Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Turismo
de Base
Comunitária
Presidente da República Federativa do Brasil Equipe Técnica da Coordenação-
Luiz Inácio Lula da Silva Geral de Sustentabilidade e Ações
Climáticas no Turismo – MTur
Ministra de Estado do Turismo
Carolina Fávero de Souza
Daniela Moté de Souza Carneiro
Edson Teixeira Viana Barros
Secretaria Nacional de Planejamento, Laís Campelo Corrêa Torres
Sustentabilidade e Competitividade no Turismo Rafaela Levay Lehmann Herrmann
Marcelo Lima Costa Regina Motta
Diretor do Departamento de Qualidade, Coordenação e Revisão Técnica – MTur
Sustentabilidade e Ações Climáticas no Turismo Carolina Fávero de Souza
Leandro Luiz de Jesus Gomes Laís Campelo Corrêa Torres
Coordenadora-Geral de Sustentabilidade Rafaela Levay Lehmann Herrmann
e Ações Climáticas no Turismo Regina Motta
Rafaela Levay Lehmann Herrmann Projeto “Brasil, essa é a nossa praia!”
– Coordenação Geral / UFRN
Coordenadora de Sustentabilidade e
Ações Climáticas no Turismo Leilianne Michelle Trindade da Silva Barreto
Ricardo Lanzarini
Carolina Fávero de Souza
Pesquisadores – PPGTUR/UFRN
Coordenadora de Turismo Responsável
Carolina Todesco
Laís Campelo Corrêa Torres
Guilherme Bridi
Colaboradores – PPGTUR/UFRN
Francisco Xavier da Silva Júnior
Jakson Braz de Oliveira
Jessyca Rodrigues Henrique da Silva
Revisão Científica – PPGTUR/UFRN
Ricardo Lanzarini
Wilker Ricardo de Mendonça Nóbrega
Natal, 2023
Coordenadoria de Processos Técnicos
Catalogação da Publicação na Fonte.UFRN / Biblioteca Central Zila Mamede
ISBN 978-65-5569-355-3
CDU 338.48
T938
Figura 7 - jongo
FIgura 19 - Comuna 13
APRESENTAÇÃO.................................................................................................................. 9
Objetivos ................................................................................................................................................11
Geral........................................................................................................................................................................11
Específicos............................................................................................................................................................11
ATIVIDADE DE REFLEXÃO.............................................................................................................35
Braziliando ..........................................................................................................................................................54
REFERÊNCIAS ................................................................................................................... 60
APRESENTAÇÃO
U
m dos maiores desafios do século XXI se concentra na humanidade e
suas relações com o meio, incluindo toda a sua diversidade social, am-
biental, cultural, econômica e político-administrativa. O Brasil certa-
mente possui um dos ambientes mais diversos, em que se encontram inúmeros
cenários naturais e culturais que são ou podem ser aproveitados pela atividade
turística. Porém, pensar no turismo como fonte de riquezas e desenvolvimento
implica múltiplos desafios.
O caminho trilhado até aqui tem apontado para uma busca incessante por
destinos turísticos ecologicamente sustentáveis, comprometidos com a ética
social e a diversidade cultural. Nesse cenário, o Turismo Responsável, debatido
em nível global desde os anos 1980 e em nível nacional desde os anos 2000, tem
se apresentado como um caminho possível para a minimização dos impactos
negativos e maximização dos impactos positivos, beneficiando as comunidades
receptoras, o poder público, a iniciativa privada e os próprios turistas, destacan-
do-se como um diferencial de mercado capaz de promover a competitividade
internacional e a sustentabilidade dos recursos naturais e culturais brasileiros
para as próximas gerações.
