Você está na página 1de 16

TÓPICOS INTEGRADORES III

PEDAGOGIA
UNIDADE II
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte deste material poderá ser reproduzida ou transmitida de
qualquer modo ou por qualquer outro meio, eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação ou
qualquer outro tipo de sistema de armazenamento e transmissão de informação, sem prévia autorização,
por escrito, do Grupo Ser Educacional.

Edição, revisão e diagramação:


Equipe de Desenvolvimento de Material Didático EaD

_____________________________________________________________________

Paiva, Fábio.

Tópicos Integradores III - Pedagogia: Unidade 2


Recife: Grupo Ser Educacional, 2019.

____________________________________________________________________

Grupo Ser Educacional


Rua Treze de Maio, 254 - Santo Amaro
CEP: 50100-160, Recife - PE
PABX: (81) 3413-4611

2
SUMÁRIO

A CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988 ......................................................................... 4


FUNDOS DE MANUTENÇÃO DO ENSINO ................................................................. 7
A LEI DE DIRETRIZES E BASES DA EDUCAÇÃO NACIONAL.................................. 8
OS PLANOS NACIONAIS DE EDUCAÇÃO ................................................................. 12
A BASE NACIONAL CURRICULAR COMUM.............................................................. 13

3
TÓPICOS INTEGRADORES III - PEDAGOGIA
UNIDADE 2

PARA INÍCIO DE CONVERSA

Olá, prezado (a) aluno (a), tudo bem?

Seja bem-vindo (a) a disciplina Tópicos Integradores III. Na Unidade I, trabalhamos


as ideias gerais da educação no Brasil, através da história, para compreendermos a
atualidade. Agora, faremos uma retomada das políticas públicas da educação, também
em um contexto histórico, pontuando as ações que contribuíram para o avanço do
sistema educacional.

Iniciaremos a partir da promulgação da Constituição de 1988 e chegaremos a recente


Base Nacional Curricular Comum, a BNCC.

Há muito a aprender! Vamos nessa?

ORIENTAÇÕES DA DISCIPLINA

A Unidade II se organiza em seis seções:


 A Constituição Federal de 1988.

 Fundos de manutenção do ensino.

 A lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional.

 Os Planos Nacionais de Educação.

 A Base Nacional Curricular Comum.

 Proposta de trabalho sobre políticas de avaliação da educação.

A CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988

O texto da Constituição Federal de 1988 (CF88), a “Constituição Cidadã”, pauta questões muito importantes
no acesso e permanência de estudantes, bem como no direito à educação. Estabelecida como marco do
processo de redemocratização do País, a CF88 se apresentou como forma de superar o sistema autoritário

4
que o Brasil vivia até aquele momento. É importante que lembremos que o Brasil superava um longo
período de regime de exceção, no qual foram subvertidos uma série de direitos básicos dos cidadãos.

Nesse sentido, a CF88, no seu artigo nº 205, aponta para a educação como um “direito de todos e dever
do Estado e da família”, que “será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao
pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o
trabalho”. No artigo seguinte a CF88 estabelece os princípios pelos quais o ensino deve ser ministrado
no Brasil.

Sendo eles:

I - Igualdade de condições para o acesso e permanência na escola;

II - Liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a arte e o saber;

III - Pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas, e coexistência de instituições públicas e privadas


de ensino;

IV - Gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais;

V - Valorização dos profissionais da educação escolar, garantidos, na forma da lei, planos de carreira, com
ingresso exclusivamente por concurso público de provas e títulos, aos das redes públicas; (Redação dada
pela Emenda Constitucional nº 53, de 2006)

VI - Gestão democrática do ensino público, na forma da lei;

VII - Garantia de padrão de qualidade.

VIII - Piso salarial profissional nacional para os profissionais da educação escolar pública, nos termos de
lei federal. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 53, de 2006)

PARA REFLETIR

Caro (a) estudante, é importante refletimos sobre os seguintes sentidos:

 Você acha que os princípios estão sendo respeitados?

