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Freitas
Fascículo 10:
DO PODER LEGISLATIVO
(Arts. 44 a 58, CF88)
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FICHA TÉCNICA
Revisão Geral
Emerson Bruno Oliveira Freitas
Atualizações
Emerson Bruno Oliveira Freitas
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dos autores e da editora.
1 - Introdução................................................................................................................................... 5
4 - Do Congresso Nacional.............................................................................................................. 7
7 - Do Senado Federal..................................................................................................................... 17
7.1 - Características importantes do Senado abordadas em Concursos Públicos................................ 18
7.2 – Competências Privativas do Senado Federal.............................................................................. 18
a) Competência nos Crimes de Responsabilidade............................................................................... 18
B) Competência para sabatinar autoridades........................................................................................18
C) Competência para destituição do Procurador-Geral da República.................................................. 19
D) Competência sobre assuntos financeiros (limites de endividamento).............................................. 19
E) Competência Interna........................................................................................................................20
F) Competência eletiva.........................................................................................................................20
G) Competência sobre assuntos tributários..........................................................................................20
H) Competência para exercer controle repressivo de constitucionalidade........................................... 20
1 - Introdução
Na clássica teoria da separação dos poderes desenvolvida por Montesquieu, o Poder Legislativo, assim
como o Executivo e o Judiciário desempenham papel fundamental na organização do Estado. Em sua obra
“Do Espírito das Leis”, publicada em 1748, esse importante filósofo francês propôs não apenas a separação
do Poder em três funções distintas, mas, sobretudo, seu exercício por três instituições independentes de modo
a impedir que todo o poder do Estado se concentrasse nas mãos de uma única pessoa.
A teoria de Montesquieu surge em oposição à ideia do Estado Absolutista, no qual todo o Poder se con-
centrava nas mãos do rei, soberano exclusivo, a quem tudo e todos estavam submetidos. O objetivo primordial
de Montesquieu foi o enfraquecimento desse poder central. Ao propor o exercício do poder através de três
funções estatais distintas e independentes, enseja o surgimento de um Estado democrático que esteja abaixo
do interesse social e não acima dele.
Para tanto, existia a necessidade de que o interesse geral, vigente na sociedade, fosse estabelecido e
normatizado por um poder independente, composto por representantes escolhidos por aquela mesma so-
ciedade e não mais por um soberano autoritário. Surge, então, o Poder Legislativo, instituição democrática,
composta de representantes do povo e que tem como função típica a de legislar, a de elaborar o conjunto de
normas a serem observadas pelo próprio Estado e por toda a sociedade.
Entretanto, apenas o surgimento do Poder Legislativo não seria suficiente para a concepção de um ver-
dadeiro Estado Democrático, capaz de substituir um Estado autoritário e absolutista. Uma vez realizada a
função legislativa, seria preciso administrar a vida em sociedade de acordo com as normas estipuladas pelo
próprio legislador. Essa função administrativa foi conferida ao Poder Executivo que, através da instituição de
serviços de natureza pública, permitiria a administração desses mesmos serviços em prol de toda sociedade.
Contudo, a instituição de uma função legislativa e de outra administrativa mais uma vez seria insuficien-
te para a plena consolidação do Estado Democrático. A vida em sociedade não importa necessariamente
uma vida pacífica entre todos os seus membros, ou mesmo a completa correção da Administração Pública
perante os interesses coletivos. Naturalmente, tem-se a existência de conflitos de interesses que podem se
traduzir em lesão ou ameaça de lesão aos direitos abstratamente normatizados pelo legislador. Portanto, foi
fundamental a instituição de um terceiro poder, independente como os demais, cuja principal função seria a
jurisdicional, a de aplicar as normas vigentes sobre os conflitos de interesses que configurassem desrespeito
ou ameaça aos direitos assegurados a todos os cidadãos. Surge, assim, o Poder Judiciário, capaz de dizer o
Direito de forma concreta, de acordo com cada conflito levado ao seu conhecimento.
O exercício do poder, que antes era exercido por um só, passou a ser exercido de acordo com as três
funções típicas do Estado: a de legislar, a de administrar e a de julgar.
O legislador pensa, o administrador executa e o juiz resolve os conflitos que podem surgir entre o pen-
samento do legislador e a administração da vida em sociedade. Portanto, cada Poder tem uma função típica,
conforme o esquema abaixo:
PODER JUDICIÁRIO FUNÇÃO JURISDICIONAL JULGAR. APLICAR A LEI AOS CONFLITOS LEVADOS
AO SEU CONHECIMENTO.
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A teoria de Montesquieu foi concretizada poucos anos depois nas Revoluções Americana e Francesa no
final do Séc. XVIII, que estabeleceram de forma concreta a repartição do exercício do Poder entre Legislativo,
Executivo e Judiciário. A evolução do Estado Democrático logo demonstraria que o exercício de cada função
típica por parte de cada Poder não poderia ser feita de forma absolutamente independente. Ao contrário, os
Poderes devem ser independentes e harmônicos entre si, de modo que um complemente a função do outro.
Somente assim é que temos a consecução de um Estado mais democrático e eficiente.
Com o exercício do Poder tripartido entre Legislativo, Executivo e Judiciário, cada qual exercendo suas
funções para o povo, detentor originário de todo Poder, é que se consolida a existência de um verdadeiro Es-
tado Democrático de Direito. Um Estado no qual a relação de Poder existente entre governantes e governados
se dá de forma democrática e eficiente em prol de toda a coletividade. Todos estão abaixo da legalidade e, por
isso, livres do arbítrio de qualquer tirania.
