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Autor:
Alexandre Herculano
17 de Maio de 2022
Sumário
1.1 - Calor........................................................................................................................................................ 4
1.3 - Eletricidade............................................................................................................................................. 5
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7 – Perícias e Peritos..................................................................................................................................... 63
7 – Perícias e Peritos..................................................................................................................................... 88
Gabarito ........................................................................................................................................................... 91
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1.1 - Calor
O calor pode lesar o corpo humano por diversas maneiras, dependendo da forma como atinge a pessoa. O calor
pode atuar difusamente ou diretamente. O calor difuso ocorre de duas maneiras: a insolação e a intermação.
Insolação Intermação
é causada pela exposição à luz solar (calor o calor age sobre o corpo em espaços
solar). Não se exige exposição direta, pode ser confinados (calor industrial) sem arejamento.
indireta também (mesmo ao abrigo do sol é Pode ser acidental ou, excepcionalmente
possível a insolação através da canícula). Via criminosa (Ex: fornalhas, caldeiras,
de regra tem natureza acidental (alcoolismo, bronzeadores artificiais, etc.).
vestuário inadequado, etc.).
1.1.1 - Queimaduras
Essas são resultantes da ação direta do calor, em qualquer de suas formas, em contato com o corpo, atuando
sobre a pele ou sobre o organismo.
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Regra dos Nove (Pulaski e Tennison): é uma técnica onde se divide o corpo em frações correspondente a 9%,
permitindo-se calcular com boa aproximação o percentual do corpo atingido. Cabeça: 9%; Tronco (face
posterior e anterior): 18%; Membros superiores: 9%; Membros inferiores: 18%; e Genitália externa: 1%.
1.2 - Frio
As lesões produzidas pelo frio são chamadas de: “geladuras” e possuem aspecto pálido evoluindo para uma
lesão mais grave, chegando até a necrose. Guardam certa semelhança com as lesões produzidas por calor.
Alguns autores chamam de “queimaduras pelo frio”. O frio produz lesões locais e sistêmicas. A morte por
congelamento se dá em consequência à exposição a temperaturas atmosféricas muito baixas. Podem ser
classificadas em três graus:
1.3 - Eletricidade
A eletricidade é uma energia física capaz de se transformar em calor ao passar pelo corpo, produzindo
queimaduras, podendo levar a óbito. Condições individuais, tais como espessura da pele, umidade, resistência
à corrente elétrica vão determinar o grau das lesões. Se a pele estiver molhada, oferecerá menor resistência à
passagem da corrente elétrica, com lesões externas de menor gravidade, no entanto, a corrente passará com
maior facilidade para o interior do corpo, acarretando sérios danos fisiológicos, podendo levar à morte por
parada cardíaca.
A eletricidade atmosférica, representada especialmente pelos raios, agindo letalmente sobre o homem e
animais, chama-se fulminação, e, quando apenas determina danos corporais, fulguração.
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As lesões externas tomam aspectos arborifome, conhecida como sinal de Lichtenberg, procedente de
vasomotores, podendo desaparecer com a sobrevivência. Podem surgir outras alterações, como queimaduras,
hemorragias musculares, fraturas ósseas, etc.
A ação da eletricidade industrial ou artificial pode provocar lesões corporais, com ou sem êxito letal,
denominadas eletroplessão, frequentemente ocasionadas por defeito de instalações (campainhas, telefones,
chuveiros elétricos), mau isolamento dos fios condutores, imperícia ou negligência da vítima. Nessa pode
aparecer a marca elétrica de Jellineck. Alguns autores mencionam a eletrocução como sendo a descarga
letal.
Outra lesão, citada pelo França, superficial dessa modalidade de energia é a metalização elétrica, cuja
característica é o destacamento da pele, com o fundo da lesão impregnado de partículas da fusão e vaporização
dos condutores elétricos. Segundo o autor, podem surgir também os salpicos metálicos, caracterizados pela
incrustação de pequenas partículas de metal distribuídas de forma dispersa.
Através da eletricidade podem ocorrer, também, a chamada queimadura elétrica, que pode ser cutânea,
muscular, óssea e até visceral, dependendo do efeito e da lei de Joule. Essas lesões apresentam-se em forma
de escaras negras, de bordas relativamente regulares, podendo ou não apresentarem as marcas do condutor.
O França cita a classificação de Piga, segundo ele as queimaduras elétricas cutâneas têm três formas:
1.4 - Pressão
A pressão pode causar alteração do organismo do homem. O corpo precisa de um tempo para se adaptar à
pressão, podendo ocorrer lesões ou até a morte.
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1.5 - Radioatividade
As radiações podem causar lesões e morte. As principais fontes de radiação, segundo Genival França são:
raios X (ondas eletromagnéticas), o rádio (partículas beta) e a energia atômica (aniquilação de partículas). Os
efeitos da radiação no organismo são: alterações genéticas; vários tipos de câncer; alterações de células do
sangue, produzindo hemorragias, queimaduras podendo atingir o nível ósseo.
As queimaduras produzidas pela radiação são chamadas tecnicamente de radiotermites e adquirem aspectos
de eritemas (vermelhidão) ou, dependendo da intensidade, se manifestam através de úlceras, havendo uma
necrose constante, sem cicatrização levando a alterações genéticas e reprodutivas através da multiplicação de
células cancerosas.
As radiotermites agudas podem ser divididas em 1º, 2º e 3º grau, sendo que no primeiro caso, geralmente
são temporárias, assim, apresentam duas formas: depilatória e eritematosa. Essa fase dura cerca de 60 dias
e deixa uma mancha escura que desaparece muito lentamente. As de 2º grau (forma pápulo-eritematosa) são
representadas, geralmente, por ulceração muito dolorosa e recoberta por crosta seropurulenta. Têm
cicatrização difícil, deixando em seu lugar uma placa esbranquiçada de pele rugosa, frágil e de características
atípicas. As radiodermites de 3º grau (forma ulcerosa) estão representadas por zonas de necrose, de aspecto
grosseiro e grave. São conhecidas por úlceras de Röentgen.
De um modo geral, porém, as lesões produzidas decorrem mais da ação térmica do que da onda explosiva.
A enorme força expansiva dos gases liberados em uma explosão é transmitida em todas as direções, e, desse
modo, todos os corpos que estavam em contato com a carga deflagrada recebem o impacto. Se a bomba
estiver suspensa no momento da explosão (tiros de tempo, cargas antiaéreas), somente o ar receberá e
transmitirá a energia mecânica dos gases da combustão. Se em meio liquido (cargas de profundidade), será
a água que conduzirá essa energia. Porém, quando se tratar de carga de percussão ou de explosivos colocados
sobre a superfície da terra para serem detonados, como nas minas terrestres, tanto o ar como a superfície sólida
receberão e transmitirão o impacto.
Além dos efeitos mecânicos e térmicos da explosão, podemos achar contaminação do ambiente por substâncias
químicas ou radioativas, colocadas deliberadamente nas bombas para aumentar seu poder lesivo. Uma das
substâncias utilizadas para esse fim, o fósforo branco, tem capacidade de se inflamar em presença do ar,
formando pentóxido de fósforo, uma substância muito irritante para as vias respiratórias.
O impacto da onda de choque gerada por explosões é chamado de blast. Classificam-se em blast primário,
secundário e terciário.
O blast primário resulta da onda de choque propriamente dita. O blast secundário é causado por fragmentos
do artefato, como estilhaços de granadas e projéteis colocados em seu interior e por pedaços de corpos
fragmentados pela explosão. O blast terciário decorre do choque de pessoas lançadas ao ar contra obstáculos.
Conforme o meio de propagação das ondas de choque, é possível identificar três formas de blast:
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✓ Pelo ar;
✓ Pela água;
✓ Por sólidos.
Os aspectos físicos diferem nos três meios, como também são diferentes as principais lesões.
No blast aéreo, Hygino Hercules afirma que o barotrauma pulmonar é a principal causa de morte em
consequência do blast primário. Os pulmões sofrem os efeitos explosivos da passagem da onda de choque
através dos septos alveolares, que funcionam como interfaces para o conteúdo aéreo. As paredes alveolares se
rompem, causando hemorragia em vários pontos, localizados preferencialmente nas porções mais superficiais
do órgão. Dependendo da intensidade do trauma, as hemorragias podem confluir para formar áreas mais
extensas.
Já no blast líquido, o autor menciona que predominam lesões abdominais. É de maior intensidade que no blast
aéreo, e as lesões pulmonares são escassas.
Com relação ao blast sólido, a distribuição das lesões depende da postura da vitima e dos pontos de contato
do seu corpo com a superfície bombardeada. Se o individuo estiver em pé, ocorre fratura do calcâneo. É
preciso não confundir essas lesões com as de lesões causadas por minas terrestres. Estando sentada, a pessoa
recebe o impacto sobre a região glútea e o transmite para cima através da coluna vertebral, podendo resultar
em traumatismo crânio encefálico.
2.1 - Cáusticos
Os cáusticos ou corrosivos são substâncias químicas que provocam profunda desorganização dos tecidos
vivos, quer por desidratação (coagulantes) quer por dissolução (liquefacientes). Os cáusticos destroem os
tecidos vivos causando escaras secas e endurecidas ou lesões úmidas pelo amolecimento (liquefação) dos
tecidos. São exemplos de cáusticos: a soda, o ácido clorídrico, o ácido sulfúrico, etc. O acido sulfúrico também
é chamado de vitríolo, de onde deriva a expressão “vitriolagem” para caracterizar as lesões cutâneas por
agentes cáusticos ou corrosivos.
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2.2 - Venenos
Existem várias definições para venenos ou tóxicos. São substâncias de qualquer natureza que, uma vez
introduzidas no organismo e por ele assimiladas e metabolizadas, podem levar a danos à saúde física e mental.
São exemplos de venenos: inseticidas e raticidas domésticos, agrotóxicos, substâncias medicinais, produtos
inflamáveis, alguns tipos de cosméticos, etc. Existem várias classificações de envenenamentos. A mais simples
é a seguinte:
O percurso do veneno através do organismo tem as seguintes fases: penetração, absorção, distribuição,
fixação, transformação e eliminação. Há algumas situações ou fenômenos que podem ocorrer após a
penetração do veneno, tais como: mitridatização, toxicidade, intolerância, sinergismo e equivalente tóxico.
Fases Descrição
Penetração oral, gástrica, retal, etc. A via
orogastrointestinal é a mais usada.
Absorção é o processo pelo qual o veneno chega à
intimidade dos tecidos.
Fixação é a etapa do envenenamento em que a
substância tóxica se localiza em certos órgãos
de acordo com o seu grau de afinidade.
Transformação é o processo pelo qual o organismo tenta se
defender da ação tóxica do veneno,
facilitando sua eliminação e diminuindo seus
efeitos nocivos.
Distribuição é a fase em que o veneno, penetrando na
circulação, estende-se pelos mais diversos
tecidos.
Eliminação é a etapa na qual o veneno é expelido
seguindo as vias naturais.
Mitridatização é o fenômeno caracterizado pela elevada
resistência orgânica aos efeitos tóxicos dos
venenos.
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2.3 - Drogas
As substâncias que atuam no psiquismo são chamadas de psicoativas ou psicotrópicas. Podem ser
classificadas em:
✓ crack;
✓ anfetaminas;
✓ cocaína;
✓ nicotina;
✓ cafeína;
✓ ecstasy.
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✓ maconha;
✓ lsd;
✓ ayahuasca (Chá do Santo
Daime).
2.4 - Embriaguez
É a intoxicação alcoólica, ou por substância de efeitos análogos, aguda, imediata e passageira. A despeito da
dificuldade, do ponto de vista médico, em reconhecer limite nítido de separação entre os períodos da
embriaguez, usa-se habitualmente dividi-la em fases de excitação, de confusão e do sono.
Entre as classificações da embriaguez, existe a patológica que é de grande importância médico-legal porque
se manifesta nos descendentes de alcoólatras, nos predispostos e tarados e em personalidades psicopatas,
desencadeando acessos furiosos e atos de extrema violência, mesmo sob ingestão de pequenas doses de álcool.
Trata-se de uma forma especial de intoxicação alcoólica aguda, geradora de transtornos psíquicos
manifestados por formas que vão desde a excitação eufórica até o estupor e o coma alcoólico.
A embriaguez quanto à origem: embriaguez acidental, pode advir de caso fortuito ou força maior. Assim,
quando ela será acidental proveniente de caso fortuito e quando é de força maior?
✓ Caso fortuito: Quando o agente desconhece o efeito inebriante da substância que ingere;
✓ Força maior: Quando ele é obrigado a ingerir a substância. Exemplo de Damásio de Jesus:
Alguém cai no tonel de pinga, sai dali e mata o segurança. Exemplo da jurisprudência: Uma
mulher foi sequestrada e drogada no cativeiro. Ela conseguiu fugir naquele estado. Esse é um
exemplo mais factível.
A embriaguez acidental, seja por razão de caso fortuito, seja por razão de força maior, ela pode ser completa
ou incompleta:
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Existe, ainda, a chamada embriaguez não-acidental: Pode ser voluntária ou culposa, vejamos:
✓ Voluntária: Será voluntária quando o agente quer se embriagar. Eu falei que ele quer se
embriagar. Eu não falei que ele quer se embriagar para praticar crime. Ele simplesmente
decidiu ‘tomar todas’.
✓ Culposa: Não queria se embriagar, mas aconteceu.
A embriaguez não-acidental, seja voluntária, seja culposa, também pode ser completa ou incompleta.
Já a embriaguez preordenada é meio para a prática do crime. Também pode ser completa ou incompleta.
O que diz o art. 28, § 1º, do CP? Só exclui a imputabilidade a embriaguez acidental completa. E se for
incompleta, somente reduz a pena. Só isenta de pena a embriaguez acidental proveniente de caso fortuito ou
força maior completa. Somente essa! A acidental incompleta não isenta de pena. Diminui pena. A embriaguez
não acidental não isenta de pena jamais, seja completa, seja incompleta. Não exclui a culpabilidade. A
patológica só exclui a imputabilidade se completa, caso em que é comparada ao art. 26, caput. Se incompleta,
não exclui. A preordenada não exclui a imputabilidade, não importa se completa ou incompleta.
✓ asfixia primitiva: aquela que é causa primária da morte, parte-se do critério temporal, onde
a asfixia se apresenta como causa direta da morte (Asfixia Pura) e não como consequência de
algum fenômeno orgânico prévio (doença cardíaca ou pulmonar, etc.);
✓ asfixia violenta: é o modo como a morte por asfixia se concretizou, por consequência de uma
ação violenta, não natural;
✓ asfixia mecânica: é classificada quanto ao meio, tratando-se da asfixia em que “ocorre a
privação de oxigênio ocasionada por um obstáculo mecânico à penetração do ar atmosférico
e criando um déficit da ventilação pulmonar, incompatível com a sobrevivência”.
