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MÓDULO II

Turismo
de Base
Comunitária
Presidente da República Federativa do Brasil Equipe Técnica da Coordenação-
Luiz Inácio Lula da Silva Geral de Sustentabilidade e Ações
Climáticas no Turismo – MTur
Ministra de Estado do Turismo
Carolina Fávero de Souza
Daniela Moté de Souza Carneiro
Edson Teixeira Viana Barros
Secretaria Nacional de Planejamento, Laís Campelo Corrêa Torres
Sustentabilidade e Competitividade no Turismo Rafaela Levay Lehmann Herrmann
Marcelo Lima Costa Regina Motta
Diretor do Departamento de Qualidade, Coordenação e Revisão Técnica – MTur
Sustentabilidade e Ações Climáticas no Turismo Carolina Fávero de Souza
Leandro Luiz de Jesus Gomes Laís Campelo Corrêa Torres
Coordenadora-Geral de Sustentabilidade Rafaela Levay Lehmann Herrmann
e Ações Climáticas no Turismo Regina Motta
Rafaela Levay Lehmann Herrmann Projeto “Brasil, essa é a nossa praia!”
– Coordenação Geral / UFRN
Coordenadora de Sustentabilidade e
Ações Climáticas no Turismo Leilianne Michelle Trindade da Silva Barreto
Ricardo Lanzarini
Carolina Fávero de Souza
Pesquisadores – PPGTUR/UFRN
Coordenadora de Turismo Responsável
Carolina Todesco
Laís Campelo Corrêa Torres
Guilherme Bridi
Colaboradores – PPGTUR/UFRN
Francisco Xavier da Silva Júnior
Jakson Braz de Oliveira
Jessyca Rodrigues Henrique da Silva
Revisão Científica – PPGTUR/UFRN
Ricardo Lanzarini
Wilker Ricardo de Mendonça Nóbrega

Reitor Secretária de Educação a Distância


José Daniel Diniz Melo Maria Carmem Freire Diógenes Rêgo
Vice-Reitor Secretária Adjunta de Educação a Distância
Henio Ferreira de Miranda Ione Rodrigues Diniz Morais
Diretoria Administrativa da EDUFRN Coordenadora de Produção de Materiais Didáticos
Maria das Graças Soares Rodrigues (Diretora) Maria Carmem Freire Diógenes Rêgo
Helton Rubiano de Macedo (Diretor Adjunto) Coordenador Editorial
Bruno Francisco Xavier (Secretário)
Maurício Oliveira Jr
Conselho Editorial
Gestão do Fluxo de Revisão
Maria das Graças Soares Rodrigues (Presidente)
Fabíola Barreto Gonçalves
Judithe da Costa Leite Albuquerque (Secretária)
Adriana Rosa Carvalho Gestão do Fluxo de Editoração
Alexandro Teixeira Gomes Maurício Oliveira Jr
Elaine Cristina Gavioli
Everton Rodrigues Barbosa Revisão Linguístico-textual
Fabrício Germano Alves Fabíola Barreto Gonçalves
Francisco Wildson Confessor
Gilberto Corso Revisão de ABNT
Gleydson Pinheiro Albano Edineide Marques
Gustavo Zampier dos Santos Lima Revisão Tipográfica
Izabel Souza do Nascimento Fabíola Barreto Gonçalves
Josenildo Soares Bezerra
Projeto Gráfico
Ligia Rejane Siqueira Garcia
Lucélio Dantas de Aquino Carol Costa
Marcelo de Sousa da Silva Capa
Márcia Maria de Cruz Castro Foto de Faris Munandar
Márcio Dias Pereira
Diagramação
Martin Pablo Cammarota
Adalberto Cristh
Nereida Soares Martins
Roberval Edson Pinheiro de Lima Ilustrações
Tatyana Mabel Nobre Barbosa Laura Viana
Tercia Maria Souza de Moura Marques
MÓDULO II
Turismo de Base Comunitária

Natal, 2023
Coordenadoria de Processos Técnicos
Catalogação da Publicação na Fonte.UFRN / Biblioteca Central Zila Mamede

Turismo de Base Comunitária [recurso eletrônico] / Leilianne Michelle Trindade


da Silva Barreto e Ricardo Lanzarini (coord.). – 1. ed. – Natal: SEDISUFRN;
Brasília: Ministério do Turismo, 2023.
4500 KB., PDF.

ISBN 978-65-5569-355-3

Projeto Brasil, esse é nossa Praia!

1. Turismo Responsável. 2. Turismo de Base Comunitária. 3. Etnoturismo.


4.
Comunidades Tradicionais. 5. Destinos Turísticos. I. Barreto, Leilianne
Michelle Trindade da Silva. II. Lanzarini, Ricardo.

CDU 338.48
T938

Elaborado por Edineide da Silva Marques – CRB-15/488

Todos os direitos desta edição reservados à EDUFRN – Editora da UFRN


Av. Senador Salgado Filho, 3000 | Campus Universitário
Lagoa Nova | 59.078-970 | Natal/RN | Brasil
e-mail: contao@editora.ufrn.br | www.editora.ufrn.br
Telefone: 84 3342 2221
Lista de quadros e figuras

Quadro 1 – lista de obras para conhecimento sobre TBC

Quadro 2 - princípios do Turísmo de Base Comunitária

Quadro 3 – políticas estaduais de turismo

Figura 1 – comunidades indigenas, quilombola e caiçaras realizando atividades


cotidianas como pesca e agricultura

Figura 2 – convenções internacionais e legislação nacional pertinentes aos povos e às


comunidades tradicionais

Figura 3 - principais características do etnodesenvolvimento

Figura 4 - Olodum, importante grupo artístico-cutural de Salvador, BA

Figura 5 - características do etnoturismo

Figura 6 - relação entre TBC e etnoturismo

Figura 7 - jongo

Figura 8 - elementos do patrimônio cultural

Figura 9 - turistas visitando comunidade indígena

Figura 10 - princípios do Turismo de Base Comunitária

Figura 11 - integração e cooperação entre gestor público e representantes das


comunidades

Figura 12 - gestor público em reunião com membros de comunidade

Figura 13 - empresas de serviços turísticos

Figura 14 - membros de comunidades ribeirinhas, indígenas e quilombolas

Figura 15 - Uakari Lodge logo

Figura 16 - Rede Batuc logo

Figura 17 - Rede Tucum logo

Figura 18 - Braziliando logo

FIgura 19 - Comuna 13

Figura 20 - Andaman Discoveries logo


Lista de siglas

CEUC – Centro Estadual de Unidades de Conservação

CONAI – Comissão Nacional de Assuntos Indígenas

DETUR – Departamento de Turismo da UFRN

FCT – Fórum de Comunidades Tradicionais

Funpec – Fundação Norte-Rio-Grandense de Pesquisa e Cultura

ICMBio – Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade

ICT – Instituto Costarriquenho de Turismo

IDHM – Índice de Desenvolvimento Humano Municipal

IVT/UFRJ – Instituto Virtual do Turismo da Universidade Federal do Rio de Janeiro

MCTI – Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá

MDA – Ministério de Desenvolvimento Agrário

MMA – Ministério do Meio Ambiente

MTur – Ministério do Turismo

OEA – Organização de Estados Americanos

OIT – Organização Internacional do Trabalho

PNT – Plano Nacional de Turismo

PPGTUR – Programa de Pós-Graduação em Turismo da UFRN

Redturs-OIT – Rede de Turismo Sustentável Comunitário da América Latina

SDS – Secretaria de Desenvolvimento Sustentável do Estado do Amazonas

SEMMAS – Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade do Município de Manaus

Setur – BA Secretaria de Turismo do Estado da Bahia

SNPDTur – Secretaria Nacional de Programas de Desenvolvimento de Turismo

TBC – Turismo de Base Comunitária

Turisrio – Companhia de Turismo do Estado do Rio de Janeiro


Sumário

APRESENTAÇÃO.................................................................................................................. 9

TURISMO DE BASE COMUNITÁRIA............................................................................. 11


Ementa ....................................................................................................................................................11

Objetivos ................................................................................................................................................11

Geral........................................................................................................................................................................11

Específicos............................................................................................................................................................11

1 POVOS E COMUNIDADES TRADICIONAIS NO BRASIL.....................................13


Conceito de Povos e Comunidades Tradicionais................................................................. 13

Mas, Quem São os Povos e as Comunidades Tradicionais no Brasil? ....................... 14

Legislação Referente aos Povos e às Comunidades Tradicionais no Brasil ........... 16

Política Nacional de Promoção da Igualdade Racial ........................................................ 19

Política Nacional de Desenvolvimento Sustentável


dos Povos e Comunidades Tradicionais (PNPCT) ............................................................. 20

Programa Aquilomba Brasil ........................................................................................................ 20

Política Nacional de Gestão Territorial e Ambiental Indígena .................................... 21

Resolução CNMP nº 230/2021 ..................................................................................................... 21

2 FUNDAMENTOS DO ETNODESENVOLVIMENTO E DO ETNOTURISMO .. 22


Etnodesenvolvimento e Etnoturismo: do que estamos falando? ...............................22

Características Básicas do Etnodesenvolvimento.............................................................22

Etnoturismo e Turismo de Base Comunitária (TBC):


aproximações conceituais............................................................................................................ 26

Exemplo de Prática de Etnoturismo.........................................................................................27

Casa de Cultura Fazenda Roseira /Comunidade Jongo Dito Ribeiro.........................................27

Turismo, Valorização do Patrimônio Cultural e Desenvolvimento Local .............. 29

Afinal, o que é Patrimônio Cultural? ....................................................................................... 29


Patrimônio Cultural: por que devemos preservar? ........................................................... 31

Turismo, Patrimônio Cultural e Desenvolvimento Local:


uma relação possível? .....................................................................................................................32

ATIVIDADE DE REFLEXÃO.............................................................................................................35

Vídeo Sobre Etnodesenvolvimento e Etnoturismo ......................................................... 36

3 TURISMO DE BASE COMUNITÁRIA......................................................................... 37


Conceito de TBC .................................................................................................................................37

Princípios do Turismo de Base Comunitária....................................................................... 38

Diretrizes do Turismo de Base Comunitária ........................................................................ 41

Vídeo Sobre as Diretrizes do TBC............................................................................................... 41

Turismo de Base Comunitária: como colocar em prática?.............................................42

Especificidades do Desenvolvimento do Turismo de Base


Comunitária em Terras Indígenas ............................................................................................47

4 BOAS PRÁTICAS DE TURISMO DE BASE COMUNITÁRIA


NACIONAIS E INTERNACIONAIS.................................................................................51
Casos Nacionais.................................................................................................................................. 51

Pousada Uacari ................................................................................................................................................. 51

Rede de Turismo Comunitário da Bahia em Movimento (Rede Batuc) ..................................52

Rede Cearense de Turismo Comunitário (Rede Tucum) ...............................................................53

Braziliando ..........................................................................................................................................................54

Políticas Estaduais de Turismo de Base Comunitária .................................................... 56

Casos Internacionais .......................................................................................................................57

Comuna 13 (Colômbia) .................................................................................................................................. 57

Andaman Discoveries (Tailândia) ............................................................................................................58

REFERÊNCIAS ................................................................................................................... 60
APRESENTAÇÃO

U
m dos maiores desafios do século XXI se concentra na humanidade e
suas relações com o meio, incluindo toda a sua diversidade social, am-
biental, cultural, econômica e político-administrativa. O Brasil certa-
mente possui um dos ambientes mais diversos, em que se encontram inúmeros
cenários naturais e culturais que são ou podem ser aproveitados pela atividade
turística. Porém, pensar no turismo como fonte de riquezas e desenvolvimento
implica múltiplos desafios.