Como exemplo de função administrativa do Poder Legislativo, temos a capacidade de o próprio Senado
Federal auto-administrar-se, como, por exemplo no provimento de cargos através de concurso público. Já
como um dos exemplos da função jurisdicional tem-se a competência do Senado Federal de julgar o Presi-
dente da República nos crimes de responsabilidade (art. 52, I, CF).
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4 - Do Congresso Nacional
No âmbito da União, o exercício do Poder Legislativo compete ao Congresso Nacional, formado pela
união do Senado Federal e da Câmara dos Deputados. Adotamos o sistema de organização bicameral para o
legislativo da União, cujo órgão representativo é o Congresso Nacional, mas que se subdivide em duas casas
independentes: o Senado Federal e a Câmara dos Deputados.
Adota-se o bicameralismo como uma decorrência da forma federativa de organização do Estado. Trata-se
do chamado bicameralismo federativo. Os Estados federados ao cederem sua soberania em prol de um ente
maior, a República Federativa do Brasil, precisam ter representantes no Legislativo, uma vez que a elaboração
das leis regulará não apenas os interesses do povo, mas também de todos os Estados-membros. Assim, em
respeito ao pacto federativo, o Legislativo da União precisa ter representantes dos Estados membros e do Dis-
trito Federal, os senadores.
Entretanto, como “todo Poder emana do povo e deve ser exercido em nome dele”, não poderia o Con-
gresso Nacional ser composto apenas por representantes dos Estados e do Distrito Federal. Fundamental é
a existência de representantes do povo, os Deputados Federais.
CONGRESSO NACIONAL
Apesar da existência de duas casas legislativas (bicameralismo), não existe uma hierarquia entre elas,
uma vez que ambas participam com suas respectivas competências nas atribuições do Congresso Nacional.
Isto ocorre, pois, como regra geral, as competências do Poder Legislativo são atribuídas ao Congresso Na-
cional, o que exige a participação tanto do Senado Federal como da Câmara dos Deputados, em sessões
separadas.
Importante ressaltar que em casos excepcionais poderão ocorrer sessões conjuntas. Tal fato não signifi-
ca uma sessão unicameral. Ao contrário, ocorrerá um trabalho simultâneo de ambas as casas. Tanto o Senado
Federal como a Câmara dos Deputados atuarão ao mesmo tempo, mas as tomadas de decisão (deliberações)
serão feitas em separado. Assim, apenas a sessão é conjunta, mas as deliberações serão feitas por cada casa
em separado, uma vez que é necessário respeitar o bicameralismo do Congresso Nacional.
Para ilustrar o parágrafo anterior imagine a seguinte situação. Na elaboração de determinada lei, o Presi-
dente da República veta determinado projeto de lei. O veto será apreciado em sessão conjunta do Congresso
Nacional (art. 57, IV, da CF). Nessa sessão conjunta Senadores e Deputados irão se reunir em uma mesma
sessão para decidir se derrubam ou não o veto presidencial. Segundo as regras do processo legislativo, a
rejeição ao veto requer maioria absoluta, o que corresponde à necessidade de se atingir a respectiva maioria
entre os Senadores e entre os Deputados Federais de forma separada. Portanto, se existem 513 Deputados
Federais e 81 Senadores, o que totalizam 594 congressistas, é necessário que se atinja a maioria absoluta
de 513 e também a maioria absoluta de 81 em separado e não a maioria absoluta de 594.
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Segundo o § 3º do art. 57 da Constituição Federal, a Câmara dos Deputados e o Senado Federal reunir-
-se-ão em sessão conjunta:
• para a inauguração da sessão legislativa;
• para elaborar o regimento comum do Congresso Nacional e regular a criação de serviços comuns às
duas Casas;
• para receber o compromisso do Presidente e do Vice-Presidente da República;
• para conhecer de veto e sobre ele deliberar.
Como exceções ao bicameralismo do Congresso, algumas competências são conferidas a uma casa legisla-
tiva em específico. Tais exceções estão inseridas nos arts. 51 e 52 da Constituição Federal que dispõem sobre as
competências privativas da Câmara dos Deputados (art. 51) e do Senado Federal (art. 52), nas quais as sessões
serão unicamerais feitas sempre pela respectiva casa.
Outra exceção, já exaurida por sua realização, era a de que o Congresso Nacional se reuniria em sessão
unicameral para a revisão do texto constitucional promulgado em 1988. Tal fato ocorreu em 1993, conforme a
previsão contida no art. 3º dos Atos das Disposições Constitucionais Transitórias (ADCT).
“Art. 3º. A revisão constitucional será realizada após cinco anos, contados da promulgação da Consti-
tuição, pelo voto da maioria absoluta dos membros do Congresso Nacional, em sessão unicameral”.
No Brasil, o bicameralismo está presente apenas na organização do legislativo da União. Nos Estados,
no Distrito Federal e nos Municípios tem-se o unicameralismo do Poder Legislativo.
O art. 48 dispõe sobre a competência geral e ordinária do Congresso Nacional. Trata-se de uma enume-
ração exemplificativa, o que não exclui a existência de outras competências. Neste artigo é importante perce-
ber que a elaboração das leis depende da participação do Presidente da República, capaz de sancionar
uma lei ou vetar o projeto de lei respectivo.
Dessa forma, estamos diante de temas que serão obejto das normas produzidas pelo Processo Legis-
lativo Ordinário (regra), pelo Processo Legislativo Sumário (solicitação de urgência constitucional) ou, ainda,
pela edição de Medidas Provisórias (Processo Legislativo Especial). Assim, não se tratam de competências
traduzidas por Emendas à Constituição, Decretos-Legislativos ou Resoluções, pois em todas essas não há
sanção ou veto do Presidente da República, mas por Leis Ordinárias, Leis Complementares, Leis Delegadas
e Medidas Provisórias.
