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Universidade do Sul de Santa Catarina

Psicologia Social
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Disciplina na modalidade a distância

Psicologia Social
Universidade do Sul de Santa Catarina

Psicologia Social
Disciplina na modalidade a distância

Palhoça
UnisulVirtual
2011

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Créditos
Universidade do Sul de Santa Catarina | Campus UnisulVirtual | Educação Superior a Distância
Avenida dos Lagos, 41 – Cidade Universitária Pedra Branca | Palhoça – SC | 88137-900 | Fone/fax: (48) 3279-1242 e 3279-1271 | E-mail: cursovirtual@unisul.br | Site: www.unisul.br/unisulvirtual
Reitor Coordenadores Graduação Marilene de Fátima Capeleto Patrícia de Souza Amorim Karine Augusta Zanoni
Ailton Nazareno Soares Aloísio José Rodrigues Patricia A. Pereira de Carvalho Poliana Simao Marcia Luz de Oliveira
Ana Luísa Mülbert Paulo Lisboa Cordeiro Schenon Souza Preto Mayara Pereira Rosa
Vice-Reitor Ana Paula R.Pacheco Paulo Mauricio Silveira Bubalo Luciana Tomadão Borguetti
Sebastião Salésio Heerdt Artur Beck Neto Rosângela Mara Siegel Gerência de Desenho e
Bernardino José da Silva Simone Torres de Oliveira Desenvolvimento de Materiais Assuntos Jurídicos
Chefe de Gabinete da Reitoria Charles Odair Cesconetto da Silva Vanessa Pereira Santos Metzker Didáticos Bruno Lucion Roso
Willian Corrêa Máximo Dilsa Mondardo Vanilda Liordina Heerdt Márcia Loch (Gerente) Sheila Cristina Martins
Diva Marília Flemming Marketing Estratégico
Pró-Reitor de Ensino e Horácio Dutra Mello Gestão Documental Desenho Educacional
Lamuniê Souza (Coord.) Cristina Klipp de Oliveira (Coord. Grad./DAD) Rafael Bavaresco Bongiolo
Pró-Reitor de Pesquisa, Itamar Pedro Bevilaqua
Pós-Graduação e Inovação Jairo Afonso Henkes Clair Maria Cardoso Roseli A. Rocha Moterle (Coord. Pós/Ext.) Portal e Comunicação
Daniel Lucas de Medeiros Aline Cassol Daga Catia Melissa Silveira Rodrigues
Mauri Luiz Heerdt Janaína Baeta Neves
Aline Pimentel
Jorge Alexandre Nogared Cardoso Jaliza Thizon de Bona Andreia Drewes
Pró-Reitora de Administração José Carlos da Silva Junior Guilherme Henrique Koerich Carmelita Schulze Luiz Felipe Buchmann Figueiredo
Acadêmica José Gabriel da Silva Josiane Leal Daniela Siqueira de Menezes Rafael Pessi
Marília Locks Fernandes Delma Cristiane Morari
Miriam de Fátima Bora Rosa José Humberto Dias de Toledo
Eliete de Oliveira Costa
Joseane Borges de Miranda Gerência de Produção
Pró-Reitor de Desenvolvimento Luiz G. Buchmann Figueiredo Gerência Administrativa e Eloísa Machado Seemann Arthur Emmanuel F. Silveira (Gerente)
e Inovação Institucional Marciel Evangelista Catâneo Financeira Flavia Lumi Matuzawa Francini Ferreira Dias
Renato André Luz (Gerente) Geovania Japiassu Martins
Valter Alves Schmitz Neto Maria Cristina Schweitzer Veit
Ana Luise Wehrle Isabel Zoldan da Veiga Rambo Design Visual
Maria da Graça Poyer
Diretora do Campus Mauro Faccioni Filho Anderson Zandré Prudêncio João Marcos de Souza Alves Pedro Paulo Alves Teixeira (Coord.)
Universitário de Tubarão Moacir Fogaça Daniel Contessa Lisboa Leandro Romanó Bamberg Alberto Regis Elias
Milene Pacheco Kindermann Nélio Herzmann Naiara Jeremias da Rocha Lygia Pereira Alex Sandro Xavier
Onei Tadeu Dutra Rafael Bourdot Back Lis Airê Fogolari Anne Cristyne Pereira
Diretor do Campus Universitário Patrícia Fontanella Thais Helena Bonetti Luiz Henrique Milani Queriquelli Cristiano Neri Gonçalves Ribeiro
da Grande Florianópolis Roberto Iunskovski Valmir Venício Inácio Marcelo Tavares de Souza Campos Daiana Ferreira Cassanego
Hércules Nunes de Araújo Rose Clér Estivalete Beche Mariana Aparecida dos Santos Davi Pieper
Gerência de Ensino, Pesquisa e Marina Melhado Gomes da Silva Diogo Rafael da Silva
Secretária-Geral de Ensino Vice-Coordenadores Graduação Extensão Marina Cabeda Egger Moellwald Edison Rodrigo Valim
Adriana Santos Rammê Janaína Baeta Neves (Gerente) Mirian Elizabet Hahmeyer Collares Elpo Fernanda Fernandes
Solange Antunes de Souza Aracelli Araldi Pâmella Rocha Flores da Silva
Bernardino José da Silva Frederico Trilha
Diretora do Campus Catia Melissa Silveira Rodrigues Rafael da Cunha Lara Jordana Paula Schulka
Elaboração de Projeto Roberta de Fátima Martins Marcelo Neri da Silva
Universitário UnisulVirtual Horácio Dutra Mello Carolina Hoeller da Silva Boing
Jucimara Roesler Jardel Mendes Vieira Roseli Aparecida Rocha Moterle Nelson Rosa
Vanderlei Brasil Sabrina Bleicher Noemia Souza Mesquita
Joel Irineu Lohn Francielle Arruda Rampelotte
Equipe UnisulVirtual José Carlos Noronha de Oliveira Verônica Ribas Cúrcio Oberdan Porto Leal Piantino
José Gabriel da Silva Reconhecimento de Curso
José Humberto Dias de Toledo Acessibilidade Multimídia
Diretor Adjunto Maria de Fátima Martins Vanessa de Andrade Manoel (Coord.) Sérgio Giron (Coord.)
Moacir Heerdt Luciana Manfroi
Rogério Santos da Costa Extensão Letícia Regiane Da Silva Tobal Dandara Lemos Reynaldo
Secretaria Executiva e Cerimonial Rosa Beatriz Madruga Pinheiro Maria Cristina Veit (Coord.) Mariella Gloria Rodrigues Cleber Magri
Jackson Schuelter Wiggers (Coord.) Sergio Sell Vanesa Montagna Fernando Gustav Soares Lima
Marcelo Fraiberg Machado Pesquisa Josué Lange
Tatiana Lee Marques Daniela E. M. Will (Coord. PUIP, PUIC, PIBIC) Avaliação da aprendizagem
Tenille Catarina Valnei Carlos Denardin Claudia Gabriela Dreher Conferência (e-OLA)
Mauro Faccioni Filho (Coord. Nuvem)
Assessoria de Assuntos Sâmia Mônica Fortunato (Adjunta) Jaqueline Cardozo Polla Carla Fabiana Feltrin Raimundo (Coord.)
Internacionais Pós-Graduação Nágila Cristina Hinckel Bruno Augusto Zunino
Coordenadores Pós-Graduação Anelise Leal Vieira Cubas (Coord.) Sabrina Paula Soares Scaranto
Murilo Matos Mendonça Aloísio José Rodrigues Gabriel Barbosa
Anelise Leal Vieira Cubas Thayanny Aparecida B. da Conceição
Assessoria de Relação com Poder Biblioteca Produção Industrial
Público e Forças Armadas Bernardino José da Silva Salete Cecília e Souza (Coord.) Gerência de Logística Marcelo Bittencourt (Coord.)
Adenir Siqueira Viana Carmen Maria Cipriani Pandini Paula Sanhudo da Silva Jeferson Cassiano A. da Costa (Gerente)
Walter Félix Cardoso Junior Daniela Ernani Monteiro Will Marília Ignacio de Espíndola Gerência Serviço de Atenção
Giovani de Paula Renan Felipe Cascaes Logísitca de Materiais Integral ao Acadêmico
Assessoria DAD - Disciplinas a Karla Leonora Dayse Nunes Carlos Eduardo D. da Silva (Coord.) Maria Isabel Aragon (Gerente)
Distância Letícia Cristina Bizarro Barbosa Gestão Docente e Discente Abraao do Nascimento Germano Ana Paula Batista Detóni
Patrícia da Silva Meneghel (Coord.) Luiz Otávio Botelho Lento Enzo de Oliveira Moreira (Coord.) Bruna Maciel André Luiz Portes
Carlos Alberto Areias Roberto Iunskovski Fernando Sardão da Silva Carolina Dias Damasceno
Cláudia Berh V. da Silva Rodrigo Nunes Lunardelli Capacitação e Assessoria ao Fylippy Margino dos Santos Cleide Inácio Goulart Seeman
Conceição Aparecida Kindermann Rogério Santos da Costa Docente Guilherme Lentz Denise Fernandes
Luiz Fernando Meneghel Thiago Coelho Soares Alessandra de Oliveira (Assessoria) Marlon Eliseu Pereira Francielle Fernandes
Renata Souza de A. Subtil Vera Rejane Niedersberg Schuhmacher Adriana Silveira Pablo Varela da Silveira Holdrin Milet Brandão
Alexandre Wagner da Rocha Rubens Amorim
Assessoria de Inovação e Jenniffer Camargo
Gerência Administração Elaine Cristiane Surian (Capacitação) Yslann David Melo Cordeiro Jessica da Silva Bruchado
Qualidade de EAD Acadêmica Elizete De Marco
Denia Falcão de Bittencourt (Coord.) Jonatas Collaço de Souza
Angelita Marçal Flores (Gerente) Fabiana Pereira Avaliações Presenciais
Andrea Ouriques Balbinot Juliana Cardoso da Silva
Fernanda Farias Iris de Souza Barros Graciele M. Lindenmayr (Coord.)
Carmen Maria Cipriani Pandini Juliana Elen Tizian
Juliana Cardoso Esmeraldino Ana Paula de Andrade
Secretaria de Ensino a Distância Kamilla Rosa
Maria Lina Moratelli Prado Angelica Cristina Gollo
Assessoria de Tecnologia Samara Josten Flores (Secretária de Ensino) Simone Zigunovas
Mariana Souza
Osmar de Oliveira Braz Júnior (Coord.) Cristilaine Medeiros Marilene Fátima Capeleto
Giane dos Passos (Secretária Acadêmica) Daiana Cristina Bortolotti
Felipe Fernandes Adenir Soares Júnior Tutoria e Suporte Maurício dos Santos Augusto
Felipe Jacson de Freitas Delano Pinheiro Gomes Maycon de Sousa Candido
Alessandro Alves da Silva Anderson da Silveira (Núcleo Comunicação) Edson Martins Rosa Junior
Jefferson Amorin Oliveira Andréa Luci Mandira Claudia N. Nascimento (Núcleo Norte- Monique Napoli Ribeiro
Phelipe Luiz Winter da Silva Fernando Steimbach Priscilla Geovana Pagani
Cristina Mara Schauffert Nordeste)
Fernando Oliveira Santos
Priscila da Silva Djeime Sammer Bortolotti Maria Eugênia F. Celeghin (Núcleo Pólos) Sabrina Mari Kawano Gonçalves
Rodrigo Battistotti Pimpão Lisdeise Nunes Felipe Scheila Cristina Martins
Douglas Silveira Andreza Talles Cascais Marcelo Ramos
Tamara Bruna Ferreira da Silva Evilym Melo Livramento Daniela Cassol Peres Taize Muller
Marcio Ventura Tatiane Crestani Trentin
Fabiano Silva Michels Débora Cristina Silveira Osni Jose Seidler Junior
Coordenação Cursos Fabricio Botelho Espíndola Ednéia Araujo Alberto (Núcleo Sudeste) Thais Bortolotti
Coordenadores de UNA Felipe Wronski Henrique Francine Cardoso da Silva
Diva Marília Flemming Gisele Terezinha Cardoso Ferreira Janaina Conceição (Núcleo Sul) Gerência de Marketing
Marciel Evangelista Catâneo Indyanara Ramos Joice de Castro Peres Eliza B. Dallanhol Locks (Gerente)
Roberto Iunskovski Janaina Conceição Karla F. Wisniewski Desengrini
Jorge Luiz Vilhar Malaquias Kelin Buss Relacionamento com o Mercado
Auxiliares de Coordenação Juliana Broering Martins Liana Ferreira Alvaro José Souto
Ana Denise Goularte de Souza Luana Borges da Silva Luiz Antônio Pires
Camile Martinelli Silveira Luana Tarsila Hellmann Maria Aparecida Teixeira Relacionamento com Polos
Fabiana Lange Patricio Luíza Koing  Zumblick Mayara de Oliveira Bastos Presenciais
Tânia Regina Goularte Waltemann Maria José Rossetti Michael Mattar Alex Fabiano Wehrle (Coord.)
Jeferson Pandolfo

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Ligia Maria Soufen Tumolo
Carolina Hoeller da Silva Boeing

Psicologia Social
Livro didático

Design instrucional
Leandro Kingeski Pacheco
Carolina Hoeller da Silva Boeing

4ª edição

Palhoça
UnisulVirtual
2011

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Copyright © UnisulVirtual 2011
Nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida por qualquer meio sem a prévia autorização desta instituição.

Edição – Livro Didático


Professoras Conteudistas
Ligia Maria Soufen Tumolo
Carolina Hoeller da Silva Boeing

Design Instrucional
Leandro Kingeski Pacheco
Carolina Hoeller da Silva Boeing (2ª ed. rev. e atual.)

Assistente Acadêmico
Eloisa Machado Seemann (3ª ed. rev. e atual.)
Roberta de Fátima Martins (4ª edição)

Projeto Gráfico e Capa


Equipe UnisulVirtual

Diagramação
Pedro Teixeira
Edison Valim (2ª ed. rev. e atual.)
Adriana Ferreira dos Santos (3ª ed. rev. e atual.)
Marcelo Neri da Silva (4ª edição)

Revisão
Amaline Baulus Issa Mussi

302
T83 Tumolo, Ligia Maria Soufen
Psicologia social : livro didático / Ligia Maria Soufen Tumolo, Carolina
Hoeller da Silva Boeing ; design instrucional Leandro Kingeski Pacheco,
Carolina Hoeller da Silva Boeing ; [assistente acadêmico Eloisa Machado
Seemann, Roberta de Fátima Martins]. – 4. ed. – Palhoça : UnisulVirtual,
2011.

165 p. : il. ; 28 cm.

Inclui bibliografia.

1. Psicologia social. I. Boeing, Carolina Hoeller da Silva. II. Pacheco,


Leandro Kingeski. III. Seemann, Eloisa Machado. IV. Martins, Roberta de
Fátima. V. Título.

Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca Universitária da Unisul

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Sumário

Apresentação. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7
Palavras das professoras. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
Plano de estudo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11

UNIDADE 1 - O desenvolvimento da Psicologia como ciência e o. . . . . . . . . .


campo de atuação da Psicologia Social. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
UNIDADE 2 - Psicologia Social: Uma perspectiva Tradicional. . . . . . . . . . . . 43
UNIDADE 3 - Psicologia Social: uma perspectiva Histórico-Crítica. . . . . . . . 69
UNIDADE 4 - Psicologia Social: a perspectiva da Teoria das. . . . . . . . . . . . . . . .
Representações Sociais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 101
UNIDADE 5 - As relações humanas em comunidade e em sociedade . . . 117
UNIDADE 6 - O controle social e a participação da sociedade. . . . . . . . . . 135

Para concluir o estudo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 151


Referências. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 153
Sobre as professoras conteudistas. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 159
Respostas e comentários das atividades de autoavaliação. . . . . . . . . . . . . . 161
Biblioteca Virtual. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 165

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Apresentação

Este livro didático corresponde à disciplina Psicologia Social.

O material foi elaborado visando a uma aprendizagem autônoma


e aborda conteúdos especialmente selecionados e relacionados
à sua área de formação. Ao adotar uma linguagem didática
e dialógica, objetivamos facilitar seu estudo a distância,
proporcionando condições favoráveis às múltiplas interações e a
um aprendizado contextualizado e eficaz.

Lembre-se que sua caminhada, nesta disciplina, será


acompanhada e monitorada constantemente pelo Sistema
Tutorial da UnisulVirtual, por isso a “distância” fica
caracterizada somente na modalidade de ensino que você optou
para sua formação, pois na relação de aprendizagem professores
e instituição estarão sempre conectados com você.

Então, sempre que sentir necessidade entre em contato; você tem


à disposição diversas ferramentas e canais de acesso tais como:
telefone, e-mail e o Espaço Unisul Virtual de Aprendizagem,
que é o canal mais recomendado, pois tudo o que for enviado e
recebido fica registrado para seu maior controle e comodidade.
Nossa equipe técnica e pedagógica terá o maior prazer em lhe
atender, pois sua aprendizagem é o nosso principal objetivo.

Bom estudo e sucesso!

Equipe UnisulVirtual.

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Palavras das professoras

Querido(a) aluno(a),

neste livro apresentamos conteúdos da disciplina de Psicologia


Social que estão de acordo com a ementa do projeto
pedagógico do seu curso.

Inicialmente, é importante que você tenha claro


que a Psicologia social é o estudo das manifestações
comportamentais que ocorrem através da interação entre as
pessoas, ou pela mera expectativa de tal interação.

Ao estudar este conteúdo, lembre-se que o modo de agir do


ser humano será, durante toda a sua vida, constantemente
determinado pelo grupo social e instituições das quais ele
participa.

Leia todas as unidades com atenção e motivação suficiente


para se transportar da teoria às vivências cotidianas, ou
seja, faça o prazeroso exercício de imaginar situações do seu
contexto social que se relacionam com os conteúdos que estão
sendo lidos.

Ao estudar as unidades atue como um pesquisador que se


aprofunda na análise teórica para compreender e explicar
a realidade circundante, e que ao fazê-lo, retorna à teoria
buscando mais e mais “respostas”.

É assim que qualquer estudo cria sentido na subjetividade


humana. Quando pela sua apropriação os sujeitos se tornam
capazes de compreender sua realidade, intervir de forma mais
eficiente nela, ao mesmo tempo, em que, desenvolvem todas as
suas capacidades psicológicas e portanto a si mesmo.

Bons Estudos!

Profs. Ligia e Carolina.

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Plano de estudo

O plano de estudos visa a orientá-lo no desenvolvimento da


disciplina. Ele possui elementos que o ajudarão a conhecer o
contexto da disciplina e a organizar o seu tempo de estudos.

O processo de ensino e aprendizagem na UnisulVirtual leva


em conta instrumentos que se articulam e se complementam,
portanto, a construção de competências se dá sobre a
articulação de metodologias e por meio das diversas formas de
ação/mediação.

São elementos desse processo:

„„ o livro didático;

„„ o Espaço UnisulVirtual de Aprendizagem (EVA);

„„ as atividades de avaliação (a distância, presenciais e de


autoavaliação);

„„ o Sistema Tutorial.

Ementa
A psicologia como campo científico. As relações indivíduo-
sociedade. Fundamentação das questões relativas à formação
e desenvolvimento da personalidade e dos grupos sociais.
Tipos clássicos de organização humana: comunidade e
sociedade. A questão do controle social em diferentes modelos
institucionais.

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Universidade do Sul de Santa Catarina

Objetivos

Geral:
Apropriar-se das contribuições das ciências da Psicologia e da
Psicologia Social para a compreensão dos fenômenos psicossociais
envolvidos nos processos de constituição dos indivíduos e dos
grupos. Compreender diferentes tipos de organizações humanas
e as principais formas de controle social exercida por elas.

Específicos:
„„ Compreender a evolução da Psicologia como ciência e
seu objeto de estudo;

„„ Conhecer a história e a epistemologia da Psicologia


Social;

„„ Conhecer as principais concepções e teorias em


Psicologia Social no Brasil;

„„ Compreender os diferentes tipos de organização humana


e analisar aquelas que são predominantes na sociedade da
atualidade, considerando sua influência na sociedade;

„„ Conhecer diferentes formas de poder e controle social.

Carga Horária
A carga horária total da disciplina é 60 horas-aula.

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Psicologia Social

Conteúdo programático/objetivos
Veja, a seguir, as unidades que compõem o livro didático desta
disciplina e os seus respectivos objetivos. Estes se referem aos
resultados que você deverá alcançar ao final de uma etapa de
estudo. Os objetivos de cada unidade definem o conjunto de
conhecimentos que você deverá possuir para o desenvolvimento
de habilidades e competências necessárias à sua formação.

Unidades de estudo: 6

Unidade 1- O desenvolvimento da Psicologia como ciência e o campo


de atuação da Psicologia Social
Nesta Unidade, você estudará a história da Psicologia como
ciência e compreenderá seu objeto de estudo. Conhecerá também
a história e epistemologia da Psicologia Social.

Unidade 2 - Psicologia Social: Uma perspectiva Tradicional


Nesta unidade, você estudará o método e o objeto de estudo da
forma Psicológica em Psicologia Social. Conhecerá as principais
categorias utilizadas por esta abordagem para explicar os
fenômenos de interação social e de relações grupais.

Unidade 3- Psicologia Social: uma perspectiva Histórico –Crítica


Nesta unidade, você conhecerá o método e o objeto de estudo
adotado pela Psicologia Social histórico crítica. Conhecerá as
principais categorias utilizadas por esta abordagem para explicar
a constituição social dos sujeitos e os processos grupais.

Unidade 4- Psicologia Social: a perspectiva da Teoria das


Representações Sociais
Nesta unidade, você compreenderá o método e o objeto de estudo
da Teoria das Representações Sociais e suas contribuições na
explicação dos fenômenos psicossociais.

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Universidade do Sul de Santa Catarina

Unidade 5: As relações humanas em comunidade e em sociedade


Nesta unidade você irá conhecer os tipos clássicos de organização
humana, ou seja, a comunidade e sociedade. Compreenderá
que tanto as comunidades como as sociedades coexistem
enquanto formas distintas de organização humana, que revestem
e organizam a vida social. Irá conhecer também o conflito
permanente ao longo da história entre essas relações que embora
independentes, hora prevaleceram as relações comunitárias e hora
predominaram as relações societárias.

Unidade 6 – O Controle social e a participação da sociedade


Para finalizar, você conhecerá as formas de controle social.
Inicialmente será abordado em que contexto surgiu as
primeiras discussões sobre o controle social. Em seguida
você compreenderá a associação dos termos Controle Social e
democracia, e de que forma é possível assegurar a participação
dos cidadãos na construção de decisões e acompanhamento das
atividades da Administração Pública.

Agenda de atividades/Cronograma

„„ Verifique com atenção o EVA, organize-se para acessar


periodicamente a sala da disciplina. O sucesso nos seus
estudos depende da priorização do tempo para a leitura,
da realização de análises e sínteses do conteúdo e da
interação com os seus colegas e professor.

„„ Não perca os prazos das atividades. Registre no espaço


a seguir as datas com base no cronograma da disciplina
disponibilizado no EVA.

„„ Use o quadro para agendar e programar as atividades


relativas ao desenvolvimento da disciplina.

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Psicologia Social

Atividades obrigatórias

Demais atividades (registro pessoal)

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unidade 1

O desenvolvimento da
Psicologia como ciência e o
campo de atuação da Psicologia
Social
Ligia Maria Soufen Tumolo

Objetivos de aprendizagem
n Conhecer o desenvolvimento da Psicologia como
ciência.
n Caracterizar o objeto de estudo da Psicologia Científica.

n Conhecer a história e a epistemologia da Psicologia


Social.

Seções de estudo
Seção 1 O que é Psicologia? Qual sua matriz?
Seção 2 A composição da Psicologia Científica

Seção 3 A Psicologia Científica do Século XX

Seção 4 Psicologia Social

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Universidade do Sul de Santa Catarina

Para início de estudo


Para iniciar o estudo sobre Psicologia, preste atenção a como você
reage a alguns questionamentos:

„„ Que fatores interferem ou


determinam a relação dos
sujeitos com a sociedade?
„„ Que aspectos constituem as
relações dos indivíduos no
interior de seus grupos?
Figura 1.1 – Letra grega psy, símbolo
„„ Como as pessoas percebem e da Psicologia.
reagem à realidade? Fonte: Tio Sam, 2011

Estas e uma série de questões semelhantes são excelentes


estimuladores para iniciar uma reflexão sobre o que é Psicologia e
qual seu objeto de estudo.

Acredito que você terá respostas mais claras sobre estas questões,
quando finalizar o estudo desta disciplina em sua totalidade.
Mas elas servem de aquecimento para que você crie alguma
proximidade com esta ciência. Iniciando, fique atento(a) ao
próximo questionamento proposto na seção 1.

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Psicologia Social

SEÇÃO 1 - O que é Psicologia? Qual sua matriz?


Você sabe o que significa Psicologia?

Na composição da palavra “psicologia” entram duas palavras


gregas:

„„ psiche -> alma


„„ logos -> razão/conhecimento

Etimologicamente, Psicologia significa “estudo da


alma”.

A etimologia desta palavra remete ao momento histórico em


que a Psicologia se configurava como um corpo de pensamento,
especialmente na Grécia, por volta de 500 a.C. Mas sua
utilização e compreensão se modificaram significativamente, ao
longo da história.

Na atualidade, a Psicologia pode ser definida, grosso modo,


como uma área de conhecimento que estuda cientificamente o
psiquismo, com o objetivo de compreender o funcionamento
humano, manifesto pelos estudos:

„„ do comportamento;
„„ dos processos psicológicos;
„„ da personalidade;
„„ da consciência;
„„ da subjetividade.

A partir da definição anterior, você começará a perceber que a


Psicologia possui uma particularidade: cada teoria psicológica
determina seu objeto de estudo de maneira diferente, o que
caracteriza uma atuação diferenciada dos psicólogos, conforme
sua afiliação teórica e as especificidades (e demandas) da
realidade na qual intervêm.

Por isto, o estudo do psiquismo humano é realizado por


diferentes abordagens da Psicologia (e isto você identificará ao
longo do estudo desta unidade).

Unidade 1 19

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Universidade do Sul de Santa Catarina

Atenção!
No entanto é importante esclarecer que o fato de
a Psicologia constituir-se a partir de abordagens
diferenciadas não configura um tipo de ecletismo,
pois o estudo científico dos fenômenos psicológicos,
mesmo se compreendidos de diferentes formas,
confere unidade a esta área do conhecimento.

Para que você entenda melhor o desenvolvimento da Psicologia


e, até mesmo, compreenda de forma mais significativa esta
multiplicidade no seu objeto de estudo, será apresentada uma
retrospectiva histórica sobre suas transformações desde o período
da Grécia antiga até a atualidade.

Para iniciá-la, fica proposta nova pergunta:

Qual a matriz da Psicologia?

Partindo da etimologia desta palavra, já é possível perceber que a


matriz da Psicologia é a Filosofia. Temas como “alma, espírito e
a interioridade humana e seus determinantes” já eram discutidos
na Grécia, desde meados de 500 a.C., por filósofos como
Sócrates, Platão e Aristóteles.

O quadro que segue apresenta algumas reflexões dos principais


filósofos gregos, os quais contribuíram para a formação da
Psicologia, bem como uma breve síntese dessas contribuições e
o modo como elas influenciaram as abordagens mais atuais em
Psicologia. Acompanhe com atenção!

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Psicologia Social

Contribuições para Influência nas


Filósofo
a formação da Psicologia abordagens atuais da Psicologia

Teorias Psicológicas que se apóiam no


Postula que a principal característica do homem é a
Sócrates estudo da razão e da consciência, como por
razão e que esta o diferencia de outros animais.
(469 - 399 a.C.) exemplo, o Cognitivismo.

Concebe a razão (alma) separada do corpo, tendo Teorias Psicológicas que se apóiam
Platão como elemento de ligação a medula. A razão no inconsciente, como por exemplo, a
se localizaria na cabeça. Para ele, as idéias ou
(427 - 347 a.C.) Psicanálise de Freud e a Psicologia Analítica
características humanas eram geradas a partir do de Jung.
próprio interior do homem.
Alma e corpo não podem ser dissociados. Para ele,
a psyche seria o princípio ativo da vida. O homem
possuiria a alma racional, com a função pensante. Teorias que atribuem destaque
Estuda os fenômenos de sensação e percepção
Aristóteles (órgãos dos sentidos). Reconhece a influência dos às influências do ambiente na constituição
(384 - 322 a.C.) fatores externos que são percebidos pelos órgãos do homem, como o Comportamentalismo.
sensoriais. Considerado o pai da Psicologia por ter
escrito o tratado Da Anima.
Quadro 1.1 - Contribuições dos filósofos gregos para a formação da Psicologia.
Fonte: Bock (2001).

