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EDUCACIONAL
DIREITO
EDUCACIONAL
Psicologia
Apresentação
da Aprendizagem 5
Apresentação
Um conteúdo objetivo, conciso, didático e que atenda às expectativas de quem leva
a vida em constante movimento: este parece ser o sonho de todo leitor que enxerga
o estudo como fonte inesgotável de conhecimento.
Pensando na imensa necessidade de atender o desejo desse exigente leitor é
que foi criado este produto voltado para os anseios de quem busca informação e
conhecimento com o dinamismo dos dias atuais.
Com esses ideais em mente, nasceram os livros eletrônicos da Cengage Learning,
com conteúdos de qualidade, dentro de uma roupagem criativa e arrojada.
Em cada título é possível encontrar a abordagem de temas de forma abrangente,
associada a uma leitura agradável e organizada, visando facilitar o aprendizado e
a memorização de cada disciplina.
A linguagem dialógica aproxima o estudante dos temas explorados, promovendo a
interação com o assunto tratado.
Ao longo do conteúdo, o leitor terá acesso a recursos inovadores, como os tópicos
“Atenção”, que o alertam sobre a importância do assunto abordado, e o “Para saber
mais”, que apresenta dicas interessantíssimas de leitura complementar e curiosida-
des bem bacanas, para aprofundar a apreensão do assunto, além de recursos ilustra-
tivos, que permitem a associação de cada ponto a ser estudado. Ao clicar nas palavras-
-chave em negrito, o leitor será levado ao Glossário, para ter acesso à definição da
palavra. Para voltar ao texto, no ponto em que parou, o leitor deve clicar na própria
palavra-chave do Glossário, em negrito.
Esperamos que você encontre neste livro a materialização de um desejo: o alcance
do conhecimento de maneira objetiva, concisa, didática e eficaz.
Boa leitura!
Psicologia Prefácio
da Aprendizagem 7
Prefácio
Não restam dúvidas de que a educação é a base que fomenta a cidadania e a dig-
nidade do indivíduo. A própria Constituição Federal de 1988 estabeleceu o acesso
à educação como direito básico do sujeito.
Em razão dos inúmeros protagonistas que o processo educacional envolve, não bas-
tou a existência de uma Carta Magna. Outros regulamentos, normas e legislações
tiveram de ser elaborados para que as relações entre professores, alunos, colabora-
dores, pais, psicólogos, mantenedores e demais integrantes do contexto educacional
pudessem ser regulados e o acesso à aprendizagem pudesse ser garantido.
Atualmente, há quem diga que o Direito Educacional é um ramo autônomo que se
solidifica na ciência do direito, tendo em vista a sua importância no cenário atual
e a quantidade de normas que o cerca.
Independente do ponto de vista, um fato é inconteste: o Direito Educacional é,
hoje, uma realidade que precisa ser compreendida por aqueles que estão inseridos
no cenário do processo de aprendizagem contemporâneo. Isso envolve as salas
de aulas, as residências, os ambientes virtuais que permitem a concretização da
educação à distância etc.
Dada a importância do Direito Educacional, a Cengage Learning preparou cuida-
dosamente este material, com os principais pontos a serem observados no âmbito
dessa área.
Na Unidade 1, o leitor encontra os conceitos principais acerca desse ramo e o seu
principal objetivo.
A Unidade 2 explora os fundamentos legais dos níveis e modalidades de ensino. Tra-
ta da importância de tal divisão e as características de cada um dos tipos existentes.
Já na Unidade 3, serão vistos os sistemas de gestão educacional, o sistema escolar
brasileiro e a administração no âmbito federal, estadual e municipal.
Finalmente, na Unidade 4, temas como as políticas públicas educacionais, as ba-
ses legais para as novas diretrizes educacionais e dos diplomas legais existentes,
como o Estatuto da Criança e do Adolescente, são debatidos.