O caminho trilhado até aqui tem apontado para uma busca incessante por
destinos turísticos ecologicamente sustentáveis, comprometidos com a ética
social e a diversidade cultural. Nesse cenário, o Turismo Responsável, debatido
em nível global desde os anos 1980 e em nível nacional desde os anos 2000, tem
se apresentado como um caminho possível para a minimização dos impactos
negativos e maximização dos impactos positivos, beneficiando as comunidades
receptoras, o poder público, a iniciativa privada e os próprios turistas, destacan-
do-se como um diferencial de mercado capaz de promover a competitividade
internacional e a sustentabilidade dos recursos naturais e culturais brasileiros
para as próximas gerações.

É nessa perspectiva que surge o “Curso de Turismo Responsável”, na mo-


dalidade EaD, de forma democrática e inclusiva, para todo o território nacional,
como uma parceria frutífera entre o Departamento de Turismo (DETUR), o Pro-
grama de Pós-graduação em Turismo (PPGTUR) da Universidade Federal do Rio
Grande do Norte (UFRN) e o Ministério do Turismo (MTur), por meio do Projeto
“Brasil, essa é a nossa praia!”. Tal ação, direcionada a gestores públicos e privados
de turismo e prestadores de serviços turísticos do país, está concentrada em três
bases fundamentais e prioritárias para a melhoria do turismo nacional, que são
o Turismo Sustentável, o Turismo de Base Comunitária e a Segurança Turística.

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Turismo de Base Comunitária
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Neste caderno (Módulo II – 20h), o Turismo de Base Comunitária (TBC) se
apresenta como uma forma de gestão do turismo que coloca a comunidade re-
ceptora no centro dos processos decisórios da organização turística local, apren-
dendo sobre os povos e as comunidades tradicionais no Brasil e os fundamentos
conceituais do etnodesenvolvimento e do etnoturismo. São apresentados, ainda,
seus princípios e suas diretrizes, orientações para o desenvolvimento do TBC em
comunidades tradicionais e terras indígenas, além de boas práticas de TBC que
podem servir de inspiração para os mais variados destinos brasileiros.

Bons estudos!

Equipe do Projeto “Brasil, essa é a nossa praia!”.

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Turismo de Base Comunitária
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TURISMO DE BASE
COMUNITÁRIA
Ementa
Povos e comunidades tradicionais no Brasil. Fundamentos do etnodesen-
volvimento e etnoturismo. Turismo, valorização do patrimônio cultural e de-
senvolvimento local. Turismo de Base Comunitária (TBC): conceito, princípios
e diretrizes. Orientações para o desenvolvimento do Turismo de Base Comu-
nitária. Especificidades do desenvolvimento do TBC em terras indígenas. Boas
práticas nacionais e internacionais de Turismo de Base Comunitária.

Objetivos

Geral
Assimilar conhecimentos a respeito do Turismo de Base Comunitária e as-
suntos correlatos, tais como povos e comunidades tradicionais, etnodesenvol-
vimento e etnoturismo.

Específicos
1. Aprender sobre os povos e as comunidades tradicionais no Brasil.

2. Compreender os fundamentos conceituais do etnodesenvolvimento e


do etnoturismo.

3. Ter noção sobre o conceito, os princípios e as diretrizes do Turismo de


Base Comunitária.

4. Adquirir orientações para o desenvolvimento do Turismo de Base


Comunitária.

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5. Compreender as especificidades do desenvolvimento do Turismo de
Base Comunitária em terras indígenas.

6. Conhecer boas práticas de Turismo de Base Comunitária em âmbito


nacional e internacional.

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1 POVOS E COMUNIDADES
TRADICIONAIS NO BRASIL
Conceito de Povos e Comunidades
Tradicionais
De enorme importância e contribuição para a diversidade sociocultural e
para a biodiversidade, os povos e as comunidades tradicionais estão presentes
por todo território brasileiro.

Mas você sabe o que são povos e comunidades tradicionais?

Povos e Comunidades Tradicionais são grupos culturalmente di-


ferenciados e que se reconhecem como tais, que possuem formas
próprias de organização social, que ocupam e usam territórios e re-
cursos naturais como condição para sua reprodução cultural, social,
religiosa, ancestral e econômica, utilizando conhecimentos, inova-
ções e práticas gerados e transmitidos pela tradição. (BRASIL, 2007).

Os povos e as comunidades tradicionais possuem modos de vida em es-


treita relação com a terra e a natureza, que são suas fontes de identificação,
defesa e força.

Saiba mais

Quer saber um pouco mais sobre o conceito de povos e comunida-


des tradicionais?

Então, assista ao vídeo indicado a seguir de apenas 3 minutinhos!


Nele você entenderá um pouco mais sobre as características dos po-
vos e comunidades tradicionais.

Comunidades Tradicionais, vídeo elaborado pelo Grupo Ecologia


Humana: https://www.youtube.com/watch?v=9xc78G0y63Y

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Mas, Quem São os Povos e as Comunidades
Tradicionais no Brasil?
Como você pôde ver no vídeo, no Brasil, os povos e as comunidades tradi-
cionais são formados pelos povos indígenas, comunidades quilombolas, caipi-
ras, ribeirinhas, caiçaras, extrativistas, pescadores artesanais, quebradeiras de
coco; mas não são apenas esses.

No país também temos a presença de: povos ciganos; faxinalenses; ben-


zedeiros; ilhéus; raizeiros; geraizeiros; caatingueiros; vazanteiros; veredeiros;
apanhadores de flores; pantaneiros; morroquianos; pomeranos; comunidades
de fundos e fechos de pasto; cipozeiros; andirobeiros; caboclos, entre outros.

Alguns projetos buscam mapear a localização dos povos e das comunidades


tradicionais no Brasil e identificar suas características populacionais e territoriais.

Veja alguns desses projetos:

• O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) dispõe de


uma Base de Informações sobre os Povos Indígenas e Quilombo-
las, com painel interativo: https://www.ibge.gov.br/geociencias/
organizacao-do-territorio/tipologias-do-territorio/27480-ba-
se-de-informacoes-sobre-os-povos-indigenas-e-quilombolas.
html?edicao=27481&t=o-que-e.

• O Instituto Socioambiental (ISA) dispõe da maior base de dados


sobre Terras Indígenas no Brasil: https://terrasindigenas.org.br/.

• O Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM) e o Ins-


tituto Sociedade, População e Natureza (ISPN), com o apoio da
Rede Cerrado e investimento do Fundo de Parceria para Ecossis-
temas Críticos (CEPF), lançaram o Projeto “Tô no Mapa”, um apli-
cativo desenvolvido para que povos, comunidades tradicionais e
agricultores familiares brasileiros realizem o automapeamento
de seus territórios: https://tonomapa.org.br/.

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A pluralidade de povos e das comunidades tradicionais no Brasil é reflexo de
suas práticas e modos de vida tradicionais diversos. Essas práticas tradicionais
também são denominadas de Sistemas Agrícolas Tradicionais (SATs).

Os Sistemas Agrícolas Tradicionais (SATs) são sistemas de produção dinâmi-


cos, nos quais elementos culturais, ecológicos, históricos e socioeconômicos
interagem, no tempo e no espaço, configurando diferentes arranjos e técnicas
produtivas que, em seu conjunto, se mostram resilientes e sustentáveis,
gerando paisagens características. (BRASIL, 2020).

Os SATs envolvem atividades como agricultura, pesca, extrativismo, bene-


ficiamento artesanal, manejo florestal, criação de animais, entre tantas outras
atividades que se vinculam à forma como as comunidades tradicionais se auto
identificam. Os SATs são fontes de conhecimento e referência para o desenvol-
vimento de tecnologias para a bioeconomia do país.

Acesse o site: https://www.gov.br/agricultura/pt-br/assuntos/agri-


cultura-familiar/sipam/sistemas-agricolas-tradicionais-sats-de-
-relevancia-nacional para saber mais sobre:

• As iniciativas para a promoção dos SATs no Brasil.

• As boas práticas de Sistemas Agrícolas Tradicionais.

• Os SATs reconhecidos pelo Iphan como patrimônio cultural.

Figura 1 - comunidades indígenas, quilombola e caiçaras realizando


atividades cotidianas como pesca e agricultura

Fontes: Funai; Museu Afro-Digital da Memória Africana e Afro-Brasileira;


Prefeitura Municipal de Ubatuba

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Legislação Referente aos Povos e às
Comunidades Tradicionais no Brasil
Afinal, existe uma legislação voltada à defesa dos povos e das comunidades
tradicionais no país?
Sim, existe um conjunto de leis e normas que salvaguardam os direitos dos
povos e comunidades tradicionais, reconhecendo especialmente sua impor-
tância para proteção da biodiversidade e para a diversidade sociocultural.

A princípio, podemos destacar quatro importantes convenções internacio-


nais, assinadas e promulgadas em sua íntegra pelo governo brasileiro por meio
de decretos, que em alguma medida abarcam questões pertinentes aos direitos
dos povos e comunidades tradicionais:

• Convenção Relativa à Proteção do Patrimônio Mundial, Cultural e Na-


tural de 1972 (promulgada pelo governo brasileiro por meio do Decreto
n.º 80.978, de 12 de dezembro de 1977).

• Convenção n.º 169 OIT sobre Povos Indígenas e Tribais de 1989 (pro-
mulgada pelo governo brasileiro por meio do Decreto n.º 5.051, de 19
de abril de 2004, e posteriormente pelo Decreto n.º 10.088, de 05 de
novembro de 2019).

• Convenção sobre Diversidade Biológica de 1992 (promulgada pelo go-


verno brasileiro por meio do Decreto n.º 2.519, de 16 de março de 1998).

• Convenção sobre a Proteção e Promoção da Diversidade das Expres-


sões Culturais de 2005 (promulgada pelo governo brasileiro por meio
do Decreto n.º 6.177, de 01 de agosto de 2007).

Somado a essas, o Brasil, em sua Constituição Federal de 1988, apresenta


dispositivos pertinentes aos povos indígenas e às comunidades quilombolas.

