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Estrutura e Funcionamento

do Ensino

AUTORIA
Fabiane Fantacholi Guimarães
Bem vindo(a)!

Olá, prezado(a) acadêmico(a)! Seja bem-vindo(a) aos estudos sobre Estrutura e


Funcionamento do Ensino. Este livro foi organizado de modo especial para você,
que, no nosso entendimento, tem buscado com excelência compreender os
desa os que envolvem o setor educacional e que in uenciam no processo de
ensino-aprendizagem dos seus níveis de ensino e modalidades de educação.

Este livro é composto por uma introdução seguida de quatro unidades


criteriosamente analisadas e selecionadas para dar sustentação à presente
discussão e conclusão.

Na Unidade I, você trabalhará com o tema CIÊNCIA POLÍTICA E POLÍTICAS


PÚBLICAS DE EDUCAÇÃO: ASPECTOS HISTÓRICO, cujos conteúdos de destaque
serão o conceito de ciência política, contexto político brasileiro e a Lei de Diretrizes e
Bases da Educação Nacional.

Na Unidade II, com o tema CONCEPÇÃO DA LEI DE DIRETRIZES E BASES DA


EDUCAÇÃO NACIONAL LEI 9.394/96, o foco será o Fórum Nacional de Educação
em Defesa da Escola Pública na LDBEN, o Fórum Nacional de Educação e o
Conselho Nacional de Educação e por m as modi cações introduzidas pela Lei de
Diretrizes e Bases da Educação Nacional - Lei 9.394/96.

Na Unidade III, o tema ORGANIZAÇÃO E FUNCIONAMENTO DA EDUCAÇÃO


BÁSICA, versará sobre a concepção de Educação Básica, a organização curricular da
Educação Básica e o Plano Nacional de Educação.

Na Unidade IV, a última, o tema será AVALIAÇÕES DE PRÁTICAS PEDAGÓGICAS,


com enfoque central no Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb), no
entanto, vamos iniciar com a avaliação institucional na educação básica, passando
pelos Órgãos governamentais da educação: MEC/Inep até chegarmos à Provinha
Brasil e, por m, ao Índice de desenvolvimento da educação básica (Ideb).

Por m, lembre-se, caro(a) graduando(a), que o texto apresentado não esgotará


todas as possibilidades de pensar e re etir acerca das temáticas abordadas, mas irá
iniciar momentos importantes e oportunos para a compreensão das análise
realizadas acerca das temáticas propostas. Para tanto, cumpre destacar que, ao nal
de cada unidade, você encontrará um resumo do texto realizado a m de facilitar
seus estudos e compreensão.

Assim, vamos dar início ao nosso trabalho. Tenha uma ótima leitura, e não se
esqueça: esse é só seu primeiro passo no campo da Estrutura e Funcionamento do
Ensino. Faça outras viagens, teça outras teias e consolide seu conhecimento no
campo da formação humana. Vamos aos estudos!
Unidade 1
Ciência Política e Políticas
Públicas de educação:
aspectos históricos

AUTORIA
Fabiane Fantacholi Guimarães
Introdução
Prezado(a) aluno(a),

Seja bem-vindo(a) à Unidade 1 da disciplina de Estrutura e Funcionamento do


Ensino.

Nesta Unidade, você poderá fazer uma análise do conceito de ciência política e do
que entendemos por políticas públicas, além de re etir sobre contexto político
brasileiro, no seu percurso histórico da base legal que orienta e educação brasileira.
Ainda nesta aula, será abordada a concepção da Lei de Diretrizes e Bases da
Educação Nacional (Lei nº 9.394/96) e como está dividido a estrutura e o
funcionamento do ensino.

Espero que estes textos colaborem para a sua melhor compreensão sobre o tema de
nossa primeira unidade.

Boa leitura!
Ciência Política: evolução
do conceito

AUTORIA
Fabiane Fantacholi Guimarães
A ciência política, como diz o nome, trata de uma categoria particular de
fenômenos histórico-sociais: os fenômenos políticos, em resumo, a ciência política é
o estudo da política, das estruturas, e ainda dos processos de governo.

Então, o que é a política?

A primeira coisa que vem à mente da maior parte da população quando se lê ou


ouve a palavra política é a imagem dos políticos pro ssionais e dos locais onde eles
atuam ou estão mais presentes: no Executivo, no Congresso Nacional, nos
Ministérios. Eles são também os atores principais de campanhas eleitorais, líderes
locais, entre outros. Essa ideia não é cienti camente errada. De fato, isso também é
política, no entanto, essa ideia de política, conteúdo é muito restrita, e é insu ciente.

Se prestarmos atenção a esses elementos, que de modo habitual entendemos como


sinônimos de política, percebemos que todos eles se referem, de alguma maneira,
ao poder de Estado: como consegui-lo, como mantê-lo, como usá-lo.

O Estado e todos os fatos políticos ligados a ele, como aqueles a que acabamos de
referir, até o presente momento em nossa unidade, são os principais fenômenos
políticos das sociedades humanas. É por isso que as pessoas tendem a confundir
política com Estado ou mais simplesmente com governo, embora os fatos políticos
ligados ao Estado e ao poder Estado também constituem o principal foco de
atenção da ciência política.

Assim, caro(a) graduando(a), para esclarecer melhor esta questão, vamos entender a
política como uma ordem particular de fenômenos que ocorrem em todas as
sociedades humanas e aos quais daremos o nome de fenômenos políticos. Como
mencionamos no início de nossa unidade, essa é uma de nição mais ampla de
política. Ela é importante porque a ciência política estuda todos os fenômenos
políticos das sociedades humanas, e não somente política legal e os processos de
governo. (LEITE, 2016).

Então, a noção de ciência política não é recente. Está presente desde a Grécia
Antiga, se recordarmos das ideias e das re exões de Aristóteles, que nos deixou a
primeira grande obra Política, e de Platão, criador de um sistema político, em seu
livro República. Em seu livro, Platão apresenta o modelo de sociedade deveria
adotar um sistema de Educação em que todos os cidadãos teriam igualdade de
condições, em que “o objetivo é mostrar que o conhecimento é a chave para o bem-
estar de uma sociedade”. (LEITE, 2016, p. 31).

Segundo o autor Friede (2017, p.41) a caracterização histórica da ciência política é

[...] oriunda da Antiguidade clássica, do vocábulo política como espécie


designativa da polis (cidade) grega, a verdade é que, em sentido
designativo amplo, a Ciência Política sempre traduziu o estudo dos
elementos basilares e representativos da convivência humana em
sociedade. (grifo do autor)
Nesse particular aspecto, o autor Friede (2017, p. 41, grifo do autor) descreve que “[...]
não podemos deixar de assinalar a vida política e os próprios fatos políticos sempre
foram objeto de observação e re exão dentro de um contexto primitivo de Ciência
Política [...]”, ainda que muitos já escrevessem respeitáveis considerações a respeito
do tema, como: lósofos, poetas, escritores, entre outros. Apesar de que somente a
partir do século XIX a ciência política tenha o cialmente sido reconhecida como
um verdadeiro ramo do conhecimento cientí co.

Sendo assim, caro(a) estudante, a ciência política trabalha com os cenários atuais,
com vistas a uma prospectiva. Nos diferentes momentos históricos ela se incumbe
da crítica aos fatos histórico-sociais, analisando os que acenam para o futuro e
poderão contribuir para o delineamento de projetos e de ações governamentais e
sociais que conduzam ao bem-estar social.
Contexto político brasileiro

AUTORIA
Fabiane Fantacholi Guimarães
No Brasil, atrasado por séculos de um período colonial, no qual nossas riquezas eram
levadas para a Europa e a escravidão era o grande comércio, as diferentes tentativas
de revolução foram abafadas pelo colonizador português. Mesmo após a
independência do Brasil, em 7 de setembro de 1822, durante todo o Império, as
ideologias políticas que estavam em discussão em diferentes países pouco afetaram
a realidade social e educacional brasileira.

Para Ney (2008), o período Imperial de 1822 a 1889 foi marcado pela política
educacional do Império, que se fundamentava no liberalismo e caracterizava-se pela
educação conservadora. A Constituição de 1824 instituía “a instrução primária
gratuita para todos os cidadãos” em seu Artigo 179 (e, de certa forma,
correspondente ao Artigo 5º da Constituição Federal de 1988, em termos de direitos
e de garantias individuais, resguardadas as diferenças circunstanciais de cada
período histórico).

As primeiras décadas do século XX marcaram a política educacional brasileira pela


criação da Universidade do Rio de Janeiro, em 7 de setembro de 1920, passou a se
chamar Universidade do Brasil e atualmente Universidade Federal do Rio de Janeiro.
O movimento da Escola Nova, liderado pelos reformadores da época, leva à criação
da Associação Brasileira de Educação (ABE), em 1924 por intelectuais com o objetivo
de in uir na implantação de novas políticas na Educação. (VALLE; COSTA, 2009).

O Ministério da Educação foi criado em 14 de novembro de 1930, logo após a


chegada da Era Vargas. Com o nome de Ministério da Educação e Saúde Pública
teve como ministros no período de 1930 a 1945: Francisco Campos, Washington Pires
e Gustavo Capanema. A instituição desenvolvia atividades pertinentes a vários
ministérios, como saúde, esporte, educação e meio ambiente. (NEY, 2008).

Entretanto, os intelectuais renovadores da Educação, entre eles Anísio Teixeira,


Lourenço Filho, Fernando de Azevedo, Cecília Meireles entre outros educadores, não
tiveram suas propostas políticas de transformação da Educação brasileira apoiadas
pelo movimento de 1930, que culminou no período de ditadura de Getúlio Vargas e
o autoritarismo do Estado Novo de 1937-1945. (NEY, 2008) (VALLE; COSTA, 2009).

O manifesto dos Pioneiros sugeria que o Estado organizasse um plano geral de


educação e de nisse a bandeira de uma escola única, pública, laica, obrigatória e
gratuita. Nessa época, a Igreja era concorrente do Estado na área da Educação.

Do Manifesto dos Pioneiros, em 1932, ao Manifesto dos Educadores, em 1959, houve


toda uma história de lutas por uma escola melhor. Nos anos seguintes, as reformas
educacionais previstas na Lei nº 4.024 de 1961, que estabelecia as Diretrizes e Bases
da Educação Nacional, a Lei nº 5.540 de 1968, que xava normas de organização e
funcionamento do Ensino Superior e a Lei nº. 5.692 de 1971, que implantou o ensino
de 1º e 2º graus, sofreram, e ainda sofrem, críticas severas de todos os setores.
(VALLE; COSTA, 2009).
Em 1962, são criadas, em função da LDBEN, o Conselho Federal de Educação em
substituição do Conselho Nacional de Educação e os Conselhos Estaduais de
Educação. Nesse ano, também é lançado o Plano Nacional de Educação (PNE) e o
Programa Nacional de Alfabetização (PNA), pelo Ministério da Educação e Cultura
(MEC), utilizando-se o método Paulo Freire. (NEY, 2008).

FICA A DICA

Livro

No livro Os Intelectuais da Educação de Helena


Bomeny, você cará sabendo mais sobre como os
intelectuais da educação, já nas primeiras décadas
do século XX, se mobilizaram na missão de
modernizar o país através da Educação. Eles tinham
um projeto de nação para o Brasil e o Manifesto dos
Pioneiros, por eles redigido e assinado, re etia todos
os seus ideais. Personalidades como Anísio Teixeira,
Lourenço Filho, Darcy Ribeiro e Paulo Freire são
falados no livro e suas ideias ainda desa am nossa
luta como cidadãos brasileiros pela construção de
um sistema educacional democrático.

Notamos, até o presente momento, que anos de 1960 e 1970 é recordar um período
marcado por movimentos estudantis, re exo das di culdades por que passavam os
educadores, introduzidos na massa brasileira, oprimida pelo movimento de 1964. E o
ano de 1968 será sempre um marco da história política do Brasil, pelo
endurecimento das ações da ditadura. (VALLE; COSTA, 2009).

Com a chegada dos anos de 1980, inicia-se uma revisão do exagero das teorias
reprodutivistas, uma postura menos ingênua e mais realista em relação ao papel
social da Educação. Aqui, caro(a) estudante, percebemos com nitidez que existem
limites econômicos, ideológicos, culturais e de classe, que fazem com que a
Educação não possa fazer tudo o que re etíamos. Existe uma “distância entre a
adesão intelectual às ideias progressistas e a inserção na prática progressista”
(VALLE; COSTA, 2009, p. 23), no qual a mudança só se sela quando a prática político-
pedagógica transcende a re exão e passa a ação.
O início da década de 1980 é marcado por movimentos sociais, pela organização de
diferentes categorias em associações, pela mobilização dos professores por
melhores salários, melhores condições de trabalho, melhor formação pro ssional,
melhores escolas. Assim, surgem, em todo o Brasil, entidades nacionais
representativas dos educadores, sem contar com inúmeros sindicatos e outras
associações estaduais e até municipais, que passaram a congregar grupos de
professores por especi cidades de atuação pedagógica. (VALLE; COSTA, 2009).

No nal de 1990, o presidente anunciou à nação o Programa Nacional de


Alfabetização e Cidadania (PNAC), cuja versão preliminar foi divulgada às
universidades e redes de 1º e 2º graus pelo Ministério da Educação, no qual o
governo de Fernando Collor rea rmou suas preocupações com valorização
pro ssional do professor e com o combate ao analfabetismo. (VALLE; COSTA, 2009).

Entre o período de 1980 e 1990, foi possível desenhar cenas do campo educacional
em dois pontos de vista, sendo elas: a “declaradamente socialista que defendia a
universalização em todos os graus de ensino da escola pública e gratuita” e a outra,
“de caráter liberal que propunha liberdade para o ensino e que discutia amplamente
as concepções de ensino público e de verbas públicas. Os anos 1990, embora com
menos ênfase, mantiveram essas tendências”. (VALLE; COSTA, 2009, p. 27).
Enfoque das Políticas
Públicas em educação

AUTORIA
Fabiane Fantacholi Guimarães
A história da educação brasileira nos aponta para o fato de encontrarmos as lutas
entre conservadores e progressistas sempre presentes, por ocasião do processo de
discussão e votação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Assim, na
circunstância da Lei nº 4.024/61, que não conseguiu aprofundar as questões
educacionais, apresentado questões genéricas.

É apropriado relembrar que quando esta lei de ensino foi aprovada, a sociedade
brasileira se encontrava em meio a uma turbulência político-social, em decorrência
da falta de consenso político entre as diferentes correntes, assim como crescia o
descontentamento da classe trabalhadora diante da escalada in acionária que
provocava recessão em virtude do re uxo do crescimento da economia nos últimos
anos.

Esta visão histórica ainda faz lembrar a luta pelo processo de implantação do
sistema capitalista, que imputou à sociedade diferentes concepções de Educação.
Esta situação tem se traduzido em diferentes leis que buscam, pela legalidade,
consolidação das ideias dominantes, bem como aponta para a compreensão de
como se desenvolveram os sistemas educacionais. (VALLE; COSTA, 2009, grifo
nosso).

Como vimos no tópico anterior, nos ns dos anos 1970 e durante a década de 1980,
os debates sobre a democratização do Estado e a liberdade de expressão começam
a tomar conta das associações representativas da sociedade civil, confortados pelos
movimentos sindicais, que prepararam diversos atos de debate como: as greves por
melhores salários e condições de trabalho, ajudando, assim, na exposição da
imprescindibilidade de repensar a organização social brasileira. (VALLE; COSTA,
2009).

Desta forma, devido a estes movimentos sindicais da época, em 1986, foi de total
importância para o marco histórico, pois as propostas foram apresentadas por meio
do documento conhecido como a Carta de Goiânia, na IV Conferência Brasileira de
Educação, já que abrangia colaborações do professorado.

Os debates foram muitos até chegarem a um consenso dentro do que fosse


possível. Por isso, este era um momento inigualável na participação da sociedade
civil organizada, pois estavam presentes nas discussões sobre a nova Lei de
Diretrizes e Bases da Educação Nacional, fazendo com que chegassem à Comissão
de Educação da Câmara Federal inúmeras propostas que queriam ver acolhidas.

Deste modo, houve uma preocupação em situar a elaboração desta nova lei de
ensino, que representa o nosso horizonte, caro(a) estudante, para os comentários
que serão feitos nesta unidade de estudo acerca de alguns itens que considerasse
importante para o desenvolvimento do trabalho pro ssional. Desse mesmo modo,
será tomado cuidado nas alterações que vêm se processando na legislação
educacional, pois é muito importante que você, graduando(a), também esteja
atento(a), porque a lei de ensino normativa a estrutura e a ação educativa em
território nacional, ou seja, o desenvolvimento de nossa organização escolar e de
nossa prática educativa.
Lei de Diretrizes e Bases da
Educação Nacional

AUTORIA
Fabiane Fantacholi Guimarães
Promulgada em 20 de dezembro de 1996, a Lei nº 9.394 aponta os caminhos
políticos na área de Educação para as próximas décadas. Uma análise destas
políticas são os eixos de nossa aula, sabendo que muitas outras discussões
continuam a ocorrer, a m de que seja possível sua operacionalização.

