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Universidade do Sul de Santa Catarina

Climatologia
e Meteorologia
Disciplina na modalidade a distância

Climatologia e Meteorologia
Universidade do Sul de Santa Catarina

Climatologia e Meteorologia
Disciplina na modalidade a distância

Palhoça
UnisulVirtual
2011

Climatologia_e_meteorologia.indb 1 28/11/11 10:08


Créditos
Universidade do Sul de Santa Catarina | Campus UnisulVirtual | Educação Superior a Distância
Avenida dos Lagos, 41 – Cidade Universitária Pedra Branca | Palhoça – SC | 88137-900 | Fone/fax: (48) 3279-1242 e 3279-1271 | E-mail: cursovirtual@unisul.br | Site: www.unisul.br/unisulvirtual
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Sebastião Salésio Heerdt Artur Beck Neto Rosângela Mara Siegel Gerência de Desenho e
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Gerência de Ensino, Pesquisa e Marina Melhado Gomes da Silva Diogo Rafael da Silva
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Moacir Heerdt Luciana Manfroi
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Marcelo Fraiberg Machado Pesquisa Josué Lange
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Tenille Catarina Valnei Carlos Denardin Claudia Gabriela Dreher Conferência (e-OLA)
Mauro Faccioni Filho (Coord. Nuvem)
Assessoria de Assuntos Sâmia Mônica Fortunato (Adjunta) Jaqueline Cardozo Polla Carla Fabiana Feltrin Raimundo (Coord.)
Internacionais Pós-Graduação Nágila Cristina Hinckel Bruno Augusto Zunino
Coordenadores Pós-Graduação Anelise Leal Vieira Cubas (Coord.) Sabrina Paula Soares Scaranto
Murilo Matos Mendonça Aloísio José Rodrigues Gabriel Barbosa
Anelise Leal Vieira Cubas Thayanny Aparecida B. da Conceição
Assessoria de Relação com Poder Biblioteca Produção Industrial
Público e Forças Armadas Bernardino José da Silva Salete Cecília e Souza (Coord.) Gerência de Logística Marcelo Bittencourt (Coord.)
Adenir Siqueira Viana Carmen Maria Cipriani Pandini Paula Sanhudo da Silva Jeferson Cassiano A. da Costa (Gerente)
Walter Félix Cardoso Junior Daniela Ernani Monteiro Will Marília Ignacio de Espíndola Gerência Serviço de Atenção
Giovani de Paula Renan Felipe Cascaes Logísitca de Materiais Integral ao Acadêmico
Assessoria DAD - Disciplinas a Karla Leonora Dayse Nunes Carlos Eduardo D. da Silva (Coord.) Maria Isabel Aragon (Gerente)
Distância Letícia Cristina Bizarro Barbosa Gestão Docente e Discente Abraao do Nascimento Germano Ana Paula Batista Detóni
Patrícia da Silva Meneghel (Coord.) Luiz Otávio Botelho Lento Enzo de Oliveira Moreira (Coord.) Bruna Maciel André Luiz Portes
Carlos Alberto Areias Roberto Iunskovski Fernando Sardão da Silva Carolina Dias Damasceno
Cláudia Berh V. da Silva Rodrigo Nunes Lunardelli Capacitação e Assessoria ao Fylippy Margino dos Santos Cleide Inácio Goulart Seeman
Conceição Aparecida Kindermann Rogério Santos da Costa Docente Guilherme Lentz Denise Fernandes
Luiz Fernando Meneghel Thiago Coelho Soares Alessandra de Oliveira (Assessoria) Marlon Eliseu Pereira Francielle Fernandes
Renata Souza de A. Subtil Vera Rejane Niedersberg Schuhmacher Adriana Silveira Pablo Varela da Silveira Holdrin Milet Brandão
Alexandre Wagner da Rocha Rubens Amorim
Assessoria de Inovação e Jenniffer Camargo
Gerência Administração Elaine Cristiane Surian (Capacitação) Yslann David Melo Cordeiro Jessica da Silva Bruchado
Qualidade de EAD Acadêmica Elizete De Marco
Denia Falcão de Bittencourt (Coord.) Jonatas Collaço de Souza
Angelita Marçal Flores (Gerente) Fabiana Pereira Avaliações Presenciais
Andrea Ouriques Balbinot Juliana Cardoso da Silva
Fernanda Farias Iris de Souza Barros Graciele M. Lindenmayr (Coord.)
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Assessoria de Tecnologia Samara Josten Flores (Secretária de Ensino) Simone Zigunovas
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Osmar de Oliveira Braz Júnior (Coord.) Cristilaine Medeiros Marilene Fátima Capeleto
Giane dos Passos (Secretária Acadêmica) Daiana Cristina Bortolotti
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Felipe Jacson de Freitas Delano Pinheiro Gomes Maycon de Sousa Candido
Alessandro Alves da Silva Anderson da Silveira (Núcleo Comunicação) Edson Martins Rosa Junior
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Coordenação Cursos Fabricio Botelho Espíndola Ednéia Araujo Alberto (Núcleo Sudeste) Thais Bortolotti
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Auxiliares de Coordenação Juliana Broering Martins Liana Ferreira Alvaro José Souto
Ana Denise Goularte de Souza Luana Borges da Silva Luiz Antônio Pires
Camile Martinelli Silveira Luana Tarsila Hellmann Maria Aparecida Teixeira Relacionamento com Polos
Fabiana Lange Patricio Luíza Koing  Zumblick Mayara de Oliveira Bastos Presenciais
Tânia Regina Goularte Waltemann Maria José Rossetti Michael Mattar Alex Fabiano Wehrle (Coord.)
Jeferson Pandolfo

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José Gabriel da Silva

Climatologia e Meteorologia
Livro didático

Design Instrucional
Viviane Bastos
João Marcos de Souza Alves

3ª edição

Palhoça
UnisulVirtual
2011

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Copyright © UnisulVirtual 2011
Nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida por qualquer meio sem a prévia autorização desta instituição.

Edição – Livro Didático


Professor Conteudista
José Gabriel da Silva

Design Instrucional
Viviane Bastos
João Marcos de Souza Alves (3ª edição)

Projeto Gráfico e Capa


Equipe UnisulVirtual

Diagramação
Marina Broering Righetto

Revisão
Diane Dal Mago

Revisão e atualização de conteúdo


José Gabriel da Silva

551.6
S58 Silva, José Gabriel da
Climatologia e meteorologia : livro didático / José Gabriel da Silva ;
design instrucional Viviane Bastos, João Marcos de Souza Alves. – 3. ed. –
Palhoça : UnisulVirtual, 2011.
183 p. : il. ; 28 cm.

Inclui bibliografia

1. Climatologia. 2. Meteorologia. I. Bastos, Viviane. II. Alves, João Marcos


de Souza. III. Título.

Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca Universitária da Unisul

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Sumário

Apresentação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .7
Palavras do professor. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .9
Plano de estudo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11

UNIDADE 1 - Climatologia, meteorologia e suas interações. . . . . . . . . . . . . 17


UNIDADE 2 - Movimentação atmosférica e sua medida . . . . . . . . . . . . . . . . 37
UNIDADE 3 - Estações meteorológicas e previsão de tempo. . . . . . . . . . . . 63
UNIDADE 4 - Radiação e temperatura . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 109
UNIDADE 5 - Água na atmosfera . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 133

Para concluir o estudo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 171


Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 173
Sobre o professor conteudista . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 175
Respostas e comentários das atividades de autoavaliação . . . . . . . . . . . . . 177
Biblioteca Virtual . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 183

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Apresentação

Este livro didático corresponde à disciplina Climatologia e


Meteorologia.

O material foi elaborado visando a uma aprendizagem autônoma


e aborda conteúdos especialmente selecionados e relacionados
à sua área de formação. Ao adotar uma linguagem didática
e dialógica, objetivamos facilitar seu estudo a distância,
proporcionando condições favoráveis às múltiplas interações e a
um aprendizado contextualizado e eficaz.

Lembre-se que sua caminhada, nesta disciplina, será


acompanhada e monitorada constantemente pelo Sistema
Tutorial da UnisulVirtual, por isso a “distância” fica
caracterizada somente na modalidade de ensino que você optou
para sua formação, pois na relação de aprendizagem professores
e instituição estarão sempre conectados com você.

Então, sempre que sentir necessidade entre em contato; você tem


à disposição diversas ferramentas e canais de acesso tais como:
telefone, e-mail e o Espaço Unisul Virtual de Aprendizagem,
que é o canal mais recomendado, pois tudo o que for enviado e
recebido fica registrado para seu maior controle e comodidade.
Nossa equipe técnica e pedagógica terá o maior prazer em lhe
atender, pois sua aprendizagem é o nosso principal objetivo.

Bom estudo e sucesso!

Equipe UnisulVirtual.

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Palavras do professor

Será que vai chover? Você já deve ter ouvido essa pergunta,
que muitas vezes fica sem resposta. Saber quais as condições
do tempo é uma atitude de quase todos nós, seja qual for o
motivo, pessoal ou profissional.

Nesta disciplina, você vai entender um pouco da dinâmica da


atmosfera e sua relação com sua vida, e ao final, perceberá que
está mais ligada a esta ciência do que imagina.

Alguns conceitos iniciais e diferenças entre clima e tempo


marcam o início de nossos estudos. Vamos conhecer a
movimentação da atmosfera e as conseqüências desse
movimento na distribuição dos ventos e outros eventos
meteorológicos.

Para quantificar os elementos meteorológicos serão mostradas


as estações meteorológicas e a previsão de tempo. Após,
vamos estudar a radiação e o balanço de energia radiante para
finalizar com o estudo das fases da água na atmosfera e a
classificação climática.

Espero que você, além dos objetivos de aquisição de


conhecimento, ainda possa gratificar-se com a leitura.

Prof. José Gabriel da Silva

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Plano de estudo

O plano de estudos visa a orientá-lo no desenvolvimento da


disciplina. Ele possui elementos que o ajudarão a conhecer o
contexto da disciplina e a organizar o seu tempo de estudos.

O processo de ensino e aprendizagem na UnisulVirtual leva


em conta instrumentos que se articulam e se complementam,
portanto, a construção de competências se dá sobre a
articulação de metodologias e por meio das diversas formas de
ação/mediação.

São elementos desse processo:

„ o livro didático;

„ o Espaço UnisulVirtual de Aprendizagem (EVA);

„ as atividades de avaliação (a distância, presenciais e de


autoavaliação);

„ o Sistema Tutorial.

Ementa
Descrição dos processos fundamentais da atmosfera.
Elementos e fatores climáticos, tipos e classificação de
climas. Principais parâmetros de caracterização da atmosfera.
Perturbações da atmosfera: poluições troposféricas (ácidos;
oxidante; particulados). Alterações climáticas associadas
a poluições. Diminuição do Ozônio estratosférico. Efeito
estufa adicional e evolução climática. Hidrometeorologia.
Micrometeorologia. Métodos de amostragem. Equipamentos.
Práticas de laboratório.

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Universidade do Sul de Santa Catarina

Objetivos da disciplina

Geral
Compreender os principais fenômenos meteorológicos e
climáticos básicos, aplicados aos estudos relacionados ao Meio
Ambiente.

Específicos

„ Compreender a diferença entre clima e tempo; os elementos


e fatores climáticos e suas diferenças no globo terrestre.

„ Identificar a estrutura da Atmosfera e o seu movimento e


interações como o EL NIÑO e LA NIÑA .

„ Identificar os princípios básicos da poluição atmosférica.

„ Conhecer o funcionamento de uma estação


meteorológica automática e convencional , o princípio de
funcionamento dos instrumentos meteorológicos e qual o
destino os dados coletados e as as variáveis das previsões
de tempo.

„ Conhecer a composição química da atmosfera e


identificar os aspectos quali-quantitativos da radiação
solar incidente na Terra

„ Desenvolver as relações astronômicas terra-sol, relacioná-


las com a formação de dias e noites e as estações do ano
estimar a irradiancia global e o balanço de energia em
sistemas naturais.

„ Conhecer e quantificar o vapor d´água na atmosfera.

„ Identificar o orvalho, a neblina o nevoeiro e as geadas.

„ Compreender os processos de formação de nuvens e


precipitação e quais os tipos de precipitação.

„ Compreender os tipos climáticos a partir da classificação


de Koeppen.

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Climatologia e Meteorologia

Carga horária
A carga horária total da disciplina é 60 horas-aula.

Conteúdo programático/objetivos
Veja, a seguir, as unidades que compõem o livro didático desta
disciplina e os seus respectivos objetivos. Estes se referem aos
resultados que você deverá alcançar ao final de uma etapa de
estudo. Os objetivos de cada unidade definem o conjunto de
conhecimentos que você deverá possuir para o desenvolvimento
de habilidades e competências necessárias à sua formação.

Unidades de estudo: 05

Unidade 1 – Climatologia, meteorologia e suas interações


Nesta unidade, você conhecerá os conceitos iniciais da medida
da atmosfera, diferenciando meteorologia de climatologia, tempo
de clima e elementos de fatores climáticos. Serão abordados,
também, as escalas climáticas, a estrutura e composição da
atmosfera e conceitos básicos sobre poluição atmosférica.

Unidade 2 – Movimentação atmosférica e sua medida


Nesta unidade, será tratado sobre o movimento geral da
atmosfera e sua influência nos climas do planeta. Vai estudar,
também, sobre os ventos de superfície, os principais fenômenos
meteorológicos associados a eles e o fenômeno global, EL NIÑO.

Unidade 3 – Estações meteorológicas e previsão de tempo


Aqui, você entenderá como são feitas as medidas de superfície
na atmosfera, quais os tipos de estações meteorológicas e, após
a coleta de dados, como eles são usados para a realização da
previsão de tempo.

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Universidade do Sul de Santa Catarina

Unidade 4 – Radiação e temperatura


Nesta unidade, você estudará as características da radiação
eletromagnética proveniente do sol na atmosfera. Vai estudar as
interações desta radiação solar com a atmosfera e as estimativas
para calcular o balanço de radiação na superfície terrestre em
qualquer local ou data.

Unidade 5 – Água na atmosfera


O assunto abordado nesta unidade, se refere a água na atmosfera,
desde a sua fase gasosa até chegar na fase líquida ou sólida e
precipitar. Você vai conhecer, também, o que é a Umidade relativa
e fará sua estimativa, os tipos de nuvens e suas relações com os
tipos de precipitação além de conhecer a classificação do clima.

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Climatologia e Meteorologia

Agenda de atividades/Cronograma

„ Verifique com atenção o EVA, organize-se para acessar


periodicamente a sala da disciplina. O sucesso nos seus
estudos depende da priorização do tempo para a leitura,
da realização de análises e sínteses do conteúdo e da
interação com os seus colegas e professor.

„ Não perca os prazos das atividades. Registre no espaço


a seguir as datas com base no cronograma da disciplina
disponibilizado no EVA.

„ Use o quadro para agendar e programar as atividades


relativas ao desenvolvimento da disciplina.

Atividades obrigatórias

Demais atividades (registro pessoal)

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UNIDADE 1

Climatologia, meteorologia e
suas interações

Objetivos de aprendizagem
„ Conhecer as diferenças entre climatologia e
meteorologia, bem como os conceitos de clima e
tempo.

„ Compreender as escalas climáticas.

„ Diferenciar os elementos dos fatores climáticos.

„ Identificar a estrutura da atmosfera, sua composição e


suas alterações.

Seções de estudo
Seção 1 Meteorologia e climatologia: conceitos e
avaliação do (meio) ambiente

Seção 2 Clima e tempo: definições e conceitos

Seção 3 A atmosfera terrestre

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Universidade do Sul de Santa Catarina

Para início de estudo


Esta unidade traz um assunto muito importante para esta
disciplina: as diferenças entre meteorologia e climatologia. Tais
diferenças se aplicam na maneira como o (meio) ambiente é
avaliado e medido.

Essas duas áreas, climatologia e meteorologia, possuem estreita


relação, e os valores das medidas da atmosfera são usados para
as avaliações climatológicas, como também para as avaliações
meteorológicas.

Nesta unidade, você vai entender que as diferenças entre


meteorologia e climatologia estão diretamente relacionadas com
os conceitos de clima e tempo, assunto que será abordado já na
primeira seção. Bom estudo!

Seção 1 – Meteorologia e climatologia: conceitos e


avaliação do (meio) ambiente
Antes de você estudar sobre o meio ambiente, reflita: o que é
meteorologia?

Meteorologia é o ramo da ciência que se preocupa


com os fenômenos físicos que ocorrem num dado
instante (curto intervalo de tempo), ou seja, as
condições do tempo.

Meteorologia é a ciência que estuda fenômenos atmosféricos,


especialmente aqueles que se relacionam às condições
meteorológicas. Meteorologistas prevêem o tempo contando
com milhares de estações meteorológicas localizadas ao redor
do mundo, tanto em terra quanto no mar. Em cada estação, as
medições são feitas, tais como pressão atmosférica e temperatura,
velocidade do vento, cobertura de nuvens e precipitação. Em

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Climatologia e Meteorologia

outros lugares, de nível superior observações são feitas por balões


meteorológicos e satélites, que enviam um fluxo contínuo de
fotografias de volta à Terra. Toda esta informação é enviada para
centros meteorológicos nacionais onde são plotados gráficos e
mapas que posteriormente são analisados pelos meteorologistas.
Esta informação é chamada de previsão, é então enviada para o
público pelos jornais, rádio, intenet e televisão.

Já a Climatologia é o estudo científico de climas, que é definida


como as condições médias do tempo num longo período.
Climatologia é diferente de meteorologia porque depende de uma
sequencia de dados.

É esse sequenciamento médio que define o clima de um


local e que determina quais atividades são ali possíveis. Essa
caracterização média define a climatologia.

A meteorologia trabalha com valores instantâneos,


enquanto a climatologia utiliza valores médios (de
longo período) da movimentação atmosférica.

No entanto, você pode estar se questionando: como avaliar a


atmosfera? Como estudar e prever o tempo, considerando os
valores estatísticos dessa movimentação atmosférica? Veja, então:

Como existem interações entre chegada e saída de energia,


entender a atmosfera bem como prever os acontecimentos nela
é muito difícil. Começando pelo aquecimento e resfriamento da
superfície terrestre, que por si só causam mudanças no volume
densidade doar,tendo como consequência final a alteração da
pressão, que por sua vez causa movimentação do ar vertical e
horizontalmente. Essas movimentações alteram os padrões de
circulação de maneira geral ou local. (FERREIRA, 2006).

Unidade 1 19

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Universidade do Sul de Santa Catarina

Seção 2 – Clima e tempo: definições e conceitos


O gerenciamento de recursos naturais exige o conhecimento
de valores médios, de valores extremos e probabilidades de
ocorrência de todos os padrões de comportamento da atmosfera,
além dos valores do seu estado momentâneo. Essas diferentes
abordagens dependem fundamentalmente de escalas temporais,
ou seja: clima e tempo.

Para um local, essa descrição pode ser tanto em termos


instantâneos, definindo sua condição atual, como em termos
estatísticos, definindo uma condição média. Portanto, introduz-
se uma escala temporal na descrição das condições atmosféricas.
Denomina-se tempo à descrição instantânea, enquanto que a
descrição média é denominada de clima. (PEREIRA et al, 2002).

Tempo é o estado da atmosfera num local e instante,


sendo caracterizado pelas condições de temperatura,
pressão, concentração de vapor, velocidade e direção
do vento e precipitação..

Clima é o conjunto dos fenômenos meteorológicos


que caracterizam a condição média da atmosfera sobre
qualquer lugar da Terra.

O clima é, também, uma descrição estática que expressa as


condições médias da região (geralmente, essa descrição tem
validade para 30 anos), do sequenciamento das condições do tempo
num local. O ritmo das variações sazonais de temperatura, chuva,
umidade do ar etc. caracteriza o clima de uma região. O período
mínimo de 30 anos foi escolhido pela Organização Meteorológica
Mundial (OMM), com base em princípios estatísticos de tendência
do valor médio. Desse modo, incluem-se anos com desvios para
mais e para menos em todos os elementos do clima.
A esse valor médio de 30 anos
chama-se Normal climatológica.
A Figura 1.1, a seguir, mostra a variação anual da temperatura
do ar próximo da superfície (≈ 1,5m acima do solo) e da chuva
na região de São Joaquim/SC. É uma visualização do ritmo
desses elementos climáticos ao longo do ano. Provavelmente,
nunca ocorreu um ano igual ao normal, mas essa é a descrição do
sequenciamento das condições mais prováveis na região.

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Climatologia e Meteorologia

Figura 1.1 - Sequenciamento dos valores normais (1961 - 2006) de temperatura do ar e chuva em
São Joaquim/SC
Fonte: Epagri, 2006.

Portanto, em termos médios, a temperatura da região varia entre


o mínimo de 9,4°C em julho e o máximo de 17,5°C em fevereiro.
Com respeito à chuva, o período primavera-verão (outubro a
março) contribui com 58% do total anual. O período menos
chuvoso corresponde às estações mais frias. Logo, o clima de São
Joaquim/SC apresenta uma distribuição entre as chuvas no verão
e no inverno, não evidenciando nenhum período de seca.

Unidade 1 21

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Universidade do Sul de Santa Catarina

Observe que, similarmente, esse tipo de descrição pode ser feito para
qualquer localidade que disponha de observações meteorológicas.

Elementos e fatores climáticos e meteorológicos


Antes de apresentar quais são suas funcionalidades, é preciso
entender o que são esses elementos e fatores considerados na
análise do clima e tempo.

Os elementos são os atributos que constituem o


clima de qualquer local da superfície do planeta e são
representados pela temperatura, pressão e umidade
atmosféricas.
Os fatores são aqueles agentes responsáveis pelas
diferenças climáticas na Terra, pois provocam
alterações nos elementos. Tais agentes são a latitude,
a longitude, a maritimidade-continentalidade, a
vegetação e as atividades humanas.

Escala temporal dos fenômenos atmosféricos


De acordo com a posição do sol em relação a terra, associada
com a rotação da terra, os diferentes locais da terra apresentam
diferentes cargas de energia, que evidenciam uma grande
variação entre o dia e a noite. Anotando assim uma escala diária.

Uma escala maior de variação das condições


meteorológicas é a anual, que se deve ao
posicionamento relativo entre a Terra e o Sol, gerando
as estações do ano. As diferenças sazonais são mais
intensas à medida que se afasta da linha do Equador.

As várias latitudes da terra apresentam distintas incidências de


radiação, que associadas ao movimento de translação da terra,
determinam as estações do ano. As variações na escala diária
e anual, são sempre cíclicas, já que os movimentos da terra

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Climatologia e Meteorologia

também são. Assim, de posse dos dados climatológicos é bastante


compreensível que se faça previsões.

Neste ponto, é importante distinguir as variações que ocorrem


rotineiramente daquelas que indicam mudanças no clima.
Quando se fala em mudança climática, fala-se de tendências que
ocorrem nas condições regionais, num período razoavelmente
longo de tempo (décadas, séculos) para uma grande região. Os
causadores dessa mudança são os fenômenos naturais (vulcões,
atividade solar), sem qualquer influência humana, e mais
aqueles desencadeados realmente pelas atividades humanas
(desmatamento, poluição, urbanização). A necessidade de
incorporar novas áreas na produção de alimentos pressiona o
desmatamento e sua substituição por plantas de ciclo menor.

Observe a Figura 1.2, a seguir. Ela é uma representação da variação


do total anual de chuvas ocorridas em Araranguá/SC, desde 1931
até 2002. Embora tenha ocorrido uma flutuação muito grande, a
tendência geral foi de aumento. De acordo com a figura, nos anos
de 1933, 1945, 1968, 1978, 1985 e 1991 houve um decréscimo nos
totais anuais de chuvas. De 1983 até 1988, houve um aumento
brusco, seguido de uma queda igualmente brusca. A tendência do
século como um todo foi de leve aumento no total anual das chuvas.
Os picos de chuva de 1983 (3.177mm) e 1988 (3.373mm) foram
imediatamente após os episódios do El Niño mais intensos até então,
as chuvas de outono-inverno representaram 76% do total anual em
1983 e 64% em 1988. Observe, por este exemplo, que a análise
de períodos relativamente curtos (10 a 20 anos), invariavelmente,
conduz a conclusões inconsistentes.

Figura 1.2 - Sequenciamento dos totais anuais de chuva em Araranguá/SC


Fonte: Epagri, 2002.

Unidade 1 23

Climatologia_e_meteorologia.indb 23 28/11/11 10:08


Universidade do Sul de Santa Catarina

Escala espacial dos fenômenos atmosféricos


O clima pode ser estudado por diversas dimensões. Pode ser
avaliado em grandezas temporais, com as escalas temporais,
que vimos anteriormente. Pode-se estudar o clima também
classificando-o segundo uma escala espacial dos fenômenos
meteorológicos.

A escala espacial é dividida em três categorias: Macro escala


(define o macro clima), meso escala define o meso clima) e micro
escala (define o micro clima).

Para Mendonça (2007), as escalas espaciais estão inseridas nos


eventos meteorológicos bem como na escala espacial. Pode-se
então definir os climas das seguintes maneiras:

Macroclima: é o clima definido dentro de extensas regiões.


Utilizam escalas pertencentes as unidades de latitude, longitude
etc. Nesta escala ocorrem as mudanças climáticas. Pode-se
descrever aqui o clima dos continentes ou de um país.

Mesoclima: é um clima regional, definido por delimitações como


florestas, desertos , campos, grandes cidades, regiões agrícolas
etc. Quando houver a delimitação pelo relevo, defini-se então
como topoclima.

Por exemplo, nas regiões Sul e Sudeste do Brasil,


os terrenos com face voltada para o norte são mais
ensolarados, mais secos e mais quentes. Os de face
voltada para o sul são menos ensolarados, mais úmidos
e mais frios, sendo batidos pelos ventos Sudeste
predominantes na circulação geral da atmosfera.
No inverno, terrenos a meia encosta ou convexos
permitem boa drenagem do ar frio, ao passo que
terrenos côncavos acumulam o ar frio, agravando os
efeitos da geada em noites de intenso resfriamento.
Logo, a mesoescala deve ser considerada no
planejamento de implantação e manejo de um cultivo.

Microclima: é a menor das unidades de escala climática.


Considera os obstáculos para a movimentação atmosférica e
sua dinâmica local. Assim leva-se em conta principalmente a

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Climatologia_e_meteorologia.indb 24 28/11/11 10:08


Climatologia e Meteorologia

cobertura do solo, com detalhes para o uso e ocupação do solo.


O fator principal é a cobertura do terreno e cada tipo de cobertura
tem influência própria sobre o microclima. Isso significa que
dentro de um topoclima podem existir inúmeros microclimas,
condição mais comum na natureza. Sendo assim, enfatizando
extremos, florestas não têm variações térmicas acentuadas no
decorrer do dia, enquanto que culturas de menor porte e menos
compactas ou cobertura morta intensificam a amplitude térmica.

Seção 3 – A atmosfera terrestre


Numa perspectiva universal, o ar deve ser considerado
excepcional devido às suas funcionalidades. Se não existisse
a atmosfera, não haveria animais nem plantas. Todas as
características do mundo, tal como o percebemos e o próprio
ambiente terrestre, dependem essencialmente do ar. Sem a
atmosfera, não haveria vento, nuvens ou chuva. Não haveria céu
azul, nem crepúsculos ou auroras. Não existiria o fogo, pois toda
combustão resulta da união do oxigênio com as substâncias que
queimam. Não existiria o som, pois o que chamamos de som é a
vibração das moléculas de ar contra o tímpano. Sem ar, enfim, as
plantas não poderiam nascer e crescer. (PEREIRA et al, 2002).

Além de suas demais propriedades, a atmosfera serve de imenso


escudo que protege a Terra da violência dos raios solares, absorvendo
as radiações de ondas curtas mais perniciosas. À noite, funciona
como teto de vidro de uma gigantesca estufa, conservando o calor do
dia e impedindo que ele se perca todo no espaço.

Estrutura vertical da atmosfera


Atmosfera é uma manta fina de gases. Sem esse “cobertor”
de gases, nosso planeta não teria vida, assim como a lua. A
atmosfera nos dá o ar que precisamos para respirar, nos fornece
água potável para beber e nos protege da radiação solar.

Unidade 1 25

Climatologia_e_meteorologia.indb 25 28/11/11 10:08


Universidade do Sul de Santa Catarina

A atmosfera pode ser dividida verticalmente em camadas em


função de suas características físicas e químicas, por exemplo,
temperatura e concentração de gases.

A atmosfera é subdividida nas seguintes camadas (Figura 1.3):

„ troposfera (camada onde ocorrem os fenômenos


meteorológicos);

„ tropopausa (isotermia);

„ estratosfera (camada onde ocorre a absorção dos raios UV


pelo O3);

„ estratopausa;

„ mesosfera;

„ mesopausa;

„ termosfera.

Figura 1.3 - Estrutura vertical idealizada da atmosfera terrestre


Fonte: Pereira et al., 2002.

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Climatologia_e_meteorologia.indb 26 28/11/11 10:08


Climatologia e Meteorologia

Composição básica da atmosfera


Dois gases constituem a maior parte da atmosfera da Terra:
nitrogênio (78%) e oxigênio (21%). Traços de Argônio, dióxido
de carbono e vapor d’agua compõem o restante.

Para Pereira et al (2002), esses gases são muito quentes,


formando correntes verticais ascendentes intensas, que atingem
altitudes elevadas, onde os ventos fluem à grande velocidade.
Isso resulta em dispersão dos gases e partículas vulcânicas na
escala global, afetando o ciclo natural dos gases atmosféricos,
não apenas no local de emissão. Felizmente, essas erupções são
esporádicas e aparentemente não cíclicas.

