Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Filosofia Política II
Disciplina na modalidade a distância
Palhoça
UnisulVirtual
2011
Créditos
Universidade do Sul de Santa Catarina | Campus UnisulVirtual | Educação Superior a Distância
Avenida dos Lagos, 41 – Cidade Universitária Pedra Branca | Palhoça – SC | 88137-900 | Fone/fax: (48) 3279-1242 e 3279-1271 | E-mail: cursovirtual@unisul.br | Site: www.unisul.br/unisulvirtual
Reitor Coordenadores Graduação Marilene de Fátima Capeleto Patrícia de Souza Amorim Karine Augusta Zanoni
Ailton Nazareno Soares Aloísio José Rodrigues Patricia A. Pereira de Carvalho Poliana Simao Marcia Luz de Oliveira
Ana Luísa Mülbert Paulo Lisboa Cordeiro Schenon Souza Preto Mayara Pereira Rosa
Vice-Reitor Ana Paula R.Pacheco Paulo Mauricio Silveira Bubalo Luciana Tomadão Borguetti
Sebastião Salésio Heerdt Artur Beck Neto Rosângela Mara Siegel Gerência de Desenho e
Bernardino José da Silva Simone Torres de Oliveira Desenvolvimento de Materiais Assuntos Jurídicos
Chefe de Gabinete da Reitoria Charles Odair Cesconetto da Silva Vanessa Pereira Santos Metzker Didáticos Bruno Lucion Roso
Willian Corrêa Máximo Dilsa Mondardo Vanilda Liordina Heerdt Márcia Loch (Gerente) Sheila Cristina Martins
Diva Marília Flemming Marketing Estratégico
Pró-Reitor de Ensino e Horácio Dutra Mello Gestão Documental Desenho Educacional
Lamuniê Souza (Coord.) Cristina Klipp de Oliveira (Coord. Grad./DAD) Rafael Bavaresco Bongiolo
Pró-Reitor de Pesquisa, Itamar Pedro Bevilaqua
Pós-Graduação e Inovação Jairo Afonso Henkes Clair Maria Cardoso Roseli A. Rocha Moterle (Coord. Pós/Ext.) Portal e Comunicação
Daniel Lucas de Medeiros Aline Cassol Daga Catia Melissa Silveira Rodrigues
Mauri Luiz Heerdt Janaína Baeta Neves
Aline Pimentel
Jorge Alexandre Nogared Cardoso Jaliza Thizon de Bona Andreia Drewes
Pró-Reitora de Administração José Carlos da Silva Junior Guilherme Henrique Koerich Carmelita Schulze Luiz Felipe Buchmann Figueiredo
Acadêmica José Gabriel da Silva Josiane Leal Daniela Siqueira de Menezes Rafael Pessi
Marília Locks Fernandes Delma Cristiane Morari
Miriam de Fátima Bora Rosa José Humberto Dias de Toledo
Eliete de Oliveira Costa
Joseane Borges de Miranda Gerência de Produção
Pró-Reitor de Desenvolvimento Luiz G. Buchmann Figueiredo Gerência Administrativa e Eloísa Machado Seemann Arthur Emmanuel F. Silveira (Gerente)
e Inovação Institucional Marciel Evangelista Catâneo Financeira Flavia Lumi Matuzawa Francini Ferreira Dias
Renato André Luz (Gerente) Geovania Japiassu Martins
Valter Alves Schmitz Neto Maria Cristina Schweitzer Veit
Ana Luise Wehrle Isabel Zoldan da Veiga Rambo Design Visual
Maria da Graça Poyer
Diretora do Campus Mauro Faccioni Filho Anderson Zandré Prudêncio João Marcos de Souza Alves Pedro Paulo Alves Teixeira (Coord.)
Universitário de Tubarão Moacir Fogaça Daniel Contessa Lisboa Leandro Romanó Bamberg Alberto Regis Elias
Milene Pacheco Kindermann Nélio Herzmann Naiara Jeremias da Rocha Lygia Pereira Alex Sandro Xavier
Onei Tadeu Dutra Rafael Bourdot Back Lis Airê Fogolari Anne Cristyne Pereira
Diretor do Campus Universitário Patrícia Fontanella Thais Helena Bonetti Luiz Henrique Milani Queriquelli Cristiano Neri Gonçalves Ribeiro
da Grande Florianópolis Roberto Iunskovski Valmir Venício Inácio Marcelo Tavares de Souza Campos Daiana Ferreira Cassanego
Hércules Nunes de Araújo Rose Clér Estivalete Beche Mariana Aparecida dos Santos Davi Pieper
Gerência de Ensino, Pesquisa e Marina Melhado Gomes da Silva Diogo Rafael da Silva
Secretária-Geral de Ensino Vice-Coordenadores Graduação Extensão Marina Cabeda Egger Moellwald Edison Rodrigo Valim
Adriana Santos Rammê Janaína Baeta Neves (Gerente) Mirian Elizabet Hahmeyer Collares Elpo Fernanda Fernandes
Solange Antunes de Souza Aracelli Araldi Pâmella Rocha Flores da Silva
Bernardino José da Silva Frederico Trilha
Diretora do Campus Catia Melissa Silveira Rodrigues Rafael da Cunha Lara Jordana Paula Schulka
Elaboração de Projeto Roberta de Fátima Martins Marcelo Neri da Silva
Universitário UnisulVirtual Horácio Dutra Mello Carolina Hoeller da Silva Boing
Jucimara Roesler Jardel Mendes Vieira Roseli Aparecida Rocha Moterle Nelson Rosa
Vanderlei Brasil Sabrina Bleicher Noemia Souza Mesquita
Joel Irineu Lohn Francielle Arruda Rampelotte
Equipe UnisulVirtual José Carlos Noronha de Oliveira Verônica Ribas Cúrcio Oberdan Porto Leal Piantino
José Gabriel da Silva Reconhecimento de Curso
José Humberto Dias de Toledo Acessibilidade Multimídia
Diretor Adjunto Maria de Fátima Martins Vanessa de Andrade Manoel (Coord.) Sérgio Giron (Coord.)