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Art. 48. Cabe ao Congresso Nacional, com a sanção do Presidente da República, não exigida esta
para o especificado nos arts. 49, 51 e 52, dispor sobre todas as matérias de competência da União, es-
pecialmente sobre:
II - plano plurianual, diretrizes orçamentárias, orçamento anual, operações de crédito, dívida pú-
blica e emissões de curso forçado;
XV - fixação do subsídio dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, observado o que dispõem
os arts. 39, § 4º; 150, II; 153, III; e 153, § 2º, I. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 41,
19.12.2003)
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II - autorizar o Presidente da República a declarar guerra, a celebrar a paz, a permitir que forças
estrangeiras transitem pelo território nacional ou nele permaneçam temporariamente, ressalvados
os casos previstos em lei complementar;
V - sustar os atos normativos do Poder Executivo que exorbitem do poder regulamentar ou dos limites de
delegação legislativa;
VII - fixar idêntico subsídio para os Deputados Federais e os Senadores, observado o que dispõem
os arts. 37, XI, 39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19,
de 1998)
IX - julgar anualmente as contas prestadas pelo Presidente da República e apreciar os relatórios sobre a
execução dos planos de governo;
X - fiscalizar e controlar, diretamente, ou por qualquer de suas Casas, os atos do Poder Executivo, inclu-
ídos os da administração indireta;
XI - zelar pela preservação de sua competência legislativa em face da atribuição normativa dos outros
Poderes;
XVII - aprovar, previamente, a alienação ou concessão de terras públicas com área superior a dois mil e
quinhentos hectares.
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Conforme dispõe o art. 57, “o Congresso Nacional reunir-se-á, anualmente, na Capital Federal, de 2 de
fevereiro a 17 de julho e de 1º de agosto a 22 de dezembro.”
O período descrito acima é denominado Sessão Legislativa Ordinária. Esta, por sua vez, é composta
por um período legislativo por semestre. Os intervalos existentes entre cada período legislativo são chamados
de recesso parlamentar.
Recesso Parlamentar
• 18 a 31 de julho (intervalo entre os períodos legislativos da SLO);
• 23 de dezembro a 31 de janeiro (encerramento de uma SLO e inicio de outra).
Assim, é importante não confundir os conceitos de Sessão Legislativa Ordinária e Legislatura. Esta tem
duração de quatro anos, abrangendo quatro sessões legislativas. Dessa forma:
Legislatura:
Período correspondente a 04 anos de trabalhos do Congresso Nacional. Seu início marca o começo
de um novo Congresso. Coincide com o mandato dos Deputados Federais. Já um senador exerce seu man-
dato por duas legislaturas.
“Sessão legislativa é o período anual de trabalho das Casas do Poder Legislativo. Legislatura é o período
quadrienal em que ocorre mudança da composição das Casas Legislativas, por meio de novas eleições.
Como a legislatura tem a duração de quatro anos, diz-se que ela corresponde a quatro sessões legislati-
vas ordinárias”.1
São as chamadas sessões preparatórias. Essas também ocorrerão no dia 1º de fevereiro do terceiro
ano da legislatura para eleição das Mesas, pois o mandato dos integrantes de cada Mesa será de dois anos.
Sessões Preparatórias (SP) = sessões realizadas no dia 1º de fevereiro do primeiro ano de cada Legisla-
tura para posse dos membros e eleição das Mesas do Congresso Nacional.
1 PAULO, Vicente; ALEXANDRINO, Marcelo. Direito Constitucional Descomplicado. Rio de Janeiro: Impetus, 2007, p. 414.
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Estabelece a Constituição Federal em seu art. 57, § 2º que “a sessão legislativa não será interrompida
sem a aprovação do projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias”. Conforme atesta Sergio Valladão Ferraz:
“Para a criação da Lei do Orçamento Anual (LOA), é indispensável a prévia feitura da LDO, que traça, como
o nome sugere, os parâmetros para a fixação do orçamento. Por isso, como a LOA deve ser feita no segundo
semestre para que possa ser aplicada no ano seguinte, a Constituição exige que a LDO seja aprovada até o dia
30 de junho (que era o último dia do primeiro período legislativo até a EC nº 50/2006. Esta promoveu a alteração
do encerramento do primeiro período legislativo para 17 de julho, mas não modificou a data para aprovação
da LDO. Consideramos que, como a única consequência da não-aprovação é a não-interrupção da sessão
legislativa, na prática a LDO deverá ser aprovada até o dia 17 de julho). Se a LDO não for aprovada até esta
data, não se interrompe a sessão legislativa ordinária, que prosseguirá pelo mês de julho, até a sua aprovação,
podendo inclusive, chegar ao mês de agosto, hipótese em que não haveria recesso no meio do ano2”.
Portanto, neste caso não é cabível falar-se em convocação extraordinária do Congresso Nacional, visto
que a Sessão Legislativa Ordinária não será interrompida sem a aprovação do projeto da LDO.
Pelo:
- Presidente da República; Em caso de urgência ou interesse público relevante com a
- Presidente da Câmara dos Deputados;
- Presidente do Senado Federal; aprovação da maioria absoluta de cada uma das Casas do
- Requerimento da maioria dos membros de
ambas as casas do Congresso Nacional. Congresso Nacional.
Tanto a Sessão Legislativa Ordinária quanto a Sessão Legislativa Extraordinária correspondem a perío-
dos de funcionamento do Congresso Nacional. Portanto, diferem das sessões diárias, modalidade de reunião
diária dos congressistas durante as sessões legislativas, chamadas simplesmente de “sessões”.
2 FERRAZ, Sérgio Valladão. Curso de Direito Legislativo. 1ª Ed. Rio de Janeiro. Elsevier. 2007, p.48.
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• dispor sobre sua organização, funcionamento, polícia, criação, transformação ou extinção dos car-
gos, empregos e funções de seus serviços e fixação da respectiva remuneração, observados os pa-
râmetros estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias.
