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2003 (Texto original de Rodrigo de Brito Moura, modificado com diversos trabalhos)
SUMÁRIO

COLOCAÇÃO DO TEMA............................................................................................................ 04
2. A CONSTITUIÇÃO IMPERIAL............................................................................................. 05
3. A CONSTITUIÇÃO DE 1891................................................................................................ 06
3.1 A REFORMA DE 1926................................................................................................... 07
3.2 A REVOLUÇÃO DE 1930............................................................................................. 08
4. A CONSTITUIÇÃO DE 1934................................................................................................. 08
4.1 O GOLPE DE ESTADO DE 1937................................................................................. 09
5. A CARTA CONSTITUCIONAL DE 1937............................................................................. 09
6. A CONSTITUIÇÃO DE 1946................................................................................................. 10
6.1 A EMENDA PARLAMENTARISTA............................................................................ 11
6.2 A “REVOLUÇÃO” DE 1964........................................................................................ 11
7. A EMENDA CONSTITUCIONAL Nº 01 DE 17.10.69.......................................................... 12
7.1 A EMENDA CONSTITUCIONAL N.01/1969 ............................................................. 13
8. A CONSTITUIÇÃO DE 1988................................................................................................. 13
CONCLUSÃO................................................................................................................................ 20
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS........................................................................................... 21

1. Introdução:

Constituições Brasileiras

Constituições de 1824
marcos divisórios do período imperial e republicano
Constituições de 1891
Constituição de 1934 período democrático;
Constituição de 1937 regime ditatorial
novo período ditatorial, acentuado pela Emenda Constitucional de 1969, que introduziu no texto
Constituição de 1967
as determinações do Ato Institucional 5, o famoso AI-5.
Constituição de 1946
Constituição de 1988 chamada de "Constituição Cidadã"

Com a promulgação da Constituição Federal de 1988, o Brasil alcançou a sétima Constituição de sua história
político-constitucional. Certo é que a comparação entre o número e a duração de nossas Constituições, coloca-nos em
desvantagem em relação à longevidade dos documentos constitucionais dos Estados Unidos, de monarquias
constitucionais européias, mesmo no caso da Argentina que, não obstante as reformas, mantém à Constituição
originária de 1853.

Contudo, a situação não é das mais desanimadoras em relação a outras experiências constitucionais: a
França, por exemplo, até o momento, está na décima primeira Constituição; a Bolívia, cerca de dezesseis Constituições;
a Espanha atingiu em 1978, nove Constituições, não incluindo nesse conjunto a Constituição fragmentária do período
de Franco, representada por sete Leis Fundamentais(1938/1967).

Para chegarmos até a atual Constituição, promulgada em 05.10.1988., foram vários os momentos políticos e
econômicos pelos quais passamos, necessitando que nossos ordenamentos jurídicos evoluíssem, adequando-se aos
novos interesses coletivos e individuais, refletidos pelas mudanças sociais.

Politicamente nosso país sempre foi instável, porém, foi essa instabilidade política que contribui de forma
salutar para o aprimoramento de nossas leis, respeitando assim à vontade da atual sociedade, atualizando nossas
normas ao atual momento sócio-político.

2. A Constituição Imperial:

A evolução constitucional brasileira tem seu marco inicial na Constituição Política do Império do Brasil, de 25
de março de 1824, outorgada por D. Pedro I, resgatando, o compromisso que assumira quando dissolveu a assembléia
Geral Constituinte e Legislativa, em 12 de novembro de 1823.

A Constituição monárquica de 1824 estruturou a organização dos Poderes do Império nos cento e setenta e
o
nove artigos de seu texto(art. 3 ).

No tocante à forma do Estado se estabeleceu um regime unitário, sendo as províncias administradas por um
presidente de livre nomeação do Imperador. Em cada província funcionava um Conselho Geral, que tinha competência
para iniciar, propor e deliberar sobre os assuntos da província, depois, apreciados pela Assembléia Geral dos
Deputados(art. 71 e seguintes).

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Aspecto que a singulariza no conjunto das Constituições brasileiras é a concepção do Poder Moderador, o
poder neutro, qualificado de “chave de toda a organização política”(art. 9, 98 e 101), o quarto poder político, que a
Constituição do Império buscou na concepção doutrinária do publicista Benjamim Constant. O Poder Moderador era
exercido pelo próprio Imperador, destinava-se a velar pela independência, equilíbrio e harmonia dos outros poderes. O
Executivo era exercido por um Ministério, de livre nomeação e demissão do Imperador(art. 131).

O Legislativo obedeceu à organização bicameral, dividindo-se a Assembléia Geral em duas Casas: a Câmara
dos Deputados, eletiva e temporária; e, o Senado, composto de membros vitalícios, oriundos de eleição provincial e
escolha do Imperador, em lista tríplice dos eleitos(art. 13 e seguintes).

O Judiciário estava organizado em órgãos colegiados, o Supremo Tribunal de Justiça, na Capital do Império,
os Tribunais da Relação na Capital do Império e nas demais Províncias, e órgãos monocráticos, os Juizes de Direito, os
Jurados - Juizes de fato - e os Juizes de Paz, que exerciam funções de conciliação antes do início de qualquer
processo(art. 151 e seguintes).

A Constituição prescrevia as normas fundamentais da organização das Províncias e do Governo municipal(art.


165).

Encerrava o texto monárquico o enunciado das Garantias dos Direitos Civis e Políticos, uma Declaração de
Direitos inspirada nos princípios do liberalismo, protegendo a liberdade, a segurança individual e a propriedade (art.
179).