Sinais externos da asfixia: face cianótica (máscara equimótica azulada); globos oculares proeminentes
(hemorragia na conjuntiva ocular); língua projetada; cogumelo de espuma (bolhas de espuma que cobre a
boca).
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Sinais internos: sangue escuro nas cavidades cardíacas e acúmulo de sangue no fígado e rins.
Nos casos de asfixia mecânica, os pulmões ficam com pequenas manchas avermelhadas (hemorrágicas) que
decorrem da alta pressão arterial provocada pelo aumento da concentração de gás carbônico no sangue. Tais
manchas são chamadas de “Manchas de Tardieu”. Esses sinais podem variar dependendo da espécie de
asfixia.
✓ Sinal de Ponsold: livores cadavéncos, em placas, por cima e por baixo das
bordas do sulco;
✓ Sinal de Thoinot: zona violácea ao nível das bordas do sulco;
✓ Sinal de Azevedo-Neves: livores punctiformes por cima e por baixo das
bordas do sulco;
✓ Sinal de Neyding: infiltrações hemorrágicas punctiformes no fundo do sulco;
✓ Sinal de Ambroise Parê: pele enrugada e esconada no fundo do sulco;
✓ Sinal de Lesser: vesículas sangumolentas no fundo do sulco;
✓ Sinal de Bonnet: marcas de trama do laço;
✓ Sinal de Schulz: borda supenor do sulco saliente e violácea.
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relação à profundidade (inexiste a ação do peso do corpo); pode ter mais uma volta e também
é apergaminhado. A face no estrangulamento geralmente se mostra tumefeita e violácea
devido a obstrução quase sempre completa da circulação venosa e arterial; os lábios e as
orelhas arroxeados, podendo surgir espuma rósea ou sanguinolenta das narinas e boca. A
língua se projeta além das arcadas dentárias e é extremamente escura. Dos meatos acústicos
externos, poderá fluir sangue. Equimoses de pequenas dimensões na face, nas conjuntivas,
pescoço e face anterior do tórax.;
✓ Esganadura - é a asfixia mecânica pela constrição do pescoço produzida pela ação direta
das mãos do agente. A esganadura é uma asfixia essencialmente homicida, via de regra
existindo superioridade de forças. A esganadura é comum no infanticídio e nos estupros
qualificados pela morte. A doutrina médica afasta o suicídio na esganadura. Não existe sulco
na esganadura. No seu lugar existem os chamados “estigmas ungueais” que são as marcas
das unhas no pescoço da vítima (região ântero-lateral). É possível também encontrar
equimoses localizadas bilateralmente na região do pescoço, correspondendo a ação
compressiva dos dedos das mãos do agressor. A morte decorre da compressão do pescoço
(inibição vagal) e consequente asfixia, podendo ocorrer a fratura do osso hioide;
✓ Afogamento - o afogamento é a espécie de asfixia em que ocorre a penetração de um meio
líquido (água) ou semilíquido (lama) nas vias aéreas da vítima, impedindo a passagem do ar
até os pulmões. Segundo a doutrina médica, existem dois tipos de afogados: o afogado azul
(afogado real, que morreu em razão do afogamento, com sinais externos e internos típicos
do afogamento) e o afogado branco (afogado falso, ou seja, consistente na hipótese em que
o corpo foi atirado sem vida na água);
Fases do afogamento
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vias aéreas; lesões “post mortem” produzidas por peixes ou outros animais
aquáticos;
• sinais internos: diluição do sangue (em razão da ingestão de grande
quantidade de líquido); presença de água no estômago; enfisema hidroaéreo
do pulmão; manchas de “Paltauf” (hemorragias pleurais no pulmão);
presença de plâncton e água nas vias respiratórias (nariz e boca); presença de
líquido nos ouvidos.
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As feridas produzidas por ação mecânica no ser humano podem ter suas repercussões externa ou internamente.
Podem ter como resultado o impacto de um objeto em movimento contra o corpo humano parado (meio ativo),
ou o instrumento encontrar-se imóvel e o corpo humano em movimento (meio passivo), ou, finalmente, os
dois se acharem em movimento, indo um contra o outro (ação mista).
Segundo o França, esses meios atuam por pressão, percussão, tração, torção, compressão, descompressão,
explosão, deslizamento e contrachoque.
De conformidade com as características que imprimem às lesões, os meios mecânicos classificam-se em:
perfurantes
cortantes
contundentes
perfurocortantes
perfurocontundentes
cortocontundentes
Esses instrumentos que são de ação simples ou composta podem causar lesões simples e/ou complexas. Assim,
as os estudos dessas lesões são de grande importância para a Medicina Legal.
As lesões oriundas desse tipo de ação denominam-se feridas punctiformes ou punctórias, pela sua
exteriorização em forma de ponto.
Têm como características a abertura estreita; são de raro sangramento, de pouca nocividade na superfície e,
às vezes, de certa gravidade na profundidade, em face desse ou daquele órgão atingido; e, por fim, quase
sempre de menor diâmetro que o do instrumento causador, graças à elasticidade e à retratilidade dos tecidos
cutâneos.
O trajeto dessas feridas é representado por um túnel estreito que se continua pelo tecido lesado, representado
no cadáver por uma linha escura. O ferimento de saída, quando isso ocorre, é em geral mais irregular e de
menor diâmetro que o de entrada, em face do instrumento atuar nessa fase através de sua parte mais afilada.
Quando o instrumento perfurante é de médio calibre, a forma das lesões assume aspecto diferente,
obedecendo às leis de Filhos e Langer:
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Além de nem sempre penetrar em toda a sua extensão, pode ainda variar essa profundidade com a posição da
vítima. Pode acontecer de a profundidade de penetração ser maior que o próprio comprimento da arma quando
esta, por exemplo, atinge uma região onde haja depressibilidade dos tecidos superficiais, como no ventre.
Lacassagne chamou essas lesões de “feridas em acordeão”.
Sua causa jurídica é, na maioria das vezes, homicida e, mas raramente, de origem acidental ou suicida.
Os meios ou instrumentos de ação cortante agem através de um gume mais ou menos afiado, por um
mecanismo de deslizamento sobre os tecidos e, na maioria das vezes, em sentido linear. A navalha, a lâmina
de barbear e o bisturi são exemplos de agentes produtores dessas ações.
As feridas produzidas por essa forma de ação, preferimos denominá-las, embora não convenientemente,
feridas cortantes, em vez de “feridas incisas”, deixando esta última expressão para o resultado da incisão
verificada em cirurgia, cujas características são bem diversas daquelas das feridas produzidas pelos mais
distintos meios cortantes.
As feridas cortantes têm suas extremidades mais superficiais e a parte mediana mais profunda, nem sempre se
apresentando de forma regular. Tem como característica principal a chamada “cauda de escoriação”. São
também conhecidas como feridas fusiformes (em forma de fuso).
Segundo o França, essas feridas diferenciam-se das demais lesões pelas seguintes características:
✓ forma linear
✓ regularidade das bordas
✓ regularidade do fundo da lesão
✓ ausência de vestígios traumáticos em torno da ferida
✓ hemorragia quase sempre abundante
✓ predominância do comprimento sobre a profundidade
✓ afastamento das bordas da ferida
✓ presença de cauda de escoriação voltada para o lado onde terminou a ação do instrumento
✓ vertentes cortadas obliquamente
✓ centro da ferida mais profundo que as extremidades
✓ paredes da ferida lisas e regulares
✓ perfil de corte de aspecto angular, quando o instrumento atua de forma perpendicular, ou em
forma de bisel, quando o instrumento atua em sentido oblíquo ao plano atingido.
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Uma questão de suma importância é a ordem das lesões que se cruzam. Como a segunda lesão foi produzida
sobre a primeira, de bordas já afastadas, coaptando-se às margens de uma das feridas, sendo ela a primeira a
ser produzida, a outra não segue um trajeto em linha reta (sinal de Chavigny).
No tocante à causa jurídica das feridas cortantes, devem-se levar em conta, entre outros dados, o número de
lesões, as regiões atingidas, direção, profundidade e regularidade.
Aqui, ninguém pode esquecer as clássicas lesões de defesa – nas mãos, nos braços e até mesmo nos pés. Em
tese, as feridas cortantes são mais acidentais e homicidas que suicidas.
Dentro do conjunto das lesões produzidas por ação cortante, existe o que se chama de esquartejamento,
traduzido pelo ato de dividir o corpo em partes (quartos), por amputação ou desarticulação, quase sempre
como modalidade de o autor livrar-se criminosamente do cadáver ou impedir sua identificação.
A castração, segundo o França, é também uma lesão produzida por ação cortante e tem na maioria das vezes
a finalidade e o instinto de vingança.
A decapitação é também de ocorrência rara e se traduz pela separação da cabeça do corpo e pode ser oriunda
de outras formas de ação além da cortante. Sua etiologia pode ser acidental ou homicida e, mais raramente,
suicida. Observam-se com mais frequência as decapitações depois da morte, como forma de prejudicar a
identificação da vítima.
As feridas profundas da parede abdominal, conhecidas sob o rótulo de haraquiri, ainda que fortuitas, não se
pode dizer que elas não ocorram, principalmente levando-se em conta as colônias japonesas entre nós. As
lesões mais comuns nesses episódios, segundo especialistas, são o amplo ferimento, as grandes hemorragias,
as eventrações e as eviscerações.
Há ainda um tipo de lesão conhecida por esgorjamento e que se caracteriza por uma longa ferida transversal
do pescoço, de significativa profundidade, lesando além dos planos cutâneos, vasculonervosos e musculares,
órgãos mais internos como esôfago, laringe e traqueia. Sua etiologia pode ser homicida ou suicida.
Nos casos de suicídio, quando o indivíduo é destro, o ferimento se dá da esquerda para a direita, sua localização
é mais anterolateral esquerda e termina ligeiramente voltada para baixo. Sua profundidade é maior no início
da lesão, pois no final da ação a vítima começa a perder as forças.
As lesões da laringe e da traqueia no suicídio são menos graves. Podem ocorrer nesses casos várias marcas no
pescoço traduzidas por tentativas frustradas, principalmente quando elas são paralelas e próximas umas das
outras. Na maioria das vezes, a mão da vítima que segura a arma está suja de sangue. A morte, nesses casos,
se verifica por hemorragia, pela secção dos vasos do pescoço; por asfixia, devido à secção da traqueia e
aspiração do sangue; e por embolia gasosa, por secção das veias jugulares.
Entre os agentes mecânicos, os instrumentos contundentes são os maiores causadores de dano. Sua ação é
quase sempre produzida por um corpo de superfície, e suas lesões mais comuns se verificam externamente,
embora possam repercutir na profundidade.
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As lesões produzidas por essa forma de energia mecânica sofrem uma incrível variação. Entre elas,
distinguem-se as variedades descritas a seguir. Vejamos:
✓ Rubefação - não chega a ser uma lesão, sob o ponto de vista anatomopatológico, por não
apresentar significativas e permanentes modificações de ordem estrutural, mas o é sob o ângulo
da Medicina Legal;
✓ Escoriação - tem quase sempre como origem a ação tangencial dos meios contundentes. Pode
ser encontrada isolada ou associada a outras modalidades de lesões contusas mais graves. Tem
pouco significado clínico, mas assume um valor indiscutível na perícia médico-legal.
Define-se, de forma mais simples, como o arrancamento da epiderme e o desnudamento da
derme, de onde fluem serosidade e sangue. Simonin chamou-a de erosão epidérmica e Dalla
Volta de abrasão;
Nas escoriações produzidas post mortem, não há formação de crosta; a derme é branca e não sugila serosidade
nem sangue de suas papilas. O leito da escoriação produzida depois da morte é seco, descorado e
apergaminhado.
Escoriação que deixa cicatriz não é escoriação. O único vestígio de recenticidade é uma
mancha rósea, descorada, que desaparece com poucos dias.
Escoriação típica é aquela em que apenas a epiderme sofre a ação da violência. Quando a derme é atingida,
não é mais escoriação, e sim uma ferida. A escoriação não cicatriza, não deixa marcas. A regeneração da
área lesada é por reepitelização. Há o restitutio ad integrum.
✓ Equimose - trata-se de lesões que se traduzem por infiltração hemorrágica nas malhas dos
tecidos. Para que ela se verifique, é necessária a presença de um plano mais resistente abaixo
da região traumatizada e de ruptura capilar, permitindo, assim, o extravasamento sanguíneo.
Em geral, são superficiais, mas podem surgir nas massas musculares, nas vísceras e no periósteo. Thoinot dizia
que a equimose era uma prova irrefutável de reação vital. Quando se apresenta em forma de pequenos grãos,
recebe o nome de sugilação e, quando em forma de estrias, toma a denominação de víbice. E petéquias,
pequenas equimoses, quase sempre agrupadas e caracterizadas por um pontilhado hemorrágico. Equimona,
como sinônimo de equimose de grande proporção, é expressão pouco usada entre nós.
A forma das equimoses significa muito para os legistas. Às vezes, imprime a marca dos objetos que lhe deram
origem (equimoses figuradas) com mais fidelidade do que as escoriações. Dedos de uma mão, anéis, pneus
de automóveis (estrias pneumáticas de Simonin) e tranças de corda podem deixar suas impressões em regiões
atingidas. O França cita, a equimose de sucção, provocada pelo beijo, imprime, vez por outra, em locais como
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o pescoço e o colo, a forma dos lábios, explicada pela diferença das pressões infra e extravasal, dando um
aspecto de “violetas róseo-equimóticas”.
Quando a equimose é produzida por objetos cilíndricos, como bastões, cassetetes, bengalas, deixa, em vez
de uma marca, duas equimoses longas e paralelas, conhecidas por víbices, em virtude de o extravasamento
do sangue verificar-se ao lado do traumatismo e não na sua linha de impacto.
O França menciona, em seu livro, essa mudança de tonalidades que se processa em uma equimose tem o nome
de “espectro equimótico de Legrand du Saulle”. Em geral, é vermelha no primeiro dia, violácea no segundo
e no terceiro, azul do quarto ao sexto, esverdeada do sétimo ao 10°, amarelada por volta do 12º dia,
desaparecendo em torno do 15º ao 20º. O valor cronológico dessas alterações é relativo.
O tempo de duração e por consequência a implicação na modificação da tonalidade das equimoses variam de
acordo com a quantidade e a profundidade do sangue extravasado, com a elasticidade do tecido que pode ou
não facilitar a reabsorção, com a capacidade individual de coagulação, com a quantidade e o calibre dos vasos
atingidos e com algumas características das vítimas como idade, sexo, estado geral etc. Por isso, este valor
cronológico é relativo.
Cabe lembrara que as equimoses da conjuntiva ocular não sofrem a sucessão de tonalidades em virtude de
ser a conjuntiva muito porosa e de oxigenação fácil, não permitindo que a oxi-hemoglobina se transforme e
se decomponha. Esta se mantém de colorido vermelho até sua total reabsorção.
