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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO DO SUL

LETRAS- LICENCIATURA

ANA JÚLIA AMARAL DE LIMA


DANYELE DORNELES BARBOSA
HEITOR MONTI DE ALCÂNTARA
JÚLIA ALVES PEDROSO
MAYARA ANGELO DOS SANTOS

TRABALHO DE POLÍTICAS EDUCACIONAIS

Campo Grande- MS
2023
ANA JÚLIA AMARAL DE LIMA
DANYELE DORNELES BARBOSA
HEITOR MONTI DE ALCÂNTARA
JÚLIA ALVES PEDROSO
MAYARA ANGELO DOS SANTOS

TRABALHO DE POLÍTICAS EDUCACIONAIS

Trabalho grupal apresentado ao curso de


Letras -Licenciatura- Português e Inglês,
como parte dos requisitos necessários na
grade de Políticas Educacionais.

Orientador(a): Prof.ª, Dra. Margarita Victoria Rodriguez.

Campo Grande- MS
2023
SUMÁRIO

1. Explique o processo de histórico que deu lugar à elaboração da Constituição


Federal de 1988 ............................................................................03
2. Direitos Sociais: comente como estão materializados na Constituição Federal de
1988? .................................................................................................04
3. Analise as garantias previstas na Constituição Federal de 1988 a respeito do
Direito à Educação ........................................................................................04
4. Identificar e explicar os princípios e responsabilidades previstos na
Constituição de 1988 a respeito da
Educação .................................................06
5. Identificar e explicar as características e origem do neoliberalismo ........08
6. Comente a relação entre neoliberalismo e as reformas educacionais implementadas no
Brasil....................................................................................10
7. Referências
Bibliográficas .............................................................................15
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 Explique o processo de histórico que deu lugar à elaboração da


Constituição Federal de 1988

Para compreendermos a origem histórica que teve a constituição federal,


devemos entender o processo histórico anteposto a ela. Em 1964 houve um golpe
político, onde militares brasileiros assumiram o governo. Esse período teve duração
até o ano de 1985, o qual foi denominado como uma época de ditadura militar de
extrema direita, havendo grandes repressões, censuras e derramamentos de
sangue.

Em 1985 acaba esse regime militar no Brasil e Tancredo Neves é o primeiro


homem civil a assumir a presidência da república. Vale ressaltar que Tancredo foi
eleito de forma indireta, assim como os presidentes da ditadura militar, ou seja, a
população brasileira não o elegeu. A mudança de governo em 1985 foi fruto de uma
grande batalha dos brasileiros que pediam “Diretas já!”, eleições diretas, onde o
cidadão elege o presidente de forma democrática.

Essa luta por democracia ocorreu por diversos anos, pois o tipo de regime
era fortemente autoritário e utilizava da violência para calar qualquer um que fizesse
oposição ao governo. Dessa forma, João Baptista de Oliveira Figueiredo, sucessor
de Geisel, foi o último presidente militar do Brasil. Seu governo se caracterizou pelo
desgaste político do regime militar e pelo processo de abertura política definida
como “lenta, gradual e segura”. Ele promulgou a Lei da Anistia, que permitia a volta
dos exilados políticos e a libertação de acusados de crimes políticos, assim, houve o
retorno do sistema pluripartidário ao país.

Desse modo Tancredo é eleito, mas acaba falecendo antes de assumir o


cargo, ficando no poder então o seu vice, José Sarney, que foi o presidente que
estava no comando quando a constituição foi criada, no ano de 1988.

A constituição de 1988 é o resultado da Assembleia Constituinte estabelecida


em 1987. Este é o marco que deu início ao período democrático no Brasil conhecido
como Nova República e foi formulado em resposta aos diversos interesses e
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necessidades da população brasileira. Seu texto final foi promulgado por Ulysse
Guimarães, presidente da Constituinte, e é considerado bastante avançado nas
questões sociais e na garantia das liberdades individuais.