Como já vimos anteriormente, a Constituição declarava matéria constitucional, sujeita ao processo de reforma,
o que se referisse aos limites e atribuições dos Poderes Políticos, aos Direitos Políticos e Individuais, tudo o mais
poderia ser alterado pela legislatura ordinária(art. 178).

Na sua longa vigência, que completou sessenta e cinco anos, a Constituição foi emendada uma vez, pela Lei
n. 16 de 12.08.1834, denominado Ato Adicional, que estabeleceu as Assembléias Legislativas Provinciais, substituindo
os Conselhos Gerais de Províncias, dando-lhes ampla expansão, com nítidos sinais de tendência federalista. Este
mesmo Ato criou o cargo de Presidente de Província, eleito pelo Chefe da Nação. A Regência Una era quadrienal e
eletiva.

É inegável que o sistema já sinalizava a forma federativa de Estado.

O regime parlamentar implantou-se(informalmente) no Império, a partir da criação do Presidente do Conselho


de Ministros, em 1847, à margem da Constituição do Império, surgindo, pois, na prática, de maneira moderada.

Nesse contexto, o Segundo Reinado sustentou-se, em um regime conservador, economicamente baseado na


aristocracia dos cultivadores de açúcar e café, cujo desmoronamento com o abolicionismo acelerou a precipitação do
movimento republicano.

3. A Constituição Republicana de 1891:

A crise das instituições monárquicas provocou uma radical mudança no sistema político-econômico brasileiro.
A abolição do trabalho escravo veio acelerar a utilização do braço livre e ampliação da indústria, com a desagregação
do mundo rural, deslocado para os centros urbanos, surgindo ainda, uma agravante, tão conhecida de nós, a inflação,
sem contar o abandono pela república os modelos do parlamentarismo franco-britânico, em proveito do
presidencialismo norte-americano. Esse é o quadro político-econômico à época.

A República foi proclamada pelo Decreto n. 1 de 15.11.1889, que também estabeleceu o regime federal. Pelo
Decreto n. 29 de 03.12.1889, o Marechal Deodoro da Fonseca(Proclamador da República), Chefe do Governo
Provisório, tendo por Vice-Chefe Rui Barbosa nomeou uma comissão de cinco membros para apresentar um projeto
que servisse de exame à futura Assembléia Constituinte.

Em verdade, foram elaborados três anteprojetos, os quais foram corporificados em um único projeto aprovado
pelo Decreto n. 510, de 22.06.1890, após modificações feitas por Rui Barbosa. Este projeto vigorou como “Constituição
Provisória da República” até as conclusões dos trabalhos da Assembléia Constituinte.

A Constituição de 24.02.1891 implantou a forma republicana de governo, a forma federal de Estado e o regime
presidencial, estabelecendo a separação de poderes(Executivo, Legislativo e Judiciário), como órgãos autônomos e
independentes, inaugurando novo ciclo constitucional(artigos 1 a 15).

O Executivo era exercido pelo presidente da República, substituído nas suas faltas, impedimentos e vagas pelo
vice-presidente. O prazo de mandato era de quatro anos e a eleição direta, por maioria absoluta. Os ministros eram
nomeados e demitidos livremente pelo presidente(art. 41 e seguintes; 49).

O Legislativo - Congresso Nacional - era composto de “dois ramos”: a Câmara dos Deputados com
representantes eleitos pelos Estados e pelo Distrito Federal, pelo prazo de três anos e por sufrágio direto; o Senado
com três senadores eleitos pelos Estados e pelo Distrito Federal com mandato de nove anos, renovando-se
trienalmente por 1/3(artigos 16 e seguintes; 28; e 30).

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Enfim, o Judiciário tinha por órgãos o STF, afora juizes e Tribunais Federais espalhando-se pelo país inteiro,
quantos o Congresso criar(art. 55).

O Municipalismo foi amplamente desenvolvido, assegurando-se a autonomia dos municípios pela eletividade
dos vereadores e prefeitos(art. 68).

Capítulo importante foi, ainda, o da declaração de direitos e garantias(art. 69 e seguintes), destacando-se


nesse conjunto o hábeas corpus, para reprimir violência ou coação por ilegalidade ou abuso de poder, e a garantia
contra prisão arbitrária. Contudo, a Constituição era puramente liberal. A industrialização do país não tinha se
processado; não havia um proletariado organizado e a massa campesina era absolutamente passiva, manejada pelos
prepotentes usineiros e senhores de terra(“coronéis”). Deste modo, era um documento que só enunciou as clássicas
liberdades públicas.

3.1. A Reforma de 1926:

Em 07.09.1926, a Constituição de 1891 foi emendada, para introduzir alterações que ampliaram os casos de
intervenção federal, regularam o processo interventivo, criaram ou modificaram atribuições privativas do Congresso
Nacional, incluindo nesse elenco a legislação sobre o trabalho, consagraram o veto parcial, explicitaram a competência
do Supremo Tribunal e de Juizes Federais, excluíram a possibilidade de recurso judiciário, para a Justiça Federal ou
local, contra a intervenção federal, a declaração do estado de sítio, a verificação de poderes e outros casos, vincularam
o hábeas corpus à proteção da liberdade de locomoção, dirimindo tendências ampliativas da doutrina e jurisprudência,
tornaram expresso que a irredutibilidade de vencimentos não eximia a obrigação de pagar impostos gerais. Deu
também ao governo da União competência para regular o comércio em ocasiões graves que reclamassem uma atitude
de defesa econômica ou de prevenção contra as anormalidades

Percebe-se que o regime de 1891, individualista, a despeito da reforma de 1926, tornara-se inconciliável com
as reivindicações proletárias que empolgavam o mundo do pós-guerra. O Presidente Washington Luiz teimava em
considerar a questão social como um caso de polícia. A severidade de repressão policial não fazia mais do que
aumentar a invencível reação da massa espoliada. Estava, assim, irremediavelmente, fadada à extinção, a filosofia
política adotada pela Primeira República. No Brasil e no mundo, o Estado deveria deixar aquela posição de neutralidade
inspirada no romantismo político do século XVIII, para intervir como árbitro na luta entre o capital e o trabalho; promover
a justiça social e humanizar a democracia. Manter os princípios do individualismo político e do liberalismo econômico
seria aceitar a completa falência do Estado democrático.

