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15/10/2023, 00:10 O direito à educação no Brasil | Nexo Políticas Públicas

LINHA DO TEMPO

O direito à educação no Brasil


CPTE

26 Ago 2020 (atualizado 25 abr 2021 às 15h06)

Acesso ao ensino aparece na legislação nacional desde a primeira


Constituição do país. História tem sido marcada por avanços graduais
e retrocessos abruptos até os anos recentes

A questão do direito à educação no Brasil está presente nos marcos legais desde
PARCEIRO COMPARTILHENEWSLETTER
a formação do Estado nacional independente. As discussões sobre o tema
CPTE    INSCREVA-
 SE foram permeadas ao longo dos anos por dois aspectos de grande importância:

quem é o cidadão sujeito do direito e qual o papel do Estado para a garantia da


oferta educacional.

Uma análise geral apenas sobre as principais legislações (Constituições e leis


federais) já se mostra suficiente para revelar o quanto nossa história é marcada
por avanços graduais e retrocessos abruptos decorrentes de mudanças na
conjuntura política.

Por um lado, ainda que tenhamos críticas às formas de organização do sistema


educacional atual, são notórios os avanços na forma de articulação dos entes
federativos ao longo dos anos, com definição de responsabilidades e repasse de
recursos para a real efetivação da oferta pública. Por outro, é evidente a
necessidade de maior reconhecimento e garantia dos direitos de populações
historicamente excluídas.

Uma rápida observação da linha do tempo do direito à educação no Brasil a


partir de um recorte sobre legislações aprovadas, evidencia o quanto é
necessário que conheçamos os avanços legais conquistados para que não
retrocedamos em aspectos que organizam a oferta e garantia de um ensino
público de qualidade (como as atuais discussões que envolvem o Fundeb e a
composição do Conselho Nacional de Educação).

A Constituição de 1988 é um marco, isso é inegável. Mas a análise retrospectiva


revela que temos muito ainda a fazer no que diz respeito aos termos da lei se
quisermos de fato garantir o direito à educação numa perspectiva democrática
e de equidade.

1824

A Constituição de 1824, primeira estabelecida após a Independência do


Brasil, fazia referência à educação apenas em seu último parágrafo, ao

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estabelecer que “a instrução primária é gratuita a todos os cidadãos”. Apesar
da norma estabelecida na Carta Magna, a operacionalização do ensino
gratuito não ficou clara, e ao longo do Primeiro Império legislações tornaram
a educação primária uma responsabilidade das províncias, o que desobrigou
o Estado nacional a cuidar dessa oferta.

A falta de capacidade financeira e técnica das províncias impediu que a


educação fosse suficientemente garantida. Soma-se a isso o fato de que eram
considerados cidadãos brasileiros apenas aqueles nascidos no Brasil,
libertos ainda que de pai estrangeiro, filhos de pai brasileiro, portugueses
residentes no Brasil durante a proclamação da Independência e estrangeiros
naturalizados que cumprissem os parâmetros legais exigidos. Desse modo,
boa parte da população brasileira permaneceu excluída do acesso à educação.

1891

A Constituição de 1891, a segunda brasileira e primeira do regime


republicano, tratou da educação apenas no artigo 72, parágrafo 6º, ao afirmar
que “será leigo o ensino ministrado nos estabelecimentos públicos”. O artigo
35 incumbiu ao Congresso Nacional a tarefa de “criar instituições de ensino
superior e secundário nos Estados”, mas, mais uma vez, não houve suporte
para a organização de um sistema nacional, e com isso a educação
permaneceu estagnada. A principal preocupação do texto, dado o contexto de
fixação da República, era especificar a competência de legislação da União e
dos estados. Pouco avançou em termos de oferta e menos ainda na questão do
acesso à educação.

1934

A Constituição de 1934 foi a primeira a destinar um capítulo à educação e a


proclamá-la como um direito de todos. Ela manteve a gratuidade do ensino
primário, tornando-o obrigatório, e delimitou uma parte do orçamento da
união, estados, municípios e distrito federal a ser obrigatoriamente alocada
para a manutenção e o desenvolvimento dos sistemas educativos.
Apresentou dispositivos que buscaram organizar a educação nacional,
propondo a criação de um plano nacional de educação e a organização das
redes de ensino nos estados. Foi a primeira vez que houve uma preocupação
em operar um sistema nacional articulado.