Trata-se de competências que objetivam consagrar a independência do Congresso Nacional e de suas casas
legislativas.
A) Mesas:
“A mesa é o órgão responsável pelas funções meramente administrativas, bem como pela condução
dos trabalhos legislativos que se desenvolvem em cada Casa”3
Em cada uma delas é assegurada, tanto quanto possível, a representação proporcional dos partidos ou
dos blocos parlamentares que participam da respectiva Casa (art. 58, da CF). A Mesa do Congresso Nacio-
nal, presidida pelo Presidente do Senado Federal, será composta também por ocupantes de cargos equiva-
lentes na Câmara dos Deputados e no Senado Federal, conforme disposição do art. 57, § 5º da CF. Dessa for-
ma, é importante notar que não existe eleição para a Mesa do Congresso Nacional, visto que seus integrantes
são oriundos da Mesa do Senado, ou da Mesa da Câmara dos Deputados.
Os membros da Mesa da Câmara dos Deputados e da Mesa do Senado serão eleitos para um mandato
de dois anos, vedada a recondução para o mesmo cargo na eleição imediatamente subsequente. Entretanto,
a vedação para a reeleição ocorre apenas dentro da mesma Legislatura, o que permite que o presidente da
Mesa da Câmara ou do Senado nos dois últimos anos de uma Legislatura, possa concorrer ao mesmo cargo
na próxima Legislatura.
Por exemplo, o presidente da Câmara é o Deputado X, eleito para o biênio 2019 - 2020. Caso deseje fazer
parte da Mesa da Câmara dos Deputados no biênio 2021-2022 terá que se candidatar a outro cargo que não
seja o de Presidente, pois neste caso é vedada a reeleição para o mesmo cargo, pois estaremos dentro da
mesma Legislatura. Mas, se um Deputado Y foi eleito presidente da mesa para os dois últimos anos da Legis-
latura (2021-2022), poderá o Deputado Y concorrer ao cargo de Presidente da Câmara para o primeiro biênio
da legislatura seguinte (2023 - 2024), desde que seja reeleito Deputado Federal. Em resumo: a reeleição para a
Mesa é proíbida dentro da mesma legislatura e permitiada de uma legislatura para outra.
B) Comissões:
O Congresso Nacional e suas Casas terão comissões permanentes e temporárias, constituídas na forma
e com as atribuições previstas no respectivo regimento ou no ato que resultar sua criação (art. 58, CF).
3 PAULO, Vicente; ALEXANDRINO, Marcelo. Direito Constitucional Descomplicado. Rio de Janeiro. Impetus, 2007, p. 393.
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As comissões são órgãos internos constituídos por grupos de parlamentares de acordo com cada Regi-
mento Interno. Na composição de cada comissão será assegurada também, tanto quanto possível, a repre-
sentação proporcional dos partidos ou blocos parlamentares, conforme estipula o § 1º do art. 58. No conceito
da própria Câmara dos Deputados, as comissões podem ser:
Permanentes = São órgãos técnicos criados pelo Regimento Interno de cada Casa, com a
finalidade de discutir e votar as propostas de leis que são apresentadas. Em determinados
casos, essas Comissões se manifestam emitindo opinião técnica sobre o assunto, por meio
de pareceres, antes do assunto ser levado ao Plenário. Em outras proposições elas decidem,
aprovando-as ou rejeitando-as, sem a necessidade de passar pelo Plenário da Casa. A
composição parlamentar desses órgãos técnicos é renovada a cada ano ou sessão
legislativa. Na ação fiscalizadora, as Comissões atuam como mecanismos de controle dos
programas e projetos executados ou em execução, a cargo do Poder Executivo. Essas
Comissões perduram enquanto constarem do Regimento Interno.
Temporárias = São órgãos técnicos, criados pelo Presidente da respectiva Casa Legislativa nas
seguintes situações:
Comissões Especiais - com a finalidade de emitir pareceres sobre proposições em
situações especiais (PEC, Códigos etc.) ou oferecer estudos sobre temas específicos;
Dentro da função típica de fiscalizar os atos relacionados ao Poder Público, o Poder Legislativo pode criar
Comissões Parlamentares de Inquérito (CPIs). Estas “possuem caráter temporário, criadas a requerimento
de pelo menos um terço do total de membros da respectiva Casa, destinadas a investigar fato de relevante
interesse para a vida pública e para a ordem constitucional, legal, econômica ou social do País4”. Importante
ressaltar que as CPIs não são órgãos com função jurisdicional, nas palavras de Ségio Valladão Ferraz:
“As CPIs não julgam nem processam ninguém. Aliás, elas também não acusam ninguém, ao con-
trário da crença popular. Elas se limitam a investigar. Na sua função investigadora, as CPIs fazem
inquérito, produzindo provas para que se forme a convicção a respeito da ocorrência de ilícitos. Sua
atuação é similar e paralela ao inquérito policial e à investigação feita pelo Ministério Público”.5
Vale dizer, assim, que as CPIs não condenam. Levantam as informações necessárias que, consolida-
das em um relatório final, na hipótese de comprovação de ilícitos, serão encaminhadas ao Ministério Público
para que este provoque o Poder Judiciário para a responsabilização civil e penal dos acusados. Dessa forma,
durante a CPI o investigado recebe a denominação de indiciado e não de réu ou acusado, tendo em vista o
caráter investigativo e não jurisdicional das CPIs.