MÓDULO II
Turismo de Base Comunitária
9
Neste caderno (Módulo II – 20h), o Turismo de Base Comunitária (TBC) se
apresenta como uma forma de gestão do turismo que coloca a comunidade re-
ceptora no centro dos processos decisórios da organização turística local, apren-
dendo sobre os povos e as comunidades tradicionais no Brasil e os fundamentos
conceituais do etnodesenvolvimento e do etnoturismo. São apresentados, ainda,
seus princípios e suas diretrizes, orientações para o desenvolvimento do TBC em
comunidades tradicionais e terras indígenas, além de boas práticas de TBC que
podem servir de inspiração para os mais variados destinos brasileiros.
Bons estudos!
MÓDULO II
Turismo de Base Comunitária
10
TURISMO DE BASE
COMUNITÁRIA
Ementa
Povos e comunidades tradicionais no Brasil. Fundamentos do etnodesen-
volvimento e etnoturismo. Turismo, valorização do patrimônio cultural e de-
senvolvimento local. Turismo de Base Comunitária (TBC): conceito, princípios
e diretrizes. Orientações para o desenvolvimento do Turismo de Base Comu-
nitária. Especificidades do desenvolvimento do TBC em terras indígenas. Boas
práticas nacionais e internacionais de Turismo de Base Comunitária.
Objetivos
Geral
Assimilar conhecimentos a respeito do Turismo de Base Comunitária e as-
suntos correlatos, tais como povos e comunidades tradicionais, etnodesenvol-
vimento e etnoturismo.
Específicos
1. Aprender sobre os povos e as comunidades tradicionais no Brasil.
MÓDULO II
Turismo de Base Comunitária
11
5. Compreender as especificidades do desenvolvimento do Turismo de
Base Comunitária em terras indígenas.
MÓDULO II
Turismo de Base Comunitária
12
1 POVOS E COMUNIDADES
TRADICIONAIS NO BRASIL
Conceito de Povos e Comunidades
Tradicionais
De enorme importância e contribuição para a diversidade sociocultural e
para a biodiversidade, os povos e as comunidades tradicionais estão presentes
por todo território brasileiro.
Saiba mais
MÓDULO II
Turismo de Base Comunitária
13
Mas, Quem São os Povos e as Comunidades
Tradicionais no Brasil?
Como você pôde ver no vídeo, no Brasil, os povos e as comunidades tradi-
cionais são formados pelos povos indígenas, comunidades quilombolas, caipi-
ras, ribeirinhas, caiçaras, extrativistas, pescadores artesanais, quebradeiras de
coco; mas não são apenas esses.
MÓDULO II
Turismo de Base Comunitária
14
A pluralidade de povos e das comunidades tradicionais no Brasil é reflexo de
suas práticas e modos de vida tradicionais diversos. Essas práticas tradicionais
também são denominadas de Sistemas Agrícolas Tradicionais (SATs).
MÓDULO II
Turismo de Base Comunitária
15
Legislação Referente aos Povos e às
Comunidades Tradicionais no Brasil
Afinal, existe uma legislação voltada à defesa dos povos e das comunidades
tradicionais no país?
Sim, existe um conjunto de leis e normas que salvaguardam os direitos dos
povos e comunidades tradicionais, reconhecendo especialmente sua impor-
tância para proteção da biodiversidade e para a diversidade sociocultural.
• Convenção n.º 169 OIT sobre Povos Indígenas e Tribais de 1989 (pro-
mulgada pelo governo brasileiro por meio do Decreto n.º 5.051, de 19
de abril de 2004, e posteriormente pelo Decreto n.º 10.088, de 05 de
novembro de 2019).
MÓDULO II
Turismo de Base Comunitária
16
Figura 2 - convenções internacionais e legislação nacional pertinentes
aos povos e às comunidades tradicionais
MÓDULO II
Turismo de Base Comunitária
17
Quer ler na íntegra os direitos assegurados pela Constituição Fede-
ral relativos aos povos indígenas e comunidades quilombolas?
Então clique no link a seguir, acesse a CF/88 e leia os artigos 215, 231 e
232 e o artigo 68 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocom-
pilado.htm.