Quais os constituintes da atmosfera e quais suas camadas?

Os cientistas dividiram a atmosfera em quatro camadas de acordo


com a temperatura: troposfera, estratosfera, mesosfera, termosfera.

Observe a figura 1.3. A temperatura cai à medida que se sobe na


troposfera, mas aumenta à medida que nos movemos pela camada
seguinte, a estratosfera. Outro aspecto importante é que quanto
mais longe da terra, a atmosfera fica mais fina.

„ Troposfera

Esta é a camada da atmosfera mais próxima à superfície


da Terra, estendendo-se até cerca de 10-15 km acima da
superfície da Terra. Ela contém 75% da massa da atmosfera.
A troposfera é maior no equador do que nos pólos.
Temperatura e pressão caem a medida que a altura aumenta.

„ A tropopausa:

No topo da troposfera é a tropopausa, onde a


temperatura atinge um mínimo (estável). Alguns
cientistas chamam a tropopausa uma “armadilha fria”
porque este é um ponto onde o vapor de água ascendente
não pode ir mais alto porque se transforma em gelo e é
preso. Se não houvesse nenhuma armadilha fria, a Terra
perderia toda a sua água!

Unidade 1 27

Climatologia_e_meteorologia.indb 27 28/11/11 10:08


Universidade do Sul de Santa Catarina

O aquecimento desigual das regiões da troposfera pelo


Sol provoca correntes de convecção e ventos. Ar quente
da superfície da Terra sobe e ar frio acima dele se
locomove para substituí-lo. Quando o ar quente atinge
a tropopausa, ele não pode ir mais alto que o ar acima
dele (na estratosfera) porque é mais quente e mais leve.
impedindo a convecção do ar muito além da tropopausa.
A tropopausa age como uma barreira invisível e é a razão
porque a maioria de formação de nuvens e fenómenos
meteorológicos ocorrem na troposfera, incluindo o efeito
estufa, que faleremos mais adiante.

„ Estratosfera

Esta camada situa-se acima da troposfera e tem cerca


de 35 km de expessura. Estende-se desde cerca de 15 a
50 km acima da superfície da Terra. A parte inferior da
estratosfera tem uma temperatura quase constante com a
altura, mas na parte superior a temperatura aumenta com
a altitude devido à absorção da luz solar pelo ozônio.
Este aumento da temperatura com a altitude é o oposto
da situação observada na troposfera.

A Camada de Ozônio: A estratosfera contém uma fina


camada de ozônio, que absorve a maior parte da radiação
ultravioleta prejudicial do sol. A camada de ozônio está
sendo esgotado, e está ficando mais fina a Europa, Ásia,
América do Norte e da Antártida --- “buracos” estão
aparecendo na camada de ozônio. Trataremos com mais
propriedades deste assunto na disciplina de Controle da
Poluição Atmosférica.

„ Mesosfera

Diretamente acima da estratosfera, estendendo 50-80


km acima da superfície da Terra encontra-se a mesosfera
é uma camada de ar frio onde a temperatura geralmente
diminui com o aumento da altitude. Aqui na mesosfera,
a atmosfera é muito rarefeita, no entanto, grossa o

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Climatologia_e_meteorologia.indb 28 28/11/11 10:08


Climatologia e Meteorologia

suficiente para absorver os meteoros que caem na


atmosfera, onde se queimam, deixando rastros de fogo
no céu noturno.

„ Termosfera

A termosfera se estende de 80 km acima da superfície


da Terra para o espaço sideral. A temperatura é quente
e pode ser tão elevada como milhares de graus, Pois
algumas moléculas que estão presentes na termosfera
recebem grandes quantidades de energia do sol.

No entanto, a termosfera seria realmente muito fria, por


causa da probabilidade de que essas moléculas poucos
iriam colidir contra um objeto neste ponto.

Dióxido de carbono representa apenas 0,0383% da atmosfera.


Literalmente uma gota na atmosfera. Na troposfera, o CO2 e o
vapor d’água são responsáveis pela manutenção da temperatura
principalmente na troposfera. Chamamos esta estabilização
térmica de efeito estufa, e é um fenômeno natural.

Parte da energia
é reemitida para Parte dessa
a atmosfera na radiação
forma de radiação infravermelha
infravermelha é capturada
pela atmosfera,
aquecendo-a

A maioria da
radiação é
absorvida para
aquecimento
da terra

Figura 1.4 - Ilustração da captura da radiação infravermelha pelo CO2


Fonte: Morris, T. Fullerton College. Adaptada: 2008.

Unidade 1 29

Climatologia_e_meteorologia.indb 29 28/11/11 10:08


Universidade do Sul de Santa Catarina

O efeito estufa é um processo natural que mantém a temperatura


média da terra em torno de 14°C, ou seja, sempre existiu,
mesmo antes da Revolução Industrial. Porém, segundo Dow e
Downing (2007), as evidências de que as mudanças climáticas
induzidas pelo homem já estão acontecendo são bastante claras
e o entendimento básico que a física dos gases atmosféricos
determina o equilíbrio energético do planeta e afeta as
temperaturas globais do planeta também já é conhecido.

O Protocolo de Quioto é um tratado ambiental que tem como


objetivo estabilizar a emissão de gases de efeito estufa (GEE)
para a atmosfera e assim reduzir o aquecimento global e seus
possíveis impactos. É considerado o tratado sobre meio ambiente
de maior importância lançado até hoje.

O acordo foi assinado em 1997 na cidade japonesa de Quioto


e aberto à adesão dos países membros da Convenção. Antes
disso, uma série de negociações já vinham sendo feitas desde
a Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do
Clima, que aconteceu em Nova York, em 1992.

O tratado visa a diminuição da emissão dos seguintes


gases, que colaboram para o agravamento do efeito estufa:
perfluorcabono, hexafluoreto de enxofre, metano, óxido nitroso,
hidrofluorcarbono e dióxido de carbono.

Os países signatários do Protocolo de Quioto foram divididos


em dois grupos, de acordo com seu nível de industrialização: os
países desenvolvidos e os países em desenvolvimento.

Os países desenvolvidos que ratificaram o tratado tem o


compromisso de diminuir suas emissões de GEE em uma média
de 5,2% em relação aos níveis que emitiam em 1990. E tem um
prazo final para cumprir a meta: até 2012.

Já os países que não atingiram determinado nível de


desenvolvimento, não tem metas. Eles podem auxiliar na redução
de emissão desses gases, embora não tenham um compromisso
legal de redução até 2012. Essa redução de emissões pode ser feita
através de projetos devidamente registrados que comercializem
Certificados de Emissões Reduzidas (CERs) de projetos.

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Climatologia_e_meteorologia.indb 30 28/11/11 10:08


Climatologia e Meteorologia

Não podemos esquecer do vapor de água, que na atmosfera varia


em volume de aproximadamente 4%, dependendo do local do
globo. Portanto, em média, apenas cerca de 2-3% das moléculas
no ar são as moléculas de vapor d’água. A quantidade de vapor
d’água no ar é pequeno em áreas extremamente áridas e no local
onde as temperaturas são muito baixas (ou seja, regiões polares,
de tempo muito frio). O volume de vapor d’água é de cerca de 4%
em locais muito quentes e úmidos como os trópicos.

Por que não se pode ter mais que 4% de vapor d’água na


atmosfera?

É porque a temperatura estabelece um limite para a quantidade de


vapor d’água no ar. Mesmo no ar tropical, uma vez que quando
o volume de vapor d’água na atmosfera se aproxima de 4%, ele
começará a se condensar. A condensação de vapor de água evita
que o percentual de vapor de água no ar aumente.

Síntese

Nesta unidade, você estudou sobre os conceitos importantes


relacionados à climatologia e meteorologia. É essencial entender as
diferenças entre clima e tempo, as escalas dos fenômenos atmosféricos,
elementos e fatores climáticos e a composição da atmosfera.

A atmosfera serve de imenso escudo que protege a Terra da


violência dos raios solares, absorvendo as radiações de ondas
curtas mais perniciosas. Além disso, a radiação solar é o
principal elemento controlador das variações tanto na escala
diária como na anual. Essas são variações que ocorrem com uma
periodicidade (ciclo) previsível.

Você estudou também sobre os efeitos do aumento de alguns gases


nocivos na atmosfera, que afetam o equilíbrio energético do planeta
e as temperaturas globais do planeta, o que também já é conhecido.

Unidade 1 31

Climatologia_e_meteorologia.indb 31 28/11/11 10:08


Universidade do Sul de Santa Catarina

Atividades de autoavaliação

Ao final de cada unidade, você realizará atividades de


autoavaliação. O gabarito está disponível no final do livro
didático. Mas esforce-se para resolver as atividades sem ajuda
do gabarito, pois assim você estará promovendo (estimulando)
a sua aprendizagem.

1) Assinale a alternativa correta.


a) ( ) Tempo e clima são conceitualmente iguais.
b) ( ) Tempo é o estudo de dados estatísticos provenientes de estações
meteorológicas iguais.
c) ( ) Clima é o estudo dos eventos instantâneos ocorridos na
atmosfera.
d) ( ) Clima é o estudo da atmosfera considerando elementos
meteorológicos de uma série de anos.
e) ( ) Tempo é o estudo dos fatores climáticos.

2) Quais as escalas dos fenômenos meteorológicos?

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Climatologia_e_meteorologia.indb 32 28/11/11 10:08


Climatologia e Meteorologia

3) De acordo com o que foi estudado nesta unidade, responda às


seguintes questões:

a) Qual o protocolo criado para estabelecer metas de redução dos


gases do efeito estufa?

b) Qual é a diferença entre a assinatura do protocolo e a ratificação do


protocolo?

c) Quais grandes países ainda não ratificaram o protocolo?

Unidade 1 33

Climatologia_e_meteorologia.indb 33 28/11/11 10:08


Universidade do Sul de Santa Catarina

4) Assista ao filme “O dia depois de amanhã” (The Day after tomorrow,


produzido pela Warner Bros.) e identifique:

a) Uma escala de fenômeno meteorológico.

b) Um erro conceitual.

c) Um elemento climático citado no filme.

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Climatologia_e_meteorologia.indb 34 28/11/11 10:08


Climatologia e Meteorologia

d) Um fator climático citado no filme.

Saiba mais

Se você desejar, aprofunde os conteúdos estudados nesta unidade


consultando as seguintes referências:

DOW, K.; DOWNING, T. E. O atlas da mudança climática.


O mapeamento completo do maior desafio do planeta. São Paulo:
Publifolha, 2007.

FERREIRA, A. G. Meteorologia prática. São Paulo: Oficina de


textos, 2006.

MENDONÇA, F.; DANNI-OLIVEIRA, I. M. Climatologia.


Noções básicas e climas do Brasil. São Paulo: Oficina de Textos, 2007.

PEREIRA, A. R.; ANGELOCCI, L. R.; SENTELHAS, P.


C. Agrometeorologia: fundamentos e aplicações práticas. São
Paulo: Agropecuária Ltda., 2002.

TUBELIS, A.; NASCIMENTO, F. J. L. do. Meteorologia


descritiva. São Paulo: Nobel, 1988.

VIANELLO, R. L.; ALVES, A. R. Meteorologia básica e


aplicações. Viçosa: Imprensa Universitária de Viçosa, 1991.

Unidade 1 35

Climatologia_e_meteorologia.indb 35 28/11/11 10:08


Climatologia_e_meteorologia.indb 36 28/11/11 10:08
2
UNIDADE 2

Movimentação atmosférica e sua


medida

Objetivos de aprendizagem
„ Conhecer os movimentos atmosféricos e sua relação
com a formação do clima e do tempo.

„ Compreender as consequências dos fenômenos El


Niño e La Niña.

„ Identificar as massas de ar e frentes de deslocamento.

Seções de estudo
Seção 1 Circulação geral da atmosfera

Seção 2 Estrutura vertical dos ventos

Climatologia_e_meteorologia.indb 37 28/11/11 10:08


Universidade do Sul de Santa Catarina

Para início de estudo


Nesta unidade, você irá entender como a atmosfera se
movimenta, quais as consequências desse movimento e como são
os ventos gerados nesse processo. Além disso, entenderá por que
o El Niño é um fenômeno de escala global e que está mais ligado
ao seu dia a dia do que você imagina. Já na seção 2, você vai ver
como os ventos gerados pelos sistemas atmosféricos interagem
nos sistemas naturais.

Você vai entender que os movimentos gerais da atmosfera geram


na superfície do planeta outros movimentos localizados, que
estão interligados e são regidos pelas mesmas leis físicas dos
grandes movimentos. Em qualquer escala, o ar em movimento,
impulsionado pelas diferenças de pressão, ocasiona diferentes
fenômenos meteorológicos.

Seção 1 – Circulação geral da atmosfera


Estamos prontos para entender os movimentos de massa de ar
em escalas regionais e globais. O ar move ao longo de gradientes
de pressão a partir de condições de alta pressão para baixar a
pressão; ar quente sobe, ar frio desce, movimentos de ar são
influenciados também pelo movimento da própria Terra, bem
como outras forças.

Como a Terra aquece de forma desigual, o calor é deslocado de


áreas quentes para áreas mais frias de acordo com as leis da física.
Este movimento do ar de escala global, que restaura o equilíbrio
de calor na Terra, é chamado de circulação geral da atmosfera.

A causa dominante por trás do movimento do ar em condições


quase horizontais é o gradiente de pressão.

38

Climatologia_e_meteorologia.indb 38 28/11/11 10:08


Climatologia e Meteorologia

A força vertical exercida pela atmosfera sobre a superfície


terrestre é denominada de pressão atmosférica.

Para Pereira et al (2002), desta forma, pode-se inferir que a


atmosfera é mais expandida no equador e mais contraída nos polos.
A parte ensolarada da Terra (dia) também tem atmosfera mais
espessa que a parte escurecida (noite). A espessura da atmosfera
varia continuamente ao redor da Terra. Portanto, a região equatorial
sempre apresenta menor pressão atmosférica que os polos.

É por esse motivo que, na superfície, as massas frias (alta pressão)


sempre avançam para as regiões mais aquecidas (baixa pressão).
Em altitude, a circulação é no sentido contrário, formando uma
célula. Esta movimentação redistribui a energia que “sobra” no
equador para as regiões polares.

Por essa descrição é que se afirma que uma parcela (volume de


controle) de ar está sujeita a três forças:

1. da gravidade – a força de atração gravitacional é sempre


direcionada no sentido do centro da Terra, prendendo a
atmosfera ao redor de sua superfície, sendo a principal
responsável pela pressão;

2. da flutuação térmica - a força devido à flutuação térmica


contribui significativamente para a variação da pressão
local, e sua contribuição pode ser tanto no sentido
de aumentar como de diminuir o valor da pressão. A
contribuição é positiva quando a superfície está fria,
pois o ar em contato com ela também está frio, e a força
de flutuação térmica será direcionada para o centro da
Terra, aumentando a pressão;

3. do gradiente horizontal de pressão – se a superfície


estiver quente, o ar estará quente, e então essa força
será direcionada para cima, diminuindo a pressão na
superfície. A força, devido ao gradiente horizontal de
pressão, é a responsável pela movimentação da atmosfera
de uma região para outra.

Unidade 2 39

Climatologia_e_meteorologia.indb 39 28/11/11 10:08


Universidade do Sul de Santa Catarina

Como essas três forças atuam sobre a parcela de ar em qualquer


situação (repouso ou movimento), elas são denominadas de forças
primárias. No entanto, no momento que a massa de ar começa
a se movimentar aparecem duas outras forças denominadas
secundárias. Veja Figura 2.3 (PEREIRA et al, 2002).

Uma é a força devido ao atrito com a superfície. Ela é sempre


contrária ao sentido de movimentação, sendo resultante da
rugosidade da superfície; portanto, seu efeito é de desaceleração
do movimento. Outra é uma força aparente devido ao movimento
de rotação da Terra, denominada Força de Coriolis. Ela apenas
muda a trajetória da massa de ar sem modificar sua velocidade.
Figura 2.3 (PEREIRA et al, 2002).

Ainda para Pereira et al (2002), a força de Coriolis é sempre


perpendicular à direção do movimento, e no Hemisfério Sul
desloca a trajetória para a esquerda. No Hemisfério Norte,
o deslocamento é para a direita. Isso explica por que os
redemoinhos giram em sentidos diferentes nos dois hemisférios.
É a força de Coriolis que determina o movimento rotatório dos
sistemas atmosféricos (ciclones, anticiclones, tornados e furacões).

Para entender o efeito da força de Coriolis, imagine


um avião voando do Polo Sul para um ponto situado
no equador. Como a Terra gira de oeste para leste, a
trajetória do avião será uma curva para a esquerda,
pois o ponto de destino se desloca para a direita.

Figura 2.1 - Representação esquemática


simplificada da circulação geral da
atmosfera
Fonte: Netvisão, 2011.

40

Climatologia_e_meteorologia.indb 40 28/11/11 10:08


Climatologia e Meteorologia

Figura 2.2 - Representação das células de circulação


Fonte: UWSP, 2009.

Segundo a teoria de 3 células, a Terra é dividida em seis células


de circulação, três no Hemisfério Norte e três no hemisfério sul.

(Figuras 2.1 e 2.2) . As linhas divisórias estão a 30° do equador,


latitudes Norte e Sul. A circulação geral do Hemisfério Norte é
similar a do Hemisfério Sul.

Primeiro, observe a célula tropical do Hemisfério Norte que fica


entre o equador e 30°de latitude Norte.

Convecções no equador faz em com que o ar quente suba nesta


região. Quando atinge a parte superior da troposfera, ela tende a
fluir em direção à Pólo Norte.

No momento em que o ar atingiu 30° N, o efeito Coriolis desvia


o ar que passa a se mover para leste, em vez de para o norte. Isto
resulta numa região de convergência perto de 30 °.
Então ma corrente de ar descendente (subsidência) em direção à
superfície forma um cinturão de alta pressão.

Quando o ar descendente atinge a superfície onde ela flui


para fora (divergência), parte do ar flui e flui para os pólos
tornar-se uma célula das latitudes médias.

Unidade 2 41

Climatologia_e_meteorologia.indb 41 28/11/11 10:08


Universidade do Sul de Santa Catarina

a outra parte dos fluxos vai em direção ao equador, onde é


desviado pela força de Coriolis e forma os ventos de nordeste.

Estas são as chamada células de Hadley.

A célula de latitude média (Ferrel) situam-se entre 30° e 60° de


latitude Norte ou Sul.

A célula polar fica entre 60° de latitude Norte e os Pólo Norte e


também Sul.

Figura 2.3 - Esquema demonstrando a força aparente de Coriolis


Fonte: Geomundo, 2009.

Assim, a força de Coriolis (F) modifica o sentido dos ventos,


defletindo-os para a esquerda no Hemisfério Sul e para a direita no
Hemisfério Norte, de acordo com a Figura 2.4, originando-se assim
os ventos predominantes em cada faixa. (PEREIRA et al, 2002).

„ Entre os trópicos e o equador - ALÍSIOS de NE


(Hemisfério Norte) e de SE (Hemisfério Sul).

„ Entre os trópicos e as regiões subpolares - ventos de


OESTE.

„ Regiões polares - ventos de LESTE.

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Climatologia_e_meteorologia.indb 42 28/11/11 10:08


Climatologia e Meteorologia

Figura 2.4 - O efeito Coriolis. O gradiente de pressão de superfície formado pelas áreas de alta
(A) e baixa (B) pressão gera ventos que são desviados para a esquerda (sentido anti-horário), no
Hemisfério Sul e para a direita (sentido horário) no Hemisfério Norte.
Fonte: Mendonça e Danni-Oliveira, 2007.

Nas regiões de transição das células de circulação, normalmente,


ocorrem calmarias. Na região equatorial, onde os ventos alísios dos
dois hemisférios convergem, forma-se a Zona de Convergência
Intertropical (ZCIT). Há também a formação da Zona de
Convergência Extratropical (ZCET), onde ocorre a convergência
dos ventos de leste e de oeste. (PEREIRA et al, 2002).

Zona de Convergência Intertropical (ZCIT) -


elevação do ar quente e úmido, pouco vento,
formação de nuvens e chuva convectiva.
Zona de Convergência Extratropical (ZCET) -
encontro do ar frio e seco com ar quente e úmido,
originando os sistemas frontais.

Ciclones e anticiclones
Um ciclone (centro de baixas pressões) é uma região em que o ar
relativamente quente se eleva e favorece a formação de nuvens e
precipitação. Por isso, tempo nublado, chuva e vento forte estão
normalmente associados a centros de baixas pressões. Figura 2.4 A.

Unidade 2 43

Climatologia_e_meteorologia.indb 43 28/11/11 10:08


Universidade do Sul de Santa Catarina

Um anticiclone (ou centro de altas pressões) é uma região em


que o ar desce e suprime os movimentos ascendentes necessários
à formação de nuvens e precipitação. Por isso é associado a bom
tempo (seco e sem nuvens): quente e seco no verão e frio com céu
limpo no inverno. Figura 2.4 B.

Um centro de alta pressão, ou seja, um centro


“exportador” de vento tem circulação anti-horária
no Hemisfério Sul, caracterizando um anticiclone.

Ciclones tropicais
A atmosfera das regiões tropicais apresenta movimentos
turbilhonadores do ar em larga escala espacial, em torno de um
centro de baixas pressões, geralmente acompanhados de ventos
velozes e de fortes chuvas, que se formam sobre os oceanos,
denominados ciclones tropicais.

Esse fenômeno pode receber denominações regionais muito


particulares, como hurricane ou furacão no Atlântico Norte, ou
tufão no extremo oriente e noroeste do Oceano Pacífico.

Os ciclones formam-se depois que os raios do Sol incidem


durante vários dias sobre o oceano, provocando o aquecimento
da massa de ar situada próximo de sua superfície líquida, quando
a sua umidade se eleva. Quanto mais ar quente e úmido sobe,
mais a temperatura diminui, o que favorece a condensação do
vapor em gotas de chuva para formar as nuvens e a consequente
liberação de calor latente para o ar nesse momento. Quanto mais
umidade e calor existirem, mais evaporação irá ocorrer, o que
poderia provocar o surgimento de várias centenas de tempestades.

O ciclone caracteriza-se pela transformação de uma gigantesca


quantidade de energia calorífica em movimento circular ao redor
de um centro de baixas pressões, em associação com a força de
Coriolis e a força centrífuga da perturbação (fluxos horizontais).
Movimentos de ascendência e subsidência (fluxos verticais)
fornecem a energia necessária ao ciclone, bem como facilitam e
aumentam a transformação de calor em movimento (Figura 2.5).

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Climatologia_e_meteorologia.indb 44 28/11/11 10:08


Climatologia e Meteorologia

Figura 2.5 - Estrutura de um furacão


(No Hemisfério Norte, as setas de circulação horizontal abaixo representam o movimento da força
centrífuga de perturbação, evidenciando movimento no sentido anti-horário. As setas superiores
indicam o movimento dos ventos seguindo a força aparente de Coriolis, no sentido horário).
Fonte: Thinkquest Library, 2009.

No interior dos furacões, os ventos variam de 117 km/h a 300 km/h.


Segundo a sua intensidade, o diâmetro do furacão pode atingir os
2.000 quilômetros e se deslocar por vários milhares de quilômetros.
Alguns se deslocam à velocidade de 20 a 25km/h, apesar da
velocidade excessiva dos ventos que o fazem girar (Figura 2.6).

Figura 2.6 - Imagem do Furacão Catarina, obtida no dia 27/03/2004, pelo sensor MODIS do satélite Terra
Fonte: INPE, 2008 (apud NASA, 2007).

Unidade 2 45

Climatologia_e_meteorologia.indb 45 28/11/11 10:08


Universidade do Sul de Santa Catarina

Corrente de jato
A presença de massas quentes situadas sobre o continente resiste
a essa tentativa de avanço das massas frias, empurrando-as para
o oceano Atlântico. Algumas vezes, as massas frias avançam
rapidamente pela Cordilheira dos Andes, empurrando a massa
continental quente para norte e mesmo leste, chegando até
a Amazônia ocidental. Esses avanços causam as chamadas
friagens na Amazônia. Quando elas acontecem, significa que a
massa de ar fria é muito forte, e geralmente provoca ocorrências
de geadas na região Sudeste. (PEREIRA et al, 2002).

As correntes de Jato são ventos fortes concentrados em uma


corrente tubular e relativamente estreita na troposfera superior,
situada nas latitudes médias e regiões subtropicais dos dois
hemisférios, Norte e Sul. Seu fluxo vai de oeste para leste, as
Correntes de Jato são causadas pelas diferenças da temperatura
do ar em localidades vizinhas.

A posição do jet stream varia continuamente fazendo com


que as frentes frias avancem mais ou menos pelo continente.
Algumas vezes, a posição do jet stream bloqueia o avanço da
massa fria, tornando-a estacionária sobre uma região por alguns
dias, causando excessos de chuvas na região do bloqueio e de
estiagem nas áreas imediatamente acima dessa região. Isso
explica, por exemplo, as enchentes ora no Rio Grande do Sul
e Santa Catarina, ora no Paraná e São Paulo, ora mais acima.
(PEREIRA et al, 2002).

El Niño e La Niña
Um fenômeno de extrema importância não apenas meteorológico,
mas também econômico, é o El Niño - Oscilação Sul (ENOS). Até
a década de 1950, o fenômeno ENOS só despertava a atenção dos
pescadores da costa do Peru, Equador, norte do Chile e daqueles
que sobreviviam da coleta de “guano”, rico fertilizante produzido por
pássaros marítimos que habitam a costa daqueles países.

Esses pescadores puderam perceber que a elevação do nível


do mar e de sua temperatura reduzia a quantidade de peixes e

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Climatologia_e_meteorologia.indb 46 28/11/11 10:08


Climatologia e Meteorologia

também a produção do fertilizante natural. Como esse fenômeno


era mais intenso na época do Natal, os pescadores batizaram-no
de El Niño, como referência ao nascimento do menino Jesus.

Os ventos que sopram pela superfície do oceano pacífico são


conhecidas como Ventos alísios e sopram de leste para oeste, e
assim estes ventos vão levando água da superfície oceânica da
américa do sul em direção a Indonésia e a Austrália. No alto da
atmosfera os ventos se movem em sentido oposto, tendo como
resultado um sistema de circulação de ar.

O oceano pacífico absorve uma grande quantidade de calor


proveniente da radiação solar aumentando a temperatura
da superfície oceânica. Estas água mais quentes são então
empurradas para oeste pelos ventos alísios, acumulando-se na
costa da Indonésia e ao Norte da Austrália. Neste ponto o ar
mais úmido e quente se eleva formando nuvens de chuva. Esta
massa de ar volta a costa da américa do sul descendo seca e fria.
Chamamos este movimento de células de Walker.

Esta é uma das maneiras em que o movimento das águas afeta o


clima. Por isso países como o Peru e Equador permanecem secos
e com baixas temperaturas e a Indonésia e Norte da Austrália
recebem calor e chuvas, que determinam seu clima tropical.

Porém o fenômeno conhecido como El Niño, pode alterar


radicalmente estes movimentos. O El Niño se inicia como um
rápido declínio na força dos ventos Alísios. Então o sistema
de circulação atmosférico é interrompido. As águas do oceano
Pacífico já não são mais transportadas de leste para oeste,
movendo-se agora para a América do Sul.

Esta água mais quente se acumula na costa da américa do sul.


O ar quente se eleva, condensa-se aumentando a precipitação no
Peru e Equador. De outro modo, as águas na costa da Indonésia
e Austrália, diminuem a temperatura, dando inicio ao um clima
mais frio e seco. Assim o El Niño é conhecido pelo aquecimento
anormal das água do pacífico próximas a costa da américa do sul.

Unidade 2 47

Climatologia_e_meteorologia.indb 47 28/11/11 10:08


Universidade do Sul de Santa Catarina

A atmosfera que se eleva (por convecção) na costa


da Austrália (com chuvas) tende a descer seca (sem
chuvas) na costa do Peru. Esse padrão é tomado como
“normal” para a circulação atmosférica naquela região
(Figura 2.7).

Toda esta circulação se conecta fazendo com que o clima se altere


em todo o globo terrestre. Assim consequências como chuvas e
inundações nos Estados Unidos e Sul do Brasil, estão interligados
com as secas no Norte da Austrália, como pode ser observado na
Figura 2.8.

O fenômeno do El Niño ocorre com uma frequência irregular,


normalmente em intervalos de 3 a 5 anos.

Já o fenômeno La Niña, ocorre quando os ventos Alísios sopram


com maior força que normalmente, de leste para oeste, ocorrendo
portanto um maior acúmulo de água quente na costa Australiana
e da Indonésia. Resultando numa maior quantidade e frequência
das precipitações. O Peru e equador experimentam um clima
muito mais frio e seco.

Não se sabe com precisão o que desencadeia o fenomeno El Niño


e la Niña. Acredita-se que são partes de ciclos climáticos, mas há
evidências que as ocorrências estão se tornando mais freqüentes.

Com o desenvolvimento e uso de satélites


meteorológicos, ficou mais fácil medir a temperatura
dos oceanos e acompanhar o deslocamento dos
grandes sistemas circulatórios. Como decorrência,
começou-se a associar a ocorrência do El Niño com
anomalias meteorológicas em outras regiões do
mundo (teleconexões). (PEREIRA et al, 2002).

Em função da posição de ocorrência, o El Niño afeta diretamente


a posição do jet stream e a ocorrência de inundações e secas, como
fora descrito. Logo, para a região Sudeste do Brasil, El Niño pode
significar tanto excesso como falta de chuvas. Para outros locais, as
influências podem ser mais marcantes e nem sempre desfavoráveis.