 Em que aspectos a gente pode melhorar?

 Que tal discutirmos ponto a ponto?

Ainda sobre a nossa CF88, ao adotar o regime republicano, na sua forma de organização federativa, o
Estado Brasileiro definiu sua disposição de forma a combinar autonomia e independência das unidades
subnacionais. Ou seja, os constituintes acreditavam que por meio da organização territorial e política era
possível garantir a repartição de responsabilidades governamentais, ao mesmo tempo que garantia certa
integridade nacional.

5
Se trata de uma organização territorial e política que visa garantir a igualdade política de grupos
regionais desiguais. Nesse sentido, a CF88 brasileira é de matriz cooperativa de repartição, coexistindo
componentes privativos, concorrentes e suplementares entre os entes federados. Isso ocorre tanto em
aspectos legislativos, quanto administrativos e tributários. Nomes “complicados” que significam, na
prática, que a CF88 garante certo grau de independência dos entes federados, ao mesmo tempo em que
abona suplementação, especialmente orçamental, quando necessário.

??? VOCÊ SABIA?

Estimado (a) estudante, nós falamos aqui sobre entes federativos, você sabe quais são
eles?

Em relação à CF88, o que ela trouxe de novo sobre o tema?

A CF88 inova ao incluir os municípios como 3º ente federado, lhes atribuído protagonismo
com a descentralização das competências, especialmente nas áreas sociais, ampliando
a participação direta do cidadão.

Seu artigo 1º define:

“República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito
Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito [...]”, além disso, seu artigo 18º aponta que a
“organização político-administrativa da República Federativa do Brasil compreende a União, os Estados,
o Distrito Federal e os Municípios, todos autônomos, nos termos desta Constituição”.

Claro, a forma de organização levava em conta o modelo de federalismo adotado, entretanto, como dito
anteriormente, sob a perspectiva social a situação do brasileiro mediano era lastimável naquele momento,
em especial nos pequenos municípios. Por isso, atribuir poder ao cidadão também se apresentava como
uma forma importante de garantir, ao menos em tese, que políticas sociais fossem providas e gerenciadas
pelos próprios municípios, de acordo com necessidades locais específicas.

Por outro lado, ao mesmo tempo em que se permitia tal autonomia, também se dificultava o equilíbrio
federativo e a igualdade na prestação de serviços - efeito até que esperado, pelo nível de desigualdade
encontrada entre os mais de 5000 municípios brasileiros.

No que se refere à distribuição de competências, a CF88 não mostrava previamente uma maior precisão
quanto ao Regime de Colaboração. Isto é, o poder público aparece na Constituição Federal como
responsável por assegurar o direito à educação, mas, baseado em uma organização administrativa
extremamente descentralizada, não definiu quais seriam as competências dos entes federativos.

Na prática, a imprecisão legal, aliada à fragmentação orçamentária, gerou certa impossibilidade de


provimento de políticas de acesso e permanência por meio da vinculação constitucional dos recursos

6
tributários a serem aplicados na manutenção e desenvolvimento do ensino. Algo comum às outras
constituições brasileiras (por exemplo, a Constituição Federal de 1934) que, apesar de mencionar o
financiamento público da educação, não estipulava regras claras de vinculação e fontes de recursos
específicos advindos de cada um dos entes federados.

VEJA O VÍDEO!

Se você tem curiosidade em saber como foi a tramitação da


Constituição Cidadã, o vídeo abaixo é muito interessante.
Trata-se de um documentário narrando toda a negociação
durante o tempo em que se discutia e se escrevia a CF88, com
duração de uma hora, dois minutos e nove segundos.