1937

Com o advento do Estado Novo, a fase ditatorial da Era Vargas, a nova


Constituição de 1937 apresentou mudanças que representaram um
retrocesso em relação ao que estabelecia a Carta anterior. Apesar de manter
o tópico referente à educação da Constituição de 1934, a nova legislação
suprimiu trechos e relativizou a oferta educacional, impactando fortemente
o acesso à escola. Entre os trechos alterados, destaca-se a questão da
gratuidade, já que a nova redação do artigo 130 passou a afirmar que, apesar
de o ensino primário ser obrigatório e gratuito, “a gratuidade, porém, não
exclui o dever de solidariedade dos menos para com os mais necessitados;
assim, por ocasião da matrícula, será exigida aos que não alegarem, ou
notoriamente não puderem alegar escassez de recursos, uma contribuição
módica e mensal para a caixa escolar”.

Outro ponto importante diz respeito ao reforço da centralização dos poderes


da União, uma vez que a competência de determinar as diretrizes da
educação no país ficou restrita ao governo central. Com isso, retrocedemos
no que diz respeito à organização federativa da educação e dificultamos o
acesso à escola.

1946

Com o fim do Estado Novo, a Constituição de 1946 retomou aspectos trazidos


pela Carta de 1934, garantindo a existência dos sistemas estaduais de ensino.
Sua preocupação foi ampliar as atribuições do governo federal sem que para
isso houvesse sacrifício da iniciativa particular, dos estados e do Distrito
Federal. O texto retomou questões como a vinculação orçamentária mínima
da União, dos estados e municípios para a educação, além de ter dado ênfase

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à ideia de educação pública. O artigo 168 estabeleceu o ensino primário
gratuito para todos e um ensino posterior ao primário gratuito apenas para
aqueles que provassem falta ou insuficiência de recursos.

1961

A Lei de Diretrizes e Bases da Educação (lei n. 4.024) teve como objetivo


especificar as responsabilidades dos entes federativos em relação à oferta
educacional, garantir a aplicação de orçamento da União e dos municípios
com a educação, tornar obrigatória a matrícula nos quatro anos iniciais de
ensino e regulamentar a base curricular do sistema educacional. A lei havia
sido prevista pela Constituição de 1946, mas sua tramitação na Câmara dos
Deputados e no Senado Federal durou 15 anos devido a divergências políticas
(Montalvão, 2010) entre os grupos que participavam de sua formulação.
Apesar das amplas discussões e disputas, a LDB deu preferência à
manutenção e ao desenvolvimento do sistema público de ensino, ainda que
previsse a cooperação com instituições privadas.

Seu conteúdo determinou a organização do ensino em três graus: o primeiro,


constituído por escolas maternais, jardim de infância e ensino primário
obrigatório de quatro anos; o grau médio, composto por quatro anos de
ensino ginasial e três anos de ciclo colegial nas modalidades clássico (voltada
às línguas e ciências humanas) e científico (voltada às ciências exatas); e o
grau superior, que compreendia graduação, pós-graduação, especialização,
aperfeiçoamento e extensão.

Apesar de o movimento negro ter estado presente nas discussões sobre o


acesso à educação desde 1920 e de inúmeros intelectuais negros terem
militado desde 1889 pelos direitos dessa população, apenas em 1961, com a
LDB, uma legislação oficial fez referência ao preconceito racial nos sistemas
de ensino, condenando “qualquer tratamento desigual por motivo de
convicção filosófica, política ou religiosa, bem como a quaisquer
preconceitos de classe ou de raça”.

1967

Com o início da ditadura militar, houve a promulgação de uma nova Carta


Constitucional em janeiro de 1967. Mais uma vez, o principal alvo de
alteração foi relativo à oferta de ensino público, com interesse do governo em
substituí-la gradualmente por bolsas de estudo em instituições privadas.

1969

A Emenda Constitucional de 1969 (ou Constituição de 1969) foi editada pela


junta provisória do regime militar e, diferentemente de outras emendas,
alterou todo o texto constitucional, incorporando os chamados atos
institucionais. Ela reiterou a competência da União de estabelecer e executar
planos nacionais de educação e legislar sobre suas diretrizes e bases, além de
ter estabelecido, em seu artigo 176, que a oferta de ensino “é livre à iniciativa
particular, a qual merecerá o amparo técnico e financeiro dos Poderes
Públicos, inclusive mediante bolsas de estudos”.