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Climatologia_e_meteorologia.indb 48 28/11/11 10:08


Climatologia e Meteorologia

O fenômeno oposto a El Niño é La Niña, conforme mostra a Figura


2.9, que se caracteriza pelo resfriamento além do normal das águas do
Oceano Pacífico. As consequências desse fenômeno no clima do Brasil
são a intensificação das chuvas no Nordeste e secas no Sul do país. No
estado de São Paulo, as consequências dos fenômenos El Niño e La
Niña não são bem definidas, por estar na região Sudeste numa zona
de transição, onde as consequências dos fenômenos são moduladas
também pelas variações da temperatura do oceano Atlântico, de onde
provém o vapor d’água trazido pelos ventos alísios de SE.

Figura 2.7 - Esquema do fenômeno El Niño


Fonte: CPTEC/INPE.

Figura 2.8 - Esquema aproximado dos efeitos do El Niño nos diversos continentes
Fonte: CPTEC/INPE.

Unidade 2 49

Climatologia_e_meteorologia.indb 49 28/11/11 10:08


Universidade do Sul de Santa Catarina

Em função da posição de ocorrência, o El Nino afeta diretamente


a posição do Jet stream e a ocorrência de inundações e secas,
como fora descrito. Logo,para a região Sudeste do Brasil, El
Nino pode significar tanto excesso como falta de chuvas. Para
outros locais, as influências podem ser mais marcantes e nem
sempre desfavoráveis. (PEREIRA et al, 2002).

Quanto maior a temperatura do Atlântico maior a


injeção de vapor no continente e, consequentemente,
maiores as possibilidades de chuva.

 Colombia, Venezuela, Guiana, Suriname,  Norte


Guiana Francesa Secas de moderadas a intensas no norte e leste da
Redução das precipitações na maior parte do Amazônia. Aumento da probabilidade de incêndios
ano, com exceção dos meses de março florestais, principalmente em áreas de florestas
a junho que aparentemente não degradadas.
são afetados. A exceção é a costa
pacífica da Colômbia que recebe  Nordeste
chuvas intensas no verão. Como o leste da Amazônia, secas
de diversas intensidades no
norte do Nordeste ocorrem
 Equador, Peru, durante a estação chuvosa
Bolívia, Chile de fevereiro a maio. Sul e
Chuvas intensas nos meses oeste do Nordeste não são
de verão sobre a costa ocidental significativamente afetados.
da América do Sul, que afetam as
costas do Equador e do norte do
 Sudeste
Perú. Secas nos meses de verão sobre
as regiões andinas do Equador, Peru e Moderado aumento das
Bolívia. Chuvas intensas sobre a região temperaturas médias. Tem ocorrido
central e sul do Chile na estação de substancial aumento das temperaturas
inverno. neste inverno. Não há padrão
característico de mudança das chuvas.

 Centro Oeste  Sul


Não há evidência de efeitos Precipitações abundantes, principalmente na
pronunciados nas chuvas desta primavera e chuvas intensas de maio a julho.
região. Tendências de chuvas Aumento na temperatura média.
acima da média e temperaturas
mais altas no sul do MS.  Argentina, Paraguai, Uruguai
Precipitações acima da média no nordeste da Argentina,
Uruguai e Paraguai, principalmente na primavera e verão.

Figura 2.9 - Efeitos do fenômeno El Niño/Oscilação Sul (ENOS) na América do Sul


Fonte: CPTEC/INPE.

Assim, ao analisar as Figuras 2.7, 2.8 e 2.9, é possível compreender


a importância do estudo do movimento da atmosfera e como este
movimento é importante para as formações climáticas atuais e as
variações temporais percebidas diariamente.

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Climatologia_e_meteorologia.indb 50 28/11/11 10:08


Climatologia e Meteorologia

Seção 2 – Estrutura vertical dos ventos


O Ar nunca está parado, então o ar em movimento é chamado de
vento. Quando mal sentimos o vento, chamamos de brisa. Porém os
ventos podem ficar muito mais fortes, afetando a superfície da terra.

Os ventos surgem pelas diferenças nas pressões atmosféricas,


como já vimos no inicio desta unidade. As zonas de alta pressão
são regiões exportadores de ventos e as zonas de baixa pressão são
regiões receptoras.

Pode-se analogamente representar este processo como um balcão


cheio de ar. O ar sempre tenta escapar, pois dentro do balão a
pressão é maior. Este ar que escapa cria uma corrente de pressão,
que é o vento.

A mesma coisa acontece na terra. Os ventos sopram de áreas de


alta pressão para áreas de baixa pressão, sempre de cima para
baixo. É como se tentassem equilibrar as pressões. Sendo assim
os ventos deveriam se deslocar em linha reta, mas outro fator os
faz deslocar. É a força aparente de Coriolis.

Em geral na escala de todo o Planeta, os ventos tendem a levar ar


frio em direção ao Equador e ar quente em direção aos polos. Assim
os ventos tem um papel muito importante na determinação dos
climas. Eles também transportam umidade na forma de nuvens, que
após a precipitação, torna toda a vida no planeta possível.

Quanto mais rugosa for a composição da superfície, maior será sua


influência sobre os ventos. A velocidade é menor junto à superfície,
mas a presença dos obstáculos cria redemoinhos que são proporcionais
ao seu tamanho. A ocorrência de redemoinhos caracteriza escoamento
turbulento (caótico). Por exemplo, uma cidade cria mais turbulência
com seus arranha-céus que uma floresta; mas essa cria mais
turbulência que um canavial, e assim sucessivamente. Esse tipo de
turbulência dizemos que é de origem mecânica.

À medida que o Sol vai aquecendo a superfície,


aparece uma força de flutuação térmica que
estimula o aparecimento de ventos.

Unidade 2 51

Climatologia_e_meteorologia.indb 51 28/11/11 10:08


Universidade do Sul de Santa Catarina

Conheça a seguir os ventos, suas origens e características:

a) Ventos locais - a circulação geral da atmosfera, discutida no


item anterior, modifica-se acentuadamente na escala de tempo
e espaço, devido ao aquecimento diferenciado entre continentes
e oceanos, configuração de encostas, sistemas orográficos e
topografia. Assim, os ventos de superfície, que são função da
circulação geral da atmosfera, podem ser modificados pelas
circulações em menor escala, variando tanto diária como
sazonalmente. (PEREIRA et al, 2002).

b) Brisas marítima: A brisa marítima é um fenômeno diário,


sopra do mar para a terra durante o dia e em sentido contrário
à noite. Durante o dia a temperatura da terra se eleva mais
rapidamente que a da água. Isso acontece porque o calor
específico da água é maior que o da terra. Ou seja, é necessário
maior quantidade de calor para elevar de 1º C a temperatura
de certa massa de água, do que elevar de 1º C a temperatura da
mesma massa de areia. As camadas de ar que estão em contato
com a areia se aquecem mais, ficam menos densas e sobem. Seu
lugar é ocupado pelo ar frio que está em contato com a água.
Surge assim uma brisa, do mar para a praia. (Figura 2.10 a.)

À noite, o movimento se inverte. Devido, ainda, aos diferentes


valores de calor específico, a terra esfria mais rapidamente. A
água demora mais para esfriar. Assim, à noite, o ar mais quente é
o que está em contato com a água. Por ser menos denso, ele sobe,
dando lugar ao ar mais frio que está em contato com a praia.
Produz-se então a brisa da terra para o mar. (Figura 2.10 b.)

Figura 2.10 - Representação esquemática das brisas marítima (a) e terrestre (b)
Fonte: Pereira et al., 2002.

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Climatologia_e_meteorologia.indb 52 28/11/11 10:08


Climatologia e Meteorologia

c) Brisas de montanha e de vale - ocorrem devido às diferenças


de temperatura entre pontos em distintas situações de relevo.
Durante o dia, forma-se a brisa de vale (anabática), porque em
virtude do aquecimento a tendência do ar é subir (Figura 2.11a).
Durante a noite, forma-se a brisa de montanha (catabática),
em decorrência do escoamento do ar frio, mais denso, para as
baixadas (Figura 2.11b). (PEREIRA et al, 2002).

Figura 2.11 - Representação esquemática das brisas de vale, durante o dia (a), e de montanha,
durante a noite (b)
Fonte: Pereira, 2002.

d) Vento Foehn: O vento Foehn é característico das zonas


montanhosas, como as Montanhas Rochosas e dos Alpes. O
vento é um vento quente e seco que sopra descer a encosta
oriental da maioria das montanhas.

À medida que sobe e esfria o vapor de água que transporta começa


a condensar, resultando em chuva forte ou neve nas encostas de
barlavento. Quando isso acontece, algum calor é adicionado ao
sistema, chamado de calor latente de condensação (Figura 2.12).

Este vento Foehn tem muitos nomes, como por exemplo, o vento
das Montanhas Rochosas na América do Norte que é chamado
de vento Chinook.

Figura 2.12 - Ventos Foehn ou Chinook


Fonte: Pereira et al., 2002.

Unidade 2 53

Climatologia_e_meteorologia.indb 53 28/11/11 10:08


Universidade do Sul de Santa Catarina

Massas de ar / frentes de ar
As circulações atmosféricas ocorrem continuamente sore a
superfície terrestre. No entanto sobre algumas regiões do
globo há acúmulo de massas de ar. Essas massas adquirem
características próprias de temperatura e umidade relativas
a superfície e as propaga por toda a sua extensão vertical
constituindo um imenso bloco de ar com propriedades mais ou
menos uniformes em cada nível atmosférico.

As massas de ar classificam-se de acordo com a região de origem,


com a temperatura e com a umidade.

Quanto a região de origem, de acordo com a latitude se sua


formação, uma massa de ar pode ser:

„ Equatorial (E)

„ Tropical (T)

„ Polar(P)

„ Ártica(A)

„ Antártica(A)

As massas de ar tropicais são semi-estacionárias e apresentam as


condições de tempo predominantes nos países que possuem clima
tropical, como o Brasil.

Já as massas de ar Antárticas, dão origem as massas de ar Polares,


cujos deslocamento provocam grandes alterações de tempo em
nosso País.

Quanto a temperatura uma massa de ar é classificada como


quente (W) ou fria (K), de acordo com o contraste térmico com a
superfície sobre a qual se desloca.

A permanência das massas de ar em regiões cobertas de terra


ou água fazem com que elas sejam chamadas de continental ou
marítimas. Geralmente as continentais são secas e as marítimas
são úmidas.

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Climatologia_e_meteorologia.indb 54 28/11/11 10:08


Climatologia e Meteorologia

Principais tipos de massas de ar sobre a América do Sul:

„ cE (equatorial continental) - forma-se na região


amazônica (quente e úmida), causando chuvas;

„ mE (equatorial marítima) - forma-se sobre o oceano,


causando chuvas;

„ cT (tropical continental) - forma-se na região do Chaco


(quente e seca), causa poucas chuvas;

„ mT (tropical marítima) - forma-se sobre os oceanos e


causa poucas chuvas;

„ mP (polar marítima) - forma-se na região subantártica


(fria e seca), causa chuvas frontais;

„ cA (antártica continental) - forma-se na região


Antártica durante todo o ano.

Frentes de ar:
Uma frente é definida como a fronteira entre duas massas de ar
de diferentes temperatura e densidade. Elas não se misturam
(imediatamente) devido às suas diferentes densidades. Em vez de
se misturarem, a massa de ar mais leve e com temperatura mais
elevada sobe sobre a massa mais fria e mais densa; a frente é a
região de transição entre elas.

As frentes fazem-se sempre acompanhar por nuvens de todos os


tipos e, frequentemente, por precipitação. Quando uma frente
passa sobre uma região verificam-se alterações na direção e
intensidade vento, pressão atmosférica e humidade do ar.

Existem quatro tipos de frentes:

„ frente fria;
„ frente quente;
„ frente oclusa;
„ frente estacionária.

Unidade 2 55

Climatologia_e_meteorologia.indb 55 28/11/11 10:08


Universidade do Sul de Santa Catarina

O tipo de frente depende da direção do movimento da frente e


das características das massas de ar.

Frente fria:
As frentes frias ocorrem quando uma massa de ar mais fria
substitui outra mais quente. Na frente fria a massa de ar frio
segue a massa de ar quente e, pelo fato da massa de ar frio ser
mais densa, empurra a massa de ar quente, obrigando-a a subir.

Ao subir, o ar quente esfria, condensa e as nuvens começam a


formar-se. A precipitação que ocorre associada às frentes frias é
habitualmente intensa, sobre uma pequena extensão (50-70 km) e
de pequena duração. O motivo é que a subida do ar quente é mais
rápida devido à ação de corte do ar frio, na parte inferior.

Desta forma, formam-se nuvens cumuliformes enquanto que


precipitação na forma de chuva ou granizo, tempestades e
tornados podem ocorrer.

O ar atrás de uma frente fria está a uma temperatura mais baixa e


mais seco que o ar à sua frente (Figura 2.13).

Figura 2.13 - Frente Fria com formação de precipitação


Fonte: Mota, 2010.

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Climatologia_e_meteorologia.indb 56 28/11/11 10:08


Climatologia e Meteorologia

Frente Quente:
As frentes quentes ocorrem quando uma massa de ar quente se
aproxima de uma massa de ar frio. O ar quente sobe sobre o ar
frio. As frentes quentes são, habitualmente, mais amenas que as
frentes frias, movem-se mais lentamente, o ar quente coloca-se
suavemente sobre o ar frio afastando-a do seu caminho.

A precipitação associada às frentes quentes é usualmente menos


intensa mas sobre uma maior extensão (300-400 km) que as
frentes frias.

O ar atrás de uma frente quente está a uma temperatura mais


elevada e com mais humidade que o ar à sua frente. As frentes
quentes estão associadas a precipitação menos intensa e mais
regular, à sua frente, que pode durar desde algumas horas até
alguns dias.

Quando uma frente quente passa, o ar torna-se consideravelmente


mais quente a mais húmido que anteriormente (Figura 2.14).

Figura 2.14 - Frente quente com formação de precipitação


Fonte: Mota, 2010.

Unidade 2 57

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Universidade do Sul de Santa Catarina

Frentes de oclusão:
As frentes oclusas, ou oclusão de massas de ar ocorrem quando ar
frio, quente e frio se encontram. À medida que as depressões se
intensificam, a frente fria alcança a frente quente. A linha onde as
duas frentes se encontram é a frente oclusa. (Figura 2.15)

Figura 2.15 - Frente de oclusão com formação de precipitação


Fonte: Mota, 2010.

Síntese

Nesta unidade, você estudou os movimentos gerais da atmosfera


e sua relação com eventos ocorridos na baixa atmosfera.
Conheceu também o fenômeno El Niño, que tem grande
influência no clima de todo o planeta.

Seguindo os conceitos da movimentação atmosférica, você pôde


perceber a dinâmica da entrada de massas de ar e a formação de
frentes frias.

A atmosfera que se eleva (por convecção) na costa da Austrália


(com chuvas) tende a descer seca (sem chuvas) na costa do
Peru. Esse padrão é tomado como “normal” para a circulação
atmosférica naquela região.

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Climatologia e Meteorologia

Atividades de autoavaliação

Ao final de cada unidade, você realizará atividades de


autoavaliação. O gabarito está disponível no final do livro
didático. Mas esforce-se para resolver as atividades sem ajuda do
gabarito, pois assim você estará promovendo (estimulando) a sua
aprendizagem.

1) Quais são as células de movimentação atmosférica?

2) Quais as consequências do El Niño para a sua região?

Unidade 2 59

Climatologia_e_meteorologia.indb 59 28/11/11 10:08


Universidade do Sul de Santa Catarina

3) O que ocorre com a superfície do oceano Pacífico durante o El Niño?

4) Qual a diferença entre massas de ar e frentes?

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Climatologia_e_meteorologia.indb 60 28/11/11 10:08


Climatologia e Meteorologia

Saiba mais

Se você desejar, aprofunde os conteúdos estudados nesta unidade


consultando as seguintes referências:

DOW, K.; DOWNING, T. E. O Atlas da mudança climática.


O mapeamento completo do maior desafio do planeta. São Paulo:
Publifolha, 2007.

MENDONÇA, F.; DANNI-OLIVEIRA, I. M. Climatologia.


Noções básicas e climas do Brasil. São Paulo: Oficina de Textos, 2007.

PEREIRA, A. R.; ANGELOCCI, L. R.; SENTELHAS, P.


C. Agrometeorologia: fundamentos e aplicações práticas. São
Paulo: Agropecuária Ltda., 2002.

TUBELIS, A.; NASCIMENTO, F. J. L. do. Meteorologia


descritiva. São Paulo: Nobel, 1988.

VIANELLO, R. L.; ALVES, A. R. Meteorologia básica e


aplicações. Viçosa: Imprensa Universitária de Viçosa, 1991.

Unidade 2 61

Climatologia_e_meteorologia.indb 61 28/11/11 10:08


Climatologia_e_meteorologia.indb 62 28/11/11 10:08
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UNIDADE 3

Estações meteorológicas e
previsão de tempo

Objetivos de aprendizagem
„ Conhecer os conceitos de estações meteorológicas.

„ Compreender as diferenças entre uma estação


convencional e uma automática.

„ Identificar a sequência de eventos que geram uma


previsão de tempo.

Seções de estudo
Seção 1 O que é estação meteorológica?

Seção 2 Estação meteorológica convencional

Seção 3 Estação meteorológica automática

Seção 4 Previsão de tempo

Climatologia_e_meteorologia.indb 63 28/11/11 10:08


Universidade do Sul de Santa Catarina

Para início de estudo


Nesta unidade, você vai estudar sobre estação meteorológica,
que, por sua vez, depende das medidas meteorológicas a serem
feitas. Essas medidas estão ligadas às variáveis meteorológicas
que se deseja medir e à consideração de que as variáveis
exigem um grau de uniformidade em relação aos parâmetros
instrumentais de medida.

Inicialmente, serão apresentados os tipos de estações


meteorológicas e suas finalidades. Nesta unidade, você verá os
instrumentos de uma estação meteorológica convencional e uma
estação meteorológica de coleta automática de dados.

A partir das estações meteorológicas, faz-se a previsão de


tempo, que captura os dados e os processa em modelos
matemáticos que posicionam um cenário dos acontecimentos
atuais e as tendências futuras.

Seção 1 – O que é estação meteorológica?


Você já deve ter ouvido falar sobre estação meteorológica. Mas,
afinal, você sabe o que é na prática?

A estação meteorológica é um local estruturado, que


tem por objetivo quantificar e avaliar o comportamento
dos elementos meteorológicos, tais como: temperatura,
umidade do ar, radiação solar, direção e velocidade do
vento, dentre outros, procurando definir as condições de
tempo e o clima de uma região.

Os dados meteorológicos (temperatura do ar e do solo, pressão


atmosférica, direção e velocidade do vento, precipitação,
radiação solar etc.) podem ser obtidos mediante leituras,
registros contínuos diretamente de instrumentos ou por meio

64

Climatologia_e_meteorologia.indb 64 28/11/11 10:08


Climatologia e Meteorologia

de observações visuais, como a visibilidade e nebulosidade,


por exemplo. Outros dados podem ser ainda estimados, tendo
como base dados de leituras já existentes, como, por exemplo, a
umidade relativa utilizando temperaturas.

As estações meteorológicas dispõem de instrumentos que são


suficientes para avaliar os elementos meteorológicos que se
pretende conhecer. Elas podem ser gerenciadas diretamente
por leitores capacitados, ou pela simples manutenção dos dados
coletados automaticamente.

Para estações automáticas, é preciso que essa estrutura seja de fácil


transporte para que possa ser levada a pontos remotos, trabalhe
sob condições adversas e que possa, ainda, servir para a coleta de
inúmeras variáveis meteorológicas, inclusive simultaneamente.

Quais os tipos de estações meteorológicas


existentes?

Existem vários tipos de estações meteorológicas de superfície, de


acordo com a finalidade das observações. Dentre elas, destacam-se:

„ estações sinópticas - previsão do tempo;

„ estações climatológicas - caracterização do clima de


uma região;

„ estações aeronáuticas - caracterização das condições


atmosféricas que permitam o transporte aéreo;

„ estações agrometeorológicas - coleta de dados de


interesse às atividades agrícolas (temperatura do solo e
evaporação, por exemplo);

„ estações pluviométricas - coleta de dados de chuva para


manejo de recursos hídricos (objetivo específico).

Um grupo de estações semelhantes constitui uma rede de


estações meteorológicas. Esse termo também pode ser usado para
designar o conjunto de estações de uma área, país ou região e,
nesse caso, pode incluir estações de diferentes finalidades.

Unidade 3 65

Climatologia_e_meteorologia.indb 65 28/11/11 10:08


Universidade do Sul de Santa Catarina

A Organização Meteorológica Mundial (OMM), em seu guia de


instrumentos meteorológicos e práticas de observação (OMM,
1971), estabelece que cada nação é responsável por manter uma
rede de estações meteorológicas. No Brasil, essas estações são
gerenciadas pelo Instituto Nacional de Meteorologia (INMET).

Seção 2 - Estação meteorológica convencional


A estação meteorológica convencioanl (EMC) é o tipo de
estação que pode pertencer a qualquer das categorias citadas
anteriormente. Sua estrutura de funcionamento exige a presença
diária do observador meteorológico para a coleta de dados.

Os equipamentos que constam de uma EMC são, normalmente,


de leitura direta ou de registro mecânico, como os termômetros,
ou com sistema mecânico de registro, como o termohigrógrafo, o
pluviógrafo e o anemógrafo.

Quais são e como funcionam os equipamentos


pertencentes a uma EMC?

Existem vários equipamentos utilizados dentro de uma EMC,


destinados à verificação do vento, medição da energia solar, entre
outras funcionalidades.

A partir de agora, você vai estudar os principais equipamentos e


as suas características.

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Climatologia e Meteorologia

Equipamentos para a medição da energia solar

Heliógrafo

Finalidade

O heliógrafo destina-se à determinação do número de horas de


insolação, isto é, do número de horas durante o dia em que os raios
solares atingem diretamente a superfície da terra, em dado local.

Descrição

Este equipamento é composto de uma perfeita esfera de vidro,


suspensa em um sólido suporte semicircular. Embaixo, possui
uma armação metálica em forma de concha, em cuja face
interna existem vãos formados por seis ranhuras independentes e
concêntricas com a esfera, conforme mostra a Figura 3.1.

Figura 3.1 - Componentes de um heliógrafo


Fonte: Kalipedia, 2011.

Os raios solares são focalizados por meio do vidro sobre uma tira
de papelão (registro) colocada, consoante à época do ano, em um
dos vãos da concha, de modo que o intenso calor da imagem do
Sol, sempre em movimento, queime progressivamente o papelão.
Isso ocorre desde que não haja nuvens capazes de interceptar os

Unidade 3 67

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Universidade do Sul de Santa Catarina

raios daquele astro. A posição do eixo da esfera pode ser alterada,


adaptando o aparelho a qualquer latitude entre 0° e 70°.

Acompanham o heliógrafo três tipos de tiras (registros):

„ curvas compridas: servem de meados de outubro até o


fim de fevereiro (Figura 3.2 – tira a);

„ retas: servem do princípio de março até meados de


abril e do princípio de setembro até meados de outubro
(Figura 3.2 – tira b);

„ curvas curtas: servem de meados de abril até o fim de


agosto (Figura 3.2 – tira c).

Figura 3.2 - Tiras de registro do heliógrafo queimadas


Fonte: Elaboração do autor.

Instalação do heliógrafo

O heliógrafo deve ficar colocado dentro do cercado dos demais


aparelhos da estação e em posição tal que nenhum objeto
próximo ou afastado possa fazer-lhe sombra. Os raios solares
devem atingir o aparelho em qualquer época do ano, de modo
que sua exposição deverá ser completamente livre nos limites do
nascer e no caso do Sol, no inverno e verão.

É, portanto, muito importante colocar-se o heliógrafo de maneira


que os obstáculos, como casas, árvores etc., não interceptem
os raios solares; quanto às grandes obstruções no horizonte, só

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Climatologia e Meteorologia

deverão ser toleradas quando não houver melhor situação para


toda a estação. Determinado o local que irá ocupar, deve ser
instalado sobre um suporte a 1,50m do solo.

Para que o heliógrafo indique não só o tempo total em que o


brilho solar foi suficientemente intenso para carbonizar a tira,
como a hora aproximada de qualquer ponto de seu traçado,
tornam-se necessários alguns ajustamentos. Veja a seguir.

„ Ajustamento de nível - cumpre primeiramente averiguar


se a face superior de suporte está rigorosamente nivelada
em todos sentidos. Coloca-se o aparelho sobre o suporte
com o polo elevado, orientado para o sul, ficando as
ranhuras curtas para cima (nas estações ao norte do
equador, o polo elevado ficará para o norte).

O observador, em regra, recebe o heliógrafo com a


esfera separada do suporte, mas se lhe chegar às mãos
já montado, cumpre separar as duas peças para que se
possa efetuar o nivelamento do aparelho. O nivelamento
é feito somente na direção da E-W; erros de nivelamento
na direção N-S convêm que sejam retificados com o
ajustamento de latitude, descrito mais adiante.

„ Ajustamento de concentricidade - ao colocar a esfera


nas duas extremidades do suporte semicircular, cumpre
procurar a posição central, de forma a ficar a sua
superfície perfeitamente concêntrica com a concha. Falta
de cuidado neste ajustamento produzirá a desfocalização
dos raios solares, que vão ocasionar traços grosseiramente
carbonizados, como falhas no registro.

„ Ajustamento de meridiano - esse ajustamento consiste


em colocar os polos no aparelho na direção N-S. Nas
localidades que possuem a hora média (local) mais
ou menos certa, esse ajustamento pode ser feito por
intermédio de um relógio comum. Como já dissemos, a
hora dada pelo heliógrafo é a hora solar verdadeira, que
quase sempre difere um pouco da hora indicada pelo
relógio comum. Essa diferença é chamada equação do
tempo, e é encontrada, para qualquer dia do ano, no
Anuário do Observatório Nacional, na parte intitulada
“Nascer e Ocaso do Sol”.

Unidade 3 69

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Universidade do Sul de Santa Catarina

Imagine as seguintes situações:


a) colocar um heliógrafo na direção N-S no dia
18 de julho; a equação do tempo deste dia é + 6
minutos, isto é, a hora do relógio comum deverá estar
adiantada 6 minutos da hora solar. Portanto, quando
a imagem do sol estiver queimando na linha XII da
tira, o relógio comum deverá indicar meio-dia e seis
minutos. Se a diferença for maior ou menor, torce-se
ligeiramente o aparelho para E ou W, até haver apenas
a discordância desejada de seis minutos.
b) fazer esse ajustamento no dia 10 de outubro.
A equação do tempo neste dia é -12 m57s ou -13
minutos, portanto, o relógio comum deverá estar
atrasado 13 minutos em relação à hora verdadeira;
quer dizer que quando essa marcar XII na tira, o
relógio comum indicará apenas 11h 47m. Esse
ajustamento convém que seja efetuado sempre na
vizinhança do meio-dia.

Nas estações que dispõem de hora local duvidosa, o


observador recorrerá à tentativa, isto é, vai experimentar
o seu aparelho em diversos dias, até conseguir um traço
paralelo à linha central da tira.

É importante notar que o desnivelamento na direção


E-W e o desvio do meridiano produzem erros idênticos,
mas quando o erro persiste após um dos ajustamentos,
recorre-se ao outro.

„ Ajustamento de latitude - é condição imprescindível que o


eixo da esfera do heliógrafo ajuste-se ao eixo da Terra. Para
satisfazer essa condição é preciso conhecer a altura do polo,
isto é, o ângulo entre a direção no espaço (onde se acha o
polo) e o horizonte. Como em qualquer localidade, esse
ângulo é igual à sua latitude, basta elevar o polo do aparelho
dirigido para o sul, tanto quanto representar o valor desta
latitude. O suporte semicircular do heliógrafo tem gravado
em uma de suas faces todos os ângulos entre 0oC e 70oC,
de forma que o ajustamento de latitude reduz-se a coincidir
a pequena seta do pedestal com o traço da graduação que
representar a latitude da localidade.

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Climatologia e Meteorologia

Mas atenção, caso o traçado não se desenvolve


paralelamente sobre a tira, é sinal que o aparelho
se acha desnivelado na direção N-S ou, então, que
a latitude empregada é falsa. Em ambos os casos é
importante mover o eixo para outra posição, que elimina
a irregularidade. Para isso, basta mover o eixo para outra
posição que elimine a irregularidade, ou seja, desapertar
os pequenos parafusos e correr todo o suporte.
Todas as tiras do
heliógrafo deverão ser
substituídas todos os dias,
Manutenção das tiras do heliógrafo
após a última observação,
às 9 PM (21h00).
A tira curva é colocada no vão mais curto, próximo ao polo elevado;
já a tira reta é colocada no vão do centro. A tira curva comprida é
posta no vão mais comprido, próximo ao polo inferior do aparelho.

As tiras devem ser utilizadas de acordo com as especificações das


épocas dadas na descrição do heliógrafo. Ao se introduzir a tira nas
ranhuras, deve-se ter o cuidado de notar que os números VI e IX
fiquem sempre do lado oeste. A linha central XII deverá coincidir
exatamente com um traço transversal gravado no fundo da concha.

Logo após o nascer e pouco antes do ocaso do Sol ou quando este


é velado por nevoeiro ou por nuvens tênues, a tira é ligeiramente
crestada e não queimada. Nesse caso, é preciso medir todo o
traço visível por mais leve que seja.

Por outro lado, quando se dão, durante o dia, interrupções


passageiras de insolação, o Sol queima pequenos orifícios,
ou furos alongados, orlados por bordas apenas tostadas,
que não devem ser apreciadas; a insolação destacada de um
ou dois minutos de duração dará 0,1 de hora, se for média
de extremidade a extremidade, quando, na realidade, ela
corresponde apenas a alguns centésimos; frações assim pequenas
não são consideradas no serviço meteorológico.