A Constituição da Cidadania (programa completo): LINK

FUNDOS DE MANUTENÇÃO DO ENSINO

Como foi dito anteriormente, apesar de prever o regime de colaboração, a CF88 não apresentou “as regras
do jogo”. Por isso, alguns anos depois, já durante o governo Fernando Henrique Cardoso (1995 - 2002), a
emenda constitucional nº 14, de 1996 (EC14/96) surgiu como o 1º instrumento legal a tentar dar ares mais
definidos ao regime de colaboração entre os estados e municípios na oferta de ensino.

A EC14/96 modificou o artigo nº 60 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, reduzindo a


participação da União na aplicação dos recursos vinculados constitucionalmente ao ensino fundamental,
ao mesmo tempo em que ampliava as responsabilidades das esferas estaduais e municipais com a criação
do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério
(FUNDEF). Foi o primeiro instrumento legal a definir explicitamente os critérios de gastos e fontes
orçamentárias, sendo um marco importante no financiamento do ensino básico no Brasil.

Dez anos passados, em 2006, já no governo Luís Inácio Lula da Silva (2003 - 2010), com a expiração da
validade do FUNDEF, promulgou-se a Emenda Constitucional nº 53 (EC 53/96), responsável pela criação
do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais de
Educação (FUNDEB).

Em vias de também ter sua validade expirada, com validade até 2020, o FUNDEB inovou, entre outros,
ao ampliar o fundo contábil; criar uma instituição de formulação, debate e negociação, a ‘Comissão
Intergovernamental de Financiamento para a Educação Básica de Qualidade’; consolidar uma regra de
contribuição da União a um patamar mínimo de recursos federais; ampliar a competência dos municípios
e a cooperação técnica da união com os estados; estabelecer o piso salarial nacional para profissionais
da educação; e, por fim, estendeu a aplicação dos recursos do salário educação.

Como dito, o Fundo está prestes a expirar e, tramita no congresso, entre outras, a Proposta de Emenda

7
Constitucional nº 15, de 2015, propondo a criação do novo FUNDEB, este sugerido para ser permanente,
sem prazos de validade.

VEJA OS VÍDEOS!

Assista a alguns vídeos que podem ajudá-lo (a) a entender um


pouco mais sobre os Fundos: “Política Educacional: FUNDEF
X FUNDEB” – Ele apresenta a importância dos dois fundos e
também as principais diferenças entre eles. O vídeo possui
duração de sete minutos e trinta e oito segundos: LINK

“Fundeb: o que é e o que pode acontecer com a educação


quando ele acabar? ” – Discute a expiração da validade do
Fundeb e contextualiza os rumos de um novo fundo. O vídeo
possui duração de cinquenta e oito minutos e dez segundos:
LINK

“Fundeb e a municipalização do ensino” – Entrevista com o


Professor Jose Marcelino. O vídeo possui duração de trinta
minutos e doze segundos: LINK

A LEI DE DIRETRIZES E BASES DA EDUCAÇÃO NACIONAL

De volta à CF88, por meio do artigo nº 22, inciso XXIV, atribui a União à competência de legislar sobre
diretrizes e bases da educação nacional. Ou seja, o documento obriga à União a responsabilidade de
estabelecer, em Lei, as diretrizes e bases que norteariam a educação do Brasil. Assim, em 1996, 8 anos
após a CF88, por meio da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB/96) (lei nº 9.394) se
consolidou o documento que finalmente definia o Regime de Colaboração no arranjo federativo esboçado
em 1988.

Ou seja, juntas, a EC 14/96 e a LDB/96 indicavam a possibilidade de superação do impasse federal quanto
ao regime de colaboração, definindo a verdadeira responsabilidade de cada ente federativo. Assim, os
estados e municípios ficaram como responsáveis pela oferta do ensino fundamental, que era, até então, a
etapa obrigatória de formação (sendo ampliada por meio da Emenda Constitucional nº 59, de 2009).

