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Universidade do Sul de Santa Catarina

Língua Portuguesa
e Redação Oficial
Disciplina na modalidade a distância
Universidade do Sul de Santa Catarina

Língua Portuguesa e
Redação Oficial
Disciplina na modalidade a distância

Palhoça
UnisulVirtual
2011
Créditos
Universidade do Sul de Santa Catarina | Campus UnisulVirtual | Educação Superior a Distância
Avenida dos Lagos, 41 – Cidade Universitária Pedra Branca | Palhoça – SC | 88137-900 | Fone/fax: (48) 3279-1242 e 3279-1271 | E-mail: cursovirtual@unisul.br | Site: www.unisul.br/unisulvirtual
Reitor Coordenadores Graduação Marilene de Fátima Capeleto Patrícia de Souza Amorim Karine Augusta Zanoni
Ailton Nazareno Soares Aloísio José Rodrigues Patricia A. Pereira de Carvalho Poliana Simao Marcia Luz de Oliveira
Ana Luísa Mülbert Paulo Lisboa Cordeiro Schenon Souza Preto Mayara Pereira Rosa
Vice-Reitor Ana Paula R.Pacheco Paulo Mauricio Silveira Bubalo Luciana Tomadão Borguetti
Sebastião Salésio Heerdt Artur Beck Neto Rosângela Mara Siegel Gerência de Desenho e
Bernardino José da Silva Simone Torres de Oliveira Desenvolvimento de Materiais Assuntos Jurídicos
Chefe de Gabinete da Reitoria Charles Odair Cesconetto da Silva Vanessa Pereira Santos Metzker Didáticos Bruno Lucion Roso
Willian Corrêa Máximo Dilsa Mondardo Vanilda Liordina Heerdt Márcia Loch (Gerente) Sheila Cristina Martins
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Pró-Reitor de Ensino e Horácio Dutra Mello Gestão Documental Desenho Educacional
Lamuniê Souza (Coord.) Cristina Klipp de Oliveira (Coord. Grad./DAD) Rafael Bavaresco Bongiolo
Pró-Reitor de Pesquisa, Itamar Pedro Bevilaqua
Pós-Graduação e Inovação Jairo Afonso Henkes Clair Maria Cardoso Roseli A. Rocha Moterle (Coord. Pós/Ext.) Portal e Comunicação
Daniel Lucas de Medeiros Aline Cassol Daga Catia Melissa Silveira Rodrigues
Mauri Luiz Heerdt Janaína Baeta Neves
Aline Pimentel
Jorge Alexandre Nogared Cardoso Jaliza Thizon de Bona Andreia Drewes
Pró-Reitora de Administração José Carlos da Silva Junior Guilherme Henrique Koerich Carmelita Schulze Luiz Felipe Buchmann Figueiredo
Acadêmica José Gabriel da Silva Josiane Leal Daniela Siqueira de Menezes Rafael Pessi
Marília Locks Fernandes Delma Cristiane Morari
Miriam de Fátima Bora Rosa José Humberto Dias de Toledo
Eliete de Oliveira Costa
Joseane Borges de Miranda Gerência de Produção
Pró-Reitor de Desenvolvimento Luiz G. Buchmann Figueiredo Gerência Administrativa e Eloísa Machado Seemann Arthur Emmanuel F. Silveira (Gerente)
e Inovação Institucional Marciel Evangelista Catâneo Financeira Flavia Lumi Matuzawa Francini Ferreira Dias
Renato André Luz (Gerente) Geovania Japiassu Martins
Valter Alves Schmitz Neto Maria Cristina Schweitzer Veit
Ana Luise Wehrle Isabel Zoldan da Veiga Rambo Design Visual
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Diretora do Campus Mauro Faccioni Filho Anderson Zandré Prudêncio João Marcos de Souza Alves Pedro Paulo Alves Teixeira (Coord.)
Universitário de Tubarão Moacir Fogaça Daniel Contessa Lisboa Leandro Romanó Bamberg Alberto Regis Elias
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Diretor do Campus Universitário Patrícia Fontanella Thais Helena Bonetti Luiz Henrique Milani Queriquelli Cristiano Neri Gonçalves Ribeiro
da Grande Florianópolis Roberto Iunskovski Valmir Venício Inácio Marcelo Tavares de Souza Campos Daiana Ferreira Cassanego
Hércules Nunes de Araújo Rose Clér Estivalete Beche Mariana Aparecida dos Santos Davi Pieper
Gerência de Ensino, Pesquisa e Marina Melhado Gomes da Silva Diogo Rafael da Silva
Secretária-Geral de Ensino Vice-Coordenadores Graduação Extensão Marina Cabeda Egger Moellwald Edison Rodrigo Valim
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Solange Antunes de Souza Aracelli Araldi Pâmella Rocha Flores da Silva
Bernardino José da Silva Frederico Trilha
Diretora do Campus Catia Melissa Silveira Rodrigues Rafael da Cunha Lara Jordana Paula Schulka
Elaboração de Projeto Roberta de Fátima Martins Marcelo Neri da Silva
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Jucimara Roesler Jardel Mendes Vieira Roseli Aparecida Rocha Moterle Nelson Rosa
Vanderlei Brasil Sabrina Bleicher Noemia Souza Mesquita
Joel Irineu Lohn Francielle Arruda Rampelotte
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José Gabriel da Silva Reconhecimento de Curso
José Humberto Dias de Toledo Acessibilidade Multimídia
Diretor Adjunto Maria de Fátima Martins Vanessa de Andrade Manoel (Coord.) Sérgio Giron (Coord.)
Moacir Heerdt Luciana Manfroi
Rogério Santos da Costa Extensão Letícia Regiane Da Silva Tobal Dandara Lemos Reynaldo
Secretaria Executiva e Cerimonial Rosa Beatriz Madruga Pinheiro Maria Cristina Veit (Coord.) Mariella Gloria Rodrigues Cleber Magri
Jackson Schuelter Wiggers (Coord.) Sergio Sell Vanesa Montagna Fernando Gustav Soares Lima
Marcelo Fraiberg Machado Pesquisa Josué Lange
Tatiana Lee Marques Daniela E. M. Will (Coord. PUIP, PUIC, PIBIC) Avaliação da aprendizagem
Tenille Catarina Valnei Carlos Denardin Claudia Gabriela Dreher Conferência (e-OLA)
Mauro Faccioni Filho (Coord. Nuvem)
Assessoria de Assuntos Sâmia Mônica Fortunato (Adjunta) Jaqueline Cardozo Polla Carla Fabiana Feltrin Raimundo (Coord.)
Internacionais Pós-Graduação Nágila Cristina Hinckel Bruno Augusto Zunino
Coordenadores Pós-Graduação Anelise Leal Vieira Cubas (Coord.) Sabrina Paula Soares Scaranto
Murilo Matos Mendonça Aloísio José Rodrigues Gabriel Barbosa
Anelise Leal Vieira Cubas Thayanny Aparecida B. da Conceição
Assessoria de Relação com Poder Biblioteca Produção Industrial
Público e Forças Armadas Bernardino José da Silva Salete Cecília e Souza (Coord.) Gerência de Logística Marcelo Bittencourt (Coord.)
Adenir Siqueira Viana Carmen Maria Cipriani Pandini Paula Sanhudo da Silva Jeferson Cassiano A. da Costa (Gerente)
Walter Félix Cardoso Junior Daniela Ernani Monteiro Will Marília Ignacio de Espíndola Gerência Serviço de Atenção
Giovani de Paula Renan Felipe Cascaes Logísitca de Materiais Integral ao Acadêmico
Assessoria DAD - Disciplinas a Karla Leonora Dayse Nunes Carlos Eduardo D. da Silva (Coord.) Maria Isabel Aragon (Gerente)
Distância Letícia Cristina Bizarro Barbosa Gestão Docente e Discente Abraao do Nascimento Germano Ana Paula Batista Detóni
Patrícia da Silva Meneghel (Coord.) Luiz Otávio Botelho Lento Enzo de Oliveira Moreira (Coord.) Bruna Maciel André Luiz Portes
Carlos Alberto Areias Roberto Iunskovski Fernando Sardão da Silva Carolina Dias Damasceno
Cláudia Berh V. da Silva Rodrigo Nunes Lunardelli Capacitação e Assessoria ao Fylippy Margino dos Santos Cleide Inácio Goulart Seeman
Conceição Aparecida Kindermann Rogério Santos da Costa Docente Guilherme Lentz Denise Fernandes
Luiz Fernando Meneghel Thiago Coelho Soares Alessandra de Oliveira (Assessoria) Marlon Eliseu Pereira Francielle Fernandes
Renata Souza de A. Subtil Vera Rejane Niedersberg Schuhmacher Adriana Silveira Pablo Varela da Silveira Holdrin Milet Brandão
Alexandre Wagner da Rocha Rubens Amorim
Assessoria de Inovação e Jenniffer Camargo
Gerência Administração Elaine Cristiane Surian (Capacitação) Yslann David Melo Cordeiro Jessica da Silva Bruchado
Qualidade de EAD Acadêmica Elizete De Marco
Denia Falcão de Bittencourt (Coord.) Jonatas Collaço de Souza
Angelita Marçal Flores (Gerente) Fabiana Pereira Avaliações Presenciais
Andrea Ouriques Balbinot Juliana Cardoso da Silva
Fernanda Farias Iris de Souza Barros Graciele M. Lindenmayr (Coord.)
Carmen Maria Cipriani Pandini Juliana Elen Tizian
Juliana Cardoso Esmeraldino Ana Paula de Andrade
Secretaria de Ensino a Distância Kamilla Rosa
Maria Lina Moratelli Prado Angelica Cristina Gollo
Assessoria de Tecnologia Samara Josten Flores (Secretária de Ensino) Simone Zigunovas
Mariana Souza
Osmar de Oliveira Braz Júnior (Coord.) Cristilaine Medeiros Marilene Fátima Capeleto
Giane dos Passos (Secretária Acadêmica) Daiana Cristina Bortolotti
Felipe Fernandes Adenir Soares Júnior Tutoria e Suporte Maurício dos Santos Augusto
Felipe Jacson de Freitas Delano Pinheiro Gomes Maycon de Sousa Candido
Alessandro Alves da Silva Anderson da Silveira (Núcleo Comunicação) Edson Martins Rosa Junior
Jefferson Amorin Oliveira Andréa Luci Mandira Claudia N. Nascimento (Núcleo Norte- Monique Napoli Ribeiro
Phelipe Luiz Winter da Silva Fernando Steimbach Priscilla Geovana Pagani
Cristina Mara Schauffert Nordeste)
Fernando Oliveira Santos
Priscila da Silva Djeime Sammer Bortolotti Maria Eugênia F. Celeghin (Núcleo Pólos) Sabrina Mari Kawano Gonçalves
Rodrigo Battistotti Pimpão Lisdeise Nunes Felipe Scheila Cristina Martins
Douglas Silveira Andreza Talles Cascais Marcelo Ramos
Tamara Bruna Ferreira da Silva Evilym Melo Livramento Daniela Cassol Peres Taize Muller
Marcio Ventura Tatiane Crestani Trentin
Fabiano Silva Michels Débora Cristina Silveira Osni Jose Seidler Junior
Coordenação Cursos Fabricio Botelho Espíndola Ednéia Araujo Alberto (Núcleo Sudeste) Thais Bortolotti
Coordenadores de UNA Felipe Wronski Henrique Francine Cardoso da Silva
Diva Marília Flemming Gisele Terezinha Cardoso Ferreira Janaina Conceição (Núcleo Sul) Gerência de Marketing
Marciel Evangelista Catâneo Indyanara Ramos Joice de Castro Peres Eliza B. Dallanhol Locks (Gerente)
Roberto Iunskovski Janaina Conceição Karla F. Wisniewski Desengrini
Jorge Luiz Vilhar Malaquias Kelin Buss Relacionamento com o Mercado
Auxiliares de Coordenação Juliana Broering Martins Liana Ferreira Alvaro José Souto
Ana Denise Goularte de Souza Luana Borges da Silva Luiz Antônio Pires
Camile Martinelli Silveira Luana Tarsila Hellmann Maria Aparecida Teixeira Relacionamento com Polos
Fabiana Lange Patricio Luíza Koing Zumblick Mayara de Oliveira Bastos Presenciais
Tânia Regina Goularte Waltemann Maria José Rossetti Michael Mattar Alex Fabiano Wehrle (Coord.)
Jeferson Pandolfo
Amaline Boulus Issa Mussi

Língua Portuguesa e
Redação Oficial
Livro didático

Revisão e Atualização de Conteúdo


Amaline Boulus Issa Mussi

Design instrucional
Carmen Maria Cipriani Pandini
João Marcos de Souza Alves

3ª edição

Palhoça
UnisulVirtual
2011
Copyright © UnisulVirtual 2011
Nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida por qualquer meio sem a prévia autorização desta instituição.

Edição – Livro Didático


Professora Conteudista
Amaline Boulus Issa Mussi

Revisão e atualização de conteúdo


Amaline Boulus Issa Mussi

Design Instrucional
Carmen Maria Cipriano Pandini
João Marcos de Souza Alves (3ª edição)

Projeto Gráfico e Capa


Equipe UnisulVirtual

Diagramação
Daiana Ferreira Cassanego

Revisão
Amaline Boulus Issa Mussi

469.51
M98 Mussi, Amaline Boulus Issa
Língua portuguesa e redação oficial : livro didático / Amaline Boulus
Issa Mussi ; design instrucional Carmen Maria Cipriani Pandini, João Marcos
de Souza Alves. – 3. ed. – Palhoça : UnisulVirtual, 2011.
220 p. : il. ; 28 cm.

Inclui bibliografia.

1. Língua portuguesa ‑ Redação. 2. Língua portuguesa – Estudo e


ensino (Educação permanente). I. Pandini, Carmen Maria Cipriani. II. Alves,
João Marcos de Souza. III. Título.

Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca Universitária da Unisul


Sumário

Apresentação. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7
Palavras da professora. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
Plano de estudo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11

UNIDADE 1 - Linguagem: apenas uma breve introdução. . . . . . . . . . . . . . . . 15


UNIDADE 2 - Construção do texto. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53
UNIDADE 3 - Tipologia Textual. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 79
UNIDADE 4 - Produção Textual. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 105
UNIDADE 5 - Padrão oficial da língua portuguesa:
abordagem teórico‑prática . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 177

Para concluir o estudo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 205


Referências. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 207
Sobre a autora. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 211
Respostas e comentários das atividades de autoavaliação. . . . . . . . . . . . . . 213
Biblioteca Virtual. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 219
Apresentação

Este livro didático corresponde à disciplina Língua Portuguesa


e Redação Oficial.

O material foi elaborado visando a uma aprendizagem autônoma


e aborda conteúdos especialmente selecionados e relacionados
à sua área de formação. Ao adotar uma linguagem didática
e dialógica, objetivamos facilitar seu estudo a distância,
proporcionando condições favoráveis às múltiplas interações e a
um aprendizado contextualizado e eficaz.

Lembre‑se que sua caminhada, nesta disciplina, será


acompanhada e monitorada constantemente pelo Sistema
Tutorial da UnisulVirtual, por isso a “distância” fica caracterizada
somente na modalidade de ensino que você optou para sua
formação, pois na relação de aprendizagem professores e
instituição estarão sempre conectados com você.

Então, sempre que sentir necessidade entre em contato; você tem


à disposição diversas ferramentas e canais de acesso tais como:
telefone, e‑mail e o Espaço Unisul Virtual de Aprendizagem,
que é o canal mais recomendado, pois tudo o que for enviado e
recebido fica registrado para seu maior controle e comodidade.
Nossa equipe técnica e pedagógica terá o maior prazer em lhe
atender, pois sua aprendizagem é o nosso principal objetivo.

Bom estudo e sucesso!

Equipe UnisulVirtual.

7
Palavras da professora

Bem‑vindo/a aos estudos de Língua Portuguesa e


Redação Oficial!

Nossa proposta mais específica volta‑se à qualificação de


competências para o ato de redigir e interpretar os textos
oficiais, estes que são adotados pelo Poder Público em suas
comunicações e atos normativos.

Mas não apenas.

Durante os seus estudos, você vai reconhecer e exercitar


com maior desenvoltura a modalidade oficial da Língua
Portuguesa, instrumento essencial ao processo de
autoidentificação, inserção profissional e cidadã.

A cada unidade da disciplina, você conhecerá conceitos e


recursos que o/a habilitarão crescentemente. A primeira e a
segunda, respectivamente, propõem uma compreensão mais
abrangente do que seja a linguagem verbal, esta que você
aciona em suas comunicações em geral. As três unidades
finais voltam‑se, com grande dominância, à Redação
Oficial – modalidade e gênero.

Vamos começar?

Bom trabalho!

Professora Amaline
Plano de estudo

O plano de estudos visa a orientá‑lo no desenvolvimento da


disciplina. Ele possui elementos que o ajudarão a conhecer o
contexto da disciplina e a organizar o seu tempo de estudos.

O processo de ensino e aprendizagem na UnisulVirtual leva


em conta instrumentos que se articulam e se complementam,
portanto, a construção de competências se dá sobre a
articulação de metodologias e por meio das diversas formas de
ação/mediação.

São elementos desse processo:

„„ o livro didático;

„„ o Espaço UnisulVirtual de Aprendizagem (EVA);

„„ as atividades de avaliação (a distância, presenciais e


de autoavaliação);

„„ o Sistema Tutorial.

Ementa
Linguagem. Construção do texto. Tipologia textual. Produção
textual. Padrão oficial da Língua Portuguesa.
Universidade do Sul de Santa Catarina

Objetivos da disciplina

Geral
Relacionar conhecimentos teóricos e produção textual especializada.

Específicos
„„ Compreender a comunicação humana em processo.

„„ Qualificar a intenção comunicativa em geral.

„„ Diferenciar tipologias textuais.

„„ Diferenciar coloquialidade e padrão oficial em


Língua Portuguesa.

„„ Conhecer e aplicar os pressupostos da Redação Oficial.

Carga horária
A carga horária total da disciplina é de 60 horas‑aula.

Conteúdo programático/objetivos
Veja, a seguir, as unidades que compõem o livro didático desta
disciplina e os seus respectivos objetivos. Estes se referem aos
resultados que você deverá alcançar ao final de uma etapa de
estudo. Os objetivos de cada unidade definem o conjunto de
conhecimentos que você deverá possuir para o desenvolvimento
de habilidades e competências necessárias à sua formação.

Unidades de estudo: 5

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Língua Portuguesa e Redação Oficial

Unidade 1 – Linguagem: apenas uma breve introdução


Esta unidade estuda a comunicação humana no contexto
da cultura em geral; as diferentes linguagens; a gênese das
variedades linguísticas; as funções da linguagem; e, no plano
dos significados, a polifonia e a polissemia. Adquiridos
articuladamente, estes conhecimentos lhe assegurarão
conscientizar e contextualizar sua comunicação oral e gráfica.

Unidade 2 – Construção do texto


Nesta unidade, você estudará aspectos introdutórios à redação em
geral, detendo‑se nos elementos constitutivos de textualidade e
gramaticalidade. Com isto, pretende‑se oferecer a você subsídios
para a produção textual presidida e direcionada.

Unidade 3 – Tipologia textual


Esta unidade descreve as tipologias textuais em geral e a redação
oficial especialmente. No correr de seus estudos, você deverá
saber identificar aspectos estruturais e expressivos específicos a
diferentes tipos de redação.

Unidade 4 – Produção textual


Nesta unidade, você conhecerá gêneros textuais correspondentes
à Redação Oficial. A partir desta etapa, já contará com subsídios
para elaborar alguns gêneros de redação oficial mediante
consulta seletiva.

Unidade 5 – Padrão oficial da língua portuguesa: abordagem


teórico‑prática
Esta unidade volta‑se a estudos aplicados à morfossintaxe da
frase de língua portuguesa em algumas de suas variedades, tendo
o padrão oficial como referência norteadora essencial para a sua
redação oficial.

13
Universidade do Sul de Santa Catarina

Agenda de atividades/Cronograma

„„ Verifique com atenção o EVA, organize‑se para acessar


periodicamente a sala da disciplina. O sucesso nos seus
estudos depende da priorização do tempo para a leitura,
da realização de análises e sínteses do conteúdo e da
interação com os seus colegas e professor.

„„ Não perca os prazos das atividades. Registre no espaço


a seguir as datas com base no cronograma da disciplina
disponibilizado no EVA.

„„ Use o quadro para agendar e programar as atividades


relativas ao desenvolvimento da disciplina.

Atividades obrigatórias

Demais atividades (registro pessoal)

14
1
UNIDADE 1

Linguagem: apenas uma


breve introdução

Objetivos de aprendizagem
„„ Estudar a origem da linguagem.

„„ Compreender a razão de ocorrerem mudanças na língua.

„„ Conhecer formas em que se apresentam tais mudanças.

„„ Conhecer as funções da linguagem.

„„ Analisar os fenômenos da polissemia e da polifonia.

„„ Identificar a repercussão destas realidades em sua


comunicação oral e gráfica.

Seções de estudo
Seção 1 Linguagem e língua

Seção 2 Linguagem e cultura

Seção 3 Variações e variedades linguísticas

Seção 4 Língua escrita e fala

Seção 5 A linguagem e suas funções

Seção 6 Polissemia e polifonia


Universidade do Sul de Santa Catarina

Para início de estudo


Quantas linguagens você aciona ao se comunicar?

Sim, esta pergunta faz sentido! Afinal, nós nos comunicamos


através da fala, através de e‑mails, ou mesmo, pela roupa que
vestimos. Nossos gestos também constituem linguagem e
estabelecem comunicação. Lembra‑se de ter ouvido a expressão
‘linguagem corporal’?

Mais exemplos: a boa risada que você acabou de dar; ou o abraço;


ou um Como vai?; ou um Sai! E, mesmo, um pouco de cada
coisa: um sonoro Como vai? seguido de um abraço; um Sai!
acompanhado de um gesto de mão.

Nesta unidade, você estudará linguagem – e já deve ter percebido


que o tema é fascinante. Vai conceituar linguagem, identificar as
diferentes formas em que se expressa; contextualizá‑la no âmbito
da cultura e da significação e, ainda, descrever algumas de suas
variações e funções no processo comunicativo.

Siga as seções com atenção, e, depois, faça as suas conclusões


pessoais repercutirem em seu cotidiano e em sua Redação Oficial.

Seção 1 – Linguagem e língua

Você imagina como surgiu a linguagem humana?

Há inúmeros pontos de vista a respeito, e, seguramente, alguns


deles você conhece:

„„ A linguagem humana é atributo conferido por Deus!

„„ A linguagem nasce com o homem...

16
Língua Portuguesa e Redação Oficial

„„ A linguagem surgiu à medida que o homem evoluía.

„„ Linguagem é um produto biossocial.

Mas, antes de debater a sua origem, o que é mesmo


linguagem?

Afinal, do que estamos falando precisamente?

Como conceituá‑la?

Você pode pensar assim:

Linguagem é o potencial, específico à espécie humana, de


comunicar‑se:

a) usando a palavra (linguagem verbal); e/ou

b) usando outros signos, como gestos, cores, sons, etc.


(linguagem não verbal).

E língua, como conceituar língua?

Trata‑se de um instrumento de comunicação, um sistema


de signos vocais específicos aos membros de uma mesma
comunidade. Como a língua portuguesa, a língua espanhola,
etc. As línguas vivas, bastante numerosas, são todas as línguas
atualmente utilizadas tanto na comunicação oral como na
comunicação escrita (Atenção: nem todas as línguas vivas são
também grafadas!).

A propósito, assim se expressam Faraco e Mandryk (2008, p.251):

A língua é uma realidade tão banal e, ao mesmo tempo,


tão importante, complexa e misteriosa. A maior parte
de nossas atividades diárias são apenas verbais ou
acompanhadas de fala; estamos tão envolvidos pela
língua que poucas vezes paramos para pensar sobre
ela. Contudo, embora um fato corriqueiro, a língua é
uma realidade bastante complexa (basta lembrar que
o número de sentenças possíveis em qualquer língua
é infinito); cheia de mistério (no estudo científico das

Unidade 1 17
Universidade do Sul de Santa Catarina

línguas, há ainda um grande número de perguntas sem


respostas); e de importância vital para a humanidade.

Não temos conhecimento de nenhum grupo humano,


no passado ou no presente, que não tenha uma língua,
a realidade humana é, de fato, inseparável da língua.

Percebe? Linguagem e Língua não são a mesma coisa!

Na realidade, você pode diferenciá‑las assim:

Linguagem é o potencial.

Língua é a concretização deste potencial em um modo


de expressão.

Outra questão posta é a seguinte:

Como diferenciar a linguagem verbal e a linguagem


não verbal?

Linguagem verbal e Linguagem não verbal


Um produto da linguagem verbal é este texto que você lê agora.
Está escrito em língua portuguesa, mas poderia estar escrito em
língua inglesa.

Já, um produto da linguagem não verbal, apenas para


comparação, é o cartão amarelo apresentado pelo árbitro nas
partidas de futebol, e que expressa algum tipo de advertência.
Outro? A luz vermelha no semáforo, que indica Pare!; a verde,
que indica Siga!, etc.

Em um filme, você tem harmonizadas com arte, por exemplo, a


linguagem das falas – verbal; a linguagem da fotografia – não verbal;
etc. Sim, evidentemente, em inúmeros cenários de seu cotidiano, as
linguagens se combinam em uma mesma intenção significativa.

Entendido?

18
Língua Portuguesa e Redação Oficial

Então, vá adiante. Hora de visualizar o contexto em que o


potencial humano (linguagem) se concretiza em comunicação,
através de um instrumento (a língua).

E uma observação: Sobre a questão introdutória – a


origem da linguagem –, recomendo conhecer mais
profundamente diferentes teorias a respeito, mediante
pesquisa e leitura. Então será hora de firmar suas próprias
conclusões. O tema, como disse, é polêmico, bastante.

Seção 2 – Linguagem e cultura


Inúmeros estudos debruçam‑se sobre a natureza expansiva ou
modificadora da linguagem. Afinal, em que contexto o nosso
potencial expressivo se atualiza, se amplia? No caso da linguagem
verbal, por exemplo, de onde surgem, de onde brotam as novas
noções em busca da palavra adequada que as nomeie? Você tem
uma opinião a respeito?

Segundo Morato, a linguagem é “uma ação humana (ela


predica, interpreta, representa, influencia, modifica, configura,
contingencia, transforma), na mesma proporção em que podemos
dizer da ação humana que ela atua também sobre a linguagem.”
(MORATO, 1999, p.155). A sugestão que se depreende daí é que
a linguagem é impregnada de cultura. Ambas são intimamente
associadas e interagem, atualizando‑se.

Veja, no exemplo a seguir, alguns termos técnicos criados no


contexto do desenvolvimento tecnológico e da informática, em
resposta a determinada necessidade de expressão. Estes termos
bem ilustram a aludida associação no plano da linguagem verbal.

— Qual é o servidor por onde você navega?

— Alguns já estão abertos aos hackers. Cuidado!

— Tudo bem, eu tenho antispam, antivírus e antimaldade!

Unidade 1 19
Universidade do Sul de Santa Catarina

E então, será mesmo possível afirmar que linguagem


e cultura estão estreitamente associadas? O que você
pensa disto?

Para uma resposta fundamentada, você deve partir do conceito


de linguagem e do conceito de cultura. É que, para compreender
a associação entre linguagem e cultura, impõe ter uma clara
compreensão de ambos.

a) Linguagem você já consegue definir. Trata‑se do


potencial, específico à espécie humana, de comunicar‑se.

b) E cultura?

Em auxílio:

De acordo com Aurélio, cultura é o “conjunto de características


humanas que se criam e se preservam ou aprimoram através
da comunicação e cooperação entre indivíduos em sociedade.”
(AURÉLIO, 2000, p. 155).

Você encontrou um conceito diferente para cultura?

Registre‑o a seguir. Depois, compare‑o com o de Aurélio (op.cit.).

20
Língua Portuguesa e Redação Oficial

Você imagina por que empreendemos este tipo de


estudo?

De onde provém o efetivo interesse em estabelecer


uma relação entre Linguagem e Cultura?

Que benefícios, ou então, que aportes este


conhecimento pode trazer aos nossos estudos de
Língua Portuguesa e Redação Oficial?

Pinilla et al. (PEAD, 2011, site) trazem respostas funcionais:

„„ A associação entre cultura e linguagem é extremamente


norteadora durante o ato de ler e de redigir.

„„ Mais especialmente, para a atividade profissional que


exige contínua comunicação com interlocutores de
diferentes perfis e áreas.

E, em REALE (2002, site), você pode consolidar sua


compreensão do tema mais amplamente:

[...]Têm razão, por conseguinte, Heidegger e Gadamer


quando proclamam que a linguagem é o solo da
cultura, entendida esta, não apenas como a capacidade
de participar de um número cada vez maior de valores
intelectuais ou artísticos, mas, antropologicamente,
como acervo de tudo aquilo que a espécie humana veio
acumulando ao longo de sua experiência histórica. Daí
poder‑se dizer que o ser do homem é o seu dever‑ser
consubstanciado na linguagem a qual o tornou capaz de
realizar‑se como pode e deve fazê‑lo. Parece‑me essencial
essa dupla compreensão do ser humano em seu dever ser
através da linguagem.

A cultura, por conseguinte, é o complexo e sempre


inconcluso mundo dos objetos do conhecimento, sendo a
linguagem a sua expressão comunicativa, pois, dar nome
às coisas significa criá‑las e dar‑lhes significado, razão
pela qual, acertadamente, afirma Gadamer que toda
criação, tanto nas ciências como nas artes, no fundo,
constitui um ato de interpretação ou de hermenêutica.
Interpretação dos textos,
Vamos aplicar estas noções à observação de nossa comunicação do sentido das palavras.
cotidiana?

Unidade 1 21
Universidade do Sul de Santa Catarina

Na próxima seção, você vai identificar reflexos do contexto


sociocultural sobre modalidades de linguagem.

Comece a leitura e situe‑se!

Seção 3 – Variações e variedades linguísticas


Você domina algumas das variedades linguísticas e as emprega,
alternativa ou oportunamente, de acordo com o contexto
sociocultural em que a comunicação ocorre.

Mas o que significa variação linguística e variedade


linguística?

Em PEAD (2010, site), você pode começar a elaborar sua resposta.

1. a língua não é usada de modo homogêneo por todos os


seus falantes. O uso de uma língua varia de época para
época, de região para região, de classe social para classe
social, e assim por diante;

2. nem individualmente podemos afirmar que o uso


seja uniforme. Dependendo da situação, uma mesma
pessoa pode usar diferentes variedades de uma só
forma da língua. [...] ( grifo nosso).

A propósito, observe o exemplo (CEFIEL, 2......), já bastante


conhecido, que ilustra aspectos de variação região‑região:

Dois mineiros conversavam assim, durante o café da manhã:

A: Ce qué café?

B: Qué.

A: Pó pô pó?

22
Língua Portuguesa e Redação Oficial

B: Pó pô!

A: Pó pô pão?

B: Pó pô poquin só.

E então, que tal exercitar o ‘ouvido’ e registrar o diálogo


equivalente mas no padrão oficial de língua portuguesa?

Fez?

Compare, agora, seu resultado com este, a seguir, que nos foi
proposto em citação:

A: Você quer café?

B: Quero.

A: Posso pôr o pó?

B: Pode pôr!

A: Posso pôr pão?

B: Pode pôr um pouquinho só.

É verdade que a língua portuguesa (no caso) se expressa


variadamente, de região para região; e, em uma mesma região,
de acordo com o contexto sociocultural do falante. Ainda:
neste caso, ocorrem variações, de acordo com a idade, o sexo e
a formalidade requerida pela situação. Também há a questão
da especificidade técnica. E há a estratégia de abertura, ou
fechamento da informação.

Mas não apenas: é que a língua sofre interferência de


todos estes aspectos descritos acima e de muitos outros a
enumerar. E as variedades daí decorrentes se produzem
não apenas na pronúncia – como poderíamos pensar
inicialmente. Também surgem no léxico (seleção de palavras),
na sintaxe (organização da frase) e na morfologia (aspectos
formais, por exemplo, conjugação verbal) da língua.

Unidade 1 23
Universidade do Sul de Santa Catarina

Com todos estes dados que lhe foram trazidos, já lhe é possível
firmar um conceito para variação e variedade linguística? Tenha
em mente que:

a) variação é processo;

b) variedade é produto.

Entende‑se, então, por variedades linguísticas os


distintos falares em uma mesma língua. É que toda
língua natural sofre variações.

Com os conceitos de variação e de variedade linguística já


disponíveis, vamos tentar responder a uma pergunta inerente ao
ato de comunicação verbal.

Existem variedades linguísticas melhores e piores?

Diante de uma variedade linguística, procede a avaliação


certo/ errado ou a avaliação adequado/inadequado?

Esta é uma noção norteadora essencial ao ato de redigir e ao ato


de comunicar‑se oralmente.

E você, o que pensa?

Vai escolher que a variedade linguística pode ser


adequada e inadequada?

Sim, a questão aqui é de adequação ao ato comunicativo. E, no


contexto da Redação Oficial, objeto de nosso estudo, trata‑se da
adequação aos atos comunicativos oficiais.

Como se lê em PEAD (2010, site),

não há hierarquia entre os usos variados da língua,


assim como não há uso linguisticamente melhor
que outro. Em uma mesma comunidade linguística,
portanto, coexistem usos diferentes, não havendo
um padrão de linguagem que possa ser considerado
superior. O que determina a escolha de tal ou tal
variedade é a situação concreta de comunicação [...]
24
Língua Portuguesa e Redação Oficial

Compreendido?

Sim, há variedades linguísticas. E é fundamental


conhecê‑las e identificá‑las, no contexto da comunicação.

Exatamente, a adequação da variedade linguística


ao contexto da comunicação constitui uma regra
substantiva em linha da qualificação.

Na sequência, você tem exemplificadas diferentes variedades


linguísticas.

Elas foram agrupadas a partir de alguns critérios classificatórios


(há divergências, de autor para autor).

Tenha, entretanto, em mente que:

„„ as variações linguísticas decorrem de uma dinâmica


natural e por influência de diferentes fatores;

„„ os fatores são os culturais, situacionais, geográficos e sociais;

„„ as variedades linguísticas, justamente, surgem dessa dinâmica.

A propósito, veja, na sequência, como Nicola (1989, p.21)


classifica as variedades linguísticas.

Língua falada: é mais espontânea, mais solta, acompanhada de


mímica e entonação, as quais preenchem papéis significativos.
Veja um exemplo:

Sim, ocorre de você adotar esta variedade no seu dia a dia e em


algum tipo de rotina profissional. Mas atenção às armadilhas da
língua falada, informal, rica em meios de dizer sem significar, e
de significar em silêncio. (Sim, a língua também constitui espaço
de silêncios, pressupostos, implícitos.)

– Silêncios significativos, implícitos e pressupostos são matéria


detalhada em Elementos constitutivos de textualidade.

Língua escrita: não é a simples representação gráfica da língua


falada, mas, sim, um sistema mais disciplinado e rígido, uma

Unidade 1 25
Universidade do Sul de Santa Catarina

vez que não conta com a significação paralela da mímica e da


entonação. Veja um exemplo:

Você adota a escrita em seu cotidiano profissional (por exemplo,


um Ofício) e, também, no espaço social (por exemplo, um cartão
de Natal) e no espaço particular (por exemplo, um recado).
Estude diferentes características desta modalidade nas unidades
2, 3, 4, 5.

Dialetos: quando as diferenças se aprofundam, fala‑se em dialeto.

Rabaça et al.(1997, apud SANTOS, 2007) esclarece, mais, que


esta variedade tem seu próprio sistema léxico (vocabulário),
sintático ( estruturação da frase) e fonético (sons), e é de
abrangência mais restrita.

Acompanhe, então, alguns exemplos extraídos do DICIONÁRIO


DO NORDESTE 5.000 palavras e expressões:

Capar o gato: 1. Fugir, dar no pé, rapar, no CE e na BA:


“Juvenal acabou o namoro e capou o gato rapidinho.”
2. Sair, ir embora: “A conversa está muito boa, mas
chegou a hora de capar o gato e ir para casa [...]”

De caju em caju: Aqui e ali, uma vez ou outra, na BA:


“Não era hábito dele, nem gostava mesmo de beber,
no máximo um vermute ou uma cerveja de caju em
caju, mas Deoquinha entornou dois copos daquele
assobio‑de‑cobra como quem toma dois goles d’água
[...].” (RIBEIRO, 2000).

Na rosca da venta: Cara a cara, face a face, testa a testa.

Pegar‑o‑boi: Na BA é levar vantagem, fazer um bom


negócio.

Samangar: Fazer nada, viver no ócio, vagabundar.

