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Legislação e Estruturas
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do Ensino Superior
Indicativos de Politicas, Estrutura e Legislação

Responsável pelo Conteúdo:


Profa. Dra. Edda Curi

Revisão Textual:
Prof. Ms. Claudio Brites
Indicativos de Politicas, Estrutura e Legislação

Nesta unidade, trabalharemos os seguintes tópicos:


• Algumas Leis que regem a Educação no país
• Constituição Federal de 1988
• Origem do PNE

Fonte: iStock/Getty Images


• Diretrizes Curriculares Nacionais
• Sobre a Base Nacional Curricular Comum

Objetivos
• Abordar aspectos relacionados à Constituição Federal de 1988, ao Plano Decenal de
Educação, às Diretrizes Curriculares Nacionais e aos Parâmetros Curriculares Nacionais.
• Evidenciar como evoluiu a legislação no que diz respeito à educação, e como essas
políticas públicas se desenvolveram.

Caro Aluno(a)!

Normalmente com a correria do dia a dia, não nos organizamos e deixamos para o
último momento o acesso ao estudo, o que implicará o não aprofundamento no material
trabalhado ou, ainda, a perda dos prazos para o lançamento das atividades solicitadas.

Assim, organize seus estudos de maneira que entrem na sua rotina. Por exemplo, você
poderá escolher um dia ao longo da semana ou um determinado horário todos ou alguns
dias e determinar como o seu “momento do estudo”.

No material de cada Unidade, há videoaulas e leituras indicadas, assim como sugestões


de materiais complementares, elementos didáticos que ampliarão sua interpretação e
auxiliarão o pleno entendimento dos temas abordados.

Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de
discussão, pois estes ajudarão a verificar o quanto você absorveu do conteúdo, além de
propiciar o contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de
troca de ideias e aprendizagem.

Bons Estudos!
UNIDADE
Indicativos de Politicas, Estrutura e Legislação

Contextualização
Nesta Unidade, você ampliará seus conhecimentos sobre algumas políticas públicas
educacionais. Antes da leitura do texto, reflita sobre as questões a seguir e faça
anotações do que julgar interessante.

Você conhece alguma das políticas educacionais?

Que mudanças podem ser observadas na educação a partir das mudanças propostas
por políticas educacionais?

Que contribuições as políticas educacionais recentes vêm dando aos estudantes?

Bons estudos!

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Algumas Leis que regem a Educação no país
Você sabia que a Educação no nosso país é regida por leis denominadas diretrizes e bases?
Você conhece algumas dessas leis?
Já ouviu falar sobre elas?
Pesquise sobre o assunto e faça anotações do que você considerou importante.

Para que possamos entender melhor a trajetória das leis que nortearam a educação
em nosso país, parece-nos importante ressaltar o cenário em que se deu esta trajetória.
Podemos começar salientando que a escola brasileira nasceu marcada pelo dualismo:
escola acadêmica de boa qualidade, e com ascensão aos cursos superiores, para as
elites; e a escola para os trabalhadores. O trabalho manual desenvolveu-se no Brasil
caracterizado por não ser “intelectual” e, durante muito tempo, uma incumbência de
escravos e pobres. Um homem livre e de boa família não podia ter um trabalho manual.
Sendo assim, as escolas no país, voltadas para o trabalho, atendiam às classes pobres e
concentravam-se essencialmente na aprendizagem de ofícios.

Esse dualismo se mantem até hoje, mesmo com a estrutura atual do ensino médio e
das escolas técnicas.

Retornando ao início do século XX, nos primeiros anos da República, em especial ao


governo de Nilo Peçanha, em 1909, foram criadas escolas técnicas em quase todas as
capitais de estados do país com o propósito de atingir o público alvo de trabalhadores.
Os primeiros grandes empreendimentos nacionais no campo da Engenharia apareciam
com as escolas técnicas – como as ferrovias, os arsenais da Marinha e de guerra.

Com o avanço do processo de industrialização do país e a complexidade dos modos


de produção, havia a necessidade de mudança na política educacional brasileira.

Na ditadura de Getúlio Vargas, foram institucionalizadas as leis orgânicas do ensino,


com a criação dos cursos técnicos normais, industriais, comerciais e agrícolas. Tais
cursos, embora equivalentes aos cursos acadêmicos, chamados na época de Científico,
não davam acesso aos cursos superiores, somente aos de suas áreas respectivas. Ainda
na era Vargas, foi criado o chamado sistema S, composto por Senai, Sesi e Senac.