Portanto, a Constituição de 1988 foi o resultado do processo de


redemocratização do nosso país e colocou no papel os anseios da população por
leis e direitos que resguardassem os interesses e o bem-estar da população.

 Direitos Sociais: comente como estão materializados na Constituição


Federal de 1988?

Os direitos sociais estão inseridos no artigo 6 da Constituição Federal,


envolvendo uma ampla gama, como o direito à proteção do trabalho, o direito à
saúde e o direito à educação. Entre essas cláusulas movimentadas, como as que
limitam a jornada de trabalho, estabelecem pisos salariais e asseguram lucros às
empresas participantes, estavam outras que indicavam a existência do direito de
greve e de organização sindical, entre outras formas mais específicas de
organização.

Uma certa dessincronização entre os direitos acima é visível. Os direitos à


saúde e à educação exigem, na verdade, uma atuação ad hoc do Estado, que deve
ser concretizada nos serviços públicos. Quando falamos em patamares salariais ou
restrições à jornada de trabalho, pensamos no Estado como uma atividade
normativa e normativa, ou seja, uma intervenção na esfera das relações privadas,
regulando essa relação. A situação ainda é diferente quando se considera o direito à
greve ou à filiação sindical. Entre eles, não se exige nenhuma disposição do Estado,
nem se requer qualquer intervenção de normas regulamentadoras, mas em
consonância com os chamados direitos fundamentais de primeira geração, espera-
se a abstenção. Foi criada uma esfera livre, para a qual era necessária a abolição do
estado.
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 Analise as garantias previstas na Constituição Federal de 1988 a respeito do Direito à


Educação

A Constituição Federal Brasileira de 1988 é um marco significativo na história


do país. É um documento que garante os direitos fundamentais de todos os
cidadãos, incluindo o direito à educação. A educação é considerada um direito
fundamental no Brasil, e a constituição determina que o estado deve fornecer
educação gratuita e obrigatória para todas as crianças entre 4 e 17 anos. Além
disso, a constituição também garante o direito ao ensino superior e estabelece a
responsabilidade do Estado de acesso a universidades públicas e escolas técnicas.
Neste ensaio, vamos explorar as garantias constitucionais do direito à educação no
Brasil e entender o significado da Constituição Federal de 1988.

A Constituição Federal de 1988 no Brasil garante o direito à educação como


um direito fundamental de todos os cidadãos. A constituição reconhece o direito à
educação como um direito fundamental que é essencial para o desenvolvimento de
cada indivíduo. Considera a educação como uma ferramenta para promover a
justiça social e a igualdade, reduzir a pobreza e promover o crescimento econômico.
A garantia constitucional do direito à educação reflete o compromisso do governo
em oferecer educação de qualidade a todos os cidadãos, independentemente de
sua origem social e econômica. A constituição determina que o estado deve fornecer
educação gratuita e obrigatória para todas as crianças entre 4 e 17 anos. Esta
disposição garante que todas as crianças no Brasil tenham acesso à educação,
independentemente de sua situação financeira.

A constituição determina que o estado deve fornecer educação gratuita e


obrigatória para todas as crianças entre 4 e 17 anos. Esta disposição obriga o
governo a fornecer acesso à educação de qualidade a todas as crianças do país,
independentemente de sua origem social e econômica. A constituição reconhece a
importância da educação no desenvolvimento do país e dos seus cidadãos. Ele
exige que o governo aloque fundos suficientes para garantir que todas as crianças
tenham acesso a uma educação de qualidade. A constituição também determina
que o governo deve garantir que a educação seja fornecida de forma a promover o
desenvolvimento do pensamento crítico, criatividade e inovação.
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A constituição também garante o direito ao ensino superior e estabelece a


responsabilidade do Estado de fornecer acesso a universidades públicas e escolas
técnicas. A provisão garante que todo cidadão no Brasil tenha acesso ao ensino
superior e possa perseguir suas aspirações acadêmicas sem quaisquer barreiras
financeiras. A constituição reconhece que o ensino superior é essencial para o
desenvolvimento econômico e social do país. Ele determina que o governo deve
fornecer acesso a universidades públicas e escolas técnicas para garantir que todos
os cidadãos possam perseguir seus objetivos acadêmicos. A disposição também
obriga o governo a alocar recursos suficientes para garantir que as universidades
públicas e escolas técnicas ofereçam educação de qualidade aos alunos.