Moacir Heerdt Luciana Manfroi
Rogério Santos da Costa Extensão Letícia Regiane Da Silva Tobal Dandara Lemos Reynaldo
Secretaria Executiva e Cerimonial Rosa Beatriz Madruga Pinheiro Maria Cristina Veit (Coord.) Mariella Gloria Rodrigues Cleber Magri
Jackson Schuelter Wiggers (Coord.) Sergio Sell Vanesa Montagna Fernando Gustav Soares Lima
Marcelo Fraiberg Machado Pesquisa Josué Lange
Tatiana Lee Marques Daniela E. M. Will (Coord. PUIP, PUIC, PIBIC) Avaliação da aprendizagem
Tenille Catarina Valnei Carlos Denardin Claudia Gabriela Dreher Conferência (e-OLA)
Mauro Faccioni Filho (Coord. Nuvem)
Assessoria de Assuntos Sâmia Mônica Fortunato (Adjunta) Jaqueline Cardozo Polla Carla Fabiana Feltrin Raimundo (Coord.)
Internacionais Pós-Graduação Nágila Cristina Hinckel Bruno Augusto Zunino
Coordenadores Pós-Graduação Anelise Leal Vieira Cubas (Coord.) Sabrina Paula Soares Scaranto
Murilo Matos Mendonça Aloísio José Rodrigues Gabriel Barbosa
Anelise Leal Vieira Cubas Thayanny Aparecida B. da Conceição
Assessoria de Relação com Poder Biblioteca Produção Industrial
Público e Forças Armadas Bernardino José da Silva Salete Cecília e Souza (Coord.) Gerência de Logística Marcelo Bittencourt (Coord.)
Adenir Siqueira Viana Carmen Maria Cipriani Pandini Paula Sanhudo da Silva Jeferson Cassiano A. da Costa (Gerente)
Walter Félix Cardoso Junior Daniela Ernani Monteiro Will Marília Ignacio de Espíndola Gerência Serviço de Atenção
Giovani de Paula Renan Felipe Cascaes Logísitca de Materiais Integral ao Acadêmico
Assessoria DAD - Disciplinas a Karla Leonora Dayse Nunes Carlos Eduardo D. da Silva (Coord.) Maria Isabel Aragon (Gerente)
Distância Letícia Cristina Bizarro Barbosa Gestão Docente e Discente Abraao do Nascimento Germano Ana Paula Batista Detóni
Patrícia da Silva Meneghel (Coord.) Luiz Otávio Botelho Lento Enzo de Oliveira Moreira (Coord.) Bruna Maciel André Luiz Portes
Carlos Alberto Areias Roberto Iunskovski Fernando Sardão da Silva Carolina Dias Damasceno
Cláudia Berh V. da Silva Rodrigo Nunes Lunardelli Capacitação e Assessoria ao Fylippy Margino dos Santos Cleide Inácio Goulart Seeman
Conceição Aparecida Kindermann Rogério Santos da Costa Docente Guilherme Lentz Denise Fernandes
Luiz Fernando Meneghel Thiago Coelho Soares Alessandra de Oliveira (Assessoria) Marlon Eliseu Pereira Francielle Fernandes
Renata Souza de A. Subtil Vera Rejane Niedersberg Schuhmacher Adriana Silveira Pablo Varela da Silveira Holdrin Milet Brandão
Alexandre Wagner da Rocha Rubens Amorim
Assessoria de Inovação e Jenniffer Camargo
Gerência Administração Elaine Cristiane Surian (Capacitação) Yslann David Melo Cordeiro Jessica da Silva Bruchado
Qualidade de EAD Acadêmica Elizete De Marco
Denia Falcão de Bittencourt (Coord.) Jonatas Collaço de Souza
Angelita Marçal Flores (Gerente) Fabiana Pereira Avaliações Presenciais
Andrea Ouriques Balbinot Juliana Cardoso da Silva
Fernanda Farias Iris de Souza Barros Graciele M. Lindenmayr (Coord.)
Carmen Maria Cipriani Pandini Juliana Elen Tizian
Juliana Cardoso Esmeraldino Ana Paula de Andrade
Secretaria de Ensino a Distância Kamilla Rosa
Maria Lina Moratelli Prado Angelica Cristina Gollo
Assessoria de Tecnologia Samara Josten Flores (Secretária de Ensino) Simone Zigunovas
Mariana Souza
Osmar de Oliveira Braz Júnior (Coord.) Cristilaine Medeiros Marilene Fátima Capeleto
Giane dos Passos (Secretária Acadêmica) Daiana Cristina Bortolotti
Felipe Fernandes Adenir Soares Júnior Tutoria e Suporte Maurício dos Santos Augusto
Felipe Jacson de Freitas Delano Pinheiro Gomes Maycon de Sousa Candido
Alessandro Alves da Silva Anderson da Silveira (Núcleo Comunicação) Edson Martins Rosa Junior
Jefferson Amorin Oliveira Andréa Luci Mandira Claudia N. Nascimento (Núcleo Norte- Monique Napoli Ribeiro
Phelipe Luiz Winter da Silva Fernando Steimbach Priscilla Geovana Pagani
Cristina Mara Schauffert Nordeste)
Fernando Oliveira Santos
Priscila da Silva Djeime Sammer Bortolotti Maria Eugênia F. Celeghin (Núcleo Pólos) Sabrina Mari Kawano Gonçalves
Rodrigo Battistotti Pimpão Lisdeise Nunes Felipe Scheila Cristina Martins
Douglas Silveira Andreza Talles Cascais Marcelo Ramos
Tamara Bruna Ferreira da Silva Evilym Melo Livramento Daniela Cassol Peres Taize Muller
Marcio Ventura Tatiane Crestani Trentin
Fabiano Silva Michels Débora Cristina Silveira Osni Jose Seidler Junior
Coordenação Cursos Fabricio Botelho Espíndola Ednéia Araujo Alberto (Núcleo Sudeste) Thais Bortolotti
Coordenadores de UNA Felipe Wronski Henrique Francine Cardoso da Silva
Diva Marília Flemming Gisele Terezinha Cardoso Ferreira Janaina Conceição (Núcleo Sul) Gerência de Marketing
Marciel Evangelista Catâneo Indyanara Ramos Joice de Castro Peres Eliza B. Dallanhol Locks (Gerente)
Roberto Iunskovski Janaina Conceição Karla F. Wisniewski Desengrini
Jorge Luiz Vilhar Malaquias Kelin Buss Relacionamento com o Mercado
Auxiliares de Coordenação Juliana Broering Martins Liana Ferreira Alvaro José Souto
Ana Denise Goularte de Souza Luana Borges da Silva Luiz Antônio Pires
Camile Martinelli Silveira Luana Tarsila Hellmann Maria Aparecida Teixeira Relacionamento com Polos
Fabiana Lange Patricio Luíza Koing Zumblick Mayara de Oliveira Bastos Presenciais
Tânia Regina Goularte Waltemann Maria José Rossetti Michael Mattar Alex Fabiano Wehrle (Coord.)