Duas leis de diretrizes e bases foram importantes nas décadas de 60 e 70 e trouxeram


uma grande evolução ao ensino de nosso país: a LDB n. 4.024/61 efetiva a equivalência
entre os cursos de segundo grau (atual ensino médio), citados no parágrafo anterior; a
LDB n. 5.692/71 estabelece uma política educacional que tenta profissionalizar todos
os alunos no segundo grau – de acordo com essa lei, todas as escolas de segundo grau
passariam a oferecer uma opção profissionalizante.

Essa situação se modificou em 1982 com a Lei n. 7.044/82, a qual acabou com
essa obrigatoriedade. Esse cenário torna a se modificar com o advento da LDBEN
n. 9394/96, quando, então, o governo promoveu grande alteração separando

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Indicativos de Politicas, Estrutura e Legislação

definitivamente o ensino médio da educação profissional – essa situação vigora até os


dias atuais. Cada uma dessas modalidades passa a ser oferecida em tipos de escolas
diferentes, com diretrizes próprias e currículos diferenciados.

Mas a LDBEN n. 9394 de 1996 é decorrente da Constituição de 1988, vamos então


conhecer um pouco sobre a nossa Constituição atual.

Constituição Federal de 1988


A Constituição Federal de 1988 foi promulgada no dia 05 de outubro, na gestão do
presidente José Sarney. Cabe ressaltar que essa foi a sétima Constituição adotada no
país, as demais foram as de 1824, 1891, 1934, 1937, 1946 e 1967.

Em relação ao fato dela ser a sétima Constituição, existem controvérsias entre alguns
pesquisadores, uma vez que em 1969, com a morte do presidente Artur da Costa e
Silva, uma Junta Militar assumiu a presidência do país, e nesse mesmo ano, essa junta
promulgou uma ementa constitucional chamada de Ementa nº 1, instituindo a Lei da
Segurança Nacional, o que regulamentava a censura. Devido às diversas transformações
que essa ementa trouxe, ela é considerada por alguns pesquisadores como sendo um
texto constitucional, o que faria com que a Constituição de 1988 fosse a oitava, e não a
sétima, Constituição do Brasil.

A Constituição é um documento que representa a lei fundamental e suprema do


Brasil e serve de parâmetro para a elaboração das demais leis do país. Segundo Waitz e
Arantes (2000), ela assegurou garantias sociais como, por exemplo, a responsabilidade
da má administração pelos agentes públicos, preocupação com direitos individuais
expressos por meio da garantia de acesso à saúde, segurança social, escolarização de
forma igualitária a todos os brasileiros.

Em relação à Educação, a Constituição de 1988 prioriza o acesso e a permanência


na escola de forma que todos tenham os mesmos direitos no que tange à liberdade de
aprender, ensinar e pesquisar. Divulgando o pensamento, a arte e o saber, ocorre então
a valorização do ensino e a preocupação em garantir um padrão de qualidade.

É importante ressaltar que a Constituição de 1988 nasceu em um cenário pós-ditadura


militar, pois essa havia acabado em 1985 – mesmo deixando marcas de um sistema social
subordinado e dependente ao capitalismo internacional em todos os aspectos, inclusive
na educação, o que refletiu no ensino superior. Porém, para Waitz e Arantes (2000),
na história do país, os anos 80 e 90 foram marcados como nenhum outro período pela
expansão de universidades, e tal expansão, de acordo com as autoras, ocorreu por conta
das políticas de isenção fiscal para os empresários da educação.

O documento em seu Capítulo III, intitulado Da Educação, da Cultura e do Desporto,


traz em sua primeira seção o tema Da Educação, apresentando a seguinte descrição em
seu Art. 205:

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A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e
incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da
pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho.

Dessa forma, evidencia-se que todos têm direito de acesso à educação e que esse
direito deve ser garantido tanto pelo estado quanto pela família, levando em consideração
a colaboração da sociedade. Há um destaque também para que a educação tenha como
objetivo a formação de um cidadão preparado para interagir socialmente, ou seja,
exercer sua cidadania, e também para integrar o mercado de trabalho.

Quanto ao ensino, a Constituição de 1988, em seu Art. 206, e pós-emenda


Constitucional de 2006, define os seguintes princípios:
I – igualdade de condições para o acesso e a permanência na escola;

II – liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a arte e o saber;

III – pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas, e coexistência de instituições


públicas e privadas de ensino;

IV – gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais;

V – valorização dos profissionais da educação escolar, garantidos, na forma da lei,


planos de carreira, com ingresso exclusivamente por concurso público de provas e
títulos, aos das redes públicas;

VI – gestão democrática do ensino público, na forma da lei;

VII – garantia de padrão de qualidade;

VIII – piso salarial profissional nacional para os profissionais da educação escolar


pública, nos termos de lei federal.