Em conclusão, a Constituição Federal de 1988 no Brasil garante o direito à


educação como um direito fundamental direito de todos os cidadãos. A constituição
reconhece a importância da educação no desenvolvimento do país e dos seus
cidadãos. Ele determina que o governo forneça educação gratuita e obrigatória para
todas as crianças entre 4 e 17 anos e garanta que a educação seja fornecida de
maneira a promover o desenvolvimento do pensamento crítico, criatividade e
inovação. A constituição também garante o direito ao ensino superior e estabelece a
responsabilidade do Estado em prover acesso às universidades públicas e escolas
técnicas. Essas garantias constitucionais asseguram que todo cidadão no Brasil
tenha acesso à educação de qualidade e possa perseguir seus objetivos
acadêmicos sem quaisquer barreiras financeiras.

 Identificar e explicar os princípios e responsabilidades previstos na Constituição de


1988 a respeito da Educação
Durante um longo período o Estado não tinha obrigação formal de garantir
educação de qualidade para todos os brasileiros, e a educação pública era tratada
como uma ajuda, uma assistência para quem não podia pagar. A importância do
direito à educação na Ordem Constitucional de 1988 anda de mãos dadas com o
reconhecimento da dignidade da pessoa humana como fundamento da República
Federativa do Brasil e sua finalidade. Construir sociedades livres, justas e solidárias,
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o desenvolvimento nacional, eliminar a pobreza e a exclusão, reduzir as


desigualdades sociais e regionais e promover o bem comum.

A Constituição Federal de 1988 representou um marco importante no


enfrentamento dos problemas do sistema educacional brasileiro. Para isso
estabeleceu diretrizes, princípios e normas que enfatizam a importância que o
assunto merece, definindo a educação como “um direito social e fundamental,
possibilitando o desenvolvimento de ações por todos aqueles responsáveis pela sua
concretização, ou seja, o Estado, família, sociedade e a escola (educadores)”
(FERREIRA, 2008, p. 37)

A partir de 1988, o Judiciário passou a ter um papel mais importante na


efetivação desse direito. Uma nova relação com a educação foi introduzida no
judiciário, concretizada por meio de litígios para sua segurança e validade. Esse
fenômeno pode ser descrito como a “judicialização da educação”, a intervenção
judicial na questão da educação para proteger esse direito e cumprir as obrigações
constitucionais do Ministério Público e demais órgãos legítimos.

No que diz respeito ao direito à educação, a Constituição é uma referência


fundamental para a integração da educação como um direito de todo cidadão. Seu
texto amplia e esclarece o direito à educação já protegido por leis anteriores.
Estabelece a educação como primeiro direito social (art. 6º), reafirma a obrigação
nacional de educar (art. 206, IV), estendendo o até então isento abono de
aposentadoria ao ensino médio e declarando expressamente o abono de
aposentação para o ensino superior (art. 206, IV). Integrar a educação infantil no
sistema de ensino, isenta de assistência social e assegurar atendimento
especializado às pessoas com deficiência, preferencialmente nas redes regulares de
ensino. A oferta de aulas noturnas regulares adequadas às condições de vida do
aluno. Apoiar os alunos do ensino primário através de programas complementares
de material didático, transporte, alimentação e cuidados de saúde. Além disso, o
artigo 227.º declara a prioridade do atendimento a crianças e jovens e, quando
regulamentado, conduz à legislação infanto-juvenil.
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A CF estabelece que o direito à educação não é apenas garantia de acesso e


continuidade à educação básica, mas também garantia de padrões de qualidade
como um dos princípios sobre os quais a educação é construída (art. 206, VII)).
Descobrir a que qualidades cada um se qualifica em um tribunal, como é o caso dos
anúncios de emprego, é uma questão de pesquisa com amplo efeito democratizante
e uma parte importante do debate educacional.