Após chuvas ou dias de grande umidade, torna-se muito difícil a


remoção da tira queimada; nesse caso, para evitar que ela saia aos
pedaços, estragando-se completamente, convém passar encostado
aos rebordos das ranhuras a ponta de um canivete bem afiado,
cortando a tira em toda a extensão e ambos os lados; retirada
a tira, as ranhuras devem ser desobstruídas, a fim de facilitar a
introdução da outra que irá servir no dia seguinte.

Unidade 3 71

Climatologia_e_meteorologia.indb 71 28/11/11 10:08


Universidade do Sul de Santa Catarina

Por ocasião de chuva, é depositado no fundo da concha uma


pequena quantidade de água, que deverá ser removida na
primeira oportunidade.

As ranhuras da concha, assim como as esferas, devem


ser mantidas escrupulosamente limpas.

As tiras devem ser guardadas convenientemente, empacotadas em


ordem de data.

Conservação

O heliógrafo deverá ser conservado sempre limpo, para o que


basta passar-lhe, periodicamente, em todas as partes, um pincel
de cabelo e um pano seco; as ranhuras cumprem sejam, de vez
em quando, limpas em toda a extensão a fim de se não tornar
difícil a introdução das tiras.

Se a esfera de vidro não for mantida sempre limpa e clara, os


raios solares, quando fracos, serão interceptados, ocasionando
falhas de registro.

Dados

O número de horas de insolação, ou simplesmente insolação, é


determinado diretamente a partir das fitas queimadas. A partir
da insolação pode-se calcular outra grandeza bastante importante
em cálculos de balanço de energia, que é a razão de insolação. A
razão de insolação é o quociente entre o número real de horas de
insolação (n) e o número máximo possível de horas de insolação
do referido dia (N).

O número máximo possível de horas de insolação (duração do dia)


varia com a época do ano, e a latitude do local é dada por tabelas.

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Climatologia e Meteorologia

Piranômetro

Finalidade

Este equipamento tem a finalidade de indicar, com precisão,


a quantidade de energia solar que atinge uma área unitária na
unidade de tempo.

Descrição

O piranômetro consta de um suporte, onde se encontra


o elemento sensível. Este é protegido por uma cápsula de
vidro neutro, o qual deixa passar integralmente as ondas
eletromagnéticas da faixa do espectro solar, compreendido entre
280 a 3000 manômetros (veja a Figura 3.3).

O elemento sensível consta de uma sucessão de termopares


(ouro paladium no Piranômetro Eppley e cobre constatam no
Piranômetro “D.F.M.”) ligados em série. Uma série de funções
situa-se na parte superior do suporte, pintada de negro fosco
(negro de Parson), e a série correspondente a essas funções situa-
se na parte inferior isolada, pintada de branco brilhante.

Figura 3.3 - Modelo de um piranômetro


Fonte: Cresesb, 2010.

Funcionamento

A série de funções situadas na face superior pintadas de negro


fosco e que recebe a radiação solar global é a que alcança elevada
temperatura. As funções da região inferior são as de baixa
temperatura. A diferença de temperatura entre os pares ocasiona

Unidade 3 73

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Universidade do Sul de Santa Catarina

uma diferença de potencial tanto maior quanto maior a diferença


de temperatura. Essa diferença de potencial é medida por meio
de um potenciômetro. Pode também ser medida, ampliada e
registrada por um potenciógrafo.

Instalação

O piranômetro deve ser instalado em local livre de qualquer


anteparo à insolação. Deve ser perfeitamente nivelado, e a
distância do piranômetro ao potenciógrafo não deve ser além de
10 metros.

Manejo do piranômetro

A cápsula de vidro que recobre o elemento sensível deve estar


sempre seca e perfeitamente limpa. No caso de estar acoplada a
um potenciógrafo, mantê-lo sempre lubrificado e calibrado.

Dados

O gráfico fornecido pelo potenciógrafo dispõe de:

„ na linha do gráfico, informação de valores instantâneos


de radiação solar global;

„ na área compreendida pelo gráfico, valores totais de


radiação solar global no período considerado.

Equipamentos para observar a temperatura e a unidade do ar

Abrigos meteorológicos
A temperatura e a umidade do ar são medidas à sombra. Os
instrumentos de medida de temperatura e umidade do ar, que
serão tratados a seguir, são instalados dentro de um abrigo
meteorológico (veja a Figura 3.4).

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Climatologia e Meteorologia

Figura 3.4 - Modelo de um abrigo meteorológico


Fonte: Fotografia do acervo do autor.

A razão de se instalar esses instrumentos num abrigo


meteorológico é para garantir leituras que sejam representativas
das condições reinantes no exterior da estação meteorológica.
As informações indicadas nos termômetros só podem ser
representativas do ar circulante quando os instrumentos
estiverem livres da ação de radiações estranhas, tais como as
provenientes de superfícies pavimentadas, grandes pedras etc. O
abrigo meteorológico tem por finalidade manter os instrumentos
secos, livres de precipitação e de insolação direta.

O abrigo consiste de uma caixa de teto duplo, paredes de


venezianas, devendo uma das quatro paredes abrir como porta.
Essa construção permite a circulação livre do ar. O abrigo é feito
de madeira e pintado de branco. Suas dimensões devem ser tais
que nele caibam os instrumentos descritos a seguir.

Os instrumentos devem ficar afastados das paredes. O abrigo é


montado em terreno plano, coberto de grama rasteira, em área
descampada, onde o ar pode circular livremente. A base do
abrigo deve estar a uma altura de 1,50m do solo. O local deve ser
de fácil acesso ao observador.

Unidade 3 75

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Termômetro de máxima

Finalidade

Determinar a temperatura máxima do ar à sombra de um dia.

Figura 3.5 - Modelo de um termômetro de máxima (acima) e de mínima (abaixo)


Fonte: Fotografia do acervo do autor.

Descrição

O termômetro de máxima nada mais é do que um termômetro


clínico comum de maiores proporções. O elemento sensível é um
bulbo de vidro cheio de mercúrio ligado a um tubo capilar que
tem uma constrição nas proximidades da união com o bulbo.
Aquecido, o mercúrio dilata-se pelo capilar. Cessada a ação do
aquecimento, o mercúrio tende a voltar para o bulbo, mas isso
acontece porque a coluna de mercúrio se rompe na contrição,
ficando inalterada a coluna capilar acima dela, registrando a
expansão ou temperatura máxima (veja a Figura 3.5).

Instalação

É colocado dentro do abrigo termométrico padrão, geralmente


em suporte duplo, junto com o termômetro de mínima, em
posição horizontal levemente inclinada.

Manejo

A leitura do termômetro de máxima é feita da mesma forma


como se procede com qualquer termômetro. Depois de feita

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Climatologia e Meteorologia

a leitura, obrigamos o mercúrio a voltar para o depósito com


sucessivos movimentos de rotação do termômetro ou pequenas
batidas do bulbo na palma da mão.

Termômetro de mínima

Finalidade

Determinar a temperatura mínima do ar à sombra em um dia.

Descrição

O termômetro de mínima é de proporções idênticas ao de


máxima, mas difere dele fundamentalmente: seu líquido capilar
é o álcool, dentro do qual existe um pequeno haltere de vidro
recortado, que permanece imóvel quando o álcool arrasta consigo
o haltere. Fica assim registrada a temperatura mínima, desde
que, mesmo que se dilate novamente a coluna capilar, ela não
arraste o haltere (veja a Figura 3.5).

Instalação

O termômetro de mínima é colocado dentro do abrigo


termométrico padrão, na posição horizontal, levemente inclinado
em suporte apropriado.

Manejo

A leitura da temperatura mínima é feita na extremidade do


haltere que se encontra oposta ao bulbo. Depois de feita a leitura,
inclina-se o termômetro para o haltere e escorrega-se na direção
do menisco de álcool, ficando, assim, novamente em condições de
trabalho, ao ser colocado no suporte.

Unidade 3 77

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Universidade do Sul de Santa Catarina

Psicrômetro

Finalidades

O psicrômetro possui duas finalidades principais:

a) determina a temperatura do ar à sombra a qualquer


instante (temperatura do termômetro de bulbo seco);

b) determina a umidade do ar por meio das temperaturas


fornecidas pelos dois termômetros. Um dos termômetros,
dito termômetro de bulbo seco, marca apenas a temperatura
do ar. O outro tem o seu bulbo enrolado por um cadarço,
que vai ter a um reservatório contendo água. A água sobe
pelo cadarço de tal modo que o bulbo do termômetro
é mantido constantemente úmido. É evidente que o
termômetro úmido acusará temperatura sempre inferior
à do termômetro seco, e a diferença de temperatura é
denominada de “depressão psicrométrica”. Utilizaremos esse
instrumento no capítulo de água na atmosfera.

Figura 3.6 - Psicrômetro de ventilação forçada (a) e sem ventilação (b)


Fonte: Fotografia do acervo do autor.

Descrição

O conjunto de dois termômetros, um de bulbo seco e outro de


bulbo úmido, é denominado de psicrômetro.

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Climatologia e Meteorologia

Instalação

No abrigo meteorológico.

Manejo

A leitura das temperaturas é feita diretamente. É necessário


verificar sempre se o cadarço que envolve o bulbo do “termômetro
úmido” está realmente úmido. Feitas as leituras, vai-se à “Tabela
Psicrométrica”, encontrando-se diretamente a umidade relativa
percentual para aquele instante.

Termógrafo

Finalidade

Sua finalidade reside em registrar continuamente a temperatura


do ar à sombra.

Descrição

Esse equipamento é um elemento bimetálico, sensível a variações


de temperatura, que aciona um sistema de alavanca que, por sua
vez, determina o registro da temperatura sobre uma faixa de papel
colocada sobre um tambor, acionado por mecanismo de relógio.

Instalação

Ele é colocado dentro do abrigo meteorológico no nível.

Manejo

Troca-se diariamente ou semanalmente, conforme o caso, a


faixa de papel. Caso necessite de regulagem, deve-se regulá-lo
comparando seus dados com os do termômetro de bulbo seco.
Dar corda e colocar tinta.

Unidade 3 79

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Universidade do Sul de Santa Catarina

Higrógrafo de cabelo

Finalidade

Registrar continuamente a umidade relativa do ar.

Figura 3.7 - Exemplo de termo-higrógrafo de cabelo


Fonte: Fotografia do acervo do autor.

Descrição

Nesses aparelhos, a umidade relativa é correlacionada


diretamente com a variação da tensão mecânica que sofre um
feixe de cabelos ao absorver ou perder umidade do ar. Essa
variação de tensão mecânica é amplificada por um sistema de
alavancas e registra diretamente a umidade relativa em papel
adequado em um mecanismo de relojoaria.

Esse equipamento pode vir acoplado com um termógrafo, que


se baseia na diferença de dilatação entre metais diferentes,
que acionados por um mecanismo de alavancas, registra a
temperatura, sendo denominado de termo-higrógrafo, mostrado
na figura 3.7.

Finalidade

É colocado junto com o termógrafo dentro do abrigo


meteorológico.

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Climatologia e Meteorologia

Manejo

Troca-se diária ou semanalmente, conforme o caso, a faixa de


papel. Dá-se corda e troca-se a tinta. Se houver necessidade de
calibração, comparar seus dados com o psicrômetro e regulá-lo.

Dados

Esse instrumento nos fornece diretamente a umidade relativa.

Equipamentos usados para observar a chuva


A unidade é chamada de altura porque é mais comumente
medida em milímetros ou centímetros. 1 milímetro corresponde
a um litro por metro quadrado (1 mm = 1 litro/m2).

A altura pluviométrica é muito importante e faz parte da maioria


dos postos de observação, e sua medida é usada em vários setores
da sociedade.

A seguir, conheça os instrumentos que medem a altura


pluviométrica.

Pluviômetro

Finalidade

Determinar a precipitação pluvial em mm.

Descrição
Figura 3.8 - Exemplo de
pluviômetro
Um pluviômetro constitui-se simplesmente de um recipiente Fonte: Fotografia do
com certa “área de captação” (S), por meio da qual é coletado um acervo do autor.

Unidade 3 81

Climatologia_e_meteorologia.indb 81 28/11/11 10:08


Universidade do Sul de Santa Catarina

volume (V) de água de chuva. A precipitação pluviométrica é


medida por meio de uma altura de água (normalmente expressa
em milímetros), que é dada pela seguinte expressão:

Na prática, costuma-se construir os pluviômetros com áreas de


captação entre 100 e 500 cm2, para que a comparação de dados
obtidos a partir de diferentes pluviômetros seja mais significativa.

A unidade de precipitação pluviométrica é, então, o milímetro, e


significa a altura que a água ficaria por sobre o solo, se ela não se
infiltrasse, não evaporasse e não escorresse.

Instalação

Dentro do posto meteorológico, o pluviômetro é colocado preso a


um moerão, de tal modo que sua área de captação fique a 1,50m
do solo, e rigorosamente em nível. O pluviômetro deve ficar em
uma área plana, longe de grandes obstáculos que normalmente
produzem turbulência no ar.

Manejo

Após a chuva, retira-se a água do pluviômetro por intermédio


do registro colocado no seu fundo. A água é coletada em uma
proveta. Existem, porém, provetas graduadas em mm, sendo
que, nesse caso, cada proveta acompanha um pluviômetro, porque
Nestas provetas leem-se
diretamente os mm de chuva.
foi calibrada para aquele pluviômetro.

Se coletar 900cm3 em um pluviômetro de área de


captação 225cm2, a precipitação foi de:

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Climatologia e Meteorologia

Pluviógrafo

Finalidade

Registrar continuamente a precipitação pluvial, dando-nos


informações sobre o total de chuva (mm) e sobre a intensidade de
chuva (mm/h).

Figura 3.9 - Exemplo de pluviógrafo - vista externa Figura 3.10 - Exemplo de pluviógrafo - vista interna
Fonte: Fotografia do acervo do autor. Fonte: Fotografia do acervo do autor.

Descrição

Existem vários tipos de pluviógrafos (pluviógrafos registradores)


de diferentes fabricações. Neste estudo, você vai conhecer os de
uso mais generalizado na rede meteorológica estadual, que são
os pluviógrafos de Hellmann Fuess, cujas características são as
seguintes, de acordo com as Figuras 3.9 e 3.10.

a) Uma boca de captação de 200 cm2 vai descarregar a água


em um depósito.

b) Contém uma boia. À medida que o depósito se enche de


água essa boia se eleva acionando uma pena.

c) Em papel apropriado, registra a duração e o total


acumulado de chuva.

Unidade 3 83

Climatologia_e_meteorologia.indb 83 28/11/11 10:08


Universidade do Sul de Santa Catarina

d) Como depósito, tem tamanho limitado, a cada 10 mm de


chuva um sifão providencia seu esgotamento.

Instalação

É instalado sobre uma base de cimento. Demais cuidados, idem


pluviômetro.

Manejo

Troca diária do papel, esgotamento da água após a chuva, dar


corda e colocar tinta.

Dados

Os dados são coletados após a retirada da fita com escala diária,


retirada do tambor ligado a um mecanismo de relógio (d)
(Figura 3.10).

Equipamentos usados para observar a evaporação e


evapotranspiração
Evaporação é a passagem de água para a atmosfera na forma de
vapor d’água, que ocorre em superfícies livre de água, ou seja,
sem nenhum impedimento à evaporação.

Já a evapotranspiração é a passagem de lâmina d’água para


a atmosfera por unidade de tempo, por evaporação do solo e
transpiração das plantas. Os instrumentos a seguir medem
diretamente a evaporação e, indiretamente, por meio de
modelagem matemática, a evapotranspiração.

Figura 3.11 - Exemplo de Evaporímetro de Piché


evaporímetro de Piche
Fonte: Fotografia do
Finalidade
acervo do autor. Determina o poder evaporante do ar à sombra.

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Climatologia e Meteorologia

Descrição

Consta de um tubo de vidro de aproximadamente 30cm


de altura, com 1cm de diâmetro interno. Na extremidade
inferior do tubo há um anel metálico, com presilhas que, por
sua vez, fixam um disco de papel de filtro na base do tubo,
ficando continuamente em contato com a água. No tubo existe
uma escala que, em relação ao papel padrão, fornece leitura
diretamente em milímetros (veja a Figura 3.11).

Instalação

O evaporímetro de Piché é instalado dentro do abrigo


meteorológico.

Manejo

O papel deve estar sempre livre de impurezas e ser trocado


periodicamente.

Tanques de evaporação

Finalidade

Determinar a evaporação (perda de água por evaporação) de uma


superfície livre de água em um período qualquer.

Figura 3.12 - Exemplos de tanques de evaporação


Fonte: Fotografia do acervo do autor.

Unidade 3 85

Climatologia_e_meteorologia.indb 85 28/11/11 10:08


Universidade do Sul de Santa Catarina

Descrição

Trata-se de um recipiente de volume avantajado, cheio de água.


Para evitar a penetração de objetos estranhos no tanque (folhas,
galhos etc.) e para que animais não tenham acesso ao tanque, este
é coberto por uma tela de arame. As dimensões dos tanques de
evaporação variam bastante. O tanque mais comumente utilizado
é o tipo “Classe A”, que é cilíndrico, de diâmetro 120cm e altura
25cm (veja a Figura 3.12).

Instalação

O tanque de evaporação é instalado sobre um estrado de madeira


pintado de branco; esse é assentado sobre o gramado, em terreno
plano.

Manejo

O nível de água do tanque deve ser mantido entre 3 e 8cm do


bordo superior. A leitura do nível é feita por intermédio de uma
boia ou por um parafuso micrométrico.

Equipamentos usados para observar a temperatura do solo


Os geotermômetros ou termômetros de solo são utilizados
principalmente em postos agrometeorológicos, já que a medida
do perfil da temperatura no solo é necessária para avaliações de
cultivo em sistemas de produção agrícolas.

Termômetro de solo

Finalidade

Determinar a temperatura do solo e suas variações em função da


época do ano em diferentes profundidades.

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Climatologia e Meteorologia

Figura 3.13 – Exemplos de termômetro de solo em cinco profundidades


diferentes (da direita para a esquerda: 50cm, 20cm, 10cm, 5cm e 1cm)
Fonte: Fotografia do acervo do autor.

Descrição

O tipo mais comum de termômetro de solo é o de coluna de


mercúrio, com a haste longa, que atinge a profundidade desejada.
Atualmente, as pesquisas mais rigorosas empregam termômetros
de resistência elétrica.

O termômetro de mercúrio para o solo é um termômetro comum,


geralmente graduado de -13ºC a 60ºC, com subdivisões de
0,2ºC, podendo estimar até 0,1ºC.

Como o bulbo deve ser enterrado no solo à profundidade cuja


temperatura se deseja conhecer, há a necessidade de uma haste
comprida para que o corpo do termômetro fique fora da terra. Os
termômetros têm em sua haste uma saliência, que é o ponto de
referência que deve ficar na superfície da terra. Existe, portanto,
um tipo de termômetro para cada profundidade, variando apenas
o comprimento (x) da haste.

Instalação

As profundidades padrões para gradiente de temperatura do


solo são de 1, 2, 5, 10, 20, 40 e 80cm, porém, comumente
são satisfatórias as profundidades de 2, 5, 10 e 20cm. Os
termômetros são colocados no solo, tendo-se de dispô-los em
uma mesma linha, com direção leste-oeste. A fim de se diminuir
erros determinados pela incidência direta dos raios solares sobre o
termômetro, sua extremidade superior deve apontar para o norte.

Unidade 3 87

Climatologia_e_meteorologia.indb 87 28/11/11 10:08


Universidade do Sul de Santa Catarina

Os termômetros são fixados em um suporte em forma de U


invertido, fincado no solo (veja Figura 3.14). Deve-se proteger
o local contra animais e, para isso, se o posto não for cercado
com tela, convém proteger a bateria dos termômetros com uma
pequena cerca em formato circular.

Manejo

Para fazer a leitura da temperatura no termômetro de solo, esse


não deve ser retirado do solo. Isso não deve ser feito para que o
contato entre o bulbo de Hg e o solo não seja danificado.

Equipamentos usados para observar o vento


Como você estudou, o movimento da atmosfera gera ventos de
diferentes intensidades em diferentes alturas. A medida desses
ventos é fundamental em diversas áreas, tais como navegação,
aeronáutica, entre outras.

Os equipamentos descritos a seguir medem ou registram a


velocidade e direção dos ventos.

Cata-vento

Finalidade

Determinar a direção e o sentido do vento.

Descrição

Consiste de um varão metálico, o qual tem em uma extremidade


um terminal em forma de cone, que indica o sentido de onde
vem o vento, e na outra extremidade duas aletas (superfícies),
separadas entre si por um angulo de 22º.

Esse conjunto é móvel, junto com um ponteiro que indica, sobre


uma parte fixa, a direção do vento. Na parte fixa estão gravados os
pontos cardeais e respectivos números representativos de direções.

88

Climatologia_e_meteorologia.indb 88 28/11/11 10:08


Climatologia e Meteorologia

Instalação

O cata-vento é fixado sobre um mastro no canto sul do posto


meteorológico, com seu eixo perpendicular ao horizonte e a uma
altura de 10 metros, normalmente.

Existe ainda outro tipo de cata-vento, chamado biruta,


muito utilizado em navegação aérea, que além do
sentido e da direção do vento nos dá uma ideia da sua
intensidade.

Anemômetro

Finalidade

Determinar a intensidade (módulo) da velocidade do vento.

Figura 3.14 - Anemômetro com cata-vento


Fonte: Fotografia do acervo do autor.

Descrição

Existem vários tipos de anemômetros, entre os quais podemos


destacar:

„ anemômetro de deflexão - consiste em uma superfície


metálica disposta no sentido vertical, articulada no bordo
superior e que sempre está perpendicular à direção do vento.
A velocidade do vento é dada pela deflexão da superfície.

Unidade 3 89

Climatologia_e_meteorologia.indb 89 28/11/11 10:08


Universidade do Sul de Santa Catarina

„ anemômetro de concha ou caneca - consta de um


conjunto de 3 ou 4 conchas, instaladas sobre um eixo
vertical, fixado a uma engrenagem que movimenta um
mostrador (veja a Figura 3.14). Este tipo de anemômetro
informa a velocidade do vento simplesmente em metros.
Os dados vão sendo acumulados e no fim do dia divide-se
o número de voltas pelo intervalo de tempo considerado.

Instalação

Os anemômetros devem ser instalados em um mastro, no canto


sul do posto meteorológico, a uma altura de 10 metros ou a uma
altura de 2m, junto com um totalizador.

Anemógrafos

Finalidade

Registrar continuamente a intensidade (às vezes, também a


direção e o sentido) do vento.

Figura 3.15 - Torre com anemógrafo a 10 Figura 3.16 - Equipamento de registro do


metros de altura anemógrafo universal, no escritório da estação
Fonte: Fotografia do acervo do autor. Fonte: Fotografia do acervo do autor.

90

Climatologia_e_meteorologia.indb 90 28/11/11 10:08


Climatologia e Meteorologia

Descrição

Existem dois tipos principais. Veja a seguir.

„ Anemógrafo de contato - constitui-se de um


anemógrafo de canecas ao qual é adaptado um sistema
de registro elétrico. É assim chamado porque após a
passagem de 100 metros de vento fecha-se um contato e
um impulso elétrico aciona o sistema de registro.

„ Anemógrafo universal - registra diretamente a


velocidade por meio de mecanismo de relojoaria. O
anemógrafo universal registra simultaneamente a
direção, a velocidade instantânea e a velocidade diária em
km/h (veja as Figuras 3.15 e 3.16).

Escala Beaufort

Foi idealizada por Beaufort como método prático para aquilatar


a velocidade do vento sem o recurso de aparelhos. Essa escala
é composta de números índices. A cada número da escala de
Beaufort existe associada uma velocidade do vento, assim como
as características principais provocadas pelo movimento do ar
(veja a Tabela 3.1).

Tabela 3.1 - Escala de Beaufort (1km/H = 3,6m/S)


N.o da Designação Velocidade Dados para Avaliar a Velocidade (em terra)
Escala em terra em m.p.s.
Não se nota o menor deslocamento nos mais leves
0 Calmo 0 a 0,5 objetos. A fumaça eleva-se verticalmente.
A direção do vento é indicada pelo desvio de
1 Quase calmo 0,5 a 1,5 fumaça, mas não pelos cata-ventos.
Sente-se o vento nas faces; as folhas das árvores
2 Brisa leve 2,0 a 3,1 são levemente agitadas; os cata-ventos comuns são
acionados.
As folhas e os pequenos arbustos ficam em
3 Vento fresco 3,6 a 5,1 agitação contínua; as bandeiras leves começam a
se estender.
Vento Movem-se os pequenos galhos das árvores; poeira
4 5,6 a 8,2
moderado e pedaços de papel são levantados.

Unidade 3 91

Climatologia_e_meteorologia.indb 91 28/11/11 10:08


Universidade do Sul de Santa Catarina

As árvores pequenas com folhagens começam a


5 Vento regular 8,7 a 10,8 oscilar, aparecem ondas com cristas nas superfícies
dos rios e lagos.
Galhos maiores das árvores agitados, ouve-se o
Vento meio
6 11,3-13,9 assobio produzido pelo vento ao passar pelos fios
forte telegráficos; torna-se difícil usar o guarda-chuva.
Os troncos das árvores oscilam, torna-se difícil
7 Vento forte 14,5-17,0 andar contra o vento.
Vento muito Geralmente, torna-se impossível andar contra o
8 17,5-20,6
forte vento. Quebram-se os galhos das árvores.
Ocorrem pequenos danos nas edificações (telhas
9 Ventania 20,1-24,4 arrancadas etc.).
As árvores são derrubadas e as edificações sofrem
10 Vendaval 24,8-28,3 danos materiais consideráveis.
Resultam grandes destituições; as árvores são
11 Tempestade 28,8-32,4 arrancadas. Observado muito raramente.
12 Furacão 33,0-38,5 Produzem efeitos devastadores.
Fonte: BBC Radio 4. Traducão e adaptação do autor.

Considerações gerais sobre o vento


É chamado de vento o movimento de massas de ar com relação
à superfície da Terra. Como tal, o vento é caracterizado por sua
velocidade, que é uma grandeza vetorial. Como já sabemos,
grandezas vetoriais exigem, para sua completa definição, a
indicação de módulo, direção e sentido.
O módulo é a intensidade do vento,
A direção e o sentido do vento são dados simplesmente pela
normalmente determinada por
anemômetros. As unidades mais indicação do local de onde ele vem, para issto, utiliza-se a rosa
usuais são m/s, km/h e km/dia. dos ventos como indicação dos pontos cardeais ou números.

Equipamentos usados para observar pressão atmosférica


Quando ocorrem os movimentos de massas de ar, as suas
temperaturas são diferentes. Devido ao diferente ganho de
energia, a aproximação ou o afastamento das moléculas das
massas de ar vai definir sua maior ou menor densidade, gerando
maiores ou menores pressões.

92

Climatologia_e_meteorologia.indb 92 28/11/11 10:08


Climatologia e Meteorologia

As medidas de pressões indicam mudanças nas condições de


tempo, como uma entrada de frente fria, por exemplo. Os
instrumentos a seguir capturam essas mudanças.

Barômetros de coluna de mercúrio

Finalidade

Determinar a pressão atmosférica.

Descrição

Barômetros são todos descendentes diretos do de Torricelli. Os


tipos modernos são ou de cuba fixa com escala corrigida (por
causa de diferente seção do tubo e do reservatório barométrico)
ou de cuba móvel com escala natural.

Sendo de um tipo ou do outro, sempre teremos que ler o


comprimento de uma coluna de Hg e, para isto, todo barômetro
possui um Vernier, acoplamento fundamental de um barômetro
que é também um termômetro colocado em seu corpo. Figura 3.17 - Exemplo de
barômetro de coluna de
mercúrio
Instalação Fonte: Fotografia do acervo
do autor.
Em um posto meteorológico padrão, tanto um como outro tipo
são colocados em uma edificação de alvenaria padrão, com porta
aberta para o sul. É evidente que a altitude da cuba do barômetro
de mercúrio, assim como as altitudes do barógrafo, deve ser
conhecida por causa das reduções e correções.

Manejo

A posição correta de leitura para evitar erros é aquela na qual


o raio visual do observador é tangente à superfície do mercúrio
(Figura 3.18), sendo a leitura da ordem de centésimos.

Com a leitura assim realizada, obtemos a pressão aparente (Pa).


Esse valor será corrigido em função da T, altitude e latitude.

Unidade 3 93

Climatologia_e_meteorologia.indb 93 28/11/11 10:08


Universidade do Sul de Santa Catarina

Barômetros metálicos
Este tipo de barômetro é usado
também como altímetro. Finalidade

Registrar continuamente a pressão atmosférica.

Descrição

São barômetros cujo elemento sensível é uma cápsula metálica


no interior da qual se fez o vácuo. Molas colocadas internamente
providenciam a elasticidade da parede. As cápsulas têm
superfície ondeada para efeito de maior sensibilidade (aumento
de superfície) e, às vezes, encontramos várias cápsulas aneroides
ligadas em séries. Os barômetros aneroides são geralmente
barógrafos, isto é, gratificam as pressões observadas.

Instalação

É evidente que o barógrafo aneroide não necessita de nenhuma


correção, a não ser a aferição periódica e os cuidados triviais com
o mecanismo de relógio, tinta, pena, gráfico etc.

Nesta seção, você conheceu os equipamentos que compõem


uma Estação Meteorológica Convencional. Veja a seguir um
breve resumo.

