O documento discute (1) o direito à educação no Brasil, que foi reconhecido apenas na Constituição de 1988, (2) o conflito histórico entre o direito à educação e o dever do Estado de fornecer educação, com exemplos da influência da Igreja Católica, e (3) como esse conflito persiste na situação atual, com programas governamentais que não resolveram totalmente os problemas.
O documento discute (1) o direito à educação no Brasil, que foi reconhecido apenas na Constituição de 1988, (2) o conflito histórico entre o direito à educação e o dever do Estado de fornecer educação, com exemplos da influência da Igreja Católica, e (3) como esse conflito persiste na situação atual, com programas governamentais que não resolveram totalmente os problemas.
O documento discute (1) o direito à educação no Brasil, que foi reconhecido apenas na Constituição de 1988, (2) o conflito histórico entre o direito à educação e o dever do Estado de fornecer educação, com exemplos da influência da Igreja Católica, e (3) como esse conflito persiste na situação atual, com programas governamentais que não resolveram totalmente os problemas.
VICISSITUDES E PERSPECTIVAS DO DIREITO À EDUCAÇÃO NO BRASIL:
ABORDAGEM HISTÓRICA E SITUAÇÃO ATUAL Demerval Salviani
ASSUNTO: Direito à educação como direito social, os conflitos entre o direito à
educação e o dever de educar na história da educação brasileira e por fim a persistência do referido conflito na situação atual.
Educação: direito proclamado versus direito real
O direito à educação é parte de um conjunto chamado de direitos sociais, que
têm como inspiração o valor da igualdade entre as pessoas. No Brasil, esse direito foi reconhecido, apenas, na Constituição Federal de 1988, uma vez que, antes disso, o Estado não tinha a obrigação formal de garantir educação de qualidade a todos os brasileiros e o ensino público era tratado como uma assistência social. No entanto, ainda permanece a dissonância entre o que prega a legislação e o que, de fato, acontece na prática. Esta é a questão principal da problemática que provoca nossa reflexão. É clara a preocupação das diretrizes em evidenciar que seus objetivos educacionais estejam pautados nos interesses sociais e na formação da cidadania. No entanto, o que encontramos é um sistema escolar público deficitário, resultado de uma sociedade absurdamente desigual, na qual muitos não têm garantido, sequer, seu direito à vida, sobrevivendo em condições subumanas. Distancia-se cada vez mais o discurso oficial da realidade, marcada por contradições vividas na escola pública que é, ao mesmo tempo, coletiva (direito de todos) e seletiva (local em que o fracasso escolar passa de exceção à regra) Precisamos de um intenso debate político-educacional que não somente exija que as leis sejam cumpridas, mas que também consolide uma visão política em defesa da escola, que propicie aprendizagem para todos e que considere a criança na sua dimensão de cidadã de direitos O dever com a educação constitui responsabilidade comum da união, do Distrito Federal e dos municípios. Deste modo, cabe ao Estado oferecer a educação e escola pública, sendo a norma que a prescreve de eficácia plena e imediata apenas a partir do ensino fundamental. Tornam-se necessárias algumas considerações sobre a Legislação Educacional Brasileira, a fim de melhor situarmos a condição do Ensino Fundamental no Brasil.
O conflito entre o direito à educação e o dever de educar na história do Brasil
Seguindo atribuições diretas do rei Dom João III, o governador-geral, Tomé de Sousa, chegou ao Brasil em 1549 trazendo quatro padres jesuítas que deveriam propagar a fé católica. Fundando colégios e missões pelo litoral e interior do Brasil, os jesuítas passaram a não só tratar da conversão dos nativos, bem como a administrar as principais instituições de ensino da época e auxiliar os mais importantes órgãos de administração e controle da metrópole. Segunda metade do século XVIII, a presença dos jesuítas no Brasil sofreu um duro golpe. Nessa época, o influente ministro Marquês de Pombal decidiu que os jesuítas deveriam ser expulsos do Brasil por conta da grande autonomia política e econômica que conseguiam com a catequese. A justificativa para tal ação adveio da ocorrência das Guerras Guaraníticas, onde os padres das missões do sul armaram os índios contra as autoridades portuguesas em uma sangrenta guerra. Apesar desse episódio, a herança religiosa dos jesuítas ainda se encontra manifesta em vários setores da nossa sociedade. Muitas escolas tradicionais do país, bem como várias instituições de ensino superior espalhadas nos mais diversos pontos do território brasileiro, ainda são administradas por setores dirigentes da Igreja Católica. Somente no século XIX, foi que as escolas laicas passaram a ganhar maior espaço no cenário educacional brasileiro.
Persistência do conflito na situação atual
O Brasil chegou ao final do século XX sem conseguir a universalização do ensino fundamental com a erradicação do analfabetismo. Pare resolver este problema, a Constituição de 1988 prometeu uma transição nas três instancias União, estado e municípios, que deveriam enviar 50% de seu orçamento para a educação, o que não foi feito. O governo criou então a partir daí vários programas, o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério (Fundef) que vigorou de 1997 a 2006, o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb) janeiro de 2007 até 2020, e o Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE). Vê-se, pois, que o direito à educação segue sendo proclamado, mas o dever de garantir esse direito continua sendo protelado. Conclusão: o Sistema Nacional de Educação como garantia do direito à educação A educação pública de qualidade é um direito fundamental pautado na Constituição Federal de República de 1988 e, portanto, faz parte do patrimônio jurídico da cada cidadão brasileiro, além de, e principalmente, ser um dever objetivo do Estado. É obrigação de o Estado garantir esse direito, inclusive quando o assunto é qualidade. Portanto, a qualidade da Educação Básica é um direito que requer uma ação positiva do Estado. Não basta garantir o direito à educação, se fazem necessárias ações paralelas que permitam à sociedade as condições de chegar até a escola e manter-se nela, bem como a asseguração de sua qualidade pelo Estado. Não se pode enveredar por disputas localistas, se afastando do objetivo principal que é o da educação de qualidade para todos. A qualidade da educação ainda que compreendida como um conceito dinâmico deve ter sua efetivação garantida pelo Estado. Medidas precisam ser tomadas para que as novas gerações tenham acesso a uma formação adequada, como o objetivo de um futuro melhor para todos.