 Identificar e explicar as caraterísticas e origem do neoliberalismo. Comente os


fundamentos e ideias defendidos pela concepção neoliberal com relação à economia,
políticas sociais, concepção de estados, entre outros aspectos.
O neoliberalismo é um modelo socioeconômico criado com base no
liberalismo. Em outras palavras, o neoliberalismo é um novo conceito do liberalismo
clássico. Foi criado na Europa, no século XX, com o objetivo de servir como diretriz
para o progresso econômico. A ideia central do neoliberalismo é que o
desenvolvimento econômico precisa ser livre das intervenções estatais. Explica
Sandel (2015) de maneira categórica e concentrada que o neoliberalismo supõe o
passo de uma economia de mercado a uma sociedade de mercado. O mercado
tornou-se o centro de influência e todos os recursos são dedicados a satisfazê-lo.
Subsistindo uma sociedade em que as pessoas deixam de ocupar o centro das
preocupações e o mercado que vai dirigindo os cuidados das pessoas e das
instituições.

A concepção neoliberal teve sua origem após a Segunda Guerra Mundial,


como uma reação teórica e política contra o Estado intervencionista e de bem-estar
social keynesiano. O neoliberalismo foi aplicado radicalmente por Margareth Tatcher
na Inglaterra e por Reagan nos Estados Unidos. Inicialmente, houve nesses países
uma redução na inflação e estabilização econômica, no entanto, em contrapartida,
ocorreu um grande corte social. Inclusive, nos E.U.A. houve uma elevação do
número de pessoas vivendo abaixo da linha de pobreza, supressão de garantias de
emprego, bombardeamento da organização sindical, entre outros fatos. (LIMA, 1999,
p. 35).
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As primeiras raízes teóricas do neoliberalismo, conhecidas como "vodu


econômico" e "monetarismo", são encontradas na escola austríaca, centrada em
Leopold von Wiese, professor da Faculdade de Economia de Viena, o qual ficou
conhecido por seus trabalhos teóricos sobre a estabilidade da moeda,
especialmente o publicado com o título de “O valor natural”, em 1889.

Porém, o texto precursor da doutrina neoliberal foi "O Caminho da Servidão",


de Friedrich Hayek, de 1944, escrito para criticar o Partido Trabalhista inglês. Este
faz “um ataque apaixonado contra qualquer limitação dos mecanismos de mercado
por parte do Estado, denunciados como uma ameaça letal à liberdade, não somente
econômica, mas também política” (LIMA, 1999, p. 09).

De forma geral, o neoliberalismo busca transferir a propriedade e o controle


dos fatores econômicos do governo para o setor privado, e favorece a globalização e
o capitalismo de mercado livre sobre os mercados fortemente regulamentados
comuns nos estados comunistas e socialistas. Além disso, os neoliberais buscam
aumentar a influência do setor privado na economia, alcançando profundas
reduções nos gastos do governo.

As principais características do neoliberalismo são as seguintes:

• Mais autonomia política e econômica para os cidadãos


• Menos intervenção do Estado na regulamentação da economia
• Aumento das facilidades para o ingresso de capital estrangeiro no país
• Redução das burocracias do Estado
• Autorregulamentação do mercado econômico
• Apoio aos princípios econômicos do capitalismo
• Base da economia formada por empresas privadas
• Posicionamento contrários às medidas de protecionismo econômico
• Defesa da privatização de empresas estatais

Dessa forma, de acordo com as concepções neoliberais, a economia deve ser


regida por livre concorrência, com ênfase na competitividade, na eficiência e na
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qualidade de serviços e produtos, ou seja, deve ser uma economia de mercado


autorregulável.