4 PAULO, Vicente; ALEXANDRINO, Marcelo. Direito Constitucional Descomplicado. Rio de Janeiro: Impetus, 2007, p. 398.
5 FERRAZ, Sérgio Valladão. Curso de Direito Legislativo. Rio de Janeiro: Elsevier, 2007, p. 39.
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Trata-se de função fiscalizadora, típica do Legislativo em relação aos atos do Poder Público. Conforme
atesta Alexandre de Moraes:
“O exercício da função típica do Poder Legislativo consistente no controle parlamentar, por meio de fisca-
lização, pode ser classificado de político-administrativo e financeiro-orçamentário. Pelo primeiro controle,
o Legislativo poderá questionar atos do Poder Executivo, tendo acesso ao funcionamento de sua máquina
burocrática, a fim de analisar a gestão da coisa pública e, consequentemente, tomar as medidas que entenda
necessárias. Inclusive, a Constituição Federal autoriza a criação de comissões parlamentares de inquérito,
que terão poderes de investigação próprios das autoridades judiciais, além de outros previstos nos regimentos
das respectivas Casas, e serão criadas pela Câmara dos Deputados e pelo Senado Federal, em conjunto ou
separadamente, mediante requerimento de um terço de seus membros, para a apuração de fato determinado e
por prazo certo, sendo suas conclusões, se for o caso, encaminhadas ao Ministério Público, para que promova
a responsabilidade civil ou criminal dos infratores”.6
Contudo, cumpre ressaltar que a atuação das CPIs não está restrita a atos apenas do Poder Executivo,
mas do Poder Público como um todo. Assim, inserem-se dentro do controle político-administrativo os atos do
próprio Legislativo e do Poder Judiciário. Este será fiscalizado desde que os atos sejam de natureza adminis-
trativa, e não jurisdicional. Ou seja, não podem ser investigados os atos tipicamente jurisdicionais.
Os fatos a serem investigados por uma CPI necessitam ter relação com o Poder Público, o que impede que atos
exclusivamente privados sejam investigados. O objeto de uma CPI precisa estar relacionado dentro da competência do
Poder Legislativo que a criou. Assim, se existem irregularidades na Secretaria Municipal de Obras de Belo Horizonte, em
regra a Câmara dos Deputados não pode instaurar uma Comissão Parlamentar de Inquérito. Tal prerrogativa compete
à Câmara Municipal de Belo Horizonte. O mesmo acontecerá com relação aos demais órgãos legislativos existentes no
país. Em resumo, cada um cria suas respectivas CPIs dentro das respectivas esferas de atuação. Os atos das Comis-
sões Parlamentares de Inquérito estão sujeitos ao controle judicial quando lesarem ou ameaçarem de lesão os direitos
assegurados a cada cidadão. Dessa forma, se determinada pessoa é presa de forma ilegal durante um depoimento em
uma CPI, qualquer cidadão poderá ingressar em juízo com o respectivo pedido de “habeas corpus” para obter a liberdade
daquele que teve sua liberdade de locomoção lesada.
No caso de CPIs instauradas no Congresso Nacional, o foro competente para o julgamento dos respectivos
atos praticados pelas CPIs é o Supremo Tribunal Federal, de acordo com o art. 102, I, i). Portanto, mesmo que
um cidadão comum seja preso durante uma CPI, o “habeas corpus” será ajuizado no STF, pois o cidadão que
proferiu a prisão em flagrante delito foi um Deputado Federal ou Senador, autoridades cujos atos estão sujeitos
diretamente à jurisdição do STF. O mesmo ocorrerá em se tratando de mandado de segurança contra ato de Co-
missão Parlamentar de Inquérito.
• Requerimento de 1/3 dos membros da Casa em que for criada. Caso seja uma
Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (composta por Senadores e
Requisitos para Deputados) é necessário 1/3 dos membros de ambas as Casas.
criação de CPIs
• Existência de fato determinado a ser investigado pela CPI.
A respeito do fato determinado a ser investigado pela CPI, este não pode ser uma alegação genérica,
como, por exemplo, uma CPI para apurar a corrupção no Poder Judiciário. O fato é genérico e não determi-
nado. Ao contrário, seria possível uma CPI para investigar o desvio de verba pública na construção de um
prédio ou cujo processo de licitação esteja sendo direcionado pelo Presidente de um Tribunal para favorecer
6 MORAES, Alexandre de. Direito Constitucional – 17ª. Ed. – São Paulo: Atlas, 2007, p. 379.
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determinada construtora. Nestas hipóteses, o fato seria determinado e a requerimento de um terço dos mem-
bros da respectiva Casa Legislativa poderia ser instaurada uma Comissão Parlamentar de Inquérito para in-
vestigação das denúncias. Afinal, mesmo sendo um ato do Poder Judiciário, não é um ato jurisdicional, mas
administrativo.
“A instauração da CPI depende da determinação de tal ou qual fato suspeito de ilicitude. É claro,
vários fatos podem ser objeto de investigação por meio de uma CPI, desde que sejam todos fatos
determinados”.7
No que se refere ao prazo certo, pré-determinado, significa dizer que uma CPI é uma comissão tempo-
rária. Assim, será possível sua prorrogação, desde que esta ocorra dentro da mesma Legislatura. Por exem-
plo: se uma CPI foi criada com o prazo de 120 dias, este prazo pode ser prorrogado, sendo necessário novo
requerimento de 1/3 dos membros da respectiva Casa Legislativa. Entretanto, se o pedido de prorrogação
se der no final de uma Legislatura, a CPI em andamento não pode adentrar na que se iniciará em breve, visto
que ao final de cada Legislatura todas as comissões temporárias são extintas. Para finalizar, enfatizamos os
ensinamentos de Vicente Paulo e Marcelo Alexandrino acerca dos requisitos para a instalação de uma CPI.