O Direito é a ciência que orienta os passos do indivíduo inserido na sociedade. Não
poderia ser diferente no campo educacional. Conhecer cada uma das diretrizes le-
gais é primordial para que a educação possa ser assegurada e exercida por todos.
Desejamos uma excelente leitura.
Unidade 1 – Introdução ao Direito Educacional 9
UNIDADE 1
INTRODUÇÃO AO DIREITO
EDUCACIONAL
Glossário, 32
10 Direito Educacional
Estatuto da Criança
Lei de Diretrizes e Bases da Educação
e do Adolescente Lei
Nacional – Lei n. 9394/96
n. 8.069/90
Comentando...
O texto constitucional apresenta o escopo de um modelo educacional em que o
Estado, em conjunto com a família, assume o dever de criar condições para que
todo cidadão tenha acesso à educação pública e gratuita, em idade adequada. Essa
tomada de posição será a grande marca dos demais documentos legais sobre o
tema, principalmente na Lei n. 8.069/90, o Estatuto da Criança e do Adolescente.
Nesse modelo identificam-se, ainda, três objetivos da educação nacional, que
trazem em si três influências teóricas em relação ao papel que a educação passa
a assumir nesse contexto de redemocratização. Em primeiro lugar, anuncia o
compromisso com o pleno desenvolvimento da pessoa, ou seja, uma opção holística
de desenvolvimento. Ao citar a formação para a cidadania, recorrente nos demais
marcos legais que decorrem do texto constitucional, nota-se a presença de uma
pedagogia freireana, ao passo que a qualificação para o trabalho remonta à filosofia
de Gramsci.
12 Direito Educacional
Art. 206. O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios:
I – igualdade de condições para o acesso e permanência na escola;
Comentando...
Todo o ensino em território nacional, independentemente de nível ou modalidade,
deverá pautar-se sobre os cinco princípios apresentados, que traduzem ideias
democráticos como a liberdade de expressão, a igualdade entre as pessoas, o dever
do Estado. Ressalte-se, ainda, a explicitação da valorização dos educadores como
um desses princípios, que encaminha discussões posteriores a respeito de novas
diretrizes para a carreira do magistério e a lei do piso salarial para o magistério.
Esses princípios serão analisados com mais vagar no estudo que faremos, a
seguir, da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN), que retoma
cada um deles.
P ARA SABER MAIS: para conhecer de que forma está sendo normatizado o inciso
V do art. 206 da Constituição Federal, acesse o link:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2008/lei/l11738.htm>.
Acesso em: 18 jan. 2015.
Unidade 1 – Introdução ao Direito Educacional 13
Comentando...
Novamente, a marca do ideal democrático aqui se imprime em relação ao geren-
ciamento da instituição, além de deixar claro que a universidade, enquanto tal,
deverá sempre produzir conhecimento, o que por outro lado requer financiamento
por parte do Estado.
Art. 208. O dever do Estado com a educação será efetivado mediante a garantia de:
I – educação básica obrigatória e gratuita dos 4 (quatro) aos 17 (dezessete) anos
de idade, assegurada inclusive sua oferta gratuita para todos os que a ela não
tiveram acesso na idade própria;
II – progressiva universalização do ensino médio gratuito; (Redação dada pela
Emenda Constitucional n. 14, de 1996.)
III – atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência,
preferencialmente na rede regular de ensino;
IV – educação infantil, em creche e pré-escola, às crianças até 5 (cinco) anos de
idade; (Redação dada pela Emenda Constitucional n. 53, de 2006.)
V – acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pesquisa e da criação artística,
segundo a capacidade de cada um;
VI – oferta de ensino noturno regular, adequado às condições do educando;
VII – atendimento ao educando, em todas as etapas da educação básica, por
meio de programas suplementares de material didático-escolar, transporte,
alimentação e assistência à saúde. (Redação dada pela Emenda Constitucional
n. 59, de 2009.)