3.2. A Revolução de 1930:

A intransigência do governo central brasileiro fez com que a inevitável transformação política viesse de baixo
para cima, partindo das camadas populares que, sob a liderança dos Estados do Rio Grande do Sul(Getúlio Vargas),
Minas Gerais e Paraíba(João Pessoa) empunharam a libertação nacional com a Revolução de outubro de 1930, que se
propagou rapidamente, com apoio do povo, dos estudantes, dos operários e das Forças Armadas, estas últimas
depondo o Presidente Washington Luiz e, compondo-se numa Junta Governativa Provisória. Getúlio Vargas assume o
governo provisório, expedindo-se a Lei Orgânica do Governo Provisório, pelo Decreto n. 19.398 de 11.11.30, a fim de
organizar a nova República.

De início foram instituídos dois ministério novos: Ministério da Educação, Cultura e Saúde Pública e o
Ministério do Trabalho, indústria e Comércio.

Saliente-se que o Governo Provisório nomeou uma comissão a fim de elaborar o anteprojeto da nova ordem
constitucional. Contudo, ainda que sua preocupação fosse as justas reivindicações das classes trabalhadoras, pela
instituição de um regime baseado na nova concepção social-democrata, já se lhe percebia indisfarçável tendência à
perpetuidade no poder, restringindo cada vez mais as conquistas democráticas da nacionalidade.

Considerando que o Governo Provisório deixou de convocar a Assembléia Constituinte, contrariando os


compromissos populares, este Governo torna-se alvo de uma campanha em favor da restauração da normalidade
constitucional, a qual teve apoio em muitos dos partidários da revolução.

Nesta ocasião, surge a Revolução Constitucionalista de São Paulo(julho de 1932), chefiada por Pedro de
Toledo, interventor federal naquele estado, com objetivo único de retorno à ordem constitucional. No entanto, esta foi
vencida por forças do Governo Federal, fixando este data para as eleições da Assembléia Constituinte que se instalou
em novembro de 1933. Inicia-se, agora a denominada “Segunda República”.

4. A Constituição de 1934:

Mantêm o federalismo, já consolidado no país, avançando, ainda mais no municipalismo, atribuindo-lhe os


impostos municipais e introduz no texto constitucional os direitos econômicos e sociais, que vão compor os novos títulos
dedicados à Ordem Econômica e Social, à Família, Educação e Cultura.

O Estado intervencionista amplia o elenco dos poderes federais. Mantém o regime tradicional da divisão de
poderes, como poderes independentes e coordenados entre si. No entanto, na organização do Legislativo, transforma-o
numa organização monocameral, reduzindo, pois, o Senado em simples órgão de Colaboração dos Poderes, dando à

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Câmara uma composição mista, semicorporativa, a qual ficou com duzentos e cinqüenta deputados eleitos pelo povo e,
cinqüenta eleito pelas organizações profissionais. Essa bancada classista dividia-se em quatro categorias distintas:
lavoura e pecuária; indústria; comércio e transporte; e, profissões liberais e funcionários públicos.

No Executivo, eliminou-se o vice-presidente da República, conservando o exercício monocrático desse Poder


pelo presidente da República. Permitiu-se que os ministros comparecessem ao Congresso para esclarecer ou
solicitação de medidas.

No Judiciário, deu-se a integração das Justiças Militar e Eleitoral como órgãos desse Poder.

A instituição do mandado de segurança ampliou a proteção dos direitos individuais. O direito de propriedade
passou a sofrer o contraste do interesse social ou coletivo, reduzindo a plenitude asseguradora da Constituição de
1981.

O intervencionismo econômico conferiu à União a faculdade de monopolizar determinada indústria ou atividade


econômica, por motivo de interesse público.

O texto de 1934 sofreu três emendas, em dezembro de 1935, reforçando a segurança do Estado e as
atribuições do Poder Executivo, para coibir “movimento subversivo das instituições políticas e sociais”. Tais emendas
foram: a primeira equiparava o estado de comoção intestina grave ao estado de guerra; a segunda permitia a perda da
patente e posto, sem prejuízo de outras penas, ao oficial das Forças Armadas que participasse do movimento
subversivo ou praticasse ato subversivo das instituições político-sociais; a terceira, permitia a demissão de funcionário
civil, sem prejuízo de outras penas, em idênticas condições à dos oficiais.

4.1. O Golpe de Estado de 1937:

Getúlio Vargas diante dos receios das mudanças na estrutura sócio-econômica vigente não excitou e, numa
violação à ordem constitucional vigente e aos princípios democráticos instalou o regime autoritário com o Golpe de
Estado em 10.11.1937, outorgando uma nova Constituição, modificando, pois as bases da ordem constitucional anterior.

5. A Carta Constitucional de 1937:

Em 10 de novembro de 1937, o Presidente da República, Getúlio Vargas, revoga a Constituição de 1934,


dissolve o Congresso e outorga ao país, sem qualquer consulta prévia, a Carta Constitucional do Estado Novo, de tipo
fascista, com a supressão dos partidos políticos e a concentração de poder nas mãos do chefe supremo, ele, Getúlio
Vargas.