Para melhor entendermos a abordagem deste tópico, é fundamental de nirmos


inicialmente o que compreendemos por Diretrizes.

CONCEITUANDO
Diretrizes, segundo Silva (1998, p.13), “são linhas norteadoras,
orientações, guias ou rumos que de nem e regulam um projeto, um
caminho ou uma trajetória a ser seguida”.

Já as bases, para Silva (1998, p. 13), “equivalem aos meios institucionais e


como a funcionalidade educativa se desenvolve na área pública e na
área privada, no qual concerne ao discernimento das competências em
cada fase da ação educativa”.

Nessa perspectiva, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN) é


fundamentada como a normativa que regulamenta toda a educação brasileira e, por
isso mesmo, preconiza os princípios norteadores do ordenamento educacional geral
do país. Por ter uma natureza generalista, a maioria de seus petrechos tem a
necessidade de normatização em normativas legais adicionais. Sendo assim, são
nesses casos que as políticas públicas educacionais vão se efetivando mediante dos
projetos governamentais.

Embora em nossa aula a intenção seja de enfatizar alguns artigos da LDBEN


9.394/96, considera-se relevante ressaltar outros aspectos, sem os quais não é
possível conceber a estrutura e a organização da educação nacional. Em primeiro
lugar, será destacado o conceito de educação trazido no Artigo 1:

Art. 1. A educação abrange os processos formativos que se desenvolvem


na vida familiar, na convivência humana, no trabalho, nas instituições
de ensino e pesquisa, nos movimentos sociais e organizações da
sociedade civil e nas manifestações culturais.
Segundo Carneiro (2015), esse primeiro artigo rompe com o antigo conceito presente
nas legislações anteriores, que considera a educação como sinônimo de ensino.
Educar, na nova LDBEN, signi ca promover “[...] ações e processos complexos como:
desenvolver, formar, quali car, aprender a aprender, aprender a pensar, aprender a
intervir e aprender a mudar” (CARNEIRO, 2015, p. 38). Assim, podemos perceber que
a nova LDBEN está em consonância com a Declaração de Jomtien (Tailândia), de 09
de março de 1990.

A LDBEN de 1996 assinala ser incumbência da União em seu Artigo 9, inciso IV:

IV - Estabelecer, em colaboração com os Estados, o Distrito Federal e os Municípios,


competências e diretrizes para a educação infantil, o ensino fundamental e o ensino
médio, que nortearão os currículos e seus conteúdos mínimos, de modo a assegurar
formação básica comum.

Desde sua promulgação, em 20 de dezembro de 1996, a LDBEN redesenhou o


sistema educacional brasileiro em dois níveis de ensino: a Educação Básica e o
Ensino Superior.

A Educação Básica atualmente é composta por três etapas, conforme o Artigo 21, “I -
educação básica, formada pela educação infantil, ensino fundamental e ensino
médio”. Vale recordar que na lei anterior nº 5.692/71 existia apenas um artigo que se
referia à Educação Infantil, diferente da nova lei.

1ª Etapa: Educação Infantil: creches (0 a 3 anos) e pré-escolas (4 a 5 anos) e é de


competência dos municípios brasileiros.

Art. 29. A educação infantil, primeira etapa da educação básica, tem


como nalidade o desenvolvimento integral da criança de até 5 (cinco)
anos, em seus aspectos físico, psicológico, intelectual e social,
complementando a ação da família e da comunidade. (Redação dada
pela Lei nº 12.796, de 2013).
ATENÇÃO
A Resolução nº. 3, de 3 de agosto de 2005, do Conselho Nacional de
Educação (CNE) modi cou a nomenclatura a ser adotada para a
Educação Infantil e o Ensino Fundamental. A Educação Infantil, primeira
etapa da Educação Básica brasileira, não existe reprovação, apenas o
acompanhamento e registro do desenvolvimento das crianças.
Segundo preconiza a LDBEN/96, essa fase tem como nalidade
precípua o desenvolvimento integral da criança até os 5 anos, em seus
aspectos físico, psicológico, intelectual e social.

2ª Etapa: Ensino Fundamental: anos iniciais (1º ao 5º) e anos nais (6º ao 9º).
Com duração mínima de nove anos e matrícula obrigatória aos seis anos de
idade, é a etapa que objetiva, conforme preconiza o Artigo 32.

Art. 32. O ensino fundamental obrigatório, com duração de 9 (nove)


anos, gratuito na escola pública, iniciando-se aos 6 (seis) anos de idade,
terá por objetivo a formação básica do cidadão, mediante: (Redação
dada pela Lei nº 11.274, de 2006).

I - o desenvolvimento da capacidade de aprender, tendo como meios


básicos o pleno domínio da leitura, da escrita e do cálculo;
II - a compreensão do ambiente natural e social, do sistema político, da
tecnologia, das artes e dos valores em que se fundamenta a sociedade;
III - o desenvolvimento da capacidade de aprendizagem, tendo em vista
a aquisição de conhecimentos e habilidades e a formação de atitudes e
valores;
IV - o fortalecimento dos vínculos de família, dos laços de solidariedade
humana e de tolerância recíproca em que se assenta a vida social.
SAIBA MAIS
Você caro(a), estudante, sabia que em fevereiro de 2006, o Conselho
Nacional de Educação (CNE) apresentou a Lei Federal nº. 11.274, alterou a
redação dos artigos 29, 30, 32 e 87 da LDBEN/96, sobre o ingresso da
criança no Ensino Fundamental e o tempo de duração da educação
obrigatória. Essa lei complementou a legislação anterior, de modo a
determinar ao Estado o papel que lhe incumbe no sentido de
responsabilizar o poder público pela oferta dessas vagas.

3ª Etapa: Ensino Médio: 1º ao 3º ano, tem a duração mínima de três anos e é de


responsabilidade dos estados. De acordo com o Artigo 35 da LDBEN, essa etapa
da educação tem como objetivos:

I - A consolidação e o aprofundamento dos conhecimentos adquiridos


no ensino fundamental, possibilitando o prosseguimento de estudos;
II - A preparação básica para o trabalho e a cidadania do educando,
para continuar aprendendo, de modo a ser capaz de se adaptar com
exibilidade a novas condições de ocupação ou aperfeiçoamento
posteriores;
III - o aprimoramento do educando como pessoa humana, incluindo a
formação ética e o desenvolvimento da autonomia intelectual e do
pensamento crítico;
IV - A compreensão dos fundamentos cientí co-tecnológicos dos
processos produtivos, relacionando a teoria com a prática, no ensino de
cada disciplina.

A Educação Superior está expressa nos artigos 43 a 57 da LDBEN/96. Ela é da


alçada da União, podendo ser ofertada por estados e municípios, desde que
estes já tenham assistidas as modalidades pelas quais são responsáveis em sua
totalidade. Também cabe à União autorizar e scalizar as instituições privadas
de ensino superior.
Art. 43. A educação superior tem por nalidade:
I - Estimular a criação cultural e o desenvolvimento do espírito
cientí co e do pensamento re exivo;
II - Formar diplomados nas diferentes áreas de conhecimento, aptos
para a inserção em setores pro ssionais e para a participação no
desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação
contínua;
III - incentivar o trabalho de pesquisa e investigação cientí ca, visando
o desenvolvimento da ciência e da tecnologia e da criação e difusão da
cultura, e, desse modo, desenvolver o entendimento do homem e do
meio em que vive;
IV - Promover a divulgação de conhecimentos culturais, cientí cos e
técnicos que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o
saber através do ensino, de publicações ou de outras formas de
comunicação;
V - Suscitar o desejo permanente de aperfeiçoamento cultural e
pro ssional e possibilitar a correspondente concretização, integrando
os conhecimentos que vão sendo adquiridos numa estrutura
intelectual sistematizadora do conhecimento de cada geração;
VI - Estimular o conhecimento dos problemas do mundo presente, em
particular os nacionais e regionais, prestar serviços especializados à
comunidade e estabelecer com esta uma relação de reciprocidade;
VII - promover a extensão, aberta à participação da população, visando
à difusão das conquistas e benefícios resultantes da criação cultural e
da pesquisa cientí ca e tecnológica geradas na instituição.
VIII - Atuar em favor da universalização e do aprimoramento da
educação básica, mediante a formação e a capacitação de pro ssionais,
a realização de pesquisas pedagógicas e o desenvolvimento de
atividades de extensão que aproximem os dois níveis escolares.
(Incluído pela Lei nº 13.174, de 2015).

A gura a seguir ilustra os níveis de ensino e Modalidade de Educação segundo a


LDBEN/96:
Fonte: Elaborado pela autora, 2019, com base na LDBEN/96.

A educação brasileira conta ainda com algumas modalidades de ensino que


perpassam todos os níveis da educação nacional. São elas:

Educação Especial: atende aos estudantes com necessidades especiais,


preferencialmente na rede regular de ensino.
Art. 58. Entende-se por educação especial, para os efeitos desta Lei, a
modalidade de educação escolar oferecida preferencialmente na rede
regular de ensino, para educandos com de ciência, transtornos globais
do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação. (Redação
dada pela Lei nº 12.796, de 2013).
§ 1º Haverá, quando necessário, serviços de apoio especializado, na
escola regular, para atender às peculiaridades da clientela de educação
especial.
§ 2º O atendimento educacional será feito em classes, escolas ou
serviços especializados, sempre que, em função das condições
especí cas dos alunos, não for possível a sua integração nas classes
comuns de ensino regular.
§ 3º A oferta de educação especial, dever constitucional do Estado, tem
início na faixa etária de zero a seis anos, durante a educação infantil.
§ 3º A oferta de educação especial, nos termos do caput deste artigo,
tem início na educação infantil e estende-se ao longo da vida,
observados o inciso III do art. 4º e o parágrafo único do art. 60 desta Lei.
(Redação dada pela Lei nº 13.632, de 2018).

Ainda sobre educação especial, Artigo 59 da LDBEN determina que “Os sistemas de
ensino assegurarão aos educandos com de ciência, transtornos globais do
desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação: (Redação dada pela Lei nº
12.796, de 2013)”.

Educação Pro ssional e Tecnológica: visa a preparar os estudantes para


exercerem atividades produtivas, atualizar e aperfeiçoar conhecimentos
tecnológicos e cientí cos.

Art. 39. A educação pro ssional e tecnológica, no cumprimento dos


objetivos da educação nacional, integra-se aos diferentes níveis e
modalidades de educação e às dimensões do trabalho, da ciência e da
tecnologia. (Redação dada pela Lei nº 11.741, de 2008).
§ 1º Os cursos de educação pro ssional e tecnológica poderão ser
organizados por eixos tecnológicos, possibilitando a construção de
diferentes itinerários formativos, observadas as normas do respectivo
sistema e nível de ensino. (Incluído pela Lei nº 11.741, de 2008).
§ 2º A educação pro ssional e tecnológica abrangerá os seguintes
cursos: (Incluído pela Lei nº 11.741, de 2008).
I - De formação inicial e continuada ou quali cação pro ssional;
(Incluído pela Lei nº 11.741, de 2008).
II - De educação pro ssional técnica de nível médio; (Incluído pela Lei
nº 11.741, de 2008).
III - De educação pro ssional tecnológica de graduação e pós-
graduação. (Incluído pela Lei nº 11.741, de 2008).
§ 3º Os cursos de educação pro ssional tecnológica de graduação e
pós-graduação organizar-se-ão, no que concerne a objetivos,
características e duração, de acordo com as diretrizes curriculares
nacionais estabelecidas pelo Conselho Nacional de Educação. (Incluído
pela Lei nº 11.741, de 2008).
Educação de Jovens e Adultos (EJA): atende as pessoas que não tiveram
acesso à educação na idade apropriada.

Art. 37. A educação de jovens e adultos será destinada àqueles que não
tiveram acesso ou continuidade de estudos nos ensinos fundamental e
médio na idade própria e constituirá instrumento para a educação e a
aprendizagem ao longo da vida. (Redação dada pela Lei nº 13.632, de
2018).

Educação Indígena: atende as comunidades indígenas, de forma a respeitar a


cultura e a língua materna de cada tribo.

Art. 78. O Sistema de Ensino da União, com a colaboração das agências


federais de fomento à cultura e de assistência aos índios, desenvolverá
programas integrados de ensino e pesquisa, para oferta de educação
escolar bilíngue e intercultural aos povos indígenas, com os seguintes
objetivos:
I - Proporcionar aos índios, suas comunidades e povos, a recuperação
de suas memórias históricas; a rea rmação de suas identidades étnicas;
a valorização de suas línguas e ciências;
II - Garantir aos índios, suas comunidades e povos, o acesso às
informações, conhecimentos técnicos e cientí cos da sociedade
nacional e demais sociedades indígenas e não-índias.

Educação a Distância (EAD): atende aos educandos em tempos e espaços


diversos, com a utilização de meios e tecnologias de informação e
comunicação. De acordo com o Decreto nº 9.057/2017, compete às autoridades
dos sistemas de ensino estaduais, municipais e distritais, autorizar os cursos e o
funcionamento de instituições de EAD nos seguintes níveis e modalidades, em
seu Artigo 8 da LDBEN.

Art. 8º Compete às autoridades dos sistemas de ensino estaduais,


municipais e distrital, no âmbito da unidade federativa, autorizar os
cursos e o funcionamento de instituições de educação na modalidade a
distância nos seguintes níveis e modalidades:
I - Ensino fundamental, nos termos do §4º do art. 32 da Lei nº 9.394, de
20 de dezembro de 1996;
II - Ensino médio, nos termos do§11 do art. 36 da Lei nº 9.394, de 1996;
III - Educação pro ssional técnica de nível médio;
IV - Educação de jovens e adultos; e
V - Educação especial.

Em relação aos cursos de Ensino Superior a distância, o mesmo Decreto, em seu


Artigo 11. Dispõe que:
Art. 11. As instituições de ensino superior privadas deverão solicitar
credenciamento para a oferta de cursos superiores na modalidade a
distância ao Ministério da Educação.
§ 1º O credenciamento de que trata o caput considerará, para ns de
avaliação, de regulação e de supervisão de que trata a Lei nº 10.861, de
14 de abril de 2004, a sede da instituição de ensino acrescida dos
endereços dos polos de educação a distância, quando previstos no
Plano de Desenvolvimento Institucional e no Projeto Pedagógico de
Curso.
§ 2º É permitido o credenciamento de instituição de ensino superior
exclusivamente para oferta de cursos de graduação e de pós-
graduação lato sensu na modalidade a distância.
§ 3º A oferta de curso de graduação é condição indispensável para a
manutenção das prerrogativas do credenciamento de que trata o § 2º.
§ 4º As escolas de governo do sistema federal credenciadas pelo
Ministério da Educação para oferta de cursos de pós-graduação lato
sensu poderão ofertar seus cursos nas modalidades presencial e a
distância.
§ 5º As escolas de governo dos sistemas estaduais e distrital deverão
solicitar credenciamento ao Ministério da Educação para oferta de
cursos de pós-graduação lato sensu na modalidade a distância.

Ademais, destacamos aqui que, além dos níveis e das modalidades de ensino, a
LDBEN/1996 aborda também temas como: recursos nanceiros e formação dos
pro ssionais da educação.

Fundamentadas na LDBEN, as Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN’s), como


normas obrigatórias para a Educação Básica, objetivam orientar o projeto político-
pedagógico, o planejamento curricular das escolas e dos sistemas de ensino,
norteando seus currículos e conteúdos mínimos a serem ministrados.

As DCN’s segundo Rodrigues (2018, s/p.)

[...] são normas obrigatórias para a Educação Básica que orientam o


planejamento curricular das escolas e dos sistemas de ensino. Elas são
discutidas, concebidas e xadas pelo Conselho Nacional de Educação
(CNE). Mesmo depois que o Brasil elaborou a Base Nacional Comum
Curricular (BNCC), as Diretrizes continuam valendo porque os
documentos são complementares: as Diretrizes dão a estrutura; a Base
o detalhamento de conteúdos e competências.

Toda escola, desde a promulgação da LDBEN, precisa ter um projeto político-


pedagógico. Esse documento deve explicitar as características que gestores,
professores, colaboradores, país/responsáveis e alunos têm como objetivo
estabelecer na unidade escolar e qual formação querem para os que ali estudam.
A LDBEN em seus Artigos 12, 13 e 14 estabelece de forma bastante enfática a
responsabilidade da escola e de seus pro ssionais, “respeitadas as normas comuns e
as do sistema de ensino” a elaboração do projeto pedagógico, conforme podemos
constatar nos artigos citados e seus incisos:

Art. 12. Os estabelecimentos de ensino, respeitadas as normas comuns


e as do seu sistema de ensino, terão a incumbência de:
I - Elaborar e executar sua proposta pedagógica;
[...]
VII - Informar pai e mãe, conviventes ou não com seus lhos, e, se for o
caso, os responsáveis legais, sobre a frequência e rendimento dos
alunos, bem como sobre a execução da proposta pedagógica da escola;
(Redação dada pela Lei nº 12.013, de 2009).
Art. 13. Os docentes incumbir-se-ão de:
I - Participar da elaboração da proposta pedagógica do
estabelecimento de ensino;
II - Elaborar e cumprir plano de trabalho, segundo a proposta
pedagógica do estabelecimento de ensino;
[...]
Art. 14. Os sistemas de ensino de nirão as normas da gestão
democrática do ensino público na educação básica, de acordo com as
suas peculiaridades e conforme os seguintes princípios:
I - Participação dos pro ssionais da educação na elaboração do projeto
pedagógico da escola;
[...]

