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Universidade do Sul de Santa Catarina

Ecologia I
Disciplina na modalidade a distância

Palhoça
UnisulVirtual
2011
Créditos
Universidade do Sul de Santa Catarina | Campus UnisulVirtual | Educação Superior a Distância
Avenida dos Lagos, 41 – Cidade Universitária Pedra Branca | Palhoça – SC | 88137-900 | Fone/fax: (48) 3279-1242 e 3279-1271 | E-mail: cursovirtual@unisul.br | Site: www.unisul.br/unisulvirtual
Reitor Coordenadores Graduação Marilene de Fátima Capeleto Patrícia de Souza Amorim Karine Augusta Zanoni
Ailton Nazareno Soares Aloísio José Rodrigues Patricia A. Pereira de Carvalho Poliana Simao Marcia Luz de Oliveira
Ana Luísa Mülbert Paulo Lisboa Cordeiro Schenon Souza Preto Mayara Pereira Rosa
Vice-Reitor Ana Paula R.Pacheco Paulo Mauricio Silveira Bubalo Luciana Tomadão Borguetti
Sebastião Salésio Heerdt Artur Beck Neto Rosângela Mara Siegel Gerência de Desenho e
Bernardino José da Silva Simone Torres de Oliveira Desenvolvimento de Materiais Assuntos Jurídicos
Chefe de Gabinete da Reitoria Charles Odair Cesconetto da Silva Vanessa Pereira Santos Metzker Didáticos Bruno Lucion Roso
Willian Corrêa Máximo Dilsa Mondardo Vanilda Liordina Heerdt Márcia Loch (Gerente) Sheila Cristina Martins
Diva Marília Flemming Marketing Estratégico
Pró-Reitor de Ensino e Horácio Dutra Mello Gestão Documental Desenho Educacional
Lamuniê Souza (Coord.) Cristina Klipp de Oliveira (Coord. Grad./DAD) Rafael Bavaresco Bongiolo
Pró-Reitor de Pesquisa, Itamar Pedro Bevilaqua
Pós-Graduação e Inovação Jairo Afonso Henkes Clair Maria Cardoso Roseli A. Rocha Moterle (Coord. Pós/Ext.) Portal e Comunicação
Daniel Lucas de Medeiros Aline Cassol Daga Catia Melissa Silveira Rodrigues
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Pró-Reitora de Administração José Carlos da Silva Junior Guilherme Henrique Koerich Carmelita Schulze Luiz Felipe Buchmann Figueiredo
Acadêmica José Gabriel da Silva Josiane Leal Daniela Siqueira de Menezes Rafael Pessi
Marília Locks Fernandes Delma Cristiane Morari
Miriam de Fátima Bora Rosa José Humberto Dias de Toledo
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Pró-Reitor de Desenvolvimento Luiz G. Buchmann Figueiredo Gerência Administrativa e Eloísa Machado Seemann Arthur Emmanuel F. Silveira (Gerente)
e Inovação Institucional Marciel Evangelista Catâneo Financeira Flavia Lumi Matuzawa Francini Ferreira Dias
Renato André Luz (Gerente) Geovania Japiassu Martins
Valter Alves Schmitz Neto Maria Cristina Schweitzer Veit
Ana Luise Wehrle Isabel Zoldan da Veiga Rambo Design Visual
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Universitário de Tubarão Moacir Fogaça Daniel Contessa Lisboa Leandro Romanó Bamberg Alberto Regis Elias
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Diretor do Campus Universitário Patrícia Fontanella Thais Helena Bonetti Luiz Henrique Milani Queriquelli Cristiano Neri Gonçalves Ribeiro
da Grande Florianópolis Roberto Iunskovski Valmir Venício Inácio Marcelo Tavares de Souza Campos Daiana Ferreira Cassanego
Hércules Nunes de Araújo Rose Clér Estivalete Beche Mariana Aparecida dos Santos Davi Pieper
Gerência de Ensino, Pesquisa e Marina Melhado Gomes da Silva Diogo Rafael da Silva
Secretária-Geral de Ensino Vice-Coordenadores Graduação Extensão Marina Cabeda Egger Moellwald Edison Rodrigo Valim
Adriana Santos Rammê Janaína Baeta Neves (Gerente) Mirian Elizabet Hahmeyer Collares Elpo Fernanda Fernandes
Solange Antunes de Souza Aracelli Araldi Pâmella Rocha Flores da Silva
Bernardino José da Silva Frederico Trilha
Diretora do Campus Catia Melissa Silveira Rodrigues Rafael da Cunha Lara Jordana Paula Schulka
Elaboração de Projeto Roberta de Fátima Martins Marcelo Neri da Silva
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Jucimara Roesler Jardel Mendes Vieira Roseli Aparecida Rocha Moterle Nelson Rosa
Vanderlei Brasil Sabrina Bleicher Noemia Souza Mesquita
Joel Irineu Lohn Francielle Arruda Rampelotte
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José Gabriel da Silva Reconhecimento de Curso
José Humberto Dias de Toledo Acessibilidade Multimídia
Diretor Adjunto Maria de Fátima Martins Vanessa de Andrade Manoel (Coord.) Sérgio Giron (Coord.)
Moacir Heerdt Luciana Manfroi
Rogério Santos da Costa Extensão Letícia Regiane Da Silva Tobal Dandara Lemos Reynaldo
Secretaria Executiva e Cerimonial Rosa Beatriz Madruga Pinheiro Maria Cristina Veit (Coord.) Mariella Gloria Rodrigues Cleber Magri
Jackson Schuelter Wiggers (Coord.) Sergio Sell Vanesa Montagna Fernando Gustav Soares Lima
Marcelo Fraiberg Machado Pesquisa Josué Lange
Tatiana Lee Marques Daniela E. M. Will (Coord. PUIP, PUIC, PIBIC) Avaliação da aprendizagem
Tenille Catarina Valnei Carlos Denardin Claudia Gabriela Dreher Conferência (e-OLA)
Mauro Faccioni Filho (Coord. Nuvem)
Assessoria de Assuntos Sâmia Mônica Fortunato (Adjunta) Jaqueline Cardozo Polla Carla Fabiana Feltrin Raimundo (Coord.)
Internacionais Pós-Graduação Nágila Cristina Hinckel Bruno Augusto Zunino
Coordenadores Pós-Graduação Anelise Leal Vieira Cubas (Coord.) Sabrina Paula Soares Scaranto
Murilo Matos Mendonça Aloísio José Rodrigues Gabriel Barbosa
Anelise Leal Vieira Cubas Thayanny Aparecida B. da Conceição
Assessoria de Relação com Poder Biblioteca Produção Industrial
Público e Forças Armadas Bernardino José da Silva Salete Cecília e Souza (Coord.) Gerência de Logística Marcelo Bittencourt (Coord.)
Adenir Siqueira Viana Carmen Maria Cipriani Pandini Paula Sanhudo da Silva Jeferson Cassiano A. da Costa (Gerente)
Walter Félix Cardoso Junior Daniela Ernani Monteiro Will Marília Ignacio de Espíndola Gerência Serviço de Atenção
Giovani de Paula Renan Felipe Cascaes Logísitca de Materiais Integral ao Acadêmico
Assessoria DAD - Disciplinas a Karla Leonora Dayse Nunes Carlos Eduardo D. da Silva (Coord.) Maria Isabel Aragon (Gerente)
Distância Letícia Cristina Bizarro Barbosa Gestão Docente e Discente Abraao do Nascimento Germano Ana Paula Batista Detóni
Patrícia da Silva Meneghel (Coord.) Luiz Otávio Botelho Lento Enzo de Oliveira Moreira (Coord.) Bruna Maciel André Luiz Portes
Carlos Alberto Areias Roberto Iunskovski Fernando Sardão da Silva Carolina Dias Damasceno
Cláudia Berh V. da Silva Rodrigo Nunes Lunardelli Capacitação e Assessoria ao Fylippy Margino dos Santos Cleide Inácio Goulart Seeman
Conceição Aparecida Kindermann Rogério Santos da Costa Docente Guilherme Lentz Denise Fernandes
Luiz Fernando Meneghel Thiago Coelho Soares Alessandra de Oliveira (Assessoria) Marlon Eliseu Pereira Francielle Fernandes
Renata Souza de A. Subtil Vera Rejane Niedersberg Schuhmacher Adriana Silveira Pablo Varela da Silveira Holdrin Milet Brandão
Alexandre Wagner da Rocha Rubens Amorim
Assessoria de Inovação e Jenniffer Camargo
Gerência Administração Elaine Cristiane Surian (Capacitação) Yslann David Melo Cordeiro Jessica da Silva Bruchado
Qualidade de EAD Acadêmica Elizete De Marco
Denia Falcão de Bittencourt (Coord.) Jonatas Collaço de Souza
Angelita Marçal Flores (Gerente) Fabiana Pereira Avaliações Presenciais
Andrea Ouriques Balbinot Juliana Cardoso da Silva
Fernanda Farias Iris de Souza Barros Graciele M. Lindenmayr (Coord.)
Carmen Maria Cipriani Pandini Juliana Elen Tizian
Juliana Cardoso Esmeraldino Ana Paula de Andrade
Secretaria de Ensino a Distância Kamilla Rosa
Maria Lina Moratelli Prado Angelica Cristina Gollo
Assessoria de Tecnologia Samara Josten Flores (Secretária de Ensino) Simone Zigunovas
Mariana Souza
Osmar de Oliveira Braz Júnior (Coord.) Cristilaine Medeiros Marilene Fátima Capeleto
Giane dos Passos (Secretária Acadêmica) Daiana Cristina Bortolotti
Felipe Fernandes Adenir Soares Júnior Tutoria e Suporte Maurício dos Santos Augusto
Felipe Jacson de Freitas Delano Pinheiro Gomes Maycon de Sousa Candido
Alessandro Alves da Silva Anderson da Silveira (Núcleo Comunicação) Edson Martins Rosa Junior
Jefferson Amorin Oliveira Andréa Luci Mandira Claudia N. Nascimento (Núcleo Norte- Monique Napoli Ribeiro
Phelipe Luiz Winter da Silva Fernando Steimbach Priscilla Geovana Pagani
Cristina Mara Schauffert Nordeste)
Fernando Oliveira Santos
Priscila da Silva Djeime Sammer Bortolotti Maria Eugênia F. Celeghin (Núcleo Pólos) Sabrina Mari Kawano Gonçalves
Rodrigo Battistotti Pimpão Lisdeise Nunes Felipe Scheila Cristina Martins
Douglas Silveira Andreza Talles Cascais Marcelo Ramos
Tamara Bruna Ferreira da Silva Evilym Melo Livramento Daniela Cassol Peres Taize Muller
Marcio Ventura Tatiane Crestani Trentin
Fabiano Silva Michels Débora Cristina Silveira Osni Jose Seidler Junior
Coordenação Cursos Fabricio Botelho Espíndola Ednéia Araujo Alberto (Núcleo Sudeste) Thais Bortolotti
Coordenadores de UNA Felipe Wronski Henrique Francine Cardoso da Silva
Diva Marília Flemming Gisele Terezinha Cardoso Ferreira Janaina Conceição (Núcleo Sul) Gerência de Marketing
Marciel Evangelista Catâneo Indyanara Ramos Joice de Castro Peres Eliza B. Dallanhol Locks (Gerente)
Roberto Iunskovski Janaina Conceição Karla F. Wisniewski Desengrini
Jorge Luiz Vilhar Malaquias Kelin Buss Relacionamento com o Mercado
Auxiliares de Coordenação Juliana Broering Martins Liana Ferreira Alvaro José Souto
Ana Denise Goularte de Souza Luana Borges da Silva Luiz Antônio Pires
Camile Martinelli Silveira Luana Tarsila Hellmann Maria Aparecida Teixeira Relacionamento com Polos
Fabiana Lange Patricio Luíza Koing Zumblick Mayara de Oliveira Bastos Presenciais
Tânia Regina Goularte Waltemann Maria José Rossetti Michael Mattar Alex Fabiano Wehrle (Coord.)
Jeferson Pandolfo
Simone Martha Pugues

Ecologia I
Livro didático

Revisão e atualização de conteúdo


Daiana Cardoso de Oliveira

Design Instrucional
Marina Cabeda Egger Moellwald

2ª edição

Palhoça
UnisulVirtual
2011
Copyright © UnisulVirtual 2011
Nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida por qualquer meio sem a prévia autorização desta instituição.

Edição – Livro Didático


Professora Conteudista
Simone Martha Pugues

Revisão e atualização de conteúdo


Daiana Cardoso de Oliveira (2ª edição)

Design Instrucional
Cristina Klipp de Oliveira
Marina Cabeda Egger Moellwald (2ª edição)

ISBN
978-85-7817-235-0

Projeto Gráfico e Capa


Equipe UnisulVirtual

Diagramação
Higor Guisi
Daiana Ferreira Cassanego (2ª edição)

Revisão
Diane Dal Mago

574.5
P97 Pugues, Simone Martha
Ecologia I : livro didático / Simone Martha Pugues ; revisão e atualização
de conteúdo Daiana Cardoso de Oliveira ; design instrucional Cristina Klipp de
Oliveira, Marina Cabeda Egger Moellwald. – 2. ed. – Palhoça : UnisulVirtual, 2011.
162 p. : il. ; 28 cm.

Inclui bibliografia.
ISBN 978-85-7817-235-0

1. Ecologia. 2. Ecossistema. 3. Meio ambiente. 4. Diversidade biológica –


Conservação. I. Oliveira, Daiana Cardoso de. II. Oliveira, Cristina Klipp de.
III. Moellwald, Marina Cabeda Egger. IV. Título.

Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca Universitária da Unisul


Sumário

Apresentação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .7
Palavras da professora. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .9
Plano de estudo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11

UNIDADE 1 - A vida e o meio ambiente . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17


UNIDADE 2 - Os seres vivos e as relações ecológicas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45
UNIDADE 3 - O fluxo de energia e matéria por meio dos ecossistemas . . 69
UNIDADE 4 - O homem e a natureza: efeitos antrópicos sobre
a natureza e biologia da conservação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 103

Para concluir o estudo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 147


Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 149
Sobre as professoras conteudistas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 155
Respostas e comentários das atividades de autoavaliação . . . . . . . . . . . . . 157
Biblioteca Virtual . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 161
Apresentação

Este livro didático corresponde à disciplina Ecologia I.

O material foi elaborado visando a uma aprendizagem autônoma


e aborda conteúdos especialmente selecionados e relacionados
à sua área de formação. Ao adotar uma linguagem didática
e dialógica, objetivamos facilitar seu estudo a distância,
proporcionando condições favoráveis às múltiplas interações e a
um aprendizado contextualizado e eficaz.

Lembre‑se que sua caminhada, nesta disciplina, será


acompanhada e monitorada constantemente pelo Sistema
Tutorial da UnisulVirtual, por isso a “distância” fica caracterizada
somente na modalidade de ensino que você optou para sua
formação, pois na relação de aprendizagem professores e
instituição estarão sempre conectados com você.

Então, sempre que sentir necessidade entre em contato; você tem


à disposição diversas ferramentas e canais de acesso tais como:
telefone, e‑mail e o Espaço Unisul Virtual de Aprendizagem,
que é o canal mais recomendado, pois tudo o que for enviado e
recebido fica registrado para seu maior controle e comodidade.
Nossa equipe técnica e pedagógica terá o maior prazer em lhe
atender, pois sua aprendizagem é o nosso principal objetivo.

Bom estudo e sucesso!

Equipe UnisulVirtual.

7
Palavras da professora

Caro(a) aluno(a),

Seja bem‑vindo(a) ao livro didático de Ecologia I.

Este livro foi elaborado com um vocabulário claro e objetivo,


especialmente para você conhecer, de forma agradável, os mais
importantes princípios da Ecologia.

Ao enfatizar as relações das plantas, dos animais e


microrganismos com o meio e entre si, tem‑se o objetivo,
também, de transmitir uma ideia da posição do ser humano
na ecologia da Terra: como as nossas atividades afetam o
meio ambiente global e influenciam a qualidade da nossa e de
outras vidas.

Desejo que você se sinta à vontade e realize uma proveitosa


jornada de estudos.

Profª Simone Martha Pugues


Plano de estudo

O plano de estudos visa a orientá‑lo no desenvolvimento da


disciplina. Ele possui elementos que o ajudarão a conhecer o
contexto da disciplina e a organizar o seu tempo de estudos.

O processo de ensino e aprendizagem na UnisulVirtual leva


em conta instrumentos que se articulam e se complementam,
portanto, a construção de competências se dá sobre a
articulação de metodologias e por meio das diversas formas de
ação/mediação.

São elementos desse processo:

„ o livro didático;

„ o Espaço UnisulVirtual de Aprendizagem (EVA);

„ as atividades de avaliação (a distância, presenciais e de


autoavaliação);

„ o Sistema Tutorial.

Ementa
Introdução à ecologia. Novas áreas da ecologia. Autoecologia e
sinecologia. Principais conceitos em ecologia. Fatores abióticos
e bióticos. Fatores limitantes, tolerância e adaptações. Estudo
do ecossistema: conceito, estrutura, dinâmica, homeostasia,
classificação. Energia nos sistemas ecológicos, fluxo energético,
cadeias alimentares. Ciclos biogeoquímicos.
Universidade do Sul de Santa Catarina

Objetivos da disciplina

Geral
Apresentar os conceitos básicos de ecologia, explorando os
principais tipos de ecossistemas, levando‑se em consideração os
fatores bióticos e abióticos de suas formações, bem como a relação
entre os organismos vivos que compõem esses ecossistemas.

Específicos
„ Complementar a formação básica e fornecer
conhecimentos para o melhor entendimento no
funcionamento do ambiente, cujos recursos serão
utilizados, manejados e alterados pelos diferentes
profissionais, visando a uma utilização mais racional, que
implique a conservação do potencial de nossos recursos.

„ Demonstrar o equilíbrio entre as diversas formas de vida


na Terra.

„ Desenvolver o conhecimento de várias áreas, dentre


as quais: Zoologia, Botânica, Paleontologia, Geologia
Histórica, Geografia, Climatologia e Demografia.

„ Levar à investigação da distribuição das espécies animais


e vegetais, por meio da distribuição e do funcionamento
dos sistemas ecológicos.

„ Demonstrar o impacto da ação do homem sobre o meio


ambiente, levando em conta as consequências provocadas
pela poluição, pelos desmatamentos e pelas obras
humanas em geral.

„ Ensinar como lidar com questões de caráter natural


ou antropogênico, por meio de uma abordagem
e visão sistêmica ecológica, integrando aspectos
multidisciplinares da pesquisa ambiental.

„ Formar recursos humanos qualificados como


instrumentos de geração e difusão do conhecimento.

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Ecologia I

Carga Horária
A carga horária total da disciplina é 60 horas‑aula.

Conteúdo programático/objetivos
Veja, a seguir, as unidades que compõem o livro didático desta
disciplina e os seus respectivos objetivos. Estes se referem aos
resultados que você deverá alcançar ao final de uma etapa de
estudo. Os objetivos de cada unidade definem o conjunto de
conhecimentos que você deverá possuir para o desenvolvimento
de habilidades e competências necessárias à sua formação.

Unidades de estudo: 4

Unidade 1 – A vida e o meio ambiente


Nesta unidade, você vai estudar a definição e objetivos
da ecologia, seus campos de inserção e, especificamente,
sua terminologia específica no campo científico. Também
estudará os principais conceitos da ecologia: meio
ambiente, biosfera, ecossistema, espécies, população,
comunidade, habitat e nicho ecológico. Estudaremos,
também, sobre a ecologia urbana, as populações naturais,
as comunidades biológicas e a biologia da conservação.

Unidade 2 – Os seres vivos e as relações ecológicas


Nesta unidade, você vai estudar os seguintes fatores abióticos:
físicos, químicos e edáficos, assim como as relações ecológicas
harmônicas e desarmônicas.

Unidade 3 – O fluxo de energia e matéria por meio dos ecossistemas


Nesta unidade, você vai estudar o funcionamento da
energia nos seguintes sistemas ecológicos: cadeia alimentar,
teia alimentar, fluxo de energia, biomassa, produtividade

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Universidade do Sul de Santa Catarina

do ecossistema, eficiência e pirâmide ecológica. Também


estudaremos alguns ciclos, como o: da água, do carbono,
do oxigênio, do nitrogênio, do cálcio e do enxofre. Para
finalizar esta unidade, estudaremos os grandes ecossistemas
do mundo e do Brasil e os ambientes aquáticos.

Unidade 4 – O homem e a natureza: efeitos antrópicos sobre a


natureza e biologia da conservação
Nesta unidade, você vai estudar as seguintes atividades
antrópicas: indústria, agricultura, mineração, transporte,
construção e habitação. Os seguintes itens da biologia da
conservação: definição de biodiversidade; espécies em extinção;
classificação das ameaças as espécies; espécies ameaçadas,
espécies introduzidas; possíveis problemas genéticos em
populações pequenas. Por fim, os seguintes fatores remetentes
à conservação das espécies: conservação in situ; conservação ex
situ; ecologia da restauração.

Agenda de atividades/Cronograma

„ Verifique com atenção o EVA, organize‑se para acessar


periodicamente a sala da disciplina. O sucesso nos seus
estudos depende da priorização do tempo para a leitura,
da realização de análises e sínteses do conteúdo e da
interação com os seus colegas e professor.

„ Não perca os prazos das atividades. Registre no espaço


a seguir as datas com base no cronograma da disciplina
disponibilizado no EVA.

„ Use o quadro para agendar e programar as atividades


relativas ao desenvolvimento da disciplina.

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Ecologia I

Atividades obrigatórias

Demais atividades (registro pessoal)

15
1
UNIDADE 1

A vida e o meio ambiente

Objetivos de aprendizagem
„ Definir ecologia e saber seu desenvolvimento tanto
como ciência aplicada como básica.

„ Observar que os fenômenos ecológicos ocorrem em


uma variedade de escalas espaciais e temporais e
que os padrões podem ser evidentes somente em
escalas específicas.

„ Compreender que a ecologia se alicerça na evidência


de fatos científicos e na aplicação estatística.

„ Compreender o estudo do meio ambiente natural e


das relações dos organismos entre si.

Seções de estudo
Seção 1 Histórico da ecologia

Seção 2 Conceitos básicos de ecologia

Seção 3 Ecologia urbana

Seção 4 As populações naturais

Seção 5 As comunidades biológicas


Universidade do Sul de Santa Catarina

Para início de estudo


O estudo da área das Ciências Naturais teve grande crescimento
nos dois últimos séculos. Vários cientistas têm se dedicado a uma
única especialidade científica característica, ao contrário do que
ocorria na Antiguidade. O crescente conhecimento científico e o
grande número de publicações de pesquisas na área da Biologia e
ciências correlatas têm obrigado os cientistas a aprofundarem suas
especializações. Nesse sentido, podemos interpretar a ecologia
como o ramo especializado da biologia que estuda a inter‑relação
dos organismos com o meio. Dessa forma, é importante que você
inicie os estudos conhecendo algo sobre o seu surgimento bem
como alguns dos seus conceitos e sua utilidade.

Boa leitura!

Seção 1 – Histórico da ecologia


O termo ecologia tornou‑se conhecido a partir de 1866, com a
publicação da obra “Generelle Morphologie der Organismen”,
de autoria de Ernest Heakel. A palavra ecologia tem origem na
junção de dois termos gregos: oikos, que significa casa ou habitat e
Alemão, 1834‑1919.
logos, que significa estudo ou descrição. De maneira simplificada,
ecologia pode ser conceituada como “ciência do habitat”, ou de
um modo mais preciso, como fazem os ecologistas modernos,
como a ciência que se ocupa do estudo inter‑relacionado dos
organismos com seus ambientes. (FILHO, 2007).

Assim, ecologia designa o conjunto de conhecimentos


relacionados com a natureza; a investigação de todas as relações
entre o ser vivo e o seu ambiente orgânico e inorgânico, incluindo
as relações favoráveis ou desfavoráveis.

De acordo com Amabis e Martho (2004), ela é uma ciência que


designa as relações entre os seres vivos e o ambiente em que

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Ecologia I

vivem. Para a compreensão da complexidade dessas relações,


a ecologia engloba diversas áreas do conhecimento, como a
biologia pode envolver a fisiologia dos seres vivos, sua genética e
sua evolução biológica, a física e a química, para a compreensão
da influência dos fatores abióticos como a luminosidade, o solo,
a água, o ar, além das ciências econômicas e sociais, sendo,
portanto, uma ciência multidisciplinar.

A popularização da ecologia tem levado ao uso equivocado deste


termo, tanto pelos meios de comunicação como pela maioria das
pessoas. Comenta‑se, por exemplo, que a fumaça das fábricas
pode afetar a “ecologia da região”; neste caso, o que se pretende
dizer é que a fumaça das fábricas pode prejudicar o equilíbrio
natural do ambiente e não da ecologia, pois essa é uma ciência.
(MURGEL et al., 1997).

Conforme Sariego (1994), a ecologia pode ser estudada sob


vários enfoques.

„ Autoecologia: estuda as espécies de modo individual.

„ Ecologia descritiva: preocupa‑se em relacionar e


descrever os tipos de vegetais e animais de cada ambiente
e classificar os tipos de interações que se estabelecem
entre eles.

„ Ecologia de populações: estuda as relações entre as


populações e suas variações numéricas.

„ Sinecologia: estuda as comunidades.

„ Ecologia ecossistêmica: estuda os ecossistemas


constituintes da biosfera individualmente e em conjunto.

Na história da humanidade, a ecologia tinha interesse prático,


pois para sobreviver o homem precisava conhecer o ambiente ao
seu redor, como os animais, as plantas, o clima, as estações de
chuva etc. Na Grécia e no Egito antigos ocorreram as primeiras
observações mais integradas do ambiente, as quais eram úteis
para o planejamento do plantio, a condução de rebanhos, as
viagens, entre outras aplicações.

Unidade 1 19
Universidade do Sul de Santa Catarina

Alguns personagens do Renascimento e também biólogos dos


séculos XVIII e XIX contribuíram para essa área, sem terem
utilizado o termo “ecologia”. (ODUM, 1998).

No início do século XIX, um cientista alemão chamado


Alexander Von Humboldt iniciou uma expedição
científica na região do Peru e da Venezuela, estudando
as matas tropicais. A partir de suas observações
metódicas, esse naturalista sugeriu haver uma relação
estática entre os seres vivos e o ambiente, sendo esse
o primeiro grande passo para a compreensão dos
fenômenos ecológicos.

No entanto, o meio não é estático, mas sofre modificações


por influência do clima e dos próprios seres vivos.
O meio apresenta uma relação dinâmica e em contínua
mudança. Essa ideia surgiu com os estudos do
naturalista inglês Charles Darwin (1809 ‑ 1882).

Somente a partir de 1900, a ecologia foi reconhecida como um


campo distinto de conhecimento. O campo de estudo dessa
ciência era dividido em ecologia animal e ecologia vegetal.
O estabelecimento de novos conceitos, como comunidade
biológica, cadeia alimentar e ciclagem da matéria, contribuiu
para a instituição de uma ecologia geral. Com a expansão dos
conhecimentos sobre a ecologia, intensificou‑se o estudo sobre
a maneira como indivíduos e espécies interagem e utilizam os
recursos do meio. (ODUM, 1998).

Na década de 1960 foi que a palavra ecologia ficou mais


difundida na sociedade, foram identificados os efeitos da
contaminação do DDT (diclorodifeniltricloretano), disseminado
na cadeia alimentar dos EUA.