Em relação às universidades, a Constituição Federal de 1988, em seu Art. 207,


prevê que: “As universidades gozam de autonomia didático-científica, administrativa e
de gestão financeira e patrimonial, e obedecerão ao princípio de indissociabilidade entre
ensino, pesquisa e extensão”.

Esse documento também prevê a criação de um plano nacional de educação conforme


descreve abaixo:
Art. 214. A lei estabelece o plano nacional de educação, de duração decenal, com
o objetivo de articular o sistema nacional de educação em regime de colaboração e
definir diretrizes, objetivos, metas e estratégias de implementação para assegurar a
manutenção e desenvolvimento do ensino em seus diversos níveis, etapas e modalidades
por meio de ações integradas dos poderes públicos das diferentes esferas federativas
que conduzam a:

I – erradicação do analfabetismo;

II – universalização do atendimento escolar;

III – melhoria da qualidade do ensino;

IV – formação para o trabalho;

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V – promoção humanística, científica e tecnológica do País;

VI – estabelecimento de meta de aplicação de recursos públicos em educação como


proporção do produto interno bruto.

Em 2015, foi publicado um novo Plano Nacional de Educação – PNE – com metas
claras sobre todos os níveis de ensino – que serão estudadas ao longo das unidades.
Esse plano aponta preocupações com o acesso ao ensino e também em relação ao
investimento para a educação, tanto no nível da educação básica, quanto superior, num
período de dez anos.

Origem do PNE
Na Constituição original de 1988, o PNE era previsto como um plano plurianual,
ou seja, um conjunto de ações a serem desenvolvidas em um período de quatro
anos visando atingir determinados objetivos em relação à melhoria da qualidade da
educação no país.

Em março de 1990, o Brasil participou, em Jomtien na Tailândia, da Conferência de


Educação para Todos promovida pela Organização das Nações Unidas para a Educação,
a Ciência e a Cultura (UNESCO), o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF),
O Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) e o Banco Mundial.

De acordo com o documento Brasil (1993), a partir dessa conferência, resultaram


posições consensuais de luta pela satisfação das necessidades básicas de aprendizagem
de todas as crianças, jovens e adultos e o compromisso de elaboração do Plano Decenal
de Educação para Todos – sobretudo para nove países, entre eles Bangladesh, Brasil,
China, Egito, índia, Indonésia, México, Nigéria e Paquistão, que apresentam baixa
produtividade do sistema educacional.

Pelo fato do Brasil integrar a esse grupo, o Ministério da Educação e do Desporto


elaborou o Plano Decenal de Educação para Todos. O plano é composto por ações
indispensáveis para a recuperação da educação básica nacional.

Segundo Menezes e Santos (2002), esse documento foi elaborado em 1993 pelo
Ministério da Educação (MEC) e destinado a cumprir, no período de uma década (1993
a 2003), as resoluções da conferência citada anteriormente. Segundo os autores, esse
documento é considerado um conjunto de diretrizes políticas voltadas para a recuperação
da escola fundamental no país.

O Plano Decenal prioriza o papel do professor, o que pode ser confirmado quando
se considera a seguinte citação do próprio documento do MEC/SEF: “O Plano Decenal
considera que o principal agente de uma política de qualidade da educação é o professor,
devendo a função do magistério ser publicamente reconhecida em sua relevância social”
(BRASIL, 1993, p. 5).

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Para Menezes e Santos (2002), o Plano Decenal indica a aceitação pelo governo federal
brasileiro das ações e estratégias que já estavam sendo discutidas internacionalmente
sobre a melhoria da educação básica. O que, de acordo com os autores, indica que:
A Conferência de Jomtien é um marco político e conceitual da educação fundamental,
constituindo-se em um compromisso da comunidade internacional em reafirmar a
necessidade de que “todos dominem os conhecimentos indispensáveis à compreensão
do mundo em que vivem”, recomendando o empenho de todos os países participantes
em sua melhoria (MENEZES; SANTOS, 2002, p. 1).