As modificações foram as seguintes: suprimiu-se o nome de Deus; outorgou-se poderes amplos ao presidente
como a suprema autoridade do Estado, alterando a sistemática do equilíbrio dos poderes; restringiu as prerrogativas do
Congresso Nacional e a autonomia do Judiciário, já que em certas hipóteses, o Presidente podia ir de encontro com
aquele, fazendo valer a lei se o Judiciário a considerasse inconstitucional(art. 96, parágrafo único); ampliou ao prazo do
mandato do presidente da República; mudou o nome do Senado para Conselho Federal; instituiu o Conselho de
Economia Nacional como órgão consultivo; limitou a autonomia dos Estados-membros; criou a técnica do estado de
emergência, que foi declarado pelo art. 186; dissolveu a Câmara, o Senado, as Assembléias Legislativas e Câmaras
Municipais( art. 178); marcou novas eleições após o plebiscito a que se refere o artigo 187, o qual nunca chegou a se
efetivar; restaurou a pena de morte( art. 122 n. 13).

Na realidade, a Carta nunca foi cumprida: o Governo nunca a respeitou, pois, não realizou a consulta
plebiscitária nem convocou as eleições para composição do Legislativo. Acumulando as funções legislativas com a
faculdade de expedir decretos-lei, até mesmo sobre assuntos constitucionais e, exercendo, ainda, controle político sobre
o Judiciário, o Chefe de Estado personificava todo o poder de Estado.

Contudo, o regime de índole fascista, com a derrota da Alemanha na Segunda Guerra, houve uma profunda
crise nas ditaduras direitistas internacionais e, o Brasil, não podia deixar de acompanhar a derrota daquele regime.
Getúlio Vargas tentou, em vão, sobreviver e resistir. No entanto, diante da reação popular e com apoio das Forças
Armadas, o poder é entregue ao Presidente do STF(José Linhares), após a deposição do ditador, ocorrida em 29.10.45.
O novo presidente constituiu logo outro Ministério revogou o artigo 167(estado de emergência) da Carta Constitucional
e pela Lei Constitucional n. 14 de 17.11.1945 acabou com o Tribunal de Segurança Nacional.

As eleições realizadas ao fim de 1945 deram a vitória ao General Eurico Gaspar Dutra, empossado em
31.01.1946 e, que governou mediante decretos-lei, enquanto a nova Constituição não fora votada.

6. A Constituição de 1946:

Esta Constituição retomou a linha democrática de 1934. É texto que se distingue pelo equilíbrio das soluções
adotadas, refletindo a homogeneidade que prevaleceu nas deliberações da Assembléia Nacional Constituinte.

Manteve em suas linhas o Regime Representativo, a Federação e a República. De um modo geral, repete os
pontos de vista essenciais existentes na Constituição de 1934. Não aderiu ao socialismo nem tampouco se manteve na
linha rígida do individualismo. Inspirou-se na técnica da democracia social alemã(Weimar - 1919).

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Restabeleceu-se o bicameralismo, fundado na equivalência das competências da Câmara dos Deputados e do


Senado Federal. O regime presidencial continuou dominado pela figura solar do presidente da República. Seu vice-
presidente retorna à composição do Executivo, cabendo-lhe a presidência do Senado. Incorporam-se ao Judiciário a
Justiça do trabalho e o Tribunal Federal de Recursos.

Consagrou-se a ortodoxia do regime, vedando a organização, o registro ou o funcionamento de partido político


ou associação que contrariasse o regime democrático, fundado na pluralidade dos partidos e na garantia dos direitos
fundamentais do homem.

Estipulou-se na Ordem Econômica Social o condicionamento do uso da propriedade ao bem-estar social.


Manteve-se a faculdade intervencionista da União no domínio econômico, limitando a intervenção à exigência do
interesse público e o respeito aos direitos fundamentais assegurados.

A dimensão da matéria constitucional dilatou-se para abranger as disposições sobre a Família, a educação, a
Cultura, as Forças Armadas e os Funcionários Públicos.

6.1. A Emenda Parlamentarista:

Entre as emendas promulgadas no regime de 1946, destacamos, a Emenda Constitucional n. 4, de


02.09.1961(denominado Ato Adicional), motivada por outra crise político-militar com a renúncia de Jânio Quadros, então
presidente, a qual instituiu o regime parlamentarista, que já era conhecido de nós no período imperial. O
parlamentarismo admitiu uma dualidade de Poder Executivo, com o Presidente da República e um Presidente do
Conselho de Ministros. Contudo, considerando que a referida Emenda previa a consulta popular, através de um
plebiscito, este realizado em janeiro de 1963, consagra o regime presidencialista, restaurando-se os poderes
tradicionais ao Presidente da República.

6.2. A “Revolução” de 1964:

João Goulart se empenha nas suas tendências reformistas e as questões sociais deslocam-se para as grandes
massas rurais, onde se inicia um movimento de iniciativa da classe trabalhadora, antes passiva e, agora, atuante
reivindicando antigos pleitos camponeses, como a reforma agrária, entre outras e, nesse clima, setores conservadores
da sociedade e militares, receosos das mudanças pretendidas, depõem, em 31.03.1964, o então Presidente João
Goulart e, elegem o Presidente Marechal Castelo Branco, valendo-se do Congresso Nacional, para legitimá-lo. A partir
daí e, especialmente com a edição do Ato Institucional n. 5, de 13.12.68, surge um novo ciclo na história recente do
país: governos(militares) autoritários onde, gradativamente, as liberdades públicas do cidadão foram ameaçadas e
violadas em nome de uma ideologia de segurança nacional.