Fonte: Navarro, 2004.

26
Língua Portuguesa e Redação Oficial

Regionalismos: variação linguística de ordem geográfica. (Aqui


se observam variações fonéticas, de pronúncia, dominantemente.
Neste sentido, pode‑se mesmo afirmar que o regionalismo se
inscreve dentro do dialeto, em sua vertente fonética.)

Fonte: Patativa do Assaré. O Vaqueiro. <http://www.tanto.


com.br/patativa‑vaqueiro. htm>. Acesso em: 10 out. 2010.

Tanto os regionalismos quanto os dialetos podem causar ‘ruído’


na comunicação, vale dizer, dificultá‑la. Aqui sua atenção é
essencial: eles não podem ser empregados em sua redação oficial.

Línguas Técnicas: pertencentes a grupos restritos de indivíduos


os quais compartilham um mesmo conhecimento técnico.
Acompanhe o exemplo:

Leilão de Luxo

Em um leilão de elite, são pedidos lances para um vaso


chinês.

— Vaso Ming Chang Lung! — apregoa o leiloeiro —


Quem dá mais? Quem dá mais?

Os lances são altíssimos. 100 mil, 200 mil, 500 mil... Até
que um senhor faz um lance de 1 milhão de dólares e
arremata o vaso.

— Vendido! — grita o leiloeiro, e bate o martelo.

O autor do lance milionário se dirige ao palco. O


leiloeiro se atrapalha e deixa o vaso cair no chão. O
vaso quebra em mil pedacinhos.

O leiloeiro não perde a compostura e faz novo pregão:


— Quebra‑cabeça Ming Chang Lung! Quem dá mais?
Quem dá mais?

Unidade 1 27
Universidade do Sul de Santa Catarina

Gírias: pertencentes a grupos restritos de indivíduos que


compartilham interesses comuns.

Separou? Então, se o seu (sua) ex não sai do seu pé,


para de marcar bobeira e vem debater conosco no
BLOG dos descasados.

Uma recomendação

A linguagem técnica e as gírias exigem, da mesma


forma, cuidado, seja quando você estiver no papel de
emissor da mensagem (quem diz algo a alguém), seja
no papel de receptor (quem ouve algo de alguém). É
que ambas podem causar problemas de compreensão.
É verdade: inadequação gera constrangimento e,
frequentemente, mal‑entendidos.
Você vai estudar os elementos da comunicação na
Seção 5.

Língua culta ou oficial: prende‑se aos modelos e normas


da Gramática Tradicional e é empregada pelas elites sociais
escolarizadas. Trata‑se da modalidade linguística tomada como
padrão de ensino e nela se redigem os textos e documentos
sociais do país. (E a redação oficial, em decorrência).

Um estudo sobre o tema da segurança

A segurança em seu sentido doutrinário político

A formação de qualquer sociedade humana tem,


ao lado do componente natural de agregação, o
desejo de recíproco respeito, de mútua colaboração e
junção de esforços em prol do bem comum e, talvez,
principalmente, a necessidade de proteção diante de
determinados perfis humanos daquela ou de outras
coletividades. Evoluídas as sociedades e formados
os grupos nacionais, o desafio passa a ser a defesa
externa, não somente sob o prisma militar, mas sob o
ponto de vista ideológico e econômico. [...].

Fonte: Silva Júnior, 2004.

28
Língua Portuguesa e Redação Oficial

Língua popular ou informal: é a língua usada diariamente pelo


povo, desprovida de qualquer preocupação com a correção gramatical.
Sua finalidade é eminentemente prática: comunicar informações e
exprimir opiniões e sentimentos de forma eficaz. (Ainda assim há
belos produtos literários escritos em língua popular).

Fonte: Rios, 2004.

Observe, a seguir, a variedade coloquial, incluindo desvios


gramaticais, jargão, gírias e seu possível equivalente oficial.
(Variedades linguísticas – colaboração de Herald Tabosa
Córdova. Turma Segurança Pública, UnisulVirtual, 2005).

Dizia uma testemunha: O samango achou o bagulho na


cunzinha e levou todo mundo em fragrante.

Versão para a modalidade oficial:

O policial encontrou a droga na cozinha e deu o


flagrante em todos.

Unidade 1 29
Universidade do Sul de Santa Catarina

Atenção: Você acaba de ver sistematizadas as variedades


de língua com que lida diariamente, visto que convive
com pessoas dos mais diferentes perfis culturais e com
diferentes intenções comunicativas. Mas lembre‑se de
que o seu texto deverá empregar a modalidade da língua
adequada à sua intenção comunicativa:

 sua redação oficial adotará a modalidade culta da


língua;

 sua fala deverá considerar o seu interlocutor (quem


ouve) e o contexto em que ocorre o diálogo;

 situações protocolares exigem que adote a


modalidade oficial ao falar.

 os regionalismos, dialetos e gírias não são adotados


em redação oficial.

Vimos até aqui a relação entre linguagem e cultura e conhecemos


as variedades linguísticas que podem surgir neste contexto.

Com as análises efetuadas, você já deve conseguir relacionar a


fala e a escrita.

Pense a respeito e depois confira suas conclusões com a proposta


a seguir.

Seção 4 – A relação entre fala e escrita

Responda rápido: quais são as habilidades da


linguagem verbal?

São quatro as habilidades da linguagem verbal.

Se você pensou na leitura, na escrita, na fala e audição, acertou!

Que tipo de relação você estabelece entre elas?

30
Língua Portuguesa e Redação Oficial

Bem, tente responder às perguntas a seguir e, depois, compare


suas respostas com as do texto. Esta compreensão é essencial para
a qualificação de sua redação em geral e de sua redação oficial. Vá
por partes.

Será que se deve falar como se escreve?


Ou então, será que se escreve como se fala?

„„ A escrita não se constitui em registro gráfico da fala, e a


função da escrita não é a de ‘copiar’ graficamente a fala.

„„ A escrita surgiu em determinado momento da evolução


cultural de uma sociedade, assegurando a ela a expressão
de novas necessidades de comunicação.

„„ O nível de elaboração do texto escrito ultrapassa o do


texto oral, não importa em qual modalidade de língua se
expresse – oficial, coloquial, vulgar.

„„ O citado nível de elaboração do texto escrito, para


ser alcançado, exige diferentes tipos de aprendizagem
formal, de acordo com o objetivo de terminalidade.

E você? Já se havia dado conta de como é diferente o


seu nível de concentração e de formalidade ao falar e
ao escrever?

Veja o exemplo a seguir:

Fala
Hei, pessoal!! Olha gente nova pintando pra foto. Ta’qui a Luíza.
E a Joana. Elas tão fazendo a tímida, mas são tri‑legais. Ô
Pedro? Depois você vem dar um clique aqui. Pode ser de tarde.
Tem de pegar a galera nos trinques, mano, dizendo chiiiiis... A
gente é demais... e o nosso cartão de Natal tem de bombar ...

Unidade 1 31
Universidade do Sul de Santa Catarina

Escrita
Neste final de tarde haverá uma sessão de fotos com o grupo
veterano do setor e as novas funcionárias, Luíza e Joana. Ambas
são conhecidas pelo alto senso de companheirismo.

Pedro Jr. é o fotógrafo escalado.

A foto será reproduzida em nosso cartão de Natal a ser enviado


aos demais setores.

Preparem‑se para fazer deste cartão um sucesso.

Uma observação

Você já sabe que leitura e escrita se pressupõem de


certo modo. Na verdade, existe uma relação entre elas.
Neste contexto, é importante confirmar que:

 você tanto pode ser o leitor como o autor do texto


escrito;

 em ambas as situações, o mesmo acervo cultural, ou,


dito de outro modo, o mesmo acervo de experiências
pessoais que você canaliza para o texto como leitor,
você canalizará para o texto como autor, em dado
momento.

Seção 5 – A linguagem e suas funções


Para a Teoria da Comunicação, toda mensagem tem:

„„ uma finalidade predominante (que pode ser a


transmissão de informação, por exemplo);

„„ o estabelecimento puro e simples de uma relação


comunicativa;

„„ a expressão de emoções, e assim por diante.

32
Língua Portuguesa e Redação Oficial

O conjunto das diferentes finalidades tem sido entendido, segundo


Abaurre (2003, p.6), sob o rótulo geral de funções da linguagem.

Dependendo de sua intenção comunicativa, você acionará,


isoladamente, ou em conjunto:

a) Função referencial (ou denotativa)

Qual a intenção do emissor?

Informar ao destinatário, de modo direto e objetivo, dados da


realidade. Veja o exemplo a seguir, para compreender melhor:

Brasília, 13/05/2005 (MJ) ‑ A interiorização da


Campanha do Desarmamento segue intensa pelo País
com a aproximação do final do prazo para a entrega
voluntária de armas, no dia 23 de junho.

Fonte: Ministério da Justiça do Brasil, 2011.

b) Função metalinguística

Qual a intenção do emissor?

Esclarecer, explicar.

Ocorre sempre que a linguagem se volta para o seu próprio


código, por exemplo, a resposta à pergunta sobre o significado de
uma palavra desconhecida. Trata‑se da forma de expressão dos
dicionários e das gramáticas.

Em outras palavras, a função metalinguística usa a própria


linguagem para explicar a linguagem:

— Por favor, o que significa a palavra to share em inglês?

Unidade 1 33
Universidade do Sul de Santa Catarina

— To share significa partilhar.

Veja, ainda: se um poeta explicar o modo como construiu sua


prosa poética, isso também é metalinguagem.

Em resumo:

Metalinguagem é o ato de dar uma explicação, seja ela qual for.


Esta é a função metalinguística da linguagem – usar a linguagem
para explicar algo.

Um Prefácio à teoria democrática é um livro de Robert


Dahl da década de cinquenta. Não é um livro da
política cultural do governo, é um livro sério. Dahl fala
de uma democracia americana poliárquica.

c) função fática:

Qual a intenção do emissor?

Manter contato com o destinatário. Centralizada no canal,


tendo como objetivo prolongar, ou não, o contato com o receptor,
ou testar a eficiência do canal.

Trata‑se da linguagem das falas telefônicas, teleconferências,


videoconferências, entrevistas, saudações, etc.

Chamando Grupo Tático 1, 2, 3. Base 12. Câmbio!

34
Língua Portuguesa e Redação Oficial

d) função conativa ou apelativa:

Qual a intenção do emissor?

Influir no comportamento do receptor, por meio de um apelo,


persuasão ou ordem.

São características desta função: verbos no imperativo, presença


de vocativos; pronomes de segunda pessoa. As propagandas em
geral são um bom exemplo do apelo funcional conativo.

“Desarmamento civil, já!”


“Basta, eu quero paz!”

É importante saber que há outras funções – a função


poética e a função emotiva, as quais você jamais
acionará em sua Redação Oficial. Isto porque, por
sua natureza, a Redação Oficial é um texto impessoal,
formal, claro e conciso.

São estas:

e) função poética:

Qual a intenção do emissor?

Dar ênfase à elaboração da mensagem.

Centralizada na mensagem, revelando recursos imaginativos


criados pelo emissor. Afetiva, sugestiva, conotativa, ela é
metafórica. Valorizam‑se as palavras, suas combinações. É a
linguagem figurada apresentada em obras literárias, letras de
música, em algumas propagandas. Acompanhe o exemplo a seguir.

“Que tristes os caminhos,


não fora a presença distante das estrelas!”
(Mário Quintana)

Unidade 1 35
Universidade do Sul de Santa Catarina

f) função emotiva:

Qual a intenção do emissor?

Expressar seus sentimentos e emoções (subjetividade).

Centralizada no emissor. Nela prevalece a 1ª pessoa do singular


– não como regra, e interjeições, exclamações. É a linguagem das
biografias, memórias, poesias líricas e cartas de amor.

“Olho em redor do bar em que escrevo estas linhas.


Aquele homem ali no balcão, caninha após caninha,
nem desconfia que se acha conosco desde o início
das eras. Pensa que está somente afogando problemas
dele, João Silva... Ele está é bebendo a milenar
inquietação do mundo!”
(Mário Quintana)

Lembre‑se, sobretudo, de que, no processo comunicativo:

a) “Toda mensagem tem uma finalidade: ela pode servir


para transmitir um conteúdo intelectual, exprimir (ou
ocultar) emoções e desejos, hostilizar ou atrair pessoas,
incentivar ou inibir contatos e, ainda, pode, bem
simplesmente, servir para evitar o silêncio. Por isso se
diz que uma mensagem tem muitas funções, muitos
significados.”

b) [...] temos uma intenção, um objetivo, daí o fato de


determinadas expressões e combinações de vocabulários
caírem tão bem em alguns momentos e serem tão
inoportunas em outros.”

Fonte: Colégio Santo Agostinho, 2004.

Por isso diz‑se que uma mensagem tem muitas funções, muitos
significados.

Na sequência, estão os elementos da comunicação. Hora de você


entender o processo em que, às vezes, você é o emissor e, em
outras, o receptor.

36
Língua Portuguesa e Redação Oficial

Locutor ou emissor: aquele que diz algo a alguém.

Interlocutor ou receptor: aquele com quem o locutor se comunica.

Mensagem: o que foi transmitido entre os locutores.

Código: a convenção social que permite ao interlocutor entender a mensagem.

Referente (ou contexto): o assunto da mensagem.

Canal: o meio utilizado pelo emissor para enviar a mensagem.


Quadro 1.1 - Elementos da comunicação
Fonte: Elaboração da Autora, 2011.

Mas, atenção!

Como é natural em uma interlocução, o papel do


interlocutor pode mudar, desde emissor a receptor, no
mesmo evento comunicativo. Mudam os assim ditos
papéis de cada um, e é natural... Eu falo/você ouve e
depois fala respondendo a mim /eu ouço e respondo a
você/ etc., etc.

Analise, então, o exemplo a seguir e verifique aí os elementos


de comunicação:

Quadro 1 Quadro 2 Quadro 3

Figura 1.1 ‑ Tira do cartunista Gilmar


Fonte: RhCentral, 2004.

Quais os elementos da comunicação, respectivamente?

Unidade 1 37
Universidade do Sul de Santa Catarina

Quadro 1

‑ O funcionário que chama o Suporte é o emissor da mensagem.

‑ Já Suporte é o receptor da mensagem.

Quadro 2

‑ Suporte é o emissor da mensagem.

‑ O funcionário é o receptor da mensagem.

Quadro 3

‑ Suporte e o funcionário são alternativamente receptores e emissores de mensagem.

‑ O diálogo entre o funcionário e o Suporte é a mensagem entre receptor e emissor.

‑ A língua portuguesa é o código.


‑ A automação profissional, que está sinalizada o contexto.
e que se pode inferir, é
‑ O meio utilizado pelo emissor para enviar a o canal. Neste caso o telefone.
mensagem ao receptor é

Tenha em mente que a adequação do texto ao receptor é


essencial. Importa você ter claro o seu papel como emissor
da mensagem (quem a envia) e o perfil do receptor de sua
mensagem (aquele que a recebe). Isto porque há regras especiais
neste sentido, as quais você irá rever ou conhecer em próximas
unidades. Tais regras garantem qualificação ao seu texto.

Sim, refiro‑me à adequação/ inadequação ao contexto e ao interlocutor:

Modalidade coloquial: — Oi! (para o seu colega)

Modalidade oficial: — Bom dia! (para uma autoridade)

Agora você já pode confirmar:

1. o contexto em que se produz a comunicação norteia a


linguagem do emissor;

2. um aspecto muito importante no exercício de suas


funções é a adoção da correta forma de tratamento;

38
Língua Portuguesa e Redação Oficial

3. aqui se entende como correta a forma de tratamento que


se harmoniza com o receptor (aquele com quem você
fala – sabemos).

– Este conteúdo deve ser desenvolvido em estudos de morfossintaxe.

Seção 6 ‑ Polissemia e polifonia


Antes de prosseguir sua leitura, reflita sobre esta conhecida e
constantemente reproduzida afirmação de Aurélio Buarque de
Holanda:

“Definir uma palavra é como capturar uma borboleta no ar.”

E por que seria assim?

Bem, compreender o fenômeno da polissemia ajuda a responder a


esta pergunta.

Num primeiro passo, observe este exemplo, o qual emprega a


palavra CABEÇA em diferentes sentidos:

1. Esmagou o dedo na cabeça do prego. (parte de cima)


2. Ele é o cabeça do grupo. (o chefe)

Como reforço, veja o emprego da palavra MÃO em exemplos


sugeridos por Vânia Duarte, no site Brasil Escola:

1. Paula tem uma mão para cozinhar que dá inveja!


2. Vamos! Coloque logo a mão na massa!
3. As crianças estão com as mãos sujas.
4. Passaram a mão na minha bolsa e nem percebi.

Unidade 1 39
Universidade do Sul de Santa Catarina

“[...] 1. Na primeira, a palavra ‘mão’ significa habilidade,


eficiência diante do ato praticado. Nas outras que seguem: 2.
o significado é de participação, interação mediante uma tarefa
realizada; 3. mão como parte do corpo humano; 4. e, por último,
o roubo, visto de maneira pejorativa. (BRASIL ESCOLA, 20...).

Uma pergunta pertinente, a estas alturas, seria esta: e


como ocorre este fenômeno?

De acordo com Perini (2000, p. 252),

A polissemia é uma propriedade fundamental das


línguas humanas, que sem ela não poderiam funcionar
eficientemente. Seria impraticável dar um nome separado
a cada “coisa”, incluindo aquelas que nunca vimos. Ao nos
depararmos com um objeto nunca visto antes – digamos,
um novo modelo de bicicleta – ficaríamos sem recursos
para denominá‑lo. Mas não é assim que a linguagem
e a mente trabalham. Ao encontrar um objeto novo,
tentamos imediatamente “reconhecê‑lo”, encaixando‑o
em alguma categoria já existente na memória (e na
língua). Ao vermos um animal desconhecido, em geral
tendemos a chamá‑lo pelo nome de um animal já
conhecido; assim, chamamos formiga aos representantes
de milhares de espécies diferentes de insetos; e assim uma
criança diz “cocó” ao ver pela primeira vez um avestruz.

A polissemia confere às línguas humanas a flexibilidade


de que elas precisam para exprimirem todos os
inumeráveis aspectos da realidade. Consequentemente,
a maioria das palavras são polissêmicas em algum grau.
Palavras não polissêmicas são raras e frequentemente são
criações artificiais, como os termos técnicos das ciências:
fonema, hidrogênio, pâncreas, etc. Nestes casos, a
polissemia é realmente um inconveniente; mas o discurso
científico, em sua procura de univocidade semântica
(significado único, preciso), difere enormemente da fala
normal das pessoas. Nesta, a polissemia é indispensável.

E o que vem a ser uma palavra polissêmica, afinal?

Polissêmico: adjetivo que apresenta polissemia.


Polissemia s.f. (Do grego plysemos, de polys, muito
+sema, sinal, significação, pelo lat. polysemos.)
Propriedade da palavra que reúne vários sentidos,

40
Língua Portuguesa e Redação Oficial

os quais se definem num contexto determinado.


(LAROUSSE, 1998, p. 4679). Veja o exemplo: “Lave os
cabelos em água corrente”. “Comprei uma corrente de
ouro”. A palavra corrente aparece nos dois enunciados
com sentidos diferentes. (SOUZA, 2007, p.17).

Faça você mesmo/a o seu conceito de polissemia, usando o espaço


a seguir:

Agora você pode compará‑lo com Houaiss (HOUAISS, versão


eletrônica, 2011):

Trata‑se de um fenômeno que acomete as línguas vivas naturais.


Faz com que uma mesma palavra aponte para inúmeros sentidos,
dependendo do contexto em que é empregada.

Uma recomendação

Tenha em mente a noção de polissemia ao efetuar


sua redação oficial. Jamais empregue palavras que
possam sugerir diferentes significações. Isto geraria
ambiguidade, sentido duplo ao seu texto. E não há
como conceber comunicações oficiais expostas a
tentativas várias de interpretação pela falta de clareza
e objetividade de seu redator, aí incluído o uso de
palavras polissêmicas.

Unidade 1 41
Universidade do Sul de Santa Catarina

Convido‑o/a, agora, a estudar o último assunto desta unidade.


Trata‑se de Polifonia.

Você sabe o que é polifonia?

Trata‑se de um fenômeno, na linha da significação, fortemente


associado às experiências pessoais dos interlocutores e ao contexto
onde ocorre.

Vamos deslindar o assunto? Siga o raciocínio sugerido.

1. Leia e interprete:

Que horas são? – ela perguntou, interrompendo a


reunião de trabalho.
De repente, Maria nos fazia retornar à realidade.
Havíamos todos perdido a noção de tempo.

Você percebeu que esta pergunta (Que horas são?) pode ser
entendida de diferentes modos?

Gente, que tarde!

Estamos atrasados!

Cansei!

Ficou escuro e nós aqui...

Este fenômeno, no dizer e no perceber, tem origem em variações


psicológicas do emissor e do receptor respectivamente, mas
também no contexto extraverbal em que a pergunta é feita.
(RECHDAN, 2....,).

42
Língua Portuguesa e Redação Oficial

Contexto extraverbal
Vamos imaginar que esta pergunta (Que horas são?) tenha sido
feita ao final de uma reunião que se estendeu para além do
previsto e avançou pelo turno da noite, em pleno centro de uma
cidade de grande movimento.

Você concorda que, nos tempos atuais, mesmo sem ser dita,
enunciada, estamos sempre ouvindo, você e eu, uma voz interior
que adverte ser perigoso caminhar sozinho/a à noite? Mais:
você concorda que a expressão ‘voltar à realidade’ pode estar
sinalizando os cotidianos perigos?

Sim, ou não... Depende do que vai pelas emoções de cada um...

Mas, se for o caso, de onde surge esta voz interior?

Surge, naturalmente, da sua / minha / nossa experiência de


vida, dos fatos cotidianos vividos e testemunhados, do contexto
extraverbal.

Entendido?

2. Agora, mudando totalmente o cenário, vamos imaginar que a


mesma pergunta tenha sido feita por uma feliz aniversariante à
espera de seus amigos. (É verdade que os docinhos ainda não foram
entregues e que as flores ainda não foram distribuídas nos vasos...)

Que horas são? – ela perguntou, irrompendo cozinha adentro.


De repente, Maria nos lembrava de acelerar as providências.

E aqui estamos nós, ouvindo provavelmente:

Será que vai dar tudo certo?

Será que vamos ter tudo pronto antes de os convidados chegarem?

Vamos nos apressar, pessoal!!!

Unidade 1 43
Universidade do Sul de Santa Catarina

3. Exercite a sua compreensão neste mesmo sentido.

Memorize situações em que se fez esta pergunta – Que horas são?


– e busque recuperar o efetivo sentido que sua pergunta encerrava:

Teria sido:

a) Cansaço?

b) Entusiasmo?

c) Dúvida?

Mais outro exemplo?

Leia este texto de Millor Fernandes (2011). Analise.

„„ A diferença fundamental entre Direita e Esquerda é que


a Direita acredita cegamente em tudo que lhe ensinaram,
e a Esquerda acredita cegamente em tudo que ensina.

De minha parte, eu ouvi: Não dá de confiar neste pessoal, são todos


iguais.

E você, ouviu algo?

Por que, com certeza, nós não vamos ouvir a mesma coisa... se
ouvirmos...

TEXTO é uma unidade lingüística


concreta, percebida pela audição Conforme afirmado anteriormente, a Polifonia é um
(na fala) ou pela visão (na escrita), fenômeno originado nas experiências de cada um, nas
que tem unidade de sentido e experiências de vida de cada um. Para se fazerem ouvir,
intencionalidade comunicativa. estas vozes da experiência precisam como que de um
DISCURSO é a atividade cenário cultural construído todo dia em nossa mente,
comunicativa capaz de gerar pessoal e intransferível, de onde se irradiam.
sentido, desenvolvida entre
interlocutores. Além dos enunciados Isto é Polifonia.
verbais, engloba outros elementos
do processo comunicativo que
também participam da construção Conforme Cereja (1999, p.33),
do sentido do texto. (Veja, neste
sentido, a seção elementos frequentemente incorporamos ao nosso discurso
constitutivos de textualidade). fragmentos do discurso alheio. Por esta razão, dizemos que
o discurso é geralmente polifônico (poli‑vários; fono‑som,

44
Língua Portuguesa e Redação Oficial

voz), já que, além da voz de seu autor, nele costumam


ressoar outras vozes, provenientes de discursos alheios.

Vozes provenientes de discursos alheios, completamos, e que


escorregam para dentro do nosso discurso.

Entendido? Parabéns.

Síntese

Nesta unidade, você conheceu algumas hipóteses para a origem


da linguagem, por exemplo: a divina, a inata, a evolutiva.
Conceituou linguagem e língua e entendeu como diferenciá‑las:
linguagem é o potencial humano de comunicação que se
realiza através de signos verbais e não verbais; língua é meio
de comunicação verbal, sistema de signos vocais específicos aos
membros de uma mesma comunidade. Relacionou linguagem
e cultura, ficando claro que a linguagem é uma manifestação
cultural; a língua viva está em contínua mutação, e são os seus
falantes, dentro de um determinado contexto cultural, que
empreendem a mudança. Relativizou a questão de CERTO
E ERRADO em língua. Ficou ciente de que há variedades
linguísticas e que há modalidades adequadas a cada intenção
discursiva. A redação oficial, por exemplo, adota a língua
oficial do país, a assim chamada modalidade culta. Observou
que a fala e a escrita têm características próprias: a primeira é
espontânea e se faz dominantemente na modalidade coloquial;
a escrita constitui ato presidido, às vezes bastante tenso, e se faz
dominantemente na modalidade oficial. Conheceu os elementos
da comunicação: Locutor ou emissor: aquele que diz algo a
alguém / Interlocutor ou receptor: aquele com quem o locutor se
comunica / Mensagem: o que foi transmitido entre os locutores /
Código: a convenção social que permite ao interlocutor entender
a mensagem / Referente (ou contexto): o assunto da mensagem /
Canal: o meio através do qual a interlocução ocorre.

Unidade 1 45
Universidade do Sul de Santa Catarina

Conheceu as funções da linguagem: função fática (mantém contato


com o destinatário) / função referencial (informa ao destinatário,
de forma direta e objetiva, dados da realidade) / função apelativa
ou conativa (influi no comportamento do receptor, por meio
de um apelo ou ordem) / função metalinguística (trata‑se da
linguagem voltando‑se sobre si mesma) / função emotiva (expressa
sentimentos e emoções – subjetividade) / função poética (dá ênfase
à elaboração da mensagem).

Compreendeu o processo da polifonia (vozes que surgem


no texto, por diferentes efeitos) e de polissemia (distintos
significados de uma mesma palavra). Está certo (a) de que
evitará o ‘tom’ poético ou emotivo em sua redação oficial, assim
como qualquer tipo de polifonia. Também evitará o emprego
de palavras polissêmicas, ou as empregará em contextos
significativos que lhe esclareçam o significado.

Atividades de autoavaliação

Após a leitura criteriosa desta seção, responda às questões que seguem.

1) Preencha adequadamente:

1 ‑ LINGUAGEM 2 ‑ LÍNGUA

é a capacidade específica à espécie humana


de comunicar‑se.

é um conjunto de meios de expressão, como


um código comum (disponível) ao conjunto de indivíduos pertencentes
a uma mesma comunidade linguística. É o domínio dos signos e das
regras de funcionamento transmitidos como herança, depositados na
memória, onde são selecionados.

46
Língua Portuguesa e Redação Oficial

2) Converta as frases da variante informal em variante formal:

Ele deixou que o enganassem.


Ele marcou bobeira.
Ele fez uma tolice.

Você queimou meu filme.

Você vai entrar numa fria.

Para de encher linguiça.

Tá ligado?

Não faz isso que pega mal.

3) Agora converta a variante técnica em variante leiga:

Você vai tomar um analgésico ou


um antitérmico?

Foi feita a assepsia do material.

4) Converta a variante informal em formal:

Me traz uma copo d’água, vai.

Unidade 1 47
Universidade do Sul de Santa Catarina

5) Chegou a sua vez de identificar elementos de comunicação, analisando


nova tira de Gilmar. Pronto/a?

Figura 1.2 ‑ Tiras de Humor


Fonte: RhCentral, 2004.

Preencha, então, o quadro a seguir com suas respostas:

emissor da mensagem: 1º quadro:


(você observou que,
na sequência dos 2º quadro:
fatos, aparece mais
de um emissor?) 3º quadro:

receptor: 1º quadro:
(você observou que,
na sequência dos 2º quadro:
fatos, aparece mais
de um receptor?) 3º quadro:

mensagem entre
receptor e emissor:

O código é a língua portuguesa.

O contexto é

O canal é

6) Localize um caso de polifonia em textos de publicidade e descreva‑o:

48
Língua Portuguesa e Redação Oficial

7) Exemplifique um caso de polissemia:

8) Relacione em algumas linhas os possíveis efeitos indesejáveis que as


variedades linguísticas, a polissemia e a polifonia podem gerar em sua
redação oficial.

Saiba mais

Seção 1
Linguagem é cultura? Ao que tudo indica, sim!

Leia o interessante artigo RETROSPECTIVA, na Revista


Língua Portuguesa.

Nela, você verá, listados e considerados, os termos que deram o


que falar em 2010.

Segundo o articulista, tais termos recontam os fatos a partir do


idioma.

Unidade 1 49
Universidade do Sul de Santa Catarina

Um fragmento do artigo como ilustração (e motivação):

JUNHO
Vuvuzela / Jabulani
A Copa do Mundo de futebol na África do Sul lega ao imaginário
esportivo duas sonoras contribuições: a bola oficial, batizada
de Jabulani, e a corneta de ruído insuportável, a vuvuzela. A
palavra ‘jabulani’ vem da língua bantu isizulu, um dos 11 idiomas
oficiais da àfrica do Sul, e significa ‘celebração’. [...] O sucesso do
vocábulo foi tal que terminou incluído no tradicional dicionário
inglês OXFORD.
Fonte: Revista Língua Portuguesa, ano 5, nº 62, dezembro de 2010, p.16‑19.

Seção 3
O que é certo, o que é errado em língua portuguesa? Qual a
real hierarquia das diferentes modalidades da língua, usadas
na fala e na escrita? Padrão Oficial é mesmo pressuposto de
inserção cidadã? Você pode ler algumas reflexões a respeito no
artigo MUSSI, Amaline Boulos Issa, Arrombassi, LAYLA! OU
SOS para os professores de língua nativa, publicado na Revista
Linguagem em (Dis)curso, volume 1, número 2, jant./jun. 2001.

Resumo:
O ensino da língua nativa passa por ampla discussão nos espaços
acadêmicos em geral e na mídia, atribuindo‑se à Gramática
Tradicional e metodologias pertinentes as razões de sua crescente
ineficiência. Efetua‑se aqui uma abordagem descritiva da
polêmica, ressaltando‑se as pressões externas sobre o espaço
acadêmico e a persistente padronização do educando enquanto
objeto do processo.

Um fragmento do artigo como ilustração (e motivação):

50
Língua Portuguesa e Redação Oficial

Foi solicitado a seis acadêmicas do curso de Letras –


Licenciatura, que redigis‑sem um texto em torno do tema
“Língua Portuguesa e Docência”, em sua prova de Língua
Portuguesa VII (abril de 2001).

Escolheu‑se um dos textos para a elaboração desta conclusão,


por estar alinhado a diálogo muito vivo, transcrito na bela
costa florianopolitana. O efeito obtido desse alinhamento é
significante, parece‑me, e, até mesmo, plurissignificante. O efeito
do alinhamento, ressalto!

Língua Portuguesa e Docência


Acadêmica Maria de Fátima Bittencourt da Silva
1 – “Estudar a Língua Portuguesa a partir de todas as abordagens
que têm sido feitas, possibilitou‑nos estabelecer relações entre
a Gramática Normativa e a Gramática Descritiva, relações estas
que nos permitirão trabalhar com clareza a linguagem coloquial
– tanto falada, quanto escrita – dos educandos, e, a partir dessa
realidade, num processo gradativo, levá‑los a internalizar a
Gramática Normativa, pois este é o papel da escola.
Desprezar o que o educando traz como bagagem, o que já
aprendeu com a família, os colegas e outras relações anteriores,
seria cortar o elo que existe entre o que fala e escreve e também
entre o que deveria falar e deveria escrever.
É aí que entra o educador: há momentos em que se torna
conveniente usarmos a linguagem coloquial, e há momentos e
situações em que é conveniente que usemos a linguagem oficial.
Para tanto, o educando deve ter competência para identificar tais
momentos e situações e perceber que a escola não deve deixar
de ensinar a forma padrão do falar e do escrever.
Papel desafiador? Sim, mas enfrentar o desafio que nos espera
é lutar bravamente, acreditando que os anos de preparo e de
estudos não foram em vão!”
2 – Diálogo ocorrido, antecedendo a aula de alfabetização em
uma comunidade pesqueira.
— vô dizerte uma coisinha prati:
morá na capitali?!! é isso aí memo?
e o que é que a gente fais adepôgi?
escova aribu?
arria o bago dos óio, muié... num te quero em casa de
instantinho...

Unidade 1 51
Universidade do Sul de Santa Catarina

— cá de quê?
a gente pode virá casá falado, dá murro in pedra... i pronto...
— Que coisa de casá falado, não acica!!
Tu qué casá é de balão i me botá afamilhado...
— Õnti‑ônti, tu num falavra assim não...
taca, sô zambeta... jacu rabudo... qués pau, pula...
— Arrombassi, Layla...
— nem vem, ô... ó pra ti ó... tô mali mali... zuvido zuíno...

52
2
UNIDADE 2

Construção do texto

Objetivos de aprendizagem
„„ Identificar as condições em que um
conjunto de enunciados constitui um todo
organizado de sentido, o texto.

„„ Conhecer os elementos constitutivos de


gramaticalidade e de textualidade.

„„ Caracterizar o gênero textual redação oficial.

„„ Conhecer o seu próprio fazer como


autor de textos em geral.

„„ Conhecer o seu próprio fazer como autor de textos


agrupados sob a designação de redação oficial.

Seções de estudo
Seção 1 O texto: aspectos introdutórios à redação oficial

Seção 2 O texto linguístico e os seus elementos


constitutivos de gramaticalidade

Seção 3 O texto linguístico e os seus elementos


constitutivos de textualidade
Universidade do Sul de Santa Catarina

Para início de estudo


Inicialmente, vamos nos deter no texto verbal.

Nosso foco estará posto em qualidade.

E então:
O que faz um texto ser bom?
Um texto é bom por garantir a expressão de uma
intenção comunicativa?
Um texto é bom por ter sido escrito ‘bonito’?
(Aliás, o que seria um texto bonito, mesmo?!!)

Em princípio, o texto existe para cumprir sua finalidade.


Como tal, deverá veicular, adequadamente, a intenção
do autor.
Está aí uma das chaves da qualidade.

Você vai ver estas afirmações detalhadas e complementadas nas


seções que seguem.

Seção 1 – O texto: aspectos introdutórios à redação oficial

Quantas vezes você ouviu orientações como esta, na


escola e em casa: Tem de caprichar mais na escrita!

Para atender a tais orientações, você deveria, antes, poder


conceituar com clareza o que é escrita.

Vale a pergunta, então:

— Você conseguia/consegue definir para si mesmo/a o que é escrita?

54
Língua Portuguesa e Redação Oficial

Uma sucinta noção de escrita


Apenas introdutoriamente,

a) caso se escolha uma visão mecanicista de escrita, pode‑se


dizer que se trata de uma tecnologia de comunicação
criada pelo homem – uso de sinais, de símbolos, para
registrar ideias em determinado suporte: papel, madeira,
vidro, etc.;

b) a visão funcional pode fazer concluir que a escrita como


tecnologia tem aplicabilidade na produção de textos verbais;

c) já, do ponto de vista biossocial, o papel da escrita não se


limita a ser registro: é, também, transcrição. Entenda‑se
que, nesta acepção, o pensamento é entendido como uma
função do cérebro humano e ligado com a linguagem
– forma da sua expressão material, ao dar a conhecer a
realidade imediata da ideia.

A escrita é, assim, uma prática inteligente e está posta


ao redator e ao leitor potencial. É fundamental ao
desenho da cultura humana.

Com o aparecimento da forma escrita, fortaleceu‑se a


identidade dos grupos sociais, foi possível entender a
evolução humana no seu todo e estabelecer relações entre
os diferentes grupos sociais. [...]

O desenvolvimento da escrita foi também um instrumento


essencial para a evolução da ciência e um sintoma do
aparecimento da nova estrutura econômica, social e
política: a cidade [...] (GOMES, 2011, site).

Entretanto gera dificuldades ao ato da escrita, o


fato de o autor ter de expressar conteúdos sem o
apoio da situação (como, por exemplo, a presença
do interlocutor, o tempo e o lugar da enunciação,
conforme ocorre com a fala). (BASTOS, 1992).