A discussão das temáticas apresentadas sobre a interioridade


humana continua ao longo do Império Romano e Idade Média
especialmente no que se refere à separação entre alma e corpo.
Tiveram em Santo Agostinho e São Tomás de Aquino seus
expoentes.

Conheça algumas das características do pensamento desses


filósofos, de acordo com Bock (2001):

Contribuições para a formação da Abordagens da Psicologia atual


Filósofo Psicologia

Defende a cisão entre alma e corpo. Teorias Psicológicas que se apóiam no


Santo Agostinho Alma como prova da manifestação inconsciente, como a Psicanálise e a
(354 - 430) divina no homem. Psicologia Analítica.

Discussão entre essência e existência. Teorias Psicológicas que adotam


São Tomás de Aquino O homem, na sua essência, busca a
o desenvolvimento da alma ou da
(1225 - 1274) perfeição através da existência, que
seriam unidas pelo encontro com Deus. consciência como meta.
Quadro 1.2 - Contribuições de filósofos do Império Romano e Idade Média para a formação da
Psicologia.
Fonte: Bock (2001).

Unidade 1 21

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Universidade do Sul de Santa Catarina

Como você deve ter percebido, a discussão apresentada até aqui


está centrada em conteúdos metafísicos, como alma, espírito,
essência, e esteve presente em uma época em que a Psicologia
ainda não se configurava como um corpo científico. Realidade
que se altera significativamente, a partir do século XIX. É o que
você conhecerá na próxima seção.

Seção 2 - A composição da Psicologia Científica


Na seção 1, foram apresentados alguns exemplos para você
compreender que a Psicologia tem suas origens na Filosofia.
Agora será dado um salto de milhares de anos de investigação
e feita uma breve retrospectiva da Psicologia, abrangendo a
segunda metade do século XIX, momento em que ela começa a
se libertar da Filosofia.
Lembre-se de que este momento
histórico é de desenvolvimento
do capitalismo, de crescimento da
Nessa época, a Psicologia deixa de se preocupar
industrialização e da adoção do
fundamentalmente com estudo de temas metafísicos,
método científico como explicativo
como alma, espírito e essência, e começa a se deslocar
fundamental da realidade.
para o estudo do cérebro, dos nervos e dos órgãos
sensoriais, utilizando-se de métodos científicos para
isto.

As novas investigações científicas estabeleceram novos padrões de


produção de conhecimento para a Psicologia ao longo do século
XIX e XX, que passam a ser:

„„ definição de seu objeto de estudo (o comportamento, a


consciência, a vida psíquica);
„„ delimitação de seu campo de estudo, diferenciando-o
de outras áreas de conhecimento como a Filosofia e a
Fisiologia;
„„ formulação de métodos de estudo desse objeto;
„„ formulação de teorias enquanto corpo consistente de
conhecimentos na área.

22

psicologia_social.indb 22 21/9/2011 01:57:38


Psicologia Social

Inicialmente, estudava os fenômenos psicológicos como se


eles pudessem ser decompostos, separados em seus elementos
essenciais, isto é, houve uma transposição dos métodos
das ciências naturais para se tentar estudar os fenômenos
psicológicos. Veja um exemplo.

Podemos citar o caso da Psicofísica, método em que


os fisiologistas estudavam a fisiologia dos olhos e a
percepção da cores. As cores eram estudadas como
fenômeno da Física e a percepção como fenômeno da
Psicologia.

Confira no quadro 1.3, que segue, as principais correntes de


pesquisa que possibilitaram à Psicologia o status de ciência, ao
longo do século XIX e XX.

Pesquisador Método Contribuições


Estruturalismo

Estudava a consciência por meio da análise e Contribui com os estudos da


Wundt síntese. A partir dos estudos das sensações, buscava consciência. Fundou o primeiro grande
(1832 - 1920) “decompor” a consciência em seus elementos e laboratório de pesquisa em Psicologia
Alemanha depois os unia a fim de alcançar a compreensão de (Leipzig). É considerado o fundador da
percepções e julgamentos complexos. Psicologia Científica.

Funcionalismo

James Estudava a consciência por meio de observações Caracterizava a consciência como


informais, tentando captar a mente em algo dinâmico, pessoal e único. Busca
(1842 - 1910) funcionamento, à medida que o homem a usa para explicar o que os homens fazem e por
EUA adaptar-se ao meio. que o fazem.
Estruturalismo
Titchner Estudava a consciência em seus aspectos estruturais,
isto é, estudava os estados elementares da Estudo experimental da consciência
(1867 - 1927) consciência como estruturas do sistema nervoso (em laboratório).
EUA central.
Associacionismo
Thorndike Aprendizagem se dá por associação de idéias, das
mais simples às mais complexas. Portanto, para Elabora a primeira teoria de
(1874 - 1949) aprender conteúdos complexos, é necessário ter aprendizagem.
EUA compreendido conteúdos mais simples.

Quadro 1.3 - Correntes iniciais de pesquisa em Psicologia Científica.


Fonte: Elaboração da autora.

Unidade 1 23

psicologia_social.indb 23 21/9/2011 01:57:38


Universidade do Sul de Santa Catarina

Pelo exposto no quadro, você pôde perceber que o estudo dos


fenômenos da consciência começa a constituir o foco principal
de pesquisa em Psicologia e que se torna um dos seus principais
objetos até a atualidade.

Embora a Psicologia Científica tenha nascido na Alemanha,


é nos EUA que ela cresce rapidamente, resultado do avanço
econômico o qual colocou os EUA na vanguarda do sistema
capitalista. A Psicologia Científica veio a ser chamada para
criar ferramentas que pudessem responder aos interesses deste
sistema, desenvolvendo testes psicológicos que diagnosticavam
os “melhores homens” a ocupar determinadas posições nas
indústrias (“homem certo para o lugar certo”) e também em
postos relacionados às tropas de guerras.

Seção 3 - A Psicologia Científica do Século XX


As pesquisas acima citadas influenciaram a criação de novas
teorias psicológicas, que são denominadas de Psicologia do Séc
XX. O quadro que segue faz uma síntese das principais delas, o
Behaviorismo, a Gestalt, a Psicanálise e a Psicologia Histórico-
Cultural.

Acompanhe com atenção!

24

psicologia_social.indb 24 21/9/2011 01:57:38


Psicologia Social

Objeto e Método de
Pesquisadores Fatores determinantes
Estudo
Behaviorismo

Watson Comportamento humano. Comportamento humano é


(1878 - 1958) Empregava pesquisas que determinado pelas reações
investigavam estímulos e que o ambiente externo
EUA respostas dos indivíduos e oferece às nossas ações.
animais em laboratório. Reforços e punições promovem
Skinner os condicionamentos que
(1904 - 1990) modelam o desenvolvimento e a
EUA aprendizagem humanos.
Gestalt

Koffka Percepção e consciência A percepção humana possui


(1886 - 1941) humana. Promoviam leis próprias, as quais, em
situações experimentais ação, promovem a consciência
Alemanha com seres humanos e humana sobre os eventos
animais. externos.
Psicanálise

Freud Subjetividade e afetividade A subjetividade humana é


(1856 - 1939) humanas. Relação entre determinada pelos vínculos
inconsciente e consciente. afetivos estabelecidos ao
Áustria Estudam expressões longo da vida dos indivíduos.
simbólicas; sonhos; A qualidade desses vínculos
Lacan discursos. determinará a orientação das
(1901 - 1981) atitudes desses indivíduos, que
Jung pode se caracterizar por ser mais
(1875 - 19610 saudável ou mais comprometida.
Suíça
Psicologia Histórico-Cultural

Vygotsky Consciência e Processos A consciência e todos os


(1896 - 1934) Psicológicos Superiores processos psicológicos superiores
Leontiev (linguagem, pensamento, se desenvolvem pela relação
memória voluntária); dialética que se estabelece
(1903 - 1979) Subjetividade e entre os sujeitos e a cultura ao
Luria Personalidade. Método longo do desenvolvimento de
(1902 - 1977) dialético. atividades coletivas, tanto no
Rubinstein nível filo como ontogenético.
(1887 - 1982)
(todos da Rússia) “Filo” se refere ao
desenvolvimento das
Quadro 1.4 - Principais abordagens psicológicas do século XX. funções psicológicas, que
Fonte: Elaboração da autora. ocorre ao longo da história
da espécie.
“Ontogenético” se refere
ao desenvolevimento das
funções psicológicas, que
ocorre ao longo da história
do indivíduo, de bebê à
vida adulta.
Unidade 1 25

psicologia_social.indb 25 21/9/2011 01:57:39


Universidade do Sul de Santa Catarina

Pelo quadro apresentado, você pode perceber que a ciência da


Psicologia se divide em várias teorias psicológicas e que cada
uma delas possui objetos de estudo (comportamento, percepção
e consciência, afetividade, consciência e processos psicológicos
superiores) e métodos de estudos próprios (experimentais;
discurso, dialético).

Com o desenvolvimento desta ciência ao longo dos séculos XX


e XXI, as teorias anteriormente citadas ofereceram subsídios
teóricos para a composição de subáreas da Psicologia e também
para o campo de atuação do psicólogo.

Neste sentido, é possível afirmar que a Psicologia é uma “área”


dinâmica de produção de conhecimentos e de intervenção na
realidade social, composta de subáreas que são expressas em
diferentes especialidades.

Neste momento, você deve estar se perguntando,


afinal, o que é Psicologia Social?

É o que você conhecerá na próxima seção. Permaneça atento(a)!

26

psicologia_social.indb 26 21/9/2011 01:57:39


Psicologia Social

Seção 4 - Psicologia Social


Iniciamos esta seção com outras perguntas:

„„ É possível uma psicologia que não seja social?


„„ Há sentido em conceber um indivíduo isolado do
seu contexto social?

De acordo com Lane (2001), a resposta a esta indagação passa,


necessariamente, por um exame inicial, que é do próprio processo
de divisão em compartimentos (as diferentes disciplinas) das
ciências humanas e sociais. A partir de uma visão reducionista e
simplista e de uma perspectiva de dicotomia entre e o individual
e o social, coube à Psicologia o estudo do indivíduo e à Sociologia
o estudo da sociedade.

Esta divisão se consolida de tal forma, que, por exemplo, reconhece-


se nos estudos de Wundt (considerado o fundador da Psicologia
como ciência independente, que você estudou logo acima) sobre
Psicologia Individual e desconhece-se os trabalhos desse mesmo
autor sobre temas hoje classificados como Psicologia Social.

Saiba mais
Wundt publicou uma obra de aproximadamente
10 volumes denominada Psicologia das Massas ou
de Psicologia dos Povos, em língua alemã, que até
recentemente não havia tradução para outra língua.
Outro dado interessante é que Wundt e Durkheim
mantinham discussões sobre como analisar os
fenômenos sociais e a partir destas ocorreu uma
bifurcação: à sociologia de Durkheim coube o estudo
da sociedade e à psicologia de Wundt coube o estudo
do indivíduo.

No entanto, a constatação da impossibilidade de estudar o


homem como um ser isolado – objeto da Psicologia – conduz ao
desenvolvimento de teorias e métodos para explicar a influência
dos fatores sociais sobre os processos de percepção, memória,
pensamento, motivação, organizando-se a Psicologia Social
enquanto uma das áreas da Psicologia.

Unidade 1 27

psicologia_social.indb 27 21/9/2011 01:57:39


Universidade do Sul de Santa Catarina

A breve introdução apresentada permite que você já


tenha alguns subsídios para pensar sobre como surgiu
a Psicologia Social. Mas para que você possa tirar
suas próprias conclusões sobre as perguntas iniciais
apresentadas, leia, a seguir, um pouco da história da
Psicologia Social no mundo.

O desenvolvimento da Psicologia Social nos EUA e na Europa


Exitem muitas maneiras de se contar uma história. A forma
apresentada foi escolhida por retratar o dinamismo do
desenvolvimento desta ciência e por permitir a identificação das
bases epistemológicas das diferentes correntes em Psicologia Social.

A Psicologia Social é tipicamente considerada uma ciência


americana. Isto porque ela teve, em seus primórdios, um
desenvolvimento expressivo nos EUA. Algumas razões são
explicativas para isso, entre elas, o fato do EUA ser um país
multicultural e multiracial, o que levou os psicólogos a se
interessarem por compreender os fenômenos relacionados aos
preconceitos e atitudes, o que acarretou o desenvolvimento e
aplicação de vários tipos de escalas de medidas para avaliar estes
processos.

Numa perspetiva abrangente do desenvolvimento da Psicologia


Social, Farr (2004) afirma que, embora as raízes da Psicologia
Social possam ser encontradas no solo intectual de toda a
tradição ocidental, seu atual florescimento é reconhecido como
sendo um fenômeno caracteristicamente americano. Destacam-se
neste processo os eventos de guerras, sendo que a segunda guerra
mundial propiciou um tipo de impulso ao desenvolvimento da
Psicologia Social semelhante ao que a primeira guerra mundial
tinha propiciado para os testes psicométricos.

À época da segunda guerra mundial, os cientistas sociais


colaboravam para realizar levantamentos sociais sobre a
adequação de soldados à vida do exército, sua participação em
combate e sobre as consequências advindas desta participação,
colaborando, especialmente, com pesquisas, cujo enfoque estava
na avaliação da eficácia das diferentes maneiras de instruir o
pessoal militar e na solução de problemas técnicos relacionados
à mensuração das atitudes e à predição do comportamento. Para
isso, adotavam uma perspectiva positivista de ciência.

28

psicologia_social.indb 28 21/9/2011 01:57:39


Psicologia Social

Uma concepção positivista de ciência significa


que seus princípios básicos, nas explicações dos
fenômenos sociais, são: tratá-los como fenômenos
naturais através de métodos experimentais, sendo
que os modelos explicativos remetem sempre às
explicações centradas nos indivíduos.

Você estudará na
sequência que é este
Os temas citados, anteriormente, foram os assuntos da série de
fator que determina
volumes da obra entitulada The American Soldier, publicada o fenômeno de
depois da guerra sob a editoração geral do sociólogo Stouffer. individualização da
Esse programa de pesquisa colaborativa desenvolvido durante a Psicologia Social.
guerra foi importante por duas razões:

1. Proporcionou um modelo de programas de doutorados


interdisciplinares em Psicologia Social no pós-guerra.
Esses eram programas conjuntos entre a Psicologia e a
Sociologia com várias participações da Antropologia
(vale ressaltar que nenhum desses programas existe na
atualidade).

2. A outra razão da importância da série de volumes


do The American Sodier é que alguns grupos de
pesquisadores do tempo da guerra continuaram
colaborando muito além dela. O mais importante
desses grupos formou, após a guerra, o núcleo de
pesquisa sobre comunicação e mudança de atitude.
Isto resultou numa série posterior de volumes que são
importantes na história da Psicologia Social experimental
na América, na era moderna. Outros volumes foram
editados posteriormente e estavam relacionados com
levantamentos sociais e mudanças de atitudes.

Em Psicologia Social, como em numerosas outras disciplinas


acadêmicas, a geração de estudantes imediatamente ao pós-
guerra foi especialmente talentosa. (FARR, 2004).

Unidade 1 29

psicologia_social.indb 29 21/9/2011 01:57:39


Universidade do Sul de Santa Catarina

Isto foi particularmente verdadeiro no que se refere


ao grupo de estudantes de doutorado coordenados
pelo pesquisador Kurt Lewin. Este estudioso fundou
o Centro de Dinâmica de Grupo, no Instituto de
Tecnologia de Massachusetts (MIT), nos EUA, em 1945.
Este grupo ajudou a estabelecer a Psicologia Social
na era moderna, como um fenômeno distintamente
americano.

O papel deste grupo foi vital no desenvolvimento de uma


Psicologia Social Cognitiva (diferenciando-se da Psicologia
Social mais experimental). Eles refletiram, na América, a
influência da Psicologia da Gestalt. Vale demarcar que Lewin era
europeu, e, assim, como um grande contingente de pesquisadores
Psicologia que se desenvolveu
na Europa e que estudava,
europeus, migrou para o EUA, nos períodos das guerras,
fundamentalmente, os fenômenos especialmente fugidos do nazismo e anti-semitismo.
de percepção e a relação com
sistemas de aquisição de A principal migração foi dos gestaltistas da Áustria e da
informações, por processos Alemanha para o EUA, e foi este o fato que possibilitou o
essencialmente cognitivos. desenvolvimento da Psicologia Social Cognitiva, com raízes na
Fenomenologia.
Deriva das palavras gregas De acordo com Farr (1996, p. 7 apud Bernardes, 1998, p. 26):
phainesthai que significa
aquilo que se mostra, e logos
que significa estudo, sendo
[...] foi desse conflito entre duas filosofias rivais, mas
etimologicamente, então, “o
incompatíveis (isto é fenomenologia e positivismo), que
estudo do que se mostra”. Busca a
a Psicologia Social, na forma específica, como se deu,
interpretação do mundo através da
logo no período moderno [...]. A Psicologia da Gestalt
consciência do sujeito formulada
foi o ingrediente crucial nessa transformação. O conflito
com base em suas experiências.
ocorreu em solo americano, e também o resultado – uma
forte psicologia social cognitiva – foi produto claramente
americano. A psicologia social moderna, pode, pois, ser,
na verdade, um fenômeno caracteristicamente americano,
mas ao menos a fenomenologia era européia.

Percebe-se, então, que as raízes da Psicologia Social moderna


foram européias, embora a flor fosse caracteristicamente
americana.

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psicologia_social.indb 30 21/9/2011 01:57:39


Psicologia Social

Ao longo da segunda metade do século XX, muitos outros


programas de pós- graduação foram importantes para o
desenvolvimento da Psicologia Social no EUA, tais como:

„„ O Institute for Social Research, em Michigan, para onde


foi levado o Centro de Dinâmica de Grupo sob a direção
do psicólogo social, Cartwright, que trabalhou com
Lewin após a morte prematura deste;
„„ O programa de pesquisa em comunicação e mudança de
atitude do pós-guerra de Yale, sob a direção de Hovland,
que reuniu um brilhante grupo de colaborados, muitos
dos quais tinham realizado pesquisas, previamente no
contexto de guerra.

O grupo experimental de Yale era mais ortodoxo do


que o do MIT na utilização de variáveis de pesquisa
experimentais. Mas ambos os grupos adotaram uma
perspectiva cognitiva em Psicologia Social.

De acordo com Farr (2004), a Psicologia Social que se


desenvolveu como um fenômeno especificamente americano na
era moderna é uma forma psicológica em Psicologia Social.

De acordo com Bernardes (2001), as formas


psicológicas em Psicologia Social reduzem as
explicações do coletivo e do social às leis individuais.

Nesta perspectiva, o indivíduo é o centro da análise. Indivíduo,


aqui, é entendido como uma entidade liberal, autônoma,
independente das relações com o contexto social que o cerca
e consciente de si, o que gera a individualização da Psicologia
Social. Esta é a forma dominante de Psicologia Social no EUA e
no mundo de língua inglesa.

Os psicólogos sociais americanos tiveram uma colaboração


significativa no pós-guerra, ao desempenharem um papel
fundamental na reconstrução das universidades, tanto na
Alemanha como no Japão. Os psicólogos americanos também
ajudaram na construção de sociedades de Psicologia na Europa,
como, também, a estabelecer contatos entre psicólogos europeus

Unidade 1 31

psicologia_social.indb 31 21/9/2011 01:57:39


Universidade do Sul de Santa Catarina

que trabalhavam isoladamente. A forma de Psicologia Social que


eles ajudaram a estabelecer foi a forma psicológica em Psicologia
Social. (Farr, 2004). Esta é considerada uma forma tradicional em
Psicologia Social (você aprofundará este estudo na Unidade 2).

Ao discutir sobre o surgimento da Psicologia Social na Europa,


Farr (2004) afirma que há tradições de pesquisa em Psicologia
Social que se desenvolveram e se originaram neste continente.
Duas das mais influentes foram a teoria de identidade social,
de Tajfel e a teoria das representações sociais, de Moscovici. A
primeira estava muito mais ligada à Psicologia Social americana
do que a segunda.

Já Moscovici, ao escolher Durkheim como um ancestral


adequado para a sua teoria das representações sociais, contribui
para assegurar que essa tradição francesa de pesquisa em
Psicologia Social, que ele iniciou no começo da era moderna,
fosse classificada como uma forma sociológica em Psicologia
Social e não como uma forma psicológica.

De acordo com Bernardes (2006), as formas


sociológicas de Psicologia Social refletem a relação
entre o individual e o coletivo. Buscam uma superação
desta dicotomia, não reduzindo as explicações da
Psicologia Social ao individual, nem tampouco ao
coletivo.

Saiba mais
Durkheim define o fato social como objeto da
sociologia e propõe o método funcionalista para
análise social. Para ele, todo fato social cumpre uma
função na sociedade, portanto, explicar os fatos sociais
significa demonstrar as funções exercidas por eles.
Fato social é toda maneira de agir, fixa ou não, capaz
de exercer sobre o indivíduo ou conjunto uma coerção
exterior, tendo ao mesmo tempo uma existência
própria independente das suas manifestações
individuais.
Para o autor, a sociedade determina o indivíduo. (SELL,
2006).

32

psicologia_social.indb 32 21/9/2011 01:57:39


Psicologia Social

De acordo com Farr (2004), a teoria de Moscovici contribui


para uma crítica da natureza individual da tradição psicológica
dominante no EUA. Ela representa um desafio importante à
hegemonia da Psicologia Social americana dentro da Europa.

E você sabe como foi o desenvolvimento da Psicologia


Social na América Latina?

É o que você estudará a partir de agora. Permaneça atento!

O desenvolvimento da Psicologia Social na América Latina e


no Brasil
Na América Latina e no Brasil, nas décadas de 60 e 70, do século
XX, a Psicologia Social incorporou, inicialmente, o modelo do
EUA, com algumas pequenas adaptações à realidade de cada
país. A transposição e replicação das teorias e métodos norte-
americanos ficam evidentes em algumas obras de Psicologia
Social da época, como por exemplo, Rodrigues (1976, 1979,
1981). (BERNARDES, 2003)

De acordo com Bernardes (2003), tal posicionamento de


importação acentuada de posturas teóricas, levou alguns
psicólogos sociais latino-americanos, no final da década de 1970,
a constatar o período que se chamou de “a crise da Psicologia
Social” ou a “Crise de Referência”

No Brasil e na América Latina, a crise começa a tomar corpo Vale retomar que esta crise
era européia já na década
nos Congressos da Sociedade Interamericana de Psicologia,
de 60.
principalmente, aquele realizado em Miami (1976) e Lima (1979).

Como pontos principais da crise da Psicologia Social,


estavam a dependência teórico-metodológica,
principalmente do EUA, a descontextualização dos
temas abordados, a simplificação e superficialidade
das análises destes temas, a individualização do social,
na Psicologia Social, assim como a não preocupação
política com as relações sociais no país e na América
Latina, em decorrência das teorias importadas.

Unidade 1 33

psicologia_social.indb 33 21/9/2011 01:57:39


Universidade do Sul de Santa Catarina

Nos anos de 1960, surge a Associação Latino-Americana de


Psicologia Social (ALAPSO), que era orientada pela Psicologia
Social Norte-Americana. Em oposição a ela surgem outras
Associações, a exemplo da Associação Brasileira de Psicologia
Social (ABRAPSO), no Brasil.

A ABRAPSO surge em 1980 por meio de pesquisadores, tais


como Silvia Lane e Wanderlei Codo, que organizaram, em
1984, a obra Psicologia Social: o homem em movimento. Estes
eventos demarcam o rompimento com a Psicologia Social norte-
americana.

Associação Brasileira de Psicologia Social - ABRAPSO -


teve em sua proposta de criação, a intenção do grupo
A ABRAPSO é uma associação brasileiro em redefinir o campo da Psicologia Social,
referência em Psicologia Social no descobrir novos recursos metodológicos, propor
Brasil. Para conhecê-la, consulte o práticas sociais e construir um referencial teórico
site da ABRAPSO. Disponível em: inscrito em princípios epistemológicos diferentes dos
<www.abrapso.com.br>. Acesso até então vigentes.
em 10 jul.2011.

De acordo com Lane (1981), acompanhando a tendência


européia, mas sinalizando para diferenças consistentes e próprias
dos países da América Latina, esboça-se a criação de uma nova
Psicologia Social, no Brasil, representada pela ABRAPSO - que
recebe, algumas qualificações como Psicologia Social Histórico
Crítica ou Psicologia Sócio-histórica.

São qualificações que expressam a perspectiva crítica em


Psicologia Social hegemônica de até então e que apontam para
uma concepção de ser humano como produto histórico-social
e, ao mesmo tempo, como construtor da sociedade e capaz
de transformar esta sociedade por ele construída. Teve forte
influência do materialismo histórico-dialético, de Marx e Engels.

34

psicologia_social.indb 34 21/9/2011 01:57:39


Psicologia Social

Saiba mais
Marx considera a História como produto do trabalho
humano. À medida que os homens interagem
para satisfazer suas necessidades, desencadeiam o
processo histórico.
Marx (apud Sell, 2006, p. 77) diz que “o modo
de produção da vida material condiciona o
desenvolvimento da vida social, política e intelectual.”
Partindo de uma citação de Marx, em O 18 Brumário,
onde o mesmo diz que: “os homens fazem a história,
mas não a fazem como querem. Eles a fazem sob
condições herdadas do passado”, Sell afirma que ele
“mostra o peso que as estruturas sociais exercem
sobre os indivíduos, mas, dialeticamente, demonstra
também que os homens partem destas mesmas
estruturas para recriá-las pela sua própria ação”. (SELL,
2006, p. 76-77).

Esta concepção de ser humano recoloca a relação indivíduo-


sociedade, rompe com a perspectiva dicotômica e, ao invés de
considerar indivíduo e contexto social, propõe a construção de
um espaço de interseção em que um implica o outro e vice-versa.
Ao falar sobre este processo, Lane (1981) afirma que foi somente
a partir dos anos de 1980, que a Psicologia Social brasileira
assumiu uma postura mais crítica e adotadou uma concepção
de ser humano que se produz numa relação recíproca com a
sociedade e entende que este processo é histórico, ou seja, passível
de ser transformado.

Como recursos metodológicos, são privilegiados


aqueles que rompem com o modelo de redução do
complexo ao simples, do global ao elementar, da
organização à ordem e da qualidade à quantidade.
Como objeto de estudos e pesquisas, propõe
a preocupação com aspectos de relevância e
aplicabilidade ao contexto brasileiro e que possam
responder às questões sociais específicas de sua
população. (LANE, 1981).

Unidade 1 35

psicologia_social.indb 35 21/9/2011 01:57:39


Universidade do Sul de Santa Catarina

Nas palavras de Lane (2001, p.15):

Psicologia Social que enseja a complexificação do simples,


a pluralidade teórico-metodológica, a intersecção das
diferentes áreas de aplicação da Psicologia, a prática
interdisciplinar e a preocupação ética em relação aos
seus compromissos sociais e políticos. Psicologia Social
que vai além da simples assertiva de um ser humano
no social, mas de um ser humano social com base na
convicção de que não há possibilidade do humano sem
ser no social.

Bem, para facilitar o seu estudo sobre os conteúdos abordados até


este momento sobre o desenvolvimento da Psicologia Social no
EUA, na Europa e no Brasil, será apresentada uma síntese.

Pelo que você estudou até aqui, é possível identificar 2 formas


de Psicologia Social: uma Psicológica e outra Sociológica.
Você estudará estas duas formas nas unidades subsequentes,
mas acompanhe no organograma que segue uma síntese destas
informações.