Acredita-se que a repetição da expressão “proposta ou projeto pedagógico”, além de


estimular os pro ssionais da Educação e sua comunidade escolar na condução do
fazer pedagógico, ressalta a possibilidade de gestão democrática, explícita nos
princípios do Artigo 15 “Os sistemas de ensino assegurarão às unidades escolares
públicas de educação básica que os integram progressivos graus de autonomia
pedagógica e administrativa e de gestão nanceira, observadas as normas gerais de
direito nanceiro público”.

CONECTE-SE
Vimos como a aprovação de uma Lei depende da correlação de forças
existentes no Congresso, no entanto, para se lutar, é necessário que se
conheça o conteúdo das propostas. Assim sendo, é conveniente analisar
um capítulo de fundamental importância, que aponta a nossa formação
e de ne nossa responsabilidade, são eles: Artigo 67 inciso II, e a Lei
11.738/08. Com isso é importante visitar o site, para ter conhecimento
desses artigos.
O projeto pedagógico é o referencial das escolas, detalhando aspectos pedagógicos
da organização escolar, o que comprova a veracidade do valor atribuído a essa
questão pela atual legislação educacional (VEIGA; FONSECA, 2011), quer dizer, o
marco do projeto político-pedagógico foi justamente na LDBEN/96, que intensi ca a
elaboração e autonomia da escola de desenhar os traços gerais de sua própria
identidade da construção de projetos diferenciados, de acordo com suas
necessidades especiais.

No entanto, as autoras Veiga e Fonseca (2011, p. 224) expõem que “[...] a construção
do projeto pedagógico, quando perpassada pela re exão crítica, quali ca os atores
sociais que o concebem, executam e avaliam como produtores de uma escola que
pode orientar suas práticas para a transformação social”.

Ainda Veiga e Fonseca (2011, p. 228) acrescentam que “[...] o projeto político-
pedagógico leva a escola a construir sua autonomia e sua identidade”. Nessa
perspectiva do que não está acabado, “esse projeto deve ser continuamente
redimensionado, visto que as identidades da escola, do professor, do aluno e da
sociedade estão em permanente transformação”.

Nessa perspectiva, o projeto político-pedagógico vai além de um


simples agrupamento de planos de ensino e de atividades diversas. O
projeto não é algo que é construído e em seguida arquivado ou
encaminhado às autoridades educacionais como prova do
cumprimento de tarefas burocráticas. Ele é construído e vivenciado em
todos os momentos, por todos os envolvidos com o processo educativo
da escola. (VEIGA, 2011, p. 12-13).

Para tanto, o projeto busca um direcionamento, como se fosse uma bússola. É uma
ação que tem uma determinada intenção, com um sentido declarado, como um
compromisso de nido coletivamente pelos integrantes da instituição escolar. Desse
modo,

[...] todo projeto pedagógico da escola é, também, um projeto político


por estar intimamente articulado ao compromisso sociopolítico com os
interesses reais e coletivos da população majoritária. É político no
sentido de compromisso com a formação do cidadão para um tipo de
sociedade. (VEIGA, 2011, p. 13).

Ainda a autora Veiga (2011) acrescenta ressaltando que no âmbito pedagógico


[...] reside a possibilidade da efetivação da intencionalidade da escola,
que é a formação do cidadão participativo, responsável,
compromissado, crítico e criativo. Pedagógico, no sentido de de nir as
ações educativas e as características necessárias às escolas de
cumprirem seus propósitos e sua intencionalidade. (VEIGA, 2011, p. 13).

Assim sendo, o projeto pedagógico se torna nosso instrumento de trabalho, uma vez
que de ne as políticas e os princípios losó cos, aprimora os recursos pedagógicos
e nanceiros, mobilizando os diferentes setores para a consecução dos objetivos.
Não elaborá-lo signi ca abrir mão de um documento que legitima nossas ações.

O projeto pedagógico precisa ser elaborado coletivamente por todos os envolvidos


na comunidade escolar, tendo como referência uma consciência crítica de seu
cotidiano, de sua concepção de educação, de sociedade, do homem que se quer
formar e de cidadania. Ele representa uma maneira que vai além da centralização
burocrática para alcançar os objetivos educacionais. “Constitui uma expressão de
gestão democrática, cuja elaboração deve guiar-se pelos princípios de igualdade,
qualidade, liberdade, valorização do magistério etc.”. (PILETTI, 2010, p. 174).

No artigo 3º da LDBEN/96, estão implícitos os princípios norteadores do projeto-


pedagógico, vide abaixo:
Art. 3º O ensino será ministrado com base nos seguintes
princípios:
I - Igualdade de condições para o acesso e permanência
na escola;
II - Liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar a
cultura, o pensamento, a arte e o saber;
III - Pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas;
IV - Respeito à liberdade e apreço à tolerância;
V - Coexistência de instituições públicas e privadas de
ensino;
VI - Gratuidade do ensino público em estabelecimentos
o ciais;
VII - Valorização do pro ssional da educação escolar;
VIII - Gestão democrática do ensino público, na forma
desta Lei e da legislação dos sistemas de ensino;
IX - Garantia de padrão de qualidade;
X - Valorização da experiência extra-escolar;
XI - Vinculação entre a educação escolar, o trabalho e as
práticas sociais.
XII - Consideração com a diversidade étnico-racial.
(Incluído pela Lei nº 12.796, de 2013).
XIII - garantia do direito à educação e à aprendizagem ao
longo da vida. (Incluído pela Lei nº 13.632, de 2018).
(Grifo nosso)

Também prevista no Artigo 206º, inciso I, da Constituição Federal de 1988,


“igualdade de condições para o acesso e permanência na escola” e no Artigo 53
do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) Lei nº 8.069 de 13 de julho de 1990.
Art. 53. A criança e o adolescente têm direito à educação,
visando ao pleno desenvolvimento de sua pessoa, preparo
para o exercício da cidadania e quali cação para o
trabalho, assegurando-se lhes:
I - Igualdade de condições para o acesso e permanência
na escola;
II - Direito de ser respeitado por seus educadores;
III - Direito de contestar critérios avaliativos, podendo
recorrer às instâncias escolares superiores;
IV - Direito de organização e participação em entidades
estudantis;
V - Acesso à escola pública e gratuita próxima de sua
residência.
(BRASIL, 1990. Grifo nosso).

Como vimos, em nossa unidade, caro(a) graduando(a), os textos legais abordados


garantem aos indivíduos o ingresso e a permanência na escola visando a que todos
tenham condições iguais de acesso ao conhecimento sistematizado. Nesse contexto,
não podemos deixar de lado que a educação tem uma notável função de avanço
social e o espaço escolar deve favorecer o desenvolvimento de habilidades e
competências para o exercício da cidadania, bem como a inserção social de todos os
brasileiros.

REFLITA
“Uma coisa não é justa porque é lei, mas deve ser lei porque é justa”
(MONTESQUIEU).
Conclusão - Unidade 1

Finalizando nossa Unidade I, no primeiro momento de nimos o objeto de estado da


ciência política, isto é, a política e os fenômenos políticos. Vimos como a política
refere-se, sempre, a processos que envolvem poder, e como a Ciência Política busca
descrever e explicar esses processos. Também distinguimos claramente ciência e
política, de modo a deixar claro que a ciência política não se confunde com a política
propriamente dita (seu objeto de estudo). Essa distância é muito importante para que
a ciência política seja, de fato, uma ciência.

Estudamos o contexto político brasileiro desde o início da história da Educação


brasileira e suas preocupações com políticas públicas de Educação, os enfoques das
políticas públicas em Educação até chegarmos ao ponto de partida para
entendermos a estrutura e o funcionamento do ensino é Lei de Diretrizes e Bases da
Educação Nacional, Lei nº 9.394, promulgada de 1996. É por meio dela que a
educação escolar se efetiva e se desenvolve no Brasil.

Queremos lembrar você, acadêmico(a), que dentro de cada modalidade de ensino


sempre haverá temas polêmicos, pois muitas vezes não encontramos dentro da
própria categoria de pro ssionais de Educação um único caminho para os vários
temas.

É nosso dever de cidadão acompanhar permanentemente os andamentos das


discussões e as novas resoluções que estão sendo apresentadas pelo Conselho
Nacional de Educação.

É importante, portanto, que cada um de nós, pro ssionais da Educação, estejamos


participando destas discussões a m de podermos contribuir para uma legislação
que favoreça o desenvolvimento de nosso próprio trabalho e consequentemente o
desenvolvimento de nosso aluno.

Assim, convidamos você, estudioso(a) interessado(a), a consultar as Referências, de


modo a aprofundar seu conhecimento.
Livro
Unidade 2
Concepção da Lei de
Diretrizes e Bases da
Educação Nacional - Lei
9.394/96

AUTORIA
Fabiane Fantacholi Guimarães
Introdução
Prezado(a) aluno(a),

Seja bem-vindo(a) à Unidade II da disciplina de Estrutura e Funcionamento do


Ensino.

Nesta Unidade, veremos a concepção da Lei de Diretrizes e Bases da Educação


Nacional (Lei 9.394/96), com enfoque no Fórum Nacional em Defesa da Escola
Pública (FNDEP), fazendo uma retrospectiva dos anos de 1980 e 1990 e suas
contribuições às políticas de educação no Brasil, bem como as modi cações
introduzidas pela LDBEN a partir de sua promulgação.

A compreensão desta Unidade II contribuirá para a sua formação neste curso


superior.

Boa leitura!
O Fórum Nacional de
Educação em defesa da
Escola Pública na LDBEN

AUTORIA
Fabiane Fantacholi Guimarães
Antes de iniciarmos a nossa conversa da unidade II, vamos recordar a história
brevemente. Iniciamos em 1980, no qual o país vivia seu início de efetiva
democratização, em que nomeava representantes para comporem a Assembleia
Nacional Constituinte (ANC). Era o momento de formar uma nova Constituição
Federal (CF), em que crescia o clima de participação das entidades organizadas da
sociedade civil e do movimento sindical, que iniciaram a chamada de seus a liados
para a elaboração de suas propostas.

Dessa forma, entre os dias 2 a 5 de setembro de 1986, realizava-se a IV Conferência


Brasileira de Educação (CBE), na cidade de Goiânia, em Goiás, com participações de
professores de todos os Estados brasileiros e de todos os níveis de ensino. Este
documento cou conhecido como a Carta de Goiânia e teve suas propostas
incluídas na Constituição Federal, sob a forma de princípios.

Atendendo ao convite das entidades organizadoras ANDE (Associação


Nacional de Educação), ANPEd (Associação Nacional de Pesquisa e
Pós-Graduação em Educação) e CEDES (Centro de Estudos Educação e
Sociedade) – seis mil participantes vindos de todos os Estados do país,
debateram temas da problemática educacional brasileira, tendo em
vista a indicação de propostas para a nova Carta Constitucional (CARTA
DE GOIÂNIA, 1986).

O tema da conferência era organizar as diferentes propostas sobre as questões


educacionais, com vista a encaminhá-las aos Constituintes, para sua inclusão no
capítulo da Educação, considerando que em diversas esferas educacionais o debate
tinha sido rico.

Logo, nascia o documento contendo as propostas aprovadas a serem encaminhadas


à ANC:

Nesse momento que a população se prepara para eleger seus


representantes ao Congresso Constituinte, os educadores brasileiros
renovam sua disposição de luta, exigindo que os problemas
educacionais sejam tratados de maneira responsável e coerente, tendo
em vista as reais necessidades e interesses da população (CARTA DE
GOIÂNIA, 1986).

Apresentando também as reivindicações dos professores:


Os participantes da IV Conferência de Brasileira de Educação
reivindicam, assim, que a nova Carta Constitucional consagre os
princípios do direito de todos os cidadãos brasileiros à educação, em
todos os graus de ensino e do dever do Estado de promover os meios
para garanti-la. Ao mesmo tempo, se comprometem a lutar pela
efetivação destes princípios, organizando-se nas suas entidades,
exigindo compromisso dos candidatos às Constituintes em nível
federal e estadual e cobrando o cumprimento de medidas propostas
para a democratização da educação (CARTA DE GOIÂNIA, 1986).

A carta apresenta 21 princípios, e o 1º compreende que “A educação escolar é direito


de todos os brasileiros e será gratuita e laica nos estabelecimentos públicos, em
todos os níveis de ensino”. (CARTA DE GOIÂNIA, 1986).

O 2º princípio apresenta uma percepção ampliada do direito à educação, no qual


“Todos os brasileiros têm direito à educação pública básica comum, gratuita e de
igual qualidade, independentemente de sexo, cor e idade, con ssão religiosa e
liação política, assim como da classe social ou riqueza regional, estadual ou local”
(CARTA DE GOIÂNIA, 1986).

CONECTE-SE
Caro(a) estudante, para saber os 21 princípios na íntegra da carta de
Goiânia, acesse o link abaixo:

ACESSAR

Em termos de democratização do acesso à escola pública, a Carta inclui setores que


antes não constavam na pauta da política educacional nacional, como: a educação
de povos indígenas, da pessoa com de ciência, a educação de jovens e adultos e por
m a educação infantil.

Em 1986, a criação do Fórum Nacional pela Constituinte – mais tarde, Fórum


Nacional em Defesa da Escola Pública (FNDEP) – possibilitou intensas mobilizações
no processo de elaboração que culminou com a aprovação, na Constituição da
República Federativa do Brasil, em 1988, do Capítulo III, Seção I, Educação (Artigos
205 a 214), embora nem todas as propostas fossem aprovadas.
Em fevereiro de 1987, ocorreu a instalação o cial do Fórum, quando a primeira etapa
estava se fechando e abrindo novos caminhos de participação nas discussões. O
Fórum era formado por 15 organizações do campo sindical, estudantil, acadêmico-
cientí co e de classe:

1. Associação Nacional de Educação (Ande),


2. Associação Nacional de Docentes do Ensino Superior(Andes),
3. Associação Nacional de Educação Nacional dePós-Graduação em
Educação (ANPEd),
4. Associação Nacional de Pro ssionais da AdministraçãoEscolar
(Anpae),
5. Confederação dos Professores do Brasil (CPB), atualConfederação
Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE),
6. Centro de Estudos Educação e Sociedade (Cedes),
7. Confederação Geral dos Trabalhadores (CGT),
8. Central Única dos Trabalhadores (CUT),
9. Federação de Sindicatos de TrabalhadoresTécnico-Administrativos
das Universidades Públicas Brasileiras (Fasubra),
10. FederaçãoNacional de Orientadores Educacionais (Fenoe),
11. Ordem dosAdvogados do Brasil (OAB),
12. SociedadeBrasileira para o Progresso da Ciência (SBPC),
13. Sociedade deEstudos e Atividades Filosó cas (Seaf),
14. UniãoBrasileira de Estudantes Secundaristas (Ubes)
15. UniãoNacional dos Estudantes (UNE).

O Fórum foi lançado o cialmente em Brasília, em 9 de abril de 1987, por intermédio


da Campanha Nacional pela Escola Pública e Gratuita, na mesma semana da
instalação da subcomissão de Educação, Cultura e Esportes, na primeira fase da
Assembleia Constituinte, com a denominação de Fórum da Educação na
Constituinte em Defesa do Ensino Público e Gratuito.

Seu lançamento foi acompanhado de um “manifesto em defesa da escola pública e


gratuita” que proclamava os seguintes princípios:
1. Educação é direito de todo cidadão, sendo dever do Estado
oferecer ensino público, gratuito e laico para todos, em todos os
níveis;
2. O governo Federal destinará nunca menos de 13%, e os governos
dos estados, do Distrito Federal e dos Municípios aplicarão, no
mínimo 25% de sua receita tributária na manutenção e
desenvolvimento do ensino público e gratuito;
3. As verbas públicas destinam-se exclusivamente às escolas
públicas, criadas e mantidas pelo governo Federal, pelos Estados,
Distrito federal e Municípios;
4. A democratização da escola em todos os níveis deve ser
assegurada quanto ao acesso, permanência e gestão (Fórum
Nacional de Educação na Constituinte, 1989).

O presente Fórum Nacional em Defesa da Escola Pública buscava manter as


organizações coesas em torno da luta pela escola pública, reclamando o direito
nanciamento público exclusivo para as instituições públicas de ensino, que, por
meio do amplo e intenso questionamento da estrutura capitalista, procurava
manter vivo o debate ideológico entre o público e o privado na educação brasileira.
(PINHEIRO, 2017).

FICA A DICA
Caro(a) estudante, assista ao vídeo intitulado “Memórias de lutas pela
democracia e pela educação pública”, 2018, uma homenagem ao
Cedes, Anpae e Anped, em razão da ação e atuação no contexto da
Assembleia Nacional Constituinte e na implementação e atividade do
Fórum Nacional em defesa da Escola Pública.