Além disso, com enorme importância, definiu-se critérios de gastos públicos com educação, que, de certa
forma, confrontam a desorganização administrativa e fiscal do princípio de autonomia dos entes federados,
visando uma maior igualdade na distribuição de recursos e nas atribuições específicas de cada um deles.
Retomando a CF88, ela consagra a expressão “Sistema de Ensino”, no lugar de “Sistema Nacional de
Educação”, apontando que os sistemas de ensino devam ser organizados conforme preconizam o artigo nº
211 da mesma, por meio do regime de colaboração.

8
Art. 211. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios organizarão em regime de colaboração
seus sistemas de ensino.

§ 1º A União organizará o sistema federal de ensino e o dos Territórios, financiará as instituições de


ensino públicas federais e exercerá, em matéria educacional, função redistributiva e supletiva, de forma
a garantir equalização de oportunidades educacionais e padrão mínimo de qualidade do ensino mediante
assistência técnica e financeira aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios; (Redação dada pela
Emenda Constitucional nº 14, de 1996)

§ 2º Os Municípios atuarão prioritariamente no ensino fundamental e na educação infantil. (Redação dada


pela Emenda Constitucional nº 14, de 1996)

§ 3º Os Estados e o Distrito Federal atuarão prioritariamente no ensino fundamental e médio. (Incluído


pela Emenda Constitucional nº 14, de 1996)

§ 4º Na organização de seus sistemas de ensino, a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios


definirão formas de colaboração, de modo a assegurar a universalização do ensino obrigatório. (Redação
dada pela Emenda Constitucional nº 59, de 2009)

§ 5º A educação básica pública atenderá prioritariamente ao ensino regular. (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 53, de 2006)

Além disso, mas não menos importante, no artigo 8º da LDB/96, definem-se os sistemas de ensino como
independentes e o Ministério da Educação como órgão centralizador das competências normativas. Para
tanto,

Artigo 8º - A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios organizarão, em regime de colaboração,


os respectivos sistemas de ensino.

§ 1º Caberá à União, a coordenação da política nacional de educação, articulando os diferentes níveis


e sistemas e exercendo função normativa, redistributiva e supletiva em relação às demais instâncias
educacionais.

§ 2º Os sistemas de ensino terão liberdade de organização nos termos desta Lei.

Sendo os artigos seguintes responsáveis pela atribuição específica de cada sistema de ensino, distribuindo
ensino fundamental, médio e superior de acordo com cada ente federado (Municípios, Estados e União,
respectivamente).