Jeferson Pandolfo
Carlos Euclides Marques
Daniel Swoboda Murialdo
Leandro Kingeski Pacheco
Marcos Rohling
Nei Antonio Nunes
Filosofia Política II
Livro didático
Design instrucional
Ana Cláudia Taú
Melina de la Barrera Ayres
1ª edição revista
Palhoça
UnisulVirtual
2011
Copyright © UnisulVirtual 2011
Nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida por qualquer meio sem a prévia autorização desta instituição.
Design Instrucional
Ana Cláudia Taú
Melina de La Barrera Ayres
Assistente Acadêmico
Aline Cassol Daga (1ª ed. rev.)
ISBN
978-85-7817-244-2
Diagramação
Alice Demaria Silva
Edison Valim (1ª ed. rev.)
Revisão
Papyrus Textos Ltda.
320.01
M31 Marques, Carlos Euclides
Filosofia política II : livro didático / Carlos Euclides Marques ... [et al.] ;
design instrucional Ana Cláudia Taú, Melina de la Barrera Ayres ; [assistente
acadêmico Aline Cassol Daga]. – Palhoça : UnisulVirtual, 2011.
250 p. : il. ; 28 cm.
Inclui bibliografia.
ISBN 978-85-7817-244-2
Apresentação. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7
Palavras dos professores . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
Plano de estudo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
Equipe UnisulVirtual.
7
Palavras dos professores
Olá, estudante!
Bom estudo!
o livro didático;
o Sistema Tutorial.
Ementa
Pensamento político contemporâneo. Introdução a Hegel e
Marx. A crítica ao Contratualismo. Aspectos da Filosofia
Política na contemporaneidade.
Universidade do Sul de Santa Catarina
Objetivos
Geral:
Analisar a produção do pensamento político contemporâneo,
recuperando a noção de Estado Moderno, de forma a refletir
sobre as crises deste conceito face a perspectivas dos novos
regimes políticos.
Específicos:
Carga Horária
A carga horária total da disciplina é 60 horas-aula.
Conteúdo programático/objetivos
Veja, a seguir, as unidades que compõem o livro didático desta
disciplina e os seus respectivos objetivos. Estes se referem aos
resultados que você deverá alcançar ao final de uma etapa de
estudo. Os objetivos de cada unidade definem o conjunto de
conhecimentos que você deverá possuir para o desenvolvimento
de habilidades e competências necessárias à sua formação.
12
Filosofia Política II
Unidades de estudo: 5
13
Universidade do Sul de Santa Catarina
Agenda de atividades/Cronograma
Atividades obrigatórias
14
1
UNIDADE 1
Objetivos de aprendizagem
Recuperar algumas noções modernas de Estado e
analisá-las a partir da perspectiva hegeliana e marxista.
Estabelecer as primeiras diferenciações entre as noções
modernas e contemporâneas de Estado.
Refletir sobre a noção hegeliana de Estado.
Seções de estudo
Seção 1 Questionamentos iniciais ou o preâmbulo da noção
de Estado
Seção 2 As contribuições de Maquiavel e dos
contratualistas, passando pelas críticas a certos
aspectos dessas contribuições
Seção 3 A noção hegeliana de Estado
Universidade do Sul de Santa Catarina
Ansioso(a)?
16
Filosofia Política II
Quanto a Estado
Ciência política;
Organização partidária;
Unidade 1 17
Universidade do Sul de Santa Catarina
Quanto a Poder
Ter autorização;
Domínio, controle;
Governo de um país;
18
Filosofia Política II
Unidade 1 19
Universidade do Sul de Santa Catarina
Povo
Eis uma noção um pouco vaga no âmbito da política. O
Dicionário de ciências sociais (SILVA, 1986, p. 953) atesta isto:
20
Filosofia Política II
Território
Das três, provavelmente esta é a noção mais clara. Fique, então,
com a definição jurídica apresentada pelo Dicionário Houaiss
eletrônico da língua portuguesa (2009):
Unidade 1 21
Universidade do Sul de Santa Catarina
22
Filosofia Política II
Unidade 1 23
Universidade do Sul de Santa Catarina
24
Filosofia Política II
Unidade 1 25
Universidade do Sul de Santa Catarina
Acredita o autor canadense que a análise de Hobbes da Natureza Embora não as discutamos
Humana — pela qual discutiria os temas do poder e da sociedade aqui, você pode
localizar na bibliografia
— consolida a ideia de uma sociedade de mercado possessivo. disponibilizada ao final
Nesta sociedade de mercado possessivo, não é só o trabalho da unidade, indicações de
humano que se torna artigo de mercado, pois “as relações de outras visões não menos
mercado moldam ou permeiam de tal forma todas as relações que profícuas e instigantes,
ela pode ser adequadamente chamada de sociedade de mercado, como as de Carl Schmitt,
Leo Strauss, Quentin
e não apenas de economia de mercado”. E mais, Hobbes estaria
Skinner, Richard Tuck,
mais ou menos consciente de que este modelo de sociedade era Norberto Bobbio e Renato
o referencial para a sua teoria política. Entretanto, esta é apenas Janine Ribeiro.
uma das interpretações sobre a Filosofia Política hobbesiana.
Unidade 1 27
Universidade do Sul de Santa Catarina
28
Filosofia Política II
Unidade 1 29
Universidade do Sul de Santa Catarina
30
Filosofia Política II
Unidade 1 31
Universidade do Sul de Santa Catarina
32
Filosofia Política II
Unidade 1 33
Universidade do Sul de Santa Catarina
34
Filosofia Política II
36
Filosofia Política II
Você sabia?
Para atualizar e contextualizar tal questionamento, tome o caso
do debate constitucional brasileiro sobre a legitimidade das
cláusulas pétreas na constituição brasileira, bem ilustrado no
artigo Reflexões acerca da legitimidade das cláusulas pétreas,
de Frederico Augusto Leopoldino Koehler, professor e Juiz
Federal do Tribunal Regional Federal da 5ª Região, em Recife-PE,
do qual transcrevemos o Resumo:
Unidade 1 37
Universidade do Sul de Santa Catarina
38
Filosofia Política II
Unidade 1 39
Universidade do Sul de Santa Catarina
40
Filosofia Política II
Unidade 1 41
Universidade do Sul de Santa Catarina
42
Filosofia Política II
Unidade 1 43
Universidade do Sul de Santa Catarina
antítese; e
síntese.