§ 1o – O acesso ao ensino obrigatório e gratuito é direito público subjetivo;
§ 2o – O não oferecimento do ensino obrigatório pelo Poder Público, ou sua
oferta irregular, importa responsabilidade da autoridade competente;
§ 3o – Compete ao Poder Público recensear os educandos no ensino fundamental,
fazer-lhes a chamada e zelar, junto aos pais ou responsáveis, pela frequência
à escola.
Comentando...
São muitos e não pouco pesados os compromissos assumidos pelo Estado no texto
constitucional:
14 Direito Educacional
Comentando...
Em consonância com o princípio da pluralidade de concepções pedagógicas e da
coexistência de instituições públicas e privadas, o Estado admite a existência
das escolas privadas em todos os níveis e modalidades de ensino, desde que
ele próprio autorize seu funcionamento e supervisione sua atuação a partir da
legislação educacional, que é comum tanto às instituições públicas quanto às
privadas. Assim, as escolas de educação básica privadas estão subordinadas ao
sistema municipal ou estadual de ensino, enquanto faculdades e universidades
estão subordinadas à Secretaria de Ensino Superior, no Ministério da Educação.
Art. 210. Serão fixados conteúdos mínimos para o ensino fundamental, de maneira
a assegurar formação básica comum e respeito aos valores culturais e artísticos,
nacionais e regionais.
Unidade 1 – Introdução ao Direito Educacional 15
Comentando...
Aqui, o Estado intervém no currículo, ao “fixar” conteúdos que devem ser estudados
em todo o território nacional, ainda que não constituam a totalidade do currículo,
uma vez que a própria LDBEN indica a possibilidade de complementar o currículo
com conhecimentos específicos para cada localidade:
Os currículos da educação infantil, do ensino fundamental e do ensino médio
devem ter base nacional comum, a ser complementada, em cada sistema
de ensino e em cada estabelecimento escolar, por uma parte diversificada,
exigida pelas características regionais e locais da sociedade, da cultura, da
economia e dos educandos. (LDBEN, 1996, art. 26.)
O parágrafo primeiro, por sua vez, traz uma contradição. Ao mesmo tempo em
que o texto explicita a liberdade pedagógica, de ideias, etc. se propõe a fixar
conteúdos mínimos, comuns a todo o território nacional. Trata-se, na prática, de
uma intervenção do Estado no currículo. Quanto ao ensino religioso, a contradição
é ainda mais contundente. Nesse caso, o Estado normatiza o ensino religioso
numa escola dita laica. Tal contradição, aliada à característica ecumênica da
sociedade brasileira, gerou grande polêmica, impossibilitando, até o momento,
uma normatização para o assunto. Como se daria a frequência facultativa na
disciplina? Em que horários seria oferecida: dentro do turno ou fora dele? Qual a
formação docente exigida para que não se transforme em doutrinação? Na prática,
o ensino religioso na escola pública não acontece.
Já no parágrafo segundo, a lei garante o ensino em Língua Portuguesa, como
língua oficial, inclusive para as comunidades indígenas. Só que, num esforço de
respeitar sua origem e preservar o que resta de sua cultura, o parágrafo reitera
o respeito à diversidade, ao preconizar a utilização de suas línguas maternas e
processos próprios de aprendizagem.
Comentando...
O texto aponta a necessidade de cooperação entre as esferas do sistema educacional,
a fim de garantir o alcance de objetivos da educação nacional, tendo como objetivo
a universalização do ensino obrigatório. Ou seja, a ordem é a de unir esforços
financeiros e técnicos para que toda criança e jovem brasileiro esteja na escola em
idade certa, apesar da divisão de responsabilidades.
Comentando...
Este artigo trata do financiamento da educação, ou seja, de definir de onde
vem o dinheiro para manter escolas e universidades em funcionamento. Todo o
serviço público se mantém a partir da arrecadação de impostos. Por exemplo, um
município deve destinar ao menos 25% dos recursos advindos de IPTU, ISS, entre
outros, para educação. Além dos impostos, municípios e estados podem contar
ainda com recursos repassados pela União, oriundos do Fundo de manutenção
e desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da
Educação (Fundeb). Como a sigla indica, esse fundo se destina exclusivamente à
educação básica.