Alguns aparelhos de uma Estação Meteorológica Convencional


Abrigo meteorológico – abrigo para os aparelhos que medem e
registram, principalmente, temperatura e umidade do ar.
Anemômetro - aparelho que mede a velocidade do vento.
Unidade: km/h ou m/s. Seus sensores são conchas de metal que
se deslocam com o vento.
Geotermômetros - também chamados de termômetros, pois
medem a temperatura do solo, cuja unidade é ºC. Seu sensor é o
mercúrio.
Heliógrafo - aparelho que registra as horas de brilho solar.
Unidade: horas. A esfera de quartzo filtra os raios solares que
queimam uma fita de papel logo, abaixo da esfera de quartzo.

94

Climatologia_e_meteorologia.indb 94 28/11/11 10:08


Climatologia e Meteorologia

Piranômetro - aparelho que mede a radiação solar global.


Unidade: w.m-2. Seus sensores são termopares.
Pluviômetro - recipiente que mede a quantidade de chuva.
Unidade: mm.
Psicrômetro ou conjunto psicrométrico – por meio da
temperatura do ar (oC ), medida por esses dois termômetros, é
possível encontrar os valores de umidade relativa do ar em (%).
Seu sensor é o mercúrio.
Tanque de evaporação Classe A - tanque que mede a
evaporação da água. Unidade: mm/dia.
Termo-higrógrafo - aparelho que registra a temperatura e
umidade do ar, cujas unidades são, respectivamente, oC e %. Os
sensores são, respectivamente, placas de metais diferentes e fios
de cabelo sintéticos.
Termo-higrômetro digital – termômetro que registra a
temperatura e a umidade do ar por princípio digital, sendo as
unidades de referência oC e %.
Termômetro de máxima - termômetro que mede a temperatura
máxima do ar. Unidade: ºC. Seu sensor é o mercúrio.
Termômetro de mínima - termômetro que mede a temperatura
mínima do ar. Unidade: ºC. Seu sensor é o álcool.

Seção 3 - Estação meteorológica automática


A estação meteorológica automática (EMA) é uma estação
que possibilita a coleta dos dados meteorológicos de uma forma
automatizada, num tempo estabelecido. Esse sistema é composto
por um conjunto de sensores, os quais medem, instante a
instante, os vários elementos climáticos.

Essa informação é enviada para um data logger, a memória do


sistema, que com base nos valores instantâneos determina as
médias horárias dos elementos climáticos medidos. Esses dados
ficam armazenados no data logger, até serem exportados por via
telefônica, por meio de um computador portátil ou via satélite, por
meio de antenas. Esse transporte de dados denomina-se telemetria.

Unidade 3 95

Climatologia_e_meteorologia.indb 95 28/11/11 10:08


Universidade do Sul de Santa Catarina

Uma estação meteorológica automática pode conter


os seguintes sensores: termômetro, higrômetro,
anemômetro, cata-vento, pluviômetro e piranômetro.
Dessa forma, são medidos os seguintes elementos:
temperatura do ar, umidade relativa, velocidade e
direção do vento, precipitação e radiação solar global.

Além disso, as estações meteorológicas automáticas podem ser


fixas ou móveis.

„ As estações fixas estão relacionadas a locais onde os


elementos medidos serão utilizados constantemente,
normalmente para previsões de tempo ou até mesmo como
estação de coleta de dados para institutos de pesquisa,
universidades ou outros. A Unisul, por exemplo, tem uma
estação de coleta de dados automática fixa, na cidade de
Tubarão (SC), que é utilizada pelo curso de Agronomia
para auxiliar nos projetos de pesquisa.

„ As estações móveis são utilizadas quando os elementos


a serem medidos estão em um local pré-determinado
por uma necessidade momentânea, como é o caso de
projetos ambientais, em que os elementos serão medidos
em um curto espaço de tempo. Na construção de uma
hidrelétrica, por exemplo, são colocadas estações móveis
durante o processo de construção, para o monitoramento
das condições de tempo e posterior utilização daqueles
dados em relatórios técnicos.

Figura 3.18 - Exemplo de estação meteorológica automática


Fonte: Fotografia do acervo do autor.

96

Climatologia_e_meteorologia.indb 96 28/11/11 10:08


Climatologia e Meteorologia

Os dados provenientes de estações automáticas ou convencionais


podem ser utilizados para alimentar programas computacionais,
cuja finalidade é a análise do tempo, isto é, verificar como as
condições meteorológicas se encontram num determinado
instante e fazer previsões para dias subsequentes. Na próxima
seção, você vai estudar sobre essa previsão de tempo.

Seção 4 - Previsão de tempo


Como é possível saber o que vai acontecer com o tempo? Antes
de prever o que vai acontecer, é necessário conhecer e entender o
comportamento do tempo e suas causas.

Das observações meteorológicas visuais, realizadas na


antiga Babilônia (4000 anos a.C.), aos satélites artificiais e
às plataformas orbitais atualmente utilizadas, as técnicas de
observações meteorológicas têm avançado rapidamente. O
observador meteorológico continuará sendo peça fundamental na
complexa arquitetura do sistema de observação meteorológica,
imprescindível ao êxito dos estudos diagnósticos e prognósticos
do tempo. (VIANELO, 1992).

Apesar das críticas, a previsão sinóptica foi ganhando cada vez


mais força, a partir de 1860, com a formação de organizações
meteorológicas nacionais, em vários países. As duas grandes
guerras mundiais forçaram os governantes a despender grandes
esforços para monitorar e prever o tempo, pois as suas variações
podiam ter grande influência no desenrolar das batalhas.

O progresso da meteorologia foi muito favorecido pela


tecnologia desenvolvida durante as guerras. São resultado desse
desenvolvimento tecnológico as radiossondas, balões carregando
instrumentos meteorológicos e transmitindo, via rádio, os dados
das camadas de ar acima do solo, e os radares, utilizados na guerra
para rastrear aeronaves inimigas e a chuva. Após a Segunda Grande
Guerra, surgiram também os primeiros satélites artificiais. Com o
uso de satélites, foi possível visualizar as nuvens e as tempestades a
partir do espaço. Os meteorologistas ficaram extasiados.

Unidade 3 97

Climatologia_e_meteorologia.indb 97 28/11/11 10:08


Universidade do Sul de Santa Catarina

Atualmente, a meteorologia é uma ciência muito


entrosada com a Física e com a Matemática. Uma
enorme evolução da previsão de tempo ocorreu com
o surgimento da previsão numérica, baseada em
modelos que representam o movimento e os processos
físicos da atmosfera.

Por meio de equações com os valores do estado inicial da


atmosfera, pode-se obter projeções para o futuro. Para resolver
essas equações, são utilizados supercomputadores, que estão
longe do que conhecemos para uso doméstico.

A ideia da previsão por meio de processos numéricos de resolução


de equações que representem o comportamento da atmosfera
foi publicada pela primeira vez por Lewis Richardson, um
matemático britânico, em 1922. Suas previsões não foram
satisfatórias. (VIANELO, 1992).

A partir de 1955, as previsões por computadores passaram a ser


executadas regularmente nos Estados Unidos. Inicialmente, eram
no máximo um pouco melhores que as tradicionais, mas foram
melhorando rapidamente graças ao aparecimento de computadores
cada vez mais rápidos, que permitiam o uso de modelos mais
complexos, representando cada vez melhor a atmosfera.

Paralelamente a essa evolução, houve a melhoria no


conhecimento do estado inicial, com o aumento progressivo na
quantidade e qualidade dos dados, principalmente a partir do
surgimento da Organização Meteorológica Mundial em 1963
(WMO - World Meteorological Organization).

Como é realizada a previsão meteorológica?

A previsão meteorológica é feita a partir da coleta de dados


atmosféricos e oceânicos, diariamente, em alguns casos até quatro
vezes ao dia, e no mundo inteiro.

Esses dados são concentrados em três grandes centros


meteorológicos, Washington, Moscou e Melbourne. São
processados após passarem por um controle de qualidade, sendo,

98

Climatologia_e_meteorologia.indb 98 28/11/11 10:08


Climatologia e Meteorologia

em seguida, difundidos. No Brasil, há cerca de dez anos, passou-


se a utilizar essa informação processada, o que resulta em mais
qualidade nas previsões do que quando usávamos apenas os dados
coletados na América do Sul, sem um bom pré-processamento.

Investimentos também foram feitos na obtenção de dados com


muita qualidade que, graças ao uso de satélites, podem ser
obtidos hoje em pontos remotos e antes inacessíveis.

Na moderna meteorologia, as previsões são feitas por intermédio


de modelos numéricos, que são sofisticados programas de
computador que assimilam toda a informação meteorológica
e integram equações diferenciais parciais, que representam
basicamente a equação do momento, a equação da energia
termodinâmica e a equação da continuidade da massa atmosférica.
Com as facilidades da internet, velocidade e acessibilidade, o
acesso aos dados pré-processados, de forma rápida, tem viabilizado
as previsões numéricas que são feitas hoje no Brasil.

Segundo Zandoná (2005), existem no Brasil e em todo o


mundo diversos sensores que diariamente medem os elementos
meteorológicos, como mostra a Figura 3.20. Esses dados são
guardados em grandes bancos de dados que se localizam em
diferentes centros de pesquisas e serão utilizados para auxiliar a
previsão de tempo. Após as medições dos elementos, há a geração
de modelos numéricos de previsão de tempo.

Figura 3.19 - Diferentes formas de coleta de informações ambientais


Fonte: World Meteorological Organization, 2004 (apud ZANDONÁ, 2005).

Unidade 3 99

Climatologia_e_meteorologia.indb 99 28/11/11 10:08


Universidade do Sul de Santa Catarina

No Brasil, o INMET administra mais de 400 estações. Possui


10 distritos regionais que recebem, processam e enviam os dados
para a sede, localizada em Brasília-DF. A sede, por sua vez,
processa os dados e os envia por satélite para todo o mundo.

Após a coleta de dados (precipitação, ventos, umidade relativa do


ar, pressão etc.), com o auxílio de supercomputadores, faz-se uma
simulação, por meio de modelos numéricos, de como se comportará
o tempo num intervalo de 24, 48, 72 e 96 horas à frente.

Porém, só as informações do modelo numérico não são


suficientes para a realização da previsão do tempo; conta-se
também com o auxílio das imagens de satélites para elaborar a
previsão em curto prazo. Essas imagens podem ser geradas a
cada 30 minutos, de hora em hora ou a cada 3 horas. Elas estão
disponíveis em três canais:

„ Canal Visível (comprimento de onda = 0,65 µm)

„ Canal Infravermelho (comprimento de onda = 11 µm)

„ Canal de Vapor d’Água (comprimento de onda = 6 µm)

Canal Visível:
A superfície terrestre ou as nuvens não emitem radiação visível,
refletindo aquela que está chegando do Sol. Assim, as imagens
neste canal representam mais ou menos a intensidade do brilho
dos elementos que seria percebida por um observador do espaço.
Figura 3.20. As nuvens densas são representadas em tons
esbranquiçados e. quanto mais densa, mais brilhante. No entanto,
não é possível a distinção da altura das nuvens neste canal. Para
isto, a interpretação do canal IR é essencial. (ESTEIO, 2010).

Para Esteio, 2010, observa-se nas imagens deste canal :

„ Os continentes e o mar são escuros;

„ As nuvens mais espessas são mais brilhantes porque


refletem mais luz solar (por exemplo, cumulus com grande
desenvolvimento vertical; stratus com grande espessura);

100

Climatologia_e_meteorologia.indb 100 28/11/11 10:08


Climatologia e Meteorologia

„ Nuvens de grande altura mas de espessura fina (cirrus)


são pouco ou nada visíveis.

Figura 3.20 - Imagem Canal VISIVEL


Fonte: Inpe, 2010.

Canal Infra vermelho: (IR)


Nestes comprimentos de onda, a atmosfera (ar + vapor) absorve
pouca radiação. No entanto, as nuvens são densas o suficiente
para absorver a radiação (e emitir) de maneira significativa.

Para Esteio 2010, Observa-se que:

„ Na ausência de nuvens pode ser observada radiação que


vem diretamente da superfície terrestre ;

„ A visualização do canal IR também é em negativo, ou


seja, uma nuvem fria emite menos radiação, e assim,
deveria ser visualizada em tons escuros em relação à
superfície. Entretanto, para melhor interpretação, a nuvem
é apresentada em tons esbranquiçados, ou seja, uma nuvem
mais fria parecerá mais brilhante na imagem;

Unidade 3 101

Climatologia_e_meteorologia.indb 101 28/11/11 10:08


Universidade do Sul de Santa Catarina

„ Uma nuvem absorve uma boa parte da radiação térmica


que vem da superfície terrestre e da atmosfera, e volta
a emitir de acordo com sua temperatura. Portanto,
medindo esta temperatura de emissão das nuvens
pode-se estimar sua altitude;

„ Uma nuvem cirrus fina tem pouca absorção de luz


solar, mas absorve bastante a radiação térmica (e volta
a emiti-la). Assim, estas nuvens situadas em alturas
elevadas podem ser bem visualizadas no canal IR.

Figura 3.21 - Imagem Canal INFRA VERMELHO


Fonte: Inpe, 2010.

Canal Vapor d’água:


Na atmosfera, o vapor d’água costuma estar presente até níveis
em torno de 8.000 m de altitude. A radiação que chega do Sol
não inclui estes comprimentos de onda. Assim, um sensor orbital
perceberá a radiação TÉRMICA emitida pela superfície terrestre
e outros elementos (nuvens, poeira, vapor d’água, dióxido de
carbono CO2).O vapor d’água e as gotas (nuvens) existentes na

102

Climatologia_e_meteorologia.indb 102 28/11/11 10:08


Climatologia e Meteorologia

atmosfera absorvem a radiação térmica que chega a eles, e voltam


a emitir radiação térmica. (ESTEIO, 2010).

Usando um sensor com filtro para o comprimento de onda de 6


µm, temos :

„ Não é percebida a superfície terrestre (a radiação


proveniente dela é absorvida pelo vapor já na primeira
centena de metros da atmosfera);

„ Percebe-se apenas radiação emitida nos níveis mais altos


da troposfera;

„ Assim como o vapor, também as nuvens médias e altas


emitem radiação, e poderão ser detectadas numa imagem.

Figura 3.22 - Imagem Canal VAPOR D,ÁGUA


Fonte: Inpe, 2010.

Também existe o radar meteorológico, que fornece as condições


meteorológicas reinantes num espaço de tempo menor e também
para uma área menor.

Unidade 3 103

Climatologia_e_meteorologia.indb 103 28/11/11 10:08


Universidade do Sul de Santa Catarina

No INMET, há uma seção própria para a recepção e o


tratamento das imagens de satélites. Então, os meteorologistas
mapeiam e analisam as informações e só depois de feitas todas
essas análises (cartas de superfície, modelos numéricos, imagens
de satélites etc.) tem-se maior segurança em elaborar a previsão
do tempo para todo o Brasil.

Quem utiliza as informações sobre o tempo?

São inúmeras as pessoas, físicas ou jurídicas, que delas se


utilizam, nas mais diversas áreas, por exemplo:

a) na agricultura - garantia de uma boa colheita;

b) na marinha - proteção aos marinheiros, navios e


passageiros;

c) na aeronáutica - proteção e segurança de pilotos,


aeronaves e passageiros;

d) na pesca - condições favoráveis à pesca;

e) no turismo - garantia de um passeio (e/ou viagem) feliz e


tranquilo.

É importante destacar o papel primordial do Instituto Nacional


de Pesquisas Espaciais (INPE), por intermédio do Centro
de Previsões de Tempo e Estudos Climáticos (CPTEC), que
trouxe para o Brasil a tecnologia mais avançada em previsão
meteorológica, por meio de modelos numéricos, e passou a
disponibilizar produtos de alta qualidade e confiabilidade, tanto
para a comunidade científica como para o público em geral.

O Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos do Instituto


Nacional de Pesquisas espaciais (CPTEC/INPE) executa modelos
numéricos de previsões de tempo em escala global e regional,
com a finalidade de produzir, operacionalmente, previsões de
tempo para o Brasil. Atualmente, essas previsões, produzidas
especialmente a partir de modelos globais, são realizadas

104

Climatologia_e_meteorologia.indb 104 28/11/11 10:08


Climatologia e Meteorologia

utilizando condições iniciais (análises) geradas no National Center


for Environment Pediction (NCEP). (ANDREOLI, 2008).

Nesta seção, você conheceu a importância da utilização de dados


medidos na superfície além de outras medidas, como as imagens
de satélite, por exemplo. Hoje, a previsão de tempo está muito
próxima de nosso dia a dia, com informações em tempo real das
condições de tempo para uma vasta utilização.

Você pode consultar um site de previsão do tempo no Brasil e no


mundo para viabilizar aquela partida de futebol, com os amigos
no fim de semana, como também pode planejar o período de
colheita de uma cultura que envolve uma complexa logística de
pessoal e equipamentos. Vale a pena conhecer!

Síntese
Nesta unidade, você estudou sobre as estações meteorológicas,
que são observações meteorológicas de superfície agregadas a
outras observações, como as imagens de satélite e os radares
meteorológicos. Esses são equipamentos que sofreram uma
considerável evolução nos últimos 20 anos.

As estações automáticas vieram substituir as estações


convencionais, que não deixaram de funcionar, mas que servem
como apoio, caso as estações automáticas falhem. Os dados
obtidos com tais estações são utilizados para cálculos que
estimam o tempo e monitoram o clima.

A previsão de tempo se baseia na coleta de dados da atmosfera


que indicam uma condição atual, ou seja, seu diagnóstico. Essas
condições, por meio de programas computacionais, podem
exprimir os valores indicativos de dias subsequentes, ou seja, o
prognóstico do tempo.

Unidade 3 105

Climatologia_e_meteorologia.indb 105 28/11/11 10:08


Universidade do Sul de Santa Catarina

Atividades de autoavaliação
Ao final de cada unidade, você realizará atividades de autoavaliação.
O gabarito está disponível no final do livro didático. Mas esforce-se
para resolver as atividades sem ajuda do gabarito, pois assim você
estará promovendo (estimulando) a sua aprendizagem.

1) Quanto à nomenclatura dos equipamentos de medida de uma estação


convencional, existe uma diferença na terminação do nome de cada
equipamento, como, por exemplo: anemômetro e anemógrafo. O que
significa essa diferença?

2) Qual é o papel da WMO (Organização Meteorológica Mundial)?

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Climatologia e Meteorologia

3) Como é possível perceber se um equipamento de registro, como o


pluviógrafo, por exemplo, está funcionando corretamente?

4) Quais os instrumentos presentes no abrigo meteorológico de uma


estação convencional? Quais os parâmetros avaliados com suas
medidas?

Unidade 3 107

Climatologia_e_meteorologia.indb 107 28/11/11 10:08


Universidade do Sul de Santa Catarina

Saiba mais
Se você desejar, aprofunde os conteúdos estudados nesta unidade
consultando as seguintes referências:

ANDREOLI, R. S.; FERREIRA, S. H.; SAPUCCI, L. F.;


SOUZA, R. R.; MENDONÇA, R. W. B.; HERDIES, D.
L.; ARAVÉQUIA, J. A. Contribuição de diversos sistemas
de observação na previsão de tempo no CPTEC/INPE. Rev.
Bras. Meteorologia, v.23, n.2, 218-237, 2008.

FERREIRA, A. G. Meteorologia prática. São Paulo: Oficina de


textos, 2006.

PEREIRA, A R; ANGELOCCI, L. R.; SENTELHAS, P.


C. Agrometeorologia: fundamentos e aplicações práticas. São
Paulo: Agropecuária Ltda., 2002. 478p.

TUBELIS, A.; NASCIMENTO, F. J. L. do. Meteorologia


descritiva. São Paulo: Nobel, 1988. 374p.

VIANELLO, R. L.; ALVES, A. R. Meteorologia básica e


aplicações. Viçosa: Universidade Federal de Viçosa, 1992. 449p.

ZANDONÁ, C.A.W. Ambiente de visualização integrado


para modelos numéricos de previsão de tempo e informações
ambientais. Dissertação (Mestrado em Métodos Numéricos) –
Setor de tecnologia, Universidade Federal do Paraná, 2005.

108

Climatologia_e_meteorologia.indb 108 28/11/11 10:08


4
UNIDADE 4

Radiação e temperatura

Objetivos de aprendizagem
„ Conhecer os conceitos de radiação solar.

„ Compreender o papel da atmosfera sobre a radiação


solar.

„ Identificar os balanços de energia radiante na


superfície.

Seções de estudo
Seção 1 Radiação solar

Seção 2 Efeitos da atmosfera sobre a radiação solar

Seção 3 Como calcular a radiação solar?

Climatologia_e_meteorologia.indb 109 28/11/11 10:08


Universidade do Sul de Santa Catarina

Para início de estudo


A radiação solar é um meio de propagação de calor na forma de
ondas eletromagnéticas, proveniente do Sol, e que, ao atravessar
a atmosfera, interage com seus constituintes, sendo absorvida,
refletida, desviada ou reemitida para o espaço ou para a Terra.

A posição da Terra na esfera celeste bem como seu eixo de


inclinação determinam os ganhos de energia em diferentes locais
do planeta, definidos pela sua latitude, e em diferentes tempos,
indicados pela data.

Os comprimentos de onda indicam sua energia. Quanto menor


for o comprimento, ondas curtas, maior será sua energia. Quanto
maior for o comprimento, ondas longas, menor será sua energia.
Ondas essas que serão estimadas para o cálculo do balanço de
energia na superfície terrestre.

Seção 1 – Radiação solar


No nosso planeta uma das principais características de todos os
climas é a temperatura. Ela varia de acordo com a localização
e estação do ano. As variações de temperatura dependem
do montante de radiação que a superfície da terra é capaz de
armazenar durante determinados períodos.

Para entender as diferenças de radiação, é necessário inicialmente


entender os principais movimentos que a terra realiza em sua
trajetória em torno do sol.
Observe a Figura 4.2 para
compreender melhor este assunto.
A terra em torno de si mesma na direção oeste para leste, este
movimento é conhecido como rotação, determinando assim a
sucessão dos dias e das noites.

Enquanto gira sobre si mesma, a terra gira também em torno


do sol em uma velocidade orbital média de 30km/s, definindo

110

Climatologia_e_meteorologia.indb 110 28/11/11 10:08


Climatologia e Meteorologia

uma trajetória elíptica ao longo de 930 milhões de quilômetros. O sol


ocupa um dos lados dessa elipse, estando a uma distância média de 15
milhões de quilômetros. Este movimento é chamado de translação.

O “tempo” é causado por uma razão muito simples. A natureza


esférica da Terra permite que a luz solar seja distribuída numa
maior distância na região dos pólos e em uma menor distância
ao longo do equador. Pense em uma lanterna em uma superfície,
se você apontar a lanterna para baixo (como o sol faz perto do
equador), você vai ter mais luz, pela menor distância. Agora, se
você inclinar a lanterna (como o sol faz perto dos pólos), a maior
distância significa menor luz. É esse aquecimento diferencial que
faz com que ocorram todas as condições meteorológicas na Terra.

Estações do ano
No dia 21 de março, a inclinação da terra permite que os dois
hemisférios recebam a mesma quantidade de radiação solar.
No hemisfério norte inicia-se a primavera e no hemisfério sul o
outono. Também no dia 23 de setembro a recepção de energia é a
mesma. Iniciando-se a primavera no hemisfério sul e o outono no
hemisfério norte. Estes período são chamados de Equinócio.

No dia 21 de junho a terra atinge seu ponto de máxima


inclinação, com o hemisfério norte recebendo mais radiação que
o hemisfério sul. Neste período inicia-se o inverno no hemisfério
sul e o verão no hemisfério norte. No dia 21 de dezembro a terra
atinge seu ponto de mínima inclinação em relação ao sol, com
o hemisfério sul recebendo mais radiação solar que o hemisfério
norte. Assim inicia-se o verão no hemisfério sul e o inverno no
hemisfério norte. Estes períodos são chamados de Solsticios.

Em torno do dia 22 de junho, o Sol está aparentemente sobre o


Trópico de Câncer (Hemisfério Norte) e determina o início do
inverno no Hemisfério Sul. Por volta do dia 22 de dezembro,
quando ele está sobre o Trópico de Capricórnio (Hemisfério
Sul), inicia-se o nosso verão. As linhas dos trópicos são definidas
pelas latitudes correspondentes ao máximo afastamento do Sol
em relação ao equador terrestre, e são definidas pelo ângulo de
inclinação do eixo da Terra (≈ 23° 27’). (PEREIRA et al, 2002).

Unidade 4 111

Climatologia_e_meteorologia.indb 111 28/11/11 10:08


Universidade do Sul de Santa Catarina

Em seu movimento de translação (trajetória ao redor do Sol), a


Terra descreve uma elipse. Logo, durante uma época do ano, a Terra
está mais próxima do Sol, enquanto que seis meses mais tarde ela
estará mais longe. Define-se afélio quando a Terra se encontra mais
afastada do Sol (≈1,52 108 km), e isso ocorre aproximadamente no
dia 04/07 (no inverno). (PEREIRA et al, 2002).

Periélio é quando a Terra se encontra mais próxima do


Sol (≈1,47 108 km), no início de janeiro (cerca de 03/01,
no verão).

Devido a inclinação da terra sobre o plano da eclíptica, Figura


4.2, os dois hemisférios não estão igualmente expostos a mesma
radiação durante o período de um ano.

Plano da eclíptica é plano que contém a trajetória em


torno do Sol.

A Figura 4.1 mostra como três observadores, em três posições


diferentes (latitudes), sendo um no Hemisfério Norte e dois
no Hemisfério Sul, veem o Sol ao meio-dia, ao longo de seu
caminhamento aparente N-S ao longo do ano. Os observadores
situados entre os trópicos terão o Sol passando a pino sobre suas
cabeças duas vezes por ano, enquanto que o observador situado
além do Trópico de Capricórnio nunca observará tal condição.
(PEREIRA et al, 2002).

Figura 4.1 - Observação do sol ao meio-dia, em diferentes latitudes e épocas do ano


Fonte: Pereira et al., 2002.

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Climatologia_e_meteorologia.indb 112 28/11/11 10:08


Climatologia e Meteorologia

Figura 4.2 - Relação entre o plano equatorial e plano da eclíptica


Fonte: Pereira et al., 2002.

O ângulo entre os raios solares que atingem a Terra no plano da


eclíptica e o plano equatorial são conhecidos como obliquidade
da eclíptica (VIANELO; ALVES, 1992). Esse ângulo é também
chamado de declinação solar.

Para Pereira et al (2002), com os movimentos da Terra, verifica-


se que os raios solares atingem a superfície terrestre com
diferentes ângulos, em diferentes horas e épocas do ano. Num
instante, o ângulo formado pela linha vertical imaginária que
passa pela cabeça do observador e os raios solares é chamado de
ângulo zenital, sendo representado por Z (Figura 4.3.).

Os movimentos de rotação e translação da Terra conferem ao Sol


um movimento aparente ao longo do dia no sentido E-W, e ao
longo do ano no sentido N-S. O movimento de translação resulta
nas estações do ano e, consequentemente, na duração do período de
brilho solar (fotoperíodo) nas diferentes latitudes, que, por sua vez,
será responsável pela variação da disponibilidade de energia solar
decorrente da Lei do Cosseno de Lambert. (PEREIRA et al, 2002).

Figura 4.3 - Ângulo zenital (Z)


Fonte: Pereira et al., 2002.

Unidade 4 113

Climatologia_e_meteorologia.indb 113 28/11/11 10:08


Universidade do Sul de Santa Catarina

Nesta seção, você estudou a dinâmica da radiação relacionando-a


com as posições relativas entre a Terra e o Sol. Além disso, essa
radiação depende da posição relativa na Terra, ou seja, deve-se
saber o local onde estamos e o momento em que estamos. Então,
para que a radiação chegue até um ponto na superfície, ela deve
atravessar a atmosfera onde interagirá com os seus componentes.

Seção 2 - Efeitos da atmosfera sobre a radiação solar


Ao atravessar a atmosfera, a radiação solar interage com seus
constituintes (naturais e artificiais), resultando em modificação
na quantidade, na qualidade e na direção dos raios solares que
atingem a superfície terrestre. (PEREIRA et al, 2002).

A radiação solar apresenta um espectro contínuo de comprimentos


de onda que, do ponto de vista biológico, pode ser separado em três
faixas (bandas) distintas, conforme o Quadro 4.1.

Tipo de radiação Faixas


Ultravioleta (UV) 10 nm < λ < 400 nm
Visível (VIS) 400 nm < λ < 700 nm
Infravermelho próximo (IVP) 700 nm < λ < 3000 nm

Quadro 4.1 - Diferentes comprimentos de ondas para cada tipo de radiação


Fonte: Pereira et al., 2002.

Absorção da radiação solar


Quanto ao processo de absorção, a radiação UV é absorvida pelo
oxigênio/ozônio, sendo quase que totalmente eliminada da radiação
solar que atinge a superfície da Terra. Essa radiação é altamente
energética, com alto poder de penetração, e causa distúrbios nas
células vivas, principalmente em microrganismos. Em regiões altas,
com atmosfera rarefeita, sua incidência é maior do que se comparada
a regiões situadas ao nível do mar. (PEREIRA et al, 2002).

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Climatologia_e_meteorologia.indb 114 28/11/11 10:08


Climatologia e Meteorologia

Parte da radiação IVP é absorvida principalmente pelo vapor


d’água; logo, quanto maior o teor de umidade no ar maior será
essa absorção. Dias nublados apresentam menor proporção de IVP
ao nível do solo que dias com céu limpo. O CO2 também absorve
IVP. Tais absorções afetam tanto a quantidade como a qualidade
da radiação solar ao nível da superfície. (PEREIRA et al, 2002).