Unidade 1 45
Universidade do Sul de Santa Catarina
46
Filosofia Política II
Unidade 1 47
Universidade do Sul de Santa Catarina
48
Filosofia Política II
Unidade 1 49
Universidade do Sul de Santa Catarina
Síntese
50
Filosofia Política II
Atividades de autoavaliação
Unidade 1 51
Universidade do Sul de Santa Catarina
Saiba mais
52
Filosofia Política II
Unidade 1 53
Universidade do Sul de Santa Catarina
Fonte: HUISMAN, Denis. Dicionário da obras filosóficas. São Paulo: Martins Fontes,
2000, p. 443-444.
54
Filosofia Política II
Unidade 1 55
Universidade do Sul de Santa Catarina
56
2
UNIDADE 2
A noção de Estado 2: da
concepção negativa de Estado
marxista à crise do Estado
Carlos Euclides Marques
Objetivos de aprendizagem
Compreender, a partir da visão marxista, o papel do
Estado e refletir a respeito.
Avaliar, face aos novos regimes políticos do século XX, os
limites da noção moderna de Estado.
Seções de estudo
Seção 1 A posição marxista
58
Filosofia Política II
Unidade 2 59
Universidade do Sul de Santa Catarina
60
Filosofia Política II
Unidade 2 61
Universidade do Sul de Santa Catarina
62
Filosofia Política II
Unidade 2 63
Universidade do Sul de Santa Catarina
64
Filosofia Política II
Unidade 2 65
Universidade do Sul de Santa Catarina
66
Filosofia Política II
Unidade 2 67
Universidade do Sul de Santa Catarina
68
Filosofia Política II
70
Filosofia Política II
Unidade 2 71
Universidade do Sul de Santa Catarina
72
Filosofia Política II
Unidade 2 73
Universidade do Sul de Santa Catarina
74
Filosofia Política II
Unidade 2 75
Universidade do Sul de Santa Catarina
76
Filosofia Política II
Unidade 2 77
Universidade do Sul de Santa Catarina
78
Filosofia Política II
Unidade 2 79
Universidade do Sul de Santa Catarina
80
Filosofia Política II
Unidade 2 81
Universidade do Sul de Santa Catarina
Síntese
Atividades de autoavaliação
82
Filosofia Política II
Unidade 2 83
Universidade do Sul de Santa Catarina
Saiba mais
84
Filosofia Política II
Unidade 2 85
Universidade do Sul de Santa Catarina
86
Filosofia Política II
Unidade 2 87
Universidade do Sul de Santa Catarina
88
Filosofia Política II
Unidade 2 89
Universidade do Sul de Santa Catarina
90
Filosofia Política II
Unidade 2 91
Universidade do Sul de Santa Catarina
92
Filosofia Política II
Unidade 2 93
Universidade do Sul de Santa Catarina
94
3
UNIDADE 3
Tocqueville e a questão da
democracia
Marcos Rohling
Carlos Euclides Marques
Objetivos de aprendizagem
Refletir e analisar sobre a noção de democracia em
Tocqueville.
Debater, crítica e coerentemente, aspectos ligados ao
regime democrático.
Refletir sobre a participação política e o exercício da
liberdade.
Seções de estudo
Seção 1 Tocqueville: contextualização histórica
Vamos lá!
96
Filosofia Política II
Unidade 3 97
Universidade do Sul de Santa Catarina
98
Filosofia Política II
das condições cria uma aspiração à igualdade, a qual incita, por seu
turno, a equalização das condições, segundo Olivier Nay (2007, p.
314-315). Assim, continua o autor, os americanos, no movimento
de transformação para a democracia, atingiram o estágio mais
elevado, posto que o objetivo de sua independência coloca-se na
realização deste intento (NAY, 2007, p. 315). Neste contexto, a questão
relevante para o autor é como, dada a igualdade de condições –
que, na América, é decorrência da lei de sucessão --–, pode-se salvar
a liberdade? Conforme apontado acima, a resposta de Tocqueville
inclina-se para o associacionismo, base sobre a qual se propõe pensar
o fundamento da virtude cívica. Também, como já mencionado, a
religião tem papel fundamental no desenvolvimento dos sentimentos
morais, e os sentimentos morais são os mesmos sentimentos do
cidadão, isto é, aqueles que incitam a virtude cívica.
Neste contexto, da democracia liberal, a pesquisa é arvorada em três
distintos momentos, a saber: contextualização histórica à Tocqueville,
seguida pela exposição das ideias gerais de A Democracia na
América (1977). Por fim, atinente à proposta desta pesquisa,
procura-se pensar e conceber, a partir da liberdade e da igualdade, a
virtude cívica.
Unidade 3 99
Universidade do Sul de Santa Catarina
Você sabia?
Roberspierre: político e revolucionário francês
(6/5/1758, Arrás, França -- 28/7/1794, Paris, França)
“O Governo revolucionário deve aos bons cidadãos
toda a proteção nacional; aos inimigos do povo
ele deve apenas a morte.” Neste trecho de um
discurso à Convenção, Maximilien Marie Isidore
de Robespierre expressou o fanatismo que tomou
Figura 3.1 - Roberspierre
conta da Revolução Francesa, no período que se Fonte: Dicionário...([200-?]).
seguiu à deposição da monarquia, conhecido
como “Terror”.
Filho de uma família da pequena burguesia, Maximilien Robespierre (Figura
3.1) perdeu sua mãe cedo e foi depois abandonado pelo pai. Viajou a Paris
com uma bolsa de estudos e, em 1781, graduou-se em direito. Exerceu a
profissão de advogado em sua cidade natal, Arrás, com sucesso.
Em abril de 1789, Robespierre tornou-se deputado pelo terceiro estado da
região de Artois. Revelou-se um grande orador.
Em abril de 1790, tornou-se membro do Clube dos Jacobinos, a ala mais
radical dos revolucionários. A partir daí, adquiriu notoriedade e sua vida
passou a estar intimamente associada aos acontecimentos da Revolução
Francesa.
Em 1791, Robespierre tornou-se um dos principais líderes da insurreição
popular do Campo de Marte. Sua fama de defensor do povo valeu-lhe o
apelido de “Incorruptível”. Depois da deposição da família real, em 1792,
Robespierre aderiu à Comuna de Paris e tornou-se um dos chefes do
governo revolucionário. Combateu então a facção dos girondinos, menos
radicais.
Robespierre foi um dos que pediram a condenação do Rei Luís XVI,
guilhotinado em 21 de janeiro de 1793. Em julho do mesmo ano,
Robespierre criou um Comitê de Salvação Pública para perseguir os
inimigos da revolução. Foi instaurado o regime do “Grande Terror” — o
auge da ditadura de Robespierre.