9
Art. 9º - União Art. 10º - Estados Art. 11º - Municípios
I - elaborar o Plano Nacional de Educação, em I - organizar, manter e desenvolver I – organizar, manter e desenvolver os
colaboração com os Estados, o Distrito Federal e os os órgãos e instituições oficiais dos órgãos e instituições oficiais dos seus
Municípios; seus sistemas de ensino; sistemas de ensino, integrando-os
II - organizar, manter e desenvolver os órgãos e II - definir, com os Municípios, às políticas e planos educacionais da
instituições oficiais do sistema federal de ensino e o formas de colaboração na oferta do União e dos Estados;
dos Territórios; ensino fundamental, as quais devem II - exercer ação redistributiva em
III - prestar assistência técnica e financeira aos assegurar a distribuição proporcional relação às suas escolas;
Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios para das responsabilidades, de acordo III - baixar normas complementares
o desenvolvimento de seus sistemas de ensino e o com a população a ser atendida e os para o seu sistema de ensino;
atendimento prioritário à escolaridade obrigatória, recursos financeiros disponíveis em IV - autorizar, credenciar e
exercendo sua função redistributiva e supletiva; cada uma dessas esferas do Poder supervisionar os estabelecimentos do
IV - estabelecer, em colaboração com os Estados, Público; seu sistema de ensino;
o Distrito Federal e os Municípios, competências III - elaborar e executar políticas V - oferecer a educação infantil
e diretrizes para a educação infantil, o ensino e planos educacionais, em em creches e pré-escolas, e, com
fundamental e o ensino médio, que nortearão os consonância com as diretrizes e prioridade, o ensino fundamental,
currículos e seus conteúdos mínimos, de modo a planos nacionais de educação, permitida a atuação em outros
assegurar formação básica comum; integrando e coordenando as suas níveis de ensino somente quando
IV-A - estabelecer, em colaboração com os Estados, ações e as dos seus Municípios; estiverem atendidas plenamente
o Distrito Federal e os Municípios, diretrizes e IV - autorizar, reconhecer, as necessidades de sua área
procedimentos para identificação, cadastramento credenciar, supervisionar e avaliar, de competência e com recursos
e atendimento, na educação básica e na educação respectivamente, os cursos das acima dos percentuais mínimos
superior, de alunos com altas habilidades ou instituições de educação superior e vinculados pela Constituição Federal
superdotação;    os estabelecimentos do seu sistema à manutenção e desenvolvimento do
(Incluído pela Lei n°13.234, de 2015) de ensino; ensino.
V - baixar normas complementares VI - assumir o transporte escolar dos
V - coletar, analisar e disseminar informações sobre a para o seu sistema de ensino; alunos da rede municipal.      
educação; VI - assegurar o ensino fundamental
VI - assegurar processo nacional de avaliação do e oferecer, com prioridade, o ensino (Incluído pela Lei n°10.709, de
rendimento escolar no ensino fundamental, médio e médio a todos que o demandarem, 31.7.2003)
superior, em colaboração com os sistemas de ensino, respeitado o disposto no art. 38
objetivando a definição de prioridades e a melhoria da desta Lei; Parágrafo único. Os Municípios
qualidade do ensino; poderão optar, ainda, por se integrar
VII - baixar normas gerais sobre cursos de graduação e (Redação dada pela Lei n°12.061, ao sistema estadual de ensino ou
pós-graduação; de 2009) compor com ele um sistema único de
VIII - assegurar processo nacional de avaliação das educação básica.
instituições de educação superior, com a cooperação VII - assumir o transporte escolar
dos sistemas que tiverem responsabilidade sobre este dos alunos da rede estadual.  
nível de ensino;
IX - autorizar, reconhecer, credenciar, supervisionar e (Incluído pela Lei n°10.709, de
avaliar, respectivamente, os cursos das instituições 31.7.2003)
de educação superior e os estabelecimentos do seu       
sistema de ensino.              Parágrafo único. Ao Distrito Federal
(Vide Lei n°10.870, de 2004) aplicar-se-ão as competências
referentes aos Estados e aos
§ 1º Na estrutura educacional, haverá um Conselho Municípios.
Nacional de Educação, com funções normativas e de
supervisão e atividade permanente, criado por lei.
§ 2° Para o cumprimento do disposto nos incisos V a
IX, a União terá acesso a todos os dados e informações
necessários de todos os estabelecimentos e órgãos
educacionais.
§ 3º As atribuições constantes do inciso IX poderão ser
delegadas aos Estados e ao Distrito Federal, desde que
mantenham instituições de educação superior.

Entre outras mudanças importantes, a LDB define finalmente o modelo de colaboração – o pacto federativo
- que direciona as políticas educacionais nos anos subsequentes. Em função dela, por exemplo, houve
um acelerado processo de transferência de instituições de ensino fundamental, outrora gestadas pelos
estados, aos municípios – brevemente discutida no vídeo do Professor José Marcelino, anteriormente
apresentado.

10
VEJA OS VÍDEOS!

Assistir aos vídeos que pode ajudá-lo (a) a entender um pouco


mais sobre a importância da LDB:

“A LDB/96 e a educação Básica”. O vídeo Parte 1 possui


duração de sete minutos e quarenta e nove minutos, já o
vídeo Parte 2 possui a duração de seis minutos e trinta e dois
segundos:

Parte 1 - LINK

Parte 2 - LINK

“Entrevista com o Professor Carlos Roberto Jamil Cury sobre a


LDB/96”. O vídeo possui a duração de cinquenta e um minutos
e vinte e três segundos: LINK

PALAVRAS DO PROFESSOR

Ainda está com o fôlego até aqui?