A radiação visível passa quase que totalmente pela atmosfera,


sem sofrer redução (absorção) em sua quantidade. A Figura 4.4
mostra a contribuição dos principais constituintes atmosféricos
no espectro de absorção da radiação solar ao nível da superfície
da Terra. (PEREIRA et al, 2002).

Figura 4.4 - Espectro da radiação solar no topo da atmosfera (curva superior, vermelha), no nível do mar
(curva inferior, amarela), e teórica emitida por um corpo negro, para atmosfera média e Sol no zênite
Fonte: Grimm, 2009 (Adaptado).

Difusão da radiação solar


Quanto ao processo de difusão da radiação solar, o efeito dos
constituintes atmosférico apenas muda a direção dos raios solares.
Evidentemente, esse processo também afeta a quantidade de
radiação solar que atinge a superfície da Terra, pois parte dessa

Unidade 4 115

Climatologia_e_meteorologia.indb 115 28/11/11 10:08


Universidade do Sul de Santa Catarina

radiação é difundida de volta para o espaço sideral (reflexão),


jamais incidindo sobre a superfície. (PEREIRA et al, 2002).

Esse processo é mais facilmente percebido em dias nublados e


em com alto teor de poeira (fumaça e partículas suspensas no ar),
quando a radiação solar tem mais dificuldade de atingir diretamente
a superfície. Nessas situações, os raios solares vêm de todas as
direções possíveis. A radiação, vindo igualmente de todas as
direções, não projeta sombra dos objetos. Por esse motivo, essa parte
da radiação solar é denominada de difusa. (PEREIRA et al, 2002).

Portanto, a radiação solar que atinge a superfície da Terra


(radiação global), interagindo com a atmosfera em seu caminho,
tem uma parte devido à radiação direta e outra parte devido
à radiação difusa. A proporção de cada parte depende das
condições atmosféricas do momento e do ângulo zenital.

Seção 3 – Como calcular a radiação solar?


A radiação solar pode ser medida com o radiômetro, conforme
foi abordado na unidade anterior. No entanto, a partir dessa
seção, você vai estimar a radiação solar.

Assim, nossa análise iniciará a partir das deduções físicas


até chegar aos valores de fluxo de radiação na superfície. É
importante ter em mãos uma calculadora científica para auxiliar
nos cálculos. As deduções são explicadas em cada passo e com
bases teóricas.

Triângulo astronômico
O triângulo está situado na esfera celeste (esfera de diâmetro tão
grande quanto se queira imaginar, onde todos os astros, como
Sol, Lua, estrelas etc., estariam localizados, e cujo centro coincide
com o centro da Terra). O triângulo é feito na esfera e projetado
na superfície terrestre.

116

Climatologia_e_meteorologia.indb 116 28/11/11 10:08


Climatologia e Meteorologia

Segundo o Portal do Astrônomo (2008), a determinação da


posição, recorrendo à observação de alturas de astros, passa pela
resolução matemática de um triângulo esférico, o triângulo de
posição, representado na Figura 4.5.

Os lados desse triângulo são: a distância do polo à vertical do


observador, ou co-latitude (cϕ), a distância do polo ao astro,
ou distância polar (Δ), e a distância entre o astro e a vertical
do lugar, ou distância zenital (ζ). Quanto aos ângulos, eles são
o ângulo no pólo (P), entre o meridiano do lugar e o círculo
horário do astro e, o azimute, ou seja, a direção pela qual o
observador vê o astro 1.

Num dado instante, a partir da declinação (δ) que consta dos


almanaques, conhecemos a distância polar (Δ). A altura é
obtida observando o astro com um instrumento qualquer para
determinar alturas, e a partir dessa obtemos a distância zenital.
Quanto ao ângulo no polo (P), obtemos também o seu valor
a partir dos almanaques. Fazendo os cálculos trigonométricos
necessários neste triângulo, podemos obter a nossa posição
(latitude e longitude).

Figura 4.5 - Triângulo astronômico a partir da esfera celeste, onde HS – Hemisfério Sul, HN –
Hemisfério Norte, PN – Polo Norte e OS – Polo Sul
Fonte: Portal do Astrônomo, 2009.

O ângulo de incidência dos raios solares com planos situados


em diferentes pontos da superfície da Terra varia com a própria
latitude, com a hora do dia e com o ângulo formado entre os
raios solares e o plano do equador (ângulo de declinação solar).

Unidade 4 117

Climatologia_e_meteorologia.indb 117 28/11/11 10:08


Universidade do Sul de Santa Catarina

Figura 4.6 - Esquemas demonstrando ângulo de declinação solar (d), ângulo zenital (Z) e ângulo
de elevação (b)
Fonte: Elaboração do autor.

A combinação desses fatores junto com o triângulo astronômico


permite calcular o ângulo zenital a cada instante, com base na
seguinte relação:

cosZ = senf . senδ + cosf . cosδ . cosh

Sendo:

„ (f) latitude

„ (δ) declinação solar

„ (h) ângulo horário

Na equação cosZ = senf . senδ + cosf . cosδ . cosh, h representa


a hora do dia expressa pelo ângulo formado entre o plano
do meridiano no qual o Sol está posicionado e o ângulo do
meridiano do local do observador.

A passagem do Sol pelo meridiano local divide o dia em duas


partes simétricas. Como o período de rotação da Terra é de 24
horas, uma hora corresponde a 15o, ou seja, 360o/24 = 15o.

Sendo a passagem meridiana o referencial, a hora local


verdadeira, expressa em horas, será:

h = (hora local -12) ∙ 15º/hora

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Climatologia_e_meteorologia.indb 118 28/11/11 10:08


Climatologia e Meteorologia

Fotoperíodo
Fotoperíodo ou duração do dia (N) é o intervalo de tempo
decorrido entre o nascer e o pôr do sol, isto é: N = Hora do pôr
do sol (hora do nascer do Sol). A variação do fotoperíodo para
algumas latitudes no decorrer do ano pode ser visto na Figura 4.7.

Por causa da simetria da trajetória do Sol com relação ao meio-


dia, o fotoperíodo é o dobro do ângulo horário na hora do nascer
do Sol, ou seja:

N = 2 h/15 = 0,1333 h

Figura 4.7 - Fotoperíodo em várias latitudes sul


Fonte: Elaboração do autor, 2009.

Tanto ao nascer como ao pôr do sol, o ângulo zenital (Z) é igual


a 90 o. Como cos90o = 0,

a equação cosZ = senfsenδ + cosfcosδcosh transforma-se em:

senfsenδ + cosfcosδcosh = 0

cosh = -(senf senδ) / (cosf cosδ)

cosh = -tgf tgδ ⇒ h = arccos (-tgf tgδ)

Como N = 2h/15 = 0,1333 arccos (-tgf tgδ), então:

N = 0,1333 arccos - (tgf tgδ)

Unidade 4 119

Climatologia_e_meteorologia.indb 119 28/11/11 10:08


Universidade do Sul de Santa Catarina

Balanço de radiação global


O saldo de radiação representa a energia disponível aos
processos físicos e biológicos que ocorrem na superfície
terrestre. Essa energia é a diferença entre os fluxos totais da
radiação incidente e a “perdida” (emitida e/ou refletida) por uma
superfície, medida, normalmente, em plano horizontal, como
mostra a Figura 4.8.

Ao longo do dia, nas horas de brilho solar, o saldo de radiação


em uma superfície qualquer tende a ser positivo, pois os fluxos
incidentes (global e atmosférico) são superiores às frações
refletidas e emitidas. Por outro lado, durante a noite, é comum
que esses valores sejam negativos, pois o fluxo incidente passa
a ser apenas atmosférico, e a energia emitida pela superfície,
superior a este, resulta em um saldo de radiação negativo.

Figura 4.8 - Balanço de radiação na Terra


Fonte: Santos et al., 2002.

Estimativa da irradiância global diária (Qg)


A irradiância global, que é aquela radiação que chega até
a superfície terrestre, é usualmente medida por meio de
radiômetros, mas pode ser estimada de maneira indireta.

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Climatologia_e_meteorologia.indb 120 28/11/11 10:08


Climatologia e Meteorologia

Uma equação capaz de estimar a radiação solar a partir de


outros dados climáticos mais acessíveis é a de Angstrom (1924),
modificada por Prescott (1940), cuja expressão é:

Qg = Qo(a + b )

Onde:

Q g – é a radiação global medida por radiômetro, medido em


(cal/cm2.dia);

Qo – é a radiação solar diária em uma superfície horizontal no


topo da atmosfera, sendo um dado já tabelado, (cal/cm2.dia);

„ n é o número de horas de brilho solar;

„ N é o número possível de horas de brilho solar;

„ a e b são os coeficientes de Angstrom. Devido à grande


variabilidade desses coeficientes, torna-se necessário
determiná-los para cada região.

A Figura 4.9 mostra a equação para estimativa da radiação


global: y = a + bx
Esta fórmula foi concebida
Sendo: y = ⇒ x= por Angstrom (1924).

Onde:

„ n = número de horas de brilho solar


„ N = número máximo teórico de horas de brilho solar
„ b = inclinação da reta de regressão
„ a = ponto de cruzamento da reta em y

Unidade 4 121

Climatologia_e_meteorologia.indb 121 28/11/11 10:08


Universidade do Sul de Santa Catarina

Figura 4.9 - Equação linear de Angstron, 1924


Fonte: Ometto, 1981.

Sustituindo os termos x e y da equação, temos:

~ ⇒ =a+b ⇒ Qg = Qo(a + b )

Balanço de energia radiante


A radiação solar é uma fonte de energia com muita influência nos
processos atmosféricos. As variações no balanço de radiação são
fundamentais nos processos atmosféricos e terrestres, alterando,
por exemplo, a temperatura à superfície, o perfil da taxa vertical
de aquecimento e a circulação atmosférica. A propagação da
radiação solar é um fenômeno relativamente complexo, em
particular quando se pensa na sua possível inclusão em modelos
de circulação atmosférica.

O balanço de radiação pode ser dividido em duas etapas distintas:

1. o balanço de ondas curtas (BOC), que trata da diferença


entre a radiação direta, 51% na Figura 4.9, e a radiação
refletida na superfície, também chamada de albedo (r),

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Climatologia_e_meteorologia.indb 122 28/11/11 10:08


Climatologia e Meteorologia

calculada como porcentagem de saída de radiação. A


radiação direta é aquela porção da radiação que não
sofre nenhum processo de reflexão ou absorção na
atmosfera. As ondas curtas são ondas de maior energia
(comprimento próximo de 0,3µm, conforme Figura 4.4.
O BOC pode ser estimado a partir da equação:

BOC = Qo(a + b )∙(1 – r)

2. o balanço de ondas longas (BOL), que trata da radiação


emitida pela Terra após ter sido aquecida pela radiação
direta. As ondas longas têm menor energia (comprimento
próximo de 0,9µm, conforme Figura 4.4, já que são
emitidas pela superfície da Terra, cuja temperatura é
menor. É importante frisar que, na superfície terrestre,
após a emissão pode haver retenção de ondas longas pelo
vapor d’água, como ilustra a Figura 4.4.

Outro aspecto da equação do BOC é que é necessário entender o


conceito de corpo negro e a Lei de Stefan-Boltzmann.

Um corpo negro é um corpo que absorve toda a radiação que nele


incide: nenhuma luz o atravessa nem é refletida.

A Lei de Stefan-Boltzmann estabelece que a energia total


radiada por unidade de área superficial de um corpo
negro na unidade de tempo é diretamente proporcional à
quarta potência da sua temperatura absoluta.

A partir desses conceitos, fica estabelecida a seguinte equação:

BOL = sT4 ∙ (0,56 – 0,09√e) ∙ (0,1 + 0,9 )

Em que:

Unidade 4 123

Climatologia_e_meteorologia.indb 123 28/11/11 10:08


Universidade do Sul de Santa Catarina

„ s = Constante de Stefan-Boltzmann = 1,19. 10-7 cal/cm2 dia

„ T = Temperatura absoluta do ar (medido na escala Kelvin


(K), assim K=°C+273)

„ e = pressão atual do vapor d’água (mmHg)

„ n = número de horas de brilho solar em horas. (medido


com o heliógrafo)

„ N = Fotoperíodo em horas

Radiação líquida disponível durante o dia


A radiação líquida é a diferença vetorial entre o balanço de ondas
curtas e o balanço de ondas longas

RLd = BOC – BOL

Radiação líquida disponível durante a noite


Como no período noturno não há radiação direta do Sol, então,
a radiação líquida é igual ao balanço de ondas longas, ou seja,
à noite a atmosfera é aquecida pela radiação de ondas longas
proveniente da Terra.

RLn = BOL

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Climatologia_e_meteorologia.indb 124 28/11/11 10:08


Climatologia e Meteorologia

Calcular o balanço de radiação para uma localidade


com as seguintes características:
ψ (latitude) = 22º S (–22°).
Latitudes no Hemisfério Sul: utiliza-se o sinal negativo (-);
Latitudes no Hemisfério Norte: utiliza-se o sinal positivo (+)
δ (declinação solar) = 20º S (–20°)
Quando o Sol se encontra no Hemisfério Sul, utiliza-se
o sinal negativo (-); ocorre entre 23 de setembro e 21 de
março, ou seja, em nossa primavera e verão, como visto
nas Figuras 4.2 e 4.6.
Quando o Sol se encontra no Hemisfério Norte,
utiliza-se o sinal negativo (+); ocorre entre 21 de março
e 23 de setembro, ou seja, em nosso outono e inverno,
conforme visto nas Figuras 4.2 e 4.6.
albedo (r) = 0,15, que corresponde a uma superfície
que tem 25% de reflexão direta.
s = Constante de Stefan-Boltzmann = 1,19. 10-7 cal/cm2 dia
Tar = Temperatura do ar = 23ºC
es = 21,07 mmHg
UR% = dois casos = 30% e 90%
Para calcular (e), utiliza-se a relação:

Onde
es = pressão de vapor d’água e UR = Umidade Relativa
a = 0,24
b = 0,56
n = dois casos = 2 horas e n = 3 horas
Q 0 = 590 cal/cm2 dia

Unidade 4 125

Climatologia_e_meteorologia.indb 125 28/11/11 10:08


Universidade do Sul de Santa Catarina

Resolução:
Inicialmente, é importante entender que teremos
quatro cálculos de BOL, já que no exemplo temos
dois casos de umidade relativa (UR) e dois de horas de
brilho solar (n). Já para o BOC serão necessários apenas
dois cálculos, porque não há a entrada de dados de
umidade relativa (UR) no cálculo de BOC.
O primeiro cálculo a ser feito é o fotoperíodo, tomando
cuidado com os sinais a serem colocados na latitude e
na declinação solar. No nosso exercício, tanto a latitude
como a declinação são indicadas com a letra (S), que
significa Sul.
Dica: na calculadora, arc cos (arco coseno, ou inverso
do cosseno) é calculado utilizando-se a tecla da
segunda função, ou também chamada Shift, seguida
da tecla do coseno.

N = 0,133 ∙ arcocos – (tgψ ∙ tgδ)

N = 0,133 ∙ arcocos – (tg –22 ∙ tg – 20)

N = 13,09 h

Segue-se calculando o BOC, com a fórmula a seguir,


inicialmente para n = 2 horas e depois para n = 10 horas.

BOC = Qo(a + b )∙(1 – r)

BOC = 590 cal/cm2dia ∙ (0,24 + 0,56 )∙(1 – 0,15)

BOC = 163,26 cal/cm2dia (BOC para n = 2 horas)

BOC = 590 cal/cm2dia ∙ (0,24 + 0,56 )∙(1 – 0,15)

BOC = 334,9 cal/cm2dia (BOC para n = 10 horas)

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Climatologia_e_meteorologia.indb 126 28/11/11 10:08


Climatologia e Meteorologia

Agora é hora de calcular o BOL. Antes de calculá-lo, vamos


encontrar o valor de (e), com a equação:

⇒ = 6,32 para UR = 30%

⇒ = 20,6 para UR = 98%

Assim:

BOL = sT4 ∙ (0,56 – 0,09√e) ∙ (0,1 + 0,9 )

BOL = 1,19×10–7∙(23 + 273)4∙(0,56 – 0,09√632)∙(0,1 + 0,9 )

BOL = 72,4 cal/cm2dia

BOL (30% . 2 h) ⇒ 72,4 cal/cm2dia

BOL (30% . 10 h) ⇒ 239,49 cal/cm2dia Observe que este


resultado refere-se ao BOC
BOL (98% . 2 h) ⇒ 32,71 cal/cm2dia calculado com UR=30%
e n = 2 horas), os demais
resultados abaixo seguem
BOL (98% . 10 h) ⇒ 108,38 cal/cm2dia
o mesmo modelo com os
outros valores de UR e n.
A radiação líquida é uma simples subtração entre o BOC e o BOL.

RL = BOC – BOL

RL (30% . 2 h) = 163,26 – 72,41 = 90,85 cal/cm2dia

RL (30% . 10 h) = 334,9 – 239,49 = 95,4 cal/cm2dia

RL (98% . 2 h) = 163,26 – 32,71 = 130,55 cal/cm2dia

RL (98% - 10 h) = 334,9 – 108,38 = 226,5 cal/cm2dia

Unidade 4 127

Climatologia_e_meteorologia.indb 127 28/11/11 10:08


Universidade do Sul de Santa Catarina

Síntese
Nesta unidade, você conheceu conceitos referentes à radiação
solar. Inicialmente, as relações entre a Terra e o Sol e a
dependência da radiação segundo as posições na Terra e o
período, definindo-se assim as estações do ano.

Após a radiação penetrar na atmosfera, essa sofre influência e


chega à superfície terrestre em quantidade e forma diferentes.
Essa radiação pode ser medida e pode ser estimada com o cálculo
da radiação líquida.

O balanço da radiação na superfície depende também das


condições da atmosfera. No exemplo apresentado nesta unidade,
quando a umidade relativa aumentou, ela fez com que uma
maior quantidade de energia permanecesse na superfície, sendo
utilizada para aquecer a atmosfera.

128

Climatologia_e_meteorologia.indb 128 28/11/11 10:08


Climatologia e Meteorologia

Atividades de autoavaliação
Ao final de cada unidade, você realizará atividades de
autoavaliação. O gabarito está disponível no final do livro
didático. Mas esforce-se para resolver as atividades sem ajuda do
gabarito, pois, assim, você estará promovendo (estimulando) a sua
aprendizagem.

1) Calcule o balanço de radiação para uma localidade com as seguintes


características:

„ ψ (latitude) = 17° S „ UR% = 30% e 90%


„ δ (declinação solar) = 12° S „ a = 0,19
„ albedo (r) = 0,15 „ b = 0,42
„ s = 1,19×10 –7 cal/cm2dia „ n = 3 horas e n = 8 horas
„ Tar = 20°C „ Qo = 850 cal/cm2 ⋅ dia
„ es = 20,4 mmHg

Unidade 4 129

Climatologia_e_meteorologia.indb 129 28/11/11 10:08


Universidade do Sul de Santa Catarina

2) Explique por que os resultados de radiação líquida diferem quando há


variação de umidade relativa.

3) Calcule o balanço de radiação para a cidade de Florianópolis no solstício


de verão e no equinócio de primavera.

„ r = 0,20 „ a = 0,20
„ n = 5 horas „ b = 0,35
„ Qo = 920 cal/cm2 dia (verão) „ e = 13,44 mmHg (verão)
Qo = 600 cal/cm2 dia (primavera) e = 7,25 mmHg (primavera)
„ Ta = 24°C „ s = 1,19×10 –7 cal/cm2dia
„ ψ (latitude) = 27,583° S
„ δ (declinação solar) = 0° → equinócio de primavera
23,45° S → solstício de verão

130

Climatologia_e_meteorologia.indb 130 28/11/11 10:08


Climatologia e Meteorologia

4) Calcular o balanço de ondas curtas e o balanço de ondas longas com os


valores do verão.

5) Calcular o balanço de ondas curtas e o balanço de ondas longas com os


valores de primavera.

6) Por que terrenos com face voltada para o sul, em regiões do extremo
sul do Brasil, não são considerados adequados para cultivos que
necessitem de grande ganho energético?

Unidade 4 131

Climatologia_e_meteorologia.indb 131 28/11/11 10:08


Universidade do Sul de Santa Catarina

Saiba mais
Se você desejar, aprofunde os conteúdos estudados nesta unidade
consultando as seguintes referências:

OMETTO, J. C. Bioclimatologia vegetal. São Paulo: Ceres,


1981.

PEREIRA, A. R.; ANGELOCCI, L. R.; SENTELHAS, P.


C. Agrometeorologia: fundamentos e aplicações Práticas. São
Paulo: Agropecuária Ltda., 2002.

TUBELIS, A.; NASCIMENTO, F. J. L. do. Meteorologia


descritiva. São Paulo: Nobel, 1988.

VIANELLO, R. L.; ALVES, A. R. Meteorologia básica e


aplicações. Viçosa: Universidade Federal de Viçosa, 1992.

132

Climatologia_e_meteorologia.indb 132 28/11/11 10:08


5
UNIDADE 5

Água na atmosfera

Objetivos de aprendizagem
„ Conhecer a dinâmica do vapor d’água na atmosfera.

„ Compreender a estimativa de umidade relativa e seu


papel na precipitação pluviométrica.

„ Identificar os climas e sua classificação.

Seções de estudo
Seção 1 Umidade do ar: constituinte variável

Seção 2 Quantificação da umidade atmosférica

Seção 3 Determinação da pressão atual de vapor de


água

Seção 4 Precipitação

Seção 5 Classificação climática

Climatologia_e_meteorologia.indb 133 28/11/11 10:08


Universidade do Sul de Santa Catarina

Para início de estudo


Como se sabe, a água pode ser encontrada na atmosfera nos três
estados de agregação: líquido, como as gotículas de chuva nas nuvens,
sólido como a neve e o granizo, ou gasoso, como o vapor d’água.

Além disso, a água é um carreador de energia, distribuindo-a por


todo o planeta. Nos seus movimentos dentro do ciclo hidrológico,
a água absorve energia em locais mais aquecidos, podendo
redirecionar essa energia para locais com menos energia.

Nesta Unidade, vamos iniciar o estudo sobre o vapor d’água,


que no ar, corresponde a uma das fases do ciclo hidrológico.
A presença da água é espacial e temporalmente variável na
Troposfera , uma vez que depende da superfície fornecedora
( solos, vegetação, oceanos, mares, lagos, rios e charcos).

A presença do vapor d’água na atmosfera é tratada como


umidade. Os termos pressão de vapor, umidade absoluta,
umidade específica, razão de mistura e umidade relativa a
variações na maneira de abordar a presença do vapor d’água.

Observaremos que após o vapor d’água condensar-se, ele


aparecerá sob a forma de nevoeiros, neblinas, nuvens e orvalho. A
intensificação desses processos poderá desencadear a precipitação
sob a forma de chuvas, neve ou granizo.

Seção 1 - Umidade do ar: constituinte variável


Pela sua estrutura, o vapor d’água interage fortemente com as
radiações terrestres, alterando o balanço de energia dentro de
uma superfície qualquer, exercendo as seguintes funções:

„ liberação ou absorção de água por meio dos processos de


mudança de fase (ciclo da água);

134

Climatologia_e_meteorologia.indb 134 28/11/11 10:08


Climatologia e Meteorologia

„ efeito termorregulador devido à capacidade de absorver


radiação infravermelha;

„ transporte de calor para as diferentes regiões da


atmosfera e da terra ( zona de convergência, zona de
convergência intertropical e células de Walker);

„ controlo da evapotranspiração das superfícies, ocorrência


de doenças e secagem de produtos - estações de aviso ).
Estações de aviso são
estações meteorológicas
A concentração de vapor d’água é máxima próximo ao que emitem alertas caso a
solo, e diminuindo à medida que se afasta dele. umidade chegue a níveis
críticos, capaz de provocar
doenças ou pragas nas
Da física básica, a Lei de Dalton explica que: “a pressão culturas.
exercida por cada constituinte é igual a sua pressão parcial,
proporcional ao número de moles de cada substância ou à
concentração molecular”.

Como medir a umidade do ar?

A umidade do ar pode ser medida por meio do Conjunto


Psicrométrico, o qual se baseia na ideia que “a energia presente
no meio é utilizada para a evaporação da água contida no tecido,
que envolve o bulbo do termômetro úmido”.

Como o conjunto significa um termômetro de bulbo seco e um


termômetro de bulbo úmido, tem-se, então, medida a temperatura
do ar seco e temperatura do ar úmido. Na tabela psicrométrica,
com esses dados, obtém-se a umidade relativa do ar.

A umidade do ar pode ser expressa por meio


dos seguintes parâmetros: umidade absoluta,
umidade saturação, umidade relativa e demanda
evaporativa.

Para entender o conceito de umidade do ar, é necessário iniciar os


estudos pelos conceitos básicos e a partir das deduções chegar ao
valor da umidade relativa.

Unidade 5 135

Climatologia_e_meteorologia.indb 135 28/11/11 10:08


Universidade do Sul de Santa Catarina

Aplicando a Lei de Dalton, cada componente (gás ou vapor)


comporta-se como se estivesse sozinho na mistura de ar. Assim:

Pressão atmosférica é igual à pressão do ar seco, ou


seja, sem nenhuma água, somada à pressão parcial de
vapor d’água ou também chamada de pressão atual de
vapor de água, representada pelas letras: (e, ea ou ed).
Em nossas deduções usaremos a letra (e).

Assim, temos:

Patm = (Par seco + e)

Onde (e) varia de zero até um valor máximo denominado pressão


de saturação do vapor de água (es). A pressão de saturação
do vapor d’água (es) aumenta com a temperatura, de forma
aproximadamente exponencial, expressa por uma equação
chamada de Tétens, que graficamente mostra a curva de es ou
curva de saturação, como mostra a Figura 5.1.

Figura 5.1 – Curva de es ou curva de saturação, a partir da equação de Tetens


Fonte: Elaboração do autor, 2009.

136

Climatologia_e_meteorologia.indb 136 28/11/11 10:08


Climatologia e Meteorologia

Do gráfico da Figura 5.1 resulta a equação de tétens

es = 4,58×10 mmHg,

que também pode ser expressa em milibares

es = 6,108×10 mb ou hpa.

Essa equação relaciona a pressão atual de vapor d’água com a


temperatura.

O ar não saturado pode atingir a saturação de duas formas:

„ aumento da sua concentração de vapor;

„ diminuição da temperatura, mantendo-se à pressão de


vapor constante.

A temperatura na qual atinge-se a saturação é denominada


temperatura do ponto de orvalho (to).

Temperatura de ponto de orvalho (To)


A temperatura de ponto de orvalho é aquela na qual a concentração
de vapor d’água no ar atinge um valor que é igual à tensão de
saturação de vapor d’água no meio. Isso ocorre por resfriamento da
temperatura do ar ou por adição de vapor d’água ao meio como, por
exemplo, sobre a superfície de mares, rios ou lagos.

É importante destacar que a dinâmica do vapor d’água na


atmosfera depende fundamentalmente dos ganhos energéticos
durante e sua presença, sendo absolutamente indispensável para
toda a espécie de vida na Terra. É um elemento decisivo no ciclo
hidrológico, nos dois sentidos, da atmosfera para a terra ou da
terra para a atmosfera. O vapor d’água atua como absorvedor de
radiação infravermelha, reemitindo-a para a atmosfera, com isso,
desempenha um papel termoregulador, impedindo que a camada
de ar junto ao solo se esfrie durante a noite.

Unidade 5 137

Climatologia_e_meteorologia.indb 137 28/11/11 10:08


Universidade do Sul de Santa Catarina

Quando o vapor muda de estado passando para o estado


líquido, libera calor latente de mudança de estado, aquecendo,
assim, a atmosfera. Para entender melhor esses processos,
é necessário adentrar nos conceitos físicos por meio da
termodinâmica do vapor d’água.

Seção 2 - Quantificação da umidade atmosférica


Em meteorologia, o termo umidade atmosférica se refere à
presença de vapor d’água na atmosfera e não à presença de água
na forma líquida e sólida. A quantificação do vapor d’água não
pode ser feito por meio da sua captura e pesagem, pois isso é
impraticável. Para isso, usam-se parâmetros que podem ser usados
para expressar quantitativamente o vapor d’água na atmosfera.

Considerando que o vapor d’água é dito perfeito (ou ideal),


quando obedece rigorosamente às leis de Boyle e Charles – Gay
Lussac, admite que: entre as moléculas de um gás não existe
qualquer tipo de interação, exceto quando colidem.

Tais colisões, no entanto, são consideradas


perfeitamente elásticas, não havendo perdas de energia.
As moléculas do gás têm dimensões desprezíveis em
comparação aos espaços vazios entre elas.

Assim, Tanto es como e se comportam como uma mistura de


gases ideais à baixa pressão.

Umidade Absoluta (UA) - Massa de vapor de água no volume de


ar a ser saturado.

Aplicando-se a equação de estado para um gás ideal, a partir da


aplicação da primeira lei de Charles – Gay Lussac, temos:
A pressão utilizada é a pressão
atual de vapor d’água (e).
pV = nRT
eV = nRT

138

Climatologia_e_meteorologia.indb 138 28/11/11 10:08


Climatologia e Meteorologia

Sendo:

p = e = pressão atual do vapor d’água (mmHg)


V = volume de ar a ser saturado (m3)
n = número de moles (g/mol)

mV = massa do volume
MV = massa atômica dos constituintes do volume

MV (água) = H2 ⇒ 1 × 2 = 2 e O ⇒ 16, então: 2 + 16 = 18 g/mol

R = constante universal dos gases =

Umidade de Saturação (US) - Massa de vapor de água no


volume de ar saturado.