Em 1794, Robespierre mandou executar Danton, o revolucionário que
propunha um rumo mais moderado para a revolução. Neste mesmo ano,
tornou-se Presidente da Convenção Nacional. No dia 27 de julho, em uma
sessão tumultuada, Robespierre foi ferido e teve que sair da sala às pressas.
Foi detido imediatamente por seus inimigos e, dois dias depois, mandado à
guilhotina.
FONTE: UOL Educação (2010b).
100
Filosofia Política II
Unidade 3 101
Universidade do Sul de Santa Catarina
102
Filosofia Política II
Você sabia?
Max Weber (21/04/1864, Erturt, Alemanha —
14/06/1920, Munique, Alemanha)
Unidade 3 103
Universidade do Sul de Santa Catarina
104
Filosofia Política II
Unidade 3 105
Universidade do Sul de Santa Catarina
106
Filosofia Política II
Unidade 3 107
Universidade do Sul de Santa Catarina
108
Filosofia Política II
Unidade 3 109
Universidade do Sul de Santa Catarina
110
Filosofia Política II
Unidade 3 111
Universidade do Sul de Santa Catarina
Tirania da maioria
Como você viu, a preocupação de Tocqueville, no primeiro livro,
nunca foi com as nefastas consequências da democracia, mas
apenas descrever a democracia entre os americanos. Contudo,
Texto em português: A separação
dos poderes, baseada na máxima
como supradito, neste livro o autor já apontara para os riscos
de que le pouvoir arrête le pouvoir que a democracia pode conter em si, entre os quais, o da tirania
(o poder detém o poder), é da maioria, que procede inequivocamente da vontade de todos
fruto dessa preocupação e abre — por isso, arrogando-se o direito de tudo fazer. Não pode
uma linha de pensamento que, ser esquecido que a preocupação fundamental de Tocqueville é
com antecedentes em Locke, se
prolongará em pensadores como
encontrar um método de limitar e controlar o poder, para que
Benjamin Constant, Tocqueville se possam evitar os abusos que este pode conter. Assim, como
ou o próprio Stuart Mill, todos eles aponta Muños-Alonso (2007, p. 244),
em permanente guarda contra os
abusos da maioria.
La separación de poderes, basada en la máxima de que
le pouvoir arrête le pouvoir, es fruto de esa preocupación
y abre una línea de pensamiento que, con antecedentes
en Locke, se prolongará en pensadores como Benjamin
Constant, Tocqueville o el propio Stuart Mill, todos ellos
en guardia permanente contra los abusos de la mayoría.
112
Filosofia Política II
Unidade 3 113
Universidade do Sul de Santa Catarina
Despotismo democrático
Se o desenrolar de suas ideias sobre a tirania da maioria aparece
no primeiro livro de A Democracia na América (1977), as
suas reflexões a respeito dos perigos da concentração do poder
e dos tipos de despotismo que devem temer as sociedades
democráticas ocupam os últimos capítulos do segundo
livro. Isto se deve, em parte, não ao contato imediato com a
sociedade americana, mas a uma reflexão ainda mais profunda e
prolongada da democracia. A sociedade americana, no segundo
livro, é uma cortina de fundo que põe questões muito mais
gerais acerca do futuro da democracia.
114
Filosofia Política II
Unidade 3 115
Universidade do Sul de Santa Catarina
116
Filosofia Política II
Unidade 3 117
Universidade do Sul de Santa Catarina
118
Filosofia Política II
Unidade 3 119
Universidade do Sul de Santa Catarina
120
Filosofia Política II
Unidade 3 121
Universidade do Sul de Santa Catarina
122
Filosofia Política II
Unidade 3 123
Universidade do Sul de Santa Catarina
Você deve ter notado que muitos destes aspectos são comuns a
regimes ditatoriais implantados na América Latina na segunda
metade do século passado. Depois Chauí passa a apresentar a
Revolução Russa e demonstra como o stalinismo se contrapôs às
teses de Marx e Engels.
124
Filosofia Política II
Unidade 3 125
Universidade do Sul de Santa Catarina
126
Filosofia Política II
Unidade 3 127
Universidade do Sul de Santa Catarina
128
Filosofia Política II
Unidade 3 129
Universidade do Sul de Santa Catarina
Síntese
Atividades de autoavaliação
130
Filosofia Política II
Unidade 3 131
Universidade do Sul de Santa Catarina
Saiba mais
O utilitarismo
O utilitarismo como corrente de pensamento no
campo da ética e da filosofia política tem sua origem
principalmente nas idéias do pensador francês Claude-
Adrien Helvétius (1715-71) e do inglês Jeremy Bentham
(1748-1832), este influenciado por Helvétius. Esses
pensadores formularam o ‘princípio de utilidade’ como
critério do valor moral de um ato. De acordo com este
princípio universal, o bem seria aquilo que maximiza
o benefício e reduz a dor ou o sofrimento. Terão mais
valor de um ponto de vista ético, portanto, as ações
que beneficiarem o maior número de pessoas possível.
Trata-se de uma concepção que avalia o caráter ético
de uma atitude a partir do ponto de vista de suas
conseqüências ou resultados. Este princípio difun
diu-se bastante no século XVIII, durante o Iluminismo,
132
Filosofia Política II
Unidade 3 133
Universidade do Sul de Santa Catarina
Tocqueville e a República
Publicado na Folha de São Paulo, terça-feira, 15 de novembro de 1977.
134
Filosofia Política II
Unidade 3 135
Universidade do Sul de Santa Catarina
136
Filosofia Política II
Introdução à democracia
Publicado na Folha da Manhã, terça-feira, 18 de setembro de 1951.
Sérgio Buarque de Holanda
Unidade 3 137
Universidade do Sul de Santa Catarina
138
Filosofia Política II
Unidade 3 139
Universidade do Sul de Santa Catarina
140
Filosofia Política II
Unidade 3 141
Universidade do Sul de Santa Catarina
142
4
UNIDADE 4
Objetivos de aprendizagem
Refletir sobre as noções de política e poder em Hannah
Arendt e Michel Foucault e analisá-las.
Apresentar algumas das teses centrais de Arendt e
Foucault no debate sobre a Filosofia Política.
Estabelecer relações entre o pensamento político de
Arendt e Foucault.
Subsidiar conceitualmente alguns aspectos da ação
política atualmente.