Há certas causas que retardam ou aceleram a absorção das equimoses. Na criança, é mais rápida que nos
velhos. Será tanto mais lenta quanto mais extenso, mais profundo e mais abundante for o extravasamento
hemorrágico. No morto, a equimose mantém seu colorido até surgirem os fenômenos putrefativos que lhe
modificam as peculiaridades.
O diagnóstico diferencial da equimose deve ser feito com o livor hipostático. A equimose apresenta sangue
coagulado, presença de malhas de fibrina, infiltração hemorrágica, presença em qualquer lugar do corpo,
sangue fora dos vasos, rupturas de vasos e mais particularmente de capilares, sinais de transformação de
hemoglobina e ausência de meta-hemoglobina.
✓ Edema é o acúmulo de líquido no espaço intersticial e é constituído por uma solução aquosa
de sais e proteínas do plasma, variando de acordo com sua etiologia;
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interior dos tecidos, verdadeiras cavidades, onde surge uma coleção sanguínea. Pela palpação
da região afetada, percebe-se a sensação de flutuação;
O hematoma, em geral, faz relevo na pele, tem delimitação mais ou menos nítida e é de absorção mais
demorada que a equimose. Pode também ser profundo e encontrado nas cavidades ou dentro dos órgãos, e,
por isso, é chamado de hematoma intraparenquimatoso (intra-hepático, intrarrenal ou intracerebral).
Como as feridas contusas são produzidas por meios ou instrumentos de superfície e não de gume, mais ou
menos afiados, apresentam elas as seguintes características:
A fratura, segundo o França, pode estar reduzida a um simples traço ou a vários traços. Ou, ainda, reduzida a
vários fragmentos, tomando a denominação de fratura cominutiva. Algumas vezes, é a fratura fechada
(subcutânea) e, outras vezes, aberta (exposta). Quanto à sua extensão, dividem-se as fraturas em completas e
incompletas.
Nas crianças, pelo fato de terem o esqueleto mais cartilaginoso, pode haver apenas a deformação do osso sem
fratura ou esta apresentar-se de forma incompleta (fratura em galho verde).
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✓ Entorses - são lesões articulares provocadas por movimentos exagerados dos ossos que
compõem uma articulação, incidindo apenas sobre os ligamentos. Uma flexão intensa de uma
mão sobre o antebraço, uma abdução mais brusca do polegar sobre o seu metacarpo, um pé mal
assentado no solo ou uma rotação mais violenta de um joelho são exemplos de causas capazes
de produzir uma entorse;
✓ Rupturas de vísceras internas - um impacto violento sobre o corpo humano pode resultar em
lesões mais profundas, determinando rupturas de órgãos internos. Os ferimentos externos
nem sempre são proporcionais ao caráter grave dos resultados internos. Há circunstâncias que
condicionam ou agravam essas lesões: força do traumatismo, região atingida, condições
fisiológicas especiais (útero grávido, repleção da bexiga, do estômago e dos intestinos), certas
condições patológicas; um baço ou um fígado aumentados são mais facilmente atingidos;
✓ Prolapso de vísceras internas - sob o efeito de uma violenta pressão sobre o abdome ou tórax
pode ocorrer um prolapso retal, inclusive com a exposição dos intestinos ou um prolapso genital
com a saída do útero e da bexiga. Mais raramente pode-se observar a projeção de órgãos
torácicos e abdominais pela boca.
De causa quase sempre dolosa, essas lesões, quando produzidas com certa violência, podem apresentar danos
graves, como, por exemplo, afundamentos ósseos do segmento golpeado, reproduzindo a perda de tecidos
quase semelhante à forma e às dimensões daquele objeto agressor.
Quando a ação é em sentido perpendicular, estas lesões são conhecidas como “fratura perfurante” ou “fratura
em vazador” ou “fratura em saca-bocados” de Strassmann.
Pode ocorrer também um afundamento parcial e uniforme com inúmeras fissuras, em forma de arcos e
meridianos, e, por isso, denominado sinal do mapa-múndi de Carrara.
Quando o traumatismo se verifica tangencialmente, produz uma fratura de forma triangular com a base
aderida à porção óssea vizinha e com o vértice solto e dirigido para dentro da cavidade craniana. Esse é o sinal
em “terraza” de Hoffmann.
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Estas lesões também podem ser produzidas por outros objetos como coronhas de revólver ou pistola, caibros
ou mesmo quinas de objetos mais resistentes.
4.3.2 Encravamento
É uma modalidade de ferimento produzida pela penetração de um objeto afiado e consistente, em qualquer
parte do corpo. São ocorrências de grande impacto, quando o corpo do indivíduo se desloca violentamente de
encontro ao objeto, ou quando ambos se defrontam em grande velocidade. Sua natureza etiológica é quase
sempre acidental.
4.3.3 Empalamento
Essa forma especial de encravamento caracteriza-se pela penetração de um objeto de grande eixo longitudinal,
na maioria das vezes consistente e delgado, no ânus ou na região perineal. As lesões são sempre múltiplas e
variadas, sua profundidade varia de acordo com o impacto e as dimensões do objeto contusivo.
As lesões perfurocortantes são provocadas por instrumentos de ponta e gume, atuando por um mecanismo
misto: penetram perfurando com a ponta e cortam com a borda afiada os planos superficiais e profundos do
corpo da vítima. Agem, portanto, por pressão e por secção. Há os de um só gume (faca-peixeira, canivete,
espada), os de dois gumes (punhal, faca “vazada”) e os de três gumes ou triangulares (lima).
Segundo o França, a mais comum das causas jurídicas dessas lesões é o homicídio, enquanto o suicídio e o
acidente são mais raros. O diagnóstico diferencial entre elas é feito, observando-se a direção, o número e o
local dos ferimentos, outros sinais de violência, mais de dois ferimentos mortais, a variedade das feridas e o
local da morte. O acidente e o suicídio por essa forma de ação são bem esporádicos.
O homicídio com instrumento perfurocortante é muito comum. As chamadas lesões de defesa, encontradas
na palma da mão, nas bordas mediais dos antebraços, no ombro, no dorso e até nos pés falam em favor
de homicídio como esforço da vítima na tentativa angustiante e desesperada de salvar a vida, expondo aquelas
partes do corpo como escudo.
As feridas perfurocontusas são produzidas por um mecanismo de ação que perfura e contunde ao mesmo
tempo. Na maioria das vezes, esses instrumentos são mais perfurantes que contundentes.
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Esses ferimentos são produzidos quase sempre por projéteis de arma de fogo; no entanto, podem estar
representados por meios semelhantes, como, por exemplo, a ponta de um guarda-chuva. Ainda assim, nosso
estudo será orientado apenas para o projétil de arma de fogo.
Ferimentos de entrada nos tiros encostados - estes ferimentos, com plano ósseo logo abaixo, têm forma
irregular, denteada ou com entalhes, devido à ação resultante dos gases que descolam e dilaceram os tecidos.
Isso ocorre porque os gases da explosão penetram no ferimento e refluem ao encontrar a resistência do plano
ósseo. É muito comum nos tiros encostados na fronte e chama-se câmara de mina de Hoffmann. A expressão
melhor, segundo o França, seria golpe de mina.
Na redondeza do ferimento, nota-se crepitação gasosa da tela subcutânea proveniente da infiltração dos gases.
Em geral, não há zona de tatuagem nem de esfumaçamento, pois todos os elementos da carga penetram
pelo orifício da bala e, por isso, suas vertentes mostram-se enegrecidas e desgarradas, com aspecto de cratera
de mina. Nos tiros dados no crânio, costelas e escápulas, principalmente quando a arma está sobre a pele,
pode-se encontrar um halo fuliginoso na lâmina externa do osso referente ao orifício de entrada (sinal de
Benassi ou de Benassi-Cueli).
Como este sinal é constituído por um halo de fuligem de contorno suave sobre a superfície externa do crânio,
precisamente sobre o periósteo (membrana fibrosa que reveste os ossos) e não uma zona de tatuagem por
impregnação da pólvora não combusta, pode apresentar-seborrado ou desaparecer com a lavagem. Sua
tendência é desparecer, isto quando as partes moles que cobrem aqueles ossos forem afetados pela putrefação
cadavérica e o crânio ficar esqueletizado. Os tiros encostados ainda permitem deixar impresso na pele o
chamado sinal de Werkgaertner, representado pelo desenho da boca e da massa de mira do cano, produzido
por sua ação contundente ou pelo seu aquecimento.
O diâmetro dessas lesões pode ser maior do que o do projétil em face de explosão dos tecidos pelo efeito “de
mina”, e suas bordas algumas vezes voltadas para fora, devido ao levantamento dos tecidos pela explosão dos
gases. Estes tiros ainda podem ser caracterizados pelo sinal do “schusskanol”, representado pelo
esfumaçamento das paredes do conduto produzido pelo projétil entre as lâminas interna e externa de um osso
chato, a exemplo dos ossos do crânio.
Estes ferimentos podem mostrar: forma arredondada ou elíptica, orla de escoriação (deve-se ao arrancamento
da epiderme motivado pelo movimento rotatório do projétil antes de penetrar no corpo), bordas invertidas,
halo de enxugo (orla de Chavigny – limpa as impurezas do projétil), halo ou zona de tatuagem, orla ou zona
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de esfumaçamento (zona de falsa tatuagem), zona de queimadura (zona de chama ou zona de chamuscamento,
tem como responsável a ação superaquecida dos gases), aréola equimótica (presentada por uma zona
superficial e relativamente difusa, decorrente da sufusão hemorrágica oriunda da ruptura de pequenos vasos
localizados nas vizinhanças do ferimento) e zona de compressão de gases.
Diz-se que um tiro é a curta distância quando, desferido contra um alvo, além da lesão de entrada produzida
pelo impacto do projétil (efeito primário) são encontradas manifestações provocadas pela ação dos resíduos
de combustão ou semicombustão da pólvora e das partículas sólidas do próprio projétil expelido pelo cano da
arma (efeitos secundários).
Quando além das zonas de tatuagens e de esfumaçamento há alterações produzidas pela elevada temperatura
dos gases, como crestação de pelos e cabelos (entortilhados e quebradiços), manifestações de queimadura
sobre a pele (apergaminhada e escura ou amarelada) e zona de compressão de gases (no vivo), considera-se
essa forma de tiro a curta distância como à queima-roupa.
Os ferimentos de entrada de bala, nos tiros a distância, têm as seguintes características: diâmetro menor que
o do projétil, forma arredondada ou elíptica, orla de escoriação, halo de enxugo, aréola equimótica e bordas
reviradas para dentro. Diz-se que uma lesão tem as características das produzidas por tiro a distância quando
ela não apresenta os efeitos secundários do tiro, e por isso não se pode padronizar essa ou aquela distância.
A orla de escoriação, ou anel de Fisch, também é conhecida como zona de contusão de Thoinot, zona
inflamatória de Hoffmann, halo marginal equimótico-escoriativo de Leoncini, orla erosiva de Piedelièvre e
Desoille ou orla desepitelizada de França. Essa orla tem aspecto concêntrico nos orifícios arredondados, e em
crescente ou meia-lua, nos ferimentos ovalares. Seu exame detalhado é muito importante, pois pode esclarecer
a direção do tiro. Nos tiros perpendiculares ao corpo, a orla de escoriação é concêntrica, e, quando inclinados,
tem a forma oblíqua. É um sinal comprovador de entrada de bala a qualquer distância. Nas vísceras,
principalmente no pulmão, o ferimento de entrada apresenta o halo hemorrágico visceral de Bonnet. Não se
observa no de saída.
O diagnóstico diferencial entre o ferimento de entrada e o de saída no plano ósseo, principalmente nos ossos
do crânio, é feito pelo sinal de funil de Bonnet ou do cone truncado de Pousold. Na lâmina externa do
osso, o ferimento de entrada é arredondado, regular e em forma de “saca-bocado”. Na lâmina interna, o
ferimento é irregular, maior do que o da lâmina externa e com bisel interno bem definido, dando à perfuração
a forma de um funil ou de um tronco de cone. O ferimento de saída é exatamente o contrário, como um amplo
bisel externo, repetindo a forma de tronco de cone, mas, desta vez, com a base voltada para fora. Em outros
ossos chatos, como, por exemplo, a escápula, levando em conta tais características, é plenamente possível
determinar a direção do tiro, se de diante para trás ou de trás para diante.
Segundo o França, há também quem aceite os ferimentos de entrada de tiros a média distância,
considerando que sua forma é semelhante às entradas dos tiros a longa distância,
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caracterizando-se pelo chamado halo ou zona de tatuagem por causa dos grãos de pólvora
incombusta e pela incrustação de partículas metálicas. Deixam para os tiros a curta distância
tão só a zona de esfumaçamento, produzida pela fuligem advinda da queima de pólvora, e,
para a caracterização dos tiros à queima-roupa, a presença da zona de chamuscamento da pele
e de pelos crestados em torno do ferimento de entrada.
Excepcionalmente pode ocorrer a existência de um só ferimento de entrada e serem encontrados dois ou mais
projéteis no interior do corpo ou projétil e ferimento de saída. Duas são as situações mais comuns para tais
achados:
Outras hipóteses como a de tiros encostados com arma automática são tão excepcionais.
Vários ferimentos de entrada por um só projétil - para que isso aconteça, basta que o projétil entre e saia de
alguns segmentos ou regiões. Assim, por exemplo, é possível um projétil transfixar a coxa esquerda, o saco
escrotal e a coxa direita deixando nesses seus trajetos três orifícios de entrada e três orifícios de saída.
A lesão de saída das feridas produzidas por projéteis de arma de fogo tem forma irregular, bordas reviradas
para fora, maior sangramento e não apresenta orla de escoriação nem halo de enxugo e nem a presença dos
elementos químicos resultantes da decomposição da pólvora.
Não têm halo de enxugo, porque as impurezas do projétil ficam retidas através de sua passagem pelo corpo.
Não apresentam orla de escoriação em decorrência de sua ação no complexo dermoepidérmico, atuando de
dentro para fora, a não ser que o corpo atingido pelo disparo esteja encostado em um anteparo e o projétil, ao
sair, encontre resistência dos tegumentos (sinal de Romanese).
Pode ser encontrada a aréola equimótica em derredor do ferimento de saída, pois o mecanismo de produção é
o mesmo dos ferimentos de entrada.
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4.5.4 Trajeto
É o caminho percorrido pelo projétil no interior do corpo. Quando o ferimento é transfixante, seria
teoricamente traçado por uma linha reta, ligando a ferida de entrada à da saída. Pode terminar em fundo cego
ou perder-se dentro de uma cavidade. Alguns usam a expressão trajetória para todo o percurso do projétil,
desde a sua saída da boca do cano até o local de sua parada final.
