja vigência ocorreu a partir de 1° de janeiro de 1962.
A primeira LDB, não promoveu grandes mudanças na estrutura e funcionamento do ensino
vigente.
O ensino secundário ou médio tinha a duração de sete anos, subdividido em ginásio (4 anos) e
colégio (3 anos).
O ensino primário, com duração de 4 anos, para crianças de 7 a 11 anos de idade, seria ministrado
nos grupos escolares ou em escolas isoladas.
A educação pré-escolar era tratada em dois artigos, os de n° 23 e 24, que fixavam sua finalidade: a
de destinar-se aos menores de 7 anos e ministradas em escolas maternais e jardins de infância. Também
estimulava as empresas que tivessem a seus serviços mães de menores de 7 anos, a organizar e manter
instituições de educação pré-primária.
A educação especial, tratada como educação de excepcionais, deveria enquadrar-se sempre que
possível, no sistema geral de educação, a fim de integrar os excepcionais na comunidade.
A Constituição de 1967 institucionalizou a nova ordem política do país, o conhecido Regime
Militar, que vigorou até 1985, quando ocorreram eleições indiretas da dupla de civis Tancredo/ Sarney.
Esta Constituição determinava:
a) a União terá competência exclusiva para legislar sobre as diretrizes e bases da educação
nacional;
b) a LDB cuidará de assuntos pedagógicos dos sistemas de ensino: o federal; os estaduais e o
Distrito Federal.
Com base nessa nova ordem constitucional, 1967/69, foram baixadas várias leis de ensino em
épocas diferente, revogando parte da Lei 4.024/61, que, originalmente, tinha 120 artigos e remanesceram
apenas 30 até 1996.
As principais leis de ensino que se seguiram foram:
a) 5.540,28/11/1968 – relativa ao ensino superior;
b) 5.692,11/08/1971 – relativa ao ensino de 1° e 2° graus;
c) 7.044,18/10/1982 – relativa ao 2° grau.
Estas leis, e mais o que remanesceu da Lei 4.024/61, formavam a então LDB, não mais
constituindo 4 LDBS, com é comum entender, uma vez que as posteriores à original apenas dispunham
sobre o ensino de 1°, 2° e 3° graus e não sobre a educação nacional como um todo.
Lei 5.540/68 – esta lei relativa ao ensino superior tratou, dentre outras questões, das modalidades
de cursos a serem ministrados nas universidades e nos estabelecimentos isolados de ensino superior:
– quanto ao ensino de graduação: aberto à matrícula de candidatos que concluíram o ciclo
colegial ou equivalente e aprovados em concurso vestibular;
– quanto ao ensino de pós-graduação: aberto à matrícula de candidatos diplomados em cursos de
graduação ou equivalentes (mestrado e doutorado – stricto sensu);
– quanto à especialização e aperfeiçoamento: aberto à matrícula de candidatos diplomados em
curso de graduação ou equivalente (lato sensu);
– quanto aos cursos de extensão e outros: abertos a candidatos que satisfaçam os requisitos
exigidos.
Lei 5.692/71 – relativa ao ensino de 1° e 2°graus.
– educação pré-escolar: mereceu pouco destaque nessas reformas e não foi muito diferente do que
dizia a Lei 4.024/61. A lei 5.692/71 dizia que os sistemas de ensino deveriam velar para que as crianças
menores de sete anos recebessem educação conveniente em escolas maternais, jardins de infância ou em
instituições congêneres. Estimulava também, as empresas em que trabalhassem mães de menores de sete
anos de idade, a manter a educação que preceda o ensino de 1°grau.
– ensino de 1° grau: fruto da junção do ensino primário com o ginasial, destinado à formação de
crianças e de pré-adolescente obrigatório dos sete aos quatorze anos e gratuito nas escolas oficiais.
– ensino de 2° grau: equivalente ao ciclo colegial, destinado à formação integral do adolescente e,
para o ingresso exige-se a conclusão do 1° grau ou de estudos equivalentes, no início pretendeu-se que o
ensino de 2° grau fosse profissionalizante.
– ensino supletivo: cursos de suplências, para suprir a escolarização regular para os adolescentes e
adultos que não a tenham seguido ou concluídos na idade própria e cursos de suprimento, para
proporcionas, estudos de aperfeiçoamento ou atualização.
– educação especial: dizia que os alunos que apresentam deficiências físicas ou mentais, os que
tenham atraso considerável quanto à idade regular de matrícula e os superdotados deverão receber
tratamento especial.
Lei 7.044/82 – relativa ao ensino de 2° grau. Dentre outras alterações relacionadas ao ensino de 2°
grau ela mudou a expressão que o ensino de 2° grau deveria qualificar para o trabalho, para a expressão
preparar para o trabalho, retirando a compulsoriedade da profissionalização do ensino de 2° grau.

A Atual LDB

Desde 1988 está em vigor a nova Constituição, promulgada pela Assembleia Nacional
Constituinte em 05 de outubro, cujos artigos 22, 23 e 24 tratam da educação:
– Artigo 22: compete privativamente à União legislar sobre as diretrizes e bases da educação nacional;
– Artigo 23: é competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios
proporcionarem meios de acesso à cultura, à educação e à ciência.
– Artigo 24: compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre:
educação ensino, cultura e desporto.
A atual LDB foi aprovada em 20 de dezembro de 1996, sob o n° 9.394 e possui 92 artigos.
Vejamos agora passo a passo como foi o processo de transmutação e aprovação da atual LDB:
– 1988: logo após a promulgação da Constituição, dá-se o primeiro passo rumo à nova LDB. O deputado
Otávio Elísio, apresenta projeto de Lei de Diretrizes e Bases de Educação Nacional, calcado em
contribuições do V Congresso Brasileiro de Educação.
– 1989: foi constituído na Comissão de Educação da Câmara uma subcomissão para tratar da LDB e
surge o primeiro substitutivo LDB acrescentando sugestões de 13 parlamentares.
– 1990: tramita o segundo substitutivo da LDB, que incorporou 978 emendas e duas mil sugestões da
sociedade civil organizada, que foi aprovado na Comissão de Educação e neste mesmo ano passou a
transitar na Comissão de Constituição e Justiça e na Comissão de Finanças.
– 1992: governo Collor tenta obstruir o projeto da LDB e, Darcy Ribeiro e Marco Maciel, junto ao MEC
apresentam novo projeto, que não consideravam as sugestões da sociedade civil organizada.
– 1993: o projeto antigo (segunda substitutivo) é aprovado na Câmara de Deputados e passa a ganhar
preferência de tramitação no Senado por ter sido aprovado antes do projeto de Darcy Ribeiro.
– 1994: o projeto chega ao Senado e passa a ter como relator Cid Sabóia. Inicia-se o processo de
discussão com audiências públicas.
– 1995: após o trâmite, a LDB esta pronta para entrar na ordem do dia do Senado. A nova equipe do
MEC faz uma manobra e passa a interferir no processo. O Senador Roberto Requião assume a Comissão
de Educação e inclui o substitutivo de Darcy Ribeiro. Finalmente numa atitude reconciliadora o senador
abre um novo prazo para apresentação de emendas e designa o senador Darcy Ribeiro como relator do
projeto. O seu novo parecer manteve o texto de sua tutoria e foi votado e aprovado o seu projeto.

Referência Bibliográfica:
– Clóvis Roberto dos Santos. Educação Escolar Brasileira. São Paulo. Pioneira 2003. Cap. IV e V

Você também pode gostar