Como você pode ver, o art. 215, § 1º, determina que o Estado deve proteger as
manifestações culturais populares, indígenas e afro-brasileiras.
MÓDULO II
Turismo de Base Comunitária
18
Quer ler mais sobre essa importante Convenção Internacional para os
povos indígenas?! Clique no link a seguir e veja o documento na íntegra:
https://www.oas.org/dil/port/1989%20Conven%C3%A7%C3%A3o%20
sobre%20Povos%20Ind%C3%ADgenas%20e%20Tribais%20Con-
ven%C3%A7%C3%A3o%20OIT%20n%20%C2%BA%20169.pdf.
Acesse a Lei do SNUC e leia o art. 4º, inciso XIII e o art. 5º, inciso X: http://
www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9985.htm.
MÓDULO II
Turismo de Base Comunitária
19
Política Nacional de Desenvolvimento
Sustentável dos Povos e Comunidades
Tradicionais (PNPCT)
Em fevereiro de 2007, é instituída a Política Nacional de Desenvolvimento
Sustentável dos Povos e Comunidades Tradicionais (PNPCT), pelo Decreto n.º
6.040/2007, com o objetivo principal de:
Por ser um marco nacional a respeito das garantias dos direitos dos povos
e comunidades tradicionais, não deixe de acessar e ler essa importante Polí-
tica, que está disponível no link http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-
2010/2007/decreto/d6040.htm.
MÓDULO II
Turismo de Base Comunitária
20
foi substituído, em 2023, pelo Programa Aquilomba Brasil (Decreto nº 11.447/
2023), o qual tem por finalidade promover medidas intersetoriais para a garan-
tia dos direitos da população quilombola no país.
MÓDULO II
Turismo de Base Comunitária
21
2 FUNDAMENTOS DO
ETNODESENVOLVIMENTO
E DO ETNOTURISMO
Etnodesenvolvimento e Etnoturismo:
do que estamos falando?
O que é etnodesenvolvimento?
Características Básicas do
Etnodesenvolvimento
a ) Autogestão e participação comunitária.
MÓDULO II
Turismo de Base Comunitária
22
d ) Promoção de bem-estar, renda e empoderamento das comunidades
envolvidas (MEDEIROS, 2011; LITTLE, 2002; BATALLA, 1982; HALL, 2004).
Etnoturismo: o que é?
MÓDULO II
Turismo de Base Comunitária
23
Dessa forma, o etnoturismo é um importante aliado na preservação dos
saberes e fazeres das comunidades locais e de seus respectivos elementos
artístico-culturais como danças, músicas, artesanato, gastronomia, folclore,
entre outros.
MÓDULO II
Turismo de Base Comunitária
24
A ausência desses elementos no processo de organização turística pode tra-
zer inúmeros prejuízos de ordem cultural, social, ambiental e econômica, espe-
cialmente às comunidades receptoras. Dentre esses impactos negativos, pode-
-se destacar a perda de elementos da identidade cultural destes povos, própria
de um cenário no qual a comunidade é excluída de etapas essenciais de pla-
nejamento das ações turísticas no espaço. Nesse sentido, é também papel dos
gestores públicos e privados proporcionar meios para minimizar tais impactos
e promover assim, o turismo numa perspectiva sustentável e responsável.
Características do etnoturismo:
MÓDULO II
Turismo de Base Comunitária
25
Etnoturismo e Turismo de Base Comunitária
(TBC): aproximações conceituais
Existem muitas semelhanças entre os princípios do etnoturismo e do Tu-
rismo de Base Comunitária, pois ambos demandam, em sua base, participa-
ção comunitária ativa, uso sustentável dos recursos naturais e valorização das
manifestações socioculturais. Contudo, parte-se da compreensão de que o TBC
não se restringe apenas a grupos étnicos ou povos e comunidades tradicionais,
sendo um modelo de gestão do turismo que pode ser assumido e desenvolvido
por qualquer comunidade. Já o etnoturismo se insere no âmbito do turismo cul-
tural com enfoque mais específico em grupos étnicos e comunidades tradicio-
nais. Sob essa lógica, compreende-se que o etnoturismo está inserido dentro da
perspectiva do TBC, tal como representa a figura a seguir.