Na década de 1970, com o incentivo à industrialização, acelerada


em todo o mundo, acentuaram‑se os problemas ambientais. O
homem passou a usar muito mais os recursos da natureza do
que ela era capaz de fornecer. Houve, então, a necessidade de
medidas globais para a crise ambiental e a administração dos
recursos naturais.

20
Ecologia I

A partir da década de 1980, a preocupação do Brasil com a


utilização de seus recursos naturais aumentou. A Constituição
Federal de 1988 (BRASIL, 1988) criou condições para a
descentralização de formulações políticas, possibilitando aos
municípios assumirem uma posição mais ativa nas questões
ambientais e regionais. (LOPES, 2005).

A ecologia pode reivindicar ser a ciência mais antiga, se a


“ecologia é o estudo científico da distribuição e abundância de
organismos e das interações que determinam a abundância e
distribuição” (KREBS, 1972), então, os humanos mais primitivos
devem ter sido ecólogos ecléticos – guiados pela necessidade
de entender onde e quando seu alimento e seus inimigos
(não humanos) deviam estar localizados – e os mais antigos
agricultores precisam ser cada vez mais sofisticados, tendo que
saber manejar suas fontes de alimento vivas e domesticadas.

Esses primeiros ecólogos foram, portanto, ecólogos aplicados,


procurando entender a distribuição e abundância de organismos,
a fim de aplicar aquele conhecimento para seu próprio benefício
coletivo. Eles estavam interessados em muitos dos tipos de
problemas nos quais os ecólogos aplicados ainda estão interessados:

„ como maximizar a taxa em que o alimento é colhido


de ambientes naturais e como isso pode ser feito
repetidamente ao longo do tempo;

„ como as plantas e animais domesticados podem ser mais


bem tratados ou estocados, de modo a maximizar as
taxas de retorno;

„ como os organismos fontes de alimento podem ser


protegidos dos seus próprios inimigos naturais;

„ como controlar as populações de patógenos.


Capaz de produzir doenças
No século XX, ou aproximadamente, a ecologia abrangeu de
maneira consistente não apenas a ciência aplicada, mas também
a fundamental, “pura”. A. G. Tansley foi um dos fundadores da
ecologia, ele estava interessado em compreender os processos
responsáveis pela determinação da estrutura e composição de
diferentes comunidades vegetais. Quando, em 1904, escreveu

Unidade 1 21
Universidade do Sul de Santa Catarina

da Inglaterra sobre “Os problemas da ecologia”, ele estava


preocupado com uma forte tendência da ecologia a permanecer
no estágio descritivo e não sistemático (isto é, acumulando
descrições de comunidades sem saber se elas eram típicas,
temporárias ou seja lá o que fosse), também raramente realizando
uma análise experimental ou planejada de modo sistemático ou o
que pudéssemos chamar de científico.

Ainda hoje, muitos problemas fundamentais da ecologia


continuam sem solução e algumas questões são levantadas:

Até que ponto a competição por alimento determina


que as espécies podem coexistir em um habitat?
Que papel a doença desempenha na dinâmica de
populações?
Por que existem mais espécies nos trópicos do que
nos polos?
Qual é a relação entre a produtividade do solo e a
estrutura da comunidade vegetal?
Por que algumas espécies são mais vulneráveis à
extinção do que outras?

Naturalmente, questões resolvidas – se elas forem questões


focalizadas – são um sintoma de saúde e não da debilidade de
qualquer ciência. Porém, a ecologia não é uma ciência fácil,
ela possui sutileza e complexidade particulares, em parte
porque distingue‑se por ser peculiarmente defrontada com
singularidades: milhões de espécies diferentes, incontáveis
bilhões de indivíduos geneticamente distintos, todos vivos e
interagindo em um mundo variado e sempre em transformação.

A beleza da ecologia é que ela nos desafia a desenvolver a


compreensão de problemas muito básicos e aparentes de uma
maneira que aceita a singularidade e complexidade de todos os
aspectos da natureza, mas busca padrões e previsões dentro dessa
complexidade em vez de ser submetida a ela.

22
Ecologia I

Seção 2 – Conceitos básicos de ecologia


O conhecimento de determinados conceitos em ecologia é
fundamental para o entendimento das relações de seres vivos
entre si e desses com o ambiente. Sendo assim, para compreender
a dinâmica do ambiente, como também os problemas acarretados
pela quebra de manutenção do equilíbrio natural, é necessário
o entendimento de alguns conceitos básicos. Alguns desses
principais conceitos encontram‑se relacionados a seguir.

Componentes bióticos: são aqueles que têm vida e que habitam


determinado ecossistema, como por exemplo, alguns seres vivos.
Algas, algumas bactérias,
Os componentes bióticos podem ser de dois tipos:
microorganismos, plantas,
animais, entre outros.
„ os organismos autótrofos: que sintetizam seus próprios
alimentos a partir de uma fonte não orgânica de energia; e

„ os organismos heterótrofos: que não são capazes de


sintetizar seus próprios alimentos.

Os heterótrofos utilizam, rearranjam ou decompõem a matéria


orgânica sintetizada direta ou indiretamente pelos autótrofos,
obtendo a matéria‑prima para seu crescimento, reprodução e
reparação de perdas e a energia necessária para a realização de
seus processos vitais.

Os organismos autótrofos são chamados produtores. Entre


eles, os mais importantes, em termos ecológicos, são os
organismos que realizam a fotossíntese. Por meio desse
processo, moléculas de gás carbônico e de água reagem em
presença de energia luminosa, dando origem às moléculas
orgânicas. Assim, a energia luminosa é transformada em
energia química, que fica armazenada nas moléculas orgânicas.
Parte dessas moléculas é utilizada pelo próprio organismo
fotossintetizante como matéria‑prima para formar o seu
corpo e obter energia para seus processos vitais. Outra parte
fica disponível como alimento para os heterótrofos.

Os principais produtores da Terra são as plantas e as algas


microscópicas, organismos fotossintetizantes.

Unidade 1 23
Universidade do Sul de Santa Catarina

Os heterótrofos podem ser:

„ consumidores: organismos que se alimentam de outros


organismos. Todos os animais são consumidores.
Os animais que se alimentam de produtores são
chamados de consumidores primários. Os herbívoros,
animais que se alimentam de plantas, são, portanto,
consumidores primários. Os animais que se alimentam
de herbívoros são consumidores secundários; os
que se alimentam de consumidores secundários são
consumidores terciários, e assim por diante.

„ decompositores: organismos heterótrofos que degradam


a matéria orgânica contida em produtores e em
consumidores, utilizando alguns produtos da decomposição
como alimento e liberando para o meio ambiente minerais
e outras substâncias, que podem ser novamente utilizados
pelos produtores. Os decompositores mais importantes são
as bactérias e os fungos. Esses organismos são também
chamados de saprófitas ou sapróbios.

A Figura 1.1 ilustra os componentes bióticos de um ecossistema


que, nesse caso, é um lago.

Figura 1.1‑ Componentes bióticos do lago


Fonte: Ecologia (2002).

24
Ecologia I

A ecologia é uma ciência que leva em consideração as relações


que ocorrem em formas de organizações que vão além do
organismo. Assim, de acordo com a maneira de organização entre
os seres vivos e suas relações, surgem as populações, comunidades
e os ecossistemas.

Populações: conjunto de indivíduos pertencentes à mesma


espécie que vivem em determinada área.

Formigas, de um formigueiro, ratos que vivem na


cidade, árvores da mesma espécie de uma floresta,
população humana e outros.

Comunidade, biota ou biocenose: é o conjunto de populações


que vivem em uma mesma área geográfica.

Animais, plantas, fungos e microrganismos interagindo


dentro de um ecossistema.
Radiação solar,
temperatura, luz, umidade,
ventos, dentre outros.
Componentes abióticos: os fatores abióticos podem ser físicos
ou químicos.
Nutrientes presentes
A radiação solar é um dos principais fatores físicos dos
nas águas e nos solos,
ecossistemas terrestres, pois é por meio dela que as plantas por exemplo.
realizam fotossíntese, liberando o oxigênio para a atmosfera e
transformando a energia luminosa em energia química, única
forma de energia que pode ser aproveitada pelos demais seres
vivos. Além disso, a radiação solar, interagindo com a atmosfera
e a superfície terrestre, interfere em outros fatores físicos, como:
temperatura, umidade e pluviosidade de uma região.

A atmosfera é fundamental para a biosfera, pois além de conter


gases essenciais para a vida, impede que a Terra perca calor,
atuando como um “cobertor” ou como uma estufa. É por isso que
se fala em efeito de cobertura ou efeito estufa da atmosfera.

Os principais componentes da atmosfera que contribuem para o


efeito estufa são o gás carbônico e o vapor d’água.

Unidade 1 25
Universidade do Sul de Santa Catarina

A atmosfera é transparente à energia radiante do Sol, mas


não é transparente à energia térmica irradiada pela Terra.
Fenômeno semelhante ocorre em uma estufa: o vidro da estufa é
transparente à energia luminosa do Sol; essa energia é absorvida
pelas plantas e pelo solo e reirradiada como energia térmica,
com comprimentos de onda infravermelhos. Como o vidro não é
atravessado por esses raios, há, portanto, retenção de calor dentro
da estufa, como podemos ver na Figura 1.2.

Figura 1.2 ‑ Efeito estufa


Fonte: Ecologia (2002).

A atmosfera impede, assim, que o calor se dissipe, evitando o


resfriamento da Terra. O aquecimento da atmosfera ocorre,
portanto, da superfície da Terra em direção às camadas mais altas.

Em uma floresta, o biótopo é a área que contém o


solo com minerais e água, atmosfera e seus gases,
umidade, temperatura, luminosidade etc. (AMABIS;
MARTHO, 2004).

Ecossistema: é o conjunto de interações estabelecidas entre


o ambiente físico (componentes abióticos) e a comunidade
(componentes bióticos). Dentre os seres bióticos, o ecossistema

26
Ecologia I

deve apresentar três níveis básicos: os produtores, os


consumidores e os decompositores. Essa interação entre os seres
bióticos e abióticos forma um sistema estável; os princípios
que definem um ecossistema são aplicados para ambientes
diversos, desde um pequeno lago até uma grande floresta. De
acordo com Amabis e Martho (2004), o termo ecossistema foi
utilizado pela primeira vez em 1935, pelo ecólogo inglês A. G.
Tansley (1871 ‑ 1955).

Um lago, um aquário, uma floresta, um jardim e outros.


Os ecossistemas podem ser terrestres ou aquáticos.

Biosfera: é toda a área do planeta habitada por seres vivos,


sendo, portanto, o conjunto de todos os ecossistemas. A biosfera
estende‑se desde as profundezas do oceano até o topo mais alto
das montanhas, onde possam ser encontrados seres vivos.

Habitat: o habitat de um organismo, uma população ou


comunidade é caracterizado por suas propriedades físicas e
bióticas, é o local onde determinado ser vivo pode ser encontrado.

Na lagoa, o habitat de uma determinada espécie


de alga pode ser a superfície da água; para uma
determinada espécie de peixe, o habitat é a região
próxima à margem; uma bactéria decompositora pode
ter como habitat a lama do fundo da lagoa. (SILVA
JÚNIOR; SASSON, 2006).

Nicho ecológico: são as relações e atividades características da


espécie no seu habitat, desde os tipos de alimentos consumidos,
os tipos de moradia, as condições de reprodução, seus predadores
naturais, as estratégias de sobrevivência e outros. Espécies
diferentes podem ocupar o mesmo habitat, mas terem nichos
ecológicos diferentes, no entanto, suas espécies podem ter o
mesmo nicho ecológico, mas não por muito tempo, pois elas
competem entre si em todos os níveis, como, por exemplo, a
alimentação; isso leva à competição entre ambas, fazendo com
que uma delas desapareça.

Unidade 1 27
Universidade do Sul de Santa Catarina

As algas (fitoplâncton) e os microcrustáceos


(zooplâncton) que vivem num lago e possuem nichos
diferentes. As algas são produtoras (produzem a
fotossíntese) e os microcrustáceos são consumidores.
Alguns insetos têm o mesmo habitat, mas nichos
ecológicos diferentes.

A Hipótese Gaia
Em 1970, o cientista inglês James Lovelock elaborou a Hipótese
Gaia, segundo a qual a Terra se comporta como um só
organismo vivo. Esse superorganismo, segundo Lovelock, tem a
capacidade de regular e manter‑se saudável por meio do controle
do ambiente físico e químico.

A Terra, segundo esta ideia, seria um superecossistema,


com muitos mecanismos de regulação e homeostase – nos
quais os microorganismos teriam um papel importante – que
moderariam as temperaturas extremas e manteriam constante
a composição da atmosfera e dos oceanos. A vida, logo depois
de ter surgido, mais de três bilhões de anos atrás, teria, em
seguida, começado a controlar as condições do planeta. Um dos
argumentos utilizados pelos defensores da Hipótese Gaia é o
fato de que a composição da atmosfera, hoje, parece depender
principalmente dos seres vivos.

A Hipótese Gaia não afirma que a Terra inteira seja viva, ou que
ela esteja “dirigindo conscientemente” suas próprias atividades.
Como o próprio Lovelock sugeriu, Gaia poderia ser comparada
a uma árvore, que é consituída por 99% de cortiça e de madeira,
matéria morta. A árvore se mantém viva por interações dela
mesma com o ambiente externo. Por analogia, a Terra consiste,
na sua quase totalidade, de matéria não viva, recoberta por uma
finíssima película de vida, a biosfera, que interage com a parte
não viva, regulando o conjunto.

Embora a ideia de considerar a Terra como um “superorganismo”


seja sedutora e de grande apelo, a maioria dos ecólogos reluta em

28
Ecologia I

aceitar a Hipótese Gaia. Há vários argumentos em contrário,


por exemplo, os eventos geológicos no passado, como cometas se
chocando contra a Terra, erupções vulcânicas de grande porte e
glaciações, que ocorreram de tempos em tempos, modificaram
profundamente o aspecto do planeta, o que não está de acordo
com a noção de uma homeostase realizada, principalmente pelos
seres vivos. Os fatores geológicos também moldam o planeta e
Propriedade
não apenas os biológicos. (SILVA JÚNIOR; SASSON, 2006). autorreguladora de um
sistema ou organismo
que permite manter o
estado de equilíbrio de
suas variáveis essenciais
ou de seu meio ambiente.

Seção 3 – Ecologia urbana


Ecologia urbana é uma área nova da ecologia que estuda os
sistemas naturais dentro das áreas urbanas, envolvendo as
interações entre plantas, animais e humanos, como também os
efeitos da poluição e da urbanização, nos ambientes das cidades.
No entanto, as cidades não são ecossistemas verdadeiros por não
serem ambientes naturais autossuficientes. (BRANCO, 2003).

Com a Revolução Industrial ocorrida nas últimas décadas do


século XVIII, houve uma profunda mudança no papel das
cidades. Essas representam a mais profunda modificação humana
na natureza.

O impacto da construção de superfícies urbanas


industriais atinge os ecossistemas, interferindo no ciclo
das águas, temperatura, ventos, vegetação e relevo.
(MURGEL et al., 1997).

Conforme relata o autor citado, um dos maiores problemas


das cidades é a poluição atmosférica, que se agrava no inverno
devido ao fenômeno da inversão térmica, que ocorre quando
uma massa de ar frio, mais pesada, permanece estacionada sobre
uma camada de ar poluído, aumentando a concentração de gases
poluentes nas proximidades do solo. Por esse motivo, os efeitos da
poluição são mais prejudiciais à saúde nos dias mais frios.

Unidade 1 29
Universidade do Sul de Santa Catarina

Com relação aos impactos sobre o ciclo hidrológico nas grandes


cidades, um sério problema que existe em períodos de chuva são
as enchentes. Elas ocorrem principalmente pela maneira como o
ambiente urbano sofre ocupado pelo homem. Nas áreas cobertas
por vegetação, a água da chuva infiltra‑se no subsolo, formando
os lençóis freáticos; nas grandes cidades, a maior parte do solo
está impermeabilizada por asfalto ou cimento, e se os canais
artificiais de escoamento de água, como os bueiros, estiverem
entupidos, forma‑se uma enorme quantidade de água que não
tem para onde escoar, resultando no problema das enchentes. Nas
inundações, a água entra em contato com os ratos, alimentos e
as pessoas e, desse modo, passa a ser veículo de muitas doenças.
Ainda, a água estagnada permite a rápida proliferação de
mosquitos transmissores de doenças.

De acordo com Costa (2005), 80% da população


brasileira vive hoje nas cidades. Na primeira metade
do século XX, a sociedade era predominantemente
rural. No final desse mesmo século, o Brasil passou a ser
um dos países mais urbanizados do mundo, havendo,
portanto, uma transformação acelerada, ou seja, a
urbanização intensificou‑se.

Com o êxodo rural, a taxa de urbanização tende a continuar


crescendo. Considerando os aspectos ecológicos, as cidades se
comportam como verdadeiros parasitas da zona rural, pois de
lá retiram os recursos vitais que consomem, como alimentos e
energia, sem os quais logo entrariam em colapso e pereceriam.
(COSTA, 2005).

Os problemas ambientais urbanos são uma parcela das grandes


alterações ambientais no planeta. A poluição do ar e das
águas, o desmatamento, o esgotamento dos solos, o avanço
da desertificação devido à prática da agricultura intensa, além
do efeito estufa, têm se tornado problema do mundo inteiro
(MURGEL et al., 1997).

Mas, você sabe o que nós poderíamos fazer para melhorar o


ambiente urbano? Branco (2003) sugere algumas práticas para a
melhoria dos ambientes urbanos. Algumas dessas medidas são:

30
Ecologia I

„ implantação de parques, aumentando a área verde e de


infiltração de água das chuvas;

„ implantação de um sistema eficiente de transporte


coletivo, diminuindo congestionamentos no trânsito,
reduzindo a poluição, a emissão de calor e os ruídos;

„ construção de edifícios mais ecológicos;

„ implantação de sistemas adequados de saneamento;

„ a própria conscientização e mudanças de atitudes de cada


um, evitando desperdícios de água, alimentos, energia
elétrica; separação do lixo orgânico do material que
poderá ser reciclado.

Seção 4 – As populações naturais

Como já foi visto anteriormente, uma população


biológica é o conjunto de seres vivos de uma mesma
espécie que ocupa uma determinada área geográfica.

Para compreender a dinâmica e as interações entre as populações,


serão abordados alguns aspectos referentes à densidade, à taxa
populacional e aos fatores limitantes do crescimento populacional.

Densidade
A densidade populacional é a relação entre o número de
indivíduos que compõem uma população e o espaço por ela
ocupado. É o tamanho da população em relação a alguma
unidade de espaço. É expressa como o número de indivíduos da
população por área.

Unidade 1 31
Universidade do Sul de Santa Catarina

200 árvores por hectare. (ODUM, 1998).

Taxas de crescimento populacional


O crescimento de uma população é determinado por dois fatores
principais: natalidade e mortalidade. A imigração e a emigração
também afetam o crescimento de uma população.

Conheça algumas taxas que auxiliam no controle da população.

„ Taxa de natalidade: indica a proporção de novos


indivíduos adicionados à população já existente.

„ Taxa de mortalidade: indica a proporção de perda de


indivíduos em função das mortes ocorridas.

„ Taxa de emigração e imigração: a imigração é a


quantidade de novos indivíduos que chegaram à
população, vindos de outras áreas. A emigração é a
quantidade de indivíduos que saíram daquela população
para outras áreas.

Fatores que regulam o crescimento de populações biológicas


Na natureza, a tendência do número de integrantes de uma
população é manter‑se constante, no entanto, as populações têm
capacidade de aumentar numericamente quando as condições
são favoráveis. Também, há determinados fatores que limitam o
crescimento de uma população; dentre eles há os fatores bióticos
e os abióticos.

„ Os bióticos são: o predatismo, a competição entre os


indivíduos e o parasistismo.

„ Os abióticos são: as condições climáticas e a


disponibilidade de espaço no ambiente.

32
Ecologia I

Quando uma população dispuser de pouco espaço poderá


ocorrer a diminuição da natalidade e elevação da mortalidade.
A natalidade é afetada porque as fêmeas em estresse sofrem
alterações hormonais e não entram no cio. A mortalidade
pode ser aumentada por violentas disputas, mesmo havendo
alimentos suficientes, como também pelo canibalismo e
abandono dos filhotes.

Potencial biótico e resistência ambiental


O tamanho de uma população é regulado por duas forças
contrárias: o potencial biótico e a resistência ambiental.

„ Potencial biótico: é a capacidade de uma população


aumentar em números. Em condições ambientais ótimas,
esta capacidade depende da reprodução, de mecanismos
de defesa contra predadores e de resistência às condições
desfavoráveis do meio, como as doenças; o potencial
biótico pode variar de uma população para outra.

„ Resistência ambiental: é a combinação dos fatores


bióticos e abióticos que impedem o crescimento de uma
população; como já foi exposto, a resistência ambiental
regula o crescimento das populações.

„ Equilíbrio populacional: a população encontra‑se em


equilíbrio quando ocorre ligeira flutuação no número de
indivíduos, estando, em alguns momentos, acima e em
outros abaixo do limite máximo de crescimento; isso se
deve ao antagonismo existente entre o potencial biótico e
resistência do ambiente. (PAULINO, 2006).

Unidade 1 33
Universidade do Sul de Santa Catarina

Seção 5 – As comunidades biológicas


De acordo com Miller Júnior (2006), as comunidades biológicas
diferem quanto aos tipos e ao número de espécies que apresentam
e quanto aos papéis ecológicos que desempenham. Conforme
indica o autor, as comunidades podem abrigar espécies nativas,
não nativas, indicadoras, chave ou fundadoras.

Nativas
São as que vivem em uma comunidade específica.

Não nativas, invasoras ou exóticas


São introduzidas em uma comunidade de modo intencional ou
acidental; essas espécies podem ser benéficas.

As espécies domesticadas, como galinhas, peixes


e gado.

Em alguns casos, a introdução de espécies pode ser prejudicial a


outras ali existentes.

A importação de abelhas africanas pelo Brasil, para


aumentar a produção de mel, causou o deslocamento
das espécies nativas de abelhas domesticadas,
reduzindo a produção de mel. (MILLER JÚNIOR, 2006).

Indicadoras
Atuam como avisos iniciais de danos a um ecossistema.

34
Ecologia I

Aves.

São indicadoras biológicas por serem facilmente afetadas por


mudanças ambientais, como a presença de poluentes e inseticidas
no ambiente, que causam a morte desses animais.

Diminuição de espécies de anfíbios em todo o planeta.

Esse fato indica que a saúde ambiental está se deteriorando


em algumas partes do mundo, pois os anfíbios são indicadores
biológicos, sensíveis às mudanças ambientais, como a poluição, a
radiação e as mudanças climáticas.

Espécies‑chave
São espécies que ajudam a determinar o número de várias outras
em uma comunidade; exercem papel ecológico fundamental.

Pássaros, insetos, morcegos que fazem a polinização,


predadores no topo da cadeia alimentar, pois
alimentam‑se de outras espécies, ajudando a manter o
controle de populações.

A perda de espécies‑chave pode levar ao aumento exagerado


de uma população ou extinção de outras espécies. Em uma
comunidade, as espécies interagem entre si, e nessa interação há
espécies que podem ser prejudicadas, beneficiadas ou indiferentes.

Sucessão ecológica
Sucessão ecológica é uma série de mudanças que ocorre nas
comunidades que compõem um ecossistema para a formação
de uma comunidade em uma área totalmente desabitada (sem

Unidade 1 35
Universidade do Sul de Santa Catarina

a presença de seres vivos). Ocorrem vários estágios até que a


comunidade se estabeleça numa sucessão ecológica e nesse
processo há três fases distintas: comunidade pioneira ou ecese,
comunidades intermediárias e comunidade de clímax.

Alguns distúrbios são sincronizados por áreas extensas, o fogo


em uma floresta pode destruir uma extensão imensa de uma
comunidade clímax, na totalidade da área, então, processa‑se
uma sucessão mais ou menos sincronizada, com a diversidade
aumentando durante a fase de colonização inicial e caindo de
novo devido à exclusão competitiva com a chegada do clímax.

Outros distúrbios são muito menores e produzem um mosaico de


habitats. Se tais distúrbios estiverem defasados um com o outro,
a comunidade resultante compreenderá um mosaico de manchas
em estágios diferentes de sucessão.

A sequência típica da vegetação dominante é:

Ervas anuais perenes herbáceas arbustos


árvores sucessionais inicias árvores sucessionais tardias

As espécies pioneiras são aquelas que podem se estabelecer


rapidamente no habitat alterado de um campo cultivado há
pouco tempo, seja por dispersão rápida para o local ou a partir
de propágulos que já estejam presentes. As plantas de início
da sucessão têm um estilo de vida fugaz, a continuidade da
Segundo Ferreira (2004),
propágulo é um termo da botânica
sua sobrevivência depende da dispersão para outros locais
que significa a designação de perturbados. Elas não conseguem subsistir em competição com
orgânulo destinado a multiplicar espécies tardias e, desse modo, precisam crescer e consumir
vegetativamente as plantas, e rapidamente os recursos disponíveis.
que podem ser: sorédio (liquens),
estolho (fanerógamas), bulbilhos
Ao contrário das plantas anuais pioneiras, as sementes das plantas
(agaváceas), fragmentos de talo
(liquens), corpúsculos especiais etc. sucessionais tardias podem germinar na sombra, por exemplo,
abaixo do dossel em uma floresta. Elas podem continuar a crescer
sob essas intensidades luminosas baixas, bem lentamente, mas
mais rápido do que as espécies que elas substituem.

As árvores que participam dos estágios posteriores de uma


sucessão de campo abandonado e que podem ser agrupadas em

36
Ecologia I

classes sucessionais iniciais têm folhagem em várias camadas. As


folhas se estendem profundamente no dossel, onde ainda recebem
luz suficiente para acrescentar mais à planta do que retiram dela.

Os primeiros colonizadores arbóreos geralmente têm eficiente


dispersão de sementes, fazendo com que eles provavelmente
tenham primazia na disputa. Eles são, em geral, reprodutores
precoces e estão logo aptos a deixar descendentes em novos locais.
Os colonizadores tardios são aqueles com sementes maiores,
menor poder de dispersão e fases juvenis longas.

O fato de as plantas dominarem a maior parte da estrutura e


sucessão de comunidades não significa que os animais sempre
sigam as comunidades que as plantas impõem. Naturalmente,
muitas vezes será assim, pois as plantas fornecem o ponto de
partida para todas as teias alimentares e determinam muito do
caráter do ambiente físico em que os animais vivem. Porém, às
vezes, são também os animais que determinam a natureza da
comunidade vegetal, como, por exemplo, por meio de pastejo
ou pisoteio pesados. Contudo, mais frequentemente, os animais
localizam‑se entre as plantas, como seguidores passivos da
sucessão; essa situação ocorre com espécies de aves em uma
sucessão de campo abandonado.

A sucessão atinge um clímax?