Outro marco muito importante é a instituição da Política Nacional de De-


senvolvimento Sustentável dos Povos e Comunidades Tradicionais, por meio do
Decreto n.º 6.040, de 7 de fevereiro de 2007.

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Figura 2 - convenções internacionais e legislação nacional pertinentes
aos povos e às comunidades tradicionais

Fonte: elaboração própria (2023)

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Quer ler na íntegra os direitos assegurados pela Constituição Fede-
ral relativos aos povos indígenas e comunidades quilombolas?

Então clique no link a seguir, acesse a CF/88 e leia os artigos 215, 231 e
232 e o artigo 68 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocom-
pilado.htm.

Como você pode ver, o art. 215, § 1º, determina que o Estado deve proteger as
manifestações culturais populares, indígenas e afro-brasileiras.

Os artigos 231 e 232 são específicos aos povos indígenas, determinando


que compete à União demarcar as terras indígenas, proteger e fazer respeitar
todos os seus bens, e estabelece que os indígenas, suas comunidades e or-
ganizações são partes legítimas para ingressar em juízo em defesa de seus
direitos e interesses.

O art. 68 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias estabelece que


o Estado deve emitir o título da terra às comunidades quilombolas que estejam
ocupando suas terras.

A Convenção n.º 169 da Organização Internacional do Trabalho (OIT), de


1989, sobre Povos Indígenas e Tribais é um importante marco internacional em
que se reconhece:

• a contribuição dos povos indígenas e tribais à diversidade cultural e à


harmonia social e ecológica da humanidade;

• a necessidade dos povos indígenas e tribais em assumir o controle de


suas próprias instituições, de suas formas de vida e de seu desenvol-
vimento econômico, e manter e fortalecer suas identidades, línguas e
religiões. (OIT, 1989).

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Quer ler mais sobre essa importante Convenção Internacional para os
povos indígenas?! Clique no link a seguir e veja o documento na íntegra:
https://www.oas.org/dil/port/1989%20Conven%C3%A7%C3%A3o%20
sobre%20Povos%20Ind%C3%ADgenas%20e%20Tribais%20Con-
ven%C3%A7%C3%A3o%20OIT%20n%20%C2%BA%20169.pdf.

Ainda no âmbito internacional, durante a Conferência das Nações Unidas


sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento (RIO 92), em 1992, o Brasil assinou
a Convenção da Diversidade Biológica (CDB), a qual reconhece a estreita relação
entre a preservação dos recursos naturais e a presença de comunidades locais
e populações indígenas com seus diferentes modos de vida.

Posteriormente, no bojo das preocupações ambientalistas, a Lei nº 9.985, de 18


de julho de 2000, instituiu o Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC).

Acesse a Lei do SNUC e leia o art. 4º, inciso XIII e o art. 5º, inciso X: http://
www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9985.htm.

Observe que o Sistema Nacional de Unidades de Conservação reconhece a


necessidade de proteger a natureza, conciliando com a subsistência das popu-
lações tradicionais, respeitando e valorizando seu conhecimento e sua cultura
e promovendo-as social e economicamente!

Política Nacional de Promoção


da Igualdade Racial
Em 2003, o governo brasileiro, através do Decreto n.º 4.887/2003, regulamen-
tou o procedimento para identificação, reconhecimento, delimitação, demarca-
ção e titulação das terras ocupadas por comunidades quilombolas. Na mesma
data, o governo instituiu a Política Nacional de Promoção da Igualdade Racial,
pelo Decreto n.º 4.886/2003, que prevê em suas ações o apoio às comunidades
remanescentes de quilombos e aos seus projetos de etnodesenvolvimento.
Por acaso você já ouviu falar em etnodesenvolvimento? Na próxima seção
trataremos sobre esse assunto!

MÓDULO II
Turismo de Base Comunitária
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Política Nacional de Desenvolvimento
Sustentável dos Povos e Comunidades
Tradicionais (PNPCT)
Em fevereiro de 2007, é instituída a Política Nacional de Desenvolvimento
Sustentável dos Povos e Comunidades Tradicionais (PNPCT), pelo Decreto n.º
6.040/2007, com o objetivo principal de:

promover o desenvolvimento sustentável dos Povos e Comunidades


Tradicionais, com ênfase no reconhecimento, fortalecimento e garantia dos
seus direitos territoriais, sociais, ambientais, econômicos e culturais, com
respeito e valorização à sua identidade, suas formas de organização e suas
instituições (BRASIL, 2007).

Por ser um marco nacional a respeito das garantias dos direitos dos povos
e comunidades tradicionais, não deixe de acessar e ler essa importante Polí-
tica, que está disponível no link http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-
2010/2007/decreto/d6040.htm.

Em agosto de 2007, o governo brasileiro, por meio do Decreto n.º 6.177/2007,


promulgou a Convenção sobre a Proteção e Promoção da Diversidade das Ex-
pressões Culturais de 2005, a qual reconhece:

a importância dos conhecimentos tradicionais como fonte de riqueza material


e imaterial, e, em particular, dos sistemas de conhecimento das populações
indígenas, e sua contribuição positiva para o desenvolvimento sustentável,
assim como a necessidade de assegurar sua adequada proteção e promoção.
(BRASIL, 2007)

Você pode acessar o documento por meio do link a seguir http://www.pla-


nalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2007/decreto/d6177.htm.

Programa Aquilomba Brasil


Em novembro de 2007, foi instituída a Agenda Social Quilombola no âm-
bito do Programa Brasil Quilombola, por meio do Decreto n.º 6.261/2007, esta-
belecendo 4 áreas de ação: acesso à terra, infraestrutura e qualidade de vida;
inclusão produtiva e desenvolvimento local; e cidadania. O referido programa

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foi substituído, em 2023, pelo Programa Aquilomba Brasil (Decreto nº 11.447/
2023), o qual tem por finalidade promover medidas intersetoriais para a garan-
tia dos direitos da população quilombola no país.

Política Nacional de Gestão Territorial e


Ambiental Indígena
No ano de 2012 ocorreu outro importante destaque para os povos indígenas
com a criação da Política Nacional de Gestão Territorial e Ambiental Indígena,
instituída por meio do Decreto n.º 7.747/2012, “com o objetivo de garantir e pro-
mover a proteção, a recuperação, a conservação e o uso sustentável dos recur-
sos naturais das terras e territórios indígenas, assegurando a integridade do
patrimônio indígena, a melhoria da qualidade de vida e as condições plenas de
reprodução física e cultural das atuais e futuras gerações dos povos indígenas,
respeitando sua autonomia sociocultural”. Você pode ter acesso à Política Na-
cional citada por meio do link: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-
2014/2012/decreto/d7747.htm.

Resolução CNMP nº 230/2021


Em 2021, a Resolução do Conselho Nacional do Ministério Público n.º 230/2021
(https://www.cnmp.mp.br/portal/images/CDDF/Resoluo-n-230-2021.pdf) disci-
plinou a atuação do Ministério Público brasileiro junto aos povos e às comuni-
dades tradicionais. De acordo com a Resolução, a atuação do Ministério Público
junto aos povos e às comunidades tradicionais se pautará pela observância da
autonomia desses grupos e pela construção de diálogo intercultural permanen-
te. Outro importante ponto é a compreensão de que o respeito aos territórios
dos povos e comunidades tradicionais independe da sua regularização formal
pelo Estado, cabendo ao Ministério Público adotar as medidas necessárias para
viabilizar o seu reconhecimento e garantir que a análise de suas características
não esteja limitada aos regimes civis de posse e propriedade, devendo prevale-
cer uma compreensão intercultural dos direitos fundamentais envolvidos.

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2 FUNDAMENTOS DO
ETNODESENVOLVIMENTO
E DO ETNOTURISMO
Etnodesenvolvimento e Etnoturismo:
do que estamos falando?

O que é etnodesenvolvimento?

O etnodesenvolvimento são formas de desenvolvimento sustentável,


integrado e participativo próprias de grupos étnicos. Inicialmente relacionada
aos povos indígenas, a compreensão do etnodesenvolvimento foi se ampliando
aos poucos, passando a contemplar também comunidades quilombolas, ribei-
rinhas, entre outras comunidades tradicionais.

O conceito clássico de etnia remete a noção de origem, cultura, práticas sociais


e raça, onde se considera o patrimônio histórico e cultural como elemento de
identidade e diferenciação de um determinado grupo, bem como as interações
sociais que ocorrem entre este grupo e a sociedade em seu entorno. (BRASIL,
2010, p. 20).

Características Básicas do
Etnodesenvolvimento
a  ) Autogestão e participação comunitária.

b  ) Valorização da cultura, saberes e fazeres locais (formação com base na


própria cultura).

c  ) Cooperação e confiança entre os membros.

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Turismo de Base Comunitária
22
d  ) Promoção de bem-estar, renda e empoderamento das comunidades
envolvidas (MEDEIROS, 2011; LITTLE, 2002; BATALLA, 1982; HALL, 2004).

Figura 3 - principais características do etnodesenvolvimento

Fonte: elaboração própria (2023)

Etnoturismo: o que é?

O etnoturismo é o desenvolvimento da atividade turística, sob os princípios


do etnodesenvolvimento e do Turismo de Base Comunitária, em território de
grupos étnicos, em que suas manifestações culturais se constituem no elemen-
to central de atratividade.

No etnoturismo, o turista busca “estabelecer um contato próximo com a co-


munidade anfitriã, participar de suas atividades tradicionais, observar e apren-
der sobre suas expressões culturais, estilos de vida e costumes singulares”
(BRASIL, 2010, p. 21).

MÓDULO II
Turismo de Base Comunitária
23
Dessa forma, o etnoturismo é um importante aliado na preservação dos
saberes e fazeres das comunidades locais e de seus respectivos elementos
artístico-culturais como danças, músicas, artesanato, gastronomia, folclore,
entre outros.

Figura 4 - Olodum, importante grupo


artístico-cutural de Salvador, BA

Fonte: Governo da Bahia

Outro aspecto fundamental que se relaciona com o etnoturismo é a manu-


tenção das identidades locais por meio da permanência dos jovens membros
nas comunidades tradicionais. Essa permanência ocorre devido às possibili-
dades de geração de renda, oportunidades e empregos advindos das práticas
turísticas nessas comunidades. Contudo, para que isso ocorra, é essencial de-
senvolver um trabalho integrado entre todos os atores envolvidos no turismo
(gestores públicos, privados, representantes do terceiro setor, representações e
lideranças comunitárias, organizações não governamentais, representantes do
Sistema S, instituições de ensino superior, entre outros).

Programas de sensibilização e mecanismos de escuta e participação comu-


nitária são ações essenciais para conduzir o processo de desenvolvimento do
turismo. Promover formas de monitoramento e controle dos impactos ambien-
tais gerados pelo fluxo turístico é igualmente uma questão central a ser consi-
derada pelos atores no desenvolvimento turístico.