Para Moraes (1991, p. 40), “[...] esse Fórum teve um papel político fundamental no
processo Constituinte, enquanto porta-voz e defensor atento de uma Plataforma
Educacional para o país”. E mesmo que as conquistas de caráter democrático-
popular na Constituinte tenham sido limitadas
“[...] na conjuntura da transição conservadora vivida, o Fórum foi
expressão maior dessas reivindicações e continuou a sê-lo durante o
processo de discussões e votação do projeto de LDB aprovado na
Comissão de Educação da Câmara Federal”. (MORAES, 1991, p. 40).

Saviani (1999, p. 35) indica que a partir da Carta de Goiânia, que predizia “a
manutenção do artigo que de nia como competência da União legislar sobre
diretrizes e bases da educação nacional”, as forças progressistas na educação
começaram a mobilizar-se em torno da elaboração de um projeto da nova LDBEN.
Desde então, esse autor contribui para a construção de uma proposta de cunho
democrático-popular para uma nova LDBEN:

No nal de 1987, ao de nir-se a pauta do número 13 da Revista da


ANDE, decidiu-se que o tema central seria a nova LDB. Novamente este
autor, que a época integrava a equipe editorial da revista, foi chamado
a redigir um artigo sobre o tema. Tinha início aí a elaboração do projeto
original da nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional.
(SAVIANI, 1999, p. 35).

Entre os anos de 1988 a 1996, o FNDEP apresentou uma proposta de LDB, sendo o
descritor, inicialmente, o deputado Jorge Hage Sobrinho. O Fórum acompanhou a
tramitação do Projeto de Lei (PL) nº. 1.258/1988 no Congresso Nacional até sua
derrota em 1996. Esse PL foi fortemente discutido com os professores brasileiros,
com o propósito de serem contemplados conteúdos que exprimissem os princípios
e as conquistas da sociedade civil, uma concepção de educação pública, gratuita,
laica, democrática e de qualidade social, como direito de todos e dever do Estado.
Dessa forma, estava dado o primeiro passo para as mudanças. Nos meses seguintes,
outros projetos de lei foram sendo apresentados e anexados ao texto inicial do
projeto.

Assim, a Constituição Federal, promulgada em 5 de outubro de 1988, estabelece em


seu Artigo 205, que “a educação é direito de todos e dever do Estado e da família,
será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno
desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua
quali cação para o trabalho”, e ainda garante no Artigo 206 IV “gratuidade do ensino
público em estabelecimentos o ciais”. (BRASIL, 1988). Como se veri ca no lugar do
Estado, ou ao seu lado, aparecem a família e a sociedade.

Embora o dever do Estado para com a educação, expresso pela primeira vez em
Constituição promulgada (1988), tenha sido abrandado, ele deverá ser efetivado pela
garantia de alguns dispositivos como o ensino fundamental obrigatório e gratuito, a
extensão progressiva da obrigatoriedade e gratuidade ao ensino médio, a
obrigatoriedade e gratuidade do ensino fundamental como direito público subjetivo
(Art. 208, I e II e § 1º) (BRASIL, 1988).
Aqui caros(as) alunos(as), tivemos alterações, em que o Artigo 208 “o dever do
Estado com a educação será efetivado mediante a garantia de”:

I - Educação básica obrigatória e gratuita dos 4 (quatro) aos 17


(dezessete) anos de idade, assegurada inclusive sua oferta gratuita para
todos os que a ela não tiveram acesso na idade própria; (Redação dada
pela Emenda Constitucional nº 59, de 2009) (Vide Emenda
Constitucional nº 59, de 2009).
II - Progressiva universalização do ensino médio gratuito; (Redação
dada pela Emenda Constitucional nº 14, de 1996
[…]
IV - Educação infantil, em creche e pré-escola, às crianças até 5 (cinco)
anos de idade; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 53, de
2006)
[...]
VII - Atendimento ao educando, em todas as etapas da educação
básica, por meio de programas suplementares de material didático
escolar, transporte, alimentação e assistência à saúde. (Redação dada
pela Emenda Constitucional nº 59, de 2009)

A Constituição Federal estabelece também a exigência de uma nova LDBEN. Saviani


(2008, p. 227, grifo do autor) expõe que, com o efeito,

[...] se por diretrizes e bases se entendem ns e meios, ao serem estes


de nidos em termos nacionais pretende-se não apenas indicar os
rumos para onde se quer caminhar, mas organizar a forma, isto é, os
meios através dos quais os ns serão atingidos. E a organização
intencional dos meios com vistas a se atingir os ns educacionais
preconizados em âmbito nacional, eis o que se chama ‘sistema
nacional de educação’.

Falando um pouco mais sobre a Constituição Federal vigente no Brasil desde 1988,
que tem uma abordagem mais democrática em relação às constituições anteriores.
(BRASIL, 1988). A democracia foi evidenciada em seu processo de elaboração, pois
ocorreu pela convocação de uma ANC e teve a cooperação e participação do povo,
por meio de abaixo assinados, liderados por sindicatos de classe, entidades religiosas
e demais segmentos da sociedade.

Entre outras alterações, o direito à educação no país foi priorizado na Constituição


Federal de 1988, após a população ter passado um longo período de ditadura militar,
de 1964 a 1985, o país se via em um processo de redemocratização, na busca pelos
direitos suprimidos durante o regime ditatorial.

Como vimos até o presente momento, as entidades sociais, acadêmicas, estudantis


e sindicais ligadas à Educação não deixaram de ter representantes em nenhum
momento de discussão e apresentaram propostas tanto para a Constituição Federal
como para o projeto de diretrizes e bases da Educação nacional. Assim, optaram em
reunir esforços para uma luta mais organizada e consciente sobre os anseios que
gostariam de ver contemplados no Projeto de Lei (PL), criando o Fórum Nacional de
Educação em Defesa da Escola Pública (FNEDEP) na LDBEN, cujo objetivo era
buscar novos consensos onde havia divergências. Foram inúmeras as reuniões de
trabalho em busca da unidade necessária em prol de acompanhar junto com os
parlamentares todas as discussões sobre o projeto. O Fórum foi de fundamental
importância no processo de encaminhamentos e decisões sobre o texto da lei.

Em 1990, tivemos um novo caminho para esta história, porque ocorreram


modi cações na composição da Comissão de Educação. Devido a estas
modi cações, di cultou, e muito, a aplicabilidade das leis anteriores foi o fato de
permitir interpretações, que muitas vezes eram utilizadas de acordo com os
interesses de seus governantes. Qualquer desculpa servia para impedir que a
votação acontecesse. (PINHEIRO, 2017).

Em 1993, o Senador Darcy Ribeiro apresentou um projeto de sua autoria à Comissão


de Educação do Senado, com alguns aspectos que se antagonizam com o projeto
que se encontrava na Câmara dos Deputados elaborado pelo Fórum Nacional em
Defesa da Escola Pública. A aprovação deste projeto colocaria m em todos os
esforços de construção coletiva, considerando que o regime do Congresso prevê
que, se aprovado no Senado, ele daria preferência do texto em discussão (TUDE;
FERRO; SANTANA, 2015).

Após cerca de nove anos de tramitação entre Câmara e Senado, a proposta da LDB
apresentada pelo FNDEP é arquivada, dando lugar a outra proposta que melhor
atende aos interesses da iniciativa privada e do modelo neoliberal de Estado, sendo
o Projeto Darcy Ribeiro, fortemente colocado em prática no Brasil com o governo de
Fernando Henrique Cardoso. A aprovação da Lei nº 9394/96 representou uma
grande derrota para o Fórum que, até então, apesar de todo acordo nos debates do
parlamento, via-se perdendo força política justamente em seu principal foco de
atuação: as escolas públicas nacionais (TUDE; FERRO; SANTANA, 2015).

O projeto permite con rmar que a nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Nacional (LDBEN), sancionada em 20 de dezembro de 1996, seguia a mesma
concepção que norteava as demais políticas governamentais, sejam as que eram
tratadas na Reforma Administrativa, seja a da Previdência, assim como as
educacionais implementadas pelos governos estaduais. Dessa forma, existiu
harmonia entre a lei aprovada e as reformas em pauta na agenda nacional, na
perspectiva da redução de direitos e de minimização do papel do Estado nas
questões sociais.
FICA A DICA

Livro

SAVIANI, Dermerval. A Nova LDB da Educação:


trajetória, limites e perspectivas. Campinas, SP:
Autores Associados, 1999.

O livro indicado reconstrói a trajetória da lei,


colocando em evidência os embates entre as
diferentes propostas, os limites do texto aprovado e
as perspectivas de superação. Este trabalho ainda
contribui para a compreensão objetiva e crítica da
nova lei geral que passou a reger a Educação
brasileira.

O texto da Lei nº. 9.394/96 difere do projeto aprovado inicialmente pela Câmara dos
Deputados, apesar de não ser o desejo das entidades presentes nas negociações e
que compunha o FNDEP na LDBEN. Isso signi ca dizer que o Fórum, com sua
representatividade, se fez claro na sua discordância em relação ao processo nal e
ao conteúdo da nova Lei de Diretrizes e Bases, denunciando a farsa e as manobras
políticas que levaram à sua aprovação.
O Conselho Nacional de
Educação e o Fórum
Nacional de Educação

AUTORIA
Fabiane Fantacholi Guimarães
O projeto original previa um Conselho Nacional de Educação (CNE), de caráter
deliberativo e com atribuições capazes de permitir a articulação entre os diferentes
níveis do poder, inclusive do setor privado, no que se refere a diretrizes e bases
pedagógicas.

A primeira tentativa de criação de um Conselho na estrutura da administração


pública, na área de educação, aconteceu na Bahia em 1842, com funções aos
“boards” ingleses e, em 1846, a Comissão de Instrução Pública da Câmara dos
Deputados propôs a criação do Conselho Geral de Instrução Pública. (CNE, 2018).

Previa ainda, um Fórum Nacional de Educação (FNE), coordenado pelo Conselho


Nacional de Educação com a colaboração das Comissões de Educação da Câmara e
do Senado e do próprio Ministério da Educação, integrado majoritariamente por
representantes indicados pelos vários segmentos sociais, assumindo instâncias de
articulação com a sociedade civil, a reunir-se quinquenalmente para avaliação do
processo educativo e para propor uma política nacional de Educação na perspectiva
de valorizar permanentemente a Educação pública no país.

O atual Conselho Nacional de Educação (CNE), órgão colegiado integrante do


Ministério da Educação, foi instituído pela Lei nº 9.131, de 25 de novembro de 1995,
com a nalidade de colaborar na formulação da Política Nacional de Educação e
exercer atribuições normativas, deliberativas e de assessoramento ao Ministro da
Educação.

A missão do CNE é

“a busca democrática de alternativas e mecanismos institucionais que


possibilitem, no âmbito de sua esfera de competência, assegurar a
participação da sociedade no desenvolvimento, aprimoramento e
consolidação da educação nacional de qualidade”. (CNE, 2018).

Para tanto, o atual Regime Interno do CNE foi instituído por força da Portaria MEC nº
1.306 de 1999, resultante da homologação do Parecer CNE/CP nº 99, de 1999, no qual
em seu Artigo 1 relata como é composto o Conselho Nacional de Educação (CNE),
bem como suas atribuições.
Artigo 1 - O Conselho Nacional de Educação – CNE, composto pelas
Câmaras de Educação Básica e de Educação Superior, terá atribuições
normativas, deliberativas e de assessoramento ao Ministro de Estado da
Educação, de forma a assegurar a participação da sociedade no
aperfeiçoamento da educação nacional e, especi camente:

I – Subsidiar a elaboração e acompanhar a execução do Plano Nacional


de Educação;

II – Manifestar-se sobre questões que abranjam mais de um nível ou


modalidade de ensino;

III – Assessorar o Ministério da Educação no diagnóstico dos problemas


e deliberar sobre medidas para aperfeiçoar os sistemas de ensino,
especialmente no que diz respeito à integração dos seus diferentes
níveis e modalidades;

IV – Emitir parecer sobre assuntos da área educacional, por iniciativa de


seus conselheiros ou quando solicitado pelo Ministro de Estado da
Educação;

V – Manter intercâmbio com os sistemas de ensino dos Estados e do


Distrito Federal;

VI – Analisar e emitir parecer sobre questões relativas à aplicação da


legislação educacional, no que diz respeito à integração entre os
diferentes níveis e modalidades de ensino;

VII – Analisar as estatísticas da educação, anualmente, oferecendo


subsídios ao Ministério da Educação;

VIII – Promover seminários sobre os grandes temas da educação


brasileira;

IX – Elaborar o seu regimento, a ser aprovado pelo Ministro de Estado da


Educação. (BRASIL, 1999).

Compete ao Conselho e às Câmaras exercerem as atribuições conferidas pela Lei nº


9.131/95, em seu Artigo 9 “As Câmaras emitirão pareceres e decidirão, privativa e
autonomamente, os assuntos a elas pertinentes, cabendo, quando for o caso,
recurso ao Conselho Pleno”. (BRASIL, 1995).
Já o FNE foi criado pela Portaria do Ministério da Educação, em 14 de dezembro de
2010, nº 1.407, e em 16 de dezembro de 2010, publicado no Diário O cial da União, e
instituído por lei com a aprovação do Plano Nacional de Educação - PNE, pela Lei nº
13.005, de 24 de junho de 2014.

Orientado por um Regimento Interno, FNE tem as seguintes atribuições:

I. Participar do processo de concepção, implementação e avaliação da


política nacional de educação;

II. Acompanhar, junto ao Congresso Nacional, a tramitação de projetos


legislativos referentes à política nacional de educação, em especial a de
projetos de leis dos planos decenais de educação de nidos na Emenda
à Constituição 59/2009;

III. Acompanhar e avaliar os impactos da implementação do Plano


Nacional de Educação;

IV. Acompanhar e avaliar o processo de implementação das


deliberações das conferências nacionais de educação;

V. Elaborar seu Regimento Interno e aprovar "ad referendum" o


Regimento Interno das conferências nacionais de educação;

VI. Oferecer suporte técnico aos Estados, Municípios e Distrito Federal


para a organização de seus fóruns e de suas conferências de educação;

VII. Zelar para que os fóruns e as conferências de educação dos Estados,


do Distrito Federal e dos Municípios estejam articuladas à Conferência
Nacional de Educação;

VIII. Planejar e coordenar a realização de conferências nacionais de


educação, bem como divulgar as suas deliberações.

Para tanto, ocorreu o desaparecimento do FNE e o CNE que perde o seu caráter
deliberativo, passando a ser apenas um órgão de assessoria do Ministro da
Educação, de acordo com o projeto de lei de conversão, anteriormente aprovado em
função de medida provisória editada.

No entanto, em 23 de agosto, a gestão do MEC publicou no Diário O cial da União a


Portaria nº 1.017/2017, que determinou a volta da composição original do FNE e
acrescentou representações relevantes que estavam fora, como membros de
diversos setores da sociedade civil e não apenas os que atuavam tradicionalmente
na área de educação, no entanto, foi indeferido.

Compete ao FNE, criado em 2010, coordenar as conferências nacionais de educação,


acompanhar a execução do PNE e o cumprimento de suas metas, além de
promover a articulação das conferências nacionais de educação com as
conferências regionais, estaduais e municipais que as precederem.
As modi cações inseridas
pela Lei de Diretrizes e
Bases da Educação
Nacional – Lei 9.394/96

AUTORIA
Fabiane Fantacholi Guimarães
O processo de discussão para a elaboração do projeto de lei que daria origem à nova
Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN) durou oito anos, conforme
o registro histórico desse processo. Considerando as mudanças que ocorrem com o
tempo e a renovação no Congresso a cada quatro anos, era difícil manter uma
discussão dentro de um nível de consenso geral.

Foram na verdade três legislaturas, mais o impeachment do Collor, considerando,


ainda, que as propostas começaram a ser apresentadas durante a Assembleia
Constituinte. Estas transformações, por ocasião do processo de votação, motivaram
novos atores que apresentaram uma correlação de forças políticas desfavoráveis às
propostas elaboradas pelas diferentes entidades ligadas ao magistério, o que se
traduziu em um corpo de lei que não contemplou inúmeras propostas levadas pelo
Fórum Nacional em Defesa da Escola Pública (FNDEP) na LDBEN.

A retirada de alguns pontos considerados fundamentais foi o ponto alto do desgosto


do grupo, já que muitos assuntos caram sem de nição, permitindo o uso de
interpretações do grupo, quase sempre equivocadas e de justi cativa para ações
governamentais que nem sempre encontram eco no texto da lei, e nesses casos, na
intenção da lei.

Apesar da correlação das forças políticas não ter permitido mudanças que
ultrapassassem o tradicional e que apontassem para uma gestão democrática de
escola, abrindo seus espaços para a participação de todos os envolvidos no processo
educacional, o momento é de grande relevância para a Educação brasileira. Foi um
marco histórico, se elevarmos em conta o grande número de entidades sindicais,
acadêmicas e sociais que compuseram os diversos fóruns de discussão.