Na realidade, geralmente é muito difícil identificar no


campo uma comunidade “clímax” estável, normalmente,
podemos apenas salientar que a taxa de alterações se processa
devagar, até o ponto onde qualquer mudança torna‑se
imperceptível. Uma floresta ou uma ampla formação
campestre que parece ter alcançado uma estrutura de
comunidade estável, quando estudada em escala de hectares,
será sempre um mosaico de sucessões em miniatura. Com a
queda de árvores ou a morte de ervas campestres, criam‑se
clareiras nas quais começam novas sucessões. O padrão da
dinâmica em manchas de muitas comunidades é o resultado
dos processos de mortes, substituições e microssucessões
que uma observação mais abrangente pode ocultar.

Unidade 1 37
Universidade do Sul de Santa Catarina

Comunidade pioneira
É a comunidade que primeiramente se instala numa área
despovoada. O número de espécies é bem reduzido, são seres
pouco exigentes e tolerantes às adversidades do meio. As espécies
pioneiras em geral são: cianofícieas, líquens, gramíneas, insetos
e aranhas. As plantas dessa comunidade apresentam taxa
fotossintética superior à taxa de respiração (produção primária
líquida), isso permite o aumento de biomassa na comunidade.

Comunidades intermediárias
Com o desenvolvimento das comunidades pioneiras, o ambiente
vai se tornando favorável ao surgimento de novas espécies, como
plantas herbáceas que vão sendo substituídas pelas arbustivas
e animais diversos que vão sendo atraídos pelas novas espécies
de plantas que ali habitam. Espécies arbóreas começam a surgir
depois de certo tempo. Com isso, a comunidade sofre várias
modificações que são chamadas seres ou séries; os momentos em
que essas transições ocorrem não são claramente identificados,
por serem graduais.

Comunidade de clímax
Ocorre quando a comunidade atinge a maturidade, com
estabilidade e equilíbrio com o ambiente, é a etapa final de uma
sucessão ecológica. Nessas condições, a taxa de fotossíntese é
consumida pelo processo respiratório das plantas, a produção
primária líquida é bem menor em relação às comunidades
pioneiras; no clímax, a biomassa torna‑se constante.

Fragmentação florestal, efeitos de borda e as comunidades


biológicas
Fragmentação: a cobertura vegetal do planeta tem sido reduzida
devido ao desmatamento, principalmente, pela expansão das
atividades agrícolas; o impacto causado tem como consequência a

38
Ecologia I

disposição dos remanescentes florestais como também a extinção


dos habitats e espécies. Esse processo e suas consequências
são chamados de fragmentação florestal. (RODRIGUES;
NASCIMENTO, 2006).

As fragmentações são áreas de vegetação natural


interrompidas por barreiras que causam a diminuição
do fluxo de animais, pólen, sementes e vegetais.

Como consequência da fragmentação, pode ocorrer a redução da


área do habitat disponível, levando a uma redução da diversidade
biótica local. Esse fator pode causar, imediatamente, a perda
de área, levando à extinção de espécies ou, a longo prazo, ao
isolamento. Espécies nativas tolerantes à sombra e animais
sensíveis à umidade, como é o caso dos anfíbios, são facilmente
eliminados pelos efeitos da fragmentação, levando a mudanças na
constituição de espécies da comunidade local.

Efeitos de borda: são mudanças que ocorrem ao longo das margens


de um fragmento, causadas pela descontinuidade dos ambientes.
Como consequência da fragmentação, pode surgir um aumento
total de bordas de habitat, causando um conjunto de alterações
bióticas e abióticas. De acordo com as condições em que os
fragmentos se encontram, eles serão mais ou menos vulneráveis
ecologicamente à perda de sua biodiversidade. O efeito de borda
pode atingir distâncias entre 10 e 600 metros para o interior do
fragmento. (SCHIMIGUEL; NUCCI, 2006). A permanência
de uma determinada espécie em um fragmento vai depender de
sua tolerância aos efeitos de borda, como aumento da temperatura
do ambiente, incluindo a temperatura do solo, diminuição da
umidade do ar, maior exposição aos ventos etc. Essas mudanças
afetam as espécies presentes nos fragmentos, originando
mudanças bióticas, como a proliferação de espécies adaptadas às
novas condições ambientais, as quais tendem a competir com as
espécies originalmente presentes, podendo ocorrer extinção de
plantas e animais.

Corredores biológicos: é conceituado como uma grande extensão


de ecossistemas naturais interligados por um conjunto de
unidades de conservação, tanto públicas quanto particulares, para

Unidade 1 39
Universidade do Sul de Santa Catarina

manutenção da biodiversidade com seus processos evolutivos.


Nesses corredores biológicos, a atividade agropecuária e florestas
tropicais convivem com o meio natural. Num corredor podem
coexistir fazendas, estradas, florestas nativas, entre outras
estruturas. (LOUBET, 2003). Na verdade, os corredores
biológicos podem ser implementados em qualquer tipo de bioma
ou ecossistema, mas é para a proteção das florestas tropicais que
foi praticamente criado e desenvolvido. São considerados como
novas ferramentas para promover a conservação da natureza.

Síntese

A ecologia (oikos – casa e, por extensão, ambiente;


logos – estudo) é a ciência que estuda como os seres vivos se
relacionam entre si e com o ambiente em que vivem e quais as
consequências dessas relações.

A ecologia preocupa‑se com as relações que ocorrem em formas


de organização que vão além dos organismos: populações,
comunidades e ecossistemas. As populações são formadas quando
vários indivíduos da mesma espécie passam a viver em uma
mesma área e mantêm relações entre si. Populações que habitam
a mesma área mantêm entre si várias relações e formam um novo
nível de organização, chamado de comunidade, biocenose, biota
ou comunidade biótica. A reunião e a interseção da comunidade
com o ambiente físico forma um sistema ecológico ou ecossistema.
O conjunto de florestas, campos, desertos e de outros grandes
ecossistemas forma a biosfera: conjunto de regiões do planeta em
condições de sustentar a vida de modo permanente.

Os distúrbios que abrem as clareiras (manchas) são comuns em


todos os tipos de comunidades. Nas comunidades controladas
pelos colonizadores, todas as espécies têm aproximadamente
a mesma capacidade de invadir clareiras e são competidores

40
Ecologia I

iguais que mantêm as clareiras contra todos os imigrantes


durante o seu período de vida; por outro lado, as comunidades
controladas pela dominância são aquelas em que algumas
espécies são competitivamente superiores a outras, de modo que
um colonizador de uma mancha não necessariamente se mantém
naquele local.

A sucessão em campos abandonados, por exemplo, tipicamente


implica uma sequência de vegetação em que as espécies
pioneiras são aquelas que podem se estabelecer rapidamente no
habitat alterado de um campo cultivado recentemente. Essas
são substituídas posteriormente por espécies mais lentas em
se estabelecer. Pode ser muito difícil identificar quando uma
sucessão atinge o estágio de comunidade clímax estável, já que
ela pode levar séculos para ser consumada, e, nesse meio tempo,
provavelmente ocorrem outros distúrbios.

Atividades de autoavaliação

1) No dia 18 de julho de 2001, o jornal O Globo publicou uma matéria


sobre um aquário que será levado à Estação Espacial Internacional, com
a finalidade de estudar o efeito da microgravidade sobre os seres vivos.
O aquário, chamado de Sistema Aquático Biologicamente Equilibrado
e Fechado, conterá uma espécie de peixe (1), uma de planta (2), uma
de bactéria (3) e uma de caramujo. Quanto aos seus papéis tróficos, é
correto afirmar que as espécies representadas pelos números 1, 2 e 3
são exemplos, respectivamente, de:
a) produtor, consumidor e decompositor.
b) consumidor, decompositor e produtor.
c) decompositor, produtor e consumidor.
d) consumidor, produtor e decompositor.
e) decompositor, consumidor e produtor.

Unidade 1 41
Universidade do Sul de Santa Catarina

2) Identifique os principais conceitos de ecologia por meio das palavras


cruzadas.
4. 7. 1. indivíduos morfologicamente
5. semelhantes que são capazes de se
cruzar e gerar descendentes férteis;
2. indivíduos de uma mesma espécie
6. presentes em uma mesma área;
3. indivíduos de diferentes espécies
3.
presentes em uma área;
4. relação que ocorre entre a
1. comunidade e os fatores abióticos;
5. o maior ecossistema da Terra,
parte da vida do planeta;
6. local onde sempre podemos
2. encontrar determinada espécie;
7. papel que os indivíduos
desempenham na natureza.

Saiba mais

ACADEMIA DE CIÊNCIA DO ESTADO DE SÃO


PAULO. Glossário de ecologia. n. 57. São Paulo: ACIESP,
1987. 271 p.

BRAGA, Benedito et al. Introdução à Engenharia Ambiental.


São Paulo: Prentice Hall, 2002.

BRITO, E. A. de; FAVARETTO, J. A. Biologia: uma


abordagem evolutiva e ecológica. v. 1. São Paulo: Moderna, 1997.

LAMY, M. Introdução à ecologia humana. Lisboa: Piaget, 1998.

LAROCA, S. Ecologia: princípios e métodos. Rio de Janeiro:


Vozes, 1995.

42
Ecologia I

MARGALEF, R. Ecologia. Barcelona: Omega, 1974.

NAZARETH, M. Demografia e Ecologia Humana. Análise


Social, Lisboa, nº XXVIII, 1‑2‑3, 1993. p. 2‑34.

PIANKA, Eric R. Ecologia evolutiva. Barcelona: Omega, 1982.

Unidade 1 43
2
UNIDADE 2

Os seres vivos e as
relações ecológicas

Objetivos de aprendizagem
„ Compreender a natureza e os contrastes entre
condições e recursos.

„ Compreender de que modo os organismos


respondem a todo um conjunto de condições.

„ Entender o efeito dos fatores abióticos sobre os seres


vivos como fator limitante e como eles se adaptam.

„ Identificar os fatores bióticos que envolvem as ações


dos seres vivos entre si, criando condições favoráveis à
existência ou suprimindo‑as.

Seções de estudo
Seção 1 Fatores abióticos

Seção 2 Relações entre os seres vivos


Universidade do Sul de Santa Catarina

Para início de estudo


Os fatores abióticos são componentes não vivos que influenciam
a vida dos seres vivos presentes no ecossistema. Por meio dos
fatores abióticos, os seres vivos fazem adaptações para seu
desenvolvimento. Esses fatores variam de valor de local para
local, o que determina uma grande diversidade de ambientes.

Nesta unidade, vamos ver como os fatores abióticos ‑ como a


luz, temperatura e água ‑ podem interferir nos ecossistemas.
Além disso, iremos verificar como os seres vivos podem interagir
entre si dentro de uma comunidade biológica, tanto em relações
intraespecíficas, quanto em relações interespecíficas.

Talvez a característica mais fundamental de um ambiente, que


o torna habitável, seja a seguinte: os organismos podem tolerar
as condições locais, desde que seus recursos essenciais estejam
disponíveis. Diante disso, não poderemos avançar muito na
compreensão da ecologia de qualquer espécie sem entender suas
interações com as condições e recursos.

Então, vamos lá?

Seção 1 – Fatores abióticos


Os seres que, de modo geral, suportam bem grandes variações
dos fatores físicos; apresentam grande capacidade de adaptação
e de dispersão; e ocupam ambientes diversos, como a espécie
humana, são chamados de euribiontes. Os seres que não toleram
grandes variações do meio e são encontrados apenas em certas
(euri = largo; bionte = que vive)
regiões do planeta, como alguns peixes de regiões geladas, são
chamados de estenobiontes (esteno = estreito).

46
Ecologia I

Os prefixos euri e esteno podem ser usados também para designar


o grau de tolerância dos organismos a cada fator físico:

„ temperatura: eutérmico ou estenotérmico;

„ pressão: euribárico ou estenobárico;

„ salinidade: eurialino ou estenoalino.

Um bom exemplo é o camelo, que suporta variações de temperatura


de 50ºC de dia e ‑50ºC à noite, este é um animal euritérmico.

Luz
Fundamental no processo fotossintético, responsável pela
produtividade nos ecossistemas, a luz é um importante fator
abiótico e atua sob diversas formas.
Intensidade, radiação,
Divide os seres vivos em alguns grupos como:
direção e duração.

„ Eurifóticos: São seres que suportam grandes variações


de luz.

„ Estenofóticos: São seres que não suportam grandes


variações de luz.

„ Plantas umbrófitas: São vegetais adaptados à sombra.

Sem a luz do Sol não seria possível a vida na Terra, pois é


com energia luminosa que as plantas, as algas e os outros seres
autotróficos fabricam os açúcares e, com estes, a matéria orgânica
da qual dependem todos os seres vivos. Para o ser humano e
muitos outros animais, a luz tornou‑se, pela visão, a principal
fonte de informações sobre o ambiente. Várias funções do
organismo seguem um padrão que depende da duração relativa
dos dias e das noites, como a germinação das sementes e o
florescimento de certas plantas (fotoperiodismo).

Unidade 2 47
Universidade do Sul de Santa Catarina

Temperatura
É um fator abiótico de grande importância para os seres vivos
e influencia seus períodos de atividade, suas características
morfológicas e seus comportamentos.

Divide os seres vivos em alguns grupos como:

„ Estenotérmicos: São organismos que não toleram


grandes variações térmicas.

Um exemplo dos animas estenotérmicos é a lagartixa.

„ Euritérmicos: São organismos capazes de tolerar


grandes variações térmicas.

Exemplos dos euritérmicos são lobos e camelos.

„ Homeotérmicos: Seres que possuem temperatura


corporal constante.

Exemplos de homeotérmicos são as aves e mamíferos


em geral.

„ Poiquilotérmicos: Seres que possuem temperatura


corporal variável.

Exemplo desses animais são répteis, anfíbios e peixes.

48
Ecologia I

Alguns fenômenos ocorrem devido às adaptações às temperaturas


desfavoráveis como:

„ Migração: Os animais percorrem distâncias variadas à


procura de ambientes propícios para a reprodução, com
melhores condições climáticas e presença de alimentos.

Exemplos: flamingos e cegonha negra.

„ Hibernação: Os animais diminuem suas atividades vitais,


devido ao frio.

Exemplos: morcego e urso.

„ Estivação: Neste fenômeno, algumas espécies diminuem


suas atividades vitais, devido ao calor.

Exemplo: quelônios.

Quanto às adaptações das plantas às baixas temperaturas, elas


podem ser:

„ Anuais: As plantas anuais não suportam o intenso frio


do inverno e deixam suas sementes para germinar no
ano seguinte.

Exemplo: Feijoeiro.

Unidade 2 49
Universidade do Sul de Santa Catarina

„ Bienais: As plantas bienais em baixas temperaturas perdem


sua parte aérea, porém, mantêm sua parte subterrânea.

Exemplo: Lírio.

„ Perenes ou vivazes: Essas plantas conseguem manter suas


estruturas o ano todo.

Exemplo: Papoula.

Ao longo do ano, certas plantas sofrem alterações no seu aspecto,


provocadas pelas variações de temperatura. Os animais também
apresentam características próprias de adaptação aos diferentes
valores de temperatura.

Por exemplo, os que vivem em regiões muito frias


apresentam, geralmente, pelagem longa e uma
camada de gordura sob a pele.

A velocidade das reações químicas que mantêm a vida aumenta,


até certo ponto, depende da elevação da temperatura. Um
aumento excessivo da temperatura provoca desnaturação das
enzimas (elas perdem a forma necessária à sua função), o que
interrompe o metabolismo e pode causar a morte do organismo.
Temperaturas muito baixas reduzem as reações químicas e o
organismo fica inativo, em estado de torpor, ou morre pela falta
de energia necessária às funções vitais.

50
Ecologia I

Animais homeotérmicos e pecilotérmicos


Apesar das variações térmicas do ambiente, as aves e os
mamíferos conseguem manter praticamente constante a
temperatura do corpo por meio da produção de mais calor
ou do aumento da perda de calor pelo corpo; são animais
homeotérmicos, homeotermos ou de sangue quente.

A maioria dos outros animais não possui mecanismos fisiológicos


tão eficientes para manter sua temperatura interna constante. Se
a temperatura do ambiente cair muito, seu metabolismo pode
diminuir a ponto de o animal não conseguir energia para os
movimentos; ele pode ficar inativo e até morrer. Esses animais
são pecilotérmicos, pecilotermos ou de sangue frio, mas eles não
ficam passivos diante das variações da temperatura ambiente.

Animais ectotérmicos e endotérmicos


Um réptil pode se aquecer ao sol se sua temperatura cair, ou
procurar uma sombra ou uma toca se ela aumentar. Desse modo,
movimentando‑se entre o sol e a sombra, ele pode ganhar calor
do ambiente ou perdê‑lo e proteger‑se (até certo ponto) das
variações ambientais da temperatura.

Por isso, atualmente, prefere‑se classificar os animais em


ectotérmicos e endotérmicos. Os ectotérmicos conseguem
sobreviver por longos períodos sem ingerir comida, uma vez que
Ectotérmicos – aqueles
não precisam gastar energia do alimento para produzir calor, que usam a energia
mas, se a temperatura cair muito, eles ficam inativos. do sol para controlar
sua temperatura.
Endotérmicos – aqueles
que usam a energia de seu
Controle da temperatura nas aves e nos mamíferos metabolismo para regular
a temperatura corporal;
As aves apresentam uma cobertura de penas, e os mamíferos, esses gastam mais energia
de pelos, ambas as coberturas retêm uma camada de ar e de que os ectotérmicos, pois
isolamento térmico; no calor, essas estruturas abaixam, o que uma parte do alimento
é queimada apenas para
diminui o isolamento térmico. Nos mamíferos há ainda outro fornecer calor ao corpo,
importante isolante térmico: a camada de gordura da pele: quanto mas estão ativos em
mais espessa essa camada, maior isolamento, como ocorre nos qualquer temperatura.
animais de regiões muito frias.

Unidade 2 51
Universidade do Sul de Santa Catarina

Outra adaptação dos homeotérmicos é a sua capacidade de


aumentar ou diminuir a quantidade de sangue que passa pela
corrente sanguínea por meio da contração ou do relaxamento dos
músculos lisos (involuntários) das arteríolas da pele. Quando os
músculos relaxam, as arteríolas dilatam‑se e mais sangue circula
na pele; quando eles se contraem, o volume de sangue diminui.

Se o volume de sangue que circula abaixo da pele aumentar,


também aumenta a quantidade de calor que se perde por
irradiação, por meio da superfície da pele. Esse mecanismo ajuda
a manter constante a temperatura dos órgãos internos quando
a do corpo aumenta (por causa do aumento da temperatura
do ambiente ou de exercícios físicos que produzem calor). Em
ambientes frios, a circulação abaixo da pele diminui e pode ser
acompanhada de contrações involuntárias da musculatura (o
animal treme de frio), o que aumenta a produção de calor.

Em alguns mamíferos, como o ser humano, a perda de


calor pela superfície corporal aumenta com a sudorese
(produção de suor): quando a temperatura do corpo
aumenta, as glândulas sudoríparas eliminam o suor; ao
evaporar‑se, a água do suor absorve o calor da pele e
faz o corpo esfriar.

A velocidade de evaporação depende da umidade do ar: quanto


menor a umidade, mais rápida a evaporação, por isso o calor do
ambiente seco é mais suportável que em ambiente úmido.

Temperatura e taxa metabólica


É possível estudar em laboratório como a velocidade das
reações químicas, isto é, a taxa metabólica, varia em função da
temperatura do ambiente, ela pode ser medida pelo consumo de
oxigênio por grama de peso do ser vivo.

52
Ecologia I

Para temperaturas do ambiente entre 27°C e 35°C, o


metabolismo em repouso de um animal permanece
constante. Nesse intervalo, chamado de zona
termoneutra, o animal quase não gasta energia para
manter sua temperatura constante. Abaixo de 27°C, à
medida que a temperatura ambiente diminui, o animal
precisa gastar cada vez mais energia para produzir
calor e manter a temperatura do corpo constante;
com isso, o metabolismo aumenta. Acima de 35°C, o
metabolismo também aumenta, pois o animal precisa
gastar energia para eliminar calor, produzindo suor ou
ofegando, por exemplo.

Adaptação a regiões frias


Nos animais polares há uma série de adaptações ao frio.
Além das camadas de pelos ou penas serem mais espessas do
que as dos animais de outras regiões, a camada de gorduras
sob a pele costuma ser bem mais grossa (nas focas, chega
a ter 7,5 cm de espessura). Isso permite um isolamento
térmico também dentro da água, onde os pêlos e penas
não são eficientes (principalmente, porque é a camada
de ar retido entre eles que funciona como isolante).

O tamanho de animal também pode ser uma adaptação a climas


frios, quanto maior o corpo do animal, menor a superfície
relativa de perda de calor e vice‑versa. Por isso, os animais
homeotérmicos de pequeno porte, como o beija‑flor, perdem
muito calor por meio da pele e precisam consumir mais alimento
e oxigênio, proporcionalmente ao peso do corpo, para manter a
sua temperatura. Portanto, o gasto de energia do animal por peso
é maior nos animais pequenos.

Podemos concluir que quanto maior um animal


homeotérmico, maior sua capacidade de resistência
ao frio. Essa condição explica por que animais que
vivem em regiões frias tendem a apresentar maior
porte que indivíduos da mesma espécie que vivem em
ambiente quente.

Unidade 2 53
Universidade do Sul de Santa Catarina

Além disso, as “expansões” do corpo (orelhas e patas) nos


indivíduos de clima frio são, em geral, menores, pois uma maior
superfície relativa dessas partes facilitaria a perda de calor do
corpo, o que seria uma desvantagem.

Em épocas de muito frio, alguns mamíferos, como o morcego


e alguns esquilos, entram em uma espécie de sono profundo
(hibernação). Enquanto dormem, seu metabolismo diminui
muito, a frequência cardíaca e respiratória ficam reduzidas
e, embora sejam homeotérmicos, a temperatura do corpo
cai bastante e pode chegar a 2°C. Com esse artifício, esses
animais conseguem suportar as condições adversas do inverno,
principalmente a escassez de comida. Com o metabolismo
reduzido, o consumo de energia diminui e eles podem viver à
custa da gordura armazenada no corpo.

Água
A água é de fundamental importância a todos os seres vivos,
pois é essencial à vida. Os seres são classificados, em função da
água, em:

„ Hidrófilos: Seres que vivem permanentemente na água,


como os peixes.

„ Higrófitos: Seres que só vivem em ambientes úmidos.

Exemplo: Anfíbios.

„ Mesófilos: Seres que vivem em áreas mais ou menos úmidas.

„ Xerófilos: Seres que vivem em ambientes secos.

Exemplo: Mamíferos de deserto, líquens, cactáceos.

54
Ecologia I

„ Tropófitas: seres que suportam grande variação de


umidade.

Obter e manter um suprimento adequado de água é fundamental


para qualquer organismo, principalmente para os de vida terrestre.
Por isso, a maioria dos animais terrestres possui algum tipo de
proteção contra a perda de água: exoesqueleto impermeável,
como o esqueleto de quitina dos artrópodes (insetos, crustáceos,
aranhas), ou a queratina de répteis, aves e mamíferos.

Os vegetais terrestres também apresentam uma superfície


impermeável, que evita a desidratação, como a camada de cutina
das folhas.

Existem plantas chamadas de higrófitas (higro = úmido;


fito = vegetal), adaptadas a regiões úmidas, como a
Floresta Amazônica. Outras chamadas de xerófitas
(xero = seco) estão adaptadas a climas quentes e secos,
como os desertos e as caatingas do Nordeste brasileiro.

As plantas xerófitas possuem: epiderme com cutícula espessa, rica


em ceras impermeabilizantes ou em pelos que ajudam a reter a
umidade do ar, o que diminui a transpiração; estômatos pequenos
dentro de cavidades da folha (criptas), o que também diminui a
perda de água por transpiração; raízes muito desenvolvidas, que
aproveitam a água das chuvas; e tecidos especiais que armazenam
água (parênquimas aquíferos).

Em alguns casos, como nos cactos, as folhas são transformadas


em espinhos, o que diminui a superfície relativa da planta
suscetível à perda de água por evaporação; os espinhos também
protegem a planta dos animais que a procuram pelas suas
reservas de água.

Unidade 2 55
Universidade do Sul de Santa Catarina

Seção 2 – Relações entre os seres vivos


As interações entre os organismos de uma comunidade biológica
são chamadas relações ecológicas e são classificadas em dois tipos:
relações intraespecíficas e interespecíficas.

Em geral, todas são classificadas em:

„ positivas ou harmônicas: quando não há prejuízo para


nenhuma população nem para os indivíduos associados;

„ negativas ou desarmônicas: quando pelo menos um


dos indivíduos ou uma das populações é prejudicada
na associação, o que significa que suas chances de
sobrevivência ou de sucesso reprodutivo (medido pelo
número de filhotes) ficam diminuídas;

„ neutras: quando duas ou mais espécies, vivendo no


mesmo habitat, não são afetadas uma pelas outras.

Relações intraespecíficas
Ocorrem entre indivíduos de uma mesma espécie.

Sociedades
É um agrupamento permanente de indivíduos da mesma espécie,
é comum entre os insetos sociais (formigas, cupins e várias
espécies de abelhas e vespas); os gorilas e a espécie humana
também se incluem nesta categoria.

Entre os insetos sociais, a divisão de trabalho é tão grande


que o corpo dos indivíduos está modificado e adaptado de
acordo com as funções que realizam. O resultado dessa
extrema especialização é a existência, na mesma espécie,
de grupos de indivíduos com características diferentes,
fenômeno chamado de polimorfismo morfológico; cada grupo
diferente forma uma casta. Veja alguns exemplos.

56
Ecologia I

„ Sociedade das abelhas: nas abelhas sociais o trabalho é


feito, exclusivamente, pelas operárias, fêmeas estéreis
com ovários atrofiados. Na maioria das colmeias, há
apenas uma fêmea fértil, a rainha, cuja única função é
ser fecundada e botar ovos; ela é fecundada por um ou
mais zangões, os machos. Quando fecundados, os óvulos
originam as larvas femininas; os óvulos não fecundados
se desenvolvem por partenogênese e originam zangões.
Todas as larvas que saem dos ovos são alimentadas pelas
operárias, durante os dois primeiros dias com geleia real,
secreção glandular produzida pelas operárias jovens. As
larvas que vão se desenvolver em operárias e zangões
passam a ser alimentadas com mel e pólen; aquelas que
se desenvolverão em rainhas continuam recebendo geleia
real; em geral, a primeira rainha que nasce elimina as
outras, e fica apenas uma por colmeia.

Observe que as operárias e as rainhas desenvolvem‑se


de ovos fecundados; a diferença está na alimentação.

„ Sociedade das formigas: em uma sociedade de saúvas (do


gênero Atta), por exemplo, há fêmeas férteis (rainhas ou
içás; pode haver mais de uma rainha por formigueiro),
machos férteis (reis ou butis) e operários estéreis. Em
certas épocas do ano, as rainhas e os machos, ambos
dotados de asas, saem para o voo nupcial. A alimentação
varia muito de espécie para espécie. No caso da saúva,
ela mastiga pedaços de folhas e mistura‑os com saliva,
formando pequenos bolos esponjosos, sobre os quais se
desenvolve um mofo (fungo), que é seu único alimento.

„ Sociedade dos cupins: os operários são formados por machos


e fêmeas estéreis, os soldados compõem um grupo de
machos e fêmeas estéreis com patas e mandíbulas muito
fortes, encarregados de defender a sociedade. Em certas
épocas do ano, podemos ver machos e fêmeas alados,
conhecidos como siriris ou aleluias, formando nuvens em
torno das lâmpadas, mas o ato sexual realiza‑se no solo,
depois que ambos perdem as asas. A rainha pode botar
milhares de ovos e seu abdome aumenta centenas de vezes.