MÓDULO II
Turismo de Base Comunitária
24
A ausência desses elementos no processo de organização turística pode tra-
zer inúmeros prejuízos de ordem cultural, social, ambiental e econômica, espe-
cialmente às comunidades receptoras. Dentre esses impactos negativos, pode-
-se destacar a perda de elementos da identidade cultural destes povos, própria
de um cenário no qual a comunidade é excluída de etapas essenciais de pla-
nejamento das ações turísticas no espaço. Nesse sentido, é também papel dos
gestores públicos e privados proporcionar meios para minimizar tais impactos
e promover assim, o turismo numa perspectiva sustentável e responsável.

Características do etnoturismo:

• Preservação das riquezas naturais.

• Valorização das manifestações culturais e das tradições das comuni-


dades envolvidas.

• Formação de recursos humanos oriundos das próprias comunidades.

• Geração de desenvolvimento sustentável participativo (NOGUEIRA;


COSTA NETO; SILVA, 2013; SUDRÉ et al., 2021).

A figura a seguir ilustra essas características:

Figura 5 - características do etnoturismo

Fonte: elaboração própria (2023)

MÓDULO II
Turismo de Base Comunitária
25
Etnoturismo e Turismo de Base Comunitária
(TBC): aproximações conceituais
Existem muitas semelhanças entre os princípios do etnoturismo e do Tu-
rismo de Base Comunitária, pois ambos demandam, em sua base, participa-
ção comunitária ativa, uso sustentável dos recursos naturais e valorização das
manifestações socioculturais. Contudo, parte-se da compreensão de que o TBC
não se restringe apenas a grupos étnicos ou povos e comunidades tradicionais,
sendo um modelo de gestão do turismo que pode ser assumido e desenvolvido
por qualquer comunidade. Já o etnoturismo se insere no âmbito do turismo cul-
tural com enfoque mais específico em grupos étnicos e comunidades tradicio-
nais. Sob essa lógica, compreende-se que o etnoturismo está inserido dentro da
perspectiva do TBC, tal como representa a figura a seguir.

Figura 6 - relação entre TBC e etnoturismo

Fonte: elaboração própria (2023)

MÓDULO II
Turismo de Base Comunitária
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Exemplo de Prática de Etnoturismo

Casa de Cultura Fazenda Roseira /


Comunidade Jongo Dito Ribeiro
A Comunidade Jongo Dito Ribeiro (Campinas/SP) busca reconstituir a cultu-
ra ancestral do jongo nos mais diversos espaços, para todas as pessoas de dife-
rentes credos, etnias e idades, priorizando as comunidades e grupos que atuam
no universo da cultura afro-brasileira. A Associação do Jongo Dito Ribeiro está
encarregada da gestão da Casa de Cultura Fazenda Roseira, que oferece ativida-
des culturais e educativas e possui como eixos a cultura, a história, a mitologia
e o meio ambiente em uma perspectiva afro-brasileira, o que, obviamente, pos-
sui grande potencial de atratividade turística. As ações voltadas ao Turismo na
Casa de Cultura Fazenda Roseira ocorrem por meio de roteiros temáticos que
possibilitam a crianças, adultos e idosos a experiência no universo da matriz
africana. Durante o roteiro, é possível conhecer elementos representativos da
agricultura quilombola, os projetos Oxóssi, Ossain e Oxum e Caminhos de Oyá.
Também são oferecidas oficinas de turbante, percussão afro, jogos africanos e
afro-brasileiros, dança afro, cozinha de matriz africana, contação de histórias,
vivência em Jongo, palestras e trilhas aos visitantes (COMUNIDADE JONGO
DITO RIBEIRO, [202-]).

Figura 7 - jongo

Fonte: Comunidade de Jongo Dito Ribeiro

MÓDULO II
Turismo de Base Comunitária
27
Saiba Mais

Saiba mais sobre a Comunidade Jongo Dito Ribeiro no site oficial: ht-
tps://comunidadejongoditoribeiro.wordpress.com/jongo/ e no YouTu-
be: https://www.youtube.com/watch?v=DQvRGez14eE.

Você sabia?

No Brasil, é obrigatória a inclusão da temática “História e Cultura


Afro-Brasileira e Indígena” nos currículos escolares oficiais de toda
a rede de ensino.

Referência: Lei n.º 11.645, de 10 de março de 2008.


Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/
2008/lei/l11645.htm.

MATERIAIS COMPLEMENTARES

Reportagem sobre Projeto propõe imersão cultural de uma sema-


na em aldeias Haliti-Paresi- Disponível em: https://olivre.com.br/
projeto-propoe-imersao-cultural-de-uma-semana-em-aldeias-
-haliti-paresi

Aldeia indígena da Amazônia recebe turistas e mostra seus costu-


mes. https://www.youtube.com/watch?v=Fxi0X6DPj30

MÓDULO II
Turismo de Base Comunitária
28
Turismo, Valorização do Patrimônio Cultural
e Desenvolvimento Local
Você sabe o que é patrimônio cultural?

Por que é importante valorizar o patrimônio cultural?

Qual a importância do patrimônio cultural para o Turismo e como a união


destes elementos podem viabilizar o desenvolvimento local?

Esses são alguns questionamentos que nortearão o desenvolvimento deste


tópico.

Vamos lá!

Afinal, o que é Patrimônio Cultural?


Para discutir o conceito de patrimônio cultural é importante entender que a
compreensão de patrimônio está relacionada à identidade cultural. Mas, o que
é identidade cultural?

A palavra identidade denota uma noção de semelhança, autenticidade ou


unidade. São características particulares a indivíduos, nos quais a partir delas
será possível a identificação ou o reconhecimento de uma pessoa ou grupo (DI-
CIO, [202-]). Logo, definimos a identidade cultural como a memória ou o conjun-
to de características particulares a um grupo, que irá diferenciá-lo dos demais.

Saiba mais:

Barreto (2007, p. 162) define a memória cultural como algo que “deci-
fra o que somos hoje, mas que não somos mais [...] é uma espécie de
guardiã da integridade de um “nós”, que garante a sobrevivência de
um grupo pela partilha entre indivíduos que são comuns”. Para en-
tender mais sobre a relação entre identidade e memória, você pode
consultar o material:

MÓDULO II
Turismo de Base Comunitária
29
BARRETO, A. M. Memória e sociedade contemporânea: apontando
tendências. Revista ACB: Biblioteconomia em Santa Catarina. v. 12, n.
2, p. 161-176, jul./dez., 2007. Disponível em: https://revista.acbsc.org.
br/racb/article/view/506. Acesso em: 17 abr. 2023.

Agora que entendemos o que é identidade cultural, vamos explicar o que é o


patrimônio cultural e como estes conceitos estão interrelacionados.

O patrimônio é um conceito amplo e pode ser considerado

[...] uma herança que recebemos de nossos antepassados. Por isso, é de grande
importância a preservação no presente para que as futuras gerações possam
usufruir e preservar a sua identidade (ROCHA, 2020, p. 239).

Logo, podemos exprimir três elementos chave, sendo eles, a ideia de heran-
ça como algo importante que é deixado ou conquistado por meio de sucessão; a
ideia de preservação, cuidar ou resguardar um bem para que os futuros suces-
sores possam continuar utilizando; e, por fim, a ideia de identidade, que como
já vimos, está vinculada à noção de reconhecimento.

O patrimônio cultural se divide em dois grupos de elementos, conforme evi-


denciado na figura a seguir.

Figura 8 - elementos do patrimônio cultural

Fonte: adaptado de Queiroz (1989)

A partir da figura e dos conceitos apresentados, entendemos que o patri-


mônio cultural corresponde a todos os elementos simbólicos, que representam
a maneira de viver e de pensar dos nossos antepassados, deixados de herança,
e que está resguardado na memória de um grupo pelo fato de reconstituir a his-
tória social destes, permitindo-o o seu reconhecimento e/ou identidade.

MÓDULO II
Turismo de Base Comunitária
30
Você sabia?

A Constituição Federal de 1988, em seu Art. 216, define que consti-


tuem o patrimônio cultural brasileiro os bens de natureza material
e imaterial, tomados individualmente ou em conjunto, portadores
de referência à identidade, à ação, à memória dos diferentes grupos
formadores da sociedade brasileira. Mais informações acesse:

BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Dis-


ponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/cons-
tituicao.htm. Acesso em: 17 abr. 2023.

Patrimônio Cultural:
por que devemos preservar?
Você já parou para pensar sobre a razão pela qual devemos preservar e/ou res-
guardar o nosso patrimônio cultural? Em síntese, o que ele tem de tão importante?

A salvaguarda do patrimônio cultural é importante, pois é o elemento base


para a manutenção das identidades, valores e saberes-fazeres históricos de
qualquer povo e comunidade. E como ele pode ser preservado?

Ponze e Loza (2018) assinalam que essa salvaguarda se inicia a partir de


ações de transmissão de conhecimento entre gerações, evitando assim a sua
perda/erosão. Essas ações estão diretamente relacionadas com a revalorização
de práticas antigas da própria comunidade, retomada de tradições, uso de ele-
mentos de linguagens característicos, o emprego de técnicas ancestrais e de
conhecimentos sobre a história e a biodiversidade dos lugares.

MÓDULO II
Turismo de Base Comunitária
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Saiba mais:

Para entender sobre os princípios de preservação e salvaguarda do


patrimônio cultural, acesse o seguinte documento:

OLIVEIRA, A. G. Salvaguarda do patrimônio cultural: bases para a


constituição dos direitos. Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico
Nacional – IPHAN. 2004. Disponível em: http://www.pontaojongo.uff.
br/sites/default/files/upload/salvaguarda_do_patrimonio_cultural__
bases_para_constituicao_de_direitos.pdf. Acesso em: 17 abr. 2023.

Portanto, devemos entender a cultura como um patrimônio que precisa


ser valorizado e salvaguardado a partir de ações concretas, de modo que possa
continuar perpetuando nossa identidade cultural para as futuras gerações.

Reflita: Será que no Brasil tomamos medidas adequadas para valorização do


nosso patrimônio cultural?

Turismo, Patrimônio Cultural


e Desenvolvimento Local:
uma relação possível?
Alguma vez você já ouviu falar sobre o turismo como um vetor de desenvol-
vimento local?

Acredito que a resposta seja “sim”, correto?

Certamente o turismo possui atributos para desenvolver as mais diversas co-


munidades e localidades. Contudo, para que isso ocorra, é essencial unir esforços
entre todos os atores que integram a cadeia produtiva do turismo nos destinos.
Desta forma, a partir de uma articulação entre gestão pública, iniciativa privada,
representações comunitárias e organizações não governamentais será possível
planejar estratégias que busquem alinhar ao máximo as ações turísticas do local
aos preceitos do desenvolvimento sustentável, integrado e participativo.