Unidade 2 55
Universidade do Sul de Santa Catarina

Neste sentido, Faraco e Mandryk (2008, p.12) ainda completam:


“O ato de escrever é como que um diálogo a distância, uma
conversa sem a presença do outro [...] e, para superarmos esta
dificuldade, acabamos assumindo o papel de autor e o de leitor.
Temos de escrever e, imediatamente, julgar o (nosso) texto,
assumindo, agora, a função de leitor.”

Em seu caso, como você vê o texto que acabou de


escrever? Você gosta deles em geral?

Use o espaço a seguir para a análise:

Falamos das complexidades, vamos voltar às questões da qualidade.

A propósito, veja o que dizem Faraco e Mandryk:

[...] a qualidade maior de um texto escrito é a clareza: não


devemos poupar esforços neste sentido. O leitor não deve
ter dificuldades de compreender o que estamos querendo
transmitir. (De outro modo) a comunicação poderá
frustrar‑se. (FARACO e MANDRYK, 2008, p. 12‑13).

Vamos cuidar destas afirmações aplicadamente, então, estudando


aspectos de textualidade e gramaticalidade em próximas seções.

Rememorando:
usamos a escrita para redigir textos; nosso objetivo é escrever
textos qualificados.

56
Língua Portuguesa e Redação Oficial

Mas o que é um texto, afinal?


Você já tem uma concepção pessoal do que seja um texto?

Uma sucinta noção de texto


[...] a palavra texto veio do verbo latino texere, que
significava tecer. O que ocorreu foi a extensão do sentido
de tecer para o ato de escrever – uma imagem, aliás,
muito bonita: quando nos pomos a escrever um texto é
como se nos sentássemos ao tear para produzir um tecido.

Ao tecer não apenas juntamos os fios; é preciso construir


uma trama, ou seja, é preciso entrelaçar os fios de modo
a garantir a unidade do todo. Assim também ao escrever:
não basta juntar sentenças; é preciso entrelaçá‑las num
todo. (FARACO et MANDRYK, 2008, p.171).

Segundo Cereja (1999, p.30), “Texto (verbal) é uma


unidade linguística concreta, percebida pela audição (na
fala) ou pela visão (na escrita), que tem unidade de sentido e
intencionalidade comunicativa.”

Daí se deduzir que:

1. tanto quando se fala, como quando se escreve,


produzem‑se textos;

2. o texto exige determinadas habilidades do falante (texto


oral) e do redator (texto gráfico).

E quais seriam estas habilidades?

Faraco e Mandryk as enumeraram, especificamente no contexto


do texto escrito. Vamos analisá‑las?

Unidade 2 57
Universidade do Sul de Santa Catarina

Roteiro para redigir um texto


[...] Estes pontos estão aqui para servir como um roteiro das
opções que você deve sempre fazer, antes de se pôr a escrever
um texto.
„„ Para que um conjunto de sentenças constitua um bom
texto, é fundamental que haja:
a) unidade temática (o conjunto deve tratar do
mesmo assunto);
b) unidade estrutural (o conjunto deve ter boa
sequência de ideias e boa costura entre as partes).
„„ Para planejar um texto, é importante responder com
clareza às seguintes questões:
a) Sobre que vou escrever? (assunto);
b) Para quem vou escrever? (destinatário);
c) Com que finalidade? (objetivo).
„„ Depois disso:
a) tendo em vista meu(s) destinatário(s), meu(s)
objetivo(s) e tudo que sei sobre o assunto:
— Quais as informações mais relevantes que
devem estar em meu texto? (seleção de ideias);
— Qual a melhor sequência para estas ideias?
(o que colocar na abertura do texto; como dar
continuidade ao texto; o que reservar para o
fechamento do texto?)
„„ Ao escrever:
a) Cuidar para que todas as partes estejam
harmonicamente costuradas.
Fonte: Faraco e Mandryk (2008, p.188).

Tantos conceitos revistos, diga então: que relações


você já consegue estabelecer entre seus atuais
conhecimentos sobre Linguagem e Língua e a
Redação Oficial, objetivamente?

58
Língua Portuguesa e Redação Oficial

Faça as suas anotações neste espaço abaixo e confira com as


disposições adiante.

1. Sabemos que a Redação Oficial é a maneira pela qual o


Poder Público redige atos normativos e comunicações.

2. A qualificação deste tipo de redação passa pela


impessoalidade, pelo uso do padrão oficial de linguagem,
pela clareza, concisão, formalidade e uniformidade.

Fundamentalmente esses atributos decorrem da Constituição


Federal, que dispõe, no artigo 37: ‘A administração pública
direta, indireta ou fundacional, de qualquer dos Poderes da
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios,
obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade,
moralidade, publicidade e eficiência [...]’. Sendo a publicidade
e a impessoalidade princípios fundamentais de toda
administração pública, claro está que devem igualmente
nortear a elaboração dos atos e comunicações oficiais.
(MANUAL DE REDAÇÃO DA PRESIDÊNCIA DA
REPÚBLICA, BRASIL, 2002).

3. Mais: ao redigir este tipo de texto, você vai lembrar que:

„„ o texto escrito não é um produto acabado, suficiente


em si mesmo, que inicia com a intenção do redator
e se encerra com o ponto final.

4. Para garantir qualidade à sua redação em geral, você


deve definir:

„„ o que pretende comunicar;

„„ a quem destina a sua mensagem.

Unidade 2 59
Universidade do Sul de Santa Catarina

No caso específico da Redação Oficial, quem comunica é


sempre o Serviço Público (este ou aquele Ministério, Secretaria,
Departamento, Divisão, Serviço, Seção). E é em nome do
Serviço Público que você efetua a comunicação.

Completando:

O que se comunica é sempre algum assunto relativo às


atribuições do órgão que comunica; quem recebe essa
comunicação ou é o público, o conjunto dos cidadãos, ou outro
órgão público, do Executivo ou dos outros Poderes da União.

Veja, detalhadamente, nas próximas seções, o que deve e o que


não deve fazer em Redação Oficial.

Seção 2 – O texto linguístico e os seus elementos


constitutivos de gramaticalidade
Você já consegue conceituar textualidade. Sabe que se trata
de um conjunto de características as quais fazem com que um
texto seja considerado como tal, e não como um amontoado de
palavras e frases.

Vamos detalhar estas características?

A coesão (conectividade sequencial) e a coerência (conectividade


conceitual) caracterizam o texto como tal.

a) Coesão

A coesão assegura o necessário encadeamento de


significados para que se crie um texto. Compreenda
melhor a noção de encadeamento através desta
imagem proposta por Abaurre:

“[...] pense, por exemplo, na construção de


uma casa. Podemos assumir que as paredes

60
Língua Portuguesa e Redação Oficial

constituem a base de sustentação. No texto, as


ideias, formações e argumentos equivaleriam
aos tijolos que, dispostos lado a lado, permitem
que as paredes de uma casa sejam erguidas.

Ocorre, porém, que assim como não conseguimos


construir uma casa apenas colocando tijolos uns
ao lado dos outros, um texto também não se
escreve pela simples disposição linear de ideias,
informações e argumentos.

É preciso encontrar elementos que estabeleçam


uma ligação entre eles, da mesma maneira que a
argamassa vai unindo os tijolos de nossa casa.”
(ABAURRE, 2001, p.129).(grifo nosso).

Coesão textual é exatamente a ligação textual que se obtém, ao se


utilizarem elementos linguísticos adequados. Em Abaurre (2001,
p. 130), estes elementos são comparados a nós linguísticos.

Veja a seguir alguns casos de coesão frásica entre


componentes da frase. Trata‑se das ligações (ou nós
linguísticos) que se estabelecem, por exemplo, entre:

 sujeito e verbo  sintaxe de concordância verbal:


Nós / saímos. (E não: Nós saiu.)

 verbo e seus complementos  sintaxe de regência


verbal:
Gosto / de / flores. (E não: Gosto / 0 / flores.)

 nomes e seus complementos  sintaxe de regência


nominal:
Horror / a / deslealdade. (E não: Horror / em /
deslealdade.)

 determinantes (os adjetivos, artigos, numerais,


pronomes adjetivos) e determinados (os substantivos)
 sintaxe de concordância nominal:
As / belas / coisas/ que então você me contava...
(E não: As / bela / coisa/ que então você me contava...

– Estes conteúdos devem ser aprofundados em estudos morfossintáticos


voltados ao padrão oficial da língua.

Unidade 2 61
Universidade do Sul de Santa Catarina

b) A coerência

Coerência está ligada à compreensão, à possibilidade


de interpretação daquilo que se diz ou se escreve. Para
ter sentido, a comunicação tem de apresentar nexo
entre ideias, lógica interna.

Entenda coerência, ao ler um texto sem coerência!

O VERDADEIRO AMIGO NÃO COMENTA SOBRE


O PRÓPRIO SUCESSO QUANDO O OUTRO ESTÁ
DEPRIMIDO E EM MARÉ RUIM.

Apoiado neste mandamento, João começou a


descrever seu próprio prestígio profissional recém
alcançado, suas novas conquistas amorosas e a
capacidade que tem de neutralizar as piores situações.

A ideia era tirar Fernando de tanta depressão e


negativismo.

Fonte: PEAD, 2011. UFRJ. Coerência e Coesão.

Percebeu?

O texto diz que o verdadeiro amigo não comenta, etc., e, logo


em seguida, veicula o amigo comentando exatamente o que não
deveria comentar.

Em síntese:

„„ Coerência diz respeito ao nexo entre os conceitos, ideias.

„„ Coesão diz respeito à expressão formal desse nexo na


construção do texto.

62
Língua Portuguesa e Redação Oficial

Seção 3 – O texto linguístico e os seus elementos


constitutivos de textualidade
Como podemos concluir do título, os elementos constitutivos
de textualidade garantem que uma manifestação de linguagem
se torne texto. Sem eles, teríamos apenas um amontoado de
palavras, jamais uma unidade significativa. Conheça‑os um a um.

Atenção:

1. Relativamente aos elementos constitutivos de


textualidade, você poderá encontrar classificações
e indicações diferentes das que lhe trazemos. Tudo
depende da corrente teórica adotada.

2. Embora apresentados didaticamente, um a um, estes


elementos se necessitam e se articulam para assegurar
textualidade ao escrito.

Na sequência, você terá detalhadas a conectividade; a


intertextualidade; a informatividade; a contextualidade;
a intencionalidade e aceitabilidade.

1) Conectividade
Para assegurar conectividade ao seu texto, você evitará a redação
contraditória, incoerente.

Sem a necessária interrelação entre ideias e significados, o


pretendido texto torna‑se um amontoada de palavras e frases soltas.

O aviso amarelo é o segundo menos importante de


uma escala de quatro níveis. [...] Face às temperaturas
elevadas, a Direção‑Geral da Saúde (DGS), na
segunda‑feira, colocou os distritos de Bragança,
Portalegre, Évora e Beja em alerta amarelo – o nível
intermediário de uma escala de três.

Unidade 2 63
Universidade do Sul de Santa Catarina

A escala não pode ser de três e de quatro níveis


simultaneamente. Esta afirmação é contraditória e o
nível de alerta impreciso.

2) Intertextualidade
Intertextualidade remete à experiência compartilhada, pelo autor
e pelo receptor, de temas e vivências. Por exemplo: Você lê um
texto e, súbito, uma passagem aqui, uma reflexão ali evocam
impressões suas, pessoais, que você canaliza em um processo
inteligente e faz interagir com o universo do autor, da obra...
Aqui, se trata de um mecanismo espontâneo.

Mas tenha claro que a intertextualidade pode derivar de uma


prática intencional também:

„„ uma programação metódica, como por exemplo: consulta


a diferentes textos, os quais enunciam um mesmo
posicionamento teórico sobre determinado tema; ou, ao
contrário, se contradizem; ou, ainda, se complementam.

Diz Abaurre (2001, p. 79):

“Ao (se) estabelecer uma relação de intertextualidade,


(ocorre) uma interação entre o sentido dos dois textos, o
que permite, por sua vez, a construção de um terceiro
sentido para o texto desencadeador da intertextualidade.”

A intertextualidade desenha como que uma base comum de


significados gerais, a qual, por sua vez, assegura interação entre o
leitor e o texto.

Ferreira (2000) contextualiza os meandros e as fronteiras da


intertextualidade em ensaio com este título. Veja na sequência:

64
Língua Portuguesa e Redação Oficial

[...]
No lar, na escola, nos livros, na roda dos amigos, na leitura, na
escuta das informações da imprensa ou na Internet, estamos
apenas no circuito de linguagem que é nossa e dos outros [...]
o caráter intertextual da expressão e da linguagem nos mostra
o patrimônio comum de que participamos nesta grande teia
universal do pensamento e da comunicação escrita e falada [...
João Ferreira
Brasília 8 de julho de 2000
Fonte: Usina de Letras, 2008.

Citações em textos teóricos constituem um bom


exemplo de intertextualidade intencional. Ou
ainda – agora em mecanismos de intertextualidade
espontânea –, naquela conexão com um relato
efetuado por um amigo: Eu também / A propósito / Eu já
vivi isto / E tem mais, etc. E, com certeza, em programas
de humor, com personagens que retextualizam figuras
de nosso cenário cotidiano.

3) Informatividade
Para assegurar informatividade ao seu texto, você evitará
alongar‑se em explicações supérfluas; e, em sentido oposto,
evitará redigir um texto com baixo grau de informação ou
de significado previsível. Isto lhe prejudicaria os objetivos
essencialmente.

A Campanha do Desarmamento recebeu o Prêmio


Unesco.

Esta frase deveria ser complementada minimamente com


informações do tipo o que, quando, por quê:

Unidade 2 65
Universidade do Sul de Santa Catarina

A Campanha do Desarmamento recebeu o Prêmio Unesco 2004,


na categoria Direitos Humanos e Cultura da Paz. (A iniciativa foi
considerada uma das melhores estratégias de promoção da paz já
desenvolvidas na história do Brasil.)

4) Contextualidade
De acordo com Houaiss (versão eletrônica), contexto representa
o conjunto de condições de uso da língua, que envolve,
simultaneamente, o comportamento linguístico e o social, e é
constituído de dados comuns ao emissor e ao receptor[...].

“No meio do caminho tinha uma pedra


tinha uma pedra no meio do caminho
tinha uma pedra
no meio do caminho tinha uma pedra.”

Carlos Drummond de Andrade

Estes versos, já universais, fazem sentido no contexto da poética,


jamais em estudos de mineralogia.

Um escrito descontextualizado em relação ao destinatário ou


aos fins a que se propõe seguramente não poderia constituir um
texto, na acepção do termo.

Trata‑se de uma questão complexa, bastante levantada em


arguições de teses doutorais, dissertações de mestrado, ensaios
políticos, análises socioeconômicas, etc.

66
Língua Portuguesa e Redação Oficial

5) Intencionalidade e Aceitabilidade
Para assegurar aceitabilidade ao seu texto, este deverá ter
mensagem pertinente, cumprir sua intenção.

Quando alguém escreve um texto, fá‑lo tendo em conta um


determinado objetivo, uma dada intenção. É tendo por base essa
intenção que vai escolher a estrutura do texto, a sua articulação,
etc. Por exemplo, se pretender escrever uma mensagem de
correio eletrônico para dar uma notícia, articulará o texto de
forma diferente do que se pretender fazer um convite ou um
pedido formal.
Da mesma forma que a intencionalidade centra‑se no autor
do texto, a aceitabilidade centra‑se no seu receptor. Ao ler o
texto, ele vai formular juízos de valor sobre esse texto e vai
reconhecê‑lo, ou não, como coeso e coerente. [...]
Fonte: Ciberdúvidas, 2011.

Veja um exemplo de não aceitabilidade:

‘E então, meu Chefe:

Quando sai a sua decisão sobre meu pleito?


Sei que as urgências do andar de cima não podem
incluir urgências pessoais, ou não querem, mas, por
aqui, o relógio é o da realidade, quanta pressão!

Apesar da ousadia,
aguardo confiante,
NM’

Leia, a seguir, o estudo empreendido por Felisbino (2001), o


qual bem sintetiza e interrelaciona elementos de gramaticalidade
e textualidade, evidenciando, em sua descrição, a natural
articulação entre eles.

Unidade 2 67
Universidade do Sul de Santa Catarina

AVALIAÇÃO DE PRODUÇÃO TEXTUAL


Felipe Felisbino
[...]

Um texto caracteriza‑se como texto por sua textualidade [...]

São sete os fatores responsáveis pela textualidade: coerência


e coesão (que têm relação com os elementos conceituais
e linguísticos do texto); e intencionalidade, aceitabilidade,
situacionalidade, informatividade e intertextualidade (que têm a
ver com os fatores pragmáticos envolvidos no processo).

A coerência é responsável pelo sentido do texto, enredando


fatores lógicos e cognitivos, porque depende da partilha de
conhecimentos entre interlocutores. Ou seja, um discurso é
coerente, quando apresenta uma configuração conceitual
compatível com o conhecimento de mundo do recebedor.
Assim, o sentido do texto também é construído pelo recebedor,
que o interpreta. Em conclusão: a coerência do texto deriva
de sua lógica interna, resultante dos significados que sua
rede de conceitos e relações põe em jogo, mas também da
compatibilidade entre essa rede conceitual — o mundo textual –
e o conhecimento de mundo de quem processa o discurso.

A coesão é responsável pela unidade formal do texto e se


constrói através de mecanismos gramaticais e lexicais, ou seja, é
a manifestação linguística da coerência.

Nos mecanismos gramaticais, estão os pronomes anafóricos, os


artigos, a elipse, a concordância, a correlação entre os tempos
verbais, as conjunções, etc. A coesão lexical faz‑se pela reiteração,
pela substituição e pela associação.

A intencionalidade é entendida como o empenho do produtor


em construir um discurso coerente e coeso e capaz de satisfazer
os objetivos que tem em mente, num ato comunicativo. A
intenção pode ser informar, impressionar, alarmar, convencer,
pedir, defender, etc., orientando a elaboração do texto.

A aceitabilidade refere‑se à expectativa do recebedor, no sentido


de que o conjunto de coerências com que se defronta seja um
texto coerente, coeso, útil e relevante, capaz de levá‑lo a adquirir
conhecimentos ou a cooperar com os objetivos do produtor.

A situacionalidade refere‑se aos elementos responsáveis


pela pertinência e relevância do texto quanto ao contexto em
que ocorre. É a adequação do texto à situação comunicativa.

68
Língua Portuguesa e Redação Oficial

O contexto pode realmente definir o sentido do discurso e,


normalmente, orientar tanto a produção, quanto a reflexão.

Segundo Costa Val (1991), a conjunção dos três fatores já


mencionados resulta numa série de consequências para a
prática comunicativa. Em primeiro lugar, é importante para
o produtor saber com que conhecimentos do recebedor ele
pode contar e que, portanto, não precisa explicitar no seu
discurso. Outra consequência é a existência dos diversos tipos
de discurso. A praxe acaba por estabelecer que, numa dada
circunstância, tendo‑se em mente determinada intenção
ilocucional, deve‑se compor o texto dessa ou daquela maneira.

A informatividade diz respeito à medida pela qual as


ocorrências de um texto são esperadas ou não, conhecidas
ou não, no plano conceitual e no formal. O texto, indicador
de informatividade, precisa, ainda, atender a outro requisito: a
suficiência de dados, ou seja, o texto tem que apresentar todas
as informações necessárias, para que seja compreendido com o
sentido que o produtor pretende.

A intertextualidade concerne aos fatores que fazem a


utilização de um texto dependente do conhecimento de outro(s)
texto(s). Segundo Costa Val “um discurso vem ao mundo numa
inocente solitude, mas constrói‑se através de um já‑dito em
relação ao qual ele toma posição” (p. 15). Ou seja, alguns textos
só fazem sentido quando postos em relação a outros textos,
que funcionam como seu contexto. Desta forma, avaliar a
intertextualidade pode significar analisar a presença dessa fala
subliminar, de todos e de ninguém, nos textos estudados.

[...]

1. COSTA VAL, Maria da Graça. Redação e textualidade. São Paulo:


Martins Fontes, 1991..

2. FAVERO, Leonor Lopes. Coesão e coerência textuais. São Paulo:


Ática, 1991.

3. KOCH, Ingedore Grunfeld Wilaça. A inter‑ação pela linguagem.


São Paulo: Contexto, 1992.

Fonte: Revista Linguagem em (Dis)curso, volume 1, número 2, jan./jun.


2001. (Adaptado para esta seção, pela Autora.)

Unidade 2 69
Universidade do Sul de Santa Catarina

Complementarmente:

Na elaboração de sua redação oficial, junto aos elementos


constitutivos de gramaticalidade e de textualidade, é necessário
ainda considerar:

„„ você jamais fornecerá informações através de sugestões


indiretas, subentendidos ou implícitos: há que ser
objetivo/a e claro/a; e

„„ você jamais fornecerá informações no texto, referido/a


em pressupostos.

Atenção, especialmente, ao relatório em si mesmo e aos


subgêneros que se agrupam em torno dele. Implícitos
e pressupostos induzem duplas interpretações e geram
mal‑entendidos fora de seus contextos.

Observe as ilustrações para entender estes recursos estilísticos –


implícitos e pressupostos – o dizer sem dizer, que você não pode
adotar em Redação Oficial.

Vamos, então, esclarecer o que são Implícitos e Pressupostos.

Você já tem um conceito próprio para a palavra implícito?

implícito: contido numa proposição


mas não expresso formalmente; não
manifestamente declarado; subentendido,
tácito. (HOUAISS eletrônico).

E para pressuposto?

pressuposto: aquilo que se supõe


antecipadamente; pressuposição, conjectura,
suposição. (HOUAISS eletrônico).

70
Língua Portuguesa e Redação Oficial

As tiras de humor são ricas em implícitos e


pressupostos. Convido‑o/a a observar, então, o que nos
propõe Gilmar, no site Humortadela.

Figura 2.1 ‑ Tiras de humor


Fonte: Humortadela, 2005.

Com os indícios presentes no texto verbal e não verbal


desta tira:
a) você consegue traçar o comportamento do garotinho?
b) o lugar que ele se reserva no âmbito da família?

RESP.:

Nesta tira, todos os indícios apontam para um garotinho que


participa das decisões familiares, exige espaço, negocia em pé de
igualdade e, se tiver de ir à briga, provavelmente impõe sua vontade.

Entretanto isto não está escrito no texto. Só está sugerido, só está


sinalizado, implícito.

Deduz‑se das falas, das diferentes imagens do garotinho a cada


quadro: uma imagem imperial, autoritária, aliás, pronta para o
embate, inclusive, no último quadro.

Outra pergunta: Pressupostamente, seria este o papel


que se reserva a uma criança no seio da família?

RESP.:

Não, o pressuposto é que a criança acate as determinações da família.

Unidade 2 71
Universidade do Sul de Santa Catarina

Por que a boa risada após ler a tira, então?

RESP.:

Pelo contraste entre o pressuposto que envolve a infância como


um universal de docilidade, dependência, fantasia, amorosidade,
e o comportamento do garotinho da tira, combativo, autônomo,
realista, pragmático, implícito nas falas e imagens.

E esta senhora magrinha?

Figura 2.2 - Vida Doce Vida, Arionauro


Fonte: Humortadela, 2004.

Na ilustração, a noção, prévia ao texto, de lipoaspiração e


de sua aplicabilidade para aspirar gorduras excedentes é um
pressuposto. Entretanto quem diz “doutor eu gostaria de fazer
uma lipoaspiração” é uma mulher esquelética.

O contraste entre o pressuposto (que está na mente do leitor) e os


registros do texto fazem‑nos rir.

Entendido por que efetuamos este estudo complementar aos


elementos constitutivos de gramaticalidade e textualidade?

O autor do texto de redação oficial não pode atribuir ao


destinatário, pressupostamente, uma posição assumida
e referir‑se nesta hipótese para gestionar, por exemplo.
Tampouco deixará implícita no texto uma expectativa
ou uma sugestão. Trata‑se de práticas não pertinentes
a este tipo de texto.

72
Língua Portuguesa e Redação Oficial

Síntese

Nesta unidade, você estudou aspectos introdutórios à teoria da


redação oficial;

deteve‑se no conceito de texto, nos elementos constitutivos de


textualidade – conectividade, informatividade, intertextualidade,
contextualidade, intencionalidade e aceitabilidade – e nos
elementos constitutivos de gramaticalidade – coerência e coesão,
realçadas as práticas que qualificarão a sua redação oficial
e aquelas a serem evitadas. Viu, ainda, os pressupostos e os
implícitos como interditos ao texto da redação oficial.

Também conheceu uma vertente para a produção de um texto:

a) unidade temática (o conjunto deve tratar do mesmo assunto);

b) unidade estrutural (o conjunto deve ter boa sequência de


ideias e boa costura entre as partes).

Planejamento:

a) Sobre que vou escrever? (assunto);

b) Para quem vou escrever? (destinatário);

c) Com que finalidade? (objetivo).

„„ Quais as informações mais relevantes que devem


estar em meu texto? (seleção de ideias);

„„ Qual a melhor sequência para estas ideias? (o


que colocar na abertura do texto; como dar
continuidade ao texto; o que reservar para o
fechamento do texto?)

Também ficou indicado que você jamais empreenderá uma


redação oficial sem ter em mente a intenção de seu enunciado e o
receptor de seu texto.

Unidade 2 73
Universidade do Sul de Santa Catarina

Atividades de autoavaliação

Após a leitura criteriosa da unidade, reflita sobre os enunciados e realize os


exercícios:

1) Você já sabe que coesão diz respeito à expressão do nexo entre ideias
no plano linguístico, ou na redação do texto. A imagem dos tijolos e da
parede em Abaurre, lembra‑se?
Bem, para garantir coesão ao seu texto, você escolheria as seguintes
alternativas na redação de suas frase (amarrando os tijolinhos):
a) ( ) “A partir disto, essas pessoas passam a ter uma dívida de gratidão
com esse ‘amigo’. Ele o auxiliou numa hora em que o Estado se
manteve inerte.”
b) ( ) “A partir disto, essas pessoas passam a ter uma dívida de gratidão
com esse ‘amigo’. Ele as auxiliou numa hora em que o Estado se
manteve inerte.”
c) ( ) O estudo que fizemos em redação oficial revelou inadequações
que ferem as normas gramaticais do português.
d) ( ) O estudo que fizemos em redação oficial revelou inadequações
que fere as normas gramaticais do português.

2) Você já conhece os elementos constitutivos de gramaticalidade do


texto. Diga, então, por que esta frase é incoerente:
“O quarto espelha as características de seu dono: um esportista, que
adorava a vida ao ar livre e não tinha o menor gosto pelas atividades
intelectuais. Por toda a parte, havia sinais disso: raquetes de tênis,
prancha de surf, equipamento de alpinismo, skate, um tabuleiro
de xadrez com as peças arrumadas sobre uma mesinha, as obras
completas de Shakespeare”.

74
Língua Portuguesa e Redação Oficial

3) Os implícitos e os pressupostos têm de ser evitados em Redação Oficial.


Você os identifica nesta tira? Caso positivo, indique‑os.

Figura 2.3 ‑ Ócios do Ofício – Gilmar


Fonte: Humortadela, 2004.

4) Nesta unidade, você viu descritos os elementos constitutivos de


gramaticalidade: coerência e coesão.
Procure exemplos, acionando o seu senso de observação e confirme os
melhores usos, consultando gramáticas.

Unidade 2 75
Universidade do Sul de Santa Catarina

Saiba mais

Vamos acompanhar efeitos gerados por elementos de


gramaticalidade e textualidade estudados nesta unidade?

Primeiro passo: Leia o texto abaixo livremente, sem outras


preocupações.

Segundo passo: Localize na unidade 2 algumas referências


teóricas postas neste texto ‑ com outras palavras, naturalmente.

Terceiro passo: Compreenda o processo. Agora, vivencie o que


aprendeu.

UM MERGULHO NOS TEXTOS CURTOS


As técnicas narrativas de piadas e textos humorísticos
que surpreendem o leitor com sentidos inusitados
Por Sírio Possenti*

Sabe‑se que as técnicas fundamentais dos textos que chamamos


de piadas consistem em permitir a descoberta de outro sentido,
além do que é expresso no texto. De preferência, este segundo
sentido deve ser inesperado, surpreendente, e quase sempre é
bem diferente daquele expresso em primeiro plano e que, até o
desfecho do texto, parece ser o único. Como, em geral, as piadas
são breves, nada indicaria que se trata de textos que favoreçam
a encenação da “polifonia”. No entanto, este é um traço que as
caracteriza. Freud elaborou uma tipologia bastante completa de
tais técnicas, que de certa forma se resumem à condensação e ao
deslocamento, mais tarde tratadas como metáfora e metonímia.

Ricardo Piglia (Formas Breves, São Paulo: Companhia das Letras,


2002) apresenta duas teses sobre a estrutura do conto que valem
para as piadas:
a) contam‑se sempre duas histórias (p. 89);
b) a história secreta é a chave da forma do conto e de suas
variantes (p. 91).
Comentando a primeira tese, acrescenta que “o efeito de
surpresa se produz quando o final da história secreta aparece na
superfície” (p. 90).

76
Língua Portuguesa e Redação Oficial

As teses de Piglia são válidas para histórias policiais ‑ romances,


contos, filmes ‑ e cômicas.
Valem também para as piadas, embora, neste caso, ela deva ser
modalizada, pois o final da “história secreta” não aparece na
superfície: ele deve ser descoberto a partir de um indício, que,
“analisado” pelo leitor/ouvinte, permite construir um segundo
final. Vejamos isso em dois exemplos:
1) “José visita seu amigo e leva consigo sua cadela Madona.
A cadela entra e sai da casa do amigo, que fica tão incomodado
que pede ao visitante:
— Não deixe a cadela entrar na casa. Ela está cheia de pulgas.
E o dono da cadela ordena:
— Madona, não entre na casa! Ela está cheia de pulgas.”
Duas histórias
Nesta piada há duas histórias. Uma, a que é contada na
“superfície”, deveria terminar com uma ordem do dono a
Madona para que ela não entrasse mais na casa, porque ela,
Madona, está cheia de pulgas. Observe‑se que a história contada
na superfície não é, no entanto, completamente explícita.
Todos achamos que é a cadela que tem pulgas porque é corrente
um discurso segundo o qual cães abrigam pulgas.
É um saber que faz parte de uma memória social compartilhada.
Considerando este saber, todos entendem que o dono da casa
acha (ou vê) que Madona está cheia de pulgas (e não quer que
elas “caiam” da cadela e infestem sua casa).
Por isso, pede ao amigo que ordene à cachorra que não entre
mais na casa.
Este texto é uma piada porque permite outro final, que é
inesperado, surpreendente:
segundo o dono da cadela, é a casa que está cheia de pulgas, e
ela não deve mais entrar para não ficar infestada.
O que mais interessa, do ponto de vista das técnicas verbais da
piada, é descobrir sua “chave”, o “gatilho” que faz o leitor passar
de um final (o esperado), a outro, o surpreendente.
Para “entender” essa piada, o leitor/ouvinte deve dar‑se conta de
que o pronome “ela” (na “explicação” do dono da casa “ela está
cheia de pulgas”) tanto pode referir‑se a “casa” quanto a “cadela”.

Unidade 2 77
Universidade do Sul de Santa Catarina

Em resumo: há duas histórias, que funcionam segundo certas


normas, invocando certos saberes compartilhados.
Uma delas parece ser mais “normal” (a cadela infesta a casa
de pulgas).
A outra é surpreendente: a casa infesta a cadela de pulgas.
Rimos quando nos damos conta de que esta história
“subterrânea” é possível, neste texto, por causa da
referência ambígua de “ela”: sendo um pronome feminino
e singular, pode relacionar‑se a dois termos que aparecem
antes na história: “casa” e “cadela”.
O riso decorre do prazer que causa uma construção bem “sacada”!
[...]
Fonte: Revista Língua Portuguesa, ano 5, nº 64, fevereiro de 2011,
p.16‑17. (grifos nossos)

* Sirio Possenti é professor associado do Departamento de Linguística


da UNICAMP e autor de Língua, Texto e Discurso (Contexto).

78
3
UNIDADE 3

Tipologia Textual

Objetivos de aprendizagem
„„ Identificar aspectos introdutórios essenciais ao
modelo da redação oficial.

Seções de estudo
Seção 1 Tipos textuais que norteiam a redação oficial

Seção 2 Alguns gêneros textuais

Seção 3 A redação oficial


Universidade do Sul de Santa Catarina

Para início de estudo


Você está iniciando estudos sobre Tipologia Textual.

Estes conteúdos fundamentam os seus atos de produção textual.

A narração, a descrição e a dissertação são tipos textuais que


norteiam, originalmente, inúmeros modelos de redação oficial.

Entendendo estes mecanismos, você poderá aplicá-los ao tema


principal que dá nome a esta disciplina.

Seção 1 – Tipos textuais que norteiam a redação oficial


De início, um exercício:

a) Escreva dois textos curtos sobre o tema Trânsito e a


Terceira Idade:

„„ no primeiro, você vai narrar o que aconteceu;

„„ no segundo, você vai descrever algo que lhe chamou a


atenção mais especialmente, no fato que presenciou.

b) De acordo?

Agora, compare seus dois textos e observe o seguinte:

Em sua narrativa, você incluiu, entre outros, os seguintes


dados:

„„ o que aconteceu;

„„ quando aconteceu;

„„ onde aconteceu;

80
Língua Portuguesa e Redação Oficial

„„ como aconteceu;

„„ quem fez o quê.

Acertou? Ótimo.

Não conseguiu atender as expectativas? Refaça, então, a


narrativa, seguindo o esquema (o que / quando / como / por que
/ etc.).

Atenção:
Exemplos de narrativa são as novelas, os romances,
os contos, os seriados, os casos especiais. Mas, não
apenas. Ao redigir, por exemplo, uma ata, documento
oficial em que se registram ocorrências e decisões,
também se efetua sucinta narração de debates
ocorridos, votações, decisões, etc. Um Boletim de
Ocorrência inclui, em princípio, alguns procedimentos
da narração na área da segurança pública, por
exemplo. Observe outros textos narrativos produzidos
durante as atividades regulares de sua área. Devem
incluir itens que acabamos de detalhar.

Bem, agora é a vez de sua descrição. Nela você terá incluído,


alternativamente, em diferentes composições:

„„ o objeto de sua descrição, a coisa descrita (sempre);

„„ as sua impressões visuais (o que viu); e/ou

„„ as suas impressões auditivas (o que ouviu); e/ou

„„ as suas impressões olfativas (perfumes); e/ou

„„ as suas impressões afetivas (sentimentos ); e/ou

„„ as suas impressões éticas, políticas, sociológicas (como


viu), etc.

Acertou outra vez?

Unidade 3 81
Universidade do Sul de Santa Catarina

Tenha em mente que, por exemplo, ao elaborar um relatório


descritivo, você indicará o objeto de sua descrição e o enfocará
segundo o objetivo final do seu documento.

E mais: tanto em sua narração como em sua descrição, o seu


objetivo de informar é preponderante e norteia a inclusão de
elementos desta ou daquela ordem em seu texto. Alguns não
podem faltar. Trata-se dos que foram detalhados acima.

Mas a questão não se encerra aí. Há, ainda, outro aspecto a


considerar, você também já sabe: trata-se do destinatário de seu texto.

Dependendo da pessoa a quem você se dirija, o texto obedecerá


a determinadas regras. Por exemplo: o bilhete que você deixe em
casa, pedindo um favor, é diferente da ordem de serviço que você
elabore, para encaminhar ao setor em que está lotado/a.

Isto quer dizer que, ao REDIGIR, você produzirá textos


apropriados, sempre em função (insiste-se):

„„ de sua intenção, como redator;

„„ e do destinatário do texto (a pessoa que irá recebê-lo).

Mara Lucia Fabrício de Andrade esclarece a respeito:

Comunicar-se eficientemente parece, a princípio,


algo fácil e simples a qualquer indivíduo, dada a
agilidade e a habilidade que todos têm de usar a
linguagem. No entanto, durante esse processo realizado
automaticamente, [...] não se questiona a sequência de
passos a percorrer para que se consiga realizar o complexo
ato de comunicação por meio da língua. [...] Já a redação
exige atenção. (ANDRADE, 2011, site).

E você já sabe por que é assim, não é verdade?

1. É que, em uma situação formal de redação, a espontaneidade


fica substituída pela ação de certa forma presidida – mais,
ou menos, presidida – dependendo da compreensão que você
tenha de como redigir o seu texto.

82
Língua Portuguesa e Redação Oficial

2. Realmente, nas situações formais, você se preocupa em


redigir o seu texto do melhor modo e com formatação
adequada. Aí ocorre hesitar, sentir-se bloqueado/a,
desconfortável.