Não é tão raro encontrar situações em que um único projétil é capaz de transfixar vários segmentos ou
partes do corpo, com orifícios de entrada e saída, constituindo o que se poderia chamar de “trajeto em
chuleio” ou “trajeto em alinhavo”. Por exemplo, transfixar um braço, uma mama, a outra mama e o outro
braço, ou outras variantes. Nesses casos a primeira ferida de entrada chama-se “ferida primária” e as demais
“feridas secundárias” ou “feridas de reentrada”.
Entrada Saída
Regular Dilacerado
Invertido Evertido
Proporcional ao projétil Desproporcional ao projétil
Com orlas e zonas Sem orlas e zonas
Atenção! Caso apareça, na saída, uma orla de contusão e ocorrer proximidade de entrada, já não será tão fácil
a diferenciação entre ambos (entrada e saída). Também, se o projétil antes de penetrar no organismo tiver
sofrido “ricochete”, características da saída poderão estar presentes na entrada.
O disparo de projéteis múltiplos pode produzir um ou vários ferimentos, com características que dependem da
distância do tiro ou dos elementos integrantes da carga. Em geral são constituídos de pequenas e inúmeras
esferas metálicas, de chumbo ou antimônio, contidas em cartuchos cilíndricos de metal ou papelão.
São ferimentos produzidos por instrumentos que, mesmo sendo portadores de gume, são influenciados pela
ação contundente, quer pelo seu próprio peso, quer pela força ativa de quem os maneja. Sua ação tanto se faz
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pelo deslizamento, pela percussão, como pela pressão. São exemplos desse tipo de instrumento: a foice, o
facão, o machado, a enxada, a guilhotina, a serra elétrica, as rodas de um trem, a tesoura, as unhas e os dentes.
São lesões quase sempre graves, fundas, alcançando mais profundamente os planos interiores e determinando
as mais variadas formas de ferimentos, inclusive fraturas. Não apresentam cauda de escoriação nem pontes de
tecidos íntegros entre as vertentes da ferida, o que as diferencia das feridas cortantes e contusas,
respectivamente.
Pode-se incluir dentro do conjunto destas lesões um quadro representado pela redução do corpo a fragmentos
diversos e irregulares, mais comuns nas mortes por acidentes ferroviários, denominado espostejamento.
Um exemplo bem peculiar dessas lesões cortocontundentes, que se apresentam com características próprias, é
a mordedura ou dentada, produzida pelo homem ou por animais, que são sempre pesquisadas na pele
humana, em alimentos e em objetos. Tem por ação uma forma de mecanismo que atua por pressão e secção,
principalmente quando provocada pelos dentes incisivos.
O mesmo se diga dos animais herbívoros, cujas peças dentárias anteriores se assemelham aos incisivos
humanos. Por outro lado, os dentes dos animais carnívoros são mais perfurantes.
Podem-se dividir essas lesões em quatro graus: 1o grau: equimoses e escoriações representadas por mossas
superficiais, com reais possibilidades de identificar as arcadas do agressor; 2o grau: equimoses e escoriações
mais nítidas e profundas, prestando-se melhor à identificação do seu autor; 3o grau: feridas contusas
comprometendo a pele e a tela subcutânea e a musculatura, porém sem avulsões de tecidos; 4o grau: lacerações
com perda razoável de tecidos e possíveis alterações estéticas (orelhas, nariz e lábios), que, na sua maioria das
vezes, não permitem uma identificação com os dentes do autor da dentada.
Segue uma tabela para resumir toda essa parte de Energia de Ordem Mecânica.
Aplicação da
Instrumentos Mecanismos Lesões Exemplos
energia sobre
Perfurante um ponto pressão- punctória alfinete,
penetração agulha,
prego, etc.
Cortante uma linha deslizante incisa navalha,
gilete, etc.
Contundente área + massa pressão contusa cassetete,
para-
choque, pau,
etc.
Pérfurocortante ponto + linha pressão – pérfuro-incisa faca, bisturi,
deslizamento etc.
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5 - TANATOLOGIA FORENSE
Tanatognose é a parte da Tanatologia Forense que estuda o diagnóstico da realidade da morte. Logo, o perito
observará dois tipos de fenômenos cadavéricos: os abióticos, avitais ou vitais negativos, imediatos e
consecutivos, e os transformativos, destrutivos ou conservadores.
✓ perda da consciência;
✓ abolição do tônus muscular com imobilidade;
✓ perda da sensibilidade;
✓ relaxamento dos esfíncteres;
✓ cessação da respiração;
✓ cessação dos batimentos cardíacos;
✓ ausência de pulso;
✓ fácies hipocrática;
✓ pálpebras parcialmente cerradas.
Segundo especialistas, o cessar da respiração, afirmado por ausculta pulmonar silenciosa, com ausência dos
murmúrios alveolares, e da circulação, confirmada principalmente pela eletrocardiografia, associada ou não à
ausculta cardíaca e à radioscopia, é sinal prático insofismável de morte real. Na morte aparente não ocorre
cessação da respiração e dos batimentos cardíacos; eles apenas permanecem imperceptíveis.
São eles:
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Destrutivos:
✓ Autólise – logo depois da morte cessam com a circulação as trocas nutritivas intracelulares,
determinando lise dos tecidos seguida de acidificação, por aumento da concentração
iônica de hidrogênio e consequente diminuição do pH;
✓ Putrefação – a putrefação, forma de transformação cadavérica destrutiva, se inicia, após a
autólise, pela ação de micróbios aeróbios e anaeróbios. Aqui surge a mancha verde
abdominal, a qual, posteriormente, se difunde por todo o tronco, cabeça e membros, a
tonalidade verde-enegrecida conferindo ao morto aspecto bastante escuro. Os fetos e os
recém-nascidos constituem exceção; neles a putrefação invade o cadáver por todas as
cavidades naturais do corpo, especialmente pelas vias respiratórias. Nos afogados, a
coloração verde dos tegumentos aparece primeiramente na metade superior e anterior do
tórax e, depois, na cabeça, pela posição declive assumida pelo corpo dentro d’água;
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corpo e do local onde está inumado, esse período pode durar um ou vários meses,
terminando pela esqueletização;
• Período de esqueletização - A ação do meio ambiente e da fauna cadavérica destrói os
resíduos tissulares, inclusive os ligamentos articulares, expondo os ossos e deixando-os
completamente livres de seus próprios ligamentos. Os cabelos e os dentes resistem muito
tempo à destruição. Os ossos também resistem anos a fio, porém terminam por perder
progressivamente a sua estrutura habitual, tornando-se mais leves, frágeis e, alguns,
quebradiços.
Segundo estudiosos, a perda, no nosso meio é de 0,5 ºC nas três primeiras horas; a seguir, o decréscimo de
temperatura é de 1 ºC por hora, até o restabelecimento do equilíbrio térmico com o meio ambiente.
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Conforme vimos, a rigidez pode manifestar-se tardia ou precocemente. Segundo Nysten-Sommer, ocorre
obedecendo à seguinte ordem: na face, nuca e mandíbula, 1 a 2 horas; nos músculos tóraco-abdominais, 2
a 4 horas; nos membros superiores, 4 a 6 horas; nos membros inferiores, 6 a 8 horas pós morte. A rigidez
cadavérica desaparece progressivamente seguindo a mesma ordem de seu aparecimento, cedendo lugar à
flacidez muscular, após 36 a 48 horas de permanência do óbito.
Esses, podem surgir 30 minutos após a morte. Os livores e hipóstase surgem habitualmente entre 2 a 3 horas,
fixando-se definitivamente no período de 8 a 12 horas após a morte. Entretanto, o França menciona entorno
de 12 horas. Assim, nesse espaço de tempo com a mudança de decúbito, esses livores podem mudar de posição.
Esta é Influenciada pela temperatura do meio ambiente, surge entre 18 a 24 horas, estendendo-se
progressivamente por todo o corpo do 3.º ao 5.º dia após a morte. Entretanto, o França deixa claro que em
média surge entre 24 e 36 horas, sendo muito mais precoce nas regiões quentes.
O gás sulfídrico, detectado pela reação do acetato neutro de chumbo embebido em papéis de filtro colocados
dentro da boca e em torno das narinas, surge entre 9 a 12 horas após o óbito. Da mesma forma que a mancha
verde abdominal, significa putrefação.
Segundo o França, Brouardel, perfurando o abdome dos cadáveres e aproximando a chama de uma vela,
observou que no 1º dia: gases não inflamáveis; do 2 º ao 4º dia: gases inflamáveis e do 5º doa em diante: gases
não inflamáveis.
Para alguns especialistas, tem valor relativo por sofrer importantes variações determinadas pelo próprio corpo
ou pelo meio ambiente. Aceita-se, no entanto, nos recém-natos e nas crianças uma perda em geral de 8g/kg de
peso nas primeiras 24 horas após o falecimento.
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O ponto crioscópico ou ponto de congelação do sangue é de -0,55 ºC a -0,57 ºC. Gravem isso! São tão
constantes esses índices no sangue que Koranyi considera patológicos os índices -0,54 ºC a -0,58 ºC. A
crioscopia tem valor para afirmar a causa jurídica da morte na asfixia-submersão e indicar a natureza do
meio líquido em que ela ocorreu. Segundo a doutrina, observa-se que na imersão em água doce a fluidez do
sangue do hemicórdio esquerdo acusa um ponto de congelação abaixo do normal, mais próximo de 0 ºC. Se,
porém, a causa mortis não foi acidental, nem suicida, mas criminosa, com posterior imersão do cadáver no
meio líquido, o ponto crioscópico permanecerá invariável (-0,55 ºC a -0,57 ºC), porque o indivíduo não se
afogou. Inversamente, o ponto de congelação do sangue surge mais afastado de 0 ºC quando a submersão,
acidental ou suicida, ocorreu no mar, pois há maior concentração molecular na água salgada ingerida. Assim,
para a determinação da data da morte, tem a crioscopia validade relativa porque o abaixamento do ponto
crioscópico do sangue após o óbito faz-se de modo irregular, tornando difícil o estabelecimento de correlações
de ordem cronológica. O França afirma que a crioscopia normal do sangue é de - 0,57ºC.
Nas primeiras horas após a morte os pelos das regiões mentonianas e bucinadoras continuam crescendo à razão
de 21 milésimos de milímetro por hora. Segundo Balthazard, conhecida a hora exata em que o indivíduo se
barbeou pela última vez, será possível determinar-se o tempo decorrido após a morte, dividindo-se o
comprimento dos pelos do mento do cadáver pela constante 21 milésimos de milímetros. É, evidentemente,
método destituído de valor, que representa apenas mais uma tentativa de colaboração empírica ao estudo da
cronologia da morte.
Houve quem pensou que o estômago com repleção alimentar e fenômenos digestivos, em fase intermediária,
poderia sugerir ao perito ter a morte ocorrido entre 1 a 2 horas após a última refeição; alimentos em fase
terminal de digestão, de 4 a 7 horas, e, finalmente, havendo vacuidade gástrica, ter o óbito acontecido
decorridas mais de 7 horas da última. Entretanto, segundo o França, o tempo de evacuação gástrica depende
essencialmente:
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Segundo o França, as ptomaínas são encontradas nas primeiras fases da putrefação das substâncias
albummóides. Sua natureza depende do tempo de putrefação, não havendo no início surgimento de elementos
tóxicos, pois neste instante predomina a trimetilamina, oriunda da colina. Aos sete dias após a morte, começa
a surgir um produto tóxico conhecido por midaleína. Aos 14 dias, a presença da cadaverina. As ptomaínas
surgem dois ou quatro dias após a morte, aumentam em tomo do 20.° dia e desaparecem na fase final da
putrefação. Dependem muito da presença ou da ausência do oxigênio, evoluem bem na temperatura de 20 a
23°C e só se desenvolvem na presença da água.
✓ Lesões Corporais - asfixias por confinamento: ocorre quando um ou mais indivíduos num
ambiente restrito ou fechado, sem condição de renovação do ar, consome o oxigênio pouco a
pouco e o gás carbônico acumula-se gradativamente. O confinamento é geralmente acidental,
podendo ser homicida ou suicida. A vítima pode apresentar lesões de desespero como
escoriações na face e pescoço, desgaste das unhas e erosão das extremidades dos dedos;
✓ Lesões Corporais - asfixia por monóxido de carbono: é uma forma de asfixia tissular. Não
é normalmente considerado causador de morte por intoxicação. É constante como forma de
suicídio e mais raramente acidental e homicida. Ocorre rigidez cadavérica mais tardia, pouco
intensa, de menor duração e tonalidade rósea da face (“como de vida”), hipostase clara, órgãos
de tom carmim, com sangue fluido e róseo;
✓ Lesões Corporais - asfixia por sufocação direta: as modalidades são: por oclusão da boca e
das fossa nasais: quase sempre de caráter criminoso com desproporção entre de forças entre a
vítima e o autor. É uma prática muito comum no infanticídio. O autor pode usar as mãos, sacos
plásticos, travesseiros, dentre outros; sufocação direta por oclusão das vias respiratórias:
geralmente acidental. Ocorre quando corpos estranhos impedem a passagem do ar para os
pulmões. Nos afogamentos temos como sinal o cogumelo de espuma na boca; sufocação
posicional: ocorre pela posição em que o indivíduo se encontra no momento da morte;
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6 - DOCUMENTOS MÉDICO-LEGAIS
Os Documentos Criminalísticos e/ou Médico-Legais constam de todas as informações de conteúdo médico
ou não, e que tenham interesse judicial, possuem características específicas, tais como:
Vamos destacar eles e conceituá-los, classificam-se como: atestados, notificações compulsórias, relatórios
médico-legais (autos e laudos), pareceres (técnico ou do legista) e depoimentos orais. Os clínicos são
simples declarações para certificar condições de sanidade ou enfermidade, por exemplo, para justificar
ausência do paciente ao trabalho (é sempre fornecido a pedido do interessado). Então, resumindo temos os
seguintes documentos:
✓ Notificação (compulsória);
✓ Atestado;
✓ Relatório médico-legal;
✓ Parecer;
✓ Depoimento oral.
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6.1 Atestados
É a declaração escrita de determinado fato médico e suas possíveis consequências, ou seja, resume de forma
objetiva, o resultado da avaliação realizada de um paciente, o teor de sua doença ou sanidade. A doutrina
classifica quanto à sua destinação, em oficioso, aquele fornecido por médico em atividade privada, em situação
menos formal; administrativo, aquele que vai desempenhar uma finalidade junto a repartição pública; e
judicial, expedido por solicitação do Juiz, integrando autos de processo judiciário.
São notificações obrigatórias as comunicações que devem ser expedidas às autoridades competentes por
razões sociais ou sanitárias. Casos de epidemias obrigam notificações obrigatórias como Dengue,
Hanseníase, Sida, Tuberculose entre outras. Essas notificações incluem doenças profissionais e do trabalho,
como também o acidente de trabalho via CAT.