MÓDULO II
Turismo de Base Comunitária
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Curiosidade

A palavra Etnocentrismo significa uma “visão de mundo própria da


pessoa que considera a sua sociedade, sua nação, seu país ou grupo
étnico superiores aos demais” (DICIO, [202-]).

Mas será que é esse o tipo de visão que queremos? Acreditamos que a res-
posta seja “não”.

Como vimos, formas alternativas de desenvolvimento do turismo, como o


etnoturismo, são pautadas na valorização das diferenças culturais das comu-
nidades. É um desenvolvimento do local para o global, em detrimento do global
para o local, como muito já se tem feito.

As particularidades do patrimônio cultural desses grupos étnicos não é algo


que possa ser imitado, por isso, precisa ser preservado, e são essas particulari-
dades que se tornam o grande diferencial no âmbito do turismo.

Cabe aos responsáveis pela gestão dos destinos turísticos desenvolver pro-
dutos diferenciados voltados para valorizar a realidade do local em termos de
sua identidade social, cultural e simbólica. Mas para isso, é importante que pos-
suam um vasto conhecimento sobre esses espaços, especialmente no que con-
cerne à história e à cultura.

Festa do Coco – Um exemplo de valorização do patrimônio cultural


para o desenvolvimento do turismo

A Festa do Coco desenvolvida através do Restaurante Rita de Chicó é


uma iniciativa de turismo comunitário realizada juntamente com o
coletivo cultural Caiana dos Crioulos na comunidade quilombola de
mesmo nome, distante 13 km de Alagoa Grande, na Paraíba. As ativi-
dades contemplam música, dança, artesanato, contação de histórias
e gastronomia tradicional quilombola. Há mais de 200 anos os se-

MÓDULO II
Turismo de Base Comunitária
33
gredos da culinária quilombola vem passando de uma geração para
a outra. A mistura dos ingredientes e temperos naturais expressa a
riqueza da cultura da comunidade, de maneira sustentável. O Res-
taurante Rita de Chicó utiliza as receitas tradicionais da culinária
quilombola para desenvolver pratos de sabor único, sem temperos
industrializados, e com ingredientes da própria comunidade e de
comunidades vizinhas. Isso é feito unindo música e cultura quilom-
bola, para oferecer uma experiência cultural e turística original, rica
em troca de saberes, em um ambiente natural encantador.

Essas informações foram obtidas junto à Sra. Ednalva Rita do Nasci-


mento, proprietária do restaurante Rita do Chicó em Alagoa Grande
(PB), no dia 08 de junho de 2022.

Saiba mais:

Documentário sobre a vida e arte da comunidade Caiana dos Criou-


los, Alagoa Grande, Paraíba, Brasil. Disponível em: https://www.you-
tube.com/watch?v=3uIiDgoWnkk.

Festa do Coco do Restaurante Rita de Chicó, no quilombo Caiana


dos Crioulos. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=-
CsKzE-8kbVw.

Reflita: Levando em consideração o cenário brasileiro, você acredita que o


Brasil possui potencial para desenvolver o turismo a partir do seu patrimônio
cultural? Por qual motivo?

MÓDULO II
Turismo de Base Comunitária
34
ATIVIDADE DE REFLEXÃO
A comunidade indígena “Jaci” (fictícia) está localizada em uma área ecológi-
ca da região Norte do país e vem há algum tempo despertando a curiosidade de
turistas que passaram a visitar o local em busca de conhecimentos sobre a cul-
tura indígena, suas tradições, costumes, danças, história e gastronomia. Aten-
tos a essa movimentação turística cada vez mais intensa, grupos de empresá-
rios externos à comunidade se interessaram pelo local e propuseram investir
na estruturação do espaço, com a construção de um hotel e um restaurante na
região. Contudo, a proposta era de que os lucros arrecadados fossem direcio-
nados para outras localidades de interesse desses empresários, não havendo
obrigatoriedade de destinar parte dos mesmos na própria comunidade. Além
disso, havia uma intenção de parceria com operadoras de turismo, para que
estas criassem roteiros visando direcionar grandes grupos de turistas ao local,
sem preocupação com os impactos que isso poderia trazer.

Esse cenário trouxe preocupação para alguns membros, pois mesmo sem
os empreendimentos, a comunidade já vinha demonstrando sinais de perda da
identidade cultural, como a adoção de hábitos dos turistas e elementos próprios
da cultura de massa. Um exemplo disso é o fato de que as danças e músicas tí-
picas da região já não despertavam tanto interesse entre jovens e crianças - es-
tes preferiam os ritmos tidos como “modernos”. Outra questão é o impacto am-
biental gerado pelo fluxo de visitantes, como acúmulo de lixo, pesca predatória
e erosão do solo devido ao aumento de veículos sem qualquer tipo de controle.

Diante da situação relatada e estando na posição de um dos responsáveis


pela tomada de decisões na comunidade, de que forma você agiria na busca de
soluções para essa situação? Como a comunidade poderia continuar se benefi-
ciando do turismo, sem perder sua identidade cultural e sofrer com tantos pre-
juízos ambientais? Reflita!

MÓDULO II
Turismo de Base Comunitária
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Figura 9 - turistas visitando comunidade indígena

Fonte: elaboração própria (2023)

MÓDULO II
Turismo de Base Comunitária
36
3 TURISMO DE BASE
COMUNITÁRIA
Conceito de TBC
Você sabe o que significa TBC?

TBC é a sigla utilizada para Turismo de Base Comunitária.

Mas, afinal, o que é Turismo de Base Comunitária?

Há uma vasta literatura no Brasil que busca discutir e refletir sobre TBC a
partir das iniciativas existentes no país. As experiências de TBC são múltiplas e
diversas, com configurações específicas a depender do contexto e dos rearran-
jos locais, o que torna sua conceituação uma tarefa difícil. Mas em um esforço
de síntese, podemos conceituar Turismo de Base Comunitária como:

formas de gestão do turismo que prezam pelo protagonismo das co-


munidades anfitriãs e em sua participação ativa nos processos de to-
mada de decisão referentes ao desenvolvimento do turismo em seus
territórios, com o compromisso de gerar benefícios coletivos, promo-
ver a solidariedade e a cooperação entre os envolvidos, valorizar a cul-
tura local, proteger a natureza e proporcionar a troca de saberes, vi-
vências e experiências interculturais entre visitantes e comunidades.

O TBC não é um fim em si mesmo, mas um meio para as comunidades atingi-


rem seus objetivos coletivos, que perpassam pelo empoderamento social, forta-
lecimento do sentimento de pertencimento, melhoria da qualidade de vida, va-
lorização da cultura e dos modos de vida, preservação da natureza, entre outros.

E, então, ficou interessado sobre Turismo de Base Comunitária?!

MÓDULO II
Turismo de Base Comunitária
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As obras a seguir podem ser acessadas para complementar seu conheci-
mento sobre TBC. Clique no título para abrir o arquivo!

Quadro 1 – lista de obras para conhecimento sobre TBC

Autoria/
Título Editora Ano
Organizador(es)
Manual de ecoturismo de base
comunitária: ferramentas para Sylvia Mitraud WWF Brasil 2003
um planejamento responsável
Manual caiçara de turismo Instituto EcoBrasil;
Roberto M. F. Mourão 2009
de base comunitária Instituto Bioatlântica
Turismo de base comunitária: Roberto Bartholo;
diversidade de olhares e Davis Gruber Sansolo; Letra e Imagem 2009
experiências brasileiras Ivan Bursztyn
Dinâmica e diversidade do
turismo de base comunitária:
MTur MTur 2010
desafio para a formulação
de política pública
Série Turisol de Metodologias
Rede Turisol Rede Turisol 2010
Turismo Comunitário
Caderno de Normas da Rede
Tucum - Rede Cearense de Rede Tucum Instituto Terramar 2013
Turismo Comunitário
Práticas para o ecoturismo Pedro Meloni Nassar;
de base comunitária em Luciana Vieira Cobra; IDSM 2017
unidades de conservação Fernanda Sá Vieira
Turismo de base comunitária
em unidades de conservação ICMBio ICMbio 2018
federais: princípios e diretrizes
Turismo de base
comunitária em unidades
ICMBio ICMbio 2019
de conservação federais:
cadernos de experiências

Fonte: elaboração própria (2023)

Princípios do Turismo de Base Comunitária


Princípios são um conjunto de valores, pressupostos ou fundamentos; no
caso do TBC, podemos apontar seis princípios essenciais que o envolvem, con-
forme ilustra a figura a seguir.

MÓDULO II
Turismo de Base Comunitária
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Figura 10 - princípios do Turismo de Base Comunitária

Fonte: elaboração própria (2023)

É importante compreender do que se trata cada um desses princípios!

Quadro 2 - princípios do Turísmo de Base Comunitária

Autogestão: No Turismo de Base


Comunitária, a autogestão, ou seja,
o exercício coletivo do poder, com
corresponsabilidade e transparência
de informações, é fundamental. As
comunidades determinam seus objetivos
coletivos, os meios para alcançá-los
e estabelecem as regras do processo,
sendo compreendidas como as reais
protagonistas do desenvolvimento da
atividade turística em seus territórios.
Equidade Social: O Turismo de Base
Comunitária deve contribuir para a redução
das barreiras sociais, culturais, econômicas
e políticas que resultam em exclusão ou
desigualdade, corroborando na promoção
de uma sociedade justa, inclusiva, segura e
democrática. No TBC, o princípio da equidade
social também está no compromisso com
o bem-estar social e com a melhoria da
qualidade de vida das comunidades locais,
com a geração e distribuição equitativa
dos benefícios advindos do turismo.

MÓDULO II
Turismo de Base Comunitária
39
Solidariedade: A origem do termo
encontra-se no direito romano, in solidum,
que significa o dever para com o todo, a
responsabilidade geral, a culpa coletiva, a
obrigação solidária (WESTPHAL, 2008). O
Turismo de Base Comunitária é concebido
como parte integrante da economia
solidária, em que a solidariedade se dá na
consideração e no auxílio aos integrantes
de um grupo social, fundamental para
a consolidação da coesão social.
Cooperação: Pode ser compreendido como
o contexto interativo em que as ações
dos integrantes favorecem o alcance dos
objetivos coletivos. No Turismo de Base
Comunitária se pressupõe a cooperação
entre os atores para o desenvolvimento do
turismo de forma associativa, cooperativa
e organizada coletivamente no território.
Responsabilidade Socioambiental:
Corresponde ao comprometimento, aos
deveres e às atribuições de todos, Estado,
iniciativa privada e cidadãos, na gestão
eficiente e sustentável dos recursos sociais,
ambientais e econômicos (BRASIL, [202-
]). O Turismo de Base Comunitária se
contrapõe ao turismo de massa na escala
dos impactos, ou seja, pressupõe a geração
de impactos em escala limitada, com o
compromisso de proteção da natureza e
da preservação dos ecossistemas locais
Interculturalidade: a interculturalidade
envolve propostas de convivência
democrática entre diferentes culturas,
buscando a integração entre elas sem anular
sua diversidade (VASCONCELOS, 2007). No
Turismo de Base Comunitária, o diálogo
intercultural ocorre no encontro entre
turistas e comunidades, possibilitando o
intercâmbio e o estreitamento de laços e/
ou relações, com base no respeito e na troca
de experiências, vivências e saberes. Nesse
sentido, faz-se importante a valorização
da cultura local, o reconhecimento e
a promoção dos modos de vida das
comunidades, para elevar o sentimento
de pertencimento e de bem-estar social.