Psicologia Social

Forma Psicológica em Psicologia


Social/Tradicional Formas Sociológicas em Psicologia
EUA Social
Europa e Brasil
Positivista/Cognitivista

Teoria das Representações Sociais Psicologia Social Histórico-Crítica


Moscovici/Joudelet Silvia Lane/Wanderlei Codo/etc.
Durkheim Marx

Figura: 1.2 Formas de Psicologia Social

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psicologia_social.indb 36 21/9/2011 01:57:39


Psicologia Social

Pela Figura 1.1, apresentada acima, é possível identificar que


a forma sociológica em Psicologia Social se divide em duas:
uma que adota a Sociologia de Durkheim e a outra que adota o
Materialismo Histórico-Dialético de Marx e Engels, como bases
epistemológicas. Na primeira, a sociedade determina o indivíduo
e na segunda sociedade e indivíduo se determinam mutuamente,
num processo dialético.

Pode-se dizer que o objeto de estudo da Psicologia


Social é o fenômeno psicossocial e que cada uma das
abordagens citadas elege suas próprias categorias
para identificá-lo.

Como no Brasil houve influência das três perspectivas


mencionadas acima, você terá a oportunidade de estudar as
principais contribuições de cada uma delas para a compreensão
das relações que se estabelecem entre indivíduos e sociedade, ao
longo das unidades desta disciplina.

Unidade 1 37

psicologia_social.indb 37 21/9/2011 01:57:39


Universidade do Sul de Santa Catarina

Síntese

Como você percebeu, a Psicologia é uma ciência que está em


constante transformação. E é assim, porque seu objeto de estudo,
o ser humano, também o está. É uma ciência que atua de forma
ampla na sociedade, porque as demandas de seu conhecimento
e de sua intervenção estão nas mais variadas fontes: a escola, a
família, as organizações de trabalho, os hospitais, enfim.

O psicólogo possui um desafio particular: ele é pesquisador e,


ao mesmo tempo, objeto de suas pesquisas, ou seja, utiliza sua
“mente” para compreender e analisar a “mente” de outras pessoas,
utiliza sua subjetividade para explicar a subjetividade daqueles
que atende. Interpreta as emoções de outras pessoas a partir
de como significam estes dados e de como os qualifica (o que
certamente envolve valores emocionais).

Neste sentido, a busca da “neutralidade” é algo constante nesta


ciência, mesmo considerando que esta só exista num plano ideal,
abstrato. Especialmente quando se atenta para o fato de que
quando há a interação humana, vínculos se formam e o produto
já não é mais “o eu e os outros”, mas um nós, no qual ambos
os envolvidos se transformam. É nesta seara que se encontra o
objeto de estudo da Psicologia Social.

Você estudou que a Psicologia Social desenvolveu-se como


área de estudo científico sistematizado após a I guerra
mundial, juntamente com as demais ciências sociais. Teve um
desenvolvimento expressivo após a segunda guerra mundial.
Nesta época, pesquisava fenômenos de liderança, preconceitos,
mudanças de atitudes, relações grupais, valores, com a finalidade
de compreender como ocorriam esses fenômenos em condições
de tensão social pós-guerra. Indivíduo e sociedade eram vistos de
uma forma dicotômica, ou seja, como se o indivíduo pudesse ser
isolado da sociedade e naturalizado.

Teve um desenvolvimento significativo nos EUA e na Europa


ao longo da metade do século XX. No primeiro, adotou-se uma
perspectiva mais individualizada. No segundo, adotou-se uma
perspectiva mais crítica, de partir de fenômenos sociais para a
compreensão da relação indivíduo - sociedade.

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psicologia_social.indb 38 21/9/2011 01:57:39


Psicologia Social

No Brasil, ela incorpora, inicialmente, a tendência americana,


mas transforma-se em uma ciência voltada para a compreensão
dos fenômenos psicológicos a partir de uma perspectiva mais
crítica e direciona-se para produzir conhecimento em Psicologia
de forma contextualizada com a realidade brasileira.

Atividades de autoavaliação

1. A partir do estudo desta unidade, você saberia definir o que é


Psicologia? Tendo esta ciência como centro de sua atenção, apresente
seis características que a define, preenchendo a figura que segue.

Psicologia

Unidade 1 39

psicologia_social.indb 39 21/9/2011 01:57:40


Universidade do Sul de Santa Catarina

2. Faça uma pesquisa na internet sobre o tema “Psicologia Social”


e verifique que várias definições aparecem. Escolha uma delas e
estabeleça relações com as formas de Psicologia Social apresentadas
nesta Unidade. Para sintetizar seu pensamento, construa uma figura
ou organograma (ou seja, uma forma alternativa ao texto escrito).
Aproveite o espaço que segue para fazer seu registro.

40

psicologia_social.indb 40 21/9/2011 01:57:40


Psicologia Social

Saiba mais

Se você pretende ampliar seus conhecimentos, complemente seus


estudos e ratifique seus conhecimentos, acessando as obras abaixo
relacionadas, pois nelas se encontra farto material acerca do
assunto tratado nesta unidade:

BOCK, Ana; FURTADO, Odair; TEIXEIRA, Maria.


Psicologias: uma introdução ao estudo de Psicologia. 13. ed. São
Paulo: Saraiva, 2005.

DAVIDOFF, Linda L. Introdução à Psicologia. São Paulo:


Makron Books, 2001.

LANE, S.; SAWAIA, B. (Orgs.). Novas veredas em Psicologia


Social. São Paulo: Brasiliense, 1995.

LANE, Silvia T. M.; CODO, Wanderley (orgs.). Psicologia


Social: o homem em movimento. 13. ed. São Paulo: Brasiliense,
1994.

LANE, Silvia. O que é Psicologia Social. São Paulo: Brasiliense,


1981.

FARR. Robert. As raízes da Psicologia Social Moderna.


Petrópolis, RJ: Vozes, 2004.

Unidade 1 41

psicologia_social.indb 41 21/9/2011 01:57:40


psicologia_social.indb 42 21/9/2011 01:57:40
2
unidade 2

Psicologia Social: Uma


perspectiva Tradicional
Ligia Maria Soufen Tumolo

Objetivos de aprendizagem
„„ Conhecer o objeto de estudo e o método adotado pela
concepção psicológica em Psicologia Social.

„„ Definir as principais categorias estudadas na abordagem


psicológica em Psicologia Social.

„„ Estabelecer relações entre os conceitos apresentados e


as experiências cotidianas no que se refere às interações
pessoais.

Seções de estudo
Seção 1 Psicologia Social: uma abordagem psicológica
Seção 2 Crenças, estereótipos, preconceitos e percepção
social
Seção 3 A formação de atitudes
Seção 4 Relações grupais

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Universidade do Sul de Santa Catarina

Para início de estudo


A forma psicológica em Psicologia Social é uma forma
tradicional de abordagem, no que se refere a esta ciência. Ela
contribui para a descrição de conceitos e processos que ocorrem
nas interações sociais, partindo de uma concepção de que os seres
humanos, quando estão em interação, influenciam-se uns aos
outros, necessariamente.

Para que você entre em contato com esta abordagem em


Psicologia Social, serão apresentados os conceitos mais discutidos
pelos autores que adotam esta perspectiva de análise.

Você certamente os identificará em sua vida cotidiana e isto lhe


trará facilidades e motivação para o estudo.

Vamos lá! Siga em frente!

44

psicologia_social.indb 44 21/9/2011 01:57:40


Psicologia Social

Seção 1- Psicologia Social: uma abordagem psicológica


Conforme estudado na unidade 1, a forma psicológica em
Psicologia Social centra seus estudos predominantemente em
aspectos individuais para explicar os fenômenos que ocorrem nas
interações sociais.

Abordam os fenômenos que ocorrem nas relações sociais sem a


preocupação de contextualizá-los historicamente.

Para esta abordagem em Psicologia Social, o objeto


de estudo desta ciência é o estudo dos fenômenos
psicológicos que são suscitados nas interações entre
as pessoas.

Por influência de uma concepção predominantemente positivista


de homem e de sociedade demonstram uma compreensão mais
individualizada de sujeito e estudam cientificamente o processo
de interação entre as pessoas, com a finalidade de compreender
melhor o comportamento social humano. Para isto, se utilizam
de métodos experimentais e descritivos, além de observações,
predominantemente.

De acordo com Rodrigues (2003), ao se empregar o método


experimental com seres humanos, a intenção do pesquisador é
estabelecer uma relação provável de causa e efeito entre fatores
situacionais e o comportamento por eles suscitado. Ao utilizar
o método experimental, o investigador cria situações sociais e
observa seus efeitos no comportamento individual.

O social nesta abordagem em Psicologia Social não


é a sociedade em geral, mas sim, a interação entre as
pessoas, e suas relações recíprocas, o pensamento
que a expectativa e o contato com o outro provocam.
(Rodrigues, 2003).

Os principais fenômenos estudados por esta abordagem em


Psicologia Social são as crenças, os estereótipos, os preconceitos,
percepção social e formação de atitudes e as relações grupais, tais
como: coesão grupal, a formação de normas sociais, a liderança, etc.

É o que você estudará a partir de agora.

Unidade 2 45

psicologia_social.indb 45 21/9/2011 01:57:40


Universidade do Sul de Santa Catarina

Seção 2 - Crenças, estereótipos, preconceitos e


percepção social
“Não vemos as coisas como elas são; nós a vemos como nós
somos”. (ANAIS NIN apud Rodrigues 2003, p. 20).

Inicia- se esta seção com algumas perguntas:

„„ Você é seletivo em suas relações pessoais?

„„ Quais informações você utiliza para entrar em


interação com os outros?
„„ Será que você percebe os outros como eles são?
Como será que os outros percebem você?

De acordo com Rodrigues (2003), os seres humanos tendem


a explicar os fenômenos e eventos que ocorrem na realidade,
inclusive tendem a interpretar as demais pessoas, mesmo sem
conhecê-las, na expectativa de ter dados e informações para
decidir se desejam (ou não) interagir com elas.

Para que seja possível explicar o desconhecido, os indivíduos, em


geral, tendem a se apoiar em padrões de crenças. Utilizam- se de
associações que são realizadas com base em características que se
destacam à sua percepção individual sobre a pessoa percebida, e
que se vinculam a determinados julgamentos ou pré-concepções.

- E você sabe o que são crenças?

Crenças são proposições que, na sua formulação mais


simples, afirmam ou negam uma relação entre dois
objetos concretos ou abstratos, ou entre um objeto e
algum possível atributo deste. (KRUGER, 1986, p. 32)

De acordo com o mesmo autor, crenças, do ponto de vista da


análise científica, não são conjecturas baseadas na fé. O sistema
de crenças envolve a atuação de processos cognitivos, como
perceber, raciocinar e pensar.

46

psicologia_social.indb 46 21/9/2011 01:57:40


Psicologia Social

De acordo com Kruger (1986, p. 32), as crenças podem ser


qualificadas como opiniões, boatos, dogmas, convicções e
estereótipos, entre outras possibilidades de classificação e
participam, quando houver uma relação afetiva entre uma
pessoa e um objeto social, da atitude que aquela manifesta em
relação a este.
Objeto social é um termo
utilizado por Kruger
De acordo com Rodrigues (2003, p. 21), a crença numa teoria (1986) e que se aplica a
que aglutina características pessoais possibilita aos indivíduos, qualquer pessoa, grupo,
uma vez encontrada nos outros, fazer inferências sobre intenções animal, objeto inanimado
e comportamentos desses últimos, o que facilita o entendimento ou entidade abstrata,
posicionado como objeto
dos outros.
de afeição ou interesse
social.
Este fenômeno de teorização sobre uma determinada pessoa
a partir de crenças que se associam às suas características é
denominado estereótipos.

Estereótipos consistem na atribuição de determinados


traços aos membros de um certo grupo.
Os estereótipos decorrem da generalização de
observações individuais para todo o grupo a que
pertence à pessoa em que recaiu a observação.

Como você pode perceber, estereótipos são crenças amplamente


generalizadas para um conjunto de pessoas.

De acordo com Rodrigues (2003), os estereótipos podem estar


relacionados com a atribuição de valores negativos ou positivos.
Ou seja, podem ser generalizados valores positivos ou negativos
ao conjunto de pessoas pertencentes a um determinado grupo.

Quando um estereótipo é integrado por aspectos


puramente negativos está-se diante daquilo que se
chama preconceito.

Um professor, baseado em crenças de que toda


pessoa responsável tem uma determinada aparência,
desconfia do potencial ou responsabilidade de um de
seus alunos porque ele usa cabelo cumprido do tipo
rastafary.

Unidade 2 47

psicologia_social.indb 47 21/9/2011 01:57:40


Universidade do Sul de Santa Catarina

Para explicar este processo que ocorre nos indivíduos, utilizando-


se de uma perspectiva de análise cognitiva, Rodrigues (2003)
afirma que os indivíduos, ao se relacionarem com o ambiente
social e consigo próprio, utilizam-se de recursos cognitivos
denominados de esquemas sociais.

Esquemas sociais são rótulos dados às pessoas e aos grupos por


meio dos estereótipos e preconceitos, que são construídos pelos
sistemas de crenças que os indivíduos possuem e que criam
julgamentos e expectativas diante de comportamentos dos demais
indivíduos.

Saiba mais
A forma esquemática de agir não ocorre somente
na interação com outras pessoas, mas, também,
na relação do indivíduo com ele mesmo. São os
autoesquemas ou esquemas dirigidos a própria
pessoa e que funcionam da mesma forma que os
demais esquemas.
Os indivíduos têm um conjunto de crenças sobre eles
próprios, do que são e de como devem agir.

Pelo que foi exposto até aqui, já é possível introduzir um novo


conceito que é o de percepção social, a chamada percepção
de outrem. A percepção de outrem ou da ação de outrem é
intrínseca ao processo de interação social.

A percepção social é o processo que envolve


a percepção do outro e que é necessariamente
influenciada pelas crenças, estereótipos, preconceitos,
atitudes, interesses e esquemas sociais daquele que
percebe.

O processo de percepção social envolve várias etapas, que podem


ser descritas de maneira sintética da seguinte forma:

Acompanhe!

48

psicologia_social.indb 48 21/9/2011 01:57:40


Psicologia Social

Um indivíduo recebe informações sobre


outros pelos seus órgãos dos sentidos:

Crenças, interesses, estereótipos,


preconceitos, valores, ou seja, esquemas
sociais do indivíduo que recebeu, entram
em ação aferindo e fazem um filtro, a partir
desta carga psicológica. Considerando isto, é
atribuído um conceito sobre a pessoa.

Percepção Social

Como você pode concluir a partir dos processos que foram


apresentados até este momento, elementos psicológicos são
capazes de distorcer a correspondência entre o objeto social
e a percepção sobre este objeto. Valores, atitudes, interesses,
preconceitos e crenças fazem com que comumente a percepção
sobre o outro não corresponda às suas características quando se
considera a realidade desta outra pessoa.

Ao discutir sobre percepção social, Braguirolli (1994) afirma


que a percepção das pessoas, a denominada percepção social,
difere da percepção de objetos, porque envolve julgamento ou
juízo avaliativo. É um processo que acontece num nível diferente
da percepção de objetos. A diferença reside no fato de que esta
avaliação que ocorre no nível das interações pessoais funcionará
como direcionadora da forma como se interagirá com o outro.

Saiba mais
Ao falar de percepção social, Rodrigues (2003, p.
24) afirma que “Não registramos o nosso ambiente
social, tal como uma máquina fotográfica, mas sim,
o vemos através da distorção decorrente de nossas
idiossincrasias pessoais”.

Unidade 2 49

psicologia_social.indb 49 21/9/2011 01:57:40


Universidade do Sul de Santa Catarina

Ao estabelecer algumas conclusões sobre a importância da


compreensão sobre o fenômeno de percepção social nas interações
entre as pessoas, Rodrigues (1998) afirma ser fundamental que
os indivíduos tenham a consciência da ocorrência da interferência
destes processos, a fim de procurar evitar sua influência
ou minimizar sua interferência nas interações pessoais que
estabelecem.

A percepção social está intrinsecamente relacionada com as


atitudes, considerando que aquelas oferecerão elementos para estas.
A formação de atitudes é o que você estudará na próxima seção.

Permaneça atento!

Seção 3 - A formação de atitudes


Atitudes têm se constituído num dos temas mais estudados pela
psicologia social, na busca de entender como estas posições pró
ou contra objetos sociais se formam e se modificam e quais são os
elementos essenciais.

Ao falar sobre a formação de atitudes, Rodrigues (2003, p. 49)


afirma que enquanto categoria social, as atitudes mantêm uma
estreita relação com as noções de crença, valor e preconceito, na
medida em que, teoricamente apresentam elementos semelhantes
em sua organização.

Durante o nosso processo de socialização formamos posições


pró ou contra pessoas e objetos com que entramos em contato.
Tais posições estão intimamente ligadas ao que pensamos em
relação a tais pessoas e objetos e também à forma de agirmos
em relação aos mesmos. (RODRIGUES, 2003, p. 49).

- Você sabe como podem ser definidas as atitudes?

50

psicologia_social.indb 50 21/9/2011 01:57:40


Psicologia Social

Existem muitas definições de atitudes e você conhecerá algumas


delas:

De acordo com Kruger (1986), as atitudes podem


ser definidas como uma disposição afetiva,
favorável (positiva) ou desfavorável (negativa), a um
determinado objeto social.
Já de acordo com Rodrigues (2003), é uma
organização duradoura de crenças e cognições em
geral, dotada de carga afetiva pró ou contra um objeto
social definido, que predispõe a uma ação em acordo
com as cognições e afetos relativos a este objeto.

Entre as várias definições disponíveis sobre atitudes, algumas


características se preservam como essenciais a este conceito que são:

„„ existência de um sentimento favorável ou desfavorável em


relação a um objeto social;

„„ existência de uma certa estabilidade nesta tendência.

De acordo com Kruger (1986), as atitudes cumprem,


principalmente, 4 funções. São elas:

1. a primeira e mais importante delas é cumprir uma


função avaliativa.

2. a segunda, é que é através delas, que ocorre a


organização do comportamento nos planos da
cognição, dos afetos e do comportamento (conação;
ação).

3. Contribuem para uma orientação da conduta, na


medida em que ensejam uma discriminação afetiva de
tudo e de todos que se dispõem no campo do ambiente
psicológico.

4. Favorecem a elaboração de argumentos, funcionando


em defesa do próprio sujeito, protegendo-os de objetos e
situações desagradáveis ou ameaçadoras.

Unidade 2 51

psicologia_social.indb 51 21/9/2011 01:57:40


Universidade do Sul de Santa Catarina

Parece consenso entre os autores que a estrutura atitudinal é


composta de 3 elementos fundamentais que estão interligados:

1. Componente afetivo: consiste no sentimento favorável


ou desfavorável em relação a um objeto social.

2. Componente cognitivo: se refere aos pensamentos


(percepção, representação) que a pessoa possui em relação
a um objeto social.

3. Componente comportamental: é a prontidão para


responder, para comportar-se de determinada forma em
relação a este objeto social. É a expressão externa da
atitude (que também pode ser denominada de conação).

Lembre-se que se houver um sentimento em relação a um objeto


social, é porque dele já se dispõe de uma representação cognitiva,
ambos contribuindo para que se estabeleça uma orientação
preferencial da conduta ou comportamento em relação ao objeto
por eles visado.

Qual a sua atitude diante de uma pessoa que pede


esmola?
Diante da percepção de uma pessoa menos favorecida
economicamente, você pode ter um sentimento de
compaixão e agir de forma a dar-lhe algum dinheiro.
Ou você pode se recusar a ajudar, porque considera
uma forma fácil de ganhar dinheiro, além de se sentir
ameaçada pela situação.

Os componentes afetivos, cognitivos e comportamentais das


atitudes se associam de tal maneira que, se o sentimento for
positivo, as representações e a conduta também tenderão a sê-lo, e
vice-versa.

É lógico que dentro deste sistema existem variáveis que podem


tender a uma coerência, mas também a incoerências, quando
se trata de um comportamento social. Aprofundar isto, exigiria
uma análise muito minuciosa de todas as variáveis envolvidas nos
contextos sociais.

52

psicologia_social.indb 52 21/9/2011 01:57:40


Psicologia Social

Na formação de atitudes, assim como na formação de


preconceitos e valores, são significativas as influências que
os indivíduos recebem dos diversos grupos sociais dos quais
participa: a família, a escola, as organizações de trabalho. Essas
se formam por aprendizagens advindas dos vários grupos dos
quais os indivíduos fizeram parte.

Para finalizar esta seção, é importante destacar que as atitudes


podem ser modificadas. Ou seja, apesar de comporem tendências
de atuação dos indivíduos, variáveis sociais, pelas quais os
indivíduos passam podem provocar alterações nestas orientações,
tais como: períodos de grandes mudanças no âmbito da vida
pessoal e no contexto social em que o indivíduo está inserido;
mudanças de fases de desenvolvimento na vida, pressões externas,
entre outros.

Reside neste fato o grande interesse dos psicólogos sociais no


estudo das atitudes, desde sua origem histórica. Conhecer e
poder atual em prol de mudanças de atitudes de uma pessoa ou
de uma população sobre algum fenômeno pode ser de grande
importância para a ciência e para a sociedade.

Vale destacar ainda que tomando como base a perspectiva


psicológica em Psicologia Social, a personalidade é explicada pela
interação dos sistemas de crenças, atitudes e motivações pessoais,
alinhadas com as formas de interagir em grupo, conforme você
estudará mais adiante.

Até este momento, você estudou processos individuais a partir


da abordagem da psicologia social tradicional. A partir de agora,
você estudará as relações grupais.

Unidade 2 53

psicologia_social.indb 53 21/9/2011 01:57:40


Universidade do Sul de Santa Catarina

Seção 4 - Relações Grupais


O estudo desta seção certamente será bastante interessante e
terá um grau de facilidade pela possibilidade que você terá em
reconhecer a presença dos conceitos que serão expostos, no
cotidiano de sua convivência nos grupos.

A pesquisa experimental sobre os processos grupais foi


incrementada a partir do final da década de 1930, especialmente
pelos estudos de Kurt Lewin (1890-1947). A expressão dinâmica
de grupos foi cunhada por Lewin, que com ela pretendia
designar o campo da estrutura e dos processos que ocorrem nos
grupos humanos, tais como: liderança, coesão, produtividade,
cooperação, conflito e comunicação.

Nas palavras de Lewin:

A essência de um grupo não reside na similitude


ou dissimilitude de seus membros, senão em sua
interdependência. Um grupo pode ser caracterizado
como um todo dinâmico: isto significa que uma mudança
no estado de uma das partes ou membros do grupo varia
em todos os casos, entre uma massa sem coesão alguma
e uma unidade composta. (LEWIN, 1973 p. 54 apud
RODRIGUES, 2003).

Remetendo-se às ideias do próprio Lewin, é consenso


entre os estudiosos sobre o assunto, que os grupos
são muito mais do que as somas das individualidades
de seus membros.

De acordo com Braguirolli (1994), toda e qualquer sociedade, da


mais primitiva a mais complexa, consiste de diferentes grupos
e organizações. Nas sociedades contemporâneas, que são mais
complexas, certamente o número de grupos e organizações é muito
maior e o indivíduo faz parte simultaneamente de muitos deles.

54

psicologia_social.indb 54 21/9/2011 01:57:40


Psicologia Social

De acordo com a mesma autora, que apresenta uma revisão da


conceituação de grupos, estes podem ser definidos como:

“Uma pluralidade de indivíduos que estão em contato


uns com outros, que se consideram mutuamente e que
estão conscientes de que têm algo significativamente
importante em comum.” (OLMESTED 1970, p. 12 apud
BRAGUIROLLI, 1994, p 122).

“Um grupo psicológico pode ser entendido como


duas ou mais pessoas que se reúnem e satisfazem as
seguintes condições: as relações entre os membros
são interdependentes (o comportamento de cada
membro influi no comportamento de todos os outros);
os membros aceitam uma ideologia – um conjunto de
crenças, valores e normas que regulam sua conduta
mútua”. (KRECH, entre outros, apud BRAGUIROLLI,
1994, p. 122).

São exemplos de grupo: o grupo da família, dos amigos, o grupo


de estudos, de trabalho, entre tantos outros que fazem parte do
contexto das pessoas na atualidade.

Apoiados nas contribuições de Lewin, Rodrigues


(2003) afirma que os grupos possuem uma estrutura
própria, com objetivos que lhes são característicos e
estabelecem determinadas relações específicas com
outros grupos.

Este fato faz com que os grupos devam ser estudados como
entidades próprias na busca da apreensão de sua dinâmica
específica, por isso, vêm sendo estudados pelo viés da disciplina
denominada Dinâmica dos Grupos.

De acordo com Rodrigues (2003), grupos sociais


possuem características próprias, independente da
soma das partes que o integram.

Unidade 2 55

psicologia_social.indb 55 21/9/2011 01:57:40


Universidade do Sul de Santa Catarina

Resulta daí a necessidade de se estudar a dinâmica que emerge


da interação entre os membros do grupo. Pequenas modificações
nos elementos integrantes do grupo podem afetar essa dinâmica,
fazendo com que o grupo apresente características diferentes.

Os grupos podem ser analisados a partir de alguns elementos que


você estudará na sequência.

Coesão grupal
Grupos psicológicos diferem entre si no que tange a quantidade
de coesão grupal que existe entre seus membros. Dito de outra
maneira, os grupos se diferenciam de acordo com a variação da
consistência das relações interpessoais entre seus membros. Ou
explicando de outra maneira ainda: grupos psicológicos diferem
entre si no que tange à quantidade de coesão existente entre eles.

- Você sabe o que é coesão grupal?

De acordo com Kruger (1986, p. 72) na psicologia


social, a interpretação mais difundida de coesão
é de origem Lewiana, e pode ser explicada como
resultante da atratividade que o grupo exerce
sobre os seus membros, que dele desejam continuar
a participar, de forma que resistam à ideia de
abandoná-lo.
Para Rodrigues (2003), coesão grupal pode ser
definida como a quantidade de pressão exercida
sobre os membros do grupo a fim de que nele
permaneçam.

Ou seja, é a resultante das forças que agem sobre um membro


para que ele permaneça no grupo.

Há várias razões capazes de levar uma pessoa a pertencer a um


grupo. Atração pelo grupo ou por seus membros, forma de obter
algum objetivo através da filiação ao grupo. Ou seja, a atração
pessoal entre os componentes do grupo, a atração pela tarefa a ser
executada e atração devido ao prestígio que derivaria para os seus
membros pertencer àquele grupo, são fatores que promovem a
coesão grupal.

56

psicologia_social.indb 56 21/9/2011 01:57:40


Psicologia Social

Uma vez que está presente a coesão num grupo,


o comportamento de seus membros assume
peculiaridades próprias, decorrentes dela.

De acordo com Rodrigues (1998), os estudos experimentais sobre


a coesão grupal demonstram que quanto mais significativa esta é
verificada, também são verificados aspectos tais como:

1. Mais expressiva é a satisfação experimentada pelos


membros do grupo.

2. Mais significativa é a comunicação entre os membros.

3. Maior é a quantidade de influência exercida pelo grupo


em seus membros.

4. Maior a produtividade do grupo.

Os grupos que apresentam alto índice de coesão distinguem-


se daqueles que não a apresentam por uma maior semelhança
de valores, atitudes, crenças, motivações, objetivos e metas
apresentadas por seus participantes. Os contatos entre as pessoas
tendem a ser mais frequentes e revestem-se de afetividade.
Apresentam, também, maior eficiência em empreender tarefas e
promover ações coletivas, reunindo condições mais aprimoradas
de resolver os obstáculos que nelas se apresentam.

No entanto, é importante ressaltar que os estudos dos grupos


demonstram que nem só vantagens decorrem da existência de
alta coesão grupal. Pesquisas concluem que grupos altamente
coesos são sujeitos ao fenômeno definido por groupthink ou
pensamento grupal (em inglês), e que pode levar o grupo a
tomar decisões inadequadas. O groupthink pode ser explicado da
seguinte forma: é tal a união entre os membros do grupo que eles
se mostram pouco críticos, incapazes de contradizerem-se e isto
os torna bastante vulneráveis às distorções da realidade.

Unidade 2 57

psicologia_social.indb 57 21/9/2011 01:57:40


Universidade do Sul de Santa Catarina

De acordo com Rodrigues (2003, p. 145):

Via de regra, grupos que apresentam alta coesão grupal


são mais agradáveis, suscitam maior comunicação entre
seus membros e são mais produtivos do que aqueles com
coesão baixa. Mas grupos deste tipo devem ter cautela
contra possíveis distorções da realidade motivadas
pelo desejo de seus membros de evitar discordâncias,
especialmente quando precisam tomar decisões. Este
desejo pode afetar a capacidade crítica e construtiva do
grupo.