“Segundo a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, uma vez cumpridos esses três requisitos, a cria-
ção da comissão parlamentar de inquérito é determinada no ato mesmo da apresentação do requerimento
ao Presidente da Casa Legislativa, independentemente de deliberação plenária”.
“Significa dizer que, com a entrega do requerimento escorreito ao Presidente da Casa, tem-se por criada
a comissão parlamentar de inquérito. Não podem, nem o Presidente da Casa, nem o respectivo plená-
rio frustrar a criação da comissão parlamentar, desde que os requerentes tenham cumprido fielmente os
requisitos constitucionais para sua instalação. Não cabe ao Presidente da Casa qualquer apreciação de
mérito sobre o objeto da investigação parlamentar. Incumbe a ele, apenas, ordenar que o requerimento
seja numerado e publicado.”8
Competências da CPIs:
Como vimos anteriormente CPI não julga, CPI investiga. Estabelece o art. 58, § 3º que as CPIs “terão
poderes próprios de investigação das autoridades judiciais, além de outros previstos nos regimentos das res-
pectivas Casas”. Ocorre que autoridade judicial não investiga, autoridade judicial julga. Nossa constituição, ao
fazer tal observação, não quis atribuir poderes jurisdicionais às CPIs, mas tão somente autorizá-las a realizar
atos de instrução processual característicos das autoridades judiciais, como, por exemplo, determinar a que-
bra do sigilo telefônico de um indiciado para obtenção de uma possível prova. Tal ato não tem caráter decisó-
rio, mas sim de instrução processual. Dessa forma, sempre que houver um ato que esteja dentro da chamada
reserva de jurisdição (atos que só podem ser feitos pelo juiz) a comissão não poderá praticá-lo. Dessa forma,
o disposto no texto constitucional acerca da competência das Comissões Parlamentares de Inquérito é equi-
voco e induz o estudante mais desatento ao erro.
Assim, em termos práticos é fundamental citarmos, com auxílio das lições de Sergio Valladão Ferraz, o
que pode e não pode fazer uma Comissão Parlamentar de Inquérito.
7 FERRAZ, Sérgio Valladão. Curso de Direito Legislativo. Rio de Janeiro: Elsevier, 2007, p. 42.
8 PAULO, Vicente, ALEXANDRINO, Marcelo. Direito constitucional descomplicado. Rio de Janeiro: Impetus, 2007, p. 401.
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D) Plenário:
O plenário, como o próprio nome diz, reúne a totalidade dos membros de uma Casa Legislativa.
• Plenário do Senado Federal = 81 Senadores;
• Plenário da Câmara dos Dep. = 513 Deputados Federais.
7 - Do Senado Federal
O Senado Federal é composto por representantes dos Estados e do Distrito Federal. Conforme visto
anteriormente, sua existência decorre da forma federativa de organização do Estado, que deu origem ao cha-
mado bicameralismo federativo.
Em regra, Senadores não representam o povo (função atribuída aos Deputados Federais), mas sim os
interesses dos Estados e do Distrito Federal no intuito de assegurar-lhes a representação devida na elabora-
ção das normas federais.
Os Estados e o Distrito Federal elegem 03 (três) Senadores, acompanhados por dois suplentes cada. O
mandato é de oito anos, o que importa em uma renovação por 1/3 e 2/3 a cada eleição. Isto significa dizer
que, se na última eleição para o Senado existia apenas uma vaga a ser disputada por cada Estado e pelo
Distrito Federal, na próxima serão duas vagas a serem preenchidas.
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Para ser eleito, o candidato a Senador precisa alcançar o maior número de votos em um único turno de
votação, excluindo-se os votos brancos e nulos. Trata-se do chamado princípio majoritário puro ou simples,
uma vez que não é necessária a realização de um segundo turno.
Questão recorrente em diversos concursos públicos, a competência do Senado Federal para julgar deter-
minadas autoridades sempre é feita em comparação à competência do Supremo Tribunal Federal.
Determinadas autoridades ao serem indicadas para ocuparem determinados cargos precisam ser apro-
vadas pelo Senado Federal. Trata-se da chamada sabatina do Senado Federal, cujo objetivo é verificar se o
escolhido tem qualidades técnicas e pessoais para o exercício da função. Assim, compete privativamente ao
Senado Federal aprovar previamente, por voto secreto, após arguição pública, a escolha de:
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• Ministros do STF
• Ministros do STJ
• Precisam ser aprovados por
• Magistrados, nos casos previstos na Constituição: • Ministros do TST maioria absoluta do Senado.
• Conselheiros do CNJ
Atenção. É importante perceber que a EC 76/2013 não acabou com o voto secreto para as sabatinas
(arguições) do Senado Federal. No âmbito do Congresso Nacional, o fim do voto secreto ocorreu apenas nos
casos de votações para perda de mandato (Art. 55, § 2º) e derrubada do veto (Art. 66, § 4º).
Atenção. Mais uma vez, é importante perceber que a EC 76/2013 não acabou com o voto secreto para a
exoneração do Procurador-Geral da República. No âmbito do Congresso Nacional, o fim do voto secreto ocor-
reu apenas nos casos de votações para perda de mandato (Art. 55, § 2º) e derrubada do veto (Art. 66, § 4º).
• autorizar operações externas de natureza financeira, de interesse da União, dos Estados, do Distrito
Federal, dos Territórios e dos Municípios;
• fixar, por proposta do Presidente da República, limites globais para o montante da dívida consolidada
da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios;
• dispor sobre limites globais e condições para as operações de crédito externo e interno da União, dos
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, de suas autarquias e demais entidades controladas
pelo Poder Público federal;
• dispor sobre limites e condições para a concessão de garantia da União em operações de crédito ex-
terno e interno;
• estabelecer limites globais e condições para o montante da dívida mobiliária dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios.