Seções de estudo
Seção 1 Hannah Arendt: a política como liberdade
144
Filosofia Política II
Unidade 4 145
Universidade do Sul de Santa Catarina
146
Filosofia Política II
Unidade 4 147
Universidade do Sul de Santa Catarina
148
Filosofia Política II
A lei imposta pelo povo faz-se sobre ele mesmo. Neste sentido, não
há mando ou obediência, porque não há quem mande ou obedeça.
É como se todos mandassem e obedecessem, e a relação estabelecida
é uma relação entre iguais. Eis outro aspecto da política, para a
politóloga, de caráter negativo: não dominar e não ser escravo.
Unidade 4 149
Universidade do Sul de Santa Catarina
150
Filosofia Política II
Unidade 4 151
Universidade do Sul de Santa Catarina
152
Filosofia Política II
Unidade 4 153
Universidade do Sul de Santa Catarina
154
Filosofia Política II
Unidade 4 155
Universidade do Sul de Santa Catarina
156
Filosofia Política II
Unidade 4 157
Universidade do Sul de Santa Catarina
158
Filosofia Política II
Unidade 4 159
Universidade do Sul de Santa Catarina
160
Filosofia Política II
Unidade 4 161
Universidade do Sul de Santa Catarina
162
Filosofia Política II
Unidade 4 163
Universidade do Sul de Santa Catarina
164
Filosofia Política II
Unidade 4 165
Universidade do Sul de Santa Catarina
166
Filosofia Política II
Unidade 4 167
Universidade do Sul de Santa Catarina
168
Filosofia Política II
Unidade 4 169
Universidade do Sul de Santa Catarina
170
Filosofia Política II
Unidade 4 171
Universidade do Sul de Santa Catarina
172
Filosofia Política II
Mas qual a consequência desta tese para nós? O que ela pode
significar em termos de política?
Unidade 4 173
Universidade do Sul de Santa Catarina
174
Filosofia Política II
Síntese
Unidade 4 175
Universidade do Sul de Santa Catarina
Atividades de autoavaliação
176
Filosofia Política II
Saiba mais
Unidade 4 177
Universidade do Sul de Santa Catarina
178
Filosofia Política II
Wilhelm Reich
Psicanalista
Em 1922, casou com uma assistente, Annie Pink (eles teriam duas filhas).
Unidade 4 179
Universidade do Sul de Santa Catarina
Em 1939, separou-se de Elsa e foi viver com Ilse Ollendor (os dois
teriam um filho). No mesmo ano, mudou-se para os EUA.
180
Filosofia Política II
Unidade 4 181
Universidade do Sul de Santa Catarina
182
5
UNIDADE 5
A questão da resistência e da
desobediência civil: remédios
liberais para o governo liberal
Marcos Rohling
Carlos Euclides Marques
Objetivos de aprendizagem
Diferenciar desobediência e resistência civil.
Analisar, principalmente a partir do pensamento político
de John Rawls, a noção de desobediência civil e suas
implicações.
Indicar os critérios que definem a desobediência civil.
Estabelecer relações entre as noções estudadas e certos
aspectos da vida política contemporânea.
Seções de estudo
Seção 1 Preâmbulos conceituais: resistência e
desobediência civis
Seção 2 Recuperando Locke
Vamos à caminhada!
184
Filosofia Política II
Unidade 5 185
Universidade do Sul de Santa Catarina
O princípio da legitimidade
186
Filosofia Política II
Unidade 5 187
Universidade do Sul de Santa Catarina
188
Filosofia Política II
Unidade 5 189
Universidade do Sul de Santa Catarina
190
Filosofia Política II
Unidade 5 191
Universidade do Sul de Santa Catarina
modo que não existem ideias inatas, também não existe poder
que possa ser considerado inato e de origem divina, assim como
desejavam os teóricos do absolutismo.
A conquista
A conquista, em termos simples, consiste na dissolução do
governo a partir de ações exteriores à comunidade civil. Locke
assevera que, por conta da ambição que tem “enchido o mundo”,
“muitas pessoas têm tomado a força das armas por consentimento
do povo, considerando a conquista como uma das origens do
governo” (LOCKE, 1991, Cap. XVI, p. 286). O que Locke
tem em mente é deixar claro que, em sua teoria, apenas o
consentimento é fundante de uma comunidade política, pois
“sem o consentimento do povo, não é possível nunca fundar-se
nova sociedade” (ibid., op cit.). Locke dedica um longo capítulo a
esta temática e, em seu interior, divisa dois tipos de conquistas:
192
Filosofia Política II
O contraste é aqui
A usurpação estabelecido no seguinte
sentido: a conquista
A usurpação, similar à conquista injusta, difere desta num degenera o governo e a
ponto: esta se trata de uma ação intentada do exterior da sociedade civil, ao mesmo
comunidade política, ao passo que aquela parte do interior da tempo, porque consiste,
quanto aos fundamentos,
sociedade política, pois que se configura como alterações do
nos princípios de
poder determinadas a partir do interior da própria comunidade, conquista. (LOCKE, 1991,
advindas de golpes e das revoluções ou guerras civis. Este tipo Cap. XVI, p. 286-293).
de degeneração, em contraste com a conquista, consiste na
mudança de pessoas, quanto ao governo da sociedade, e não
das formas e normas deste. Assim, o usurpador, para Locke, é
aquele que toma para si o que não lhe pertence, nem de fato, nem
de direito, invadindo, pois, a propriedade de terceiros. Locke
expressa-o nos seguintes termos:
Unidade 5 193
Universidade do Sul de Santa Catarina
A tirania
A tirania consiste na terceira forma de degeneração da sociedade
civil. Esta é compreendida, por Locke, como “o exercício do
poder além do direito, o que não pode caber a pessoa alguma”
(LOCKE, 1991, Cap. XVII, p. 295), como desvirtuamento dos
fins da comunidade civil, por parte do governante, em favor do
atendimento às suas paixões particulares. Assim sendo, o tirano
é aquele que, tendo sido levado ao poder de modo legítimo, por
meio de do consentimento da comunidade, não o exerce para o
bem público. Portanto, é tirano todo aquele que, mesmo havendo
obtido o poder de forma legítima, por intermédio da comunidade
política, não cumpre as leis estabelecidas pelo legislativo, não
governa dentro dos limites da lei, com vistas ao bem público,
mas apenas segundo sua vontade e vantagens pessoais. (FILHO,
1980). Nesta perspectiva, segundo o entende Locke, por não
se comprometer com o interesse pelo bem público, assim como
o conquistador e o usupador, o tirano também poderá sofrer,
dentro da legitimidade, a resistência do povo. Neste prisma,
Locke afirma que, contra a tirania, como contra todo o poder
político que exceda os seus limites e ponha o arbítrio no lugar
da lei, o povo tem o direito de recorrer à resitência ativa e à
força. Neste caso, a resistência não é rebelião, porque é, antes,
a resistência contra a rebelião dos governos à lei e à própria
natureza da sociedade civil. O povo, para o filósofo, torna-se juiz
dos governantes e, de algum modo, apela para o próprio juízo de
Deus. (LOCKE, 1991).