1971

A lei n. 5.692 de 1971, nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação, modificou a


estrutura de ensino do país, unificando as antigas etapas primária e ginasial
em um único curso de primeiro grau. Com isso, tornou-se obrigatória a
matrícula escolar dos alunos com idades entre 7 e 14 anos, e a organização do
sistema de ensino passou a ser composta por um primeiro grau com duração
de oito anos e um segundo grau (equivalente ao atual ensino médio) de três
anos.

Em decorrência do contexto da ditadura militar, o ensino era visto como uma


condição para o desenvolvimento econômico. Por isso, as mudanças feitas na
nova LDB tinham o objetivo de preparar os jovens para o mercado de
trabalho, buscando eliminar as diferenças existentes entre os ramos
(clássico e científico) do antigo ensino secundário. Além disso, outras duas
mudanças importantes da lei foram: (1) a inclusão da educação moral e
cívica, além do ensino religioso facultativo – uma forma de divulgar valores

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desejáveis ao regime; (2) a progressiva substituição do ensino do segundo
grau gratuito por um sistema de bolsas com restituição – algo já indicado nas
constituições de 1967 e 1969.

1983

A Emenda Constitucional 24 estabeleceu a obrigatoriedade da aplicação


anual pela União de no mínimo 13% da renda resultante dos impostos para a
manutenção e o desenvolvimento do ensino. Aos estados, Distrito Federal e
municípios a exigência mínima passou a ser de 25%.

1988

Com o fim do período ditatorial, a nova Constituição emergiu em meio a uma


ampla discussão sobre a necessidade de maior descentralização
administrativa e garantia de direitos sociais. Por isso, a educação passou a
ser enunciada como um direito de todos e dever do Estado. A nova redação
constitucional preocupou-se não apenas com a especificação do sujeito que
tinha direito ao ensino, mas também com a obrigação estatal na prestação
dos serviços educacionais.

A nova Constituição criou uma seção específica destinada exclusivamente à


educação, que estipula os seguintes princípios no artigo 206:

I – Igualdade de condições para o acesso e permanência na escola;

II – Liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a


arte e o saber;

III – Pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas, e coexistência de


instituições públicas e privadas de ensino;

IV – Gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais;

V – Valorização dos profissionais de ensino, garantindo plano de carreira


para o magistério público;

VI – Gestão democrática do ensino público;

VII – Garantia de padrão de qualidade;

VIII – Piso salarial profissional nacional para os profissionais da educação


escolar pública.

Como é possível notar, a Carta de 1988 garantiu um olhar diferenciado para a


educação em relação às legislações predecessoras, preocupando-se não
apenas com a oferta, mas com as condições desta oferta e sua qualidade. O
artigo 208, por exemplo, reafirma o dever do estado em ofertar o ensino
fundamental obrigatório e gratuito, inclusive para os indivíduos que não
tiveram acesso a essa etapa de ensino na idade própria. Outro ponto trazido
nesse artigo diz respeito à oferta de atendimento educacional especializado
às pessoas com deficiência e ao ensino noturno regular, adequado às
condições do educando — fatores que reiteram a preocupação com a
ampliação do entendimento sobre quem são os sujeitos que têm direito à
educação.

Há mais um ponto a ser destacado: o reconhecimento do Brasil como uma


nação multilíngue e multicultural, o que permitiu o reconhecimento dos
direitos das populações indígenas e a busca por uma educação diferenciada,
que levasse em consideração as especificidades desses povos.

1989

A lei n. 7.853 dispôs sobre a integração social das pessoas com deficiência.

Apesar de ter versado sobre diversos direitos básicos, no que tange à


educação a lei estabeleceu: a educação especial como modalidade educativa;
a inserção de escolas especiais (públicas e privadas) no sistema educacional;
a oferta obrigatória da educação especial em estabelecimentos públicos de
ensino; o acesso de alunos com deficiência aos benefícios conferidos aos
demais educandos; e a matrícula compulsória de pessoas com deficiência em

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cursos regulares de instituições públicas e particulares de ensino – quando
verificada a possibilidade de integração dessas pessoas.