Unidade 2 57
Universidade do Sul de Santa Catarina

Colônias
Indivíduos da mesma espécie que vivem agrupados, havendo
divisão de trabalho entre os integrantes, formam um tipo de
relação harmônica por ser positiva para todos os integrantes.

Colônia de bactérias, de corais, de esponjas.

As colônias podem ser de dois tipos:

„ homotípica, homeomorfa ou isomorfa: não há diferenças


morfológicas entre seus membros nem divisão de
trabalho, em geral, ocorre em protozoários, algas e corais;

„ heterotípica, heteromorfa ou polimorfa: há diferenciação e


divisão de trabalho entre os indivíduos, um exemplo é a
caravela (cnidário).

Canibalismo
Algumas vezes, um animal mata e devora o outro da mesma
espécie, fenômeno denominado de canibalismo. Entre alguns
insetos, os animais fracos ou doentes são devorados pelos sadios;
algumas aranhas fêmeas devoram o macho após o ato sexual; na
falta da presa tradicional, alguns peixes predadores podem comer
os indivíduos mais jovens.

Competição intraespecífica
É um tipo de relação desarmônica, pois indivíduos da mesma
espécie competem pelos recursos do meio. Os seres vivos de uma
mesma espécie podem competir entre si por alimentos, espaço e
luminosidade. É um fator importante no controle do tamanho
de uma população. Nessa interação, ambos os indivíduos são
prejudicados; durante a competição cada indivíduo reduz os
recursos que o outro poderia utilizar.

58
Ecologia I

Algumas plantas do deserto secretam em suas folhas e


raízes uma substância que impede o desenvolvimento
de qualquer planta em suas proximidades, desse modo,
a competição pela água fica reduzida. (SILVA JÚNIOR;
SASSON, 2006).

Outro exemplo é a territorialidade; escolha de um lugar pelo animal


que o defende contra os outros indivíduos da mesma espécie; a
delimitação pode ser feita pelo canto (pássaros), urina etc.

Relações interespecíficas
Ocorrem entre indivíduos de espécies diferentes em uma
comunidade.

Mutualismo
É uma relação harmônica porque ambas as espécies são
beneficiadas: dois seres de espécies diferentes intimamente
associados, vivendo um no corpo do outro e realizando trocas
de alimentos e de produtos do metabolismo que beneficiam
ambos. Essa dependência é de tal ordem que a vida em separado
é impossível.

Bactérias e raízes leguminosas.

É o que ocorre com as bactérias fixadoras estudadas no ciclo do


nitrogênio. As bactérias do gênero Rhizobium vivem nas raízes de
plantas como a soja, o milho e o feijão, e fazem a fixação do N2
atmosférico, transformando‑o em sais nitrogenados; esses sais
são utilizados pela planta. Nessa associação, as plantas fornecem
matéria orgânica para as bactérias. (PAULINO, 2006).

Outros exemplos ocorrem também com os cupins e protozoários:


apesar de se alimentar de madeira, o cupim não é capaz

Unidade 2 59
Universidade do Sul de Santa Catarina

de fabricar a enzima que participa da digestão da celulose,


principal componente da madeira, mas em seu intestino vivem
protozoários que a digerem e a tornam acessível a ambos. Esse
tipo de relação é encontrado também entre muitos mamíferos
ruminantes (como o boi e a cabra) e bactérias que vivem em seu
tubo digestivo.

Líquens: organismos formados pela associação entre certos


fungos e algas clorifíceas ou cianobactérias; sendo autotrófica,
a alga fornece ao fungo parte da matéria orgânica que produz e
dele recebe proteção, umidade e sais minerais.

Os líquens são muito sensíveis à poluição do ar e


funcionam como sinais de alerta: em ambientes
poluídos, a maioria desaparece porque os líquens não
possuem raízes e folhas, estruturas que nos vegetais
atuam como filtros da poluição, e absorvem os
poluentes por toda a superfície.

Micorriza: ocorre entre plantas e certos fungos que crescem na


superfície e no córtex das raízes delas; o fungo facilita a absorção
de sais minerias e decompõe substâncias orgânicas para a planta,
recebendo dela produtos orgânicos resultantes da fotossíntese.

Protocooperação
Em muitos casos, indivíduos de espécies diferentes obtêm
benefícios mútuos sem que haja dependência entre eles (ao
contrário do que ocorre no mutualismo, os indivíduos podem
sobreviver quando isolados). Vejamos alguns exemplos.

Paguro e anêmona.

O paguro (caranguejo também conhecido como


bernardo‑eremita) costuma viver dentro de conchas vazias, nas
quais consegue proteção para seu abdome longo e desprovido
de carapaça. Sobre a concha, ele coloca uma ou mais anêmonas

60
Ecologia I

que, por terem células urticantes, afugentam possíveis predadores


e lhe conferem proteção extra. A anêmona beneficia‑se porque
tem seu campo de alimentação ampliado quando o paguro se
locomove e leva a concha.

Pássaros e mamíferos.

Os pássaros alimentam‑se de carrapatos e de outros parasitas


que vivem no dorso de alguns mamíferos, como o boi, o búfalo,
rinoceronte e o elefante. Além desse benefício, os gritos e os
movimentos dos pássaros servem para indicar que há algum
perigo por perto.

Comensalismo
É uma relação harmônica em que não há prejuízos para as
espécies envolvidas. Neste caso, só uma das espécies é beneficiada
por obter restos alimentares deixados pela outra espécie.

Algumas espécies vivem no intestino humano, como


a Entamoeba coli, que se nutre dos restos alimentares
encontrados no intestino, sem causar nenhum prejuízo.

Inquilinismo
Uma espécie é considerada “inquilina” de outra, trata‑se de uma
relação harmônica, sem prejuízos.

Epífitas (orquídeas) que crescem nos troncos de árvores.

O inquilismo representa uma relação muito próxima e,


às vezes, confundida com o comensalismo. No entanto, o
inquilismo é aquele que utiliza outro organismo como suporte

Unidade 2 61
Universidade do Sul de Santa Catarina

ou moradia. Pequenos peixes do gênero Fieraster (= Carapus)


habitam a cavidade cloacal da holotúria Thyone, mas saem para
alimentar‑se, o que diferencia essa relação do comensalismo.

Várias aves nidificam em buracos de árvores construídos por


pica‑paus e algumas usam ninhos de outras aves para a incubação
e o cuidado do filhote, expulsando os reais donos para fora
do ninho. Esse é muito mais um caso de parasitismo social.
(DIBLASI FILHO, 2007).

Predatismo
Nesse tipo de relação, um organismo (predador) mata outro
(presa) para se alimentar, é um fenômeno muito frequente na
natureza. Um caso bem conhecido ocorre entre mamíferos
carnívoros (predadores) e mamíferos herbívoros (presa).

O herbivorismo ou herbivoria é uma relação semelhante ao


predatismo, que ocorre entre um animal herbívoro e as plantas
das quais se alimenta. No entanto, um animal que come uma
semente ou uma planta inteira se comporta como um predador,
pois destrói um indivíduo (um embrião, no caso de uma
semente), e um animal que come apenas parte de uma planta
(um animal que pasta um arbusto, por exemplo) se comporta
mais como um parasita.

A camuflagem, a coloração de advertência e o mimetismo são três


artifícios usados por presas e predadores: Vejamos a explicação.

Camuflagem: o animal confunde‑se no aspecto ou na cor com


o ambiente em que vive, o que dificulta sua visualização pelo
predador e ou pela presa. Para esta, a camuflagem serve de
defesa, pois a ajuda a se esconder do predador, para aquele, serve
para facilitar sua aproximação até que dê o ataque.

Bicho‑pau e camaleão.

62
Ecologia I

Coloração de advertência: por seu aspecto ou por sua cor, uma


presa adverte o predador de que possui defesas, que podem ser
um gosto ruim ou a liberação de secreções irritantes ou certos
tipos de veneno. A coloração de advertência permite que os
predadores aprendam que as defesas existem e passem a evitar
esses animais, depois que algumas presas são sacrificadas.

Rã que secreta uma substância tóxica em sua pele com


coloração de advertência.

Mimetismo: ocorre quando os indivíduos de uma espécie


se assemelham aos de outra espécie venenosa, não palatável
mimesis = imitação
(que tem gosto ruim) ou perigosa para o predador. Algumas
borboletas não têm gosto ruim, não eliminam substâncias
irritantes, nem são venenosas, mas apresentam a forma ou a
cor daquelas que têm tais defesas. Com esse artifício, o animal
é poupado, pois engana o predador que já teve experiências
desagradáveis com o animal mimetizado.

Parasitismo
Muitos organismos se instalam no corpo de outros seres para
extrair alimento. Esses organismos são chamados de parasitas; os
seres que lhes servem de moradia e dos quais extraem o alimento
são conhecidos como hospedeiros.

Quando o parasita vive na superfície do corpo do


hospedeiro, é chamado de ectoparasita; quando vive
no interior do corpo, endoparasita.

Apesar de não causar a morte, pelo menos imediata de seu


hospedeiro, o parasita enfraquece e prejudica suas funções
orgânicas, sendo responsável por várias doenças. Há parasitas
nos mais variados grupos de organismo, como vírus, bactérias,
protozoários, fungos, vermes, insetos e até mesmo alguns vegetais.

Unidade 2 63
Universidade do Sul de Santa Catarina

Cipó‑chumbo é uma planta sem clorofila que retira as


substâncias orgânicas de outro vegetal.

Apesar de ser clorofilada, a erva‑de‑passarinho precisa obter


em outros vegetais a água e os sais mineriais para realizar
fotossíntese. Dizemos, por isso, que ela é hemiparasita
(hemi = meio, pela metade) e, por comparação, o cipó‑chumbo é
holoparasita (holo = inteiro).

O esclavagismo pode ser considerado uma forma de


parasitismo que ocorre em algumas espécies de formigas, como
a formiga‑sanguinária; elas atacam outras espécies de formigas e
capturam suas larvas e pupas. Depois que crescem, as formigas
capturadas passam a trabalhar como operárias, procurando
comida para alimentar as formigas‑sanguinárias.

Amensalismo
No amensalismo, uma espécie é prejudicada sem que a outra seja
afetada, o caso mais comum é da destruição de plantas, insetos
e pequenos animais do solo quando animais grandes – uma
manada de búfalos ou de elefantes, por exemplo – passam.

Outro caso ocorre durante o fenômeno da maré vermelha,


proliferação excessiva de certas espécies de algas unicelulares (do
grupo dos dinoflagelados) que dá à água coloração avermelhada.
Essas algas produzem toxinas que podem provocar a morte dos
peixes que as ingerem ou que se alimentam de zooplâncton (a
toxina se concentra ao longo da cadeia alimentar). Esse fenômeno
costuma ocorrer na primavera e no verão, quando a proliferação
das algas é muito maior que seu consumo pelo zooplâncton, ou
quando o ecossistema aquático recebe excesso de nutrientes.

64
Ecologia I

Competição interespecífica
Quando duas espécies diferentes que vivem na mesma área
usam o mesmo tipo de alimento ou disputam algum recurso,
estabelece‑se uma comunidade que pode eliminar uma das
espécies da comunidade.

Em 1934, o cientista russo Gause estudou o efeito da competição


interespecífica em duas espécies de Paramercium aurelia e
Paramercium caudatum. Em geral, criados em separado, esses
protozoários crescem até um nível que aparentemente equivale
ao limite da capacidade de sustentação do ambiente. No
experimento de Gause, as duas espécies foram cultivadas juntas.
Maior e de reprodução mais lenta, a Paramercium caudatum
diminuía até se extinguir; a Paramercium aurelia continuava a
crescer até se estabilizar.

Gause concluiu que duas ou mais espécies que


competem por recursos limitados do ambiente
não podem coexistir no mesmo lugar; uma delas
é mais eficiente na conquista desses recursos e se
reproduz mais rapidamente; a outra é eliminada pela
competição. Essa conclusão foi chamada de princípio
de exclusão competitiva ou de Gause.

Outra forma de enunciá‑la é: duas espécies não podem conviver


no mesmo habitat e com o mesmo nicho indefinidamente, pois a
competição será tão grande que apenas uma – a mais adaptada –
sobreviverá. A outra é eliminada ou emigra para outro habitat.

Existem vários casos de animais diferentes que ocupam o


mesmo tipo de nicho em habitats diferentes. Por exemplo, o
pica‑pau vive em várias florestas espalhadas pelo mundo, seu bico
característico permite‑lhe pegar larvas de insetos que estão atrás
da casca das árvores. Nas Ilhas Galápagos, em vez de pica‑pau
há o pássaro‑carpinteiro que, não sendo tão especializado, usa
um espinho de cacto para realizar a mesma tarefa. Costuma‑se
chamar de equivalente ecológico espécies com nichos
semelhantes que vivem em habitats diferentes.

Unidade 2 65
Universidade do Sul de Santa Catarina

Síntese

Os ecossistemas são constituídos, essencialmente, pelos fatores:


abióticos – que em conjunto constituem o biótipo, o ambiente
físico e os fatores químicos e físicos. A radiação solar é um
dos principais fatores físicos dos ecossistemas terrestres, pois é
por meio dela que as plantas realizam fotossíntese, liberando
oxigênio para a atmosfera e transformando a energia luminosa
em química; e bióticos – representados pelos seres vivos que
compõem a comunidade biótica ou biocenoses, compreendendo
os organismos heterótrofos, dependentes da matéria orgânica, e
os autotróficos responsáveis pela produção primária, ou seja, a
fixação do CO2.

Nas comunidades bióticas encontram‑se várias formas de


interações entre os seres vivos que as formam. Tais interações se
diferenciam pelos tipos de dependência que os organismos vivos
mantêm entre si. Observe a tabela seguinte.

Tabela 2.1 ‑ Interações entre os seres vivos

Espécies reunidas Espécies separadas


TIPOS DE RELAÇÕES
A B A B
Inquilinismo + 0 0 0
Comensalismo + 0 0 0
Mutualismo + + – –
Protocooperação + + 0 0
Amensalismo 0 – 0 0
Predatismo + – – 0
Competição – – 0 0
Parasitismo + – – 0

Fonte: Jornal Livre (2007 ‑ 2011).

0: espécies cujo desenvolvimento não é afetado


+: espécie beneficiada cujo desenvolvimento torna‑se possível ou é melhorado
–: espécie prejudicada que tem seu desenvolvimento reduzido.

66
Ecologia I

Atividades de autoavaliação

1) De acordo com o que você estudou sobre os seres vivos e suas relações
ecológicas, assinale V (verdadeiro) ou F (falso) para cada frase seguinte.
( ) O mutualismo é um tipo de relação harmônica interespecífica.
( ) O comensalismo é um tipo de relação desarmônica intra‑específica.
( ) O inquilismo é um tipo de relação harmônica interespecífica.
( ) As colônias são um tipo de relação harmônica intra‑específica.
( ) O parasitismo é um tipo de relação harmônica interespecífica.
( ) O predatismo é um tipo de relação desarmônica interespecífica.

2) Em um ecossistema, há muitos tipos de interação entre os


componentes das diversas espécies. Algumas interações são
mutuamente proveitosas, outras são mutuamente prejudiciais e
outras, ainda, beneficiam apenas uma das espécies, prejudicando ou
não a outra. Desta forma, as interações podem ser classificadas como
harmônicas ou desarmônicas. Justifique esta classificação.

Unidade 2 67
Universidade do Sul de Santa Catarina

Saiba mais
DUVIGNEAUD, F. A síntese ecológica. Lisboa:
SOCICULTUR, 1974.

MACE, M.G. An investigation into methods for categorizing


the conservation status of species. In: EDWARDS et al.
Large‑scale ecology and conservation biology. Oxford:
Blackwell Scientific Publications, 1994. p. 293‑312.

MARTINEZ, Marina. Fatores abióticos. InfoEscola:


Navegando e Aprendendo. 18 jan.2010. Disponível em: <http://
www.infoescola.com/ecologia/fatores‑abioticos/>. Acesso em: 16
jun. 2011

68
3
UNIDADE 3

O fluxo de energia e matéria


por meio dos ecossistemas

Objetivos de aprendizagem
„ Reconhecer que as comunidades estão intimamente
ligadas ao ambiente abiótico por fluxos de energia e
matéria.

„ Compreender que, em ciclos geoquímicos globais, os


nutrientes são movidos por grandes distâncias, por
meio dos ventos na atmosfera e do movimento das
águas de riachos e correntes oceânicas.

„ Reconhecer que os ecossistemas não são


homogêneos, por vários motivos.

„ Reconhecer que, na maioria dos ambientes aquáticos,


as comunidades tendem a refletir condições locais e
recursos, em vez de padrões locais no clima.

Seções de estudo
Seção 1 Produtividade primária

Seção 2 O destino da produtividade primária

Seção 3 O processo de decomposição

Seção 4 O fluxo de matéria por meio dos ecossistemas

Seção 5 Ciclos biogeoquímicos globais

Seção 6 Biomas terrestres

Seção 7 Ambientes aquáticos


Universidade do Sul de Santa Catarina

Para início de estudo


Como todas as entidades biológicas, as comunidades ecológicas,
desde escalas locais até globais, requerem matéria para a sua
construção e energia para suas atividades. Uma comunidade sadia,
tal como um corpo sadio, necessita ser adequadamente alimentada
e hidratada. Precisamos conhecer as vias pelas quais matéria e
energia entram e saem das comunidades ecológicas, bem como
as rotas que elas percorrem e os processos que as afetam. Esse
processo de matéria e energia também está presente nos diferentes
biomas terrestres, tais como desertos e florestas tropicais com seus
agrupamentos característicos de animais e plantas.

Para examinar os processos de ecossistema, é importante


compreender alguns termos‑chave:

„ os corpos dos organismos vivos dentro de uma unidade de


área constituem um suprimento permanente de biomassa;

„ por biomassa, entendemos a massa de organismos por


unidade de área de solo (ou água);

„ na prática, incluímos em biomassa todas aquelas partes,


vivas ou mortas, que estão vinculadas ao organismo vivo.
Deste modo, é convencional considerar todo o corpo de
uma árvore como biomassa, em razão do fato de a maior
parte da madeira ser morta;

„ a produtividade primária de uma comunidade é a taxa


em que a biomassa é produzida por unidade de área pelos
vegetais, os produtores primários;

„ a fixação total de energia pela fotossíntese é referida como


produtividade primária bruta (PPB). Uma proporção
desse total, no entanto, é respirada pela própria planta, e é
perdida pela comunidade como calor respiratório (R);

„ a diferença entre PPB e R é conhecida como


produtividade primária líquida (PPL) e representa
a taxa real de produção de nova biomassa que está
disponível para o consumo de organismos heterotróficos
(bactérias, fungos e animais);

„ a taxa de produção de biomassa por heterótrofos é


denominada de produtividade secundária.
70
Ecologia I

Seção 1 – Produtividade primária


A produção é o conjunto de matéria viva (orgânica) fabricada
pelas diferentes categorias de espécies de um ecossistema. A
produtividade primária traduz‑se pela velocidade de produção de
matéria vegetal seca pelas plantas com clorofila. (INFOPEDIA,
2003‑2011). Lembramos, ainda, que a produtividade primária é
avaliada em gramas de matéria seca ou em calorias, ou, ainda, em
gramas de carbono.

Os fatores de conversão são os seguintes:

„ g de matéria seca = g de carbono x 2,2.

„ g de matéria seca x 4,25 = kcal para os vegetais terrestres.

„ g de matéria seca x 4,9 = kcal para o plâncton e as Coníferas.

„ g de matéria seca x 4,5 = kcal para os vegetais marinhos.

Uma parte da produção primária é consumida por herbívoros,


que, por sua vez, são consumidos por carnívoros. Esses
constituem o “sistema consumidor de matéria viva”. A fração de
PPL que não é consumida por herbívoros, então, deve passar
por meio do sistema decompositor. Distinguimos dois grupos de
organismos responsáveis pela decomposição de matéria orgânica
morta (detrito).

As bactérias e os fungos são chamados de


decompositores, enquanto os animais que consomem
matéria morta são conhecidos como detritívoros.

Nos biomas florestais do mundo existe uma tendência


longitudinal geral de produtividade crescente, partindo das
condições boreais (norte), passando pelas temperadas, até as
tropicais. A mesma tendência pode ocorrer na produtividade de
comunidades de tundra e campo e em diferentes lavouras, mas
existe muita variação. Em ambientes aquáticos, essa tendência é
clara em lagos, mas não em oceanos.

Unidade 3 71
Universidade do Sul de Santa Catarina

A tendência relacionada à latitude sugere que a radiação (um


recurso) e a temperatura (uma condição) podem ser fatores
geralmente limitantes da produtividade de comunidades. Outros
fatores, contudo, podem reprimir a produtividade dentro de
limites ainda mais estreitos. No mar, a produtividade é limitada
com mais frequência pela escassez de nutrientes.

O que, então, limita a produtividade primária?

Em comunidades terrestres, radiação solar, dióxido de carbono,


água e nutrientes do solo são os recursos necessários para a
produção primária, enquanto a temperatura (uma condição)
tem uma forte influência sobre a taxa de fotossíntese. O dióxido
de carbono, em geral, está presente em aproximadamente
0,03% dos gases atmosféricos e parece não desempenhar
qualquer papel significante na determinação de diferenças
entre as produtividades de comunidades diferentes, embora
aumentos globais na concentração de dióxido de carbono possam
determinar grandes mudanças. (KICKLIGHTER et al., 1999).

Por outro lado, a intensidade de radiação, a disponibilidade de


água e de nutrientes e a temperatura podem variar drasticamente
de um local para outro. Todos eles são candidatos para o papel de
fator limitante.

Qual deles de fato estabelece o limite para a


produtividade primária?

As comunidades terrestres usam a radiação de modo ineficiente.


Não há dúvida de que a radiação disponível seria utilizada
mais eficientemente se houvesse um suprimento abundante de
outros recursos. A escassez de água – um recurso essencial como
constituinte de células e para a fotossíntese – é muitas vezes o
fator crítico. Portanto, não surpreende que a precipitação de uma
região esteja intimamente correlacionada com a sua produtividade.
Existe também uma clara relação entre a produtividade primária
líquida acima da sua superfície do solo e a temperatura média
anual, mas observe que as temperaturas mais altas estão associadas

72
Ecologia I

com transpiração rápida e, desse modo, elas aumentam as taxas


nas quais a escassez de água pode se tornar importante.

Água e temperatura são fatores críticos.

A produtividade de uma comunidade pode ser sustentada


somente no período do ano em que as plantas possuem folhagem
fotossinteticamente ativa. As árvores decíduas são limitadas ao
período do ano no qual elas apresentam folhas, ao passo que as
árvores perenifólias mantêm a copa durante o ano (embora em
algumas estações a fotossíntese seja bastante reduzida).

A produtividade primária líquida aumenta com a


duração da estação de crescimento.

Mesmo que haja grande incidência de luz, que as precipitações


sejam frequentes e que a temperatura seja uniforme, a
produtividade será baixa se não houver solo em uma comunidade
terrestre ou se o solo for deficiente em nutrientes minerais
essenciais. De todos os nutrientes minerais, o que tem maior
influência sobre a produtividade de uma comunidade é o
nitrogênio fixado.

A produtividade primária líquida pode ser baixa


porque os recursos minerais apropriados são baixos.

De fato, no curso de um ano, a produtividade de uma


comunidade terrestre pode ser limitada por uma sucessão de
fatores. Por vários motivos, a produtividade de comunidades
campestres pode ficar bem abaixo do máximo teórico: os invernos
são demasiadamente frios e a incidência de radiação é baixa, os
verões são muito secos e a taxa de mobilização do nitrogênio é
muito lenta.

Em comunidades aquáticas, os fatores que mais frequentemente


limitam a produtividade primária são a disponibilidade de

Unidade 3 73
Universidade do Sul de Santa Catarina

nutrientes (nitrato e fosfato) e a intensidade de radiação solar que


penetra na coluna d’água. As comunidades aquáticas produtivas
ocorrem onde, por uma razão ou outra, as concentrações de
nutrientes são altas.

Uma sucessão de fatores pode limitar a produtividade


primária durante o ano.

Nos oceanos, níveis de produtividade primária localmente


altos estão associados a altas entradas de nutrientes oriundos
de duas fontes. Primeiro, os nutrientes de estuários podem
fluir continuamente para regiões da plataforma costeira. A
produtividade no interior da região da plataforma é especialmente
alta, porque as concentrações de nutrientes são altas e a água
relativamente clara fornece uma profundidade razoável, dentro
da qual a fotossíntese líquida é positiva (a zona eufótica). As
zonas menos produtivas são as de oceano aberto, onde existem,
geralmente, concentrações de nutrientes extremamente baixas,
embora a água seja clara e a zona eufótica, profunda.

Comunidades aquáticas produtivas ocorrem onde as


concentrações de nutrientes são altas.

Seção 2 – O destino da produtividade primária


Todos os organismos necessitam de energia para sobreviver, obtida
a partir do alimento que retiram do ambiente. Dessa forma, a
matéria está sempre seguindo um fluxo em um ecossistema. O fluxo
de energia começa no produtor e vai em direção ao decompositor,
passando por vários níveis tróficos. Os decompositores reciclam
a matéria orgânica, recomeçando o ciclo. A transferência dessa
Nível de nutrição a que pertence
um indivíduo ou uma espécie, que
energia, desde o produtor (organismo autótrofo) até o decompositor,
indica a passagem de energia entre passando por uma série de consumidores, é chamada de cadeia
os seres vivos num ecossistema. alimentar ou cadeia trófica. (GONÇALVES, 2007).

74
Ecologia I

Os fungos, os animais e a maioria das bactérias são heterótrofos,


eles obtêm sua matéria e energia diretamente por consumo de
material vegetal ou indiretamente de vegetais pelo consumo
de outros heterótrofos. Os vegetais, os produtores primários,
compreendem o primeiro nível trófico em uma comunidade; os
consumidores primários ocorrem em um segundo nível trófico;
os consumidores secundários (os carnívoros), no terceiro, e assim
por diante.

Como a produtividade secundária depende da primária,


deveríamos esperar uma relação positiva entre as duas variáveis
em comunidades.

Em comunidades aquáticas e terrestres, a produtividade


secundária por herbívoros é um décimo da produtividade
primária sobre a qual ela está baseada. Disso resulta uma
estrutura piramidal, em que a produtividade de plantas
proporciona uma base ampla da qual depende uma produtividade
menor de consumidores primários, com uma produtividade ainda
menor de consumidores secundários sobre ela.

Os níveis tróficos também podem ter uma estrutura piramidal,


quando expressos em termos de densidade ou biomassa.
Mas as cadeias alimentares que dependem do fitoplâncton
frequentemente têm pirâmides de biomassa invertidas; uma
biomassa de células de algas de vida curta, altamente produtiva,
mas pequena, mantém uma biomassa maior de zooplâncton de
vida mais longa.

A produtividade de herbívoros é invariavelmente menor do que a


das plantas que eles consomem.

Para onde vai a energia perdida?

„ Primeiro: nem toda biomassa vegetal é consumida viva


por herbívoros, boa parte morre antes d\e ser pastejada e
sustenta uma comunidade de decompositores (bactérias e
fungos) e animais detritívoros.