194
Filosofia Política II
A dissolução do governo
A última forma de degeneração é a dissolução do governo. De
forma analítica, colocam-se, para Locke, duas condições para que
o governo seja dissolvido, a saber:
Unidade 5 195
Universidade do Sul de Santa Catarina
196
Filosofia Política II
Unidade 5 197
Universidade do Sul de Santa Catarina
198
Filosofia Política II
Unidade 5 199
Universidade do Sul de Santa Catarina
200
Filosofia Política II
Unidade 5 201
Universidade do Sul de Santa Catarina
Unidade 5 203
Universidade do Sul de Santa Catarina
Para ilustrar, eis uma lista das necessidades básicas apontadas por
Rawls:
204
Filosofia Política II
Unidade 5 205
Universidade do Sul de Santa Catarina
O Estado de Direito
De acordo com Rawls, pode-se dizer que o estado de direito
envolve preceitos. Veja a seguir a explicação de alguns deles:
206
Filosofia Política II
são sujeitados aos seus ditames, visto que leis e ordens são aceitas,
se, realmente, acredita-se que se pode obedecer a elas e executá-
las. Por último, este princípio preceitual expressa, segundo
Rawls, a exigência de que um sistema jurídico reconheça a
impossibilidade de cumprimento e obediência como defesa. Caso
não o possa, que seja, pelo menos, um atenuante. O sentido disto
é que, ao impor regras, um sistema jurídico deve ter em conta
a capacidade, ou não, para sua execução como algo relevante.
Seria um fardo insuportável para a liberdade, enfatiza Rawls, se
a possibilidade de sofrer sanções se limitasse a atos acerca dos
quais a execução, ou não execução, não estivesse em nosso poder.
(RAWLS, 1997).
Unidade 5 207
Universidade do Sul de Santa Catarina
208
Filosofia Política II
Unidade 5 209
Universidade do Sul de Santa Catarina
210
Filosofia Política II
Unidade 5 211
Universidade do Sul de Santa Catarina
212
Filosofia Política II
Unidade 5 213
Universidade do Sul de Santa Catarina
A desobediência civil
A desobediência civil é desenvolvida por Rawls na segunda parte
de sua obra Uma Teoria da Justiça, estando, portanto, vinculada
não à teoria ideal, mas à teoria não-ideal, isto é, às instituições in
concreto. Para Rawls, o fato de uma lei ser injusta não caracteriza
as circunstâncias necessárias para a justificação da desobediência
civil. Embora o autor considere como necessário que uma teoria
da obediência admita a possibilidade da desobediência civil,
o autor não considera que tal deva ser praticada de qualquer
modo. A desobediência civil, deste ponto de vista, direta ou
indiretamente — Rawls enfileira-se entre aqueles que fazem esta
distinção — deve ser um ato público e não violento, pretendendo,
No que concerne à obediência à
mesmo que se sofra sanções, a correção da lei.
lei, na obra de Rawls, tem-se dois
referenciais: por um lado, no âmbito
internacional, em O Direito dos Na teoria rawlsiana, uma lei injusta é aquela que não
Povos, o estudo das diferentes está de acordo com as enunciações e implicações
sociedades admitidas pelo autor; provenientes dos princípios da justiça, os quais estão
por outro, em, Uma Teoria da na base do estabelecimento de todos os deveres
Justiça, o estudo do que é uma lei e obrigações. Para o filósofo, o fato de uma lei ser
injusta e da desobediência civil. injusta não é motivo justo e razão suficiente para
deixar de obedecê-la.
214
Filosofia Política II
Unidade 5 215
Universidade do Sul de Santa Catarina
216
Filosofia Política II
Definição
Rawls alerta que uma teoria acerca da desobediência civil
deve, antes de tudo, definir o âmbito dentro do qual se situa
A desobediência civil
e identificar, igualmente, as considerações que são, de fato, rawlsiana é concebida
pertinentes. inexoravelmente para o
caso particular de uma
Para o filósofo, a desobediência é iniciada com um público cujos sociedade bem-ordenada,
constitutivos principais são a não violência e a consciência no isto é, uma sociedade
sentido de que propõe uma mudança na lei. O ato de protesto democrática, quase
justa, na qual acontecem,
configurante da desobediência civil não viola necessariamente
porém, violações sérias da
a mesma lei contra a qual se protesta. Há, para Rawls, uma justiça. Neste sentido, diz
distinção entre a desobediência civil direta e indireta. Tal diferença o autor, a desobediência
é esclarecida por Joelton Nascimento (2006) em seu ensaio “O civil apresenta-se no
conceito de desobediência civil na teoria do Brasil à luz das interior de uma sociedade
democrática mais ou
reflexões de Hannah Arendt”.
menos justa e configura-se
como um problema de
deveres conflitantes. A
[...] desobediência indireta, ou seja, quando o contestador
teoria da desobediência
viola uma lei não por achá-la injusta, mas para contestar
civil rawlsiana tem
uma outra ação ou política governamental. Ao contrário
três partes, a saber: a
da desobediência direta, que é quando o contestador viola
definição, a justificação e o
uma lei para atacar o conteúdo apenas da lei a que viola.
papel que ela desempenha
na sociedade. (RAWLS,
Além disso, Rawls entende literalmente que a desobediência 1997, p. 402-3).
civil é um ato contrário à lei, e que os envolvidos, mesmo
considerando que uma lei protestada seja mantida, estão
preparados para opor-se a ela. (RAWLS, 1997, p. 404).
Unidade 5 217
Universidade do Sul de Santa Catarina
218
Filosofia Política II
Unidade 5 219
Universidade do Sul de Santa Catarina
220
Filosofia Política II
Unidade 5 221
Universidade do Sul de Santa Catarina
222
Filosofia Política II
Síntese
Unidade 5 223
Universidade do Sul de Santa Catarina
Atividades de autoavaliação
224
Filosofia Política II
Saiba mais
John Rawls
(1921, Baltimore, EUA - 2002, Lexington,
EUA)
O filósofo de Harvard John Rawls é um
dos membros do clube dos grandes
pensadores do contracto liberal, que
incluiu entre outros T. Hobbes, J.J.