- Você reconhece elementos de coesão grupal nos grupos dos quais participa?

- E ainda, para que haja coesão é preciso que haja a existência de


normas de funcionamento nos grupos?

É o que você estudará a seguir!

Formação de normas sociais


Todo grupo, para funcionar adequadamente, necessita estabelecer
normas para serem seguidas por seus membros. Todos os grupos
sociais possuem normas sem as quais não seria possível continuar
existindo.

De forma geral, pode- se definir normas como padrões


ou expectativas de comportamento partilhados pelos
membros dos grupos.

Os membros utilizam tais padrões para julgar a pertinência ou


a inadequação de suas percepções, de seus sentimentos e de seus
comportamentos.

Normas existem em grupos de qualquer tamanho e até mesmo


numa relação entre duas pessoas que interagem constantemente.

- Mas você sabe para que elas são necessárias dentro de um grupo?

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psicologia_social.indb 58 21/9/2011 01:57:40


Psicologia Social

De acordo com Rodrigues (2003), o estabelecimento de normas


grupais facilita o trabalho de todos os membros do grupo. Além
disto, a adesão às normas pelo grupo permite um exercício mais
suave da liderança, pois dispensa o uso constante do poder.

As normas possibilitam a consciência por parte dos


membros do grupo de que eles devem segui-las de
forma a permanecer no grupo.

Os grupos de baixa coesão e aqueles que são muito amplos


podem apresentar dificuldades no estabelecimento de normas
devido à multiplicidade de interesses.

Para que as normas possam ser reguladoras dos comportamentos


dos membros do grupo, é necessário que haja:

„„ uma especificação dos comportamentos desejados;

„„ a “fiscalização” do cumprimento a estas especificações;

„„ a aplicação de “sanções” àqueles que não a cumprem.

Quanto à manutenção ou alteração das normas sociais, cabe ao


próprio grupo decidir sobre isto. Desta forma, é possível ou não
adaptar as necessidades de membros que apresentam posições
contrárias àquelas estabelecidas. Caso isto não ocorra, pode levar
ao desmembramento do grupo.

Lembre-se que a existência das normas facilita a vida


em grupo e a adesão a elas mantém a coesão grupal.
Membros que não se conformam às normas do grupo
tendem a abandoná-lo ou serem expelidos pelos
demais membros.

Após conhecidos os conceitos de coesão grupal e a importância


do estabelecimento de normas sociais no interior de um grupo,
você conhecerá outro componente do grupo que é a Liderança.

Unidade 2 59

psicologia_social.indb 59 21/9/2011 01:57:40


Universidade do Sul de Santa Catarina

Liderança
Antes de iniciar este estudo, procure responder a seguinte
pergunta:

Você é um líder?

Liderança é um dos fenômenos grupais mais conhecidos e


estudados. Desde que o fenômeno foi estudado por Lewin e
colaboradores na década de 1930, muito se tem escrito e estudado
sobre ele.

Embora não se possa afirmar que exista uma unidade sobre a


natureza conceitual do processo de liderança entre os estudiosos
da atualidade, parece consenso entre eles que a liderança é
um fenômeno que emerge como produto da interação entre
os membros do grupo e que depende das formas de interação
desenvolvidas entre estes. Está relacionada com a “atmosfera
grupal” e, também, com as finalidades do grupo.

De acordo com Rodrigues (2003), os estudos


iniciais sobre liderança apontavam que ela era um
fenômeno inato. Características como inteligência,
autoconfiança, sociabilidade, criatividade, otimismo,
extroversão eram consideradas indicativas de um líder
em potencial.

Na atualidade, é consenso entre os pesquisadores na área que


muitas dessas características possam contribuir para que uma
pessoa se torne líder, mas o fato de tê-las não necessariamente
torna a pessoa um líder.

Fazendo uma retrospectiva sobre os estudos de liderança,


Braguirolli (2003) afirma que as primeiras pesquisas sobre
liderança envolveram testes, observações e entrevistas com o
objetivo de identificar os traços de líderes de um grupo e depois
compará-los aos demais membros dos mesmos grupos.

60

psicologia_social.indb 60 21/9/2011 01:57:40


Psicologia Social

Estes estudos permitiram concluir, apenas, que os líderes não se


distinguem muito de seus seguidores e, também, que não existem
características universais típicas de um líder. Provaram, também,
que os líderes não se assemelhavam significativamente.

De acordo com Cartwright e Zander (1972, p. 612 apud


Braguirolli, 1994, p. 144),

no conjunto, os investigadores no campo da liderança


chegaram a conclusão de que, embora algumas
capacidades mínimas sejam exigidas de todos os líderes,
estas também estão amplamente distribuídas entre
os não-líderes. Além disto, os traços do líder que são
necessários e eficientes em um grupo, ou situação, podem
ser muito diferentes dos de outro líder, em situação
diferente.

Os estudos concluem que esta diferenciação da liderança em


diferentes contextos propõe uma abordagem situacional de
liderança. Esta enfoca as características do líder, dos membros do
grupo e da situação apresentada.

A partir de uma abordagem situacional do fenômeno


da liderança, esta passa a ser vista como a ação que
auxilia o grupo a atingir seus objetivos diante de uma
determinada situação.

Neste enfoque se revela que a liderança pode ser exercida por


mais de uma pessoa no grupo e que, para que um grupo atinja os
objetivos desejados, são necessárias determinadas ações, daqueles
que lideram, que podem ser muito diferentes daquelas requeridas
por outro grupo.

É importante ressaltar que a situação em que se encontra um


grupo também varia de um momento histórico para outro, o que
pode requerer diferentes demandas da liderança no que se refere
ao sucesso de uma tarefa.

Unidade 2 61

psicologia_social.indb 61 21/9/2011 01:57:41


Universidade do Sul de Santa Catarina

O líder, em suma, será aquele que mais exerce


influência no grupo, na direção de seus objetivos,
numa determinada situação.
Liderança e realização do grupo estão intrinsecamente
relacionadas.

Nesta concepção, liderança não deve ser entendida como uma


característica (ou um conjunto delas) que alguém possui (ou
não). Também se questiona, conforme já citado anteriormente,
a validade da existência de um líder único num grupo, já que a
identificação de quem é líder requer que se verifique:

„„ quais os objetivos almejados pelo grupo naquele


momento?

„„ quais as ações necessárias para esta conquista?

„„ quais de seus membros são os mais indicados para


exercê-la?

Parece mais adequado perguntar:

quem está líder num grupo diante desta tarefa neste


momento, ao invés de, quem é o líder deste grupo?

Certamente, você já ouviu falar dos estilos de liderança que


foram propostos por Lippitt e White (em 1943) e que estão
apoiados nos estudo de Lewin: a democrática, a autocrática e a
laissez faire. Pela tradição e pela repercussão que essa abordagem
de liderança possui, inclusive nos dias atuais, será apresentado um
Saiba Mais que contempla este assunto.

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psicologia_social.indb 62 21/9/2011 01:57:41


Psicologia Social

Os estilos de liderança:
1. autocrática: caracteriza-se pela
centralização de poder sendo que este é
exercido de forma coercitiva;

2. democrática: caracteriza-se pelo fato de


que as decisões são tomadas pela maioria do
grupo e o líder é apenas um catalisador da
expressão da vontade de seus liderados;

3. permissiva (laissez faire): caracteriza-se por


não haver propriamente dito uma ação de
liderança, sendo que é permitido que cada
membro do grupo faça o que deseja.

Na ocasião estes estudos, concluíram que a motivação


e o envolvimento dos membros do grupo são maiores
quando a liderança atua de forma democrática.

É necessário ressaltar novamente que, apesar dos benefícios


apontados pela liderança democrática, conforme os resultados
apresentados pela pesquisa dos autores acima citados, e em muitas
experiências de relações grupais na atualidade, a maioria das
pesquisas revelam que não há um estilo ideal de liderança, a priori.
Vale sinalizar que os
O estilo “ideal” de liderança depende de uma série de fenômenos de Liderança
variáveis relativas ao grupo, à situação apresentada e demais conceitos
e às características daquele que exerce a liderança, sobre relações grupais
(conforme já foi exposto anteriormente). vêm sendo amplamente
estudados pela área da
Psicologia Organizacional,
especialmente partindo
Para finalizar esta seção, é importante destacar que a visão dos resultados de
apresentada sobre grupo nesta unidade, especialmente baseadas pesquisas desenvolvidos
nas ideias de Lewin, direciona o foco na interdependência dos pela Psicologia Social e
membros do grupo, demonstrando como qualquer alteração da disciplina Dinâmica de
Grupos.
individual afeta o coletivo. Demonstra uma preocupação em
buscar a essência do grupo, o que revela uma imagem de um
grupo como “um ser” que transcende as pessoas que a compõem.
Há uma visão de um grupo ideal, aquele marcado por uma
grande coesão. (RODRIGUES, 2003, p. 201).

Unidade 2 63

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Universidade do Sul de Santa Catarina

Ao estudar esta unidade, você conheceu o objeto de estudo e o


método adotado pela concepção psicológica em Psicologia Social
e de definir as principais categorias estudadas nesta abordagem,
tanto no que se refere ao nível do indivíduo, como das relações
grupais. Pôde, também, estabelecer relações entre os conceitos
apresentados e as experiências cotidianas referentes às interações
pessoais.

Síntese

A perspectiva psicológica em Psicologia Social busca estudar as


interações entre as pessoas. O “social” nesta perspectiva não é a
sociedade em geral, mas as interações pessoais.

Nesta concepção, estudar cientificamente esses processos de


interação permite a compreensão do comportamento social
humano.

O conhecimento produzido por esta perspectiva em Psicologia


Social pode ser aplicado no entendimento e na solução de
problema específico relacionado, por exemplo, aos temas que você
estudou nesta unidade.

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Psicologia Social

Atividades de autoavaliação

1. Assista ao filme Vem Dançar (2006), cuja sinopse e dados estão


na sequência. Analise e estabeleça relações entre os eventos e
personagens do filme e os conceitos estudados nesta unidade.
Contemple o seguinte roteiro:
„„ Crenças;

„„ Estereótipos;

„„ Preconceitos;

„„ Atitudes;

„„ Coesão Grupal;

„„ Normas Sociais;

„„ Liderança.

Unidade 2 65

psicologia_social.indb 65 21/9/2011 01:57:41


Universidade do Sul de Santa Catarina

Figura 2.3 - Vem Dançar (2006).


Fonte: Neves, 2011.
Sinopse
Depois de presenciar um garoto de subúrbio depredando
violentamente um carro, Pierre Dulaine, um consagrado
dançarino, se propõe a desenvolver atividades de dança
em uma escola, com a finalidade de integrar estudantes
considerados “irrecuperáveis”. Seus métodos clássicos se
chocam com a cultura hip hop dos estudantes, em um
contexto social marcado pela violência das gangues. No
entanto, ocorre uma união entre professor e estudantes para
competir em um grande campeonato e Dulaine percebe
que está aprendendo muito mais do que pensava com seus
estudantes.

Atores Principais: Antonio Banderas, Rob Brown, Yaya


Dacosta, Dante Basco e John Ortiz.

Realizadora: Liz Friedlander.

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psicologia_social.indb 66 21/9/2011 01:57:41


Psicologia Social

Saiba mais

Se você pretende ampliar seus conhecimentos, complemente


seus estudos e ratifique seus conhecimentos, acessando as obras
abaixo relacionadas, pois nelas encontrará farto material acerca
do assunto tratado nesta unidade:

KRUGER, Helmot. Introdução à Psicologia Social. São Paulo:


EPU, 1986.

RODRIGUES, Aroldo. Psicologia Social. Petrópolis: Vozes,


1998.

RODRIGUES, Aroldo. Psicologia Social para principiantes.


Petrópolis: Vozes, 2003.

BRAGUIROLLI, Eliane. Temas de Psicologia Social.


Petrópolis, RJ: Vozes, 1994.

Unidade 2 67

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3
unidade 3

Psicologia Social: uma


perspectiva Histórico-Crítica
Ligia Maria Soufen Tumolo

Objetivos de aprendizagem
„„ Compreender a relação entre sujeito e a sociedade
numa perspectiva da Psicologia Social Histórico - Crítica.

„„ Conhecer as bases epistemológicas e o método


utilizado nesta concepção.

„„ Compreender as principais categorias de análise nesta


perspectiva.

„„ Estabelecer relações entre os conceitos apresentados e


a formação do sujeito social.

Seções de estudo
Seção 1 Psicologia Social crítica e sujeito sócio-histórico
Seção 2 Linguagem, pensamento e ideologia
Seção 3 Consciência e alienação
Seção 4 Identidade e identidade social
Seção 5 Personalidade
Seção 6 Processos grupais

psicologia_social.indb 69 21/9/2011 01:57:41


Universidade do Sul de Santa Catarina

Para início de estudo


Nesta unidade, você conhecerá a Psicologia Social a partir de
um enfoque histórico-crítico. Entrará em contato com algumas
categorias essenciais para a compreensão do ser social, nesta
perspectiva.

As produções científicas de autores como Silvia Lane, Carlos


Antônio da Costa Ciampa, Vygotsky, Leontiev, Maria da
Graça Jacques, entre outros, oferecerão a base teórica para
esta discussão. A produção destes autores revela uma grande
influência do materialismo histórico-dialético, de Marx e Engels.

- Mas você sabe que influências são estas?

„„ A adoção do método dialético para a compreensão dos


fenômenos sociais e psicológicos.

„„ O entendimento de que os processos psicológicos


superiores humanos, como a consciência, se desenvolvem
por meio da realização de atividades coletivas, mediadas
pela linguagem.

„„ A relação do sujeito com o contexto social é mediada, por


instrumentos materiais e/ou simbólicos.

Em suas análises, Marx deu especial atenção à categoria trabalho.


Para ele, o trabalho, principal atividade humana, permitiu
ao homem transformar a natureza ao longo de sua história,
transformando-se a si mesmo.

Essas ideias aparecerão em outros momentos desta unidade,


devido à importância que elas têm na compreensão geral das
categorias que serão abordadas.

Preparado para o estudo?

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psicologia_social.indb 70 21/9/2011 01:57:41


Psicologia Social

Seção 1 - Psicologia Social Crítica e sujeito sócio-histórico


A maioria dos teóricos que produzem conhecimentos a partir
desta perspectiva de análise são aqueles que fundamentam seus
estudos a partir de uma compreensão histórica e social dos
sujeitos e da sociedade.

- Mas você sabe o que isto significa?

Os teóricos que adotam a perspectiva da Psicologia Social crítica


têm como pressuposto fundamental que o sujeito se constitui
como tal a partir das relações sociais que estabelece com sua
cultura, num determinado momento histórico.

Numa perspectiva crítica em Psicologia Social, sujeito e sociedade


se produzem mutuamente numa relação dialética e, portanto,
devem ser analisados como uma unidade, em que um constitui
Para aprofundar seus
o outro necessariamente, por movimentos de transformações em conhecimentos sobre
que processos de introjeção e de negação são essenciais para o dialética, sugere-se a obra:
surgimento de novas formas qualitativas de sujeito e de sociedade. KONDER. O que é dialética?
Brasiliense, 1981.
Os sujeitos são produtos das sociedades e ao mesmo tempo
em que as produzem e as transformam a partir da criação de
diferentes artefatos culturais.

Nesta perspectiva de análise, os fenômenos humanos


são observados a partir de uma relação de unidade
entre:
„„ sujeito e sociedade;

„„ objetivo e subjetivo;

„„ externo e interno;

„„ singular e plural; e

„„ o individual e o coletivo.

Exclui-se, então, a possibilidade de uma perspectiva de análise


dicotômica entre sujeito e sociedade.

Unidade 3 71

psicologia_social.indb 71 21/9/2011 01:57:41


Universidade do Sul de Santa Catarina

Lembre-se que adotar uma perspectiva crítica


em Psicologia Social é tomar como ponto de
partida que as relações que se estabelecem entre
sujeito e sociedade se modificam ao longo do
desenvolvimento histórico e que conhecer o gênero
humano em sua gênese pressupõe conhecê-lo de
forma contextualizada com o momento histórico em
que ele está inserido. (LANE, 1981).

Esta perspectiva elucida as possibilidades de transformações


tanto em nível do sujeito como em nível da sociedade.
Ressalta em suas análises que a história não é estática, ela está
sempre em movimento, levando a sociedade a transformações
fundamentalmente qualitativas.

Um dos focos desta Psicologia Social Histórico Crítica é


conhecer como o homem se insere no processo histórico, não
apenas em como ele é determinado, mas, principalmente,
como ele se torna agente da história, ou seja, como ele pode
transformar a realidade. (LANE, 1981, p. 10).

Nesta concepção, os fenômenos psicológicos são


constituídos nas relações sociais estabelecidas
entre os homens e sua cultura. Analisar o fenômeno
psicológico é obrigatoriamente abordar a sociedade.

Para que você entenda a relação entre sujeito e sociedade, nesta


perspectiva em Psicologia Social, serão abordados os temas: a
linguagem, pensamento e ideologia; a consciência e alienação, a
identidade, a Personalidade e processos grupais.

É o que você estudará nas próximas seções. Vamos lá!

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psicologia_social.indb 72 21/9/2011 01:57:41


Psicologia Social

Seção 2 – Linguagem, Pensamento e Ideologia


Inicia-se esta seção com as seguintes perguntas:

„„ Como os seres humanos se constituem como seres


sociais?
„„ Como os seres humanos constituem as funções
psicológicas superiores, como o pensamento e a
consciência?
„„ Como os seres humanos compartilham informações, Funções psicológicas
ideias, sentimentos, desejos? superiores são aquelas
que não se desenvolvem
Os grupos humanos constroem variadas formas de comunicação somente pela maturação
que possibilitam as interações sociais. Estas são meios pelos quais biológica, mas pela
mediação cultural. São
diferentes sujeitos fornecem uns aos outros informações para
as funções tipicamente
identificarem o que intencionam, assumindo um determinado humanas, ou seja, que
controle sobre este processo, ou seja, não deixando a uma estão na base de formação
interpretação completamente arbitrária. do sujeito como ser social.

A linguagem humana exerce um papel fundamental neste


processo. Pela utilização da linguagem, os sujeitos relatam
os eventos passados e também aqueles que estão ocorrendo
no presente, o que possibilita o intercâmbio de informações
e conhecimentos dentro de uma mesma geração e através de
distintas gerações.

Ao abordar esta função da linguagem, Leontiev, (1978)


afirma que ela é o sistema pelo qual se generaliza a
experiência da prática sócio-histórica da humanidade.

Acompanhe o que afirma Luria (1987, p. 25) sobre a linguagem.


Vale ressaltar que o
objetivo do estudo da
Pelo termo linguagem humana entendemos um complexo
linguagem nesta disciplina
sistema de códigos que designam objetos, características,
é de explicar como este
ações ou relações; códigos que possuem a função de codificar
processo interfere na
e transmitir a informação, introduzi-la em determinados
constituição dos seres
sistemas. [...], a linguagem desenvolvida do homem é um
sociais e não de aprofundar
sistema de códigos suficiente para transmitir qualquer
as discussões específicas
informação, inclusive fora do contexto de uma ação prática.
desta área de estudo.

Unidade 3 73

psicologia_social.indb 73 21/9/2011 01:57:41


Universidade do Sul de Santa Catarina

A linguagem é um sistema composto de palavras. A unidade da


palavra é o seu significado que generalizado pode ser compartilhado
entre os diferentes sujeitos de uma mesma cultura. Pela unidade
das palavras serem os significados e por serem estes compreendidos
de uma forma razoavelmente estável entre os sujeitos de um
determinado grupo social, torna-se a comunicação humana.

Você está lendo este livro num momento diferenciado


daquele em que foi escrito. Mesmo assim, você é
capaz de compreender os conteúdos e informações
apresentadas, porque os significados das palavras
expostas são comuns entre professor e aluno. Está
havendo comunicação e interação.

Ao abordar o processo histórico da linguagem, Lane (2001)


afirma que a linguagem se desenvolveu quando os seres humanos
tiveram que cooperar para sua sobrevivência. Da mesma forma
que criaram instrumentos, materiais necessários para uma
prática de sobrevivência (como machados, facas, rodas, etc.),
desenvolveram a linguagem, instrumento simbólico, como forma
de aperfeiçoar, generalizar e transmitir esta prática.

Saiba mais
Os estudos de Vygotsky, Leontiev e Luria defendem
que a utilização de instrumentos materiais, ou seja, a
conduta instrumental humana ofereceu a base para a
capacidade humana de operar com signos, ou seja, a
capacidade de utilizar instrumentos simbólicos, como
Signos são instrumentos psicológicos é a linguagem.
orientados para regular a ação sobre
o psiquismo dos sujeitos. Influenciam Isto porque, na experiência humana, a partir da
a conduta do próprio sujeito e de utilização de instrumentos, o ser humano foi
outros da cultura. adquirindo a capacidade de uma atuação mediada
(não imediata e não direta) de relação entre ele e a
natureza.
Os instrumentos materiais foram interpostos na
relação do homem com o mundo material e os
signos (por meio de significados e sentidos pessoais)
se interpõem na relação dos homens com outros
homens e na relação consigo.

74

psicologia_social.indb 74 21/9/2011 01:57:41


Psicologia Social

Ao abordar o desenvolvimento da linguagem humana, Lane


(1981) afirma que na etapa histórica do homem primitivo,
quando os grupos sociais trabalhavam para a sua sobrevivência
com divisões simples de trabalho, a relação palavra - objeto
determinava significados facilmente objetivados para aquele som
ou conjunto de fonemas.

Ou seja, na origem da utilização das palavras, elas eram


construídas a partir de uma espécie de transposição quase
que direta dos objetos que representavam. Além disso, eram
utilizadas para denominar objetos que estavam presentes na
realidade imediata dos sujeitos.

À medida que as relações entre os homens foram


se tornando mais complexas, suas atividades mais
sofisticadas, a linguagem também se tornou mais
sofisticada: ela deixa de atuar somente num nível
prático sensorial imediato para ir se tornando também
genérica, abstrata, atendendo às novas atividades
engendradas social e historicamente, tais como as
artes, religião, tecnologias, educação etc.

Esta linha de raciocínio é defendida por Luria (1986 apud


Siqueira e Nuemberg, 1998, p.121), quando aborda o
desenvolvimento histórico da linguagem e afirma que esta ao
se transformar através da história, passou de uma função de
designação dos objetos na atividade prática entre os homens
a uma função de acúmulo e transmissão de conhecimentos
entre os sujeitos ao longo das gerações. Tal processo histórico
expressa-se, também, na unidade central da linguagem, a saber,
a palavra, cuja transformação implicou estabilização do âmbito
de sua generalização e na progressiva redução do universo de sua
referência.

Por meio do desenvolvimento da linguagem e


da capacidade a ela associada, de representar
mentalmente os objetos da realidade, os homens,
ao longo de sua história, superaram a imediatez
da realidade prática e passaram a usufruir de uma
capacidade exclusiva de sua espécie: a de planejar,
regular e refletir sobre a própria atividade e conduta,
bases para formação do pensamento e da consciência.

Unidade 3 75

psicologia_social.indb 75 21/9/2011 01:57:41


Universidade do Sul de Santa Catarina

Com a linguagem desenvolvida, os seres humanos duplicaram,


então, sua capacidade de atuação na realidade externa: passaram
a operar diretamente na realidade concreta, transformando o
mundo objetivo, mas, também, passaram a operar mentalmente
com objetos ausentes em seu campo perceptivo e experencial
imediato, transformando a sua subjetividade, desenvolvendo seu
pensamento e sua consciência. Processos esses que os constituem
como sujeitos sociais.

Pelo exposto até aqui, é possível perceber que a linguagem possui


duas funções básicas:

1. Função comunicativa: permite a comunicação entre os


sujeitos humanos e possibilita as trocas relacionais de
informações, conhecimentos, desejos, sentimentos etc.

2. Função simbólica e de pensamento: permite a


organização do psiquismo humano, pois promove a
capacidade de representação mental e a partir dela toda
a base de utilização simbólica para o desenvolvimento do
pensamento, em suas capacidades associadas de analisar,
criticar, planejar e de resolver problemas.

Ao abordar a transformação da linguagem em pensamento no


nível ontogenético, Luria (2001) afirma que a fase mais avançada
no desenvolvimento da linguagem é quando esta é internalizada
e deixa de atuar somente para que o sujeito se comunique com
os demais sujeitos de seu contexto, mas passa a funcionar como
“uma voz interior” que permite ao sujeito conversar “consigo
próprio, o que é transformada na função pensamento”.
Para saber mais sobre o
O pensamento é produto da internalização da linguagem, ou seja,
desenvolvimento da linguagem
em pensamento, você pode ler: da internalização dos significados sociais, mas não de uma forma
Pensamento e Linguagem, de Luria pura e sim de uma forma condensada e abreviada.
e Pensamento e Linguagem, de
Vygotsky, ambas as referências
apresentadas no Saiba Mais desta Saiba mais
Unidade.
A internalização compreende o processo pelo qual
uma atividade
que ocorre primeiramente no Plano Social externo é
reconstruída internamente num Plano Individual. É
um processo interpessoal que se transforma por meio
da conversão de significados coletivos, em sentidos
pessoais, então, num processo intrapessoal.

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psicologia_social.indb 76 21/9/2011 01:57:41


Psicologia Social

Quando você planeja produzir um texto, você


seleciona mentalmente uma sequência de ações:
“primeiro eu vou pesquisar a bibliografia, depois farei
a seleção dos melhores textos, após isto, vou escrever
as ideias centrais, etc.” Você planeja mentalmente,
mas a sentença que se passa em sua cabeça, é
resumida, não sendo composta da mesma forma que
a linguagem formal que se usa quando se comunica
com os demais de suas relações sociais.

Pelo exposto até este momento, você pode perceber que a


apreensão dos significados culturais, pela linguagem, ocorre
em 2 planos: primeiramente, no Plano Social (entre as pessoas)
O Processo de
e posteriormente, no Plano individual (plano psicológico Internalização explicado
interno). aqui oferece subsídios
para que você entenda
Para que se possa ref letir sobre a relação entre o social e o o desenvolvimento
individual na apropriação da linguagem, é possível recorrer da Consciência e da
Identidade, que serão
a Leontiev (1978) quando aponta para dois processos
abordados nas seções
que se interligam necessariamente: se por um lado os seguintes.
significados atribuídos às palavras são produzidos pela
coletividade, no seu processar histórico e no desenvolvimento
Significados são
da consciência (num nível que é social) e como tal, se signos compartilhados
subordinam às leis histórico-sociais, por outro lado, os socialmente. Sentidos são
significados se processam e se transformam através das atribuições individuais
atividades e pensamentos dos indivíduos concretos e assim aos significados, que se
se individualizam, se subjetivam, na medida em que estes processam mediante
atribuições pessoais e
atribuem sentidos pessoais às suas ações. contextualizadas aos
significados.
Desta forma, os significados produzidos
historicamente pelo grupo social, adquirem no âmbito
do indivíduo, um sentido pessoal, ou seja, a palavra se
relaciona com a realidade, com a própria vida e com os
motivos de cada indivíduo. Reside nesta, a capacidade
criadora humana. (LANE, 1981).

No nível ontogenético, ao longo do processo de socialização, a


linguagem funciona como um veículo fundamental de mediação
entre as crianças e a sua cultura. Por meio dela é transmitido o
conjunto de regras, valores e também são relatadas as práticas
sociais desenvolvidas para esta criança, que por sua vez também
utilizará da linguagem para comunicar seus desejos e seus
interesses e, portanto, intervir na realidade social externa.
Unidade 3 77

psicologia_social.indb 77 21/9/2011 01:57:41


Universidade do Sul de Santa Catarina

É por meio da linguagem que a criança cria a representação de


si mesma e de sua realidade, ao ouvir e experenciar relatos sobre
ela e sobre os eventos externos. É por meio dela que a criança
internaliza as formas de pensar, sentir e agir típicas de sua
cultura, num determinado momento histórico.

As discussões até agora apresentadas oferecem as bases para uma


reflexão fundamental.

O desenvolvimento da linguagem e da capacidade humana


de operar com objetos que não estão presentes na realidade.
A capacidade de representação mental e de utilização de
formas simbólicas ofereceu ao ser humano a possibilidade do
desenvolvimento do pensamento e da consciência (e todas
as demais funções psicológicas superiores) que lhe permitem
analisar e criar soluções para os problemas que não se encontram
na realidade, por permitir a concepção de novas formas de
organização social, diferentes daquelas que estão postas até então.

