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INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE MATO GROSSO

CAMPUS AVANÇADO GUARANTÃ DO NORTE


Licenciatura em Ciência da Natureza – Biologia

Turma: 2° Semestre.

Disciplina : Política e Gestão da Educação

Professora Espec: ANÉZIA SIMONE Dos Santos Sobrinho

Aula assíncrona 01-09-21 Continuação contextualização aula meet online 25/08/21 slides políticas publicas

Neste título encontramos oito capítulos, sendo eles dispostos na seguinte ordem:

FONTE: Organizado pela autora

Observando o quadro acima, destacamos o Capítulo III, no qual está exposto na Seção I, o que diz respeito à Educação, nos
artigos 205 a 214. Daremos maior ênfase a esta seção, pois é a que se relaciona ao nosso trabalho, com nossas vivências
enquanto profissionais da educação.

Você, acadêmico de licenciatura, que está buscando construir sua vida profissional, ou que já esteja nesta área e busca
novos conhecimentos, é de suma importância perceber-se integrado nestes artigos que serão apresentados nesta unidade.

Quando tratamos da Constituição Federal nos deparamos com a Educação, ponto crucial no desenvolvimento de um país.
Se buscamos ordem e progresso necessitamos de uma educação que esteja voltada à melhoria da qualidade de vida de
seus confederados.

Assim, iniciamos com o Artigo 205: “A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e
incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da
cidadania e sua qualificação para o trabalho” (BRASIL, 1988).

Observa-se, neste artigo, dois dos grandes princípios da Constituição, que são: o direito e o dever. O direito, inicialmente, à
educação para todos. Conforme Machado e Cunha (2016, p. 1081):

Assim, podemos afirmar que foi atribuído a todo indivíduo brasileiro uma prerrogativa legal de exigir do Estado e da família
esse direito. Ousamos afirmar ainda, que esse direito está incorporado ao patrimônio do indivíduo, sem possibilidade de
reversão, por força da lei. Desse modo, todos podem exigir do Estado e da família o referido direito, porque o legislador
incumbiu-lhes tal dever, ou seja, tal obrigação refere-se à regra imposta por lei. Resumindo: o legislador constituinte
incumbiu ao Estado e à família o dever de prestar educação a todos. Caberá ao Estado a complementação da educação
recebida em casa pelas pessoas.

Cabe ressaltar que a família também é responsável diretamente pela educação das crianças, sendo ela uma parceira do
Estado nesse processo. No entanto, observam-se ainda muitas lacunas referentes a essa situação, pois ao referir-se ao
dever da família na educação dos filhos, estes em muitos momentos transferem essa responsabilidade somente às escolas
(Estado), tornando fragilizado o processo de ensino-aprendizagem.

Mesmo diante de algumas lacunas, a Constituição Federal foi e é um documento que apresentou e apresenta grandes
avanços na área educacional “e a partir daí novas leis surgem para regulamentar os artigos constitucionais e estabelecer
diretrizes para a educação do Brasil” (MACHADO; CUNHA, 2016, p. 1081).

Como exemplo, podemos citar a LDB – Lei de Diretrizes e Bases da Educação (Lei nº 9.394, de 20.12.1996) e a Lei nº 10.172,
que aprovou o PNE – Plano Nacional de Educação, documentos que trataremos com mais proximidade nas próximas
páginas e unidades.

Ainda tratando das questões relacionadas ao ensino e dever deste pelo Estado e família, vejamos o artigo 206 da
Constituição (BRASIL, 1988):

Artigo 206. O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios:

I – igualdade de condições para o acesso e permanência na escola;

II – liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a arte e o saber;

III – pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas, e coexistência de instituições públicas e privadas de ensino;

IV – gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais;

V – valorização dos profissionais da educação escolar, garantidos, na forma da lei, planos de carreira, com ingresso
exclusivamente por concurso público de provas e títulos, aos das redes públicas; (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 53, de 2006)

VI – gestão democrática do ensino público, na forma da lei;

VII – garantia de padrão de qualidade;

VIII – piso salarial profissional nacional para os profissionais da educação escolar pública, nos termos de lei federal.
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 53, de 2006)

Parágrafo único. A lei disporá sobre as categorias de trabalhadores considerados profissionais da educação básica e sobre
fixação de prazo para a elaboração ou adequação de seus planos de carreira, no âmbito da União, dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 53, de 2006)

Ressalta-se, neste artigo, caro acadêmico, que a garantia do ensino, a qualidade, a igualdade quanto ao acesso e
permanência na escola, a liberdade de aprender, o pluralismo de ideias, gratuidade do ensino público, a gestão e
valorização dos profissionais da educação estão garantidos nesses princípios. No que diz respeito à igualdade, Machado e
Cunha (2016, p. 1082) afirmam que:

A igualdade – um dos fundamentos básicos inerentes à própria noção de República (art., 1º da CF) e, portanto, do estado
democrático de Direito, pois não é possível falar em dignidade da pessoa humana sem o respeito à igualdade e à liberdade
– tratada neste inciso, vem a ser a relação de paridade, ou uniformidade, a relação de igualdade entre todas as pessoas
para que possam usufruir as mesmas condições de ensino. Afinal, quando os homens se propuseram a formar uma
república, fizeram-na desde que sob um Estado que outorgasse a si mesmo, por intermédio de uma Constituição,
instituições que respeitassem a igualdade, vista como postulado básico à própria formação do regime republicano.

Nota: CF – Constituição Federal


No que diz respeito à “liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a arte e o saber” (BRASIL, 1988),
podemos observar que todos possuem o direito e a liberdade de fazer o quiserem.