MÓDULO II
Turismo de Base Comunitária
26
Exemplo de Prática de Etnoturismo
Figura 7 - jongo
MÓDULO II
Turismo de Base Comunitária
27
Saiba Mais
Saiba mais sobre a Comunidade Jongo Dito Ribeiro no site oficial: ht-
tps://comunidadejongoditoribeiro.wordpress.com/jongo/ e no YouTu-
be: https://www.youtube.com/watch?v=DQvRGez14eE.
Você sabia?
MATERIAIS COMPLEMENTARES
MÓDULO II
Turismo de Base Comunitária
28
Turismo, Valorização do Patrimônio Cultural
e Desenvolvimento Local
Você sabe o que é patrimônio cultural?
Vamos lá!
Saiba mais:
Barreto (2007, p. 162) define a memória cultural como algo que “deci-
fra o que somos hoje, mas que não somos mais [...] é uma espécie de
guardiã da integridade de um “nós”, que garante a sobrevivência de
um grupo pela partilha entre indivíduos que são comuns”. Para en-
tender mais sobre a relação entre identidade e memória, você pode
consultar o material:
MÓDULO II
Turismo de Base Comunitária
29
BARRETO, A. M. Memória e sociedade contemporânea: apontando
tendências. Revista ACB: Biblioteconomia em Santa Catarina. v. 12, n.
2, p. 161-176, jul./dez., 2007. Disponível em: https://revista.acbsc.org.
br/racb/article/view/506. Acesso em: 17 abr. 2023.
[...] uma herança que recebemos de nossos antepassados. Por isso, é de grande
importância a preservação no presente para que as futuras gerações possam
usufruir e preservar a sua identidade (ROCHA, 2020, p. 239).
Logo, podemos exprimir três elementos chave, sendo eles, a ideia de heran-
ça como algo importante que é deixado ou conquistado por meio de sucessão; a
ideia de preservação, cuidar ou resguardar um bem para que os futuros suces-
sores possam continuar utilizando; e, por fim, a ideia de identidade, que como
já vimos, está vinculada à noção de reconhecimento.
MÓDULO II
Turismo de Base Comunitária
30
Você sabia?
Patrimônio Cultural:
por que devemos preservar?
Você já parou para pensar sobre a razão pela qual devemos preservar e/ou res-
guardar o nosso patrimônio cultural? Em síntese, o que ele tem de tão importante?
MÓDULO II
Turismo de Base Comunitária
31
Saiba mais:
MÓDULO II
Turismo de Base Comunitária
32
Curiosidade
Mas será que é esse o tipo de visão que queremos? Acreditamos que a res-
posta seja “não”.
Cabe aos responsáveis pela gestão dos destinos turísticos desenvolver pro-
dutos diferenciados voltados para valorizar a realidade do local em termos de
sua identidade social, cultural e simbólica. Mas para isso, é importante que pos-
suam um vasto conhecimento sobre esses espaços, especialmente no que con-
cerne à história e à cultura.
MÓDULO II
Turismo de Base Comunitária
33
gredos da culinária quilombola vem passando de uma geração para
a outra. A mistura dos ingredientes e temperos naturais expressa a
riqueza da cultura da comunidade, de maneira sustentável. O Res-
taurante Rita de Chicó utiliza as receitas tradicionais da culinária
quilombola para desenvolver pratos de sabor único, sem temperos
industrializados, e com ingredientes da própria comunidade e de
comunidades vizinhas. Isso é feito unindo música e cultura quilom-
bola, para oferecer uma experiência cultural e turística original, rica
em troca de saberes, em um ambiente natural encantador.