Bastante informação, não é mesmo?

Você percebeu como ao longo da história as políticas foram evoluindo? Estamos muito
longe de um cenário ideal, mas ao analisar a história desde o que vimos na Unidade 1,
podemos dizer que melhoramos muito. Concorda?

Um ponto importante que quero chamar sua atenção: percebeu como as políticas
públicas influenciam o cotidiano da educação? As regras para o funcionamento, as
bases para financiamento, tudo está interligado e pode ser percebido no dia a dia da
escola.

Atualmente, é até difícil imaginarmos uma educação sem financiamento, sem diretrizes
ou até sem uma LDB, mas já vimos que essa foi a realidade na maioria da história desse
país.

Ah, você se lembra daquela busca pela alfabetização do nosso povo? Como ela está
atualmente?

Já percebeu que mesmo com o passar do tempo a alfabetização é ponto central das
políticas e objetivos da educação básica?

Então, vamos continuar, ainda temos muito para aprender!

11
OS PLANOS NACIONAIS DE EDUCAÇÃO

Além da nova LDB, a CF88 também prevê o estabelecimento legal de um Plano Nacional de Educação (PNE),
de duração plurianual, visando articular o desenvolvimento do ensino em diversos níveis e integrando
ações que conduzam ao:

Art. 214. A lei estabelecerá o plano nacional de educação, de duração decenal, com o objetivo de
articular o sistema nacional de educação em regime de colaboração e definir diretrizes, objetivos, metas
e estratégias de implementação para assegurar a manutenção e desenvolvimento do ensino em seus
diversos níveis, etapas e modalidades por meio de ações integradas dos poderes públicos das diferentes
esferas federativas que conduzam a: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 59, de 2009)

I. Erradicação do analfabetismo;

II. Universalização do atendimento escolar;

III. Melhoria da qualidade do ensino;

IV. Formação para o trabalho;

V. Promoção humanística, científica e tecnológica do País.

VI. Estabelecimento de meta de aplicação de recursos públicos em educação como proporção do produto
interno bruto. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 59, de 2009)

Dois foram os PNE’s criados desde então. O primeiro, apesar de promulgado ainda no Governo Fernando
Henrique Cardoso, esteve em vigor na primeira década dos anos 2000, ou seja, a sua maior parte durante
o Governo Luís Inácio Lula da Silva. De qualquer forma, tratou-se de um PNE praticamente natimorto,
sendo pouquíssimas de suas metas atingidas, a maior parte delas por questões orçamentárias.

O segundo PNE, em vigor atualmente, foi definido pela lei nº 13.005, teve início em 2014 e estará válido
até 2024. Sua promulgação, ocorrida no Governo Dilma Rousseff (2011 - 2016), foi atrasada em alguns
anos em função de disputas em torno de algumas pautas específicas (as identitárias, por exemplo) e
especialmente em decorrência de uma meta que estipulou gastos de 10% do PIB em educação. Aliás,
meta essa reincidentemente vetada em governos anteriores.

VISITE A PÁGINA

Se você tem curiosidade de conhecer as metas do nosso PNE,


o site do observatório do PNE traz uma série de informações
importantes para quem quer entender e acompanhar as metas
estabelecidas. Vale a pena ler e discutir com seus colegas a
viabilidade dele.

