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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ACRE

CURSO DE LICENCIATURA EM HISTÓRIA

Espártaco Vettorazzi

FICHAMENTO: “DIREITO À EDUCAÇÃO E OBRIGATORIEDADE ESCOLAR”

Rio Branco, AC
Julho de 2023
José Silverio Baia Horta

FICHAMENTO: “DIREITO À EDUCAÇÃO E OBRIGATORIEDADE ESCOLAR”

Trabalho apresentado a disciplina


Educação e Sociedade, do 1º período
do curso de Licenciatura em História da
Universidade Federal do Acre, como
requisito parcial para obtenção da nota
da N1.
Professora: Ma. Maria do Socorro Lima
de Moura

Rio Branco, AC
Julho de 2023

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HORTA, José Silverio Baia, Direito à educação e obrigatoriedade escolar. Conselho
Nacional da Educação, Universidade Federal Fluminense, Rio de Janeiro. Cad.
Pesq. n.104, p. 5-34, jul.1998.
“Assim, a vida, a liberdade, a igualdade, a propriedade privada e a segurança
jurídica foram os primeiros direitos reconhecidos, proclamados e protegidos. A
educação, por sua vez, apesar de sua grande importância, incorporou-se com
grande atraso ao seleto grupo dos direitos humanês, por meio de um processo lento,
ambíguo e contraditório.” (p. 6).

“Depois da Segunda Guerra Mundial, assiste-se a uma considerável


democratização do ensino e a um aumento da duração da escolaridade obrigatória
(atualmente é de oito a dez anos, conforme o país).” (p. 7).

“(...) a Declaração Universal de Direitos Humanos, proclamada em Paris no dia 10


de dezembro de 1948, pela Assembleia Geral das Nações Unidas, determina, em
seu Artigo 26: "Toda pessoa tem direito à educação. A educação deve ser gratuita,
pelo menos no que se refere à instrução elementar e fundamental. A instrução
elementar será obrigatória".” (p. 7).

“(...) o problema mais grave, hoje, não é mais o de fundamentar os direitos do


homem, e sim o de protegê-los. Uma coisa é falar dos direitos do homem, direitos
sempre novos e cada vez mais extensos e justificá-los com argumentos
convincentes; outra coisa é garantir-lhes uma proteção efetiva.” (p. 7).

“Entretanto, não basta a garantia do direito na legislação. Em primeiro lugar, porque


"a igualdade dos cidadãos perante a lei" choca-se com "a desigualdade da lei
perante os cidadãos" (Santos, 1989. p.43).” (p. 8).

“(...) as políticas do Estado, voltadas para o atendimento do direito à educação,


podem estar fundadas em duas posições. A primeira, por ele chamada de civil
democrática, funde direito à educação com obrigatoriedade escolar, considerada
esta como afirmação da educação como dever do Estado. A segunda, denominada

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produtivista, acentua a perspectiva da oferta e da demanda, deixando assim em
segundo plano as dimensões de dever e obrigatoriedade.” (p. 9).

“Finalmente, a garantia de direito e o planejamento de políticas públicas na área


social em uma perspectiva civil democrática exigem, necessariamente, a
participação organizada da sociedade civil, para reivindicar o seu atendimento
efetivo.” (p. 9).

“Desta forma, direito à educação e obrigatoriedade escolar, embora não tenham


surgido de forma concomitante no processo histórico, estão historicamente
relacionados e devem ser estudados conjuntamente.” (p. 10).

“Estabelece-se, assim, uma relação direta entre educação e cidadania, definida esta
última como garantia de direitos civis e políticos. Não há referência à educação
como um direito, nem se alude ao princípio da obrigatoriedade escolar.” (p. 11).

“A defesa da obrigatoriedade escolar, presente entre os intelectuais do final do


Império não foi suficiente para consagrá-la como princípio federativo no início da
República.” (p. 14).