1990

O ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente) trouxe para o centro das


atenções as pessoas com idade até 17 anos, que passaram a ser vistas como
sujeitos de direitos, e reforçou que o desenvolvimento integral de crianças e
adolescentes dependia da integração do direito à educação a outros direitos
sociais, como a vida, a saúde, a alimentação, o esporte, o lazer, a
profissionalização, a cultura, a dignidade, o respeito mútuo, a liberdade e a
convivência familiar e comunitária. Assim, o estatuto reforçou a importância
da cooperação entre a educação e outras áreas.

1994

A lei n. 10.098 estabeleceu normas gerais para a promoção da acessibilidade


das pessoas com deficiência ou com mobilidade reduzida, mediante a
supressão de barreiras e de obstáculos nas vias e espaços públicos, a reforma
de edificações públicas e privadas e outros critérios básicos para a garantia
de acesso ao transporte e a meios de comunicação. O texto promoveu
mudanças na formação de profissionais intérpretes de escrita em braile e
linguagem de sinais, que passaram a ser atores fundamentais para garantir a
comunicação direta às pessoas com deficiência.

1995

A lei n. 9.131 alterou os artigos 6, 7, 8 e 9 da Lei de Diretrizes e Bases,


estabelecendo a existência do Conselho Nacional de Educação, suas
atribuições e a composição de suas Câmaras de Educação Básica e Educação
Superior.

A norma buscou assegurar a participação da sociedade no aperfeiçoamento


da educação nacional, subsidiando a elaboração do Plano Nacional de
Educação e seu posterior acompanhamento e execução. Coube ao CNE
manifestar-se sobre questões que abrangiam mais de um nível ou
modalidade de ensino, assessorar o Ministério da Educação no diagnóstico
de problemas e na adoção de medidas de aperfeiçoamento das escolas, emitir
pareceres sobre assuntos da área educacional, estabelecer intercâmbio com
os sistemas de ensino dos estados e Distrito Federal e analisar questões
relativas à aplicação da legislação educacional. Nesse sentido, o conselho
representou um marco que deu à sociedade civil maior poder para zelar pela
oferta e qualidade do ensino, assegurando a participação no aprimoramento
da educação brasileira.

1996

Três legislações trouxeram mudanças significativas para a educação.

A nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (lei n. 9.394) foi


aprovada e adicionou os seguintes princípios ao funcionamento dos sistemas
educacionais: respeito à liberdade e apreço à tolerância; valorização da
experiência extraescolar; vinculação entre a educação escolar, o trabalho e as
práticas sociais; e consideração com a diversidade étnico-racial. Essa
legislação também garantiu aos povos indígenas o direito de estabelecer
formas particulares de organização escolar e lhes assegurou autonomia em
relação a proposição de conteúdo. O novo texto baseou-se no princípio do
direito universal à educação, e, assim como observado em outras políticas,
valorizava a gestão democrática e a descentralização operacional. Entre as
alterações que ele trouxe para o sistema educacional, destaca-se a inclusão
das creches e pré-escolas como etapas da educação básica, sendo sua oferta
obrigatória e gratuita para crianças a partir dos 4 anos de idade.

A Emenda Constitucional 14 incluiu entre as responsabilidades da União o


acompanhamento da aplicação de verbas exigidas de estados e Distrito
Federal para manutenção e desenvolvimento do ensino. Também reiterou a
necessidade de assegurar o ensino fundamental obrigatório e gratuito aos
indivíduos que não tiveram oportunidade de acesso à escola na idade certa,
com progressiva universalização do ensino médio gratuito. A emenda deixou

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claro, ainda, que caberia aos municípios a atuação prioritária no ensino
fundamental e na educação infantil, ao passo que estados e Distrito Federal
se concentrariam nos ensinos fundamental e médio, devendo as cidades e os
estados definir formas de colaboração para assegurar a universalização do
ensino obrigatório.

Por fim, a lei n. 9.424 dispôs sobre a criação do antigo Fundef (Fundo de
Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do
Magistério). O fundo foi criado com o objetivo de reunir recursos dos três
níveis da administração pública (governo federal, estados e municípios) para
promover o financiamento do ensino fundamental (primeira à oitava série),
promovendo a redistribuição de recursos provenientes de impostos
municipais e estaduais proporcionalmente ao número de matrículas em cada
rede.

2001

Foi aprovado o Plano Nacional de Educação (lei n. 10.172), com duração de


dez anos, buscando conferir estabilidade às iniciativas governamentais na
área da educação.