A pluralidade de emendas - ao todo vinte - constitucionais fragmentou a Constituição em normas esparsas e a


expedição de quatro Atos Institucionais apressaram a ruptura do texto, mergulhando o regime político no autoritarismo
incompatível com as fontes liberais da Constituição de 1946.

7. A Constituição de 1967 e a Emenda Constitucional n. 1/1969:

O Governo revolucionário de 1964 conservou o Congresso Nacional, em caráter meramente departamental.


Mantinha a Constituição de 1946, como um símbolo da legalidade democrática, havendo-a, porém, como um
instrumento maleável, como era preciso para levar a efeito um enérgico programa de “salvação nacional”.

Contudo, aquele Governo, valendo-se da Constituição de 1946, reuniu as normas editadas a partir de abril de
1964, fez as necessárias adaptações e, as encaminhou ao Congresso Nacional para promulgar, mas evidentemente,
trata-se de constituição outorgada pelo Governo revolucionário, pois aquele Congresso não tinha, pois, função de
constituinte: era sim, poder constituído e não constituinte, por delegação, daí a discutível legitimidade da Carta
Constitucional de 1967. E, o Congresso a promulgou em 24.01.1967 por uma gestão política do Governo.

A Constituição de 1967 mais sintética que a precedente, manteve a federação, com maior expansão da própria
União, exigindo uma maior simetria constitucional dos Estados-membros.

O processo legislativo abreviou-se com a adoção da legislação de urgência, dentro de prazos


constitucionalmente fixados. Outro acelerador da legislação residiu na delegação legislativa, que não se utilizou,
preferindo o Executivo valer-se da legislação de urgência e da legislação direta por intermédio dos decretos-lei. Esses
instrumentos ampliaram os poderes presidenciais e levaram à exacerbação do presidencialismo.

A Constituição adotou a eleição indireta do Presidente da República, por colégio eleitoral formado pelos
membros do Congresso e delegados indicados pelas Assembléias Legislativas, suprimindo a eleição popular
invariavelmente adotada nas Constituições Federais anteriores.

O Judiciário sofreu mudanças no tocante à suspensão das garantias dos magistrados.

Contudo, a Constituição de 1967 foi também rompida, como a de 1946, pela sucessiva expedição de Atos
Institucionais a começar do Ato no. 5 de 13 de dezembro de 1968, motivado por uma nova “crise político-militar”, no
mesmo modelo do Ato Institucional no. 1, a que se segui o Ato Complementar n. 38, de 13.12.68, pelo qual se decretou

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o recesso do Congresso Nacional, substituindo o regime presidencial pela ditadura presidencial. Durante sua vigência,
que durou vinte e um anos, até a promulgação da Constituição de 1988, a Constituição recebeu vinte e sete emendas.

7.1. A Emenda Constitucional n. 1/1969:

A Emenda referida constitui verdadeira consolidação do texto único constitucional, que muitos a confundem
com nova Constituição, com as seguintes alterações: elevação do mandato presidencial para cinco anos; eleições
indiretas para Governadores dos Estados, em 1970, entre outras.

Entre as posteriores emendas, destacamos: a Emenda n. 7/1977 introduziu significativas mudanças no


Judiciário; a Emenda n. 11/1978 reforçou os poderes extraordinários de crise, instituindo as Medidas de Emergência e o
Estado de Emergência; a Emenda n. 15/1980, já em fase da gradativa liberalização do regime político, restabeleceu o
voto direto nas eleições para Governador de Estado e Senador; as Emendas ns. 22/1982 e 25/1985 restabelecem,
respectivamente, as eleições diretas para Prefeitos, Presidente e Vice-Presidente da República e, finalmente, a Emenda
Constitucional no. 26/1985 que dispôs sobre a Assembléia Nacional Constituinte, livre e soberana, encarregada de
elaborar a nova Constituição Federal.

8. A Constituição Federal de 1988:

Ao contrário das Constituições anteriores, que consolidaram instituições e deferiram ao legislador ordinário a
incumbência de promover as medidas antecipadoras preconizadas no texto constitucional, a Constituição de 1988 não
se limitou à consolidação e ao aprimoramento das instituições. Desde logo, consagrou cláusulas transformadoras com o
objetivo de alterar relações econômicas, políticas e sociais, dentro de concepção mais avançada sobre os fins do
Estado, do Poder, da Sociedade e da Economia. Ainda não é uma Constituição socialista, mais as regras socializantes
são abundantes.

Saliente-se que a Constituição, logo em sua abertura, no Título II, adotou a expressão “Dos Direitos e
Garantias Fundamentais”, acompanhando o constitucionalismo europeu, procurando dar ao tema, destaque especial,
dando-lhe precedência sobre a Organização do Estado e dos Poderes, invertendo, pois a técnica formal das anteriores
Constituições. Os Direitos e Garantias Fundamentais expandiram-se nos Direitos e Deveres Individuais e Coletivos,
prestigiando uma tendência processual da ação coletiva, de maior alcance social, e nos Direitos Sociais, aumentando o
conteúdo material desse campo constitucional.

Concebeu nova repartição de competências entre a União, os estados e o Distrito Federal. Conferiu ao
Município poder de auto-organização. O Congresso Nacional recebeu amplas atribuições, compatíveis com sua função
de órgão ativo na elaboração legislativa e no controle do Executivo e da Administração Federal. No Judiciário, novos
órgãos passaram a integrá-lo, visando a descentralização jurisdicional e o descongestionamento dos Tribunais. Regras
de idêntica inspiração foram endereçadas à Justiça dos Estados, de forma assegurar a prestação jurisdicional.