A palavra liberdade, em sentido amplo, vem a ser a ausência de constrangimento alheio, ou seja, é livre o homem que faz
aquilo que quer e não o que o outrem determine que faça. O homem, segundo esse princípio, não deve sofrer nenhum tipo
de constrangimento social quando estiver aprendendo, ensinando, pesquisando e divulgando o seu pensamento, sua arte e
o seu saber (MACHADO; CUNHA, 2016, p. 1083).

É importante ressaltar que o princípio da liberdade está relacionado ao princípio da legalidade, estabelecido no inciso II do
art. 5º da CF (BRASIL, 1988):

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros
residentes no País a inviolabilidade do direto à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos
seguintes:

I – homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta Constituição;

II – ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei; [...]

Cabe ressaltar que a liberdade aqui apregoada se trata de perceber que cabe ao cidadão ser livre de realizar ou não
determinadas ações sem ser coagido em qualquer situação. Esta situação nos remete à posição do professor em sala de
aula, ao ensinar é preciso que ele tenha liberdade de pensamento:

[...] para desenvolver modelos pedagógicos os quais se adaptem às necessidades de seus alunos, ou, até mesmo, ter
liberdade para reconhecer que muitas vezes ensinar é levar o aluno a aprender por si só, como é o caso do professor
orientador, ou maiêutico, para relembrarmos Sócrates (MACHADO; CUNHA, 2016, p. 1083).

Ainda cabe ressaltar que o professor possui a responsabilidade de buscar o conhecimento e instigar a pesquisa,
conseguindo assim o aprimoramento dos trabalhos desenvolvidos na escola com os alunos. Transformando as aulas em
momentos de criatividade, descoberta e de instigar a curiosidade do aluno. Para tanto o professor necessita ter vontade e
competência pedagógica.

Com relação ao pluralismo de ideias, de concepções pedagógicas e coexistência de instituições públicas e privadas de
ensino (BRASIL, 1988), podemos compreender que vivemos rodeados por diversas maneiras de ver, ouvir, pensar, dando
possibilidades infinitas de construirmos e conhecermos novas culturas e elaborarmos novos pensamentos. O respeito às
diferenças nos leva a compreender que a educação não pode ser vista de maneira homogênea, dentro de uma sala de aula
estão presentes diversas culturas, ninguém é igual a ninguém. E aí é que reside a beleza da construção do ensino.
Conforme este inciso, que trata do pluralismo de ideias, Machado e Cunha (2016, p. 1084) afirmam que:

Os seres que formam o mundo são diversos, individuais, diferentes, múltiplos, heterogêneos e, assim sendo, jamais
poderão ser considerados dentro de uma realidade absoluta. As pessoas pensam de maneiras diferentes. O ensino não
pode ser pautado em ideias homogêneas, em concepções pedagógicas únicas e absolutas, pois estaríamos diante de um
empobrecimento cultural e intelectual. Ademais, ao professor é preciso liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e
divulgar seu pensamento para que lhe seja possível a criação de estratégias pedagógicas as quais se amoldem às
necessidades dos alunos.

Acreditamos que você, acadêmico, tenha percebido que a presença da liberdade leva tanto as instituições públicas como
privadas a construir dentro das escolas o respeito às ideias do outro e a noção também de igualdade. Assim, conseguimos
construir os valores de democracia social que são representados pelo pluralismo de ideias e pelas concepções pedagógicas
(MACHADO; CUNHA, 2016).

No inciso IV do art. 206, que trata da gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais, podemos compreender
que o Estado está proibido de realizar qualquer cobrança de valores relacionados à oferta da educação escolar básica.
Ressaltamos que a escola pública é uma instituição que todo e qualquer indivíduo poderá se matricular
independentemente de classe social, religião ou raça. Estas instituições são mantidas pelo Poder Público “por intermédio
da gestão de recursos públicos” (MACHADO; CUNHA, 2016, p. 1084).

As escolas públicas são escolas pagas com os impostos cobrados da população, mas não são privadas, isto é, não visam ao
lucro, mas a atender uma demanda social. O direito ao ensino público e gratuito não foi afastado daqueles que podem
pagar pela prestação de serviços educacionais, pois se de outra forma ocorresse seria discriminação, mas aqueles que
podem pagar pelo ensino têm recebido uma educação de melhor qualidade, já que o Estado tem se afastado de sua
obrigação de empreender ações capazes de ampliar tanto o oferecimento como a qualidade da educação escolar, nos
termos constitucionalmente estabelecidos (MACHADO; CUNHA, 2016, p. 1084-1085).

Caro acadêmico, vamos tratar agora de outro inciso de relevante significado a cada um de nós, estamos falando do inciso
V, que trata “da valorização dos profissionais da educação escolar, garantidos, na forma da lei, planos de carreira, com
ingresso exclusivamente por concurso público de provas e títulos, aos das redes públicas” (BRASIL, 1988). Conforme consta
na Constituição Federal, este inciso foi modificado na data de 19 de dezembro de 2006, através da Emenda Constitucional
nº 53.

Esta nova redação, dentre outras já ocorridas, “demonstra que o legislador não sabe como valorizar o profissional do
ensino” (MACHADO; CUNHA, 2016, p. 1085).

A nova redação do inciso substitui a expressão ‘profissionais do ensino’ por ‘profissionais da educação’, que possui um
sentido mais amplo, já que não só trata do magistério, mas de todos os profissionais de educação escolar pública. O novo
texto também prevê que a valorização se aplica aos profissionais do ensino privado, mesmo que as garantias especificadas
não os alcancem. Além disso, pela leitura do inciso sob comento, todos esses profissionais deverão contar com
remuneração condigna aos objetivos de sua profissão, bem como condições adequadas de trabalho (MACHADO; CUNHA,
2016, p. 1085).

Ressalta-se, ainda, que cada estado da federação possui sua legislação relativa aos profissionais do magistério, mas que
devem ser respeitadas todas as leis previstas na Constituição Federal.