Mas a nal o que modi cou ao longo dos mais de 20 anos?

Caro(a) estudante, a partir de nossas pressuposições, somos capazes de


entendermos por que não podemos reduzir a nossa análise a uma posição de busca
de “perdas” e “ganhos” ou de “ranços” e “avanços”, mas estaremos expondo nosso
balanço, levando em conta o contexto de sua elaboração.

As mudanças se materializaram quando a Comissão de Justiça do Senado emitiu


um parecer de inconstitucionalidade do projeto que vinha da Câmara dos
Deputados, na época pelo Senador Hugo Napoleão. Segundo os autores Tude; Ferro;
Santana (2015, p. 98), sendo,

“[...] mais uma das manobras políticas das forças governistas, na


medida em que o projeto substitutivo havia passado por todas as
comissões daquela Casa, que se constitui de forma idêntica ao do
Senado e aprovado sem restrições pelas respectivas Comissões”.

Para tanto, Tude; Ferro; Santana (2015, p.98) expõem que:


Há ainda a se considerar que o projeto foi votado na plenária da
Câmara e restrições por ressalva foi apresentada, apesar da quantidade
de emendas e destaques que o substitutivo teve até chegar à plenária.
Só nos resta acreditar em mais uma das manobras ardilosas criadas
para impedir a apreciação do projeto aprovado na Câmara dos
Deputados no Senado. Inconstitucional deveria ter sido considerada a
indicação para a relatoria do Projeto Darcy Ribeiro, o próprio apresentar
a proposta.

Ainda para Tude; Ferro; Santana (2015) ao analisar o texto da lei, descrevem que
somos capazes de constatar que as modi cações acabaram produzindo dúvidas e
omissões a m de esconder a intervenção centralizadora do governo federal.
Perante a justi cativa de que era necessário ter uma lei “seca” como defenderam os
seus fundadores, “acabamos com um documento que necessita de várias
regulamentações, promovendo várias resoluções por parte do Conselho Nacional de
Educação sem que democraticamente as mesmas sejam discutidas com o
professorado”. (TUDE; FERRO; SANTANA, 2015, p.98).

O caso dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN), que na LDBEN/96 no Artigo 8


“A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios organizarão, em regime de
colaboração, os respectivos sistemas de ensino”. Percebe-se neste artigo e nos
subsequentes a redação do Projeto da Câmara que previa uma organização
sistêmica mais articulada. Contudo, ao falar no “regime de colaboração”, esta claro
que no parágrafo 1º que cabe “à União a coordenação da política nacional de
educação, articulando os diferentes níveis e sistemas e exercendo função normativa,
redistributiva e supletiva em relação às demais instâncias educacionais”. (BRASIL,
1996).

Por outro lado, o Artigo 9 de ne as incumbências da União e nos subsequentes as


relativas aos estados e municípios, é límpido que este último deve “II – organizar,
manter e desenvolver os órgãos e instituições o ciais do sistema federal de ensino e
o dos Territórios” e no Artigo 10 de ne as incumbências dos Estados que no
“III – elaborar e executar políticas e planos educacionais, em consonância com as
diretrizes e planos nacionais de educação, integrando e coordenando as suas ações
e as dos seus Municípios” e cabendo assim a União no Artigo 9

IV – Estabelecer, em colaboração com os Estados, o Distrito Federal e os


Municípios, competências e diretrizes para a educação infantil, o ensino
fundamental e o ensino médio, que nortearão os currículos e seus
conteúdos mínimos, de modo a assegurar formação básica comum;
(BRASIL, 1996).

Diante do exposto percebemos, caro(a) aluno(a), a preocupação em garantir o


controle da União sobre a implantação dos chamados Parâmetros Curriculares
Nacionais (PCN), assim, o processo de elaboração do PCN teve início a partir do
estudo de propostas curriculares de Estados e Municípios brasileiros, da análise
realizada pela Fundação Carlos Chagas sobre os currículos o ciais e do contato com
informações relativas a experiências de outros países.

CONECTE-SE
Para se aprofundar nos estudos, acesse no portal do MEC os PCN’s, em
que são divididos a m de facilitar o trabalho da instituição,
principalmente na elaboração do seu Projeto Político Pedagógico.

ACESSAR

No entanto, caro(a) estudante, temos outro ponto importante que chama a atenção,
no que diz respeito à estrutura e funcionamento do ensino, considerando que o
Título V “Dos níveis e das modalidades de Educação e Ensino” da LDBEN/96 resgata
algumas ideias do Projeto da Câmara em detrimento das propostas do Projeto
Darcy Ribeiro.

Bem como no Artigo 21 da LDBEN/96 divide a Educação escolar em dois níveis: “I – a


educação básica, formada pela educação infantil, ensino fundamental e ensino
médio; II – educação superior”. Já o Projeto Darcy Ribeiro, na época, divulgou uma
concepção diferente de Educação e, por isso, constata-se a falta do termo Educação
Básica.

Por obedecer a um critério diferente quanto aos níveis de Educação, o Projeto Darcy
Ribeiro previa: I – Educação Infantil; II – Ensino Fundamental; III – Ensino Médio
(dividido em: ginásio; curso preparatório para o Ensino Superior); e por m IV –
Ensino Superior.

A proposta, para dar conta dos dois níveis do Ensino Médio propunha a redução de
oito para cinco anos, prejudicando, com certeza, a formação básica do cidadão,
considerando que a Educação Básica estaria dividida em dois ciclos que marcam o
m. Assim, o objetivo do Ensino Médio se apresenta como preparação para o Ensino
Superior, contrário ao aprovado: etapa nal da Educação Básica. (TUDE; FERRO;
SANTANA, 2015).

O projeto aprovado também propõe inovações quanto às possibilidades de


organização da Educação Básica:
Art. 23. A educação básica poderá organizar-se em séries anuais,
períodos semestrais, ciclos, alternância regular de períodos de estudos,
grupos não-seriados, com base na idade, na competência e em outros
critérios, ou por forma diversa de organização, sempre que o interesse
do processo de aprendizagem assim o recomendar. (BRASIL, 1996).

Contrariando a proposta de Darcy Ribeiro que previa a manutenção das séries


anuais, períodos semestrais ou outros, a critério do respectivo sistema de ensino.
(TUDE; FERRO; SANTANA, 2015).

Fechando este ciclo de informações, vale destacar que o projeto do Senador Darcy
Ribeiro excluía a concepção de Educação Infantil, como relatado anteriormente, no
entanto, predominava o caráter assistencialista que era contraditório com outros
artigos de seu próprio projeto. A Educação Infantil seria Educação escolar, mas não
no sistema de ensino. (TUDE; FERRO; SANTANA, 2015).

Estas mudanças são necessárias à ação de tornar operacional o avanço à


humanização da vida em sociedade, apresentando-se como processos de
fortalecimento do cenário educacional.

FICA A DICA
Agora, caros(as) estudantes, leiam os artigos 3º e 4º da Lei nº 9.394/96 –
a Lei Darcy Ribeiro, Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Eles
contêm os princípios e ns da Educação Nacional. Analise cada um
deles e veja se todos foram atingidos pela política pública de Educação
de sua cidade.

Acredita-se que esta comparação que zemos aqui em nossa aula poderá ser
continuada por vocês, graduandos(as), que tiverem interesse em conhecer os
principais debates ocorridos durante a elaboração e tramitação da Lei nº 9.394/96.

Assim, a análise até aqui destacada ressalta temas importantes para a nossa
categoria pro ssional, lembrando o alerta que nos é trazido pelo Professor Pedro
Demo em seu livro “A nova LDB: ranços e avanços” logo na introdução sobre:
[...] as insatisfações que a Lei deixou ou manteve, diga-se ainda que
todas Lei importante sofre, no Congresso, inevitavelmente sua marca
histórica própria, sobretudo a interferência de toda sorte de interesses,
muitas vezes pouco “educativos”. (DEMO, 2011, p. 10, grifo do autor).

A partir desse pressuposto e conhecendo a composição do Congresso, não


poderíamos, mesmo, esperar uma Lei que apontasse para uma abertura
democrática, com a participação da sociedade.

Porém, é verdade que esta LDBEN, não representa o sonho dos professores, mas, ela
avançou no que foi possível, tais como na questão da Estrutura e Funcionamento da
Educação, englobar em uma única lei toda a legislação de ensino, reconhecer a
Educação Infantil enquanto sistema de Educação, permitir a organização do ensino
de acordo com as necessidades de cada localidade, dentre outros aspectos.
Conclusão - Unidade 2

Finalizando nossa Unidade II, não podemos negar a importância do Fórum Nacional
em Defesa da Escola Pública na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional
enquanto interlocutor sobre a teoria e a prática da Educação, considerando, conforme
já explicitado, o conjunto de entidades que o legitimavam.

Esse fórum mobilizou professores de cada canto do país, e ainda promoveu em nível
nacional, estadual e municipal vários seminários, palestras, encontros, debates e
congressos a m de se buscar coletivizar as propostas de cada entidade representativa.

As modi cações introduzidas na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional aqui


apresentadas nos indicam as profundas reformas que acontecem na Educação
brasileira e que não podem deixar de ser acompanhadas atentamente pelos
educadores.

Assim, procure você, estudante, futuro(a) pro ssional da educação, fazer parte destas
discussões, conhecendo em sua cidade as organizações que fazem parte do Fórum
Nacional de Educação, apresentando sugestões, entendendo que uma das
di culdades para os problemas educacionais é a descontinuidade das políticas
publicas para a área.
Livro
Unidade 3
Organização e
funcionamento da
Educação Básica

AUTORIA
Fabiane Fantacholi Guimarães
Introdução
Prezado(a) aluno(a),

Seja bem-vindo(a) à Unidade III da disciplina de Estrutura e Funcionamento do


Ensino.

Nesta Unidade, no primeiro momento você irá conhecer a concepção de Educação


Básica, e como está sua distribuição perante a Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Nacional – LDBEN, 1996. No segundo momento, estudará sobre a organização
curricular da Educação Básica. E por m, nesta aula, será abordado o Plano Nacional
de Educação – PNE vigente.

A compreensão desta Unidade III contribuirá para a sua formação neste curso
superior.

Boa leitura e bons estudos!


A concepção de Educação
Básica

AUTORIA
Fabiane Fantacholi Guimarães
O conceito de Educação Básica começou a ser formulado com o início da
construção do projeto da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN)
na Câmara Federal (Projeto Jorge Hage) e com o debate sendo provocado pelo
processo constituinte na década de 80.

A LDBEN nº 9.394/96 absorveu o conceito de Educação Básica, na medida em que


consiste em um conceito social, o qual parte de um projeto baseado em outra
concepção de Educação, construído e discutido por diversos intelectuais dos
movimentos sociais organizados, para a concretização da formação de cidadãos
críticos, emancipados, transformadores de sua realidade.

A gura abaixo nos mostra a composição da Educação Básica, conforme a


LDBEN/96 Artigo 21:

Fonte: (BRASIL, 1996).

A Educação Infantil segundo a LDBEN/96 em seu Artigo 30 de ne como será


ofertada, no qual as creches, para crianças de até 3 (três) anos de idade e as pré-
escolar, para as crianças de 4 (quatro) a 5 (cinco) anos de idade. (Redação dada pela
Lei nº 12.796, de 2013).

Já a próxima gura mostra as modalidades que aparecem, ora no corpo da lei, ora
como disposições gerais ou transitórias.
Fonte: LDBEN/96 (BRASIL, 1996).

Estas Modalidades atravessam toda a Educação Escolar (Educação Básica e


Educação Superior), mas que por serem tratadas na LDBEN/96 de forma
compartimentalizada, não são consideradas e não se reconhece a riqueza dos
possíveis projetos e processos em relação à concepção de Educação Escolar, como
também as diferenças encontradas nos sujeitos especí cos presentes nas
modalidades, haja vista a distância em que são colocados os considerados “outros”.

Na Educação Básica o dever do Estado com educação escolar pública tem o acesso
gratuito, conforme o Artigo 4 da LDBEN/96. (Redação dada pela Lei nº 12.796, de
2013).

No Artigo 11 da LDBEN/96 no inciso V, os Municípios incumbir-se-ão de:

V- Oferecer a educação infantil em creches e pré-escolas, e, com


prioridade, o ensino fundamental, permitida a atuação em outros níveis
de ensino somente quando estiverem atendidas plenamente as
necessidades de sua área de competência e com recursos acima dos
percentuais mínimos vinculados pela Constituição Federal à
manutenção e desenvolvimento do ensino. (BRASIL, 1996).

Já no Artigo 9 da LDBEN/96
IV - Estabelecer, em colaboração com os Estados, o Distrito Federal e os
Municípios, competências e diretrizes para a educação infantil, o ensino
fundamental e o ensino médio, que nortearão os currículos e seus
conteúdos mínimos, de modo a assegurar formação básica comum;
IV - Estabelecer, em colaboração com os Estados, o Distrito Federal e os
Municípios, diretrizes e procedimentos para identi cação,
cadastramento e atendimento, na educação básica e na educação
superior, de alunos com altas habilidades ou superdotação; (Incluído
pela Lei nº 13.234, de 2015.)
(BRASIL, 1996).

Como sabemos, as Diretrizes Curriculares Nacionais, citadas no artigo supracitado,


são o conjunto de de nições doutrinárias sobre princípios, fundamentos e
procedimentos na Educação Básica expressas pela Câmara de Educação Básica do
Conselho Nacional de Educação, que orientarão/orientam as escolas brasileiras do
sistema de ensino, com determinada perspectiva, na organização, na articulação, no
desenvolvimento e na avaliação de suas propostas pedagógicas.

CONECTE-SE
Caro(a) graduando(a), na lei ainda é caracterizada a nalidade da
Educação Infantil em seu Artigo 29 da LDBEN/96, o oferecimento no
Artigo 30, a avalição no Artigo 31 (Redação dada pela Lei nº 12.796, de
2013) e ainda a integração ao respectivo sistema de ensino no Artigo 89,
das disposições transitórias. Acesse a LDBEN/96 para se aprofundar nos
estudos.

ACESSAR
A Organização Curricular
da Educação Básica

AUTORIA
Fabiane Fantacholi Guimarães
O currículo aparece no texto da Constituição Federal (CF) de 1988, no Artigo 210
“serão xados conteúdos mínimos para o ensino fundamental, de maneira a
assegurar formação básica comum e respeito aos valores culturais e artísticos,
nacionais e regionais”.

Na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDBEN, de 1996, o currículo da


Educação Básica está prescrito pelos Artigos 26, 27 e 28, e além das determinações
gerais da LDBEN e várias resoluções do Conselho Nacional de Educação – CNE para
todos os níveis de Ensino da Educação Básica.

No entanto, caros(as)graduandos(as), antes de detalharmos estes artigos e


resoluções, vamos iniciar apresentando o que é currículo.

De acordo com os autores Piletti e Rossato (2010),

[...] o termo “currículo” deriva de diversas palavras latinas, como currere,


signi cando correr, cursus, que quer dizer carreira, e curriculum, o
mesmo que caminho. Portanto, signi ca não apenas o ato de correr em
si, mas o modo de traçar e realizar um percurso desejado. (PILETTI;
ROSSATO, 2010, p. 55).

Já para as autoras Paula e Paula (2016, p. 18) “o termo currículo é polissêmico e que,
muitas vezes, não há consenso entre tais conceituações, sendo que essas remetem a
diferentes concepções, valores, interesses e intenções, os quais implicam
diretamente na prática pedagógica”.

Para tanto, o currículo escolar consiste em uma seleção de conteúdos retirados da


cultura em um dado instante histórico, os quais são organizados em uma determina
sequência.

O currículo da Educação Infantil, de acordo com a resolução nº 5, de 17 de dezembro


de 2009, Artigo 3 nos termos das diretrizes curriculares é conceituado como um
conjunto de práticas que tem como objetivo central

articular as experiências e os saberes das crianças com os


conhecimentos que fazem parte do patrimônio cultural, artístico,
ambiental, cientí co e tecnológico, de modo a promover o
desenvolvimento integral de crianças de 0 a 5 anos de idade. (BRASIL,
2009).

Já no Artigo 6 do CNE (2009) as propostas pedagógicas de Educação Infantil devem


respeitar os seguintes princípios:
I – Éticos: da autonomia, da responsabilidade, da solidariedade e do
respeito ao bem comum, ao meio ambiente e às diferentes culturas,
identidades e singularidades.

II – Políticos: dos direitos de cidadania, do exercício da criticidade e do


respeito à ordem democrática.

III – Estéticos: da sensibilidade, da criatividade, da ludicidade e da


liberdade de expressão nas diferentes manifestações artísticas e
culturais. (BRASIL, 2009).

No Artigo 8 a proposta pedagógica das escolas de Educação Infantil deve ter como
objetivo:

[...] garantir à criança acesso a processos de apropriação,


renovação e articulação de conhecimentos e
aprendizagens de diferentes linguagens, assim como o
direito à proteção, à saúde, à liberdade, à con ança, ao
respeito, à dignidade, à brincadeira, à convivência e à
interação com outras crianças. (BRASIL, 2009).