O objetivo do Plano Decenal de Educação era garantir, até o ano de 2003, que
crianças, jovens e adultos tivessem atendidas, quanto à aprendizagem, as necessidades
elementares da vida contemporânea. Menezes e Santos (2002) descrevem os sete
objetivos gerais de desenvolvimento da educação básica:
1. Satisfazer as necessidades básicas de aprendizagem das crianças, dos jovens
e adultos, provendo-lhes as competências fundamentais requeridas para a
participação na vida econômica, social, política e cultural do país, especialmente
as necessidades do mundo do trabalho;
2. Universalizar, com equidade, as oportunidades de alcançar e manter níveis
apropriados de aprendizagem e desenvolvimento;
3. Ampliar os meios e o alcance da educação básica;
4. Favorecer um ambiente adequado à aprendizagem;
5. Fortalecer os espaços institucionais de acordos, parcerias e compromisso;
6. Incrementar os recursos financeiros para manutenção e para os investimentos
na qualidade da educação básica, conferindo maior eficiência e equidade em sua
distribuição e aplicação;
7. Estabelecer canais mais amplos e qualificados de cooperação e intercâmbio
educacional e cultural de caráter bilateral, multilateral e internacional.

Na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, aprovada em 1996, os objetivos


do Plano Decenal de Educação para Todos são lembrados, ao consolidar e ampliar o dever
do poder público com a educação em geral, e em particular com o ensino fundamental.

A partir de 2015, temos o novo Plano Nacional de Educação, cujas metas tendem a
atingir todos os níveis de escolaridade.

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Diretrizes Curriculares Nacionais


Para Mello (1999), as Diretrizes Curriculares Nacionais (DCNs) são normas obrigatórias
que orientam o planejamento curricular das escolas e dos sistemas de ensino. Elas são
fixadas pelo Conselho Nacional de Educação por meio da Câmara de Educação Básica.
A partir da LDB, houve um início para a elaboração das DCNs.

Cada segmento da educação possui suas próprias diretrizes, por exemplo, as diretrizes
curriculares para o ensino fundamental, médio e universitário; porém, todas elas foram
elaboradas com base na Lei de Diretrizes e Bases da Educação.

Diferentemente de outros documentos curriculares, as DCNs são leis que têm


a obrigatoriedade de serem seguidas pelas instituições de ensino. Porém, elas levam
em consideração a autonomia da escola e da proposta pedagógica, o que indica que
as escolas devem elaborar seus currículos contemplando as competências propostas
nas diretrizes, mas considerando as expectativas que se deseja atingir, ou seja, deve-se
levar em consideração o público, a região e os demais aspectos relevantes para aquela
determinada instituição de ensino.

Menezes e Santos (2002) ressaltam que, de acordo o Conselho nacional de Educação,


as DCNs contemplam elementos fundamentais em cada área do conhecimento, campo
do saber ou profissão, visando a que o estudante se desenvolva intelectualmente e
também como profissional autônomo. Os autores mencionam que as DCNs foram
estabelecidas da seguinte forma:
1. Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil;
2. Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental;
3. Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Médio;
4. Diretrizes Curriculares Nacionais para Formação de Professores.

Em relação às Diretrizes Curriculares da Educação Superior, cada curso apresenta


suas próprias diretrizes estabelecidas com base na estrutura de cada curso, e que podem
ser verificadas no site do MEC.

Trajetória dos documentos oficiais curriculares que norteiam a


Educação brasileira
Na trajetória dos documentos curriculares oficiais, consideramos importante o
conhecimento dos termos ‘programa’ e ‘currículo’, que são muitas vezes utilizados como
sinônimos, mas que têm significados muito diferentes. A ideia de uma proposta de
currículo começou a aparecer nas décadas de 50 e 60.

Antes de 1960, o currículo era organizado por uma lista de temas, que hoje
denominamos de programas. Essa lista geralmente era ordenada de uma maneira
cronológica e lógica, e não só era encontrada em programas impressos como também
nos índices dos livros didáticos.

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No Brasil, antes da década de 1970, utilizava-se a denominação ‘programas’ para
identificar as orientações a respeito dos conteúdos a serem ensinados em uma dada
etapa da escolaridade. Esses continham uma listagem de conteúdos a serem cumpridos,
numa ordem hierarquicamente concebida; mas não existiam orientações de caráter
didático metodológico.

A partir dos anos 70, com a expansão do sistema de ensino e a ampliação da


escolaridade obrigatória, por meio da LDB n. 5692 de 1971, no Estado de São
Paulo, os programas de ensino foram substituídos por documentos denominados
‘Guias Curriculares’.