Saiba mais:
MÓDULO II
Turismo de Base Comunitária
34
ATIVIDADE DE REFLEXÃO
A comunidade indígena “Jaci” (fictícia) está localizada em uma área ecológi-
ca da região Norte do país e vem há algum tempo despertando a curiosidade de
turistas que passaram a visitar o local em busca de conhecimentos sobre a cul-
tura indígena, suas tradições, costumes, danças, história e gastronomia. Aten-
tos a essa movimentação turística cada vez mais intensa, grupos de empresá-
rios externos à comunidade se interessaram pelo local e propuseram investir
na estruturação do espaço, com a construção de um hotel e um restaurante na
região. Contudo, a proposta era de que os lucros arrecadados fossem direcio-
nados para outras localidades de interesse desses empresários, não havendo
obrigatoriedade de destinar parte dos mesmos na própria comunidade. Além
disso, havia uma intenção de parceria com operadoras de turismo, para que
estas criassem roteiros visando direcionar grandes grupos de turistas ao local,
sem preocupação com os impactos que isso poderia trazer.
Esse cenário trouxe preocupação para alguns membros, pois mesmo sem
os empreendimentos, a comunidade já vinha demonstrando sinais de perda da
identidade cultural, como a adoção de hábitos dos turistas e elementos próprios
da cultura de massa. Um exemplo disso é o fato de que as danças e músicas tí-
picas da região já não despertavam tanto interesse entre jovens e crianças - es-
tes preferiam os ritmos tidos como “modernos”. Outra questão é o impacto am-
biental gerado pelo fluxo de visitantes, como acúmulo de lixo, pesca predatória
e erosão do solo devido ao aumento de veículos sem qualquer tipo de controle.
MÓDULO II
Turismo de Base Comunitária
35
Figura 9 - turistas visitando comunidade indígena
MÓDULO II
Turismo de Base Comunitária
36
3 TURISMO DE BASE
COMUNITÁRIA
Conceito de TBC
Você sabe o que significa TBC?
Há uma vasta literatura no Brasil que busca discutir e refletir sobre TBC a
partir das iniciativas existentes no país. As experiências de TBC são múltiplas e
diversas, com configurações específicas a depender do contexto e dos rearran-
jos locais, o que torna sua conceituação uma tarefa difícil. Mas em um esforço
de síntese, podemos conceituar Turismo de Base Comunitária como:
MÓDULO II
Turismo de Base Comunitária
37
As obras a seguir podem ser acessadas para complementar seu conheci-
mento sobre TBC. Clique no título para abrir o arquivo!
Autoria/
Título Editora Ano
Organizador(es)
Manual de ecoturismo de base
comunitária: ferramentas para Sylvia Mitraud WWF Brasil 2003
um planejamento responsável
Manual caiçara de turismo Instituto EcoBrasil;
Roberto M. F. Mourão 2009
de base comunitária Instituto Bioatlântica
Turismo de base comunitária: Roberto Bartholo;
diversidade de olhares e Davis Gruber Sansolo; Letra e Imagem 2009
experiências brasileiras Ivan Bursztyn
Dinâmica e diversidade do
turismo de base comunitária:
MTur MTur 2010
desafio para a formulação
de política pública
Série Turisol de Metodologias
Rede Turisol Rede Turisol 2010
Turismo Comunitário
Caderno de Normas da Rede
Tucum - Rede Cearense de Rede Tucum Instituto Terramar 2013
Turismo Comunitário
Práticas para o ecoturismo Pedro Meloni Nassar;
de base comunitária em Luciana Vieira Cobra; IDSM 2017
unidades de conservação Fernanda Sá Vieira
Turismo de base comunitária
em unidades de conservação ICMBio ICMbio 2018
federais: princípios e diretrizes
Turismo de base
comunitária em unidades
ICMBio ICMbio 2019
de conservação federais:
cadernos de experiências
MÓDULO II
Turismo de Base Comunitária
38
Figura 10 - princípios do Turismo de Base Comunitária
MÓDULO II
Turismo de Base Comunitária
39
Solidariedade: A origem do termo
encontra-se no direito romano, in solidum,
que significa o dever para com o todo, a
responsabilidade geral, a culpa coletiva, a
obrigação solidária (WESTPHAL, 2008). O
Turismo de Base Comunitária é concebido
como parte integrante da economia
solidária, em que a solidariedade se dá na
consideração e no auxílio aos integrantes
de um grupo social, fundamental para
a consolidação da coesão social.