Na área das políticas sociais, as propostas neoliberais têm na sua


determinação as reduções dos gastos social, onde há redefinição das políticas
públicas com redução dos direitos sociais. Já na área de concepção de Estado, o
neoliberalismo defende a mínima intervenção do Estado na economia, o
desaparelhamento do Estado, ou seja, as privatizações. Nesse caso, o Estado é
considerado um péssimo administrador, o qual apenas impede o bom
desenvolvimento das leis do mercado, que seria regida pela "mão invisível",
anteriormente defendido pelo liberalismo clássico, e que funcionaria de acordo com
as leis da oferta e da procura, bem como pela livre concorrência.

Nesse sentido, a função do Estado é apenas assegurar a infraestrutura básica


para o bom funcionamento e escoamento da produção de mercadorias, bem como
intervir na economia em momentos de eventuais crises. Ademais, com relação ao
protecionismo os neoliberais exigem uma maior abertura das fronteiras e uma
redução de métodos protecionistas como tarifas, alfândegas e outros impostos
destinados a proteger o produto interno contra o externo.

E, por fim, referente à educação, o neoliberalismo propõe uma ênfase no


ensino privado, na escola diferenciada e na formação das elites intelectuais.
Segundo, Lopes e Caprio no artigo “As influências do modelo neoliberal na
educação”, com o neoliberalismo a educação deixa de ser parte do campo social e
político, o que justifica o sucateamento das escolas públicas e a desvalorização dos
professores.

 Comente a relação entre neoliberalismo e as reformas educacionais


implementadas no Brasil

O surgimento do neoliberalismo acontece entre as décadas de 1930/1940,


durante a crise econômica, decorrente a queda da bolsa de Nova York, em 1929, e
da Segunda Guerra Mundial (1939-1945). Libâneo et al. (2012), conceituam o
neoliberalismo:
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Denominação de uma corrente doutrinária do liberalismo que opõe ao social-


liberalismo e/ou novo liberalismo (modelo econômico keynesiano) retorna algumas
das posições do liberalismo clássico e do liberalismo conservador, preconizando a
minimização do Estado, a economia com plena liberação das forças de mercado e a
liberdade de iniciativa econômica (LIBÂNEO et al, 2012, p.110).

As características do neoliberalismo diante de países em desenvolvimento


que apresenta um cenário propício aos financiadores de tal modelo econômico que
algema e torna os mesmos reféns de uma situação forjada em nome do bem-estar
alienado pelas instituições financeiras internacionais, em nome do alto lucro que
podem ter com países em desenvolvimentos. Tais instituições ditam as regras de
mercado determinam as políticas de governo em todos os setores da sociedade.

Libâno (2012), aponta os traços que evidenciam o projeto sociopolítico


econômico do neoliberalismo de mercado:

• Desregulamentação estatal e privatização de bens e serviços;


• Libração de preços;
• Prevalência da iniciativa privada;
• Redução das despesas e do déficit públicos;
• Flexibilização das relações trabalhistas e informalização nos mercados
de trabalho;
• Supressão dos direitos sociais;
• Programas descentralização com inventivo aos processos de
privatização;
• Cobranças dos serviços públicos e mercantilização dos benefícios
sociais;
• Arrocho salarial/queda do salário real;

Os traços apontados pelo autor trazem à tona a real situação de muitos


países da América do Sul e América Latina que possuem acordos com FMI, Bird,
Banco Mundial e demais órgãos que controlam o sistema capitalista vigente, com
destaque ao modelo neoliberal que domina os países em desenvolvimento.
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A ideologia da globalização e o aparato do Banco Mundial e outras


instituições financeiras internacionais tem como base apoderar-se dos bens
materiais e intelectuais, dos países em desenvolvimento, realizando adestramento
da mão de obra necessária ao projeto econômico mundial. O foco do Banco Mundial
como “o novo senhor da educação” (Leher,1999), era promover políticas
educacionais de ensino básico voltadas ao Ensino Fundamental, desvalorizando e
desmontando o ensino universitário nos países nos países que atuaria. Porém a
mão de obra necessária deveria estar em consonância com a necessidade de
mercado.