No que tange ao inciso VI, que trata da “gestão democrática do ensino público, na forma da lei” (BRASIL, 1988), este
inciso tem o objetivo de demonstrar a cada cidadão que o conceito de democracia implica “um processo de convivência
social em que o poder emana do povo e é por ele exercido direta ou indiretamente em seu próprio proveito”
(MACHADO; CUNHA, 2016, p. 1085).

O princípio democrático é aquele que assegura aos cidadãos o pleno direito de participação nas tomadas de decisão, e
essas noções devem ser difundidas no ensino público e permear o cotidiano dos educandos. A adoção desse princípio pode
significar a introdução de eleições diretas para reitores e todas as demais autoridades universitárias, assim como a
participação paritária de estudantes, funcionários e professores em órgãos colegiados, configurando a participação de
todos na questão educacional (MACHADO; CUNHA, 2016, p. 1085).

Cabe ressaltar ainda que, conforme apresentado anteriormente, cada estado, em sua organização, pode apresentar em sua
proposta curricular elementos que configurem a possibilidade de existirem eleições diretas para diretor das unidades
escolares, dando assim, maior abertura democrática no espaço escolar.

Continuando nosso estudo, chegamos ao inciso VIII, que trata do “piso salarial profissional nacional para os profissionais da
educação escolar pública, nos termos de lei federal” (BRASIL, 1988). Este inciso também foi acrescentado pela Ementa
Constitucional nº 53, de 19 de dezembro de 2006.

Este inciso tem o intuito de diminuir as desigualdades salariais dos profissionais da educação existentes entre os estados da
federação.

Conforme Machado e Cunha (2016, p. 1086), “este novo inciso, em verdade, quer assegurar o caráter nacional do piso
salarial dos profissionais da educação. Tal previsão, que pelo caráter peremptório do texto, revela ser um princípio e
demonstra uma conquista dos profissionais da educação”.

Chegamos ao parágrafo único do art. 206, no qual “a lei disporá sobre as categorias de trabalhadores considerados
profissionais da educação básica e sobre a fixação de prazo para a elaboração ou adequação de seus planos de carreira, no
âmbito da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios” (BRASIL, 1988).

Este parágrafo foi acrescentado pela Emenda Constitucional nº 53, de 19 de dezembro de 2006, e conforme Machado e
Cunha (2016, p. 1087), “este parágrafo deve ser regulamentado por lei federal e prevê as categorias de trabalhadores
profissionais que atuam na educação básica e a definição dos valores de seus pisos salariais e de seus respectivos planos de
carreira”.

Quando tratamos dos planos de carreira, é necessário compreender que eles “são um instrumento de gestão que objetiva
o desenvolvimento dos profissionais da educação das instituições de ensino vinculadas ao MEC – são fundamentais para
que a atividade educacional não se torne apenas um ganho avulso ou uma tarefa ocasional” (MACHADO; CUNHA, 2016, p.
1087).

Ainda tratando da Seção I, vamos nos ater ao artigo 207, que assim trata:

“Art. 207. As universidades gozam de autonomia didático-pedagógica, administrativa e de gestão financeira e patrimonial,
e obedecerão aos princípios de indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão” (BRASIL, 1988). Neste artigo
apresentam-se questões relativas à autonomia, palavra que denota a liberdade de trabalho em todos os âmbitos
universitários. Cabe aqui uma ressalva, antes da Constituição de 1988, as universidades, em nosso país:

[...] surgiram por iniciativa do poder do Estado e por muito tempo estiveram sob sua ingerência, principalmente durante a
Ditadura Militar de 1964 ao início dos anos 1970, para atender objetivos estratégicos dos militares, o que nos faz concluir
que as universidades eram muito mais estatais que públicas, já que nesse período houve um êxodo de profissionais do
ensino por razões de perseguição política, principalmente dos que quiseram manter autonomia de sua cátedra (MACHADO;
CUNHA, 2016, p. 1087).

Mesmo depois desse caminho percorrido pelas universidades, após a Ditadura Militar, com a Constituição de 1988 se
definiu a autonomia universitária, mas as universidades continuam compondo-se como uma extensão administrativa do
poder estatal “posto que a natureza pública dos seus serviços exige alguma forma de controle e avaliação por parte do
Estado e da sociedade mesmo que isso não signifique ingerência” (MACHADO; CUNHA, 2016, p. 1087).

No que tange à autonomia didático-científica, administrativa e patrimonial, Machado e Cunha (2016, p. 1087, grifos do
original) afirmam que:

A autonomia didático-pedagógica de que trata o artigo vem a ser a liberdade que as universidades devem ter de definir
currículos; abrir e fechar cursos, tanto de graduação como de pós-graduação e de extensão; e definir suas linhas prioritárias
e mecanismos de financiamento da pesquisa, de acordo com as regras internas. Portanto, diz respeito à possibilidade de as
universidades conduzirem sem restrições as atividades de ensino e aprendizado. Quanto à autonomia administrativa, as
universidades poderão se organizar internamente, da maneira que melhor lhes convier, com estatutos próprios e, também,
organização de planos de carreira para o magistério público nas universidades federais (art. 206, V, da CF), enfim, trata-se
da possibilidade de autogovernar-se. Já em relação à autonomia de gestão financeira e patrimonial, refere-se à dotação
orçamentária e à plena liberdade de remanejamento de recursos. A autonomia patrimonial está vinculada à ideia de
constituição de patrimônio próprio, liberdade para obtenção de rendas de vários tipos e utilização de tais recursos da
forma que convier às universidades. O encaminhamento da autonomia universitária deve se dar com base na
indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão, já que esses três itens se complementam.