Cooperação: Pode ser compreendido como
o contexto interativo em que as ações
dos integrantes favorecem o alcance dos
objetivos coletivos. No Turismo de Base
Comunitária se pressupõe a cooperação
entre os atores para o desenvolvimento do
turismo de forma associativa, cooperativa
e organizada coletivamente no território.
Responsabilidade Socioambiental:
Corresponde ao comprometimento, aos
deveres e às atribuições de todos, Estado,
iniciativa privada e cidadãos, na gestão
eficiente e sustentável dos recursos sociais,
ambientais e econômicos (BRASIL, [202-
]). O Turismo de Base Comunitária se
contrapõe ao turismo de massa na escala
dos impactos, ou seja, pressupõe a geração
de impactos em escala limitada, com o
compromisso de proteção da natureza e
da preservação dos ecossistemas locais
Interculturalidade: a interculturalidade
envolve propostas de convivência
democrática entre diferentes culturas,
buscando a integração entre elas sem anular
sua diversidade (VASCONCELOS, 2007). No
Turismo de Base Comunitária, o diálogo
intercultural ocorre no encontro entre
turistas e comunidades, possibilitando o
intercâmbio e o estreitamento de laços e/
ou relações, com base no respeito e na troca
de experiências, vivências e saberes. Nesse
sentido, faz-se importante a valorização
da cultura local, o reconhecimento e
a promoção dos modos de vida das
comunidades, para elevar o sentimento
de pertencimento e de bem-estar social.
MÓDULO II
Turismo de Base Comunitária
40
Diretrizes do Turismo de Base Comunitária
Enquanto os princípios do TBC são o conjunto de valores e preceitos que o
envolvem, as diretrizes são as orientações para que o TBC atinja o seu objetivo
de ser um modelo de turismo socialmente justo e solidário, ambientalmente
responsável, culturalmente enriquecedor e economicamente viável.
A partir das diretrizes que você acabou de assistir, pode-se afirmar que o
TBC se configura em uma das possibilidades para a promoção do Turismo Res-
ponsável no Brasil, em comunidades que desejam e optam por desenvolver essa
atividade em seus territórios.
MÓDULO II
Turismo de Base Comunitária
41
• À dependência econômica do turismo e a supressão de atividades pro-
dutivas tradicionais.
MÓDULO II
Turismo de Base Comunitária
42
Orientações para a gestão pública:
MÓDULO II
Turismo de Base Comunitária
43
c ) Fomento e apoio à estruturação, qualificação, comercialização e pro-
moção de produtos turísticos comunitários.
MÓDULO II
Turismo de Base Comunitária
44
• Definição das ações e estratégias sustentáveis (ambiental, social
e econômica).
MÓDULO II
Turismo de Base Comunitária
45
a ) Estímulo ao empoderamento, protagonismo e autogestão da comuni-
dade.
MÓDULO II
Turismo de Base Comunitária
46
• Identificação das pessoas e/ou famílias interessadas em empreender
no turismo.
Especificidades do Desenvolvimento do
Turismo de Base Comunitária em Terras
Indígenas
As iniciativas de Turismo de Base Comunitária em terras indígenas reque-
rem uma atenção especial em relação ao arcabouço legal que envolve os povos
indígenas e às suas especificidades culturais, ambientais e territoriais.