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E) Competência Interna
• elaborar seu regimento interno;
• dispor sobre sua organização, funcionamento, polícia, criação, transformação ou extinção dos car-
gos, empregos e funções de seus serviços, e a iniciativa de lei para fixação da respectiva remunera-
ção, observados os parâmetros estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias.
F) Competência eletiva
• eleger dois cidadãos brasileiros natos, com mais de trinta e cinco anos, como membros do Conselho
da República para um mandato de três anos, vedada a recondução (art. 89, VII).
• suspender a execução, no todo ou em parte, de lei declarada inconstitucional por decisão definitiva
do Supremo Tribunal Federal;
Controlar a constitucionalidade de uma norma significa verificar sua compatibilidade com a Constituição
Federal. No Brasil esta função é exercida não apenas pelo Poder Judiciário, mas também pelo Legislativo e pelo
Executivo.
Portanto, o controle de constitucionalidade a ser realizado pelo Senado Federal é político e poderá ocor-
rer em dois momentos distintos.
Como a competência referida no art. 52, X somente pode ser exercida após a atuação do Supremo Tribu-
nal Federal, o controle é repressivo, pois a norma já exite, já faz parte do ordenamento jurídico brasileiro. Além
disso, é importante entender que o STF exerce duas formas de controle de constitucionalidade: o controle
concentrado e o controle difuso.
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O Senado vai suspender a execução da norma somente quando o Supremo Tribunal Federal declarar a
inconstitucionalidade no âmbito do contrele difuso. Neste tipo de controle, a declaração de inconstitucionali-
dade do Supremo produz apenas efeito entre as partes do conflito (inter partes). Não é uma declaração de
inconstitucionalidade contra todos (erga omnes) como acontece no controle concentrado de constitucionalida-
de. Portanto, no controle concentrado não há a necessidade de suspensão da norma pelo Senado, visto que
o STF já a excluiu do ordenamento jurídico.
Na prática, a competência do Senado é uma faculdade de estender os efeitos de uma declaração de in-
constitucionalidade feita pelo STF no de controle difuso. Ou seja, ao suspender a execução da lei o Senado
está transformando o efeito “inter-partes” da declaração do STF em "erga omnes", pois com a suspensão da
norma todos passam a ser destinatários de tal decisão.
“O art. 45 da Constituição Federal determina que o número total de Deputados, bem como a repre-
sentação por Estado e pelo Distrito Federal, deve ser estabelecido por lei complementar, proporcio-
nalmente à população, procedendo-se aos ajustes necessários, no ano anterior às eleições, para
que nenhuma das unidades da Federação tenha menos de oito ou mais de setenta Deputados. A Lei
Complementar nº 78, de 30 de dezembro de 1993, estabelece que o número de Deputados não pode
ultrapassar quinhentos e treze. A Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística fornece
os dados estatísticos para a efetivação do cálculo. Feitos os cálculos, o Tribunal Superior Eleitoral en-
caminha aos Tribunais Regionais Eleitorais e aos partidos políticos o número de vagas a serem dis-
putadas. Além do número mínimo de representantes, a lei determina que cada Território Federal será
representado por quatro Deputados Federais”.
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I - autorizar, por dois terços de seus membros, a instauração de processo contra o Presidente
e o Vice-Presidente da República e os Ministros de Estado;
IV - dispor sobre sua organização, funcionamento, polícia, criação, transformação ou extinção dos
cargos, empregos e funções de seus serviços, e a iniciativa de lei para fixação da respectiva remu-
neração, observados os parâmetros estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias;
Dentre elas cumpre ressaltar a disposta no inciso I, na qual compete à Câmara autorizar a instauração
de processo contra:
• Presidente da República;
• Vice-Presidente da República, e;
• Ministros de Estado.
O foro privilegiado perdura apenas enquanto a autoridade ocupar o cargo. Inexiste prorrogação do foro pri-
vilegiado para depois do término do mandato, mesmo que a acusação seja referente a atos praticados durante o
exercício do respectivo mandato.
Cumpre observar ainda, que o foro privilegiado diz respeito apenas a ilícitos penais, o que afasta a exis-
tência de foro privilegiado na ação de improbidade administrativa, afinal, esta é de natureza cível e não penal.
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9.2 - Imunidades
“Imunidades parlamentares são garantias conferidas pela Constituição aos membros do Congresso
com a precípua finalidade de assegurar-lhes plenas condições de atuação independente. São prer-
rogativas que excepcionam o direito comum, tendo em vista o objetivo com que foram instituídas pela
Carta Política”.
Percebe-se que a imunidade ou inviolabilidade material afasta a ilicitude de um determinado ato. Sig-
nifica dizer que enquanto um ato praticado por um cidadão comum pode representar uma conduta ilícita, este
mesmo ato quando realizado por um parlamentar não será considerado ilícito, desde que esteja configurado
como uma imunidade material assegurada ao parlamentar.
Ex. Determinado Senador comete a conduta típica do crime de calúnia durante pronunciamento na tribu-
na do Senado.
Tal fato não constitui um ato ilícito, tendo em vista que a imunidade material preserva civil e penalmente
quaisquer das opiniões, palavras ou votos proferidos pelo Senador. Entretanto, caso o agente da conduta ca-
luniosa fosse um cidadão comum, este poderia ser processado por crime contra a honra. Cumpre notar que,
encerrado o mandato, cessam as imunidades parlamentares.
Sob o aspecto da imunidade ou inviolabilidade formal, esta impede que o parlamentar seja preso ou pro-
cessado de forma comum em razão da ilicitude que cometeu. A imunidade formal se subdivide em:
Na imunidade formal à prisão os parlamentares não podem ser presos, exceto nas hipóteses de
flagrante delito ou sentença judicial transitada em julgado.