Nessa época, o ensino fundamental esteve estruturado nos termos previstos pela
Lei Federal n. 5.692, de 11 de agosto de 1971. Essa lei, ao definir as diretrizes e
bases da educação nacional, estabeleceu como objetivo geral, tanto para o ensino
fundamental (primeiro grau, com oito anos de escolaridade obrigatória) quanto para
o ensino médio (segundo grau, não obrigatório), proporcionar aos educandos a
formação necessária ao desenvolvimento de suas potencialidades como elemento
de autorrealização, preparação para o trabalho e para o exercício consciente da
cidadania. Também generalizou as disposições básicas sobre o currículo, estabelecendo
o núcleo comum obrigatório em âmbito nacional para o ensino fundamental e médio.
Manteve, porém, uma parte diversificada, a fim de contemplar as peculiaridades
locais, a especificidade dos planos dos estabelecimentos de ensino e as diferenças
individuais dos alunos.

Coube aos estados a formulação de propostas curriculares que serviriam de base às


escolas estaduais, municipais e particulares situadas em seu território, compondo, assim,
seus respectivos sistemas de ensino.

Ao final da década de 80, esses documentos foram substituídos por ‘Propostas


Curriculares’. No final da década de 90, o MEC lançou um documento com orientações
curriculares nacionais denominado Parâmetros Curriculares Nacionais.

Como é possível perceber, os documentos curriculares oficiais brasileiros são bastante


recentes. Atualmente (2015), há estudos no MEC para lançamento de um documento
curricular denominado Base Nacional Curricular Comum – BNCC, que aponta diretrizes
curriculares mínimas para vigorar em todo o país.

Cabe salientar que, diferentemente de outros países, o Brasil nunca teve um currículo
obrigatório previamente concebido. Embora não sejam obrigatórias, as orientações
curriculares apresentam avanços no período e a influência de pesquisas sobre o
ensino e a aprendizagem. No entanto, a defesa de que essas orientações não devem
ser obrigatórias se deve ao fato da extensão do país e da diversidade cultural, social e
econômica de sua população.

Assim, no próximo tópico iremos abordar a estrutura dos Parâmetros Curriculares


Nacionais, para que você tenha uma visão clara das diretrizes desses documentos em
cada nível de ensino.

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Faça uma pesquisa sobre as principais reformas curriculares que ocorreram no Brasil a
partir da década de 40. Anote as características que mais lhe chamam atenção e, em
seguida, realize um paralelo levando em consideração tais reformas e o panorama
educacional atual.
Elabore uma síntese sobre o que aprendeu até esta etapa.

Sobre os Parâmetros Curriculares


Os Parâmetros Curriculares Nacionais foram publicados na época em que o ensino
fundamental estava organizado em 8 anos. O Ministério da Educação e do Desporto
(MEC) publicou em 1997 e 1998, respectivamente, os Parâmetros Curriculares
Nacionais (PCN) de 1ª a 4ª séries e de 5ª a 8ª séries. O documento pretendia oferecer
uma proposta oficial para a construção de uma base comum nacional para o ensino
fundamental brasileiro e uma orientação para que as escolas formulassem seus currículos,
levando em conta suas próprias realidades, tendo como objetivo do ensino a formação
para uma cidadania democrática.

A grande crítica a esse documento foi em relação ao processo de elaboração, que


deveria ter contado com amplo processo de discussão na sua elaboração. Outra crítica
é em relação à autonomia das escolas, que, em última instância, concretiza o currículo.
Uma terceira crítica é sobre a perspectiva de uniformização de um currículo num país de
grande diversidade e de tamanha extensão.

No entanto, o próprio documento esclarece sua abrangência em relação à


educação nacional:
A abrangência nacional dos Parâmetros Curriculares Nacionais visa criar condições nas
escolas para que se discutam formas de garantir, a toda criança ou jovem brasileiro,
o acesso ao conjunto de conhecimentos socialmente elaborados e reconhecidos
como necessários para o exercício da cidadania para deles poder usufruir. Se existem
diferenças sociais e culturais marcantes, que determinam diferentes necessidades de
aprendizagem, existe também aquilo que é comum a todos, que um aluno de qualquer
lugar do Brasil, do interior ou do litoral, de uma grande cidade ou da zona rural, deve ter
o direito de aprender e esse direito deve ser garantido pelo Estado. O estabelecimento
de parâmetros curriculares comuns para todo o país, ao mesmo tempo em que contribui
para a construção da unidade, busca garantir o respeito à diversidade, que é marca
cultural do país, por meio de adaptações que integrem as diferentes dimensões da
prática educacional (BRASIL,1998, p. 49-50).