P ARA SABER MAIS: vale entender mais sobre o Fundeb visitando o endereço
eletrônico <http://www.fnde.gov.br/index.php/financ-fundeb>. Acesso em: 19
jan. 2015.
Comentando...
Instituições que não sejam públicas poderão receber apoio financeiro do Estado,
desde que não tenham fins lucrativos, bem como intenção de aquisição de
patrimônio que não seja em prol do atendimento à população. Por exemplo, uma
creche ligada a uma instituição religiosa ou comunidade de amigos de bairro
pode ser contemplada com recursos públicos a fim de complementar fundos que
possibilitem o atendimento à população, ainda que cobre alguma mensalidade
daqueles que se utilizem de seus serviços: basta que comprove não ter fins
lucrativos, ou seja, todo dinheiro recebido é empregado direta ou indiretamente
nos serviços prestados.
Comentando...
O último artigo constitucional que se refere à educação reitera a intenção
e necessidade de cooperação entre as esferas do sistema educacional para
alcançar uma educação de qualidade para todos. Estabelece, então, que a cada
Unidade 1 – Introdução ao Direito Educacional 19
dez anos será organizado um plano para educação nacional que deverá balizar
as políticas públicas no decênio. Infelizmente, para os últimos planos não foram
alcançados os objetivos propostos e muitas metas têm se arrastado de um plano
para outro, ultrapassando o limite decenal. O artigo destaca ainda que deverá
ser estabelecido um percentual mínimo do PIB (produto interno bruto) a ser
aplicado em educação. Infelizmente, nos últimos anos o PIB tem diminuído e,
consequentemente, os recursos para a educação. Em síntese: se o país não
apresenta crescimento, gerando um PIB irrisório, a educação é prejudicada; e se
a educação não apresenta qualidade, o país também sofre as consequências no
que diz respeito ao crescimento econômico.
P ARA SABER MAIS: o Plano Nacional da Educação de 2014 estabeleceu como meta,
até 2024, que o Brasil invista 10% do PIB em educação.
Para entender um pouco mais sobre o que é o PIB, acesse:
<http://economia.estadao.com.br/noticias/negocios,entenda-o-que-e-o-pib-e-como-
ele-e-calculado,82627e>. Acesso em: 18 jan. 2015.
Este breve contato com o excerto constitucional permite perceber que o texto tra-
ta de forma generalista os grandes temas nela contidos, pois a constituição define
uma moldura na qual se delimitam as possibilidades de ação. Institui normas que
deverão orientar opções possíveis da vida em sociedade, apresentando os princípios
e finalidades do Estado. Nesse sentido, as normas constitucionais para a educação
brasileira têm de ser traduzidas em orientações tangíveis aos diversos níveis do po-
der executivo, que devem executá-las. Portanto, derivam da constituição os demais
documentos legais sobre o tema: a própria Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Nacional, decretos, resoluções, pareceres, que definem a estrutura legal da educação
brasileira. Vamos nos aprofundar um pouco no tema estudando esses documentos.
Contexto histórico
Os princípios ditados pela CF/88, como a igualdade de acesso e permanência na
escola, a gestão democrática, o pluralismo de ideias e concepções pedagógicas,
entre outros, já não encontravam eco na LDBEN então em vigor, a Lei n. 5.692/71,
fruto da ditadura militar. Nesse quadro, fez-se necessária uma nova Lei para a
educação nacional, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN)
9.394/96, que passou por um longo processo de “gestação”:
• 1992– Darcy Ribeiro, apoiado por Collor, apresenta outro projeto de LDB no
Senado Federal.
• 1993 – O projeto Jorge Hage é aprovado na Câmara dos Deputados e vai para o
Senado Federal.
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