6.3 Parecer
É o documento médico-legal, de natureza subjetiva, que expressa a opinião, mesmo que fundamentada, de um
profissional. Podem ser meramente oficiosos, particulares e encomendados pelas partes para reforçar uma
tese e, por isto, devem ser analisados com cautela e raramente se sobrepõem aos exames oficiais.
Compõe-se de quatro partes (não possui descrição): 1º é o Preâmbulo onde consta a qualificação do médico
consultado; 2º a Exposição que transcreve os quesitos e o objeto da consulta; 3º a Discussão que é a parte
mais importante do parecer, onde os fatos apresentados serão analisados em minúcias e; 4º as Conclusões
onde o modo de ver do parecerista dá as respostas aos quesitos formulados.
Geralmente são dados pelos legistas perante autoridade policial ou judicial e objetiva o esclarecimento de uma
questão médica específica e de interesse judicial. Tais depoimentos são normalmente reduzidos a termo.
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Segundo a doutrina, o relatório médico-legal consta de sete partes: preâmbulo, quesitos, comemorativo ou
histórico, descrição, discussão, conclusões e respostas aos quesitos. Vejamos:
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7 – PERÍCIAS E PERITOS
Perícias são diligências que possuem a finalidade de estabelecer a veracidade ou a falsidade de situações, fatos
ou acontecimentos, de interesse da justiça por meio de provas. São verificações (análises) de todo o vestígio
de uma infração, cabe lembrar aqui, que vestígio e indícios não são sinônimos.
Qualquer marca, fato, sinal que seja detectado em local onde tenha sido praticado fato delituoso é, em tese,
um vestígio. Agora, após esse ser devidamente analisado, interpretado e associado com os exames laboratoriais
e dados da investigação policial daquele fato, enquadrando-se em toda sua moldura, tiver estabelecida sua
inequívoca relação com o fato delituoso e com as pessoas com esse relacionadas, aí ele terá se transformado
em um indício.
Seguindo pessoal, é de suma importância vocês saberem que o Código de Processo Penal, diz que sempre que
uma infração deixar vestígios é indispensável o exame de corpo de delito, direto ou indireto, não podendo
suprimi-lo a confissão do acusado. As perícias devem ser realizadas por peritos oficiais, portadores de diploma
de curso superior e que na falta de perito oficial, o exame deve ser feito por duas pessoas idôneas portadoras
de diploma de curso superior e de preferência na área específica, dentre as que tiverem habilitação técnica
relacionada com a natureza do exame. E, caso tenha desaparecido os vestígios, o exame não poderá ser
realizado, contudo a prova testemunhal poderá suprir a falta daquele. Então, uma perícia pode ser realizada
direta e indiretamente.
As perícias se materializam por meio dos laudos periciais, mais a frente eu vou falar sobre documentos legais,
são muito cobrados nos concursos - os laudos são constituídos de peça escrita, contendo a descrição minuciosa
do que foi examinado, as respostas aos quesitos formulados, além de outras provas. É importante também
saber, que quando existir divergências entre dois peritos a respeito da mesma matéria, a perícia é denominada
contraditória; sendo assim, o magistrado pode aceitar o que julgar conveniente ou nomear um terceiro perito.
Assim, faz-se necessário estudarmos uma parte do Código de Processo Penal, o qual contemplou um conjunto
de regras que regulamentam a produção de provas no âmbito do processo criminal. Dessa forma, estabeleceu
normas gerais relacionadas aos requisitos a serem utilizados pelo magistrado na valoração dos elementos de
convicção carregados ao processo e ao ônus probante, bem como disciplinou determinados meios específicos
de prova, ou seja, elementos trazidos ao processo capazes de orientar o juiz na busca da verdade dos fatos.
Muito importante nesse estudo é o conceito e finalidade da prova e Guilherme de Souza Nucci destaca bem
que “prova é o conjunto de elementos produzidos pelas partes ou determinados pelo juiz visando à formação
do convencimento quanto a atos, fatos e circunstâncias, assim, o termo prova deriva do latim probatio, que
significa ensaio, verificação, inspeção, exame, argumento, razão, aprovação ou confirmação.”
No processo penal, a produção da prova objetiva auxiliar na formação do convencimento do juiz quanto à
veracidade das afirmações das partes em juízo. Não se destina, portanto, às partes que a produzem ou
requerem, mas ao magistrado, possibilitando, destarte, o julgamento de procedência ou improcedência da ação
penal.
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O exame de corpo de delito compreende-se a perícia destinada à comprovação da materialidade das infrações
que deixam vestígios (Ex: lesões corporais, furto qualificado pelo arrombamento, dano etc.). A própria
nomenclatura utilizada – corpo de delito – sugere o objetivo dessa perícia. Assim, não se pode falar em exame
de corpo de delito quando ausente um vestígio em consequência da prática delituosa.
Podemos notar que o art. 158 refere-se a exame de corpo de delito direto e indireto. Assim, considera-se direto
quando realizado pelo expert diante do vestígio deixado pela infração penal, por exemplo, a necropsia no
cadáver. Por outro lado, o exame indireto é aquele realizado com base em informações verossímeis fornecidas
aos peritos quando não dispuserem estes do vestígio deixado pelo delito. Imagine-se um delito de estupro,
sendo submetida a vítima à perícia de conjunção carnal ocorrida um mês antes.
Não mais sendo constatado o vestígio em face do tempo decorrido, poderão os experts elaborar laudo indireto,
a partir, por exemplo, de atestado do médico particular da vítima que a tenha examinado logo após a
ocorrência. Nesse caso, o laudo indireto limitar-se-á a um juízo de compatibilidade, vale dizer, a afirmar que
a realidade constatada é compatível com as referências constantes no documento que lhes foi apresentado.
É muito comum, na doutrina, a divergência no conceito entre o exame de corpo de delito indireto e a
possibilidade de suprimento da perícia pela prova testemunhal em razão do desaparecimento do vestígio. É
que, apesar da obrigatoriedade da perícia determinada pelo art. 158 quando se tratar de crime que deixa
vestígios, o Código de Processo Penal - CPP, estabeleceu que, quando o vestígio houver desaparecido, a prova
testemunhal poderá suprir-lhe a falta. Esta possibilidade de suprimento não se confunde com o chamado exame
indireto.
No exame indireto há um laudo, firmado por peritos. Diferente é a situação de suprimento da perícia com base
em testemunhas que vierem a prestar depoimento em juízo a respeito do vestígio do crime que tenham
presenciado, caso em que se estará não diante de uma prova pericial indireta, mas sim de uma prova
testemunhal.
Essa a reunião dos arts. 158 e 167, o primeiro classificando o exame de corpo de delito como direto ou indireto,
e o segundo tratando da impossibilidade de realização do exame de corpo de delito, caso em que seria possível
o suprimento pela prova testemunhal.
O art. 158 do CPP, como já mencionei, determina que, quando a infração deixar vestígios, será indispensável
o exame de corpo de delito, direto ou indireto, não podendo supri-lo a confissão do acusado. Esta regra guarda
correspondência com o art. 564, III, b, do CPP, dispondo que constitui nulidade a falta do exame de corpo de
delito, salvo o disposto no art. 167 do mesmo Código. Este, por sua vez, refere a possibilidade de suprimento
do exame de corpo de delito pela prova testemunhal quando o vestígio houver desaparecido.
O art. 159, caput, menciona que o exame de corpo de delito deverá ser realizado por perito oficial portador de
curso superior. Assim, perito oficial é aquele que pertence aos quadros do Estado, aquele concursado.
Ao empregar a palavra “perito” no singular, o CPP aboliu a exigência de dois peritos para a realização do
exame. Basta somente um perito. O CPP prevê que, na falta de perito oficial, poderá a perícia ser realizada por
dois peritos não oficiais (peritos leigos), como tal consideradas as pessoas idôneas, portadoras de curso
superior preferencialmente na área que constitui o objeto da perícia, que possuam habilitação técnica
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relacionada à natureza do exame e que, nomeadas pelo Delegado de Polícia ou pelo juiz, prestem o
compromisso de bem e fielmente desempenharem a função para a qual encarregados.
Pode existir divergências entre os peritos? Sim! É o caso, por exemplo, da perícia efetuada por peritos não
oficiais, exigindo o art. 159, § 1.º, do CPP o mínimo de dois profissionais na sua efetivação. Nesse caso não
tem que concordar um com o outro. Podemos encontrar perícias divergentes. O juiz ao analisar poderá
concordar com um ou com outro, ou nomear um terceiro.
Fica notório, ao ler a norma, que podem determinar a realização de perícias, o Promotor de Justiça e o Juiz.
Entretanto, na grande maioria das ocorrências, onde o Delegado de Polícia primeiro toma conhecimento e por
ser o presidente do inquérito, é quem mais exerce essa prerrogativa. Destaca-se, ainda, que também as partes,
especialmente por intermédio dos advogados que lhe representam, poderão requerer exames periciais, na fase
processual, diretamente ao juiz. No entanto, não poderá requerer na fase inquisitorial a revisão ou
complementação de exames periciais, uma vez que essa prerrogativa é exclusiva do magistrado. Esta
prerrogativa caracteriza-se pela ausência de dispositivo contrário a esse procedimento e, em especial, pelo que
orienta o Art. 184 (“Salvo o caso de exame de corpo de delito, o juiz ou a autoridade policial negará a perícia
requerida pelas partes, quando não for necessária ao esclarecimento da verdade”).
No art. 159, § 3.º, do CPP contém regramento específico, alertando que serão facultadas ao Ministério Público,
ao assistente de acusação, ao ofendido, ao querelante e ao acusado a formulação de quesitos e a indicação de
assistentes. Assim, a ausência de notificação destes sujeitos processuais poderá acarretar nulidade processual.
Muitas perícias requerem exames complementares, que são necessárias para a análise e conclusão do laudo
pericial, demandando assim dilação do prazo previsto. Observe-se que, de acordo com o constante no art. 160,
parágrafo único, o laudo pericial deve ser concluído no prazo de dez dias.
A regra estabelecida pelo Código de Processo Penal é a de que o exame de corpo de delito possa ser feito em
qualquer dia e hora, sem restrições quanto aos feriados e períodos noturnos (art. 161). Uma primeira exceção,
contudo, existe em relação ao exame interno do cadáver (necropsia ou autópsia), o qual deverá ser feito no
mínimo seis horas após a morte, segundo dispõe o art. 162 do CPP. Como o risco de morte aparente, na
atualidade, é improvável em face do avanço tecnológico, na prática esse tempo não tem sido observado, mesmo
porque o próprio dispositivo citado ressalva a possibilidade de efetivação do exame antes do interregno lá
previsto quando induvidosa a morte do indivíduo.
O tempo de seis horas, baseia-se no fato que se evite que o exame seja realizado com a vítima viva. Consoante
dispõe o artigo 162, parágrafo único, nem sempre será necessário o exame interno. Basta o exame externo do
cadáver nos casos de morte violenta em que não houver infração penal para apurar como é o caso de morte
acidental. Considera-se ainda desnecessária quando as lesões externas permitirem precisar a causa da morte e
não houver exame interno para averiguar alguma circunstância relevante.
Tratando-se do crime de lesões corporais, a fim de evitar o desaparecimento dos vestígios, normalmente é o
ofendido submetido ao exame de corpo de delito logo depois do fato. Neste exame deverão constar os
esclarecimentos necessários para que possa o Ministério Público identificar a natureza da lesão praticada de
modo a enquadrá-la no caput (lesão corporal leve) ou nos §§ 1.º e 2.º do art. 129 (lesão corporal grave ou
gravíssima, respectivamente). Na verdade, o exame de corpo de delito no crime de lesões corporais compõe-
se da resposta a determinados quesitos que, por sua vez, correspondem ao que dispõem o art. 129 e seus
parágrafos.
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O art. 168, § 2.º, como se vê, exige que a perícia seja feita “logo que decorra o prazo de 30 dias”. Muito embora
não seja explicitado qual seja esse prazo, os termos incorporados ao dispositivo em comento sugerem que o
exame deva ser feito nos primeiros dias que se seguirem ao final do trintídio, sob pena de inviabilizar a
constatação quanto a ter ficado ou não a vítima, efetivamente, incapacitada.
O art. 171 do CPP dispõe que, “nos crimes cometidos com destruição ou rompimento de obstáculo a subtração
da coisa, ou por meio de escalada, os peritos, além de descrever os vestígios, indicarão com que instrumentos,
por que meios e em que época presumem ter sido o fato praticado”. A despeito dessa previsão, há controvérsias
quanto à possibilidade de suprimento da perícia por outro meio de prova para fins de comprovação dessa
qualificadora. Assim, desde que desaparecidos os vestígios, é possível, aplicando-se o art. 167 do CPP,
reconhecer a qualificadora do rompimento de obstáculo a partir da prova testemunhal (ou de outras provas).
Este é o entendimento dominante, compreendendo o STJ que “para a incidência da qualificadora prevista no
art. 155, § 4.º, I, do Código Penal, é necessária a comprovação do rompimento de obstáculo, por laudo pericial,
salvo em caso de desaparecimento dos vestígios, quando a prova testemunhal poderá suprir-lhe a falta.”
Por outro lado, em relação à escalada, esta pressupõe o acesso ao local do furto por via anormal e com o
emprego de meios artificiais, de particular agilidade ou de esforço sensível, reveladores da obstinação do
agente em vencer as cautelas postas pelo ofendido para a defesa do seu patrimônio, bem como da sua maior
capacidade de delinquir. Caracteriza-se, por exemplo, na transposição de janelas, telhados, muros, portões,
túneis etc.
O art. 173 do CPP estabelece que, “no caso de incêndio, os peritos verificarão a causa e o lugar em que houver
começado, o perigo que dele tiver resultado para a vida ou para o patrimônio alheio, a extensão do dano e o
seu valor e as demais circunstâncias que interessarem à elucidação do fato”. Aqui, temos o crime de incêndio,
tipificado no art. 250 do Código Penal. As questões mencionadas no art. 173 do CPP e que devem ser
respondidas pelos peritos (se possível) tendo em vista as peculiaridades do delito, cujas circunstâncias podem
conduzir uma maior ou menor punição, dependendo tenha ocorrido em casa habitada ou não, dos instrumentos
utilizados para provocar o fogo, do material ígneo empregado, das consequências e demais elementos que
podem evidenciar o agir doloso ou culposo do agente.