Diante do exposto, podemos determinar que as universidades, mesmo possuindo sua autonomia, devem se manter ligadas
ao MEC – Ministério da Educação, e à Constituição Federal, como também à LDB – Lei de Diretrizes e Bases da Educação, a
qual será estudada na próxima unidade.

Mesmo possuindo autonomia, toda e qualquer autarquia pública necessita do controle e da avaliação de seus serviços, da
sociedade e do Estado.

Dá-se, ainda, às universidades o direito de admitir professores, técnicos e cientistas estrangeiros, na forma da lei,
apresentado no parágrafo 1º, o qual foi acrescentado pela Ementa Constitucional nº 11, de 30 de abril de 1996. Neste
parágrafo ainda se encontra atrelado o parágrafo 2º que prevê também a pesquisa científica e tecnológica federais
(MACHADO; CUNHA, 2016, p. 1088).

Caro acadêmico, você talvez venha a se questionar: para que eu preciso saber destes artigos, parágrafos e incisos?
Independentemente de sua licenciatura, necessita sim ter o conhecimento das leis, as quais regem nosso trabalho e vida
profissional. Nada é demais. E saber das leis demonstra que estamos cada vez mais preparados para caminhar neste espaço
chamado educação.

Passaremos a tratar do artigo 208, onde se encontram os deveres que o Estado possui com a educação escolar pública.
Dedicaremos uma atenção especial a este artigo, pois trata de questões relativas à obrigatoriedade e gratuidade da
educação básica.

Art. 208. O dever do Estado com a educação será efetivado mediante a garantia de:
I – educação básica obrigatória e gratuita dos 4 (quatro) aos 17 (dezessete) anos de idade, assegurada inclusive sua oferta
gratuita para todos os que a ela não tiveram acesso na idade própria;

II – progressiva universalização do ensino médio gratuito;

III – atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino;

IV – educação infantil, em creche e pré-escola, às crianças até 5 (cinco) anos de idade;

V – acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pesquisa e da criação artística, segundo a capacidade de cada um;

VI – oferta de ensino noturno regular, adequado às condições do educando;

VII – atendimento ao educando, em todas as etapas da educação básica, por meio de programas suplementares de
material didático escolar, transporte, alimentação e assistência à saúde (BRASIL, 1988).

Observa-se que nesse artigo se encontra o conteúdo relativo aos deveres do Estado para com a população brasileira, que é
de prestar educação escolar pública de qualidade e gratuita.

Quando tratamos da educação básica estamos nos referindo ao nível de ensino que abrange os primeiros anos de
educação formal, que corresponde ao direito de todos os brasileiros à formação comum necessária ao exercício de
cidadania e a sua qualificação para o trabalho e a continuidade de seus estudos.

Outro fator a ser ressaltado é que para existir este movimento possuímos dois documentos principais que abarcam a
educação básica, que são: a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDB, Lei nº 9.394 de 20.12.1996, e o Plano
Nacional de Educação – PNE, Lei nº 10.172/2001, ambos regidos pela Constituição da República Federativa do Brasil.
Conforme Abrão (2016, p. 1089):

De acordo com a Classificação Internacional Normatizadora da Educação (International Standard Classification of Education
– Isced), a educação básica inclui: (1) a educação primária, ou seja, o primeiro estágio da educação básica, correspondente
à aprendizagem básica da leitura, da escrita e das operações matemáticas simples; e (2) o ensino secundário inferior, isto é,
o segundo estágio do processo de escolarização, correspondente à consolidação da leitura e da escrita e às aprendizagens
básicas na área da língua materna, história e compreensão do meio social e natural envolvente.

No que diz respeito a questões relativas ao sistema educativo brasileiro e de países em desenvolvimento, Abrão (2016, p.
1089) apresenta que: “Alguns sistemas educativos, em particular os de países em desenvolvimento, incluem na educação
básica a educação pré-escolar e os programas de ensino de segunda oportunidade destinada à alfabetização de adultos”.
Neste caso encontramos a EJA (Educação de Jovens e Adultos), programa que auxilia na alfabetização de jovens e adultos
em nosso país.

Podemos ainda dizer que o Plano Nacional de Educação – PNE desenvolvido no Brasil, contempla como educação básica a
Educação Infantil, o Ensino Fundamental e o Ensino Médio. Abrão (2016, p. 1089) ressalta que:

[...] a educação Infantil compreende a faixa etária de 0 a 6 anos, porém, em nosso país há tratamento diferenciado entre as
faixas etárias de 0 a 3 anos e de 4 a 6 anos para a pré-escola; além disso as creches deverão adotar objetivos educacionais,
transformando-se em instituições de educação, segundo as Diretrizes Curriculares Nacionais emanadas do Conselho
Nacional de Educação. Essa determinação segue a melhor pedagogia, pois é nessa idade, precisamente, que os estímulos
educativos têm maior poder de influência sobre a formação da personalidade e o desenvolvimento da criança. Trata-se de
um tempo que não pode ser descurado ou mal orientado.

Frente ao exposto, podemos perceber que para o PNE, este tema é sua “menina dos olhos”, pois a formação da criança
ocorre desde os primeiros momentos de sua vida, e quando entra na educação formal, os profissionais da educação devem
organizar-se determinando objetivos que auxiliem no desenvolvimento global da criança, possibilitando uma sequência
educativa de qualidade.

É importante saber, caro acadêmico, que a Emenda Constitucional nº 59/2009 estabeleceu em relação à educação básica
duas diretrizes, assim apresentadas por Abrão (2016, p. 1089): “ [...] é dever do Estado prestá-la; e é obrigatória e gratuita
dos 4 (quatro) aos 17 (dezessete) anos de idade, assegurada inclusive sua oferta gratuita para todos os que a ela não
tiveram acesso na idade própria”.
Cabe ressaltar que os estrangeiros, como os brasileiros, possuem o direito à gratuidade na educação básica, que estejam na
idade própria (7 a 14 anos). Os pais ou responsáveis pelas crianças poderão exigir isso do Estado, pois a educação básica é
obrigatória, independente também da idade.