No entanto, da mesma forma que a linguagem


permitiu o desenvolvimento da capacidade criadora
humana ela também pode ser utilizada como
instrumento de dominação e poder.

Pelo fato da linguagem ter se complexificado e alcançado níveis


de abstração elevados para a explicação das práticas sociais que se
qualificaram (a elevação do nível simbólico utilizado provoca um
distanciamento do objeto/realidade concreta), muitas “lacunas”
são deixadas no discurso quando se relata e analisa as práticas
sociais. Estas podem ser preenchidas, em favor da dominação e
da ideologia.

A linguagem pode ser utilizada como forma de dominação


quando alguns grupos sociais que estão no poder tentam impor,
por meio do discurso, significados únicos para as ações e relações
existentes na realidade, fazendo com que os demais grupos
representem as relações vividas no cotidiano de forma a agir com
a intenção de reprodução e manutenção de seu poder.

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psicologia_social.indb 78 21/9/2011 01:57:41


Psicologia Social

Tomamos como exemplo as relações sociais de


escravidão. Ao negro eram associados significados
pejorativos para a manutenção de um discurso
em favor da submissão desta etnia, de forma a
naturalizar a condição de escravo e manter o tipo de
relação social escravagista, que só interessava aos
brancos ricos.

Neste aspecto, atua a mediação ideológica da linguagem, que de


acordo com Lane (1981, p. 34), pode ser explicada como estando:

inerente nos significados das palavras, produzidas por


uma classe dominante que detém o poder de pensar e
conhecer a realidade, explicando-as através de verdades
inquestionáveis e atribuindo valores absolutos de tal
forma que as contradições geradas pela dominação
e vividas no cotidiano dos homens são camufladas e
escamoteadas por explicações tidas como verdades
‘universais’ ou ‘naturais”, ou sim, como imperativos
categóricos em termos de ‘é assim que deve ser.

Enfim, a linguagem como produto de uma coletividade é o


processo que possibilita a constituição dos seres humanos
como seres sociais, já que é por meio dela que são repassadas as
práticas sociais, incluindo-se o conjunto de normas, valores, ou
seja, as formas de pensar, sentir e agir de uma sociedade. É por
meio dela, também, que se desenvolve o pensamento (processo
psicológico superior), função que confere aos seres humanos a
capacidade de analisar e modificar as situações apresentadas no
contexto social.

Além disto, ela reproduz através dos significados das palavras,


articuladas em frases, os conhecimentos – falsos ou verdadeiros
– e os valores associados às práticas sociais que se cristalizam.
Ou seja, a linguagem reproduz uma visão de mundo, produto
das relações sociais e históricas, do grupo social de referência.
(LANE, 2001, p. 32).

Unidade 3 79

psicologia_social.indb 79 21/9/2011 01:57:41


Universidade do Sul de Santa Catarina

Em vários momentos desta seção, você teve contato com a


categoria consciência. Mas ela será abordada em profundidade
na seção seguinte.

- Mas você sabe o que é consciência?

Seção 3 - Consciência e Alienação

Para a Psicologia Histórico-cultural o homem é um ser


ativo, social e histórico. Essa é sua condição humana, e
assim constituirá suas formas de pensar, sentir e agir: sua
consciência. (BOCK, entre outros, 2001).

A problemática da consciência é uma das mais discutidas nas


ciências humanas e em particular na Psicologia. Nesta disciplina,
esta temática será abordada a partir de autores que a discutem
numa perspectiva histórica e a analisam predominantemente
como produção social em sua interrelação com a constituição do
sujeito social.

Na primeira metade do século XX, a psicologia se desenvolvia


consideravelmente na Europa e nos EUA. Na Europa, se
destacavam as teorias como a Gestalt e a Psicanálise e nos EUA,
as teorias Behavioristas.

Ao discutir sobre o objeto de estudo da Psicologia e entender


que este deva ser o estudo da consciência, Vygotsky demarca
oposição em relação aos métodos empregados pela Psicanálise
(por entender que ela adota uma concepção mentalista de
consciência) e pelo Behaviorismo (pelo fato deste priorizar o
estudo de associações entre reflexos e priorizar o comportamento
observado, como objeto de estudo da psicologia). Ele defende
que os seres humanos não se constituem como tal (incluindo
sua consciência) a partir de fenômenos internos nem são meros
reflexos passivos diante do meio.

Vygotsky enfatiza que a consciência deve ser estudada como uma


função, que surge no desenvolvimento filo e ontogenético do
sujeito, quando este atua em atividades coletivas realizadas no
contexto social e que são mediadas pela linguagem.

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psicologia_social.indb 80 21/9/2011 01:57:42


Psicologia Social

Apoiado nas ideias de Vygotsky na busca de transpor as


explicações da consciência como reflexo (este entendido como
mera associação entre estímulos respostas) Leontiev (1978),
afirma que “o reflexo da realidade objetiva pela consciência não se
produz passivamente, mas de maneira ativa e criativa, no decorrer
da transformação da realidade.

Ou seja, na concepção desses autores, a afirmação


da consciência como reflexo deve ser compreendida
considerando a capacidade humana de transformar a
realidade. Verifique que o termo reflexo na concepção
apresentada, não corresponde a uma resposta
automática do sujeito, mas sim ao seu oposto, implica
a capacidade de reflexão.

Ao falar sobre isto, Vygotsky, (1991, p.17) afirma que:

A característica essencial da consciência reside na


complexidade da reflexão, no fato de nem sempre resulta
exato refletir, ou seja, pode haver alterações da realidade
que ultrapassam os limites do visível e da experiência
imediata, exigindo a busca de novos significados que não
são observados diretamente.

Ao abordar a temática da consciência, Vygotsky afirma que


esta deva ser entendida como um sistema integrado numa
processualidade permanente, determinada pelas condições sócio-
históricas, que num processo de conversão se transformam em
produções simbólicas. (AGUIAR, 2001).

Vygotsky anunciava a origem social da consciência,


ressaltando a importância da linguagem como
constituinte deste processo.
1 - Objetivo nesta concepção
se refere aquilo que é
concreto, ou seja, ao
Isto porque a realidade objetiva1 não depende de um homem em
que denominaríamos de
particular; ela preexiste e, nessa condição, passará a fazer parte da realidade concreta ou social.
subjetividade2 de um homem em particular. Neste processo, que
é dialético, ao mesmo tempo em que exista a realidade objetiva, 2 - Subjetividade nesta
concepção se refere
independente deste sujeito em particular, ela se nega enquanto às complexas relações
tal, porque passa a ser realidade subjetiva. psíquicas internas ao sujeito.

Unidade 3 81

psicologia_social.indb 81 21/9/2011 01:57:42


Universidade do Sul de Santa Catarina

Nesta perspectiva nega-se, assim, a dicotomia


objetividade-subjetividade, que passam a ser
vistas numa relação de mediação, em que uma
constitui a outra.

Outra questão fundamental, ao se discutir a temática da


consciência nesta perspectiva, é o fato de que as funções
psicológicas, como toda produção cultural são produto da atividade
humana. O homem transforma a natureza com sua atividade por
meio de instrumentos e assim transforma a si mesmo.

A atividade humana:
Apoiado no materialismo histórico de Marx e Engels,
Leontiev (1978) afirma que a atividade humana, pode
ser explicada pela sua estrutura e pela sua dinâmica.
Verifique como:
„„ pela estrutura: pressupõe a existência de um
sujeito que atua sobre um objeto com o objetivo
de transformá-lo para atender às necessidades ou
interesses deste sujeito. Para isto, é mobilizado
a rede de motivos deste sujeito, ou seja, sua
motivação para agir.
„„ pela dinâmica: é composta de ações e operações.
As ações são os procedimentos para realizar a
atividade e as operações são os modos ou maneiras
de realizar uma atividade.
Exemplo: neste momento, você desenvolve uma
atividade de estudo. Você é sujeito desta ação agindo
sobre o conteúdo deste livro, que é o seu objeto de
conhecimento, que atende à sua necessidade de
aprofundar seus conhecimentos sobre Psicologia
Social.
Para isto, você desenvolve as ações de leitura e as faz
sentado grifando as principais partes do texto.
Neste momento, você está atuando na realidade
externa, mas está, também, atuando no nível de sua
consciência (interna), pois o conhecimento apropriado
neste momento altera sua estrutura psicológica. A forma
como você utilizará este conhecimento dependerá dos
sentidos pessoais que você atribuir a eles.

82

psicologia_social.indb 82 21/9/2011 01:57:42


Psicologia Social

Entendendo desta forma, é possível afirmar que a consciência se


forma numa relação dialética com a realidade social, sem que, no
entanto, sua constituição no plano individual se dê como mera
transposição do tipo plano social/plano individual, mas como
resultado de um processo de configuração, em que indivíduo e
sociedade mantêm uma relação de troca constante.

Logo, o plano individual não constitui uma mera


transposição do social; o movimento de apropriação
envolve a atividade do sujeito, contém a possibilidade
do novo, da criação.

É através da atividade externa, portanto, que se criam as


possibilidades de construção da atividade interna.

Para aprofundar a reflexão sobre o processo de constituição da


consciência, Vygotsky deu especial atenção à linguagem, que,
sendo produzida social e historicamente, é fundamental no
processo de constituição do sujeito. Os signos entendidos como
instrumentos convencionais de natureza social são os meios de
contato dos sujeitos com a realidade objetiva e também consigo,
e, portanto, com sua consciência.

Para Vygotsky, as palavras desempenham um papel central não


só no desenvolvimento do pensamento, mas também na evolução
histórica da consciência, como um todo, “uma palavra é um
microcosmo da consciência”. Assim, os signos constituem a forma
privilegiada de apreensão da consciência. (1987, p. 132).

Para Vygotsky, a atividade humana é uma atividade


significada, como um processo social, mediatizado
socialmente. A consciência se constitui a partir dos
próprios signos, ou seja, a partir de instrumentos
construídos pela cultura e pelos outros, que quando
internalizados, se tornam instrumentos internos e
subjetivos, da relação do indivíduo consigo mesmo.

Os signos são móveis e plurivalentes e, portanto, sofrem a


influência dos valores sociais, das relações de dominação.

Unidade 3 83

psicologia_social.indb 83 21/9/2011 01:57:42


Universidade do Sul de Santa Catarina

Ao internalizar aspectos da estrutura da atividade, os sujeitos


internalizam uma atividade com significado, como um processo
social, que como tal é mediatizado semioticamente ao ser
internalizado. Por meio da mediação das relações sociais, o
homem vai se constituindo. Por intermédio de um processo
contínuo, matéria será convertida em produções semióticas e
processos de dimensão social serão convertidos em processos de
dimensão individual.

Fazendo uma síntese do que foi estudado até agora sobre este
tema, pode-se afirmar que, a consciência é constituída pelo
conhecimento do mundo objetivo (externo) e pela apreensão
interna que ocorre pelo processo mediado, que incorpora
novas qualidades aos objetos ao estabelecer conexões com a
realidade por meio dos demais processos psicológicos humanos,
especialmente do pensamento. Ou seja, a consciência permite que
os sujeitos interajam com os eventos do seu contexto social, bem
como os conheçam e os avaliem.

E, neste processo de interação, conhecimento e avaliação,


que não ocorre pela mera cópia ou transposição do externo
para o interno, estes sujeitos estão necessariamente atribuindo
significados sociais e sentidos pessoais a estes eventos e
estarão, necessariamente, intervindo neste contexto social e
modificando-o, ao mesmo tempo em que se constituem.

Ou seja, ela permite que os sujeitos compreendam


e avaliem as condições concretas nas quais
se encontram e decidam uma sequência de
encaminhamentos, produtos de suas necessidades
pessoais em integração com as demandas sociais.

Possibilita que os sujeitos analisem as variáveis envolvidas


nas situações em que se encontram e tomem as decisões mais
adequadas. Isto envolve a capacidade de estar no “aqui e agora”,
bem como de utilizar os conhecimentos e experiências adquiridos
no passado para planejar o futuro, equacionando as metas a
serem atingidas (função de planejamento).

84

psicologia_social.indb 84 21/9/2011 01:57:42


Psicologia Social

A problemática da consciência converge para uma reflexão sobre


o que é alienação. O processo de alienação, numa perspectiva
marxista, pode ser compreendido, grosso modo, como a separação
objetiva e subjetiva do homem daquilo que ele mesmo produz.
Você verificou anteriormente que a atividade humana é formadora
da consciência, já que aquela possibilita a transformação de
objetos externos e internos. Na compreensão de Marx, ao analisar
o capitalismo, o homem se aliena de praticamente tudo o que
transforma, ou seja, daquilo que produz.

Alienação é o processo de separação da criação do


seu criador, processo que se interpõe entre o sujeito e
seu mundo objetivo, e que dificulta de forma geral a
tomada de consciência.

Na próxima seção, você estudará outra categoria: a identidade.


Siga em frente e bons estudos!

Seção 4 - Identidade e Identidade Social


Para iniciar o estudo desta seção, procure responder a seguinte
pergunta:

Quem é você?

Observe:

Identidade é a denominação dada às representações


e sentimentos que o indivíduo desenvolve a respeito
de si próprio, a partir do conjunto de suas vivências.
A identidade é a síntese pessoal sobre o si mesmo,
incluindo dados pessoais (cor, sexo, idade), biografia
(trajetória pessoal), atributos que os outros lhe
conferem, permitindo uma representação a respeito
de si (BOCK, 2002, p. 145).

Unidade 3 85

psicologia_social.indb 85 21/9/2011 01:57:42


Universidade do Sul de Santa Catarina

Ao discutir sobre o tema, Jacques (1998) afirma que, quando


se referem ao conceito de identidade, os autores empregam
expressões distintas como imagem, representação e conceito de
si; em geral, referem-se a conteúdos como conjunto de traços,
imagens, sentimentos que o indivíduo reconhece como fazendo
parte dele próprio. Na literatura norte-americana, o termo
consagrado é self ou self concept, correspondendo ao conceito de
si; a tradição européia privilegia a noção de representação de si.
A identidade pode ser representada pelo nome, pelo pronome eu
ou por outras predicações como aquelas referentes ao papel social.

No entanto, a representação de si através da qual é possível


apreender a identidade é sempre a representação de um objeto
ausente (o si mesmo, que não existe na materialidade concreta).
Sob este ponto de vista, a identidade se refere a um conjunto de
representações que responde a pergunta: quem é você?

De acordo com Jacques (1998), a diversidade


terminológica apresentada acima expressa a
diversidade teórico-metodológica dos autores
ao abordarem o tema, reflete, ainda, uma certa
dificuldade de exprimir conceitualmente sua
complexidade.

Em parte por esta dificuldade conceitual, os sistemas


identificatórios podem ser divididos e a identidade passa a ser
qualificada como identidade pessoal1 (atributos específicos do
individual) e/ou identidade social1 (atributos que assinalam a
1 - Perceba a influência da dialética
pertença a grupos ou categorias). No entanto, ao se considerar
empregada na explicação do
conceito, no que se refere à relação
que é do contexto histórico e social em que o homem vive que
entre individual e social. decorrem as possibilidades e impossibilidades, os modos e
alternativas de sua identidade (como formas histórico-sociais
de individualidade), pode-se afirmar que: como determinada, a
identidade se configura, ao mesmo tempo como determinante,
pois o indivíduo tem um papel ativo quer na construção deste
contexto a partir de sua inserção, quer na sua apropriação.

Sob esta perspectiva, é possível compreender a


identidade pessoal concomitantemente à identidade
social, superando a falsa dicotomia entre essas duas
instâncias.

86

psicologia_social.indb 86 21/9/2011 01:57:42


Psicologia Social

O indivíduo se configura ao mesmo tempo como personagem e


autor – personagem de uma história que ele mesmo constrói e que,
por sua vez, o vai constituir como autor.

De acordo com Jaques, a identidade é formada por múltiplos


personagens que ora se conversam, ora coexistem, ora se alternam.
Ao abordar a relação entre personagens e autor de uma mesma
história, relacionando-a com a vida e com a relação com a sociedade,
Ciampa afirma que:

Todos nós, eu e você as pessoas com quem convivemos,


somos personagens de uma historia que nós mesmos criamos,
fazendo-nos autores e personagens ao mesmo tempo.
(CIAMPA, 2001, p. 60).

E ao abordar o desenvolvimento dos papéis complementares neste


processo, o autor complementa que:

Não só a identidade de um personagem constitui a outra e


vice-versa (o pai do filho, o filho do pai, como também a
identidade das personagens constitui a do autor (tanto quanto
a do autor constitui a das personagens). (CIAMPA, 2001, p.
60).

Jacques (1998), explica que a interpenetração entre os vários


personagens que, por sua vez, interpenetram-se com outros
personagens no contexto das relações sociais, garantem a
processualidade da identidade enquanto repetição diferenciada
emergindo “um outro” que também é parte da identidade. Destaca
que Ciampa emprega o termo metamorfose para expressar este
movimento.

A mesma autora afirma que é necessária a superação


da dicotomia individual/social para compreender
o processo de constituição da identidade, a noção
de metamorfose implica articular estabilidade/
transformação.

A estabilidade é marcante no contexto da identidade cuja etimologia


remete a idem, no latim, o mesmo. Esta noção conferida ao
conceito tem suscitado inúmeras críticas por não dar conta da
processualidade que lhe é própria.

Unidade 3 87

psicologia_social.indb 87 21/9/2011 01:57:42


Universidade do Sul de Santa Catarina

A origem epistemológica remete, ainda, a outra dicotomia que


precisa ser superada para a compreensão da identidade: a do
igual e do diferente. O vocabulário identidade evoca tanto a
qualidade do que é idêntico, igual, como a noção de um conjunto
de caracteres que fazem o indivíduo como diferente dos demais.
Assim, identidade é o reconhecimento de que um indivíduo é
o próprio de que se trata, como também é unir, confundir aos
outros iguais.

O nome próprio é um exemplo característico desta


contradição. Enquanto prenome é um diferenciador
de outros iguais, mas também é um nivelador com
outros iguais, similarmente nomeados; o sobrenome
distingue a individualidade, mas também remete a
outros iguais do mesmo grupo familiar. A pluralidade
humana tem o duplo aspecto da igualdade e da
diferença.

Pluralidade que, paradoxalmente, implica, também, em


unicidade, pois o indivíduo vai se igualando por totalidades
conforme os vários grupos em que se insere, sem pressupor
homogeneização: ao mesmo tempo que o indivíduo se representa
semelhante ao outro a partir de sua presença a grupos e/ou
categorias. Percebe sua unicidade a partir de sua diferença.
Essa diferença é essencial para a tomada de consciência de si
e é inerente à própria vida social, pois a diferença só aparece
tomando como referência o outro.

- Parece confuso não é mesmo? O que de fato é identidade e o que não é?

Compreender identidade a partir de uma perspectiva dialética


implica necessariamente articular dimensões aparentemente
contraditórias individual/social; estabilidade/transformação;
igualdade/diferença; unicidade/totalidade, diferenciadas do
método lógico formal com o qual se está habituado numa
perspectiva positivista. Significa compreendê-la.

88

psicologia_social.indb 88 21/9/2011 01:57:42


Psicologia Social

Implica compreendê-la como constituída na relação


interpessoal a partir da inserção do indivíduo na
realidade social e através da sua atividade que se
substantiva e se presentifica como atributo do eu:
eu sou trabalhador –substantivo – porque exerço a
atividade de trabalho - verbo.
A identidade se desenvolve a partir da realização de
atividades socialmente desenvolvidas pelos sujeitos.

Ao abordar o estudo da identidade, Ciampa (2001), tendo como


ponto de partida a lógica dialética, afirma que não é possível
dissociar o estudo da identidade do indivíduo do estudo da
sociedade. E complementa que:

Identidade é movimento, é desenvolvimento do concreto.


Identidade é metamorfose. É sermos o UM e um
OUTRO, para que chegamos a UM, numa infindável
transformação. (CIAMPA, 2001, p. 74).

É importante, também, não limitar o conceito de identidade ao


de autoconsciência ou autoimagem. A identidade é o ponto de
referência a partir do qual surge o conceito de si e a imagem de
si, de caráter mais restritivo.

A identidade é apreendida através das representações


de si em resposta à pergunta quem é você. Esta
representação não é uma simples duplicação mental,
mas é resultado de uma articulação entre a identidade
pressuposta (derivada do papel social), da ação
do indivíduo e das relações em que está envolvido
concretamente. Conjunto de
comportamentos
que devem ser
desempenhados,
considerando a posição
social (não se refere ao
sentido econômico) que
os sujeitos ocupam numa
determinada sociedade
e num determinado
momento histórico.

Unidade 3 89

psicologia_social.indb 89 21/9/2011 01:57:42


Universidade do Sul de Santa Catarina

Seção 5 - Personalidade
O estudo da personalidade é desenvolvido por várias áreas da
Psicologia. Nesta seção, você terá oportunidade de estudar o
tema da personalidade a partir de uma concepção da Psicologia
Histórico-Crítica.

A partir desta perspectiva de análise, como os demais


processos psicológicos superiores e a consciência,
a personalidade é um processo que se desenvolve
nas relações entre o sujeito e o meio social, tendo a
atividade mediada e a linguagem como elementos
determinantes para sua formação.

Ressalta-se que a constituição da personalidade ocorre a partir


das mesmas leis de formação dos demais processos psicológicos,
como o pensamento, a consciência e identidade, isto é, no tecido
das complexas interações, que o sujeito estabelece com os demais
sujeitos de sua cultura. Processo este que ocorre por meio da
internalização dos significados coletivamente partilhados e
dos sentidos pessoais que cada sujeito atribui a esta produção
simbólica coletiva.

- Você sabe o que é Personalidade?

De acordo com Rubinstein (1982), a personalidade é


a instância psicológica que regula todos os processos
psicológicos humanos (cognitivos: pensamento,
linguagem, atenção, memória; afetivos: emoções e
sentimentos; e conativos: vontade, motivos, interesses).
É formada por eles ao mesmo tempo que regula a ação
destes processos ao longo da vida dos sujeitos.

A personalidade é a instância psicológica que permite a relação


entre todos os processos psicológicos dos sujeitos, possibilitando
que eles se convertam conscientemente em atos e operações
reguladas, que são dominadas pela pessoa, e que permitem a ela
orientar-se para a solução dos problemas e tarefas, que a vida lhe
impõe, de forma particular.

90

psicologia_social.indb 90 21/9/2011 01:57:42


Psicologia Social

De acordo com Rubinstein, a personalidade pode ser explicada


pela sua orientação: necessidades, interesses e ideais; e pelos
seus componentes: aptidões, temperamento e caráter. Estas
diferentes facetas ou aspectos do psiquismo da personalidade não
estão naturalmente separados, mas se relacionam e condicionam
mutuamente. Na atividade concreta do homem e na sua
consequente subjetivação, elas se encontram intimamente ligadas,
existindo uma influência mútua entre os aspectos de orientação e
seus componentes.

Observe esta relação na figura que segue.

Personalidade

Orientação Componentes

necessidades, aptidões, temperamento


interesses e ideais e caráter
Figura 3.1 Personalidade: orientação e componentes.
Fonte: Elaboração da autora.

A orientação da personalidade é determinada pela rede de


motivos que impulsionam os sujeitos a agirem em determinada
direção ao longo de suas vidas. Ela é produto da forma como
estes sujeitos se apropriaram dos significados sociais dos eventos
da realidade e os significaram de modo particular, atribuindo-
lhes sentido pessoal. Ou seja, a complexa rede de atividades
significadas, realizadas ao longo da vida pessoal, confere
aos sujeitos experiências particulares que vão moldando seus
interesses, preferências, atitudes e ideais.

Uma pessoa escolhe fazer psicologia. Esta escolha


envolve o interesse pelo estudo do psiquismo
humano, o desejo de trabalhar com pessoas e o ideal
de ajudar na promoção da saúde mental dos sujeitos
e/ou da população em geral.

Unidade 3 91

psicologia_social.indb 91 21/9/2011 01:57:42


Universidade do Sul de Santa Catarina

Durante o desenvolvimento da personalidade, formam-se no


sujeito as aptidões, o temperamento e o caráter. Esses elementos
compõem a personalidade e são fatores que evidenciam as
diferenças, as peculiaridades e a individualidade do sujeito.
Acompanhe o que significa cada um desses conceitos:

1. Aptidões: permite ao sujeito realizar com destreza e


eficácia uma tarefa.

2. Temperamento: permite ao sujeito avaliar os eventos


e situações do contexto social, qualificando-os como
negativos ou positivos e reagindo a eles de forma
particular.

3. Carácter: conjunto de tendências e atitudes que são


predominantemente característicos de uma pessoa, de
tal forma que se espera dela um determinado conjunto
de reações específicas diante das situações. Relaciona-se,
também, com a apropriação de valores coletivos e da
priorização destes em relação a atitudes individualistas,
quando se considera a conduta geral do sujeito.

Finaliza- se, neste momento, esta seção. A próxima seção abordará


uma análise de grupo nesta perspectiva. Permaneça atento!

Seção 6 – Processos Grupais

Qual o ponto de partida para a compreensão dos


grupos numa perspectiva crítica?

A citação que segue oferece os principais subsídios para os


encaminhamentos desta resposta. Acompanhe!

O grupo não é mais considerado como dicotômico em


relação ao indivíduo (indivíduo sozinho X indivíduo em
grupo), mas sim como condição necessária para conhecer
as determinações sociais que agem sobre o indivíduo,
bem como a sua ação como sujeito histórico, partindo do

92

psicologia_social.indb 92 21/9/2011 01:57:42


Psicologia Social

pressuposto que toda ação transformadora da sociedade


só pode ocorrer quando indivíduos se agrupam. (LANE,
2001, p. 78).

Alguns autores como Lane (2001) realizam uma análise crítica


no estudo dos grupos, especialmente em relação às explicações
baseadas nas teorias de Lewin e sucessores, por entender que
elas partem de uma compreensão de um grupo “ideal”, acabado,
que se pauta numa concepção linear, em que as relações são
horizontais. Segundo a autora, nesta perspectiva tradicional, os
conflitos e diferenças de interesses entre os integrantes seriam
resolvidos de formas consensuais, não revelando assim as
contradições existentes na sociedade.

Lane (2001) destaca a necessidade de centralizar o foco no


caráter mediatório que os grupos exercem entre indivíduos e
sociedade. A mesma autora defende que o estudo do grupo deve
ser pautado na compreensão do processo pelo qual o grupo se
produz, considerando os determinantes sociais e históricos em
que ele está inserido.

Os grupos devem ser estudados no contexto de


seus determinantes sociais mais amplos, e que se
explicitam nas relações grupais.

Esta visão mais crítica propõe que para se conhecer os grupos,


são necessárias duas considerações fundamentais. São elas:

1. o significado da existência e da ação grupal só pode


ser encontrado dentro de uma perspectiva histórica
que considere a sua inserção na sociedade, com suas
determinações econômicas, institucionais e ideológicas;

2. o próprio grupo só poderá ser conhecido como processo


histórico, e, neste sentido, compreendido com um
processo dinâmico, o que lhe confere uma qualidade, de
ser caracterizado por processos grupais.

Unidade 3 93

psicologia_social.indb 93 21/9/2011 01:57:42


Universidade do Sul de Santa Catarina

De acordo com a autora supracitada, dessas premissas deriva-se


a compreensão de que todo grupo exerce uma função histórica:
de manter ou transformar as relações sociais, desenvolvidas na
sociedade mais ampla.

Ou seja, o grupo tanto na sua forma de organização como nas


suas ações reproduz ideologia, que sem um enfoque histórico
pode funcionar de forma a naturalizar as relações sociais.

O estabelecimento de papéis sociais nos grupos leva a


sua cristalização. Tomemos como exemplos os papéis
de chefe e de subordinados, enquanto formas de agir.
Cabe a eles, enquanto pertencentes a uma mesma
instituição, perpetuarem-se na tipificação de suas
ações ou modificá-las na sua gênese.

Ao analisar pequenos grupos, a autora constata, então, dois


aspectos essenciais, mas que são contraditórios: o primeiro deles
é que o grupo social é condição de conscientização do indivíduo,
já que, é a partir das diversas relações grupais experenciadas ao
longo da vida, na família, na escola, e nas diversas instituições
sociais, que ocorre o desenvolvimento da consciência e a
constituição do ser social.