O documento destaca a finalidade de garantir a todos o acesso aos conhecimentos


necessários à presença ativa na sociedade, o que pode indicar uma tentativa de
estabelecer um currículo uniforme para todo o país. No entanto, o mesmo documento
afirma que procura levar em conta as diferenças regionais e culturais no Brasil, livrando
o processo educacional de ser um instrumento de imposição de um projeto político,
qualquer que seja ele.

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Parece-nos interessante também apresentar o que o próprio documento assinala em
relação ao significado de ‘parâmetros Curriculares’:
O termo “parâmetro” visa comunicar a ideia de que, ao mesmo tempo em que se
pressupõem e se respeitam as diversidades regionais, culturais, políticas, existentes
no país, se constroem referências nacionais que possam dizer quais os “pontos
comuns” que caracterizam o fenômeno educativo em todas as regiões brasileiras. O
termo “currículo”, por sua vez, assume vários significados em diferentes contextos
da pedagogia. Currículo pode significar, por exemplo, as matérias constantes de um
curso. Essa definição é a que foi adotada historicamente pelo Ministério da Educação
e do Desporto quando indicava quais as disciplinas que deveriam constituir o ensino
fundamental ou de diferentes cursos do ensino médio. Currículo é um termo muitas
vezes utilizado para se referir a programas de conteúdos de cada disciplina. Mas,
currículo pode significar também a expressão de princípios e metas do projeto
educativo, que precisam ser flexíveis para promover discussões e reelaborações
quando realizado em sala de aula, pois é o professor que traduz os princípios elencados
em prática didática. Essa foi a concepção adotada nestes Parâmetros Curriculares
Nacionais (BRASIL,1998, p. 49).

O documento aponta conteúdos e capacidades a serem adquiridos pelos alunos ao


final do ensino fundamental, resguardando o papel da escola e dos professores.

No que diz respeito mais propriamente à “educação para a cidadania”, os PCNs


elegeram “a cidadania como eixo vertebrador da educação escolar” e admitem que isso
implica tratar de valores (BRASIL,1998, p. 25). Afirmam que:
A escola não muda a sociedade, mas pode, partilhando esse projeto com segmentos
sociais que assumem os princípios democráticos, articulando-se a eles, constituir-se
não apenas como espaço de reprodução mas também como espaço de transformação.
[...] A concretização desse projeto passa pela compreensão de que as práticas
pedagógicas são sociais e políticas e de que não se trata de educar para a democracia
– para o futuro. Na ação mesma da educação, educadores e educandos estabelecem
uma determinada relação com o trabalho que fazem (ensinar e aprender) e a natureza
dessa relação pode conter (em maior ou menor medida) os princípios democráticos
(BRASIL,1998, p. 25-26).

O trecho acima citado é extremamente significativo quando se avalia os PCNs


enquanto possível orientação para a formulação do currículo de uma escola democrática.
Quando a proposta é formar cidadãos que ainda hoje, nas suas relações dentro da
própria escola, procurem pautar sua ação em princípios democráticos; quando se elege
como princípios para a educação escolar a dignidade da pessoa humana, a igualdade de
direitos, a participação, a corresponsabilidade pela vida social; e, quando não se limitam
os objetivos do ensino fundamental à aquisição de um conjunto de informações “que
permita ao indivíduo, enquanto governado, ter conhecimento de seus direitos e deveres,
para a eles conformar-se com escrúpulo e inteligência”, mas “fornecer-lhe, além dessa
informação, uma educação que corresponda à sua posição de governante potencial”
(CANIVEZ, 1991, p. 31), estaríamos então constituindo uma escola democrática.

Cabe lembrar que os Parâmetros Curriculares Nacionais foram elaborados com base
nos níveis de ensino, ou seja: ensino fundamental (ciclo I e ciclo II), que corresponde à
divisão anterior de 1ª a 4ª série e 5ª a 8ª série. Posteriormente foi elaborado o documento
com base em diretrizes similares ao do ensino fundamental para o ensino médio. Porém, o

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que esses documentos trazem em sua estrutura principal é a ideia de alcançar uma diretriz
curricular voltada para a autonomia da escola na construção de uma cidadania plena em
relação aos educandos. O avanço nesse aspecto parece ser o fato de se pensar em uma
educação menos tradicional e centrada apenas no ensino. Dessa forma, o grande desafio
passa a ser o trabalho com diversidades presentes no ambiente escolar e uma educação
centrada na aprendizagem. Assim, podemos verificar a intenção desse documento em
alcançar uma educação que contemple aspectos mais amplos.