Os principais objetivos do PNE eram:

I – Elevação global do nível de escolaridade da população;

II – Melhoria da qualidade do ensino em todos os níveis;

III – Redução das desigualdades sociais e regionais; e

IV – Democratização da gestão do ensino público, estabelecendo princípios


para a participação dos profissionais da educação e comunidades escolares
na elaboração do projeto político-pedagógico.

A partir do entendimento de que os recursos são limitados e que é preciso


responder ao desafio de oferecer uma educação de qualidade semelhante à
dos países desenvolvidos, o plano estabeleceu prioridades de atuação,
entendendo que o avanço deveria se dar de forma continuada e progressiva.

2002

A lei n. 10.436 dispôs sobre a Língua Brasileira de Sinais. Em diálogo com a lei
n. 10.098/94, o texto trouxe em seu quarto parágrafo a exigência aos sistemas
educacionais federais, estaduais, municipais e do Distrito Federal a inclusão
do ensino de Libras nos cursos de formação de educação especial e
magistério.

2003

Com vistas a preencher uma lacuna deixada pela Lei de Diretrizes e Bases em
sua versão promulgada em 1996, a lei n. 10.639, de 9 de janeiro, estabeleceu
diretrizes para incluir no currículo oficial da rede de ensino a
obrigatoriedade da temática da história e cultura afro-brasileira, resgatando
os direitos educacionais das comunidades quilombolas e de toda a população
de origem africana.

2005

A lei n. 11.114 tornou obrigatório o início do ensino fundamental aos 6 anos de


idade.

2006

Em complementação à legislação de 2005, a lei n. 11.247 alterou a redação da


Lei de Diretrizes e Bases, ampliando o ensino fundamental para nove anos,
com matrícula obrigatória dos alunos a partir dos 6 anos de idade.

Nesse mesmo ano foi feita a Emenda Constitucional 53, a maior já feita na
Constituição no que tange à questão educacional. Ao todo foram oito
alterações em matérias como:

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I – ampliação da exigência de cooperação técnica e financeira da União com
estados em programas de educação infantil e ensino fundamental;

II – valorização dos profissionais da educação;

III – mudança na educação infantil para atendimento de crianças entre 0 e 5


anos;

IV – Acolhimento por parte da União do papel redistributivo e supletivo (ou


seja, em complementaridade) da oferta educacional;

V – mudanças na forma de financiamento da educação, etc.

2007

Em decorrência da emenda de 2006, a lei n. 11.494 criou o Fundeb (Fundo de


Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica) , em substituição ao
Fundef.

Sua principal alteração em relação ao fundo anterior foi a expansão da


destinação de recursos dos três entes da federação (governo federal, estados
e municípios) para o desenvolvimento da educação infantil, ensino
fundamental e ensino médio, ampliando o total de séries e alunos abrangidos.
A distribuição de recursos permaneceu sendo feita com base no número de
matrículas por rede de ensino, com vistas a reduzir as desigualdades de
recursos entre elas.

2008

A lei n. 11.645 complementou a lei n. 10.639 de 2003, determinando a inclusão


no currículo oficial da rede de ensino a obrigatoriedade da temática da
história e cultura afro-brasileira e também indígena.

A lei n. 11.738, em seguida, estabeleceu o piso salarial profissional nacional


para os profissionais do magistério público da educação básica. Ela também
identificou quem são os profissionais que compõem o grupo de atenção das
redes educacionais, a saber: aqueles que desempenham as atividades de
docência ou de suporte pedagógico à docência — isto é, direção ou
administração, planejamento, inspeção, supervisão, orientação e
coordenação educacionais, exercidas no âmbito das unidades escolares de
educação básica, em suas diversas etapas e modalidades.

2009

A Emenda Constitucional 59 expandiu o proposto pela lei n. 11.247/2006,


tornando o ensino obrigatório para todas as crianças e jovens com idade
entre 4 e 17 anos.

2013

Foi aprovado o Estatuto da Juventude (lei n. 12.852), que promoveu uma


trajetória de inclusão, liberdade e participação das juventudes na sociedade.
Em seus artigos 7 a 13 e também no artigo 18, o texto reforçou o compromisso
com programas que garantam a democratização do acesso e da permanência
dos jovens nas escolas em todas as modalidades e também o acesso ao ensino
superior, fazendo respeitar as ações afirmativas de acordo com a legislação
vigente.