Verdade: a modalidade coloquial reveste-se de espontaneidade e


não é estressante, já foi dito. Mas a modalidade oficial da língua,
expressa oral ou graficamente, impõe-se, de certa forma, ao
enunciador e pode inibi-lo. Tenha certeza, entretanto, de que é
possível ter controle deste processo.

– Bem, hora de refletir sobre a dissertação.

À dissertação também corresponde um esquema de raciocínio


específico. Acompanhe os passos.

Uma pergunta introdutória, então, essencial ao seu ato de


dissertar:

É possível dissertar sobre conteúdos que você desconhece,


ou a respeito dos quais você não alinhou ideias, ou diante
dos quais você não adotou postura pessoal?

Não ! É que, sem ideias alinhadas em torno de um tema e sem


um posicionamento pessoal a respeito, não há como efetuar uma
dissertação.

Mas, o que é mesmo dissertação?

Veja um conceito: Dissertação é um tipo textual através do qual


você expõe ideias gerais, seguidas da apresentação de argumentos
que as comprovem.

A dissertação é um texto temático:


- evolui a partir de um raciocínio;
- analisa e interpreta com fundamentos;
- efetua comparações;
- mostra correspondências;
- estabelece consequências.

Unidade 3 83
Universidade do Sul de Santa Catarina

Do ponto de vista metodológico, vale dizer, do ponto de vista


de um método de fazer, o tipo textual dissertativo se estrutura
essencialmente em três partes: a introdução, o desenvolvimento
e a conclusão.

Na verdade, esta estrutura operacionaliza a formalização do


pensamento argumentativo:

„„ introdução: propõe a ideia-núcleo e é preparatória no


sentido de indicar o tema e a forma de abordá-lo;

„„ desenvolvimento – (exposição e/ ou argumentação):


é a exposição e/ou argumentação da ideia inicial e, para
tal, ordena progressivamente os dados, os aspectos que o
tema envolve, fundamentando-os através de arrazoados,
exemplos e provas;

„„ conclusão: efetua uma síntese, relacionando a ideia


inicial e sua fundamentação.

PEQUENA PAUSA.

Reflita sobre o seguinte:

„„ você já lida com um conceito de dissertação;

„„ você entende que este tipo textual é o adequado à


expressão de alguma certeza sempre fundamentada;

„„ você deduz que o enunciador do texto dissertativo se


configura como conhecedor de alguma verdade;

„„ você entende que a finalidade do texto dissertativo é


expor e/ou convencer através da argumentação eficiente;

„„ você pode entender, então, por que o texto dissertativo


também é chamado discurso da transformação;

„„ você está ciente de que à elaboração de uma dissertação


corresponde uma estrutura básica e diferentes formas de
organização do pensamento.

84
Língua Portuguesa e Redação Oficial

Observe, então, um esquema dissertativo com linha


argumentativa. Você já viu, anteriormente, esquemas de narração
e descrição (há outros sugeridos em ampla bibliografia a respeito.)

1º Parágrafo TEMA + argumento 1 + argumento 2 + argumento 3 INTRODUÇÃO

2º Parágrafo Desenvolvimento do argumento 1


3º Parágrafo Desenvolvimento do argumento 2 DESENVOLVIMENTO
4º Parágrafo Desenvolvimento do argumento 3

5º Parágrafo Expressão inicial + reafirmação do TEMA + observação final CONCLUSÃO

Quadro 3.1 - Esquema de dissertação argumentativa


Fonte: Elaboração da autora, 2011.

O esquema dissertativo está referido no objetivo que norteia o


ato de dissertar. Dentro desta ótica, classificam-se as dissertações
como expositivas e argumentativas (subjetivas).

Na dissertação expositiva, você apenas apresenta


ideias e as fundamenta. O objetivo aqui não é
debater ideias contrárias. Mas fundamentar as suas.

Considere, por exemplo, uma dissertação expositiva


em torno do tema “Os feriados no Brasil”. Aqui não há o
que argumentar, apenas expor.

Para você entender este aspecto essencial, considere a situação


oposta: você apresenta ideias pessoais que são contrárias a
outras; e você ressalta os aspectos negativos nessas outras,
fundamentando seu ponto de vista e inclusive a sua própria
opção. Agora você estará argumentando. Estará efetuando uma
dissertação argumentativa.

– Veja os exemplos adiante.

Voltemos à questão inicial:

Como fazer uma dissertação? Como expor com


clareza o seu ponto de vista? Como argumentar
coerentemente e validamente? Como organizar
a estrutura lógica de seu texto, com introdução,
desenvolvimento e conclusão?

Unidade 3 85
Universidade do Sul de Santa Catarina

Leia com atenção, a seguir, os dois excelentes exemplos


apresentados no site Por trás das Letras. Conceitos e Noções
Gerais de Dissertação”. Org. Hélio Consolaro.

Fonte: Portal da Letras, 2004.

a) Vamos supor que o tema proposta seja:

Nenhum homem é uma ilha.

Primeiro, precisamos entender o tema.

A palavra Ilha, aqui, está empregada em sentido figurado,


significando solidão, isolamento.

Vamos sugerir, então, alguns passos para a elaboração do


rascunho de sua redação.

1º passo - Transforme o tema em uma pergunta:

Nenhum homem é uma ilha?

2º passo - Procure responder a esta pergunta, de um modo


simples e claro, concordando ou discordando (ou, ainda,
concordando em parte e discordando em parte): a resposta é o
seu ponto de vista.

Responda, discordando, Há comportamentos que confirmam serem alguns


apenas para ilustração: homens uma ilha.

3º passo - Pergunte a você mesmo/a, o porquê de sua resposta,;


encontre uma causa, um motivo, uma razão para justificar sua
posição: aí estará o seu argumento principal.

Uma razão para justificar Comprova-o o comportamento desengajado de


sua posição pode ser: algumas pessoas ante carências sociais em geral.

86
Língua Portuguesa e Redação Oficial

4º passo - Agora, procure descobrir outros motivos que ajudem a


defender o seu ponto de vista, a fundamentar sua posição. Estes
serão argumentos auxiliares.

Apresente argumentos auxiliares, Há pessoas que rejeitam a aproximação afetiva, ou


para defender o seu ponto de vista: não acreditam nela.

5º passo - Em seguida, procure algum fato que sirva de exemplo


para reforçar a sua posição. Este fato-exemplo pode vir de sua
memória visual, das coisas que você ouviu, do que você leu. Pode
ser um fato da vida política, econômica, social. Pode ser um fato
histórico. Deve ser bastante expressivo e, sobretudo, coerente
com o seu ponto de vista. O fato-exemplo, geralmente, traz força
e clareza à nossa argumentação. Além disso, pessoaliza o nosso
texto, diferencia o nosso texto: como nasce da experiência de
vida, assegura marca pessoal à dissertação.

Apresente um ou mais Ilustração 1: atitude diante dos menores de rua.


fatos –exemplo: Ilustração 2: Isolamento no grupo de trabalho.

6º passo - Procure juntar estes elementos num texto – na verdade


o rascunho de sua redação. Por enquanto, você pode agrupá-los
na sequência sugerida anteriormente:

Ilustrando:

1) interrogar o tema: Nenhum homem é uma ilha?

Há comportamentos que confirmam serem alguns


2) responder, com a opinião: homens uma ilha.
O comportamento desengajado de algumas pessoas
3) apresentar argumento básico: diante de carências sociais em geral, ou específicas.
Pessoas que rejeitam a aproximação afetiva ou não
4) apresentar argumentos auxiliares: acreditam nela.
Ilustração 1: diante dos menores de rua.
5) apresentar fato – exemplo:
Ilustração 2: isolamento no grupo de trabalho.

6) concluir

Quadro 3.2 - Projeto de dissertação


Fonte: Elaboração da autora, 2011.

Unidade 3 87
Universidade do Sul de Santa Catarina

O esquema de sua dissertação ficaria assim, então:

1º parágrafo: a tese

2º parágrafo: argumento 1

3º parágrafo: argumento 2

4º parágrafo: fatos-exemplo

5º parágrafo: conclusão

– Entendido?

A seguir, algumas sugestões de atividades que auxiliam visualizar


melhor as propostas do enunciado teórico.

Bem: chegou o momento de você retomar as propostas


firmadas no início desta unidade. Lembra-se?

Na ocasião, foi-lhe solicitado o seguinte:

a) narre um fato com o tema Trânsito e Terceira Idade.

b) descreva um fato associado ao tema Trânsito e Terceira


Idade.

Volte, então, ao tema Trânsito e Terceira Idade e efetue,


referido/a nele:

a) uma dissertação expositiva;

b) uma dissertação argumentativa.

– Apoie-se nas orientações firmadas nesta seção e em outras sugestões


disponíveis no Saiba mais, no final da presente unidade.

Busque ajuda com a professora, por meio do ambiente


virtual de aprendizagem, caso você tenha permanecido
com alguma dúvida, após realizar estas atividades.

88
Língua Portuguesa e Redação Oficial

Seção 2 – Alguns gêneros textuais


Agora você já pode ler alguns conceitos básicos, os quais
esclarecerão inúmeros aspectos de seus estudos na próxima unidade.

As atividades humanas se caracterizam pela forma como


são executadas e pelos objetivos que as direcionam.
Exatamente, cada esfera de atividade humana
desenvolve tipos relativamente estáveis de enunciados
(textos), os quais passam a ser comumente associados
a elas.

Por exemplo:

A linguagem do mundo do direito, a linguagem


da administração de empresas, a linguagem da
publicidade, a linguagem dos políticos, cada uma tem
características específicas, próprias. E, da mesma forma,
a linguagem da assim designada Redação Oficial.

A Redação Oficial, objeto de seu curso, exige, por exemplo, que


o texto mantenha correspondência com o real. Esta é uma de
suas características. Neste sentido, a sua redação oficial terá as
seguintes características:

a) linguagem denotativa: nela a palavra está diretamente


ligada à significação, ou seja, ao seu sentido real explícito.

Gosto muito de doce de abóbora (uso denotativo).

versus

Ela é uma pessoa doce, suave (uso não denotativo).

Unidade 3 89
Universidade do Sul de Santa Catarina

b) objetividade: aqui, não se usam evasivas, vai-se direto ao


ponto.

Não comparecerei ao espetáculo amanhã.


(afirmação objetiva).

versus

Estou meio em dúvida se poderei comparecer ao


espetáculo, é mais certo que eu não compareça,
vamos ver.
(afirmação evasiva, imprecisa)

– Isto e mais você verá detalhadamente na seção 3 a seguir.

Bem: no processo de comunicação, ocorre a escolha do tipo de


texto adequado à destinação que lhe será dada, você já sabe.

Conheça, então, uma classificação bastante tradicional,


que nomeia textos presentes em nossa vida cotidiana. Esta
classificação está muito próxima de sua prática linguística.

TIPO TEXTUAL GÊNERO TEXTUAL


Conferência
Artigo Enciclopédico
Relatório técnico
EXPOSITIVO
Texto explicativo
Prestação de contas
Etc.
Conto
Fábula
Relatos
Romance
NARRATIVO Novela
Piada
Carta
Notícia
Etc.

90
Língua Portuguesa e Redação Oficial

Instruções
Receita
Regulamento
DESCRITIVO Regras de jogo
Modo de usar
Bula
Etc.
Carta do leitor
Diálogo argumentativo
Carta de reclamação
Carta de solicitação
ARGUMENTATIVO Debate
Editorial
Ensaio
Monografia.
Etc.
Quadro 3.3 – Textos presentes em nossa vida cotidiana
Fonte: Elaboração da autora, 2011.

Manual de Redação da
Seção 3 – Redação Oficial Presidência da República.
Disponível em: <https://
Você já sabe, mas vale repetir: www.planalto.gov.br/
ccivil_03/manual/>.
Acesso: 28/04/05.
„„ Redação oficial é a maneira pela qual o Poder Público
redige os atos normativos e comunicações.

„„ Redação Oficial 2ª ed. é a técnica usada na escritura das


correspondências, dos processos e documentos gerados
In: Padronização e
na rotina do serviço público, ou seja, é a maneira pela redação dos atos oficiais.
qual o Poder Público se comunica formalmente com Florianópolis. Imprensa
órgãos e servidores públicos e com particulares. Oficial do Estado de
Santa Catarina: 2002.

Unidade 3 91
Universidade do Sul de Santa Catarina

Características da Redação Oficial:


 impessoalidade;
 uso do padrão culto da linguagem;
 formalidade;
 uniformidade;
 clareza;
 concisão.

Por que estas, e não, outras características?

É que:

„„ as comunicações oficiais devem sempre permitir uma


única interpretação;

„„ as comunicações oficiais são necessariamente uniformes,


pois há sempre um único comunicador (o serviço público)
e o receptor dessas comunicações ou é o próprio serviço
público (no caso de expedientes dirigidos por um órgão a
outro) ou o conjunto dos cidadãos ou instituições tratados
de forma homogênea (o público);

„„ a finalidade básica das comunicações oficiais – comunicar


com impessoalidade e máxima clareza – impõe certos
parâmetros ao uso que se faz da língua.

Veja em detalhe cada característica.

Impessoalidade
O tratamento impessoal nas comunicações oficiais decorre de que:

a) a comunicação é sempre feita em nome do Serviço Público;

b) a comunicação será dirigida a um cidadão, sempre


concebido como público, ou a outro órgão público.
Nos dois casos, o destinatário é concebido de forma
homogênea e impessoal;

92
Língua Portuguesa e Redação Oficial

c) o assunto tratado tem caráter impessoal: as comunicações


oficiais se restringem a questões que dizem respeito ao
interesse público, portanto não cabe aí qualquer tom
particular ou pessoal.

Impessoalidade não garantida


Informamos a Vossa Excelência, com grande orgulho e alegria, que a sessão de inauguração da
Rodovia XY será enfim realizada no dia 8 de outubro de 2001, às 9.00h, no local do lançamento da
obra, no início da rodovia mencionada, nesta Capital.
Impessoalidade garantida
Informamos a Vossa Excelência que a sessão de inauguração da Rodovia XY será realizada no dia
8 de outubro de 2001, às 9.00h, no local do lançamento da obra, no início da rodovia mencionada,
nesta Capital.
Impessoalidade não garantida
Informo a Vossa Senhoria, ainda que a contragosto, que, conforme o Decreto nº 000, de 3 de agosto
de 2001, fica prorrogado o horário especial de expediente nos órgãos das Administração Direta,
Autarquias, etc., até o dia 25 de setembro deste, devendo ser cumprido das 13.00h às 19.00h.
Impessoalidade garantida
Informamos a Vossa Senhoria que, conforme o Decreto nº 000, de 3 de agosto de 2001, fica
prorrogado o horário especial de expediente nos órgãos da Administração Direta, Autarquias, etc.,
até o dia 25 de setembro deste, devendo ser cumprido das 13.00h às 19.00h.

Desta forma, não há lugar na redação oficial para


impressões pessoais, como as que, por exemplo,
constam de uma carta a um amigo, ou de um artigo
assinado de jornal, ou mesmo de um texto literário.
A redação oficial deve ser isenta da interferência da
individualidade que a elabora.

In Manual de Redação da Presidência, op.cit.

A concisão, a clareza, a objetividade e a formalidade de que se


vale o redator para elaborar os expedientes oficiais, contribuem
para que seja alcançada a necessária impessoalidade.

Unidade 3 93
Universidade do Sul de Santa Catarina

O uso do padrão culto da linguagem


Você já leu, na primeira unidade, que o emprego de determinada
modalidade de linguagem está relacionado ao contexto em que
a comunicação ocorre e à sua finalidade. No caso da Redação
Oficial, a natureza dos atos e expedientes oficiais, o caráter
público desses atos e comunicações e a sua finalidade exigem o
Os atos oficiais estão aqui
entendidos como atos de caráter
uso do padrão culto da linguagem.
normativo, ou que estabelecem
regras para a conduta dos cidadãos, É que as comunicações que partem dos órgãos públicos federais
ou regulam o funcionamento dos devem ser compreendidas – idealmente – por todo e qualquer
órgãos públicos. Já a finalidade dos cidadão brasileiro.
expedientes é, precipuamente, a de
informar com clareza e objetividade.
In: Manual da Presidência, op.cit).
O padrão culto nada tem contra a simplicidade de
expressão, desde que isto não seja confundido com
pobreza de expressão.

Há consenso de que o padrão culto é aquele em que:

a) se observam as regras da gramática formal, e,

b) se emprega um vocabulário comum ao conjunto dos


usuários do idioma.

É importante ressaltar que a obrigatoriedade do uso do padrão


culto na redação oficial decorre do fato de que ele está acima
das diferenças lexicais, morfológicas ou sintáticas regionais,
dos modismos vocabulares, das idiossincrasias linguísticas,
permitindo, por esta razão, que se atinja a pretendida
compreensão por todos os cidadãos.

Assim:

Proibido o uso de linguagem restrita a determinados grupos (a


gíria, os regionalismos vocabulares ou o jargão técnico). Um texto
marcado por expressões de circulação restrita (grupos) tem sua
compreensão dificultada.

Outro aspecto a acentuar, e que você também já conhece, remete


à distância entre a língua falada e a escrita. Conscientize-se
de que, ao efetuar sua redação oficial, você não está grafando a

94
Língua Portuguesa e Redação Oficial

língua falada. A língua escrita vale-se apenas de si mesma para


comunicar. E, no caso da Redação Oficial, com absoluta concisão
e clareza.

O padrão culto ou então o padrão oficial da língua está descrito


nos compêndios de gramática de nossa língua. É comumente
utilizado em textos de periódicos, como Veja, Bravo, Época,
Documento, Exame, Isto É, Folha de São Paulo, O Globo. E em
ensaios, estudos, dissertações.

Padrão Oficial Padrão Coloquial, Popular, Etc.


Estou preocupado com a lenta Tô preocupado: a papelada mais
tramitação do processo. se arrasta do que anda!
Esperamos a presença de todos Vê se providencia a vinda da
os membros da comissão, turma da comissão, porque temos
porque a sindicância deverá de acabar com a sindicância de
ser concluída hoje. uma vez por todas.
Traga-me o documento para eu Me traz o documento para mim
analisar. dar uma olhada.

Concisão e Clareza

O que é concisão e clareza ? Qual a importância destes


elementos na produção de um texto?

A concisão constitui bem mais uma qualidade do que uma


característica do texto oficial. Texto conciso é o que consegue
transmitir um máximo de informações com um mínimo de
palavras. Para que se redija com essa qualidade, é fundamental
que se tenha, além de conhecimento do assunto sobre o qual se
escreve, o necessário tempo para revisar o texto depois de pronto.
É nessa releitura que, muitas vezes, se percebem eventuais
redundâncias ou repetições desnecessárias de ideias.

Unidade 3 95
Universidade do Sul de Santa Catarina

Economia linguística, fórmula de empregar o mínimo


de palavras para informar o máximo não deve de modo
algum ser entendida como economia de pensamento,
isto é, não se devem eliminar passagens substanciais
do texto no afã de reduzi-lo. Trata-se, exclusivamente,
de cortar palavras inúteis, redundâncias, passagens que
nada acrescentem ao que já foi dito.

(in Manual de Redação Oficial da Presidência da República,


op.cit.).

Quanto a essas questões, é importante ressaltar:

a) em todo texto de alguma complexidade existe certa


hierarquia de ideias: ideias fundamentais e ideias secundárias;

b) as ideias secundárias podem esclarecer o sentido das


ideias fundamentais, detalhá-las, exemplificá-las; mas
existem também ideias secundárias que não acrescentam
informação alguma ao texto, nem têm maior relação com
as fundamentais, podendo, por isso, ser dispensadas;

c) clareza deve ser a qualidade básica de todo texto oficial,


conforme já afirmado. Pode-se definir como claro aquele
texto que possibilita imediata compreensão pelo leitor.

No entanto a clareza não é algo que se atinja por si só: ela


depende estritamente das demais características da redação
oficial. Veja-as exemplificadas:

a) Período curto:

O que não fazer


Era noite fechada e todas as luzes estavam acesas,
enquanto na entrada da escadaria um foguete
alertou a chegada de um grupo tático e o pessoal da
vizinhança começou a fechar janelas e portas e catar
crianças soltas pelas vielas porque uma chuva de balas
ia cair.

Possível
Era noite fechada. Todas as luzes estavam acesas. Na
entrada da escadaria, um foguete explodiu, alertando
para a chegada de um grupo tático. O pessoal da

96
Língua Portuguesa e Redação Oficial

vizinhança começou a fechar janelas e portas e a catar


crianças soltas pelas vielas. Protegiam-se da iminente
chuva de balas.

b) Parcimônia na adjetivação:

O que não fazer


O ministro recebeu calorosa, expressiva, vibrante
ovação, e retirou-se emocionado, mesmo exultante
do microfone.

Possível
O ministro recebeu a ovação sensibilizado.

c) Ausência de ambiguidade:

O que não fazer


Menores que contam com atenção familiar
frequentemente são mais sociáveis.
(Os menores são mais sociáveis porque contam com a
atenção familiar frequentemente/ OU Os menores são
frequentemente mais sociáveis porque contam com
atenção familiar?)

Possível
1. Menores que contam, frequentemente, com atenção
familiar são mais sociáveis.
2. Menores que recebem atenção familiar são
frequentemente mais sociáveis.

d) Ordem direta:

O que não fazer


Visto que estavam começando a se exceder todos,
saímos rapidamente do clube.

Possível
Saímos rapidamente do clube, visto que todos estavam
começando a se exceder.

Unidade 3 97
Universidade do Sul de Santa Catarina

Evitem-se, igualmente:

1. Redundâncias
 Planos ou projetos para o futuro
(Você conhece alguém que faz planos para o passado?)

 Criar novos empregos


(Alguém consegue criar empregos velhos?)

 Habitat natural
(Todo habitat é natural. Consulte um dicionário.)

 Conviveram juntos por muitos anos.


(Como conviver separado?)

 Sua autobiografia
(Se é autobiografia, já é sua.)

 Goteira no teto
(No chão é impossível!)

2. Digressões que desviem a atenção do receptor


sobre o que é essencial
A concisão consiste em dizer muito com poucas
palavras, eliminando-se as palavras supérfluas, a
adjetivação desmedida, evitando-se períodos extensos
e emaranhados. A concisão traz clareza à frase e,
igualmente, correção: quem muito escreve corre o risco
de tropeçar no erro da língua, na falta de lógica e na
adequação textual.

O vocabulário não deve incluir palavras difíceis, pois


exuberância nem sempre é sinônimo de clareza. Ao
redigir, empreguem-se, apenas, as palavras necessárias,
as mais simples e correntes. O excesso de linguagem
técnica, ao invés de afirmar competência, pode gerar
incompreensão para o receptor.

De acordo com o estilo atual, o texto expositivo privilegia:


ordem direta, objetividade, clareza e concisão, evitando,
assim, parágrafos longos, com excessivos entrelaçamentos
de incidentes, e orações subordinadas que possam causar
dificuldades à análise e ao entendimento do interlocutor. É
claro que algumas ideias exigem parágrafos maiores, com
a presença da subordinação, mas deve haver equilíbrio
entre as ideias que se quer expressar e o desenvolvimento
do período. O uso da subordinação precisa apresentar
relações e nexos conjuntivos evidentes. Corra-se das
construções labirínticas.

98
Língua Portuguesa e Redação Oficial

Formalidade e Uniformidade
Além das já mencionadas exigências para a sua Redação Oficial,
é imperativa ainda certa formalidade de tratamento. Aqui não
se trata apenas do correto emprego da forma de tratamento para
uma autoridade de certo nível (estes casos são estudados nos
compêndios de gramática e também de Protocolo); a formalidade
diz respeito, também, à polidez, à civilidade no próprio enfoque
dado ao assunto do qual cuida a comunicação.

A formalidade de tratamento vincula-se ainda à necessária


uniformidade das comunicações. Visto que a administração
federal é una, torna-se natural que as comunicações que expede
obedeçam a um mesmo padrão. A fixação de um padrão exige
que se atente para todas as características da redação oficial e que
se cuide ainda da apresentação dos textos.

Conhecendo estas ponderações, detalhadas ao máximo, você fica


seguro/a do que fazer e do que evitar, quando estiver redigindo
textos oficiais.

Para bem entender a questão da formalidade, veja os


exemplos:

a) Formalidade diz respeito ao correto emprego deste ou


daquele pronome de tratamento perante uma autoridade.

Aqui você está entendendo a palavra formalidade do ponto de


vista protocolar.

Tratamento informal
Meu caro Ministro:
Informo-lhe que o encontro do dia 9/7 para a análise do
plano piloto está cancelado.
Sem mais,
Etc.

Unidade 3 99
Universidade do Sul de Santa Catarina

Tratamento formal, protocolar


Senhor Ministro:
Informamos a Vossa Excelência que o encontro para a
análise do plano piloto, previsto para o dia 7 de outubro
deste, ficou inviabilizado por fatos supervenientes.
Atenciosamente,
Etc.

b) Formalidade também diz respeito à polidez,


civilidade no próprio enfoque dado ao assunto do
qual cuida a comunicação.

Tratamento sem polidez


Meu caro Secretário
Após tanta ida e vinda, o encontro para análise do plano
piloto só poderia terminar cancelado. Este é o teor de
minha reclamação.
Aguardo nova agenda, ideal que fosse nesta sexta. Mas
para acontecer, bem entendido.
Aguardando,
Etc.

Tratamento polido
Senhor Secretário,
Ante os muitos óbices surgidos, houve-se por bem
cancelar o encontro para a análise do plano piloto.
Neste sentido, solicitamos a Vossa Excelência que
mande agendar nova data, possivelmente até o dia 20
deste, de modo a garantir a consecução dos objetivos
originalmente firmados.

Atenciosamente,
Etc.

Confirme sua inteira compreensão da unidade, efetuando as atividades


de autoavaliação a seguir.

100
Língua Portuguesa e Redação Oficial

Síntese

Nesta unidade, você estudou como fazer uma descrição, uma


narração, sem outras preocupações teóricas; que isto é válido e
suficiente para situações informais; mas que as situações formais
exigem maior domínio de texto e de tipos de texto.

Viu também que a escrita não se limita a registrar a sua fala; que
a sua fala é menos formal do que a escrita; que a escrita obedece
a uma intenção, considera o perfil do destinatário do texto e se
registra em padrão oficial.

Teve a oportunidade de estudar também que a intenção origina


diferentes tipos de texto; que estas considerações iniciais são
fundamentais para os estudos de redação oficial, e que a redação
oficial tem características específicas a serem observadas:
impessoalidade; uso do padrão culto da linguagem; formalidade;
uniformidade; clareza; concisão.

Atividades de autoavaliação

1) Narre uma ocorrência. Obedeça às etapas sugeridas a seguir:

Explicar que ocorrência


será narrada.
1º parágrafo
Dizer em que
tempo e o lugar.

Narrar a ocorrência
2º parágrafo (detalhadamente).

Indicar fatores que


3º parágrafo podem ter concorrido
para a ocorrência.

Registrar possíveis
4º parágrafo desdobramentos
da ocorrência.

Unidade 3 101
Universidade do Sul de Santa Catarina

2) Descreva uma pessoa suspeita. Obedeça às etapas sugeridas.

Primeira impressão, ou então,


1º Parágrafo abordagem de qualquer aspecto
de caráter geral.

Características físicas:
altura,
peso,
cor da pele,
idade,
2º Parágrafo
cabelos,
traços do rosto (olhos, nariz, boca),
voz,
indumentária,
etc.

Características psicológicas:
personalidade,
temperamento,
caráter,
3º Parágrafo
preferências,
tendências,
postura,
etc.

4º Parágrafo Síntese, concluindo.

102
Língua Portuguesa e Redação Oficial

Saiba mais

Livros

Na obra Prática de texto para estudantes universitários, de Carlos


Alberto Faraco e Cristovão Tezza, Editora Vozes, 2001, consulte as
seções de 10 a 13. A compilação de exemplos é muito rica.

Na obra Comunicação em prosa moderna, de Othon M.


Garcia, Fundação Getúlio Vargas, 2006, consulte, especialmente,
a Sétima Parte – Planejamento de Descrição, Narração,
Dissertação, Argumentação, e ,depois, vá à Oitava Parte e
leia Redação Técnica. Na Décima Parte, elabore os exercícios
propostos, sobretudo os indicados no item 3, relativamente a
Clareza e, logo, a Parágrafos.

Unidade 3 103
4
UNIDADE 4

Produção Textual

Objetivos de aprendizagem
„„ Conhecer gêneros de redação oficial.

„„ Conhecer e adotar base teórica na redação oficial.

Seções de estudo
Seção 1 Estrutura do Parágrafo

Seção 2 Gêneros textuais na redação oficial


Universidade do Sul de Santa Catarina

Para início de estudo


O estudo das sequências narrativas em gêneros textuais como a
narrativa, a descrição, a dissertação, fundamenta tanto os seus
atos de produção textual em geral quanto a produção relacionada
à redação oficial.

Nesta unidade, você vai estudar os pressupostos dos textos


oficiais, suas regras, estruturas e utilização.

Inicialmente irá deter‑se na unidade textual de significação, o


parágrafo, observando como selecionar e dispor ideias, de modo a
contemplar as exigências da redação oficial.

Em seguida, será hora de confirmar as características já estudadas


da redação oficial e de conhecer alguns gêneros textuais
correspondentes.

Você observará que os gêneros textuais estão organizados e


classificados a partir de diferentes pontos de vista. É que estes
modelos podem parecer bastante complexos, se expostos soltos,
sem outras referências.

Importante, então, que você conheça detalhadamente as


classificações fornecidas, para selecionar a que prefira.

Uma recomendação
Outro aspecto a ressaltar tem a ver com os modelos
fornecidos nesta unidade de estudo.
Há uma base conceitual relativamente harmoniosa
identificando‑os nos compêndios em geral.
As propostas formais, a disposição gráfica de dados,
estas variam, entretanto; e podem variar muito
(diferentes manuais de tribunais, diferentes manuais do
poder executivo estadual, etc.).
Com o objetivo de lhe chamar a atenção para esta
realidade, foram incluídas algumas poucas ilustrações
de opções conflitantes. As escolhas, neste contexto, são
pessoais, ou, então, institucionalizadas em seu espaço
de atuação. Informe‑se..

106
Língua Portuguesa e Redação Oficial

Seção 1 – Estrutura do Parágrafo

Para introduzir esta unidade, vamos fazer uma revisão


geral?

Bem, você já sabe que:

„„ texto é uma unidade linguística concreta, percebida pela


audição (na fala) ou pela visão (na escrita), que tem unidade
de sentido e intencionalidade comunicativa;

„„ a escrita não se constitui em registro gráfico da fala, isto é,


a função da escrita não é a de ‘copiar’ graficamente a fala;

„„ você já se deu conta de que é distinto o seu nível de


concentração e de formalidade ao falar e ao escrever;

„„ a redação oficial é a maneira pela qual são redigidos atos


normativos e comunicações da administração em geral;

„„ a redação oficial emprega a modalidade oficial da língua


portuguesa;

„„ entre todas as demais funções da linguagem, a


referencial, a metalinguística e a fática nortearão a sua
redação oficial;

„„ há regras especiais orientando a forma de o emissor


dirigir‑se ao receptor. Neste caso, há uma forma
específica de você dirigir‑se ao destinatário de sua
redação oficial;

„„ a redação oficial deve caracterizar‑se pela


impessoalidade, uso do padrão culto de linguagem,
clareza, concisão, formalidade e uniformidade;

„„ está claro que você terá de evitar polifonias em um


texto oficial, cuidando de que não surjam ‘vozes’ por lá,
alterando a mensagem que você escreveu. Do mesmo
modo, terá muito cuidado ao escolher palavras, para não
cair nas armadilhas da polissemia;

Unidade 4 107
Universidade do Sul de Santa Catarina

„„ ainda, você evitará os pressupostos e os implícitos em sua


redação oficial.

– E, agora, aos parágrafos e depois aos textos oficiais!!!

Você inicia estudos aplicados à redação de textos em geral, com


indicações teóricas para a redação oficial.

Trata‑se de conteúdos, portanto, que fundamentam sua produção


textual aplicada.

Vamos iniciar com Parágrafos.

Você tem uma definição de Parágrafo?

Compare‑a com a de Martins (2001, p.99):

O parágrafo é uma unidade redacional. Serve para dividir


o texto (que é um todo) em partes menores, tendo em
vista os diversos enfoques.

Quando se muda o parágrafo, não se muda o assunto. O


assunto, a rigor, deve ser o mesmo, do princípio ao fim da
redação. A abordagem, porém, pode mudar. E é aqui que
o parágrafo entra em ação. A cada novo enfoque, a cada
nova abordagem, haverá novo parágrafo.

[...] Funcionalmente, a compreensão da estrutura do


parágrafo é o melhor caminho para a segura compreensão
do texto.

Apenas uma dúvida: começar por parágrafo por quê?

Porque o parágrafo é um facilitador da escrita e da leitura. E


é através dele que nossas ideias são dispostas de forma clara
e objetiva no texto gráfico – e, assim, em nos textos de nossa
redação oficial.

108
Língua Portuguesa e Redação Oficial

Uma recomendação
Nas palavras de Faraco et al.(2011, p.168) a seguir, um alerta para
a necessária intervenção do autor na organização de seu texto
em parágrafos. É que, em se tratando de parágrafos, não lidamos
com fórmulas prontas e fechadas:
Com certeza você já tem uma boa noção do que seja parágrafo.
Para tanto, bastou a leitura de alguns bons textos de informação,
com roteiros de análise – e mais, naturalmente, a experiência que
você tem como praticante da leitura e da escrita ao longo dos anos.
[...] dois aspectos importantes:
a) Não existe parágrafo padrão, isto é, uma fórmula que sirva a
qualquer tipo de texto; aqui, também, a paragrafação dependerá
da intenção do destinatário e do assunto do texto.
b) O bom domínio do parágrafo não é simplesmente uma
questão técnica de escrita; a noção de parágrafo depende,
de certo modo, da percepção mais ou menos intuitiva que
nós temos da hierarquia das ideias e de fatos, mas não tem
nenhum rigor –mesmo porque a própria expressão “pensamento
completo” é muito vaga.
Fonte: Faraco et al. (2011, p.168). (grifo nosso).

Unidade 4 109
Universidade do Sul de Santa Catarina

A marcação dos parágrafos


Oportuno observar, neste sentido, que, ao processar nossas
ideias, ao expressá‑las oralmente, efetuamos marcações as quais,
posteriormente, na escrita, serão formalizadas

convencionalmente, com translineação, recuo na linha, ou duplo


espaço, etc.

a) Você não distribui o pensamento espacialmente em


sua mente!

Você pensa. Nosso pensamento, aliás, tende mais para o


desordenado do que para o organizado. E é em busca de maior
clareza, até para si mesmo, que você procura organizá‑lo.

b) Agora observe a sua fala!

Há pausas em sua fala, certo?

E por que você faz pausas em sua fala?

Você faz pausas para tornar a sua mensagem compreensível


a quem a ouve.

c) E, a escrita?

Exatamente, quando redigimos, precisamos organizar o


pensamento e expressá‑lo numa linguagem comum a nós
e ao nosso leitor. Com este objetivo, distribuímos o texto
escrito em parágrafos, entre outros meios facilitadores.

110
Língua Portuguesa e Redação Oficial

As marcações do parágrafo na escrita

1. De início, observe um texto completo:

Atendimento na Delegacia do Idoso da Capital cresce 100%


1 O número de atendimentos da Delegacia de Polícia de
2 Proteção ao Idoso praticamente dobrou desde a implantação
3 do Estatuto do Idoso (Lei Federal 10.741/03) em janeiro de
4 2004. O número de atendimentos passou de 2.229 pessoas
5 em 2003 para 4.448 no ano passado, isto só na delegacia
6 do Centro da Capital. Neste ano, cerca de dois mil idosos já
7 procuraram a delegacia.
8 “A Delegacia do Idoso existe desde 1992, mas a procura
9 aumentou muito depois do Estatuto”, conta o delegado titular
10 Oscar Ferraz Gomes. Ele apresentou palestra hoje de manhã,
11 no 1º Congresso Estadual do Idoso, no Anhembi, Zona Norte de
12 São Paulo. “A diferença entre a Delegacia do Idoso e as outras é
13 que nós só atendemos ao idoso. O atendimento é diferenciado,
14 mas, quando houver algum problema, os idosos podem
15 procurar a delegacia mais próxima”, explica.
16 O evento coloca em questão o aumento da população com
17 mais de 60 anos no Estado de São Paulo e as políticas públicas
18 voltadas aos idosos. Em 2005, o número de idosos no Estado de
19 São Paulo beira quatro milhões, sendo que um milhão está na
20 Capital, o que significa 10% da população paulistana.
21 “O Congresso está fazendo com que o povo descubra a
22 importância do Estatuto do Idoso e dando possibilidade
23 dele ser seguido, com isso, nós nos valorizamos mais”, afirma
24 a professora aposentada, de Jaguariúna, Maria do Carmo
25 Paoliello Machado de Souza, de 80 anos.
26 O Congresso teve palestras sobre saúde, lazer, Estatuto do
27 Idoso, Segurança Pública, turismo, cidadania, qualidade de vida,
28 além de shows de dança e música.
Disponível em: <http://www.ssp.sp.gov.br/noticia/lenoticia.
aspx?id=15700>.