No sistema tributário, promoveu-se profunda reformulação na distribuição dos impostos e na repartição das
receitas tributárias federais, com o propósito de fortalecer financeiramente os Estados e Municípios.

Por outro, o conteúdo material da Constituição ampliou-se consideravelmente pela inclusão de temas novos.
Na Ordem Econômica introduziram-se as regras e os novos títulos que designam a Política Urbana, a Política Agrícola e
Fundiária e o Sistema Financeiro Nacional. Na Ordem Social, a temática inovadora acha-se distribuída no capítulo da
Seguridade Social e Assistência Social. Constituem matéria nova, os temas relativos à Ciência e Tecnologia,
Comunicação, Meio Ambiente, Criança, Adolescente e Idoso. Alargou-se, por igual, materialmente, o tratamento
dispensado aos povos indígenas e os recursos.

Lembramos, que é função da Constituinte captar e depositar na estrutura normativa da Constituição as


aspirações coletivas da época de sua elaboração. A permanência da Constituição dependerá do êxito do constituinte na
recepção das aspirações de seu tempo, de modo a estabelecer a coincidência entre a Constituição normativa e a Nação
que ela deverá servir.

Conclusão

A Constituição Federal é a lei suprema de um Estado, elaborada por uma Assembléia Constituinte, que subordina,
limita, orienta todo o ordenamento jurídico subalterno e estabelece o exercício do poder, tutelando os direitos individuais
do homem, definindo seus deveres para com o Estado e para com a própria coletividade.

Seu papel limitador do poder estatal exerce influência nas relações jurídicas existentes entre os homens e o
Estado, restringindo abusos por parte dos órgãos públicos e garantindo o livre exercício de seus direitos. Assim como
também delega competências para todos seus entes federativos, para que possam, elaborar suas constituições,
legislando concorrentemente em determinadas matérias com a União e promovendo a eficácia das normas
Constitucionais Federais através do princípio da supremacia.

Toda lei seja, de matéria constitucional ou não, possui vigência, ou seja, nasce e morre. Várias são as
circunstancias em que, uma norma perde sua vigência, entre ela está sua validade formal, ou melhor, eficácia. Através
da eficácia as leis produzem os efeitos almejados pelo legislador, vinculando todas as relações no qual esta abrange, ao
seu controle. Extinguindo-se assim, a validade formal destas normas, não existe motivo para que, determinadas leis

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continuem ainda a existirem. Assim sendo, através de procedimentos específicos extingui-se a vigência destas normas,
pois, a mesma não mais adequasse às novas realidades sociais.

Todas as Constituições devem ter mecanismo de evolução histórica, para que possam evoluir suas normas
atendendo assim as modificações sociais, de maneira que, o ordenamento jurídico vigente, não fique defasado e
ultrapassado. Portanto, a Lei Suprema de um Estado, está sempre em constante modificação, uma vez que, as
mudanças sócias a obriga estar sempre adequada às novas necessidades e anseios da comunidade.

Nossa atual Constituição proclamada sobre os princípios de um Estado Democrático de Direito é fruto dos anseios
sociais que, diante da evolução histórica do homem, visa adequar-se às novas necessidades sociais. Assim sendo,
nossa Constituição também se modificou através dos tempos, enriquecendo seus conteúdos e melhorando sua eficácia.

Cabe salientar que, o homem encontra-se em freqüente evolução, modificando tanto sua vida individual como a
coletividade. Portanto, o atual cenário social encontra-se também sendo modificado pelas relações humanas, o que nos
dá a certeza que, nosso ordenamento constitucional poderá um dia não se tornar mais eficaz para a sociedade,
perdendo assim sua validade formal e conseqüentemente sua vigência. Esperamos que nós, futuros operadores do
direito tenhamos conhecimento e coragem para lutar por nossas garantias e influenciarmos assim, os poderes
legiferantes na busca dos ideais sócios-democráticos.

A CONSTITUIÇÃO BRASILEIRA DE 1988 E O MEIO AMBIENTE


*
Marcus J.S. Cardinelli
A Constituição tem como função organizar o poder do Estado de forma racional e os princípios fundamentais,
criando uma ordem coercível, fator indispensável à estrutura estatal e ao Estado Democrático de Direito. É a lei superior
na hierarquia das leis de um Estado.
O professor José Afonso da Silva explica que a Constituição “é algo que tem, como forma, um complexo de
normas (escritas ou costumeiras); como conteúdo, a conduta humana motivada pelas relações sociais (econômicas,
políticas, religiosas etc.); como fim, a realização dos valores que apontam para o existir da comunidade; e, finalmente,
como causa criadora e recriadora, o poder que emana do povo. Não pode ser compreendida e interpretada, se não se
tiver em mente essa estrutura, considerada como conexão de sentido, como é tudo aquilo que integra um conjunto de
1
valores.”
A Constituição brasileira foi criada de forma muito rica e ampla, sendo atualmente uma das que contemplam,
com maior detalhamento, os direitos humanos dentre os ordenamentos do mundo, abordando, inclusive, a proteção
ambiental, que é o objeto da análise que passamos a tecer.
É necessário, inicialmente, analisar o significado da expressão “meio ambiente”.
Isabella Franco Guerra tece os seguintes comentários, com base na legislação brasileira:
Ambiente, segundo as concepções a seguir reproduzidas, quer dizer: “lugar, espaço,
recinto, do latim ambiens, entis”; “o ar que nos rodeia. O meio material ou moral em que vive”;
“lugar, espaço, recinto; roda; esfera em que vivemos. (do lat. ambiente = que cerca)”.
Ambiente significa o espaço, o meio em que se vive, é nele que a vida se realiza.
A definição jurídica para meio ambiente foi estabelecida através da promulgação da Lei
n.º 6.938/81, que estabeleceu a Política Nacional do Meio Ambiente, conceituando-o, no inciso I do
art. 3º, como “o conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem física, química e
2
biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas.”
A Constituição protege o meio ambiente com os seguintes artigos:
O art. 1º trata dos princípios de organização do Estado brasileiro e da democracia como meio da dignidade da pessoa.
Nesse sentido, para assegurar uma vida digna, o ser humano precisa habitar um ambiente sadio, o que é
essencial para a saúde e o bem-estar.
O art. 5º consagra direitos humanos fundamentais e instrumentos para sua garantia, como o direito à vida, à igualdade,
direitos esses que salvaguardam a dignidade humana, e nos incisos XVII e XVIII trata do direito à propriedade
e sua função social.
Os artigos. 23 e 24 definem as competências nas várias esferas de fiscalização e proteção, falando sobre as questões
de legislação e meios de proteção ao meio ambiente como fator fundamental nas várias esferas do Município,
Estado-membro, Distrito Federal e União.
O art. 30 aborda especificamente a competência municipal de complementar a legislação federal conforme
necessidades específicas, inclusive a questão da ocupação do solo e a proteção do patrimônio histórico-
cultural.
O art. 170 trata da ordem econômica e da seguridade de uma existência digna, as quais consagram princípios como o
da proteção ao meio ambiente e o da função social da propriedade.