E o segundo, é o processo de alienação que ocorre no grupo. O


processo de alienação pode se transformar em potência, através
Processo de separação (objetiva
e subjetiva) do homem de
das mediações grupais, na produção e manutenção das relações
praticamente tudo o que ele produz. sociais de poder, historicamente engendradas.

Um ponto de fundamental importância a ser destacado para o


processo grupal e para a superação dessas contradições existentes
é a necessidade do grupo analisar-se como tal.

Na opinião da autora, o grupo que apenas executa tarefas, sem


estar consciente dos elementos de contradição produzidos na
sociedade, os quais são reproduzidos no interior dos grupos,
não pode promover mudanças qualitativas na relação entre seus
membros e na relação destes com a sociedade mais ampla.

Portanto, residiria no processo de conscientização


grupal, o germe para a atuação deste grupo nas
transformações sociais mais amplas.

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psicologia_social.indb 94 21/9/2011 01:57:42


Psicologia Social

Para finalizar esta seção, vale destacar, então, que a partir


desta análise, o grupo pode funcionar como uma instância de
manutenção das relações de poder e das ideologias existentes ou
pode funcionar como agente da transformação dessas relações.

Você chegou ao final desta Unidade. Ao estudá-la pôde


compreender o sujeito e a sociedade numa perspectiva histórica e
foi capaz de compreender as principais categorias de análise nesta
perspectiva.

Síntese

A Psicologia Social Histórico-Crítica tem como base


epistemológica o materialismo histórico-dialético de Marx e
Engels. De forma introdutória, pode-se afirmar que as principais
influências do materialismo histórico dialético na Psicologia
Histórico-Cultural são:

„„ A atividade humana como categoria central de análise


para o entendimento do desenvolvimento do psiquismo
humano.

„„ A mediação realizada por instrumentos materiais (objetos


concretos) e simbólicos (signos, significados e linguagem)
como determinantes do desenvolvimento da consciência
humana.

„„ O método dialético como explicativo da realidade e


também da gênese do psiquismo humano. Este deve ser
entendido como uma unidade que se forma a partir de
uma dinâmica de constantes superações, e que avança
para patamares qualitativamente superiores.

A formação social do sujeito, nesta concepção, ocorre


fundamentalmente por um processo denominado de
internalização. A internalização é o processo pelo qual o sujeito
reconstrói internamente as atividades e formas de relações sociais

Unidade 3 95

psicologia_social.indb 95 21/9/2011 01:57:42


Universidade do Sul de Santa Catarina

existentes em sua cultura. Ou seja, as relações (com sua rede de


signos e significados) e atividades desenvolvidas pelos outros
da cultura se transformam em significados, ações e operações
internas do sujeito. Verifique como:

Plano Interpessoal
(atividades e relações sociais existentes na sociedade)

Plano Intrapessoal (ações e operações


com significados; atividades mentais internas do sujeito)

O plano interpsicológico corresponde ao plano das interações


sociais, no qual as operações com os signos da cultura são
externos aos sujeitos. No nível intrapsicológico, a capacidade
de operar com os signos ocorre dentro da estrutura psicológica
interna da criança. A partir disso, pode se afirmar que todas as
funções psicológicas superiores originam-se, inicialmente, como
relações entre sujeitos, e, portanto, na Cultura e depois num
plano psíquico.

O processo de Internalização permite a conversão dos


significados compartilhados na cultura em significados e
atribuição de sentidos pessoais sobre os eventos, pelo sujeito.

É por meio deste processo que ocorre o desenvolvimento do


ser social e, também, a apropriação das formas de pensar, de
sentir e agir, características de uma determinada cultura, num
determinado momento histórico. Ou seja, pela conversão de
atividades e relações externas em internas, o sujeito internaliza as
regras, os valores, as normas sociais que regulam a sociedade em
que está inserido.

96

psicologia_social.indb 96 21/9/2011 01:57:42


Psicologia Social

Atividades de autoavaliação

1) Analise a citação de Lane, Codo e outros (2001, p.19) quando afirmam que
“toda a psicologia é social”.

esta afirmação não significa reduzir as áreas específicas


da Psicologia, mas sim cada uma assumir a natureza
histórico-social do ser humano. Desde o desenvolvimento
infantil até as psicopatologias e as técnicas de intervenção,
características do psicólogo devem ser analisadas
criticamente à luz desta concepção de ser humano
- é a clareza de que não se pode conhecer qualquer
comportamento humano isolado ou fragmentando-o, como
se existisse em si e por si.

Também com esta afirmativa não negamos a especificidade


da Psicologia Social - ela continua tendo por objetivo
conhecer o indivíduo no conjunto de suas relações sociais,
tanto naquilo em que lhe é específico como naquilo que lhe
é manifestação grupal e social. Porém, agora a Psicologia
Social poderá responder à questão de como o homem é
sujeito de sua História e transformador de sua própria vida
e da sua sociedade, assim como qualquer outra área da
Psicologia.
(LANE, CODO E OUTROS, 2001, p.19).

Agora, responda: Quais são as relações possíveis entre a citação acima e


os estudos que você realizou nesta unidade?

Unidade 3 97

psicologia_social.indb 97 21/9/2011 01:57:42


Universidade do Sul de Santa Catarina

2) Assista ao filme Vem Dançar (2006), cuja sinopse e dados estão


na sequência. Analise e estabeleça relações entre os eventos e
personagens do filme e os conceitos estudados nesta unidade.
Contemple o seguinte roteiro:
„„ Sujeito como produção histórica;

„„ Consciência;

„„ Identidade;

„„ Personalidade;

„„ Processos Grupais.

Figura 3.2 - Vem Dançar (2006).


Fonte: Neves, 2011.
Sinopse
Depois de presenciar um garoto de subúrbio depredando
violentamente um carro, Pierre Dulaine, um consagrado
dançarino, se propõe a desenvolver atividades de dança
em uma escola, com a finalidade de integrar estudantes
considerados “irrecuperáveis”. Seus métodos clássicos se
chocam com a cultura hip hop dos estudantes, em um
contexto social marcado pela violência das gangues. No
entanto, ocorre uma união entre professor e estudantes para
competir em um grande campeonato e Dulaine percebe
que está aprendendo muito mais do que pensava com seus
estudantes.

Atores Principais: Antonio Banderas, Rob Brown, Yaya


Dacosta, Dante Basco e John Ortiz.

Realizadora: Liz Friedlander

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psicologia_social.indb 98 21/9/2011 01:57:43


Psicologia Social

Unidade 3 99

psicologia_social.indb 99 21/9/2011 01:57:43


Universidade do Sul de Santa Catarina

Saiba mais

LANE, Silvia; CODO, Wanderley. Psicologia Social: o homem


em movimento. São Paulo: Brasiliense, 2001.

STREY, Marlene. Psicologia Social Contemporânea.


Petrópolis, RJ: Vozes, 1998.

BOCK, ANA; GONÇALVES, Maria, FURTADO, Odair.


Psicologia Sócio-histórica. São Paulo: Cortez, 2001.

VYGOTSKY, L. S. A formação social da mente. São Paulo:


Martins Fontes, 1991.

VYGOTSKY, L. S. Pensamento e linguagem. São Paulo:


Martins Fontes, 1987.

100

psicologia_social.indb 100 21/9/2011 01:57:43


4
unidade 4

Psicologia Social: a perspectiva


da Teoria das Representações
Sociais
Ligia Maria Soufen Tumolo

Objetivos de aprendizagem
„„ Conhecer o objeto e o método da Teoria das
Representações Sociais.
„„ Definir representações sociais.

„„ Identificar como as representações sociais se inserem no


cotidiano das relações sociais.

Seções de estudo
Seção 1 O desenvolvimento da Teoria das Representações
Sociais
Seção 2 As Representações Sociais
Seção 3 Os processos constituintes das representações
sociais

psicologia_social.indb 101 21/9/2011 01:57:43


Universidade do Sul de Santa Catarina

Para início de estudo


Conforme você já estudou anteriormente, a teoria das representações
sociais é uma forma sociológica de Psicologia Social.

Conforme você já estudou na unidade 1, a base epistemológica da


Teoria das Representações Sociais é a sociologia de Durkheim.
Este sociólogo utiliza o conceito de fatos sociais para explicar
os fenômenos sociais. Por ser de tradição funcionalista entende
que todo fato social possui uma função na sociedade. Para ele, a
sociedade determina o indivíduo.

Os conceitos apresentados nesta unidade terão como referências


teóricas fundamentais as ideias de autores como Serge Moscovici
e Denise Jodelet.

Atualmente, as discussões em torno da teoria das representações


sociais vêm ocupando espaço no campo da Psicologia Social,
proporcionando formas diferenciadas de compreender e
interpretar os fenômenos sociais e, a partir disso, construir as
realidades sociais.

Nesta unidade, você compreenderá os motivos pelos quais isto


acontece. Vamos lá?

102

psicologia_social.indb 102 21/9/2011 01:57:43


Psicologia Social

Seção 1 - O desenvolvimento da Teoria das


Representações Sociais
- Você sabe como surgiu a teoria das representações sociais?

Conforme já estudado na Unidade 1 desta disciplina, a Teoria


das Representações Sociais surgiu na Europa, especialmente na
França, na década de 50.

O conceito é mencionado pela primeira vez por Moscovici,


em seu estudo sobre a representação social da Psicanálise, que
objetivava compreender de que forma a psicanálise, ao sair dos
grupos fechados e especializados, poderia ser significada por
grupos populares.

Para Moscovici (1998, p. 8 apud OLIVEIRA E WERBA,


1998, p.104), o conceito de representação social tem suas
origens na Sociologia e Antropologia, através de Durkheim
e Levi Bruhl. Inicialmente, era chamada de representação
coletiva e serviu para elaboração de uma teoria da religião, da
magia e do pensamento mítico.

Saiba mais
Ao abordar a origem das RS, Oltramari (2008) afirma
que na compreensão de Durkheim e Levi Bruhl,
havia a necessidade de uma teoria que explicasse
fenômenos como pensamento social, a comunicação,
a semiótica. Para Durkheim “as representações
coletivas são produções sociais que se impõem aos
indivíduos como forças exteriores, servem à coesão
social e constituem fenômenos tão diversos como a
religião, os mitos e o senso comum”.(DURKHEIM, apud
OLTRAMARI, 2008).

A partir da afirmação de Durkheim, da teoria da linguagem de


Saussure, da importância atribuída ao desenvolvimento cultural
de Vygotsky e da teoria das representações infantis de Piaget,
Moscovici elaborou a teoria das representações sociais.

Unidade 4 103

psicologia_social.indb 103 21/9/2011 01:57:43


Universidade do Sul de Santa Catarina

De acordo com Oliveira e Werba (1998), Moscovici, ao iniciar


seus estudos sobre representações sociais, intencionava propor
uma perspectiva crítica aos pressupostos positivistas das demais
teorias em Psicologia Social, praticada especialmente nos EUA.

Moscovici pretendia retomar a dimensão social do campo


de estudo da Psicologia Social e para isto entendia que os
fenômenos em Psicologia Social deveriam ser buscados mais
nas ciências sociais, como na Sociologia e na Antropologia,
do que na Psicologia. De acordo com Oltramari (2008) ainda
assim, Moscovici entendia que não se podia negligenciar os
componentes cognitivos e sim entender que esta cognição
possui um componente simbólico muito importante para ser
identificado.

De acordo com Doise (2002, p. 30 apud Oltramari 2008, p. 26),

o estudo das representações sociais preconizados por


Moscovici necessita que se coloque em relação aos
sistemas cognitivos complexos do indivíduo com os
metassistemas de relações simbólicas que caracterizam
uma sociedade.

- Mas o que isto quer dizer?

De acordo com Doise (apud Oltramari, 2008), para que isto


aconteça é necessário o enfoque em 3 elementos, quando se
realiza um estudo em representações sociais:

1. Uma representação social se constitui nas relações sociais


tendo como suporte a comunicação interpessoal, que faz
com que os grupos elaborem laços de trocas entre eles.

2. Que as posturas consideradas mais singularizadas devem


ser compreendidas a partir das ações que fazem os
sujeitos diferenciarem entre si, a partir de determinadas
representações sociais que os conduzem a uma ou outra
conduta pode-se compreender que estes comportamentos
sejam tomados de forma sistemática devido a um forte
componente identitário que é importante para a coesão
do grupo.

104

psicologia_social.indb 104 21/9/2011 01:57:43


Psicologia Social

3. Que é preciso compreender como a tomada de decisão


centrada na ancoragem faz com que as pessoas se
direcionem a determinadas posições em uma situação e
não em outras.

Assim, as Teorias das Representações Sociais,


elaborada por Moscovici, irá se preocupar em estudar
o fenômeno homônimo à teoria que se concentra
em compreender como a sociedade elabora o
conhecimento científico a partir das teorias de
senso comum, dando um sentido prático a elas.
(OLTRAMARI, 2008, p. 27).

Moscovici pretendeu, com isso, conhecer os processos de


influência que as representações sociais exercem sobre as pessoas
em suas ações cotidianas ou em suas práticas sociais.

Nas palavras de Moscovici:

A teoria das representações sociais visa resgatar


a compreensão do mundo a partir dos conceitos
elaborados pelos grupos nas interações sociais, indo
ao encontro das explicações disseminadas no senso
comum. (MOSCOVICI, 1978, apud OLTRAMARI,
2008, p. 27).

No Brasil, o interesse pela teoria das RS iniciou no final da


década de 70 momentos em que os Psicólogos Sociais começaram
a adotar uma perspectiva crítica dos fenômenos sociais.

E você sabe o que são representações sociais? É o que você


estudará nas próximas seções. Permaneça atento!

Unidade 4 105

psicologia_social.indb 105 21/9/2011 01:57:43


Universidade do Sul de Santa Catarina

Seção 2 - As Representações Sociais


Inicia-se com uma formulação de Moscovici, que apesar de não
ter elaborado um conceito definitivo, tentou situá-la da seguinte
forma:

Por representações sociais entendemos um conjunto de


conceitos, proposições e explicações originadas na vida
cotidiana no curso das comunicações interpessoais.
Elas são o equivalente, em nossa sociedade, aos mitos e
sistemas de crença das sociedades tradicionais; podem
também ser vistas como a versão contemporânea do senso
comum. (MOSCOVICI, 1981, p. 181 apud OLIVEIRA
E WERBA, 1998, p. 106).

As representações sociais são “teorias” sobre


saberes populares e do senso comum, elaboradas
e partilhadas coletivamente, com a finalidade de
construir e interpretar o real. Por serem dinâmicas,
levam os indivíduos a produzir comportamentos
e interações com o meio, ações que, sem dúvida,
modificam os dois. (Oliveira e Werba, 1998, p. 105).

As representações sociais acontecem nos grupos como


consequência das relações sociais. Pelo fato de que as
pessoas precisam lidar com os fenômenos e objetos que elas
desconhecem, elas precisam construir interpretações para estes
fatos e/ou objetos, para que desta forma saibam como agir diante
deles, dentro de uma coerência encontrada nas representações.

Tome-se como exemplo a AIDS: quando ela surgiu


foi associada a uma doença originária na África e que
se espalhou por outros países. Posteriormente a isto,
começou a ser relacionada a pessoas que tinham
uma vida promíscua, que ela levaria necessariamente
à degeneração do corpo físico e à morte. Estas
associações interpretativas faziam com que as pessoas
lidassem com esta doença desta forma e, também,
rejeitassem aqueles que a haviam contraído.

106

psicologia_social.indb 106 21/9/2011 01:57:43


Psicologia Social

Para Jodelet (1984, apud Oltramari, 2008, p. 27), as


representações sociais são constituídas a partir de construções e
reconstruções de sentidos dos objetos socialmente representados
pelos grupos. Estas não devem ser entendidas como simples cópia
interiorizada, de uma imagem vinda do exterior para a introjeção
das pessoas. Elas devem ser pensadas como um processo de
construção simbólica, a partir da realidade de grupos específicos.

De acordo com a mesma autora, as representações


sociais formam um saber funcional e prático que faz
com que as pessoas consigam relacionar-se dentro
do espaço social, agregando conhecimentos novos
sobre outros já constituídos, de modo que as ações
cotidianas adquiram sentido.

Ao detalhar este conceito, Jodelet conceitua este fenômeno como:

Uma forma de conhecimento, socialmente elaborada e


partilhada, tendo como visão prática e concorrendo para
a construção de uma realidade comum a um conjunto
social. (JODELET, 1989, p. 36 apud OLIVEIRA E
WERBA, 2001, p. 106).

Para a autora acima citada, um dos principais aspectos da


importância do estudo das representações sociais é a interação
entre a ação dos sujeitos sociais e os pensamentos que dão sentido
aos comportamentos no mundo social.

Isto permite afirmar que a representação social é


uma forma de saber prático. Um saber que surge
no universo de significação das pessoas através da
experiência.

É no interior das interações cotidianas e com a comunicação


entre as pessoas de seu grupo que os sujeitos vão criando e
transformando as representações sociais.

De acordo com a autora, a representação social permite fazer


uma ligação fundamental entre o sujeito e o mundo que o cerca,
entre a subjetividade e as relações sociais mais amplas. Entre o
subjetivo e o objetivo.

Unidade 4 107

psicologia_social.indb 107 21/9/2011 01:57:43


Universidade do Sul de Santa Catarina

E dentro destas relações sociais, como identificar onde


as relações sociais se manifestam?

De acordo com Moscovici (1998, apud Oltramari 2008, p.


28), as representações sociais estão presentes nas comunicações
interpessoais e pela mídia, espaços em que se elaboram os
conhecimentos do senso comum. De acordo com Oltramari
(2008), é importante ressaltar que as representações sociais não se
restringem às manifestações do senso comum, mas, também, são
encontradas nos meios científicos, religiosos e em outras formas
de conhecimento compartilhado. Além disso, os conhecimentos
do senso comum construídos pelas representações sociais e os
conhecimentos da ciência (estes denominados reificados, por
Moscovici) interagem continuamente entre os grupos sociais.

Se vários cientistas na área da educação se reúnem


para explicar fenômenos de catástrofes naturais como
enchentes, furacões e interpretam que ouviram na
televisão que deve ser devido ao aquecimento global
ou ao resfriamento da terra, eles estão utilizando-
se de representações sociais. Ou seja, mesmo
pesquisadores que desenvolvem ciência, atuam no
nível das representações sociais, quando explicam
fenômenos fora de seu domínio teórico.

As representações sociais capacitam as pessoas em seus sistemas


de internalização, de normas e de regras elaboradas a partir
de uma construção social que é sempre exterior aos sujeitos –
e que guiam os comportamentos das pessoas nos momentos
de interação social. Além disso, orientam os sujeitos em seus
comportamentos em direção ao futuro através de experiências do
passado. As representações sociais desempenham uma relação
importante junto às funções cognitivas entre internalização e
externalização da relação indivíduo/sociedade. (OLTRAMARI,
2008, p. 30).

Mas é importante destacar que esta relação indivíduo - sociedade


ocorre dentro de uma articulação de alguns aspectos dentro das
representações sociais.

108

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Psicologia Social

Seção 3 - Os processos constituintes das representações


sociais
De acordo com Moscovici (1978 apud Oltramari 2008, p. 30), as
representações sociais possuem três dimensões:

1. A informação: se relaciona com um sistema de


conhecimento que grupos específicos possuem sobre
um fenômeno. Esta informação condiciona o tipo de
representação sobre um objeto.

2. O campo da representação ou imagem: é a imagem


de modelo social ao conteúdo concreto e limitado das
proposições possíveis a um aspecto preciso do objeto da
representação.

3. Atitude: motiva as ações a partir dos componentes


afetivos e cognitivos.

Existem estudos que demonstram uma relação “sócio-afetivo-


cognitiva” que promove com que o núcleo figurativo entre em
associação direta com a dimensão afetiva de comunicação de
forma eficiente, possibilitando que uma representação social
tenha sentido par um determinado grupo.

Para uma representação social ser compartilhada,


são necessários fatores cognitivos-emocionais-
comunicacionais que permitam uma construção social
por intermédio da qual as pessoas darão sentido
àquelas representações.

Para que as representações sociais se constituam como expressão


de uma determinada forma de pensamento compartilhado,
entram em ação dois processos: a ancoragem e a objetivação.

A ancoragem é um processo de organização e


de classificação em que o não familiar deve estar
relacionado com um conhecimento já familiarizado e
conhecido.

Unidade 4 109

psicologia_social.indb 109 21/9/2011 01:57:43


Universidade do Sul de Santa Catarina

Esta classificação envolve quase sempre um juízo de valor, de


uma nova informação ancorada sobre outra informação que já
se estruturou cognitivamente. A ancoragem promove a criação
de uma imagem a respeito de um objeto, e esta é repleta de
significados.

A objetivação materializa um objeto abstrato. Ela


transforma algo desconhecido em algo familiar.

A objetivação é o processo pelo qual a imagem se transforma em


ato, ou seja, é o ato do sujeito a partir da imagem ancorada.

Vamos voltar ao exemplo anterior sobre a AIDS:


„„ o processo de associar a AIDS à promiscuidade,
degeneração e morte faz parte da ancoragem;
„„ o processo de rejeitar uma pessoa que contraiu
a doença faz parte da objetivação.

As representações sociais vão sendo agrupadas em conjunto de


significados, permitindo a interpretação dos acontecimentos
do cotidiano e auxiliando na classificação e ordenação dos
fenômenos sociais vivenciados pela sociedade. Elas são formas de
conhecimento compartilhado pelo senso comum, formando um
saber que exerce uma função prática para as pessoas.

As funções das Representações Sociais


Como já afirmado anteriormente, as representações sociais
possuem uma função prática. Essas podem ser tipificadas da
seguinte forma:

1. Função de saber: permite uma explicação e compreensão


da realidade.

110

psicologia_social.indb 110 21/9/2011 01:57:43


Psicologia Social

2. Função identitária: permite a constituição de uma


identidade para o grupo, pois as explicações são
compartilhadas e definem normas e regras comuns.

3. Função de orientação: guia os comportamentos e as


práticas dos sujeitos e dos grupos.

4. Função justificatória: possibilita entender os motivos


das ações dos sujeitos em um determinado contexto
social, por meio de uma justificativa aceita por ele ou
pelo grupo.

Unidade 4 111

psicologia_social.indb 111 21/9/2011 01:57:43


Universidade do Sul de Santa Catarina

Síntese

De acordo com Oliveira e Werba (1998), o conceito de


Representação Social é versátil e tem três elementos combinados
quando empregados:

1. É um conceito que abrange outros conceitos como:


atitudes, opiniões, imagens, ramos do conhecimento.

2. Possui poder explanatório: não substitui, mas incorpora


os outros conceitos, aprofundando a explicação causal dos
fenômenos.

3. O elemento social na teoria da RS é algo constitutivo


delas e não uma entidade separada. O social não
determina a pessoa, mas é substantivo dela. O ser
humano é tomado como essencialmente social.

Ao apresentar as ideias de Guareschi sobre Representações


Sociais, Oliveira e Werba (1998) afirmam que vários elementos
costumam estar presentes na definição de Representações Sociais.
São eles:

1. Há elementos dinâmicos e explicativos, tanto na


realidade social, física ou cultural.

2. Elas possuem uma dimensão histórica e transformador.

3. Nelas estão presentes aspectos culturais, cognitivos e


valorativos, isto é, ideológicos.

4. Os elementos da RS estão sempre presentes nos objetos e


nos sujeitos, por isso são sempre relacionais e sociais.

A teoria das representações sociais busca conhecer o modo


como um grupo humano constrói um conjunto de saberes que
expressam a identidade do grupo social, as representações que ele
forma sobre uma diversidade de objetos, tanto próximos como
remotos e, principalmente, o conjunto dos códigos culturais
que definem, em cada momento histórico, as regras de uma
comunidade.

112

psicologia_social.indb 112 21/9/2011 01:57:43


Psicologia Social

Busca conhecer os elementos que atuam para que os indivíduos


desenvolvam determinadas ações, não pautados em razões
lógicas, racionais ou cognitivas, mas, principalmente, baseados
em razões afetivas, simbólicas e míticas.

Atividades de autoavaliação

1) Assista a uma notícia da atualidade em algum jornal televisivo.


Identifique e descreva fenômenos de representações sociais envolvidos
na matéria veiculada.

Unidade 4 113

psicologia_social.indb 113 21/9/2011 01:57:43


Universidade do Sul de Santa Catarina

2) Agora que você assistiu ao filme Vem Dançar (2006), responda:


a) Que fenômenos de representações sociais são identificáveis nas
interações estabelecidas entres os membros que compõem a
estória?

b) Como se ancoram e como se objetivam as representações sociais


identificadas?

c) Que funções elas cumprem?

Figura 4.1 - Vem Dançar (2006).


Fonte: Neves, 2011
Sinopse
Depois de presenciar um garoto de subúrbio depredando
violentamente um carro, Pierre Dulaine, um consagrado
dançarino, se propõe a desenvolver atividades de dança
em uma escola, com a finalidade de integrar estudantes
considerados “irrecuperáveis”. Seus métodos clássicos se
chocam com a cultura hip hop dos estudantes, em um
contexto social marcado pela violência das gangues. No
entanto, ocorre uma união entre professor e estudantes para
competir em um grande campeonato e Dulaine percebe
que está aprendendo muito mais do que pensava com seus
estudantes.

Atores Principais: Antonio Banderas, Rob Brown, Yaya


Dacosta, Dante Basco e John Ortiz.

Realizadora: Liz Friedlander.

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psicologia_social.indb 114 21/9/2011 01:57:43


Psicologia Social

Unidade 4 115

psicologia_social.indb 115 21/9/2011 01:57:43


Universidade do Sul de Santa Catarina

Saiba mais

STREY, Marlene. Psicologia Social Contemporânea. Petrópolis, RJ:


Vozes, 1998.

Oltramari, L. Representações Sociais da AIDS, Relações Conjugais


e Confiança. Tese de Doutorado. UFSC, 2008.

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psicologia_social.indb 116 21/9/2011 01:57:43


5
unidade 5

As relações humanas em
comunidade e em sociedade
Carolina Hoeller da Silva Boeing

Objetivos de aprendizagem
n Distinguir os conceitos de comunidade e sociedade.

n Conhecer as formas de organização social ao longo da


história.
n Compreender a coexistência das comunidades nas
sociedades enquanto formas distintas de organização
humana.

Seções de estudo
Seção 1 O estudo da sociedade

Seção 2 As principais teorias da sociedade

Seção 3 Analisando o conceito de comunidade

Seção 4 Comunidade X Sociedade

Seção 5 A organização do homem em sociedade/


comunidade e o surgimento do Estado

psicologia_social.indb 117 21/9/2011 01:57:43


Universidade do Sul de Santa Catarina

Para início de estudo


Antes de iniciar o estudo desta unidade, é importante que você
reflita sobre o seguinte questionamento:

Você sabe o que são comunidades e sociedades?


Existe alguma diferença entre estes conceitos? Qual
a razão para que os seres humanos optassem por
organizar sua vida social desta forma?

E então, você sabe as respostas a estas perguntas?

Se a sua resposta é “não”, não se preocupe, esta unidade irá ajudá-


lo(a) a esclarecer estas e outras questões referentes aos temas
comunidades e sociedades.

Então vá adiante e bom estudo!

Seção 1 - O estudo da Sociedade


Nas unidades anteriores, você já estudou que a Psicologia Social é
responsável pelos estudos sobre o comportamento dos indivíduos
no que é influenciado socialmente.

Estas influências ocorrem mesmo antes do nascimento, enquanto


condições históricas que deram origem à família, a qual convive
com pessoas que sobrevivem trabalhando em determinadas
atividades, as quais influenciaram inclusive e certamente a
maneira de encarar e cuidar da gravidez.

Ou seja, a Psicologia Social estuda a relação essencial entre o


indivíduo e a sociedade, relação esta entendida historicamente,
desde a organização de seus membros para garantir a sua
sobrevivência (o trabalho) até seus costumes, valores e instituições
necessários para a continuidade da sociedade.

Desta forma, a Psicologia Social procura compreender de que


forma o homem se insere neste processo histórico, não apenas
como ele é determinado, mas, principalmente, como ele se
torna agente da história, ou seja, como ele pode transformar a
sociedade em que vive.

118

psicologia_social.indb 118 21/9/2011 01:57:43


Psicologia Social

— Mas, afinal de contas, você sabe o que significa a palavra


“sociedade”?