Fonte: elaboração própria (2023)

MÓDULO II
Turismo de Base Comunitária
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Diretrizes do Turismo de Base Comunitária
Enquanto os princípios do TBC são o conjunto de valores e preceitos que o
envolvem, as diretrizes são as orientações para que o TBC atinja o seu objetivo
de ser um modelo de turismo socialmente justo e solidário, ambientalmente
responsável, culturalmente enriquecedor e economicamente viável.

Para conhecer as diretrizes do TBC, não deixe de assistir ao vídeo abaixo, de


apenas 5 minutinhos!

Vídeo Sobre as Diretrizes do TBC

Assista ao vídeo: diretrizes do Turismo de Base Comunitária na pla-


taforma

A partir das diretrizes que você acabou de assistir, pode-se afirmar que o
TBC se configura em uma das possibilidades para a promoção do Turismo Res-
ponsável no Brasil, em comunidades que desejam e optam por desenvolver essa
atividade em seus territórios.

É importante ressaltar que as iniciativas de TBC devem estar muito atentas


aos riscos em relação:

• À cooptação das comunidades por agentes externos, dando falsa sen-


sação de empoderamento e participação das comunidades nas toma-
das de decisão.

• Ao enfraquecimento da coesão social, por conflitos gerados pelos re-


cursos oriundos da atividade turística e/ou por divergências na gestão
do turismo no território.

• À perda da identidade cultural com processos de aculturação, estereo-


tipização, domínio e homogeneização cultural.

MÓDULO II
Turismo de Base Comunitária
41
• À dependência econômica do turismo e a supressão de atividades pro-
dutivas tradicionais.

Existe turismo em povos e comunidades tradicionais que não seguem mi-


nimamente os princípios e as diretrizes do TBC e isso pode colocar em risco as
possibilidades de o turismo gerar benefícios sociais, econômicos e ambientais
coletivos para as respectivas comunidades.

Turismo de Base Comunitária: como colocar


em prática?
O grande diferencial do TBC se dá pelo protagonismo das comunidades re-
ceptoras nos processos de planejamento e organização da atividade. Isso não
significa, entretanto, que a gestão pública e os prestadores de serviços turísti-
cos não tenham um papel a cumprir no Turismo de Base Comunitária, muito
pelo contrário.

A seguir, encontram-se orientações gerais para gestores públicos, prestado-


res de serviços turísticos e comunidades sobre como contribuir para o desenvol-
vimento e o fortalecimento de iniciativas de Turismo de Base Comunitária.

Figura 11 - integração e cooperação entre gestor público


e representantes das comunidades

Fonte: elaboração própria (2023)

MÓDULO II
Turismo de Base Comunitária
42
Orientações para a gestão pública:

Figura 12 - gestor público em reunião com membros de comunidade

Fonte: elaboração própria (2023)

a  ) Identificação das iniciativas existentes e de comunidades com poten-


cial para desenvolver o TBC.

• Levantamento de informações sobre as iniciativas existentes e as co-


munidades com potencial para desenvolver o TBC.

• Sensibilização das comunidades para o TBC.

• Respeito à manifestação de interesse das comunidades para o desen-


volvimento de iniciativas de TBC.

b  ) Incentivo à organização comunitária e à cultura do associativismo


e cooperativismo.

• Avaliação do nível de organização social, formal ou informal, das co-


munidades para o desenvolvimento de iniciativas de TBC.

• Estímulo à formalização de associações e cooperativas comunitárias


para o TBC.

• Parcerias com instituições públicas, privadas, da sociedade civil orga-


nizada, e de ensino e pesquisa para promover a implementação e ma-
nutenção das iniciativas de TBC.

MÓDULO II
Turismo de Base Comunitária
43
c  ) Fomento e apoio à estruturação, qualificação, comercialização e pro-
moção de produtos turísticos comunitários.

• Ampliação dos espaços de representatividade das iniciativas de TBC


nas instâncias de governança do turismo.

• Instituir políticas transversais ao desenvolvimento das comunidades


no âmbito social, econômico, cultural, ambiental e territorial.

• Financiamento de projetos e linhas de crédito específicos para a ca-


deia produtiva do TBC.

• Estruturação dos destinos de TBC (infraestrutura básica, de acesso


e sinalização).

• Qualificação dos serviços e produtos turísticos comunitários.

• Promoção dos destinos de TBC.

Orientações para Prestadores de Serviços Turísticos

Figura 13 - empresas de serviços turísticos

Fonte: elaboração própria (2023)

a  ) Análise do cenário turístico e definição de estratégias de atuação.

• Organização da equipe que desenvolverá os trabalhos junto ao destino.

• Avaliação prévia da estrutura turística do local.

MÓDULO II
Turismo de Base Comunitária
44
• Definição das ações e estratégias sustentáveis (ambiental, social
e econômica).

b  ) Atuação e integração com as comunidades receptoras.

• Encontros periódicos com associações e representantes das


comunidades.

• Parcerias com a gestão pública e com pequenos produtores e empre-


endedores locais.

• Priorização de oferta de vagas de emprego e desenvolvimento de pro-


gramas de qualificação profissional no setor turístico para membros
das comunidades.

• Seleção de voluntários externos à comunidade e realização de progra-


mas de volunturismo (viagens que mesclam atividades turísticas com
trabalhos voluntários) para apoio às atividades desenvolvidas.

• Redistribuição e/ou reinvestimento de parte das receitas geradas nas


comunidades anfitriãs.

c  ) Acompanhamento e avaliação das ações desenvolvidas.

• Definição da equipe responsável pelo monitoramento e avaliação das


atividades no destino.

Orientações para as comunidades

Figura 14 - membros de comunidades ribeirinhas, indígenas e quilombolas

Fonte: elaboração própria (2023)

MÓDULO II
Turismo de Base Comunitária
45
a  ) Estímulo ao empoderamento, protagonismo e autogestão da comuni-
dade.

• Mobilização da comunidade para participar de reuniões sobre o de-


senvolvimento do turismo em seu território e identificação de pessoas
que exerçam ou são capazes de exercer o papel de liderança comuni-
tária em prol da articulação comunitária sobre o turismo.

• Criação ou fortalecimento de organização comunitária com espaço fí-


sico, que sirva como um núcleo de trabalho e de encontros.

• Capacitação e qualificação de membros da comunidade em áreas rela-


tivas ao turismo, artesanato, gastronomia, produção local, entre outras.

b  ) Valorização e promoção do patrimônio natural e cultural da comuni-


dade.

• Inventariação com a participação da comunidade com o objetivo de


identificar o patrimônio cultural e natural da localidade.

• Organização de espaços propícios ao desenvolvimento das manifesta-


ções e expressões culturais.

• Promoção de ações de valorização e promoção da cultura local e de


preservação/conservação da natureza voltadas para a comunidade
e visitantes.

• Elaboração de roteiros que abarquem os atrativos (naturais e cultu-


rais), equipamentos e serviços turísticos comunitários.

• Criação de um código de conduta de visitação para orientar o compor-


tamento responsável dos turistas na comunidade.

c  ) Fomento ao empreendedorismo local e ao desenvolvimento sustentá-


vel.

• Levantamento da cadeia produtiva local (atividades econômicas, em-


presas, empregos, produtos).

MÓDULO II
Turismo de Base Comunitária
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• Identificação das pessoas e/ou famílias interessadas em empreender
no turismo.

• Realização de parcerias com o Sistema S, em especial o Sebrae, para


assessorar os membros da comunidade nas ações empreendedoras.

d  ) Desenvolvimento de estratégias e instrumentos para divisão equitati-


va dos benefícios gerados pelo turismo.

• Estabelecimento de taxas de visitação para turistas e empreendedo-


res locais do turismo.

• Criação de um fundo comunitário e de uma comissão de controle or-


çamentário para gerenciar os recursos.

e  ) Promoção da interculturalidade por meio das experiências e do estrei-


tamento das relações entre visitantes e comunidades.

• Oferta de serviços e produtos turísticos comunitários (hospedagem,


restauração, alimentos e bebidas, guiamento, entre outros).

• Organização de espaços de convivência.

• Oferta de atividades em que os turistas possam conhecer e vivenciar


saberes e fazeres do cotidiano da comunidade.

Especificidades do Desenvolvimento do
Turismo de Base Comunitária em Terras
Indígenas
As iniciativas de Turismo de Base Comunitária em terras indígenas reque-
rem uma atenção especial em relação ao arcabouço legal que envolve os povos
indígenas e às suas especificidades culturais, ambientais e territoriais.

A Política Nacional de Gestão Territorial e Ambiental de Terras Indígenas


– PNGATI, instituída pelo Decreto n.º 7.747, de 5 de junho de 2007, reconhece
“o protagonismo e autonomia sociocultural dos povos indígenas, inclusive pelo
fortalecimento de suas organizações”, o que significa que qualquer atividade

MÓDULO II
Turismo de Base Comunitária
47
realizada em terras indígenas precisa estar ancorada no consentimento e no
protagonismo dos povos indígenas.

Os objetivos específicos da Política Nacional de Gestão Territorial e Ambien-


tal de Terras Indígenas estão estruturados em 7 eixos, entre eles, o eixo 5 – uso
sustentável de recursos naturais e iniciativas produtivas indígenas. No âmbito
desse eixo, encontra-se o objetivo específico:

apoiar iniciativas indígenas sustentáveis de etnoturismo e de ecoturismo,


respeitada a decisão da comunidade e a diversidade dos povos indígenas,
promovendo-se, quando couber, estudos prévios, diagnósticos de impactos
socioambientais e a capacitação das comunidades indígenas para a gestão
dessas atividades (BRASIL, 2007).

As iniciativas de etnoturismo em terras indígenas também precisam ser


desenvolvidas em diálogo com a Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Fu-
nai), que é o órgão indigenista oficial do Estado brasileiro, que tem a missão de
proteger e promover os direitos dos povos indígenas.

A Funai, em 11 de junho de 2015, emitiu a Instrução Normativa n.º 3, estabe-


lecendo normas e diretrizes relativas às atividades de visitação para fins turís-
ticos em terras indígenas, de base comunitária e sustentável, nos segmentos de
Etnoturismo e de Ecoturismo.