Semelhante a equação anterior, aplicando-se a equação de estado


para um gás ideal, a partir da aplicação da primeira lei de Charles
– Gay Lussac, temos:

pV = nRT
esV = nRT A pressão utilizada é a pressão de
saturação do vapor d’água (es).

Unidade 5 139

Climatologia_e_meteorologia.indb 139 28/11/11 10:08


Universidade do Sul de Santa Catarina

Sendo:

p = e = pressão atual do vapor d’água (mmHg)


V = volume de ar a ser saturado (m3)
n = número de moles (g/mol)
mV = massa do volume
MV = massa atômica dos constituintes do volume

MV (água) = H2 ⇒ 1 × 2 = 2 e O ⇒ 16, então: 2 + 16 = 18 g/mol

R = constante universal dos gases =

Umidade relativa (UR) - A relação entre a umidade absoluta e


umidade de saturação é denominada umidade relativa.

Vento e radiação formam de forma mais acintosa o gradiente


entre (e) e (es).

Para estimar a umidade relativa é necessário conhecer os valores


de (e) e de (es). Como você estudou anteriormente, por meio da
equação de Tétens, é calculado o valor de (es), restando, ainda,
algumas deduções e considerações para o cálculo de (e).

140

Climatologia_e_meteorologia.indb 140 28/11/11 10:08


Climatologia e Meteorologia

Seção 3 - Determinação da pressão atual de vapor de


água
As deduções apresentadas a seguir, com o objetivo de mostrar
de maneira bastante simplificada o caminho necessário para
encontras os valores de (e), para finalmente estimar a umidade
relativa, que é nosso objetivo.
Leia atentamente cada
conceito e seus cálculos,
Razão de Mistura (W) - relação entre a massa do vapor de água porque eles são a base
e a massa do ar seco para a estimativa de (e).

Mv = massa atômica dos constituintes do volume


Mar = massa atômica dos constituintes dos dois principais gases
da atmosfera, que são o nitrogênio e o oxigênio

Mv = 18 g/mol
Mar = 29 g/mol

Vale salientar que aqui se trata de uma separação da pressão atual


do vapor d’água (e) e a pressão do ar (par).

Como patm = par + e ⇒ par = patm – e, então:

Unidade 5 141

Climatologia_e_meteorologia.indb 141 28/11/11 10:08


Universidade do Sul de Santa Catarina

Umidade Específica - Relação entre a massa de vapor de água e


a massa de ar úmido

Divide-se numerador e o denominador por mar.

⇒ como , então

substituindo w, temos:

Como patm é muito maior que (0,378 de e), então não se atribui
esse valor, retirando-o da equação.

Entendendo que calor sensível (Qar) é o calor utilizado para


a variação da temperatura, e que calor latente(Qe) é o calor
utilizado na mudança de estado.

142

Climatologia_e_meteorologia.indb 142 28/11/11 10:08


Climatologia e Meteorologia

Coletando-se a temperatura por meio do psicrômetro e


entendendo que o calor absorvido pelo sistema (calor sensível) é
o próprio calor utilizado na evaporação (calor latente), pode-se
deduzir que:

Qar – Qe
mc(t – tu) = mL(q’ – q)

mesma massa:

c(t – tu) = L(q’ – q)

Isolando as constantes 0,622 e patm, temos:

Quando reduzimos a constante psicrométrica (γ) à pressão


atmosférica, temos:

γ(psicrômetro ventilado) = 0,5 mmHg/°C


γ(psicrômetro não ventilado) = 0,6 mmHg/°C

e = e’s – γ(t –tu)

Esta é, enfim, a equação para calcular (e).

Unidade 5 143

Climatologia_e_meteorologia.indb 143 28/11/11 10:08


Universidade do Sul de Santa Catarina

Vale destacar as siglas mais comuns utilizadas:


m = massa de ar
c = calor específico à pressão constante do ar
T = temperatura do ar
(medida com termômetro de bulbo seco)
Tu = termômetro úmido
(medida com termômetro de bulbo úmido)
L = calor latente de condensação
q’ = umidade específica após passar pelo termômetro
úmido
q = umidade específica antes de passar pelo
termômetro úmido
e’s = pressão de saturação do termômetro úmido

Finalmente:

Como e = e’s – γ(t –tu)

Exemplo 1
Calcule a umidade relativa
T (bulbo seco) = 27,2°C e = e’s – γ(t –tu)
Tu (bulbo úmido) = 23,4°C e = 21,58 – 0,6(27,2 – 23,4)
UR = ? e = 21,58 – 2,28
e = 19,03 mmHg

UR ≅ 71%

144

Climatologia_e_meteorologia.indb 144 28/11/11 10:08


Climatologia e Meteorologia

Exemplo 2
Provável nível de condensação na atmosfera (altura da base das
nuvens)

A temperatura de ponto de orvalho é que vai determinar o nível


de condensação das nuvens, ou seja, a altura da base da nuvem
que é a altura na qual o ar atinge a saturação. Ela determina,
ainda, em termos de superfície, os fenômenos de orvalho, geadas,
nevoeiro e neblina, como vermos mais a frente.

Assim, para determinar o provável nível de condensação,


deveremos saber primeiro a temperatura do ponto de orvalho.

Tar = 25°C
UR = 75%

Caminho para cálculos:

a) encontrar es;

Também pode ser encontrado pela tabela 5.1 observando a


coluna 25 juntamente com a linha 0 (zero).

Resultado = 23,75

b) com UR e (es), encontrar pressão atual de vapor d’água (e).

Neste exemplo encontrou-se (e), com a UR e o (es), porém,


pode-se encontrar (e) por meio da equação: e = e’s – γ(t –tu), em
caso de não se ter a umidade relativa, tendo somente os dados do
psicrômetro, ou seja, temperatura do bulbo seco e temperatura do
bulbo úmido.

c) ir na tabela de Tétens com e, e encontrar a temperatura, ou


utilizar a equação t0.

Unidade 5 145

Climatologia_e_meteorologia.indb 145 28/11/11 10:08


Universidade do Sul de Santa Catarina

Por meio da tabela: (recomendado pela facilidade) Visualize no


centro (miolo) da Tabela 5.1 com valor mais próximo de 17,792
que é 17,86. Com este valor você encontra 20,3ºC. (20°C que
está na linha + 0,3°C que está na coluna).

Ou por meio da equação: (utilizada em planilhas e modelos


matemáticos).

Por meio da equação:

Aqui pode ocorrer a diferença (20,3) devido ao arredondamento.

d) com a diferença entre as duas temperaturas, e sabendo que o


gradiente adiabático seco, ou seja, a redução da temperatura, com
aumento da altura na atmosfera, é de 1°C para cada 100m.

A diferença entre as duas temperaturas significa que a


temperatura no solo terá que diminuir alguns graus para ocorrer
a condensação, e essa diminuição ocorre porque a massa de ar se
eleva na atmosfera.

Altura = (Tar – t0)∙100 ⇒ Altura (25 – 20,3) ∙100 = 470 m

Para os exercícios é mais simples utilizar a tabela.

146

Climatologia_e_meteorologia.indb 146 28/11/11 10:08


Climatologia e Meteorologia

Tabela 5.1 Tensão máxima de vapor sobre a água em milímetros de Hg


T(oC) 0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9
0 4,58 4,61 4,65 4,68 4,72 4,75 4,78 4,82 4,85 4,89
1 4,92 4,96 5,00 5,03 5,07 5,10 5,14 5,18 5,22 5,25
2 5,29 5,33 5,37 5,41 5,44 5,48 5,52 5,56 5,60 5,64
3 5,68 5,72 5,76 5,80 5,85 5,89 5,93 5,97 6,01 6,06
4 6,10 6,14 6,18 6,23 6,27 6,32 6,36 6,41 6,45 6,50
5 6,54 6,59 6,63 6,68 6,73 6,77 6,82 6,87 6,92 6,96
6 7,01 7,06 7,11 7,16 7,21 7,26 7,31 7,36 7,41 7,46
7 7,51 7,56 7,62 7,67 7,72 7,77 7,83 7,88 7,93 7,99
8 8,04 8,10 8,15 8,21 8,27 8,32 8,38 8,44 8,49 8,55
9 8,61 8,67 8,73 8,78 8,84 8,90 8,96 9,02 9,08 9,15
10 9,21 9,27 9,33 9,39 9,46 9,52 9,58 9,65 9,71 9,78
11 9,84 9,91 9,97 10,04 10,11 10,17 10,24 10,31 10,38 10,45
12 10,52 10,59 10,66 10,73 10,80 10,87 10,94 11,01 11,08 11,16
13 11,23 11,30 11,38 11,45 11,53 11,60 11,68 11,76 11,83 11,91
14 11,99 12,06 12,14 12,22 12,30 12,38 12,46 12,54 12,62 12,70
15 12,79 12,87 12,95 13,04 13,12 13,20 13,29 13,37 13,46 13,55
16 13,63 13,72 13,81 13,90 13,99 14,08 14,16 14,26 14,35 14,44
17 14,53 14,62 14,71 14,81 14,90 15,00 15,09 15,19 15,28 15,38
18 15,48 15,57 15,67 15,77 15,87 15,97 16,07 16,17 16,27 16,37
19 16,48 16,58 16,68 16,79 16,89 17,00 17,10 17,21 17,32 17,42
20 17,53 17,64 17,75 17,86 17,97 18,08 18,19 18,31 18,42 18,53
21 18,65 18,76 18,88 18,99 19,11 19,23 19,35 19,46 19,58 19,70
22 19,82 19,95 20,07 20,19 20,31 20,44 20,56 20,69 20,81 20,94
23 21,07 21,19 21,32 21,45 21,58 21,71 21,84 21,97 22,11 22,24
24 22,37 22,51 22,64 22,78 22,92 23,05 23,19 23,33 23,47 23,61
25 23,75 23,89 24,04 24,18 24,32 24,47 24,61 24,76 24,91 25,06
26 25,20 25,35 25,50 25,65 25,81 25,96 26,11 26,27 26,42 26,58
27 26,73 26,89 27,05 27,21 27,37 27,53 27,69 27,85 28,01 28,18
28 28,34 28,51 28,67 28,84 29,01 29,18 29,35 29,52 29,69 29,86
29 30,03 30,21 30,38 30,56 30,74 30,91 31,09 31,27 31,45 31,63
30 31,81 32,00 32,18 32,37 32,55 32,74 32,93 33,11 33,30 33,49
31 33,68 33,88 34,07 34,26 34,46 34,66 34,85 35,05 35,25 35,45
32 35,65 35,85 36,06 36,26 36,46 36,67 36,88 37,09 37,29 37,50
33 37,72 37,93 38,14 38,35 38,57 38,79 39,00 39,22 39,44 39,66
34 39,88 40,11 40,33 40,55 40,78 41,01 41,23 41,46 41,69 41,93
35 42,16 42,39 42,63 42,86 43,10 43,34 43,58 43,82 44,06 44,30

Unidade 5 147

Climatologia_e_meteorologia.indb 147 28/11/11 10:08


Universidade do Sul de Santa Catarina

Condensação na atmosfera
A condensação pode ocorrer por aumento da pressão de vapor
d’água, que é o que ocorre sobre as superfícies dos mares
formando o nevoeiro de advecção, e pode ocorrer também por
resfriamento de ar.

O resfriamento de ar pode ocorrer por condução de calor, por


irradiação, por misturas de massas de ar e por expansão adiabática.

Os nevoeiros de irradiação são originários dos


processos de resfriamento do ar por condução de calor
e por irradiação.

O resfriamento por misturas de massas de ar produz chuvas


moderadas a intensas. O resfriamento de ar, de modo geral, produz
chuvas desde que existam núcleos de condensação no ar para que
esse vapor d’água saturado possa se aglutinar em torno dele.

Os núcleos de condensação são classificados em:

a) neutros;

b) moderadamente higroscópicos = cloreto de sódio;

c) higroscópicos = poluentes, óxidos de enxofre e fósforo.

A diferença entre eles está no ponto de umidade relativa, sendo


que os neutros possuem umidade relativa de 97 a 98% e os
moderadamente higroscópicos possuem umidade relativa maior
do que 80%.

O importante é que esse processo de condensação provoca


liberação de calor latente para a atmosfera, resultando em menor
perda energética, ou seja, maior saldo de radiação para a planta.

O orvalho é a condensação do vapor d’água atmosférico


que ocorre sobre a superfície foliar em função da baixa
temperatura da folha.

148

Climatologia_e_meteorologia.indb 148 28/11/11 10:08


Climatologia e Meteorologia

Figura 5.2 – Orvalho em folha de gramínea


Fonte: Fotografia Digital, 2011.

A geada, do ponto de vista meteorológico, ocorre quando a


temperatura atinge 0ºC sobre as superfícies expostas.

Após o congelamento do orvalho e com a continuação da queda


da temperatura, o vapor d’água do ar em contato com a superfície
fria passa diretamente para o estado sólido, depositando-se sobre as
superfícies e conferindo um aspecto esbranquiçado sobre a paisagem.
Para a agricultura, o conceito de geada está relacionado com danos.

Figura 5.3 – Visualização de geada branca


Fonte: Portal do jardim, 2009.

O nevoeiro é um conjunto visível de partículas microscópicas de


água líquida em suspensão na atmosfera junto ao solo, capaz de
reduzir a visibilidade horizontal.

As neblinas são nevoeiros nos quais as partículas que se


constituem nos núcleos de condensação. Essas partículas
são tão grandes (maior do que 60 microns) que chegam a
provocar o molhamento das superfícies, as quais se chocam
horizontalmente com elas.

Unidade 5 149

Climatologia_e_meteorologia.indb 149 28/11/11 10:08


Universidade do Sul de Santa Catarina

Figura 5.4 – Visualização de nevoeiro de irradiação


Fonte: Fotografia do acervo do autor.

O nevoeiro e/ou neblina acarreta a visibilidade que é a máxima


distância horizontal que os objetos podem ser reconhecidos.

As nuvens são decorrentes da ascensão das massas de ar pelo


processo de expansão adiabática, o que segue o 1º princípio de
termodinâmica (Q = u+w), ou seja, a variação de calor é função
da energia interna e do trabalho realizado pelo sistema.

As nuvens podem ser líquidas (constituídas por


gotículas de água), sólidas (constituídas por cristais de
gelo) e mistas (constituídas por gotículas de água e
cristais de gelo).

Os 10 tipos básicos de nuvens que são reconhecidos


internacionalmente são mostrados na Figura 5.5.

150

Climatologia_e_meteorologia.indb 150 28/11/11 10:08


Climatologia e Meteorologia

Figura 5.5 – Esquema representando os níveis de condensação, as respectivas nuvens e sua


classificação segunda altura e forma
Fonte: UFPR, Departamento de Física, 2009.

De acordo com o Altas Internacional de Nuvens da OMM


(Organização Meteorológica Mundial), existem três estágios de
nuvens:

„ Nuvens Altas - base acima de 6km de altura - sólidas;

„ Nuvens Médias - base entre 2 a 4 km de altura nos polos,


entre 2 a 7 km em latitudes médias, e entre 2 a 8 km no
equador - líquidas e mistas;

„ Nuvens Baixas - base até 2km de altura - líquidas.

Conheça, a seguir, os tipos de nuvens existentes, segundo essa


classificação e suas respectivas características.

Nuvens altas
Família de nuvens altas  formam-se acima de 6.000 metros de
altura.

Cirrus (Ci) - Nuvens finas, delicadas, fibrosas, formadas de


cristais de gelo.

Unidade 5 151

Climatologia_e_meteorologia.indb 151 28/11/11 10:08


Universidade do Sul de Santa Catarina

Figura 5.6 – Nuvem Cirrus


Fonte: Silva, 2005.

Cirruscumulus (Cc) - Nuvens finas, brancas, de cristais de gelo,


na forma de ondas ou massas globulares em linhas. É a menos
comum das nuvens altas.

Figura 5.7 – Nuvem Cirrocumulus Stratiformis


Fonte: Silva, 2005.

Cirrustratus (Cs) - Camada fina de nuvens brancas de cristais de


gelo que podem dar ao céu um aspecto leitoso; às vezes, produz
halos em torno do sol ou da Lua.

Figura 5.8 – Nuvem Cirrostratus Fibratus Undulatus


Fonte: Silva, 2005.

152

Climatologia_e_meteorologia.indb 152 28/11/11 10:08


Climatologia e Meteorologia

Nuvens médias
Família de nuvens médias  formam-se entre 2 a 6.000 metros
de altura.

Autocumulus (Ac) - Nuvens brancas a cinzas constituídas de


glóbulos separados ou ondas.

Figura 5.9 – Nuvem Altocumulus Stratiformis Undulatus


Fonte: Silva, 2005.

Altostratus (As): Camada uniforme branca ou cinza, que pode


produzir precipitação muito leve.

Figura 5.10 – Nuvem Altocumulus Stratiformis Undulatus


Fonte: Silva, 2005.

Nuvens baixas
Família de nuvens baixas  formam-se abaixo de 2000 metros
de altura.

Unidade 5 153

Climatologia_e_meteorologia.indb 153 28/11/11 10:09


Universidade do Sul de Santa Catarina

Stratocumulus (Sc) - Nuvens cinzas em rolos ou formas


globulares, que formam uma camada.

Figura 5.11 – Nuvem Stratocumulus Lenticularis Cumulogenitus


Fonte: Silva, 2005.

Stratus (St) - Camada baixa, uniforme, cinza, parecida com


nevoeiro, mas não baseada sobre o solo. Pode produzir chuvisco.

Figura 5.12 – Nuvem Stratus Nebulosus Opacus


Fonte: Silva, 2005.

Ninbostrotus (Ns) - Camada amorfa de nuvens cinza escuro.


Uma das mais associadas à precipitação.

Figura 5.13 – Nuvem Nimbostratus Pannus


Fonte: Silva, 2005.

154

Climatologia_e_meteorologia.indb 154 28/11/11 10:09


Climatologia e Meteorologia

Família de nuvens com desenvolvimento vertical

As nuvens de desenvolvimento vertical estão associadas ao alto


ganho de energia na superfície e consequente elevação da nuvem.
Correntes convectivas associadas ao ar instável podem produzir
nuvens cumulus, cumulus congestus e cumulonimbus.

Como a convecção é controlada pelo aquecimento solar, o


desenvolvimento de nuvens cumulus frequentemente segue a
variação diurna da insolação. Num dia de bom tempo, as nuvens
cumulus começam a formar-se do meio para o final da manhã,
após o sol ter aquecido o solo.

Cumulus (Cu) - Nuvens densas, com contornos salientes,


ondulados e bases frequentemente planas, com extensão vertical
pequena ou moderada. Podem ocorrer isoladamente ou dispostas
próximas umas das outras.

Figura 5.14 – Nuvem Cumulus Congestus


Fonte: Instituto Nacional de Meteorologia – INMET.

Cumulunimbus (Cb) - Nuvens altas, algumas vezes espalhadas


no topo de modo a formar uma “bigorna”. Associadas com
chuvas fortes, raios, granizo e tornados.

Figura 5.15 – Nuvem Isolada


Cumulonimbus Capillatus com
Cumulus Congestus e Mediocris
Fonte: Instituto Nacional de
Meteorologia – INMET.

Unidade 5 155

Climatologia_e_meteorologia.indb 155 28/11/11 10:09


Universidade do Sul de Santa Catarina

As Nimbostratus e Cumulonimbus são as nuvens


responsáveis pela maior parte da precipitação.

Seção 4 - Precipitação
Para que ocorra condensação tem que ocorrer a seguinte
condição: e = es , o que significa que a pressão atual de vapor
d’água é igual à pressão de saturação, correspondendo à
condensação, a qual pode ocorrer por:

„ irradiação;

„ condução de calor;

„ misturas de massa de ar:

» Cirrus Alto-stratus;

» Chuvas moderadas ou intensas;

„ expansão adiabática:

» Precipitação moderada a intensa,

» Característica de chuvas fortes de verão.

Para que essa condensação se mantenha no meio, desde alturas


próximas como alturas mais distantes do solo, é preciso ter
Núcleos de condensação, que são:

a) óxidos de enxofre e de fósforo - ativos (UR>80%)

b) cloreto de sódio – moderadamente higoscrópico (UR=


97-98%)

A curvatura e tamanho da gota podem fazer com que a


condensação inicie antes da umidade relativa atingir 100%.

156

Climatologia_e_meteorologia.indb 156 28/11/11 10:09


Climatologia e Meteorologia

Precipitação é o resultado final do vapor d’água que se


condensou e se transformou em gotas de dimensão
suficiente para quebrar a tensão suporte e cair.

Para ocorrer a precipitação é preciso haver núcleos de


condensação, isto é: elemento de nuvem e elementos de
precipitação.

O tamanho das gotículas é que define a diferença entre


elementos de nuvem e elementos de precipitação.

A transformação de elemento de nuvem em elemento de precipitação


chama-se coalescência, que é união do vapor d’água aos núcleos de
condensação, formando as gotículas formadoras de chuva.

Para que haja coalescência deve ocorrer no interior da nuvem:

a) Diferença de temperatura entre os elementos de


nuvens - caracteriza a diferença de pressão de vapor
entre partículas à aumento das gotículas menos
energéticas (mais frias) por choque entre os elementos.

b) Diferenças de tamanho entre os elementos de nuvens


- caracteriza a diferença de tensão superficial entre
partículas à maior velocidade: fluxo das menores para
maiores partículas.

c) Movimentos turbulentos dos elementos nuvens -


quantidade de momentum adquirido pela ascensão da
massa de ar, obtida por meio da variação da energia
interna.

d) Esses movimentos turbulentos que geram a ascensão da


massa de ar a níveis do ponto de congelamento ou do
ponto de sublimação (neve).

e) Existência de cargas elétricas entre os elementos de


nuvens produz a atuação eletrostática no interior da
nuvem.

Unidade 5 157

Climatologia_e_meteorologia.indb 157 28/11/11 10:09


Universidade do Sul de Santa Catarina

As partículas de menor massa vêm em direção as de maior massa,


ocasionando cada vez mais o aumento das gotículas.

Tipos de precipitação
As quantidades e tipos de precipitação que chegam ao solo são
os produtos finais de uma cadeia de processos que ocorrem em
escalas, desde centímetros até milhares de quilômetros, deste
modo, a configuração global da precipitação reflete a distribuição
de todos os sistemas.

A seguir estão listados alguns tipos de precipitação, verifique.

Chuvas leves – podem ser divididas em 2 categorias:

„ Garoa - injeção de vapor d’água. Superfície umedecida


com maior energia para o ar menos energético situado
acima.

„ Mistura de massa de ar - massa fria recebe a atuação de


uma massa quente. Geralmente se forma pela a ação de
frentes quentes. Forma primeiro as nuvens cirrus, alto-
stratus, baixo stratus. Podem formar nimbustratus, isto
é, característica de chuvas intensas e escurecimento local.

„ Chuvas intensas – possuem movimentos convectivos,


com exceção daquelas formadas por nimbustratus. Pela
alta energia envolvida na ascensão da massa pode gerar
granizo e neve.

» Nuvens características: Cumulunimbus, Cumulus.

» As chuvas intensas são também chamadas de


convectivas

Chuva convectiva: a convencção resulta do forte aquecimento do


ar e caracteriza-se por movimentos ascencionais turbilhonares e
vigorosos, que elevam o ar úmido. Atingindo a saturação,expressa
pela temperatura do ponto de orvalho (TPO), ocorre a formação
de nuvens e a precipitação.

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Climatologia_e_meteorologia.indb 158 28/11/11 10:09


Climatologia e Meteorologia

Figura 15.16 - Chuva intensa ou convectiva


Fonte: Mendonça, 2007.

Chuvas frontais – é formada com o encontro de massas de ar


(frias), ou seja, frentes frias com baixa energia e alta densidade.

Oclusão de massa de ar - As frentes quentes e frias alternam-se


umas sobre as outras, não definindo o domínio de uma ou de
outra. As chuvas são contínuas durante vários dias até que se
defina o domínio de uma das massas de ar. As oclusões formam
nuvens nimbustratus e cumulus.

Figura 15.17 - Chuvas frontais


Fonte: Mendonça, 2007.

Unidade 5 159

Climatologia_e_meteorologia.indb 159 28/11/11 10:09


Universidade do Sul de Santa Catarina

Chuvas orográficas – são chuvas formadas por efeito


topográfico. Encontro de massa de ar com uma montanha sendo
forçada a se elevar pela formação topográfica. O exemplo mais
comum que ocorre são as chuvas que se formam na serra do Mar.

Figura 15.18 - Chuvas Orográficas


Fonte: Mendonça, 2007.

Como é medida a precipitação?

Como você já estudou, a precipitação é medida em milímetros


(mm), que corresponde a 1 litro de água / m² de solo, ou seja, 1
mm de precipitação corresponde à altura que se eleva 1 litro de
água quando homogeneamente distribuída numa base de 1 metro
quadrado. Assim, dizer em que tal região houve uma precipitação
de “10 mm”, significa dizer que (em média) cada ‘metro
quadrado’ dessa região recebeu ‘10 litros’ de água da chuva.

Um meio de efetuar a medida é usar uma vasilha de grande


diâmetro de ‘boca’ e medir o volume de água acumulado por
meio do uso de uma proveta. Dividindo o volume de água
coletada pela área de captação do recipiente, pode-se obter dados
com precisão de décimos de milímetro.

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Climatologia_e_meteorologia.indb 160 28/11/11 10:09


Climatologia e Meteorologia

Imagine que foi usada uma lata de leite em pó, cuja


‘boca’ tem diâmetro de 10 cm, e recolheu-se 400 cm3
(medidos com uma proveta) de água durante. De
quantos ‘milímetros’ foi a precipitação?
Primeiro, deve-se determinar qual a área da ‘boca’ da
lata. Da geometria, a área do círculo em função do seu
raio é dada por Acírculo = π.r2.
Como o diâmetro da lata mede 10 cm, seu raio será de
5 cm; então:
A’boca’ = 3,14 x 52 = 78,5 cm2 . Dividindo-se o volume
de água (400 cm3) pela área da ‘boca’ da lata (78,5
cm2) encontra-se 5,095 cm ou 50,95 mm. Essa foi a
precipitação da chuva: 50,95 mm.

Intensidade/precipitação - mm/h ou mm/min

A intensidade de precipitação é um importante dado para


avaliações hidrológicas como o calculo de vazões, avaliação de
erosão de solos, cálculos de enchentes, dentre outros. As unidades
indicam as chuvas por unidade de tempo.

Considere uma chuva de 20mm. Se a chuva ocorrer


durante o período de um dia inteiro, este volume é
bem distribuído, facilitando a infiltração de água no
solo ou seu escoamento superficial. No entanto se
chover 20mm em quinze minutos, este volume de
água se acumulará na superfície, podendo aumentar
os danos de erosão ou causar enchentes.

Medidores e registradores de precipitação – nas estações


meteorológicas são usados pluviômetros padronizados. O mais
utilizado no Brasil é o padrão francês, conhecido como “Ville
de Paris”.
Em algumas estações
pode-se usar o Pluviógrafo

Unidade 5 161

Climatologia_e_meteorologia.indb 161 28/11/11 10:09


Universidade do Sul de Santa Catarina

Seção 5 - Classificação climática


A classificação climática de Köppen-Geiger, mais conhecida por
classificação climática de Köppen, é o sistema de classificação
global dos tipos climáticos mais utilizada em geografia,
climatologia e ecologia. A classificação foi proposta em 1900,
pelo climatologista alemão Wladimir Köppen, tendo sido por ele
aperfeiçoada em 1918, 1927 e 1936, com a publicação de novas
versões, preparadas em colaboração com Rudolf Geiger (daí o
nome Köppen-Geiger).

A classificação é baseada no pressuposto, com origem na


fitossociologia e na ecologia, de que a vegetação natural de cada
grande região da Terra é essencialmente uma expressão do clima
nela prevalecente. Assim, as fronteiras entre regiões climáticas
foram selecionadas para corresponder, tanto quanto possível, às
áreas de predominância de cada tipo de vegetação, razão pela
qual a distribuição global dos tipos climáticos e a distribuição dos
biomas apresenta elevada correlação.

Na determinação dos tipos climáticos de Köppen-Geiger,


são considerados a sazonalidade e os valores médios anuais e
mensais da temperatura do ar e da precipitação. Cada grande
tipo climático é denotado por um código, constituído por letras
maiúsculas e minúsculas, cuja combinação denota os tipos e
subtipos considerados. Contudo, a classificação de Köppen-Geiger,
em certos casos, não distingue entre regiões com biomas muito
distintos, pelo que têm surgido classificações dela derivadas, a mais
conhecida das quais é a classificação climática de Trewartha.

Estrutura geral da classificação

A classificação climática de Köppen-Geiger divide os climas


em 5 grandes grupos (“A”, “B”, “C”, “D”, “E”) e diversos tipos e
subtipos. Cada clima é representado por um conjunto variável de
letras (com 2 ou 3 caracteres), com a seguinte significação:

162

Climatologia_e_meteorologia.indb 162 28/11/11 10:09


Climatologia e Meteorologia

„ Primeira letra - uma maiúscula (“A”, “B”, “C”, “D”, “E”)


que denota a característica geral do clima de uma região,
A primeira letra (indicador
constituindo o indicador do grupo climático (em grandes de grupo)
linhas, os climas mundiais escalonam-se de “A” a “E”,
indo do equador aos polos).

„ Segunda letra - uma minúscula, que estabelece o tipo de


clima dentro do grupo, e denota as particularidades do
A segunda letra (indicador
regime pluviométrico, isto é, a quantidade e distribuição de tipo).
da precipitação (apenas utilizada caso a primeira letra seja
“A”, “C” ou “D”). Nos grupos cuja primeira letra seja “B” ou
“E”, a segunda letra é também uma maiúscula, denotando
a quantidade da precipitação total anual (no caso “B”) ou a
temperatura média anual do ar (no caso “E”).