O art. 174 do CPP trata do exame grafotécnico. Esta prova pretende, mediante comparação da grafia aposta
em documento escrito com a grafia do investigado ou do acusado, afirmar ou afastar a sua autoria em relação
a determinado texto ou assinatura. Tratando-se de prova técnica, o exame constitui importante instrumento de
convicção à autoridade policial, no curso das investigações, e ao juiz, no decorrer da instrução criminal. Sua
utilização é bastante comum na apuração de crimes relacionados à falsificação de documentos públicos ou
particulares, falsidade ideológica e estelionato. Sem embargo, também pode ser realizado na identificação da
autoria de documentos relevantes para a comprovação de qualquer outro crime, como por exemplo, de
homicídio previamente anunciado ao ofendido por meio de carta anônima supostamente enviada pelo acusado.
Com a finalidade de efetuar a comparação, pode ser utilizado qualquer documento licitamente obtido, desde
que comprovada sua autenticidade, o que pode ocorrer: por meio do reconhecimento do acusado de que a
grafia lhe pertence; por meio de reconhecimento judicial, como por exemplo o documento produzido em
processo cível reconhecidamente escrito pelo acusado; e por qualquer outro meio de prova hábil à afirmação
da autoria do texto ou assinatura sob comparação.
A obrigatoriedade do exame a que alude o art. 175 do CPP depende da hipótese concreta. Observe-se, por
exemplo, a hipótese de um homicídio provocado por arma de fogo. Alegando o imputado, como defesa,
disparo acidental, é importante que se faça a perícia para comprovar a viabilidade da versão apresentada.
Diferentemente, sendo hipótese de imputação de homicídio doloso, em que alega o acusado, por exemplo, ter
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agido em legítima defesa ao desferir um tiro contra a vítima, a perícia no revólver apreendido é totalmente
desnecessária. Suponha-se, agora, que o delito imputado seja o de disparo de arma de fogo. Neste caso,
tratando-se de crime que se pode comprovar mediante prova testemunhal quanto à efetiva ocorrência da
conduta, é absolutamente dispensável a perícia.
Novidades!
Art. 158-A. Considera-se cadeia de custódia o conjunto de todos os procedimentos utilizados para
manter e documentar a história cronológica do vestígio coletado em locais ou em vítimas de
crimes, para rastrear sua posse e manuseio a partir de seu reconhecimento até o descarte.
§ 2º O agente público que reconhecer um elemento como de potencial interesse para a produção
da prova pericial fica responsável por sua preservação.
§ 3º Vestígio é todo objeto ou material bruto, visível ou latente, constatado ou recolhido, que se
relaciona à infração penal.
Art. 158-B. A cadeia de custódia compreende o rastreamento do vestígio nas seguintes etapas:
II - isolamento: ato de evitar que se altere o estado das coisas, devendo isolar e preservar o
ambiente imediato, mediato e relacionado aos vestígios e local de crime;
III - fixação: descrição detalhada do vestígio conforme se encontra no local de crime ou no corpo
de delito, e a sua posição na área de exames, podendo ser ilustrada por fotografias, filmagens ou
croqui, sendo indispensável a sua descrição no laudo pericial produzido pelo perito responsável
pelo atendimento;
IV - coleta: ato de recolher o vestígio que será submetido à análise pericial, respeitando suas
características e natureza;
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VII - recebimento: ato formal de transferência da posse do vestígio, que deve ser documentado
com, no mínimo, informações referentes ao número de procedimento e unidade de polícia
judiciária relacionada, local de origem, nome de quem transportou o vestígio, código de
rastreamento, natureza do exame, tipo do vestígio, protocolo, assinatura e identificação de quem
o recebeu;
VIII - processamento: exame pericial em si, manipulação do vestígio de acordo com a metodologia
adequada às suas características biológicas, físicas e químicas, a fim de se obter o resultado
desejado, que deverá ser formalizado em laudo produzido por perito;
Art. 158-C. A coleta dos vestígios deverá ser realizada preferencialmente por perito oficial, que
dará o encaminhamento necessário para a central de custódia, mesmo quando for necessária a
realização de exames complementares.
§ 1º Todos vestígios coletados no decurso do inquérito ou processo devem ser tratados como
descrito nesta Lei, ficando órgão central de perícia oficial de natureza criminal responsável por
detalhar a forma do seu cumprimento.
§ 2º É proibida a entrada em locais isolados bem como a remoção de quaisquer vestígios de locais
de crime antes da liberação por parte do perito responsável, sendo tipificada como fraude
processual a sua realização.
Art. 158-D. O recipiente para acondicionamento do vestígio será determinado pela natureza do
material.
§ 1º Todos os recipientes deverão ser selados com lacres, com numeração individualizada, de
forma a garantir a inviolabilidade e a idoneidade do vestígio durante o transporte.
§ 3º O recipiente só poderá ser aberto pelo perito que vai proceder à análise e, motivadamente,
por pessoa autorizada.
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Art. 158-E. Todos os Institutos de Criminalística deverão ter uma central de custódia destinada à
guarda e controle dos vestígios, e sua gestão deve ser vinculada diretamente ao órgão central de
perícia oficial de natureza criminal.
§ 1º Toda central de custódia deve possuir os serviços de protocolo, com local para conferência,
recepção, devolução de materiais e documentos, possibilitando a seleção, a classificação e a
distribuição de materiais, devendo ser um espaço seguro e apresentar condições ambientais que
não interfiram nas características do vestígio.
§ 3º Todas as pessoas que tiverem acesso ao vestígio armazenado deverão ser identificadas e
deverão ser registradas a data e a hora do acesso.
§ 4º Por ocasião da tramitação do vestígio armazenado, todas as ações deverão ser registradas,
consignando-se a identificação do responsável pela tramitação, a destinação, a data e horário da
ação.
Art. 158-F. Após a realização da perícia, o material deverá ser devolvido à central de custódia,
devendo nela permanecer.
Parágrafo único. Caso a central de custódia não possua espaço ou condições de armazenar
determinado material, deverá a autoridade policial ou judiciária determinar as condições de
depósito do referido material em local diverso, mediante requerimento do diretor do órgão central
de perícia oficial de natureza criminal.
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LISTA DE QUESTÕES
A) barotrauma.
B) bends tipo 2.
C) blast primário.
D) blast secundário.
E) blast terciário.
A) barotrauma
B) baropatia
C) embolia traumática
D) doença de Monge
E) doença da descompressão
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A) metalização.
C) sinal de Werkgartner.
D) sinal de Lichtenberg.
E) sinal de Benassi.
A) fulguração.
B) eletroplessão.
C) eletrocussão.
D) arco voltaico.
E) fulminação.
A) eletroplessão
B) metalização
C) fulminação
D) eletrocussão
E) fulguração
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A) química.
B) radiante.
C) histoquímica
D) elétrica.
E) mecânica.
A) queimadura
B) blast.
C) fratura.
D) miliária.
E) geladura.
A) barotrauma
B) afogamento
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I. A ação localizada do frio é conhecida como geladura e produz lesões muito parecidas com as queimaduras
pelo calor.
II. O calor direto tem por consequência queimaduras advindas somente pela ação da chama.
III. Queimadura de segundo grau, de acordo com a classificação de Hoffmann, além do eritema, apresenta
vesículas e flictenas, existindo em seu interior líquido amarelo-claro (Sinal de Chambert).
IV. A insolação é proveniente do calor ambiental em locais fechados ou ao ar livre, concorrendo para tanto,
além da temperatura, os raios solares, a ausência da renovação do ar, a fadiga e o excesso de vapor d’água.
A) I, II e III, apenas
C) II e III, apenas
D) I e IV, apenas
II. A classificação das queimaduras, em medicina legal, toma o mesmo princípio do critério clínico, ou seja,
baseia-se na área corporal atingida.
III. Queimadura de primeiro grau, de acordo com a classificação de Hoffmann, apresenta, além do eritema,
vesículas ou flictenas, existindo em seu interior líquido amarelo-claro (Sinal de Chambert).
IV. Na perícia de mortes pelo fogo, para se saber se o indivíduo estava vivo ou morto no momento das chamas,
analisa-se a presença de fuligem ao longo das vias respiratórias.
A) I, II e III, apenas
C) II e III, apenas
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E) I e IV, apenas
III. A lesão típica causada pela eletricidade (artificial ou industrial) é a marca elétrica de Jellinek.
a) III, apenas
b) I e II, apenas
c) II e III, apenas
d) I, apenas
e) I, II e III
A) um exemplo de intermação
B) um exemplo de insolação
D) manifestações da embriaguez
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16. (Legista/PR/IBFC/2017) A ação tóxica do alcoolismo crônico determina uma série de manifestações
psíquicas. A respeito desse assunto, analise as características listadas abaixo.
I. O Delirium tremens inicia-se por um estado de confusão, agitação e angústia, com tremores,
alucinações de ordem visual e amnésia.
II. A Alucinose dos bebedores (alucinose alcoólica) é a psicose aguda manifestada por alucinações
auditivas, desencadeada por excessos alcoólicos, e ocorre a perda de lucidez.
III. Dipsomania é a crise impulsiva e irreprimível de ingerir grandes quantidades de bebidas alcoólicas.
Assinale a alternativa correta:
A) estrangulamento.
B) exaustão térmica
C) soterramento.
E) enforcamento.
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18. (ESCRIVÃO/AC/IBADE/2017) Uma perícia realizada indica que um indivíduo foi encontrado
morto em um local em que a lâmina d'água era de vinte centímetros. Dentre os principais sinais
externos, o cadáver estava com a face virada para baixo, com baixa temperatura da pele e cogumelo
de espuma no interior da boca, além de maceração da derme e pele anserina. Com base nos
elementos citados acima, pode-se presumir que a morte foi provocada por:
A) instrumento contundente.
B) estrangulamento.
C) instrumento cortocuntundente.
D) afogamento
E) energia radiante.
A) soterramento.
B) enforcamento.
C) esganadura.
D) estrangulamento.
E) afogamento
A) estrangulamento.
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B) sufocação direta.
C) enforcamento.
D) sufocação indireta.
E) esganadura.
E) graves consequências clínicas secundárias à asfixia por inalante, por exemplo, monóxido de carbono ou
cianeto.
22. (ESCRIVÃO/AC/IBADE/2017) A lesão provocada por projétil de arma de fogo disparado a curta
distância e que incide perpendicularmente sobre a pele é considerada:
A) bioquímica.
B) biodinâmica.
C) perfurocontusa
D) cartocontusa.
E) incisa.
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I. Os orifícios de entrada nos tiros encostados têm forma irregular, denteada ou com entalhe.
II. O diâmetro dos orifícios de entrada nos tiros encostados é sempre menor que o do projétil.
III. Os tiros encostados permitem deixar impresso o desenho da boca e da alça de mira na pele, através de um
alo de tatuagem e esfumaçamento, conhecido como sinal de Benassi.
IV. Em geral, nos ferimentos de tiros encostados, não há zona de tatuagem nem esfumaçamento.
a) I e II, apenas
c) II e III, apenas
e) I e IV, apenas
I. Os orifícios de entrada nos tiros a curta distância têm forma arredondada ou ovalar.
II. Nos ferimentos de tiros a curta distância, não podem ser percebidos halo de enxugo e aréola equimótica.
III. O diâmetro dos orifícios de entrada nos tiros a curta distância é tipicamente menor que o do projétil.
IV. A zona de tatuagem é um sinal indiscutível de orifício de entrada em tiros a curta distância.
a) I e II, apenas
b) II e III, apenas
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d) I e IV, apenas
B) Apontam-se características de lesão provocada por projétil de arma de fogo de alta energia, cujo disparo
foi feito a longa distância.
C) O disparo foi efetuado a curta distância, o que impossibilita a formação do cone de dispersão.
E) O cadáver possui lesão provocada por projétil de arma de fogo comum, tendo havido disparo com o cano
da arma encostado na cabeça.
I. Ferimento com um ângulo agudo e outro arredondado, quando produzido por instrumento de um só gume.
II. Ferimento com dois ângulos agudos, quando produzido por instrumento de dois gumes.
III. Ferimento de largura notadamente menor que a espessura da lâmina, quando produzido por instrumento
de um só gume.
IV. Ferimento produzido por instrumento perfurocortante no abdome é sempre menor ou igual ao comprimento
do gume desse instrumento.
B) I e II, apenas
C) II e III, apenas
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D) I e IV, apenas
II. Quando o fio de corte não for afiado, prevalecem os caracteres de contusão dos tecidos.
b) I, II e III, apenas
c) II e III, apenas
d) I e IV, apenas
Coluna 1
1. A vítima apresentava escoriações e hematomas na região das costas; fratura no antebraço direito; e fratura
exposta na base do crânio.
2. O cadáver exibia lesões com bordos regulares e lisos nas mãos e nos antebraços, além de múltiplos
ferimentos profundos de bordos lisos e cauda linear na região do tórax.
3. A vítima possuía lesões com penetração acentuada, de pequeno diâmetro e bordos regulares nas regiões do
tórax e do pescoço.
Coluna 2
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( ) Faca.
( ) Espeto de churrasco.
( ) Bastão de madeira.
( ) Estilete.
( ) Barra metálica.
A) 2 – 3 – 1 – 2 – 1.
B) 3 – 2 – 1 – 3 – 2.
C) 1 – 2 – 3 – 2 – 3.
D) 2 – 3 – 1 – 1 – 2.
E) 3 – 1 – 2 – 2 – 1.
I. A primeira lei de Filhós estabelece que as soluções de continuidade dessas feridas assemelham-se às
produzidas por instrumentos de dois gumes ou tomam a aparência de “casa de botão”.
II. A segunda lei de Filhós estabelece que, quando essas feridas se mostram numa mesma região onde as linhas
de força tenham um só sentido, seu menor eixo tem sempre a mesma direção.
III. A lei de Langer estabelece que na confluência de regiões de linhas de força diferentes, a extremidade da
lesão toma o aspecto de ponta de seta, de triângulo, ou mesmo de quadrilátero.
a) I, II e III
b) apenas I e II
c) apenas I e III
d) apenas II e III
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30. (Auxiliar de Necropsia/AC/IBADE/2017) As lesões por precipitação são provocadas por energia de
ordem:
A) química
B) elétrica
C) histoquímica
D) mecânica
E) radiante
31. (Auxiliar de Necropsia/AC/IBADE/2017) A lesão provocada por projetil de arma de fogo disparado
a curta distância e que incide perpendicularmente a pele é considerada:
A) bioquímica
B) incisa
C) biodinâmica
D) perfurocontusa
E) cortocontusa
5 - Tanatologia Forense
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A) maceração
B) saponificação.
C) eletroplessão.
D) mumificação
E) carbonização.
A) enfiseimatosa ou de gaseificação.
B) de esqueletização.
C) cromática ou de coloração.
D) da maceração.
E) de coliquação.
A) autólise e putrefação.
B) maceração e saponificação.
C) autólise e mumificação.
D) putrefação e maceração.
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E) saponificação e mumificação.
36. (Legista/PE/CESPE/2016) Assinale a opção correta acerca da rigidez muscular cadavérica (rigor
mortis).