Rousseau, J. Locke e I.Kant.
Em 1971, publicou o seu primeiro Figura 5.1 - John Rawls
trabalho A Teoria da Justiça. Neste Fonte: University of West
trabalho, citado extensivamente nas Florida (2007).
áreas da filosofia, política e economia, que gerou mais discussões
que qualquer outro trabalho de filósofos do sec. XX, Rawls
desenvolve os princípios da justiça, que deveriam estruturar uma
sociedade liberal. Inicia o seu trabalho criando uma situação
hipotética, a que chama a “posição original”: os participantes têm
que definir os princípios e linhas orientadoras da sua vida futura
em nível político econômico-social ao longo de uma discussão
onde estão cobertos pelo véu da ignorância.
O véu da ignorância impede as pessoas de conhecer qualquer
informação, incluindo a que lhe diz respeito, relativamente à
posição na sociedade, posse de matérias primas, sexo, crenças
religiosas, ranking social, etc. Sem saber a sua própria posição
na sociedade futura, se vão ser ricos ou pobres, membros da
maioria ou da minoria e por aí fora, consegue-se garantir um
debate imparcial entre os intervenientes, pois estes não são
afectados pelos interesses parciais, o que conduz à determinação
de princípios justos e à obtenção de acordos. É por isso que John
Rawls afirma que obtém uma “Justiça Justa”. A argumentação
consiste em que cada pessoa irá querer garantir os princípios da
Justiça, porque ele ou ela pode calhar no extracto social mais
baixo da sociedade. A aplicação igual da lei para todos, leva à
exclusão dos interesses parciais, e adquire assim um carácter
justo, um tema que desde os seus primórdios é importante para
o Liberalismo.
O contracto resultante desta situação hipotética “a posição
original”, iria garantir de acordo com Rawls dois princípios:
Unidade 5 225
Universidade do Sul de Santa Catarina
226
Filosofia Política II
Bibliografia:
John Rawls - A Theory of Justice, Cambridge, Mass., Harvard
Univ.- Press, 1971.
John Rawls - Political Liberalism, NY, Columbia Univ.- Press, 1993.
John Rawls - The Law of the Peoples, Cambridge, Mass., Harvard
Univ. - Press, 1999.
Robert Nozick - Anarchy, State, and Utopia, Basic Books, 1977.
Charles Beitz - Political Theory and International Relations,
Princeton, NJ, Princeton Univ. - Press, 2. ed., 1999.
Norman Daniels (ed.) Reading Rawls: Critical Studies of A Theory
of Justice, NY, Cambridge Univ. - Press, 1980.
Unidade 5 227
Universidade do Sul de Santa Catarina
228
Filosofia Política II
Unidade 5 229
Para concluir o estudo
Grande abraço!
234
Filosofia Política II
235
Universidade do Sul de Santa Catarina
236
Filosofia Política II
237
Universidade do Sul de Santa Catarina
PLANK, Barbara. John Rawls. Trad. Hugo Garcia e Vasco Figueira. [20--?]
Disponível em: <http://www.liberal-social.org/john-rawls>. Acesso em: 11
jan. 2010.
QUIRINO, C. G.; SADEK, M. T. O pensamento político clássico. São Paulo:
Martins Fontes, 2003.
______. Tocqueville: a realidade da democracia e a liberdade ideal. In:
QUIRINO, C.; VOUGA, C.; BRANDÃO, G. Clássicos do Pensamento Político.
2. ed. rev. São Paulo: Editora da USP, 2004.
RAMOS, Cesar Augusto. A cidadania como intitulação de direitos
ou atribuição de virtudes cívicas: liberalismo ou republicanismo?.
Disponível em: <http://www.abdconst.com.br/especializacao/283.doc>.
Acesso em: 10 maio 2009.
RAWLS, John. Uma Teoria da Justiça. Trad. Almiro Piseta e Lenita M. R.
Esteves. São Paulo: Martins Fontes, 1997.
______. O Direito dos Povos. Trad. Luís C. Borges. São Paulo: Martins
Fontes, 2004.
______. O Liberalismo Político. São Paulo: Ática, 2002.
______. Justiça como eqüidade: uma reformulação. Trad. Cláudia
Berliner. São Paulo: Martins Fontes, 2003.
REICH, Wilhelm. A função do orgasmo. 4. ed. São Paulo: Brasilense, 1975.
REIS FILHO, Daniel Aarão (org.). “O manifesto comunista” 150 anos
depois: Karl Marx, Friedrich Engels. Rio de Janeiro: Contraponto; São Paulo:
Fundação Perseu Abramo, 1998.
REZENDE, Antonio (org.) Curso de filosofia. 5. ed. Rio de Janeiro: Jorge
Zahar, 1992.
RIBEIRO, Renato Janine. Ao leitor sem medo: Hobbes escrevendo contra o
seu tempo. Belo Horizonte: Ed. UFMG, 1999.
______. A marca do leviatã: linguagem e poder em Hobbes. São Paulo:
Ateliê Editorial, 2003.
RODRIGUEZ, Ricardo V. A Democracia Liberal segundo Aléxis de
Tocqueville. São Paulo: Mandarim, 1998.
ROSANVALLON, Pierre. O liberalismo econômico: história da ideia de
mercado. São Paulo: EDUSC, 2002. (Coleção Ciências Sociais)
ROUSSEAU, Jean-Jacques. Do contrato social e outros escritos
selecionados. 2. ed. São Paulo:Abril Cultural, 1978. (Col. Os pensadores)
______. Emilio ou da educação. São Paulo: Martins Fontes, 1995.
SAVIANI, Demerval. Educação: do senso comum à consciência filosófica.
12. ed. Campinas, SP: Autores Associados, 1996.
238
Filosofia Política II
239
Universidade do Sul de Santa Catarina
240
Sobre os professores conteudistas
Marcos Rohling
243
Respostas e comentários das
atividades de autoavaliação
Unidade 1
1)
(04)
(01)
(03)
(02)
(06)
(05)
Unidade 2
3)
(04)
(03)
(02)
(05)
(01)
Universidade do Sul de Santa Catarina
Unidade 3
2)
a) ( F )
b) ( V )
c) ( V )
d) ( F )
e) ( F )
Unidade 4
246
Filosofia Política II
2)
d. (X) Heráclito e Nietzsche
Unidade 5
1)
a. ( X ) posição original, estado de natureza, posição original
2)
e. ( X ) neo-contratualismo
247
Biblioteca Virtual
Empréstimo de livros
www. unisul.br/emprestimos