LINK

12
VEJA OS VÍDEOS

Assista aos vídeos que podem ajudá-lo (a) a entender um


pouco mais sobre os PNE’s: “Debate sobre o PNE” – O vídeo
possui duração de vinte e oito minutos e quarenta e quatro
segundos:LINK

“Plano Nacional de Educação (PNE): história e conquistas da


sociedade civil” – O vídeo possui duração de treze minutos e
trinta e nove segundos: LINK

“Desafios da Educação: BNCC - Base Nacional Comum


Curricular” - O vídeo possui duração de vinte e nove minutos e
dez segundos:LINK

A BASE NACIONAL CURRICULAR COMUM

Observando novamente a LDB/96, o artigo 9º, inciso IV, estabelece, em colaboração com os estados,
Distrito Federal e municípios, as diretrizes, para a educação infantil, fundamental e médio, que norteiem
o currículo e os conteúdos mínimos, de modo a assegurar a formação básica comum.

Na prática, desde então, estabeleceu-se, por meio de órgãos como o Conselho Nacional da Educação
(CNE), debates sobre a criação de currículos básicos nacionais. A ideia central era a de que a existência de
uma base curricular comum poderia servir como ponto de partida aos currículos estaduais e municipais,
garantindo um “padrão mínimo nacional”. Ideia controversa que ganhou força durante o governo Dilma
Rousseff e pode ser resumido nas palavras do então ministro, Renato Janine Ribeiro, “a base é uma
base”. Na prática, após uma série de reuniões entre conselhos nacionais, entidades de base, órgãos
de classe e entidades privadas, definiu-se, também no governo Dilma Rousseff, as diretrizes para uma
Base Nacional Curricular Comum (BNCC). Entretanto, o Governo Michel Temer (2016 – 2018), logo após o
processo de impeachment, em 2016, apresentou e aprovou uma terceira versão da BNCC.

13
VEJA OS VÍDEOS

Para saber mais sobre a BNCC:

“Desafios da Educação: BNCC - Base Nacional Comum


Curricular” - O vídeo possui duração de vinte e nove minutos e
dez segundos: LINK

“Desafios da Educação: Especial - A base nacional comum


curricular para o ensino médio” - O vídeo possui duração de
vinte e nove minutos e sete segundos: LINK

PRATICANDO

Você já ouviu falar sobre alguma escola que foi a primeira colocada no Enem, ou sobre a rede estadual
que mais subiu em outro Saeb, ou alguma história de muito sucesso nessas avaliações, não é mesmo?

Em comum, a consolidação de um modelo de gestão que, baseado na premissa de ‘’qualidade” referendada


em resultados nos exames de largas escalas (avaliações externas), passou a direcionar as políticas de
educação como um todo. Em termos práticos, os governos e instituições pautam suas decisões e politicas
baseadas, quase que unicamente, em obter melhores resultados nos exames de avaliação de larga escala.

Você já pensou sobre isso? Que tal retomarmos à leitura sobre as legislações que discutimos até agora
para pensar?

1. Qual legislação trata da avaliação das políticas educacionais?

2. Quantas provas, avaliações externas, você conhece? Qual a diferença entre elas?

3. A utilização dos exames em larga escala como norte na gestão pública é também uma forma de
criar processos de disputas entre os entes federados (os tais rankings de desempenho). O que você acha
disso?

A busca por resultados “a todo custo” impacta toda a estrutura escolar, bem como coloca a gestão da
educação à mercê dos resultados obtidos ou não. Como você acha que isso ocorre na rotina das escolas.

É algo bom ou ruim?

14
VEJA OS VÍDEOS!

Para ajudar no trabalho proposto, assista aos seguintes vídeos:

“Avaliação das políticas públicas de educação - Marta Arret-


che” - O vídeo possui duração de quinze minutos e dois segun-
dos: LINK

“Importância e evolução da avaliação de políticas públicas


educacionais - Alessandra Benevides” - O vídeo possui dura-
ção de quarenta e dois minutos e treze segundos: LINK

“Caminhos e Descaminhos da Avaliação Educacional” - O ví-


deo possui duração de quinze minutos e três segundos: LINK

“IDEB - Ocimar Munhoz Alavarse” - O vídeo Parte 1 possui a


duração de quatorze minutos e trinta e nove segundos, e o ví-
deo Parte 2 possui a duração de treze minutos e cinquenta e
um segundos:

Parte 1: LINK

Parte 2: LINK

PALAVRAS FINAIS DO PROFESSOR

Prezado (a) estudante (a), finalizamos mais uma unidade! Espero que essa também
tenha sido proveitosa para seu aprendizado.