O Artigo 9 trás as práticas pedagógicas que compõem a proposta curricular da


Educação Infantil, tendo como eixos norteadores as interações e a brincadeira,
garantindo assim as seguintes experiências:
I - Promovam o conhecimento de si e do mundo por meio da
ampliação de experiências sensoriais, expressivas, corporais que
possibilitem movimentação ampla, expressão da individualidade e
respeito pelos ritmos e desejos da criança;

II - Favoreçam a imersão das crianças nas diferentes linguagens e o


progressivo domínio por elas de vários gêneros e formas de expressão:
gestual, verbal, plástica, dramática e musical;

III - possibilitem às crianças experiências de narrativas, de apreciação e


interação coma linguagem oral e escrita, e convívio com diferentes
suportes e gêneros textuais orais e escritos;

IV - Recriem, em contextos signi cativos para as crianças, relações


quantitativas, medidas, formas e orientações espaço temporais;

V - Ampliem a con ança e a participação das crianças nas atividades


individuais e coletivas;

VI - Possibilitem situações de aprendizagem mediadas para a


elaboração da autonomia das crianças nas ações de cuidado pessoal,
auto-organização, saúde e bem-estar;

VII - Possibilitem vivências éticas e estéticas com outras crianças e


grupos culturais, que alarguem seus padrões de referência e de
identidades no diálogo e reconhecimento da diversidade;

VIII - Incentivem a curiosidade, a exploração, o encantamento, o


questionamento, a indagação e o conhecimento das crianças em
relação ao mundo físico e social, ao tempo e à natureza;

IX - Promovam o relacionamento e a interação das crianças com


diversi cadas manifestações de música, artes plásticas e grá cas,
cinema, fotogra a, dança, teatro, poesia e literatura;

X - Promovam a interação, o cuidado, a preservação e o conhecimento


da biodiversidade e da sustentabilidade da vida na Terra, assim como o
não desperdício dos recursos naturais;

XI - Propiciem a interação e o conhecimento pelas crianças das


manifestações e tradições culturais brasileiras;

XII - Possibilitem a utilização de gravadores, projetores, computadores,


máquinas fotográ cas, e outros recursos tecnológicos e midiáticos.
Parágrafo único - As creches e pré-escolas, na elaboração da proposta
curricular, de acordo com suas características, identidade institucional,
escolhas coletivas e particularidades pedagógicas, estabelecerão
modos de integração dessas experiências. (BRASIL, 2009).

O Artigo 10 acentua que a avaliação do desenvolvimento das crianças deve ser


realizada sem objetivo de seleção, promoção ou classi cação. (BRASIL, 2009).

Nas Diretrizes Curriculares, aprovadas pelo Conselho Nacional de Educação (CNE),


estabelecem sobre o currículo escolar para Ensino Fundamental, bem como em
duas resoluções (Resolução nº 4, de 13, de julho de 2010 – De ne Diretrizes
Curriculares Nacionais Gerais para a Educação Básica; Resolução nº 7, de 14 de
dezembro de 2010 – Fixa Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino
Fundamental de 9 (nove) anos), no qual estabelece a importância de um bom
currículo obedecendo-se à legislação.

Voltando no início de nosso tópico, discorremos que na LDBEN retrata sobre a


questão curricular, em seus artigos 26 e 27, conforme prescritos abaixo:

Art. 26. Os currículos da educação infantil, do ensino


fundamental e do ensino médio devem ter base nacional
comum, a ser complementada, em cada sistema de
ensino e em cada estabelecimento escolar, por uma parte
diversi cada, exigida pelas características regionais e
locais da sociedade, da cultura, da economia e dos
educandos. (Redação dada pela Lei nº 12.796, de 2013)
[…]
Art. 27. Os conteúdos curriculares da educação básica
observarão, ainda, as seguintes diretrizes:
I - A difusão de valores fundamentais ao interesse social,
aos direitos e deveres dos cidadãos, de respeito ao bem
comum e à ordem democrática;
II - Consideração das condições de escolaridade dos
alunos em cada estabelecimento;
III - orientação para o trabalho;
IV - Promoção do desporto educacional e apoio às práticas
desportivas não-formais. (BRASIL, 1996).
No Artigo 26 “§ 1º Os currículos a que se refere o caput devem abranger,
obrigatoriamente, o estudo da língua portuguesa e da matemática, o conhecimento
do mundo físico e natural e da realidade social e política, especialmente do Brasil”.
(BRASIL, 1996).

É importante, caro(a) estudante, notar que a LDBEN não se refere à disciplina, mas
sim ao estudo.

No caso de arte, consequentemente, chama de componente curricular e não de


disciplina, conforme prescrito no Artigo 26 § 2º “o ensino da arte, especialmente em
suas expressões regionais, constituirá componente curricular obrigatório da
educação básica”. (Redação dada pela Lei nº 13.415, de 2017)

O § 3º passou por várias alterações até chegar à redação dada em 2003, vide abaixo:

§ 3º A educação física, integrada à proposta pedagógica


da escola, é componente curricular obrigatório da
educação básica, sendo sua prática facultativa ao aluno:
(Redação dada pela Lei nº 10.793, de 1º.12.2003)
I – Que cumpra jornada de trabalho igual ou superior a
seis horas; (Incluído pela Lei nº 10.793, de 1º.12.2003)
II – maior de trinta anos de idade; (Incluído pela Lei nº
10.793, de 1º.12.2003)
III – Que estiver prestando serviço militar inicial ou que,
em situação similar, estiver obrigado à prática da
educação física; (Incluído pela Lei nº 10.793, de 1º.12.2003)
IV – amparado pelo Decreto-Lei no 1.044, de 21 de outubro
de 1969; (Incluído pela Lei nº 10.793, de 1º.12.2003)
V – (VETADO) (Incluído pela Lei nº 10.793, de 1º.12.2003)
VI – Que tenha prole. (Incluído pela Lei nº 10.793, de
1º.12.2003)

O item V do referido parágrafo foi vetado por se tratar de dispensa para aqueles que
estejam cursando cursos de Pós-Graduação, uma vez que a matéria se refere apenas
a quem esteja cursando a educação básica.

O § 4º estabelece que o ensino de História do Brasil “[...] levará em conta as


contribuições das diferentes culturas e etnias para a formação do povo brasileiro,
especialmente das matrizes indígena, africana e europeia”.
O § 5º prevê que, na parte diversi cada do currículo no ensino fundamental, “[...] a
partir do sexto ano, será ofertada a língua inglesa”. (Redação dada pela Lei nº 13.415,
de 2017)

E o § 6o “As artes visuais, a dança, a música e o teatro são as linguagens que


constituirão o componente curricular de que trata o § 2o deste artigo”. (Redação
dada pela Lei nº 13.278, de 2016)

Já no Artigo 26-A da LDBEN/96,

§ 1º O conteúdo programático a que se refere este artigo


incluirá diversos aspectos da história e da cultura que
caracterizam a formação da população brasileira, a partir
desses dois grupos étnicos, tais como o estudo da história
da África e dos africanos, a luta dos negros e dos povos
indígenas no Brasil, a cultura negra e indígena brasileira e
o negro e o índio na formação da sociedade nacional,
resgatando as suas contribuições nas áreas social,
econômica e política, pertinentes à história do Brasil.
(Redação dada pela Lei nº 11.645, de 2008)
§ 2º Os conteúdos referentes à história e cultura afro-
brasileira e dos povos indígenas brasileiros serão
ministrados no âmbito de todo o currículo escolar, em
especial nas áreas de educação artística e de literatura e
história brasileiras. (Redação dada pela Lei nº 11.645, de
2008) (BRASIL, 1996).

O Artigo 27 determina de modo preciso 4 (quatro) diretrizes que deverão ser


observadas na organização das matrizes curriculares da Educação Básica, sendo
elas:
I - A difusão de valores fundamentais ao interesse social, aos direitos e
deveres dos cidadãos, de respeito ao bem comum e à ordem
democrática;

II - Consideração das condições de escolaridade dos alunos em cada


estabelecimento;

III - orientação para o trabalho;

IV - Promoção do desporto educacional e apoio às práticas desportivas


não-formais. (BRASIL, 1996).

A LDBEN, no Artigo 28, também, estabelece condições especiais para o currículo


escolar para a população rural. Para tanto, prescreve adaptações à sua adequação às
peculiaridades da vida rural e de cada região, especialmente:

I - Conteúdos curriculares e metodologias apropriadas às reais


necessidades e interesses dos alunos da zona rural;

II - Organização escolar própria, incluindo adequação do calendário


escolar às fases do ciclo agrícola e às condições climáticas;

III - adequação à natureza do trabalho na zona rural.

Parágrafo único. O fechamento de escolas do campo, indígenas e


quilombolas será precedido de manifestação do órgão normativo do
respectivo sistema de ensino, que considerará a justi cativa
apresentada pela Secretaria de Educação, a análise do diagnóstico do
impacto da ação e a manifestação da comunidade escolar. (Incluído
pela Lei nº 12.960, de 2014)

Ainda sobre o ensino fundamental, foram acrescentados mais dois parágrafos no


Artigo 32 da LDBEN, sendo eles:
§ 5º O currículo do ensino fundamental incluirá,
obrigatoriamente, conteúdo que trate dos direitos das
crianças e dos adolescentes, tendo como diretriz a Lei no
8.069, de 13 de julho de 1990, que institui o Estatuto da
Criança e do Adolescente, observada a produção e
distribuição de material didático adequado. (Incluído pela
Lei nº 11.525, de 2007)
§ 6º O estudo sobre os símbolos nacionais será incluído
como tema transversal nos currículos do ensino
fundamental. (Incluído pela Lei nº 12.472, de 2011)

O Artigo 33 inclui no currículo o ensino religioso, conforme prescrito abaixo:

Art. 33. O ensino religioso, de matrícula facultativa, é parte


integrante da formação básica do cidadão e constitui
disciplina dos horários normais das escolas públicas de
ensino fundamental, assegurado o respeito à diversidade
cultural religiosa do Brasil, vedadas quaisquer formas de
proselitismo. (Redação dada pela Lei nº 9.475, de 22.7.1997)

O Artigo 36 da LDBEN determina as seguintes diretrizes especiais para o ensino


médio:
Art. 36. O currículo do ensino médio será composto pela
Base Nacional Comum Curricular e por itinerários
formativos, que deverão ser organizados por meio da
oferta de diferentes arranjos curriculares, conforme a
relevância para o contexto local e a possibilidade dos
sistemas de ensino, a saber: (Redação dada pela Lei nº
13.415, de 2017)
I - Linguagens e suas tecnologias; (Redação dada pela Lei
nº 13.415, de 2017)
II - Matemática e suas tecnologias; (Redação dada pela Lei
nº 13.415, de 2017)
III - Ciências da natureza e suas tecnologias; (Redação
dada pela Lei nº 13.415, de 2017)
IV - Ciências humanas e sociais aplicadas; (Redação dada
pela Lei nº 13.415, de 2017)
V - Formação técnica e pro ssional. (Incluído pela Lei nº
13.415, de 2017)

FICA A DICA
Caro(a) estudante, assista o lme intitulado “entre os muros da escola”,
direção de Laurent Cantet, França: Imovision, 2009.

O lme retrata a realidade de uma escola pública francesa situada na


periferia. A comunidade atendida pela escola é caracterizada pela
diversidade cultura e pelas desigualdades sociais.

Diante de todas estas informações, nosso compromisso com a organização


curricular da Educação Básica torna-se cada vez mais indispensável nas discussões
dos grandes assuntos educacionais, visto que nele consiste a probabilidade de
investir ou não na escola como promotora de transformações na sociedade.
Plano Nacional de
Educação

AUTORIA
Fabiane Fantacholi Guimarães
O Plano Nacional de Educação é uma lei, prevista na Constituição da República
Federativa do Brasil de 1988:

Art. 214. A lei estabelecerá o plano nacional de educação, de duração


plurianual, visando à articulação e ao desenvolvimento do ensino em
seus diversos níveis e à integração das ações do poder público que
conduzam à:
I - Erradicação do analfabetismo;
II - Universalização do atendimento escolar;
III - Melhoria da qualidade do ensino;
IV - Formação para o trabalho;
V - Promoção humanística, cientí ca e tecnológica do País.
VI - Estabelecimento de meta de aplicação de recursos públicos em
educação como proporção do produto interno bruto. (Incluído pela
Emenda Constitucional nº 59, de 2009). (BRASIL, 1988).

Também são encontradas referências na Lei de Diretrizes e Bases da Educação


Nacional (Lei nº 9.394/96) no Artigo 9 a União incumbir-se-á de: “I - elaborar o Plano
Nacional de Educação, em colaboração com os Estados, o Distrito Federal e os
Municípios”, e ainda, no Artigo 87

§ 1º A União, no prazo de um ano a partir da publicação desta Lei,


encaminhará, ao Congresso Nacional, o Plano Nacional de Educação,
com diretrizes e metas para os dez anos seguintes, em sintonia com a
Declaração Mundial sobre Educação para Todos. (BRASIL, 1996).

E no Artigo 2 da Lei nº 10.712, de 9 de janeiro de 2001, “[...] os Estados, o Distrito


Federal e os Municípios deverão, com base no Plano Nacional de Educação, elaborar
planos decenais correspondentes”. (BRASIL, 2001).

Assim, na construção democrática da sociedade, os planos devem ser elaborados


pelo conjunto da sociedade e pelo Poder Público (Nacional, Estadual, Municipal)
xando objetivos, diretrizes e metas para todos os níveis e modalidades de ensino.
Seu objetivo maior, então é o de garantir aos cidadãos que a Educação escolar,
enquanto política social, direito de todos e um dever indispensável do Estado, seja
oferecida com qualidade, permitindo o acesso e a permanência do conjunto da
população à escola. Várias, entretanto, têm sido as formas para a sua elaboração e
materialidade.

Desse modo, ora são questionadas de formas mais democráticas, ora por comissões
criadas pelo Poder Político.
CONECTE-SE
Você sabia, caro(a) estudante, que o PNE é uma lei relativamente curta
(pouco mais de duas páginas no Diário O cial) e é complementada
com 20 metas, extensivamente.

Acesse o site para ampliar o seu conhecimento.

ACESSAR

Caros(as) graduandos(as), estudamos ao longo desta disciplina que é dever do


Estado garantir efetivamente o direito ao Ensino Básico de qualidade para todos,
estrelecido na Constituição Federal de 1988, na Lei de Diretrizes e Bases da
Educação Nacional de 1996 e no atual o Plano Nacional de Educação (PNE 2014-
2024), assim, a educação nacional está presente nos textos legais, tendo como
perspectiva a justiça e a inclusão social. Em contrapartida, constatamos que no
decorrer da história brasileira as políticas educacionais foram direito prioritárias dos
indivíduos.

A Lei nº 13.005, de 25 de junho de 2014, instituiu um novo PNE, sendo este o terceiro,
no qual de nidas 20 metas, detalhadas em 254 estratégias, permitindo o
planejamento da educação até o ano de 2024. O PNE instituiu mecanismos de
monitoramento e avaliação, tanto da execução do plano como da qualidade da
educação, por meio do estabelecimento de objetivos educacionais e da de nição
dos investimentos a serem disponibilizados para o alcance desses objetivos. (BRASIL,
2014).

Em seu Artigo 2 da Lei nº 13.005/2014, estabelece suas diretrizes do PNE, sendo elas:
I - Erradicação do analfabetismo;

II - Universalização do atendimento escolar;

III - Superação das desigualdades educacionais, com ênfase na


promoção da cidadania e na erradicação de todas as formas de
discriminação;

IV - Melhoria da qualidade da educação;

V - Formação para o trabalho e para a cidadania, com ênfase nos valores


morais e éticos em que se fundamenta a sociedade;

VI - Promoção do princípio da gestão democrática da educação pública;

VII - Promoção humanística, cientí ca, cultural e tecnológica do País;

VIII - Estabelecimento de meta de aplicação de recursos públicos em


educação como proporção do Produto Interno Bruto - PIB, que
assegure atendimento às necessidades de expansão, com padrão de
qualidade e equidade;

IX - Valorização dos (as) pro ssionais da educação;

X - Promoção dos princípios do respeito aos direitos humanos, à


diversidade e à sustentabilidade socioambiental. (BRASIL, 2014).

Em relação às diretrizes do PNE, conseguimos notar que expressam antigos anseios


educacionais e que, por ainda se fazerem presentes, revelam di culdades de
superação.

A essencial mudança que ocorreu nas diretrizes foi a inserção das metas
intermediárias que possibilitarão o acompanhamento do cumprimento das
propostas. Outras foram reforçadas, como a que prevê a triplicação do aumento das
matrículas no Ensino Médio, diferente da proposta do Ministério da Educação (MEC)
de duplicar o número de estudantes nessa etapa em dez anos, bem como métodos
de controle foram incorporados ao relatório. O Instituto de Estudos e Pesquisas
Educacionais (Inep) necessitará fazer um estudo, a cada dois anos, para constatar a
efetivação das metas.