Quando a prisão for em flagrante, os autos devem ser remetidos dentro de vinte e quatro horas para
a respectiva Casa, para que esta resolva sobre a prisão. Configura-se, assim, que, mesmo tendo come-
tido uma conduta ilícita, a imunidade formal dos parlamentares impede o tratamento dispensado a um
cidadão comum caso fosse ele, e não o parlamentar, o agente do ato ilícito.
Já na imunidade formal ao processo, é assegurado às respectivas casas legislativas sustar (suspen-
der) o andamento de um processo contra parlamentar no Supremo Tribunal Federal, enquanto este não
profira sua decisão final no julgamento. Esta possibilidade somente ocorrerá naqueles crimes praticados
após a diplomação do candidato.
Assim, vale dizer que, se um determinado Deputado Federal já estava sendo processado antes de
ser tornar um representante do povo na Câmara dos Deputados, não deterá a garantia em comento, visto
que a imunidade formal ao processo só está disponível para os parlamentares que cometam crime após
a diplomação.
Note-se que a imunidade formal ao processo não provoca a extinção do julgamento do processo, apenas sus-
pende a sua tramitação no Supremo Tribunal Federal. A sustação do processo suspende a prescrição enquanto
durar o mandato.
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9.6 - Incompatibilidades
No art. 54 da Constituição Federal estão arroladas as incompatibilidades impostas a Senadores e Depu-
tados. Segundo o entendimento da Doutrina, essas incompatibilidades subdividem-se em:
a) negociais;
b) funcionais;
c) profissionais e
d) políticas, podendo proibir atos anteriores e posteriores à posse do parlamentar.
No art. 55, a Constituição da República arrola as hipóteses de perda do mandato. Entretanto, a perda do
mandato não é automática.
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Perda
do • que deixar de comparecer, em cada
Mandato sessão legislativa, à terça parte das
sessões ordinárias da Casa a que
pertencer, salvo licença ou missão por
Por declaração da Mesa da respectiva Casa esta autorizada;
Legislativa • que perder ou tiver suspensos os di-
reitos políticos;
• quando o decretar a Justiça Eleitoral,
nos casos previstos na Constituição.
Ressalte-se também a nova redação do art. 55 da Constituiçao da República (EC 76/2013), que acabou
com o voto secreto nas hipóteses de perda do mandato por deliberação da maioria abasoluta da res-
pectiva Casa Legislativa.
III - que deixar de comparecer, em cada sessão legislativa, à terça parte das sessões ordinárias da Casa
a que pertencer, salvo licença ou missão por esta autorizada;
§ 1º - É incompatível com o decoro parlamentar, além dos casos definidos no regimento interno, o abuso
das prerrogativas asseguradas a membro do Congresso Nacional ou a percepção de vantagens indevidas.
§ 2º Nos casos dos incisos I, II e VI, a perda do mandato será decidida pela Câmara dos Deputados
ou pelo Senado Federal, por maioria absoluta, mediante provocação da respectiva Mesa ou de partido
político representado no Congresso Nacional, assegurada ampla defesa. (Redação EC nº 76, de 2013)
§ 3º - Nos casos previstos nos incisos III a V, a perda será declarada pela Mesa da Casa respectiva, de
ofício ou mediante provocação de qualquer de seus membros, ou de partido político representado no
Congresso Nacional, assegurada ampla defesa.
§ 4º A renúncia de parlamentar submetido a processo que vise ou possa levar à perda do mandato, nos
termos deste artigo, terá seus efeitos suspensos até as deliberações finais de que tratam os §§ 2º e 3º.
Mesmo com a emenda, persiste uma dúvida de interpretação do texto constitucional. De acordo com o §
2º, o congressista que sofrer condenação criminal em sentença transitada em julgado (VI) somente perderá o
cargo em razão da decisão da maiora absoluta da respectiva casa legislativa.
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Assim, poderíamos ter um Deputado Federal ou Senador preso, mas que conservaria seu mandato caso
não fosse atingida a maioria prevista para a sua perda. Contudo, é importante perceber que o congressista
também perderá o mandato quando perder ou tiver suspensos seus direito políticos (IV). Segundo o art. 15
da Constituição, é vedada a cassação de direitos políticos, cuja perda ou suspensão só se dará, dentre outras
hipóteses, nos casos de condenação criminal transitada em julgado, enquanto durarem seus efeitos.
Em resumo, um congressista pode até escapar da perda do mandato na hipótese prevista no inciso VI, mas
perderá o mandato de igual maneira por força do inciso IV. Não há escapatória.
II - licenciado pela respectiva Casa por motivo de doença, ou para tratar, sem remuneração, de in-
teresse particular, desde que, neste caso, o afastamento não ultrapasse cento e vinte dias por
sessão legislativa.
§ 1º - O suplente será convocado nos casos de vaga, de investidura em funções previstas neste ar-
tigo ou de licença superior a cento e vinte dias.
§ 2º - Ocorrendo vaga e não havendo suplente, far-se-á eleição para preenchê-la se faltarem mais
de quinze meses para o término do mandato.
Dispõem os arts. 27, § 1º e 32, § 3º que aos Deputados Estaduais e Distritais são aplicadas todas as
normas sobre sistema eleitoral, inviolabilidade, imunidades, remuneração, perda de mandato, licença, impe-
dimentos e incorporação às Forças Armadas.
É assegurada aos Vereadores a inviolabilidade por suas opiniões, palavras e votos no exercício do man-
dato e na circunscrição do Município. Suas proibições e incompatibilidades, no exercício da vereança, são
similares, no que couber, ao disposto na Constituição para os membros do Congresso Nacional e na Consti-
tuição do respectivo Estado para os membros da Assembléia Legislativa (art 29, VIII e IX).
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