Essa segunda parte do nosso guia trouxe os pontos centrais das Políticas Públicas
em Educação, salientando o seu funcionamento e história. Pudemos verificar o avanço
significativo dessa área e também sua relação com o cotidiano escolar. Continuamos,
portanto, a fazer conexão de diversos temas que estão distribuídos ao longo de sua
formação.

Também houve o acréscimo da nova Base Curricular Comum, assunto novíssimo e atual,
ponto importante de reflexão. Tenho certeza que você poderá aprofundar a discussão
sobre a BNCC a partir de agora.

Vamos prosseguir na parte 3 do nosso guia! Faremos uma retomada dos temas centrais
de Alfabetização e Letramento, tema que faz parte da atuação principal da Pedagogia.

Se você tiver alguma dúvida ou dificuldade, continuamos à disposição através do fórum


de dúvidas no Ambiente Virtual de Aprendizagens – AVA.

Aproveite os vídeos e indicações e bons estudos!


15
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ARAUJO, G. A relação entre federalismo e municipalização: desafios para a construção


do sistema nacional e articulado de educação no Brasil. Educação e Pesquisa (USP.
Impresso), v. 36, p. 389-402, 2010.

ARAUJO, G. Constituição, federação e propostas para o novo Plano Nacional de


Educação: análise das propostas de organização nacional da educação brasileira a
partir do regime de colaboração. Educação & Sociedade (Impresso), v. 31, p. 749-768,
2010.

ARAUJO, G. Federalismo cooperativo e arranjos de desenvolvimento da educação: o


atalho silencioso do empresariado para a definição e regulamentação do regime de
cooperação. Revista Brasileira de Política e Administração da Educação, v. 28, p. 515-
531, 2012.

ARAUJO, G. Federalismo cooperativo e educação no brasil: 30 anos de omissões e


ambivalências. Educação & Sociedade, v. 39, p. 908-927, 2018.

ARAUJO, G; FREGUETE, L. M. Federalismo, Regime de Colaboração e Plano de Ações


Articuladas como instrumento indutor de políticas educacionais: uma análise a partir
da produção acadêmica. Research, Society and Development, v. 7, p. 1-16, 2018.

BAUER, A.; ALAVARSE, O.; OLIVEIRA, R. Avaliações em larga escala: uma sistematização
do debate. Educação e Pesquisa - Revista da Faculdade de Educação da USP, v. 41, p.
1367-1384, 2015.

OLIVEIRA, R. IDEB e trabalho pedagógico da escola: uma articulação possível? Revista


Escola Pública, v. especial, p. 76, 2011.

OLIVEIRA, R. O Plano Nacional de Educação: algumas questões para o debate. Jornal


de Políticas Educacionais, v. 5, p. 3-10, 2011.

OLIVEIRA, R. P. Direito à Educação e Federalismo no Brasil. Retratos da Escola, v. 6, p.


39-47, 2012.

SAVIANI, D. Epistemologias da política educacional: algumas precisões conceituais.


Revista de Estudios Teóricos e Epistemológicos, v. 2, p. 1-5, 2017.

SAVIANI, D. Política educacional no Brasil após a Ditadura Militar. Revista HISTEDBR


On-line, v. 18, p. 291-304, 2018.

SOUSA, S; OLIVEIRA, R. Sistemas Estaduais de Avaliação: uso dos resultados,


implicações e tendências. Cadernos de Pesquisa (Fundação Carlos Chagas. Impresso),
v. 40, p. 793-822, 2010.

16

Você também pode gostar