E, agora, os parágrafos com os quais o texto foi estruturado.

Unidade 4 111
Universidade do Sul de Santa Catarina

a) As grandes unidades significativas de um texto escrito


são chamadas parágrafos. Exemplo: 01/07 – 08/15 –
16/20 – 21/25 – 26/28.

b) O parágrafo é primordialmente um facilitador de leitura.

c) Ele avisa ao leitor:

„„ que está começando um bloco de ideias (veja 01/07);

„„ que está começando um bloco de ideias relacionado


com o anterior (veja 08/15, em relação ao anterior);

„„ que está começando um bloco de ideias relacionado


com o anterior e o posterior, se houver (veja 08/15,
em relação ao anterior e ao posterior).

d) Na disposição do texto, o parágrafo pode aparecer


sinalizado de algumas formas:

„„ espaço duplo (como no texto que acabou de ler);

„„ itens (você pode estudar diferentes disposições em


Pontuação, em todas as gramáticas);

„„ dois toques (como nesta outra disposição do texto


em estudo, que segue).

Veja a distribuição dos parágrafos que usa dois toques:

Atendimento na Delegacia do Idoso da Capital cresce 100%.


Sexta‑Feira, 24 de Junho de 2005.
O número de atendimentos da Delegacia de Polícia de
Proteção ao Idoso praticamente dobrou desde a implantação do
Estatuto do Idoso (Lei Federal 10.741/03) em janeiro de 2004. O
número de atendimentos passou de 2.229 pessoas em 2003 para
4.448 no ano passado, isto só na delegacia do Centro da Capital.
Neste ano, cerca de dois mil idosos já procuraram a delegacia.
“A Delegacia do Idoso existe desde 1992, mas a procura
aumentou muito depois do Estatuto”, conta o delegado titular
Oscar Ferraz Gomes. Ele apresentou palestra hoje de manhã, no
1º Congresso Estadual do Idoso, no Anhembi, Zona Norte de São

112
Língua Portuguesa e Redação Oficial

Paulo. “A diferença entre a Delegacia do Idoso e as outras é que


nós só atendemos ao idoso. O atendimento é diferenciado, mas,
quando houver algum problema, os idosos podem procurar a
delegacia mais próxima”, explica.
O evento coloca em questão o aumento da população com
mais de 60 anos no Estado de São Paulo e as políticas públicas
voltadas aos idosos. Em 2005, o número de idosos no Estado de
São Paulo beira quatro milhões, sendo que um milhão está na
Capital, o que significa 10% da população paulistana.
[...]

E como posso organizar um texto em parágrados?

As regras mais gerais para organização do texto em parágrafos se


fundamentam na noção de que as ideias se aglutinam:

a) em torno de uma “ideia principal”, também chamada de


“tópico frasal”,

b) e em “frase‑núcleo”.

Detalho “ideia principal” (a) e “frase‑núcleo” (b), para esclarecer


melhor esta afirmação.

Veja nas atividades 1 e 2.

ATIVIDADE 1
(a) Para compreender como as ideias se aglutinam em torno de
uma ideia principal, numere os parágrafos, de 1 a 5, como lhe
pareça mais lógico.

Unidade 4 113
Universidade do Sul de Santa Catarina

Atendimento na Delegacia do Idoso da Capital cresce 100%.


Sexta‑Feira, 24 de Junho de 2005.
[...]
Delegacia

De acordo com o delegado, Os principais crimes registrados


na delegacia do Centro são: abandono material, maus tratos
e apropriação indébita (parentes ou amigos se apoderam da
aposentadoria ou dos bens do idoso sem autorização).

A primeira Delegacia de Proteção ao Idoso foi criada na Capital


há 13 anos. Hoje em dia, existem quatro Delegacias de Polícia
de Proteção ao Idoso em todo o estado: Centro da Capital,
Guarulhos, São Bernardo do Campo e Taboão da Serra.

“Aqui nós atendemos vários tipos de ocorrência. Têm idosos


que vem prestar queixa, pedir conselhos e até desabafar”,
lembra Gomes. Sem saber a quem recorrer, os idosos acabam
procurando a delegacia especializada até para pedir ajuda por
falta de luz. “Queremos ajudar, mas nossa responsabilidade
está restrita à área policial”, ressalta.
A queixa de Maria Nilza é uma exceção. O problema que
a levou a procurar a delegacia não pôde ser resolvido na
Delegacia, logo o delegado a encaminhou para o Juizado de
Pequenas Causas. Segundo o delegado Gomes, a maioria dos
crimes praticados contra o idoso são práticas dos parentes.
“Tanto é que 40% das ocorrências são contra alguém da
família”, comenta.
Para a enfermeira aposentada Maria Nilza Salgueiro de Lima,
de 67 anos, que procurou a delegacia por causa de problemas
no interfone do prédio, o atendimento é diferenciado. “Aqui é
muito bom, porque a gente se sente sozinha e pode falar um
pouco a mais”, conta.
Fonte: Secretaria da Segurança Pública. Governo do Estado de São
Paulo, 2005. Adaptado pela autora.

114
Língua Portuguesa e Redação Oficial

ATIVIDADE 1.1
Compare seu resultado com o texto original:

Atendimento na Delegacia do Idoso da Capital cresce 100%.


Sexta‑Feira, 24 de Junho de 2005.
[...]
Delegacia
A primeira Delegacia de Proteção ao Idoso foi criada na Capital
há 13 anos. Hoje em dia, existem quatro Delegacias de Polícia
de Proteção ao Idoso em todo o estado: Centro da Capital,
Guarulhos, São Bernardo do Campo e Taboão da Serra.
“Aqui nós atendemos vários tipos de ocorrência. Tem idosos
que vêm prestar queixa, pedir conselhos e até desabafar”,
lembra Gomes. Sem saber a quem recorrer, os idosos acabam
procurando a delegacia especializada até para pedir ajuda por
falta de luz. “Queremos ajudar, mas nossa responsabilidade está
restrita à área policial”, ressalta.
Para a enfermeira aposentada Maria Nilza Salgueiro de Lima, de
67 anos, que procurou a delegacia por causa de problemas no
interfone do prédio, o atendimento é diferenciado. “Aqui é muito
bom, porque a gente se sente sozinha e pode falar um pouco a
mais”, conta.
A queixa de Maria Nilza é uma exceção. O problema que a levou
a procurar a delegacia não pôde ser resolvido na Delegacia, logo
o delegado a encaminhou para o Juizado de Pequenas Causas.
Segundo o delegado Gomes, a maioria dos crimes praticados
contra o idoso são práticas dos parentes. “Tanto é que 40% das
ocorrências são contra alguém da família”, comenta.
De acordo com o delegado, os principais crimes registrados
na delegacia do Centro são: abandono material, maus tratos
e apropriação indébita (parentes ou amigos se apoderam da
aposentadoria ou dos bens do idoso sem autorização).
Fonte: Secretaria da Segurança Pública. Governo do Estado de São
Paulo, 2005. Adaptado pela autora.

Unidade 4 115
Universidade do Sul de Santa Catarina

ATIVIDADE 2
Continuando: Para compreender o que é tópico frasal ou
frase‑núcleo no texto, analise o quadro que segue.

Inicialmente, por que se deter neste aspecto, de forma


tão detalhada?

Porque, em sua Redação Oficial (como em todas as outras), as


ideias devem estar organizadas com lógica.

Veja o que diz Soares et al. (1978, p. 63) a respeito:

“[...] o objetivo de quem escreve impõe ou oferece


uma direção ao assunto. A frase‑núcleo mantém o
parágrafo nos limites do objetivo fixado, isto é, serve de
instrumento para garantir que, ao escrever, a pessoa não
se afastará do objetivo fixado.

[...] A frase‑núcleo muito frequentemente abre o texto


(trata‑se da introdução). E também abre os parágrafos
do texto (trata‑se da introdução ao parágrafo). A partir
daí, compete a quem escreve apresentar os detalhes
ou aspectos que concretizam, especificam, detalham a
frase‑núcleo”.

A título de ilustração, parta do tema “O Natal nos dias de


hoje”, e, atendendo ao seu objetivo de comunicar, efetue a
correspondente frase‑núcleo.

Ela norteará o desenvolvimento de seu texto.

Frases‑núcleo
Assunto Objetivo
(Introdução)
As festas de Natal nos dias atuais
têm inúmeras peculiaridades.
a) Descrever as festas de
Natal nos dias de hoje. As festas de Natal na atualidade
perderam o caráter religioso.
b) Denunciar o caráter pouco religioso
das festas de Natal atualmente. As festas de Natal nos dias de hoje
O Natal nos diferenciam‑se essencialmente das
c) Comparar as festas de Natal dos
dias de hoje. de décadas atrás, quando famílias
dias de hoje com as comemorações passeavam tranquilamente pelas
em família do passado. ruas, após a missa do Galo.
d) Mostrar o caráter de tensão O período natalino pode ser
social que cerca o período extremamente violento,
das festas natalinas. em decorrência das tensões
socioeconômicas.
116
Língua Portuguesa e Redação Oficial

Efetivamente, as regras mais gerais para a organização


do texto em parágrafos se fundamentam na noção
de que as ideias se aglutinam em torno de uma
ideia principal, também chamada de tópico frasal, ou
frase‑núcleo.

Também ficou entendida a função do parágrafo e da frase‑núcleo


no ato de redigir seus textos oficiais?

– Ótimo! Você pode seguir aos gêneros textuais em Redação Oficial.

Seção 2 – Gêneros textuais na Redação Oficial


Introdutoriamente: os gêneros textuais na Redação Oficial
são inúmeros. Nesta seção, você vai estudar apenas os mais
utilizados. Depois, não terá dificuldades de redigir outros tantos,
bastando para isto que efetue pesquisa, seja na Internet ou em
bibliografia especializada.

Uma recomendação
Conforme já alertado anteriormente, há diferentes
modelos para um mesmo gênero, como, por exemplo,
para a circular, para o ofício, etc. Assim, é importante
definir, junto ao seu espaço de atuação, qual alternativa
de modelo vigora. Em alguns momentos, você verá
mais de um modelo para o mesmo gênero neste
manual. É intencional.

De início, veja algumas formas de agrupar os atos administrativos


para, mais adiante, poder reconhecer as soluções e formatações
mais adequadas à sua intenção. (As tabelas a seguir foram
elaboradas com fundamento na obra Padronização e Redação
dos Atos Oficiais. Florianópolis, Governo do Estado de Santa
Catarina, 2002).

Unidade 4 117
Universidade do Sul de Santa Catarina

Formas de agrupar os atos administrativos e classíficá‑los


a) Tomados como objeto de observação, os atos
administrativos podem ser classificados sob diversos
critérios, como por exemplo:

1. Quanto aos destinatários:

1.1 Atos gerais são os expedidos sem destinatário determinado, com finalidade
normativa, que alcançam todos os sujeitos que se encontram na
mesma situação de fato abrangida por seus preceitos. São atos de
comando abstrato e impessoal, de forma semelhante à lei, sendo,
por isso mesmo, revogáveis a qualquer tempo.
1.2 Atos individuais são todos aqueles que se dirigem a destinatário certo, criando‑lhe
situação jurídica particular. O mesmo ato pode abranger um ou
vários sujeitos, desde que sejam individualizados.
2. Quanto ao seu poder de extroversão (alcance externo):

2.1 Atos de império são todos aqueles que a Administração pratica, usando de sua
supremacia sobre o administrado ou servidor, impondo‑lhe
obrigatório atendimento.
2.2 Atos de gestão são os que a Administração pratica sem usar de sua supremacia
sobre os destinatários. Tal ocorre em atos de administração de bens
e serviços públicos, nos atos enunciativos e nos atos negociais com
os particulares, que não exigem coerção sobre os interessados.
2.3 Atos de expediente são todos aqueles que se destinam a dar andamento aos processos e
papéis que tramitam pelas repartições públicas, preparando‑os para
a decisão a ser proferida pela autoridade. São atos de rotina interna,
geralmente praticados por servidores sem competência decisória.
3. Quanto ao seu alcance:

3.1 Atos internos são aqueles de eficácia dentro da própria organização


administrativa, que se dirigem diretamente ao pessoal integrante
da Administração. Não dependem de publicação no órgão oficial
para sua vigência.
3.2 Atos externos são aqueles que transpõem os limites da Administração e se dirigem
aos cidadãos em geral ou aos servidores, provendo sobre os seus
direitos e deveres ou sua conduta perante a Administração. Tais atos
só entram em vigor depois de publicados pelo órgão oficial.
4.Quanto à formação da relação jurídica:

4.1 Atos simples são formados pela manifestação de um único órgão, unipessoal ou
colegiado.
4.2 Atos conjuntos são todos os atos que exigem, para a integração da vontade da
Administração, o concurso de mais de um órgão.
4.5 Atos complexos são atos bilaterais, como convênios e consórcios.

Quadro 4.1 - Formas de agrupar os atos administrativos e classificá-los


Fonte: Governo do Estado de Santa Catarina, 2002.

118
Língua Portuguesa e Redação Oficial

b) Pela combinação do próprio conteúdo com o fim


imediato a que se destinam, há outra forma de
classificar atos administrativos:

1. De acordo com o conteúdo e o fim imediato a que se destinam:

1.1 Atos normativos O poder regulamentar que, por força da Constituição, é exclusivo
do Chefe do Poder Executivo, não expressa toda a competência
normativa da Administração Pública. Há, entre os poderes
administrativos instrumentais, um poder normativo, implicitamente
contido na hierarquia. Assim, o poder normativo estende‑se
por todos os níveis hierárquicos da Administração Pública,
estabelecendo comandos gerais (que não são dirigidos a um só
indivíduo), abstratos (que não produzem efeito concreto imediato),
necessitando de ato específico para produzir efeito. Decorrem
desse poder normativo os atos normativos e os atos ordinatórios,
estes em parte. Os primeiros destinam‑se à Administração e aos
administrados. Seu objetivo é clarificar os andamentos contidos na
norma legal, expressando‑os em detalhes, sem alterá‑los ou sequer
inová‑los. O ato normativo por excelência é o REGULAMENTO.
1.2 Atos ordinatórios Diferentemente dos atos normativos, os atos ordinatórios dirigem‑se
aos agentes administrativos, para conformar‑lhes o comportamento
e, portanto, o modo como funcionará a Administração. Possuem
caráter normativo, apresentando‑se como ORDENS GERAIS ou
ESPECIAIS dirigidas internamente apenas aos servidores abrangidos
pela hierarquia. A despeito de seu caráter normativo, tais atos não
podem invadir a área reservada ao poder regulamentar.
1.3 Atos negociais A unilateralidade característica da atuação administrativa não
obsta a que a Administração deva praticar atos administrativos, em
certos casos, apenas e tão‑somente quando provocada a fazê‑lo
pelo particular interessado. E assim é, porquanto são destinados a
produzir efeitos específicos para o particular pretendente, na forma
da Lei, e para a Administração que o pratica. Podem ser vinculados
ou discricionários, e consequentemente, definitivos ou precários.
1.4 Atos enunciativos Em alguns casos, a Administração pratica atos que se identificam
como os demais atos administrativos apenas pela forma. Nestes atos,
chamados enunciativos, o conteúdo consiste apenas em certificar ou
atestar um fato ou, mesmo, emitir uma opinião internamente.
1.5 Atos punitivos Com estes atos, a Administração aplica as sanções legais a administrados
e a seus próprios agentes que venham a infringir as normas
jurídico‑administrativas. Podem ser de atuação interna e externa:
‑ atuação interna (punição disciplinar dos servidores e sanções
estatutárias para correção de serviços defeituosos);
‑atos de atuação externa (punição após a apuração de falta grave e
na forma da lei ou de qualquer outro ato normativo vigente como a
multa, a interdição de atividades e a destruição de coisas).

Quadro 4.2 - Formas de classificar atos administrativos


Fonte: Governo do Estado de Santa Catarina, 2002.

Unidade 4 119
Universidade do Sul de Santa Catarina

Veja, então, alguns atos oficiais, conforme a fórmula


de enunciação.

a) De início, serão estudados os atos e seus correspondentes


conceitos.

b) Em outro bloco, serão apresentados os exemplos


correspondentes.

Você vai começar pelos Atos Administrativos.

1. Atos Administrativos:

1.1 Conforme a fórmula de enunciação Alvará


Apostila
Atestado
Auto
Certidão
Circular
Decreto
Despacho
Edital
Instrução Normativa
Ordem de Serviço
Portaria
Resolução

CONCEITOS – OS ATOS ADMINISTRATIVOS


de acordo com a fórmula de enunciação

ALVARÁ
“É a fórmula pela qual a autoridade administrativa ou judicial
expede autorizações e licenças em geral (conteúdos). Vindo de
autoridade administrativa, equivale a uma licença. É o caso, por
exemplo, de alvará para funcionamento de comércio, indústria,
farmácia, laboratório; para construção, para estabelecimentos
comerciais que mantenham algum tipo de jogo; para bailes,
circo, teatro, cinema; para venda de fogos; para porte de arma

120
Língua Portuguesa e Redação Oficial

etc. Vindo de autoridade judicial, equivale a mandado judicial.


Neste caso, têm‑se como exemplos, alvará para levantamento de
depósito, alvará de soltura, alvará para venda, etc.

Os alvarás apresentam‑se em duas modalidades: ou são licenças


(têm caráter definitivo e só podem ser revogados por motivo de
interesse público), ou são de autorização (têm caráter instável e
podem ser cassados).”

Veja exemplo de alvará na coleção de ilustrações logo


a seguir e, também, acessando o site da Prefeitura
de Porto Alegre, Secretaria Municipal da Produção,
Indústria e Comércio.

APOSTILA
“Consiste em enunciado, nota ou aditamento feito à margem ou
no verso de documento público, para esclarecer ou interpretar um
fato, em face de situação preexistente, criada por lei. Equivalendo
a uma averbação, fica fazendo parte do documento original.
Bastante utilizada na administração de pessoal, constitui‑se
em documento complementar de um ato, envolvendo fixação
de vantagens pecuniárias, retificações ou alterações de nomes
ou títulos. Deve ser publicada no Diário Oficial e registrada no
assentamento funcional.”

Veja exemplo de Apostila na coleção de ilustrações


logo a seguir.

ATESTADO
“Trata‑se de ato meramente enunciativo, mas que declara
a verdade de um fato ou situação transitória ou passível
de modificação frequente, de que a Administração tenha
conhecimento oficial. É o documento firmado por uma pessoa a
favor de outra, atestando determinado fato.

Unidade 4 121
Universidade do Sul de Santa Catarina

As repartições públicas, em razão de sua natureza, fornecem


atestados e não, declarações, porque, enquanto estas provam fatos
permanentes, aqueles se referem a fatos transitórios.

Em se tratando de habilidades ou qualidades de pessoas, o


atestante deverá especificar, com clareza, os dados pessoais do
indivíduo em questão. A recomendação é muito oportuna, pois
tais atestados impõem responsabilidade a quem os fornece. [...]”

Veja exemplo de Atestado acessando o site do


Ministério dos Transportes.

AUTO
“Compreende todo termo ou narração lavrados para prova,
registro ou evidência de uma ocorrência. Também serve para
marcar o início de um processo, como no auto de infração.”

Veja exemplo de Auto na coleção de ilustrações logo a


seguir.

CERTIDÃO
“Por este ato, o Poder Público limita‑se a trasladar para o
documento a ser fornecido ao interessado o que consta de seus
arquivos. Pode ser de inteiro teor ou resumida, devendo expressar
fielmente o conteúdo original de onde foi extraída.

A certidão deve ser escrita em linhas corridas, sem emendas ou


rasuras. Deve ser datada e assinada pelo servidor que a lavrou,
conferida pelo chefe da seção e visada pelo diretor. Quando a
certidão é passada em formulário preexistente, quaisquer espaços
em branco devem ser preenchidos com pontos ou outros sinais
convencionais. Como documento público que é, a certidão pode
servir de prova de ato jurídico. [...]”

122
Língua Portuguesa e Redação Oficial

Veja exemplo de Certidão no site do Conselho Regional


de Engenharia do Estado de São Paulo.

CIRCULAR
“É o instrumento de que se valem as autoridades para
transmitir ordens internas, de caráter uniforme, não
relativas às atividades sistêmicas, expedidas a determinados
servidores incumbidos de certos serviços ou do desempenho
de certas atribuições em circunstâncias especiais. É ato
de menor generalidade que Instrução Normativa, embora
tenha o mesmo objetivo de ordenamento do serviço. Seu
conteúdo pode consistir de regras novas a serem adotadas
no serviço público ou de instruções interpretativas de
princípios instituídos nos regulamentos ou nas leis. [...]”

Você encontra exemplos de “Circular” nos sites do


BNDES e Ministério do Desenvolvimento, Indústria e
Comércio.

DECRETO
“É designação constitucional para os atos da competência
dos Chefes do Poder Executivo, nos planos federal, estadual
e municipal, conforme estabelece o art.84, inciso IV, da
Constituição da República.

Por meio de Decreto, tanto podem ser expedidos regulamentos e


regimentos, como atos executivos, de efeitos concretos imediatos,
e atos de pessoal.

Unidade 4 123
Universidade do Sul de Santa Catarina

Destinando‑se à atuação externa, sobretudo os decretos


regulamentares, dependem de publicação no Diário Oficial do
Estado, para produzirem efeito. [...] ”

Veja exemplo de Decreto Federal no site da Presidência


da República.

DESPACHO
“É fórmula que expressa a decisão ou ordem que a autoridade
administrativa, com base no parecer ou na informação, escreve
em expedientes diversos, como requerimentos e processos sujeitos
à sua apreciação. É, geralmente, manuscrito.

Como todos os atos administrativos, está sujeito ao princípio


da publicidade, o que não significa que, necessariamente, deva
ser publicado, à exceção do despacho com efeito normativo, em
que a autoridade determina sua aplicação aos casos idênticos. É
obrigatória, entretanto, a sua comunicação aos interessados.

Podem ser classificados em ordinários, quando se limitam a


ordenar o expediente; interlocutórios, os que decidem questões
incidentes no processo; e decisórios, quando resolvem a questão
principal, encerrando o processo.

A fundamentação do despacho deverá constar do parecer ou da


informação a que fizer referência. Nada obsta, todavia, a que
os motivos de fato e de direito sejam enunciados no próprio
corpo do despacho que não é necessariamente um ato conciso,
principalmente na ausência de adequada instrução, na hipótese
de indeferimento ou quando a autoridade não concordar com as
conclusões constantes dos autos. [...]”

Veja exemplo de Despacho acessando o site da


Polícia Federal.

124
Língua Portuguesa e Redação Oficial

INSTRUÇÃO NORMATIVA
“É ordem e fórmula escrita e geral a respeito do modo e da
forma de execução de determinado serviço público, expedida
pelo superior hierárquico, com o objetivo de orientar os
subalternos no desempenho das atribuições que lhes são
inerentes. [...] Compete aos titulares dos órgãos centrais de
sistemas expedirem instruções normativas. [...]”

Veja exemplo de Instrução Normativa disponível na


página eletrônica da Receita Federal.

ORDEM DE SERVIÇO
“É designação de ato que contém determinação especial dirigida
aos responsáveis por obras ou serviços públicos e que poderá
consistir de autorizações, imposições de caráter administrativo ou
especificações técnicas da realização de obras ou dos serviços de
que trata. Compete aos titulares e dirigentes de órgãos públicos
expedir ordens de serviço no âmbito da administração. Estas
devem ser zeradas ao término de cada ano, e podem adquirir
as características de circular, quando se destinam a diversos
órgãos setoriais situados em locais ou localidades diferentes,
porém vinculados ao mesmo órgão central. É válida para tratar
de assuntos normativos, administrativos e de pessoal. [...].

Observação: A ordem de serviço encerra providências tomadas ou


a serem tomadas pela chefia para orientar a execução de serviços
ou o desempenho de encargos. É também recurso de que se vale
o administrador, quando deseja que alguém substitua outrem
tão‑somente nos encargos, nas tarefas, sem direito a qualquer
remuneração extra.”

Veja exemplo de Ordem de Serviço no site da


Receita Federal.

Unidade 4 125
Universidade do Sul de Santa Catarina

PORTARIA
“ É fórmula pela qual se transmitem aos escalões inferiores decisões
de efeito interno, seja quanto às atividades que são desenvolvidas,
seja quanto à vida funcional dos servidores. As portarias podem
ter conteúdo muito variável, prestando‑se à abertura de processos
administrativos em geral, inclusive sindicâncias. [...]

As portarias devem ser publicadas no Diário Oficial do estado.


Para tanto, o texto deve observar a largura de coluna em 6 cm,
mesmo quando editado em microcomputador. [...]

Observação: Para a emissão de outros atos internos que não


dependam de publicação no Diário Oficial e que sejam comuns
na rotina administrativa dos órgãos públicos, especificamente em
caráter organizacional, funcional e operacional, devem ser usadas
ou a comunicação interna ou a ordem de serviço.”

Veja exemplo de Portaria acessando o site do Ministério


de Ciência e Tecnologia.

RESOLUÇÃO
“Em geral, a resolução contempla conteúdo normativo, a
despeito de que também é utilizada em atos individuais. Tanto
procede de órgãos colegiados, quanto de autoridades executivas,
preferencialmente daqueles.

Às vezes, esta designação é substituída por Deliberação, sem que


isso lhe altere a essência. Sua estrutura como fórmula não difere
da do Decreto, podendo‑se adotá‑la com a publicidade necessária
ao conhecimento daqueles para os quais se destina, e com clareza
quanto à sua vigência. Se a resolução exceder a uma folha, deve
ser paginada, a partir da segunda, com algarismos arábicos,
no canto superior direito. Pode ser emanada por um conselho.
Quando assim for, todos os seus integrantes devem assiná‑la.”

Veja exemplo de Resolução também acessando o site


do Ministério de Ciência e Tecnologia.

126
Língua Portuguesa e Redação Oficial

A partir desta etapa, você poderá consultar ilustrações


de atos oficiais na coletânea de exemplos impressos.
Hora de confirmar a sua compreensão do conteúdo
detalhado até aqui.

Atenção:

Os exemplos de Alvará, Apostila, Atestado e Auto foram adaptados


do livro Padronização e Redação de Atos Oficiais, op.cit.

Os exemplos de Certidão, Circular, Decreto, Ordem de Serviço,


Portaria foram adaptados do site Manual de Redação Oficial do
Poder Executivo do Estado do Rio de Janeiro, op.cit.

Unidade 4 127
Universidade do Sul de Santa Catarina

ILUSTRAÇÕES – OS ATOS ADMINISTRATIVOS


de acordo com a fórmula de enunciação

ALVARÁ

ESTADO DE SANTA CATARINA ALVARÁ SANITÁRIO


SECRETARIA DE ESTADO DA SAÚDE
SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE – SUS
SÉRIE N°

PARA
 ESTABELECIMENTOS INDUSTRIAIS, COMERCIAIS E AGROPECUÁRIOS
 HABITAÇÕES ( HABITE‑SE )
 ESTABELECIMENTOS DE SAÚDE, DE EDUCAÇÃO PRÉ‑ESCOLAR E OUTROS

NOME DA PESSOA FÍSICA OU JURÍDICA CNPJ OU CPF n°

DENOMINAÇÃO COMERCIAL – NOME DE FANTASIA DO ESTABELECIMENTO

ENDEREÇO – LOGRADOURO (RUA, AVENIDA, PRAÇA) Nº

BAIRRO MUNICÍPIO FONE

PROPRIETÁRIO RESPONSÁVEL

TIPO DE ESTABELECIMENTO, NEGÓCIO OU ATIVIDADE

O(A) ESTABELECIMENTO/EDIFICAÇÃO ACIMA ESTÁ AUTORIZADO(A) A


FUNCIONAR/SER HABITADO(A) CONFORME A LEI Nº 6.230, DE 20 DE DEZEMBRO
DE 1983, E SEUS REGULAMENTOS.
LOCAL E DATA

CONCEDIDO POR (CARS/US)

AUTORIDADE DE SAÚDE

OBSERVAÇÃO
MANTER EM LOCAL VISÍVEL AO PÚBLICO

128
Língua Portuguesa e Redação Oficial

APOSTILA

ESTADO DE SANTA CATARINA

APOSTILA Nº000, DE 0/00/00

CONCEDE BENEFÍCIOS, nos termos do artigo 90, inciso


I, parágrafos 2 e 4, da Lei nº 6.745/85, com nova redação dada
pelo artigo 24, da Lei nº 7.373/88, conforme Processo nº SEAP
528/994, a FULANO DE TAL, matrícula nº 000.000‑0‑00, do
cargo de Técnico em Atividades Administrativas, código 494, nível
ONOII‑11‑referência J, lotado no DER, equivalente a 100% (cem
por cento) do valor atribuído à função gratificada de Assistente do
Diretor de Apoio Administrativo, nível DAI‑2, da estrutura básica
do DER, cessando os efeitos da apostila anterior.

Nome e
Cargo do Signatário

Unidade 4 129
Universidade do Sul de Santa Catarina

ATESTADO

ESTADO DE SANTA CATARINA


SECRETARIA DE ESTADO DE ADMINISTRAÇÃO
DIRETORIA DE ADMINISTRAÇÃO PATRIMONIAL E DOCUMENTAÇÃO
GERÊNCIA DE ARQUIVO PÚBLICO

ATESTADO

Atesto que FULANA DE TAL, aluna na 4ª fase de Biblioteconomia da Universidade


Federal de Santa Catarina, trabalha neste Arquivo Público, como bolsista do programa
instituído pelo Decreto nº 1.286, de 20/12/91, com jornada de trabalho de quatro horas
diárias, das 14.00h às 18.00h, totalizando 20(vinte) horas semanais.

Florianópolis, (dia) de (mês) de (ano)

Nome
Cargo Signatário

130
Língua Portuguesa e Redação Oficial

AUTO (Neste caso, auto de imposição de penalidade)

ESTADO DE SANTA CATARINA


SECRETARIA DE ESTADO DA SAÚDE
SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE - SUS SÉRIE

AUTO DE IMPOSIÇÃO DE PENALIDADE
 ADVERTÊNCIA  INTERDIÇÃO DE PRODUTO  MULTA
 APREENSÃO DO PRODUTO  INUTILIZAÇÃO DE PRODUTOS  (...)
 CANCELAMENTO DE REGISTRO DE PRODUTO  INTERDIÇÃO PARCIAL DO ESTABELECIMENTO
 CANCELAMENTO DO ALVARÁ  INTERDIÇÃO TOTAL DO ESTABELECIMENTO
 CANCELAMENTO DE AUTORIZAÇÃO
PARA FUNCIONAMENTO

ÓRGÃO AUTUANTE
DENOMINAÇÃO ENDEREÇO

AUTUADO
NOME DA PESSOA FÍSICA OU JURÍDICA

DENOMINAÇÃO COMERCIAL – NOME DE FANTASIA DO ESTABELECIMENTO

ENDEREÇO COMPLETO (LOGRADOURO, RUA, AVENIDA, PRAÇA, Nº, BAIRRO, MUNICÍPIO


TELEFONE)

PROPRIETÁRIO E /OU RESPONSÁVEL

TIPO DE ESTABELECIMENTO, NEGÓCIO OU ATIVIDADE

AUTO DE INFRAÇÃO AUTO DE INTIMAÇÃO


Nº DATA LOCAL

DATA
ATO OU FATO CONSTITUTIVO DA INFRAÇÃO

DISPOSIÇÃO LEGAL OU REGULAMENTAR INFRINGIDA

ESPECIFICAÇÃO DETALHADA E FUNDAMENTO LEGAL E REGULAMENTAR DA PENALIDADE IMPOSTA


NO CASO DE MULTA, ESPECIFICAR O NÚMERO DE UNIDADE FISCAL – UFIR-, E NO CASO DE APREENSÃO,
INUTILIZAÇÃO E INTERDIÇÃO DE PRODUTOS, ESPECIFICAR SUA QUANTIDADE, NATUREZA, TIPO, MARCA, LOTE,
PROCEDÊNCIA, NOME DO FABRICANTE, ETC

NA PENALIDADE MULTA (...)


CIÊNCIA
ESTOU CIENTE (...)
RECEBI 1ª VIA EM
RESPONSÁVEL 0 NOME LEGÍVEL ASSINATURA

EM CASO DE RECUSA DO RESPONSÁVEL


(...)

AUTORIDADE DE SAÚDE
(...)

Unidade 4 131
Universidade do Sul de Santa Catarina

CERTIDÃO

CERTIDÃO n.º 254/99

Certifico, em cumprimento do despacho exarado em quatro de outubro de mil


novecentos e oitenta e nove pelo Senhor Diretor do Departamento de Cadastro
da Superintendência Central de Recursos Humanos desta Secretaria de
Estado de Administração e Reestruturação, no processo autuado sob o número
E‑03/22743/99, em aditamento à certidão número 076, datada de 11/05/87, para
fins de prova junto à Câmara Municipal do Rio de Janeiro, que, de acordo com o
consignado no processo número E‑03/0000/66, a ex‑servidora xxxxxxxxxxxxxxx,
matrícula 000, gozou 6 (seis) meses de licença especial de 7/8 a 6/11/71, 3 (três)
meses e de 16/2 a 15/5/72, 3 (três) meses referentes ao período‑base de tempo de
serviço apurado entre 07/04/60 a 04/04/70. E, por nada mais constar, eu José da
Silva, Agente Administrativo, matrícula número 000‑0, datilografei a presente
certidão que dato e assino.

Rio de Janeiro, 15 de janeiro de 1999.

Confere

JOSÉ DA SILVA
Agente Administrativo

Visto

ANTÔNIO DE SOUSA
Diretor do Departamento de Cadastro

132
Língua Portuguesa e Redação Oficial

CIRCULAR

CIRCULAR SARE / SUPDIN / n.º 227 Rio de Janeiro, 10 de março de 1999

Para: Titulares de Órgãos Públicos

Assunto: Manual de Organização do Poder Executivo

A Secretaria de Estado de Administração e Reestruturação deverá elaborar,


no prazo de 90 (noventa) dias, o Manual de Organização do Poder Executivo,
conforme o art. 9º do Decreto n.º 25.205 de 05 de março de 1999.

Para este fim, solicito encaminhar à Superintendência de Desenvolvimento


Institucional, unidade administrativa daquela Secretaria e responsável pela
organização do citado Manual, documentos referentes à estrutura básica,
competência e organogramas para subsidiar os trabalhos de edição.

Atenciosamente

MARIA JOSÉ DA SILVA


Superintendente de Desenvolvimento Institucional

Unidade 4 133
Universidade do Sul de Santa Catarina

DECRETO

DECRETO N.º 000, DE 12 DE MARÇO DE 1999

DISPÕE SOBRE REDAÇÃO, ESTRUTURA


E FORMA DO DECRETO, E DÁ OUTRAS
PROVIDÊNCIAS.

O GOVERNADOR DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO, no uso de suas


atribuições legais,

CONSIDERANDO:

• a necessidade de definir padrões para a elaboração dos atos normativos do Poder


Executivo; e;

• a política de modernização administrativa do Estado,

DECRETA:

Art. 1º Os artigos devem ser designados pela forma abreviada “Art.”, seguido de algarismo
arábico e do símbolo de número ordinal “º” até o de número 9, inclusive (“Art. 1º”, “Art.
2º”, etc.); a partir do de número 10, segue‑se o algarismo arábico correspondente, seguido
de ponto (“Art. 10.”, “Art. 11.”, etc.).

Art. 2º A indicação de artigo é separada do texto por um espaço em branco, sem traços ou
outros sinais. O texto de artigo inicia‑se sempre por maiúscula e termina por ponto, salvo
nos casos em que contiver incisos, quando deverá terminar por dois pontos:

I ‑ os incisos dos artigos devem ser designados por algarismos romanos seguidos de hífen,
e iniciados por letra minúscula, a menos que a primeira palavra seja nome próprio;

II ‑ ao final, os incisos são pontuados com ponto‑e‑vírgula, exceto o último, que se


encerra em ponto;

III ‑ aquele que contiver desdobramento em alíneas encerra‑se em dois‑pontos:

a) as alíneas ou letras de um inciso deverão ser grafadas com a letra minúscula


correspondente, segui ida de parêntese: “a)”, “b)”, etc.;

b) se necessário, a alínea poderá ser desdobrada em números, caso em que se encerra com
dois‑pontos:

134
Língua Portuguesa e Redação Oficial

1. os números que correspondem ao desdobramento de alíneas deverão ser grafados em


algarismos arábicos, seguidos de ponto (“1.”, “2.”, etc.);

2. o texto dos números e das alíneas inicia‑se por minúscula e termina em


ponto‑e‑vírgula, salvo o último, que se deve encerrar por ponto.