Unidade 3 75
Universidade do Sul de Santa Catarina

„ Segundo: nem toda biomassa vegetal comida por


herbívoros (nem a biomassa de herbívoros comida por
carnívoros) é assimilada e disponível para ser incorporada
à biomassa do consumidor, parte é perdida nas fezes, o
que também passa para os decompositores.

„ Terceiro: nem toda energia que foi assimilada é


efetivamente convertida em biomassa, uma proporção
dela é perdida como calor respiratório.

Essas três rotas de energia ocorrem em todos os níveis tróficos.

As proporções de produção primária líquida que fluem ao


longo de cada uma das possíveis rotas de energia dependem das
eficiências de transferência de uma etapa para outra. Precisamos
conhecer as três categorias de eficiência de transferência para
poder prever o modelo de fluxo de energia.

Eficiência de consumo (EC): é a porcentagem da produtividade


total disponível em um nível trófico que é consumida (ingerida),
por um nível trófico acima.

Para consumidores primários, a EC é a porcentagem


de joules produzida por unidade de tempo, como
produtividade primária líquida que penetra no
intestino dos herbívoros. No caso de consumidores
secundários, ela é a porcentagem da produtividade de
herbívoros consumidos por carnívoros.

Eficiência de assimilação (EA): é a porcentagem de energia


alimentar nos intestinos de consumidores em um compartimento
trófico que é assimilada por meio da parede intestinal e torna‑se
disponível para incorporação no crescimento ou é utilizada para
realizar o trabalho.

As bactérias e os fungos digerem matéria orgânica


morta situada externamente e entre eles, e tipicamente
absorvem quase toda a produção; frequentemente, diz‑se
que eles têm uma eficiência de assimilação de 100%.

76
Ecologia I

Eficiência de Produção (EP): é a porcentagem de energia


assimilada incorporada à nova biomassa ‑ o restante é
inteiramente perdido para a comunidade como calor respiratório.
A eficiência da produção varia principalmente de acordo com a
categoria taxonômica dos organismos considerados.

Os invertebrados, em geral, têm eficiências altas


(30‑40%), perdendo relativamente pouca energia
com o calor respiratório. Entre os vertebrados, os
ectotérmicos (cuja temperatura do corpo varia de
acordo com a temperatura ambiental) têm valores
intermediários de EP (ao redor de 10%), enquanto
os endotérmicos, com seu alto dispêndio de energia
associado à manutenção de uma temperatura
constante, convertem em produção apenas 1‑2% da
energia assimilada. Os microrganismos, incluindo os
protozoários, tendem a ter eficiências de produção
bastante altas.

Eficiência de Transferência Trófica (ETT): total de um


nível trófico para o próximo é simplesmente EC x EA x EP.
Geralmente, a eficiência de transferência trófica é de
aproximadamente 10%. Contudo, certamente não há lei da
natureza que assegure com precisão que um décimo de energia de
um nível trófico seja transferido para o próximo.

Uma compilação de estudos tróficos de uma ampla


série de ambientes de água doce e marinho, por
exemplo, revelou que as eficiências de transferência de
nível trófico variaram entre 2 e 24%, embora a média
fosse de 10,13%.

O sistema decompositor é, provavelmente, responsável pela


maioria da produção secundária e, consequentemente, da
perda de calor respiratório, em cada comunidade no mundo.
Os “consumidores de matéria viva” têm seu papel maior em
comunidades planctônicas, nas quais uma grande proporção
de PPL é consumida e assimilada em eficiência alta. O
sistema “consumidor de matéria viva” tem influência pequena
em comunidades terrestres porque são baixos o consumo de

Unidade 3 77
Universidade do Sul de Santa Catarina

herbívoros e as eficiências de assimilação. Além disso, o sistema


é quase inexistente em muitos riachos e reservatórios pequenos,
simplesmente porque a produtividade primária é muito baixa.
Esses últimos, muitas vezes dependem, para sua base de energia,
da matéria orgânica morta do ambiente terrestre, que é lixiviada
ou carregada para a água.

Seção 3 – O processo de decomposição


Devido à profunda importância do sistema decompositor e,
por conseguinte, dos decompositores (bactérias e fungos) e
detritívoros, é relevante examinar a série de organismos e
processos envolvidos na decomposição.

Define‑se decomposição como a desintegração


gradual de matéria orgânica morta (isto é, corpos
mortos, partes removidas de corpos e fezes) que é
realizada por agentes físicos e biológicos.

A decomposição pode ainda ser considerada como o processo


de transformação da matéria orgânica em minerais, que podem
ser assimilados pelas plantas para a produção de matéria viva,
fechando, assim, os ciclos biogeoquímicos, que você estudará na
seção 5 desta unidade.

Os decompositores: bactérias e fungos

„ Se um animal que se alimenta de carniça, como um


abutre ou um besouro de cemitério, por exemplo, não
consumir imediatamente o recurso morto, o processo de
decomposição geralmente começa com a colonização de
bactérias e fungos.

„ Os esporos de bactérias e fungos, sempre presentes no ar


e na água, frequentemente ocorrem sobre material morto
(e muitas vezes dentro dele), antes da sua morte.

78
Ecologia I

„ Os primeiros colonizadores tendem a utilizar materiais


solúveis, principalmente aminoácidos e açúcares, que
são difusíveis livremente; os recursos residuais, por outro
lado, não são difusíveis, sendo mais resistentes ao ataque.

„ Portanto, a decomposição subsequente procede mais


devagar e envolve especialistas microbianos, que podem
decompor substâncias orgânicas estruturais (celulose e
ligninas, por exemplo) e estruturas complexas, tais como
suberina (súber e cutícula).

Os detritívoros e microbívoros especialistas

„ Os microbívoros constituem um grupo de animais


que operam ao lado dos detritívoros, podendo ser
confundidos com eles; o nome microbívoro é reservado
a animais diminutos, especializados em se alimentar de
bactérias e fungos, mas capazes de eliminar detritos dos
seus intestinos.

„ Os animais detritívoros, em sua maioria, são consumidores


generalistas de detritos e de populações bacterianas e
fúngicas associadas; os invertebrados que participam da
decomposição de materiais vegetais e animais mortos
formam um grupo taxonomicamente heterogêneo.

„ Em ambientes terrestres, eles são geralmente classificados


de acordo com o seu tamanho; isso não constitui uma
base arbitrária de classificação, porque tamanho é uma
característica importante de organismos que alcançam
seu recurso escavando ou rastejando entre as fendas de
serrapilheira ou do solo.
Serrapilheira é a vegetação
„ Na ecologia de água doce, o estudo de detritívoros tem‑se
rasteira e rala da mata
ocupado menos com o tamanho dos organismos do que virgem; pequena raiz
com as maneiras pelas quais eles obtêm seu alimento. da árvore que aparece
à flor da terra.

Os cortadores, por exemplo, são detritívoros que se


alimentam de partes grosseiras de matéria orgânica,
tais como folhas de árvores que caem em um rio; esses
animais fragmentam o material em partículas mais finas.

Unidade 3 79
Universidade do Sul de Santa Catarina

„ Por outro lado, os coletores filtradores, tais como as


larvas de borrachudo em rios, consomem as partes
finas de matéria orgânica, que, de outro modo, seriam
transportadas pela corrente.

„ Devido à densidade muito alta (às vezes, cerca de


600.000 larvas de borrachudo por metro quadrado de
leito de rio), uma quantidade muito grande de matéria
particulada é convertida pelas larvas em pelotas fecais.

„ As pelotas fecais são muito maiores do que o alimento


particulado das larvas e, assim, são mais provavelmente
depositadas sobre o leito do rio, especialmente em partes
onde o fluxo é mais lento.

Consumo de restos vegetais

„ Os dois principais componentes orgânicos de folhas


mortas e de madeira são a celulose e a lignina, essas
substâncias tornam‑se problemas digestivos consideráveis
para animais consumidores.

„ A digestão da celulose requer enzimas celulases, mas as


celulases de origem animal têm sido identificadas em
apenas uma ou duas espécies; a maioria dos detritívoros,
carente de suas próprias celulases, conta com a produção
de celulases de bactérias e fungos associados ou, em
alguns casos, de protozoários.

„ As interações são dos seguintes tipos: mutualismo


obrigatório – entre um detritívoro e uma microflora
intestinal específica e permanente (bactérias, por
exemplo); mutualismo facultativo – em que os animais
utilizam celulases produzidas por uma microflora
ingerida com detrito que passa por meio de um intestino
não especializado; rumens externos – em que os animais
simplesmente assimilam os produtos da microfloras
produtora de celulase associada com restos vegetais em
decomposição ou fezes.

80
Ecologia I

Consumo de fezes e carniça

„ O estrume de vertebrados carnívoros é um material de


qualidade relativamente baixa, os carnívoros assimilam
o seu alimento com eficiência alta (geralmente, 80%
ou mais é digerido) e suas fezes retêm apenas os
componentes menos digeríveis; sua decomposição é
provavelmente efetuada quase que inteiramente por
bactérias e fungos.

„ O estrume de herbívoros, ao contrário, ainda contém


matéria orgânica em abundância, e é suficientemente
distribuído no ambiente para sustentar sua própria fauna
característica, que consiste em visitantes ocasionais, mas
com vários consumidores de estrume específicos.

Estrume de elefante ‑ poucos minutos após realizado


o depósito de estrume, a área fica infestada de
besouros; os besouros adultos se alimentam de
estrume, mas eles também enterram grandes
quantidades de seus ovos a fim de proporcionar
alimento para as larvas em desenvolvimento.

Ao considerar a decomposição de corpos mortos, é oportuno


distinguir três categorias de organismos que atacam as
carcaças: decompositores (bactérias e fungos), os detritívoros
invertebrados e os vertebrados consumidores de carniça
que são, muitas vezes, de importância considerável. Muitas
carcaças suficientes para uma única refeição de um ou poucos
desses detritívoros consumidores de carniça serão removidas
completamente logo após a morte, restando nada para bactérias,
fungos ou invertebrados.

Unidade 3 81
Universidade do Sul de Santa Catarina

Seção 4 – O fluxo de matéria por meio dos ecossistemas


Os elementos e compostos químicos são vitais para os processos
de vida. Quando os organismos vivos gastam energia (todos eles
fazem continuamente), eles procedem assim essencialmente, a fim
de extrair substâncias químicas do seu ambiente, para se manter e
para usá‑las por um período antes que eles as percam novamente,
desse modo, as atividades dos organismos influenciam
profundamente os modelos de fluxo de matéria química.

O grande componente da matéria viva em qualquer comunidade é a


água. O resto é constituído principalmente de compostos de carbono,
e essa é a forma em que a energia é acumulada e armazenada.

O carbono entra na estrutura trófica de uma comunidade


quando uma molécula simples, dióxido de carbono, é absorvida
na fotossíntese. Uma vez transformada em calor, a energia não
pode mais ser usada por organismos vivos para realizar trabalho
ou como combustível para a biomassa. O calor é finalmente
perdido para a atmosfera e não pode ser reciclado. A vida na
Terra só é possível porque um novo suprimento de energia solar é
disponibilizado todos os dias.

A energia luminosa do Sol é transformada em energia química


e armazenada nos compostos orgânicos produzidos pela
fotossíntese. Boa parte desses compostos é consumida na
respiração das plantas e eliminada na forma de gás carbônico,
água e outras substâncias minerais. Desse modo, a planta
consegue energia para seu metabolismo: parte dessa energia sai
da planta na forma de calor; o restante da matéria orgânica passa
a fazer parte do corpo do organismo (raízes, caule e folhas, no
caso dos vegetais superiores).

A parte da matéria orgânica e da energia que fica retida nos


autotróficos compõe o alimento disponível para os consumidores.
Uma parte das substâncias ingeridas por um animal é eliminada
nas fezes e na urina, outra é oxidada na respiração para a
produção da energia necessária às atividades do organismo. Esses
processos se repetem em todos os níveis da cadeia alimentar.

82
Ecologia I

Seção 5 – Ciclos biogeoquímicos globais


Os ciclos biogeoquímicos são processos naturais que reciclam
elementos em diferentes formas químicas do meio ambiente para
os organismos, e, depois, vice‑versa. Água, carvão, oxigênio,
nitrogênio, fósforo e outros elementos percorrem esses ciclos,
unindo os componentes vivos e não vivos da Terra.

Sendo a Terra um sistema dinâmico, em evolução, o movimento


e a estocagem de seus materiais afetam todos os processos físicos,
químicos e biológicos.

Um ciclo biogeoquímico é o movimento ou o ciclo de um


determinado elemento ou elementos químicos por meio
da atmosfera, hidrosfera, litosfera e biosfera da Terra.
(ARRÉBOLA, [200‑]).

A seguir, vamos estudar o ciclo do carbono, do oxigênio, da água


e do nitrogênio.

Ciclo do carbono
O carbono é o elemento químico fundamental dos compostos
orgânicos, cujos ciclos consistem na assimilação (fixação)
dos átomos contidos nas moléculas simples de gás carbônico
presente na atmosfera (CO2) e convertidos em substâncias mais
elaboradas (carboidratos, proteínas), a partir do metabolismo
fotossintético realizado pelos organismos autotróficos.
(FONSECA, 2002‑2010).

As cadeias de carbono que formam as moléculas orgânicas são


fabricadas pelos seus autotróficos por meio da fotossíntese, na
qual ocorre absorção de gás carbônico do ambiente. Dessa forma,
o carbono passa a circular pela cadeia alimentar. Sua volta ao
ambiente se dá na forma de gás carbônico, por meio da respiração
de praticamente todos os seres vivos (microorganismos, animais
e vegetais), da decomposição de seus corpos após a morte e da
combustão da matéria orgânica.

Unidade 3 83
Universidade do Sul de Santa Catarina

Contudo, a queima de combustíveis fósseis, como o carvão


mineral e o petróleo, utilizados em termelétricas e veículos
automotivos, colabora consideravelmente com a emissão de
gás carbônico no ambiente, causando gradual elevação da
temperatura média global, decorrente do efeito estufa.

Figura 3.1 ‑ Ciclo do carbono


Fonte: Heinrich e Hergt (1990).

Ciclo do oxigênio
O gás oxigênio é produzido durante a construção de moléculas
orgânicas pela fotossíntese e consumido quando essas moléculas
são oxidadas na respiração ou na combustão. São diversas as
substâncias utilizadas pelos seres vivos que apresentam oxigênio
em sua composição, como, por exemplo, a água (H2O) e (CO2).
Assim como para o carbono e o nitrogênio, a atmosfera é o
principal reservatório de oxigênio para os seres vivos, sendo o
oxigênio responsável por cerca de 21% da composição do ar.

O oxigênio também encontra‑se dissolvido na água e é utilizado


para a respiração dos organismos aquáticos. Ele pode ser
consumido da atmosfera por meio da respiração dos seres vivos,

84
Ecologia I

pelo processo de combustão, pela formação de gás ozônio (O3),


devido à ação dos raios ultravioletas do sol e também formando
óxidos metálicos que combinam com metais existentes no solo. A
atividade fotossintética dos seres produtores reabastece o oxigênio
existente na atmosfera.

Figura 3.2 ‑ Ciclo do oxigênio


Fonte: Linhares e Gewandsznajder (2006).

Ciclo da água
Cerca de 71% da superfície da Terra é coberta por água em
estado líquido. Do total desse volume, aproximadamente 97%
estão nos oceanos. Cerca de 2% da água do planeta está no estado
sólido, na forma de grandes massas de gelo nas regiões próximas
aos polos e no topo de montanhas muito elevadas. A água doce
(com concentração de sais inferior a 0,5 g/L) e no estado líquido
está nos rios, nos lagos e nas represas, infiltrada nos espaços do
solo e das rochas, nas nuvens e nos seres vivos, e corresponde a
apenas 1% do total de água no planeta.

A energia solar desempenha um papel importante no ciclo da


água. A água em estado líquido sofre constante evaporação
e penetra na atmosfera. Nas camadas mais altas e mais frias
da atmosfera, o vapor de água se condensa e forma nuvens; as
gotas de água nas nuvens são tão pequenas que a turbulência e
as correntes de ar as mantêm flutuando. Quando várias gotas
se juntam, elas podem ficar muito pesadas para se manter no
ar e se precipitam na forma de chuva, neve ou granizo. Pelo
escoamento superficial, a água pode formar rios e lagos e voltar
para o oceano. Pode também infiltrar‑se no solo e formar os
lençóis subterrâneos ou freáticos, água que passa aos poucos para

Unidade 3 85
Universidade do Sul de Santa Catarina

os rios, lagos e mares; ela pode sair também em alguns pontos da


superfície do solo e formar as fontes de água ou ser retirada pelas
raízes das plantas ou pelos poços cavados pelo ser humano. O
ciclo da água pode ser de dois tipos:

Figura 3.3 ‑ Ciclo hidrológico


Fonte: Perlman (2011).

Curto ou pequeno ‑ ocorre pela evaporação da água


dos oceanos, rios, mares e lagos e sua volta à superfície
da Terra na forma de chuva e neve.

Longo ou grande ‑ a água passa pelo corpo dos seres


vivos antes de voltar ao ambiente; é retirada do solo
pelas raízes dos vegetais; utilizada na fotossíntese;
pode, pela cadeia alimentar, ir para o corpo dos animais;
volta para a atmosfera por meio da transpiração ou
da respiração e para o solo na urina, nas fezes ou pela
decomposição das folhas e dos cadáveres.

Ciclo do nitrogênio
A atmosfera terrestre é o maior reservatório de nitrogênio do
planeta, que se encontra na forma de gás nitrogênio (N2). A
maioria dos seres vivos não consegue utilizar o nitrogênio na

86
Ecologia I

forma molecular, como é encontrado no ar atmosférico. Existem


poucas bactérias, conhecidas como fixadoras de nitrogênio, que
são capazes de captar e fixar o nitrogênio do ar.

Fixação do nitrogênio: bactérias de vida livre como as do gênero


Azotobacter e Clostridium, as cianobactérias e bactérias do gênero
Rhizobium que vivem em raízes de plantas leguminosas, como a
soja, transformam o nitrogênio da atmosfera em amônia (NH4).
A amônia é também liberada pela excreção animal, como a ureia
e o ácido úrico. A morte de animais e plantas também libera
resíduos nitrogenados, que são decompostos pelos decompositores
produzindo amônia. Parte dessa amônia pode ser utilizada
diretamente pelas plantas, absorvida das raízes.

O ciclo do nitrogênio compõe‑se das seguintes etapas:

„ nitrificação: a maior parte da amônia do solo é transformada


em nitritos por bactérias do gênero Nitrosomonas e
Nitorsococus, chamadas de bactérias nitrificantes, e depois
em nitratos pelas bactérias Nitrobacter. Os nitratos são
absorvidos pelos vegetais para fabricação de proteínas;

„ desnitrificação: parte dos nitratos é também absorvida por


bactérias denitrificantes que transformam esses nitratos
em nitrogênio, devolvendo‑o para a atmosfera.

Figura 3.4 ‑ Ciclo do nitrogênio


Fonte: Ciclos Biogeoquímicos ([200‑]).

Unidade 3 87
Universidade do Sul de Santa Catarina

Ciclo do fósforo
Além da água, do carbono, do nitrogênio e do oxigênio,
o fósforo também é importante para os seres vivos. Esse
elemento químico participa estruturalmente de moléculas
fundamentais do metabolismo celular, como fosfolipídios,
coenzimas e ácidos nucleicos.

O ciclo do fósforo, em certos aspectos, é mais simples do que


o de nitrogênio e carbono, pois não existem muitos compostos
gasosos de fósforo, portanto, esses não passam pela atmosfera,
e também porque somente um composto de fósforo é realmente
importante para os seres vivos, o íon fosfato (PO4‑2).

Os grandes reservatórios de fósforo são as rochas e outros


depósitos formados durante as eras geológicas. Esses
reservatórios, devido ao intemperismo, pouco a pouco
fornecem o fósforo para os ecossistemas, local onde ele é
Conjunto de processos
condicionados pela ação de
absorvido pelos vegetais e, posteriormente, transferido aos
agentes atmosféricos e biológicos animais superiores e, por consequência, ao homem, via cadeia
que ocasionam a destruição alimentar.
física e a decomposição química
de minerais e rochas. O fósforo retorna ao meio pela ação de bactérias fosfolizantes,
como a Eubacillus e Bacillus, e fungos, como Saccharomyces e
Penicillium. (DAJOZ, 2005).

As aves marinhas desempenham um papel importante na


restituição do fósforo marinho para o ambiente terrestre, pois,
ao se alimentarem de peixes marinhos e excretarem em terra
firme, trazem o fósforo de volta ao ambiente terrestre. Ilhas
próximas ao Peru, cobertas de guano (excremento das aves),
mostram o quanto as aves são importantes para a manutenção
do ciclo. (AZEVEDO, 2009).

A seguir, na Figura 3.5, você pode observar o esquema do ciclo


do fósforo na natureza.

88
Ecologia I

Figura 3.5‑ Ciclo do fósforo


Fonte: Azevedo (2009).

Ciclo do enxofre
O enxofre participa como constituinte dos seres vivos, estando
presente em proteínas e aminoácidos essenciais ao nosso corpo.
Ele apresenta um ciclo que se passa entre o ar e os sedimentos.
Diversos organismos conduzem o enxofre sobre a forma
sulfúrica, que é retomada pelos vegetais. A bactéria Beggiatoa
detém a oxidação do enxofre no estágio de ácido sulfídrico (H2S),
enquanto a bactéria Thiobaccillus e o fungo Aspergillus vão até o
estágio sulfato (SO4‑2). (DAJOZ, 2005).

O ciclo global do enxofre compreende um conjunto de


transformações entre as espécies de enxofre presentes na litosfera,
hidrosfera, biosfera e atmosfera, conforme Figura 3.7. Compostos
reduzidos de enxofre, principalmente o sulfeto de hidrogênio
(H2S), são formados por atividade bacteriana anaeróbica no
processo de oxidação de carbono orgânico a dióxido de carbono
e redução de sulfato (SO4‑2) a sulfeto (S‑2). Parte desse enxofre,
ao reagir com íons metálicos, é fixada na litosfera, na forma de
rochas e sedimentos. (MARTINS et al., [200‑]).

Unidade 3 89
Universidade do Sul de Santa Catarina

Figura 3.6 ‑ Ciclo do enxofre


Fonte: Martins et al. ([200‑])

O processo de queima de carvão e óleo combustível em


indústrias e usinas interfere no ciclo do enxofre, liberando
dióxidos de enxofre (SO2), que tem potenciais danosos ao
organismo, além de provocar, em certas situações, o que se
denomina de “chuva ácida”, ou seja, manifestações de poluição
por compostos de enxofre.

Seção 6 – Biomas terrestres


O ambiente é formado por uma grande variação de seres vivos
(bióticos) e não vivos (abióticos) que se inter‑relacionam, seja
como alimento um para o outro (cadeia alimentar), fertilizando
o solo (produção de húmus) ou por meio de sua reprodução
(polinização de flores), sendo que cada espécie, dentro do
contexto ambiental, tem um papel fundamental a cumprir, seja
essa espécie animal, vegetal ou um microrganismo.

Atualmente, o Brasil é considerado um dos países mais ricos


do mundo em biodiversidade, concorrendo diretamente com a
Indonésia para ser considerado a nação mais rica em diversidade
90
Ecologia I

biológica do mundo. Estimativas dizem que o Brasil contém


cerca de 13% da biota mundial.

Essa grande diversidade brasileira se deve muito ao fato de


sua área chegar a aproximadamente 8,5 milhões de km2,
sendo considerado o quinto maior país do mundo em extensão
territorial e o maior entre os países tropicais. A grande extensão
territorial possibilita a existência de várias zonas climáticas
que incluem o trópico no Norte, o semiárido no Nordeste e o
temperado no Sul. Essas diferenças climáticas contribuem para a
formação de zonas biogeográficas chamadas bioma.

Biomas: são grandes ecossistemas constituídos


por comunidades que atingiram o estágio‑clímax,
tendo aspecto homogêneo e condições climáticas
semelhantes em toda a sua extensão.

Vários fatores ambientais são necessários para que essas condições


favoreçam a manutenção dos biomas, como: latitude, regime
de chuvas, temperaturas médias, entre outros. Um bioma pode
ser terrestre ‑ como uma floresta; aquático ‑ como um lago; ou
litorâneo ‑ como os manguezais.

Veremos agora os principais tipos de biomas existentes no


território brasileiro, que são mostrados na figura a seguir.

Figura 3.7 ‑ Mapa dos biomas brasileiros


Fonte: IBGE (2004).

Unidade 3 91
Universidade do Sul de Santa Catarina

1. Caatinga
O termo caatinga tem origem do Tupi‑Guarani e significa
“mata‑clara”, sendo um bioma exclusivamente brasileiro que se
estende pelos seguintes estados: Maranhão, Piauí, Ceará, Rio
Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Sergipe, Alagoas,
Bahia e norte de Minas Gerais, ocupando uma área de
aproximadamente 735 mil km2, representando cerca de 13% da
área total do Brasil.

Está localizada em regiões muito parecidas, com desertos, chuvas


escassas e temperatura média de 250C, com pouca variação anual;
apresenta ainda ventos fortes e secos. Sendo a estação de seca
bem longa, as árvores e arbustos perdem suas folhas como meio
de se preservar da perda de água para conseguir sobreviver ao
grande período de estiagem; quando as chuvas aparecem, o verde
volta a surgir nesse ecossistema.

Possui, também, uma vegetação típica das cactáceas, além de


plantas xeromórficas, que apresentam adaptações para evitar
a perda de água por transpiração. Dentre essas adaptações,
podemos citar: transformação da folha em espinhos, caules
suculentos com capacidade de armazenar água e raízes bem
desenvolvidas para a retirada de água do solo.

A Caatinga é muito rica em biodiversidade, tanto vegetal quanto


animal, sobretudo de insetos. É por isso que o sul do Piauí, por
exemplo, é muito favorável à criação de abelhas. Nos períodos
sem chuva, cerca de 8 meses por ano, ela “adormece” e suas
folhas caem. Depois, com a primeira chuva, ela “ressuscita”. É
a essa lógica que seus habitantes têm que se adaptar. Portanto,
aqueles que ainda acham essa região inviável, ou a têm como
um deserto, demonstram um profundo desconhecimento da
realidade brasileira.

Cerca de 28 milhões de brasileiros habitam esse bioma, sendo que


aproximadamente 38% vivem no meio rural. Essa população tem
um dos piores IDHs de todo o planeta. (MALVEZZI, [200‑]).

92
Ecologia I

2. Floresta amazônica
Também chamada de floresta pluvial tropical, está situada em
uma região de clima quente e alto índice pluviométrico, com
temperatura variando de 250 até 280C, oscilando pouco durante
o dia e a noite. É considerada a maior floresta tropical existente,
apresentando cerca de 21 mil espécies vegetais catalogadas e cerca
de um quinto de toda água doce do planeta. A floresta amazônica
abrange toda a região Norte do Brasil, estando presente nos
seguintes estados: Acre, Amazonas, Amapá, Goiás, Mato
Grosso, Pará, Rondônia, Roraima e norte do Tocantins.

Mesmo após muita devastação, a floresta amazônica ainda é


considerada a maior floresta equatorial do mundo e apresenta
as seguintes características: possui grande variedade de espécies
vegetais, sendo assim considerada heterogênea; tem um ambiente
de alta umidade, daí o nome higrófita; apresenta árvores com
folhas largas e grandes, por isso latifoliada; apresenta‑se perene e
compacta, ou seja, sempre está verde e com alta densidade.