Quando uma pessoa diz “sociedade” e outra a escuta,


elas geralmente se entendem sem dificuldade. Mas
será que realmente nos entendemos?

A sociedade, como você já sabe, somos todos nós, ou seja, são


várias pessoas juntas. Porém várias pessoas juntas no Japão
formam um tipo de sociedade completamente diferente da
sociedade encontrada na Austrália.

Certamente, você deve estar pensando nos aspectos culturais


destas regiões, e tem toda razão, as questões culturais –
historicamente construídas - influenciam diretamente o
comportamento dos indivíduos na sociedade.

De acordo com Elias (1994), as sociedades somente existem, Conforme estudado nas
unidades anteriores,
porque existe um grande número de pessoas. Só continua a
lembra-se?
funcionar, pois estas pessoas, isoladamente, querem e fazem
certas coisas. E, no entanto, sua estrutura e suas grandes
transformações históricas independem das intenções de qualquer
pessoa em particular.

— Parece confuso, não é mesmo?

Você, certamente, tem uma idéia tradicional do que você


mesmo(a) é como indivíduo. E, com isto, tem uma noção do
que queremos dizer, quando nos referimos a “sociedade”. Porém
este espaço entre os indivíduos e a sociedade simplesmente não
existe. Afinal são os indivíduos que formam a sociedade, ou seja,
a sociedade é uma sociedade de indivíduos.

Certa vez, Aristóteles comparou a relação entre os indivíduos e


a sociedade com as pedras e a casa. O pensador quis nos dizer
que a junção de muitos elementos individuais forma uma unidade
cuja estrutura não pode ser inferida de seus componentes isolados
(ELIAS, 1994). Ou seja, não se pode compreender a estrutura de
uma casa inteira pela contemplação de cada uma das pedras que a
compõem. No entanto não é possível, também, compreender uma
casa como um monte de pedras reunidas.

Unidade 5 119

psicologia_social.indb 119 21/9/2011 01:57:44


Universidade do Sul de Santa Catarina

Lembre-se de que o todo é diferente da soma de suas


partes! Os conjuntos não podem ser compreendidos,
quando suas partes são consideradas isolamento,
independentemente de suas relações.

Desta forma, de acordo com a filosofia de Aristóteles, o homem


não pode ser pensado fora de um grupo social. E, fazendo parte
de um grupo social, ele é um participante ativo das mudanças e
transformações do mundo a sua volta.

— Mas, por que devemos estudar a sociedade humana?

Apesar de qualquer pessoa afirmar saber o que de fato é uma


sociedade, esta compreensão científica não é suficientemente clara
para a maioria dos homens.

É possível observar diferentes níveis de conhecimento na


sociedade. De um lado, pode-se observar a compreensão de
alguns fatos baseados simplesmente em explicações sem grandes
elaborações teóricas. Estas explicações são provenientes de
relações superficiais e podem ser chamadas de “senso-comum”.

No entanto, paralelo a estas explicações, há outro tipo de


conhecimento, que, de acordo com Bressan (1986, p. 12), é
mais bem elaborado e “implica a construção de um complexo de
relações entre os fatos de modo a estabelecer uma totalidade.”
Este fenômeno é o que chamamos de “conhecimento científico”.

Seus estudos nesta disciplina são certamente embasados em


conhecimentos científicos. Afinal o conhecimento científico é
necessário, porque a realidade social não se mostra como ela de
fato é.
Por exemplo, as crises econômicas, a inflação, a
concentração de renda, o desemprego e a religião
são fenômenos sociais envoltos em um mistério para
o senso-comum, e continuarão assim, enquanto o
homem não explicá-los cientificamente. (BRESSAN,
1986).

É importante que você tenha claro ser a sociedade um produto


direto, consciente ou inconsciente, da ação humana. Ou seja, o

120

psicologia_social.indb 120 21/9/2011 01:57:44


Psicologia Social

homem cria a sua própria sociedade e, ao mesmo tempo, produz-


se como um ser social.

De acordo com Bressan (1986), todo homem tende a explicar a


Sociedade de acordo com seus interesses e os da classe social a
que pertence.

— E você sabe o que são classes sociais?

Classes sociais, segundo Bressan (1986), são grandes


grupos humanos que se diferenciam pela posição que
ocupam no sistema produtivo.

Desta forma, ainda segundo o autor, a burguesia não irá explicar


a sociedade da mesma forma que o proletariado (classe formada
pelos trabalhadores assalariados). (BRESSAN, 1986).

De acordo com Santos (2004), as sociedades são compostas


por quatro subsistemas (eco­nomia, política, socialização e
comunidade societária), sendo que cada um deles teria uma
função a cumprir.

Santos (2004) salienta ainda três características centrais que


compõem a definição de sociedade, a saber:

„„ a organização de re­lações em torno de focos territoriais


ou de parentesco;
„„ um sistema de determinação de funções e de atribuição
de recompensas; e
„„ estruturas integrativas capazes de controlar tais
atribuições e regular con­flitos e processos competitivos.
Na próxima seção, você irá conhecer algumas das principais
teorias (embasadas pelo conhecimento científico) sobre a
sociedade.

Vá adiante!

Unidade 5 121

psicologia_social.indb 121 21/9/2011 01:57:44


Universidade do Sul de Santa Catarina

Seção 2 - As principais teorias da sociedade


Existem várias teorias que procuram explicar o que é de fato a
Sociedade. No entanto, optamos por apresentar aqui duas delas,
a estrutural-funcionalista e a materialista-histórica. Estas
teorias se opõem radicalmente na explicação que propõem para a
sociedade, como você verá a seguir.

A teoria estrutural-funcionalista
A base intelectual desta teoria está no positivismo de Augusto
Comte. Entre outros aspectos, esta teoria propõe que o
conhecimento, para ser considerado científico, deve ser elaborado
a partir da observação, experimentação e comparação entre os
fenômenos, de modo a descobrir suas relações constantes. Foi,
porém, o sociólogo francês Émile Durkheim quem deu contornos
definitivos à teoria funcionalista.

A teoria funcionalista está pautada sobre pressupostos da


biologia, física e cibernética, fato este que irá marcar a elaboração
dos conceitos explicativos da sociedade.

A sociedade, para os funcionalistas, pode ser comparada a um


organismo vivo, ou seja, a sociedade apenas reproduz a estrutura
geral dos seus organismos vivos.

A sociedade humana, de acordo com a teoria


funcionalista, pode ser definida como um conjunto
de indivíduos e grupos sociais integrados
e complementares, cujas funções sociais são
regulamentadas por um conjunto de leis e normas.
Estas leis e normas expressam o consenso, isto é, o
entendimento e a aceitação das partes em relação às
suas funções. (BRESSAN, 1986).

O materialismo histórico (ou teoria marxista)


Esta teoria da sociedade foi elaborada, principalmente, por Karl
Marx e Friedrich Engels.

122

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Psicologia Social

O materialismo histórico, diferentemente da teoria funcionalista,


questiona radicalmente a sociedade capitalista. Esta teoria é
comumente associada aos interesses do proletariado, porque faz
uma análise dos pilares estruturantes do capitalismo, elucidando
como a acumulação do capital pelas classes dominantes
está diretamente relacionada à exploração da mais-valia dos
trabalhadores proletários.

Para esta teoria, a sociedade é considerada uma


estrutura composta de partes interdependentes
e contraditórias em constante movimento e
transformação. O movimento não é simplesmente
evolutivo, mas ocorre através de rupturas. (BRESSAN,
1986). Essas rupturas são necessárias, para que haja o
desenvolvimento social para patamares diferenciados,
qualitativamente superiores.

Em seu processo de interação, os homens formam estruturas


sociais. O processo de evolução da sociedade, de acordo com esta
teoria, é um processo histórico baseado nas transformações que
os homens empreendem sobre a natureza (realidade externa),
as quais alteram os modos de produção, as relações sociais e o
próprio homem.

Este processo de produção constitui a base econômica da


sociedade, onde, em determinado momento histórico, irá
determinar os bens e serviços necessários à reprodução da vida
social. É, ainda, a partir dos processos de produção que se irão
articular as relações sociais vigentes em cada sociedade.

A estrutura social tem como característica principal as


relações sociais, onde grupos humanos se posicionam
uns diante dos outros, e todos diante da produção
social, fazendo com que uns tenham mais ou igual
poder, prestígio e riqueza.

Seção 3 - Analisando o conceito de comunidade


As relações humanas, como você já pôde observar, foram e são
objeto de estudo e pesquisa de uma gama de pensadores, através
de ciências como filosofia, sociologia, antropologia, psicologia;
enfim, as chamadas ciências sociais. Estas relações são eventos,

Unidade 5 123

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Universidade do Sul de Santa Catarina

acontecimentos que se verificam no lar, escola, empresa, ou


em qualquer outro lugar onde exista interação entre pessoas.
Estes estudos refletem preocupações acerca do próprio homem,
pois, se ele é um ‘animal social’, isto quer dizer que vive em
agrupamentos com seus iguais. (MACHADO, 1996).

Como você já estudou nas unidades 2 e 3, historicamente o ser


humano sempre viveu e trabalhou em grupos, para sobreviver e
conseguir reproduzir-se. Esses agrupamentos evoluíram e foram
chamados de comunidades. (RECUERO, 2002).

Bell e Newby definem comunidade como um conjunto


de inter-relações entre instituições sociais em uma
localidade. (DIAZ, 2000).

A idéia moderna de comunidade distingue-se de seu protótipo


antigo, identificada com diversos aspectos, como coesão social, a
base territorial, o conflito e a colaboração para um fim comum, e
não mais como apenas uma relação familiar.

Há dois significados mais comuns para a palavra


comunidade. O primeiro refere-se à localização
física, como uma cidade, um bairro, uma vizinhança:
as pessoas que vivem em um mesmo local estão
associadas, pois compartilham uma proximidade
física e vivem sob as mesmas regras e governo e,
freqüentemente, porém nem sempre, também
compartilham uma herança cultural e histórica. O
segundo significado refere-se ao grupo social de
qualquer tamanho, que compartilha interesses
em comum, sejam estes sociais, profissionais,
ocupacionais ou religiosos.

Desta forma, o autor separa o conceito em dois aspectos distintos:


o de local, como principal elemento na constituição do grupo; e
o do interesse, onde a localização física em comum já não é mais
condição essencial para a formação da comunidade.

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Psicologia Social

A mudança do conceito de comunidade e, mesmo, a mudança das


próprias relações humanas foram, certamente, influenciadas pelo
avanço tecnológico desde a Revolução Industrial.

Antes da Revolução Industrial as pessoas viviam


próximas umas das outras, e a maioria das suas
necessidades era suprida pelos outros na sua comunidade
local. A comunidade era altamente delimitada e
auto-suficiente. Mas, com o advento das tecnologias
– melhor transporte, o telefone, e, mais recentemente,
e-mail e outros meios de comunicação via computador
– as pessoas se espalharam para novas localizações
geográficas. O resultado é que a as relações familiares
e de amizade agora têm que ser suportadas a longas
distâncias. Conseqüentemente, as pessoas hoje contam
menos com relações baseadas localmente do que há
cinqüenta anos. (D’ÁVILA FILHO, 2004, p. 24).

O conceito de comunidade, combinado a aspectos tecnológicos,


trouxe para a sociedade um novo conceito ainda, ou seja, o
conceito de comunidade virtual.

— Mas você sabe o que é comunidade virtual?

O estudo do conceito de comunidade virtual ainda é muito


recente. É, assim, necessário um tempo de amadurecimento para
o surgimento de um consenso em torno do termo.

Comunidades virtuais podem ser definidas como


agregações sociais que emergem na Rede (internet),
quando uma quantidade suficiente de pessoas leva
adiante discussões públicas durante um tempo
suficiente, com sentimentos humanos suficientes,
para formar teias de relações pessoais no ciberespaço.
(D’ÁVILA FILHO, 2004).

Ainda, de acordo com Baptista (1979), comunidade significa algo


que excede à mera comunidade local, compreendendo todas as
formas de relação caracterizadas por:

„„ um alto grau de intimidade pessoal;


„„ profundidade emocional;
„„ compromisso moral;

Unidade 5 125

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Universidade do Sul de Santa Catarina

„„ coesão social; e
„„ continuidade no tempo.
— E então: você já consegue diferenciar sociedades e comunidades
agora?

Vá adiante e descubra!

Seção 4 - Comunidade X Sociedade


Autores clássicos como Ferdinand Tönnies procuravam
conceituar a comunidade em oposição à sociedade. Tönnies, em
seu trabalho Gemeinschaft und Gesellschaft, procurou criar um
conceito de comunidade “pura”, idealizada, oposta ao conceito de
Traduzido do alemão como:
Comunidades e Sociedades.
sociedade, criado pela vida moderna. (TÖNNIES, 1944, apud
FERNANDES, 1973).

Segundo o autor, “Tudo que é confiante, íntimo, que vive


exclusivamente junto, é compreendido como a vida em comunidade
(assim pensamos). A sociedade é o que é público, é o mundo”.
(TÖNNIES, 1944, apud FERNANDES, 1973, p. 109).

Para Tonnies, a comunidade é caracterizada por um desejo


natural, diferentemente da sociedade, que é caracterizada,
segundo o autor, como um desejo racional.

Ou seja, nas comunidades, estas relações entre as pessoas têm


motivação afetiva, são regidas por laços naturais de parentesco
e amizade, predominando a economia doméstica e a organização
social fundada nas relações de parentesco e no prestígio. Já
sociedade é uma associação de pessoas baseada em princípio de
contrato e troca. (DIAZ, 2000).

Weber (1944, apud FERNANDES, 1973, p. 140) conceitua


comunidade como “uma relação social, quando a atitude na ação
social inspira-se no sentimento subjetivo (afetivo ou tradicional)
dos partícipes da constituição de um todo”. Já, para este pensador,
sociedade é uma “relação social existente quando a atitude na
ação social inspira-se numa compensação de interesses por
motivos racionais (de fins ou de valores) ou também numa união
de interesses com idêntica motivação”, e, em geral, é baseada
especialmente, mas não unicamente, em um acordo ou pacto
racional, por manifestação recíproca.
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Psicologia Social

É importante destacar ainda que, para Webber (1944, apud


FERNANDES, 1973, p. 141), “a imensa maioria das relações sociais
participam em parte da comunidade e em parte da sociedade”.

Diante destes conceitos, é importante salientar que, conforme o que


você já estudou, a Sociedade é o termo mais abstrato e inclusivo.
É constituída de grupos sociais, cada qual possuindo seu próprio
tipo específico de organização, mas tendo, ao mesmo tempo, todas as
características gerais da sociedade em abstrato.

Já Comunidade é o termo aplicado a sociedades e grupos sociais,


considerados do ponto de vista da distribuição geográfica dos
indivíduos e das instituições de que são compostos.

Ou seja, toda comunidade é uma sociedade, mas nem


toda sociedade é uma comunidade.

De acordo com Ferreira (1968), as comunidades compreendem


as relações envolvidas na “vontade orgânica”, que são as vontades
primeiras e essenciais do homem. Já, nas sociedades, predominam
as “vontades reflexivas”, caracterizando-se aí um grau de
individualismo, competitividade, indiferença ou impessoalidade
entre seus membros.

Seção 5 - A organização do homem em sociedade/


comunidade e o surgimento do Estado
Desde os primórdios da humanidade, até os dias hoje, podem ser
observadas diversas formações associativas, ou seja, desde a pré-
história há registros de agrupamentos humanos que buscavam, a
partir da associabilidade, viabilizar sua sobrevivência.

O homem sempre foi incapaz de sobreviver no individualismo ou no


isolamento de seus pares, e é neste momento que surgem as primeiras
formas de comunidade. Estas comunidades surgiram, inicialmente,
por laços de parentesco, cujo objetivo primordial foi o de garantir a
própria sobrevivência.

Unidade 5 127

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Universidade do Sul de Santa Catarina

Primeiramente, o homem primitivo vivia, segundo Hobbes,


num estado de natureza, onde predominava “uma condição
de guerra, porque cada um se imagina (com razão, ou sem)
poderoso, perseguido, traído.” Este período é denominado de
pré-associativo, e nele o homem é visto como ser irracional, que
buscava pela luta (guerra de todos contra todos) fazer vingar sua
supremacia. (WEFFORT, 1995, p. 59). Após este período, o
homem passa ao estágio associativo, em que a idéia de conflito
foi abandonada (ou parcialmente).

A convivência em grupo, como você já estudou nas Unidades 2 e


3, seja de natureza parental, familiar ou comunitária, exigiu dos
homens (e exige cada vez mais) a fixação de limites às liberdades
dos que integram um conjunto social.

Como você pode observar, o homem abandonou o estado


de individualismo para reunir-se em sociedade, ou seja, na
convivência coletiva, e, assim, construir racionalmente uma
organização capaz de reger a todos, a partir da soma das parcelas
de liberdade individual que lhe foram outorgadas pela renúncia
de cada membro.

É neste momento que surge o Estado, com o papel de garantir à


sociedade e aos seus membros tudo aquilo que individualmente a
estes fosse difícil ou impossível obter.

Observe que o surgimento do Estado não se deu ao acaso, e


que, especialmente por decorrer de uma atitude racional do
ser humano, foi direcionado a um fim específico, ou seja, a
organização social dos homens.

O Estado pode ser compreendido como um órgão,


ou instrumento a serviço da sociedade, cujo papel
primordial é o de defender e proteger esta contra
quem está fora dela ou se opõe a ela.

O pensador Thomas Hobbes, em uma de suas principais obras,


o Leviatã, afirma que o Estado é a situação permanente de
subordinação de um grupo de indivíduos que vive sobre um
mesmo território a um poder de comando que organiza a vida
em sociedade através da fixação de regras e decisões vinculantes.
(MARQUES, 2007).

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Psicologia Social

Durante muito tempo, sua obra recebeu críticas, pois a noção de


Estado para Hobbes tinha que o exercício do poder político era
sinônimo de tirania, despotismo, ou totalitarismo.

Para justificar a necessidade da existência do Estado como órgão


regulador da sociedade, Hobbes idealizou o que ele chamou
de “não-Estado”, ou seja, imaginou a sociedade sem o Estado,
procurando assim demonstrar as dramáticas conseqüências
que adviriam da falta de um organismo que respondesse pela
produção das normas de convivência.

De acordo com Maluf (1995, p.19), o conceito de Estado vem


evoluindo desde a antiguidade. Segundo o autor, foi Maquiavel
quem introduziu a expressão, definitivamente, na literatura
científica. Para Maluf:

O Estado, democraticamente considerado, é uma


instituição nacional, um meio destinado à realização
dos fins da comunidade nacional. De acordo com estes
princípios, considerando que só a nação é de direito
natural, enquanto o Estado é criação da vontade humana,
e levando em conta que o Estado não tem autoridade
nem finalidade próprias, mas é uma síntese dos ideais
da comunhão que ele representa, formulamos o seguinte
conceito simples: O Estado é o órgão executor da
soberania nacional. (1995, p. 21).

De acordo com Kehring (2006), uma outra conceituação


tradicional sobre o Estado é reconhecê-lo como um mecanismo
de controle social existente na sociedade humana, ou seja, é uma
organização que exerce autoridade sobre seu povo, por meio de
um governo supremo, dentro de um território delimitado, com
direito exclusivo para a regulamentação e uso da força.

Esta, no entanto, é considerada a visão antiga de controle social,


que inclui o controle do Estado sobre a população, não estando
relacionada à idéia democrática de controle social, tal como a
que foi implantada pela Constituição Federal de 1988, e que será
estudada por você na próxima unidade.

Unidade 5 129

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Universidade do Sul de Santa Catarina

Síntese

Nesta unidade, você conheceu que, apesar de a maioria


das pessoas afirmarem saber o que é sociedade, ou mesmo
comunidade, há ainda uma grande confusão que circunda estes
conceitos.

Sinteticamente, você estudou que sociedade é um conjunto de


pessoas que vivem em certa faixa de tempo e de espaço, seguindo
normas comuns, e que são unidas pelo sentimento de consciência
do grupo.

Você pôde conhecer também duas das principais teorias da


sociedade, ou seja, delas, a teoria estrutural-funcionalista e a
materialista-histórica.

Você conheceu também que o conceito de comunidade pode ser


definido por um grupo social cujos membros habitam uma região
determinada, têm um mesmo governo e estão irmanados por
uma mesma herança cultural e histórica.

Desta forma, você pôde observar que, diferentemente das


sociedades, as comunidades são agrupamentos de pessoas com
um mesmo desejo natural (que envolve aspectos culturais) e que
as sociedades caracterizam-se, por sua vez, como detentoras de
um desejo racional.

Para finalizar, você estudou que as sociedades passaram a se


organizar através do Estado, e que este nada mais é do que um
instrumento regulador.

Na próxima unidade, você estudará a relação entre o Estado e o


controle social.

Vá adiante!

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Psicologia Social

Atividades de autoavaliação
Ao final de cada unidade, você realizará atividades de autoavaliação. O
gabarito está disponível no final do livro-didático. Mas se esforce para
resolver as atividades sem ajuda do gabarito, pois, assim, você estará
promovendo (estimulando) a sua aprendizagem.
1) Nesta unidade, você conheceu os conceitos de sociedade e
comunidade. A partir das definições estudadas, descreva o que seriam
relações societárias e relações comunitárias.

2) A partir do seu estudo, descreva qual a importância do surgimento do


Estado enquanto forma de organização da sociedade.

Unidade 5 131

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Universidade do Sul de Santa Catarina

3) Que tal voltar à infância e brincar de caça-palavras? A partir dos seus


estudos, encontre as respostas às perguntas a seguir. Utilize o caça-
palavras para auxiliá-lo(a) nestas respostas.
a) O _____________ pode ser compreendido como um órgão, ou
instrumento regulador a serviço da sociedade.
b) Comunidade pode ser caracterizada por um desejo ___________ dos
homens, uma vez que sua associação envolve questões culturais.
c) As ___________ são compostas por quatro subsistemas, a saber:
economia, política, socialização e comunidade societária.
d) A teoria _____________ define a sociedade como um conjunto de
indivíduos e grupos sociais integrados e complementares.

A S D F G H J K L Z X C V
B N M Q W N R T Y U I O B
A S E S T A D O S M O Q W
D O D A N T I C I D N O C
F G U T Z U C V B N M Q R
H J C U F R R T Y U I O E
L Z A R U A S D F G H J S
R A C I N L A L I S M O C
A S S O C I E D A D E S I
S F O A I J H G F D S L M
D G H D O T Y U I O Q A E
D C B E N X D T Y H J K N
S F H U A H K M Y F U G T
A D F H L E R T U D S E O
F G U T I U C V B N M Q R
A S D F S H J K L Z X C V
H J C U T R R T Y U I O E
B N M Q A N R T Y U I O B

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Psicologia Social

Saiba Mais

Para complementar seus estudos nesta unidade, não deixe de ler


os seguintes livros:

„„ SCHILLING, Kurt. História das idéias sociais:


indivíduo, comunidade, sociedade. 2. ed. Rio de Janeiro:
Zahar, 1974.
„„ CAMPOS, Regina Helena de Freitas. Psicologia social
comunitária: da solidariedade à autonomia. Petrópolis:
Vozes, 1996.

Unidade 5 133

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6
unidade 6

O controle social e a
participação da sociedade
Carolina Hoeller da Silva Boeing

Objetivos de aprendizagem
n Compreender o contexto histórico da formação da
expressão “controle social”.
n Entender como foi formalizada a participação da

sociedade civil na efetivação do controle social no Brasil.


n Conhecer o espaço dos conselhos como instâncias de
controle social.
n Compreender as dificuldades e desafios de se efetivar o
controle social através dos conselhos.

Seções de estudo
Seção 1 O que é controle social?

Seção 2 A participação da sociedade civil e o


controle social na sociedade brasileira

Seção 3 O controle social através dos conselhos

Seção 4 O controle social e os conselhos:


dificuldades e desafios

psicologia_social.indb 135 21/9/2011 01:57:44


Universidade do Sul de Santa Catarina

Para início de estudo


Nas unidades anteriores, você estudou que o homem não pode
ser pensado fora de um grupo social e, desta forma, ele torna-se
um participante ativo nas mudanças e transformações do mundo
a sua volta, ou seja, da sociedade em que vive. Você estudou ainda
que o Estado surgiu como forma de organização da sociedade.

Nesta unidade, você estudará que, inicialmente, o Estado surge


como forma de organização e controle da sociedade, porém,
com as mudanças ocorridas na chamada “sociedade moderna”,
ele passa de “controlador para controlado”, ou seja, vivemos um
momento em que a dita “sociedade civil” passa a ter o poder de
controlar as ações desenvolvidas pelo Estado.

Antes disso, porém, cabe-nos esclarecer o significado da noção de


“controle social” no pensamento social.

— Você sabe o que é controle social?

Esta e outras questões serão elucidadas ao longo desta unidade.

Vá adiante!

Seção1 - O que é controle social?


Você sabe o que significa controle social?

A expressão “controle social”, para a Sociologia, é geralmente


caracterizada como um

“conjunto dos recursos materiais e simbólicos de que


uma sociedade dispõe para assegurar a conformidade
do comportamento de seus membros a um conjunto
de regras e princípios prescritos e sancionados”.
(ALVAREZ, 2004, p. 169).

No entanto esta definição sintética pouco avança na


caracterização precisa das questões que estariam envolvidas nessa
discussão.

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Psicologia Social

Ou seja, para a compreensão desta temática é necessário haver


uma recuperação de sua história, cujas raízes mais remotas
podem ser encontradas nas formulações clássicas de Émile
Durkheim (1858-1917) acerca do problema da ordem e da
integração social.

De acordo com Alvarez (2004), a unidade de análise nas


discussões de Durkheim e de outros autores do século XIX
remetia ao conjunto da sociedade, sendo que o problema principal
consistia em como estabelecer um grau necessário de organização
e de regulação da sociedade de acordo com determinados
princípios morais, mas sem o emprego excessivo da repressão.

Apesar de Durkheim antecipar as discussões relativas ao controle


social, esta expressão propriamente dita será evidenciada e
posteriormente desenvolvida pela Sociologia norte-americana,
sobretudo no século XX. Autores como George Herbert Mead
(1863-1931) e Edward Alsworth Ross (1866-1951) são indicados
efetivamente como os primeiros a utilizar a expressão, em inglês,
para definir um campo específico de estudos.

Atenção!
A expressão “controle social” passa a ser utilizada para
explicar, sobretudo, os mecanismos de cooperação e
de coesão voluntária da sociedade norte-americana.

Ou seja, ao invés de se pensar na ordem social como regulada


pelo Estado, os pioneiros do tema na Sociologia norte-americana
estavam interessados em encontrar, na própria sociedade, as
raízes da conexão social (ALVAREZ, 2004). É importante
destacar, porém, que, naquele período, desejava-se apenas
entender muito mais as raízes da ordem e da harmonia social do
que as condições da transformação e de mudança social.

No entanto, só após a Segunda Guerra Mundial, a expressão


começa a apontar para uma direção oposta. Ou seja, neste
período, a coesão social passa a não ser mais vista como resultado
da solidariedade e da integração social, mas como o “resultado de
práticas de dominação organizadas pelo Estado ou pelas classes
dominantes”. (ALVAREZ, 2004, 169).

Unidade 6 137

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Universidade do Sul de Santa Catarina

A partir da década de 80, essa abordagem revisionista dos


mecanismos de controle social sofre um novo conjunto de críticas.
Porém as mudanças na discussão da temática não alteraram o
núcleo original da reflexão original de Durkheim, que consiste
em pensar as instituições sociais a partir de uma concepção
relativamente unificada da sociedade, ou seja, tendo ainda como
pano de fundo a questão da integração social.

Um dos autores que mais influenciaram os debates recentes


em torno da temática do controle social foi Michel Foucault,
e, seguramente, analisar de modo mais aprofundado seu
pensamento irá ajudar a perceber melhor o que se encontra
atualmente em pauta nessa discussão.

Foucault foi certamente um autor de fundamental importância


para a construção de novas formas críticas de pensar a questão do
controle social no âmbito do pensamento social contemporâneo.

Sem dúvida, a obra Vigiar e Punir, publicada em 1975, foi uma


das obras que obteve maior impacto no âmbito do pensamento
social contemporâneo. É nesta obra que Foucault aborda as
práticas de punição como “tecnologias de poder” complexamente
articuladas às demais práticas sociais. Para Foucault

o poder não é algo que se adquira ou detenha, mas


algo que se exerce em contextos sempre cambiantes.
Além disso, o poder não se encontra em posição de
exterioridade a outros tipos de relações. (ALVAREZ,
2004, p. 169).