No que diz respeito ao inciso II, que trata da progressiva universalização do ensino médio gratuito, podemos determinar
que este dá a possibilidade de continuidade dos estudos de maneira gratuita aos adolescentes. Conforme Abrão (2016, p.
1090):

[...] atendendo o princípio estabelecido no art. 206, I, do texto Maior, o qual prevê ‘a igualdade de condições ao acesso e
permanência na escola’. Entretanto, estabeleceu o constituinte com tal inciso que o Estado não deve ficar inerte em
relação ao prosseguimento do ensino dos educandos [...] e deverá construir escolas e oferecer condições necessárias para
atender o maior número possível de educandos no ensino médio, sempre considerando a realidade de cada ente federado.

Já no inciso III, se apresenta como dever do Estado o “atendimento educacional especializado aos portadores de
deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino” (BRASIL, 1988). Ressaltamos que mesmo possuindo todos estes
direitos com as leis, cabe ao estado dar condições tanto pedagógicas como físicas para que os profissionais da educação e
as crianças a serem atendidas possuam condições dignas de trabalho e de permanência nos espaços escolares.
Independentemente de ser escola pública ou privada, a educação precisa ser desenvolvida e as crianças muito bem
recebidas, conseguindo assim, avanços educacionais.

Conforme a Constituição, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação, o Conselho Nacional de Educação por meio do parecer
CNE/CEB nº 17/2001 e da Resolução CNE/CEB nº 2/2001, ditou aos sistemas de ensino, seja ele privado ou público, a
responsabilidade de matricular todas as crianças com necessidades educacionais especiais.

Em seu art. 5º, essa Resolução prescreveu o conteúdo da expressão ‘educando com necessidades educacionais especiais’,
como sendo os alunos que, durante o processo educacional apresentarem:

I – dificuldades acentuadas de aprendizagem ou limitações no processo de desenvolvimento que dificultem o


acompanhamento das atividades curriculares, compreendidas em dois grupos: a) aquele não vinculado a uma causa
orgânica específica; b) aqueles relacionados a condições, disfunções, limitações ou deficiências;

II – dificuldades de comunicação e sinalização de linguagens e códigos aplicáveis;

III – altas habilidades/superdotação, grande facilidade de aprendizagem que os leve a dominar rapidamente conceitos,
procedimentos e atitudes (ABRÃO, 2016, p. 1091).

O educando possui o direito de se matricular e frequentar a escola, independentemente de ser pública ou privada, e
sempre lembrando da necessidade de a escola possuir uma estrutura adequada para o receber, e perceber que
independentemente de seu problema, é importante a sua permanência e convívio saudável na escola. Cabe ressaltar que o
entendimento, com relação ao “educando com necessidades educacionais especiais”, como se apresenta no art. 5º, trata
não só dos educandos com dificuldades físicas ou intelectuais elevadas, mas sim, de todos que de uma maneira ou outra
possuem alguma dificuldade educativa de compreensão ou socialização.

O inciso IV trata da garantia de educação infantil, em creche e pré-escola, às crianças até 5 (cinco) anos de idade,
observamos que ocorreu uma nova redação, ficando assim, apresentada nas palavras de Abrão (2016, p. 1091):

O texto deste inciso, alterado pela EC n. 53/2006, incorpora a educação infantil como dever do Estado brasileiro. A
prescrição sob comentário, em verdade, adéqua seu texto da Lei n. 11.274/2006 – que alterou alguns dispositivos da Lei de
Diretrizes e Bases da Educação -, já que inclui as crianças de seis anos de idade no ensino fundamental obrigatório com
duração de nove anos.

Nota: EC – Emenda Constitucional

FIGURA 1 – ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO


https://www.google.com/search?q=alfabetiza%C3%A7%C3%A3o+e+letramento&tbm=isch&ved=2ahUKEwiUzc-
c347sAhXKBLkGHc24D2MQ2-cCegQIABAA&oq=ALFABETIZA
%C3%87%C3%83O+E+LETRAMENTO&gs_lcp=CgNpbWcQARgAMgcIABCxAxBDMgIIADICCAAyBAgAEEMyAggAMgIIADICCAAy
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Caro acadêmico, ao tratarmos do assunto alfabetização e letramento, indagamos: o que é alfabetização e letramento? São
sinônimos?

Vamos refletir sobre isso, pois é de extrema importância buscarmos esse entendimento. Quando falamos em alfabetização
e letramento, estamos tratando do que nos é apresentado no PNAIC – Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa.

FIGURA 2 – CONCEITO DE ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO


FONTE: Disponível em: <http://pt.slideshare.net/CamilaRibeiro35/alfabetizaao-e-letramento-pnaic>. Acesso em: 25 jul.
2016.

Podemos perceber que o alfabetizar e letrar se confundem, estão interligados, de acordo com Magda Soares (1998, p. 47):
“Alfabetizar e letrar são duas ações distintas, mas são inseparáveis, ao contrário, o ideal seria alfabetizar letrando, ou seja:
ensinar a ler e escrever no contexto das práticas sociais da leitura e da escrita, de modo que o indivíduo se tornasse, ao
mesmo tempo alfabetizado e letrado”.

Sugestão para ver slide na íntegra;

O slide da figura anterior e os demais que o compõe, são de Camila Ribeiro, pedagoga da Prefeitura Municipal de Araucária,
e se encontram na íntegra no link: <http://pt.slideshare.net/CamilaRibeiro35/alfabetizaao-e-letramento-pnaic>. Acesso
em: 25 jul. 2016.