Em função da grande variedade de espécies vegetais, esse bioma


tornou‑se conhecido mundialmente como uma das maiores
reservas de biodiversidade do planeta. É considerada como se
fosse o “ar‑condicionado” do mundo, pois, devido à grande
quantidade de vegetais, apresenta capacidade de renovação do ar,
além de retirar o CO2 excedente do ar.

3. Cerrado
Campo cerrado ou apenas cerrado é o bioma típico da área
central do Brasil, que compreende o Distrito Federal e os estados
de Goiás, Tocantins, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, parte
da Bahia, além de uma pequena parte de São Paulo e Paraná.
As regiões apresentam um clima tropical semiúmido, com
temperatura média de 26°C e uma estação seca e outra chuvosa,
muito bem definidas.

No cerrado, encontramos as nascentes de alguns dos maiores rios


brasileiros e algumas das bacias hidrográficas mais importantes
da América do Sul (Tocantins, São Francisco e Prata), sendo, por

Unidade 3 93
Universidade do Sul de Santa Catarina

isso, considerado como o bioma “berço das águas”, favorecendo a


variação e manutenção da biodiversidade local.

O cerrado, apesar de não aparentar, apresenta uma alta


biodiversidade, na qual podemos incluir frutos como o araçá e
buriti. Estimativas afirmam que no cerrado encontramos cerca
de 10 mil espécies de vegetais, muitas das quais têm grande
importância industrial, como cortiças, fibras e óleos, até espécies
de importância medicinal e alimentícia.

4. Campos sulinos
Campos sulinos ou campos limpos ou ainda, como são mais
conhecidos, Pampas, que têm o nome de origem indígena,
siginificando “região plana”, é o bioma típico do estado do Rio
Grande do Sul, com extensões em países como o Uruguai e a
Argentina. Essa região tem um clima em que a temperatura
varia de 11°C no inverno até 22°C no verão, o que possibilita
ótimas condições para o desenvolvimento da agricultura e da
pecuária. Isso levou a uma grande destruição da vegetação nativa
desse bioma.

As chuvas se distribuem de maneira regular durante todo o


ano, o que ajuda ainda mais no desenvolvimento da agricultura.
Além disso, esse tipo de clima auxilia no desenvolvimento e no
crescimento das árvores.

Próximo à região litorânea, encontramos formações denominadas


de banhados, que são caracterizados por ecossistemas alagados
com densa vegetação de junco, gravatás e aguapés. Essa formação
cria habitat ideal para garças, marrecas, veados, onças‑pintadas,
lontras e capivaras. (WWF, [200‑]).

5. Mata Atlântica
Esse bioma compreende as bacias de alguns grandes rios
brasileiros, como o Paraná, o Paraíba do Sul, o Uruguai e
o Tietê. A Mata Atlântica é considerada a região de maior
diversidade biológica do Brasil e uma das maiores do planeta,
tanto que foi declarada pela UNESCO (Organização das Nações
94
Ecologia I

Unidas para a Educação, a Ciência e Cultura) como Reserva


da Biosfera, Patrimônio da Humanidade; porém, ela tem sido
ameaçada pela ação antrópica.

Apresenta uma variação de temperatura muito grande em função


de sua extensão territorial, além de grande índice pluviométrico,
quase semelhante ao da Floresta Amazônica. Dentro da Mata
Atlântica encontramos um bioma adaptado à zona de transição
entre o mar e a terra firme, o mangue ou manguezal, que é
caracterizado por apresentar um solo lodoso e salgado.

Em função da grande disponibilidade de nutrientes minerais


e orgânicos, o mangue é considerado uma grande fonte de
alimentos para espécies animais marinhas como peixes,
crustáceos e moluscos, além de ser uma região própria para que
esses animais permaneçam durante a fase inicial de sua vida.

6. Pantanal
Vasta planície de inundação, caracterizando bioma terrestre e aquático
coexistindo em uma mesma região, sendo considerada a maior área
úmida continental do planeta, localizada mais especificamente nos
estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. (WWF, [200‑]).

Essa planície é cortada por inúmeros rios, entre os quais está o rio
Paraguai e o Paraná, e o que caracteriza o Pantanal são as cheias
anuais desses rios, que podem ser mais ou menos pronunciadas.
No período de chuva, entre novembro e abril, os rios extravasam
os leitos e inundam as planícies.

Em torno do mês de maio inicia‑se o processo chamado de


“vazante”, que consiste no período em que ocorre a baixa das
águas das regiões alagadas e, com isso, ocorre uma mistura
da areia do solo e dos restos de seres vivos e minerais, o que
proporciona a fertilização do solo.

Atualmente, em função de uma série de fatores, o Pantanal


tem sofrido muitos prejuízos, graças ao aumento das áreas de
pastagens artificiais criadas pelos grandes criadores de gado que
vivem na região e à exploração indiscriminada da vegetação e da
fauna, o que tem afetado o equilíbrio biológico do ecossistema.

Unidade 3 95
Universidade do Sul de Santa Catarina

Seção 7 – Ambientes aquáticos


As características dominantes dos ambientes aquáticos resultam
das propriedades físicas da água. A água pode reter íons minerais
em solução, proporcionando os recursos nutritivos necessários
para o crescimento de algas e plantas superiores. A solubilidade
do oxigênio, um recurso essencial para vegetais e animais,
diminui rapidamente com aumentos de temperatura. Assim, o
oxigênio se difunde apenas lentamente na água. Esse problema
pode colocar grandes limites para a vida na água.

O oxigênio é rapidamente utilizado quando a matéria orgânica


morta se decompõe. Em lugares onde as folhas de árvores se
acumulam ou o esgoto não tratado é despejado dentro de um rio
ou lago, a decomposição pode criar condições anaeróbicas, que
são letais para peixes e outros animais que possuem uma alta
demanda biológica de oxigênio.

Ecologia de riachos: os riachos e rios contêm uma pequena


porção da água mundial (0,006%), mas uma proporção
enorme de água doce que podia ser utilizada pelas pessoas;
consequentemente, eles têm sido canalizados, represados,
corrigidos, desviados, dragados e poluídos desde o início da
civilização. A compreensão dos impactos e a sustentabilidade
de algumas dessas práticas começa com o entendimento dos
fundamentos da ecologia de riachos.

Os riachos e rios são caracterizados por sua forma


linear, fluxo unidirecional, escoamento oscilante e leitos
instáveis; a natureza estreita dos canais de rios significa
que eles estão intimamente conectados ao ambiente
terrestre do entorno.

Uma vez que a vazão de um curso d’água responde a eventos


como tempestades e derretimento de neve, os riachos são sistemas
altamente perturbados.

A vegetação terrestre que margeia um riacho (vegetação ripária)


tem dois tipos de influência sobre a disponibilidade de recursos
para seus habitantes:

96
Ecologia I

1. por sombrear o leito do riacho, ela pode reduzir a


produção primária de algas e outras plantas;

2. por meio da perda de folhas, ela pode contribuir


diretamente para o suprimento de alimento de animais
e microrganismos.

Ecologia de lagos: da mesma forma que a ecologia de rios é


definida pelo fluxo unidirecional de água, a ecologia de lagos é
definida pela natureza relativamente estacionária da água dentro
de sua bacia. Um componente crítico da ecologia de lagos é a
maneira pela qual a água pode se estratificar verticalmente em
resposta à temperatura.

Como a água se assenta em uma bacia de lago, a


camada superior é exposta ao sol e se aquece, uma vez
que a água quente é menos densa do que a fria (e, por
isto, tende a subir); e porque existe uma resistência da
água ao aquecimento, a camada superior se estratifica,
ou seja, ela forma uma camada que é bastante
separada da água fria abaixo.

Classificação das Camadas de água:

Epilímnio: é quente, bem iluminada e tem um conteúdo alto


de oxigênio, pois as águas superficiais trocam oxigênio com a
atmosfera, extremamente produtiva, com densidades altas de
vidas animal e vegetal.

Termoclino: é a camada de transição na qual a temperatura,


a concentração de oxigênio e a luz diminuem em lagos mais
profundos, assim duas camadas adicionais podem se formar.

Hipolímnio: é a camada mais profunda, é fria e frequentemente


pobre em oxigênio, é aqui que a matéria orgânica morta que chegou
ao fundo é decomposta e seus nutrientes minerais são liberados.

Oceanos: os oceanos cobrem a maior parte da superfície terrestre


e recebem a maioria da radiação solar que chega à Terra. No
entanto, muita dessa radiação é refletida na superfície da água
ou absorvida pela própria água e por partículas em suspensão.

Unidade 3 97
Universidade do Sul de Santa Catarina

Na maioria das águas, a zona eufótica é muito mais rasa,


especialmente onde a água apresenta maior turbidez próximo às
costas e estuários.

Abaixo da zona eufótica, constata‑se a escuridão crescente, e o


fundo do oceano é totalmente escuro, intensamente frio e está
sob grande pressão.

Esse ambiente abissal sustenta a atividade biológica


muito lenta de uma comunidade de extraordinária
diversidade biológica (incluindo vermes, crustáceos,
moluscos e peixes), que depende da chuva de
organismos moribundos e mortos provenientes da
zona eufótica acima.

Costas: os ambientes marinhos mudam drasticamente nas


proximidades das costas, eles são enriquecidos não apenas
por nutrientes vindos do ambiente terrestre, mas são também
afetados pelas ondas e marés que trazem novas forças físicas para
serem suportadas.

Existem superfícies em que os organismos podem se fixar, na


verdade, se não procederem assim, eles estão sujeitos a serem
levados para o mar ou abandonados na costa. Em uma escala
ampla, as comunidades costeiras são fortemente influenciadas por
ondas e marés e pela topografia da costa.

Dentro de uma única faixa de costa, podemos reconhecer uma


zonação da flora e da fauna, marcada pelas manchas de marés baixa
e alta e diferindo entre áreas com forte ou fraca ação das ondas.

Estuários: os estuários ocorrem na confluência de um rio (água


doce) e uma baía de marés (água salgada), eles proporcionam
uma mistura intrigante de condições que são normalmente
experimentadas em rios, lagos rasos e comunidades de marés. A
água salgada, mais densa do que a água doce, tende a penetrar
ao longo do fundo de um estuário com uma cunha salgada.
Conforme ela se mistura com o fluxo de água doce, é criada
uma camada intermediária e depois ocorre o retorno para a
situação a montante.

98
Ecologia I

Dessa forma, estudamos os principais ecossistemas aquáticos.


É importante que você perceba que dentro de cada bioma ou
categoria aquática, existem enormes variações de condições e
recursos que se refletem nos padrões comunitários observados em
pequena escala.

Síntese

A produção primária sobre a terra é limitada por uma


variedade de fatores: qualidade e quantidade da radiação solar,
disponibilidade de água, nitrogênio e outros nutrientes‑chave,
além das condições físicas, especialmente a temperatura. A
produtividade secundária por herbívoros é aproximadamente
uma ordem de grandeza menor do que a produtividade primária
em que ela se baseia. Em cada etapa da alimentação é perdida
energia, pois as eficiências no consumo, na alimentação e na
produção são todas menores que 100%. As moléculas complexas
ricas em energia são decompostas por seus consumidores
(decompositores e detritívoros), resultando em dióxido de
carbono, água e nutrientes orgânicos.

Os nutrientes são ganhos e perdidos pelas comunidades por


diferentes maneiras. O desgaste da rocha matriz e do solo, por
processos físicos e químicos, é a fonte dominante de nutrientes,
tais como cálcio, ferro, magnésio, fósforo e potássio, que podem
ser absorvidos pelas raízes. Os sistemas aquáticos (incluindo os
cursos d’água e, essencialmente, os oceanos) obtêm nutrientes
do fluxo de correntes, da descarga de água subterrânea e da
atmosfera por difusão por meio de suas superfícies.

A principal fonte de água no ciclo hidrológico são os oceanos. A


energia radiante provoca a evaporação da água para a atmosfera,
os ventos a distribuem sobre a superfície do globo e a precipitação
a traz de volta para a terra. A fase atmosférica é predominante
nos ciclos globais do carbono e do nitrogênio; a fotossíntese
e a respiração são os dois processos opostos que governam o

Unidade 3 99
Universidade do Sul de Santa Catarina

ciclo global do carbono, enquanto a fixação do nitrogênio e a


denitrificação por organismos microbianos são de importância
especial no ciclo do nitrogênio.

Um mapa de biomas, geralmente, não é um mapa de distribuição


de espécies, em vez disso, ele mostra onde poderíamos encontrar
áreas de terra dominadas por plantas com formas características,
modelos e atributos fisiológicos.

Os riachos e os rios são caracterizados por sua forma linear,


fluxo unidirecional, vazão oscilante e leitos instáveis. A ecologia
de lagos é definida pela natureza relativamente estacionária da
água; alguns lagos exibem estratificação vertical em resposta
à temperatura, com consequência para a disponibilidade de
oxigênio e nutrientes para as plantas. Os oceanos cobrem a maior
parte da superfície da terra e recebem a maior parte da radiação
solar, no entanto, muitas áreas dos oceanos possuem atividades
biológicas muito baixas, devido à escassez de nutrientes minerais.
As comunidades costeiras são enriquecidas por nutrientes vindos
do continente, mas elas são também afetadas por ondas e marés.
Os estuários ocorrem na confluência de um rio (água doce) e uma
baía de marés (água salgada).

Atividades de autoavaliação

1) Folhas reduzidas, folhas transformadas em espinhos, caules que


armazenam água e quedas das folhas no período seco são algumas
das adaptações características da vegetação de: (assinale apenas a
alternativa correta)
a) cerrado.
b) caatinga.
c) mata atlântica.
d) manguezais.
e) floresta amazônica.

100
Ecologia I

2) Monte um esquema que represente uma teia alimentar e com múltiplas


relações ecológicas mostradas por meio de setas. Destaque que a
cadeia alimentar deve apresentar cinco níveis tróficos.

Saiba mais

PHILIPPI JÚNIOR et al. Uma introdução à questão


ambiental: curso de gestão ambiental. Barueri: Manole, 2005.

REINFELD, N. Sistemas de reciclagem comunitária. São


Paulo: Makron Books, 1994.

SILVA, D. D.; PRUSKI, F. F. Gestão de recursos hídricos:


aspectos legais, econômicos, administrativos e sociais. Brasília:
MMA/SRH/UFV/ABHR, 2000.

Unidade 3 101
4
UNIDADE 4

O homem e a natureza: efeitos


antrópicos sobre a natureza e
biologia da conservação

Objetivos de aprendizagem
„ Analisar os efeitos das atividades humanas sobre o
meio ambiente.

„ Conhecer as fontes antropogênicas causadoras de


impactos ambientais.

„ Entender como se relacionam as atividades humanas


com a extinção das espécies.

„ Conhecer as espécies que estão em extinção.

„ Compreender os meios de conservação das espécies.

Seções de estudo
Seção 1 Atividades antrópicas

Seção 2 Biologia da conservação

Seção 3 Conservação das espécies


Universidade do Sul de Santa Catarina

Para início de estudo


Até a era do domínio do fogo, pelos primeiros homídeos, a ação
antrópica não existia. A partir desse momento, uma única espécie
passa a ter um poder de ação sobre a natureza em proporções
maiores do que as que eram realizadas de forma natural. Começa
a ter expansão um espaço denominado meio ambiente.

No entanto, até o século XVI, a forma usual de produzir calor


consistia em queimar madeira, resíduos agrícolas e esterco
animal, e o trabalho necessitado era realizado com a ajuda de
animais, de energia hidráulica e de moinhos de vento. Até esse
momento, os seres humanos faziam uso da energia e dos recursos
naturais a um ritmo em que a natureza conseguia absorver os
impactos que sofria, pois eram de pequena escala. A partir do
século XVIII, com a industrialização, começou um aumento
alarmante na exploração e degradação ambiental.

Junto ao desenvolvimento das sociedades modernas, ocorreu um


ataque predador aos nossos recursos naturais, a ponto de pôr em
risco sua renovabilidade. Nesse sentido, surgiram dois problemas:
a destruição dos recursos naturais e a poluição.

Diante disso, iremos estudar as fontes dos efeitos antrópicos e


o que elas podem causar como poluição, efeito estufa, resíduos
sólidos e contaminação por metais pesados. Com a intervenção
do homem, outros tipos de impactos ambientais também
ocorrem, como a extinção das espécies.

Vamos ver então, como se relacionam as atividades humanas, ou


ação antrópicas sobre a natureza?

104
Ecologia I

Seção 1 – Atividades antrópicas


Na medida em que a humanidade aumenta sua capacidade de
intervir na natureza para satisfação de necessidades e desejos
crescentes, surgem tensões e conflitos quanto ao uso do espaço e
dos recursos.

Conforme o Ministério da Educação e do Desporto (1998), nos


últimos séculos, um modelo de civilização se impôs, alicerçado
na industrialização, com sua forma de produção e organização
do trabalho, a mecanização da agricultura, o uso intenso de
agrotóxicos e a concentração populacional nas cidades. A
seguir, vamos estudar sobre as fontes antropogênicas, como: a
indústria, a agricultura, a mineração, o transporte, a construção
e as habitações.

Indústria
As fontes emissoras dos poluentes atmosféricos são numerosas
e variáveis, podendo ser antropogênicas ou naturais. As fontes
antropogênicas são as que resultam das atividades humanas,
como a atividade industrial ou o tráfego automóvel, enquanto
as fontes naturais englobam fenômenos da natureza, tais como
emissões provenientes de erupções vulcânicas ou fogos florestais
de origem natural.

Na Figura 4.1, você pode observar as fontes de poluentes atmosféricos.

Figura 4.1 ‑ Fontes de poluentes atmosféricos


Fonte: Agência Portuguesa do Ambiente ([200‑]).

Unidade 4 105
Universidade do Sul de Santa Catarina

A indústria é uma das fontes que mais contribui para a emissão


de gases, como o dióxido de carbono e outros causadores do efeito
estufa, assim como poeiras e materias particulados à atmosfera.

Vejamos isso na Figura 4.2.

Figura 4.2 ‑ Gases e materiais particulados liberados por meio das chaminés das indústrias
Fonte: Environmental Projects (2010).

Os países industrializados são os maiores responsáveis pela


emissão de gás carbônico na atmosfera. A maior parte da
degradação ambiental foi, historicamente, causada por países
desenvolvidos, como os EUA, Japão, Alemanha, entre outros.

A poluição industrial não ocorre somente na atmosfera, mas


em todos os meios da biosfera ‑ na água doce, nos oceanos e no
solo ‑ então, os principais agentes da poluição industrial são:

„ os gases tóxicos liberados na atmosfera;

„ os compostos químicos orgânicos e inorgânicos lançados


nos corpos hídricos;

„ a poluição do solo com o uso de pesticidas.

Consequentemente, as comunidades biológicas dos ecossistemas


estão em contato com substâncias e materiais não naturais do seu
habitat, a maioria dos quais causam algum tipo de intervenção
no meio, ocasionando um dano ecológico. A poluição industrial
afeta diretamente o homem, uma vez que estamos sujeitos a
ingerir água e alimentos contaminados e a respirar o ar poluído.

106
Ecologia I

Um exemplo de ingestão de alimentos contaminados


foi a intoxicação e morte de dezenas de pessoas
em Minamata, no Japão, pelo consumo de peixes
contaminados com mercúrio. (COSTA, 2010).

A crescente quantidade de indústrias atualmente em operação,


especialmente nos grandes polos industriais do mundo,
tem causado o acúmulo de grandes concentrações de metais
nos corpos hídricos, como: rios, represas e mares costeiros.
Isso ocorre, pois grande parte das indústrias não trata
adequadamente seus efluentes, antes de lançá‑los no ambiente.

Os metais, quando lançados na água, agregam‑se a outros


elementos, formando diversos tipos de moléculas, as quais
apresentam diferentes efeitos no organismo, devido a variações
no grau de absorção em cada pessoa. O zinco, por exemplo, pode
formar ZnOH (óxido de zinco) e ZnCO3 (carbonato de zinco). O
mercúrio pode constituir HgCl 2 (cloreto de mercúrio) e Hg2SO3
(sulfato de mercúrio). O chumbo pode constituir PbOH (óxido
de chumbo) e PbCO3 (carbonato de chumbo), e assim por diante.

Apesar da toxicidade de cada metal variar de acordo com a


espécie, existe uma classificação da toxicidade relativa dos
metais mais comuns no meio ambiente, em ordem decrescente
de periculosidade: Hg, Ag, Cu, Zn, Ni, Pb, Cd, As, Cr, Sn, Fe,
Mn, Al, Be, Li.

O acúmulo de metais e outros poluentes industriais


pelos organismos pode ter efeito bastante abrangente,
pois possibilita o transporte dos contaminantes, via teia
alimentar, para diversos níveis tróficos da cadeia alimentar.
Esse efeito culmina com a ocorrência das maiores taxas
de contaminação nos níveis mais altos da teia trófica.
Consumidores secundários
No Quadro 4.1 você poderá verificar alguns dos metais mais
e terciários.
utilizados pela indústria, suas fontes e riscos à saúde.

Unidade 4 107
Universidade do Sul de Santa Catarina

Quadro 4.1 ‑ Principais metais usados na indústria, suas fontes e riscos à saúde
Fonte: Ambiente Brasil (apud KRAMER, [200‑]).

As atividades agrícolas e industriais geram um lixo chamado


resíduo, o qual as indústrias são obrigadas a gerenciar.

Como exemplos de resíduos, podemos citar: as sobras


de carvão mineral, refugos da indústria metalúrgica,
resíduos químicos, gás e fumaça lançados pelas
chaminés das fábricas.

A indústria elimina resíduos de vários processos, sendo os


sólidos amontoados em depósitos, enquanto que os líquidos são
despejados em rios e mares, muitas vezes sem um tratamento
correto. Assim, a saúde do ambiente e dos seres que nele vivem

108
Ecologia I

fica ameaçada, podendo, em muitos casos, levar a grandes


tragédias. Um exemplo disso é a mortalidade de peixes em rios e
lagos, devido à contaminação por despejo de efluentes lançados
pelas indústrias.

Um resíduo não é, por princípio, algo nocivo. Muitos


resíduos podem ser transformados em subprodutos ou
em matérias‑primas para outras linhas de produção.

De acordo com Kramer ([200‑]), muitos dos resíduos jogados


no meio ambiente, como metais e produtos químicos, não são
naturais e nem biodegradáveis. Devido a isso, quanto mais se
enterram os resíduos, mais os ciclos naturais ficam ameaçados,
poluindo o ambiente. As indústrias tradicionalmente responsáveis
pela maior produção de resíduos perigosos são:

„ as metalúrgicas;

„ as de equipamentos eletroeletrônicos;

„ as fundições;

„ a química;

„ a de couro e borracha.

Com a grande variedade de produtos químicos existentes, fica


difícil um tratamento efetivo do resíduo. Com base nisso, a
Associação Brasileira de Normas Técnicas (2004) criou a Norma
10.004, que classifica os resíduos conforme as reações que eles
produzem quando colocados no solo, apontando a destinação,
tratamento e disposição final deles.

Conforme a Norma 10.004, os resíduos podem ser classificados em:

„ Classe I: Perigosos (contaminantes e tóxicos);

„ Classe II: Não perigosos:

» IIA ‑ Não inertes (possivelmente contaminantes);

» IIB ‑ Inertes (não contaminantes).

Unidade 4 109
Universidade do Sul de Santa Catarina

Os resíduos das classes I e IIA devem ser tratados e destinados


em instalações apropriadas para tal fim. Por exemplo, os aterros
industriais precisam de mantas impermeáveis e diversas camadas
de proteção para evitar a contaminação do solo e das águas,
além de instalações preparadas para receber o lixo industrial
e hospitalar, normalmente operadas por empresas privadas.
Os residuos que estão clasificados como clase IIB não são
contaminantes, ou seja, não precisam de cuidados especiais.

Para maiores detalhes sobre este assunto, leia a Norma


NBR 10.004, disponível na Internet.

Agricultura
Com o aumento excessivo da população, foi necessário, também,
aumentar a produção de alimentos. A agricultura teve, então,
que se adequar para obter uma maior produção, utilizando
fertilizantes, pesticidas e máquinas agrícolas. Com isso, surgiram
novos impactos ambientais.

A seguir, vamos ver alguns dos impactos gerados pela agricultura:

Desmatamento ‑ a expansão agrícola e pecuária foi identificada


como uma das principais causas do desmatamento e degradação
das florestas em vários países do mundo, isso se deve à derrubada
de matas originais.

Erosão – os processos erosivos ocorrem de forma moderada


em solo coberto, sendo essa erosão considerada normal. No
entanto, quando o solo é desprovido da sua vegetação original
para o cultivo, inicia‑se o processo de erosão, capaz de remover
mil vezes mais material do que se ele estivesse coberto. Logo, a
erosão é causada pelo uso incorreto do solo associado a ventos e
chuvas. A perda do solo pela erosão torna‑o não agricultável, pois
retira todas as suas camadas superiores, chegando até as rochas.

110
Ecologia I

Perda de biodiversidade – a comum derrubada e queimada da


área para a agricultura acaba com a biodiversidade do local. As
espécies que levaram milhares de anos para se formarem estão
desaparecendo com o desmatamento ocasionado pela agricultura.
Muitas dessas espécies podem ser necessárias para a produção
futura de medicamentos.

Esgotamento da água doce – a irrigação tem sido aplicada em


grande escala em terras que, de outra forma, seriam totalmente
inadequadas para a agricultura. Conforme Ricklefs (2009), os
custos primários com essa atividade são:

„ os efeitos ambientais do desenvolvimento de represas;

„ poços;

„ canais;

„ barreiras exigidas para sustentar a irrigação e o


rebaixamento de lençóis de água, onde os poços são a
fonte de irrigação.

Incluindo o fardo dos problemas ambientais futuros, raramente a


irrigação vale o seu próprio preço.

Poluição atmosférica – por mais que a produção de material


vegetal capture carbono da atmosfera, o carbono liberado
por atividades relacionadas supera a quantidade capturada.
Esse carbono é liberado pela queima de diesel dos tratores,
pela produção de fertilizantes e defensivos agrícolas, além da
decomposição de restos de cultura.

Poluição de águas – o uso de adubos, agrotóxicos e fertilizantes


estão causando sérios problemas de contaminação de água por
resíduos e materiais lixiviados no solo, o que reflete em problemas
como a contaminação de águas potáveis. Os nitratos, fosfatos
e outros fertilizantes inorgânicos têm o mesmo efeito nos rios
e lagos que têm terras plantadas: eles aumentam a produção Eutrofização é a mudança
biológica e química de
biológica. Uma das consequências dessa fertilização artificial é a
um corpo de água.
chamada eutrofização.

Unidade 4 111
Universidade do Sul de Santa Catarina

A Figura 4.3 mostra a água de um lago que sofreu eutrofização:

Figura 4.3 ‑ Água de um lago que sofreu eutrofização


Fonte: João Mendes (2011).

A Figura 4.4 demonstra um esquema das consequências do


processo de eutrofização.

Figura 4.4 ‑ Consequências da eutrofização


Fonte: Santos (2009).

Desertificação – o uso inadequado do solo, hoje liderado pela


produção de gado e outros animais, vem desgastando os solos de
forma espantosa, tornando‑os quase totalmente inférteis. Isso
vem fazendo com que quase nenhuma planta consiga sobreviver
em muitas dessas áreas, tornando‑as desertas. Esse processo,
infelizmente, é irreversível.