§ 1º ‑ O parágrafo único de artigo deve ser designado pela expressão “Parágrafo único”,
seguida de ponto.

§ 2º ‑ Quando um artigo contiver mais de um parágrafo, estes serão designados pelo


símbolo “§”, seguido do algarismo arábico correspondente e do símbolo de numeral
ordinal, até o nono parágrafo inclusive (“§ 1º”, “§ 2º”, etc.).

§ 3º ‑ A partir do número 10, a designação deve ser feita pelo símbolo “§”, seguido do
algarismo arábico correspondente e de ponto (“§ 10.”, “§ 11.”, etc.); quando necessário, os
parágrafos podem ser subdivididos da seguinte forma:

a) as alíneas ou letras de um parágrafo deverão ser grafadas com a letra minúscula


correspondente, seguida de parênteses: “a)”, “b)”, etc.;

b) caso necessário, a alínea poderá ser desdobrada em números; neste caso, encerra‑se com
dois‑pontos:

1. os números que correspondem ao desdobramento de alíneas de parágrafos deverão ser


grafados em algarismos arábicos, seguidos de ponto (“1.”, “2.”, etc.).

2. o texto dos números inicia‑se por minúscula e termina por ponto‑e‑vírgula, salvo o
último, que se deve encerrar por ponto.

Art. 3º Caso a lei não consigne data ou prazo para a sua entrada em vigor, aplica‑se o
preceito constante do art. 1º da Lei de Introdução do Código Civil, segundo o qual,
salvo disposição em contrário, a lei começa a vigorar em todo o país 45 dias após a sua
publicação.

Art. 4º A revogação do ato deverá ser específica, devendo ser evitada a cláusula
revogatória geral “Revogam‑se as disposições em contrário”.

Rio de Janeiro, 12 de março de 1999

Unidade 4 135
Universidade do Sul de Santa Catarina

DESPACHO

Ao Senhor Diretor Geral de Administração

Defiro o pedido formulado por Maria José da Silva, Professor Docente I,


matrícula n.º 000‑0, tendo em vista o que consta das informações de fls. 4. do
presente processo.

Dê‑se ciência ao interessado.

Rio de Janeiro, 1º de fevereiro de 1999.

LÚCIA ALVES
Subsecretária de Estado de Educação

136
Língua Portuguesa e Redação Oficial

EDITAL

ESTADO DE SANTA CATARINA

EDITAL DE CITAÇÃO Nº 000/0000

A Secretaria de Estado da Administração torna público que


encaminhou à empresa XXXXXXX, inscrita no CNPJ/MF
sob o nº 00.000.000/0000‑00, sita à Rua YYYYYY, nº 000
– Centro –Florianópolis–‑SC, ofício nº 000/00, que trata de
assunto relacionado a obras no Arquivo Público, no município
de Florianópolis, sendo que o mesmo retornou por motivo
de mudança de endereço. Por meio deste, fica convocado o
representante da empresa a comparecer à Secretaria de Estado
da Administração, Diretoria de Administração Patrimonial e
Documentação – DUIPA –, 9º andar, para retirar o citado ofício
no prazo de 48 horas, a partir da publicação deste edital, sob pena
de o processo seguir à revelia.

Florianópolis, (dia) de (mês) de (ano).

NOME

Cargo do Signatário

Unidade 4 137
Universidade do Sul de Santa Catarina

INSTRUÇÃO NORMATIVA

Instrução Normativa MMA/SEAP/PR nº 9, de 06.05.2005

A MINISTRA DE ESTADO DO MEIO AMBIENTE e o SECRETÁRIO


ESPECIAL DE AQUICULTURA E PESCA DA PRESIDÊNCIA DA
REPÚBLICA, no uso de suas atribuições, e tendo em vista o disposto na Lei nº
10.683, de 28 de maio de 2003, e o que consta do Processo IBAMA/MMA no
02001.001773/2005‑41, resolvem:
Art. 1º Instituir Grupo Técnico de Trabalho‑GTT – Isca Viva, com a finalidade de
discutir, elaborar e propor medidas de ordenamento para a pesca de isca viva, utilizada
na captura de atuns e afins no litoral sudeste/sul, bem como para o desenvolvimento de
pesquisas visando o uso de iscas alternativas.
Art. 2º Ao GTT/isca viva compete:
I ‑ compilar e analisar as normas vigentes referentes à pesca de isca viva;
II ‑ discutir, elaborar e propor, se for o caso, adequações às normas que tratam das
medidas de ordenamento da pesca de isca viva;
III ‑ identificar e compilar as pesquisas existentes referentes ao uso de iscas alternativas;
IV ‑ propor um programa integrado de pesquisa para o uso de iscas alternativas;
V ‑ identificar e compilar as informações referentes às embarcações pesqueiras que operam
com a utilização de isca viva;
§ 1º As propostas de ordenamento da pesca de isca viva constarão de relatório final a ser
submetido ao Comitê Permanente de Gestão de Atuns e Afins‑CPG de Atuns e Afins,
criado pela Instrução Normativa SEAP nº 4, de 25 de maio de 2004, e ao Comitê de
Gestão do Uso Sustentável de Sardinha Verdadeira‑CGSS, criado pela Portaria IBAMA
nº 04, de 14 de janeiro de 2004; e
§ 2º As propostas de desenvolvimento de pesquisa para uso de iscas alternativas constarão
de relatório final a ser submetido aos Subcomitês Científico do CPG de Atuns e Afins e
do CGSS.
Art. 3º O GTT/isca viva será composto por:
I ‑ um representante de cada órgão e entidade a seguir indicados:
a) do Ministério do Meio Ambiente;
b) do Ministério da Ciência e Tecnologia;
c) do Comando da Marinha;
d) do Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientifico e Tecnológico‑CNPq;

138
Língua Portuguesa e Redação Oficial

II ‑ dois representantes do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais


Renováveis‑IBAMA;
III ‑ três representantes de cada órgão e setores a seguir indicados:
a) da Secretaria Especial de Aquicultura e Pesca da Presidência da República‑SEAP/PR;
b) do setor produtivo do Estado de Santa Catarina, sendo um representante dos
armadores e indústrias de pesca, um representante dos pescadores e um representante dos
trabalhadores da pesca;
c) do setor produtivo do Estado de São Paulo, sendo um representante dos armadores
e indústrias de pesca, um representante dos pescadores e um representante dos
trabalhadores da pesca;
d) do setor produtivo do Estado do Rio de Janeiro, sendo um representante dos
armadores e indústrias de pesca, um representante dos pescadores e um representante dos
trabalhadores da pesca;
§ 1º Os integrantes do GTT/isca viva, titulares e respectivos suplentes, serão indicados pelos
titulares dos órgãos, entidades e setores e designados pelo Presidente do IBAMA, no prazo
máximo de dez dias úteis, contados a partir da publicação desta Instrução Normativa.
§ 2º O GTT/isca viva será coordenado por um dos representantes do IBAMA, tendo
como coordenador‑substituto um dos representantes da SEAP/PR.
§ 3º A Diretoria de Fauna e Recursos Pesqueiros do IBAMA prestará o apoio
administrativo ao GTT/isca viva.
§ 4º O coordenador do GTT/isca viva poderá convidar representantes de outros órgãos
governamentais, não‑governamentais e pessoas de notório saber, para contribuir na
execução dos seus trabalhos.
§ 5º Eventuais despesas com diárias e passagens correrão à conta dos órgãos, entidades e
setores representados.
Art. 4º A participação no GTT/isca viva não enseja qualquer tipo de remuneração.
Art. 5º Fica estabelecido o prazo de cento e vinte dias para a apresentação de relatório técnico
conclusivo, constando o determinado nos parágrafos do art. 2o desta Portaria, que deverá
contemplar, entre suas recomendações técnicas, as propostas desta Instrução Normativa.
Art. 6º Esta Instrução Normativa entra em vigor na data de sua publicação.
MARINA SILVA
JOSÉ FRITSCH
Publicada no D.O.U. de 09.05.2005, Seção I, pág. 43.

Fonte: MCT, 2005.

Unidade 4 139
Universidade do Sul de Santa Catarina

ORDEM DE SERVIÇO

ORDEM DE SERVIÇO SUCTOF N.º 001, DE 7 DE ABRIL DE 1999

O SUPERINTENDENTE CENTRAL DE TRANSPORTES OFICIAIS


DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO, no uso de suas atribuições legais
e tendo em vista a necessidade de disciplinar a distribuição das quotas de
combustível,

RESOLVE:

Art. 1º ‑ A entrega da quota mensal de combustível ao órgão participante do


sistema de controle de combustível será feita a pessoa credenciada, mediante ofício
do órgão participante, indicando o quantitativo desejado, que só será liberado após
análise desta SUCTOF.

Art. 2º ‑ Esta Ordem de Serviço entrará em vigor na data de sua publicação,


revogadas as disposições em contrário.

Rio de Janeiro, 7 de abril de 1999.

Antônio Carlos G. de Lima


Superintendente Central de Transportes Oficiais.

140
Língua Portuguesa e Redação Oficial

PORTARIA

PORTARIA IPEM / GP N.º 011, DE 03 DE MAIO DE 1999.

DISCIPLINA O USO DE LINHAS TELEFÔNICAS EM LIGAÇÕES


INTERURBANAS E TELEGRAMAS‑FONADOS.

O PRESIDENTE DO INSTITUTO DE PESOS E MEDIDAS DO ESTADO DO RIO


DE JANEIRO ‑ IPEM‑RJ, no uso de suas atribuições legais,

RESOLVE:

Art. 1º ‑ O uso das linhas telefônicas em ligações interurbanas ou para telefones móveis
(celulares) obedecerá aos seguintes critérios:
I. Todas as ligações interurbanas ou para telefones móveis (celulares) somente poderão ser feitas
mediante solicitação à telefonista.
II. Ao solicitar a ligação, o servidor deverá informar à telefonista, que anotará no formulário
próprio, se esta será em caráter particular ou a serviço.
Art. 2º ‑ No caso de setores que disponham de linhas diretas, bem como nas Regionais, deverá
ser preenchido, diariamente, formulário próprio, anotando‑se, ao lado de cada ligação efetuada,
os termos “a serviço” ou “particular”.
Parágrafo Único ‑ Ao final de cada semana, os formulários a que se refere o “caput” desta cláusula
serão encaminhados à Divisão de Material e Serviços Gerais, para controle e devidas anotações.
Art. 3º ‑ A Divisão de Material e Serviços Gerais, após receber as faturas, encaminhará a cada
usuário o total de suas ligações particulares, com vistas a seu ressarcimento, no prazo máximo de
5 (cinco) dias.
Art. 4º ‑ Os telegramas fonados deverão ser requisitados, diretamente, à chefia imediata que,
após aprová‑los, providenciará sua expedição.
Art. 5º ‑ Cada chefia deverá instruir seus subordinados, no sentido do pleno atendimento às
disposições desta Portaria.
Art. 6º ‑ Quaisquer ligações interurbanas ou para telefones móveis (celulares) não identificadas nos
formulários próprios terão o respectivo valor rateado entre os servidores do setor que as originou.
Art. 7º ‑ Caberá ao Diretor de Administração e Finanças implantar os formulários a que se
referem os artigos 1º e 2º.
Art. 8º ‑ O não‑cumprimento da presente Portaria acarretará as penalidades previstas no
Estatuto dos Funcionários Públicos Civis do Estado do Rio de Janeiro.
Art. 9º ‑ Esta Portaria entrará em vigor na data de sua publicação, revogadas as disposições em
contrário, em especial a Ordem de Serviço DAF n.º 002/98.

Rio de Janeiro, 03 de maio de 1999.

ANTÔNIO CÉSAR E SILVA


Presidente

Unidade 4 141
Universidade do Sul de Santa Catarina

RESOLUÇÃO

Conselho Estadual de Trânsito de Santa Catarina


Resolução nº 005/2002
(Publicada no Diário Oficial do Estado nº 17.029, de 7 de novembro de 2002)

“Dispõe sobre a padronização da notificação de autuação/imposição de


penalidade por infração de trânsito”

O Conselho Estadual de Trânsito de Santa Catarina ‑ CETRAN/SC, no


uso de suas atribuições que lhe são conferidas pelo artigo 14, do Código
de Trânsito Brasileiro;
Considerando os princípios da ampla defesa e do contraditório, elencados
no art. 5º, LV, da Constituição da República Federativa do Brasil;
Considerando a Resolução 01/98 do Conselho Nacional de Trânsito ‑
CONTRAN e Portaria 01/98 do Departamento Nacional de Trânsito
‑ DENATRAN;
Considerando a necessidade de padronizar a notificação de autuação/
imposição de penalidade por infração de trânsito, no âmbito dos órgãos
executivos de trânsito e executivos rodoviários do estado e dos municípios;
RESOLVE:
Art. 1º ‑ Fica aprovado o modelo de notificação de autuação/imposição
de penalidade por infração de trânsito, constante do anexo I, desta
Resolução, sendo determinado a utilização deste, por todos os órgãos
executivos de trânsito e executivos rodoviários do estado e dos municípios.
Art. 2º ‑ Para cada infração de trânsito, será expedida uma notificação de
autuação/imposição de penalidade por infração diferente.
Art. 3º ‑ Esta Resolução entra em vigor na data de sua publicação.

Florianópolis, 17 de setembro de 2002.


Magali Nunes Ignácio
Presidente do CETRAN/SC
Maycon Rodrigo Baldessari
Secretário Executivo do CETRAN/SC
Graziela Maria Casas Blanco
Conselheira Suplente ‑ Representante do DETRAN

142
Língua Portuguesa e Redação Oficial

Sérgio de Bona Portão


Conselheiro ‑ Representante da PMSC
Ruben Leonardo Neermann
Conselheiro ‑ Representante de Joinville
Carlos Eduardo Medeiros
Conselheiro Suplente ‑ Representante de Florianópolis
Claucemar Getúlio Rossoni
Conselheiro Suplente ‑ Representante de Blumenau
Osmar Ricardo Labes
Vice‑Presidente do CETRAN/SC
Conselheiro ‑ Representante da FETRANCESC
Rafael Zanellato Júnior
Conselheiro Suplente ‑ Representante da FECTROESC

ANEXO I
(...)

Veja, a seguir, outros atos oficiais “que obedecem a


certas regras formais e visam a instruir e facilitar o
processo decisório. Cada modalidade tem a função e
o estilo padronizado” (in Padronização e Redação de
Atos Oficiais, op.cit.).

A mesma disposição foi observada: de início, os atos e seus


correspondentes conceitos. Em outro bloco, os exemplos
correspondentes. Você vai começar pelos Atos das comunicações
oficiais – comunicações administrativas.

2. Atos das comunicações oficiais:


2.1 Comunicações administrativas Ata
Informação
Laudo
Parecer
Relatório

Unidade 4 143
Universidade do Sul de Santa Catarina

CONCEITOS – ATOS DAS COMUNICAÇÕES OFICIAIS


Comunicações Administrativas

ATA
“É o documento em que se registram de forma exata e metódica
as ocorrências e decisões das assembleias e reuniões ou sessões
realizadas por comissões, conselhos, congregações, corporações e
outros órgãos ou entidades colegiadas.

A ata é um documento de valor jurídico, por isso requer cuidados


especiais na sua redação. Deve ser lavrada de tal forma que nada
lhe possa ser acrescentado ou modificado: os números devem ser
escritos por extenso ou traduzidos em palavras entre parênteses;
palavras não devem ser abreviadas. Em atas manuscritas, se
houver engano e for percebido imediatamente, o secretário
escreverá a expressão “digo”, retificando o pensamento. Se o
engano for notado no final da redação, escreverá a expressão:

“Em tempo: onde se lê ...., leia‑se “

Não se observam parágrafos ou alíneas, mas escreve‑se o texto


todo em sequência linear para evitar que nos espaços em branco
se façam acréscimos. O tempo verbalizado é o pretérito perfeito
do indicativo. [...]”

Veja exemplo de Ata na coleção de ilustrações logo a


seguir.

INFORMAÇÃO
“Não se trata de ato administrativo, mas de instrução. Pode ser
interlocutória ou preparatória da decisão. A informação deve
conter os esclarecimentos necessários à posterior interpretação
técnica ou jurídica dos fatos e situações que descrever.

144
Língua Portuguesa e Redação Oficial

É comum, no serviço público, a confusão, no mesmo


instrumento, de informação e parecer; entretanto a informação
difere do parecer porque apenas fornece dados referentes a
documentos de um processo, restringindo‑se ao assunto em
exame, enquanto que o parecer os interpreta. [...]”

Veja exemplo de Informação na coleção de ilustrações


logo a seguir.

LAUDO
“Na área administrativa é empregado para exprimir o parecer ou
relatório dos peritos. Através dele, o perito faz relatório do exame
ou avaliação que efetuou, respondendo aos quesitos formulados,
quando conterá mera informação técnica, ou também, dando
as suas conclusões, que corresponderão a um parecer. Trata‑se,
portanto, de designação genérica, compreendendo qualquer área
suscetível de abordagem técnica, daí a ampla variedade de laudos:
laudo de exame de alimentos, laudo de material inservível, laudo
de análise de água, laudo de vistoria de imóvel, laudo pericial
(emitido por junta).”

Veja exemplo de Laudo na coleção de ilustrações logo


a seguir.

Unidade 4 145
Universidade do Sul de Santa Catarina

PARECER
“É manifestação de órgãos técnicos e jurídicos sobre assuntos
submetidos à sua consideração, Tem caráter meramente opinativo
e o que subsiste como ato administrativo não é o parecer, mas,
sim, o ato de sua aprovação. Embora contenha enunciado
opinativo, pode ser de existência processual obrigatória, razão
pela qual sua ausência será causa de nulidade do ato final.

O parecer técnico, pela sua natureza, não pode ser contrariado


por pessoas leigas, entre estas, os próprios superiores
hierárquicos, visto que não há subordinação no campo técnico.
Entretanto, desde que suficientemente embasada no campo
técnico, nada impede a Administração de decidir contrariamente.

Por outro lado, diz‑se que o parecer é normativo, quando a


autoridade que o aprovou converte‑o em norma de procedimento
interno, tornando‑o impositivo e vinculante para todos os órgãos
subordinados. [...]”

Veja exemplo de Parecer na coleção de ilustrações logo


a seguir.

RELATÓRIO
“É a exposição circunstanciada de atividades levadas a termo por
funcionário, no desempenho das funções do cargo que exerce, ou
por ordem de autoridade superior. É geralmente feito para expor:
situações de serviço, resultados de exames, eventos ocorridos em
relação a planejamento, prestação de contas ao término de um
exercício etc.

Suas partes componentes são:

1. Título (a palavra RELATÓRIO), em letras maiúsculas;

2. Vocativo: a palavra Senhor(a), seguida do cargo do


destinatário, e de vírgula;

146
Língua Portuguesa e Redação Oficial

3. Texto paragrafado, composto de introdução,


desenvolvimento e conclusão. Na introdução se enuncia
o propósito do relatório; no desenvolvimento ‑ corpo
do relatório ‑ a exposição minudente dos fatos; e, na
conclusão, o resultado ou síntese do trabalho, bem como
a recomendação de providências cabíveis;

4. Fecho, utilizando as fórmulas usuais de cortesia, como as


do ofício;

5. Local e data, por extenso;

6. Assinatura, nome e cargo ou função do signatário;

7. Anexos, complementando o Relatório, com material


ilustrativo e/ou documental.”

Veja exemplo de Relatório na coleção de ilustrações


logo a seguir.

ILUSTRAÇÕES – ATOS DAS COMUNICAÇÕES OFICIAIS


Comunicações Administrativas
* O exemplo de Informação foi adaptado do livro Padronização e
Redação de Atos Oficiais, op.cit.

** Os exemplos de Ata, Parecer e Relatório foram adaptados do


site Manual de Redação Oficial do Poder Executivo do Estado
do Rio de Janeiro, op.cit.

Unidade 4 147
Universidade do Sul de Santa Catarina

ATA

SECRETARIA DE ESTADO DE CULTURA


CONSELHO ESTADUAL DE CULTURA
ATA da 1022ª Sessão Plenária do Conselho Estadual de Cultura
Aos dezenove dias do mês de maio de mil novecentos e noventa e nove, às dez horas,
em sua sede na Avenida Erasmo Braga, cento e dezoito, décimo andar, realizou‑se a
milésima vigésima segunda Sessão Plenária do Conselho Estadual de Cultura, presentes
os Senhores Conselheiros Moacyr Werneck de Castro ‑ no exercício da Presidência,
Caíque Botkay, Dina Lerner, Edino Krieger, Fausto Wolff, Fernando Cotta Portella,
João Leão Sattamini Netto, José Lewgoy, Léa Garcia, Martha Carvalho Rocha, Paulo
Roberto Menezes Direito, Ubiratan Corrêa e ‑ Suplentes ‑ Luiz Carlos Ribeiro Prestes
e Frederico Augusto Liberalli de Góes. Justificaram a ausência os Senhores conselheiros
Luiz Emygdio de Mello Filho ‑ Presidente, Ana Arruda Callado ‑ Vice‑Presidente,
Arthur Moreira Lima, Beth Carvalho, Carlos Heitor Cony, Lena Frias, Nélida Piñon e
Oscar Niemeyer. No expediente: ata da sessão anterior ‑ aprovada; convite do MinC, para
a exposição “KENE”, convite da UFRJ, para a exposição de fotos e textos “Dois séculos de
poesia”; comunicado da Academia Brasileira de Música, com programação de evento, em
continuidade à Série Brasiliana; Ofício do MinC, encaminhando resposta ao Ofício vinte,
de noventa e nove, deste Conselho, que solicitava uma ação daquele Ministério sobre
a retenção das obras de Frans Krajeberg; nas Publicações: JORNAL DA CÂMARA,
cinquenta e nove a sessenta e um; CULTURA DE HOJE, sessenta; NOTÍCIAS DE
ANGOLA, cento e quatro; INFORMATIVO FILATÉLICO, quatro. Iniciando os
trabalhos, o Senhor Conselheiro Moacyr Werneck de Castro, dizendo‑se constrangido
em assumir a Presidência dos trabalhos, em função do dispositivo regimental que atribuía
ao Conselheiro com mais idade aquela substituição, passou à apreciação da Ordem do Dia
‑ Visitas do Conselho a instituições culturais e de personalidades da Cultura ao Conselho.
Declarando haver um número excessivo de convites para a realização de Sessões em
outras localidades e, com isso, segundo entendia, tais reuniões, embora proveitosas,
deixaram o Plenário com dificuldades para tratar dos problemas que lhe diziam respeito.
A Conselheira Dina Lerner, com a palavra, declarou que considerava contraproducente
realizar as Sessões fora da sede do Conselho, dizendo que, no caso especial da ida à Ilha
Fiscal ‑ apesar de aquela recuperação ter sido um ganho extraordinário para o Estado ‑,
os realizadores de tal obra não haviam seguido as orientações do INEPAC e que estariam
ainda em dívida com o Estado, por não entregarem o dossiê sobre a restauração realizada.
Em aparte, o Conselheiro Luiz Carlos Ribeiro Prestes, concordando com as palavras da
Conselheira Dina Lerner, sugeriu que o órgão responsável pela obra realizada na Ilha
Fiscal mantivesse contato com o Conselho de Cultura, opinando, ainda, no sentido de que
as visitas fossem realizadas em dias diferentes dos das Sessões Plenárias. O Conselheiro

148
Língua Portuguesa e Redação Oficial

Moacyr Werneck, intervindo, considerou uma questão diplomática a ação de solicitar o


projeto de recuperação da Ilha Fiscal e que sua preocupação, no momento, cingia‑se à
periodicidade das visitas. O Conselheiro Fernando Portella, no uso da palavra, indagou
a Presidência sobre possíveis assuntos submetidos pela Secretaria de Estado de Cultura
à apreciação do Conselho, declarando que, se tal ação não acontecesse, o Conselho
somente produziria para consumo interno. Retomando a palavra, o Conselheiro Moacyr
Werneck de Castro foi de opinião de que a atividade do Conselho não dependeria
somente de matéria encaminhada pela Secretaria de Estado de Cultura, mas também
de estudos e tarefas inerentes à função de assessoramento, levando propostas e sugestões
às autoridades superiores. A seguir, ainda sobre as visitas do Conselho já relacionadas,
o Conselheiro Moacyr Werneck de Castro, dado que alguns dos Conselheiros não
poderiam dispor de outros horários para realizá‑las, sugeriu que fosse designada uma
Comissão para comparecer aos locais programados, apresentando, posteriormente,
relato em Plenário. Como segunda opção, sugeriu que fossem consideradas voluntárias
as adesões às visitas ou, ainda, que tais visitas fossem adiadas para mais tarde, uma vez
que o colegiado ainda estava em fase de instalação. O Conselheiro Fausto Wolff, em
aparte, declarou que não poderia dispor de outro horário para comparecer às reuniões
fora da sede. O Conselheiro Caíque Botkay, com a palavra, foi de opinião de que seria
razoável que fosse enviado ofício ao Ministério da Marinha solicitando o dossiê relativo
à restauração da Ilha Fiscal, uma vez que o tombamento daquele imóvel era da alçada do
Estado. A Conselheira Dina Lerner, intervindo, informou que eram muitos os problemas
daquela ordem no Estado e que o IPHAN não acompanhara a obra, por ser um bem
tombado pelo Estado. Comprometeu‑se, então, em levantar a documentação sobre a
questão e apresentá‑la em reunião próxima. O Conselheiro Moacyr Werneck de Castro,
considerou que o encaminhamento das discussões o levaram a propor que as visitas
ficassem em suspenso, o que foi aprovado pelo Plenário. A seguir, o Conselheiro Luiz
Carlos Prestes apresentou ao Plenário o cineasta Paulo Thiago, solicitando permissão para
que o mesmo fizesse um relato sobre a situação da área do audiovisual. O Conselheiro
Moacyr Werneck de Castro convidou o visitante para compor a Mesa, solicitando, no
entanto, ao Conselheiro proponente que submetesse ao Plenário, antecipadamente,
os nomes das personalidades a serem convidadas. Com a palavra, o cineasta Paulo
Thiago considerou da maior relevância o Governo do Rio de Janeiro criar uma política
de produção audiovisual para o Estado, dado que, nos dias atuais, havia quase uma
hegemonia paulista no processo cultural brasileiro, o que considerava prejudicial para
o País. Destacou que, por exemplo, na Feira do Livro realizada em São Paulo, haviam
sido relacionados os ‑ considerados ‑ melhores livros de todos os tempos, em várias áreas,
sem a participação do Rio de Janeiro, impondo‑se a escolha paulista. Declarou, ainda,

Unidade 4 149
Universidade do Sul de Santa Catarina

o convidado, que ficara chocado ao verificar que nenhuma das obras de Darcy Ribeiro
estava relacionada e que não conseguira detectar, também, obras de autores do Rio de
Janeiro nem do eixo nordestino. Ainda com a palavra, o cineasta Paulo Thiago declarou
que, caso não houvesse uma reação dos intelectuais do Rio de Janeiro, a presença política
do nosso Estado continuaria, gradativamente, sofrendo perdas, considerando‑se, ainda,
que o Ministro da Cultura era paulista. O Conselheiro Moacyr Werneck de Castro,
agradeceu a presença do cineasta Paulo Thiago, trazendo a Plenário questão tão relevante,
que, no seu entender, deveria ser melhor estudada em Sessão próxima, aduzindo que o
descrédito dos valores intelectuais do Rio de Janeiro poderia ser reiterado pelas menções
do Conselheiro José Lewgoy quanto ao caso da TV Manchete e, ainda, pela situação
falimentar com que se defrontava o JORNAL DO BRASIL. A seguir, propôs ‑ e o
Plenário aprovou ‑ voto de pesar pelo passamento do dramaturgo Alfredo Dias Gomes,
destacando que o povo comparecera em massa ao velório realizado na Academia Brasileira
de Letras, representando a sensibilidade da extensa obra daquele homem de letras. Nada
mais havendo a tratar, o Conselheiro Moacyr Werneck de Castro deu por encerrados
os trabalhos, antes convocando os Senhores Conselheiros para a próxima Sessão, a ser
realizada no dia vinte e seis de maio, às dez horas. Eu, Paulo Pimenta Gomes, Secretário
Geral, lavrei a presente ata.
Presidente
Secretário

150
Língua Portuguesa e Redação Oficial

INFORMAÇÃO

X ESTADO DE ________________________________
SECRETARIA DE ESTADO DA ________________
DIRETORIA DE _____________________________

INFORMAÇÃO Nº. 000/00 (Cidade), (dia) de (mês) de ano.

Referência: Processos nº. 000/00/


SEF que solicita análise do
_________________.

Senhor Procurador Geral,

A Secretaria de Estado da Fazenda, por meio do Ofício nº. 000/00, folha 03


do Processo supracitado, solicita desta Diretoria análise do _____________.
Analisando o referido contrato, constatamos que o item ________ não havia
sido reajustado até 2/07/98 ___________________.
Preocupados com essa indefinição, esta Diretoria, por meio do Ofício Circular
nº. 000/00, sugeriu aos órgãos que procedessem à alteração ____________.
Considerando não ser da competência desta Diretoria a concessão de reajuste
para o equilíbrio econômico e financeiro de ________________sugerimos
que o assunto seja submetido à análise e _________________________.

À consideração de Vossa Excelência

Hugo Edson SCM


(Cargo do signatário)

Unidade 4 151
Universidade do Sul de Santa Catarina

LAUDO

152
Língua Portuguesa e Redação Oficial

PARECER

PARECER N.º 000/00 ‑ ASJUR/SARE


PROCESSO N.º E.01/00000/00 ‑ GAB/SARE

TRANSFORMAÇÃO DE CARGO
DE AUXILIAR TÉCNICO NO DE
ENGENHEIRO, EM FUNDAÇÃO
ESTADUAL. INVIABILIDADE, À
LUZ DA CONSTITUIÇÃO DE 1988.

Remetido pelo Senhor Secretário de Estado de Administração e Reestruturação, chegou


o presente processo a este órgão de Consultoria Jurídica, para pronunciamento quanto
à viabilidade da transformação de cargo de Auxiliar Técnico no de Engenheiro no
Departamento de Trânsito do Estado do Rio de Janeiro.
Às fls. 00/00 encontra‑se pronunciamento da Superintendência Central de Recursos
Humanos, que sugeriu fosse ouvido este órgão, adiantando‑se ali que há manifestação
“favorável à realização de Concurso Público, salvo nos casos de ascensão em áreas
vinculadas ou planos de carreiras”.
Desconheço tal manifestação e acredito que a transformação, como pretendida, contraria
a Constituição da República.
A nova Carta Magna trata, de modo bastante rigoroso, a exigência do Concurso Público,
exigindo‑o não apenas para a primeira investidura, mas para qualquer outro tipo de
investidura em cargo ou emprego público.
Não vejo, portanto, como se possa admitir que Auxiliar Técnico passe a Engenheiro com
responsabilidades, tarefas e atribuições tão diferentes.
Outra não parece ter sido a razão da norma constitucional aludida senão impedir que,
sem Concurso Público, o servidor venha a ocupar cargo ou emprego público mais elevado
do que aquele no qual ingressou.
Opino, assim, que a transformação aqui tratada é inviável, de acordo com as normas
constitucionais vigentes.
É o parecer, sub censura.
Rio de Janeiro, 21 de março de 1999.

JOSÉ DA SILVA

Assessor Jurídico

Unidade 4 153
Universidade do Sul de Santa Catarina

RELATÓRIO

RELATÓRIO

Senhor Secretário

Ao término do 1º semestre de 1999, vimos apresentar a V.Ex.ª o Relatório de


Atividades pertinentes à Superintendência de Desenvolvimento Institucional, ao
qual se anexam quadros demonstrativos onde se expressam os dados quantitativos
das atividades operacionais.

Seguindo as diretrizes determinadas pelo Plano Estratégico desta Secretaria


para o ano de 1999, pôde esta unidade alcançar as metas previstas nos projetos,
conforme se segue.

[...]

Apesar das dificuldades em relação às condições de trabalho, com número


reduzido de pessoal qualificado e carência de materiais específicos e equipamentos,
consideramos bastante positivos os resultados obtidos nestes primeiros meses da
atual gestão.

Rio de Janeiro, 10 de julho de 1999.

JOSÉ DA SILVA
SUPERINTENDENTE DE DESENVOLVIMENTO INSTITUCIONAL

Anexos:

[...]

Completando esta seleção, seguem os instrumentos


pelos quais o Poder Público se comunica formalmente
com órgãos e servidores públicos, e com particulares.

154
Língua Portuguesa e Redação Oficial

Trata‑se dos Atos das comunicações oficiais – correspondências


oficiais:

2. Atos das comunicações oficiais:

2.2 Correspondências Oficiais: Aviso


Comunicação interna
Exposição de motivos
Fax (fac‑símile)
Nota Oficial
Ofício

CONCEITOS ATOS DAS COMUNICAÇÕES OFICIAIS


Correspondências Oficiais

AVISO
“Aviso é um tipo de comunicação oficial usada para cientificar,
noticiar, ordenar ou prevenir. Apresenta texto e formato variados
e trata de assuntos de interesse público. É publicado através
da imprensa ou afixado em local público, como é o caso, por
exemplo, do aviso de licitação e do aviso de homologação,
entre outros. É também correspondência oficial apresentada no
formato semelhante ao do ofício, individual ou circular, expedida
pelo Governador do Estado e por Secretários de Estado para
autoridades de mesma hierarquia, tratando de assuntos afetos às
suas áreas, tais como: pedir providências, comunicar decisões,
efetuar consultas, convites, agradecimentos, elogios, etc.”

Veja exemplo de Aviso na coleção de ilustrações logo


a seguir.

Unidade 4 155
Universidade do Sul de Santa Catarina

COMUNICAÇÃO INTERNA
“A comunicação interna (CI) ou memorando é uma modalidade
de comunicação entre unidades administrativas de um mesmo
órgão, que podem estar hierarquicamente no mesmo nível ou em
níveis diferentes.

É utilizada em caráter meramente administrativo, para


encaminhar relatórios, comunicar a ausência de funcionários,
solicitar diárias, solicitar a compra de material, expor projetos
a serem executados, ou ideias e diretrizes a serem adotadas por
determinado setor do serviço público.

Suas características principais são a agilidade na tramitação e


a simplicidade de procedimentos burocráticos. Compete aos
titulares dos órgãos, diretores e gerentes, ou a quem detiver a
autorização destes, expedir comunicações internas, observando
sempre a hierarquia. Quando for necessário, a CI poderá ter o
preenchimento manuscrito. Não há vocativo obrigatório.

Geralmente a CI é enviada a um único receptor, mas o assunto


de que trata pode exigir que mais receptores tomem‑lhe ciência.
Quando assim for, a CI terá tantas cópias quantos forem os
receptores e se chamará Comunicação Interna Circular (CIC). [...]”.

Veja exemplo de Comunicação Interna na coleção de


ilustrações logo a seguir.

EXPOSIÇÃO DE MOTIVOS
“É integrante da estrutura da correspondência oficial endereçada
ao Governador por titular de Secretaria de Estado ou órgão
equivalente, propondo e justificando a necessidade da explicação
de algum ato. Comporta as considerações preliminares e
doutrinárias que justificam a medida solicitada. Os parágrafos
devem ser numerados, com exceção do 1º e do fecho.

156
Língua Portuguesa e Redação Oficial

Observação:

A Exposição de Motivos que submeta à consideração do


Governador do Estado a sugestão de medidas a serem
adotadas ou que apresente, projeto de ato normativo devem
obrigatoriamente, apontar o problema, o porquê da medida
e o ato normativo que deve ser editado para a solução do
problema. Deve ainda, trazer apensos os anexos necessários ao
esclarecimento das questões.

Suas partes componentes são:

a) Título abreviado ‑ EM ‑ seguido da sigla do órgão


expedidor e sua esfera administrativa, à esquerda da página;

b) Local e data por extenso, à direita da página, na mesma


linha do Título;

c) Vocativo: a palavra Senhor (a) seguida de vírgula, e o


cargo da autoridade a quem se destina o documento;

d) Texto, composto de:

1. introdução, onde se esclarece o problema que está


exigindo a adoção da medida ou ato normativo proposto;

2. desenvolvimento, onde se esclarecem as razões de


ser da medida ou ato normativo oportuno para o
problema exposto;

3. conclusão: repetição, para efeito de ênfase da validade


da medida para solucionar o problema exposto;

e) Fecho de cortesia, com o advérbio Respeitosamente;

f) Assinatura e identificação do signatário.”