Com este entendimento sobre alfabetização e letramento, podemos perceber que todo educando necessita dos
profissionais da educação comprometidos e que o Estado dê a estes profissionais condições de aprimoramento e
entendimento.

No que diz respeito ao inciso “V – acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pesquisa e da criação artística, segundo a
capacidade de cada um”; e ao inciso “VI – oferta de ensino noturno regular, adequado às condições do educando” (BRASIL,
1988); observamos que a cada indivíduo é dado o direito de participar ou acessar a universidade, a pesquisa, que muito se
fala na atualidade, como uma das necessidades mais presentes na esfera educacional e das criações artísticas. Conforme
Abrão (2016, p. 1091-1092): “[...] tal direito será conferido àqueles que demonstram capacidade de acordo com os
mecanismos de aferição que lhes forem impostos”.

Já o inciso VI, apresentado acima, denota que o Estado tem o dever de criar ações que atendam à igualdade de condições
para o acesso e permanência do educando na escola, “oferecendo a ele o ensino noturno regular adequado as suas
condições, já que, normalmente, os cursos noturnos são procurados por pessoas com mais idade, as quais trabalham
durante o dia e necessitam estudar à noite” (ABRÃO, 2016, p. 1092).

E, por último, o inciso VII, que trata do “atendimento ao educando, em todas as etapas da educação básica, por meio de
programas suplementares de material didático escolar, transporte, alimentação e assistência à saúde”. Este inciso trata do
que anteriormente comentamos, de nada adianta mantermos os educandos em sala de aula, lhes dando o direito à
matrícula, gratuidade do ensino, se não lhes são dadas condições físicas e pedagógicas para tanto. Como assim? Da
seguinte forma, conforme nos prescreve Abrão (2016, p. 1092):

Esse preceito constitucional é de suma importância, pois não basta garantir o direito ao ensino público gratuito, porque por
si só ele não se efetiva. São necessários programas suplementares para que seja possível manter um estudante na escola.
Diante da miserabilidade de parcela significativa da população brasileira, os programas de oferta de material escolar,
transporte, saúde e alimentação não podem se dissociar do direito à educação, porque se de outra forma ocorresse, este
último não se realizaria.

A autora ainda nos apresenta de maneira bem clara:

Um aluno com fome não consegue assimilar as lições de seu professor, sem saúde, não consegue estudar, sem transporte
não chega à escola e sem material não acompanha a lição. Desse modo, para que o ensino seja ministrado, não basta o
princípio da igualdade de condições ao acesso e permanência na escola, o Estado deverá ser chamado a dar condições
concretas e efetivas para viabilizar esse princípio. Para tanto, o constituinte atribui ao estado o dever de promover ações, e,
todas as etapas da educação básica, para garantir de forma suplementar o material didático-escolar, o transporte, a
alimentação e a assistência à saúde dos educandos. Mas deixemos bem claro que a atuação do Estado, por meio de
programas para promoção dessas ações, é suplementar, pois deverá atingir somente os educandos que não tenham
condições de se autossustentar (ABRÃO, 2016, p. 1092).

Nas próximas unidades trataremos dos programas que o Estado promove para auxiliar no desenvolvimento e melhoria da
vida educacional dos educandos.

Caro acadêmico, parece um pouco cansativo este processo de estudo, mas saiba que é necessário para sua formação,
enquanto profissional da educação. Desta forma, vamos dar continuidade, agora apresentando outro artigo.

“Art. 209 – O ensino é livre à iniciativa privada, atendidas as seguintes condições” (BRASIL, 1988):

I – cumprimento das normas gerais da educação nacional: as escolas privadas poderão exercer o ensino, mas deverão
seguir as regras previstas nos documentos oficiais como a LDB – Lei de Diretrizes e Bases da Educação, o PNE – Plano
Nacional de Educação, dentre outros documentos relacionados à educação.

II – autorização e avaliação de qualidade pelo Poder Público: quanto ao direito de abertura de escolas privadas, cabe e é
dado o direito ao Poder Público de sancionar, liberar, autorizar a abertura destas instituições privadas e verificar se elas
atendem ao que é prerrogativa de melhoria na qualidade educacional dos educandos. Cabe também ao Poder Público
realizar avaliações, em que ele “poderá revogar a autorização caso verifique que atitudes contrárias ao interesse social,
como ensino de baixa qualidade e preços de mensalidades extorsivos, estão sendo praticados” (ABRÃO, 2016, p. 1095).

O artigo 210, trata de uma temática de extrema importância, que assim se apresenta: “Serão fixados conteúdos mínimos
para o ensino fundamental, de maneira a assegurar formação básica comum e respeito aos valores culturais e artísticos,
nacionais e regionais” (BRASIL, 1988). Este artigo demonstra um respeito e cuidado com relação ao pluralismo cultural.
Conforme Abrão (2016, p. 1095), “o pluralismo representa hoje uma necessidade, pois a história nos mostrou a tragicidade
das tentativas de uniformização e hegemonização culturais, raciais, ideológicas, religiosas etc.”.

Cabe ressaltar ainda que na formulação deste artigo se observa o cuidado e abertura para considerar o pluralismo de ideias
e de concepções pedagógicas, pois a escola é um espaço de democracia, a qual de forma alguma poderá deixar de respeitar
as diferenças culturais aí existentes e reconhecer as diferenças regionais e sociais existentes neste nosso imenso país.

FIGURA 3 – PLURALISMO CULTURAL


FONTE: Disponível em:
<http://educador.brasilescola.uol.com.br/estrategias-ensino/a-diversidade-cultural-brasileira-sala-aula.htm>. Acesso em:
19 set. 2016.

Segundo Abrão (2016, p. 1095), “[...] constitui um dos objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil a
promoção do bem de todos, sem preconceito de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação.
Entendemos que a escola é um ambiente próprio para a efetividade e o respeito a esses preceitos”.