A) Em mortes ocorridas durante intenso exercício físico, como no caso de afogados que tentaram se salvar, a
rigidez é tardia ou débil.
B) A rigidez muscular do cadáver se deve ao consumo total de ATP existente nos músculos.
C) A rigidez evolui de modo ascendente, iniciando-se pelos membros inferiores até atingir o pescoço.
D) O desaparecimento da rigidez cadavérica coincide com a fase coliquativa e se desfaz na ordem inversa de
sua instalação.
E) Em casos de pacientes idosos, magros e portadores de doenças crônicas, a rigidez é precoce e intensa.
C) cogumelo de espuma
E) vitriolagem
6 - Documentos Médico-Legais
A) depoimento oral
B) notificação
C) prontuário médico.
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D) atestado médico-legal
E) relatório médico-legal.
A) auto pericial.
B) relatório médico-legal.
C) parecer médico-legal.
D) notificação pericial.
E) consulta médico-legal.
40. (Legista/RS/FUNDATEC/2017) Assinale a alternativa que indica o documento médico legal a que
se refere a definição abaixo:
É o documento Médico Legal que transmite a descrição minuciosa do exame médico legal. Nele são
descritos os achados médicos observados bem como o relato de uma análise crítica sobre o objeto
da perícia.
a) Relatório médico
b) Notificação
c) Atestado médico
d) Depoimento médico
e) Consulta médico-legal
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A) Notificação
B) Laudo
C) Depoimento médico
D) Auto
E) Declaração
7 – Perícias e Peritos
42. (Delegado de Polícia/PE/CESPE/2016) Com relação aos conhecimentos sobre corpo de delito,
perito e perícia em medicina legal e aos documentos médico-legais, assinale a opção correta.
A) Perícia é o exame determinado por autoridade policial ou judiciária com a finalidade de elucidar fato, estado
ou situação no interesse da investigação e da justiça.
B) O atestado médico equipara-se ao laudo pericial, para serventia nos autos de inquéritos e processos
judiciais, devendo ambos ser emitidos por perito oficial.
C) Perito oficial é todo indivíduo com expertise técnica na área de sua competência incumbido de realizar o
exame.
D) É inválido o laudo pericial que não foi assinado por dois peritos oficiais.
E) Define-se corpo de delito como o conjunto de vestígios comprobatórios da prática de um crime evidenciado
no corpo de uma pessoa.
A) O exame de corpo de delito e outras perícias serão realizados por dois peritos oficiais, portadores de
diploma de curso superior.
B) Quando a infração deixar vestígios, será indispensável o exame de corpo de delito, direto ou indireto,
podendo supri-lo a confissão do acusado.
C) Não sendo possível o exame de corpo de delito, por haverem desaparecido os vestígios, a prova testemunhai
não suprirá a falta.
D) Na falta de perito oficial, o exame será realizado por 03 (três) pessoas idôneas.
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A) Nos casos de morte violenta, bastará o simples exame externo do cadáver, quando não houver infração
penal que apurar.
B) A autópsia será feita pelo menos cinco horas depois do óbito, salvo se os peritos, pela evidência dos sinais
de morte, julgarem que possa ser feita antes daquele prazo, o que declararão no auto.
C) Tratando-se de perícia complexa que abranja mais de uma área de conhecimento especializado,
obrigatoriamente será designada a atuação de mais de um perito oficial.
D) Os cadáveres serão sempre fotografados na posição de decúbito dorsal, bem como, na medida do possível,
todas as lesões externas e vestígios deixados no local do crime.
E) Para representar as lesões encontradas no cadáver, os peritos, sempre juntarão ao laudo do exame provas
fotográficas, esquemas ou desenhos.
QUESTÕES COMENTADAS
A) barotrauma.
B) bends tipo 2.
C) blast primário.
D) blast secundário.
E) blast terciário.
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A) barotrauma
B) baropatia
C) embolia traumática
D) doença de Monge
E) doença da descompressão
✓ Diminuição da pressão – mal das montanhas ou dos aviadores (rarefação do ar em grandes altitudes);
✓ Aumento da pressão - mal dos mergulhadores com embolia gasosa (pela rápida subida à superfície).
A) metalização.
C) sinal de Werkgartner.
D) sinal de Lichtenberg.
E) sinal de Benassi.
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A) fulguração.
B) eletroplessão.
C) eletrocussão.
D) arco voltaico.
E) fulminação.
A) eletroplessão
B) metalização
C) fulminação
D) eletrocussão
E) fulguração
Comentários: A alternativa A é o gabarito da questão. A eletricidade artificial ou industrial, por sua vez, tem
por ação uma síndrome chamada eletroplessão. É, geralmente, acidental, podendo, no entanto, ter origem
suicida ou homicida.
Conceitua-se a eletroplessão como qualquer efeito proporcionado pela eletricidade industrial, com ou sem
êxito letal. As lesões superficiais dessa forma de eletricidade alteram-se de acordo com a corrente de alta ou
baixa tensão.
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A) química.
B) radiante.
C) histoquímica
D) elétrica.
E) mecânica.
Comentários: A alternativa E é o gabarito da questão. Segundo o França, as lesões por precipitação foram
sumariamente descritas por Leon Thoinot: “Pele intacta ou pouco afetada, rupturas internas e graves das
vísceras maciças e fraturas ósseas de características variáveis.” São provocadas por energia de ordem
mecânica. O autor destaca, ainda, que quando o corpo é impactado pela sua extremidade superior, ou seja,
quando a cabeça choca-se com o solo, encontra-se geralmente um tipo de fratura chamado em “saco de noz”,
caracterizada pela integridade ou quase integridade do couro cabeludo e de múltiplas fraturas da calvária,
laceração da massa encefálica e herniamento do cérebro.
A) queimadura
B) blast.
C) fratura.
D) miliária.
E) geladura.
Comentários: A alternativa A é o gabarito da questão. Bem tranquila essa! As situações capazes de provocar
lesão da pele pela ação térmica ocorrem de várias maneiras: ação de chamas, jatos de vapor, líquidos quentes,
sólidos aquecidos e explosões. Assim, ao tocar na pela teremos possíveis queimaduras.
A) barotrauma
B) afogamento
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I. A ação localizada do frio é conhecida como geladura e produz lesões muito parecidas com as queimaduras
pelo calor.
II. O calor direto tem por consequência queimaduras advindas somente pela ação da chama.
III. Queimadura de segundo grau, de acordo com a classificação de Hoffmann, além do eritema, apresenta
vesículas e flictenas, existindo em seu interior líquido amarelo-claro (Sinal de Chambert).
IV. A insolação é proveniente do calor ambiental em locais fechados ou ao ar livre, concorrendo para tanto,
além da temperatura, os raios solares, a ausência da renovação do ar, a fadiga e o excesso de vapor d’água.
A) I, II e III, apenas
C) II e III, apenas
D) I e IV, apenas
Comentários: A alternativa B é o gabarito da questão. O calor direto pode ter consequência queimaduras
advindas de várias fontes de calor e não somente das chamas do fogo. Hoffmann divide as queimaduras, quanto
à profundidade, em quatro graus: primeiro grau – eritema (sinal de Christinson); segundo grau (sinal de
Chambert). Quando a flictena se rompe, a derme fica desnuda, de cor escura e, pela ação do ar, disseca-se,
ostentando uma rede capilar fina e de aspecto apergaminhado; terceiro grau - são produzidas geralmente por
chamas ou sólidos superaquecidos, seguindo então a coagulação necrótica dos tecidos moles. quarto grau -
são mais destrutivas que as queimaduras do 3º grau e se particularizam pela carbonização do plano ósseo.
Segundo o França, a ação localizada do frio, também conhecida como geladura, produz lesões muito
parecidas com as queimaduras pelo calor e tem sua classificação em graus: primeiro grau, lesão caracterizada
pela rubefação local; segundo grau, eritema e formação de bolhas; terceiro grau, necrose dos tecidos moles
com formação de crostas enegrecidas; quarto grau, pela gangrena ou desarticulação.
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II. A classificação das queimaduras, em medicina legal, toma o mesmo princípio do critério clínico, ou seja,
baseia-se na área corporal atingida.
III. Queimadura de primeiro grau, de acordo com a classificação de Hoffmann, apresenta, além do eritema,
vesículas ou flictenas, existindo em seu interior líquido amarelo-claro (Sinal de Chambert).
IV. Na perícia de mortes pelo fogo, para se saber se o indivíduo estava vivo ou morto no momento das chamas,
analisa-se a presença de fuligem ao longo das vias respiratórias.
A) I, II e III, apenas
C) II e III, apenas
E) I e IV, apenas
III. A lesão típica causada pela eletricidade (artificial ou industrial) é a marca elétrica de Jellinek.
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a) III, apenas
b) I e II, apenas
c) II e III, apenas
d) I, apenas
e) I, II e III
A eletricidade natural, quando agindo letalmente sobre o homem, denomina-se fulminação e, quando apenas
provoca lesões corporais, chama-se fulguração. Esses fenômenos são os mais comuns entre os chamados
fenômenos naturais.
O diagnóstico das lesões é dado pelos comemorativos orientados pelas tempestades e descargas elétricas,
provenientes dos choques de nuvens, e pelo exame das próprias lesões. As lesões externas tomam aspecto
arboriforme e tonalidade arroxeada, cognominadas sinal de Lichtenberg ou marcas queraunográficas,
procedente de fenômenos vasomotores, podendo desaparecer com a sobrevivência. Essa marca surge cerca de
uma hora depois da descarga e desaparece gradualmente em torno das 24 h subsequentes à descarga elétrica.
A eletricidade artificial ou industrial, por sua vez, tem por ação uma síndrome chamada eletroplessão. É,
geralmente, acidental, podendo, no entanto, ter origem suicida ou homicida. Conceitua-se a eletroplessão como
qualquer efeito proporcionado pela eletricidade industrial, com ou sem êxito letal.
A lesão mais típica é conhecida como marca elétrica de Jellinek, embora nem sempre esteja presente.
Constitui-se em uma lesão da pele, tem forma circular, elítica ou estrelada, de consistência endurecida, bordas
altas, leito deprimido, tonalidade branco-amarelada, fixa, indolor, asséptica e de fácil cicatrização. Pode
apresentar também a forma do condutor elétrico.
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A) um exemplo de intermação
B) um exemplo de insolação
D) manifestações da embriaguez
Comentários: A alternativa D é o gabarito da questão. Salvo exceções, as perturbações produzidas pelo uso
excessivo do álcool estão mais em razão direta da tolerância individual do que da quantidade ingerida. A ação
tóxica sobre o organismo revela-se por manifestações físicas, neurológicas e psíquicas. Cabe acrescentar que
a taquicardia e congestão das conjuntivas são manifestações físicas.
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Comentários: A alternativa A é o gabarito da questão. São drogas depressoras na questão: álcool etílico;
barbitúrico; e o opioide. Estudem bem o quadro que eu disponibilizei na parte teórica.
16. (Legista/PR/IBFC/2017) A ação tóxica do alcoolismo crônico determina uma série de manifestações
psíquicas. A respeito desse assunto, analise as características listadas abaixo.
I. O Delirium tremens inicia-se por um estado de confusão, agitação e angústia, com tremores,
alucinações de ordem visual e amnésia.
II. A Alucinose dos bebedores (alucinose alcoólica) é a psicose aguda manifestada por alucinações
auditivas, desencadeada por excessos alcoólicos, e ocorre a perda de lucidez.
III. Dipsomania é a crise impulsiva e irreprimível de ingerir grandes quantidades de bebidas alcoólicas.
Assinale a alternativa correta:
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Alucinose dos bebedores é uma psicose aguda manifestada por alucinações auditivas, desencadeada por
excessos alcoólicos, conservando-se a lucidez com alterações da vida afetiva. As alucinações se manifestam,
algumas vezes, pela hipersensibilidade aos ruídos, dando lugar em seguida às sensações de sibilos e sons
musicais. Depois, progridem para vozes humanas que dizem obscenidades e ofensas morais, principalmente
acusações de homossexualismo. A cura poderá processar-se de 5 a 30 dias, no máximo, e a recidiva é fácil,
bastando que o doente permaneça bebendo.
Delirium tremens: estado psicopático, caracterizado por confusão mental, delírio (zoopsias, com visão de
animais geralmente minúsculos), tremor, sudorese, debilidade dos membros inferiores e febre.
A) estrangulamento.
B) exaustão térmica
C) soterramento.
E) enforcamento.
18. (ESCRIVÃO/AC/IBADE/2017) Uma perícia realizada indica que um indivíduo foi encontrado
morto em um local em que a lâmina d'água era de vinte centímetros. Dentre os principais sinais
externos, o cadáver estava com a face virada para baixo, com baixa temperatura da pele e cogumelo
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de espuma no interior da boca, além de maceração da derme e pele anserina. Com base nos
elementos citados acima, pode-se presumir que a morte foi provocada por:
A) instrumento contundente.
B) estrangulamento.
C) instrumento cortocuntundente.
D) afogamento
E) energia radiante.
A) soterramento.
B) enforcamento.
C) esganadura.
D) estrangulamento.
E) afogamento
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de morte, ao contrário do enforcamento, o corpo da vítima atua passivamente e a força constrictiva do laço
age de forma ativa.
A) estrangulamento.
B) sufocação direta.
C) enforcamento.
D) sufocação indireta.
E) esganadura.
O laço que constringe o pescoço pode ser de três tipos: laços duros: constituídos por cordões e correntes, fios
elétricos, arames, cordas, punhos de rede; laços moles: formados pelos lençóis, cortinas, gravatas unidas; e
laços semi-rígidos: representados pelos cintos de couro.
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E) graves consequências clínicas secundárias à asfixia por inalante, por exemplo, monóxido de carbono ou
cianeto.
22. (ESCRIVÃO/AC/IBADE/2017) A lesão provocada por projétil de arma de fogo disparado a curta
distância e que incide perpendicularmente sobre a pele é considerada:
A) bioquímica.
B) biodinâmica.
C) perfurocontusa
D) cartocontusa.
E) incisa.
I. Os orifícios de entrada nos tiros encostados têm forma irregular, denteada ou com entalhe.
II. O diâmetro dos orifícios de entrada nos tiros encostados é sempre menor que o do projétil.
III. Os tiros encostados permitem deixar impresso o desenho da boca e da alça de mira na pele, através de um
alo de tatuagem e esfumaçamento, conhecido como sinal de Benassi.
IV. Em geral, nos ferimentos de tiros encostados, não há zona de tatuagem nem esfumaçamento.
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a) I e II, apenas
c) II e III, apenas
e) I e IV, apenas
Comentários: A alternativa E é o gabarito da questão. O item II está errado, pois o diâmetro é maior. Já no
item III, o sinal não é o de Benassi e sim de Puppe-Werkgaertner.