A partir de tal movimento imperativo do Banco Mundial ditando a regras do


modelo de educação a ser desenvolvido nos países em desenvolvimento, não com
intuito de trazer benefícios e sim com o de dominar economicamente preparando
sua população para tornar-se consumidores em potencial das transnacionais que
passariam a atuar nos mesmos. Aumentando os bolsões de pobreza e
interdependências dos países citados ao poderio financeiro do FMI, Banco Mundial e
Bird. O desmonte do Estado é só uma consequência da nova forma de
neocolonialismo que vivenciamos nas últimas décadas.
Libâneo (2012), aponta as orientações do Banco Mundial para ensino básico
e superior:

As orientações do Banco Mundial para o ensino básico e


superior são extremamente representativas deste novo momento.
Elas refletem a tendência da nova ordem econômica mundial, o
avanço das tecnologias e da globalização, as quais requerem
indivíduos com habilidades intelectuais mais diversificadas e flexíveis
sobretudo quanto à adaptabilidade às funções que surgem
constantemente. A solução consiste em desenvolver um ensino mais
eficiente, de qualidade e capaz de oferecer uma formação geral mais
sofisticada, em lugar de treinamento para o trabalho. No entanto, a
instituição também estimula o aumento da competitividade, a
descentralização e a privatização do ensino, eliminando a gratuidade
(sobretudo nas universidades públicas), bem como a seleção pautada
cada vez mais pelo desempenho (seleção natural das capacidades)
(LIBÂNEO, 2012, p.116).
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A real intenção do Banco Mundial, em relação as políticas educacionais dos


países em desenvolvimentos é a busca de um trabalhador capaz de adaptar-se as
necessidades do mercado de trabalho e ao modelo de educação pensado por ele,
pautado no futuro do consumo, independentemente da situação econômica do país.
Ele age com intuito de dominar a economia, negando os bens e serviços
necessários a sociedade. O Estado está a serviço do capital especulativo, causando
sofrimento social e desvalorizando intelectual.

No tocante à educação, a orientação política do neoliberalismo de mercado


evidência, ideologicamente, um discurso de crise e de fracasso da escola pública,
como decorrência da incapacidade administrativa financeira de Estado gerir o bem
comum (LIBÂNO, 2012, P..114). O neoliberalismo faz o desmonte dos serviços
essenciais à população, com o foco na educação. Para manter sua governabilidade
mostra a sociedade que está promovendo, tal serviço, porém orientado por órgãos
internacionais financeiros, diz ser incapaz de manter o mesmo funcionando,
desresponsabilizando o Estado e o responsabilizando o setor privado.

O neoliberalismo é implantado no Brasil, no fim da década de 1980 e início da


década de 1990, nos governos Collor e Cardoso (Leher, 1999, p.24). o desmonte do
Estado inicia com a intervenção no sistema educacional do Brasil. Em que a
Constituição Federal de 19988, preconiza em seu texto a descentralização da
educação por meio da lei. Como apontam Souza e Faria (2004):

Assim é somente quando a promulgação da CF de 19988,


que a tese da descentralização da educação se torna efetivamente lei
(Artigo nº 211), através do qual se propugna, por ineditismo no Brasil,
a organização dos sistemas de ensino entre a União, os Estados, o
Distrito Federal e os Municípios pela via do chamado Regime de
Colaboração, mais tarde reformulando pela Emenda Constitucional
(EC) nº 14, de 1996, que viabilizou, no ano seguinte, a implantação
do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental
e de Valorização do Magistério (FUNDEF) (SOUZA; FARIA, 2004, p.
926).
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Com a promulgação da CF houve a descentralização da educação, com a


municipalização do ensino, os municípios passam a ser responsáveis pelo Ensino
Fundamental, com EC 14/96 eles tiveram aporte financeiro para seguir em frente
com a municipalização. Em 1996 é instituída a Lei de Diretrizes e Bases da
Educação (LDB) - Lei nº 9.394/96, que define os papéis dos entes federados em
relação a educação.

