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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE ALAGOAS – UNEAL

CAMPUS I
LICENCIATURA EM HISTÓRIA

RAYANE CRISTINA DA SILVA

TEMA: IMPACTOS DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988 NO


CAMPO EDUCACIONAL

ARAPIRACA – AL
2022
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE ALAGOAS
EDUCAÇÃO BRASILEIRA: POLÍTICA E LEGISLAÇÃO

Aluno: RAYANE CRISTINA DA SILVA

1. As constituições brasileiras refletem o período histórico nos quais foram


elaboradas. A constituição de 1988 é tida como constituição cidadã.
 Com base nas discussões e materiais de apoio utilizados em sala, disserte
sobre os impactos dessa constituição no campo educacional. Para
melhor nortear a produção, tome por base o artigo 206. Inciso II e III que
tratam sobre liberdade e pluralismo de ideias.
TEXTO

Analisando-se o cenário, no que abrange a educação brasileira, podemos compreender


os processos que foram tomados e as consequências, bem como os avanços também, que se
seguiram durante a sua trajetória.
Para se ter compreensão da elaboração da constituição de 1988, é necessário atentar-se
ao contexto em que o país se encontrava, as insatisfações vigentes, as reivindicações feitas e a
participação - ou a não participação - da massa popular. Analisando os pontos mencionando,
podemos chegar a uma compreensão mais clara sobre a necessidade de uma nova constituição
e o impacto que esta iria gerar em diversas áreas da sociedade e no que trataremos em
especial, a educação.
É importante citar que já nas constituições de 1946 e a de 1967, a pauta sobre
educação estava presente, entretanto, com o caráter seletivo, isto é perceptível na área da
educação, quando observamos o momento em que se instalou o regime autoritário/militar no
país, nesse contexto a educação acabou sofrendo algumas mudanças.
Um período que é importantíssimo lembrar é a República Populista (1946-1964) que
teve como lideranças principais Getúlio Vargas, Juscelino Kubitschek e João Goulart,
ocorrendo nesse momento então, um plano centrado na industrialização. Durante o governo
de Goulart (que foi derrubado em 64), sua base estava nos partidos PTB (Partido Trabalhista
Brasileiro), PSDB (Partido da Social Democracia Brasileira), PCdoB (Partido Comunista do
Brasil) e o PSB (Partido Socialista Brasileiro) e teve grande crescimento das reformas de
base, como por exemplo, reforma agrária, reforma trabalhista, reforma bancária e a então
reforma da educação também. As determinadas mudanças sofriam grande oposição por parte
do partido UDN (União Democrática Nacional), que possuía identidade conservadora e que
representava os proprietários de terras, empresários e multinacionais.
Com o país completamente polarizado entre os que estavam a favor das reformas de
base e aqueles que estavam definitivamente contra, caminhavam então para o chamado golpe
de 64, onde a educação sofreria mudanças em seu campo, devido à grande censura ao
pensamento crítico. Um exemplo que podemos analisar é o caso de Paulo Freire, um educador
renomado, que foi exilado, também o educador Anísio Teixeira, o qual acredita-se que foi
envenenado e morto. Os que tomaram o poder, estavam projetando uma ideia chama "teoria
do capital humano" que trazia o conceito de educação como forma de ascensão social, uma
maneira de produzir riquezas, nessa perspectiva então, a educação necessitava de estar
atrelada ao mercado de trabalho para que fosse validada, aceita. Entre os decretos que foi
estabelecido durante o regime, pode-se destacar o de 71, que trouxe alterações na LDB (Lei
de Diretrizes Brasileira) que havia sido aprovada em 61. Existiu uma mudança considerada
positiva, a qual foi a ampliação da obrigatoriedade escolar de 4 para 8 anos, fazendo dessa
forma, uma ampliação do direito à educação, entretanto, devido a cortes de verba educacional,
abre o espaço para o surgimento das escolas privadas e o fortalecimento da concepção de
educação como atividade econômica.
Devido à grande repressão e insatisfação ao regime militar, a sociedade volta a se
organizar para lutar contra a organização atual do país, causando assim o seu fim em 85.Com
o fim do regime militar, surge então a constituinte, que viria a ser a nova Constituição de 88, a
qual também é chamada de Constituição Cidadã devido aos direitos expostos, visando todos
os civis. Trouxe então alterações e colocou sob o Estado e a família o dever de fornecer e
incentivar a educação, já que esta seria então um direito de todos, a qual prepara o aluno tanto
para exercer a cidadania como também para o mercado de trabalho (Art. 05), e esse ensino
deveria ser ministrado seguindo princípios específicos, os quais são definidos no Art. 06.
Vamos então fazer uma inspeção mais detalhada sobre como a educação acontece hoje, ou até,
como ela deveria acontecer, tomando os incisos I e II do artigo 06, que diz:

• I - Igualdade de condições para o acesso e permanência na escola;


Dessa forma, é necessário que a educação não seja uma maneira de competição, mas
sim uma igualmente estabelecida, onde todos possuem e usufruem da mesma oportunidade,
desde o ingresso como também a permanência da escola.

• II - Liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a


arte e o saber.
Um destaque é a Lei de Cátedra, uma forma de assegurar a discussão e o pluralismo de
ideias que o professor pode apresentar dentro da sala de aula.

Com a conquista da constituição de 88, a educação passou a ser vista como uma
maneira de desenvolvimento do ser, uma forma de aprofundar o conhecimento e se tem como
uma vitória esse fato, pois com ela o país torna o direito válido, traz dignidade para o vivente
da sociedade. Por exemplo, com o inciso IV, a constituição estabelece a obrigatoriedade da
disponibilização do ensino público, ainda que haja as instituições privadas, já que no contexto
anterior a ditadura existia o direito a educação, mas não era abrangente a todos e sim aqueles
que conseguissem provar a carência de recursos, agora então, independentemente de quais e
quantas instituições privadas existam o Estado não pode se abster do compromisso e dever
com a educação, fornecendo a mesma de maneira gratuita e conduzindo o aluno a
permanência nesta instituição, assegurando-o com oportunidade e igualdade.
Entretanto, é necessário rever com honestidade os fatos, as situações, as condições em
que o processo de ensino e aprendizagem se encontra na atualidade, já que mesmo havendo
artigos que garantem esse direito, não encontra-se um resultado favorável, o que nos remete a
pensar novamente no cenário dos anos 70, quando o país se encontrava no ápice da economia,
a qual crescia de maneira inexplicável, produzindo riquezas aos que já tinha estabilidade
financeira e as camadas mais baixas da sociedade permaneciam em carência econômica, bem
como os estudantes continuavam dentro da escola, mas de maneira a não conseguirem
avançar de forma gradativa no processo de aprendizagem.
Sendo a Constituição Federal de 1988 o documento mais importante da nação
brasileira nos dias de hoje, ocorre-se ainda tal insegurança quanto a mesma, já que uma parte
conservadora da população não estima positivamente como algo necessário, eficaz diante dos
seus interesses, alegando certo teor liberalista presente na carta, dessa maneira, o ambiente e
os profissionais da educação temem a abolição da carta presente e a sua substituição por uma
nova carta que diminua os direitos dos civis, os quais foram garantidos através de muita luta e
resistência, o temor é de que haja um retrocesso em relação aquilo que temos por uma grande
conquista.
Embora não seja só dever do Estado e da família o incentivo à educação (ART. 05),
essa sempre precisou lutar de forma intensa pela sua própria sobrevivência, pois a educação
sofre no seu existir, grande perseguição e injustiças, as quais se tornam altamente prejudiciais
ás crianças e adolescentes, os quais se encontram na atividade educativa, mas também
apresenta o risco gravíssimo para a sociedade no geral, já que no decorrer do tempo os lugares
deverão ser preenchidos pelos jovens e pelas crianças que encontramos hoje dentro das
instituições de ensino.
No nosso cenário atual, podemos enxergar a educação como um direito, o qual temos
garantias para reivindicá-lo e meios para nos assegurar disto e embora seja necessário admitir
que mesmo com a trajetória do processo educativo caminhando, precisamos determinar o
caminho a qual estar a tomar, desviando-se de tentativas poderosas de declínio, como por
exemplo, a nova reforma do ensino médio, onde se assemelha a organização feita durante o
regime militar, onde havia a divisão semelhante a divisão do trabalho que ocorria nas fabricas.
A constituição de 88 nos traz a educação não só como uma ferramenta para ascensão social,
como uma maneira de conseguir bens e riquezas, tanto para si como para o próprio país, mas
sim um direito fundamental e necessário para o desenvolvimento do ser como um ser social e
o exercício da cidadania.

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