*
Aluno da 1.ª série do curso de Direito da Faculdade Moraes Júnior, turma 411 R, tendo sido escrito o artigo sob a supervisão da Mestra Isabella Franco Guerra,
regente da disciplina Direitos Humanos e Coordenadora do Núcleo de Prática Jurídica da FMJ
1
José Afonso da Silva. Curso de Direito Constitucional Positivo. 13ª ed. São Paulo: Malheiros, 1997, p. 43 e 44.
2
Isabella Franco Guerra. Ação Civil Pública e Meio Ambiente. Rio de Janeiro: Forense, 1997, p. 75 e 76.

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O art. 182 trata da propriedade urbana, do papel do Município na garantia da função social da cidade e do bem-estar de
seus habitantes e do aproveitamento do espaço urbano.
O art. 184 aborda a questão da propriedade rural e a reforma agrária, objetivando que seja respeitada a função social e
sua regulamentação.
O art. 186 trata da questão rural e define a função social da propriedade através da exigência do aproveitamento
adequado dos recursos naturais, observando os preceitos da preservação ambiental para o favorecimento do
bem-estar do proprietário e dos trabalhadores.
Os artigos 215 e 216 consideram, na esfera global, a proteção do meio ambiente natural e do meio ambiente construído,
na forma de conjuntos de diversos valores que contam a história de um povo e o identificam culturalmente.
O art. 225 especifica o dever de proteção do meio ambiente pela sociedade e pelo poder público.
O meio ambiente é fator essencial à dignidade e à qualidade de vida. Restaurar, manter e proteger o meio
ambiente em todas as suas formas é necessário para manter o equilíbrio da vida no planeta, como está definido no
referido art. 225 da CRFB/88.
A Constituição de 1988 foi inovadora ao estabelecer a possibilidade de utilização da Ação Popular para tutelar
o meio ambiente. No art. 5º, inciso LXXIII da CRFB/88, encontra-se previsto esse instituto da seguinte forma:
Art. 5º “(...)
LXXIII – qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que vise a anular ato
lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe, à moralidade administrativa,
ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, ficando o autor, salvo comprovada má-fé,
isento de custas judiciais e do ônus da sucumbência;”
Dessa forma, o cidadão tem um remédio constitucional para assegurar o respeito ao meio ambiente
ecologicamente equilibrado.
No art. 129, inciso III da CRFB/88, consta a previsão da Ação Civil Pública para tutela do meio ambiente:
Art. 129 “São funções institucionais do Ministério Público:
(...)
III – promover o inquérito civil e a ação civil pública, para a proteção do patrimônio público e social,
do meio ambiente e de outros interesses difusos e coletivos;”
Em síntese, os artigos constitucionais, em conjunto, tratam da dignidade da vida humana, da necessidade de
proteção a fatores indispensáveis a essa dignidade e do bem-estar com a proteção ambiental. Estabelecem, assim,
instrumentos para assegurar um meio ambiente saudável e a preservação à cultura, exigindo o uso racional dos
recursos do meio ambiente, a fim de garantir, dessa forma, o bem-estar para todas as pessoas, sem que haja
degradação dos ecossistemas e do patrimônio ambiental. O direito ao meio ambiente equilibrado é considerado
inalienável, e sua proteção é justificada por trazer o desenvolvimento econômico, a redução da pobreza e a melhoria da
qualidade da vida humana.

1824
Outorgada (tornada pública) pelo imperador D. Pedro I.
Fortaleceu o poder pessoal do imperador com a criação do quarto poder (moderador), que permitia ao soberano
intervir, com funções fiscalizadoras, em assuntos próprios dos poderes Legislativo e Judiciário.
Províncias passam a ser governadas por presidentes nomeados pelo imperador.
Estabeleceu eleições indiretas e censitárias (homens livres, proprietários e condicionados ao seu nível de renda).

1891
Promulgada pelo Congresso Constitucional , elegeu indiretamente para a Presidência da República o marechal
Deodoro da Fonseca.
Instituiu o presidencialismo, eleições diretas para a Câmara e o Senado e mandato presidencial de quatro anos.
Estabeleceu o voto universal, não-obrigatório e não-secreto; ficavam excluídos das eleições os menores de 21 anos,
as mulheres, os analfabetos, os soldados e os religiosos.