MÓDULO II
Turismo de Base Comunitária
47
realizada em terras indígenas precisa estar ancorada no consentimento e no
protagonismo dos povos indígenas.
[...] são objetivos da visitação com fins turísticos em terras indígenas a valo-
rização e a promoção da sociodiversidade e da biodiversidade, por meio da
interação com os povos indígenas, suas culturas materiais, imateriais e o
meio ambiente, visando à geração de renda, respeitando-se a privacidade e
a intimidade dos indivíduos, das famílias e dos povos indígenas, nos termos
por eles estabelecidos (FUNAI, 2015).
MÓDULO II
Turismo de Base Comunitária
48
2. Elaboração de um Plano de Visitação sempre sob a coordenação e res-
ponsabilidade do proponente (indígenas, suas comunidades ou suas
organizações), contemplando a participação e o protagonismo das co-
munidades indígenas na elaboração, execução, monitoramento, ava-
liação e revisão do Plano.
Para saber mais sobre isso, você pode acessar o link a seguir e ver a Instru-
ção Normativa Funai n.º 3/2015: https://www.gov.br/funai/pt-br/arquivos/con-
teudo/ascom/2015/doc/jun-06/in-03-2015.pdf.
MÓDULO II
Turismo de Base Comunitária
49
diretores das associações locais AYRCA e Kumirayoma, professores
e agentes de saúde, todos empenhados na construção de um plano
que contemplasse os anseios dos Yanomami e estivesse de acordo
com as instruções normativas da FUNAI e ICMBio” (ASSOCIAÇÃO
YANOMAMI DO RIO CAUABURIS E AFLUENTES; ASSOCIAÇÃO DAS
MULHERES YANOMAMI KUMIRAYOMA, 2021, p. 11)
MÓDULO II
Turismo de Base Comunitária
50
4 BOAS PRÁTICAS DE TURISMO
DE BASE COMUNITÁRIA
NACIONAIS E INTERNACIONAIS
Agora vamos conhecer algumas boas práticas de TBC no Brasil e no mundo?
Casos Nacionais
Pousada Uacari
MÓDULO II
Turismo de Base Comunitária
51
Ecoturismo do Mamirauá (AAGEMAM), responsável por grande parte dos pro-
cessos internos e de tomadas de decisão. Os principais objetivos do projeto são
a geração de benefícios econômicos, a promoção do desenvolvimento social
dos moradores e a conservação do meio ambiente.
Fonte: facebook
MÓDULO II
Turismo de Base Comunitária
52
A Rede Batuc, em parceria com todos os atores envolvidos, tem trabalhado
para gerir e planejar o turismo comunitário em prol do reconhecimento e da
sustentabilidade de seus fazeres cotidianos. Para a Rede Batuc, o turismo pode
gerar resultados positivos se for gerido por suas próprias comunidades orga-
nizadas. Para isso, a Rede enfatiza que o turismo comunitário é uma atividade
auxiliar, frente às diversas atividades do cotidiano das comunidades, sendo ele
– o turismo – tratado como um meio, e não como uma finalidade.
MÓDULO II
Turismo de Base Comunitária
53
nidades, como chegar, onde se hospedar, onde se alimentar, as opções de passeios
e trilhas. De acordo com a Rede Tucum, o turismo comunitário é compreendido
Braziliando
MÓDULO II
Turismo de Base Comunitária
54
experiências, criaram o plano de mitigação de riscos e demais atividades neces-
sárias para a estruturação das experiências. As datas das vivências são sempre
aprovadas com a comunidade. Depois da realização das vivências, compartilha-
-se com as comunidades as pesquisas de satisfação dos viajantes, para avalia-
ções conjuntas sobre as melhorias necessárias.
https://www.youtube.com/watch?v=UmazhGSt4Fs
https://braziliando.com/pt/.