Cabe lembrar que os Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental,


além de apresentar um caderno introdutório para cada ciclo II, são divididos em
documentos por disciplina.

Quanto aos Parâmetros Curriculares do Ensino Médio, datados do ano de 2000, são
divididos em quatro partes: Parte I – Bases Legais; Parte II – Linguagens, Códigos e suas
Tecnologias; Parte III – Ciências da Natureza, Matemática e suas Tecnologias; e Parte
IV – Ciências Humanas e suas Tecnologias.

O documento esclarece sua visão de currículo da seguinte forma:


O currículo, enquanto instrumentação da cidadania democrática deve contemplar
conteúdos e estratégias de aprendizagem que capacitem o ser humano para a
realização de atividades nos três domínios da ação humana: a vida em sociedade,
a atividade produtiva e a experiência subjetiva, visando à integração de homens e
mulheres no tríplice universo das relações políticas, do trabalho e da simbolização
subjetiva (BRASIL, 2000, p. 15).

Dessa forma, o currículo é planejado considerando como eixos estruturais da educação


na sociedade contemporânea os seguintes temas: aprender a conhecer; aprender a
fazer; aprender a viver; e aprender a ser.

O documento esclarece a divisão das áreas do conhecimento:


A reforma curricular do Ensino Médio estabelece a divisão do conhecimento escolar
em áreas, uma vez que entende os conhecimentos cada vez mais imbricados aos
conhecedores, seja no campo técnico-científico, seja no âmbito do cotidiano da vida
social. A organização em três áreas – Linguagens, Códigos e suas Tecnologias, Ciências
da Natureza, Matemática e suas Tecnologias e Ciências Humanas e suas Tecnologias –
tem como base a reunião daqueles conhecimentos que compartilham objetos de estudo
e, portanto, mais facilmente se comunicam, criando condições para que a prática escolar
se desenvolva numa perspectiva de interdisciplinaridade. A estruturação por área de
conhecimento justifica-se por assegurar uma educação de base científica e tecnológica,
na qual conceito, aplicação e solução de problemas concretos são combinados com
uma revisão dos componentes socioculturais orientados por uma visão epistemológica
que concilie humanismo e tecnologia ou humanismo numa sociedade tecnológica
(BRASIL,2000, p. 18-19).

Os PCNs do Ensino Médio, assim como os PCNs do Ensino Fundamental,


também levam em consideração o trabalho com temas transversais, a valorização da
interdisciplinaridade e a formação de um cidadão pleno, preparado para enfrentar os
desafios de uma sociedade contemporânea.

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Sobre a Base Nacional Curricular Comum
Em texto apresentado pelo MEC a respeito da Base Nacional Curricular Comum,
destacamos que o processo de elaboração da Base Nacional Comum Curricular foi
deflagrado em atendimento ao Plano Nacional de Educação e em conformidade com
as Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais para a Educação Básica, pela Secretaria
de Educação Básica do Ministério da Educação. A ideia é que esse documento seja
submetido a ampla consulta pública e posterior submissão ao Conselho Nacional de
Educação, sendo apresentado à sociedade em julho de 2015.

Segundo o MEC, o objetivo da BNCC é apontar objetivos e percursos de aprendizagem


e desenvolvimento dos estudantes ao longo da Educação Básica capazes de garantir, a
esses estudantes, que ao longo de sua vida escolar possam:
• desenvolver, aperfeiçoar, reconhecer e valorizar suas próprias qualidades, prezar
e cultivar o convívio afetivo e social, fazer-se respeitar e promover o respeito ao
outro, para que sejam apreciados sem discriminação por etnia, origem, idade,
gênero, condição física ou social, convicções ou credos;
• participar e se aprazer em entretenimentos de caráter social, afetivo, desportivo e
cultural, estabelecer amizades, preparar e saborear conjuntamente refeições, cultivar
o gosto por partilhar sentimentos e emoções, debater ideias e apreciar o humor;
• cuidar e se responsabilizar pela saúde e bem-estar próprios e daqueles com quem
convivem, assim como promover o cuidado com os ambientes naturais e os de vivência
social e profissional, demandando condições dignas de vida e de trabalho para todos;
• se expressar e interagir a partir das linguagens do corpo, da fala, da escrita, das
artes, da matemática, das ciências humanas e da natureza, assim como informar e
se informar por meio dos vários recursos de comunicação e informação;
• situar sua família, comunidade e nação relativamente a eventos históricos recentes
e passados, localizar seus espaços de vida e de origem, em escala local, regional,
continental e global, assim como cotejar as características econômicas e culturais
regionais e brasileiras com as do conjunto das demais nações;
• experimentar vivências, individuais e coletivas, em práticas corporais e intelectuais
nas artes, em letras, em ciências humanas, em ciências da natureza e em matemática,
em situações significativas que promovam a descoberta de preferências e interesses,
o questionamento livre, estimulando formação e encantamento pela cultura;
• desenvolver critérios práticos, éticos e estéticos para mobilizar conhecimentos e se
posicionar diante de questões e situações problemáticas de diferentes naturezas, ou
para buscar orientação ao diagnosticar, intervir ou encaminhar o enfrentamento de
questões de caráter técnico, social ou econômico;
• relacionar conceitos e procedimentos da cultura escolar àqueles do seu contexto
cultural; articular conhecimentos formais às condições de seu meio e se basear
nesses conhecimentos para a condução da própria vida, nos planos social, cultural,
e econômico;