1934
Promulgada pela Assembléia Constituinte no primeiro governo de Getúlio Vargas.
Instituiu a obrigatoriedade do voto e tornou-o secreto; ampliou o direito de voto para mulheres e cidadãos de no
mínimo 18 anos de idade. Continuaram fora do jogo democrático os analfabetos, os soldados e os religiosos. Para dar
maior confiabilidade aos pleitos, foi criada a Justiça Eleitoral.
Instituiu o salário mínimo, a jornada de trabalho de oito horas, o repouso semanal e as férias anuais remunerados e a
indenização por dispensa sem justa causa. Sindicatos e associações profissionais passaram a ser reconhecidos, com o
direito de funcionar autonomamente.

1937
Outorgada (concedida) no governo Getúlio Vargas.

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Instituiu o regime ditatorial do Estado Novo: a pena de morte, a suspensão de imunidades parlamentares, a prisão e o
exílio de opositores.
Suprimiu a liberdade partidária e extinguiu a independência dos poderes e a autonomia federativa. Governadores e
prefeitos passaram a ser nomeados pelo presidente, cuja eleição também seria indireta. Vargas, porém, permaneceu no
poder, sem aprovação de sua continuidade, até 1945.

1946
Promulgada no governo de Eurico Gaspar Dutra, após o período do Estado Novo, restabeleceu os direitos individuais
e extinguiu a censura e a pena de morte.
Instituiu eleições diretas para presidente da República, com mandato de cinco anos.
Restabeleceu o direito de greve e o direito à estabilidade de emprego após 10 anos de serviço.
Retomou a independência dos três poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário) e a autonomia dos estados e
municípios.
Retomou o direito de voto obrigatório e universal, sendo excluídos os menores de 18 anos, os analfabetos, os
soldados e os religiosos.

1988
Retomada do pleno estado de direito democrático após o período militar.
Ampliação e fortalecimento das garantias dos direitos individuais e das liberdades públicas.
Retomada do regime representativo, presidencialista e federativo.
Destaque para a defesa do meio ambiente e do patrimônio cultural da nação.
Garantia do direito de voto aos analfabetos e aos maiores de 16 anos (opcional) em eleições livres e diretas, para
todos os níveis, com voto universal, secreto e obrigatório.

Reformas Constitucionais
1961
Adoção do parlamentarismo.

1963
Volta ao presidencialismo.

1964-1967
Com o golpe de Estado e até 1967, são decretados quatro atos institucionais que permitem ao governo legislar sobre
qualquer assunto.
É instituída, entre outras coisas, a Lei de Greve e o Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS); decretam-se o
fim da estabilidade no emprego, as eleições indiretas para presidente da República e governadores de estados. O
Poder Judiciário torna-se mais dependente do Executivo. São extintos os partidos políticos e é criado o bipartidarismo.

1967
Uma Carta constitucional institucionaliza o regime militar de 1964.
Mantêm-se os atos institucionais promulgados entre 1964 e 1967.
Fica restringida a autonomia dos estados.
O presidente da República pode expedir decretos-leis sobre segurança nacional e assuntos financeiros sem submetê-
los previamente à apreciação do Congresso.
As eleições presidenciais permanecem indiretas, com voto descoberto.

1968
Ato Institucional nº.5
Suspensão da Constituição.
Poderes absolutos do presidente: fechar o Congresso, legislar sem impedimento, reabrir cassações, demissões e
demais punições sumários, sem possibilidade de apreciação judicial.

1969
Nova emenda constitucional, que passou a ser chamada de Constituição de 1969. Foi promulgada pelo general Emílio
Garrastazu Médici (escolhido para presidente da República por oficiais de altas patentes das três Armas e com
ratificação pelo Congresso Nacional, convocado somente para aceitar as decisões do Alto Comando militar).
Incorporou o Ato Institucional nº. 5.
Mandava punir a todos que ofendessem a Lei de Segurança Nacional.
Extinguiu a inviolabilidade dos mandatos dos parlamentares e instituiu a censura aos seus pronunciamentos.
Suspendeu a eleição direta para governadores, marcada para o ano seguinte.

1979
Reforma da Constituição de 1969, em que é revogado o AI-5 e outros atos que conflitavam com o texto constitucional.
Quanto às medidas de emergência, o presidente poderia determiná-las, dependendo apenas da consulta a um conselho
constitucional, composto pelo presidente da República, pelo vice-presidente, pelos presidentes do Senado e da Câmara,
pelo ministro da Justiça e por um ministro representando as Forças Armadas.
O estado de sítio só poderia ser decretado com a aprovação do Congresso.

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BIBLIOGRAFIA

BOBBIO, Norberto. A Era dos Direitos. 2ª ed. Trad. Carlos N. Coutinho. Rio de Janeiro: Campus, 1992.
GUERRA, Isabella Franco. Ação Civil Pública e Meio Ambiente. Rio de Janeiro: Forense, 1997.
SILVA, José Afonso da. Curso de Direito Constitucional Positivo. 13ª ed. São Paulo: Malheiros, 1997.
FERREIRA, Pinto. – “Cap. III” in CURSO DE DIREITO CONSTITUCIONAL, 10ª edição, Editora Saraiva, 1999, São
Paulo.
SILVA, José Afonso. – “Cap. III” in CURSO DE DIREITO CONSTITUCIONAL POSITIVO, 21ª edição, Editora
Malheiros Ltda, 2002, São Paulo.
MONTELLATO, Andrea; Cabrini, Conceição; Casteli Junior, Roberto - História Temática: O Mundo dos Cidadãos. Ed.
Scipione, SP, 2000.

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