„ Terceira letra - minúscula, denotando a temperatura


média mensal do ar dos meses mais quentes (nos casos
em que a primeira letra seja “C” ou “D”) ou a temperatura
média anual do ar (no caso da primeira letra ser “B”).

O significado de cada uma das primeiras letras utilizadas é o seguinte:

Tabela 5.2 – Classificação climática - significado das primeiras letras


Código Tipo Descrição
• Climas megatérmicos
• Temperatura média do mês mais frio do ano > 18°C
A Clima tropical
• Estação invernosa ausente
• Forte precipitação anual
• Climas secos (precipitação anual inferior a 500 mm)
B Clima árido • Evapotranspiração potencial anual superior à precipitação anual
• Não existem cursos de água permanentes
• Climas mesotérmicos
Clima temperado • Temperatura média do ar dos 3 meses mais frios, compreendida entre
C ou Clima temperado -3°C e 18°C
quente • Temperatura média do mês mais quente > 10°C
• Estações de Verão e Inverno bem definidas
• Climas microtérmicos
Clima continental • Temperatura média do ar no mês mais frio < -3°C
D ou Clima temperado
frio • Temperatura média do ar no mês mais quente > 10°C
• Estações de Verão e Inverno bem definidas
• Climas polares e de alta montanha
E Clima glacial • Temperatura média do ar no mês mais quente < 10°C
• Estação do Verão pouco definida ou inexistente
Fonte: Classificação climática de Koppen. Meteorologia, 2008.

Unidade 5 163

Climatologia_e_meteorologia.indb 163 28/11/11 10:09


Universidade do Sul de Santa Catarina

O significado de cada uma das segundas letras utilizadas é o


seguinte:

Tabela 5.3 – Classificação climática - significado das segundas letras


Código Descrição Aplica-se ao grupo
• Clima das estepes
S B
• Precipitação anual total média compreendida entre 380 e 760 mm
• Clima desértico
W B
• Precipitação anual total média < 250 mm
• Clima úmido
f • Ocorrência de precipitação em todos os meses do ano A-C-D
• Inexistência de estação seca definida
w • Chuvas de Verão A-C-D
s • Chuvas de Inverno A-C-D
w’ • Chuvas de Verão-outono A-C-D
s’ • Chuvas de Inverno-outono A-C-D
• Clima de monção:
m • Precipitação total anual média > 1500 mm A
• Precipitação do mês mais seco < 60 mm
T • Temperatura média do ar no mês mais quente, compreendida entre 0 e 10°C E
F • Temperatura média do mês mais quente < 0°C E
• Precipitação abundante
M E
• Inverno pouco rigoroso
Fonte: Classificação climática de Koppen. Meteorologia, 2008.

A terceira letra utiliza-se para distinguir climas com diferentes


variações de temperatura do ar, definindo-se com ela subtipos
somente para os climas dos grupos B, C e D:

Tabela 5.4 – Classificação climática – variações dos grupos B, C e D


Aplica-se
Código Descrição aos grupos
a: Verão quente • Temperatura média do ar no mês mais quente > 22°C C-D
• Temperatura média do ar no mês mais quente < 22°C
b: Verão temperado C-D
• Temperaturas médias do ar nos 4 meses mais quentes > 10°C
• Temperatura média do ar no mês mais quente < 22°C
c: Verão curto e fresco • Temperaturas médias do ar > 10°C durante menos de 4 meses C-D
• Temperatura média do ar no mês mais frio > -38°C

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Climatologia_e_meteorologia.indb 164 28/11/11 10:09


Climatologia e Meteorologia

d: Inverno muito frio • Temperatura média do ar no mês mais frio < -38°C D
• Temperatura média anual do ar > 18°C
e: Seco e quente • Deserto ou semideserto quente (temperatura anual média do ar B
igual ou superior a 18°C)
• Temperatura média anual do ar < 18°C
f: Seco e frio • Deserto ou semideserto frio (temperatura anual media do ar B
inferior a 18°C)
Fonte: Classificação climática de Koppen. Meteorologia, 2008.

Tipos e subtipos climáticos


Da combinação da primeira e da segunda letra dos códigos
descritos nas tabelas anteriores, obtém-se os seguintes tipos
climáticos. Veja a seguir.

Cód. Tipo climático


clima tropical - climas megatérmicos das regiões tropicais e
A
subtropicais
Af clima tropical úmido ou clima equatorial
Am clima de monção
Aw clima tropical com estação seca de Inverno
As clima tropical com estação seca de Verão
clima árido - climas das regiões áridas e dos desertos das regiões
B
subtropicais e de média latitude.
BS clima das estepes
BSh clima das estepes quentes de baixa latitude e altitude
BSk clima das estepes quentes de baixa latitude e altitude
BW clima desértico
BWh clima das regiões desérticas quentes de baixa latitude e altitude
clima das regiões desérticas frias das latitudes médias ou de
BWk
grande altitude
clima oceânico - climas das regiões oceânicas e marítimas e das
C
regiões costeiras ocidentais dos continentes
Cf clima temperado úmido, sem estação seca
Cfa clima temperado úmido, com verão quente
Cfb clima temperado úmido, com verão temperado

Unidade 5 165

Climatologia_e_meteorologia.indb 165 28/11/11 10:09


Universidade do Sul de Santa Catarina

Cód. Tipo climático


Cfc clima temperado úmido, com verão curto e fresco
Cw clima temperado úmido, com inverno seco
Cwa clima temperado úmido, com inverno seco e verão quente
Cwb clima temperado úmido, com inverno seco e verão temperado
Cwc clima temperado úmido, com inverno seco e verão curto e fresco
Cs clima temperado úmido, com verão seco (clima mediterrânico)
Csa clima temperado úmido com verão seco e quente
Csb clima temperado úmido, com verão seco e temperado
Csc clima temperado úmido, com verão seco, curto e fresco
clima continental ou climas temperados frios - clima das
D
grandes regiões continentais de média e alta latitude
Df clima temperado frio, sem estação seca
Dfa clima temperado frio, sem estação seca e com verão quente
Dfb clima temperado frio, sem estação seca e com verão temperado
Dfc clima temperado frio, sem estação seca e com verão curto e fresco
Dfd clima temperado frio, sem estação seca e com inverno muito frio
Dw clima temperado frio, com inverno seco
Dwa clima temperado frio, com inverno seco e com verão quente
Dwb clima temperado frio, com inverno seco e com verão temperado
Dwc clima temperado frio, com inverno seco e com verão curto e fresco
Dwd clima temperado frio, com inverno seco e muito frio
E clima glacial - clima das regiões circumpolares e das altas montanhas
ET clima de tundra
EF clima das calotes polares
EM clima das altas montanhas
Fonte: Classificação climática de Koppen. Meteorologia, 2008.

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Climatologia_e_meteorologia.indb 166 28/11/11 10:09


Climatologia e Meteorologia

Síntese
Nesta unidade, você estabeleceu uma relação entre o vapor d’água
na atmosfera, sua dinâmica energética, desde o momento da
saturação até a formação de nuvens e, finalmente, a precipitação.

O conceito de umidade relativa foi esclarecido, capacitando-o a


construir um psicrômetro com dois termômetros, podendo, por
meio das equações aqui apresentadas, estimar a umidade relativa.

Outro ponto importante abordado foi a precipitação e as


avaliações de suas medidas, nesse caso, você também pode, a
partir de agora, medir a precipitação e utilizar esses dados como
base para qualquer tipo de avaliação ambiental.

Conhecer os tipos de nuvens desde o nevoeiro até as grandes


nuvens cumulus nimbus, é fundamental para a localização dos
eventos climáticos em sua região.

Além disso, conheceu a abordagem simples da classificação


climática.

Unidade 5 167

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Universidade do Sul de Santa Catarina

Atividades de autoavaliação
Ao final de cada unidade, você realizará atividades de
autoavaliação. O gabarito está disponível no final do livro
didático. Mas esforce-se para resolver as atividades sem ajuda do
gabarito, pois, assim, você estará promovendo (estimulando) a sua
aprendizagem.

1) Estime para os quatro dias a umidade relativa (UR) e calcule o


provável nível de condensação (altura da base da nuvem) pela tabela
psicrométrica, completando a tabela a seguir:

Dias Bulbo seco Bulbo úmido UR calculada Altura nuvem


1 27,4 23
2 23,4 20
3 22,4 19
4 21 20,4

2) Qual a relação entre os tipos de nuvens e os tipos de precipitação?

168

Climatologia_e_meteorologia.indb 168 28/11/11 10:09


Climatologia e Meteorologia

3) Qual é a precipitação decorrente de nuvens cumulonimbus? E qual a


importância das medidas da precipitação para essas precipitações.

4) Qual a altura pluviométrica proveniente de uma medida feita com uma


lata de 8 cm de diâmetro, sendo coletado 200cm3 de água, após uma
chuva. Calcule qual seria o volume total em 1 hectare (10000m2).

Unidade 5 169

Climatologia_e_meteorologia.indb 169 28/11/11 10:09


Universidade do Sul de Santa Catarina

Saiba mais
Se você desejar, aprofunde os conteúdos estudados nesta unidade,
consultando as seguintes referências:

MENDONÇA, F.; DANNI-OLIVEIRA, I.M. Climatologia.


Noções básicas e climas do Brasil. São Paulo: Oficina de
Textos, 2007.

MINISTÉRIO DA AGRICULTURA – DEPARTAMENTO


NACIONAL DE METEOROLOGIA. Atlas Internacional
das Nuvens (abreviado). 2. ed. M.A, 1972.

PEREIRA, A R; ANGELOCCI, L.R.; SENTELHAS, P.C.


Agrometeorologia: fundamentos e aplicações Práticas. Ed.
Agropecuária Ltda. 2002.

PRECTOR-PINNEY, G. Guia do observador de nuvens:


ilustração dos capítulos por Bill Sanderson. Rio de Janeiro:
Intrinseca, 2008.

TUBELIS, A.; NASCIMENTO, F.J.L. do. Meteorologia


descritiva. São Paulo: Nobel, 1988.

VIANELLO, R.L.; ALVES, A.R. Meteorologia básica e


aplicações. Universidade Federal de Viçosa. 1992.

170

Climatologia_e_meteorologia.indb 170 28/11/11 10:09


Para concluir o estudo

Esta disciplina apresentou a você um apanhado geral sobre


meteorologia e climatologia, numa linguagem acessível e
diferente.

O estudo do clima e do tempo tem que passar pelo


entendimento do movimento da atmosfera com suas variáveis
temperais e espaciais. Além disso, acrescentam-se medidas de
elementos climáticos em postos meteorológicos para pontuar
a relação desses elementos com a previsão de tempo.

Estimar o balanço de radiação na superfície também


o remete ao entendimento de bases energéticas que
dependem novamente das condições da superfície e podem
ser estimadas para qualquer lugar, em qualquer momento.

Finalmente, o estudo do vapor d’água na atmosfera o


capacita a avaliar e capturar dados como umidade relativa
e precipitação, além de observações empíricas de nuvens
que indiretamente o situa no ambiente e o torna um
observador do tempo e do clima.

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Climatologia_e_meteorologia.indb 172 28/11/11 10:09
Referências

ANDREOLI, R. S.; FERREIRA, S. H.; SAPUCCI,


L. F.; SOUZA, R. R.; MENDONA, R. W. B.;
HERDIES, D. L.; ARAVÉQUIA, J. A. Contribuição
de diversos sistemas de observação na previsão de tempo
no CPTEC/INPE. Rev. Bras. Meteorologia, v. 23, n.
2, 218-237, 2008. Disponível em: <http://www.rbmet.
org.br/port/revista/revista_busca_resultado.php>. Acesso
em: 25 jun 2008.

BBC RADIO 4. British Broadcasting Corporation.


Beaufort Scale. Disponível em: <http://www.bbc.co.uk/
search/beaufort_scale>. Acesso em: 08 nov. 2011.

CPTEC. Centro de Previsão de Tempo e Estudos


Climáticos. Esquema do Fenômeno El Niño.
Disponível em: <http://www.cptec.inpe.br/glossario.
shtml>. Acesso em: 08 nov. 2011.

CRESESB (2010). Centro de referência para energia


Solar e Eólica Sérgio de Salvo Brito. Modelo de um
piranômetro. Disponível em: <http://www.cresesb.cepel.
br/>. Acesso em: 08 nov. 2011.

DOW, K.; DOWNING, T. E. O atlas da mudança


climática. O mapeamento completo do maior desafio do
planeta. São Paulo: Publifolha, 2007.

EPAGRI (2006). Centro de Informações de Recursos


Ambientais e de Hidrometeorologia de Santa Catarina.
Monitoramento de dados. Disponível em: <http://
ciram.epagri.sc.gov.br/portal/website/>. Acesso em: 07
nov. 2011.

Climatologia_e_meteorologia.indb 173 28/11/11 10:09


Universidade do Sul de Santa Catarina

EPAGRI (2002). Centro de Informações de Recursos


Ambientais e de Hidrometeorologia de Santa Catarina.
Monitoramento de dados. Disponível em: <http://ciram.epagri.
sc.gov.br/portal/website/>. Acesso em: 07 nov. 2011.

ESTEIO (2010). Engenharia e aerolevantamentos. Satélites


geoestacionários. Disponível em: <http://www.esteio.com.br/
Informa/Inpe/Prod-ImgSatelite.htm>. Acesso em: 25 nov. 2011.

FERREIRA, A. G. Meteorologia prática. São Paulo: Oficina de


textos, 2006.

FOTOGRAFIA DIGITAL (2011). Orvalho em folha de


gramínea. Disponível em: <http://www.fotografodigital.com.br/
trabalhos/775x775/38540.jpg>. Acesso em: 09 nov. 2011.

GEOMUNDO (2009). Esquema demonstrando a força aparente


de Coriolis. Disponível em: <http://www.geomundo.com.br/>.
Acesso em: 07 nov. 2011.

GRIMM, Alice Marlene (2009). Meteorologia básica: Espectro


da radiação solar no topo da atmosfera. Departamento
de Física, Universidade Federal do Paraná (notas de aula).
Disponível em: <http://fisica.ufpr.br/grimm/aposmeteo/cap2/
cap2-7.html>. Acesso em: 10 nov. 2011.

INMET. Instituto Nacional de Meteorologia. Informações


Gerais. Disponível em: <http://www.inmet.gov.br/>. Acesso em:
08 nov. 2011.

INMET. Instituto Nacional de Meteorologia. Informações


sobre meteorologia. Disponível em: <http://www.inmet.gov.br/
html/informacoes/sobre_meteorologia/atlas_nuvens>. Acesso
em: 08 nov. 2011.

INPE (2008). Imagem do furacão Catarina. Disponível em:


<http://www.inpe.br/crs/geodesastres/desastre2.php>. Acesso em:
07 nov. 2011.

INPE (2010). Centro de Previsão de Tempo e Estudos


Climáticos. Imagens de satélite. Disponível em: <http://www1.
cptec.inpe.br/buscasite.shtml#imagens de satélite>. Acesso em:
08 nov. 2011.

174

Climatologia_e_meteorologia.indb 174 28/11/11 10:09


KALIPEDIA (2011). Heliógrafo. Disponível em:
<http://www.kalipedia.com/graficos/heliografo.
html?x=20070418klpcnaecl_39.Ees>. Acesso em: 08 nov. 2011.

MENDONÇA, F.; DANNI-OLIVEIRA, I. M. Climatologia.


Noções básicas e climas do Brasil. São Paulo: Oficina de Textos, 2007.

METEOROLOGIA (2008). Classificação climática de Koppen.


Disponível em: <http://meteo12.nforum.biz/t17-classificacao-
climatica-de-koppen>. Acesso em: 25 nov. 2011.

MINISTÉRIO DA AGRICULTURA – DEPARTAMENTO


NACIONAL DE METEOROLOGIA. Atlas Internacional das
Nuvens (abreviado). 2. ed. São Paulo: M.A, 1972. OMETTO, J.
C. Bioclimatologia vegetal. São Paulo: Ceres, 1981.

MORRIS, Tom (2008). Division of natural sciences. Fullerton


College. Endereço eletrônico: <http://morriscourse.com/
moodle/>. Acesso não disponível.

MOTA, Madalena. Humidade do ar, nuvens, frentes,


precipitação, pressão atmosférica. Geografia10. 23 abr. 2010.
Disponível em: http://geografiaa10.blogspot.com/2010/04/
humidade-do-ar-nuvens-frentes.html>. Acesso em: 08 nov. 2011.

NETVISÃO (2011). Representação esquemática simplificada


da circulação geral da atmosfera. Disponível em: <http://clientes.
netvisao.pt/carlhenr/circulacao2jpg.jpg>. Acesso em: 07 nov. 2011.

OMETTO, J. C. Bioclimatologia vegetal. Editora Ceres. São


Paulo. 1981. 435p.

PEREIRA, A. R.; ANGELOCCI, L. R.; SENTELHAS, P.


C. Agrometeorologia: Fundamentos e aplicações práticas. São
Paulo: Agropecuária Ltda., 2002.

PRECTOR-PINNEY, G. Guia do observador de nuvens.


Tradução de Claudio Figueiredo. Rio de Janeiro: Intrínseca,
2008. Ilustração dos capítulos por Bill Sanderson.

PORTAL DO ASTRÔNOMO (2008). Triangulo astronômico


a partir da esfera celeste, onde HS – Hemisfério Sul, HN –
Hemisfério Norte, PN – Pólo Norte e OS – Pólo Sul. Disponível

175

Climatologia_e_meteorologia.indb 175 28/11/11 10:09


em: <http://www.portaldoastronomo.org/aprender.php>. Acesso
em: 08 nov. 2011.

PORTAL DO JARDIM (2009). Visualização da geada branca.


Disponível em: <http://www.portaldojardim.com/pdj/>. Acesso
em: 09 nov. 2011.

SANTOS, A.; BARBOSA, C. M. V.; DE LUCA, E.


D.; GOMES, L. F.; SANTANA, L. B.; CAZARI, T. F.;
TANAKA, Y. (2002). Efeito Estufa. Disponível em: http://
wwwp.fc.unesp.br/~lavarda/procie/dez14/luciana/index.htm>.
Acesso em: 09 nov. 2011.

SILVA, A.(2005). Catálogo de Nuvens (imagens). Disponível


em: <http://www.avvsilva.net/>. Acesso em: 09 nov. 2011.

THINKQUEST LIBRARY (2009). Estrutura de um furacão.


Disponível em: <http://www.thinkquest.org/pls/html/think.
library>. Acesso em: 07 nov. 2011.

TUBELIS, A.; NASCIMENTO, F. J. L. do. Meteorologia


descritiva. São Paulo: Nobel, 1988.

UFPR (2009). Esquema representando os níveis de condensação,


as respectivas nuvens e sua classificação segundo altura e forma.
Departamento de Física. Disponível em: <http://fisica.ufpr.br/>.
Acesso em: 09 nov. 2011.

UWSP (2009). University of Wisconsin Stevens Point. College


of Natural Resourses. Representação das células de circulação.
<http://www.uwsp.edu>. Acesso não disponível.

VIANELO, R. L.; ALVES, A. R. Meteorologia básica e


aplicações. Viçosa: Imprensa Universitária de Viçosa, 1992. 449 p.

ZANDONÁ, C. A. W. Ambiente de visualização integrado


para modelos numéricos de previsão de tempo e informações
ambientais. Dissertação (Mestrado em Métodos Numéricos)
– Setor de Tecnologia, Universidade Federal do Paraná, 2005.
Disponível em: <http://www.ppgmne.ufpr.br/arquivos/diss/114.
pdf>. Acesso em: 18 jun 2008.

176

Climatologia_e_meteorologia.indb 176 28/11/11 10:09


Sobre o professor conteudista

José Gabriel da Silva: Possui graduação em Agronomia


pela Universidade Federal de Santa Catarina (1995),
mestrado em Agronomia (Física do Ambiente Agrícola)
pela Universidade de São Paulo (2000) e aperfeiçoamento
pela Japan International Cooperation Agency em
Mudanças Climáticas (2002). Atualmente é Professor
Titular da Universidade do Sul de Santa Catarina. Tem
experiência na área Ambiental e de Agrometeorologia.
Atuando principalmente nos seguintes temas: Educação
socioambiental, qualidade do ar, mudanças climáticas e
desastres ambientais. Atua como Coordenador do Curso
de Engenharia Ambiental e Sanitária da UNISUL,
Coordenador do programa de Biomonitoramento de
Emissões Atmosféricas e da Qualidade do Ar Sobre a
Vegetação para Votorantim Cimentos Brasil Ltda. no
município de Vidal Ramos / SC e Coordena a Estação
Meteorológica Automatizada - UNISUL - Tubarão.

Climatologia_e_meteorologia.indb 177 28/11/11 10:09


Climatologia_e_meteorologia.indb 178 28/11/11 10:09
Respostas e comentários das
atividades de autoavaliação

Unidade 1
1) Alternativa correta: d.

2) A escala temporal, que verifica os fenômenos no tempo.


Por exemplo: escalas diárias, mensais e anuais. Por meio
desta escala é possível perceber sensíveis alterações no
comportamento do clima. A escala espacial remete aos
fenômenos no espaço geográfico de sua ocorrência, podendo
ser dividida em macro, meso e microclima.

3) a) Trata-se do Protocolo de Quioto, que é um tratado


internacional com compromissos mais rígidos para a
redução da emissão dos gases que provocam o efeito estufa,
considerados, de acordo com a maioria das investigações
científicas, como causa antropogênica do aquecimento
global. Discutido e negociado em Quioto, no Japão, em 1997.

b) Assinar o protocolo é concordar com o seu propósito.


Ratificar o protocolo é aplicar as políticas de redução de
emissões dos gases do efeito estufa.

c) Dois grandes países ainda não ratificaram o protocolo:


Estados Unidos e Austrália.

4) a) Furação – macroescala.
b) A velocidade de ocorrência dos fenômenos é maior,
indicando um erro nas escalas temporais.
c) Temperatura dos oceanos.
d) Latitude – menores latitudes foram menos atingidas pelo
evento.

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Universidade do Sul de Santa Catarina

Unidade 2
1) Célula de Hadley, Célula de Ferrel e Célula Polar.

2) De acordo com Figura 2.9, encontre a sua região no mapa e verifique


quais as consequências do El Niño.

3) Há uma inversão dos centros de alta pressão próxima à costa do Peru,


com o centro de baixa pressão junto à costa da Austrália, devido ao
aquecimento das águas do Pacífico, mais próximo ao Peru. Com essa
inversão, os ventos alísios se invertem e a altura do oceano também se
inverte, sendo 0,5 m maior no Peru, devido ao arraste dos ventos.

4) Massa de ar é uma parcela extensa e espessa da atmosfera, com


milhares de quilômetros quadrados de extensão, que apresenta
características próprias de pressão, temperatura e umidade, que
estão em constante movimento devido à diferença de pressão. Já
as frentes de ar são zonas de transição entre duas massas de ar com
temperaturas e densidades diferentes.

Unidade 3
1) A diferença está relacionada com a própria medida. A terminação
“metro” indica que o equipamento apenas mede por meio de sensores,
cabendo ao meteorologista fazer o registro em tabelas apropriadas.
Já a terminação “grafo” indica que o equipamento, além de medir por
meio de sensores, também registra por meio de gráficos posicionados
em mecanismos de relógio.

2) Proporcionar os meios que tornem factível a colaboração internacional


na área meteorológica. Tem um sistema de vigilância meteorológica
mundial que conta com o auxílio dos países membros. No Brasil, o
INMET (Instituto Nacional de Meteorologia), sediado em Brasília, é o
órgão executor, ou seja, transfere dados para a WMO. Esses dados são
usados para facilitar os estudos meteorológicos, fomentam pesquisas e
facilitam os trabalhos meteorológicos.

3) Quando em ausência de chuvas, a pena deve registrar exatamente na


posição zero.

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Climatologia e Meteorologia

4) Termômetro de máxima (mede a temperatura máxima do período);


termômetro de mínima (mede a temperatura mínima do período);
psicrômetro (mede indiretamente a umidade relativa); evaporímetro de
Piché (mede o poder evaporativo do ar); e termo-higrógrafo (mede e
registra a temperatura e umidade relativa).

Unidade 4
1) BOC (3h) = 210,12 cal.cm2.dia
BOC (8h) = 331,53 cal.cm2.dia

BOL (3h; 30%) = 99,03cal.cm2.dia


BOL (3h; 90%) = 48,33 cal.cm2.dia
BOL (8h; 30%) = 200,05 cal.cm2.dia
BOL (8h; 90%)= 103,39 cal.cm2.dia

Radiação líquida:

RL (3h; 30%)= 210,12 – 99,03 = 111.09 cal.cm2.dia


RL (3h; 90%)= 210,12 – 48,33 = 162,00 cal.cm2.dia
RL (8h; 30%)= 331,53 – 200,05 = 131,48 cal.cm2.dia
RL (8h; 90%)= 331,53 – 103,39 = 228,14 cal.cm2.dia

2) Quando a umidade relativa aumenta, a absorção da radiação de ondas


longas também aumenta, porque o vapor d’água do ar absorve essas
ondas longas, com comprimento acima de 0,9 µm, veja na Figura 4.5.
Assim, o balanço de ondas longas diminui, porque a perda de ondas longas
para a atmosfera é menor, sobrando mais energia na baixa atmosfera.

3) Inicialmente, observe que foi fornecido o valor de (e) em vez dos valores
de (UR) e (es). Então, é só substituir o (e) direto na fórmula de BOL.
Deve-se observar o valor de latitude negativo, pois está no Hemisfério
Sul. Essa observação deverá ser feita também para a declinação solar.

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Universidade do Sul de Santa Catarina

4) BOC: 240,89 cal/cm2 dia


BOL: 91,03 cal/cm2 dia
RL: 149,85 cal/cm2 dia

5) BOC: 166 cal/cm2 dia


BOL: 139,71 cal/cm2 dia
RL: 26,28 cal/cm2 dia

6) Nesses terrenos, devido a face ser voltada para o sul, a radiação que
chega até eles é proveniente do norte, já que está abaixo da latitude do
Trópico de Capricórnio. Abaixo dessa latitude, as radiações são sempre
provenientes do norte. Ver Figura 4.1. Em terrenos de face sul, ocorrerá
sombreamento causado pelo próprio terreno.

Unidade 5
1) Analise a tabela a seguir.

dias Ts Tu es e UR(%) T0 (oC) Alt (m)


(mmHg) (mmHg)
1 27,4 23 27,3 18,4 67,3 20,8 661,7
2 23,4 20 21,6 15,5 71,8 18,0 538,7
3 22,4 19 20,3 14,4 71,1 16,9 550,5
4 21 20,4 18,6 17,6 94,4 20,1 92,8

TS = Temperatura do bulbo seco (0C)


Tu = Temperatura do bulbo úmido (0C)
es = Pressão de saturação do vapor d’água (mmHg)
e = Pressão atual de vapor d’água (mmHg)
UR = Umidade relatva (%)
To = Temperatura do ponto de orvalho (0C)
Alt = Provavel nível da condensação ou altura da base da núvem (m)

2) O tipo de precipitação depende do tipo de nuvem da qual é


proveniente. Nuvens baixas e com pouca energia envolvida geram
chuvas fracas, já nuvens de grande ascensão vertical, devido ao grande
ganho de energia, podem gerar chuvas fortes e muito intensas.

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Climatologia_e_meteorologia.indb 182 28/11/11 10:09


Climatologia e Meteorologia

3) Chuvas convectivas são fortes e de alta intensidade. Necessitam de


altos ganhos de energia na superfície, o que ocorre principalmente
no verão. A medida da precipitação para essas chuvas tem que ser de
intensidade, em mm/h ou mm/min, para poder definir a velocidade de
infiltração dessa água no solo e escoamentos superficiais.

4) Área da boca da lata = 3,14 x 42 = 50,24 cm2 .


Dividindo-se o volume de água (200 cm3) pela área da ‘boca’ da lata
(50,24 cm2) encontra-se 3,98 cm ou 39,8 mm.
1 hectare = 10.000m2, como a medida da altura pluviométrica é de
39,8mm, ou seja, 39,8 litros por m2, então: 39,8 x 10.000 = 398.000 litros
em 1 hectare.

183

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Climatologia_e_meteorologia.indb 184 28/11/11 10:09
Biblioteca Virtual

Veja a seguir os serviços oferecidos pela Biblioteca Virtual aos


alunos a distância:

„ Pesquisa a publicações on-line


<www.unisul.br/textocompleto>
„ Acesso a bases de dados assinadas
<www.unisul.br/bdassinadas>
„ Acesso a bases de dados gratuitas selecionadas
<www.unisul.br/bdgratuitas >
„ Acesso a jornais e revistas on-line
<www.unisul.br/periodicos>
„ Empréstimo de livros
<www.unisul.br/emprestimos>
„ Escaneamento de parte de obra*
Acesse a página da Biblioteca Virtual da Unisul, disponível no EVA,
e explore seus recursos digitais.
Qualquer dúvida escreva para: bv@unisul.br

* Se você optar por escaneamento de parte do livro, será lhe enviado o


sumário da obra para que você possa escolher quais capítulos deseja solicitar
a reprodução. Lembrando que para não ferir a Lei dos direitos autorais (Lei
9610/98) pode-se reproduzir até 10% do total de páginas do livro.

Climatologia_e_meteorologia.indb 185 28/11/11 10:09


Universidade do Sul de Santa Catarina

Climatologia
e Meteorologia
Disciplina na modalidade a distância

Climatologia e Meteorologia

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