I. Os orifícios de entrada nos tiros a curta distância têm forma arredondada ou ovalar.
II. Nos ferimentos de tiros a curta distância, não podem ser percebidos halo de enxugo e aréola equimótica.
III. O diâmetro dos orifícios de entrada nos tiros a curta distância é tipicamente menor que o do projétil.
IV. A zona de tatuagem é um sinal indiscutível de orifício de entrada em tiros a curta distância.
a) I e II, apenas
b) II e III, apenas
d) I e IV, apenas
Comentários: A alternativa C é o gabarito da questão. O Item II está errado, pois nos ferimentos de tiros a
curta distância, são ser percebidos halo de enxugo e aréola equimótica sim, são os efeitos primários do tiro.
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B) Apontam-se características de lesão provocada por projétil de arma de fogo de alta energia, cujo disparo
foi feito a longa distância.
C) O disparo foi efetuado a curta distância, o que impossibilita a formação do cone de dispersão.
E) O cadáver possui lesão provocada por projétil de arma de fogo comum, tendo havido disparo com o cano
da arma encostado na cabeça.
Comentários: A alternativa E é o gabarito da questão. Ferimentos de entrada nos tiros encostados – no plano
ósseo logo abaixo, têm forma irregular, denteada ou com entalhes, devido à ação resultante dos gases que
descolam e dilaceram os tecidos. Isso ocorre porque os gases da explosão penetram no ferimento e refluem ao
encontrar a resistência do plano ósseo. É muito comum nos tiros encostados na fronte e chama-se câmara de
mina de Hoffmann. A expressão melhor seria golpe de mina.
I. Ferimento com um ângulo agudo e outro arredondado, quando produzido por instrumento de um só gume.
II. Ferimento com dois ângulos agudos, quando produzido por instrumento de dois gumes.
III. Ferimento de largura notadamente menor que a espessura da lâmina, quando produzido por instrumento
de um só gume.
IV. Ferimento produzido por instrumento perfurocortante no abdome é sempre menor ou igual ao comprimento
do gume desse instrumento.
B) I e II, apenas
C) II e III, apenas
D) I e IV, apenas
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II. Quando o fio de corte não for afiado, prevalecem os caracteres de contusão dos tecidos.
b) I, II e III, apenas
c) II e III, apenas
d) I e IV, apenas
Comentários: A alternativa B é o gabarito da questão. As lesões verificadas por essa forma de energia são
chamadas cortocontusas. Têm forma bem variável, dependendo da região atingida e da inclinação, do peso,
do gume e da força viva que atua. Sendo o instrumento mais afiado, predominam as características dos
ferimentos cortantes. Quando o fio de corte não for vivo, prevalecem os caracteres de contusão nos tecidos.
São lesões quase sempre graves, fundas, alcançando mais profundamente os planos interiores e determinando
as mais variadas formas de ferimentos, inclusive fraturas. Não apresentam cauda de escoriação nem pontes de
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tecidos íntegros entre as vertentes da ferida, o que as diferencia das feridas cortantes e contusas,
respectivamente.
Um exemplo bem peculiar das lesões cortocontusas, que se apresentam com características próprias, é a
mordedura ou dentada, produzida pelo homem ou por animais, que são sempre pesquisadas na pele humana,
em alimentos e em objetos.
Podem-se dividir essas lesões em quatro graus: 1o grau: equimoses e escoriações representadas por mossas
superficiais, com reais possibilidades de identificar as arcadas do agressor; 2o grau: equimoses e escoriações
mais nítidas e profundas, prestando-se melhor à identificação do seu autor; 3o grau: feridas contusas
comprometendo a pele e a tela subcutânea e a musculatura, porém sem avulsões de tecidos; 4o grau:
lacerações com perda razoável de tecidos e possíveis alterações estéticas (orelhas, nariz e lábios), que, na sua
maioria das vezes, não permitem uma identificação com os dentes do autor da dentada.
Coluna 1
1. A vítima apresentava escoriações e hematomas na região das costas; fratura no antebraço direito; e fratura
exposta na base do crânio.
2. O cadáver exibia lesões com bordos regulares e lisos nas mãos e nos antebraços, além de múltiplos
ferimentos profundos de bordos lisos e cauda linear na região do tórax.
3. A vítima possuía lesões com penetração acentuada, de pequeno diâmetro e bordos regulares nas regiões do
tórax e do pescoço.
Coluna 2
( ) Faca.
( ) Espeto de churrasco.
( ) Bastão de madeira.
( ) Estilete.
( ) Barra metálica.
A) 2 – 3 – 1 – 2 – 1.
B) 3 – 2 – 1 – 3 – 2.
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C) 1 – 2 – 3 – 2 – 3.
D) 2 – 3 – 1 – 1 – 2.
E) 3 – 1 – 2 – 2 – 1.
Comentários: A alternativa A é o gabarito da questão. No 1, temos lesões contusas causas por instrumentos
contundentes. No 2, temos lesões incisas que são causadas por instrumentos cortantes. No 3, temos a presença
de lesões punctórias causadas por instrumentos perfurantes.
I. A primeira lei de Filhós estabelece que as soluções de continuidade dessas feridas assemelham-se às
produzidas por instrumentos de dois gumes ou tomam a aparência de “casa de botão”.
II. A segunda lei de Filhós estabelece que, quando essas feridas se mostram numa mesma região onde as linhas
de força tenham um só sentido, seu menor eixo tem sempre a mesma direção.
III. A lei de Langer estabelece que na confluência de regiões de linhas de força diferentes, a extremidade da
lesão toma o aspecto de ponta de seta, de triângulo, ou mesmo de quadrilátero.
a) I, II e III
b) apenas I e II
c) apenas I e III
d) apenas II e III
✓ primeira lei de Filhos: as soluções de continuidade dessas feridas assemelham-se às produzidas por
instrumento de dois gumes ou tomam a aparência de “casa de botão”;
✓ segunda lei de Filhos: quando essas feridas se mostram em uma mesma região onde as linhas de força
tenham um só sentido, seu maior eixo tem sempre a mesma direção;
✓ lei de Langer: na confluência de regiões de linhas de forças diferentes, a extremidade da lesão toma
o aspecto de ponta de seta, de triângulo, ou mesmo de quadrilátero.
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30. (Auxiliar de Necropsia/AC/IBADE/2017) As lesões por precipitação são provocadas por energia de
ordem:
A) química
B) elétrica
C) histoquímica
D) mecânica
E) radiante
Comentários: A alternativa D é o gabarito da questão. As lesões por precipitação, causadas por uma energia
de ordem mecânica passiva, foram sumariamente descritas por Leon Thoinot: “Pele intacta ou pouco afetada,
rupturas internas e graves das vísceras maciças e fraturas ósseas de características variáveis.” Além da
precipitação de edifícios ou de estruturas de grande altitude, existem também os acidentes graves do
paraquedismo profissional ou amador, que vão desde as luxações ou fraturas por retenção da cinta extratora
ou os ferimentos por arrastão em terra, até a morte quando os paraquedas funcionam mal ou não funcionam.
31. (Auxiliar de Necropsia/AC/IBADE/2017) A lesão provocada por projetil de arma de fogo disparado
a curta distância e que incide perpendicularmente a pele é considerada:
A) bioquímica
B) incisa
C) biodinâmica
D) perfurocontusa
E) cortocontusa
Comentários: A alternativa D é o gabarito da questão. Lesões por projétil de arma de fogo são
perfurocontusa.
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5 - Tanatologia Forense
A) maceração
B) saponificação.
C) eletroplessão.
D) mumificação
E) carbonização.
Os fetos retirados do útero post mortem sofrem a maceração asséptica. Os cadáveres mantidos em meio líquido
sob a ação de germes, como os afogados, marcham para a maceração séptica.
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A) enfiseimatosa ou de gaseificação.
B) de esqueletização.
C) cromática ou de coloração.
D) da maceração.
E) de coliquação.
A) autólise e putrefação.
B) maceração e saponificação.
C) autólise e mumificação.
D) putrefação e maceração.
E) saponificação e mumificação.
36. (Legista/PE/CESPE/2016) Assinale a opção correta acerca da rigidez muscular cadavérica (rigor
mortis).
A) Em mortes ocorridas durante intenso exercício físico, como no caso de afogados que tentaram se salvar, a
rigidez é tardia ou débil.
B) A rigidez muscular do cadáver se deve ao consumo total de ATP existente nos músculos.
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C) A rigidez evolui de modo ascendente, iniciando-se pelos membros inferiores até atingir o pescoço.
D) O desaparecimento da rigidez cadavérica coincide com a fase coliquativa e se desfaz na ordem inversa de
sua instalação.
E) Em casos de pacientes idosos, magros e portadores de doenças crônicas, a rigidez é precoce e intensa.
Pela lei de Nysten, a rigidez se manifesta em primeiro lugar na face, na mandíbula e no pescoço, seguindo-se
dos membros superiores, do tronco e, finalmente, dos membros inferiores, indo desaparecer pela mesma
ordem, principalmente nos cadáveres colocados em decúbito dorsal. A rigidez cadavérica desaparece quando
se inicia a putrefação.
Nossa observação mostra que a rigidez começa entre 1 e 2 h depois da morte, chegando ao máximo após 8 h
e desaparecendo com o início da putrefação depois de 24 h, seguindo a mesma ordem como se propagou, pela
coagulação das albuminas, pela acidificação que se forma depois da morte e, finalmente, pela quebra do
sistema coloidal. Dessa forma, a rigidez passa por três fases: período de instalação, período de estabilização e
período de dissolução.
C) cogumelo de espuma
E) vitriolagem
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✓ escoriações, equimoses ou ferimentos que denunciam a luta pela sobrevivência ou o impacto contra
obstáculos
✓ infiltração aquosa da pele.
6 - Documentos Médico-Legais
A) depoimento oral
B) notificação
C) prontuário médico.
D) atestado médico-legal
E) relatório médico-legal.
A) auto pericial.
B) relatório médico-legal.
C) parecer médico-legal.
D) notificação pericial.
E) consulta médico-legal.
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com a ajuda de outros recursos ou consultas a tratados especializados, chama-se laudo. E quando o exame é
ditado diretamente a um escrivão e diante de testemunhas, dá-se-lhe o nome de auto.
40. (Legista/RS/FUNDATEC/2017) Assinale a alternativa que indica o documento médico legal a que
se refere a definição abaixo:
É o documento Médico Legal que transmite a descrição minuciosa do exame médico legal. Nele são
descritos os achados médicos observados bem como o relato de uma análise crítica sobre o objeto
da perícia.
a) Relatório médico
b) Notificação
c) Atestado médico
d) Depoimento médico
e) Consulta médico-legal
Ao encerrarem o relatório, respondem os peritos de forma sintética e convincente, afirmando ou negando, não
deixando escapar nenhum quesito sem resposta. É certo que, na Medicina Legal, que é ciência de vastas
proporções e de extraordinária diversificação, em que a certeza é às vezes relativa, nem sempre podem os
peritos concluir afirmativa ou negativamente. Não há nenhum demérito se, em certas ocasiões, eles
responderem “sem elementos de convicção”, se, por motivo justo, não se puder ser categórico.
A) Notificação
B) Laudo
C) Depoimento médico
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D) Auto
E) Declaração
Obs: quanto ao auto e ao laudo, se for ditado logo após o exame: auto; se for redigido posteriormente pelos
peritos: laudo.
7 – Perícias e Peritos
42. (Delegado de Polícia/PE/CESPE/2016) Com relação aos conhecimentos sobre corpo de delito,
perito e perícia em medicina legal e aos documentos médico-legais, assinale a opção correta.
A) Perícia é o exame determinado por autoridade policial ou judiciária com a finalidade de elucidar fato, estado
ou situação no interesse da investigação e da justiça.
B) O atestado médico equipara-se ao laudo pericial, para serventia nos autos de inquéritos e processos
judiciais, devendo ambos ser emitidos por perito oficial.
C) Perito oficial é todo indivíduo com expertise técnica na área de sua competência incumbido de realizar o
exame.
D) É inválido o laudo pericial que não foi assinado por dois peritos oficiais.
E) Define-se corpo de delito como o conjunto de vestígios comprobatórios da prática de um crime evidenciado
no corpo de uma pessoa.
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A) O exame de corpo de delito e outras perícias serão realizados por dois peritos oficiais, portadores de
diploma de curso superior.
B) Quando a infração deixar vestígios, será indispensável o exame de corpo de delito, direto ou indireto,
podendo supri-lo a confissão do acusado.
C) Não sendo possível o exame de corpo de delito, por haverem desaparecido os vestígios, a prova testemunhai
não suprirá a falta.
D) Na falta de perito oficial, o exame será realizado por 03 (três) pessoas idôneas.
Comentários: A alternativa E é o gabarito da questão. Na letra “A”, regra geral será realizado por um perito
oficial. Na lebra “B”, não pode supri a confissão do acusado. Na letra “C”, a prova testemunhai poderá suprir
a falta. Na letra “D”, será realizado por duas pessoas idôneas.
A) Nos casos de morte violenta, bastará o simples exame externo do cadáver, quando não houver infração
penal que apurar.
B) A autópsia será feita pelo menos cinco horas depois do óbito, salvo se os peritos, pela evidência dos sinais
de morte, julgarem que possa ser feita antes daquele prazo, o que declararão no auto.
C) Tratando-se de perícia complexa que abranja mais de uma área de conhecimento especializado,
obrigatoriamente será designada a atuação de mais de um perito oficial.
D) Os cadáveres serão sempre fotografados na posição de decúbito dorsal, bem como, na medida do possível,
todas as lesões externas e vestígios deixados no local do crime.
E) Para representar as lesões encontradas no cadáver, os peritos, sempre juntarão ao laudo do exame provas
fotográficas, esquemas ou desenhos.
Comentários: A alternativa A é o gabarito da questão. Na letra “B”, são seis horas. Na letra “C”, tratando-
se de perícia complexa que abranja mais de uma área de conhecimento especializado, poder-se-á designar a
atuação de mais de um perito oficial, e a parte indicar mais de um assistente técnico. Na letra “D”, os cadáveres
serão sempre fotografados na posição em que forem encontrados. Na letra “E”, para representar as lesões
encontradas no cadáver, os peritos, quando possível, juntarão ao laudo do exame provas fotográficas,
esquemas ou desenhos, devidamente rubricados.
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Bibliografias:
4. Medicina Legal À Luz do Direito Penal e do Direito Processual Penal - 13ª Ed. 2017
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GABARITO
1. D 16. D 31. D
2. B 17. C 32. A
3. B 18. D 33. A
4. E 19. D 34. A
5. A 20. C 35. E
6. E 21. A 36. B
7. A 22. C 37. C
8. A 23. E 38. E
9. B 24. C 39. B
10. E 25. E 40. A
11. A 26. B 41. D
12. D 27. B 42. A
13. A 28. A 43. E
14. A 29. C 44. A
15. A 30. D
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