Conforme o Art. 2º da Instrução Normativa n.º 3/2015:

[...] são objetivos da visitação com fins turísticos em terras indígenas a valo-
rização e a promoção da sociodiversidade e da biodiversidade, por meio da
interação com os povos indígenas, suas culturas materiais, imateriais e o
meio ambiente, visando à geração de renda, respeitando-se a privacidade e
a intimidade dos indivíduos, das famílias e dos povos indígenas, nos termos
por eles estabelecidos (FUNAI, 2015).

Conforme as diretrizes e normas estabelecidas pela Funai (2015), as ativi-


dades de etnoturismo e de ecoturismo precisam cumprir as seguintes etapas:

1. Consulta prévia, livre e informada às comunidades indígenas sobre o in-


teresse em desenvolver o etnoturismo e/ou ecoturismo em seu território.

MÓDULO II
Turismo de Base Comunitária
48
2. Elaboração de um Plano de Visitação sempre sob a coordenação e res-
ponsabilidade do proponente (indígenas, suas comunidades ou suas
organizações), contemplando a participação e o protagonismo das co-
munidades indígenas na elaboração, execução, monitoramento, ava-
liação e revisão do Plano.

3. Elaboração de um relatório, visando apresentar os possíveis impactos


positivos e negativos socioambientais decorrentes da visitação turís-
tica, assim como as medidas mitigatórias.

4. Apresentação do termo de anuência das comunidades indígenas que


contemple as formas de sua organização e tomada de decisão para re-
alização da atividade, bem como relatório do procedimento de diálogo.

5. Submissão do Plano de Visitação e demais documentos (Relatório de


impacto, Termo de Anuência das Comunidades, Termo de Responsa-
bilidade para Parceiros) à avaliação da Funai.

6. A autorização concedida ao Plano de Visitação é válida até 03 (três)


anos, prorrogável por igual período.

7. Apresentação de relatório à Funai ao final da vigência do Plano de Visi-


tação, com as informações consolidadas de todo o período autorizado.

Para saber mais sobre isso, você pode acessar o link a seguir e ver a Instru-
ção Normativa Funai n.º 3/2015: https://www.gov.br/funai/pt-br/arquivos/con-
teudo/ascom/2015/doc/jun-06/in-03-2015.pdf.

Acesse e veja um exemplo de Plano de Visitação em terra indígena:

“A elaboração do Plano de Visitação YARIPO – ECOTURISMO YANO-


MAMI contou com ampla participação dos Yanomami da região de
Maturacá em um processo desenvolvido desde o ano de 2015. Foram
dez etapas intensivas com participação média de 55 representantes
das seis comunidades da região, na maioria jovens interessados em
trabalhar com o ecoturismo mas também lideranças tradicionais,

MÓDULO II
Turismo de Base Comunitária
49
diretores das associações locais AYRCA e Kumirayoma, professores
e agentes de saúde, todos empenhados na construção de um plano
que contemplasse os anseios dos Yanomami e estivesse de acordo
com as instruções normativas da FUNAI e ICMBio” (ASSOCIAÇÃO
YANOMAMI DO RIO CAUABURIS E AFLUENTES; ASSOCIAÇÃO DAS
MULHERES YANOMAMI KUMIRAYOMA, 2021, p. 11)

Disponível em: https://acervo.socioambiental.org/sites/default/files/


documents/yad00609.pdf.

Veja também outras iniciativas de TBC em Terras Indígenas:

• Turismo de Base Comunitária na Terra Indígena Tenondé Porã


(São Paulo): https://tenondepora.org.br/.

• Rede de Turismo Indígena do Rio Negro (Amazonas): https://si-


te-antigo.socioambiental.org/pt-br/noticias-socioambientais/
nasce-a-rede-de-turismo-indigena-do-rio-negro.

• Rede Nhandereko de Turismo de Base Comunitária (Rio de Janei-


ro/São Paulo): https://www.instagram.com/redenhandereko/.

• Terra Indígena do Rio Gregório – Povo Yamanawa (Acre): https://


hashtagtravel.com.br/programa-vivencia-yamanawa-7-dias.

MÓDULO II
Turismo de Base Comunitária
50
4 BOAS PRÁTICAS DE TURISMO
DE BASE COMUNITÁRIA
NACIONAIS E INTERNACIONAIS
Agora vamos conhecer algumas boas práticas de TBC no Brasil e no mundo?

A seguir, você verá apenas alguns exemplos dentre inúmeros existentes!

Casos Nacionais

Pousada Uacari

Figura 15 - Uakari Lodge logo

Fonte: Uakari Lodge

No Brasil, as primeiras iniciativas de TBC datam de meados da década de


1990. Esse é o caso do Turismo de Base Comunitária da Pousada Uacari desen-
volvido desde 1998 na Reserva de Mamirauá, no município de Tefé, no Amazo-
nas. Em 2019, essa iniciativa foi classificada como finalista do Prêmio de Tecno-
logia Social, da Fundação Banco do Brasil, na categoria Geração de Renda e, em
2020, foi finalista do Desafio de Inovações em Turismo Sustentável realizado
pela Ashoka Brasil.

A gestão da Pousada Uacari é compartilhada entre o Instituto de Desenvol-


vimento Sustentável Mamirauá (IDSM) e a Associação de Auxiliares e Guias de

MÓDULO II
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51
Ecoturismo do Mamirauá (AAGEMAM), responsável por grande parte dos pro-
cessos internos e de tomadas de decisão. Os principais objetivos do projeto são
a geração de benefícios econômicos, a promoção do desenvolvimento social
dos moradores e a conservação do meio ambiente.

Para saber mais sobre a Pousada Uacari, acesse: https://www.uakarilodge.


com.br/.

Rede de Turismo Comunitário da Bahia em Movimento


(Rede Batuc)

Figura 16 - Rede Batuc logo

Fonte: facebook

Outra iniciativa de TBC premiada é a Rede de Turismo Comunitário da Bahia


em Movimento (Rede Batuc), vencedora do Desafio de Inovações em Turismo
Sustentável do ano de 2020. A Rede Batuc trabalha em prol do modelo de turis-
mo comunitário, pautado em princípios da sustentabilidade dos povos e comu-
nidades tradicionais, da solidariedade, da ancestralidade como elementos de
resistência dos saberes e fazeres tradicionais através do turismo. A Rede abarca
comunidades/povos organizados do campo e da cidade como quilombolas, in-
dígenas, ribeirinhos, marisqueiras, pescadores, assentados da reforma agrária,
comunidades de fundo de pasto e de bairros periféricos.

MÓDULO II
Turismo de Base Comunitária
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A Rede Batuc, em parceria com todos os atores envolvidos, tem trabalhado
para gerir e planejar o turismo comunitário em prol do reconhecimento e da
sustentabilidade de seus fazeres cotidianos. Para a Rede Batuc, o turismo pode
gerar resultados positivos se for gerido por suas próprias comunidades orga-
nizadas. Para isso, a Rede enfatiza que o turismo comunitário é uma atividade
auxiliar, frente às diversas atividades do cotidiano das comunidades, sendo ele
– o turismo – tratado como um meio, e não como uma finalidade.

Para saber mais sobre a Rede Batuc, acesse: https://www.youtube.com/wat-


ch?v=oVKPuolnSWM.

Rede Cearense de Turismo Comunitário (Rede Tucum)

Figura 17 - Rede Tucum logo

Fonte: Rede Tucum

A Rede Cearense de Turismo Comunitário (Rede Tucum) é outra importan-


te rede de TBC, considerada uma referência no país. A formação da Rede Tucum
teve início em 2003, mas foi lançada oficialmente, em 2008, no II Seminário In-
ternacional de Turismo Sustentável, em Fortaleza/CE. A Rede Tucum é composta
por grupos comunitários situados no litoral do estado do Ceará, apoiada por or-
ganizações não-governamentais, com o objetivo de promover o turismo comuni-
tário integrado ao fortalecimento da relação entre sociedade, cultura e natureza.

Para divulgar o turismo realizado nas comunidades envolvidas, a Rede Tucum


conta com um site, em que disponibiliza informações sobre a história das comu-

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Turismo de Base Comunitária
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nidades, como chegar, onde se hospedar, onde se alimentar, as opções de passeios
e trilhas. De acordo com a Rede Tucum, o turismo comunitário é compreendido

[...] como estratégia de garantia de território e uma oportunidade para as


populações tradicionais possuírem o controle efetivo sobre o seu desenvol-
vimento, sendo diretamente responsáveis pelo planejamento e gestão das
atividades, estruturas e serviços turísticos propostos (REDE TUCUM, [2016]).

Para saber mais sobre a Rede Tucum, acesse: http://www.redetucum.org.br/.

Braziliando

Figura 18 - Braziliando logo

Fonte: Braziliando (2023)

Em relação a casos de sucesso de empresas especializadas em TBC, pode-


-se destacar a agência de turismo Braziliando, vencedora, em 2022, do Prêmio
de Turismo Responsável da WTM Latin América e do Prêmio Braztoa de Sus-
tentabilidade. A Braziliando é um negócio de impacto social, com a missão de
gerar transformações positivas através de experiências responsáveis e autên-
ticas. Promove experiências sustentáveis de Turismo de Base Comunitária e
volunturismo, no formato presencial e online, em parceria com comunidades
tradicionais. Atualmente, está presente na região da Amazônia, atuando junto
a comunidades indígenas e ribeirinhos.

Durante o período da pandemia de covid-19, as experiências de TBC presen-


cial e online foram co-construídas com os comunitários, que sugeriram o ro-
teiro, participaram da definição da remuneração e da criação do manual com o
código de conduta dos viajantes, definiram a capacidade de participantes e de

MÓDULO II
Turismo de Base Comunitária
54
experiências, criaram o plano de mitigação de riscos e demais atividades neces-
sárias para a estruturação das experiências. As datas das vivências são sempre
aprovadas com a comunidade. Depois da realização das vivências, compartilha-
-se com as comunidades as pesquisas de satisfação dos viajantes, para avalia-
ções conjuntas sobre as melhorias necessárias.

Para saber mais sobre a Braziliando, acesse os links a seguir:

https://www.youtube.com/watch?v=UmazhGSt4Fs

https://braziliando.com/pt/.

Você sabia?

O Ministério do Turismo lançou o Mapa Brasileiro do Turismo Res-


ponsável, que contém boas práticas de Turismo de Base Comunitá-
ria em território brasileiro. Ao todo, o mapa contempla informações
detalhadas sobre 40 iniciativas, as quais englobam comunidades,
redes, empreendimentos, roteiros e organizações vinculadas ao
TBC. Como exemplo dessas boas práticas, pode-se citar: Acolhida na
Colônia (SC), Rede Caiçara de Turismo Comunitário (PR), Quilombo
Kalunga (GO), Fundação Casa Grande – Memorial do Homem Kariri
(CE), entre outras.