“Os estados, entretanto, não poderiam arcar sozinhos com o ônus pesado de uma
expansão quantitativa de escolas. Por esta razão, o ensino primário é assumido nas
Constituições Estaduais do início da República como tarefa pública não obrigatória,
exceto em São Paulo, Santa Catarina, Mato Grosso e Minas Gerais.” (p. 15).

“Desta forma, a obrigatoriedade escolar, tanto no que se refere à obrigatoriedade


dos pais, já inscrita na legislação estadual, quanto no que se refere à
obrigatoriedade do Poder Público, ainda presente de forma muito débil nos debates,
não encontrou lugar na legislação federal, antes de 1930.” (p. 16).

“O texto definitivo da Constituição de 1934 consagrará o princípio do direito à


educação, que "deve ser ministrada pela família e pelos poderes públicos" (art. 149)
e o princípio de obrigatoriedade, incluindo entre as normas a serem obedecidas na

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elaboração do plano nacional de educação, o ensino primário integral gratuito e de
frequência obrigatória, extensivo aos adultos, e a tendência à gratuidade do ensino
educativo ulterior ao primário. Não há, porém, a incorporação do direito à educação
como direito público subjetivo (...).” (p. 18).

“(...) nos debates Constituintes de 1946, ninguém se coloca formalmente contra a


definição da obrigatoriedade e gratuidade de quatro anos de instrução para todos
os cidadãos. Além disso, aparecem propostas no sentido da afirmação clara do
dever do Estado com relação à educação e da explicitação do conceito de
obrigatoriedade escolar.” (p. 19).

“Também as Constituições Estaduais, promulgadas em 1947, incorporam o princípio


da obrigatoriedade escolar, sendo que, em algumas delas, estende-o também aos
adultos, "de forma a assegurar uma política de alfabetização obrigatória". (p. 20).

“A partir de 1961, e mais especialmente depois de 1964, o debate educacional no


Brasil travou-se em duas cidadelas: a legislação e o planejamento da educação. A
primeira, campo predileto de atuação dos educadores, presentes especialmente no
Conselho Federal de Educação; o segundo, espaço hegemonicamente ocupado
pelos economistas (...).” (p. 21-22).

“O princípio do direito à educação torna-se, teórica e praticamente, mais complexo


a partir do 2° ciclo de nível médio. Em alguns países, este nível já faz parte da escola
comum; no Brasil, no momento em que se admite, na legislação, terminalidade no
nível do primeiro ciclo, afirma-se, implicitamente, que a escolarização posterior não
se destina a todos.” (p. 23).

“Aparece, assim, pela primeira vez em um texto constitucional, a afirmação explícita


da educação como dever do Estado. Além disso, a Constituição retoma dispositivos
legais presentes na educação brasileira desde o Império, relacionando a
obrigatoriedade escolar com faixa etária e com nível de ensino.” (p. 24).

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“Constituição de 1988 fecha o círculo com relação ao direito à educação e à
obrigatoriedade escolar na legislação educacional brasileira, recuperando o
conceito de educação como direito público subjetivo, abandonado desde a década
de 30.” (p. 25).

“Finalmente, a versão definitiva da Constituição, promulgada em outubro de 1988,


consagrará, no artigo 208, o princípio da educação como direito público subjetivo:
(...).” (p. 26).

“Após a promulgação da Constituição de 1988, três outros dispositivos legais


introduziram modificações no tema em estudo o Estatuto da Criança e do
Adolescente, a Emenda Constitucional 14 e a nova Lei de Diretrizes e Bases da
Educação Nacional.” (p. 27).

“Desse modo, desaparece o caráter de obrigatoriedade de ensino fundamental para


aqueles que a ele não tiveram acesso na idade própria, presente na versão original
da Constituição de 1988. Pela nova redação, o Estado deve apenas assegurar para
eles a oferta gratuita desse nível de ensino. Isto significa que essa modalidade de
ensino perde a conotação de direito público subjetivo.” (p. 28).

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