O ensino nos anos 90 segue orientações dos diversos fóruns e conferências


mundiais voltadas à educação, com destaque para a Conferência de Jomtien (em
1990, na Tailândia), patrocinada pelo UNICEF, PNUD e a UNESCO. A partir do
mesmo surge o Plano Decenal de Educação para Todos (1993-2003). O Brasil neste
período estava entre os 9 países que apresentavam maior taxa de analfabetismo do
mundo. A partir do compromisso assumido com a Declaração de Jomtien, o Brasil
teve que reorganizar seu sistema de ensino, priorizando uma equidade e qualidade
do ensino. Com o estabelecimento de acordos e o plano na década de 90, que fez
com que o país tomasse emprestado capital financeiro internacional. Como aponta
Souza e Faria (2004):

[...] o uso instrumental do conceito de descentralização é,


majoritariamente, aplicado como desconcentração, exprimindo a
estratégia de retirada do Estado da prestação de serviços públicos
essenciais da sociedade, com profundos impactos na área da
educação entre outras (SOUZA e FARIA, 2004, p. 929, apud,
ABREU, 1999, SAVIANI, 1999, MARTINS, 2001).

A política educacional voltada ao contexto atual configura-se como, uma


política voltada para os interesses neoliberais e capitalista, uma vez que esta surge
como os interesses de órgãos financeiros da educação, obedecendo ao discurso de
uma educação de qualidade. Segundo Triches e Aranda (2016), “destaca-se a Base
Nacional Comum Curricular (BNCC) como ação da política de curricular brasileira”.
Política esta que foi discutida de 2015 a 2016, em dezembro de 2017 foi
homologada, encontrando em processo de implementação pelos estados e
municípios. Estes tiveram até 2021 para consolidar a implementação da BNCC
adequando seus currículos.
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A BNCC em vez de viabilizar o acesso aos menos favorecidos no contexto


socioeducacional, surge como uma proposta de tornar mais efetiva as diferenças
sociais existentes. O pensamento dos governos neoliberais, os filhos da classe
dominante devem ser favorecidos com as políticas de governo, e os filhos dos
proletários devem se conformar com as políticas públicas que negam seus direitos.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Faculdade de Direito da Universidade Federal do Paraná, 1999. 35 p.
 MENCHISE, R. M.; FERREIRA, D. M.; ÁLVAREZ, A. L. F. Neoliberalismo,
políticas públicas e desigualdade: Uma análise principalmente do Brasil.
Dilemas: Revista de Estudos de Conflito e Controle Social, v. 16, n. Dilemas,
Rev. Estud. Conflito Controle Soc., 2023 16 (1), p. 1-21, jan. 2023.
 SOUZA, D. B. de; FARIA, L. C. M. de. Reforma do Estado,
Descentralização e Municipalização do Ensino no Brasil: A Gestão
Política dos Sistemas Públicos de Ensino Pós LDB 9394/96. Revista
Ensaio: Avaliação, Política Pública em Educação. Rio de Janeiro, v. 12, nº 45,
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Brasília: Câmara dos Deputados, 1998.
 OLIVEIRA, R. P. de. A educação na Assembléia Constituinte de 1946. In:
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https://jus.com.br/artigos/64846/processo-historico-de-elaboracao-da-
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 Artigo 208 da Constituição Federal de 1988. Disponível em:
Jusbrasil.https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10650040/artigo-208-da-
constituicao-federal-de-1988. Acesso em: 14 abr. 2023.
 CONSTITUIÇÃO FEDERAL 1988 – ARTIGOS 205, 206, 208. Disponível em:
Constituição (planalto.gov.br). Acesso em: 14 abr. 2023.
 Documento Da Educação, da Cultura e do Desporto. Disponível em:
Documento Da Educação, da Cultura e do Desporto (Arts. 205 a 217)
(sefaz.mt.gov.br). Acesso em: 15 abr. 2023.

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