Quer saber mais sobre isso, acesse o link:

http://mapadoturismoresponsavel.turismo.gov.br/

MÓDULO II
Turismo de Base Comunitária
55
Políticas Estaduais de Turismo de Base
Comunitária
Os estados da Bahia, de Goiás, de Minas Gerais e do Rio de Janeiro recente-
mente instituíram sua Política Estadual de Turismo de Base Comunitária, por
meio de lei.

Quadro 3 – políticas estaduais de turismo

Política Estadual de Turismo


Estado
de Base Comunitária
Bahia Lei n.º 14.126, de 24 de setembro de 2019
Goiás Lei n.º 21.052, de 15 de julho de 2021
Minas Gerais Lei n.º 23.763, de 6 de janeiro de 2021
Rio de Janeiro Lei n.º 7.884, de 2 de março de 2018

Fonte: elaboração própria (2023)

As referidas leis buscam criar um arcabouço legal para ordenar o desenvol-


vimento do TBC nos respectivos estados, autorizando o poder executivo a defi-
nir linhas de apoio financeiro e administrativo para incentivo a esta atividade.

Na Bahia, existe uma articulação entre organizações representativas da so-


ciedade civil, instituições públicas educacionais, governo estadual e iniciativa
privada para formação de um comitê junto à equipe técnica da Secretaria de
Turismo do Estado da Bahia – Setur BA para direcionar as atividades de TBC
conforme sua Política Estadual de Turismo de Base Comunitária e regular sua
Política, por meio de decreto.

A Política Estadual de Turismo de Base Comunitária no Estado de Goiás tem


como objetivo promover o protagonismo de comunidades e povos tradicionais
em todas as etapas de planejamento, implementação e monitoramento do TBC
no estado de Goiás.

A Política Estadual de Turismo de Base Comunitária do Rio de Janeiro esta-


belece que a exploração comercial do turismo em reservas indígenas, comuni-

MÓDULO II
Turismo de Base Comunitária
56
dades quilombolas, comunidades de pescadores e em favelas será feita, priori-
tariamente, na forma da economia solidária, ou seja, por autogestão.

A Política Estadual de Turismo de Minas Gerais visa estimular a participa-


ção e o envolvimento das comunidades e populações tradicionais no desenvol-
vimento sustentável da atividade turística, de maneira a promover a melhoria
da sua qualidade de vida e a preservação da sua identidade cultural.

Casos Internacionais

Comuna 13 (Colômbia)

FIgura 19 - Comuna 13

Fonte: milcienmillas (2023)

A Comuna 13 é uma área da cidade de Medellín, na Colômbia, que reúne


bairros de baixa renda em uma encosta que já foi considerada uma das favelas
mais perigosas e violentas do mundo. Hoje, graças aos trabalhos desenvolvidos
e investimentos oriundos dos setores público, privado e comunidade, se tornou
um dos destinos mais populares da cidade para turistas nacionais e estrangei-
ros que querem vivenciar uma experiência cultural única e que resistiu a déca-
das de violência.

A renovação estruturadora partiu do simbolismo negativo e serviu para


priorizar as ações governamentais traçando benfeitorias em infraestrutura,
segurança, assistência social e consciência coletiva. Foram investimentos em

MÓDULO II
Turismo de Base Comunitária
57
praças, parques, reestruturação dos acessos, inserção de artes urbanas como
grafismo, além de equipamentos como bibliotecas, quadras poliesportivas e o
“metrocable” um sistema de teleféricos, que atraiu mais visitantes e beneficiou
os residentes facilitando a mobilidade.

A maior parte dos passeios ofertados na Comuna 13 são desenvolvidos e


gerenciados pelos próprios moradores. Em torno de 500 turistas visitam dia-
riamente esta região de Medellín, pessoas de todo o mundo que se encantam e
percorrem curiosos as sinuosas ruas de casas coloridas com murais artísticos e
outras tantas expressões culturais como hip hop e break dance.

Para saber mais sobre a Comuna 13, acesse:

https://janelasabertas.com/2019/03/12/comuna-13/

http://www.comuna13tours.com/.

Andaman Discoveries (Tailândia)

Figura 20 - Andaman Discoveries logo

Fonte: Andaman Discoveries (2023)

O tsunami no ano de 2004 ocasionou grandes mudanças na vida de mui-


tas famílias tailandesas. Aldeias inteiras foram realocadas, meios de subsistên-
cia foram afetados e houve muitas perdas humanas. A partir dessa realidade,
muitas comunidades criaram oportunidades, dentre elas na área do turismo
comunitário. Com base nos casos bem-sucedidos em comunidades vizinhas,
algumas populações reconheceram o potencial do turismo, embora também
expressassem preocupação de que o turismo pudesse ameaçar suas culturas

MÓDULO II
Turismo de Base Comunitária
58
tão peculiares. A Andaman Discoveries é uma empresa de caráter social que se
dedica a unir comunidades e turistas conscientes que buscam experiências de
trocas significativas nas vilas localizadas na costa sul da Tailândia.

Os moradores encontraram no turismo de base comunitária um meio que


lhes permitisse uma renda, seja principal ou adicional, além de fortalecer suas
tradições, cultura e estilo de vida. Por meio de uma rede de apoiadores, volun-
tários e doadores foram implementados mais de 120 projetos, sendo o foco
principal a sustentabilidade social, econômica, ambiental e a criação de opor-
tunidades econômicas realistas. Além do empoderamento se buscou a identifi-
cação das comunidades e valorização das suas características incorporando às
atividades os agentes locais e suas ofertas de serviços e produtos.

Para implementação do turismo foram feitos estudos de viabilidade junto


aos moradores, além de diversos workshops traçando objetivos e motivações
para desenvolver as atividades. Outros esforços incluíram um Manual de TBC
para guias locais e famílias anfitriãs acompanhados de treinamento regular
com funcionários e voluntários. Essas ações aproximam os membros da comu-
nidade e fortalecem as relações entre residentes e turistas, pois priorizam as
capacidades locais e suas necessidades e buscam compartilhar conhecimento
e gerar equidade na distribuição dos benefícios.

Para saber mais sobre a Andaman Discoveries, acesse:

https://youtu.be/9BZHfMIZZFM

https://www.andamandiscoveries.com/.

MÓDULO II
Turismo de Base Comunitária
59
REFERÊNCIAS

ASSOCIAÇÃO YANOMAMI DO RIO CAUABURIS; ASSOCIAÇÃO DAS MULHERES


YANOMAMI. Yaripo Ecoturismo Yanomami Plano de Visitação. 2021. Disponível
em: https://acervo.socioambiental.org/sites/default/files/documents/yad00609.pdf.
Acesso em: 15 mar. 2022.

BARRETO, Angela Maria. Memória e sociedade contemporânea: apontando


tendências. Revista ACB: Biblioteconomia em Santa Catarina, v. 12, n. 2, p. 161-176, jul./
dez., 2007. Disponível em: https://revista.acbsc.org.br/racb/article/view/506. Acesso
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BATALLA, Guillermo Bonfil. El etnodesarrollo: sus premisas jurídicas, políticas


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FLACSO, Colección, v. 25, 1982. Disponível em: https://sic.cultura.gob.mx/ficha.
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BRASIL. Conselho Nacional do Ministério Público. Resolução n.º 230, de 8 de junho


de 2021. Disciplina a atuação do Ministério Público brasileiro junto aos povos e
comunidades tradicionais. Disponível em: https://www.cnmp.mp.br/portal/images/
CDDF/Resoluo-n-230-2021.pdf. Acesso em: 10 fev. 2022.

BRASIL. Constituição (1988). Constituição: República Federativa do Brasil. Brasília,


DF: Senado Federal, 1988. Disponível em: https://www2.senado.leg.br/bdsf/bitstream/
handle/id/518231/CF88_Livro_EC91_2016.pdf. Acesso em: 16 abr. 2022.

BRASIL. Convenção da Diversidade Biológica. [S.l.]: Ministério do Meio Ambiente,


2000. Disponível em: https://www.gov.br/mma/pt-br/textoconvenoportugus.pdf.
Acesso em: 20 jun. 2022.

BRASIL. Decreto n. 6.040, de 7 de fevereiro de 2007. Institui a Política Nacional de


Desenvolvimento Sustentável dos Povos e Comunidades Tradicionais. Disponível
em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2007/decreto/d6040.htm.
Acesso em: 1 jun. 2022.

BRASIL. Decreto nº 10.088, de 05 de novembro de 2019. Consolida atos normativos


editados pelo Poder Executivo Federal que dispõem sobre a promulgação de
convenções e recomendações da Organização Internacional do Trabalho - OIT
ratificadas pela República Federativa do Brasil. Disponível em: https://www.planalto.
gov.br/ccivil_03/_ato2019-2022/2019/decreto/d10088.htm. Acesso em: 10 fev. 2022.

MÓDULO II
Turismo de Base Comunitária
60
BRASIL. Decreto nº 11.447, de 21 de março de 2023. Institui o Programa Aquilomba
Brasil e o seu Comitê Gestor. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_
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BRASIL. Decreto nº 2.519, de 16 de março de 1998. Promulga a Convenção sobre


Diversidade Biológica, assinada no Rio de Janeiro, em 05 de junho de 1992. Disponível
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Promoção da Igualdade Racial - PNPIR e dá outras providências. Disponível em: https://
www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/2003/d4886.htm. Acesso em: 10 fev. 2022.

BRASIL. Decreto nº 4.887, de 20 de novembro de 2003. Regulamenta o procedimento


para identificação, reconhecimento, delimitação, demarcação e titulação das terras
ocupadas por remanescentes das comunidades dos quilombos de que trata o art.
68 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias. Disponível em: http://www.
planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/2003/d4887.htm. Acesso em: 10 fev. 2022.

BRASIL. Decreto nº 5.051, de 19 de abril de 2004. Promulga a Convenção nº 169


da Organização Internacional do Trabalho - OIT sobre Povos Indígenas e Tribais.
Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2004/decreto/
d5051.htm. Acesso em: 10 fev. 2022.

BRASIL. Decreto nº 6.177, de 1 de agosto de 2007. Promulga a Convenção sobre a


Proteção e Promoção da Diversidade das Expressões Culturais, assinada em Paris,
em 20 de outubro de 2005. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_
ato2007-2010/2007/decreto/d6177.htm. Acesso em: 10 fev. 2022.

BRASIL. Decreto nº 6.261, de 20 de novembro de 2007. Dispõe sobre a gestão integrada


para o desenvolvimento da Agenda Social Quilombola no âmbito do Programa Brasil
Quilombola, e dá outras providências. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/
ccivil_03/_ato2007-2010/2007/decreto/d6261.htm. Acesso em: 10 fev. 2022.

BRASIL. Decreto nº 7.747, de 5 de junho de 2012. Institui a Política Nacional


de Gestão Territorial e Ambiental de Terras Indígenas – PNGATI, e dá outras
providências. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-
2014/2012/decreto/d7747.htm

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