Continuando, sobre os artigos relativos à educação, apresentamos o “Art. 211 – A União, os Estados, o Distrito Federal e os
Municípios organizarão em regime de colaboração seus sistemas de ensino” (BRASIL, 1988).

Observe, acadêmico, que este artigo trata da competência de cada membro federado no sistema educacional.

Ao falar sobre competência é necessário esclarecer que o Brasil é um Estado Federal e o constituinte, no art. 1º, configurou
sua formação da seguinte maneira: União, Estados-membros, Distrito Federal e Municípios. As características essenciais de
um Estado federal são: os Estados-membros possuem autonomia para autogovernar-se, há uma descentralização
legislativa, administrativa e política e esses Estados participam do governo central por meio de seus representantes no
Congresso Nacional. A proposta do constituinte de 1988 foi pela tentativa da maior descentralização de decisões,
fortalecendo os Estados e os Municípios. Desse modo ficou a União com a elaboração de normas gerais, sempre levando
em consideração a realidade local (ABRÃO, 2016, p. 1097).

Desta forma, o artigo 211, como declara Abrão (2016, p. 1097), “[...] deve ser interpretado em consonância com o disposto
no art. 23 da Carta Magna, que prevê a fixação de normas para cooperação entre União, Estados, Distrito Federal e
Municípios, com vistas ao equilíbrio do desenvolvimento e ao bem-estar em âmbito nacional”.

Com isso podemos perceber que a pluralidade cultural e regional é respeitada no desenvolvimento e construção de uma
estrutura organizacional adequada à realidade local.

Assim, à União fica a responsabilidade de auxiliar financeiramente, organizar o sistema federal de ensino, buscar meios
para a obtenção de ensino de qualidade através de seus programas e de uma Base Nacional de Ensino.

Aos municípios fica a priorização do ensino fundamental e da educação infantil com qualidade. Esta temática será melhor
desenvolvida nas próximas unidades deste caderno. Já os Estados e o Distrito Federal priorizarão o ensino fundamental e
médio.

O Artigo 212 traz as questões relativas ao financeiro, ficando assim sua leitura: “A União aplicará, anualmente, nunca
menos de dezoito, e os Estados, o Distrito Federal e os Municípios vinte e cinco por cento, no mínimo, da receita resultante
de impostos, compreendida a proveniente de transferências, na manutenção e desenvolvimento do ensino” (BRASIL,
1988).

Ao tratarmos deste artigo, podemos nos ater ao que ocorre em nossos estados e municípios. Como profissional da
educação e como cidadão, podemos observar se os recursos públicos estão sendo realmente aplicados na esfera
educacional. Cabe a cada membro formador da sociedade buscar informações relativas a esta aplicação, pois é de extrema
necessidade ter as condições necessárias para o funcionamento e desenvolvimento dos trabalhos pedagógicos na escola.
É importante observar que esta matéria está regulamentada pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação. Vejamos o artigo
213:

Art. 213. Os recursos públicos serão destinados às escolas públicas, podendo ser dirigidos a escolas comunitárias,
confessionais ou filantrópicas, definidas em lei que:

I – comprovem finalidade não lucrativa e apliquem seus excedentes financeiros em educação;

II – assegurem a destinação de seu patrimônio a outra escola comunitária, filantrópica ou confessional, ou ao Poder
Público, no caso de encerramento de suas atividades.

Parágrafo 1º Os recursos de que trata este artigo poderão ser destinados a bolsas de estudo para o ensino fundamental e
médio, na forma da lei, para os que demonstrarem insuficiência de recursos, quando houver falta de vagas e cursos
regulares da rede pública na localidade da residência do educando, ficando o Poder Público obrigado a investir
prioritariamente na expansão de sua rede na localidade.

Parágrafo 2º As atividades de pesquisa, de extensão e de estímulo e fomento à inovação realizadas por universidades e/ou
por instituições de educação profissional e tecnológica poderão receber apoio financeiro do Poder Público (BRASIL, 1988,
grifo nosso).Rever Slide aula

Os dois parágrafos tratam de ações relativas ao financeiro. No parágrafo primeiro, cabe ao Poder Público realizar
investimentos prioritariamente em sua rede de ensino, mas poderá conceder bolsas de estudo para os ensinos
fundamental e médio aos alunos que comprovarem falta de recursos.

O parágrafo segundo trata de uma regra não obrigatória, pois o Poder Público poderá apoiar ações relativas a atividades
universitárias de pesquisa, de extensão e de estímulo e fomento à inovação. Tudo isso dependerá de verbas orçamentárias.

Por último, trataremos do artigo 214, que busca estabelecer o plano nacional de educação, o qual será melhor analisado
nas próximas unidades.

Art. 214. A lei estabelecerá o plano nacional de educação, de duração decenal, com o objetivo de articular o sistema
nacional de educação em regime de colaboração e definir diretrizes, objetivos, metas e estratégias de implementação para
assegurar a manutenção e desenvolvimento do ensino em seus diversos níveis, etapas e modalidades por meio de ações
integradas dos poderes públicos das diferentes esferas federativas que conduzam a:

I – erradicação do analfabetismo;

II – universalização do atendimento escolar;

III – melhoria da qualidade de ensino;

IV – formação para o trabalho;

V – promoção humanística, científica e tecnológica do País;

VI – estabelecimento de meta de aplicação de recursos públicos em educação como proporção do produto interno bruto
(BRASIL, 1988, grifo nosso).

Com estes dados podemos perceber que o Plano Nacional de Educação tem como base buscar solucionar e, se assim não
for possível, diminuir as diferenças e o pessimismo existente com as questões educacionais. É determinante que todos os
profissionais da educação tenham conhecimento deste documento, participem de sua elaboração, que ocorre a cada dez
anos, e verifiquem se os objetivos já propostos foram ou estão sendo conquistados. Participar é uma das palavras-chave
para cada um de nós, profissionais da educação.