O estatuto trouxe ainda uma forte preocupação com a educação inclusiva e


com a diversidade, requerendo ações efetivas para enfrentar as
desigualdades e discriminações étnico-raciais, de orientação sexual e de
gênero. Além disso, estabeleceu a participação dos jovens nos processos de
gestão democrática nas escolas e universidades.

No mesmo ano, a lei n. 12.796 adequou a Lei de Diretrizes e Bases à extensão


da escolaridade obrigatória para a faixa dos 4 aos 17 anos ( já prevista pela
Emenda Constitucional 59), além de acrescentar o olhar para a diversidade
étnico-racial e substituir o conceito de “educandos com necessidades
especiais” por “educandos com deficiência, transtornos globais do
desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação”.

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2014

Foi aprovada a lei n. 13.005 sobre o Plano Nacional de Educação, dando


sequência ao processo iniciado em 2001, com a lei n. 10.172.

O novo PNE definiu 10 diretrizes e 20 metas que deverão guiar as ações


educacionais brasileiras do período de 2014 a 2024. Entre as dez diretrizes
apresentadas, destacam-se:

I – a erradicação do analfabetismo;

II – a universalização do atendimento escolar;

III – a superação das desigualdades educacionais, com ênfase na promoção


da cidadania e na erradicação de todas as formas de discriminação;

IV – uma meta de aplicação dos recursos públicos com vistas a assegurar a


expansão do ensino com qualidade e equidade;

V – a promoção dos princípios do respeito aos direitos humanos, à


diversidade e à sustentabilidade socioambiental.

Levantamento realizado pela Campanha Nacional pelo Direito à Educação


divulgado em 2019 revelou que, das 20 metas, 16 estão estagnadas e quatro
tiveram cumprimento parcial.

2015

A lei n. 13.234 estabeleceu que o poder público deveria instituir um cadastro


nacional de alunos com altas habilidades ou superdotação matriculados na
educação básica e na educação superior, com o objetivo de fomentar a
execução de políticas públicas destinadas ao desenvolvimento pleno das
potencialidades desses alunos.

2017

A lei n. 13.415 alterou a Lei de Diretrizes e Bases, estabelecendo carga


mínima anual de 800 horas para o ensino fundamental e ensino médio,
distribuídas em 200 dias letivos. O texto definiu que o aumento da carga
horária se daria de forma gradativa, de forma que no prazo de cinco anos o
ensino médio passasse a ser composto por 1.400 horas. Também instituiu, no
âmbito do Ministério da Educação, a política de fomento às escolas de ensino
médio em tempo integral.

2018

A lei n. 13.716 alterou a LDB para assegurar atendimento educacional ao


aluno da educação básica internado para tratamento de saúde em regime
hospitalar ou domiciliar por tempo prolongado. Além disso, a lei n. 13.632
passou a dispor sobre a educação e aprendizagem ao longo da vida,
assegurando que “a educação de jovens e adultos será destinada àqueles que
não tiveram acesso ou continuidade de estudos nos ensinos fundamental e
médio na idade própria e constituirá instrumento para a educação e a
aprendizagem ao longo da vida”.

2019

A lei n. 13.845 alterou a redação do Estatuto da Criança e do Adolescente a


fim de garantir vagas no mesmo estabelecimento de ensino a irmãos que
frequentem a mesma etapa ou ciclo de ensino da educação básica.

2020

O Congresso Nacional passou a discutir a renovação do Fundeb (Fundo de


Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos
Profissionais da Educação), ativo por determinação legal desde 2007 e com
previsão para expirar em 31 de dezembro de 2020. Se as mudanças forem
aprovadas, o fundo deve se tornar permanente.

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BIBLIOGRAFIA

DE ALMEIDA, Marco Antonio Bettine; SANCHEZ, Livia. Os negros na legislação educacional e


educação formal no Brasil. Revista Eletrônica de Educação, v. 10, n. 2, p. 234-246, 2016.

DE SOUZA, Lynn Mario T. Menezes. Relatório sobre Educação Indígena Diferenciada, Inter-cultural
e Bilíngüe no Brasil. Alfabetización y multiculturalidad: miradas desde América Latina, p. 99, 2009.

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