Caro(a) acadêmido(a), estudamos, para melhor visualização na composição das


metas, segue abaixo o quadro com as metas do PNE 2014-2024:
Metas do PNE – Lei nº 13.005/2014

Metas estruturantes para a garantia


Metas 1, 2, 3, 5, 6, 7, 9, 10 e 11 do direito à educação básica com
qualidade.

Metas especí cas à superação das


Metas 4 e 8 desigualdades e à valorização da
diversidade.

Metas relativas à qualidade e


Metas 12,13 e 14 ampliação do acesso à educação
superior e á pós-graduação.

Metas de valorização dos


Metas 15, 16, 17 e 18
pro ssionais da educação.

Meta para a efetivação da gestão


Meta 19
democrática.

Meta de ampliação dos


Meta 20
investimentos.

Fonte: Adaptado, BRASIL, 2014.

Neste momento, vamos conhecer as metas do Plano Nacional da Educação que se


encontra vigente, daremos início as metas que relatam sobre a Educação Básica,
sendo elas: metas 1, 2, 3 e 4, que têm como direcionamento estruturar a garantia do
direito a uma educação básica com qualidade e dizem respeito ao acesso, à
universalização da alfabetização e à ampliação da escolaridade e das oportunidades
educacionais. (BRASIL, 2014).

Segue abaixo as metas 1, 2, 3 e 4 do PNE 2014-2024 na íntegra que retrata os


desa os da Educação Básica:
Fonte: Adaptado, BRASIL, 2014.

A Campanha Nacional Pelo Direito à Educação (CNE) vem alertando sobre o


descumprimento dos mais importantes dispositivos do PNE, entre as 20 grandes
metas do PNE. O monitoramento dos indicadores é realizado por diferentes ONGs e
pelo próprio Ministério da Educação (MEC) revelam, no entanto, que as metas não
serão atingidas como previsto anteriormente.
CONECTE-SE
Você graduando(a), para saber mais sobre as metas e se estão sendo
atingidas, acesse o link, tenho a certeza que irá se surpreender.

ACESSAR

Agora vamos conhecer as metas 5, 7 e 9 do PNE 2014-2024 na íntegra que trata a


qualidade da Educação Básica e a alfabetização de todos os cidadãos:

Fonte: Adaptado, BRASIL, 2014.


REFLITA
“Uma criança pode ser considerada alfabetizada quando se apropria da
leitura e da escrita, como ferramentas essenciais para seguir
aprendendo, buscando informação, desenvolvendo sua capacidade de
se expressar, de desfrutar a literatura, de ler e de produzir textos em
diferentes gêneros, participando de modo efetivo do meio cultural no
qual está inserida”. (TODOS PELA EDUCAÇÃO).

Fonte: TODOS PELA EDUCAÇÃO. Observatório do PNE. Metas do PNE.

ACESSAR

Metas 6 e 8 do PNE 2014-2024, na íntegra, apresenta o tempo na escola e o tempo


de escolaridade, segue abaixo:

Fonte: Adaptado, BRASIL, 2014.

As 20 metas do Plano Nacional de Educação trazem uma nova perspectiva para a


educação nacional. Ao compreender os desa os e objetivos propostos, os
pro ssionais da educação poderão focar seu ofício sob essa ótica.
Quando se trata de Ensino Médio, Educação de Jovens e Adultos (EJA) e Educação
Superior, as metas de nidas demonstram a necessidade de mais avanços e atenção
especial a esses níveis e modalidades por parte do Estado. Isso envolve questões não
somente voltadas ao ensino-aprendizagem em si, mas também ao acesso da
população a essas categorias educacionais.

A seguir, caro(a) estudante, vamos conhecer na íntegra as metas do PNE 2014-2024


que se referem aos principais desa os atuais do Ensino Médio, da EJA e do Ensino
Superior, sendo elas: as metas 10, 11 e 12:

Fonte: Adaptado, BRASIL, 2014.


SAIBA MAIS
Você, caro(a) graduando(a), sabia que o Programa Nacional de
Integração da Educação Pro ssional com a Educação Básica na
Modalidade de Educação de Jovens e Adultos (Proeja) propõe a
implementação de cursos nos seguintes formatos: a) educação
pro ssional técnica integrada ao Ensino Médio na modalidade EJA; b)
educação pro ssional técnica concomitante ao Ensino Médio na
modalidade EJA; c) formação inicial e continuada (FIC) ou quali cação
pro ssional integrada ao Ensino Fundamental na modalidade EJA; d)
formação inicial e continuada ou quali cação pro ssional integrada ao
Ensino Médio na modalidade EJA; e) formação inicial e continuada ou
quali cação pro ssional concomitante ao Ensino Médio na modalidade
EJA. (BRASIL, 2014).

O Plano Nacional de Educação, em suas 20 metas, estipula alguns objetivos voltados


à formação e valorização dos pro ssionais da educação, para que, com essa prática,
ocorra uma real melhoria na qualidade do ensino brasileiro.

Segue abaixo as metas 13, 14 e 15 do PNE 2014-2024 na íntegra:


Fonte: Adaptado, BRASIL, 2014.

Ainda as metas 16, 17 e 18 do PNE 2014-2024 descrevem sobre a formação e


valorização dos pro ssionais da educação, segue abaixo as metas na íntegra:
Fonte: Adaptado, BRASIL, 2014.

Na sequência, caro(a) graduando(a), observaremos que, para funcionar


adequadamente, toda política pública, programa ou ação governamental necessita
de nanciamento e da adoção de uma efetiva gestão democrática.

Esses temas são abordados nas metas 19 e 20 do PNE 2014-2024, logo abaixo:
Fonte: Adaptado, BRASIL, 2014.

Como podemos constatar as metas 19 e 20 do PNE 2014-2024 existem para garantir


todas as outras metas de avanço para a educação brasileira, visando à
universalização do ensino no país, com qualidade e equidade em todos os seus
níveis e etapas, superando as desigualdades e valorizando os pro ssionais da
educação e a gestão democrática. (BRASIL, 2014).

Deste modo, ao fazer um balanço sobre as metas assumidas no PNE 2014-2024,


podemos observar que algumas delas praticamente ainda não foram realizadas. O
Plano até aqui tem representado um avanço, mas é preciso a participação da
sociedade civil e a atuação política para realmente fazer valer todas as metas e
diretrizes.

Ademais, pelo que conseguimos averiguar, ainda se faz necessário um conjunto de


medidas de legislação complementar à implantação e à viabilização tanto do atual
PNE, quanto dos futuros Planos a serem traçados.
Conclusão - Unidade 3

Finalizando nossa Unidade III, no primeiro momento foi apresentado um breve


estudo sobre a concepção de Educação Básica e como se encontra na distribuição de
níveis e modalidades.

Dando sequência em nossos estudos, abordamos sobre a organização curricular da


Educação Básica, apresentando o conceito de currículo segundo alguns autores, bem
como o currículo disposto na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional –
LDBEN, de 1996, bem como em resoluções do Conselho Nacional de Educação – CNE
para todos os níveis de Ensino da Educação Básica. E por m, estudamos o Plano
Nacional de Educação – PNE que se encontra vigente, considerando suas diretrizes,
metas e estratégias.

Não esgotamos todas as possibilidades de entendimento, mas mostramos um


direcionamento para os estudos em relação a temática abordada. Então mãos a obra
e convido você, caro(a) estudante, a consultar as Referências, de modo a aprofundar
seu conhecimento.
Livro
Unidade 4
Avaliações da Educação
Básica

AUTORIA
Fabiane Fantacholi Guimarães
Introdução
Prezado(a) aluno(a),

Seja bem-vindo(a) à Unidade IV da disciplina de Estrutura e Funcionamento do


Ensino.

Nesta Unidade, você estudará sobre a avaliação institucional na educação básica,


analisando, nos últimos anos, a relevância que este tema vem conquistando nos
espaços institucionais devido à sua importância no processo de melhoria das
escolas, bem como a importância dos órgãos governamentais da educação, sendo
eles: MEC e Inep que atuam no nível federal.

Além de conhecer o Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb) e a Provinha


Brasil, que são avaliações externas aplicadas em larga escala, que tem como objetivo
diagnosticar a Educação Básica do Brasil e por m estudar sobre o Índice de
desenvolvimento da educação básica (Ideb), criado pelo Inep para medir a
qualidade do aprendizado nacional e estabelecer metas para a melhoria do ensino.

Espero que estes textos colaborem para a sua melhor compreensão sobre a
temática abordada nesta última unidade.

Boa leitura e bons estudos!


Avaliação Institucional na
Educação Básica

AUTORIA
Fabiane Fantacholi Guimarães
A avaliação institucional em nosso país ainda é considerada como uma prática
recente, principalmente em relação à educação básica. Mas, aos poucos, a avaliação
institucional vem sendo incorporada como um processo necessário à administração
como condição de melhoria em relação às políticas públicas.

O tema avaliação institucional, nos últimos anos, vem conquistando nos espaços
escolares apontando a discussão de sua importância no processo de melhoria das
escolas.

De acordo com Grochoska (2013, p. 45) “[...] a avaliação tornou-se um aspecto


decisório no direcionamento das políticas públicas da educação, contribuindo para
as transformações de estrutura já consolidadas”. Contudo, é preciso compreender a
avaliação a partir de um contexto de busca contínua da qualidade e
aperfeiçoamento da instituição de ensino.

CONECTE-SE
Sugiro a leitura do capítulo 3 (Avaliação de redes de ensino: a
responsabilidade do poder público) do livro intitulado “Avaliação
educacional: caminhando pela contramão”, de Luiz Carlos de Freitas,
2014, disponível na biblioteca virtual.

ACESSAR

A avaliação institucional da escola segundo Freitas (2014, p.36)

[...] é um processo que envolve todos os seus atores, com vistas a


negociar patamares adequados de aprimoramento, a partir dos
problemas concretos vivenciados por ela. Se a avaliação em larga
escola é externa, a avaliação institucional é interna à escola e sob seu
controle, enquanto a avaliação da aprendizagem é assunto
preferencialmente do professor em sua sala de aula.

Freitas (2014) acrescenta expondo que a avaliação institucional deve ser o ponto de
encontro entre os dados provenientes tanto da avaliação dos alunos feita pelo
professor, como da avaliação dos alunos feita pelo sistema.
Ao realizar a avaliação institucional é necessário que ela estabeleça relação “[...]
fundamentada em princípios construtivos e voltada para a melhoria escolar”. No
qual “sua nalidade deve ser clara e objetiva, envolver a subjetividade dos contextos
por meio da participação de todos, de forma democrática, e preservar a identidade e
a autonomia da instituição”. (GROCHOSKA, 2013, p. 51).

Para Grochoska (2013, p. 46)

[...] as instituições destinadas à educação, seja em nível básico ou


superior, seja privada ou pública, precisam compreender-se em sua
totalidade para entenderem melhor seus dé cits e potencialidades
para que, com base nos dados (qualitativos e qualitativos), possam
redirecionar as ações com mais e cácia, trazendo benefício concreto
para a escola.

No entanto, a avaliação institucional segundo a autora Grochoska (2013, pp. 51-52)

[...] tem aparecido como destaque educacional, principalmente no que


se refere à educação superior, já a educação básica vem trilhando
timidamente esse caminho, pois as iniciativas de avaliação institucional
são desenvolvidas nessa etapa do ensino por meio de programas por
amostragem e com foco maior no rendimento do aluno, como o Saeb.
Na educação superior, a avaliação já se desenvolve de maneira
signi cativa: onde o contexto é melhor evidenciado, ou seja, é
necessário que a avaliação da educação básica envolva vários outros
elementos de coleta de dados para um efetivo diagnóstico do contexto
educacional brasileiro.

Assim, caro(a) estudante, a avaliação torna-se importante estratégia para o processo


de tomada de decisões, pois por meio do diagnóstico coletado, as prioridades e
necessidades passam a serem mais bem compreendidas, consequentemente,
encaminhamentos indicados naquele processo terão maior e cácia dentro do
contexto escolar.

FICA A DICA
Olá caro(a) estudante, assista ao vídeo intitulado “Avaliação da
aprendizagem”, segundo Cipriano Luckesi.
Órgãos Governamentais da
Educação: MEC/Inep

AUTORIA
Fabiane Fantacholi Guimarães
Ministério da Educação (MEC)
Em 1930, no período de Getúlio Vargas, pelo decreto nº 19.402, o Ministério da
Educação (MEC) foi fundado, no início com o nome de “Ministério dos Negócios da
Educação e Saúde Pública”, sendo um órgão do governo federal do Brasil. No Art. 2
do referido decreto expõe que “Este Ministério terá a seu cargo o estudo e despacho
de todos os assuntos relativos ao ensino, saúde pública e assistência hospitalar”.
(BRASIL, 1930).

Em 1953, pela Lei nº 1.920, no Artigo 1º “É criado o Ministério da Saúde, ao qual carão
afetos os problemas atinentes à saúde humana”. (BRASIL, 1953). E em seu Artigo 2 “O
Ministério da Educação e Saúde passa a denominar-se “Ministério da Educação e
Cultura"”. (BRASIL, 1953).

Em 1985, pelo decreto nº. 91.144 cria o Ministério da Cultura (MinC) (BRASIL, 1985), no
entanto, revogado pelo decreto nº 99.600, de 1990, mas a sigla MEC continua,
contudo passa a se chamar Ministério da Educação.

Desde 1990, o MEC é responsável pela Política Nacional de Educação de toda a rede
de ensino, pública e privada, nacional, bem como é responsável pelas pesquisas de
extensão universitárias. (BRASIL, 2018).

Também o MEC é responsável pela avaliação do ensino no Brasil, no qual todos os


anos o ministério veri ca a qualidade do ensino em toda a rede pública e provada
nacional, emitindo aprovação e pontuação a faculdades e cursos de nível superior.

Além do MEC, existe uma série de órgãos que trabalham para garantir a qualidade
da educação no Brasil, como o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas
Educacionais Anísio Teixeira (Inep), o qual caro(a) estudante vamos estudar no
próximo tópico.

Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas


Educacionais Anísio Teixeira (Inep)
O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) foi
fundado em 13 de janeiro de 1937, o Inep é uma autarquia federal vinculada ao
Ministério da Educação (MEC).

“Sua missão é subsidiar a formulação de políticas educacionais dos diferentes níveis


de governo com intuito de contribuir para o desenvolvimento econômico e social do
país”. (BRASIL, 2015).

O Inep tem a função de organizar e manter o sistema de informações e estatísticas


educacionais, com o objetivo de subsidiar ações do poder público (governos federal,
estadual e municipal) na área da educação.
Com esse objetivo, o Inep atua nas áreas de avaliações, exames e indicadores da
Educação Básica, sendo elas:

Sistema Nacional da Educação Básica (Saeb)


Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb)
Exame Nacional do Ensino Médio (Enem)
Exame Nacional para Certi cação de Competências de Jovens e
Adultos (ENCCJA)
Indicadores Educacionais

No entanto, em nossos estudos iremos abordar algumas das áreas de avaliações,


exames e indicadores da Educação Básica.

CONECTE-SE
Você sabe quais são as avaliações, exames e indicadores da Educação
Superior?

São elas: Sinaes; Avaliação Interna; Avaliação Externa; Enade; Anasem;


Revalida; Indicadores de Qualidade da Educação Superior e Saeg.

Para saber mais sobre acesse o portal do Inep.

ACESSAR
Sistema de Avaliação da
Educação Básica (Saeb)

AUTORIA
Fabiane Fantacholi Guimarães
A avaliação educacional é uma questão que tem origem no texto da Constituição
Federal, de 1988, que, em seu Artigo 206, prevê a “garantia de padrões de qualidade”,
que se impõem como tarefa pública do Estado e do governo, de acordo com a
concepção de federalismo.

Por iniciativa do governo federal, com o objetivo de diagnosticar a realidade da


educação básica em todo o Brasil, implantou-se o Sistema Nacional de Avaliação da
Educação Básica (Saeb), que iniciou nos anos nais da década de 80.

O Saeb é coordenado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais


Anísio Teixeira (Inep), e é constituído por

[...] um conjunto de avaliações externas em larga escala que permitem


ao Inep realizar um diagnóstico da educação básica brasileira e de
alguns fatores que possam interferir no desempenho do estudante,
fornecendo um indicativo sobre a qualidade do ensino ofertado. (SAEB,
2019).

As duas primeiras versões do Saeb de 1990 e 1993, ambas foram efetivadas com a
participação de uma amostra de escolas que ofertavam 1.ª, 3.ª, 5.ª e 7.ª séries do
ensino fundamental das escolas públicas. Os estudantes de 1.ª e 3.ª séries foram
avaliados em Língua Portuguesa, Matemática e Ciências, e os estudantes de 5.ª e 7.ª
séries foram avaliados em Língua Portuguesa, Matemática, Ciências e Redação.

Nas edições posteriores, os testes foram construídos se adotando uma metodologia


que analisava os resultados os comparando com aqueles dos anos anteriores e
adicionava amostras da rede privada. Na continuidade, em cada nova edição,
tornava-se melhor a elaboração, assim como a ampliação de disciplinas avaliadas e
de etapas de ensino, possibilitando a geração de resultados para os estados e
municípios.