Você sabia?
http://mapadoturismoresponsavel.turismo.gov.br/
MÓDULO II
Turismo de Base Comunitária
55
Políticas Estaduais de Turismo de Base
Comunitária
Os estados da Bahia, de Goiás, de Minas Gerais e do Rio de Janeiro recente-
mente instituíram sua Política Estadual de Turismo de Base Comunitária, por
meio de lei.
MÓDULO II
Turismo de Base Comunitária
56
dades quilombolas, comunidades de pescadores e em favelas será feita, priori-
tariamente, na forma da economia solidária, ou seja, por autogestão.
Casos Internacionais
Comuna 13 (Colômbia)
FIgura 19 - Comuna 13
MÓDULO II
Turismo de Base Comunitária
57
praças, parques, reestruturação dos acessos, inserção de artes urbanas como
grafismo, além de equipamentos como bibliotecas, quadras poliesportivas e o
“metrocable” um sistema de teleféricos, que atraiu mais visitantes e beneficiou
os residentes facilitando a mobilidade.
https://janelasabertas.com/2019/03/12/comuna-13/
http://www.comuna13tours.com/.
MÓDULO II
Turismo de Base Comunitária
58
tão peculiares. A Andaman Discoveries é uma empresa de caráter social que se
dedica a unir comunidades e turistas conscientes que buscam experiências de
trocas significativas nas vilas localizadas na costa sul da Tailândia.
https://youtu.be/9BZHfMIZZFM
https://www.andamandiscoveries.com/.
MÓDULO II
Turismo de Base Comunitária
59
REFERÊNCIAS
MÓDULO II
Turismo de Base Comunitária
60
BRASIL. Decreto nº 11.447, de 21 de março de 2023. Institui o Programa Aquilomba
Brasil e o seu Comitê Gestor. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_
Ato2023-2026/2023/Decreto/D11447.htm#art17. Acesso em: 23 abr. 2023.
MÓDULO II
Turismo de Base Comunitária
61
BRASIL. Lei nº 9985, de 18 de julho de 2000. Institui o Sistema Nacional de Unidades
de Conservação da Natureza e dá outras providências. Disponível em: http://www.
planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9985.htm. Acesso em: 20 jun. 2022.
MÓDULO II
Turismo de Base Comunitária
62
MEDEIROS, Monique. Etnodesenvolvimento e desenvolvimento local: contributos para
um debate teórico. Ambiência, v. 7, n. 1, p. 165-177, 2011. Disponível em: https://revistas.
unicentro.br/index.php/ambiencia/article/view/1097. Acesso em: 10 mar. 2023.
NOGUEIRA, Elizabete Melo; FERKO, Georgia Patrícia da Silva; COSTA NETO, Canrobert
Penn Lopes; SANTOS, Raimunda Maria Rodrigues; FALCÃO, Márcia Teixeira.
Etnoturismo e etnocologia: possibilidades para o desenvolvimento sustentável em
comunidades indígenas. Revista Brasileira de Ecoturismo (RBEcotur), [S. l.], v. 6, n. 4,
2013. DOI: 10.34024/rbecotur.2013.v6.6364. Disponível em: https://periodicos.unifesp.
br/index.php/ecoturismo/article/view/6364. Acesso em: 10 mar. 2023.
QUEIROZ, Maria Isaura Pereira de. Identidade cultural, identidade nacional no Brasil.
Tempo social, [S. l.], v.1, n. 1, p. 29-46, 1989. DOI: 10.1590/ts.v1i1.83318. Disponível em:
https://www.revistas.usp.br/ts/article/view/83318. Acesso em: 9 mar. 2023.
MÓDULO II
Turismo de Base Comunitária
63
REDE TUCUM. Turismo comunitário. [2016]. Disponível em: http://www.redetucum.
org.br/rede-tucum/turismo-comunitario/. Acesso em: 5 mar. 2022.
MÓDULO II
Turismo de Base Comunitária
64