Veja exemplo de Exposição de Motivos na coleção de


ilustrações logo a seguir.

Unidade 4 157
Universidade do Sul de Santa Catarina

NOTA OFICIAL
“A nota, como a adotada no Serviço Púbico estadual, é uma
comunicação emitida por titulares de órgãos públicos, entidades
de classe ou agremiativas, destinada a prestar esclarecimentos
ao público e firmar posição da instituição acerca de determinado
fato. Apresenta‑se em formato ofício. É também comunicação
de governo ou de ministro de um país a outro (nota diplomática).
Pode ser publicada ou não pelos meios de comunicação.

Quando a nota dor publicada no Diário Oficial, apresenta‑se


no formato semelhante ao da Portaria. Compõe‑se dos
seguintes elementos:

a) designação do órgão – precedida do nome Estado (..) ;

b) denominação do ato – NOTA OFICIAL – e número/


ano (os dois últimos dígitos) alinhados à esquerda;

c) epígrafe – descrição sucinta do objeto da nota;

d) texto – exposição do assunto, observando a largura de


11,5 cm, quando publicada no Diário Oficial;

e) local e data – alinhados à margem direita, a 2 cm da


última linha do texto;

f) nome e assinatura – centralizado, a 2,5 cm da linha de


local e data;

g) cargo do signatário – centralizado, transcrito logo abaixo


do nome.

Veja exemplo de Nota Oficial na coleção de ilustrações


logo a seguir.

158
Língua Portuguesa e Redação Oficial

OFÍCIO
“É a comunicação externa escrita que as autoridades fazem entre
si, com instituições públicas e privadas, e com particulares, em
caráter oficial. O ato de expedir ofícios compete aos titulares dos
órgãos, diretores, gerentes e chefes de serviço.

O conteúdo de um ofício deve tratar de matéria administrativa


ou de mero encaminhamento. Pode veicular também assunto
de caráter social, oriundo do relacionamento da autoridade com
particulares, em virtude do cargo ou função. Geralmente é
enviado a um único receptor, mas o assunto de que trata pode
exigir que mais receptores tomem‑lhe ciência. Quando assim
for, o ofício terá tantas cópias quantos forem os receptores e se
chamará ofício circular. [...]”

Algumas recomendações:

a) O tipo de ofício e o número, iniciado a cada ano, devem


ser apresentados à margem esquerda;

b) O local e a data devem ser escritos por extenso, alinhados


à margem direita e na mesma linha em que se encontra o
tipo e o número do documento.

c) A sequência numérica atribuída aos ofícios deve ser


crescente e iniciada a cada ano. [...]

d) O vocativo deve ser adequado ao destinatário.

e) O texto deve iniciar com a introdução do assunto de


que trata o ofício, seguida do desenvolvimento e da
conclusão. Os parágrafos, a exceção do parágrafo de
encerramento, são numerados a partir do segundo, que
recebe o número 2. Evidentemente, havendo apenas dois
parágrafos (primeiro/inicial e segundo/último) não se
fará numeração.

f) A um espaço duplo do último parágrafo do


texto, centralizada à direita, escreve‑se a expressão de
encerramento (Respeitosamente ou Atenciosamente,
observada a hierarquia do receptor e do emissor ).

Unidade 4 159
Universidade do Sul de Santa Catarina

g) Nos ofícios mais extensos, em que haja necessidade de


se utilizar mais de uma folha, recomenda‑se não deixar
a assinatura em página isolada do expediente, mas
transferir para a segunda página ao menos a última frase
anterior ao fecho.

h) As páginas, a partir da segunda, e os anexos, devem


trazer no alto das folha identificações assim:
Fl.2 do Of. N°0000/00, de 0/00/00;
Fl.1 do Anexo 1 do Of.n°0000/00, de 0/00/00.

i) O tratamento designativo, o cargo ou função do


destinatário, seguido da localidade de destino, são
colocados na primeira folha, próximo à margem inferior,
junto à margem esquerda, medsmo que o ofício tenha
mais de uma folha.

j) O nome do destinatário será em letra maiúscula e o local


só com inicial maiúscula, sem sublinhar.

k) Não se antepõe título profissional ao nome do signatário,


já que este assina o documento em razão do cargo que
ocupa ou função que exerce.

Veja exemplo de Ofício na coleção de ilustrações logo


a seguir.

Ilustrações ‑ ATOS DAS COMUNICAÇÕES OFICIAIS


Correspondências Oficiais
Os exemplos de Aviso, Comunicação Interna e Ofício foram
adaptados do livro Padronização e Redação de Atos Oficiais,
op.cit.

O exemplo de Exposição de Motivo foi adaptado do site Manual


de Redação Oficial do Poder Executivo do Estado do Rio de
Janeiro, op.cit.

160
Língua Portuguesa e Redação Oficial

AVISO

X ESTADO DE ________________________________
GABINETE DO GOVERNADOR

Aviso nº 000/00 _____________, ___ de__________de _____.

Senhor Secretário,

Informamos a Vossa Excelência que a sessão de inauguração ____________


_________________________ será realizada no dia _______________, às
__________, no local de lançamento da obra, no início da rodovia mencionada,
nesta Capital.

Atenciosamente,

__________________
Governador do Estado

Excelentíssimo Senhor

NOME

Secretário de Estado da _____________________

_________________, ________

Unidade 4 161
Universidade do Sul de Santa Catarina

COMUNICAÇÃO INTERNA

X ESTADO DE ________________________________

COMUNICAÇÃO INTERNA

DE Data
Diretor Administrativo Financeiro
PARA
Diretor de Administração Patrimonial e Documentação
ASSUNTO
Divulgação de decreto

Informamos a Vossa Senhoria que, conforme Decreto nº. OOO, de 4 de janeiro de


0000, fica prorrogado até o dia ____ do corrente ano o horário especial de expedientes
nos órgãos da Administração Direta, Autarquias e Fundações, que deverá ser cumprido
das 14 às 19 horas.

Atenciosamente,

Antônio Luís A.Lima


Diretor Administrativo e Financeiro

162
Língua Portuguesa e Redação Oficial

EXPOSIÇÃO DE MOTIVOS

EM / SARE / n.º Rio de Janeiro, 1º de março de 1999.

Senhor Governador,

No Processo que acompanha a presente Exposição de Motivos, a empresa pública de


Água e Esgoto S. A solicita autorização para admitir, em caráter excepcional, conforme
previsto no inciso 0, do artigo 0 da Constituição Estadual, 10 (dez) técnicos em
hidráulica, a fim de atender ao crescente aumento dos serviços afetos à empresa.

2.Os indicados à contratação preenchem todos os requisitos profissionais exigidos,


inclusive quanto à experiência anterior, uma vez que são oriundos de empresa congênere
que se retirou do mercado.

3.Justificando a proposta, alegou a empresa interessada encontrar‑se em sérias


dificuldades para o perfeito atendimento à sua clientela, com riscos de prejuízos
financeiros e políticos.

Nestas condições, tenho a honra de submeter o assunto à deliberação de Vossa


Excelência, solicitando a autorização para efetuar as contratações.

Respeitosamente

JOSÉ DA SILVA
Secretário de Estado de Administração e Reestruturação

Unidade 4 163
Universidade do Sul de Santa Catarina

NOTA OFICIAL

NOTA OFICIAL n. 4
Data de realização das provas
O TRIBUNAL REGIONAL ELEITORAL DE SANTA CATARINA (TRE/SC),
conjuntamente com a FUNDAÇÃO DE AMPARO À PESQUISA E EXTENSÃO
UNIVERSITÁRIA (FAPEU), considerando:
1. O compromisso assumido com os candidatos – por meio das Notas Oficiais ns. 2 e 3,
divulgadas pela Internet – de comunicar a nova data das provas do concurso público
aberto pelo Edital n. 1/2005 com, no mínimo, vinte dias de antecedência;
2. A certidão de julgamento expedida pelo Tribunal Superior Eleitoral, por ocasião
do julgamento do Recurso em Mandado de Segurança n. 343 (RMS n. 343), em
que aquela Corte negou provimento ao recurso, mantendo a realização do referido
concurso;
3. A dificuldade de compatibilizar os inúmeros pedidos de candidatos para a sua
não‑efetivação nas mais variadas datas, em face da previsão de outros concursos,
associada à indisponibilidade dos locais de provas; e
4. O interesse público na sua realização o mais breve possível, visando evitar maiores
delongas no provimento dos cargos, em prejuízo ao necessário treinamento dos
empossados, para atuarem no Referendo previsto para outubro de 2005,
INFORMA
Que decidiu CONFIRMAR o dia 19 de junho de 2005, domingo, para a efetivação das
provas, devendo os candidatos verificar novamente os respectivos locais na página da
FAPEU (www.fapeu.ufsc.br), haja vista a possibilidade de ter havido alterações.

Fonte: TRIBUNAL REGIONAL ELEITORAL-SC, 2005.

164
Língua Portuguesa e Redação Oficial

OFÍCIO

XX

Of. FESP/ GP n.º 320 Rio de Janeiro, 19 de março de 1999

Senhor Presidente,

Com o objetivo de prosseguir no detalhamento do programa de treinamento para dirigentes


e instrutores dos Centros de Formação dos Condutores ‑ CFC, solicitamos o envio urgente
das seguintes informações sobre a clientela a ser contemplada para atender às exigências
imediatas do DENATRAN:

‑ estimativa de profissionais por categoria (instrutor, diretor geral, diretor de ensino e


examinador) e sua distribuição geográfica, se possível por município;

‑ quantitativos, categorias e distribuição geográfica dos profissionais já treinados com base


na Resolução SARE n.º 734/89;

‑ atos de regulamentação dos cursos ministrados, com base na Resolução SARE n.º 734/89,
e forma de certificação adotada.

O Programa em desenvolvimento deverá integrar o Convênio e consubstanciar o Ato de


Credenciamento para ministrar os cursos e certificar os aprovados necessários à formalização
de nossos entendimentos.

Atenciosamente,

Rízio Francisco Vieira Barbosa

Diretor‑Presidente
Ilustríssimo Senhor.
JOSÉ DA SILVA
Presidente do Departamento de Trânsito – RJ
Rio de Janeiro – RJ

Unidade 4 165
Universidade do Sul de Santa Catarina

Vamos a uma etapa complementar, agora.


Trata‑se dos formulários operacionais.

Você lida com formulários operacionais em geral?


Vamos conferir?

Bem, tanto no âmbito da Polícia Rodoviária Federal quanto


em outros da Segurança Pública em geral, há formulários
operacionais específicos, cujo preenchimento adequado exige
muitas vezes o domínio da teoria da narração, da descrição, da
dissertação, da organização de parágrafos narrativos, descritivos,
dissertativos. Após o estudo da presente unidade, é sua vez de
estabelecer associações entre o que você conheceu e/ou organizou
e as suas práticas de Redação Oficial que são mais usuais. Como
já lhe disse, a intenção desta unidade é a de situar o estudante de
forma metódica, diante do tema.

A seguir, analise – do ponto de vista do que é apenas


convencional – modelos de ofício e memorando. Em resposta
à minha solicitação, em julho de 2005, recebi do Departamento
de Polícia Rodoviária Federal, 2ª Delegacia, Tubarão, SC, com
grande prontidão e deferência, o seu Manual de Preenchimento
de Formulários Operacionais.

Autorizada, copiei diretamente dali os modelos. A intenção é a


de que você observe alguns aspectos de diagramação, distintos
entre si de outras ilustrações, sem que a relação função/ sentido
do ofício se altere; tampouco, em se tratando do memorando.

166
Língua Portuguesa e Redação Oficial

Reitero a sugestão para que efetue consultas on‑line no mesmo


sentido.

Estes são sites bastante ilustrativos:

Manual de Redação Oficial – Tribunal de Contas da União

Manual de Redação da Câmara de Deputados

Manual de Redação Oficial do Estado do Rio de Janeiro

Manual de Redação da Presidência da República

Seguem as ilustrações de formulários operacionais.

Unidade 4 167
Universidade do Sul de Santa Catarina

Ministério da Justiça
Departamento de Polícia Rodoviária Federal
5 cm SEPN 506 Bloco C Projeção 08
448.7808 – dpn@dprf.gov.br

Ofício nº 001/2004/GAB‑DPRF‑MJ
Brasília, 15 de abril de 2004.

A Sua Excelência o Senhor


Ministro [Nome]
Ministério [nome do ministério]
70.000‑000 – Brasília – DF

Assunto: Demarcação de terras indígenas

Senhor Ministro,

1. Em complemento às observações transmitidas pelo telegrama no 154, de 24 de


abril último, informo Vossa Excelência de que as medidas mencionadas em sua carta no
6708, dirigida ao Senhor Presidente da República, estão amparadas pelo procedimento
administrativo de demarcação de terras indígenas instituído pelo Decreto no 22, de 4
de fevereiro de 1991 (cópia anexa).
2. Em sua comunicação, Vossa Excelência ressalva a necessidade de que – na
definição e demarcação das terras indígenas – fossem levadas em consideração as
características sócio‑econômicas regionais.
3. Nos termos do Decreto no 22, a demarcação de terras indígenas deverá ser
precedida de estudos e levantamentos técnicos que atendam ao disposto no art. 231,
§ 1o, da Constituição Federal. Os estudos deverão incluir os aspectos etno‑históricos,
sociológicos, cartográficos e fundiários. O exame deste último aspecto deverá ser feito
conjuntamente com o órgão federal ou estadual competente.
4. Os órgãos públicos federais, estaduais e municipais deverão encaminhar as
informações que julgarem pertinentes sobre a área em estudo. É igualmente assegurada
a manifestação de entidades representativas da sociedade civil.
5. Como Vossa Excelência pode verificar, o procedimento estabelecido assegura
que a decisão a ser baixada pelo Ministro de Estado da Justiça sobre os limites e a
demarcação de terras indígenas seja informada de todos os elementos necessários,
inclusive daqueles assinalados em sua carta, com a necessária transparência e agilidade.

Atenciosamente,

[Nome]
[cargo]
168
Língua Portuguesa e Redação Oficial

Ministério da Justiça
Departamento de Polícia Rodoviária Federal
Coordenação Geral de Planejamento de Modernização

Mem. 001/CGPLAM/DPRF
Em 15 de abril de 2004

Ao Sr. Chefe da Coordenação Geral de Administração

Assunto: Administração. Instalação de microcomputadores

1. Nos termos do P lano Geral de informatização, solicito a Vossa Senhoria verificar


a possibilidade de que sejam instalados três microcomputadores nesta Coordenação.
2. Sem descer a maiores detalhes técnicos, acrescento, apenas, que o ideal seria
que o equipamento fosse dotado de disco rígido e de monitor padrão EGA. Quanto
a programas, haveria necessidade de dois tipos: um processador de textos, e outro
gerenciador de banco de dados.
3. Devo mencionar, por fim, que a informatização dos trabalhos desta Coordenação
ensejará racional distribuição de tarefas entre os servidores e, sobretudo, uma melhoria
na qualidade dos serviços prestados.

Atenciosamente,

[nome do signatário]
[cargo do signatário]

Unidade 4 169
Universidade do Sul de Santa Catarina

MINISTÉRIO DA JUSTIÇA
DEPARTAMENTO DE POLÍCIA RODOVIÁRIA FEDERAL
COORDENAÇÃO DE PLANEJAMENTO DE MODERNIZAÇÃO
DIVISÃO DE PLANEJAMENTO E NORMATIZAÇÃO
Núcleo de Normatização

Mem. 007/NN/DPN/CGPLAM/DPRF
Brasília DF, 15 de novembro de 2004.

Ao Sr. Chefe da Divisão de Serviços Gerais

Assunto: Encaminha Nota Fiscal Atestada

1. Encaminho a V. Sª , em anexo, Nota Fiscal nº 003330 da Empresa Sistemas


e Redes LTDA, CNPJ 03.800.300/0001‑35, atestada após recebimento da Cessão de
Direito de Uso do Software CAD, conforme Nota de Empenho nº 1004NE900202.

Respeitosamente,

Joaquim da Silva
Chefe do Núcleo de Normatização

170
Língua Portuguesa e Redação Oficial

E, ainda, apenas para lembrar, as modalidades da


correspondência oficial que passaram a usar as
tecnologias disponíveis.

CORREIO ELETRÔNICO
Alguns estados do nosso país já vêm regulamentando o uso da
informática em sua correspondência.

Norma: DECRETO 45095 2009

Data: 05/05/2009

Origem: EXECUTIVO

Ementa:
DISPÕE SOBRE A UTILIZAÇÃO DO CORREIO
ELETRÔNICO OFICIAL NA COMUNICAÇÃO COM
ÓRGÃOS E ENTIDADES MUNICIPAIS E DÁ OUTRAS
PROVIDÊNCIAS.

Fonte:
PUBLICAÇÃO ‑ MINAS GERAIS DIÁRIO DO EXECUTIVO ‑
06/05/2009 PÁG. 1 COL. 1

Indexação:
DISPOSITIVOS, OBJETIVO, ÓRGÃOS, ENTIDADE,
ADMINISTRAÇÃO DIRETA, AUTARQUIA ESTADUAL,
FUNDAÇÃO PÚBLICA, UTILIZAÇÃO, CORREIO
ELETRÔNICO, REGISTRO, REDE OFICIAL, EFEITO,
COMUNICAÇÃO ADMINISTRATIVA, EXECUTIVO,
ADMINISTRAÇÃO MUNICIPAL.

O reflexo sobre disposição e redação do texto é previsível.

Unidade 4 171
Universidade do Sul de Santa Catarina

8. Correio Eletrônico
8.1 Definição e finalidade
O correio eletrônico (“e‑mail”), por seu baixo custo e celeridade,
transformou‑se na principal forma de comunicação para
transmissão de documentos.
8.2 Forma e Estrutura
Um dos atrativos de comunicação por correio eletrônico é sua
flexibilidade. Assim, não interessa definir forma rígida para
sua estrutura. Entretanto, deve‑se evitar o uso de linguagem
incompatível com uma comunicação oficial (v. 1.2 A Linguagem
dos Atos e Comunicações Oficiais).
O campo assunto do formulário de correio eletrônico mensagem
deve ser preenchido de modo a facilitar a organização
documental tanto do destinatário quanto do remetente.
Para os arquivos anexados à mensagem deve ser utilizado,
preferencialmente, o formato Rich Text. A mensagem que
encaminha algum arquivo deve trazer informações mínimas
sobre seu conteúdo.
Sempre que disponível, deve‑se utilizar recurso de confirmação
de leitura. Caso não seja disponível, deve constar da mensagem
pedido de confirmação de recebimento.
8.3 Valor documental
Nos termos da legislação em vigor, para que a mensagem de
correio eletrônico tenha valor documental, i. é, para que possa ser
aceito como documento original, é necessário existir certificação
digital que ateste a identidade do remetente, na forma
estabelecida em lei.
Manual de Redação da Presidência da República, 2002.
Fonte: BRASIL, 2011.

Bem, você está encerrando o estudo desta unidade, mas não


pense que encerrou o estudo do tema. A Redação Oficial tem
normas comuns a inúmeras práticas, porém também se norteia
em convenções, que são episódicas, podem mudar de acordo com
a melhor compreensão da relação forma X objetivos (objetivos
que você estudou detalhadamente).

172
Língua Portuguesa e Redação Oficial

A você foram indicados, realmente, muitos dos objetivos que


norteiam a redação deste tipo de texto, e ainda, em estreita
relação com eles, a formatação que os viabiliza.

Também lhe foram oferecidas as distintas classificações desses


textos, partindo‑se de diferentes critérios como, por exemplo, a sua
funcionalidade, o destinatário, etc. Com isso pretendeu‑se levá‑lo/a
a compreender este ‘universo’ a partir de sua organização.

Há sentido em se alinharem ofícios e memorandos em um mesmo


capítulo, exatamente porque se trata de Comunicações Oficiais.

E, quando se juntaram, por exemplo, Resolução e Portaria, foi


por se tratar de Atos Administrativos.

Síntese

Nesta unidade você estudou o parágrafo, entendendo‑o como


demarcador de uma unidade de significação.

A demarcação pode ocorrer através de dois toques; ou de espaço


duplo; ou de itens.

Em seguida você confirmou as características da Redação Oficial


e passou a conhecer alguns gêneros textuais correspondentes e a
classificá‑los a partir de diferentes pontos de vista.

Você aprendeu que os modelos não são únicos para um


mesmo gênero textual como, por exemplo, para um ofício, um
memorando, um aviso, etc.

Unidade 4 173
Universidade do Sul de Santa Catarina

Atividades de autoavaliação

1) Você compreendeu que o parágrafo constitui um tipo de marcação que


torna o texto claro a quem o lê. Exercite‑se então na organização de
parágrafos, demarcando‑os no texto a seguir:
TÉCNICAS DE REDAÇÃO EMPRESARIAL
Por Paulo Botelho
“O conhecimento é o único recurso econômico que faz sentido”.
Peter Drucker, consultor americano.
Tem razão Peter Drucker com esta lúcida afirmação. Na chamada “Era
do Conhecimento”, as empresas mais bem sucedidas serão aquelas
com a capacidade de aprender mais rápido que seus concorrentes.
Para isso, é fundamental que elas se comuniquem, mais e melhor ‑
interna e externamente ‑ utilizando‑se de linguagem objetiva, correta
e concisa. Escrever é comunicar‑se. Escrevemos para comunicar alguma
coisa a alguém. E o que significa comunicar‑se? Pela própria etimologia
da palavra, significa tornar comum uma informação, uma ideia, um
projeto. Ora, se redigirmos um e‑mail, um relatório, um memorando ou
qualquer tipo de texto, queremos que outras pessoas compreendam
e assimilem nossa mensagem; o que estamos querendo dizer. E como
proceder para que essa meta se concretize? Inicialmente, todo texto
precisa ser claro e objetivo, isto é, a mensagem tem que ser facilmente
assimilada pelo leitor e deve ir direto ao ponto, sem assuntos periféricos
que dificultam a compreensão. Ao escrever não precisamos ficar
obcecados em demonstrar erudição e cultura gramatical. Se quisermos
escrever bem, de modo eficaz, devemos direcionar a nossa preocupação
para três funções básicas de uma redação: produzir uma questão ou
resposta, tornar o pensamento comum e persuadir, convencer.
Fonte: Botelho, 2011.

174
Língua Portuguesa e Redação Oficial

Saiba mais

Consulte o livro indicado. Nele você vai encontrar muitos


subsídios para o seu trabalho de redação oficial.

Padronização e Redação dos Atos Oficiais. Governo do Estado


de Santa Catarina, 2002.

E, ainda, aquele tema que insiste em nos questionar:

Clareza é pressuposto da Redação Oficial.

Clareza exatamente como, quanto?

Leia o artigo O VALOR DA CLAREZA, de Luiz Costa


Pereira Junior.

Está na Revista de Língua Portuguesa, ano 3, nº 41, março de


2009, p. 22‑29.

Um fragmento do artigo como ilustração (e motivação):

UM TESTE DE CLAREZA

1. A frase ‘Para quem tem filhos e PONTUAÇÃO


não sabe temos uma creche’, não
é clara porque: [...]
a) [...] „„ Você se faz entender e se
b) [...] esforça por entender.

c) [...]
„„ Você tenta comunicar‑se,
talvez precipitadamente. Pode
2. Que informação é mais clara: melhorar se der espaço aos
outros e for mais claro.
a) [...]
b) [...] „„ Há problemas de comunicação.
c) [...] É preciso mais empenho.

Unidade 4 175
5
UNIDADE 5

Padrão oficial da língua


portuguesa: abordagem
teórico‑prática

Objetivos de aprendizagem
„„ Conhecer a sintaxe básica da frase de língua
portuguesa.

„„ Identificar e localizar as dúvidas de língua portuguesa


no campo da morfossintaxe.

„„ Referir a redação oficial ao padrão oficial da língua.

Seções de estudo
Seção 1 Estrutura da frase de língua portuguesa

Seção 2 Desvios do padrão oficial a serem evitados


Universidade do Sul de Santa Catarina

Para início de estudo


Você inicia, nesta seção, estudos aplicados à estrutura da frase de
língua portuguesa, com indicações teóricas para a redação oficial.

Estes próximos conteúdos, portanto, passam a fundamentar a sua


produção textual escrita, especificamente a redação oficial.

Toda a unidade aponta para a necessária aprendizagem


continuada.

Seção 1 – Estrutura da frase de língua portuguesa

A seleção deste assunto como ponto de partida para


a aproximação de sua redação ao padrão oficial da
língua portuguesa tem indicações fortes. Você pode
apontar uma?

Conforme BASTOS (1992, 1‑2), “No uso da língua escrita,


apenas o texto é apresentado ao leitor, sendo que o autor tem de
suprir a falta dos demais dados necessários à compreensão do
texto, o que demanada aprendizado específico.” E completa: “[...]
Concordância nominal, concordância verbal, pontuação, emprego
de tempos verbais, regência e subordinação (são) os aspectos
problemáticos que observamos nas redações.”

Certo, mas o que vem a representar, exatamente,


concordância nominal, concordância verbal,
pontuação, emprego de tempos verbais, regência e
subordinação na estruturação da frase?

178
Língua Portuguesa e Redação Oficial

A frase de língua portuguesa se estrutura a partir de mecanismos


formais. Concordâncias, regências, sintaxe verbal estão entre eles.

A este respeito, você pode ler em PEAD (2011, site citado), que:

1. Sintagma é uma unidade formada por uma ou várias palavras


as quais, juntas, desempenham uma função na frase.[...]
2. Mais detalhadamente: “[...] sintagma é uma associação de
elementos compostos num conjunto, organizados num todo,
funcionando conjuntamente. […] sintagma significa, por
definição, organização e relações de dependência e de ordem
à volta de um elemento essencial.” (DUBOIS‑CHARLIER. Bases
de Análise lingüística)
3. A combinação das palavras para formarem as frases precisa
obedecer a determinados princípios da língua. As palavras se
combinam em conjuntos, em torno de um núcleo. E é esse
conjunto (o sintagma) que vai desempenhar uma função no
conjunto maior, que é a frase.
PEAD (2011, site citado, adaptado pelo Autor)

Justamente, as referidas combinações se fazem através da


concordância nominal, concordância verbal, pontuação, emprego
de tempos verbais, regência e subordinação, que passamos a
estudar.

Vamos, então, identificar em nossa comunicação mais


usual estes dados teóricos?

CONCORDÂNCIA VERBAL

Sim:, eu falo, tu fala, ele fala, todo mundo fala, mas os


problemas começam quando nos pedem para escrever:
escrever um bilhete, um cartão, uma cartinha, e escrever
um aviso, um comunicado, um ofício – Opa, está
ficando complicado!!!

Unidade 5 179
Universidade do Sul de Santa Catarina

Em unidades anteriores deste curso, já foi dito que o ato da fala é


espontâneo e que o ato da escritura é tenso em geral.

Adeus espontaneidade: Tem de pôr no papel!

Bem, escrever um texto pode ficar bem menos complicado, se


você conhecer alguns aspectos da estrutura da frase de língua
portuguesa e aplicá‑los.

Você vai concordar comigo ao longo do estudo desta unidade.

Vá adiante!!

A frase oracional de língua portuguesa está estruturada


em torno de um verbo.

Veja o exemplo:

O suspeito caiu em contradição.

Agora uma pergunta: E se for mais de um suspeito,


como fica a frase?

Fica assim:

Os suspeitos caíram em contradição.

E SE TIVESSE SIDO EU A CAIR EM CONTRADIÇÃO,


COMO FICARIA A FRASE?

Ficaria assim:

Eu caí em contradição!

180
Língua Portuguesa e Redação Oficial

Conclusão:
Em língua portuguesa:
 Conjuga‑se o verbo em função do sujeito –
(há algumas exceções).
 O suspeito, os suspeitos e eu são, em cada frase
acima, em ordem, o sujeito do verbo cair.
 Esta relação entre o verbo e o sujeito chama‑se
CONCORDÂNCIA VERBAL. A concordância verbal
é um mecanismo que relaciona o sujeito e o verbo
adequadamente.
 Guarde bem: a estrutura da frase de língua portuguesa
oficial supõe a adequada concordância verbal.

Exercite, a seguir, a concordância verbal:

Os policiais ______________ cobertura à ambulância, e assim


__________________ socorro rápido ao motorista ferido.
(Complete com o verbo dar e garantir.)

Ontem, num racha, o condutor da moto ___________ em perigo


a vida dos ciclistas que .___________ pelo acostamento.
(Complete com o verbo pôr e seguir.)

A defesa, no prazo legal __________________ testemunhas.


(Complete com o verbo arrolar.)

Entendido?

Unidade 5 181
Universidade do Sul de Santa Catarina

Bem, uma curiosidade de uso na área da Concordância


Verbal.
Interessa à sua Redação Oficial!

Exemplo:

1. Se você escrevesse um bilhete para a sua família,


solicitando‑lhe que efetuasse uma tarefa, você faria a
seguinte concordância:

Preciso que vocês encontrem os recibos de maio.


(Eu) preciso.

1.1 Mas, uma Ordem emanada de você, nos moldes da


Redação Oficial, por exemplo, poderá vir escrita assim:

Determinamos que mandem selecionar e arquivar os


documentos relativos ao projeto X até o final da tarde.
(Nós) determinamos.

Por que assim? Afinal quem está determinando é você!

Por que, então, aparece NÓS e não EU?

 É que, em Redação Oficial, também se emprega


esta forma – nós em referência a quem fala (a primeira
pessoa do discurso). Chama‑se a este uso plural de
modéstia. O eu se dilui em nós, o coletivo.

 Trata‑se de uma convenção, de um protocolo.


(Comece a observar esta mesma prática na fala de
entrevistados.)

Outros exemplos em que ‘eu’ dá lugar a ‘nós’ na


Redação Oficial:

Agradecemos as rápidas providências.


(Nós) agradecemos. Só que quem agradece é você.

Solicitamos que nos encaminhem, com a possível


brevidade, os documentos.
(Nós) solicitamos. Só que quem solicita é você.

Veja este uso em um texto completo:

182
Língua Portuguesa e Redação Oficial

Os realces visam a chamar a sua atenção para os itens estudados.

CI SARE / CCP n.º 020 Rio de Janeiro, 10 de abril de 1999

Para: Departamento de Pessoal

De: Coordenação de Capacitação de Pessoal

Assunto: Divulgação de Manual

Encaminhamos a esse Departamento exemplar do MANUAL DE REDAÇÃO


OFICIAL DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO, elaborado por esta
Coordenação, para auxiliar os servidores nas tarefas que exijame a composição de
textos oficiais.

Solicitamos que a publicação fique exposta em local visível, de fácil acesso


àqueles que dela necessitem.

Atenciosamente

JOSÉ DA SILVA
Coordenador de Capacitação de Pessoal

Fonte: Manual de Redação Oficial do Estado do Rio de Janeiro, op.cit.

Atenção!
Reforce os seus estudos de Concordância Verbal!
Acesse:
a) Saiba mais, neste manual, e veja uma lista
completa de sites sobre o tema;
b) o ambiente virtual de aprendizagem, onde estão
exercícios esperando por você;
c) exercícios e ampla ilustração no final desta
unidade.

Unidade 5 183
Universidade do Sul de Santa Catarina

REGÊNCIA VERBAL
A partir de agora, veja a forma de o verbo relacionar‑se com seus
complementos.

Trata‑se da regência do verbo na frase de língua portuguesa: a


REGÊNCIA VERBAL.

2. Leia as frases abaixo e indique quais estão completas (C), e


quais estão incompletas ( I ).

a) Em síntese, o direito deve adaptar‑se ( )

b) Para tanto, aconselhável se examine, também ( )

c) Os tempos do consenso em direito são chegados ( )

d) VOLNEI CARLIN, citado por JOÃO JOSÉ CALDEIRA BASTOS (op. cit., p. 30), conclui que ( )

Percebeu?

Faltam dados nas frases a, b, d.

Veja, na sequência, a frase completa, com grifo meu:

a) ‘Volnei Carlin, citado por João José Caldeira Bastos (op.cit., p.30), conclui que

b) em síntese, o direito deve adaptar‑se aos fatos.


c) Para tanto, aconselhável se examine, também, a origem, o alcance e a finalidade da lei, sempre
diante da simples exigência do realismo.
d) Portanto, adaptemos‑nos, todos, aos fatos. Os tempos do consenso no processo penal são
chegados. É esse o espírito da lei.’

‑ Você vai encontrar essa referência em: Vladimir Aras, Jus Navigandi,
Ano 3, n. 27. 1998.

Exatamente: há verbos que exigem outras informações para


gerarem uma frase de significado completo.

Hoje vai chover! (verbo intransitivo, não necessita de


complementação).
Antônio trouxe (verbo transitivo, necessita de
complementação: trouxe o quê?).

184
Língua Portuguesa e Redação Oficial

Sim, estamos falando, aqui, de Regência Verbal, o modo como


o verbo se relaciona com seus complementos, se houver, para lhe
completar o significado.

As informações que faltavam no texto proposto acima e depois o


complementaram são chamadas Complementos Verbais:
Objeto Direto, se não se acompanham de preposição (verbo
transitivo direto);
Objeto Indireto, em caso de serem acompanhados de preposição
(verbo transitivo indireto).

Quem encontrou/encontrou ALGUÉM, ALGO.  Objeto direto.

Quem gosta/gosta DE ALGO, DE ALGUÉM.  Objeto indireto.

Há aspectos na Regência Verbal a serem observados,


quando você redige os seus textos em geral, e,
especialmente, quando efetua sua redação oficial.

Em seus bilhetes, cartões ou cartas para a família,


você adota as seguintes formas de tratamento mais
coloquiais:
 Este é um lembrete para você.
 Estas são flores para ti.
 Mandei entregar os documentos pra ele.

Na redação oficial, você vai usar forma de tratamento protocolar.

Veja algumas delas:

„„ Neste sentido, encaminhamos a Vossa Senhoria o roteiro


da reunião.

Unidade 5 185
Universidade do Sul de Santa Catarina

„„ Já determinamos entregar os documentos a Sua Excelência.

– E quais são as formas protocolares em Redação Oficial??

– Siga ao próximo quadro e veja como se dirigir a quem.

a) Autoridades Militares

Por Abreviatura Abreviatura


Cargo ou Função Vocativo Endereçamento
Extenso Singular Plural
Ao Excelentíssimo
Senhor
Oficiais Generais Vossa V.Ex.as, ou Excelentíssimo
V.Ex.ª ou V. Exa. Nome
(até Coronéis) Excelência V. Exas. Senhor
Cargo
Endereço
Ao Senhor
Vossa Senhor + Nome
Outras Patentes V.S.ª ou V. Sa. V.S.as ou V. Sas.
Senhoria patente Cargo
Endereço

b) Autoridades Civis

Por Abreviatura Abreviatura


Cargo ou Função Vocativo Endereçamento
Extenso Singular Plural
Chefe da Casa Civil e
daCasa Militar
Cônsules
Deputados
Embaixadores Ao Excelentíssimo
Governadores Senhor
Ministros de Estado Vossa V.Ex.as ou Excelentíssimo
V.Ex.ª ou V. Exa. Nome
Excelência V. Exas. Senhor + Cargo
Prefeitos Cargo
Presidentes da Endereço
República
Secretários de Estado
Senadores
Vice‑Presidentes de
Repúblicas

186
Língua Portuguesa e Redação Oficial

Ao Senhor
Demais autoridades
não contempladas Vossa V.S.ª ou V.S.as Nome
Senhor + Cargo
com tratamento Senhoria V. Sa. ou V. Sas. Cargo
específico
Endereço

Acompanhe mais exemplos:

– Tenho a honra de comunicar a Vossa Excelência...


– Temos a honra de comunicar a Vossa Excelência...
– Cabe‑me ainda esclarecer a Vossa Senhoria...
– Cabe‑nos ainda esclarecer a Vossa Excelência...

Veja o emprego em um texto completo:

EM / SARE / n.º Rio de Janeiro, 1º de março de 1999

Senhor Governador,

No Processo que acompanha a presente Exposição de Motivos, a empresa pública


de Água e Esgoto S. A solicita autorização para admitir, em caráter excepcional,
conforme previsto no inciso 0, do artigo 0 da Constituição Estadual, 10 (dez)
técnicos em hidráulica, a fim de atender ao crescente aumento dos serviços afetos
à empresa.

Os indicados à contratação preenchem todos os requisitos profissionais exigidos,


inclusive quanto à experiência anterior, uma vez que são oriundos de empresa
congênere que se retirou do mercado.