Daremos continuidade a nossos estudos e trataremos de outro fator que é determinante no processo de legislar. Até o
momento, nos deparamos com o que são as Políticas Públicas e a influência da Constituição Federal na Educação com a
apresentação dos artigos 205 até o 214, que tratam diretamente das questões educacionais.

Formular leis que tragam propostas flexíveis e auxiliem na estruturação de todos os níveis de ensino de um país, como o
Brasil, não é algo tão fácil, mas observa-se que os documentos criados, pautados na ética, na ordem e no desenvolvimento
educacional, retratam que muito já se caminhou e muito ainda é necessário construir com a educação nacional. Por isso,
trataremos agora de algo significativo e que nos faz pensar.
3 LIGAÇÃO ENTRE A CONSTITUIÇÃO FEDERAL E A LEI DE DIRETRIZES E BASES DA EDUCAÇÃO

Como vimos, a Constituição Federal é a Carta Magna de nosso país, e é a partir deste documento que nós, da educação,
necessitamos buscar alimento para a construção de outro documento que podemos considerar a Carta Magna da Educação
brasileira.

Estamos falando da LDB – Lei de Diretrizes e Bases da Educação, documento este que pode ser considerado a “bússola da
educação escolar”, conforme apresentado no prefácio do livro LDB fácil, pela professora Maria do Socorro Santos Uchoa
Carneiro (CARNEIRO, 2015, p. 17).

Podemos determinar que a Constituição Federal foi e é a raiz de sustentação de todo o programa educacional de nosso
país. A Constituição Federal delineia a forma democrática de governo.

A Constituição é o fundamento do direito à medida que, de seu cumprimento, deriva o exercício da autonomia legítima e
consentida. Não menos importante é compreender que, ao institucionalizar a soberania popular, o texto constitucional
traduz o estado da cultura política da nação (CARNEIRO, 2015). Enquanto que na educação, as constituições brasileiras
construíram através de caminhadas árduas, uma aproximação entre “direitos políticos e direitos sociais” (CARNEIRO, 2015,
p. 38).

Para tanto, conforme Carneiro (2015, p. 38), “a inclusão da Educação como direito fundamental de todo cidadão contribuiu
para sinalizar na perspectiva da construção de uma escola de padrão básico, vazada em um modelo organizacional de
objetivos convergentes, logo estruturado à luz de marcos normativos comuns”.

Observa-se que para chegar ao patamar em que nos encontramos na atualidade a caminhada foi árdua e passamos por
diversos momentos históricos, na construção de várias constituições brasileiras.

Assim, podemos determinar de forma resumida as constituições que já tivemos em nosso país. Estas constituições foram
oito, assim apresentadas, conforme Carneiro (2015, p. 39):

A primeira Constituição do país data de 1824. De então até agora, o Brasil teve oito constituições, a
saber: a de 1824, a de 1891, a de 1934, a de 1937, a de 1946, a de 1967, a de 1969 e a de 1988. Destas,
apenas as de 1891, 1934, 1946 e 1988 foram votadas por representantes populares com delegação
constituinte. A última dessas Constituições, a de 1988, contou com uma robusta participação da
comunidade nacional, mediante a mobilização de amplos segmentos da sociedade civil. Culminância
deste movimento cívico foram os atos públicos que cimentaram a criação do Plenário Nacional Pró-
Participação Nacional Popular na Constituinte. Neste cenário, a defesa da escola pública e de uma
educação de qualidade ganhou relevância ímpar no conjunto da sociedade brasileira [...].

Diante deste cenário, vamos apresentar a você, acadêmico, um quadro resumido das constituições que já tivemos em
nosso país e qual a ligação de cada uma com a educação. Fique atento às situações e interesses envolvendo cada momento
histórico da construção das constituições!

QUADRO 2 – CONSTITUIÇÕES BRASILEIRAS


FONTE: Carneiro (2015, p. 29-33)

Observe, acadêmico, que a caminhada de nossa Constituição e da educação brasileira foi pautada por momentos históricos
e fez com que pudéssemos determinar as necessidades do momento e das muitas mudanças que ainda estamos buscando
dentro da Educação.

Essa busca vem de encontro às necessidades, valores, desejos e anseios da população, que hoje participa ativamente de
forma democrática das atividades e propostas apresentadas.

Nossa LDB – Lei de Diretrizes e Bases da Educação – está inserida em nossa Carta Magna, a Constituição Federal. Por este
motivo o interesse e a necessidade de reconhecermos este documento como de extrema importância em nossas vidas
profissionais. Tanto a Constituição como a Lei de Diretrizes e Bases da Educação estão inseridas em nosso cotidiano.

Contextualizando, pudemos compreender que :

As políticas públicas terão eficácia a partir do momento que os cidadãos compreenderem como ocorre a criação dessas
políticas (ações, programas) nas esferas federais, estaduais e, principalmente, nas que estão bem próximas de cada um de
nós, e que estão sendo desenvolvidas – as municipais. Estas ações também ocorrem dentro e fora de nossas residências, e
somos nós também responsáveis pela sua aplicabilidade, transparência e eficácia.

As Políticas Públicas são de “responsabilidade do Estado, com base em organismos políticos e entidades da sociedade civil
se estabelece um processo de tomada de decisões que derivam nas normatizações do país, ou seja, nossa Legislação”
(MARINHO, 2014, p. 1).

Boa leitura! Aula 25/08/21Meet online

Texto colaborativo a ementa será disponibilizado como material para leitura . Vera Peroni: O ESTADO BRASILEIRO E A
POLÍTICA EDUCACIONAL DOS ANOS 90

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