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UNIDADE
Indicativos de Politicas, Estrutura e Legislação

• debater e desenvolver ideias sobre a constituição e evolução da vida, da Terra e do


Universo, sobre a transformação nas formas de interação entre humanos e com
o meio natural, nas diferentes organizações sociais e políticas, passadas e atuais,
assim como problematizar o sentido da vida humana e elaborar hipóteses sobre o
futuro da natureza e da sociedade;
• experimentar e desenvolver habilidades de trabalho; se informar sobre condições de
acesso à formação profissional e acadêmica, sobre oportunidades de engajamento
na produção e oferta de bens e serviços, para programar prosseguimento de estudos
ou ingresso ao mundo do trabalho;
• identificar suas potencialidades, possibilidades, perspectivas e preferências,
reconhecendo e buscando superar limitações próprias e de seu contexto, para dar
realidade à sua vocação na elaboração e consecução de seu projeto de vida pessoal
e comunitária;
• participar ativamente da vida social, cultural e política, de forma solidária, crítica
e propositiva, reconhecendo direitos e deveres, identificando e combatendo
injustiças, e se dispondo a enfrentar ou mediar eticamente conflitos de interesse.

O documento aponta que a escola não é a única instituição responsável por garantir
esses direitos, mas que tem papel fundamental para assegurá-los. O documento
destaca que, com essa finalidade, serão mobilizados ao longo da educação básica
recursos de todas as áreas do conhecimento e de cada um de seus componentes
curriculares, de forma articulada e progressiva, pois em todas as atividades escolares
se aprende a expressar, conviver, ocupar da saúde e do ambiente, localizar-se no
tempo e no espaço, desenvolver visão de mundo e apreço pela cultura, associar
saberes escolares ao contexto vivido, projetar a própria vida e tomar parte na
condução dos destinos sociais.

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Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:

Sites
Plano Decenal de Educação para Todos
Procure fazer uma síntese do que chamou sua atenção nesse documento e compartilhá-la
com os participantes do Fórum desta Unidade.
http://goo.gl/5HxZLV

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Referências
BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil:
promulgada em 5 de outubro de 1988. Brasília, DF: Senado, 1988.

BRASIL. O que é o Plano Decenal de Educação para todos. Secretaria de Educação


Fundamental. Ministério da Educação e do Desporto. Brasília: MEC/SEF, 1993. 8p.
Disponível em: <http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/me001700.
pdf> Acesso em 25 set. 2010.

BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Lei número 9394, 20


de dezembro de 1996. Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/CCIVIL_03/leis/
L9394.htm>. Acesso em 25 set. 2010.

MELLO, Guiomar Namo. Diretrizes curriculares para o ensino médio: por uma escola
vinculada à vida. Revista Ibero Americana, n. 20, 1999. Disponível em: < http://
www.rieoei.org/rie20a06.htm>. Acesso em 02 out. 2010.

MENEZES, Ebenezer Takuno de; SANTOS, Thais Helena dos. Plano Decenal de Educação
para Todos (verbete). Dicionário Interativo da Educação Brasileira – EducaBrasil.
São Paulo: Midiamix Editora, 2002. Disponível em: < http://www.educabrasil.com.br/
eb/dic/dicionario.asp?id=91>. Acesso em 25 set. 2010.

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. Censo do Ensino Superior – 2008. Instituto


Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira. Brasília: Inep, 2009.
Disponível em: <http://www.inep.gov.br/basica/censo/Escolar/Sinopse/sinopse.
asp.> Acesso: 10 set.2009.

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