Justificando a proposta, alegou a empresa interessada encontrar‑se em sérias


dificuldades para o perfeito atendimento à sua clientela, com riscos de prejuízos
financeiros e políticos.

Nestas condições, tenho a honra de submeter o assunto à deliberação de Vossa


Excelência, solicitando a autorização para efetuar as contratações.

Respeitosamente

JOSÉ DA SILVA
Secretário de Estado de Administração e Reestruturação

Unidade 5 187
Universidade do Sul de Santa Catarina

Nota: Observe que, no exemplo, não foi adotada a forma


Excelentíssimo Governador.

Como dito anteriormente, a redação oficial hesita, há tendências


episódicas, e assim.

2.1 E quando é que se empregam os pronomes “O, A, OS, AS,


LHE, LHES”?

Para ajudá‑lo/a a entender vamos simplificar estes exemplos:

a) O, A, OS, AS (função de objeto direto)

Veja cada frase à esquerda, e, depois, compare‑a com a


da direita.

Modalidade Coloquial, bastante Padrão Oficial da língua, exigida


habitual na fala em correspondência oficial
Recebi o documento e encaminhei ele Recebi o documento e encaminhei‑o
p’ro setor competente. para o setor competente.
Recebi a solicitação e encaminhei ela Recebi a solicitação e encaminhei‑a para
p’ro setor competente. o setor competente.
Recebi os documentos e encaminhei Recebi os documentos e encaminhei‑os
eles p’ro setor competente. para o setor competente.
Recebi as solicitações e encaminhei elas Recebi as solicitações e encaminhei‑as
p’ro setor competente. para o setor competente.

b) Lhe, Lhes (função de objeto indireto)

Modalidade Coloquial, bastante Padrão Oficial da língua, exigido


habitual na fala em correspondência oficial
Compete a você analisar o requerimento. Compete‑lhe analisar o requerimento.

Compete a vocês analisarem o requerimento. Compete‑lhes analisar o requerimento.

Atenção!
Reforce os seus estudos de Regência Verbal.
Acesse:
a) Saiba mais, neste manual, e veja uma lista
completa de sites sobre o tema;
b) o ambiente virtual de aprendizagem, onde estão
exercícios esperando por você;
c) exercícios e ampla ilustração no final desta unidade.

188
Língua Portuguesa e Redação Oficial

CONCORDÂNCIA NOMINAL

Só para rememorar:
Você entendeu, anteriormente, as relações que se
estabelecem na frase oracional de língua portuguesa,
não é verdade?

– O verbo concorda com o sujeito (Concordância Verbal)


Eu saí / Eles saíram

– o verbo pode exigir ideias que lhe completem o


sentido (Regência Verbal)
Ontem eu comprei/Ontem eu comprei flores.

A partir de agora, você vai estudar a concordância nominal,


sempre pensando em sua redação oficial.

Veja o primeiro diagrama em torno da palavra SUSPEITA:

Figura 5.1 - Diagrama em torno da palavra SUSPEITA


Fonte: Elaboração da autora, 2011.

Unidade 5 189
Universidade do Sul de Santa Catarina

E, agora, em torno da palavra SUSPEITAS!

Figura 5.2 - Diagrama em torno da palavra SUSPEITAS


Fonte: Elaboração da autora, 2011.

Bem, todos nós ouvimos aqui e ali, em situações informais, frases


assim:

‘Vai lá, quem sabe você encontra umas foto do incidente...’

‘Você viu quantos furo eles deram em cinco minuto?’

Estas formas coloquiais são absolutamente proibidas em redação


oficial e em todos os gêneros de texto que exijam formalidade.

Assim, do ponto de vista da concordância nominal, o sintagma:

1. umas foto ___________ será substituído por umas fotoS;

2. quantos furo ________ será substituído por quantos furoS;

3. cinco minuto ________ por cinco minutoS.

Com esta percepção atualizada das relações de concordância


verbal (sujeito e verbo) / de regência verbal (verbo e seus
complementos) / e de concordância nominal (substantivo com
seus artigos, pronomes, numerais, adjetivos) – você já pode ir à
próxima seção.

190
Língua Portuguesa e Redação Oficial

Atenção: Reforce os seus estudos de Concordância


Nominal.
Acesse:
a) Saiba mais, neste manual, e veja uma lista
completa de sites sobre o tema;
b) o ambiente virtual de aprendizagem, onde estão
exercícios esperando por você;
c) exercícios e ampla ilustração no final desta unidade.
d) o ambiente virtual de aprendizagem, onde estão
exercícios esperando por você.

Seção 2 – Desvios do padrão oficial a serem evitados


„„ Você já sabe o que é padrão oficial. E sabe que este é um
padrão formal.

„„ Você já sabe o que é desvio do padrão oficial (que


acontece tão frequentemente na linguagem coloquial).

„„ Você já sabe que deve evitar ‘copiar’ a sua fala, quando


escreve. Isto porque a fala é, sobretudo, informal; o texto
escrito é formal.

Agora, referindo‑se em seus conhecimentos adquiridos também


na seção anterior, observe frases escritas, as quais transcrevem
a fala coloquial; depois compare‑as com os textos equivalentes,
redigidos segundo o padrão oficial da língua.
Texto totalmente
adaptado aos objetivos
O jornal O Estado de São Paulo, incluiu em seu Manual do curso. in ‘Os cem erros
do Redação e Estilo, os cem erros (ou desvios do mais comuns. Manual do
padrão oficial) cometidos em geral: os mais repetidos, Redação e Estilo do Jornal
os mais frequentes. Estado de São Paulo’.
Aqui, efetuamos a adaptação de todos eles ao contexto
de nossos estudos e exercícios.
Se você consolidar sua aprendizem em torno destes
exemplos, terá dado muitos passos em direção à
redação oficial.

Unidade 5 191
Universidade do Sul de Santa Catarina

Como orientação para a sua Redação Oficial, inicialmente, veja


alguns casos de Concordância Verbal:

O que você não pode usar e a justificativa, e a forma adequada ao


padrão oficial. Analise, então.

Dessa forma Sim!!!


Dessa forma Não!!! Justificativa
(padrão oficial)
Mim não inquire, então não Para eu inquirir, para
1. Para mim fazer. pode ser sujeito. eu decidir, para eu me
Mim vai inquirir (?!!) manifestar.
2. Ele foi um dos que chegou De todos os que chegaram Ele foi um dos que chegaram
antes. antes, ele foi um. Então: antes.
3. Estavam em quatro na sala. O em não existe. Estavam quatro na sala.
Eram em seis pessoas na fila. (Quatro estavam na sala.) Eram seis pessoas na fila.
ele tem: uma pessoa Ele tem razão de reclamar.
4. Eles tem razão de reclamar.
eles têm: mais de uma Eles têm razão de reclamar.
5. Todos vizinhos prestaram Todos os vizinhos prestaram
No plural, todos exige os.
esclarecimentos. esclarecimentos.
Fazer, quando exprime Faz cinco anos. / Fazia dois
6. Fazem cinco anos. tempo, é impessoal. séculos. / Fez 15 dias.
Haviam três semanas. Haver é impessoal, quando
exprime tempo. Havia três semanas.
Não se pode empregar
7. Chamei‑o e o mesmo não o mesmo no lugar do Chamei‑o e ele não atendeu
atendeu. pronome ele.
Cuidado, é comum o erro de
concordância quando o verbo
está antes do sujeito.
8. Causou‑me estranheza as Causaram‑me estranheza as
Se o sujeito viesse antes do
palavras. palavras.
verbo, você diria:
Foi iniciada esta manhã as Foram iniciadas esta manhã
investigações. As palavras causaram‑me as investigações.
estranheza.
As investigações foram
iniciadas esta manhã.
9. O depoimento das Cuidado: o verbo concorda O depoimento das
testemunhas podem mudar. com a palavra‑núcleo testemunhas pode mudar.
A troca de agressões entre os depoimento e com a A troca de agressões entre os
presos foram punidas. palavra‑núcleo troca. presos foi punida.

192
Língua Portuguesa e Redação Oficial

Ainda a Concordância Verbal:

Veja alguns verbos usados habitualmente de forma inadequada e


a correspondente forma correta:

Infringir é que significa Infringiu o regulamento.


1. Inflingiu o regulamento. transgredir, Inflingiu séria punição ao
inflingir significa impor: funcionário.
Pôr, verbo, tem acento
2. Tem de por o colete. diferencial. Tem de pôr o colete.
Pôde, no passado, ganha acento, Ele não pôde vir.
Ele não pode vir. para diferenciar de pode, no
presente.
3. Disse o que quiz.
Quis, quisesse, quiseram,
Não existe z, mas apenas s, nas quiséssemos.
Será que já puzeram a formas verbais de querer e pôr. Pôs, pus, pusesse, puseram,
correspondência na mesa do puséssemos.
coomandante?
Verbos em uir só têm a terminação
ui: inclui, atribui, polui.
4. O indiciado possue muitos bens. O indiciado possui muitos bens.
Verbos em uar é que admitem
ue: continue, recue, atue, atenue.
Mediar e intermediar Soube que é ele quem intermedeia
5. Soube que é ele quem conjugam‑se como odiar. (ou medeia) a negociação.
intermedia a negociação. Remediar, ansiar e incendiar Remedeiam, que eles anseiem,
também seguem essa norma. incendeio.
6. Jamais pretendeu que Jamais pretendeu que receiassem
O i não existe.
receiassem a sua presença. a sua presença.
7. A viatura chegou a duas horas e Confusão entre o verbo haver e a A viatura chegou há duas horas e
partirá daqui há cinco minutos. preposição a. partirá daqui a cinco minutos.
8. O grupo de choque terá chego O grupo de choque terá chegado
Chego não existe.
atrasado. atrasado.
A suspeita não tem nada a ver
9. A suspeita não tem nada haver Confusão entre os verbos HAVER com a realidade dos fatos.
com a realidade dos fatos. e VER. A suspeita não tem nada que ver
com a realidade dos fatos.

– Continue estudando, pesquisando. Esta é uma aprendizagem que


ocorre gradativamente, através da leitura, dos estudos, da observação.

Unidade 5 193
Universidade do Sul de Santa Catarina

Veja agora alguns casos de Concordância Nominal, em que os


desvios também são muito usuais:

Atenção a esta composição do Ela mesma (própria) compôs o


1. Ela mesmo compôs o sujeito. ambiente.
ambiente. Mesmo, quando equivale a Ele mesmo (próprio) compôs
próprio, é variável. o ambiente.
Não! Obrigada, disse a moça.
2. Obrigada, disse o pai da
Obrigado/a concorda com a Obrigado pela atenção, disse
moça.
pessoa que o diz. o pai da moça.
Tratava‑se de personalidade
meio imprevisível.
3. Tratava‑se de uma Tratava‑se de detentos
Meio, advérbio, não varia.
personalidade meia de comportamento meio
imprevisível. Como numeral , sim. imprevisível
Meia taça de sorvete, por favor.
Meio ano de trabalho.
Esta designa o tempo no qual Esta noite, esta semana (a
se está ou o objeto próximo. semana em que se está).
4. Vou sair essa noite. Essa, um pouco mais distante. Esse dia chegará!
Aquela, bem distante. Aquele foi um dia inesquecível.
Dados os índices das
5. Dado os índices das Não: a concordância é normal. pesquisas... / Dado o
pesquisas. Observe a seguir. resultado... / Dadas as suas
ideias...
Acordos político‑partidários
6. Acordos Nos adjetivos compostos, só o Medidas
políticos‑partidários. último elemento varia. econômico‑financeiras.

194
Língua Portuguesa e Redação Oficial

E alguns casos de Regência Verbal:

Vai assistir ao jogo, à missa,


à sessão.
Assistir, como presenciar, A medida não agradou
exige preposição a. (desagradou) à população.
Outros verbos com a  Eles obedeceram
1.Vai assistir o debate hoje. (complementos verbais (desobedeceram) aos avisos.
são objetos indiretos, pois Aspirava ao cargo de diretor.
ligam‑se ao verbo através de Pagou ao amigo.
preposição). Respondeu à carta.
Sucedeu ao pai.
Visava aos estudantes.
Prefere‑se sempre uma coisa Preferia ir a ficar.
a outra.
2. Preferia ir do que ficar. É preferível lutar a morrer
É preferível segue a mesma
norma. sem glória.

3. Limpei a arma e carreguei Carreguei algo – sem Limpei a arma e carreguei‑a


ela para você. preposição, objeto direto. para você.
Nunca o vi.
Vi alguém – sem preposição,
4. Nunca lhe vi. Não o convidei.
objeto direto...
Ela o ama.
Atraso implicará punição.
5. Atraso implicará em Implicar, no sentido de Promoção implica
punição. acarretar, pressupor: responsabilidade.
Emprestar é ceder, e não
tomar por empréstimo:
6. Vou emprestar dele. Vou pegar o livro emprestado.
Vou emprestar o livro ao meu
irmão.
Quando o verbo termina em Os jornalistas esperavam‑no.
m, ão ou õe, os pronomes o,
7. Os jornalistas esperavam‑o. / Dão‑nos, convidam‑na,
a, os e as tomam a forma no, põe‑nos, impõem‑nos.
na, nos e nas.
Não se usa pronome átono Vocês lhe fariam (ou
(me, te, se, lhe, nos, vos, lhes) far‑lhe‑iam) um favor?
depois de Ele se imporá pelos
„„ futuro do presente, conhecimentos (e, nunca,
imporá‑se).
8. Vocês fariam‑lhe um favor? „„ futuro do pretérito
(antigo condicional) Os amigos nos darão
(e, nunca, darão‑nos)
„„ ou particípio. um presente. Tendo‑me
formado (e, nunca, tendo
Assim  formado‑me).

Unidade 5 195
Universidade do Sul de Santa Catarina

Alguns outros aspectos, dúvidas aqui e ali:

– Por que (razão) você foi?


Sempre que estiver clara Não sei por que (razão) ele
ou implícita a palavra razão faltou.
ou motivo, use por que,
1. Porque você foi? separado. Explique por que razão você
se atrasou.
Porque é usado nas
respostas. – Ele se atrasou porque o
trânsito estava congestionado.
Trata‑se de duas palavras
2. Estava ocupado, porisso formando a locução: Estava ocupado, por isso não
não fui. por isso / fui.
por esta razão.
Ao encontro de é que A promoção veio ao encontro
expressa uma situação dos seus desejos.
3. A promoção veio de favorável.
encontro aos seus desejos. A queda do nível dos salários
De encontro a significa foi de encontro às (foi contra)
condição contrária. expectativas da categoria.
Em vez de indica substituição. Usou veneno em vez de
4. Usou veneno ao invés de barbitúricos.
barbitúricos. Ao invés de significa apenas
ao contrário. Ao invés de entrar, saiu.
Consigo só tem valor
reflexivo (pensou consigo Vou com você.
5. Vou consigo. mesmo) e não pode substituir Vou com o senhor.
Isto é para si. com você, com o senhor. Isto é para o senhor.
Si também é reflexivo.
As abreviaturas do sistema
métrico decimal não têm Começa às 8 h a reunião.
plural nem ponto. Andei 2 km (e não “kms.”).
6. A reunião começa às 8 hrs.. Escreva preferencialmente: Andei 5 m ontem.
3.00h Pesou 10 kg.
3h15min

MAIS EXERCÍCIOS
Estas frases foram selecionadas pouco a pouco, em trabalho
de levantamento das estruturas e léxico usual. Aparecem mais
dominantemente na escrita.

„„ Você terá entendido que as relações descritas –


Concordância Verbal (verbo e sujeito), Concordância
Nominal (substantivo e seus determinantes), Regência
Verbal (verbo e complementos) e Regência Nominal
(outras palavras e complementos) – podem ocorrer na
frase simultaneamente.
196
Língua Portuguesa e Redação Oficial

„„ Também já consegue identificar desvios do padrão


oficial, se acontecerem.

Analise, então, as frases propostas, para discuti‑las em FÓRUM


com seus colegas.

1. Solicito‑vos providências no sentido que seja concedido


ao signatário, permissão para viajar à cidade de Paulo
Lopes.

2. Solicito‑vos que seja concedido ao signatário troca de


serviço com o Sd Luís no dia 22 de agosto do corrente
ano no horário das 20:00hs às 08:00hs, sendo que o Sd
Luís recompensará o signatário no dia 23 de agosto do
corrente ano no horário das 20:00hs às 08:00.

3. Informo‑vos que tal solicitação prende‑se no fato que o


signatário tem assuntos particulares para tratamento no
município de Lages.

4. Solicito‑vos também permissão para viajar a cidade


de Lages no dia 23 de agosto com retorno no dia 25
de agosto, informo‑vos que poderei ser localizado no
telefone celular 0000000000.

5. Informo‑vos que o referido curso terá carga horária de


1.620 horas aulas. Sendo necessário frequentar aulas e
realizar provas a cada 60 dias. Necessito de 02 dias de
trânsito para a frequencia e prestação de provas.

6. A Polícia ...... ....... vem na presença de Vossa Excelência


para (...)
Tendo em vista os fatos apontados, e considerando que
trata‑se de delinquente contumaz nesta prática delituosa,
aguardamos vossa decisão.

7. Solicito a Vossa Senhoria que seja encaminhado escolta


militar ao Hospital Nossa Senhora da Conceição.

8. Foi informado pelo Tenente Antônio a perda do fundo


da Bateria do HT. As informações devem ser passadas de
maneira mais precisas possiveis.

Unidade 5 197
Universidade do Sul de Santa Catarina

9. O recluso deve ser transferido de unidade hospitalar


nesta data, em razão do procedimento cirúrgico que será
submetido.

10. O recluso incurso no art.157, § 2º, I do CP foi


posteriormente condenado a pena de 04 (quatro) anos de
reclusão no regime semiaberto.

Observe, também, outros aspectos, agora da frase escrita, como


pontuação, acentuação:

1. A GU foi solicitada pela Sr.ª Luíza Reis pois o Sr. Pedro


Lima, adentrava nas residencias pedindo ajuda financeira
para retornar a Paulo Lopes onde residia.

2. Urussanga em 20 de Agosto de 2005.

3. Apresento a V. Excia. o Tenente PM matricula


123.456‑07 de .................

4. O oficial X vem na presença de Vossa Excelencia com o


seguinte objetivo: de solicitar vosso apoio aos pleitos.

5. Com o emprego de uma arma de fogo do tipo Pistola 40


o réu ameaçou o proprietario da casa e subtraiu a quantia
de 300 dolares que estava guardado em baixo do colchão
da vitima.

6. Solicitamos a V.Sª (s) a presença do representante desse


orgão/dessa empresa, no auditório da INFRAERO no
dia 30.08.2005, às duas horas.

– É verdade! Você vai encerrando esta unidade, mas os seus estudos não
se interromperão. Ao contrário. É que outras questões se proporão, à
medida que você busque ampliar sua performance como redator e falante.

198
Língua Portuguesa e Redação Oficial

Síntese

Você estudou nesta unidade:

„„ relações entre elementos que estruturam a frase


oracional (chamados de termos da frase oracional):
viu a concordância verbal (relação sujeito/verbo); a
regência verbal (relação verbo/ complementos verbais);
a concordância nominal (relação substantivo/ numerais,
artigos/ pronomes);

„„ verificou, relação a relação, frases informais que não são


aceitas na redação oficial, e a forma correspondente na
modalidade oficial da língua escrita;

„„ consolidou em consulta indicada seu conhecimento de


acentuação e pontuação.

Unidade 5 199
Universidade do Sul de Santa Catarina

Atividades de autoavaliação

Você já sabe que deve evitar ‘copiar’ a sua fala, quando escreve. Isto
porque a fala é, sobretudo, informal; o texto escrito, não. E o texto da
Redação Oficial é extremamente formal.
— Os exercícios que irá fetuar estão todos referidos nos casos ilustrados nesta
unidade, seção 2.
Assim, a numeração de cada tira corresponde àquela em que o assunto é
explicado. Na dúvida, vá lá.

1) Coloque no padrão oficial, sendo o caso.


a) Concordância Verbal:

1. Ele pediu para mim fazer o reparo, mas


não vou poder.

4. Eles tem de terminar o projeto antes do


dia 30 deste.

6. Fazem muitos anos que o problema vem


sendo contornado.

8. Trouxe‑me alívio os relatórios.

Foi encerrada ontem as palestras de


motivação.

b) Regência Verbal:

1. Vi orientações bastante interessantes


sobre o tema, e copiei elas para você.

4. Sempre contei com o apoio de João, mas


jamais pedi a ele um favor.

Tantos anos depois, encontrei‑lhe ontem,


por acaso, durante um ciclo de palestras.

Naquela situação, vi a ele como um velho


amigo, não como a pessoa em que se
transformou.
200
Língua Portuguesa e Redação Oficial

c) Alguns empregos e expressões inadequadas e a melhor forma:

1.Porque se atrasou?
Por que o trânsito estava congestionado.

2. O material chegou adiantado uma


semana, porisso conseguimos entregar a
encomenda no prazo fixado.

3. A avaliação veio de encontro à sua


expectativa, e isto o deixou muito feliz.

4. Preparou‑se para o próximo concurso


ao invés de estudar para este. Acabou não
classificado.

5. Falaram consigo a respeito do novo


regulamento?
Leve consigo meus agradecimentos.

6. A reunião começa às 14 hrs.

d) Concordância nominal:

1. Nós mesmo, os prejudicados, nos


encarregaremos de efetuar o relatório.

2. Obrigado, disse a servente.

3. Todos as consideravam meias


sonhadoras.

Unidade 5 201
Universidade do Sul de Santa Catarina

Saiba mais

Para aprofundar os estudos tratados nessa unidade, sugerimos


leituras.

E porque nada jamais para, e porque tudo evolui:

Livro

Um livro atual sobre uma antiga arte


A redação de memorandos, ofícios e outras formas de
correspondências oficiais em linguagem contemporânea
O livro de Rey Vinas, Atos administrativos, lançado pela
Projecto Editorial, atualiza conceitos e apresenta como deve ser
a nova roupagem da redação oficial. Oferece assim um enfoque
bastante atual e dinâmico da redação de atas, despachos,
memorandos, projetos básicos e até e‑mails, entre outros textos
de natureza pública. Considera, para a nova concepção desses
atos, os avanços tecnológicos e a contribuição da teoria do
texto na formulação de documentos mais simples e mais ágeis,
visando ao bom andamento e à eficiência das organizações.
Um livro necessário a qualquer pessoa que tenha como
missão redigir textos na administração pública. Apresenta
em linguagem objetiva, mas contundente, os princípios
que hoje vigoram na redação de atos oficiais. Explica o
porquê de certas formas de saudação e tratamento terem
sido sepultadas; fala da necessidade da padronização dos
documentos públicos como condição fundamental para
a agilidade das instituições e prega uma escrita límpida,
esvaziada de adornos, eficiente e veloz, qualidades necessárias
não apenas ao texto oficial, mas a todo tipo de texto.
Acaba por se tornar um excelente manual de escrita.
Um dos pontos altos da publicação é a análise rigorosa que
faz o autor de um excelente discurso do publicitário Nizan
Guanaes sobre dinheiro, trabalho e realização profissional,
apresentando‑o como exemplo de unidade dissertativa.
Há ainda um vasto capítulo tratando das armadilhas na redação
de e‑mails. Talvez seja este um dos poucos trabalhos publicados

202
Língua Portuguesa e Redação Oficial

no Brasil a cuidar especificamente da redação que circula na


internet com status de documento oficial.
Curiosamente, ainda hoje há um sem‑número de repartições
públicas onde os funcionários não conseguem redigir com
correção de forma e de fundo um simples memorando.
Sem esquecer que a linguagem escrita é um importantíssimo
instrumento da moderna comunicação, e que, em se tratando
das organizações, deve servir à economia e à eficiência do
trabalho cotidino, Rey Vinas afirma que a boa escrita decorre de
“escrever sempre”, e que precisa ser exercitada.
Rey Vinas atua no serviço público há mais de 15 anos, sempre
redigindo e orientando a produção de textos de diversa natureza.
Neste seu livro, o que há é a síntese dessa experiência valiosa.
Diz o autor: “O grande problema dos textos de natureza
pública é a clareza. Na tentativa de ostentar erudição criam‑se
textos rebarbativos, empolados e obscuros que em nada
contribuem para o andamento dos serviços. É preciso ser simples
nessa escrita, porque sobretudo o tempo de produção e de
decodificação das mensagens dos atos deve ser abreviado, para
que as coisas possam fluir, para que o interesse público seja
efetivado da melhor forma possível”.

Bons estudos!!!

Unidade 5 203
Para concluir o estudo

Importante em cada coisa que fazemos é a sinalização de


mudança, e sempre a mudança para melhor. Não está em
questão o quanto, mas o como e a finalidade de fazer.

E o que é a mudança?

Eu identifico e enalteço, antes de tudo, a dinâmica


interior determinada pela curiosidade, pelo prazer de
aprender, pela motivação em se produzirem resultados
sempre mais qualificados.

É que este estado de espírito acaba contagiando,


e uma pessoa idealista e progressista seguramente
gerará em torno de si a desejável reação em cadeia.
A assim chamada boa reação, a reação qualificada.

Exatamente, completar a disciplina Redação Oficial


é ter‑se garantido visão mais clara e especializada do
mundo da comunicação verbal. É saber solicitar e também
executar. É saber sugerir. E, com certeza, qualificar os atos
de Redação Oficial em seu espaço de atuação profissional.
Ainda, é ter certeza de que esta etapa cumprida abre-se às
próximas, a que você não faltará.

Parabéns,

Amaline
Referências

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São Paulo: Editora Moderna, 2000.
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aproximação. UNESP. Disponível em: <http://www.filologia.org.
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209
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professor/arquivos/47Trabalhando%20com>. Acesso em: 10 fev. 2011.

210
Sobre a autora

AMALINE BOULUS ISSA MUSSI é especialista em


Linguística aplicada ao Ensino de Língua Portuguesa (PUC,
RS / UNISUL) e mestra em Literatura Brasileira (UFSC).

Professora da Universidade do Sul de Santa Catarina


durante 30 anos, lecionou Língua Portuguesa em
diferentes cursos, com ênfase ao Curso de Letras; e, ainda,
Linguagem e Redação Jurídicas no Curso de Direito.

Participa do programa Língua Portuguesa e Cultura


Brasileira para Estrangeiros da UNISUL/Curso de Letras,
onde coordena ações didático-pedagógicas. Neste mesmo
programa, ministra aulas no Brasil e no exterior, sempre
em consonância com os termos dos convênios firmados
entre a UNISUL e diferentes universidades.

Integrou atividades de extensão do Curso de Letras,


especificamente nos convênios firmados com Tribunais e
Escola da Magistratura, onde ministrou aulas de língua
portuguesa técnico-administrativa e jurídica.

Tem experiência como professora autora e tutora com


formação técnica obtida em cursos da UNISUL VIRTUAL,
onde hoje atua como professora revisora de textos.

Foi colunista semanal do jornal Diário do Sul, em Tubarão,


e, presentemente, é colunista diária no jornal NOTISUL,
em Tubarão. Tradutora no Brasil da obra poética e em
prosa de James Orvil Beady, retomou mais recentemente as
atividades ensaísticas, memorialistas e críticas, ao lado de
produção literária em prosa.

Dirige a empresa AMM Ideias e Textos, voltada à


assessoria cultural e produção textual.
Respostas e comentários das
atividades de autoavaliação

A seguir acompanhe as respostas e comentários sobre as


atividades de autoavaliação apresentadas durante as unidades da
disciplina Redação Oficial.
Para melhor aproveitamento do seu estudo, realize a
conferência de suas respostas somente depois de realizar as
atividades propostas.

Unidade 1
1) Nesta questão espera-se que você tenha assinalado o conceito
de linguagem e língua adequadamente, o que confirmará a
sua compreensão deste aspecto essencial aos seus estudos.
Resposta:
A resposta é 1,2.

2, 3 e 4) Cuidando de variantes formais e informais, não há


resposta fechada. Assim, você poderia responder às questões
2, 3, 4, como segue:
Ele marcou bobeira.
Ele deixou que o enganassem.
Ele fez uma tolice.
Você queimou meu filme. Você me deixou mal. Você estragou
a minha surpresa.
Você vai entrar numa fria. Você vai enfrentar problemas.
Para de encher linguiça. Chega de desviar do assunto. Chega
de enganar.
Tá ligado? Você está atento?
Não faz isso, que pega mal. / Não faça isso, que vão reparar.
Você vai tomar um analgésico ou um antitérmico? / Você vai
tomar um remédio contra dor ou contra febre?
Foi feita a assepsia do material. / O material foi desinfetado.
Me traz uma copo d’água, vai. / Por favor, traga-me um copo
d’água.

5) Muito bem. É por meio da articulação dos elementos de


comunicação e das intenções discursivas que se vai gerar a
Universidade do Sul de Santa Catarina

comunicação. Você, que estuda leitura e produção textual, não pode


ignorá-los. Também constituem base para o estudo das diferentes
funções da linguagem.
emissor da mensagem (Observou que, na sequência dos fatos,
aparece mais de um emissor?)
1º Quadro: Empregado
2º Quadro: Patrão
3º Quadro: Patrão
receptor
(Observou que na sequência dos fatos aparece mais de um receptor?)
1º Quadro: Patrão
2º Quadro: Empregado
3º Quadro: Dona Margarete e Empregado
mensagem entre receptor e emissor
O salário atrasou/ (indiretamente).
O atraso no pagamento foi pequeno.
O código é a língua portuguesa.
O contexto são conflitos decorrentes da inadimplência salarial.
O canal é Voz.

6,7,8) Estas são respostas que só visam a garantir a sua compreensão do


conteúdo estudado.

Unidade 2
1) As frases que guardam coesão entre seus elementos são as seguintes:
a) “A partir disso, essas pessoas passam a ter uma dívida de gratidão
com esse ‘amigo’. Ele as auxiliou numa hora em que o Estado se
manteve inerte.”
(Ele auxiliou as pessoas, ele as auxiliou)
b) O estudo que fizemos em redação oficial revelou inadequações que
ferem as normas gramaticais do português.
(as inadequações ferem...)

2) A frase tem incoerências. O quarto deveria espelhar as características


de seu dono: um esportista sem gosto pelas atividades intelectuais.
Mas as atividades descritas são intelectuais: um tabuleiro de xadrez
com as peças arrumadas sobre uma mesinha, as obras completas de
Shakespeare.
3) Em resposta a essa questão temos:
Pressupostos possíveis:
Sempre haverá os que chegam atrasados.
Sempre haverá apressados fazendo qualquer coisa para ganhar tempo.

214
Língua Portuguesa e Redação Oficial

Um implícito:
A crise do emprego está gerando um novo tipo de comércio lucrativo: a
venda de vaga na fila de candidatos a empregos.

4) Trata-se de pesquisa sua.

Unidade 3
1) Esta é uma resposta que tem como objetivo apenas relacionar passos
de uma narração (Comemoração de aniversário) e de uma descrição
(Um tipo inesquecível) aos respectivos textos produzidos.
Observe depois os passos que você mesmo/a seguiu, ao narrar uma
ocorrência e ao descrever um tipo suspeito.
Narração: Comemoração de aniversário
1º parágrafo
Explicar que ocorrência será narrada.
Dizer em que tempo e o lugar.
O nascimento do primeiro neto, ocorrido em janeiro do ano 1999, em
Tubarão, emocionou a todos profundamente.
2º parágrafo
Narrar a ocorrência (detalhadamente).
No primeiro aniversário, seus pais ofereceram uma linda festa, mas ‘os
avós de primeira viagem’, também fizeram a sua parte.
A festa reuniu todas as crianças da vizinhança e os netos de amigos da
família. E, como de praxe, incluía muito doce, muitos brinquedos, muita
alegria e agitação.
3º parágrafo
Indicar fatores que podem ter concorrido para a ocorrência.
4º parágrafo
Registrar possíveis desdobramentos da ocorrência.
Havia um suspense no ar, algum segredo guardado a sete chaves pelo
avô materno.
A curiosidade foi aumentando, contagiando todos, mas só iria ser
respondida, quando lá veio subindo pela rampa do salão de festas o
aniversariante, montado, muito a vontade, em um lindo poney. Um
momento para jamais se esquecer.
Descrição: Um tipo inesquecível.
1º Parágrafo
Primeira impressão, ou então, abordagem de qualquer aspecto de
caráter geral. Tratava-se de uma pessoa especial.
2º parágrafo
Características físicas:

215
Universidade do Sul de Santa Catarina

altura,
peso,
cor da pele,
idade,
cabelos,
traços do rosto (olhos, nariz, boca),
voz
indumentária,
etc.
A aparência intimidava um pouco. Era uma pessoa muito alta,
corpulenta, a pele clara, os cabelos brancos, olhos muito negros e
muito vivos, e um modo de se vestir sempre bastante formal.
O que fascinava nele era a sua inteligência, sua segurança ao emitir
uma opinião, a leitura sempre atualizada, o bom humor, o prazer em
ouvir cada um.
3º parágrafo
Características psicológicas:
personalidade,
temperamento,
caráter,
preferências,
tendências,
postura,
etc.
4º parágrafo
Síntese, concluindo. Um professor inesquecível, dentro e fora da sala de
aula.

Unidade 4
1) Esta é uma resposta possível. Há redatores que preferem manter o texto
mais compacto, com poucos parágrafos. Eu sugeriria então:
TÉCNICAS DE REDAÇÃO EMPRESARIAL
Por Paulo Botelho
“O conhecimento é o único recurso econômico que faz sentido”.
Peter Drucker, consultor americano.
Tem razão Peter Drucker com esta lúcida afirmação. Na chamada “Era
do Conhecimento”, as empresas mais bem-sucedidas serão aquelas
com a capacidade de aprender mais rápido que seus concorrentes.
Para isso, é fundamental que elas se comuniquem, mais e melhor -
interna e externamente - utilizando-se de linguagem objetiva, correta
e concisa. Escrever é comunicar-se. Escrevemos para comunicar alguma
coisa a alguém.

216
Língua Portuguesa e Redação Oficial

E o que significa comunicar-se? Pela própria etimologia da palavra,


significa tornar comum uma informação, uma ideia, um projeto. Ora,
se redigirmos um e-mail, um relatório, um memorando ou qualquer
tipo de texto, queremos que outras pessoas compreendam e assimilem
nossa mensagem; o que estamos querendo dizer.
E como proceder para que essa meta se concretize? Inicialmente,
todo texto precisa ser claro e objetivo, isto é, a mensagem tem de ser
facilmente assimilada pelo leitor e deve ir direto ao ponto, sem assuntos
periféricos que dificultam a compreensão.
Ainda, ao escrever, não precisamos ficar obcecados em demonstrar
erudição e cultura gramatical. Se quisermos escrever bem, de modo
eficaz, devemos direcionar a nossa preocupação para três funções
básicas de uma redação: produzir uma questão ou resposta, tornar o
pensamento comum e persuadir, convencer.

Unidade 5
1) Coloque no padrão oficial, sendo o caso.
Concordância Verbal:
1. Ele pediu para mim fazer o reparo, mas não vou poder. /para eu/
4. Eles tem de terminar o projeto antes do dia 30 deste. /eles têm/
6. Fazem muitos anos que o problema vem sendo contornado. /faz
muitos anos/
8. Trouxe-me alívio os relatórios. /trouxeram-me/
Foi encerrada ontem as palestras de motivação. /Foram encerradas/
Regência Verbal:
1. Vi orientações bastante interessantes sobre o tema, e copiei elas para
você. /copiei-as/
4. Sempre contei com o apoio de João, mas jamais pedi a ele um favor. /
pedi-lhe/
Tantos anos depois, encontrei-lhe ontem, por acaso, durante um ciclo
de palestras. /encontrei-o/ encontrei-a/
Naquela situação, vi a ele como um velho amigo, não como a pessoa
em que se transformou. /vi-o/
Alguns empregos e expressões:
1. Porque se atrasou? /Por que /
Por que o trânsito estava congestionado. /Porque/

217
Universidade do Sul de Santa Catarina

2. O material chegou adiantado uma semana, por isso conseguimos


enviar a análise no prazo fixado. /por isso/
3. A promoção veio de encontro à sua expectativa, e isto o deixou
muito feliz. /veio ao encontro de/
4. Acreditou na sorte ao invés de estudar para o concurso. Acabou não
classifi cado. /em vez de/
5. Falaram consigo a respeito do novo regulamento? /com o Senhor/ /
com a Senhora/
Leve consigo meus agradecimentos. Esta frase está dentro do Padrão
Oficial.
6. A reunião começa às 14 hrs. /14.00h /
Concordância nominal:
1. Nós mesmo, os prejudicados, nos encarregaremos de efetuar o
relatório. /mesmos/
2. Obrigado, disse a servente. /Obrigada/
3. Todos as consideravam meias sonhadoras. /meio/

218
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