É importante destacar que as formas de poder e controle social


da modernidade são efetivamente muito mais produtivas,
multidimensionais e complexas que as formas anteriores.

A partir das discussões travadas por Foucault em sua obra


Vigiar e Punir e em estudos posteriores, fica evidente que, para
o pensador, a noção de poder não pode ser reduzida nem a um
simples diagnóstico da intensificação do controle social nem
a uma visão do poder como unidimensionalmente repressivo,
pois, embora o poder produza certamente controle, ele produz
igualmente outras relações. (ALVAREZ, 2004).

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Psicologia Social

A partir do que foi discutido até aqui, observe que a concentração


administrativa, característica dos estados modernos, em geral
depende do desenvolvimento de “condições de vigilância”
voltadas para a supervisão das atividades, quer por meio da
supervisão direta, quer por meio indireto, sobretudo a partir do
controle da informação. (GIDDENS, 1991).

Esta “supervisão” direta da sociedade sobre as ações do Estado


começou a se concretizar a partir do momento em que a
sociedade civil passa a atuar diretamente sobre as questões
políticas.

Seção 2 - A participação da sociedade civil e o controle


social na sociedade brasileira
— Você sabe o que significa “sociedade civil”?

Gomes (2003), ao analisar a expressão sociedade


civil, considera que ela foi “redescoberta” com
maior visibilidade desde 1980, para referir-se aos
processos e às estratégias de democratização política
desenvolvidas no Leste Europeu e América Latina por
grupos que se colocavam numa postura de confronto
com o Estado e visavam superar a ditadura até
então vigente. O autor relata que, então, se utilizou
uma norma simplificadora e dicotômica opondo a
sociedade civil ao Estado. Essa expressão, além de se
mostrar eficaz na esfera da ação política, também se
popularizou com rapidez.

Para Gramsci, o conceito de sociedade civil tem uma


dimensão política, e se configura em espaço de luta de classe
subalternas, diferenciando-se da concepção de inspiração liberal.
(CORREIA, 2007).

Na mesma linha de pensamento, seguindo a concepção de


Gramsci, Souza Filho (2007, p. 94) destaca que a “sociedade civil
é o espaço em que as classes buscam hegemonia, objetivando a
obtenção da direção política, através do consenso”.

Unidade 6 139

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Universidade do Sul de Santa Catarina

Várias associações civis, movimentos sociais, ONGs e sindicatos


foram responsáveis pela ampliação do debate democrático nas
sociedades e na incorporação de uma cidadania participativa em
diferentes instâncias e assuntos de governo.

No Brasil, a criação de mecanismos institucionais de participação


popular no processo de formulação e implementação de políticas
sociais públicas foi uma conquista da sociedade civil no processo
de construção da democracia.

A década de 1980 trouxe inúmeros ganhos para a sociedade


civil, que passou a se organizar e a reivindicar direitos diversos.
Grupos sociais se mobilizaram para protestar contra o regime
vigente; foi criada a Nova Constituição para o país, através
dos esforços conjuntos de grupos de pressão e intelectuais
engajados; sociedade voltou a ter voz e forças sociais antes
represadas se expressaram. (GOHN, 1992, p. 58).

Neste período, a participação da população foi fundamental


na instauração de uma nova racionalidade no campo social,
ou seja, a idéia de que todos os cidadãos têm o direito de
participar das questões que lhes dizem respeito. Dessa forma,
o Brasil cresceu no seu saldo moral, e isso se refletiu na
cultura política do país no século seguinte. (GOHN, 1992).

A Constituição Federal de 1988 projetou a estruturação de


um Estado direcionado para a universalização dos direitos
Figura 6.1 – Movimento das Diretas Já. sociais, com a participação da sociedade no estabelecimento
Fonte: Hermano, 2011
das políticas sociais e descentralização político-
administrativa, ou seja, um modelo democrático de política
social.

Atenção!
A Constituição insere uma nova atribuição à sociedade
civil: o controle social, que seria exercido sobre os
órgãos e ações estatais e engloba a participação
da população na elaboração, implementação e
fiscalização das políticas sociais.

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Psicologia Social

Isto significa que a Constituição Federal de 1988 projetou a


estruturação de um Estado direcionado para a universalização
dos direitos sociais; participação da sociedade no estabelecimento
das políticas sociais e descentralização político-administrativa, ou
seja, um modelo democrático de política social.

Inicialmente, é importante ter claro o que é esta participação


política.

Na terminologia corrente da ciência política, a


expressão ‘participação política’ é geralmente usada
para designar uma série de atividades: o ato do voto,
a militância num partido político, a participação em
manifestações, a contribuição para certa agremiação
política, a discussão de acontecimentos políticos, a
participação em comício ou em reuniões de seção,
o apoio a um determinado candidato no decorrer
da campanha eleitoral, a pressão exercida sobre um
dirigente político e a difusão de informações políticas.
(DAMASCENO, 2006).

De acordo com La Mora (1990), esta participação pode ser


concedida por uma autoridade populista, a qual busca somente
legitimar-se no poder. Por isso, o autor afirma ser necessário que
os cidadãos assumam uma postura de preservação e afirmação
de identidades, buscando também o domínio de informações
que lhes possibilitem participação crítica no processo decisório
e, ainda, prevenir-se do risco de uma ‘postura ingênua’, o que
facilitaria os conhecidos mecanismos paternalistas de cooptação.

— Você sabe como ocorreu de fato a participação política no Brasil?

A garantia da participação política da sociedade civil se


concretizou em espaços como os Conselhos Gestores, na partilha
do poder e decisões públicas com o Estado.

Estas primeiras ações aconteceram no governo do Presidente


Fernando Collor de Mello, ao final de 1980 e início da década de
1990.

Mas o que de fato são estes “conselhos”? Como


surgiram? Qual a sua função?

Unidade 6 141

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Universidade do Sul de Santa Catarina

Estas e outras questões serão respondidas na próxima seção.


Adiante, então!

Seção 3 - O controle social através dos conselhos


A Constituição Federal de 1988 desenvolveu um novo sistema
de governança local, descentralizada, que mudou a forma como
a autoridade era exercida no gerenciamento dos recursos do
município.

Em função disso, os municípios passaram a ser responsáveis


pela provisão dos serviços públicos sociais e foram induzidos a
aumentar a democracia local, abrindo espaço para a participação
da sociedade civil, ao lado do Estado, na gestão e no controle das
políticas públicas.

Segundo Raichelis (1998, p. 39):

A Carta Constitucional definiu novos canais que


apontam para a ampliação da participação popular nas
decisões públicas e propôs a adoção do plebiscito, do
referendo e de projetos de iniciativa popular, elementos
da democracia semidireta [...]. Nesta mesma linha, a
Constituição estabeleceu mecanismos de participação no
campo de ação das políticas sociais, instituindo a criação
de conselhos integrados por representantes de diferentes
segmentos da sociedade para colaborar na implementação
e no controle daquelas políticas.

Assim, através da Constituição e suas legislações ordinárias


regulamentadoras, legitimou-se a criação dos conselhos como
espaços de participação coletiva e de criação de novas relações
políticas, de diálogo entre o Estado e a sociedade, para a
construção de políticas sociais que atendam as necessidades e
interesses da coletividade.

De acordo com Gohn (2001, p.70), há três tipos de conselhos no


cenário brasileiro do século XX:

[...] os criados pelo próprio poder Executivo, para mediar


suas relações com os movimentos e com as organizações
populares; os populares, construídos pelos movimentos
populares ou setores organizados da sociedade civil em
suas relações de negociações com o poder público; e os
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Psicologia Social

institucionalizados, com possibilidade de participar da


gestão dos negócios públicos criados por leis originárias
do poder legislativo, surgidos após pressões e demandas
da sociedade civil.

Para este estudo, optamos por discutir a participação da


sociedade através dos conselhos gestores, os quais, segundo
Gohn, representam novidades e inovações no campo das políticas
públicas, na direção de formas de governança democráticas.

Atenção!
É importante destacar que os conselhos constituem
espaços legítimos de participação popular, pois são
autônomos e têm o papel deliberativo, fiscalizador
e controlador das ações do poder público nas três
esferas. Assim, são espaços de diálogo entre órgãos
governamentais e não-governamentais (compostos
de forma paritária, ou seja, em um mesmo número
de representantes da sociedade civil e do Estado) e,
por isso, permitem a discussão e negociação entre a
sociedade civil e o Estado nas questões de interesse
coletivo.

A garantia da efetividade dessa nova relação depende da


competência dos conselheiros no cumprimento do seu real papel,
e isto implica ter consciência da força da sociedade civil através
da atuação de seus representantes.

Porém, de acordo com Gallotii (2005), o que se tem verificado


é que, devido à inexistência anterior de espaços públicos de
discussão e controle social, hoje se enfrentam dificuldades no
exercício da participação popular.

Ainda, de acordo com a autora supracitada (2005), o foco mais


generalizado dos conflitos entre Estado e sociedade civil é a
partilha efetiva do poder, ou seja, de um lado há a resistência dos
governantes em compartilhar o seu poder de decisão sobre as
políticas públicas; e, de outro, há a insistência de alguns setores
da sociedade civil em participar efetivamente das decisões e
realizar o controle social (que nos é de direito).

— No entanto, diante de toda a representação legal da participação


da sociedade civil no controle social das ações do Estado, por que sua
concretização nesta participação ainda é tão dificultosa?

Unidade 6 143

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Universidade do Sul de Santa Catarina

Esta questão será respondida na próxima seção, vamos lá!!

Seção 4 - O controle social e os conselhos: dificuldades


e desafios
Segundo Gallotti (2005, p. 44), na prática dos conselhos existem
fatores decisivos que inibem ou impedem a participação popular,
dentre os quais se destacam:

„„ Os conselhos ainda se constituem em fóruns de


desiguais. Isso se comprova quando, nas discussões dos
conselhos, ainda existe o domínio dos profissionais, que
se sobressaem aos participantes da sociedade civil pela
via da “argumentação científica”. Além disso, o poder
público apresenta uma tendência de centralização das
informações e de cooptação da participação dos órgãos
não-governamentais, com vistas a legitimar seus próprios
interesses. Essa relação truncada acaba prejudicando o
diálogo no espaço dos conselhos.
„„ Os conselheiros nem sempre exercem sua
representatividade. Muitas vezes são convidados ou
designados a participar, mas não têm clareza de seu
papel. Quando isso acontece, os conselheiros acabam
desenvolvendo uma prática individualizada nos
conselhos, sem a devida devolução das informações para
a sua base.
„„ A falta de preparo dos conselheiros para uma intervenção
qualitativa nos conselhos nos evidencia a necessidade
de capacitação dos mesmos no sentido de desenvolver
potencialidades e competência política.

Figura 6.2 - Constituição Federal


de 1988. Diante das questões pontuadas, é importante verificar que,
Fonte: Acorda União, 2011 embora se reconheça serem os avanços legais da Constituição
de 1988 fruto da luta de diversos segmentos da sociedade civil
organizada, a efetivação do poder decisório dessa sociedade
esbarra no seu desconhecimento, sua ingenuidade, seu
comodismo, o que a coloca à mercê dos interesses dominantes.

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Psicologia Social

Lembre-se de que os conselhos devem ser o espaço


da criação de uma nova cultura política, e que isso
implica democratizar decisões, ou seja trazer a
alteridade. A alteridade acontece na hora em que um
sujeito se coloca na frente do outro como igual.

Desta forma, podemos observar que o controle social através


dos conselhos é ainda um grande desafio para os novos atores
das arenas públicas, pois, dentre outras coisas, constitui “uma
prática recente que vem substituir toda uma postura de submissão
que trata os recursos como uma questão melindrosa e intocável,
restrita à esfera de técnicos e administradores”. (CORREIA,
2007, p. 54).

Um outro elemento que obstrui a participação e atuação dos


conselhos gestores, segundo Dagnino (2002), diz respeito aos
conflitos pela ‘partilha do poder’, uma vez que estão em jogo
diferentes concepções e projetos políticos. Haveria, com isso,
ações muitas vezes deliberadas do Governo quando resiste a
dirimir conflitos na arena dos Conselhos. A sociedade civil, por
sua vez, não participaria efetivamente das decisões nem exerceria
o controle social.

Há, ainda, questões como a desigualdade representativa nas


reuniões ou assembléias, que, segundo Damasceno (2006),
podem ser causadas por inúmeras outras questões. Uma delas
refere-se à capacidade de manuseio e de proximidade das normas
lingüísticas dominantes. A dinâmica de funcionamento das
assembléias é fundamentada numa relação de comunicação
por excelência, onde o capital lingüístico dos debatedores é um
fator determinante na eficácia dessa relação e na performance
dos atores. Assim, os grupos sociais cuja linguagem se afasta do
padrão culto, tanto oral como escrito, podem ter sua participação
restringida. Isso, certamente, limita a sua atuação no meio onde
a competência lingüística é uma moeda fortemente utilizada
no confronto de idéias com aqueles que, ao usar um código
elaborado de linguagem, sentem-se mais à vontade para o debate.

Unidade 6 145

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Universidade do Sul de Santa Catarina

Lembre-se de que os conselhos, como espaço


plural, são formados por atores de diferenciadas
origens sociais e familiares, as quais repercutem
em suas atitudes e comportamentos na plenária.
Como são socialmente constituídos, esses atores
trazem incorporada uma bagagem social e cultural
diferenciada, que os coloca em condições mais ou
menos favoráveis diante das exigências da função de
conselheiro.

Em momentos de necessário embate dentro dos conselhos,


os detentores de capitais culturais deficitários e que ocupam
posições mais baixas na pirâmide social passam a enfrentar o
dilema da desigualdade do jogo de que participam. É que, então,
os atores mobilizam os recursos de que dispõem, e cai o véu da
participação em igualdade de condições.

Atenção!
Todos esses desafios apontados no controle social
e na participação da sociedade civil em órgãos de
formulação de políticas públicas têm, na verdade,
íntima relação com os dilemas da evolução da
institucionalização da participação política em nosso
país.

É fundamental destacar, ainda, que a participação da população


permite uma visão crítica da sociedade, a compreensão da
natureza dialética das relações sociais e a certeza da possibilidade
de transformação.

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Psicologia Social

Síntese

Nesta unidade, você conheceu o que de fato significa a expressão


“controle social”. Você pôde observar que o controle social
pressupõe avanço na construção de uma sociedade democrática
e que determina alterações profundas nas formas de relação do
aparelho de Estado com o cidadão.

Você ainda estudou que, no contexto brasileiro, o controle social


é caracterizado como uma forma de se estabelecer parceria eficaz
e gerar, a partir dela, um compromisso entre poder público
e população, capaz de garantir a construção de saídas para o
desenvolvimento econômico e social do país.

É fundamental que você tenha claro que o Controle Social


pressupõe descentralização do Estado em direção à sociedade,
ou seja, a participação da população na gestão pública e a
possibilidade do cidadão em controlar instituições e organizações
governamentais para verificar o bom andamento das decisões
tomadas em seu nome.

Lembre-se de que o controle social deve pressupor uma forma de


governar onde os cidadãos possam atuar como sujeitos políticos
capazes de orientar e fiscalizar a ação do Estado.

Procuramos, nesta unidade, aprofundar a nossa compreensão sobre


o controle social, os princípios participativos constitucionais e os
espaços que foram abertos para que a sociedade civil brasileira
pudesse deliberar e controlar as políticas públicas.

Um desses espaços foi o foco do estudo das seções 2 e 3, ou seja,


os conselhos participativos. Você verificou que os conselhos são,
hoje, uma das ferramentas de controle social da sociedade civil
sobre o Estado. Porém você pôde observar, também, que muitos
avanços ainda são necessários para torná-los de fato eficientes.

Para finalizar, você pôde observar que a construção dos conselhos


como espaços de interlocução e articulação entre diferentes atores
sociais e de controle social do Estado se constitui, não só num
desafio, mas também numa oportunidade de fortalecer a sociedade
civil organizada e estabelecer, assim, uma real democratização do
Estado.

Unidade 6 147

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Universidade do Sul de Santa Catarina

Atividades de autoavaliação
Ao final de cada unidade, você realizará atividades de autoavaliação. O
gabarito está disponível no final do livro-didático. Mas se esforce para
resolver as atividades sem ajuda do gabarito, pois, assim, você estará
promovendo (estimulando) a sua aprendizagem.
1. A partir dos conhecimentos adquiridos no estudo desta unidade,
realize uma pesquisa e desenvolva (a partir dos dados coletados) o seu
conceito de “controle social”.

2) Para compreender de que forma a sociedade participa ativamente na


gestão dos conselhos, informe-se sobre a realização, no seu município
ou região, da reunião de um conselho. Assista a uma reunião e realize
um breve relatório que cumpra os seguintes pontos:

a) local, dia, horário, participantes;


b) objetivo e pauta da reunião;
c) relato dos temas abordados;
d) encaminhamentos;
e) ao finalizar, questione no mínimo dois participantes sobre se consideram que o conselho
escolhido de fato realiza o controle social sobre as ações do Estado;
f) a partir dos seus estudos na disciplina e dos dados coletados, verifique se o conselho está
cumprindo com o seu papel de fiscalizar e controlar as ações do Estado.

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Psicologia Social

Unidade 6 149

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Universidade do Sul de Santa Catarina

Saiba Mais

Se você desejar, aprofunde os conteúdos estudados nesta unidade,


consultando as seguintes referências:

„„ RUSSELL, Bertrand. A autoridade e o indivíduo. Rio


de Janeiro: Zahar, 1977.
„„ KUJAWA, Henrique; BOTH, Valdevir;
BRUTSCHER, Volmir. Direito à saúde com controle
social. Passo Fundo: CEAP, 2003.

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Para concluir o estudo

Ao finalizar o estudo desta disciplina, acreditamos que


você já possua um significativo aparato para compreender
as relações que cercam o ser humano.

O estudo deste fenômeno, como você já estudou, é de


responsabilidade da Psicologia Social.

Você percebeu que a disciplina foi estruturada de forma


a lhe permitir a compreensão da especificidade da
Psicologia em relação às demais ciências, especialmente
as humanas, bem como o entendimento das
particularidades e da especialidade da Psicologia Social
em relação à Psicologia.

Da mesma forma, você foi instigado(a) a pensar nas


complexas relações que acontecem entre a formação dos
sujeitos em sua individualidade e o desenvolvimento
da coletividade, quer por meio do entendimento do
funcionamento dos pequenos grupos humanos, das
instituições sociais, das comunidades e da sociedade.

Lembre-se sempre de que as relações dos homens em


sociedade são mais que uma conseqüência: são, sim, uma
necessidade para o ser humano. A própria origem da
palavra sociedade (que vem do latim societas) já nos traz
esta dimensão, ou seja, uma “associação amistosa com
outros”. Desta forma, torna-se implícito ao significado de
sociedade que os seus membros venham a compartilhar
interesses ou preocupações mútuas sobre um objetivo
comum.

A partir das sociedades, você estudou também que os


homens passaram a se organizar em comunidades. As
comunidades são formas de organização encontradas
pelo homem, de viver junto, de modo íntimo, privado

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Universidade do Sul de Santa Catarina

e exclusivo. É a forma de se estabelecerem relações de troca,


necessárias para o ser humano, de uma maneira mais íntima e
marcada por contatos primários.

Para diferenciar os conceitos, lembre-se de que, nas comunidades,


as normas de convivência e de conduta de seus membros estão
interligadas à tradição, religião, consenso e respeito mútuo. Já,
nas sociedades, não há o estabelecimento de relações pessoais na
maioria das vezes, ou seja, não há tamanha preocupação com o
outro indivíduo. Sendo assim, é fundamental haver um aparato
de leis e normas para regular a conduta dos indivíduos que vivem
em sociedade, onde o Estado surge como um forte aparato
burocrático.

Com o surgimento do Estado e a própria evolução das


sociedades, a participação dos indivíduos nas discussões que
os afetam diretamente passou a constituir uma necessidade.
É então que surge a noção de controle social, o qual pode
ser compreendido como a participação da sociedade no
acompanhamento e verificação das ações da gestão pública na
execução das políticas públicas, avaliando os objetivos, processos
e resultados.

Como você pôde ver, para alcançarmos a organização social em


que nos encontramos atualmente, muito se evoluiu, e isto nos
leva a uma nova indagação: o que devemos esperar para o futuro?
Será que devemos de fato “esperar”, ou será que nos devemos
tornar membros ativos e participantes deste processo de mudança
constante?

Desejamos que estas perguntas o(a) acompanhem, querido(a)


aluno(a), durante o seu amadurecimento intelectual neste curso!

Abraços,

Profª. Lígia Tumolo e Profª. Carolina Boeing

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STREY, Marlene. Psicologia Social Contemporânea. Petrópolis, RJ: Vozes,
1998.
VYGOTSKY, L. S. A formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes,
1991.
______. Pensamento e linguagem. São Paulo: Martins Fontes, 1987.
______. História del desarrollo de las funciones psiquicas superiors.
Ciudad de La Habana: Editorial Cientifico Técnica, 1987.
______. Problemas teóricos y metodológicos de la Psicologia. In:
Obras Escogidas. Madrid: Centro de Publicaciones Del MEC/Visor, 1990.

157

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Universidade do Sul de Santa Catarina

______. A construção do pensamento e da linguagem. São Paulo:


Martins Fontes, 2001.
______. Obras escogidas. Madrid: Machado Libros, 2001. v.1.
______. Obras escogidas. Madrid: Machado Libros, 2001b. v.2.
WEFFORT, Francisco C. Os clássicos da política: Maquiavel, Hobbes, Locke,
Montesquieu, Rousseau, “O Federalista”. 6. ed. São Paulo: Editora Ática,
1995.
ZIMERMAN, D. e OSÓRIO, L. Como trabalhamos com grupos. Porto
Alegre: Artes Médicas Sul, 1997.

158

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Sobre as professoras conteudistas

Lígia Maria Soufen Tumolo - é graduada em Psicologia


pela Universidade de São Paulo (USP, 1991), possui
especialização em Psicologia pela UNICAMP e
mestrado em Psicologia pela Universidade Federal de
Santa Catarina (UFSC, 2002). Atualmente é Assistente
Pedagógica da Universidade do Sul de Santa Catarina
(Unisul). Tem ampla experiência no campo da Psicologia,
nas dimensões de atuação profissional e docência,
desenvolvendo trabalhos nas áreas da Psicologia da
Educação, Psicologia Organizacional, Psicologia Social
e Psicologia Clínica. Temas principais: Aprendizagem
e Desenvolvimento Humanos, Desenvolvimento de
Grupos e Equipes, Consciência e Personalidade,
Processos Psicológicos e Relações de Trabalho. Foi
docente de Psicologia na Universidade Federal de Santa
Catarina, na Universidade Estadual de Santa Catarina
e na Universidade do Sul de Santa Catarina. Possui
várias publicações na área da Psicologia e áreas afins. Foi
uma das autoras do livro Psicologia da Educação II, da
UnisulVirtual, disciplina em que atua como tutora.

Carolina Hoeller da Silva Boeing - é graduada em


Serviço Social pela Universidade Federal de Santa
Catarina (2001) e mestre em Engenharia de Produção
pela Universidade Federal de Santa Catarina (2004).
Tem experiência na área de Serviço Social, atuando
principalmente nos seguintes temas: direitos, políticas
públicas, serviço social e criança e adolescente.
Trabalhou como professora na Universidade Federal de
Santa Catarina de 2003 a 2005. Atualmente é design
instrucional da Universidade do Sul de Santa Catarina.
Como docente, leciona a disciplina Metodologia
para Educação a Distância do Curso de Extensão em
Metodologia para EaD – OUI da Unisul; a disciplina
de Produção de Materiais Didáticos II do Curso de

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Universidade do Sul de Santa Catarina

Especialização em Metodologia para Educação a Distância da


UnisulVirtual – Unisul; e as disciplinas de Ciência Política e
Políticas Públicas do Curso de Tecnologia em Administração
Pública da Unisul. Foi co-autora dos livros Fundamentos
Históricos, Políticos e Legais da Educação na Infância e
Fundamentos Filosóficos, Sociológicos e Antropológicos da
Educação na Infância, da UnisulVirtual.

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Respostas e comentários das
atividades de autoavaliação
Unidade 1
1) A resposta pode contemplar de forma resumida as seguintes
idéias: possui sua origem no pensamento filosófico; constitui-
se como ciência a partir do séc. XIX; é composta de múltiplas
teorias e subáreas; consciência, comportamento; processos
psicológicos são seus principais objetos de estudo; constitui-
se em área de produção de conhecimento, pesquisa e
intervenção na realidade social.
2) Resposta Pessoal. Dependendo da definição encontrada, o
estudante poderá fazer relações com as formas psicológicas
ou sociológicas em Psicologia Social.

Unidade 2
1) Resposta Pessoal. O estudante pode explorar diversas
situações para descrever os conceitos solicitados na
atividade. O importante é que ele seja capaz de identificar
como tais conceitos se inserem nas interações sociais que se
estabelecem entre os sujeitos do filme.

Unidade 3
1) O estudante dever ser capaz de relacionar que tanto as idéias
centrais da citação apresentada como aquelas defendidas
na unidade estudada, estão centradas numa concepção
histórica de ser humano. Ou seja, compreender que os
fenômenos psicológicos e sociais estão em movimento, pois
são determinados socialmente.
2) Resposta Pessoal. O estudante deverá ser capaz de
identificar as determinações históricas e sociais envolvidas
na constituição psicológica dos sujeitos e como estas
determinam a constituição da consciência, da personalidade
e da identidade desses.

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Universidade do Sul de Santa Catarina

Unidade 4
1. Resposta Pessoal. O estudante deverá ser capaz de identificar as
principais representações sociais criadas nas relações sociais entre os
sujeitos do filme para explicar determinados fenômenos sociais, e como
estas representações constroem a realidade social

Unidade 5
1) Ao responder a esta questão, lembre-se de que as relações
comunitárias devem ser entendidas como toda a vida social de
conjunto, íntimo, interior e exclusivo. Já as relações societárias, ao
contrário, se constituiriam justamente como a sociabilidade do domínio
público, do mundo exterior.
2) Você deve responder a esta questão, baseando-se na concepção de
Hobbes sobre o não-estado, ou seja, a sociedade sem o Estado seria
um verdadeiro caos. Na ausência do Estado como órgão regulador, a
convivência entre os homens seria impossível.
3)
a) O Estado pode ser compreendido como um órgão, ou instrumento
regulador a serviço da sociedade.
b) Comunidade pode ser caracterizada por um desejo natural dos
homens, uma vez que sua associação envolve questões culturais.
c) As Sociedades são compostas por quatro subsistemas, a saber:
economia, política, socialização e comunidade societária.
d) A teoria Funcionalista define a sociedade como um conjunto de
indivíduos e grupos sociais integrados e complementares.

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Psicologia Social

A S D F G H J K L Z X C V
B N M Q W N R T Y U I O B
A S E S T A D O S M O Q W
D O D A N T I C I D N O C
F G U T Z U C V B N M Q R
H J C U F R R T Y U I O E
L Z A R U A S D F G H J S
R A C I N L A L I S M O C
A S S O C I E D A D E S I
S F O A I J H G F D S L M
D G H D O T Y U I O Q A E
D C B E N X D T Y H J K N
S F H U A H K M Y F U G T
A D F H L E R T U D S E O
F G U T I U C V B N M Q R
A S D F S H J K L Z X C V
H J C U T R R T Y U I O E
B N M Q A N R T Y U I O B

Unidade 6
1) Lembre-se de que, ao responder a esta questão, você deve
necessariamente destacar conceitos como a participação da sociedade;
acompanhamento e verificação das ações da gestão pública na
execução das políticas públicas; etc.
2) Anote tudo o que considerar necessário. Fique atento(a) às discussões
em pauta, e, principalmente, ao que está sendo deliberado. Procure
analisar se há algum tipo de acompanhamento para perceber se as
decisões tomadas em grupo naquele conselho estão sendo realizadas.

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a reprodução. Lembrando que para não ferir a Lei dos direitos autorais (Lei
9610/98) pode-se reproduzir até 10% do total de páginas do livro.

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Universidade do Sul de Santa Catarina

Psicologia Social
Y

CM

MY

CY

CMY

Disciplina na modalidade a distância

Psicologia Social

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