Destruição de mananciais – o avanço da agricultura sobre as


matas nativas causa destruição das nascentes, por soterramento,
impermeabilização, entre outros fatores.

112
Ecologia I

Geração de resíduos – a produção animal é uma das maiores causas


Chamadas de
da geração de resíduos, principalmente devido às fezes animais
chorume de porco.
geradas em animais criados em confinamento. As fezes de porcos
e de frangos, entre outras, estão entre as principais poluidoras de
ambientes rurais.
Chamadas de cama
de frango.
Além da agricultura, continuaremos vendo mais algumas fontes antrópicas.

Mineração
A mineração tem importância para a história da humanidade,
fornecendo um grande número de bens materiais,
matérias‑primas e insumos imprescindíveis ao progresso
e desenvolvimento das civilizações. Todavia, associados à
mineração, existem problemas ambientais. (ALMEIDA, 1999).

As atividade mineiras produzem vários tipos de poluentes


atmosféricos; entre eles destacam‑se:

„ os óxidos de nitrogênio (NOx);

„ os óxidos de enxofre (SOx);

„ os óxidos de carbono (CO e CO2);

„ os hidrocarbonetos;

„ os particulados.

Entre todos estes poluentes atmosféricos, destaca‑se o material


particulado, pelo fato de estar associado a quase todas as
atividades mineiras.

Entretanto, além dos poluentes atmosféricos, a mineração causa


outros problemas, como poluição das águas e poluição sonora. A
mineração consome volumes extraordinários de água:

„ na pesquisa mineral (sondas rotativas e amostragens);

„ na lavra (desmonte hidráulico, bombeamento de água de


minas subterrâneas etc);

Unidade 4 113
Universidade do Sul de Santa Catarina

„ no beneficiamento (britagem, moagem, flotação,


lixiviação etc);

„ no transporte por mineroduto;

„ na infraestrutura (pessoal, laboratórios etc).

Há casos em que é necessário o rebaixamento do lençol freático


para o desenvolvimento da lavra, prejudicando outros possíveis
consumidores. Frente a tudo isso e de acordo com Penna (2009),
uma série de impactos pode ocorrer, como:

„ aumento da turbidez e, consequentemente, a variação


na qualidade da água e na penetração da luz solar no
interior do corpo hídrico;

„ alteração do pH da água, tornando‑a geralmente mais ácida;

„ derrame de óleos, graxas e metais pesados (altamente


tóxicos, com sérios danos aos seres vivos do meio receptor);

„ redução do oxigênio dissolvido dos ecossistemas aquáticos;

„ assoreamento de rios;

„ poluição do ar, principalmente por material particulado;

„ perdas de grandes áreas de ecossistemas nativos ou de


uso humano etc.

Os impactos da mineração em área urbana sobre o meio


antrópico revestem‑se de especial importância devido ao alto
grau de ocupação urbana, que são agravados, face à proximidade
entre as áreas mineradas e as áreas habitadas. Esse é o caso dos
impactos visuais, resultantes dos altos volumes de rocha e solos
movimentados e às dimensões da cava ou da frente de lavra.
O desconforto ambiental pode ser sentido mesmo quando as
emissões estiverem abaixo dos padrões ambientais estabelecidos.
Os impactos causados sobre a saúde, por outro lado, dificilmente
ocorrem quando esses limites são respeitados. (DIAS, 2001).

Nas mineradoras de Santa Catarina, por exemplo, os rejeitos


xistoso e piritoso, produzidos nos pré‑lavadores, foram sendo

114
Ecologia I

depositados, durante décadas, próximos aos pré‑lavadores,


causando grande impacto ambiental, principalmente devido à
presença da pirita. As drenagens ácidas são provenientes dos
rejeitos contendo sulfetos, em forma de pirita, que ao ficarem
expostos à água e ao ar oxidam‑se, gerando acidez. Esse passivo
ambiental até hoje causa danos aos recursos hídricos da região.

Transportes
O automóvel saiu, no início do Século XX, da tecnologia
mecânica para entrar, no Século XXI, com a tecnologia
embarcada. O século XX foi o do automóvel. De acordo com
Donato (2008), o automóvel passou a fazer parte da vida do
homem em todas as esferas:

„ transporte;

„ status;

„ lazer;

„ independência;

„ liberdade.

Com isso, surgiram também os impactos causados por essa


tecnologia, como por exemplo, o desvio de curso de água
superficial para a construção de estradas.

Foi constatado que parte da poluição ambiental dos grandes


centros urbanos é causada pelos poluentes atmosféricos gerados
pela queima de combustíveis fósseis em veículos automotores.

O chumbo tetraetilo, acrescentado na gasolina como


antidetonante, é encontrado em concentrações
cada vez maiores no ar. A quantidade de chumbo no
organismo é mais forte nas pessoas que residem na
vizinhança de uma estrada de grande circulação do
que em outras pessoas.

Unidade 4 115
Universidade do Sul de Santa Catarina

O combustível consumido pelos motores dos veículos é


transformado em gases que são lançados no ar. O tráfego de
automóveis é responsável por cerca de:

„ 80% de CO (monóxido de carbono);

„ 60% de Hidrocarbonetos Incombustíveis (HC);

„ 40% de NOx (óxidos de azoto);

„ 90% de Pb (chumbo);

„ 25% de poeiras;

„ 25% de CO2 (dióxido de carbono);

„ 06% de SO2 (dióxido de enxofre).

O monóxido de carbono, expelido durante a combustão da


gasolina, é considerado o poluente mais perigoso, pois está ligado
à hemoglobina, neutralizando‑a e impedindo o trânsito do
oxigênio. Com isso, a oxigenação do sangue diminui, causando
vertigens, alterações no sistema nervoso central, cardiovascular e
pulmonar.

A fumaça, poeira e fuligem provenientes, sobretudo, dos veículos


movidos a diesel e do desgaste de pneus e freios dos veículos em
geral, provoca o agravamento de quadros alérgicos e do aparelho
respiratório, causando, ainda, irritação nos olhos e garganta,
reduzindo a resistência às infecções.

Ao contrário do que muitos acreditam, a emissão de


gases poluentes pelos veículos a álcool é bastante
semelhante aos movidos a gasolina.

Além da poluição atmosférica, os veículos podem ainda causar


poluição sonora. As características dos veículos ruidosos são:

„ o escapamento furado ou enferrujado;

„ as alterações no silencioso ou no cano de descarga;

116
Ecologia I

„ as alterações no motor e os maus hábitos ao dirigir;

„ acelerações e freadas bruscas;

„ o uso excessivo da buzina.

O volume do tráfego aéreo tem aumentado intensivamente


nos últimos anos. O aumento da atividade aérea traz como
consequência direta o acréscimo do nível de ruído e vibrações
para as vizinhanças dos aeroportos, como também o aumento
do odor decorrente da queima de combustíveis da aviação e
intensificação das esteiras de fumaça no ar. (DONATO, 2008).
Nuvens de fumaça
Assim, o transporte aéreo também torna‑se fonte de poluição
persistentes formadas
sonora, pois os ruídos produzidos mostram‑se incompatíveis com pela queima de
os padrões permitidos pela legislação. combustível da aviação.

Outro tipo de transporte que causa danos ambientais é o transporte


aquaviário. Os transportes aquáticos são fundamentalmente
utilizados no transporte de mercadorias a longas distâncias,
em especial no transporte intercontinental. O transporte de
passageiros é pouco significativo, sendo mais utilizado para curtas
travessias (ferry‑boat) e viagens turísticas (cruzeiros).

As principais consequências desse tipo de transporte ao meio


ambiente são:

„ a alteração dos habitats causados por resíduos biológicos


decorrentes da movimentação das águas entre portos
(águas de lastro);

„ a geração de resíduos associados ao uso de motores e de


derramamento de óleo cru e de derivados de petróleo
claros como gasolina, óleo diesel e querosene.

Vários casos de naufrágios de navios petroleiros têm sido


relatados como causadores de impactos ambientais. As
consequências desses tipos de acidentes são fatais; mortandade
de peixes, aves e danos a todos os tipos de seres que vivem ou
interagem com o oceano, inclusive o homem, estão entre os
incontáveis prejuízos que um derramamento pode causar.

Unidade 4 117
Universidade do Sul de Santa Catarina

A Figura 4.5 ilustra um ganso patola que teve contato com uma
mancha de óleo no oceano.

Figura 4.5 ‑ Ganso patola afetado por uma mancha de óleo no oceano
Fonte: A poluição em nível mundial (2009).

Construção
A forma desordenada do crescimento urbano, sem considerar as
características naturais do meio, muitas vezes aliada à falta de
infraestrutura, vem ocasionando inúmeros impactos negativos
para a qualidade do meio urbano.

Entre os inúmeros impactos causados pela construção, podemos


citar:

„ remoção direta do habitat original;

„ alterações na paisagem;

„ modificação do comportamento da fauna local;

„ aumento da mortalidade de animais;

„ alterações físicas nas áreas mais próximas às construções,


como mudança do processo de escoamento da água;

„ alterações no uso da terra.

A ocupação antrópica inadequada das áreas gera uma cadeia de


impactos ambientais, que passa pela impermeabilização do solo,

118
Ecologia I

alterações na topografia, erosão das margens e assoreamento


dos cursos d’água, perda das matas ciliares, diminuição da
biodiversidade, aumento do escoamento superficial etc.

Apesar de atingirem o ambiente como um todo, os impactos


causados pela construção se refletem de maneira acentuada
nas áreas urbanas de fundo de vale. Isso porque essas regiões
possuem características ambientais importantes, tendo influência
direta, sob vários aspectos, nos recursos hídricos que cortam as
cidades e o seu entorno.

Assim, destacam‑se, entre os principais efeitos negativos


decorrentes desse processo, as modificações na quantidade e
na qualidade dos recursos hídricos, tanto superficiais como
subterrâneos. Conforme pesquisa realizada por Amorim e
Cordeiro ([200‑]), essas mudanças acabam acarretando, também,
a degradação da qualidade de vida da população, trazendo
diversos tipos de problemas a serem enfrentados, tais como:

„ as dificuldades na captação de água adequada para


abastecimento;

„ o aumento dos custos com tratamento de água e esgoto;

„ a escassez de água;

„ as doenças de veiculação hídrica etc.

Outros impactos causados pela construção são as enchentes e


inundações urbanas muito ligadas aos problemas ou à inexistência
do sistema de drenagem, mas também ao desrespeito às
características hidrológicas naturais.

A fragmentação de habitats é um processo de


alteração do meio ambiente, ou seja, descreve o
aparecimento de descontinuidades (fragmentação) no
meio ambiente de um organismo (habitat).

Os processos geológicos podem causar a fragmentação de


habitats, mas essas também podem ser causadas por algumas

Unidade 4 119
Universidade do Sul de Santa Catarina

atividades humanas, como a construção de estradas, barragens


etc. Isso ocorre devido à remoção da vegetação nativa.

Os habitats que formavam uma unidade única ficam separados


em fragmentos isolados. Os fragmentos de habitat tendem a ficar
como ilhas isoladas entre si por caminhos, estradas e pastagens,
entre outros.

A construção excessiva de estradas em más condições e sem


qualquer planejamento ambiental tem causado milhares de
acidentes, em muitos casos envolvendo animais. Na coletânea de
imagens, referenciadas a seguir como Figura 4.6, você pode ver
algumas mortes de animais silvestres ao atravessarem as estradas
que cortam o seu habitat.

Figura 4.6 ‑ Morte de animais silvestres nas estradas


Fonte: Eu amo a natureza (2011).

Outro tipo de construção que causa impacto ambiental são as


barreiras artificiais feitas em cursos de água para a retenção de
grande quantidade dela. A sua utilização serve, sobretudo, para
abastecer a água em zonas residenciais, agrícolas industriais e
para produção de energia elétrica.

Os impactos mais comuns causados por uma hidrelétrica


são a diminuição da correnteza do rio, que altera a dinâmica
do ambiente aquático, assim como o fluxo de sedimentos,

120
Ecologia I

favorecendo a deposição desse no ambiente lótico. Isso faz com


que a temperatura do rio também seja modificada, tendendo a
dividir o lago da represa em dois ambientes: um com temperatura
mais baixa (o fundo do lago) e outro com a temperatura mais
alta (superfície do lago). Esse fato repercute, também, em outros
impactos, uma vez que essa disposição faz com que haja pouca
mistura na água do ambiente represado, criando condições
anóxicas (sem a presença de oxigênio) e favorecendo a sua
eutrofização, além de ocorrerem reações químicas que geram
compostos nocivos ao interesse humano. Também interferem:

„ na redução da biodiversidade aquática;

„ na diminuição das áreas de desova a montante e a jusante;

„ no declínio dos serviços ambientais prestados pelas


planícies aluviais a jusante, brejos, ecossistemas de rios,
estuários e ecossistemas marinhos adjacentes.

Habitações
À medida que a população humana cresce e se concentra cada
vez mais nas cidades, as fontes de poluição aumentam. Embora
as populações urbanas ocupem somente cerca de 2% da área de
terra do mundo, elas consomem três quartos de seus recursos.
Em razão dessa alta taxa de consumo e da grande descarga de
resíduos, a maioria das cidades não tem sistemas autossustentáveis.

De acordo com Miller Júnior (2007), com essa expansão e


alastramento das cidades, ocorreram vários impactos ambientais.
Em áreas urbanas, a maioria das árvores, arbustos ou outras
plantas é destruída para abrir espaço aos edifícios, estradas e
estacionamentos. Na medida em que houve crescimento das
cidades, os rios ficaram pequenos para absorver a carga de
esgoto doméstico e industrial. Algumas cidades já tomaram
algumas medidas a esse respeito: começaram a tratar os esgotos
domésticos para diminuir a carga poluidora desses efluentes.

Os sistemas de esgotos modernos foram desenvolvidos como


projetos ecológicos para o manejo da poluição. Eles objetivam
capturar os poluentes da água e deixá‑la limpa, usualmente

Unidade 4 121
Universidade do Sul de Santa Catarina

em um sistema de drenagem separado daquele que carrega os


grandes fluxos de água das tempestades. (TOWNSEND et al.,
2006).

Outra preocupação quanto ao crescimento da população é o


aumento desordenado da produção de lixo. Algumas cidades
estão incinerando o lixo para diminuir o seu volume, no entanto,
essa prática acaba poluindo também o ar atmosférico. Outra
solução dada ao destino do lixo são os aterros controlados, onde
ele é despejado e compactado por tratores. Nos aterros, por
meio da percolação e lixiviação, todo o líquido produzido por
esse lixo, chamado de chorume, pode atingir o solo e os lençóis
freáticos, contaminando‑os.

Você sabe qual é a diferença entre um lixão, um aterro


controlado e um aterro sanitário?

Em um lixão, os resíduos sólidos são despejados sem nenhum


tratamento prévio do solo. Não há qualquer tratamento do
efluente, então, o chorume penetra na terra, atingindo o solo
e os lençóis freáticos. No lixão, os lixos ficam expostos ao
ambiente, sem nenhum procedimento que evite as consequências
ambientais dele.

A Figura 4.7 mostra como o chorume pode chegar aos lençóis


freáticos em um lixão.

Figura 4.7 ‑ Poluição dos lençóis freáticos pelo chorume


Fonte: Luxo – Lixo (2010).

122
Ecologia I

Em um aterro controlado, já existe uma célula adjacente ao lixão


que foi remediado. Essa célula adjacente já recebeu os cuidados
específicos para que o chorume não tenha contato com a terra
por meio de uma cobertura de argila e grama, (selado com uma
manta impermeável para proteger a pilha de lixo da água da
chuva), com captação do chorume do gás gerado, procurando
diminuir os impactos negativos. Nessa célula, também há a
recirculação do chorume que é coletado e levado para cima da
pilha de lixo, o que diminui a sua absorção pela terra, ou em
alguns casos ocorre outro tipo de tratamento para o chorume,
como uma estação de tratamento de efluente (ETE).

A seguir, na Figura 4.8, você pode observar o esquema de


funcionamento de um aterro controlado.

Figura 4.8 ‑ Aterro controlado


Fonte: Luxo – Lixo (2010).

Um aterro sanitário é considerado o destino mais correto para


a deposição dos lixos, pois nele existe uma preparação do solo
com nivelamento da terra e com selamento de argila e mantas
de PVC, que são extremamente resistentes, para receber o
lixo. Dessa forma, o chorume não atinge o solo e os lençóis
freáticos. O chorume é, então, drenado e encaminhado para
poços de acumulação. Nos primeiros seis meses, o chorume fica
recirculando sobre o lixo; após esse tempo, ele é encaminhado
para a estação de tratamento de efluente (ETE).

No aterro sanitário, assim como no aterro controlado, ocorre a


cobertura diária do lixo, para evitar a proliferação de vetores,

Unidade 4 123
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poluição visual e mau cheiro, diferente do que acontece nos


lixões, onde o lixo fica a céu aberto.

Na Figura 4.9 você pode ver o esquema de funcionamento de um


aterro sanitário.

Figura 4.9 ‑ Aterro sanitário


Fonte: Reis (2001).
Outro problema enfrentado com o acúmulo de lixo que não
teve um destino adequado ocorre devido às enchentes; nessas
situações, os lixos acabam voltando para o meio urbano ou são
direcionados aos rios da cidade, causando problemas ambientais
ainda maiores, como mostra a Figura 4.10.

Figura 4.10 ‑ Detritos levados pela chuva ao Igarapé, em Manaus, bacia amazônica
Fonte: Predadores de águas turvas (2009).

124
Ecologia I

Seção 2 – Biologia da conservação


O termo “biodiversidade” está frequentemente presente tanto na
mídia popular quanto na literatura científica, o que, muitas vezes,
ocorre sem uma definição consistente do seu significado.

De forma mais simples, o termo é usado para expressar


a riqueza das espécies, ou seja, o número de espécies
presentes em uma unidade geográfica definida.

No entanto, a biodiversidade pode ser analisada em uma escala


menor ou maior do que a espécie. Por exemplo, podemos incluir
a diversidade genética de uma espécie, procurando conservar
subpopulações geneticamente distintas e subespécies.

Extinção das Espécies


Entender o conceito de extinção de espécies é uma tarefa muito
simples:

Extinção é o desaparecimento de todos os indivíduos


de uma determinada espécie, ou seja, quando as mortes
excedem os nascimentos por um período prolongado.

Difícil é entender o porquê do desaparecimento de todos esses


indivíduos.

Vamos tentar entender o porquê isso ocorre?

A extinção das espécies, tanto de plantas como de animais, pode


ocorrer de duas formas:

„ extinção natural; ou

„ extinção antropogênica.

Unidade 4 125
Universidade do Sul de Santa Catarina

Vejamos, a seguir, esses dois tipos de extinção:

Extinção natural
A extinção das espécies e sua substituição por outras é um
fenômeno normal, como mostram as seis grandes crises ocorridas
ao longo dos períodos geológicos. (DAJOZ, 2005).

Figura 4.11 ‑ Período de domínio dos principais grupos


Fonte: Ministério da Educação (2008‑2011).

126
Ecologia I

Entre as principais causas da extinção natural estão os processos


de desertificação, as glaciações e alterações na atmosfera,
provocadas por atividades vulcânicas ou meteoros.

Calcula‑se que 95% das espécies que já existiram na


Terra desapareceram.

Durante mais de cem milhões de anos, do Triássico ao Cretáceo


superior, os grandes répteis dominaram todos os recantos do
planeta em terra firme, no final do Cretáceo eles se extinguiram.
Talvez tenha havido mudanças climáticas radicais, ou ainda
outros tipos de modificações rápidas, as quais a evolução dos
dinossauros não se acomodou. Os répteis voadores‑ pterossauros‑
e marinhos do Jurássico e Cretáceo foram substituídos pelos
morcegos e mamíferos marinhos, que passaram a dominar
os continentes durante o decorrer de toda a Era Cenozóica.
(DIBLASI FILHO, 2007).

Quanto às plantas, processo semelhante também ocorreu. Há


evidências de que as pteridófitas foram dominantes no planeta,
durante o Devoniano, Carbonífero e Permiano, junto às filíceas.
Atualmente, o predomínio é das plantas com flores e frutos, do
grupo Angiospermaphyta.

Extinção antropogênicas
Não há dúvidas de que atividades antrópicas vêm interferindo
de forma bastante significativa nos processos biológicos naturais.
Algumas vezes essas interferências são benéficas para o bem‑estar
da humanidade. Em controvérsia, são drásticas no equilíbrio
biológico da rede da vida.

Duas são as principais causas da extinção:

1. a destruição generalizada dos meios naturais, devido às


alterações significativas de caráter climático, hidrológico,
e de outras naturezas inferem de forma significativa
sobre os organismos; e

Unidade 4 127
Universidade do Sul de Santa Catarina

2. a destruição dos habitats naturais por meio do


desmatamento, queimadas e outros fatores, o que tem
contribuído para o desaparecimento regional de várias
espécies.

Os habitats podem ser adversamente afetados, pela influência


humana, de três maneiras. Vejamos quais são elas:

„ uma porção do habitat disponível para uma determinada


espécie pode ser completamente destruída em
decorrência do desenvolvimento urbano ou industrial, ou
de atividades voltadas à produção de alimento e outros
recursos, como a madeira;

„ o habitat pode ser degradado pela poluição, a ponto de se


tornar inabitável para certas espécies;

„ o habitat pode ser perturbado pelas atividades humanas


em detrimento de alguns de seus ocupantes.

O panda gigante, por exemplo, é um animal raro por três razões:


ele tem pequena distribuição geográfica, onde ele existe suas
populações são pequenas e ele necessita de um habitat específico.

Figura 4.12 ‑ Panda gigante (Ailuropoda melanoleuca)


Fonte: Rumjanek (2009).

Outro motivo pelo qual essa espécie está se tornando rara gira
em torno de sua dificuldades de reprodução, tanto na natureza
quanto em cativeiro. Além disso, o bambu, seu alimento básico,
também está ameaçado de extinção.

128
Ecologia I

A caça é outro fator que contribui para a diminuição das


populações e, consequentemente, ao desaparecimento das espécies.

De acordo com Diblasi Filho (2007), dois são os motivos pelos


quais esses animais são caçados:

„ Em primeiro lugar, porque algumas dessas espécies são


apreciadas como fonte alimentar, por isso, são abatidas
em grande escala, como os porcos‑do‑mato, a anta,
várias espécies de veados e certas espécies de primatas,
além de inúmeras aves.

„ Em segundo lugar, a caça é motivada pelo alto valor


das peles, penas e couros de vários vertebrados, que
são contrabandeados para o exterior, como é o caso das
lontras e jacarés ou, ainda, pela beleza dos animais,
vendidos como espécies exóticas.

Figura 4.13 ‑ Pele de animais em extinção


Fonte: Terra (2010).

Entre as espécies que se enquadram em animais comercializados


como “exóticos”, estão o mico‑leão‑dourado (Leontopithecus
rosalia) e aves como a ararajuba (Guaruba guarouba).

Unidade 4 129
Universidade do Sul de Santa Catarina

Figura 4.14 ‑ Mico‑leão‑dourado (Leontopithecus rosalia) Figura 4.15 ‑ Ararajuba (Guaruba guarouba)
Fonte: Dicionário inFormal (2010). Fonte: Galeria de rrangelss (2007).

A pesca também é um dos fatores que contribuem para a extinção


de animais aquáticos, como as baleias, por exemplo. A exploração
irracional de caça às baleias se agravou ainda mais a partir
de 1920, quando a atividade baleeira adquiriu características
industriais, com a invenção de um arpão com granada explosiva na
extremidade que, ao ser lançado de um canhão, permitia atingir e
matar com precisão uma baleia, qualquer que fosse seu tamanho.

Isso pode ser visto na seguinte figura:

Figura 4.16 ‑ Caça às baleias


Fonte: Zoha (2011).

130
Ecologia I

Conforme a Greenpeace ([200‑]), a população de baleias azuis


da Antártica representa, hoje, menos de 1% de sua população
original, apesar dos 40 anos de completa proteção. Algumas
espécies de baleias estão se recuperando, outras não. Apenas um
grupo, o de baleias cinzentas do Leste do Pacífico, parece ter
voltado aos números originais, mas sua parente próxima, a baleia
cinzenta do Oeste do Pacífico, é a mais ameaçada do mundo e
está à beira da extinção, com apenas 100 exemplares no mundo.

Como definimos o risco de extinção de uma espécie?

Uma espécie pode ser descrita como:

„ vulnerável: se houver a probabilidade de 10% de que ela


será extinta nos próximos 100 anos;

„ em perigo: se a probabilidade for de 20% nos próximos 20


anos ou 10 gerações, considerando‑se a de maior duração;

„ criticamente em perigo: se o risco de extinção for igual


ou superior a 50% nos próximos 5 anos ou nas duas
próximas gerações.

As espécies que possuem alto risco de extinção são quase sempre


raras. Isso não quer dizer, entretanto, que todas as espécies raras
estão ameaçadas. (TOWNSEND et al., 2006).

Para uma espécie ser considerada rara ela tem que:

„ possuir uma pequena distribuição geográfica;

„ ter habitat incomum;

„ possuir populações locais de pequeno tamanho.

O panda gigante, citado anteriormente, é um exemplo


de espécie rara.

Unidade 4 131
Universidade do Sul de Santa Catarina

Espécies ameaçadas
Conforme dados do site Cola da Web ([200‑]), entre os animais
em risco no planeta estão:

„ o elefante africano;

„ o cervo da Tailândia;

„ o panda gigante da China;

„ o cavalo selvagem da Europa Central;

„ o bisão (boi selvagem) da França;

„ a baleia‑azul.

Também correm risco espécies vegetais como:

„ as orquídeas de Chiapas, no México;

„ algumas bromélias do continente americano e da África.

Figura 4.17 ‑ Urso polar em extinção, em função da caça e do aquecimento global


Fonte: Manera (2009).

132
Ecologia I

No quadro que segue, você pode ver algumas das espécies


ameaçadas de extinção no mundo e no Brasil.

Mamíferos Aves Répteis Plantas


Antílope‑tibetano
Abutre das montanhas
Cachorro‑vinagre
Arara‑azul‑de‑lear
Cervo‑do‑pantanal
Arara‑azul‑grande
Elefante‑indiano
Arara‑azul‑pequena
Elefante‑da‑floresta
Ararinha‑azul Cágado de Hoge
Elefante‑da‑savana
Araracanga ou Camaleãozinho
Baleia‑azul Arara‑piranga
Cobra lisa europeia
Chimpanzé Arara‑de‑barriga‑amarela
Cobra de vidro
Gato do mato Arara‑vermelha
Tartaruga de couro Andiroba
Gato palheiro Bacurau‑de‑rabo‑branco
Tartaruga‑marinha Cedro
Gorila‑do‑ocidente Bicudo‑verdadeiro
Tartaruga meio‑pente Jacarandá
Gorila‑do‑oriente Cardeal‑da‑amazônia
Tartaruga oliva Mógno
Jaguatirica Cegonha preta
Tartaruga‑de‑couro Pau‑brasil
Leopardo Galo da serra
Dragão‑de‑komodo Pau‑de‑cabinda
Lobo‑vermelho Gaivota de rabo preto
Jararaca de alcatrazes Pau‑Rosa
Morcego‑cinza Gavião real
Jacaré‑de‑papo‑amarelo
Onça‑parda Grifo
Lagartixa da areia
Onça‑pintada Maracanã
Lagartixa da montanha
Orangotango Pato mergulhão
Víbora cornuda
Panda‑gigante Papagaio Pica‑pau
de coleira
Peixe‑boi
Pintor Verdadeiro
Tigre
Rolinha
Urso‑polar
Tucano‑de‑bico‑preto
Veado

Quadro 4.1 ‑ Espécies em extinção no Brasil e no mundo


Fonte: TodaBiologia.com (2008‑2011).