A partir de 2001, as avaliações se concentraram nas áreas de Língua Portuguesa e


Matemática. Em 2005, o Saeb foi reestruturado pela Portaria Ministerial nº 931, de 21
de março de 2005, e passou a ser constituído por duas avaliações: Avaliação Nacional
da Educação Básica (Aneb) e Avaliação Nacional do Rendimento Escolar (Anresc),
conhecida como Prova Brasil. Por m, em 2013, com a criação da Portaria nº 482, de
7 de junho de 2013, a Avaliação Nacional da Alfabetização (ANA), prevista no Pacto
Nacional pela Alfabetização na Idade Certa (PNAIC), passou a compor o Saeb.
SAIBA MAIS
Você sabia, caro(a) graduando(a), que a LDBEN/96, estabelece em seu
Artigo 9, que a União incumbir-se-á de:

[...] VI - assegurar processo nacional de avaliação do


rendimento escolar no ensino fundamental, médio e
superior, em colaboração com os sistemas de ensino,
objetivando a de nição de prioridades e a melhoria da
qualidade do ensino; [...] (BRASIL, 1998).

Desse modo, é importante diferenciar as três avaliações, sendo elas: Aneb; Anresc e
ANA.

A primeira é a Avaliação Nacional da Educação Básica (Aneb), que abrange, de


maneira amostral, alunos das redes públicas e privadas do país, em áreas urbanas e
rurais, matriculados na 4.ª série/no 5.º ano e na 8.ª série/no 9.º ano do Ensino
Fundamental e no 3.º ano/3.ª série do Ensino Médio, nas áreas de Língua Portuguesa
e Matemática. Mantém o foco nas questões de gestão dos sistemas educacionais
como um todo e, devido a seu caráter amostral, apresenta os resultados do país
como um todo, das regiões geográ cas e das unidades da federação.

Segunda a Avaliação Nacional do Rendimento Escolar (Anresc), conhecida também


como Prova Brasil, é uma avaliação censitária, ou seja, que considera os dados do
senso escolar. Envolve os alunos da 4.ª série/ do 5.º ano e 8.ª série/9.º ano do Ensino
Fundamental das escolas públicas das redes municipais, estaduais e federal, com o
foco de avaliar a qualidade do ensino ministrado nas escolas públicas, objetivando
auxiliar nas gestões escolares.

Participam dessa avaliação as escolas que possuem, no mínimo, 20 alunos


matriculados nas séries/nos anos avaliados, sendo os resultados disponibilizados por
escola e por ente federativo.

Caro(a) graduando(a), é importante entender que ambas as avaliações – Aneb e


Anresc – são realizadas bienalmente e, além de subsidiarem o cálculo de Índice de
Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB), são avaliações em larga escala e
circunscrevem entre os mesmos objetivos.

De acordo com a Portaria do Inep nº 149, de 16 de junho de 2011, em seu Artigo 2.


“Constituem objetivos do Sistema de Avaliação da Educação Básica”:
I. Oferecer subsídios à formulação, reformulação e monitoramento de
políticas públicas e programas de intervenção ajustados às
necessidades diagnosticadas;

II. Identi car problemas e diferenças regionais na Educação Básica;

III. Produzir informações sobre os fatores do contexto socioeconômico,


cultural e escolar que in uenciam o desempenho dos estudantes;

IV. Proporcionar aos agentes educacionais e à sociedade, uma visão dos


resultados dos processos de ensino e aprendizagem e das condições
em que são desenvolvidos;

V. Desenvolver competência técnica e cientí ca na área de avaliação


educacional, ativando o intercâmbio entre instituições educacionais de
ensino e pesquisa;

VI. Aplicar testes de Matemática e de Língua Portuguesa, com foco em


resolução de problemas e em leitura respectivamente, de nidos nas
Matrizes de Referência do Sistema de Avaliação da Educação Básica;

VII. Produzir informações sobre o desempenho dos estudantes, assim


como sobre as condições intra e extra-escolares que incidem sobre o
processo de ensino e aprendizagem, no âmbito das redes de ensino e
unidades escolares;

VIII. Fornecer dados para cálculo do IDEB;

IX. Avaliar a qualidade, a equidade e a e ciência dos sistemas e redes de


ensino brasileiras;

X. Manter a construção de séries históricas, permitindo


comparabilidade entre anos e entre séries escolares. (BRASIL, 2011).

Última avaliação incorporada ao Saeb, a Avaliação Nacional da Alfabetização (ANA)


foi incorporada ao Saeb pela Portaria nº. 482, de 7 de junho de 2013, e é aplicada
anualmente, é uma avaliação censitária que envolve os alunos do 3.º ano do Ensino
Fundamental das escolas públicas.

Seu objetivo principal é avaliar os níveis de alfabetização e letramento em Língua


Portuguesa e alfabetização em Matemática, bem como avaliar as condições de
oferta do Ciclo de Alfabetização das redes públicas.
O Sistema Nacional de Avaliação, a
Provinha Brasil, ou também
chamada de Avaliação da
Alfabetização Infantil, sendo esta
uma avaliação diagnóstica, visa
investigar o desenvolvimento das
habilidades relativas à alfabetização
e ao letramento em Língua
Portuguesa e Matemática em
crianças matriculadas no 2.º ano do
Ensino Fundamental das escolas
públicas brasileiras.

Além dessas avaliações, foi


incorporado pelo Inep, em 1998, o
Exame Nacional do Ensino Médio
(Enem), com a nalidade de “avalia
o desempenho escolar ao nal da
Educação Básica” (ENEM, 2015).

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O Enem é utilizado como forma de ingresso em algumas universidades, eliminando,


em muitas ocasiões, a necessidade de prestar vestibular. Até 2016 o Enem também
podia ser usado por maiores de 18 anos para seguir a certi cação do ensino médio.
Porém, a partir da edição 2017, essa função voltou a ser do Exame Nacional para
Certi cação de Competências de Jovens e Adultos (Encceja).

Além das universidades brasileiras, a partir de 2014 o Enem também passou a ser
aceito como forma de entrada em universidades de Portugal, a primeira a aceitar a
nota do exame como forma de inscrição foi a Universidades de Coimbra, e hoje já
são 29 universidades portuguesas que assinaram o acordo com o Inep, responsável
pela aplicação do exame.

A partir de 2019 o Saeb passa a contemplar a Educação Infantil, além dos Ensinos
Fundamental e Médio, que já eram avaliados. Sendo assim, os alunos que devem
participar do Saeb 2019 são das turmas de: creche e pré-escola da Educação Infantil;
5º e 9º anos do Ensino Fundamental; e 3ª série do Ensino Médio. Os estudantes do 2º
ano do Ensino Fundamental só serão avaliados a partir de 2021.
REFLITA
“Os resultados não re etem a porcentagem de acertos de um aluno
respondendo a uma prova, mas a de um conjunto de alunos
respondendo às habilidades do currículo proposto, distribuídas em
várias provas diferentes. O resultado se dá pela representatividade de
um grupo de alunos como uma unidade dentro do sistema de ensino”.

Fonte: Portal do Inep.

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Em 2019, as siglas ANA, Aneb e Anresc deixarão de existir e todas as avaliações


passarão a ser identi cadas pelo nome Saeb, acompanhado das etapas, áreas de
conhecimento e tipos de instrumentos envolvidos.

As aplicações se concentrarão nos anos ímpares e a divulgação dos resultados, nos


anos pares. Um dos destaques da reestruturação é a a rmação de dimensões da
qualidade educacional que extrapolam a aferição de pro ciências em testes
cognitivos.

As condições de acesso e oferta das instituições de Educação Infantil passarão a ser


avaliadas. Mesmo com as alterações, o sistema não perderá a comparabilidade entre
edições.
Provinha Brasil

AUTORIA
Fabiane Fantacholi Guimarães
A Provinha Brasil “é um instrumento pedagógico, sem nalidades classi catórias,
que fornece informações sobre o processo de alfabetização e de matemática aos
professores e gestores das redes de ensino” (PROVINHA BRASIL, 2015) e conforme a
Portaria Normativa nº 10, de 24 de abril de 2007, do Ministério da Educação (MEC).

Em seu Artigo 2 da referida portaria trás os objetivos da Avaliação de Alfabetização


“Provinha Brasil”, sendo eles:

a) avaliar o nível de alfabetização dos educandos nos anos iniciais do


ensino fundamental;

b) oferecer às redes de ensino um resultado da qualidade do ensino,


prevenindo o diagnóstico tardio das di culdades de aprendizagem; e

c) concorrer para a melhoria da qualidade de ensino e redução das


desigualdades, em consonância com as metas e políticas estabelecidas
pelas diretrizes da educação nacional. (BRASIL, 2007).

A Provinha Brasil foi realizada, pela primeira vez, em 2008, sendo um instrumento de
avaliação aplicada em alunos do 2º ano do Ensino Fundamental e tem por objetivo
acompanhar o nível de alfabetização dos alunos, avaliando habilidades de leitura e
matemática. Saiba que ela não tem o objetivo de classi cação, mas sim a função
diagnóstica, deste modo, ao levantar as di culdades pode-se trabalhar para a
melhoria da educação.

Você, caro(a) estudante, deve estar se perguntando como é realizado o Provinha


Brasil, certo?

O Inep organiza e distribui um kit que contém o manual de aplicação para o


professor (inclusive com os enunciados das questões, que o professor deve ler para
todos os alunos em voz alta), o caderno de prova dos alunos (que avalia habilidades
de leitura e matemática) e o material para análise dos resultados. (BRASIL, 1995).

Então qual seria a abrangência desse exame? Apenas alunos matriculados no


sistema participam, pois a Provinha Brasil também tem o objetivo censitário. Ela não
é uma avaliação externa, quem aplica é o próprio sistema em parceria com as
escolas.

Ainda o Ministério da Educação (MEC) anunciou que em 2019 a Educação Infantil


(creche e pré-escola) será avaliada pela primeira vez pelo Inep. Ao contrário das
outras etapas, as crianças da Educação Infantil não terão que fazer nenhuma prova,
a avaliação será por meio de questionários aplicados a professores, dirigentes e
equipe escolar.

Todas as avaliações, incluindo a da Educação Infantil, serão feitas de dois em dois


anos, sempre nos anos ímpares. Os resultados serão divulgados nos anos pares. As
mudanças aqui mencionadas passam a valer segundo o ministro da Educação a
partir de 2019.

Índice de Desenvolvimento da Educação


Básica (IDEB)
Em 2007, foi criado pelo Inep o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica
(Ideb), em que reúne em um só indicador, “os resultados de dois conceitos
igualmente importantes para a qualidade da educação: o uxo escolar e as médias
de desempenho nas avaliações”. (IDEB, 2015).

A autora Vieira (2015, p. 89) relata que “embora o Brasil tenha desenvolvido
indicadores para mensurar aspectos relacionados ao processo educativo, como o
desempenho de alunos e o rendimento escolar, estes dados nem sempre foram
explorados e aproveitados em sua plena potencialidade”.

Assim, embora o Saeb tenha iniciado nos anos nais da década de 80 e início de 90,
alguns gestores públicos atuando nos sistemas de ensino, principalmente no
âmbito de estados e municípios, reconheciam os dados desse exame.

Seu caráter amostral criava um distanciamento entre os resultados


obtidos e as escolas, uma vez que elas não se reconheciam nos dados
consolidados e explicitavam certo inconformismo e descrédito em
relação ao exame. (VIEIRA, 2015, p. 89).

Em 2005, ocorreram algumas alterações, por meio da Prova Brasil, os resultados


passaram a ser divulgado por escolas, passo principal para a assimilação do Saeb
pelas comunidades escolares, de modo especial pelos gestores e professores.

Vieira (2015, p.89) acrescenta a seguinte informação sobre o Saeb:


Ao divulgar os dados de cada escola através de um boletim enviado
para o estabelecimento de ensino que participou do exame, sua
credibilidade adquiriu maior envergadura. Na verdade, a amplitude do
exame não produz nenhuma alteração nos resultados que vinham
sendo obtidos na série histórica, pelo contrário, os dados são apenas
con rmados. O fato novo é que, desta feita, as escolas se reconhecem
nos resultados, o que causa um forte impacto na gestão dos sistemas
em todos os âmbitos.

Para tanto, o Ideb tem sua nalidade se centra no acompanhamento e na avaliação


do desempenho dos estudantes brasileiros para a implementação de políticas
públicas que possam contribuir com o sistema escolar para melhorar a educação
brasileira, entendendo que a permanência do aluno na mesma etapa ou ciclo não
garante a aprendizagem e acaba interferindo no índice de desenvolvimento da
educação básica.

Nesse sentido, entende-se que esses exames existem para subsidiar as políticas
públicas, ou seja, auxiliar os governantes no direcionamento de recursos visando à
melhoria da qualidade do ensino. Isso gera muitos questionamentos pelos
diferentes segmentos da Educação, devido ao fato de buscar uma padronização
que, entre outras questões, não considera as peculiaridades de cada região.
Ocasiona, dessa forma, uma divergência de resultados que não condiz de forma
precisa com o real desenvolvimento dos alunos ou das escolas e/ou municípios,
causando grande polêmica no meio educacional.

O Ideb é calculado através de uma fórmula estatística e seus resultados são


expressos numa escala de 0 (zero) a 10 (dez), indicando médias para o país, os
estados, os municípios e as escolas.

Para uma melhor compreensão sobre esse indicador, faz-se necessário um


entendimento sobre como é feita a sua fórmula geral do IDEB, no qual é dada por:
I DEBJ i = NJ i x PJ i

Em que,

J = unidade escolar

i = ano do exame e do Censo Escolar

NJ i= média da pro ciência em Língua Portuguesa e Matemática,


padronizada para um indicador entre 0 e 10

PJ i = taxa de aprovação na etapa de ensino

Com esse cálculo se almeja obter resultados cada vez mais precisos sobre a
realidade escolar de todo o país. Ele vem sendo implementado desde 2005, ano em
que se estabeleceram metas bienais de qualidade a serem atingidas por todos os
envolvidos, sendo eles: escolas, municípios e estados, pois a tentativa é estabelecer
uma ação conjunta entre as instâncias.

As metas estabelecidas pelo Ideb são diferenciadas para cada escola e rede de
ensino, com o objetivo único de alcançar 6 pontos até 2022, média correspondente
ao sistema educacional dos países desenvolvidos.

Por intermédio deste índice, será possível a cada esfera da administração da


educação pública ver seus resultados, estabelecer metas e comparar-se em relação
aos demais.

Com base nas médias do Ideb, o MEC planeja desenvolver uma série de ações de
melhoria das redes federais, estaduais e municipais, sobretudo junto aos sistemas e
escolas com mais baixos indicadores.
CONECTE-SE
Para saber qual foi o Ideb atual acesse o link para maiores informações.

ACESSAR

A partir de 2006, o Ideb foi incorporado ao Plano de Desenvolvimento da Educação


(PDE), por meio da ação Plano de Metas do PDE. Esta iniciativa representa um
pacote de investimentos do governo federal no campo da educação, priorizando os
municípios com os mais baixos índices de qualidade do país.

Não há dúvidas sobre a importância de um indicador, como o Ideb para monitorar a


qualidade da educação, no entanto, a sua simples existência não assegura nenhum
tipo de utilização, muito menos compromisso de melhorias.
Considerações Finais

Chegamos ao m de mais uma pequena jornada, que teve como principal objetivo
transitar e compreender as alíneas que desenham o universo da estrutura e
funcionamento do ensino na educação, bem como as políticas educacionais e a
organização da educação brasileira.

Ao longo das quatro unidades, para dar sustentação à presente discussão, discutiu-
se criteriosamente com autores que promoveram uma rica interlocução entre as
ações da atualidade e as relações históricas estabelecidas. E ainda, compreendemos
que a educação no Brasil está amparada por uma série de documentos. Esses
documentos dão, por sua vez, todas as matrizes para a estrutura e o funcionamento
da Educação Básica.

O que signi ca que navegamos das questões conceituais de ciência política e


políticas públicas de educação, bem como a concepção da Lei de Diretrizes e Bases
da Educação Nacional ao longo dos tempos, e suas mudanças ao longo do caminho.
Em outro momento, discutimos sobre a concepção de Educação Básica, sua
organização curricular e, por consequência, o Plano Nacional de Educação.

Como continuidade das ações, passamos pelas formas de avaliações de práticas


pedagógicas. Concomitantemente, entrelaçamos a função dos órgãos
Governamentais da Educação: MEC/ Inep, assim como, o Sistema de Avaliação da
Educação Básica e o índice de desenvolvimento.

Sendo assim, caro(a) graduando(a), chegamos ao nal dos nossos estudos


relacionados a essa temática, mas reforço o que disse inicialmente: o texto
apresentado não esgotou todas as possibilidades de pensar e re etir acerca das
temáticas abordadas. Espero, contudo, que tenha-lhe proporcionado momentos
importantes e oportunos para a compreensão das análise realizadas acerca das
temáticas propostas.

Desejo a você sucesso e inúmeras realizações pro ssionais. Até breve!

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