Unidade 4 133
Universidade do Sul de Santa Catarina

Na Figura 4.18 você pode observar algumas das espécies em


extinção no Brasil.

Figura 4.18 ‑ Espécies ameaçadas


Fonte: Mundo Vestibular ([200‑]).

Segue uma lista com os nomes de cada um desses animais, assim


como as principais causas da extinção:

1. Cervo‑do‑pantanal: animal dócil e grandalhão, torna‑se


um alvo fácil para os caçadores em busca de sua galhada,
usada como decoração.

2. Onça‑pintada: encontrada no Pantanal, desaparece


da região devido à caça indiscriminada. Sua pele tem
cotação em dólares, no mercado internacional.

134
Ecologia I

3. Mono‑carvoeiro: o maior macaco do Brasil. É originário


da Mata Atlântica. Atualmente, restam apenas cerca de
100 (cem) desses animais no estado do Rio de Janeiro.

4. Pica‑pau‑de‑cara‑amarela: os poucos sobreviventes vivem


nas matas gaúchas. Com o desmatamento, perdem sua
principal fonte de alimentação, as sementes das árvores.

5. Ararinha‑azul: cobiçada no mercado internacional por


sua plumagem. Há apenas cerca de 50 (cinquenta) desses
animais, vivendo no Piauí e na Bahia.

6. Mutum‑do‑nordeste: os últimos exemplares dessa ave


vivem hoje no litoral de Alagoas. Alguns biólogos estão
tentando reproduzir essa ave em cativeiro, para garantir a
sobrevivência da espécie.

7. Mico‑leão‑dourado: com a redução da Mata Atlântica,


perdeu seu hábitat natural. Restam algumas centenas na
reserva de Poço das Antas, no estado do Rio de Janeiro.

8. Tartaruga‑de‑couro: cada vez mais rara no litoral


brasileiro. Sua carne saborosa e seus ovos são disputados
pelos pescadores do país.

Diante disso, você já parou para se perguntar: não


há ninguém que proíbe e aplica ações corretivas
na tentativa de prevenir que o homem continue
interferindo na natureza?

Felizmente, há sim. Esse órgão é o IBAMA, uma autarquia


federal criada pela Lei 7735 (BRASIL, 1989), no dia 22 de
Instituto Brasileiro do Meio
fevereiro de 1989. Ele está vinculado ao Ministério do Meio Ambiente e dos Recursos
Ambiente (MMA) e é responsável pela execução da Política Naturais Renováveis.
Nacional do Meio Ambiente, desenvolvendo diversas atividades
para a preservação e conservação do patrimônio natural, exercendo
o controle e a fiscalização sobre o uso dos recursos naturais.

Unidade 4 135
Universidade do Sul de Santa Catarina

Espécies introduzidas

Uma espécie introduzida ou exótica é uma espécie


de organismo que vive fora da sua área de distribuição
nativa, e que tenha sido acidental ou deliberadamente
para lá levada pela atividade humana.

Muitas espécies não nativas nos fornecem alimentos,


medicamentos e outros benefícios. Algumas eliminam espécies
nativas, destroem o ecossistema e causam grandes perdas
econômicas. (MILLER JÚNIOR, 2007).

Invasões de espécies exóticas em novas áreas geográficas podem


ocorrer naturalmente e sem interferência humana. Contudo,
as atividades humanas aumentaram enormemente a ocorrência
desse fenômeno. As introduções mediadas pelo homem podem
ocorrer acidentalmente, por meio do transporte humano, ou
intencionalmente. As introduções intencionais podem ser ilegais
e visar ao interesse privado ou podem ser legítimas e ocorrer na
tentativa de beneficiar a população, visando ao controle de uma
praga, à produção de novos produtos agrícolas e à criação de
novas oportunidades recreativas. Muitas espécies introduzidas
são assimiladas pelas comunidades sem causar um efeito óbvio.
No entanto, algumas têm sido responsáveis por drásticas
alterações para as espécies nativas e para as comunidades
naturais. (TOWNSEND et al, 2006).

Os impactos das introduções sobre a biota nativa podem ser


imperceptíveis, sendo a espécie incorporada ao novo ambiente
de tal forma que passe a ser vista como nativa, como espécies de
mangueira e limoeiro, comuns nos nossos quintais. Por outro
lado, esses impactos podem ser catastróficos, uma vez que as
espécies podem causar profundas alterações na estrutura dos
ecossistemas ou mesmo danos econômicos. (OLIVEIRA, 2004).

O problema é que algumas das espécies introduzidas não


possuem predadores, competidores, parasitas ou patógenos
naturais para ajudar a controlar sua quantidade no novo habitat.
(MILLER JÚNIOR, 2007).

136
Ecologia I

Um exemplo de espécie que foi introduzida é a


serpente predadora venenosa, a brow tree snake
(Boiga irregulares).

Essa espécie de serpente é originária da Iha Guam, isolada no


meio do Oceano Pacífico. Ela pode atingir mais de 2 (dois)
metros de comprimento, e foi introduzida acidentalmente
por navios militares vindos da Nova Guiné, após a Segunda
Guerra Mundial. Em certos lugares, a densidade dessa serpente
atinge 12.000 indivíduos por milha quadrada. Ela provocou o
desaparecimento de 12 (doze) das espécies de aves florestais, de
2 (duas) das três espécies de morcegos e de pelo menos 6 (seis)
espécies de lagartos. (DAJOZ, 2005).

Outro exemplo é a introdução acidental da


formiga‑de‑fogo‑da‑argentina. Ela foi introduzida,
acidentalmente, no final da década de 1930, nos
Estados Unidos, em Mobile, Alabama. As formigas
provavelmente chegaram com os navios de transporte
de cargas de madeira e café, vindos da América do Sul.

Sem predadores naturais, essas formigas se espalharam


rapidamente por terra e água (elas conseguem flutuar) por todo o
sul, do Texas à Flórida. Elas também são encontradas em Porto
Rico e, há pouco tempo, invadiram a Califórnia e o Novo México.

As formigas‑de‑fogo reduziram drasticamente ou eliminaram


até 90% das populações de formigas nativas. Seus imensos
formigueiros ‑ que parecem grandes bolhas na terra ‑ são
capazes de arruinar áreas férteis e suas terríveis ferroadas
podem transformar jardins em lugares inabitáveis. (MILLER
JÚNIOR, 2007).

Uma das plantas introduzidas é a “pêra‑espinhosa”


(pickly pear, família Cactacea, Opuntia). Ela foi
introduzida na Austrália e invadiu milhões de hectares
de habitat nativo, transformando campos em bosques,
com arbustos impenetráveis.

Unidade 4 137
Universidade do Sul de Santa Catarina

É preciso alertar para o perigo da introdução de espécies, as


quais podem passar despercebidas ou causar grandes impactos
ambientais e econômicos. As soluções para erradicação e controle
de espécies introduzidas não devem nunca passar pela introdução
de outra espécie como controladora. A principal forma de
combater a introdução indesejável de espécies é a conscientização
da população, que é o principal vetor na disseminação de
espécies, principalmente para uso ornamental ou cultivo.
(OLIVEIRA, 2004).

Possíveis problemas genéticos em populações pequenas


A teoria manifesta aos biólogos da conservação a necessidade de
estarem atentos aos problemas genéticos que podem ocorrer em
populações pequenas, devido à perda de variabilidade genética.

A preservação da biodiversidade genética é importante porque


propicia um potencial evolutivo de longo prazo à espécie. Formas
raras de um gene (alelos) ou combinações de alelos podem não
conferir qualquer vantagem imediata, mas podem vir a ser
bem adaptadas às novas condições ambientais. As pequenas
populações tendem a apresentar uma menor variabilidade
genética e, dessa forma, um menor potencial evolutivo.

Um problema potencial mais imediato é a depressão


endogâmica. Quando as populações são pequenas, há uma
tendência de que os acasalamentos envolvam indivíduos
Casamentos consanguíneos.
aparentados. Parentes próximos têm maior probabilidade
de carregar os mesmos alelos recessivos deletérios. Por essa
razão, os indivíduos que acasalam com parentes próximos têm
uma maior chance de produzir uma prole em que os mesmos
alelos prejudiciais sejam recebidos de ambos os progenitores e,
consequentemente, o efeito deletério seja expresso.

138
Ecologia I

Seção 3 – Conservação das espécies


A conservação da diversidade biológica tornou‑se uma
preocupação global. Apesar de não haver consenso quanto ao
tamanho e ao significado da extinção atual, a Biodiversidade é
considerada essencial.

A conservação da espécie pode se feita de duas maneiras:

„ conservação ex situ;

„ conservação in situ.

A conservação ex situ é conhecida como a conservação de fauna


ou flora fora do seu habitat natural. No caso dos animais, ela visa:

„ ao desenvolvimento de técnicas de produção e manejo


em cativeiro;

„ ao treinamento de pessoal técnico científico;

„ à ampliação dos comitês de manejo das espécies silvestres;

„ ao estabelecimento e incentivo aos programas de


educação ambiental.

Essas ações permitem a conservação da fauna em longo prazo.


A conservação ex situ também contribui para o número de
espécies nativas monitoradas, promovendo a caracterização
e a diversidade genética dos indivíduos e mantendo um
monitoramento do intercâmbio genético entre indivíduos
nativos. (ADANIA et al., 2005).

Embora não resolva os problemas de conservação, a reprodução


ex situ é uma medida adotada como salvaguarda contra a
extinção, até que sejam restaurados os habitats naturais e os
animais sejam devolvidos ao seu meio original. Isso significa que
a reprodução ex situ terá que ser desenvolvida em paralelo com o
esforço de restauração de habitats.

Unidade 4 139
Universidade do Sul de Santa Catarina

A conservação ex situ de vegetais pode ser feita a partir de


plantas inteiras cultivadas em jardins botânicos, de sementes
ou de tecidos mantidos em culturas. A conservação ex situ das
espécies animais é feita em parques zoológicos, que permitem
salvar várias espécies.

Exemplos de populações que são bem estabelecidas


em cativeiro, mas que provavelmente estão extintas
na natureza são as do veado Pere David (Elaphuurs
davidianus) e do cavalo‑selvagem‑da‑Mongólia ou de
Przewalski (Equus przewalski).

Figura 4.19 ‑ Veado Pere David (Elaphuurs davidianus). Figura 4.20 ‑ Cavalo‑selvagem‑da‑Mongólia ou de
Fonte: Northrup (2010). Przewalski (Equus przewalski)
Fonte: Globo Repórter (apud JORNAL DOS BICHOS, 2010).

Os aquários também são considerados meios de conservação ex situ.

Agora vamos saber um pouco mais sobre a conservação in situ.

Nem todas as espécies são apropriadas para a reprodução em


cativeiro e a eventual reintrodução ao habitat. Assim, o meio
mais adequado de conservação é a conservação in situ.

A conservação in situ é a das espécies feitas em seu ambiente


natural, o que permite manter populações suficientemente
numerosas e diversificadas geneticamente. Esse tipo de
Como caça, coleta para o
conservação requer territórios bastante vastos e bem protegidos,
comércio ou para coleção etc.
para evitar as degradações causadas pelo homem e para
manter a permanência de processos ecológicos fundamentais.
(DAJOZ, 2005).

140
Ecologia I

A conservação in situ é realizada por meio do estabelecimento e


da manutenção de Unidades de Conservação/ áreas protegidas,
como as Reservas Biológicas.

Ecologia da restauração
A conservação é um objeto apropriado quando existe algo a
conservar. Em muitos casos, contudo, os problemas atingiram
um nível muito negativo: espécies ou, muito provavelmente,
comunidades inteiras desapareceram, foram destruídas ou
alteradas, a ponto de se tornarem irreconhecíveis. Nesses casos, a
restauração, em vez da conservação, torna‑se apropriada.

Mas o que, precisamente, devemos restaurar?

Em primeiro lugar, devemos tentar restaurar as plantas e os


animais que são considerados como habitantes naturais da área.
Natural no sentido de terem sido as espécies que viviam no local
antes da perturbação que levou à necessidade de restauração.

Existem três problemas principais:

„ podemos não ter uma ideia clara de quais eram as


espécies originais autenticas;

„ o padrão natural de estabelecimento dessas espécies pode


demorar anos;

„ a aceleração desses processos, mesmo que teoricamente


possível, exigiria um conhecimento detalhado da
ecologia de muitas espécies, informação que raramente
(se é que alguma vez) dispomos.

Uma comunidade pode ter sido alterada drasticamente devido


aos efeitos de uma ou de várias espécies introduzidas. Em tais
casos, a restauração envolve a remoção e não apenas a adição de
espécies. (MYERS et al., 2000).

Unidade 4 141
Universidade do Sul de Santa Catarina

Uma abordagem alternativa é necessária quando as condições


abióticas foram profundamente alteradas, talvez até de forma
irreversível. Isso ocorre, por exemplo, quando vários tipos
de resíduos de mina são depositados sobre o solo. Aqui, a
restauração pode ser realista. Bradshaw (1984) sugeriu os termos
“reabilitação” para o estabelecimento de uma comunidade
semelhante, mas igual à original e “substituição”, para o
estabelecimento de uma comunidade bem diferente.

A abordagem pragmática da substituição será frequentemente


necessária, utilizando quaisquer espécies que possam ser
estabelecidas, a fim de criar estruturas estéticas ou recreativas,
ou, até mesmo um ambiente produtivo na área de silvicultura ou
pastagens, por exemplo. Seja o objetivo pragmático ou romântico
(restauração das condições originais), o exercício da restauração
refere‑se à ecologia de comunidades e não de populações.

Síntese

Atividades antrópicas são aquelas realizadas com a intervenção


do Homem. Com o aumento da população, diversas são as
atividades antrópicas que causam impactos no meio ambiente.
Entre estas atividades podemos citar: a indústria, a mineração, a
habitação, a construção, a agricultura e o transporte.

Como consequência das atividades antrópicas, ocorre o


desequilíbrio ambiental. São exemplos dessas consequências: a
poluição do solo, da água atmosférica e sonora; o efeito estufa; a
contaminação por metais pesados; entre outros.

A biologia da conservação é a Ciência que se preocupa em


aumentar a probabilidade de persistência das espécies e das
comunidades na Terra ou, em termos mais gerais, de sua
biodiversidade. A biodiversidade é, em sua forma mais simples,
o número de espécies existentes, mas também pode ser vista
em escalas menores, como por exemplo, na variação genética

142
Ecologia I

existente dentro de populações e maiores, como na variedade de


tipos de comunidades presentes em uma região.

Ainda como consequência da atividade antrópica, há a extinção de


espécies de plantas e de animais. O risco de extinção das espécies
é descrito como vulnerável, em perigo e criticamente em perigo,
lembrando que nem sempre uma espécie rara está em extinção.

Uma espécie pode ser rara por possuir uma pequena distribuição
geográfica, por ocorrer em uma pequena variedade de habitats e/
ou porque suas populações locais são pequenas. Muitas espécies
são naturalmente raras, mas apenas por serem raras isso não quer
dizer que elas estejam necessariamente ameaçadas de extinção.

Contudo, se outras espécies entre duas forem iguais, é mais fácil


extinguir uma espécie rara do que uma que não é rara. Algumas
espécies nascem raras, enquanto outras são empurradas para a
raridade pelas atividades humanas. Como forma de prevenir a
extinção das espécies, foram criados os meios de conservação
das espécies. São eles: conservação in situ e conservação ex situ.
A conservação in situ é aquela que ocorre no próprio habitat da
espécie, enquanto que a conservação ex situ é fora do habitat
natural da espécie, como cativeiros.

Atividades de autoavaliação

1) São exemplos de animais ameaçados de extinção no Brasil:


a) mico‑leão‑dourado, jacaré‑de‑papo‑amarelo, baleia‑jubarte e
capivara.
b) mico‑leão‑dourado, cervo‑do‑pantanal, baleia‑jubarte e veado
campeiro.
c) cervo‑do‑pantanal, tucano, gavião‑pomba e peixe‑boi.
d) ararinha‑azul, mico‑leão‑dourado, raposa e periquito‑rei.
e) jaburu, lobo‑guará, mico‑leão‑dourado e veado‑campeiro.

Unidade 4 143
Universidade do Sul de Santa Catarina

2) Após a Revolução Industrial, intensificaram‑se as agressões ao meio


ambiente, provocadas pelo desenvolvimento capitalista e pelas
transformações produzidas pela sociedade moderna. Escreva, no
espaço apropriado, a soma dos itens considerados corretos:
(01) As chamadas “sociedades de consumo” utilizam maior quantidade
de recursos naturais, portanto, poluem mais.
(02) A poluição das águas dos rios diminuiu consideravelmente com a
industrialização, pois, aumentou a produção de biodegradáveis.
(04) Os congestionamentos de veículos, a carência de áreas verdes
e o excesso de informações visuais nas cidades não são problemas
ambientais urbanos.
(08) Efeito estufa é o nome dado ao aumento da umidade do ar
provocada pela evaporação dos esgotos ao ar livre, aquecidos pela
irradiação solar.
(16) A poluição atmosférica caracteriza‑se pela presença de gases
tóxicos e não de partículas sólidas no ar.
Resposta: ___

3) Leia o seguinte trecho e escreva, no espaço apropriado, a soma dos


itens corretos.
Conservação da natureza e exploração racional dos
recursos..., problemas que remontam, em sua própria
essência, à aparição do homem sobre a terra. Pois, desde o
início, a humanidade exerceu uma profunda influência no
seu habitat, muito maior do que qualquer espécie animal e,
por vezes, num sentido desfavorável aos equilíbrios naturais
e aos seus próprios interesses, a longo prazo. (DORST, 1973).

Sobre a influência humana na natureza, é correto afirmar que:


01) A extinção de espécies pode comprometer o equilíbrio ecológico de
toda a comunidade.
02) A destruição da vegetação tem contribuído para o processo de
desertificação de várias áreas do planeta.
04) A introdução de espécies em determinado local é sempre vantajosa,
pois aumenta a biodiversidade.
08) A destruição dos manguezais pode comprometer a pesca comercial,
pois esse ecossistema é criadouro de várias espécies de interesse
econômico.
16) Na região amazônica, a degradação ambiental é devida,
exclusivamente, ao desmatamento e queima da floresta tropical úmida.
Resposta: ___

144
Ecologia I

Saiba mais

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS.


NBR 10.004: Resíduos sólidos – Classificação. Rio de Janeiro:
ABNT, 2004.

DONATO, V. Logística verde. Rio de Janeiro: Editora Ciência


Moderna Ltda, 2008, 276 p.

MILLER JÚNIOR, G. T., Ciência ambiental. 1 ed. São Paulo:


Cengage Learning, 2007, 501 p.

RICKLEFS, R. E. A economia da natureza. 5 ed. Rio de


Janeiro: Editora Guanabara Koogan, 2009, 470 p.

TOWNSEND et al. Fundamentos em ecologia. 2a ed. Porto


Alegre: Artmed, 2006, 592 p.

Unidade 4 145
Para concluir o estudo

Ao chegar aqui você teve uma introdução do que é a


ecologia, ou seja, a principal tarefa desta ciência consiste
em determinar os princípios gerais que regulam todas as
atividades das comunidades e das suas partes integrantes,
isto é, o funcionamento dos ecossistemas.

Contudo, esses conjuntos de relações dinâmicas sofrem,


muitas vezes, a ação do homem, que em alguns casos
pode ser benéfica, mas que, geralmente, é prejudicial,
provocando desequilíbrios nos ecossistemas de maior ou
menor gravidade.

A partir dos conhecimentos que obtivemos em cada


tópico abordado, temos a função de mudar nossas
atitudes em relação ao meio que nos cerca e ficar atentos
a situações que colocam em causa o equilíbrio do planeta,
procurando, assim, alertar as populações e as entidades
governamentais para os efeitos nocivos da poluição e para
a importância da conservação do mundo natural.

A consciência desses problemas gera uma preocupação


com a preservação do meio ambiente. É nesse
contexto que se insere a ecologia. Quero, com isso,
incentivá‑lo para que num futuro próximo você possa
dar continuidade a esse processo de aprimoramento
profissional e pessoal.

Espero que você tenha gostado da disciplina e desejo‑lhe


um bom estudo e muito sucesso nesta caminhada.

Profª. Simone Martha Pugues


Referências

A POLUIÇÃO A NIVEL MUNDIAL. Resíduos petrolíferos


e derrame de óleo. 22 maio 2009. Disponível em:
<http://poluicaonivelmundial.blogspot.com/2009/05/
residuos‑petroliferos‑e‑derrame‑de‑oleo.html>. Acesso em:
13 jun. 2011.
ADANIA et al. Studbook dos grandes felinos brasileiros:
registro genealógico da onçapintada (Panthera onça) e
suçuarana (Puma concolor) em cativeiro. Jundiaí: Livraria e
Editora Conceito, 2005.
AGÊNCIA PORTUGUESA DO AMBIENTE, [200‑]. Disponível em:
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154
Sobre as professoras conteudistas

Simone Martha Pugues formou‑se em Ciências


Biológicas pela Pontifícia Universidade Católica do RS,
em 1995. Posteriormente, concluiu pela Universidade
das Nações Unidas o curso de especialização em Gestão
Ambiental. No começo de 2005, concluiu o mestrado
em Recursos Genéticos Vegetais, com estudos sobre a
conservação da Floresta Ombrófila Mista (Floresta de
Araucária) ‑ Bioma Mata Atlântica.

Desde o ano de 1996, atua no setor privado, realizando


Estudos de Avaliação de Impactos Ambientais EIA/
RIMA para empreendimentos do setor elétrico. Em
2007, foi contratada pela empresa Desenvix S/A, holding
que atua na área de novos negócios de energia (pequenas
centrais hidrelétricas, usinas hidrelétricas e energia eólica
e de biomassa), com a função de gerenciar a implantação
de projetos ambientais na fase de construção e operação
desses empreendimentos.

Nos anos de 2007 e 2008, lecionou as disciplinas de Avaliação


de Impacto Ambiental e Energia e Recursos Naturais, no
curso de Engenharia Ambiental, e Ciências do Ambiente, no
curso de Engenharia Elétrica Telemática da UNISUL.

Daiana Cardoso de Oliveira (2ª edição) é graduada em


Licenciatura em Química pela Universidade do Sul de
Santa Catarina (UNISUL ‑ 2007) e possui mestrado em
Engenharia de Alimentos pela Universidade Federal de
Santa Catarina (UFSC ‑ 2011). Atualmente, está fazendo
o doutorado em Engenharia de Alimentos na Universidade
Federal de Santa Catarina (UFSC). Atua como professora
na área de Química na UNISUL. Sua experiência
tem ênfase na área de Química Analítica. É técnica de
laboratório de prestação de Serviços Analíticos do Centro
Tecnológico (CENTEC/UNISUL). Realiza pesquisas na
área de tratamento de efluentes, investigação de alimentos
e tecnologias limpas.
Respostas e comentários das
atividades de autoavaliação

Unidade 1
1) alternativa “d”
2)
4. 7.
5. B I O S F E R A N
C I
O C
S 6. H
S H O
3. C O M U N I D A D E
S B C
T I O
1. E S P E C I E T L
M A Ó
A T G
I
C
2. P O P U L A Ç A O

Unidade 2
1)
( V ) O mutualismo é um tipo de relação harmônica interespecífica.
( F ) O comensalismo é um tipo de relação desarmônica
intraespecífica.
( V ) O inquilismo é um tipo de relação harmônica interespecífica.
( V ) As colônias são um tipo de relação harmônica intraespecífica.
( F ) O parasitismo é um tipo de relação harmônica interespecífica.
( V ) O predatismo é um tipo de relação desarmônica
interespecífica.
Universidade do Sul de Santa Catarina

2) Relações harmônicas (relações positivas).


Intraespecífica (entre indivíduos da mesma espécie).
Sociedade: união permanente entre indivíduos em que há divisão de
trabalho. Ex.: insetos sociais (abelhas, formigas e cupins).
Colônia: associação anatômica formando uma unidade estrutural e
funcional. Ex.: coral‑cérebro, caravela.
Interespecífica (entre indivíduos de espécies diferentes).
Mutualismo: associação obrigatória entre indivíduos, em que ambos se
beneficiam. Ex.: líquen, bois e microrganismos do sistema digestório.
Comensalismo: associação em que um indivíduo aproveita restos
alimentares do outro, sem prejudicá‑lo. Ex.: tubarão e rêmoras, leão e a
hiena, urubu e o homem (aproveitam os restos).
Protocooperação: associação facultativa entre indivíduos, em que
ambos se beneficiam. Ex.: anêmona do mar e paguro, gado (alimento) e
anum (limpeza dos carrapatos), crocodilo africano (restos bucais) e ave
palito (higiene bucal).
Canibalismo: relação desarmônica em que um indivíduo mata outro da
mesma espécie para se alimentar. Ex.: louva‑a‑deus, aracnídeos, filhotes
de tubarão no ventre materno.
Amensalismo: relação em que indivíduos de uma espécie produzem
toxinas que inibem ou impedem o desenvolvimento de outras. Ex.:
maré vermelha, cobra (veneno) e homem, fungo penicilium (penicilina)
e bactérias.
Sinfilia: indivíduos mantêm em cativeiro indivíduos de outra espécie,
para obter vantagens. Ex.: formigas e pulgões.
Predatismo: relação em que um animal captura e mata indivíduos de
outra espécie para se alimentar. Ex.: cobra e rato, homem e gado.
Parasitismo: indivíduos de uma espécie vivem no corpo de outro,
do qual retiram alimento. Ex.: gado e carrapato, lombrigas e vermes
parasitas do ser humano.
Competição interespecífica: disputa por recursos escassos no ambiente
entre indivíduos de espécies diferentes. Ex.: peixe piloto e rêmora (por
restos deixados pelo tubarão).

158
Ecologia I

Unidade 3
1) Alternativa “b”
2)

águia

raposa

perdiz
cobra

camundongo
coelho

inseto

plantas

Unidade 4
1) Alternativa “a”
2) 01
3) 01 + 02 = 03

159
Biblioteca Virtual

Veja a seguir os serviços oferecidos pela Biblioteca Virtual aos


alunos a distância:

„ Pesquisa a publicações on‑line


<www.unisul.br/textocompleto>
„ Acesso a bases de dados assinadas
<www.unisul.br/bdassinadas>
„ Acesso a bases de dados gratuitas selecionadas
<www.unisul.br/bdgratuitas>
„ Acesso a jornais e revistas on‑line
<www.unisul.br/periodicos>
„ Empréstimo de livros
<www.unisul.br/emprestimos>
„ Escaneamento de parte de obra*

Acesse a página da Biblioteca Virtual da Unisul, disponível no EVA,


e explore seus recursos digitais.
Qualquer dúvida escreva para: bv@unisul.br

* Se você optar por escaneamento de parte do livro, será lhe enviado o


sumário da obra para que você possa escolher quais capítulos deseja solicitar
a reprodução. Lembrando que para não ferir a Lei dos direitos autorais
(Lei 9610/98) pode‑se reproduzir até 10% do total de páginas do livro.

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